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Numero do processo: 10805.001357/00-40
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 24 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Tue Mar 10 00:00:00 UTC 2015
Numero da decisão: 3401-000.890
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, converter o julgamento do recurso em diligência nos termos do voto do relator.
Júlio César Alves Ramos - Presidente.
Eloy Eros da Silva Nogueira - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Júlio César Alves Ramos (Presidente), Robson José Bayerl, Jean Cleuter Simões Mendonça, Eloy Eros da Silva Nogueira, Ângela Sartori, Bernardo Leite de Queiroz Lima..
Nome do relator: ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA
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Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, converter o julgamento do recurso em diligência nos termos do voto do relator. Júlio César Alves Ramos Presidente. Eloy Eros da Silva Nogueira Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Júlio César Alves Ramos (Presidente), Robson José Bayerl, Jean Cleuter Simões Mendonça, Eloy Eros da Silva Nogueira, Ângela Sartori, Bernardo Leite de Queiroz Lima.. Relatório: Cuida este processo de pedido de restituição do PIS Faturamento, com data de protocolo em 31/07/2000, que o contribuinte afirma ter recolhido a maior que o devido nos períodos de apuração entre 05/10/1990 e 14/07/1995, tendo em vista a inconstitucionalidade dos Decretoslei 2.445/88 e 2.449/88, até 14/07/1995 com fundamento na Resolução do Senado Federal 49/95, considerando que na sistemática da Lei Complementar 7/70, o PIS tem por base de cálculo o faturamento do sexto mês anterior A Recorrente explica que, no período de 1990 a 1995, tinha como atividade principal a prestação de serviços administrativos para as demais empresas do grupo, não realizando venda de mercadoria de qualquer espécie, e estava obrigada ao recolhimento da contribuição destinada ao PIS, nos termos do § 2o, do artigo 3o da RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 05 .0 01 35 7/ 00 -4 0 Fl. 1018DF CARF MF Impresso em 10/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/03/2015 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 10/ 03/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 05/03/2015 por ELOY EROS DA SILVA NOGU EIRA Processo nº 10805.001357/0040 Resolução nº 3401000.890 S3C4T1 Fl. 3 2 Lei Complementar n°. 07/70, ou seja, à alíquota de 5% (cinco por cento) sobre o imposto de renda apurado como se devido fosse. A esse pedido de restituição do PIS foram associados pedidos de compensação. Em 14/08/2009, a autoridade da unidade de jurisdição indeferiu o pedido de restituição e declarou não compensados os pedidos de compensação associados. A motivação para o indeferimento se apoiou na afirmação de que teria havido a decadência pelo transcurso do prazo de cinco anos, conforme previsto no artigo 168, I, do Código Tributário Nacional CTN (Lei n° 5.172, de 25/10/1966), entendimento este em conformidade com o Ato Declaratório SRF n° 96, de 26.11.1999, e com o art. 3o da Lei Complementar 118/2005. A contribuinte contestou a decisão, alegando: o que ocorreu a homologação tácita do pedido de restituição; o que o prazo para pleitear a restituição do indébito é de 5 anos, acrescidos de mais 5 anos, resultando num prazo de 10 (dez) anos favorável à Contribuinte; o que a Resolução do Senado Federal n° 49/1995 é o marco inicial para a contagem do prazo para pedir restituição; o que a Lei Complementar 118/2005, tratandose de lei nova, não pode ser aplicada retroativamente; o e que o crédito alegado advém da inconstitucionalidade dos Decretoslei 2.445/88 e 2.449/88, considerando que na sistemática da Lei Complementar 7/70, o PIS tem por base de cálculo o faturamento do sexto mês anterior. A Respeitável 9ª Turma da 1ª Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo (DRJ SP1) teceu as seguintes considerações e conclusões: o "...não caber aplicar ao pedido de restituição a homologação tácita prevista para a declaração de compensação, dado que a compensação declarada está afeta a um regime declaratório (Declaração de Compensação), enquanto que o pleito de restituição está afeto a um regime de requerimento (Pedido de Restituição)." o transcorreu o prazo decadencial de cinco anos para o pedido de restituição em questão; o "E sendo inexequível ou insubsistente o alegado direito creditório, se revelam insustentáveis compensações nele baseadas ou com ele vinculadas ou combinadas." o "Quanto à questão dos Decretoslei 2.445/88 e 2.449/88 suspensos pela Resolução do Senado Federal 49/95 e da base de cálculo do PIS nos termos da Lei Complementar 7/70, cabe registrar ser dispensável a discussão de tal matéria, pois a pretensão do sujeito passivo já se acha Fl. 1019DF CARF MF Impresso em 10/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/03/2015 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 10/ 03/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 05/03/2015 por ELOY EROS DA SILVA NOGU EIRA Processo nº 10805.001357/0040 Resolução nº 3401000.890 S3C4T1 Fl. 4 3 totalmente prejudicada, como demonstrado na abordagem preliminar de decadência. Ademais, a matéria nem sequer foi analisada pela Autoridade a quo, inexistindo presentemente litígio em relação a isto a ser dirimido no âmbito desta primeira instância julgadora administrativa." O Acórdão n.º 1623.855 por ela proferido em 16/12/2009 ficou assim ementado: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Anocalendário: 1990, 1991, 1992, 1993, 1994, 1995 DECADÊNCIA. O direito de pleitear restituição de tributo ou contribuição pago a maior ou indevidamente extinguise com o decurso do prazo de 5 (cinco) anos contados da data da extinção do crédito tributário. Observância da Lei Complementar n° 118, inclusive. RESTITUIÇÃO. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. IMPOSSIBILIDADE. Sendo diferentes os regimes administrativofiscais que regem o pedido de restituição e a declaração de compensação, descabe aplicar ao pedido a homologação tácita prevista para a declaração. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. DECISÃO EXPLÍCITA. A Lei 9.748/99, em seu art. 48, exige que as solicitações do administrado sejam enfrentadas por decisão explícita da administração. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido A contribuinte ingressa com recurso voluntário por meio do qual repisa os argumentos de sua anterior contestação e contesta o Acórdão e o indeferimento e a não homologação das compensações pleiteadas. Ao final requer: o a intimação pessoal dos Procuradores da Requerente para realizar sustentação oral das razões do presente recurso, sob pena de nulidade; o que o presente recurso voluntário seja conhecido e provido em sua integralidade, a fim de reformar a respeitável decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo I (SP), no sentido de julgar nulo e/ou improcedente o lançamento fiscal pelas razões expostas; o todas as intimações e/ ou publicações sejam realizadas exclusivamente em nome dos subscritores da presente, no endereço: Avenida Giovanni Battista Pirelli, n°. 871, Porta T, Santo André, SP, CEP 09111310. É o relatório. Fl. 1020DF CARF MF Impresso em 10/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/03/2015 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 10/ 03/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 05/03/2015 por ELOY EROS DA SILVA NOGU EIRA Processo nº 10805.001357/0040 Resolução nº 3401000.890 S3C4T1 Fl. 5 4 Voto Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira. O recurso é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade, portanto dele tomo conhecimento. Preambulares: A recorrente pede para os Procuradores serem pessoalmente intimados para que realizem a defesa oral, sob pena de nulidade. E pede para ser intimada exclusivamente através das pessoas de seus procuradores e nos endereços destes. Proponho o entendimento que a inclusão em pauta, nos modos realizado pelo CARF, com publicidade oficial, já atende à necessidade do recorrente conhecer com antecipação essa condição e a oportunidade para a defesa oral. E, ainda, que não há previsão legal para que as intimações sejam realizadas exclusivamente em endereço de seus procuradores e através das pessoas de seus procuradores. Para essas solicitações, com essas minhas considerações e razões, proponho a este colegiado o seu indeferimento. Mérito: São três os pontos em discussão no presente processo, o um, o prazo prescricional para pedir a restituição de tributos pagos a maior; o dois, o mérito de ter ocorrido pagamento indevido passível de ser reconhecido como direito creditório; o três, o direito da Recorrente em ver reconhecida a homologação tácita do seu pedido de restituição. O prazo de prescrição para o pedido de restituição: Com relação ao prazo para se pleitear a restituição ou a compensação, consoante a decisão do Pleno do Egrégio Supremo Tribunal Federal (STF), no julgamento do Recurso Extraordinário n.° 566.621, transitado em julgado em 27/02/2012, que foi submetido à sistemática da repercussão geral (art. 543B e 543C do CPC), ficou pacificado o entendimento de que o prazo estabelecido na Lei Complementar n.° 118/05 somente se aplica para os processos ajuizados a partir 09 de junho de 2005, e que anteriormente a este limite temporal aplicase a tese de que o prazo para repetição ou compensação era de dez anos contados de seu fato gerador. Esse entendimento é de observação pelos julgados deste Conselho nos termos do art. 62A do RICARF. Portanto, o termo inicial do prazo para o exercício do direito de pleitear a restituição de tributos sujeitos a lançamento por homologação é de 10 anos para os pedidos protocolizados antes de 9 de junho de 2005 e de 5 anos se o pedido foi apresentado a partir dessa data. No caso em discussão neste processo, não ocorreu a prescrição ou a decadência, como denominam alguns pois o pedido de restituição foi apresentado em Fl. 1021DF CARF MF Impresso em 10/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/03/2015 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 10/ 03/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 05/03/2015 por ELOY EROS DA SILVA NOGU EIRA Processo nº 10805.001357/0040 Resolução nº 3401000.890 S3C4T1 Fl. 6 5 31/07/2000 concernente a pagamentos feitos para os períodos de apuração compreendidos entre 05/10/1990 e 14/07/1995, ou seja, antes de decorrido os dez anos fatais. Assim, proponho a este colegiado este entendimento e a reforma da decisão da unidade de jurisdição e da decisão de primeiro piso neste particular. Sobre a homologação tácita do pedido de restituição e das declarações de compensação: A recorrente pede a aplicação do que prescreve o § 5º do artigo 74 da Lei n.º 9.430, de 1996, qual seja, a homologação tácita pelo decurso de prazo de cinco anos para o seu pedido de restituição, apresentado em 2000, e para as suas declarações de compensação. Assim dispõe os §§ 4º e 5º do artigo 74 da Lei 9.430, de 1996: Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. (Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002) (Vide Decreto nº 7.212, de 2010) (Vide Medida Provisória nº 608, de 2013) (Vide Lei nº 12.838, de 2013) § 1o A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados.(Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002) § 2o A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) § 3o Além das hipóteses previstas nas leis específicas de cada tributo ou contribuição, não poderão ser objeto de compensação mediante entrega, pelo sujeito passivo, da declaração referida no § 1o: (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) I o saldo a restituir apurado na Declaração de Ajuste Anual do Imposto de Renda da Pessoa Física; (Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) II os débitos relativos a tributos e contribuições devidos no registro da Declaração de Importação. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) III os débitos relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal que já tenham sido encaminhados à ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional para inscrição em Dívida Ativa da União; (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) IV o débito consolidado em qualquer modalidade de parcelamento concedido pela Secretaria da Receita Federal SRF; (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) V o débito que já tenha sido objeto de compensação não homologada, ainda que a compensação se encontre pendente de decisão definitiva na esfera administrativa; e (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) VI o valor objeto de pedido de restituição ou de ressarcimento já indeferido pela autoridade competente da Secretaria da Receita Federal SRF, ainda que o pedido se encontre pendente de decisão definitiva na esfera administrativa. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) VII os débitos relativos a tributos e contribuições de valores originais inferiores a R$ 500,00 (quinhentos reais); (Vide Medida Provisória nº 449, de 2008) Fl. 1022DF CARF MF Impresso em 10/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/03/2015 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 10/ 03/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 05/03/2015 por ELOY EROS DA SILVA NOGU EIRA Processo nº 10805.001357/0040 Resolução nº 3401000.890 S3C4T1 Fl. 7 6 VIII os débitos relativos ao recolhimento mensal obrigatório da pessoa física apurados na forma do art. 8o da Lei no 7.713, de 1988; e (Vide Medida Provisória nº 449, de 2008) IX os débitos relativos ao pagamento mensal por estimativa do Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica IRPJ e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL apurados na forma do art. 2o. (Vide Medida Provisória nº 449, de 2008) § 4o Os pedidos de compensação pendentes de apreciação pela autoridade administrativa serão considerados declaração de compensação, desde o seu protocolo, para os efeitos previstos neste artigo.(Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002) § 5o O prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo será de 5 (cinco) anos, contado da data da entrega da declaração de compensação. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) (grifos nossos) Primeiramente, pareceme que decidiram bem os Julgadores a quo ao não acolherem o argumento da contribuinte de homologação tácita do pedido de restituição. Afinal, é cristalino que o prazo previsto nos §§ 4º e 5º do artigo 74 da Lei n. 9.430, de 1996, se aplica a pedido de compensação ou a declaração de compensação, e não a pedido de restituição, como roga a recorrente. Ademais, as declarações de compensação apresentadas pela contribuinte, consoante o relatório de fls. 814 a 816, se deram entre 09/09/2004 e 16/10/2006. O prazo a que se submetem é o do § 5º do artigo 74 citado, ao invés do prazo do parágrafo anterior, caso se as declarações de compensação tivessem sido registradas antes de 29/08/2002. A decisão de não homologar as declarações de compensação por parte da autoridade administrativa foi proferida em 14/08/2009 (fls. 822), antes do decurso dos cinco anos para a homologação tácita. Portanto, proponho a este colegiado o entendimento de que não ocorreu a homologação tácita das declarações de compensação em discussão por que a autoridade competente proferiu decisão antes dos cinco anos fatais , nem do pedido de restituição por falta de amparo legal. Do direito a crédito por pagamento indevido: Para justificar a sua petição de reconhecimento de direito creditório por pagamento maior que o devido, a contribuinte apresenta a seguinte razão: Nesse diapasão, no período de vigência dos Decretoslei declarados inconstitucionais, a Requerente deveria ter recolhido a contribuição 'ao PIS conforme a Lei Complementar n° 07/70, isto é, com base no faturamento auferido no sexto mês anterior .àquele em que se tornava devido o tributo, o que lhe ocasionou créditos a recuperar relativos aos fatos geradores entre o período de outubro de 1990 a julho de 1995. Fl. 1023DF CARF MF Impresso em 10/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/03/2015 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 10/ 03/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 05/03/2015 por ELOY EROS DA SILVA NOGU EIRA Processo nº 10805.001357/0040 Resolução nº 3401000.890 S3C4T1 Fl. 8 7 O direito da Recorrente em reaver os valores indevidamente recolhidos a título de PIS, no período compreendido entre outubro de 1990 e julho de 1995 é legítimo e inquestionável, tendo em vista a declaração de inconstítucíonalidade dos DecretosLei n.º 2.445 e 2.449 de 1988, pelo Supremo Tribunal Federal, através de decisão proferida nos autos do Recurso Extraordinário no. 148.754 2/RJ, restando suspensa sua execução pela Resolução n.º 49/95, do Senado Federal. Assim, resta evidente que durante a vigência dos malfadados dispositivos, as regras aplicáveis ao pagamento da contribuição para o PIS eram aquelas determinadas pela Lei Complementar n o . 07/70, ou seja, 0,75% (setenta e cinco centésimos por cento) sobre o faturamento do sexto mês anterior àquele em que a contribuição se tornava devida. Desta forma, ao confrontar as regras acima com a inconstitucional regra dos DecretosLei n.º 2.445 e n.º 2.449 — 0,65% sobre a receita operacional bruta do mês, restou apurado pela Recorrente, créditos a recuperar, decorrentes do recolhimento indevido, a maior, da mencionada contribuição. A matéria está pacificada no âmbito administrativo desde o advento da Súmula CARF n. 15, devendo ser de observação obrigatória, inclusive quanto à semestralidade, in verbis: A base de cálculo do PIS previsto no artigo 6º da Lei Complementar n.º 07, de 1970, é o faturamento do sexto mês anterior, sem correção monetária. Ocorre que nos autos não houve analise dos valores que seriam devidos do tributo nos períodos de apuração mencionados e dos valores que teriam sido pagos a maior que o devido. Entendo, por isso, que o acatamento do recurso requer a verificação da veracidade das informações apostas nas declarações prestadas e nos documentos que instruem este processo. Sou, por isso, pela baixa do processo em diligência para que a d. fiscalização aponte qual é o valor devido da contribuição e o valor pago a maior que o devido, argüidos neste processo, levando em conta as decisões tomadas nesta Resolução. Conclusão: Com esses fundamentos, voto no sentido de afastar a prescrição decretada pela DRJ, mas também voto no sentido de converter o julgamento em diligência, para que a unidade de jurisdição, respeitando o entendimento e decisões aqui apresentados, verifique o alegado pagamento indevido e determine o direito creditório e verifique, ainda, o crédito líquido e certo para a homologação das declarações de compensação. Que a contribuinte seja cientificada desta decisão e seja cientificada do resultado da diligência e possa, em cada caso, apresentar suas considerações. Ao final, seja este processo retornado ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Conselheiro Eloy Eros da Silva Nogueira. Fl. 1024DF CARF MF Impresso em 10/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/03/2015 por ELOY EROS DA SILVA NOGUEIRA, Assinado digitalmente em 10/ 03/2015 por JULIO CESAR ALVES RAMOS, Assinado digitalmente em 05/03/2015 por ELOY EROS DA SILVA NOGU EIRA
score : 1.0
Numero do processo: 10680.014340/2005-82
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 15 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Tue Apr 07 00:00:00 UTC 2015
Numero da decisão: 2102-000.135
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, sobrestar o julgamento deste recurso até que transite em julgado o acórdão do Recurso Extraordinário nº 601.314, que trata da transferência compulsória do sigilo bancário do contribuinte ao Fisco, nos termos do artigo 62-A, do Anexo II, do RICARF.
Assinado digitalmente
JOSÉ RAIMUNDO TOSTA SANTOS Presidente.
Assinado digitalmente
NÚBIA MATOS MOURA Relatora.
EDITADO EM: 24/06/2013
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Acácia Sayuri Wakasugi, Carlos André Rodrigues Pereira Lima, José Raimundo Tosta Santos, Núbia Matos Moura, Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti e Rubens Maurício Carvalho.
Nome do relator: Não se aplica
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, sobrestar o julgamento deste recurso até que transite em julgado o acórdão do Recurso Extraordinário nº 601.314, que trata da transferência compulsória do sigilo bancário do contribuinte ao Fisco, nos termos do artigo 62A, do Anexo II, do RICARF. Assinado digitalmente JOSÉ RAIMUNDO TOSTA SANTOS – Presidente. Assinado digitalmente NÚBIA MATOS MOURA – Relatora. EDITADO EM: 24/06/2013 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Acácia Sayuri Wakasugi, Carlos André Rodrigues Pereira Lima, José Raimundo Tosta Santos, Núbia Matos Moura, Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti e Rubens Maurício Carvalho. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 06 80 .0 14 34 0/ 20 05 -8 2 Fl. 353DF CARF MF Impresso em 07/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2013 por NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 07/10/2013 po r NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 07/10/2013 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS Processo nº 10680.014340/200582 Resolução nº 2102000.135 S2C1T2 Fl. 347 2 Relatório Contra CLEBER JOSÉ GODINHO foi lavrado Auto de Infração, fls. 04/22, para formalização de exigência de Imposto sobre a Renda de Pessoa Física (IRPF), relativa aos anoscalendário 2000, 2001 e 2002, exercícios 2001, 2002 e 2003, no valor total de R$ 1.495.703,61, incluindo multa de ofício (proporcional e isolada) e juros de mora, estes últimos calculados até 30/09/2005. As infrações apuradas pela autoridade fiscal, detalhadas no Auto de Infração e no Termo de Verificação Fiscal, fls. 23/31, foram omissão de rendimentos do trabalho sem vínculo empregatício recebidos de pessoas físicas, dedução indevida de despesas de livro caixa, omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários com origem não comprovada e falta de recolhimento do IRPF devido a título de carnêleão (multa isolada). Inconformado com a exigência, o contribuinte apresentou impugnação, fls. 255/262, e a autoridade julgadora de primeira instância considerou procedente em parte o lançamento, para reduzir o percentual da multa isolada de 75% para 50%, conforme Acórdão DRJ/BHE nº 0222.365, de 22/05/2009, fls. 272/280. Cientificado da decisão de primeira instância, por via postal, em 17/06/2009, Aviso de Recebimento (AR), fls. 283, o contribuinte apresentou, em 17/07/2009, recurso voluntário, fls. 288/319, no qual traz as alegações a seguir resumidas: que houve cerceamento de defesa em face do indeferimento do pedido de perícia. que é nulo o Auto de Infração em razão da ilícita quebra do sigilo bancário do contribuinte, posto que o art. 6º da Lei Complementar nº 105, de 2006, prescreve que a autoridade fiscal somente se encontra autorizada a conhecer a movimentação financeira do contribuinte, caso tal exame seja considerado indispensável. que diante da ilicitude da prova produzida no bojo dos autos, seja reconhecida a nulidade da autuação, na medida em que fruto da devassa desmedida e não amparada constitucionalmente da ação dos agentes fazendários, não podendo ser legitimada pela Lei Complementar nº 105, de 2006. que é preciso avaliar se os métodos probatórios indiciários são autorizados em lei e se são, em si mesmo, compatíveis com o princípio da verdade material. que necessário se faz analisar o caso concreto dos autos, sob a luz do princípio da verdade real, a fim de se comprovar que inexistiu qualquer omissão de rendimentos por parte do recorrente, não sendo válida a presunção fiscal de que todos os valores depositados nas contascorrentes do recorrente seriam rendimentos por ele omitidos à fiscalização. que o art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996, estabeleceu uma presunção simples de omissão de rendimentos, porquanto os extratos bancários traduzam movimentação financeira, os mesmos não representam individualmente matéria tributável, enquanto não provado Fl. 354DF CARF MF Impresso em 07/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2013 por NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 07/10/2013 po r NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 07/10/2013 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS Processo nº 10680.014340/200582 Resolução nº 2102000.135 S2C1T2 Fl. 348 3 pelo fisco a existência ou a ocorrência de aquisição de disponibilidade jurídica ou econômica auferida pelo titular da conta bancária; que o recorrente tem a medicina oftalmológica como sua principal fonte de renda e que o custo dos serviços médicos de implantação de lentes de contato é calculado da seguinte forma: (i) honorários médicos do recorrente, pela implantação das lentes de contato; (ii) comissionamento pela utilização das dependências do Instituto de Oftalmologia de Belo Horizonte; (iii) custo de elaboração das lentes de contato, valores esses integralmente repassados aos fabricantes das referidas lentes. que as notas fiscais em anexo, todas elas devidamente escrituradas no livro caixa do contribuinte, comprovam as aquisições das lentes de contato realizadas pelo recorrente no período de 2000 a 2002, lentes estas que foram aplicadas nos pacientes, e cujo custo de aquisição foi repassado a cada um dos pacientes por ele atendidos. que, logo, resta comprovado que dos valores cobrados dos pacientes, cujos recibos se requer a juntada, apenas uma pequena parte se referia aos honorários médicos devidos ao recorrente. que vale salientar, ainda, que não somente as despesas com a aquisição das lentes de contato eram deduzidas das receitas obtidas pelo recorrente, mas sim, todas as despesas de custeio da atividade de prestação de serviços do recorrente, como despesas com aluguel, telefone, tributos incidentes sobre a prestação de serviço, todas essas devidamente escrituradas no livro caixa do recorrente e, portanto, hábeis a serem deduzidas das receitas na forma do artigo 51 da IN 51/01; que a fiscalização considerou como base de cálculo do IRPF todos os valores depositados nas diversas instituições financeiras, nas quais o recorrente possuía conta corrente, tendo sido considerados valores em duplicidade, eis que se referem a meras transferências entre contas do mesmo titular, consoante comprovado através das planilhas anexas. que ocorreram créditos nas contas correntes do recorrente oriundos de empréstimos bancários, que jamais constituem renda do recorrente. A título exemplificativo, fls. 60 dos autos, a fiscalização presumiu que o valor de R$ 14.500,00, cujo histórico do extrato bancário possui os dizeres “liberação operação crédito”, teria se traduzido em omissão de receitas; (ver documentação anexa) que quanto às multas majoradas aplicadas pela fiscalização por suposta omissão do contribuinte no atendimento às intimações fiscais, verificase que a ausência de resposta do contribuinte aos termos de intimação fiscal não impediu em nada o trabalho fiscal, mormente pelo fato de que os extratos bancários, base do trabalho fiscal, foram enviados diretamente pelas instituições financeiras a pedido da Receita Federal. que a aplicação das multas, nos patamares em que foram exigidas é ilegítima e inválida, não produzindo seus regulares efeitos, pelo que deve ser anulada face às violações aos Princípios da Proporcionalidade, da Razoabilidade, do NãoConfisco e Moralidade. É o Relatório. Fl. 355DF CARF MF Impresso em 07/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2013 por NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 07/10/2013 po r NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 07/10/2013 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS Processo nº 10680.014340/200582 Resolução nº 2102000.135 S2C1T2 Fl. 349 4 Voto Conselheira Núbia Matos Moura, relatora Na forma do art. 62A, caput e § 1º, do Anexo II, do RICARF, sempre que a controvérsia tributária seja admitida no rito da repercussão geral (art. 543B do CPC), deveriam as Turmas de Julgamento do CARF sobrestar o julgamento de matéria idêntica em recurso administrativo, aguardando a decisão definitiva da Suprema Corte. A interpretação conjunta da cabeça e do parágrafo primeiro do dispositivo regimental citado indicava que bastava o reconhecimento da repercussão geral para o sobrestamento do trâmite do recurso administrativo fiscal, não se fazendo maiores considerações sobre o procedimento de sobrestamento dos recursos extraordinários do próprio judiciário, como condicionante para o sobrestamento dos recursos da via administrativa. Essa era a interpretação das Turmas de julgamento do CARF. Daí, no âmbito das Turmas de Julgamento da Primeira e Segunda Câmaras da Segunda Seção do CARF, as controvérsias sobre a tributação dos rendimentos recebidos acumuladamente e a incidente a partir da transferência compulsória do sigilo bancário dos contribuintes para o Fisco (e aplicação retroativa da Lei nº 10.174/2001) vinham tendo o julgamento administrativo sobrestado, pois o STF havia reconhecido a repercussão geral em ambas as matérias, como se vê abaixo (informação extraída do site www.stf.jus.br): Tema 225 Fornecimento de informações sobre movimentações financeiras ao Fisco sem autorização judicial, nos termos do art. 6º da Lei Complementar nº 105/2001; b) Aplicação retroativa da Lei nº 10.174/2001 para apuração de créditos tributários referentes a exercícios anteriores ao de sua vigência. RE 601.314 – Relator o Min. Ricardo Lewandowski. Tema 368 Incidência do imposto de renda de pessoa física sobre rendimentos percebidos acumuladamente. – RE 614.406 – Relatora a Min. Ellen Grace. Com a publicação da Portaria CARF nº 001/2012, que objetiva disciplinar os procedimentos do sobrestamento no âmbito do CARF, surgiram dúvidas sobre o cabimento do sobrestamento para o Tema 225, acima, em decorrência da redação do art. 1º, parágrafo único, da referida Portaria, pois o STF não teria determinado o sobrestamento dos recursos extraordinários que versavam sobre a transferência compulsória do sigilo bancário para o Fisco (e retroatividade da Lei nº 10.174/2001), como se poderia ver na decisão que reconheceu a repercussão geral para o tema, no RE 601.314. Apreciando a controvérsia acima, no julgamento do processo 19647.009419/200653, sessão de 09 de fevereiro de 2012, pela Resolução 2102000.045, esta Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção entendeu que a controvérsia espelhada no Tema 225 do STF deveria continuar tendo os julgamentos administrativos sobrestados, pois “o reconhecimento da repercussão geral pelo STF, por si só, tem como consectário lógico e inafastável o sobrestamento do julgamento de todos os recursos extraordinários sobre a mesma matéria, pois não se pode imaginar que o STF reconheça a repercussão geral e os RE possam continuar a tramitar, isso sem qualquer possibilidade de julgamento no STF, pois na Suprema Corte somente se apreciará o RE leading case”. E como exemplo do entendimento que tem obstado o julgamento dos recursos extraordinários, com Fl. 356DF CARF MF Impresso em 07/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2013 por NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 07/10/2013 po r NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 07/10/2013 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS Processo nº 10680.014340/200582 Resolução nº 2102000.135 S2C1T2 Fl. 350 5 devolução do apelo extremo aos tribunais de origem no Tema 225, vejase despacho no Recurso Extraordinário 611.139, relator o Min. Luiz Fux, decisão de 07 de fevereiro de 2012. Ora se há o sobrestamento dos recursos extraordinários no rito da repercussão geral, aplicável o art. 62A, § 1º, do RICARF nos recursos com o Tema 225 no âmbito administrativo. Por tudo, no caso de controvérsias sobre a transferência compulsória do sigilo bancário (Lei complementar nº 105/2001) e retroatividade da Lei nº 10.174/2001, considerando que o STF também vem sobrestando o julgamento dos recursos extraordinários dessa matéria, devemse igualmente sobrestar os julgamentos administrativos nesta Turma de Julgamento, na forma do art. 62A, caput e § 1º, do Anexo II, do RICARF, aguardando que o STF resolva em definitivo a controvérsia sobre o Tema 225. No presente caso, os extratos bancários foram obtidos pela autoridade fiscal mediante emissão de Requisição de Movimentação Financeira (RMF), conforme especificado pela autoridade fiscal no Termo de Verificação Fiscal, fls. 25 e o contribuinte afirma no recurso que os extratos bancários de suas contascorrentes foram obtidos de forma ilegal, sendo fruto da devassa desmedida e não amparada constitucionalmente da ação dos agentes fazendários, não podendo ser legitimada pela Lei Complementar nº 105, de 2006. Assim, devese sobrestar o julgamento dos recursos voluntário, cumprindo o procedimento do art. 2º, § 1º, I, da Portaria CARF nº 001/2012. Ante o exposto, voto no sentido de SOBRESTAR o julgamento do recurso. Assinado digitalmente Núbia Matos Moura Relatora Fl. 357DF CARF MF Impresso em 07/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/10/2013 por NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 07/10/2013 po r NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 07/10/2013 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS
score : 1.0
Numero do processo: 11080.730073/2013-26
Turma: Terceira Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 03 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Feb 20 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2008 a 30/10/2008
OBRIGAÇÃO PRINCIPAL DECAÍDA. MULTA MORATÓRIA. EXCLUÍDA NO JULGAMENTO A QUO. SITUAÇÃO QUE SE VERIFICA NOS AUTOS. A OBRIGAÇÃO PRINCIPAL FOI ABARCADA PELO INSTITUTO DA DECADÊNCIA, COMO COROLÁRIO LÓGICO E DETERMINAÇÃO LEGAL A MULTA É EXCLUÍDA DO LANÇAMENTO.
PAGAMENTO POR INTERMÉDIO DE CARTÃO PREMIAÇÃO. OS PRÊMIOS PAGOS PELO EMPREGADOR EM RAZÃO DO DESEMPENHO LABORAL DE SEUS TRABALHADORES INTEGRA O SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO.
Recurso Voluntário Negado.
Crédito Tributário Mantido
Numero da decisão: 2803-003.873
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do voto vencedor redator designado Conselheiro Eduardo de Oliveira. Vencido o Conselheiro Ricardo Magaldi Messetti. Sustentação oral Advogado Dra Maria Raphaela Dadona Matthiesen, OAB/SP nº 346.026.
(Assinatura Digital)
Helton Carlos Praia de Lima - Presidente
(Assinatura Digital)
Ricardo Magaldi Messetti Relator
(Assinatura Digital)
Eduardo de Oliveira Redator Designado.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Helton Carlos Praia de Lima (Presidente), Ricardo Magaldi Messetti, Fábio Pallaretti Calcini, Oseas Coimbra Junior, Gustavo Vettorato, Eduardo de Oliveira.
