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Numero do processo: 15504.725362/2015-06
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Jul 03 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Aug 09 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2010 a 31/12/2012
DECADÊNCIA. TERMO A QUO. ART. 150, § 4º DO CTN. SÚMULA CARF nº 99.
Na hipótese em que tenha havido recolhimento parcial das contribuições devidas, quando não houver nos autos a comprovação de prática de conduta dolosa, fraude ou simulação, incide a regra do art. 150, § 4º do CTN, de modo que o termo inicial para a contagem do prazo decadencial coincide com a ocorrência do fato gerador, nos termos da Súmula CARF nº 99.
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. CONTRATO DE LOCAÇÃO DE VEÍCULO FIRMADO ENTRE EMPREGADOR E EMPREGADO. UTILIZAÇÃO DO VEÍCULO NA CONSECUÇÃO DO TRABALHO. LEGALIDADE. NÃO INCIDÊNCIA.
O contrato de locação de veículo firmado entre empregador e empregado para que este utilize o veículo de sua propriedade na realização dos serviços para o qual fora contratado, desde que celebrado dentro das regras de direito civil, devidamente formalizado, a valor de mercado, por liberalidade das partes, não configura salário indireto para fins de incidência da contribuição previdenciária.
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. PAGAMENTO DE VALORES VINCULADOS À ABASTECIMENTO DE VEÍCULOS PARA REALIZAÇÃO DE TRABALHO. NÃO INCIDÊNCIA.
O pagamento aos empregados, via cartão específico, de valores para abastecimento de veículos vinculados a realização do serviço, controlado mediante programa específico, com base na rota individual de cada trabalhador nos trabalhos externos, o consumo do veículo, dentre outros dados, não configura salário indireto, posto que demonstrado se tratar inequivocamente de combustível utilizado na realização do trabalho, independentemente da comprovação posterior das despesas.
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. CONTRATO DE LOCAÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELETRÔNICOS FIRMADO ENTRE EMPREGADOR E EMPREGADO. UTILIZAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS NA CONSECUÇÃO DO TRABALHO. LEGALIDADE. NÃO-INCIDÊNCIA.
O contrato de locação de equipamentos eletrônicos (notebooks e computadores) firmado entre empregador e empregado para que este os utilize na realização dos serviços para o qual fora contratado, desde que celebrado dentro das regras de direito civil, devidamente formalizado, a valor de mercado, por liberalidade das partes, não configura salário indireto para fins de incidência da contribuição previdenciária.
PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS.
A participação nos lucros ou resultados da empresa paga em desacordo com a lei 10.101/2000 integra o salário-de-contribuição, para fins de incidência de contribuição previdenciária, na inteligência do art. 28, § 9º, alínea j da Lei nº 8.212/91.
SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE. FAP.
O recurso em processo de contestação do FAP suspende a exigibilidade da contribuição previdenciária com base no índice majorado e contestado do FAP. Possível o lançamento para fins de prevenção da decadência, sem a aplicação da multa qualificada, devendo a cobrança ficar condicionada ao resultado final do processo administrativo de contestação do FAP.
Numero da decisão: 2401-004.917
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso de ofício e, no mérito, negar-lhe provimento. Por unanimidade, em conhecer do recurso voluntário e, no mérito, dar-lhe provimento parcial para: a) excluir do lançamento os levantamentos referentes aos pagamentos de locação/aluguel de veículos de empregados da empresa (L1, L2, L3, L4, L5 e L6); b) excluir do lançamento os levantamentos referentes aos pagamentos de despesas com abastecimento dos veículos locados dos empregados da empresa (A1, A2, A3, A4, A5 e A6); c) excluir do lançamento os levantamentos referentes aos pagamentos de alugueis de equipamentos (notebooks e computadores) a empregados da empresa (E1, E2, E3, E4, E5 e E6); d) excluir a multa de ofício aplicada sobre os valores lançados no levantamento diferença GILRAT (RA). Processo julgado em 4/7/17.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier Lazarini - Presidente
(assinado digitalmente)
Carlos Alexandre Tortato - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Andréa Viana Arrais Egypto e Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez.
Nome do relator: CARLOS ALEXANDRE TORTATO
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TERMO A QUO. ART. 150, § 4º DO CTN. SÚMULA CARF nº 99. Na hipótese em que tenha havido recolhimento parcial das contribuições devidas, quando não houver nos autos a comprovação de prática de conduta dolosa, fraude ou simulação, incide a regra do art. 150, § 4º do CTN, de modo que o termo inicial para a contagem do prazo decadencial coincide com a ocorrência do fato gerador, nos termos da Súmula CARF nº 99. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. CONTRATO DE LOCAÇÃO DE VEÍCULO FIRMADO ENTRE EMPREGADOR E EMPREGADO. UTILIZAÇÃO DO VEÍCULO NA CONSECUÇÃO DO TRABALHO. LEGALIDADE. NÃO INCIDÊNCIA. O contrato de locação de veículo firmado entre empregador e empregado para que este utilize o veículo de sua propriedade na realização dos serviços para o qual fora contratado, desde que celebrado dentro das regras de direito civil, devidamente formalizado, a valor de mercado, por liberalidade das partes, não configura salário indireto para fins de incidência da contribuição previdenciária. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. PAGAMENTO DE VALORES VINCULADOS À ABASTECIMENTO DE VEÍCULOS PARA REALIZAÇÃO DE TRABALHO. NÃO INCIDÊNCIA. O pagamento aos empregados, via cartão específico, de valores para abastecimento de veículos vinculados a realização do serviço, controlado mediante programa específico, com base na rota individual de cada trabalhador nos trabalhos externos, o consumo do veículo, dentre outros dados, não configura salário indireto, posto que demonstrado se tratar inequivocamente de combustível utilizado na realização do trabalho, independentemente da comprovação posterior das despesas. AC ÓR Dà O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 50 4. 72 53 62 /2 01 5- 06 Fl. 7182DF CARF MF 2 CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. CONTRATO DE LOCAÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELETRÔNICOS FIRMADO ENTRE EMPREGADOR E EMPREGADO. UTILIZAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS NA CONSECUÇÃO DO TRABALHO. LEGALIDADE. NÃOINCIDÊNCIA. O contrato de locação de equipamentos eletrônicos (notebooks e computadores) firmado entre empregador e empregado para que este os utilize na realização dos serviços para o qual fora contratado, desde que celebrado dentro das regras de direito civil, devidamente formalizado, a valor de mercado, por liberalidade das partes, não configura salário indireto para fins de incidência da contribuição previdenciária. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS. A participação nos lucros ou resultados da empresa paga em desacordo com a lei 10.101/2000 integra o saláriodecontribuição, para fins de incidência de contribuição previdenciária, na inteligência do art. 28, § 9º, alínea “j” da Lei nº 8.212/91. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE. FAP. O recurso em processo de contestação do FAP suspende a exigibilidade da contribuição previdenciária com base no índice majorado e contestado do FAP. Possível o lançamento para fins de prevenção da decadência, sem a aplicação da multa qualificada, devendo a cobrança ficar condicionada ao resultado final do processo administrativo de contestação do FAP. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 7183DF CARF MF Processo nº 15504.725362/201506 Acórdão n.º 2401004.917 S2C4T1 Fl. 7.183 3 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso de ofício e, no mérito, negarlhe provimento. Por unanimidade, em conhecer do recurso voluntário e, no mérito, darlhe provimento parcial para: a) excluir do lançamento os levantamentos referentes aos pagamentos de locação/aluguel de veículos de empregados da empresa (L1, L2, L3, L4, L5 e L6); b) excluir do lançamento os levantamentos referentes aos pagamentos de despesas com abastecimento dos veículos locados dos empregados da empresa (A1, A2, A3, A4, A5 e A6); c) excluir do lançamento os levantamentos referentes aos pagamentos de alugueis de equipamentos (notebooks e computadores) a empregados da empresa (E1, E2, E3, E4, E5 e E6); d) excluir a multa de ofício aplicada sobre os valores lançados no levantamento diferença GILRAT (RA). Processo julgado em 4/7/17. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Lazarini Presidente (assinado digitalmente) Carlos Alexandre Tortato Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Andréa Viana Arrais Egypto e Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez. Fl. 7184DF CARF MF 4 Relatório Tratamse de recurso voluntário (fls. 7024/7104) e de ofício em face do Acórdão nº. 0653.901 (fls. 6974/700)0 cuja ementa restou assim redigida: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2010 a 31/12/2012 DECADÊNCIA. TERMO A QUO. DOLO. NÃO COMPROVAÇÃO. ART. 150, § 4º DO CTN. SÚMULA CARF nº 99. Na hipótese em que tenha havido recolhimento parcial das contribuições devidas, quando não houver nos autos a comprovação de prática de conduta dolosa, fraude ou simulação, incide a regra do art. 150, § 4º do CTN, de modo que o termo inicial para a contagem do prazo decadencial coincide com a ocorrência do fato gerador, cujo entendimento está na Súmula CARF nº 99. CONTRATO DE LOCAÇÃO. INOPONIBILIDADE AO FISCO. SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. DESPESAS COM USO DE VEÍCULO NÃO COMPROVADAS. DESPESAS COM EQUIPAMENTOS. (NOTEBOOKS E COMPUTADORES) Os valores pagos ao empregado a título de ressarcimento pelas despesas decorrentes do uso de seu veículo particular em trabalho, quando não devidamente comprovados, serão considerados como salário de contribuição para fins de incidência das contribuições devidas à Seguridade Social. As despesas contabilizadas com combustível pelo contribuinte devem ser comprovadas com documentos hábeis e idôneos. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS. A participação nos lucros ou resultados da empresa paga em desacordo com a lei 10.101/2000 integra o saláriode contribuição, para fins de incidência de contribuição previdenciária, na inteligência do art. 28, § 9º, alínea “j” da Lei nº 8.212/91. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE. FAP. O recurso em processo de contestação do FAP não impede o regular andamento do processo de lançamento das contribuições sociais previstas na legislação previdenciária. O processo foi constituído dos seguintes autos de infração: · DEBCAD nº 51.034.3635: contribuições sociais devidas à Seguridade Social pela empresa e ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, incidentes sobre os valores das remunerações pagas, Fl. 7185DF CARF MF Processo nº 15504.725362/201506 Acórdão n.º 2401004.917 S2C4T1 Fl. 7.184 5 devidas ou creditadas a qualquer título pela autuada aos seus segurados empregados, não declaradas em GFIP, no montante consolidado de R$ 174.178.216,27, (cento e setenta e quatro milhões e cento e setenta e oito mil e duzentos e dezesseis reais e vinte e sete centavos). · DEBCAD nº 51.034.3643: contribuições destinadas às Outras Entidades e Fundos (FNDE, SENAI, SESI, SEBRAE e INCRA), incidentes sobre os valores das remunerações pagas, devidas ou creditadas a qualquer título pela autuada aos seus segurados empregados, não recolhidas e não informadas em GFIP, no montante consolidado de R$ 36.800.490,03 (trinta e seis milhões e oitocentos mil e quatrocentos e noventa reais e três centavos). Nos termos do relatório fiscal de fls. 483/519, assim estão descritos os fatos geradores das contribuições objeto do presente lançamento: a) Pagamentos de aluguéis de veículos e despesas com abastecimento dos veículos locados aos empregados da empresa, cujos valores encontramse relacionados nos Anexos I e II, (fls. 523/2.971) e foram levantados de acordo com as Folhas de Pagamento da empresa, DIRF – Declaração de Imposto de Renda Pessoa Física dos exercícios 2010 a 2012 e contabilidade da empresa. Através dos contratos de locação apresentados, verificouse que a empresa celebra um contrato padrão de locação de veículos com os empregados, no qual encontramse presentes cláusulas que remetem à responsabilidade do bem locado ao locador (empregado), que fica de posse do bem para a execução de seu trabalho de construção e instalação de redes telefônicas, e não do locatário (empresa). Intimada à apresentação da comprovação do ressarcimento de despesas pelo uso dos veículos no caso de locação de veículos dos empregados e também a informar os valores mensais do custo com o abastecimento destes veículos, a conta contábil, sua contrapartida e o histórico principal utilizado na contabilização das despesas com combustível, a empresa não as demonstrou. Dessa forma, em face da não comprovação das despesas realizadas e diante dos esclarecimentos prestados pela empresa, tais pagamentos foram considerados salário de contribuição da lei 8.212/91 e do Decreto 3.048/99; b) Pagamento de locação de equipamentos (notebooks e computadores) a empregados da empresa, cujos valores encontramse relacionados nos Anexos III, e foram levantados de acordo com as Folhas de Pagamento da empresa, DIRF – Declaração de Imposto de Renda Pessoa Física dos exercícios 2010 a 2012 e contabilidade da empresa. Em certas características semelhantes aos contratos de aluguel/locação de veículos acima descritos, verificouse que os alugueis de equipamentos de informática são uma forma de remuneração utulizada pela empresa a alguns de seus funcionários. Não se mencinou em tais contratos qualquer contraprestação por parte dos empregados a não ser algumas inócuas obrigações pela manutenção do equipamento em condições de uso e a mesma penalidade conferida aos aluguéis de veículos, qual seja, desconto no valor pago/creditado proporcional aos dias em que o equipamento não estiver à disposição da cotratante. Através destes documentos e dos contratos de locação, concluiu Fl. 7186DF CARF MF 6 se que tais pagamentos enquadramse no conceito de salário de contribuição da lei 8.212/91 e do Decreto 3.048/99; c) Diferença a menor de Aplicação Alíquota FAP – Estão incluídas no presente levantamento as contribuições incidentes sobre a diferença GILRAT apurada no em função de aplicação do Fator Acidentário de Prevenção FAP em valores menores que o devido. Especificamente, no período de 20/12/2011 a 20/12/2013 para vários estabelecimentos o FAP utilizado foi de 1,1600 enquanto que o correto deveria ser 1,2021, resultando numa diferença a menor de 0,1263. O Anexo V traz a memória de cálculo do presente levantamento, sendo calculado por estabelecimento; d) Pagamento de prêmio de participação nos resultados a empregados da empresa da área técnica, período 01/2010 a 12/2012. A empresa fez os pagamentos ou créditos a seus empregados baseados nos Acordos Coletivos de Trabalho – Programa de Participação nos Resultados (ACTPPR), assinados entre a empresa autuada e os sindicatos dos trabalhadores em telecomunicações de acordo com a localização dos estabelecimentos, onde restou verificado que as datas de assinatura destes acordos inviabilizaram o possível cumprimento de metas, dada a inexistência/exiguidade de tempo para este propósito, pois a maioria dos pagamentos ou créditos da PPR foram realizadas no próprio mês da assinatura do ACT ou com diferença de poucos dias entre um e outro, assinalando para um pagamento sem ter, sequer, qualquer acordo para o pagamento destas parcelas. Para os grupos dos funcionários de nível de gestão (Diretores, Gerentes e Coordenadores/supervisores), não foram apresentados outros ACTPPR, apenas a observação nos ACT – PPR geral para todos os empregados de que “se eventualmente, a empresa realizar o desenvolvimento do referido programa para estes níveis funcionais , aplicarse –á de forma geral a legislação de que trata a matéria, entendendose desde já suprida a exigência do inciso II do artigo 2º”. Assim, os valores pagos ou creditados exclusivamente aos empregados da área técnica e de gestão a título de prêmio participação nos resultados – PPR constituíram em base de incidência de contribuição social previdenciária, por não atenderem todos os requisitos da Lei 10.101/00. Foram realizados os seguintes levantamentos: a) Pagamento de Locação/Aluguel de veículos a empregados da empresa Período: 01/2010 a 12/2012. L1 estabelecimentos com convênio SESI/SENAI, desde antes do período fiscalizado L2 estabelecimento 18.726.804/002590 com convênio SESI a partir de 26/07/2012 e com SENAI a partir de 01/08/2012; L3 estabelecimentos com convênio SESI/SENAI a partir de 01/08/2012; L4 estabelecimento com convênio SESI a partir de 01/08/2012; L5 estabelecimento com convênio SENAI a partir de 01/08/2012 e Fl. 7187DF CARF MF Processo nº 15504.725362/201506 Acórdão n.º 2401004.917 S2C4T1 Fl. 7.185 7 L6 estabelecimentos sem convênios. b) Pagamentos de despesas com abastecimento dos veículos locados do empregados da empresa período: 01/2010 a 12/2012 A1 estabelecimentos com convênio SESI/SENAI, desde antes do período fiscalizado; A2 estabelecimento 18.726.804/002590 com convênio SESI a partir de 26/07/2012 e com SENAI a partir de 01/08/2012; A3 estabelecimentos com convênio SESI/SENAI a partir de 01/08/2012; A4 estabelecimento com convênio SESI a partir de 01/08/2012; A5 estabelecimento com convênio SENAI a partir de 01/08/2012 e A6 estabelecimentos sem convênios. c) Pagamento de aluguéis de equipamentos (note books e computadores) a empregados da empresa período: 01/2010 a 12/2012. E1 estabelecimentos com convênio SESI/SENAI, desde antes do período fiscalizado; E2 estabelecimento 18.726.804/002590 com convênio SESI a partir de 26/07/2012 e com SENAI a partir de 01/08/2012; E3 estabelecimentos com convênio SESI/SENAI a partir de 01/08/2012; E4 estabelecimento com convênio SESI a partir de 01/08/2012; E5 estabelecimento com convênio SENAI a partir de 01/08/2012 e] E6 estabelecimentos sem convênios. d) Pagamento referente ao programa de participação nos resultados a empregados da empresa período: 01/2010 a 12/2012 P1 estabelecimentos com convênio SESI/SENAI desde antes do período fiscalizado PPR TÉCNICOS E ADM.; G1 estabelecimentos com convênio SESI/SENAI desde antes do período fiscalizado PPR GESTORES; C1 estabelecimentos com convênio SESI/SENAI desde antes do período fiscalizado PPR VALORES CONTABILIZADOS; Fl. 7188DF CARF MF 8 P2 estabelecimento 18.726.804/002590 com convênio SESI a partir de 26/07/2012 e com SENAI a partir de 01/08/2012 PPR TÉCNICOS E ADM.; G2 estabelecimento 18.726.804/002590 com convênio SESI a partir de 26/07/2012 e com SENAI a partir de 01/08/2012 PPR GESTORES; C2 estabelecimento 18.726.804/002590 com convênio SESI a partir de 26/07/2012 e com SENAI a partir de 01/08/2012 PPR VALORES CONTABILIZADOS; P3 estabelecimentos com convênio SESI/SENAI a partir de 01/08/2012 PPR TÉCNICOS E ADM.; G3 estabelecimentos com convênio SESI/SENAI a partir de 01/08/2012 PPR GESTORES; C3 estabelecimentos com convênio SESI/SENAI a partir de 01/08/2012PPR VALORES CONTABILIZADOS; Após a apresentação de sua peça impugnatória (fls. 4933/5018), esta foi julgada parcialmente procedente, mantendose, em parte, os créditos tributários apurados nos AI DEBCAD n° 51.034.3635 e AI DEBCAD n° 51.034.3643, conforme ementa acima reproduzida. Intimado eletronicamente do referido acórdão em 18/02/2011 (fl. 7022) o contribuinte apresentou tempestivamente, recurso voluntário de fls. 7024/7104, alegando, em síntese: • ausência de caráter salarial dos aluguéis de veículos, despesas com combustíveis e alugueis de notebooks pagos a empregados da Recorrente necessários para a realização do trabalho técnico, já que não preenchem os requisitos da contraprestabilidade e da habitualidade (enquanto não inerentes ao contrato de trabalho pactuado entre a Recorrente e seus empregados); • a jurisprudência administrativa previdenciária, bem como jurisprudência trabalhista, no sentido de que o fornecimento de utilidades como habitação e veículos, quando vinculados ao exercício da atividade profissional do empregado, não configura salário, para fins de integração a sua remuneração, independente de haver a utilização concomitante para fins particulares (como exemplo, o uso de veículos para fins de semana); • no que concerne à inclusão da verba paga a título de despesas com abastecimentos dos veículos locados no salário de contribuição, o Recorrente afirma que r. acórdão partiu de premissas equivocadas para manter o lançamentos fiscal. Argumenta que a decisão recorrida não analisou a documentação acostada aos autos, as quais comprovam que todo o combustível cedido é consumido na atividade de prestação de serviços de instalação e manutenção da rede de telecomunicações; • a não inclusão da verba paga a título de alugueis de equipamentos (notebook’s e computadores) no salário de contribuição. Afirma que para a prestação de serviços realizada pelos empregados em nome da Recorrente é imprescindível a utilização de equipamentos onde possam ser testados os serviços de comunicação de voz, dados e transporte de multimídia; Fl. 7189DF CARF MF Processo nº 15504.725362/201506 Acórdão n.º 2401004.917 S2C4T1 Fl. 7.186 9 • a importância da aplicação de tais equipamentos (notebooks e computadores) na consecução de seus objetivos sociais, viabilizando a prestação, por meio de seus empregados, de seu rol de serviços e potencializando sua produtividade; • que não há qualquer impedimento legal que impeça a Recorrente de antecipar a PPR para os seus funcionários antes da assinatura do Acordo Coletivo que viabiliza a sua distribuição; • suscita que os Acordos Coletivos de Trabalho firmados pela Recorrente ao longo dos anos anteriores ao da fiscalização são muito parecidos, o que reforça o fato de que os empregados tinham conhecimento prévio de seus termos; • que a natureza da verba paga aos gestores tem nítido caráter não salarial/remuneratório, atendendo aos aspectos formais e materiais dispostos nos termos da Lei n° 10.101/2000, devidamente cumpridos pelo Recorrente; • que resta comprovada a existência de metas claras e objetivas para se aferir os valores pagos de PPR aos empregados com cargo de gestão, quais sejam, a meta de lucratividade da empresa; • busca esclarecer, por fim, que os débitos de GILRAT lançados no presente auto de infração por meio do levantamento RA não podem ser exigidos em função da suspensão da exigibilidade, nos termos do art. 202B do Decreto 3.048/99 e art. 151, III do CTN, eis que ainda aguarda o julgamento da contestação administrativa do FAP, devendo o referido levantamento ser integralmente cancelado. A Procuradoria da Fazenda Nacional apresentou contrarrazões às fls. 7161/7180. É o relatório. Fl. 7190DF CARF MF 10 Voto Conselheiro Carlos Alexandre Tortato Relator Admissibilidade O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, assim, dele tomo conhecimento. Do Recurso de Ofício O presente recurso de ofício decorre do reconhecimento parcial da decadência pela decisão a quo, que aplicou a regra do art. 150, § 4º, do CTN, na contagem do prazo decadencial do lançamento, atingindose os meses de janeiro a junho de 2010. Analisando a decisão de piso, não há reparados a se fazer, posto que condizente com o entendimento jurisprudencial consolidado neste Egrégio Conselho. Vejamos: 5.5. Desse modo, considerando que em consulta ao conta corrente da empresa, (Sistema Plenus), verificamse recolhimentos parciais de contribuições previdenciárias e de terceiros em todas as competências envolvidas no presente lançamento, (01/2010/12/2012), e que nos autos não há prova de que o contribuinte tenha agido com dolo, fraude ou simulação, permanece de 5 (cinco) anos, a contar do fato gerador, o prazo para a fazenda pública homologar o pagamento efetuado, sob pena de extinção do crédito tributário, nos termos do artigo 150, parágrafo 4º do CTN. 5.6. Portanto, deve ser reconhecida a decadência parcial do lançamento objeto deste Auto de Infração, para as competências anteriores a julho de 2010, abrangendo as competências de 01/2010 a 06/2010, uma vez que o contribuinte foi cientificado do presente lançamento em 17/07/2015, fls. 4.931, sendo aplicável à tais competências o inciso V do artigo 156 do CTN, na forma da tabela abaixo: (...) Assim, nego provimento ao recurso de ofício. Do Recurso Voluntário a) Pagamento de Locação/Aluguel de veículos a empregados da empresa No levantamento específico, a acusação fiscal exige a contribuição previdenciária incidente sobre remunerações pagas, devidas ou creditadas pela recorrente a diversos segurados empregados, de forma indireta, mediante a realização de aluguel/locação de veículos de funcionários relacionados no Anexo I (fls. 523/1317), vinculados aos Contratos de Locação de Veículos Leves, e os custos com abastecimento dos veículos locados/alugados destes mesmos funcionários, relacionados no Anexo II (fls. 1318/2971). Fl. 7191DF CARF MF Processo nº 15504.725362/201506 Acórdão n.º 2401004.917 S2C4T1 Fl. 7.187 11 Nos termos do Relatório Fiscal (fls. 483/519), a Autoridade Fiscal identificou os valores lançados a título de salário utilidade/in natura na contabilidade da recorrente e no confronto com a GFIP Guia do FGTS e Informação à Previdência Social, inferiu que a empresa oferece além da remuneração básica, salários in natura da seguinte ordem: pagamentos com aluguel/locação de veículos de funcionários relacionados no Anexo I, respaldados por Contratos de Locação de Veículos Leves, pagamentos de despesas com abastecimento dos veículos locados do empregados da empresa, relacionados no Anexo II. Referidos pagamentos foram interpretados pela fiscalização como vantagem econômica indireta e, assim, deveriam compor o salário de contribuição, nos termos do art. 28, I, da Lei nº. 8.212/91: Art. 28. Entendese por saláriodecontribuição: I para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa; Segundo a recorrente, tais valores não apresentam caráter salarial, e para corroborar suas alegações, apresentou os seguintes argumentos: (i) Descreveu detalhadamente o seu objeto social e como é desenvolvido sua operação, comprovando que os veículos/notebook´s locados de terceiros ou de seus próprios funcionários e o combustível utilizado para abastecer os referidos veículos são essenciais na consecução do trabalho realizado; (ii) anexou aos autos os contratos de locação firmados com empresas Locatárias de Veículos e com seus próprios funcionários, comprovando que os valores pagos a título de locação aos empregados não diferenciam dos valores contratuais firmados com as empresas Locadoras; (iii) anexou aos autos distratos firmados com seus funcionários que passaram a ter carros locados de empresas locadora e que nem por isso houve alteração do salário pago a esses empregados, demonstrando que o valor pago a título de aluguel de veículo/notebook´s não configura salário indireto; (iv) anexou aos autos o manual de controle interno e externo do fornecimento de combustíveis a seus funcionários, demonstrando que o creditamento do valor do abastecimento só ocorre após a verificação da efetiva necessidade desse combustível para a consecução de sua rota de trabalho, não ocorrendo qualquer abastecimento para uso particular ou fora o serviço prestado. Fl. 7192DF CARF MF 12 A recorrente, de fato, apresenta descrição detalhada de suas atividades e comprova, inequivocamente, a necessária utilização, por parte de seus empregados que realizam os serviços da área operacional, como instalação e manutenção das redes de telecomunicações de dados e voz, serviços de reparos de serviços de internet, telefonia e TV a cabo, normalmente realizados in loco. A natureza desses serviços, bem como o modo como estes são realizados, estão bem claros, são incontroversos e reconhecidos, de pronto, conforme as próprias conclusões do AFRFB no Relatório Fiscal (fls. 505/506): Fl. 7193DF CARF MF Processo nº 15504.725362/201506 Acórdão n.