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Numero do processo: 16004.001172/2007-85
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 21 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Wed Apr 01 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2002, 2004, 2005
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO - CONTRADIÇÃO.
Havendo contradição entre a fundamentação, o dispositivo e o resultado do julgamento devem ser conhecidos e acolhidos os Embargos de Declaração.
Embargos acolhidos.
Numero da decisão: 2202-002.965
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, acolher os embargos de declaração para que seja retificado o Acórdão (2202-02.495, 16/10/2013), sanando a contradição suscitada, apontando para que seja dado provimento parcial ao recurso para excluir da base de cálculo da exigência os valores de R$75.550,00, R$70.850,00 e R$77.029,57, respectivamente, nos anos calendários 2002, 2004 e 2005.
(Assinado digitalmente)
ANTONIO LOPO MARTINEZ - Presidente.
(Assinado digitalmente)
RAFAEL PANDOLFO - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Lopo Martinez (Presidente), Maria Anselma Coscrato Dos Santos (Suplente convocada), Jimir Doniak Junior (Suplente convocado), Marco Aurelio de Oliveira Barbosa, Dayse Fernandes Leite (Suplente convocada) e Rafael Pandolfo. Ausentes, justificadamente, os Conselheiro Pedro Anan Junior e Fabio Brun Goldsmidtch.
Nome do relator: RAFAEL PANDOLFO
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Havendo contradição entre a fundamentação, o dispositivo e o resultado do julgamento devem ser conhecidos e acolhidos os Embargos de Declaração. Embargos acolhidos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, acolher os embargos de declaração para que seja retificado o Acórdão (220202.495, 16/10/2013), sanando a contradição suscitada, apontando para que seja dado provimento parcial ao recurso para excluir da base de cálculo da exigência os valores de R$75.550,00, R$70.850,00 e R$77.029,57, respectivamente, nos anos calendários 2002, 2004 e 2005. (Assinado digitalmente) ANTONIO LOPO MARTINEZ Presidente. (Assinado digitalmente) RAFAEL PANDOLFO Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Lopo Martinez (Presidente), Maria Anselma Coscrato Dos Santos (Suplente convocada), Jimir Doniak Junior (Suplente convocado), Marco Aurelio de Oliveira Barbosa, Dayse Fernandes AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 00 4. 00 11 72 /2 00 7- 85 Fl. 1104DF CARF MF Impresso em 01/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2015 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por RAFAEL PANDOLFO 2 Leite (Suplente convocada) e Rafael Pandolfo. Ausentes, justificadamente, os Conselheiro Pedro Anan Junior e Fabio Brun Goldsmidtch. Fl. 1105DF CARF MF Impresso em 01/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2015 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por RAFAEL PANDOLFO Processo nº 16004.001172/200785 Acórdão n.º 2202002.965 S2C2T2 Fl. 1.105 3 Relatório 1. Procedimento de Fiscalização No exercício da investigação criminal denominada “Operação Grandes Lagos” (fl. 36), o Fisco iniciou Mandado de Procedimento Fiscal (fl. 01) em nome do recorrente. A Receita Federal solicitou judicialmente a quebra do sigilo bancário dos investigados (fls. 3946), requerimento que foi deferido (fls. 4760) para os anoscalendário de 2002 a 2006. Foram intimadas as instituições financeiras Bradesco (fls. 6162), Banco do Brasil (fls. 6566) e Itaú (fls. 6970). Após análise dos documentos apresentados, o recorrente foi intimado, em 28/03/07, a apresentar cópias de certificados de propriedade de veículos (fls. 321322), tendo os apresentado (fls. 328342) após solicitar dilação do prazo (fls. 325326). Em 11/06/07, a Fiscalização intimou o recorrente para comprovar, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos ingressados nas contas correntes de sua titularidade (fls. 345354), relativos aos anoscalendário de 2002 a 2005. O recorrente solicitou dilação do prazo (fls. 356357), o qual foi parcialmente concedido (fl. 358). O recorrente apresentou em parte as comprovações solicitadas, relatando que o prazo concedido não foi suficiente para recebimento dos extratos bancários requeridos. Assim, anexou ao processo: a) registros de recebimento de receitas (fls. 365370, 438439, 465 e 474); b) notas fiscais de venda de gado (fls. 371397, 415432, 445458 e 475496); c) registros de venda de veículos (fls. 398399, 433437, 459461 e 497499); d) contrato de financiamento junto ao Banco Bradesco (fls. 403404 e 521525); e) empréstimo rural junto ao Banco do Brasil (fls. 405407); f) comprovante de rendimentos pagos e de retenção de imposto de renda na fonte (fls. 410414, 439444 e 467); g) contrato de abertura de crédito para financiamento de veículo (fls. 462464); h) contrato de venda de cotas de consórcio (fls. 468 473); i) registro de venda de imóveis (fls. 500519); j) registro de retenção na fonte para INSS (fls. 519520). Insatisfeita com a documentação apresentada, em 15/08/07, a Fiscalização intimou o recorrente (fls. 527542) para comprovar a origem dos créditos efetuados nas contas bancárias de sua titularidade, no período de 2002 a 2005 e, ainda, para identificar dentre os créditos mencionados em planilha, quais seriam fruto de transferências de outras contas bancárias em seu nome. Ciente em 29/08/07, o recorrente apresentou manifestação, na qual relatou a impossibilidade de apresentar novos documentos, em razão de mandado judicial que determinou a remoção de computadores de seu escritório. Invocou, ainda, o disposto no art. 5º, § 4º, da Lei nº 105/01 para afastar a presunção relativa prevista no art. 42 da Lei nº 9.430/96 (fls. 553556). Em 02/10/07, o recorrente foi novamente intimado (fls. 557558), oportunidade em que reiterou já ter apresentado esclarecimentos suficiente, e alegou estar providenciando cópias de cheques para comprovar a origem dos créditos solicitados. Fl. 1106DF CARF MF Impresso em 01/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2015 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por RAFAEL PANDOLFO 4 A Fiscalização, considerando insuficientes as comprovações apresentadas pelo recorrente, decidiu lavrar auto de infração. 2. Auto de Infração Foi lavrado, em 12/12/07 (fls. 592603), Auto de Infração relativo ao Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, anoscalendário 2002, 2004 e 2005, apurando crédito tributário no montante de R$ 668.952,20, incluídos imposto, juros de mora e multa de 150%. A infração imputada foi omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários sem origem comprovada. 3. Impugnação Indignado com a autuação, o recorrente apresentou impugnação tempestiva (fls. 610629). 4. Acórdão de Impugnação A impugnação foi julgada improcedente, por unanimidade, pela 6ª Turma da DRJ/SPOII (fls. 716723), mantendo o crédito tributário exigido. 5. Recurso Voluntário O recorrente tomou ciência da decisão em 29/05/09 (fl. 732), dessa forma interpôs, tempestivamente, recurso voluntário em 29/06/09 (fls. 734760). Em 26/02/10, o recorrente renunciou parcialmente a ele. 6. Acórdão de Recurso Voluntário Esta Turma, por unanimidade, deu parcial provimento ao recurso voluntário para excluir da exigência os valores de R$ 64.600,00 no anocalendário de 2002, R$ 65.000,00 no anocalendário de 2004 e R$ 75.569,57 no anocalendário 2005 (fls. 10591072 do e processo). 7. Embargos Em 17/02/14 o embargante interpôs, tempestivamente, os presentes embargos de declaração, alegando contradição entre a decisão e seus fundamentos, pois aquela afastou expressamente a cobrança realizada em face da duplicidade dos depósitos, mas o dispositivo não considerou a exclusão desses valores. 8. Informação em Embargos Foram prestadas informação ao Ilmo. Sr. Presidente da 2ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da 2ª Seção do Conselho Administrativo, por este Relator, onde se concluiu a ocorrência das hipóteses previstas no art. 65 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Fl. 1107DF CARF MF Impresso em 01/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2015 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por RAFAEL PANDOLFO Processo nº 16004.001172/200785 Acórdão n.º 2202002.965 S2C2T2 Fl. 1.106 5 Voto Conselheiro Rafael Pandolfo Tratase de Embargos de Declaração opostos tempestivamente pelo contribuinte João do Carmo Lisboa Filho, a fim de que seja sanada contradição entre o voto e o dispositivo. O embargante sustenta que o acórdão embargado restou obscuro, na medida em que, apesar de afastar expressamente a cobrança realizada em duplicidade, não considerou a exclusão de tais valores, que soma, aproximadamente, R$ 137.000,00 no dispositivo da decisão. Assiste razão ao embargante. Da leitura dos fundamentos do voto embargado, vêse indicação expressa à existência de valores lançados em duplicidade que deveriam ser excluídos da base de cálculo, tendo em vista que determinados depósitos entraram nas contas do recorrente mantidas junto ao Banco do Brasil e, em seguida, foram transferidos para as contas bancárias de titularidade do recorrente. 2.5 VALORES LANÇADOS EM DUPLICIDADE Quanto à alegação de lançamento efetuado em duplicidade, assiste razão ao recorrente. Verificase que os extratos da conta bancária de titularidade do recorrente contém apenas um registro de depósito dos valores que foram lançados em duplicidade pela Fiscalização. Assim, analisando o demonstrativo de crédito de origem não comprovada (fls. 571 576), juntamente com os extratos anexados pelo recorrente (fls. 866916), verificase, de fato, que os depósitos entraram diretamente nas contas internas de instituição financeira Banco do Brasil, quais seja nº 3100198018 e nº 3100198019, e em seguida foram transferidos para a conta de titularidade do recorrente, respectivamente, de nº 06521 (Jales – SP) e de nº 10625 (Aporé –GO). Registrese que tal procedimento ocorria no mesmo dia do depósito dos valores em conta corrente. Incabível, dessa forma, o duplo lançamento ocorrido. Ocorre que, o dispositivo não considerou os valores lançados em duplicidade, como apontou o embargante, pois os valores excluídos (R$ 64.600,00 para o anocalendário 2002; R$ 65.000,00 para o anocalendário 2004 e R$ 75.569,57 para o anocalendário 2005) não se referem ao lançamento dúplice, mas, respectivamente, a: (i) um depósito no valor de R$ 64.500,00 no dia 02/12/02 e um depósito de R$ 100,00 no dia 06/12/02 decorrente da venda de gado devidamente comprovada; (ii) um depósito de R$ 45.000,00 e um depósito de R$ 20.000,00 no dia 27/01/04; (iii) um depósito de R$ 74.029,25, decorrente de venda de cotas de consórcio efetuada pelo recorrente, e seis depósitos recebidos a título de prólabore no total de R$ 1.540,32. Todavia, de acordo com o art. 42, § 3º, I, da Lei nº 9.430/96, para efeito de determinação de receita omitida, não serão considerados os crédito decorrentes de transferência Fl. 1108DF CARF MF Impresso em 01/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2015 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por RAFAEL PANDOLFO 6 de outras contas da própria pessoa física, como aconteceu no caso dos autos. Dessa forma, os valores constantes na tabela abaixo devem ser excluídos da base de cálculo, pois se referem a valores lançados em duplicidade decorrentes, ainda, de transferências entre contas bancárias do mesmo titular. Banco Agência Conta Data Histórico Documento Valor 237 0526 1120P 31/01/02 DEPOS CC AUTOAT 000079614 10.000,00 001 0411 0000006521 04/03/02 DEPOSITO ONLINE 386337 150,00 001 2938 0000010625 28/03/02 DESBLOQUEIO DE DEPOSITO 000000 100,00 001 2938 0000010625 05/06/02 DEPOSITO ONLINE 386386 100,00 001 2938 0000006521 12/06/02 DEPOSITO ONLINE 041100 100,00 001 0411 0000006521 01/07/02 DEPOSITO ONLINE 041100 50,00 001 2938 0000010625 07/08/02 DEPOSITO ONLINE 041100 100,00 001 2938 0000010625 04/09/02 DESBLOQUEIO DE DEPOSITO 000000 150,00 001 2938 0000010625 08/10/02 DESBLOQUEIO DE DEPOSITO 000000 100,00 001 2938 0000010625 06/12/02 DEPOSITO ONLINE 822230 100,00 001 0411 0000006521 06/01/04 DEPOSITO ONLINE 792333 400,00 001 0411 0000006521 06/02/04 DEPOSITO ONLINE 869580 350,00 001 2938 0000010625 25/02/04 DEPOSITO ONLINE 869721 200,00 001 0411 0000006521 08/03/04 DEPÓSITO ONLINE 871503 500,00 001 0411 0000006521 06/05/04 DEPÓSITO ONLINE 219937 400,00 001 2938 0000010625 10/05/04 DEPOSITO ONLINE 870588 200,00 001 0411 0000006521 09/06/04 DEPOSITO ONLINE 869218 400,00 001 0411 0000006521 06/07/04 DEPOSITO ONLINE 792523 400,00 001 2938 0000010625 20/07/04 DEPOSITO ONLINE 743408 200,00 001 0411 0000006521 09/08/04 DEPOSITO ONLINE 630664 400,00 001 0411 0000006521 08/09/04 DEPOSITO ONLINE 386439 400,00 001 2938 0000010625 04/10/04 DEPOSITO ONLINE 386488 100,00 001 0411 0000006521 06/10/04 DEPOSITO ONLINE 480201 400,00 001 2938 0000010625 08/11/04 DEPOSITO ONLINE 480144 400,00 001 0411 0000006521 08/11/04 DEPOSITO ONLINE 480052 100,00 001 2938 0000010625 19/11/04 DEPOSITO ONLINE 480128 100,00 001 0411 0000006521 07/12/04 DEPOSITO ONLINE 355328 400,00 001 2938 0000010625 13/12/04 DEPOSITO ONLINE 355625 500,00 001 0411 0000006521 06/01/05 DEPOSITO ONLINE 355567 400,00 001 0411 0000006521 11/02/05 DEPOSITO ONLINE 355427 400,00 001 2938 0000010625 13/07/05 DEPOSITO ONLINE 311600 200,00 001 2938 0000010625 14/10/05 DEPOSITO ONLINE 950354 200,00 001 0411 0000006521 25/10/05 DEPOSITO ONLINE 711179 20,00 001 0411 0000006521 03/11/05 DEPOSITO ONLINE 714389 20,00 001 2938 0000010625 18/11/05 DEPOSITO ONLINE 711039 200,00 001 0411 0000006521 01/12/05 DEPOSITO ONLINE 950461 20,00 Total 18.260,00 Como se verifica, os valores acima referidos (no montante de R$ 18.260,00) deveriam ter sido excluídos da base de cálculo. Assim, devem ser alterados o resultado e o dispositivo do Acórdão para que conte: a) no resultado “Com base no acima exposto, voto pelo PARCIAL PROVIMENTO do Recurso Voluntário, para excluir da autuação os valores de R$ 75.550,00 para o anocalendário de 2002, de R$ 70.850,00 para o anocalendário de 2004, de R$ 77.029,00 para o anocalendário de 2005, e para reduzir a multa aplicada para 75%” b) no dispositivo “Acordam os membros do colegiados, por unanimidade, dar provimento parcial ao recurso para excluir a exigência dos valores de R$ 75.550,00 para o anocalendário de 2002, de R$ 70.850,00 para o ano calendário de 2004, de R$ 77.029,00 para o anocalendário de 2005, e para reduzir a multa aplicada para 75%” Face ao exposto, voto por ACOLHER os embargos de declaração para que seja RETIFICADO o acórdão embargado, para que seja excluído, além dos valores Fl. 1109DF CARF MF Impresso em 01/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2015 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por RAFAEL PANDOLFO Processo nº 16004.001172/200785 Acórdão n.º 2202002.965 S2C2T2 Fl. 1.107 7 mencionados do acórdão embargado, o para excluir da base de cálculo os valores de R$75.550,00, R$70.850,00 e R$77.029,57, respectivamente, nos anos calendários 2002, 2004 e 2005. (Assinado digitalmente) Rafael Pandolfo Relator Fl. 1110DF CARF MF Impresso em 01/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2015 por RAFAEL PANDOLFO, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por ANTONIO LOPO MARTINEZ, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por RAFAEL PANDOLFO
score : 1.0
Numero do processo: 10865.002083/2002-25
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 19 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Mar 27 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/02/1992 a 31/07/1994
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. EXISTÊNCIA DE OMISSÃO. NECESSIDADE DE ALTERAÇÃO DA PARTE DISPOSITIVA.
Devem ser acolhidos os embargos de declaração quando se constata a existência de omissão no acórdão de ponto sobre o qual devia pronunciar-se a turma.
Embargos acolhidos.
Direito Creditório Reconhecido em Parte.
Numero da decisão: 3302-002.877
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros da Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em acolher os embargos de declaração, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Walber José da Silva
Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède
Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walber José da Silva (Presidente), Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Paulo Guilherme Déroulède, Jonathan Barros Vita, Cláudio Monroe Massetti e Fabiola Cassiano Keramidas.
Nome do relator: Relator
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EXISTÊNCIA DE OMISSÃO. NECESSIDADE DE ALTERAÇÃO DA PARTE DISPOSITIVA. Devem ser acolhidos os embargos de declaração quando se constata a existência de omissão no acórdão de ponto sobre o qual devia pronunciarse a turma. Embargos acolhidos. Direito Creditório Reconhecido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros da Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em acolher os embargos de declaração, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Walber José da Silva Presidente (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walber José da Silva (Presidente), Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Paulo Guilherme Déroulède, Jonathan Barros Vita, Cláudio Monroe Massetti e Fabiola Cassiano Keramidas. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 86 5. 00 20 83 /2 00 2- 25 Fl. 221DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/03/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 25/03 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 23/03/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 10865.002083/200225 Acórdão n.º 3302002.877 S3C3T2 Fl. 222 2 Relatório Trata o presente de processo de restituição de PIS/Pasep, cumulado com declarações de compensação, de indébitos decorrente da inconstitucionalidade dos Decretos leis nº 2.445/1988 e nº 2.449/1988. O julgamento de primeira instância decidiu pela decadência do direito de pleitear a restituição. Por sua vez, este colegiado proferiu o Acórdão nº 330201.483, afastando a decadência declarada pela primeira instância e dando provimento parcial ao recurso voluntário, conferindo direito à repetição do indébito tributário apurado de dezembro de 1992 a julho de 1994. A Fazenda Nacional opôs Embargos de Declaração, alegando que a decisão do STF no RE 566.621/RS somente reconheceu o prazo prescricional de dez anos para os pedidos ajuizados antes do início da vigência da LC nº 118/2005, não possuindo força vinculante para os pedidos realizados administrativamente, bem como omissão quanto à determinação de devolução dos autos à Delegacia da Receita Federal para proceder à análise da liquidez e certeza do direito creditório. O Presidente desta turma deu seguimento parcial aos embargos entendendo ter ocorrido omissão no julgado por não determinar a apuração da liquidez e certeza do crédito ou devolver à autoridade julgadora a quo pra apreciação do mérito. Na forma regimental, o processo foi distribuído a este relator. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède. O recurso atende aos pressupostos de admissibilidade e dele tomo conhecimento. Conforme exame de admissibilidade, constatase a omissão na parte dispositiva do acórdão quanto à devolução dos autos à delegacia de origem para apreciar a liquidez e certeza do direito creditório. Ressaltase que a verificação deve acolher a tese da semestralidade pacificada na Súmula CARF nº 151, de acordo com o excerto do voto abaixo transcrito: “Nesse sentido, entendimento de há muito pacificado no antigo Conselho de Contribuintes e no atual CARF que a data máxima para requerimento de quaisquer diferenças resultantes da aplicação da “semestralidade” aos recolhimentos da contribuição ao PIS, por sua vez pacificada na Súmula 11 do 1 Súmula CARF nº 15: A base de cálculo do PIS, prevista no artigo 6º da Lei Complementar nº 7, de 1970, é o faturamento do sexto mês anterior, sem correção monetária. Fl. 222DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/03/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 25/03 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 23/03/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 10865.002083/200225 Acórdão n.º 3302002.877 S3C3T2 Fl. 223 3 antigo 2º Conselho de Contribuintes fora até 14.10.2000, cinco anos após a edição da Resolução nº 49 de 1995.” Diante do exposto, voto para acolher os embargos de declaração na parte admitida e sanar a omissão alegada, alterando a parte dispositiva do Acórdão nº 330201.483, nos termos abaixo, sem, contudo, alterar as conclusões do acórdão embargado: “Isso posto, voto no sentido de parcial provimento à pretensão recursal, devolvendose os autos à autoridade administrativa de origem, para que se efetive a apuração da liquidez e certeza do direito creditório.” (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 223DF CARF MF Impresso em 30/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/03/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 25/03 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 23/03/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE
score : 1.0
Numero do processo: 10840.720468/2010-66
Turma: Terceira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 03 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Mon Feb 23 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - Simples
Exercício: 2007
NULIDADE. DEVER DE CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO PELO LANÇAMENTO.
No caso de o enfrentamento das questões na peça de defesa denotar perfeita compreensão da descrição dos fatos que ensejaram o procedimento não há que se falar em nulidade do ato em litígio.
Cabe ao Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil, na atribuição do exercício da competência da Secretaria da Receita Federal do Brasil em caráter privativo, no caso de verificação do ilícito, constituir o crédito tributário, cuja atribuição é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional.
PRODUÇÃO DE PROVAS. ASPECTO TEMPORAL.
A peça de defesa deve ser formalizada por escrito incluindo todas as teses de defesa e instruída com os todos os documentos em que se fundamentar, sob pena de preclusão, ressalvadas as exceções legais.
OMISSÃO DE RECEITA. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. ORIGEM NÃO COMPROVADA.
A pessoa jurídica fica sujeita à presunção legal de omissão de receita caracterizada pelos valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto à instituição financeira, em relação aos quais o titular regularmente intimada, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações.
Havendo previsão legal e procedimento administrativo instaurado, a prestação, por parte das instituições financeiras, de informações solicitadas pelo órgão fiscal tributário não constitui quebra do sigilo bancário, mas de mera transferência de dados protegidos às autoridades obrigadas a mantê-los no âmbito do sigilo fiscal.
JUROS DE MORA.
Tem cabimento a incidência de juros de mora equivalentes à taxa referencial do Selic sobre débitos tributários não pagos nos prazos legais.
MULTA DE OFÍCIO PROPORCIONAL QUALIFICADA.
A multa de ofício proporcional qualificada é uma penalidade pecuniária aplicada em razão de inadimplemento de obrigações tributárias apuradas em lançamento direto com a comprovação da conduta dolosa.
DOUTRINA. JURISPRUDÊNCIA.
Somente devem ser observados os entendimentos doutrinários e jurisprudenciais para os quais a lei atribua eficácia normativa.
INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
LANÇAMENTOS DECORRENTES.
Os lançamentos de PIS, de CSLL, de COFINS e de INSS sendo decorrentes das mesmas infrações tributárias, a relação de causalidade que os informa leva a que os resultados dos julgamentos destes feitos acompanhem aqueles que foram dados à exigência de IRPJ.
Numero da decisão: 1803-002.504
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora.
(assinado digitalmente)
Carmen Ferreira Saraiva Relatora e Presidente
Composição do colegiado. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Sérgio Rodrigues Mendes, Arthur José André Neto, Fernando Ferreira Castellani, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Meigan Sack Rodrigues e Carmen Ferreira Saraiva.
Nome do relator: CARMEN FERREIRA SARAIVA
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ementa_s : Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - Simples Exercício: 2007 NULIDADE. DEVER DE CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO PELO LANÇAMENTO. No caso de o enfrentamento das questões na peça de defesa denotar perfeita compreensão da descrição dos fatos que ensejaram o procedimento não há que se falar em nulidade do ato em litígio. Cabe ao Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil, na atribuição do exercício da competência da Secretaria da Receita Federal do Brasil em caráter privativo, no caso de verificação do ilícito, constituir o crédito tributário, cuja atribuição é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. PRODUÇÃO DE PROVAS. ASPECTO TEMPORAL. A peça de defesa deve ser formalizada por escrito incluindo todas as teses de defesa e instruída com os todos os documentos em que se fundamentar, sob pena de preclusão, ressalvadas as exceções legais. OMISSÃO DE RECEITA. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. ORIGEM NÃO COMPROVADA. A pessoa jurídica fica sujeita à presunção legal de omissão de receita caracterizada pelos valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto à instituição financeira, em relação aos quais o titular regularmente intimada, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Havendo previsão legal e procedimento administrativo instaurado, a prestação, por parte das instituições financeiras, de informações solicitadas pelo órgão fiscal tributário não constitui quebra do sigilo bancário, mas de mera transferência de dados protegidos às autoridades obrigadas a mantê-los no âmbito do sigilo fiscal. JUROS DE MORA. Tem cabimento a incidência de juros de mora equivalentes à taxa referencial do Selic sobre débitos tributários não pagos nos prazos legais. MULTA DE OFÍCIO PROPORCIONAL QUALIFICADA. A multa de ofício proporcional qualificada é uma penalidade pecuniária aplicada em razão de inadimplemento de obrigações tributárias apuradas em lançamento direto com a comprovação da conduta dolosa. DOUTRINA. JURISPRUDÊNCIA. Somente devem ser observados os entendimentos doutrinários e jurisprudenciais para os quais a lei atribua eficácia normativa. INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. LANÇAMENTOS DECORRENTES. Os lançamentos de PIS, de CSLL, de COFINS e de INSS sendo decorrentes das mesmas infrações tributárias, a relação de causalidade que os informa leva a que os resultados dos julgamentos destes feitos acompanhem aqueles que foram dados à exigência de IRPJ.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva Relatora e Presidente Composição do colegiado. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Sérgio Rodrigues Mendes, Arthur José André Neto, Fernando Ferreira Castellani, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Meigan Sack Rodrigues e Carmen Ferreira Saraiva.
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DEVER DE CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO PELO LANÇAMENTO. No caso de o enfrentamento das questões na peça de defesa denotar perfeita compreensão da descrição dos fatos que ensejaram o procedimento não há que se falar em nulidade do ato em litígio. Cabe ao AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil, na atribuição do exercício da competência da Secretaria da Receita Federal do Brasil em caráter privativo, no caso de verificação do ilícito, constituir o crédito tributário, cuja atribuição é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. PRODUÇÃO DE PROVAS. ASPECTO TEMPORAL. A peça de defesa deve ser formalizada por escrito incluindo todas as teses de defesa e instruída com os todos os documentos em que se fundamentar, sob pena de preclusão, ressalvadas as exceções legais. OMISSÃO DE RECEITA. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. ORIGEM NÃO COMPROVADA. A pessoa jurídica fica sujeita à presunção legal de omissão de receita caracterizada pelos valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto à instituição financeira, em relação aos quais o titular regularmente intimada, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 84 0. 72 04 68 /2 01 0- 66 Fl. 1978DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10840.720468/201066 Acórdão n.º 1803002.504 S1TE03 Fl. 1.979 2 Havendo previsão legal e procedimento administrativo instaurado, a prestação, por parte das instituições financeiras, de informações solicitadas pelo órgão fiscal tributário não constitui quebra do sigilo bancário, mas de mera transferência de dados protegidos às autoridades obrigadas a mantêlos no âmbito do sigilo fiscal. JUROS DE MORA. Tem cabimento a incidência de juros de mora equivalentes à taxa referencial do Selic sobre débitos tributários não pagos nos prazos legais. MULTA DE OFÍCIO PROPORCIONAL QUALIFICADA. A multa de ofício proporcional qualificada é uma penalidade pecuniária aplicada em razão de inadimplemento de obrigações tributárias apuradas em lançamento direto com a comprovação da conduta dolosa. DOUTRINA. JURISPRUDÊNCIA. Somente devem ser observados os entendimentos doutrinários e jurisprudenciais para os quais a lei atribua eficácia normativa. INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. LANÇAMENTOS DECORRENTES. Os lançamentos de PIS, de CSLL, de COFINS e de INSS sendo decorrentes das mesmas infrações tributárias, a relação de causalidade que os informa leva a que os resultados dos julgamentos destes feitos acompanhem aqueles que foram dados à exigência de IRPJ. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva – Relatora e Presidente Composição do colegiado. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Sérgio Rodrigues Mendes, Arthur José André Neto, Fernando Ferreira Castellani, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Meigan Sack Rodrigues e Carmen Ferreira Saraiva. Relatório Exclusão do Simples Fl. 1979DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10840.720468/201066 Acórdão n.º 1803002.504 S1TE03 Fl. 1.980 3 A Recorrente optante pelo Sistema Integrado de Pagamentos de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte – Simples e por Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte Simples Nacional foi excluída de ofício pelos Atos Declaratórios Executivo DRF/RPO/SP nºs 358 e 359, de 08.08.2010, fls. 16841685, com base nos fundamentos de fato e de direito indicados: O Delegado da Receita Federal do Brasil em Ribeirão PretoSP, no uso das suas atribuições e tendo em vista o disposto no inciso II do art. 9o da Lei n° 9.317, de 05 de dezembro de 1996, e do que consta no Processo Administrativo n° 10840.720.468/201066, declara: 1 A exclusão da empresa ZAP MATERIAIS PARA CONSTRUÇÃO LTDA, CNPJ n° 96.418.892/000114, situada na Rua Mario de Souza, 530 Nova Ribeirania Ribeirão Preto/SP CEP 14.096660, do Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte SIMPLES, de que trata a Lei n° 9.317, de 05 de dezembro de 1996, na condição de Empresa de Pequeno Porte, tendo em vista ter auferido no ano calendário 2006, receita bruta superior a RS 2.400.000,00. 2 A exclusão surtirá efeito a partir de 01/01/2007. 3 Poderá a empresa, no prazo de 30 (trinta) dias contados da ciência deste ADE, manifestarse por escrito, sua inconformidade relativamente ao procedimento acima, ao Delegado da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto, protocolada na unidade da Secretaria da Receita Federal do Brasil de sua jurisdição, nos termos do Decreto n° 70.235, de 06 de março de 1972. 4 Não havendo manifestação nesse prazo, a exclusão tornarseá definitiva. [...] O Delegado da Receita Federal do Brasil em Ribeirão PretoSP, no uso das suas atribuições e tendo em vista o disposto no inciso I do art. 12° da Resolução CGSN n° 4, de 30 de maio de 2007, da Lei Complementar n° 123/2006, e do que consta no Processo Administrativo n° 10840.720.468/201066, declara: 1 A exclusão da empresa ZAP MATERIAIS PARA CONSTRUÇÃO LTDA, CNPJ n° 96.418.892/000114, situada na Rua Mario de Souza, 530, Nova Ribeirãnia, Ribeirão Preto/SP, CEP 14.096660, do Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte Simples Nacional, na condição de Empresa de Pequeno Porte, de que trata a Lei Complementar n° 123, de 14 de dezembro de 2006, tendo em vista ter auferido no anocalendário 2006, receita bruta superior a R$2.400.000,00. 2 A exclusão surtirá efeito a partir de 01/07/2007. 3 Poderá a empresa, no prazo de 30 (trinta) dias contados da ciência deste ADE, manifestarse por escrito, sua inconformidade relativamente ao procedimento acima, ao Delegado da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto, protocolada na unidade da Secretaria da Receita Federal do Brasil de sua jurisdição, nos termos do Decreto n° 70.235, de 06 de março de 1972. 4 Não havendo manifestação nesse prazo, a exclusão tornarseá definitiva. Ambos foram cientificados a Recorrente em 18.01.2011, fls. 16841685. Fl. 1980DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10840.720468/201066 Acórdão n.º 1803002.504 S1TE03 Fl. 1.981 4 Autos de Infração I Contra a Recorrente acima identificada foi lavrado o Auto de Infração às fls. 15681597, com a exigência do crédito tributário no valor de R$65.032,11, a título de Imposto Sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), juros de mora e multa de ofício proporcional qualificada, apurado no regime tributário do Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte (Simples), referente ao período de janeiro a dezembro do anocalendário de 2006. Consta na Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal: 001 OMISSÃO DE RECEITAS DEPÓSITOS BANCÁRIOS NÃO ESCRITURADOS / RECEITAS NÃO ESCRITURADAS DEPÓSITOS BANCÁRIOS NÃO ESCRITURADOS/RECEITAS NÃO ESCRITURADAS; [...] Valor apurado conforme relatório de fiscal às fls 595/603 do eprocesso. [...] Art. 24 da Lei nº 9.249/95; arts. 2º, § 2º, 3º, § 1º, alínea "a", 5º, 7º, § 1º, 18, da Lei nº 9.317/96; art. 42 da Lei nº 9.430/96.; Art. 3º da Lei nº 9.732/98.; Arts. 186, 188 e 199, do RIR/99. [...] [...] 002 INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTOS [...] Art. 5º da Lei nº 9.317/96 c/c art. 3º da Lei nº 9.732/98.; Arts. 186 e 188, do RIR/99. Intimação Fica o sujeito passivo intimado a recolher ou impugnar, no prazo de 30 (trinta) dias contados da ciência deste auto de infração, nos termos dos arts. 5º , 15, 16 e 17 do Decreto n° 70.235/72, com as alterações introduzidas pelas Leis n° 8.748/93, n° 9.532/97 e n° 11.196/05, o débito para com a Fazenda Nacional constituído pelo presente Auto de Infração, cujo montante acima discriminado será recalculado, na data do efetivo pagamento, de acordo com a legislação aplicável. Esta intimação é extensiva aos responsáveis solidários, SR. EWERTON VILELA BARBOSA CPF 178.679.99876, SR. ANDERSON VILELA BARBOSA CPF 138.563.48808 e SR. WESLEY VILELA BARBOSA CPF 221.891.11838 na forma dos artigos. 124 e 135 do CTN, e estes senhores poderão ter vista do processo que se encontra na repartição. Será concedida redução de 50% (cinqüenta por cento) sobre o valor da(s) multa(s) passível(eis) de redução, se o pagamento for efetuado até o vencimento desta intimação, ou de 40% (quarenta por cento) sobre o valor desta(s) multa(s), se for requerido parcelamento do débito no prazo legal de impugnação, nas hipóteses previstas. Esta intimação é válida, também, para cobrança amigável. Fl. 1981DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10840.720468/201066 Acórdão n.º 1803002.504 S1TE03 Fl. 1.982 5 Em decorrência de serem os mesmos elementos de provas indispensáveis à comprovação dos fatos ilícitos tributários foram constituídos os seguintes créditos tributários pelos lançamentos formalizados neste processo: II O Auto de Infração às fls. 15981609 com a exigência do crédito tributário no valor de R$47.635,64 a título de Contribuição para o Programa de Integração Social (PIS), juros de mora e multa de ofício proporcional qualificada. Consta na Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal: 001 OMISSÃO DE RECEITAS DEPÓSITOS BANCÁRIOS NÃO ESCRITURADOS / RECEITAS NÃO ESCRITURADAS DEPÓSITOS BANCÁRIOS NÃO ESCRITURADOS/RECEITAS NÃO ESCRITURADAS; [...] Art. 3º, alínea "b" da Lei Complementar nº 7/70 c/c art. 1º, parágrafo único, da Lei Complementar nº 17/73 e arts. 2º, inciso I, 3º e 9º, da Medida Provisória nº 1.249/95 e suas reedições; arts. 2º, § 2º, 3º, § 1º, alínea "b", 5º, 7º, § 1º, 18, da Lei nº 9.317/96; Art. 3º da Lei nº 9.732/98. [...] 002 INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTOS [...] Art. 3º, alínea "b" da Lei Complementar nº 7/70 c/c art.1º, parágrafo único da Lei Complementar nº 17/73 e arts. 2º, inciso I, 3º e 9º, da Medida Provisória nº1.249/95 e suas reedições; art. 5º da Lei nº9.317/96; Art. 3º da Lei nº 9.732/98. III – O Auto de Infração às fls. 16101621 com a exigência do crédito tributário no valor de R$65.032,11 a título de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), juros de mora e multa de ofício proporcional qualificada. Consta na Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal: 001 OMISSÃO DE RECEITAS DEPÓSITOS BANCÁRIOS NÃO ESCRITURADOS / RECEITAS NÃO ESCRITURADAS DEPÓSITOS BANCÁRIOS NÃO ESCRITURADOS/RECEITAS NÃO ESCRITURADAS; [...] Art. 1º da Lei nº 7.689/88; arts. 2º, § 2º, 3º, § 1º, alínea "c", 5º, 7º, § 1º, 18, da Lei nº 9.317/96.Art. 3º da Lei nº 9.732/98. 002 INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTOS [...] Art. 1º da Lei nº 7.689/88; art. 5º da Lei nº 9.317/96.Art. 3º da Lei nº 9.732/98. IV – O Auto de Infração às fls. 16221633 com a exigência do crédito tributário no valor de R$191.565,52 a título de Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), juros de mora e multa de ofício proporcional qualificada. Consta na Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal: Fl. 1982DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10840.720468/201066 Acórdão n.º 1803002.504 S1TE03 Fl. 1.983 6 001 OMISSÃO DE RECEITAS DEPÓSITOS BANCÁRIOS NÃO ESCRITURADOS / RECEITAS NÃO ESCRITURADAS DEPÓSITOS BANCÁRIOS NÃO ESCRITURADOS/RECEITAS NÃO ESCRITURADAS; [...] Arts. 1º e 2º da Lei Complementar nº 70/91; arts. 2º,§ 2º, 3º, § 1º, alínea "d", 5º, 7º, § 1º, e 18 da Lei n º9.317/96.Art. 3º da Lei nº 9.732/98. 002 INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTOS [...] Art. 1º da Lei Complementar nº 70/91; art. 5º da Lei nº 9.317/96. Art. 3º da Lei nº 9.732/98. V O Auto de Infração às fls. 16341645 com a exigência do crédito tributário no valor de R$553.898,83 a título de Contribuição para a Seguridade Social (INSS), juros de mora e multa de ofício proporcional qualificada. Consta na Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal: 001 OMISSÃO DE RECEITAS DEPÓSITOS BANCÁRIOS NÃO ESCRITURADOS / RECEITAS NÃO ESCRITURADAS DEPÓSITOS BANCÁRIOS NÃO ESCRITURADOS/RECEITAS NÃO ESCRITURADAS; [...] Arts. 2º, § 2º, 3º, § 1º, alínea "f", 5º, 7º, § 1º, e 18, da Lei nº 9.317/96. Art. 3º da Lei nº 9.732/98. 002 INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTOS [...] Art. 5º da Lei nº 9.317/96. Art. 3º da Lei nº 9.732/98. Foram lavrados os seguintes Termos de Sujeição Passiva Solidária, validamente cientificados em 18.01.2011, fls. 16781683: EWERTON VILELA BARBOSA [...] CPF 178.679.99876 [...] No exercício das funções de AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil, e nos termos dos artigos 198, 904, 905, 910, 911, 927 e 928 do Regulamento do Imposto de Renda, aprovado pelo Decreto nr. 3000, de 26/03/99, e em determinação ao Mandado de Procedimento Fiscal Fiscalização nr. 08109002009018392 código de acesso nr. 74208413, a fiscalização realizou auditoria fiscal, período de 2006, contra o Sujeito Passivo acima identificado. Do resultado da auditoria foi lavrado um Auto de Infração relativo ao Imposto de Renda Pessoa Jurídica SIMPLES e seus reflexos, Processo nr.10.840.720.488/201066, e de acordo com o RELATÓRIO DA AÇÃO FISCAL, anexo à este Termo, restou caracterizada a sujeição passiva solidária, no Sujeito Passivo Solidário acima identificado, nos termos da legislação abaixo apresentada: A)Art. 124 da Lei nº 5.172, de 1966 (Código Tributário Nacional). "Art. 124. São solidariamente obrigadas: Fl. 1983DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10840.720468/201066 Acórdão n.º 1803002.504 S1TE03 Fl. 1.984 7 I as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal; II as pessoa expressamente designadas por lei. Parágrafo único. A solidariedade referida neste artigo não comporta benefício de ordem." B) Art. 135 da Lei nº 5.172, de 1966 (Código Tributário Nacional). "Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos: I(...); II(...); III os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado". Fica o sujeito passivo solidário supra mencionado CIENTIFICADO da exigência tributária de que trata o Auto de Infração lavrado relativamente ao Imposto de Renda Pessoa Jurídica SIMPLES e seus reflexos, na data de 17/01/2011, contra o sujeito passivo supra referido, cujas cópias, juntamente com o presente Termo são entregues neste ato. [...] ANDERSON VILELA BARBOSA [...] CPF 138.563.48808 [...] No exercício das funções de AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil, e nos termos dos artigos 198, 904, 905, 910, 911, 927 e 928 do Regulamento do Imposto de Renda, aprovado pelo Decreto nr. 3000, de 26/03/99, e em determinação ao Mandado de Procedimento Fiscal Fiscalização nr. 08109002009018392 código de acesso nr. 74208413, a fiscalização realizou auditoria fiscal, período de 2006, contra o Sujeito Passivo acima identificado. Do resultado da auditoria foi lavrado um Auto de Infração relativo ao Imposto de Renda Pessoa Jurídica SIMPLES e seus reflexos, Processo nr.10.840.720.488/201066, e de acordo com o RELATÓRIO DA AÇÃO FISCAL, anexo à este Termo, restou caracterizada a sujeição passiva solidária, no Sujeito Passivo Solidário acima identificado, nos termos da legislação abaixo apresentada: A) Art. 124 da Lei n^ 5.172, de 1966 (Código Tributário Nacional). "Art. 124. São solidariamente obrigadas: I as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal; II as pessoa expressamente designadas por lei. Parágrafo único. A solidariedade referida neste artigo não comporta benefício de ordem." B) Art. 135 da Lei nº 5.172, de 1966 (Código Tributário Nacional). "Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos: Fl. 1984DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10840.720468/201066 Acórdão n.º 1803002.504 S1TE03 Fl. 1.985 8 I(...); II(...); III os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado". Fica o sujeito passivo solidário supra mencionado CIENTIFICADO da exigência tributária de que trata o Auto de Infração lavrado relativamente ao Imposto de Renda Pessoa Jurídica SIMPLES e seus reflexos, na data de 17/01/2011, contra o sujeito passivo supra referido, cujas cópias, juntamente com o presente Termo são entregues neste ato. [...] WESLEY VILELA BARBOSA [...] CPF 221.891.11838 [...] No exercício das funções de AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil, e nos termos dos artigos 198, 904, 905, 910, 911, 927 e 928 do Regulamento do Imposto de Renda, aprovado pelo Decreto nr. 3000, de 26/03/99, e em determinação ao Mandado de Procedimento Fiscal Fiscalização nr. 08109002009018392 código de acesso nr. 74208413, a fiscalização realizou auditoria fiscal, período de 2006, contra o Sujeito Passivo acima identificado. Do resultado da auditoria foi lavrado um Auto de Infração relativo ao Imposto de Renda Pessoa Jurídica SIMPLES e seus reflexos, Processo nr.10.840.720.488/201066, e de acordo com o RELATÓRIO DA AÇÃO FISCAL, anexo à este Termo, restou caracterizada a sujeição passiva solidária, no Sujeito Passivo Solidário acima identificado, nos termos da legislação abaixo apresentada: A) Art. 124 da Lei n^ 5.172, de 1966 (Código Tributário Nacional). "Art. 124. São solidariamente obrigadas: I as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal; II as pessoa expressamente designadas por lei. Parágrafo único. A solidariedade referida neste artigo não comporta benefício de ordem." B) Art. 135 da Lei nº 5.172, de 1966 (Código Tributário Nacional). "Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos: I (...); II (...); III os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado". Fica o sujeito passivo solidário supra mencionado CIENTIFICADO da exigência tributária de que trata o Auto de Infração lavrado relativamente ao Imposto de Renda Pessoa Jurídica SIMPLES e seus reflexos, na data de 17/01/2011, contra o sujeito passivo supra referido, cujas cópias, juntamente com o presente Termo são entregues neste ato. [...] Fl. 1985DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10840.720468/201066 Acórdão n.º 1803002.504 S1TE03 Fl. 1.986 9 Cientificados em 18.01.2011, a Recorrente e os responsáveis solidários apresentam as impugnações, fls. 16871815, com as alegações abaixo sintetizadas. ZAP MATERIAIS PARA CONSTRUÇÃO LTDA., já devidamente qualificada, por seus advogados infraassinados, nos autos do processo administrativo em epigrafe, vem, respeitosa e tempestivamente, apresentar impugnação ao Auto de Infração acima indicado, pelas razões de fato e direito que passa a expor. I. DOS FATOS Consoante se verifica pela analise do referido Auto de Infração, a fiscalização procedeu ao lançamento do Simples (IRPJ, CSLL, COFINS, PIS e INSS) sob alegação de que, no período de janeiro a dezembro de 2006, houve omissão de receita com base em presunção lançada as extratos bancários, nos termos do art. 42, da Lei n. 9.430/96, alem de exigir algumas diferenças de Simples. Houve, ainda, qualificação da multa para 150%, alem de exigir juros pela taxa selic. "Data venia", é de total improcedência o auto de infração lavrado, conforme razoes doravante alinhadas. II. DA IMPROCEDÊNCIA DO AUTO DE INFRAÇÃO II. a. Nulidade. Prova Ilícita. Quebra do sigilo o sem autorização As provas contra a impugnante encontram respaldo na Lei Complementar nº 105, de 10 de janeiro de 2001, regulamentada pelo Decreto nº 2 3.724, de mesma data, ambos voltados abertura do sigilo bancário dos contribuintes[...]. Tais informações são protegidas pela garantia constitucional do sigilo de dados, estampada no art. 52, inciso XII, da Constituição da Republica, razão pela qual se mostra evidente a violação direito da Impugnante, pois esta se valendo o Fisco de dados, resguardados por sigilo constitucional, de terceira pessoa, para, assim, atingir a Impugnante. Ora, a própria fiscalização, fazendo tabua rasa do preceito constitucional, adquiriu os extratos bancários diretamente das instituições financeiras, sem ordem judicial. Como se viu, o Fisco pretende obter informações, seja diretamente com o contribuinte, seja por intermédio das instituições bancárias, da vida particular dos contribuintescorrentistas, tais como débitos em conta corrente, pagamentos, saques, transferências, aplicações, etc. Todavia, dispõem os incisos X e XII, ambos do artigo 5º da Constituição Federal: [...] Nunca é demais enfatizar que os direitos e garantias individuais — dentre os quais se insere o supra transcrito — constitui clausula pétrea, resguardada, pelo próprio Poder Constituinte Originário, de qualquer alteração ou subtração, direta ou indireta. [...] Desse modo, delineado esse arcabouço constitucional, e extreme de dúvidas que nenhum instrumento normativo, seja uma lei ordinária, seja uma lei complementar — que adveio no caso em exame — ou até mesmo uma emenda Fl. 1986DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10840.720468/201066 Acórdão n.º 1803002.504 S1TE03 Fl. 1.987 10 constitucional, não pode extinguir qualquer direito ou garantia fundamental, por peremptória vedação contida no artigo 60, § 4º, da CF/88, já acima, transcrito. Aliá — apenas para deixar claro o raciocínio — o preceito constitucional estabelece que não será sequer objeto de deliberação, proposta de emenda constitucional tendente a abolir os direitos e garantias individuais. [...] Não se pretende afirmar, com isso, que o direito ao sigilo de dados e intimidade seja absoluto; ao contrário, evidente que tais direitos, como qualquer outro — inclusive o maior deles: o direito vida — são relativos, podendo e devendo ceder lugar em algumas situações, como, alias, vem se posicionando nossa doutrina e jurisprudência, inclusive do STF. Vê, pois, que a questão se coloca em termos de conflito entre dois ou mais direitos: o individual, aqui defendido, e o interesse público coletivo na investigação criminal. [...] E aqui chegamos ao ponto fundamental: a ordem judicial que o único instrumento legítimo, imparcial e confiável na avaliação das circunstâncias concretas ensejadoras de uma possível quebra do sigilo bancário. Isto porque, para solucionar aquele choque entre princípios constitucionais (sigilo bancário versus interesse coletivo), entra em ação o denominado princípio da proporcionalidade, [...] pelo qual, havendo dois princípios constitucionais em jogo, devese colocálos em uma balança imaginaria, a fim de sacrificar o de menor relevância. Só pode ser o Poder Judiciário, como decorrência lógica e imediata da própria natureza de sua função, tal como delineada em nossa Magna Carta. Portanto, nem mesmo a Lei Complementar nº 105, de 10 de janeiro de 2001, não tem o condão de tornar o Fisco Federal independente de autorização judicial, ou seja, não pode afastar o prévio exame do Poder Judiciário sobre o cabimento da quebra do sigilo, transferindo tal prerrogativa a própria administração pública, aos próprios interessados na suposta "investigação". [...] Nestes termos, o art. 62 da Lei Complementar n. 105/01, ao estabelecer a quebra do sigilo bancário sem autorização judicial, bastando a vontade do agente público, ainda que motivada e fundamentada, vai de encontro com o posicionamento atual do Supremo Tribunal Federal, razão pela qual não pode ser admitido em nosso ordenamento jurídico, sob pena de violar o artigo 52, incisos X e XII,, da Constituição da República. Somente a titulo de argumentação, mesmo se a Lei Complementar nº 105/01 estabelecesse a quebra do sigilo bancário mediante autorização judicial, ainda assim tal regra somente valeria no caso de apuração de crimes fiscais e não em caso de processos administrativos visando apurar créditos tributários em favor da Fazenda 1sto porque, aplicandose o princípio da proporcionalidade, e colocando tais direitos (sigilo bancário x interesse coletivo na persecução penal) em comparação, verifica se que somente a apuração de crimes justifica o afastamento, por ordem judicial, do sigilo bancário. Somente este interesse público mais relevante do que o direito individual do cidadão. [...] Ressaltese que a Constituição Federal não dá, em nenhum de seus artigos, à Secretaria da Receita Federal [...] o status de Órgão equiparado ao Poder Judiciário, Fl. 1987DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10840.720468/201066 Acórdão n.º 1803002.504 S1TE03 Fl. 1.988 11 razão pela qual totalmente desarrazoável a quebra do sigilo bancário sem a interferência de um juiz ou tribunal. Esta situação não sofre qualquer alteração com a chegada da lei complementar nº 105/01. Esta nova lei de sigilo bancário não derruba nenhuma premissa sobre a qual se fundam doutrina e jurisprudência pátrias [...]. Esta lei não derruba os direitos e garantias individuais do cidadão, erigidos em clausula pétrea por expressa vontade do legislador constituinte originário. Quanto a obtenção de provas, vale transcrever o artigo 195 do Código Tributário Nacional CTN, [...] Verificase que, embora, seja o direito de fiscalizar um direito imanente da Administração Pública [...], este não é absoluto, posto que limitado pelas cláusulas subordinantes da Constituição Federal, cujas prescrições proclamam a necessidade de efetiva submissão do Poder Estatal aos direitos individuais assegurados naquela Carta. [...] Requerse, portanto, a nulidade do processo fiscal em epigrafe, já que se valendo de dados obtidos, de forma ilegal, lavrou auto de infração contra a Impugnante. Tratase de evidente utilização de prova ilícita, que contamina, consequentemente, todas as demais provas e atos decorrentes [...]. II. b Nulidade. Não intimação para justificar depósitos após esclarecimento. Art 42 da nº 9.430/96. Além da nulidade em decorrência da quebra do sigilo bancário, esta perdura por outras razões. Isto porque, durante a fiscalização e antes da lavratura do auto de infração houve respeito ao próprio art. 42 da Lei nº 9.430/96, adotado para fundamentar a presente exigência, especialmente, quando interpretado com a noção de devido processo legal, contraditório e ampla defesa. As fls. 368/416 a fiscalização, após quebrar o sigilo bancário sem autorização judicial, envia a planilha com todos os tipos de depósitos bancários, sem realizar qualquer tipo de exclusão, desde transferência entre contas, valores constante de livros fiscais, entre outros aspectos. A impugnante, assim, faz as fls. 661/749 a justificativa e identificação dos depósitos face as notas fiscais lançadas, alem de ressaltar a necessidade de excluir transferência entre contas, empréstimos, cheques devolvidos, entre outros aspectos. Após a juntada dos esclarecimentos e planilhas com justificativas, 0 contribuinte ate a lavratura do presente auto de infração não recebeu nenhuma outra notificação quanto aos valores justificados. Equivale dizer: antes da lavratura do auto de infração não se encaminhou planilha com os valores eventualmente não acolhidos pela fiscalização e que poderiam ser tributados por presunção, caso não houvesse esclarecimento. Tal procedimento era de rigor pois, o art. 42 da lei n. 9.430/96 [...]. Ora, no presente caso, após inicial intimação impugnante justificou os depósitos por meio de petição e extensa planilha as fls. 661/749. Assim, não poderia o fisco, simplesmente, ignorar as justificativas e realizar lançamento com base no art. 42 da Lei nº 9.430/96, sem, ao menos, ante disso, intimar o contribuinte para justificar a razão pela qual não acolheu os esclarecimentos do contribuinte, além de apresentar a planilha com os depósitos Fl. 1988DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10840.720468/201066 Acórdão n.º 1803002.504 S1TE03 Fl. 1.989 12 bancários eventualmente não justificados e que seria submetidos a presunção, caso não houvesse a apresentação de novos documentos e informações. [...] Aa fiscalização não considerou a resposta para cada um dos depósitos. Destarte, como não houve nova intimação antes da lavratura, considerando os esclarecimentos prestados, dúvida não resta da nulidade do lançamento, especialmente, quando se interpreta este dispositivo com a noção de devido processo legal. II. c. Nulidade. Inaplicabilidade ao caso concreto do art. 42 da Lei nº 9.430/96. Identificação dos depositantes. Sem embargo as alegações de nulidade acima descritas, o lançamento possui outro insanável. Como sabemos, não ha dúvida que de o lançamento está fundado, basicamente, na presunção de receita quanto aos depósitos bancários, nos termos do art. 42 da Lei nº 9.430/96. Aí está, porém, a nulidade. Não era possível a fiscalização aplicar o art. 42 da Lei nº 9.430/96 ao caso concreto. Como se pode notar, antes, durante e apos esclarecimentos do contribuinte, a fiscaliza9a0 diligenciou em diversos locais e instituições bancárias com a finalidade de identificar os depositantes. Foi o que ocorreu. Conforme, especialmente, fls. 752 até 1566, a fiscalização realizou diligências identificando os depositantes. Daí porque se configura mais uma nulidade. Primeiro, pelo fato de que o impugnante em momento algum foi intimado para justificar tais operações, o que já foi esclarecido acima. Segundo, pela razão de que não se aplica o art. 42 da Lei nº 9.430/96 quando há identificação em diligência pelo fisco ou pelo contribuinte dos depósitos bancários. O que dispõe claramente o art. 42 da Lei nº 9.430/96 [...]. Portanto, como houve a realização de diligência com identificação dos depósitos por terceiros (fls. 752/1566), como também pelo próprio contribuinte [...]. A presunção do art. 42 da Lei nº 9.430/96 não é aplicável, sendo de rigor a nulidade do lançamento. O que se pode concluir por meio da interpretação do art. 42 da Lei nº 9.430/96 e também do precedente citado que, a partir do momento que há identificação por diligência ou via esclarecimento do contribuinte do depósito bancário, já não se torna possível aplicar a presunção deste dispositivo legal, cabendo ao Fisco tributar por meio das normas especificas. No presente caso, como o lançamento está fundamentado, de direito e de fato, na presunção dos depósitos bancários, nos moldes do art. 42 da Lei nº 9.430/96, é de rigor o reconhecimento da nulidade do lançamento. II. d. Nulidade. Necessidade arbitramento. Por fim, constatase, ainda, a nulidade do lançamento em virtude de que a exigência do supostos valores presumidos, via deposito bancário, como receita, foram tributados por meio da sistemática do Simples. Ora, se a autoridade fiscal desconsiderou os livros fiscais, os esclarecimentos e planilhas do contribuinte, outra alternativa não resta senão a aplicação do arbitramento. Fl. 1989DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10840.720468/201066 Acórdão n.º 1803002.504 S1TE03 Fl. 1.990 13 Neste sentido é o que dispõe o art. 148 do Código Tributário Nacional [...]. Não há discricionariedade. Assim, caberia ao fisco aplicar o arbitramento e não a legislação do Simples, como fez no presente lançamento. [...] Portanto, de rigor o reconhecimento da nulidade no presente lançamento, uma vez que não aplicou o arbitramento como determina a legislação. II. e. Impossibilidade de presunção. Como cediço, de conformidade com o art. 142, do Código Tributário Nacional, é de competência privativa da autoridade administrativa constituir o crédito tributário, mediante ato administrativo do lançamento, devendo verificar a ocorrência do fato imponível tributário, determinando a matéria tributável, o montante do tributo devido, identificando o sujeito passivo. [...] Ocorre, porem, que, no presente caso, a autoridade administrativa lavrou auto de infração tendo, exclusivamente, por supedâneo, a mera presunção, sem demonstrar, cabalmente, como era de sua competência, os elementos que compõem o fato tributário. Isto porque[...], o ônus de demonstrar os elementos que deram ensejo à ocorrência do fato gerador é do Poder. Ora, não preciso muito esforço para se aferir que todas as notas fiscais que interessarem ao presente caso, deveriam constar dos presentes autos, sob pena de imprestabilidade da prova e absurda presunção. Ainda que assim não seja, também resta evidente a necessidade de realização de perícia. Em tais condições, não seria possível a autoridade administrativa, por meras conjecturas, lavrar auto de infração contra a Impugnante. Deveras, a autoridade administrativa preferiu, ao seu livre talante, em detrimento da ordem jurídica, adotar presunção "ad hominis", que nem mesmo e legal. [...] Destarte, não basta a simples presunção "ad hominis" levantada pela autoridade administrativa de que houve omissão de receitas para dar fundamento ao auto de infração lavrado. E preciso que a fiscalização apresente elementos comprobatórios seguros da suposta omissão de receitas, o que não foi feito. Estamos, indubitavelmente, diante de um caso em que as autoridades fiscalizadoras buscaram recurso na presunção para fundamentar a autuação imposta ao Impugnante, o que é arbitrário, inadmissível e ilegal. Em remate, [...] mesmo que seja admitida a presunção da autoridade administrativa, cumpre esclarecer que é relativa ("iuris tantum'), cabendo prova em contrário, como há de se demonstrar. Portanto, possível concluirse que o auto de infração impugnado a fruto de mera presunção "ad hominis", sem embasamento em prova que possa vaticinar a conduta praticada pela autoridade administrativa, sendo de rigor sua insubsistência, uma vez que estamos diante de um Estado Democrático de Direito. Ora, impossível se torna a presunção dos depósitos bancários, razão pela qual há improcedência do lançamento. II. f. Impossibilidade de presunção quanto ao INSS. Fl. 1990DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10840.720468/201066 Acórdão n.º 1803002.504 S1TE03 Fl. 1.991 14 De outro lado, a legislação da presunção não é aplicável as contribuições previdenciárias, de maneira que é de rigor reconhecer a improcedência do lançamento por presunção com fundamento no art. 42 da Lei nº 9.430/96. Caberia ao Fisco, neste caso, tributar separadamente, aplicando a legislação da Lei nº 8.212/91, mas nunca exigir contribuições previdenciárias com fundamento em presunção por meio de depósitos bancários. II.g Diferenças de Simples. Abatimento do montante recolhido a título de Simples. A impugnante nega expressamente a exigência de tais diferenças as quais são improcedentes. De outra parte, os valores recolhidos no período a titulo de Simples devem ser abatidos (compensados) do montante lançado. II h. Indevida inclusão ICMS ps base de cálculo do PIS/COFINS. Ademais, o lançamento, embora não se consiga vislumbrar claramente, dificultando a defesa da Impugnante, não excluiu da base de calculo do PIS e da COFINS o ICMS. De longa data, como explicitado, há exigência da inclusão do ICMS na base de calculo do PIS e da COFINS. Ora, e cediço que toda outorga de competência impositiva tributaria atribuída aos entes tributantes tem um sentido positivo e um sentido negativo: positivo, no caso, na medida em que permite criar uma contribuição sobre o faturamento, e negativo, porque impede que se possa criar contribuição sobre coisa diversa do faturamento. Assim, nesse sentido negativo, a atribuição de competência integra o estatuto do contribuinte, que tem o direito de tido ser tributado para além do que o Poder Público esta constitucionalmente autorizado. Portanto, com relação ao faturamento que o que ora nos interessa particularmente impossível questionarse seu conceito perfeitamente delimitado na legislação do Imposto de Renda, como sendo o resultado, auferido pelas empresas, nas vendas de mercadorias e/ou de serviços. Restringiase, por determinação expressa do legislador constituinte, o âmbito de incidência da COFINS, e, por consequencia, do PIS, de modo a não permitir a inclusão de outros valores, de natureza diversa Tal faturamento é composto, exclusivamente, das receitas resultantes da venda de mercadorias e da prestação de serviços, conforme já fixado, em caráter definitivo, pelo Supremo Tribunal Federal, em inúmeras ocasiões [...] Como se vê, a expressão "faturamento", ao ser empregada pelo legislador constituinte, o foi no seu sentido técnico amplamente discutido, analisado e firmado na doutrina e na jurisprudência [...] A luz destes precedentes, de se concluir que a Suprema Corte já estabeleceu, em caráter definitivo, o conceito constitucional de faturamento, nos limites da receita bruta da venda de bens e de serviços, não se incluem as demais receitas da Impugnante. Não é possível acolher como em consonância com faturamento a totalidade de receitas. Fl. 1991DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10840.720468/201066 Acórdão n.º 1803002.504 S1TE03 Fl. 1.992 15 Se a definição de faturamento e a soma das1 receitas brutas das vendas de mercadorias e/ou serviços de uma determinada empresa, e se foi com estas características que o constituinte originário adotou o termo, não poderia o legislador ordinário modificar este conceito, ao sabor de suas conveniências momentâneas. Ora, não se deve olvidar do que dispõe o art. 116 do Código Tributário Nacional: [...] Assim, considerandose o disposto no inciso I do artigo 195 da Constituição Federal, cuja redação originária estava em vigor quando da edição da Lei nº 9.718/98, [...]