Nome do relator: RICARDO MAGALDI MESSETTI
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2008 a 30/10/2008 OBRIGAÇÃO PRINCIPAL DECAÍDA. MULTA MORATÓRIA. EXCLUÍDA NO JULGAMENTO A QUO. SITUAÇÃO QUE SE VERIFICA NOS AUTOS. A OBRIGAÇÃO PRINCIPAL FOI ABARCADA PELO INSTITUTO DA DECADÊNCIA, COMO COROLÁRIO LÓGICO E DETERMINAÇÃO LEGAL A MULTA É EXCLUÍDA DO LANÇAMENTO. PAGAMENTO POR INTERMÉDIO DE CARTÃO PREMIAÇÃO. OS PRÊMIOS PAGOS PELO EMPREGADOR EM RAZÃO DO DESEMPENHO LABORAL DE SEUS TRABALHADORES INTEGRA O SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. Recurso Voluntário Negado. Crédito Tributário Mantido
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 25; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1902; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2TE03 Fl. 1.501 1 1.500 S2TE03 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11080.730073/201326 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2803003.873 – 3ª Turma Especial Sessão de 03 de dezembro de 2014 Matéria Contribuições Sociais Previdenciarias Recorrente THYSSENKRUPP ELEVADORES S.A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2008 a 30/10/2008 OBRIGAÇÃO PRINCIPAL DECAÍDA. MULTA MORATÓRIA. EXCLUÍDA NO JULGAMENTO A QUO. SITUAÇÃO QUE SE VERIFICA NOS AUTOS. A OBRIGAÇÃO PRINCIPAL FOI ABARCADA PELO INSTITUTO DA DECADÊNCIA, COMO COROLÁRIO LÓGICO E DETERMINAÇÃO LEGAL A MULTA É EXCLUÍDA DO LANÇAMENTO. PAGAMENTO POR INTERMÉDIO DE CARTÃO PREMIAÇÃO. OS PRÊMIOS PAGOS PELO EMPREGADOR EM RAZÃO DO DESEMPENHO LABORAL DE SEUS TRABALHADORES INTEGRA O SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. Recurso Voluntário Negado. Crédito Tributário Mantido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do voto vencedor redator designado Conselheiro Eduardo de Oliveira. Vencido o Conselheiro Ricardo Magaldi Messetti. Sustentação oral Advogado Dra Maria Raphaela Dadona Matthiesen, OAB/SP nº 346.026. (Assinatura Digital) Helton Carlos Praia de Lima Presidente (Assinatura Digital) Ricardo Magaldi Messetti – Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 73 00 73 /2 01 3- 26 Fl. 1501DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LI MA, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por EDUARDO DE OLIVEIRA Processo nº 11080.730073/201326 Acórdão n.º 2803003.873 S2TE03 Fl. 1.502 2 (Assinatura Digital) Eduardo de Oliveira – Redator Designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Helton Carlos Praia de Lima (Presidente), Ricardo Magaldi Messetti, Fábio Pallaretti Calcini, Oseas Coimbra Junior, Gustavo Vettorato, Eduardo de Oliveira. Fl. 1502DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LI MA, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por EDUARDO DE OLIVEIRA Processo nº 11080.730073/201326 Acórdão n.º 2803003.873 S2TE03 Fl. 1.503 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto pela contribuinte Thyssenkrupp Elevadores S.A. em face da decisão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Juiz de Fora (MG) que julgou procedente em parte a impugnação apresentada e manteve em parte o crédito Tributário. Foram lavrados contra a contribuinte os seguintes autos de infração destinados ao lançamento das contribuições previdenciárias devidas à Previdência Social e a outras entidades e fundos, do período de 01 a 10/2008: a) Debcad 37.384.5456: relativo às contribuições previdenciárias patronais, incluindo as destinadas ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho; b) Debcad 37.396.6016: relativo às contribuições dos segurados empregados, não descontada de sua remuneração; e c) Debcad 37.396.6024: relativo às contribuições devidas a outras entidades e fundos (SalárioEducação, INCRA, SENAI, SESI, SEBRAE). De acordo com o relatório fiscal (fls. 103/110), a contribuinte estipula o pagamento de prêmio aos seus empregados e utiliza os cartões de premiações para efetuar o pagamento. Consta ainda no relatório da autoridade fiscal que a empresa Salles, Adan & Associados, Marketing de Incentivo S/C Ltda. era intermediária entre a contribuinte e os reais beneficiários finais, uma vez que a contratada recebia os valores e os repassava, por meio de cartões, a quem a contratante indicasse, conforme o contrato de prestação de serviços. Por entender que as verbas creditadas a título de prêmio são trimestrais e que não se tratam de gratificação eventual, mas de remuneração baseada no desempenho, no esforço e na produtividade de cada um, a autoridade autuante concluiu que as verbas integram o salário de contribuição dos empregados da contribuinte. Inconformada com a autuação, a contribuinte apresentou impugnações (fls. 805/911 e 1041/1147) aos autos de infração, visando desconstituir as razões do lançamento fiscal, sustentando, para tanto, que os prêmios de incentivo não são contrapartida da prestação de serviços ou da disponibilidade do empregado e não compõem o núcleo oneroso do contrato de trabalho, que obriga o empregador a remunerar e cria a expectativa de ganho pelo empregado. Ademais, aduz nas impugnações que o prêmio de incentivo é mera liberalidade oferecida pelo empregador, com o intuito de motivar o empregado, sendo recebido Fl. 1503DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LI MA, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por EDUARDO DE OLIVEIRA Processo nº 11080.730073/201326 Acórdão n.º 2803003.873 S2TE03 Fl. 1.504 4 de maneira indireta e mediata, de modo que os valores relativos a esse benefício não compõem a base de cálculo da contribuição previdenciária, uma vez que o seu pagamento não corresponde ao fato gerador da referida contribuição. Por fim, discorre acerca da caracterização das verbas pagas como prêmio de incentivo, apontando a ausência de caráter contraprestativo e de habitualidade. O colegiado de primeira instância administrativa julgou procedente em parte as impugnações apresentadas, em acordão lavrado com a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2008 a 30/10/2008 LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DECADÊNCIA. Para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, tendo havido pagamento antecipado, o prazo decadencial é contado a partir da ocorrência do fato gerador. HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA. PRÊMIO. INCENTIVO À PRODUTIVIDADE. Os prêmios concedidos a título de incentivo à produtividade são parcelas de natureza retributiva, de natureza jurídica salarial, compondo a remuneração e integrando a base de cálculo das contribuições previdenciárias. TERCEIROS. INCRA. SEBRAE. É legítima a cobrança da contribuição ao INCRA de empresas urbanas. A cobrança da contribuição ao SEBRAE é exigível, independentemente de serem micro, pequenas, médias ou grandes empresas, porquanto não vinculada a eventual contraprestação dessas entidades. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Após ter sido cientificada do referido acórdão (fl. 1259), a contribuinte interpôs recurso voluntário tempestivo (fls. 1269/1287), no qual apresenta, em síntese, as seguintes razões pelas quais entende indevida a manutenção de parte do lançamento fiscal: a) as multas de mora referentes aos períodos de 01/2008 a 09/2008 devem ser excluídas do lançamento, uma vez que são obrigações acessórias de obrigações principais que já tiveram reconhecimento de decadência pela primeira instância administrativa; b) os prêmios de incentivo pagos não têm natureza salarial, uma vez que são liberalidades pagas com intuito motivacional sem caráter contraprestativo e habitual, não devendo ser reconhecidos como remuneração e, portanto, não podendo ser considerados na base de calculo das contribuições previdenciárias; Fl. 1504DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LI MA, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por EDUARDO DE OLIVEIRA Processo nº 11080.730073/201326 Acórdão n.º 2803003.873 S2TE03 Fl. 1.505 5 c) ausência de referibilidade lógica e jurídica das atividades que financiaria com o pagamento das contribuições destinadas aos terceiros, uma vez que as contribuições destinadas aos INCRA e ao SEBRAE são dotadas de finalidades específicas (as das micro e pequenas empresas e aquelas voltadas ao exercício de atividades rurais), diferentes das da contribuinte, que exerce atividades urbanas; d) subsidiariamente, deseja a aplicação da multa mais benéfica, com fundamento no art. 106, II, c, do CTN, e aplicação da multa de 20% (vinte por cento), prevista no art. 61, § 2º da Lei nº 9.430, de 1996, em razão da revogação do art. 35, II, a da Lei nº 8.212, de 1991. Sem contrarrazões fiscais, os autos foram encaminhados à apreciação e julgamento por este Conselho, sendo a mim sorteada a relatoria. É o relatório. Fl. 1505DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LI MA, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por EDUARDO DE OLIVEIRA Processo nº 11080.730073/201326 Acórdão n.º 2803003.873 S2TE03 Fl. 1.506 6 Voto Vencido Conselheiro Relator Ricardo Magaldi Messetti Da Admissibilidade O recurso voluntário apresentado é tempestivo e presentes estão os demais requisitos para a sua admissibilidade, razão pela qual passo a apreciálo. Da Multa de Mora Aplicada aos Períodos Decaídos Pleiteia a recorrente que seja excluída a multa moratória referente às contribuições previdenciárias atingidas pela decadência. Demonstra a recorrente, ainda, que as multas de mora aplicadas pela autoridade fiscal foram mantidas em cobrança, tendo sido excluído apenas o total líquido supostamente devido a título de contribuições. Em que pese a obrigação tributária acessória poder existir independentemente de haver uma obrigação principal correspondente, no caso presente não há como dissociar a incidência da multa moratória com a obrigação principal. Destarte, sendo a obrigação principal lançada pela fiscalização atingida pelo instituto da decadência, pareceme lógico que não há como permanecer a multa moratória sobre o não pagamento de valores decaídos. Assim sendo, entendo que a multa moratória aplicada nos períodos decaídos de 01.2008 a 09.2008 também há de ser excluída. Do Pagamento Com Cartão Premiação Tenho conhecimento que esta Colenda Terceira Turma Especial já possui entendimento formado sobre o tema objeto do recurso voluntário, contudo entendo que algumas ponderações fazemse necessárias para delinear o entendimento diverso que passo a expor. Narra o relatório fiscal que o lançamento de débito contra o contribuinte se deu com base nas “parcelas remuneratórias pagas ou creditadas aos segurados empregados por serviços prestados, efetuadas mediante créditos em cartões eletrônicos de premiação, não relacionadas em folhas de pagamento, nem declaradas em GFIP’s. Em contrapartida, alega a recorrente, que os valores pagos em cartão premiação não tem qualquer relação remuneratória, portanto não podem ser objeto de incidência de contribuições sociais previdenciárias. Dessa forma, verificase que o cerne da controvérsia trazida nos autos consiste em considerar, ou não, o pagamento de quantias por meio do chamado cartão premiação a empregados como base de cálculo de contribuições previdenciárias. Assim, inicio a análise sobre a incidência da contribuição previdenciária instituída pela Lei 8.212/91 sobre a rubrica levantada pelo auditor fiscal, por meio de cartão de Fl. 1506DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LI MA, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por EDUARDO DE OLIVEIRA Processo nº 11080.730073/201326 Acórdão n.º 2803003.873 S2TE03 Fl. 1.507 7 incentivo, tomando como base o conceito de salário, a habitualidade e o dispositivo constitucional que outorgou competência para a União instituir tal contribuição. Da Previsão Constitucional Como é cediço, a contribuição social do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada está baseada na folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício. A base jurídica originária para a incidência do tributo está na Constituição Federal, verbis: “Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício;” Dessa forma, a remuneração percebida em razão do trabalho prestado pelo trabalhador será a base de cálculo das contribuições previdenciárias. É imperioso que haja um perfeito enquadramento dos valores que se pretende lançar, em “salário” para, em seguida, concluir sobre a incidência, ou não, do tributo na hipótese de premiação de empregados, em virtude do implemento de programas de marketing de incentivo. A respeito do modo como deve ser interpretado os dispositivos constitucionais o Supremo Tribunal Federal – STF no julgamento do RE 166.772/RS firmou entendimento no sentido de que as definições postas no art. 195, I, da Constituição Federal devem ser interpretadas de forma restritiva e em conformidade com a dimensão que lhes confere o Direito do Trabalho, mesmo para fins previdenciários. Pois devese evitar admitir um conceito de remuneração para o direito previdenciário e outro para o trabalhista. Nesse sentido, transcrevo abaixo trechos dos votos proferidos pelos Ministros Celso de Mello e Moreira Alves: a) Celso de Mello: "a locução constitucional "folha de salários", inscrita no art. 195, I, da Carta Política, há de ser definida em função de critérios estritamente técnicos, a serem considerados na exata e usual dimensão que lhes confere o Direito do Trabalho."; b) Moreira Alves: "(...) realmente já foi demonstrado, desde o voto do eminente Ministro Relator e em alguns dos votos que o seguiram, que a expressão "salário" é usada univocamente na Constituição no sentido de salário trabalhista. Mesmo para fins previdenciários – como se vê do art. 201 , "salário" está empregado no sentido de remuneração em decorrência de vínculo empregatício." c) Marco Aurélio: “Descabe dar a uma mesma expressão – salário – utilizada pela Carta relativamente a matérias diversas, sentidos diferentes, conforme os interesses em questão. Salário, tal como Fl. 1507DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LI MA, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por EDUARDO DE OLIVEIRA Processo nº 11080.730073/201326 Acórdão n.º 2803003.873 S2TE03 Fl. 1.508 8 mencionado no inciso I do art. 195, não pode se configurar como algo que discrepe do conceito que se lhe atribuiu quando se cogita, por exemplo, da irredutibilidade salarial, inciso VI do artigo 7º da Carta.” O termo “salário” não é próprio do direito tributário. O salário nasce de uma relação privada, ou seja, de um contrato de trabalho, sendo regulado por essa esfera do direito. Em vista disso, as exigências que tenham por base de cálculo o valor do salário pago ao empregado deverão fundarse nas prescrições de direito do trabalho, que delimitam sua abrangência. Assim sendo, o conceito de salário e remuneração utilizado na Constituição e na legislação trabalhista é unívoco e deve expressar a mesma ideia, de maneira que não se admite em matéria de vinculação tributária, como no caso de cobrança de contribuição previdenciária, que possa o lançamento de tributo incidir sobre os valores que a justiça trabalhista não considere como salário. Caminhando neste sentido, vejo com restrição a ideia de que os valores pagos a título de incentivo, por intermédio de empresas de marketing promocional ou equivalente, sejam cunhados de imediato como base de cálculo da contribuição social previdenciária. Notadamente se inserido no conceito a habitualidade dos pagamentos para efeito de considera los como ganhos habituais. E isso é importante porque faço um cotejamento entre os arts. 195 e 201 da Carta Magna. O art. 201 a Carta magna prevê como a previdência social será organizada e sobre quais valores haverá incidência da contribuição social, sendo que nesse dispositivo ele dispõe que os ganhos habituais serão considerados como base de cálculo. “Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a: (...) § 11. Os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, serão incorporados ao salário para efeito de contribuição previdenciária e consequente repercussão em benefícios, nos casos e na forma da lei.” Como se constata da leitura do art. 201 da CF/88 a constituição considera como base de cálculo da contribuição os ganhos habituais. Nesse campo, a habitualidade é um dos elementos fundamentais para se determinar se o pagamento feito deve ou não ser considerado como salário e como tal, ser computado para fins de contribuição previdenciária. Mas o que é habitualidade? Habitualidade, conforme o Dicionário Aurélio, é o que ocorre de maneira comum, frequente, ainda que de maneira espaçada, tudo aquilo que “se faz, ou que se sucede por hábito, comum, vulgar, frequente, usual”. O conceito contrasta com o ganho eventual que, conforme a mesma obra, é algo que depende de acontecimento incerto, casual, fortuito, acidental. Fl. 1508DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LI MA, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por EDUARDO DE OLIVEIRA Processo nº 11080.730073/201326 Acórdão n.º 2803003.873 S2TE03 Fl. 1.509 9 De tal forma, numa relação de trabalho pode haver, além dos pagamentos contratuais, pagamentos eventuais e aleatórios, o que torna essencial considerar a natureza jurídica de cada um para fazer incidir ou não o tributo. No caso dos autos tratase de pagamentos realizados a título de incentivo por produtividade (prêmio), por meio de cartão premiação. Tais pagamentos ocorrem quando determinada empresa fixa metas e impõe requisitos para que os empregados aufiram resultados financeiros ou de outra natureza, poderemos concluir que, em certos casos, não estaremos diante de uma prestação aleatória, tampouco habitual, conforme os conceitos expostos, pois não se trata de algo que será feito com habitualidade com relação ao mesmo empregado, pois necessita de cumprimento de determinadas condições preestabelecidas e tampouco se trata de um evento sujeito ao acaso ou ao fortuito, tratase desse modo de uma conduta eventual, posto que falamos de algo que será perseguido pelo empregado, mas o seu resultado será incerto. O pagamento de determinado benefício ao empregado que atingir metas preestabelecidas é apenas uma das modalidades que fazem parte do chamado “marketing de incentivo” ou “programas de incentivo” implementados por determinada empresa. Sobre o conceito dessa atividade, Elidie P. Bifano e Luciana Aguiar, especialistas em direito tributário e economia, assim delimitam o termo: “Programa de incentivo pode ser definido como ação planejada e orientada para motivar toda e qualquer pessoa ou grupo de pessoas, de uma empresa ou não, oferecendo reconhecimento e recompensa por meio de premiação. Os beneficiários podem estar compreendidos em equipes de vendas, distribuidores, revendedores, serviços pósvendas, assistência técnica, controle de qualidade, atendimento ao cliente e similares. Toda campanha dessa natureza tem seu início no planejamento e na criação, quando se determinam os objetivos e metas que a campanha pretende atingir, o público alvo, a marca da campanha (logotema), o universo de ambientação e as formas de premiação. Após essas fases, fazse o lançamento da campanha que será o marco inicial decisivo para atrair o interesse e consequente adesão do públicoalvo. Os programas de incentivo são instrumentalizados e documentados por regulamentos claros e objetivos, com explicação detalhada sobre a mecânica de avaliação e premiação, o que lhes atribui transparência e credibilidade, potencializando as adesões e aumentando o número de participantes.” Com efeito, tratase de uma forma de motivação interna dos funcionários, colaboradores ou prestadores de serviços de uma empresa. Há quem diga que essa prática faz parte do denominado endomarketing, atividade que surgiu em 1990, desenvolvida pelo setor de recursos humanos, para estabelecer uma comunicação interna com os funcionários de uma empresa com o intuito de aumentar e estimular a produtividade e, por consequência, atingir a satisfação dos seus empregados. Não me coloco na linha daqueles que entendem que há salário pago pelo simples fato de o pagamento desse incentivo ter como condição resolutiva o alcance de metas de produtividade, de maneira que, receberá o benefício aquele funcionário que cumprir sua função atingindo a meta de produtividade estabelecida pela empresa. Tratase de uma estratégica de gestão de pessoal da empresa que a fará ser mais produtiva e acelerará o seu crescimento dentro do mercado, premiando o empregado pelo cumprimento de determinada Fl. 1509DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LI MA, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por EDUARDO DE OLIVEIRA Processo nº 11080.730073/201326 Acórdão n.º 2803003.873 S2TE03 Fl. 1.510 10 finalidade instituída pelo empregador, no caso, o atingimento de metas, tanto em espécie, equipamentos, passagens aéreas, etc. Nesta linha de raciocínio temos várias rubricas dentro do escopo trabalhista, as quais não há base de cálculo de contribuição social previdenciária, como é o caso dos valores recebidos a título de Participação nos Lucros ou Resultados das empresas, de abono Salarial do PIS equivalente ao valor de um salário mínimo, dentre outros. Alertase que a ferramenta ”cartão de premiação” é examinada somente na hipótese em que o beneficiário pode utilizála se atingir os níveis de comprometimento exigidos pelo encomendante para fazer jus a esse benefício. Assim a utilização do cartão, do ponto de vista operacional, depende sempre de autorização do emitente de comum acordo com o encomendante, de tal sorte que nenhum detentor se torna, automaticamente, beneficiário se não tiver preenchido as condições para tanto. Do Entendimento da Justiça do Trabalho Retornando ao conceito do que pode ser considerada verba salarial, o fator ‘habitualidade’ será importante para a minha posição. Dentro da interpretação do que constitui saláriodecontribuição, a Justiça do Trabalho têm decidido que estes valores pagos habitualmente integram o montante do salário, sendo assim passível de incidência do tributo. Todavia a Corte trabalhista pondera que, quando não há habitualidade ou quando os valores são pagos esporadicamente ao mesmo empregado, não é coerente entender que esses valores sejam considerados base de cálculo de contribuição social pelo fisco. Vêse que o direito do trabalho abrange ao conceito de salário não só a remuneração fixa e ajustada entre empregado e empregador em retribuição a execução de suas atividades, mas também outros valores percebidos em decorrência do vínculo empregatício (gorjetas, comissões, percentagens e gratificações). Dispõe o artigo 457 da CLT, in verbis: “Art. 457 Compreendemse na remuneração do empregado, para todos os efeitos legais, além do salário devido e pago diretamente pelo empregador, como contraprestação do serviço, as gorjetas que receber. § 1º Integram o salário não só a importância fixa estipulada, como também as comissões, percentagens, gratificações ajustadas, diárias para viagens e abonos pagos pelo empregador.” Para a CLT salário é a retribuição pelo trabalho prestado, paga diretamente pelo empregador. Esse conceito bem simples traduz o que é salário no ordenamento jurídico brasileiro e suas principais características, pois só é salário aquilo que é pago pelo empregador e somente aquilo que corresponda a uma retribuição, que represente um acréscimo patrimonial pelo trabalho prestado. Arnaldo Sussekind comenta que “remuneração é a resultante da soma do salário percebido em virtude do contrato de trabalho e dos proventos auferidos de terceiros, habitualmente, pelos serviços executados por força do mesmo contrato”. Sérgio Pinto Martins, por sua vez, define remuneração como “o conjunto de prestações recebidas habitualmente pelo empregado pela prestação de serviços, seja em dinheiro ou em utilidades, provenientes do empregador ou de terceiros, mas decorrentes do contrato de trabalho, de modo a satisfazer suas necessidades básicas e de sua família. Caracterizase a remuneração como uma prestação Fl. 1510DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LI MA, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por EDUARDO DE OLIVEIRA Processo nº 11080.730073/201326 Acórdão n.º 2803003.873 S2TE03 Fl. 1.511 11 obrigacional de dar. Não se trata de obrigação de fazer, mas de dar, em retribuição pelos serviços prestados pelo empregado ao empregador, revelando a existência do sinalagma que é encontrado no contrato de trabalho. Essa remuneração tanto pode ser em dinheiro, como em utilidades, de maneira que o empregado não necessite compralas, fornecendo o empregador tais coisa (...)”. Tratandose de binômio salárioremuneração, Amauri Mascaro enfatiza que salário “é uma qualificação jurídica que acarreta reflexos na área trabalhista, previdenciária e tributária, sendo que tais reflexos interdisciplinares levam a uma concepção ampla de salário mas que não pode ser tão larga a ponto de desestimular certas concessões por parte do empregador, especialmente sob a a forma de serviços e utilidade. A legislação trabalhista menciona o “salário”, termo largamente utilizado para referirse, de forma genérica, à remuneração do empregado. Insta mencionar a definição do termo sob a ótica de Amauri Mascaro do Nascimento, em sua obra “Curso de Direito do Trabalho”. Editora Saraiva: São Paulo. 18ª Edição, p. 717, in verbis: “é a totalidade das percepções econômicas dos trabalhadores, qualquer que seja a forma ou meio de pagamento, quer retribuam o trabalho efetivo, os períodos de interrupção do contrato e os descansos computáveis na jornada de trabalho”. In casu, o auditor fiscal autuou a empresa por considerar salários os valores pagos a título de “prêmio por produtividade”, conforme Relatório Fiscal de fls. 103/110, ocorre que como já mencionamos o conceito de salário deve ser interpretado conforme a conceituação trabalhista. Para a Corte trabalhista o pagamento de prêmios eventualmente são vinculados a comportamentos e resultados de ordem pessoal do empregado e entende que o implemento desse incentivo está diretamente vinculado à produtividade e não se trata de uma retribuição pelo trabalho, pois foi espontaneamente outorgado pelo empregador, vinculado a uma meta preestabelecida pela empresa, e pode a qualquer momento ser suprimido pela empresa se o trabalhador não preencher os requisitos para o reconhecimento da vantagem. O que não ocorre quando falamos de salário, um dos elementos do contrato de trabalho bilateral e que não poderá ser suprimido por liberalidade do empregador, portanto não há como incluir tais rubricas no conceito de salário. O Tribunal pondera que quando esse prêmio é pago habitualmente, ele passa a se confundir com o salario do empregado pois o empregado contará com o pagamento do prêmio correspondente, no seu orçamento mensal. Conforme o entendimento do Tribunal Superior do Trabalho “a doutrina e a jurisprudência têm reconhecido a natureza salarial do prêmio assiduidade, desde que não tenha caráter eventual, como na hipótese do prêmio esporádico, ou prêmio troféu.” (Acórdão da 2ª, Turma nº RR540686/1999, de 11 Dezembro 2002, TST. Tribunal Superior do Trabalho, Recurso n.º RO2977/199800003.00, Ministro Renato de Lacerda Paiva). Assim, é indiscutível que havendo habitualidade em sua prestação, passam a assumir um novo papel no contrato de trabalho do empregado, qual seja, própria remuneração. Portanto, demonstrado então a habitualidade na concessão das referidas gratificações (ou prêmios), é inevitável o reconhecimento da natureza salarial de tal parcela, razão pela qual, Fl. 1511DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LI MA, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por EDUARDO DE OLIVEIRA Processo nº 11080.730073/201326 Acórdão n.º 2803003.873 S2TE03 Fl. 1.512 12 deverá refletir na incidência de contribuições previdenciárias, considerado a expansão do salário. Cumpre citar a jurisprudência do TST, apenas para firmar o entendimento: “INTEGRAÇÃO DOS PRÊMIOS. O entendimento dominante nesta Corte é no sentido de que os prêmios pagos habitualmente detêm natureza jurídica salarial, nos exatos termos do artigo 457, § 1º, da Consolidação das Leis do Trabalho. Recurso de revista de que não se conhece. (Processo: RR 520500 08.2004.5.09.0004 Data de Julgamento: 23/05/2012, Relator Ministro: Pedro Paulo Manus, 7ª Turma, Data de Publicação: DEJT 25/05/2012). RECURSO DE REVISTA. SALÁRIO PAGO FORA DA FOLHA DE PAGAMENTO. INTEGRAÇÃO À REMUNERAÇÃO. O Tribunal Regional constatou que as Reclamadas depositavam, com habitualidade, créditos em cartões magnéticos como contraprestação às metas atingidas pelo Reclamante. Por entender que as Reclamadas pagavam verbas salariais fora da folha de pagamento, a Corte de origem decidiu manter a determinação de integração ao salário das referidas verbas. Registrado que o dinheiro depositado nos cartões representava correspondência às metas atingidas pelo Reclamante e era pago com habitualidade, a decisão de integração ao salário da verba não ofende o art. 457 da CLT, pois, nos termos do referido dispositivo, compreendese na remuneração do empregado toda parcela paga como contraprestação do serviço. Ressaltase que este Tribunal Superior tem decidido que o pagamento de prêmio por alcance de metas adquire natureza salarial quando pago com habitualidade. Recurso de revista de que não se conhece. (...) Recurso de revista de que se conhece e a que se dá provimento. (Processo: RR 10440004.2007.5.03.0037 Data de Julgamento: 07/03/2012, Relator Ministro: Fernando Eizo Ono, 4ª Turma, Data de Publicação: DEJT 23/03/2012). PRÊMIO. NATUREZA JURÍDICA. ART. 457, § 1º, DA CLT. Deixando o acórdão regional de consignar a habitualidade do pagamento da verba denominada prêmio objetivo, e tendo registrado que a sua percepção não correspondia ao pagamento pela regular e obrigatória prestação de serviços, não há que se cogitar acerca da violação literal do artigo 457, parágrafo 1º, da CLT, porquanto o prêmio pago como incentivo ao melhor desempenho do empregado não possui conotação salarial, já que esta se reserva apenas às verbas decorrentes da contraprestação direta pelo empregador dos serviços realizados pelo empregado. Incide, à hipótese, o teor do Enunciado n. 221 do TST, com óbice ao destrancamento da revista. Fl. 1512DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LI MA, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por EDUARDO DE OLIVEIRA Processo nº 11080.730073/201326 Acórdão n.º 2803003.873 S2TE03 Fl. 1.513 13 ((TST – 4ª T., AIRR 783.871/2001.7, Rel. Juiz convocado Luiz Antonio Lazarim, DJ de 25022005) Trechos do voto: “a verba denominada prêmio objetivo foi instituída pela ré para graciar aqueles vencedores que conseguissem atingir metade de vendas traçadas pela empresa, podendo o valor desta premiação variar de acordo com o volume das metas atingidas. Logo, é inequívoco que esta parcela tinha por objetivo recompensar e incentivar atributos individuais, sendo certo que as condições dessa benesse estão estipuladas pelo empregador como liberalidade sua, não possuindo, pois, o caráter de pagamento compulsório ínsito aos salários”. Os prêmios pagos aos obreiros, por liberalidade patronal, que dependem do implemento de determinada condição, não possuem natureza salarial, razão pela qual não integram a remuneração do empregado. (TST – 2ª T, RR 316.466/96.0, Rel. Min. José Bráulio Bassini) O prêmio desempenho não integra o salário. Recurso de Revista provido para declarar que a parcela “prêmio desempenho” não integra o salário, não gerando , portanto, os reflexos deferidos quer ficam excluídos (TST – 3ª T, RR 175549/95, Rel. Min. Zito Calasãs)” Dessa feita, resta patente a impossibilidade de incidência de contribuições previdenciárias sobre as premiações ofertadas em razão dos implementos de campanhas de marketing de incentivos quando ficar clara a não inabitualidade dos pagamentos, bem como fundadas em eventos a serem cumpridos pelos empregados. Nessa esteira, cumpre citar ainda o entendimento de Sérgio Pinto Martins em sua obra “Direito da seguridade social” a respeito dos ganhos habituais, onde ele ressalta que na Constituição Federal, art. 201, § 11 dispõe que somente “os ganhos habituais do empregado serão incorporados ao salário para efeito de contribuição previdenciária e consequente repercussão dos benefícios” e esclarece: “ganhos” serão as prestações fornecidas ao empregado de maneira periódica, incluindo tanto o pagamento em dinheiro, como o fornecimento de utilidade. “habitual” é o que é feito com costume, de forma repetida, duradoura, frequente. será considerado ganho habitual qualquer prestação proporcionada ao empregado que seja repetida no tempo, tendo, portanto, habitualidade. (...) Sobre ganhos eventuais não incidirá a contribuição previdenciária. Dessa forma, o incentivo em questão não possui natureza de remuneração de que trata o art. 195, inc. I, alínea “a, ou do art. 201, §11, da Constituição Federal, o art. 22 ou qualquer outro da Lei nº 8.212/91, haja vista que a relação de que estamos tratando não se enquadra na hipótese de incidência prevista em tais dispositivos normativos. Fl. 1513DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LI MA, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por EDUARDO DE OLIVEIRA Processo nº 11080.730073/201326 Acórdão n.º 2803003.873 S2TE03 Fl. 1.514 14 O conceito da verba ora em discussão poderia amoldase perfeitamente ao instituto de promessa de pagamento futuro a alguém, sob uma condição resolutiva, por ter caráter recompensatório e não haver qualquer conotação inerente à remuneração paga no âmbito de um contrato de trabalho. A respeito do prêmio pago a empregados e a sua não relação com a remuneração, Amauri Mascaro do Nascimento preleciona: “os prêmios não têm natureza salarial unicamente enquanto não habituais, assim considerados os feitos a esse título, por exemplo, uma vez por ano ou em função de campanhas de incentivo à produção eventualmente realizadas pela empresa especialmente quando não pagos em dinheiro, mas em outras vantagens como uma viagem ao exterior etc” Na esteira desse raciocínio asseverou Valentin Carrion (in Comentários à Consolidação das Leis do Trabalho – 28ª ed. São Paulo: Saraiva, 2003, p. 297): “Gratificações. Somente as não habituais deixam de ser consideradas como ajustadas; as demais integramse na remuneração para todos os efeitos. É a aplicação do princípio de que todas as vantagens obtidas pelo empregado aderem ao contrato definitivamente”. Reforça o entendimento, o posicionamento do conceituado professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Wagner Balera, ao emitir parecer na consulta solicitada pela Associação de Marketing Promocional (AMPRO) publicado na obra “O marketing de incentivo e as contribuições sociais”, p. 115: “Premiações conferidas a quem deu cabal cumprimento a certas e determinadas metas, nada mais são do que incentivos ao bom desempenho no trabalho, vantagens esporádicas e estímulos à disputa leal entre companheiros de trabalho, conferidos por simples liberalidade do empregador, que de nenhum modo remuneram o trabalho prestasdo. p. 114 (...) Os prêmios pagos ao segurado empregado não integram seus saláriode contribuição e consequentemente não são passíveis de incidência previdenciária, posto que não configuram nenhuma das espécies de remuneração. Tratase de situações esporádicas, não habituais, aleatórias, excepcionais, motivadas por campanhas promocionais com prazo determinado de duração, mediante condições fixadas em regulamentos próprios, com montantes e expressões variáveis e em caráter de recompensa pelo êxito alcançado naquela jornada. A premiação decorre do resultado positivo da disputa de que participou cada beneficiário, por sua livre e espontânea vontade, distinta completamente das naturais atribuições que desempenha na vida ordinária do seu labor, consoante os termos de regulamento tornado público por terceiro, alheio ao contrato de trabalho, especialmente incumbido de promover um certame que é o desdobramento de ato unilateral de vontade (...)” Dessa forma, pelos argumentos expostos, estou certo de que sobre parcelas de prêmios pagos sem a habitualidade e com regras igualitárias (não aleatórias) que consistem na Fl. 1514DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LI MA, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por EDUARDO DE OLIVEIRA Processo nº 11080.730073/201326 Acórdão n.º 2803003.873 S2TE03 Fl. 1.515 15 instrumentalização e documentação por regulamentos claros e objetivos para o acesso dos empregados, não incide contribuição previdenciária. Da Legislação Previdenciária A legislação previdenciária também não foge às regras acima delineadas. Segundo dispõe a Lei 8.212/91, em seu artigo 28, inciso I, constitui salário de contribuição “(...) a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa.” (g.n.) A própria Lei de Organização da Seguridade Social dispõe ainda que não integram o salário de contribuição as importâncias recebidas a título de ganhos eventuais, conforme segue abaixo: “Art. 28 Entendese por saláriodecontribuição: ... § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: ... e) as importâncias: ... 7. recebidas a título de ganhos eventuais e os abonos expressamente desvinculados do salário;” (g.n.) Desse modo, muito embora esta Câmara já tenha se manifestado, em julgamentos anteriores, no sentido de que os valores pagos através de cartões de premiação são considerados salário e sobre eles há a incidência de contribuição, prefiro avançar na discussão do tema para firmar posição no sentido de que, restando demonstrado que as premiações ocorriam de forma regular, em pagamentos eventuais e que havia regras claras e objetivas disponíveis para o recebimento da verba, não há incidência de contribuição social previdenciária. Corroborando com o entendimento aqui exposado, lapidares são os escólios de Elidie P. Bifano e Luciana Aguiar na obra “marketing de incentivo: uma visão legal”, p. 43, in verbis: “(...) em nenhuma hipótese a vantagem ou prêmio recebidos em virtude de programas de incentivos comporiam base de cálculo da contribuição previdenciária posto que: i) o prêmio não tem natureza de verba salarial, (ii) Fl. 1515DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LI MA, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por EDUARDO DE OLIVEIRA Processo nº 11080.730073/201326 Acórdão n.º 2803003.873 S2TE03 Fl. 1.516 16 não se destina a retribuir trabalho (iii) tem natureza aleatória e principalmente eventual.” Assim, dentro da sistemática que adoto e pedindo vênia aos ilustres colegas que tão bem representam esta Auspicia Terceira Turma Especial, estariam excluídas da base de cálculo os pagamentos recebidos por premiação, desde que com critérios lógicos e específicos como é o caso dos autos. Conclusão Pelo exposto, voto no sentido de conhecer do recurso voluntário para, no mérito darlhe provimento, excluindo a multa moratória aplicada nos períodos decaídos de 01.2008 a 09.2008, e afastando a incidência de contribuições previdenciárias sobre os valores pagos através de premiação dentro do programa de incentivo da contribuinte. É como voto. (assinado digitalmente) Ricardo Magaldi Messetti Relator Fl. 1516DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LI MA, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por EDUARDO DE OLIVEIRA Processo nº 11080.730073/201326 Acórdão n.º 2803003.873 S2TE03 Fl. 1.517 17 Voto Vencedor Conselheiro Eduardo de Oliveira – Redator designado. Peça vênia, ao I. Relator para divergir de sua posição jurídica, pois penso de forma diametralmente oposta, como a seguir demonstro. Premiação como base de cálculo. O programa de premiação e incentivo de marketing em verdade busca encobrir o pagamento de salário/remuneração aos empregados da recorrente por intermédio de uma interposta pessoa jurídica, que repassa aos empregados da primeira os valores por essa disponibilizados em favor de cada empregado. O ponto controverso reside na caracterização dos prêmios pagos como verba salarial ou não em razão de sua suposta eventualidade e caráter indenizatório, a fim de se verificar a incidência ou não de contribuições sobre os valores pagos aos empregados, por meio da utilização de cartões de premiação por intermédio da sociedade empresária Salles, Adan & Associados, Marketing de Incentivo S/C Ltda. Para o deslinde da questão é imprescindível a análise do campo de incidência das contribuições previdenciárias. De acordo com o previsto no art. 28 da Lei n ° 8.212/1991, para o segurado empregado entendese por saláriodecontribuição a totalidade dos rendimentos destinados a retribuir o trabalho, incluindo nesse conceito os ganhos habituais sob a forma de utilidades, nestas palavras. Art.28. Entendese por saláriodecontribuição: I para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa; (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97). PARECER/CJ Nº 2.952 ASSUNTO: Fato Gerador da Contribuição Previdenciária. Aprovo. Publiquese. Em, 16 de janeiro de 2003. RICARDO BERZOINI Fl. 1517DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LI MA, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por EDUARDO DE OLIVEIRA Processo nº 11080.730073/201326 Acórdão n.º 2803003.873 S2TE03 Fl. 1.518 18 EMENTA: SEGURIDADE SOCIAL. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL DA EMPRESA E CONTRIBUIÇÃO DO EMPREGADO. FATO GERADOR. OCORRÊNCIA COM A EFETIVA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. O fato gerador da contribuição previdenciária da empresa incidente sobre a folha de salários e demais rendimentos e contribuição do empregado sobrevém com a efetiva prestação do serviço, quando surge para a empresa o dever de remunerar o trabalhador. Inteligência dos artigos 22, inciso I, 28 e 30, da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Pelo exposto o campo de incidência é delimitado pelo conceito remuneração. Remunerar significa retribuir o trabalho realizado. Desse modo, qualquer valor em pecúnia ou em utilidade que seja pago a uma pessoa natural em decorrência de um trabalho executado ou de um serviço prestado, ou até mesmo por ter ficado à disposição do empregador, está sujeita à incidência de contribuição previdenciária. Cabe destacar nesse ponto, que os conceitos de salário e de remuneração não se confundem. Enquanto o primeiro é restrito à contraprestação do serviço devida e paga diretamente pelo empregador ao empregado, em virtude da relação de emprego; a remuneração é mais ampla, abrangendo o salário, com todos os componentes, e as gorjetas, pagas por terceiros. Nesse sentido é a lição de Alice Monteiro de Barros, na obra Curso de Direito do Trabalho, Editora LTR, 3ª edição, página 730. O salário pode ser pago em dinheiro, bem como em utilidades, como alimentação, vestuário, habitação, ou outras prestações in natura. Na caso dos autos tais prêmios foram pagos em espécie na forma de crédito em cartões de bonificação/premiação. Conforme determina o artigo 458 da CLT quaisquer outras parcelas habitualmente pagas, ainda que em utilidades, previstas em acordo ou convenção coletiva ou mesmo que concedidas por liberalidade da empresa, constituem o salário in natura, compondo a remuneração do empregado. Desse modo, a questão da habitualidade para fins de incidência da contribuição social previdenciária somente é relevante quando a parcela paga não for em dinheiro, pois do contrário estaremos na área de atuação do artigo 22, I e II, c/c o artigo 28, I, ambos, da Lei 8.212/91. O dinheiro é a ferramenta de troca universal, e logicamente por meio de tal recurso, o beneficiário conseguirá satisfazer as suas necessidades básicas e conforme sua disponibilidade financeira escolherá o bem que lhe convier. O pagamento para o trabalho não acarreta um rendimento para o trabalhador, um ganho ou uma vantagem para este, são valores despendidos pelo empregador e utilizados pelo trabalhador como imprescindíveis para a realização do trabalho. Não há provas nos autos de que os valores tenham sido pagos para que o trabalho fosse possível. Pelo contrário, há provas de que os trabalhadores receberam os valores em razão do trabalho, obtendo assim um ganho econômico, uma vantagem financeira, em razão dos serviços que foram prestados à recorrente. Portanto, foram valores pagos pelo trabalho realizado, sendo uma retribuição pelos mesmos. Fl. 1518DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LI MA, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por EDUARDO DE OLIVEIRA Processo nº 11080.730073/201326 Acórdão n.º 2803003.873 S2TE03 Fl. 1.519 19 O pagamento do prêmio é atrelado ao cumprimento de certas metas e condições impostas pela recorrente. O critério que a sociedade empresária utilizou para pagar a verba a seus segurados é irrelevante para o deslinde da questão. Os prêmios se caracterizam pelo atendimento a determinadas condições impostas pelo empregador, possuindo natureza remuneratória, integrando o saláriode contribuição. Para o trabalhador fazer jus ao prêmio este deve promover um acréscimo em seu desempenho pessoal, dando uma maior produtividade a empresa, gerando um incremento nos negócios da empresa. Como já analisado a empresa não demonstrou que as verbas foram pagas para o trabalho e não pelo trabalho. Além do mais, o nome dado à verba é irrelevante, o que interessa é saber se a recorrente remunerou ou não o trabalho realizado. No presente caso, não resta dúvidas que este era o papel do sistema de prêmios, a partir das provas colacionadas, e, de que a verba foi paga pelo trabalho em retribuição ao trabalho ou serviço prestado e pelo aumento da produtividade do trabalhador empregado. No presente caso, é inconteste que houve prestação de trabalho e serviço à sociedade empresária pelos segurados empregados e os valores pagos estão no campo de incidência tributária, por remunerarem as atividades citadas. Uma vez que a notificada remunerou os seus trabalhadores, deveria efetuar o recolhimento à Previdência Social. Não efetuado o recolhimento este pode ser objeto de lançamento de ofício. O fato de os valores serem repassados por uma interposta empresa, no caso a Salles, Adan & Associados, Marketing de Incentivo S/C Ltda, não desnatura o fato gerador de contribuições previdenciárias em relação à recorrente. O encargo financeiro foi suportado pela recorrente, conforme demonstram as notas fiscais examinadas pela fiscalização; a Salles, Adan & Associados, Marketing de Incentivo S/C Ltda simplesmente cumpria as determinações da recorrente, que informava os valores que deveriam ser disponibilizados aos segurados, bem como a relação nominal destes trabalhadores. Os valores percebidos pelos trabalhadores surgiram em função do vínculo com a recorrente e não de vinculação com a Salles, Adan & Associados, Marketing de Incentivo S/C Ltda. A alegação de que o prêmio é eventual e desvinculado do salário, não se sustenta, pois o prêmio era pago todas as vezes que o trabalhador atingia certo patamar de produtividade e esta era aferida com certa periodicidade, o que levava o trabalhador a incrementar sua atividade laboral, ou seja, trabalhar mais, promovendo uma ganho adicional ao empregador. A habitualidade é assim definida pelo Prof. Sergio Pinto Martins em sua obra Direito da Seguridade Social, editora Atlas, 18ª edição, ano 2002, página 154. “Ganhos” serão, portanto, as prestações fornecidas ao empregado de maneira habitual, decorrentes do contrato de Fl. 1519DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LI MA, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por EDUARDO DE OLIVEIRA Processo nº 11080.730073/201326 Acórdão n.º 2803003.873 S2TE03 Fl. 1.520 20 trabalho, incluindo tanto o pagamento em dinheiro, como o fornecimento de utilidade. “Habitual” é o que é feito com hábito, com costume, de forma repetida, duradoura, frequente. Inexiste um critério preciso para a configuração da habitualidade, porém é possível indicar como sendo o pagamento feito por mais de três meses, ou por mais de seis meses, em um período de doze meses. Os ganhos habituais serão prestações que o empregado recebe, porém não tem de despender numerário para adquirir, fazendo com isso uma economia, sendo, assim, considerado ganhos. O citado mestre em outra obra sua diz: A natureza jurídica do prêmio decorre de fatores de ordem pessoal relativos ao trabalhador, ou seja, seria uma espécie de salário vinculado a certa condição. Havendo pagamento habitual, terá natureza salarial, integrando as demais verbas trabalhista pela média1. Também, os tribunais pátrios entendem que a pagamento de prêmios são base de cálculo da contribuição previdenciária, senão vejamos: TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA A CARGO DAS EMPRESAS EM GERAL. LEI 7.787/89.INCIDÊNCIA SOBRE PARCELA DENOMINADA 'PRÊMIO PRODUÇÃO'. CARÁTER REMUNERATÓRIO. 1. O lançamento de contribuição previdenciária patronal, relativa aos meses de julho, agosto e setembro do ano de 1990 regese pela Lei 7.787/89, vigente à época do fato gerador (CTN, art. 144). 2. Dispondo, o art. 3º da Lei 7.787/89, que a base de cálculo da exação é "o total das remunerações pagas ou creditadas, a qualquer título, no decorrer do mês, aos segurados empregados" e, considerandose que o "prêmio produção", no caso concreto, consistiu em "gratificação destinada à recuperação do serviço telefônico prejudicado por movimento paredista deflagrado pelo Sindicato dos empregados" (fl. 167), de caráter nitidamente remuneratório, resta evidente a incidência da contribuição previdenciária patronal. 3. Recurso especial interposto pelo INSS provido e recurso da Brasil Telecom S/A prejudicado.(RESP 200301178126, TEORI ALBINO ZAVASCKI, STJ PRIMEIRA TURMA, 31/08/2006) TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DECADÊNCIA. CINCO ANOS A PARTIR DO FATO GERADOR. ART. 150, §4º, CTN. INEXISTÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE SIMULAÇÃO, DOLO OU FRAUDE. PRECEDENTES. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. BASE DE CÁLCULO. AJUDA DE CUSTO ALUGUEL. AUXÍLIO CRECHE/BABÁ. PRÊMIO DE PRODUÇÃO. PARTICIPAÇÃO DE LUCROS. 1. Em se tratando de tributo 1 Martins, Sergio Pinto. Direito do Trabalho. São Paulo. Editora Atlas, 2002, 15ª Edição, página 246. Fl. 1520DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LI MA, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por EDUARDO DE OLIVEIRA Processo nº 11080.730073/201326 Acórdão n.º 2803003.873 S2TE03 Fl. 1.521 21 sujeito a lançamento por homologação, seguese a norma inscrita no art. 150, §4º, do CTN, ou seja, temse como termo a quo para contagem do prazo decadencial de 5 (cinco) anos a data da ocorrência do fato gerador, exceto quando não há pagamento antecipado ou em situações em que se comprovar dolo, fraude ou simulação, hipótese em que dies a quo passaria a ser o primeiro do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, no termos do art. 173, I, do CTN. 2. Somente quando não há pagamento antecipado, ou há prova de fraude, dolo ou simulação é que se aplica o disposto no art. 173, I, do CTN. (STJ REsp 395059. Rel. Ministra ELIANA CALMON. DJ 21/10/2002). 3. O prêmio desempenho faz parte da remuneração paga a seus empregados, devendo incidir contribuição previdenciária sobre essa rubrica. 4. As verbas pagas ao empregado para auxiliar nas despesas de aluguel, ainda que tenham denominação de auxílio ou de ajuda de custo, não possuem natureza indenizatória, mas remuneratória, pois são concedidas de forma habitual aos trabalhadores da empresa e, por esta razão, estão inseridas no conceito de remuneração, compondo a base de cálculo da contribuição. Precedentes do STJ. 5. Se o pagamento do auxílio creche/babá é feito em desacordo com as normas pertinentes, e, conforme o art. 28, §9o, “s”, da Lei nº 8.212/91, em interpretação a contrario sensu, resulta na inclusão do benefício na base de cálculo da contribuição previdenciária. 6. O art. 7º, XI, da Constituição Federal, é norma de eficácia plena no que diz respeito à natureza nãosalarial da verba destinada à participação nos lucros da empresa, pois explicita sua desvinculação da remuneração do empregado; no entanto, é norma de eficácia contida em relação à forma de participação nos lucros, na medida em que dependia de lei que a regulamentasse. (Resp 675.433). 7. Apelação autoral improvida. Remessa necessária e apelação do INSS parcialmente providos.(AC 199751010175528, Desembargador Federal LUIZ ANTONIO SOARES, TRF2 QUARTA TURMA ESPECIALIZADA, 28/09/2009) TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA SOBRE SALÁRIOMATERNIDADE, ADICIONAIS NOTURNO, DE HORAS EXTRAORDINÁRIAS, DE INSALUBRIDADE E DE PERICULOSIDADE, COMISSÕES E PRÊMIOS DE PRODUÇÃO. CABIMENTO DA EXAÇÃO. De acordo com a alínea 'a' do inciso I, do artigo 195, com redação posterior à Emenda Constitucional nº 20/98, a contribuição social do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada incidirá sobre “a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício.” A partir da emenda constitucional, estava o legislador ordinário autorizado a fazer incidir a contribuição previdenciária sobre quaisquer rendimentos pagos ao trabalhador, não importando a denominação dada. O eg. Supremo Tribunal Federal já pacificou o entendimento de que as contribuições para a seguridade social podem ser instituídas por lei ordinária, quando compreendidas nas hipóteses do art. 195, I da CF/88, só se exigindo lei Fl. 1521DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LI MA, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por EDUARDO DE OLIVEIRA Processo nº 11080.730073/201326 Acórdão n.º 2803003.873 S2TE03 Fl. 1.522 22 complementar quando se trata de criar novas fontes de financiamento, pelo que não se lhe aplica a regra do art. 194, § 4º da CF/88. Toda a remuneração percebida pelo trabalhador é passível da cobrança da contribuição previdenciária, haja vista comporem o saláriodecontribuição. Integram o salário, todas as parcelas habitualmente recebidas pelo trabalhador como contraprestação de um serviço realizado, não importando aqui se a denominação dada é gratificação, adicional, ou qualquer outra. No que se refere ao saláriomaternidade, a própria Lei nº 8.212/91 é expressa em determinar a incidência de contribuição previdenciária sobre tal verba. Os adicionais noturno, de horas extras, de insalubridade e de periculosidade nada mais são do que a contraprestação por um serviço realizado, não havendo que se falar em caráter indenizatório de tais verbas. Encontram se enumeradas no art. 28, § 9°, as verbas que não fazem parte do saláriodecontribuição do empregado, e, em tal rol, não está prevista a exclusão dos adicionais de horaextra, noturno, de periculosidade e de insalubridade. A inclusão dos referidos adicionais na basedecálculo da contribuição previdenciária tem ainda seu fundamento na própria Constituição, (artigo 201). O prêmio de produção pago periodicamente ao empregado tem natureza salarial por se constituir em parcela variável da remuneração, à semelhança das comissões.(AC 200150010098604, Desembargador Federal ALBERTO NOGUEIRA, TRF2 QUARTA TURMA ESPECIALIZADA, 01/07/2009) Obs: os destaques não contam dos originais. TRF2 AC199751010175528AC APELAÇÃO CIVEL – 341935 TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DECADÊNCIA. CINCO ANOS A PARTIR DO FATO GERADOR. ART. 150, §4º, CTN. INEXISTÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE SIMULAÇÃO, DOLO OU FRAUDE. PRECEDENTES. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. BASE DE CÁLCULO. AJUDA DE CUSTO ALUGUEL. AUXÍLIO CRECHE/BABÁ. PRÊMIO DE PRODUÇÃO. PARTICIPAÇÃO DE LUCROS. 3. O prêmio desempenho faz parte da remuneração paga a seus empregados, devendo incidir contribuição previdenciária sobre essa rubrica. (grifo do relator deste recurso administrativo) As determinações contratuais do contrato juntado pelo fisco, fls. 158 a 164, demonstram sem sombras de dúvidas que a Cliente (contratante) pagava os valores que eram disponibilizados e a prestadora (contratada) disponibilizava os recursos alocados pela cliente para pagamento dos prêmios concedidos, por intermédio dos cartões, ao empregados da cliente, no presente caso a recorrente. Posto isto, não há dúvidas da natureza remuneratória da verba paga por intermediação de terceiros, haja vista que visa a retribuição do trabalhador empregado pelo seu maior desempenho no trabalho, pelo aumento do esforço, da dedicação e do atingimento de metas estabelecidas pelo empregador. Fl. 1522DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LI MA, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por EDUARDO DE OLIVEIRA Processo nº 11080.730073/201326 Acórdão n.º 2803003.873 S2TE03 Fl. 1.523 23 No que tange a multa moratória como transcrito pela empresa em sua peça recursal, o DADR demonstra de forma clara, simples e objetiva que a multa foi excluída sendo que o saldo para as competências retificadas estão zerados, sendo improcedente a alegação. Relativamente, a questão da referibilidade essa questão já foi sedimentada pelo STF e STJ e a contribuição para o INCRA e o SEBRAE não depende dessa questão, observese os arestos transcritos abaixo. EMENTA: CONTRIBUIÇÃO AO FUNRURAL E AO INCRA: EMPRESAS URBANAS. O aresto impugnado não diverge da jurisprudência desta colenda Corte de que não há óbice à cobrança, de empresa urbana, da referida contribuição. Precedentes: AI 334.360AgR, Rel. Min. Sepúlveda Pertence; RE 211.442AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes; e RE 418.059, Rel. Min. Sepúlveda Pertence. Agravo desprovido.(AIAgR 548733, CARLOS BRITTO, STF) TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO DESTINADA AO INCRA. NÃO EXTINÇÃO PELAS LEIS 7.787/89, 8.212/91 E 8.213/91. DECISÃO EM RECURSO REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. CONTRIBUIÇÃO AO SESC. EMPRESA PRESTADORA DE SERVIÇOS DE ENSINO/EDUCAÇÃO. EXIGIBILIDADE. CONTRIBUIÇÃO AO SEBRAE. COMPENSAÇÃO COM CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA PATRONAL. ART. 66 DA LEI N. 8.383/91. IMPOSSIBILIDADE. SOMENTE COM EXAÇÃO DA MESMA ESPÉCIE E DESTINAÇÃO. 1. A antiga controvérsia acerca da exigibilidade da contribuição destinada ao Incra há muito está pacificada nesta Corte, inclusive com o julgamento do REsp 977.058/RS, da relatoria do Rel. Min. Luiz Fux, mediante a sistemática do art. 543C do CPC e da Res. 8/08 do STJ. Na ocasião, a Primeira Seção decidiu que a referida exação não fora extinta pelas Leis 7.787/89, 8.212/91 e 8.213/91, permanecendo lídima sua cobrança até os dias atuais. 2. O Superior Tribunal de Justiça tem jurisprudência formada no sentido de que as empresas prestadoras de serviço estão enquadradas no rol relativo ao art. 577 da CLT, atinente ao plano sindical da Confederação Nacional do Comércio e, portanto, estão sujeitas às contribuições destinadas ao Sesc e ao Senac. Esse entendimento também alcança as empresas prestadoras de serviços de ensino/educação. Precedentes da Primeira e Segunda Turmas e da Primeira Seção. 3. O art. 66 da Lei n. 8.383/91 não admite a compensação das contribuições devidas ao Sebrae com as demais contribuições patronais recolhidas ao INSS, porque a referida autorização legal permite tal operação apenas entre tributos da mesma espécie e destinação. Precedentes. 4. Recursos especiais do Incra, INSS e Sesc providos e recurso especial da empresa não provido. (RESP 200601909339, MAURO CAMPBELL MARQUES, STJ SEGUNDA TURMA, 01/09/2010) EMENTA: CONTRIBUIÇÃO DESTINADA AO SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS SEBRAE. INSTITUIÇÃO POR MEIO DE LEI Fl. 1523DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LI MA, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por EDUARDO DE OLIVEIRA Processo nº 11080.730073/201326 Acórdão n.º 2803003.873 S2TE03 Fl. 1.524 24 ORDINÁRIA. CONSTITUCIONALIDADE. A decisão agravada está em perfeita consonância com o entendimento firmado pelo Plenário desta Corte, ao julgar o RE 396.266, rel. Ministro Carlos Velloso, DJ 27.02.2004. Entendeuse, nesse julgamento, que a cobrança da contribuição destinada ao SEBRAE é constitucional, não sendo necessária lei complementar para sua instituição. Enfatizouse, ainda, não ser necessária a vinculação direta entre o contribuinte e o benefício decorrente da aplicação dos valores arrecadados. Assim sendo, o fato de a parte ora recorrente não estar vinculada ao SESI/SENAI, não a desobriga da contribuição ora em exame. Agravo regimental a que se nega provimento. (REAgR 429521, JOAQUIM BARBOSA, STF) EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PARA O SEBRAE. CONSTITUCIONALIDADE DO § 3º DO ARTIGO 8º DA LEI 8.029/90. PRECEDENTE. A contribuição do SEBRAE é contribuição de intervenção no domínio econômico, não obstante a lei a ela se referir como adicional às alíquotas das contribuições sociais gerais pertinentes ao SESI, SENAI, SESC e SENAC. Constitucionalidade do § 3º do artigo 8º da Lei 8.029/90. Precedente do Tribunal Pleno. Agravo regimental não provido. (REAgR 404919, EROS GRAU, STF) TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. ART. 97 DO CTN. REPRODUÇÃO DE NORMA CONSTITUCIONAL. FUNDAMENTAÇÃO DEFICIENTE. SÚMULA 284/STF. DISSÍDIO PRETORIANO. COTEJO ANALÍTICO. SEGURO DE ACIDENTE DE TRABALHO SAT. GRAU DE RISCO. ESTABELECIMENTO POR DECRETO. SEBRAE. ADICIONAL. EXIGIBILIDADE. 1. O art. 97 do CTN reproduz norma encartada no art. 150, I, da Carta Magna, implicando a interpretação do aludido dispositivo em apreciação de questão constitucional, inviável em sede de recurso especial. 2. "É inadmissível o recurso extraordinário, quando a deficiência na sua fundamentação não permitir a exata compreensão da controvérsia" (Súmula 284/STF). 3. Não houve o necessário cotejo analítico para que restassem configuradas as semelhanças e dessemelhanças existentes entre os arestos, o que impede o conhecimento do apelo nobre pela alínea "c" do permissivo constitucional. 4. Os Decretos nºs 356/91, 612/92 e 2.173/97, ao tratarem da atividade econômica preponderante e do grau de risco acidentário, delimitaram conceitos necessários à aplicação concreta da Lei nº 8.212/91, não exorbitando o poder regulamentar conferido pela norma, nem violando princípios em matéria tributária. 5. Ao instituir a contribuição para o SEBRAE como um "adicional" às contribuições ao SENAI, SENAC, SESI e SESC, o legislador indubitavelmente definiu como sujeitos ativo e passivo, fato gerador e base de cálculo, os mesmos daquelas contribuições e como alíquota, as descritas no § 3º do art. 8º da Lei nº 8.029/90. 6. Assim, a contribuição ao SEBRAE é devida por todos aqueles que recolhem as contribuições ao SESC, SESI, SENAC e SENAI, Fl. 1524DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LI MA, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por EDUARDO DE OLIVEIRA Processo nº 11080.730073/201326 Acórdão n.º 2803003.873 S2TE03 Fl. 1.525 25 independentemente de seu porte (micro, pequena, média ou grande empresa). 7. Agravo regimental improvido. (AGA 200600695499, CASTRO MEIRA, STJ SEGUNDA TURMA, 25/08/2006) Assim sendo, essa alegação, também, e desprovida de fundamentos, devendo ser rejeitada. Conclusão: Pelo exposto, voto no sentido de conhecer do recurso voluntário para, no mérito, negarlhe provimento. (Assinado Digitalmente) Eduardo de Oliveira – Redator designado. Fl. 1525DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/02/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LI MA, Assinado digitalmente em 19/02/2015 por EDUARDO DE OLIVEIRA
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Numero do processo: 19740.000421/2007-80
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 28 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Wed Mar 25 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/01/2003 a 30/11/2004
PIS/COFINS. COOPERATIVAS DE CRÉDITO.