º 2401004.917 S2C4T1 Fl. 7.188 13 Assim, depreendese necessária a seguinte análise, sendo esta a controvérsia aqui a ser dirimida: o fato da recorrente celebrar contratos de aluguel com empregados seus, para que estes usem, mediante remuneração específica, seus próprios veículos para a consecução dos trabalhos, configura salário indireto? Os contratos celebrados pela recorrente, conforme sua própria afirmação em resposta à fiscalização (fls. 4663), contemplam todas as despesas necessárias por parte dos seus empregados, não se configurando como um ressarcimento de despesas: "não promove ressarcimentos de despesas pelo uso de veículos locados de empregados, uma vez que o valor do contrato contempla a locação, depreciação e manutenção do veículo". Assim, tratemos primeiramente, de modo geral, as repercussões quanto a concessão de salários indiretos via utilidades. Nos termos do art. 28, I, da Lei nº. 8.212/91: Art. 28. Entendese por saláriodecontribuição: I para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa; O Tribunal Superior do Trabalho TST, possui a seguinte Súmula: Súmula nº 367 do TST Fl. 7194DF CARF MF 14 UTILIDADES "IN NATURA". HABITAÇÃO. ENERGIA ELÉTRICA. VEÍCULO. CIGARRO. NÃO INTEGRAÇÃO AO SALÁRIO (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 24, 131 e 246 da SBDI1) Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005 I A habitação, a energia elétrica e veículo fornecidos pelo empregador ao empregado, quando indispensáveis para a realização do trabalho, não têm natureza salarial, ainda que, no caso de veículo, seja ele utilizado pelo empregado também em atividades particulares. (exOjs da SBDI1 nºs 131 inserida em 20.04.1998 e ratificada pelo Tribunal Pleno em 07.12.2000 e 246 inserida em 20.06.2001) II O cigarro não se considera salário utilidade em face de sua nocividade à saúde. (exOJ nº 24 da SBDI1 inserida em 29.03.1996) Assim, no presente caso, temos que a recorrente, via contratos de aluguel, celebra com parte de seus funcionários, a depender da região em que se encontram, contratos para que estes aluguem os seus veículos à recorrente e, deles se utilizem para a consecução dos serviços para o qual são empregados. Ora, evidentemente, estamos diante de uma estratégia empresarial, afinal, a recorrente poderia: 1) comprar veículos e fornecêlos aos seus empregados para a realização dos trabalhos; 2) alugar veículos de empresas especializadas em locação e fornecêlos aos seus empregados; 3) ressarcir as despesas dos seus funcionários que quisessem se utilizar dos próprios veículos para a consecução dos trabalhos. Como se vê, estas são algumas das hipóteses possíveis, sendo que a recorrente ainda se utiliza de algumas delas, como informado em seu recurso, com o aluguel de veículos diretamente de empresas especializadas, por exemplo. Não há qualquer impedimento legal para tal, tampouco para o procedimento ora em discussão. A questão a se definir é: tal fato caracteriza salário indireto aos seus empregados que celebram esses contratos e, portanto, esses valores são passíveis de ser incluídos na base de cálculo da contribuição previdenciária? Nestes autos, conforme se depreende do Relatório Fiscal, não há qualquer apontamento de desvirtuamento dos valores pagos pela recorrente a título de aluguel aos empregados com quem celebra os referidos contratos. Vejase que a Autoridade Fiscal questiona a similaridade entre os contratos, por terem as mesmas cláusulas e características, e aponta que assim se observaria o quesito "habitualidade" neste recebimento por parte dos empregados. Porém, parte de premissa equivocada a Autoridade Fiscal. A observação acerca da habitualidade, não eventualidade, entre outras características, deve se dar na análise do pagamento de verbas decorrentes do contrato de trabalho: abonos, benefícios, eventuais indenizações etc. O pagamento ora em comento, resulta da celebração de um contrato, regido pelo direito civil, o qual, para ser desconfigurado/descaracterizado, deveria ser assim apontado pela Autoridade Fiscal. Explico. Fl. 7195DF CARF MF Processo nº 15504.725362/201506 Acórdão n.º 2401004.917 S2C4T1 Fl. 7.189 15 O valor de aluguel pago pela recorrente, não é condizente com os valores praticados no mercado? Estão sendo celebrados contratos com funcionários que, ainda que possuam veículos, não os utilizam (ou necessitam destes) para a consecução do seu trabalho? Os valores pagos são aleatórios, a depender do funcionário, ou visam remunerar os empregados de acordo com o seu nível hierárquico? Há um uso indiscriminado na empresa recorrente desses contratos? Vejase que podese responder, tranquilamente, de forma negativa todos os questionamentos acima elencados. Assim, não restam dúvidas que os contratos são celebrados para, de fato, remunerar a locação dos veículos de propriedade dos empregados. A recorrente traz uma série de argumentos e documentos que atestam que os contratos celebrados são válidos, existentes e de fato atendem a sua finalidade. Importante destacar algumas dessas informações: · Os veículos alugados pela Recorrente são devidamente adaptados para a sua necessidade operacional, o que demonstra a sua total vinculação à prestação de serviços e indenização aos funcionários pela disponibilidade do veículo, nos termos da cláusula 8.2 dos contratos, conforme se verifica da foto do veículo abaixo: · Em relação ao valor pago a título de aluguel de veículos, cada contrato possui um valor em função do tipo do carro, modelo, ano, demonstrando que os valores pagos decorrem efetivamente do contrato de locação do veículo; · Os empregados que possuem contrato de locação de veículo têm o mesmo salário daqueles que trabalham com veículo alugado de empresas locadoras e possuem a mesma função. Sendo que as progressões salariais são iguais para ambos os funcionários, já que decorrem dos mesmos fatos, como ganhos de negociações coletivas, dissídios, etc; Fl. 7196DF CARF MF 16 · Somente uma parte da frota é composta da modalidade aluguel de funcionários, o que demonstra claramente que não se trata de pagamento de salário de forma indireta, pois caso essa fosse a política de remuneração, estaria caracterizado de forma indiscriminada o uso desta modalidade: QUANTIDADE QUANTIDADE QUANTIDADE QUANTIDADE QUANTIDADE QUANTIDADE RC A M P X 6 629 17 679 31 RR J RM G LOCADORA LOCADORA 2.093 133 913 FUNCIONÁRIO 2.542 2010 2011 FUNCIONÁRIO 2012 FUNCIONÁRIOLOCADORA 3.543 133 164Ex em pl o (I) 397 1.556 1.317 2.304 2.408 Ex em pl o (II ) Ex em pl o (II I) · Para a fixação do valor a ser pago a título da rubrica “aluguel de veículo”, a Recorrente leva em consideração valores de mercado e guarda, inclusive, proximidade com os valores que são pagos a pessoas jurídicas locadoras de veículos, conforme denotam a comparação dos contratos de locação com locadoras de veículos e os valores pagos pela Recorrente (Doc. 07). Para ilustrar veja planilha abaixo em relação ao ano de 2012: QUANTIDADE VALOR UNITÁRIO QUANTIDADE VALOR UNITÁRIO RC A M P 679 800,00 31 684,65 RR J RM G 2012 FUNCIONÁRIOLOCADORA 3.543 606,21 164 800,00 Ex em pl o (I) 701,92 2.304 2.408 781,67 Ex em pl o (II ) Ex em pl o (II I) Assim, restando evidente que os veículos locados pela recorrente são de fato utilizados na consecução de suas atividades, mediante remuneração justa, a valor de mercado, aos proprietários daqueles veículos, não se caracterizando qualquer desvirtuamento na utilização desse método negocial, não há que se falar em pagamento de salário indireto. Importante destacar: a) Não se trata de caracterizar o pagamento como verba indenizatória, pois não se está realizando pagamento para ressarcir os empregados pelo uso do veículo próprio, portanto inaplicável a isenção prevista no art. 28, § 9º, "s", da Lei nº. 8.212/91; Fl. 7197DF CARF MF Processo nº 15504.725362/201506 Acórdão n.º 2401004.917 S2C4T1 Fl. 7.190 17 b) Não há caráter remuneratório nos pagamentos realizados, pois estes decorrem de instrumento particular celebrado entre partes e que não ostentam quaisquer irregularidades e/ou ilegalidades que pudessem ensejar a discussão acerca da veracidade dos mesmos; c) Não se trata também de descaracterizar o pagamento de salário utilidade, via a disponibilização de veículo, ao passo que o lançamento se dá com fulcro nos pagamentos realizados a título de aluguel dos mesmos. Isto posto, ante as características verificadas no caso em comento, bem como a peculiaridade da prestação de serviços da recorrente e dos contratos celebrados entre esta e parte dos seus empregados, entendo que deve ser afastado o lançamento sobre as verbas pagas a título de aluguel/locação de veículos, na sua integralidade. b) Pagamento das despesas com abastecimentos dos veículos locados A recorrente foi intimada a informar os valores mensais do custo com o abastecimento dos veículos objetos de locação celebrada com os empregados. Em resposta, afirmou que: "efetua rigoroso controle interno e externo na sua execução pelos funcionários, realizado por meio do SIGO COMBUSTÍVEL (controle interno) e do ECOFROTAS (controle externo). Os referidos controles levam em consideração determinadas variáveis para que possa ser creditado o valor referente ao combustível no cartão do funcionário, quais sejam, rota estabelecida ao empregado, valor do combustível na região percorrida, consumo do carro, etc." Para a Autoridade Fiscal, ante a não comprovação das despesas realizadas pelos empregados com combustíveis, entendeu que referidos pagamentos se caracterizavam como salário contribuição. A recorrente sustenta que o combustível é fornecido, sim, antecipadamente à realização dos trabalhos por parte dos empregados, mas não se trata de fornecimento de ordem aleatória, mas sim dentro de rigorosos parâmetros de controles internos que estipulam o combustível a cada empregado de acordo com a sua atuação. In verbis: A gestão do fornecimento de combustível aos seus funcionários (todos os que trabalham no operacional da Recorrente) é realizada nos termos da política interna da empresa e controlada por meio do programa denominado SIGO COMBUSTÍVEIS, que funciona da seguinte forma: 1) A Recorrente concede um cartão de combustível com um valor x de crédito a seu funcionário que poderá abastecer o carro da frota da Recorrente em alguns postos conveniados. 2) Esse valor creditado no cartão combustível é variável levandose em consideração a quilometragem percorrida (raio de atuação daquele funcionário dentro de sua microregião), o valor do combustível naquela região préestabelecida e o consumo do carro utilizado por aquele empregado; 3) Caso o combustível concedido àquele funcionário tenha se esgotado, há a possibilidade de ser solicitada cota complementar quando existir um aumento da demanda de serviço na área de atuação do funcionário. Mas para que a referida cota Fl. 7198DF CARF MF 18 complementar seja deferida, o sistema SIGO COMBUSTÍVEL irá calcular se realmente é necessário a referida complementação, podendo inclusive ser indeferida. O SIGO COMBUSTÍVEL funciona da seguinte forma: O Supervisor insere no sistema a cota semanal do funcionário levando em conta a marca/modelo do veículo, consumo médio do veículo dentro da cidade e o número de atendimentos que serão realizados dentro da região estabelecida: No exemplo abaixo, o Supervisor inseriu no sistema um valor entre R$ 65,73 e R$ 70,00: (...) A Recorrente somente autoriza o creditamento do combustível nos cartões quando os deslocamentos realizados pelos empregados são efetivamente para executar suas funções laborais e devidamente justificadas. Citese, por exemplo, a concessão de combustível para o Sr. Douglas Messias Marriel, que exerce a função de instalador e Fl. 7199DF CARF MF Processo nº 15504.725362/201506 Acórdão n.º 2401004.917 S2C4T1 Fl. 7.191 19 reparador de linhas de assinantes, atendendo os clientes em carro próprio locado à Recorrente, do modelo Celta 1.0. Conforme sua ficha técnica, esse carro possui um consumo médio na cidade de 9,00Km/L, e considerando que o Sr. Douglas Messias Marriel atende uma média de 6 clientes em um raio de 5 km, necessita de pelo menos 205, 8 litros de combustível por mês: Como se vê, tratase, inequivocamente, de um rígido e complexo controle do fornecimento de combustível que, se mais ou menos eficiente, se mais ou menos preciso, se mais ou menos custoso para a empresa, pouco importa, todavia é evidente que tal controle existe e não pode ser desconsiderado. Ora, exigir que somente o controle mediante o ressarcimento de despesas com combustível mediante a apresentação de nota fiscal é querer manterse preso ao passado, desprezando toda a evolução que pode existir no desenvolvimento dos negócios por meio de tecnologia e engenharia da informação. Ademais, meros comprovantes para ressarcimento de despesas, indicariam única e simplesmente que aquele combustível foi pago pelo trabalhador, mas não que todo (ou grande parte) foi consumido na consecução dos trabalhos. A recorrente, ao que parece, ao invés de não controlar os pedidos de ressarcimento que poderia solicitar, ou mesmo fiscalizálos por amostragem e assim correr o risco de ficar distante do gasto do que realmente seria devido a título de combustível, criou sistema próprio no qual acredita que melhor atingirá os seus objetivos. E, tal atitude, não pode se sujeitar aos caprichos da tributação e, sem qualquer propósito, caracterizar tais despesas, que evidentemente se destinam ao pagamento de combustível, sejam caracterizadas como salário de contribuição. Por essas razões, afasto o lançamento sobre os valores pagos a título de ressarcimento de combustíveis, na sua integralidade. c) Pagamento dos alugueis de equipamentos (notebooks e computadores) Fl. 7200DF CARF MF 20 Segundo a fiscalização, nos mesmos moldes em que realizado com os alugueis dos veículos, a recorrente celebra contratos de aluguel com funcionários para a locação de equipamentos e, assim, os remunera, o que caracterizaria o pagamento de verdadeiro salário de contribuição. Já a recorrente alega que a prestação dos seus serviços exige a utilização de equipamentos onde possam ser testados os serviços de comunicação de voz, dados e transporte de multimídia. Ainda, como os seus técnicos precisam demonstrar ao cliente da operadora de telecomunicações que o problema não está na rede de infraestrutura, por exemplo, e sim no seu equipamento, necessitam ter em mãos um equipamento próprio. Traz como exemplo o seu contrato com a empresa "Oi", às fls. 6633 e ss., onde na cláusula 4.3.11. está estipulado: Assim, resta evidente que os empregados da recorrente, que prestam a assistência técnica em redes de internet e outras, necessitam portar um notebook ou similar. E, assim o sendo, não há qualquer irregularidade em se utilizarem dos próprios equipamentos, mediante aluguel à recorrente, que remunerará tal acordo. Vejase que não há, na acusação fiscal, qualquer apontamento quanto aos contratos, irregularidades, exorbitância de valores etc. Por essa razão, novamente não vislumbro o enquadramento dos valores pagos a este título como remuneração dos empregados, remetendo também aos argumentos tocantes ao aluguel de veículos, e assim afasto o lançamento sobre os montantes pagos a este título. d) Do Prêmio de Participação nos Resultados PPR Nos termos do Relatório Fiscal, temos que foram realizados dois levantamentos em decorrência dos pagamentos realizados pela recorrente a título de PPR Levantamento "P", relacionados aos prêmios pagos aos empregados da Recorrente onde não foram respeitados os prazos para assinatura dos Acordos Coletivos de Trabalho e Levantamento "G", relacionado aos pagamentos aos empregados grupo gestores, ante a inexistência de metas a serem cumpridas por estes trabalhadores. Sobre a PLR, façamos o seguinte intróito. Diz a Carta Política de 1988: Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: (...) XI participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei; (grifouse) (...) Fl. 7201DF CARF MF Processo nº 15504.725362/201506 Acórdão n.º 2401004.917 S2C4T1 Fl. 7.192 21 Como se percebe da leitura do trecho destacado, a PLR desvinculada da remuneração é um direito social previsto expressamente no texto constitucional. Entretanto, tratase de preceito de eficácia limitada, pois submetido ao regramento definido em lei, o qual lhe dá capacidade de produzir os efeitos visados pelo legislador constituinte. Ainda que a lei admita certa flexibilidade na negociação e elaboração do instrumento de ajuste entre empresas e empregados, prevendo formalidades, critérios e parâmetros mínimos ou mesmo indutivos, em alguns casos, a PLR desvinculada da remuneração está condicionada, necessariamente, à observância do estabelecido pela lei ordinária. No âmbito das contribuições previdenciárias, a Lei nº 8.212, de 1991, contém previsão de não incidência tributária para a participação nos lucros ou resultados da empresa, desde que paga ou creditada de acordo com a lei específica: Art. 28 (...) § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (...) j) a participação nos lucros ou resultados da empresa, quando paga ou creditada de acordo com lei específica; (...) A lei específica a que alude a lei previdenciária é a Lei nº 10.101, de 19 de dezembro de 2000, a qual disciplinou a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa, nos termos da regulamentação exigida pelo inciso IX do art. 7º da Constituição da República de 1988. Reproduzo, abaixo, alguns dos seus artigos: Art. 1º Esta Lei regula a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa como instrumento de integração entre o capital e o trabalho e como incentivo à produtividade, nos termos do art. 7º, inciso XI, da Constituição. Art. 2º A participação nos lucros ou resultados será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, mediante um dos procedimentos a seguir descritos, escolhidos pelas partes de comum acordo: I comissão paritária escolhida pelas partes, integrada, também, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria; II convenção ou acordo coletivo. § 1º Dos instrumentos decorrentes da negociação deverão constar regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos substantivos da participação e das regras adjetivas, inclusive mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado, periodicidade da distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo, podendo Fl. 7202DF CARF MF 22 ser considerados, entre outros, os seguintes critérios e condições: I índices de produtividade, qualidade ou lucratividade da empresa; II programas de metas, resultados e prazos, pactuados previamente. § 2º O instrumento de acordo celebrado será arquivado na entidade sindical dos trabalhadores. (...) Art. 3º A participação de que trata o art. 2º não substitui ou complementa a remuneração devida a qualquer empregado, nem constitui base de incidência de qualquer encargo trabalhista, não se lhe aplicando o princípio da habitualidade (...) § 3º Todos os pagamentos efetuados em decorrência de planos de participação nos lucros ou resultados, mantidos espontaneamente pela empresa, poderão ser compensados com as obrigações decorrentes de acordos ou convenções coletivas de trabalho atinentes à participação nos lucros ou resultados. Assim, sob estas disposições, passemos a analisar se a recorrente feriu os dispositivos legais acima e fez inviabilizar o seu programa de PLR. d.1) Levantamentos "P" Data da Assinatura dos Acordos Coletivos Aponta a fiscalização uma série de Acordos Coletivos de Trabalho PPR (ACTPPR), celebrados exclusivamente para pagamento de PPR, que não teriam respeitado a Lei nº. 10.101/00, por terem sido celebrados de forma a inviabilizar o possível cumprimento das metas, já que assinados no decorrer dos anos a que se submetiam, ou muito próximos às datas dos pagamentos realizados. Eis quadro exemplificativo: Fl. 7203DF CARF MF Processo nº 15504.725362/201506 Acórdão n.º 2401004.917 S2C4T1 Fl. 7.193 23 Sustenta a recorrente, basicamente, não haver qualquer determinação na Lei nº. 10.101/00 acerca da data da assinatura dos acordos coletivos e, ainda, que pelo fatos dos programas serem muito parecidos ano a ano, não há qualquer prejuízo aos empregados a assinatura no decorrer de um anocalendário, por serem as metas muito parecidas ano após ano. De fato, não há previsão na Lei nº. 10.101/2009 que estipule data para a assinatura dos acordos e, por isso, como sempre o faço, entendo que cada caso deve ser analisado individualmente, de acordo com as características fáticas do mesmo, e ver se a celebração do acordo firmada no curso do anocalendário a que se refere, tem o condão de inviabilizar ou não os programas de PLR. Ocorre que, neste caso, a mera menção à similaridade dos acordos celebrados ano a ano não é suficiente, cabendo à Recorrente a demonstração efetiva de tal. Vejase, também, que não bastaria ser igual, mas sim que os empregados tivessem conhecimento, que pudessem no decorrer do ano, mesmo que pendente a assinatura do acordo, já ter acesso a dados e informações que lhe permitissem uma verificação acurada do cumprimento das metas que costumam ser exigidas todos os anos. No presente caso, a recorrente não conseguiu fazer tal demonstração e, da análise dos diversos ACTPPR, também não encontrei essa semelhança que, acaso gritante, poderia ensejar a relativização da exigência da assinatura da data do acordo coletivo. Fl. 7204DF CARF MF 24 Assim, por não restar comprovada a ausência de prejudicialidade aos trabalhadores a assinatura tardia dos ACTPPR, entendo que deve ser mantida a tributação sobre as verbas pagas a este título no Levantamento "P". d.2) Levantamentos "G" Pagamento aos empregados do nível de gestão No levantamento específico, aponta a fiscalização o grupo de Gestores para os quais foi pago o PPR e não foram apresentados outros ACTPPR que albergassem esses pagamentos, mas somente os ACTPPR onde constam a observação geral para todos os empregados de que "se, eventualmente, a Empresa realizar o desenvolvimento do referido Programa para estes níveis funcionais (parágrafo anterior do ACTPPR: funcionários de nível de gestão), aplicarseá de forma geral a Legislação de que trata a matéria, entendendose desde já suprida a exigência do inciso II, do art. 2º. Todavia, em sede impugnação (docs. de fls. 6314 e ss.) a recorrente apresentou o Programa Específico para pagamento das metas aos trabalhadores do nível de gestão. Ocorre que, a referida cláusula não estabelece a exigência de um novo programa para aquele nível de profissionais, mas sim faculta, a empresa, elaborar o programa específico. Assim, ainda que não tivesse apresentado os documentos de fls. 6314 e ss., tal fato, por si só, não implicaria o descumprimento da cláusula do ACTPPR. Assim, afasto a suposta infração no pagamento de PPR aos profissionais do nível de gestão, que se deu pela ausência de programa específico para estes, ante o fato de (a) o ACTPPR não fazer esta exigência e (b) a recorrente ter apresentado os programas específicos para os níveis funcionais de gestão. Embora apresente o entendimento específico quanto a este levantamento "G", este não tem o condão de afastar o referido lançamento, posto que a condição apontada no tópico anterior (Levantamento "P"), referente a data de assinatura dos ACT, também se aplica ao presente levantamento. e) Levantamento: RA Cobrança GILRAT Alega a recorrente que impugnou o FAP 2011 que lhe foi atribuído pelo MPAS, apresentando em 19/11/2011 a contestação ao mesmo perante o Departamento de Políticas de Saúde e Segurança Ocupacional, da Secretaria de Políticas de Previdência Social, do MPS, conforme se verifica do protocolo de envio da referida defesa (fl. 6152), visando diminuir o referido FAP, em função de inconsistências quanto aos índices de frequência, gravidade e custo utilizado. Assim, no entender da recorrente, o referido valor com base no índice FAP então contestado, não poderia estar sendo exigido na forma do presente auto de infração. Vejamos o que dispõe o Regulamento da Previdência Social: Art. 202B. O FAP atribuído às empresas pelo Ministério da Previdência Social poderá ser contestado perante o Departamento de Políticas de Saúde e Segurança Ocupacional da Secretaria Políticas de Previdência Social do Ministério da Previdência Social, no prazo de trinta dias da sua divulgação oficial. (Incluído pelo Decreto nº 7.126, de 2010) Fl. 7205DF CARF MF Processo nº 15504.725362/201506 Acórdão n.º 2401004.917 S2C4T1 Fl. 7.194 25 § 1o A contestação de que trata o caput deverá versar, exclusivamente, sobre razões relativas a divergências quanto aos elementos previdenciários que compõem o cálculo do FAP. (Incluído pelo Decreto nº 7.126, de 2010) § 2o Da decisão proferida pelo Departamento de Políticas de Saúde e Segurança Ocupacional, caberá recurso, no prazo de trinta dias da intimação da decisão, para a Secretaria de Políticas de Previdência Social, que examinará a matéria em caráter terminativo. (Incluído pelo Decreto nº 7.126, de 2010) § 3o O processo administrativo de que trata este artigo tem efeito suspensivo. (Incluído pelo Decreto nº 7.126, de 2010) Ora, com a apresentação da impugnação/contestação ao FAP que lhe fora atribuído, a ora recorrente suspendeu os efeitos do novo índice, sendo inviável a sua exigência por meio do lançamento de contribuições previdenciárias enquanto pendente de julgamento final a contestação administrativa acerca do FAP. Destacase que a partir de 2014 foi estabelecido procedimento específico para as situações de contestação ao índice FAP, conforme os parágrafos 15 a 17 do art. 72 da IN nº. 971/2009: § 15. O FAP atribuído às empresas poderá ser contestado perante o órgão competente no Ministério da Previdência Social, no prazo de 30 (trinta) dias contados da data de sua divulgação oficial. (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1453, de 24 de fevereiro de 2014) § 16. O processo administrativo de que trata o § 15 tem efeito suspensivo até decisão final da autoridade competente, ficando o contribuinte obrigado a informar em GFIP o FAP que lhe foi atribuído e a retificar as declarações caso a decisão lhe seja favorável. (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1453, de 24 de fevereiro de 2014) § 17. No caso de decisão definitiva contrária ao sujeito passivo, no processo administrativo de que trata o § 15, eventuais diferenças referentes ao FAP deverão ser recolhidas no prazo de 30 (trinta) dias contados da data da ciência da decisão, sendo lhes aplicados os acréscimos legais previstos nos arts. 402 e 403. (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1453, de 24 de fevereiro de 2014) Todavia, tendo a contestação da recorrente tendo sido apresentada anteriormente às disposições estabelecidas pela IN RFB nº. 1453/2014, deve prevalecer a suspensão dos efeitos do índice FAP e, portanto, a exigência do levantamento RA deve ser tratada como lançamento para fins de prevenção da decadência, cancelandose a multa de ofício aplicada e condicionando a exigência da contribuição ao resultado final do Processo Administrativo nº. 1111190002480/011 (fls. 6152 e ss.) em trâmite no Ministério da Previdência Social. Fl. 7206DF CARF MF 26 CONCLUSÃO Isto posto, voto por conhecer e negar provimento ao recurso de ofício e por conhecer do recurso voluntário para, no mérito, DARLHE PARCIAL PROVIMENTO, a fim de excluir do lançamento: a) os levantamentos referentes aos pagamentos de locação/aluguel de veículos a empregados da empresa (L1, L2, L3, L4, L5 e L6); b) os levantamentos referentes aos pagamentos de despesas com abastecimento dos veículos locados dos empregados da empresa (A1, A2, A3, A4, A5 e A6); c) os levantamentos referentes aos pagamentos de alugueis de equipamentos (notebooks e computadores) a empregados da empresa (E1, E2, E3, E4, E5 e E6); d) a multa de ofício do levantamento RA, bem como para condicionar a referida cobrança ao resultado final do julgamento do Processo Administrativo nº. 1111190002480/011 em trâmite no Ministério da Previdência Social. É como voto. (assinado digitalmente) Carlos Alexandre Tortato Fl. 7207DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10140.720089/2015-78
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Aug 21 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Ano-calendário: 2010, 2011
PASEP. BASE DE CÁLCULO. FUNDEF/FUNDEB.
O Fundef/Fundeb não é entidade pública, mas um fundo contábil, de modo que as transferências para o fundo ou recebimentos do fundo não alteram o cálculo do Pasep, antes da Lei 12.810/2013.
PASEP. BASE DE CÁLCULO. EXCLUSÕES.
A base de cálculo legal do Pasep é constituída pelas receitas correntes arrecadadas e transferências correntes e de capital recebidas. As exclusões permitidas, antes da Lei 12.810/2013, são as bases de cálculo em que tenha havido retenção de PASEP na fonte e as bases de cálculo já tributadas.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2010, 2011
AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE.
Não há nulidade do Auto de Infração quando revestido de todas as formalidades legais, e quando todas as infrações apontadas são fundamentadas juridicamente e os cálculos detalhados são cientificados ao contribuinte, oportunizando o contraditório e a ampla defesa.
VALOR DEVIDO. ERRO MATERIAL. CONHECIMENTO E CORREÇÃO DE OFÍCIO. PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL.
O lapso material de cálculo cometido pelo autuante deve ser conhecido de ofício e corrigido em sede de julgamento, para reduzir a importância lançamento aos valores adequados.
Recurso Voluntário Parcialmente Provido.
Numero da decisão: 3201-002.810
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente.
(assinado digitalmente)
Marcelo Giovani Vieira- Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (presidente substituto), José Luiz Feistauer de Oliveira, Tatiana Josefovicz Belisário, Mércia Helena Trajano Amorim, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Marcelo Giovani Vieira (suplente convocado), Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Leonardo Vinícius Toledo de Andrade.
