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Numero do processo: 13971.721028/2012-91
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 14 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Aug 29 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2008
ITR. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E DE FLORESTAS NATIVAS. ISENÇÃO.
As áreas de preservação permanente e de florestas nativas devem ser excluídas da área tributável do imóvel rural, desde que devidamente comprovadas.
Hipótese em que o contribuinte não apresentou, em seu recurso, qualquer documento comprobatório.
Recurso negado.
Numero da decisão: 2101-002.541
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os Membros do Colegiado, por unanimidade, em negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS - Presidente
(assinado digitalmente)
ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA - Relator
Participaram do julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente), Alexandre Naoki Nishioka (Relator), Maria Cleci Coti Martins, Eduardo de Souza Leão, Heitor de Souza Lima Junior e Eivanice Canário da Silva.
Nome do relator: ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA
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ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E DE FLORESTAS NATIVAS. ISENÇÃO. As áreas de preservação permanente e de florestas nativas devem ser excluídas da área tributável do imóvel rural, desde que devidamente comprovadas. Hipótese em que o contribuinte não apresentou, em seu recurso, qualquer documento comprobatório. Recurso negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os Membros do Colegiado, por unanimidade, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Presidente (assinado digitalmente) ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 97 1. 72 10 28 /2 01 2- 91 Fl. 136DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/08/2014 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 14/08/ 2014 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 29/08/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 2 Participaram do julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente), Alexandre Naoki Nishioka (Relator), Maria Cleci Coti Martins, Eduardo de Souza Leão, Heitor de Souza Lima Junior e Eivanice Canário da Silva. Relatório Tratase de recurso voluntário (efls. 69/105) interposto em 13 de setembro de 2013 contra acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Campo Grande (MS) (efls. 55/63), do qual a Recorrente teve ciência em 15 de agosto de 2013 (efl. 68), que, por unanimidade de votos, julgou procedente o lançamento de efls. 10/14, lavrado em 23 de abril de 2012, em decorrência da falta de recolhimento do ITR, verificada no exercício de 2008. O acórdão recorrido teve a seguinte ementa: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2008 Áreas de Florestas Preservadas Requisitos de Isenção A concessão de isenção de ITR para as Áreas de Preservação Permanente APP, cobertas por Florestas Nativas AFN ou Área de Reserva Legal ARL, está vinculada à comprovação de sua existência, como laudo técnico específico e averbação na matrícula até a data do fato gerador, respectivamente, e de sua regularização junto aos órgãos ambientais competentes, como o Ato Declaratório Ambiental ADA, cujo requerimento deve ser protocolado no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBAMA, em até seis meses após o prazo final para entrega da Declaração do ITR. A prova de uma não exclui a da outra. Isenção Hermenêutica A legislação tributária para concessão de benefício fiscal deve ser interpretada literalmente, assim, se não atendidos os requisitos legais para a isenção, a mesma não deve ser concedida. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido” (efl. 55). Não se conformando, a Recorrente interpôs recurso voluntário (efls. 69/105), pedindo a reforma do acórdão recorrido, para cancelar o lançamento. É o relatório. Voto Conselheiro Alexandre Naoki Nishioka, Relator O recurso preenche os requisitos de admissibilidade, motivo pelo qual dele conheço. Fl. 137DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/08/2014 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 14/08/ 2014 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 29/08/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 13971.721028/201291 Acórdão n.º 2101002.541 S2C1T1 Fl. 137 3 O Recorrente aduz, basicamente, em seu recurso voluntário, que o ADA não seria necessário para efeitos de caracterização das áreas de preservação permanente e de florestas nativas. Tendo em vista que a matéria no âmbito deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) é recorrente, cumpre tecer alguns breves esclarecimentos antes de adentrar na questão especificamente debatida nestes autos. De fato, como é cediço, o imposto sobre a propriedade territorial rural, de competência da União, na forma do art. 153, VI, da Constituição, incide nas hipóteses previstas no art. 29 do Código Tributário Nacional, ora trazido à baila, in verbis: “Art. 29. O imposto, de competência da União, sobre a propriedade territorial rural tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, como definido na lei civil, localizado fora da zona urbana do Município.” À guisa do disposto pelo Código Tributário Nacional, a União promulgou a Lei Federal n.º 9.393/96, que, na esteira do estatuído pelo art. 29 do CTN, instituiu, em seu art. 1º, como hipótese de incidência do tributo, a “propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, localizado fora da zona urbana do município”. Sem adentrar especificamente na discussão a respeito da eventual ampliação do conceito de propriedade albergado pela Constituição Federal pelo disposto nos artigos citados, ao incluírem como fato gerador do ITR o domínio útil e a posse (cum animus domini), tema que não releva na análise do presente recurso, verificase que não há qualquer discussão a respeito da incidência do tributo no que toca às áreas de preservação permanente ou de reserva florestal legal. Com efeito, muito embora em tais áreas a utilização da propriedade deva observar a regulamentação ambiental específica, disso não decorre a consideração de que referida parcela do imóvel estaria fora da hipótese de incidência do ITR. Isso porque, como se sabe, o direito de propriedade, expressamente garantido no inciso XXII do art. 5º da CF, possui limitação constitucional assentada em sua função social (art. 5º, XIII, da CF). Nesse sentido, consoante salienta Gilmar Mendes (et. al.), possui o legislador uma relativa liberdade para conformação do direito de propriedade, devendo preservar, contudo, “o núcleo essencial do direito de propriedade, constituído pela utilidade privada e, fundamentalmente, pelo poder de disposição. A vinculação social da propriedade, que legitima a imposição de restrições, não pode ir ao ponto de colocála, única e exclusivamente, a serviço do Estado ou da comunidade.” (MENDES, Gilmar Ferreira (et. al.). Curso de direito constitucional. 4ª ed. São Paulo: Saraiva, 2009. p. 483). No que atine à regulação ambiental, deste modo, verificase que a legislação, muito embora restrinja o uso do imóvel em virtude do interesse na preservação do meio ambiente ecologicamente equilibrado, na forma como estabelecido pela Constituição da República, não elimina as faculdades de usar, gozar e dispor do bem, tal como previstas pela legislação cível. Com fundamento no exposto, não versando os autos sobre hipótese de não incidência do tributo, mas, sim, de autêntica isenção ou, como querem alguns, redução da base de cálculo do ITR, dispôs a Lei Federal n.º 9.393/96, em seu art. 10, o seguinte: Fl. 138DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/08/2014 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 14/08/ 2014 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 29/08/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 4 “Art. 10. A apuração e o pagamento do ITR serão efetuados pelo contribuinte, independentemente de prévio procedimento da administração tributária, nos prazos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, sujeitandose a homologação posterior. § 1º Para os efeitos de apuração do ITR, considerarseá: [...] II área tributável, a área total do imóvel, menos as áreas: a) de preservação permanente e de reserva legal, previstas na Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, com a redação dada pela Lei nº 7.803, de 18 de julho de 1989” (grifei). Havendo referido dispositivo legal feito expressa referência a conceitos desenvolvidos em outro ramo do Direito, mais especificamente no que toca à seara ambiental, oportuno se faz recorrer ao arcabouço legislativo desenvolvido neste campo específico, na forma indicada pelo art. 109 do CTN, para o fim de compreender, satisfatoriamente, o que se entende por áreas de preservação permanente e de reserva legal, estabelecidas como hipótese de isenção do ITR (redução do correspondente aspecto quantitativo). A respeito especificamente da chamada “área de preservação permanente” (APP), dispõe o Código Florestal, Lei n.º 4.771/65, atualmente regulada, também, pelas Resoluções CONAMA n. 302 e 303 de 2002, o seguinte: “Art. 2° Consideramse de preservação permanente, pelo só efeito desta Lei, as florestas e demais formas de vegetação natural situadas: a) ao longo dos rios ou de qualquer curso d'água desde o seu nível mais alto em faixa marginal cuja largura mínima será: 1 de 30 (trinta) metros para os cursos d'água de menos de 10 (dez) metros de largura; 2 de 50 (cinquenta) metros para os cursos d'água que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de largura; 3 de 100 (cem) metros para os cursos d'água que tenham de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) metros de largura; 4 de 200 (duzentos) metros para os cursos d'água que tenham de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura; 5 de 500 (quinhentos) metros para os cursos d'água que tenham largura superior a 600 (seiscentos) metros; b) ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d'água naturais ou artificiais; c) nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados "olhos d'água", qualquer que seja a sua situação topográfica, num raio mínimo de 50 (cinquenta) metros de largura; d) no topo de morros, montes, montanhas e serras; e) nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 45°, equivalente a 100% na linha de maior declive; f) nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues; Fl. 139DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/08/2014 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 14/08/ 2014 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 29/08/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 13971.721028/201291 Acórdão n.º 2101002.541 S2C1T1 Fl. 138 5 g) nas bordas dos tabuleiros ou chapadas, a partir da linha de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais; h) em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a vegetação. Parágrafo único. No caso de áreas urbanas, assim entendidas as compreendidas nos perímetros urbanos definidos por lei municipal, e nas regiões metropolitanas e aglomerações urbanas, em todo o território abrangido, observarse á o disposto nos respectivos planos diretores e leis de uso do solo, respeitados os princípios e limites a que se refere este artigo. Art. 3º Consideramse, ainda, de preservação permanente, quando assim declaradas por ato do Poder Público, as florestas e demais formas de vegetação natural destinadas: a) a atenuar a erosão das terras; b) a fixar as dunas; c) a formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias; d) a auxiliar a defesa do território nacional a critério das autoridades militares; e) a proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico ou histórico; f) a asilar exemplares da fauna ou flora ameaçados de extinção; g) a manter o ambiente necessário à vida das populações silvícolas; h) a assegurar condições de bemestar público. § 1° A supressão total ou parcial de florestas de preservação permanente só será admitida com prévia autorização do Poder Executivo Federal, quando for necessária à execução de obras, planos, atividades ou projetos de utilidade pública ou interesse social. § 2º As florestas que integram o Patrimônio Indígena ficam sujeitas ao regime de preservação permanente (letra g) pelo só efeito desta Lei.” Verificase, à luz do que se extrai dos artigos em referência, que a legislação considera como área de preservação permanente, trazendo à baila a lição de Edis Milaré, as “florestas e demais formas de vegetação que não podem ser removidas, tendo em vista a sua localização e a sua função ecológica” (MILARÉ, Edis. Direito do ambiente: doutrina, jurisprudência, glossário. 5ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007. p. 691). Vale notar, nesse sentido, que nas áreas de preservação permanente, consoante esclarece o disposto pelo §1º do art. 3º, citado supra, não há qualquer possibilidade de supressão das florestas, apenas excetuada tal regra nos casos de execução de obras, planos, atividades ou projetos de utilidade pública ou interesse social. Não se confunde com a área de preservação permanente, no entanto, a chamada área de reserva legal, ou reserva florestal legal, cujos contornos são estabelecidos igualmente pelo Código Florestal, mais especificamente em seu art. 16, que, na redação vigente, isto é, com a redação que lhe foi dada pela MP 2.16667/2001, assim dispõe: Fl. 140DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/08/2014 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 14/08/ 2014 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 29/08/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 6 “Art. 16. As florestas e outras formas de vegetação nativa, ressalvadas as situadas em área de preservação permanente, assim como aquelas não sujeitas ao regime de utilização limitada ou objeto de legislação específica, são suscetíveis de supressão, desde que sejam mantidas, a título de reserva legal, no mínimo: I oitenta por cento, na propriedade rural situada em área de floresta localizada na Amazônia Legal; II trinta e cinco por cento, na propriedade rural situada em área de cerrado localizada na Amazônia Legal, sendo no mínimo vinte por cento na propriedade e quinze por cento na forma de compensação em outra área, desde que esteja localizada na mesma microbacia, e seja averbada nos termos do § 7o deste artigo; III vinte por cento, na propriedade rural situada em área de floresta ou outras formas de vegetação nativa localizada nas demais regiões do País; e IV vinte por cento, na propriedade rural em área de campos gerais localizada em qualquer região do País. § 1o O percentual de reserva legal na propriedade situada em área de floresta e cerrado será definido considerando separadamente os índices contidos nos incisos I e II deste artigo. § 2o A vegetação da reserva legal não pode ser suprimida, podendo apenas ser utilizada sob regime de manejo florestal sustentável, de acordo com princípios e critérios técnicos e científicos estabelecidos no regulamento, ressalvadas as hipóteses previstas no § 3o deste artigo, sem prejuízo das demais legislações específicas. § 3o Para cumprimento da manutenção ou compensação da área de reserva legal em pequena propriedade ou posse rural familiar, podem ser computados os plantios de árvores frutíferas ornamentais ou industriais, compostos por espécies exóticas, cultivadas em sistema intercalar ou em consórcio com espécies nativas. § 4o A localização da reserva legal deve ser aprovada pelo órgão ambiental estadual competente ou, mediante convênio, pelo órgão ambiental municipal ou outra instituição devidamente habilitada, devendo ser considerados, no processo de aprovação, a função social da propriedade, e os seguintes critérios e instrumentos, quando houver: I o plano de bacia hidrográfica; II o plano diretor municipal; III o zoneamento ecológicoeconômico; IV outras categorias de zoneamento ambiental; e V a proximidade com outra Reserva Legal, Área de Preservação Permanente, unidade de conservação ou outra área legalmente protegida. § 5o O Poder Executivo, se for indicado pelo Zoneamento Ecológico Econômico ZEE e pelo Zoneamento Agrícola, ouvidos o CONAMA, o Ministério do Meio Ambiente e o Ministério da Agricultura e do Abastecimento, poderá: I reduzir, para fins de recomposição, a reserva legal, na Amazônia Legal, para até cinqüenta por cento da propriedade, excluídas, em qualquer caso, as Áreas de Preservação Permanente, os ecótonos, os sítios e ecossistemas especialmente protegidos, os locais de expressiva biodiversidade e os corredores ecológicos; e Fl. 141DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/08/2014 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 14/08/ 2014 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 29/08/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 13971.721028/201291 Acórdão n.º 2101002.541 S2C1T1 Fl. 139 7 II ampliar as áreas de reserva legal, em até cinqüenta por cento dos índices previstos neste Código, em todo o território nacional. § 6o Será admitido, pelo órgão ambiental competente, o cômputo das áreas relativas à vegetação nativa existente em área de preservação permanente no cálculo do percentual de reserva legal, desde que não implique em conversão de novas áreas para o uso alternativo do solo, e quando a soma da vegetação nativa em área de preservação permanente e reserva legal exceder a: I oitenta por cento da propriedade rural localizada na Amazônia Legal; II cinqüenta por cento da propriedade rural localizada nas demais regiões do País; e III vinte e cinco por cento da pequena propriedade definida pelas alíneas "b" e "c" do inciso I do § 2o do art. 1o. § 7o O regime de uso da área de preservação permanente não se altera na hipótese prevista no § 6o. § 8o A área de reserva legal deve ser averbada à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, sendo vedada a alteração de sua destinação, nos casos de transmissão, a qualquer título, de desmembramento ou de retificação da área, com as exceções previstas neste Código. § 9o A averbação da reserva legal da pequena propriedade ou posse rural familiar é gratuita, devendo o Poder Público prestar apoio técnico e jurídico, quando necessário. § 10. Na posse, a reserva legal é assegurada por Termo de Ajustamento de Conduta, firmado pelo possuidor com o órgão ambiental estadual ou federal competente, com força de título executivo e contendo, no mínimo, a localização da reserva legal, as suas características ecológicas básicas e a proibição de supressão de sua vegetação, aplicandose, no que couber, as mesmas disposições previstas neste Código para a propriedade rural. § 11. Poderá ser instituída reserva legal em regime de condomínio entre mais de uma propriedade, respeitado o percentual legal em relação a cada imóvel, mediante a aprovação do órgão ambiental estadual competente e as devidas averbações referentes a todos os imóveis envolvidos. (...) Art. 44. O proprietário ou possuidor de imóvel rural com área de floresta nativa, natural, primitiva ou regenerada ou outra forma de vegetação nativa em extensão inferior ao estabelecido nos incisos I, II, III e IV do art. 16, ressalvado o disposto nos seus §§ 5o e 6o, deve adotar as seguintes alternativas, isoladas ou conjuntamente: I recompor a reserva legal de sua propriedade mediante o plantio, a cada três anos, de no mínimo 1/10 da área total necessária à sua complementação, com espécies nativas, de acordo com critérios estabelecidos pelo órgão ambiental estadual competente; II conduzir a regeneração natural da reserva legal; e Fl. 142DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/08/2014 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 14/08/ 2014 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 29/08/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 8 III compensar a reserva legal por outra área equivalente em importância ecológica e extensão, desde que pertença ao mesmo ecossistema e esteja localizada na mesma microbacia, conforme critérios estabelecidos em regulamento. § 1o Na recomposição de que trata o inciso I, o órgão ambiental estadual competente deve apoiar tecnicamente a pequena propriedade ou posse rural familiar. § 2o A recomposição de que trata o inciso I pode ser realizada mediante o plantio temporário de espécies exóticas como pioneiras, visando a restauração do ecossistema original, de acordo com critérios técnicos gerais estabelecidos pelo CONAMA. § 3o A regeneração de que trata o inciso II será autorizada, pelo órgão ambiental estadual competente, quando sua viabilidade for comprovada por laudo técnico, podendo ser exigido o isolamento da área. § 4o Na impossibilidade de compensação da reserva legal dentro da mesma microbacia hidrográfica, deve o órgão ambiental estadual competente aplicar o critério de maior proximidade possível entre a propriedade desprovida de reserva legal e a área escolhida para compensação, desde que na mesma bacia hidrográfica e no mesmo Estado, atendido, quando houver, o respectivo Plano de Bacia Hidrográfica, e respeitadas as demais condicionantes estabelecidas no inciso III. § 5o A compensação de que trata o inciso III deste artigo, deverá ser submetida à aprovação pelo órgão ambiental estadual competente, e pode ser implementada mediante o arrendamento de área sob regime de servidão florestal ou reserva legal, ou aquisição de cotas de que trata o art. 44B. (...)” O Código Florestal estabelece, em sua essência, como lembra MILARÉ, a idéia de disciplinar a supressão tanto das florestas e demais formas de vegetação nativa, excetuadas as áreas de preservação permanente, vistas anteriormente, como, igualmente, das florestas não sujeitas ao regime de utilização limitada, ou já objeto de legislação específica (MILARÉ, Edis. op. cit. p. 702). Nesse sentido, lembra o referido ambientalista que “ao permitir tal supressão [de florestas] determina que se mantenha obrigatoriamente uma parte da propriedade rural com cobertura florestal ou com outra forma de vegetação nativa”, delimitando, assim, “a porção a ser constituída como Reserva da Floresta Legal” (Op. cit. p. 702). A reserva florestal legal, portanto, sendo um percentual determinado por lei para a preservação da vegetação nativa do imóvel rural, constitui, como afirma Paulo de Bessa Antunes, “uma obrigação que recai diretamente sobre o proprietário do imóvel, independentemente de sua pessoa ou da forma pela qual tenha adquirido a propriedade”, estando, assim, “umbilicalmente ligada à própria coisa, permanecendo aderida ao bem” (ANTUNES, Paulo de Bessa. Poder Judiciário e reserva legal: análise de recentes decisões do Superior Tribunal de Justiça. In: Revista de Direito Ambiental n.º 21. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001, p. 120). À luz do exposto, verificase que as restrições ambientais, tanto nos casos de áreas de preservação permanente, como naqueles em que há reserva legal, decorrem, explicitamente, da ocorrência ou verificação, in loco, dos pressupostos legais apontados pela legislação, inexistindo, portanto, qualquer discricionariedade por parte do proprietário ou agente público. Nesse passo, consoante se extrai da legislação ambiental trazida à baila, não há a exigência, para o cumprimento das normas relativas às áreas de preservação permanente Fl. 143DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/08/2014 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 14/08/ 2014 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 29/08/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 13971.721028/201291 Acórdão n.º 2101002.541 S2C1T1 Fl. 140 9 ou de reserva legal, de qualquer ato público que as constitua, mas, apenas e tãosomente, da ocorrência das hipóteses legais previstas pelo Código Florestal, bem como pelos demais atos normativos primários que disponham sobre o tema. À guisa do exposto, portanto, a averbação à margem da matrícula do imóvel da área de reserva florestal legal, com a devida vênia daqueles que entendem de forma diversa, não tem natureza constitutiva, mas simplesmente declaratória, tendo em vista que, excetuadas as hipóteses especificamente mencionadas na legislação, a observância do percentual de 20% previsto em lei independe de qualquer averbação, estando apenas sujeita à aprovação da sua localização por órgão ambiental estadual competente ou, mediante convênio, pelo órgão ambiental municipal ou outra instituição devidamente habilitada, na forma do §4º do art. 16 da Lei n.º 4.771/65. Nesse sentido, oportuno afirmar que, muito embora a legislação preveja a necessidade de averbação da reserva legal, de acordo com o que dispõe o §8º do art. 16 da Lei n.º 4.771/65, a sanção decorrente da falta de averbação da área de reserva legal, prevista pelo art. 55 do Decreto n.º 6.514/2008, encontrase atualmente prorrogada para 2011, de acordo com o que estatui o Decreto Federal n.º 7.029/2009, razão pela qual se infere que a legislação concedeu um período de adaptação aos proprietários, a fim de que possam cumprir referida determinação legal, deixando de cominarlhes qualquer penalidade em decorrência da falta de averbação de referida área. Por tais razões, especialmente por entender que a observância dos percentuais fixados em lei para exploração de área rural decorre de normas de ordem pública, que não podem ser afastadas pelo contribuinte pelo simples fato de que não procedeu este à competente averbação, tenho para mim que esta última possui caráter nitidamente declaratório, sendo necessária para conferir publicidade ao gravame fixado que, como já se verberou oportunamente, decorre diretamente da legislação ambiental. Além da desnecessidade de averbação, para o fim específico de constituir as áreas de reserva florestal legal, igualmente não havia, até o exercício de 2000, qualquer fundamento legal para a exigência da entrega do Ato Declaratório Ambiental (ADA) para o fim de reduzir a base de cálculo do ITR. Nesse sentido, aliás, dispunha o art. 17O, da Lei Federal n.º 6.938/81, com a redação que lhe foi conferida pela Lei n. 9.960/2000, o seguinte: "Art. 17O. Os proprietários rurais, que se beneficiarem com redução do valor do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR, com base em Ato Declaratório Ambiental ADA, deverão recolher ao Ibama 10% (dez por cento) do valor auferido como redução do referido Imposto, a título de preço público pela prestação de serviços técnicos de vistoria." (AC) "§ 1o A utilização do ADA para efeito de redução do valor a pagar do ITR é opcional." Por esta razão, portanto, isto é, por inexistir qualquer fundamento legal para a entrega tempestiva do ADA, como requisito para a fruição da redução da base de cálculo prevista pela legislação atinente ao ITR, a 2ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais aprovou a seguinte súmula, extraída do texto da Portaria n.º 106/2009: “A não apresentação do Ato Declaratório Ambiental (ADA) emitido pelo IBAMA, ou órgão conveniado, não pode motivar o lançamento de ofício relativo a fatos geradores ocorridos até o exercício de 2000.” Fl. 144DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/08/2014 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 14/08/ 2014 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 29/08/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 10 Pois bem. Muito embora inexistisse, até o exercício de 2000, qualquer fundamento para a exigência da entrega do ADA como requisito para a fruição da isenção, com o advento da Lei Federal n.º 10.165/2000 alterouse a redação do §1º do art. 17O da Lei n.º 6.938/81, que passou a vigorar da seguinte forma: “Art. 17O. (...) § 1o A utilização do ADA para efeito de redução do valor a pagar do ITR é obrigatória.” Ora, de acordo com uma interpretação evolutiva do referido dispositivo legal, isto é, cotejandose o texto aprovado quando da edição da Lei n.º 9.960/00, em contraposição à modificação introduzida pela Lei n.º 10.165/00, verificase que, para o fim específico da legislação tributária, passouse a exigir a apresentação do ADA, como requisito inafastável para a fruição da redução da base de cálculo prevista pela Lei n.º 9.393/96, mais especificamente por seu art. 10, §1º, II. Assim, sendo certo que as normas que instituem isenções devem ser interpretadas de forma estrita, ainda que não se recorra somente ao seu aspecto literal, como se poderia entender de uma análise superficial do art. 111, do Código Tributário Nacional, fato é que, no que atine às regras tratadas como exclusão do crédito tributário pelo referido codex, a legislação não pode ser interpretada de maneira extensiva, de maneira que não há como afastar a exigência do ADA para o fim específico de possibilitar a redução da base de cálculo do ITR. Importante gizar, outrossim, ainda no que concerne à obrigatoriedade de apresentação do ADA, que não há que se falar em revogação do referido dispositivo pelo §7º do art. 10 da Lei n.º 9.393/96, instituído pela Medida Provisória n.º 2.16667/01, tendo em vista que a inversão do ônus da prova prevista no referido dispositivo referese justamente às declarações feitas pelo contribuinte no próprio Ato Declaratório Ambiental (ADA), de modo que não estabelece referido dispositivo legal qualquer desnecessidade de apresentação deste último. Feita esta observação, relativa, portanto, à obrigatoriedade de apresentação do ADA, cumpre mover à análise do prazo em que poderia o contribuinte protocolizar referida declaração no órgão competente. No que toca a este aspecto específico, tenho para mim que é absolutamente relevante uma digressão a respeito da mens legis que norteou a alteração do texto do art. 17O da Lei n.º 6.938/81. Analisandose, nesse passo, o real intento do legislador ao estabelecer a obrigatoriedade de apresentação do ADA, podese inferir que a mudança de paradigma deveu se a razões atinentes à efetividade da norma isencional, especialmente no que concerne à aferição do real cumprimento das normas ambientais pelo contribuinte, de maneira a permitir que este último possa usufruir da redução da base de cálculo do ITR. Em outras palavras, a efetiva exigência do ADA para o fim específico da fruição da redução da base de cálculo do ITR foi permitir uma efetiva fiscalização por parte da Receita Federal da preservação das áreas de reserva legal ou de preservação permanente, utilizandose, para este fim específico, do poder de polícia atribuído ao IBAMA. Em síntese, podese afirmar que a alteração no regramento legal teve por escopo razões de praticabilidade tributária, a partir da criação de um dever legal que permita, Fl. 145DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/08/2014 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 14/08/ 2014 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 29/08/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 13971.721028/201291 Acórdão n.º 2101002.541 S2C1T1 Fl. 141 11 como afirma Helenílson Cunha Pontes, uma “razoável efetividade da norma tributária” (PONTES, Helenílson Cunha. O princípio da praticidade no Direito Tributário (substituição tributária, plantas de valores, retenções de fonte, presunções e ficções, etc.): sua necessidade e seus limites. In: Revista Internacional de Direito Tributário, v. 1, n.º 2. Belo Horizonte, jul/dez2004, p. 57) , no caso da norma isencional. De fato, no caso da redução da base de cálculo do ITR, mais especificamente no que atine às áreas de interesse ambiental lato sensu, além da necessidade de fiscalizar um número extenso de contribuintes, exigirseia, não fosse a necessidade da obrigatória protocolização do ADA, que a Receita Federal tomasse para si o dever de fiscalizar o extenso volume de propriedades rurais compreendido no território nacional, o que, do ponto de vista econômico, não teria qualquer viabilidade. Por esta razão, assim, passouse, com o advento da Lei Federal n.º 10.165/00 a exigir, de forma obrigatória, a apresentação do ADA para o fim de permitir a redução da base de cálculo do ITR, declaração esta sujeita ao poder de polícia do IBAMA. Tratandose, portanto, da interpretação do dispositivo em comento, deve o aplicador do direito, neste conceito compreendido o julgador, analisar o conteúdo principiológico que norteia referido dispositivo legal, a fim de conferirlhe o sentido que melhor se amolda aos objetivos legais. Partindose desta premissa basilar, verificase que o art. 17O da Lei n.º 6.938/81, em que pese o fato de imprimir, de forma inafastável, o dever de apresentar o ADA, não estabelece qualquer exigência no que toca à necessidade de sua protocolização em prazo fixado pela Receita Federal para o fim específico de permitir a redução da base de cálculo do ITR. A exigência de protocolo tempestivo do ADA, para o fim específico da redução da base de cálculo do ITR, não decorre expressamente de lei, mas sim do art. 10, §3º, I, do Decreto n.º 4.382/2002, que, inclusive, data de setembro de 2002, posterior à data da ocorrência do fato gerador, no caso que ora se trata. Querse com isso dizer, portanto, que, muito embora a legislação tratasse, de maneira inolvidável, a respeito da entrega do Ato Declaratório Ambiental, para o fim específico da redução da base de cálculo do ITR, não havia, sequer no âmbito do poder regulamentar, disposição alguma a respeito do prazo para sua apresentação, e, menos ainda, que possibilitasse à Receita Federal desconsiderar a existência de áreas de preservação permanente ou de reserva legal no caso de apresentação intempestiva do ADA. Com efeito, sendo certo que a instituição de tributos ou mesmo da exclusão do crédito tributário, na forma como denominada pelo Código Tributário Nacional, são matérias que devem ser integralmente previstas em lei, na forma como estatuído pelo art. 97, do CTN, mais especificamente no que toca ao seu inciso VI, não poderia sequer o poder regulamentar estabelecer a desconsideração da isenção tributária no caso da mera apresentação intempestiva do ADA. Repisese, nesse sentido, que não se discute que a lei tenha instituído a obrigatoriedade da apresentação do ADA, mas, sim, que o prazo de seis meses, contado da entrega da DITR, foi instituído apenas por instrução normativa, muito posteriormente embasada pelo Decreto n.º 4.382/2002, o que, com a devida vênia, não merece prosperar. Fl. 146DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/08/2014 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 14/08/ 2014 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 29/08/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 12 Em virtude, portanto, da ausência de estabelecimento de um critério rígido quanto ao prazo para a apresentação do ADA, eis que não se encontra previsto em lei, cumpre recorrer aos mecanismos de integração da legislação tributária, de maneira a imprimir eficácia no disposto pelo art. 17O da Lei n.º 6.398/81. Dentre os mecanismos de integração previstos pelo ordenamento jurídico, dispõe o Código Tributário Nacional, em seu art. 108, I, que deve o aplicador recorrer à analogia, sendo referida opção vedada apenas no que toca à instituição de tributos não previstos em lei, o que, ressaltese, não é o caso. Nesse esteio, recorrendose à analogia para o preenchimento de referida lacuna, devese recorrer à legislação do ITR relativa às demais declarações firmadas pelo contribuinte, mais especificamente no que atine à DIAT e à DIAC, expressamente contempladas pela Lei n.º 9.393/96, aplicadas ao presente caso tendose sempre em vista o escopo da norma inserida no texto do art. 17O da Lei n.º 6.398/81, isto é, imprimir praticabilidade à aferição da existência das áreas de reserva legal e preservação permanente, para o fim específico da isenção tributária. Pois bem. Sendo certo que a apresentação do ADA cumpre o papel de imprimir praticabilidade à apuração da área tributável, verificase que cumpre o escopo da norma a sua entrega até o início da fiscalização, momento a partir do qual a apresentação já não mais cumprirá seu desiderato. De fato, até o início da fiscalização em face do contribuinte, verificase que a entrega do ADA possibilitará a consideração, por parte da Receita Federal, da redução da base de cálculo do ITR, submetendo as declarações do contribuinte ao pálio do órgão ambiental competente e retirando referida aferição do âmbito da Receita Federal do Brasil. A entrega, portanto, ainda que intempestiva, muito embora pudesse ensejar a aplicação de uma multa específica, caso existisse referida norma sancionatória, seria equivalente à retificação das demais declarações relativas ao ITR, isto é, da DIAT e da DIAC, devendo, pois, ter o mesmo tratamento que estas últimas, em consonância com o que estatui o brocardo jurídico “ubi eadem ratio, ibi eaedem legis dispositio”, isto é, onde há o mesmo racional, a legislação não pode aplicar critérios distintos. À guisa do exposto, portanto, no que toca à entrega do ADA, tenho para mim que cumpre seu desiderato até o momento do início da fiscalização, a partir do qual a omissão do contribuinte ensejou a necessidade de fiscalização específica relativa ao recolhimento do ITR, o que implica nos custos administrativos inerentes a este fato. Assim, aplicase ao ADA, de acordo com este entendimento basilar, a regra prevista pelo art. 18 da Medida Provisória n.º 2.18949/01, que assim dispõe, verbis: “Art. 18. A retificação de declaração de impostos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, nas hipóteses em que admitida, terá a mesma natureza da declaração originariamente apresentada, independentemente de autorização pela autoridade administrativa.” De acordo com a interpretação que ora se sustenta, pois, é permitida a entrega do ADA, ainda que intempestivamente, desde que o contribuinte o faça até o início da fiscalização. Poderseia sustentar, inclusive, que o ADA poderia ser substituído por outros documentos que comprovassem efetivamente as áreas de preservação permanente e de Fl. 147DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/08/2014 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 14/08/ 2014 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 29/08/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 13971.721028/201291 Acórdão n.º 2101002.541 S2C1T1 Fl. 142 13 reserva legal, à luz do que se extrai do próprio “Manual de Perguntas e Respostas” do Ato Declaratório Ambiental (ADA) editado pelo IBAMA em 2010. De fato, de acordo com a pergunta e resposta n. 10, não seria possível a apresentação retroativa do ADA, o qual, a partir do exercício de 2007, tornouse anual. Assim, a pergunta e resposta n. 11 orienta o administrado a adotar o seguinte procedimento, em virtude da impossibilidade de apresentação retroativa do ADA: “Em virtude da impossibilidade de procederse à apresentação de ADA, de um ou mais Exercícios anteriores – por não haver retroatividade –, recomendase que seja efetuado o preenchimento do formulário referente ao Exercício em vigor, mesmo porque a apresentação, a partir do ADA – Exercício 2007 tornouse ANUAL. É necessário, também, munirse de mapa(s) georreferenciado(s) da propriedade e respectivos laudos técnicos, se disponíveis. Sua apresentação, em um primeiro momento, não é necessária ao Ibama, porém, caso haja notificação pela Receita Federal do Brasil ao proprietário rural – pela não apresentação do ADA no Exercício devido –, à ela deverão ser apresentados.” Mais adiante, em resposta à pergunta n. 40 (“Que documentação pode ser exigida para comprovar a existência das áreas de interesse ambiental?”), o IBAMA relaciona os seguintes documentos: “● Ato Declaratório Ambiental – ADA e o comprovante da entrega do mesmo; ● Ato do Poder Público declarando as florestas e demais formas de vegetação natural como Área de Preservação Permanente, conforme dispõe o Código Florestal em seu artigo 3.; ● Laudo técnico emitido por engenheiro agrônomo ou florestal, acompanhado da Anotação de Responsabilidade Técnica – ART, que especifique e discrimine as Áreas de Interesse Ambiental (Área de Preservação Permanente; Área de Reserva Legal; Reserva Particular do Patrimônio Natural; Área de Declarado Interesse Ecológico; Área de Servidão Florestal ou Ambiental; Áreas Cobertas por Floresta Nativa; Áreas Alagadas para fins de Constituição de Reservatório de Usinas Hidrelétricas); ● Laudo de vistoria técnica do Ibama relativo à área de interesse ambiental; ● Certidão do Ibama ou de outro órgão de preservação ambiental (órgão ambiental estadual) referente às Áreas de Preservação Permanente e de Utilização Limitada; ● Certidão de registro ou cópia da matrícula do imóvel com averbação da Área de Reserva Legal; ● Termo de Responsabilidade de Averbação da Área de Reserva Legal (TRARL) ou Termo de Ajustamento de Conduta (TAC); ● Declaração de interesse ecológico de área imprestável, bem como, de áreas de proteção dos ecossistemas (Ato do Órgão competente, federal ou estadual – Ato do Poder Público – para áreas de declarado interesse ecológico): Se houver uma área no imóvel rural que sirva para a proteção dos ecossistemas e que não seja útil para Fl. 148DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/08/2014 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 14/08/ 2014 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 29/08/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 14 a agricultura ou pecuária, pode ser solicitada ao órgão ambiental federal ou estadual a vistoria e a declaração daquela como uma Área de Interesse Ecológico. ● Certidão de registro ou cópia da matrícula do imóvel com averbação da Área de Servidão Florestal; ● Portaria do Ibama de reconhecimento da Área de Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN).” Podese concluir, portanto, que a própria Administração Pública, que não pode venire contra factum proprium, entende que tanto o ADA como a averbação da reserva legal têm efeito meramente declaratório, não sendo os únicos documentos comprobatórios das áreas de preservação permanente e de reserva legal, o que remete a solução da controvérsia, nas hipóteses em que ausentes a apresentação do referido ADA ou a averbação da reserva legal, à análise de cada caso concreto. No que concerne à área de floresta nativa, a isenção de referida área em relação ao ITR, prevista no art. 10, §1º, inc. II, alínea “e”, da Lei n.º 9.393/96, foi estabelecida com a edição da Lei n.º 11.428, de 22 de dezembro de 2006. Importante salientar, outrossim, que a Mata Atlântica se enquadra no conceito de área de utilização limitada, mais especificamente no conceito de área de interesse ecológico. Em sendo de interesse ecológico, preenche os requisitos para fruição da isenção do ITR, tal qual prevista no artigo 10, §1º, inciso II, alínea “b”, segundo o qual seriam de interesse ecológico as áreas assim declaradas mediante ato do órgão competente, federal ou estadual, e que ampliem as restrições de uso relativas às áreas de preservação permanente e de reserva legal. De início, necessário se faz observar que a Lei n.º 11.428/2006, ao inserir outra hipótese de isenção no art. 10, §1º, da Lei n.º 9.393/96, qual seja, a existência de áreas cobertas por florestas nativas, primárias ou secundárias em estágio médio ou avançado de regeneração, ao lado da isenção já existente em relação às áreas de interesse ecológico, o fez em razão da necessidade de adoção de medidas mais efetivas de proteção do patrimônio ambiental. É o que se extrai da Exposição de Motivos do Projeto de Lei n.º 3.285/1992, que a originou: “Medidas mais efetivas a serem estabelecidas no sentido de ampliar e aperfeiçoar a legislação ambiental, de proteção do patrimônio genético encontrado na Mata Atlântica, na maior parte desconhecido, é um aspecto fundamental a ser trabalhado, principalmente pelo fato de que a biotecnologia e a engenharia genética, consideradas como fundamentais para o desenvolvimento mundial, dependem diretamente dos bancos genéticos que hoje estão sendo destruídos.” Especificamente em relação à inclusão de outra hipótese de isenção do ITR para tais florestas nativas, não obstante a já existência de uma determinação genérica conferindo isenção às áreas de relevante interesse ecológico, esclarecedora a passagem do Parecer nº 128/2006, da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, sobre o projeto de lei que deu origem à aludida Lei n.º 11.428/2006 (Projeto de Lei da Câmara n.º 107/2003 – Projeto de Lei n.º 3.285/1992, na origem): “Por fim, cumprenos verificar a possibilidade de permanência do art. 50 do projeto, em cotejo com o art. 150, § 6°, da Constituição Federal, que exige lei específica para redução da base de cálculo de impostos. Para tanto, observamos que a alteração promovida por aquele dispositivo na Lei n° 9.393, de 1996, que Fl. 149DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/08/2014 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 14/08/ 2014 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 29/08/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 13971.721028/201291 Acórdão n.º 2101002.541 S2C1T1 Fl. 143 15 disciplina o Imposto Territorial Rural (ITR), apenas especifica, para maior clareza, os efeitos dos instrumentos legais definidos para proteção da Mata Atlântica no cálculo da área do imóvel, ao lado dos outros institutos até então existentes na legislação ambiental. Desse modo, somos pela manutenção do dispositivo no projeto.” Deste modo, não há dúvidas que, não obstante a inexistência anteriormente à 2006 de uma isenção específica em relação às florestas nativas, a previsão de isenção em relação às áreas de interesse ecológico já abrangia as áreas de florestas nativas, entre elas a Mata Atlântica. Inicialmente prevista na Lei n.º 6.938/1981 e regulamentada pelo Decreto 89.336/1984 e Resolução CONAMA 012/1989, a área de relevante interesse ecológico é definida no art. 16 da Lei n.º 9.985/2000, que assim prevê: “Art. 16. A Área de Relevante Interesse Ecológico é uma área em geral de pequena extensão, com pouca ou nenhuma ocupação humana, com características naturais extraordinárias ou que abriga exemplares raros da biota regional, e tem como objetivo manter os ecossistemas naturais de importância regional ou local e regular o uso admissível dessas áreas, de modo a compatibilizálo com os objetivos de conservação da natureza. § 1o A Área de Relevante Interesse Ecológico é constituída por terras públicas ou privadas. § 2o Respeitados os limites constitucionais, podem ser estabelecidas normas e restrições para a utilização de uma propriedade privada localizada em uma Área de Relevante Interesse Ecológico.” A Mata Atlântica é expressamente prevista na Constituição como patrimônio nacional, devendo ser utilizada apenas dentro das condições que assegurem a preservação do meio ambiente. É o que dispõe o art. 225, §4º, do Texto Constitucional: “Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondose ao Poder Público e à coletividade o dever de defendêlo e preserválo para as presentes e futuras gerações. (...) § 4º. A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal MatoGrossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização farseá, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.” Com vistas à preservação do patrimônio nacional, o Presidente da República editou o Decreto n.º 750/93 (atualmente revogado pelo Decreto n.º 6.660/08), o qual proibiu, em seu art. 1º, o corte, a exploração e a supressão de vegetação primária ou nos estágios avançado e médio de regeneração da Mata Atlântica: “Art. 1° Ficam proibidos o corte, a exploração e a supressão de vegetação primária ou nos estágios avançado e médio de regeneração da Mata Atlântica. Parágrafo único. Excepcionalmente, a supressão da vegetação primária ou em estágio avançado e médio de regeneração da Mata Atlântica poderá ser autorizada, mediante decisão motivada do órgão estadual competente, com anuência prévia do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBAMA, Fl. 150DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/08/2014 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 14/08/ 2014 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 29/08/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 16 informandose ao Conselho Nacional do Meio Ambiente CONAMA, quando necessária à execução de obras, planos, atividades ou projetos de utilidade pública ou interesse social, mediante aprovação de estudo e relatório de impacto ambiental.” A área de Mata Atlântica, de acordo com art. 3º do aludido Decreto, é aquela compreendida por “formações florestais e ecossistemas associados inseridos no domínio Mata Atlântica, com as respectivas delimitações estabelecidas pelo Mapa de Vegetação do Brasil, IBGE 1988: Floresta Ombrófila Densa Atlântica, Floresta Ombrófila Mista, Floresta Ombrófila Aberta, Floresta Estacional Semidecidual, Floresta Estacional Decidual, manguezais restingas campos de altitude, brejos interioranos e encraves florestais do Nordeste.” Considerando as características descritas, não há dúvidas de que as áreas de Mata Atlântica enquadramse no conceito de área de relevante interesse ecológico, ampliando o Decreto n.º 750/93, aplicável na época dos fatos, as restrições de uso nas áreas com vegetação primária ou secundária em estágio avançado e médio de recuperação, em comparação com as áreas de preservação permanente e reserva legal, proibindo o corte, a exploração e a supressão da vegetação. Nesse mesmo sentido, dentre outros, o seguinte julgado: “Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR EXERCÍCIO: 2000 ITR/2001. PRELIMINAR DE NULIDADE. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTO LEGAL PARA EXIGÊNCIA DE ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL ADA. Os dispositivos sobre nulidade no processo administrativo fiscal, estão contidos no art. 59 do Dec. nº 70.235/72, que define como nulos os atos e termos lavrados por pessoa incompetente e os despachos proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Afora isso, as demais situações não importarão em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, ressalvados os casos em que este lhe houver dado causa, ou quando não influírem na solução do litígio. (...) ITR. ÁREA DE UTILIZAÇÃO LIMITADA. Os elementos probatórios deverão ser considerados no relatório e na decisão. Somente poderão ser recusadas, mediante decisão fundamentada, as provas propostas pelos interessados quando sejam ilícitas, impertinentes, desnecessárias ou protelatórias, de acordo com os §§ 1º e 2º do art. 38 da Lei 9.784/99. As áreas de utilização limitada referemse às áreas de preservação permanente e às revestidas por vegetação nativa pertencentes ao Bioma Mata Atlântica, protegida na época da autorização pelo Decreto Federal nº 750/93 e suas regulamentações. Tais áreas assim declaradas por ato do órgão competente federal ou estadual, tem eficácia como documento probante. (...) RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO.” (3º Conselho de Contribuintes, 1ª. Câmara, Acórdão 30134.459, Rel. Cons. Otacílio Dantas Cartaxo, j. em 20/05/2008, DOU de 12/11/2008) No presente caso, o lançamento foi lavrado porque as áreas declaradas como sendo de APP e de Floresta Nativa não foram comprovadas, assim como o VTN declarado. A DRJ não acolheu a impugnação da Recorrente em virtude da “não apresentação de documento eficaz para demonstrar a existência de APP e AFN, bem como a Fl. 151DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/08/2014 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 14/08/ 2014 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 29/08/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 13971.721028/201291 Acórdão n.º 2101002.541 S2C1T1 Fl. 144 17 ausência de ADA para possibilitar a concessão de isenção das mesmas”, além do “não questionamento do VTN”. Em seu recurso a Recorrente aduz, basicamente, que o ADA não seria necessário para efeitos de caracterização das áreas de preservação permanente e de florestas nativas, não apresentando qualquer documento comprobatório das referidas áreas, contestando, ao final, o valor do VTN, sem trazer aos autos, igualmente, prova nesse sentido. Assim, a decisão recorrida deve ser mantida por seus próprios fundamentos. Eis os motivos pelos quais voto no sentido de NEGAR provimento ao recurso. (assinado digitalmente) ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA Relator Fl. 152DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/08/2014 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 14/08/ 2014 por ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, Assinado digitalmente em 29/08/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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Numero do processo: 15374.918636/2009-85
Turma: Terceira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 29 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Aug 25 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Exercício: 2004
NULIDADE.