Aplica- se à cooperativa de crédito a legislação da contribuição ao PIS e COFINS relativa às instituições financeiras, sendo irrelevante a distinção entre atos cooperativos e não cooperativos. De qualquer maneira, mesmo que tal tivesse relevância, o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE 599.362-RJ, decidiu pela tributação, pelo PIS/COFINS, do ato cooperativo.
Numero da decisão: 3403-003.527
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do Relatório e do Voto que fazem parte integrante do presente.
(assinado digitalmente)
Antonio Carlos Atulim - Presidente.
(assinado digitalmente)
Luiz Rogério Sawaya Batista - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan, Fenelon Moscoso de Almeida, Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista (relator).
Nome do relator: LUIZ ROGERIO SAWAYA BATISTA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do Relatório e do Voto que fazem parte integrante do presente. (assinado digitalmente) Antonio Carlos Atulim - Presidente. (assinado digitalmente) Luiz Rogério Sawaya Batista - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan, Fenelon Moscoso de Almeida, Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista (relator).
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COOPERATIVAS DE CRÉDITO. Aplica se à cooperativa de crédito a legislação da contribuição ao PIS e COFINS relativa às instituições financeiras, sendo irrelevante a distinção entre atos cooperativos e não cooperativos. De qualquer maneira, mesmo que tal tivesse relevância, o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE 599.362RJ, decidiu pela tributação, pelo PIS/COFINS, do ato cooperativo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do Relatório e do Voto que fazem parte integrante do presente. (assinado digitalmente) Antonio Carlos Atulim Presidente. (assinado digitalmente) Luiz Rogério Sawaya Batista Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 74 0. 00 04 21 /2 00 7- 80 Fl. 877DF CARF MF Impresso em 25/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/03/2015 por LUIZ ROGERIO SAWAYA BATISTA, Assinado digitalmente em 17/ 03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 16/03/2015 por LUIZ ROGERIO SAWAYA BATIS TA 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan, Fenelon Moscoso de Almeida, Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista (relator). Relatório Versa o presente processo sobre Autos de Infração lavrados contra a Cooperativa Central de Economia e Crédito Mútuo das Unicred´s do Estado do Rio de Janeiro Unicred Central, pertinente o primeiro à falta de recolhimento da Contribuição para o Programa de Integração Social (PIS – Financeiras e Equiparadas) de janeiro/2003 a novembro/2004, no valor de R$ 96.872,67, incluindo principal, multa proporcional e juros de mora calculados até 31/11/2007. O segundo Auto de Infração corresponde a falta de recolhimento da Cofins de janeiro/2003 a novembro/2004, no valor de R$ 581.496,31, incluindo principal, multa proporcional e juros de mora calculados até 31/11/2007. Na Descrição dos Fatos, a autoridade fiscal que procedeu aos trabalhos de apuração do lançamento esclarece que o valor apurado está em conformidade com o descrito no Termo de Verificação Fiscal. Neste informa, em resumo, que: 1. É infrutífero o argumento da fiscalizada (cooperativa de crédito) em ter tratamento tributário de ato cooperativo, e situarse na condição especial de cooperativa, como entidade produtora de resultados que não apura lucro em suas operações com cooperados. 2. As sociedades cooperativas de crédito são contribuintes da COFINS e da contribuição para o PIS, sendo irrelevante a distinção entre atos cooperativos e não cooperativos para fins de tributação. 3. A fiscalizada não efetuou quaisquer recolhimentos de PIS e COFINS sobre o faturamento no período fiscalizado (os únicos recolhimentos referemse ao PIS sobre folha de pagamento). 4. A fiscalizada não reconheceu, por meio de DCTF, a existência de débitos em seu nome dessas contribuições (os únicos débitos declarados em DCTF referemse ao PIS sobre folha de pagamento de julho, agosto e outubro a dezembro de 2003. 5. A fiscalizada não apontou a existência de ações judiciais contestando a exigência desses tributos. 6. Tomouse por base para fins de lançamento do crédito tributário as planilhas de fls. 247 a 250, elaboradas de acordo com o Anexo I da IN SRF n° 247/2002 (Base de Cálculo do PIS/PASEP e da COFINS das Instituições Financeiras e Assemelhadas e com a escrituração contábil (balancetes mensais) da fiscalizada. Fl. 878DF CARF MF Impresso em 25/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/03/2015 por LUIZ ROGERIO SAWAYA BATISTA, Assinado digitalmente em 17/ 03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 16/03/2015 por LUIZ ROGERIO SAWAYA BATIS TA Processo nº 19740.000421/200780 Acórdão n.º 3403003.527 S3C4T3 Fl. 12 3 7. Os valores constantes das planilhas de fls. 247 e 248, utilizados como base para o lançamento do crédito tributário relativo ao ano de 2003, mostraramse idênticos aos declarados pela própria fiscalizada por meio de DIPJ Declaração de Informações Econômico Fiscais da Pessoa Jurídica, exceção unicamente do mês de dezembro de 2003, em que a base de cálculo de ambas as contribuições, conforme apurada por esta Fiscalização com base nos balancetes mensais, mostrouse negativa, não ensejando qualquer lançamento nesse período de apuração, apesar da fiscalizada ter declarado valor distinto. 8. Em relação ao ano base de 2004, verificase que a fiscalizada declarou valores nulos de PIS e COFINS em DIPJ, tendo o lançamento sido efetuado com base nos balancetes mensais da fiscalizada. Cientificada em 05.12.2007, a autuada irresignada com o lançamento consubstanciado nos Autos de Infração em comento, apresentou em 02.01.2008 a sua Impugnação aonde alega, em síntese, que: · O lançamento impugnado recaiu sobre os atos cooperativos da Impugnante, atos esses que não se caracterizam como receita da entidade, mas sim dos cooperados; · A Fiscalização fez incidir PIS e COFINS sobre a receita bruta supostamente auferida pela Impugnante, tal como dispõe a Lei nº 9.718/98, desconsiderando a prática de atos cooperativos que abrangem a centralização financeira, captação de recursos de cooperados, e aplicações financeiras desses recursos que como tais estão à margem da incidência tributária na cooperativa (vide Lei n° 5.764/71, artigo 79, parágrafo único); · Desconsiderado o ato cooperativo, estarseia induzindo à completa inviabilização do cooperativismo, principalmente o de crédito; · Não é banco, não tem porte de banco, nem estrutura de banco, possuindo recursos e finalidade totalmente distintos. A Legislação os distinguiu, a doutrina de forma uníssona confirma e os tribunais vem reiteradamente corroborando tal fato; · É inquestionável que, no que se refere à prestação de serviços aos cooperados pela impugnante, não se auferindo lucro, não há "resultado do exercício". Verificase tão somente o repasse aos associados das despesas ocorridas na consecução do objetivo social da cooperativa, conforme prevê o artigo 4° da Lei n° 5.764/71; · Nessa linha de raciocínio, a eventual "receita", tecnicamente ingresso, que adentra na cooperativa, tem como função especifica e exclusiva a cobertura das despesas da sociedade, sendo que o montante que eventualmente exceder a essas despesas, consubstanciando as "sobras liquidas" do exercício, é rateado entre os associados, confirmando sua natureza de ato cooperativo, e sendo nesses (os cooperados) tributada; · A impugnante é uma cooperativa de segundo grau, ou seja, congrega outras cooperativas do Estado do Rio de Janeiro. Todas as suas atividades são efetivadas com as cooperativas associadas e por elas; · A cooperativa singular aplica seus recursos na Central, e sobre tais recursos, a Receita autua determinando o pagamento de PIS e COFINS. As cooperativas, segundo esse entendimento, teriam de pagar o dobro da alíquota das instituições financeiras bancárias. E sobre o rendimento (minguado) do cooperado na ponta, estarseia ainda retendo imposto de renda; Fl. 879DF CARF MF Impresso em 25/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/03/2015 por LUIZ ROGERIO SAWAYA BATISTA, Assinado digitalmente em 17/ 03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 16/03/2015 por LUIZ ROGERIO SAWAYA BATIS TA 4 · Desta forma, está ocorrendo dupla incidência sobre o ato cooperativo, ato este sobre o qual não deveria incidir qualquer tributação; · As sobras, nesta particular espécie de cooperativa, nada mais representa do que os valores restantes após cobertos todos os custos com a atividade societária da Impugnante, voltada a atender as necessidades dos cooperados. Assim sendo, imperiosa se faz a dedução das sobras da Cooperativa Impugnante da base de cálculo do PIS, e esta necessidade é claramente perceptível pelo texto da Lei n° 10.676/03 (fruto da conversão da Medida Provisória n° 101, de 31 de dezembro de 2002), com efeitos retroativos aos fatos geradores ocorridos a partir de outubro de 1999; · A Cooperativa lmpugnante foi criada em função do ato cooperativo. Todas as operações realizadas têm como objeto o ATO COOPERATIVO. De modo que as "receitas" aferidas pelas aplicações revertem integralmente às Associadas (cooperativas singulares). Assim, as cooperativas singulares contribuem para a Central única e exclusivamente para a manutenção e cobertura das despesas; · O resultado do exercício, sempre é zero, conforme demonstrado no Anexo II (planilhas de apuração de Resultado 2003/2004). Há necessidade de ajuste da base de cálculo mediante exclusão da correção monetária; · Foram produzidas planilhas pelo auditor fiscal para embasar a autuação e que, por equívoco, informou valores divergentes dos balancetes da impugnante, aumentando ainda por este motivo a suposta base de cálculo mensal; · Afirma ainda que a não incidência de PIS e COFINS sobre os atos cooperativos da Impugnante, incluídas captação de recursos de cooperados (cooperativas filiadas) e aplicações financeiras, todos formadores da centralização financeira, consoante regência da legislação especifica — Lei n° 5.764/71 — eis que cooperativa, na prática de atos cooperativos, não aufere receita (a receita é do cooperado), falecendo lhe a base de cálculo dos tributos em exame, o que se firma em sólido entendimento jurisprudencial, deste Conselho de Contribuintes do Ministério da Fazenda e do E. Superior Tribunal de Justiça (cita os RESP's números 591.298/MG e 616.219/MG, dentre outros); · A expressa previsão na Lei n° 10.676/2003, autorizando a dedução na base de cálculo do PIS e COFINS dos valores lançados a título de "sobras liquidas", bem como tendo em vista a natureza jurídica de sobras, que pertencendo aos cooperados, não se confundem com receita da cooperativa, sem que qualquer restrição fosse feita às sociedades cooperativas de crédito; · A dedutibilidade na base de cálculo dos referidos tributos dos valores correspondentes à correção monetária e os equívocos dos valores apresentados pelo fiscal. A DRJ inicia a sua Decisão ressaltando que a lide restringese basicamente ao entendimento da autuada de que na qualidade de cooperativa e pelo fato de, segundo suas informações, praticar apenas atos cooperativos, não estar, portanto, sujeita à tributação da Contribuição para o Pis e à Cofins. Após relacionar os itens descritos no objeto social da Impugnante, a DRJ observa que a Impugnante afirma estar sujeita à Lei nº 5.764/71, e que tratase efetivamente de uma cooperativa de crédito. A DRJ cita os artigos 7º, 17, o parágrafo 1º, do artigo 18 e o artigo 40, todos da Lei nº 4.595/1964: Fl. 880DF CARF MF Impresso em 25/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/03/2015 por LUIZ ROGERIO SAWAYA BATISTA, Assinado digitalmente em 17/ 03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 16/03/2015 por LUIZ ROGERIO SAWAYA BATIS TA Processo nº 19740.000421/200780 Acórdão n.º 3403003.527 S3C4T3 Fl. 13 5 “Art. 7º Junto ao Conselho Monetário Nacional funcionarão as seguintes Comissões Consultivas: I Bancária, constituída de representantes: 1 do Conselho Nacional de Economia; 2 do Banco Central da República do Brasil; 3 do Banco do Brasil S.A.; 4 do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico; 5 do Conselho Superior das Caixas Econômicas Federais; 6 do Banco Nacional de Crédito Cooperativo; 7 do Banco do Nordeste do Brasil S.A.; 8 do Banco de Crédito da Amazônia S.A.; 9 dos Bancos e Caixas Econômicas Estaduais; 10 dos Bancos Privados; 11 das Sociedades de Crédito, Financiamento e Investimentos; 12 das Bolsas de Valores; 13 do Comércio; 14 da Indústria; 15 da Agropecuária; 16 das Cooperativas que operam em crédito.” Capítulo IV Das Instituições Financeiras Seção I Da caracterização e subordinação Art. 17. Consideramse instituições financeiras, para os efeitos da legislação em vigor, as pessoas jurídicas públicas ou privadas, que tenham como atividade principal ou acessória a coleta, intermediação ou aplicação de recursos financeiros próprios ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a custódia de valor de propriedade de terceiros. Parágrafo único. Para os efeitos desta lei e da legislação em vigor, equiparamse às instituições financeiras as pessoas físicas Fl. 881DF CARF MF Impresso em 25/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/03/2015 por LUIZ ROGERIO SAWAYA BATISTA, Assinado digitalmente em 17/ 03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 16/03/2015 por LUIZ ROGERIO SAWAYA BATIS TA 6 que exerçam qualquer das atividades referidas neste artigo, de forma permanente ou eventual. Art. 18. As instituições financeiras somente poderão funcionar no País mediante prévia autorização do Banco Central da República do Brasil ou decreto do Poder Executivo, quando forem estrangeiras. § 1º Além dos estabelecimentos bancários oficiais ou privados, das sociedades de crédito, financiamento e investimentos, das caixas econômicas e das cooperativas de crédito ou a seção de crédito das cooperativas que a tenham, também se subordinam às disposições e disciplina desta lei no que fôr aplicável, as bôlsas de valores, companhias de seguros e de capitalização, as sociedades que efetuam distribuição de prêmios em imóveis, mercadorias ou dinheiro, mediante sorteio de títulos de sua emissão ou por qualquer forma, e as pessoas físicas ou jurídicas que exerçam, por conta própria ou de terceiros, atividade relacionada com a compra e venda de ações e outros quaisquer títulos, realizando nos mercados financeiros e de capitais operações ou serviços de natureza dos executados pela instituições financeiras. SEÇÃO IV Das instituições financeiras privadas Art. 40. As cooperativas de crédito não poderão conceder empréstimos senão a seus cooperados com mais de 30 dias de inscrição. Parágrafo único. Aplicase às seções de crédito das cooperativas, em qualquer tipo o disposto neste artigo.” (grifei) Portanto, conclui a DRJ, a Impugnante, ora Recorrente, seria uma instituição financeira, sendo, pois, contribuinte do PIS e da COFINS, e ressalta que das alterações introduzidas pela Lei nº 9.718/1998, na apuração da base de cálculo da Contribuição para o PIS e da Cofins, as Sociedades Cooperativas de Crédito passaram a recolher as citadas contribuições sobre a sua receita bruta, independentemente de ser oriunda de ato cooperativo ou não cooperativo. Assim, conclui a DRJ, resta prejudicada a análise das questões de mérito suscitadas pela impugnante, principalmente quanto a não tributação sobre os atos cooperativos. Na verdade, é irrelevante para as sociedades cooperativas de crédito, a distinção entre atos cooperativos e não cooperativos, para fins de tributação do PIS e COFINS, face a legislação vigente. Portanto, salienta a DRJ, como pode ser observado, no período abrangido pelos autos de infração (01/2003 a 11/2004), as receitas decorrentes de operações praticadas pela impugnante integram a base de cálculo da Contribuição para o Pis e a Cofins, pois caracterizada a prática de negócios incluídos no campo de incidência da Contribuição para o PIS e da Cofins. Fl. 882DF CARF MF Impresso em 25/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/03/2015 por LUIZ ROGERIO SAWAYA BATISTA, Assinado digitalmente em 17/ 03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 16/03/2015 por LUIZ ROGERIO SAWAYA BATIS TA Processo nº 19740.000421/200780 Acórdão n.º 3403003.527 S3C4T3 Fl. 14 7 Tendo em vista que a impugnante alega a não aplicação no lançamento do disposto na Lei 10.676, de 22 de maio de 2003, no que se refere às “sobras líquidas”, a DRJ afirmar que as cooperativas em geral, poderiam ser deduzidas das bases de cálculo para as contribuições em tela as sobras apuradas na Demonstração do Resultado do Exercício, entretanto, tal exclusão estava limitada aos valores destinados a formação dos Fundos listados no dispositivo legal da Lei nº 10.676 de 2003, art. 1º. Porém, para as cooperativas de crédito, a exclusão foi expressamente prevista para os fatos geradores a partir de 1º de janeiro de 2005, com o advento da IN SRF 635/2006, em seu artigo 15, inciso VI, §2º. E que ainda que se pudesse aplicar tal exclusão para os períodos objeto do lançamento, que ora se aprecia, a DRJ afirma que não explicitou a interessada quais os valores destas sobras, sequer comprovou a sua destinação aos Fundos previstos no art. 28 da Lei nº 5.764/1971. Prosseguindo, quanto à alegação, feita pela Impugnante, de que a fiscalização teria se equivocado quando da apuração da base de cálculo a DRJ registro que a Impugnante não indica expressamente na peça impugnatória onde tal equívoco teria sido cometido. A DRJ fez uma comparação analítica considerando os lançamentos reclamados pelo contribuinte e do confronto entre as planilhas elaboradas pelo contribuinte, tendo por base o Balancete apurado pela receita; após analisado, conclui que deverá ser mantido os valores utilizados pela fiscalização, pois estão de acordo com os registrados pela fiscalização. Afirma que nos meses de novembro/2004 e dezembro/2004, a divergência está nos valores lançados a débito na conta ‘7.1.9.30.10.002’, nos montantes de R$ R$ 23.425,62 e R$ 3.733,54, respectivamente. Tais lançamentos foram desconsiderados, visto inexistir qualquer explicação e comprovação nos autos sobre a motivação para tais registros contábeis. Quando aos juros de mora aplicado, diz a DRJ que está amparado nas disposições legais do artigo 161 do CTN, julgando totalmente procedente o lançamento realizado. A Impugnante apresentou Recurso Voluntário, em que, preliminarmente, requer o sobrestamento do feito alegando que houve Repercussão Geral no Recurso Extraordinário nº 672.215, e no mérito reitera o contido em sua Impugnação acerca do ato cooperativo e das sobras líquidas. É o Relatório. Voto Conselheiro Luiz Rogério Sawaya Batista O Recurso é tempestivo e dele tomo conhecimento. Fl. 883DF CARF MF Impresso em 25/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/03/2015 por LUIZ ROGERIO SAWAYA BATISTA, Assinado digitalmente em 17/ 03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 16/03/2015 por LUIZ ROGERIO SAWAYA BATIS TA 8 Conforme lançado na Decisão da DRJ, a lide tem como ponto controverso a tributação, pelo PIS e pela COFINS, de eventos econômicos enquadrados pela Recorrente como atos cooperativos, classificados pela fiscalização com receitas regularmente tributadas da Recorrente. Cotejando o objeto social constante no artigo 2º do Estatuto Social da Recorrente com o disposto na Lei nº 4.595/1964, que dispõe sobre a política e as instituições monetárias, bancárias e creditícias, depreendese que a Recorrente qualificase como instituição financeira. O § 1º, do artigo 22 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, ao tratar da contribuição a cargo da empresa, destinada à seguridade social, dispõe que: § 1o No caso de bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras, distribuidoras de títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil, cooperativas de crédito, empresas de seguros privados e de capitalização, agentes autônomos de seguros privados e de crédito e entidades de previdência privada abertas e fechadas, além das contribuições referidas neste artigo e no art. 23, é devida a contribuição adicional de dois vírgula cinco por cento sobre a base de cálculo definida nos incisos I e III deste artigo. Referido dispositivo é utilizado como referência pelos parágrafos 5º e 6º da Lei nº 9.718, de 27 de novembro de 1998, que ao dispor sobre a tributação do PIS e da COFINS no regime cumulativo, incidente sobre a receita bruta, conforme o disposto em seus artigos 2º e 3º: Art. 2° As contribuições para o PIS/PASEP e a COFINS, devidas pelas pessoas jurídicas de direito privado, serão calculadas com base no seu faturamento, observadas a legislação vigente e as alterações introduzidas por esta Lei. (Vide Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) Art. 3º O faturamento a que se refere o artigo anterior corresponde à receita bruta da pessoa jurídica. (Vide Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) § 5º Na hipótese das pessoas jurídicas referidas no § 1º do art. 22 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, serão admitidas, para os efeitos da COFINS, as mesmas exclusões e deduções facultadas para fins de determinação da base de cálculo da contribuição para o PIS/PASEP. Fl. 884DF CARF MF Impresso em 25/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/03/2015 por LUIZ ROGERIO SAWAYA BATISTA, Assinado digitalmente em 17/ 03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 16/03/2015 por LUIZ ROGERIO SAWAYA BATIS TA Processo nº 19740.000421/200780 Acórdão n.º 3403003.527 S3C4T3 Fl. 15 9 § 6o Na determinação da base de cálculo das contribuições para o PIS/PASEP e COFINS, as pessoas jurídicas referidas no § 1o do art. 22 da Lei no 8.212, de 1991, além das exclusões e deduções mencionadas no § 5o, poderão excluir ou deduzir: (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) I no caso de bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras, distribuidoras de títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil e cooperativas de crédito: (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) a) despesas incorridas nas operações de intermediação financeira; (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) b) despesas de obrigações por empréstimos, para repasse, de recursos de instituições de direito privado; (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) c) deságio na colocação de títulos; (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) d) perdas com títulos de renda fixa e variável, exceto com ações; (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) e) perdas com ativos financeiros e mercadorias, em operações de hedge; (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) A Lei nº 9.718/1998 estabelece, pois, um regime próprio de tributação para as instituições financeiras, dentre as quais as cooperativas de crédito, ou seja, a Recorrente, prevendo a tributação sobre a receita bruta com base no regime cumulativo, mas permitindo a dedução de determinadas despesas incorridas para a geração de receita. Desse modo, não tem como subsistir a alegação da Recorrente, que alega a prática de ato cooperativo para não ser tributada, uma vez que ela qualificase como instituição financeira, devendo ser tributada na forma prevista na legislação para essas pessoas jurídicas. Sob outro prisma, não posso deixar de ressaltar que no dia 06 de novembro de 2014, o Supremo Tribunal Federal julgou o Recurso Extraordinário nº 599.362RJ, de relatoria do Ministro Dias Toffoli, que estava sujeita a repercussão geral, decidindo em favor da tributação do PIS e COFINS sobre o denominado ato cooperativo: Decisão: O Tribunal, decidindo o tema 323 da Repercussão Geral, por unanimidade e nos termos do voto do Relator, deu provimento ao recurso extraordinário. Ausente o Ministro Marco Aurélio que participa, a convite da Academia Paulista de Fl. 885DF CARF MF Impresso em 25/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/03/2015 por LUIZ ROGERIO SAWAYA BATISTA, Assinado digitalmente em 17/ 03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 16/03/2015 por LUIZ ROGERIO SAWAYA BATIS TA 10 Magistrados e da Universidade de Paris 1 Sorbonne, do 7º Colóquio Internacional sobre o Direito e a Governança da Sociedade de Informação “O Impacto da Revolução Digital sobre o Direito”, na Universidade de Paris 1 Sorbonne, na França. Presidiu o julgamento o Ministro Ricardo Lewandowski. Plenário, 06.11.2014. De acordo com o Ministro Dias Toffoli, na data do julgamento, “o argumento de que as cooperativas não têm faturamento ou receita teria o mesmo resultado prático de se conferir a elas imunidade tributária”. Dessa maneira, em qualquer ângulo de análise, a conclusão é a de que a pretensão Fiscal constante no lançamento consistente na exigência do PIS e da COFINS em face da Recorrente deve ser mantida. Relativamente às sobras líquidas, o §2º, do artigo 1º da Lei nº 10.676, de 22 de maio de 2003, assim estabelece: Art. 1º As sociedades cooperativas também poderão excluir da base de cálculo da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, sem prejuízo do disposto no art. 15 da Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001, as sobras apuradas na Demonstração do Resultado do Exercício, antes da destinação para a constituição do Fundo de Reserva e do Fundo de Assistência Técnica, Educacional e Social, previstos no art. 28 da Lei no 5.764, de 16 de dezembro de 1971. § 1o As sobras líquidas da destinação para constituição dos Fundos referidos no caput somente serão computadas na receita bruta da atividade rural do cooperado quando a este creditadas, distribuídas ou capitalizadas pela sociedade cooperativa de produção agropecuárias. § 2o Quanto às demais sociedades cooperativas, a exclusão de que trata o caput ficará limitada aos valores destinados a formação dos Fundos nele previstos. § 3o O disposto neste artigo alcança os fatos geradores ocorridos a partir da vigência da Medida Provisória no 1.85810, de 26 de outubro de 1999. Ou seja, as demais sociedades cooperativas, dentre as quais a Recorrente, poderá excluir das bases de cálculo do PIS e da COFINS os valores destinados aos Fundos previstos no artigo 28 da Lei nº 5.764, de 16 de dezembro de 1971. Porém, compulsando os autos verifico que a Recorrente não explicitou a quais os valores das sobras e muito menos demonstrou a sua destinação aos Fundos previstos no art. 28 da Lei nº 5.764/1971. Dessa forma, quanto a esse ponto também não pode subsistir a alegação da Recorrente, devendose manter a Decisão da DRJ em sua íntegra. Fl. 886DF CARF MF Impresso em 25/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/03/2015 por LUIZ ROGERIO SAWAYA BATISTA, Assinado digitalmente em 17/ 03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 16/03/2015 por LUIZ ROGERIO SAWAYA BATIS TA Processo nº 19740.000421/200780 Acórdão n.º 3403003.527 S3C4T3 Fl. 16 11 Por fim, no que se refere à contrariedade da Recorrente em face dos juros aplicados, tal matéria esbarra na Súmula nº 4 do CARF, abaixo reproduzida, motivo pelo qual afasto o pleito da Recorrente: Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Ante o exposto, nego provimento ao Recurso Voluntário. É como voto. (assinado digitalmente) Luiz Rogério Sawaya Batista Relator Fl. 887DF CARF MF Impresso em 25/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/03/2015 por LUIZ ROGERIO SAWAYA BATISTA, Assinado digitalmente em 17/ 03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 16/03/2015 por LUIZ ROGERIO SAWAYA BATIS TA
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Numero do processo: 10410.000121/2004-15
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 29 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Mon Apr 06 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/12/1999 a 31/03/2003
PROVA EMPRESTADA. INFORMAÇÃO PRESTADA PELO FISCO ESTADUAL EXTRAÍDA DE DECLARAÇÃO PRESTADA PELO PRÓPRIO CONTRIBUINTE. DADA OPORTUNIDADE DE JUSTIFICAR DIFERENÇA DA RECEITA OMITIDA NA FASE DE FISCALIZAÇÃO. ADMISSIBILIDADE.
As provas obtidas do Fisco Estadual, na fase de fiscalização, são admissíveis no processo administrativo fiscal, especialmente, se o contribuinte foi intimado a justificar a diferença a menor entre a receita declarada perante à Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) e a declarada ao órgão de Administração Tributária estadual e, de forma intencional e deliberada, não apresenta à fiscalização livros ou documentos da sua escrituração fiscal que foram juntados aos autos apenas na fase recursal.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3102-002.363
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por maioria de votos, negar provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do voto do Relator. Vencidas as Conselheiras Andréa Medrado Darzé e Mirian de Fátima Lavocat Queiroz, que davam provimento.
(assinado digitalmente)
Ricardo Paulo Rosa Presidente.
(assinado digitalmente)
José Fernandes do Nascimento - Relator.
Participaram do julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, Andréa Medrado Darzé, José Luiz Feistauer de Oliveira e Miriam de Fátima Lavocat de Queiroz.