Nome do relator: MARCELO GIOVANI VIEIRA
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BASE DE CÁLCULO. FUNDEF/FUNDEB. O Fundef/Fundeb não é entidade pública, mas um fundo contábil, de modo que as transferências para o fundo ou recebimentos do fundo não alteram o cálculo do Pasep, antes da Lei 12.810/2013. PASEP. BASE DE CÁLCULO. EXCLUSÕES. A base de cálculo legal do Pasep é constituída pelas receitas correntes arrecadadas e transferências correntes e de capital recebidas. As exclusões permitidas, antes da Lei 12.810/2013, são as bases de cálculo em que tenha havido retenção de PASEP na fonte e as bases de cálculo já tributadas. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2010, 2011 AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. Não há nulidade do Auto de Infração quando revestido de todas as formalidades legais, e quando todas as infrações apontadas são fundamentadas juridicamente e os cálculos detalhados são cientificados ao contribuinte, oportunizando o contraditório e a ampla defesa. VALOR DEVIDO. ERRO MATERIAL. CONHECIMENTO E CORREÇÃO DE OFÍCIO. PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL. O lapso material de cálculo cometido pelo autuante deve ser conhecido de ofício e corrigido em sede de julgamento, para reduzir a importância lançamento aos valores adequados. Recurso Voluntário Parcialmente Provido. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 14 0. 72 00 89 /2 01 5- 78 Fl. 455DF CARF MF 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente. (assinado digitalmente) Marcelo Giovani Vieira Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (presidente substituto), José Luiz Feistauer de Oliveira, Tatiana Josefovicz Belisário, Mércia Helena Trajano Amorim, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Marcelo Giovani Vieira (suplente convocado), Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Leonardo Vinícius Toledo de Andrade. Relatório Tratase de lançamento de ofício de Pasep, no valor original total de R$ 3.116.121,39, com o seguinte enquadramento legal: art. 1º da Lei Complementar 8/701, art. 2º, inciso III, 7º e 8º da Lei 9.715/982. Informa o autuante que apurou o Pasep conforme balancetes mensais de receitas, balanço geral e DCTF apresentados pelo Município, conforme planilha às fls. 308/313. O autuante informa ainda que deduziu da base de cálculo os valores retidos e as transferências do Fundeb – Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação, instituído pela Lei 11.494/2007. Cientificado, o contribuinte apresenta impugnação com os seguintes argumentos de defesa, em resumo: O lançamento seria nulo: 1 Art. 1º É instituído, na forma prevista nesta Lei Complementar, o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público. 2 Art. 2O A contribuição para o PIS/PASEP será apurada mensalmente: (…) IIIpelas pessoas jurídicas de direito público interno, com base no valor mensal das receitas correntes arrecadadas e das transferências correntes e de capital recebidas. (…) Art.7o Para os efeitos do inciso III do art. 2o, nas receitas correntes serão incluídas quaisquer receitas tributárias, ainda que arrecadadas, no todo ou em parte, por outra entidade da Administração Pública, e deduzidas as transferências efetuadas a outras entidades públicas. Art. 8O A contribuição será calculada mediante a aplicação, conforme o caso, das seguintes alíquotas: (…) IIIum por cento sobre o valor das receitas correntes arrecadadas e das transferências correntes e de capital recebidas. Fl. 456DF CARF MF Processo nº 10140.720089/201578 Acórdão n.º 3201002.810 S3C2T1 Fl. 456 3 i por ter sido lavrado em local diferente do domicílio do contribuinte; ii por falta de motivação e fundamentação; iii por não ter respeitado o devido processo legal, uma vez que, segundo entende, a multa somente seria exigível após confirmada em processo; iv – por não terem sido demonstradas as formas de cálculo. Diz a recorrente que não teriam sido levados em conta as retenções na fonte e os valores recolhidos. No mérito: Acerca da Base de Cálculo, afirma que não poderia ser estendida ao alvitre do lançador, devendo observar as decisões do STF a respeito da Lei 9.718/98, que impedem a ampliação indiscriminada da base de cálculo; Aduz que os fundos públicos (saúde/educação/fundeb/assistência social) não deveriam compor a base de cálculo do Pasep, posto que não seriam valores efetivamente recebidos; Pede pelo recálculo do Pasep, para afastar os valores transferidos para o Fundeb, e contabilizar os valores recebidos desse fundo em função do rateio previsto na Lei 11.494/2007; Argumenta ainda que teria havido bitributação sobre as transferências governamentais e sobre o fundo de previdência municipal. A DRJ negou provimento à impugnação. Reproduzo a ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário: 2010, 2011 PASEP. PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO INTERNO. BASE DE CÁLCULO A base de cálculo do Pasep devido pelas pessoas jurídicas de direito público interno é composta pelas receitas correntes arrecadadas, transferências correntes destinadas à manutenção e funcionamento de serviços e transferências de capital destinadas a investimentos, recebidas de outras entidades da Administração Pública. FUNDEB. RECURSOS REPASSADOS COMPLEMENTARMENTE PELA UNIÃO. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO Não devem ser incluídos na base de cálculo do Pasep devido pelo Município os valores repassados complementarmente pela União, destinados ao Fundef/Fundeb. MULTA DE OFÍCIO. CONFISCO A vedação contida na Constituição Federal sobre a utilização de tributo, e não da multa, com efeito de confisco é dirigida ao Fl. 457DF CARF MF 4 legislador, não se aplicando aos lançamentos de ofício efetuados em cumprimento das leis tributárias regularmente aprovadas, razão pela qual a multa de ofício é de aplicação obrigatória nos casos de exigências de tributos decorrentes de lançamento de ofício, não podendo ser dispensada ou reduzida. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2010, 2011 INCONSTITUCIONALIDADE DOS ATOS LEGAIS. DISCUSSÃO As autoridades administrativas não podem negar aplicação às leis regularmente emanadas do Poder Legislativo. O exame da constitucionalidade ou legalidade das leis é tarefa estritamente reservada ao Poder Judiciário. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2010, 2011 AUTO DE INFRAÇÃO. FUNDAMENTAÇÃO. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE. Tendo em vista que o procedimento fiscal foi instaurado conforme a legislação vigente, e o lançamento fiscal foi efetuado por autoridade competente e encontrase devidamente motivado, com descrição precisa e detalhada dos fatos, trazendo todas as informações necessárias para a sua devida compreensão, não se concretiza a hipótese de cerceamento do direito de defesa e nem de nulidade do Auto de Infração. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Cientificado, o contribuinte apresenta Recurso Voluntário no qual reapresenta as mesmas argumentações da impugnação. É o relatório. Voto Conselheiro Marcelo Giovani Vieira, Relator O Recurso Voluntário é tempestivo e veicula matéria de competência desta Turma, devendo ser conhecido. Preliminares i Nulidade por lavratura em local diferente do domicílio do contribuinte Fl. 458DF CARF MF Processo nº 10140.720089/201578 Acórdão n.º 3201002.810 S3C2T1 Fl. 457 5 A recorrente entende que seu direito defesa estaria comprometido porque o auto de infração foi lavrado na cidade de Campo Grande/MS, local da Delegacia da Receita Federal, enquanto os fatos descritos teriam ocorrido na cidade de Corumbá/MS. Alega que tal fato somente se justificaria para prejudicar sua defesa. Tal questão resta superada no Carf, por meio da Súmula nº 6: É legítima a lavratura de auto de infração no local em que foi constatada a infração, ainda que fora do estabelecimento do contribuinte. De acordo com o art. 72 do Anexo II do Regimento Interno do Carf – RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 9 de junho de 2015, as súmulas Carf são vinculantes para os colegiados. Ademais, sua impugnação poderia e efetivamente foi protocolizada no próprio Município de Corumbá, conforme fl. 359, e poderia ter sido feita por meio eletrônico ou postal, nos termos do PAF. Portanto, tal circunstância não enseja qualquer imperfeição do lançamento, a prejudicar sua defesa e maculalhe de nulidade. ii e iv Nulidade por falta de motivação, fundamentação e esclarecimento quanto à formula de cálculo A recorrente entende faltarem ao lançamento os requisitos de motivação e fundamentação, e ainda, que foi prejudicada em seu direito de defesa, porque teria havido “apresentação de demonstrativo de valores sem qualquer identificação, de maneira genérica e superficial”. Afirma, adiante, que não teriam sido consideradas as retenções e valores retidos na fonte referentes às receitas oriundas do “FPM/ITR/CFM/CIDE/ICSM DESON EXPORT”. Divirjo desse entendimento. Resta bastante claro, após leitura do Relatório Fiscal (fls. 336/338) que a motivação do lançamento foi a falta/insuficiência de recolhimento do Pasep. O enquadramento legal da exigência foi apontado logo depois dos valores indicados como insuficientes (fls. 348/349). As bases utilizadas na apuração foram fornecidas pelo próprio Município, constantes nos balancetes de receitas. A planilha de fls. 308/313 apresenta detalhamento completo do cálculo, e foi inclusive submetida ao contribuinte, antes da lavratura do auto de infração, para manifestação quanto a eventuais divergências. Em resposta, o contribuinte apresenta outra planilha (fls. 318/323), na qual apresenta o próprio cálculo. Cotejando tais planilhas, percebese que não há nenhuma divergência quanto aos valores de receitas, e verificase, ainda, que houve o efetivo cômputo das retenções e dos valores eventualmente confessados em DCTF. Observo ainda que foram consideradas todas as retenções, conforme documento de fls. 303/305, ao contrário do que afirma a recorrente. Portanto, com todo o detalhamento, tanto do cálculo do auditor, quanto do cálculo da prefeitura, não há espaço para alegação genérica de falta de motivação ou descrição deficiente da infração, e desse modo afasta a preliminar arguida. iii – Falta de respeito ao devido processo legal Fl. 459DF CARF MF 6 Sob esse título o contribuinte contesta o lançamento, acusandoo de exigir tributo e multa sem possibilitar o devido processo legal. No seu dizer, “o agente autuador lavrou o auto impugnado de pronto e por seu próprio e unilateral juízo”. Tal acusação é deveras incompreensível, na medida em que se está, com este Recurso Voluntário, exercitando exatamente o trâmite do devido processo legal, nos termos do PAF – Decreto 70.235/723, do qual inclusive foi notificado, tanto no lançamento, quanto por ocasião da ciência do acórdão recorrido. O auditor tem o dever efetuar o lançamento, sempre que constatar insuficiência de recolhimento ou outra infração, nos termos do art. 1424 do CTN. E o contribuinte, no exercício de seu amplo direito de defesa, pode apresentar recurso em duas instâncias administrativas de julgamento, conforme o PAF. Não havendo nenhuma demonstração objetiva de vulneração desses trâmites, a acusação da recorrente revelase vazia. Pelo exposto, rejeito as preliminares arguidas. Mérito No mérito, o contribuinte contesta a base de cálculo do PASEP e as exclusões/deduções permitidas. Procedo ao exame da legislação pertinente. Substrato Contitucional, art. 239 da C; Art. 239. A arrecadação decorrente das contribuições para o Programa de Integração Social, criado pela Lei Complementar nº 7, de 7 de setembro de 1970, e para o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público, criado pela Lei Complementar nº 8, de 3 de dezembro de 1970, passa, a partir da promulgação desta Constituição, a financiar, nos termos que a lei dispuser, o programa do segurodesemprego e o abono de que trata o § 3º deste artigo. Fundamentos legais, LC 8/70, arts. 1º e 2º; Art. 1º É instituído, na forma prevista nesta Lei Complementar, o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público. Art. 2º A União, os Estados, os Municípios, o Distrito Federal e os Territórios contribuirão para o Programa, 3 Art. 72. As decisões reiteradas e uniformes do CARF serão consubstanciadas em súmula de observância obrigatória pelos membros do CARF 4 Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional Fl. 460DF CARF MF Processo nº 10140.720089/201578 Acórdão n.º 3201002.810 S3C2T1 Fl. 458 7 mediante recolhimento mensal ao Banco do Brasil das seguintes parcelas: I União: 1% (um por cento) das receitas correntes efetivamente arrecadadas, deduzidas as transferências feitas a outras entidades da Administração Pública, a partir de 1º de julho de 1971; 1,5% (um e meio por cento) em 1972 e 2% (dois por cento) no ano de 1973 e subseqüentes. II Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios: a) 1% (um por cento) das receitas correntes próprias, deduzidas as transferências feitas a outras entidades da Administração Pública, a partir de 1º de julho de 1971; 1,5% (um e meio por cento) em 1972 e 2% (dois por cento) no ano de 1973 e subseqüentes; b) 2% (dois por cento) das transferências recebidas do Governo da União e dos Estados através do Fundo de Participações dos Estados, Distrito Federal e Municípios, a partir de 1º de julho de 1971. Parágrafo único Não recairá, em nenhuma hipótese, sobre as transferências de que trata este artigo, mais de uma contribuição. Lei 9.715/98 art. 2º, III, art. 7º, art. 8º, III. Art. 2o A contribuição para o PIS/PASEP será apurada mensalmente: (...) III pelas pessoas jurídicas de direito público interno, com base no valor mensal das receitas correntes arrecadadas e das transferências correntes e de capital recebidas. (...) § 3o Para determinação da base de cálculo, não se incluem, entre as receitas das autarquias, os recursos classificados como receitas do Tesouro Nacional nos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social da União. (...) § 6o A Secretaria do Tesouro Nacional efetuará a retenção da contribuição para o PIS/PASEP, devida sobre o valor das transferências de que trata o inciso III. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) § 7o Excluemse do disposto no inciso III do caput deste artigo os valores de transferências decorrentes de convênio, contrato de Fl. 461DF CARF MF 8 repasse ou instrumento congênere com objeto definido. (Incluído pela Lei nº 12.810, de 2013) (...) Art. 7o Para os efeitos do inciso III do art. 2o, nas receitas correntes serão incluídas quaisquer receitas tributárias, ainda que arrecadadas, no todo ou em parte, por outra entidade da Administração Pública, e deduzidas as transferências efetuadas a outras entidades públicas. Art. 8o A contribuição será calculada mediante a aplicação, conforme o caso, das seguintes alíquotas: (...) III um por cento sobre o valor das receitas correntes arrecadadas e das transferências correntes e de capital recebidas. Sujeito Passivo: Pessoas Jurídicas de Direito Público Interno; art. 2º, III da Lei 9.715/98; Pessoas Jurídicas de Direito Público Interno: União, Estados, DF, Municípios e entidades públicas criadas por lei (autarquias, fundações) – Código Civil art. 41; Base de Cálculo: Receitas correntes arrecadadas e transferências correntes e de capital recebidas; art. 2º, III, da Lei 9.715/98. Receitas correntes: São Receitas Correntes as receitas tributária, de contribuições, patrimonial, agropecuária, industrial, de serviços e outras e, ainda, as provenientes de recursos financeiros recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, quando destinadas a atender despesas classificáveis em Despesas Correntes. Art. 11, §1º, da Lei 4.320/64; Receitas de capital: em geral são receitas que não representam alteração no patrimônio do ente público, tais como obtenção de empréstimos, alienação de ativos. Transferências correntes: dotações para despesas as quais não corresponda contraprestação direta em bens ou serviços, inclusive para contribuições e subvenções destinadas a atender à manifestação de outras entidades de direito público ou privado. Art. 12, §2º, Lei 4.320/64. Destinação para despesas correntes. Transferências de capital: dotações para investimentos ou inversões financeiras que outras pessoas de direito público ou privado devam realizar, independentemente de contraprestação direta em bens ou serviços, constituindo essas transferências auxílios ou contribuições, segundo derivem diretamente da Lei de Orçamento ou de lei especial anterior, bem como as dotações para amortização da dívida pública. Art. 12, §6º, Lei 4.320/64; Exclusões da base de cálculo: transferências efetuadas a outras entidades públicas. Art. 7º, Lei 9.715/98; transferências decorrentes de convênio, contrato de repasse ou instrumento congênere com objeto definido, art. 2º, §7º, a partir da vigência da Lei 12.810/2013, 16/05/2013; Fl. 462DF CARF MF Processo nº 10140.720089/201578 Acórdão n.º 3201002.810 S3C2T1 Fl. 459 9 Fl. 463DF CARF MF 10 Fundeb: Fundo contábil para gestão programada de recursos para educação. Tem natureza contábil, não se constitui em entidade pública nem tem personalidade jurídica, cf. art. 1º, Lei 11.494/2007. Os recursos para formação do fundo advém, basicamente, dos recursos tributários pertinentes aos Estados e Municípios, arrecadados ou recebidos em transferência, à parcela de 20%. A União complementa o fundo cf. art. 4º da Lei 11.494/2007. Tais recursos são destinados à educação básica, na proporção dos alunos matriculados. Conforme Manual de Contabilidade Pública, 6ª edição, pág. 198, aprovado pela Portaria Conjunta STN/SOF nº 1, de 10 de dezembro de 2014 e Portaria STN nº 700, de 10 de dezembro de 2014, o Fundeb é contabilizado como dedução da Receita orçamentária, isto é, as transferências recebidas devem ser contabilizadas integralmente, e o repasse ao Fundeb, feito automaticamente pela STN, é contabilizado como dedução: “As receitas que compõem a base de cálculo do Fundeb (impostos e transferências constitucionais e legais) deverão ser registradas contabilmente pelos seus valores brutos (não líquidos dos valores destinados ao Fundeb), de acordo com o disposto no Capítulo 6 – Transações Sem Contraprestação da Parte II – Procedimentos Contábeis Patrimoniais (PCP) deste Manual. 1.4.2. Contabilização das Transferências ao Fundeb Os valores destinados à formação do Fundeb pelos estados, Distrito Federal e municípios deverão ser registrados patrimonialmente como variação patrimonial diminutiva (VPD) e orçamentariamente como dedução da receita orçamentária realizada. (...) O recebimento de recursos do Fundeb deverá ser registrado patrimonialmente como variação patrimonial aumentativa (VPA). Do ponto de vista orçamentário, deverá ser registrada a realização da receita orçamentária utilizandose as naturezas de receita “1724.01.00 – Transferência de Recursos do Fundeb” ou “1724.02.00 – Transferência de Recursos da Complementação da União ao Fundeb”, conforme o caso.” A Lei 9.715/98, art. 2º, II, define o fato gerador como as receitas correntes e transferências correntes e de capital recebidas. Portanto, no momento do recebimento das transferências já ocorre o fato gerador do PASEP. O recebimento de recursos do Fundeb (contas 1724.1 e 1724.2, de acordo com a contabilidade pública), embora seja classificado como receita corrente no plano de contas público, não se configura como base de cálculo do Pasep por já ter sido tributado por ocasião da transferência corrente recebida, a fim de evitar a bitributação. Inclusive os valores complementares alocados pela União (art. 4º da Lei 11.494/2009) (contas 1724.2) não compõem a base de cálculo do Pasep, no recebimento pelos Municípios. Nesse sentido entende a própria Receita Federal, por meio da Solução de Divergência 12/2011: Fl. 464DF CARF MF Processo nº 10140.720089/201578 Acórdão n.º 3201002.810 S3C2T1 Fl. 460 11 “13.1. Logo, se conclui que os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, ao receberem da União, repasses de valores complementares destinados ao FUNDEF/FUNDEB, efetuados com recursos oriundos das receitas correntes arrecadadas da própria União, não devem incluílos em suas respectivas bases de cálculos de incidência da Contribuição para o PIS/Pasep, porque como se afirmou anteriormente, referidos valores já foram submetidos à incidência da mencionada contribuição, pela União, quando da apuração de sua própria base de cálculo mensal, sem a exclusão do citados valores repassados complementarmente.” O fundamento da referida Solução de Divergência é que o repasse complementar da União ao Fundeb se configura como despesa, e não uma transferência arrecadada pertencente a outro ente federativo. Embora a referida Solução de Divergência não trate especificamente dos outros valores recebidos do Fundeb (contas 1724.1), o fundamento é o mesmo: quando do recebimento das transferências, foi destacado como despesa o valor repassado ao Fundeb, e como tal, não foi excluído da base de cálculo dos Municípios. Assim, por ocasião do recebimento dos recursos do Fundeb, tanto dos valores alocados pelos Estados e Municípios, quanto os valores alocados complementarmente pela União, não sofrem nova tributação. Portanto, somente podem ser excluídos da base de cálculo do Pasep as transferências correntes e de capital para outras entidades públicas, que por sua vez tributarão o valor recebido, e os recebimentos do Fundeb que já sofreram a tributação por ocasião da formação do Fundo. Fl. 465DF CARF MF 12 A partir de 16/05/2013, vigência da lei 12.810/2013, não compõem a base de cálculo do PASEP as transferências “decorrentes de convênio, contrato de repasse ou instrumento congênere”. Sobre essa exclusão de base de cálculo, assim se manifestou o relator do Parecer nº 8/2013, da Comissão Mista que apreciou a Medida Provisória 579/2012, convertida na Lei 12.810/2013, Senador Romero Jucá: “Com relação ao PASEP, submetemos sugestão para alterar o art. 2º da Lei nº 9.715, de 25 de novembro de 1998, com o objetivo de excluir a incidência da alíquota de 1% sobre as receitas arrecadadas e as transferências recebidas, devida pelos Estados e Município, conforme dispõem os arts. 2º e 8º da Lei nº 9.715, de 1998, e a Lei Complementar nº 8, de 1970. Avaliamos que não se justifica tal gravame sobre transferências decorrentes de convênios com objeto específico, as quais meramente transitam pelo orçamento e pelo caixa do ente governamental recebedor, que imediatamente as aplicará no fim público definido.” A redação sugerida permaneceu na Lei 12.810/2013. Portanto, após a vigência da Lei 12.810/2013, a tributação se altera. Se os recursos com objeto próprio e sem gestão do Município não compõe a base de cálculo do Pasep, os repasses ao Fundeb, automáticos, entram nessa categoria, e passam a ser excluídos da base de cálculo do Pasep. Por outro lado, como houve esta exclusão, as receitas correntes correspondentes aos recebimentos do Fundeb (contas 1724), passam a compor a base de cálculo do Pasep, como receitas correntes geridas pelo Município. Fl. 466DF CARF MF Processo nº 10140.720089/201578 Acórdão n.º 3201002.810 S3C2T1 Fl. 461 13 Em conclusão, antes da Lei 12.810/2013, os repasses para o Fundeb, como um fundo contábil, não alteram o cálculo do Pasep, e não podem ser excluídos ou adicionados à base de cálculo, exceto se tiverem sofrido retenção de PASEP na fonte, por parte da Secretaria do Tesouro Nacional. Os valores recebidos do Fundeb, inclusive a título de complementação da União (art. 4º da Lei 11.494/2007), também não compõem a base de cálculo do PASEP, porque já tributados na União ou nos Estados e Municípios, por ocasião das transferências de receitas próprias desses Entes. Receitas Previdenciárias – As receitas de contribuições previdenciárias, pagas pelos servidores para fins de constituição de regime próprio de previdência, constituem se em receitas correntes, e como tais, sujeitas à incidência do Pasep. Embora várias considerações acerca da constitucionalidade dessa incidência possam ser interpostas, não há previsão expressa de exclusão da base de cálculo do Pasep dessas receitas, antes da Lei 12.810/2013. O julgador administrativo não pode afastar a exigência legal, por considerações de inconstitucionalidade, cf. art. 26A do PAF. Alíquota : 1%, art. 8º, Lei 9.715/98; Retenção na Fonte: A STN deve efetuar retenção do PASEP sobre as transferências correntes da União para os Municípios. Art. 2º, §6º da Lei 9.715/98; Caso tenha havido, comprovadamente, retenção na fonte sobre os repasses ao Fundeb, esses repasses podem ser excluídos da base de cálculo do Pasep (Sol. Div. 12/2011), ou, alternativamente, e preferivelmente, os repasses são computados na base de cálculo e o valor devido de Pasep é deduzido pelo valor retido, o que é matematicamente equivalente. Termino aqui o esboço da legislação pertinente ao Pasep. Considerando o arcabouço teórico acima exposto, não se sustentam os pedidos do contribuinte quanto à reforma da base de cálculo, uma vez que os recursos destinados aos fundos não a alteram. Reitero a análise da preliminar de erro de cálculo, considerando que todas as retenções de Pasep havidas foram consideradas. Verifico que a base de cálculo adotada pelo autuante, conforme folhas 308 e seguintes, se mostra consonante com o fundamento legal. Os valores das transferências multigovernamentais foram contabilizados integralmente, incluídos os recursos destacados para o Fundeb, e os recebimentos do Fundeb, contas 1724, foram excluídos da base de cálculo. Não há, desse modo, nenhum fundamento para a alegação de bitributação. Para ilustrar: Fl. 467DF CARF MF 14 Não cabe também a alegação de que os recursos do Fundeb deveriam ser tributados quando de seu efetivo recebimento. A Lei 9.715/98 determina que o fato gerador é a transferência corrente, e este então é o momento em que deve ser tributado, e não existe previsão para diferimento. Não é permitido ao contribuinte ou ao julgador administrativo alterar a definição legal do momento do fato gerador. As receitas de contribuições previdenciárias, recebidas de servidores para constituição do regime próprio de previdências, inseremse no conceito de receitas correntes, e como tais, são base de cálculo do PASEP, não podendo o julgador administrativo afastar a incidência legal por considerações de inconstitucionalidade ou razoabilidade. Ao final, outra questão se impõe. Em preliminar, a recorrente alega que não foram considerados seus recolhimentos, o que, em geral, não se confirmou, posto que os valores informados como recolhidos, na planilha da prefeitura, foram deduzidos pelo auditor como declarados em DCTF, e as únicas divergências entre as planilhas foram relativas ao cômputo do Fundeb. Não obstante, houve um erro material especificamente no mês de dezembro de 2010, não apontado pela recorrente, mas detectado por este Conselheiro. O valor do Pasep declarado em DCTF foi de R$ 118.355,06 (fl. 307), enquanto na planilha do auditor consta o valor de R$ 113.176,87 (fl. 310), que é repetição do valor de novembro. Tal equívoco não dá ensejo a acatar a preliminar de nulidade da recorrente, quanto a não consideração dos recolhimentos, mas tratase de lapso material que deve ser corrigido de ofício, para consecução dos objetivos do processo administrativo fiscal, em especial, o controle da legalidade e o princípio da verdade material. Desse modo, o valor do Pasep devido do mês de dezembro de 2010 é de R$ 76.625,16, e não R$ 81.803,35. Também devem ser corrigidos, evidentemente, os respectivos juros e multa de ofício. Pelo exposto, voto pela rejeição das preliminares, e, no mérito, por dar pacial provimento ao Recurso Voluntário, para reduzir o Pasep devido do mês de dezembro de 2010 para R$ 76.625,16, também reduzindo proporcionalmente a multa de ofício e juros respectivos. Conselheiro Marcelo Giovani Vieira Relator Fl. 468DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10830.900268/2013-57
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Aug 15 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 13/09/2012
RESTITUIÇÃO. IMUNIDADE. AUSÊNCIA DE CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO PLEITEADO.
Para fins de concessão de pedido de restituição e/ou compensação de indébito fiscal, é imprescindível que o crédito tributário pleiteado esteja munido de certeza e liquidez. No presente caso, não logrou o contribuinte comprovar que faria jus à imunidade alegada, em razão da ausência da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS), requisito este essencial ao gozo da imunidade, nos termos do que determina o art. 29 da Lei 12.101/2009.
Recurso Voluntário negado.
Numero da decisão: 3301-003.693
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d´Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antônio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS
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conteudo_txt : Metadados => date: 2017-08-11T17:45:57Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.5; xmp:CreatorTool: pdfsam-console (Ver. 2.4.0e); access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; dcterms:created: 2017-08-11T17:45:57Z; Last-Modified: 2017-08-11T17:45:57Z; dcterms:modified: 2017-08-11T17:45:57Z; dc:format: application/pdf; version=1.5; Last-Save-Date: 2017-08-11T17:45:57Z; pdf:docinfo:creator_tool: pdfsam-console (Ver. 2.4.0e); access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2017-08-11T17:45:57Z; meta:save-date: 2017-08-11T17:45:57Z; pdf:encrypted: true; modified: 2017-08-11T17:45:57Z; Content-Type: application/pdf; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; meta:creation-date: 2017-08-11T17:45:57Z; created: 2017-08-11T17:45:57Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; Creation-Date: 2017-08-11T17:45:57Z; pdf:charsPerPage: 1798; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; pdf:docinfo:created: 2017-08-11T17:45:57Z | Conteúdo => S3C3T1 Fl. 2 1 1 S3C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10830.900268/201357 Recurso nº 1 Voluntário Acórdão nº 3301003.693 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 27 de junho de 2017 Matéria Restituição. Ausência de certeza e liquidez do crédito pleiteado. Recorrente FUNDAÇÃO DE DESENVOLVIMENTO DA UNICAMP FUNCAMP Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 13/09/2012 RESTITUIÇÃO. IMUNIDADE. AUSÊNCIA DE CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO PLEITEADO. Para fins de concessão de pedido de restituição e/ou compensação de indébito fiscal, é imprescindível que o crédito tributário pleiteado esteja munido de certeza e liquidez. No presente caso, não logrou o contribuinte comprovar que faria jus à imunidade alegada, em razão da ausência da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS), requisito este essencial ao gozo da imunidade, nos termos do que determina o art. 29 da Lei 12.101/2009. Recurso Voluntário negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d´Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antônio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas. Relatório Tratase de manifestação de inconformidade contra Despacho Decisório eletrônico que indeferiu Pedido de Restituição Eletrônico PER referente a alegado crédito de AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 90 02 68 /2 01 3- 57 Fl. 170DF CARF MF Processo nº 10830.900268/201357 Acórdão n.º 3301003.693 S3C3T1 Fl. 3 2 pagamento indevido ou a maior efetuado por meio do DARF, código de receita 8301 (PIS – Folha de Pagamento). Segundo o Despacho Decisório, o DARF informado no PER foi integralmente utilizado na quitação do respectivo débito, não restando crédito disponível para restituição. Em sua manifestação de inconformidade a interessada argumentou, em resumo, que o pagamento indevido decorre de sua condição de imune às contribuições sociais, nos termos dos art. 150, inciso VI, alínea “c”, art. 195, § 7º, c/c art. 205, art. 6º, art. 203, inciso III, art. 145, § 1º, art. 146, II, todos da Constituição Federal, e do art. 14 do CTN. Discorre sobre sua condição de imune. Requer que seja declarada como Entidade Beneficente de Assistência Social. Ao analisar o caso, a DRJ em Juiz de Fora (MG), entendeu por julgar improcedente a manifestação de inconformidade, nos termos do Acórdão 09051.727, com base primordialmente nos seguintes fundamentos: (i) a imunidade das contribuições sociais está sujeita às exigências estabelecidas pela Lei 12.101/2009; (ii) a Recorrente não possui CEBAS (Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social); (iii) o PIS não está abrangido pela imunidade estabelecida no art. 195, § 7º da Constituição Federal; e (iv) a Recorrente está sujeita ao PIS sobre a Folha de Salários e não sobre o Faturamento. Intimado da decisão e insatisfeito com o seu conteúdo, o contribuinte interpôs, tempestivamente, Recurso Voluntário através do qual alegou, resumidamente: (i) que o STF já teria pacificado seu entendimento quanto à submissão do PIS à imunidade tributária das contribuições previdenciárias fixada pelo art. 195, parágrafo 7º da Constituição Federal, conforme acórdão proferido no RE 636.941/RS, que teve repercussão geral reconhecida; (ii) que a Recorrente atende a todos os requisitos da Lei 12.101/2009 para fins de usufruto da imunidade, conforme comprovado no pedido de emissão do CEBAS protocolizado (trata sobre cada um dos requisitos); (iii) que a emissão do CEBAS é um ato administrativo vinculado, constituindo obrigação legal uma vez constatado o atendimento dos requisitos legais para gozo da imunidade; (iv) que a emissão do CEBAS tem caráter declaratório, sendolhe conferidos efeitos retroativos. Requer, ao final, que seja dado provimento ao seu recurso, para fins de deferir o pedido de restituição, por se tratar de instituição imune às contribuições previdenciárias. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301003.674, de 27 de junho de 2017, proferido no julgamento do processo 10830.900254/201333, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301003.674): Fl. 171DF CARF MF Processo nº 10830.900268/201357 Acórdão n.º 3301003.693 S3C3T1 Fl. 4 3 "O Recurso Voluntário é tempestivo e reúne os demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Consoante acima narrado, tratase de Pedido de Restituição Eletrônico PER nº 23871.62072.130912.1.2.040241 referente a alegado crédito de pagamento indevido ou a maior da contribuição previdenciária sobre a folha de salários a cargo do empregador, efetuado por meio do DARF no valor original de R$ 42.011,75. Como é cediço, para fins de concessão de pedido de restituição e/ou compensação de indébito fiscal, é imprescindível que o crédito tributário pleiteado esteja munido de certeza e liquidez, cuja comprovação deve ser efetuada pelo contribuinte. No caso concreto ora analisado, portanto, há de se verificar se o crédito tributário alegado pelo contribuinte encontrase revestido de tais características, sem as quais o pleito não pode ser deferido. Alega o contribuinte que o seu pleito decorre do seu direito seria líquido e certo ao gozo da imunidade. A DRJ, por seu turno, entendeu de forma diversa, conforme se extrai da passagem do voto a seguir transcrita: A imunidade relativa às pessoas jurídicas que prestam assistência social está prevista nos seguintes dispositivos constitucionais: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: [...] VI instituir impostos sobre:(Vide Emenda Constitucional nº 3, de 1993) a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; b) templos de qualquer culto; c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. [...] Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: [...] § 7º São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei. A imunidade prevista no artigo 150 acima transcrito é especifica para impostos não abrangendo às contribuições sociais. Portanto, não alcança o PIS/PASEP –Folha de Salários. A imunidade prevista no artigo 195, § 7º, é específica para contribuições para seguridade social e depende da caracterização da entidade como beneficente Fl. 172DF CARF MF Processo nº 10830.900268/201357 Acórdão n.º 3301003.693 S3C3T1 Fl. 5 4 de assistência social que atenda às exigências estabelecidas em lei, entre elas a certificação de que trata a Lei 12.101/2009, conforme dispositivos transcritos a seguir: Art. 1o A certificação das entidades beneficentes de assistência social e a isenção de contribuições para a seguridade social serão concedidas às pessoas III do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, quanto às entidades de assistência social. (...) Art. 29. A entidade beneficente certificada na forma do Capítulo II fará jus à isenção do pagamento das contribuições de que tratam os arts. 22 e 23 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, desde que atenda, cumulativamente, aos seguintes requisitos (grifo não original) Com base nos atos acima transcritos, que vinculam este colegiado de 1ª instância administrativa, a contribuinte, por não ser detentora do certificado de entidade beneficente de assistência social, não faz jus à imunidade prevista no artigo 195, § 7º, da CF/88, por descumprir exigência contida em lei. Com lastro no artigo 21 supra, não compete à RFB decidir sobre a concessão de certificados de entidade beneficente de assistência social, não tendo força vinculante as decisões judiciais e o posicionamento da doutrina mencionados pela defesa. De modo que, o pedido, para que seja declarada como Entidade Beneficente da Assistência Social, com força substitutiva do registro e da certificação de que trata o art. 21 da Lei nº 12.101/2009, não pode ser atendido no âmbito desse colegiado. A contribuinte impetrou o mandado de segurança nº 2007.61.05.0129681, junto à 2ª Vara Federal de Campinas, que atualmente tramita no TRF 3º Região, com sentença proferida reconhecendo o direito à imunidade prevista no art. 195, 7º, da CF/88, no tocante à Cofins, desde que cumpridos os requisitos do art. 14 do CTN e os deveres instrumentais acessórios estabelecidos pela legislação fiscal. Portanto, mantida a exigência do certificado de entidade beneficente de assistência social para gozo da imunidade prevista no artigo 195, 7º, da CF/88. Concordo com a conclusão a que chegou a DRJ no trecho acima, por entender que não restou comprovada a certeza e liquidez do crédito pleiteado pelo contribuinte. Embora a Recorrente tenha protocolizado pedido de emissão do CEBAS (Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social) desde 18/12/2013, é certo que este pedido ainda não foi deferido, encontrandose atualmente na situação de "encaminhado". E sendo esta emissão um requisito essencial ao gozo da imunidade pleiteada, nos termos do que determina a Lei nº 12.101/2009, não há como se entender que o crédito tributário objeto da presente demanda seja líquido e certo. Notese que o art. 29 da referida lei dispõe que fará jus à isenção a entidade beneficente certificada. Ademais, como bem destacou a DRJ em sua decisão, a análise quanto ao atendimento dos requisitos dispostos na Lei n. 12.101/2009 e a consequente concessão do Fl. 173DF CARF MF Processo nº 10830.900268/201357 Acórdão n.º 3301003.693 S3C3T1 Fl. 6 5 CEBAS não é de competência da Receita Federal do Brasil, ou mesmo deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Nesse contexto, ainda que o ato administrativo de concessão do CEBAS seja plenamente vinculado, e que os seus efeitos sejam declaratórios, conferindolhe aplicação retroativa, tais fatores não afastam a necessidade de que haja a análise quanto a tal pleito por parte da autoridade competente. Sendo assim, não há como se deferir o pleito do contribuinte de restituição apresentado, por faltarlhe certeza e liquidez. De outro norte, importante ainda que se analise o segundo fundamento da decisão recorrida, que assim dispôs: Ainda que a contribuinte fosse detentora de tal certificado, o entendimento da administração tributária é que o PIS/PASEP não está abrangido pelo artigo 195 da Carta Magna, sendo devido o seu recolhimento na forma da lei. No caso vertente, o crédito pretendido decorre de pagamento de PIS/PASEP – Folha de Salários. Cabe, então, observar o disposto no art. 13 da Medida Provisória nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001: Art. 13. A contribuição para o PIS/PASEP será determinada com base na folha de salários, à alíquota de um por cento, pelas seguintes entidades: I templos de qualquer culto; II partidos políticos; III instituições de educação e de assistência social a que se refere o art. 12 da Lei no 9.532, de 10 de dezembro de 1997; IV instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, científico e as associações, a que se refere o art. 15 da Lei no 9.532, de 1997; V sindicatos, federações e confederações; VI serviços sociais autônomos, criados ou autorizados por lei; VII conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas; jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, reconhecidas como entidades beneficentes de assistência social com a finalidade de prestação de serviços nas áreas de assistência social, saúde ou educação, e que atendam ao disposto nesta Lei. (...) Art. 21. A análise e decisão dos requerimentos de concessão ou de renovação dos certificados das entidades beneficentes de assistência social serão apreciadas no âmbito dos seguintes Ministérios: I da Saúde, quanto às entidades da área de saúde; II da Educação, quanto às entidades educacionais; e VIII fundações de direito privado e fundações públicas instituídas ou mantidas pelo Poder Público; IX condomínios de proprietários de imóveis residenciais ou comerciais; e Fl. 174DF CARF MF Processo nº 10830.900268/201357 Acórdão n.º 3301003.693 S3C3T1 Fl. 7 6 X a Organização das Cooperativas Brasileiras OCB e as Organizações Estaduais de Cooperativas previstas no art. 105 e seu § 1o da Lei no 5.764, de 16 de dezembro de 1971. [...].” [Grifei]. Por sua vez, os mencionados arts. 12 e 15 da Lei nº 9.532, de 1997, assim dispõem1: Art. 12. Para efeito do disposto no art. 150, inciso VI, alínea "c", da Constituição, considerase imune a instituição de educação ou de assistência social que preste os serviços para os quais houver sido instituída e os coloque à disposição da população em geral, em caráter complementar às atividades do Estado, sem fins lucrativos. (Vide artigos 1º e 2º da Mpv 2.18949, de 2001) (Vide Medida Provisória nº 215835, de 2001) § 1º Não estão abrangidos pela imunidade os rendimentos e ganhos de capital auferidos em aplicações financeiras de renda fixa ou de renda variável. § 2º Para o gozo da imunidade, as instituições a que se refere este artigo, estão obrigadas a atender aos seguintes requisitos: [...] Art. 15. Consideramse isentas as instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural e científico e as associações civis que prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem fins lucrativos. (Vide Medida Provisória nº 215835, de 2001) § 1º A isenção a que se refere este artigo aplicase, exclusivamente, em relação ao imposto de renda da pessoa jurídica e à contribuição social sobre o lucro líquido, observado o disposto no parágrafo subseqüente. [...] § 3º Às instituições isentas aplicamse as disposições do art. 12, § 2°, alíneas "a" a "e" e § 3° e dos arts. 13 e 14. Nesse sentido, o Decreto nº 4.527, de 17 de dezembro de 2002, ao regulamentar a Contribuição para o PIS/Pasep e a Cofins, devidas pelas pessoas jurídicas de direito privado em geral, assim dispõe: Art. 9º São contribuintes do PIS/Pasep incidente sobre a folha de salários as seguintes entidades (Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, art. 13): [...] III instituições de educação e de assistência social que preencham as condições e requisitos do art. 12 da Lei nº 9.532, de 1997; IV instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, científico e as associações, que preencham as condições e requisitos do art. 15 da Lei nº 9.532, de 1997; [...] Fl. 175DF CARF MF Processo nº 10830.900268/201357 Acórdão n.º 3301003.693 S3C3T1 Fl. 8 7 Art. 46. As entidades relacionadas no art. 9º deste Decreto (Constituição Federal, art. 195, § 7º , e Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, art. 13, art. 14, inciso X, e art. 17): I não contribuem para o PIS/Pasep incidente sobre o faturamento; e [...] Art. 50. A base de cálculo do PIS/Pasep incidente sobre a folha de salários mensal, das entidades relacionadas no art. 9º, corresponde à remuneração paga, devida ou creditada a empregados. [...].” [Grifei]. Portanto, considerando as normas legais supracitadas e que a contribuinte se declara imune em razão da atividade por ela exercida (atividades de apoio à educação – exceto caixas escolares), não há incidência da contribuição para o PIS/Pasep sobre o faturamento. Entretanto, é devida a contribuição para o PIS/Pasep calculada sobre a folha de salários, conforme definido no art. 13 da MP nº 2.15835, de 2001, independentemente de sua imunidade decorrer do disposto no artigo 150 ou 195 da CF/88. Assim, diante da ausência de certeza do crédito pleiteado, voto por considerar improcedente a manifestação de inconformidade, ratificando o Despacho Decisório que indeferiu a restituição pretendida. Sobre este ponto, o contribuinte alegou em seu recurso voluntário que o STF já pacificou seu entendimento quanto à submissão do PIS à imunidade tributária das contribuições previdenciárias fixada pelo art. 195, parágrafo 7º da Constituição Federal, conforme acórdão proferido no RE 636.941/RS, publicado em 04/04/2014, que teve repercussão geral reconhecida. Da análise do referido julgado, extraise que o STF chegou à seguinte conclusão: A pessoa jurídica para fazer jus à imunidade do art. 195, § 7º, CF/88, com relação às contribuições sociais, deve atender aos requisitos previstos nos artigos 9º e 14, do CTN, bem como no art. 55, da Lei nº 8.212/91, alterada pelas Lei nº 9.732/98 e Lei nº 12.101/2009, nos pontos onde não tiveram sua vigência suspensa liminarmente pelo STF nos autos da ADIN 2.2085. As entidades beneficentes de assistência social, como consequência, não se submetem ao regime tributário disposto no art. 2º, II, da Lei nº 9.715/98, e no art. 13, IV, da MP nº 2.15835/2001, aplicáveis somente àquelas outras entidades (instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural e científico e as associações civis que prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem fins lucrativos) que não preencherem os requisitos do art. 55, da Lei nº 8.212/91, ou da legislação superveniente sobre a matéria, posto não abarcadas pela imunidade constitucional. A inaplicabilidade do art. 2º, II, da Lei nº 9.715/98, e do art. 13, IV, da MP º 2.15835/2001, às entidades que preenchem os requisitos do art. 55 da Lei nº 8.212/91, e legislação superveniente, não decorre do vício da inconstitucionalidade desses dispositivos legais, mas da imunidade em relação à contribuição ao PIS como técnica de interpretação conforme à Constituição. Fl. 176DF CARF MF Processo nº 10830.900268/201357 Acórdão n.º 3301003.693 S3C3T1 Fl. 9 8 Ou seja, o STF concluiu que as entidades beneficentes de assistência social não se submetem ao regime tributário disposto no art. 13, IV da MP n. 2.15835/2001, por fazerem jus à imunidade do art. 150, § 7º, da CF/88. E como restou conferida à tese ali assentada repercussão geral e eficácia erga omnes e ex tunc, tal entendimento deverá ser observado por este Conselho, por força do que dispõe o Regimento Interno deste Conselho, in verbis: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal; (Redação dada pela Portaria MF nº 39, de 2016) II que fundamente crédito tributário objeto de: a) Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal, nos termos do art. 103A da Constituição Federal; b) Decisão do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos do art. 543B ou 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), na forma disciplinada pela Administração Tributária; b) Decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária; (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) (...). § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverãoser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) Com base no entendimento do STF expresso no RE 636.941/RS, há de se reconhecer, portanto, a insubsistência da conclusão constante da decisão recorrida no sentido de seria "devida a contribuição para o PIS/Pasep calculada sobre a folha de salários, conforme definido no art. 13 da MP nº 2.15835, de 2001, independentemente de sua imunidade decorrer do disposto no artigo 150 ou 195 da CF/88". Contudo, para que se possa concluir pela aplicação do julgado do STF ao caso vertente, seria necessário verificar se a Recorrente se enquadra como entidade beneficente de assistência social e se atende os requisitos legais dispostos na legislação pertinente. Ocorre que, consoante anteriormente apontado, o pedido de concessão da CEBAS (Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social), um dos requisitos para o gozo da imunidade, ainda não foi deferido pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário, a Fl. 177DF CARF MF Processo nº 10830.900268/201357 Acórdão n.º 3301003.693 S3C3T1 Fl. 10 9 quem compete analisar o atendimento dos requisitos dispostos na legislação pertinente (art. 14 do CTN, art. 55, da Lei nº 8.212/91, alterada pelas Lei nº 9.732/98, e Lei nº 12.101/2009). É válido destacar, inclusive, que o STF, ao julgar o RE 636.941/RS tratou expressamente desta certificação, concluindo que "a definição dos limites objetivos ou materiais, bem como dos aspectos subjetivos ou formais, atende aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade". É o que se infere da passagem a seguir transcrita, extraída do voto do Ministro Luiz Fux, relator do mencionado RE: Pela análise da legislação, percebese que se tem consagrado requisitos específicos mais rígidos para o reconhecimento da imunidade das entidades de assistência social (art. 195, § 7º, CF/88), se comparados com os critérios para a fruição da imunidade dos impostos (art. 150, VI, c, CF/88). Ilustrativamente, menciono aqueles exigidos para a emissão do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social – CEBAS, veiculados originariamente pelo art. 55 da Lei nº 8.212/91, ora regulados pela Lei nº 12. 101/2009. A definição dos limites objetivos ou materiais, bem como dos aspectos subjetivos ou formais, atende aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade, não implicando significativa restrição do alcance do dispositivo interpretado, qual seja, o conceito de imunidade, e de redução das garantias dos contribuintes. Com efeito, a jurisprudência da Suprema Corte indicia a possibilidade de lei ordinária regulamentar os requisitos e normas sobre a constituição e o funcionamento das entidades de educação ou assistência (aspectos subjetivos ou formais). Diante do acima exposto, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte, mantendo o indeferimento do pedido de restituição, conforme fundamentos acima expostos, em razão da não comprovação da certeza e liquidez do crédito pleiteado." Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo não logrou o contribuinte comprovar que faria jus à imunidade alegada, em razão da ausência da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS), requisito este essencial ao gozo da imunidade, nos termos do que determina o art. 29 da Lei 12.101/2009. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário, mantendo o indeferimento do pedido de restituição, conforme fundamentos acima expostos, em razão da não comprovação da certeza e liquidez do crédito pleiteado. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Fl. 178DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10830.900273/2013-60
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Aug 15 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 14/09/2012
RESTITUIÇÃO. IMUNIDADE. AUSÊNCIA DE CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO PLEITEADO.