. "In casu", o legislador tinha competência para criar uma contribuição social que tivesse por base de calculo o faturamento. [...] Assim, como não foi respeitado o limite estabelecido originariamente pelo art. 195 da Carta Constitucional, as modificações instituídas pela Lei nº 9718/98 não podem prevalecer, restando inquinada por via de inconstitucionalidade. [...] Portanto, possível concluir que os valores de ICMS não podem ser incluídos na base de calculo do PIS, uma vez que não configuram faturamento, de modo que por forca do art. 195, I, da Constituição Federal [...], são inconstitucionais tais exigências. Apos a EC 20/98, modificando a redação do art. 195, I, da Constituição Federal de modo a incluir alem de faturamento também receita, houve o advento das Leis n. 10.637/2002 e a 10.833/2003, que também mantiveram a inclusão do ICMS na base de cálculo. Ocorre, porem, que o ICMS, alem de não configurar faturamento, também não tem relação com o conceito de receita, sendo indevida , sua inclusão. [...] Portanto, é totalmente indevida a inclusão do ICMS na base de calculo do PIS, pois a Constituição Federal não permite a tributação de valores que não são faturamento ou receita. II. i. Exclusão da comissão cobrada quanto ao cartão de crédito ou de débito de base de cálculo do PIS/COFINS De outra parte, seguindo o raciocínio acima exposto, por se tratar de receita de terceiro, de rigor a exclusão da comissão cobrada pelas administradoras de cartão de crédito e débito a titulo de PIS e COFINS. Apresenta argumentos contra a incidência dos juros de mora equivalentes à taxa Selic e em oposição à aplicação da multa de ofício proporcional qualificada por não ter sido caracterizado o evidente intuito de fraude (Súmula CARF 14), bem como se opõe a incidência de juros de mora sobre a multa de ofício proporcional qualificada (art. 161 do Código Tributário Nacional, art. 43 e art. 61 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996 e art. 71, art. 72 e art. 73 da Lei n. 4.502, de 30 de novembro de 1964). Com o objetivo de fundamentar as razões apresentadas na peça de defesa, interpreta a legislação pertinente, indica princípios constitucionais que supostamente foram violados e faz referência a entendimentos doutrinários e jurisprudenciais em seu favor. Conclui que: Em tais condições é possível extrairse ilação no sentido de que o auto de infração é improcedente. Fl. 1992DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10840.720468/201066 Acórdão n.º 1803002.504 S1TE03 Fl. 1.993 16 Posto isto, requer seja acolhida a presente impugnação, especialmente, para se anular o lançamento ou ao menos reduzir o valor por ele cobrado, tendo em vista sua insubsistência, como medida de legalidade. Outrossim, informam os patronos que já houve juntada de procuração quando da fiscalização, havendo necessidade de nova, requer sejam intimados expressamente para tal regularização. [...] ZAP MATERIAIS PARA CONSTRUÇÃO LTDA, já devidamente qualificado, por seus advogados, infraassinados, vem, respeitosamente, apresentar manifestação de inconformismo ao Ato Declaratório Executivo de Exclusão do Simples constante do próprio relatório fisco do processo acima descrito, pelas razões que seguem. I DOS FATOS Consoante se verifica pela analise do referido Ato Declaratório, a requerente foi excluída da sistemática do Simples sob o argumento de que a mesma ultrapassou no anocalendário de 2006, o limite de faturamento permitido. Isto porque a fiscalização apurou omissão de receitas no anocalendário de 2006, decorrente de depósitos bancários não escriturados, extrapolando, via de conseq0encia, o limite do Simples. Contudo, totalmente improcedente a exclusão da contribuinte do simples, conforme veremos adiante. II DO DIREITO II a. Nulidade. Ausência de Motivação 0 principio da motivado consagra a obrigatoriedade da Administração Pública expor as razoes de fato e de direito que deram azo a expedição de determinado ato administrativo. A Lei nº 9.784/99, consagra, expressamente, o dever, da Administração Pública, motivar os atos administrativos expedidos. Dispõe o art. 2º [...]. Neste passo, o inciso VII, do parágrafo único desse dispositivo enfatiza a necessidade, quando da expedição do ato administrativo, de ser apresentada a "indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinarem a decisão'. Alem disso, em tópico especifico quanto motivação dos atos administrativos, o inciso II, do art. 50 dispõe que estes serão motivados, com a indicação dos fundamentos factuais e jurídicos, quando: "imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções". De sua parte, o § 1º do mesmo artigo deixa expresso que a motivação "deve ser explicita, clara e congruente". Analisandose o ato declaratório executivo [...], não se verifica o cumprimento adequado do principio da motivação, em especifico, a necessidade de motivar de forma explicita, clara e congruente. Fl. 1993DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10840.720468/201066 Acórdão n.º 1803002.504 S1TE03 Fl. 1.994 17 Conforme se verifica do ato administrativo impugnado, resolveuse excluir a requerente do Simples por ultrapassar os limites da receita bruta. No entanto, não se apresentou de modo claro e explícito quais os períodos e valores que, supostamente, estariam em valores superiores ao limite legal e que poderiam dar ensejo a exclusão. Ora, caberia ao ato administrativo uma motivação explicita, clara e congruente dos fatos que dão ensejo a suposta exclusão. [...] Diante de tais indagações, é evidente a ausência de uma motivação explicita, clara e congruente que explicite as circunstancias de fato que tipificariam a exclusão do SIMPLES. II. b. Presunção de omissão de receitas Como cediço, de conformidade com o art. 142, do Código Tributário Nacional, é de competência privativa da autoridade administrativa constituir o crédito tributário, mediante ato administrativo do lançamento, devendo verificar a ocorrência do fato imponível tributário, determinando a matéria tributável, o montante do tributo devido, identificando o sujeito passivo. [...] Ocorre, porém, que, no presente caso, a autoridade administrativa excluiu a requerente do Simples por suposta omissão de rendimentos, baseandose em mera presunção, sem demonstrar, cabalmente, como era de sua competência, os elementos que compõem o fato tributário. [...]. Em tais condições, não seria possível a autoridade administrativa, por meras conjecturas, presumir o faturamento da requerente. Deveras, a autoridade administrativa preferiu, ao seu livre talante, em detrimento da ordem jurídica, adotar presunção "ad hominis", que nem mesmo é legal. [...] Destarte, não basta a simples presunção "ad hominis" levantada pela autoridade administrativa de que houve omissão de receitas para dar fundamento ao Ato Declaratório Executivo que culminou com a exclusão do Simples. E preciso que a fiscalização apresente elementos comprobatórios seguros da suposta omissão de receitas, o que não foi feito. Estamos, indubitavelmente, diante de um caso em que as autoridades fiscalizadoras buscaram recurso na presunção para fundamentar a autuação imposta ao Impugnante, o que a arbitrário, inadmissível e ilegal. Em remate, [...] mesmo que seja admitida a presunção da autoridade administrativa, cumpre esclarecer que é relativa ("iuris tantum'), cabendo prova em contrario, como ha de se demonstrar. Portanto, possível concluirse que o ato declaratório e fruto de mera presunção "ad hominis", sem embasamento em prova que possa vaticinar a conduta praticada pela autoridade administrativa, sendo de rigor sua insubsistência, uma vez que estamos diante de um Estado Democrático de Direito. II.c. Obtenção de Prova Ilícita A fiscalização utiliza os extratos bancários da requerente para provar a suposta omissão de receitas, excedendo aos limites estabelecidos para as empresas de pequeno porte. Tais informações são protegidas pela garantia constitucional do sigilo de dados, estampada no art. 5º, inciso XII, da Constituição da República, razão pela Fl. 1994DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10840.720468/201066 Acórdão n.º 1803002.504 S1TE03 Fl. 1.995 18 qual mostrase evidente a violação direito da requerente, pois esta se valendo o Fisco de dados, resguardados por sigilo constitucional, de terceira pessoa, para, assim, atingir a requerente. Ora, a própria fiscalização, fazendo tabua rasa do preceito constitucional, adquiriu os extratos bancários diretamente das instituições financeiras, sem ordem judicial. Como se viu, o Fisco pretende obter informações, seja diretamente com o contribuinte, seja por intermédio das instituições bancarias, da vida particular dos contribuintescorrentistas, tais como débitos em contacorrente, pagamentos, saques, transferências, aplicações, etc. Todavia, dispõem os incisos X e XII, ambos do artigo 59 da Constituição Federal: [...] Nunca a demais enfatizar que os direitos e garantias individuais — dentre os quais se insere o supra transcrito — constitui clausula pétrea, resguardada, pelo próprio Poder Constituinte Originário, de qualquer alteração ou subtração, direta ou indireta. E o que decorre expressamente do artigo 60, §4º da Constituição da República [...] Desse modo, delineado esse arcabouço constitucional, é extreme de duvidas que nenhum instrumento normativo, seja uma lei ordinária, seja uma lei complementar — que adveio no caso em exame — ou ate mesmo uma emenda constitucional, não pode extinguir qualquer direito ou garantia fundamental, por peremptória vedação contida no artigo 60, § 4º, da CF/88, já acima transcrito. Alias — apenas para deixar claro o raciocínio — o preceito constitucional estabelece que não será sequer objeto de deliberação, a proposta de emenda constitucional tendente a abolir os direitos e garantias individuais. Destarte, se não a admitida nem a deliberação de proposta de emenda constitucional que intente abolir aqueles direitos, por obvio que uma lei complementar também não pode fazêlo. [...] Não se pretende afirmar, com isso, que o direito ao sigilo de dados e a intimidade seja absoluto; ao contrario, é evidente que tais direitos, como qualquer outro — inclusive o maior deles: o direito a vida — são relativos, podendo e devendo ceder lugar em algumas situações, como, alias, vem se posicionando nossa doutrina e jurisprudência, inclusive do STF. Vêse, pois, que a questão se coloca em termos de conflito entre dois ou mais direitos: o individual, aqui defendido, e o interesse público coletivo na investigação criminal. [...] E aqui chegamos ao ponto fundamental: a ordem judicial, que é o único instrumento legitimo, imparcial e confiável na avaliação das circunstâncias concretas ensejadoras de uma possível quebra do sigilo bancário. Isto porque, para solucionar aquele choque entre princípios constitucionais [...] entra em ação o denominado princípio da proporcionalidade, [...], pelo qual, havendo dois princípios constitucionais em jogo, devese colocálos em uma balança imaginaria, a fim de sacrificar o de menor relevância. [...] Só pode ser o Poder Judiciário, como decorrência lógica e imediata da própria natureza de sua função, tal como delineada em nossa Magna Carta. Fl. 1995DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10840.720468/201066 Acórdão n.º 1803002.504 S1TE03 Fl. 1.996 19 Portanto, nem mesmo a Lei Complementar nº 105, de 10 de janeiro de 2001, não tem o condão de tornar o Fisco Federal independente de autorização judicial, ou seja, não pode afastar o previa exame do Poder Judiciário sobre o cabimento da quebra do sigilo, transferindo tal prerrogativa a própria administração pública, aos próprios interessados na suposta "investigação". [...] Nestes termos, o art. 62 da Lei Complementar nº 105/01, ao estabelecer a quebra do sigilo bancário sem autorização judicial, bastando a vontade do agente pUblico, ainda que motivada e fundamentada, vai de encontro com o posicionamento atual do Supremo Tribunal Federal, razão pela qual não pode ser admitido em nosso ordenamento jurídico, sob pena de violar o artigo 5º, incisos X e XII, da Constituição da República. Somente a titulo de argumentação, mesmo se a Lei Complementar nº 105/01 estabelecesse a quebra do sigilo bancário mediante autorização judicial, ainda assim tal regra somente valeria no caso de apuração de crimes fiscais e não em caso de processos administrativos visando apurar créditos tributários em favor da Fazenda Publica. Isto porque, aplicandose o principio da proporcionalidade, e colocando tais direitos (sigilo bancário X interesse coletivo na persecução penal) em comparação, verificase que somente a apuração de crimes justifica o afastamento, por ordem judicial, do sigilo bancário. Somente este interesse público a mais relevante do que o direito individual do cidadão. [...] Ressaltese que a Constituição Federal não dá, em nenhum de seus artigos, a Secretaria da Receita Federal [...] o status de Órgão equiparado ao Poder Judiciário, razão pela qual é totalmente desarrazoável a quebra do sigilo bancário sem a interferência de um juiz ou tribunal. Esta situação não sofre qualquer alteração com a chegada da lei complementar n2 105/01! Esta nova lei de sigilo bancário não derruba nenhuma premissa sobre a qual se fundam doutrina e jurisprudência pátrias, no sentido ora defendido. Esta lei não afasta a necessidade de ordem judicial para a quebra do sigilo bancário. Esta lei não derruba os direitos e garantias individuais do cidadão, erigidos em clausula petrea por expressa vontade do legislador constituinte originário. Quanto a obtenção de provas, vale transcrever o artigo 195 do Código Tributário Nacional CTN, caput [...] Verificase que, embora, seja o direito de fiscalizar um direito imanente da Administração Pública (fato esse que em nenhum momento o Impugnante questiona), este não é absoluto, posto que limitado pelas clausulas subordinantes da Constituição Federal, cujas prescrições proclamam a necessidade de efetiva submissão do Poder Estatal aos direitos individuais assegurados naquela Carta. [...] Diante do exposto, é de rigor que se verifique que todo o procedimento fiscal já nasceu nulo de pleno direito porque inobservou direitos constitucionais básicos inerentes ao cidadão. Requerse, portanto, a nulidade do processo fiscal em epigrafe, já que valendose de dados obtidos, de forma ilegal, lavrou auto de infração contra a Impugnante. Tratase de evidente utilização de prova ilícita, que contamina, consequentemente, todas as demais provas e atos decorrentes [...]. II. d. A distinção entre ingressos (entradas) e a receita Fl. 1996DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10840.720468/201066 Acórdão n.º 1803002.504 S1TE03 Fl. 1.997 20 A mera entrada ou ingresso não se confunde com a receita bruta para efeitos da base de calculo, uma vez que algumas entradas não sendo definitivas, apenas transitam pelo caixa da empresa para, posteriormente, serem repassadas para terceiros [...]. Ademais, nem tudo que entra no caixa da requerente, independentemente da escrituração contábil [...], pode ser considerado faturamento. [...] Dessa forma, possível concluirse pelo provimento da presente manifestação de inconformidade, cancelandose a exclusão da requerente do Simples. II. e. Da impossibilidade de efeito retroativo da exclusão. Na rara e improvável hipótese de serem superados os argumentos acima, neste tópico, em primeiro lugar, é preciso deixar claro que resta impossível os efeitos da exclusão do Simples retroagirem a data de 01/01/2006, nos termos propostos pelo art. 1º do Ato Declaratório Executivo que excluiu a requerente, abaixo transcrito : Art. lg. Fica o contribuinte, a seguir identificado, excluído do Simples a partir do dia 01012006 pela ocorrência da situação excludente indicada abaixo:" Ocorre que o ordenamento jurídico pátrio não contempla que os efeitos da exclusão do Simples venham a retroagir. Na atual sistemática, os efeitos da exclusão do Simples passam a valer a partir do mes subsequente aquele em que se proceder exclusão. Para melhor entendimento vale destacar a legislação de regência. Nesse sentido, assim dispõe o art. 15, II, da Lei 9.317/96, que criou e disciplina o Simples [...]. O art. 32 da Lei 9.732/98, modificou a redação do artigo acima citado, restando assim redigido [...] Desta forma, a Lei 9.732/98 que alterou o art. 15, II, da Lei 9.317/96 esta em plena validade, o que nos permite afirmar que os efeitos da exclusão do Simples somente se operam a partir do mês subsequente a aludida exclusão, ou seja, a partir de julho de 2010 e não a partir de janeiro de 2006. Ademais, as situações jurídicas anteriores ao Ato Declaratório não podem infringir o principio da irretroatividade das normas. Neste sentido, é imperiosa a aplicação do principio da irretroatividade da norma, estampado no art. 150, II, a, da Constituição Federal [...]. Impossível deixar de notar a semelhança dos julgados acima com a situação ora apresentada, sendo que a exclusão do simples gera efeitos somente a partir do mes subsequente ao Ato Declaratório, não podendo retroagir. Nem se queira argumentar que o art. 24, II, da Instrução Normativa nº 250/2002 permite a cobrança retroativa, na medida em que aludida Instrução esta dispondo de forma diversa que a lei, restando, portanto, completamente ilegal e inconstitucional, relembrando a existência do principio da legalidade, ou seja "ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei". Não é demais salientar que tal pretensão fere também a hierarquia das leis, estas superiores as normas administrativas (Instrução Normativa nº 250/02). Fl. 1997DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10840.720468/201066 Acórdão n.º 1803002.504 S1TE03 Fl. 1.998 21 Também em razão do princípio da segurança jurídica resta impossível a retroatividade da exclusão do Simples. [...] Bem por isso, impossível se torna a retroatividade do ato administrativo sancionador. Com o objetivo de fundamentar as razões apresentadas na peça de defesa, interpreta a legislação pertinente, indica princípios constitucionais que supostamente foram violados e faz referência a entendimentos doutrinários e jurisprudenciais em seu favor. Conclui que: Em tais condições, é possível extrairse ilação no sentido de que o administrativo de exclusão é ilegal e inconstitucional. Posto isto, requer seja acolhida a presente manifestação de inconformidade, especialmente, para se julgar improcedente o ato de exclusão, mantendo a requerente no Simples, como medida de legalidade. Requer, outrossim, a juntada posterior de procuração e substabelecimento. [...] EWERTON VILELA BARBOSA, [...] ANDERSON VILELA BARBOSA [...] WESLEY VILELA BARBOSA devidamente qualificado, vem respeitosamente, com fundamento no art. 15 do Decreto nº 70.235/72, e alterações posteriores, e, ainda, na Portaria nº 258/01, baixada pelo Ministro de Estado da Fazenda, apresentar IMPUGNAÇÃO ao lançamento decorrente do MPF em epígrafe, pelas razões de fato e de direito ora relatadas. I . DOS FATOS IMPUGNANTE. O impugnante foi sócio da pessoa jurídica ZAP MATERIAIS PARA CONSTRUÇÃO LTDA. AUTO DE INFRAÇÃO. Houve lavratura de auto de infração em face da ZAP MATERIAIS PARA CONSTRUÇÃO, quanto aos Simples do período de janeiro a dezembro de 2006. Diante de referido ato, houve intimação do impugnante, encaminhandose cópia do auto de infração lavrado em face tão somente da pessoa jurídica, onde se inclui, no relatório final a afirmação de que seria responsável por força dos arts. 124 e 135 do CTN. "Data venia", não há razão jurídica e fática para se incluir o impugnante como responsável tributária solidário. II. Inconstitucionalidade e Ilegalidade. Aspectos Não Relacionados à Responsabilidade Tributária. Nulidades. Ausência De Intimação Antes Da Lavratura. Nulidades Antes de ingressar nas questões de responsabilidade, é preciso esclarecer que há nulidade no tocante ao impugnante (suposto responsável). Fl. 1998DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10840.720468/201066 Acórdão n.º 1803002.504 S1TE03 Fl. 1.999 22 A primeira razão decorre do fato que o impugnante não recebeu antes da lavratura do lançamento qualquer notificação para esclarecer os supostos depósitos bancários utilizados como presunção a exigência do tributo . Ora, a Súmula 29 do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais exige expressamente que antes da lavratura do auto de infração, seja dada oportunidade de prestar esclarecimentos quanto às supostas divergências. Isto não ocorrem em relação ao impugnante, de maneira que o lançamento em face deste é nulo. Ausência de motivação especifica. portaria 2.284/2010 nulidades. Ainda há nulidade, uma vez que no caso de pluralidade de sujeitos passivos, o que ocorre para hipóteses de responsabilidade tributária, é de rigor a motivação específica e clara quanto aos fundamentos jurídicos e fáticos que ocasionaram tal imposição. Como se verificar pela intimação encaminhada, somente houve citação de trecho de lei, o que não cumpre efetivamente o dever de motivação, o qual deve compreender, além dos diapositivos legais, as razões fáticas e provas que preenchem os requisitos previstos em lei. Não houve justificativa fática no termo de sujeição solidária, de maneira que fere o dever de motivação. Ademais, a Portaria nº 2.284, de 29 de novembro ne 2010, reconhece claramente a obrigatoriedade de se identificar e lançar o crédito em face de todos os sujeitos passivos com clara obrigatoriedade de motivação jurídica e fática explícita com provas [...]. Em tais condições, é clara a nulidade por ausência de motivação fática e jurídica quanto à imputação de responsabilidade, uma vez que não se comprou e descreveu taticamente as condutas que teria praticado e, assim, tipificariam am as hipóteses legais. II. a. Dever de obediência ao devido processo legal. Necessidade de lançamento tributário. Devido Processo Legal. Ao se interpretar uma norma infraconstitucional, não se deve olvidar que seu fundamento encontrase fixado na Constituição Federal. Com efeito, podese afirmar que a interpretação das normas infraconstitucionais sempre deve ter como premissa fundamental o princípio da supremacia da Constituição [...]. Em tais condições, para a interpretação de lei infraconstitucional, cumpre ao intérprete iniciar seu mister tendo por fundamento as normas superiores, "in caso”, a Constituição. Sendo assim, a única interpretação de uma norma infraconstitucional é aquela que esteja de conformidade com [...] a Constituição, em especial, com o art. 59 , incisos LIV e LV, da Constituição Federal. [...] Equivale a dizer que, diante da posição hierárquiconormativa de superioridade da Constituição com relação às demais normas do ordenamento jurídico, estas buscam sua eficácia no texto constitucional, não podendo, de conseguinte, o intérprete realizar uma atividade interpretativa que se inicie na norma infraconstitucional para depois ir ao texto constitucional. A interpretação é de cima para baixo e não o contrário. Por outro lado, devese adicionar ao princípio da Fl. 1999DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10840.720468/201066 Acórdão n.º 1803002.504 S1TE03 Fl. 2.000 23 supremacia da Constituição, como pressuposto à interpretação da Carta Magna, o princípio da máxima efetividade ou eficácia. [...] Portanto, ao se interpretar o art. 59 , incisos LIV e LV, da Constituição Federal, que consagra o devido processo legal administrativo, cumpre ao intérprete extrair do texto um sentido que maior eficácia lhe dê. A Constituição Federal, em seu inciso LIV, do art. 5º, consagra o devido processo legal, ao pontificar que: “ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal". Seqüencialmente, o inciso LV, assegura aos litigantes, em processo judicial ou administrativo: "o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerente”. O "due process of law” é cláusula de ímpar importância, inscrita em nossa Constituição, que busca garantir um processo adequado, equânime, que atenda aos ditames da justiça . Vale dizer, o devido processo legal é o processo justo. [...] Princípios estes que se integram ao conceito geral do "due process of law", explicitado de forma clara na vigente Constituição e com aplicação cogente ao processo administrativo e não, apenas, ao processo judicial. Já, por sua vez, a ampla defesa estaria vinculada à consecução do direito defesa, sendo seus desdobramentos: (i) caráter prévio da defesa; (ii) direito de interpor recurso administrativo; (iii) defesa técnica; (iv) direito de ser regulamente notificado com a indicação no texto desta razões de fato e de direito; (v) direito de solicitar provas e vêlas realizadas. Possível notar, portanto, a necessidade de se observar o devido processo legal administrativo e seus corolários do contraditório e ampla defesa, uma vez que estamos diante de direito constitucional fundamental previsto no art. 59 devido processo legal administrativo [...]. O STF já proclamou que todo direito ou garantia individual assegurados pela Constituição são interpretados e devem ser aplicados com maior amplitude possível. No presente caso, o devido processo legal não foi observado para a inclusão da Autora como coresponsável, conforme auto de infração este não foi devidamente incluído, mas tão somente citado no relatório fiscal . Mais do que disso, como veremos adiante, não houve qualquer lançamento tributário para sua inclusão coresponsável Lançamento Tributário. Concretização do Processo. Necessidade. Como corolário do devido processo legal na esfera tributária temos o denominado lançamento tributário. Mediante a realização do lançamento tributário e sua notificação ao contribuinte que este poderá exercer seu direito de defesa plenamente. Portanto, a necessidade de lançamento tributário para a constituição de crédito é evidente em relação ao sujeito passivo. Esta necessidade de lançamento para efeitos de constituição do crédito tributário decorre do fato de que o Sistema Tributário Nacional distingue obrigação de crédito. Neste sentido, dispõe o art. 146, inciso III, alínea "b", da Constituição Federal, que incumbe à lei complementar estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, [...] Por sua vez, o art. 142, do Código Tributário Nacional dispõe, expressamente, que a atividade do lançamento é privativa da autoridade administrativa. Nesse ato se Fl. 2000DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10840.720468/201066 Acórdão n.º 1803002.504 S1TE03 Fl. 2.001 24 compreende a verificação da ocorrência do fato gerador, a determinação da matéria tributável, o cálculo do tributo devido e a respectiva penalidade,[...] Vale dizer: o Fisco somente poderá exigir do sujeito passivo o pagamento de determinado tributo, caso tenha convertido a obrigação em crédito, sob pena de não haver dívida líquida e certa, mas, mera obrigação em estado latente. É, portanto, com o lançamento tributário que se verifica a existência de crédito com a identificação do sujeito passivo, o fato gerador ocorrido, a matéria tributável, o montante do tributo e eventual penalidade. Tratase de ato administrativo obrigatório para a constituição do crédito tributário ao sujeito passivo, seja o contribuinte ou responsável. Responsabilidade solidária. Necessidade de lançamento. Devido processo legal. Jurisprudência STJ. O lançamento tributário, nos moldes do art. 142 do Código Tributário Nacional, com a conseqüente concretização do devido processo legal, é imprescindível à constituição do crédito. Este administrativo tributário é obrigatório, inclusive, em relação à imposição de responsabilidade tributária solidária, sob pena de evidente desrespeito ao art. 142 do Código Tributário Nacional e ao devido processo legal administrativo (art. 5º, incisos LIV e LV da Constituição Federal). [...] Repitase: segundo entendimento do Superior Tribunal de Justiça a imposição de responsabilidade tributária solidária exige, indubitavelmente, a realização do lançamento tributário (art. 142 do Código Tributário Nacional), meio de exteriorização do princípio constitucional do devido processo legal (art. 59 , incisos LIV e LV, da CF/88). De tal sorte, sem a realização do lançamento tributário, impossível se torna qualquer tentativa do Poder Público de incluir a impugnante como responsável solidária de outra, principalmente, pelo fato de t a l hipótese não se confundir com o art. 135 do Código Tributário Nacional. [...] Aliás, em outra oportunidade, o Superior Tribunal de Justiça, ressaltando a importância da realização do lançamento tributário como concretização do devido processo legal, [inclusive no direito espanhol]. Impossível, portanto, impor a responsabilidade se um ato administrativo que configure um lançamento tributário. Lançamento Tributário. Ônus. Além de ser obrigatório ao Fisco a realização do lançamento tributário, cabe lembrar que a este incumbe o ônus de notificar regularmente o sujeito passivo de tal ato. Não é por outra razão que o SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, mais do que deixar evidente a necessidade do lançamento tributário, tem decidido que o ônus de demonstrar a regular notificação ao contribuinte é do Fisco [...]. Inexistência do lançamento no presente caso. Como se verificou, segundo jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, para se impor responsabilidade tributária solidária é preciso: (i) respeitar o devido Fl. 2001DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10840.720468/201066 Acórdão n.º 1803002.504 S1TE03 Fl. 2.002 25 processo legal administrativo; (ii) realizar o lançamento tributário, nos moldes do art. 142 do Código Tributário Nacional; (iii) realizar a regular notificação ao sujeito passivo, tornando possível a efetivação do envido processo legal. No presente caso isto claramente não ocorreu, havendo situação de plena ilegalidade e arbitrariedade. Ora, conforme auto de infração, vêse, claramente, que não consta o impugnante como coresponsável, mas simples citação em relatório fiscal . Isto não é lançamento tributário, nos moldes do art. 124 do CTN. A mais disso, o grande vício decorre da ausência de descrição fática de procedimento praticado pelos sócios a fim de justificar a responsabilidade. Conclusão. Ilegalidade Possível concluir, destarte, que a intimação e inclusão do impugnante como responsável solidário é de evidente ilegalidade em virtude de não observar o devido processo legal administrativo, mediante o necessário e imprescindível lançamento tributário (art. 142 do CTN) para a constituição do crédito tributário especificamente em face deste. II. Inconstitucionalidade E Ilegalidade. A Responsabilidade Tributária. Impossibilidade. II. a. Premissa. Personalidades jurídicas distintas entre sócio e pessoa jurídica. De início, sem longas discussões, para a apreciação deste caso há de ter mente o fato de que as pessoas (físicas e jurídicas) possuem personalidade jurídica próprias, de sorte que cada uma deles t em seus deveres e obrigações, as quais não são extensivas às outras. Assim, não se deve confundir a pessoa jurídica com seus sócios.. Tratase de regra geral que, embora comporte exceções, depende de inúmeros requisitos legais e somente pode ser realizada, após amplo convencimento, pelo Poder Judiciário. Portanto, pessoas jurídicas distintas devem ser tratadas com distinção, cabendo a cada uma seus direitos e obrigações. II. b. A responsabilidade tributária solidária. Breves considerações ao art. 124 do Código Tributário Nacional. Solidariedade art. 124 CTN. E como sabido, a solidariedade no Direito não se presume, de sorte que se torna necessária previsão legal. Equivale dizer: é preciso que o legislador descreva as situações onde seria [...] possível impor a solidariedade. Aliás, a necessidade de existir previsão legal é clara [...] quando estamos diante de questões relacionadas ao Direito Tributário, onde se tem como princípio elementar a legalidade tributária (art. 5º , II, 37 "caput" e 150, da CF). Assim, dentro do capítulo IV referente ao "Sujeito Passivo" temos a Seção II que trata da Solidariedade, onde o legislador mediante a inserção do art. 124 descreveu hipóteses de solidariedade. [...] Este dispositivo normativo, portanto, trata da solidariedade passiva, ou seja, "de situações em que duas ou mais pessoas podem apresentarse, na condição de sujeito passivo da obrigação tributária, obrigandose cada uma pela dívida tributária Fl. 2002DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10840.720468/201066 Acórdão n.º 1803002.504 S1TE03 Fl. 2.003 26 inteira Na solidariedade passiva duas ou mais pessoas são obrigadas pelo pagamento de toda a dívida, sendo que na esfera tributária inexiste inclusive o benefício de ordem (art. 124, parágrafo único, CTN). [...] Natureza: Responsabilidade Por Solidariedade Embora o art. 124 do Código Tributário Nacional não esteja localizado na parte de responsabilidade tributária, como se pode notar, não é possível negar que referido dispositivo legal possui esta natureza jurídica, impondo responsabilidade tributária solidária [...]. Apesar da localização no capítulo relativo ao sujeito passivo, em verdade, a natureza jurídica de tal dispositivo impondo a solidariedade é responsabilidade tributária Tipos de Solidariedade O art. 124, incisos I e II, do Código Tributário Nacional descreve dois tipos de responsabilidade tributária solidária: (i) o primeiro quando houver entre as pessoas 'interesse comum na situação que constitua o fato jurídico tributário (ou fato gerador) da obrigação principal; (ii) o segundo nas situações em que o legislador prever. No primeiro tipo o Código Tributário Nacional já descreve a situação jurídica onde será possível a responsabilidade tributária, sendo seu núcleo fundamental a expressão "interesse comum na situação que constitua o fato gerador". Este será o principal requisito para se impor a responsabilidade tributária às pessoas c om fundamento no art. 124, inciso I, do Código Tributário Nacional. Já, por sua vez, o segundo tipo acaba por ser uma hipótese excludente do primeiro, eis que caberá ao legislador prever situações onde não exista o interesse comum no fato gerador e, mesmo assim, haveria necessidade de se estabelecer a responsabilidade tributária. Imposição de Responsabilidade tributária. Necessidade de comprovação. Ônus da prova. Solidariedade e Ônus. Embora exista previsão no Código Tributário Nacional para se impor responsabilidade tributária solidária a determinadas pessoas nas hipóteses dos incisos I e II, é preciso verificar como isto ocorrerá e, principalmente, a quem compete demonstrar o preenchimento dos requisitos legais, mediante justificativas fática, jurídica e, principalmente, com base em provas. O Ônus da Prova [...] Como sabido, em se tratando de ônus, não existe um de dao partes, mas tão somente uma faculdade processual dotada de um risco pelo seu não exercício 3 4 . Vale dizer, as partes não tem o dever de comprovar os fatos constitutivos autor , impeditivos, modificativos ou extintos do direito réu , no entanto, em se quedando inerte, arcarão com o risco de perder a demanda. [...] Responsabiliza Tributária Solidária. Ônus da Prova. STJ. A Fazenda Nacional, ao imputar responsabilidade tributária à Autora, não pode se pautar por meros indícios ou presunções, de maneira que se exige a prova do "interesse comum" quanto ao fato gerador, de conformidade com o art. 124, inciso I, do Código Tributário Nacional. [...] Fl. 2003DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10840.720468/201066 Acórdão n.º 1803002.504 S1TE03 Fl. 2.004 27 Vêse, portanto, que para se configurar a responsabilidade tributária solidária prevista no art. 124, inciso I, do Código Tributário Nacional, é preciso que o Fisco demonstre de forma justificada (princípio da motivação = lançamento tributário), mediante provas, a existência no caso concreto de um interesse comum quanto ao f a to gerador. Não basta, por isso, utilizar presunções, ou pior, realizar a inclusão de responsabilidade tributária solidária sem se valer da devida motivação fática e jurídica por meio do lançamento tributário e, principalmente, de provas. Assim, cabe ao Fisco o ônus da prova no sentido de demonstrar cabalmente o interesse comum no fato gerador das partes (sujeitos passivos), sob pena de se configurar evidente ilegalidade e arbitrariedade. [...] Conclusão: O Ônus é do Fisco na Solidariedade Se a Fazenda Nacional pretende impor responsabilidade tributária a uma determinada pessoa, nos moldes do art. 124 do Código Tributário Nacional, a esta caberá comprovar cabalmente o fato jurídico constitutivo. Assim, é da Fazenda o ônus de demonstrar [a licitude das] provas, se uma determinada pessoa se enquadra nas hipóteses descritas no Código Tributário Nacional do art. 124, em especial, no inciso I do Código Tributário Nacional. Em específico, quanto ao presente caso concreto, onde possivelmente se utilizou a previsão legal do inciso I, o qual exige o interesse comum na constituição do fato jurídicotributário (fato gerador), inexistiu qualquer prova e justificativa capaz de dar suporte à imposição de responsabilidade tributária solidária. O auto de infração encaminhado, sem qualquer documentação, inclusive, inviabilizando o pleno exercício do direito de defesa, em momento algum aponta fatos concretos e documentais que apresentariam a vinculação direta com o fato gerador dos tributos exigidos da pessoa jurídica. Sendo, portanto, ônus do Fisco demonstrar a configuração de responsabilidade tributaria, conforme ampla jurisprudência do Superior Tribunal De Justiça e não tendo sido demonstrado, impossível se torna manter tal imposição ao impugnante, devendo o Poder Público arcar com a conseqüência de não ter comprovado, principalmente, pelo fato de que solidariedade não se presume. II. d. A solidariedade e o interesse comum (art. 124 do CTN) Apesar da inexistência de qualquer prova nos autos dos processos administrativos para justificar a inclusão do impugnante como responsável solidário, por força do disposto no art. 124, inciso I, do Código Tributário Nacional, o fato é que no presente caso seria impossível esta comprovação, eis que inexiste qualquer situação que configure o "interesse comum na constituição do fato gerador" nos créditos tributários descritos no extrato da Procuradoria da Fazenda Nacional. Art. 124, Inc. I: Interesse Comum. Noção Ao se interpretar o art. 124, inciso I, do Código Tributário Nacional, é possível notar que seu núcleo é o interesse comum. Tratase de conceito jurídico indeterminado [...], cuja característica não t em o condão de possibilitar o emprego desta expressão para toda e qualquer situação, Fl. 2004DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10840.720468/201066 Acórdão n.º 1803002.504 S1TE03 Fl. 2.005 28 principalmente, quando estamos a tratar de responsabilidade tributária, considerada, inclusive, de natureza sancionatória. Assim, é possível delimitar seu núcleo de significação a fim de que não se imponha responsabilidade tributária (sanção) às pessoas indiscriminadamente, caracterizando verdadeira arbitrariedade, em um caso onde se exige, em verdade, ato administrativo vinculado, nem mesmo discricionário. [...] Percebese, portanto, desde o início, que somente se pode impor responsabilidade tributária solidária, nos moldes do art. 124, I, do Código Tributário Nacional por "interesse comum" se estivermos diante de participantes do fato jurídico tributário. Equivale dizer: impossível se torna a solidariedade para uma pessoa que não tenha participado do fato gerador. Apesar disso, é preciso esclarecer que a "participação no fato gerador" não é um simples elemento factual, pois isto não seria dado satisfatório para se reconhecer a solidariedade. [...] O interesse jurídico, único capaz de criar a solidariedade, consiste naquele que "decorre de uma situação jurídica, como é o caso daquele que se pode estabelecer entre os cônjuges em se tratando de Imposto de Renda, ou sobre a propriedade de bens". [...] Possível verificar, portanto, que, segundo a doutrina a responsabilidade tributária, em virtude do "interesse comum" na ocorrência do fato gerador demanda basicamente um interesse jurídico e não meramente fático, econômico, social, além de necessitar que as pessoas partícipes do fato jurídicotributário não estejam em situação oposta no ato, fato ou relação negocial, ou contrário, que se quedem em situação de comunhão, como, por exemplo, no cai. de coproprietários e a incidência do IPTU ou na incidência de Imposto sobre a Renda e sua relação com os cônjuges. Interesse Comum e Jurisprudência Para o Superior Tribunal De Justiça a solidariedade tributária, prevista no art. 124, inciso I, do Código Tributário Nacional, ocorre "quando os sujeitos estão na mesma relação obrigacional", sendo imprescindível a ocorrência do "interesse comum das pessoas que participam da situação que origina o fato gerador. [...] A jurisprudência, portanto, do Superior Tribunal de Justiça e também do Tribunal Regional Federal da 4a Região demonstre m claramente que somente existirá "interesse comum" quando tivermos as seguintes características: (i) juridicidade, não sendo relevante o interesse econômico, social, político, tático; (ii) participação no fato gerador na mesma relação obrigacional. Conclusão. Existência de Interesse Comum Diante dos requisitos apresentados pela doutrina e jurisprudência, é inegável o fato de que inexiste no presente caso a responsabilidade tributária solidária, uma vez que não restam caracterizados os requisitos legais, nos moldes da interpretação doutrinária e jurisprudencial. Isto porque, não se descreve qualquer conduta específica e devidamente comprovada do sócio impugnante no sentido de que praticaria fato como interesse comum no fato gerador na mesma relação obrigacional. Vêse, portanto, que não há no presente caso situação fática e jurídica que comporte a imposição de responsabilidade tributária solidária, nos moldes do art. Fl. 2005DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10840.720468/201066 Acórdão n.º 1803002.504 S1TE03 Fl. 2.006 29 124, inciso I, do Código Tributário Nacional, eis que, além de inexistir ato administrativo demonstrando por provas tais requisitos, pelos elementos trazidos aos autos, não houve a configuração do "interesse comum na realização do fato gerador", que há de ser jurídico e não meramente econômico, político, social. Além disso, não se configura em quaisquer das situações impostas uma relação de interesse jurídico comum do fato gerador da obrigação principal, onde as pessoas sejam partícipes no mesmo lado da relação jurídica. Nada disso resta configurado e, como já alinhado, comprovado ou justificado. Em tais condições, impossível a responsabilidade tributária por solidariedade no presente caso, tendo em vista a total ausência de provas e, principalmente, conforme documentos acostados, a inexistência do preenchimento dos requisitos estampados no art. 124, inciso I , do Código Tributário Nacional. II. e. O art. 135 do Código Tributário Nacional. Esclarecimento Inicial. É princípio comezinho a distinção entre os sócios e a pessoa jurídica, tendo esta vida própria, devendo a Lei n. 8.397/92, estar em consonância com o Código Tributário Nacional, que é lei complementar. Dispõe o art. 135, inciso III, do Código Tributário Nacional, ^m exceção à distinção entre os sócios e a pessoa jurídica, que "são pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos": os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado". Com supedâneo no art. 135, do Código Tributário Nacional, há que se considerar a relação causa/efeito entre aqueles atos de gestão eventualmente praticados por sóciogerente de pessoa jurídica, de forma que tais atos sejam o motivo da inadimplência da obrigação tributária. Vale dizer, não são quaisquer atos de gestão que podem levar à responsabilização pessoal de seu agente, mas somente aqueles em virtude dos quais a pessoa jurídica se tornou insolvente, fato esse que não existe no presente caso, até porque está se, ainda, sob processo administrativo. Mas ainda não é só. Para restar configurada a responsabilidade tributária relativa aos terceiros enumerados no art. 135, inciso III, do Código Tributário Nacional, a lei traz como requisito que tais atos tenham sido praticados "...com infração à lei, ao contrato ou estatuto social...", ou com "excesso de poder", sendo insuficiente a simples existência do crédito tributário e do inadimplemento da obrigação. Se, por absurdo, atribuirmos ao impugnante como sócio da pessoa jurídica autuada a qualidade de devedora, convém indagar se referida situação configura "infração à lei", para os fins do art. 135, inciso III, do Código Tributário Nacional. A resposta é claramente negativa. O inadimplemento de um débito tributário (ou seu pagamento em atraso) em nada difere, substancialmente, do não cumprimento (ou atraso) de qualquer outra obrigação, de qualquer natureza (civil, comercial, penal), na medida que ambos os inadimplementos configurariam, em tese, "infração à lei". Fl. 2006DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10840.720468/201066 Acórdão n.º 1803002.504 S1TE03 Fl. 2.007 30 Portanto, a expressão "infração à lei" utilizada pelo legislador complementar no inciso III, do art. 135, do Código Tributário Nacional, não pode ser interpretada latu sensu, como referente a qualquer descumprimento de preceito normativo, seja material ou formal, principal ou acessório, ou de qualquer s outra natureza. Se assim fosse, até mesmo o não pagamento de uma obrigação de natureza comercial, ou seu pagamento fora do vencimento, também caracterizaria uma "infração à lei" em sentido lato, da mesma forma que todo ato não cumpridor de ditames legais ou obrigacionais é infrator da lei, se levarmos em conta o princípio genérico que determina o cumprimento das obrigações. Ora, seria totalmente ilógico admitir tal possibilidade, pois resultaria em transformar a exceção, responsabilidade pessoal dos sóciosgerentes quando praticarem ato infrator à lei, em regra, nulificandoa por completo. Somente em raríssimas exceções, previstas em lei, é que o sócio poderá ser demandado pelo pagamento do débito, tendo direito de exigir que sejam bloqueados os bens da sociedade. Portanto, o que peculiariza a "infração à lei", para os fins absolutamente excepcionais pretendidos no art. 135, inciso III, do Código Tributário I Nacional, diferenciandoa da "infração à lei" genericamente considerada, diante da qual este dispositivo perde totalmente o sentido de sua existência, é a exigência do elemento subjetivo da conduta, ou seja, a máfé, o conluio, a fraude, o dolo fato esse que, em momento algum, foi demonstrado pelo Fisco as condutas do impugnante, a quem cabia tal ônus. [...] Se não estiver presente, prévia e devidamente comprovado, o elemento subjetivo (dolo, fraude, conluio, sonegação) na conduta do administrador da pessoa jurídica, claramente voltada para o descumprimento de seus deveres sociais, em prejuízo da própria sociedade e do erário público, é impossível a invocação do art. 135 inc. III do Código Tributário Nacional. Conclusão. Irresponsabilidade Possível concluirse, portanto, que: a) em regra, a pessoa jurídica e seus sócios possuem deveres e obrigações distintas; b) o art. 135, inc. III, do CTN, responsabiliza os sócios gerentes de pessoas jurídicas de direito privado no caso de obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes, ou infração de lei, de contrato social ou estatutos; c) não existe no presente caso inadimplemento da pessoa jurídica muito menos do impugnante, pois, se trata de eventual inadimplemento de terceira pessoa jurídica; d) se, por absurdo, entender que já existe inadimplemento, convém esclarecer que este não é suficiente para responsabilizar os sócios com seus bens particulares, consoante iterativa jurisprudência do Superior Tribunal De Justiça; e) não houve a descrição e prova de supostas condutas fraudulentas e dolosas praticadas, especificamente, pelo impugnante, cujo ônus ao Fisco incumbia. Com o objetivo de fundamentar as razões apresentadas na peça de defesa, interpreta a legislação pertinente, indica princípios constitucionais que supostamente foram violados e faz referência a entendimentos doutrinários e jurisprudenciais em seu favor. Conclui que: Fl. 2007DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10840.720468/201066 Acórdão n.º 1803002.504 S1TE03 Fl. 2.008 31 Posto isto, requer seja acolhida a presente impugnação, especialmente, para reconhecer a nulidade do lançamento tributário ou ao menos sua improcedência no tocante à imputação de responsabilidade tributária, como medida de legalidade. Está registrado como ementa e parte dispositiva do Acórdão da 5ª TURMA/DRJ/RPO/SP nº 1435.570, de 26.10.2011, fls. 18611893: ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES Anocalendário: 2006 OMISSÃO DE RECEITA. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. Tributase como omissão de receita os depósitos efetuados em conta bancária, cuja origem dos recursos depositados não tenha sido comprovada pelo contribuinte mediante apresentação de documentação hábil e idônea, nos termos do art. 42 da Lei 9.430, de 27/12/1996. OMISSÃO DE RECEITAS. REGIME DE TRIBUTAÇÃO. Apurada omissão de receita e estando a empresa submetida às regras de tributação do SIMPLES, já que dele não houve a exclusão para o período fiscalizado, os lançamentos devem ser realizados de acordo com as regras do SIMPLES no período de apuração a que corresponder a omissão. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. Cabível a imposição da multa qualificada de 150%, prevista no artigo 44, inciso II, da Lei nº 9.430 de 1996, quando demonstrado que o procedimento adotado pelo sujeito passivo enquadrase nas hipóteses tipificadas no art. 71, I, da Lei nº 4.502 de 1964. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO OBRIGAÇÃO RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. Comprovado que, no exercício de sua administração praticaram os sócios, gerentes ou representantes da pessoa jurídica atos com excesso de poderes ou infração de lei, tipificada estará a sua responsabilidade solidária prescrita pelo art. 135 do Código Tributário Nacional. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido [...] Diante do exposto voto pela improcedência da impugnação, mantendose o crédito tributário tal como foi constituído, e pela improcedência da manifestação de inconformidade, mantendose a exclusão do Simples Federal e do Simples Nacional, nos termos dos Atos Declaratórios, bem assim a responsabilidade solidária atribuída aos sócios Anderson Vilela Barbosa, Ewerton Vilela Barbosa e Wesley Vilela Barbosa. Notificada em 22.03.2012, fls. 19221925, a Recorrente apresentou o recurso voluntário em 12.04.2012, fls. 19261966, esclarecendo a peça atende aos pressupostos de admissibilidade. Discorre sobre o procedimento fiscal contra o qual se insurge. Fl. 2008DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10840.720468/201066 Acórdão n.º 1803002.504 S1TE03 Fl. 2.009 32 Acrescenta que: “Ab initio" para melhor entendimento, é preciso uma síntese "dos fatos. Consoante se verifica pela análise do referido Auto de Infração a fiscalização procedeu ao lançamento do Simples (IRPJ, CSLL, COFINS, PIS e INSS) sob alegação de que, no período de janeiro a dezembro de, 2006, houve omissão de receita com base em presunção lançada os extratos bancários, nos termos do art. 42, da Lei nº 9.430/96, além de exigir algumas diferenças de Simples. Houve, ainda, a qualificação da multa para 150%, além de exigir juros pela taxa selic. A ora Recorrente discute a quebra de sigilo bancário, que resultou na presente autuação fiscal, dentre outros tópicos e a nulidade de todo o procedimento. [...] “Data venia" é de total improcedência o auto de infração lavrado, conforme razões doravante alinhadas; devendo ser dado provimento ao presente recurso. Nulidade. Exclusão do Simples: apresentação de defesa com efeito suspensivo. No caso dos autos estamos diante de uma nulidade insanável, na medida em que a ora recorrente apresentou defesa administrativa contra o ato que a excluiu da sistemática do Simples. Naqueles autos (defesa quanto à exclusão do Simples), inclusive, questiona a empresa que os supostos valores tidos como não declarados, tratamse na realidade da mera presunção de omissão de receitas e que deve haver à distinção entre "receitas" e meros ingressos, quando da avaliação dos extratos bancários, cujo sigilo foi, indevidamente, quebrado. O que se quer dizer com isso é que, enquanto não se julgar o processo de exclusão do simples, recebido com efeito suspensivo, não há que se falar em lançamento tributário, eis que, tal fato, viola o direito ao constitucional ao devido processo legal, à ampla defesa e contraditório. [...] Ora, se a defesa quanto à exclusão do Simples é recebida no efeito suspensivo, pululam dúvidas sobre a.existência de valores devidos pelo contribuinte e, via de conseqüência, a lavratura de eventual auto de infração somente poderia ocorrer, se e somente se, a decisão naqueles autos for desfavorável ao contribuinte e, depois de esgotados todos os meios de defesa. Por essa razão, é completamente nulo o lançamento tributário. II. Nulidade. Prova ilícita. Quebra do sigilo bancário sem autorização judicial. Nesse tópico, limitase o julgamento a alegara impossibilidade de se apreciar matérias constitucionais. As provas contra a recorrente encontram respaldo na Lei Complementar n° 105, de 10 de janeiro de 2001, regulamentada pelo Decreto n° 3.724, de mesma data, ambos voltados à abertura do sigilo bancário dos contribuintes [...]. Tais informações são protegidas pela garantia constitucional do sigilo de dados, estampada no art. 5°, inciso XII, da Constituição da República, razão pela qual se mostra evidente a violação, direito da Recorrente, pois está se valendo o Fl. 2009DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10840.720468/201066 Acórdão n.º 1803002.504 S1TE03 Fl. 2.010 33 Fisco de dados, resguardados por sigilo constitucional, de terceira pessoa" para, assim, atingir a Recorrente. Ora, a própria fiscalização, [...] adquiriu os extratos: bancários diretamente das instituições financeiras, sem ordem judicial. Como se viu, o Fisco pretende obter informações, seja diretamente com o contribuinte, seja por intermédio das instituições bancárias, da vida particular dos contribuintescorrentistas, tais como, débitos em conta corrente, pagamentos/saques, transferências, aplicações, etc. J Todavia, dispõem os incisos X e XI, ambos do artigo 5º da Constituição Federal. [...]. Nunca é demais enfatizar que os direitos e garantias individuais . dentre os quais se insere o supra transcrito constituem cláusulas pétreas, resguardada, pelo próprio Poder Constituinte Originário, de qualquer alteração ou subtração, direta ou indireta. É o que decorre expressamente do artigo 60, § 4º da Constituição da República [...]. Desse modo, delineado esse arcabouço constitucional, é extreme de dúvidas que nenhum instrumento normativo, seja uma lei ordinária, seja uma lei complementar que adveio no caso em exame ou até v mesmo uma emenda constitucional, não pode extinguir qualquer direito ou garantia fundamental, por peremptória vedação contida no artigo 60, § 4º , da CF/88, já acima transcrito. Aliás apenas para deixar claro o raciocínio o preceito constitucional estabelece que não será sequer objeto de deliberação, a proposta de ;emenda constitucional tendente, a abolir os direitos e garantias individuais. Destarte, se não é admitida nem a deliberação de proposta de emenda constitucional que intente abolir, aqueles, direitos, por óbvio, que uma lei complementar também não pode fazêlo. Não se pretende afirmar, com isso, que o direito ao sigilo de dados e à intimidade seja absoluto; ao contrário, é evidente que tais direitos, como qualquer outro inclusive o maior deles: o direito à vida – são relativos, podendo e devendo ceder lugar em algumas situações, como, aliás, vem se posicionando nossa doutrina e jurisprudência, inclusive do STF. Vêse, pois, que a questão se coloca em termos de conflito entre dois ou mais direitos: o individual, aqui defendido, e o interesse público coletivo na investigação criminal [...]. E aqui chegarmos ao ponto fundamental: a ordem judicial, que é o único instrumento legítimo, imparcial e confiável na avaliação das circunstâncias concretas ensejadoras de uma possível quebra do sigilo bancário. Isto porque, para solucionar aquele choque entre princípios constitucionais (sigilo bancário versus interesse coletivo), entra em ação o denominado princípio da proporcionalidade, [...] pelo qual, havendo dois princípios constitucionais em jogo, devese colocálos em unia balança imaginária, a fim de sacrificar o de menor relevância. [...] Só pode ser o Poder Judiciário, como decorrência lógica e imediata da própria natureza de sua função, tal como delineada em nossa Magna Carta. Portanto, riem mesmo a Lei Complementar n° 105, de 10 de janeiro de 2001, não tem o condão de tornar o Fisco Federal independente de autorização judicial, ou Fl. 2010DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10840.720468/201066 Acórdão n.º 1803002.504 S1TE03 Fl. 2.011 34 seja, não pode afastar o prévio exame do Poder Judiciário sobre o cabimento da quebra do sigilo, transferindo tal prerrogativa à própria administração publica, aos próprios interessados na suposta investigação. [...] Nestes termos, o art 6º da Lei Complementar nº 105/01, ao estabelecer a quebra do sigilo bancário sem autorização judicial, bastando a vontade do agente público, ainda que motivada e fundamentada, vai de encontro com o posicionamento atual do Supremo Tribunal Federal; razão pela qual não pode ser admitido em nosso ordenamento jurídico, sob pena de violar o artigo 5º, incisos X e XII, da Constituição da República. Somente a título de argumentação, mesmo se a Lei Complementar n° 105/01 estabelecesse a quebra do sigilo bancário mediante autorização judicial, ainda assim tal regra somente valeria no caso de apuração de crimes fiscais e não em caso de processos administrativos visando apurar créditos tributários em favor da Fazenda Pública. Isto porque, aplicandose o princípio, da proporcionalidade e colocando tais direitos (sigilo bancário X interesse coletivo na persecução penal) em comparação verificase que somente a apuração de crimes justifica o afastamento por ordem judicial, do sigilo bancário. Somente este interesse público é mais relevante do que o direito individual do cidadão. É entendimento sedimentado em nosso ordenamento jurídico, no sentido de que o sigilo bancário só deve ser aberto por decisão judicial [...]. Ressaltese que a Constituição Federal não dá, em nenhum de seus artigos, à Secretaria da Receita Federal [...] o status de Órgão equiparado ao Poder Judiciário, razão pela qual é totalmente desarrazoável a quebra do sigilo bancário sem a interferência.de um juiz ou tribunal. Esta situação não sofre qualquer alteração com a chegada da Lei Complementar n° 105/01. Esta nova lei de sigilo bancário não derruba nenhuma premissa sobre a qual secundam doutrina e jurisprudência pátrias, no sentido ora defendido. Esta lei não afasta a necessidade de ordem judicial para a quebra do sigilo bancário. Esta lei não derruba os direitos e garantias individuais do cidadão erigidos em cláusula pétrea por; expressa vontade do legislador constituinte originário. Quanto à obtenção de provas, vale transcrever o artigo 195 do Código Tributário Nacional CTN, caput [...]. Verificase que, embora, seja o direito de fiscalizar, um direito imanente da Administração Pública (fato esse que em nenhum momento o Recorrente questiona), este não é absoluto, posto que limitado pelas cláusulas subordinantes da Constituição Federal, cujas prescrições proclamam a necessidade de efetiva submissão do Poder Estatal aos direitos individuais assegurados naquela Carta. [...] Diante do exposto, é de rigor que se verifique que todo o procedimento fiscal já nasceu Nulo De Pleno Direito porque inobservou direitos constitucionais básicos inerentes ao cidadão: Requerse portanto, a nulidade do processo fiscal em epígrafe, já que se valendo de dados obtidos, de forma ilegal, lavrou auto de infração contra a Recorrente.Tratase de evidente utilização de prova ilícita, que contamina, consequentemente, todas as demais provas é atos decorrentes [...]. Fl. 2011DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10840.720468/201066 Acórdão n.º 1803002.504 S1TE03 Fl. 2.012 35 Nulidade. Não intimação para justificar depósitos apôs esclarecimento. Art 42 da Lei nº 9.430/96. Além da nulidade em decorrência da quebra do sigilo bancário, esta perdura por outras razões. Isto porque, durante a fiscalização e antes da lavratura do auto de infração não houve respeito ao próprio art. 42 da Lei nº 9.430/96 adotado para fundamentar a presente exigência, especialmente quando interpretado com a noção de devido, processo legal, contraditório e ampla defesa. Às fls. 368/416 a fiscalização, após quebrar o sigilo bancário sem autorização judicial, envia a planilha com todos os tipos de sítios bancários, sem realizar qualquer tipo de exclusão, desde transferência entre contas, valores constante de livros fiscais, entre outros aspectos. A recorrente, assim, faz às fls. 661/749 a justificativa e identificação dos depósitos face às notas fiscais lançadas, além de ressaltar a necessidade de excluir transferência entre contas, empréstimos, cheques devolvidos, entre outros aspectos. Após a juntada dos esclarecimentos e planilhas com justificativas, o contribuinte até a lavratura do presente auto de infração não recebeu nenhuma outra notificação quanto aos valores justificados. Equivale dizer: antes da lavratura do auto de infração não se encaminhou planilha com os valores eventualmente não acolhidos pela fiscalização e que poderiam ser tributados por presunção, caso não houvesse esclarecimento. Tal procedimento era de rigor, pois, o art. 42 da Lei nº 9.430/96 dispõe [...]. Ora, no presente caso, após inicial intimação, o recorrente justificou os depósitos por meio de petição e extensas planilhas às 661/749. Assim, não poderia ò fisco, simplesmente, ignorar às justificativas e realizar lançamento com base n o art. 42 da lei 9.430/96, sem, ao menos, antes disso intimar o contribuinte para justificar a razão pela qual não aceitou os esclarecimentos do contribuinte, além de apresentar a planilha com os depósitos bancários eventualmente não justificados e que seria submetidos à presunção, caso não houvesse a apresentação de novos documentos e informações. A fiscalização não considerou a resposta para cada um dos depósitos, destarte, como não houve nova intimação antes da lavratura, considerando os esclarecimentos prestados, dúvida não resta da nulidade do lançamento, especialmente, quando se interpreta este dispositivo com a noção de devido processo legal. Nulidade. Inaplicabilidade ao caso concreto do art. 42 da Lei nº 9.430/96. Identificação dos depositantes. Sem embargo as alegações de nulidade acima descritas, o lançamento possui outro vício insanável. Como sabemos, não há dúvida que de o lançamento está fundado, basicamente, na presunção de receita quanto aos depósitos bancários, nos termos do art. 42 da Lei nº 9.430/96. Aí está, porém, a nulidade. Fl. 2012DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10840.720468/201066 Acórdão n.º 1803002.504 S1TE03 Fl. 2.013 36 Não era possível à fiscalização aplicar o art. 42 da Lei nº 9.430/96 ao caso concreto. Como se pode notar, antes, durante e após esclarecimentos do contribuinte, a fiscalização diligenciou em diversos locais e instituições bancárias com a finalidade de identificar os depositantes. Foi o que ocorreu. Conforme, especialmente, fls. 752 até 1566, a fiscalização realizou diligências identificando os depositantes. Daí porque configura mais uma nulidade. Primeiro, pelo fato de que o recorrente em momento algum foi intimado para justificar tais operações, o que já foi esclarecido acima. Segundo, pela razão de que não se aplica o art. 42 da Lei nº 9.430/96 quando há identificação em diligência pelo fisco ou pelo contribuinte dos depósitos bancários. [...] Portanto, como houve a realização de diligência com identificação dos depósitos por terceiros (fls. 752/1566), como também pelo próprio contribuinte (v. planilha com identificação do depósito, data e NF), a presunção do art. 42 da Lei nº 9.430/96 não é aplicável, sendo de rigor a nulidade do lançamento. [...] O que se pode concluir por meio da interpretação do art. 42 da Lei nº 9.430/96 e também do precedente citado é que, a partir do momento que há identificação por diligência ou via esclarecimento do contribuinte do depósito bancário, já não se torna possível aplicar a presunção deste dispositivo legal, cabendo ao Fisco tributar por meio das normas específicas. No presente caso, como o lançamento está fundamentado, de direito e de fato, na presunção dos depósitos bancários, nos moldes do art. 42 da Lei nº 9.430/96, é de rigor o reconhecimento da nulidade do lançamento. Nulidade. Necessidade de arbitramento. Aqui novamente a r. Decisão recorrida não apreciou a questão, na forma como suscitada Logo, resta cristalina a nulidade do lançamento em virtude de que a exigência dos supostos valores presumidos, via depósito bancário, como receita, foram tributados por meio da sistemática do Simples. Ora, se a autoridade fiscal desconsiderou os livros fiscais, os esclarecimentos e planilhas do contribuinte, outra alternativa não resta senão a aplicação do arbitramento. Nesse sentido dispões o art. 148 do Código Tributário Nacional [...]