Nome do relator: JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2000 a 31/03/2003 BASE DE CÁLCULO. RECEITA DA VENDA DE MERCADORIAS. FATURAMENTO. EXCLUSÃO DO VALOR DO ICMS. IMPOSSIBILIDADE. A base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep compreende o valor total da receita de vendas de mercadorias, que corresponde ao valor total do faturamento, equivalente ao valor total da operação de venda, neste incluído o valor do ICMS. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/12/1999 a 31/12/1999, 01/02/2000 a 31/03/2000, 01/05/2000 a 31/03/2003 BASE DE CÁLCULO. RECEITA DA VENDA DE MERCADORIAS. FATURAMENTO. EXCLUSÃO DO VALOR DO ICMS. IMPOSSIBILIDADE. A base de cálculo da Cofins compreende o valor total da receita de vendas de mercadorias, que corresponde ao valor total do faturamento, equivalente ao valor total da operação de venda, neste incluído o valor do ICMS. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/12/1999 a 31/03/2003 JUROS DE MORA. INCLUSÃO NA BASE DE CÁLCULO DA MULTA DE OFÍCIO. POSSIBILIDADE. A multa de oficio incide sobre o valor do crédito tributário devido e não pago, acrescido dos juros moratórios, calculados com base na variação da taxa Selic, logo, se os juros moratórios integram a base de cálculo da referida multa, necessariamente, eles comporão o valor da multa de ofício devida. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 41 0. 00 01 21 /2 00 4- 15 Fl. 1191DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/03/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 05 /03/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por RICARDO PAULO ROS A 2 ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/12/1999 a 31/03/2003 PROVA EMPRESTADA. INFORMAÇÃO PRESTADA PELO FISCO ESTADUAL EXTRAÍDA DE DECLARAÇÃO PRESTADA PELO PRÓPRIO CONTRIBUINTE. DADA OPORTUNIDADE DE JUSTIFICAR DIFERENÇA DA RECEITA OMITIDA NA FASE DE FISCALIZAÇÃO. ADMISSIBILIDADE. As provas obtidas do Fisco Estadual, na fase de fiscalização, são admissíveis no processo administrativo fiscal, especialmente, se o contribuinte foi intimado a justificar a diferença a menor entre a receita declarada perante à Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) e a declarada ao órgão de Administração Tributária estadual e, de forma intencional e deliberada, não apresenta à fiscalização livros ou documentos da sua escrituração fiscal que foram juntados aos autos apenas na fase recursal. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por maioria de votos, negar provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do voto do Relator. Vencidas as Conselheiras Andréa Medrado Darzé e Mirian de Fátima Lavocat Queiroz, que davam provimento. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa – Presidente. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Relator. Participaram do julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, Andréa Medrado Darzé, José Luiz Feistauer de Oliveira e Miriam de Fátima Lavocat de Queiroz. Relatório Tratase de Autos de Infração, em que formalizada a exigência dos débitos da Contribuição para o PIS/Pasep (fls. 7/18) e da Cofins (fls. 223/234) do período de janeiro de 2000 a março de 2003, que somados à multa de ofício e aos juros de mora, calculados até 28/11/2003, totalizou a importância de R$ 1.068.639,35. De acordo com a Descrição dos Fatos que integram os referidos Autos de Infração, o motivo das autuações foi a apuração de diferença a menor entre os valores das receitas declarados como base de cálculo das referidas contribuições e aqueles informados à Secretaria da Fazenda do Estado de Alagoas como base cálculo do ICMS, conforme discriminado nas planilhas de fls. 29/34 (PIS) e 248/252 (Cofins). Informou ainda a fiscalização que optou por utilizar as receitas informadas à Secretaria da Fazenda do Estado de Fl. 1192DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/03/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 05 /03/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 10410.000121/200415 Acórdão n.º 3102002.363 S3C1T2 Fl. 101 3 Alagoas (fls. 36/41 e 254/258), porque os livros fiscais de entradas e saídas de mercadorias, bem como de apuração do ICMS, apresentavam valores de receitas inferiores aos que foram informados à referida Secretaria, conforme discriminado nas planilhas de fls. 44 e 260. Em sede de impugnação, a autuada alegou, em preliminar, nulidade das autuações, por vício formal atinente ao descumprimento dos requisitos relativos à descrição do fato e assinatura do autoridade fiscal, bem como do prazo para conclusão do procedimento fiscal. No mérito, alegou que: a) o lançamento fora efetuado, levandose em consideração a simples e superficial presunção de omissão de receitas utilizada no lançamento do IRPJ, que fora impugnado; b) faltavam os elementos de prova para comprovar os valores lançados; c) a majoração das alíquotas das citadas contribuições, promovida pela MP 41/2002 (que deu nova redação a Lei 10.147/2000) não deveria prevalecer, porque afrontava vários princípios constitucionais; d) não havia que se falar em diferença apurada entre o valor escriturado e o declarado e pago, uma vez que dos valores apurados das citadas contribuições não foram subtraídos os débitos informados nas respectivas DCTF relativas ao período das autuações e, ainda, que os mencionados débitos foram recolhidos com base nas correspondentes DIPJ; e e) a multa aplicada não podia ser utilizado com efeito confiscatório, por força de vedação expressa nos termos do art 150, IV, da CF/1988. Sobreveio a decisão de primeira instância (fls. 439/456), em que, por unanimidade de votos, foram rejeitadas as preliminares arguidas e, no mérito, julgados procedentes os lançamentos, com base nos fundamentos resumido nos enunciados das ementas que seguem transcritos: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2000 a 31/03/2003 INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO DO PIS A falta ou insuficiência de recolhimento do PIS, apurada pela fiscalização com base em informações do ICMS fornecidas pela Secretaria de Fazenda do Governo do Estado, constitui infração que autoriza a lavratura do competente auto de infração, para a constituição do crédito tributário. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL – COFINS Período de apuração: 01/12/1999 a 31/12/1999, 01/02/2000 a 31/03/2000, 01/05/2000 a 31/03/2003 INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO DA COFINS A falta ou insuficiência de recolhimento da Cofins constitui infração que autoriza a lavratura do competente auto de infração, para a constituição do crédito tributário. Fl. 1193DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/03/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 05 /03/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por RICARDO PAULO ROS A 4 AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. Não restando comprovada a ocorrência de preterição do direito de defesa nem de qualquer outra hipótese expressamente prevista na legislação, não há que se falar em nulidade do lançamento. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL PRAZOS PARA A LAVRATURA DO AUTO DE INFRAÇÃO. O procedimento fiscal tem início com o primeiro ato de ofício praticado pelo servidor competente, valendo o referido ato por 60 (sessenta dias), prorrogável, sucessivamente, por igual período com qualquer outro ato escrito que indique o prosseguimento dos trabalhos. Sendo assim, não se aplica ao referido ato, o prazo de 30 (trinta ) dias estabelecido pelo art. 2º do decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972. TRIBUTOS e MULTA CONFISCO. A vedação constitucional quanto à instituição de exação de caráter confiscatório dos tributos, se refere aos tributos e não às multas e se dirige ao legislador, e não ao aplicador da lei. MULTA. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. ARGÜIÇÃO DE EFEITO CONFISCATÓRIO. As multas de ofício não possuem natureza confiscatória, constituindose antes em instrumento de desestímulo ao sistemático inadimplemento das obrigações tributárias, atingindo, por via de conseqüência, apenas os contribuintes infratores, em nada afetando o sujeito passivo cumpridor de suas obrigações fiscais. ARGÜIÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA PARA APRECIAR. Não se encontra abrangida pela competência da autoridade tributária administrativa a apreciação da inconstitucionalidade das leis, uma vez que neste juízo os dispositivos legais se presumem revestidos do caráter de validade e eficácia, não cabendo, pois, na hipótese, negarlhe execução. DECISÕES ADMINISTRATIVAS. EFEITOS. As decisões administrativas proferidas pelos órgãos colegiados não se constituem em normas gerais, posto que inexiste lei que lhes atribua eficácia normativa, razão pela qual seus julgados não se aproveitam em relação a qualquer outra ocorrência, senão àquela objeto da decisão. DECISÕES JUDICIAIS. EFEITOS. A extensão dos efeitos das decisões judiciais, no âmbito da Secretaria da Receita Federal, possui como pressuposto a existência de decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal acerca da inconstitucionalidade da lei que esteja em litígio e, ainda assim, desde que seja editado ato específico do Sr. Secretário da Receita Federal nesse sentido. Não estando enquadradas nesta hipótese, as sentenças judiciais só produzem efeitos para as partes entre as quais são dadas, não beneficiando nem prejudicando terceiros. Fl. 1194DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/03/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 05 /03/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 10410.000121/200415 Acórdão n.º 3102002.363 S3C1T2 Fl. 102 5 Em 24/9/2007, a recorrente foi cientificada da referida decisão (fl. 461). Inconformada, em 24/10/2007, protocolou o recurso voluntário de fls. 467/471, em que apresentou novas razões de defesa. Em preliminar, alegou nulidade das autuações, sob o argumento de que fora utilizada prova emprestada ilegítima. Segundo a recorrente era falsa a premissa apresentada pela fiscalização para respaldar o uso da prova emprestada (receitas informadas à Secretaria da Fazenda do Estado de Alagoas), haja vista que possuía duas inscrições estaduais, uma para a atividade de varejo e outra para a atividade de atacado, porém, a fiscalização, na elaboração da planilha de fl. 44, utilizara apenas os dados do Livro de Apuração do ICMS da atividade de varejo, ignorando os valores relativos à atividade de atacado. A soma dos valores registrados nos dois livros representava o valor total e real das saídas de mercadorias. Para comprovar o que alegara, colacionou aos autos as cópias dos referidos livros (fls. 476/529). No mérito, alegou que, caso não fosse declarada a nulidade dos lançamentos, fosse (i) afastada a exigência da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins sobre a receita bruta oriunda da venda dos produtos sujeitos à alíquota zero, nos termos do art. 1º da Lei 10.147/2000, cujo valor se achava discriminado na listagem colacionada aos autos (fls. 530/1185), (ii) excluído o valor do ICMS da base de cálculo das referidas contribuições e (iii) não cobrado juros moratórios sobre a multa de ofício aplicada. É o relatório. Voto Conselheiro José Fernandes do Nascimento, Relator. O recurso é tempestivo, trata de matéria da competência deste Colegiado e preenche os demais requisitos de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. A controvérsia envolve questões preliminares e de mérito. I Da Preliminar de Nulidade das Autuações. Em sede de preliminar, a recorrente alegou nulidade das autuações, sob o argumento de que a informação sobre o valor da receita obtida da Secretaria da Fazenda do Estado de Alagoas era prova emprestada ilegítima. Segundo a recorrente, era falsa a premissa apresentada pela fiscalização para respaldar a utilização da referida informação, haja vista que possuía duas inscrições estaduais, uma para a atividade de varejo e outra para a atividade de atacado, porém, a fiscalização, na elaboração da planilha de fl. 44, utilizara apenas os dados do Livro de Apuração do ICMS da atividade de varejo, ignorando os valores relativos à atividade de atacado. Sem razão a recorrente, porque intimada (fls. 42/43) a justificar as diferenças apuradas entre os valores das receitas informados nas Declarações do IRPJ (fls. 98/152) e os valores declarados pela autuada à Secretaria Executiva de Fazenda do Estado de Alagoas (fls. 36/41), a recorrente limitouse a apresentar apenas o Livro de Apuração do ICMS do esbabelecimento varejista, com base no qual a fiscalização elaborou a planilha de fl. 44. Logo, na falta de apresentação do Livro de Apuração do ICMS do esbabelecimento atacadista, cujas Fl. 1195DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/03/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 05 /03/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por RICARDO PAULO ROS A 6 cópias somente foram colacionadas aos autos (fls. 476/529), obviamente, a fiscalização não tinha como incluir os valores consiganados no referido livro na apuração dos valores receita de venda discriminados na citada planilha. Além disso, a recorrente limitouse apenas em apresentar as cópias do Livro de Apuração do ICMS do esbabelecimento atacadista, sem contudo demonstrar se os valores da receita de venda nele registrados somados aos valores da receita de venda discriminado na planilha de fl. 44, extraído do Livro de Apuração do ICMS do esbabelecimento varejista, era ou não igual aos valores da receita de venda informados à Secretaria Executiva de Fazenda do Estado de Alagoas, consolidados na planilha de fl. 34, e que foram utilizado na apuração dos débitos das referidas contributições, conforme explicitado nas planilhas de fls. 24/33. Diferentemente do alegado pela recorrente, é lícito a fiscalização da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) utilizar, para efeito de constituição de crédito tributário, informações colhidas por administrações tributárias pertencents aos outros entes federados. A cooperação entre administrações tributárias, para fim de fiscalização, encontrase prevista expressamente no art. 199 do CTN, a seguir transcrito: Art. 199. A Fazenda Pública da União e as dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios prestarseão mutuamente assistência para a fiscalização dos tributos respectivos e permuta de informações, na forma estabelecida, em caráter geral ou específico, por lei ou convênio. No caso, a fiscalização utilizou os valores declarados pela autuada à Secretaria do Estado de Alagoas (fls. 36/41), porque tais valores eram manifestamente superiores às receitas declaradas nas respectivas DIPJ. Além disso, o que se verifica nos autos é que as provas fornecidas pela Sefaz/AL serviram apenas de indício para que a fiscalização diligenciasse perante escrita da recorrente com vistas a confirmar os valores informados das receitas de venda declarados pela recorrente. Acontece que, ao não apresentar o Livro de Apuração do ICMS do esbabelecimento atacadista, de forma deliberada e intencional, conforme anteriormente demonstrado, a fiscalização optou pelos valores maiores declarados à Sefaz/AL, cuja diferença cabia a recorrente justificar. No entanto, ao apresentar o segundo citado livro apenas nesta fase recursal, a recorrente ratifica o acerto do procedimento adotado pela fiscalização e confirma o seu evidente intuito de omitir o citado livro da fiscalização e dessa forma justificar a omissão deliberada e intencional da diferença do valor da receita declarada nas correspondenes DIPJ. Em suma, uma vez demonstrada a licitude da prova fornecida pela Sefaz/AL (fls. 36/41), extraída de declarações prestadas pela própria recorrente, cabialhe o ônus de desconstituir a presunção de veracidade da referida prova, por meio de documento hábil e idôneo, o que não foi feito. De fato, no caso em tela, a recorrente limitouse apenas em apresentar cópias do Livro de Apuração do ICMS do esbabelecimento atacadista, inclusive, contrariando o disposto no § 4º do art. 16 do Decreto 70.235/1972, que dispõe sobre o Processo Administrativo Fiscal (PAF), que veda a apresentação de prova documental após fase de impugnação. Por essas razões, rejeitase a preliminar de nulidade suscitada pela recorrente. II Da Análise das Questões de Mérito No mérito, a recorrente alegou que fosse: a) afastada a exigência da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins calculada sobre o valor da receita bruta da venda Fl. 1196DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/03/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 05 /03/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 10410.000121/200415 Acórdão n.º 3102002.363 S3C1T2 Fl. 103 7 dos produtos sujeitos à alíquota zero, relacionados no art. 1º da Lei 10.147/2000, cujos valores se achavam discriminados na listagem colacionada aos autos (fls. 530/1185); b) excluído o valor do ICMS da base de cálculo das referidas contribuições; e c) não cobrado juros moratórios sobre a multa de ofício aplicada. Da receita bruta sujeita à alíquota zero. A recorrente alegou que os valores da receita bruta de venda dos produtos relacionados no art. 1º da Lei 10.147/2000, com a redação dada pelo art. 1° da Lei 10.548/2002, que se encontravam relacionados na listagem de fls. 530/1185, estavam sujeitos à alíquota zero, portanto, deveriam ser excluídos da base de cálculo das referidas contribuições. Tratase de alegação não suscitada na fase impugnatória e que, por essa circunstância, não pode ser conhecida nesta fase processual, sob pena de indevida supressão instância. Além disso, as provas colacionadas aos autos também somente nesta fase recursal, não pode ser conhecida, por força preclusão prevista no § 4º do art. 16 do PAF. Por essas razões, não se toma conhecimento da presente alegação. Da inclusão do ICMS na base cálculo das contribuições. A inclusão do ICMS na base de cálculo das referidas contribuições encontra se expressamente prevista no § 2º, I, da Lei 9.718/1998, vigente na época dos fatos, a seguir transcrito: Art. 3º O faturamento a que se refere o artigo anterior corresponde à receita bruta da pessoa jurídica. [...] § 2º Para fins de determinação da base de cálculo das contribuições a que se refere o art. 2º, excluemse da receita bruta: I as vendas canceladas, os descontos incondicionais concedidos, o Imposto sobre Produtos Industrializados IPI e o Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação ICMS, quando cobrado pelo vendedor dos bens ou prestador dos serviços na condição de substituto tributário; [...] (grifos não originais) Por sua vez, a recorrente alegou que a receita própria do contribuinte era pressuposto necessário e indispensável para a caracterização da receita bruta, logo se o ICMS incidente nas operações de venda de mercadorias pertencia ao Estado, consequentemene, tal valor não poderia ser incluído na base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins. A alegação da recorrente, certamente, implica na análise da constitucionalidade do referido preceito legal, matéria que está fora da competência deste Colegiado, conforme expressamente determina o 26A do PAF e a Súmula CARF nº 2, que tem Fl. 1197DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/03/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 05 /03/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por RICARDO PAULO ROS A 8 o seguinte teor: “O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária”. Aliás, a constitucionalidade do art. 3º, § 2º, I, da Lei nº 9.718, de 1998, que, explicitamente, autoriza a inclusão do valor ICMS na base cálculo das citadas contribuições, encontrase sob análise no Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito da Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC) nº 18, proposta pelo Presidente da República, em que o STF reconheceu a repercussão geral da demanda e deferiu medida cautelar para determinar que, até o julgamento final da ação pelo Plenário, juízos e tribunais suspendessem o julgamento dos processos em trâmite que envolvendo a aplicação do citado preceito legal. A suspensão dos julgamentos deferida liminarmente foi sucessivamente prorrogada nas sessões plenárias realizadas em 4/2/2009, em 16/9/2009, e, finalmente, em 25/3/2010, quando o Tribunal, pela última vez, prorrogou por mais 180 dias a eficácia da medida cautelar anteriormente deferida. Cabe esclarecer ainda que, no âmbito do STF, a constitucionalidade do preceito legal em comento já foi apreciada no julgamento do Recurso Extraordinário (RE) nº 240.785MG, que entendeu que o valor do ICMS não integrava a base de cálculo das referidas contribuições, com base nos fundamentos explicitados nos enunciados das ementas que seguem transcritos: TRIBUTO – BASE DE INCIDÊNCIA – CUMULAÇÃO – IMPROPRIEDADE. Não bastasse a ordem natural das coisas, o arcabouço jurídico constitucional inviabiliza a tomada de valor alusivo a certo tributo como base de incidência de outro. COFINS – BASE DE INCIDÊNCIA – FATURAMENTO – ICMS. O que relativo a título de Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e a Prestação de Serviços não compõe a base de incidência da Cofins, porque estranho ao conceito de faturamento. Entretanto, por não atender os requisitos do art. 62A do Anexo II do Regimento Interno deste Conselho, tal entendimento não pode ser reproduzido nos respectivos julgamentos pelos membros deste Conselho. Por outro lado, sob o aspecto infraconstitucional, a matéria foi apreciado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) e o entendimento firmado foi no sentido de que o valor do ICMS integra sim a base de cálculo das mencionadas contribuições, inclusive, o assunto foi objeto das Súmulas 68 e 94, a seguir transcritas: SÚMULA 68: A PARCELA RELATIVA AO ICM INCLUISE NA BASEDECALCULODOPIS. SÚMULA 94: A PARCELA RELATIVA O ICMS INCLUISE NA BASEDECÁLCULODOFINSOCIAL. Dessa forma, fica demonstrado que, no plano infraconstitucional, há previsão legal expressa para inclusão do ICMS na base de cálculo das citadas contribuições e, no âmbito da jurisprudência do STJ, o entendimento consolidado é que tal valor deve integrar a questionada base de cálculo. Por todas essas razões, o valor do ICMS deve integrar a base de cálculo das citadas contribuições nas autuações em apreço. Da incidência dos juros de mora sobre multa de ofício. Fl. 1198DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/03/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 05 /03/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 10410.000121/200415 Acórdão n.º 3102002.363 S3C1T2 Fl. 104 9 A recorrente alegou que era indevida a exigência de juros moratórios sobre a multa de ofício/proporcional, porque o art. 61, § 3º, da Lei nº 9.430, de 1996, previa a incidência dos juros de mora, calculado com base na variação da taxa Selic, apenas sobre o montante do tributo devido, mas não sobre a penalidade pecuniária. Além disso, asseverou a recorrente que quando o legislador quis que os juros moratórios incidisse sobre o valor da multa o fez de forma expressa, conforme estabelecido no art. 43 do citado diploma legal. Não assiste razão à recorrente. Com efeito, a cobrança da juros moratórios, com base na variação da taxa Selic, alcança apenas os débitos decorrentes de tributos e contribuições administrados pela RFB, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, conforme determina o artigo 61, § 3º, da Lei nº 9.430, de 1996, a seguir transcrito: Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. (...). § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. (destacouse) O débito atinente à multa de ofício decorre da aplicação da penalidade pecuniária, que, sabidamente, não tem a mesma natureza do tributo. Diferentemnte da multa, o tributo não constitui sanção de ato ilícito, conforme estabelecido no art. 3º do CTN. Em outras palavras, o valor da multa aplicada não tem natureza tributária, mas sancionatória, posto que decorre do descumprimento do dever legal de apurálo ou pagálo. No entanto, há previsão legal expressa para cobrança de juros moratórios, calculado com base na variação da taxa Selic, mas tal cobrança restrigese apenas às multas aplicadas isoladamente, nos termos do art. 43 da Lei nº 9.430, de 1996, a seguir reproduzido: Art. 43. Poderá ser formalizada exigência de crédito tributário correspondente exclusivamente a multa ou a juros de mora, isolada ou conjuntamente. Parágrafo único. Sobre o crédito constituído na forma deste artigo, não pago no respectivo vencimento, incidirão juros de mora, calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. É pertinentes ressaltar que os transcritos preceitos legais peretencem ao mesmo diploma legal, o que evidencia que o legislador, deliberada e intencionalmente, conferiu tratamento distinto para ambas as situações, mas com o objetivo de conferir tratamento isonômico para as duas situações. Fl. 1199DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/03/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 05 /03/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por RICARDO PAULO ROS A 10 E a razão desse tratamento diferente é óbvia, pois, se a multa de ofício incide sobre o valor do tributo devido, acrescido dos juros moratórios, logo, na data do pagamento, tal gravame, automaticamente, também integrará o valor da multa de ofício proporcional. Em outras palavras, não são os juros que incidem sobre a multa, mas sim a multa que incide sobre o crédito tributário acrescido de juros moratórios. Logo, por força dessa característica, o valor dos juros moratórios sempre comporá o valor da multa proporcional ou de ofício, calculada sobre a “totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento”, nos termos do art. 44, I, da Lei nº 9.430, de 1996. No mesmo sentido, o entendimento explicitado no enunciado da ementa do julgado que segue transcrito: JUROS SOBRE MULTA. A multa de oficio, segundo o disposto no art. 44 da Lei nº 9.430/96, deverá incidir sobre o crédito tributário não pago, consistente na diferença entre o tributo devido e aquilo que fora recolhido. Não procede ao argumento de que somente no caso do parágrafo único do art. 43 da Lei n° 9.430/96 é que poderá incidir juros de mora sobre a multa aplicada. Isso porque a previsão contida no dispositivo referese à aplicação de multa isolada sem crédito tributário, Assim, nada mais lógico que venha dispositivo legal expresso para fazer incidir os juros sobre a multa que não toma como base de incidência valores de crédito tributário sujeitos à incidência ordinária da multa. (CARF. 1ª Seção. 4ª Câmara. 1ª Turma Ordinária, Ac. 140100.155, j. 28.01.2010, rel. Alexandre Antônio Allcmim Teixeira) – Grifos não originais. Por todas essas razões, fica demonstrado que os juros moratórios incidem diretamente sobre o valor da multa isolada e indiretamente sobre o valor da multa de ofício, calculada proporcionalmente ao valor do tributo lançado. Portanto, em qualquer das hipóteses os juros moratórios são devidos. Com base nessas considerações, fica demonstrada a improcedência da alegação da recorrente de que não há amparo legal para cobrança dos juros moratórios sobre o valor da multa de ofício. III Da Conclusão. Por todo o exposto, votase por conhecer parcialmente do recurso voluntário e na parte conhecida NEGARLHE PROVIMENTO, para manter na íntegra o acórdão recorrido. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Fl. 1200DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/03/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 05 /03/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 10410.000121/200415 Acórdão n.º 3102002.363 S3C1T2 Fl. 105 11 Fl. 1201DF CARF MF Impresso em 06/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/03/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 05 /03/2015 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por RICARDO PAULO ROS A
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Numero do processo: 10580.728031/2009-45
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 26 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Wed Mar 18 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2007
COMPETÊNCIA.
Compete à Primeira Seção do CARF o julgamento do PIS e Cofins, cuja exigência esteja lastreada nos mesmos fatos e elementos de prova que fundamentaram a exigência do IRPJ.
Recurso voluntário não conhecido.
Numero da decisão: 3403-002.608
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não tomar conhecimento do recurso e determinar que o processo seja encaminhado à Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção, a fim de que seja entregue ao Conselheiro Valmar Fonseca de Menezes.
(Assinado com certificado digital)
Antonio Carlos Atulim Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Alexandre Kern, Domingos de Sá Filho, Rosaldo Trevisan, Ivan Allegretti e Marcos Tranchesi Ortiz.
Nome do relator: Relator
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Compete à Primeira Seção do CARF o julgamento do PIS e Cofins, cuja exigência esteja lastreada nos mesmos fatos e elementos de prova que fundamentaram a exigência do IRPJ. Recurso voluntário não conhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não tomar conhecimento do recurso e determinar que o processo seja encaminhado à Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção, a fim de que seja entregue ao Conselheiro Valmar Fonseca de Menezes. (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim – Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Alexandre Kern, Domingos de Sá Filho, Rosaldo Trevisan, Ivan Allegretti e Marcos Tranchesi Ortiz. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 72 80 31 /2 00 9- 45 Fl. 340DF CARF MF Impresso em 18/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/11/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 29/11/201 3 por ANTONIO CARLOS ATULIM 2 Tratase de autos de infração com ciência pessoal do contribuinte em 01/12/2009, lavrados em razão da falta de recolhimento do PIS e a Cofins no regime cumulativo em relação aos fatos geradores ocorridos no anocalendário de 2005. Segundo o termo de verificação fiscal, as diferenças apuradas decorreram do não oferecimento à tributação de receitas auferidas pelas sociedades em conta de participação Barreiras, Abrantes e Moradas. Em relação à SCP Barreiras, os valores foram retirados da conta CLIENTES (códigos 112.10.116 a 112.10.999), que constam dos balancetes e dos livros diário números 16 e 17 e do diário auxiliar ao nº 17. Já em relação às SCP Abrantes e Moradas, o contribuinte não apresentou nenhum tipo de escrituração. A fiscalização arbitrou a receita com base em créditos em conta bancária, segundo extratos bancários, cujos valores foram confirmados pelo contribuinte. Na mesma fiscalização foram constituídos créditos tributários relativos ao IRPJ, CSL, PIS e Cofins. Em pesquisa efetuada no eprocesso, constatouse que o auto de infração de IRPJ encontrase albergado no processo nº 10580.728027/200987. É o relatório do necessário. Voto Conselheiro Antonio Carlos Atulim, relator. Compulsandose o relatório de fiscalização existente às fls. 03 a 05 do processo nº 10580.728027/200987 (IRPJ), verificase que as exigências do PIS e da Cofins estão lastreadas nos mesmos fatos e elementos de prova que ensejaram a exigência do IRPJ. Isto porque a apuração do IRPJ foi feita com os mesmos dados extraídos da conta clientes (códigos 112.10.116 a 112.10.999) constantes dos livros diário nº 16 e 17 e do diário auxiliar ao nº 17, em relação à SCP Barreiras. Quanto às SCP Abrantes e Moradas, a exigência do IRPJ está lastreada nos mesmos depósitos bancários considerados neste processo para a exigência do PIS e da Cofins. O art. 2º do Regimento Interno do CARF estabelece o seguinte: "Art. 2° À Primeira Seção cabe processar e julgar recursos de ofício e voluntário de decisão de primeira instância que versem sobre aplicação da legislação de: I Imposto sobre a Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ); II Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL); III Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF), quando se tratar de antecipação do IRPJ; IV demais tributos e o Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF), quando procedimentos conexos, decorrentes ou Fl. 341DF CARF MF Impresso em 18/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/11/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 29/11/201 3 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 10580.728031/200945 Acórdão n.º 3403002.608 S3C4T3 Fl. 4 3 reflexos, assim compreendidos os referentes às exigências que estejam lastreadas em fatos cuja apuração serviu para configurar a prática de infração à legislação pertinente à tributação do IRPJ;(...)" (Grifei) A situação deste processo enquadrase perfeitamente no inciso IV acima transcrito, pois a exigência do PIS e da Cofins está lastreada nos mesmos fatos e elementos de prova que fundamentaram a exigência do IRPJ. Pesquisa efetuada na página de andamento processual do CARF revela que o processo nº 10580.728027/200987 foi sorteado ao Conselheiro Valmar Fonseca de Menezes em 16/05/2013. Sendo evidente a conexão entre os dois feitos, este processo deve ser entregue ao Conselheiro Valmar Fonseca de Menezes, conforme determina o art. 47, § 9º do RICARF. Com esses fundamentos, voto no sentido de não tomar conhecimento do recurso voluntário, determinandose que o processo seja encaminhado à Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção, a fim de que seja entregue ao Conselheiro Valmar Fonseca de Menezes. (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim Fl. 342DF CARF MF Impresso em 18/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/11/2013 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 29/11/201 3 por ANTONIO CARLOS ATULIM
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Numero do processo: 10680.017177/2005-18
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 17 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Tue Mar 03 00:00:00 UTC 2015
Numero da decisão: 2202-000.540
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, sobrestar o julgamento do processo, conforme a Portaria CARF nº 1, de 2012.
(Assinado digitalmente)
Pedro Paulo Pereira Barbosa- Presidente.
(Assinado digitalmente)
Rafael Pandolfo - Relator.
Participaram do julgamento os Conselheiros: Pedro Paulo Pereira Barbosa, Pedro Anan Junior, Camilo Balbi, Guilherme Barranco de Souza, Antonio Lopo Martinez e Rafael Pandolfo.
Nome do relator: Não se aplica
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1233; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T2 Fl. 451 1 450 S2C2T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10680.017177/200518 Recurso nº Voluntário Resolução nº 2202000.540 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Data 17 de setembro de 2013 Assunto IRPF Recorrente ABÍLIO MACHADO FILHO Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, sobrestar o julgamento do processo, conforme a Portaria CARF nº 1, de 2012. (Assinado digitalmente) Pedro Paulo Pereira Barbosa Presidente. (Assinado digitalmente) Rafael Pandolfo Relator. Participaram do julgamento os Conselheiros: Pedro Paulo Pereira Barbosa, Pedro Anan Junior, Camilo Balbi, Guilherme Barranco de Souza, Antonio Lopo Martinez e Rafael Pandolfo. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 06 80 .0 17 17 7/ 20 05 -1 8 Fl. 226DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2013 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 26/09/2013 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 02/10/2013 por PEDRO PAULO PEREIRA BARBOSA Processo nº 10680.017177/200518 Resolução nº 2202000.540 S2C2T2 Fl. 452 2 Relatório 1 Procedimento de Fiscalização O recorrente recebeu, em 2003, R$ 180.000,00 a título de indenização em reclamatória trabalhista, pagos em decorrência de acordo judicial. Sobre este valor foi retido o montante de R$ 49.500,00. Os tributos foram alocados em sua DIRPF como “rendimentos isentos e/ou não tributáveis”. Após a entrega da DIRPF, a declaração restou retida em malha fiscal, motivo pelo qual o recorrente não recebeu sua restituição de IRPF. Insatisfeito com a demora na análise de sua DIRPF pela Fazenda Nacional, o recorrente ajuizou Mandado de Segurança, na Justiça Federal da Seção Judiciária de Minas Gerais, contra ato omissivo do Delegado da Receita Federal de Belo Horizonte: a demora no processamento sua declaração de ajuste anual, referente ao anocalendário de 2003. O então impetrado — Delegado da Receita Federal de Belo Horizonte — esclareceu que, ao confrontar os rendimentos tributáveis recebidos de pessoas jurídicas, declarados pelo recorrente, com as declarações de imposto de renda retido na fonte apresentadas pelas fontes pagadoras, constatou que parte dos rendimentos declarados eram passíveis de tributação, justificando sua mora na apreciação em razão de a declaração e o pedido de restituição do recorrente estarem em processo de verificação fiscal. (fls.1215). Em 04/11/05 foi encaminhado, à autoridade administrativa fazendária, o Ofício n.º 586/05 (fl.11), determinando a ciência e o cumprimento da sentença proferida em sede do Mandado de Segurança impetrado pelo recorrente. O MM. Juiz da 16ª Vara da Justiça Federal de 1º Grau da Seção Judiciária de Minas Gerais concedeu, em parte, a segurança requerida, determinando que o Delegado da Receita Federal de Belo Horizonte promovesse a apreciação formal da Declaração de Ajuste Anual do então impetrante. (fls.1215). Diante disto, foi expedida, em 10/11/05, correspondência à Empresa Minerações Brasileiras Reunidas S/A solicitando a discriminação da natureza dos rendimentos pagos ao requerente, e ao recorrente, em 22/11/05, para que apresentasse recibos de honorários advocatícios oriundos da reclamatória trabalhista movida em desfavor da MBR. Da documentação apresentada por ambos, colhese que não houve pagamento de honorários advocatícios (fl.34), e que da ação trabalhista resultou acordo nos seguintes termos: a) pagamento, a título de indenização, do valor líquido de R$ 180.000,00; b) recolhimento previdenciário de R$ 36.000,00, pagos pela reclamada; e c) tributos (IR Fonte) no valor de R$ 49.500,00 (fls.2728). 2 Notificação do Lançamento Colhidas as informações diligenciadas, em 06/12/05, a autoridade administrativa efetuou lançamento de ofício (fls.0410), embasado no argumento de que os rendimentos recebidos pelo recorrente, à exceção de FGTS/multa e aviso prévio, seriam tributáveis, e que, como o acordo homologado entre o Sr. Abílio Machado Filho e a empresa MBR não permitiu discriminar devidamente as verbas que compunham o valor pago, todo o montante recebido deveria ser considerado como rendimento tributável, nos termos do art. 56 do Decreto 3.000/99. Fl. 227DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2013 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 26/09/2013 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 02/10/2013 por PEDRO PAULO PEREIRA BARBOSA Processo nº 10680.017177/200518 Resolução nº 2202000.540 S2C2T2 Fl. 453 3 Assim, a base de cálculo do tributo foi calculada a partir do reajustamento dos rendimentos tributáveis (RR), chegando ao montante bruto de R$ 247.692,30, com base no art. 75, caput, do Decreto 3.000/99. Para tanto, considerouse a quantia de R$ 180.000,00 como rendimento líquido, correspondente à base de cálculo antes do ajustamento (RP); descontou quantia de R$ 423,08 como dedução da classe de rendimentos a que pertence o RP (D); e aplicou a alíquota de 27,5% (T), para ser utilizados na fórmula RR=(RPD)/(1(T/100). (fl. 7). Apurada a quantia de R$ 68.115,38 a título de imposto, foi compensado o valor de R$ 47.674,98 como valor do imposto a restituir, visto que a DIRPF/2004 estava, originalmente, retida em malha fiscal. (fls.0809). O total do crédito tributário constituído foi de R$ 41.150,61, incluídos Imposto de Renda da Pessoa Física, multa de ofício de 75% e juros moratórios calculados até 30/11/2005. O contribuinte tomou ciência da notificação em 15/12/06. 3 Impugnação Indignado com a autuação, o recorrente apresentou impugnação (fls.4555) tempestiva esgrimindo os seguintes argumentos: a) o recebimento, em 2003 do montante de R$ 180.000,00, oriundo de reclamatória trabalhista, não constitui renda tributável por se tratar de verba indenizatória; b) o entendimento pacífico do STJ (Súmula 215) da não incidência de imposto de renda sobre verbas indenizatórias, e a aplicação, ao caso em voga, do mesmo “raciocínio tributário” utilizado na hipótese de planos de demissão voluntária; c) a impossibilidade de caracterização como tributável de montante oriundo de indenização, em virtude da disposição constante no art. 43 do CTN, que estabelece a necessidade de acréscimo patrimonial para que reste configurado o fato gerador do imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza; d) o recolhimento, à época do recebimento da referida verba, a título de retenção na fonte de imposto sobre a renda, da quantia de R$ 49.500,00, bem como o indevido recolhimento deste valor, sendo ele decorrência de equívoco de que o montante de R$ 180.000,00 ensejaria tributação; e) o lançamento, quando da elaboração da Declaração Anual de Ajuste, referente ao anocalendário 2003, no campo “Rendimentos Isentos ou NãoTributáveis”, do quantum recebido como indenização e a soma a ele do valor retido na fonte, perfazendo um total de R$ 229.500,00. Tal lançamento se deu no subitem “Indenizações por rescisão de contrato de trabalho, inclusive a título de PDV, e por acidente de trabalho e FGTS”, além da menção de que a indenização incluiria IR Retido, indevidamente, oriundo de processo judicial trabalhista, o que evidenciaria sua boafé; f) a desconsideração, por parte da fiscalização federal, da natureza (indenizatória) do montante de R$ 180.000,00, bem como da quantia de R$ 49.500,00 Fl. 228DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2013 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 26/09/2013 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 02/10/2013 por PEDRO PAULO PEREIRA BARBOSA Processo nº 10680.017177/200518 Resolução nº 2202000.540 S2C2T2 Fl. 454 4 recolhida sob a rubrica de imposto de renda retido na fonte, que culminou na tributação indevida do montante referido; g) o lançamento de ofício representa nova tributação do valor de R$ 180.000,00; h) o caráter confiscatório da multa aplicada ao patamar de 75%, em desconformidade com a proibição de confisco; i) a impossibilidade jurídica de aplicação da Taxa Selic a quaisquer tributos, devendo ser aplicada, na hipótese de manutenção das exigências fiscais, o patamar de 1% ao mês previsto no art. 161 do CTN; Anexos à impugnação, foram juntadas declarações médicas atestando o estado de saúde do Sr. Abílio Machado Filho como cardiopata (fls. 5758); 4 Lançamento Concorrente Em decorrência de erro no sistema, foi emitida nova notificação de lançamento, de nº 2004/606450697414076, ao contribuinte, que deu azo a outro processo administrativo. 5 Defesa à notificação de lançamento Em 29/04/08, o requerente apresentou defesa (fls.6470) à notificação de lançamento n.º 2004/606450697414076 — a segunda, acima referida —, com os seguintes argumentos: a) foi atendida a intimação expedida pela Receita Federal, ao passo que compareceu Receita Federal, em Belo Horizonte, em atendimento ao Termo de Intimação Fiscal nº 2004/606151359621040, oportunidade na qual apresentou a documentação solicitada, e argüiu que a mesma já havia sido oferecida no mandado de procedimento fiscal n.º 06.1.01.002005011400, resultando em lançamento de crédito tributário pelos mesmos fatos geradores. Diante desses esclarecimentos prestados, foi orientado pelo plantonista a desconsiderar a intimação; b) deve ser cancelada a cobrança embasada em ausência de resposta à intimação fiscal, devendo o procedimento administrativo de cobrança ser declarado nulo; c) é destituída de validade a imputação fiscal, tendo em vista que o recorrente não deixou de declarar os rendimentos auferidos de MBR, mas o lançou como “Rendimentos isentos ou não tributáveis” (“Indenizações por rescisão de contrato de trabalho, inclusive de PDV, e por acidente de trabalho e FGTS”); d) deve ser cancelada a cobrança relativa ao Mandado de Procedimento Fiscal n.º 06.1.01.002005011400, que resultou no Auto de Infração n.º 10680.017177/200518, em virtude de ato administrativo posterior revogar ato anterior de mesma natureza; 6 Conversão do julgamento em diligência A 5ª Turma da DRJ/BHE, por unanimidade, converteu o julgamento em diligência (fls.136137) em razão de dupla formalização de exigência ao Imposto de Renda Pessoa Física, exercício 2004, anocalendário 2003. Determinouse o encaminhamento à Fl. 229DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2013 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 26/09/2013 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 02/10/2013 por PEDRO PAULO PEREIRA BARBOSA Processo nº 10680.017177/200518 Resolução nº 2202000.540 S2C2T2 Fl. 455 5 Equipe de Análise de Créditos Tributários da DRF Belo Horizonte para que os processos, se necessário, fossem juntados. Da análise dos autos (fl. 146) constatouse a duplicidade de exigência do referido crédito tributário, sendo o processo de n.º 10680.011985/200814 juntado, por anexação, ao de n.º 10680.017177/200518 (fl.184), com o consequente cancelamento da notificação eletrônica nº 2004/606450697414076. 7 Acórdão de Impugnação A impugnação foi julgada procedente em parte pela 5ª Turma da DRJ/BHE, por unanimidade, (fls. 189200) sendo mantida a cobrança de multa ao patamar de 75%, bem como os juros de mora calculados pela taxa SELIC. Os fundamentos foram os seguintes: a) a ausência de discriminação das verbas que compuseram o acordo celebrado entre o contribuinte e a MRB (fls.2732) inviabilizou considerar como não tributáveis os valores pagos pela empresa MRB em decorrência da ação trabalhista, uma vez que foi impossível verificar quais e qual o valor das parcelas pagas por meio do acordo homologado, e em quais deveriam incidir as isenções previstas na legislação tributária; b) a inaplicabilidade do reajustamento de base de cálculo estabelecida no art. 725 do Decreto 3.000/99, nos termos do art. 20 da Instrução Normativa n.º 15/01, pois não se verificou nos autos que a fonte pagadora assumiu o ônus do imposto devido pelo beneficiário correspondente à diferença entre a base de cálculo reajustada, R$ 247.692,30, e o valor líquido recebido, R$ 180.000,00; c) a necessidade de alteração do valor de rendimentos considerados tributáveis pela fiscalização decorrentes do acordo homologado para R$ 229.500,00, que corresponde a soma do valor líquido recebido pelo contribuinte (R$ 180.000,00) como imposto de renda retido na fonte pela empresa (R$ 49.500,00). De modo que se terá como base de cálculo o valor de R$ 296.224,96; como imposto devido o montante de R$ 76.384,96; como imposto retido na fonte a quantia de R$ 60.947,44; e, finalmente, como imposto suplementar o valor de R$ 15.437,52; d) a incompetência da Delegacia de Julgamento para analisar argüições de inconstitucionalidade, arbitrariedade ou injustiça de atos legais ou infra legais, como pleiteado no que refere à imposição de multa confiscatória (no patamar de 75%), bem como a ausência de previsão legal para dispensa da exigência prevista inciso IV do art. 97 do CTN; e) a aplicação supletiva do disposto no §1º do art. 161 do CTN face ao art. 13 da Lei n.º 9.065/95, que determina a incidência dos juros de mora equivalentes à SELIC sobre os débitos de tributos com fatos geradores ocorridos a partir de 01/04/95, devendo esta incidir no caso em apreço; 8 Recurso Voluntário Notificado da decisão em 22/06/10, o espólio do recorrente, não satisfeito com o resultado do julgamento, interpôs recurso voluntário (fls. 207215) em 13/07/10, repisando os argumentos da impugnação, trazendo que, em virtude do falecimento do recorrente, a representação do espólio será feita pelo Inventariante, Sr. Abílio Machado Neto. Fl. 230DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2013 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 26/09/2013 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 02/10/2013 por PEDRO PAULO PEREIRA BARBOSA Processo nº 10680.017177/200518 Resolução nº 2202000.540 S2C2T2 Fl. 456 6 Em anexo foram juntados os seguintes documentos: a) termo de audiência da Vara do Trabalho de Nova Lima; (fl. 217) b) acordo firmado entre o Sr. Abílio Machado Filho e a empresa MBR; (fls.218 219) c) certidão de óbito do Sr. Abílio Machado Filho; (fl. 220) d) escritura pública de inventário e partilha do espólio do Sr. Abílio Machado Filho. (fls. 221224) É o relatório. Fl. 231DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2013 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 26/09/2013 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 02/10/2013 por PEDRO PAULO PEREIRA BARBOSA Processo nº 10680.017177/200518 Resolução nº 2202000.540 S2C2T2 Fl. 457 7 Voto O recurso atende a todos os requisitos legais do Decreto nº 70.235/72, motivo pelo qual merece conhecimento. 1 Do Sobrestamento O recorrente sustenta que o montante de R$ 180.000,00, recebido em virtude de acordo judicial firmado em reclamatória trabalhista, tem natureza indenizatória e não é passível de tributação. Ainda, que como à ocasião sofreu retenção de R$ 49.500,00, a título de IRRF, possui direito à restituição desse valor relativo à sua Declaração de Ajuste Anual do ano calendário 2003. Contudo, conforme pode ser observado, o acordo homologado entre ele e a empresa MBR (fls. 218129) não especifica as parcelas que compõem o valor pago, de modo que resta impossível estabelecer quais valores encaixamse na hipótese da isenção tributária alegada. Desta forma, por deficiência probatória, presumese que todo o montante recebido pelo recorrente é rendimento tributável, e, mais especificamente rendimentos recebidos acumuladamente – RRA. Ocorre que, a maneira como estes rendimentos deve ser tributada está sendo julgada no STF em sede de Recurso Extraordinário que tramita em regime de repercussão geral. É o Recurso Extraordinário nº 611.406, que se encontra em julgamento no presente momento. Conforme está disposto no § 1º do art. 62A da Portaria MF nº 256, devem ficar sobrestados os julgamentos dos recursos no CARF que versarem acerca de matéria sobre a qual pende decisão de acordo com regime do art. 543B do CPC. Conforme preceitua a Portaria nº 1 de 6 de janeiro de 2012 do CARF, é necessário demonstrar que o sobrestamento do julgamento dos processos está sendo determinado pelo STF, o que pode ser observado pela seguinte ementa: TRIBUTÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL DE RECURSO EXTRAORDINÁRIO. IMPOSTO DE RENDA SOBRE VALORES RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. ART. 12 DA LEI 7.713/88. ANTERIOR NEGATIVA DE REPERCUSSÃO. MODIFICAÇÃO DA POSIÇÃO EM FACE DA SUPERVENIENTE DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI FEDERAL POR TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL. 1. A questão relativa ao modo de cálculo do imposto de renda sobre pagamentos acumulados se por regime de caixa ou de competência vinha sendo considerada por esta Corte como matéria infraconstitucional, tendo sido negada a sua repercussão geral. 2. A interposição do recurso extraordinário com fundamento no art. 102, III, b, da Constituição Federal, em razão do reconhecimento da inconstitucionalidade parcial do art. 12 da Lei 7.713/88 por Tribunal Regional Federal, constitui circunstância nova suficiente para justificar, agora, seu caráter constitucional e o reconhecimento da repercussão geral da matéria. 3. Reconhecida a relevância jurídica da questão, tendo em conta os princípios constitucionais tributários da isonomia e da uniformidade geográfica. 4. Questão de ordem acolhida para: a) tornar sem efeito a decisão monocrática da relatora que negava seguimento ao recurso extraordinário com suporte no entendimento anterior desta Corte; b) reconhecer a repercussão geral Fl. 232DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2013 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 26/09/2013 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 02/10/2013 por PEDRO PAULO PEREIRA BARBOSA Processo nº 10680.017177/200518 Resolução nº 2202000.540 S2C2T2 Fl. 458 8 da questão constitucional; e c) determinar o sobrestamento, na origem, dos recursos extraordinários sobre a matéria, bem como dos respectivos agravos de instrumento, nos termos do art. 543B, § 1º, do CPC. (RE 614406 AgRQORG, Relator(a): Min. Ellen Gracie, julgado em 20/10/2010, publicado em DJe035 DIVULG 03/03/2011 PUBLIC 04/03/2011) Sendo assim, voto por conhecer o recurso e, no mérito, estando presentes os pressupostos para o sobrestamento do julgamento deste recurso, sobrestar o julgamento do presente até que seja proferida decisão definitiva no referido Recurso Extraordinário em tramitação no STF. (Assinado digitalmente) Rafael Pandolfo Fl. 233DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2013 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 26/09/2013 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 02/10/2013 por PEDRO PAULO PEREIRA BARBOSA
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Numero do processo: 16561.720047/2011-39
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 03 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Tue Apr 14 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2006, 2007, 2008
GLOSA DAS DESPESAS DE AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO. DEMONSTRAÇÃO EXIGÊNCIA LEGAL.
O valor do ágio, cujo fundamento econômico seja o valor de rentabilidade da coligada ou controlada, com base na previsão dos resultados nos exercícios futuros, deverá ser demonstrado em documento que indique de forma clara e consistente a avaliação da empresa a valor presente, justificando o valor do ágio na aquisição de participação societária. O demonstrativo deverá ser arquivado pelo contribuinte como comprovante da escrituração do ágio.
Não apresentado o respectivo demonstrativo, como exige a lei, justifica-se a glosa das despesas de amortização do ágio registradas pela autuada.
AMORTIZAÇÃO ANTES DA INCORPORAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE.
O ágio (caso tenha como fundamento rentabilidade em exercícios futuros) só pode ser amortizado após a aquisição/incorporação da empresa.
PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA. AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE.
Tendo sido o lançamento efetuado com observância dos pressupostos legais, incabível falar em nulidade do Auto de Infração.
MÉTODO PRL. PREÇOS PRATICADOS. FRETE, SEGURO E TRIBUTOS.
Na apuração dos preços praticados segundo o método PRL (Preço de Revenda menos Lucro), deve-se incluir o valor do frete e do seguro, cujo ônus tenha sido do importador, e os tributos incidentes na importação.
JUROS SOBRE MULTA DE OFÍCIO.
Tratando-se de aspecto que não faz parte da presente lide, concernente à cobrança do crédito tributário, a autoridade julgadora não se manifesta a respeito de juros sobre multa de ofício.
CSLL. DECORRÊNCIA.
O decidido quanto ao Imposto de Renda Pessoa Jurídica aplica-se à tributação decorrente dos mesmos fatos e elementos de prova.
Numero da decisão: 1301-001.779
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitadas as preliminares suscitadas e, no mérito, relativamente a amortização do ágio e aos juros sobre a multa, negar provimento ao recurso voluntário. No que tange a ilegalidade da IN/SRF nº 243/2002, negado provimento pelo voto de qualidade. Vencidos os Conselheiros Valmir Sandri, Edwal Casoni de Paula Fernandes Junior e Carlos Augusto de Andrade Jenier.
(assinado digitalmente)
Adriana Gomes Rêgo - Presidente.
(assinado digitalmente)
Paulo Jakson da Silva Lucas - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Adriana Gomes Rêgo, Valmir Sandri, Wilson Fernandes Guimarães, Paulo Jakson da Silva Lucas, Edwal Casoni de Paula Fernandes Junior e Carlos Augusto de Andrade Jenier.