Para fins de concessão de pedido de restituição e/ou compensação de indébito fiscal, é imprescindível que o crédito tributário pleiteado esteja munido de certeza e liquidez. No presente caso, não logrou o contribuinte comprovar que faria jus à imunidade alegada, em razão da ausência da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS), requisito este essencial ao gozo da imunidade, nos termos do que determina o art. 29 da Lei 12.101/2009.
Recurso Voluntário negado.
Numero da decisão: 3301-003.697
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d´Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antônio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS
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decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d´Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antônio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas.
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Ausência de certeza e liquidez do crédito pleiteado. Recorrente FUNDAÇÃO DE DESENVOLVIMENTO DA UNICAMP FUNCAMP Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 14/09/2012 RESTITUIÇÃO. IMUNIDADE. AUSÊNCIA DE CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO PLEITEADO. Para fins de concessão de pedido de restituição e/ou compensação de indébito fiscal, é imprescindível que o crédito tributário pleiteado esteja munido de certeza e liquidez. No presente caso, não logrou o contribuinte comprovar que faria jus à imunidade alegada, em razão da ausência da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS), requisito este essencial ao gozo da imunidade, nos termos do que determina o art. 29 da Lei 12.101/2009. Recurso Voluntário negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d´Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antônio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas. Relatório Tratase de manifestação de inconformidade contra Despacho Decisório eletrônico que indeferiu Pedido de Restituição Eletrônico PER referente a alegado crédito de AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 90 02 73 /2 01 3- 60 Fl. 197DF CARF MF Processo nº 10830.900273/201360 Acórdão n.º 3301003.697 S3C3T1 Fl. 3 2 pagamento indevido ou a maior efetuado por meio do DARF, código de receita 8301 (PIS – Folha de Pagamento). Segundo o Despacho Decisório, o DARF informado no PER foi integralmente utilizado na quitação do respectivo débito, não restando crédito disponível para restituição. Em sua manifestação de inconformidade a interessada argumentou, em resumo, que o pagamento indevido decorre de sua condição de imune às contribuições sociais, nos termos dos art. 150, inciso VI, alínea “c”, art. 195, § 7º, c/c art. 205, art. 6º, art. 203, inciso III, art. 145, § 1º, art. 146, II, todos da Constituição Federal, e do art. 14 do CTN. Discorre sobre sua condição de imune. Requer que seja declarada como Entidade Beneficente de Assistência Social. Ao analisar o caso, a DRJ em Juiz de Fora (MG), entendeu por julgar improcedente a manifestação de inconformidade, nos termos do Acórdão 09051.731, com base primordialmente nos seguintes fundamentos: (i) a imunidade das contribuições sociais está sujeita às exigências estabelecidas pela Lei 12.101/2009; (ii) a Recorrente não possui CEBAS (Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social); (iii) o PIS não está abrangido pela imunidade estabelecida no art. 195, § 7º da Constituição Federal; e (iv) a Recorrente está sujeita ao PIS sobre a Folha de Salários e não sobre o Faturamento. Intimado da decisão e insatisfeito com o seu conteúdo, o contribuinte interpôs, tempestivamente, Recurso Voluntário através do qual alegou, resumidamente: (i) que o STF já teria pacificado seu entendimento quanto à submissão do PIS à imunidade tributária das contribuições previdenciárias fixada pelo art. 195, parágrafo 7º da Constituição Federal, conforme acórdão proferido no RE 636.941/RS, que teve repercussão geral reconhecida; (ii) que a Recorrente atende a todos os requisitos da Lei 12.101/2009 para fins de usufruto da imunidade, conforme comprovado no pedido de emissão do CEBAS protocolizado (trata sobre cada um dos requisitos); (iii) que a emissão do CEBAS é um ato administrativo vinculado, constituindo obrigação legal uma vez constatado o atendimento dos requisitos legais para gozo da imunidade; (iv) que a emissão do CEBAS tem caráter declaratório, sendolhe conferidos efeitos retroativos. Requer, ao final, que seja dado provimento ao seu recurso, para fins de deferir o pedido de restituição, por se tratar de instituição imune às contribuições previdenciárias. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301003.674, de 27 de junho de 2017, proferido no julgamento do processo 10830.900254/201333, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301003.674): Fl. 198DF CARF MF Processo nº 10830.900273/201360 Acórdão n.º 3301003.697 S3C3T1 Fl. 4 3 "O Recurso Voluntário é tempestivo e reúne os demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Consoante acima narrado, tratase de Pedido de Restituição Eletrônico PER nº 23871.62072.130912.1.2.040241 referente a alegado crédito de pagamento indevido ou a maior da contribuição previdenciária sobre a folha de salários a cargo do empregador, efetuado por meio do DARF no valor original de R$ 42.011,75. Como é cediço, para fins de concessão de pedido de restituição e/ou compensação de indébito fiscal, é imprescindível que o crédito tributário pleiteado esteja munido de certeza e liquidez, cuja comprovação deve ser efetuada pelo contribuinte. No caso concreto ora analisado, portanto, há de se verificar se o crédito tributário alegado pelo contribuinte encontrase revestido de tais características, sem as quais o pleito não pode ser deferido. Alega o contribuinte que o seu pleito decorre do seu direito seria líquido e certo ao gozo da imunidade. A DRJ, por seu turno, entendeu de forma diversa, conforme se extrai da passagem do voto a seguir transcrita: A imunidade relativa às pessoas jurídicas que prestam assistência social está prevista nos seguintes dispositivos constitucionais: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: [...] VI instituir impostos sobre:(Vide Emenda Constitucional nº 3, de 1993) a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; b) templos de qualquer culto; c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. [...] Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: [...] § 7º São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei. A imunidade prevista no artigo 150 acima transcrito é especifica para impostos não abrangendo às contribuições sociais. Portanto, não alcança o PIS/PASEP –Folha de Salários. A imunidade prevista no artigo 195, § 7º, é específica para contribuições para seguridade social e depende da caracterização da entidade como beneficente Fl. 199DF CARF MF Processo nº 10830.900273/201360 Acórdão n.º 3301003.697 S3C3T1 Fl. 5 4 de assistência social que atenda às exigências estabelecidas em lei, entre elas a certificação de que trata a Lei 12.101/2009, conforme dispositivos transcritos a seguir: Art. 1o A certificação das entidades beneficentes de assistência social e a isenção de contribuições para a seguridade social serão concedidas às pessoas III do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, quanto às entidades de assistência social. (...) Art. 29. A entidade beneficente certificada na forma do Capítulo II fará jus à isenção do pagamento das contribuições de que tratam os arts. 22 e 23 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, desde que atenda, cumulativamente, aos seguintes requisitos (grifo não original) Com base nos atos acima transcritos, que vinculam este colegiado de 1ª instância administrativa, a contribuinte, por não ser detentora do certificado de entidade beneficente de assistência social, não faz jus à imunidade prevista no artigo 195, § 7º, da CF/88, por descumprir exigência contida em lei. Com lastro no artigo 21 supra, não compete à RFB decidir sobre a concessão de certificados de entidade beneficente de assistência social, não tendo força vinculante as decisões judiciais e o posicionamento da doutrina mencionados pela defesa. De modo que, o pedido, para que seja declarada como Entidade Beneficente da Assistência Social, com força substitutiva do registro e da certificação de que trata o art. 21 da Lei nº 12.101/2009, não pode ser atendido no âmbito desse colegiado. A contribuinte impetrou o mandado de segurança nº 2007.61.05.0129681, junto à 2ª Vara Federal de Campinas, que atualmente tramita no TRF 3º Região, com sentença proferida reconhecendo o direito à imunidade prevista no art. 195, 7º, da CF/88, no tocante à Cofins, desde que cumpridos os requisitos do art. 14 do CTN e os deveres instrumentais acessórios estabelecidos pela legislação fiscal. Portanto, mantida a exigência do certificado de entidade beneficente de assistência social para gozo da imunidade prevista no artigo 195, 7º, da CF/88. Concordo com a conclusão a que chegou a DRJ no trecho acima, por entender que não restou comprovada a certeza e liquidez do crédito pleiteado pelo contribuinte. Embora a Recorrente tenha protocolizado pedido de emissão do CEBAS (Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social) desde 18/12/2013, é certo que este pedido ainda não foi deferido, encontrandose atualmente na situação de "encaminhado". E sendo esta emissão um requisito essencial ao gozo da imunidade pleiteada, nos termos do que determina a Lei nº 12.101/2009, não há como se entender que o crédito tributário objeto da presente demanda seja líquido e certo. Notese que o art. 29 da referida lei dispõe que fará jus à isenção a entidade beneficente certificada. Ademais, como bem destacou a DRJ em sua decisão, a análise quanto ao atendimento dos requisitos dispostos na Lei n. 12.101/2009 e a consequente concessão do Fl. 200DF CARF MF Processo nº 10830.900273/201360 Acórdão n.º 3301003.697 S3C3T1 Fl. 6 5 CEBAS não é de competência da Receita Federal do Brasil, ou mesmo deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Nesse contexto, ainda que o ato administrativo de concessão do CEBAS seja plenamente vinculado, e que os seus efeitos sejam declaratórios, conferindolhe aplicação retroativa, tais fatores não afastam a necessidade de que haja a análise quanto a tal pleito por parte da autoridade competente. Sendo assim, não há como se deferir o pleito do contribuinte de restituição apresentado, por faltarlhe certeza e liquidez. De outro norte, importante ainda que se analise o segundo fundamento da decisão recorrida, que assim dispôs: Ainda que a contribuinte fosse detentora de tal certificado, o entendimento da administração tributária é que o PIS/PASEP não está abrangido pelo artigo 195 da Carta Magna, sendo devido o seu recolhimento na forma da lei. No caso vertente, o crédito pretendido decorre de pagamento de PIS/PASEP – Folha de Salários. Cabe, então, observar o disposto no art. 13 da Medida Provisória nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001: Art. 13. A contribuição para o PIS/PASEP será determinada com base na folha de salários, à alíquota de um por cento, pelas seguintes entidades: I templos de qualquer culto; II partidos políticos; III instituições de educação e de assistência social a que se refere o art. 12 da Lei no 9.532, de 10 de dezembro de 1997; IV instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, científico e as associações, a que se refere o art. 15 da Lei no 9.532, de 1997; V sindicatos, federações e confederações; VI serviços sociais autônomos, criados ou autorizados por lei; VII conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas; jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, reconhecidas como entidades beneficentes de assistência social com a finalidade de prestação de serviços nas áreas de assistência social, saúde ou educação, e que atendam ao disposto nesta Lei. (...) Art. 21. A análise e decisão dos requerimentos de concessão ou de renovação dos certificados das entidades beneficentes de assistência social serão apreciadas no âmbito dos seguintes Ministérios: I da Saúde, quanto às entidades da área de saúde; II da Educação, quanto às entidades educacionais; e VIII fundações de direito privado e fundações públicas instituídas ou mantidas pelo Poder Público; IX condomínios de proprietários de imóveis residenciais ou comerciais; e Fl. 201DF CARF MF Processo nº 10830.900273/201360 Acórdão n.º 3301003.697 S3C3T1 Fl. 7 6 X a Organização das Cooperativas Brasileiras OCB e as Organizações Estaduais de Cooperativas previstas no art. 105 e seu § 1o da Lei no 5.764, de 16 de dezembro de 1971. [...].” [Grifei]. Por sua vez, os mencionados arts. 12 e 15 da Lei nº 9.532, de 1997, assim dispõem1: Art. 12. Para efeito do disposto no art. 150, inciso VI, alínea "c", da Constituição, considerase imune a instituição de educação ou de assistência social que preste os serviços para os quais houver sido instituída e os coloque à disposição da população em geral, em caráter complementar às atividades do Estado, sem fins lucrativos. (Vide artigos 1º e 2º da Mpv 2.18949, de 2001) (Vide Medida Provisória nº 215835, de 2001) § 1º Não estão abrangidos pela imunidade os rendimentos e ganhos de capital auferidos em aplicações financeiras de renda fixa ou de renda variável. § 2º Para o gozo da imunidade, as instituições a que se refere este artigo, estão obrigadas a atender aos seguintes requisitos: [...] Art. 15. Consideramse isentas as instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural e científico e as associações civis que prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem fins lucrativos. (Vide Medida Provisória nº 215835, de 2001) § 1º A isenção a que se refere este artigo aplicase, exclusivamente, em relação ao imposto de renda da pessoa jurídica e à contribuição social sobre o lucro líquido, observado o disposto no parágrafo subseqüente. [...] § 3º Às instituições isentas aplicamse as disposições do art. 12, § 2°, alíneas "a" a "e" e § 3° e dos arts. 13 e 14. Nesse sentido, o Decreto nº 4.527, de 17 de dezembro de 2002, ao regulamentar a Contribuição para o PIS/Pasep e a Cofins, devidas pelas pessoas jurídicas de direito privado em geral, assim dispõe: Art. 9º São contribuintes do PIS/Pasep incidente sobre a folha de salários as seguintes entidades (Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, art. 13): [...] III instituições de educação e de assistência social que preencham as condições e requisitos do art. 12 da Lei nº 9.532, de 1997; IV instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, científico e as associações, que preencham as condições e requisitos do art. 15 da Lei nº 9.532, de 1997; [...] Fl. 202DF CARF MF Processo nº 10830.900273/201360 Acórdão n.º 3301003.697 S3C3T1 Fl. 8 7 Art. 46. As entidades relacionadas no art. 9º deste Decreto (Constituição Federal, art. 195, § 7º , e Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, art. 13, art. 14, inciso X, e art. 17): I não contribuem para o PIS/Pasep incidente sobre o faturamento; e [...] Art. 50. A base de cálculo do PIS/Pasep incidente sobre a folha de salários mensal, das entidades relacionadas no art. 9º, corresponde à remuneração paga, devida ou creditada a empregados. [...].” [Grifei]. Portanto, considerando as normas legais supracitadas e que a contribuinte se declara imune em razão da atividade por ela exercida (atividades de apoio à educação – exceto caixas escolares), não há incidência da contribuição para o PIS/Pasep sobre o faturamento. Entretanto, é devida a contribuição para o PIS/Pasep calculada sobre a folha de salários, conforme definido no art. 13 da MP nº 2.15835, de 2001, independentemente de sua imunidade decorrer do disposto no artigo 150 ou 195 da CF/88. Assim, diante da ausência de certeza do crédito pleiteado, voto por considerar improcedente a manifestação de inconformidade, ratificando o Despacho Decisório que indeferiu a restituição pretendida. Sobre este ponto, o contribuinte alegou em seu recurso voluntário que o STF já pacificou seu entendimento quanto à submissão do PIS à imunidade tributária das contribuições previdenciárias fixada pelo art. 195, parágrafo 7º da Constituição Federal, conforme acórdão proferido no RE 636.941/RS, publicado em 04/04/2014, que teve repercussão geral reconhecida. Da análise do referido julgado, extraise que o STF chegou à seguinte conclusão: A pessoa jurídica para fazer jus à imunidade do art. 195, § 7º, CF/88, com relação às contribuições sociais, deve atender aos requisitos previstos nos artigos 9º e 14, do CTN, bem como no art. 55, da Lei nº 8.212/91, alterada pelas Lei nº 9.732/98 e Lei nº 12.101/2009, nos pontos onde não tiveram sua vigência suspensa liminarmente pelo STF nos autos da ADIN 2.2085. As entidades beneficentes de assistência social, como consequência, não se submetem ao regime tributário disposto no art. 2º, II, da Lei nº 9.715/98, e no art. 13, IV, da MP nº 2.15835/2001, aplicáveis somente àquelas outras entidades (instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural e científico e as associações civis que prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem fins lucrativos) que não preencherem os requisitos do art. 55, da Lei nº 8.212/91, ou da legislação superveniente sobre a matéria, posto não abarcadas pela imunidade constitucional. A inaplicabilidade do art. 2º, II, da Lei nº 9.715/98, e do art. 13, IV, da MP º 2.15835/2001, às entidades que preenchem os requisitos do art. 55 da Lei nº 8.212/91, e legislação superveniente, não decorre do vício da inconstitucionalidade desses dispositivos legais, mas da imunidade em relação à contribuição ao PIS como técnica de interpretação conforme à Constituição. Fl. 203DF CARF MF Processo nº 10830.900273/201360 Acórdão n.º 3301003.697 S3C3T1 Fl. 9 8 Ou seja, o STF concluiu que as entidades beneficentes de assistência social não se submetem ao regime tributário disposto no art. 13, IV da MP n. 2.15835/2001, por fazerem jus à imunidade do art. 150, § 7º, da CF/88. E como restou conferida à tese ali assentada repercussão geral e eficácia erga omnes e ex tunc, tal entendimento deverá ser observado por este Conselho, por força do que dispõe o Regimento Interno deste Conselho, in verbis: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal; (Redação dada pela Portaria MF nº 39, de 2016) II que fundamente crédito tributário objeto de: a) Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal, nos termos do art. 103A da Constituição Federal; b) Decisão do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos do art. 543B ou 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), na forma disciplinada pela Administração Tributária; b) Decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária; (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) (...). § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverãoser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) Com base no entendimento do STF expresso no RE 636.941/RS, há de se reconhecer, portanto, a insubsistência da conclusão constante da decisão recorrida no sentido de seria "devida a contribuição para o PIS/Pasep calculada sobre a folha de salários, conforme definido no art. 13 da MP nº 2.15835, de 2001, independentemente de sua imunidade decorrer do disposto no artigo 150 ou 195 da CF/88". Contudo, para que se possa concluir pela aplicação do julgado do STF ao caso vertente, seria necessário verificar se a Recorrente se enquadra como entidade beneficente de assistência social e se atende os requisitos legais dispostos na legislação pertinente. Ocorre que, consoante anteriormente apontado, o pedido de concessão da CEBAS (Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social), um dos requisitos para o gozo da imunidade, ainda não foi deferido pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário, a Fl. 204DF CARF MF Processo nº 10830.900273/201360 Acórdão n.º 3301003.697 S3C3T1 Fl. 10 9 quem compete analisar o atendimento dos requisitos dispostos na legislação pertinente (art. 14 do CTN, art. 55, da Lei nº 8.212/91, alterada pelas Lei nº 9.732/98, e Lei nº 12.101/2009). É válido destacar, inclusive, que o STF, ao julgar o RE 636.941/RS tratou expressamente desta certificação, concluindo que "a definição dos limites objetivos ou materiais, bem como dos aspectos subjetivos ou formais, atende aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade". É o que se infere da passagem a seguir transcrita, extraída do voto do Ministro Luiz Fux, relator do mencionado RE: Pela análise da legislação, percebese que se tem consagrado requisitos específicos mais rígidos para o reconhecimento da imunidade das entidades de assistência social (art. 195, § 7º, CF/88), se comparados com os critérios para a fruição da imunidade dos impostos (art. 150, VI, c, CF/88). Ilustrativamente, menciono aqueles exigidos para a emissão do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social – CEBAS, veiculados originariamente pelo art. 55 da Lei nº 8.212/91, ora regulados pela Lei nº 12. 101/2009. A definição dos limites objetivos ou materiais, bem como dos aspectos subjetivos ou formais, atende aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade, não implicando significativa restrição do alcance do dispositivo interpretado, qual seja, o conceito de imunidade, e de redução das garantias dos contribuintes. Com efeito, a jurisprudência da Suprema Corte indicia a possibilidade de lei ordinária regulamentar os requisitos e normas sobre a constituição e o funcionamento das entidades de educação ou assistência (aspectos subjetivos ou formais). Diante do acima exposto, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte, mantendo o indeferimento do pedido de restituição, conforme fundamentos acima expostos, em razão da não comprovação da certeza e liquidez do crédito pleiteado." Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo não logrou o contribuinte comprovar que faria jus à imunidade alegada, em razão da ausência da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS), requisito este essencial ao gozo da imunidade, nos termos do que determina o art. 29 da Lei 12.101/2009. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário, mantendo o indeferimento do pedido de restituição, conforme fundamentos acima expostos, em razão da não comprovação da certeza e liquidez do crédito pleiteado. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Fl. 205DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13116.901628/2012-11
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 28 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Aug 14 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Data do fato gerador: 31/12/2006
PROUNI. ISENÇÃO FISCAL. INSTITUIÇÃO DE EDUCAÇÃO. TERMO DE ADESÃO. ALCANCE.
A isenção prevista no art. 8º da Lei nº 11.096/2005 é comprovada com o Termo de Adesão da instituição ao ProUni - Programa Universidade para Todos. Quanto às contribuições, alcança tão somente o PIS e a COFINS sobre receitas, excluído o PIS sobre a folha de salário.
COMPENSAÇÃO. LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA. INSUFICIÊNCIA.
O reconhecimento de direito creditório contra a Fazenda Nacional exige a averiguação da liquidez e certeza do suposto pagamento indevido ou a maior de tributo, fazendo-se necessário verificar a exatidão das informações a ele referentes. In casu, a recorrente não logrou êxito em se desincumbir do ônus de provar seu direito líquido e certo.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3201-002.977
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Winderley Morais Pereira, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Orlando Rutigliani Berri (Suplente convocado), Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Renato Vieira de Ávila (Suplente convocado).