. Não há discricionariedade. Assim, caberia ao fisco aplicar o arbitramento e não a legislação do Simples, como fez no presente lançamento. Ao assim proceder, de forma ilegal e arbitrária, aumentouse o limite do simples, sendo que o correto seria a tributação via arbitramento. Esse fato reitera a outra tese de nulidade, ou seja, enquanto houver defesa administrativa quanto a exclusão, deve a empresa permanecer na sistemática do Simples. Fl. 2013DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10840.720468/201066 Acórdão n.º 1803002.504 S1TE03 Fl. 2.014 37 Porém, outra coisa completamente distinta e ilegal é tributar, com base no Simples, receita anual superior a R$2.400.000,00. O auto de infração simplesmente trouxe uma inovação legislativa, em descompasso de todo os ditames de nosso ordenamento jurídico. A nulidade nesse caso é absoluta, na medida em que á base de cálculo, a alíquota aplicada e todos os demais consectários (multa, juros, etc) encontramse incorretos. [...] Portanto, de rigor o reconhecimento da nulidade no presente lançamento, uma vez que não aplicou o arbitramento como determina a legislação. Impossibilidade de presunção Como cediço, de conformidade com o art. 142 do Código Tributário; Nacional; é de competência privativa da autoridade administrativa constituir o, crédito tributário, mediante ato administrativo do lançamento, devendo verificar a ocorrência do fato imponível tributário, determinando a matéria tributável, o montante do tributo devido, identificando o sujeito passivo. Ocorre, porém, que, no presente caso, a autoridade administrativa lavrou auto de infração tendo, exclusivamente, por supedâneo, a mera presunção, sem demonstrar cabalmente, como era de sua competência, os elementos que compõem o fato tributário. [...]. Ora, não é, preciso muito esforço para se aferir que todas as notas fiscais que interessarem ao presente caso, deveriam constar dos presentes autos, sob pena de imprestabilidade da prova e absurda presunção. Ainda que assim não seja, também resta evidente a necessidade de realização de perícia. Em tais condições, não seria possível a autoridade administrativa,;por meras conjecturas lavrar auto de infração contra a Recorrente deveras, a autoridade administrativa preferiu, ao seu livre talante, em detrimento da ordem jurídica, adotar presunção "ad hominis", que nem mesmo é legal. [...] Destarte, não basta a simples presunção "ad hominis" levantada pela autoridade administrativa; de que houve omissão de receitas para dar fundamento ao auto de infração lavrado. É preciso que a fiscalização apresente elementos comprobatórios seguros da suposta omissão de receitas, o que não foi feito. Estamos, indubitavelmente, diante de um caso em que as autoridades fiscalizadoras buscaram recurso na presunção para fundamentar a autuação imposta ao Recorrente, o que é arbitrário, inadmissível e ilegal. Em remate, [...], mesmo que seja admitida a presunção da autoridade administrativa, cumpre esclarecer que é relativa ("iuris tantum"), cabendo prova em contrário, como há de se demonstrar. Portanto, possível (concluirse que o auto de infração impugnado é fruto de mera presunção "ad hominis", sem embasamento em lei que possa vaticinar á conduta praticada pela autoridade administrativa, sei. o de rigor sua insubsistência, uma vez que estamos diante de um Estado Democrático de Direito. Ora, impossível se torna a presunção dos depósitos bancários, razão pela qual há improcedência do lançamento. Fl. 2014DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10840.720468/201066 Acórdão n.º 1803002.504 S1TE03 Fl. 2.015 38 Impossibilidade de presunção quanto ao INSS. Nesse tópico, a r. decisão recorrida não enfrentou a questão nos moldes colocados pela requerente, na medida em que a mesma.postula a inaplicabilidade da presunção adotada pelo artigo 42 da Lei nº 9.430/96 com v relação às contribuições, previdenciárias, sendo que, para a correta identificação da base de cálculo, devese seguir as disposições constantes da Lei nº 8.212/91 que trata da aferição indireta. A prova cabal de que devese aplicar.a Lei nº 8.212/91 é dada pela própria decisão recorrida. Explicase, o artigo 18 da Lei nº 9.317/96 permite a utilização da presunção igualmente às demais pessoas jurídicas, somente quando forem apuradas através de livros e documentos obrigatórios da pessoa jurídica. Ora, se a verificação deuse através dos extratos bancários, outra conclusão não nos resta senão de que a aplicação do artigo 42 da Lei nº 9.430/96 ao presente caso não é possível. Não estamos diante de apuração extraída de livros e documentos obrigatórios da pessoa jurídica, mas sim, pela análise de extratos bancários, o que inviabiliza a presunção. Podemos inclusive afirmar que estamos diante de duas normas que tratam da possibilidade de se utilizar a presunção: a Lei nº 9.430/96 que trata da presunção para tributos que não contribuições previdenciárias; a Lei nº 8.212/91 para as contribuições previdenciárias (método de aferição indireta). Em suma, caberia ao Fisco, neste caso, tributar separadamente, aplicando a legislação da Lei nº 8.212/91, mas nunca exigir contribuições previdenciárias com fundamento em presunção por meio de depósitos bancários. Diferenças de Simples. Abatimento do montante recolhido a título de Simples. A recorrente nega expressamente a exigência de tais diferenças as quais são improcedentes. De outra parte, os valores recolhidos no período a título de Simples devem ser abatidos (compensados) do montante lançado. Indevida inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS/Cofins Ademais, o lançamento, embora não se consiga vislumbrar claramente, dificultando a defesa da Recorrente, não excluiu da base de cálculo do PIS e da Cofins o ICMS. De longa data, como explicitado, há exigência da inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e da Cofins. Ora, é cediço que toda outorga de competência impositiva tributária atribuída aos entes tributantes tem um sentido positivo e um sentido negativo: positivo, no caso, na medida em que permite criar uma contribuição sobre o faturamento, e negativo, porque impede que se possa criar contribuição sobre coisa diversa do faturamento. Assim, nesse sentido negativo, a atribuição de competência integrado estatuto do contribuinte, que tem o direito de não ser tributado para além do que o Poder Público está constitucionalmente autorizado. Portanto com relação ao faturamento que é o que nos interessa particularmente impossível questionarse seu conceito único, perfeitamente delimitado na legislação do Imposto de Renda, como sendo o resultado, auferido pelas empresas, nas vendas de mercadorias e/ou de serviços. Fl. 2015DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10840.720468/201066 Acórdão n.º 1803002.504 S1TE03 Fl. 2.016 39 Restringiase, por determinação expressa do legislador constituinte, o âmbito de incidência da Cofins, e, por conseqüência, do PIS, de modo a não permitir a inclusão de outros valores, de natureza diversa, naquele conceito. [...] À luz destes precedentes, é de se concluir que a Suprema Corte já estabeleceu, em caráter definitivo, o conceito constitucional de faturamento, nos limites da receita bruta da venda de bens e de serviços, no que não se incluem as demais receitas da Recorrente. Não é possível acolher como em consonância com faturamento a totalidade de receitas. Se a definição de faturamento é a soma das receitas brutas das vendas de mercadorias e/ou, serviços de uma determinada empresa, e se foi com estas características que o constituinte originário adotou o termo não poderia o legislador ordinário modificar este conceito, ao sabor, de suas conveniências momentâneas. Ora, não se deve olvidar do que dispõe o art. 110 do Código Tributário Nacional [...]. Assim, considerandose o disposto no inciso I do artigo 195 da Constituição Federal, cuia, redação originária estava em vigor quando da edição da Lei nº 9.718/98, bem como a noção incontroversa e técnica de faturamento anteriormente demonstrada, aquela lei não se sustenta juridicamente, na medida em que não encontra respaldo constitucional. “In casu", o legislador tinha competência para criar uma contribuição social que tivesse por base de cálculo o faturamento (redação original do art. 195, inciso I; da Constituição Federal), ou seja, as contribuições não poderiam fugir deste arquétipo constitucional, sob pena de padecer de [...] vícios, por ir além da moldura constitucionalmente delineada. Portanto, é possível concluir que os valores de ICMS não podem ser incluídos na base de cálculo do PIS, uma vez que não configuram faturamento, de modo que por força do art. 195, I, da Constituição Federal (redação anterior a EC 20/98), são inconstitucionais tais exigências. Após a EC 20/98, modificando a redação do art. 195, I, da Constituição Federal de modo a incluir além de faturamento também receita/houve o advento das Leis nºs. 10.637/2002 e a 10.833/2003, que também mantiveram a inclusão do ICMS na base de cálculo. Ocorre, porém, que o ICMS, além de não ser faturamento, também não tem relação com o conceito de receita, sendo indevida sua inclusão. Portanto, é totalmente indevida, a inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS, pois a Constituição Federal não permite a tributação de valores que não são faturamento ou receita. Exclusão da comissão cobrada quanto ao cartão de crédito ou de débito da base de cálculo do PIS/Cofins. De outra parte, seguindo o raciocínio acima exposto, por se tratar de receita de terceiro, de rigor a exclusão da comissão cobrada pelas administradoras de cartão de crédito e débito a título de PIS e Cofins. Apresenta argumentos contra a incidência dos juros de mora equivalentes à taxa Selic e em oposição à aplicação da multa de ofício proporcional qualificada por não ter sido caracterizado o evidente intuito de fraude (Súmula CARF nº 14), bem como se opõe a Fl. 2016DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10840.720468/201066 Acórdão n.º 1803002.504 S1TE03 Fl. 2.017 40 incidência de juros de mora sobre a multa de ofício proporcional qualificada (art. 161 do Código Tributário Nacional, art. 43 e art. 61 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996 e art. 71, art. 72 e art. 73 da Lei n. 4.502, de 30 de novembro de 1964). Com o objetivo de fundamentar as razões apresentadas na peça de defesa, interpreta a legislação pertinente, indica princípios constitucionais que supostamente foram violados e faz referência a entendimentos doutrinários e jurisprudenciais em seu favor. Conclui que: Posto isso, requer a Recorrente; seja dado provimento ao recurso ora interposto, reformandose a r. decisão recorrida a fim de que seja reconhecida a improcedência do lançamento tributário, relevandose todas, as razões acima expostas, especialmente quanto às nulidades levantadas, bem como pela impossibilidade de aplicação da multa qualificada. Toda numeração de folhas indicada nessa decisão se refere à paginação eletrônica dos autos em sua forma digital ou digitalizada. É o Relatório. Voto Conselheira Carmen Ferreira Saraiva, Relatora O recurso voluntário apresentado pela Recorrente atende aos requisitos de admissibilidade previstos nas normas de regência, em especial no Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972. Assim, dele tomo conhecimento, inclusive para os efeitos do inciso III do art. 151 do Código Tributário Nacional. A Requerente solicita que seja intimada por meio do seu representante legal. Tendo como fundamento os princípios do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa com os meios e recursos a ela inerentes há previsão de julgamento em segunda instância no CARF dos recursos que versem sobre aplicação da legislação referente a tributos administrados pela RFB1. O pressuposto é de que a intimação por via postal válida é feita, com prova de recebimento, no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo. Por esta razão é que a Recorrente deve ser notificada dos atos no seu domicílio fiscal. A pretensão aduzida pela defendente não tem possibilidade jurídica por não estar contemplada nas formalidades legais. A Recorrente alega que os atos administrativos são nulos. Cabe ao AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil, no exercício da competência da RFB, em caráter privativo constituir o crédito tributário pelo lançamento. Esta atribuição é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional, ainda que ele seja de jurisdição diversa da do domicílio tributário do sujeito passivo. É a autoridade legitimada 1 Fundamento legal: inciso LIV e inciso LV do art. 5º da Constituição Federal, art. 23 do Decreto nº 70.235, de 6 de maço de 1972 e art. 2º da Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999. Fl. 2017DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10840.720468/201066 Acórdão n.º 1803002.504 S1TE03 Fl. 2.018 41 para proceder ao exame da escrita fiscal da pessoa jurídica, não lhe sendo exigida a habilitação profissional de contador. Nos casos em que dispuser de elementos suficientes à constituição do crédito tributário, os Autos de Infração podem ser lavrados sem prévia intimação à pessoa jurídica no local em que foi constatada a infração, ainda que fora do seu estabelecimento, os quais devem estar instruídos com todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito. Estes atos administrativos, sim, não prescindem da intimação válida para que se instaure o processo, vigorando na sua totalidade os direitos, deveres e ônus advindos da relação processual de modo a privilegiar as garantias ao devido processo legal, ao contraditório e à ampla defesa com os meios e recursos a ela inerentes2. As manifestações unilaterais da RFB foram formalizadas por ato administrativo, como uma espécie de ato jurídico, deve estar revestido dos atributos que lhe conferem a presunção de legitimidade, a imperatividade e a autoexecutoriedade, ou seja, para que produza efeitos que vinculem o administrado deve ser emitido (a) por agente competente que o pratica dentro das suas atribuições legais, (b) com as formalidades indispensáveis à sua existência, (c) com objeto, cujo resultado está previsto em lei, (d) com os motivos, cuja matéria de fato ou de direito seja juridicamente adequada ao resultado obtido e (e) com a finalidade visando o propósito previsto na regra de competência do agente. Tratandose de ato vinculado, a Administração Pública tem o dever de motiválo no sentido de evidenciar sua expedição com os requisitos legais3. A Recorrente discorda do efeito retroativo da exclusão. Os atos da exclusão do Simples e do Simples Nacional, como declaratórios de circunstâncias impeditivas preexistentes expressamente previstas em lei, permitindo a retroação de seus efeitos, independentemente se efetuado por comunicação da pessoa jurídica ou de ofício. Tendo em vista a falta do procedimento voluntário, as exclusões de ofício foram efetivadas por atos declaratórios emitidos pelas autoridades fiscais competentes que jurisdicionam a Recorrente, oportunidade que houve notificações válidas e assegurado o contraditório e a ampla defesa, observada a legislação relativa ao processo administrativo fiscal4. Os Autos de Infração foram lavrados por AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil, que verificou a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinou a matéria tributável, calculou o montante do tributo devido, identificou o sujeito passivo, aplicou a penalidade cabível e determinou a exigência com a regular intimação para que a Recorrente pudesse cumprila ou impugnála no prazo legal, nos termos do art. 142 do Código Tributário Nacional. O servidor tributário tem o direito de examinar a escrituração e os documentos comprobatórios dos lançamentos nela efetuados e a pessoa jurídica tem o dever de 2 Fundamentação legal: inciso LIV e inciso LV do art. 5º da Constituição Federal, art. 142 e art. 195 do Código Tributário Nacional. art. 6º da Lei nº 10.593, de 6 de dezembro de 2002, art. 9º, art. 10, art. 23 e 59 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, Decreto nº 6.104, de 30 de abril de 2007, art. 2º e art. 4º da Lei nº 9.784 de 29 de janeiro de 1999 e Súmulas CARF nºs 6, 8, 27 e 46. 3 Fundamentação legal: art. 179 da Constituição Federal, art. 2º da Lei nº 4.717, de 29 de junho de 1965, § 2º do art. 9º do DecretoLei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977 e Lei nº 9.317, de 5 de dezembro de 1996. 4 Fundamentação legal: Lei nº 9.317, de 05 de dezembro de 1996 e Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006. Fl. 2018DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10840.720468/201066 Acórdão n.º 1803002.504 S1TE03 Fl. 2.019 42 exibilos e conserválos até que ocorra a prescrição dos créditos tributários decorrentes das operações a que se refiram, bem como de prestar as informações que lhe forem solicitadas e colaborar para o esclarecimento dos fatos5. As Autoridades Fiscais agiram em cumprimento com o dever de ofício com zelo e dedicação as atribuições do cargo, observando as normas legais e regulamentares e justificando o processo de execução do serviço, bem como obedecendo aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. 6 Desse modo, não tem validade jurídica a alegação da Recorrente. A decisão de primeira instância está motivada de forma explícita, clara e congruente e da qual a pessoa jurídica foi regularmente cientificada. Ainda, na apreciação da prova, a autoridade julgadora formou livremente sua convicção, em conformidade do princípio da persuasão racional7. Assim, os Autos de Infração, fls. 15681645 e o Acórdão da 5ª TURMA/DRJ/RPO/SP nº 1435.570, de 26.10.2011, fls. 18611893, contêm todos os requisitos legais, o que lhes conferem existência, validade e eficácia. As formas instrumentais adequadas foram respeitadas, os documentos foram reunidos no processo, que estão instruídos com as provas produzidas por meios lícitos, em observância às garantias ao devido processo legal. O enfrentamento das questões na peça de defesa denota perfeita compreensão da descrição dos fatos e dos enquadramentos legais que ensejaram os procedimentos de ofício. A proposição afirmada pelas defendentes, desse modo, não tem cabimento. A Recorrente solicita a realização de todos os meios de prova. Sobre a matéria, vale esclarecer que no presente caso se aplicam as disposições do processo administrativo fiscal que estabelece que a peça de defesa deve ser formalizada por escrito incluindo todas as teses e instruída com os todos documentos em que se fundamentar, precluindo o direito de a Recorrente praticar este ato e apresentar novas razões em outro momento processual, salvo a ocorrência de quaisquer das circunstâncias ali previstas, tais como fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior, refirase a fato ou a direito superveniente ou se destine a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos8. Embora lhe fossem oferecidas várias oportunidades no curso do processo, a Recorrente não apresentou a comprovação inequívoca de quaisquer inexatidões materiais devidas a lapso manifesto e os erros de escrita ou de cálculo constantes nos dados informados à RFB ou ainda quaisquer fatos que tenham correlação com as situações excepcionadas pela legislação de regência. 5 Fundamentação legal: art. 142 e art. 195 do Código Tributário Nacional, art. 6º da Lei nº 10.593, de 6 de dezembro de 2002, art. 10 e art. 59 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 e art. 2º e art. 4º da Lei nº 9.784 de 29 de janeiro de 1999. 6 Fundamentação legal: art. 116 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, art. 2º da Lei nº 9.784, de 21 de janeiro de 1999 e art. 37 da Constituição Federal. 7 Fundamentação legal: art. 29 do Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972. 8 Fundamentação legal: art. 16 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 e art. 170 do Código Tributário Nacional. Fl. 2019DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10840.720468/201066 Acórdão n.º 1803002.504 S1TE03 Fl. 2.020 43 A realização desses meios probantes é prescindível, uma vez que os elementos probatórios produzidos por meios lícitos constantes nos autos são suficientes para a solução do litígio. A justificativa arguida pela defendente, por essa razão, não se comprova. A Recorrente discorda da apuração da omissão de receitas com base em depósitos bancários. A autoridade fiscal tem o direito de examinar a escrituração e os documentos comprobatórios dos lançamentos nela efetuados e a pessoa jurídica tem o dever de exibilos e conserválos até que ocorra a prescrição dos créditos tributários decorrentes das operações a que se refiram que modifiquem ou possam vir a modificar sua situação patrimonial, bem como de prestar as informações que lhe forem solicitadas e colaborar para o esclarecimento dos fatos. O pressuposto é de que a pessoa jurídica deve manter os registros de todos os ganhos e rendimentos, qualquer que seja a denominação que lhes seja dada, independentemente da natureza, da espécie ou da existência de título ou contrato escrito, bastando que decorram de ato ou negócio. A escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor dela dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais. Fica sujeita a todas as presunções de omissão de receitas existentes na legislação tributária a pessoa jurídica optante pelo Simples. O tratamento diferenciado, simplificado e favorecido denominado Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte (Simples) é mensal e uma opção do sujeito passivo para todo anocalendário, desde que observados os requisitos legais, devendo ser manifestada mediante a alteração cadastral no prazo previsto em lei. É determinado pela aplicação do percentual correspondente ao valor acumulado mensalmente da receita bruta o produto da venda de bens e serviços nas operações de conta própria, o preço dos serviços prestados e o resultado nas operações em conta alheia, não incluídas as vendas canceladas e os descontos incondicionais concedidos. Abrange o IRPJ, Pis, CSLL, Cofins, INSS e IPI, se for estabelecimento industrial. Está dispensada de escrituração comercial desde que mantenha o Livro Caixa, no qual deve estar escriturada toda a sua movimentação financeira, inclusive bancária, o Livro de Registro de Inventário, no qual deve constar registrados os estoques existentes no término de cada anocalendário, bem como todos os documentos e demais papéis que serviram de base para sua a escrituração9. Caracteriza omissão de receitas os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Positivada em uma norma com os atributos de ser abstrata, geral, imperativa e impessoal, há presunção de ocorrência do fato gerador da obrigação tributária, o que afasta a obrigatoriedade de a Fazenda Pública comprovar a relação de causalidade entre o fato e o ilícito tributário. 9 Fundamentação legal: art. 195 do Código Tributário Nacional, art. 51 da Lei nº 7.450, de 23 de dezembro de 1985, art. 9º do DecretoLei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, art. 24 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995, art. 1º da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996 e art. 2º e art. 5º da Lei nº 9.317, de 5 de dezembro de 1996. Fl. 2020DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10840.720468/201066 Acórdão n.º 1803002.504 S1TE03 Fl. 2.021 44 Cabe à pessoa jurídica o ônus de provar a veracidade de fatos registrados na sua escrituração de modo a desconstituir inequivocamente a relação jurídica presumida. Assim, se o ônus da prova, por presunção legal, é da Recorrente, cabe a ela comprovar a origem dos recursos informados para acobertar a movimentação financeira. É determinada mensalmente pelo somatório de cada crédito, que deve ser analisado de forma individual, observando que os depósitos de um mês não servem para comprovar a origem de depósitos havidos em meses subsequentes. A sua titularidade, via de regra, pertence à pessoa jurídica indicada nos dados cadastrais. Podem ser excluídos, mediante demonstração inequívoca, os créditos decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa jurídica, de mútuos destinados a fins econômicos, de cheques objeto de devolução e de resgates de aplicações financeiras. Assim, é regular o procedimento de fiscalização que, após a análise da sua escrituração, examina os documentos referentes à sua movimentação financeira para verificar a compatibilidade entre as informações. Ademais, a presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996 dispensa o Erário de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada. Na tributação da omissão de rendimentos ou receitas caracterizada por depósitos bancários com origem não comprovada, os depósitos de um mês não servem para comprovar a origem de depósitos havidos em meses subsequentes, em conformidade com as Súmulas CARF nºs 26 e 30. Constatada a disparidade a pessoa jurídica é intimada a demonstrar a origem dos recursos creditados em sua conta de depósito. Os valores, em relação aos quais não foram evidenciadas as origens, presumem receitas omitidas, o que dispensa a autoridade administrativa de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada10. Em relação à possibilidade jurídica de obtenção dos dados bancários pela autoridade tributária da RFB, temse que no caso em que há processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso o agente fiscal pode examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive os referentes a contas de depósitos e aplicações financeiras, desde que tais exames sejam considerados indispensáveis. É certo que o resultado dos exames, as informações e os documentos devem ser conservados em sigilo11. Prevalece o entendimento de que o sigilo bancário, fundado constitucionalmente no direito à privacidade12, não se reveste de caráter absoluto, possibilitando a lei o seu afastamento em determinadas hipóteses. Não há que se confundir quebra de sigilo bancário com solicitação de informações cadastrais lastreada em processo administrativo fiscal regularmente instaurado e subscrita por autoridade administrativa competente. A matéria (art. 6º da Lei Complementar nº 105, de 10 de janeiro de 2001) é objeto de recuso extraordinário com repercussão geral em análise no Supremo Tribunal Federal (STF), tema de nº 225, sem trânsito em julgado (art. 543B do Código de Processo Civil 10 Fundamentação legal: art. 195 do Código Tributário Nacional, art. 51 da Lei nº 7.450, de 23 de dezembro de 1985, art. 9º do DecretoLei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, art. 24 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995, art. 1º e art. 42 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, art. 2º, art. 5º e art. 18 da Lei nº 9.317, de 5 de dezembro de 1996 e Súmulas CARF nºs 06, 30, 32 e 61. 11 Fundamentação legal: art. 6º da Lei Complementar nº 105, de 10 e janeiro de 2001. 12 Fundamentação Legal: incisos X e XII do art. 5º da Constituição Federal. Fl. 2021DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10840.720468/201066 Acórdão n.º 1803002.504 S1TE03 Fl. 2.022 45 CPC) 13 e por essa razão não se pode aplicar o art. 62A do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009. Ressaltese que o exame dos dados financeiros afigurase como medida necessária e não afeta esfera de privacidade da pessoa jurídica, mormente quando há previsão legal permissiva expressa e esta se destina a identificar a materialidade do ilícito tributário. Além disso, esses dados devem ser mantidos em sigilo pela autoridade fiscal. Assim, não há que se falar em obtenção de prova por meio ilícito. Havendo procedimento administrativo instaurado, a prestação, por parte das instituições financeiras, de informações solicitadas pelo órgão fiscal tributário não constitui quebra do sigilo bancário, mas de mera transferência de dados protegidos pelo sigilo bancário às autoridades obrigadas a mantêlos no âmbito do sigilo fiscal. Feitas essas considerações normativas, tem cabimento a análise da situação fática tendo em vista os documentos já analisados pela autoridade de primeira instância de julgamento e aqueles produzidos em sede de recurso voluntário. Está registrado no Relatório de Ação Fiscal, fls. 16461675, cujas informações estão comprovadas nos autos e cujos fundamentos cabem ser adotados de plano: II DO PROCEDIMENTO FISCAL O procedimento fiscal teve início em 15/10/2009, com lavratura e ciência do Termo de Intimação Fiscal (Fls. 02/03), amparado no Mandado de Procedimento de Diligência n° 0810900.2009015040. Posteriormente, em 04/12/2009 foi lavrado e dada ciência a contribuinte do Termo de Início de Procedimento Fiscal (Fls. 161/163) amparado no Mandado de Procedimento de Fiscalização n° 0810900.2009 018392 tendo como objetivo a fiscalização referente ao tributos do Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte Simples no período de Janeiro a Dezembro de 2006. III. DOS TRABALHOS DA AUDITORIA 1 Em cumprimento ao Mmandado de Procedimento Fiscal diligência 08.1.09.00200905040, a contribuinte foi intimada através do Termo de Intimação Fiscal N° 168/2009 (Fls. 02/03) a apresentar diversos livros e documentos. Em atendimento a intimação fiscal, a empresa apresentou em 17/10/2009 (Fls. 04/157) os seguintes livros e documentos: o Livro de Registro de Entradas de Mercadorias nr. 00013 do ano de 2006; o Livro de Registro de Saídas de Mercadorias nr. 00013 do ano de 2006 (Fls.20/157); o Livro de Apuração de ICMS nº. 13 do ano de 2006; o Notas Fiscais de Saídas do ano de 2006; o Cópia dos atos constitutivos e alterações de Contrato Social (Fls.04/19); 13 Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudenciaRepercussao/verAndamentoProcesso.asp?incidente=2689108&numero Processo=601314&classeProcesso=RE&numeroTema=225>. Acesso em 16 ago. 2014. Fl. 2022DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10840.720468/201066 Acórdão n.º 1803002.504 S1TE03 Fl. 2.023 46 o Livro de Utilização de Documentos Fiscais e Termo de Ocorrência. 2 Da análise da documentação apresentada cotejada com as informações constantes do banco de dados da Secretaria da Receita Federal do Brasil, constatou se que: Em sua Declaração de Informações Econômico Fiscais da Pessoa Jurídica DIPJ 2007, ano calendário 2006, a contribuinte declarou à Receita Federal do Brasil, receita bruta anual de R$1.017.383.33 (Um milhão, dezessete mil, trezentos e oitenta e três reais e trinta e três centavos), no entanto, de acordo com o banco de dados da Receita Federal do Brasil (DCPMF ano 2006), a movimentação financeira da empresa foi de R$5.070.744.17 (cinco milhões, setenta mil, setecentos e quarenta e quatro reais e dezessete centavos). 3 No Livro de Registro de Saídas do ano calendário de 2006, o contribuinte escriturou uma receita bruta anual no montante de R$1.030.678.62 (Um milhão, trinta mil, seiscentos e setenta e oito reais e sessenta e dois centavos), compatível com as notas fiscais apresentadas e com os valores [...] no Livro de Apuração do ICMS. 4 Em função da movimentação financeira incompatível com a receita declarada, a diligência foi transformada em fiscalização e o contribuinte foi intimado através do Termo de Início do Procedimento Fiscal, de 04/12/2009 (Fls. 161/163), a apresentar, o Livro Caixa e os extratos das contas correntes bancárias pertencentes ao contribuinte movimentadas nas instituições financeiras no ano de 2006. 5 Em 23 de dezembro de 2009 a contribuinte requereu a dilação do prazo por mais 30 (trinta) dias, a partir da intimação (Fls. 164/167), para apresentar os dados solicitados no Termo de Início de Procedimento Fiscal. 6 Decorrido o prazo, a contribuinte nada apresentou, portanto, foi reintimada através do Termo de Reintimação Fiscal Sefis n° 055/2010 de 22/02/2010 (Fls. 168/170). 7 Novamente, o contribuinte se recusou e nada apresentou. 8 Tendo em vista a negativa da contribuinte em apresentar o livro caixa e os extratos das contas correntes e que a receita bruta declarada é incompatível com a movimentação financeira e ainda que os extratos bancários são imprescindíveis para se apurar a receita bruta, a fiscalização requisitou junto às instituições financeiras, mediante a SOLICITAÇÃO DE EMISSÃO DE REQUISIÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA (RMF) (Fls. 171/188), a movimentação financeira da contribuinte. 9 De posse dos extratos bancários, a fiscalização partiu para analisálos, efetuou o cotejamento entre as contas do contribuinte para excluir as transferências de mesma titularidade, excluiu os estornos, empréstimos e demais créditos que não decorrentes da atividade comercial e apurou um montante de créditos no valor de R$3.816.315,72 (Três milhões, oitocentos e dezesseis mil, trezentos e quinze reais e setenta e dois centavos). 10 Em 04/08/2010 foi lavrado e dada ciência à contribuinte do TERMO DE CONSTATAÇÃO E INTIMAÇÃO FISCAL SEFIS NR. 2009/18391 (Fls.368/416) com as seguintes Informações, Constatações e Intimações: • Primeiramente a contribuinte foi cientificada que em 28/07/2010 houve alteração do Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil responsável pela Fl. 2023DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10840.720468/201066 Acórdão n.º 1803002.504 S1TE03 Fl. 2.024 47 fiscalização, conforme Mandado de Procedimento Fiscal MPF 0810900¬ 2009 018392; • Em seguida a contribuinte foi informada de todos as constatações mencionados nos itens 1 a 9 acima mencionados; • E finalmente a fiscalização elaborou uma planilha (Anexa ao Termo de Constatação e Intimação Fiscal) em que foram relacionados e individualizados todos os créditos referentes aos R$3.816.315,72 (Três milhões, oitocentos e dezesseis mil, trezentos e quinze reais e setenta e dois centavos) mencionados no item 9 e INTIMOU a contribuinte para: DA INTIMAÇÃO 1) Com relação à movimentação financeira efetuada nos períodos de apuração compreendidos entre 01/2006 a 12/2006, analisar as planilhas fornecidas em ANEXO, baseadas nos extratos das contascorrentes mantidas nas Instituições Financeiras neles citadas, apontando individualmente, em relação a cada crédito ou depósito bancário, a ORIGEM dos recursos que possibilitaram a realização dessas operações, apresentando a correspondente documentação comprobatória hábil e idônea em que se embasou a escrituração; 2) Quando for o caso, apresentar os documentos hábeis e idôneos (extratos/planilhas/borderôs/boletos bancários/"francesinha") que deram origem as operações de cobranças e descontos de títulos de créditos relacionados nas planilhas em anexo; 3) Identificar apresentando documentação hábil e idônea, se for o caso, quais dos créditos relacionados nas planilhas que não são provenientes da atividade comercial da empresa. DAS INFORMAÇÕES ADICIONAIS APRESENTADAS NO RESPECTIVO TERMO DE CONSTATAÇÃO E INTIMAÇÃO FISCAL > Foram excluídos das planilhas todos os créditos decorrentes de resgates de fundos de investimento e poupança e créditos decorrentes de transferências de outras contas do próprio contribuinte. > São fornecidos em anexo a este os extratos bancários integrais em papel e em meio magnético (gravados em CD) relativo a toda a movimentação financeira efetuada pela fiscalizada em bancos relativamente ao anocalendário 2006. > Eventuais lançamentos referentes a transferências de outras contas do próprio contribuinte que não tenham sido excluídos das planilhas poderão ser excluídos mediante solicitação formal da empresa fiscalizada devendo esta apresentar a documentação que efetivamente comprove essa transferência, indicando as contas correntes ou de poupança debitadas que originaram os valores transferidos; > Para que as transferências provenientes de outras contas do próprio contribuinte sejam excluídas das planilhas se fazem necessárias sejam indicadas nas contas correntes de quais foram originados os valores, devendo coincidir as datas e os valores dos lançamentos, e serem compatíveis seus históricos; > Os esclarecimentos deverão ser prestados por escrito, em papel timbrado da empresa, datados e assinados por seu representante legal, e a documentação, devidamente relacionada, deverá ser encaminhada ao AuditorFiscal que assina o presente, pessoalmente mediante prévio agendamento ou através de correspondência Fl. 2024DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10840.720468/201066 Acórdão n.º 1803002.504 S1TE03 Fl. 2.025 48 com A.R. (Aviso de Recebimento), enviada para o seguinte endereço: Delegacia da Receita Federal do Brasil em Ribeirão Preto SP SEFIS Serviço de Fiscalização Av. Francisco Jungueira, 2625. Ribeirão Preto SP CEP 14.091902. Vale lembrar o dispositivo legal expresso no artigo 42 da Lei n° 9.430/1996, abaixo transcrito: Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regulam intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a dos recursos utilizados nessas operações. § 1º O valor das receitas ou dos rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. § 2º Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeterseão às normas de tributação específicas, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. 11 Dando prosseguimento aos trabalhos de auditoria e com o objetivo de identificar a origem e a natureza das operações que originaram os vários depósitos nas contas correntes da empresa e também de Identificar os beneficiários das saídas de numerários, em 05/08/2010 a fiscalização requisitou junto às instituições financeiras, mediante a SOLICITAÇÃO DE EMISSÃO DE REQUISIÇÃO DE INFORMAÇÃO SOBRE MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA (RMF) (Fls. 417/617) documentos identifiquem os beneficiários das saídas de numerários acima de R$10.000,00 e documentos que identifiquem os responsáveis pelos depósitos acima de R$ 5.000,00. Em resposta às respectivas RMF os Bancos HSBC e o Banco ITAÚ UNIBANCO apresentaram documentos (Fls. 417/617) que identificaram vários depósitos acima de R$5.000,00 (cinco mil reais), onde cada depósito são compostos por vários cheques de bancos diferentes em que são apresentados o número do cheque, o número da conta corrente, a agência e o Banco, porém, não informam as identificações (CPF/CNPJ) dos responsáveis pela emissão dos cheques depositados. 12 Tendo em vista que a contribuinte não apresentou nenhuma resposta ao Termo de Constatação e Intimação Fiscal de 04/08/2010, em 09/09/2010 a fiscalização lavrou e deu ciência à contribuinte do Termo de Reintimação Fiscal (Fls. 619/620) em que a empresa foi reintimada para, no prazo de 20 (vinte) dias, apresentar todos os DOCUMENTOS e ESCLARECIMENTOS solicitados no Termo de Constatação e Intimação Fiscal de 04/08/2010. 13 Uma vez que a empresa não atendeu ao termo de Constatação e intimação Fisco H 04/08/2010 e nem ao Termo de reintimação de 09/09/2010, e objetivando identificar os titulares dos cheques depositados nas contas correntes da empresa (conforme mencionado no item 11), em 27/09/2010 a fiscalização requisitou junto às instituições financeiras (ITAÚ, BRADESCO, CAIXA ECONÔMICA FEDERAL e BANCO REAL) mediante OFÍCIOS/RMF (Fls.752/784) a seguinte informação: > Relação que identifique os titulares das contas bancárias (NOME e CPF) que constam destacados na relação que segue em anexo (ANEXO I). Com relação a esta requisição, foi informado às Instituições Financeiras que: Fl. 2025DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10840.720468/201066 Acórdão n.º 1803002.504 S1TE03 Fl. 2.026 49 Os dados solicitados referemse a valores creditados na conta corrente da empresa ZAP MATERIAIS PARA CONSTRUÇÃO LTDA, CNPJ 96.418.892/000114, que encontrase sob fiscalização conforme Mandado de Procedimento Fiscal (MPFF) n° 08.1.09.002009018392. As informações constantes do ANEXO I foram obtidas junto ao UNIBANCO UNIÃO DE BANCOS BRASILEIROS S/A conforme cópia da Requisição de Movimentação Financeira n° 08.1.09.002010002879 que segue em anexo para comprovação do disposto. 14 Em 30/09/2010 a empresa atendeu (Fls. 621/660), em parte, ao Termo de Constatação e Intimação Fiscal de 04/08/2010, em que solicita um prazo de mais trinta dias para continuar na prestação dos esclarecimentos (A solicitação foi prontamente deferida pela fiscalização). Na resposta a empresa apresentou algumas considerações, entre elas que: > Entende ser ilegal e inconstitucional o procedimento de realizar a quebra de sigilo financeiro de dados bancários sem autorização judicial, deste modo, reitera quo, apesar de prestar esclarecimentos, em momento algum está renunciando a tais direitos fundamentais protegidos pelo texto constitucional e pela legislação; > O segundo aspecto se refere à aplicação do Art. 142 do CTN, uma vez cabe ao Fisco o ônus da prova de fato jurídico tributário, não podendo se utilizar de presunções e ficções, especialmente quando o contribuinte apresentou contabilidade regular e as obrigações acessórias. Foi apresentada, também, uma planilha em que a empresa relaciona a entrada de numerários nas contas correntes com os valores das Notas Fiscais emitidas, porém, em nenhum momento faz qualquer esclarecimento com relação à maior parte das entradas de numerários. A empresa não se pronunciou sobre o item 3 (abaixo transcrito) da INTIMAÇÃO do termo de Constatação e Intimação Fiscal: "item 3) Identificar apresentando documentação hábil e idônea, se for o caso, quais dos créditos relacionados nas planilhas que não são provenientes da atividade comercial da empresa." 15 Tendo em vista que na resposta da empresa foram relacionadas somente entradas de numerários vinculadas com Notas Fiscais Fatura emitidas pela contribuinte e objetivando identificar os titulares dos cheques depositados (entradas de numerários não vinculados com as notas fiscais), conforme mencionado no item 11, em 22/10/2010 a fiscalização requisitou junto às instituições financeiras (ITAÚ, BRADESCO, CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, BANCO DO BRASIL E BANCO SANTANDER) mediante OFÍCIOS/RMF (Fls. 785/981) a seguinte informação: > Relação que identifique os titulares das contas bancárias (NOME e CPF) que constam destacados na relação que segue em anexo (ANEXO I). Com relação a esta requisição, foi informado às Instituições Financeiras que: Os dados solicitados referemse a valores creditados na conta corrente da empresa ZAP MATERIAIS PARA CONSTRUÇÃO LTDA, CNPJ 96.418.892/000114, que encontrase sob fiscalização conforme Mandado de Procedimento Fiscal (MPFF) n° 08.1.09.002009018392. Fl. 2026DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10840.720468/201066 Acórdão n.º 1803002.504 S1TE03 Fl. 2.027 50 As informações constantes do ANEXO I foram obtidas junto ao BANCO HSBC conforme cópia da Requisição de Movimentação Financeira n° 08.1.09.00 2010002852 que segue em anexo para comprovação do disposto. 16 Em 29/10/2010 a empresa atendeu (Fls. 661/749), ao Termo de Constatação e Intimação Fiscal de 04/08/2010. Na resposta a empresa apresentou algumas alegações, entre elas que: > Requer a juntada de planilha identificando diversas operações realizadas com emissão de nota fiscal já declaradas para o fisco com o respectivo recolhimento de tributos; > Informa, entretanto, que os esclarecimentos não são de todos os depósitos descritos na planilha enviada, uma vez que o requerente vem encontrando dificuldades por tal trabalho, em especial, pelos seguintes fatores: (i) fatos antigos; (ii) por estar no simples, não havia a necessidade de contabilidade pormenorizada, de maneira que, neste momento, recordar e identificar todas as operações tem sido um trabalho hercúleo. > Além disso, esclarece que é muito comum na atividade da requerente, vendas onde o pagamento é feito com diversos cheques, inclusive, de terceiros, dificultando sobremaneira a perfeita identificação pelo valor dos depósitos bancários as operações. Mais do que isto, também é comum existir pagamentos em diversos momentos pelo cliente durante uma obra, sendo a nota fiscal emitida no valor total, dificultando, neste momento, a localização dos depósitos; > Portanto, o que se pretende enfatizar é que a requerente apresenta planilha justificando a maior parte das operações, e que deve ser considerado plenamente até mesmo para exonerar a falta de informação quanto aos depósitos não justificados, cuja falta se dá pela dificuldade fática, como descrita, em especial por estarmos diante de uma de uma empresa jurídica no Simples, onde a escrituração fiscal é singela, não sendo razoável exigir o mesmo nível de organização e justificativa, por exemplo, de uma optante pelo lucro Real. > Convém esclarecer que, embora já tenha salientado a necessidade de excluir (transferência entre contas, valores recebidos como liberação de financiamento ou empréstimo, cheques devolvidos) é possível localizar na planilha encaminhada tais situações como por exemplo: (i) Banco 399, Ag 065, Conta 9613701, dia 06/02/2006 R$388,00, 14/02/2006 R$322,90 14/02/2006 R$798,00 (Cheques devolvidos); (ii) Banco 399, Ag 065, Conta 9613701, dia 02/05/2006 Liberação de empréstimo R$4.300,00; (iii) Banco 399, Ag 065, Conta 9613701, dia 05/06/2006 conta 9613701, dia 05/06/2006 liberação empréstimo R$5.000,00. > Requer assim, a exclusão total de todas as operações de transferências entre contas, empréstimos e desconto de cheques, cheques devolvidos, além daquelas justificativas em planilha anexada; Fl. 2027DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10840.720468/201066 Acórdão n.º 1803002.504 S1TE03 Fl. 2.028 51 > Por fim, é preciso assinalar e requerer a exclusão das comissões pagas aos cartões de crédito e de débito das operações realizadas por meio das operadoras uma vez que não é receita ou renda. Após análise dos argumentos e dos documentos apresentados pela contribuinte, a fiscalização relaciona as seguintes considerações: I. A planilha apresentada apenas complementa a planilha encaminhada em 30/09/2010 e não contém nenhuma nova informação, ou seja, relaciona a entrada de numerários nas contas correntes com os valores das Notas Fiscais emitidas, porém, em nenhum momento faz qualquer esclarecimento com relação à maior parte das entradas de numerários. Verificase também que a empresa não se pronunciou sobre o item 3) (abaixo transcrito) da INTIMAÇÃO do termo de Constatação e Intimação Fiscal: "item 3) Identificar apresentando documentação hábil e idônea, se for o caso, quais dos créditos relacionados nas planilhas que. são provenientes da atividade comercial da empresa." II. A planilha encaminhada para a contribuinte, anexa ao Termo de Constatação e Intimação Fiscal, contém várias exclusões a título de operações de transferências entre contas, empréstimos e outras entradas de numerários que não configuram receita da empresa. A fiscalização concorda com a contribuinte que os valores mencionados nos itens (i), (ii) e (iii) (cheques devolvidos e Liberação de empréstimo) devam ser excluídos da planilha elaborada pela fiscalização. Sobre este assunto a fiscalização tem a informar que: Através dos extratos bancários, a fiscalização relacionou (Fls. 1481/1483) todas as saídas de numerários a título de "DEVOLUÇÃO DE CHEQUES" totalizando um montante de R$42.491,79 (Quarenta e dois mil, quatrocentos e noventa e um reais e setenta e nove centavos) e excluiu todos estes lançamentos na planilha denominada PLANILHA FINAL DE LANÇAMENTO (Fls. 1484/1519); Foram excluídos também os valores mencionados pela contribuinte e citados no item anterior bem como as entradas de numerário a título de CHEQUE DEV OUTRO MOT, LIBERAÇÃO CONTRATO DE CRÉDITO e LIBERAÇÃO OP DE CRÉDITO, todos estes lançamentos foram relacionados na planilha EXCLUSÕES AO ANEXO DO TERMO DE CONSTATAÇÃO E INTIMAÇÃO (Fls. 1479/1480) bem assim excluídos da PLANILHA FINAL DE LANÇAMENTO (Fls. 1484/1519); De posse das informações encaminhadas pelas instituições financeiras (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, BANCO DO BRASIL e NOSSA CAIXA) (Fls.915/974) a fiscalização identificou que entre os vários cheques de um mesmo depósito, haviam cheques da própria fiscalizada, todos estes cheques foram relacionados na planilha EXCLUSÕES AO ANEXO DO TERMO DE INTIMAÇÃO (Fls. 1479/1480) bem assim excluídos da PLANILHA FINAL DE LANÇAMENTO (Fls. 1484/1519); Com relação ao requerimento da empresa com relação à exclusão das comissões pagas aos cartões de crédito e de débito das operações realizadas por meio das operadoras uma vez que não é receita ou renda, a fiscalização informa que não existe base legal para tal procedimento. 17 De posse das informações obtidas junto às instituições financeiras (ITAÚ, BRADESCO, CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, BANCO REAL, BANCO DO BRASIL, NOSSA CAIXA e SANTANDER) (Fls. 752/981) que foram solicitadas Fl. 2028DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10840.720468/201066 Acórdão n.º 1803002.504 S1TE03 Fl. 2.029 52 mediante OFÍCIOS/RMF (mencionadas no item 13), ou seja, relação que identifique os titulares das contas bancárias (NOME e CPF/CNPJ) que efetuaram depósitos nas contas bancárias da contribuinte, a fiscalização, mediante a abertura de Mandado de Procedimento Fiscal Diligência (MPFD) intimou todos os titulares destas contas (Fls. 982/1353 e 1546/1566) para: "Esclarecer, apresentando documentação hábil e idônea (Nota fiscal, Orçamento, etc.) qual a origem e a natureza da operação que motivou o pagamento efetuado no dia xx/xx/xxxx (Mediante Cheque(s)) no valor(es) de R$ xx,xx para a empresa sob fiscalização, ZAP MATERIAIS PARA CONSTRUÇÃO LTDA" Verificando cada uma das respostas dos depositantes de numerários nas contas corrente da contribuinte (Fls. 982/1353 e 1546/1566) chegase a seguinte conclusão: a) Houve somente um caso de dois depósitos dos Senhores Julio Cesar Deario Barissa e João Carlos Deario Barissa que em resposta às Intimações (Fls. 982/992) declararam, apresentando documentação, que os depósitos de R$8.500,00 e de R$12.000,00 NÃO SÃO REFERENTES Á ATIVIDADE COMERCIAL DA EMPRESA e sim vinculados á aquisição de um veículo GM/S10 1996 de Anderson Vilela Barbosa, sócio da empresa sob fiscalização. Com base nestas respostas a fiscalização excluiu estes valores conforme a planilha EXCLUSÕES AO ANEXO DO TERMO DE INTIMAÇÃO (Fls. U 9/1480) bem assim da PLANILHA FINAL DE LANÇAMENTO (Fls. 1484/1519); b) Quase totalidade dos depositantes declararam que adquiriram materiais de construção para obra/reforma; c) Somente 3 (três) depositantes apresentaram Notas Fiscais emitidas pela contribuinte (Fls. 993/1018); d) 11 (onze) depositantes apresentaram somente o ORÇAMENTO/PEDIDO emitido pela contribuinte (Fls. 1019/1169). È bom salientar que alguns depositantes apresentaram estes ORÇAMENTO/PEDIDO pensando que fosse Notas Fiscais. Analisando estes documentos, concluise que não é preciso ser muito "leigo" para confundir estes ORÇAMENTO/PEDIDO com Notas Fiscais de Venda. Após análise nos talonários de Notas Fiscais da contribuinte não foram encontradas nenhuma Nota Fiscal em nome destes depositantes, configurando assim venda sem emissão de Nota Fiscal; e) Analisando os adquirentes de mercadorias com a emissão somente do ORÇAMENTO/PEDIDO, verificase que, em muitos casos, foram apresentados estes documentos em valores muito superiores daqueles mencionados nos Termo de Intimações enviados, a saber: Adquirente Waldir Paiva Gebrin (Fls.1026/1031) foi intimado para esclarecer o depósito de R$454,32 e apresentou ORÇAMENTO/PEDIDO com valor total de R$1.362,98 pago com 3 (três) cheques de R$454,32 e informou que a natureza da operação referiuse à aquisição de materiais de construção (discriminados nos orçamentos/pedidos) para a reforma de um telhado; Adquirente Ricardo Marini Gonçalves (Fls. 1037/1068) foi intimado para esclarecer o depósito de R$320,00 e apresentou vários ORÇAMENTO/PEDIDO com valor total R$2.521,00 e declarou que o cheque mencionado na Intimação foi dado como pagamento para parte dos materiais de construção adquiridos para uma reforma; Fl. 2029DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10840.720468/201066 Acórdão n.º 1803002.504 S1TE03 Fl. 2.030 53 Adquirente Iracema Curi Peres (Fls.1119/1123) foi intimada para esclarecer um depósito de R$709,00, apresentou ORÇAMENTO/PEDIDO com valor total de R$3.542,84 e declarou que adquiriu materiais de construção com pagamento de 5 (cinco) parcelas de R$709,00; Adquirente Ana Maria Chebel Klein Nunes (Fls. 1124/1169) foi intimada a esclarecer um depósito de R$ 1.000,00, apresentou vários ORÇAMENTO/PEDIDO com um valor total R$ 7.171,00, declarou que realizou uma construção e que o cheque mencionado na intimação foi dado como pagamentos para parte dos materiais adquiridos na referida empresa. (Obs. Esta adquirente pensava que os ORÇAMENTO/PEDIDO fossem Notas Fiscais). f) 48 (quarenta e oito) depositantes declararam (Fls. 1170/1353 e 1546/1566) que os cheques foram utilizados para pagamento de aquisição de matérias de construção junto a contribuinte, porém, não apresentaram nenhum documento (Nota Fiscal ou Orçamento) após análise nos talonários de Notas Fiscais da contribuinte não foram encontradas nenhuma Nota Fiscal em nome destes depositantes, configurando assim venda sem emissão de Nota Fiscal; g) É bom salientar também que uma quantidade expressiva de intimações voltou dos correios tendo como motivo os seguintes argumentos: Ausente e Mudou se, no entanto, a fiscalização entende que existem documentos suficientes que mostram claramente que a contribuinte, intencionalmente, efetuou vendas de mercadorias sem a emissão de Nota Fiscal em todos os meses do ano de 2006. É apresentado abaixo uma tabela relacionando todos os titulares dos Cheques que foram depositados nas contas bancárias da empresa e que responderam as intimações da fiscalização (Fls. 982/1353 e 1546/1566): Obs.: Como vários depósitos foram realizados em "lote" de vários cheques, somente com as informações enviadas pelos Bancos HSBC (Fls. 417/523) e UNIBANCO (Fls.524/616) a fiscalização pode identificar os valores individuais data; cada cheque bem assim o banco, agência e o nr. da conta corrente. RESULTADO DA CIRCULARIZAÇÃO JUNTO AOS DEPOSITANTES DE NUMERÁRIOS NAS CONTAS BANCÁRIAS DA EMPRESA Nome do Contribuinte Data Banco Agência C/C Valor Obs. Julio Cesar Deario Barissa 21/02/2006 HSBC TED 8.500,00 Aquisição de Veículo João Carlos Derario Barissa ME 30/08/2006 CEF 4082 828 12.000,00 Aquisição de Veículo Marco Antonio Pinto 13/07/2006 BRADESCO 3.531/9 123.376/9 1.500,00 Aq. Cl NF *0 Marco Antonio Pinto 25/07/2006 BRADESCO 3.531/9 123.376/9 1.224,00 Aq. Cl NF *0 Marco Antonio Pinto 25/09/2006 BRADESCO 3.531/9 123.376/9 835,00 Aq. Cl NF *0 Marco Antonio Pinto 11/12/2006 BRADESCO 3.531/9 123.376/9 660,00 Aq. Cl NF *0 Leandro Pinto Estinguer 24/04/2006 BRADESCO 2.401/5 11.059/0 1.778,00 Aq. Cl NF *0 Asso. R. Emp. 22/06/2006 CEF 2947 115 4.834,00 Aq. Cl NF *0 Fl. 2030DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10840.720468/201066 Acórdão n.º 1803002.504 S1TE03 Fl. 2.031 54 Mat. Const. Alta Mog Asso. R. Emp. Mat. Const. Alta Mog 22/06/2006 CEF 2947 115 4.820,75 Aq. Cl NF *0 Asso. R. Emp. Mat. Const. Alta Mog 22/06/2006 CEF 2947 115 4.881,43 Aq. Cl NF *0 Asso. R. Emp. Mat. Const. Alta Mog 22/06/2006 CEF 2947 115 3.463,82 Aq. Cl NF *0 Adriano Vitor Pereira Tostes 23/03/2006 BB 4347 374164 80,38 Aq. sem NF *1 Waldir Paiva Gebrin 30/10/2006 ITAÚ 4864 018330 454,32 Aq. sem NF *1 Fernando Teixeira 30/10/2006 ITAÚ 3815 206366 551,34 Aq. sem NF *1 Ricardo Marini Gonçalves 02/05/2006 BRADESCO 444/8 100.213/9 320,00 Aq. sem NF *1 lima Maria Rocha 04/07/2006 ITAÚ 865 157168 1.240,00 Aq. sem NF *1 Patrícia Vendruscolo B. Galli 05/04/2006 CEF 2947 14004 1.377,00 Aq. sem NF *1 Mary Lúcia Jesus Nali Rosseti 15/09/2006 CEF 1612 90636 1.297,14 Aq. sem NF *1 Mary Lúcia Jesus Nali Rosseti 30/10/2006 CEF 1612 90636 1.323,00 Aq. sem NF *1 Angelo Alberto Colucci Filho 13/01/2006 CEF 2949 4085 1.571,60 Aq. sem NF *1 Angelo Alberto Colucci Filho 16/01/2006 CEF 2949 4085 5.420,00 Aq. sem NF *1 Jair Geroldo 25/09/2006 ITAÚ 1635 021734 500,00 Aq. sem NF *1 Iracema Curi Peres 25/09/2006 ITAÚ 4516 210947 709,00 Aq. sem NF *1 Ana Maria Chebel Klein Nunes 13/02/2006 CEF 2014 230 1.000,00 Aq. sem NF *1 Marilda Aparecida Pagin 16/02/2006 ITAÚ 3815 226703 550,00 Aq. sem NF *2 SP Alem Comércio de Alimentos 16/02/2006 CEF 1612 706 544,00 Aq. sem NF *2 Fernando Pereira de Souza 03/07/2006 BRADESCO 64/7 243.381/8 2.000,00 Aq. sem NF *2 Antonio Stefani 10/10/2006 ITAÚ 3815 222850 358,00 Aq. sem NF *2 Luiz Guilherme Correa de Mello 13/02/2006 ITAÚ 3815 245687 750,00 Aq. sem NF *2 Carlos Eduardo Soares Thomas 16/02/2006 CEF 1942 6745 800,00 Aq. sem NF *2 José Rodrigues Ronca 29/03/2006 CEF 1942 204873 3.000,00 Aq. sem NF *2 José Rodrigues Ronca 01/08/2006 CEF 2949 7637 7.900,00 Aq. sem NF *2 Sarah Cristina Freitas de Mello 11/12/2006 BRADESCO 1.946/1 17.983/3 2.500,00 Aq. sem NF *2 Marcelo Paschoal Pereira 11/12/2006 CEF 1942 500545 1.100,00 Aq. sem NF *2 Luiz Roberto Caroli 13/01/2006 CEF 4082 13575 897,00 Aq. sem NF *2 Luiz Roberto Caroli 24/01/2006 CEF 4082 13575 1.520,00 Aq. sem NF *2 Fl. 2031DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10840.720468/201066 Acórdão n.º 1803002.504 S1TE03 Fl. 2.032 55 Luiz Roberto Caroli 06/02/2006 CEF 4082 13575 1.048,00 Aq. sem NF *2 Luiz Roberto Caroli 06/02/2006 CEF 4082 13575 1.284,00 Aq. sem NF *2 Luiz Roberto Caroli 16/02/2006 CEF 4082 13575 1.216,00 Aq. sem NF *2 Luiz Roberto Caroli 02/03/2006 CEF 4082 13575 1.859,00 Aq. sem NF *2 Romeu Marques Ramos 10/08/2006 CEF 1942 14187 747,00 Aq. sem NF *2 Abrhão Issa Neto 22/06/2006 ITAÚ 3815 826429 650,00 Aq. sem NF *2 Denise Santello Santos 11/05/2006 ITAÚ 332 642008 3.500,00 Aq. sem NF *2 Jovelina Costi Sacarpin 28/07/2006 BRADESCO 3.531/9 651/3 4.893,00 Aq. sem NF *2 Jovelina Costi Sacarpin 08/09/2006 BRADESCO 3.531/9 651/3 1.470,00 Aq. sem NF *2 Jovelina Costi Sacarpin 29/09/2006 BRADESCO 3.531/9 651/3 2.136,00 Aq. sem NF *2 Jorge Luiz Pizzo 05/01/2006 ITAÚ 2968 046249 700,00 Aq. sem NF *2 Alessandra Perazzelli M.Rodrigues 12/04/2006 BRADESCO 2.401/5 4.004/5 420,00 Aq. sem NF *2 Orlando Aranda 20/06/2006 ITAÚ 865 047062 46,00 Aq. sem NF *2 Glória Aparecida Ribeiro Prandi 23/11/2006 CEF 1997 26029 685,00 Aq. sem NF *2 Ricardo Ferrari de Souza 02/05/2006 BRADESCO 2.827/4 9674/1 700,00 Aq. sem NF *2 Cássio Roberto da Silva 08/06/2006 BRADESCO 1.648/9 9814/0 1.627,00 Aq. sem NF *2 Realnico Salvador Ruiz 04/04/2006 BRADESCO 3.531/9 8287/2 4.845,00 Aq. sem NF *2 Cláudio Manoel dos Santos 13/02/2006 BRADESCO 1.701/9 10526/0 1.024,00 Aq. sem NF *2 Paulo Tadeu Rivalta de Barros 11/12/2006 ITAÚ 3815 004415 595,00 Aq. sem NF *2 Ademar Menezes Júnior 03/11/2006 ITAÚ 3815 142967 459,00 Aq. sem NF *2 Wladimir José Oliveira Filho 20/06/2006 ITAÚ 623 340080 20,00 Aq. sem NF *2 Adriana Tristão Cintra 18/12/2006 REAL 966 6.005.189 315,00 Aq. sem NF *2 Manoelita das Graças X. de Macedo 06/09/2006 BRADESCO 3118 28878 765,00 Aq. sem NF *2 Com de Veículos Yamada Ltda 22/11/2006 ITAÚ 623 493640 11.500,00 Aq. sem NF *2 Antonio Carlos Pellizzer Wolf 23/03/2006 CEF 2014 3808 300,00 Aq. sem NF *2 Carlos César Pires de Sant Anna 23/03/2006 ITAÚ 332 273457 500,00 Aq. sem NF *2 Multiatlas Ferramentas 06/09/2006 BB 28 230723 1.300,00 Aq. sem NF *2 Gustavo Luiz Niero 22/06/2006 ITAÚ 2968 039350 350,00 Aq. sem NF *2 Gustavo Luiz Niero 14/08/2006 ITAÚ 2968 039350 300,00 Aq. sem NF *2 Luiz Fernando 11/05/2006 ITAÚ 3815 218841 1.000,00 Aq. sem NF *2 Fl. 2032DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10840.720468/201066 Acórdão n.º 1803002.504 S1TE03 Fl. 2.033 56 Obst Odair Alfredo Gomes 11/09/2006 ITAÚ 4459 001105 875,00 Aq. sem NF *2 Odair Alfredo Gomes 20/09/2006 ITAÚ 4459 001105 1.048,00 Aq. sem NF *2 Pedro Bellomi 07/06/2006 BRADESCO 1.662/4 9.073/5 845,00 Aq. sem NF *2 Eduardo Sassi Santucci 08/05/2006 ITAÚ 2968 055521 1.886,00 Aq. sem NF *2 Valdemar Paiola 04/04/2006 ITAÚ 710 391434 441,00 Aq. sem NF *2 Antonio Núncio Di Santo 10/10/2006 BRADESCO 3.351/9 217.187/2 1.450,00 Aq. sem NF *2 Antonio Núncio Di Santo 30/10/2006 BRADESCO 3.351/9 217.187/2 560,00 Aq. sem NF *2 Antonio Núncio Di Santo 04/12/2006 BRADESCO 3.351/9 217.187/2 1.042,00 Aq. sem NF *2 Dagoberto Martins de Oliveira 14/03/2006 ITAÚ 3815 233964 4.995,00 Aq. sem NF *2 Dagoberto Martins de Oliveira 26/04/2006 ITAÚ 3815 233964 2.469,00 Aq. sem NF *2 Dagoberto Martins de Oliveira 03/07/2006 ITAÚ 3815 233964 1.900,00 Aq. sem NF *2 Beatriz Calisto Jose 08/05/2006 ITAÚ 4459 006963 700,00 Aq. sem NF *2 Carlos Alberto Aita Simões 18/04/2006 ITAÚ 710 462052 1.000,00 Aq. sem NF *2 Rubens Caldeira 20/06/2006 BRADESCO 3.351/9 82.761/4 500,00 Aq. sem NF *2 Rubens Caldeira 14/08/2006 BRADESCO 3.351/9 82.761/4 460,00 Aq. sem NF *2 Rubens Caldeira 30/10/2006 ITAÚ 125 169508 1.100,00 Aq. sem NF *2 Rubens Caldeira 08/09/2006 ITAÚ 125 169508 540,00 Aq. sem NF *2 Rubens Caldeira 08/06/2006 ITAÚ 125 169508 917,00 Aq. sem NF *2 Rodrigo de Carvalho 12/04/2006 BRADESCO 2.710/3 1.280/7 1.356,00 Aq. sem NF *2 Edison Pereira Rodrigues 10/08/2006 CEF 340 500140 434,00 Aq. sem NF *2 Emilia Regina da Siveira Surjus 04/01/2006 CEF 2014 3280 379,00 Aq. sem NF *2 Fourenge Construtora Ltda 19/07/2006 BRADESCO 3427 123714 3.972,00 Aq. sem NF *2 Ativa Comercial Hospitalar Ltda 04/01/2006 ITAÚ 0865 392807 1.211,00 Aq. sem NF *2 ABC Indeniza Adm. e Corret. de Seg. 20/10/2006 BRADESCO 64/7 228542/8 2.013,00 Aq. sem NF *2 Restaurante e Choperia Coqueiros Ltda 03/11/2006 BRADESCO 2763/4 6868/3 500,00 Aq. sem NF *2 Obs.1: *0 Adquiriu Mercadorias com emissão de Nota Fiscal Fatura *1 Adquiriu Mercadorias sem a emissão de Nota Fiscal Emitiu Apenas o ORÇAMENTO/PEDIDO *2 Adquiriu Mercadorias sem a emissão de Nota Fiscal Analisando todas as informações obtidas até o momento, tais como: Os Totais de numerários, já considerando todas as exclusões, depositados nas contas bancárias da contribuinte (Total de Entradas da Planilha abaixo); Fl. 2033DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10840.720468/201066 Acórdão n.º 1803002.504 S1TE03 Fl. 2.034 57 Os Totais de numerários declarados na Declaração de Imposto de Renda da contribuinte (DECL. PJSI da Planilha abaixo); Os percentuais dos Valores declarados com relação ao Total de Entradas; A diferença entre os valores declarados na Declaração Simplificada da Pessoa Jurídica PJSI 2007 com o Total se Entradas (OMISSÃO RECEITA da planilha abaixo); Os Totais de numerários que a contribuinte conseguiu vincular com os valores das Notas Fiscais emitidas, apresentados em planilha no dia 29/10/2010 (VINC C/ NF da planilha abaixo apresentada). Observar que são valores bem inferiores ao Total de Entradas bem como dos Valores Declarados na PJSI 2007; Em nenhum momento a empresa se manifestou com relação ao item 3 da Intimação do Termo de Constatação e Intimação Fiscal, ou seja, não relacionou nenhum valor da planilha que não fosse provenientes da atividade comercial da empresa; Todas as respostas e documentos apresentados pelos depositantes de numerários nas contas bancárias da empresa (resultado das circularizações) juntamente com as considerações mencionadas pela fiscalização. COMPARAÇÃO ENTRE OS VALORES DEPOSITADOS E OS VALORES DECLARADOS PELA EMPRESA. Período Total de Entradas Decl DIPJ % Declarado Valor Lançado Receita Omitida Vinc c/ NF Jan/06 287.810,94 100.693,33 34,99% 187.117,61 85.103,27 Fev/06 235.464,39 53.195,48 22,59% 182.268,91 27.968,03 Mar/06 300.066,26 87.569,77 29,18% 212.496,49 42.299,46 Abr/06 249.041,68 79.530,25 31,93% 169.511,43 79.516,66 Mai/06 329.637,23 97.421,02 29,55% 232.216,21 94.996,87 Jun/06 311.646,05 72.183,54 23,16% 239.462,51 65.599,19 Jul/06 329.077,34 123.946,61 37,66% 205.130,73 42.449,88 Ago/06 346.371,77 94.432,64 27,26% 251.939,13 69.570,55 Set/06 295.232,22 91.359,12 30,94% 203.873,10 80.408,16 Out/06 333.336,25 107.179,41 32,15% 226.156,84 75.591,63 Nov/06 219.632,30 47.117,26 21,45% 172.515,04 48.888,81 Dez/06 279.219,26 62.754,90 22,48% 216.464,36 53.031,35 Totais 3.516.535,69 1.017.383,33 28,93% 2.499.152,36 765.423,86 Chegase nas seguintes conclusões: • A contribuinte INTENCIONALMENTE, REPETIDAMENTE E DELIBERADAMENTE nos 12 (doze) meses do ano, declarou em média 28,93% do faturamento com o intuito único e exclusivo de pagar menos imposto e de permanecer no SIMPLES, com este procedimento houve a INTENÇÃO e a empresa OMITIU, em média 71% da Receita em todos os meses do ano; • Somente as informações dos percentuais declarados em relação ao total de entradas nas contas bancárias da contribuinte já seria motivo suficiente para comprovar a intenção da empresa em sonegar impostos e contribuições, contudo, com o objetivo de dar mais sustentabilidade à esta tese, a fiscalização comprovou, Fl. 2034DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10840.720468/201066 Acórdão n.