Nome do relator: PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2006, 2007, 2008 GLOSA DAS DESPESAS DE AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO. DEMONSTRAÇÃO EXIGÊNCIA LEGAL. O valor do ágio, cujo fundamento econômico seja o valor de rentabilidade da coligada ou controlada, com base na previsão dos resultados nos exercícios futuros, deverá ser demonstrado em documento que indique de forma clara e consistente a avaliação da empresa a valor presente, justificando o valor do ágio na aquisição de participação societária. O demonstrativo deverá ser arquivado pelo contribuinte como comprovante da escrituração do ágio. Não apresentado o respectivo demonstrativo, como exige a lei, justifica-se a glosa das despesas de amortização do ágio registradas pela autuada. AMORTIZAÇÃO ANTES DA INCORPORAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. O ágio (caso tenha como fundamento rentabilidade em exercícios futuros) só pode ser amortizado após a aquisição/incorporação da empresa. PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA. AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. Tendo sido o lançamento efetuado com observância dos pressupostos legais, incabível falar em nulidade do Auto de Infração. MÉTODO PRL. PREÇOS PRATICADOS. FRETE, SEGURO E TRIBUTOS. Na apuração dos preços praticados segundo o método PRL (Preço de Revenda menos Lucro), deve-se incluir o valor do frete e do seguro, cujo ônus tenha sido do importador, e os tributos incidentes na importação. JUROS SOBRE MULTA DE OFÍCIO. Tratando-se de aspecto que não faz parte da presente lide, concernente à cobrança do crédito tributário, a autoridade julgadora não se manifesta a respeito de juros sobre multa de ofício. CSLL. DECORRÊNCIA. O decidido quanto ao Imposto de Renda Pessoa Jurídica aplica-se à tributação decorrente dos mesmos fatos e elementos de prova.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitadas as preliminares suscitadas e, no mérito, relativamente a amortização do ágio e aos juros sobre a multa, negar provimento ao recurso voluntário. No que tange a ilegalidade da IN/SRF nº 243/2002, negado provimento pelo voto de qualidade. Vencidos os Conselheiros Valmir Sandri, Edwal Casoni de Paula Fernandes Junior e Carlos Augusto de Andrade Jenier. (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rêgo - Presidente. (assinado digitalmente) Paulo Jakson da Silva Lucas - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Adriana Gomes Rêgo, Valmir Sandri, Wilson Fernandes Guimarães, Paulo Jakson da Silva Lucas, Edwal Casoni de Paula Fernandes Junior e Carlos Augusto de Andrade Jenier.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2006, 2007, 2008 GLOSA DAS DESPESAS DE AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO. DEMONSTRAÇÃO EXIGÊNCIA LEGAL. O valor do ágio, cujo fundamento econômico seja o valor de rentabilidade da coligada ou controlada, com base na previsão dos resultados nos exercícios futuros, deverá ser demonstrado em documento que indique de forma clara e consistente a avaliação da empresa a valor presente, justificando o valor do ágio na aquisição de participação societária. O demonstrativo deverá ser arquivado pelo contribuinte como comprovante da escrituração do ágio. Não apresentado o respectivo demonstrativo, como exige a lei, justificase a glosa das despesas de amortização do ágio registradas pela autuada. AMORTIZAÇÃO ANTES DA INCORPORAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. O ágio (caso tenha como fundamento rentabilidade em exercícios futuros) só pode ser amortizado após a aquisição/incorporação da empresa. PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA. AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. Tendo sido o lançamento efetuado com observância dos pressupostos legais, incabível falar em nulidade do Auto de Infração. MÉTODO PRL. PREÇOS PRATICADOS. FRETE, SEGURO E TRIBUTOS. Na apuração dos preços praticados segundo o método PRL (Preço de Revenda menos Lucro), devese incluir o valor do frete e do seguro, cujo ônus tenha sido do importador, e os tributos incidentes na importação. JUROS SOBRE MULTA DE OFÍCIO. Tratandose de aspecto que não faz parte da presente lide, concernente à cobrança do crédito tributário, a autoridade julgadora não se manifesta a respeito de juros sobre multa de ofício. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 56 1. 72 00 47 /2 01 1- 39 Fl. 16688DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 31/ 03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por ADRIANA GOMES REGO 2 CSLL. DECORRÊNCIA. O decidido quanto ao Imposto de Renda Pessoa Jurídica aplicase à tributação decorrente dos mesmos fatos e elementos de prova. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitadas as preliminares suscitadas e, no mérito, relativamente a amortização do ágio e aos juros sobre a multa, negar provimento ao recurso voluntário. No que tange a ilegalidade da IN/SRF nº 243/2002, negado provimento pelo voto de qualidade. Vencidos os Conselheiros Valmir Sandri, Edwal Casoni de Paula Fernandes Junior e Carlos Augusto de Andrade Jenier. (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rêgo Presidente. (assinado digitalmente) Paulo Jakson da Silva Lucas Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Adriana Gomes Rêgo, Valmir Sandri, Wilson Fernandes Guimarães, Paulo Jakson da Silva Lucas, Edwal Casoni de Paula Fernandes Junior e Carlos Augusto de Andrade Jenier. Fl. 16689DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 31/ 03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por ADRIANA GOMES REGO Processo nº 16561.720047/201139 Acórdão n.º 1301001.779 S1C3T1 Fl. 12 3 Relatório Conforme Termo de Constatação de fls. 16108/16329, a fiscalização empreendida junto à contribuinte acima identificada atevese à verificação do cumprimento das obrigações tributárias decorrentes das regras de preços de transferência dos produtos importados no ano de 2006 e das amortizações referentes a ágio oriundo da aquisição de investimento, deduzidas nos anos de 2006 a 2009. Constatouse o seguinte: DO ÁGIO A contribuinte adquiriu, em 31/12/2005, a empresa GMK Eletrônica Ltda. Conforme contrato de compra e venda e comprovantes de pagamento, o valor de aquisição de todas as cotas da GMK foi fixado em R$ 35.000.000,00, como se lê na cláusula 5ª do acordo. Balanço contábil levantado na data do fechamento da transação apurou que o patrimônio líquido da adquirida era de R$ 8.837.600,35. Do confronto entre o montante pago e o valor contábil da empresa adquirida, surgiu o ágio, contabilizado no Ativo Permanente da investidora, o qual foi amortizado em parcelas de R$ 5.232.479,93 nos anos de 2006, 2007 e 2008. Questionada acerca da fundamentação econômica da mais valia, a contribuinte declarou tratarse de rentabilidade em exercícios futuros, com previsão no artigo 385 do RIR/99. Intimada a apresentar cópia do laudo de avaliação econômica da GMK, a contribuinte forneceu apenas cópia do Laudo de Avaliação Contábil, de 03/04/2006, elaborado para fins de incorporação do patrimônio da GMK na contribuinte. A evidenciação do ágio na contabilidade encontrase prevista no artigo 20 do DecretoLei nº 1.598/77. Sinteticamente, numa aquisição, o valor pago acima do valor contábil da adquirida poderá representar a valorização de ativos ou a desvalorização de passivos, ativos intangíveis não identificados anteriormente no balanço da adquirida, e, ainda, o valor da rentabilidade prevista para exercícios futuros. Na hipótese do fundamento econômico do ágio ser o valor de mercado de bens do ativo ou o valor da rentabilidade prevista para os exercícios futuros, seu registro deve estar apoiado em demonstração que o contribuinte arquivará como comprovante de escrituração. Até aqui, podese dizer que os efeitos fiscais do ágio ou deságio são neutros, exceto se ocorrer a alienação ou a liquidação de investimento, quando tais parcelas influem na Fl. 16690DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 31/ 03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por ADRIANA GOMES REGO 4 determinação do ganho ou perda de capital, nos termos do artigo 33 do mesmo DecretoLei nº 1.598/77, com as alterações do DecretoLei nº 1.730/79. Posteriormente, com a edição da Lei nº 9.532/97, artigo 7º, novas regras foram estabelecidas nas hipóteses de incorporação, fusão ou cisão. A pessoa jurídica que absorver patrimônio de outra, em virtude de incorporação, na qual detenha participação acionária adquirida com ágio cujo fundamento econômico for o valor de rentabilidade da coligada ou controlada, com base em previsão dos resultados nos exercícios futuros pode amortizar a mais valia nos balanços correspondentes de apuração do lucro real, levantados posteriormente à incorporação, à razão de 1/60 no máximo, para cada mês do período de apuração. Embora nenhuma parcela do ágio registrado possa ser amortizada, conforme adiante demonstrado, cabe ainda apontar que parte do valor deduzido no ano de 2006 fere, de plano, o disposto no artigo 7º da Lei 9.532/97. A incorporação da GMK deuse em 03/04/2006. Apenas a partir desse evento é que a amortização poderia iniciarse. No entanto, a contribuinte reduziu as bases de cálculo do IRPJ e da CSLL em montante equivalente a 12/60, quando a amortização máxima seria de 9/60. Nenhuma amortização no que tange aos três primeiros meses de 2006 poderia ser cogitada, posto ainda não ocorrida a hipótese prevista em Lei. Iudícibus, Martins e Gelbcke salientam que o ágio numa aquisição é a diferença do valor efetivamente pago e o patrimônio liquido da adquirida. Entretanto, o ágio não deve ser confundido com o “goodwill”, pois o ágio compõe também a diferença entre o valor de mercado e o valor patrimonial separadamente dos ativos tangíveis e intangíveis, sendo a sobra o “goodwill”. Portanto o ágio é muito mais amplo que o “goodwill”. O “goodwill” é considerado o mais intangível dos intangíveis. É um ativo intangível que expressa a diferença do valor contábil para o financeiro. E o valor pelo qual seria vendido, levandose em conta á personalidade de sua administração, a natureza da sua localização geográfica, sua reputação, a qualidade e a confiança percebida pelos demais envolvidos e ainda qualquer outra circunstância favorável para o negócio que tende a fazêlo duradouro. Almir Rogério Guerra esclarece que o “goodwill” adquirido, mais conhecido como ágio por expectativa de rentabilidade futura, já que a legislação tributária assim o trata em virtude de restrições legais a termos estrangeiros, é regulamentado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que determina sua amortização periódica através da Instrução CVM n° 247/96, com nova redação dada pela Instrução CVM n° 285/98, num prazo não excedente, via de regra, a dez anos. O ágio por expectativa de rentabilidade futura é parcela residual. A alocação de ativos e passivos é obrigatória e o que sobrar é o “goodwill”. Na medida em que o ágio pode ser desmembrado em partes distintas, conforme o respectivo fundamento econômico pertinente, a identificação da parcela que deverá ser alocada a cada um dos fundamentos econômicos não fica entregue à livre escolha do contribuinte. O lançamento do ágio "deverá" e não apenas "poderá" indicar o fundamento adequado. A alínea "a" do § 2º do artigo 20 do DecretoLei nº 1.598/77 estabelece que um dos possíveis fundamentos econômicos do ágio é o "valor de mercado de bens do ativo da Fl. 16691DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 31/ 03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por ADRIANA GOMES REGO Processo nº 16561.720047/201139 Acórdão n.º 1301001.779 S1C3T1 Fl. 13 5 coligada ou controlada superior ao custo registrado na sua contabilidade". Existindo essa diferença, a respectiva parcela deverá ser alocada a esses bens, de acordo com as regras pertinentes. Não fica à escolha da empresa adquirente procurar saber se existe ou não a diferença. Deverá proceder a uma avaliação a valor de mercado no momento da aquisição da participação e não o seu valor histórico que está na contabilidade da pessoa jurídica adquirida. Ultrapassada esta primeira etapa, restariam dois outros fundamentos econômicos dos quais pode resultar o ágio. Se a coligada ou controlada possuir intangíveis identificados e fundo de comércio, cumpre ao contribuinte apurar o montante do ágio que lhes corresponda, de modo a sempre retratar adequadamente a realidade existente, guiado pela necessidade de saber o que é e quanto vale aquele determinado conjunto de bens incorpóreos. Se, depois de determinados os valores atuais dos bens corpóreos, previstos na alínea "a" do § 2º do artigo 20 do DecretoLei nº 1.598/77, dos intangíveis identificados e do fundo de comércio, apontados na alínea "c" do citado dispositivo legal, ainda subsistir alguma parcela do ágio, então essa parcela remanescente corresponderá a um item distinto, autônomo que seguirá o regime da alínea "b". Como entidade autônoma, ela surge como figura residual, ou seja, como um "plus" em relação ao que corresponda aos itens determinados. Somente no caso de se apresentar como entidade autônoma é que o montante que lhe corresponder poderá ser alocado à alínea "b" do § 2º do artigo 20 do DecretoLei nº 1.598/77 e amortizado em parcelas, observando o benefício instituído pelo artigo 7º da Lei 9.532/97. Em suma, cabe ao contribuinte demonstrar, por meio de estudo idôneo, a teor do disposto no § 3º do artigo 20 do DecretoLei nº 1.598/77, que o valor do ágio lançado em sua contabilidade referese, em quantidade e qualidade, exclusivamente à rentabilidade futura da adquirida, o que não ocorre no presente caso. Assim, não demonstrado que o ágio enquadrase na hipótese prevista na alínea "b" do § 2º do artigo 20 do DecretoLei nº 1.598/77, imperioso concluir pela inadmissibilidade das respectivas amortizações, levadas a efeito nos anos de 2006, 2007 e 2008, inclusive no que diz respeito às reduções da base de cálculo da CSLL, em conformidade com o preceituado no artigo 57 da Lei nº 8.981/95. DOS PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA OPERAÇÕES DE IMPORTAÇÃO Dos fatos A contribuinte efetuou ajustes ao lucro líquido, decorrente da aplicação de métodos de preço de transferência, conforme declarado na linha 07, da Ficha 09A Demonstração do Lucro Real, da DIPJ/2007 do período de 01/01 a 03/04/2006 no montante de R$ 824.053,69 e do período de 04/04 a 31/12/2006 no montante de R$ 4.344.257,59. Em atendimento ao Termo de Início da Ação Fiscal, a empresa apresentou o demonstrativo das pessoas vinculadas e as memórias de cálculo de apuração dos preços de transferência. Para a apuração dos ajustes efetuados, a contribuinte adotou o método PRL60 (Preço de Revenda menos Lucro, com margem de 60%). Fl. 16692DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 31/ 03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por ADRIANA GOMES REGO 6 A empresa foi intimada a apresentar arquivo digital (conforme Manual de Orientação do Leiaute dos Arquivos do Sistema, de Auditorias Internacionais – Audin), referente às operações efetuadas no anocalendário de 2006. Durante a validação dos dados do arquivo digital, foi emitido relatório que apontou inúmeras inconsistências. A empresa foi, então, intimada a efetuar as correções e gerar novo arquivo digital retificador, contendo todos os registros, tanto aqueles que foram corrigidos e como os que não sofreram nenhuma correção. O arquivo digital retificador foi enviado pela internet e recebido na base do Sistema de Auditorias Internacionais Audin. Das verificações Analisando a memória de cálculo apresentada pela empresa, a fiscalização verificou que a metodologia utilizada pela empresa para a apuração dos preços de transferência, com a adoção do método PRL60, não obedeceu ao determinado no artigo 12, da IN SRF nº 243/2002. Desse modo, a fiscalização refez os cálculos para a apuração dos preços parâmetro, conforme o determinado na mencionada instrução normativa. Das mercadorias selecionadas apuração dos preços praticados A fiscalização selecionou, com base na planilha de memória de cálculo apresentada pela empresa, mercadorias importadas de pessoas vinculadas, para a apuração dos preços praticados. Com base na extração efetuada pelo Audin na base de dados do Siscomex, a fiscalização separou as referidas mercadorias selecionadas e elaborou a Tabela Mercadorias Selecionadas (fls. 16119/16245), que relaciona a descrição da mercadoria, o número da DI, data de registro e desembaraço, o exportador, o custo unitário e total em reais e em dólares americanos e a quantidade (unidade). Os custos foram apurados acrescentandose aos valores CIF (FOB+frete+seguro) os valores do Imposto de Importação. Também foi elaborada a Tabela Mercadorias Selecionadas – Resumo (fls. 16246/16255), que totaliza, por mercadoria, o custo de importação em reais e em dólares americanos, assim como as quantidades importadas. Foi elaborada, ainda, a Tabela Estoque Inicial (01/01/2006) (fls. 16257/16260), que relaciona para cada mercadoria selecionada, por código de produto, a quantidade (unidade), o valor unitário e o valor total do item. Para a apuração dos preços médios ponderados praticados, a fiscalização seguiu as determinações da IN SRF nº 243/2002, a saber: · Ao preço praticado na importação (FOB), foram integrados os valores de transporte e seguro (CIF) e os de tributos não recuperáveis (Imposto de Importação) devidos na importação, apurandose o custo de importação das mercadorias selecionadas (artigo 4º, § 4º); · Foram computados os valores e as quantidades relativos aos estoques existentes no início do período de apuração (artigo 12, § 3º). Fl. 16693DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 31/ 03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por ADRIANA GOMES REGO Processo nº 16561.720047/201139 Acórdão n.º 1301001.779 S1C3T1 Fl. 14 7 A apuração dos preços praticados das mercadorias selecionadas está demonstrada na Tabela Apuração dos Preços Praticados (fls. 16261/16266). Das mercadorias selecionadas apuração dos preçosparâmetro O preçoparâmetro, por mercadoria importada, foi apurado seguindo as determinações da IN SRF nº 243/2002, e constam da Tabela Apuração dos PreçosParâmetro (fls. 16269/16275). Das mercadorias selecionadas apuração dos ajustes A fiscalização efetuou a comparação entre os preços praticados e os preços parâmetro, considerando a margem de divergência (artigo 38 da IN SRF nº 243/2002), verificando quais as mercadorias importadas que apresentaram preços praticados superiores aos preçosparâmetro. Conforme o determinado no artigo 5º da IN SRF nº 243/2002 e verificado que o preço praticado na importação, pela empresa vinculada domiciliada no Brasil, foi superior àquele utilizado como parâmetro, o valor resultante do excesso de custo, decorrente da diferença entre os preços comparados, é considerado indedutível na determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL. A apuração dos ajustes está demonstrada na Tabela Apuração dos Ajustes (fls. 16277/16281), totalizando R$ 67.474.649,82. Das demais mercadorias importadas de vinculadas preçosparâmetro Como mencionado, a metodologia utilizada pela contribuinte para a apuração dos preços de transferência, método PRL60, não obedeceu ao determinado no artigo 12 da IN SRF nº 243/2002. Foi necessário, então, recalcular os preçosparâmetro das demais mercadorias constantes da memória de cálculo apresentada pela empresa. O preçoparâmetro, por mercadoria importada, foi apurado seguindo as determinações da IN SRF nº 243/2002, e constam da Tabela Apuração dos PreçosParâmetro (fls. 16284/16310). Das demais mercadorias importadas de vinculadas apuração dos ajustes A fiscalização efetuou a comparação entre os preços praticados e os preços parâmetro, considerando a margem de divergência (artigo 38 da IN SRF nº 243/2002), verificando quais as mercadorias importadas que apresentaram preços praticados superiores aos preçosparâmetro. Conforme o determinado no artigo 5º da IN SRF nº 243/2002 e verificado que o preço praticado na importação, pela empresa vinculada domiciliada no Brasil, foi superior àquele utilizado como parâmetro, o valor resultante do excesso de custo, decorrente da diferença entre os preços comparados, é considerado indedutível na determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL. Fl. 16694DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 31/ 03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por ADRIANA GOMES REGO 8 A apuração dos ajustes está demonstrada na Tabela Apuração dos Ajustes (fls. 16312/16327), totalizando R$ 10.815.006,34. Do ajuste total decorrente dos preços de transferência a ser efetuado O valor do ajuste a ser efetuado ao lucro real e à base de cálculo da CSLL, apurado com a adoção do método PRL60 é de R$ 73.121.344,88 (Ajuste total da fiscalização R$ 78.289.656,16 MENOS Ajuste total da empresa R$ 5.168.311,28). Lançamentos IRPJ no montante de R$ 14.164.072,29 e CSLL no montante de R$ 12.021.128,35, incluídos multa de 75% e juros de mora calculados até dez/2011. Impugnação Do ágio A fiscalização concluiu pela suposta indedutibilidade das parcelas do ágio amortizadas pela impugnante nos anos de 2006 a 2008 por 2 motivos: (1) não apresentação, pela impugnante, de laudo econômico que demonstre a expectativa de rentabilidade futura da GMK; e (2) amortização de ágio 3 meses antes da data da incorporação da GMK pela impugnante. Ocorre que tal acusação fiscal não merece prosperar, uma vez que a impugnante dispõe de laudo econômico que demonstra a expectativa de rentabilidade futura da GMK (doc. 03). Ademais, a fiscalização faz digressões a partir de literatura contábil e de instruções emanadas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que são aplicáveis tão somente a companhias abertas, o que não é o caso da impugnante, no sentido de que apenas a parcela do ágio pago na aquisição de investimento remanescente após a alocação a ativos e passivos poderia ser tratada como "goodwill" e, portanto, amortizada para fins fiscais. IMPROCEDÊNCIA DO LANÇAMENTO Da legislação fiscal aplicável na apuração de ágio na aquisição de participação societária Nos termos do artigo 20 do DecretoLei nº 1.598/77, reproduzido no artigo 385 do RIR/99, o contribuinte deverá, no momento da aquisição do investimento, desdobrar o custo da aquisição da participação societária em: (1) valor do patrimônio liquido na época da aquisição; e (2) ágio ou deságio na aquisição, que será a diferença entre o custo de aquisição do investimento e o valor apurado no item anterior. O artigo 385 prevê, ainda, em seu § 2º, que o ágio ou deságio apurado na ocasião da aquisição do investimento deverá ser contabilizado com a indicação do fundamento econômico que o determinou, dentre os quais: (a) valor de mercado de bens do ativo da coligada ou controlada, superior (ágio) ou inferior (deságio) ao custo registrado na sua contabilidade ("mais valia dos ativos"); (b) valor de rentabilidade baseada em projeção dos resultados de exercícios futuros; (c) fundo de comércio, intangíveis e outras razões econômicas, os quais podem ser livremente elegidos pela adquirente da participação societária. Fl. 16695DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 31/ 03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por ADRIANA GOMES REGO Processo nº 16561.720047/201139 Acórdão n.º 1301001.779 S1C3T1 Fl. 15 9 E mais, tanto o ágio fundamentado pela mais valia dos ativos (item "a") quanto o ágio fundamentado em rentabilidade futura (item "b") deverá ser baseado em demonstração que o contribuinte arquivará como comprovante da escrituração. Observase, com respeito a este último aspecto, que a lei sequer faz referência a laudo, mas sim à "demonstração", ou seja, o legislador não está interessado na forma, mas na substância da fundamentação. A demonstração feita para a qual não há, na lei, formalidade específica, deve ser capaz de justificar razoavelmente o fundamento. Por sua vez, o artigo 386, inciso III, do RIR/99 confere a possibilidade de o contribuinte que absorver patrimônio de outra companhia, em virtude de incorporação, fusão ou cisão, na qual detenha participação societária adquirida com ágio, amortizar o valor do próprio ágio, à razão de um 1/60, no máximo, para cada mês do período de apuração, se fundamentado em rentabilidade futura exatamente como ocorreu no caso em exame. De todo modo, é indiscutível que, tendo havido pagamento de ágio pela impugnante quando da aquisição das GMK, o tratamento fiscal da incorporação desta pela primeira possui sua matriz normativa na regra especial contida no artigo 386 do RIR/99, sobre a qual deve incidir o foco de nossa análise. Assim, interessanos, aqui, a parcela do comando pertinente à amortização do ágio cujo fundamento seja a rentabilidade futura, na hipótese de o contribuinte absorver patrimônio de outra sociedade em razão de incorporação, fusão ou cisão. Da legitimidade da constituição do ágio e do critério de amortização do ágio pela impugnante Uma das acusações fiscais do presente lançamento baseiase na acusação de que a impugnante teria amortizado indevidamente, na apuração das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL relativas aos anos calendários de 2006 a 2008, parcelas do ágio apurado na aquisição e incorporação da empresa GMK. Em 31/12/2005, a impugnante adquiriu a GMK pelo valor de R$ 35.000.000,00, tendo ocorrido a incorporação desta última empresa em 03/04/2006. O referido valor foi pago pela impugnante, com recursos próprios, em 5 parcelas, conforme disposto na Cláusula 5ª do "Contrato de Compra e Venda de Cotas da GMK Eletrônica Ltda." datado de 31/12/2005. Em atendimento à norma legal, a impugnante, ao adquirir a GMK, aplicou a regra de desdobramento do custo da aquisição da participação societária da seguinte forma: · valor do patrimônio liquido na época da aquisição, que era de R$ 8.837.600,35, de acordo com o balanço patrimonial levantado em 31/12/2005; e · ágio na aquisição, que correspondeu à diferença entre o custo de aquisição do investimento e o valor apurado no item anterior, no montante de R$ 26.162.399,65 (diferença entre R$ 35.000.000,00 e R$ 8.837.600,35). Em cumprimento ao artigo 385 do RIR/99, o valor do ágio computado pela impugnante na ocasião da aquisição do investimento (abril de 2006) foi devidamente Fl. 16696DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 31/ 03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por ADRIANA GOMES REGO 10 fundamentado pela expectativa de rentabilidade baseada em projeção do resultado de exercícios futuros a essa operação. E a fundamentação do ágio pela rentabilidade futura teve como base o laudo elaborado pela Planned Consultoria Tributária, Contábil e Empresarial Ltda., sólida empresa de consultoria em diversas áreas, dentre elas a área contábil. Tratase do "Laudo de Avaliação EconômicoFinanceira" da empresa GMK, cuja cópia ora se anexa (doc. 03) e cujo objetivo era o de "determinar o valor da empresa, dentro de premissas econômicas estabelecidas, determinandose sua efetiva capacidade de geração de resultados, ou seja, de riqueza dentro de uma projeção de longo prazo". As conclusões quanto ao valor econômico da GMK, consideradas à época da aquisição, nortearam o processo de negociação e aquisição da GMK pela impugnante. É importante frisar que o fundamento da acusação fiscal de que ora se trata foi a ausência de apresentação de documentação comprobatória do direito à amortização do ágio, qual seja, estudo idôneo que comprove que o valor do ágio lançado na sua contabilidade referese exclusivamente à rentabilidade futura da GMK. Isto pois a própria fiscalização reconhece em seu Termo de Constatação que a impugnante prontamente identificou o fundamento econômico do ágio no curso da ação fiscal com base na expectativa de resultados futuros. Durante o curso da fiscalização, a impugnante apresentou à fiscalização cópia do Laudo de Avaliação Contábil, datado de 03/04/2006, o qual, contudo, foi considerado insuficiente pela fiscalização. No entanto, a impugnante não foi sequer questionada sobre a suposta impropriedade e insuficiência de tal documento no curso da ação fiscal. Somente quando da lavratura do presente Auto de Infração é que a impugnante foi notificada do fundamento da desconsideração de tal documento e da conseqüente glosa das amortizações do ágio, qual seja, não apresentação de estudo econômico fundamentado na rentabilidade futura da GMK. Ocorre que a impugnante dispõe sim de documentação que suporta a fundamentação econômica do ágio ora questionado. Conforme se verifica do documento anexo (doc. 03), o ágio registrado está fundamentado em rentabilidade futura, apurada e avaliada em trabalho realizado pela empresa Planned, não havendo qualquer motivo que justifique a glosa da amortização do ágio pretendida pela fiscalização. De acordo com as conclusões apresentadas no "Laudo de Avaliação EconômicoFinanceira" elaborado pela Planned em 31/03/2006, o valor presente de mercado da GMK era de R$ 67.676.000, 00. O método adotado em tal estudo é o do fluxo de caixa descontado combinado com o valor terminal, ou seja, o método utilizado para apuração do valor econômico associado à rentabilidade das empresas. Também a partir de tal estudo, elaborado à época da incorporação da GMK pela impugnante, pode ser verificado o valor do patrimônio líquido da GMK, de R$ 8.837.600,35, de acordo com o balanço patrimonial levantado em 31/12/2005. Ora, considerandose que (1) a Planned avaliou como sendo R$ 67.676.000,00 o valor de mercado da GMK à época da aquisição; (2) o preço pago pela Fl. 16697DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 31/ 03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por ADRIANA GOMES REGO Processo nº 16561.720047/201139 Acórdão n.º 1301001.779 S1C3T1 Fl. 16 11 impugnante na aquisição foi de R$ 35.000.000, 00; e (3) o valor contábil da GMK era de R$ 8.837.600,35, decorre que todo o valor apurado como ágio encontrase justificado em perspectiva de rentabilidade futura da GMK. Com a incorporação da GMK, a impugnante passou a ter o direito de amortizar o referido ágio para fins fiscais, mais precisamente, à razão de 1/60, no máximo, para cada mês do período de apuração, Fluxo de caixa descontado conforme dispõe o artigo 386 do RIR/99. O ágio total contabilizado no montante de R$ 26.162.399,65 passou a ser amortizado pela impugnante em parcelas anuais de R$ 5.232.479,93. Resta, portanto, claramente demonstrado que o fundamento econômico do ágio contabilizado decorrente da aquisição da GMK é o valor de rentabilidade da empresa, com base em previsão dos resultados nos exercícios futuros, apurado em estudo econômico idôneo ("Laudo de Avaliação EconômicoFinanceira" doc. 03) , conforme disposto no artigo 385, § 2º, inciso II, do RIR/99. Como se não bastasse, a precariedade do lançamento se demonstra pelo fato de a fiscalização fazer digressões a partir de literatura contábil e de instruções emanadas pela Comissão de Valores Mobiliários (Instrução CVM nº 247/96), que são aplicáveis tão somente a companhias abertas, o que não é o caso da impugnante (que não era, à época, companhia aberta), no sentido de que apenas a parcela do ágio pago na aquisição de investimento remanescente após a alocação a ativos e passivos poderia ser tratada como "goodwill" e, portanto, amortizada para fins fiscais. Isso, contudo, não merece prosperar, já que tal procedimento não possui base legal. O artigo 7º da Lei nº 9.532/97 e o item “b” do § 2º do artigo 20 do Decretolei nº 1.598/77 não determinam a alocação de parcela do ágio a ativos e passivos e que apenas a parcela remanescente poderia ser alocada à expectativa de rentabilidade futura. O comando legal de tais dispositivos requer a identificação da motivação do ágio pago pelo contribuinte, dando o respectivo tratamento fiscal a cada uma das situações. Portanto, a impugnante seguiu totalmente os preceitos da legislação aplicável (artigo 7º da Lei nº 9.532/97 e item “b” do § 2º do artigo 20 do Decretolei nº 1.598/77), quanto à amortização fiscal do ágio pago com base na rentabilidade futura da GMK, sendo improcedentes as alegações feitas pela fiscalização. Por fim, com relação à acusação fiscal de amortização de ágio 3 meses antes da data da incorporação da GMK pela impugnante, o lançamento em questão também apresenta vicio de nulidade, já que a fiscalização desconsiderou os efeitos da postergação no pagamento dos tributos, violando as regras do artigo 273 do RIR/99 e do Parecer Normativo COSIT n° 02/96. Isso porque, se de um lado a fiscalização entendeu que a impugnante teria reconhecido despesas de maneira indevida no ano de 2006, de outro lado, deveria a fiscalização reconhecer que tais despesas poderiam ser validamente deduzidas da base de cálculo do IRPJ e da CSLL em períodos posteriores. Ao desconsiderar o valor pago a maior nos anos seguintes e não resumir sua exigência à eventual diferença de imposto devida em razão da antecipação das Fl. 16698DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 31/ 03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por ADRIANA GOMES REGO 12 despesas, a fiscalização incorreu em flagrante erro na quantificação da suposta matéria tributável, o qual levaria à total nulidade do Auto de Infração. Se determinada despesa é deduzida antecipadamente, há uma redução do tributo a ser pago naquele exercício, mas naturalmente haverá um acréscimo no tributo a ser recolhido no exercício em que deveria ter sido reconhecida. Ainda que fosse desrespeitado o período correto para o reconhecimento da despesa, o débito antecipado conserva a dedutibilidade que teria se tivesse sido feito no período apropriado, motivo pelo qual o artigo 273 do RIR/99 impõe à autoridade fiscal a necessidade de avaliar os efeitos que tal impropriedade tenha causado. Justamente por isso é que se diz que a antecipação da escrituração de custo, despesa ou encargo correspondente a períodos subsequentes implica a postergação do pagamento do imposto. O procedimento a ser adotado quando da ocorrência da postergação no pagamento do imposto foi detalhadamente normatizado pelo PN COSIT 02/96, de aplicação obrigatória pelas autoridades fiscais federais. Sendo assim, a autoridade fiscal tem a obrigação de recompor os lucros tributáveis em todos os períodos envolvidos considerando os efeitos da postergação do pagamento, sob pena de nulidade do lançamento em razão de erro no critério jurídico adotado. O lançamento é ato administrativo vinculado e não pode ser submetido ao juízo de conveniência e oportunidade da fiscalização. A fiscalização deveria ter observado o disposto no artigo 273 do RIR e no PN COSIT nº 02/96 e, por têlos desconsiderado, seus atos são nulos de pleno direito. Por todos os motivos acima expostos, tornase patente a necessidade de cancelamento da parcela do Auto de Infração referente à glosa das despesas com ágio. DOS PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA operações de importação A suposta dedutibilidade indevida de custos de mercadorias importadas no ano calendário 2006 e as diferenças entre os cálculos da fiscalização e os cálculos da impugnante (ambos realizados com base no método PRL60) decorrem da: · utilização da sistemática da Lei nº 9.430/96 por parte da impugnante, ao passo que a fiscalização, desconsiderando os cálculos da impugnante, adotou a sistemática da IN SRF nº 243/2002 para determinar o preçoparâmetro; e · da inclusão, pela fiscalização, das parcelas de frete, seguro e Imposto de Importação no preço praticado. Improcedência do lançamento. Da nulidade do Auto de Infração por ausência de motivação Se a fiscalização entendeu por bem autuar a impugnante é porque supôs ter esta incorrido em alguma ilegalidade na apuração do seu preçoparâmetro. Esta ilegalidade (contrariedade à lei, por definição) deveria ter sido claramente demonstrada. Da leitura atenta do Auto de Infração, contudo, não se identifica um parágrafo sequer dedicado ao apontamento ou descrição de eventual ilicitude praticada pela impugnante. Simplesmente (1) enuncia o procedimento de coleta de documentos e dados, (2) explica que efetuou os cálculos com base na IN SRF nº 243/2002 e (3) quantifica o ajuste e o tributo complementar a ser recolhido. Não houve a descrição do fato ilícito, ou seja, do comportamento da contribuinte que contrariou o comando legal do artigo 18, inciso II, item 1, da Lei nº 9.430/96. Fl. 16699DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 31/ 03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por ADRIANA GOMES REGO Processo nº 16561.720047/201139 Acórdão n.º 1301001.779 S1C3T1 Fl. 17 13 Na realidade, a única passagem do Termo de Constatação que enuncia uma suposta irregularidade praticada pela impugnante é a seguinte: "35. Não resta nenhuma dúvida que a metodologia utilizada pela empresa para a apuração dos preços de transferência, com a adoção do Método do Preço de Revenda menos Lucro com margem de 60% PRL 60%, não obedeceu ao determinado no art. 12, da Instrução Normativa SRF nº 243/2002. (...) 36. Deste modo, descumprido o determinado no art. 12 da IN SRF nº 243/2002, esta fiscalização refez os cálculos para a apuração dos preços parâmetros conforme determinado na mencionada Instrução Normativa." Daí em diante, a fiscalização limitase a descrever as etapas dos cálculos efetuados e dos ajustes apurados. Ou seja, a fiscalização não só deixou de indicar onde estaria a ilegalidade da conduta da impugnante limitandose a apontar a contrariedade a uma norma infralegal (a IN SRF nº 243/2002), como ainda deixou de analisar e descrever as supostas irregularidades observadas nos cálculos da impugnante. O dever de motivar os atos administrativos (gênero no qual se incluem os Autos de Infração) é tema incontroverso, dada a clareza do artigo 2º da Lei nº 9.784/99 (lei do Processo Administrativo Federal), a esse respeito. O próprio Decreto 70.235/72 (Processo Administrativo Fiscal) é explícito nesse sentido, ao tratar, em seu artigo 10, dos requisitos do Auto de Infração. Todavia, conforme já se disse, não se observa uma linha sequer no trabalho fiscal, dedicada à justificação e à demonstração de quais foram exatamente os critérios de apuração do preçoparâmetro, adotados pelo contribuinte, que afrontaram a lei. Este fato, por si só, já demonstra a fragilidade do Auto de Infração, de forma que a sua nulidade resta evidenciada independentemente de qualquer outra discussão. Da apuração do PRL60: fórmula prevista na Lei nº 9.430/96 (adotada pela impugnante) versus fórmula prevista na IN SRF Nº 243/2002 (base do Auto de Infração). A sistemática de cálculo pelo método PRL60 prevista na IN SRF nº 243/2002 é flagrantemente ilegal. Tal ilegalidade já foi reconhecida pela Receita Federal do Brasil e, ainda, o cálculo do método PRL60 segundo a IN SRF nº 243/2002 gera uma série de problemas e discrepâncias. · Comparação entre as sistemáticas para o PRL60 Conforme já mencionado, a maior diferença entre os cálculos preparados pela impugnante e os cálculos preparados pela fiscalização diz respeito à forma de cálculo do PRL60. De um lado, a impugnante utilizou a mecânica determinada pela Lei nº 9.430/96 e, de outro lado, a fiscalização utilizou a sistemática imposta pela IN SRF nº 243/2002, a qual carece de base legal. Fl. 16700DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 31/ 03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por ADRIANA GOMES REGO 14 Qualquer simulação de cálculos comprova que são diferentes os valores apurados por cada uma das sistemáticas, sendo que a efetuada com base na Lei nº 9.430/96 apresenta ajustes muito menores que a regulada pela IN SRF nº 243/2002. Instruções normativas são meras normas internas da Administração, que não possuem força de lei, não tendo, assim, o condão de criar direitos ou restrições aos contribuintes. A Constituição Federal (CF/88) dispôs, em seu artigo 5º, inciso II, acerca do princípio da legalidade. Em matéria tributária este princípio tornase ainda mais rígido, pelo que dispõe o artigo 150, inciso I, da CF/88, que veda à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios a exigência ou o aumento de tributo sem lei que o estabeleça. Tal principio é albergado, ainda, no artigo 97 do CTN. Assim, ao estabelecer nova forma de cálculo do PRL60, a IN SRF nº 243/2002 violou frontalmente o principio da estrita legalidade em matéria tributária. Diante disso, não podemos chegar à outra conclusão que não o cancelamento do presente Auto de Infração, tendo em vista o fato de a impugnante ter se utilizado da mecânica de cálculo do PRL60, conforme regulado pela Lei nº 9.430/96. · Fonte do método PRL60: eficácia plena da Lei nº 9.430/96 e o papel das instruções normativas Chamase "eficácia técnica" a aptidão de uma determina norma para produzir efeitos imediatos, regulando a conduta dos seus destinatários em termos definitivos. Essa eficácia técnica admite alguns graus, conforme a regra necessite ou não de outros enlaces normativos, de maior concretude, para produzir efeitos. Temse se assim, de acordo com esses graus, normas de eficácia plena, de eficácia limitada e de eficácia contida. No caso do artigo 18, inciso II, item 1, da Lei nº 9.430/96 (com a redação dada pela Lei nº 9.959/2000), é inequívoco que estamos diante de norma de eficácia plena. No caso da regra de PRL60, observase que, em nenhum momento, o legislador remete a uma integração posterior para que a norma possa ser plenamente aplicada; também não estabelece nenhuma autorização para que uma regulamentação venha a restringir os seus contornos préestabelecidos. Portanto, tratandose de norma plenamente eficaz, temse que sempre foi juridicamente possível a aplicação direta da lei, independentemente de qualquer integração que viesse a ser feita por instrução normativa. Aliás, encontrase exatamente aqui a justificativa para a ausência de motivação, pelo Auto de Infração, da suposta ilegalidade praticada pela impugnante na sua apuração do preçoparâmetro. Não o fez a fiscalização, porque não há como negar a plena consistência da conduta da impugnante perante a Lei. · Do reconhecimento da ilegalidade da IN SRF nº 243/2002 pela Secretaria da Receita Federal do Brasil e pelo Judiciário Fl. 16701DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 31/ 03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por ADRIANA GOMES REGO Processo nº 16561.720047/201139 Acórdão n.º 1301001.779 S1C3T1 Fl. 18 15 Destaquese que a própria Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) reconheceu a incompatibilidade entre a sistemática da IN SRF nº 243/2002 e da Lei nº 9.430/96. Isso porque, de acordo com a RFB, a nova fórmula de cálculo prevista pela IN SRF nº 243/2002 só seria válida a partir do anocalendário de 2002 (artigo 45 da IN SRF nº 243/2002). Se a RFB entendesse que a fórmula prevista pela IN SRF nº 243/2002 apenas reproduziria os termos da Lei nº 9.430, certamente teria declarado seu caráter interpretativo e aplicado a IN SRF nº 243/2002 para fatos pretéritos, o que não ocorreu. Mas não é só. Em 29 de dezembro de 2009, foi editada a Medida Provisória n° 478 (MP nº 478/2009), que pretendia introduzir uma grande evolução em matéria de preços de transferência. A referida MP não foi convertida em lei no prazo estipulado, mas no período em que vigorou, cujos efeitos se prolongam até hoje, trouxe boas contribuições às regras de preços de transferência. A exposição de motivos da MP nº 478/2009 torna claro o cenário estabelecido entre o Fisco e os contribuintes, notadamente nos casos em que os dispositivos aplicados pela fiscalização (como no presente caso) careciam de base legal. Vejamos o item 20 da Exposição de Motivos, que trata das inovações na seara de preços de transferência: "20. No tocante às regras de preços de transferência, a atual legislação, em grande parte baseada em Instrução Normativa expedida pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, vem sofrendo crescentes questionamentos na esfera administrativa, razão pela qual se faz necessária a adoção de medidas voltadas a propiciar maior eficácia ao controle de preços de transferência, tendo em vista a importância da matéria para a proteção da base tributária brasileira. 20.1. Visando instituir, em dispositivo legal, essas medidas que hoje constam apenas em Instrução Normativa, propõese a alteração da redação do art. 18 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, com o intuito de reduzir a litigiosidade que a matéria tem suscitado, garantindo maior eficácia aos controles de preços de transferência. (...) 20.3 Nesse sentido, o art. 9° altera o art. 18 da L ei nº 9.430, de 1996, de forma a instituir, em dispositivo com força de Lei, a metodologia de cálculo que permitirá às pessoas jurídicas sujeitas aos controles de preços de transferência e ao Fisco reconstituírem, com maior precisão, o valor pelo qual o bem, direito ou serviço importado de pessoas vinculadas, aplicados ou não à produção, teriam sido comercializados em condições de livre concorrência, tanto no caso de revenda de mercadoria quanto para as situações em que haja agregação de valor. (...)”