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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ISENÇÃO FISCAL. INSTITUIÇÃO DE EDUCAÇÃO. TERMO DE ADESÃO. ALCANCE. A isenção prevista no art. 8º da Lei nº 11.096/2005 é comprovada com o Termo de Adesão da instituição ao ProUni Programa Universidade para Todos. Quanto às contribuições, alcança tão somente o PIS e a COFINS sobre receitas, excluído o PIS sobre a folha de salário. COMPENSAÇÃO. LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA. INSUFICIÊNCIA. O reconhecimento de direito creditório contra a Fazenda Nacional exige a averiguação da liquidez e certeza do suposto pagamento indevido ou a maior de tributo, fazendose necessário verificar a exatidão das informações a ele referentes. In casu, a recorrente não logrou êxito em se desincumbir do ônus de provar seu direito líquido e certo. Recurso Voluntário Negado Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Winderley Morais Pereira, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Orlando Rutigliani Berri (Suplente convocado), Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Renato Vieira de Ávila (Suplente convocado). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 11 6. 90 16 28 /2 01 2- 11 Fl. 80DF CARF MF Processo nº 13116.901628/201211 Acórdão n.º 3201002.977 S3C2T1 Fl. 3 2 Relatório UNIÃO BRASILIENSE DE EDUCAÇÃO E CULTURA transmitiu PER/DCOMP alegando indébito da contribuição para o PIS. A repartição de origem emitiu Despacho Decisório Eletrônico indeferindo o Pedido de Restituição, em virtude de o pagamento informado ter sido integralmente utilizado para quitação de débitos declarados pelo contribuinte, não restando crédito disponível para a restituição pleiteada. Em Manifestação de Inconformidade, o declarante informou que o direito creditório tinha por fundamento a isenção da contribuição para o PIS decorrente da adesão ao Programa Universidade para Todos ProUni, nos termos da Solução de Consulta nº 86 – SRRF/1ª RF/Disit, de 2 de junho de 2009, em que se reafirmou o direito à isenção durante o período de vigência do Termo de Adesão (art. 5º da Medida Provisória nº 213/2004). Nos termos do Acórdão nº 14053.609, a Manifestação de Inconformidade foi julgada improcedente, tendo a DRJ fundamentado sua decisão no fato de inexistir comprovação, por meio de documentação contábil e fiscal, do direito creditório pleiteado e por não ter havido a comprovação da adesão da instituição ao ProUni, nos termos do art. 8º da Lei nº 11.096/2005. Em seu recurso voluntário, a Recorrente repisa suas razões de defesa, destacando a existência a seu favor de solução de consulta da Receita Federal assegurando o direito à isenção, o que, segundo ela, tornava "legalmente desnecessária" a exigência de comprovação de sua adesão ao programa. Argumenta, ainda, que, nos casos da espécie, é "faticamente impossível" a apresentação de documentos, por se tratar o pedido de restituição de procedimento eletrônico. Na sequência, sustenta a absoluta desnecessidade dos elementos de prova exigidos pela Delegacia de Julgamento, quais sejam, folhas de salário e contabilidade, por se tratar de questão aperfeiçoada e superada ante a homologação da base de cálculo da contribuição por parte da Fiscalização, tendo em vista que constou do despacho decisório que o valor declarado encontravase exato e perfeito. Supletivamente, pugna, caso o CARF entenda necessário, pela realização de diligência junto à repartição de origem, para que a autoridade administrativa oficie o Ministério da Educação com vistas a elucidar os termos no quais se manteve a sua adesão ao ProUni no período sob comento. É o relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator Fl. 81DF CARF MF Processo nº 13116.901628/201211 Acórdão n.º 3201002.977 S3C2T1 Fl. 4 3 O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 9 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3201002.885, de 28/06/2017, proferido no julgamento do processo nº 13116.900001/201412, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3201002.885): O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos requisitos de admissibilidade devendo, portanto, ser conhecido. O dispositivo legal que trata da isenção de impostos e contribuições às instituições de ensino que aderirem ao Prouni é o art. 8º da Lei nº 11.096/2005, reproduzido no que se aplica ao caso (grifei): Art. 8o A instituição que aderir ao ProUni ficará isenta dos seguintes impostos e contribuições no período de vigência do termo de adesão: (Vide Lei nº 11.128, de 2005) (...) III Contribuição Social para Financiamento da Seguridade Social, instituída pela Lei Complementar n° 70, de 30 de dezembro de 1991; e IV Contribuição para o Programa de Integração Social, instituída pela Lei Complementar n° 7, de 7 de setembro de 1970. § 1° A isenção de que trata o caput deste artigo recairá sobre o lucro nas hipóteses dos incisos I e II do caput deste artigo, e sobre a receita auferida, nas hipóteses dos incisos III e IV do caput deste artigo, decorrentes da realização de atividades de ensino superior, proveniente de cursos de graduação ou cursos seqüenciais de formação específica. § 2° A Secretaria da Receita Federal do Ministério da Fazenda disciplinará o disposto neste artigo no prazo de 30 (trinta) dias. § 3° A isenção de que trata este artigo será calculada na proporção da ocupação efetiva das bolsas devidas. (Incluído pela Lei nº 12.431, de 2011). A Lei foi regulamentada pelo Decreto nº 5.493, de 18/07/2005, com os dispositivos que se aplicam ao caso transcritos (grifei): Art. 1o O Programa Universidade para Todos PROUNI, de que trata a Lei no 11.096, de 13 de janeiro de 2005, destinase à concessão de bolsas de estudo integrais e bolsas de estudo parciais de cinqüenta por cento ou de vinte e cinco por cento, para estudantes de cursos de graduação ou seqüenciais de formação específica, em instituições privadas de ensino superior, com ou sem fins lucrativos, que tenham aderido ao PROUNI nos termos da legislação aplicável e do disposto neste Decreto. Parágrafo único. O termo de adesão não poderá abranger, para fins de gozo de benefícios fiscais, cursos que exijam formação prévia em nível superior como requisito para a matrícula. Art. 2o O PROUNI será implementado por intermédio da Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação. Fl. 82DF CARF MF Processo nº 13116.901628/201211 Acórdão n.º 3201002.977 S3C2T1 Fl. 5 4 § 1o A instituição de ensino superior interessada em aderir ao PROUNI firmará, em ato de sua mantenedora, termo de adesão junto ao Ministério da Educação. (...) Art. 12. Havendo indícios de descumprimento das obrigações assumidas no termo de adesão, será instaurado procedimento administrativo para aferir a responsabilidade da instituição de ensino superior envolvida, aplicandose, se for o caso, as penalidades previstas. (...) A Secretaria da Receita Federal em cumprimento ao disposto no § 2º do art. 8º acima, editou a Instrução Normativa SRF nº 456/2004, posteriormente revogada pela IN RFB nº 1.394/2013, que dispunha, no que se aplica ao caso (grifei): Art. 1º A instituição privada de ensino superior, com fins lucrativos ou sem fins lucrativos não beneficente, que aderir ao Programa Universidade para Todos (ProUni) nos termos dos arts. 5º da Medida Provisória nº 213, de 2004, ficará isenta, no período de vigência do termo de adesão, das seguintes contribuições e imposto: I Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins); II Contribuição para o PIS/Pasep; (...) § 1º A isenção de que trata o caput recairá sobre o lucro na hipótese dos incisos III e IV, e sobre o valor da receita auferida na hipótese dos incisos I e II, decorrentes da realização de atividades de ensino superior, proveniente de cursos de graduação ou cursos seqüenciais de formação específica. § 2º Para fins do disposto nos incisos III e IV do caput a instituição de ensino deverá apurar o lucro da exploração referente às atividades sobre as quais recaia a isenção, observado o disposto no art. 2º e na legislação do imposto de renda. (...) Art. 3º Para usufruir da isenção, a instituição de ensino deverá demonstrar em sua contabilidade, com clareza e exatidão, os elementos que compõem as receitas, custos, despesas e resultados do período de apuração, referentes às atividades sobre as quais recaia a isenção segregados das demais atividades. (...) O termo de adesão foi previsto no art. 5º da Lei nº 11.096/2005, in verbis (grifei): Art. 5o A instituição privada de ensino superior, com fins lucrativos ou sem fins lucrativos não beneficente, poderá aderir ao Prouni mediante assinatura de termo de adesão, cumprindolhe (...) § 1o O termo de adesão terá prazo de vigência de 10 (dez) anos, contado da data de sua assinatura, renovável por iguais períodos e observado o disposto nesta Lei. Fl. 83DF CARF MF Processo nº 13116.901628/201211 Acórdão n.º 3201002.977 S3C2T1 Fl. 6 5 (...) Art. 7o As obrigações a serem cumpridas pela instituição de ensino superior serão previstas no termo de adesão ao Prouni, no qual deverão constar as seguintes cláusulas necessárias: (...) Art. 9o O descumprimento das obrigações assumidas no termo de adesão sujeita a instituição às seguintes penalidades: (...) Art. 16. O processo de deferimento do termo de adesão pelo Ministério da Educação, nos termos do art. 5o desta Lei, será instruído com a estimativa da renúncia fiscal, no exercício de deferimento e nos 2 (dois) subseqüentes, a serusufruída pela respectiva instituição, na forma do art. 9o desta Lei, bem como o demonstrativo da compensação da referida renúncia, do crescimento da arrecadação de impostos e contribuições federais no mesmo segmento econômico ou da prévia redução de despesas de caráter continuado A recorrente alega a desnecessidade de apresentação de qualquer documento que comprove sua regular adesão ao Prouni sob o fundamento de que o documento é totalmente eletrônico e a própria Lei nº 11.096/2005 em seu art. 11, § 1º, remete a competência para tais verificações e exigências ao Ministério da Educação. Não é o que se extrai da leitura dos dispositivos acima. O termo de adesão é documento a ser firmado no qual se inserem requisitos de participação no referido Programa. Os diversos dispositivos transcritos (Lei, Decreto e Instrução Normativa) apontam para vários elementos a serem inseridos no Termo que permitiram não somente a adesão da instituição de ensino, mas o controle de sua permanência, enquanto regular e vigente, a aplicação de penalidade, e, principalmente ao que interessa ao presente litígio, a isenção de contribuições. Dessa forma, a exibição do documento "Termo de Adesão" é essencial ao gozo do benefício fiscal de isenção das contribuições para o PIS/Pasep e Cofins Ao contrário do que alega a recorrente, o termo de Adesão, ainda que eletrônico, prevê o ato de sua assinatura, para que se dê a devida validade e autenticidade. Realmente é emitido no âmbito do Ministério da Educação, o que demonstra não estar nos sistemas internos (informatizados) da Secretaria da Receita Federal; e, se de fato materializado apenas em formato eletrônico em razão de sua essencialidade, é de se presumir a possibilidade de sua impressão, típica das emitidas por órgãos públicos, com chave de segurança para confirmação da autenticidade. Ademais, documento oficial, que confere benefícios tributários de outra ordem, e firmado entre partes Ministério da Educação e instituição de ensino privada há de ser mantido pela parte interessada para o gozo dos benefícios previstos no Termo. Fl. 84DF CARF MF Processo nº 13116.901628/201211 Acórdão n.º 3201002.977 S3C2T1 Fl. 7 6 Nada obstante, o que a recorrente argumenta para a não apresentação do Termo de adesão ao Prouni outros recorrentes em situação idêntica não se escusaram do cumprimento de singelo mister. Vejase exemplo de julgado proferidos neste Conselho em que se demonstrou a possibilidade fática de apresentar e comprovar a adesão e mantença no Programa (grifei): Autoridade Julgadora de 1ª Instância bem observou ainda que o contribuinte em questão comprovou nos autos (fls. 3.325) a adesão ao Programa Universidade para Todos, trecho que merece ser reproduzido por ser de extrema valia: "60. Para comprovar a adesão ao PROUNI o contribuinte anexou aos autos cópia do correio eletrônico do MEC (fls. 3.118) e cópia do Termo de Adesão (fls. 3.119 a 3.273). (Acórdão nº 3402001.704, processo nº 19515.000260/200879, relatoria do cons. João Carlos Cassuli Junior, sessão de 22/03/2012) Não se pode concluir de outra forma, senão a que a recorrente não se dignou a comprovar a existência e aposição de assinatura no Termo de Adesão e a regular fruição do Programa que aderiu. Tenho que este fundamento é suficiente para negar provimento ao recurso voluntário; contudo, há de se tecer ainda argumentos pertinentes ao ônus probatório a cargo a de quem pleiteia direito seu. Antes, porém, analisase as demais teses suscitadas no recurso voluntário que visam seu provimento Sustenta ainda a desnecessidade de apresentação das folhas de salário e respectivamente contabilidade pois entende que no despacho decisório há o reconhecimento expresso de que a base de cálculo encontrase "exata e perfeita", além de "devidamente homologada". Quanto à exigência de apresentação de documentos fiscais e contábeis, assentou o voto condutor do acórdão recorrido que deveria também ter juntado a folha de salários, a fim de demonstrar a base de cálculo do PIS, e os livros fiscais que demonstrassem os lançamentos relativos a ela. Ora, em que pese a ressaltava da DRJ, com a qual concordo, que a isenção do PIS prevista no art. 8º da Lei nº 11.096/2005 não alcança a parcela que incide sobre a folha de salários, a Solução de Consulta nº 86 – SRRF/1ª RF/Disit, de 2 de junho de 2009 proferiu entendimento cuja interpretação errônea da contribuinte adiante será enfrentado lhe é favorável quanto à isenção do PISfolha de salários. Ad argumentandum tantum, justamente firmada no entendimento favorável que extraiu do ato expedido pela autoridade, a recorrente pleiteia a restituição do PISfolha de salários, código de receita "8301". Se há o entendimento de que faz jus à esta isenção deveras tem o ônus de fazer prova documental de seu pretenso direito, qual seja, a apresentação dos documentos e livros atinentes à rubrica "salários" para que se comprove qual sua dimensão (quantificação) na base de cálculo. Fl. 85DF CARF MF Processo nº 13116.901628/201211 Acórdão n.º 3201002.977 S3C2T1 Fl. 8 7 Por fim, assevera que a controvérsia quanto ao direito à isenção está superado pela conclusão da indigitada Solução de Consulta, que entende terlhe assegurado a isenção do PIS sobre folha de salários. Mais uma vez, sem razão a contribuinte. A Solução de Consulta expressamente consignou que a isenção alcança a Contribuição para o PIS, nada dispondo acerca do PIS folha de salários. Digase que na elaboração da peça a consulente, ora recorrente, apenas informou ter realizada a adesão ao Prouni, sem qualquer comprovação naquele autos de consulta, e apresenta seu entendimento de que a isenção alcançaria o PIS folha de salários, para ao final requerer a manifestação do Órgão quanto ao seu entendimento. Eis a cartaconsulta: Entendo que ao fundamentar a solução da consulta, a autoridade que a proferiu fez constar em seus fundamentos a legislação que trata da incidência do PIS sobre a folha de salários, à alíquota de 1%, deixando assente a tributação sobre esta rubrica, com a transcrição do art. 13 e incisos III e IV, da Medida Provisória nº 2.15835/2001. Colacionou os dispositivos que tratam da isenção do PIS sobre a receita auferida pela instituição de educação que aderir e assim se mantém no Prouni. Transcreveu os arts. 8º caput e incisos, I a IV, §§ 1º e 2º da Lei nº 11.096/2005; arts. 1º caput e incisos, I a IV, §§ 1º e 2º, e 3º caput e parágrafo único da IN SRF nº 456/2004, para em seguida enunciar no mesmo tópico "fundamentos" que: " 5. Ante os dispositivos acima expostos, verificase que a instituição privada de ensino superior, com fins lucrativos ou sem fins lucrativos não beneficente, que aderir ao Programa Universidade para Todos (Prouni) nos termos dos arts. 5º da Medida Provisória n° 213, de 2004, Fl. 86DF CARF MF Processo nº 13116.901628/201211 Acórdão n.º 3201002.977 S3C2T1 Fl. 9 8 ficará isenta, no período de vigência do termo de adesão, da Contribuição para o PIS." Conclui a solução da consulta com o enunciado: Conclusão 6. Em face do exposto, concluise que a instituição privada de ensino superior com fins lucrativos ou sem fins lucrativos não beneficente, que aderir ao programa Universidade para Todos (prouni) nos termos dos arts. 5º da Medida Provisória nº 213, de 2004, ficará isenta, no período de vigência do termo de adesão, da Contribuição para o PIS. Completase os fatos com a apresentação da ementa da Solução de Consulta SRRF/1ªRF/Disit nº 86, de 2 de junho de 2009: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Ementa: PIS. PROUNI. INCIDÊNCIA. A instituição privada de ensino superior, com fins lucrativos ou sem fins lucrativos não beneficente, que aderir ao Programa Universidade para Todos (Prouni) nos termos dos arts. 5o da Medida Provisória nº 213. de 2004, ficará isenta, no período de vigência do termo de adesão, da Contribuição para o PIS. Dispositivos Legais: art.13 da Medida Provisória n° 2.15835/2001; art.8° da Lei n° 11.096/2005; arts. 1º e 3o da Instrução Normativa nü 456/2004. Não vislumbro imprecisão no Ato que poderia dar a interpretação de que toda e qualquer incidência do PIS a que se sujeitam as entidades aderentes ao Prouni estaria isenta. A uma, os dispositivos legais da ementa da solução de consulta informam a legislação aplicada, primeiro, a que dispõe acerca do Pis folha de salários tributado à alíquota de 1% e após, a que trata do PIS alcançado pela isenção; a duas, porque nos fundamentos, a autoridade trouxe a legislação que faz distinção entre PISfolha de salário tributada à alíquota de 1%, e o PIS sobre receitas isentos nos termos e requisitos das legislação; a três, a omissão do termo "PIS sobre folha de salários" não tem o condão de fazêlo incluir na isenção pelo motivo a seguir; a quatro, nos termos do art. 111 caput e inciso II do CTN, "interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre outorga de isenção"; a cinco, não caberia a autoridade fiscal ou administrativa contrariar preceito legal. Por fim, sacramentando o entendimento do não alcance da isenção ao PIS sobre folha de salários, o Órgão Central da Secretaria da Receita Federal editou a Solução de Divergência Cosit nº 1, de 2015, publicada no D.O.U de 24/12/2015, com a ementa: SOLUÇÃO DE DIVERGÊNCIA Nº 1, DE 10 DE FEVEREIRO DE 2015. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP EMENTA: INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR. PROUNI. CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP INCIDENTE SOBRE A FOLHA Fl. 87DF CARF MF Processo nº 13116.901628/201211 Acórdão n.º 3201002.977 S3C2T1 Fl. 10 9 DE SALÁRIOS. A isenção de que trata o art. 8º da Lei nº 11.096, de 2005, não se aplica à Contribuição para o PIS/Pasep incidente sobre a folha de pagamentos da pessoa jurídica que adere ao Prouni. DISPOSITIVOS LEGAIS: Lei nº 9.532, de 1997, art. 12; Decreto nº 4.524, de 2002, arts. 9º e 46; Lei nº 11.096, de 2005, art. 8º; DecretoLei nº 5.172 (CTN), de 1966, art. 111,II; Instrução Normativa RFB nº 1.394, de 2013 e Medida Provisória (MP) nº 2.15835, de 2001. O último argumento da recorrente referese à eventual realização de diligência, oficiandose ao Ministério da Educação acerca da sua manutenção no Prouni, acaso não seja superada os fundamentos ante aduzidos que entende suficiente ao direito à restituição pleiteada decorrente do pagamento indevido da Contribuição. Primeiramente, desnecessária a providência pois como assentado neste voto os fundamentos antecedentes são suficientes para negar provimento ao recurso. Não há dúvidas intransponíveis nos autos que necessitam de serem completadas para decidir o litígio. Nos processos, como o presente, que tratam de solicitação de restituição e compensação, a comprovação do direito aos créditos incumbe ao postulante. É seu dever carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes, em especial quando necessário à fruição de benefício tributário de isenção. Caso essa comprovação houvesse sido feita, e ainda restasse dúvida ao julgador quanto a permanência regular e temporal no Programa, cabível seria a diligência. Assim, incabível a solicitação de diligência dirigida ao Ministério da Educação para apresentação do Termo de Adesão, documento primário e essencial ao compromisso assumido e firmado pela instituição educacional que requer o gozo dos benefícios do Prouni e que não se dignou a apresentar aos autos. Até esse ponto, restou assente que a recorrente não apresentou o Termo de Adesão ao Prouni, folhas de salário e escrituração contábil; e não permaneceu silente quanto às exigências. Em todas as peças recursais impugnação e recurso voluntário sustentou a desnecessidade desse dever, pois entendeu que o despacho decisório e a solução de consulta reconheceram expressamente seu direito à isenção do PIS relativo ao Programa, sem colacionar qualquer documento seu aos autos. A ausência de elementos probantes viola a regra jurídica adotada pelo direito pátrio de que a prova compete à pessoa que alega o fato, conforme se depreende do abaixo transcrito artigo 16, caput, III, do Decreto n° 70.235, de 1972 (PAF), que regulamenta o processo administrativo fiscal no âmbito federal, e do artigo 373, do Código de Processo Civil,verbis: Decreto n° 70.235, de 1972: Art. 16. A impugnação mencionará: III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir. Lei nº 13.105/2015 CPC Fl. 88DF CARF MF Processo nº 13116.901628/201211 Acórdão n.º 3201002.977 S3C2T1 Fl. 11 10 "Art. 373. 0 ônus da prova incumbe: I — ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II — ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor." Cabe assinalar que o reconhecimento de direito creditório contra a Fazenda Nacional exige a averiguação da liquidez e certeza do suposto pagamento indevido ou a maior de tributo, fazendose necessário verificar a exatidão das informações a ele referentes, confrontandoas com os registros contábeis e fiscais efetuados com base na documentação pertinente, com análise da situação fática, de modo a se conhecer qual seria o tributo devido e comparálo ao pagamento efetuado. As Declarações (DCTF, DCOMP e DACON, PER/DCOMP), os documentos fiscais e contábeis e aqueles pertinentes a benefícios tributários, celebrados com órgãos públicos, são produzidos e celebrados pelo próprio contribuinte ou com sua participação, de sorte que, havendo inconsistências ou omissões, impõe a obrigação da recorrente em comprovar os fatos mediante a escrituração contábil e fiscal, sustentada em documentos, tendo em vista que, apenas os créditos líquidos e certos comprovados inequivocamente pelo contribuinte são passíveis de compensação tributária, conforme preceituado no artigo 170 da Lei nº 5.172/66 (Código Tributário Nacional/CTN). Conclusão Por todo o exposto a recorrente não se desincumbiu do ônus de provar o alegado direito líquido e certo, decorrente de suposto pagamento a maior ou indevido de PIS. Assim, não encontro razão para modificar a decisão a quo e VOTO no sentido de NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO VOLUNTÁRIO e NÃO RECONHECER O DIREITO CREDITÓRIO. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, negase provimento ao recurso voluntário, para não reconhecer o direito creditório em litígio. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Fl. 89DF CARF MF
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Numero do processo: 13888.000578/2008-35
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jun 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Aug 28 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Data do fato gerador: 04/11/2005
APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta.
O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
Numero da decisão: 9202-005.553
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício.
(assinado digitalmente)
Patrícia da Silva - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro E Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Joao Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício).
Nome do relator: PATRICIA DA SILVA
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PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício. (assinado digitalmente) Patrícia da Silva Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro E Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 8. 00 05 78 /2 00 8- 35 Fl. 216DF CARF MF 2 Heitor de Souza Lima Junior, Joao Victor Ribeiro Aldinucci (suplente convocado), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício). Relatório A Fazenda Nacional, inconformada com o decidido no Acórdão n° 2803 00.747, proferido pela 3ª Turma Especial da Segunda Seção de Julgamento do CARF em 12/05/2011, interpôs recurso especial à Câmara Superior de Recursos Fiscais. Segue abaixo a ementa do acórdão recorrido: “Assunto: Obrigações Acessórias Data do fato gerador: 04/11/2005 CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. AUTO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. PRAZO DECADENCIAL. CINCO ANOS. TERMO A QUO. ART. 173, I DO CTN. O Supremo Tribunal Federal, conforme entendimento sumulado, Súmula Vinculante nº 8, no julgamento proferido em 12 de junho de 2008, reconheceu a inconstitucionalidade do art. 45 da Lei n º 8.212 de 1991. Uma vez não sendo mais possível a aplicação do art. 45 da Lei n º 8.212, há que serem observadas as regras previstas no CTN. Tratandose de auto de infração, sem pagamentos a homologar, deve ser aplicada, em relação à decadência, a regra trazida pelo artigo 173, I do CTN. Estão decadentes os fatos geradores referentes às competências anteriores a 11/1999, inclusive. LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INFRAÇÃO. GFIP. APRESENTAÇÃO COM INFORMAÇÕES INEXATAS, INCOMPLETAS OU OMISSAS. Apresentar a empresa GFIP com informações inexatas, incompletas ou omissas nos dados não relacionados aos fatos geradores de contribuições previdenciárias constitui infração ao artigo 32, inciso IV, §60, da Lei n° 8.212/91, na redação dada pela Lei n° 9.528/97. MULTA APLICÁVEL. LEI SUPERVENIENTE MAIS BENÉFICA. APLICABILIDADE O artigo 32 da lei 8.212/91 foi alterado pela lei 11.941/09, traduzindo penalidade, em tese, mais benéfica ao contribuinte, a qual deve ser aplicada, consoante art. 106, II “c”, do CTN, se mais favorável. Deve ser efetuado o cálculo da multa de acordo com o art. 32A, I da lei 8.212/91, na redação dada pela lei 11.941/09, e comparado aos valores que constam do presente auto, para que seja aplicado o mais benéfico à recorrente. Fl. 217DF CARF MF Processo nº 13888.000578/200835 Acórdão n.º 9202005.553 CSRFT2 Fl. 217 3 Recurso Voluntário Provido em Parte” Consignouse que o dispositivo legal a ser aplicado passa a ser o art. 35A da Lei 8.212/91, que nos remete ao art. 44, I da Lei 9430/96, e não o art. 32A da Lei 8.212/91, conforme entendeu a Câmara a quo, haja vista que este preceito normativo somente se aplica às situações em que somente tenha havido descumprimento de obrigação acessória relacionada à GFIP. Havendo lançamento de tributo, a multa passa a ser aplicada nos termos do art. 35A da Lei 8.212/91. Não houve contrarrazões do contribuinte, estando em litígio a retroatividade benigna para obrigações acessórias. Voto Conselheira Patrícia da Silva Relatora Presentes os pressupostos de admissibilidade motivo pelo qual conheço do Recurso Especial da Fazenda Nacional. Neste caso a controvérsia é relativa às penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, quando mais benéfica ao sujeito passivo. A solução do litígio decorre do disposto no artigo 106, inciso II, alínea “a” do CTN, a seguir transcrito: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (grifos acrescidos) De inicio, cumpre registrar que a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), de forma unânime pacificou o entendimento de que na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Assim, a multa de mora prevista no art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996, não é aplicável quando realizado o lançamento de ofício, Fl. 218DF CARF MF 4 conforme consta do Acórdão nº 9202004.262 (Sessão de 23 de junho de 2016), cuja ementa transcrevese: AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA MULTA APLICAÇÃO NOS LIMITES DA LEI 8.212/91 C/C LEI 11.941/08 APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA NATUREZA DA MULTA APLICADA. A multa nos casos em que há lançamento de obrigação principal lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, mesmo que referente a fatos geradores anteriores a publicação da referida lei, é de ofício. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA COMPARATIVO DE MULTAS APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35 A, penalidade única combinando as duas condutas. A legislação vigente anteriormente à Medida Provisória n° 449, de 2008, determinava, para a situação em que ocorresse (a) recolhimento insuficiente do tributo e (b) falta de declaração da verba tributável em GFIP, a constituição do crédito tributário de ofício, acrescido das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, respectivamente. Posteriormente, foi determinada, para essa mesma situação (falta de pagamento e de declaração), apenas a aplicação do art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991, que faz remissão ao art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. Portanto, para aplicação da retroatividade benigna, resta necessário comparar (a) o somatório das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, e (b) a multa prevista no art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991. A comparação de que trata o item anterior tem por fim a aplicação da retroatividade benigna prevista no art. 106 do CTN e, caso necessário, a retificação dos valores no sistema de cobrança, a fim de que, em cada competência, o valor da multa aplicada no AIOA somado com a multa aplicada na NFLD/AIOP não exceda o percentual de 75%. Prosseguindo na análise do tema, também é entendimento pacífico deste Colegiado que na hipótese de lançamento apenas de obrigação principal, a retroatividade benigna será aplicada se, na liquidação do acórdão, a penalidade anterior à vigência da MP 449, de 2008, ultrapassar a multa do art. 35A da Lei n° 8.212/91, correspondente aos 75% previstos no art. 44 da Lei n° 9.430/96. Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela MP 449 (convertida na Lei 11.941, de 2009), tenham sido aplicadas isoladamente descumprimento de obrigação acessória sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, bem assim no Fl. 219DF CARF MF Processo nº 13888.000578/200835 Acórdão n.º 9202005.553 CSRFT2 Fl. 218 5 caso de competências em que o lançamento da obrigação principal tenha sido atingida pela decadência. Neste sentido, transcrevese excerto do voto unânime proferido no Acórdão nº 9202004.499 (Sessão de 29 de setembro de 2016): Até a edição da MP 449/2008, quando realizado um procedimento fiscal, em que se constatava a existência de débitos previdenciários, lavravase em relação ao montante da contribuição devida, notificação fiscal de lançamento de débito NFLD. Caso constatado que, além do montante devido, descumprira o contribuinte obrigação acessória, ou seja, obrigação de fazer, como no caso de omissão em GFIP (que tem correlação direta com o fato gerador), a empresa era autuada também por descumprimento de obrigação acessória. Nessa época os dispositivos legais aplicáveis eram multa art. 35 para a NFLD (24%, que sofria acréscimos dependendo da fase processual do débito) e art. 32 (100% da contribuição devida em caso de omissões de fatos geradores em GFIP) para o Auto de infração de obrigação acessória. Contudo, a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, inseriu o art. 32A, o qual dispõe o seguinte: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não apresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: Fl. 220DF CARF MF 6 I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” Entretanto, a MP 449, Lei 11.941/2009, também acrescentou o art. 35A que dispõe o seguinte, “Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” O inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96, por sua vez, dispõe o seguinte: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata “ Com a alteração acima, em caso de atraso, cujo recolhimento não ocorrer de forma espontânea pelo contribuinte, levando ao lançamento de ofício, a multa a ser aplicada passa a ser a estabelecida no dispositivo acima citado, ou seja, em havendo lançamento da obrigação principal (a antiga NFLD), aplicase multa de ofício no patamar de 75%. Essa conclusão levanos ao raciocínio que a natureza da multa, sempre que existe lançamento, referese a multa de ofício e não a multa de mora referida no antigo art. 35 da lei 8212/91. Contudo, mesmo que consideremos que a natureza da multa é de "multa de ofício" não podemos isoladamente aplicar 75% para as Notificações Fiscais NFLD ou Autos de Infração de Obrigação Principal AIOP, pois estaríamos na verdade retroagindo para agravar a penalidade aplicada. Por outro lado, com base nas alterações legislativas não mais caberia, nos patamares anteriormente existentes, aplicação de NFLD + AIOA (Auto de Infração de Obrigação Acessória) cumulativamente, pois em existindo lançamento de ofício a multa passa a ser exclusivamente de 75%. Tendo identificado que a natureza da multa, sempre que há lançamento, é de multa de ofício, considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106. inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. No presente caso, foi lavrado AIOA julgada, e alvo do presente recurso especial, prevaleceu o valor de multa aplicado nos moldes do art. 32A. No caso da ausência de informação em GFIP, conforme descrito no relatório a multa aplicada ocorreu nos termos do art. 32, inciso IV, § 5º, da Lei nº 8.212/1991 também revogado, o qual previa uma multa no valor de 100% (cem por cento) da Fl. 221DF CARF MF Processo nº 13888.000578/200835 Acórdão n.º 9202005.553 CSRFT2 Fl. 219 7 contribuição não declarada, limitada aos limites previstos no § 4º do mesmo artigo. Face essas considerações para efeitos da apuração da situação mais favorável, entendo que há que se observar qual das seguintes situações resulta mais favorável ao contribuinte: · Norma anterior, pela soma da multa aplicada nos moldes do art. 35, inciso II com a multa prevista no art. 32, inciso IV, § 5º, observada a limitação imposta pelo § 4º do mesmo artigo, ou · Norma atual, pela aplicação da multa de setenta e cinco por cento sobre os valores não declarados, sem qualquer limitação, excluído o valor de multa mantido na notificação. Levando em consideração a legislação mais benéfica ao contribuinte, conforme dispõe o art. 106 do Código Tributário Nacional (CTN), o órgão responsável pela execução do acórdão deve, quando do trânsito em julgado administrativo, efetuar o cálculo da multa, em cada competência, somando o valor da multa aplicada no AI de obrigação acessória com a multa aplicada na NFLD/AIOP, que não pode exceder o percentual de 75%, previsto no art. 44, I da Lei n° 9.430/1996. Da mesma forma, no lançamento apenas de obrigação principal o valor das multa de ofício não pode exceder 75%. No AI de obrigação acessória, isoladamente, o percentual não pode exceder as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Observese que, no caso de competências em que a obrigação principal tenha sido atingida pela decadência (pela antecipação do pagamento nos termos do art. 150, § 4º, do CTN), subsiste a obrigação acessória, isoladamente, relativa às mesmas competências, não atingidas pela decadência posto que regidas pelo art. 173, I, do CTN, e que, portanto, deve ter sua penalidade limitada ao valor previsto no artigo 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Cumpre ressaltar que o entendimento acima está em consonância com o que dispõe a Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009, alterada pela Instrução Normativa RFB nº 1.027 em 22/04/2010, e no mesmo diapasão do que estabelece a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, que contempla tanto os lançamentos de obrigação principal quanto de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente. Neste passo, para os fatos geradores ocorridos até 03/12/2008, a autoridade responsável pela execução do acórdão, quando do trânsito em julgado administrativo, deverá observar a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 que se reporta à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias nos lançamentos de obrigação principal e de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº Fl. 222DF CARF MF 8 11.941/2009. De fato, as disposições da referida Portaria, a seguir transcritas, estão em consonância com a jurisprudência unânime desta 2ª Turma da CSRF sobre o tema: Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 Art. 1º A aplicação do disposto nos arts. 35 e 35A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, às prestações de parcelamento e aos demais débitos não pagos até 3 de dezembro de 2008, inscritos ou não em Dívida Ativa, cobrados por meio de processo ainda não definitivamente julgado, observará o disposto nesta Portaria. Art. 2º No momento do pagamento ou do parcelamento do débito pelo contribuinte, o valor das multas aplicadas será analisado e os lançamentos, se necessário, serão retificados, para fins de aplicação da penalidade mais benéfica, nos termos da alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional (CTN). § 1º Caso não haja pagamento ou parcelamento do débito, a análise do valor das multas referidas no caput será realizada no momento do ajuizamento da execução fiscal pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN). § 2º A análise a que se refere o caput darseá por competência. § 3º A aplicação da penalidade mais benéfica na forma deste artigo darseá: I mediante requerimento do sujeito passivo, dirigido à autoridade administrativa competente, informando e comprovando que se subsume à mencionada hipótese; ou II de ofício, quando verificada pela autoridade administrativa a possibilidade de aplicação. § 4º Se o processo encontrarse em trâmite no contencioso administrativo de primeira instância, a autoridade julgadora fará constar de sua decisão que a análise do valor das multas para verificação e aplicação daquela que for mais benéfica, se cabível, será realizada no momento do pagamento ou do parcelamento. Art. 3º A análise da penalidade mais benéfica, a que se refere esta Portaria, será realizada pela comparação entre a soma dos valores das multas aplicadas nos lançamentos por descumprimento de obrigação principal, conforme o art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e de obrigações acessórias, conforme §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e da multa de ofício calculada na forma do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de Fl. 223DF CARF MF Processo nº 13888.000578/200835 Acórdão n.º 9202005.553 CSRFT2 Fl. 220 9 obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. § 2º A comparação na forma do caput deverá ser efetuada em relação aos processos conexos, devendo ser considerados, inclusive, os débitos pagos, os parcelados, os nãoimpugnados, os inscritos em Dívida Ativa da União e os ajuizados após a publicação da Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008. Art. 4º O valor das multas aplicadas, na forma do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, sobre as contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, deverá ser comparado com o valor das multa de ofício previsto no art. 35 A daquela Lei, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009, e, caso resulte mais benéfico ao sujeito passivo, será reduzido àquele patamar. Art. 5º Na hipótese de ter havido lançamento de ofício relativo a contribuições declaradas na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), a multa aplicada limitarseá àquela prevista no art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. Em face ao exposto, dou provimento ao recurso para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. (assinado digitalmente) Patrícia da Silva Fl. 224DF CARF MF
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Numero do processo: 10935.001270/2011-10
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 31 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Oct 16 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/07/2007 a 30/09/2007
CRÉDITO PRESUMIDO. CONTRATOS DE PARCERIA. PRESTAÇÃO DE SERVIÇO. DESCABIMENTO.