º 1803002.504 S1TE03 Fl. 2.035 58 mediante várias intimações a depositantes de numerários nas contas bancárias da contribuinte, que a empresa, costumeiramente, vende mercadorias em todos os meses do ano, sem a emissão de Nota Fiscal, é inconcebível imaginar que simplesmente houve "erro" na escrituração em todos os meses do ano, isto é, fica claro que ouve a intenção da empresa em pagar menos impostos e de permanecer no SIMPLES, uma vez que se declarasse o total das receitas, obrigatoriamente seria excluída do SIMPLES, tendo em vista que o faturamento total no ano foi de R$3.516.535,69 (três milhões, quinhentos e dezesseis mil, quinhentos e trinta e cinco reais e sessenta e nove centavos) valor bem superior ao limite que é de R$2.400.000,00 (dois milhões e quatrocentos mil reais); 18 Tendo em vista que a contribuinte não apresentou o livro caixa solicitado no Termo de Início de Procedimento Fiscal de 04/12/2009, em 18/11/2010 a empresa foi Intimada (Fls.750/751) a apresentar o Livro Caixa referente ao ano de 2006. 19 Em 19/11/2010 a contribuinte apresentou uma resposta (Fls. 1354/1355) em que não disponibiliza o livro caixa e teceu algumas considerações, a saber: Diante do fato de que houve a fiscalização de imediato se utilizou dos depósitos bancários, a requerente acabou por se pautar nos esclarecimentos destes; Neste sentido, nas duas últimas petições, apresentamos planilhas, bem como diversos apontamentos justificando os depósitos, ainda, sem notícia do acolhimento ou rejeição; Diante do fato de que estamos diante de um contribuinte optante pelo SIMPLES onde a finalidade e exigência legal seja no sentido de que existam informações e controles, esta informa que seus esclarecimentos foram realizados com base em notas fiscais analisadas e, posteriormente, mediante as planilhas de controle encaminhadas com base em intimação da fiscalização; Assim, diante do fato de que se desconsiderou a contabilidade, quebrando, inclusive, o sigilo bancário, entendemos que as planilhas lastreadas nos extratos bancários são suficientes para o cumprimento das intimações, especialmente, pelo fato de que a fiscalização já dispõe de informações quanto aos recolhimentos do simples, além das notas fiscais; Reitera, outrossim, a necessidade de excluir da planilha enviada quanto aos depósitos, as justificativas apresentadas anteriormente. 20 Em função da contribuinte não ter apresentado o livro caixa, em 26/11/2010 foi lavrado e dada a ciência de um Termo de Intimação (Fls. 1356/1357) em que a empresa foi reintimada a apresentar o referido livro. 21 Em 06/12/2010 a empresa apresentou o Livro Caixa (Fls. 1358/1449) relativo ao ano calendário de 2006. A fiscalização efetuou cópia dos meses de janeiro, março, junho e dezembro. Após análise do livro verificase que a empresa não escriturou nenhuma conta bancária, agindo em desacordo com a legislação vigente à época dos fatos, a saber: LEI 9317/1996 Da Declaração Anual Simplificada, da Escrituração e dos Documentos Art. 7º A microempresa e a empresa de pequeno porte, inscritas no SIMPLES apresentarão, anualmente, declaração simplificada que será entregue até o último dia Fl. 2035DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10840.720468/201066 Acórdão n.º 1803002.504 S1TE03 Fl. 2.036 59 útil do mês de maio do anocalendário subseqüente ao da ocorrência dos fatos geradores dos impostos e contribuições de que tratam os arts. 3º e 4º . § 1º A microempresa e a empresa de pequeno porte ficam dispensadas de escrituração comercial desde que mantenham, em boa ordem e guarda e enquanto não decorrido o prazo decadencial e não prescritas eventuais ações que lhes sejam pertinentes: a) Livro Caixa, no qual deverá estar escriturada toda a sua movimentação financeira, inclusive bancária [...]: b) Livro de Registro de Inventário, no qual deverão constar registrados os estoques existentes no término de cada anocalendário; c) todos os documentos e demais papéis que serviram de base para a escrituração dos livros referidos nas alíneas anteriores. III. DO RESULTADO DA AUDITORIA Diante de todos os dos fatos constatados e considerando: • Que foram obtidas pela fiscalização quantidades significativas de documentos probantes de que a fiscalizada, intencionalmente e repetidamente, efetuou vendas de mercadorias sem a emissão de nota fiscal durante os 12 (doze) meses do ano de 2006, objetivando única e exclusivamente pagar menos impostos e contribuições bem assim permanecer no Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte SIMPLES na condição de Empresa de Pequeno Porte, uma vez que, conforme já mencionado neste Relatório a contribuinte obteve, efetivamente um faturamento de R$ 3.516.535,69 (três milhões, quinhentos e dezesseis mil, quinhentos e trinta e cinco reais e sessenta e nove centavos) no ano calendário de 2006, valor superior ao previsto na legislação vigente à época dos fatos, a seguir apresentada: Lei n° 9.317/96 DAS VEDAÇÕES A OPÇÃO "Art. 9º. Não poderá optar pelo SIMPLES, a pessoa jurídica:...". "I na condição de microempresa que tenha auferido, no anocalendário imediatamente anterior, receita bruta superior a R$240.000,00 (duzentos e quarenta mil reais); II na condição de empresa de pequeno porte que tenha auferido, no ano calendário imediatamente anterior, receita bruta superior a R$2.400.000,00 (dois milhões e quatrocentos mil reais" • Que conforme a Tabela COMPARAÇÃO ENTRE OS VALORES DEPOSITADOS E OS VALORES DECLARADOS PELA EMPRESA apresentada no item 17 do capítulo anterior, constatase que a empresa escriturou no Livro Registro de Saídas (Fls. 20/157) e declarou e ofereceu a tributação receita bruta anual acumulada de R$1.017.383,33 na declaração PJSI/2007SIMPLES, ND 6762831 (Fls. 1521/1538), enviada via internet à Secretaria da Receita Federal do Brasil, ou seja, a contribuinte SISTEMATICAMENTE, REPETIDAMENTE E DELIBERADAMENTE nos 12 (doze) meses do ano, declarou em média 28,93% do faturamento com o intuito único e exclusivo de pagar menos imposto/contribuições e Fl. 2036DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10840.720468/201066 Acórdão n.º 1803002.504 S1TE03 Fl. 2.037 60 de permanecer no SIMPLES, com este procedimento a empresa OMITIU, INTENCIONALMENTE, em média 71% da Receita em todos os meses do ano; • Em nenhum momento a empresa se manifestou com relação ao item 3 da Intimação do Termo de Constatação e Intimação Fiscal, ou seja, não relacionou nenhum valor da planilha que não fosse provenientes da atividade comercial da empresa; • Que, apesar de estar obrigada perante a legislação vigente, a empresa não escriturou nenhuma conta bancária no livro caixa apresentado em 06/12/2006 (Fls. 1358/1449), e conforme a legislação já mencionada anteriormente, no Livro Caixa deverá estar escriturada toda a movimentação financeira, inclusive bancária. Com este procedimento a contribuinte omitiu informações sobre receitas com a intenção de reduzir ou suprimir o pagamento de tributos. Não restou outra alternativa à fiscalização a não ser a lavratura de Auto de Infração tendo em vista a comprovação de OMISSÃO DE RECEITA praticada pela contribuinte. O crédito tributário foi apurado de acordo com a sistemática do SIMPLES. IV DO LANÇAMENTO Considerando o artigo 42 da Lei n° 9.430/1996, abaixo transcrito: Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. § 1º O valor das receitas ou dos rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. §2°(...) Considerando que a fiscalização comprovou, confrontando a escrituração da contribuinte com a movimentação financeira e com as respostas obtidas nas circularizações realizadas, que a empresa efetuou vendas de mercadorias sem a emissão de Nota Fiscal nos 12 (doze) meses do ano de 2006. Considerando que a contribuinte, quando intimada e reintimada, exceto os casos já excluídos pela fiscalização, não relacionou nenhuma outra entrada de numerário que não fosse proveniente da atividade comercial da empresa. Foi elaborado uma tabela 'DEMONSTRAÇÃO DA RECEITA OMITIDA" abaixo apresentada. DEMONSTRAÇÃO DA RECEITA OMITIDA Período Total de Entradas Decl DIPJ % Declarado Valor Lançado Receita Omitida Jan/06 287.810,94 100.693,33 34,99% 187.117,61 Fev/06 235.464,39 53.195,48 22,59% 182.268,91 Mar/06 300.066,26 87.569,77 29,18% 212.496,49 Abr/06 249.041,68 79.530,25 31,93% 169.511,43 Mai/06 329.637,23 97.421,02 29,55% 232.216,21 Jun/06 311.646,05 72.183,54 23,16% 239.462,51 Fl. 2037DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10840.720468/201066 Acórdão n.º 1803002.504 S1TE03 Fl. 2.038 61 Jul/06 329.077,34 123.946,61 37,66% 205.130,73 Ago/06 346.371,77 94.432,64 27,26% 251.939,13 Set/06 295.232,22 91.359,12 30,94% 203.873,10 Out/06 333.336,25 107.179,41 32,15% 226.156,84 Nov/06 219.632,30 47.117,26 21,45% 172.515,04 Dez/06 279.219,26 62.754,90 22,48% 216.464,36 Totais 3.516.535,69 1.017.383,33 28,93% 2.499.152,36 Na elaboração desta tabela, a fiscalização considerou o total de entradas de numerários, subtraindo todas as exclusões mencionadas neste relatório, nos meses de janeiro a dezembro de 2006 (Ver Planilha DEVOLUÇÃO DE CHEQUES Fls. 1481/1483, Planilha EXCLUSÕES AO ANEXO DO TERMO DE CONSTATAÇÃO INTIMAÇÃO Fls. 1479/1480) e PLANILHA FINAL DE LANÇAMENTO Fls. 1484/1519)) e descontou os totais mensais declarados pela empresa na Declaração Simplificada da Pessoa Jurídica PJSI/2007SIMPLES, ND 6762831 (Fls.1521/1538), enviada via internet à Secretaria da Receita Federal do Brasil, resultando assim no VALOR LANÇADO (Receita Omitida pela contribuinte), ou seja, a fiscalização NÃO lançou nenhuma venda com emissão de Nota Fiscal bem assim no cálculo dos impostos/contribuições devidos foram considerados os tributos calculados na declaração PJSI/2007SIMPLES ND 6762831 apresentada pela contribuinte. A omissão de receita foi determinada mensalmente pelo somatório de cada crédito, que foi analisado de forma individual, procedimento que foi rigorosamente observado pelas autoridades fiscais, de modo que cada valor creditado em conta de depósito ou de investimento mantida junto às instituições financeiras, a Recorrente titular foi regularmente intimada não comprovou, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. No caso, a autoridade fiscal relacionou individualmente, em planilha, os valores dos depósitos e intimou a Recorrente a comprovar a origem de cada crédito bancário. Nesse sentido, uma vez cumprido o dever legal imposto à autoridade fiscal pelo art. 42 da Lei nº 9.430, 27 de dezembro de 1996, está autorizada a proceder ao lançamento. Ademais foram acatadas as explicações da Recorrente e foram deduzidos da relação de depósitos valores solicitados, além de outros, e, de ofício, foram identificados em planilha todos os valores que deveriam ser excluídos da relação de depósitos. A planilha apresentada pela Recorrente foi levada em conta pela fiscalização que fez várias exclusões ao Termo de Constatação e Intimação Fiscal fls. 14791480 e Devolução de Cheques, fls. 14811483. A Recorrente foi regularmente intimada da Planilha de Lançamento, fls. 14841519. Uma vez notificada dos Autos de Infração, foi instaurada a fase litigiosa no procedimento com a apresentação regular pela Recorrente da peça de defesa com os motivos de fato e de direito em que se fundamenta os pontos de discordância e as razões e provas que possuir, em observância os princípios do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa. Verificase que a formalização das presentes exigências decorreu de ação fiscal regular, com os Autos de Infração lavrados rigorosamente nos termos da lei, nos termos Fl. 2038DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10840.720468/201066 Acórdão n.º 1803002.504 S1TE03 Fl. 2.039 62 do art. 142 do Código Tributário Nacional e do artigo 10 do Decreto nº 70.235, 06 de março de 1972 Não foram produzidos no processo novos elementos de prova, de modo que o conjunto probatório já produzido evidencia que o procedimento de ofício está correto. A inferência denotada pela defendente, nesse caso, não é acertada. A Recorrente alega que o procedimento não poderia alcançar o INSS. A Constituição Federal determina: Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; b) a receita ou o faturamento; c) o lucro; Atinente à ao entendimento da Recorrente de que não caberia a exigência do INSS por ausência de previsão constitucional é equivocado, mesmo porque a Lei nº 9.317, de 27 de dezembro de 1996 dispõe expressamente acerca do pagamento mensal unificado de tributos, inclusive com relação ao INSS, calculado sobre a receita bruta auferida. A exigência está prevista na legislação tributária de regência da matéria. Ademais, a alegação de ofensa ao princípio da estrita legalidade não pode prevalecer, uma vez que o § 2º do artigo 24 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995, estabelece que o valor da receita omitida será considerado inclusive na determinação da base de cálculo para o lançamento do PIS e da Cofins. Ainda, a Lei nº 9.317, de 05 de dezembro de 1996, prescreve: Art. 18. Aplicamse à microempresa e à empresa de pequeno porte todas as presunções de omissão de receita existentes nas legislações de regência dos impostos e contribuições de que trata esta Lei, desde que apuráveis com base nos livros e documentos a que estiverem obrigadas aquelas pessoas jurídicas. Analisando esse dispositivo legal inferese que são aplicáveis à microempresa e à empresa de pequeno porte todas as presunções de omissão de receita existentes nas legislações de regência dos impostos e contribuições de que trata a lei do Simples, desde que apuráveis com base nos livros e documentos a que estiverem obrigadas as pessoas jurídicas optantes do referido regime de tributação e especificamente a prevista no art. 42 da Lei nº Fl. 2039DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10840.720468/201066 Acórdão n.º 1803002.504 S1TE03 Fl. 2.040 63 9.430, de 27 de dezembro de 1996. A proposição afirmada pela defendente, desse modo, não tem cabimento. A Recorrente argui que o ICMS não poderia compor a base de cálculo do PIS e da Cofins, tampouco a comissão cobrada pelas administradoras de cartão. A Lei nº 9.317, de 05 de dezembro de 1996, ordena: Art 2º [...] § 2º Para os fins do disposto neste artigo, considerase receita bruta o produto da venda de bens e serviços nas operações de conta própria, o preço dos serviços prestados e o resultado nas operações em conta alheia, não incluídas as vendas canceladas e os descontos incondicionais concedidos. [...] Art. 5º O valor devido mensalmente pela microempresa e empresa de pequeno porte, inscritas no Simples, será determinado mediante a aplicação, sobre a receita bruta mensal auferida, dos seguintes percentuais. Temse que a pessoa jurídica optante do Simples deve calcular e recolher o valor correspondente aos tributos e contribuições acima referenciados, com base na receita bruta, conforme Lei nº 9.317, de 05 de dezembro de 1996 e legislação superveniente, inclusive quando os valores objeto de lançamento tenham decorrido de omissão de receita ou de diferenças apuradas a menor entre os valores apurados e os recolhidos. O Simples que é um sistema que se constitui em uma forma simplificada e unificada de recolhimentos de tributos, por meio da aplicação de percentuais favorecidos e progressivos, incidentes sobre uma única base de cálculo, a receita bruta, assim entendendo o produto da venda de bens e serviços nas operações de conta própria, o preço dos serviços prestados e o resultado nas operações em conta alheia, não incluídas as vendas canceladas e os descontos incondicionalmente concedidos. Assim, além das deduções previstas em lei, é vedada qualquer outra exclusão da receita bruta. A legislação de regência do Simples ao dispõe sobre as condições ingresso na sistemática, estabelecendo critérios para que as microempresas e empresas de pequeno porte possam ingressar, estabelecendo os limites de receita bruta, bem como os percentuais e alíquotas aplicáveis aos tributos. Assim, a pessoa jurídica optante por esse regime submetese aos requisitos legais até sua exclusão, seja voluntária, seja de ofício. Por essa razão a Recorrente, na qualidade de optante pelo Simples, submete se às determinações normativas pertinentes. A base de cálculo é única para todos os tributos, não podendo, como pretende a contribuinte, excluir o ICMS da base de cálculo do PIS e da Cofins, por falta de previsão legal, bem assim aplicar alíquotas para o PIS e Cofins diversas daquelas previstas na legislação, ou ainda excluir da base de cálculo do PIS e da Cofins os valores referentes às comissões cobradas nas vendas realizadas por meio do cartão de crédito ou de débito. Também não pode prevalecer o entendimento da Recorrente de que, por se tratar de receita bruta de titularidade de terceiro, deve ser promovida a dedução da comissão cobrada pelas administradoras de cartão de crédito e débito a título de PIS e da Cofins. Fl. 2040DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10840.720468/201066 Acórdão n.º 1803002.504 S1TE03 Fl. 2.041 64 Conforme visto, o PIS e a Cofins devidos pela pessoa jurídica optante pelo Simples são calculados com base na sua receita bruta, entendendose por esta a totalidade auferida pela Recorrente, sendo irrelevantes o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas. A proposição mencionada pela defendente, por conseguinte, não tem validade. A Recorrente afirma que os tributos deveriam ter sido apurados com base no lucro arbitrado. A autoridade fiscal verificando que a pessoa jurídica deixou de cumprir as obrigações acessórias relativas à determinação do lucro real ou presumido, conforme o caso, deve adotar regime de tributação com base no lucro arbitrado trimestral válido para todo ano calendário, sendo conhecida ou não a receita bruta, de acordo com as determinações legais. Este regime aplicase no caso de a pessoa jurídica não mantiver a escrituração na forma das leis comerciais e fiscais ou a escrituração revelar evidentes indícios de fraudes ou contiver vícios, erros ou deficiências ou deixar de apresentar à autoridade tributária os livros e documentos da escrituração comercial e fiscal ou optar indevidamente pela tributação com base no lucro presumido ou deixar de escriturar e apurar o lucro da sua atividade separadamente do lucro proveniente do exterior. Em relação à receita bruta ser conhecida, o lucro arbitrado é determinado pelo somatório do ganho de capital, da receita financeira e das demais receitas auferidas incluindo os valores recuperados correspondentes a custos e despesas inclusive com perdas no recebimento de créditos, bem como do valor resultante da aplicação do coeficiente legal correspondente a sua atividade econômica sobre a receita bruta total auferida no período de apuração fixado para o lucro presumido acrescido de 20% (vinte por cento). Quando se tratar de pessoa jurídica com atividades diversificadas serão adotados os percentuais específicos para cada uma das atividades econômicas, cujas receitas deverão ser apuradas separadamente. A receita bruta das vendas e serviços compreende o produto da venda de bens nas operações de conta própria, o preço dos serviços prestados e o resultado auferido nas operações de conta alheia incluído o ICMS. Somente podem ser excluídos da receita bruta as vendas canceladas, os descontos incondicionais concedidos e os impostos não cumulativos cobrados destacadamente do comprador dos quais o vendedor ou prestador é mero depositário, uma vez que se presume que uma parcela da receita bruta foi consumida na produção dos rendimentos decorrentes da atividade econômica. Vale esclarecer que permanece a obrigatoriedade de comprovação das receitas efetivamente recebidas ou auferidas. Este regime não é uma sanção, tanto que a pessoa jurídica, desde que preencha as condições legais, pode optar pelo lucro arbitrado com base na receita conhecida mediante o pagamento da primeira quota ou da quota única do imposto devido correspondente ao período. No presente caso, não foram identificados os requisitos indispensáveis para que os lançamentos dos tributos fossem apurados com base no lucro arbitrado, mesmo porque a Recorrente, optante pelo Simples, mantinha a escrituração na forma das leis comerciais e fiscais, ainda que de forma incompleta. A alegação assinalada pela defendente, desta forma, não tem fundamento. Fl. 2041DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10840.720468/201066 Acórdão n.º 1803002.504 S1TE03 Fl. 2.042 65 A Recorrente discorda da incidência de juros de mora equivalentes à taxa Selic. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, e se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês14. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) para títulos federais, nos termos da Súmula CARF nº 4. Por conseguinte, os débitos tributários não pagos nos prazos legais são acrescidos de juros de mora equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia – Selic, seja qual for o motivo determinante da falta. Este é o entendimento constante na decisão definitiva de mérito proferida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) em recurso especial repetitivo nº 1.111.175/SP, cujo trânsito em julgado ocorreu em 09.09.200915 e que deve ser reproduzido pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF16. Esclareçase inclusive que tem cabimento a incidência de juros de mora sobre a multa de ofício proporcional, após o seu vencimento, e está prevista no art. 43 e art. 61 da Lei 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Nesse sentido, a multa de ofício integra a obrigação tributária principal, e por conseguinte, o crédito tributário, sendo legítima a incidência dos juros de mora calculados com base na taxa Selic desde o mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao pagamento e de um por cento no mês do pagamento. A cobrança de débitos para com a Fazenda Nacional, após o vencimento, acrescidos de juros moratórios calculados com base na taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia Selic, além de ampararse em legislação ordinária, não contraria as normas balizadoras contidas no Código Tributário Nacional. A proposição afirmada pela defendente, desse modo, não tem cabimento. A Recorrente discorda da aplicação da multa de ofício proporcional qualificada. Em relação à aplicação da multa de ofício proporcional qualificada, via de regra, a norma jurídica secundária impõe uma sanção em decorrência da inobservância da conduta prescrita na norma jurídica primária. A multa de natureza tributária, penalidade que tem como fonte a lei, é imposta em razão do inadimplemento de uma obrigação legal principal ou acessória e expressa a obrigação de dar determinada quantia em dinheiro ao sujeito passivo. A aplicação da multa de ofício proporcional qualificada pressupõe a constituição do crédito tributário pelo lançamento direito, diante da constatação da falta de pagamento ou recolhimento, pela falta de declaração e pela declaração inexata de obrigações tributárias pelo sujeito passivo. Tem como requisito necessário a comprovação, de plano, da 14 Fundamentação legal: art. 161 do Código Tributário Nacional. 15 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial Repetitivo nº 1111175/SP. Ministra Relatora: Denise Arruda. Primeira Seção, Brasília, DF, 10 de junho de 2009. Disponível em: < https://ww2.stj.jus.br/revistaeletronica/Abre_Documento.asp?sSeq=892437&sReg=200900188256&sData=20090 701&formato=PDF>. Acesso em: 31 ago.2011. 16 Fundamentação legal: art. 161 do Código Tributário Nacional, art. 5º e art. 61 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, Súmulas CARF nºs 4 e 5 e art. 62A do Anexo II do Regimento Interno do CARF. Fl. 2042DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10840.720468/201066 Acórdão n.º 1803002.504 S1TE03 Fl. 2.043 66 conduta dolosa, que é a vontade livre e consciente de o agente praticar um fato ilícito, ainda que por erro, mas desde de evidenciada a máfé, da qual decorre prejuízo a outrem. Caracterizase pela sonegação, que é a ação ou omissão dolosa do agente de encobrir fatos tributários da Administração Pública, pela fraude, que é a ação ou omissão dolosa de não revelar a ocorrência do fato gerador do tributo ou pelo conluio, que é o ajuste doloso entre pessoas, seja para encobrir fatos tributários da Administração Pública, seja para não revelar a ocorrência do fato gerador do tributo. Há que se perquirir se houve simulação, vício ou falsificação de documentos ou a escrituração de livros fiscais ou comerciais, ou utilização de documentos falsos para iludir a fiscalização ou fugir ao pagamento do imposto. A mesma conduta reprovável deve ser reiterada, ou continuada, assim entendida em relação à qual tenham sido lavrados diversos autos ou representações17. Temse que a multa de ofício proporcional pode ser reduzida nos seguintes percentuais, se o sujeito passivo, uma vez notificado, efetuar o pagamento, a compensação ou o parcelamento dos tributos lançados de ofício: – 50% (cinquenta por cento), se efetuar o pagamento ou a compensação no prazo de 30 (trinta) dias, contado da data em que foi notificado do lançamento; – 40% (quarenta por cento), se requerer o parcelamento no prazo de 30 (trinta) dias, contado da data em que foi notificado do lançamento; – 30% (trinta por cento), se efetuar o pagamento ou a compensação no prazo de 30 (trinta) dias, contado da data em que foi notificado da decisão administrativa de primeira instância; e – 20% (vinte por cento), se requerer o parcelamento no prazo de 30 (trinta) dias, contado da data em que foi notificado da decisão administrativa de primeira instância18. No presente caso, houve constituição do crédito tributário pelo lançamento direito e a Recorrente não efetuou o pagamento, a compensação ou o parcelamento dos tributos lançados de ofício até a notificação da decisão administrativa de primeira instância. Está registrado no Relatório de Ação Fiscal, fls. 16461675, cujas informações estão comprovadas nos autos e cujos fundamentos cabem ser adotados de plano: III. DO RESULTADO DA AUDITORIA Diante de todos os dos fatos constatados e considerando: • Que foram obtidas pela fiscalização quantidades significativas de documentos probantes de que a fiscalizada, intencionalmente e repetidamente, efetuou vendas de mercadorias sem a emissão de nota fiscal durante os 12 (doze) 17 Fundamentação legal: art. 142 e art. 149 do Código Tributário Nacional, art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, art. 68, art. 70, art. 71, art. 72, art. 73, art. 74 e art. 85 da Lei n.º 4.502, de 30 de novembro de 1964, art. 13 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 e art. 20 da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002. 18 Fundamentação legal: art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996 com a redação dada pela Lei nº 11.488, de 14 de julho de 2007 e art. 6º Lei nº 8.218, de 29 de agosto de 1991 com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009. Fl. 2043DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10840.720468/201066 Acórdão n.º 1803002.504 S1TE03 Fl. 2.044 67 meses do ano de 2006, objetivando única e exclusivamente pagar menos impostos e contribuições bem assim permanecer no Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte¬ SIMPLES na condição de Empresa de Pequeno Porte, uma vez que, conforme já mencionado neste Relatório a contribuinte obteve, efetivamente um faturamento de R$ 3.516.535,69 (três milhões, quinhentos e dezesseis mil, quinhentos e trinta e cinco reais e sessenta e nove centavos) no ano calendário de 2006, valor superior ao previsto na legislação vigente à época dos fatos, a seguir apresentada: Lei n°. 9.317/96 DAS VEDAÇÕES A OPÇÃO "Art. 9º. Não poderá optar pelo SIMPLES, a pessoa jurídica:...". "I na condição de microempresa que tenha auferido, no anocalendário imediatamente anterior, receita bruta superior a R$240.000,00 (duzentos e quarenta mil reais); II na condição de empresa de pequeno porte que tenha auferido, no ano calendário imediatamente anterior, receita bruta superior a R$2.400.000,00 (dois milhões e quatrocentos mil reais" • Que conforme a Tabela COMPARAÇÃO ENTRE OS VALORES DEPOSITADOS E OS VALORES DECLARADOS PELA EMPRESA apresentada no item 17 do capítulo anterior, constatase que a empresa escriturou no Livro Registro de Saídas (Fls. 20/157) e declarou e ofereceu a tributação receita bruta anual acumulada de R$ 1.017.383,33 na declaração PJSI/2007SIMPLES, ND 6762831 (Fls. 1521/1538), enviada via internet à Secretaria da Receita Federal do Brasil, ou seja, a contribuinte SISTEMATICAMENTE, REPETIDAMENTE E DELIBERADAMENTE nos 12 (doze) meses do ano, declarou em média 28,93% do faturamento com o intuito único e exclusivo de pagar menos imposto/contribuições e de permanecer no SIMPLES, com este procedimento a empresa OMITIU, INTENCIONALMENTE, em média 71% da Receita em todos os meses do ano; • Em nenhum momento a empresa se manifestou com relação ao item 3 da Intimação do Termo de Constatação e Intimação Fiscal, ou seja, não relacionou nenhum valor da planilha que não fosse provenientes da atividade comercial da empresa; • Que, apesar de estar obrigada perante a legislação vigente, a empresa não escriturou nenhuma conta bancária no livro caixa apresentado em 06/12/2006 (Fis. 1358/1449), e conforme a legislação já mencionada anteriormente, no Livro Caixa deverá estar escriturada toda a movimentação financeira, inclusive bancária. Com este procedimento a contribuinte omitiu informações sobre receitas com a intenção de reduzir ou suprimir o pagamento de tributos. Não restou outra alternativa à fiscalização a não ser a lavratura de Auto de Infração tendo em vista a comprovação de OMISSÃO DE RECEITA praticada pela contribuinte. O crédito tributário foi apurado de acordo com a sistemática do SIMPLES. IV DO LANÇAMENTO Considerando o artigo 42 da Lei n° 9.430/1996, abaixo transcrito: Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a Fl. 2044DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10840.720468/201066 Acórdão n.º 1803002.504 S1TE03 Fl. 2.045 68 instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. § 1º O valor das receitas ou dos rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. §2° (...) Considerando que a fiscalização comprovou, confrontando a escrituração da contribuinte com a movimentação financeira e com as respostas obtidas nas circularizações realizadas, que a empresa efetuou vendas de mercadorias sem a emissão de Nota Fiscal nos 12 (doze) meses do ano de 2006. Considerando que a contribuinte, quando intimada e reintimada, exceto os casos já excluídos pela fiscalização, não relacionou nenhuma outra entrada de numerário que não fosse proveniente da atividade comercial da empresa. Foi elaborado uma tabela 'DEMONSTRAÇÃO DA RECEITA OMITIDA" abaixo apresentada. DEMONSTRAÇÃO DA RECEITA OMITIDA Período Total de Entradas Decl DIPJ % Declarado Valor Lançado Receita Omitida Jan/06 287.810,94 100.693,33 34,99% 187.117,61 Fev/06 235.464,39 53.195,48 22,59% 182.268,91 Mar/06 300.066,26 87.569,77 29,18% 212.496,49 Abr/06 249.041,68 79.530,25 31,93% 169.511,43 Mai/06 329.637,23 97.421,02 29,55% 232.216,21 Jun/06 311.646,05 72.183,54 23,16% 239.462,51 Jul/06 329.077,34 123.946,61 37,66% 205.130,73 Ago/06 346.371,77 94.432,64 27,26% 251.939,13 Set/06 295.232,22 91.359,12 30,94% 203.873,10 Out/06 333.336,25 107.179,41 32,15% 226.156,84 Nov/06 219.632,30 47.117,26 21,45% 172.515,04 Dez/06 279.219,26 62.754,90 22,48% 216.464,36 Totais 3.516.535,69 1.017.383,33 28,93% 2.499.152,36 Na elaboração desta tabela, a fiscalização considerou o total de entradas de numerários, subtraindo todas as exclusões mencionadas neste relatório, nos meses de janeiro a dezembro de 2006 (Ver Planilha DEVOLUÇÃO DE CHEQUES Fls. 1481/1483, Planilha EXCLUSÕES AO ANEXO DO TERMO DE CONSTATAÇÃO INTIMAÇÃO Fls. 1479/1480) e PLANILHA FINAL DE LANÇAMENTO Fls. 1484/1519)) e descontou os totais mensais declarados pela empresa na Declaração Simplificada da Pessoa Jurídica PJSI/2007SIMPLES, ND 6762831 (Fls.1521/1538), enviada via internet à Secretaria da Receita Federal do Brasil, resultando assim no VALOR LANÇADO (Receita Omitida pela contribuinte), ou seja, a fiscalização NÃO lançou nenhuma venda com emissão de Nota Fiscal bem assim no cálculo dos impostos/contribuições devidos foram considerados os tributos calculados na declaração PJSI/2007SIMPLES ND 6762831 apresentada pela contribuinte. V DA MULTA DUPLICADA (QUALIFICADA) Fl. 2045DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10840.720468/201066 Acórdão n.º 1803002.504 S1TE03 Fl. 2.046 69 Considerando todos os fatos mencionados neste Relatório e, principalmente os argumentos apresentados no Capítulo III DO RESULTADO DA AUDITORIA, ficou demonstrada a ocorrência de fatos que, em tese, configuram crime contra a Ordem Tributária, definidos nos incisos I e II do art. 19 e inciso I do art. 2º da Lei nº 8.137 de 1990 (abaixo transcritos); Art. 1º Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição social e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas: (Vide Lei n° 9.964. de 10.4.2000) I omitir informação, ou prestar declaração falsa às autoridades fazendárias; II fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou omitindo operação de qualquer natureza, em documento ou livro exigido pela lei fiscal; III I – (…) Art. 2º Constitui crime da mesma natureza: (Vide Lei n° 9.964, de 10.4.2000) I fazer declaração falsa ou omitir declaração sobre rendas, bens ou fatos, ou empregar outra fraude, para eximirse, total ou parcialmente, de pagamento de tributo; II ( . . .) Além de ter ficado demonstrada a ocorrência de fatos que, em tese, configuram crime contra a Ordem Tributária, definidos nos incisos I e II do art. 1º e inciso I do art. 2º da Lei nº 8.137 de 1990 a conduta da fiscalizada incorreu nos casos previstos nos artigos 71 e 72 da Lei nº. 4.502 de 30/11/1964, abaixo transcritos: LEI 4.502/1964 Art. 71. Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Art. 72. Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. E, tendo em vista o parágrafo 1o do artigo 44 da Lei 9.430 de 27/12/1996, abaixo transcrito: LEI 9.430/1996 Art. 44 Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (redação dada pela Lei n° 11.488. de 2007) de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de r posto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta à declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei n° 11.488. de 2007) Fl. 2046DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10840.720468/201066 Acórdão n.º 1803002.504 S1TE03 Fl. 2.047 70 (...) § 1º O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. (Redação dada pela Lei n° 11.488. de 2007) O lançamento será efetuado com a multa 75% (setenta e cinco por cento) duplicada, ou seja, de 150% (cento e cinqüenta por cento). No presente caso, houve constituição do crédito tributário pelo lançamento direito, de modo que está correta a aplicação da multa de ofício proporcional qualificada pela conduta reiterada de omissão de receitas e ainda por declaração inexata com intenção de omitir sistematicamente uma parcela substancial dos rendimentos que deveriam ser escriturados em seus assentos contábeis referente ao meses de janeiro a dezembro de 2006. Não se trata assim de simples apuração de omissão de receita, mas restou comprovado o evidente intuito de fraude da Recorrente. A conclusão oferecida pela defendente, porém, não pode subsistir. A Recorrente aduz que os valores recolhidos a título de Simples devem ser considerados. Em relação aos valores recolhidos a título de Simples, o enunciado da Súmula CARF nº 76: “na determinação dos valores a serem lançados de ofício para cada tributo, após a exclusão do Simples, devem ser deduzidos eventuais recolhimentos da mesma natureza efetuados nessa sistemática, observandose os percentuais previstos em lei sobre o montante pago de forma unificada.” Cabe ressaltar que no cálculo dos tributos devidos foram considerados aqueles informados na Declaração Simplificada da Pessoa Jurídica – Simples (DSPJ – Simples), fls. 15211538, apresentada pela Recorrente, conforme consta expressamente às fls. 15681645. Nesse sentido, não há mais valores a serem excluídos dos créditos tributários formalizados nos presentes autos pelo lançamento de ofício. A contestação proposta pela defendente, dessa maneira, não se confirma. A Recorrente afirma que deve ser afastada a exclusão do Simples e seus efeitos. O tratamento diferenciado, simplificado e favorecido denominado Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte (Simples) ou denominado por Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Simples Nacional) é mensal e uma opção do sujeito passivo para todo anocalendário, desde que observados os requisitos legais, devendo ser manifestada mediante a alteração cadastral no prazo previsto em lei. A opção pelo Simples ou pelo Simples Nacional é um direito da pessoa jurídica que preenche todos os requisitos legais e que não incorra em circunstância objeto de vedação por expressa previsão legal. O pressuposto é de que os motivos que impedem sua adesão ou permanência no regime sejam dela conhecidas. Fl. 2047DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10840.720468/201066 Acórdão n.º 1803002.504 S1TE03 Fl. 2.048 71 A exclusão de ofício darseá mediante ato declaratório da autoridade fiscal da RFB que jurisdicione a pessoa jurídica optante, assegurado o contraditório e a ampla defesa, observada a legislação relativa ao processo tributário administrativo. A pessoa jurídica que auferir, no anocalendário imediatamente anterior, receita bruta superior a R$2.400.000,00 não pode optar pelo Simples ou pelo Simples Nacional. No caso de incorrida em situação excludente, a optante deve obrigatoriamente formalizar alteração cadastral, sob pena de ser excluída de ofício mediante ato declaratório da autoridade fiscal. 19 Os atos de exclusão têm os efeitos previstos em lei, e é o termo a partir do qual o sujeito passivo submetese às normas de tributação aplicáveis às demais pessoas jurídicas. Este é o entendimento constante na decisão definitiva de mérito proferida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) em recurso especial repetitivo nº 1124507/MG, cujo trânsito em julgado ocorreu em 16.06.201020 e que deve ser reproduzido pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF21. A Recorrente optante pelo Sistema Integrado de Pagamentos de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte – Simples e por Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte Simples Nacional foi excluída de ofício pelos Atos Declaratórios Executivos DRF/RPO/SP nºs 358 e 359, de 08.08.2010, fls. 16841685, com base nos fundamentos de fato e de direito indicados: O Delegado da Receita Federal do Brasil em Ribeirão PretoSP, no uso das suas atribuições e tendo em vista o disposto no inciso II do art. 9o da Lei n° 9.317, de 05 de dezembro de 1996, e do que consta no Processo Administrativo n° 10840.720.468/201066, declara: 1 A exclusão da empresa ZAP MATERIAIS PARA CONSTRUÇÃO LTDA, CNPJ n° 96.418.892/000114, situada na Rua Mario de Souza, 530 Nova Ribeirania Ribeirão Preto/SP CEP 14.096660, do Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte SIMPLES, de que trata a Lei n° 9.317, de 05 de dezembro de 1996, na condição de Empresa de Pequeno Porte, tendo em vista ter auferido no ano calendário 2006, receita bruta superior a R$2.400.000,00. 2 A exclusão surtirá efeito a partir de 01/01/2007. 3 Poderá a empresa, no prazo de 30 (trinta) dias contados da ciência deste ADE, manifestarse por escrito, sua inconformidade relativamente ao procedimento acima, ao Delegado da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto, protocolada na unidade da Secretaria da Receita Federal do Brasil de sua jurisdição, nos termos do Decreto n° 70.235, de 06 de março de 1972. 19 Fundamentação legal: art. 179 da Constituição Federal, art. 2º da Lei nº 4.717, de 29 de junho de 1965, § 2º do art. 9º do DecretoLei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977 e Lei nº 9.317, de 5 de dezembro de 1996 e a Lei Complementar n° 123, de 14 de dezembro de 2006. 20 BRASIL.Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial Repetitivo nº 1124507/MG. Ministro Relator:Benedito Gonçalves, Primeira Seção, Brasília, DF, 28 de abril de 2010. Disponível em: < https://ww2.stj.jus.br/revistaeletronica/Abre_Documento.asp?sSeq=966764&sReg=200900296277&sData=20100 506&formato=PDF>. Acesso em: 31 ago.2011. 21 Fundamentação legal: art. 179 da Constituição Federal, Lei nº 9.317, de 5 de dezembro de 1996 e art. 62A do Regimento Interno do CARF. Fl. 2048DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10840.720468/201066 Acórdão n.º 1803002.504 S1TE03 Fl. 2.049 72 4 Não havendo manifestação nesse prazo, a exclusão tornarseá definitiva. [...] O Delegado da Receita Federal do Brasil em Ribeirão PretoSP, no uso das suas atribuições e tendo em vista o disposto no inciso I do art. 12° da Resolução CGSN n° 4, de 30 de maio de 2007, da Lei Complementar n° 123/2006, e do que consta no Processo Administrativo n° 10840.720.468/201066, declara: 1 A exclusão da empresa ZAP MATERIAIS PARA CONSTRUÇÃO LTDA, CNPJ n° 96.418.892/000114, situada na Rua Mario de Souza, 530, Nova Ribeirãnia, Ribeirão Preto/SP, CEP 14.096660, do Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte Simples Nacional, na condição de Empresa de Pequeno Porte, de que trata a Lei Complementar n° 123, de 14 de dezembro de 2006, tendo em vista ter auferido no anocalendário 2006, receita bruta superior a R$2.400.000,00. 2 A exclusão surtirá efeito a partir de 01/07/2007. 3 Poderá a empresa, no prazo de 30 (trinta) dias contados da ciência deste ADE, manifestarse por escrito, sua inconformidade relativamente ao procedimento acima, ao Delegado da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto, protocolada na unidade da Secretaria da Receita Federal do Brasil de sua jurisdição, nos termos do Decreto n° 70.235, de 06 de março de 1972. 4 Não havendo manifestação nesse prazo, a exclusão tornarseá definitiva. Ambos foram cientificados a Recorrente em 18.01.2011, fls. 16841685, concomitantemente com os Autos de Infração, fls. 15681645. Desse modo não há que se falar que um procedimento deveria estar findo na esfera administrativa para que o outro fosse formalizado, já que a atividade administrativa fiscal é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional, nos termos do art. 116 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990. No presente caso os atos de exclusão surtem efeito no anocalendário subseqüente àquele em que for ultrapassado o limite da receita bruta, termo a partir do qual fica sujeita às normas de tributação aplicáveis às demais pessoas jurídicas22. Este é o entendimento constante na decisão definitiva de mérito proferida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) em recurso especial repetitivo nº 1124507/MG, cujo trânsito em julgado ocorreu em 16.06.201023 e que deve ser reproduzido pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF24. Assim, os efeitos retroativos das exclusões do Simples e do Simples Nacional estão corretos, em observância a legislação tributária de regência. A afirmação suscitada pela defendente, destarte, não é pertinente. No que concerne à interpretação da legislação e aos entendimentos doutrinários e jurisprudenciais indicados pela Recorrente, cabe esclarecer que somente devem 22 Fundamentação legal: Lei nº 9.317, de 05 de dezembro de 1996 e Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006. 23 BRASIL.Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial Repetitivo nº 1124507/MG. Ministro Relator:Benedito Gonçalves, Primeira Seção, Brasília, DF, 28 de abril de 2010. Disponível em: < https://ww2.stj.jus.br/revistaeletronica/Abre_Documento.asp?sSeq=966764&sReg=200900296277&sData=20100 506&formato=PDF>. Acesso em: 31 ago.2014. 24 Fundamentação legal: art. 179 da Constituição Federal, Lei nº 9.317, de 5 de dezembro de 1996 e art. 62A do Regimento Interno do CARF. Fl. 2049DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10840.720468/201066 Acórdão n.º 1803002.504 S1TE03 Fl. 2.050 73 ser observados os atos para os quais a lei atribua eficácia normativa, o que não se aplica ao presente caso25. A alegação relatada pela defendente, consequentemente, não está justificada. Atinente aos princípios constitucionais que a Recorrente aduz que supostamente foram violados, cabe ressaltar que o CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária, uma vez que no âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade26. Temse que nos estritos termos legais o procedimento fiscal está correto, conforme o princípio da legalidade a que o agente público está vinculado (art. 37 da Constituição Federal, art. 116 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, art. 2º da Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999, art. 26A do Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972 e art. 41 do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de julho de 2009). A proposição afirmada pela defendente, desse modo, não tem cabimento. O nexo causal entre as exigências de créditos tributários, formalizados em autos de infração instruídos com todos os elementos de prova, determina que devem ser objeto de um único processo no caso em que os ilícitos dependam da mesma comprovação e sejam relativos ao mesmo sujeito passivo 27. Os lançamentos de PIS, de CSLL, de COFINS e de INSS sendo decorrentes das mesmas infrações tributárias, a relação de causalidade que os informa leva a que os resultados dos julgamentos destes feitos acompanhem aqueles que foram dados à exigência de IRPJ. Em assim sucedendo, voto por negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva 25 Fundamentação legal: art. 100 do Código Tributário Nacional e art. 26A do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972. 26 Fundamentação legal: art. 26A do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 e Súmula CARF nº 2. 27 Fundamentação legal: art. 9º do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972. Fl. 2050DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10840.720468/201066 Acórdão n.º 1803002.504 S1TE03 Fl. 2.051 74 Fl. 2051DF CARF MF Impresso em 23/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 18/02/2 015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA
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Numero do processo: 10680.912804/2009-41
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 28 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Thu Apr 09 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 31/03/2005
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO, CONTRADIÇÃO E OBSCURIDADE. CABIMENTO.
Constatada a existência de omissão, obscuridade e contradição em acórdão exarado, correto o manejo dos embargos de declaração visando sanar os vícios apontados.
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. EFEITOS INFRINGENTES. NÃO CABIMENTO.
O saneamento dos vícios apontados não tem necessariamente o condão de alterar o resultado do acórdão embargado, caso em que os embargos devem ser acolhidos parcialmente, sem os efeitos infringentes.
Numero da decisão: 3201-001.857
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros da 1ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em conhecer os embargos e os acolher parcialmente, sem lhe dar efeitos infringentes, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgamento. Houve sustentação oral pela patrona Dra. Teresa Mourão Passos Coutinho.
(ASSINADO DIGITALMENTE)
Joel Miyazaki - Presidente.
(ASSINADO DIGITALMENTE)
Daniel Mariz Gudiño - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Joel Miyazaki (presidente), Winderley Morais Pereira, Daniel Mariz Gudiño, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Ana Clarissa Masuko Araújo dos Santos e Luciano Lopes de Almeida Moraes.
Nome do relator: DANIEL MARIZ GUDINO
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Data do fato gerador: 31/03/2005 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO, CONTRADIÇÃO E OBSCURIDADE. CABIMENTO. Constatada a existência de omissão, obscuridade e contradição em acórdão exarado, correto o manejo dos embargos de declaração visando sanar os vícios apontados. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. EFEITOS INFRINGENTES. NÃO CABIMENTO. O saneamento dos vícios apontados não tem necessariamente o condão de alterar o resultado do acórdão embargado, caso em que os embargos devem ser acolhidos parcialmente, sem os efeitos infringentes.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros da 1ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em conhecer os embargos e os acolher parcialmente, sem lhe dar efeitos infringentes, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgamento. Houve sustentação oral pela patrona Dra. Teresa Mourão Passos Coutinho. (ASSINADO DIGITALMENTE) Joel Miyazaki - Presidente. (ASSINADO DIGITALMENTE) Daniel Mariz Gudiño - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Joel Miyazaki (presidente), Winderley Morais Pereira, Daniel Mariz Gudiño, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Ana Clarissa Masuko Araújo dos Santos e Luciano Lopes de Almeida Moraes.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1889; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C2T1 Fl. 258 1 257 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10680.912804/200941 Recurso nº Embargos Acórdão nº 3201001.857 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 28 de janeiro de 2015 Matéria COMPENSAÇÃO PIS Embargante FEDERAÇÃO INTERFEDERATIVA DAS COOPERATIVAS DE TRABALHO MÉDICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 31/03/2005 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO, CONTRADIÇÃO E OBSCURIDADE. CABIMENTO. Constatada a existência de omissão, obscuridade e contradição em acórdão exarado, correto o manejo dos embargos de declaração visando sanar os vícios apontados. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. EFEITOS INFRINGENTES. NÃO CABIMENTO. O saneamento dos vícios apontados não tem necessariamente o condão de alterar o resultado do acórdão embargado, caso em que os embargos devem ser acolhidos parcialmente, sem os efeitos infringentes. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros da 1ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em conhecer os embargos e os acolher parcialmente, sem lhe dar efeitos infringentes, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgamento. Houve sustentação oral pela patrona Dra. Teresa Mourão Passos Coutinho. (ASSINADO DIGITALMENTE) Joel Miyazaki Presidente. (ASSINADO DIGITALMENTE) Daniel Mariz Gudiño Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 91 28 04 /2 00 9- 41 Fl. 259DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 08/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 26/02/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO Processo nº 10680.912804/200941 Acórdão n.º 3201001.857 S3C2T1 Fl. 259 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Joel Miyazaki (presidente), Winderley Morais Pereira, Daniel Mariz Gudiño, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Ana Clarissa Masuko Araújo dos Santos e Luciano Lopes de Almeida Moraes. Relatório Tratase de embargos de declaração opostos por Federação Interfederativa das Cooperativas de Trabalho Médico do Estado de Minas Gerais, doravante simplesmente Embargante, contra o Acórdão nº 3201001.256, datado de 23/04/2013, proferido por este colegiado, que negou provimento ao seu recurso voluntário. O acórdão embargado restou assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 31/03/2005 COOPERATIVAS EM GERAL. INCIDÊNCIA CONCOMITANTE SOBRE FATURAMENTO E FOLHA DE SALÁRIOS. LEGALIDADE. Quando a sociedade cooperativa realiza as exclusões legais da base de cálculo do PIS Faturamento, é devido o PIS Folha concomitantemente, nos termos do art. 15, § 2º, da Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, e do art. 32, § 4º, do Decreto nº 4.524, de 2002. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 31/03/2005 DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e a existência do crédito que alega possuir junto Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 31/03/2005 COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA. Apenas os créditos líquidos e certos são passíveis de compensação tributária, conforme artigo 170 do Código Tributário Nacional. Inconformada com a decisão, a Embargante recorreu na forma do art. 65, inc. II, do Anexo II, do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 2009, e alterações posteriores. Em síntese, a Embargante alega o seguinte: a) A Embargante não procedeu às deduções trazidas pelo Decreto nº 4.524, de 2002, na apuração do PIS Faturamento, não havendo sequer o enquadramento na suposta exigência do PIS Folha. Portanto, o acórdão Fl. 260DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 08/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 26/02/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO Processo nº 10680.912804/200941 Acórdão n.º 3201001.857 S3C2T1 Fl. 260 3 foi omisso com relação aos documentos juntados (não apenas balancetes) e com relação à possibilidade de se converter o julgamento em diligência, em face da primazia da verdade real; b) Ainda que a Embargante houvesse deduzido as sobras cooperativistas previstas no inciso VI daquele Decreto, a legislação que introduziu a possibilidade de as cooperativas deduzirem da base de cálculo do PIS/Cofins os valores referentes às suas sobras não ampliou o rol de deduções do art. 15 da Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, e não há previsão na Lei nº 10.676, de 2003, para que as deduções das sobras se sujeitem à incidência do PIS Folha. Com efeito, o acórdão foi omisso com relação à base legal para a incidência do PIS Folha; foi obscuro na construção do raciocínio que levou o colegiado a decidir pela incidência de PIS Folha sobre as deduções das sobras; e foi contraditório quando mencionou que o Decreto nº 4.542, de 2002, incluiu nova hipótese de dedução àquelas contidas originariamente no art. 15 da Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, a qual, todavia, já era implícita; c) Ainda que o legislador ordinário houvesse optado por incluir um sexto inciso no art. 15 da Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, permitindo a dedução das sobras (ou outras quaisquer) na base tributável do PIS/Cofins, seria inadmissível a imposição à Embargante do recolhimento do PIS Folha, haja vista o teor do vigente § 2º do mencionado dispositivo, que restringe a subsunção a essa modalidade relativamente às operações referidas nos incisos I a V do caput do mesmo dispositivo legal. Por fim, a Embargante pleiteia o saneamento dos vícios apontados com os efeitos infringentes cabíveis. É o relatório. Voto Conselheiro Daniel Mariz Gudiño O recurso atende aos pressupostos de admissibilidade previstos no Decreto nº 70.235, de 1972, razão pela qual deve ser conhecido. I – Omissões Inicialmente cumpre esclarecer que, de acordo com os arts. 18 e 29 do Decreto nº 70.235, de 1972, embora o sujeito passivo possa pleitear a realização de diligências, a sua realização é uma faculdade da autoridade julgadora, uma vez que ela precisa estar certa dos fatos sobre os quais proferirá a decisão. Quando o sujeito passivo pleiteia um direito, incumbelhe trazer provas robustas de que esse direito existe, salvo quando ele não dispuser dos meios necessários para fazer essa prova. Nestes casos, a autoridade julgadora tende a acolher o pedido de diligência, embora não esteja obrigada a fazêlo. Fl. 261DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 08/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 26/02/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO Processo nº 10680.912804/200941 Acórdão n.º 3201001.857 S3C2T1 Fl. 261 4 De todo modo, para não restar quaisquer dúvidas acerca do acórdão embargado, convém sanear as alegadas omissões. No caso concreto, houve a relativização da preclusão material, aceitandose os documentos trazidos em fase recursal. Em suma, a Embargante trouxe o inteiro teor da Solução de Consulta nº 412, de 2004, expedida pelo Chefe da DISIT da Superintendência Regional da Receita Federal – 6ª Região, com o objetivo de demonstrar que não estava sujeita ao regime de PIS Folha; e parte dos balancetes, a fim de demonstrar que não efetuou a dedução das sobras cooperativistas no cálculo do PIS Faturamento. Contudo, tais documentos não foram suficientes para formar a convicção dos julgadores na medida em que a solução de consulta apenas informou que as receitas da Embargante não estavam isentas da Cofins e sujeitas ao PIS Folha, na forma do art. 13 e 14 da Medida Provisória nº 2.15835, de 2001. Em outras palavras, a solução de consulta não entrou no mérito da incidência do PIS Folha especificamente sobre as exclusões previstas no art. 15 da Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, ou no art. 1º da Lei nº 10.676, de 2003. Desse modo, permaneceu a dúvida acerca da não sujeição da Embargante à incidência do PIS Folha no caso específico da exclusão prevista no art. 1º da Lei nº 10.676, de 2003. Por outro lado, a Embargante não provou, de forma cabal, que deixou de realizar a exclusão permitida no art. 1º, § 2º, da Lei nº 10.676, de 2003, com a simples juntada parcial dos balancetes contábeis. A conduta da Embargante contrariou, pois, o comando legal previsto no art. 333, inc. I, do Código de Processo Civil, que se aplica subsidiariamente ao processo administrativo fiscal. Confirase: Art. 333. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; [...] Registrese que, no caso concreto, o processo é de iniciativa da Embargante, e não da fiscalização. Tratase de um pedido de compensação. Com efeito, cabia à Embargante, no momento oportuno, demonstra a existência do seu direito creditório, o que não conseguiu com a Solução de Consulta SRRF 6ª Região nº 412, de 2004, nem com os balancetes contábeis. Para isso, bastaria que a Recorrente juntasse a memória de cálculo detalhada da apuração do PIS Faturamento, o que não foi feito em momento algum. No tocante à omissão com relação à base legal para a incidência do PIS Folha no caso das sobras cooperativistas, a Embargante está parcialmente correta. De fato, a legislação poderia e deveria ser mais clara sobre o assunto, pois não há lei strictu senso que diga expressamente que a parcela das deduções de sobras cooperativas está sujeita à incidência de PIS Folha. Essa previsão somente está contida, de forma expressa, no art. 32, § 4º, do Decreto nº 4.524, de 2002, e no art. 4º da Instrução Normativa SRF nº 145, de 2002. Porém, quando o legislador incluiu a hipótese das sobras cooperativistas entre as hipóteses de exclusão do art. 15 da Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, por meio do art. 36 da Medida Provisória nº 66, de 2002, quis lhe dar o mesmo tratamento tributário aplicável Fl. 262DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 08/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 26/02/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO Processo nº 10680.912804/200941 Acórdão n.º 3201001.857 S3C2T1 Fl. 262 5 às demais exclusões. Após a edição da referida medida provisória, foram editados o Decreto nº 4.524, de 2002, e a Instrução Normativa SRF nº 145, de 2002. Contudo, no processo de conversão da Medida Provisória nº 66, o art. 36 não foi aprovado, quando, então, tanto o decreto quanto a instrução normativa ficaram sem embasamento legal. Contudo, isso ocorreu por pouco tempo, pois logo foi editada uma outra medida provisória que acabou sendo convertida na Lei nº 10.676, de 2003, saneando a falta de base legal temporária para os dispositivos infralegais citados anteriormente. Como o período em discussão no presente processo administrativo é posterior à Lei nº 10.676, de 2003, a incidência de PIS Folha sobre a exclusão de sobras cooperativistas já estava respaldada em lei strictu senso. Mesmo que a Embargante discorde desse raciocínio, não poderia ignorar a existência do Decreto nº 4.524, de 2002, sem estar protegida por decisão judicial, ainda que precária. Logo, repitase, a Embargante deveria ter comprovado, de forma cabal, que não excluiu qualquer sobra cooperativista da base de cálculo do PIS Faturamento, a fim de justificar que o recolhimento que motivou a sua declaração de compensação era realmente indevido pelo simples fato de ser recolhimento de PIS Folha. II – Obscuridade A Embargante também alega que o acórdão embargado foi obscuro na construção do raciocínio que levou o colegiado a decidir pela incidência de PIS Folha sobre as deduções das sobras. Na medida em que a Embargante não trouxe aos autos do presente processo prova (i) de que estava amparada por decisão judicial que afastasse a aplicação do art. 32, § 4º, do Decreto nº 4.524, de 2002, e do art. 4º da Instrução Normativa SRF nº 145, de 2002, ou (ii) de que não excluíra as sobras cooperativistas da base de cálculo do PIS Faturamento, o colegiado partiu da premissa lógica de que o PIS Folha era devido e foi recolhido de forma acertada, assim como fizeram as autoridades integrantes das Delegacias de Fiscalização – DRF e de Julgamento – DRJ. O raciocínio é simples: a Embargante é uma cooperativa de serviços médicos e recolheu um DARF no código de PIS Folha. Logo, pressupõese que a Embargante excluiu da base de cálculo do PIS Faturamento as sobras cooperativistas, tendo recolhido, em contrapartida, o PIS Folha, nos termos do art. 32, § 4º, do Decreto nº 4.524, de 2002, e do art. 4º da Instrução Normativa SRF nº 145, de 2002. Qualquer raciocínio diverso demandaria prova em contrário. Saneado o vício de obscuridade, fazse imperioso analisar o vício de contradição. III – Contradição O relator do acórdão embargado concorda que se expressou de forma contraditória quando mencionou que o Decreto nº 4.542, de 2002, incluiu nova hipótese de exclusão àquelas contidas originariamente no art. 15 da Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, a qual, todavia, já era implícita. Fl. 263DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 08/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 26/02/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO Processo nº 10680.912804/200941 Acórdão n.º 3201001.857 S3C2T1 Fl. 263 6 Portanto, propõese a supressão da parte destacada no trecho do voto abaixo transcrito: Quanto à alegação de que o Decreto nº 4.524, de 2002 e as Instruções Normativas SRF nº 145, de 1999, e nº 247, de 2002, são ilegais quando prevêem a incidência do PIS Folha sobre deduções de sobras, também não merece amparo a Recorrente. Com efeito, o referido decreto apenas estabelece, em seu art. 32, uma nova hipótese de exclusão de base de cálculo na apuração do PIS Faturamento, qual seja, o valor das sobras apuradas na Demonstração do Resultado do Exercício, antes da destinação para a constituição do Fundo de Reserva e do Fundo de Assistência Técnica, Educacional e Social, previstos no art. 28 da Lei nº 5.764, de 1971. Naturalmente, se o valor das sobras poderia ser excluído da base de cálculo do PIS Faturamento, caberia a incidência cumulativa do PIS Folha, a exemplo das demais exclusões já previstas no art. 15 da Medida Provisória nº 2.15835, de 2001. Portanto, o decreto em questão apenas tratou de explicitar algo que já estava implícito na própria norma que tratava das demais exclusões de base de cálculo do PIS Faturamento. É preciso ressaltar, ainda, que a exclusão do valor das sobras referidas no art. 32 do Decreto nº 4.524, de 2002, é decorrência do art. 36 da Medida Provisória nº 66, de 2002. Confirase o seu teor: [...] Como decorrência dessa supressão, o trecho em questão deverá integrar o acórdão embargado da seguinte maneira: Quanto à alegação de que o Decreto nº 4.524, de 2002 e as Instruções Normativas SRF nº 145, de 1999, e nº 247, de 2002, são ilegais quando prevêem a incidência do PIS Folha sobre deduções de sobras, também não merece amparo a Recorrente. Com efeito, a exclusão do valor das sobras referidas no art. 32 do Decreto nº 4.524, de 2002, é decorrência do art. 36 da Medida Provisória nº 66, de 2002. Confirase o seu teor: [...] Diante de todo o exposto, ACOLHO PARCIALMENTE os embargos declaratórios para sanear a contradição e demais vícios do acórdão embargado, sem lhe emprestar, contudo, os efeitos infringentes. (ASSINADO DIGITALMENTE) Daniel Mariz Gudiño Fl. 264DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 08/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 26/02/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO Processo nº 10680.912804/200941 Acórdão n.º 3201001.857 S3C2T1 Fl. 264 7 Fl. 265DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/02/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO, Assinado digitalmente em 08/04/2015 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 26/02/2015 por DANIEL MARIZ GUDINO
score : 1.0
Numero do processo: 10580.728872/2011-77
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 21 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Thu Feb 26 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2010
APRESENTAÇÃO DE RECURSO VOLUNTÁRIO FORA DO PRAZO LEGAL. NÃO CONHECIMENTO.