. Da leitura dos trechos acima, verificase que o próprio legislador reconhece que grande parte das disposições em matéria de preços de transferência estão baseadas em instrução normativa e carecem de base legal, o que seria supostamente sanado pela MP nº 478/2009 e sua posterior conversão em lei. Fl. 16702DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 31/ 03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por ADRIANA GOMES REGO 16 Da análise desse texto legal, resta claro que o legislador procurou modificar a Lei nº 9.430/96, a fim de suportar em termos jurídicos a sistemática de cálculo da IN SRF nº 243/2002. Ou seja, tendo em vista que a MP nº 478/2009 não foi convertida em lei, é forçoso concluir que até os dias de hoje a IN SRF nº 243/2002 não possui base legal e que suas disposições são completamente distintas da redação do artigo 18 da Lei nº 9.430/96. A incompatibilidade entre a IN SRF nº 243/2002 e a Lei nº 9.430/96 já vem sendo discutida também na esfera judicial. Vejase decisão do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, nos autos do processo nº 2007.61.00.0340487/SP. · Dos problemas no cálculo do PRL60 segundo a IN SRF nº 243/2002 Como se não bastasse a flagrante ilegalidade da IN SRF nº 243/2002, o cálculo do PRL60 segundo a sistemática prevista na IN SRF nº 243/2002 gera uma série de problemas e erros lógicos, a seguir sintetizados: (1) Para a sistemática da IN SRF nº 243/2002, é mais interessante importar produto acabado do que produzir no Brasil. O cálculo do PRL60 proposto pela IN SRF nº 243/2002 prejudica a indústria nacional e incentiva a produção em outros países; (2) O cálculo do PRL60 proposto pela IN SRF nº 243/2002 possui erro lógico, que resulta em cálculo circular que incentiva a manipulação de preços; e (3) A IN SRF nº 243/2002 exige margem de lucro 150% sobre os custos não sujeitos ao controle de preços de transferência (itens nacionais e importados de terceiros). · Da legalidade da conduta do contribuinte Ainda que se parta da premissa de que a IN SRF nº 243/2002 não contraria o texto da Lei nº 9.430/96, não há como se extrair dessa premissa a conclusão de que seria ilegal a conduta da contribuinte, ao adotar método de apuração cuja fonte direta é a lei. Nessa linha, também não há como se sustentar a validade da autuação, pois deixou de demonstrar em que ponto a conduta da contribuinte afrontou a lei. Isto porque, não há dúvidas de que o entendimento empregado pela impugnante também configura uma das interpretações possíveis da lei. Tanto é verdadeiro que as instruções normativas anteriores (IN SRF nº 113/2000 e IN SRF nº 32/2001) a reproduziam com total fidelidade. Caso se defenda que a IN SRF nº 243/2002 não afronta a Lei, não se pode sustentar, por conseqüência lógica, que ela impede a aplicação da metodologia utilizada pela impugnante, estabelecida direta e literalmente por esta. Assim, ainda que atue no espectro semântico de uma das interpretações possíveis da lei, não pode a IN SRF nº 243/2002 afastar a faculdade dos contribuintes em continuar empregando a outra interpretação possível, decorrente de norma legal de eficácia plena. Diante disso, resta não resta dúvidas que o procedimento adotado pela impugnante está totalmente de acordo com o artigo 18 da Lei nº 9.430/96 e nunca poderia ser afastado sob o argumento de que uma instrução normativa melhor atende ao espírito do Lei. Fl. 16703DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 31/ 03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por ADRIANA GOMES REGO Processo nº 16561.720047/201139 Acórdão n.º 1301001.779 S1C3T1 Fl. 19 17 · Da possibilidade de a impugnante apresentar cálculos segundo outros métodos previstos em Lei Inexiste na legislação brasileira um método preferencial para aferição do preço de transferência. O nosso legislador facultou ao contribuinte a adoção do método que bem lhe aprouver, inclusive podendo adotar, para fins de dedução no lucro tributável, o método que lhe trouxer o maior valor, sempre limitado, todavia, ao preço da aquisição da operação transacionada. É o que se extrai da leitura do artigo 18, §§ 4º e 5º da Lei nº 9.430/96. Em outras palavras, é de livre escolha do contribuinte o método para aferição do preço de transferência, devendo, pois, a Administração restringir sua análise exclusivamente à averiguação do método escolhido pelo contribuinte e à comprovação do cálculo por ele realizado. Nesse contexto, e além de tudo o quanto exposto acima, a impugnante esclarece que está trabalhando na elaboração de cálculos dos eventuais ajustes que seriam realizados nas bases tributáveis do IRPJ e da CSLL conforme outros métodos previstos na Lei nº 9.430/96, ou seja, CPL (Custo de Produção mais lucro) e PIC (Preços Independentes Comparados). O objetivo de tais cálculos seria reforçar ainda mais a conclusão exposta ao longo da presente impugnação, qual seja: de que os cálculos efetuados pela fiscalização pelo método PRL60 com base na sistemática prevista pela IN SRF nº 243/2002 geraram ajustes ilegais, abusivos e inconsistentes nas bases tributáveis do IRPJ e da CSLL, quer se comparados com os ajustes realizados pela impugnante pelo método do PRL60 com base na sistemática da Lei nº 9.430/96, quer se comparados com os ajustes que seriam realizados pela impugnante conforme outros métodos previstos pela Lei nº 9.430/96. · Dos Tratados firmados entre o Brasil e os países de onde a impugnante importa os produtos que foram objeto de ajuste Conforme se verifica na DIPJ, a impugnante realiza grande volume de importações com pessoas residentes em paises com os quais o Brasil firmou Tratado para Evitar a Dupla Tributação, em especial, Espanha, China, Áustria, Itália, Canadá, México, Holanda, França, Bélgica e Argentina. Como é sabido, os acordos de bitributação prevalecem sobre as normas internas de direito tributário, consoante o artigo 98 do CTN. Por essa razão, os Estados Contratantes somente podem tributar uma determinada situação, se tal tributação não estiver vedada pelo acordo de bitributação. Pois bem. O artigo 9 "b", do acordo para evitar a bitributação firmado entre o Brasil e a Áustria, dispõe que: "Artigo 9 Empresas Associadas Quando: Fl. 16704DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 31/ 03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por ADRIANA GOMES REGO 18 (...) b) as mesmas pessoas participarem direta ou indiretamente da direção, controle ou capital de uma empresa de um Estado Contratante e de uma empresa do outro Estado Contratante, e em ambos os casos, as duas empresas estiverem ligadas, nas suas relações comerciais e financeiras, por condições aceitas ou impostas que difiram das que seriam estabelecidas entre empresas independentes, os lucros que, sem essas condições, teriam sido obtidos por uma das empresas, mas não o foram por causa dessas condições, podem ser incluídos nos lucros dessa empresa e tributados como tal". O texto acima transcrito uma reprodução do artigo 9º da Convenção Modelo da OCDE e também presente nos tratados firmado entre Brasil e todos os 10 países supracitados quer significar, no dizer da própria OCDE, que "não é autorizado qualquer ajuste nas contas de empresas associadas se as transações entre tais empresas se efetuaram em condições de um mercado aberto normal (em bases arm's length)’”. Nesse caso, poderia o Direito Brasileiro ajustar apenas e tão somente as transações que não respeitem o princípio "arm's length". Somente as transações que não obedeçam a esse princípio, segundo a interpretação oficial da OCDE, é que podem ser tributadas. Ou seja, ainda que se entendesse a título ilustrativo que a IN SRF nº 243/2002 pudesse majorar um tributo sem base legal, terseia de admitir que a sua aplicação estaria vedada em razão dos tratados, já que os mesmos determinam a observância do princípio do "arm's lenght". Não é demais ressaltar que os tratados assinados pelo Brasil não se interpretam conforme a legislação de qualquer dos Estados Contratantes, mas segundo as regras do Direito Internacional Público, consolidadas pela Convenção de Viena. Por conseguinte, o princípio "arm's length" não fica atado às normas brasileiras de preço de transferência, mas ao conceito que deflui do próprio acordo de bitributação. É por isso que, não tendo comprovado a fiscalização de que os preços e métodos adotados pela impugnante estariam em desacordo com o principio "arm's lenght", não se pode fazer aplicar a IN SRF nº 243/2002 em nenhuma hipótese. Em outras palavras, a fiscalização deveria ter comprovado que as transações efetuadas pela impugnante não obedeceram aos princípios do "arm's lenght" e, uma vez efetuada a devida prova, exigir tributos devidos com base nesse método. Tendo em vista a mais completa ausência de qualquer comprovação nesse sentido, resta claro que a exigência da fiscalização está em desacordo com os tratados firmados pelo Brasil e, portanto, o Auto de Infração deve ser cancelado. Da ilegítima inclusão dos valores relativos ao frete, seguro (preço CIF) e tributos no cálculo do preço praticado A fiscalização incorreu, ainda, em outro equivoco, qual seja, a inclusão de valores de frete, seguros e tributos incidentes na importação na determinação do preço praticado (cálculo CIF). Fl. 16705DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 31/ 03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por ADRIANA GOMES REGO Processo nº 16561.720047/201139 Acórdão n.º 1301001.779 S1C3T1 Fl. 20 19 Para sustentar sua posição, a Autoridade Fiscal valeuse do artigo 4º, § 4º, da IN SRF nº 243/2002. A base legal de tal dispositivo é o § 6º do artigo 18 da Lei nº 9.430/96, segundo o qual "Integram o custo, para efeito de dedutibilidade, o valor do frete e do seguro, cujo ônus tenha sido do importador e os tributos incidentes na importação" (destaques da impugnante). No entanto, a impugnante entende que a melhor interpretação dos supracitados dispositivos impõe que os valores de frete, seguro e tributos incidentes na importação sejam excluídos do preço praticado e, portanto, das regras que controlam os preços de transferência. Segundo a posição adotada pela impugnante, a única interpretação coerente é aquela que entende que referida norma não visa a incluir o frete, o seguro e os tributos incidentes na importação no cálculo dos preços de transferência, mas tãosomente integrálos ao custo para efeito de dedutibilidade para fins de cálculo do lucro real, como diz a própria lei. Justamente por essa razão é que o legislador fez constar a expressão "para efeito de dedutibilidade". Afinal, caso se tratasse de dispositivo que visasse apenas à inclusão dos valores de frete, seguro e tributos incidentes na importação para fins de aplicação dos métodos PIC, PRL e CPL, bastaria ao legislador registrar que tais valores integrariam o valor do bem segundo qualquer um desses métodos, sem qualquer menção à dedutibilidade. Da leitura do dispositivo percebese que mais do que dispor sobre os limites da dedutibilidade do custo da importação, o artigo 18 da Lei nº 9.430/2002 delimita a abrangência do controle das transações de importação, restringindo o controle às operações realizadas com as ditas pessoas vinculadas. Nesse sentido, as transações realizadas entre partes independentes e, portanto, reguladas exclusivamente por condições de livre mercado estariam, por determinação legal do caput do artigo 18 da Lei nº 9.430/2002, fora do escopo das regras de preço de transferência. Pois bem. As despesas de frete, seguro e tributos não decorrem de transações realizadas com a empresa vinculada, mas sim de operações com terceiros, empresas seguradoras, transportadoras e a própria Administração Federal, que não possuem vinculo de dependência com a empresa sediada no Brasil. Assim, na importação de produtos de empresas vinculadas, os valores de frete, de seguro e dos tributos incidentes sobre a importação estão fora do escopo das regras de preços de transferência. O fato é que tais custos resultam de transações com terceiros não vinculados, não se prestando a compor qualquer relação jurídica que decorra das regras de preços de transferência. Ademais, cumpre ressaltar que os custos envolvidos nas operações de frete, seguro e tributos, por decorrerem de relações entre partes não vinculadas, já seriam aferidos em condições de livre mercado (“arm's length”). Fl. 16706DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 31/ 03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por ADRIANA GOMES REGO 20 Nesse raciocínio, portanto, não fazem parte da relação tributária os custos decorrentes de operações praticadas por terceiros em condições de livre mercado. Os custos de frete, seguro e tributos, por decorrerem de operações com partes não vinculadas, não poderiam ser considerados na aferição do preço praticado. A conclusão em sentido contrário importa em flagrante equívoco na interpretação das regras de preço de transferência. É importante ressaltar, neste passo, que a própria RFB, na antiga IN SRF nº 38/97, entendia que o cálculo do preço praticado não envolveria, necessariamente, tais custos, sendo do contribuinte a faculdade em escolher se tais despesas seriam ou não acrescidas aos custos da operação de importação com a empresa vinculada. De fato, o § 4º do artigo 4º da IN SRF nº 38/97 previa que as despesas de transporte e seguro poderiam compor o cálculo do preço praticado na operação. Não é outro, aliás, o entendimento mais recente da Câmara Superior de Recursos Fiscais, manifestado em sessão realizada em 12 de setembro de 2011, no julgamento de Recurso Especial interposto nos autos do processo n° 16327.000966/200274. Ainda que se aceitasse que a regra do § 6º do artigo 18 da Lei nº 9.430 extrapolasse os limites do caput do dispositivo, a inclusão no preço praticado dos valores relativos a frete, seguro e tributos incidentes na importação somente seria válida se aplicável a todos os três métodos trazidos pelo artigo 18. Em verdade, constatado que para pelo menos um dos métodos a inclusão do frete, do seguro e dos tributos incidentes na importação no cálculo dos preços de transferência levaria a resultados absurdos, a conclusão não pode ser outra: a melhor interpretação do § 6º do artigo 18 da Lei nº 9.430/2002 é aquela que entende que não foi a intenção do legislador incluir o frete, o seguro e os tributos incidentes na importação no cálculo dos preços de transferência, mas tãosomente integrálos ao custo para efeito de dedutibilidade para fins de cálculo do lucro real, como diz a própria lei. Dai o legislador ter incluído a expressão "para efeito de dedutibilidade" no § 6º do artigo 18 da Lei nº 9.430/2002. Dessa forma, não resta dúvida de que a interpretação conferida pela Autoridade Fiscal ao artigo 18, § 6º da Lei nº 9.430/2002 e, conseqüentemente, ao artigo 4º, § 4º, da IN SRF nº 243/2002, não é a mais adequada e merece ser de pronto afastada. DA ILEGALIDADE DA INCIDÊNCIA DE JUROS SELIC SOBRE A PARCELA DA MULTA Ao analisar, de modo geral, a prática reiteradamente realizada pelas autoridades fiscais na lavratura de Autos de Infração, verificase que não é incomum a aplicação de juros SELIC sobre a parcela da multa cobrada, em descumprimento às determinações do artigo 61 da Lei nº 9.430/96. Em conformidade com o referido artigo, resta evidente que somente são admitidos os acréscimos moratórios referentes aos débitos decorrentes de tributos e contribuições, mas não sobre as penalidades pecuniárias. É o que corrobora a jurisprudência do antigo Conselho de Contribuintes e da Câmara Superior de Recursos Fiscais. Assim, na remota hipótese de ser mantido o lançamento aqui combatido, não há que se admitir a eventual futura incidência de juros sobre a parcela da multa de ofício. A DRJ/SÃO PAULO I, decidiu a matéria sintetizada no Acórdão 1646.589, de 14/05/2013, julgando improcedente a impugnação, tendo sido lavrada a seguinte ementa: Fl. 16707DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 31/ 03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por ADRIANA GOMES REGO Processo nº 16561.720047/201139 Acórdão n.º 1301001.779 S1C3T1 Fl. 21 21 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2006, 2007, 2008 ÁGIO. AMORTIZAÇÃO. FUNDAMENTO. RENTABILIDADE EM EXERCÍCIOS FUTUROS. FALTA DE COMPROVAÇÃO.INDEDUTIBILIDADE. Não comprovando a contribuinte que o ágio pago na aquisição e incorporação da empresa teve como fundamento rentabilidade em exercícios futuros, há que considerálo indedutível. AMORTIZAÇÃO ANTES DA INCORPORAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. O ágio (caso tenha como fundamento rentabilidade em exercícios futuros) só pode ser amortizado após a aquisição/incorporação da empresa. PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA. AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. Tendo sido o lançamento efetuado com observância dos pressupostos legais, incabível falar em nulidade do Auto de Infração. MÉTODO PRL. FRETE, SEGURO E TRIBUTOS. Na apuração dos preços praticados segundo o método PRL (Preço de Revenda menos Lucro), devese incluir o valor do frete e do seguro, cujo ônus tenha sido do importador, e os tributos incidentes na importação. MÉTODO PRL60. PREÇOSPARÂMETRO. ILEGALIDADE / INCONSTITUCIONALIDADE DA INSTRUÇÃO NORMATIVA. Não compete à esfera administrativa a análise da legalidade ou inconstitucionalidade de normas jurídicas. INSTRUÇÃO NORMATIVA. TRATADOS INTERNACIONAIS. COMPATIBILIDADE. A legislação brasileira implementa exatamente a regra do artigo 9º da Convenção Modelo da OCDE, na medida em que se aferem os preços de mercado e se calculam os ajustes apenas se os preços praticados se afastarem acima de um certo percentual (margem de divergência) das condições de mercado. UTILIZAÇÃO DE OUTROS MÉTODOS. A escolha do método mais favorável ao contribuinte é uma prerrogativa do contribuinte, mas não uma imposição à fiscalização, que, no caso, inclusive, manteve em seus cálculos o método adotado pela contribuinte. JUROS SOBRE MULTA DE OFÍCIO. Tratandose de aspecto que não faz parte da presente lide, concernente à cobrança do crédito tributário, a autoridade julgadora não se manifesta a respeito de juros sobre multa de ofício. CSLL. DECORRÊNCIA. O decidido quanto ao Imposto de Renda Pessoa Jurídica aplicase à tributação decorrente dos mesmos fatos e elementos de prova. É o relatório. Fl. 16708DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 31/ 03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por ADRIANA GOMES REGO 22 Fl. 16709DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 31/ 03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por ADRIANA GOMES REGO Processo nº 16561.720047/201139 Acórdão n.º 1301001.779 S1C3T1 Fl. 22 23 Voto Conselheiro Paulo Jakson da Silva Lucas O recurso voluntário é tempestivo e assente em lei. Dele conheço. O auto de infração de que trata o presente processo é concernente a duas acusações fiscais: I) glosa de despesas com amortização de ágio nos anos de 2006, 2007 e 2008; II) irregularidades nos ajustes de preços de transferência no ano calendário de 2006. DA AMORTIZAÇÃO DO ÁGIO Neste primeiro ponto importa reproduzir os seguintes trechos do voto recorrido: Da amortização do ágio no caso em tela A fiscalização glosou despesas com amortização de ágio decorrente da aquisição e incorporação da empresa GMK Eletrônica Ltda. pela contribuinte, por esta não comprovar, através de laudo de avaliação econômica da GMK (durante a ação fiscal, a contribuinte apresentou apenas Laudo de Avaliação Contábil), que a fundamentação econômica da mais valia era a rentabilidade em exercícios futuros, conforme alegado. O ágio em questão foi de R$ 26.162.399,65 (= R$ 35.000.000,00 R$ 8.837.600,35), tendo sido amortizado em parcelas de R$ 5.232.479,93 nos anos de 2006, 2007 e 2008 (1/60 ao mês). Quanto aos demais anos, a fiscalização nada menciona. Além de considerar totalmente indedutível o referido ágio, por não restar comprovada que era decorrente da expectativa de rentabilidade em exercícios futuros, a fiscalização observa que, como a incorporação da GMK deuse em 03/04/2006, nenhuma amortização relativa aos três primeiros meses de 2006 poderia ser efetuada. Assim, a amortização máxima em 2006 (se dedutível) seria de 9/60; no entanto, a contribuinte amortizou o montante equivalente a 12/60. Em sua impugnação, a contribuinte defende a dedutibilidade do ágio, reiterando que decorre de expectativa de rentabilidade em exercícios seguintes, e traz aos autos o “Laudo de Avaliação EconômicoFinanceira" da empresa GMK (doc. 03), que não havia sido apresentado durante a ação fiscal, datado de 31/03/2006. Ocorre que esse laudo não é hábil para comprovar que o ágio em questão teve por fundamento a previsão de rentabilidade em exercícios futuros. Isso porque, como bem argumenta a fiscalização, devese primeiro efetuar a alocação de ativos e passivos e o que sobrar é o “goodwill”, ou seja, o ágio por expectativa de rentabilidade futura seria parcela residual. Destaquese que essa metodologia é uma recomendação da CVM (contestada pela impugnante), mas, principalmente, é uma decorrência lógica da quantificação do preço a ser pago Fl. 16710DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 31/ 03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por ADRIANA GOMES REGO 24 (primeiro verificase quanto o investimento vale no presente e, depois, quanto se pode auferir de lucros no futuro). Esse entendimento, do qual compartilho, está devidamente esclarecido no Termo de Constatação, do qual extraímos os seguintes trechos: “IUDÍCIBUS, MARTINS E GELBCKE salientam que o ágio numa aquisição é a diferença do valor efetivamente pago e o patrimônio liquido da adquirida. Entretanto, o ágio não deve ser confundido com o “goodwill”, pois o ágio compõe também a diferença entre o valor de mercado e o valor patrimonial separadamente dos ativos tangíveis e intangíveis, sendo a sobra o “goodwill”. Portanto o ágio é muito mais amplo que o “goodwill”. (...) O ágio por expectativa de rentabilidade futura é parcela residual. A alocação de ativos e passivos é obrigatória e o que sobrar é o “goodwill”. Na medida em que o ágio pode ser desmembrado em partes distintas, conforme o respectivo fundamento econômico pertinente, a identificação da parcela que deverá ser alocada a cada um dos fundamentos econômicos não fica entregue à livre escolha do contribuinte. O lançamento do ágio "deverá" e não apenas "poderá" indicar o fundamento adequado. A alínea "a" do § 2º do artigo 20 do DecretoLei nº 1.598/77 estabelece que um dos possíveis fundamentos econômicos do ágio é o "valor de mercado de bens do ativo da coligada ou controlada superior ao custo registrado na sua contabilidade". Existindo essa diferença, a respectiva parcela deverá ser alocada a esses bens, de acordo com as regras pertinentes. Não fica à escolha da empresa adquirente procurar saber se existe ou não a diferença. Deverá proceder a uma avaliação a valor de mercado no momento da aquisição da participação e não o seu valor histórico que está na contabilidade da pessoa jurídica adquirida. (...) Se a coligada ou controlada possuir intangíveis identificados e fundo de comércio, cumpre ao contribuinte apurar o montante do ágio que lhes corresponda, de modo a sempre retratar adequadamente a realidade existente, guiado pela necessidade de saber o que é e quanto vale aquele determinado conjunto de bens incorpóreos. (...) Em suma, cabe ao contribuinte demonstrar, por meio de estudo idôneo, a teor do disposto no § 3º do artigo 20 do DecretoLei nº 1.598/77, que o valor do ágio lançado em sua contabilidade referese, em quantidade e qualidade, exclusivamente à rentabilidade futura da adquirida, o que não ocorre no presente caso”. Analisandose o referido laudo, verificase que a empresa de consultoria partiu exclusivamente de informações fornecidas pela empresa (não auditadas), e, adotando a metodologia do fluxo de caixa descontado, procurou demonstrar que o valor de mercado da GMK era superior ao seu valor contábil, justificando o pagamento de um ágio. Ocorre que, como não apurou se o valor de mercado dos bens corpóreos e do fundo de comércio e intangíveis identificáveis era superior ao seu valor contábil, esse laudo não se presta a demonstrar (e sequer comprovar) que o ágio em questão Fl. 16711DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 31/ 03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por ADRIANA GOMES REGO Processo nº 16561.720047/201139 Acórdão n.º 1301001.779 S1C3T1 Fl. 23 25 decorre exclusivamente da expectativa de rentabilidade em exercícios futuros (parcela remanescente, que não foi quantificada e pode até não existir). Dessa forma, não comprovada a existência de ágio decorrente da expectativa de rentabilidade em exercícios futuros, há que se considerar indedutível a sua amortização, mantendose a tributação correspondente. Aqui, insurgese a ora recorrente, em síntese, sob os seguintes argumentos: "[...] No curso do procedimento fiscalizatório que culminou com a lavratura do auto de infração de que ora se trata, a recorrente informou que o fundamento econômico do ágio contabilizado decorrente da aquisição da GMK era o valor de rentabilidade da empresa, com base em previsão dos resultados nos exercícios futuros, conforme disposto pelo art. 385, § 2º, II, do RIR/1999. Intimada a apresentar cópia do "Laudo de avaliação econômica do patrimônio da GMK Eletrônica Ltda, que demonstre o valor atribuído à expectativa de rentabilidade futura da empresa adquirida" (v. Termo de Intimação 02/2011), a Recorrente apresentou à D. Fiscalização cópia do Laudo de Avaliação Contábil, datado de 03/04/2006, o qual, contudo, foi considerado insuficiente pela D; Fiscalização. ... Ademais, a D. Fiscalização fez digressões a partir de literatura contábil e de Instruções emanadas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que são aplicáveis tão somente a companhias abertas, o que não é o caso da Recorrente, no sentido de que apenas a parcela do ágio pago na aquisição de investimento remanescente após a alocação a ativos e passivos poderia ser tratada como "goodwill" e, portanto, amortizada para fins fiscais. ... Conclui a recorrente, neste tópico, aduzindo que nos termos do art. 20 do DL 1.598/77 (art. 385 do RIR/99), o ágio resultante do desdobramento do custo de aquisição da participação societária avaliada pelo patrimônio líquido deve estar precisamente fundamentado em qualquer das razões nos dispositivos referidos. E, mais, tanto o ágio fundamentado pela mais valia dos ativos, quanto o ágio fundamentado em rentabilidade futura, deverá ser baseado em demonstração que o contribuinte arquivará como comprovante da escrituração. Não há na lei exigência da forma, mas, sim, na substância da fundamentação. Aduz, mais: De todo modo, é indiscutível que, tendo havido pagamento de ágio pela Recorrente quando da aquisição da GMK, o tratamento fiscal da incorporação desta pela primeira possui sua matriz normativa na regra especial contida no art. 386 do RIR/99. [...] Como se vê, com objetivo de "salvar" o Auto de Infração, o D. Julgador a quo alterou o critério jurídico do lançamento, violando o disposto no art. 146 do CTN." Fl. 16712DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 31/ 03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por ADRIANA GOMES REGO 26 Diante dos fatos relatados e elementos juntados aos autos, cumpre perquirir sobre o direito à amortização do ágio decorrente da aquisição e incorporação da empresa GMK, considerando os motivos da acusação fiscal e os argumentos da defesa. Neste tópico a acusação fiscal diz respeito a indedutibilidade do ágio por falta de comprovação, através de laudo de avaliação econômica da empresa GMK fundamentando a mais valia com base em expectativa de rentabilidade em exercícios futuros e, também, pelo fato da amortização ter se iniciado antes da incorporação efetuada. O ágio em análise, segundo a própria recorrente, teve por fundamento a rentabilidade futura, contudo, só apresenta à fiscalização um "Laudo de Avaliação Contábil" de 03/04/2006, elaborado para fins de incorporação do patrimônio da empresa GMK. Constatase que o valor pago pelas cotas da GMK foi fixado em R$ 35.000.000,00. O Balanço contábil levantado na data do fechamento da transação apurou que o patrimônio líquido da adquirida era de R$ 8.837.600,35. Do confronto entre o montante pago e o valor contábil da empresa adquirida, surgiu o ágio, contabilizado no Ativo Permanente da investidora, o qual foi amortizado em parcelas de R$ 5.232.479,93 nos anos de 2006, 2007 e 2008. Como bem assentado no voto recorrido, a evidenciação do fundamento econômico do ágio na contabilidade encontrase prevista no artigo 20 do DecretoLei nº 1.598/77, transcrevese: Art 20 O contribuinte que avaliar investimento em sociedade coligada ou controlada pelo valor de patrimônio líquido deverá, por ocasião da aquisição da participação, desdobrar o custo de aquisição em: I valor de patrimônio líquido na época da aquisição, determinado de acordo com o disposto no artigo 21; e II ágio ou deságio na aquisição, que será a diferença entre o custo de aquisição do investimento e o valor de que trata o número I. § 1º O valor de patrimônio líquido e o ágio ou deságio serão registrados em subcontas distintas do custo de aquisição do investimento. § 2º O lançamento do ágio ou deságio deverá indicar, dentre os seguintes, seu fundamento econômico: a) valor de mercado de bens do ativo da coligada ou controlada superior ou inferior ao custo registrado na sua contabilidade; b) valor de rentabilidade da coligada ou controlada, com base em previsão dos resultados nos exercícios futuros; c) fundo de comércio, intangíveis e outras razões econômicas. § 3º O lançamento com os fundamentos de que tratam as letras a e b do § 2º deverá ser baseado em demonstração que o contribuinte arquivará como comprovante da escrituração. Do disposto nesse artigo, destacase que o contribuinte que avaliar investimento em sociedade coligada ou controlada, pelo valor de patrimônio líquido, e apurar ágio deve fundamentar o lançamento do ágio, entre três alternativas, dentre as quais: o valor de rentabilidade da coligada ou controlada, com base em previsão dos resultados nos exercícios Fl. 16713DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 31/ 03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por ADRIANA GOMES REGO Processo nº 16561.720047/201139 Acórdão n.º 1301001.779 S1C3T1 Fl. 24 27 futuros; ou fundo de comércio, intangíveis e outras razões econômicas. E na hipótese do fundamento econômico do ágio ser o valor de rentabilidade da coligada ou controlada, com base em previsão dos resultados nos exercícios futuros, este deve estar apoiado em demonstração que o contribuinte arquivará como comprovante de escrituração. Com a edição da Lei nº 9.532, de 1997, artigo 7º, novas regras foram estabelecidas nas hipóteses de incorporação, fusão ou cisão. A pessoa jurídica que absorver patrimônio de outra, em virtude de incorporação, na qual detenha participação acionária adquirida com ágio cujo fundamento econômico for o valor de rentabilidade da coligada ou controlada, com base em previsão dos resultados nos exercícios futuros pode amortizar a mais valia nos balanços correspondentes de apuração do lucro real, levantados posteriormente à incorporação, à razão de 1/60 no máximo, para cada mês do período de apuração. Devese destacar que para efeitos fiscais, nos termos do art. 20 e incisos I e II, do DL 1.598/77, acima transcrito, ágio ou deságio na aquisição é a diferença entre o custo de aquisição do investimento e o valor do patrimônio líquido na época da aquisição determinado de acordo com o disposto no art. 21 do mesmo Decreto, que trata da avaliação do investimento no Balanço. O mesmo art. 20 desse Decreto, segundo seu § 2º, expressa que o lançamento do ágio ou deságio deverá indicar, dentre os seguintes, seu fundamento econômico: valor de mercado de bens do ativo da coligada ou controlada superior ou inferior ao custo registrado na sua contabilidade; valor da rentabilidade da coligada ou controlada, com base em previsão dos resultados nos exercícios futuros; fundo de comércio, intangíveis e outras razões econômicas. Depreendese, de toda legislação referida, que o ágio por expectativa de rentabilidade futura é parcela residual. A alocação de ativos e passivos é obrigatória e o que sobrar é o “goodwill”. Na medida em que o ágio pode ser desmembrado em partes distintas, conforme o respectivo fundamento econômico pertinente, a identificação da parcela que deverá ser alocada a cada um dos fundamentos econômicos não fica entregue à livre escolha do contribuinte. O lançamento do ágio "deverá" e não apenas "poderá" indicar o fundamento adequado. Em suma, cabe ao contribuinte demonstrar, por meio de estudo idôneo, a teor do disposto no § 3º do artigo 20 do DecretoLei nº 1.598/77, que o valor do ágio lançado em sua contabilidade referese, em quantidade e qualidade, exclusivamente à rentabilidade futura da adquirida, o que não ocorre no presente caso. Ou seja, de se observar que a rentabilidade futura deve ser passível de ser verificada no caso concreto, o que fica prejudicado quando não se tem sua fundamentação econômica, notadamente por ocasião da transação, pactuação do negócio. Portanto, não há o que se falar em alteração de critério jurídico. Fl. 16714DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 31/ 03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por ADRIANA GOMES REGO 28 No caso, somente em momento posterior à Fiscalização, quando da impugnação ao auto, é que foi apresentado laudo que atesta a expectativa de rentabilidade futura (Fluxos de Caixa Descontado) da GMK, sendo que tal documento é datado de 31/03/2006, ou seja, em momento posterior à fixação do preço da aquisição da GMK pela Alcatel, datada de 31/12/2005. Tratase de documento intitulado Laudo de Avaliação Econômico Financeira na data base de dezembro de 2005, elaborado por Planned Consultoria. Enfim, não há nos autos laudo que comprove o fundamento e o valor do ágio contabilizado por ocasião da pactuação de dezembro de 2005. A contemporaneidade do laudo às operações que fundamenta é requisito lógico formal do aproveitamento de eventual ágio pago. Assim, não demonstrado que o ágio enquadrase na hipótese prevista na alínea "b" do § 2º do artigo 20 do DecretoLei nº 1.598/77, imperioso concluir pela inadmissibilidade das respectivas amortizações, levadas a efeito nos anos de 2006, 2007 e 2008, inclusive no que diz respeito às reduções da base de cálculo da CSLL, em conformidade com o preceituado no artigo 57 da Lei nº 8.981/95. Com relação a alegação de postergação de pagamento onde a recorrente invoca os fundamentos do Parecer Normativo Cosit 2/96, reproduzo a conclusão da decisão recorrida, a qual adoto como razões de decidir. Como se pode depreender mediante a leitura atenta do trecho reproduzido acima, toda a discussão se estabelece em torno da postergação de pagamento de tributo, ou seja, quando ocorrer que uma parcela do tributo, que deveria ser paga num determinado período base, é efetiva e espontaneamente paga em períodobase posterior, anterior ao lançamento de ofício, conforme entendimento firmado nos itens 6.1 e 6.2 do PN Cosit 2/96. E isso não ocorreu no caso em tela, visto que, conforme DIPJ/2012 (em anexo), a contribuinte apurou, no anocalendário de 2011, prejuízo fiscal (Ficha 09A) e base de cálculo negativa da CSLL (Ficha 17), e não efetuou qualquer pagamento de tributo, seja na apuração anual, seja a título de estimativa. Dessa forma, agiu bem a fiscalização em glosar a amortização relativa aos 3 primeiros meses de 2006, correspondente ao montante de R$ 1.308.119,98 (3/60 de R$ 26.162.399,65), sem considerar a existência de postergação. Em complemento à posição aqui demonstrada, cabe, ainda, ressaltar as considerações trazidas nas contrarrazões apresentadas, para o caso em estudo, pela Procuradoria da Fazenda Nacional, a saber: Tal conclusão da Fiscalização decorre não apenas da análise feita do laudo apresentado, como pode ser alcançada a partir da leitura do Contrato de Compra e Venda de Cotas da GMK Eletrônica Ltda., em que se verifica a estipulação de preço cheio pela aquisição (R$ 35 milhões), nada mencionando sobre segregação do preço pago entre patrimônio líquido e ágio. No Contrato de Compra e Venda da GMK não há, igualmente, qualquer alusão a estudo ou laudo contemporâneo que justificasse o pagamento a título de ágio. Ora, da mesma forma que não é qualquer sobrepreço pago na aquisição de um investimento que se traduz como ágio, não é todo ágio pago que gera o direito à sua amortização. Fl. 16715DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 31/ 03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por ADRIANA GOMES REGO Processo nº 16561.720047/201139 Acórdão n.º 1301001.779 S1C3T1 Fl. 25 29 Para que a amortização de parcelas pagas a título de ágio seja juridicamente lícita e oponível ao Fisco, é necessária a observância de certos requisitos previstos na legislação. Com efeito, o § 2º artigo 385 do RIR/99 elenca os fundamento econômicos que justificam o pagamento de ágio, são eles: 1. valor de mercado de bens do ativo da coligada ou controlada superior ou inferior ao custo registrado na sua contabilidade; 2. valor de rentabilidade da coligada ou controlada, com base em previsão dos resultados nos exercícios futuros; e 3. fundo de comércio, intangíveis e outras razões econômicas. Ocorre que, somente o ágio pago com fundamento número 2, chamado de ágio por expectativa de rentabilidade futura, permite a amortização dos valores pagos a este título. Ágios pagos com fundamento nos itens 1 e 3 não geram direito à amortização, nos termos do art. 386 do RIR/99. ... Ocorre, entretanto, que a circunstância de ter sido fixado um preço fechado à aquisição da GMK pela Alcatel afasta qualquer hipótese de que a fundamentação do ágio tenha sido expectativa de rentabilidade futura. Mas não é só! Somente em momento posterior à Fiscalização, quando da impugnação ao auto, é que foi apresentado laudo que atesta a expectativa de rentabilidade futura (Fluxos de Caixa Descontado) da GMK, sendo que tal documento é datado de 31/03/2006, ou seja, em momento posterior à fixação do preço da aquisição da GMK pela Alcatel, datada de 31/12/2005. O laudo que consta dos autos não se presta a fundamentar expectativa de rentabilidade em operação de aquisição, cujo valor fechado foi estipulado 3 meses antes. Para que a amortização ocorra, com os efeitos tributários previstos pela Lei nº 9.532/97, é preciso demonstração, feita por meio de documentação técnica, demonstrando que o ágio está sendo pago com fundamento na previsão dos resultados futuros da investida. Apresentando, então, verdadeira natureza de norma contábil tributária, vêse que o Art. 20, § 3º do Decreto Lei nº 1.598, de 1977 estabelece que o lançamento contábil do ágio deve indicar a razão econômica que levou o seu pagamento, a qual, por seu turno, deve estar demonstrada em um documento arquivado na contabilidade da empresa. Em face dessa norma, temse, então, a necessidade da vontade econômica que levou ao pagamento de um ágio ser comprovada em um documento elaborado antes do seu efetivo desembolso. Por certo, tendo o artigo 20, § 3º determinado que o lançamento do ágio deve registrar o fundamento econômico, e que essa justificativa deve estar arquivada na contabilidade da empresa, não há como imaginar que o documento que ateste a razão econômica de um ágio seja elaborado após a estipulação de seu valor (3 meses após!). Além do que prevê a norma, a anterioridade do laudo econômico ao pagamento do ágio também decorre de uma questão de ordem lógica. Fl. 16716DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 31/ 03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por ADRIANA GOMES REGO 30 Com efeito, a anterioridade que deve existir do documento que atesta o fundamento econômico do ágio ao seu efetivo pagamento, em que pese não estar expressamente prevista na lei, decorre de uma estrutura lógica que se impõe à realização dos atos negociais que propiciam o surgimento de um ágio. Sendo o ágio fruto de uma negociação, onde uma parte adquire de outra um bem (participação societária), a ordem necessária dos fatos é que a parte adquirente estude o seu interesse no bem antes do negócio ser fechado. Imaginar o contrário, seria admitir que a parte adquiriu o bem e depois analisou se tinha interesse na compra já realizada. O ato existiria antes da vontade. Um absurdo! Assim, numa operação pela qual uma participação societária é adquirida, a razão econômica que justifica o preço cobrado/pago necessariamente deve anteceder o seu efetivo desembolso. Em face de um negócio realizado, o estabelecimento entre as partes do valor envolvido indispensavelmente antecede a sua circulação. Não há como pensar o contrário. Admitir que, na realização de um negócio, a efetiva circulação de riquezas entre as partes possa anteceder a razão econômica que levou ao estabelecimento do valor que seria recebido/pago, significa afastar, em última análise, a regra fundamental da Economia: o binômio oferta/demanda. A demanda não mais influenciará o preço de bens negociáveis, haja vista que ela ocorreria depois do pagamento. Com efeito, os pagamentos seriam feitos sem qualquer razão econômica. Em momento posterior, as partes iriam analisar os seus reais interesses na persecução do negócio já firmado. Portanto, a anterioridade do laudo econômico é tanto uma imposição de ordem contábil, imposta pela norma, assim como uma questão de ordem lógica, pois se assim não ocorrer, não há como imaginar a ocorrência dos fatos. ... Neste passo, haja vista o que até aqui foi exposto, demonstrase que, para o reconhecimento da dedutibilidade de um ágio nos termos dos artigos 385 e 386 do RIR/99 (cuja redação reflete as exigências já existentes no art. 20, § 3º do Decreto Lei nº 1.598, de 1977), esse ágio deve ter se pautado na rentabilidade futura da participação societária adquirida. E, para a aferição dessa razão econômica, deve o documento que a atesta ter sido elaborado antes da pactuação ou do efetivo pagamento da “mais valia” a que se refere. Assim sendo, não há reparos a serem feitos no lançamento quanto à glosa da despesa com ágio, por terem sido levadas a termo pela Contribuinte em clara afronta aos requisitos legais que regem a matéria, sobretudo por ter iniciado a amortização antes mesmo de a Alcatel incorporar a GMK. Aduz a recorrente que as regras emanadas pela CVM (Instrução CVM 247/96) somente vinculam companhias abertas, o que não é o seu caso. Observo que, na realidade o fato é que a autoridade fiscal fundamentou suas conclusões tanto na teoria da contabilidade quanto nas normas fiscais. Sob o primeiro fundamento, buscou suporte na doutrina contábil com base em pronunciamentos da CVM, bem como pronunciamento técnico do CPC (Comitê de Pronunciamento Contábil). Entendo que a nota da CVM apenas proclama o óbvio, seja em termos jurídicos, contábeis ou econômicos, deixando nua a falta de substância das operações societárias realizadas com o único intuito de Fl. 16717DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 31/ 03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por ADRIANA GOMES REGO Processo nº 16561.720047/201139 Acórdão n.