O crédito presumido previsto no art. 8º da Lei 10.925, de 2004, somente pode ser apurado sobre a aquisição de bens, mas não de serviços.
Se o criador de aves, por contrato de parceria, não tem o direito de usar, gozar ou dispor da coisa, posto que não pode comercializar os animais que cria, mas apenas devolvê-los a quem lhe entregou, inclusive a sua (quota-parte), não há que se falar em aquisição de bens por parte da agroindústria, mas sim em prestação de serviço; não cabendo portanto crédito presumido à agroindústria.
Não se pode diferenciar a atividade exercida pelo criador por parceira com relação a sua quota-parte e os demais animais, ou produz ou presta serviço, na totalidade, indistintamente, sem segregá-los em "produtos" em relação à sua quota-parte e "serviços" em relação aos demais. Na espécie, temos caracterizada a prestação de serviço do criador para a agroindústria, inclusive em relação a cota-parte.
CRÉDITO PRESUMIDO. RATEIO PROPORCIONAL. RECEITAS DE EXPORTAÇÃO E MERCADO INTERNO. NÃO DISCRIMINAÇÃO POR PRODUTO OU SETOR.
Aplica-se aos custos, despesas e encargos comuns a relação percentual existente entre a receita bruta sujeita à incidência não-cumulativa e a receita bruta total, auferidas em cada mês. Não se discrimina o cálculo por produto ou setor.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3301-004.020
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
José Henrique Mauri - Presidente substituto e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros José Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Marcos Roberto da Silva, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
Nome do relator: JOSE HENRIQUE MAURI
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CRÉDITO PRESUMIDO DA AGROINDÚSTRIA. Recorrente COOPAVEL COOPERATIVA AGROINDUSTRIAL Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/07/2007 a 30/09/2007 CRÉDITO PRESUMIDO. CONTRATOS DE PARCERIA. PRESTAÇÃO DE SERVIÇO. DESCABIMENTO. O crédito presumido previsto no art. 8º da Lei 10.925, de 2004, somente pode ser apurado sobre a aquisição de bens, mas não de serviços. Se o criador de aves, por contrato de parceria, não tem o direito de usar, gozar ou dispor da coisa, posto que não pode comercializar os animais que cria, mas apenas devolvêlos a quem lhe entregou, inclusive a sua (quota parte), não há que se falar em aquisição de bens por parte da agroindústria, mas sim em prestação de serviço; não cabendo portanto crédito presumido à agroindústria. Não se pode diferenciar a atividade exercida pelo criador por parceira com relação a sua quotaparte e os demais animais, ou produz ou presta serviço, na totalidade, indistintamente, sem segregálos em "produtos" em relação à sua quotaparte e "serviços" em relação aos demais. Na espécie, temos caracterizada a prestação de serviço do criador para a agroindústria, inclusive em relação a cotaparte. CRÉDITO PRESUMIDO. RATEIO PROPORCIONAL. RECEITAS DE EXPORTAÇÃO E MERCADO INTERNO. NÃO DISCRIMINAÇÃO POR PRODUTO OU SETOR. Aplicase aos custos, despesas e encargos comuns a relação percentual existente entre a receita bruta sujeita à incidência nãocumulativa e a receita bruta total, auferidas em cada mês. Não se discrimina o cálculo por produto ou setor. Recurso Voluntário Negado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 93 5. 00 12 70 /2 01 1- 10 Fl. 2359DF CARF MF Processo nº 10935.001270/201110 Acórdão n.º 3301004.020 S3C3T1 Fl. 3 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri Presidente substituto e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros José Henrique Mauri, Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Marcos Roberto da Silva, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. Relatório Trata o presente processo do Pedido de Ressarcimento de Crédito Presumido de PIS nãocumulativo(a) Exportação, no qual a contribuinte sustenta, em síntese, que possui o direito ao ressarcimento/compensação do crédito presumido acima (apurado nos termos do artigo 8º da Lei nº 10.925, de 2004) em face da introdução do art. 56A na Lei 12.350, de 2010, realizada pelo art. 9º da Medida Provisória nº 517, de 2010. Por sua vez, a Seção de Orientação e Análise Tributária – SAORT da Delegacia da Receita Federal do Brasil em Cascavel – PR, após a realização de uma auditoria fiscal, emitiu Despacho Decisório reconhecendo parcialmente o direito creditório solicitado, sem a incidência de atualização monetária ou de juros de mora. A contribuinte foi cientificada do mencionado despacho decisório, apresentando manifestação de inconformidade, cujo teor é resumido a seguir. Incialmente, após um breve relato dos fatos, no item “Do Indeferimento/Glosa dos Créditos Presumidos”, subitem “1) Do direito a apuração do crédito presumido sobre a aquisição da produção dos produtores rurais nos contratos de parceira avícola/suinícola”, a interessada sustenta que os contratos de parceria caracterizam juridicamente as operações realizadas como produção de bens e não como prestação de serviços. Diz que, como não existe (ainda) lei específica, os contratos de parceria rural estão sob a égide do art. 96 do Estatuto da Terra (Lei nº 4.504, de 1964, e do Decreto nº 59.566, de 1966. Sustenta que o produtor, ao final da realização do objeto do contrato, recebe uma parte da produção, e que “Apenas por força do contrato de parceria avícola/suinícola o produtor se obriga a comercializar a sua quotaparte da produção com a agroindústria (parceiro outorgante). Se a previsão contratual não existisse o produtor rural estaria livre para comercializar a sua quotaparte da produção conforme sua conveniência.” Alega que referido entendimento, de que, nos contratos de parceira rural, a parte da produção do produtor rural é considerada como sendo produção Fl. 2360DF CARF MF Processo nº 10935.001270/201110 Acórdão n.º 3301004.020 S3C3T1 Fl. 4 3 própria, é corroborado pela legislação do Funrural (art. 168 da Instrução Normativa RFB nº 971, de 2009) e confirmado pelo Superior Tribunal de Justiça – STJ. Argumenta, também, que a administração tributária, em face do que dispõe o art. 110 do Código Tributário Nacional – CTN, não pode alterar a definição de institutos privados, qualificando as operações como prestação de serviços para efeito da apuração do crédito presumido e como produção própria para efeito da incidência da contribuição para o Funrural. No subitem a seguir, denominado “2) Da alíquota para apuração do crédito presumido da produção de carnes”, a contribuinte defende a aplicação do percentual de 60% sobre a alíquota básica da contribuição (PIS 60% sobre alíquota de 1,65%, com alíquota efetiva de 0,99 % e Cofins 60% sobre a alíquota de 7,60%, com alíquota efetiva de 4,56%) para a apuração do crédito presumido relativo à produção de carnes. Alega que a legislação (art. 8º da Lei 10.925, de 2004) é clara ao definir que a alíquota é aplicada de acordo com os produtos fabricados e não conforme os insumos adquiridos. Diz que apurou o crédito presumido sobre os insumos adquiridos (aves/suínos e milho/ração) aplicando o percentual de 60%, mas que a autoridade fiscal, de forma diversa, apurou o crédito utilizando o percentual de 35% (sobre a alíquota básica da contribuição). Acrescenta que a jurisprudência do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF corrobora o seu entendimento e que os seus produtos constam compreendidos no capítulo 2 da NCM, devendo ser aplicado, portanto, o percentual de 60 % (previsto no inciso I, § 3º, do mencionado art. 8º). Na sequencia, no subitem “3) Do índice de exportação para ressarcimento do crédito presumido”, a interessada defende a aplicação do método de rateio proporcional de forma setorial, de modo que sejam aplicados percentuais específicos para os setores de carne (receita de exportação carnes/receita bruta total carnes) e de óleo (receita de exportação óleo/receita bruta total óleo). Diz que o método aplicado pela fiscalização, de apuração de um índice único (receita de exportação/receita bruta total), com a inclusão de todas as receitas auferidas pela cooperativa no computo da receita bruta total, demonstrase ilegal e afronta os artigos 56A e 56B da Lei 10.350, de 2010, uma vez que o objetivo da inclusão do citados artigos foi o de permitir a conversão dos créditos acumulados em moeda (ativo financeiro). Argumenta que o método do rateio proporcional, previsto nos §§ 8º e 9º do art. 3º da Lei nº 10.637, de 2002, deve ser interpretado de modo que “o crédito presumido a ressarcir deve corresponder ao apurado sobre os bens adquiridos e utilizados na produção dos bens exportados com direito ao crédito presumido.” Sustenta que a interpretação da autoridade tributária ao diminuir o indíce do percentual de exportação, e consequentemente o valor do crédito presumido apurado, viola o princípio constitucional da isonomia, uma vez que diferencia empresas que mantém uma única atividade das que exercem diversas atividades econômicas. Logo a seguir, no item “Da Atualização Monetária dos Créditos Obstados Ilegalmente”, a contribuinte defende a atualização monetária dos créditos, por meio da aplicação da taxa Selic acumulada, desde a formalização dos pedidos administrativos. Alega que a correção monetária Fl. 2361DF CARF MF Processo nº 10935.001270/201110 Acórdão n.º 3301004.020 S3C3T1 Fl. 5 4 deve ser aplicada para manter a integralidade dos créditos e não para punir a mora da administração pública em ressarcilos e que a devolução dos créditos em valores originais representa um enriquecimento sem causa da União. Diz, também, que a aplicação da atualização aos pedidos de ressarcimento vem sendo reconhecida, conforme a jurisprudência administrativa (Conselho Administrivo de Recursos Fiscais – CARF) e judicial (Superior Tribunal de Justiça – STJ) que colaciona na manifestação. Em outro item, denominado “Da Suspensão da Exigibilidade da Multa Isolada Lançada de Ofício”, a interessada pugna pela suspensão da exigibilidade da multa isolada, lançada no percentual de 50% sobre o valor do crédito indeferido, por meio do auto de infração constante do processo administrativo nº 10935.722746/201311. Sustenta que a exigibilidade da referida multa deve restar suspensa com a apresentação da manifestação de inconformidade contra o indeferimento do pedido de ressarcimento a ela relativo, conforme prevê o § 18 do art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996, inserido pelo art. 20 da Lei nº 12.844, de 2013. Por último, no item “Do Pedido”, a contribuinte solicita: (i) a suspensão da exigibilidade da multa isolada lançada no auto de infração constante do processo administrativo nº 10935.722746/201311; (ii) o acolhimento da manifestação apresentada para o fim de reformar o despacho decisório e acolher as razões e argumentos apresentados; (iii) proceder à devolução do crédito presumido solicitado com a atualização monetária, por meio da aplicação da taxa Selic acumulada, desde a formalização dos pedidos administrativos até a data do efetivo pagamento. Registrese, quanto ao pedido de suspensão da multa de ofício isolada (de 50%), que a contribuinte foi orientada pela autoridade a quo a apresentar impugnação específica para o processo administrativo nº 10935.722746/201311. Anotese, também, que a contribuinte apresentou manifestação de inconformidade complementar, por meio da qual acrescenta argumentos a respeito do percentual a ser aplicado sobre as alíquotas básicas (de PIS e Cofins) para a apuração do crédito presumido sobre os insumos adquiridos, relativamente à produção de carnes. No caso, a interessada repisa o seu entendimento de que deve ser aplicado o percentual (de 60%), levandose em conta, portanto, a origem dos insumos adquiridos e não a dos produtos fabricados. Acrescenta, também, que a polêmica na aplicação do referido percentual foi resolvida com a edição do art. 33 da Lei nº 10.865, de 2013, que inseriu o § 10 ao art. 8º da Lei 10.925, de 2004, o qual dispôs nos seguintes termos: “Para efeito de interpretação do inciso I do 3º, o direito ao crédito na alíquota de 60% (sessenta por cento) abrange todos os insumos utilizados nos produtos ali referidos.” Por fim, é de se ressaltar a existência do mandado de segurança nº 5005004.61.2013.404.7005/PR, o qual tem como objetivo, entre outros, o reconhecimento do direito à correção monetária pela taxa Selic do crédito reconhecido no presente processo (assim como em outros 23 processos de Fl. 2362DF CARF MF Processo nº 10935.001270/201110 Acórdão n.º 3301004.020 S3C3T1 Fl. 6 5 ressarcimento), acumulada a partir do protocolo dos pedidos de ressarcimento até o seu efetivo pagamento. A DRJ decidiu pela procedência parcial da manifestação de inconformidade, nos termos do Acórdão 06050.191. Inconformada com os indeferimentos e glosas mantidos na decisão recorrida, a COOPAVEL defende a ilegalidade destas. Ao final, pugna pela inclusão das aquisições de produtos da quotaparte do produtor rural nos contratos de parceria avícola/suinícola na base de cálculo para a apuração do crédito presumido; e que, na apuração do crédito a ser ressarcido seja utilizado o índice de exportação aferido da relação percentual da receita bruta da exportação dos produtos do setor carnes e óleo de soja degomado com a receita bruta total destes produtos (índice setorial). É o relatório. Voto Conselheiro José Henrique Mauri, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301004.013, de 31 de agosto de 2017, proferido no julgamento do processo 10935.000742/201117, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301004.013):Relator "O recurso voluntário apresentado é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade. O Pedido de Ressarcimento de Crédito Presumido da Cofins da recorrente lastreiase no art. 8º da Lei nº 10.925/2004, c/c os artigos 56A e 56B da Lei nº 12.350/2010, incluídos pela Lei nº 12.431/2011: Da Lei nº 10.925/2004: Art. 8o As pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal, classificadas nos capítulos 2, 3, exceto os produtos vivos desse capítulo, e 4, 8 a 12, 15, 16 e 23, e nos códigos 03.02, 03.03, 03.04, 03.05, 0504.00, 0701.90.00, 0702.00.00, 0706.10.00, 07.08, 0709.90, 07.10, 07.12 a 07.14, exceto os códigos 0713.33.19, 0713.33.29 e 0713.33.99, 1701.11.00, 1701.99.00, 1702.90.00, 18.01, 18.03, 1804.00.00, 1805.00.00, 20.09, 2101.11.10 e 2209.00.00, todos da NCM, destinadas à alimentação humana ou animal, poderão deduzir da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do caput do art. 3º das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e Fl. 2363DF CARF MF Processo nº 10935.001270/201110 Acórdão n.º 3301004.020 S3C3T1 Fl. 7 6 10.833, de 29 de dezembro de 2003, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física. Da Lei nº 12.350/2010: Art. 56A. O saldo de créditos presumidos apurados a partir do ano calendário de 2006 na forma do § 3º do art. 8º da Lei no 10.925, de 23 de julho de 2004, existentes na data de publicação desta Lei, poderá: (Incluído pela Lei nº 12.431, de 2011). [...] II ser ressarcido em dinheiro, observada a legislação específica aplicável à matéria. (Incluído pela Lei nº 12.431, de 2011). [...] § 2º O disposto neste artigo aplicase aos créditos presumidos que tenham sido apurados em relação a custos, despesas e encargos vinculados à receita de exportação, observado o disposto nos §§ 8º e 9º do art. 3º da Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e nos §§ 8º e 9º do art. 3º da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003. (Incluído pela Lei nº 12.431, de 2011). Art. 56B. A pessoa jurídica, inclusive cooperativa, que até o final de cada trimestrecalendário, não conseguir utilizar os créditos presumidos apurados na forma do inciso II do § 3º do art. 8º da Lei nº 10.925, de 23 de julho de 2004, poderá: (Incluído pela Lei nº 12.431, de 2011). [...] II solicitar seu ressarcimento em dinheiro, observada a legislação específica aplicável à matéria. (Incluído pela Lei nº 12.431, de 2011). Parágrafo único. O disposto no caput aplicase aos créditos presumidos que tenham sido apurados em relação a custos, despesas e encargos vinculados à receita auferida com a venda no mercado interno ou com a exportação de farelo de soja classificado na posição 23.04 da NCM, observado o disposto nos §§ 8º e 9º do art. 3º da Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e nos §§ 8º e 9º do art. 3º da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003. (Incluído pela Lei nº 12.431, de 2011). Direito à apuração do crédito presumido sobre a alegada aquisição da produção dos criadores nos contratos de parceria avícola/suinícola Conforme relatado, a Delegacia de origem efetuou glosa relativa às entradas de frangos e suínos provenientes dos contratos de parceria, tendo em vista o entendimento de que essas operações não se qualificam como compra efetiva mas sim como pagamento de serviços prestados (mão de obra) para seus associados. Esta argumentou ter havido "uma simulação de compra de bens (aves/suínos) a qual representa o pagamento dos serviços prestados pelos produtores rurais com os cuidados no trato e criação dos lotes de aves ou suínos". Por consequencia, considerou não haver direito à apuração do crédito presumido previsto no art. 8º da Lei 10.925, de 2004, entendendo Fl. 2364DF CARF MF Processo nº 10935.001270/201110 Acórdão n.º 3301004.020 S3C3T1 Fl. 8 7 que "referido crédito somente pode ser apurado sobre a aquisição de bens, mas não de serviços". De fato, o dito art. 8º fala em " calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do caput do art. 3º das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003", estas que delimitam o creditamento da insumos no desenho da Pis/Pasep e da Cofins não cumulativas,"bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda"; restingindo o crédito presumido aos bens, excluindo os serviços. Se são bens e tratase de prestação de serviços, reproduzo a argumento da fiscalização: “Nestes contratos de parceria, fica evidente que as aves e animais já são de propriedade da cooperativa, apenas são remetidos às propriedades rurais dos associados para a contra prestação de serviços na sua criação e posterior devolução, devendo o parceiro, em resumo, seguir rígido sistema de manejo pré estabelecido, adotar na alimentação exclusivamente a ração e medicamentos fornecidos pela contratante e ao final do prazo estabelecido, devolver o lote completo de animais ou aves, recebendo como pagamento por seus serviços o resultado de um índice que mede o êxito do seu trabalhão (IEP – Índice de Eficiência Produtiva). Para subsidiar esta conclusão destacamos alguns fatos que traduzem por si o entendimento de que não há compra de mercadoria, mas pagamento de prestação de serviços: • A cooperativa não paga diretamente em espécie o resultado do trabalho do associado medido pelo IEP, usa o artifício de entregar simbolicamente seu equivalente valor em produto (aves/suínos), mas com uma cláusula de fidelidade nos contratos, obriga o parceiro a vender exclusivamente para a própria cooperativa tal parte, ou seja, faz um operação triangular, para ocultar o pagamento a título de serviços prestados, substituindo pelo imediato pagamento de uma suposta compra de produtos (que documentalmente já é de sua propriedade, ou seja, como pode comprar aquilo que já é seu?); • Sem entrar na seara tributária com o reflexo de tal procedimento equivocado, o fato é que representa uma distorção da realidade, onde o parceiro é investido na qualidade de proprietário das aves/suínos de forma virtual e apenas por alguns segundos, tempo suficiente para a emissão da nota fiscal de compra, instrumento que na pratica retrata o pagamento por seus serviços; • Ao término da criação, o transporte integral do lote de aves/suínos, da propriedade rural até o frigorífico é realizado pela Coopavel, para garantir que não haja desvio da produção. Somente no abate o parceiro/produtor rural tomará conhecimento do valor de seus serviços prestados, ocasião em que para recebelo aceita a emissão de uma nota fiscal simulando a venda de parte do lote, que não é seu, pois apenas detém a posse precária e não a propriedade; • Os contratos de parceria caracterizam o criador como fiel depositário das aves ou suínos; Fl. 2365DF CARF MF Processo nº 10935.001270/201110 Acórdão n.º 3301004.020 S3C3T1 Fl. 9 8 • Se os próprios contratos de parcerias definem que o criador receberá pelas suas tarefas/trabalhos para cada lote que concluir a criação, um valor pecuniário, logo, considerando não pertencer ao criador a propriedade dos animais e aves, ração e medicamentos utilizados no trato, é impróprio que este possa vender à cooperativa parte do lote (que não é seu), para mascarar o pagamento dos serviços prestados, dandolhe a versão de ‘aquisição de mercadorias’;” (Grifos deste relator). A recorrente defendo o contrário: "a operação realizada tem natureza jurídica de produção de bens da quotaparte do produtor rural nos contratos de parceria e não de prestação de serviços como se pretendeu na decisão recorrida"(Grifos deste relator). Traz o art. 96 do Estatuto da Terra (Lei nº 4.504/1964) que trata dos contratos de parceria rural. Diz que seu § 5º prevê que as regras dos contratos de parceria rural não se aplicam aos contratos de parceria agroindustrial para a criação de aves e suínos que possuirão legislação específica; mas que, como até então não foi publicada a lei específica, tem se mantido a aplicação das regras da parceria rural. Observa que esse artigo fora regulamentado pelo Decreto nº 59.566/1966, destacandose, para o presente caso, partes do seu art. 4º: Parceria rural é o contrato agrário pelo qual uma pessoa [...] lhe entrega (a outra pessoa) animais para cria, recria, invernagem, engorda [...] mediante partilha de riscos do caso fortuito e da força maior do empreendimento rural, e dos frutos, produtos ou lucros havidos nas proporções que estipularem, observados os limites percentuais da lei. (Grifos do original. Explicação entre parênteses, deste relator). E prossegue: Nos contratos de parceria avícola/suinícola o objeto do contrato é a criação de frangos/suínos para o abate. A agroindústria (parceiraoutorgante) se obriga ao fornecimento de pintos e suínos para cria, recria, medicamentos, ração, assistência técnica e transporte e o produtor rural (parceirooutorgado) se obriga ao alojamento em estrutura própria (aviário) e ao desenvolvimento desses animais até chegarem ao ponto ideal de abate, arcando com as despesas trabalhistas e previdenciárias da contratação de funcionários, energia elétrica, manutenção, etc. [...] A parte do produtor é caracterizada como produção rural própria e não prestação de serviços. Ao final da realização do objeto do contrato, o produtor recebe parte da produção e não por haver prestado serviços. Apenas por força do contrato de parceria avícola/suinícola o produtor se obriga a comercializar a sua quota parte da produção com a agroindústria (parceirooutorgante). Se a previsão contratual não existisse o produtor rural estaria livre para comercializar a sua quotaparte da produção conforme sua conveniência. Fl. 2366DF CARF MF Processo nº 10935.001270/201110 Acórdão n.º 3301004.020 S3C3T1 Fl. 10 9 O Código Civil estabelece o conceito de proprietário/ direito de propriedade como um conjunto de direitos: Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavêla do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha. Se o criador não tem o direito de usar, gozar, dispor da coisa; posto que não pode comercializar os animais que cria, mas apenas devolvêlos a quem lhe entregou; inclusive a sua, assimchamada, quotaparte; por força do contrato de parceria; não há que se falar em aquisição de bens por parte da agroindústria; mas sim em prestação de serviço por parte do criador; não sendo portanto cabível o pretendido direito ao crédito presumido. O animal, que se representa sua quotaparte é apenas um parâmetro, uma referência para sua remuneração. E mais, não se pode diferenciar a atividade exercida pelo criador com relação a sua quotaparte dos demais animais, como dizer que com relação a um animal produz e aos outros presta serviço. Traz a recorrente em seu favor, a Instrução Normativa RFB nº 971/2009: [...] no capítulo I do título III ao dispor das normas e procedimentos das atividades rural e agroindustrial, menciona nos incisos XI e XIV do artigo 165 sobre o contrato de parceria rural. Expressamente, o § único do artigo 168 da referida instrução normativa prescreve que a quotaparte do parceiro é considerada produção rural própria do produtor rural e base de incidência da contribuição previdenciária sobre a receita da comercialização da produção rural. [...] Parágrafo único. A parte da produção que na partilha couber ao parceiro outorgante é considerada produção própria." (Grifos do original). Este entendimento também é confirmado pelo Superior Tribunal de Justiça, que instado a se manifestar sobre a incidência da contribuição previdenciária (funrural) nos contratos de parceria avícola, concluiu pela incidência da contribuição sobre a receita auferida pelo produtor rural quando da comercialização da sua quotaparte na produção a empresa agroindustrial (parceiro outorgante). [...] O artigo 110 do Código Tributário Nacional (Lei n. 5.172/1966) veda a possibilidade do ente competente de alterar a definição de institutos de direito privado [...] De fato, tal Instrução Normativa ´considera a quotaparte do parceiro produção rural própria, mas para fins específicos de incidência da contribuição previdenciária. Não pode ela alterar o instituto da propriedade esculpido no Código Civil, por força do referido art. 110 do Código Tributário. Fl. 2367DF CARF MF Processo nº 10935.001270/201110 Acórdão n.º 3301004.020 S3C3T1 Fl. 11 10 Traz a recorrente jurisprudência deste CARF em seu socorro. Importante examinar os termos dos contratos de parceria que regulam as relações em pauta: “A retenção de frangos pelo CRIADOR em índice superior ao permitido, [...]caracterizará o furto, respondendo o mesmo penal e civilmente pelo ato praticado. “O CRIADOR. por cada lote criado, receberá pecuniariamente o valor apurado através da tabela referente ao Índice de Eficiência Produtiva IEP, observandose o seguinte: Peso Médio (X) Sobrevivência (X) 100 % (:) Conversão Alimentar (X) Idade dos Frangos.” “Facultase ao CRIADOR utilizar 0,15% (zero vírgula quinze por cento) do total de aves do lote em formação, para o seu próprio sustento. Não consumindo o total permitido, obrigase o CRIADOR a entregar todo o saldo de aves viáves e remanescentes não consumidas.” “O CRIADOR se obriga ainda: [...] “O CRIADOR por este instrumento constituise fiel depositário das aves postas em seu poder pela COOPAVEL, para que efetue a criação obejto deste instrumento, devendo respeitar orientações técnicas, zelando pela sua guarda e conservação, sendo que não o fazendo por ato de sua responsabilidade, responderá pelas penas de depositário infiel, nos termos da lei, especialmente se der causa ao desaparecimento de frangos não autorizados por este instrumento. As penas do depositário infiel serão de ordem civil e criminal.” (Grifos do original) O fato de ser constituído fiel depositários das aves (entendo, de todas elas) postas em seu poder pela COOPAVEL demonstra que, como já examinado, não são suas as aves, apenas presta serviço com relação a elas. Sua remuneração é pelo Índice de Eficiência Produtiva e não pela venda de animais. Se pode reter parte dos animais é para o seu sustento, não sendo estas devolvidas ao produtor, apenas se houver saldo. Situação semelhante ocorre com os contratos relativos aos suínos. Assim, nesse tema, nego provimento ao recurso voluntário. Do índice de exportação para ressarcimento do crédito presumido Consta do acórdão recorrido que a Delegacia de origem recalculou o crédito presumido (relativamente às aquisições comprovadas e não glosadas) aplicando um novo critério de rateio proporcional; desconsiderando a aplicação do índice setorial de exportação utilizado pela recorrente. Empregou a unidade índice de exportação calculado mediante a comparação das exportações realizadas (de carne e de óleo de soja degomado) com a receita bruta total da empresa no período: Fl. 2368DF CARF MF Processo nº 10935.001270/201110 Acórdão n.º 3301004.020 S3C3T1 Fl. 12 11 Em síntese, a autoridade fiscal, após determinar as aquisições de milho, soja, e animais realizadas de pessoas físicas que poderiam conceder o direito ao crédito presumido, aplicou: (i) o índice de exportação de carnes (frango e suíno), calculado por meio da divisão do total de exportações de carne pela receita bruta total, sobre as aquisições de animais (frango e suínos) e de milho com direito à crédito; e (ii) o índice de exportação de óleo degomado, calculado por meio da divisão do total das exportaçoes de óleo pela receita bruta total, sobre as aquisições de soja in natura com direito à crédito. No caso, a fiscalização partiu da premissa de que o milho foi empregado exclusivamente na fabricação da ração e a soja somente na industrialização do óleo de soja degomado, caracterizandose, portanto, a existência de consumo direto nos respectivos processos produtivos e de exportações de carne e de óleo de soja degomado. A contribuinte, por outro lado, aplicou e defende a aplicação das seguintes fórmulas: A recorrente alega ilegalidades na forma de apuração utilizada pelo Fisco, tendo em vista o disposto nos já citados artigos 56A e 56B da Lei nº 12.350/2010, os quais autorizam a compensação com débitos próprios ou o ressarcimento em dinheiro, respectivamente: a) de saldo de créditos presumidos apurados a partir do ano calendário de 2006 na forma do § 3º do art. 8º da Lei nº 10.925, de 23 de julho de 2004, existentes à data de publicação da lei; e b) para a pessoa jurídica, inclusive cooperativa, que até o final de cada trimestrecalendário, não conseguir utilizar os créditos presumidos apurados na forma do inciso II do § 3º do art. 8º da Lei nº 10.925, de 23 de julho de 2004; remetendo o cálculo aos §s 8º e 9º do art. 3º da Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e §s 8º e 9º do art. 3º da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003. (Incluído pela Lei nº 12.431, de 2011). Argumenta que, quanto à primeiro situação, a exposição de motivos da Medida Provisória nº 517/2010, na qual fora convertida a dita lei, traz que a finalidade da medida é monetizar o estoque de créditos presumidos vinculados às receitas de exportação, permitindo que as pessoas jurídicas consigam realizar estes ativos de modo a reduzir os custos de produção (grifos do original). Reproduzo, para análise mais detalhada, os disposições em pauta: Art. 3º. [...] § 7o Na hipótese de a pessoa jurídica sujeitarse à incidência nãocumulativa da COFINS, em relação apenas à parte de suas receitas, o crédito será apurado, exclusivamente, em relação aos custos, despesas e encargos vinculados a essas receitas. Fl. 2369DF CARF MF Processo nº 10935.001270/201110 Acórdão n.º 3301004.020 S3C3T1 Fl. 13 12 § 8o Observadas as normas a serem editadas pela Secretaria da Receita Federal, no caso de custos, despesas e encargos vinculados às receitas referidas no § 7o e àquelas submetidas ao regime de incidência cumulativa dessa contribuição, o crédito será determinado, a critério da pessoa jurídica, pelo método de: I apropriação direta, inclusive em relação aos custos, por meio de sistema de contabilidade de custos integrada e coordenada com a escrituração; ou II rateio proporcional, aplicandose aos custos, despesas e encargos comuns a relação percentual existente entre a receita bruta sujeita à incidência nãocumulativa e a receita bruta total, auferidas em cada mês. § 9o O método eleito pela pessoa jurídica para determinação do crédito, na forma do § 8o, será aplicado consistentemente por todo o anocalendário e, igualmente, adotado na apuração do crédito relativo à contribuição para o PIS/PASEP nãocumulativa, observadas as normas a serem editadas pela Secretaria da Receita Federal. (Grifos deste relator). A recorrente, optante pelo rateito proporcional, assim interpretou o respectivo dispositivo: [...] o crédito presumido a ressarcir vinculado a receita de exportação será apurado pela aplicação sobre os custos (bens adquiridos) da relação percentual da receita bruta da exportação dos produtos com direito ao crédito presumido em relação a receita bruta total dos produtos com direito ao crédito presumido, ou seja, obtido conforme a seguinte fórmula. Entendo pelo acerto da Delegacia de origem e da Delegacia de Julgamento: a disposição do 3o, § 8o , II, da Lei n. 10.833/2003 não deixa margem à interpretação da recorrente, posto que baseia o rateio na "relação percentual existente entre a receita bruta sujeita à incidência nãocumulativa e a receita bruta total". Se é "receita bruta total" não é receita bruta total por produto (ou setor) carne e óleo de soja degomado como quer fazer crer a recorrente. A exposição de motivos que traz em seu favor não tem o poder de alterar o significado da lei, no máximo direcionar a seu interpretação quando houver margem para tanto. Ainda assim, também não ampara a fórmula defendida pela recorrente, por não discriminar produtos/ setores. Aduz a recorrente que o Receita Federal estaria a violar o princípio constitucional da isonomia, "diferenciado para empresas que investem e produzem através de diversas atividades em unidade filiais, das empresas que mantém uma única atividade e assim não tem que computar para Fl. 2370DF CARF MF Processo nº 10935.001270/201110 Acórdão n.º 3301004.020 S3C3T1 Fl. 14 13 cálculo de seu crédito receita de outras atividades. De plano, não compete a este Conselho se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2). Ainda assim, entendo que o legislador, ao estatuir a opção pelo método da apropriação direta, permite que a empresa compute operação a operação o seu crédito. Já na opção pelo rateio proporcional, o legislador elegeu um método mais geral e simplificado, para empresas com incidência nãocumulativa da COFINS, para apenas parte de suas receitas, sem o detalhamento por produto/ setor. Assim, nessa questão, nego provimento ao recurso voluntário. Conclusão Por todo o exposto, nego provimento os recurso voluntário da COOPAVEL." Nos termos do entendimento exarado no paradigma, o Crédito Presumido previsto no art. 8º da Lei nº 10.925/2004, c/c os artigos 56A e 56B da Lei nº 12.350/2010, incluídos pela Lei nº 12.431/2011, e o cálculo de rateio proporcional no regime da não cumulatividade se aplica tanto à COFINS quanto à Contribuição para o PIS/Pasep. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri Fl. 2371DF CARF MF
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Numero do processo: 13016.000230/2005-64
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jul 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Sep 29 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/05/2005 a 31/05/2005
NÃO-CUMULATIVIDADE. CESSÃO DE CRÉDITOS DE ICMS ACUMULADOS DECORRENTES DE EXPORTAÇÕES. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO POR FORÇA DE DECISÃO JUDICIAL VINCULANTE, NA FORMA REGIMENTAL.