O recurso apresentado, após o trigésimo dia da ciência da decisão a quo, não merece ser conhecido.
INTIMAÇÃO VIA POSTAL. DOMICÍLIO FISCAL DO SUJEITO PASSIVO. RECEBIMENTO POR TRABALHADOR ALI ATUANTE. VALIDADE.
É válida a intimação por via postal recebida por trabalhador com atuação na recepção do domicílio fiscal eleito pelo sujeito passivo.
Recurso Voluntário Não Conhecido.
Numero da decisão: 2401-003.820
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso.
Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira - Presidente em Exercício
Kleber Ferreira de Araújo - Relator
Participaram do presente julgamento o(a)s Conselheiro(a)s Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Kleber Ferreira de Araújo, Igor Araújo Soares, Carolina Wanderley Landim, Carlos Henrique de Oliveira e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira.
Nome do relator: KLEBER FERREIRA DE ARAUJO
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2010 APRESENTAÇÃO DE RECURSO VOLUNTÁRIO FORA DO PRAZO LEGAL. NÃO CONHECIMENTO. O recurso apresentado, após o trigésimo dia da ciência da decisão a quo, não merece ser conhecido. INTIMAÇÃO VIA POSTAL. DOMICÍLIO FISCAL DO SUJEITO PASSIVO. RECEBIMENTO POR TRABALHADOR ALI ATUANTE. VALIDADE. É válida a intimação por via postal recebida por trabalhador com atuação na recepção do domicílio fiscal eleito pelo sujeito passivo. Recurso Voluntário Não Conhecido.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2010 APRESENTAÇÃO DE RECURSO VOLUNTÁRIO FORA DO PRAZO LEGAL. NÃO CONHECIMENTO. O recurso apresentado, após o trigésimo dia da ciência da decisão a quo, não merece ser conhecido. INTIMAÇÃO VIA POSTAL. DOMICÍLIO FISCAL DO SUJEITO PASSIVO. RECEBIMENTO POR TRABALHADOR ALI ATUANTE. VALIDADE. É válida a intimação por via postal recebida por trabalhador com atuação na recepção do domicílio fiscal eleito pelo sujeito passivo. Recurso Voluntário Não Conhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 72 88 72 /2 01 1- 77 Fl. 8910DF CARF MF Impresso em 26/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 03/02 /2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 24/02/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIR O E SILVA VIEIRA 2 ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso. Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Presidente em Exercício Kleber Ferreira de Araújo Relator Participaram do presente julgamento o(a)s Conselheiro(a)s Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Kleber Ferreira de Araújo, Igor Araújo Soares, Carolina Wanderley Landim, Carlos Henrique de Oliveira e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira. Fl. 8911DF CARF MF Impresso em 26/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 03/02 /2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 24/02/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIR O E SILVA VIEIRA Processo nº 10580.728872/201177 Acórdão n.º 2401003.820 S2C4T1 Fl. 8.911 3 Relatório Tratase de recurso interposto pelo sujeito passivo contra o Acórdão n.º 15 31.960 de lavra da 5.ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento – DRJ em Salvador (BA), que julgou improcedente em parte a impugnação apresentada para desconstituir os seguintes Autos de Infração AI: a) AI n.º 51.002.3387: exigência das contribuições dos segurados não arrecadadas, nem declaradas na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social GFIP; b) AI n.º 51.002.3395: exigência das contribuições patronais para a Seguridade Social não declaradas na GFIP; c) AI n.º 51.002.3409: exigência das contribuições dos segurados arrecadadas e não declaradas na GFIP; d) AI n.º 51.002.3417: exigência da contribuição destinada a outras entidades ou fundos; e) AI n.º 51.002.3425: aplicação de multa pela conduta da empresa de preparar folhas de pagamento em descompasso com os padrões normativos, deixando de incluir o nome de segurados contribuintes individuais a seu serviço; f) AI n.º 51.002.3433: aplicação de multa pela conduta da empresa de deixar de lançar em títulos próprios da sua contabilidade fatos geradores de contribuições previdenciárias. Observouse a escrituração de fatos geradores de forma conjunta com pagamentos de outra natureza; g) AI n.º 51.002.3441: aplicação de multa pela conduta da empresa de deixar de atender a intimações do fisco para apresentação de documentos relacionados às contribuições previdenciárias; h) AI n.º 51.002.3450: aplicação de multa pela conduta da empresa de deixar de arrecadar a contribuição previdenciária de segurados a seu serviço. Os fatos geradores foram agrupados por levantamentos, os quais passo a listar: a) AL Alimentação: fornecimento de alimentação sem inscrição no PAT; b) CS Diferença Contribuição Seg. Empregado: diferença entre a contribuição do segurados calculado pelo fisco e o montante calculado pela empresa; c) PF Serviço Prestado Pessoa Física: pagamentos a contribuintes individuais não declarados; d) AD Alimentação Paga em pecúnia; Fl. 8912DF CARF MF Impresso em 26/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 03/02 /2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 24/02/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIR O E SILVA VIEIRA 4 e) AP Aviso Prévio Indenizado no período entre janeiro e setembro de 2009; f) SF Glosa de Salário Família pago em desacordo com a legislação; g) VD Vale Transporte pago em pecúnia; h) VT Diferença de desconto Vale Transporte valores não descontados; i) P3 Adicional pago na despedida; j) CO Cooperativas de Trabalho; e k) FP Diferenças de Folha de Pagamento; l) AC AuxílioCreche pago em desconformidade com a lei; e m) FP remunerações constante em folha de pagamento e não declarada na GFIP. Cientificada no lançamento em 14/08/2011, a empresa ofertou impugnação, cujas razões foram parcialmente acatadas pela DRJ. Foram excluídos os valores correspondentes ao fornecimento de alimentação in natura; os valores correspondentes ao vale transporte. Inconformado, o sujeito passivo interpôs recurso voluntário, no qual, em apertada síntese, ponderou sobre os pontos abaixo. Tempestividade A Sra. Meirivan Oliveira, que assinou o AR referente à ciência da decisão de primeira instância, não é empregada do Hospital da Bahia, conforme comprova a folha de pagamento de julho de 2013, mês em que houve a suposta entrega do acórdão recorrido. Essa pessoa é recepcionista terceirizada do Centro Médico do Hospital da Bahia, unidade autônoma ao próprio Hospital da Bahia. Este Centro Médico ocupa um bloco independente e conta com diversas salas para locação a terceiros (clínicas, médicos, etc.), possuindo inclusive espaços comerciais estranhos ao serviço médico. Na verdade é uma espécie de "Shopping Médico", funcionando em bloco apartado ao Hospital. Uma prova de que possuem estruturas diversas é que o Hospital possui website diverso daquele do Centro Médico, além de que as recepções funcionam em entradas individualizadas, conforme comprovam as fotos acostadas. O empregado dos Correios não se atentou para esta diferenciação e erroneamente entregou um documento pertencente ao Hospital da Bahia no Centro Médico. Por esse motivo, a recepcionista do Centro Médico, desconhecedora dos assuntos administrativos do Hospital, realizou o encaminhamento equivocado da decisão, gerando a pretensa preclusão. Por não ter sido efetuada em unidade da recorrente, é nula a intimação fiscal. Essa conclusão é obtida quando se interpreta harmonicamente o Decreto n.º 70.235/1972 com a Lei n.º 9.784/1999, restando evidente que foram violadas as formalidades essenciais à garantia Fl. 8913DF CARF MF Impresso em 26/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 03/02 /2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 24/02/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIR O E SILVA VIEIRA Processo nº 10580.728872/201177 Acórdão n.º 2401003.820 S2C4T1 Fl. 8.912 5 do direito do contribuinte, quando foi entregue a intimação a pessoa não integrante do seu quadro funcional, em recepção autônoma e diversa da área do recorrente. A melhor solução a ser dada a esta questão é aquela que atenda ao interesse público, qual seja, assegurar a ciência do sujeito passivo acerca de decisão administrativa que lhe impõe sanções. Nulidade do lançamento. Falha na apuração do crédito tributário A conduta do fisco de deixar de apropriar os recolhimentos efetuados pelo sujeito passivo, sob o argumento de que inexistiriam as GFIP que dessem suporte aos pagamentos é contraditória e ilegal. Não faz sentido desconsiderar as declarações anteriores que teriam sido apagadas pela última GFIP apresentada para cada competência e assim adotar como parâmetro de fiscalização uma guia contendo apenas um segurado. Assim, em razão da falta de apropriação dos recolhimentos, as lavraturas representam uma expropriação indevida do patrimônio do sujeito passivo em flagrante desrespeito à legalidade, à propriedade privada, bem como aos princípios do contraditório e da ampla defesa. Apresenta decisões do CARF e textos doutrinários que justificariam a nulificação das lavraturas. Não incidência de contribuições sobre verbas que não se amoldam ao conceito constitucional de remuneração Lança mão de textos doutrinários, decisões judiciais e de solução de consulta emanada do INSS para demonstrar que o legislador tributário não é livre para adotar um conceito de saláriodecontribuição que não se amolde ao conceito de salário consagrado no Direito do Trabalho e adotado expressamente pela Constituição Federal para definir a competência tributária da União. Por conseguinte, é defeso à Lei n.º 8.212/1991 incluir parcelas na base de cálculo da contribuição previdenciária que não revelem contraprestação por serviços prestados, muito menos estipular condições não previstas pela legislação trabalhista para a caracterização de utilidades não integrativas do salário. A seguir passa a tratar individualmente de cada parcela que entende não subsumir ao conceito de saláriodecontribuição. O terço constitucional de férias não deve sofrer tributação previdenciária, posto que possui natureza indenizatória. Esse é o entendimento do STF, que mais recentemente passou a ser adotado pelo STJ. O benefício previdenciário do saláriomaternidade não se confunde com o conceito de remuneração paga ou devida em razão da prestação de serviço, assim se afigura absolutamente indevida a exigência de qualquer contribuição a cargo da empresa incidente sobre essa rubrica. O STJ que vem julgando a favor da tributação, em breve deve alterar o seu posicionamento sobre a questão. Fl. 8914DF CARF MF Impresso em 26/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 03/02 /2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 24/02/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIR O E SILVA VIEIRA 6 Provisão não significa pagamento de remuneração, haja vista que pode ser objeto de reversão, caso o segurado não reúna as condições para fazer jus aos valores provisionados. Ressaltese que a constituição de provisão é mera técnica instituída em respeito aos Princípios Fundamentais da Contabilidade. Assim, não podem sofrer incidência de contribuições as provisões para férias e 13.º salário. A incidência de contribuição sobre o aviso prévio indenizado (levantamento AP) e sobre o aviso prévio previsto nas convenções coletivas de trabalho (levantamento P3) não deve prevalecer. O aviso prévio possui natureza de indenização, posto que é um instituto bilateral, já que tanto o empregador quanto o empregado têm obrigação de comunicar um ao outro da sua intenção de romper o liame de emprego. Assim, não se pode tomar essas parcelas como remuneração. O mesmo tratamento deve receber a parcela relativa ao 13.º salário proporcional ao período do aviso prévio, caso este tenha sido indenizado pelo empregador. Junta decisões judiciais que afastam a exação. O auxílio creche possui natureza essencialmente indenizatória, não se enquadrando no conceito de salário previsto nas leis trabalhistas, razão pela qual não pode servir de base para incidência de contribuições previdenciárias. Nesse sentido, não poderia a lei previdenciária impor condições para descaracterização da referida parcela, posto que os conceitos de salário e de remuneração encontramse perfeitamente delineados na lei trabalhista. É assim que têm decidido os tribunais pátrios, conforme decisões colacionadas. Trilhando o mesmo entendimento o CARF editou a Súmula n.º 23. Outro motivo para se afastar a tributação sobre o auxílio creche é que todas as normas coletivas do trabalho a que a recorrente estava submetida prevêem a concessão do benefício aos filhos dos empregados, excluindo tal parcela da remuneração para todos os efeitos legais. A Lei n.º 9.876/1999, ao instituir a contribuição previdenciária, a cargo da empresa tomadora, sobre os valores pagos ou creditados a cooperativas de trabalho, violou o texto constitucional, pois elegeu fato gerador estranho àqueles previstos, em caráter taxativo, pelo art. 195, I, da Carta Magna. A esse propósito, há recentes decisões do STF no sentido de conceder efeito suspensivo aos recursos extraordinários interpostos contra decisões que reconhecem a validade da contribuição em tela. As multas isoladas por descumprimento de obrigação acessória não podem subsistir com a multa de ofício de 75%. Se a empresa já foi apenada com multa de ofício incidente sobre as contribuições devidas, a imposição de multas isoladas decorrentes do descumprimento de obrigações acessórias representam inadmissível bis in idem. Apresenta decisões do CARF que afastam essa abusividade. Requer o afastamento da incidência dos juros moratórios sobre a multa de ofício, uma vez que, no âmbito dos tributos administrados pela RFB, a legislação em vigor não autoriza a exigência de juros sobre multa. Fl. 8915DF CARF MF Impresso em 26/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 03/02 /2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 24/02/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIR O E SILVA VIEIRA Processo nº 10580.728872/201177 Acórdão n.º 2401003.820 S2C4T1 Fl. 8.913 7 Ao final, pediu pela declaração de nulidade ou improcedência das lavraturas, com seu consequente cancelamento. É o relatório. Fl. 8916DF CARF MF Impresso em 26/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 03/02 /2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 24/02/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIR O E SILVA VIEIRA 8 Voto Conselheiro Kleber Ferreira de Araújo, Relator Admissibilidade Conforme consta dos autos, a empresa tomou ciência da decisão da DRJ em 31/07/2013, fl. 8.848, tendo protocolizado sua peça recursal em 03/12/2013, fl. 8.850, portanto, fora do prazo legal. Nos termos do Decreto n.º 70.235/1972, o prazo para interposição de recursos é de 30 dias da ciência da decisão de primeira instância. Eis o dispositivo: Art. 33. Da decisão caberá recurso voluntário, total ou parcial, com efeito suspensivo, dentro dos trinta dias seguintes à ciência da decisão. A empresa, todavia, alega que seu recurso não pode ser considerado intempestivo, haja vista que a intimação da decisão a quo deve ser anulada. Assevera que, malgrado o AR referente ao acórdão recorrido tenha sido entregue no endereço correspondente ao seu domicílio tributário, o recebimento se deu em recepção que não faz parte da estrutura do Hospital da Bahia. Sustenta: a pessoa que assinou o AR é estranha ao seu quadro funcional, sendo empregada de empresa terceirizada que atua no Centro Médico do Hospital da Bahia, o qual funciona em bloco diverso do Hospital. Por esse motivo, o acórdão da DRJ não foi entregue ao setor do recorrente que adotaria as providências corretas e no tempo certo. Afirma que o Hospital e Centro Médico são estruturas diversas inclusive possuindo sítios da internet individualizados. Acerca das intimações, o Decreto n.º 70.235/1972 assim dispõe: Art. 23. Farseá a intimação: I pessoal, pelo autor do procedimento ou por agente do órgão preparador, na repartição ou fora dela, provada com a assinatura do sujeito passivo, seu mandatário ou preposto, ou, no caso de recusa, com declaração escrita de quem o intimar; II por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo; III por meio eletrônico, com prova de recebimento, mediante: a) envio ao domicílio tributário do sujeito passivo; ou b) registro em meio magnético ou equivalente utilizado pelo sujeito passivo. Fl. 8917DF CARF MF Impresso em 26/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 03/02 /2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 24/02/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIR O E SILVA VIEIRA Processo nº 10580.728872/201177 Acórdão n.º 2401003.820 S2C4T1 Fl. 8.914 9 (...) § 2° Considerase feita a intimação: I na data da ciência do intimado ou da declaração de quem fizer a intimação, se pessoal; II no caso do inciso II do caput deste artigo, na data do recebimento ou, se omitida, quinze dias após a data da expedição da intimação; (...) A luz dos dispositivos acima, nenhum vício pode a princípio ser localizado na intimação realizada. Vêse que o órgão da RFB decidiu efetuar a intimação por via postal (inciso II), a qual foi perfectibilizada pela entrega no domicílio eleito pelo sujeito passivo, qual seja, Av. Professor Magalhães Neto, 1.541, Pituba, Salvador (BA). As fotos juntadas no recurso, bem como a pesquisa no sítio do Hospital da Bahia e do Centro Médico, demonstram que ambos fazem parte do mesmo empreendimento e se localizam em blocos distintos do mesmo endereço. A foto abaixo, retirada do sítio www.hospitaldabahia.com.br não deixa dúvida de que o Centro Médico é uma das unidades da empresa Hospital da Bahia: Assim, não assiste razão à recorrente quando afirma que Hospital e Centro Médico são unidade autônomas. Segundo as informações acima a estrutura do Hospital, Fl. 8918DF CARF MF Impresso em 26/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 03/02 /2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 24/02/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIR O E SILVA VIEIRA 10 composta de Blocos A, B, e C, está interligada física e virtualmente, não devendo prevalecer a alegação de que seriam unidade independentes. Por outro lado, o fato do AR ter sido assinado por empregado de empresa terceirizada que atua no Centro Médico, uma das unidades do Hospital situadas no mesmo endereço, não invalida a intimação, conforme se pode inferir da Súmula CARF n.º 09: Súmula CARF nº 9: É válida a ciência da notificação por via postal realizada no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor da correspondência, ainda que este não seja o representante legal do destinatário. Assim, tendo a intimação sido realizada por via postal, com comprovação de recebimento no domicílio fiscal eleito pelo sujeito passivo, não há que se falar em sua nulidade. Conclusão Voto pelo não conhecimento do recurso em razão da sua intempestividade. Kleber Ferreira de Araújo. Fl. 8919DF CARF MF Impresso em 26/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 03/02 /2015 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 24/02/2015 por ELAINE CRISTINA MONTEIR O E SILVA VIEIRA
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Numero do processo: 15504.720615/2013-85
Turma: Terceira Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 11 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Thu Apr 09 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2008 a 31/10/2008
SERVIÇOS PRESTADOS POR COOPERATIVAS DE TRABALHO. NÃO INCIDÊNCIA.
Não incide contribuições previdenciárias sobre os serviços prestados por meio de cooperativas de trabalho, conforme já decidiu o Supremo Tribunal Federal ao analisar o RE n. 595.838.
Recurso Voluntário Provido
Crédito Tributário Exonerado
Numero da decisão: 2803-004.200
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator.
(assinatura digital)
Helton Carlos Praia de Lima - Presidente
(assinatura digital)
Ricardo Magaldi Messetti - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Helton Carlos Praia de Lima (Presidente), Ricardo Magaldi Messetti, Amilcar Barca Teixeira Junior, Oseas Coimbra Junior, Gustavo Vettorato, Eduardo de Oliveira
Nome do relator: RICARDO MAGALDI MESSETTI
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NÃO INCIDÊNCIA. Não incide contribuições previdenciárias sobre os serviços prestados por meio de cooperativas de trabalho, conforme já decidiu o Supremo Tribunal Federal ao analisar o RE n. 595.838. Recurso Voluntário Provido Crédito Tributário Exonerado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. (assinatura digital) Helton Carlos Praia de Lima Presidente (assinatura digital) Ricardo Magaldi Messetti Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Helton Carlos Praia de Lima (Presidente), Ricardo Magaldi Messetti, Amilcar Barca Teixeira Junior, Oseas Coimbra Junior, Gustavo Vettorato, Eduardo de Oliveira AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 50 4. 72 06 15 /2 01 3- 85 Fl. 131DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 31/03/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LI MA 2 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto pela contribuintes Pedilar Assistência Pediátrica e Neonatal Domiciliar Ltda em face de acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Curitiba (PR) que restou assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2008 a 31/10/2008 CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. COOPERATIVA DE TRABALHO. A empresa contratante de serviços prestados por cooperados por intermédio de cooperativa de trabalho deverá reter e recolher à Previdência Social 15% do valor bruto de nota fiscal ou fatura de prestação de serviços, de acordo com o Art. 22, IV, da Lei 8212/91. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2008 a 31/10/2008 DECADÊNCIA. INOCORRÊNCIA O direito de a Fazenda Pública constituir crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos termos do artigo 173, I do CTN. ARGÜIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA. No âmbito do processo administrativo fiscal é vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar lei ou decreto sob fundamento de inconstitucionalidade, cujo reconhecimento é de competência do Poder Judiciário. ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 01/01/2008 a 31/10/2008 MULTA APLICADA. SUPERVENIÊNCIA DA LEI Nº 11.941/09. RETROATIVIDADE BENÉFICA. Para verificação da multa mais benéfica ao contribuinte, em relação aos fatos geradores ocorridos antes de 12/2008, deve ser comparada a multa de mora prevista no Art. 35, da Lei 8212/91, com a redação da Lei 9.528/97, somada à multa punitiva por descumprimento de obrigação acessória relativa à GFIP, prevista no artigo 32 da mesma norma legal, com a multa de ofício estabelecida no Art. 44, I, da Lei 9.430/96. Impugnação Improcedente Fl. 132DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 31/03/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LI MA Processo nº 15504.720615/201385 Acórdão n.º 2803004.200 S2TE03 Fl. 132 3 Crédito Tributário Mantido A Fiscalização efetuou o lançamento de crédito tributário em face da contribuinte por meio dos seguintes Autos de Infração: a) Debcad 37.392.2990, referente à contribuição previdenciária da empresa incidente sobre o valor bruto de notas ficais referentes a serviços prestados por cooperados por intermédio de cooperativa de trabalho, previstas no art. 22, IV, da Lei 8.212/91, ocorrido nas competências de 01/2008 a 10/2008, cujos valores não foram declarados em GFIP (Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social) e nem recolhidos à Seguridade Social; b) Debcad n.º 37.355.3072, referente à aplicação de multa (Código de Fundamentação Legal 68) por descumprimento de obrigação acessória, no valor de R$ 17.173,80, em virtude de a empresa ter apresentado GFIP’s com omissão de dados correspondentes a fatos geradores de contribuições previdenciárias incidentes nas competências de 01/2008 a 10/2008. Devidamente intimada da autuação fiscal, a contribuinte apresentou impugnação alegando, em síntese: a) decadência todos os pagamentos pelos serviços apontados pela auditoria ocorridos antes de 29/01/2008; b) a inconstitucionalidade da contribuição incidente sobre a contratação de cooperativas de trabalho; c) a comparação feita pela auditoria entre as penalidades aplicáveis foi incorreta, pois a confrontação recomendada seria entre as antigas multas previstas na legislação revogada e a nova penalidade de 20% prevista no Art. 32A da lei 8212/91 (dispositivo alterado pela Lei 11.941/2009 e que atualmente pune a suposta falta apontada), selecionandose a menos onerosa à contribuinte. Ao analisar as alegações da contribuinte, a DRJ entendeu por bem em manter intacto o lançamento efetuada pela fiscalização, não acolhendo as ponderações trazidas na impugnação, conforme se observa da ementada alhures colacionada. Irresignada com a decisão proferida pela DRJ, a contribuinte apresentou recurso voluntário, aduzindo, em apertado escorço: a) a obrigatoriedade deste Conselho em adotar o entendimento proferido pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do Recurso Extraordinário nº 595.838, conforme dispõe o art. 62A do RICARF; b) a decadência das contribuições incidentes até a competência de 01.2008, nos termos do art. 150, § 4º, do CTN; c) a inconstitucionalidade da exação ora questionada. Sem contrarrazões por parte da Procuradoria da Fazenda, os autos foram encaminhados a este Conselho, sendo a mim sorteada a relatoria. Fl. 133DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 31/03/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LI MA 4 É o relatório. Fl. 134DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 31/03/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LI MA Processo nº 15504.720615/201385 Acórdão n.º 2803004.200 S2TE03 Fl. 133 5 Voto Conselheiro Ricardo Magaldi Messetti Da Admissibilidade Realizando o juízo de prelibação, constatase que o recurso voluntário apresentado pela contribuinte é tempestivo e presentes estão os demais requisitos para a sua admissibilidade, razão pela qual passo a apreciálo. Da Não Incidência de Contribuições Sobre os Serviços Prestados por Cooperativas de Trabalho A recorrente aduz que o Egrégio Supremo Tribunal Federal, ao analisar o Recurso Extraordinário n. 595.838, de relatoria do Ministro Dias Toffoli, com repercussão geral reconhecida, declarou inconstitucional o inciso IV, do art. 22, da Lei n. 8.212/91, com redação dada pela Lei n. 9.876/99, o que vincularia esta Colenda Turma Especial, nos termos do art. 62A do RICARF. Ocorre que, salvo melhor juízo, a vinculação determinada no RICARF somente pode ser exigida após o trânsito em julgado do recurso extraordinário, o que, consultando o sítio virtual do STF, ainda não ocorreu. Não obstante isso, penso que o entendimento exarado pelo Plenário da Suprema Corte já está pacificado, uma vez que os embargos declaratórios opostos pela Fazenda Nacional com o objeto de modular os efeitos da decisão foram rejeitados, encontrandose os autos, hodiernamente, na Procuradoria Geral da República para, após, ser confirmado seu trânsito em julgado. Ademais, não vislumbro qualquer razão para somente após o trânsito em julgado adotarmos o posicionamento do STF em julgamento proferido por unanimidade, até porque, se assim agíssemos, poderíamos privilegiar aqueles recursos que, por qualquer razão, tramitaram por mais tempo na esfera administrativa. Assim sendo, trago à colação a ementa do RE n. 595.838 para fundamentar o presente voto. EMENTA Recurso extraordinário. Tributário. Contribuição Previdenciária. Artigo 22, inciso IV, da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99. Sujeição passiva. Empresas tomadoras de serviços. Prestação de serviços de cooperados por meio de cooperativas de Trabalho. Base de cálculo. Valor Bruto da nota fiscal ou fatura. Tributação do faturamento. Bis in idem. Nova fonte de custeio. Artigo 195, § 4º, CF. 1. O fato gerador que origina a obrigação de recolher a contribuição previdenciária, na forma do art. 22, inciso IV da Lei nº 8.212/91, na redação da Lei 9.876/99, não se origina nas remunerações pagas ou creditadas ao Fl. 135DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 31/03/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LI MA 6 cooperado, mas na relação contratual estabelecida entre a pessoa jurídica da cooperativa e a do contratante de seus serviços. 2. A empresa tomadora dos serviços não opera como fonte somente para fins de retenção. A empresa ou entidade a ela equiparada é o próprio sujeito passivo da relação tributária, logo, típico “contribuinte” da contribuição. 3. Os pagamentos efetuados por terceiros às cooperativas de trabalho, em face de serviços prestados por seus cooperados, não se confundem com os valores efetivamente pagos ou creditados aos cooperados. 4. O art. 22, IV da Lei nº 8.212/91, com a redação da Lei nº 9.876/99, ao instituir contribuição previdenciária incidente sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura, extrapolou a norma do art. 195, inciso I, a, da Constituição, descaracterizando a contribuição hipoteticamente incidente sobre os rendimentos do trabalho dos cooperados, tributando o faturamento da cooperativa, com evidente bis in idem. Representa, assim, nova fonte de custeio, a qual somente poderia ser instituída por lei complementar, com base no art. 195, § 4º com a remissão feita ao art. 154, I, da Constituição. 5. Recurso extraordinário provido para declarar a inconstitucionalidade do inciso IV do art. 22 da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela Lei nº 9.876/99. Destarte, entendo que provimento merece o recurso voluntário da contribuinte, para afastar a incidência de contribuições sociais incidentes sobre os serviços prestados por cooperativa de trabalho e seus reflexos. Conclusão Pelo exposto, voto no sentido de conhecer do recurso voluntário para, no mérito, darlhe provimento, afastando a incidência de contribuições previdenciárias sobre os serviços prestados por cooperativas de trabalho e seus reflexos. É como voto. (assinado digitalmente) Ricardo Magaldi Messetti Relator Fl. 136DF CARF MF Impresso em 09/04/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 31/03/2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 31/03/ 2015 por RICARDO MAGALDI MESSETTI, Assinado digitalmente em 09/04/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LI MA
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Numero do processo: 10805.904371/2011-11
Turma: Terceira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 20 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Feb 20 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2003
MATÉRIA TRIBUTÁRIA. ÔNUS DA PROVA. Cabe ao transmitente do Per/DComp o ônus probante da liquidez e certeza do crédito tributário alegado. À autoridade administrativa cabe a verificação da existência e regularidade desse direito, mediante o exame de provas hábeis, idôneas e suficientes a essa comprovação.
PROVA. MOMENTO DE APRESENTAÇÃO. Os motivos de fato, de direito e a prova documental deverão ser apresentadas com a impugnação/manifestação de inconformidade, precluindo o direito de fazê-lo em outro momento processual, ressalvadas as situações previstas nas hipóteses previstas no § 4o do artigo 16 do Decreto nº 70.235/72.
Numero da decisão: 3803-006.390
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negou-se provimento ao recurso. Os Conselheiros Corintho Oliveira Machado, Hélcio Lafetá Reis e Belchior Melo de Sousa, votaram pelas conclusões.
(Assinado digitalmente)
Corintho Oliveira Machado - Presidente.
(Assinado digitalmente)
Jorge Victor Rodrigues - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Corintho Oliveira Machado (Presidente), João Alfredo Eduão Ferreira, Juliano Eduardo Lirani, Hélcio Lafetá Reis, Belchior Melo de Sousa e Jorge Victor Rodrigues.
Nome do relator: JORGE VICTOR RODRIGUES
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ÔNUS DA PROVA. Cabe ao transmitente do Per/DComp o ônus probante da liquidez e certeza do crédito tributário alegado. À autoridade administrativa cabe a verificação da existência e regularidade desse direito, mediante o exame de provas hábeis, idôneas e suficientes a essa comprovação. PROVA. MOMENTO DE APRESENTAÇÃO. Os motivos de fato, de direito e a prova documental deverão ser apresentadas com a impugnação/manifestação de inconformidade, precluindo o direito de fazêlo em outro momento processual, ressalvadas as situações previstas nas hipóteses previstas no § 4o do artigo 16 do Decreto nº 70.235/72. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negouse provimento ao recurso. Os Conselheiros Corintho Oliveira Machado, Hélcio Lafetá Reis e Belchior Melo de Sousa, votaram pelas conclusões. (Assinado digitalmente) Corintho Oliveira Machado Presidente. (Assinado digitalmente) Jorge Victor Rodrigues Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 80 5. 90 43 71 /2 01 1- 11 Fl. 79DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2014 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 10/10/20 14 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 23/09/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Corintho Oliveira Machado (Presidente), João Alfredo Eduão Ferreira, Juliano Eduardo Lirani, Hélcio Lafetá Reis, Belchior Melo de Sousa e Jorge Victor Rodrigues. Relatório O sujeito passivo ingressou com Manifestação de Inconformidade contra despacho que não homologou a compensação declarada na Dcomp, por meio da qual pretendia extinguir um débito referente à Cofins. Assim a DRF em Campinas não homologou a compensação pela inexistência de saldo credor suficiente, em virtude de utilização para quitação de débitos anteriores à presente compensação. O sujeito passivo aduz em sua Manifestação de Inconformidade que o ICMS não poderia compor a receita bruta apurada para fins fiscais, afirmando que a incidência de um imposto estadual (ICMS) sobre tributos federais (PIS e COFINS) gera a incidência de tributo sobre tributo, o que seria Inconstitucional. Reitera que a inclusão do ICMS na base de cálculo da COFINS e do PIS apresentase inconstitucional, trazendo à baila diversos Recursos Extraordinários. A 2ª Turma da DRJ BHE, na sessão de julgamento de 24 de setembro de 2012, por meio do acórdão 0248.989 indeferiu o pedido de restituição e não reconheceu o direito creditório, consoante a ementa adiante transcrita: Assunto: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASES AnoCalendário: 3 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. CRÉDITO NÃO COMPROVADO. Não se admite compensação com crédito que não se comprova existente. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Cientificado do acórdão em 13/03/2014 e irresignado com o resultado do julgamento, o contribuinte ingressou com Recurso Voluntário em 02/04/2013, portanto, tempestivo. Aduz em seu Recurso os mesmos argumentos utilizados em sua Manifestação de Inconformidade, não incorporando às suas razões de defesa nenhum novo argumento ou prova. Fl. 80DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2014 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 10/10/20 14 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 23/09/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 10805.904371/201111 Acórdão n.º 3803006.390 S3TE03 Fl. 18 3 É o relatório. Voto Conselheiro Relator O recurso preenche os pressupostos de admissibilidade, dele conheço. No que tange à inconstitucionalidade alegada há o reconhecimento da repercussão geral pelo STF, por meio de acórdão publicado no DJE de 16/05/2008, ex vi da Ata nº 11 de 12/05/2008, DJE nº 88, divulgado em 15/05/2008. Em 27/08/2013 restaram os autos conclusos à Min. Rel. Cármen Lúcia (RE 574.706, leading case). Para os fatos acima narrados o RICARF/2009 orientava ao colegiado quais os procedimentos a serem adotados, ex vi do disposto nos §§ 1º e 2º do seu artigo 62A, ou seja pelo sobrestamento do julgamento do recurso até que seja proferida a decisão nos termos do art. 543B, da Lei nº 5.869/73 (CPC). Tudo isto encontrase consubstanciado no RE 574706 RG / PR, cuja ementa transcrevese adiante: REPERCUSSÃO GERAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA Julgamento: 24/04/2008. Ementa: Reconhecida a repercussão geral da questão constitucional relativa à inclusão do ICMS na base de cálculo da COFINS e da contribuição ao PIS. Pendência de julgamento no Plenário do Supremo Tribunal Federal do Recurso Extraordinário n. 240.785. Decisão: O Tribunal reconheceu a existência de repercussão geral da questão constitucional suscitada. Não se manifestaram os Ministros Gilmar Mendes e Ellen Gracie. Ministra CÁRMEN LÚCIA Relatora Publicação: DJe088 DIVULG 15052008 PUBLIC 16052008. EMENT VOL 0231910 PP02174. Tema 69 Inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e da COFINS. Veja RE 240785. Por fim foi editada a Portaria CARF nº 001, de 03/01/2012, que estabelecia os procedimentos a serem adotados para o sobrestamento de processos de que trata o § 1º do art. 62A do RICARF/09, por meio do caput e parágrafo único do seu artigo 1º. Como visto há a decisão pelo STF de reconhecimento da repercussão geral nos termos do artigo 543B, da Lei nº 5.869/73, como também há a orientação expressa para o Fl. 81DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2014 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 10/10/20 14 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 23/09/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 4 sobrestamento do julgamento que verse sobre a mesma matéria sob a égide desse mandamus, ou seja, as orientações emanadas dos respectivos Regimentos Internos se coadunam. Destarte, recentemente, veio a Portaria MF nº 545/2013, DOU de 20/11/13, para alterar o RICARF/09, notadamente no que atine aos §§ 1º e 2º do artigo 62A, senão vejamos os dispositivos contidos no artigo 1º desta Portaria. Art. 1º Revogar os parágrafos primeiro e segundo do art. 62A do Anexo II da Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009, publicada no DOU de 23 de junho de 2009, página 34, Seção 1, que aprovou o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF. De sorte que resolvida a controvérsia atinente ao sobrestamento, resta o pronunciamento acerca da questão da legalidade da inclusão do ICMS na base de cálculo das referidas contribuições, por conseguinte da cobrança do tributo nessa condição. Confirase: A Constituição Federal criou o tributo e traça a moldura para que o legislador ordinário (respeitados os limites) institua a exação tributária cuja competência lhe foi outorgada. Para a instituição válida da exação, como regra, a lei ordinária deverá contemplar alguns critérios quais sejam: material, temporal e espacial, localizados no antecedente da estrutura da norma jurídica, e os critérios pessoal e quantitativo no conseqüente dessa norma, também denominados de Regra Matriz de Incidência Tributária RMIT. Tudo o que se refere a tributo e a exação tributária passa por esta regra. Feitas tais considerações passo à construção da norma jurídica em sentido estrito (regra matriz de incidência tributária) das contribuições sociais instituídas nas Leis nº 10.637/02 e 10.833/03, respectivamente. (a) Regramatriz de incidência do PIS NãoCumulativo: De acordo com o disposto na Lei nº. 10.637/02, a regramatriz de incidência tributária do PIS NãoCumulativo pode ser construída da seguinte forma, in verbis: Lei nº. 10.637/02. “Art. 1º. A contribuição para o PIS/PASEP tem como fato gerador o faturamento mensal (...); § 2º A base de cálculo da contribuição para o PIS/PASEP é o valor do faturamento (...)” (Grifei) Como dito na lei, temse: Critério material: auferir FATURAMENTO (Art. 1º, caput) Critério temporal: mensal (Art. 10); Critério espacial: no âmbito nacional; Critério pessoal: União (sujeito ativo) e pessoa jurídica que aufere faturamento (sujeito passivo) (Art. 4º); Fl. 82DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2014 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 10/10/20 14 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 23/09/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 10805.904371/201111 Acórdão n.º 3803006.390 S3TE03 Fl. 19 5 Critério quantitativo: Base de cálculo – Valor do Faturamento (Art. 1º, § 2º); Alíquota – 1,65% (Art. 2º). Do cotejo entre hipótese de incidência e a base de cálculo verificase que o fato signo presuntivo de riqueza eleito pelo legislador ordinário para instituir o PIS Não Cumulativo foi o faturamento, o qual foi afirmado pela base de cálculo. (b) Regramatriz de incidência da COFINS NãoCumulativa: Assim estabelece o caput e o § 2º do artigo 1º da Lei nº 10.833/03, in verbis: Lei nº. 10.833/03. “Art. 1º. A contribuição para a COFINS tem como fato gerador o faturamento mensal (...); § 2º A base de cálculo da contribuição para a COFINS é o valor do faturamento (...)” (Grifei) Como dito na lei, temse: Critério material: auferir FATURAMENTO (Art. 1º, caput); Critério temporal: mensal (Art. 10); Critério espacial: no âmbito nacional; Critério pessoal: União (sujeito ativo) e pessoa jurídica que aufere faturamento (sujeito passivo) (Art. 4º); Critério quantitativo: Base de cálculo – Valor do Faturamento (Art. 1º, § 2º); Alíquota – 7,6% (Art. 2º) Igualmente ao PIS, observase do cotejo entre hipótese de incidência e a base de cálculo que a riqueza eleita pelo legislador ordinário para instituir a COFINS Não Cumulativa foi o faturamento, o qual foi afirmado pela base de cálculo. Pela dicção legal dos artigos 1º das Leis ordinárias vertentes não há qualquer dissonância entre a hipótese de incidência e a base de cálculo. A base de cálculo, em seu desiderato nuclear, tem por escopo dimensionar economicamente o valor do fato que ensejou a tributação e, por isso, precisa, necessariamente, guardar estreita relação com o critério material consignado na hipótese de incidência. Além da função mensuradora, a base de cálculo também tem o papel de confirmar, afirmar ou infirmar a hipótese de incidência, sendo certo que nesse último caso, ou seja, quando a base de cálculo tiver o condão de infirmála, deverá prevalecer o disposto no critério quantitativo, por servir como discrímen na averiguação da espécie tributária de que se cuida. Na espécie, o critério quantitativo afirma a hipótese de incidência que é o faturamento. Assim, devem as contribuições sociais relativas ao PIS e à COFINS Não Fl. 83DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2014 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 10/10/20 14 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 23/09/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 6 Cumulativas incidir sobre as receitas advindas tãosomente da venda de mercadorias e/ou da prestação de serviços, ou seja, o faturamento. (Grifei). A definição de faturamento pelo STF, sem maiores delongas, encontrase no julgamento da inconstitucionalidade da Lei nº 9.718/98. No que tange à base de cálculo eleita para a incidência do PIS e da COFINS, decidiram os Ministros do Supremo Tribunal Federal, em sessão plenária, em fixar do conteúdo semântico de faturamento, como sendo o das entradas decorrentes da venda de mercadorias e/ou da prestação de serviços. Nesse passo, para explicitar o conteúdo semântico do signo “faturamento” transcrevemos abaixo trecho do voto vista proferido pelo Ministro Cesar Peluzo: “...Ainda no universo semântico normativo, faturamento não pode soar o mesmo que receita, nem confundidas ou identificadas as operações (fatos) ‘por cujas realizações se manifestam essas grandezas numéricas’. ...Como se vê sem grande esforço, o substantivo receita designa aí o gênero, compreensivo das características ou propriedades de certa classe, abrangente de todos os valores que, recebidos da pessoa jurídica, se lhe incorporam à esfera patrimonial. Todo valor percebido pela pessoa jurídica, a qualquer título, será, nos termos da norma, receita (gênero). Mas nem toda receita será operacional, porque poderá havêla não operacional. ...Não precisa recorrer às noções elementares da Lógica Formal sobre as distinções de gênero e espécie, para reavivar que, nesta, sempre há um excesso de conotação e um déficit de denotação em relação àquele. Nem para atinar logo em que, como já visto, faturamento também significa percepção de valores e, como tal, pertence ao gênero ou classe receita, mas com a diferença específica de que compreende apenas os valores oriundos do exercício da ‘atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou serviços’ (venda de mercadorias e de serviços). (...) Donde, a conclusão imediata de que, no juízo da lei contemporânea ao início da vigência da atual Constituição da República, embora todo faturamento seja receita, nem toda receita é faturamento.12” (grifamos). No caso do PIS e da COFINS NãoCumulativos o que se observa é que o legislador ordinário, apesar de possuir a competência tributária para tributar a receita, novamente contemplou, através de lei, que tais contribuições incidissem sobre o faturamento, adotando o como critério material da hipótese e afirmandoo na base de cálculo. Todavia, ao definir faturamento, recaiu no mesmo equívoco deflagrado em relação à Lei 9.718/98, senão vejamos: Lei nº. 10.637/02 “Art. 1º. A contribuição para o PIS/PASEP tem como fato gerador o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil; § 2º A base de cálculo da contribuição para o PIS/PASEP é o valor do faturamento, conforme definido no caput (...)” (Grifei) Lei nº. 10.833/03 Fl. 84DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2014 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 10/10/20 14 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 23/09/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 10805.904371/201111 Acórdão n.º 3803006.390 S3TE03 Fl. 20 7 “Art. 1º. A contribuição para a COFINS faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil § 2º A base de cálculo da contribuição para a COFINS é o valor do faturamento, conforme definido no caput (...)” (Grifei) Notese que a definição legal apresentada pelo legislador ordinário ao faturamento nas Leis nºs. 10.637/02 e 10.833/03 é exatamente a mesma veiculada na Lei nº. 9.718/98, que foi repelida, brilhantemente, pelo Supremo Tribunal Federal. Todavia, conforme se verifica da redação dos dispositivos legais que instituíram tais exações, bem como das regrasmatrizes engendradas outrora, a receita não foi contemplada como critério material da hipótese muito menos como aspecto quantitativo dessas contribuições. Por isso, em obediência ao magno princípio da Legalidade e, primordialmente, o sobreprincípio da Segurança Jurídica, as exações vertentes deverão incidir tãosomente sobre o faturamento, sob pena de inconstitucionalidade e de ilegalidade. Admitirse o contrário implica na violação dos princípios constitucionais da Legalidade, Estrita Legalidade Tributária, Segurança Jurídica e Razoabilidade e, além disso, tem o condão de infringir entendimento já assentado pela Suprema Corte acerca da distinção entre os conteúdos semânticos de faturamento e de receita que, por sua vez, resulta na violação ao disposto no artigo 110 do Código Tributário Nacional, cuja afronta passamos a ponderar. Insta frisar que a definição legal adotada pelo legislador ordinário no caput dos artigos 1º das Leis nºs. 10.637/02 e 10.833/01 é simplesmente a mesma que a revista no § 1º, do artigo 3º, da Lei nº. 9.718/98, sobre a qual recaiu o peso da incompatibilidade com o sistema jurídico, consoante decisum da Suprema Corte que, pontificou, claramente, a distinção existente entre os conteúdos semânticos de faturamento e de receita. Sendo assim, uma vez que novamente a intenção do legislador ordinário foi a de equiparar a abrangência dos fatos signos presuntivos de riqueza – faturamento e receita – como se albergassem a mesma qualidade de ingressos (entendase receita), então, é indubitável que recaiu em ilegalidade, na medida em que violou o disposto no artigo 110 do Código Tributário Nacional, que alude: Art. 110. A lei tributária não pode alterar a definição, conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar competências tributárias. Tanto há discrepância entre os conteúdos semânticos dos signos faturamento e receita, que o legislador constituinte inseriu o disjuntivo “ou” no artigo 195, inciso I, “b”, da Constituição Federal, ipsis litteris: Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Fl. 85DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2014 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 10/10/20 14 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 23/09/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 8 Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I – do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre:... b) a receita OU o faturamento. (Grifei) A distinção entre esses substantivos foi aventada pelo Ministro Marco Aurélio, no julgamento do RE 380.840/MG, nos seguintes termos: “A disjuntiva ‘ou’ bem revela que não se tem a confusão entre o gênero ‘receita’ e a espécie ‘faturamento”. Sobre a imprescindibilidade de se obedecer ao limite semântico do signo tratado pelo direito privado, segue a maciça jurisprudência excelsa: “...TRIBUTÁRIO – INSTITUTOS – EXPRESSÕES E VOCÁBULOS – SENTIDO. A norma pedagógica do artigo 110 do Código Tributário Nacional ressalta a impossibilidade de a lei tributária alterar a definição, o conteúdo e o alcance de consagrados institutos, conceitos e formas de direito privado utilizados expressa ou implicitamente. Sobrepõese ao aspecto formal o princípio da realidade, considerados os elementos tributários.” (STF, RE 380.9405/MG, Rel. Min. Marco Aurélio, por maioria, j. 09/11/2005, DJ 15/08/2006) – Destacamos. PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL. AMPLIAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO DO PIS E DA COFINS REALIZADA PELO ART. 3º, § 1º, DA LEI Nº 9.718/98. ART. 110 DO CTN. ALTERAÇÃO DA DEFINIÇÃO DE DIREITO PRIVADO. EQUIPARAÇÃO DOS CONCEITOS DE FATURAMENTO E RECEITA BRUTA. PRECEDENTES DO STJ E DO STF. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE PELO PRETÓRIO EXCELSO. PRINCÍPIO DA UTILIDADE. PROCESSUAL. RESERVA DE PLENÁRIO. INAPLICABILIDADE. ...2. A Lei nº 9.718/98, ao ampliar a base de cálculo do PIS e da COFINS e criar novo conceito para o termo “faturamento”, para fins de incidência da COFINS, com o objetivo de abranger todas as receitas auferidas pela pessoa jurídica, invadiu a esfera da definição do direito privado, violando frontalmente o art. 110 do CTN....” (AgRg no Ag 954.490/SP, 1ª T., Rel. Min. José Delgado, v.u., j. 24/03/2008, DJ 24/08/2008)É imperiosa para a harmonia do sistema jurídico que a atividade legislativa se amolde aos limites traçados pelo ordenamento, principalmente quando se está diante do poder de tributar que implica, sem dúvida alguma, na expropriação de parte do patrimônio dos contribuintes. Por isso, não pode o ente tributante agir de forma abusiva, alterando os conteúdos semânticos dos signos presuntivos de riqueza e, desse modo, gerar absoluta insegurança das relações jurídicas, posto que tal conduta fere o princípio da razoabilidade, como bem explicitou o Ministro Celso de Mello, na ADIMCQO 2551 / MG, in verbis: “TRIBUTAÇÃO E OFENSA AO PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE. O Poder Público, especialmente em sede de tributação, não pode agir imoderadamente, pois a atividade estatal achase essencialmente condicionada pelo Fl. 86DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2014 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 10/10/20 14 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 23/09/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 10805.904371/201111 Acórdão n.º 3803006.390 S3TE03 Fl. 21 9 princípio da razoabilidade, que traduz limitação material à ação normativa do Poder Legislativo. O Estado não pode legislar abusivamente. A atividade legislativa está necessariamente sujeita à rígida observância de diretriz fundamental, que, encontrando suporte teórico no princípio da proporcionalidade, veda os excessos normativos e as prescrições irrazoáveis do Poder Público. O princípio da proporcionalidade, nesse contexto, achase vocacionado a inibir e a neutralizar os abusos do Poder Público no exercício de suas funções, qualificandose como parâmetro de aferição da própria constitucionalidade material dos atos estatais. A prerrogativa institucional de tributar, que o ordenamento positivo reconhece ao Estado, não lhe outorga o poder de suprimir (ou de inviabilizar) direitos de caráter fundamental constitucionalmente assegurados ao contribuinte. É que este dispõe, nos termos da própria Carta Política, de um sistema de proteção destinado a amparálo contra eventuais excessos cometidos pelo poder tributante ou, ainda, contra exigências irrazoáveis veiculadas em diplomas normativos editados pelo Estado.” (ADIMCQO 2551 / MG MINAS GERAIS, Relator Min. CELSO DE MELLO, Julgamento: 02/04/2003, Órgão Julgador: Tribunal Pleno, Publicação DJ 20 042006 PP00005 – (grifei.) (c) Já a Regramatriz de incidência do ICMS: De acordo com o disposto na CF/88, a regramatriz de incidência tributária do ICMS pode ser construída nos moldes do art. 155, c/c a LC nº 87/96, in verbis: CF/88. “Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: II operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993). Art. 12. Considerase ocorrido o fato gerador do imposto no momento: I da saída de mercadoria de estabelecimento de contribuinte, ainda que para outro estabelecimento do mesmo titular; II do fornecimento de alimentação, bebidas e outras mercadorias por qualquer estabelecimento; III da transmissão a terceiro de mercadoria depositada em armazém geral ou em depósito fechado, no Estado do transmitente; Fl. 87DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2014 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 10/10/20 14 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 23/09/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 10 IV da transmissão de propriedade de mercadoria, ou de título que a represente, quando a mercadoria não tiver transitado pelo estabelecimento transmitente; V do início da prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal, de qualquer natureza; VI do ato final do transporte iniciado no exterior; VII das prestações onerosas de serviços de comunicação, feita por qualquer meio, inclusive a geração, a emissão, a recepção, a transmissão, a retransmissão, a repetição e a ampliação de comunicação de qualquer natureza; VIII do fornecimento de mercadoria com prestação de serviços: a) não compreendidos na competência tributária dos Municípios; b) compreendidos na competência tributária dos Municípios e com indicação expressa de incidência do imposto de competência estadual, como definido na lei complementar aplicável; IX – do desembaraço aduaneiro de mercadorias ou bens importados do exterior; (Redação dada pela Lcp 114, de 16.12.2002) X do recebimento, pelo destinatário, de serviço prestado no exterior; XI – da aquisição em licitação pública de mercadorias ou bens importados do exterior e apreendidos ou abandonados; (Redação dada pela Lcp 114, de 16.12.2002) XII – da entrada no território do Estado de lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos derivados de petróleo e energia elétrica oriundos de outro Estado, quando não destinados à comercialização ou à industrialização; (Redação dada pela LCP nº 102, de 11.7.2000) XIII da utilização, por contribuinte, de serviço cuja prestação se tenha iniciado em outro Estado e não esteja vinculada a operação ou prestação subseqüente. § 1º Na hipótese do inciso VII, quando o serviço for prestado mediante pagamento em ficha, cartão ou assemelhados, considerase ocorrido o fato gerador do imposto quando do fornecimento desses instrumentos ao usuário. § 2º Na hipótese do inciso IX, após o desembaraço aduaneiro, a entrega, pelo depositário, de mercadoria ou bem importados do exterior deverá ser autorizada pelo órgão responsável pelo seu desembaraço, que somente se fará mediante a exibição do comprovante de pagamento do imposto incidente no ato do despacho aduaneiro, salvo disposição em contrário. § 3o Na hipótese de entrega de mercadoria ou bem importados do exterior antes do desembaraço aduaneiro, considerase ocorrido o fato gerador neste momento, devendo a autoridade Fl. 88DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2014 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 10/10/20 14 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 23/09/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 10805.904371/201111 Acórdão n.º 3803006.390 S3TE03 Fl. 22 11 responsável, salvo disposição em contrário, exigir a comprovação do pagamento do imposto. (Incluído pela Lcp 114, de 16.12.2002) Art. 13. A base de cálculo do imposto é: I na saída de mercadoria prevista nos incisos I, III e IV do art. 12, o valor da operação; II na hipótese do inciso II do art. 12, o valor da operação, compreendendo mercadoria e serviço; III na prestação de serviço de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, o preço do serviço; IV no fornecimento de que trata o inciso VIII do art. 12; a) o valor da operação, na hipótese da alínea a; b) o preço corrente da mercadoria fornecida ou empregada, na hipótese da alínea b; V na hipótese do inciso IX do art. 12, a soma das seguintes parcelas: a) o valor da mercadoria ou bem constante dos documentos de importação, observado o disposto no art. 14; b) imposto de importação; c) imposto sobre produtos industrializados; d) imposto sobre operações de câmbio; e)quaisquer outros impostos, taxas, contribuições e despesas aduaneiras; (Redação dada pela Lcp 114, de 16.12.2002) VI na hipótese do inciso X do art. 12, o valor da prestação do serviço, acrescido, se for o caso, de todos os encargos relacionados com a sua utilização; VII no caso do inciso XI do art. 12, o valor da operação acrescido do valor dos impostos de importação e sobre produtos industrializados e de todas as despesas cobradas ou debitadas ao adquirente; VIII na hipótese do inciso XII do art. 12, o valor da operação de que decorrer a entrada; IX na hipótese do inciso XIII do art. 12, o valor da prestação no Estado de origem. § 1o Integra a base de cálculo do imposto, inclusive na hipótese do inciso V do caput deste artigo: (Redação dada pela Lcp 114, de 16.12.2002) I o montante do próprio imposto, constituindo o respectivo destaque mera indicação para fins de controle; Fl. 89DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2014 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 10/10/20 14 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 23/09/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 12 II o valor correspondente a: a) seguros, juros e demais importâncias pagas, recebidas ou debitadas, bem como descontos concedidos sob condição; b) frete, caso o transporte seja efetuado pelo próprio remetente ou por sua conta e ordem e seja cobrado em separado. § 2º Não integra a base de cálculo do imposto o montante do Imposto sobre Produtos Industrializados, quando a operação, realizada entre contribuintes e relativa a produto destinado à industrialização ou à comercialização, configurar fato gerador de ambos os impostos. § 3º No caso do inciso IX, o imposto a pagar será o valor resultante da aplicação do percentual equivalente à diferença entre a alíquota interna e a interestadual, sobre o valor ali previsto. § 4º Na saída de mercadoria para estabelecimento localizado em outro Estado, pertencente ao mesmo titular, a base de cálculo do imposto é: I o valor correspondente à entrada mais recente da mercadoria; II o custo da mercadoria produzida, assim entendida a soma do custo da matériaprima, material secundário, mãodeobra e acondicionamento; III tratandose de mercadorias não industrializadas, o seu preço corrente no mercado atacadista do estabelecimento remetente. § 5º Nas operações e prestações interestaduais entre estabelecimentos de contribuintes diferentes, caso haja reajuste do valor depois da remessa ou da prestação, a diferença fica sujeita ao imposto no estabelecimento do remetente ou do prestador. Complementarmente ao artigo 13 os artigos 8º e 15 também tratam de base de cálculo. Como dito na lei, temse: Critério material: Sair mercadoria do estabelecimento de contribuinte; fornecer alimentação, bebidas e outras mercadorias por qualquer estabelecimento; a transmissão, dentre outros estabelecidos no artigo 12 da LC nº 87/96. Critério temporal: é o momento da saída, do fornecimento, da transmissão, do início da prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal, etc, (Art. 12, LC 87/96); Critério espacial: no âmbito estadual; Critério pessoal: Estado/DF (sujeito ativo) e pessoa jurídica que promove a saída de mercadorias do estabelecimento (sujeito passivo) (Art. 12); Fl. 90DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2014 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 10/10/20 14 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 23/09/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 10805.904371/201111 Acórdão n.º 3803006.390 S3TE03 Fl. 23 13 Critério quantitativo: Base de cálculo – O valor da operação (vide art. 12, I, III e IV); Alíquota – fixada pelo Senado Federal as alíquotas mínimas e máximas (CF/88, art. 155, § 1º, IV e § 2º, IV e VI); Do cotejo entre hipótese de incidência e a base de cálculo verificase que o fato signo presuntivo de riqueza eleito pelo legislador ordinário para instituir o ICMS, em tese, foi o VALOR DA OPERAÇÃO, o qual foi afirmado pela base de cálculo. Os elementos informadores da incidência e da base de cálculo da norma tributária ensejadora do PIS e da Cofins, bem assim da constituição da relação jurídico tributária não guarda nenhuma relação com aqueles elementos orientadores para incidência do ICMS, ou seja, as regras matrizes do PIS e da Cofins em nada se assemelha àquela do ICMS, razão o bastante para que o ICMS seja afastado da base de cálculo do PIS e da Cofins. Por outro enfoque: A lei infraconstitucional deve identificar, pormenorizadamente, todos os elementos essenciais da norma tributária, principalmente no tocante à hipótese de incidência, sob pena de não poder ser exigida pelo fisco. Nas palavras de XAVIER apud CARRAZZA descreve o mesmo que “a tipicidade pressupõe (...) uma descrição rigorosa dos seus elementos constitutivos, cuja integral verificação é indispensável para produção de efeitos” (p. 386, 2003). Vale dizer que o princípio da Tipicidade Tributária não dá margem para o intérprete ou ao aplicador da lei para o exercício de entendimentos contraditórios, mais abrangentes ou restritivos ao descrito pela norma constitucional. Dito isto e, considerando que o ICMS passou a integrar a base de cálculo do PIS e da Cofins em razão da interpretação do contido no art. 2º da Lei nº 9.718/98, de que o faturamento corresponde à receita bruta da pessoa jurídica, sendo irrelevante o tipo de atividade que ela exerça e a classificação contábil adotada para essas receitas (art. 13, § 1º, I, da LC 87/96, ex vi "cálculo por dentro" fator aplicado ao cálculo deste tributo de competência estadual, inadequado á questão posta em discussão), é certo que esse conceito é totalmente distinto daquele fixado na LC 7/70 e na LC 70/91. Por relevante cabe aqui o registro acerca da distinção entre os termos “receita” e “ingresso”, eis que a primeira é a quantia recebida/apurada/arrecadada, que acresce o patrimônio da pessoa física/jurídica, em decorrência direta ou indireta da atividade econômica por ela exercida. Já o ingresso pressupõe tanto as receitas como os valores pertencentes a terceiros (que integram o patrimônio de outrem), pois não importam em modificação do patrimônio de quem os recebe e implica em posterior entrega para quem pertence efetivamente. É que o ICMS para a empresa é mero ingresso, para posterior destinação ao Fisco, entendido este como o titular de tais valores. Este é o entendimento da Terceira Turma do TRF da 3ª Região, que decidiu que o ICMS não deve integrar a base de cálculo do PIS e da Cofins, reconhecendo outrossim o direito à compensação dos valores pagos indevidamente nos últimos dez anos. Fl. 91DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2014 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 10/10/20 14 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 23/09/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 14 Ainda que não concluído o julgamento da ADC 18 e do RE 240785/MG, o STF já sinalizou acerca do entendimento sobre a impossibilidade da inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS/Cofins, cujo relator, o Exmº. Min. Marco Aurélio, assim ressaltou: "Descabe assentar que os contribuintes da Cofins faturam, em si, o ICMS. O valor deste revela, isto sim, um desembolso a beneficiar a entidade de direito público que tem a competência para cobrálo. A conclusão a que chegou a Corte de origem, a partir de premissa errônea, importa na incidência do tributo que é a Cofins, não sobre o faturamento, mas sobre outro tributo já agora da competência de unidade da Federação. (...) Difícil é conceber a existência de tributo sem que se tenha uma vantagem, ainda que mediata, para o contribuinte, o que se dirá quanto a um ônus, como é o ônus fiscal atinente ao ICMS. O valor correspondente a este último não tem a natureza de faturamento. Não pode, então, servir à incidência da Cofins, pois não revela medida de riqueza apanhada pela expressão contida no preceito da alínea "b" do incido I do artigo 195 da Constituição Federal. O fundamento da tese reside no fato de que o ICMS constitui receita do ente tributante, ou seja, do Estado, não podendo integrar a base de cálculo do PIS e da Cofins a cargo da empresa sob pena de exigirse tributo sem o devido lastro constitucional previsto no art. 195, inciso I, alínea "b" da Constituição Federal. Assim, a inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e da Cofins fere os princípios da capacidade contributiva, razoabilidade, proporcionalidade, equidade de participação no custeio da seguridade social, imunidade recíproca e confisco à Constituição. Filiaramse ao voto do Relator os Ministros Ricardo Lewandowski, Carlos Ayres Britto, Cezar Peluso, Sepúlveda Pertence e Carmem Lúcia; o Ministro Eros Grau negou provimento ao recurso, faltando votar os Senhores Ministros Gilmar Mendes, Ellen Gracie e Celso Mello. Diante de todo o exposto a Administração Pública somente poderá impor ao contribuinte o ônus da exação quando houver estrita adequação entre o fato e a hipótese legal de incidência do tributo, ou seja, sua descrição típica. É condição sine qua non para a exigibilidade de um tributo. Neste contexto, nas palavras de Alberto Xavier (in Os Princípios da Legalidade e da Tipicidade da Tributação, São Paulo, RT. 1978, pág. 37/38) “a lei deve conter, em seu bojo, todos os elementos de decisão no caso concreto, de forma que a decisão concreta seja imediatamente dedutível da lei, sem valoração pessoal do órgão de aplicação da lei, o que decorre do artigo 150, inciso I, da Constituição Federal de 1988.” Assim, toda a atividade da Administração Tributária e os critérios objetivos na identificação do sujeito passivo, do valor do montante apurado e das penalidades cabíveis devem ser tipificados de forma fechada na lei. É a norma jurídica, consubstanciada, em regra geral, na lei ordinária que deverá descrever as hipóteses de incidência, não deixando brechas ao aplicador da lei, especialmente à Administração Pública, para uma interpretação extensiva, e mais, para o uso da analogia, ao seu bel prazer. Portanto, sendo a definição de fato gerador a situação definida em lei como necessária e suficiente ao nascimento da obrigação tributária principal, àquela de pagar tributo e, no caso do PIS e da Cofins, é auferir faturamento, não há se falar em inclusão do ICMS na base de cálculo desses tributos, eis que tanto o fato gerador, quanto a base de cálculo é totalmente diversa, não se coadunam. Fl. 92DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2014 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 10/10/20 14 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 23/09/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 10805.904371/201111 Acórdão n.º 3803006.390 S3TE03 Fl. 24 15 O Ministro Cesar Peluzo, no votovista proferido no julgamento do RE nº. 350.950, foi peremptório ao atestar que: “A base de cálculo é tão importante na identificação do tributo, que prevalece em relação ao fato gerador no caso em conflito.” Na hipótese sob exame não há qualquer discrepância entre o critério material e a base de cálculo preceituados em lei, posto que ambas contemplam o faturamento como fato signo presuntivo de riqueza para que as contribuições vertentes pudessem ser exigidas. Contudo, mesmo que houvesse divergência entre aquele (critério material) e esse (critério quantitativo) – ad argumentandum tantum – é a base de cálculo que deverá prevalecer por ter o condão, inclusive, de desnaturalizar o tributo, conforme decisão pretoriana. Neste sentido, uma vez que a base de cálculo eleita pelo legislador ordinário foi o faturamento – e isso não há dúvidas – então, essa há que preponderar. Assim, é inconteste que sobre o PIS e COFINS NãoCumulativos devem incidir sobre o faturamento, cujo aspecto semântico difere de receita, conforme já assentou a Suprema Corte. Não há se falar em valor da operação. Há uma tendência, tanto nos Tribunais Regionais Federais como nos Superiores, notadamente no STF, de enxugar a base de cálculo dos tributos, de valores que não representam faturamento dos Contribuintes. A decisão Plenária do STF excluindo o ICMS da base de cálculo da COFINS e do PIS nas operações envolvendo importações confirma esta tendência. Confirase: Ementa: TRIBUTÁRIO. PIS E COFINS. NÃO INCLUSÃO DO ICMS E DO ISS NA BASE DE CÁLCULO DAS CONTRIBUIÇÕES. COMPENSAÇÃO. COMPROVAÇÃO. DESNECESSIDADE DE PROVA PERICIAL. 1. O ICMS não deve ser incluído na base de cálculo do PIS e da COFINS, tendo em vista recente posicionamento do STF sobre a questão no julgamento, ainda em andamento, do Recurso Extraordinário nº 240.7852. 2. Embora o referido julgamento ainda não tenha se encerrado, não há como negar que traduz concreta expectativa de que será adotado o entendimento de que o ICMS deve ser excluído da base de cálculo do PIS e da COFINS. 3. O ISS que como o ICMS não se consubstancia em faturamento, mas sim em ônus fiscal não deve, também, integrar a base de cálculo das aludidas contribuições. 4. A parte que pretende a compensação tributária deve demonstrar a existência de crédito decorrente de pagamento indevido ou a maior. 5. Na ausência de documento indispensável à propositura da demanda, deve ser julgado improcedente o pedido, com relação ao período cujo recolhimento não restou comprovado nos autos. 6. Deve ser resguardado ao contribuinte o direito de efetuar a compensação do crédito aqui reconhecido na via administrativa (REsp n. 1137738/SP). 7. A não inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e da COFINS é matéria de direito que não demanda dilação probatória. O pedido de compensação solucionase com a apresentação das guias de recolhimento (DARF), que prescinde de exame por perito. 8. Precedentes. 9. Apelo parcialmente Fl. 93DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2014 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 10/10/20 14 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 23/09/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 16 provido. TRF3 APELAÇÃO CÍVEL AC 23169 SP 002316944.2011.4.03.6100 (TRF3) Data de publicação: 07/02/2013. Ementa: TRIBUTÁRIO. PIS E COFINS. NÃO INCLUSÃO DO ICMS E DO ISS NA BASE DE CÁLCULO DA CONTRIBUIÇÃO. 1. O ICMS e, por idênticos motivos, o ISS não devem ser incluídos na base de cálculo do PIS e da COFINS, tendo em vista recente posicionamento do STF sobre a questão no julgamento, ainda em andamento, do Recurso Extraordinário nº 240.7852. 2. No referido julgamento, o Ministro Março Aurélio, relator, deu provimento ao recurso, no que foi acompanhado pelos Ministros Ricardo Lewandowski, Carlos Britto, Cezar Peluso, Carmen Lúcia e Sepúlveda Pertence. Entendeu o Ministro relator estar configurada a violação ao artigo 195 , I , da Constituição Federal , ao fundamento de que a base de cálculo do PIS e da COFINS somente pode incidir sobre a soma dos valores obtidos nas operações de venda ou de prestação de serviços, ou seja, sobre a riqueza obtida com a realização da operação, e não sobre o ICMS, que constitui ônus fiscal e não faturamento. Após, a sessão foi suspensa em virtude do pedido de vista do Ministro Gilmar Mendes (Informativo do STF n. 437, de 24/8/2006). 3. Embora o referido julgamento ainda não tenha se encerrado, não há como negar que traduz concreta expectativa de que será adotado o entendimento de que o ICMS e, consequentemente, o ISS, devem ser excluídos da base de cálculo do PIS e da COFINS. 4. A impetrante tem direito, na espécie, a compensar os valores indevidamente recolhidos. No entanto, ela não comprovou ter pago as contribuições que pretende compensar, mediante a juntada das guias de recolhimento. 5. A via especial do mandado de segurança, em que não há dilação probatória, impõe que o autor comprove de plano o direito que alega ser líquido e certo. E, para isso, deve trazer à baila todos os documentos hábeis à comprovação do que requer. Sem esses elementos de prova, tornase carecedora da ação. Precedente do C. STJ. 6. Dessarte, quanto à compensação dos créditos, cujos pagamentos não restaram comprovados nos autos, a parte deve ser considerada carecedora da ação. 7. Apelação, parcialmente, provida..TRF3 APELAÇÃO EM MANDADO DE SEGURANÇA AMS 6072 SP 2007.61.11.0060722 (TRF 3). Data de publicação: 16/06/2011. Finalmente vencida a questão da inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e da Cofins, restou a questão de prova acerca da certeza e liquidez da existência do crédito alegado pela Recorrente, em quantidade o bastante para solver o débito existente na data da transmissão do Per/DComp, haja vista que o ônus probante cabe ao transmitente do referido documento, o que deve ser efetivado juntamente com a apresentação da manifestação de inconformidade, eis que preclui o direito de fazêlo em outro momento processual, ressalvadas as hipóteses previstas no § 4º do artigo 16 do Decreto nº 70.235/72. No caso vertente o contribuinte não logrou demonstrar cabalmente a existência de crédito suficiente à satisfação da compensação, pois os documentos acostados se referem tão somente à existência de crédito, o que não é o bastante. Fl. 94DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2014 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 10/10/20 14 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 23/09/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 10805.904371/201111 Acórdão n.º 3803006.390 S3TE03 Fl. 25 17 Neste aspecto, de os documentos apresentados pela Recorrente não serem o bastante e suficientes para demonstrar cabalmente acerca do quantum e da liquidez e certeza do crédito alegado, assiste razão ao juízo a quo, eis que aos mesmos deveriam se somar, no mínimo, as DCTF’s correspondentes e o Livro Razão relacionados ao período de apuração objeto do pedido de restituição, em observância aos princípios da segurança jurídica, da verdade material, da razoabilidade e da proporcionalidade, esculpidos no artigo 37, CF/88. É cediço que quando da apresentação de Per/DComp à repartição fiscal, por se tratar de iniciativa do próprio contribuinte, cabe ao transmitente o ônus probante da liquidez e certeza do crédito tributário alegado em valores superiores ao débito informado na DComp. Por sua vez à autoridade administrativa cabe a verificação da existência e regularidade desse direito, mediante o exame de provas hábeis, idôneas e suficientes a essa comprovação. Ex positis oriento o meu voto pelo não provimento do recurso interposto. É como voto. Jorge Victor Rodrigues Relator Fl. 95DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2014 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 10/10/20 14 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 23/09/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO
score : 1.0
Numero do processo: 10805.901012/2011-11
Turma: Terceira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 20 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Feb 20 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/08/2002 a 31/08/2002
MATÉRIA TRIBUTÁRIA. ÔNUS DA PROVA. Cabe ao transmitente do Per/DComp o ônus probante da liquidez e certeza do crédito tributário alegado. À autoridade administrativa cabe a verificação da existência e regularidade desse direito, mediante o exame de provas hábeis, idôneas e suficientes a essa comprovação.