Não há que se falar em nulidade em relação aos atos administrativos que instruem os autos, no case em foram lavrados por servidor competente com a regular intimação para que a Recorrente pudesse cumpri-los ou impugná-los no prazo legal, ou seja, com observância de todos os requisitos legais que lhes conferem existência, validade e eficácia.
PRODUÇÃO DE PROVAS. ASPECTO TEMPORAL.
A peça de defesa deve ser formalizada por escrito incluindo todas as teses de defesa e instruída com os todos os documentos em que se fundamentar, sob pena de preclusão, ressalvadas as exceções legais.
PER/DCOMP. ÔNUS DA PROVA. COMPROVAÇÃO DA LIQUIDEZ E CERTEZA.
Cabe à Recorrente produzir o conjunto probatório nos autos de suas alegações, já que o procedimento de apuração do direito creditório não prescinde comprovação inequívoca da liquidez e da certeza do valor de direito creditório pleiteado.
JUROS DE MORA E MULTA DE MORA. VALORAÇÃO DOS DÉBITOS.
Na compensação efetuada pelo sujeito passivo, os débitos sofrerão a incidência de acréscimos moratórios, ou seja, de juros de mora a taxa Selic e aplicação da multa moratória, na forma da legislação de regência.
DOUTRINA. JURISPRUDÊNCIA.
Somente devem ser observados os entendimentos doutrinários e jurisprudenciais para os quais a lei atribua eficácia normativa.
INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
Numero da decisão: 1803-002.259
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora.
(assinado digitalmente)
Carmen Ferreira Saraiva Relatora e Presidente
Composição do colegiado. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Sérgio Rodrigues Mendes, Victor Humberto da Silva Maizman, Artur José André Neto, Ricardo Diefenthaeler, Roberto Armond Ferreira da Silva e Carmen Ferreira Saraiva.
Nome do relator: CARMEN FERREIRA SARAIVA
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Não há que se falar em nulidade em relação aos atos administrativos que instruem os autos, no case em foram lavrados por servidor competente com a regular intimação para que a Recorrente pudesse cumprilos ou impugnálos no prazo legal, ou seja, com observância de todos os requisitos legais que lhes conferem existência, validade e eficácia. PRODUÇÃO DE PROVAS. ASPECTO TEMPORAL. A peça de defesa deve ser formalizada por escrito incluindo todas as teses de defesa e instruída com os todos os documentos em que se fundamentar, sob pena de preclusão, ressalvadas as exceções legais. PER/DCOMP. ÔNUS DA PROVA. COMPROVAÇÃO DA LIQUIDEZ E CERTEZA. Cabe à Recorrente produzir o conjunto probatório nos autos de suas alegações, já que o procedimento de apuração do direito creditório não prescinde comprovação inequívoca da liquidez e da certeza do valor de direito creditório pleiteado. JUROS DE MORA E MULTA DE MORA. VALORAÇÃO DOS DÉBITOS. 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Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva – Relatora e Presidente Composição do colegiado. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Sérgio Rodrigues Mendes, Victor Humberto da Silva Maizman, Artur José André Neto, Ricardo Diefenthaeler, Roberto Armond Ferreira da Silva e Carmen Ferreira Saraiva. Relatório A Recorrente formalizou o Pedido de Ressarcimento ou Restituição/Declaração de Compensação (Per/DComp) nº 03317.67915.300605.1.3.049320 em 30.06.2006, fls. 4650 utilizandose do pagamento a maior de Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ) determinado sobre a base de cálculo estimada, código 2362, no valor original de R$62.710,84 arrecadado em 30.10.2003 e apurado pelo regime do lucro real anual, para compensação dos débitos ali confessados. Em conformidade com o Despacho Decisório Eletrônico, fls. 5153, as informações relativas ao reconhecimento do direito creditório foram analisadas das quais se concluiu pelo deferimento em parte do pedido: Limite do crédito analisado, correspondente ao valor do crédito original na data de transmissão informado no PER/DCOMP: 62.710,84 A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. [...] Diante da inexistência do crédito, NÃO HOMOLOGO a compensação declarada. Para tanto, foi indicado o seguinte enquadramento legal: art. 165 e art. 170 da Lei nº 5.172 de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional CTN) e art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Cientificada, a Recorrente apresentou a manifestação de inconformidade, fls. 0214, com os argumentos a seguir discriminados. Fl. 165DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 10/08/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 15374.918636/200985 Acórdão n.º 1803002.259 S1TE03 Fl. 166 3 Faz um relato sobre a ação fiscal e suscita que: 5. A Requerente entende que o [...] despacho decisório não deu ao caso a melhor solução. Isso porque o valor recolhido em 30.10.2003 a título de IRPJ R$62.710,84 [...] não foi integralmente utilizado para quitação de outros débitos do contribuinte. Tal valor competia a setembro de 2003 e, como se pode perceber da anexa ficha 11 da Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica ("DIPJ") relativa ao ano calendário 2003 [...] naquele mês o IRPJ devido era negativo. 6. Por consequência, a diferença recolhida a maior pode ser utilizada pela Requerente para quitar outros débitos perante a Receita Federal. 7. É certo que a Requerente falhou ao refletir tal informação na Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais ("DCTF") relativa ao terceiro trimestre de 2003 [...], tendo informado o valor recolhido de R$62.710,84 como o valor que seria devido. 8. Tal equívoco, contudo, de forma alguma pode impedir a compensação pleiteada sob pena de locupletamento ilícito do fisco. 9. Diante disso, irresignada, a Requerente vem apresentar a presente manifestação de inconformidade, por meio da qual requer a reforma total do r. despacho decisório de fls., para que seja integralmente reconhecido o seu direito de crédito oriundo de pagamento a maior de IRPJ e, consequentemente, homologada a sua compensação da forma pleiteada. III. DIREITO 10. Conforme mencionado acima, a Requerente busca a compensação de um crédito referente a pagamento a maior de IRPJ em 30.10.2003. Nesse sentido, o [...] despacho decisório ora recorrido não homologou o crédito pleiteado no PER/DCOMP. 11. Ocorre que não se pode admitir que seja negada à Requerente a restituição dos valores recolhidos a maior a título de IRPJ, pelo simples fato de que a DCTF não consigna o mesmo valor constante da DIPJ 2004. 12. Ora, é evidente que a irrelevante divergência existente entre o valor do crédito pleiteado no PER/DCOMP e o montante de imposto declarado como devi o na DCTF decorre de mero erro no preenchimento dessa declaração fiscal. Erro, aliás, não foi reproduzido na DIPJ, a qual indica o valor correto. 13. No entanto, esses meros erros no cumprimento de obrigações acessórias não podem inviabilizar por completo o direito de crédito da Requerente, pois o fato é que o recolhimento do IRPJ foi efetuado a maior, pelo que deve ser reconhecido o respectivo crédito, sob pena de enriquecimento ilícito da Fazenda Pública. [...] 17. Dessa forma, é forçoso concluir que a Requerente faz jus ao crédito pleiteado por meio do PER/DCOMP e que, portanto, a compensação requerida em que ser homologada. Com o objetivo de fundamentar as razões apresentadas na peça de defesa, interpreta a legislação pertinente, indica princípios constitucionais que supostamente foram violados e faz referência a entendimentos doutrinários e jurisprudenciais em seu favor. Fl. 166DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 10/08/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 15374.918636/200985 Acórdão n.º 1803002.259 S1TE03 Fl. 167 4 Conclui: 18. Por todo o exposto, a Requerente tem como demonstrada a improcedência dos fundamentos lançados na r. decisão recorrida para sustentar o não reconhecimento do seu crédito. Nesse sentido, a Requerente tem como comprovado que faz jus ao crédito almejado. 19. Por esses motivos, a Requerente respeitosamente requer a V.Sa. que a presente manifestação de inconformidade seja julgada procedente, a fim de que seja integralmente reformado o [...]. despacho decisório [...] para que seja integralmente reconhecido o seu direito ao ressarcimento do crédito correspondente a IRPJ recolhido a maior em 30.10.2003, e, consequentemente, homologada a sua compensação com os débitos indicados, extinguindose definitivamente os respectivos créditos tributários e demais consectários. Está registrado como ementa do Acórdão da 5ª TURMA/DRJ/RJO I/RJ nº 1252.961, de 20.02.2013, fls. 5962: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2005 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. CRÉDITO UTILIZADO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. Se do confronto entre a DIPJ e a DCTF resultar valores de débitos informados a maior nesta última declaração, a falta de comprovação, mediante apresentação de documentação hábil e idônea, de que o erro de preenchimento se deu em relação à DCTF, resulta o impedimento do reconhecimento da existência de direito creditório em relação aos pagamentos para os quais correspondam débitos regularmente confessados. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Notificada em 08.05.2013, fls. 123124, a Recorrente apresentou o recurso voluntário em 06.06.2013, fls. 7186, esclarecendo a peça atende aos pressupostos de admissibilidade. Discorre sobre o procedimento fiscal contra o qual se insurge, reiterando os argumentos apresentados na manifestação de inconformidade. Acrescenta que o recurso voluntário é apresentado tempestivamente. Suscita que: 5. A Requerente entende que o [...] despacho decisório não deu ao caso a melhor solução. Isso porque a Recorrente recolheu a maior o IRPJ devido no mês de setembro de 2003 e não utilizou o valor pago a maior para quitar outros débitos com a [RFB]. 6. Tal fato pode ser facilmente percebido ao ser comparado o montante recolhido pelo DARF referente ao mencionado período, que consigna o montante de R$62.710,84 [...], com a ficha 11 da Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica ("DIPJ") relativa ao ano calendário 2003 [...], que indica que naquele mês o IRPJ devido era negativo. Ou seja, houve claro pagamento a maior de tributo pela Recorrente. Fl. 167DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 10/08/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 15374.918636/200985 Acórdão n.º 1803002.259 S1TE03 Fl. 168 5 7. Por essa razão, a diferença recolhida a maior pode ser utilizada pela Recorrente para quitar outros débitos perante a [RFB], que foi feito por meio da PER/DCOMP não homologada [...]. 8. É certo que a Recorrente falhou ao refletir tal informação na Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais ("DCTF") relativa ao terceiro trimestre de 2003 [...], tendo informado o valor recolhido de R$62.710,84 como o valor que seria devido. 9. Diante disso, irresignada, a Recorrente apresentou Manifestação de Inconformidade contra o r. despacho decisório, a qual, como será visto a seguir, foi indeferida pela DRF/RJ. Por essa razão, a Recorrente interpõe o presente Recurso Voluntário na certeza de que Vossas Senhorias irão aplicar ao caso o melhor direito, reformando integralmente o v. acórdão de fls., de forma a reconhecer integralmente o direito da Recorrente ao crédito oriundo de pagamento a maior de IRPJ e, consequentemente, homologar a compensação da forma pleiteada. III. O V. ACÓRDÃO RECORRIDO 10. Em que pesem os argumentos trazidos pela Recorrente em sua Manifestação de Inconformidade, os Ilustres Julgadores da DRJ/RJ negaram o seu provimento, justificando essa decisão, em síntese, com base nos seguintes argumentos: (i) a apresentação da DCTF é considerada confissão de dívida, razão pela qual a divergência entre os valores nela discriminados e os valores informados na DIPJ não é capaz de comprovar o crédito da Recorrente; e (ii) a declaração da Recorrente de que houve erro no preenchimento da DCTF não é prova hábil a sustentar o direito creditório, devendo ser apresentados outros meios para essa comprovação. 11. [...] A argumentação utilizada [...] não encontra respaldo fático ou jurídico [...]. IV. OS MOTIVOS QUE JUSTIFICAM A REFORMA INTEGRAL DO V. ACÓRDÃO RECORRIDO 13. Conforme mencionado acima, a Recorrente busca a compensação de um crédito referente ao pagamento a maior de IRPJ em 30.10.2003. Nesse sentido, tanto o r. despacho decisório quanto o v. acórdão ora recorrido não homologaram o crédito pleiteado no PER/DCOMP. 14. Ocorre que não se pode admitir que seja negada à Recorrente a restituição dos valores recolhidos a maior a título de IRPJ, pelo simples fato de que a DCTF não consigna o mesmo valor constante da DIPJ do período em questão. 15. Ora, é evidente que a irrelevante divergência existente entre o valor do crédito pleiteado np PER/DCOMP e o montante do tributo declarado como devido na DCTF decorre de mero erro no preenchimento dessa declaração fiscal. Erro que, aliás, não foi reproduzido na DIPJ, a qual indica o valor correto. 16. No entanto, esses meros erros no cumprimento de obrigações acessórias não podem inviabilizar por completo o direito de crédito da Recorrente, pois o fato é que o recolhimento do IRPJ foi efetuado a maior, pelo que deve ser reconhecido o respectivo crédito, sob pena de enriquecimento ilícito da Fazenda Pública. [...] Fl. 168DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 10/08/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 15374.918636/200985 Acórdão n.º 1803002.259 S1TE03 Fl. 169 6 20. [...] Sendo o crédito líquido e certo, o contribuinte tem o direito incondicional de ser ressarcido desse valor, mesmo que haja mero erro no preenchimento de suas declarações, desde que seja possível provar de outras formas o montante exato do crédito, sendo exatamente o que ocorre nestes autos. 21. Afinal, na DIPJ da Recorrente constam todos os dados necessários para apurar o seu lucro líquido, incluindo as adições e exclusões previstas em lei. Dessa forma, a DIPJ é documento fiscal capaz de comprovar o IRPJ devido no período em que esta foi apresentada. 22. Entender o contrário, como querem fazer os julgadores da DRF/RJ, é considerar que a DIPJ não tem valor algum, sendo necessária a sua apresentação sem qualquer motivo aparente, já que apenas a DCTF seria meio idôneo a comprovar o IRPJ a ser recolhido. 23. Ora, esse entendimento não pode prosperar, na medida em que a DCTF apenas indica os valores devidos e recolhidos a título de tributos federais, mas não é documento suficiente para verificar a forma como foram apurados os valores nela indicados, sendo essa a função da DIPJ. [...] 25.Assim, apesar de a DCTF ser considerada como confissão de dívida por parte do contribuinte que a apresenta, esta deve ser confrontada com a DIPJ do mesmo período, como forma de se verificar se foi feito pagamento de imposto a menor ou maior. 26. Logo, se há incongruência entre as informações prestadas pelo contribuinte na DCTF e na DIPJ, a última deve prevalecer, já que é por meio dela que o fisco é capaz de verificar se a apuração do tributo devido foi feita de forma correta. 27. Vale ressaltar que D. Fiscalização poderia ter intimado a Recorrente sobre as divergências entre sua DCTF e DIPJ, momento em que seria vista a incongruência e seria retificada a DCTF. Contudo, a Recorrente foi intimada somente da não homologação de sua compensação. Isto é, as DD. Autoridades Fiscais preferiram trilhar o caminho mais simples e apenas não homologar a compensação intentada pela Recorrente. 28. Por fim, vale lembrar que a mera incorreção no preenchimento de documentos fiscais pode, quando muito, dar azo à lavratura de auto de infração por descumprimento de obrigação acessória, mas jamais cercear o direito creditório do contribuinte. 29. Dessa forma, é forçoso concluir que a Recorrente faz jus ao crédito pleiteado por meio do PER/DCOMP e que, portanto, a compensação requerida tem que ser homologada, já que houve flagrante pagamento a maior de IRPJ no período em questão. 30. Também deve ser consignado que a Receita Federal possui em seu poder todas as provas necessárias para a confirmação do direito ao crédito da Recorrente. Afinal, a Recorrente cumpre rigorosamente com todas as obrigações acessórias instituídas pela administração pública. Ora, estão em poder das DD. Autoridades Fiscais a DIPJ completa do período, a DCTF, os DARFs e todas as demais declarações apresentadas pela Recorrente. Fl. 169DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 10/08/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 15374.918636/200985 Acórdão n.º 1803002.259 S1TE03 Fl. 170 7 31. Ou seja, não há que se falar em produção de prova pela Recorrente, na medida em que as provas já estão, e sempre estiveram, em poder da própria D. Autoridade Fiscalizadora, bastando apenas a sua análise. 32. Assim, além do mero erro no preenchimento de obrigação acessória não ser capaz de cercear o direito ao crédito da Recorrente, também deve ser rechaçado por Vossas Senhorias o argumento dos D. Julgadores da 5ª Turma da DRJ/RJ de que caberia à Recorrente a produção de provas acerca do seu direito creditório. 33. Pelo exposto, resta mais do que claro o direito ao crédito da Recorrente, seja pelo simples preenchimento equivocado da DCTF não impedir seu direito ao crédito, bem como pelo fato de todas as provas que comprovam seu direito já estarem em poder das D. Autoridades Fiscais. V. DA MULTA E DOS JUROS 34. Ainda que, por absurdo, se admitisse a manutenção da exação em questão, certamente a não homologação da compensação pretendida pela D. Fiscalização não poderia ser acompanhada da cobrança de multa e juros moratórios, em razão da comprovada suspensão da exigibilidade dos créditos tributários objeto dos referidos processos administrativos. 35. Para que haja a exigência de multa e juros de mora, é condição necessária que o contribuinte encontrese em atraso com o pagamento do crédito tributário. Todavia, não é isso que se verifica no caso em tela. [...] 37. No entanto, no presente caso, tal prazo não transcorreu. Pretender cobrar qualquer quantia do contribuinte antes do referido prazo é ato ilegal e que deve ser coibido. Além disso, diante do presente Recurso Voluntário, que suspende a exigibilidade do crédito tributário nos termos do artigo 151, inciso III, do CTN, mesmo depois de findo o referido prazo, nenhum valor a título de multa e juros de mora poderá ser exigido enquanto o processo administrativo encontrarse em curso. 38. Observese, ainda, que a compensação realizada é legal e válida, e implicou a quitação do valor objeto do r. Despacho Decisório, supostamente devido pela Recorrente. Desse modo, não há multa ou juros de mora a serem cobrados. (b) Inaplicabilidade das Multas 39. Apesar de a inconsistência do crédito tributário exigido por meio do r. Despacho Decisório em questão já estar exaustivamente demonstrada, caso esse D. Órgão Julgador mantenha o lançamento e entenda ser devida a multa punitiva, o que, naturalmente, só se admite a título de argumentação, a Recorrente considera descabida a exigência de uma multa de ofício de 20%. [...] 44. Portanto, tendo em vista que a Recorrente não cometeu qualquer irregularidade, posto que realizou as compensações em estrita consonância com a legislação tributária em vigência, não há motivos para se exigir tão elevada multa, sob pena de se estar praticando verdadeiro confisco. (c) Dos Juros SELIC 45. No que se refere aos juros de mora, cabe lembrar que a jurisprudência tem reconhecido a inaplicabilidade da taxa SELIC aos créditos tributários, uma vez que aquela taxa não foi criada por lei para fins tributários. [...] Fl. 170DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 10/08/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 15374.918636/200985 Acórdão n.º 1803002.259 S1TE03 Fl. 171 8 46. Dessa forma, [...] a Recorrente contesta sua aplicação e requer sua desconsideração no cômputo do crédito tributário principal. Com o objetivo de fundamentar as razões apresentadas na peça de defesa, interpreta a legislação pertinente, indica princípios constitucionais que supostamente foram violados e faz referência a entendimentos doutrinários e jurisprudenciais em seu favor. Conclui: 47. Do acima exposto, concluise que a DCTF, apesar de ser o documento em que o contribuinte constitui sua dívida, não é capaz de assegurar se a apuração do tributo devido foi feita de forma correta, sendo esse o papel da DIPJ. Por essa razão, o direito creditório da Recorrente deve ser reconhecido, tendo em vista que houve flagrante pagamento a maior de IRPJ, conforme se depreende da comparação entre a sua DIPJ e a sua DCTF do período. 48. Além disso, deve ser rechaçada a argumentação de que é impossível a análise do direito creditório da Recorrente por ausência de provas, na medida em que todas as declarações da Recorrente necessárias para a apuração do crédito estão em poder da [RFB]. 49. Nesse sentido, a cobrança da multa no caso em análise deve ser cancelada, pois tendo sido demonstrada a total improcedência da exigência em questão, a cobrança da multa, como acessório, também se mostra totalmente improcedente, uma vez que acompanha o principal. 50. Caso V.Sas, assim não entendam, ad argumentandum tantum, a exigência de multa no caso em análise não poderia ser cobrada no percentual de 20% (vinte por cento), tendo em vista que tal procedimento seria, frontalmente, contrário ao princípio do não confisco, 51. No que se refere aos juros de mora, não se poderia aplicar a taxa SELIC aos créditos tributários, uma vez que essa taxa não foi criada por Lei para fins tributários, como já vem reconhecendo a jurisprudência dos diversos Tribunais pátrios. 52. Por todo o exposto, a Recorrente tem como demonstrada a improcedência dos fundamentos lançados no v. acórdão recorrido para sustentar o não reconhecimento do seu crédito. Nesse sentido, a Recorrente tem como comprovado que faz jus ao crédito ora debatido nos presentes autos. 53. Por esses motivos, a Recorrente respeitosamente requer a V.Sas, que o presente recurso voluntário seja julgado procedente, a fim de que seja integralmente reformado o [...] despacho decisório [...]., bem como o v. acórdão recorrido, para que seja integralmente reconhecido o seu direito ao ressarcimento do crédito correspondente ao IRPJ recolhido a maior, e, consequentemente, homologada a sua compensação com os débitos indicados, extinguindose definitivamente os respectivos créditos tributários e demais consectários. Toda numeração de folhas indicada nessa decisão se refere à paginação eletrônica dos autos em sua forma digital ou digitalizada. É o Relatório. Fl. 171DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 10/08/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 15374.918636/200985 Acórdão n.º 1803002.259 S1TE03 Fl. 172 9 Voto Conselheira Carmen Ferreira Saraiva, Relatora O recurso voluntário apresentado pela Recorrente atende aos requisitos de admissibilidade previstos nas normas de regência, em especial no Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972. Assim, dele tomo conhecimento, inclusive para os efeitos do inciso III do art. 151 do Código Tributário Nacional (§ 11 do art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996). A Recorrente alega que os atos administrativos são nulos. O Despacho Decisório foi lavrados por servidor competente que verificou a regularidade do Per/DComp, com a regular intimação para que a Recorrente pudesse cumprilo ou impugnálo no prazo legal, ou seja, com observância de todos os requisitos legais que lhes conferem existência, validade e eficácia. As formas instrumentais adequadas foram respeitadas, os documentos foram reunidos nos autos do processo, que estão instruídos com as provas produzidas por meios lícitos. As garantias ao devido processo legal, ao contraditório e à ampla defesa com os meios e recursos a ela inerentes foram observadas. Ademais o ato administrativo está regularmente motivado, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos de modo explícito, claro e congruente1. O enfrentamento das questões na peça de defesa denota perfeita compreensão da descrição dos fatos e dos enquadramentos legais que ensejaram os procedimentos de ofício, que foram regularmente analisados na decisão de primeira instância de julgamento administrativo e da qual a pessoa jurídica foi regularmente cientificada. Assim, estes atos contêm todos os requisitos legais, o que lhes conferem existência, validade e eficácia. As formas instrumentais adequadas foram respeitadas, os documentos foram reunidos nos autos do processo, que estão instruídos com as provas produzidas por meios lícitos, em observância às garantias ao devido processo legal. O enfrentamento das questões na peça de defesa denota perfeita compreensão da descrição dos fatos e dos enquadramentos legais que ensejaram os procedimentos de ofício. A proposição afirmada pela defendente, desse modo, não tem cabimento. A Recorrente solicita a realização de todos os meios de prova. Sobre a matéria, vale esclarecer que no presente caso se aplicam as disposições do processo administrativo fiscal que estabelece que a peça de defesa deve ser formalizada por escrito incluindo todas as teses e instruída com os todos documentos em que se fundamentar, precluindo o direito de a Recorrente praticar este ato e apresentar novas razões em outro momento processual, salvo a ocorrência de quaisquer das circunstâncias ali previstas, tais como fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de 1 Fundamentação legal: inciso LIV e inciso LV do art. 5º da Constituição Federal, art. 142 do Código Tributário Nacional, art 6º da Lei nº 10.593, de 6 de dezembro de 2001, art. 10 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 e art. 50 da Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999. Fl. 172DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 10/08/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 15374.918636/200985 Acórdão n.º 1803002.259 S1TE03 Fl. 173 10 força maior, refirase a fato ou a direito superveniente ou se destine a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos2. Embora lhe fossem oferecidas várias oportunidades no curso do processo (ciência do Despacho Decisório, fls. 5155, e a Intimação do Resultado do Julgamento, fl. 64) a Recorrente não apresentou a comprovação inequívoca de quaisquer fatos que tenham correlação com as situações excepcionadas pela legislação de regência. A realização desses meios probantes é prescindível, uma vez que os elementos probatórios produzidos por meios lícitos constantes nos autos são suficientes para a solução do litígio. A justificativa arguida pela defendente, por essa razão, não se comprova. A Recorrente suscita que o Per/DComp deve ser deferido. O sujeito passivo que apurar crédito relativo a tributo administrado pela RFB, passível de restituição, pode utilizálo na compensação de débitos. A partir de 01.10.2002, a compensação somente pode ser efetivada por meio de declaração e com créditos e débitos próprios, que ficam extintos sob condição resolutória de sua ulterior homologação. Também os pedidos pendentes de apreciação foram equiparados a declaração de compensação, retroagindo à data do protocolo. Posteriormente, ou seja, em de 30.12.2003, ficou estabelecido que a Per/DComp constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos indevidamente compensados, bem como que o prazo para homologação tácita da compensação declarada é de cinco anos, contados da data da sua entrega. Ademais, o procedimento se submete ao rito do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, inclusive para os efeitos do inciso III do art. 151 do Código Tributário Nacional. 3. O pressuposto é de que a pessoa jurídica deve manter os registros de todos os ganhos e rendimentos, qualquer que seja a denominação que lhes seja dada independentemente da natureza, da espécie ou da existência de título ou contrato escrito, bastando que decorram de ato ou negócio. A escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor dela dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais4. Instaurada a fase litigiosa do procedimento, cabe à Recorrente detalhar os motivos de fato e de direito em que se basear expondo de forma minuciosa os pontos de discordância e suas razões e instruindo a peça de defesa com prova documental préconstituída imprescindível à comprovação das matérias suscitadas. Por seu turno, a autoridade julgadora, orientandose pelo princípio da verdade material na apreciação da prova, deve formar livremente sua convicção mediante a persuasão racional decidindo com base nos elementos existentes no processo e nos meios de prova em direito admitidos. 2 Fundamentação legal: art. 16 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972. 3 Fundamentação legal: art. 165, art. 168, art. 170 e art. 170A do Códido Tributário Nacional, art. 9º do Decreto Lei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, 1º e art. 2º, art. 51 e art. 74 da Lei nº 9.430, de 26 de dezembro de 1996, art. 49 da Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002 e art. 17 da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003. 4 Fundamentação legal : art. 195 do Código Tributário Nacional, art. 51 da Lei nº 7.450, de 23 de dezembro de 1985, art. 6º e art. 9º do DecretoLei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, art. 37 da Lei nº 8.981, de 20 de novembro de 1995, art. 6º e art. 24 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995 e art. 1º e art. 2º da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Fl. 173DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 10/08/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 15374.918636/200985 Acórdão n.º 1803002.259 S1TE03 Fl. 174 11 Para que haja o reconhecimento do direito creditório é necessário um cuidadoso exame do pagamento a maior de tributo, uma vez que é absolutamente essencial verificar a precisão dos dados informados em todos os livros de escrituração obrigatórios por legislação fiscal específica bem como os documentos e demais papéis que serviram de base para escrituração comercial e fiscal. Cabe à Recorrente produzir o conjunto probatório nos autos de suas alegações, já que o procedimento de apuração do direito creditório não prescinde comprovação inequívoca da liquidez e da certeza do valor de direito creditório pleiteado, nos termos do art. 170 do Código Tributário Nacional. A receita bruta das vendas e serviços compreende o produto da venda de bens nas operações de conta própria, o preço dos serviços prestados e o resultado auferido nas operações de conta alheia. A receita líquida de vendas e serviços é a receita bruta excluídos, via de regra, as vendas canceladas, os descontos concedidos incondicionalmente e os impostos incidentes sobre vendas. Excepcionalmente a legislação prevê taxativamente as hipóteses em que a pessoa jurídica pode deduzir outras parcelas da receita bruta. O lucro bruto é o resultado da atividade de venda de bens ou serviços que constitua seu objeto e corresponde à diferença entre a receita líquida das vendas e serviços e o custo dos bens e serviços vendidos. O lucro operacional é o lucro bruto excluídos os custos e as despesas operacionais necessárias, usuais e normais à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora incorridas para a realização operações exigidas pela sua atividade econômica apropriadas simultaneamente às receitas que gerarem, em conformidade com o regime de competência e com o princípio da independência dos exercícios. O lucro líquido é a soma algébrica do lucro operacional, dos resultados não operacionais e das participações e deve ser determinado com observância dos preceitos da lei comercial5. A pessoa jurídica que optar pelo pagamento do IRPJ pelo regime de tributação com base no lucro real anual deverá apurar o lucro real em 31 de dezembro de cada ano. O IRPJ a ser pago será determinado mediante a aplicação, sobre a base de cálculo, da alíquota de quinze por cento. A parcela da base de cálculo, apurada mensalmente, que exceder a vinte mil reais ficará sujeita à incidência de adicional do imposto à alíquota de dez por cento6. A pessoa jurídica pode deduzir do tributo devido o valor dos incentivos fiscais previstos na legislação de regência, do tributo pago ou retido na fonte, incidente sobre receitas computadas na determinação do lucro real, bem como o IRPJ determinado sobre a base de cálculo estimada no caso utilização do regime com base no lucro real anual, para efeito de determinação do saldo de IRPJ a pagar ou a ser compensado no encerramento do ano calendário, ocasião em que se verifica a sua liquidez e certeza7. 5 Fundamentação legal : art. 195 do Código Tributário Nacional, art. 51 da Lei nº 7.450, de 23 de dezembro de 1985, art. 6º e art. 9º do DecretoLei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, art. 37 da Lei nº 8.981, de 20 de novembro de 1995, art. 6º e art. 24 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995 e art. 1º e art. 2º da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. 6 Fundamentação legal: Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. 7 Fundamentação legal: art. 170 do Código Tributário Nacional, art. 34 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995 e art. 2º da Lei nº 9.430, 27 de dezembro de 1996. Fl. 174DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 10/08/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 15374.918636/200985 Acórdão n.º 1803002.259 S1TE03 Fl. 175 12 A pessoa jurídica que adota o regime de tributação do lucro real pode optar pela apuração anual de IRPJ, o que lhe impõe o pagamento destes tributos em cada mês, determinados sobre base de cálculo estimada, ainda que venha a apurar prejuízo fiscal no balanço encerrado em 31 de dezembro do anocalendário. Pode, todavia, suspender ou reduzir os pagamentos dos tributos devidos em cada mês, desde que demonstre, mediante de balanços ou balancetes mensais, que as quantias acumuladas já recolhidas excedem os valores dos tributos devidos referentes ao período em curso. Para tanto, estes balanços ou balancetes devem ser levantados com observância das leis comerciais e fiscais e transcritos no Livro Diário e a demonstração do lucro real relativa ao período deve ser transcrita no Livro de Apuração do Lucro Real (Lalur). O regime de tributação com base no lucro real anual prevê que a pessoa jurídica que efetuar pagamento de tributo a título de estimativa mensal pode utilizálo ao final do período de apuração na dedução do devido ou para compor o saldo negativo, ocasião em que se verifica a sua liquidez e certeza8. Além disso, nos termos do enunciado da Súmula CARF nº 84 o “pagamento indevido ou a maior a título de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação”. Ademais, na Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF) a partir de 02.11.1998, o saldo a pagar relativo ao tributo ali informado, bem como o valor da diferença apurada em procedimento de auditoria interna atinente às informações indevidas ou não comprovadas sobre pagamento, parcelamento, compensação ou suspensão de exigibilidade, deve ser objeto de cobrança administrativa com os acréscimos moratórios devidos e, caso não liquidado, enviado para inscrição em Dívida Ativa da União. Logo, a DCTF é modo de constituição do crédito tributário e de confissão de dívida, bem como instrumento hábil e suficiente para inscrição em Dívida Ativa da União dispensando, para isso, o lançamento de ofício91011. Este é o entendimento constante na decisão definitiva de mérito proferida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) no Recurso 8 Fundamentação legal: art. 165, art. 168, art. 170 e art. 170A do Código Tributário Nacional, art. 9º do Decreto Lei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, 1º e art. 2º, art. 51 e art. 74 da Lei nº 9.430, de 26 de dezembro de 1996, art. 49 da Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, art. 17 da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, art. 73 da Lei n° 9.532, de 10 de dezembro de 1997, art. 4º da Lei nº 11.051, de 29 de dezembro de 2004, art. 30 da Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, art. 96, inciso I do art. 100, inciso I do art. 106 do Código Tributário Nacional, Instrução Normativa RFB nº 1.300, de 20 de novembro de 2012, art. 269 do Código de Processo Civil, Lei Complementar nº 118, de 9 de fevereiro de 2005 e art. 62A do Anexo II do Regimento Interno do CARF e art. 83 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995. 9 Fundamentação Legal: DecretoLei nº 2.124, de 13 de junho de 1984 e Portaria do MF nº 118, de 28 de junho de 1984. 10 BRASIL. Câmara Superior de Recursos Fiscais. Acórdão nº 40201967. Conselheiro Relator: Henrique Pinheiro Torres, Segunda Turma, Brasília, DF, 4 de julho de 2005. Disponível em: <http://www.lexml.gov.br/urn/urn:lex:br:camara.superior.recursos.fiscais;turma.1:acordao:200507 04;40201967> Acesso em: 09 mar. 2012. 11 Fundamentação legal: Instrução Normativa SRF nº 126, de 30 de outubro de 1998, Instrução Normativa SRF nº 255 de 11 de dezembro de 2002, Instrução Normativa SRF nº 482, de 21 de dezembro de 2004, Instrução Normativa SRF nº 583, de 20 de dezembro de 2005, Instrução Normativa SRF nº 695, de 14 de dezembro de 2006, Instrução Normativa RFB nº 786, de 19 de novembro de 2007, Instrução Normativa RFB nº 903, de 30 de dezembro de 2008, A Instrução Normativa RFB nº 974, de 27 de novembro de 2009 e Instrução Normativa RFB nº 1.110, de 24 de dezembro de 2010. Fl. 175DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 10/08/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 15374.918636/200985 Acórdão n.º 1803002.259 S1TE03 Fl. 176 13 Especial Repetitivo nº 1101728/SP 12, cujo trânsito em julgado ocorreu em 29.04.2009 e que deve ser reproduzido pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF13. Feitas essas considerações normativas, tem cabimento a análise da situação fática tendo em vista os documentos já analisados pela autoridade de primeira instância de julgamento e aqueles produzidos em sede de recurso voluntário. No presente caso temse que Recorrente formalizou Per/DComp, fls. 4650 utilizandose do pagamento a maior de IRPJ determinado sobre a base de cálculo estimada, no valor original de R$62.710,84 arrecadado em 30.10.2003, fl. 12. Na Declaração de Informação EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ) do anocalendário de 2003 consta o valor negativo de R$83.999,97 a esse título, como também no Livro de Apuração de Lucro Real – Lalur, fls. 13 e 138157. Por seu turno, na Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF) do terceiro trimestre de 2003 está confessado o valor de R$62.710,84 de IRPJ, código 2362, do período de apuração de setembro de 2003, fl. 14. Observese que as DIPJ e a DCTF foram espontaneamente entregues pela própria Recorrente a RFB. Sobre a apresentação de provas, no Voto condutor do Acórdão da 5ª TURMA/DRJ/RJO I/RJ nº 1252.961, de 20.02.2013, fls. 5962, está registrado: No presente caso, conforme afirmado pela própria interessada, observase que ela incluiu na DCTF do 3º trimestre de 2003 (fl. 14), como débito de IRPJ correspondente àquele período de apuração, o total de R$62.710,84, sendo que informou na correspondente DIPJ [fl. 13], como valor a esse título devido, o total [negativo] de R$83.999,97, originando divergência de informação perante a RFB. Uma vez que ambas declarações foram preenchidas pela própria contribuinte e devem retratar os dados da escrituração da pessoa jurídica, a simples alegação de que a DCTF foi preenchida incorretamente não é suficiente para se comprovar o erro no preenchimento daquela declaração, sem apoio nos registros contábeis e fiscais da interessada e/ou em outros elementos consistentes de prova. Assim, impõese reconhecer que inexiste o direito creditório pleiteado, à vista da correspondência dos recolhimentos efetuados aos débitos informados em DCTF. A Recorrente, desde que foi notificada em 08.05.2013, fls. 123124, já estava ciente da necessidade de que fossem apresentados os assentos contábeis e os documentos pertinentes à comprovação do erro em que se funde que se encontram sob sua guarda por força legal. Nesse sentido, os livros obrigatórios de escrituração comercial e fiscal e os comprovantes dos lançamentos neles efetuados devem ser conservados até que ocorra a prescrição dos créditos tributários decorrentes das operações a que se refiram (art. 147 e art. 195 do Código Tributário Nacional). Entretanto, não apresenta nessa segunda instância de julgamento qualquer documento que comprove sua alegação de que se trata de lapso manifesto cometido no 12 BRASIL.Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial Repetitivo nº 1101728/SP. Ministro Relator:Teori Albino Lawascki, Primeira Seção, Brasília, DF, 11 de março de 2009. Disponível em: <https://ww2.stj.jus.br/processo/jsp/revista/abreDocumento.jsp?componente=ITA&sequencial=864597&num_reg istro=200802440246&data=20090323&formato=PDF>. Acesso em: 06 mar.2012. 13 Fundamentação legal: art. 62A do Anexo II do Regimento Interno do CARF. Fl. 176DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 10/08/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 15374.918636/200985 Acórdão n.º 1803002.259 S1TE03 Fl. 177 14 preenchimento da DCTF, embora ciente de que a apresentação dos documentos pertinentes é medida imprescindível para corroborar a sua tese de defesa, em especial os balanços ou balancetes devem ser levantados com observância das leis comerciais e fiscais e transcritos no Livro Diário. A Recorrente apenas juntou as Demonstrações Contábeis do anocalendário de 2003 (Balanço Patrimonial, Demonstração do Resultado e Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido), fls. 155162. Os presentes autos não estão instruídos com as transcrições no Livro Diário dos balanços ou balancetes mensais de suspensão ou de redução do respectivo período. Nas ementas citadas pela Recorrente, em sua peça de defesa ,se referem a erro de preenchimento de DIPJ, declaração meramente informativa, e nenhuma a erro de preenchimento de DCTF, declaração de confissão de dívida, como pretende ela fazer crer. Reiterese que como a DCTF é instrumento de confissão de dívida, o valor ali informado voluntariamente pela Recorrente de R$62.710,84 de IRPJ, código 2362, do período de apuração de setembro de 2003, fl. 14, é considerado como tributo devido. A justificativa arguida pela defendente, por essa razão, não se comprova. A Recorrente discorda da incidência de juros de mora equivalentes à taxa Selic e da multa de mora. Em relação à valoração dos créditos e dos débitos na data da entrega da declaração de compensação, temse que no exercício de sua competência de regulamentar da matéria, o procedimento de apuração do direito creditório não prescinde comprovação inequívoca da liquidez e da certeza do valor de tributo pago a maior. Na compensação efetuada pelo sujeito passivo, os débitos sofrerão a incidência de acréscimos moratórios, ou seja, de juros de mora a taxa Selic e aplicação da multa moratória, na forma da legislação de regência. Os débitos tributários não pagos nos prazos legais são acrescidos: (a) de juros de mora equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia – Selic, seja qual for o motivo determinante da falta14. Este é o entendimento constante na decisão definitiva de mérito proferida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) em recurso especial repetitivo nº 1.111.175/SP, cujo trânsito em julgado ocorreu em 09.09.200915 e que deve ser reproduzido pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF16; (b) da aplicação da multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo até o dia em que ocorrer o seu pagamento, sendo que o percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento 17. 14 Fundamentação legal: art. 161 do Código Tributário Nacional e Súmula CARF nº 4 15 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial Repetitivo nº 1111175/SP. Ministra Relatora: Denise Arruda. Primeira Seção, Brasília, DF, 10 de junho de 2009. Disponível em: < https://ww2.stj.jus.br/revistaeletronica/Abre_Documento.asp?sSeq=892437&sReg=200900188256&sData=20090 701&formato=PDF>. Acesso em: 31 ago.2011. 16 Fundamentação legal: art. 161 do Código Tributário Nacional, art. 5º e art. 61 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, Súmulas CARF nºs 4 e 5 e art. 62A do Anexo II do Regimento Interno do CARF. 17 Fundamentação legal: art. 61 e § 14 do art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Fl. 177DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 10/08/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 15374.918636/200985 Acórdão n.º 1803002.259 S1TE03 Fl. 178 15 Por conseguinte, os débitos ficam sujeitos a incidência de juros equivalentes à taxa Selic e a aplicação da multa de mora a partir da data do vencimento na forma da legislação de regência. A proposição afirmada pela defendente, desse modo, não tem cabimento. No que concerne à interpretação da legislação e aos entendimentos doutrinários e jurisprudenciais indicados pela Recorrente, cabe esclarecer que somente devem ser observados os atos para os quais a lei atribua eficácia normativa, o que não se aplica ao presente caso18. A alegação relatada pela defendente, consequentemente, não está justificada. Atinente aos princípios constitucionais que a Recorrente aduz que supostamente foram violados, cabe ressaltar que o CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária, uma vez que no âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade19. Temse que nos estritos termos legais o procedimento fiscal está correto, conforme o princípio da legalidade a que o agente público está vinculado (art. 37 da Constituição Federal, art. 116 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, art. 2º da Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999, art. 26A do Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972 e art. 41 do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de julho de 2009). A proposição afirmada pela defendente, desse modo, não tem cabimento. Em assim sucedendo, voto por negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva 18 Fundamentação legal: art. 100 do Código Tributário Nacional e art. 26A do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972. 19 Fundamentação legal: art. 26A do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 e Súmula CARF nº 2. Fl. 178DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 10/08/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA Processo nº 15374.918636/200985 Acórdão n.º 1803002.259 S1TE03 Fl. 179 16 Fl. 179DF CARF MF Impresso em 25/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/08/2014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA, Assinado digitalmente em 10/08/2 014 por CARMEN FERREIRA SARAIVA
score : 1.0
Numero do processo: 11128.002575/2005-60
Turma: Segunda Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed May 28 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Aug 28 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 09/09/2004
LANÇAMENTO DESTINADO A PREVENIR DECADÊNCIA. AÇÃO JUDICIAL.
A discussão na esfera judicial não impede o lançamento para constituir o crédito tributário, visando a prevenir os efeitos da decadência.
Quanto à questão jurídica submetida ao Poder Judiciário, aplica-se a Súmula CARF nº 1.
MULTA DE OFÍCIO. Nos termos do artigo 151, II, do Código Tributário Nacional, somente o depósito integral do crédito tributário suspende a sua exigibilidade e, de consequência, afasta a aplicação exclusão da multa de ofício lançada. Recurso ao qual se nega provimento.
Numero da decisão: 3802-003.300
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, conhecer em parte do recurso apenas no tocante à exigência da multa de ofício, negando, contudo provimento (multa de ofício mantida na integralidade). Vencidos os conselheiros Bruno Maurício Macedo Curi (que declarará voto) e Cláudio Augusto Gonçalves Pereira, que davam provimento em parte para considerar devida apenas a parcela da multa de ofício calculada em relação à diferença entre o valor da contribuição e o montante depositado judicialmente.
MÉRCIA HELENA TRAJANO DAMORIM - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Mércia Helena Trajano DAmorim, Francisco José Barroso Rios, Solon Sehn, Waldir Navarro Bezerra, Bruno Maurício Macedo Curi e Cláudio Augusto Gonçalves Pereira.