Havendo decisão definitiva do STF, com repercussão geral, no sentido da não-incidência da Contribuição para o PIS e da Cofins na cessão onerosa para terceiros de créditos de ICMS acumulados, originados de operações de exportação, ela deverá ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, por força regimental, para fatos geradores anteriores à produção de efeitos da Lei nº 11.945/2009, que expressamente previu a sua exclusão da base de cálculo das contribuições.
Recurso Especial do Procurador Negado.
Numero da decisão: 9303-005.376
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas (Suplente convocado), Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas (Suplente convocado), Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
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INCIDÊNCIA. CESSÃO ONEROSA DE CRÉDITOS DO ICMS. EXPORTAÇÃO. Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado MADEM SA INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE MADEIRAS E EMBALAGENS ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/05/2005 a 31/05/2005 NÃOCUMULATIVIDADE. CESSÃO DE CRÉDITOS DE ICMS ACUMULADOS DECORRENTES DE EXPORTAÇÕES. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO POR FORÇA DE DECISÃO JUDICIAL VINCULANTE, NA FORMA REGIMENTAL. Havendo decisão definitiva do STF, com repercussão geral, no sentido da nãoincidência da Contribuição para o PIS e da Cofins na cessão onerosa para terceiros de créditos de ICMS acumulados, originados de operações de exportação, ela deverá ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, por força regimental, para fatos geradores anteriores à produção de efeitos da Lei nº 11.945/2009, que expressamente previu a sua exclusão da base de cálculo das contribuições. Recurso Especial do Procurador Negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas (Suplente convocado), Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 01 6. 00 02 30 /2 00 5- 64 Fl. 169DF CARF MF Processo nº 13016.000230/200564 Acórdão n.º 9303005.376 CSRFT3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Recurso Especial de Divergência interposto pela Fazenda Nacional contra o Acórdão 380300.856. Na parte de interesse ao presente litígio, o colegiado a quo decidiu que a cessão onerosa de créditos do ICMS não compõe a base de cálculo das contribuições do PIS e da COFINS. A Fazenda Nacional requer a reforma do acórdão argumentando, em síntese, que a cessão onerosa de créditos de ICMS é uma operação que equiparase a verdadeira alienação de direitos a titulo oneroso, originando receita tributável, devendo compor a base de cálculo da PIS/ COFINS, conforme dispõe o art. 1° §§ 1º e 2º da Lei nº 10.637/2002, bem como o art. 1° da Lei nº 10.833/2003. Mediante Despacho do Presidente da Câmara competente, foi dado seguimento ao recurso interposto. O contribuinte apresentou contrarrazões. É o Relatório. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303005.319, de 25/07/2017, proferido no julgamento do processo 13016.000004/200401, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9303005.319): "Os requisitos para se admitir o Recurso Especial foram cumpridos e foram respeitadas as formalidades regimentalmente previstas. A matéria tratada no presente litígio restringese ao fato de se as receitas decorrentes da transferência onerosa de créditos de ICMS, acumulados em razão de exportação para o exterior, devem, ou não, ser excluídas da base de cálculo da Contribuição para o PIS e da Cofins. O tema não é mais passível de discussão no CARF, haja vista que o Supremo Tribunal Federal já decidiu a questão posta, com a devida declaração de repercussão geral, nos termos do artigo 543B da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, antigo Código de Processo Civil. Fl. 170DF CARF MF Processo nº 13016.000230/200564 Acórdão n.º 9303005.376 CSRFT3 Fl. 4 3 O Recurso Extraordinário nº 606.107/RS, que trata da matéria, foi interposto pela Fazenda Nacional, contra decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, que considerou inconstitucional a inclusão, na base de cálculo da Contribuição para o PIS e da Cofins não cumulativas, dos valores dos créditos do ICMS provenientes de exportação que fossem cedidos onerosamente a terceiros. Em julgamento realizado pelo pleno do STF, em 22/05/2013, sob a relatoria da Ministra Rosa Weber, foi julgado o mérito, cuja decisão possui a seguinte ementa: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE. HERMENÊUTICA. CONTRIBUIÇÃO AO PIS E COFINS. NÃO INCIDÊNCIA. TELEOLOGIA DA NORMA. EMPRESA EXPORTADORA. CRÉDITOS DE ICMS TRANSFERIDOS A TERCEIROS. I Esta Suprema Corte, nas inúmeras oportunidades em que debatida a questão da hermenêutica constitucional aplicada ao tema das imunidades, adotou a interpretação teleológica do instituto, a emprestarlhe abrangência maior, com escopo de assegurar à norma supralegal máxima efetividade. (...) VI O aproveitamento dos créditos de ICMS por ocasião da saída imune para o exterior não gera receita tributável. Cuidase de mera recuperação do ônus econômico advindo do ICMS, assegurada expressamente pelo art. 155, § 2º, X, “a”, da Constituição Federal. VII Adquirida a mercadoria, a empresa exportadora pode creditarse do ICMS anteriormente pago, mas somente poderá transferir a terceiros o saldo credor acumulado após a saída da mercadoria com destino ao exterior (art. 25, § 1º, da LC 87/1996). Porquanto só se viabiliza a cessão do crédito em função da exportação, além de vocacionada a desonerar as empresas exportadoras do ônus econômico do ICMS, as verbas respectivas qualificamse como decorrentes da exportação para efeito da imunidade do art. 149, § 2º, I, da Constituição Federal. VIII Assenta esta Suprema Corte a tese da inconstitucionalidade da incidência da contribuição ao PIS e da COFINS não cumulativas sobre os valores auferidos por empresa exportadora em razão da transferência a terceiros de créditos de ICMS. (...) Recurso extraordinário conhecido e não provido, aplicandose aos recursos sobrestados, que versem sobre o tema decidido, o art. 543B, § 3º, do CPC. O acórdão foi publicado em 25/11/2013 e o trânsito em julgado deu se em 05/12/2013. Fl. 171DF CARF MF Processo nº 13016.000230/200564 Acórdão n.º 9303005.376 CSRFT3 Fl. 5 4 Por força da disposição, a seguir transcrita, do § 2º do art. 62 do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015, a mencionada decisão do STF deve ser reproduzida por este relator: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (...) § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 – Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) Registrese ainda, a título de observação, que, na forma da Lei nº 10.522/2002, art. 19, § 5º, com a redação dada pelo art. 21 da Lei nº 12.844/2013, também estão vinculadas a este entendimento as Delegacias de Julgamento e as Unidades de Origem da RFB, com a manifestação da PGFN na Nota transcrita parcialmente a seguir, no que interessa a esta discussão: NOTA /PGFN/CRJ/Nº 1.486/2013 (...) 2. Em razão de os referidos julgados terem repercussão na esfera administrativa e requerer atuação efetiva da RFB, e em observância do que foi definido na Nota PGFN/CRJ nº 1114/2012, que cumpre o disposto no Parecer PGFN/CDA nº 2025/2011, estas CRJ examina, infra, os itens referidos no parágrafo anterior, realizando a delimitação do tema ali tratado, nos seguintes termos: (...) 98 – RE 606.107/RS (...) Resumo: não incide PIS e COFINS sobre a cessão a terceiros do crédito presumido do ICMS decorrente de exportação. Data da inclusão:13/12/2013 DELIMITAÇÃO DA MATÉRIA DECIDIDA: as verbas referentes à cessão a terceiro de crédito presumido do ICMS decorrente de exportação não constituem base para incidência do PIS e da COFINS. Pelo exposto, voto por dar provimento ao Recurso Especial interposto pelo contribuinte." Fl. 172DF CARF MF Processo nº 13016.000230/200564 Acórdão n.º 9303005.376 CSRFT3 Fl. 6 5 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 173DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10830.900289/2013-72
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Aug 15 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 14/09/2012
RESTITUIÇÃO. IMUNIDADE. AUSÊNCIA DE CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO PLEITEADO.
Para fins de concessão de pedido de restituição e/ou compensação de indébito fiscal, é imprescindível que o crédito tributário pleiteado esteja munido de certeza e liquidez. No presente caso, não logrou o contribuinte comprovar que faria jus à imunidade alegada, em razão da ausência da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS), requisito este essencial ao gozo da imunidade, nos termos do que determina o art. 29 da Lei 12.101/2009.
Recurso Voluntário negado.
Numero da decisão: 3301-003.713
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d´Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antônio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Data do fato gerador: 14/09/2012 RESTITUIÇÃO. IMUNIDADE. AUSÊNCIA DE CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO PLEITEADO. Para fins de concessão de pedido de restituição e/ou compensação de indébito fiscal, é imprescindível que o crédito tributário pleiteado esteja munido de certeza e liquidez. No presente caso, não logrou o contribuinte comprovar que faria jus à imunidade alegada, em razão da ausência da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS), requisito este essencial ao gozo da imunidade, nos termos do que determina o art. 29 da Lei 12.101/2009. Recurso Voluntário negado.
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decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d´Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antônio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas.
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Ausência de certeza e liquidez do crédito pleiteado. Recorrente FUNDAÇÃO DE DESENVOLVIMENTO DA UNICAMP FUNCAMP Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 14/09/2012 RESTITUIÇÃO. IMUNIDADE. AUSÊNCIA DE CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO PLEITEADO. Para fins de concessão de pedido de restituição e/ou compensação de indébito fiscal, é imprescindível que o crédito tributário pleiteado esteja munido de certeza e liquidez. No presente caso, não logrou o contribuinte comprovar que faria jus à imunidade alegada, em razão da ausência da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS), requisito este essencial ao gozo da imunidade, nos termos do que determina o art. 29 da Lei 12.101/2009. Recurso Voluntário negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d´Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antônio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas. Relatório Tratase de manifestação de inconformidade contra Despacho Decisório eletrônico que indeferiu Pedido de Restituição Eletrônico PER referente a alegado crédito de AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 90 02 89 /2 01 3- 72 Fl. 172DF CARF MF Processo nº 10830.900289/201372 Acórdão n.º 3301003.713 S3C3T1 Fl. 3 2 pagamento indevido ou a maior efetuado por meio do DARF, código de receita 8301 (PIS – Folha de Pagamento). Segundo o Despacho Decisório, o DARF informado no PER foi integralmente utilizado na quitação do respectivo débito, não restando crédito disponível para restituição. Em sua manifestação de inconformidade a interessada argumentou, em resumo, que o pagamento indevido decorre de sua condição de imune às contribuições sociais, nos termos dos art. 150, inciso VI, alínea “c”, art. 195, § 7º, c/c art. 205, art. 6º, art. 203, inciso III, art. 145, § 1º, art. 146, II, todos da Constituição Federal, e do art. 14 do CTN. Discorre sobre sua condição de imune. Requer que seja declarada como Entidade Beneficente de Assistência Social. Ao analisar o caso, a DRJ em Juiz de Fora (MG), entendeu por julgar improcedente a manifestação de inconformidade, nos termos do Acórdão 09051.747, com base primordialmente nos seguintes fundamentos: (i) a imunidade das contribuições sociais está sujeita às exigências estabelecidas pela Lei 12.101/2009; (ii) a Recorrente não possui CEBAS (Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social); (iii) o PIS não está abrangido pela imunidade estabelecida no art. 195, § 7º da Constituição Federal; e (iv) a Recorrente está sujeita ao PIS sobre a Folha de Salários e não sobre o Faturamento. Intimado da decisão e insatisfeito com o seu conteúdo, o contribuinte interpôs, tempestivamente, Recurso Voluntário através do qual alegou, resumidamente: (i) que o STF já teria pacificado seu entendimento quanto à submissão do PIS à imunidade tributária das contribuições previdenciárias fixada pelo art. 195, parágrafo 7º da Constituição Federal, conforme acórdão proferido no RE 636.941/RS, que teve repercussão geral reconhecida; (ii) que a Recorrente atende a todos os requisitos da Lei 12.101/2009 para fins de usufruto da imunidade, conforme comprovado no pedido de emissão do CEBAS protocolizado (trata sobre cada um dos requisitos); (iii) que a emissão do CEBAS é um ato administrativo vinculado, constituindo obrigação legal uma vez constatado o atendimento dos requisitos legais para gozo da imunidade; (iv) que a emissão do CEBAS tem caráter declaratório, sendolhe conferidos efeitos retroativos. Requer, ao final, que seja dado provimento ao seu recurso, para fins de deferir o pedido de restituição, por se tratar de instituição imune às contribuições previdenciárias. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301003.674, de 27 de junho de 2017, proferido no julgamento do processo 10830.900254/201333, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301003.674): Fl. 173DF CARF MF Processo nº 10830.900289/201372 Acórdão n.º 3301003.713 S3C3T1 Fl. 4 3 "O Recurso Voluntário é tempestivo e reúne os demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Consoante acima narrado, tratase de Pedido de Restituição Eletrônico PER nº 23871.62072.130912.1.2.040241 referente a alegado crédito de pagamento indevido ou a maior da contribuição previdenciária sobre a folha de salários a cargo do empregador, efetuado por meio do DARF no valor original de R$ 42.011,75. Como é cediço, para fins de concessão de pedido de restituição e/ou compensação de indébito fiscal, é imprescindível que o crédito tributário pleiteado esteja munido de certeza e liquidez, cuja comprovação deve ser efetuada pelo contribuinte. No caso concreto ora analisado, portanto, há de se verificar se o crédito tributário alegado pelo contribuinte encontrase revestido de tais características, sem as quais o pleito não pode ser deferido. Alega o contribuinte que o seu pleito decorre do seu direito seria líquido e certo ao gozo da imunidade. A DRJ, por seu turno, entendeu de forma diversa, conforme se extrai da passagem do voto a seguir transcrita: A imunidade relativa às pessoas jurídicas que prestam assistência social está prevista nos seguintes dispositivos constitucionais: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: [...] VI instituir impostos sobre:(Vide Emenda Constitucional nº 3, de 1993) a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; b) templos de qualquer culto; c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. [...] Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: [...] § 7º São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei. A imunidade prevista no artigo 150 acima transcrito é especifica para impostos não abrangendo às contribuições sociais. Portanto, não alcança o PIS/PASEP –Folha de Salários. A imunidade prevista no artigo 195, § 7º, é específica para contribuições para seguridade social e depende da caracterização da entidade como beneficente Fl. 174DF CARF MF Processo nº 10830.900289/201372 Acórdão n.º 3301003.713 S3C3T1 Fl. 5 4 de assistência social que atenda às exigências estabelecidas em lei, entre elas a certificação de que trata a Lei 12.101/2009, conforme dispositivos transcritos a seguir: Art. 1o A certificação das entidades beneficentes de assistência social e a isenção de contribuições para a seguridade social serão concedidas às pessoas III do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, quanto às entidades de assistência social. (...) Art. 29. A entidade beneficente certificada na forma do Capítulo II fará jus à isenção do pagamento das contribuições de que tratam os arts. 22 e 23 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, desde que atenda, cumulativamente, aos seguintes requisitos (grifo não original) Com base nos atos acima transcritos, que vinculam este colegiado de 1ª instância administrativa, a contribuinte, por não ser detentora do certificado de entidade beneficente de assistência social, não faz jus à imunidade prevista no artigo 195, § 7º, da CF/88, por descumprir exigência contida em lei. Com lastro no artigo 21 supra, não compete à RFB decidir sobre a concessão de certificados de entidade beneficente de assistência social, não tendo força vinculante as decisões judiciais e o posicionamento da doutrina mencionados pela defesa. De modo que, o pedido, para que seja declarada como Entidade Beneficente da Assistência Social, com força substitutiva do registro e da certificação de que trata o art. 21 da Lei nº 12.101/2009, não pode ser atendido no âmbito desse colegiado. A contribuinte impetrou o mandado de segurança nº 2007.61.05.0129681, junto à 2ª Vara Federal de Campinas, que atualmente tramita no TRF 3º Região, com sentença proferida reconhecendo o direito à imunidade prevista no art. 195, 7º, da CF/88, no tocante à Cofins, desde que cumpridos os requisitos do art. 14 do CTN e os deveres instrumentais acessórios estabelecidos pela legislação fiscal. Portanto, mantida a exigência do certificado de entidade beneficente de assistência social para gozo da imunidade prevista no artigo 195, 7º, da CF/88. Concordo com a conclusão a que chegou a DRJ no trecho acima, por entender que não restou comprovada a certeza e liquidez do crédito pleiteado pelo contribuinte. Embora a Recorrente tenha protocolizado pedido de emissão do CEBAS (Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social) desde 18/12/2013, é certo que este pedido ainda não foi deferido, encontrandose atualmente na situação de "encaminhado". E sendo esta emissão um requisito essencial ao gozo da imunidade pleiteada, nos termos do que determina a Lei nº 12.101/2009, não há como se entender que o crédito tributário objeto da presente demanda seja líquido e certo. Notese que o art. 29 da referida lei dispõe que fará jus à isenção a entidade beneficente certificada. Ademais, como bem destacou a DRJ em sua decisão, a análise quanto ao atendimento dos requisitos dispostos na Lei n. 12.101/2009 e a consequente concessão do Fl. 175DF CARF MF Processo nº 10830.900289/201372 Acórdão n.º 3301003.713 S3C3T1 Fl. 6 5 CEBAS não é de competência da Receita Federal do Brasil, ou mesmo deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Nesse contexto, ainda que o ato administrativo de concessão do CEBAS seja plenamente vinculado, e que os seus efeitos sejam declaratórios, conferindolhe aplicação retroativa, tais fatores não afastam a necessidade de que haja a análise quanto a tal pleito por parte da autoridade competente. Sendo assim, não há como se deferir o pleito do contribuinte de restituição apresentado, por faltarlhe certeza e liquidez. De outro norte, importante ainda que se analise o segundo fundamento da decisão recorrida, que assim dispôs: Ainda que a contribuinte fosse detentora de tal certificado, o entendimento da administração tributária é que o PIS/PASEP não está abrangido pelo artigo 195 da Carta Magna, sendo devido o seu recolhimento na forma da lei. No caso vertente, o crédito pretendido decorre de pagamento de PIS/PASEP – Folha de Salários. Cabe, então, observar o disposto no art. 13 da Medida Provisória nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001: Art. 13. A contribuição para o PIS/PASEP será determinada com base na folha de salários, à alíquota de um por cento, pelas seguintes entidades: I templos de qualquer culto; II partidos políticos; III instituições de educação e de assistência social a que se refere o art. 12 da Lei no 9.532, de 10 de dezembro de 1997; IV instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, científico e as associações, a que se refere o art. 15 da Lei no 9.532, de 1997; V sindicatos, federações e confederações; VI serviços sociais autônomos, criados ou autorizados por lei; VII conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas; jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, reconhecidas como entidades beneficentes de assistência social com a finalidade de prestação de serviços nas áreas de assistência social, saúde ou educação, e que atendam ao disposto nesta Lei. (...) Art. 21. A análise e decisão dos requerimentos de concessão ou de renovação dos certificados das entidades beneficentes de assistência social serão apreciadas no âmbito dos seguintes Ministérios: I da Saúde, quanto às entidades da área de saúde; II da Educação, quanto às entidades educacionais; e VIII fundações de direito privado e fundações públicas instituídas ou mantidas pelo Poder Público; IX condomínios de proprietários de imóveis residenciais ou comerciais; e Fl. 176DF CARF MF Processo nº 10830.900289/201372 Acórdão n.º 3301003.713 S3C3T1 Fl. 7 6 X a Organização das Cooperativas Brasileiras OCB e as Organizações Estaduais de Cooperativas previstas no art. 105 e seu § 1o da Lei no 5.764, de 16 de dezembro de 1971. [...].” [Grifei]. Por sua vez, os mencionados arts. 12 e 15 da Lei nº 9.532, de 1997, assim dispõem1: Art. 12. Para efeito do disposto no art. 150, inciso VI, alínea "c", da Constituição, considerase imune a instituição de educação ou de assistência social que preste os serviços para os quais houver sido instituída e os coloque à disposição da população em geral, em caráter complementar às atividades do Estado, sem fins lucrativos. (Vide artigos 1º e 2º da Mpv 2.18949, de 2001) (Vide Medida Provisória nº 215835, de 2001) § 1º Não estão abrangidos pela imunidade os rendimentos e ganhos de capital auferidos em aplicações financeiras de renda fixa ou de renda variável. § 2º Para o gozo da imunidade, as instituições a que se refere este artigo, estão obrigadas a atender aos seguintes requisitos: [...] Art. 15. Consideramse isentas as instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural e científico e as associações civis que prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem fins lucrativos. (Vide Medida Provisória nº 215835, de 2001) § 1º A isenção a que se refere este artigo aplicase, exclusivamente, em relação ao imposto de renda da pessoa jurídica e à contribuição social sobre o lucro líquido, observado o disposto no parágrafo subseqüente. [...] § 3º Às instituições isentas aplicamse as disposições do art. 12, § 2°, alíneas "a" a "e" e § 3° e dos arts. 13 e 14. Nesse sentido, o Decreto nº 4.527, de 17 de dezembro de 2002, ao regulamentar a Contribuição para o PIS/Pasep e a Cofins, devidas pelas pessoas jurídicas de direito privado em geral, assim dispõe: Art. 9º São contribuintes do PIS/Pasep incidente sobre a folha de salários as seguintes entidades (Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, art. 13): [...] III instituições de educação e de assistência social que preencham as condições e requisitos do art. 12 da Lei nº 9.532, de 1997; IV instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, científico e as associações, que preencham as condições e requisitos do art. 15 da Lei nº 9.532, de 1997; [...] Fl. 177DF CARF MF Processo nº 10830.900289/201372 Acórdão n.º 3301003.713 S3C3T1 Fl. 8 7 Art. 46. As entidades relacionadas no art. 9º deste Decreto (Constituição Federal, art. 195, § 7º , e Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, art. 13, art. 14, inciso X, e art. 17): I não contribuem para o PIS/Pasep incidente sobre o faturamento; e [...] Art. 50. A base de cálculo do PIS/Pasep incidente sobre a folha de salários mensal, das entidades relacionadas no art. 9º, corresponde à remuneração paga, devida ou creditada a empregados. [...].” [Grifei]. Portanto, considerando as normas legais supracitadas e que a contribuinte se declara imune em razão da atividade por ela exercida (atividades de apoio à educação – exceto caixas escolares), não há incidência da contribuição para o PIS/Pasep sobre o faturamento. Entretanto, é devida a contribuição para o PIS/Pasep calculada sobre a folha de salários, conforme definido no art. 13 da MP nº 2.15835, de 2001, independentemente de sua imunidade decorrer do disposto no artigo 150 ou 195 da CF/88. Assim, diante da ausência de certeza do crédito pleiteado, voto por considerar improcedente a manifestação de inconformidade, ratificando o Despacho Decisório que indeferiu a restituição pretendida. Sobre este ponto, o contribuinte alegou em seu recurso voluntário que o STF já pacificou seu entendimento quanto à submissão do PIS à imunidade tributária das contribuições previdenciárias fixada pelo art. 195, parágrafo 7º da Constituição Federal, conforme acórdão proferido no RE 636.941/RS, publicado em 04/04/2014, que teve repercussão geral reconhecida. Da análise do referido julgado, extraise que o STF chegou à seguinte conclusão: A pessoa jurídica para fazer jus à imunidade do art. 195, § 7º, CF/88, com relação às contribuições sociais, deve atender aos requisitos previstos nos artigos 9º e 14, do CTN, bem como no art. 55, da Lei nº 8.212/91, alterada pelas Lei nº 9.732/98 e Lei nº 12.101/2009, nos pontos onde não tiveram sua vigência suspensa liminarmente pelo STF nos autos da ADIN 2.2085. As entidades beneficentes de assistência social, como consequência, não se submetem ao regime tributário disposto no art. 2º, II, da Lei nº 9.715/98, e no art. 13, IV, da MP nº 2.15835/2001, aplicáveis somente àquelas outras entidades (instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural e científico e as associações civis que prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem fins lucrativos) que não preencherem os requisitos do art. 55, da Lei nº 8.212/91, ou da legislação superveniente sobre a matéria, posto não abarcadas pela imunidade constitucional. A inaplicabilidade do art. 2º, II, da Lei nº 9.715/98, e do art. 13, IV, da MP º 2.15835/2001, às entidades que preenchem os requisitos do art. 55 da Lei nº 8.212/91, e legislação superveniente, não decorre do vício da inconstitucionalidade desses dispositivos legais, mas da imunidade em relação à contribuição ao PIS como técnica de interpretação conforme à Constituição. Fl. 178DF CARF MF Processo nº 10830.900289/201372 Acórdão n.º 3301003.713 S3C3T1 Fl. 9 8 Ou seja, o STF concluiu que as entidades beneficentes de assistência social não se submetem ao regime tributário disposto no art. 13, IV da MP n. 2.15835/2001, por fazerem jus à imunidade do art. 150, § 7º, da CF/88. E como restou conferida à tese ali assentada repercussão geral e eficácia erga omnes e ex tunc, tal entendimento deverá ser observado por este Conselho, por força do que dispõe o Regimento Interno deste Conselho, in verbis: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal; (Redação dada pela Portaria MF nº 39, de 2016) II que fundamente crédito tributário objeto de: a) Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal, nos termos do art. 103A da Constituição Federal; b) Decisão do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos do art. 543B ou 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), na forma disciplinada pela Administração Tributária; b) Decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária; (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) (...). § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverãoser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) Com base no entendimento do STF expresso no RE 636.941/RS, há de se reconhecer, portanto, a insubsistência da conclusão constante da decisão recorrida no sentido de seria "devida a contribuição para o PIS/Pasep calculada sobre a folha de salários, conforme definido no art. 13 da MP nº 2.15835, de 2001, independentemente de sua imunidade decorrer do disposto no artigo 150 ou 195 da CF/88". Contudo, para que se possa concluir pela aplicação do julgado do STF ao caso vertente, seria necessário verificar se a Recorrente se enquadra como entidade beneficente de assistência social e se atende os requisitos legais dispostos na legislação pertinente. Ocorre que, consoante anteriormente apontado, o pedido de concessão da CEBAS (Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social), um dos requisitos para o gozo da imunidade, ainda não foi deferido pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário, a Fl. 179DF CARF MF Processo nº 10830.900289/201372 Acórdão n.º 3301003.713 S3C3T1 Fl. 10 9 quem compete analisar o atendimento dos requisitos dispostos na legislação pertinente (art. 14 do CTN, art. 55, da Lei nº 8.212/91, alterada pelas Lei nº 9.732/98, e Lei nº 12.101/2009). É válido destacar, inclusive, que o STF, ao julgar o RE 636.941/RS tratou expressamente desta certificação, concluindo que "a definição dos limites objetivos ou materiais, bem como dos aspectos subjetivos ou formais, atende aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade". É o que se infere da passagem a seguir transcrita, extraída do voto do Ministro Luiz Fux, relator do mencionado RE: Pela análise da legislação, percebese que se tem consagrado requisitos específicos mais rígidos para o reconhecimento da imunidade das entidades de assistência social (art. 195, § 7º, CF/88), se comparados com os critérios para a fruição da imunidade dos impostos (art. 150, VI, c, CF/88). Ilustrativamente, menciono aqueles exigidos para a emissão do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social – CEBAS, veiculados originariamente pelo art. 55 da Lei nº 8.212/91, ora regulados pela Lei nº 12. 101/2009. A definição dos limites objetivos ou materiais, bem como dos aspectos subjetivos ou formais, atende aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade, não implicando significativa restrição do alcance do dispositivo interpretado, qual seja, o conceito de imunidade, e de redução das garantias dos contribuintes. Com efeito, a jurisprudência da Suprema Corte indicia a possibilidade de lei ordinária regulamentar os requisitos e normas sobre a constituição e o funcionamento das entidades de educação ou assistência (aspectos subjetivos ou formais). Diante do acima exposto, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte, mantendo o indeferimento do pedido de restituição, conforme fundamentos acima expostos, em razão da não comprovação da certeza e liquidez do crédito pleiteado." Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo não logrou o contribuinte comprovar que faria jus à imunidade alegada, em razão da ausência da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS), requisito este essencial ao gozo da imunidade, nos termos do que determina o art. 29 da Lei 12.101/2009. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário, mantendo o indeferimento do pedido de restituição, conforme fundamentos acima expostos, em razão da não comprovação da certeza e liquidez do crédito pleiteado. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Fl. 180DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10830.727919/2015-10
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 04 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Aug 17 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2011 a 31/12/2011, 01/03/2012 a 31/03/2012
AUTORIDADE COMPETENTE. LEGITIMIDADE DO AFRFB. NULIDADE AFASTADA.
Não há nulidade a ser declarada em casos de lançamento de glosa de compensação em GFIP na medida em que o AFRFB é a autoridade competente para efetuar o lançamento. Não aplicação do procedimento indicado em PER/DCOMP.
DECADÊNCIA. DECISÃO DA DRJ FUNDAMENTADA. APLICAÇÃO DO ART. 150 § 4ºDO CTN.
A decisão da DRJ de forma objetiva tratou e julgou o assunto colocado pelo contribuinte pela aplicação do art. 150§ 4º do CTN. Correta a decisão que afastou a decadência quanto ao tópico indicado.
COMPENSAÇÃO EFETUADA. GLOSA. ÔNUS DA PROVA. CRÉDITO INEXISTENTE.
É ônus do contribuinte a prova quanto o alegado direito creditório vinculado ás compensações efetuadas. Não havendo provas quanto ao crédito, legítima a glosa efetuada no lançamento.
MULTA ISOLADA. FALSIDADE DA INFORMAÇÃO CONFIRMADA.
Contribuinte que declara de forma falsa a existência de créditos compensados indevidamente deve arcar com a punição com a multa isolada prescrita em lei e legítima de acordo com decisões reiteradas a respeito.
Numero da decisão: 2201-003.728
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares arguídas e, no mérito, em negar provimento ao recurso voluntário.
assinado digitalmente
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente.
assinado digitalmente
Marcelo Milton da Silva Risso - Relator.