º 1301001.779 S1C3T1 Fl. 26 31 gerar ágios artificialmente, unicamente com vistas à redução da carga tributária, situação não amparada pela lei. Não há, portanto, qualquer desrespeito ao princípio da legalidade ou inovação. Pelo contrário, há a defesa da lei. Inclusive reafirmo que a menção feita no Relatório da Ação Fiscal à Ofício Circular da CVM não serviu de fundamento ao Auto de Infração, que, como não poderia deixar de ser, apontou os dispositivos legais frontalmente atingidos. IRREGULARIDADES NOS AJUSTES DE PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA NO ANO CALENDÁRIO DE 2006 Aqui, insurgese a recorrente alegando, (I) nulidade do auto de infração por ausência de motivação, uma vez que não há justificação e a demonstração de quais foram exatamente os critérios de apuração do preço parâmetro adotados pela Recorrente que teriam afrontados a Lei, e (II): O que se observa é que a suposta dedutibilidade indevida de custos de mercadorias importadas no ano calendário de 2006 e as diferenças entre os cálculos da D. Fiscalização e os cálculos da Recorrente (ambos realizados com base no PRL60) decorrem da: utilização da sistemática da Lei 9.430/96 para o calculo segundo o método PRL60 por parte da Recorrente, ao passo que a D. Fiscalização adotou a sistemática da Instrução Normativa 243/2002 para determinar o preço parâmetro segundo o mesmo método PRL60; e da inclusão, pela D. Fiscalização, das parcelas de frete, seguro e imposto de importação no preço praticado. Inicio pela análise da alegada nulidade. De fato, como bem assinalado no voto recorrido, analisandose os autos do presente processo, observase que a fiscalização, não desqualificou o método adotado pela contribuinte (PRL60); pelo contrário, adotando esse mesmo método, apenas refez os cálculos dos ajustes de preços de transferência, obedecendo a legislação que entendeu aplicável ao caso, (IN/SRF 243/2002) apurando ajustes maiores que os calculados pela contribuinte e autuando a diferença. Em apertada síntese, a recorrente alega, que o auto de infração com base nos ajustes de cálculos feitos pela Autoridade Fiscal segundo a metodologia da IN SRF 243/2002 está eivado de nulidade pela ausência de motivação o que viola os princípios do contraditório e ampla defesa. Aduz, ainda, que o pedido formulado pela Recorrente é para que se reconheça a invalidade do lançamento, tendo em vista que este diverge da fórmula para cálculo de preço parâmetro prevista na Lei 9.430/96. Neste ponto, entendo que, a autuação teve por base a legislação brasileira vigente à época dos fatos, a qual implementa exatamente a regra do artigo 9º do Acordo para evitar a dupla tributação (Tratados Internacionais), na medida em que se aferem os preços de mercado (com relação à importação, segundo os métodos PRL, PIC ou CPL – no caso, o PRL60) e se calculam os ajustes apenas se os preços praticados se afastarem acima de um certo percentual (margem de divergência) das condições de mercado, nos termos do caput do artigo 18 da Lei nº 9.430/96 e dos artigos 5º e 38 da IN SRF nº 243/2002, in verbis: Fl. 16718DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 31/ 03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por ADRIANA GOMES REGO 32 (Lei nº 9.430/96) “Art. 18. Os custos, despesas e encargos relativos a bens, serviços e direitos, constantes dos documentos de importação ou de aquisição, nas operações efetuadas com pessoa vinculada, somente serão dedutíveis na determinação do lucro real até o valor que não exceda ao preço determinado por um dos seguintes métodos: (...) § 4º Na hipótese de utilização de mais de um método, será considerado dedutível o maior valor apurado, observado o disposto no parágrafo subseqüente. § 5º Se os valores apurados segundo os métodos mencionados neste artigo forem superiores ao de aquisição, constante dos respectivos documentos, a dedutibilidade fica limitada ao montante deste último. (IN SRF nº 243/2002) “Art. 5º Após apurados por um dos métodos de importação, os preços a serem utilizados como parâmetro, nos casos de importação de empresas vinculadas, serão comparados com os constantes dos documentos de aquisição. § 1º Se o preço praticado na aquisição, pela empresa vinculada domiciliada no Brasil, for superior àquele utilizado como parâmetro, decorrente da diferença entre os preços comparados, o valor resultante do excesso de custo, despesas ou encargos, considerado indedutível na determinação do lucro real e da base de cálculo da CSLL, será ajustado contabilmente por meio de lançamento a débito de conta de resultados acumulados do patrimônio líquido e a crédito de: I conta do ativo onde foi contabilizada a aquisição dos bens, direitos ou serviços e que permanecerem ali registrados ao final do período de apuração; ou II conta própria de custo ou de despesa do período de apuração, que registre o valor dos bens, direitos ou serviços, no caso de já terem sido baixados da conta de ativo que tenha registrado a sua aquisição. (...) § 5º Se o preço praticado na aquisição pela empresa vinculada, domiciliada no Brasil, for inferior àquele utilizado como parâmetro, nenhum ajuste com efeito tributário poderá ser efetuado”. “Art. 38. Será considerada satisfatória a comprovação, nas operações com empresas vinculadas, quando o preço ajustado, a ser utilizado como parâmetro, divirja, em até cinco por cento, para mais ou para menos, daquele constante dos documentos de importação ou exportação. Parágrafo único. Nessa hipótese, nenhum ajuste será exigido da empresa na apuração do imposto de renda, e na base de cálculo da CSLL”. Fl. 16719DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 31/ 03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por ADRIANA GOMES REGO Processo nº 16561.720047/201139 Acórdão n.º 1301001.779 S1C3T1 Fl. 27 33 Como se vê tratase de norma dirigida ao contribuinte, que impõe um limite de dedutibilidade dos custos, despesas e encargos relativos a bens e serviços e direitos importados em operações com pessoa vinculada, e facultalhe apurar esse limite por um dos três métodos expressos na lei, assegurandolhe o direito de optar pelo mais favorável. A fiscalização só efetuou os cálculos pelo Método PRL, nos termos da IN SRF 243/2002, para os itens sujeitos a ajustes. E para esses itens, a fiscalização deve apurar o ajuste por um dos métodos previstos na lei, a partir dos elementos de que disponha, não estando obrigada a testar todos e utilizar o que implique menor ajuste, ou ainda, desqualificar os cálculos da contribuinte, apenas apurar as diferenças pelo método que entender aplicável. É muito importante perceber que a aplicação do artigo 18, II, da Lei nº 9.430/96 não é compatível com interpretações “literais”, considerando a finalidade pretendida pelo legislador: tratase de norma antielisiva, que pretende abarcar uma ampla gama de negociações entre particulares. Nesta linha, com o devido respeito aos que pensam em contrário, a interpretação trazida pela Instrução Normativa SRF nº 243, de 2002, é a que melhor traduz os comandos estampados no art. 18 da Lei nº 9.430/96, vez que revela com maior precisão o objetivo almejado pelo referido diploma legal. A primeira conclusão a que se chega quanto ao tema, e que não pode ser olvidada em nenhum momento nesta análise, consiste no fato de que a fórmula de cálculo deve ser capaz de apurar o preço parâmetro do bem importado insumo no caso considerado individualmente e no limite da margem de lucro legalmente estabelecida. Com efeito, as regras de preços de transferência, introduzidas no ordenamento jurídico pátrio por meio da já citada Lei nº 9.430, de 1996, objetivam impedir que, por meio de artifícios, rendas que deveriam permanecer no país sejam transferidas para o exterior. Tratandose de operações de importação de bens, serviços e direitos, tais transferências poderiam se dar por meio de superfaturamento, em que os custos seriam artificialmente majorados. A diferença entre o custo majorado e o que seria incorrido em uma operação sem artificialismos revela o montante da renda que, indevidamente, está sendo remetido ao exterior. O que, no parágrafo anterior, denominouse CUSTO INCORRIDO SEM ARTIFICIALISMOS, nada mais é que o PREÇO PARÂMETRO almejado pela lei a partir do estabelecimento de métodos matemáticos. Repetindo minha convicção para o caso em estudo, em que me filio a linha de pensamento vitoriosa em diversos debate aqui nesta mesma Turma de Julgamento, por exemplo, Acórdão 1301001.056, Sessão de 02/10/2012, do qual transcrevo a seguir seus fundamentos como razão de decidir, por entender que suas conclusões definem melhor a matéria. Registrese, como reforço, a existência de contrarrazões apresentadas pela PFN. "Observase que, no método em debate (PRL 60), o legislador partiu do preço de revenda para chegar ao custo. Assim, parece razoável que se possa buscar a expressão matemática do preço parâmetro por meio do caminho inverso, isto é, através dos elementos formadores do preço. Em elevada sintetização, a formação de preços consiste em um processo de acumulação de custos, acrescida de uma margem de lucro. Admitida uma liberdade Fl. 16720DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 31/ 03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por ADRIANA GOMES REGO 34 terminológica, isto é, abandonado o rigor dos conceitos próprios da teoria econômica, podese afirmar que o preço praticado por determinada unidade produtiva resulta da soma dos custos totais incorridos no processo produtivo, incluídos aí a remuneração dos fatores de produção (valor agregado), acrescidos de uma margem de lucro. A grosso modo, o preço de venda (PV) de um determinado produto poderia ser assim determinado: PV = custo de importação dos insumos + custo incorrido no processo produtivo (remuneração de fatores = valor agregado) + impostos, descontos incondicionais, comissões, etc. (despesas fixas e variáveis) + margem de lucro. No caso da aplicação do método do Preço de Revenda menos Lucro o insumo importado utilizado no processo produtivo, o preço parâmetro representa o custo de importação livre dos elementos previstos na lei como integrantes do preço de revenda. Daí que se considera esse preço de revenda diminuído dos descontos incondicionais; dos impostos e contribuições incidentes sobre as vendas; das comissões e corretagens pagas; da margem de lucro fixada pela lei (60% sobre o preço de revenda após deduzidos os descontos incondicionais, os impostos e contribuições incidentes sobre as vendas e as comissões e corretagens pagas); e do valor agregado do país. Exprimindo matematicamente esta primeira análise, teríamos: PP = PR – C/D – ML (PR – C/D) – VA Onde: PP = Preço Parâmetro; C/D = Custos e Despesas previstos na lei; ML = Margem de Lucro VA = Valor Agregado Considerando “PR – C/D” como Preço Líquido de Revenda (PLV), teríamos: PP = PLV – ML (PLV) – VA Vêse, pois, que, na metodologia do PRL, a determinação do preço parâmetro parte do preço de revenda para, excluindo os elementos formadores deste mesmo preço (custos e despesas incorridos; margem de lucro; e valor agregado) chegar ao valor de comparação estipulado pela lei. Noutra vertente, utilizandose a mesma nomenclatura acima, o preço parâmetro também poderia ser expresso da seguinte forma: PP = PLV – ML (PLV – VA) ou PP = PLV – ML (PLV) + ML (VA) Notese que, neste caso, o preço de comparação (preço parâmetro), que deveria representar o preço de revenda diminuído dos seus elementos formadores, passa a ser o preço de revenda diminuído dos custos e despesas incorridos e da margem de lucro incidente sobre ele, porém, acrescido da margem de lucro incidente sobre o valor agregado, o que, à evidência, revela artificialismo na sua determinação e desvio em relação ao pretendido pela lei. Fl. 16721DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 31/ 03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por ADRIANA GOMES REGO Processo nº 16561.720047/201139 Acórdão n.º 1301001.779 S1C3T1 Fl. 28 35 Como reforço à interpretação aqui expendida, segue, abaixo, pronunciamento do Ilustre Conselheiro Leonardo Andrade do Couto (acórdão nº 110200.610, de 23 de novembro de 2011), que, escudandose em estudo feito pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, naquilo que importa reproduzir, assinalou: [...] Em recente trabalho sobre o tema, a PGFN justifica o porquê da apuração nos termos supra estipulados em detrimento à sistemática suscitada pelo sujeito passivo, e esclarece que pela leitura do art. 18, da Lei nº 9.430/96 já se poderia chegar a essa conclusão: É importante ressaltar, nesse passo, que a fórmula mencionada pode ser extraída da leitura do art. 18 da Lei nº 9.430/96, considerando a falta de clareza na redação do item 1 do inciso II, in verbis: II Método do Preço de Revenda menos Lucro PRL: definido como a média aritmética dos preços de revenda dos bens ou direitos, diminuídos: a) dos descontos incondicionais concedidos; b) dos impostos e contribuições incidentes sobre as vendas; c) das comissões e corretagens pagas; d) da margem de lucro de: 1. sessenta por cento, calculada sobre o preço de revenda após deduzidos os valores referidos nas alíneas anteriores e do valor agregado no País, na hipótese de bens importados aplicados à produção; De fato, é possível interpretar o texto legal no sentido de que o parâmetro seria obtido a partir da “média aritmética dos preços de revenda dos bens ou direitos, diminuídos (i) dos descontos incondicionais concedidos, (ii) dos impostos e contribuições incidentes sobre as vendas, (iii) das comissões e corretagens pagas, (iv) da margem de lucro de sessenta por cento, e (v) do valor agregado no País”. A margem de lucro de sessenta por cento, por sua vez, seria calculada exclusivamente “sobre o preço de revenda após deduzidos os valores referidos nas alíneas anteriores”. Nesse sentido, vale transcrever as observações de Ricardo Marozzi Gregório acerca da falta de clareza do texto legal: “Neste ponto, um importante aspecto deve ser observado. Tratase da falta de clareza do texto introduzido no item “1” da nova alínea “d”. Com efeito, afirmase que a margem de lucro de 60% deve ser “calculada sobre o preço de revenda após deduzidos os valores referidos nas alíneas anteriores e do valor agregado no País” Ora, uma primeira leitura deste trecho faz pressupor que houve erro gramatical na utilização da preposição “de” juntamente com o artigo “o” antes da expressão “valor agregado”. Assim, para que ficasse gramaticalmente correta, ao invés de “do valor agregado” deveria se assumir que a lei quis dizer “o valor agregado”. [...] Quanto à primeira investigação, já se mencionou que uma possível premissa para a interpretação da falta de clareza do texto introduzido no item “1” da nova alínea “d” do artigo 18, inciso II, da Lei nº 9.430/96, é a aceitação de que houve Fl. 16722DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 31/ 03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por ADRIANA GOMES REGO 36 um erro gramatical na utilização da preposição “de” juntamente com o artigo “o” antes da expressão “valor agregado”. Pois bem, uma outra possível premissa é a que sustenta que não houve erro gramatical, mas técnica redacional inapropriada. Para melhor esclarecimento, vale a pena reproduzir a íntegra do novo texto do artigo 18, inciso II, depois da alteração introduzida pela Lei nº 9.959/00: [...] A técnica redacional inapropriada, identificada por Victor Polizelli, decorre da percepção de que a expressão “do valor agregado” não se refere à palavra “deduzidos”, presente no mesmo item “1” da alínea “d”, mas sim à palavra “diminuídos”, que consta no “caput” do próprio inciso II. Esta técnica seria justificada pela intenção de se evitar a inserção de uma alínea “e”, pois a exclusão do valor agregado só se aplicaria na hipótese de bens aplicados à produção. [...] Assumindo essa premissa para as hipóteses de produção local, uma outra fórmula de apuração do preço parâmetro pode ser identificada: PP = PL – 0,6 x PL – VA.” 1 Nessa linha de raciocínio, notase que a expressão “do valor agregado” se refere ao termo “diminuídos” (inciso II), e não à palavra “deduzidos” (item 1 da alínea d). Como apontado no trecho citado, cuidase de técnica redacional inapropriada, voltada a evitar a inclusão de mais uma alínea no inciso II do art. 18, hipótese que se visualiza abaixo: II Método do Preço de Revenda menos Lucro PRL: definido como a média aritmética dos preços de revenda dos bens ou direitos, diminuídos: a) dos descontos incondicionais concedidos; b) dos impostos e contribuições incidentes sobre as vendas; c) das comissões e corretagens pagas; d) da margem de lucro de: 1. sessenta por cento, calculada sobre o preço de revenda após deduzidos os valores referidos nas alíneas anteriores, na hipótese de bens importados aplicados à produção; 2. vinte por cento, calculada sobre o preço de revenda, nas demais hipóteses. e) e do valor agregado no País, na hipótese de bens importados aplicados à produção. Por outro lado, a tese de que o valor agregado deve ser incluído no cálculo da margem de lucro não está em sintonia à própria dicção do dispositivo legal Para abrigar a interpretação proposta pela contribuinte, o item 1 do inciso II do art. 18 da Lei nº 9.430/96 deveria ser redigido nos seguintes termos: “1. sessenta por cento, calculada sobre o preço de revenda após deduzidos os valores referidos nas alíneas anteriores e o valor agregado no País, na hipótese de bens importados aplicados à produção.” ou “1. sessenta por cento, calculada sobre o preço de revenda após a dedução dos valores referidos nas alíneas anteriores e do valor Fl. 16723DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 31/ 03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por ADRIANA GOMES REGO Processo nº 16561.720047/201139 Acórdão n.º 1301001.779 S1C3T1 Fl. 29 37 agregado no País, na hipótese de bens importados aplicados à produção.” ... Em resumo, é necessário deixar claro que a interpretação meramente gramatical do art. 18 da Lei nº 9.430/96 pode resultar em diferentes fórmulas de cálculo do PRL60, o que denota que não há uma única fórmula “pronta e acabada” no diploma legal. Assim como em qualquer texto, a interpretação da Lei nº 9.430/96 é plurívoca, o que dá margem a dúvidas que devem ser esclarecidas pela regulamentação administrativa. Não resta dúvida de que a Instrução Normativa 243/2002 revela interpretação distinta da que foi feita pela a que lhe antecedeu (Instrução Normativa SRF nº 32, de 2001), mas isso não autoriza a conclusão de que a interpretação anterior estava em conformidade com a lei e a atual representou inovação. Ao contrário, como anteriormente demonstrado, a interpretação trazida pela Instrução Normativa SRF nº 243, de 2002, é a que melhor traduz os comandos estampados no art. 18 da Lei nº 9.430/96, vez que revela com maior precisão o objetivo almejado pelo referido diploma legal. No que diz respeito à proporcionalização, a questão é de ordem puramente matemática (e não jurídica), que empresta maior exatidão na determinação do preço parâmetro. Tratandose de comparação de custos (CUSTO LEGAL/PREÇO PARÂMETRO X CUSTO APROPRIADO), resta evidente que eu não posso confrontar o custo do insumo (PARTE DO PRODUTO) com o custo total do produto. Ademais, a proporcionalização em comento produz a exclusão in totum do valor agregado, permitindo, assim, a explicitação mais adequada do preço parâmetro. A alegada “majoração (indevida) da base de cálculo do IRPJ e da CSLL”, logicamente, é mera decorrência de exercício interpretativo das disposições do art. 18 da Lei nº 9.430/96, que, afastando os preceitos da Instrução Normativa nº 243/2002, revelou alternativa matemática mais favorável para a determinação do ajuste exigido pela legislação de regência. O fato de a exposição de motivos da Medida Provisória nº 478, de 2009, assinalar que grande parte da legislação relativa a preços de transferência encontra se baseada em normas complementares não autoriza concluir que referida Medida pretendeu corrigir ilegalidades da Instrução Normativa SRF nº 243/2002. O objetivo, a bem da verdade, foi, nos exatos termos ali expressos, “reduzir a litigiosidade que a matéria tem suscitado”. Resta evidente que a inclusão da fórmula de determinação do preço parâmetro sob discussão em dispositivo com força de lei, a exemplo do que fez a Medida Provisória nº 563, de 03 de abril de 2012, atual Lei nº 12.715, de 2012, contribui para a redução dos litígios, mas, como dito, isto não significa dizer que a interpretação trazida pela norma complementar editada pela Receita Federal inovou em relação ao comando legal da qual ela emergiu. Em sentido contrário, temse que a contemplação em referência reafirma a procedência da interpretação infralegal, vez Fl. 16724DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 31/ 03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por ADRIANA GOMES REGO 38 que representa absoluta convergência com o objetivo almejado pelas regras de preços de transferência. Cabe destacar que, não obstante a reprodução da metodologia trazida pela Instrução Normativa 243/2002, tanto a Medida Provisória nº 478, como a de nº 563, não trataram exclusivamente desta matéria (metodologia do cálculo do preço parâmetro), eis que promoveram, fundamentalmente, alteração na margem de lucro. Releva notar que os efeitos econômicos decorrentes da aplicação do método PRL 60, residem, essencialmente, na fixação, pela lei, da margem de lucro de 60%, matéria em relação a qual, ao menos em seara administrativa, a autoridade julgadora não pode se desviar do estabelecido em lei. A Medida Provisória nº 563/2012 (Lei nº 12.715, de 2012), ao reproduzir a metodologia estampada na Instrução Normativa 243/2002, joga por terra o argumento de que referida norma complementar viola o princípio “arm’s lenght” e reafirma o reverberado por densa doutrina no sentido de que, visto pela ótica econômica, o fator negativo do método PRL60 repousa na margem de lucro de 60%, considerada excessiva se comparada a aplicável aos casos de importação para revenda (20%). Aqui, não se está negando eventuais efeitos negativos, do ponto de vista econômico, da fórmula estampada na IN 243, mas, apenas, destacando que ela retrata de forma fiel o estabelecido pela lei de regência. Concluiu, assim, o Colegiado, no sentido de que a expressão matemática extraída das disposições da IN 243 é a que otimiza o pretendido pelas normas de preços de transferência, eis que: i) matematicamente, preserva uma margem de lucro mínima, no patamar fixado pela lei (60%); ii) possibilita o ajuste tomando por base o insumo importado, e não o valor total do produto dele decorrente; iii) exclui integralmente o valor agregado, permitindo a explicitação do preço parâmetro livre de qualquer artificialismo; e iv) em que pese eventuais distorções econômicas no âmbito em que é aplicada (empresas submetidas ao controle), alcança o objetivo pretendido pelas normas de preços de transferência." Retornando ao meu voto. Nesta linha de pensar, entendo que descabe falar em ilegalidade da Instrução Normativa SRF nº 243, de 2002, na situação em que ela estabelece a hipótese em que pode ser aceita a aplicação do PRL20 (situação em que, no País, não haja agregação de valor ao custo dos bens, serviços ou direitos importados). No caso, o ato normativo complementou, em absoluta conformidade com o art. 100 do Código Tributário Nacional, a disposição de lei, esclarecendo a amplitude dos termos “revenda” e “produção” por ela utilizados. Assim, quando a referida Instrução Normativa estabelece que o método do Preço de Revenda menos Lucro mediante a utilização da margem de lucro de vinte por cento não pode ser aplicado quando há agregação de valor ao custo dos bens, serviços ou direitos importados (parágrafo 9º do art. 12), não inova em relação ao disposto na lei de suporte, apenas explicita, em perfeita consonância com a teoria econômica e contábil, o significado das expressões “produção” e “revenda” utilizados por ela. Com efeito, na “revenda” o que temos são encargos necessários à comercialização dos bens, serviços ou direitos, que não se agregam ao custo; na “produção”, diferentemente, os gastos são incorridos no processo interno de geração de bens por parte da empresa, sendo eles agregados ao custo. Fl. 16725DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 31/ 03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por ADRIANA GOMES REGO Processo nº 16561.720047/201139 Acórdão n.º 1301001.779 S1C3T1 Fl. 30 39 No caso, não se trata de buscar na lei o conceito de “agregação de valor”, mas de investigar se nela existe tal elemento como indicador da diferença entre as atividades de PRODUÇÃO e REVENDA. Não parece restar dúvida de que a Lei nº 9.430, de 1996, ao determinar a exclusão do valor agregado na determinação do preço parâmetro com base no método PRL60, deixa claro que, ressalvadas obviamente as margens de lucro fixadas, este é o elemento de diferenciação dos métodos, isto é, se existe AGREGAÇÃO DE VALOR AO CUSTO, estamos diante de PRODUÇÃO, se não existe referida agregação, mas, sim, encargos (despesas) de comercialização, tratase de mera REVENDA. Concluindo este tópico, como visto alhures, a IN SRF 243, de 2002, de fato, criou novos conceitos e variáveis para o cálculo; porém, eles estão em conformidade com o que prescreve o artigo 18 da Lei 9.430, de 1996. E, neste caso, ratificando as razões da decisão recorrida, devese observar que eventual cerceamento ao direito de defesa e contraditório, deve ser analisado in concreto, ou seja, se os atos e fatos ocorridos efetivamente prejudicaram o direito à ampla defesa da contribuinte. A prova mais cabal de que não houve tal cerceamento é a própria impugnação/recurso da contribuinte, na qual a interessada demonstra ter, ao contrário do que alega, total conhecimento das imputações que lhe foram feitas e contesta exatamente os aspectos da legislação que levaram a fiscalização a uma apuração diferente. Descabe, assim, a alegação de nulidade do Auto de Infração e ilegalidade da IN/SRF 243, de 2002. INCLUSÃO DOS VALORES DE FRETE, SEGURO E TRIBUTOS Com relação a inclusão do valor do frete, seguros e impostos devidos na importação na apuração do preço parâmetro a ora recorrente entende que o preço praticado não pode incluir tais parcelas, mas tão somente o custo do bem importado. Aduz, em síntese, que por não se tratarem de valores despendidos em aquisição internacional (importação) ou por não haverem sido pagos a pessoa vinculada, os custos com frete, seguros e tributos devidos na importação não se sujeitam aos limites de dedutibilidade previsto pelo artigo 18 da Lei 9.430/96. Cita jurisprudência em favor de sua tese. Na linha do quanto decidido por maioria de voto desta Turma de Julgamento (Acordão 1301001.056, de 02/10/2012) e, para o deslinde desta questão, releva, de início, reproduzir as disposições da Lei nº 9.430, de 1996. Com efeito, temos (verbis): Art. 18. Os custos, despesas e encargos relativos a bens, serviços e direitos, constantes dos documentos de importação ou de aquisição, nas operações efetuadas com pessoa vinculada, somente serão dedutíveis na determinação do lucro real até o valor que não exceda ao preço determinado por um dos seguintes métodos: [...] Fl. 16726DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 31/ 03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por ADRIANA GOMES REGO 40 § 6º Integram o custo, para efeito de dedutibilidade, o valor do frete e do seguro, cujo ônus tenha sido do importador e os tributos incidentes na importação. Como é cediço, o disposto no parágrafo 6º do art. 18 da Lei nº 9.430, de 1996, acima transcrito, há muito disciplina a apropriação de custos na determinação da base de cálculo do imposto de renda das pessoas jurídicas submetidas ao lucro real. Não se vislumbra nenhuma ilegalidade neste dispositivo. Nesse sentido, assim dispõe o artigo 13 do Decreto Lei nº 1.598, de 1977. Art. 13 O custo de aquisição de mercadorias destinadas à revenda compreenderá os de transporte e seguro até o estabelecimento do contribuinte e os tributos devidos na aquisição ou importação. § 1º O custo de produção dos bens ou serviços vendidos compreenderá, obrigatoriamente: a) o custo de aquisição de matérias primas e quaisquer outros bens ou serviços aplicados ou consumidos na produção, observado o disposto neste artigo; [...] O referido dispositivo constitui, inclusive, matriz legal dos artigos 289 e 290 do Regulamento do Imposto de Renda de 1999 (RIR/99). Não cabe dúvida de que a disposição contida na Lei nº 9.430, de 1996, efetivamente diz respeito ao custo contábil. Resta claro, também, que a norma em comento tem aplicação genérica, isto é, não diz respeito a um determinado método de determinação de preço parâmetro, mas, sim, à determinação do custo em qualquer dos métodos preconizados no artigo em que se encontra inserida. Quando se trata de aplicação de métodos de preços de transferência, o cuidado que se deve ter (na consideração ou não do frete, seguros e tributos incidentes na importação na determinação do custo de importação) diz respeito a possibilidade de se distorcer os termos da comparação que se pretende empreender. De fato, a Instrução Normativa nº 38, de 1997, ao tratar das NORMAS COMUNS AOS CUSTOS NA IMPORTAÇÃO, estabeleceu que, na determinação do custo de bens adquiridos no exterior, o frete, o seguro e os tributos incidentes na importação poderiam ali ser computados (parágrafo 4º do artigo 4º). Contudo, é inquestionável que a expressão PODERIA utilizada pelo ato normativo foi direcionada para os métodos dos Preços Independentes Comparados (PIC) e do Custo de Produção mais Lucro (CPL), como devidamente esclarecido em momento posterior pela Instrução Normativa nº 32, de 2001, conforme reprodução abaixo. Normas Comuns aos Custos na Importação Art. 4º Para efeito de apuração do preço a ser utilizado como parâmetro, nas importações de empresa vinculada, não residente, de bens, serviços ou direitos, a pessoa jurídica Fl. 16727DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 31/ 03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por ADRIANA GOMES REGO Processo nº 16561.720047/201139 Acórdão n.º 1301001.779 S1C3T1 Fl. 31 41 importadora poderá optar por qualquer dos métodos referidos nesta Seção, exceto na hipótese do § 1º, independentemente de prévia comunicação à Secretaria da Receita Federal. [...] § 4º Para efeito de apuração do preço a ser utilizado como parâmetro, calculado com base no método de que trata o art. 12, serão integrados ao preço os valores de transporte e seguro, cujo ônus tenha sido da empresa importadora, e os de tributos não recuperáveis, devidos na importação. § 5º Nos preços apurados com base nos arts. 8º e 13, os valores referidos no parágrafo anterior poderão ser adicionados ao custo dos bens adquiridos no exterior, desde que sejam, da mesma forma, considerados no preço praticado para fins de dedutibilidade na tributação do lucro real. Não se pode olvidar que, para fins de preço de transferência, a comparação entre preço praticado e preço parâmetro deve se dar a partir de grandezas semelhantes. Ora, se os valores de frete, seguro e tributos incidentes na importação são computados na apuração do preço de revenda, e o que se deseja é apurar o preço parâmetro em patamares similares aos mesmos bens ou serviços adquiridos no Brasil e de partes independentes, necessariamente o custo do frete, seguro e os tributos não recuperáveis de importação deverão ser considerados. A regra, portanto, é a inclusão, na determinação do custo da importação, do frete, seguro e dos tributos devidos na importação. Dessa forma, entendo que os valores relativos a frete, seguro e imposto de importação devem compor a apuração do preço praticado, uma vez que compõem também o preço parâmetro. Isso porque o § 4º do art. 4º da IN SRF nº 243/2002 reflete o disposto no § 6º do art. 18 da Lei nº 9.430/96, com a redação vigente à época dos fatos. ILEGALIDADE DA INCIDÊNCIA DE JUROS SELIC SOBRE A MULTA DE OFÍCIO Neste ponto, o art. 161 do CTN determina que o crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, ressalvando apenas a pendência de consulta formulada dentro do prazo legal para pagamento do crédito. Seu § 1° determina que, se, a lei não dispuser de forma diversa, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês. Para uma melhor compreensão da matéria, vejamos o que diz os dispositivos legais acerca das multas e dos juros de mora, incidentes sobre os créditos tributários não pagos nos respectivos vencimentos. Lei n° 8.383, de 30 de dezembro de 1991 CAPÍTULO VII – Das Multas e dos Juros de Mora Art. 59 – Os tributos e contribuições administrados pelo Departamento da Receita Federal, que não forem pagos até a data do vencimento, ficarão sujeitos à multa de mora de um por Fl. 16728DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 31/ 03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por ADRIANA GOMES REGO 42 cento ao mês calendário ou fração, calculados sobre o valor do tributo ou contribuição corrigido monetariamente. § 1° A multa de mora será reduzida a dez por cento, quando o débito for pago até o último dia útil do mês subseqüente ao do vencimento. § 2° A multa incidirá a partir do primeiro dia após o vencimento do débito; os juros, a partir do primeiro dia do mês subseqüente. .......................... Lei n° 8.981, de 20 de janeiro de 1995 Art. 84 – Os tributos e contribuições sociais arrecadados pela Secretaria da Recita Federal, cujos fatos geradores vierem a ocorrer a partir de 1° de janeiro de 1995, não pagos nos prazos previstos na legislação tributária serão acrescidos de: I – juros de mora, equivalentes à taxa média mensal de captação do Tesouro Nacional relativa à Dívida Mobiliária Federal Interna; ............................. Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996 Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1° de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. § 1° A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. § 2° O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. § 3° Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o §3° do art. 5°, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. ......................................... Lei n° 10.522, de 19 de julho de 2002 Art. 29. Os débitos de qualquer natureza para com a Fazenda Nacional e os decorrentes de contribuições arrecadadas pela União, constituídos ou não, cujos fatos geradores tenham ocorrido até 31 de dezembro de 1994, que não hajam sido objeto de parcelamento requerido até 31 de agosto de 1995, expressos em quantidade de UFIR, serão reconvertidos para real, com base no valor daquela fixado para 1° de janeiro de 1997. Fl. 16729DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 31/ 03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por ADRIANA GOMES REGO Processo nº 16561.720047/201139 Acórdão n.º 1301001.779 S1C3T1 Fl. 32 43 § 1° A partir de 1° de janeiro de 1997, os créditos apurados serão lançados em reais. § 2° Para fins de inscrição dos débitos referidos neste artigo em Dívida Ativa da União, deverá ser informado à Procuradoria Geral da Fazenda Nacional o valor originário dos mesmos, na moeda vigente à época da ocorrência do fato gerador da obrigação. § 3° Observado o disposto neste artigo, bem assim a atualização efetuada para o ano de 2000, nos termos do art. 75 da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996, fica extinta a Unidade de Referência Fiscal – UFIR, instituída pelo art. 1° da Lei n° 8.383, de 30 de dezembro de 1991. Art. 30. Em relação aos débitos referidos no art. 29, bem como aos inscritos em Dívida Ativa da União, passam a incidir, a partir de 1° de janeiro de 1997, juros de mora equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia – SELIC para títulos federais, acumulada mensalmente, até o último dia do mês anterior ao do pagamento, e de 1% (um por cento) no mês de pagamento. Da leitura dos dispositivos legais transcritos, se depreende claramente que os legisladores definiram inicialmente como base de incidência de juros de mora, tributos e contribuições e, posteriormente, débitos de qualquer natureza para com a Fazenda Nacional e os decorrentes de contribuições arrecadadas pela União. Logo, em consonância com o art. 139 do CTN, o crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta. Portanto, no crédito tributário estão compreendidos o valor do tributo e o valor da multa. A própria dicção da Súmula nº 4 do CARF corrobora nossos argumentos, na medida em que fala genericamente em débitos tributários: “Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais”. Ou seja, o valor originário do débito, sobre o qual incidem os juros de mora, não exclui a multa de ofício. No caso de multa por lançamento de ofício, seu vencimento é no prazo de 30 dias contados da ciência do auto de infração. Assim, o valor da multa lançada, se não pago no prazo, sujeitase aos juros de mora com base na taxa SELIC. Portanto, nos termos da legislação transcrita, procede a incidência de juros de mora com base na taxa SELIC sobre a multa de ofício não paga no vencimento. CSLL Quanto ao auto de infração relativo à CSLL, uma vez que decorrente da apuração do IRPJ, ou seja, com base nos mesmos pressupostos fáticos e em face das mesmas razões de defesa, aplicase mutatis mutantis o que foi decidido quanto à exigência do IRPJ. Fl. 16730DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 31/ 03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por ADRIANA GOMES REGO 44 Portanto, tendo em vista todo o acima exposto, voto no sentido de rejeitar as preliminares de nulidades suscitadas e, no mérito, negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Jakson da Silva Lucas Relator Fl. 16731DF CARF MF Impresso em 14/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 31/ 03/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por ADRIANA GOMES REGO
score : 1.0
Numero do processo: 10325.721249/2011-12
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 21 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Wed Mar 04 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2008
RECURSO VOLUNTÁRIO. ADESÃO AO PARCELAMENTO DA LEI 12.810/13. PERDA DO INTERESSE EM AGIR. Tendo em vista que o parcelamento tributário se constitui em situação na qual o contribuinte renuncia de forma expressa o direito sobre o qual se funda a autuação, com a sua adesão ao programa de parcelamento, mitigado está o seu interesse de agir. Precedentes.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 2401-003.843
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso
Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira - Presidente.
Igor Araújo Soares - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Igor Araújo Soares, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Carolina Wanderley Landim, Carlos Henrique de Oliveira e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira.
Nome do relator: IGOR ARAUJO SOARES
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ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2008 RECURSO VOLUNTÁRIO. ADESÃO AO PARCELAMENTO DA LEI 12.810/13. PERDA DO INTERESSE EM AGIR. Tendo em vista que o parcelamento tributário se constitui em situação na qual o contribuinte renuncia de forma expressa o direito sobre o qual se funda a autuação, com a sua adesão ao programa de parcelamento, mitigado está o seu interesse de agir. Precedentes. Recurso Voluntário Negado
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ADESÃO AO PARCELAMENTO DA LEI 12.810/13. PERDA DO INTERESSE EM AGIR. Tendo em vista que o parcelamento tributário se constitui em situação na qual o contribuinte renuncia de forma expressa o direito sobre o qual se funda a autuação, com a sua adesão ao programa de parcelamento, mitigado está o seu interesse de agir. Precedentes. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Presidente. Igor Araújo Soares Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Igor Araújo Soares, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Carolina Wanderley Landim, Carlos Henrique de Oliveira e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 32 5. 72 12 49 /2 01 1- 12 Fl. 352DF CARF MF Impresso em 04/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/02/2015 por IGOR ARAUJO SOARES, Assinado digitalmente em 24/02/2015 p or IGOR ARAUJO SOARES, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEI RA 2 Relatório Tratase de recurso de voluntário interposto pelo MUNICÍPIO DE ITINGA DO MARANHÃO, em face do acórdão de fls., por meio do qual foi mantida a integralidade dos seguintes Autos de Infração (i) AI 51.015.7750: lavrado para a cobrança de multa por ter deixado a recorrente de preparar folhas de pagamento em desacordo com os padrões definidos pelo INSS, pois os segurados não estavam relacionados coletivamente por estabelecimento (CNPJ), as folhas não possuíam número seqüencial de página, o que demonstrou haverem várias folhas no âmbito da Prefeitura, com totalização independente, e, por fim não haviam sido nelas incluídos os contribuintes individuais; (ii) AI 51.015.7769: lavrado para a cobrança de multa por ter a recorrente deixado de apresentar à fiscalização todas as informações cadastrais, financeiras e contábeis requeridas, no caso, a apresentação dos arquivos digitais de sua contabilidade; (iii) AI 51.015.7777: lavrado para a cobrança de multa por ter a recorrente deixado de arrecadar contribuições previdenciárias, mediante desconto na remuneração de segurados empregados e contribuintes individuais; Consta do relatório fiscal que em todos os lançamentos efetuados Após análise da folha de pagamento, notas de empenho, recibos de pagamento foram encontrados, para todo o período fiscalizado, pagamentos a segurados (empregados e contribuintes individuais) que não constavam nas Guias de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social GFIP e decorreram dos autos do processo n. 10325.721248/201160. O lançamento compreende as competências de 01/2006 a 12/2008, com a ciência do contribuinte acerca do lançamento efetivada em 31/09/2007 (fls. 01). Em seu recurso sustenta a necessidade de intimação de todos os gestores do município à época dos fatos geradores das contribuições ora sob análise, de acordo com o disposto no art. 124, I do Código Tributário Nacional. Esclarece que os débitos objeto do presente Auto de Infração foram objeto de parcelamento da Lei 11.960/09. Acrescenta que a aplicação da multa feriu a teoria dos motivos determinantes, em fundamentação confusa, mas que parece enveredar no sentido de que não havia previsão legal para sua aplicação. Por fim, afirma que o Decreto 3.048/99 não pode ser considerado como ato normativo legítimo para a imputação de multas, sem que as mesmas estivessem previstas e Lei. Fl. 353DF CARF MF Impresso em 04/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/02/2015 por IGOR ARAUJO SOARES, Assinado digitalmente em 24/02/2015 p or IGOR ARAUJO SOARES, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEI RA Processo nº 10325.721249/201112 Acórdão n.º 2401003.843 S2C4T1 Fl. 353 3 Em razão das alegações objeto de recurso, esta Turma, na assentada de maio de 2014, converteu o julgamento do presente processo em diligência, de sorte que viessem aos autos a informação sobre a inclusão ou não dos débitos objeto de combate em programa de parcelamento administrativo. Sobreveio resposta às fls. 349. Sem contrarrazões da Procuradoria da Fazenda Nacional, vieram os autos a este Eg. Conselho. É o relatório. Fl. 354DF CARF MF Impresso em 04/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/02/2015 por IGOR ARAUJO SOARES, Assinado digitalmente em 24/02/2015 p or IGOR ARAUJO SOARES, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEI RA 4 Voto Conselheiro Igor Araújo Soares, Relator Antes mesmo de adentrar ao mérito das alegações do recurso, entendo que exista situação prejudicial ao seu conhecimento a ser reconhecida. Ocorre que às fls. 349 consta o resultado de diligência informando que a totalidade do débito objeto do presente processo fora incluído no programa de parcelamento da Lei 12.810/03. Confirase: a) O Município de Itinga do Maranhão, quando aderiu, em 22/05/2009, ao parcelamento regido pela Medida Provisória nº 457/2009 (posteriormente convertida na Lei nº 11.960/09), não incluiu aqueles débitos provenientes dos Autos de Infração de números: 51.015.7750, 51.015.7769 e 51.015.7777, consolidados em 09/12/2011. Referemse a multas por descumprimento de obrigação acessória, com vencimento em 25/01/2012. b) Todavia, ao aderir ao parcelamento instituído pela Medida Provisória nº 589/2012 (posteriormente convertida na Lei nº 12.810/2013) e solicitar a desistência total da impugnação ou recurso interposto em todos os processos administrativos referentes a débitos passíveis de parcelamento, englobou os provenientes dos Autos de Infração em comento. Em virtude da informada adesão ao parcelamento administrativo, o contribuinte agiu de forma a reconhecer expressa e irrevogavelmente a procedência do lançamento em questão, motivo pelo qual, a meu ver não havendo matérias de ordem pública que pudessem ser tratadas na presente assentada, tenho não mais subsiste o interesse processual da parte ao julgamento do presente Recurso Voluntário. Sobre o assunto, já se manifestou a Câmara Superior de Recursos Fiscais, conforme se percebe do precedente a seguir, de relatoria do Em. Conselheiro Marcelo Oliveira: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/02/1999 a 30/10/2006 RECURSO ESPECIAL. DESISTÊNCIA. AUSÊNCIA DE INTERESSE. No caso de desistência, pedido de parcelamento, confissão irretratável de dívida e de extinção sem ressalva de débito, estará configurada renúncia ao direito sobre o qual se funda o recurso interposto pelo sujeito passivo, inclusive na hipótese de já ter ocorrido decisão favorável ao recorrente, descabendo recurso da Procuradoria da Fazenda Nacional por falta de interesse. Fl. 355DF CARF MF Impresso em 04/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/02/2015 por IGOR ARAUJO SOARES, Assinado digitalmente em 24/02/2015 p or IGOR ARAUJO SOARES, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEI RA Processo nº 10325.721249/201112 Acórdão n.º 2401003.843 S2C4T1 Fl. 354 5 Ante todo o exposto, NEGO PROVIMENTO ao recurso voluntário. É como voto. Igor Araújo Soares Fl. 356DF CARF MF Impresso em 04/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/02/2015 por IGOR ARAUJO SOARES, Assinado digitalmente em 24/02/2015 p or IGOR ARAUJO SOARES, Assinado digitalmente em 02/03/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEI RA
score : 1.0
Numero do processo: 13854.000170/2004-27
Turma: Primeira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 11 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Feb 24 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/07/2004 a 31/07/2004
NÃO-CUMULATIVIDADE. GASTOS COM BENS E SERVIÇOS. INSUMO.
Gastos com bens e serviços não efetivamente aplicados ou consumidos na fabricação ou produção de produtos destinados à venda ou na prestação de serviços ou que não estejam amparados por expressa disposição legal não dão direito a créditos da contribuição para o PIS/Pasep não cumulativa.
REGIME DA NÃO-CUMULATIVIDADE. MÉTODO DE RATEIO PROPORCIONAL.
No cálculo do rateio proporcional para atribuição de créditos no regime da não-cumulatividade da Cofins e da contribuição para o PIS/Pasep, no valor da receita bruta total incluem-se as receitas da vendas de bens e serviços e todas as demais receitas, inclusive as financeiras.
VARIAÇÃO CAMBIAL POSITIVA. RECEITA DE EXPORTAÇÃO. REGIME DA NÃO-CUMULATIVIDADE. MÉTODO DE RATEIO PROPORCIONAL. RECURSO REPETITIVO. REPRODUÇÃO DA DECISÃO DO STF.
A reprodução de decisão do STF em julgamento na sistemática do recurso repetitivo, que baseou-se no entendimento de que a receita originada da variação cambial positiva obtida nas operações de exportação de produtos é considerada receita decorrente de exportação, implica considerar tal receita como receita de mercado externo, devendo ser incluída, no cálculo do rateio proporcional para atribuição de créditos no regime da não-cumulatividade da Cofins e da contribuição para o PIS/Pasep, como receita de exportação e como receita bruta total, acrescendo tanto o numerador quanto o denominador da rateio.