Nome do relator: MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM
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AÇÃO JUDICIAL. A discussão na esfera judicial não impede o lançamento para constituir o crédito tributário, visando a prevenir os efeitos da decadência. Quanto à questão jurídica submetida ao Poder Judiciário, aplicase a Súmula CARF nº 1. MULTA DE OFÍCIO. Nos termos do artigo 151, II, do Código Tributário Nacional, somente o depósito integral do crédito tributário suspende a sua exigibilidade e, de consequência, afasta a aplicação exclusão da multa de ofício lançada. Recurso ao qual se nega provimento. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, conhecer em parte do recurso apenas no tocante à exigência da multa de ofício, negando, contudo provimento (multa de ofício mantida na integralidade). Vencidos os conselheiros Bruno Maurício Macedo Curi (que declarará voto) e Cláudio Augusto Gonçalves Pereira, que davam provimento em parte para considerar devida apenas a parcela da multa de ofício calculada em relação à diferença entre o valor da contribuição e o montante depositado judicialmente. MÉRCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Presidente e Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 12 8. 00 25 75 /2 00 5- 60 Fl. 1DF CARF MF Impresso em 28/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/06/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 2 5/06/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Mércia Helena Trajano D’Amorim, Francisco José Barroso Rios, Solon Sehn, Waldir Navarro Bezerra, Bruno Maurício Macedo Curi e Cláudio Augusto Gonçalves Pereira. Relatório O interessado acima identificado recorre a este Conselho, de decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo/SP. Por bem descrever os fatos ocorridos, até então, adoto o relatório da decisão recorrida, que transcrevo, a seguir: Em procedimento de verificação do cumprimento das obrigações tributárias realizadas pelo contribuinte, a fiscalização constatou que a empresa acima qualificada registrou em 09/09/04 a Declaração de Importação nº. 04/09015010, mediante recolhimento do Imposto de Importação no valor de R$ 70,20 (setenta reais e vinte centavos) e do Imposto sobre Produtos industrializados no valor de R$ 4.690,95 (quatro mil seiscentos e noventa reais e noventa e cinco centavos). Entretanto, conforme informação prestada pela autoridade aduaneira, a interessada deixou de efetuar o recolhimento relativo ao PIS no valor de R$ 3.069,26 (três mil e sessenta e nove reais e vinte e seis centavos) e COFINS no valor de R$ 14.137,18 (quatorze mil cento e trinta e sete reais e dezoito centavos), em razão de Ação Ordinária interposta na 8ª Vara Federal em São Paulo em 28/07/04, por meio do processo nº. 2004.61.0208948, com respectivo depósito à Caixa Econômica Federal nos valores de R$ 2.983,38 (dois mil novecentos e oitenta e três reais e trinta e oito centavos) para o PIS e R$ 13.968,36 para a COFINS. Às fls. 89, encontrase o Memorando nº. 022/05 da Equipe de Revisão Interna de Declarações, dando conta que, à vista do declarado pelo contribuinte, verificouse que os valores depositados são insuficientes para a garantia do montante integral do crédito tributário, o que motivou proposta de encaminhamento de Ofício ao Juiz da 8ª Vara Federal em São Paulo, local onde tramita o processo, para conhecimento do ocorrido. Para salvaguardar os interesses da Fazenda Nacional e prevenir a decadência lavrouse o presente auto de infração, de fls. 01 a 09, para a constituição do crédito tributário relativo à cobrança do PIS e COFINS, multa de ofício e juros de mora, cujo total perfaz o valor de R$ 30.111,28 (trinta mil cento e onze reais e vinte e oito centavos). Por meio do Ofício Dicat/Gjud nº. 070/2005, fls. 94, foi comunicado à Procuradoria da Fazenda Nacional, em São Paulo que o depósito referente à Ação Ordinária nº. 2004.61.00.0208948 não foi integral e, conseqüentemente, com base no artigo 151, II do CTN, o crédito tributário não foi suspenso, devendo assim, ser cobrado. A autuada, com fundamento no Decreto nº. 70.235/1972, a interessada, tempestivamente, interpôs impugnação. Fl. 2DF CARF MF Impresso em 28/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/06/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 2 5/06/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI Processo nº 11128.002575/200560 Acórdão n.º 3802003.300 S3TE02 Fl. 325 3 O processo foi transformado em diligência pela Delegacia de Julgamento, conforme se verifica às fls. 116/117, para que a autoridade preparadora se manifestasse quanto à suficiência dos depósitos judiciais. Em resposta, fls. 153, a unidade de origem esclareceu o seguinte: A cópia da decisão judicial que concedeu a tutela antecipada se encontra às fls. 126 – demais documentos às fls. 120/149; PIS: o valor devido a título de PIS era de R$ 3069,26, em 09/09/04, mais multa de 75%, com vencimento em 02/06/05. A somatória do depósito e pagamento, fls. 107/108, a este título é de R$ 2.983,38 + R$ 18,55 = R$3.001,93. Assim, mesmo que se considere apenas o imposto os valores são insuficientes para a garantia do crédito tributário. COFINS: O valor devido a título de COFINS era de R$ 14.137,18, em 09/09/04, mais multa de 75%, com vencimento em 02/06/05. A somatória do depósito e pagamento, fls. 107/108, a este título é de R$ 13.968,36 + R$ 85,48 = 14.053,84. Assim, mesmo que se considere apenas o imposto os valores são insuficientes para a garantia do crédito tributário. Encerrada a instrução processual, o processo foi encaminhado a esta Delegacia da Receita Federal de Julgamento para prosseguimento. É o Relatório. O pleito foi indeferido, no julgamento de primeira instância, nos termos do acórdão DRJ/SPO II no 1726.890, de 14/08/2008, proferida pelos membros da 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo/SP, cuja ementa dispõe, verbis: Assunto: Processo Administrativo Fiscal Data do fato gerador: 09/09/2004 CONCOMITÂNCIA ENTRE PROCESSO ADMINISTRATIVO E JUDICIAL Não se toma conhecimento da impugnação no tocante à matéria objeto de ação judicial impetrada com o mesmo objeto. Inaplicabilidade do art. 63 da Lei n.º 9.430 de 1996. Caberá lançamento de multa de ofício na constituição de crédito tributário destinado a prevenir a decadência quando não for concedida medida liminar preventiva antes do início do despacho aduaneiro de importação, conforme dispõe o Ato Declaratório Interpretativo SRF n.º 18 de 25 de junho de 2004. Lançamento Procedente. O julgamento foi no sentido de considerar procedente o lançamento, mantendo o crédito tributário exigido. Fl. 3DF CARF MF Impresso em 28/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/06/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 2 5/06/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI 4 O Contribuinte protocolizou o Recurso Voluntário, tempestivamente, no qual, basicamente, reproduz as razões de defesa constantes em sua peça impugnatória. O processo digitalizado foi redistribuído (em novembro de 2013) e encaminhado a esta Conselheira, conforme se observa abaixo (extraído do sítio do CARF): 24/02/2014 COLOCADO EM PAUTA Unidade: 2ªTE/2ªCÂMARA/3ªSEJUL/CARF/MF Relator: MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Data da Sessão: 26/02/2014 Hora da Sessão: 14:00 Tipo da Pauta: Ordinária Tipo Sessão: Normal 07/02/2014 ENTRADA NO CARF Tipo de Recurso: RECURSO VOLUNTARIO Data de Entrada: 07/02/2014 Unidade: 2ªTE/2ªCÂMARA/3ªSEJUL/CARF/MF 07/02/2014 PARA RELATAR 2ªTE/2ªCÂMARA/3ªSEJUL/CARF/MF 05/12/2013 PARA RELATAR 1ªTO/2ª CÂMARA/3ª SEJUL/CARF/MF 28/11/2013 DISTRIBUIR/SORTEAR 1ªTO/2ª CÂMARA/3ª SEJUL/CARF/MF 25/11/2013 DISTRIBUIR/SORTEAR SECAM/2ª CÂMARA/3ª SEJUL/CARF/MF/DF 11/10/2013 DISTRIBUIR/SORTEAR 2ª CÂMARA/3ª SEJUL/CARF/MF/DF 09/11/2011 RECEBER PROCESSO TRIAGEM SECAM/2ª CÂMARA/3ª SEJUL/CARF/MF/DF 30/04/2010 EM TRAMITAÇÃO PROCESSO NA REPRESENTAÇÃO DO CARF MANAUSAM Unidade: SECOJ 26/04/2010 EM TRAMITAÇÃO RELATORA MARIA DE FATIMA OLIVEIRA SILVA Unidade: 2ªTE/3ª SEJUL/CARF/MF É o Relatório. Voto Conselheiro MÉRCIA HELENA TRAJANO DAMORIM O presente recurso é tempestivo e atende aos requisitos de admissibilidade, razão por que dele tomo conhecimento. Quando da nacionalização da mercadoria, a recorrente registrou em 09/09/04 a Declaração de Importação nº 04/09015010, mediante recolhimento do IIImposto de Importação no valor de R$ 70,20 e do IPIImposto sobre Produtos industrializados no valor de R$ 4.690,95; no entanto, sem recolhimento do PIS e da COFINS, com depósito em juízo (em 30/08/2004, junto a CEF, às fls 61 e 63 (pdf)). O Auto de infração foi formalizado em 12/04/2005, com base no art. 13, inc. I da Lei n° 10.865, de 30/04/2004, que dispõe: Art. 13. As contribuições de que trata o art. 1º (Ficam instituídas a Contribuição para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público incidente na Importação de Produtos Estrangeiros ou Serviços Fl. 4DF CARF MF Impresso em 28/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/06/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 2 5/06/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI Processo nº 11128.002575/200560 Acórdão n.º 3802003.300 S3TE02 Fl. 326 5 PIS/PASEPImportação e a Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social devida pelo Importador de Bens Estrangeiros ou Serviços do Exterior COFINSImportação, com base nos arts. 149, § 2º, inciso II, e 195, inciso IV, da Constituição Federal, observado o disposto no seu art. 195, § 6º). desta Lei serão pagas: I na data do registro da declaração de importação, na hipótese do inciso I do caput do art. 3º desta Lei; (Art. 3º O fato gerador será: I a entrada de bens estrangeiros no território nacional;) ou........ Auto de Infração compõe do seguinte crédito tributário: PIS 4562 – R$ 3.069,26 Multa Proporcional (Passível de Redução) R$ 2.301,95 Valor do Credito Tributário Apurado R$ 5.371,21 COFINS 4685 –R$ 14.137,18 Multa Proporcional (Passível de Redução) R$ 10.602,89 Valor do Crédito Tributário Apurado R$ 24.740,07 O motivo do não recolhimento é decorrente da Ação Ordinária interposta na 8ª Vara Federal em São Paulo em 28/07/04, por meio do processo nº. 2004.61.0208948, com respectivo depósito à Caixa Econômica Federal nos valores de R$ 2.983,38 para o PIS e R$ 13.968,36 para a COFINS. A primeira instância baixou em diligência, para que a autoridade preparadora se manifestasse quanto à suficiência dos depósitos judiciais. A mesma retornou, informando que: A cópia da decisão judicial que concedeu a tutela antecipada se encontra às fls. 126 – demais documentos às fls. 120/149; PIS: o valor devido a título de PIS era de R$ 3069,26, em 09/09/04, mais multa de 75%, com vencimento em 02/06/05. A somatória do depósito e pagamento, fls. 107/108, a este título é de R$ 2.983,38 + R$ 18,55 = R$3.001,93. Assim, mesmo que se considere apenas o imposto os valores são insuficientes para a garantia do crédito tributário. COFINS: O valor devido a título de COFINS era de R$ 14.137,18, em 09/09/04, mais multa de 75%, com vencimento em 02/06/05. A somatória do depósito e pagamento, fls. 107/108, a este título é de R$ 13.968,36 + R$ 85,48 = 14.053,84. Assim, mesmo que se considere apenas o imposto os valores são insuficientes para a garantia do crédito tributário. Percebese que não foi integral o depósito, daí, com base no artigo 151, II do CTN, o crédito tributário não foi suspenso, devendo ser cobrado, tendo em vista, interpretação literal das hipóteses de suspensão da exigibilidade do crédito tributário, conforme: Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário: I moratória; Fl. 5DF CARF MF Impresso em 28/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/06/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 2 5/06/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI 6 II o depósito do seu montante integral; Assim sendo, para prevenir a decadência lavrouse o auto de infração para a constituição do crédito tributário relativo à cobrança do PIS e COFINS e multa de ofício. Pelo Exposto, não se conhece da exigência do PIS e COFINS em razão da matéria já ter sido levada à apreciação do Poder Judiciário. A impetração pela recorrente de ação judicial contra a autoridade fazendária importa em renúncia à discussão nas instâncias administrativas sobre a mesma matéria. Destarte, a questão jurídica submetida ao Poder Judiciário, aplicase a Súmula CARF nº 1, que dispõe: “Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial”. Quanto ao mérito, com base nos arts. 151 e 156 do CTN, art. 4º do Decretolei nº 1.737 de 1979, arts 44 e 63 da Lei nº 9.430 de 1996, com suas alterações; o Parecer COSIT nº 02 de 1999, determinou que deveria haver a constituição do crédito tributário com o objetivo de prevenir a decadência, relativo a tributos e contribuições de competência da União, cuja exigibilidade houvesse sido suspensa por terse efetuado o depósito do seu montante integral. Ou seja, este Parecer acrescentou que, o lançamento deveria ser realizado com a exigibilidade suspensa e sem a multa de ofício. Ressalto, desde que o montante do depósito fosse integral. Portanto, conforme o Parecer da COSIT citado, o lançamento deve ser feito com base no montante integral. E não poderia ser de outro modo, uma vez que, o artigo 151, inciso II, é claro quando determina que, o depósito integral é que suspende a exigibilidade do crédito tributário e não o depósito parcial. Agiu com correção a autoridade autuante, pois a lavratura do Auto de Infração tem que ser efetivada, sob pena de responsabilidade funcional (art. 142, § único, do CTN), pois, o lançamento por via de auto de infração serve para a garantia do crédito tributário levantado. Os efeitos da liminar ou sentença não transitada em julgado que suspenda a exigência de tributo, somente obstam a autoridade fiscal de proceder à cobrança do crédito em litígio, mas não a proíbe de efetuar a sua constituição mediante lançamento para prevenir a decadência. Enfim, o lançamento feito para prevenir a decadência representa apenas a constituição do título hábil a lastrear a cobrança futura caso o Fisco emerja vencedor na ação judicial, ou caso o contribuinte perca, no transcurso do processo, a proteção judicial de suspensão da cobrança. Fl. 6DF CARF MF Impresso em 28/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/06/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 2 5/06/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI Processo nº 11128.002575/200560 Acórdão n.º 3802003.300 S3TE02 Fl. 327 7 A discussão é a aplicação ou não da multa de ofício. Tanto é assim que o art. 63 da Lei nº 9.430, de 27/12/1996, com a redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 24/08/2001, assim determina, in verbis: Na constituição do crédito tributário destinado a prevenir a decadência relativo a tributo de competência da União, cuja exigibilidade houver sido suspensa na forma dos incisos IV e V do art. 151 da Lei n.°5.172, de 25 de outubro de 1966, não caberá lançamento de multa de ofício.. Por sua vez, a Súmula nº 112 do Superior Tribunal de JustiçaSTJ prescreve: O depósito somente suspende a exigibilidade do crédito tributário se for integral e em dinheiro. Verificase, portanto, que os depósitos não foram realizados no montante integral do crédito tributário. Como não houve depósito do montante integral do crédito tributário relativo ao PIS e COFINS e a consequente inocorrência da suspensão da sua exigibilidade, cabível é a cobrança da multa de ofício. Deste modo, os depósitos judiciais quando efetuados em valor integral e no prazo do vencimento, em conta específica e com a finalidade de garantir o crédito em discussão junto a Fazenda Nacional, mediante o deferimento da instância judicial, põe fim à pretensão do Fisco. Porém, no caso específico, não houve depósito integral, daí, com base no artigo 151, II do CTN, cujo crédito tributário não foi suspenso, devendo ser cobrado, inclusive com a multa de ofício. Pelo exposto e por tudo o mais que do processo consta, nego provimento ao recurso voluntário. MÉRCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Relator Declaração de Voto Conselheiro BRUNO MAURÍCIO MACEDO CURI Nada obstante o brilho e o zelo apresentados no voto vencedor, ouso discordar da parte referente à base para aplicação da multa de ofício nos casos em que o contribuinte realiza depósito em montante menor ao efetivamente devido na apuração. As razões pelas quais divirjo da Em. Conselheira Relatora seguem abaixo. Tratase de situação em que o contribuinte, antes do vencimento da obrigação tributária, efetua depósito do valor que entende como devido. Após a efetivação do depósito, Fl. 7DF CARF MF Impresso em 28/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/06/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 2 5/06/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI 8 percebese mediante ação fiscal que o depósito fora efetuado em valores menores do que os efetivamente devidos na apuração. A autoridade administrativa, em sua atividade de lançamento, apura o saldo devedor, efetua a dedução do quanto depositado antes do vencimento, e propõe a aplicação da multa de ofício sobre a totalidade do débito apurado – não apenas da parcela remanescente. Entendo, com a devida vênia, que tal procedimento não está correto, e por mais de um motivo. Vejamos. 1. Do depósito de tributos pelo sujeito passivo Antes de adentrarmos nas normas atinentes ao depósito em matéria tributária (cuja divergência de interpretação é objeto da presente celeuma), é fundamental analisarmos em que consiste o depósito voluntário de tributos pelo sujeito passivo. Tratase de ato voluntário do sujeito passivo em que este, antes do vencimento da obrigação tributária, deixa de dispor de certo montante para discutir a legitimidade da sua cobrança. Assim conceitua De Plácido e Silva em sua obra Vocabulário Jurídico (24ª edição, Forense, 2004, p. 434): DEPÓSITO. Derivado do latim depositum, de deponere (na acepção de depositar, consignar ou confiar), em sentido lato quer significar todo ato pelo qual se entrega a uma pessoa qualquer espécie de bem ou valor, ou se lhe confia a guarda de determinada pessoa, para que consigo a conserve, ou que lhe seja pedia a restituição ou entrega. Neste conceito, o depósito entendese ato, porque se refere a tida e qualquer entrega, voluntária ou necessária, em virtude da qual ficará a coisa ou a pessoa sob guarda ou custódia de outrem. Obviamente que, em matéria tributária, o depósito adquire certos contornos próprios, porém indiscutível que sua essência, in casu, é essa: a disposição voluntária realizada pelo sujeito passivo, de certo montante de dinheiro, objeto de exigência pelo fisco a título de tributo. É importantíssimo frisar que, ao efetuar o depósito, o sujeito passivo entrega certo montante ao Estado. E ainda que se trate do Estadojuiz, nada mais temos do que um desdobramento do ente estatal. A situação é ainda mais nítida se estivermos diante de depósito administrativo, nos quais o sujeito passivo literalmente deixa aos cuidados do credor um montante cuja cobrança ele reputa como ilegítima. De todo modo, tratandose do Estado, em qualquer das suas acepções, resta claro que o sujeito passivo já não dispõe mais de certa quantia de dinheiro quando do vencimento da obrigação. Entrementes, há a absoluta garantia de que esse valor será entregue ao fisco em caso de derrota no questionamento da exação – seja administrativo ou judicial, conforme se trate da natureza do depósito e da reclamação. Fl. 8DF CARF MF Impresso em 28/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/06/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 2 5/06/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI Processo nº 11128.002575/200560 Acórdão n.º 3802003.300 S3TE02 Fl. 328 9 Indo além. O STJ tem sufragado o entendimento de que o depósito voluntário do sujeito passivo constitui modalidade autônoma de constituição do crédito tributário, dispensando o ato de lançamento: TRIBUTÁRIO. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DEPÓSITO JUDICIAL. DESNECESSIDADE DA FORMAL CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO. DECADÊNCIA QUE NÃO SE OPERA. PRONUNCIAMENTO DA PRIMEIRA SEÇÃO. (...) 3. A pretensão merece êxito para que prevaleça o aresto paradigma, exarado na mesma linha do hodierno posicionamento da Primeira Seção, ou seja, de que o depósito judicial de valor relativo a tributo sujeito a lançamento por homologação torna dispensável o ato formal de lançamento por parte do Fisco, não se operando a decadência. (ERESP 464343 – Primeira Seção – Rel. Min. José Delgado – Dje de 29/10/2007) Ou seja, o depósito voluntário do sujeito passivo é, em última análise, modalidade de constituição/formalização do crédito tributário própria, distinta daquela privativa da autoridade administrativa – a qual se perfaz pelo ato de lançamento, nos termos do art. 142 do Código Tributário Nacional. Hugo de Brito Machado vai ainda mais além, ao analisar o conteúdo do art. 1º, § 2º, da lei 9.703/98, com sua redação abaixo: Art. 1o Os depósitos judiciais e extrajudiciais, em dinheiro, de valores referentes a tributos e contribuições federais, inclusive seus acessórios, administrados pela Secretaria da Receita Federal do Ministério da Fazenda, serão efetuados na Caixa Econômica Federal, mediante Documento de Arrecadação de Receitas Federais DARF, específico para essa finalidade. (...) § 2o Os depósitos serão repassados pela Caixa Econômica Federal para a Conta Única do Tesouro Nacional, independentemente de qualquer formalidade, no mesmo prazo fixado para recolhimento dos tributos e das contribuições federais. Diz o autor, a esse respeito, em sua obra Curso de Direito Tributário (30ª edição, Ed. Malheiros, 2009, p. 191), que: A Lei no 9.703, de 17 de novembro de 1998, na verdade converteu os depósitos em pagamentos, pura e simplesmente, determinando que a Caixa Econômica Federal repasse os valores respectivos para a conta única do Tesouro Nacional, independentemente de qualquer formalidade. E com isto consumou verdadeira expropriação, num atentado claro e ostensivo ao direito de propriedade, que a Constituição expressamente assegura. Fl. 9DF CARF MF Impresso em 28/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/06/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 2 5/06/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI 10 Polêmicas à parte, o singelo fato de o contribuinte dispor do dinheiro para garantir a satisfação do crédito tributário, já nos parece resolver a questão. Uma vez identificado em que consiste o depósito voluntário, passemos às normas que lhe dizem respeito. 2. Das regras relativas ao depósito voluntário de tributos pelo sujeito passivo: problema normativo quanto ao depósito parcial. O depósito voluntário possui algumas poucas regras claras no Código Tributário Nacional. A primeira que merece destaque é a presente no seu art. 151, II, a qual assim dispõe: Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário: (...) II o depósito do seu montante integral; Diversos debates acalorados já ocorreram com relação à correta interpretação ao art. 151, II, do CTN. Dentre eles, temos principalmente a questão de ser ou não em dinheiro (o que levou o STJ a editar a Súmula 112), e o fato de ser ou não substitutivo do lançamento como forma de oficialização do crédito tributário – em especial para os fins de decadência e de possibilidade de levantamento do valor depositado, caso não houvesse lançamento concomitante à ação judicial. Ao confirmar, contudo, que o depósito não é apenas uma modalidade de suspensão da exigibilidade do crédito tributário – o que lhe retiraria a característica de constituílo –, o STJ foi além e o entendeu como uma forma de constituição do crédito. Essa circunstância é deveras relevante, e produz reflexos igualmente dignos de nota. O depósito de tributos pelo sujeito passivo é a única modalidade de suspensão da exigibilidade do crédito tributário que impede os efeitos da mora. Isso ocorre não porque ele suspende a exigibilidade, mas porque o dinheiro deixou de ser manipulado pelo sujeito passivo. Ou seja, seu direito de propriedade já foi constrito, ainda que o dinheiro esteja numa zona cinzenta entre sua disposição pelo contribuinte e sua aquisição pelo fisco, satisfazendo o crédito tributário. É por esse singelo motivo que outras hipóteses de suspensão da exigibilidade do crédito tributário não impedem os efeitos da mora, e nem interferem no prazo decadencial. O fato, portanto, de o depósito constar como causa de suspensão da exigibilidade do crédito tributário, não significa que ele tenha nessa causa sua natureza jurídica. A natureza jurídica do depósito é muito mais ampla, conforme visto acima, e é com base nessa natureza jurídica que o depósito pode assumir, conforme o caso, uma feição de suspensão da exigibilidade. Digo que o depósito pode assumir a feição de suspensão da exigibilidade, porque, para tanto, é crucial (i) que ele seja feito no montante integral do tributo devido e, ao mesmo tempo, (ii) que seja realizado em dinheiro. Notese que o depósito não precisa ser feito no montante integral. Em nenhum momento, ao contrário, as normas vigentes o exigem. A consequência imediata, Fl. 10DF CARF MF Impresso em 28/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/06/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 2 5/06/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI Processo nº 11128.002575/200560 Acórdão n.º 3802003.300 S3TE02 Fl. 329 11 contudo, é que o depósito nesse caso não suspenderá a exigibilidade do crédito tributário – viabilizando o lançamento da diferença. A impossibilidade de suspender a exigibilidade do crédito tributário nos casos de depósito parcial, encontra eco não apenas na interpretação sumulada pelo STJ, como também no art. 111, I, do CTN, o qual exige a interpretação literal das hipóteses de suspensão da exigibilidade do crédito tributário. Dessa forma, não havendo depósito do montante integral, impraticável interpretarse a norma para atribuir tal caráter ao depósito parcial. Entendo, assim, com toda a vênia que peço aos entendimentos divergentes, que o caso concreto, ora sob análise, não guarda a menor relação quanto ao fato de haver, ou não, suspensão da exigibilidade do crédito tributário. Isso não se discute. O ponto fulcral, a meu ver, é como cobrar a diferença: com multa sobre o todo ou apenas sobre a diferença. O Código Tributário é absolutamente silente quanto a como deve ser feita a cobrança da diferença entre o valor depositado e o efetivamente devido. 3. Do critério de interpretação quanto à aplicação da penalidade. Entendo, primeiramente, que o caso envolve crédito tributário objeto de dois tipos de constituição distintos: um primeiro, parcial, realizado pelo sujeito passivo mediante depósito; e outro, também parcial, realizado de ofício pelo fisco. O fisco, no entanto, tendo lançado a diferença, propôs a aplicação de penalidade relativa ao tributo que lançara, e também sobre a parcela constituída, voluntariamente, pelo sujeito passivo, em momento anterior. Tal procedimento não me parece o mais adequado. Explico. A primeira modalidade de constituição do crédito tributário foi feita pelo sujeito passivo, em um dado momento. Sobre essa parcela não recaem mais os efeitos de decadência, porquanto já houve constituição regular. A segunda modalidade de constituição do crédito tributário foi feita de ofício pelo fisco, e, caso não fosse feita, sobre ela se operaria a decadência, porquanto não teria ocorrido qualquer forma de positivação. Friso que o fisco lançou apenas parte do tributo devido. Não se trata de lançamento para prevenir decadência, nos termos do art. 63 da lei 9.430/96, pois, quanto à parcela lançada, (i) havia tributo devido e (ii) não havia suspensão da exigibilidade a lhe proteger. O art. 63 da lei 9.430/96 tem aplicação muito restrita, cabível expressamente apenas para os casos de liminares e tutelas antecipadas. O depósito parcial não é objeto de regramento ali. Tratase, portanto, de lançamento regular, em procedimento de ofício, decorrente de diferença não apurada pelo sujeito passivo. Inclusive cabe revisão desse lançamento – aliás, tal é o objeto do presente processo administrativo. A parcela depositada, ao contrário, é incontroversa. E mais: nem mesmo processo administrativo cabe, diante da renúncia à esfera administrativa pelo sujeito passivo ao intentar a ação judicial, nos termos do art. 38, parágrafo único, da lei 6.830/80. O montante Fl. 11DF CARF MF Impresso em 28/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/06/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 2 5/06/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI 12 depositado, sendo bastante direto, é objeto de confissão de dívida – não comporta, portanto, processo revisional. Aplicarse, então, penalidade sobre a integralidade do crédito tributário (parcela constituída mediante depósito e parcela constituída mediante lançamento), é atribuir ao crédito uma unicidade que, com a devida vênia aos entendimentos divergentes, não existe. Desde seu nascituro o crédito tributário está cindido entre parcela depositada e parcela lançada: em sua origem, no tempo de sua ocorrência, na amplitude da defesa a ser exercida pelo sujeito passivo, na fluência de juros etc.. Não será com a penalidade que essa junção ocorrerá. E antes que se afirme que deveria haver alguma regra impondo o afastamento da multa para a parcela depositada, relembro que o Código Tributário Nacional possui critério de interpretação próprio para a aplicação da multa, em casos nos quais a infração e/ou a penalidade não seja expressa na lei. Digo que a multa precisa estar expressa, e sua aplicação igualmente, por motivos óbvios: não há pena sem lei (art. 97, V, do CTN). E no conceito de penalidade nitidamente está a base para sua aplicação. Diante do absoluto silêncio do Código Tributário Nacional quanto à adequada forma de se aplicar a penalidade nos casos de depósito voluntário inferior ao efetivamente devido, valhome dos critérios estabelecidos pelo próprio Código para interpretar o caso. O referido diploma estabelece: Art. 112. A lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades, interpretase da maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto: I à capitulação legal do fato; II à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão dos seus efeitos; III à autoria, imputabilidade, ou punibilidade; IV à natureza da penalidade aplicável, ou à sua graduação. Ora, o caso em tela diz respeito a uma situação em que há dúvida acerca da base para aplicação da multa: a integralidade do crédito tributário apurado, ou somente a diferença entre o valor apurado e aquele montante depositado voluntariamente pelo sujeito passivo, antes do vencimento da obrigação. Nesse sentido, reputo como inexorável a interpretação mais benéfica, por disposição legal expressa do art. 112 do CTN. Mas não só por isso. Interpretação distinta implica que o sujeito passivo seja apenado sobre base distinta do lançamento. Ou seja, a multa recairá sobre quantia maior do que aquela cobrada pelo lançamento de ofício. Analisando por outro ângulo: a infração cometida – recolher tributo fora do prazo – receberá uma penalidade que tem como base montante maior do que seu desvalor! O direito não pode admitir tal procedimento. Fl. 12DF CARF MF Impresso em 28/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/06/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 2 5/06/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI Processo nº 11128.002575/200560 Acórdão n.º 3802003.300 S3TE02 Fl. 330 13 Assim é que, com a devida vênia aos entendimentos divergentes, não encontro procedência na aplicação da multa sobre a totalidade do crédito tributário apurado, se este, objeto de duas formas de constituição, foi lançado a desoras apenas sobre uma parte. Voto, então, por DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso, para que a multa seja aplicada somente sobre a diferença entre o valor de depositado e aquele apurado como devido na ação fiscal. Fl. 13DF CARF MF Impresso em 28/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/06/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 2 5/06/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM, Assinado digitalmente em 19/08/2014 por BRUNO MAURICIO MACEDO CURI
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Numero do processo: 10120.725148/2013-71
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 16 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Aug 27 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2011
NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO. VIOLAÇÃO NÃO PROVADA.
Faltando nos autos a prova da violação às disposições contidas no art. 142, do CTN, tampouco dos artigos 10 e 59, do Decreto nº 70.235, de 1972, e não se identificando no instrumento de autuação nenhum vício prejudicial, não há que se falar em nulidade do lançamento.
MULTA DE OFÍCIO. USO DE INFORMAÇÃO FALSA. DOLO. APLICABILIDADE. QUALIFICADA.
Aplica-se a multa qualificada quando restar comprovada, como no caso apurado, que o contribuinte se utiliza intencionalmente de informação falsa para acobertar as variações patrimoniais e omitir os rendimentos utilizados na aquisição dos bens apurados pela fiscalização e, por consequência, reduzir ou suprimir tributo.
INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. MATÉRIA SUMULADA.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. (Súmula CARF nº 2).
MULTA DE OFÍCIO. CONFISCO. INAPLICABILIDADE
A vedação constitucional quanto à instituição de exação de caráter confiscatório dos tributos, se refere aos tributos e não as multas e dirige-se ao legislador, e não ao aplicador da lei.
Numero da decisão: 2201-002.432
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares e, no mérito, em negar provimento ao recurso.
(ASSINADO DIGITALMENTE)
MARIA HELENA COTA CARDOZO Presidente.
(ASSINADO DIGITALMENTE)
FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente), Eduardo Tadeu Farah, Nathalia Mesquita Ceia, Francisco Marconi de Oliveira, Guilherme Barranco de Souza (Suplente convocado) e Odmir Fernandes (Suplente convocado). Ausente, justificadamente, o Conselheiro Gustavo Lian Haddad.
Nome do relator: FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA
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VIOLAÇÃO NÃO PROVADA. Faltando nos autos a prova da violação às disposições contidas no art. 142, do CTN, tampouco dos artigos 10 e 59, do Decreto nº 70.235, de 1972, e não se identificando no instrumento de autuação nenhum vício prejudicial, não há que se falar em nulidade do lançamento. MULTA DE OFÍCIO. USO DE INFORMAÇÃO FALSA. DOLO. APLICABILIDADE. QUALIFICADA. Aplicase a multa qualificada quando restar comprovada, como no caso apurado, que o contribuinte se utiliza intencionalmente de informação falsa para acobertar as variações patrimoniais e omitir os rendimentos utilizados na aquisição dos bens apurados pela fiscalização e, por consequência, reduzir ou suprimir tributo. INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. MATÉRIA SUMULADA. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. (Súmula CARF nº 2). MULTA DE OFÍCIO. CONFISCO. INAPLICABILIDADE A vedação constitucional quanto à instituição de exação de caráter confiscatório dos tributos, se refere aos tributos e não as multas e dirigese ao legislador, e não ao aplicador da lei. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares e, no mérito, em negar provimento ao recurso. (ASSINADO DIGITALMENTE) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 12 0. 72 51 48 /2 01 3- 71 Fl. 936DF CARF MF Impresso em 27/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 2 2/08/2014 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 21/08/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA 2 MARIA HELENA COTA CARDOZO – Presidente. (ASSINADO DIGITALMENTE) FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA – Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente), Eduardo Tadeu Farah, Nathalia Mesquita Ceia, Francisco Marconi de Oliveira, Guilherme Barranco de Souza (Suplente convocado) e Odmir Fernandes (Suplente convocado). Ausente, justificadamente, o Conselheiro Gustavo Lian Haddad. Fl. 937DF CARF MF Impresso em 27/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 2 2/08/2014 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 21/08/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA Processo nº 10120.725148/201371 Acórdão n.º 2201002.432 S2C2T1 Fl. 3 3 Relatório Neste processo foi lavrado o auto de infração de IRPF (fls. 742 e 743), exercício 2011, contra o contribuinte acima e o sujeito passivo solidário Geovani Pereira da Silva, por omissão de rendimentos baseada em depósitos bancários de origem não comprovada, sendo apurado de imposto de renda de pessoa física no valor de R$ 190.838,71, sobre o qual foi aplicada a multa de ofício qualificada. Conforme descrição dos fatos no Termo de Verificação de Infração, fls. 728 a 737, o lançamento decorreu da fiscalização na empresa JR Prestadora de Serviços, Construtora e Incorporadora Ltda, CNPJ nº 11.682.299/000128, investigada pela Polícia Federal na chamada “Operação Monte Carlo”, que tinha o objetivo de desarticular uma “organização” que explorava o jogo ilegal em Goiás e no Distrito Federal. Segundo apurado na investigação fiscal, a empresa era utilizada exclusivamente para permitir que o sujeito passivo Carlos Augusto de Almeida Ramos, considerado chefe da referida “organização”, pudesse movimentar recursos financeiros sem oferecêlos à tributação. A empresa não existia de fato. Em 3 de julho de 2012, os auditores fiscais responsáveis pelo procedimento estiveram no endereço cadastrado na RFB para dar ciência do início da fiscalização à pessoa jurídica, mas no local encontraram havia uma casa fechada, com aviso de que o imóvel estava disponível para aluguel. O proprietário do imóvel, localizado por meio da imobiliária anunciante, informou que há mais ou menos dois anos foi procurado por pessoas que queriam alugar uma sala para uma empresa cujo nome começava com JR, mas que as pessoas desapareceram. A fiscalização, a partir dos contratos sociais obtidos na Junta Comercial do Estado de Goiás, intimou os sócios Jairo Barbosa Junior, CPF 778.715.29153, e Crizeugleydson Pereira dos Santos, CPF 035.287.33101. Jairo Barbosa Junior informou que ele e Crizeugleydson Pereira dos Santos foram orientados por uma pessoa a abrir uma empresa de prestação de serviços na construção de casas populares; que foram alugar uma sala e entregaram os papéis a uma pessoa indicada para fazer a firma; que o negócio não deu certo; que não voltaram mais ao local onde haviam acertado o aluguel; que, como estava chegando correspondência na sala, foram providenciar o fechamento da firma; e que um contador pediu um mil reais para fazer o serviço. Depois, teria aparecido um senhor com a indicação de uma pessoa para ficar com a firma, pagando todas as despesas. E, como foi ao cartório transferir a firma, pensou que tudo estaria resolvido, ressaltando que nunca abriu conta alguma e nem emitiu notas fiscais; e que tem uma conta no Banco Bradesco, mas não a movimenta. Crizeugleydson Pereira dos Santos confirmou o que o outro sócio havia dito e apresentou uma certidão emitida pelo 2º. Ofício de Notas de Anápolis (GO), mostrando que foi passada procuração a Geovani Pereira da Silva, para representar a JR Prestadora de Serviços, Construtora e Incorporadora Ltda perante os bancos em geral. Acrescentou também que trabalha como pedreiro e que está se mudando para casa de sua sogra, pois não tem como pagar o aluguel. Fl. 938DF CARF MF Impresso em 27/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 2 2/08/2014 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 21/08/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA 4 Diante da negativa do titular de direito da conta, a fiscalização requisitou as informações do Banco Bradesco. Entre os documentos enviados pela instituição financeira, na resposta à RMF, consta uma procuração, com data de 12 de dezembro de 2006, na qual o sócio Francisco de Assis Oliveira Junior dá poderes a Geovani Pereira da Silva, CPF 319.166.001 15, para movimentar a conta corrente (fls. 64/66). Posteriormente, analisando os documentos relativos a débitos lançados na conta da empresa, verificouse que esses eram assinados pelo senhor Geovani Pereira da Silva. Não tendo sucesso nas intimações sucessivas à empresa e aos sócios, a fiscalização enviou as Requisições de Movimentação Financeira (RMF) às instituições referidas, solicitando extratos em papel e em meio magnético, além de dados da ficha cadastral do correntista, bem como o instrumento de procuração outorgando poderes a terceiros para movimentarem a conta. Na documentação remetida pelo Bradesco consta a procuração para Geovani Pereira da Silva, CPF 319.166.00115, com amplos poderes para representar a empresa, bem como a sua assinatura em todos os documentos relativos aos débitos lançados naquela conta, inclusive no cartão de autógrafo. A conta corrente era alimentada, quase totalmente, por duas outras empresas, Brava Construtora e Alberto & Pantoja, que também foram objeto de análise pela fiscalização. A auditoria, ao concluir pela evidência de interposição de pessoa, cita trechos da sentença judicial com a narrativa de parte da peça acusatória do Ministério Público Federal, na qual se afirma que a organização utilizava “interpostas pessoas, além de empresas de fachada”, sendo liderada por “um articulador dotado de poderio econômico e político anormal”. Na sentença, o magistrado afirma que Geovani Pereira da Silva era pessoa de confiança do chefe da organização com grau de culpabilidade acentuada, agindo sob o comando deste, “sendo responsável por operar a contabilidade do grupo, constituir empresas fantasmas, esconder capitais, além de ter se prestado a ser procurador dos chefes junto às operações bancárias”. Uma das empresas utilizadas pelo “grupo” era a JR Prestadora de Serviços, Construtora e Incorporadora Ltda., cuja movimentação financeira era incompatível com os rendimentos declarados à Receita Federal. Intimados, o senhor Carlos Augusto de Almeida Ramos informou desconhecer a origem de tais depósitos e Geovani Pereira da Silva, apesar de solicitar prazo para atendimento para a resposta, não atendeu à intimação. Assim, considerando que o contribuinte Carlos Augusto de Almeida Ramos era o real beneficiário da conta cadastrada em nome da empresa JR Prestadora de Serviços, Construtora e Incorporadora Ltda. no Banco Bradesco, foi realizado o lançamento na forma estabelecida no art. 42, § 5º da Lei nº 9.430/1996. O senhor Geovani Pereira da Silva foi considerado pela auditoria como sujeito passivo solidário, na forma do art. 124, inciso I, do CTN, tendo em vista o interesse comum na situação que constitui o fato gerador da obrigação tributária, inclusive pelo fato de ter feito dezenas de retiradas em espécie que totalizaram mais de três milhões e quinhentos mil reais. O contribuinte principal e o solidário apresentaram as suas impugnações, cujas razões foram assim resumidas no relatório da decisão de primeira instância: Cientificado do lançamento em 24/06/2013, conforme Aviso de Recebimento dos Correios, fl. 763, apresentou o contribuinte Carlos Augusto de Almeida Ramos, em 19/07/2013, a defesa, de fls. 767/793, por meio de procurador devidamente habilitado, conforme documentos de fls. 707/708, reproduzindo trechos do Termo de Verificação Fl. 939DF CARF MF Impresso em 27/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 2 2/08/2014 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 21/08/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA Processo nº 10120.725148/201371 Acórdão n.º 2201002.432 S2C2T1 Fl. 4 5 Fiscal, que concluíram pela responsabilidade solidária entre a sociedade empresária, o peticionário e Geovani Pereira da Silva, ressaltando a forma em que foi realizada a aferição da movimentação financeira, por meio de acesso à movimentação bancária da sociedade empresária. Acrescenta o defendente, em síntese, que: O acesso às informações da sociedade empresária, seguradas por sigilo constitucionalmente qualificado, se deu mediante mera notificação à instituição bancária, fato que macula todo o lançamento fiscal, pois eivado de nulidade a importar seu encerramento. O Auto de Infração é nulo, pois viola a reserva constitucional de jurisdição para afastamento do sigilo bancário do contribuinte. Foi lançado como fundamento jurídico da autuação o art. 42 da Lei 9.430/96, havendo fatos que são dignos de nota: a administração fazendária entendeu como inexistente de fato a sociedade empresária JR Prestadora de Serviços, Construtora e Incorporadora Ltda.; notificaramse as casas bancárias para que fornecessem a movimentação bancária da referida sociedade empresária; tal sociedade tinha como mandatário Geovani Pereira da Silva; com base na sentença penal, entendeu a fiscalização que a referida sociedade era interposta pessoa do contribuinte peticionário; por não terem justificado a origem da movimentação bancária, lançouse o tributo tendo como sujeito passivo Carlos Augusto de Almeida Ramos e como solidário Geovani Pereira da Silva. A autoridade fazendária, por seu beltalante, obteve os dados bancários que entendeu necessários por meio de mera requisição às instituições financeiras. O tributo tão só foi lançado com base em suposta discrepância entre os valores depositados na conta corrente da sociedade empresária e os valores expostos em declarações fiscais tanto do contribuinte principal, quanto do solidário. A obtenção dos dados não se deu pela entrega das informações pelo contribuinte originário, ou seja, a sociedade empresária, mas sim por ato forte da autoridade fazendária. Apenas o magistrado pode afastar o sigilo bancário, premissa que não fica afastada pelo fato de haver contra o impugnante sentença penal a estabelecer haver utilização de interposta pessoa para movimentação bancária. Isso se dá por um par de motivos. O primeiro decorre do fato de que a referida sentença não passou em julgado e o segundo pelo fato de a sentença penal não ser decisão própria para afastar o sigilo fiscal do contribuinte para fins de lançamento fiscal. Isso decorre da sedimentada jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, quanto à independência das esferas administrativa e judicial. (Reproduz jurisprudência). O fato de haver sentença penal a estabelecer a existência de interposta pessoa não afasta o dever de a administração pública obter, pela via judicial, autorização para afastar seu sigilo bancário, pois as esferas de atuação são independentes. O STF já sedimentou o entendimento de que a quebra de sigilo bancário pela autoridade fiscal, para fins de apuração da base imponível, há de ser precedida pela autorização judicial para tal fim. A proteção ao sigilo bancário constitui espécie do direito à intimidade consagrado no art. 5º, X, da Constituição Federal, sendo uma das garantias do indivíduo contra o arbítrio do estado e, apesar de não ser absoluta, sua relatividade deve guardar contornos com a própria lei, sob pena de abrir caminho para descumprimento da garantia à intimidade constitucionalmente assegurada. (Reproduz doutrina e jurisprudência) Se houve quebra de sigilo bancário sem ordem judicial, está maculado na origem, por inconstitucionalidade, o lançamento e se este foi obtido por meio de prova inválida, todas as demais dela decorrentes também o serão. Fl. 940DF CARF MF Impresso em 27/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 2 2/08/2014 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 21/08/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA 6 É a teoria do “fruto da árvore envenenada”. O fruto (lançamento fiscal) decorre de uma árvore podre (sigilo bancário indevidamente afastado). O Auto de Infração deve ser anulado, pois o lançamento se baseou em prova maculada de inconstitucionalidade. Da ilegalidade da majoração da multa – 150% A sonegação, a fraude e o conluio são definidos, segundo os artigos 71 a 73 da Lei 4.502/64. A autuação ora impugnada entendeu ter ocorrido fraude, no entanto não é toda e qualquer ação praticada com o objetivo de impedir a ocorrência do fato gerador que pode ser qualificada como fraude. O que caracteriza a fraude, do ponto de vista fiscal, é o dolo, questionando se a lei fiscal que define fraude como o ato doloso tendente a impedir a ocorrência do fato gerador do tributo está se referindo ao dolo civil ou penal. Entende a defesa que se trata do dolo definido pela lei penal. Fraude Fiscal é aquela caracterizada pela prática de uma ação ou omissão intencionalmente criminosa, tendente a impedir a ocorrência do fato gerador, como a falsificação de um documento, emissão de nota fiscal espelhada ou calçada, é a adulteração de documentos contábeis, entre outros. A conduta do contribuinte não almejou o impedimento da ocorrência do fato gerador. A acusação que lhe é feita é de omitir dados da movimentação financeira, que pode ser aferida mediante programa da Receita Federal, estando impossibilitado o aferimento da conduta dolosa. (Reproduz jurisprudência do Conselho de Contribuintes e doutrina) Não se pode falar em fraude à lei sem que exista dolo e não se pode falar em dolo onde não ocorra uma especial direção subjetiva e consciente da vontade do agente que possa caracterizar intenção fraudulenta e, por sua vez, não se pode falar em intenção fraudulenta toda vez que a autoridade fiscal tiver a possibilidade de rever as declarações eterna vigilância desta autoridade. O contribuinte não agiu com o intuito de impedir, retardar, excluir ou modificar as características essenciais do tributo (art. 72 da Lei 4.502/64). No caso de a declaração de rendimentos não conter nenhum valor, não impede o fisco de obter por outros meios. Da inconstitucionalidade da multa aplicada Se, apenas por argumentação hipotética, for mantida a autuação, a multa na forma em que foi estabelecida não pode prevalecer, pois se afigura confiscatória. O STF já se manifestou sobre essa espécie de multa, que exorbita o valor do tributo. A limitação ao poder de tributar, art. 150, inciso IV, da Carta da República, se estende também às multas decorrentes de obrigações tributárias, ainda que não tenham elas natureza de tributo. Reproduz o contribuinte trechos do voto do relator Ministro Ilmar Galvão no âmbito da Adin 551 e do Ministro Marco Aurélio de Melo, concluindo que a parte do Auto de Infração que impôs a incidência de multa deve ser anulado, eis que tem essência confiscatória, uma vez que se amolda em exatidão no caso julgado pela suprema Corte, no qual se declarou a inconstitucionalidade do dispositivo que impôs multa confiscatória. Por fim, requer o contribuinte o cancelamento do Auto de Infração. O sujeito passivo solidário, Geovani Pereira da Silva, cientificado do lançamento em 21/06/2013, fl. 762, apresentou contestação, em 19/07/2013, fls. 797/823, reprisando os argumentos expendidos por Carlos Augusto de Almeida Ramos em sua impugnação. Fl. 941DF CARF MF Impresso em 27/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 2 2/08/2014 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 21/08/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA Processo nº 10120.725148/201371 Acórdão n.