PROVA. MOMENTO DE APRESENTAÇÃO. Os motivos de fato, de direito e a prova documental deverão ser apresentadas com a impugnação/manifestação de inconformidade, precluindo o direito de fazê-lo em outro momento processual, ressalvadas as situações previstas nas hipóteses previstas no § 4o do artigo 16 do Decreto nº 70.235/72.
Numero da decisão: 3803-006.373
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negou-se provimento ao recurso. Os Conselheiros Corintho Oliveira Machado, Hélcio Lafetá Reis e Belchior Melo de Sousa, votaram pelas conclusões.
(Assinado digitalmente)
Corintho Oliveira Machado - Presidente.
(Assinado digitalmente)
Jorge Victor Rodrigues - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Corintho Oliveira Machado (Presidente), João Alfredo Eduão Ferreira, Juliano Eduardo Lirani, Hélcio Lafetá Reis, Belchior Melo de Sousa e Jorge Victor Rodrigues.
Nome do relator: JORGE VICTOR RODRIGUES
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ÔNUS DA PROVA. Cabe ao transmitente do Per/DComp o ônus probante da liquidez e certeza do crédito tributário alegado. À autoridade administrativa cabe a verificação da existência e regularidade desse direito, mediante o exame de provas hábeis, idôneas e suficientes a essa comprovação. PROVA. MOMENTO DE APRESENTAÇÃO. Os motivos de fato, de direito e a prova documental deverão ser apresentadas com a impugnação/manifestação de inconformidade, precluindo o direito de fazêlo em outro momento processual, ressalvadas as situações previstas nas hipóteses previstas no § 4o do artigo 16 do Decreto nº 70.235/72. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negouse provimento ao recurso. Os Conselheiros Corintho Oliveira Machado, Hélcio Lafetá Reis e Belchior Melo de Sousa, votaram pelas conclusões. (Assinado digitalmente) Corintho Oliveira Machado Presidente. (Assinado digitalmente) Jorge Victor Rodrigues Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 80 5. 90 10 12 /2 01 1- 11 Fl. 86DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2014 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 10/10/20 14 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 23/09/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Corintho Oliveira Machado (Presidente), João Alfredo Eduão Ferreira, Juliano Eduardo Lirani, Hélcio Lafetá Reis, Belchior Melo de Sousa e Jorge Victor Rodrigues. Relatório O sujeito passivo ingressou com Manifestação de Inconformidade contra despacho que não homologou a compensação declarada na Dcomp, por meio da qual pretendia extinguir um débito referente à Cofins. Assim a DRF não homologou a compensação pela inexistência de saldo credor suficiente, em virtude de utilização para quitação de débitos anteriores à presente compensação. O sujeito passivo aduz em sua Manifestação de Inconformidade que o ICMS não poderia compor a receita bruta apurada para fins fiscais, afirmando que a incidência de um imposto estadual (ICMS) sobre tributos federais (PIS e COFINS) gera a incidência de tributo sobre tributo, o que seria Inconstitucional. Reitera que a inclusão do ICMS na base de cálculo da COFINS e do PIS apresentase inconstitucional, trazendo à baila diversos Recursos Extraordinários. A 3ª Turma da DRJ Curitiba, na sessão de julgamento de 11 de setembro de 2013, por meio do acórdão 0643.527 indeferiu o pedido de restituição e não reconheceu o direito creditório, consoante a ementa adiante transcrita: ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. COMPETENCIA DAS AUTORIDADES ADMINISTRATIVAS. O julgador da esfera administrativa deve limitarse a aplicar a legislação vigente, restando, por disposição constitucional, ao Poder Judiciário a competência para apreciar incoformismos relativos à sua validade ou constitucionalidade. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIALCOFINS Período de apuração: 01/08/2002 a 31/08/2002 COMPENSAÇÃO. CRÉDITO INEXISTENTE. DCOMP. NÃO HOMOLOGAÇÃO. Comprovado nos autos que o crédito informado como suporte para a compensação foi integralmente utilizado pela contribuinte na extinçao de outros débitos, não se homologam as compensações requeridas. EXCLUSÃO DO ICMS DA BASE DE CÁLCULO. Incabível a exclusão do valor devido a título de ICMS da base de cálculo do PIS ou da Cofins, pois aludido valor é parte integrante do preço das mercadorias e dos serviços prestados, exceto quando referido imposto é Fl. 87DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2014 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 10/10/20 14 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 23/09/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 10805.901012/201111 Acórdão n.º 3803006.373 S3TE03 Fl. 19 3 cobrado pelo vendedor dos bens ou pelo prestador de serviços na condição de substituto tributário, o que não consta ser o caso da interessada. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Cientificado do acórdão em 10/01/2014 e irresignado com o resultado do julgamento, o contribuinte ingressou com Recurso Voluntário em 10/02/2014, portanto, tempestivo. Aduz em seu Recurso os mesmos argumentos utilizados em sua Manifestação de Inconformidade, não incorporando às suas razões de defesa nenhum novo argumento ou prova. É o relatório. Voto Conselheiro Relator O recurso preenche os pressupostos de admissibilidade, dele conheço. No que tange à inconstitucionalidade alegada há o reconhecimento da repercussão geral pelo STF, por meio de acórdão publicado no DJE de 16/05/2008, ex vi da Ata nº 11 de 12/05/2008, DJE nº 88, divulgado em 15/05/2008. Em 27/08/2013 restaram os autos conclusos à Min. Rel. Cármen Lúcia (RE 574.706, leading case). Para os fatos acima narrados o RICARF/2009 orientava ao colegiado quais os procedimentos a serem adotados, ex vi do disposto nos §§ 1º e 2º do seu artigo 62A, ou seja pelo sobrestamento do julgamento do recurso até que seja proferida a decisão nos termos do art. 543B, da Lei nº 5.869/73 (CPC). Tudo isto encontrase consubstanciado no RE 574706 RG / PR, cuja ementa transcrevese adiante: REPERCUSSÃO GERAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA Julgamento: 24/04/2008. Ementa: Reconhecida a repercussão geral da questão constitucional relativa à inclusão do ICMS na base de cálculo da COFINS e da contribuição ao PIS. Pendência de julgamento no Plenário do Supremo Tribunal Federal do Recurso Extraordinário n. 240.785. Fl. 88DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2014 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 10/10/20 14 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 23/09/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 4 Decisão: O Tribunal reconheceu a existência de repercussão geral da questão constitucional suscitada. Não se manifestaram os Ministros Gilmar Mendes e Ellen Gracie. Ministra CÁRMEN LÚCIA Relatora Publicação: DJe088 DIVULG 15052008 PUBLIC 16052008. EMENT VOL 0231910 PP02174. Tema 69 Inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e da COFINS. Veja RE 240785. Por fim foi editada a Portaria CARF nº 001, de 03/01/2012, que estabelecia os procedimentos a serem adotados para o sobrestamento de processos de que trata o § 1º do art. 62A do RICARF/09, por meio do caput e parágrafo único do seu artigo 1º. Como visto há a decisão pelo STF de reconhecimento da repercussão geral nos termos do artigo 543B, da Lei nº 5.869/73, como também há a orientação expressa para o sobrestamento do julgamento que verse sobre a mesma matéria sob a égide desse mandamus, ou seja, as orientações emanadas dos respectivos Regimentos Internos se coadunam. Destarte, recentemente, veio a Portaria MF nº 545/2013, DOU de 20/11/13, para alterar o RICARF/09, notadamente no que atine aos §§ 1º e 2º do artigo 62A, senão vejamos os dispositivos contidos no artigo 1º desta Portaria. Art. 1º Revogar os parágrafos primeiro e segundo do art. 62A do Anexo II da Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009, publicada no DOU de 23 de junho de 2009, página 34, Seção 1, que aprovou o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF. De sorte que resolvida a controvérsia atinente ao sobrestamento, resta o pronunciamento acerca da questão da legalidade da inclusão do ICMS na base de cálculo das referidas contribuições, por conseguinte da cobrança do tributo nessa condição. Confirase: A Constituição Federal criou o tributo e traça a moldura para que o legislador ordinário (respeitados os limites) institua a exação tributária cuja competência lhe foi outorgada. Para a instituição válida da exação, como regra, a lei ordinária deverá contemplar alguns critérios quais sejam: material, temporal e espacial, localizados no antecedente da estrutura da norma jurídica, e os critérios pessoal e quantitativo no conseqüente dessa norma, também denominados de Regra Matriz de Incidência Tributária RMIT. Tudo o que se refere a tributo e a exação tributária passa por esta regra. Feitas tais considerações passo à construção da norma jurídica em sentido estrito (regra matriz de incidência tributária) das contribuições sociais instituídas nas Leis nº 10.637/02 e 10.833/03, respectivamente. (a) Regramatriz de incidência do PIS NãoCumulativo: De acordo com o disposto na Lei nº. 10.637/02, a regramatriz de incidência tributária do PIS NãoCumulativo pode ser construída da seguinte forma, in verbis: Lei nº. 10.637/02. “Art. 1º. A contribuição para o PIS/PASEP tem como fato gerador o faturamento mensal (...); § 2º A base de cálculo da contribuição para o PIS/PASEP é o valor do faturamento (...)” (Grifei) Fl. 89DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2014 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 10/10/20 14 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 23/09/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 10805.901012/201111 Acórdão n.º 3803006.373 S3TE03 Fl. 20 5 Como dito na lei, temse: Critério material: auferir FATURAMENTO (Art. 1º, caput) Critério temporal: mensal (Art. 10); Critério espacial: no âmbito nacional; Critério pessoal: União (sujeito ativo) e pessoa jurídica que aufere faturamento (sujeito passivo) (Art. 4º); Critério quantitativo: Base de cálculo – Valor do Faturamento (Art. 1º, § 2º); Alíquota – 1,65% (Art. 2º). Do cotejo entre hipótese de incidência e a base de cálculo verificase que o fato signo presuntivo de riqueza eleito pelo legislador ordinário para instituir o PIS Não Cumulativo foi o faturamento, o qual foi afirmado pela base de cálculo. (b) Regramatriz de incidência da COFINS NãoCumulativa: Assim estabelece o caput e o § 2º do artigo 1º da Lei nº 10.833/03, in verbis: Lei nº. 10.833/03. “Art. 1º. A contribuição para a COFINS tem como fato gerador o faturamento mensal (...); § 2º A base de cálculo da contribuição para a COFINS é o valor do faturamento (...)” (Grifei) Como dito na lei, temse: Critério material: auferir FATURAMENTO (Art. 1º, caput); Critério temporal: mensal (Art. 10); Critério espacial: no âmbito nacional; Critério pessoal: União (sujeito ativo) e pessoa jurídica que aufere faturamento (sujeito passivo) (Art. 4º); Critério quantitativo: Base de cálculo – Valor do Faturamento (Art. 1º, § 2º); Alíquota – 7,6% (Art. 2º) Igualmente ao PIS, observase do cotejo entre hipótese de incidência e a base de cálculo que a riqueza eleita pelo legislador ordinário para instituir a COFINS Não Cumulativa foi o faturamento, o qual foi afirmado pela base de cálculo. Pela dicção legal dos artigos 1º das Leis ordinárias vertentes não há qualquer dissonância entre a hipótese de incidência e a base de cálculo. Fl. 90DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2014 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 10/10/20 14 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 23/09/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 6 A base de cálculo, em seu desiderato nuclear, tem por escopo dimensionar economicamente o valor do fato que ensejou a tributação e, por isso, precisa, necessariamente, guardar estreita relação com o critério material consignado na hipótese de incidência. Além da função mensuradora, a base de cálculo também tem o papel de confirmar, afirmar ou infirmar a hipótese de incidência, sendo certo que nesse último caso, ou seja, quando a base de cálculo tiver o condão de infirmála, deverá prevalecer o disposto no critério quantitativo, por servir como discrímen na averiguação da espécie tributária de que se cuida. Na espécie, o critério quantitativo afirma a hipótese de incidência que é o faturamento. Assim, devem as contribuições sociais relativas ao PIS e à COFINS Não Cumulativas incidir sobre as receitas advindas tãosomente da venda de mercadorias e/ou da prestação de serviços, ou seja, o faturamento. (Grifei). A definição de faturamento pelo STF, sem maiores delongas, encontrase no julgamento da inconstitucionalidade da Lei nº 9.718/98. No que tange à base de cálculo eleita para a incidência do PIS e da COFINS, decidiram os Ministros do Supremo Tribunal Federal, em sessão plenária, em fixar do conteúdo semântico de faturamento, como sendo o das entradas decorrentes da venda de mercadorias e/ou da prestação de serviços. Nesse passo, para explicitar o conteúdo semântico do signo “faturamento” transcrevemos abaixo trecho do voto vista proferido pelo Ministro Cesar Peluzo: “...Ainda no universo semântico normativo, faturamento não pode soar o mesmo que receita, nem confundidas ou identificadas as operações (fatos) ‘por cujas realizações se manifestam essas grandezas numéricas’. ...Como se vê sem grande esforço, o substantivo receita designa aí o gênero, compreensivo das características ou propriedades de certa classe, abrangente de todos os valores que, recebidos da pessoa jurídica, se lhe incorporam à esfera patrimonial. Todo valor percebido pela pessoa jurídica, a qualquer título, será, nos termos da norma, receita (gênero). Mas nem toda receita será operacional, porque poderá havêla não operacional. ...Não precisa recorrer às noções elementares da Lógica Formal sobre as distinções de gênero e espécie, para reavivar que, nesta, sempre há um excesso de conotação e um déficit de denotação em relação àquele. Nem para atinar logo em que, como já visto, faturamento também significa percepção de valores e, como tal, pertence ao gênero ou classe receita, mas com a diferença específica de que compreende apenas os valores oriundos do exercício da ‘atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou serviços’ (venda de mercadorias e de serviços). (...) Donde, a conclusão imediata de que, no juízo da lei contemporânea ao início da vigência da atual Constituição da República, embora todo faturamento seja receita, nem toda receita é faturamento.12” (grifamos). No caso do PIS e da COFINS NãoCumulativos o que se observa é que o legislador ordinário, apesar de possuir a competência tributária para tributar a receita, novamente contemplou, através de lei, que tais contribuições incidissem sobre o faturamento, adotando o como critério material da hipótese e afirmandoo na base de cálculo. Todavia, ao definir faturamento, recaiu no mesmo equívoco deflagrado em relação à Lei 9.718/98, senão vejamos: Fl. 91DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2014 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 10/10/20 14 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 23/09/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 10805.901012/201111 Acórdão n.º 3803006.373 S3TE03 Fl. 21 7 Lei nº. 10.637/02 “Art. 1º. A contribuição para o PIS/PASEP tem como fato gerador o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil; § 2º A base de cálculo da contribuição para o PIS/PASEP é o valor do faturamento, conforme definido no caput (...)” (Grifei) Lei nº. 10.833/03 “Art. 1º. A contribuição para a COFINS faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil § 2º A base de cálculo da contribuição para a COFINS é o valor do faturamento, conforme definido no caput (...)” (Grifei) Notese que a definição legal apresentada pelo legislador ordinário ao faturamento nas Leis nºs. 10.637/02 e 10.833/03 é exatamente a mesma veiculada na Lei nº. 9.718/98, que foi repelida, brilhantemente, pelo Supremo Tribunal Federal. Todavia, conforme se verifica da redação dos dispositivos legais que instituíram tais exações, bem como das regrasmatrizes engendradas outrora, a receita não foi contemplada como critério material da hipótese muito menos como aspecto quantitativo dessas contribuições. Por isso, em obediência ao magno princípio da Legalidade e, primordialmente, o sobreprincípio da Segurança Jurídica, as exações vertentes deverão incidir tãosomente sobre o faturamento, sob pena de inconstitucionalidade e de ilegalidade. Admitirse o contrário implica na violação dos princípios constitucionais da Legalidade, Estrita Legalidade Tributária, Segurança Jurídica e Razoabilidade e, além disso, tem o condão de infringir entendimento já assentado pela Suprema Corte acerca da distinção entre os conteúdos semânticos de faturamento e de receita que, por sua vez, resulta na violação ao disposto no artigo 110 do Código Tributário Nacional, cuja afronta passamos a ponderar. Insta frisar que a definição legal adotada pelo legislador ordinário no caput dos artigos 1º das Leis nºs. 10.637/02 e 10.833/01 é simplesmente a mesma que a revista no § 1º, do artigo 3º, da Lei nº. 9.718/98, sobre a qual recaiu o peso da incompatibilidade com o sistema jurídico, consoante decisum da Suprema Corte que, pontificou, claramente, a distinção existente entre os conteúdos semânticos de faturamento e de receita. Sendo assim, uma vez que novamente a intenção do legislador ordinário foi a de equiparar a abrangência dos fatos signos presuntivos de riqueza – faturamento e receita – como se albergassem a mesma qualidade de ingressos (entendase receita), então, é indubitável que recaiu em ilegalidade, na medida em que violou o disposto no artigo 110 do Código Tributário Nacional, que alude: Art. 110. A lei tributária não pode alterar a definição, conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Fl. 92DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2014 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 10/10/20 14 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 23/09/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 8 Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar competências tributárias. Tanto há discrepância entre os conteúdos semânticos dos signos faturamento e receita, que o legislador constituinte inseriu o disjuntivo “ou” no artigo 195, inciso I, “b”, da Constituição Federal, ipsis litteris: Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I – do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre:... b) a receita OU o faturamento. (Grifei) A distinção entre esses substantivos foi aventada pelo Ministro Marco Aurélio, no julgamento do RE 380.840/MG, nos seguintes termos: “A disjuntiva ‘ou’ bem revela que não se tem a confusão entre o gênero ‘receita’ e a espécie ‘faturamento”. Sobre a imprescindibilidade de se obedecer ao limite semântico do signo tratado pelo direito privado, segue a maciça jurisprudência excelsa: “...TRIBUTÁRIO – INSTITUTOS – EXPRESSÕES E VOCÁBULOS – SENTIDO. A norma pedagógica do artigo 110 do Código Tributário Nacional ressalta a impossibilidade de a lei tributária alterar a definição, o conteúdo e o alcance de consagrados institutos, conceitos e formas de direito privado utilizados expressa ou implicitamente. Sobrepõese ao aspecto formal o princípio da realidade, considerados os elementos tributários.” (STF, RE 380.9405/MG, Rel. Min. Marco Aurélio, por maioria, j. 09/11/2005, DJ 15/08/2006) – Destacamos. PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL. AMPLIAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO DO PIS E DA COFINS REALIZADA PELO ART. 3º, § 1º, DA LEI Nº 9.718/98. ART. 110 DO CTN. ALTERAÇÃO DA DEFINIÇÃO DE DIREITO PRIVADO. EQUIPARAÇÃO DOS CONCEITOS DE FATURAMENTO E RECEITA BRUTA. PRECEDENTES DO STJ E DO STF. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE PELO PRETÓRIO EXCELSO. PRINCÍPIO DA UTILIDADE. PROCESSUAL. RESERVA DE PLENÁRIO. INAPLICABILIDADE. ...2. A Lei nº 9.718/98, ao ampliar a base de cálculo do PIS e da COFINS e criar novo conceito para o termo “faturamento”, para fins de incidência da COFINS, com o objetivo de abranger todas as receitas auferidas pela pessoa jurídica, invadiu a esfera da definição do direito privado, violando frontalmente o art. 110 do CTN....” (AgRg no Ag 954.490/SP, 1ª T., Rel. Min. José Delgado, v.u., j. 24/03/2008, DJ 24/08/2008)É imperiosa para a harmonia do sistema jurídico que a atividade legislativa se amolde aos limites traçados pelo ordenamento, principalmente quando se está diante do poder de tributar que implica, sem dúvida alguma, na expropriação de parte do patrimônio dos Fl. 93DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2014 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 10/10/20 14 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 23/09/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 10805.901012/201111 Acórdão n.º 3803006.373 S3TE03 Fl. 22 9 contribuintes. Por isso, não pode o ente tributante agir de forma abusiva, alterando os conteúdos semânticos dos signos presuntivos de riqueza e, desse modo, gerar absoluta insegurança das relações jurídicas, posto que tal conduta fere o princípio da razoabilidade, como bem explicitou o Ministro Celso de Mello, na ADIMCQO 2551 / MG, in verbis: “TRIBUTAÇÃO E OFENSA AO PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE. O Poder Público, especialmente em sede de tributação, não pode agir imoderadamente, pois a atividade estatal achase essencialmente condicionada pelo princípio da razoabilidade, que traduz limitação material à ação normativa do Poder Legislativo. O Estado não pode legislar abusivamente. A atividade legislativa está necessariamente sujeita à rígida observância de diretriz fundamental, que, encontrando suporte teórico no princípio da proporcionalidade, veda os excessos normativos e as prescrições irrazoáveis do Poder Público. O princípio da proporcionalidade, nesse contexto, achase vocacionado a inibir e a neutralizar os abusos do Poder Público no exercício de suas funções, qualificandose como parâmetro de aferição da própria constitucionalidade material dos atos estatais. A prerrogativa institucional de tributar, que o ordenamento positivo reconhece ao Estado, não lhe outorga o poder de suprimir (ou de inviabilizar) direitos de caráter fundamental constitucionalmente assegurados ao contribuinte. É que este dispõe, nos termos da própria Carta Política, de um sistema de proteção destinado a amparálo contra eventuais excessos cometidos pelo poder tributante ou, ainda, contra exigências irrazoáveis veiculadas em diplomas normativos editados pelo Estado.” (ADIMCQO 2551 / MG MINAS GERAIS, Relator Min. CELSO DE MELLO, Julgamento: 02/04/2003, Órgão Julgador: Tribunal Pleno, Publicação DJ 20 042006 PP00005 – (grifei.) (c) Já a Regramatriz de incidência do ICMS: De acordo com o disposto na CF/88, a regramatriz de incidência tributária do ICMS pode ser construída nos moldes do art. 155, c/c a LC nº 87/96, in verbis: CF/88. “Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: II operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993). Art. 12. Considerase ocorrido o fato gerador do imposto no momento: Fl. 94DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2014 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 10/10/20 14 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 23/09/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 10 I da saída de mercadoria de estabelecimento de contribuinte, ainda que para outro estabelecimento do mesmo titular; II do fornecimento de alimentação, bebidas e outras mercadorias por qualquer estabelecimento; III da transmissão a terceiro de mercadoria depositada em armazém geral ou em depósito fechado, no Estado do transmitente; IV da transmissão de propriedade de mercadoria, ou de título que a represente, quando a mercadoria não tiver transitado pelo estabelecimento transmitente; V do início da prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal, de qualquer natureza; VI do ato final do transporte iniciado no exterior; VII das prestações onerosas de serviços de comunicação, feita por qualquer meio, inclusive a geração, a emissão, a recepção, a transmissão, a retransmissão, a repetição e a ampliação de comunicação de qualquer natureza; VIII do fornecimento de mercadoria com prestação de serviços: a) não compreendidos na competência tributária dos Municípios; b) compreendidos na competência tributária dos Municípios e com indicação expressa de incidência do imposto de competência estadual, como definido na lei complementar aplicável; IX – do desembaraço aduaneiro de mercadorias ou bens importados do exterior; (Redação dada pela Lcp 114, de 16.12.2002) X do recebimento, pelo destinatário, de serviço prestado no exterior; XI – da aquisição em licitação pública de mercadorias ou bens importados do exterior e apreendidos ou abandonados; (Redação dada pela Lcp 114, de 16.12.2002) XII – da entrada no território do Estado de lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos derivados de petróleo e energia elétrica oriundos de outro Estado, quando não destinados à comercialização ou à industrialização; (Redação dada pela LCP nº 102, de 11.7.2000) XIII da utilização, por contribuinte, de serviço cuja prestação se tenha iniciado em outro Estado e não esteja vinculada a operação ou prestação subseqüente. § 1º Na hipótese do inciso VII, quando o serviço for prestado mediante pagamento em ficha, cartão ou assemelhados, considerase ocorrido o fato gerador do imposto quando do fornecimento desses instrumentos ao usuário. Fl. 95DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2014 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 10/10/20 14 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 23/09/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 10805.901012/201111 Acórdão n.º 3803006.373 S3TE03 Fl. 23 11 § 2º Na hipótese do inciso IX, após o desembaraço aduaneiro, a entrega, pelo depositário, de mercadoria ou bem importados do exterior deverá ser autorizada pelo órgão responsável pelo seu desembaraço, que somente se fará mediante a exibição do comprovante de pagamento do imposto incidente no ato do despacho aduaneiro, salvo disposição em contrário. § 3o Na hipótese de entrega de mercadoria ou bem importados do exterior antes do desembaraço aduaneiro, considerase ocorrido o fato gerador neste momento, devendo a autoridade responsável, salvo disposição em contrário, exigir a comprovação do pagamento do imposto. (Incluído pela Lcp 114, de 16.12.2002) Art. 13. A base de cálculo do imposto é: I na saída de mercadoria prevista nos incisos I, III e IV do art. 12, o valor da operação; II na hipótese do inciso II do art. 12, o valor da operação, compreendendo mercadoria e serviço; III na prestação de serviço de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, o preço do serviço; IV no fornecimento de que trata o inciso VIII do art. 12; a) o valor da operação, na hipótese da alínea a; b) o preço corrente da mercadoria fornecida ou empregada, na hipótese da alínea b; V na hipótese do inciso IX do art. 12, a soma das seguintes parcelas: a) o valor da mercadoria ou bem constante dos documentos de importação, observado o disposto no art. 14; b) imposto de importação; c) imposto sobre produtos industrializados; d) imposto sobre operações de câmbio; e)quaisquer outros impostos, taxas, contribuições e despesas aduaneiras; (Redação dada pela Lcp 114, de 16.12.2002) VI na hipótese do inciso X do art. 12, o valor da prestação do serviço, acrescido, se for o caso, de todos os encargos relacionados com a sua utilização; VII no caso do inciso XI do art. 12, o valor da operação acrescido do valor dos impostos de importação e sobre produtos industrializados e de todas as despesas cobradas ou debitadas ao adquirente; VIII na hipótese do inciso XII do art. 12, o valor da operação de que decorrer a entrada; Fl. 96DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2014 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 10/10/20 14 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 23/09/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 12 IX na hipótese do inciso XIII do art. 12, o valor da prestação no Estado de origem. § 1o Integra a base de cálculo do imposto, inclusive na hipótese do inciso V do caput deste artigo: (Redação dada pela Lcp 114, de 16.12.2002) I o montante do próprio imposto, constituindo o respectivo destaque mera indicação para fins de controle; II o valor correspondente a: a) seguros, juros e demais importâncias pagas, recebidas ou debitadas, bem como descontos concedidos sob condição; b) frete, caso o transporte seja efetuado pelo próprio remetente ou por sua conta e ordem e seja cobrado em separado. § 2º Não integra a base de cálculo do imposto o montante do Imposto sobre Produtos Industrializados, quando a operação, realizada entre contribuintes e relativa a produto destinado à industrialização ou à comercialização, configurar fato gerador de ambos os impostos. § 3º No caso do inciso IX, o imposto a pagar será o valor resultante da aplicação do percentual equivalente à diferença entre a alíquota interna e a interestadual, sobre o valor ali previsto. § 4º Na saída de mercadoria para estabelecimento localizado em outro Estado, pertencente ao mesmo titular, a base de cálculo do imposto é: I o valor correspondente à entrada mais recente da mercadoria; II o custo da mercadoria produzida, assim entendida a soma do custo da matériaprima, material secundário, mãodeobra e acondicionamento; III tratandose de mercadorias não industrializadas, o seu preço corrente no mercado atacadista do estabelecimento remetente. § 5º Nas operações e prestações interestaduais entre estabelecimentos de contribuintes diferentes, caso haja reajuste do valor depois da remessa ou da prestação, a diferença fica sujeita ao imposto no estabelecimento do remetente ou do prestador. Complementarmente ao artigo 13 os artigos 8º e 15 também tratam de base de cálculo. Como dito na lei, temse: Critério material: Sair mercadoria do estabelecimento de contribuinte; fornecer alimentação, bebidas e outras mercadorias por qualquer estabelecimento; a transmissão, dentre outros estabelecidos no artigo 12 da LC nº 87/96. Fl. 97DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2014 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 10/10/20 14 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 23/09/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 10805.901012/201111 Acórdão n.º 3803006.373 S3TE03 Fl. 24 13 Critério temporal: é o momento da saída, do fornecimento, da transmissão, do início da prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal, etc, (Art. 12, LC 87/96); Critério espacial: no âmbito estadual; Critério pessoal: Estado/DF (sujeito ativo) e pessoa jurídica que promove a saída de mercadorias do estabelecimento (sujeito passivo) (Art. 12); Critério quantitativo: Base de cálculo – O valor da operação (vide art. 12, I, III e IV); Alíquota – fixada pelo Senado Federal as alíquotas mínimas e máximas (CF/88, art. 155, § 1º, IV e § 2º, IV e VI); Do cotejo entre hipótese de incidência e a base de cálculo verificase que o fato signo presuntivo de riqueza eleito pelo legislador ordinário para instituir o ICMS, em tese, foi o VALOR DA OPERAÇÃO, o qual foi afirmado pela base de cálculo. Os elementos informadores da incidência e da base de cálculo da norma tributária ensejadora do PIS e da Cofins, bem assim da constituição da relação jurídico tributária não guarda nenhuma relação com aqueles elementos orientadores para incidência do ICMS, ou seja, as regras matrizes do PIS e da Cofins em nada se assemelha àquela do ICMS, razão o bastante para que o ICMS seja afastado da base de cálculo do PIS e da Cofins. Por outro enfoque: A lei infraconstitucional deve identificar, pormenorizadamente, todos os elementos essenciais da norma tributária, principalmente no tocante à hipótese de incidência, sob pena de não poder ser exigida pelo fisco. Nas palavras de XAVIER apud CARRAZZA descreve o mesmo que “a tipicidade pressupõe (...) uma descrição rigorosa dos seus elementos constitutivos, cuja integral verificação é indispensável para produção de efeitos” (p. 386, 2003). Vale dizer que o princípio da Tipicidade Tributária não dá margem para o intérprete ou ao aplicador da lei para o exercício de entendimentos contraditórios, mais abrangentes ou restritivos ao descrito pela norma constitucional. Dito isto e, considerando que o ICMS passou a integrar a base de cálculo do PIS e da Cofins em razão da interpretação do contido no art. 2º da Lei nº 9.718/98, de que o faturamento corresponde à receita bruta da pessoa jurídica, sendo irrelevante o tipo de atividade que ela exerça e a classificação contábil adotada para essas receitas (art. 13, § 1º, I, da LC 87/96, ex vi "cálculo por dentro" fator aplicado ao cálculo deste tributo de competência estadual, inadequado á questão posta em discussão), é certo que esse conceito é totalmente distinto daquele fixado na LC 7/70 e na LC 70/91. Por relevante cabe aqui o registro acerca da distinção entre os termos “receita” e “ingresso”, eis que a primeira é a quantia recebida/apurada/arrecadada, que acresce o patrimônio da pessoa física/jurídica, em decorrência direta ou indireta da atividade econômica por ela exercida. Já o ingresso pressupõe tanto as receitas como os valores pertencentes a terceiros (que integram o patrimônio de outrem), pois não importam em Fl. 98DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2014 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 10/10/20 14 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 23/09/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 14 modificação do patrimônio de quem os recebe e implica em posterior entrega para quem pertence efetivamente. É que o ICMS para a empresa é mero ingresso, para posterior destinação ao Fisco, entendido este como o titular de tais valores. Este é o entendimento da Terceira Turma do TRF da 3ª Região, que decidiu que o ICMS não deve integrar a base de cálculo do PIS e da Cofins, reconhecendo outrossim o direito à compensação dos valores pagos indevidamente nos últimos dez anos. Ainda que não concluído o julgamento da ADC 18 e do RE 240785/MG, o STF já sinalizou acerca do entendimento sobre a impossibilidade da inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS/Cofins, cujo relator, o Exmº. Min. Marco Aurélio, assim ressaltou: "Descabe assentar que os contribuintes da Cofins faturam, em si, o ICMS. O valor deste revela, isto sim, um desembolso a beneficiar a entidade de direito público que tem a competência para cobrálo. A conclusão a que chegou a Corte de origem, a partir de premissa errônea, importa na incidência do tributo que é a Cofins, não sobre o faturamento, mas sobre outro tributo já agora da competência de unidade da Federação. (...) Difícil é conceber a existência de tributo sem que se tenha uma vantagem, ainda que mediata, para o contribuinte, o que se dirá quanto a um ônus, como é o ônus fiscal atinente ao ICMS. O valor correspondente a este último não tem a natureza de faturamento. Não pode, então, servir à incidência da Cofins, pois não revela medida de riqueza apanhada pela expressão contida no preceito da alínea "b" do incido I do artigo 195 da Constituição Federal. O fundamento da tese reside no fato de que o ICMS constitui receita do ente tributante, ou seja, do Estado, não podendo integrar a base de cálculo do PIS e da Cofins a cargo da empresa sob pena de exigirse tributo sem o devido lastro constitucional previsto no art. 195, inciso I, alínea "b" da Constituição Federal. Assim, a inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e da Cofins fere os princípios da capacidade contributiva, razoabilidade, proporcionalidade, equidade de participação no custeio da seguridade social, imunidade recíproca e confisco à Constituição. Filiaramse ao voto do Relator os Ministros Ricardo Lewandowski, Carlos Ayres Britto, Cezar Peluso, Sepúlveda Pertence e Carmem Lúcia; o Ministro Eros Grau negou provimento ao recurso, faltando votar os Senhores Ministros Gilmar Mendes, Ellen Gracie e Celso Mello. Diante de todo o exposto a Administração Pública somente poderá impor ao contribuinte o ônus da exação quando houver estrita adequação entre o fato e a hipótese legal de incidência do tributo, ou seja, sua descrição típica. É condição sine qua non para a exigibilidade de um tributo. Neste contexto, nas palavras de Alberto Xavier (in Os Princípios da Legalidade e da Tipicidade da Tributação, São Paulo, RT. 1978, pág. 37/38) “a lei deve conter, em seu bojo, todos os elementos de decisão no caso concreto, de forma que a decisão concreta seja imediatamente dedutível da lei, sem valoração pessoal do órgão de aplicação da lei, o que decorre do artigo 150, inciso I, da Constituição Federal de 1988.” Assim, toda a atividade da Administração Tributária e os critérios objetivos na identificação do sujeito passivo, do valor do montante apurado e das penalidades cabíveis devem ser tipificados de forma fechada na lei. É a norma jurídica, consubstanciada, em regra Fl. 99DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2014 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 10/10/20 14 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 23/09/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 10805.901012/201111 Acórdão n.º 3803006.373 S3TE03 Fl. 25 15 geral, na lei ordinária que deverá descrever as hipóteses de incidência, não deixando brechas ao aplicador da lei, especialmente à Administração Pública, para uma interpretação extensiva, e mais, para o uso da analogia, ao seu bel prazer. Portanto, sendo a definição de fato gerador a situação definida em lei como necessária e suficiente ao nascimento da obrigação tributária principal, àquela de pagar tributo e, no caso do PIS e da Cofins, é auferir faturamento, não há se falar em inclusão do ICMS na base de cálculo desses tributos, eis que tanto o fato gerador, quanto a base de cálculo é totalmente diversa, não se coadunam. O Ministro Cesar Peluzo, no votovista proferido no julgamento do RE nº. 350.950, foi peremptório ao atestar que: “A base de cálculo é tão importante na identificação do tributo, que prevalece em relação ao fato gerador no caso em conflito.” Na hipótese sob exame não há qualquer discrepância entre o critério material e a base de cálculo preceituados em lei, posto que ambas contemplam o faturamento como fato signo presuntivo de riqueza para que as contribuições vertentes pudessem ser exigidas. Contudo, mesmo que houvesse divergência entre aquele (critério material) e esse (critério quantitativo) – ad argumentandum tantum – é a base de cálculo que deverá prevalecer por ter o condão, inclusive, de desnaturalizar o tributo, conforme decisão pretoriana. Neste sentido, uma vez que a base de cálculo eleita pelo legislador ordinário foi o faturamento – e isso não há dúvidas – então, essa há que preponderar. Assim, é inconteste que sobre o PIS e COFINS NãoCumulativos devem incidir sobre o faturamento, cujo aspecto semântico difere de receita, conforme já assentou a Suprema Corte. Não há se falar em valor da operação. Há uma tendência, tanto nos Tribunais Regionais Federais como nos Superiores, notadamente no STF, de enxugar a base de cálculo dos tributos, de valores que não representam faturamento dos Contribuintes. A decisão Plenária do STF excluindo o ICMS da base de cálculo da COFINS e do PIS nas operações envolvendo importações confirma esta tendência. Confirase: Ementa: TRIBUTÁRIO. PIS E COFINS. NÃO INCLUSÃO DO ICMS E DO ISS NA BASE DE CÁLCULO DAS CONTRIBUIÇÕES. COMPENSAÇÃO. COMPROVAÇÃO. DESNECESSIDADE DE PROVA PERICIAL. 1. O ICMS não deve ser incluído na base de cálculo do PIS e da COFINS, tendo em vista recente posicionamento do STF sobre a questão no julgamento, ainda em andamento, do Recurso Extraordinário nº 240.7852. 2. Embora o referido julgamento ainda não tenha se encerrado, não há como negar que traduz concreta expectativa de que será adotado o entendimento de que o ICMS deve ser excluído da base de cálculo do PIS e da COFINS. 3. O ISS que como o ICMS não se consubstancia em faturamento, mas sim em ônus fiscal não deve, também, integrar a base de cálculo das aludidas contribuições. 4. A parte que pretende a compensação tributária deve demonstrar a existência de crédito decorrente de Fl. 100DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2014 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 10/10/20 14 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 23/09/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 16 pagamento indevido ou a maior. 5. Na ausência de documento indispensável à propositura da demanda, deve ser julgado improcedente o pedido, com relação ao período cujo recolhimento não restou comprovado nos autos. 6. Deve ser resguardado ao contribuinte o direito de efetuar a compensação do crédito aqui reconhecido na via administrativa (REsp n. 1137738/SP). 7. A não inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e da COFINS é matéria de direito que não demanda dilação probatória. O pedido de compensação solucionase com a apresentação das guias de recolhimento (DARF), que prescinde de exame por perito. 8. Precedentes. 9. Apelo parcialmente provido. TRF3 APELAÇÃO CÍVEL AC 23169 SP 002316944.2011.4.03.6100 (TRF3) Data de publicação: 07/02/2013. Ementa: TRIBUTÁRIO. PIS E COFINS. NÃO INCLUSÃO DO ICMS E DO ISS NA BASE DE CÁLCULO DA CONTRIBUIÇÃO. 1. O ICMS e, por idênticos motivos, o ISS não devem ser incluídos na base de cálculo do PIS e da COFINS, tendo em vista recente posicionamento do STF sobre a questão no julgamento, ainda em andamento, do Recurso Extraordinário nº 240.7852. 2. No referido julgamento, o Ministro Março Aurélio, relator, deu provimento ao recurso, no que foi acompanhado pelos Ministros Ricardo Lewandowski, Carlos Britto, Cezar Peluso, Carmen Lúcia e Sepúlveda Pertence. Entendeu o Ministro relator estar configurada a violação ao artigo 195 , I , da Constituição Federal , ao fundamento de que a base de cálculo do PIS e da COFINS somente pode incidir sobre a soma dos valores obtidos nas operações de venda ou de prestação de serviços, ou seja, sobre a riqueza obtida com a realização da operação, e não sobre o ICMS, que constitui ônus fiscal e não faturamento. Após, a sessão foi suspensa em virtude do pedido de vista do Ministro Gilmar Mendes (Informativo do STF n. 437, de 24/8/2006). 3. Embora o referido julgamento ainda não tenha se encerrado, não há como negar que traduz concreta expectativa de que será adotado o entendimento de que o ICMS e, consequentemente, o ISS, devem ser excluídos da base de cálculo do PIS e da COFINS. 4. A impetrante tem direito, na espécie, a compensar os valores indevidamente recolhidos. No entanto, ela não comprovou ter pago as contribuições que pretende compensar, mediante a juntada das guias de recolhimento. 5. A via especial do mandado de segurança, em que não há dilação probatória, impõe que o autor comprove de plano o direito que alega ser líquido e certo. E, para isso, deve trazer à baila todos os documentos hábeis à comprovação do que requer. Sem esses elementos de prova, tornase carecedora da ação. Precedente do C. STJ. 6. Dessarte, quanto à compensação dos créditos, cujos pagamentos não restaram comprovados nos autos, a parte deve ser considerada carecedora da ação. 7. Apelação, parcialmente, provida..TRF3 APELAÇÃO EM MANDADO DE SEGURANÇA AMS 6072 SP 2007.61.11.0060722 (TRF 3). Data de publicação: 16/06/2011. Fl. 101DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2014 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 10/10/20 14 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 23/09/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 10805.901012/201111 Acórdão n.º 3803006.373 S3TE03 Fl. 26 17 Finalmente vencida a questão da inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e da Cofins, restou a questão de prova acerca da certeza e liquidez da existência do crédito alegado pela Recorrente, em quantidade o bastante para solver o débito existente na data da transmissão do Per/DComp, haja vista que o ônus probante cabe ao transmitente do referido documento, o que deve ser efetivado juntamente com a apresentação da manifestação de inconformidade, eis que preclui o direito de fazêlo em outro momento processual, ressalvadas as hipóteses previstas no § 4º do artigo 16 do Decreto nº 70.235/72. No caso vertente o contribuinte não logrou demonstrar cabalmente a existência de crédito suficiente à satisfação da compensação, pois os documentos acostados se referem tão somente à existência de crédito, o que não é o bastante. Neste aspecto, de os documentos apresentados pela Recorrente não serem o bastante e suficientes para demonstrar cabalmente acerca do quantum e da liquidez e certeza do crédito alegado, assiste razão ao juízo a quo, eis que aos mesmos deveriam se somar, no mínimo, as DCTF’s correspondentes e o Livro Razão relacionados ao período de apuração objeto do pedido de restituição, em observância aos princípios da segurança jurídica, da verdade material, da razoabilidade e da proporcionalidade, esculpidos no artigo 37, CF/88. É cediço que quando da apresentação de Per/DComp à repartição fiscal, por se tratar de iniciativa do próprio contribuinte, cabe ao transmitente o ônus probante da liquidez e certeza do crédito tributário alegado em valores superiores ao débito informado na DComp. Por sua vez à autoridade administrativa cabe a verificação da existência e regularidade desse direito, mediante o exame de provas hábeis, idôneas e suficientes a essa comprovação. Ex positis oriento o meu voto pelo não provimento do recurso interposto. É como voto. Jorge Victor Rodrigues Relator Fl. 102DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2014 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 10/10/20 14 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 23/09/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 18 Fl. 103DF CARF MF Impresso em 20/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/09/2014 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 10/10/20 14 por JORGE VICTOR RODRIGUES, Assinado digitalmente em 23/09/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO
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Numero do processo: 10880.008207/2006-11
Turma: Primeira Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 15 00:00:00 UTC 2013
Data da publicação: Mon Mar 02 00:00:00 UTC 2015
Numero da decisão: 2801-000.269
Decisão: Resolvem os membros do colegiado, por maioria de votos, sobrestar o julgamento do recurso, nos termos do art. 62-A, §§1º e 2º do Regimento do CARF. Vencida a Conselheira Tânia Mara Paschoalin que rejeitou a preliminar de sobrestamento.
Assinado digitalmente
Tania Mara Paschoalin Presidente.
Assinado digitalmente
Marcio Henrique Sales Parada- Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Tânia Mara Paschoalin, José Valdemir da Silva, Marcelo Vasconcelos de Almeida e Marcio Henrique Sales Parada. Ausentes os Conselheiros Carlos César Quadros Pierre e Luiz Cláudio Farina Ventrilho.