ÁLCOOL PARA FINS CARBURANTES. INCIDÊNCIA CUMULATIVA DA CONTRIBUIÇÃO.
A receita de venda de álcool para fins carburantes não pode ser incluída no cálculo de receitas de exportação para apuração da relação percentual a ser aplicada à soma dos gastos que dão direito a crédito presumido mercado externo, porque se enquadra no regime não-cumulativo de apuração.
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. DIREITO DE CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA.
Quem alega um direito deve provar os fatos em que ele se fundamenta.
INCONSTITUCIONALIDADE. SÚMULA CARF Nº 2.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 3801-004.612
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado: I) Por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário para incluir os valores das variações cambiais decorrentes de operações de exportação como receita de mercado externo e, no cálculo do rateio proporcional, no numerador e no denominador; II) Pelo voto de qualidade, negar provimento em relação as demais matérias. Vencidos os Conselheiros Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Cássio Schappo e Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira que davam provimento integral ao recurso em face das demais matérias.
(assinado digitalmente)
Flávio de Castro Pontes - Presidente.
(assinado digitalmente)
Paulo Sergio Celani - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flávio de Castro Pontes, Paulo Sergio Celani, Marcos Antônio Borges, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira e Cássio Schappo.
Nome do relator: PAULO SERGIO CELANI
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/07/2004 a 31/07/2004 NÃO-CUMULATIVIDADE. GASTOS COM BENS E SERVIÇOS. INSUMO. Gastos com bens e serviços não efetivamente aplicados ou consumidos na fabricação ou produção de produtos destinados à venda ou na prestação de serviços ou que não estejam amparados por expressa disposição legal não dão direito a créditos da contribuição para o PIS/Pasep não cumulativa. REGIME DA NÃO-CUMULATIVIDADE. MÉTODO DE RATEIO PROPORCIONAL. No cálculo do rateio proporcional para atribuição de créditos no regime da não-cumulatividade da Cofins e da contribuição para o PIS/Pasep, no valor da receita bruta total incluem-se as receitas da vendas de bens e serviços e todas as demais receitas, inclusive as financeiras. VARIAÇÃO CAMBIAL POSITIVA. RECEITA DE EXPORTAÇÃO. REGIME DA NÃO-CUMULATIVIDADE. MÉTODO DE RATEIO PROPORCIONAL. RECURSO REPETITIVO. REPRODUÇÃO DA DECISÃO DO STF. A reprodução de decisão do STF em julgamento na sistemática do recurso repetitivo, que baseou-se no entendimento de que a receita originada da variação cambial positiva obtida nas operações de exportação de produtos é considerada receita decorrente de exportação, implica considerar tal receita como receita de mercado externo, devendo ser incluída, no cálculo do rateio proporcional para atribuição de créditos no regime da não-cumulatividade da Cofins e da contribuição para o PIS/Pasep, como receita de exportação e como receita bruta total, acrescendo tanto o numerador quanto o denominador da rateio. ÁLCOOL PARA FINS CARBURANTES. INCIDÊNCIA CUMULATIVA DA CONTRIBUIÇÃO. A receita de venda de álcool para fins carburantes não pode ser incluída no cálculo de receitas de exportação para apuração da relação percentual a ser aplicada à soma dos gastos que dão direito a crédito presumido mercado externo, porque se enquadra no regime não-cumulativo de apuração. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. DIREITO DE CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA. Quem alega um direito deve provar os fatos em que ele se fundamenta. INCONSTITUCIONALIDADE. SÚMULA CARF Nº 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Recurso Voluntário Provido em Parte.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 19; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2322; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3TE01 Fl. 2 1 1 S3TE01 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13854.000170/200427 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3801004.612 – 1ª Turma Especial Sessão de 11 de novembro de 2014 Matéria PIS/PASEP DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO Recorrente PITANGUEIRAS AÇÚCAR E ÁLCOOL LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/07/2004 a 31/07/2004 NÃOCUMULATIVIDADE. GASTOS COM BENS E SERVIÇOS. INSUMO. Gastos com bens e serviços não efetivamente aplicados ou consumidos na fabricação ou produção de produtos destinados à venda ou na prestação de serviços ou que não estejam amparados por expressa disposição legal não dão direito a créditos da contribuição para o PIS/Pasep não cumulativa. REGIME DA NÃOCUMULATIVIDADE. MÉTODO DE RATEIO PROPORCIONAL. No cálculo do rateio proporcional para atribuição de créditos no regime da nãocumulatividade da Cofins e da contribuição para o PIS/Pasep, no valor da receita bruta total incluemse as receitas da vendas de bens e serviços e todas as demais receitas, inclusive as financeiras. VARIAÇÃO CAMBIAL POSITIVA. RECEITA DE EXPORTAÇÃO. REGIME DA NÃOCUMULATIVIDADE. MÉTODO DE RATEIO PROPORCIONAL. RECURSO REPETITIVO. REPRODUÇÃO DA DECISÃO DO STF. A reprodução de decisão do STF em julgamento na sistemática do recurso repetitivo, que baseouse no entendimento de que a receita originada da variação cambial positiva obtida nas operações de exportação de produtos é considerada receita decorrente de exportação, implica considerar tal receita como receita de mercado externo, devendo ser incluída, no cálculo do rateio proporcional para atribuição de créditos no regime da nãocumulatividade da Cofins e da contribuição para o PIS/Pasep, como receita de exportação e como receita bruta total, acrescendo tanto o numerador quanto o denominador da rateio. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 85 4. 00 01 70 /2 00 4- 27 Fl. 207DF CARF MF Impresso em 24/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 23/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 23/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 13854.000170/200427 Acórdão n.º 3801004.612 S3TE01 Fl. 3 2 ÁLCOOL PARA FINS CARBURANTES. INCIDÊNCIA CUMULATIVA DA CONTRIBUIÇÃO. A receita de venda de álcool para fins carburantes não pode ser incluída no cálculo de receitas de exportação para apuração da relação percentual a ser aplicada à soma dos gastos que dão direito a crédito presumido mercado externo, porque se enquadra no regime nãocumulativo de apuração. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. DIREITO DE CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA. Quem alega um direito deve provar os fatos em que ele se fundamenta. INCONSTITUCIONALIDADE. SÚMULA CARF Nº 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado: I) Por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário para incluir os valores das variações cambiais decorrentes de operações de exportação como receita de mercado externo e, no cálculo do rateio proporcional, no numerador e no denominador; II) Pelo voto de qualidade, negar provimento em relação as demais matérias. Vencidos os Conselheiros Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Cássio Schappo e Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira que davam provimento integral ao recurso em face das demais matérias. (assinado digitalmente) Flávio de Castro Pontes Presidente. (assinado digitalmente) Paulo Sergio Celani Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flávio de Castro Pontes, Paulo Sergio Celani, Marcos Antônio Borges, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira e Cássio Schappo. Fl. 208DF CARF MF Impresso em 24/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 23/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 23/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 13854.000170/200427 Acórdão n.º 3801004.612 S3TE01 Fl. 4 3 Relatório Adoto o relatório do acórdão recorrido, por retratar suficientemente a lide. “A interessada pleiteia, por meio de Declaração de Compensação, o crédito relativo à Contribuição para o PIS/Pasep, nãocumulativo, do mês de julho de 2004, apurado de conformidade com o § 1º, do artigo 5°, da Lei n° 10.637/2002, que após a dedução devida, resultou, resultou, segundo entendimento da empresa, em um remanescente a compensar de R$42.538,28. O Serviço de Fiscalização, da Delegacia da Receita Federal do Brasil em Ribeirão Preto procedeu à fiscalização e por meio da Informação Fiscal (fls. 135/141), constatou créditos indevidos de bens que não foram utilizados como insumo na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda; procedeu ao rateio proporcional, por não encontrar sistema de contabilidade de custos integrada e coordenada com a escrituração; receita de álcool para fins caburante; diferenças quanto à variação cambial e despesas indevidas de depreciação de máquinas e equipamentos, com glosa de R$ 10.543,04. O Auditorfiscal juntou à informação fiscal, além da cópia do DACON entregue pele empresa via internet (fls. 91/95) e cópia parcial dos balancetes mensais analíticos contábil (fl. 96), os seguintes demonstrativos: I Demonstrativo de Apuração da Proporcionalidade entre as Vendas de Álcool para Fins Carburantes e as Receitas de Vendas no Mercado Interno e Externo (fl. 127); II Demonstrativo de Apuração do Crédito da Contribuição para o PIS não Cumulativa (fl. 128); III Demonstrativo de Apuração do Débito da Contribuição para o PIS não Cumulativa (fl. 129); IV Demonstrativo de Apuração da Contribuição Devida a Contribuição para o PIS não Cumulativa (fl. 130); V Demonstrativo de Receitas de Exportação de Produtos de Fabricação Própria (fl. 98/104); e VI Demonstrativo Mensal de Vendas Equiparadas à Exportação (fls.98/103). Por fim, foi reconhecido o crédito de R$ 32.767,74, para compensação, conforme a legislação vigente. Cientificada do Despacho Decisório de fls. 142/143, e inconformada, a contribuinte apresentou a Manifestação de Inconformidade, de fls. 153/166. Preliminarmente, disserta sobre a sistemática da não cumulatividade e alega cerceamento ao direito de defesa, tendo em vista que “referida informação fiscal faltalhe especificações fáticas, no sentido de demonstrar a conduta adotada pelo fiscal e de como se chegou aos resultados informados, faltandolhes substâncias.” Fl. 209DF CARF MF Impresso em 24/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 23/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 23/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 13854.000170/200427 Acórdão n.º 3801004.612 S3TE01 Fl. 5 4 Na mesma esteira, alega “ausência de elementos substanciosos” na apuração das despesas de depreciação de máquinas e equipamentos e na glosa de insumos. No mérito, a contribuinte afirma que tem direito ao regime não cumulativo quanto ao álcool comercializado no mercado interno e externo e tem direito ao crédito de todos os insumos, inclusive canadeaçúcar, por estarem inseridos no artigo 149 da Constituição Federal. Por fim, alega inconstitucionalidade na aplicação das normas que tratam da variação cambial, defendendo que “o legislador infraconstitucional extrapolou a sua competência para instituir PIS/COFINS, equiparando e incluindo na base de cálculo o evento – variação cambial que não possui, essencialmente, natureza de “receita” ao qual se refere a Constituição Federal.” e pede o deferimento da manifestação de inconformidade” A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto DRJ/RPO julgou improcedente a manifestação de inconformidade conforme ementa a seguir: “Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: ... CRÉDITOS A DESCONTAR. INCIDÊNCIA NÃO CUMULATIVA. INSUMOS. PROCESSO PRODUTIVO. UTILIZAÇÃO. Para efeitos de apuração dos créditos da Contribuição para o PIS/Pasep nãocumulativa, entendese como insumos utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda apenas as matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado. CRÉDITOS. CRITÉRIO DE DETERMINAÇÃO. Inexistindo sistema de contabilidade de custos integrada e coordenada com a escrituração, a apropriação dos créditos deve ser feita por rateio proporcional. ÁLCOOL PARA FINS CARBURANTES. REGIME. A receita de venda de álcool para fins carburantes teve mantida sua forma de tributação, cumulativa, mesmo após a instituição do regime nãocumulativo de apuração. VARIAÇÃO CAMBIAL RECEITA FINANCEIRA As variações monetárias ativas dos direitos de crédito e das obrigações do contribuinte, em função da taxa de câmbio, são consideradas receitas financeiras. Assunto: Normas de Administração Tributária Período de apuração: 01/08/2004 a 31/08/2004 Fl. 210DF CARF MF Impresso em 24/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 23/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 23/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 13854.000170/200427 Acórdão n.º 3801004.612 S3TE01 Fl. 6 5 ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. COMPETÊNCIA. A arguição de inconstitucionalidade não pode ser oponível na esfera administrativa, por transbordar os limites de sua competência o julgamento da matéria, do ponto de vista constitucional.” Contra esta decisão, a contribuinte apresentou recurso voluntário, no qual repete as alegações da impugnação, com exceção da preliminar de nulidade da decisão da DRF de origem. É o relatório. Fl. 211DF CARF MF Impresso em 24/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 23/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 23/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 13854.000170/200427 Acórdão n.º 3801004.612 S3TE01 Fl. 7 6 Voto Conselheiro Paulo Sergio Celani, Relator. Admissibilidade do recurso voluntário. O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos para julgamento nesta turma especial. Mérito No mérito, a contribuinte argumenta em relação à interpretação do termo “insumo” e alega inconstitucionalidade da norma aplicável. Trata especificamente dos itens óleo diesel, lubrificantes e depreciação. Quanto a outros bens e serviços que não se enquadram no conceito de insumo mais restrito, não foram abordados, tendo sido defendido que todos deveriam ser considerados insumo, segundo o entendimento de que este não se equipararia ao conceito de insumo obtido da legislação do Imposto sobre Produtos Industrializados. A DRF deixou claro o entendimento sobre o conceito do termo “insumo” adotado, o mesmo do IPI, e que os gastos com aquisições de bens e serviços que não se enquadrassem neste conceito não ensejam o direito ao crédito. Se a contribuinte apenas argumenta contra o entendimento adotado pela fiscalização quanto ao conceito em questão e nada diz contra o enquadramento naquele conceito de vários itens, aceita as conseqüências de restar vencido na única discussão proposta. O Decreto nº 70.235, de 6/3/1972, em seus artigos 16 e 17 ampara esta conclusão. Cito: “Art. 16. A impugnação mencionará: (...) III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) (...) Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997).” Fl. 212DF CARF MF Impresso em 24/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 23/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 23/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 13854.000170/200427 Acórdão n.º 3801004.612 S3TE01 Fl. 8 7 Insumo e a contribuição para o PIS/Pasep sob a regência da Lei nº 10.637, de 2002. No recurso voluntário, são abordados pela recorrente os gastos com óleo diesel, lubrificantes e depreciação. Outros gastos foram tratados como se atendessem a um conceito de insumo mais amplo do que o adotado pela DRF de origem e pela DRJ. A primeira questão a se tratar é, pois, o conceito de insumo na legislação da contribuição social em discussão. A Lei nº 10.637, de 2002, determina: “Art. 2º Para determinação do valor da contribuição para o PIS/Pasep aplicarseá, sobre a base de cálculo apurada conforme o disposto no art. 1o, a alíquota de 1,65% (um inteiro e sessenta e cinco centésimos por cento). (...) Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (Vide Lei nº 11.727, de 2008) (Produção de efeitos) (...) I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) a) nos incisos III e IV do § 3o do art. 1o desta Lei; e (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) b) no § 1o do art. 2o desta Lei; (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) Para gerarem crédito, os gastos glosados pela fiscalização deveriam enquadrarse no conceito de insumo previsto no inciso II, do art. 3º, da Lei nº 10.637, de 2002, pois não se enquadram em nenhum dos demais incisos deste artigo. Tendo em vista que a recorrente alega justamente isto, pois, segundo ela, todos os gastos necessários ao processo produtivo poderiam ser incluídos no cálculo dos créditos a serem deduzidos dos valores a recolher, seja da COFINS, seja da Contribuição para o PIS/Pasep, tratemos do conceito de insumo. Fl. 213DF CARF MF Impresso em 24/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 23/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 23/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 13854.000170/200427 Acórdão n.º 3801004.612 S3TE01 Fl. 9 8 Conforme o art. 153, IV, § 3º II, da CF/88, o imposto sobre produtos industrializados (IPI), de competência da União, será nãocumulativo, compensandose o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores. E, segundo o art. 155, II, §2º, I, da CF/88, o imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação (ICMS), de competência dos Estados e do Distrito Federal, será nãocumulativo, compensandose o que for devido em cada operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação de serviços com o montante cobrado nas anteriores pelos Estados ou pelo Distrito Federal. Até pouco tempo atrás, apenas a estes dois tributos, classificados no CTN como impostos sobre a produção e a circulação, aplicavase a nãocumulatividade. Muito se discutiu sobre que bens e serviços, uma vez adquiridos, ensejariam crédito para compensar com o que seria devido nas operações tributadas por estes impostos, de modo que o que se entende por “insumo” está atrelado à materialidade deles. Vale dizer, o conteúdo do conceito de “insumo” decorre dos entendimentos firmados sobre quais bens e serviços seriam alcançados pela nãocumulatividade própria de impostos incidentes sobre a produção e a circulação. É este conteúdo que o legislador tinha em mente, quando se referiu a bens e serviços utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda como aqueles que dariam direito a créditos para abatimento da COFINS e da Contribuição para o PIS/PASEP a serem recolhidas. Ao não elucidar o que deveria ser entendido por “insumo”, o legislador, por certo, admitiu que aquilo que se tinha como o seu conteúdo deveria servir para nortear a concretização do comando legal bem como as condutas das pessoas a quem a norma se destinava. Fosse intenção do legislador que o termo “insumo” tivesse um alcance maior do que o já consolidado, teria ele expressado um conceito de insumo diferente. Assim, devem ser rechaçados argumentos segundo os quais o conceito de “insumo” somente poderia ser igual ao utilizado pela legislação do IPI se a lei assim determinasse. Pelo contrário, por serem, COFINS e PIS/Pasep, contribuições instituídas por lei federal, a legislação do IPI, que também é tributo federal nãocumulativo, pode e deve ser utilizada para obtenção do conceito de “insumo”. Também não deve ser aceito argumento segundo o qual todos os gastos dedutíveis na apuração da base de cálculo do imposto sobre a renda incluirseiam no conceito de insumo para fins de abatimento dos valores a serem recolhidos como COFINS e contribuição para o PIS/PASEP, pois, isto implicaria considerar letra morta muitos dos dispositivos das Leis nºs. 10.637/2002 e 10.833/2003, que apresentam rol de bens, cujas aquisições podem ser incluídas na apuração de créditos a serem descontados destas contribuições. Fl. 214DF CARF MF Impresso em 24/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 23/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 23/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 13854.000170/200427 Acórdão n.º 3801004.612 S3TE01 Fl. 10 9 Quisesse o legislador que todos os gastos necessários à produção, fabricação ou prestação de serviços ensejassem o direito ao crédito, não usaria o termo “insumo”; reproduziria legislação do IRPJ ou evidenciaria que todos os gastos dedutíveis em relação ao IRPJ dariam aquele direito. Assim, da leitura dos dispositivos que trataram da nãocumulatividade da COFINS e da Contribuição para o PIS/PASEP, com base no que foi dito acima, aos bens conceituados como insumo à luz da legislação do IPI, a saber, matériasprimas, produtos intermediários e materiais de embalagem consumidos na produção industrial de produtos, em decorrência de contato direto com estes, devem ser acrescentados: os serviços utilizados na prestação de serviços e na produção e fabricação de bens ou produtos destinados à venda; outros bens utilizados na prestação de serviços e na produção, ainda que não industrial, de bens destinados à venda; outros gastos expressamente citados nas Leis nºs. 10.637/2002 e 10.833/2003. Em reforço a tal entendimento, vejamse alguns trechos da Exposição de Motivos da MP nº 66, de 26/08/2002, posteriormente convertida na Lei nº 10.637/2002: “2. A proposta, de plano, dá curso a uma ampla reestruturação na cobrança das contribuições sociais incidentes sobre o faturamento. Após a instituição da cobrança monofásica em vários setores da economia, o que se pretende, na forma desta Medida Provisória, é, gradualmente, procederse à introdução da cobrança em regime de valor agregado – inicialmente com o PIS/Pasep para, posteriormente, alcançar a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins). 3. O modelo ora proposto traduz demanda pela modernização do sistema tributário brasileiro sem, entretanto, pôr em risco o equilíbrio das contas públicas, na estrita observância da Lei de Responsabilidade Fiscal. Com efeito, constitui premissa básica do modelo a manutenção da carga tributária correspondente ao que hoje se arrecada em virtude da cobrança do PIS/Pasep. ... 7. Para fins de controle do crédito presumido, a Secretaria da Receita Federal poderá estabelecer limites, por espécie de bem ou serviço, para o valor das aquisições realizadas. ... 9. A alíquota foi fixada em 1,65% e incidirá sobre as receitas auferidas pelas pessoas jurídicas, admitido o aproveitamento de créditos vinculados à aquisição de insumos, bens para revenda e bens destinados ao ativo imobilizado, ademais de, entre outras, despesas financeiras. ... 44. Com relação ao atendimento das condições e restrições estabelecidas pelo art. 14 da Lei de Responsabilidade Fiscal, cumpre esclarecer que: a) a introdução da incidência não cumulativa na cobrança do PIS/Pasep, prevista nos arts. 1º a 7º, é rigorosamente neutra do ponto de vista fiscal, porquanto a Fl. 215DF CARF MF Impresso em 24/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 23/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 23/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 13854.000170/200427 Acórdão n.º 3801004.612 S3TE01 Fl. 11 10 alíquota estabelecida para esse tipo de incidência foi projetada, precisamente, para compensar o estreitamento da base de cálculo; ... ...” E, na Mensagem de Veto nº 1.243, de 30/12/2002, a razão que levou o Presidente da República a vetar dispositivos, por meio dos quais se tentava alterar a MP, foi que, se fossem sancionados, romperseia a premissa sobre a qual foi construída a nova modalidade de incidência da contribuição, devidamente acertada com a comissão especial constituída no âmbito da Câmara dos Deputados para tratar da matéria, a qual previa neutralidade sob o ponto de vista da arrecadação. Havia, pois, preocupação quanto ao atendimento às condições e restrições da Lei de Responsabilidade Fiscal, de modo que o equilíbrio das contas públicas não seria posto em risco pela introdução da cobrança nãocumulativa, e a carga tributária correspondente ao que se arrecadava com a cobrança do PIS/PASEP seria mantida. Assim, caberia à RFB, para fins de controle do crédito presumido, estabelecer limites, por espécie de bem ou serviço, para o valor das aquisições realizadas. É razoável acreditar que, segundo expectativas da época, se fossem incluídos todos os gastos na apuração do crédito a ser descontado, a arrecadação tributária não se manteria, o que nos leva a concluir que o conceito de insumo não poderia ser alargado em relação àquele então aceito. Por tudo isso, correto o entendimento expressado pela RFB órgão responsável pela administração tributária da União, a quem compete interpretar e aplicar a legislação tributária federal, ao editar os atos normativos e as instruções necessárias à sua execução que, ao expedir a Instrução Normativa nº 247/2002, com redação dada pela IN SRF nº 358/03, e a IN SRF nº 404/2004, adotou interpretação para o conceito de insumo, com base na concepção tradicional da legislação do IPI: Cito a IN/SRF nº 404/04, que dispôs “sobre a incidência nãocumulativa da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social na forma estabelecida pela Lei nº 10.833, de 2003, [...]”: “Art. 7º Sobre a base de cálculo apurada conforme art. 4º, aplicase a alíquota de 7,6% (sete inteiros e seis décimos por cento). Art. 8º Do valor apurado na forma do art. 7º, a pessoa jurídica pode descontar créditos, determinados mediante a aplicação da mesma alíquota, sobre os valores: I das aquisições efetuadas no mês: a) [...]; b) de bens e serviços, inclusive combustíveis e lubrificantes, utilizados como insumos: b.1) na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda; ou Fl. 216DF CARF MF Impresso em 24/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 23/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 23/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 13854.000170/200427 Acórdão n.º 3801004.612 S3TE01 Fl. 12 11 b.2) na prestação de serviços; § 4º Para os efeitos da alínea "b" do inciso I do caput, entende se como insumos: I utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda: a) a matériaprima, o produto intermediário, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado; b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto; II utilizados na prestação de serviços: a) os bens aplicados ou consumidos na prestação de serviços, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado; e b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na prestação do serviço. O conteúdo da IN nº 247/2002, com redação dada pela IN SRF nº 358/03, aplicável à contribuição para o PIS/Pasep, é o mesmo. Esta turma decidiu no mesmo sentido, por voto de qualidade, conforme acórdão nº 3801002.668, de 29/01/2014, relatado pelo Conselheiro Flávio de Castro Pontes, de cujo voto extraio a seguinte passagem, com grifos no original: “Com efeito, o conceito de insumo no âmbito do direito tributário foi estabelecido no inciso I, § 1º, do artigo 1º da Lei nº 10.276, de 10 de setembro de 2001, in verbis: Art. 1º (...) §1º A base de cálculo do crédito presumido será o somatório dos seguintes custos, sobre os quais incidiram as contribuições referidas no caput: I de aquisição de insumos, correspondentes a matérias primas, a produtos intermediários e a materiais de embalagem, bem assim de energia elétrica e combustíveis, adquiridos no mercado interno e utilizados no processo produtivo. Destarte, em tributos não cumulativos o conceito de insumo corresponde a matériasprimas, produtos intermediários e a materiais de embalagem. Ampliar este conceito implica em fragilizar a segurança jurídica tão almejada pelos sujeitos ativo e passivo. Fl. 217DF CARF MF Impresso em 24/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 23/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 23/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 13854.000170/200427 Acórdão n.º 3801004.612 S3TE01 Fl. 13 12 Nesse sentido, recentemente o Superior Tribunal de Justiça (STJ), no julgamento do Recurso Especial 1.020.991 RS, assim se pronunciou: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. PIS E COFINS. CREDITAMENTO. LEIS Nº 10.637/2002 E 10.833/2003. NÃOCUMULATIVIDADE. ART. 195, § 12, DA CF. MATÉRIA EMINENTEMENTE CONSTITUCIONAL. INSTRUÇÕES NORMATIVAS SRF 247/02 e SRF 404/04. EXPLICITAÇÃO DO CONCEITO DE INSUMO. BENS E SERVIÇOS EMPREGADOS OU UTILIZADOS DIRETAMENTE NO PROCESSO PRODUTIVO. BENEFÍCIO FISCAL. INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA. IMPOSSIBILIDADE. ART. 111 CTN. 1. A análise do alcance do conceito de nãocumulatividade, previsto no art. 195, § 12, da CF, é vedada neste Tribunal Superior, por se tratar de matéria eminentemente constitucional, sob pena de usurpação da competência do Supremo Tribunal Federal. 2. As Instruções Normativas SRF 247/02 e SRF 404/04 não restringem, mas apenas explicitam o conceito de insumo previsto nas Leis 10.637/02 e 10.833/03. 3. Possibilidade de creditamento de PIS e COFINS apenas em relação aos bens e serviços empregados ou utilizados diretamente sobre o produto em fabricação. 4. Interpretação extensiva que não se admite nos casos de concessão de benefício fiscal (art. 111 do CTN). Precedentes: AgRg no REsp 1.335.014/CE, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma, DJe 8/2/13, e Resp 1.140.723/RS, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe 22/9/10. 5. Recurso especial a que se nega provimento. (STJ, 1ª Turma, REsp 1.020.991RS, Dje 14/05/2013, rel. Sérgio Kukina) Por pertinente, transcrevese o seguinte excerto do voto proferido pelo Ministro Relator no julgamento deste recurso especial: No mais, não houve a alegada restrição do conceito de insumo com a edição das Instruções Normativas SRF 247/02 e SRF 404/04, mas apenas a explicitação da definição deste termo, que já se encontrava previsto nas Leis 10.637/02 e 10.833/03. Nesses instrumentos normativos, o critério para a obtenção do creditamento é que os bens e serviços empregados sejam utilizados diretamente sobre o produto em fabricação. Logo, não se relacionam a insumo as despesas decorrentes de mera administração interna da empresa. Fl. 218DF CARF MF Impresso em 24/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 23/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 23/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 13854.000170/200427 Acórdão n.º 3801004.612 S3TE01 Fl. 14 13 Assim, a parte recorrente não faz jus à obtenção de créditos de PIS e COFINS sobre todos os serviços mencionados como necessários à consecução do objeto da empresa, como pretende relativamente aos valores pagos à empresas pela representação comercial (comissões), pelas despesas de marketing para divulgação do produto, pelos serviços de consultoria prestados por pessoas jurídicas (aqui incluídos assessoria na área industrial, jurídica, contábil, comércio exterior, etc), pelos serviços de limpeza, pelos serviços de vigilância, etc., porque tais serviços não se encontram abarcados pelo conceito de insumo previsto na legislação, visto não incidirem diretamente sobre o produto em fabricação. Quando a lei entendeu pela incidência de crédito nesses serviços secundários, expressamente os mencionou, a exemplo do creditamento de combustíveis e lubrificantes previsto nos dispositivos legais questionados (...) (grifouse)” Mercadorias e Serviços não aplicados no sistema produtivo da empresa Rateio proporcional É incontroverso que o critério a se adotar é o de rateio proporcional. Esta turma já se deparou com questão semelhante, no processo 11075.000705/200754, de relatoria do Conselheiro Flávio de Castro Pontes, que assim se manifestou: “Não se pode perder de vista que a recorrente somente tem direito ao ressarcimento de créditos apurados em relação a custos, despesas e encargos vinculados às receitas sujeitas à incidência não cumulativa, observados os critérios previstos no § 8º do art. 3º da Lei 10.637/2002: Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a (...) § 7º Na hipótese de a pessoa jurídica sujeitarse à incidência nãocumulativa da contribuição para o PIS/Pasep, em relação apenas a parte de suas receitas, o crédito será apurado, exclusivamente, em relação aos custos, despesas e encargos vinculados a essas receitas. (Vide Lei nº 10.865, de 2004) § 8º Observadas as normas a serem editadas pela Secretaria da Receita Federal, no caso de custos, despesas e encargos vinculados às receitas referidas no § 7º e àquelas submetidas ao regime de incidência cumulativa dessa contribuição, o crédito será determinado, a critério da pessoa jurídica, pelo método de: I – apropriação direta, inclusive em relação aos custos, por meio de sistema de contabilidade de custos integrada e coordenada com a escrituração; ou II – rateio proporcional, aplicandose aos custos, despesas e encargos comuns a relação percentual existente entre a receita bruta sujeita à incidência nãocumulativa e a receita bruta total, auferidas em cada mês.(grifouse) Fl. 219DF CARF MF Impresso em 24/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 23/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 23/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 13854.000170/200427 Acórdão n.º 3801004.612 S3TE01 Fl. 15 14 O dispositivo legal acima estabelece uma proporção entre receita bruta sujeita à incidência não cumulativa e a receita bruta total. Por analogia, neste caso concreto estabelecese uma proporção entre receitas de alíquota zero e/ou exportação e a receita bruta total. Destacase que não existe uma norma específica regulamentando essa matéria. Como amplamente demonstrado, o conceito de receita bruta total está estabelecido no art. 1º, da Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, abaixo transcrito: Art. 1º A contribuição para o PIS/Pasep tem como fato gerador o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. §1º Para efeito do disposto neste artigo, o total das receitas compreende a receita bruta da venda de bens e serviços nas operações em conta própria ou alheia e todas as demais receitas auferidas pela pessoa jurídica.(grifouse) Assim, no conceito de [receita] bruta incluemse as receitas da venda de bens e serviços e todas as demais receitas. Desta forma, no item receita bruta, como acertadamente procedeu a autoridade fiscal, incluemse as receitas financeiras, as receitas decorrentes dos créditos presumidos de ICMS e de recuperação de custos. Vale o mesmo para a Cofins. Concluise que todas as receitas auferidas pela pessoa jurídica, inclusive as receitas financeiras, devem compor a receita bruta total, denominador da relação percentual a ser aplicada aos custos, despesas e encargos comuns; porém, no numerador desta relação, devemse incluir apenas as receitas das exportações de bens e serviços que não se enquadrem no regime cumulativo da contribuição. Falta de demonstração da utilização de bens e serviços no processo produtivo. Com base no exposto nas seções acima sobre a preliminar de nulidade e sobre o conceito de insumo, tendo em vista que o conceito aqui adotado é o mesmo adotado pelas unidades da Secretaria da Receita Federal do Brasil que já decidiram neste processo; que é ônus daquele que alega o direito provar os fatos em que se fundamenta, conforme art. 333 do Código de Processo Civil; que, no Processo Administrativo Fiscal Federal, a prova deve ser feita na impugnação ou, excepcionalmente, no recurso voluntário; que a contribuinte, até o presente, não alegou nem demonstrou que outros gastos com bens ou serviços, além daqueles aceitos pela fiscalização, poderiam se enquadrar neste conceito restritivo; devese manter a decisão, quanto aos gastos com bens e serviços a ser incluídos nos custo, encargos e despesas comuns. Gastos com combustíveis e lubrificantes. A lei permite que se incluam no cálculo do crédito as aquisições de insumos utilizados na prestação de serviços, na produção ou fabricação de bens destinados à venda. Logo, não são apenas os insumos da indústria que ensejam o crédito; os utilizados na produção agropecuária também são alcançados pela norma. Fl. 220DF CARF MF Impresso em 24/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 23/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 23/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 13854.000170/200427 Acórdão n.º 3801004.612 S3TE01 Fl. 16 15 Incluem o custo dos insumos, os gastos com o transporte destes insumos, os gastos com combustíveis e lubrificantes utilizados neste transporte, e com aqueles utilizados nas máquinas e equipamentos empregados em contato direto com os produtos agropecuários. Canadeaçúcar é produto agrícola e é insumo da indústria de açúcar e álcool. Máquinas e equipamentos utilizados no corte da canadeaçúcar são utilizados no processo produtivo deste produto; máquinas e equipamento utilizados no carregamento da canade açúcar para as instalações industriais de fabricação de açúcar e álcool são utilizados no processo produtivo destes bens. Assim, combustíveis e lubrificantes utilizados nestas máquinas e equipamentos são utilizados como insumos na produção ou fabricação de açúcar e álcool destinado à venda. Por isso, dão direito ao crédito, desde que tenha havido a cobrança da contribuição na sua aquisição, por força do art. 3º, §2º, inc. II, da Lei nº 10.637, de 2002, com redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004, ressalvandose os casos de álcool carburante, tratado na seqüência deste voto. Concluindo, as aquisições tributadas de combustíveis e lubrificantes utilizados no transporte de canadeaçúcar até a usina dão direito ao crédito e devem integrar os custos, encargos e despesas comuns. Porém, uma vez que no caso em discussão a recorrente não apontou exclusões de gastos com aquisição destes bens, não há nenhum reparo a fazer na decisão administrativa. Depreciação As pessoas jurídicas sujeitas à incidência nãocumulativa da Cofins e da contribuição para o PISPasep, em relação aos serviços e bens adquiridos no País ou no exterior a partir de 1º de maio de 2004, podem descontar créditos calculados sobre os encargos de depreciação de máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros, ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços (artigo 3º, inciso VI e §1º, inc. III, da Lei nº.10.637/2002, e art. 3º, inc. VI e §1º, inc. III, da Lei nº 10.833, de 2003). Tratandose de empresa que produz açúcar e álcool, valores de depreciação com veículos e equipamentos utilizados para transporte e colheita de canadeaçúcar e outros utilizados na produção de açúcar e álcool devem ser incluídos no cálculo dos gastos que dão direito ao crédito presumido. Também neste caso, não foi apontada nenhuma exclusão na apuração dos custos, despesas e encargos passíveis de gerarem crédito da contribuição social, motivo pelo qual não há que se alterar o despacho decisório. Receita da exportação de álcool combustível. A fiscalização excluiu do cálculo do rateio do regime não cumulativo receitas de exportações de álcool combustível que foram descritos em documentos e especificados em contrato como álcool etílico hidratado padrão ANP, sob o fundamento de que a venda de álcool para fins carburantes, tanto no mercado interno quanto no externo, não integra a base de cálculo da apuração da Cofins e da contribuição para o PIS/Pasep não cumulativas, Fl. 221DF CARF MF Impresso em 24/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 23/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 23/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 13854.000170/200427 Acórdão n.º 3801004.612 S3TE01 Fl. 17 16 representando receitas cumulativas, não podendo aumentar o percentual dos créditos não cumulativos. A receita de venda de álcool para fins carburantes sujeitavase à incidência não cumulativa da Cofins e da Contribuição para o PIS/Pasep antes da entrada em vigor da Lei nº 10.865, de 2004. A Lei nº 9.718, de 1999, dispôs: “Art. 5º As contribuições para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público – PIS/Pasep e para o Financiamento da Seguridade Social – Cofins devidas pelas distribuidoras de álcool para fins carburantes serão calculadas, respectivamente, com base nas seguintes alíquotas: (Redação dada pela Lei nº 9.990, de 2000) I – um inteiro e quarenta e seis centésimos por cento e seis inteiros e setenta e quatro centésimos por cento, incidentes sobre a receita bruta decorrente da venda de álcool para fins carburantes, exceto quando adicionado à gasolina; (Incluído pela Lei nº 9.990, de 2000) II – sessenta e cinco centésimos por cento e três por cento incidentes sobre a receita bruta decorrente das demais atividades. (Incluído pela Lei nº 9.990, de 2000.)” A Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, reduziu a zero a alíquota das contribuições sobre a receita de vendas de álcool para fins carburantes auferida por varejistas e concentrou a tributação nos distribuidores em substituição a esses dois. E as Leis nº 10.637, de 2002, e 10.833, de 2003, determinaram: Art. 1º ... § 3o Não integram a base de cálculo a que se refere este artigo, as receitas: (...) IV de venda dos produtos de que tratam as Leis no 9.990, de 21 de julho de 2000, no 10.147, de 21 de dezembro de 2000, e no 10.485, de 3 de julho de 2002, ou quaisquer outras submetidas à incidência monofásica da contribuição; “Art. 8o Permanecem sujeitas às normas da legislação da contribuição para o PIS/Pasep, vigentes anteriormente a esta Lei, não se lhes aplicando as disposições dos arts. 1o a 6o: (...) VII – as receitas decorrentes das operações: a) referidas no inciso IV do § 3o do art. 1o; Uma vez que o álcool para fins carburantes é um dos produtos de que trata a Lei nº 9.990, sua receita não integra a base de cálculo prevista no art. 1º da Lei nº 10.637, de Fl. 222DF CARF MF Impresso em 24/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 23/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 23/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 13854.000170/200427 Acórdão n.º 3801004.612 S3TE01 Fl. 18 17 2002, e, nos termos do seu art. 8º, VII, “a”, a receita de venda de álcool para fins carburantes permaneceu fora da sistemática nãocumulativa das contribuições. A alteração efetuada pela Lei nº 10.865, de 2004, apenas deu maior especificidade ao inciso IV do §3º dos arts. 1º da Lei nº 10.637, de 2002, e da Lei nº 18.833, de 2003, excluindo as vendas dos outros produtos de que tratam as Leis nº 9.990, de 2000, e as outras submetidas à incidência monofásica da contribuição, mantendo apenas a venda de álcool para fins carburantes. O mesmo entendimento está expresso no Ato Declaratório Interpretativo SRF nº 1, de 2005: “Artigo único. As receitas auferidas pelas pessoas jurídicas produtoras (usinas e destilarias) com as vendas de álcool para fins carburantes continuam sujeitas à incidência cumulativa da Contribuição para o PIS/Pasep e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), às alíquotas de 0,65% (zero vírgula sessenta e cinco por cento) e de 3% (três por cento), respectivamente, por não terem sido alcançadas pela incidência nãocumulativa das referidas contribuições de que tratam as Leis nº 10.637, de 2002, e nº 10.833, de 2003. Assim, com relação à receita de exportação de álcool, mantémse a decisão recorrida. Variação cambial. As notas fiscais de complemento de venda para o mercado externo são decorrentes de variações cambiais originadas de operações de exportação. O Supremo Tribunal FederalSTF proferiu decisão de mérito no RE 627.815/PR, na sistemática de recurso repetitivo, assentando a tese da inconstitucionalidade da incidência da contribuição ao PIS e da COFINS sobre a receita decorrente da variação cambial ativa obtida nas operações de exportação de produtos. Transcrevo a ementa do acórdão, relatado pela Ministra Rosa Weber. “RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE. HERMENÊUTICA. CONTRIBUIÇÃO AO PIS E COFINS. NÃO INCIDÊNCIA. TELEOLOGIA DA NORMA. VARIAÇÃO CAMBIAL POSITIVA. OPERAÇÃO DE EXPORTAÇÃO. I Esta Suprema Corte, nas inúmeras oportunidades em que debatida a questão da hermenêutica constitucional aplicada ao tema das imunidades, adotou a interpretação teleológica do instituto, a emprestarlhe abrangência maior, com escopo de assegurar à norma supralegal máxima efetividade. II O contrato de câmbio constitui negócio inerente à exportação, diretamente associado aos negócios realizados em moeda estrangeira. Consubstancia etapa inafastável do processo de exportação de bens e serviços, pois todas as transações com Fl. 223DF CARF MF Impresso em 24/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 23/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 23/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 13854.000170/200427 Acórdão n.º 3801004.612 S3TE01 Fl. 19 18 residentes no exterior pressupõem a efetivação de uma operação cambial, consistente na troca de moedas. III – O legislador constituinte ao contemplar na redação do art. 149, § 2º, I, da Lei Maior as “receitas decorrentes de exportação” conferiu maior amplitude à desoneração constitucional, suprimindo do alcance da competência impositiva federal todas as receitas que resultem da exportação, que nela encontrem a sua causa, representando consequências financeiras do negócio jurídico de compra e venda internacional. A intenção plasmada na Carta Política é a de desonerar as exportações por completo, a fim de que as empresas brasileiras não sejam coagidas a exportarem os tributos que, de outra forma, onerariam as operações de exportação, quer de modo direto, quer indireto. IV Consideramse receitas decorrentes de exportação as receitas das variações cambiais ativas, a atrair a aplicação da regra de imunidade e afastar a incidência da contribuição ao PIS e da COFINS. V Assenta esta Suprema Corte, ao exame do leading case, a tese da inconstitucionalidade da incidência da contribuição ao PIS e da COFINS sobre a receita decorrente da variação cambial positiva obtida nas operações de exportação de produtos. VI Ausência de afronta aos arts. 149, § 2º, I, e 150, § 6º, da Constituição Federal. Recurso extraordinário conhecido e não provido, aplicandose aos recursos sobrestados, que versem sobre o tema decidido, o art. 543B, § 3º, do CPC.” Tendo em vista o disposto no art. 62A do Anexo II do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22/06/2009, esta decisão deve ser reproduzida no presente julgamento, o que implica considerar as variações cambiais receitas não tributas pela Cofins e pela contribuição para o PIS/Pasep, tanto no sistema cumulativo quanto no não cumulativo. Porém, uma vez que foram consideradas pelo STF receitas decorrentes de exportação, devem ser consideradas como receitas de mercado externo, e não mercado interno, e devem ser incluídas, na apuração do percentual a ser aplicado aos custos, despesas e encargos comuns, no numerador, como receitas de exportação, e no denominador, integrando a receita bruta total. Fl. 224DF CARF MF Impresso em 24/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 23/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 23/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 13854.000170/200427 Acórdão n.º 3801004.612 S3TE01 Fl. 20 19 Conclusão. Por todo o exposto, voto por dar provimento parcial ao recurso voluntário, para incluir os valores das variações cambiais decorrentes de operações de exportação como receita de mercado externo e, no cálculo do rateio proporcional, no numerador e no denominador. (assinado digitalmente) Paulo Sergio Celani. Fl. 225DF CARF MF Impresso em 24/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 23/02/2015 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 23/02/2015 por FLAVIO DE CASTRO PONTES
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