º 2201002.432 S2C2T1 Fl. 5 7 Os membros da os membros da 21ª Turma de Julgamento da DRJ Rio de Janeiro I, por unanimidade de votos, consideram improcedente a impugnação, mantendo o crédito tributário exigido com os acréscimos legais (fls. 831 a 848). Cientificados em 11 e 18 de dezembro de 2013 (fls. 856 e 857), o contribuinte Carlos Augusto de Almeida Ramos e o sujeito passivo solidário Giovanni Pereira da Silva apresentaram os recursos voluntários, respectivamente em 10 e 18 de janeiro de 2014, reprisando as razões apresentadas nas impugnações, as quais podem ser assim resumidas: I – Carlos Augusto de Almeida Ramos: a) Alega a nulidade do auto de infração, por afastamento arbitrário de sigilo bancário sem a prévia autorização judicial e por quebra de reserva de jurisdição, uma vez que a autoridade teria usado como base do lançamento uma sentença penal pendente de trânsito em julgado; e que caberia à autoridade administrativa provar a existência de renda, e não imputar o ônus ao contribuinte. b) Argui que depósito bancário não se configura em renda; seria ilegal a majoração da multa de 150% – inexistência de dolo ou fraude e desconfiguração da hipótese de incidência da multa agravada de 150%, do art. 44, II, da Lei nº 9.430, de 1996; e há inconstitucionalidade na multa aplicada, por ser confiscatória desproporcional e contrariar a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. II – Geovani Pereira da Silva: a) Reprisa os argumentos apresentados pelo sujeito passivo principal no que diz respeito ao afastamento de sigilo bancário sem prévia autorização judicial e à reserva de jurisdição; e b) Também questiona a legalidade e constitucionalidade da multa qualificada. É o relatório. Fl. 942DF CARF MF Impresso em 27/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 2 2/08/2014 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 21/08/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA 8 Voto Conselheiro Francisco Marconi de Oliveira Os recursos voluntários são tempestivos e, atendidas as demais formalidades, deles tomo conhecimento. Inicialmente, cabe tratar da nulidade do auto de infração, por reserva de jurisdição e afastamento arbitrário de sigilo bancário. Nulidade por afastamento arbitrário de sigilo bancário e reserva de jurisdição e necessidade de o Fisco provar a existência de renda. Os recorrentes alegam que as informações não teriam sido entregues por eles, e sim requisitadas pelo Fisco às instituições financeiras, com base em decisão judicial não transitada em julgado, e que deveria ser mantida a reserva de jurisdição. Ainda, que haveria entendimento do Supremo Tribunal Federal no sentido de que a quebra do sigilo bancário pela autoridade fazendária, sem a determinação judicial, seria inconstitucional, tornando, assim, nulo o procedimento. Porém, ao contrário do que aduz o recorrente, as informações fiscais para apuração do crédito tributário não são desdobramento da citada sentença judicial, como já ressaltado pela decisão de primeira instância. Basta verificar que a sentença penal foi prolatada pela 11ª. Vara Federal da Seção Judiciária de Goiás em 7 de dezembro, posterior ao início da ação fiscal na empresa JR Prestadora de Serviços, Construtora e Incorporadora Ltda., ocorrida em 3 de julho, e também da Requisição de Movimentação Financeira destinada ao Banco Bradesco em 14 de agosto de 2012. Compulsando os autos, verificase que a infração apurada foi decorrente de fiscalização realizada na pessoa jurídica JR Prestadora de Serviços, Construtora e Incorporadora Ltda., empresa inexistente de fato, e que as requisições para fornecimento das informações bancárias por meio das instituições financeira ocorreram somente depois de intimados, sem sucesso, a empresa e seus sócios, ocasião em que se verificou que os recursos movimentados nas contas correntes tinham como beneficiários os senhores Carlos Augusto de Almeida Ramos e Geovani Pereira da Silva, conforme se extraí do Termo de Verificação Fiscal: [...] as infrações relatadas a seguir foram verificada a partir da fiscalização da empresa JR PRESTADORA DE SERVIÇOS, CONSTRUTORA E INCORPORADORA LTDA., CNPJ nº 11.682.299/000128 (JR CONSTRUTORA). Ao longo do referido procedimento, constatamos que a JR CONSTRUTORA é inexistente de fato, e que foi utilizada, em 2010, única e exclusivamente, com o objetivo de permitir que o sujeito passivo acima qualificado, Sr. Carlos Augusto de Almeida Ramos, pudesse movimentar recursos financeiros próprios na rede bancária, sem oferecêlos à tributação. [...] Em 03/07/2012, por volta das 13:00 horas, estivemos no endereço AV. URUGUAI QUADRA 19 LOTE 16, Jardim das Américas, Anápolis (GO), para dar ciência ao sujeito passivo JR CONSTRUTORA [...]. No local, havia uma casa fechada, com uma placa no muro, indicando que o imóvel estava disponível para aluguel [...]. Fl. 943DF CARF MF Impresso em 27/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 2 2/08/2014 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 21/08/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA Processo nº 10120.725148/201371 Acórdão n.º 2201002.432 S2C2T1 Fl. 6 9 Em 06/07/2012, encaminhado o Termo de Início do Procedimento Fiscal para os sócios JAIRO BARBOSA JR, de CPF 778.715.29153, e CRIZEUGLEYDSON PEREIRA DOS SANTOS, CPF 035.287.331014. Apenas o Sr. Jairo foi encontrado, mas deu conhecimento do Termo de Início ao Sr. Crizeugleydson (fls. 025031). Em 12/07/2012, o Sr. Jairo respondeu (fls. 032035) o Termo de Início de Fiscalização dizendo que foram orientados por uma pessoa a abrir uma empresa de para prestar serviço na construção de casas populares; que foram alugar uma sala e entregaram “todos os papéis” a uma pessoa indicada “para fazer a firma”; que ficou enrolando e terminou as casas e não deu certo”, e que não voltaram mais ao local onde haviam acertado o aluguel da sala; que, depois, “o pessoal da sala” avisou que estava chegando correspondência na sala, e pediu que tomassem providências; que, já sem trabalho, foram providenciar o fechamento da firma, e um contador pediu um mil reais para fazer o serviço; que, aí, apareceu “um senhor que indicou uma pessoa que ficaria com a firma”, pagando todas as despesas; e que foram ao cartório transferir a firma; que pensou que estava tudo resolvido, quando recebeu o Termo de Início de Fiscalização; que não sabiam da existência da existência, nem nunca abriram conta alguma e nem notas fiscais emitiram; que tem uma conta no Banco Itaú, que não movimenta há mais de um ano; que está desempregado há mais de um ano, e faz bico como motorista e serviços em geral. O Sr. Jairo anexou uma certidão emitida pelo 2º Ofício de Notas de Anápolis (GO), mostrando a procuração que foi passada ao foi passada procuração a Geovani Pereira da Silva, para representar a JR PRESTADORA DE SERVIÇOS, CONSTRUTORA E INCORPORADORA LTDA. perante os banco em geral. O Sr. Crizeugleydson (fls. 036039) nos enviou sua reposta ao Termo de Início de Fiscalização, confirmando, basicamente, tudo o que o Sr. Jairo havia dito, ou seja, não chegaram a operar com a empresa, e passaramna para outra pessoa (ou pensaram que haviam passado). Acrescentou que, atualmente, trabalha como pedreiro, numa obra particular, e que está saindo da casa onde mora para a casa de seu sogro, porque não tem como pagar aluguel. Em 14/08/2012, enviamos a RMF nº 01.2.02002012000159 ao BANCO BRADESCO, por negativa, pelo titular de direito da conta, da titularidade de fato ou da responsabilidade pela movimentação financeira, e, também, por presença de indício de que o titular de direito é interposta pessoa do titular de fato. [...] (destaque do original) Verificando que os recursos beneficiavam os contribuintes pessoas físicas autuadas, a auditoria enviou ao sujeito passivo principal e ao solidário um Termo de Verificação Fiscal solicitando que fosse justificada a origem/natureza dos recursos recebidos nas contas bancária em nome da empresa JR Prestadora de Serviços, Construtora e Incorporadora Ltda. O primeiro alegou desconhecer a origem de tais depósitos; o segundo solicitou prazo para prestar esclarecimentos e, mesmo assim, não atendeu. Em função disso, foi efetuado o lançamento. Quanto à requisição da movimentação financeira, cabe esclarecer que foram adotadas as medidas legais para inicio da ação fiscal, nos termos do art. 6º da Lei Complementar nº 105, in verbis: Art. 6°. As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios somente poderão examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive os referentes a contas de depósitos e aplicações financeiras, quando houver procedimento administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente. (grifos nossos) Fl. 944DF CARF MF Impresso em 27/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 2 2/08/2014 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 21/08/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA 10 Assim, considerando a necessidade e a imprescindibilidade de acesso aos significativos valores movimentados em contas bancárias para levantamento do imposto de renda devido, já que não houve a apresentação da informação, cabe a requisição informações diretamente às instituições financeiras, como consta consolidado no art. 918 do RIR/1999: Art. 918. Iniciado o procedimento fiscal, os AuditoresFiscais do Tesouro Nacional poderão solicitar informações sobre operações realizadas pelo contribuinte em instituições financeiras, inclusive extratos de contas bancárias, não se aplicando, nesta hipótese, o disposto no art. 38 da Lei n°4.595, de 1964 (Lei n° 4.595, de 1964, art. 38, §§ 5° e 6°, e Lei n° 8.021, de 1990, art. 8°). Observase ainda que não há quebra de sigilo bancário, e sim, mera transferência de informações, já que elas, de posse da Receita Federal do Brasil, estão sujeitas ao sigilo fiscal, de acesso restrito aos agentes do fisco e ao contribuinte, conforme consta do RIR/1999: Art. 998. Nenhuma informação poderá ser dada sobre a situação econômica ou financeira dos sujeitos passivos ou de terceiros e sobre a natureza e o estado dos seus negócios ou atividades (Lei n° 5.172, de 1966, arts. 198 e 199). [...] § 2° A obrigação de guardar reserva sobre a situação de riqueza dos contribuintes se estende a todos os funcionários públicos que, por dever, de ofício, vierem a ter conhecimento dessa situação (Decretolei n° 5.844, de 1943, art. 201, § 1°). § 3º É expressamente proibido revelar ou utilizar, para qualquer fim, o conhecimento que os servidores adquirirem quanto aos segredos dos negócios ou da profissão dos contribuintes (Decretolei n° 5.844, de 1943, art. 201, § 2°). Art. 999. Aquele que, em serviço da Secretaria da Receita Federal, revelar informações que tiver obtido no cumprimento do dever profissional ou no exercício de oficio ou emprego, será responsabilizado como violador de segredo, de acordo com a lei penal (Decretolei n°5.844, de 1943, art. 202). Portanto, descabem as alegações de ilicitude no acesso aos extratos bancários. Quanto à tributação dos valores apurados, cabe destacar que o legislador ordinário presumiu que há aquisição de riqueza nova nos casos de movimentação financeira em que o contribuinte não demonstre a origem dos recursos. E, nesse caso, ante a vinculação do princípio da legalidade que rege a administração pública, tem a fiscalização a obrigação de autuar a omissão no valor dos depósitos bancários recebidos. Assim está expresso no artigo 42 da Lei n° 9.430, de 1996: Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto à instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. A caracterização da ocorrência do fato gerador do imposto de renda não se dá pela constatação de depósitos bancários, mas pela falta de esclarecimentos por parte do contribuinte da origem dos numerários depositados em contas bancárias, com a análise individualizada dos créditos, conforme expressamente previsto na lei, resultando na presunção de omissão de rendimentos. As presunções legais, ao contrário do que alega o contribuinte Carlos Augusto de Almeida Ramos, invertem o ônus da prova, cabendo ao Fisco comprovar tão somente a ocorrência da hipótese descrita na norma como presuntiva da infração. Nos autos, o contribuinte não apresentou provas, mediante documentação hábil e idônea, da origem dos Fl. 945DF CARF MF Impresso em 27/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 2 2/08/2014 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 21/08/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA Processo nº 10120.725148/201371 Acórdão n.º 2201002.432 S2C2T1 Fl. 7 11 valores depositados/creditados nas contas correntes, constante do Termo de Verificação Fiscal, caracterizando, assim, a omissão de rendimentos, como definida no artigo 42, da Lei 4.930, de 1996, com os limites alterados pelo art. 40 da lei n° 9.481, de 1997, e no artigo 849 e parágrafos do Regulamento do Imposto de Renda (RIR/1999). Também, diferentemente do que afirmam os recorrentes, as informações da movimentação bancária não foram extraídas de sentença judicial, mas apurada a partir da fiscalização na pessoa jurídica JR Prestadora de Serviços, Construtora e Incorporadora Ltda., iniciada com base em informações disponíveis nos bancos de dados da Receita Federal e dados públicos obtidos na Junta Comercial do Estado de Goiás (GO), e, em sequência, com a identificação dos reais beneficiários dos recursos transitados na conta do Banco Bradesco S/A. A jurisprudência do Conselho de Contribuinte citada pelo Contribuinte, além de tratar de interpretação anterior à edição da Lei Complementar 105/2001, não tem caráter de norma geral, razão pela qual não se aproveita em relação a qualquer outra ocorrência, senão àquela objeto da decisão. Portanto, não há qualquer ilegalidade na apuração dos valores lançados que implique nulidade do auto de infração, nem se sustenta a argumentação de que os recursos financeiros movimentados não são capazes de configurar o fato gerador do imposto cobrado diante da ausência de provas de sua ocorrência. Ilegalidade da majoração da multa de ofício, inconstitucionalidade e confisco. Os contribuintes argúem ilegalidade na majoração da multa de ofício por inexistência de dolo ou fraude, desconfigurando a hipótese de incidência da multa qualificada de 150%, do art. 44, § I, da Lei nº 9.430, de 1996. Nos autos, a razão da qualificação da multa é a utilização intencional de conta bancária em nome de uma pessoa jurídica inexistente de fato (interposta pessoa), para que as pessoas físicas não apareçam como reais beneficiárias dos recursos que transitaram pelas referidas contas. Assim, nos termos propostos pela fiscalização, terseia agido com evidente intuito de fraude, ensejando a aplicação da multa qualificada. Nesse aspecto, o fato ocorrido é uma simulação, que implica conduta dolosa na utilização de informação falsa, enquadrando a situação nas hipóteses dos art. 71 e 72 da Lei 4.502/1964, cujas operações realizadas em nome da pessoa jurídica serviram para acobertar as omissões de rendimentos apurados pela fiscalização. Também, devese lembrar que a Administração Tributária se submete ao principio da legalidade, não podendo se furtar em aplicar a lei. Não pode a autoridade lançadora ou julgadora administrativa, por exemplo, invocando o principio do nãoconfisco, afastar a aplicação da lei tributária. Isso ocorrendo, significaria declarar a inconstitucionalidade da lei que funcionou como base legal do lançamento (imposto e multa de oficio). No caso específico do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, tem aplicação o art. 62 de seu Regimento Interno, que veda expressamente a declaração de inconstitucionalidade de leis, tratados, acordos internacionais ou decreto pelos seus membros. A questão de inconstitucionalidade de lei foi pacificada no CARF por meio da Súmula 2, a qual diz: “O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária” Fl. 946DF CARF MF Impresso em 27/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 2 2/08/2014 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 21/08/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA 12 Ademais, o princípio constitucional que trata da vedação ao confisco, por força de exigência tributária, deve ser observado pelo legislador no momento da criação da lei, e não na sua aplicação. Isto posto, voto em rejeitar as preliminares e, no mérito, em negar provimento ao recurso voluntário. (ASSINADO DIGITALMENTE) FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA Relator Fl. 947DF CARF MF Impresso em 27/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA, Assinado digitalmente em 2 2/08/2014 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 21/08/2014 por FRANCISCO MARCONI DE OLIVEIRA
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Numero do processo: 16643.000096/2009-27
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 19 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Sep 26 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2005
HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA. DEFINIÇÃO. DECRETO. IMPOSSIBILIDADE. RESERVA LEGAL.
O Decreto editado com a finalidade de regulamentar Lei que define hipótese de incidência tributária deve ser interpretado em conformidade suas disposições, não podendo restringir ou ampliar sua abrangência.
JUROS DE MORA SOBRE MULTA. INCIDÊNCIA.
O crédito tributário inclui tanto o valor do tributo quanto o da penalidade pecuniária. Assim, quer ele se refira a tributo, quer seja relativo à penalidade pecuniária, não sendo pago no respectivo vencimento, está sujeito à incidência de juros de mora, calculados na forma da lei.
CIDE-ROYALTIES. PROGRAMAS DE COMPUTADOR. LICENÇA DE USO. COMERCIALIZAÇÃO. IMPORTAÇÃO DE PROGRAMAS DE COMPUTADOR.
Até 31 de dezembro de 2005, a empresa signatária de contratos de cessão de licença de uso e de direitos de comercialização de programa de computador (software), independentemente de estarem atrelados à transferência de tecnologia, é contribuinte da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico-Royalties.
Numero da decisão: 3201-001.702
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Daniel Mariz Gudino, Helder Massaaki Kanamaru e Luciano Lopes de Almeida Moraes.
JOEL MIYAZAKI - Presidente.
CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Joel Miyazaki (presidente), Winderley Morais Pereira, Daniel Mariz Gudino, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Helder Massaaki Kanamaru e Luciano Lopes de Almeida Moraes. Ausência justificada da conselheira Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2005 HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA. DEFINIÇÃO. DECRETO. IMPOSSIBILIDADE. RESERVA LEGAL. O Decreto editado com a finalidade de regulamentar Lei que define hipótese de incidência tributária deve ser interpretado em conformidade suas disposições, não podendo restringir ou ampliar sua abrangência. JUROS DE MORA SOBRE MULTA. INCIDÊNCIA. O crédito tributário inclui tanto o valor do tributo quanto o da penalidade pecuniária. Assim, quer ele se refira a tributo, quer seja relativo à penalidade pecuniária, não sendo pago no respectivo vencimento, está sujeito à incidência de juros de mora, calculados na forma da lei. CIDE-ROYALTIES. PROGRAMAS DE COMPUTADOR. LICENÇA DE USO. COMERCIALIZAÇÃO. IMPORTAÇÃO DE PROGRAMAS DE COMPUTADOR. Até 31 de dezembro de 2005, a empresa signatária de contratos de cessão de licença de uso e de direitos de comercialização de programa de computador (software), independentemente de estarem atrelados à transferência de tecnologia, é contribuinte da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico-Royalties.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 18; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2242; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C2T1 Fl. 1.461 1 1.460 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 16643.000096/200927 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3201001.702 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 19 de agosto de 2014 Matéria CIDE ROYALTIES Recorrente SKY BRASIL SERVICOS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO CIDE Período de apuração: 10/01/2005 a 31/12/2005 CIDEROYALTIES. REMESSA DE ROYATIES PARA RESIDENTE OU DOMICILIADO NO EXTERIOR. INCIDÊNCIA. O pagamento, o creditamento, a entrega, o emprego ou a remessa de royalties, a qualquer título, a residentes ou domiciliados no exterior corresponde à hipótese de incidência da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico criada pela Lei 10.168/2000, com as alterações da Lei 10.332/2001. CIDE ROYALTIES. DIREITOS AUTORAIS. INCIDÊNCIA. Os rendimentos decorrentes da exploração de direito autoral classificamse como royalties, salvo se recebidos pelo autor ou criador da obra. A autoria necessariamente recai sobre a pessoa natural que cria o bem ou a obra, não sendo considerado autor a pessoa jurídica detentora dos direitos. CIDEROYALTIES. PROGRAMAS DE COMPUTADOR. LICENÇA DE USO. COMERCIALIZAÇÃO. IMPORTAÇÃO DE PROGRAMAS DE COMPUTADOR. Até 31 de dezembro de 2005, a empresa signatária de contratos de cessão de licença de uso e de direitos de comercialização de programa de computador (software), independentemente de estarem atrelados à transferência de tecnologia, é contribuinte da Contribuição de Intervenção no Domínio EconômicoRoyalties. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2005 HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA. DEFINIÇÃO. DECRETO. IMPOSSIBILIDADE. RESERVA LEGAL. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 64 3. 00 00 96 /2 00 9- 27 Fl. 1461DF CARF MF Impresso em 26/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 24/09/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por JOEL MIYAZAKI 2 O Decreto editado com a finalidade de regulamentar Lei que define hipótese de incidência tributária deve ser interpretado em conformidade suas disposições, não podendo restringir ou ampliar sua abrangência. JUROS DE MORA SOBRE MULTA. INCIDÊNCIA. O crédito tributário inclui tanto o valor do tributo quanto o da penalidade pecuniária. Assim, quer ele se refira a tributo, quer seja relativo à penalidade pecuniária, não sendo pago no respectivo vencimento, está sujeito à incidência de juros de mora, calculados na forma da lei. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. Vencidos os Conselheiros Daniel Mariz Gudino, Helder Massaaki Kanamaru e Luciano Lopes de Almeida Moraes. JOEL MIYAZAKI Presidente. CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Joel Miyazaki (presidente), Winderley Morais Pereira, Daniel Mariz Gudino, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Helder Massaaki Kanamaru e Luciano Lopes de Almeida Moraes. Ausência justificada da conselheira Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo. Relatório Por bem descrever a matéria de que trata este processo, adoto e transcrevo abaixo o relatório que compõe a Decisão Recorrida. A interessada é operadora de televisão por assinatura e foi autuada por falta/insuficiência de recolhimento da CIDE em 2005 na remessa de valores ao exterior com bases nos artigos: 2º e 3º da Lei 10.168/2000, alterada pela Lei 10.332/2001 (fl 920). A autoridade autuante tratou como royalty cada remessa internacional às empresas: a) NDS, Crystal, Harmonic, Bolt, Robô, Tandberg e EVS; b) Cable Entertainment Distribution, Paramount, MTV, MGM, LLC, HBO, The Search, TV 5 e Warner Brothers (pela licença do direito de distribuir/transmitir programação de tv). A Cide lançada perfaz R$ 2.598.433,09. Com multas (75 %) e juros o montante é de R$ 5.880.395,94 (fls 917 ou 934). O auto de infração cita o artigo 2º e o artigo 3º da Lei 10.168 de 30/12/2000, alterado pela Lei nº 10.332, de 19/12/2001 (fl 920) Fl. 1462DF CARF MF Impresso em 26/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 24/09/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por JOEL MIYAZAKI Processo nº 16643.000096/200927 Acórdão n.º 3201001.702 S3C2T1 Fl. 1.462 3 Art. 2º Para fins de atendimento ao Programa de que trata o artigo anterior, fica instituída contribuição de intervenção no domínio econômico, devida pela pessoa jurídica detentora de licença de uso ou adquirente de conhecimentos tecnológicos, bem como aquela signatária de contratos que impliquem transferência de tecnologia, firmados com residentes ou domiciliados no exterior. § 1º Consideramse, para fins desta Lei, contratos de transferência de tecnologia os relativos à exploração de patentes ou de uso de marcas e os de fornecimento de tecnologia e prestação de assistência técnica. § 1ºA A contribuição de que trata este artigo não incide sobre a remuneração pela licença de uso ou de direitos de comercialização ou distribuição de programa de computador, salvo quando envolverem a transferência da correspondente tecnologia. (Incluído pela Lei n° 11.452, de 2007) § 2º A partir de 1º de janeiro de 2002, a contribuição de que trata o caput deste artigo passa a ser devida também pelas pessoas jurídicas signatárias de contratos que tenham por objeto serviços técnicos e de assistência administrativa e semelhantes a serem prestados por residentes ou domiciliados no exterior, bem assim pelas pessoas jurídicas que pagarem, creditarem, entregarem, empregarem ou remeterem royalties, a qualquer título, a beneficiários residentes ou domiciliados no exterior. (Redação dada pela Lei n° 10.332, de 19.12.2001) § 3º A contribuição incidirá sobre os valores pagos, creditados, entregues, empregados ou remetidos, a cada mês, a residentes ou domiciliados no exterior, a título de remuneração decorrente das obrigações indicadas no caput e no § 2º deste artigo. (Redação dada pela Lei n" 10.332, de 19.12.2001) (...) Art. 2ºA. Fica reduzida para 15% (quinze por cento), a partir de 1º de janeiro de 2002, a alíquota do imposto de renda na fonte incidente sobre as importâncias pagas, creditadas, entregues, empregadas ou remetidas ao exterior a título de remuneração de serviços de assistência administrativa e semelhantes. (Artigo incluído pela Lei n° 10.332, de 19.12.2001) Art. 3º Compete à Secretaria da Receita Federal a administração e a fiscalização da contribuição de que trata esta Lei. Parágrafo único. A contribuição de que trata esta Lei sujeitase às normas relativas ao processo administrativo fiscal de determinação e exigência de créditos tributários federais, previstas no Decreto n" 70.235, de 6 de março de 1972, e alterações posteriores, bem como, subsidiariamente e no que couber, às disposições da legislação do imposto de renda, especialmente quanto a penalidades e demais acréscimos aplicáveis. Ciência e Impugnação Fl. 1463DF CARF MF Impresso em 26/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 24/09/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por JOEL MIYAZAKI 4 Em 23/12/2009 houve ciência da autuação (fl 925) e em 21/1/2010 a defesa impugna o lançamento, arguindo inocorrência de fatos geradores (fl 998), como segue: A Pagamentos à News Digital Systems (NDS) pagamento de direito autoral ao autor/criador da obra não é royalty (alínea "d", artigo 22, Lei 4.506/1964); o rendimento é royalty quando feito a um terceiro a quem o autor da obra cedeu o direito ( fl. 1001, item 9); transcrevendo doutrina sobre pagamento de licença de uso de programa de computador paga ao autor, conclui não caber a Cide na exploração de direito autoral; as contas contábeis (Royalties NDS, Security Fee Smart Card, Manut. Transmissão de Sinal, Taxa de licença) se relacionam com software e a conta Imobilizações com aquisições para o ativo imobilizado; todos os pagamentos usados pela fiscalização remuneram uso do software; pagamentos de exploração de direitos autorais ao proprietário de software não são royalties, conforme entende a jurisprudência administrativa; a Cide seria indevida mesmo que a NDS não fosse a proprietária, pois os fatos não se enquadram nas hipóteses do art. 2º da Lei 10.168/2000 nem no art. 10 do Decreto 4.195/2002, vez que os pagamentos feitos à NDS são pelo uso de software e não pelo fornecimento de tecnologia, nem por prestação de serviços de assistência técnica ou administrativa, nem royalties pelo uso ou exploração de marca e patentes, pois o contrato visa a licença de uso de programas de computador para transmissão, regido pela Lei 9.609/98 (lei de proteção da propriedade intelectual de programa de computador e sua comercialização no país); B Pagamentos às programadoras estrangeiras a defesa cita o contrato de fls 278 a 297, defendendo a tese pela qual não incidiria a CIDE sobre a remessa à programadora estrangeira; os pagamentos às programadoras estrangeiras não se inserem no conceito de royalties; royalties são pagamentos à pessoa diversa do autor da obra; em razão da incoerência, deve ser anulada a parcela da autuação referente às programadoras estrangeiras, pois a própria fiscalização diz que estas são as autoras das obras; Condecine, Cide e Não Repetição Fl. 1464DF CARF MF Impresso em 26/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 24/09/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por JOEL MIYAZAKI Processo nº 16643.000096/200927 Acórdão n.º 3201001.702 S3C2T1 Fl. 1.463 5 os pagamentos às programadoras estrangeiras são submetidos à Condecine; tributar pela Condecine e Cide caracteriza bis in idem; Especialidade/Especificidade se atingem um mesmo fato, prevalece a Condecine em vez da CideRemessas, pelo princípio da especialidade/especificidade (LICC), conforme doutrina e jurisprudência administrativa do CARF transcritas; requer a improcedência da cobrança da Cide em 2005; C – Pagamentos a outras empresas estrangeiras deve ser afastada a incidência nos pagamentos às empresas Crystal, Bolt, EVS, Harmonic, Robo Group e Tandberg, nos contratos de aquisição de equipamentos com software licenciado (anexa cópias de contratos com Crystal e Harmonic); a Cide não incide sobre aquisição de mercadorias no exterior (SD RFB 27, de 30/5/2008); os direitos do software contido no equipamento são da empresa estrangeira e os pagamentos seriam de direitos autorais e não são tributáveis pela Cide; D – Juros sobre a Multa de Ofício não cabe aplicar juros de mora do art 161 do CTN sobre a multa de ofício, por incidirem sobre obrigações acessórias, conforme doutrinadores e jurisprudência administrativa. Pede para afastar os juros Selic sobre a multa de ofício, pois a multa não compõe o crédito tributário. Ao final, sintetiza: os pagamentos à NDS decorrem de exploração de direito autoral, não tributável pela Cide e não se enquadram no art 10 do Decreto 4.195/2002; os pagamentos às programadoras estrangeiras não são tributáveis pela Cide, pois não se enquadram em nenhuma incidência e são sujeitos à Condecine, não podendo haver bis in idem; pagamentos de aquisição de bens não são tributáveis pela Cide; requer provar por todos os meios cabíveis. A defesa apensou cópias (fls 1022/1127) de: seu contrato social; excertos de contratos com programadoras estrangeiras; informações do sítio da Ancine; minutas de contratos com duas empresas estrangeiras de computação (compra/manutenção de hardware/software). Contratos/Aditivos/Plano de Contas Fl. 1465DF CARF MF Impresso em 26/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 24/09/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por JOEL MIYAZAKI 6 Há cópia de contrato de Instalação de Sistemas e Licenciamento entre Sky e NDS, relativo à transmissão do sistema DTH Digital de televisão por assinatura (fls 531552), sendo que em setembro de 1997 a Diretoria de Transferência de Tecnologia do INPE averbou o artigo que trata de consultoria e assistência técnica (6) por ser o único a envolver transferência de tecnologia (fl 526 c/c 529). Houve aditivo em 25/11/2005 (fl 226 a 228). Nas fls 218221 e 224225 do processo constam outros aditivos, de abril e novembro de 2007, entre Sky e NDS que são posteriores aos fatos de 2005, aqui tratados. Em 22/12/2008 a empresa foi intimada a apresentar plano de contas (fl 2, item 4) mas esse documento não consta nos autos. Sobreveio decisão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em.São Paulo I, que julgou, por unanimidade de votos, improcedente a impugnação, mantendo o crédito tributário exigido. Os fundamentos do voto condutor do acórdão recorrido encontram se consubstanciados na ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2005 AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Não ocorrem as hipóteses definidas no artigo 59 do Decreto n° 70.235, de 1972. PROVA. MEIOS. MOMENTO DE PRODUÇÃO. IMPUGNAÇÃO. PRECLUSÃO. No processo administrativo fiscal são admissíveis os meios documental e/ou pericial, não havendo previsão para o oral. Para evitar a preclusão a interessada deve apresentar com a impugnação a documentação sustentadora de suas alegações, ou demonstrar alguma das situações do § 4o , do art. 16, do Decreto n° 70.235/72 (PAF). ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2005 PRINCÍPIOS GERAIS DE DIREITO PRIVADO. Os princípios gerais de direito privado utilizamse para pesquisa da definição, do conteúdo e do alcance de seus institutos, conceitos e formas, mas não para definição dos respectivos efeitos tributários (art. 109, CTN). PRINCÍPIO GERAL DE DIREITO TRIBUTÁRIO. CIDE E CONDECINE. POSSIBILIDADE. O princípio geral de direito tributário das contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas é a incidência múltipla, exceto quando definido em lei (art 149, § 4°, CF/88). JUROS DE MORA.TAXA SELIC. Fl. 1466DF CARF MF Impresso em 26/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 24/09/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por JOEL MIYAZAKI Processo nº 16643.000096/200927 Acórdão n.º 3201001.702 S3C2T1 Fl. 1.464 7 Cabimento dos juros pela taxa Selic (CTN, art 161, Lei n° 9.065/95, art. 13). ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO CIDE Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2005 CIDE. REMESSA AO EXTERIOR. ROYALTIES. A partir de 1/1/2002, a pessoa jurídica deve pagar a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE) sobre o valor de royalties, a qualquer título, que pagar, creditar, entregar, empregar ou remeter, a residente ou domiciliado no exterior, seja qual for o objeto do contrato (art. 6º, Lei nº 10.332/2001). Inconformada com a decisão, apresentou a recorrente, tempestivamente, o presente recurso voluntário. Na oportunidade, reiterou os argumentos colacionados em sua defesa inaugural. É o relatório. Voto Conselheiro Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto O recurso voluntário atende aos requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. A exigência fiscal tem por objeto valores pagos, creditados, entregues, empregados ou remetidos, a cada mês, a residentes ou domiciliados no exterior, por conta de pagamento de royalties, que configurariam a hipótese de incidência da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico – CIDERoyalties – estabelecida no parágrafo 2º do art. 2º da Lei nº 10.168, de 2000. Foram tributados pagamentos efetuados pela recorrente a título de: direitos sobre programas de computador, royalties, serviços técnicos de manutenção, taxas de licenças e outros; royalties ou remuneração pela licença do direito de distribuição ou transmissão de programação audiovisual pelas operadoras nacionais de televisão por assinatura. A recorrente contesta a autuação, apresentando como principal argumento de sua defesa o entendimento que os valores ora tributados tem por objetivo o pagamento de direitos autorais, que estariam fora do campo de incidência da CIDE. A definição da lide exige que se analise se os fatos praticados pela recorrente enquadramse nas hipóteses previstas no artigo 2º da Lei nº 10.168/2000, com a redação dada pela Lei nº 10.332/2001, vigente à época dos fatos geradores deste processo, que assim dispõe: Fl. 1467DF CARF MF Impresso em 26/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 24/09/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por JOEL MIYAZAKI 8 Art. 2o Para fins de atendimento ao Programa de que trata o artigo anterior, fica instituída contribuição de intervenção no domínio econômico, devida pela pessoa jurídica detentora de licença de uso ou adquirente de conhecimentos tecnológicos, bem como aquela signatária de contratos que impliquem transferência de tecnologia, firmados com residentes ou domiciliados no exterior. § 1o Consideramse, para fins desta Lei, contratos de transferência de tecnologia os relativos à exploração de patentes ou de uso de marcas e os de fornecimento de tecnologia e prestação de assistência técnica. § 2o A partir de 1o de janeiro de 2002, a contribuição de que trata o caput deste artigo passa a ser devida também pelas pessoas jurídicas signatárias de contratos que tenham por objeto serviços técnicos e de assistência administrativa e semelhantes a serem prestados por residentes ou domiciliados no exterior, bem assim pelas pessoas jurídicas que pagarem, creditarem, entregarem, empregarem ou remeterem royalties, a qualquer título, a beneficiários residentes ou domiciliados no exterior. § 3o A contribuição incidirá sobre os valores pagos, creditados, entregues, empregados ou remetidos, a cada mês, a residentes ou domiciliados no exterior, a título de remuneração decorrente das obrigações indicadas no caput e no § 2 o deste artigo. § 4o A alíquota da contribuição será de 10% (dez por cento). § 5o O pagamento da contribuição será efetuado até o último dia útil da quinzena subseqüente ao mês de ocorrência do fato gerador. (grifo nosso) Da leitura do dispositivo acima constatase que a CIDERoyalties é devida sempre que houver pagamento, crédito, entrega, emprego ou remessa de royalties, a qualquer título, a beneficiários residentes ou domiciliados no exterior. Ressaltese, em se tratando da hipótese prevista no §2º do artigo 2º desta lei, ser desnecessário que os contratos impliquem transferência de tecnologia para que ocorra a incidência da Contribuição. O termo royalty tem origem na Ciência da Economia, sendo conceituado por Arthur Seldon nestes termos: ROYALTY. Pagamento feito, por uma pessoa, física ou jurídica, ao dono de propriedade ou ao criador de um trabalho original, para o privilégio de explorálo comercialmente. É, essencialmente, um método de partilhar o rendimento das vendas de um produto entre os que concorrem com o financiamento e a habilidade de comercialização e os que contribuem com a propriedade intelectual sob a forma de uma realização original. O sistema de royalty é comumente usado, por exemplo, quando um autor ou tradutor é pago por um editor segundo uma percentagem do preço de capa de um livro; quando um Fl. 1468DF CARF MF Impresso em 26/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 24/09/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por JOEL MIYAZAKI Processo nº 16643.000096/200927 Acórdão n.º 3201001.702 S3C2T1 Fl. 1.465 9 proprietário fundiário é pago por uma companhia mineradora para o privilégio de explorar o subsolo da sua terra; quando o dono de uma patente é pago por um fabricante pelo direito de reproduzir sua invenção. (Dicionário de Economia, Editora Bloch) O pagamento de royalties, portanto, objetiva partilhar o rendimento de um produto entre aquele que detém a propriedade intelectual deste e aquele que efetivamente explora este produto, colocandoo no mercado consumidor. O conceito de royalties para fins tributários encontrase previsto no artigo 22 da Lei nº 4.506/64: Art. 22. Serão classificados como "royalties" os rendimentos de qualquer espécie decorrentes do uso, fruição, exploração de direitos, tais como: a) direito de colhêr ou extrair recursos vegetais, inclusive florestais; b) direito de pesquisar e extrair recursos minerais; c) uso ou exploraçâo de invenções, processos e fórmulas de fabricação e de marcas de indústria e comércio; d) exploração de direitos autorais, salvo quando percebidos pelo autor ou criador do bem ou obra. Parágrafo único. Os juros de mora e quaisquer outras compensações pelo atraso no pagamento dos "royalties" acompanharão a classificação dêstes. (grifo nosso) Do exposto, extraise que o conceito legal de royalties corresponde a rendimentos de qualquer espécie decorrentes do uso, da fruição, ou da exploração de direitos. O professor Alberto Xavier, em análise ao tema, esclarece que: À luz do direito interno, o royalty é uma categoria de rendimentos que representa a remuneração pelo uso, fruição e exploração de determinados direitos, diferenciandose assim dos aluguéis que representam a retribuição do capital aplicado em bens corpóreos, e dos juros, que exprimem a contrapartida do capital financeiro. [...] No direito interno, os direitos que dão lugar à percepção de royalties são o direito de colher ou extrair recursos vegetais , inclusive florestais; o direito de pesquisar e extrair recursos minerais; o uso ou exploração de invenções , processos e fórmulas de fabricação e de marcas de indústria e comércio; a exploração de direitos autorais, salvo quando percebidos pelo autor ou criador do bem ou da obra (art. 22 da Lei 4.506, de 1964). Fl. 1469DF CARF MF Impresso em 26/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 24/09/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por JOEL MIYAZAKI 10 (Direito Tributário Internacional do Brasil. Rio de Janeiro, Forense, pg. 617/618) Dito isto, temos que os rendimentos decorrentes da exploração de direito autoral classificamse como royalties, salvo se recebidos pelo autor ou criador da obra. Verificase ainda que a Lei nº 9.610/98 em seu artigo 7º, XIII, inclui os programas de computador e as obras audiovisuais entre as obras intelectuais com direitos autorais protegidos: Art. 7º São obras intelectuais protegidas as criações do espírito, expressas por qualquer meio ou fixadas em qualquer suporte, tangível ou intangível, conhecido ou que se invente no futuro, tais como: [...] VI as obras audiovisuais, sonorizadas ou não, inclusive as cinematográficas; [...] XII os programas de computador; [...] §1º Os programas de computador são objeto de legislação específica, observadas as disposições desta Lei que lhes sejam aplicáveis.(grifo nosso) O artigo 11 da citada lei, por sua vez, restringe o conceito de autor à pessoa física criadora da obra: Art. 11. Autor é a pessoa física criadora de obra literária, artística ou científica. Parágrafo único. A proteção concedida ao autor poderá aplicar se às pessoas jurídicas nos casos previstos nesta Lei. Do exposto, resta claro que as remessas referentes à licença para distribuição de sinais de televisão por assinatura correspondem ao pagamento de direitos autorais, enquadrandose como royalties, a luz da alínea “d” do artigo 22 da Lei nº 4.506/64 quando efetuados a pessoa jurídica detentora dos direitos. No tocante às remessas a programadoras estrangeiras, a recorrente alega ainda que a única contribuição devida em relação a estes pagamentos seria a Condecine, instituída pela Medida Provisória fossilizada nº 2.228/2001, que é mais específica, sendo afastada a CIDERoyalties, por configurar bis in idem. Em relação a este argumento, esclarecese, inicialmente, que não há, na Constituição Federal, qualquer vedação à incidência de mais de uma contribuição sobre determinada riqueza passível de tributação. O sistema tributário nacional possui, inclusive, duas exações praticamente idênticas, quais sejam a Contribuição para o PIS/Pasep e a Cofins, que incidem sobre o faturamento. Fl. 1470DF CARF MF Impresso em 26/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 24/09/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por JOEL MIYAZAKI Processo nº 16643.000096/200927 Acórdão n.º 3201001.702 S3C2T1 Fl. 1.466 11 Ademais, mesmo que a arguição da recorrente estivesse correta, a única forma de dar provimento ao recurso voluntário seria pela negativa de aplicação da lei vigente devido a sua inconstitucionalidade, hipótese vedada a este órgão administrativo. Este entendimento já se encontra pacificado no CARF, sendo inclusive objeto da súmula 02, que assim dispõe: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. No que tange aos softwares, o regramento específico referente à proteção da propriedade intelectual de programa de computador e de sua comercialização foi estabelecido pela Lei nº 9.609/98, dispondo em seu artigo 2º que “O regime de proteção à propriedade intelectual de programa de computador é o conferido às obras literárias pela legislação de direitos autorais e conexos vigentes no País, observado o disposto nesta Lei.” A Lei nº 9.609/98 estabelece em seu artigo 4º que os direitos relativos ao programa de computador desenvolvido por empregado durante a vigência de contrato de trabalho pertencem ao empregador: Art. 4º Salvo estipulação em contrário, pertencerão exclusivamente ao empregador, contratante de serviços ou órgão público, os direitos relativos ao programa de computador, desenvolvido e elaborado durante a vigência de contrato ou de vínculo estatutário, expressamente destinado à pesquisa e desenvolvimento, ou em que a atividade do empregado, contratado de serviço ou servidor seja prevista, ou ainda, que decorra da própria natureza dos encargos concernentes a esses vínculos. § 1º Ressalvado ajuste em contrário, a compensação do trabalho ou serviço prestado limitarseá à remuneração ou ao salário convencionado. § 2º Pertencerão, com exclusividade, ao empregado, contratado de serviço ou servidor os direitos concernentes a programa de computador gerado sem relação com o contrato de trabalho, prestação de serviços ou vínculo estatutário, e sem a utilização de recursos, informações tecnológicas, segredos industriais e de negócios, materiais, instalações ou equipamentos do empregador, da empresa ou entidade com a qual o empregador mantenha contrato de prestação de serviços ou assemelhados, do contratante de serviços ou órgão público. § 3º O tratamento previsto neste artigo será aplicado nos casos em que o programa de computador for desenvolvido por bolsistas, estagiários e assemelhados. (grifo nosso) Tal dispositivo, contudo, não significa ser o empregador o autor intelectual do programa de computador, apenas define quem é o proprietário dos direitos sobre este bem. A autoria de uma obra, como já salientado, necessariamente recai sobre a pessoa natural que cria o bem ou a obra. Fl. 1471DF CARF MF Impresso em 26/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 24/09/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por JOEL MIYAZAKI 12 Mostrase ainda importante para a resolução da lide observarse o disposto no artigo 5º da Lei nº 9.609/98 e no artigo 49 da Lei nº 9.610/98: Lei nº 9.609/98 Art. 5º Os direitos sobre as derivações autorizadas pelo titular dos direitos de programa de computador, inclusive sua exploração econômica, pertencerão à pessoa autorizada que as fizer, salvo estipulação contratual em contrário. Lei nº 9.610/98 Art. 49. Os direitos de autor poderão ser total ou parcialmente transferidos a terceiros, por ele ou por seus sucessores, a título universal ou singular, pessoalmente ou por meio de representantes com poderes especiais, por meio de licenciamento, concessão, cessão ou por outros meios admitidos em Direito, obedecidas as seguintes limitações: [...] (grifo nosso) Constatase, portanto, que apenas o titular dos direitos autorais sobre um programa de computador pode explorálo economicamente, podendo, contudo, transferir esses direitos, total ou parcialmente, a terceiros. A Lei nº 9.609/98, em seus artigos 9º, 10 e 11, estabelece que estes direitos podem ser transferidos mediante a celebração de contratos de uso, de comercialização e de transferência de tecnologia, nestes termos: Art. 9º O uso de programa de computador no País será objeto de contrato de licença. Parágrafo único. Na hipótese de eventual inexistência do contrato referido no caput deste artigo, o documento fiscal relativo à aquisição ou licenciamento de cópia servirá para comprovação da regularidade do seu uso. Art. 10. Os atos e contratos de licença de direitos de comercialização referentes a programas de computador de origem externa deverão fixar, quanto aos tributos e encargos exigíveis, a responsabilidade pelos respectivos pagamentos e estabelecerão a remuneração do titular dos direitos de programa de computador residente ou domiciliado no exterior. § 1º Serão nulas as cláusulas que: I limitem a produção, a distribuição ou a comercialização, em violação às disposições normativas em vigor; II eximam qualquer dos contratantes das responsabilidades por eventuais ações de terceiros, decorrentes de vícios, defeitos ou violação de direitos de autor. § 2º O remetente do correspondente valor em moeda estrangeira, em pagamento da remuneração de que se trata, conservará em seu poder, pelo prazo de cinco anos, todos os documentos necessários à comprovação da licitude das remessas e da sua conformidade ao caput deste artigo. Art. 11. Nos casos de transferência de tecnologia de programa de computador, o Instituto Nacional da Propriedade Industrial Fl. 1472DF CARF MF Impresso em 26/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 24/09/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por JOEL MIYAZAKI Processo nº 16643.000096/200927 Acórdão n.º 3201001.702 S3C2T1 Fl. 1.467 13 fará o registro dos respectivos contratos, para que produzam efeitos em relação a terceiros. Parágrafo único. Para o registro de que trata este artigo, é obrigatória a entrega, por parte do fornecedor ao receptor de tecnologia, da documentação completa, em especial do código fonte comentado, memorial descritivo, especificações funcionais internas, diagramas, fluxogramas e outros dados técnicos necessários à absorção da tecnologia. Diante do exposto, concluise que a exploração de direitos sobre a utilização de programas de computador incluemse entre os direitos autorais, são parcelas integrantes destes, o que os enquadra no conceito de royalties, salvo quando percebidos pelo autor ou criador do bem ou obra. Em sendo enquadrado como royalties, configuram fato gerador da CIDERoyalties. Este entendimento, inclusive, encontrase em sintonia com o decidido pela Câmara Superior de Recursos Fiscais no Acórdão nº 930301.864, conforme ementa transcrita abaixo: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 28/02/2002, 31/03/2002, 30/04/2002 CIDEROYALTIES. REMESSA DE ROYATIES PARA RESIDENTE OU DOMICILIADO NO EXTERIOR INCIDÊNCIA. O pagamento, o creditamento, a entrega, o emprego ou a remessa de royalties, a qualquer título, a residentes ou domiciliados no exterior são hipóteses de incidência da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico criada pela Lei 10.168/2000. Para que a contribuição seja devida, basta que qualquer dessas hipóteses seja concretizada no mundo fenomênico. O pagamento de royalties a residentes ou domiciliados no exterior royalties, a título de contraprestação exigida em decorrência de obrigação contratual, seja qual for o objeto do contrato, faz surgir a obrigação tributária referente a essa CIDE. (Ac 930301.864. sessão de 6/3/2012. relator Conselheiro Henrique Pinheiro Torres) No tocante aos pagamentos referentes a licença de uso de programas de computador, mostrase necessário explicitar que este entendimento referese apenas ao período compreendido entre 1º/1/2002 e 31/12/2005. O marco inicial em 1º/1/2002 foi estabelecido pela Lei 10.332/2001, que alterou a redação do §2º do artigo 2º da Lei nº 10.168/2000 ampliando o campo de incidência da contribuição, fazendoa incidir sobre o pagamento, o creditamento, a entrega, o emprego ou a remessa de royalties a residentes ou domiciliados no exterior. A Lei nº 11.452/2007, por sua vez, modificou novamente a exação ao inserir o §1ºA neste artigo 2º da Lei nº 10.168/2000: Fl. 1473DF CARF MF Impresso em 26/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 24/09/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por JOEL MIYAZAKI 14 Art. 20. O art. 2o da Lei no 10.168, de 29 de dezembro de 2000, alterado pela Lei no 10.332, de 19 de dezembro de 2001, passa a vigorar acrescido do seguinte § 1oA: “Art. 2o .................................................................................. .................................................................................. § 1oA. A contribuição de que trata este artigo não incide sobre a remuneração pela licença de uso ou de direitos de comercialização ou distribuição de programa de computador, salvo quando envolverem a transferência da correspondente tecnologia. .................................................................................. ” (NR) Art. 21. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, produzindo efeitos em relação ao disposto no art. 20 a partir de 1o de janeiro de 2006. A partir da produção de efeitos desta norma, estabelecida para a data de 1º/1/2006, exigese para a incidência da CIDERoyalties que a remuneração pela licença de uso de programa de computador seja acompanhada de transferência de tecnologia. Ressaltese que antes da inclusão do citado §1ºA no artigo em comento o diploma legal não estipulava qualquer restrição ou vinculação do pagamento dos royalties a contratos de tecnologia, definindo a incidência da contribuição sobre o pagamento de royalties a qualquer título. Desta forma, diante da inovação na legislação pátria trazida pelo §1ºA do artigo 2º da Lei nº 10.168/2000, o dispositivo em comento não pode ser considerado como de caráter interpretativo, impedindo sua aplicação a fatos pretéritos, anteriores a data definida pela Lei nº 11.452/2007 para a produção de seus efeitos. Por fim, restam necessários ainda alguns esclarecimentos acerca do Decreto nº 4.195/2002, que regulamenta a Lei nº 10.168/2000, com as alterações promovidas pela Lei 10.332/2001. O artigo 10 deste Decreto apresenta rol de espécies contratuais passíveis de incidência da CIDERoyalties, nestes termos: Art. 10. A contribuição de que trata o art. 2o da Lei no 10.168, de 2000, incidirá sobre as importâncias pagas, creditadas, entregues, empregadas ou remetidas, a cada mês, a residentes ou domiciliados no exterior, a título de royalties ou remuneração, previstos nos respectivos contratos, que tenham por objeto: I fornecimento de tecnologia; II prestação de assistência técnica: a) serviços de assistência técnica; b) serviços técnicos especializados; III serviços técnicos e de assistência administrativa e semelhantes; IV cessão e licença de uso de marcas; e V cessão e licença de exploração de patentes. Fl. 1474DF CARF MF Impresso em 26/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 24/09/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por JOEL MIYAZAKI Processo nº 16643.000096/200927 Acórdão n.º 3201001.702 S3C2T1 Fl. 1.468 15 O dispositivo acima citado teve como objetivo afirmar que, após as alterações promovidas pela Lei nº 10.332/2001, também sujeitamse a CIDERoyalties todas as remunerações pagas em decorrência de serviços técnicos e de assistência administrativa e semelhantes a serem prestados por residentes ou domiciliados no exterior (artigo 2º, §2º da Lei nº 10.168/2000), inclusive aqueles onde não ocorre a transferência de tecnologia. Não se trata, contudo, de um rol taxativo, como defende a recorrente, mas sim de lista meramente exemplificativa de contratos que ensejam na incidência da contribuição. Isto devido ao citado Decreto tratarse de ato emitido pelo Presidente da República, e não pelo Congresso Nacional. Como se sabe, a Constituição Federal, ao delegar competência a União e as demais pessoas políticas para definir a regra matriz de incidência de cada tributo, determinou que o exercício desta competência deve ser feito por meio de Lei, ato este de competência do Poder Legislativo. Em se tratando de matéria tributária, o Decreto, mesmo quando dotado de conteúdo normativo, restringese a regular a fiel execução das leis. Isto por tratarse de ato administrativo formal de competência privativa do Presidente da República. O Decreto, contudo, não pode inovar no ordenamento jurídico; limitase a esclarecer o conteúdo das leis, sem lhes aumentar ou restringir o espetro de incidência. Ademais, a hermenêutica ensina que a análise de um dispositivo normativo deve ser feita com atenção às demais normas previstas no ordenamento jurídico, não devendo um texto incluído em um ato normativo ser interpretado de forma autônoma e independente. Desta forma, em tendo a Lei nº 10.168/2000, com as alterações promovidas pela Lei 10.332/2001, estabelecido a base de cálculo da CIDERoyalties de forma ampla, abrangendo o pagamento, crédito, entrega, emprego ou remessa de royalties, a qualquer título, a beneficiários residentes ou domiciliados no exterior, não poderia um decreto presidencial limitar a hipótese de incidência tributária por meio de um rol taxativo de contratos passíveis de incidência. O entendimento acima foi confirmado pelo legislador quando da publicação da Lei nº 11.452/2007, que incluiu no artigo 2º da Lei nº 10.168/2000 o §1ºA, já citado. Ora, se o legislador, expressamente, excluí da hipótese de incidência da CIDE a remuneração pela licença de uso ou de direitos de comercialização ou distribuição de programa de computador, salvo quando envolverem a transferência da correspondente tecnologia, é porque antes da vigência desta modificação da Lei 10.168/2000 (a partir de 1º/1/2006) a contribuição incidia sobre estes contratos. Dito isto, resta claro que o rol de contratos previstos no artigo 10 do Decreto nº 4.195/2002 é meramente exemplificativo, sendo a hipótese de incidência tributária definida nos termos do artigo 2º da Lei nº 10.168/2000. Retornando ao caso concreto, a autuação tem origem em duas espécies de contratos que geraram remessas ao exterior, quais sejam contratos de cessão de direitos sobre programas de computador e de licenciamento de direitos de distribuição ou transmissão de programação audiovisual pelas operadoras nacionais de televisão por assinatura. Fl. 1475DF CARF MF Impresso em 26/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 24/09/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por JOEL MIYAZAKI 16 No tocante à exigência de CIDE sobre os pagamentos referentes a direitos sobre programas de computador, que tiveram como beneficiada a empresa New Digital Systems Limited (NDV), o contrato celebrado entre as empresas tem por objeto o desenvolvimento e a implantação de um sistema tecnológico que possibilita a transmissão de filmes e programas de televisão de terceiros (sistema DTH) de forma restrita aos assinantes. Conforma explicita a recorrente, o referido "sistema tecnológico" se materializa em um software, que está embutido nos equipamentos decodificadores utilizados pelos assinantes e nos chamados "smart cards" e que contém todas as informações, comandos e tecnologia necessários para que a Recorrente seja capaz de operar o sistema de transmissão DTH no limite do território nacional. Com base no entendimento acima exposto acerca da abrangência da hipótese de incidência da CIDERoyalties, resta claro que os pagamentos ora tributados correspondem a remuneração de direitos autorais, pagos a pessoa jurídica, sendo, portanto, tributados pela exação em comento. A própria recorrente corrobora nosso entendimento acerca da natureza de pagamento de direitos autorais, de forma que a autuação mostrase correta. Em relação à tributação do pagamento de royalties decorrentes de direitos de exploração comercial de obra audiovisual, foram tributadas remessas de valores aos beneficiários Cable Entertainment Distribution; Paramount; MTV; MGM; LLC; HBO; The Search; TV 5 e Warner Brothers. Os contratos anexados aos autos tem por objeto o licenciamento do direito não exclusivo de exibir filmes, episódios, canais e programas de tv. Da mesma forma que sustenta em relação aos pagamentos à empresa NDV, a recorrente afirma que os pagamentos as programadoras/licenciantes correspondem a remuneração de direitos autorais, desta vez decorrentes da exploração de obras audiovisuais. Assim sendo, tendo em vista que os pagamentos foram efetuados a pessoas jurídicas, confirmase a natureza de royalties, estando correto o lançamento. Em relação aos contratos apresentados na impugnação (Doc. 4), efetuados junto as empresas Crystal Computer Corporation e Harmnic Inc, bem como quanto as remessas que tiveram como destinatárias as empresas Bolt Quality Solutions, EVS Broadcast Equipment S/A, Robo Group Ltd e Tandberg Televisión, a recorrente afirma trataremse substancialmente de aquisição de equipamentos. A análise dos documentos trazidos aos autos, contudo, não corrobora a argumentação da recorrente. Os contratos anexados referentes à Crystal Computer Corporation restringemse ao período de 7/8/2002 a 6/8/2003, não tendo relação com os fatos objeto deste lançamento, todos praticados no anocalendário 2005. O contrato de câmbio correspondente a operação ora tributada, por sua vez, apresenta a operação 45711 (serv. divexp/imp svsv' outros serv. tecprof), bem como a incidência de CIDE, com o correspondente pagamento. Fl. 1476DF CARF MF Impresso em 26/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 24/09/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por JOEL MIYAZAKI Processo nº 16643.000096/200927 Acórdão n.º 3201001.702 S3C2T1 Fl. 1.469 17 Já os documentos anexados referentes à Harmnic Inc, datados de 17/05/2000, 20/09/2003 e 28/10/2003, não especificam datas de entrega ou valores envolvidos, de forma que não se prestam para comprovar a natureza dos valores ora tributados. Quanto as demais empresas citadas pela recorrente, os contratos de câmbio anexados informam que a recorrente reconheceu a incidência da CIDE, tendo recolhido a contribuição devida. A própria recorrente, em suas informações prestadas durante a ação fiscal, afirma ter recolhido a CIDE em relação a todas estas operações que agora afirma possuírem outra finalidade. Constatase ainda que a autoridade fiscal excluiu dos valores exigidos neste auto de infração todos os recolhimentos a título de CIDE, de forma que não merece guarida a arguição da recorrente. Por fim, a recorrente alega ser devida a incidência dos juros de mora sobre as multas aplicadas, por falta de previsão legal. Em relação ao tema, entendo ser devida a Taxa Selic nos cálculos dos débitos dos contribuintes para com a Fazenda Pública Federal, independente de tratarse de obrigação principal decorrente da ocorrência de fato gerador ou decorrente da aplicação de penalidade pecuniária. O artigo 43 da Lei nº. 9.430/96, que sustenta a exigência, assim dispõe: Art. 43. Poderá ser formalizada exigência de crédito tributário correspondente exclusivamente a multa ou a juros de mora, isolada ou conjuntamente. Parágrafo único. Sobre o crédito constituído na forma deste artigo, não pago no respectivo vencimento, incidirão juros de mora, calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Da leitura do dispositivo acima transcrito, resta claro que o crédito tributário, relativo à penalidade pecuniária, constituído de ofício, não pago no respectivo vencimento, fica sujeito à incidência de juros moratórios, calculados à taxa Selic, a partir do primeiro dia do mês subsequente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Assim, descabe razão à recorrente quando afirma não haver previsão legal para a incidência dos juros de mora sobre as multas que lhes foram aplicadas, visto que o crédito tributário quer ele se refira a tributo, quer seja relativo à penalidade pecuniária não pago no respectivo vencimento, fica sujeito à incidência de juros de mora, calculado à taxa Selic, a partir do primeiro dia do mês subsequente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento, Diante de todo o exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. Fl. 1477DF CARF MF Impresso em 26/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 24/09/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por JOEL MIYAZAKI 18 Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto Relator Fl. 1478DF CARF MF Impresso em 26/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/09/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digital mente em 24/09/2014 por CARLOS ALBERTO NASCIMENTO E SILVA PINTO, Assinado digitalmente em 25/09/2014 por JOEL MIYAZAKI
score : 1.0
Numero do processo: 10746.720398/2013-67
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 23 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Sep 01 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2008, 2009
LANÇAMENTO. FASE LITIGIOSA.
A fase litigiosa do procedimento fiscal apenas principia quando instaurado o litígio pela apresentação da impugnação ao lançamento.
LEI VIGENTE. INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA DAS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS.
As instâncias administrativas não são competentes para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
Recurso voluntário negado.
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Numero da decisão: 3202-001.243
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer em parte do recurso; na parte conhecida, em rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, em negar provimento ao recurso voluntário. Quanto ao mérito, votaram pelas conclusões os conselheiros Rodrigo Cardozo Miranda, Gilberto de Castro Moreira Junior e Thiago Moura de Albuquerque Alves.
Irene Souza da Trindade Torres - Presidente.
Charles Mayer de Castro Souza - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Irene Souza da Trindade Torres Oliveira (Presidente), Gilberto de Castro Moreira Junior, Rodrigo Cardozo Miranda, Luís Eduardo Garrossino Barbieri, Charles Mayer de Castro Souza e Thiago Moura de Albuquerque Alves.
Nome do relator: CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2008, 2009 LANÇAMENTO. FASE LITIGIOSA. A fase litigiosa do procedimento fiscal apenas principia quando instaurado o litígio pela apresentação da impugnação ao lançamento. LEI VIGENTE. INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA DAS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS. As instâncias administrativas não são competentes para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Recurso voluntário negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 16; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2150; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C2T2 Fl. 834 1 833 S3C2T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10746.720398/201367 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3202001.243 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 23 de julho de 2014 Matéria PIS. COFINS. MULTA Recorrente BOIFORTE FRIGORIFICOS LTDA ME Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2008, 2009 CRÉDITO PRESUMIDO. ART. 8º DA LEI N.º 10.925, DE 2004. Os créditos presumidos de que trata o art. 8º da Lei n.º 10.925, de 2004, é determinado mediante a multiplicação do percentual de 60%, 50% ou 35% pela alíquota da contribuição para o Cofins no regime não cumulativo (7,6%), para, em seguida, aplicar o valor daí resultante sobre o montante das aquisições de gado vivo. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário: 2008, 2009 CRÉDITO PRESUMIDO. ART. 8º DA LEI N.º 10.925, DE 2004. Os créditos presumidos de que trata o art. 8º da Lei n.º 10.925, de 2004, é determinado mediante a multiplicação do percentual de 60%, 50% ou 35% pela alíquota da contribuição para o PIS no regime não cumulativo (1,65%), para, em seguida, aplicar o valor daí resultante sobre o montante das aquisições de gado vivo. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2008, 2009 LANÇAMENTO. FASE LITIGIOSA. A fase litigiosa do procedimento fiscal apenas principia quando instaurado o litígio pela apresentação da impugnação ao lançamento. LEI VIGENTE. INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA DAS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS. As instâncias administrativas não são competentes para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 74 6. 72 03 98 /2 01 3- 67 Fl. 834DF CARF MF Impresso em 01/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 2 1/08/2014 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 29/08/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES 2 Recurso voluntário negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer em parte do recurso; na parte conhecida, em rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, em negar provimento ao recurso voluntário. Quanto ao mérito, votaram pelas conclusões os conselheiros Rodrigo Cardozo Miranda, Gilberto de Castro Moreira Junior e Thiago Moura de Albuquerque Alves. Irene Souza da Trindade Torres Presidente. Charles Mayer de Castro Souza Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Irene Souza da Trindade Torres Oliveira (Presidente), Gilberto de Castro Moreira Junior, Rodrigo Cardozo Miranda, Luís Eduardo Garrossino Barbieri, Charles Mayer de Castro Souza e Thiago Moura de Albuquerque Alves. Relatório Trata o presente processo de autos de infração lavrados contra a contribuinte acima identificada, constituindo crédito tributário decorrente da Contribuição para o Programa de Integração Social – PIS e para Financiamento da Seguridade Social – Cofins, referente a períodos de apuração compreendidos nos anoscalendário de 2008 e 2009, no valor total de R$ 45.113.041,63, incluídos multa proporcional e juros de mora. Por bem retratar os fatos constatados nos autos, transcrevo o Relatório da decisão de primeira instância administrativa, in verbis: No exercício das atribuições do cargo de AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil, em fiscalização realizada em cumprimento ao Mandado de Procedimento Fiscal n.º 01.5.01.002012001243, procedeu à análise dos créditos da Contribuição para o Programa de Integração Social (PIS) e o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PASEP) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS) decorrentes da não cumulatividade, referente ao seguinte período: junho de 2008 a outubro de 2009. Do escopo da fiscalização Com o advento das leis 10.637/2002 e 10.833/2003, a Contribuição para o PIS/PASEP e a COFINS passaram a ter incidência nãocumulativa. Isso possibilitou que a pessoa jurídica enquadrada nesse novo sistema de tributação pudesse descontar créditos calculados em relação a compras de bens utilizados como insumo, serviços utilizados como insumos, energia elétrica, despesas de aluguéis, Fl. 835DF CARF MF Impresso em 01/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 2 1/08/2014 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 29/08/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES Processo nº 10746.720398/201367 Acórdão n.º 3202001.243 S3C2T2 Fl. 835 3 despesas com armazenagem e frete, dentre outras previstas no artigo 3º da lei 10.637 de 2002 e artigo 3º 10.833 de 2003. De forma resumida, a presente auditoria tem o objetivo de analisar a base de cálculo que deu origem aos créditos da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS e, conseqüentemente, analisar os créditos propriamente ditos, decorrentes das situações dispostas nos referidos artigos. Lei nº 10.637, 30 de dezembro de 2002: “Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...) II – bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2º da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI; (...) § 2º Não dará direito a crédito o valor: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) (Grifo nosso) (...) II – da aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição, inclusive no caso de isenção, esse último quando revendidos ou utilizados como insumo em produtos ou serviços sujeitos à alíquota 0 (zero), isentos ou não alcançados pela contribuição. (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) (Grifo nosso) Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003 Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...) II – bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2º da Lei nº10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) (...) Fl. 836DF CARF MF Impresso em 01/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 2 1/08/2014 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 29/08/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES 4 § 2º Não dará direito a crédito o valor: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) (Grifo nosso) (...) II – da aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição, inclusive no caso de isenção, esse último quando revendidos ou utilizados como insumo em produtos ou serviços sujeitos à alíquota 0 (zero), isentos ou não alcançados pela contribuição. (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004)”. Observouse que, no tocante à aquisição de gado vivo, o sujeito passivo creditouse da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, baseandose em 100% das alíquotas dessas contribuições (1,65% e 7,6%, respectivamente), não observando o disposto no parágrafo 2º, do artigo 3º das leis supracitadas (Lei 10.637/02 e 10.833/03), que dispõe que a aquisição de bens não sujeitos ao pagamento das contribuições em questão, não dará direito aos créditos mencionados. Como não há pagamento da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS sobre a venda de gado em pé, pois pessoa física não é contribuinte e a incidência na venda de gado feita por pessoa jurídica fica suspensa, o contribuinte deveria ter se creditado baseandose na legislação do crédito presumido, que no caso darlheia direito a créditos calculados a 35% das alíquotas das mencionadas contribuições, conforme artigo 8º da lei 10.925/2004. De acordo com os Demonstrativos de Apuração das Contribuições Sociais – DACONs declarados, memórias de cálculos, notas fiscais apresentadas pela auditada a este Fisco e Notas Fiscais Eletrônicas, observase que ela desconta créditos da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS provenientes da aquisição de bens utilizados como insumos (maioria referente à aquisição de gado vivo); serviços utilizados como insumos; despesas de energia elétrica e energia térmica, inclusive sob a forma de vapor; despesas de aluguéis de prédios locados de pessoa jurídica; e despesas de armazenagem e fretes na operação de venda. A maior parte desses créditos é decorrente da compra de gado para abate, e é esse o ponto principal dessa auditoria. Com relação às outras aquisições e despesas relacionadas com o processo produtivo que geraram créditos, o fisco não se opõe ao que foi calculado e contabilizado pelo sujeito passivo. Vale salientar que a presente auditoria é direcionada apenas às aquisições, uma vez que o objeto da fiscalização é a análise dos créditos decorrentes da nãocumulatividade. O sujeito passivo utilizouse do inciso II, do artigo 3º, da lei 10.637/2002 e do inciso II, do artigo 3º, da lei 10.833/2003 para calcular créditos que descontou das contribuições apuradas. Dessa forma, multiplicou os valores da tabela acima pelas alíquotas da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS (1,65% e 7,6% respectivamente), chegando ao valor do crédito, que foi descontado do valor apurado das contribuições, como podese observar nos DACONs anexas a este processo. Fl. 837DF CARF MF Impresso em 01/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 2 1/08/2014 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 29/08/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES Processo nº 10746.720398/201367 Acórdão n.º 3202001.243 S3C2T2 Fl. 836 5 Ocorre que o sujeito passivo não observou o inciso II, do parágrafo 2º dos mesmos artigos, que dispõem o seguinte: § 2º Não dará direito a crédito o valor: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) (Grifo nosso) (...) II – da aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição, inclusive no caso de isenção, esse último quando revendidos ou utilizados como insumo em produtos ou serviços sujeitos à alíquota 0 (zero), isentos ou não alcançados pela contribuição. (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) Dos valores, a massiva maioria referese à aquisição de gado para abate proveniente de produtor rural pessoa física. O restante é proveniente de pessoa jurídica. Com relação às pessoas físicas que venderam o gado em questão, não houve pagamento da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, pelo fato de pessoa física não ser contribuinte dessas contribuições. A saber: Lei nº 10.637, 30 de dezembro de 2002: Art. 1º A contribuição para o PIS/PASEP tem como fato gerador o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. Art. 4º O contribuinte da contribuição para o PIS/PASEP é a pessoa jurídica que auferir as receitas a que se refere o art. 1º. Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003: Art. 1º A Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS, com a incidência nãocumulativa, tem como fato gerador o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. (...) Art. 5º O contribuinte da COFINS é a pessoa jurídica que auferir as receitas a que se refere o art. 1º. Dessa forma, pelo fato de pessoa física não ser contribuinte da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, o sujeito passivo, em consonância com § 2º, do artigo 3º da Lei 10.637 e § 2º, do artigo 3º da lei 10.833, jamais poderia ter descontado créditos dessas contribuições, referentes à aquisição de gado para abate, calculandoos sobre a alíquota cheia, pois não houve pagamento das Contribuições na venda do produtor rural pessoa física para o frigorífico ora auditado, indo esta prática de encontro ao que dispõe o parágrafo 2º acima mencionado. Fl. 838DF CARF MF Impresso em 01/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 2 1/08/2014 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 29/08/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES 6 A Instrução Normativa SRF nº 660, de 17 de julho de 2006 dispõe que fica suspensa a exigibilidade da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS incidente sobre a receita bruta decorrente da venda de produtos agropecuários a serem utilizados como insumo na fabricação de produtos destinados à alimentação humana ou animal. Dispõe também, em seu artigo 3º, inciso III, que a suspensão da exigibilidade das contribuições alcança as vendas efetuadas por pessoa jurídica que exerça atividade agropecuária. A Lei 10.925/2004, em seu artigo 9º, dispõe ainda que a incidência das mencionadas contribuições fica suspensa no caso de venda de insumos destinados à produção de mercadorias de origem animal, classificadas no capítulo 2 da Nomenclatura Comum do MERCOSUL NCM, destinadas à alimentação humana ou animal, quando efetuada por pessoa jurídica a pessoa jurídica tributada pelo lucro real. “Art. 9º A incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS fica suspensa no caso de venda: (Grifo nosso) (...) III – de insumos destinados à produção das mercadorias referidas no caput do art. 8º desta Lei, quando efetuada por pessoa jurídica ou cooperativa referidas no inciso III do § 1º do mencionado artigo. § 1º O disposto neste artigo: I – aplicase somente na hipótese de vendas efetuadas à pessoa jurídica tributada com base no lucro real;” Assim, se a pessoa jurídica adquirente apurar o Imposto de Renda com base no Lucro Real e o bovino for destinado à produção de mercadorias relacionadas no caput do art. 8º da Lei nº 10.925/2004, a venda correspondente (venda do gado vivo) deverá ser efetuada com suspensão da exigibilidade da Contribuição para PIS/PASEP e da COFINS. Dessa forma, seguindo o mesmo raciocínio da pessoa física não contribuinte da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, tendo em vista que o sujeito passivo compra gado vivo de pessoa jurídica com suspensão e os beneficia na forma do capítulo 2 da NCM, bem como é tributado com base no lucro real, não poderia descontar créditos referentes à aquisição desse gado calculando os sobre a alíquota cheia, pois devido ao benefício da suspensão, não houve pagamento das Contribuições na venda da pessoa jurídica para o frigorífico Boiforte. Do Crédito presumido O artigo 8º da Lei 10.925/2004 prevê que as pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal, classificadas nos capítulos 2, 3, destinadas à alimentação humana ou animal, poderão deduzir da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens e serviços utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção Fl. 839DF CARF MF Impresso em 01/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 2 1/08/2014 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 29/08/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES Processo nº 10746.720398/201367 Acórdão n.º 3202001.243 S3C2T2 Fl. 837 7 ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, adquiridos de pessoa física, recebidos de cooperado pessoa física, de pessoa jurídica que exerça atividade agropecuária ou de cooperativa de produção agropecuária. O artigo 8º da Lei nº 10.925/2004 dispõe: “Art. 8o As pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal, classificadas nos capítulos 2, 3, exceto os produtos vivos desse capítulo, e 4, 8 a 12, 15, 16 e 23, e nos códigos 03.02, 03.03, 03.04, 03.05, 0504.00, 0701.90.00, 0702.00.00, 0706.10.00, 07.08, 0709.90, 07.10, 07.12 a 07.14, exceto os códigos 0713.33.19, 0713.33.29 e 0713.33.99, 1701.11.00, 1701.99.00, 1702.90.00, 18.01, 18.03, 1804.00.00, 1805.00.00, 20.09, 2101.11.10 e 2209.00.00, todos da NCM, destinadas à alimentação humana ou animal, poderão deduzir da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do caput do art. 3º das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física. (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) (Vigência) (Vide Lei nº 12.058, de 2009) (Vide Lei nº 12.350, de 2010) (Vide Medida Provisória nº 545, de 2011) (Vide Lei nº 12.599, de 2012)” § 1º O disposto no caput deste artigo aplicase também às aquisições efetuadas de: (...) III – pessoa jurídica que exerça atividade agropecuária e cooperativa de produção agropecuária. (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) (...) § 3º O montante do crédito a que se referem o caput e o § 1º deste artigo será determinado mediante aplicação, sobre o valor das mencionadas aquisições, de alíquota correspondente a: I 60% (sessenta por cento) daquela prevista no art. 2º das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, para os produtos de origem animal classificados nos Capítulos 2 a 4, 16, e nos códigos 15.01 a 15.06, 1516.10, e as misturas ou preparações de gorduras ou de óleos animais dos códigos 15.17 e 15.18; e II 50% (cinqüenta por cento) daquela prevista no art. 2º das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, para a soja e seus derivados classificados nos Capítulos 12, 15 e 23, todos da TIPI; e (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) Fl. 840DF CARF MF Impresso em 01/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 2 1/08/2014 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 29/08/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES 8 III 35% (trinta e cinco por cento) daquela prevista no art. 2º das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, para os demais produtos. (Incluído pela Lei nº 11.488, de 2007).” De fato é o caso da fiscalizada, pois ela recebe gado vivo para abate e posterior produção de mercadorias de origem animal, classificadas no capítulo 2 da NCM, destinadas à alimentação humana ou animal. Em seguida, o parágrafo 3º, do artigo 8º, dispõe sobre os percentuais (60%, 50% e 35%) que devem ser aplicados sobre as alíquotas da Contribuição para o PIS/PASEP (1,65%) e da COFINS (7,6%), de acordo com o tipo de insumo adquirido e utilizado na produção de mercadorias classificadas no capítulo 2 da NCM. Só depois essa nova alíquota é multiplicada pelo valor das aquisições. No caso da auditada, ela adquire gado vivo, listado no capítulo 1 da NCM. Como gado não se enquadra nem no inciso I, nem no II, do § 3, do artigo 8º da Lei 10.925, ele passa a ser tratado de forma residual, conforme dispõe o inciso III, devendose, então, aplicar a alíquota de 35% sobre as alíquotas das contribuições e, em seguida, multiplicalas pelo valor das referidas aquisições. Dessa forma, tendo em vista que não houve pagamento da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS na venda do gado vivo, ao invés de o sujeito passivo ter apurado seus créditos baseandose na alíquota cheia das contribuições em foco (1,65% e 7,6%), deveria têlos apurado com o percentual de 35% destas alíquotas, baseandose na legislação do crédito presumido, conforme disposto no inciso III, do §3, do artigo 8º da Lei 10.925, de 23 de julho de 2004. Como o contribuinte, mesmo tendo se creditado a maior, possuiu, em todos os meses auditados, débitos a pagar da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, a diferença entre o que foi descontado por ele e o crédito presumido apurado pelo fisco é o valor do lançamento. Por tudo o que foi exposto, a presente auditoria fiscal se encerrou com apuração e constituição do credito tributário no valor de R$ 3.757.197,13 (três milhões, setecentos e cinqüenta e sete mil, cento e noventa e sete reais e treze centavos) para a Contribuição para o PIS/PASEP e R$ 17.305.877,71 (dezessete milhões, trezentos e cinco mil, oitocentos e setenta e sete reais e setenta e um centavos) para a COFINS. Esses valores foram ainda acrescidos de multa e juros de mora, de acordo com a legislação específica aplicável, detalhada no Auto de Infração. Dessa forma, o valor total do crédito tributário lançado na presente ação fiscal, atualizado até 08/05/2013, foi de R$ 45.113.041,63 (quarenta e cinco milhões, cento e treze mil, quarenta e um reais e sessenta e três centavos). Foi feita a Representação Fiscal para Fins Penais ao Ministério Público Federal em nome dos sócios à época do período fiscalizado, em razão da omissão de informações às autoridades Fl. 841DF CARF MF Impresso em 01/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 2 1/08/2014 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 29/08/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES Processo nº 10746.720398/201367 Acórdão n.º 3202001.243 S3C2T2 Fl. 838 9 fazendárias referente às infrações descritas neste Relatório Fiscal, bem como em razão da inserção de elementos inexatos em documentos exigidos pela lei fiscal. A supressão ou redução de tributo ou contribuição social mediante a omissão de informação às autoridades fazendárias dos tributos e contribuições administrados pela RFB e a inserção de elementos inexatos em documentos exigidos pela lei fiscal configuram, em tese, crime Contra a Ordem Tributária, tipificado no art. 1º, inciso I e II, da Lei 8.137/90. A contribuinte impugna (resumo): Preliminar de nulidade Durante o período de fiscalização a impugnante não fora instada a prestar esclarecimento sobre sua contabilidade muito embora requeresse, daí porque nulo o procedimento de acordo com o art. 5 da CF/88; Da legislação aplicada As leis aplicadas não seriam as 10.637/02 e nem a 10.833/02, mas sim a Lei nº 12.058/2009 e a 12.350/2010; Da retroatividade da lei tributária mais benéfica Invoca o art. 106 do CTN para retroagir as lei citadas, sobretudo a Lei nº 12.350/2010, que suspendeu a cobrança de PIS e Cofins para o caso presente. Faz explanação sobre ato não definitivamente julgado e lei interpretativa, colaciona opiniões doutrinárias e jurisprudência sobre o tema. Da multa confiscatória Do confisco da multa aplicada. Colaciona opiniões doutrinárias e jurisprudência. Reduzida a 10 %. Violação dos princípios constitucionais da razoabilidade e proporcionalidade pela fiscalização. Teria colaborado com a fiscalização. Colaciona opiniões doutrinárias teóricas sobre o tema. A 2ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento no Brasília julgou improcedente a impugnação, proferindo o Acórdão DRJ/BSB n.º 0353.377, de 29/7/2013 (fls. 786 e ss.), assim ementado: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Exercício: 2008, 2009 NULIDADE. Fl. 842DF CARF MF Impresso em 01/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 2 1/08/2014 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 29/08/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES 10 O cerceamento e o contraditório se tornam garantias constitucionais no momento em que se instaura a lide. CONSTITUCIONALIDADE É o administrador um mero executor de leis, não lhe cabendo questionar a legalidade ou constitucionalidade do comando legal. A análise de teses contra a constitucionalidade de leis é privativa do Poder Judiciário. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário: 2008, 2009 CRÉDITO PRESUMIDO. Os créditos presumidos da Lei nº Lei 10.925/2004 são determinados mediante alíquotas (não o valor cheio) nos créditos de PIS calculado sobre o valor dos bens e serviços utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, adquiridos de pessoa física, recebidos de cooperado pessoa física, de pessoa jurídica que exerça atividade agropecuária ou de cooperativa de produção agropecuária. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2008, 2009 CRÉDITO PRESUMIDO. Os créditos presumidos da Lei nº Lei 10.925/2004 são determinados mediante alíquotas (não o valor cheio) nos créditos de Cofins calculado sobre o valor dos bens e serviços utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, adquiridos de pessoa física, recebidos de cooperado pessoa física, de pessoa jurídica que exerça atividade agropecuária ou de cooperativa de produção agropecuária. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2008, 2009 RETROATIVIDADE A retroatividade em matéria tributária está restrita aos casos do art. 106 do CTN. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Irresignada, a contribuinte apresentou, no prazo legal, Recurso Voluntário de fls. 805/827, por meio do qual aduz, em síntese, depois de relatar os fatos: Durante a fiscalização, a Recorrente não foi instada a prestar esclarecimentos, o que configura cerceamento ao direito de defesa. Fl. 843DF CARF MF Impresso em 01/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 2 1/08/2014 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 29/08/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES Processo nº 10746.720398/201367 Acórdão n.º 3202001.243 S3C2T2 Fl. 839 11 A fiscalização afirmou que foram infringidas as Leis n.º 10.637, de 2002, e 10.833, de 2003. Ocorre que, com o intuito de incentivar a produção de carne bovina, o Governo Federal, por meio da Lei n.º 12.058, de 2009, estabeleceu a suspensão do PIS/Cofins sobre a receita derivada da venda de animais vivos da espécie bovina e de carnes, além de dispor de regras para o aproveitamento do crédito presumido pelas pessoas jurídicas sujeitas ao regime de apuração não cumulativa. Esse cenário foi modificado com o advento da Lei n.º 12.350, de 2010. O benefício foi disciplinado através da Instrução Normativa – IN RFB n.º 1.157, de 2011. As duas últimas etapas da cadeia produtiva sujeitas ao regime não cumulativo podem se creditar do PIS/Cofins na forma presumida. Para empresas como a Recorrente, a previsão do crédito presumido é de 30% das aquisições dos produtos especificados na norma, o que não foi considerado pela fiscalização (requer o direito ao crédito presumido e a sua compensação). A base de cálculo estimada “não serve com a declaração do IRPJ, pois são as compras do período, apuração do ICMS, compras de gado”. Logo, por ser resumida, não serve para a apuração do PIS/Cofins. Existem diferenças se o gado é adquirido de pessoa física ou jurídica, o que não foi observado pela fiscalização. O fato de ter preenchido o Dacon de forma correta, podendo ter se equivocado apenas quanto a aspectos acessórios, o que não dá ensejo à aplicação da multa de ofício (reproduz ementa de decisão do Superior Tribunal de Justiça). O art. 49 do CTN também aplicase ao PIS/Cofins. Até a edição da Lei n.º 10.637, de 2002, o PIS era exigível por outra lei de 1998. Como se trata da contribuição que onerava muito o setor produtivo, o Governo Federal concedeu crédito presumido e determinou a suspensão dessa contribuição. O art. 106, II, do CTN estabelece o princípio da retroatividade benigna. A multa aplicada tem caráter confiscatório. Não ficou demonstrado que a Recorrente fraudou o Fisco (cita as Súmulas n.º 14 e 25 do CARF). Foram violados os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade. O processo foi distribuído a este Conselheiro Relator, na forma regimental. É o relatório Voto Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Relator. O recurso atende a todos os requisitos de admissibilidade previstos em lei, razão pela qual dele se conhece. Constatou a fiscalização que a Recorrente creditouse, nas aquisições de gado vivo como insumo para a sua atividade agroindustrial, com alíquotas cheias do PIS e da Cofins (1,65% e 7,6%, respectivamente), não observando o disposto no § 2º do art. 3º das Leis n.º 10.637, de 2002, e 10.833, de 2003, quando devia ter se creditado do crédito presumido estabelecido no art. 8º da Lei 10.925, de 2004, no percentual de 35% (trinta e cinco por cento) daquelas alíquotas previstas no art. 2º daqueles diplomas legais. Inicialmente, suscita a Recorrente a nulidade do feito, ao fundamento de que, durante o procedimento fiscal, não foi instada a prestar esclarecimentos, o que configuraria cerceamento ao direito de defesa. Fl. 844DF CARF MF Impresso em 01/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 2 1/08/2014 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 29/08/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES 12 Não há como acordar com alegação. É que a fase litigiosa do procedimento fiscal começa apenas quando instaurado o litígio pela apresentação da impugnação ao lançamento. A partir desse momento, é que se pode falar em processo propriamente dito, o qual deve observar todas as garantias asseguradas na Constituição Federal. A etapa anterior é meramente inquisitiva e destinase à coleta, pelo agente do Fisco, de informações necessárias à constituição do crédito tributário. Nulidade, portanto, não há. E no mérito, como se verá, também não assiste razão à Recorrente. Para demonstrar o motivo do nosso convencimento, passamos a reproduzir os dispositivos das Leis n.º 10.637, de 2002, e 10.833, de 2003, que estabelecem, como regra geral, o não creditamento nas aquisições de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento do PIS e da Cofins, tal como ocorre com a Recorrente, que adquire animais vivos de pessoas físicas, não sujeitas, portanto, ao pagamento das citadas contribuições: Lei n.º 10.637, de 2002: Art. 2o Para determinação do valor da contribuição para o PIS/Pasep aplicarseá, sobre a base de cálculo apurada conforme o disposto no art. 1o, a alíquota de 1,65% (um inteiro e sessenta e cinco centésimos por cento). Produção de efeito (Vide Medida Provisória nº 497, de 2010) (...) Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) a) no inciso III do § 3o do art. 1o desta Lei; e (Redação dada pela Lei nº 11.727, de 2008). b) nos §§ 1o e 1oA do art. 2o desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 11.787, de 2008) II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) (...) § 2o Não dará direito a crédito o valor: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) Fl. 845DF CARF MF Impresso em 01/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 2 1/08/2014 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 29/08/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES Processo nº 10746.720398/201367 Acórdão n.º 3202001.243 S3C2T2 Fl. 840 13 I de mãodeobra paga a pessoa física; e (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) II da aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição, inclusive no caso de isenção, esse último quando revendidos ou utilizados como insumo em produtos ou serviços sujeitos à alíquota 0 (zero), isentos ou não alcançados pela contribuição. (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) Lei n.º 10.833, de 2003: Art. 2o Para determinação do valor da COFINS aplicarseá, sobre a base de cálculo apurada conforme o disposto no art. 1o, a alíquota de 7,6% (sete inteiros e seis décimos por cento). (...) Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) a) nos incisos III e IV do § 3o do art. 1o desta Lei; e (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) b) nos §§ 1o e 1oA do art. 2o desta Lei; (Redação dada pela lei nº 11.787, de 2008) II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da Tipi; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) (...) § 2o Não dará direito a crédito o valor: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) I de mãodeobra paga a pessoa física; e (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) II da aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição, inclusive no caso de isenção, esse último quando revendidos ou utilizados como insumo em produtos ou serviços sujeitos à alíquota 0 (zero), isentos ou não alcançados Fl. 846DF CARF MF Impresso em 01/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 2 1/08/2014 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 29/08/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES 14 pela contribuição. (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) (g.n.) Nada obstante, essa regra geral é excepcionada por lei especial, qual seja, o art. 8º da Lei n.º 10.925, de 2004, que conferiu, apenas para as pessoas jurídicas que menciona, crédito presumido a ser calculado sobre o valor que seria devido nos termos do art. 2º das Leis n.º 10.637, de 2002, e 10.833, de 2003 (sobre os 1,65% e os 7,6% a título de PIS e de Cofins, respectivamente). Vejamos: “Art. 8o As pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal, classificadas nos capítulos 2, 3, exceto os produtos vivos desse capítulo, e 4, 8 a 12, 15, 16 e 23, e nos códigos 03.02, 03.03, 03.04, 03.05, 0504.00, 0701.90.00, 0702.00.00, 0706.10.00, 07.08, 0709.90, 07.10, 07.12 a 07.14, exceto os códigos 0713.33.19, 0713.33.29 e 0713.33.99, 1701.11.00, 1701.99.00, 1702.90.00, 18.01, 18.03, 1804.00.00, 1805.00.00, 20.09, 2101.11.10 e 2209.00.00, todos da NCM, destinadas à alimentação humana ou animal, poderão deduzir da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do caput do art. 3º das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física. (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) (Vigência) (Vide Lei nº 12.058, de 2009) (Vide Lei nº 12.350, de 2010) (Vide Medida Provisória nº 545, de 2011) (Vide Lei nº 12.599, de 2012)” (...) § 3º O montante do crédito a que se referem o caput e o § 1º deste artigo será determinado mediante aplicação, sobre o valor das mencionadas aquisições, de alíquota correspondente a: I 60% (sessenta por cento) daquela prevista no art. 2º das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, para os produtos de origem animal classificados nos Capítulos 2 a 4, 16, e nos códigos 15.01 a 15.06, 1516.10, e as misturas ou preparações de gorduras ou de óleos animais dos códigos 15.17 e 15.18; e II 50% (cinqüenta por cento) daquela prevista no art. 2º das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, para a soja e seus derivados classificados nos Capítulos 12, 15 e 23, todos da TIPI; e (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) III 35% (trinta e cinco por cento) daquela prevista no art. 2º das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, para os demais produtos. (Incluído pela Lei nº 11.488, de 2007).” Como o gado não se enquadra nos dois primeiros incisos do art. 8º, resta a aplicação residual do inciso III. Portanto, a Recorrente não podia ter apurado o crédito Fl. 847DF CARF MF Impresso em 01/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 2 1/08/2014 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 29/08/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES Processo nº 10746.720398/201367 Acórdão n.º 3202001.243 S3C2T2 Fl. 841 15 presumido utilizando a alíquota “cheia”, mas multiplicando o percentual de 35% pelas alíquotas das contribuições para o PIS/Cofins (1,65% e 7,6%, respectivamente), para, em seguida, aplicar o valor daí resultante sobre o montante das aquisições de gado vivo. A Recorrente ainda sustenta que, visando incentivar a produção de carne bovina, o Governo Federal editou a Lei n.º 12.058, de 2009, estabelecendo a suspensão do PIS/Cofins sobre a receita derivada da venda de animais vivos da espécie bovina e de carnes, além de dispor de regras para o aproveitamento do crédito presumido pelas pessoas jurídicas sujeitas ao regime de apuração não cumulativa, o que posteriormente teria sido modificado pela Lei n.º 12.350, de 2010, e encontrase disciplinado por meio da IN RFB n.º 1.157, de 2011. Assim, afirma que nas duas últimas etapas da cadeia produtiva sujeitas ao regime não cumulativo poderseia creditar do PIS/Cofins na forma presumida, no percentual de 30% das aquisições dos produtos, o que não teria sido considerado pela fiscalização (requer o direito ao crédito presumido e a sua compensação). Com efeito, segundo a Lei n.º 12.058, de 13/10/2009 (DOU de 14/10/2009), com vigência a partir de sua publicação, as pessoas jurídicas sujeitas ao regime de apuração não cumulativa que produzissem produtos classificados em determinados códigos da NCM destinados à exportação poderiam se apropriar de crédito presumido de PIS/Cofins, calculados sobre o valor dos bens classificados na posição 01.02 da NCM, adquiridos de pessoas física ou de cooperado pessoa física. Vejamos a sua redação original: Art. 33. As pessoas jurídicas sujeitas ao regime de apuração não cumulativa da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias classificadas nos códigos 02.01, 02.02, 0206.10.00, 0206.20, 0206.21, 0206.29, 05.06.90.00, 05.10.00.10, 1502.00.1, 41.01.20.10, 41.04.11.24 e 41.04.41.30 da NCM, destinadas a exportação, poderão descontar da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins devidas em cada período de apuração crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens classificados nas posições 01.02 da NCM, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física. Esse crédito presumido, que não constava da Medida Provisória MP n.º 462, de 2009, é um direito do contribuinte a que se refere o caput art. 33 da Lei n.º 12.058, de 2009, e, portanto, deve ser exercido em tempo oportuno, não cabendo ao Fisco levantálo durante o procedimento fiscal, se o próprio contribuinte não o fez. Assevera a Recorrente, em redação de difícil compreensão, que a base de cálculo estimada “não serve com a declaração do IRPJ, pois são as compras do período, apuração do ICMS, compras de gado. Logo, por ser resumida, não serve para a apuração do PIS/Cofins”. Além de nada ter trazido que contestasse especificamente quaisquer valores lançados, pelo que consta dos autos as aquisições de gado vivo foram realizadas a pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física (não fosse assim, sequer crédito presumido haveria!), de modo que apenas sobre os valores dessas aquisições é que foram calculados os créditos, não sobre aquisições realizadas a pessoas jurídicas. Fl. 848DF CARF MF Impresso em 01/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 2 1/08/2014 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 29/08/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES 16 Por fim, a Recorrente reclama a retroatividade benigna, sob o argumento de que, até a edição da Lei n.º 10.637, de 2002, o PIS era exigível por outra lei de 1998. Como se tratava da contribuição que onerava muito o setor produtivo, o Governo Federal concedeu crédito presumido e determinou a suspensão dessa contribuição. Ora, o art. 106, II, do CTN determina que a lei aplicase a ato ou fato pretérito, tratandose de ato não definitivamente julgado, a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; ou c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Não estando configurados quaisquer dessas hipóteses – como no caso – não há como aplicar, por impossível, a reclamada retroatividade benigna. No que concerne ao caráter confiscatório da multa de ofício, ou da violação a princípios constitucionais, sabese que falece ao julgador administrativo afastar a aplicação de normas legais plenamente vigentes, como a que instituiu a referida penalidade (art. 44 da Lei n.º 9.430, de 1996), competência reservada em caráter exclusivo ao Poder Judiciário. Ante o exposto, conheço em parte do recurso e, na parte conhecida, rejeito a preliminar de nulidade e, no mérito, NEGO PROVIMENTO ao recurso voluntário. É como voto. Charles Mayer de Castro Souza Fl. 849DF CARF MF Impresso em 01/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/08/2014 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 2 1/08/2014 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 29/08/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES
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Numero do processo: 13896.911303/2009-19
Turma: Primeira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 28 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Sep 02 00:00:00 UTC 2014
Numero da decisão: 3801-000.626
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, converter o julgamento do recurso em diligência. Vencido o Conselheiro Paulo Sérgio Celani (Relator) que anulava o despacho decisório. Designado para elaborar o voto vencedor o Conselheiro Marcos Antônio Borges.