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Vencida a Conselheira Tânia Mara Paschoalin que rejeitou a preliminar de sobrestamento. Assinado digitalmente Tania Mara Paschoalin – Presidente. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Tânia Mara Paschoalin, José Valdemir da Silva, Marcelo Vasconcelos de Almeida e Marcio Henrique Sales Parada. Ausentes os Conselheiros Carlos César Quadros Pierre e Luiz Cláudio Farina Ventrilho. Relatório Contra o contribuinte identificado foi lavrado Auto de Infração, conforme folhas 05 a 14, onde foi exigido Imposto sobre a Renda de Pessoa Física, relativo aos anos de apuração de 2001, 2002, 2003 e 2004, exercícios de 2002, 2003, 2004 e 2005, no valor de R$ 81.176,44, acrescido de multa proporcional de 150%, no valor de R$ 121.764,65 e mais juros de mora calculados com base na taxa Selic. Em julgamento da impugnação apresentada pelo contribuinte a DRJ/SÃO PAULO II entendeu por reduzir o valor do imposto para R$ 26.860,51 mantendo a multa proporcional de 150% e os juros de mora com base na taxa Selic. (fls. 1865/1866) RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 80 .0 08 20 7/ 20 06 -1 1 Fl. 2056DF CARF MF Impresso em 02/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2013 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 18 /11/2013 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 18/11/2013 por TANIA MARA PASCHO ALIN Processo nº 10880.008207/200611 Resolução nº 2801000.269 S2TE01 Fl. 2.057 2 No extenso Termo de Conclusão Fiscal, constante de fls. 14 e ss., que abaixo transcrevemos em partes que julgamos suficientes à tomada de decisão, no momento, narram as Autoridades Fiscais que efetuaram o lançamento, em suma, que: “...a ação fiscal iniciada em 07/04/2006 no contribuinte acima identificado, por determinação do Mandado de Procedimento Fiscal n o 08.1.90.002006004090 (fls. 01), relativamente ao IRPF — Imposto de Renda Pessoa Física, dos anoscalendário de 2000 a 2004, onde foram apurados Acréscimos Patrimoniais Não Justificados pelos rendimentos tributáveis, de tributação exclusiva e mesmo os não tributáveis declarados pelo fiscalizado, resultando na lavratura de Auto de Infração constante do presente processo administrativo. Ao final dos trabalhos, todas as apurações realizadas pela Fiscalização foram levadas ao conhecimento do Contribuinte e de sua esposa, Ana Cristina Ribeiro de Castro, CPF 000.506.32728, através dos Termos de Constatação Fiscal datados de 27/11/2006 (fls. 384/397, vol.3, e 814/840, vol.5), para que os mesmos se manifestassem a respeito... ... presente fiscalização iniciouse aos 07/04/2006 com o recebimento pelo contribuinte, do MPFFiscalização e do Termo de Início de Ação Fiscal lavado em 29/03/2006 (fls. 64/66). Por esse instrumento a Fiscalização deulhe ciência do ima) da fiscalização, referente aos dados informados pelo mesmo em suas DIRPFs dos exercícios de 2001 a 2005, correspondentes aos anoscalendário de 2000, 2001, 2002, 2003 e 2004, tendo como objeto da ação as "Operações Fiscais no 40711IRPF Variação Patrimonial e no 91.232Movimentação Financeira Incompatível com Rendimentos DeclaradosPF" intimandoo a apresentar os seguintes elementos: a) ... b) ... ... e) extratos de todas as contas correntes, de poupança e investimentos mantidas junto ao Banco do Brasil , Banco Real S/A, Banco ABN Amro Real 5/A e Banco Sudameris Brasil S/A. ... Quanto aos extratos bancários das quatro (4) Instituições Financeiras, o contribuinte apresentouos apenas em relação a duas, Banco do Brasil 5/A e ABN Real 5/A e da mesma forma, parcialmente (deixou de apresentar os relativos ao ano calendário 2000). Na fl. 26, ao esclarecerem como foram elaboradas as planilhas do “fluxo financeiro mensal” do contribuinte, para se chegar à conclusão de que houve excesso de Fl. 2057DF CARF MF Impresso em 02/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2013 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 18 /11/2013 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 18/11/2013 por TANIA MARA PASCHO ALIN Processo nº 10880.008207/200611 Resolução nº 2801000.269 S2TE01 Fl. 2.058 3 aplicações em relação aos recursos disponíveis, narram as Autoridades que realizaram a autuação fiscal que: “...A última delas, "GastosCheques Pagos/Compensados Docs emitidos" (fls.431) foi elaborada a partir dos diversos Cheques/Docs recebidos das instituições financeiras (fls. 432/490), constando data de compensação/remessa, valor e nome dos favorecidos.(grifei) Esclarecem também os procedimentos adotados, que envolveram o cônjuge do Recorrente, Ana Cristina Ribeiro de Castro: “Considerando que quando da fiscalização de contribuintes casados em comunhão total ou parcial de bens que dedaram em separado, a variação patrimonial deve ser apurada num dos cônjuges, computandose os rendimentos líquidos, as aquisições e aplicações financeiras do outro cônjuge (nota Cosit/Cotir nº 617/99), e que na pessoa física da esposa do fiscalizado também se desenvolve fiscalização por determinação contida no MPF nº 08190002006004104 (fls. 516), os resultados apurados naquela fiscalização foram integralmente considerados no fluxo financeiro do ora fiscalizado” E concluem, em relação ao Recorrente: “Alocados todos os valores no fluxo financeiro, verificamos que o contribuinte apresentou gastos em montantes não respaldados pelos rendimentos tributáveis; isentos e não tributáveis ou de tributação exclusiva, em vários meses dos anoscalendário de 2001 a 2004, conforme abaixo. Referidos excessos, demonstrados nos Fluxos Financeiros Mensais em anexo, nos termos da legislação do Imposto de Renda, serão considerados omissão de rendimentos e, deverão compor auto de infração a ser lavrado.” Fazem constar também que, em relação à contribuinte Ana Cristina Ribeiro de Castro: “Como já mencionado, a fiscalizada não apresentou os documentos solicitados nos itens 5 e 8 do Termo de Intimação n o 02 (fls. 666) e itens 1 e 2 do Termo de Intimação n°03 (fls. 671/674), ensejando a emissão, em 20/09/2006, da Requisições de Informações sobre Movimentação Financeira nos 0819000 2006006131 (HSBC B" Brasil S/A) /(fls. 880) e08190002006 006123 (Banco ABN Amro Real 5/A) (fls. 913), tanto para obtenção desses documentos quanto para a obtenção do extrato relativo ao anocalendário de 2000 e os relativos aos investimentos "Poupança Salário" e "Poupança Corrente'; também não apresentado no curso dos trabalhos. Referidos extratos (fls. 920/933, 934/945 e 946/958), que estão sendo são encaminhados à fiscalizada junto com presente termo, assim como os demais apresentados por ela, foram utilizados pela Fiscalização para elaboração de seu fluxo financeiro. Fl. 2058DF CARF MF Impresso em 02/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2013 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 18 /11/2013 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 18/11/2013 por TANIA MARA PASCHO ALIN Processo nº 10880.008207/200611 Resolução nº 2801000.269 S2TE01 Fl. 2.059 4 Também estão sendo encaminhados com o presente termo, cópias (frente e verso) de Cheques e DOCs emitidos pela contribuinte, sendo treze (13) do Banco HSBC Bank Brasil 5/A (fls. 891/912) e cento e seis (106) do Banco ABN Amro Real 5/A (fls. 959/1141), constantes também da planilha "Gastos Cheques pagos/compensados" (fls. 861/864), os quais foram lançados como "aplicações de recursos Linha 3.1" no fluxo financeiro elaborado”.(grifei) Como ponto nodal do mérito do lançamento, entendemos, da leitura das mais de duas mil folhas dos autos, que a questão aqui se concentra: “Apesar da fiscalizada haver declarado em sua DIRPF2002 (fls. 798), a aquisição do imóvel onde atualmente reside (Rua Dentista Barreto no 310 Casa 95 (Tipo E), Vila Carrão, nesta Capital) pelo valor de R$ 180.000,00 (cento e oitenta mil reais), mantendoo inalterado até a presente data, informações colhidas por esta fiscalização indicam que tal informação não corresponde à realidade. Ainda à época da construção, a empresa Waled Incorporadora Ltda, responsável pelo empreendimento, anunciava em seu "site" http://www.grupowaled.com.br, imóveis do porte do adquirido pela fiscalizada e seu esposo (451,57m 2) pelo valor de R$ 1.200.000,00 (um milhão e duzentos mil reais) a "preço fechado". 14.2 Obviamente que nesse valor encontrase embutida a margem de lucro da empreendedora, entretanto, sua discrepância para com o valor de R$ 180 mil declarado pela contribuinte ainda é gritante.” Constatouse que um imóvel declarado como adquirido por R$ 180.000,00 estava subavaliado. A Fiscalização empreendeu pesquisa para chegar então a um valor real. Concluiu que o imóvel fora adquirido sem “acabamento”, ou “na casca”, para utilizar termo que consta dos autos. Pelos meios que discrimina (diligências na construtora Waled, consulta a “sites” que ofereciam os imóveis, diligência no C.R.I e laudo da CEF), concluiu que foram despendidos mais R$ 243.035,66 entre os anos de 2001 e 2003, quando o casal passou a ocupá lo. Vejamos o Termo de Conclusão, fl. 51, vol I: “Finalmente, o valor do Custo Sinduscon referente a cada período (B) multiplicado pela área construída correspondente (C) resultou no CUSTO ARBITRADO ou NÃO DECLARADO (F), que foi incluído como dispêndios nos respectivos períodos dos fluxos financeiros elaborados.” No julgamento da Impugnação, a Autoridade a quo, após considerar as alegações do Impugnante sobre o “padrão de construção”, resolveu por refazer os cálculos, reduzindo o valor do dispêndio para R$ 122.971,16, como se pode verificar na fl. 1856, vol VII: “187. Analisando o lançamento e os aspectos levantados pelo impugnante, verificase que, foi aplicada a multa qualificada de 150%, prevista no art. 4°, inciso II, da Lei n° 8.218/1991 e no Fl. 2059DF CARF MF Impresso em 02/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2013 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 18 /11/2013 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 18/11/2013 por TANIA MARA PASCHO ALIN Processo nº 10880.008207/200611 Resolução nº 2801000.269 S2TE01 Fl. 2.060 5 art. 44, inciso II, da Lei n° 9.430/1996, configurado o evidente intuito de fraude, definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502, de 30 de novembro de 1964, tendo em vista que o contribuinte e sua esposa adquiriram e pagaram o valor de R$180.000,00, ao longo dos anos 2001, 2002 e 2003, por um imóvel parcialmente construído e que, para sua conclusão, foi necessário despender mais R$ 243.035,66 (R$122.971,16, após impugnação), consoante demonstraram os resultados da aplicação dos índices de custo de construção elaborado pelo Sinduscon e utilizados para o arbitramento”. Ressaltese, então, que o imóvel, objeto mais significativo do mérito da controvérsia, foi declarado na DIRPF do cônjuge do aqui recorrente. Na elaboração das planilhas dos fluxos financeiros mensais da contribuinte Ana Cristina Ribeiro de Castro, também esclarecem as Autoridades Fiscais que: “...A última delas, "GastosCheques Pagos/Compensados Docs emitidos" (fls. 861/864) foi elaborada a partir dos diversos Cheques/Docs recebidos das instituições financeiras, constando data de compensação/remessa, valor e nome dos favorecidos. Observamos que saques avulsos e cheques descontados pela própria fiscalizada diretamente na "boca do cabo" deixaram de constar dessa planilha uma vez que a fiscalização não logrou êxito em determinar onde os mesmos foram gastos/aplicados. Já quanto aos demais valores (constantes da planilha), estes foram considerados como dispêndios nos fluxos mensais elaborados, visto referiremse claramente gastos/dispêndios realizados pela fiscalizada.”(grifei) Nas considerações finais expostas no Termo de Conclusão Fiscal, quando procuram responder e esclarecer ao Fiscalizado as razões da autuação em face dos questionamentos por ele levantados no curso dos trabalhos, narram os autores do feito fiscal que: “A alegação de "invasão de privacidade" decorrente de requisição por parte da SRF de parcela de sua movimentação financeira é no mínimo estranha, posto que todos os elementos requisitados aos bancos do Brasil e Real, foram antes solicitados ao próprio fiscalizado, que não os apresentou. As planilhas citadas realmente foram elaboradas a partir de sua movimentação financeira e, assim sendo, suas informações são de seu pleno conhecimento e não lhe devem causar estranheza. A Lei Complementar 105/2001 faculta à Secretaria da Receita Federal, em não tendo sido fornecidas pelos fiscalizados as informações sobre movimentações financeiras, solicitálas diretamente à instituição financeira correspondente. As Requisições de Movimentação Financeiras encontramse acostadas às fls. 320 e 332 do processo administrativo, das quais pode solicitar cópias o fiscalizado, se assim o desejar.” Por fim, justificam os Auditores Fiscais o agravamento da multa de ofício, aplicada no percentual de 150%: Fl. 2060DF CARF MF Impresso em 02/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2013 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 18 /11/2013 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 18/11/2013 por TANIA MARA PASCHO ALIN Processo nº 10880.008207/200611 Resolução nº 2801000.269 S2TE01 Fl. 2.061 6 “Não há outra interpretação que se possa dar ao ato dos fiscalizados, que, tendo gastado valores muito superiores aos R$ 180.000,00 por eles declarados, mantiveramse silentes, aguardo de eventual decadência do direito da Fazenda Nacional constituir o crédito tributário decorrente dessa omissão. 4.3 De acordo com o artigo 44, inciso II da Lei n o 9.430/1996, aplicase a multa de 150 % nos casos de evidente intuito de fraude, definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30/11/1964, abaixo transcritos:...”(grifos originais) Relatam ainda o procedimento de lavratura de Representação Fiscal para Fins Penais (fl. 64): “Sobre referidos acréscimos patrimoniais não justificados, a Fiscalização lavrou o competente auto de infração de IRPF e constitui o crédito tributário correspondente, com a multa de ofício acima citada, além dos juros legais. Foi lavrada ainda Representação Fiscal para Fins Penais, cujo processo assumiu o nº 10880.008208/200666.”(grifos originais) Inconformado, o contribuinte apresentou impugnação ao lançamento, argüindo, em suma, os seguintes aspectos materiais e formais do lançamento: Nulidade do feito em virtude de erro na identificação do sujeito passivo, considerando que “por força de solicitação da Escor (Escritório da Corregedoria em São Paulo) — vide Relatório dos doc.'s de fls. 1159 e 1161 dos autos, foi iniciada a ação fiscal contra o Impugnante e sua cônjuge tendo em vista, dentre outros motivos, haver forte inslfc5o de aquisição de imóvel por valor inferior ao praticado pelo mercado”. “...é evidente e cristalino que os trabalhos de auditoria fisco' , a fim de apurar eventuais acréscimos patrimoniais de origem não comprovada, só pode ser executada e realizada perante o contribuinte que relacionou e informou os bens 10 pertencentes ao casal, no caso a contribuinte Ana Cristina Ribeiro de Castro”. Nulidade do Auto de Infração porque os Fiscais elaboraram rateio de receitas e despesas, em alguns períodos, para algumas receitas/despesas, quando da elaboração do fluxo financeiro da contribuinte Ana Cristina Ribeiro de Castro: “... A Fiscalização alocou no fluxo financeiro elaborado para os meses de maio a Junho, os valores dos aluguéis agora informados (acima), e o montante remanescente (R$16.813,65) foi dividido igualmente entre os meses restantes, janeiro a abril / agosto a dezembro), cabendo a cada um, o valor de R$ 1.834,85.” Inexistência de motivação fática para a Abertura da ação fiscal cerceamento do Direito de defesa ilegalidade na utilização de dados e documentos quebra do sigilo Fiscal e bancário. Questiona a fiscalização desenvolvida sobre a esposa, considerando os motivos da abertura dos MPF’s ; questiona que não foi informado dos motivos de abertura da fiscalização, o que teria cerceado sua defesa, e expressamente questiona a emissão de RMF, entendendo que Fl. 2061DF CARF MF Impresso em 02/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2013 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 18 /11/2013 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 18/11/2013 por TANIA MARA PASCHO ALIN Processo nº 10880.008207/200611 Resolução nº 2801000.269 S2TE01 Fl. 2.062 7 não foram atendidas as determinações legais que autorizariam sua emissão, no seu caso e de sua esposa. Assim, alega que as RMF: “1) Tiveram o enquadramento legal indevido e incompatível com o período solicitado; 2) Foram baseadas em relatórios circunstanciados inconsistentes e sem apresentação de provas; 3) Não poderiam solicita cópias de depósitos em conta, cheques e Docs emitidos por absoluta falta de previsão legal; 4) Disponibilizaram indevidamente as informações sigilosas das contas bancarias da sua cônjuge no auto de infração deste contribuinte”. E conclui, com relação a isso, que: “devem ser desconsiderados todos os dados constantes destes autos obtidos através das cópias do cheques e docs por trataremse de uma prova ilegal...” Alega também decadência para os períodos de 2001, lançados em dezembro de 2006; Aduz que improcede o arbitramento do custo de construção efetuado pelos Fiscais e “efetivamente, adquiriu o imóvel da Empresa Waled Ltda por R$ 180.000,00 (Cento e oitenta mil Reais), referente a uma residência construída”; Analisa as planilhas de fluxo financeiro, item a item, para concluir que “a partir das planilhas acima mencionadas podemos elaborar uma condensada onde iremos verificar que a variação patrimonial sempre esteve dentro dos rendimentos declarados pelo Impugnante e sua cônjuge”. Analisa a movimentação financeira, tecendo considerações sobre o mecanismo da CPMF para concluir que as movimentações sempre estiveram compatíveis com os rendimentos declarados; Questiona o procedimento da Fiscalização que considerou os “cheques pagos e docs emitidos” como dispêndios, sem verificação e comprovação de que efetivamente se tratavam de gastos seus e de sua esposa (fl. 1636, vol. VI); Questiona vários itens do fluxo financeiro, alegando que a Fiscalização não considerou diversas origens de recursos; Questiona o arbitramento dos custos da construção do imóvel; Manifestase contra a multa agravada, os juros moratórios e a taxa Selic, e pede a suspensão dos juros moratórios durante o período da discussão administrativa do crédito tributário. Na folha 1745, vol. VII, existe a manifestação da Unidade preparadora dizendo que anexou a “impugnação tempestiva” do contribuinte, apresentada em 08 de janeiro de 2007. Fl. 2062DF CARF MF Impresso em 02/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2013 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 18 /11/2013 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 18/11/2013 por TANIA MARA PASCHO ALIN Processo nº 10880.008207/200611 Resolução nº 2801000.269 S2TE01 Fl. 2.063 8 Em seguida, na fl. 1746, um dos Auditores Fiscais responsáveis pelo procedimento de fiscalização aqui em comento, faz a seguinte manifestação, datada de 21 de março de 2007, que transcrevo: “a) A recepção por esse Grupo Especial, no corrente mês, de Laudo de Avaliação elaborado em 06/02/2007 pela empresa Pontes & PenteadoEmpreendimentos, Consultoria e Perícias Ltda, CNPJ 07.234.086/000166 (Nome Fantasia: Value — Avaliações e Perícias de Engenharia), para o imóvel da rua Dentista Barreto n° 304, casa Padrão/Tipo E, determinando seu valor de mercado atual e para a época da aquisição. b) Que o documento em tela, s.m.j., pode auxiliar na formação da convicção do julgador do processo decorrente de Auto de Infração já lavrado, o qual encontrase atualmente na DRJ SPOIISP para julgamento, conforme pesquisa anexa. Proponho a remessa do referido Laudo ao órgão julgador, para juntada ao processo, abrindose prazo para eventual manifestação do interessado.”(grifos originais)(sublinhei a data) Os Laudos de Avaliação tiveram origem no Escor (Escritório de Corregedoria) na 8ª Região Fiscal e foram encaminhados à Fiscalização através de Memorando. O Laudo esclarece que foi realizado em atendimento a “representação” da Superintendência da 8ª Região Fiscal. (fl. 1749) Diz ainda que o imóvel avaliado como “casa padrão luxo”, localizado na Rua Dentista Barreto, nº 304, teria valor, na data base de 13/06/2001, de R$ 1.013.835,00 (um milhão e treze mil reais), vejamos na fl. 1758, onde consta o encerramento do documento, e são iniciados os anexos que serviram para subsidiar a avaliação. Na fl. 1787, o Servidor da DRJ/SPO II, diz que “atendendo determinação do Sr. Delegado”, juntou os documentos (laudo) aos autos. A seguir, existem planilhas de fluxo financeiro e evolução patrimonial elaboradas pela DRJ/SPO II e o Acórdão de 1ª Instância. Então, surge uma dúvida: o contribuinte foi cientificado dessa nova peça processual, qual seja o Laudo de Avaliação providenciado pela SRRF/08, para sobre ele manifestarse? Ressalto que, como descrito, tal documento veio aos autos posteriormente à apresentação da impugnação. Em 17 de março de 2008, a 7ª Turma da DRJ/SPO II proferiu Acórdão para “rejeitar as preliminares suscitadas, para, no mérito, julgar parcialmente procedente o lançamento...”. Foram rejeitadas todas as preliminares de nulidade levantadas pelo contribuinte e destaco as seguintes conclusões: “Dessa forma, incabível a argumentação de que os bens comuns estavam sendo declarados pela esposa e que, por esta razão, o Auto de Infração deveria ter sido lançado em nome dela, Fl. 2063DF CARF MF Impresso em 02/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2013 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 18 /11/2013 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 18/11/2013 por TANIA MARA PASCHO ALIN Processo nº 10880.008207/200611 Resolução nº 2801000.269 S2TE01 Fl. 2.064 9 primeiramente, porque os bens comuns foram distribuídos entre as declarações dos dois cônjuges, segundo, porque não há determinação legal para que o lançamento seja feito em nome do cônjuge que declara os bens comuns. 21. Correto, portanto, o lançamento em nome de CARLOS ALBERTO GONÇALVES DE CASTRO, por acréscimo patrimonial a descoberto cuja origem não tenha sido comprovada por rendimentos tributáveis, não tributáveis, tributáveis exclusivamente na fonte, ou sujeitos à tributação exclusiva, ainda que parte do patrimônio comum tenha sido declarado nas DIRPF da esposa, uma vez que a renda líquida da cônjuge foi computada na análise patrimonial do contribuinte autuado.” (...) Incabível a pretensão do contribuinte de requerer da Secretaria da Receita Federal que divulgue ao mesmo os critérios de seleção para a fiscalização dos contribuintes. (...) Ora, diante do insucesso de buscar a verdade material dos fatos, não restou à fiscalização outra alternativa senão adotar, com base na legislação já citada e mediante os meios que lhe eram possíveis, critério que guardasse um mínimo de razoabilidade para fins de determinação da base de cálculo do tributo. (nota: referese ao “rateio” efetuado) ... Como se vê, não é lícito à Fazenda Pública utilizarse de uma sistemática mais favorável ao contribuinte sendo que, no caso, a comprovação dos pagamentos mês a mês é plenamente possível e competia ao impugnante produzila. Destaquese que a contribuinte Ana Cristina Ribeiro de Castro consignou em suas Declarações de Ajuste Anual, 2004 e 2005, os valores em discussão, mas recusouse a informar de que forma tais valores foram percebidos. (...) No tocante a emissão das RMF — Solicitação de Emissão de Requisição de Informação sobre Movimentação Financeira (fls. 1159 a 1162) — cabe fazer a distinção entre duas situações que envolveram o procedimento fiscal: 66.1. RMF para requisitar Extratos Bancários (hipótese prevista na alínea "b", inciso I, do art. 5°, do Decreto 3.724/2001); 66.2. RMF para requisitar cópias de cheques (hipótese contida no § 1° do art. 5°, do Decreto 3.724/2001). Fl. 2064DF CARF MF Impresso em 02/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2013 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 18 /11/2013 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 18/11/2013 por TANIA MARA PASCHO ALIN Processo nº 10880.008207/200611 Resolução nº 2801000.269 S2TE01 Fl. 2.065 10 67. No caso presente, verificase que as requisições de extratos bancários, via RMF, ocorreram, tãosomente, para o anocalendário de 2000, tanto para as contas bancárias de Carlos Alberto quanto para as de Ana Cristina. Considerando que o anocalendário de 2000 não foi objeto de autuação, deixarseá de analisar os argumentos do impugnante à ele correspondente. 68. Relativamente aos demais anoscalendário (2001, 2002, 2003 e 2004), os próprios contribuintes levaram aos fiscais responsáveis pelo procedimento de fiscalização os extratos bancários das contascorrentes solicitados via Intimação. Neste caso, não há de se falar em quebra de sigilo bancário tampouco em emissão de RMF para obtenção de extratos bancários. 69. No que tange às "PoupançaSalário", anos calendário 2000 a 2004, de Carlos Alberto e Ana Cristina, ambas do Banco ABN ANRO REAL S/A, as RMF a elas relativas não teve repercussão alguma no lançamento uma vez que referidas movimentações financeiras não integraram o lançamento que ora se debate. (...) Feitas as observações necessárias, cumpre a análise das situações em que se pode solicitar RMF para requisição de cópias de cheques. Conforme se verifica do Decreto n° 3.724/2001, arts. 30 e seus incisos, e 50 e seu parágrafo 1°, anteriormente transcritos, as cópias de documentos relativos aos débitos e aos créditos dos extratos bancários somente podem ser solicitados nos casos enquadrados nos incisos VII a XI do art. 3º. (...) Dessa forma, corretas as solicitações de RMF a fim de solicitar cópias de cheques, em razão de Embaraço à Fiscalização, nos termos do parágrafo 1°, do art. 5°, do Decreto n° 3.724/2001. 82. Por fim, descabe o argumento do impugnante de que não restou comprovado em nenhum momento que os gastos apurados através das cópias de cheques e DOCs foram suportados pelo impugnante, pois, se as contas bancárias pertencem ao contribuinte em epígrafe e à sua esposa, e as emissões dos cheques e DOCs foram efetivamente feitas por eles, não há de se cogitar "que os gastos não tenham sido suportados pelo contribuinte e esposa". No caso, tratase de constatação de ocorrência de dispêndios do casal, e não de presunção. Fl. 2065DF CARF MF Impresso em 02/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2013 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 18 /11/2013 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 18/11/2013 por TANIA MARA PASCHO ALIN Processo nº 10880.008207/200611 Resolução nº 2801000.269 S2TE01 Fl. 2.066 11 83. Correta a inclusão nas Planilhas de Fluxo Financeiro, a título de dispêndio, dos gastos apurados através dos cheques emitidos pelo contribuinte e pela sua esposa. (...) 106. Justificável o procedimento da fiscalização de disponibilizar todas as provas que embasaram o lançamento, mesmo que para isso tenha disponibilizado os dados bancários e fiscais da cônjuge do contribuinte autuado, em respeito, prioritariamente, ao Princípio Constitucional da Ampla Defesa, com os meios e os recursos a ela inerentes, sem qualquer restrição. ( Nota: realiza uma análise jurídica sobre valoração de princípios e princípios e normas) (...) “O impugnante, em momentos diversos de sua contestação, requer a NULIDADE do Auto de Infração. Nos parágrafos antecedentes deste voto foram analisados todos os aspectos levantados pelo impugnante pelos quais, também, foi requerida a nulidade do Auto de Infração, neste momento há de se constatar que todos os requisitos previstos no art. 10 do Decreto n° 70.235/1972, que regula o processo administrativo fiscal, foram observados quando da lavratura do auto de infração, ...” Em relação à decadência argüida, manifestou o Julgador a quo que o prazo fatal extinguirseia, para fatos geradores ocorridos em 2001, em 31/12/2007. Finalmente, em relação ao mérito, expôs assim, resumidamente, seu entendimento: “Há concordância por parte do impugnante acerca da aquisição do imóvel sito na Rua Dentista Barreto, n°318, casa 95, Vila Carrão/SP, da empresa Waled Incorporadora Ltda. Entretanto, afirma que o preço pago foi de R$ 180.000,00, conforme consta da escritura registrada em Cartório, e que a compra referese a uma residência construída. 120. No que tange à fiscalização, temse que o procedimento fiscal iniciou a partir de forte indício de que o referido imóvel, dadas suas características, teria valor bem superior àquele declarado para o Fisco, qual seja, o de R$ 180.000,00 por um imóvel de 451,57m2 de área construída privativa, em condomínio fechado de alto padrão de infraestrutura e lazer. (...) “Pelo exposto, é de se acatar a defesa do impugnante a fim de alterar o Padrão de Construção do imóvel para H4/3N.” Fl. 2066DF CARF MF Impresso em 02/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2013 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 18 /11/2013 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 18/11/2013 por TANIA MARA PASCHO ALIN Processo nº 10880.008207/200611 Resolução nº 2801000.269 S2TE01 Fl. 2.067 12 Definidos, assim, a área construída privativa de 451,57m2 e o padrão de construção H43N, comporta verificar o método utilizado no cálculo da área construída objeto da aquisição do imóvel em julho/2001 e o método de cálculo para o arbitramento da área posteriormente construída (julho/2001 a setembro/2003). (...) Temse, então: área construída de 451,57M2; padrão de construção H43N; área construída adquirida em julho/2001 de 251,20M2 (137.466,00 : 547,23 CUB H4 3N/Jul2001); e área construída no período de julho/2001 a setembro/2003 de 200,37M2 (451,57 — 251,20). Resta encontrar o custo da construção dos 200,37m2 construídos entre julho/2001 a setembro/2003. (...) Pelo exposto, é de se manter o método utilizado pela fiscalização de distribuir o custo da construção de forma igual, por mês, por todo o período em que ocorrera. Concluiu então que o custo “arbitrado ou não declarado” do imóvel, conforme planilha que elaborou, foi de R$ 122.971,16. Observo que o julgamento não se referiu ao Laudo elaborado pela consultoria, encomendado pela SRRF 8ª Região Fiscal, para subsidiar sua análise. Quanto aos pedidos do contribuinte, referentes a origens/aplicações nas planilhas de fluxo financeiro de ambos os cônjuges: “171. Da análise da planilha de fluxo financeiro de Ana Cristina Ribeiro de Castro, fl. 843, verificase que, de fato, a fiscalização errou no preenchimento da mesma, deixando de consignar o recebimento de R$ 900,00 no mês de junho/2001. Assim, cabe razão ao impugnante, devendo referida planilha ser corrigida a fim de fazer constar dos Recursos/Origens R$ 900,00 no mês de junho de 2001.” (...) “Desta forma, há de se manter na Planilha de Fluxo Financeiro de Ana Cristina, anocalendário 2002, o valor de R$ 46.347,16, a título de Rendimentos Isentos e Não Tributáveis, recebidos em 04/09/2002; nenhuma correção a ser feita. 180. Alega o impugnante que a fiscalização não considerou na planilha de fluxo financeiro da cônjuge do impugnante, ano calendário 2004, a restituição de IRPF que foi depositada em conta corrente do Banco Real no dia 15/10/2004, no valor de R$ 256,94. 181. Em Pesquisas efetuadas no Sistema Eletrônico da Receita Federal, bem como nos extratos bancários, fl. 611, verificase caber razão ao impugnante. Assim, deve a planilha Fl. 2067DF CARF MF Impresso em 02/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2013 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 18 /11/2013 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 18/11/2013 por TANIA MARA PASCHO ALIN Processo nº 10880.008207/200611 Resolução nº 2801000.269 S2TE01 Fl. 2.068 13 correspondente ser corrigida a fim de fazer constar dos Recursos/Origens R$ 256,94 no mês de outubro de 2004.” “O impugnante requer, por fim, a alocação do desconto padrão no mês de dezembro, relativo aos anos de 2003 e 2004, na planilha da cônjuge do impugnante que optou pela declaração simplificada nestes anos. 183. Verificase cabível a solicitação para que se inclua o desconto padrão a título de Dispêndios/Aplicações no valor de R$ 2.636,37, relativamente ao anocalendário 2003, e no valor de R$ 4.562,73, relativamente ao anocalendário 2004, ambos no mês de dezembro.” As demais argumentações nesse sentido foram indeferidas. Elaborou então o Julgador, novas planilhas, com essas considerações. Mantevese ainda a multa qualificada de 150% sobre o valor do crédito que restou apurado, a taxa de juros calculada com base na Selic e a fluência dos juros no período em que se discute o lançamento administrativamente. Regularmente cientificado em 24/12/2008, conforme AR na fl. 1867 (vol VII), o contribuinte apresentou recurso voluntário, em 26/01/2009 (segundafeira) onde repisa as mesmas razões expendidas em sede de impugnação, na parte que lhe foi desfavorável, aditandoas e objetivando reconhecerse, em síntese: 1 nulidade do auto de infração. inexistência de construção realizada pelo contribuinte inversão do ônus da prova sem previsão legal prova negativa cerceamento do direito de defesa. Diz que: “a fiscalização poderia até discordar do valor pago e tentar enfrentar o valor escriturado publicamente, porém, infelizmente e equivocadamente, optou por criar uma ficção jurídica onde o Recorrente aparece como construtor de um imóvel, chegando ao requinte de realizar um arbitramento mensal do custo da construção do mesmo.” E acrescenta: “A fiscalização quebrou o sigilo bancário do Recorrente de forma arbitrária e sem o devido processo legal pois sequer tinha autorização judicial para tal procedimento, não tendo encontrado nenhum pagamento que se referisse a despesas com benfeitorias ou obras em andamento, quanto mais a uma construção.” 2 nulidade do auto de infração. Acréscimo patrimonial a descoberto erro na determinação do sujeito passivo da obrigação tributária. “Considerando que o acréscimo patrimonial de origem não comprovada foi apurado pela fiscalização quando do exame das declarações de Ana Cristina Ribeiro de Castro, verificase que os Autuantes equivocaramse ao eleger, arbitrariamente, o Recorrente como sujeito passivo da obrigação tributária responsável pela variação patrimonial que deu origem a autuação ora questionada. Fl. 2068DF CARF MF Impresso em 02/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2013 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 18 /11/2013 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 18/11/2013 por TANIA MARA PASCHO ALIN Processo nº 10880.008207/200611 Resolução nº 2801000.269 S2TE01 Fl. 2.069 14 Registrese, Senhores Conselheiros, que se for excluída a linha 9 das Planilhas elaboradas pela fiscalização, onde está consignado o resultado da fiscalização levada a efeito junto a contribuinte Ana Cristina Ribeiro de Castro, o Recorrente não apresenta qualquer variação patrimonial em suas Declarações de Ajuste Anual”. 3 nulidade do auto de infração. desrespeito as disposições legais vigentes apuração mensal da evolução patrimonial rateio de receitas e despesas – impossibilidade. Neste ponto, transcrevendo legislação e jurisprudência administrativa, alega que: “Provado que a evolução patrimonial deve ser apurada mensalmente, os valores que compõem o fluxo financeiro mensal devem corresponder aos rendimentos e dispêndios efetivamente incorridos em cada um dos meses do anocalendário, sendo defeso à Fiscalização promover o rateio de receitas ou despesas auferidas durante o anocalendário sob exame”. 4 inexistência de motivação fática para a abertura da ação fiscal cerceamento do direito de defesa ilegalidade na utilização de dados e documentos quebra do sigilo fiscal e bancário. Afirma que: “é nulo de pleno direito todo o procedimento fiscal instaurado contra o Recorrente por absoluta desobediência ao previsto nas Portarias SRF n° 7312006 e Coger/Cofis n° 01/2006 e por absoluta falta de motivação do ato administrativo que autorizou a abertura do MPF”. 5 da requisição de movimentação financeira ilegalidade na utilização de dados e documentos quebra do sigilo fiscal e bancário – cerceamento do direito de defesa. Aqui volta a atacar a emissão das RMF com os mesmos argumentos que expendeu em sede de impugnação. Manifestase expressamente contra os relatórios utilizados pela Fiscalização para justificar a emissão dos expedientes, para ambos os cônjuges; 6 solicitação de cópias de depósitos, cheques e “docs”. Tratando da Lei Complementar nº 105/2001 e do Decreto nº 3.724/2001, conclui que “ante o exposto, devem ser desconsiderados todos os dados constantes destes autos obtidos através das cópias do cheques e docs por trataremse de uma prova ilegal e inadmissível de ser usada no processo administrativo...” 7 foram disponibilizadas indevidamente informações sigilosas e houve cerceamento de defesa da cônjuge. (“A cônjuge do Recorrente teve o seu sigilo bancário e fiscal violado e exposto em um Auto de Infração de outra pessoa, no caso o Recorrente, e não foi cientificada do Auto de Infração); 8 argúi a decadência do direito de a Fazenda Nacional constituir o crédito tributário apurado nos meses de Fevereiro, Agosto e Setembro de 2001; Enfim, quanto ao mérito, aduz que “demonstrará neste tópico a total improcedência do arbitramento promovido pela Fiscalização e responsável pela quase totalidade da presumível omissão de rendimentos decorrente de injustificável acréscimo patrimonial de origem não comprovada”. (sublinhei) Fl. 2069DF CARF MF Impresso em 02/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2013 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 18 /11/2013 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 18/11/2013 por TANIA MARA PASCHO ALIN Processo nº 10880.008207/200611 Resolução nº 2801000.269 S2TE01 Fl. 2.070 15 Destaca que: “a escritura pública de compra e venda lavrada em cartório e registrada no registro de imóveis goza de fé pública e caso não haja evidência concreta de sua incorreção deve servir como prova cabal do valor pago na transação imobiliária...” Questiona o Laudo elaborado por perito da CEF, dizendo que o mesmo foi realizado com a utilização de “subterfúgios” e que não teve acesso a tal documento (fl. 1976, vol VIII) Chamo a atenção para a seguinte passagem, no recurso, conforme fl. 1981: “Ao verificarmos o valor do imóvel resultante do arbitramento que foi mantido pela DRJ chegamos ao montante de R$ 289.646,65, valor que resulta da soma do valor do terreno e da aplicação do índice Sinduscon H43N. Existe alguma dúvida de que caso este Recorrente houvesse declarado o imóvel pelo valor de R$ 289.646,65 a fiscalização teria adotado outro critério que lhe permitisse autuar, pois ainda existe uma distância considerável (aproximadamente 5 vezes) entre o que a fiscalização diz que vale o imóvel e o valor que a mesma arbitrou. Poderíamos até dizer que houve negligência ou falta de empenho da fiscalização, pois a Receita Federal estaria sendo lesada em aproximadamente R$ 1.300.000,00.” Analisa as planilhas de fluxo financeiro e variação patrimonial, para concluir que a variação sempre esteve dentro dos rendimentos declarados pelo contribuinte; compara a movimentação financeira com os rendimentos declarados para concluir que a mesma sempre esteve compatível, sua e de sua esposa, para rebater afirmação que constou do Termo de Início da Ação Fiscal; Repisa que “A Fiscalização indevidamente solicitou copias de cheques e docs emitidos pelo Recorrente e sua cônjuge conforme RMF de fls. 320, 321, 332, 333, 880, 881, 913 e 914” Quanto ao arbitramento do valor do imóvel, aduz o Recorrente: “O conjunto probatório utilizado pela fiscalização para o arbitramento do valor do imóvel adquirido pelo contribuinte encontrase relacionado no item 2.1.8 do Termo de Conclusão Fiscal (fls. 58). 1)As informações prestadas pela empresa Waled Incorporação Ltda (fls. 722 a 738); 2)Dados extraídos do "Site" da Waled (fls. 37 a 46); 3)Laudo de avaliação elaborado pela CEF (fls. 740 a 792); e 4)Conteúdo do Noticioso "Proitaici" (fls. 739). Observem, Senhores Conselheiros, que apesar da Fiscalização chamar estes documentos de conjunto probatório, apenas o item 1 foi utilizado no arbitramento, os demais documentos citados nem precisavam ser contestados pois não foram utilizados pela Fl. 2070DF CARF MF Impresso em 02/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2013 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 18 /11/2013 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 18/11/2013 por TANIA MARA PASCHO ALIN Processo nº 10880.008207/200611 Resolução nº 2801000.269 S2TE01 Fl. 2.071 16 Fiscalização no arbitramento, porém pelo bem da verdade material iremos contestálos. Reforça que devem ser desconsiderados os cheques e DOCs emitidos da planilha de fluxo financeiro do Recorrente e seu cônjuge, visto que apesar dos nove meses de fiscalização não restou comprovado em nenhum momento que tais gastos foram suportados pelo Recorrente; Manifestase contra a multa aplicada no percentual de 150%, os juros com base na taxa Selic e pugna pela suspensão da fluência dos mesmos no decorrer do contencioso administrativo. Desta feita, requer que seja admitido para declarar a nulidade do lançamento por qualquer das razões que levantou, alternativamente, que se acolha, no mérito, todas as razões levantadas, seja afastada a aplicação da multa no percentual de 150%, a aplicação de juros com base na Selic e sua fluência no período do contencioso administrativo. Protestar por provar o alegado com produção de provas, diligências ou perícias. Não anexa novos documentos. É o relatório. Voto Conselheiro Marcio Henrique Sales Parada, Relator. O recurso é tempestivo e, obedecidas as demais formalidades legais, dele tomo conhecimento. Existe nos autos um Laudo que demonstra, com razoável grau de precisão, elaborado dentro das normas técnicas, qual era o valor do imóvel na data da aquisição, em 2001: mais de cinco vezes o valor declarado na DIRPF da cônjuge do Recorrente. Esse documento, anexado pela Fiscalização após a conclusão de seu trabalho e, portanto, não levado em conta, ao procederse arbitramento amplamente questionado pelo contribuinte e em grande parte revisto pelo julgamento de 1ª instância, pareceme, como relatei, não ter sido posto ao conhecimento do contribuinte nem ter sido considerado pela DRJ. Assim, e pelas inúmeras questões de nulidade procedimental que compõem o Recurso, a conclusão que se chega é que se valoriza muito mais a forma que a substância. Para não se rever o procedimento, desconsiderase um documento que poderia comprovar um valor real ou muito próximo, salvo questionamento, com o mesmo grau de precisão e confiabilidade, a cargo do contribuinte. Porém, preliminarmente, observo haver no processo o expediente da RMF (requisição de movimentação financeira), sobre o qual o contribuinte levantou questionamentos, desde a fase preparatória do lançamento até este Recurso. Questiona, sobretudo, a motivação, a necessidade e o emprego dado às informações obtidas. O mesmo foi utilizado pelos Auditores Fiscais para obter, principalmente, cópias de cheques e “docs” que foram considerados como aplicação de recursos na constatação da evolução patrimonial, o que também é questionado pelo Recorrente. Fl. 2071DF CARF MF Impresso em 02/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2013 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 18 /11/2013 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 18/11/2013 por TANIA MARA PASCHO ALIN Processo nº 10880.008207/200611 Resolução nº 2801000.269 S2TE01 Fl. 2.072 17 Assim, entendo estar claro que “a matéria posta em discussão” inclui a forma de obtenção dos documentos bancários que enfim subsidiaram a autuação fiscal. Isso porque resta evidente, nos autos, que existiu o fornecimento desses documentos bancários do contribuinte e de sua esposa, pelas instituições financeiras, realizado diretamente ao Fisco por meio de procedimento administrativo, sem prévia autorização judicial (art. 6º da Lei Complementar nº 105/2001). E mais, o contribuinte, expressamente questiona a matéria, em seu recurso, não se podendo dela não conhecer. Assim sendo, a discussão, neste caso, enquadrase nos termos do art. 62A e parágrafos do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF n° 256, de 22 de junho de 2009, verbis: Art. 62 A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. § 1º Ficarão sobrestados os julgamentos dos recursos sempre que o STF também sobrestar o julgamento dos recursos extraordinários da mesma matéria, até que seja proferida decisão nos termos do art. 543B. § 2º O sobrestamento de que trata o § 1º será feito de ofício pelo relator ou por provocação das partes. Ressalto o “neste caso” porque nem sempre o lançamento é motivado apenas na existência de movimentação financeira incompatível com os rendimentos declarados e também nem sempre o contribuinte se insurge contra o procedimento, demonstrando que não se opõe ao fornecimento dos extratos ao Fisco, não os tendo entregue voluntariamente por não ter sido atendido pela instituição bancária. Aqui, apesar de não se tratar de lançamento decorrente de “movimentação financeira incompatível com rendimentos declarados”, na apuração do crédito tributário foram considerados, com aplicação de recursos, cheques e transferências bancárias (docs) obtidos mediante RMF, o que contribuiu para a apuração da variação patrimonial a descoberto. O fornecimento das informações sobre movimentação bancária do contribuinte obtidas pelo Fisco com fulcro na LeI Complementar 105/2001, por meio de procedimento administrativo, sem prévia autorização judicial, é assunto na esfera das matérias de “repercussão geral” no Supremo Tribunal Federal, conforme o Recurso Extraordinário (RE) 601.314, cuja ementa vai aqui transcrita: CONSTITUCIONAL. SIGILO BANCÁRIO. FORNECIMENTO DE INFORMAÇÕES SOBRE MOVIMENTAÇÃO BANCÁRIA DE CONTRIBUINTES, PELAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS, DIRETAMENTE AO FISCO, SEM PRÉVIA AUTORIZAÇÃO JUDICIAL (LEI COMPLEMENTAR 105/2001). POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DA LEI 10.174/2001 PARA APURAÇÃO DE CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS REFERENTES A EXERCÍCIOS ANTERIORES AO DE SUA VIGÊNCIA. Fl. 2072DF CARF MF Impresso em 02/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2013 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 18 /11/2013 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 18/11/2013 por TANIA MARA PASCHO ALIN Processo nº 10880.008207/200611 Resolução nº 2801000.269 S2TE01 Fl. 2.073 18 RELEVÂNCIA JURÍDICA DA QUESTÃO CONSTITUCIONAL. EXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL. (RE 601314/RG, Relator (a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, julgado em 22/10/2009, DJe218 DIVULG 19112009 PUBLIC 20.11.2009 EMENT VOL 0238307 PP01422) É de se notar, ainda, que em outras decisões, o Supremo Tribunal Federal tem determinado o sobrestamento de tal matéria, conforme é possível se verificar nos julgados abaixo: Decisão: Vistos. Verifico que a discussão acerca da violação, ou não, aos princípios constitucionais que asseguram ser invioláveis a intimidade e o sigilo de dados, previstos no art. 5º, X e XII, da Constituição, quando o Fisco, nos termos da Lei Complementar 105/2001, recebe diretamente das instituições financeiras informações sobre a movimentação das contas bancárias dos contribuintes, sem prévia autorização judicial teve sua repercussão geral reconhecida no RE nº 601.314/SP, Relator o Ministro Ricardo Lewandowski. Dessa forma, dados os reflexos da decisão a ser proferida no referido recurso, no deslinde do caso concreto, determino o sobrestamento do presente feito, até o julgamento do citado RE nº 601.314/SP. Publiquese. Brasília, 13 de junho de 2012. Ministro Dias Toffoli Relator Documento assinado digitalmente (RE 410054 AgR, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, julgado em 13/06/2012, publicado em DJe120 DIVULG 19/06/2012 PUBLIC 20/06/2012). DECISÃO REPERCUSSÃO GERAL ADMITIDA – PROCESSOS VERSANDO A MATÉRIA – SIGILO DADOS BANCÁRIOS – FISCO – AFASTAMENTO – ARTIGO 6º DA LEI COMPLEMENTAR Nº 105/2001 – BAIXA À ORIGEM. 1. Reconsidero o ato de folhas 343 a 344. 2. O Tribunal, no Recurso Extraordinário nº 601.314/SP, relator Ministro Ricardo Lewandowski, concluiu pela repercussão geral do tema relativo à constitucionalidade de o Fisco exigir informações bancárias de contribuintes mediante o procedimento administrativo previsto no artigo 6º da Lei Complementar nº 105/2001. 3. Ante o quadro, considerado o fato de o recurso veicular a mesma matéria, havendo a intimação do acórdão de origem ocorrido posteriormente à data em que iniciada a vigência do sistema da repercussão geral, bem como presente o objetivo maior do instituto – evitar que o Supremo, em prejuízo dos trabalhos, tenha o tempo tomado com questões repetidas – , determino a devolução dos autos ao Tribunal Regional Federal da 3ª Região. Façoo com fundamento no artigo 328, parágrafo único, do Regimento Interno deste Tribunal, para os efeitos do artigo 543 B do Código de Processo Civil. 4. Publiquem. Brasília, 3 de novembro de 2011. Ministro MARCO AURÉLIO Relator(AI 714857 AgR, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, julgado em 03/11/2011, publicado em DJe217 DIVULG 14/11/2011 PUBLIC 16/11/2011). Fl. 2073DF CARF MF Impresso em 02/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2013 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 18 /11/2013 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 18/11/2013 por TANIA MARA PASCHO ALIN Processo nº 10880.008207/200611 Resolução nº 2801000.269 S2TE01 Fl. 2.074 19 Para que se analise as matérias postas em discussão, principalmente os fluxos financeiros e o resultado da evolução patrimonial, é imprescindível que se conclua se os ‘docs’ e cheques foram obtidos de forma legal, podendo ser usados como prova de dispêndios/gastos. Não há como finalizar o julgamento do Recurso e concluir qual o valor eventual e realmente devido, sem analisar esses dispêndios considerados pela Fiscalização, mantidos pela DRJ e questionados pelo Recorrente. O STF dirá sobre a constitucionalidade ou não do permissivo legal e, conseqüentemente, do Decreto que o regulamentou. Se disser que o Fisco pode obter informações bancárias diretamente das instituições financeiras, sem intervenção do Poder Judiciário, podemos passar à análise das questões de “motivação” e “enquadramento” levantadas pelo Recorrente sobre as RMF. Se disser que não, o Fisco não poderia obter informações diretamente dos Bancos, é totalmente despiciendo se analisar a questão e todas as provas decorrentes desse expediente são inválidas no processo. Pelo exposto, voto por SOBRESTAR o julgamento do presente recurso até a manifestação definitiva pelo STF sobre a matéria.. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada Fl. 2074DF CARF MF Impresso em 02/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2013 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 18 /11/2013 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 18/11/2013 por TANIA MARA PASCHO ALIN
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Numero do processo: 10783.903158/2008-92
Turma: Terceira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 03 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Thu Mar 12 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Exercício: 2004
PER/DCOMP. ERRO DE PREENCHIMENTO. DIPJ CORRETAMENTE PREENCHIDA.
Mero erro de preenchimento do Pedido de Ressarcimento ou Restituição/Declaração de Compensação (Per/DComp), estando corretamente preenchida a Declaração de Informações Econômico-fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ), não é motivo consistente para a não homologação procedida, especialmente quando os valores desta última declaração são apontados no próprio despacho decisório.
PER/DCOMP. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA DE COMPENSAÇÃO. EXTINÇÃO DO DÉBITO.
Não pode o mesmo débito ser considerado como extinto por efeito de homologação tácita de compensação, mas não extinto, ou parcialmente extinto, para efeito de esse mesmo débito vir a compor saldo negativo objeto de compensação posterior, sob pena de se estar exigindo, por vias transversas, na compensação posterior, diferença incobrável na compensação anterior, em face do instituto da homologação tácita.
Numero da decisão: 1803-002.568
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso voluntário. Vencidas as Conselheiras Carmen Ferreira Saraiva e Cristiane Silva Costa. Designado o Conselheiro Sérgio Rodrigues Mendes para redigir o voto vencedor.
(assinado digitalmente)
Carmen Ferreira Saraiva Relatora e Presidente
(assinado digitalmente)
Sérgio Rodrigues Mendes - Redator Designado
Composição do colegiado. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Sérgio Rodrigues Mendes, Arthur José André Neto, Cristiane Silva Costa, Ricardo Diefenthaeler, Meigan Sack Rodrigues e Carmen Ferreira Saraiva.