EDITADO EM: 06/08/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
Nome do relator: MARCELO MILTON DA SILVA RISSO
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2011 a 31/12/2011, 01/03/2012 a 31/03/2012 AUTORIDADE COMPETENTE. LEGITIMIDADE DO AFRFB. NULIDADE AFASTADA. Não há nulidade a ser declarada em casos de lançamento de glosa de compensação em GFIP na medida em que o AFRFB é a autoridade competente para efetuar o lançamento. Não aplicação do procedimento indicado em PER/DCOMP. DECADÊNCIA. DECISÃO DA DRJ FUNDAMENTADA. APLICAÇÃO DO ART. 150 § 4ºDO CTN. A decisão da DRJ de forma objetiva tratou e julgou o assunto colocado pelo contribuinte pela aplicação do art. 150§ 4º do CTN. Correta a decisão que afastou a decadência quanto ao tópico indicado. COMPENSAÇÃO EFETUADA. GLOSA. ÔNUS DA PROVA. CRÉDITO INEXISTENTE. É ônus do contribuinte a prova quanto o alegado direito creditório vinculado ás compensações efetuadas. Não havendo provas quanto ao crédito, legítima a glosa efetuada no lançamento. MULTA ISOLADA. FALSIDADE DA INFORMAÇÃO CONFIRMADA. Contribuinte que declara de forma falsa a existência de créditos compensados indevidamente deve arcar com a punição com a multa isolada prescrita em lei e legítima de acordo com decisões reiteradas a respeito.
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LEGITIMIDADE DO AFRFB. NULIDADE AFASTADA. Não há nulidade a ser declarada em casos de lançamento de glosa de compensação em GFIP na medida em que o AFRFB é a autoridade competente para efetuar o lançamento. Não aplicação do procedimento indicado em PER/DCOMP. DECADÊNCIA. DECISÃO DA DRJ FUNDAMENTADA. APLICAÇÃO DO ART. 150 § 4ºDO CTN. A decisão da DRJ de forma objetiva tratou e julgou o assunto colocado pelo contribuinte pela aplicação do art. 150§ 4º do CTN. Correta a decisão que afastou a decadência quanto ao tópico indicado. COMPENSAÇÃO EFETUADA. GLOSA. ÔNUS DA PROVA. CRÉDITO INEXISTENTE. É ônus do contribuinte a prova quanto o alegado direito creditório vinculado ás compensações efetuadas. Não havendo provas quanto ao crédito, legítima a glosa efetuada no lançamento. MULTA ISOLADA. FALSIDADE DA INFORMAÇÃO CONFIRMADA. Contribuinte que declara de forma falsa a existência de créditos compensados indevidamente deve arcar com a punição com a multa isolada prescrita em lei e legítima de acordo com decisões reiteradas a respeito. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 72 79 19 /2 01 5- 10 Fl. 500DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares arguídas e, no mérito, em negar provimento ao recurso voluntário. assinado digitalmente Carlos Henrique de Oliveira Presidente. assinado digitalmente Marcelo Milton da Silva Risso Relator. EDITADO EM: 06/08/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. Relatório 1 Tratase de Recurso Voluntário (fls.442/475) interposto pelo contribuinte contra a R. decisão da DRJJFA (fls. 432/440) que julgou improcedente sua Impugnação ao lançamento dos Autos de Infração — DEBCAD n° 51.079.4882 (glosa de compensação) e DEBCAD nº 51.079.4890, (multa isolada), do período de 01/2011 a 12/2011 no valor total de R$ 28.297.723,69 e R$ 26.026.567,99, respectivamente, tendo recebido a autuação em 06/01/2016 (fls. 334). 2 – Adoto inicialmente como complemento ao relatório a narrativa constante do V. Acórdão da DRJ (fls. 433/4) por sua precisão e clareza: “Compõem o presente processo os autos de infração 51.079.4882 (glosa de compensação) e 51.079.4890 (multa isolada), lavrados em 30/12/2015, com valores originários (sem multa ou juros), respectivamente, de R$ 17.351.045,31 e R$ 26.026.567,99. Como motivação do lançamento, consta, no Relatório Fiscal de folhas 21 a 27, o seguinte: ‘... V DOS CRÉDITOS PREVIDENCIÁRIOS Fl. 501DF CARF MF Processo nº 10830.727919/201510 Acórdão n.º 2201003.728 S2C2T1 Fl. 501 3 7. Os créditos previdenciários relativamente a glosa de compensação indevida de créditos inexistentes relacionados no item, lançados no DEBCAD 51.079.4882 do anterior, estão relacionados à Seguridade Social, a saber: Contribuição previdenciária dos segurados empregados e contribuintes individuais sobre o saláriodecontribuição mensal, nos termos do art. 20 e 21 da Lei 8.212/91 e legislação discriminada nos Relatórios FLDFundamentos Legais do Débito, em anexo; Contribuição previdenciária patronal sobre a remuneração dos segurados empregados/contribuinte individual, nos termos do art. 22, inciso I e III da Lei 8.212/91 e alterações constantes dos Relatórios FLD Fundamentos Legais do Débito, em anexo; Contribuição previdenciária patronal para financiamento dos benefícios em razão da incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho RAT, conforme art. 22, inciso II da Lei 8.212/91 e alterações constantes Relatórios FLD Fundamentos Legais do Débito, em anexo; VI DO LANÇAMENTO E DA BASE DE CÁLCULO 8. Da verificação dos documentos apresentados observouse que a empresa informava valores de retenção sofridas, em valor superior ao real. Tal procedimento provocou recolhimento a menor dos valores devidos, os quais estão relacionados no anexo "RET DECLARADA X CORRETA (RELATÓRIO RETENÇÃO)". 9. De acordo com o manual de preenchimento da GFIP: "A empresa cedente de mãodeobra ou prestadora de serviços (contratada) deve informar o valor correspondente ao montante das retenções (Lei n°9.711/98) sofridas durante o mês, em relação a cada tomador/obra (contratante),... A informação deve ser prestada relativamente ao estabelecimento ou à obra da empresa que sofreu a retenção." 10. A empresa fiscalizada exerce a atividade de "VIGILANCIA E SEGURANÇA PRIVADA", e apresentou relação de todas as notas fiscais emitidas que continham retenções à previdência social, tais valores foram considerados como créditos para apuração dos valores neste procedimento e confrontados com os valores constantes das declarações Fl. 502DF CARF MF 4 em GFIPs obtidas no sistema, às quais foram apresentadas antes do inicio deste procedimento fiscal. 11. Os recolhimentos previdenciários já efetuados pela empresa, referem se aos valores já declarados em GFIP foram considerados neste procedimento. 12. As bases de cálculo constam dos Relatórios, RL Relatório de Lançamentos e DD Discriminativo do Débito, em anexo, referemse a diferença entre os valores retidos das notas fiscais de prestação de serviço, emitidas pela empresa ora fiscalizada, relacionados no anexo "RETENÇÕES (RETENÇÕES REALIZADAS)" e os valores declarados na GFIP no campo destinado a prestação dessa informação. VII DA MULTA DE OFICIO E DA MULTA ISOLADA 13. A partir da edição da Medida Provisória 449/2008 (convertida na Lei 11.941, de 2009), o lançamento de contribuições previdenciárias deve observar o disposto no art. 44, inc. I, da Lei n° 9.430/96 e em seu § 1o, com as alterações promovidas pela Lei no 11.488/07. Confirase: "Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada peia Lei n" 11.488, de 2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei n° 11.488, de 2007) (...) 14. Na falta de recolhimento de contribuições previdenciárias caracteriza circunstância na qual a aplicação da multa de 75% é de rigor. 15. Referente a multa isolada (150%), cujos valores constam do DEBCAD 51.079.4890, ficou evidenciado que a empresa fiscalizada prestou declaração falsa em GFIP no que concerne à compensação de créditos inexistentes à fim de reduzir o valor devido apontado naquele documento declaratório, por esse fato aplicamos a multa isolada, pela falsidade da declaração nas competências elencadas nos relatórios anexados e cujos montantes encontramse lançados no código de levantamento "MI", do DEBCAD 51.079.4890. Neste caso, foi considerado como competência para cálculo dos valores devidos, a data da entrega do documento (GFIP), ver relatório "DADOS GFIP ENVIO (GFIP DATA ENVIO)", esta data é a da declaração com falsidade conforme prevê o art. 89, § 10° da Fl. 503DF CARF MF Processo nº 10830.727919/201510 Acórdão n.º 2201003.728 S2C2T1 Fl. 502 5 Lei 8.212/91 com redação dada pela MP n°449 de 04/12/2008, convertida na Lei n° 11.941, de 27/05/2009 abaixo transcrito: 3 – Continua o relatório indicando os argumentos de defesa do contribuinte, verbis: “Inicialmente, com fulcro no Regimento Interno da Receita Federal do Brasil (Portaria MF 203/2012), alega nulidade pelo fato de ter sido lavrado por pessoa incompetente, uma vez que a não homologação de compensação é ato privativo do Delegado da Receita Federal do Brasil. Também não seria cabível emissão de auto de infração, mas notificação de lançamento. Em seguida, entende que o que deveria ser feito era uma revisão de ofício, onde não seria cabível imposição de multa isolada. Segundo a Portaria RFB 3.014/2011, por seu art. 10, IV, determinaria que não seria emitido MPF nos casos relativos a revisão interna de declaração, o que não foi obedecido, ensejando, mais uma vez, em nulidade. Alega também que possuía créditos de retenções em outros estabelecimentos, em operações permitidas a partir da Lei 11.941/2009 e que a planilha de retenções utilizada “não foi confrontada com as notas fiscais, mesmo por amostragem, não contendo todos os créditos do ora Impugnante”. Informa que “também tem direito a compensação decorrente de liminares concedidas em Mandados de Segurança que autorizariam a referida compensação em razão de recolhimento sobre verbas consideradas como não integrantes do salário de contribuição”. Em seguida, em relação ao lançamento 51.079.4882, alega que haveria decadência do direito de lançar na competência 1/2011, nos termos do art. 149, §4º do CTN. Fl. 504DF CARF MF 6 Reclama também da multa de 75% aplicada, entendendo que a multa correta seria 20%, em consonância com o art. 89, §9º da Lei 8.212/1991. Alega, em relação ao valor apurado, que o Relatório Fiscal é confuso, a planilha dos valores devidos não é inteligível constando valores deflacionados. Em relação ao lançamento 51.079.4890, alega que tem créditos a compensar, sendo, portanto, indevido. Entende que o crédito da competência 1/2011 fica prejudicado por decadência do principal. Alega que a multa lançada é confiscatória, posto que cumulando a multa de 75% com os 150% de multa isolada temse 225%, já havendo julgado no Supremo Tribunal Federal (STF) súmula vinculante nesse sentido. Continuando sua inconformidade, cita decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), de onde extrai que “o encaminhamento de débitos apurados em DCTF decorrentes de compensação indevida para inscrição em dívida ativa passou a ser precedido de notificação ao sujeito passivo para pagar ou apresentar manifestação de inconformidade”. Como mérito, alega que recolheu todas as contribuições cabíveis e inexistiriam diferenças, a não ser que exigidas em duplicidade, em excesso de exação. Diz que o Relatório Fiscal é conflitante, deixando de informar o salário de contribuição, a apuração das contribuições, os valores devidos. Não informaria as bases de cálculo ou as contribuições. Entende também que a fundamentação legal no relatório Fundamentação Legal do Débito (FLD) está em desacordo com o Relatório Fiscal. Em seguida, cita o art. 31 da Lei 8.212/1991, o art. 219 do Regulamento da Previdência Social (RPS), aprovado pelo Decreto 3.048/1999, e o Parecer PGFN/CAT 466/2016, para concluir que “empresas submetidas à retenção de 11% sobre o faturamento estariam isentas da contribuição previdenciária, posto que a retenção seria forma substitutiva da contribuição devida por prestadores de serviço com cessão de mão de obra”. Fl. 505DF CARF MF Processo nº 10830.727919/201510 Acórdão n.º 2201003.728 S2C2T1 Fl. 503 7 Repete que a partir da Lei 11.941/2009 pode se compensar de créditos por qualquer estabelecimento da empresa e, não tendo utilizado créditos nos anos anteriores, o fez a partir de 2010. Quanto à multa, aduz que deve “ser reduzida para razoáveis e aceitáveis níveis de 2%, sob pena de violação do princípio constitucional da vedação do confisco”. Alega que nos casos de contribuição declarada em GFIP, faz jus à redução de 50% da multa, não podendo legislação posterior ao da ocorrência da infração ser utilizada. Reafirma que declarou todas as contribuições devidamente, estando em discussão a homologação ou não homologação da compensação efetuada, não sendo o caso de auto de infração de ofício e, conseqüentemente, competência que o autuante não possuía, estando a autuação nula. Nulidade que haveria também pelo “conflito do relatório fiscal”, que não informa bases de cálculo ou apura contribuições. Cita possuir créditos nos processos 000862743.2010.4.03.6104, 0014910 79.2010.4.03.6105 e 0021214122010.4.03.6100 que tramitam perante o TRF da 3ª Região. Alega que mesmo que se considere que as decisões não são definitivas por não possuírem trânsito em julgado, a autuação deveria estar com exigibilidade suspensa e sem aplicação de multa. Ao final, repassa seus argumentos para pedir provimento à impugnação e declarar insubsistente a autuação.” 4 A decisão da DRJ/JFA (fls. 432/440) julgou improcedente a Impugnação do contribuinte, conforme decisão ementada abaixo: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Fl. 506DF CARF MF 8 Período de apuração: 01/01/2011 a 31/12/2011, 01/03/2012 a 31/03/2012 COMPENSAÇÃO. GLOSA. NULIDADE. AUSÊNCIA. BASE DE CÁLCULO. A compensação em GFIP não prescinde a devida comprovação quando o sujeito passivo é intimado para tanto. Não há nulidade em irregularidade do Relatório Fiscal que não prejudica o sujeito passivo. As glosas de compensação aproveitam as bases de cálculo já informadas pelo contribuinte. Não é possível afastar lei em vigor em sede administrativa ao argumento de inconstitucionalidade. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido 4 O contribuinte interpôs recurso voluntário às fls. (442/475) protocolizado em 28/04/2016 antes de qualquer ato de intimação, mantendo praticamente os mesmos argumentos da impugnação e ao final requer o provimento do recurso com o cancelamento do lançamento. 5 É o relatório do necessário. Voto Conselheiro Marcelo Milton da Silva Risso Relator Fl. 507DF CARF MF Processo nº 10830.727919/201510 Acórdão n.º 2201003.728 S2C2T1 Fl. 504 9 6 – O recurso é tempestivo e atende os demais requisitos de admissibilidade e, portanto, dele conheço. Preliminar Da autuação por autoridade incompetente 7 – Alega o contribuinte que a autuação se deu através de autoridade incompetente (AFRFB) e que a autoridade que deveria homologar suas compensações é o Delegado da Receita Federal de sua jurisdição fiscal. Indica como fundamento o Regimento Interno da Secretaria da Receita Federal do Brasil 8 Contudo, entendo que não assiste razão ao contribuinte, uma vez que no caso em questão não está se tratando de PER/DCOMP mas de compensações efetuadas via GFIP pelo contribuinte acima dos valores que tinha direito à compensação, como bem demonstrado no relatório fiscal de fls 23 nos itens 7 e 8. Fl. 508DF CARF MF 10 9 – Portanto, o argumento utilizado com indicação de portarias da RFB com indicações de cargos e competências não se aplica ao presente caso, uma vez que estamos tratando de glosa de compensação de retenções efetuadas acima do permitido, conforme relatório fiscal. 10 Na mesma toada o fez a decisão da DRJ fls. 436/437 complementando o acima exposto: “Diferente seria se o sujeito passivo tivesse informado compensação através da sistemática do PER/DCOMP, quando, aí sim, o procedimento seria consentâneo com o que a impugnação apresenta, havendo um despacho decisório emitido pelo Delegado do órgão circunscricionante ao seu domicílio tributário (normalmente o chefe de seção ou mesmo um servidor designado através de delegação de competência). A hipótese indicada na impugnação de desnecessidade de MPF (art. 10, IV da Portaria RFB 3.014/2011) diz respeito à de revisão interna de declaração, conhecida por malha fiscal. O que se tem, no entanto, é o típico procedimento de fiscalização, consubstanciado nas ações que objetivam a verificação do cumprimento das obrigações tributárias, por parte do sujeito passivo, relativas aos tributos administrados pela RFB, podendo resultar, como resultou, em lançamento de ofício com exigência de crédito tributário.” Fl. 509DF CARF MF Processo nº 10830.727919/201510 Acórdão n.º 2201003.728 S2C2T1 Fl. 505 11 11– Nesse ponto afasto a nulidade indicada, pois não houve nenhum tipo de preterimento de defesa e do contraditório e ato administrativo efetuado por autoridade incompetente e a DRJ adentrou ao mérito do questionamento desse ponto alegado pelo contribuinte ao contrário do quanto alegado em via recursal. Da decadência 12 – Apesar de não estar em capítulo específico, mas apenas na parte final das alegações quanto a nulidade já afastada, passo a manifestar a respeito do pequeno tópico indicado pelo contribuinte quanto á decadência assim resumido: 13 – Ao contrário do alegado pelo contribuinte, não houve economicidade na decisão da DRJ, pois está bem fundamentada, sendo que a decisão de piso abordou a questão da decadência afastando a mesma com base no artigo 150, § 4º do CTN, verbis: “Continuando a análise, não se vislumbra a ocorrência da decadência do direito do Fisco efetuar o lançamento para a competência 1/2011. Isto porque o art. 150, §4º4 do CTN determina que a contagem do prazo se dê em 5 anos a partir da ocorrência do fato gerador. Assim, tendo o fato gerador ocorrido em 1/2011, até 1/2016 este poderia ser, como foi, constituído.” 14 – Veja que a decisão da DRJ é bem fundamentada nesse ponto, não havendo necessidade de se escrever um tratado sobre a matéria, posto que resolveu o assunto de forma bem objetiva. Fl. 510DF CARF MF 12 15 – Nesse ponto também afasto a alegação do contribuinte. Do Mérito 16 – De forma sintética no mérito, em sua confusa peça recursal o contribuinte alega que: o lançamento foi por arbitramento; que a multa lançada está equivocada, pois houve erro na sua indicação e deveria ser aplicada apenas a moratória de 20%; alega que a planilha é ininteligível e desconsiderou diversas retenções do contribuinte; alega que a decisão da DRJ reconhece erro no relatório fiscal quanto à multa, mas não a anula; que a multa isolada é inconstitucional por afronta ao princípio do não confisco; discorre sobre a não ocorrência da materialização do fato jurídico tributável, indicando doutrina e jurisprudência; trata da natureza jurídica da GFIP; alega “inexistência de diferenças a serem recolhidas”, (por mais que não seja esse o fundamento ora em discussão nos autos, digase de passagem); discorre sobre a legislação sobre a cessão de mão de obra, além de outros elementos que em muito estão desconexos com o que está em discussão. 17 – Entendo, que no caso o recurso não merecia sequer o conhecimento, na medida em que é uma repetição dos argumentos da impugnação, com poucas ou quase nenhum questionamento dos pontos tratados na decisão da DRJ, que desconstitui toda essa fundamentação e que precisariam ser infirmados pela Recorrente. 18 – Ao não atacar de forma precisa os fundamentos do decisum a quo, o contribuinte descumpriu o princípio da dialeticidade recursal, aplicado ao presente processo administrativo fiscal por força e inteligência dos artigos 15 e 1.010, II e III do CPC, contudo, a fim de se evitar a alegação de cerceamento de defesa passamos a análise e voto, restando claro que entendo que o julgador administrativo não está obrigado a rebater todos os pontos suscitados pelo recorrente bastando apresentar fundamentação suficiente para o deslinde da causa, nem mesmo no Judiciário essa premissa é real, sendo que a Primeira Seção do STJ no EDcl no MS 21.315DF, Rel. Min. Diva Malerbi (Desembargadora convocada do TRF da 3ª Região), julgado em 8/6/2016 (Info 585) assim decidiu aplicando o NCPC, verbis: Fl. 511DF CARF MF Processo nº 10830.727919/201510 Acórdão n.º 2201003.728 S2C2T1 Fl. 506 13 PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM MANDADO DE SEGURANÇA ORIGINÁRIO. INDEFERIMENTO DA INICIAL. OMISSÃO, CONTRADIÇÃO, OBSCURIDADE, ERRO MATERIAL. AUSÊNCIA. 1. Os embargos de declaração, conforme dispõe o art. 1.022 do CPC, destinamse a suprir omissão, afastar obscuridade, eliminar contradição ou corrigir erro material existente no julgado, o que não ocorre na hipótese em apreço. 2. O julgador não está obrigado a responder a todas as questões suscitadas pelas partes, quando já tenha encontrado motivo suficiente para proferir a decisão. A prescrição trazida pelo art. 489 do CPC/2015 veio confirmar a jurisprudência já sedimentada pelo Colendo Superior Tribunal de Justiça, sendo dever do julgador apenas enfrentar as questões capazes de infirmar a conclusão adotada na decisão recorrida. 3. No caso, entendeuse pela ocorrência de litispendência entre o presente mandamus e a ação ordinária n. 002781280.2013.4.01.3400, com base em jurisprudência desta Corte Superior acerca da possibilidade de litispendência entre Mandado de Segurança e Ação Ordinária, na ocasião em que as ações intentadas objetivam, ao final, o mesmo resultado, ainda que o polo passivo seja constituído de pessoas distintas. 4. Percebese, pois, que o embargante maneja os presentes aclaratórios em virtude, tão somente, de seu inconformismo com a decisão ora atacada, não se divisando, na hipótese, quaisquer dos vícios previstos no art. 1.022 do Código de Processo Civil, a inquinar tal decisum. 5. Embargos de declaração rejeitados. 19 Portanto, a teor do artigo 29 do Decreto do PAF o julgador deve apreciar livremente as provas e os argumentos das partes e tem a livre convicção de julgar desde que de forma fundamentada. Fl. 512DF CARF MF 14 20 – Na espécie, basta para a análise e resolução do assunto quanto ao lançamento do DEBCAD nº 51.079.4882 (glosa de compensação) se o contribuinte tinha mesmo os créditos derivados de retenção no qual alegou ter e efetuado a compensação. 21 – No relatório fiscal, a autoridade lançadora em minucioso trabalho utilizando a documentação apresentada pelo próprio contribuinte efetuou o confronto da documentação com os valores lançados em GFIP e chegou à conclusão de que houve por parte do contribuinte lançamentos a maior de retenções que não fazia jus. 22 – Houve a análise de diversos documentos produzidos pelo próprio contribuinte para a autoridade fiscalizadora efetuar o lançamento, não havendo qualquer tipo de presunção. Os procedimentos constam no item 4 às fls. 21/22 dos autos: 23 – A fim de demonstrar o contrário a fim de desconstituir o trabalho fiscal, é imperioso o contribuinte trazer aos autos elementos robustos de prova, contudo, conforme bem analisado e fundamentado na decisão de piso, não houve qualquer tipo de contraprova, apenas meras alegações sem qualquer tipo de suporte fático que valide as alegações do recorrente. 24 Dessa forma, em vista das explicações escorreitas da decisão de piso, em que não tenho nada a reparar e do que se colocou nos parágrafos anteriores, adoto como minhas razões de decidir os fundamentos utilizados pela decisão de piso, abaixo reproduzidos, sem grifos no original: Fl. 513DF CARF MF Processo nº 10830.727919/201510 Acórdão n.º 2201003.728 S2C2T1 Fl. 507 15 “Não há aqui que se falar em qualquer presunção efetuada pela auditoria, ou ausência de comprovação por parte desta. Os fatos relatados dão conta da ausência de comprovação, sim, por parte do sujeito passivo, da existência do direito creditório utilizado na extinção dos créditos tributários declarados. Segundo o Relatório Fiscal e seus anexos, os créditos regulares foram admitidos e apenas a diferença apurada foi glosada. Chama a atenção o fato do impugnante não apresentar provas de que, de fato, possuía os créditos glosados (art. 57, §4º9, Decreto 7.574/2011) e de não apresentar, especificamente, os conflitos que entende haver no Relatório Fiscal. Repisese que o lançamento, nos termos do Relatório, partem das bases de cálculo pelo contribuinte informadas. Nesse ponto, devese chamar à atenção o fato de que não se discute que o direito ao creditamento por retenção na atividade de cessão de mãodeobra não seja direito do sujeito passivo que a sofra (conforme demonstra o impugnante, citando o art. 31 da Lei 8.212/1991, o art. 219 do RPS, e um Parecer PGFN). Ocorre que tal compensação não prescinde da regular comprovação dentro do período homologatório. Da Instrução Normativa RFB 900/2008, em seu art. 48, colhese que deve o sujeito passivo municiarse das notas fiscais, faturas ou recibos de prestação de serviços para comprovar suas declarações, quando assim intimado.” 25 – Outrossim, o argumento quanto aos supostos créditos de processos judiciais não merecem guarida, na medida em que não há qualquer tipo de prova quanto ao direito de utilização dos mesmos, sendo meras expectativa de direito e mesmo assim, a teor do artigo 170A do CTN não poderiam ser utilizados na época, uma vez que sequer transitados em julgado, não havendo crédito líquido e certo do contribuinte. Fl. 514DF CARF MF 16 26 – Quanto à questão da matéria de confisco da multa aplicada, por ser de ordem constitucional, aplicável ao caso os termos da súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. 27 – Portanto, mantenho por seus próprios fundamentos a r. decisão de piso da DRJ e nego provimento ao recurso voluntário quanto as razões relacionadas ao DEBCAD nº 51.079.4882. 28 – Em relação ao DEBCAD nº 51.079.4890, (multa isolada), o relatório fiscal contem o seguinte fundamento para sua aplicação: 29 – Acerca do tema da multa isolada, entendo correto o procedimento adotado pela autoridade fiscal, corroborado pelo acórdão recorrido, de que a informação em Fl. 515DF CARF MF Processo nº 10830.727919/201510 Acórdão n.º 2201003.728 S2C2T1 Fl. 508 17 GFIP de compensações realizadas, sem que a empresa esteja exercendo o direito líquido e certo, para tanto, leva a uma falsa declaração, capaz de ensejar a aplicação da multa prevista no §10 do art. 89 da lei 8212/91, no patamar de 150%. 30 – Dessa forma, entendo que compete ao sujeito passivo, demonstrar de forma clara e objetiva o seu direito creditório, fato que não ocorreu, ocorrendo o lançamento da glosa, como a aplicação da multa isolada. 31 Pelos fatos descritos no relatório fiscal e planilhas de fls. 116/118 destacadas pelo fiscal, constam as diferenças de valores a maior de retenções lançadas em GFIP pelo contribuinte sem qualquer respaldo legal para tanto, ficando fácil identificar que não se desincumbiu o sujeito passivo de provar que os valores indicados como crédito em sua GFIP, realmente existiram. É nesse caso, que resta demonstrada a falsidade. 32 Ou seja, o legislador determina a aplicação de multa de 150% quando se trata de falsidade de declaração, no caso na GFIP, sem necessidade de se perquiri a respeito de dolo do contribuinte ou qualquer outro tipo de fraude ou máfé. 33 – Quanto a essa questão da falsidade transcrevo parte do voto do ilustre Conselheiro Kleber Ferreira de Araújo, que tratou com muita propriedade a questão: “Verificase de início que a lei impõe como condição para aplicação da multa isolada que tenha havido a comprovada falsidade na declaração apresentada. Assim, para que o fisco possa impor a penalidade de 150% sobre os valores indevidamente compensados, é imprescindível a demonstração de que a declaração efetuada mediante a Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social GFIP contém falsidade, ou seja, não retrata a realidade tributária da declarante. Fl. 516DF CARF MF 18 Pesquisando o significado do termo falsidade em http://www.dicionariodoaurelio.com, obtémse o seguinte resultado: ‘s.f. Propriedade do que é falso./Mentira, calúnia./Hipocrisia; perfídia./ Delito que comete aquele que conscientemente esconde ou altera a verdade.’ Inserindo esse vocábulo no contexto da compensação indevida é de se concluir que se o sujeito passivo inserir na guia informativa créditos que decorrentes de contribuições incidentes sobre parcelas integrantes do saláriodecontribuição, evidentemente cometeu falsidade, haja vista ter inserido no sistema da Administração Tributária informação inverídica no intuito de se livrar do pagamento dos tributos. Vale ressaltar que legislador foi bastante feliz na redação do dispositivo encimado, posto que utilizouse do art. 44 da Lei n.º 9.430/1996 apenas para balizar o percentual de multa a ser aplicado, não condicionando à aplicação da multa à ocorrência das condutas de sonegação, fraude e conluio, definidas respectivamente nos artigos 71, 72 e 73 da Lei n. 4.502/1964. Esse opção legislativa serviu exatamente para afastar os questionamentos de que a mera compensação indevida não representaria os ilícitos acima, nos casos em que o sujeito passivo tivesse declarado corretamente os fatos geradores, posto que não se poderia falar em sonegação ou fraude fiscal.” 34 – Concluise, portanto que na imposição da multa isolada, relativa à compensação indevida de contribuições previdenciárias, a única demonstração que se exige do fisco é a ocorrência de falsidade na GFIP apresentada pelo sujeito passivo, como no presente caso. Ainda sobre esse tema Ac 2201003.597 da ilustre Conselheira Ana Cecília Lustosa da Cruz julgado nessa Turma em 09/05/2017. Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/02/2012 a 30/06/2014 Fl. 517DF CARF MF Processo nº 10830.727919/201510 Acórdão n.º 2201003.728 S2C2T1 Fl. 509 19 COMPENSAÇÃO INDEVIDA. FALSIDADE DA DECLARAÇÃO. MULTA ISOLADA AGRAVADA. Na hipótese de compensação indevida, quando se comprove falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo, o contribuinte estará sujeito à multa isolada agravada. O fato de o contribuinte ter sido autuado, anteriormente, pela realização de compensação, antes do trânsito em julgado de decisão judicial, evidencia que havia conhecimento sobre a impossibilidade de compensação, naquele momento, diante do óbice estabelecido pelo art. 170A do CTN. MULTA APLICADA. CONFISCO. ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. 35 – Na mesma esteira Ac. 2201003.369 do ilustre Conselheiro Carlos Henrique de Oliveira julgado nessa Turma em 18/01/2017: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/11/2009 a 30/04/2011 MULTA DE OFÍCIO ISOLADA. INSERÇÃO DE INFORMAÇÃO FALSA. OCORRÊNCIA A Lei de Custeio da Previdência Social determina a aplicação da multa isolada no caso de compensação indevida em que se verifique falsidade da declaração prestada pelo sujeito passivo. É falsa a informação que diverge daquela constante da sentença que possibilita a compensação efetuada. COMPENSAÇÃO. NECESSIDADE DE LEI ESPECÍFICA. O instituto da compensação, segundo o CTN, exige lei específica que o regule. O Fisco só pode homologar a compensação realizada se esta se der Fl. 518DF CARF MF 20 nos termos da lei ou, caso exista, de sentença judicial que explicite todo o procedimento a ser adotado. COMPENSAÇÃO. SENTENÇA JUDICIAL. TRÂNSITO EM JULGADO. EXIGÊNCIA. O artigo 170A do CTN é explicito e não permite a compensação de sentença judicial antes do trânsito em julgado. OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS. PREVISÃO LEGAL. DESCUMPRIMENTO. SANÇÃO. Os deveres instrumentais são inseridos pela Lei no interesse da Administração Tributária. O descumprimento de tais deveres fere o dever de colaboração existente entre o contribuinte e o Estado, ensejando a penalidade prevista pela Lei. APLICABILIDADE DA TAXA SELIC. COMPATIBILIDADE COM AS DISPOSIÇÕES CODICISTAS. Não há incompatibilidade da Lei nº 8.981/95 com as disposições do artigo 161, § 1º do CTN. Precedentes judiciais e administrativos. Inteligência da Súmula CARF nº 4. 36 – Portanto, nesse ponto, também afasto o questionamento do contribuinte mantendo a lisura do trabalho fiscal com a manutenção da multa isolada. Conclusão 37 Diante de todo o exposto, voto no sentido de conhecer do recurso voluntário e no mérito negar provimento. assinado digitalmente Marcelo Milton da Silva Risso – Relator Fl. 519DF CARF MF Processo nº 10830.727919/201510 Acórdão n.º 2201003.728 S2C2T1 Fl. 510 21 Fl. 520DF CARF MF
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