(assinado digitalmente)
Flávio de Castro Pontes - Presidente.
(assinado digitalmente)
Paulo Sergio Celani Relator
(assinado digitalmente)
Marcos Antônio Borges Redator Designado
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flávio de Castro Pontes, Sidney Eduardo Stahl, Paulo Sérgio Celani, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Marcos Antônio Borges e Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira.
Nome do relator: PAULO SERGIO CELANI
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1595; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3TE01 Fl. 688 1 687 S3TE01 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13896.911303/200919 Recurso nº Voluntário Resolução nº 3801000.626 – 1ª Turma Especial Data 28 de janeiro de 2014 Assunto DCOMPELETRÔNICA PAGAMENTO A MAIOR OU INDEVIDO Recorrente DALLAS RENT A CAR LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, converter o julgamento do recurso em diligência. Vencido o Conselheiro Paulo Sérgio Celani (Relator) que anulava o despacho decisório. Designado para elaborar o voto vencedor o Conselheiro Marcos Antônio Borges. (assinado digitalmente) Flávio de Castro Pontes Presidente. (assinado digitalmente) Paulo Sergio Celani – Relator (assinado digitalmente) Marcos Antônio Borges – Redator Designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flávio de Castro Pontes, Sidney Eduardo Stahl, Paulo Sérgio Celani, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel, Marcos Antônio Borges e Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 38 96 .9 11 30 3/ 20 09 -1 9 Fl. 688DF CARF MF Impresso em 02/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2014 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 27/08/201 4 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 01/09/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assina do digitalmente em 28/08/2014 por PAULO SERGIO CELANI Processo nº 13896.911303/200919 Resolução nº 3801000.626 S3TE01 Fl. 689 2 Relatório Tratase de processo de PER/DCOMP em que a Delegacia da Receita Federal de origem não homologou a compensação declarada. O despacho decisório baseouse em análise do direito de crédito limitada ao valor do crédito original na data de transmissão informado no PER/DCOMP, que constatou que o pagamento informado havia sido integralmente utilizado para quitação de débitos da contribuinte, não tendo restado crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP O fundamento legal está expresso em seu quadro “3 – FUNDAMENTAÇÃO, DECISÃO E ENQUADRAMENTO LEGAL”, no qual constam os artigos 165 e 170 da Lei nº 5.172, de 25/10/66 (CTN) e o art. 74 da Lei nº 9.430, de 26/12/1996. A contribuinte apresentou manifestação de inconformidade, na qual afirma que: i) Incluiu na base de cálculo da contribuição social receita de serviços prestados a pessoas residentes ou domiciliadas no exterior, o que acarretou pagamento indevido ou maior que o devido do tributo, tecendo argumentos de direito sobre a matéria. ii) Retificou o Demonstrativo de Apuração de Contribuições SociaisDACON para excluir as receitas provenientes do exterior da base de cálculo do tributo. iii) Em 15/07/2009, retificou a Declaração de Débitos e Créditos Tributários FederaisDCTF para alteração do débito anteriormente declarado e, com isso, poder utilizar o pagamento indevido na compensação objeto da DCOMP previamente formalizada. iv) O DACON e a DCTF retificadores não devem ter sido processados pela Secretaria da Receita Federal do BrasilRFB, o que teria motivado a não homologação da compensação. v) O processamento das obrigações acessórias retificadoras evidenciaria que o DARF informado no PER/DCOMP não se encontra vinculado a nenhuma outra quitação e, por conseguinte, disponível para compensação com outros tributos federais. Pede o processamento das retificações, confirmandose a existência do crédito em seu favor, e que a decisão seja reformada, reconhecendose o crédito e homologandose a compensação declarada. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Campinas julgou improcedente a manifestação de inconformidade, cujo acórdão possui a seguinte ementa: “COMPENSAÇÃO. INDÉBITO ASSOCIADO A ERRO EM VALOR DECLARADO EM DCTF. REQUISITO PARA HOMOLOGAÇÃO. DCTF E DCOMP. CONFISSÃO DE DÍVIDA. CORREÇÃO DE INFORMAÇÕES. COMPROVAÇÃO. DACON. NATUREZA JURÍDICA. Fl. 689DF CARF MF Impresso em 02/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2014 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 27/08/201 4 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 01/09/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assina do digitalmente em 28/08/2014 por PAULO SERGIO CELANI Processo nº 13896.911303/200919 Resolução nº 3801000.626 S3TE01 Fl. 690 3 Nos casos em que a existência do indébito incluído em declaração de compensação está associada à alegação de que o valor declarado em DCTF e recolhido é maior do que o devido, só se pode homologar tal compensação, independentemente de eventuais outras verificações, nos casos em que o contribuinte, previamente à apresentação da DCOMP, retifica regularmente a DCTF. Consideramse confissão de dívida os débitos declarados em DCTF, motivo pelo qual qualquer alegação de erro nos valores nela declarados deve vir acompanhada de declaração retificadora munida de documentos hábeis e suficientes, consistentes na escrituração contábil/fiscal do contribuinte, passível de confirmar a efetiva natureza da operação, a ocorrência do fato gerador do tributo, a base de cálculo e a alíquota aplicável, para o fim de se conferir a existência e o valor do indébito tributário. Considerando que o DARF indicado no PER/DCOMP (Pedido de Ressarcimento ou Restituição / Declaração de Compensação) como origem do crédito foi utilizado para quitar débito confessado em DCTF (Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais), e que o contribuinte não logra comprovar por meio de provas robustas que a verdade material é outra, não há que se falar em pagamento indevido. O DACON tem caráter meramente informativo, não se constituindo em instrumento de confissão de dívida.” Ciente da decisão, a contribuinte interpôs recurso voluntário no qual, entendendo que a decisão de primeira instância administrativa fundamentase no fato de que a data da DCOMP é anterior à da DCTF retificadora e que não foram apresentadas provas fiscais e contábeis do crédito, assevera que: i) Em virtude do expressivo volume de documentos e livros que comprovam seu direito ao crédito pleiteado, junta planilha e cópias de contratos, fichas e documentos que comprovam algumas operações exemplificativas do que alegado; ii) Em razão das retificações promovidas, há indébito tributário, uma vez que o valor recolhido deixou de ser totalmente utilizado para pagamento de tributo. iii) A DCTF retificadora substitui integralmente a DCTF apresentada anteriormente, nos termos da IN RFB nº 903/2008, vigente à época da retificação. iv) A retificação entregue, de forma espontânea, no prazo legal e segundo as formalidades previstas, torna o valor apontado na declaração retificadora legítimo e faz prova a favor da contribuinte, motivo pelo qual qualquer discussão sobre o montante apontado na DCTF retificadora deveria ter sido iniciada pela autoridade fiscalizadora, não pela Delegacia de Julgamento. v) O despacho decisório não alega ou contesta nada em relação às retificadoras. vi) O despacho decisório e o acórdão recorrido cercearam o direito de defesa, por isso são nulos, ma vez que: Fl. 690DF CARF MF Impresso em 02/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2014 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 27/08/201 4 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 01/09/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assina do digitalmente em 28/08/2014 por PAULO SERGIO CELANI Processo nº 13896.911303/200919 Resolução nº 3801000.626 S3TE01 Fl. 691 4 a) o primeiro não lhe deu oportunidade para, em momento anterior a sua emissão, apresentar justificativas e documentação detalhadas e não contém fundamentação coerente que lhe desse a conhecer as razões que levaram à decisão. b) o segundo apresenta argumento até então não considerado, o de serem necessárias provas robustas sobre a verdade material, quando não seria mais possível apresentar tais provas. Tece, novamente, argumentos sobre o direito aplicável. É o relatório. Fl. 691DF CARF MF Impresso em 02/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2014 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 27/08/201 4 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 01/09/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assina do digitalmente em 28/08/2014 por PAULO SERGIO CELANI Processo nº 13896.911303/200919 Resolução nº 3801000.626 S3TE01 Fl. 692 5 Voto Vencido Conselheiro Paulo Sergio Celani, Relator. O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade para julgamento nesta turma especial. Sobre a nulidade por cerceamento do direito de defesa. Ambas as decisões estão fundamentadas e permitiram à contribuinte o pleno exercício do contraditório e da ampla defesa, ainda que o despacho decisório contenha erro, como se verá adiante. Para o presente caso, os artigos 165 e 170 do CTN deixam claro a necessidade de que tenha ocorrido pagamento de tributo indevido ou maior que o devido e que o direito de crédito seja líquido e certo. Aquele que alega possuir direito deve proválo, conforme dispõe o art. 333 do Código de Processo Civil, aplicável subsidiariamente. O pagamento informado no pedido de restituição referiuse a tributo lançado em DCTF, logo, tributo devido, e, por isso, o DARF referente a este pagamento não provava a existência de indébito líquido e certo, uma vez que a DCTF retificadora não havia sido considerada no despacho eletrônico. A falta de apresentação de provas em contrário implica considerar verdadeiros os valores informados na DCTF. Logo, a necessidade de apresentação de provas quanto ao direito de crédito está presente desde o início do processo. Não é algo que surge apenas no acórdão recorrido. Mesmo se não estivesse, em se tratando de processos de PER/DCOMP eletrônico, em que não tenha havido intimação da RFB exigindo documentos antes da expedição do despacho decisório, admitemse provas com o recurso voluntário, quando se prestem a contrapor as decisões de primeira instância administrativa, em obediência ao art. 16, §4º, “c”, do Decreto nº 70.235, de 1972, assegurandose, assim, o direito de defesa. De fato, a contribuinte juntou documentos ao recurso voluntário com a intenção de provar seu direito, cuja análise não se promoverá apenas por restar prejudicada, em virtude do que se propõe no decorrer deste voto. Concluise que não houve cerceamento do direito de defesa. Sobre a DCTF retificadora. A contribuinte formalizou e transmitiu DCTF retificadora que foi recebida via internet por agente receptor SERPRO em 15/07/2009, antes da emissão do despacho decisório em 01/02/2012. Fl. 692DF CARF MF Impresso em 02/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2014 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 27/08/201 4 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 01/09/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assina do digitalmente em 28/08/2014 por PAULO SERGIO CELANI Processo nº 13896.911303/200919 Resolução nº 3801000.626 S3TE01 Fl. 693 6 A IN RFB nº 903, de 30/12/2008, que dispõe sobre a DCTF, vigente à época da recepção da DCTF retificadora, dispunha: “Art. 11 . A alteração das informações prestadas em DCTF será efetuada mediante apresentação de DCTF retificadora, elaborada com observância das mesmas normas estabelecidas para a declaração retificada. § 1º A DCTF retificadora terá a mesma natureza da declaração originariamente apresentada, substituindoa integralmente, e servirá para declarar novos débitos, aumentar ou reduzir os valores de débitos já informados ou efetivar qualquer alteração nos créditos vinculados. § 2º A retificação não produzirá efeitos quando tiver por objeto alterar os débitos relativos a impostos e contribuições: I cujos saldos a pagar já tenham sido enviados à ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN) para inscrição em DAU, nos casos em que importe alteração desses saldos; II cujos valores apurados em procedimentos de auditoria interna, relativos às informações indevidas ou não comprovadas prestadas na DCTF, sobre pagamento, parcelamento, compensação ou suspensão de exigibilidade, já tenham sido enviados à PGFN para inscrição em DAU; ou III em relação aos quais a pessoa jurídica tenha sido intimada de início de procedimento fiscal. (...) § 8º A pessoa jurídica que apresentar DCTF retificadora, alterando valores que tenham sido informados: I na Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ), deverá apresentar, também, DIPJ retificadora; e II no Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais (Dacon), deverá apresentar, também, Dacon retificador. (...) § 10. A retificação de DCTF não será admitida quando resultar em alteração da periodicidade, mensal ou semestral, de declaração anteriormente apresentada.” O comando de que a DCTF retificadora tem a mesma natureza da declaração originariamente apresentada, substituindoa integralmente, e serve para declarar novos débitos, aumentar ou reduzir os valores de débitos já informados ou efetivar qualquer alteração nos créditos vinculados está presente também nas instruções normativas que sucederam a IN RFB nº 903, de 2008. No presente caso, nada há nos autos que permita enquadrar a DCTF retificadora recepcionada nos sistemas informatizados da RFB numa das situações em que não produziria efeitos. Logo, a DCTF retificadora deveria ter sido considerada na análise do direito de crédito, não a original. Fl. 693DF CARF MF Impresso em 02/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2014 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 27/08/201 4 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 01/09/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assina do digitalmente em 28/08/2014 por PAULO SERGIO CELANI Processo nº 13896.911303/200919 Resolução nº 3801000.626 S3TE01 Fl. 694 7 Para tanto, a RFB poderia efetuar os procedimentos fiscais que entendesse necessários para apurar a idoneidade das informações da DCTF retificadora e a liquidez e certeza do crédito. Por basearse em elementos incorretos, o despacho decisório deve ser anulado. O CARF já se manifestou neste sentido, conforme ementa do acórdão nº 3403 001.288, de 09/11/2011, da 3ª Turma da 4ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento, em que o Conselheiro Ivan Allegretti foi designado para redigir o voto vencedor. “ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Ano calendário: 2003 COMPENSAÇÃO. DCOMP. DECISÃO ELETRÔNICA BASEADA EM DADOS DEFASADOS DE DCTF. INFORMAÇÕES RETIFICADAS POR DCTFRETIFICADORA APRESENTADA EM MOMENTO ANTERIOR À NOTIFICAÇÃO DA DECISÃO. Decisão eletrônica que nega homologação à Declaração de Compensação pelo fundamento de que o DARF, do qual teria originado o crédito indicado pelo contribuinte na compensação, teria sido integralmente absorvido pelo valor confessado em DCTF em relação ao mesmo período de apuração. A decisão deve ser anulada se foi baseada em dados defasados, que já haviam sido alterados por meio de DCTFretificadora transmitida antes da notificação da decisão. Decisão anulada.” Sobre os efeitos da anulação do despacho decisório O Decreto nº 70.235, de 1972, dispõe que: “Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. § 1º A nulidade de qualquer ato só prejudica os posteriores que dele diretamente dependam ou sejam conseqüência. § 2º Na declaração de nulidade, a autoridade dirá os atos alcançados, e determinará as providências necessárias ao prosseguimento ou solução do processo. § 3º Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993) Art. 60. As irregularidades, incorreções e omissões diferentes das referidas no artigo anterior não importarão em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, salvo se este lhes houver dado causa, ou quando não influírem na solução do litígio. Fl. 694DF CARF MF Impresso em 02/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2014 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 27/08/201 4 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 01/09/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assina do digitalmente em 28/08/2014 por PAULO SERGIO CELANI Processo nº 13896.911303/200919 Resolução nº 3801000.626 S3TE01 Fl. 695 8 Art. 61. A nulidade será declarada pela autoridade competente para praticar o ato ou julgar a sua legitimidade. A distinção entre nulos e sanáveis mostra que o Decreto nº 70.235, de 1972, aceita a separação entre atos nulos e anuláveis, logo, aceita a possibilidade de que a anulação de um ato ou uma decisão administrativa produza efeitos ex nunc. No caso deste processo, o despacho decisório foi proferido por autoridade competente e não houve preterição do direito de defesa, logo, a irregularidade verificada pode sanada. Em decorrência, propõese que a anulação do despacho decisório se opere com efeitos a partir desta decisão. Os demais argumentos do recurso voluntário restam prejudicados. Conclusão Pelo exposto, voto por dar provimento parcial ao recurso voluntário para anular o despacho decisório com efeitos ex nunc, devendo a Delegacia da Receita Federal de origem proceder à nova análise do direito de crédito pleiteado com base na DCTF retificadora, inclusive quanto à questão de mérito, submetendo o novo despacho decisório ao rito do Decreto nº 70.235, de 1972, nos termos do art 74, da Lei nº 9.430, de 1996. (assinado digitalmente) Paulo Sergio Celani Fl. 695DF CARF MF Impresso em 02/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2014 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 27/08/201 4 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 01/09/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assina do digitalmente em 28/08/2014 por PAULO SERGIO CELANI Processo nº 13896.911303/200919 Resolução nº 3801000.626 S3TE01 Fl. 696 9 Voto Vencedor Conselheiro Marcos Antônio Borges, Redator Designado Em que pese o entendimento do relator, ouso dele discordar. A recorrente sustenta que o seu direito creditório decorre da apuração das contribuições do PIS e da COFINS não cumulativas que teriam sido pagas a maior. Alega ainda que ao descobrir o erro procedeu a retificação da respectiva DACON e DCTF. O direito creditório não existiria, segundo o despacho decisório inicial, porque os pagamentos constantes do pedido estariam integralmente vinculados a débitos já declarados. Diante da inexistência do crédito, a compensação declarada não foi homologada. A DRJ julgou improcedente a manifestação de inconformidade considerando que a retificação da DCTF feita pela recorrente foi posterior à apresentação da DCOMP e não teriam sido demonstradas a liquidez e a certeza dos indébitos. Por certo, a análise automática do crédito decorrente de pagamento indevido ou a maior pleiteado em restituição ou utilizado em declaração de compensação é realizada considerando o saldo disponível do pagamento nos sistemas de cobrança, não se verificando efetivamente o mérito da questão, o que será viável somente a partir da manifestação de inconformidade apresentada pelo requerente, na qual, esperase, seja descrita a origem do direito creditório pleiteado e sua fundamentação legal. Tal procedimento é disciplinado em atos normativos da Receita Federal do Brasil, conforme autorização prevista no art. 74 da Lei 9.430/1996. Em relação a alegação de nulidade, conforme dispõe o art. 59 do PAF, ensejam a nulidade os atos e termos lavrados por pessoa incompetente e os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. No caso vertente, a recorrente justificou a origem do crédito (retificação da declaração), bem como seu direito em compensálo com outros débitos, tendo em vista o equívoco ao incluir na base de cálculo das contribuições do PIS e da COFINS a receita decorrente dos serviços prestados a clientes residentes ou domiciliada no exterior, apresentando ainda as razões de direito atinentes ao caso e juntando documentação comprobatória. Em sede de restituição/compensação compete ao contribuinte o ônus da prova do fato constitutivo do seu direito, consoante a regra basilar extraída do Código de Processo Civil, artigo 333, inciso I. Ou seja, é o contribuinte que toma a iniciativa de viabilizar seu direito à compensação, mediante a apresentação da PERDCOMP, de tal sorte que, se a RFB resiste à pretensão do interessado, não homologando a compensação, incumbe a ele, o contribuinte, na qualidade de autor, demonstrar seu direito. Assim, entendo não ser passível de nulidade o despacho decisório guerreado se presentes os requisitos legais atinentes e o devido processo legal foi obedecido, em especial, o contraditório e ampla defesa. Não obstante as alegações da recorrente, o entendimento predominante deste Colegiado é no sentido da prevalência da verdade material, que ademais é um dos princípios Fl. 696DF CARF MF Impresso em 02/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2014 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 27/08/201 4 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 01/09/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assina do digitalmente em 28/08/2014 por PAULO SERGIO CELANI Processo nº 13896.911303/200919 Resolução nº 3801000.626 S3TE01 Fl. 697 10 que regem o processo administrativo, devendo ser considerada a DCTF como indício de prova dos créditos sem no entanto conferir a liquidez e certeza necessários ao reconhecimento do direito creditório advindo do pagamento a maior e a homologação das compensações. Registrese, por oportuno, que, apesar de não existir norma procedimental condicionando a apresentação de PER/DCOMP à prévia retificação de DCTF, embora seja este um procedimento lógico, no caso em tela a DCTF retificadora foi apresentada antes da ciência do despacho decisório. Assim, a interessada não foi intimada a justificar a origem de seu crédito, o que de fato lhe trouxe prejuízo, sendolhe ofertada posteriormente essa oportunidade quando da instalação do contraditório. Apesar da complementação das alegações da recorrente e a correspondente documentação comprobatória terem sido apresentadas apenas em sede de Recurso Voluntário, o que, em tese, estaria atingida pela preclusão consumativa, estes devem ser aceitos em obediência ao principio da verdade material, com respaldo ainda na alínea “c” do § 4º art. 16 do PAF (Decreto nº 70.235/1972), quando a juntada de provas destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidos aos autos, mormente quando a Turma de Julgamento de 1ª Instância manteve a decisão denegatória da compensação, com base no argumento de que não foram apresentadas as provas adequadas e suficientes à comprovação do crédito compensado, quando tal questão não fora abordada no âmbito do Despacho Decisório guerreado. Neste sentido, os documentos colacionados são indícios de prova dos créditos e, em tese, ratificam os argumentos apresentados. Em que pese o direito da interessada, do exame dos elementos comprobatórios, constata se que, no caso vertente, os documentos apresentados são insuficientes para se apurar o valor correto das contribuições do PIS e da COFINS referente ao período de apuração em discussão e o conseqüente direito creditório advindo do pagamento a maior. Ante ao exposto, voto no sentido de converter o presente julgamento em diligência para que a Delegacia de origem: a) apure a legitimidade do crédito pleiteado decorrente de alegado pagamento indevido ou a maior das contribuições do PIS e da COFINS, conforme as operações apontadas pela recorrente, com base nos documentos acostados aos autos, na escrituração fiscal e contábil e demais elementos que julgar necessários; b) cientifique a interessada quanto ao resultado da diligência para, desejando, manifestarse no prazo de 30(trinta) dias. Após a conclusão da diligência, retornar o processo a este CARF para julgamento. É assim que voto. (assinado digitalmente) Marcos Antonio Borges Fl. 697DF CARF MF Impresso em 02/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/08/2014 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 27/08/201 4 por MARCOS ANTONIO BORGES, Assinado digitalmente em 01/09/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES, Assina do digitalmente em 28/08/2014 por PAULO SERGIO CELANI
score : 1.0
Numero do processo: 10935.906270/2012-81
Turma: Segunda Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed May 28 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Aug 29 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 20/04/2009
Recurso Voluntário não conhecido
A manifestação de inconformidade apresentada fora do prazo legal não instaura a fase litigiosa do procedimento nem comporta julgamento de primeira instância quanto às alegações de mérito.
Numero da decisão: 3802-003.237
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer o presente recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Mércia Helena Trajano Damorim- Presidente.
(assinado digitalmente)
Cláudio Augusto Gonçalves Pereira- Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Mércia Helena Trajano Damorim (presidente da turma), Francisco José Barroso Rios, Waldir Navarro Bezerra, Sólon Sehn, Bruno Maurício Macedo Curi e Cláudio Augusto Gonçalves Pereira.
Nome do relator: CLAUDIO AUGUSTO GONCALVES PEREIRA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer o presente recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Mércia Helena Trajano Damorim- Presidente. (assinado digitalmente) Cláudio Augusto Gonçalves Pereira- Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Mércia Helena Trajano Damorim (presidente da turma), Francisco José Barroso Rios, Waldir Navarro Bezerra, Sólon Sehn, Bruno Maurício Macedo Curi e Cláudio Augusto Gonçalves Pereira.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 3; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1705; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1TE02 Fl. 11 1 10 S1TE02 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10935.906270/201281 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1802003.237 – 2ª Turma Especial Sessão de 27 de maio de 2014 Matéria NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Recorrente L A G MATERIAIS DE CONSTRUÇÕES LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 20/04/2009 Recurso Voluntário não conhecido A manifestação de inconformidade apresentada fora do prazo legal não instaura a fase litigiosa do procedimento nem comporta julgamento de primeira instância quanto às alegações de mérito. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer o presente recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Mércia Helena Trajano Damorim Presidente. (assinado digitalmente) Cláudio Augusto Gonçalves Pereira Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Mércia Helena Trajano Damorim (presidente da turma), Francisco José Barroso Rios, Waldir Navarro Bezerra, Sólon Sehn, Bruno Maurício Macedo Curi e Cláudio Augusto Gonçalves Pereira. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 93 5. 90 62 70 /2 01 2- 81 Fl. 54DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/08/2014 por CLAUDIO AUGUSTO GONCALVES PEREIRA, Assinado digitalmente em 26/08/2014 por CLAUDIO AUGUSTO GONCALVES PEREIRA, Assinado digitalmente em 27/08/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM 2 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra decisão da 3a Turma da DRJ/CTA, a qual, por unanimidade de votos julgou pelo não acolhimento da manifestação de inconformidade apresentada. Em ato contínuo, o despacho decisório pela DRF de Cascavel/PR, que indeferiu o pedido de restituição formulado por meio do PER/DCOMP, devido à inexistência de crédito pleiteado, já que o pagamento de PIS/PASEP, do período acima indicado, estaria totalmente utilizado na extinção, por pagamento, de débito da contribuinte o mesmo fato gerador, nos termos do Acórdão assim ementado: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 20/04/2009 PIS/PASEP. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. INEXISTÊNCIA DO DIREITO CREDITÓRIO INFORMADO EM PER/DCOMP. Inexistindo o direito creditório informado em PERD/DCOMP, é de se indeferir o pedido de restituição apresentado. EXCLUSÃO DO ICMS DA BASE DE CÁLCULO Incabível a exclusão do valor devido a título de ICMS da base de cálculo das contribuições ao PIS/PASEP e à COFINS, pois aludido valor é parte integrante do preço das mercadorias e dos serviços prestados, exceto quando for cobrado pelo vendedor dos bens ou pelo prestador dos serviços na condição de substituto tributário. CONTESTAÇÃO DE VALIDADE NORMAS VIGENTES JULGAMENTO ADMINISTRATIVO. COMPETÊNCIA. Compete à autoridade administrativa de julgamento a análise da conformidade da atividade de lançamento com as normas vigentes, às quais não se pode, em âmbito administrativo, negar validade sob o argumento de inconstitucionalidade ou ilegalidade. Manifestação de Inconformidade Não Conhecida Direito Creditório Não Reconhecimento. Em sede de impugnação e de recurso, o contribuinte apresenta os mesmos argumentos, que, em síntese, se referem à inconstitucionalidade da cobrança do PIS e da COFINS, sem a exclusão do ICMS da base de cálculo, já que o conceito de faturamento trazido pela Lei nº 9.718, de 1998 não pode ser alargado ao ponto de abranger o conceito de ingresso. É o relatório. Voto Admissibilidade do Recurso. Tendo em vista que a matéria posta para análise – inconstitucionalidade da inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e da COFINS, não está afeta à competência desse Fl. 55DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/08/2014 por CLAUDIO AUGUSTO GONCALVES PEREIRA, Assinado digitalmente em 26/08/2014 por CLAUDIO AUGUSTO GONCALVES PEREIRA, Assinado digitalmente em 27/08/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM Processo nº 10935.906270/201281 Acórdão n.º 1802003.237 S1TE02 Fl. 12 3 colegiado, já que não é permitido aos Conselheiros do CARF se pronunciarem sobre os aspectos constitucionais de lei tributária. É de rigor a aplicação da Súmula CARF nº 02 que determina: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Precedentes: Acórdão nº 10194876, de 25/02/2005 Acórdão nº 10321568, de 18/03/2004 Acórdão nº 10514586, de 11/08/2004 Acórdão nº 10806035, de 14/03/2000 Acórdão nº 10246146, de 15/10/2003 Acórdão nº 20309298, de 05/11/2003 Acórdão nº 201 77691, de 16/06/2004 Acórdão nº 20215674, de 06/07/2004 Acórdão nº 20178180, de 27/01/2005 Acórdão nº 20400115, de 17/05/2005. Portanto, pelas razões por mim aqui expostas, NÃO CONHEÇO do recurso ora interposto (assinado digitalmente) Cláudio Augusto Gonçalves Pereira Relator Fl. 56DF CARF MF Impresso em 29/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/08/2014 por CLAUDIO AUGUSTO GONCALVES PEREIRA, Assinado digitalmente em 26/08/2014 por CLAUDIO AUGUSTO GONCALVES PEREIRA, Assinado digitalmente em 27/08/2014 por MERCIA HELENA TRAJANO DAMORIM
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Numero do processo: 10980.001183/2007-22
Turma: Terceira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 12 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Sep 15 00:00:00 UTC 2014
Numero da decisão: 1103-000.139
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do Colegiado converter o julgamento em diligência, por maioria, vencido o Conselheiro André Mendes de Moura, que negou provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Eduardo Martins Neiva Monteiro.
(assinado digitalmente)
Aloysio José Percínio da Silva Presidente
(assinado digitalmente)
André Mendes de Moura Relator
(assinado digitalmente)
Eduardo Martins Neiva Monteiro Redator Designado
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Eduardo Martins Neiva Monteiro, Fábio Nieves Barreira, André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Marcos Shigueo Takata e Aloysio José Percínio da Silva.
Nome do relator: ANDRE MENDES DE MOURA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do Colegiado converter o julgamento em diligência, por maioria, vencido o Conselheiro André Mendes de Moura, que negou provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Eduardo Martins Neiva Monteiro. (assinado digitalmente) Aloysio José Percínio da Silva Presidente (assinado digitalmente) André Mendes de Moura Relator (assinado digitalmente) Eduardo Martins Neiva Monteiro Redator Designado Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Eduardo Martins Neiva Monteiro, Fábio Nieves Barreira, André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Marcos Shigueo Takata e Aloysio José Percínio da Silva.