Nome do relator: CARMEN FERREIRA SARAIVA
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Exercício: 2004 PER/DCOMP. ERRO DE PREENCHIMENTO. DIPJ CORRETAMENTE PREENCHIDA. Mero erro de preenchimento do Pedido de Ressarcimento ou Restituição/Declaração de Compensação (Per/DComp), estando corretamente preenchida a Declaração de Informações Econômico-fiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ), não é motivo consistente para a não homologação procedida, especialmente quando os valores desta última declaração são apontados no próprio despacho decisório. PER/DCOMP. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA DE COMPENSAÇÃO. EXTINÇÃO DO DÉBITO. Não pode o mesmo débito ser considerado como extinto por efeito de homologação tácita de compensação, mas não extinto, ou parcialmente extinto, para efeito de esse mesmo débito vir a compor saldo negativo objeto de compensação posterior, sob pena de se estar exigindo, por vias transversas, na compensação posterior, diferença incobrável na compensação anterior, em face do instituto da homologação tácita.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso voluntário. Vencidas as Conselheiras Carmen Ferreira Saraiva e Cristiane Silva Costa. Designado o Conselheiro Sérgio Rodrigues Mendes para redigir o voto vencedor. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva Relatora e Presidente (assinado digitalmente) Sérgio Rodrigues Mendes - Redator Designado Composição do colegiado. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Sérgio Rodrigues Mendes, Arthur José André Neto, Cristiane Silva Costa, Ricardo Diefenthaeler, Meigan Sack Rodrigues e Carmen Ferreira Saraiva.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 30; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2112; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1TE03 Fl. 378 1 377 S1TE03 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10783.903158/200892 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1803002.568 – 3ª Turma Especial Sessão de 03 de março de 2015 Matéria PER/DCOMP Recorrente TVV TERMINAL DE VILA VELHA S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Exercício: 2004 PER/DCOMP. ERRO DE PREENCHIMENTO. DIPJ CORRETAMENTE PREENCHIDA. Mero erro de preenchimento do Pedido de Ressarcimento ou Restituição/Declaração de Compensação (Per/DComp), estando corretamente preenchida a Declaração de Informações Econômicofiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ), não é motivo consistente para a não homologação procedida, especialmente quando os valores desta última declaração são apontados no próprio despacho decisório. PER/DCOMP. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA DE COMPENSAÇÃO. EXTINÇÃO DO DÉBITO. Não pode o mesmo débito ser considerado como extinto por efeito de homologação tácita de compensação, mas não extinto, ou parcialmente extinto, para efeito de esse mesmo débito vir a compor saldo negativo objeto de compensação posterior, sob pena de se estar exigindo, por vias transversas, na compensação posterior, diferença incobrável na compensação anterior, em face do instituto da homologação tácita. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, dar provimento ao recurso voluntário. Vencidas as Conselheiras Carmen Ferreira Saraiva e Cristiane Silva Costa. Designado o Conselheiro Sérgio Rodrigues Mendes para redigir o voto vencedor. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva – Relatora e Presidente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 78 3. 90 31 58 /2 00 8- 92 Fl. 409DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 10/03/2 015 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10783.903158/200892 Acórdão n.º 1803002.568 S1TE03 Fl. 379 2 (assinado digitalmente) Sérgio Rodrigues Mendes Redator Designado Composição do colegiado. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Sérgio Rodrigues Mendes, Arthur José André Neto, Cristiane Silva Costa, Ricardo Diefenthaeler, Meigan Sack Rodrigues e Carmen Ferreira Saraiva. Relatório A Recorrente formalizou o Pedido de Ressarcimento ou Restituição/Declaração de Compensação (Per/DComp) nºs 35889.97290.151204.1.3.031710 em 15.12.2004, utilizandose de saldo negativo de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) no valor de R$58.480,10 do anocalendário de 2003, apurado pelo regime do lucro real anual, para compensação dos débitos ali confessados. Em conformidade com o Despacho Decisório Eletrônico, fls. 130131, as informações relativas ao reconhecimento do direito creditório foram analisadas das quais se concluiu pelo indeferimento do pedido: Analisadas as informações prestadas no documento acima identificado e considerando que a soma das parcelas de composição do crédito informadas no PER/DCOMP deve ser suficiente para comprovar a quitação do imposto devido e a apuração do saldo negativo, verificouse: PARCELAS DE COMPOSiÇÃO DO CREDITO INFORMADAS NO PER/DCOMP PARC. CREDITO PAGAMENTOS SOMA PARC.CRED PER/DCOMP 58.480,10 58.480,10 CONFIRMADAS 58.480,10 58.480,10 Valor original do saldo negativo informado no PER/DCOMP com demonstrativo de crédito: R$58.480,10. Somatório das parcelas de composição do crédito na DIPJ: R$759.634,48 CSLL devida: R$701.154,38 Valor do saldo negativo disponível = (Parcelas confirmadas limitado ao somatório das parcelas na DIPJ) (IRPJ devido) limitado ao menor valor entre saldo negativo DIPJ e PER/DCOMP, observado que quando este cálculo resultar negativo, o valor será zero. Valor do saldo negativo disponível: R$ 0,00 Diante do exposto, NÃO HOMOLOGO a compensação acima declarada [...] Fl. 410DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 10/03/2 015 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10783.903158/200892 Acórdão n.º 1803002.568 S1TE03 Fl. 380 3 Enquadramento Legal: Art. 168 da Lei no 5.172, de 1966 (Código Tributário Nacional),Inciso II do Parágrafo 1º do art. 6º da Lei 9.430, de 1996. Art. 5º da IN SRF 600, de 2005. Art. 74 da Lei 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Cientificada, a Recorrente apresentou a manifestação de inconformidade, fls. 0205, com os argumentos a seguir discriminados: I — PRELIMINARMENTE: DOS VÍCIOS DO DESPACHO DECISÓRIO 1. Preliminarmente, cumpre destacar que o despacho decisório ora impugnado é extremamente sucinto, carecendo de informações elementares para sua procedência, o que dificulta (ou até mesmo impossibilita) que a contribuinte possa elaborar sua defesa. 2. 0 despacho decisório em questão limitase a indicar valores que supostamente foram compensados indevidamente pela impugnante, sem apresentar, contudo, os termos, depoimentos, laudos e demais elementos indispensáveis para a comprovação do ilícito. 3. Neste sentido, aludese ao disposto no art. 9° do Decreto n° 70.235, de 6 de março de 1972, que regulamenta o processo administrativo fiscal na esfera federal: [...] 4. Descumprido o comando contido no dispositivo acima indicado, impõese a anulação do despacho decisório, uma vez que a ausência de informações relevantes para a elaboração da manifestação de inconformidade restringe o direito 6 ampla defesa do contribuinte, consagrado no processo administrativo federal pelo artigo 2 0 da Lei n° 9.784, de 29 de janeiro de 19991 (Lei do Processo Administrativo Federal). II— DOS FATOS 5. Em 15/12/2004, o TVV realizou a compensação, por meio do aplicativo PER/DCOMP, de créditos decorrentes de saldo negativo de CSLL com débitos referentes ao mesmo tributo. 6. Ao apreciar a declaração de compensação do TVV, o I. Auditor Fiscal houve por bem não homologála, sob o argumento de que a soma das parcelas de composição do crédito informadas no PER/DCOMP não era suficiente para comprovar a quitação da contribuição social devida e a apuração de saldo negativo. 7. No entanto, o despacho decisório em questão merece urgente reforma, como se demonstrará a seguir, pois a existência de saldo negativo da CSLL apurada por estimativa autoriza a compensação do tributo. III — DA POSSIBILIDADE DE COMPENSAÇÃO DO SALDO NEGATIVO DE CSLL 8. O crédito utilizado pela Requerente para a realização da compensação não homologada tem origem no saldo negativo de CSLL apurado o exercício de 2004, como demonstra a DIPJ anexa (página 16). 9. A legislação federal em vigor autoriza que o contribuinte compense o saldo negativo de CSLL apurado, como determina a Lei n° 9.430/96: [...] Fl. 411DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 10/03/2 015 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10783.903158/200892 Acórdão n.º 1803002.568 S1TE03 Fl. 381 4 11. Com efeito, percebese que o despacho decisório ora impugnado incorreu em patente equivoco ao não homologar a compensação realizada pelo contribuinte, vez que a mesma encontra abrigo na legislação federal vigente. Conclui que: 14. Ante todo o exposto, resta claro que o despacho decisório ora impugnado merece ser reformado, uma vez que a compensação não homologada pelo I. Auditor Fiscal é perfeitamente legal, conforme fartamente demonstrado. 15. Com efeito, requerse a imediata anulação do despacho decisório ora impugnado, com a conseqüente extinção da respectiva cobrança e a expressa homologação integral da compensação objeto da presente Manifestação de Inconformidade. Está registrado como ementa do Acórdão da 4ª TURMA/DRJ/RJO I/RJ nº 12042.102, de 09.11.2011, fls. 205216: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2003 DESPACHO DECISÓRIO. NULIDADE. PRESENÇA DE REQUISITOS FUNDAMENTAIS. PRETERIÇÃO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. descabida a arguição de nulidade do despacho decisório por preterição do direito de defesa, quando o mesmo atende os requisitos estabelecidos pela legislação de regência, e a descrição dos fatos e a capitulação legal permitem ao sujeito passivo desenvolver plenamente a sua defesa. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO.TRIBUTÁRIO Ano calendário: 2003 DIREITO CREDITÓRIO. CONDIÇÕES DE LIQUIDEZ E CERTEZA. Somente pode ser reconhecido o direito creditório pleiteado pelo contribuinte junto à Fazenda Nacional, quando sejam atendidos os requisitos de liquidez e certeza. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. SALDO NEGATIVO DE CSLL. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. IMPOSSIBILIDADE. Com o transcurso do prazo decadencial apenas o dever/poder de constituir o crédito tributário estaria obstado, tendo em conta que a decadência é uma das modalidades de extinção do crédito tributário. Não se submetem à homologação tácita os saldos negativos de CSLL apurados nas declarações apresentadas, a serem regularmente comprovados, quando objeto de pedido de restituição ou compensação, para efeito de determinação de liquidez e certeza. ESTIMATIVA NÃO COMPENSADA. AJUSTE ANUAL. IMPOSSIBILIDADE DE GLOSA. Na hipótese de compensação não homologada de estimativa, os débitos serão cobrados com base em DCOMP, e, por conseguinte, não cabe a glosa dessas Fl. 412DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 10/03/2 015 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10783.903158/200892 Acórdão n.º 1803002.568 S1TE03 Fl. 382 5 estimativas na apuração do imposto/contribuição a pagar ou do saldo negativo na DIPJ. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE 0 LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2003 DEDUÇÕES EFETIVAMENTE RECONHECIDAS. SALDO NEGATIVO DE CSLL. Somente pode ser reconhecido qualquer crédito representado por saldo negativo de CSLL, quando o valor da CSLL a Pagar resultar negativo, em face de o total das deduções da CSLL efetivamente reconhecidas como válidas superar o valor da CSLL apurada para o exercício. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Notificada em 17.10.2013, fl. 219, a Recorrente apresentou o recurso voluntário em 14.11.2013, fls. 221234, esclarecendo a peça atende aos pressupostos de admissibilidade. Discorre sobre o procedimento fiscal contra o qual se insurge. Acrescenta que: III DO DIREITO III.1 DA DECADÊNCIA DO DIREITO DE REVISAR O SALDO NEGATIVO DO ANO CALENDÁRIO DE 2003 Ao deixar de homologar a compensação efetuada pela Recorrente (compensação de estimativas de CSLL do ano calendário de 2004 x saldo negativo do ano calendário de 2003), a Eg. 4ª turma da DRJ/RJ lançou ao da análise de procedimento de apuração da CSLL já homologado, nos termos do art. 150, §4° do CTN. Agindo dessa forma, a fiscalização efetuou a revisão da atividade de apuração da CSLL, na qual se inclui a determinação do saldo negativo do tributo, após o decurso do prazo decadencial [...]. Portanto, não se discute o fato de que o procedimento de apuração da CSLL no ano calendário de 2003 foi homologado. Todavia, aduz a fiscalização que o transcurso do prazo decadencial previsto no CTN obstaria apenas o dever de constituir o crédito tributário, não atingindo outros fatos jurídicos, dentre eles a apuração do saldo negativo de CSLL. Argumenta a autoridade fiscalizadora que, em matéria de compensação, a única limitação imposta à atuação do fisco é a que diz respeito ao prazo de cinco anos contado da data da apresentação das declarações de compensação permitido analisar a regularidade da composição da base de cálculo que serviu de base à determinação do saldo negativo do tributo. Em suma, a fiscalização entende, equivocadamente, que o ato de apuração/formação do saldo negativo de CSLL é algo dissociado da atividade de lançamento por homologação. Fl. 413DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 10/03/2 015 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10783.903158/200892 Acórdão n.º 1803002.568 S1TE03 Fl. 383 6 Como se sabe, a atividade de lançamento revelase como o momento em que o poder público verifica os elementos subjetivos, objetivos e quantitativos previstos abstratamente na norma. Nos termos do art. 150 do CTN, o lançamento por homologação operase pelo ato em que a autoridade administrativa, tomando conhecimento da antecipação do pagamento, expressamente o homologa. Conforme se infere da leitura do aludido dispositivo, no âmbito do lançamento por homologação, o contribuinte, fazendo o papel de autoridade administrativa, efetua a apuração do tributo, declara, e antecipa o seu pagamento. Assim, é evidente que os efeitos do ato de homologação recaem sobre todo o procedimento de apuração do tributo devido, no qual está inserido o procedimento de formação do saldo negativo de CSLL. [...] Nesse sentido, é importante destacar que não cabe à fiscalização selecionar os fatos jurídicos que não estariam englobados na atividade de lançamento por homologação no intuito de constituir créditos tributários após o decurso do prazo decadencial. Dessa forma, comprovada a decadência do direito de revisar o saldo negativo de CSLL ou 3do no ano calendário de 2003, deve ser reconhecida a compensação efetuada pela Recorrente no Per/DComp n° 35889.97290.151204.1.3.031710. III.2 DA REGULARIDADE DOS CRÉDITOS UTILIZADOS NO PER/DCOMP n° 35889.97290.151204.1.3.031710 (SALDO NEGATIVO DE CSLL AC 2003) A fiscalização deixou de reconhecer a compensação ora discutida sob o argumento de que a Recorrente não teria apresentado saldo negativo de CSLL no ano calendário de 2003. No entendimento da fiscalização, ao invés do saldo negativo de CSLL no valor de R$58.480,10 [...], a Recorrente teria um débito no valor de R$11.907,22 [...]. Vejamos: AC de 2003 DIPJ Valores Apurados pela Fiscalização CSLL Total 701.154,38 701.154,38 CSLL Paga por Estimativa 759.634,40 689.247,16 58.540,10 11.907,22 Tal entendimento decorre da desconsideração dos pagamentos referentes aos períodos de maio e junho de 2003, conforme abaixo: Período CSLL a Pagar DARF Per/DComp Pago (TVV) Per/DComp Receita DARF Receita Pago Receita Diferença Jan/03 28.658,49 28.658,49 28.658,49 28.658,49 28.658,49 Fev/03 16.141,83 Mar/03 121.893,06 121.693,06 121 893.00 121.893.06 121.893,06 Fl. 414DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 10/03/2 015 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10783.903158/200892 Acórdão n.º 1803002.568 S1TE03 Fl. 384 7 Abr/03 80.727,91 80.727,91 80.727.91 80.727,91 80.727,91 Mai/03 149.214,61 149.210,61 149.210 61 137.356.63 137.356,63 11.853,98 Jun/03 160.830,62 103.060,13 57.761,49 160.830.62 0 00 103.069,13 103.069,13 57.761,40 Jul/03 149.968,84 Ago/03 110.542,75 Set/03 23.572,05 22.803,32 768,13 23.572.05 22.803,32 22.303,32 Out/03 84.878,20 84.878,20 84.878,20 84.878,20 84.878,20 Nov/03 109.859,54 108.129,52 1.730,05 109.859 57 1.730,90 108.129,52 109.860,42 0,85 Dez/03 58 480,10 Total 701.154,38 Total 759.030,51 Total 689.247,16 69.614,02 Esses pagamentos foram realizados através da compensação efetuada no Per/DComp 01844.67780.021003.1.3.039380, homologada em decisão exarada nos autos processo n° 10783.900540/200682 [...]. No referido processo, a fiscalização exigia o recolhimento da CSLL referente aos períodos de maio e junho de 2003, nos valores originários de R$11.853,98 [...] e R$ 57.761,49 [...]. Dessa forma, não restam dúvidas de que as compensações efetuadas pela Recorrente através do Per/DComp 9380 foram homologadas nas decisões proferidas nos processos n° 10783.900540/200682 e n° 10783.902463/200603, o que por si só comprova a existência do saldo negativo utilizado no Per/DComp de final 1710. Todavia, diante da insistência da fiscalização em desconsiderar o saldo negativo apurado pela Recorrente no ano calendário de 2003, é importante destacar que os créditos utilizados no Per/DComp 9380 eram suficientes para a compensação realizada. Consoante se verifica através da análise da Per/DComp 9380, transmitida em 02/10/2003, a Recorrente efetuou a compensação de débitos de CSLL referentes aos períodos de apuração de janeiro, março, abril, maio e junho de 2003, no valor total de R$473.981,64 [...]. Vejamos: Período Principal Juros Total Janeiro/03 28.658,49 4.015,05 32.673,54 Março/03 121.893,06 12.628,12 134.521,18 Abril/03 80.727,91 6.773,07 87.500,98 Maio/03 149.210,61 9.743,45 158.954,06 Junho/03 57.761,49 2.570,39 60.331,88 Total 473.981,64 Apesar de a compensação ter sido realizada após o vencimento de cada um dos períodos de apuração compensados (28/02/2003, 30/04/2003, 30/05/2003, 30/06/2003 e 31/07/2003), vale ressaltar que não é cabível a exigência de multa de mora. Isto porque, a responsabilidade pelo pagamento da multa de mora é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora. Fl. 415DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 10/03/2 015 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10783.903158/200892 Acórdão n.º 1803002.568 S1TE03 Fl. 385 8 De acordo com o art. 138, CTN, existem dois critérios para a configuração da denúncia espontânea e a conseqüente inexigibilidade da multa de mora, a saber, i) o recolhimento ou depósito do principal acrescido de juros de mora e ii) a inexistência de processo de fiscalização anterior ao pagamento do tributo denunciado. [...] Logo, a denúncia espontânea resta configurada quando apresentada em momento anterior a entrega da DCTF Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais. No caso em comento, verificase que as DCTF's [...] em que foram confessados os débitos compensados no Per/DComp 9380 somente foram transmitidas em 08/03/2004 e 08/12/2004, portanto, em momento posterior a \^ transmissão do Per/DComp 9380, que ocorreu em 02/10/2003. Assim, resta configurado o benefício da denúncia espontânea, a saber, a inexigibilidade da multa de mora. Dessa formo os créditos apontados no Per/DComp 9380 (R$474.748,95) eram suficientes para a compensação com os débitos ali indicados (R$473.981,64), o que demonstra a regularidade do saldo negativo de CSLL no valor de R$58.480,10 [...]. Comprovada a regularidade do saldo negativo de CSLL apurado no ano calendário de 2003, deve ser homologada a compensação realizada no Per/DComp 35889.97290.151204.1.3.031710. Com o objetivo de fundamentar as razões apresentadas na peça de defesa, interpreta a legislação pertinente, indica princípios constitucionais que supostamente foram violados e faz referência a entendimentos doutrinários e jurisprudenciais em seu favor. Conclui que: Ante o exposto, requer seja dado provimento ao presente Recurso Voluntário, para, reformandose o Acórdão recorrido, seja homologada a compensação realizada através do Per/DComp n° 35889.97290.151204.1.3.031710. Outrossim, requer, nos termos do artigo 16, §4°, alínea b, do Decreto n° 70.235/1972, a juntada dos documentos anexados ao presente Recurso Voluntário. Toda numeração de folhas indicada nessa decisão se refere à paginação eletrônica dos autos em sua forma digital ou digitalizada. É o Relatório. Voto Vencido Conselheira Carmen Ferreira Saraiva, Relatora O recurso voluntário apresentado pela Recorrente atende aos requisitos de admissibilidade previstos nas normas de regência, em especial no Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972. Assim, dele tomo conhecimento, inclusive para os efeitos do inciso III do art. 151 do Código Tributário Nacional (§ 11 do art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996). Fl. 416DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 10/03/2 015 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10783.903158/200892 Acórdão n.º 1803002.568 S1TE03 Fl. 386 9 A Recorrente alega que os atos administrativos são nulos. Os atos administrativos não prescindem da intimação válida para que se instaure o processo, vigorando na sua totalidade os direitos, deveres e ônus advindos da relação processual de modo a privilegiar as garantias ao devido processo legal, ao contraditório e à ampla defesa com os meios e recursos a ela inerentes1. As manifestações unilaterais da RFB foram formalizadas por ato administrativo, como uma espécie de ato jurídico, deve estar revestido dos atributos que lhe conferem a presunção de legitimidade, a imperatividade e a autoexecutoriedade, ou seja, para que produza efeitos que vinculem o administrado deve ser emitido (a) por agente competente que o pratica dentro das suas atribuições legais, (b) com as formalidades indispensáveis à sua existência, (c) com objeto, cujo resultado está previsto em lei, (d) com os motivos, cuja matéria de fato ou de direito seja juridicamente adequada ao resultado obtido e (e) com a finalidade visando o propósito previsto na regra de competência do agente. Tratandose de ato vinculado, a Administração Pública tem o dever de motiválo no sentido de evidenciar sua expedição com os requisitos legais2. O Despacho Decisório foi lavrado por servidores competentes com observância de todos os requisitos legais (art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996 e Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972). A autoridade tributária tem o direito de examinar a escrituração e os documentos comprobatórios dos lançamentos nela efetuados e a pessoa jurídica tem o dever de exibilos e conserválos até que ocorra a prescrição dos créditos tributários decorrentes das operações a que se refiram, bem como de prestar as informações que lhe forem solicitadas e colaborar para o esclarecimento dos fatos3. As Autoridade Fiscais agiram em cumprimento com o dever de ofício com zelo e dedicação as atribuições do cargo, observando as normas legais e regulamentares e justificando o processo de execução do serviço, bem como obedecendo aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. 4 A decisão de primeira instância está motivada de forma explícita, clara e congruente e da qual a pessoa jurídica foi regularmente cientificada. Ainda, na apreciação da prova, a autoridade julgadora formou livremente sua convicção, em conformidade do princípio da persuasão racional5. Assim, o Despacho Decisório, fl. 130131 e o Acórdão da 4ª TURMA/DRJ/RJO I/RJ nº 12042.102, de 09.11.2011, fls. 205216, contêm todos os requisitos legais, o que lhes conferem existência, validade e eficácia. 1 Fundamentação legal: inciso LIV e inciso LV do art. 5º da Constituição Federal, art. 142 e art. 195 do Código Tributário Nacional. art. 6º da Lei nº 10.593, de 6 de dezembro de 2002, art. 9º, art. 10, art. 23 e 59 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, Decreto nº 6.104, de 30 de abril de 2007, art. 2º e art. 4º da Lei nº 9.784 de 29 de janeiro de 1999 e Súmulas CARF nºs 6, 8, 27 e 46. 2 Fundamentação legal: art. 179 da Constituição Federal, art. 2º da Lei nº 4.717, de 29 de junho de 1965, § 2º do art. 9º do DecretoLei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977 e Lei nº 9.317, de 5 de dezembro de 1996. 3 Fundamentação legal: art. 142 e art. 195 do Código Tributário Nacional, art. 6º da Lei nº 10.593, de 6 de dezembro de 2002, art. 10 e art. 59 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 e art. 2º e art. 4º da Lei nº 9.784 de 29 de janeiro de 1999. 4 Fundamentação legal: art. 116 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, art. 2º da Lei nº 9.784, de 21 de janeiro de 1999 e art. 37 da Constituição Federal. 5 Fundamentação legal: art. 29 do Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972. Fl. 417DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 10/03/2 015 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10783.903158/200892 Acórdão n.º 1803002.568 S1TE03 Fl. 387 10 As formas instrumentais adequadas foram respeitadas, os documentos foram reunidos no processo, que estão instruídos com as provas produzidas por meios lícitos, em observância às garantias ao devido processo legal. O enfrentamento das questões na peça de defesa denota perfeita compreensão da descrição dos fatos e dos enquadramentos legais que ensejaram os procedimentos de ofício. A tese protetora exposta ela defendente, assim sendo, não está demonstrada. A Recorrente suscita que devem ser analisados os meios de prova apresentados em sede de segunda instância de julgamento de modo a demonstrar seu direito líquido e certo. Sobre a matéria, vale esclarecer que no presente caso se aplicam as disposições do processo administrativo fiscal que estabelece que a peça de defesa deve ser formalizada por escrito incluindo todas as teses e instruída com os todos documentos em que se fundamentar, precluindo o direito de a Recorrente praticar este ato e apresentar novas razões em outro momento processual, salvo a ocorrência de quaisquer das circunstâncias ali previstas, tais como fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior, refirase a fato ou a direito superveniente ou se destine a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos6. Privilegiando o princípio da verdade material, em sede de segunda instância de julgamento, cabe apreciar os assentos contábeis produzidos pela Recorrente em relação à comprovação das supostas inexatidões materiais devidas a lapso manifesto constantes nos dados informados à RFB procurando evidenciar a liquidez e a certeza do valor de direito creditório pleiteado. A Recorrente afirma que está amparada pela denúncia espontânea. A denúncia espontânea da infração acompanhada do pagamento do tributo devido e dos juros de mora que exclui a responsabilidade do sujeito passivo pela penalidade pecuniária em função da inobservância da conduta prescrita na norma jurídica primária. A exteriorização de vontade não tem forma prevista em lei e alcança tãosomente a obrigação principal em que o tributo sujeito ao lançamento por homologação que não esteja declarado à época e o recolhimento seja efetuado antes de qualquer procedimento fiscal7. Este é o entendimento constante na decisão definitiva de mérito proferida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) no Recurso Especial Repetitivo nº 1149022/SP 8, cujo trânsito em julgado ocorreu em 01.09.2010 e que deve ser reproduzido pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF9. 6 Fundamentação legal: art. 16 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 e art. 170 do Código Tributário Nacional. 7 Fundamentação legal: art. 61 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, art. 138 do Código Tributário Nacional. 8 BRASIL.Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial Repetitivo nº 1149022/SP. Ministro Relator:Luiz Fux, Primeira Seção, Brasília, DF, 9 de junho de 2010. Disponível em: <https://ww2.stj.jus.br/revistaeletronica/Abre_Documento.asp?sLink=ATC&sSeq=10649420&sReg=2009013414 24&sData=20100624&sTipo=5&formato=PDF>. Acesso em: 31 ago.2011. 9 Fundamentação legal: art. 138 do Código Tributário Nacional, art. 61 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996 e art. 62A do Anexo II do Regimento Interno do CARF. Fl. 418DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 10/03/2 015 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10783.903158/200892 Acórdão n.º 1803002.568 S1TE03 Fl. 388 11 Sobre a matéria, a título elucidativo, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) exarou o seguinte entendimento, de acordo com a ementa do Agravo REsp 174.514/CE, julgado em 04.09.201210: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. MANDADO DE SEGURANÇA. COMPENSAÇÃO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. NÃO CARACTERIZAÇÃO. PRETENSÃO QUE ENCONTRA ÓBICE NA SÚMULA N. 7 DO STJ. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. 1. A revisão da conclusão do acórdão recorrido, no sentido da ausência de direito líquido e certo a ser amparado pelo mandamus, importaria em novo exame do conjunto fático probatório dos autos. Precedentes: AgRg no AREsp 144.012/MA, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 15/05/2012; AgRg no AREsp 98.066/MG, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 23/04/2012; REsp 1206178/DF, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 17/11/2011; AgRg no Ag 1378589/DF, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, DJe 13/09/2011. 2. A extinção do crédito tributário por meio de compensação está sujeita à condição resolutória da sua homologação. Caso a homologação, por qualquer razão, não se efetive, temse por não pago o crédito tributário declarado, havendo incidência, de consequência, dos encargos moratórios. Nessa linha, sendo que a compensação ainda depende de homologação, não se chega à conclusão de que o contribuinte ou responsável tenha, espontaneamente, denunciado o não pagamento de tributo e realizado seu pagamento com os acréscimos legais, por isso que não se observa a hipótese do art. 138 do CTN. (grifos acrescentados) 3. Agravo regimental não provido. Restou demonstrado que o presente caso tratase de débitos informados em Per/DComp que simultaneamente tem natureza jurídica de confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a sua exigência e que ficam, desde logo, extintos sob condição resolutória de sua ulterior homologação (art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996). Assim, a denúncia espontânea (art. 138 do Código Tributário Nacional) não alcança os tributos sujeitos ao lançamento por homologação declarados concomitante extintos por compensação. A contestação proposta pela defendente, dessa maneira, não se confirma. A Recorrente defende que o pedido de compensação foi alcançado pela homologação tácita. A pessoa jurídica que apurar crédito relativo a tributo administrado pela RFB, passível de restituição, pode utilizálo na compensação de débitos. A partir de 30.12.2003 ficou 10 Disponível em: <http://www.stj.jus.br/SCON/jurisprudencia/toc.jsp?tipo_visualizacao=null&livre=174514&b=ACOR&thesaurus =JURIDICO>. Acesso em 10 out.2014 Fl. 419DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 10/03/2 015 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10783.903158/200892 Acórdão n.º 1803002.568 S1TE03 Fl. 389 12 estabelecido que a Per/DComp constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos indevidamente compensados. Para os tributos sujeitos ao lançamento por homologação também fixou o prazo de cinco anos, contados da data da entrega da declaração, para que os débitos sejam homologados tacitamente, o que privilegia o princípio da segurança jurídica, embora não se possa inferir que este instituto tenha o efeito de fazer nascer qualquer direito creditório11. No presente caso verificase que o Per/DComp foi formalizado em 15.12.2004, fls. 130131, e a Recorrente foi notificada do Despacho Decisório Eletrônico em 17.12.2008, fl. 133. Dessa sorte não transcorreu o prazo de cinco anos e assim não há que se falar em homologação tácita das compensações dos débitos confessados no Per/DComp. Além disso, tem cabimento a aplicação do enunciado da Súmula CARF nº 11, que determina que "não se aplica a prescrição intercorrente no processo administrativo fiscal". A pretensão da defendente, por esta razão, não tem cabimento. A Recorrente suscita que o Per/DComp deve ser deferido. A pessoa jurídica que apurar crédito relativo a tributo administrado pela RFB, passível de restituição, pode utilizálo na compensação de débitos. A partir de 01.10.2002, a compensação somente pode ser efetivada por meio de declaração e com créditos e débitos próprios, que ficam extintos sob condição resolutória de sua ulterior homologação. Também os pedidos pendentes de apreciação foram equiparados a declaração de compensação, retroagindo à data do protocolo. Posteriormente, ou seja, em de 30.12.2003, ficou estabelecido que a Per/DComp constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos indevidamente compensados. Ademais, o procedimento se submete ao rito do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, inclusive para os efeitos do inciso III do art. 151 do Código Tributário Nacional. 12. O pressuposto é de que a pessoa jurídica deve manter os registros de todos os ganhos e rendimentos, qualquer que seja a denominação que lhes seja dada independentemente da natureza, da espécie ou da existência de título ou contrato escrito, bastando que decorram de ato ou negócio. A escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor dela dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais13. Instaurada a fase litigiosa do procedimento, cabe à Recorrente detalhar os motivos de fato e de direito em que se basear expondo de forma minuciosa os pontos de discordância e suas razões e instruindo a peça de defesa com prova documental préconstituída imprescindível à comprovação das matérias suscitadas. Por seu turno, a autoridade julgadora, 11 Fundamentação legal: art. 165, art. 168, art. 170 e art. 170A Constituição Federal, art. 74 da Lei nº 9.430, de 26 de dezembro de 1996, art. 49 da Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002 e art. 17 da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003. 12 Fundamentação legal: art. 165, art. 168, art. 170 e art. 170A do Códido Tributário Nacional, art. 9º do Decreto Lei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, 1º e art. 2º, art. 51 e art. 74 da Lei nº 9.430, de 26 de dezembro de 1996, art. 49 da Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002 e art. 17 da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003. 13 Fundamentação legal : art. 195 do Código Tributário Nacional, art. 51 da Lei nº 7.450, de 23 de dezembro de 1985, art. 6º e art. 9º do DecretoLei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, art. 37 da Lei nº 8.981, de 20 de novembro de 1995, art. 6º e art. 24 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995 e art. 1º e art. 2º da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Fl. 420DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 10/03/2 015 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10783.903158/200892 Acórdão n.º 1803002.568 S1TE03 Fl. 390 13 orientandose pelo princípio da verdade material na apreciação da prova, deve formar livremente sua convicção mediante a persuasão racional decidindo com base nos elementos existentes no processo e nos meios de prova em direito admitidos. Para que haja o reconhecimento do direito creditório é necessário um cuidadoso exame do pagamento a maior de tributo, uma vez que é absolutamente essencial verificar a precisão dos dados informados em todos os livros de escrituração obrigatórios por legislação fiscal específica bem como os documentos e demais papéis que serviram de base para escrituração comercial e fiscal. A pessoa jurídica pode deduzir do tributo devido o valor dos incentivos fiscais previstos na legislação de regência, do tributo pago ou retido na fonte, incidente sobre receitas computadas na determinação do lucro real, bem como a CSLL determinada sobre a base de cálculo estimada no caso utilização do regime com base no lucro real anual, para efeito de determinação do saldo de CSLL a pagar ou a ser compensado no encerramento do ano calendário, ocasião em que se verifica a sua liquidez e certeza14. Sobre a possibilidade jurídica de utilização da CSLL determinada sobre a base de cálculo estimada, objeto de extinção sob condição resolutória de ulterior homologação da compensação, para dedução da CSLL devida no cálculo do saldo negativo apurado no encerramento do período, a Procuradoria da Fazenda Nacional mediante Parecer PGFN/CAT nº 88/2014 manifestouse no seguinte sentido: PARECER PGFN/CAT/Nº 88/2014 Imposto de Renda da Pessoa Jurídica – IRPJ. Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL. Opção por tributação pelo lucro real anual. Apuração mensal dos tributos por estimativa. Lei nº 9.430, de 27.12.1996. Não pagamento das antecipações mensais. Inclusão destas em Declaração de Compensação (DCOMP) não homologada pelo Fisco. Conversão das estimativas em tributo após ajuste anual. Possibilidade de cobrança. I OBJETO DA CONSULTA Tratase de consulta cuja origem remonta a Secretaria da Receita Federal do Brasil, tendo sido encaminhada para manifestação acerca da ratificação ou retificação dos Pareceres PGFN/CAT nº 1.658/2011 e 193/2013, os quais trataram da impossibilidade de inscrição em Dívida Ativa da União dos valores mensalmente apurados por estimativa, a título de antecipação do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, e não pagos, ainda que objetos de Declaração de Compensação não homologada. 2. A consulta, realizada por meio da Nota Cosit nº 31, de 20 de novembro de 2013, propugna pela revisão dos Pareceres PGFN/CAT nº 1.658/2011 e 193/2013, nos seguintes termos: 14 Fundamentação legal: art. 170 do Código Tributário Nacional, art. 34 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995 e art. 2º da Lei nº 9.430, 27 de dezembro de 1996. Fl. 421DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 10/03/2 015 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10783.903158/200892 Acórdão n.º 1803002.568 S1TE03 Fl. 391 14 “a) dada a regra geral de que a estimativa não paga não é passível de cobrança, excepcionalmente a estimativa estaria sujeita a cobrança e inscrição em DAU, quando objeto de parcelamento inadimplido ou de compensação não homologada ou considerada não declarada; b) se a lei permite a compensação de estimativa por meio de DComp, pode advir decisão administrativa de não homologação, com posterior manifestação de inconformidade, bem como de suspensão do débito; c) sendo possível, ao final da análise da DComp e do julgamento pela CRJ e pelo CARF, manterse não homologada a compensação de valores de estimativa, temse, por consequência lógica, a possibilidade de sua cobrança após o ajuste anual; d) se a lei especial admite o parcelamento de valores de estimativa informados em DComp não homologada, eventual inadimplência levará à sua cobrança e execução por parte da PGFN; e) do contrário, a manter o entendimento dos referidos pareceres, que se pronuncie quanto aos questionamentos constantes dos itens 48 e 52.” 3. A angústia dos consulentes reside na preocupação quanto ao fato de não saberem como proceder na hipótese de manutenção dos Pareceres PGFN/CAT nº 1.658/2011 e 193/2013, como pode ser percebido do item (e) acima, o qual faz referência aos itens 48 e 52, cujo teor transcrevemos: “48. Diante de todo o exposto, e tendo em vista que os valores de estimativas devidos foram confessados em DComp e que, após o encerramento do anocalendário, não há mais que se falar em estimativa, pois as antecipações passam a revestir o caráter de tributo, tanto que passam a compor o resultado apurado no final do anobase, questionase: a) Na hipótese de o contribuinte utilizar como dedução na apuração anual do tributo valores de estimativas que tenham sido confessadas em DComp, cuja compensação não tenha sido homologada, a RFB não pode efetuar a cobrança da diferença devida com base na DComp, cobrando esse valor como tributo e não mais como estimativa, mesmo que seja após a ocorrência do fato gerador (31 de dezembro)? b) Qual seria o marco para início da incidência dos acréscimos legais: (i) o vencimento da estimativa não paga (último dia útil do mês subsequente àquele a que se referir), ou (ii) o vencimento do tributo (último dia útil do mês de março do ano calendário subsequente ao ano base)? c) Qual seria o termo inicial do prazo de que a Fazenda disporia para efetuar a cobrança dos valores confessados e indevidamente deduzidos do ajuste anual? Seria a data da confissão do débito de estimativa em DComp, considerando, Fl. 422DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 10/03/2 015 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10783.903158/200892 Acórdão n.º 1803002.568 S1TE03 Fl. 392 15 ainda, que o prazo prescricional não corre no período que medeia a entrega da DComp e a não homologação da compensação? d) Em se mantendo o entendimento de que as estimativas não são créditos tributários, por isso não podem ser cobradas com base na DComp não homologada, mas devem ser objeto de lançamento de ofício, perguntase: não sendo crédito tributário, as estimativas poderiam ser compensadas, uma vez que a legislação sempre trata da compensação entre créditos tributários líquidos e certos? ...omissis... 52. Importante mencionar, todavia, que dos R$ 169 bilhões relativos aos créditos de saldos negativos, R$ 930 milhões (0,55%) referese a estimativas parceladas. Sendo assim, diante da existência de permissão legal, tanto que existente crédito tributário nessa situação, questionase: a RFB pode, por ato infralegal, restringir o direito do contribuinte, vedando a inclusão de tais antecipações no parcelamento simplificado, com base no argumento de que, ao final do anobase, as estimativas são substituídas pelo tributo apurado? E quando o parcelamento for de estimativas cuja compensação não foi homologada e se der depois de 31/12 do anocalendário a que correspondem as antecipações?” 4. A grande diferença das consultas anteriores é que essa ressalta o questionamento em relação aos valores da estimativa que foram contabilizados após o ajuste anual, ou seja, não seriam mais estimativas, mas valores que foram contabilizados no ajuste como tributos efetivamente pagos ou compensados, portanto, os valores seriam parte do tributo que teve sua compensação não homologada, como é possível constatar em trecho da Nota Técnica Cosit n.º 31/2013: “Entretanto, a PGFN não considerou a possibilidade de que as estimativas parceladas fossem aquelas objeto de compensação nãohomologada e, quase sempre, efetuado o parcelamento depois de anocalendário encerrado. Ou seja, as estimativas parceladas podem ser aquelas que compuseram o ajuste anual do imposto apurado e deste foi deduzido por compensação que veio a ser nãohomologada” 5. Desse modo, a consulta realizada em nada se assemelha as anteriores, em que foram tratadas as estimativas, ou seja, valores não consolidados no ajuste anual. Tanto o Parecer PGFN/CAT n.º 1.658/2011, quanto no Parecer PGFN/CAT n.º 193/2013 abordam os valores relativos a estimativa, não analisando a mudança de natureza que ocorre após o ajuste anual, portanto, não vislumbramos nenhuma razão para alteração dos pareceres anteriores, aos quais remetemos para questão das estimativas. II TRANSFORMAÇÃO DA ESTIMATIVA EM TRIBUTO Fl. 423DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 10/03/2 015 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10783.903158/200892 Acórdão n.º 1803002.568 S1TE03 Fl. 393 16 6. O imposto de renda tem sua matriz no Art. 153, Inciso III da Constituição Federal, estabelecendo princípios para sua regência no § 2º do mesmo artigo, além dos já previstos nos Arts. 150 e 151 da Carta Magna, porém, o delineamento do tributo consta no Código Tributário Nacional, ao definir o fato jurídico tributário que enseja a incidência do imposto de renda: “Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica: I de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; II de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior. § 1º A incidência do imposto independe da denominação da receita ou do rendimento, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem e da forma de percepção. (Parágrafo incluído pela Lcp nº 104, de 10.1.2001) § 2º Na hipótese de receita ou de rendimento oriundos do exterior, a lei estabelecerá as condições e o momento em que se dará sua disponibilidade, para fins de incidência do imposto referido neste artigo. (Parágrafo incluído pela Lcp nº 104, de 10.1.2001) Art. 44. A base de cálculo do imposto é o montante, real, arbitrado ou presumido, da renda ou dos proventos tributáveis. Art. 45. Contribuinte do imposto é o titular da disponibilidade a que se refere o artigo 43, sem prejuízo de atribuir a lei essa condição ao possuidor, a qualquer título, dos bens produtores de renda ou dos proventos tributáveis. Parágrafo único. A lei pode atribuir à fonte pagadora da renda ou dos proventos tributáveis a condição de responsável pelo imposto cuja retenção e recolhimento lhe caibam.” 7. Não existe nenhuma dúvida quanto ao fato jurídico tributário que enseja a incidência do imposto sobre a renda, valendo trazer a lição a seguir a respeito do conceito de renda: “...o acréscimo de valor patrimonial, representativo da obtenção de produto, da ocorrência de fluxo de riqueza ou simples aumento do valor do patrimônio, de natureza material ou imaterial, acumulado ou consumido, que decorre ou não de uma fonte permanente, que decorre ou não de uma fonte produtiva, que não necessariamente esta realizado, que não necessariamente esta separado, que pode ou não ser periódico ou reprodutível, normalmente líquido, e que pode ser de índole monetária ou em espécie.” 8. Outro aspecto deve ser levando em consideração para aferir a renda, o interstício temporal, a partir da combinação de acréscimos e decréscimos patrimoniais relevantes, que vão Fl. 424DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 10/03/2 015 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10783.903158/200892 Acórdão n.º 1803002.568 S1TE03 Fl. 394 17 apontar o ganho de renda do sujeito passivo num determinado período. Vejamos lição de Hugo de Brito Machado: “em se tratando de imposto de incidência anual, podese afirmar que o seu fato gerador é da espécie dos fatos continuados. E em virtude de ser a renda, ou o lucro, um resultado de um conjunto de fatos que acontecem durante determinado período, é razoável dizerse também que se trata de fato gerador complexo” 9. Mesmo o fato que enseja à incidência do imposto de renda ocorrendo apenas ao final do ano, a legislação estabelece o pagamento de valores mensais, cujo valor real se apresentará apenas no ajuste anual, com a apuração do lucro real, a qual ocorrerá em 31 de dezembro, consoante definido no Art. 2º da Lei n.º 9.430, de 27 de dezembro de 1996: “Art. 2º A pessoa jurídica sujeita a tributação com base no lucro real poderá optar pelo pagamento do imposto, em cada mês, determinado sobre base de cálculo estimada, mediante a aplicação, sobre a receita bruta auferida mensalmente, dos percentuais de que trata o art. 15 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995, observado o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 29 e nos arts. 30 a 32, 34 e 35 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995, com as alterações da Lei nº 9.065, de 20 de junho de 1995. (Regulamento) (Vide Medida Provisória nº 627, de 2013) (Vigência) § 1º O imposto a ser pago mensalmente na forma deste artigo será determinado mediante a aplicação, sobre a base de cálculo, da alíquota de quinze por cento. § 2º A parcela da base de cálculo, apurada mensalmente, que exceder a R$20.000,00 (vinte mil reais) ficará sujeita à incidência de adicional de imposto de renda à alíquota de dez por cento. § 3º A pessoa jurídica que optar pelo pagamento do imposto na forma deste artigo deverá apurar o lucro real em 31 de dezembro de cada ano, exceto nas hipóteses de que tratam os §§ 1º e 2º do artigo anterior. § 4º Para efeito de determinação do saldo de imposto a pagar ou a ser compensado, a pessoa jurídica poderá deduzir do imposto devido o valor: I dos incentivos fiscais de dedução do imposto, observados os limites e prazos fixados na legislação vigente, bem como o disposto no § 4º do art. 3º da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995; II dos incentivos fiscais de redução e isenção do imposto, calculados com base no lucro da exploração; III do imposto de renda pago ou retido na fonte, incidente sobre receitas computadas na determinação do lucro real; IV do imposto de renda pago na forma deste artigo.” Fl. 425DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 10/03/2 015 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10783.903158/200892 Acórdão n.º 1803002.568 S1TE03 Fl. 395 18 10. Por sua vez, o Art. 6º da Lei n.º 9430, de 1996, também deixa bastante claro que o imposto será apurado em 31 de dezembro, estruturando o imposto de renda anual para o seu devido valor, superando as antecipações de recolhimento designadas como estimativa. Vejamos o dispositivo: “Art. 6º O imposto devido, apurado na forma do art. 2º, deverá ser pago até o último dia útil do mês subseqüente àquele a que se referir. § 1º O saldo do imposto apurado em 31 de dezembro receberá o seguinte tratamento: (Redação dada pela Lei nº 12.844, de 2013) I se positivo, será pago em quota única, até o último dia útil do mês de março do ano subsequente, observado o disposto no § 2o; ou (Redação dada pela Lei nº 12.844, de 2013) II se negativo, poderá ser objeto de restituição ou de compensação nos termos do art. 74. (Redação dada pela Lei nº 12.844, de 2013) § 2º O saldo do imposto a pagar de que trata o inciso I do parágrafo anterior será acrescido de juros calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir de 1º de fevereiro até o último dia do mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês do pagamento. § 3º O prazo a que se refere o inciso I do § 1º não se aplica ao imposto relativo ao mês de dezembro, que deverá ser pago até o último dia útil do mês de janeiro do ano subseqüente.” 11. Esse pagamento a que nos referimos acima se assemelha a antecipação do imposto de renda por meio de retenção na fonte, a qual tem sua natureza abordada em nota na clássica obra de Aliomar Baleeiro: “Generalizouse a retenção do imposto de renda na fonte. Com o advento da Lei nº 7713/88, a partir de 01.01.1988, todos os rendimentos de pessoa física, recebidos de pessoas jurídicas, sujeitamse à incidência do imposto de renda na fonte, mesmo quando pagos em juízo. Incluemse, portanto, no rol, os rendimentos pagos ao trabalho assalariado (salários, remunerações e despesas pagas pelo empregador), ao autônomo, aluguéis e outros. As exceções são os ganhos de capital, mesmo se pagos por pessoas jurídicas, os alimentos e pensões. ...omissis.. Originariamente, o imposto de renda (fonte) incidia apenas sobre os rendimentos ao portador e dos residentes e domiciliados no exterior. Surgiu, portanto, por razões de praticidade ou pelas limitações territoriais da lei brasileira, como incidência única e exclusiva, cabendo às fontes pagadores reter e recolher o tributo as repartições competentes. ...omissis... Fl. 426DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 10/03/2 015 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10783.903158/200892 Acórdão n.º 1803002.568 S1TE03 Fl. 396 19 Posteriormente, estendeuse o imposto de fonte a outras hipóteses, até a ampla generalização que tem hoje. Não configura, em nenhum caso, tributo diferente do imposto de renda, mas, antes, deve ser analisado como mera antecipação de imposto que se presume devido. Se, ao final do anobase em que está periodizado (ver comentários seguintes, no tópico 13), o imposto não for devido, em decorrência de saídasdespesas elevadas, deverá ser devolvido ao contribuinte.” 12. O entendimento quanto à natureza de antecipação do imposto foi tratada em decisões do Supremo Tribunal Federal, a seguir colacionadas: EMENTA: TRIBUTÁRIO. IMPOSTO SOBRE A RENDA E PROVENTOS DE QUALQUER NATUREZA. PESSOA JURÍDICA. RETENÇÃO NA FONTE. PAGAMENTOS EFETUADOS PELO PODER PÚBLICO. CARÁTER INFRACONSTITUCIONAL DA DISCUSSÃO. INSUFICIÊNCIA DAS RAZÕES RECURSAIS. PROCESSUAL CIVIL. DECISÃO MONOCRÁTICA. DISCUSSÃO ACERCA DE SEUS REQUISITOS. AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO. 1. Nos termos do art. 38 da Lei 8.038/1991 e do art. 21, § 1º do RISTF, cabe ao relator negar seguimento aos pedidos ou aos recursos manifestamente improcedentes. Nestes casos, devese preservar a possibilidade de recurso ao Colegiado, pela exposição precisa dos fundamentos da decisão monocrática. Requisito observado neste caso. 2. Considerada a sistemática de retenção na fonte como instrumento de antecipação do Imposto de Renda (realidade diversa da retenção na fonte como mecanismo de tributação definitiva), para que fosse possível bem compreender a alegada dimensão constitucional do debate, seria necessário examinar não apenas a norma de retenção, mas também a contramedida de compensação, destinada a reconduzir a carga tributária ao patamar autorizado pela Constituição e pela legislação. Ausente discussão sobre elemento essencial do modelo, as razões recursais são ineficazes para promover o debate constitucional da matéria. 3. Ademais, as razões recursais desviamse de outro elemento determinante para o controle da validade da tributação, que referese aos limites à mensuração da carga tributária que pode ser exigida em antecipação. Como há a previsão para o reequilíbrio da carga tributária com a compensação, a questão de fundo deixa de ser propriamente a violação imediata do conceito de renda, para se desdobrar em duas: (a) a razoabilidade e a proporcionalidade dos valores retidos, considerado o direito constitucional ao exercício de atividade econômica lícita e (b) a eficácia do mecanismo de compensação para reconduzir a carga tributária ao patamar permitido pela Constituição e pela legislação. Agravo regimental ao qual se nega provimento. (RE 628845 AgR, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Segunda Turma, julgado em 01/03/2011, DJe061 DIVULG 30032011 PUBLIC 31032011 EMENT VOL0249301 PP00194) Fl. 427DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 10/03/2 015 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10783.903158/200892 Acórdão n.º 1803002.568 S1TE03 Fl. 397 20 EMENTA: TRIBUTÁRIO. IMPOSTO SOBRE A RENDA E PROVENTOS DE QUALQUER NATUREZA. PESSOA JURÍDICA. ANTECIPAÇÃO. “DUODÉCIMOS”. VALIDADE. PROCESSUAL CIVIL. FUNDAMENTAÇÃO. AGRAVO REGIMENTAL. 1. O acórdão prolatado pelo Tribunal de origem está devidamente fundamentado, ainda que com sua conclusão não concorde a parteagravante. Ausência de violação do art. 93, IX da Constituição. 2. A orientação firmada por esta Corte considera válida a cobrança do IRPJ pela modalidade de antecipação conhecida como “duodécimos” (DecretoLei 2.354/1987 e Lei 7.787/1989). A suposta violação do princípio da vedação do uso de tributo com efeito confiscatório depende do exame de provas específicas, relativas ao caso concreto. Ausente quadro probatório capaz de confirmar a alegação da parteagravante. Impossibilidade de revisão de fatos e provas (Súmula 279/STF). Agravo regimental ao qual se nega provimento. (RE 255379 AgR, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Segunda Turma, julgado em 08/02/2011, DJe060 DIVULG 29032011 PUBLIC 30032011 EMENT VOL02492 01 PP00043) 13. Ao final do período ocorre à substituição das estimativas pelo ajuste anual, não existindo liquidez e certeza na estimativa, razão pela qual é impossível a inscrição e cobrança das estimativas, conforme exposto no Parecer PGFN/CAT n.º 1.658/2011, do qual extraímos o trecho a seguir: 28. Ocorre que, como visto e reiterado, os valores do IRPJ e da CSLL apurados por estimativa não se qualificam como crédito tributário, mas como mera antecipação do pagamento deste. 29. Assim, ainda que a DCOMP se preste à confissão de dívida, tal confissão não tem o poder de transformar a antecipação do tributo (estimativa) em crédito tributário. 30. Disto decorre que, mesmo declarada esta antecipação do tributo como débito (e até confessada), em não sendo homologada a compensação ela é tida por inexistente, tendo como efeitos o não pagamento e a não extinção desta parte do crédito tributário, a teor do art. 156, inciso II, do Código Tributário Nacional. 31. Conclusivamente, o débito relativo à antecipação do IRPJ e da CSLL apurada por estimativa não constitui crédito tributário e assim não se converteu pelo fato de ter sido objeto de DCOMP, não se sustentando como líquido e certo, inclusive porque é necessário o ajuste, ao final, para apuração do saldo do imposto. 32. De fato, conforme preceitos do art. 2° c.c. art. 6º da Lei nº 9.430, de 1996, caso não recolhido ou pago a menor o valor da antecipação mensal dos tributos, é necessária a apuração destes ao final (31 de dezembro ou na data do encerramento das atividades ou dos demais eventos indicados na lei), com previsão de penalidade pecuniária, ainda que a pessoa jurídica venha a apurar prejuízo no balanço. Fl. 428DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 10/03/2 015 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10783.903158/200892 Acórdão n.º 1803002.568 S1TE03 Fl. 398 21 33. A propósito, não é desarrazoado prever a ocorrência de situação em que os valores antecipados sejam superiores ao valor do tributo devido, hipótese que reforça a conclusão de inexistência de certeza e liquidez das referidas antecipações. 14. A mesma conclusão foi adotada no Parecer PGFN/CAT n.º 193/2013, conforme excerto a seguir: “12. A existência da compensação não implica em sua possibilidade de cobrança, afinal, ao ser concluído o exercício, a estimativa é substituída pelo imposto apurado, consoante exposto no Parecer PGFN/CAT nº 1.658/2011 e assim como é definido pela própria Receita Federal do Brasil no Art. 16 da Instrução Normativa SRF Nº 093, de 24 de Dezembro de 1997: Art. 16. Verificada a falta de pagamento do imposto por estimativa, após o término do anocalendário, o lançamento de ofício abrangerá: I a multa de ofício sobre os valores devidos por estimativa e não recolhidos; II o imposto devido com base no lucro real apurado em 31 de dezembro, caso não recolhido, acrescido de multa de ofício e juros de mora contados do vencimento da quota única do imposto.” 15. O IRPJ e a CSLL substituem as estimativas, contudo, é possível que os valores relativos à estimativa tenham sido compensados e computados como pagamento no momento do ajuste anual, contudo, essa compensação pode não ser homologada, ocorrendo a decisão após a apuração do lucro real. Assim, tratarseiam de valores referentes a tributo consolidados com o ajuste anual, não mais de mera estimativa do imposto de renda e da contribuição sobre o lucro. 16. Esse entendimento já é aplicado pela Receita Federal do Brasil, vejamos trecho da Nota Cosit nº 31/2013, a qual serve de lastro à consulta: “Portanto, ao apurar, em 31 de dezembro, o valor total do imposto devido em todo o anocalendário, o sujeito passivo há de pagar esse valor, não havendo porque a RFB manter a cobrança de um débito (estimativa) que foi incorporado por outro (imposto a pagar). Isso é pacífico. A RFB não cobra estimativa não paga no anocalendário: aplica multa de ofício e cobra o imposto devido na forma de saldo a pagar.” 17. A leitura do trecho acima deixa claro que a RFB tem consciência da inviabilidade de cobrança das estimativas, pelo menos até a ocorrência do fato jurídico que enseja a incidência do IRPJ e CSLL na modalidade anual. 18. Ocorre que, após o ajuste, a estimativa é substituída pelo tributo, portanto, a estimativa extinta por meio de compensação Fl. 429DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 10/03/2 015 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10783.903158/200892 Acórdão n.º 1803002.568 S1TE03 Fl. 399 22 foi incorporada ao ajuste, como explicado pela própria Receita Federal do Brasil na Nota Cosit n.º 31/2013: “21. Ocorre que não se está tratando de estimativa não paga no anocalendário, mas de estimativa extinta por meio da compensação, cujo efeito legal é o mesmo do pagamento, conforme se depreende da leitura do art. 156, Incisos I e II, do CTN e do art. 6º da Lei nº 8.212, de 29 de agosto de 1991. 21.1. Por sua vez, a Lei n.º 9.430, de 1996, não previa – e não foi atualizada nesse ponto – a hipótese de que o valor devido fosse antecipado por forma diversa do pagamento, in casu, a compensação, cujas regras próprias possibilitam a contestação dessa antecipação por meio da nãohomologação, que ocorre, via de regra, apenas depois de 31 de dezembro, ou seja, depois de a Declaração de Informações EconômicoFiscais (DIPJ) ser entregue e o imposto pago ou o saldo negativo apurado. 21.2. Ora, enquanto não homologada a compensação, extinto está o débito declarado a título de estimativa e, portanto, corretamente deduzido do total do imposto devido no ano e demonstrado no DIPJ. Essa extinção, entretanto, não é definitiva, mas se submete a condição resolutória de a RFB homologála ou não no prazo de cinco anos. 21.3 Assim, ao compor o imposto de renda apurado e devido ao final do anocalendário, e ser declarado extinto por meio de estimativa, temse que esse valor informado na DIPJ como compensado já não é mais estimativa, mas imposto sobre a renda, crédito tributário definitivamente constituído por apuração e confissão do sujeito passivo. Tal caráter de confissão tanto se encontra assentado na informação do valor estimado e compensado prestada na DCTF, como na DComp. 19. O entendimento que podemos extrair do excerto acima é de que tratamos de tributo em si, não mais de estimativas, cuja existência se encerra com o ajuste anual, consoante exposto nos Pareceres PGFN/CAT nº 1.658/2011 e 193/2013, razão pela qual podemos ter uma conclusão diferente daqueles constantes nos pareceres mencionados, contudo, sem modificarlhes em nenhum ponto, apenas por considerar que no caso estamos tratando de tributo propriamente dito. 20. A conclusão que podemos formular, a partir do questionamento da Receita Federal do Brasil, é pela legitimidade de cobrança de valores que sejam objeto de pedido de compensação não homologada oriundos de estimativa, uma vez que já se completou o fato jurídico tributário que enseja a incidência do imposto de renda, ocorrendo à substituição da estimativa pelo imposto de renda. 21. Devemos ressaltar, porém, que deverão ser realizados ajustes para que fique claro que os valores cobrados, quando da não homologação de compensação de estimativa, são, na verdade, IRPJ ou CSLL e não estimativa dos tributos, pois a confusão pode influenciar as chances de êxito da cobrança, pois Fl. 430DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 10/03/2 015 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10783.903158/200892 Acórdão n.º 1803002.568 S1TE03 Fl. 400 23 a nomenclatura inadequada pode levar órgãos administrativos e judiciais a entenderem que a cobrança seria ilegal. III CONCLUSÃO 22. Em síntese, os questionamentos levantados na consulta oriunda da Secretaria da Receita Federal do Brasil devem ser respondidos nos seguintes termos: a) Entendese pela possibilidade de cobrança dos valores decorrentes de compensação não homologada, cuja origem foi para extinção de débitos relativos a estimativa, desde que já tenha se realizado o fato que enseja a incidência do imposto de renda e a estimativa extinta na compensação tenha sido computada no ajuste; b) Propõese que sejam ajustados os sistemas e procedimentos para que fique claro que a cobrança não se trata de estimativa, mas de tributo, cujo fato gerador ocorreu ao tempo adequado e em relação ao qual foram contabilizados valores da compensação não homologada, a fim de garantir maior segurança no processo de cobrança. (grifos acrescentados) Podese concluir que somente podem ser deduzidos na apuração do ajuste anual os valores de estimativa efetivamente pagos relativos ao anocalendário objeto da DIPJ. Considerase efetivamente pago por estimativa o crédito tributário extinto por meio de: dedução do tributo retido ou pago sobre as receitas que integram a base de cálculo, compensação solicitada por meio da Per/DComp ou de processo administrativo, compensação autorizada por medida judicial e valores pagos mediante Darf. Para elucidar a questão vale transcrever excerto do Acórdão da 4ª TURMA/DRJ/RJO I/RJ nº 12042.102, de 09.11.2011, fls. 205216: Analisandose esses dados, temse: 1°) Dos Pagamentos efetuados por DARF: Pesquisas efetuadas no sistema SIEF confirmam os seguintes recolhimentos/amortizações (fls.133/137): P.A. Valores recolhidos/amortizados Jun/03 103.069,13 Set/03 17.165,91 + 5.619,42+ 17,99 Out/03 84.878,20 Nov/03 108.129,52 Total 318.880,17 2°) Das Compensações Efetuadas Através de PER/DCOMP: a) PER/DCOMP de nos finais 9380 e 9505 (fls. 138/142): essas compensações foram tratadas no Proc. n° 10783.900540/200682; o PER/DCOMP com informação do crédito é o de n° final 9380 (fl. 138 v.); Fl. 431DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 10/03/2 015 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10783.903158/200892 Acórdão n.º 1803002.568 S1TE03 Fl. 401 24 apesar de o crédito pleiteado ter sido integralmente reconhecido, este não foi suficiente para quitar todas as compensações declaradas; os pedidos foram efetuados em 02/10/2003 e 03/12/2003 e a data da ciência do respectivo despacho deuse em 08/09/2009 (pesquisa de fl. 142 v.), após, portanto, o prazo de 5 (cinco) anos para a ocorrência da homologação tácita; como já mencionado nas Considerações Iniciais, o fato de ter ocorrido homologação tácita não implica no reconhecimento automático do saldo negativo apurado, formado a partir desses créditos; os débitos a serem considerados efetivamente quitados, em vista do direito creditório pleiteado/reconhecido de R$402.978,49, são os que constam como extintos nas pesquisas de fls. 144/146; esses valores são confirmados pelos Demonstrativos de Compensação obtidos através de programa da RFB (fls. 150/153). b) PER/DCOMP de n° final 0156 (fls. 147/149): essa compensação foi tratada no Proc. n° 10783.901.373/200859; apesar de o crédito pleiteado de R$ 1.713,90 ter sido integralmente reconhecido, este não foi suficiente para quitar a totalidade do débito declarado; o pedido foi transmitido em 09/02/2004 e a data da ciência do despacho decisório correspondente ocorreu em 30/07/2008; nesse caso, não ha ocorrência de homologação tácita e, como já exposto nas Considerações Iniciais, não cabe a glosa da estimativa correspondente (ou de parcela dessa estimativa), razão pela qual a estimativa de que se trata deve ser considerada totalmente quitada. c) em síntese, as estimativas objetos das compensações em foco que podem ser consideradas efetivamente quitadas são as seguintes: Per/DComp de nos Finais 9380 e 9505 P.A. Valor Principal do Débito Declarado Débito Amortizado/Quitado Jan/03 28.658,49 28.658,49 Fev/03 Mar/03 121.893,06 121.893,06 Abr/03 80.727,91 80.727,91 Mai/03 149.214,61 137.356,63 Jun/03 160.830,62 Jul/03 Ago/03 Set/03 768,73 Out/03 Nov/03 1.730,05 1.730,90 Dez/03 Total 370.366,99 Em relação ao argumento da Recorrente de que os débitos de CSLL determinadas sobre a base de cálculo estimada dos períodos de apuração de maio e de junho do Fl. 432DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 10/03/2 015 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10783.903158/200892 Acórdão n.º 1803002.568 S1TE03 Fl. 402 25 anocalendário de 2003 nos valores originários de R$11.853,98 e de R$57.761,49, respectivamente, foram homologados mediante compensação nas decisões proferidas nos processos n° 10783.900540/200682 e n° 10783.902463/200603, temse que consultando o e processo, temse que o processo n° 10783.900540/200682 foi juntado ao processo n° 10783.902463/200603, temse que esses autos se encontram arquivados. No processo principal n° 10783.902463/200603, que trata das DComp nºs 018444.67780.021003.1.3.039380 e 03015.46627.031203.1.3.039505 a Recorrente efetuou a compensação de débitos de estimativas de CSLL do anocalendário de 2003 com crédito oriundo de saldo negativo de CSLL, relativo ao anocalendário de 2002, no valor original de R$402.978,48, foi exarado o Acórdão da 4ª TURMA/DRJ/RJO I/RJ nº 1250.313, de 24.10.2012, em cujo excerto do Voto condutor consta, fls. 378389: Da Homologação Tácita No presente caso, foi reconhecido, através do Despacho Decisório de fl.43, o direito creditório pleiteado no Per/DComp de nº final 9380, no valor nominal total de R$402.978,48, e homologadas, com base no crédito reconhecido, as compensações declaradas nos Per/DComp de nºs finais 9380 e 9505. Entretanto, as compensações declaradas não foram homologadas na sua totalidade, tendo em vista que, conforme previsão expressa do §2º do art.74 já reproduzido, a declaração de compensação extingue o débito sob condição resolutória de sua ulterior homologação. Dessa forma, cabe à autoridade fazendária intervir na compensação declarada, podendo não homologála, caso reste inexistente a certeza e liquidez do crédito utilizado, ou quando esse crédito seja insuficiente para a homologação de todas as compensações declaradas, com os acréscimos legais porventura cabíveis. Cabe destacar, que deve ser excluído, desse questionamento, o débito de R$768,73 (estim. CSLL, set/03), cuja compensação foi declarada através do Per/DComp de nº final 9505, em face do recolhimento desse débito (com os acréscimos legais), através de DARF (extrato de fl.121). A interessada argumenta que, entre os débitos compensados, encontramse os valores de R$149.210,61 (CSLL, cód. 2484, mai/2003) e R$57.761,49 (CSLL, cód. 2484, jun/2003), objeto da presente cobrança, que já haviam sido declarados na correspondente DCTF. Ora, a declaração em DCTF constitui confissão de dívida. Assim, ainda que a Declaração de Compensação só tenha passado a constituir confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos indevidamente compensados a partir de 31/10/2003, com a publicação da Medida Provisória 135/2003, os questionados débitos, cujas compensações, datadas de 02/10/2003, não foram homologadas, poderiam, em princípio, ser exigidos, independentemente de lançamento de ofício, em face da confissão efetuada por DCTF. Por outro lado, os débitos em foco não poderiam ser cobrados no caso de terem sido objeto de homologação tácita, conforme arguido, também, pela interessada. O prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo é de 5 (cinco) anos, contado da data da entrega da declaração de compensação, conforme previsto pelo § 5º do art.74 da Lei nº 9.430/1996 [...]. Fl. 433DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 10/03/2 015 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10783.903158/200892 Acórdão n.º 1803002.568 S1TE03 Fl. 403 26 O Per/DComp em lide, de nº final 9380, foi transmitido em 02/10/2003. Por sua vez, a ciência do Despacho Decisório de fl.43 somente foi exarado em 20/01/2009, data em que os débitos de que se trata já se encontravam extintos pela compensação tacitamente homologada, na forma da legislação vigente. Por essa razão, é de se reconhecer a homologação tácita dos débitos compensados através do Per/DComp mencionado, razão pela qual a sua cobrança se torna incabível. Do Esclarecimento Acerca das Compensações a Serem Consideradas como Crédito em Possível Saldo Negativo Apurado no AnoCalendário de 2003 A título de esclarecimento, vale destacar que, ainda que as compensações dos débitos de que se trata (estimativas de CSLL do anocalendário de 2003) tenham sido homologadas tacitamente, e não possam mais ser exigidas, isso não significa que o órgão administrativo deva simplesmente “homologar” o saldo negativo de CSLL porventura apurado no anocalendário de 2003, com a inclusão das referidas estimativas, sem que seja aferida a certeza e a liquidez dos indébitos tributários que o fundamentam. Esse entendimento, já adotado por esta Turma em diversos julgados, foi ratificado pela Solução de Consulta Interna nº 16, de 18/07/2012, publicada na internet em 03/08/2012. Por sua vez, a Instrução Normativa RFB nº 210/2002, vigente à época da transmissão dos PER/DCOMP em foco, assim disciplina a compensação de créditos com débitos do contribuinte [...]. Ocorre que a incidência dos acréscimos moratórios (juros de mora à taxa Selic, bem assim a multa moratória limitada a 20%), sobre os referidos débitos, já era prevista pela Lei nº 9.430, de 1996 [...]. No caso em análise, através dos Per/DComp de nºs finais 9380 e 9505, a interessada efetuou a compensação de crédito oriundo de saldo negativo de CSLL, relativo ao anocalendário de 2002, no valor original de R$402.978,48 (crédito efetivamente pleiteado), com os seguintes débitos: Fls. Per/DComp Nº Final Data Per/DComp Cód. Tributo/Contribuição Per. Apur. Vencimento Valor Originário Jan/03 28/02/03 28.658,49 Mar/03 30/04/03 121.893,06 Abr/03 30/05/03 80.727,91 Mai/03 30/06/03 149.210,61 04/11 9380 02/10/2003 2484 CSLL Estimativa Mensal Jun/03 30/06/03 57.761,49 12/15 9505 03/12/2003 2484 CSLL Estimativa Mensal Set/03 31/10/03 768,73 Por esses dados podese verificar que todos os débitos foram compensados posteriormente às datas dos seus vencimentos, devendo, portanto, sofrer a incidência dos acréscimos legais, na forma da legislação de regência, até as datas das entregas das DCOMP correspondentes [...] Analisandose os PER/DCOMP em foco, verificase que a interessada, na indicação dos débitos compensados, apenas incluiu os juros de mora devidos Fl. 434DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 10/03/2 015 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10783.903158/200892 Acórdão n.º 1803002.568 S1TE03 Fl. 404 27 (calculados corretamente), deixando de levar em conta, entretanto, conforme determinação legal vigente, a multa de mora. Por esse motivo, os débitos a serem considerados realmente quitados para compor possível saldo negativo de CSLL, que traduza direito líquido e certo, tendo em vista o direito creditório pleiteado/reconhecido de R$402.978,48 e os Demonstrativos de Compensação (fls. 122/125), além do Extrato do Processo de Cobrança (fl. 47), são os seguintes: [...] Débitos Incluídos nos Per/DComp de nºs Finais 9380 e 9505 P.A. Vencim. Valor Principal Extinto por Compensação Saldo Débito Remanescente (Valor Original) 01/03 28/02/03 28.658,49 28.658,49 03/03 30/04/03 121.893,06 121.893,06 04/03 30/05/03 80.727,91 80.727,91 05/03 30/06/03 149.210,61 137.797,34 11.853,98 06/03 31/07/03 57.761,49 57.761,49 09/03 31/10/03 768,73 * [...] * Não há débito remanescente, em face do recolhimento efetuado em 24/03/2009 (extrato de fl.121), conforme extrato do Processo de Compensação de nº 10783.900.540/200682 (fl. 45). Já os débitos não compensados com o crédito efetivamente reconhecido são as parcelas das estimativas dos períodos de apuração de mai e jun/03, nos valores de R$11.853,98 e R$57.761,49 (PER/DCOMP de nº final 9380) as quais não deverão compor um possível saldo negativo de CSLL de 2003 porventura apurado/pleiteado, por falta de liquidez e certeza. Entretanto, como já mencionado, a sua exigência tornase indevida, uma vez que esses débitos encontramse extintos pela compensação, tacitamente homologada, na forma da legislação vigente. CONCLUSÃO Em face do exposto, voto no sentido de homologar as compensações efetuadas pela interessada, através do Per/DComp de nº 018444.67780.021003.1.3.039380 (fls. 04/11), em face das homologações reconhecidas tacitamente, abaixo relacionadas, razão pela qual, a sua exigência tornase indevida: Código P.A. Vencimento Valor Original 2484 05/03 30/06/2003 11.853,98 2384 06/03 31/07/2003 57.761,49 Assim, os débitos de CSLL determinadas sobre a base de cálculo estimada dos períodos de apuração de maio e de junho do anocalendário de 2003 nos valores originários de R$11.853,98 e de R$57.761,49, respectivamente, foram homologados tacitamente mediante compensação, que tem o efeito jurídico de extinguilos nos termos expressos no inciso II do art. 156 do Código Tributário Nacional, e por essa razão devem compor o saldo negativo de CSLL do anocalendário de 2003, de acordo com o que se demonstra na Tabela 1. Fl. 435DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 10/03/2 015 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10783.903158/200892 Acórdão n.º 1803002.568 S1TE03 Fl. 405 28 Tabela 1 Valores do saldo negativo de CSLL do anocalendário de 2003. Descrição (A) DIPJ Fl. 60 R$ (B) Decisão 1ª Instância R$ (C) Decisão 2ª Instância R$ (D) CSLL Devida 701.154,38 701.154,38 701.154,38 CSLL Determinada Sobre a Base de Cálculo Estimada (759.634,40) (689.247,16)* (758.862,63) CSLL a Pagar (58.480,10) 11.907,22 (57.708,25) * Resultado do Somatório: R$318.880,17 (somatório dos valore de junho, setembro, outubro e novembro de 2003) + R$370.366,99 (Processo nº 10783.900540/200682) = R$689.247, 16 Por conseguinte, deve ser reconhecido o direito creditório relativo ao saldo negativo de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) no valor de R$57.708,25, apurado pelo regime de tributação com base no lucro real no anocalendário de 2003, para compensação dos débitos ali confessados até o limite desse crédito. A inferência denotada pela defendente, nesse caso, é acertada em parte. No que concerne à interpretação da legislação e aos entendimentos doutrinários e jurisprudenciais indicados pela Recorrente, cabe esclarecer que somente devem ser observados os atos para os quais a lei atribua eficácia normativa, o que não se aplica ao presente caso. A alegação relatada pela defendente, consequentemente, não está justificada. Atinente aos princípios constitucionais que a Recorrente aduz que supostamente foram violados, cabe ressaltar que o CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária, uma vez que no âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade15. Temse que nos estritos termos legais o procedimento fiscal está conforme o princípio da legalidade, ao que o agente público está vinculado (art. 37 da Constituição Federal, art. 116 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, art. 2º da Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999, art. 26A do Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972 e art. 41 do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de julho de 2009). A proposição afirmada pela defendente, desse modo, não tem cabimento. Em assim sucedendo, voto por dar provimento em parte ao recurso voluntário para reconhecer o direito creditório relativo ao saldo negativo de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) no valor de R$57.708,25 apurado pelo regime de tributação com base no lucro real no anocalendário de 2003, para compensação dos débitos ali confessados até o limite desse crédito. (assinado digitalmente) 15 Fundamentação legal: art. 26A do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 e Súmula CARF nº 2. Fl. 436DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 10/03/2 015 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10783.903158/200892 Acórdão n.º 1803002.568 S1TE03 Fl. 406 29 Carmen Ferreira Saraiva Fl. 437DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 10/03/2 015 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 10783.903158/200892 Acórdão n.º 1803002.568 S1TE03 Fl. 407 30 Voto Vencedor Conselheiro Sérgio Rodrigues Mendes, Redator Designado Constou do Despacho Decisório (fls. 106): De início, salta aos olhos que se está diante de um mero erro de preenchimento do Pedido de Ressarcimento ou Restituição/Declaração de Compensação (Per/DComp): informouse a parcela de composição do crédito apenas até o valor do direito creditório nela pleiteado (R$ 58.480,10). A Declaração de Informações Econômicofiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ), por sua vez, está corretamente preenchida, tendo sido apontados os seus valores no próprio despacho decisório. Assim, não há motivo consistente para a não homologação procedida. Ultrapassada essa questão preliminar, não há qualquer sentido em se considerar como o faz a decisão recorrida o mesmo débito como extinto por efeito de homologação tácita de compensação, mas não extinto, ou parcialmente extinto, para efeito de esse mesmo débito vir a compor saldo negativo objeto de compensação posterior. A não ser assim, estarseá, por vias transversas, exigindo, na compensação posterior, diferença incobrável na compensação anterior, em face do instituto da homologação tácita. Dou provimento ao Recurso. (assinado digitalmente) Sérgio Rodrigues Mendes Fl. 438DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/03/2015 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 10/03/2 015 por SERGIO RODRIGUES MENDES, Assinado digitalmente em 11/03/2015 por CARMEN FERREIRA SARAIVA
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