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Resolvem os membros do Colegiado converter o julgamento em diligência, por maioria, vencido o Conselheiro André Mendes de Moura, que negou provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Eduardo Martins Neiva Monteiro. (assinado digitalmente) Aloysio José Percínio da Silva– Presidente (assinado digitalmente) André Mendes de Moura – Relator (assinado digitalmente) Eduardo Martins Neiva Monteiro – Redator Designado Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Eduardo Martins Neiva Monteiro, Fábio Nieves Barreira, André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Marcos Shigueo Takata e Aloysio José Percínio da Silva. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 09 80 .0 01 18 3/ 20 07 -2 2 Fl. 90DF CARF MF Impresso em 16/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/07/2014 por EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 23/07/2014 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 20/07/2014 por EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 03/09/2014 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Erro! A origem da referência não foi encontrada. Fls. 91 ___________ Relatório Tratase de Recurso Voluntário de fls. 51/73 contra decisão da 3ª Turma da DRJ/Curitiba (fls. 39/45), que apresentou a seguinte ementa: DCTF. MULTA POR ATRASO NA ENTREGA. CABIMENTO. A contribuinte que, obrigada à entrega da DCTF, a apresenta fora do prazo legal sujeitase a multa estabelecida na legislação de regência. ARGÜIÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. A instância administrativa não possui competência para se manifestar sobre a constitucionalidade das leis.. O Auto de Infração em análise, de fl. 27, apresenta lançamento de multa por atraso na entrega de Declaração de Débitos e Créditos Tributários (DCTF). O prazo final para a entrega da DCTF referente ao mês quarto trimestre de 2003 foi em 13/02/2004, e a declaração foi entregue em 12/12/2005. Assim, foi lançado o valor de R$20.198,49, resultante do percentual de 20% aplicado sobre montante de tributos informado em DCTF (R$201.984,96), reduzido em 50% em razão da entrega espontânea da declaração antes de qualquer procedimento de ofício. Devidamente cientificado do lançamento, a contribuinte apresentou impugnação de fls. 02/26, no qual tece as seguintes considerações: a autuação teria ferido diversos princípios constitucionais (da equidade, da proporcionalidade, da razoabilidade, da capacidade contributiva, do nãoconfisco); ao falar sobre adimplemento da obrigação acessória, discorre que, no caso concreto, por ter entregue a DCTF, teria havido o cumprimento da obrigação acessória, pelo que não se poderia falar em inobservância do disposto no art. 113, § 3° do CTN, além de afirmar que por tal razão essa obrigação acessória não teria `migrado' para obrigação principal, e, assim, não haveria crédito tributário a exigir, tal como previsto no art. 139 do CTN; afirma que não se deve aplicar a mesma sanção ao que entregou a declaração com atraso de alguns dias, daquele que não entregou e foi notificado; acrescenta que não há prejuízo para o fisco nesse atraso na entrega das declarações, mas, ao contrário, ele é até beneficiado, já que é pacífico nos tribunais que o prazo prescricional começa a contar a partir da data definitiva de constituição do crédito, ou seja, quando o lançamento é por homologação, a contagem começa a partir da entrega da declaração, citando, a propósito ementa de julgado do STJ; ao discorrer sobre legislação mais benéfica, para atender o que dispõe o art. 106, 11, "c" do CTN, sustenta que a forma de cálculo da penalidade a lhe ser aplicada deveria ser a mais benéfica; diz, ainda, que por haver dúvida na capitulação legal do fato, já que o auto de infração traz dois dispositivos legais, e em atendimento ao art. 112, I do CTN, diz que a interpretação deveria ser a que lhe fosse mais favorável, gerando uma multa de menor valor econômico; assim, entende que o valor aplicado a título de multa no caso de entrega em atraso da DCTF, nos termos da IN SRF n.° 126/1998, é mais adequado ao caso concreto, e, com Fl. 91DF CARF MF Impresso em 16/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/07/2014 por EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 23/07/2014 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 20/07/2014 por EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 03/09/2014 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 10980.001183/200722 Resolução nº 1103000.139 S1C1T3 Fl. 92 3 certeza, uma multa no valor R$ 57,34 por mêscalendário ou fração de atraso, é bem mais condizente com sua disponibilidade, sendo mais justo que o cálculo feito com base nos 2% ao mêscalendário ou fração incidente sobre o montante dos tributos declarados. no tópico “Duplicidade de Multas”, argumenta que deixar de entregar teriam sido recolhidos em suas datas de vencimento; diz, ainda, que mesmo havendo atraso no pagamento de algum tributo, o mesmo é feito com multa e juros, entendendo, assim, que não pode incidir sobre um mesmo tributo c um mesmo fato gerador duas multas, ou seja, por já ser apenado quando recolhe tributos em atraso, não deveria sêlo quando há atraso na entrega de declarações, voltando, também, a considerar exagerado o valor cobrado no auto de infração. enfim, pede o cancelamento dos autos de infração, ou, alternativamente, que seja reduzido o valor contido no auto de infração para R$57,34 por declaração entregue em atraso. Os argumentos foram apreciados pela 3ª Turma da DRJ/Curitiba, em sessão realizada no dia 14/04/2010, ocasião em que julgou o lançamento procedente, no Acórdão nº 0626.141, de fls. 39/45, nos termos da ementa já transcrita no início do presente relato. Inconformada com a decisão a quo, da qual tomou ciência em 30/04/2010 (fl. 49), a contribuinte interpôs Recurso Voluntário em 20/05/2010 de fls. 51/73, no qual discorre, precisamente, sobre os mesmos argumentos apresentados na impugnação. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro André Mendes de Moura, Relator. O recurso foi interposto tempestivamente e reúne os demais pressupostos de admissibilidade. Deve, portanto, ser conhecido. Sobre o tema em questão, entendo que há se de analisar questão de ofício, referente á legalidade a aplicação da multa em debate, disposta no inciso II, art. 7º, da Lei nº 10.426, de 2002, que discorre sobre a falta de apresentação ou apresentação extemporânea da DCTF. Isso porque foi dada nova redação ao art. 57 da MP 2.15835, de 2001, pelas Leis nº 12.766, de 27/12/2012 e 12.873, de 24/10/2013, o que provocou uma série de questionamentos, dentre os quais se teria ocorrido revogação tácita do art. 7º da Lei nº 10.426, de 2002. Não por acaso, recentemente foi editado pela Receita Federal o Parecer Normativo nº 3, de 10 de junho de 2013, que veio analisar as consequências da nova redação do art. 57 da Medida Provisória (MP) nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001, dada pela Lei nº 12.766, de 27 de dezembro de 2012, em relação a atos inerentes da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), principalmente concernentes à fiscalização e ao controle do crédito tributário. Fl. 92DF CARF MF Impresso em 16/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/07/2014 por EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 23/07/2014 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 20/07/2014 por EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 03/09/2014 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 10980.001183/200722 Resolução nº 1103000.139 S1C1T3 Fl. 93 4 De acordo com o ato normativo: 2.3. A multa genérica para descumprimento de obrigação acessória passou para uma que serve para os casos de não apresentação de declaração, demonstrativo ou escrituração digital por qualquer sujeito passivo, ou que os apresentar com incorreções ou omissões. Como novidade, o inciso II determina que os prazos para a apresentação dos documentos descritos no caput não podem ser inferiores a 45 (quarenta e cinco) dias da intimação. 3. Com esse quadro, sete questionamentos são feitos: (i) ocorreu revogação tácita dos arts. 11 e 12 da Lei nº 8.218, de 1991, tendo em vista a falta de disposição específica; (ii) como interpretar o prazo de quarenta e cinco dias a que se refere o inciso II da atual redação do art. 57; (iii) como ficam as multas cuja base legal é a antiga redação do art. 57 da MP nº 2.15835, de 2001; (iv) continuam vigentes as multas do art. 7º da Lei nº 10.426, de 2002, e do art. 30 da Lei nº 10.637, de 2002, do art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, e do art. 7º da Lei nº 9.393, de 1996, do art. 9º da Lei nº 11.371, de 2006, do art. 9º da Lei nº 11.371, de 2006, e do § 2º do art. 5º da Lei nº 11.033, de 2004; (v) como ficam as multas envolvendo o Simples Nacional (vi) como interpretar o aspecto quantitativo da nova multa; e (vii) há consequência no trabalho de compensação, restituição e ressarcimento? (grifei) Sobre o assunto, transcrevo as conclusões do parecer. 6.2. É de se questionar se houve revogação tácita dos arts. 7º e 8º da Lei nº 10.426, de 24 de abril de 2002, na redação dada pelas Leis nºs 11.051, de 2004, 11.727, de 2008, e 11.941, de 2009, do art. 30 da Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, do art. 32A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, na redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009; do art. 7º da Lei nº 9.393, de 19 de dezembro de 1996, do inciso II do art. 9º da Lei nº 11.371, de 28 de novembro de 2006, e do § 2º do art. 5º da Lei nº 11.033, de 21 de dezembro de 2004, pelo novo art. 57 da MP nº 2.15835, de 2001. Segue a redação dos dispositivos: (...) 6.2.1. O novo art. 57 da MP nº 2.15835, de 2001, aplicase para qualquer declaração, demonstrativo ou escrituração digital, enquanto a Lei nº 10.426, de 2002, aplicase para a Declaração de Informações Econômicofiscais da Pessoa Jurídica (DIPJ), Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF) (...) 6.2.2. Há uma antinomia entre as normas. O art. 57 da MP nº 2.158 35, de 2001, sanciona as condutas pela não entrega, em sentido lato, de declarações digitais. As normas acima mencionadas tratam do descumprimento das obrigações específicas contidas na própria lei. Ocorre uma antinomia entre uma norma geral e outra específica, devendo, nesses casos, prevalecer a última, conforme ensinamento de Norberto Bobbio: O terceiro critério, chamado precisamente de lex specialis, é aquele com base em que, de duas normas incompatíveis, uma geral e uma especial (ou excepcional), prevalece a segunda; lex specialis derogat Fl. 93DF CARF MF Impresso em 16/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/07/2014 por EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 23/07/2014 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 20/07/2014 por EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 03/09/2014 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 10980.001183/200722 Resolução nº 1103000.139 S1C1T3 Fl. 94 5 generali. Também nesse caso a razão do critério não é obscura: lei especial é aquela que derroga uma lei mais geral, ou seja, que subtrai a uma norma uma parte da sua matéria para submetêla a uma regulamentação diversa (contrária ou contraditória). A passagem de uma regra mais extensa (que contenha um certo genus) para uma regra derrogatória menos extensa (que contenha uma species do genus) corresponde a uma exigência fundamental de justiça, entendida como igual tratamento de pessoas que pertencem à mesma categoria. A passagem da regra geral para a regra específica corresponde a um processo natural de diferenciação das categorias e a uma descoberta gradual, por parte do legislador, dessa diferenciação. Ocorrida ou descoberta a diferenciação, a persistência da regra geral implicaria o tratamento igual de pessoas que pertencem a categorias diversas e, portanto, uma injustiça. (grifouse) (BOBBIO, Norberto. Teoria geral do direito. 3ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2010, p. 253) 6.2.3. Se as obrigações contidas nas leis acima transcritas foram consideradas tão importantes pelo legislador ao ponto de dar embasamento legal específico à sanção pelo seu descumprimento, (a despeito de legislação tributária, em sentido amplo, poder gerar tal obrigação), não é isonômico não aplicar as multas específicas para as declarações específicas, em prol da multa genérica do art. 57 da MP nº 2.15835, de 2001. É, conforme ensinamento de Bobbio, uma violação à isonomia que determina dar tratamento desigual a pessoas em situações distintas. 6.2.4. No presente caso, não se deve esquecer que o legislador foi quem alterou a norma então existente (genérica) e criou uma mais específica, mas deixou aquelas outras ainda mais específicas incólumes (ele poderia muito bem têlas revogado expressamente). Se não o fez, as multas mais específicas do art. 7º da Lei nº 10.426, de 2002, do art. 30 da Lei nº 10.637, de 2002, do art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, do art. 7º da Lei nº 9.393, de 1996, do art. 9º da Lei nº 11.371, de 2006, e do § 2º do art. 5º da Lei nº 11.033, de 2004, continuam vigentes. As IN que tratam do assunto, portanto (RFB nº 1.110, de 2012, RFB nº 1.264, de 2012, RFB nº 1.015, de 2010, SRF nº 197, de 2002, RFB nº 811, de 2010, SRF nº 341, de 2003, RFB nº 971, de 2009, RFB nº 1.279, de 2012, RFB nº 726, de 2007 e RFB nº 892, de 2008) devem continuar a ser aplicadas sem nenhuma alteração. (...) 10. Em conclusão: (...) i) As multas de que trata o art. 7º da Lei nº 10.426, de 2002, na redação dada pelas Leis nºs 11.051, de 2004, 11.727, de 2008, e 11.941, de 2009, do art. 30 da Lei nº 10.637, de 2002, do art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, na redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, do art. 7º da Lei nº 9.393, de 19 de 1996, do art. 9º da Lei nº 11.371, de 2006, e do § 2º do art. 5º da Lei nº 11.033, de 2004, continuam vigentes. Assim, as multas do art. 7º da IN nº 1.110, de 2012, do art. 6º da IN nº 1.264, de 2012, do art. 7º da IN nº 1.015, de 2010, do art. 1º da IN nº 197, de 2002, do art. 7º da IN nº 811, de 2010, do art. 3º da IN nº 341, de 2003, art. 476 da IN nº 971, de 2009, do art. 8º da IN nº Fl. 94DF CARF MF Impresso em 16/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/07/2014 por EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 23/07/2014 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 20/07/2014 por EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 03/09/2014 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 10980.001183/200722 Resolução nº 1103000.139 S1C1T3 Fl. 95 6 1.279, de 2012, do art; 3º da IN nº 726, de 2007, e do art. 7º da IN nº 892, de 2008, continuam a ser aplicadas; Quanto às alterações promovidas pela Lei nº 12.873, de 2013, entendo que não tem o condão de modificar as razões expostas pelo Parecer Normativo nº 3, de 10 de junho de 2013. Para elucidar quaisquer dúvidas, transcrevo o dispositivo, mantendo a redação das Leis nº 12.766, de 2012, e 12.873, de 2013: Art. 57. O sujeito passivo que deixar de cumprir as obrigações acessórias exigidas nos termos do art. 16 da Lei no 9.779, de 19 de janeiro de 1999, ou que as cumprir com incorreções ou omissões será intimado para cumprilas ou para prestar esclarecimentos relativos a elas nos prazos estipulados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil e sujeitarseá às seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 12.873, de 2013) Art. 57. O sujeito passivo que deixar de apresentar nos prazos fixados declaração, demonstrativo ou escrituração digital exigidos nos termos do art. 16 da Lei no 9.779, de 19 de janeiro de 1999, ou que os apresentar com incorreções ou omissões será intimado para apresentá los ou para prestar esclarecimentos nos prazos estipulados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil e sujeitarseá às seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 12.766, de 2012) I por apresentação extemporânea:(Redação dada pela Lei nº 12.766, de 2012) a) R$ 500,00 (quinhentos reais) por mêscalendário ou fração, relativamente às pessoas jurídicas que, na última declaração apresentada, tenham apurado lucro presumido;(Incluído pela Lei nº 12.766, de 2012) b) R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) por mêscalendário ou fração, relativamente às pessoas jurídicas que, na última declaração apresentada, tenham apurado lucro real ou tenham optado pelo autoarbitramento;(Incluído pela Lei nº 12.766, de 2012) a) R$ 500,00 (quinhentos reais) por mêscalendário ou fração, relativamente às pessoas jurídicas que estiverem em início de atividade ou que sejam imunes ou isentas ou que, na última declaração apresentada, tenham apurado lucro presumido ou pelo Simples Nacional; (Redação dada pela Lei nº 12.873, de 2013) b) R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) por mêscalendário ou fração, relativamente às demais pessoas jurídicas; (Redação dada pela Lei nº 12.873, de 2013) c) R$ 100,00 (cem reais) por mêscalendário ou fração, relativamente às pessoas físicas; (Incluída pela Lei nº 12.873, de 2013) II por não atendimento à intimação da Secretaria da Receita Federal do Brasil, para apresentar declaração, demonstrativo ou escrituração digital ou para prestar esclarecimentos, nos prazos estipulados pela autoridade fiscal, que nunca serão inferiores a 45 (quarenta e cinco) Fl. 95DF CARF MF Impresso em 16/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/07/2014 por EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 23/07/2014 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 20/07/2014 por EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 03/09/2014 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 10980.001183/200722 Resolução nº 1103000.139 S1C1T3 Fl. 96 7 dias: R$ l.000,00 (mil reais) por mêscalendário;(Redação dada pela Lei nº 12.766, de 2012) II por não cumprimento à intimação da Secretaria da Receita Federal do Brasil para cumprir obrigação acessória ou para prestar esclarecimentos nos prazos estipulados pela autoridade fiscal: R$ 500,00 (quinhentos reais) por mêscalendário; (Redação dada pela Lei nº 12.873, de 2013) III por apresentar declaração, demonstrativo ou escrituração digital com informações inexatas, incompletas ou omitidas: 0,2% (dois décimos por cento), não inferior a R$ 100,00 (cem reais), sobre o faturamento do mês anterior ao da entrega da declaração, demonstrativo ou escrituração equivocada, assim entendido como a receita decorrente das vendas de mercadorias e serviços.(Incluído pela Lei nº 12.766, de 2012) III por cumprimento de obrigação acessória com informações inexatas, incompletas ou omitidas:(Redação dada pela Lei nº 12.873, de 2013) a) 3% (três por cento), não inferior a R$ 100,00 (cem reais), do valor das transações comerciais ou das operações financeiras, próprias da pessoa jurídica ou de terceiros em relação aos quais seja responsável tributário, no caso de informação omitida, inexata ou incompleta;(Incluída pela Lei nº 12.873, de 2013) b) 1,5% (um inteiro e cinco décimos por cento), não inferior a R$ 50,00 (cinquenta reais), do valor das transações comerciais ou das operações financeiras, próprias da pessoa física ou de terceiros em relação aos quais seja responsável tributário, no caso de informação omitida, inexata ou incompleta. (Incluída pela Lei nº 12.873, de 2013) § 1o Na hipótese de pessoa jurídica optante pelo Simples Nacional, os valores e o percentual referidos nos incisos II e III deste artigo serão reduzidos em 70% (setenta por cento).(Incluído pela Lei nº 12.766, de 2012) § 2o Para fins do disposto no inciso I, em relação às pessoas jurídicas que, na última declaração, tenham utilizado mais de uma forma de apuração do lucro, ou tenham realizado algum evento de reorganização societária, deverá ser aplicada a multa de que trata a alínea b do inciso I do caput.(Incluído pela Lei nº 12.766, de 2012) § 3o A multa prevista no inciso I será reduzida à metade, quando a declaração, demonstrativo ou escrituração digital for apresentado após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício. (Incluído pela Lei nº 12.766, de 2012) § 3o A multa prevista no inciso I do caput será reduzida à metade, quando a obrigação acessória for cumprida antes de qualquer procedimento de ofício.(Redação dada pela Lei nº 12.873, de 2013) § 4o Na hipótese de pessoa jurídica de direito público, serão aplicadas as multas previstas na alínea a do inciso I, no inciso II e na alínea b do inciso III. (Incluído pela Lei nº 12.873, de 2013) Fl. 96DF CARF MF Impresso em 16/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/07/2014 por EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 23/07/2014 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 20/07/2014 por EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 03/09/2014 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 10980.001183/200722 Resolução nº 1103000.139 S1C1T3 Fl. 97 8 Observase que as alterações promovidas pela Lei 12.873, de 2013, referente à entrega de apresentação extemporânea (caso tratado nos presentes autos), trataram de ampliar a hipótese de incidência da multa, incluindo, junto às pessoas jurídicas que optaram pelo lucro presumido em sua última declaração, aquelas que estiverem em início de atividade, ou sejam imunes ou isentas ou que, na última declaração apresentada, optaram pelo Simples Nacional, além das pessoas físicas. Ou seja, são modificações que não tem nenhuma repercussão nas conclusões emitidas pelo Parecer Normativo nº 3, de 2013, que pautou suas razões pelo fato de, diante da antinomia entre uma norma geral e outra específica, entendeu pela prevalência da segunda, qual seja, a disposta no art. 7º da Lei nº 10.426, de 2002. Superada a análise preliminar, passo para a apreciação do recurso voluntário. Ao analisar os argumentos expostos pela recorrente, entendo que não há reparos a fazer na decisão proferida pela DRJ/Curitiba, vez que foram devidamente enfrentadas todas as razões apresentadas na impugnação. Transcrevo, nesse contexto, os fundamentos expostos no voto da DRJ, que discorre, com precisão, sobre os motivos pelos quais deve ser mantida a multa por atraso na entrega da DCTF. Quanto ao mérito, destaquese que a interessada não contesta ter entregue fora do prazo legalmente previsto a DCTF do 4º trimestre de 2003, alegando, contudo, que a multa cobrada fere princípios de direito tributário (equidade, proporcionalidade, razoabilidade, capacidade contributiva e nãoconfisco), além de afirmar que, no caso, estarseia ferindo o art. 113 do CTN, posto que com a entrega da DCTF a obrigação acessória teria sido cumprida. Não tendo havido, assim, sua 'migração para obrigação principal; pede, alternativamente, a aplicação de legislação mais benéfica (art. 106, I1. `'c" do CTN). ou seja, a cobrança da multa no valor de R$ 57,34 por mêscalendário ou fração de atraso. Inicialmente, vejase que no caso, a previsão legal da exigência da multa pela entrega em atraso da DCTF deriva do que dispõe o art. 7° da Lei n." 10.426, de 2002, que tem a seguinte redação, in verbis: Art. 7o O sujeito passivo que deixar de apresentar Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica DIPJ, Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF, Declaração Simplificada da Pessoa Jurídica, Declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte DIRF e Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais Dacon, nos prazos fixados, ou que as apresentar com incorreções ou omissões, será intimado a apresentar declaração original, no caso de nãoapresentação, ou a prestar esclarecimentos, nos demais casos, no prazo estipulado pela Secretaria da Receita Federal SRF, e sujeitarseá às seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) I de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidente sobre o montante do imposto de renda da pessoa jurídica informado na DIPJ, ainda que integralmente pago, no caso de falta de entrega desta Declaração ou entrega após o prazo, limitada a vinte por cento, observado o disposto no § 3º; Fl. 97DF CARF MF Impresso em 16/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/07/2014 por EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 23/07/2014 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 20/07/2014 por EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 03/09/2014 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 10980.001183/200722 Resolução nº 1103000.139 S1C1T3 Fl. 98 9 II de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidente sobre o montante dos tributos e contribuições informados na DCTF, na Declaração Simplificada da Pessoa Jurídica ou na Dirf, ainda que integralmente pago, no caso de falta de entrega destas Declarações ou entrega após o prazo, limitada a vinte por cento, observado o disposto no § 3º; (...) Assim, por ter a contribuinte deixado de apresentar no prazo fixado a DCTF relativa ao 4º trimestre de 20015 (conduta típica), conforme prevê o dispositivo transcrito sujeitouse à multa descrita no inciso II do caput; convém ressaltar que o cálculo da multa foi feito conforme se encontra resumido no quadro 5 do auto ele infração de fl. 25 (descrição dos fatos/fundamentação). DESCRIÇÃO DOS FATOS/FUNDAMENTAÇÃO" "A entrega da declaração de débitos e créditos tributários federais (DCTF) fora do prazo fixado na legislação enseja a aplicação da multa de 2% (dois por cento) sobre o montante dos tributos e contribuições informados na declaração, ainda que integralmente pago, por mêscalendário ou fração, respeitado o percentual máximo de 20%, e o valor mínimo de R$ 500,00. Em caso de inatividade no trimestre aplicase o multa mínima de RS 200,00. (...)"Vejase que a matriz legal para a fixação dessa forma de cálculo da multa, está claramente definida no art. 7° da Lei n.° 10.426, de 2002, não dando margem a dúvidas na sua interpretação; dessa forma, completamente despropositado o pedido alternativo de cálculo da multa, posto que não encontra suporte na lei pertinente ao caso. Por seu turno, muito embora no auto de infração haja menção a dispositivos da IN SRF n.° 126, de1998, convém esclarecer que a mesma é indevida posto que ao tempo da obrigatoriedade da entrega das DCTF em causa esse dispositivo legal já se encontrava revogado; de fato, a IN SRF n.° 255, de 11 de dezembro de 2002, em seu art. 11, revogou aquela instrução normativa; vejase, também, que os Gris. 2° e 7° da IN SRF n.° 255, de 2002, contém disposições que falam da exigência de multa na forma feita no auto de infração de 11. 25. Entretanto, apesar do equívoco nessa indicação do auto de infração, é de se reafirmar que a exigência foi feita de forma correta, com base no art. 7° da Lei n.° 10.426, de 2002, a qual é a matriz legal da multa em discussão. Dessa forma, existindo dispositivos que estabelecem uma obrigação acessória por parte do sujeito passivo, e que impõem uma multa pelo seu descumprimento, sendo tais dispositivos integrantes da legislação tributária, conforme estabelecido nos arts. 96 e 100, I, do CTN, a sua observância é obrigatória por parte das autoridades administrativas; assim, em relação à legislação que fundamenta a autuação, arrolada no auto de infração de fl. 25, os agentes do fisco estão plenamente vinculados, e sua desobediência pode causar a responsabilização funcional, conforme previsão do parágrafo único do art. 142 do CTN, que tem a seguinte redação: " a atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória sob pena de responsabilidade funcional”. Fl. 98DF CARF MF Impresso em 16/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/07/2014 por EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 23/07/2014 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 20/07/2014 por EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 03/09/2014 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 10980.001183/200722 Resolução nº 1103000.139 S1C1T3 Fl. 99 10 Destaquese, ainda, que a exigência de multa por atraso na entrega da DCTF independe de a interessada ter feito o recolhimento dos tributos/contribuições relativos aos períodos nela declarados. Quanto a isso, vejase a redação do art. 113 do CTN: Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória. § 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extinguese juntamente com o crédito dela decorrente. § 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. § 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, convertese em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária. Assim, da simples leitura desse artigo, vêse que a obrigação principal tem por objeto não só o pagamento de tributo, corno também diz respeito à exigência de penalidade pecuniária; vêse, também, que a obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, converte se em obrigação principal relativamente ia penalidade pecuniária. Portanto, no caso em análise, a obrigação acessória que não foi atendida no tempo previsto na legislação (o fato gerador), converteuse em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária (a multa por atraso na entrega da DCTF, cobrada na forma da lei), havendo, pois, a completa consonância do caso concreto com a letra da lei. No que concerne á alegação de afronta dos princípios constitucionais, como os da equidade, da proporcionalidade, da razoabilidade, da capacidade contributiva, do não confisco, tratase de assunto já tratado na Súmula nº 02 do CARF: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Diante do exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. Assinatura Digital André Mendes de Moura Fl. 99DF CARF MF Impresso em 16/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/07/2014 por EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 23/07/2014 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 20/07/2014 por EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 03/09/2014 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA Processo nº 10980.001183/200722 Resolução nº 1103000.139 S1C1T3 Fl. 100 11 Voto Vencedor Conselheiro Eduardo Martins Neiva Monteiro, Redator Designado. De início não se pode deixar de render homenagens ao I. Relator, Cons. André Mendes de Moura, pela exposição detalhada do caso que resultou em judicioso voto. É importante fixar que a divergência instaurada, que culminou na decisão de se colherem elementos perante a Secretaria da Receita Federal do Brasil, não implica que os votos futuros, a serem proferidos quando do novo julgamento, sejam necessariamente contrários ao voto ora vencido. Tal providência serve apenas para propiciar ao final, se for o caso, a definição exata do valor da penalidade remanescente, caso algum(uns) Conselheiro(s) entenda(m) pela incidência da retroatividade benigna, por exemplo. À luz do art.57 da MP nº 2.15835/01, com as redações dadas pelas Leis nº 12.766/12 e 12.873/13, a maioria do colegiado, em um primeiro momento, compreendeu, diante da possibilidade, em tese, da aplicação retroativa de tais alterações normativas, que o caso demandaria adicionais esclarecimentos, sem os quais se poderia proferir um acórdão condicional, o que não é o desejável. Como relatado, o auto de infração, lavrado em 11/12/06, trata de multa por atraso na entrega de DCTF (4º trimestre de 2003), efetivada em 12/12/05, quando o prazo final seria 13/2/04. Ao versar sobre a entrega extemporânea de “declaração, demonstrativo ou escrituração digital” (redação trazida pela Lei nº 12.766/12) ou acerca do cumprimento extemporâneo de “obrigações acessórias” (redação trazida pela Lei nº 12.873/13), o art.57, I, da MP nº 2.15835/01 estabelecia/estabelece que o cálculo da multa dependia/depende de determinados parâmetros: se a pessoa jurídica estava em início de atividade, ou se seriam imunes ou isentas ou, ainda, se na última declaração apresentada houvesse apurado lucro presumido ou optado pelo Simples Nacional. Tais informações não constam dos autos. Por tal razão, VOTO no sentido de converter o julgamento em diligência, para que a unidade de origem da Secretaria da Receita Federal do Brasil: a) informe, quanto aos anoscalendário 2002 a 2012, qual o regime de apuração do lucro (real, presumido ou autoarbitramento), ou se o contribuinte era optante pelo Simples Nacional ou se estava em início de atividade ou, ainda, se era imune ou isento; b) cientifique o contribuinte sobre o resultado da diligência, para, se assim desejar, apresentar manifestação limitada às considerações constantes do respectivo relatório fiscal, no prazo legal de 30 (trinta) dias, conforme art.35, parágrafo único, do Decreto nº 7.574/11; c) findo o prazo acima, devolva os autos ao CARF para julgamento. (assinado digitalmente) Eduardo Martins Neiva Monteiro Fl. 100DF CARF MF Impresso em 16/09/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/07/2014 por EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 23/07/2014 por ANDRE MENDES DE MOURA, Assinado digitalmente em 20/07/2014 por EDUARDO MARTINS NEIVA MONTEIRO, Assinado digitalmente em 03/09/2014 por ALOYSIO JOSE PERCINIO DA SILVA
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Numero do processo: 16682.720710/2012-18
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 13 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Aug 21 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2008
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. RETENÇÃO. SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA. RESPONSABILIDADE PELO RECOLHIMENTO.
O instituto da retenção de que trata o art. 31 da lei nº 8.212/91, na redação dada pela lei nº 9.711/98, configura-se como hipótese legal de substituição tributária, na qual a empresa contratante assume o papel do responsável tributário pela arrecadação e recolhimento antecipados do tributo em nome da empresa prestadora - a contribuinte de fato -, não lhe sendo lícito alegar omissão para se eximir do recolhimento, ficando diretamente responsável pela importância que deixou de receber ou que tenha arrecadado em desacordo com a lei.
DOCUMENTO FISCAIS. MANUTENÇÃO E GUARDA.
Os livros obrigatórios de escrituração comercial e fiscal e os comprovantes dos lançamentos neles efetuados, assim como os documentos que fundamentaram a apuração das contribuições sociais devidas e o cumprimento das obrigações tributárias acessórias devem ser conservados em boa ordem e guarda enquanto não decorrido o prazo decadencial das obrigações tributárias decorrentes das operações a que se refiram, e não prescritas eventuais ações que lhes sejam pertinentes.
RECUSA OU SONEGAÇÃO DE DOCUMENTOS OU SUA APRESENTAÇÃO DEFICIENTE. AFERIÇÃO INDIRETA DA BASE DE CÁLCULO. CABIMENTO.
A recusa ou sonegação de qualquer documento ou informação, ou sua apresentação deficiente, bem como a constatação, pelo exame da escrituração contábil ou de qualquer outro documento, que a contabilidade da empresa não registra o real movimento de remuneração dos segurados a seu serviço, constituem-se motivos justos, bastantes, suficientes e determinantes para a apuração, por aferição indireta, das contribuições previdenciárias efetivamente devidas, revertendo em desfavor da empresa o ônus da prova em contrário.
CRÉDITO TRIBUTÁRIO. INCIDÊNCIA DE JUROS DE MORA SOBRE MULTA FISCAL PUNITIVA. TAXA SELIC.
É legítima a incidência de juros de mora sobre multa fiscal punitiva, a qual integra o crédito tributário consolidado. Precedentes do STJ: REsp 1.129.990-PR, DJe 14/9/2009; REsp 834.681-MG, DJe 2/6/2010 e REsp 879.844/MG, DJe de 25/11/2009, julgado sob o regime do art. 543-C do CPC.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 2302-003.306
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros da 2ª TO/3ª CÂMARA/2ª SEJUL/CARF/MF/DF, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, devendo ser excluídos do lançamento, tão somente, as obrigações tributárias apuradas mediante os Levantamentos P2 e P22: VK Consultoria e Projetos Ltda; Levantamento P5: Eraldo Vieira Consultoria e Serviços de Engenharia Ltda; Levantamentos P8 e P82: AKS Engenharia Ltda; Levantamento Q6: Revedur Revestimentos Metálicos Ltda; Levantamentos T4 e T42: Guterres Projetos Ltda; Levantamento T5: Gipa do Brasil Ltda e Levantamentos U1 e U12: Dinâmica Consultoria em segurança do trabalho SC Ltda., nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Os Conselheiros Juliana Campos de Carvalho Cruz e Leonardo Henrique Pires Lopes acompanharam pelas conclusões.
Liége Lacroix Thomasi Presidente de Turma.
Arlindo da Costa e Silva - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Liége Lacroix Thomasi (Presidente de Turma), Leonardo Henrique Pires Lopes (Vice-presidente de turma), André Luís Mársico Lombardi, Juliana Campos de Carvalho Cruz e Arlindo da Costa e Silva.
Nome do relator: ARLINDO DA COSTA E SILVA
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2008 CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. RETENÇÃO. SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA. RESPONSABILIDADE PELO RECOLHIMENTO. O instituto da retenção de que trata o art. 31 da lei nº 8.212/91, na redação dada pela lei nº 9.711/98, configura-se como hipótese legal de substituição tributária, na qual a empresa contratante assume o papel do responsável tributário pela arrecadação e recolhimento antecipados do tributo em nome da empresa prestadora - a contribuinte de fato -, não lhe sendo lícito alegar omissão para se eximir do recolhimento, ficando diretamente responsável pela importância que deixou de receber ou que tenha arrecadado em desacordo com a lei. DOCUMENTO FISCAIS. MANUTENÇÃO E GUARDA. Os livros obrigatórios de escrituração comercial e fiscal e os comprovantes dos lançamentos neles efetuados, assim como os documentos que fundamentaram a apuração das contribuições sociais devidas e o cumprimento das obrigações tributárias acessórias devem ser conservados em boa ordem e guarda enquanto não decorrido o prazo decadencial das obrigações tributárias decorrentes das operações a que se refiram, e não prescritas eventuais ações que lhes sejam pertinentes. RECUSA OU SONEGAÇÃO DE DOCUMENTOS OU SUA APRESENTAÇÃO DEFICIENTE. AFERIÇÃO INDIRETA DA BASE DE CÁLCULO. CABIMENTO. A recusa ou sonegação de qualquer documento ou informação, ou sua apresentação deficiente, bem como a constatação, pelo exame da escrituração contábil ou de qualquer outro documento, que a contabilidade da empresa não registra o real movimento de remuneração dos segurados a seu serviço, constituem-se motivos justos, bastantes, suficientes e determinantes para a apuração, por aferição indireta, das contribuições previdenciárias efetivamente devidas, revertendo em desfavor da empresa o ônus da prova em contrário. CRÉDITO TRIBUTÁRIO. INCIDÊNCIA DE JUROS DE MORA SOBRE MULTA FISCAL PUNITIVA. TAXA SELIC. É legítima a incidência de juros de mora sobre multa fiscal punitiva, a qual integra o crédito tributário consolidado. Precedentes do STJ: REsp 1.129.990-PR, DJe 14/9/2009; REsp 834.681-MG, DJe 2/6/2010 e REsp 879.844/MG, DJe de 25/11/2009, julgado sob o regime do art. 543-C do CPC. Recurso Voluntário Provido em Parte
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2008 CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. RETENÇÃO. SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA. RESPONSABILIDADE PELO RECOLHIMENTO. O instituto da retenção de que trata o art. 31 da lei nº 8.212/91, na redação dada pela lei nº 9.711/98, configurase como hipótese legal de substituição tributária, na qual a empresa contratante assume o papel do responsável tributário pela arrecadação e recolhimento antecipados do tributo em nome da empresa prestadora a contribuinte de fato , não lhe sendo lícito alegar omissão para se eximir do recolhimento, ficando diretamente responsável pela importância que deixou de receber ou que tenha arrecadado em desacordo com a lei. DOCUMENTO FISCAIS. MANUTENÇÃO E GUARDA. Os livros obrigatórios de escrituração comercial e fiscal e os comprovantes dos lançamentos neles efetuados, assim como os documentos que fundamentaram a apuração das contribuições sociais devidas e o cumprimento das obrigações tributárias acessórias devem ser conservados em boa ordem e guarda enquanto não decorrido o prazo decadencial das obrigações tributárias decorrentes das operações a que se refiram, e não prescritas eventuais ações que lhes sejam pertinentes. RECUSA OU SONEGAÇÃO DE DOCUMENTOS OU SUA APRESENTAÇÃO DEFICIENTE. AFERIÇÃO INDIRETA DA BASE DE CÁLCULO. CABIMENTO. A recusa ou sonegação de qualquer documento ou informação, ou sua apresentação deficiente, bem como a constatação, pelo exame da escrituração contábil ou de qualquer outro documento, que a contabilidade da empresa não registra o real movimento de remuneração dos segurados a seu serviço, constituemse motivos justos, bastantes, suficientes e determinantes para a apuração, por aferição indireta, das contribuições previdenciárias AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 68 2. 72 07 10 /2 01 2- 18 Fl. 1249DF CARF MF Impresso em 21/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/08/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 21/08/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 2 efetivamente devidas, revertendo em desfavor da empresa o ônus da prova em contrário. CRÉDITO TRIBUTÁRIO. INCIDÊNCIA DE JUROS DE MORA SOBRE MULTA FISCAL PUNITIVA. TAXA SELIC. É legítima a incidência de juros de mora sobre multa fiscal punitiva, a qual integra o crédito tributário consolidado. Precedentes do STJ: REsp 1.129.990PR, DJe 14/9/2009; REsp 834.681MG, DJe 2/6/2010 e REsp 879.844/MG, DJe de 25/11/2009, julgado sob o regime do art. 543C do CPC. Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 2ª TO/3ª CÂMARA/2ª SEJUL/CARF/MF/DF, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, devendo ser excluídos do lançamento, tão somente, as obrigações tributárias apuradas mediante os Levantamentos P2 e P22: VK Consultoria e Projetos Ltda; Levantamento P5: Eraldo Vieira Consultoria e Serviços de Engenharia Ltda; Levantamentos P8 e P82: AKS Engenharia Ltda; Levantamento Q6: Revedur Revestimentos Metálicos Ltda; Levantamentos T4 e T42: Guterres Projetos Ltda; Levantamento T5: Gipa do Brasil Ltda e Levantamentos U1 e U12: Dinâmica Consultoria em segurança do trabalho SC Ltda., nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Os Conselheiros Juliana Campos de Carvalho Cruz e Leonardo Henrique Pires Lopes acompanharam pelas conclusões. Liége Lacroix Thomasi – Presidente de Turma. Arlindo da Costa e Silva Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Liége Lacroix Thomasi (Presidente de Turma), Leonardo Henrique Pires Lopes (Vicepresidente de turma), André Luís Mársico Lombardi, Juliana Campos de Carvalho Cruz e Arlindo da Costa e Silva. Fl. 1250DF CARF MF Impresso em 21/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/08/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 21/08/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 16682.720710/201218 Acórdão n.º 2302003.306 S2C3T2 Fl. 1.249 3 Relatório Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2008. Data da lavratura do AIOP: 15/10/2012. Data da Ciência do AIOP: 17/10/2012. Temse em pauta Recurso Voluntário interposto em face de Decisão Administrativa de 1ª Instância proferida pela DRJ no Rio de Janeiro I/RJ que julgou procedente o lançamento tributário formalizado por intermédio Auto de Infração de Obrigação Principal nº 37.381.1390, consistente em contribuições sociais previdenciárias a cargo da empresa, arrecadadas mediante retenção de 11% incidente sobre o valor bruto das notas fiscais de serviços prestados mediante cessão de mão de obra, conforme descrito no Relatório Fiscal a fls. 344/367. De acordo com a Resenha Fiscal, o vertente lançamento tem por objeto contribuições previdenciárias destinadas ao custeio da Seguridade Social, correspondentes retenção de 11% do valor bruto dos serviços contidos em Nota Fiscal/Fatura/Recibo de prestação de serviços executados mediante cessão de mão de obra ou empreitada, emitidas pelas empresas contratadas e não recolhidas quando do pagamento dos serviços. Relata o Auditor Fiscal que os Levantamentos referidos no discriminativo exposto no item 11 do Relatório Fiscal referemse a prestação de serviços executados mediante empreitada de mão de obra, por empresas prestadoras cujas atividades econômicas são “Serviços de Engenharia”, “Construção de Edifícios”, “Atividades de Estudos Geológicos”, “Atividades Técnicas Relacionadas à Engenharia e Arquitetura Não Especificadas Anteriormente”, em relação aos quais a Autuada, apesar de formalmente intimada, não apresentou os Contratos, nem as respectivas Notas Fiscais. Informa a Autoridade Lançadora que os Levantamentos referidos no discriminativo exposto no item 23 do Relatório Fiscal referemse a prestação de serviços mediante cessão de mão de obra, por empresas prestadoras cujas atividades econômicas são “Treinamento de Informática”, “Treinamento em Desenvolvimento Profissional e Gerencial”, “Outras Atividades Profissionais, Científicas e Técnicas não Especificadas Anteriormente”, “Outras Atividades de Serviços Prestados Principalmente às Empresas Não Especificadas Anteriormente”, “Marketing Direto”, em relação aos quais a Autuada, apesar de formalmente intimada, não apresentou os Contratos, tampouco as respectivas Notas Fiscais. Nos Levantamentos de Cessão de Mão de Obra com apresentação de contratos e sem apresentação de Notas Fiscais, expostos no discriminativo presente no item 35 do Relatório Fiscal, os fatos geradores das contribuições sociais lançadas ocorreram com a prestação de serviços executados mediante cessão de mão de obra por empresas prestadoras cujas atividades econômicas são “Atividades Técnicas Relacionadas à Engenharia e Arquitetura Não Especificadas Anteriormente”, “Serviços de Engenharia”, “Outras Atividades de Serviços Prestados Principalmente às Empresas Não Especificadas Anteriormente”, “Serviços de Organização de Feiras, Congressos, Exposições e Festas”, Fl. 1251DF CARF MF Impresso em 21/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/08/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 21/08/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 4 “Outras Atividades Esportistas não Especificadas Anteriormente” e “Treinamento em Desenvolvimento Profissional e Gerencial”, conforme verificado no Comprovante de Inscrição e de Situação Cadastral do sítio da Receita Federal. Foram solicitados através dos TIF nº 6, 8, 9, 10 e 11, as notas fiscais, contratos de prestação de serviços e os comprovantes de recolhimentos Guia da Previdência Social (GPS) de retenção de 11% referentes aos valores pagos obtidos da Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte. Entretanto, a empresa não apresentou notas fiscais e GPS e nem todos os contratos de prestação de serviço, sendo lavrado o Auto de Infração com o código de fundamentação CFL 38, debcad 51.013.4498 e comprot nº 16682.720.821/201216, devido a não apresentação das notas fiscais. Em razão da não apresentação das notas fiscais, GPS de retenção e de contratos de prestação de serviços, os valores obtidos da DIRF – código 1708 (Remuneração de Serviços Profissionais Prestados por Pessoas Jurídicas) foram arbitrados como sendo os valores brutos dos serviços contidos em Nota Fiscal/Fatura/Recibo de prestação de serviços, executados mediante empreitada de mão de obra e cessão de mão de obra. Inexistindo comprovação da retenção e nem do correspondente recolhimento de 11% do valor bruto da nota fiscal ou fatura, a fiscalização procedeu ao lançamento em nome da empresa fiscalizada, por arbitramento da base de cálculo, conforme previsto no parágrafo 3º do art. 33 da Lei 8.212/91, tendo por base os valores brutos pagos às empresas, obtidos da DIRF – código 1708. Não conformado com o lançamento, o Autuado apresentou impugnação administrativa a fls. 555/574. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro I/RJ proferiu decisão administrativa textualizada no Acórdão nº 1256.428 11ª Turma da DRJ/RJOI, a fls. 948/964, julgando procedente o lançamento e mantendo o crédito tributário em sua integralidade. A empresa houvese por cientificada da decisão de 1ª Instância em 11/06/2013, conforme Aviso de Recebimento a fl. 967. Inconformado com a decisão exarada pelo órgão administrativo julgador a quo, o ora Recorrente interpôs recurso voluntário, a fls. 972/1001, respaldando seu inconformismo em argumentação desenvolvida nos termos que se vos seguem: · Nulidade da autuação por contrariedade a expressa disposição legal contida no art. 142 do CTN; · Que apenas os serviços de limpeza, conservação, zeladoria, vigilância, segurança, construção civil, serviços rurais, digitação e preparação de dados para processamento se sujeitam ao regime da retenção quando prestados mediante empreitada de mão de obra; · Que para a caracterização da cessão de mão de obra é imprescindível que os serviços sejam contínuos e sejam prestados com a colocação de trabalhadores à disposição da contratante, nas dependências desta ou de terceiros; · Que foram lançados serviços não previstos no rol taxativo previsto no art. 219 do RPS; Fl. 1252DF CARF MF Impresso em 21/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/08/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 21/08/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 16682.720710/201218 Acórdão n.º 2302003.306 S2C3T2 Fl. 1.250 5 · Que as provas apresentadas são suficientes para demonstrar as circunstâncias e os objetos dos contratos, afastando as presunções fiscais que fundamentaram o lançamento; · Ilegalidade na forma de arbitramento adotado pela Autoridade Administrativa; · Necessidade de realização de diligência; · Que é indevida a exigência de juros de mora sobre multa punitiva; Ao fim, requer o cancelamento da autuação fiscal. Relatados sumariamente os fatos relevantes. Fl. 1253DF CARF MF Impresso em 21/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/08/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 21/08/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 6 Voto Conselheiro Arlindo da Costa e Silva, Relator. 1. DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE 1.1. DA TEMPESTIVIDADE O Sujeito Passivo foi cientificado da Decisão de Primeira Instância Administrativa no dia 11/06/2013. Havendo sido o Recurso Voluntário protocolizado em 10/07/2013, há que se reconhecer a tempestividade de sua interposição. Presentes os demais requisitos de admissibilidade do recurso, dele conheço. 2. DAS PRELIMINARES Alega o Recorrente nulidade da autuação por contrariedade a expressa disposição legal contida no art. 142 do CTN. O art. 195, I da Constituição Federal determinou que a Seguridade Social fosse custeada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, mediante recursos oriundos, dentre outras fontes, das contribuições sociais a cargo da empresa incidentes sobre a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício. Constituição Federal, de 03 de outubro de 1988 Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) b) a receita ou o faturamento; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) c) o lucro; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) II do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata Fl. 1254DF CARF MF Impresso em 21/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/08/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 21/08/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 16682.720710/201218 Acórdão n.º 2302003.306 S2C3T2 Fl. 1.251 7 o art. 201; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) Cumpre neste comenos destacar que, no capítulo reservado ao Sistema Tributário Nacional, a Carta Constitucional outorgou à Lei Complementar a competência para estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre as obrigações tributárias, dentre outras. Constituição Federal, de 03 de outubro de 1988 Art. 146. Cabe à lei complementar: (...) III estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre: (...) b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários; Nessa vertente, no exercício da competência que lhe foi outorgada pelo Constituinte Originário, o CTN honrou prescrever, com propriedade, a distinção entre as duas modalidades de obrigações tributárias, ad litteris et verbis: Código Tributário Nacional CTN Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória. §1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extinguese juntamente com o crédito dela decorrente. §2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. (grifos nossos) §3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, convertese em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária. (grifos nossos) As obrigações acessórias, consoante os termos do Diploma Tributário, consubstanciamse deveres de natureza instrumental, consistentes em um fazer, não fazer ou permitir, fixados na legislação tributária, na abrangência do art. 96 do CTN, em proveito do interesse da administração fiscal no que tange à arrecadação e à fiscalização de tributos. No plano infraconstitucional, no que pertine às contribuições previdenciárias, a disciplina da matéria em relevo ficou a cargo da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, a qual fez inserir na Ordem Jurídica Nacional uma diversidade de obrigações acessórias, criadas no interesse da arrecadação ou da fiscalização das contribuições previdenciárias, sem transpor os umbrais limitativos erguidos pelo CTN. Fl. 1255DF CARF MF Impresso em 21/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/08/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 21/08/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 8 Envolto no ordenamento realçado nas linhas precedentes, o art. 31 da citada lei de custeio da Seguridade Social estatuiu como obrigação acessória da empresa contratante de serviços executados mediante cessão de mãodeobra, a obrigação tributária de reter 11% (onze por cento) do valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços e recolher a importância retida até o dia 10 (dez) do mês subsequente ao da emissão da respectiva nota fiscal ou fatura em nome da empresa cedente da mão de obra. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 31. A empresa contratante de serviços executados mediante cessão de mãodeobra, inclusive em regime de trabalho temporário, deverá reter 11% (onze por cento) do valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços e recolher a importância retida até o dia 10 (dez) do mês subsequente ao da emissão da respectiva nota fiscal ou fatura em nome da empresa cedente da mãodeobra, observado o disposto no § 5o do art. 33 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007). §1º O valor retido de que trata o caput, que deverá ser destacado na nota fiscal ou fatura de prestação de serviços, será compensado pelo respectivo estabelecimento da empresa cedente da mãode obra, quando do recolhimento das contribuições destinadas à Seguridade Social devidas sobre a folha de pagamento dos segurados a seu serviço. (Redação dada pela Lei nº 9.711/98). §2o Na impossibilidade de haver compensação integral na forma do parágrafo anterior, o saldo remanescente será objeto de restituição. (Redação dada pela Lei nº 9.711/98). §3o Para os fins desta Lei, entendese como cessão de mãodeobra a colocação à disposição do contratante, em suas dependências ou nas de terceiros, de segurados que realizem serviços contínuos, relacionados ou não com a atividadefim da empresa, quaisquer que sejam a natureza e a forma de contratação. (Redação dada pela Lei nº 9.711/98). §4o Enquadramse na situação prevista no parágrafo anterior, além de outros estabelecidos em regulamento, os seguintes serviços: (Redação dada pela Lei nº 9.711/98). I limpeza, conservação e zeladoria; (Incluído pela Lei nº 9.711/98). II vigilância e segurança; (Incluído pela Lei nº 9.711/98). III empreitada de mãodeobra; (Incluído pela Lei nº 9.711/98). IV contratação de trabalho temporário na forma da Lei no 6.019, de 3 de janeiro de 1974. (Incluído pela Lei nº 9.711/98). §5o O cedente da mãodeobra deverá elaborar folhas de pagamento distintas para cada contratante. (Incluído pela Lei nº 9.711/98). De outra partida, a legislação previdenciária de custeio estatuiu como obrigação acessória da empresa prestadora de serviços mediante cessão de mão de obra o dever instrumental de destacar nas notas fiscais, faturas ou recibos de prestação de serviços, o valor correspondente à retenção de que trata o citado art. 31 da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 9.711/98, bem como o dever de elaborar folha de pagamento e Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social distintas para cada estabelecimento ou obra de construção civil da empresa contratante do serviço. Fl. 1256DF CARF MF Impresso em 21/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/08/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 21/08/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 16682.720710/201218 Acórdão n.º 2302003.306 S2C3T2 Fl. 1.252 9 Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Dec. nº 3.048/99 Art. 219. A empresa contratante de serviços executados mediante cessão ou empreitada de mãodeobra, inclusive em regime de trabalho temporário, deverá reter onze por cento do valor bruto da nota fiscal, fatura ou recibo de prestação de serviços e recolher a importância retida em nome da empresa contratada, observado o disposto no §5º do art. 216. (Redação dada pelo Decreto nº 4.729/2003) (...) §4º O valor retido de que trata este artigo deverá ser destacado na nota fiscal, fatura ou recibo de prestação de serviços, sendo compensado pelo respectivo estabelecimento da empresa contratada quando do recolhimento das contribuições destinadas à seguridade social devidas sobre a folha de pagamento dos segurados. §5º O contratado deverá elaborar folha de pagamento e Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social distintas para cada estabelecimento ou obra de construção civil da empresa contratante do serviço. §6º A empresa contratante do serviço deverá manter em boa guarda, em ordem cronológica e por contratada, as correspondentes notas fiscais, faturas ou recibos de prestação de serviços, Guias da Previdência Social e Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social com comprovante de entrega. §7º Na contratação de serviços em que a contratada se obriga a fornecer material ou dispor de equipamentos, fica facultada ao contratado a discriminação, na nota fiscal, fatura ou recibo, do valor correspondente ao material ou equipamentos, que será excluído da retenção, desde que contratualmente previsto e devidamente comprovado. §8º Cabe ao Instituto Nacional do Seguro Social normatizar a forma de apuração e o limite mínimo do valor do serviço contido no total da nota fiscal, fatura ou recibo, quando, na hipótese do parágrafo anterior, não houver previsão contratual dos valores correspondentes a material ou a equipamentos. Citese, também, que a legislação de regência determina que, na hipótese de contratação de serviços em que a contratada se obriga a fornecer material ou dispor de equipamentos, fica facultada ao contratado a discriminação, na nota fiscal, fatura ou recibo, do valor correspondente ao material ou equipamentos, que será excluído da retenção, desde que contratualmente previsto e devidamente comprovado. Registrese que tais documentos devem ser mantidos pela empresa à disposição da fiscalização, observadas as normas estabelecidas pelos órgãos competentes, até que ocorra a decadência das obrigações tributárias a eles associadas ou deles decorrentes. Não se deslembre que o Regulamento da Previdência Social obriga que a empresa contratante do serviço prestado mediante cessão de mão de obra mantenha em boa Fl. 1257DF CARF MF Impresso em 21/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/08/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 21/08/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 10 guarda, em ordem cronológica e por contratada, as correspondentes notas fiscais, faturas ou recibos de prestação de serviços, e as respectivas GFIP, com comprovante de entrega. No mesmo sentido, o §11 do art. 32 da Lei de Custeio da Seguridade Social determina que os documentos comprobatórios do cumprimento das obrigações tributárias devem ficar arquivados na empresa à disposição da fiscalização. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 32. A empresa é também obrigada a: (...) §11. Os documentos comprobatórios do cumprimento das obrigações de que trata este artigo devem ficar arquivados na empresa durante dez anos, à disposição da fiscalização. (Parágrafo renumerado pela Lei nº 9.528/97). Outra não é a determinação contida no art. 1194 da Lei nº 10.406/2002 que obriga a empresa a conservar em boa guarda toda a escrituração, correspondência e demais papéis concernentes à sua atividade, enquanto não ocorrer prescrição ou decadência no tocante aos atos neles consignados. Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Art. 1.194. O empresário e a sociedade empresária são obrigados a conservar em boa guarda toda a escrituração, correspondência e demais papéis concernentes à sua atividade, enquanto não ocorrer prescrição ou decadência no tocante aos atos neles consignados. No âmbito das contribuições sociais previdenciárias, a Lei nº 8.212/91 atribuiu à fiscalização previdenciária a prerrogativa de examinar toda a contabilidade da empresa, não podendo lhe ser oposta qualquer disposição legal excludente ou limitativa do direito de examinar os livros, arquivos, documentos ou papéis comerciais ou fiscais. Em ádito, impôs à empresa a obrigação de exibir à fiscalização todos os documentos e livros relacionados com as contribuições previdenciárias estatuídas na lei em realce. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 33. Ao Instituto Nacional do Seguro Social – INSS compete arrecadar, fiscalizar, lançar e normatizar o recolhimento das contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11, bem como as contribuições incidentes a título de substituição; e à Secretaria da Receita Federal – SRF compete arrecadar, fiscalizar, lançar e normatizar o recolhimento das contribuições sociais previstas nas alíneas ‘d’ e ‘e’ do parágrafo único do art. 11, cabendo a ambos os órgãos, na esfera de sua competência, promover a respectiva cobrança e aplicar as sanções previstas legalmente. (Redação dada pela Lei nº 10.256/2001). §1º É prerrogativa do Instituto Nacional do Seguro SocialINSS e do Departamento da Receita FederalDRF o exame da contabilidade da empresa, não prevalecendo para esse efeito o disposto nos arts. 17 e 18 do Código Comercial, ficando obrigados a empresa e o segurado a prestar todos os esclarecimentos e informações solicitados. (grifos nossos) §2º A empresa, o servidor de órgãos públicos da administração direta e indireta, o segurado da Previdência Social, o serventuário Fl. 1258DF CARF MF Impresso em 21/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/08/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 21/08/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 16682.720710/201218 Acórdão n.º 2302003.306 S2C3T2 Fl. 1.253 11 da Justiça, o síndico ou seu representante, o comissário e o liquidante de empresa em liquidação judicial ou extrajudicial são obrigados a exibir todos os documentos e livros relacionados com as contribuições previstas nesta Lei. §3º Ocorrendo recusa ou sonegação de qualquer documento ou informação, ou sua apresentação deficiente, o Instituto Nacional do Seguro SocialINSS e o Departamento da Receita FederalDRF podem, sem prejuízo da penalidade cabível, inscrever de ofício importância que reputarem devida, cabendo à empresa ou ao segurado o ônus da prova em contrário. Salientese que as diretivas ora enunciadas não discrepam dos mandamentos encartados no Código Tributário Nacional CTN, cujo art. 195 aponta, inflexivelmente, para o mesmo norte. Código Tributário Nacional CTN Art. 195. Para os efeitos da legislação tributária, não têm aplicação quaisquer disposições legais excludentes ou limitativas do direito de examinar mercadorias, livros, arquivos, documentos, papéis e efeitos comerciais ou fiscais, dos comerciantes industriais ou produtores, ou da obrigação destes de exibilos. Parágrafo único. Os livros obrigatórios de escrituração comercial e fiscal e os comprovantes dos lançamentos neles efetuados serão conservados até que ocorra a prescrição dos créditos tributários decorrentes das operações a que se refiram. Avulta nesse panorama que as prestações adjetivas ordenadas na legislação tributária têm por finalidade precípua permitir à fiscalização a sindicância ágil, segura, precisa e integral dos fatos jurígenos tributários ocorridos sob a responsabilidade tributária do sujeito passivo. Não se mostra demasiado enaltecer que o registro dessas informações nos documentos acima citados, bem como a guarda e conservação de tais documentos, não se constituem faculdades da empresa, mas, sim, obrigações tributárias a ela imposta diretamente, com a força de império da lei formal, gerada nas Conchas Opostas do Congresso Nacional, segundo o trâmite gestacional plasmado nos artigos 61 a 69 da nossa Lei Soberana. Com efeito, a estrutura normativa dos tributos em geral aponta no sentido de que a sua base de cálculo, em princípio, deve ser apurada com base em documentos do Sujeito Passivo que registrem, de forma precisa, os montantes pecuniários correspondentes a cada hipótese de incidência prevista nas leis de regência correspondentes. Para tanto, no caso das contribuições previdenciárias, exige o Ordenamento Jurídico que a empresa prestadora de serviços mediante cessão de mão de obra ou empreitada de mão de obra destaque nas notas fiscais, faturas ou recibos de prestação de serviços, o valor correspondente à retenção de que trata o citado art. 31 da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 9.711/98; Elabore folha de pagamento e GFIP distintas para cada estabelecimento ou obra de construção civil da empresa contratante do serviço. Fl. 1259DF CARF MF Impresso em 21/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/08/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 21/08/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 12 Na mesma esteira, impõe a Lei que o contratante de serviços prestados mediante cessão de mão de obra ou empreitada de mão de obra proceda à retenção, e consequente recolhimento em nome do prestador, do montante correspondente a 11% do valor bruto das notas fiscais/faturas de tais serviços; Que conserve e mantenha em boa guarda de toda a documentação concernente a tal contratação, enquanto não ocorrer prescrição ou decadência no tocante aos atos nela consignados; e que a exiba à Fiscalização, na forma e nos prazos quando assim intimada. No caso em tela, foram solicitados mediante Termos de Intimação Fiscal as notas fiscais, contratos de prestação de serviços e os comprovantes de recolhimentos GPS de retenção de 11% referentes aos valores pagos obtidos da Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte. Entretanto, a empresa não apresentou as citadas notas fiscais e GPS e nem todos os contratos de prestação de serviço, fato que inviabilizou a precisa caracterização da matéria tributável aqui em debate. Ora, a sonegação por parte do Sujeito Passivo dos documentos eleitos pela lei como próprios e adequados para o registro de fatos geradores de contribuições previdenciárias não pode servir de escudo para impedir a atuação típica do Fisco na investigação de ocorrência de Fatos Jurígenos Tributários, tampouco na apuração das contribuições sociais devidas pela empresa. Fosse isso possível, estariam resolvidos assim todos os problemas decorrentes do inadimplemento das obrigações tributárias: Bastaria a sonegação de documentos. Pronto. Solução mágica. Ocorre, todavia, que a ninguém é dado valerse da própria torpeza para se eximir de obrigação a todos imposta pela Lei. Tal questão foi abordada, de maneira exemplar, no Acórdão recorrido: “A norma contida no artigo 142 do Código Tributário Nacional (CTN), aprovado pela Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1.966, segundo a qual a autoridade administrativa deve, no lançamento, verificar a ocorrência do fato gerador, obviamente pressupõe que o Contribuinte tenha, antes, cumprido com o seu dever de colaboração nos termos dos artigos 194 e 195 do mesmo CTN: [...] 7.2. Nas palavras de JAMES MARINS (in DIREITO PROCESSUAL TRIBUTÁRIO BRASILEIRO, 2 ed., São Paulo: Dialética, 2002, p. 180): Todos têm o dever de colaborar com a Administração em sua tarefa de formalização tributária. Têm, contribuintes e terceiros, não apenas a obrigação de fornecer os documentos solicitados pela autoridade tributária, mas também o dever de suportar as atividades averiguatórias, referentes ao patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas dos contribuintes e que possam ser identificados através do exame de mercadorias, livros, arquivos, documentos fiscais ou comerciais etc. 7.3 LEANDRO PAULSEN (in DIREITO TRIBUTÁRIO, Constituição e Código Tributário à Luz da Doutrina e da Jurisprudência, 6 ed, Fl. 1260DF CARF MF Impresso em 21/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/08/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 21/08/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 16682.720710/201218 Acórdão n.º 2302003.306 S2C3T2 Fl. 1.254 13 porto Alegre: Livraria do Advogado, 2004, p. 1237), com suporte na doutrina e na jurisprudência, é ainda mais incisivo: Jamais pode o contribuinte se furtar à fiscalização. Poderá, sim, oporse aos efeitos de eventual lançamento que entenda ilegal. Ocorre, com frequência, uma confusão entre a atividade de fiscalização tributária e os seus efeitos. Contra aquela, o contribuinte não pode se opor, tendo inclusive o dever legal de facilitála; contra esses, tem abertas inúmeras vias, nas esferas administrativa e judicial, para deduzir seu eventual inconformismo. 7.4. Além disso, conforme a lição de MARIA RITA FERRAGUT (in PRESUNÇÕES NO DIREITO TRIBUTÁRIO, São Paulo: Dialética, 2001 p. 92): A Administração tem o deverpoder de cumprir com certas finalidades, sendolhe obrigatória essa tarefa para a realização do interesse da coletividade, indicado na Constituição e nas leis. Consequência dessa premissa é a indisponibilidade do interesse público. 7.5. Deste modo, sem que o Contribuinte observe seu dever de informação, resta ao Fisco, para conciliar a disposição do artigo 142 do CTN ao interesse público indisponível de constituir o crédito tributário face à constatação da ocorrência do fato gerador, recorrer, se necessário, ao contingenciamento da norma do referido dispositivo legal, pela inversão do ônus da prova. 7.6. No caso concreto, na narrativa efetuada no Relatório Fiscal, a fiscalização explicitou os fatos e as razões que motivaram a aferição da contribuição previdenciária relativa à retenção de 11%. 7.7. Ou seja, a aferição indireta ocorreu devido a não apresentação de notas fiscais, bem como quase a totalidade dos contratos solicitados durante a Auditoria, os quais foram requeridos através de diversas intimações enviadas (Termos de Intimação Fiscal TIFs nº 6, 8, 9, 10 e 11. 7.8. Tal procedimento está completamente amparado na legislação vigente. O Código Tributário Nacional (CTN) prevê o procedimento no seu artigo 148: [...] 7.10. Portanto, a aferição indireta é faculdade da Fiscalização sempre que não estiverem presentes TODOS os elementos que viabilizem a apuração direta do total devido, ou seja, não é necessário que a sua contabilidade seja desqualificada, basta que haja a apresentação deficiente de qualquer documento, conforme disposto nos artigos 148 do CTN, 33, §3°, da Lei nº 8.212/91 e 233 do Decreto 3048/99”. Fl. 1261DF CARF MF Impresso em 21/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/08/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 21/08/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 14 Dessarte, excepcionalmente, nas ocasiões em que o conhecimento fiel dos fatos geradores ocorridos na empresa, pelo exame dos documentos acima referidos, não for viável, o ordenamento jurídico admite o emprego meios indiretos para a verificação de ocorrência de Fatos Jurígenos Tributários e para a apuração da base de cálculo das contribuições sociais devidas. No caso presente, a ocorrência de serviços prestados, potencialmente mediante cessão de mão de obra, veio à tona pelo exame das DIRF apresentadas pelo Autuado à Secretaria da Receita Federal do Brasil, em especial as informações declaradas sob o código 1708 Remuneração de Serviços Profissionais Prestados por Pessoas Jurídicas. Ora, ora ... Tendo a empresa fiscalizada sonegado os contratos de prestação de serviços, notas fiscais e GPS de retenção, e sendo a base de incidência da retenção de que trata o art. 31 da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 9.711/98, o valor bruto das notas fiscais/faturas dos serviços prestados mediante cessão/empreitada de mão de obra, a matéria tributável foi apurada mediante procedimento de aferição indireta, tendo por base os valores lançados na DIRF sob o código 1708 Remuneração de Serviços Profissionais Prestados por Pessoas Jurídicas, os quais, em tese, são representativos e devem espelhar planamente os valores brutos dos serviços contidos nas referidas Notas Fiscal/Faturas. Não vislumbramos, portanto, qualquer ilegalidade, desproporcionalidade, irrazoabilidade ou inconsistência no critério de arbitramento adotado pela autoridade fiscal a justificar a alegação de ilegalidade na forma de arbitramento erguida pelo Recorrente. Por tais razões, rejeito a preliminar de nulidade erguida pelo Recorrente. Vencidas as preliminares, passamos diretamente ao exame do mérito. 3. DO MÉRITO Cumpre de plano assentar que não serão objeto de apreciação por este Colegiado as matérias não expressamente impugnadas pelo Recorrente, as quais serão consideradas como verdadeiras, assim como as matérias já decididas pelo Órgão Julgador de 1ª Instância não expressamente contestadas pelo sujeito passivo em seu instrumento de Recurso Voluntário, as quais se presumirão como anuídas pela Parte. Também não serão objeto de apreciação por esta Corte Administrativa as matérias substancialmente alheias ao vertente lançamento, eis que em seu louvor, no processo de que ora se cuida, não se houve por instaurado qualquer litígio a ser dirimido por este Conselho, assim como as questões arguidas exclusivamente nesta instância recursal, antes não oferecida à apreciação do Órgão Julgador de 1ª Instância, em razão da preclusão prevista no art. 17 do Decreto nº 70.235/72. 3.1. DA RETENÇÃO DE 11% Fl. 1262DF CARF MF Impresso em 21/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/08/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 21/08/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 16682.720710/201218 Acórdão n.º 2302003.306 S2C3T2 Fl. 1.255 15 O Recorrente alega que apenas os serviços de limpeza, conservação, zeladoria, vigilância, segurança, construção civil, serviços rurais, digitação e preparação de dados para processamento se sujeitam ao regime da retenção quando prestados mediante empreitada de mão de obra; Argumenta, também, que para a caracterização da cessão de mão de obra é imprescindível que os serviços sejam contínuos e sejam prestados com a colocação de trabalhadores à disposição da contratante, nas dependências desta ou de terceiros; Alega, ainda, que foram lançados serviços não previstos no rol taxativo previsto no art. 219 do RPS; Conforme já salientado anteriormente, a CF/88 fixou a competência da lei complementar para o estabelecimento de normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente, dentre outros, sobre fatos geradores, obrigação e crédito tributários, e contribuintes, a teor do seu artigo 146, III. Bailando em sintonia com os tons alvissareiros orquestrados pelo Constituinte Originário, sob a batuta do seu regente Ulisses Guimarães, o art. 121 do CTN, em performance pa de deux normativa harmônica com o regramento acima ponteado, ao escolher os atores da obrigação tributária principal, reservou o papel do sujeito passivo à figura do contribuinte ou, a critério da lei, do responsável tributário. Código Tributário Nacional Art. 121. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária. Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal diz se: I contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador; II responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de disposição expressa de lei. (grifos nossos) A coreografia assim pontilhada, quando executada no papel passivo pelo responsável tributário, é conhecida nos palcos jurídicos como substituição tributária e, nessas apresentações, todos os movimentos que nas formas originárias seriam praticados pelo contribuinte, passam então a ser desempenhados pelo novo personagem, que assume a responsabilidade integral pelo recolhimento do tributo associado. É o que ocorre na hipótese vertida no art. 31 da Lei nº 8.212/91, na redação conferida pela Lei nº 9.711/98, que atribuiu ao contratante de serviços prestados mediante cessão de mão de obra a responsabilidade pela retenção de 11% sobre o valor bruto das notas fiscais/faturas referentes aos serviços prestados naquela condição, e ao subsequente recolhimento do valor assim retido em nome do prestador correspondente. Lei nº 9.711, de 20 de novembro de 1998 Fl. 1263DF CARF MF Impresso em 21/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/08/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 21/08/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 16 Art. 23. Os arts. 6º, 17, 19, 21, 22, 28, 31, 37, 38, 47 e 49 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, passam a vigorar com as seguintes alterações: (...) Art. 31 A empresa contratante de serviços executados mediante cessão de mão de obra, inclusive em regime de trabalho temporário, deverá reter onze por cento do valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços e recolher a importância retida até o dia dois do mês subsequente ao da emissão da respectiva nota fiscal ou fatura, em nome da empresa cedente da mão de obra, observado o disposto no § 5o do art. 33. §1º O valor retido de que trata o caput, que deverá ser destacado na nota fiscal ou fatura de prestação de serviços, será compensado pelo respectivo estabelecimento da empresa cedente da mão de obra, quando do recolhimento das contribuições destinadas à Seguridade Social devidas sobre a folha de pagamento dos segurados a seu serviço. §2º Na impossibilidade de haver compensação integral na forma do parágrafo anterior, o saldo remanescente será objeto de restituição. §3º Para os fins desta Lei, entendese como cessão de mão de obra a colocação à disposição do contratante, em suas dependências ou nas de terceiros, de segurados que realizem serviços contínuos, relacionados ou não com a atividadefim da empresa, quaisquer que sejam a natureza e a forma de contratação. §4º Enquadramse na situação prevista no parágrafo anterior, além de outros estabelecidos em regulamento, os seguintes serviços: I limpeza, conservação e zeladoria; II vigilância e segurança; III empreitada de mão de obra; IV contratação de trabalho temporário na forma da Lei no 6.019, de 3 de janeiro de 1974. §5º O cedente da mão de obra deverá elaborar folhas de pagamento distintas para cada contratante. Anotese que o papel do contribuinte continua a ser representado pelo personagem que ostenta relação pessoal e direta com o fato gerador, digase, a pessoa jurídica prestadora dos serviços. Ao responsável tributário, in casu, o contratante, são designadas apenas as atuações pautadas na retenção e no respectivo recolhimento, nada mais. Dessarte, concluída a contento a execução do seu papel, o responsável tributário sai de cena, restando lhe, todavia, a incumbência de manter resguardados, em seu camarim, os documentos comprobatórios da higidez dos passos a seu encargo, enquanto não se operar a decadência das obrigações correspondentes. Cumpre destacar, por relevante, que o instituto da retenção de contribuições previdenciárias instituído pela Lei nº 9.711/98 não se consubstancia em nova contribuição social distinta daquela disciplinada originariamente pelo art. 22 da Lei nº 8.212/91, mas, sim, numa sistemática diferenciada da forma de arrecadação da referida contribuição previdenciária, na qual as empresas, nos termos do art. 15 da citada lei de custeio, por substituição tributária, passam a figurar como responsáveis tributários pela arrecadação e recolhimento antecipados do Fl. 1264DF CARF MF Impresso em 21/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/08/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 21/08/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 16682.720710/201218 Acórdão n.º 2302003.306 S2C3T2 Fl. 1.256 17 tributo em tela, conforme permissivo legal estampado nos artigos 121, II c.c. 128, ambos do Código Tributário Nacional CTN. Código Tributário Nacional CTN CAPÍTULO V Responsabilidade Tributária SEÇÃO I Disposição Geral Art. 128. Sem prejuízo do disposto neste capítulo, a lei pode atribuir de modo expresso a responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa, vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação, excluindo a responsabilidade do contribuinte ou atribuindoa a este em caráter supletivo do cumprimento total ou parcial da referida obrigação. Nesse sentido consolidouse o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, como se depreende do julgado a seguir referenciado, cuja ementa tomamos a liberdade de transcrever: Ementa: TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. EMPRESAS PRESTADORAS DE SERVIÇOS. ART. 31 DA LEI Nº 8.212/91, COM A REDAÇÃO DADA PELA LEI Nº 9.711/98. 1. A alteração que a Lei nº 8.212/91 sofreu com a edição da Lei nº 9.711/98 não criou qualquer nova contribuição sobre o faturamento, não alterou a alíquota, menos ainda a base de cálculo da contribuição previdenciária sobre a folha de pagamento, sendo, por conseguinte, devida a retenção do percentual de 11% sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços. 2. A Lei nº 9.711/98 criou uma nova sistemática na forma de arrecadação da contribuição em debate, em que, por substituição tributária, as empresas passam a figurar como responsáveis tributárias. (grifos nossos) 3. Não se conhece do recurso especial pela divergência, quando a orientação do tribunal se firmou no mesmo sentido da decisão recorrida. (Súmula 83/STJ) 4. Agravo Regimental improvido. (Agravo Regimental no Agravo de Instrumento n° 629.957; STJ 2a.Turma; Rel. Min. Castro Meira, DJ 21.03.2005) A toda prova, a responsabilidade tributária do Tomador dos serviços é direta, na condição de responsável tributário legal, pelo recolhimento das contribuições previdenciárias ora constituídas. Nessa condição, a lei impõe ao responsável tributário o dever instrumental de proceder ao desconto das contribuições previdenciárias ora em trato, à razão de 11% sobre o Fl. 1265DF CARF MF Impresso em 21/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/08/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 21/08/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 18 valor bruto das notas fiscais de serviços prestados mediante cessão de mão de obra, e de efetuar o recolhimento das contribuições assim arrecadas, no prazo normativo, em nome da empresa prestadora. A responsabilidade do Tomador dos serviços é direta, eis que figura como responsável tributário, não lhe sendo lícito alegar qualquer omissão para se eximir do recolhimento, ficando diretamente responsável pela importância que deixou de receber ou arrecadou em desacordo com o disposto na Lei de Custeio da Seguridade Social, a teor do §5º do art. 33 dessa mesma lei ordinária. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 33. Ao Instituto Nacional do Seguro Social – INSS compete arrecadar, fiscalizar, lançar e normatizar o recolhimento das contribuições sociais previstas nas alíneas ‘a’, ‘b’ e ‘c’ do parágrafo único do art. 11, bem como as contribuições incidentes a título de substituição; e à Secretaria da Receita Federal – SRF compete arrecadar, fiscalizar, lançar e normatizar o recolhimento das contribuições sociais previstas nas alíneas ‘d’ e ‘e’ do parágrafo único do art. 11, cabendo a ambos os órgãos, na esfera de sua competência, promover a respectiva cobrança e aplicar as sanções previstas legalmente. (Redação dada pela Lei nº 10.256/2001). (...) §5º O desconto de contribuição e de consignação legalmente autorizadas sempre se presume feito oportuna e regularmente pela empresa a isso obrigada, não lhe sendo lícito alegar omissão para se eximir do recolhimento, ficando diretamente responsável pela importância que deixou de receber ou arrecadou em desacordo com o disposto nesta Lei. (grifos nossos) Cumpre registrar, por relevante, que a hipótese de substituição tributária ora desenhada é exigida a contar da competência fevereiro/1999, por força cogente das disposições assentadas no art. 29 da citada Lei nº 9.711/98, in verbis: Lei nº 9.711, de 20 de novembro de 1998 Art. 29. O art. 31 da Lei nº 8.212, de 1991, produzirá efeitos a partir de 1º de fevereiro de 1999, ficando mantida, até aquela data, a responsabilidade solidária na forma da legislação anterior. No caso em apreciação, do exame das informações declaradas pela própria autuada à RFB por intermédio da DIRF, em especial as de código 1708 referentes a Remuneração de Serviços Profissionais Prestados por Pessoas Jurídicas, a Fiscalização apurou a ocorrência de diversos pagamentos a pessoas jurídicas, cujo objeto social consiste na prestação de serviços potencialmente abrangidos pelo §2º do art. 219 do RPS e artigos 145 e 146 da IN SRP nº 3/2005, conforme verificado nos Comprovantes de Inscrição e de Situação Cadastral de cada empresa contratada, verificado no sítio da Receita Federal, e nos poucos contratos de prestação de serviços apresentados pela empresa. Foram solicitados através dos TIF nº 6, 8, 9, 10 e 11, as notas fiscais, contratos de prestação de serviços e os comprovantes de recolhimentos de retenção de 11% Fl. 1266DF CARF MF Impresso em 21/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/08/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 21/08/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 16682.720710/201218 Acórdão n.º 2302003.306 S2C3T2 Fl. 1.257 19 GPS referentes aos pagamentos referidos no parágrafo anterior. Entretanto, a empresa não apresentou notas fiscais e GPS e nem todos os contratos de prestação de serviço. Em decorrência da sonegação dos documentos acima citados, de guarda e manutenção obrigatória por parte da empresa Autuada, a Fiscalização, com espeque no §3º do art. 33 da Lei nº 8.212/91, procedeu à apuração da matéria tributável por aferição indireta, em levantamentos distintos por empresa prestadora, ordenadas nas seguintes categorias: a) Os Levantamentos referidos no discriminativo exposto no item 11 do Relatório Fiscal referemse a prestação de serviços executados mediante empreitada de mão de obra, por empresas prestadoras cujas atividades econômicas são “Serviços de Engenharia”, “Construção de Edifícios”, “Atividades de Estudos Geológicos”, “Atividades Técnicas Relacionadas à Engenharia e Arquitetura Não Especificadas Anteriormente”, subsumidas à hipótese assentada no inciso III do §2º do art. 219 do Regulamento da Previdência Social, c.c. art. 31, §4º, III, da Lei nº 8.212/91, em relação aos quais a Autuada, apesar de formalmente intimada, não apresentou os Contratos, nem as respectivas Notas Fiscais de serviço; b) Os Levantamentos referidos no discriminativo exposto no item 23 do Relatório Fiscal referemse a prestação de serviços mediante cessão de mão de obra, por empresas prestadoras cujas atividades econômicas são “Treinamento de Informática”, “Treinamento em Desenvolvimento Profissional e Gerencial”, “Outras Atividades Profissionais, Científicas e Técnicas não Especificadas Anteriormente”, “Outras Atividades de Serviços Prestados Principalmente às Empresas Não Especificadas Anteriormente”, “Marketing Direto”, subsumidas às hipóteses assentadas nos incisos V, XII e XXV do §2º do art. 219 do Regulamento da Previdência Social, em relação aos quais a Autuada, apesar de formalmente intimada, não apresentou os Contratos, tampouco as respectivas Notas Fiscais; c) Nos Levantamentos de Cessão de Mão de Obra Com Apresentação de Contratos e Sem Apresentação de Notas Fiscais, expostos no discriminativo apresentado no item 35 do Relatório Fiscal, os fatos geradores das contribuições sociais lançadas ocorreram com a prestação de serviços executados mediante cessão de mão de obra por empresas prestadoras cujas atividades econômicas são “Atividades Técnicas Relacionadas à Engenharia e Arquitetura Não Especificadas Anteriormente”, “Serviços de Engenharia”, “Outras Atividades de Serviços Prestados Principalmente às Empresas Não Especificadas Anteriormente”, “Serviços de Organização de Feiras, Congressos, Exposições e Festas”, “Treinamento em Desenvolvimento Profissional e Gerencial”, “Outras Atividades Esportistas não Especificadas Anteriormente”, subsumidas às hipóteses assentadas nos incisos III, XII, XVI, XVII e XXII do §2º do art. 219 do Regulamento da Previdência Social, conforme verificado no Comprovante de Inscrição e de Situação Cadastral do sítio da Receita Federal. Fl. 1267DF CARF MF Impresso em 21/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/08/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 21/08/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 20 A não apresentação de contratos e de notas fiscais/faturas de prestação de serviços, documentos de guarda, manutenção e exibição obrigatória, nos termos da lei, inviabilizou a investigação precisa dos Fatos Jurígenos Tributários ora em destaque. Nessa esteira, subsumindose potencialmente as atividades econômicas desenvolvidas pelas empresas prestadoras em tela às hipóteses previstas nos incisos III, XII, XVI, XXII, XXV do §2º do art. 219 do Regulamento da Previdência Social, a Fiscalização procedeu ao lançamento das contribuições previdenciárias reputadas como devidas, arbitrando a matéria tributável, assim considerados os valores brutos dos serviços contidos em Nota Fiscal/Fatura/Recibo de prestação de serviços, os valores obtidos da DIRF – código 1708, transferindo ao Sujeito Passivo o ônus da prova em contrário, com fulcro no §3º do art. 33 da Lei nº 8.212/91. Conforme destacado no item 11 do Relatório Fiscal, apenas os serviços de engenharia, de construção de edifícios e afins foram incluídos nos levantamentos de empreitada de mão de obra sem apresentação de contratos e sem apresentação de notas fiscais, pela subsunção à hipótese vertida no inciso III do art. 145 da IN SRP nº 3/2005, Instrução Normativa SRP nº 3, de 14 de julho de 2005 Art. 145. Estarão sujeitos à retenção, se contratados mediante cessão de mãodeobra ou empreitada, observado o disposto no art. 176, os serviços de: (...) III construção civil, que envolvam a construção, a demolição, a reforma ou o acréscimo de edificações ou de qualquer benfeitoria agregada ao solo ou ao subsolo ou obras complementares que se integrem a esse conjunto, tais como a reparação de jardins ou passeios, a colocação de grades ou de instrumentos de recreação, de urbanização ou de sinalização de rodovias ou de vias públicas; (...) Art. 147. É exaustiva a relação dos serviços sujeitos à retenção, constante dos arts. 145 e 146, conforme disposto no §2º do art. 219 do RPS. Parágrafo único. A pormenorização das tarefas compreendidas em cada um dos serviços, constantes nos incisos dos arts. 145 e 146, é exemplificativa. Não se deslembre que, apesar de a relação dos serviços sujeitos à retenção, constante dos arts. 145 e 146 da IN SRP nº 3/2005, ser exaustiva, a pormenorização das tarefas compreendidas em cada um dos serviços constantes nos incisos dos arts. 145 e 146 é meramente exemplificativa. A não observância das obrigações tributárias exigidas pela legislação de regência frustrou os objetivos da lei, prejudicando a atuação ágil e eficiente dos agentes do fisco, que se viram impelidos a despender uma energia investigatória suplementar na apuração dos fatos geradores em realce, não somente nos documentos suso destacados, mas, igualmente, em outras fontes de informação, tais como as DIRF, os comprovantes de inscrição e Situação Cadastral da empresas prestadoras, o Conta Corrente da Autuada, etc. Fl. 1268DF CARF MF Impresso em 21/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/08/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 21/08/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 16682.720710/201218 Acórdão n.º 2302003.306 S2C3T2 Fl. 1.258 21 Nessas circunstâncias, a recusa ou sonegação de qualquer documento ou informação, ou sua apresentação deficiente é motivo justo, bastante, suficiente e determinante para que a fiscalização inscreva de ofício a importância reputada como devida, mesmo que mediante a apuração de sua base de cálculo por aferição indireta, transferindo aos ombros do sujeito passivo o ônus da prova em contrário, a teor do permissivo legal encartado no parágrafo 3º do art. 33 da Lei nº 8.212/91. Nessa perspectiva, conforme expressamente estatuído na lei, não concordando o sujeito passivo com o valor aferido pela Autoridade Lançadora, competelhe, ante a refigurada distribuição do ônus da prova, que lhe é avesso, demonstrar por meios idôneos que tais montantes não são condizentes com a realidade. Tivesse a empresa cumprido, com o devido rigor, as obrigações acessórias impostas pela legislação, os fatos geradores teriam sido apurados diretamente dos contratos e das notas fiscais de prestação de serviços por pessoa jurídica, das folhas de pagamento, das GFIP, etc. Mas assim não ocorreu. A não observância das formalidades exigidas pela legislação tributária quebrou o mecanismo idealizado pelo legislador ordinário para a apuração ágil e precisa dos fatos geradores de contribuições previdenciárias, obrigando os agentes fiscais a investigar uma miríade de outros documentos e fontes de informações, para a captação dos fatos jurígenos tributários de sua competência, no cumprimento efetivo do seu dever de ofício. Diante desse quadro, o convencimento do auditor fiscal acerca da existência dissimulada de prestação de serviços mediante cessão e/ou empreitada de mão de obra decorreu dos elementos de convicção elucidativamente descritos no Relatório Fiscal, dos quais dimana a efetiva ocorrência de prestação de serviços por empresas cujas atividades econômicas subsumemse, potencialmente, às hipóteses previstas nos incisos III, XII, XVI, XXII, XXV do §2º do art. 219 do Regulamento da Previdência Social. Na sequência, ante a sonegação de documentos específicos de onde se pudesse extrair, diretamente e com confiabilidade, a natureza jurídica de cada serviço prestado e a respectiva matéria tributável para todas as confrontações cabíveis, a aferição indireta fezse necessária e tornouse inafastável, sendo a base de cálculo das contribuições em realce apuradas por arbitramento, com amparo no §3º do art. 33 da Lei nº 8.212/91, cabendo a empresa o ônus da prova em contrário. Merece ser enaltecido que no Processo Administrativo Fiscal a produção de provas não se configura como uma obrigação das partes, mas, tão somente, um ônus, cuja não implementação não implica qualquer sanção, mas, apenas, o não auferimento das vantagens que poderiam decorrer da produção da prova em xeque, conforme deflui do art. 16º do Decreto 70.235/72. Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 Art. 16. A impugnação mencionará: (...) III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pela Lei nº 8.748/93) IV as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso Fl. 1269DF CARF MF Impresso em 21/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/08/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 21/08/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 22 de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do seu perito. (Redação dada pela Lei nº 8.748/93) (...) §4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: (Incluído pela Lei nº 9.532/1997) a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; (Incluído pela Lei nº 9.532/1997) b) refirase a fato ou a direito superveniente; (Incluído pela Lei nº 9.532/1997) c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. (Incluído pela Lei nº 9.532/1997) §5º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior. (Incluído pela Lei nº 9.532/1997) §6º Caso já tenha sido proferida a decisão, os documentos apresentados permanecerão nos autos para, se for interposto recurso, serem apreciados pela autoridade julgadora de segunda instância. (Incluído pela Lei nº 9.532/1997) Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. (Redação dada pela Lei nº 9.532/1997) Não procede a alegação da empresa de que as provas apresentadas seriam suficientes para demonstrar as circunstâncias e os objetos dos contratos, afastando as presunções fiscais que fundamentaram o lançamento. Do exame da documentação apresentada pela Autuada verificamos que: a) Não há qualquer levantamento referente às empresas prestadoras de serviço ASD Serviços Ltda, Biosol Serviços e Sistemas de Remediação Ambiental Ltda, Teschi Manutenção Corporal Express Ltda, Ambien Engenharia e Gestão Ambiental Ltda, Sergio Volkmer Arquitetura Ltda, CA Alves Cons e Serv Eng Ltda, Tecma Tecnologia em Meio Ambiente Ltda, RioAcapella Produções Artísticas Ltda, Rosenbra Engenharia Brasil Ltda, Psysical Acoustic South América Ltda, Terra Mar Assessoria em Comércio Exterior Ltda, Qualityware , Geolock Consultoria e Engenharia Ambiental Ltda, Telemetria Automação e Controles Ltda e Amaral d´Avila Engenharia de Avaliações. b) Em relação às empresas prestadoras de serviço abaixo arroladas, foram apresentadas apenas algumas notas fiscais, as quais não especificavam os serviços prestados, não se configurando, portanto, como hábeis a descaracterizar a empreitada ou cessão de mão de obra. Procenium Construtora Ltda: não específica o serviço; Cappe Engenharia Ltda: não específica o serviço; Fl. 1270DF CARF MF Impresso em 21/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/08/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 21/08/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 16682.720710/201218 Acórdão n.º 2302003.306 S2C3T2 Fl. 1.259 23 PMC Engenharia Arquitetura Ltda: não específica o serviço; Contec Consultoria Tecnológica e educativa ltda: não específica o serviço; Fagga Promoções de Eventos AS: não específica o serviço; Qualiserv Assistência Técnica SC Ltda: não específica o serviço; c) Em relação às empresas prestadoras de serviço abaixo arroladas, foram apresentadas apenas algumas notas fiscais, as quais não foram capazes de demonstrar a forma como se operou, de fato, a execução dos serviços contratados, não sendo, portanto, aptas a descaracterizar a cessão de mão de obra e a subsunção à hipótese vertida no inciso X do art. 146 da IN SRP nº 3/2005. Softtime Informática Ltda: treinamento profissional em cursos de informática; FC Brasil Consultoria e Representações Ltda: treinamento de pessoal; Vitalclin clinicas integradas (Chiuchetta & Ferreira Ltda): palestras e ginastica laboral; Teachware Consulting Ltda: serviços de consultoria em treinamento d) Em relação às empresas prestadoras de serviço abaixo arroladas, foram apresentadas, apenas, notas fiscais e, em poucos casos, Termos aditivos de contratos que não especificam o seu objeto, os quais não foram capazes de demonstrar a forma como se operou, de fato, a execução dos serviços contratados, não sendo, portanto, aptas a descaracterizar a cessão de mão de obra e a subsunção à hipótese vertida no inciso XVI do art. 146 da IN SRP nº 3/2005. Essencis Soluções Ambientais : operação de sistemas; Essencis Remediação SA: operação de sistemas; BFU do Brasil Serviços Ambientais Ltda: operação de sistemas de remediação; Metroway Engenharia Ltda: operação de sistemas de remediação; Haztec Tecnologia e Planejamento Ambiental: serviços de engenharia e monitoramento ambiental e operação de sistemas; Attps Tech: desenvolvimento e operação de sistemas; Fl. 1271DF CARF MF Impresso em 21/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/08/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 21/08/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 24 e) Em relação às empresas prestadoras de serviço abaixo arroladas, foram apresentadas, apenas, notas fiscais e, em poucos casos, Termos aditivos de contratos que não especificam o seu objeto, os quais não foram capazes de demonstrar a forma como se operou, de fato, a execução dos serviços contratados, não sendo, portanto, aptas a descaracterizar a cessão de mão de obra e a subsunção à hipótese vertida no inciso V do art. 146 da IN SRP nº 3/2005. Servmar Serviços Técnicos Ambientais Ltda: Assessoria em gestão ambiental de resíduos; Tecnohidro Projetos Ambientais Ltda: monitoramento e avaliação ambiental, f) Em relação às empresas prestadoras de serviço abaixo arroladas, foram apresentadas, apenas, notas fiscais e, em poucos casos, Termos aditivos de contratos que não especificam o seu objeto, os quais não foram capazes de demonstrar a forma como se operou, de fato, a execução dos serviços contratados, não sendo, portanto, aptas a descaracterizar a cessão de mão de obra e a subsunção às hipóteses vertidas nos incisos XII a XIV do art. 146 da IN SRP nº 3/2005. ERM do Brasil: Acompanhamento na medição de sulfato; PHD Máster Consultoria Ltda: calibração de medidores; g) Em relação à empresa prestadora Softmarketing foram apresentadas, apenas, notas fiscais referentes ao serviço de telemarketing, as quais não foram capazes de demonstrar a forma como se operou, de fato, a execução dos serviços contratados, não sendo, portanto, aptas a descaracterizar a empreitada/cessão de mão de obra e a subsunção à hipótese vertida no inciso XXIV do art. 146 da IN SRP nº 3/2005. h) Em relação à empresa prestadora Vonseg Tecnologia em Segurança e Saúde Ocupacional Ltda foram apresentadas, apenas, notas fiscais referentes ao serviço de assistente de obras, as quais não foram capazes de demonstrar a forma como se operou, de fato, a execução dos serviços contratados, não sendo, portanto, aptas a descaracterizar a empreitada/cessão de mão de obra e a subsunção à hipótese vertida no inciso III do art. 145 da IN SRP nº 3/2005. i) Em relação à empresa prestadora F&P Eventos Esportivos SC Ltda não conseguimos localizar nos autos qualquer documento hábil a descaracterizar a cessão de mão de obra e a subsunção à hipótese vertida no inciso XXI do art. 146 da IN SRP nº 3/2005. j) Em relação à empresa prestadora Gea Ambiental SS Ltda não conseguimos localizar nos autos qualquer documento hábil a Fl. 1272DF CARF MF Impresso em 21/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/08/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 21/08/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 16682.720710/201218 Acórdão n.º 2302003.306 S2C3T2 Fl. 1.260 25 descaracterizar a cessão de mão de obra e a subsunção à hipótese vertida no inciso V do art. 146 da IN SRP nº 3/2005. Assim, tendo sido a matéria tributável do presente lançamento apurada por aferição indireta, e se operado, por expressa determinação legal, a inversão do ônus da prova em desfavor do Sujeito Passivo, não havendo sido os fatos geradores acima especificados impugnados eficazmente pelo contribuinte, o desfecho há de ser em favor da presunção de legitimidade e legalidade do ato administrativo do lançamento. Por fim, em relação às empresas prestadoras abaixo arroladas, e tão somente em relação a elas, pautamos pela exclusão dos fatos geradores a elas relacionados em razão de os serviços por elas prestados não se ajustar a nenhuma das hipóteses previstas nos artigos 145 e 146 da Instrução Normativa SRP nº 3, de 14 de julho de 2005, observado ainda o disposto no art. 170 da IN SRP nº 3/2005. Levantamentos P2 e P22: VK Consultoria e Projetos Ltda: Projeto executivo para planta de biodiesel; Levantamento P5: Eraldo Vieira Consultoria e Serviços de Engenharia Ltda: Consultoria de engenharia; Levantamentos P8 e P82: AKS Engenharia Ltda: projetos de Aterramento, de bombas, etc. Levantamento Q6: Revedur Revestimentos Metálicos Ltda: recuperação de chapas no costado e teto de tanque; Levantamentos T4 e T42: Guterres Projetos Ltda: serviços de engenharia, Levantamento T5: Gipa do Brasil Ltda: serviços de pesquisa de mercado, Levantamentos U1 e U12: Dinâmica Consultoria em segurança do trabalho SC Ltda: serviços de consultoria e assessoria; Instrução Normativa SRP nº 3, de 14 de julho de 2005 Art. 170. Não se sujeita à retenção, a prestação de serviços de: I administração, fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras; II assessoria ou consultoria técnicas; III controle de qualidade de materiais; IV fornecimento de concreto usinado, de massa asfáltica ou de argamassa usinada ou preparada; V jateamento ou hidrojateamento; VI perfuração de poço artesiano; VII elaboração de projeto da construção civil; Fl. 1273DF CARF MF Impresso em 21/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/08/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 21/08/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 26 VIII ensaios geotécnicos de campo ou de laboratório (sondagens de solo, provas de carga, ensaios de resistência, amostragens, testes em laboratório de solos ou outros serviços afins); IX serviços de topografia; X instalação de antena coletiva; XI instalação de aparelhos de ar condicionado, de refrigeração, de ventilação, de aquecimento, de calefação ou de exaustão; XII instalação de sistemas de ar condicionado, de refrigeração, de ventilação, de aquecimento, de calefação ou de exaustão, quando a venda for realizada com emissão apenas da nota fiscal de venda mercantil; XIII instalação de estruturas e esquadrias metálicas, de equipamento ou de material, quando for emitida apenas a nota fiscal de venda mercantil; (Redação dada pela IN SRP nº 20/2007) XIV locação de caçamba; XV locação de máquinas, de ferramentas, de equipamentos ou de outros utensílios sem fornecimento de mãodeobra; XVI fundações especiais. Parágrafo único. Quando na prestação dos serviços relacionados nos incisos XII e XIII do caput, houver emissão de nota fiscal, fatura ou recibo de prestação de serviços relativa à mãodeobra utilizada na instalação do material ou do equipamento vendido, os valores desses serviços integrarão a base de cálculo da retenção. De todo o exposto, pugnamos pelo provimento parcial do lançamento ora em debate, nos termos acima destacados. 3.2. DOS JUROS DE MORA SOBRE MULTA FISCAL PUNITIVA. Alega o Recorrente ser indevida a exigência de juros de mora sobre multa punitiva. As alegações acima postadas não merecem o albergue pretendido. A Constituição Federal de 1988 outorgou à Lei Complementar a competência para estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários, nas cores desenhadas em seu art. 146, III, ‘b’, in verbis: Constituição Federal de 1988 Art. 146. Cabe à lei complementar: III estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre: a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes; Fl. 1274DF CARF MF Impresso em 21/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/08/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 21/08/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 16682.720710/201218 Acórdão n.º 2302003.306 S2C3T2 Fl. 1.261 27 b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários; Imerso nessa ordem constitucional, ao tratar do crédito tributário, já no âmbito infraconstitucional, o art. 161 do Código Tributário Nacional – CTN, topograficamente inserido no Capítulo que versa sobre a Extinção do Crédito Tributário, estabeleceu que o crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis: Código Tributário Nacional Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. §1º Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês. §2º O disposto neste artigo não se aplica na pendência de consulta formulada pelo devedor dentro do prazo legal para pagamento do crédito. Salientese que o percentual enunciado no parágrafo primeiro acima transcrito será o aplicável se a lei não dispuser de modo diverso. Ocorre que a lei de custeio da seguridade social disciplinou inteiramente a matéria relativa aos acessórios financeiros do crédito previdenciário em constituição e de forma distinta, devendo esta ser observada em detrimento do percentual previsto no §1º do art. 161 do CTN. Nesse sentido já se manifestou o Tribunal Regional Federal da 4ª Região ao proferir, ipsis litteris: “Na esfera infraconstitucional, o Código Tributário Nacional, norma de caráter complementar, não proíbe a capitalização de juros nem limita a sua cobrança ao patamar de 1% ao mês. pois o art. 161, §1º desse diploma legal prevê que essa taxa de juros somente será aplicada se a lei não dispuser de modo contrário. Assim, não tendo o Código Tributário Nacional determinado a necessidade de lei complementar, pode a lei ordinária fixar taxas de juros diversas daquela prevista no citado art. 161, §1º do CTN, donde se conclui que a incidência da SELIC sobre os créditos fiscais se dá por forca de instrumento legislativo próprio (lei ordinária) sem importar qualquer afronta à Constituição Federal” (TRF 4ª Região, Apelação Cível 200471100006514, Rel. Álvaro Eduardo Junqueira; 1ª Turma; DJ de 15/06/2005, p. 552). Com efeito, as contribuições sociais destinadas ao custeio da seguridade social estão sujeitas não só à incidência de multa moratória, como também de juros computados segundo a taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia SELIC, nos termos do art. 34 da Lei nº 8.212/91 que, pela sua importância ao deslinde da questão, o transcrevemos a seguir, com a redação vigente à data dos fatos geradores. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 34. As contribuições sociais e outras importâncias arrecadadas pelo INSS, incluídas ou não em notificação fiscal de Fl. 1275DF CARF MF Impresso em 21/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/08/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 21/08/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 28 lançamento, pagas com atraso, objeto ou não de parcelamento, ficam sujeitas aos juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia SELIC, a que se refere o art. 13 da Lei nº 9.065, de 20 de junho de 1995, incidentes sobre o valor atualizado, e multa de mora, todos de caráter irrelevável. (Restabelecido com redação alterada pela MP nº 1.571/97, reeditada até a conversão na Lei nº 9.528/97) A matéria relativa à incidência da taxa SELIC já foi bater à porta da Suprema Corte de Justiça, que firmou jurisprudência no sentido de sua legalidade, consoante ressai do julgado a seguir ementado: TRIBUTÁRIO. PARCELAMENTO DE DÉBITO. JUROS MORA TÓRIOS. TAXA SELIC. CABIMENTO. 1. O artigo 161 do CTN estipulou que os créditos não pagos no vencimento serão acrescidos de juros de mora calculados à taxa de 1%, ressalvando, expressamente, em seu parágrafo primeiro, a possibilidade de sua regulamentação por lei extravagante. o que ocorre no caso dos créditos tributários, em que a Lei 9.065/95 prevê a cobrança de juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia SELIC para títulos federais (art. 13). 2. Diante dai previsão legal e considerando que a mora é calculada de acordo com a legislação vigente à época de sua apuração, nenhuma ilegalidade há na aplicação da Taxa SELIC sobre os débitos tributários recolhidos a destempo, ou que foram objeto de parcelamento administrativo. 3. Também, há de se considerar que os contribuintes têm postulado a utilização da Taxa SELIC na compensação e repetição dos indébitos tributários de que são credores. Assim, reconhecida a legalidade da incidência da Taxa SELIC em favor dos contribuintes, do mesmo modo deve ser aplicada na cobrança do crédito fiscal diante do princípio da isonomia. 4. Embargos de divergência a que se dá provimento. STJ EREsp nº 396.554/SC, Rel. Min. TEORI ALBINO ZAVASCKI; 1ª SEÇÃO; DJ 13/09/2004; p. 167. Mostrase auspicioso esclarecer que o conceito de crédito tributário abarca não somente o principal como, também, os seus acessórios pecuniários legais, in casu, os juros moratórios e a multa punitiva, consolidados até a data da lavratura do Auto de Infração. Ou seja, verificado o inadimplemento do tributo, é cabível a incidência de juros moratórios sobre o principal, desde a data do vencimento da obrigação até a data da lavratura do Auto de Infração, bem como a aplicação de multa punitiva, que passam a integrar o crédito fiscal, ou seja, o montante que o contribuinte deve recolher ao Fisco. Uma vez consolidado o crédito tributário (principal + juros + multa), ao Sujeito Passivo é concedido prazo legal para o adimplemento espontâneo da obrigação. Não se deve perder de vista que os juros moratórios representam, efetivamente, o preço do dinheiro, isto é, o valor que o detentor da moeda (o Sujeito Passivo) paga ao seu legítimo proprietário (o Fisco) pela posse temporária do numerário que desde o vencimento da obrigação já é de sua titularidade. Fl. 1276DF CARF MF Impresso em 21/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/08/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 21/08/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 16682.720710/201218 Acórdão n.º 2302003.306 S2C3T2 Fl. 1.262 29 No caso dos autos, a partir da data de vencimento especificado, o Sujeito Passivo passa a figurar como potencial devedor do montante consolidado objeto do lançamento tributário. Nessa perspectiva, os juros de mora são devidos para compensar a demora do Sujeito Passivo no pagamento do crédito tributário consolidado. Se ainda assim há atraso na quitação da dívida, os juros de mora devem incidir sobre a totalidade do crédito tributário consolidado, inclusive a multa que, neste momento, constitui crédito titularizado pela Fazenda Pública, não se distinguindo da exação em si para efeitos de recompensar o credor pela demora no pagamento. Com efeito, a posição assumida pelo acórdão recorrido espelha a jurisprudência firmada por ambas as Turmas que compõem a Primeira Seção do STJ, conforme se depreende dos seguintes julgados adiante ementados: TRIBUTÁRIO. MULTA PECUNIÁRIA. JUROS DE MORA. INCIDÊNCIA. LEGITIMIDADE. 1. É legítima a incidência de juros de mora sobre multa fiscal punitiva, a qual integra o crédito tributário. 2. Recurso especial provido. (REsp 1.129.990/PR, Rel. Min. Castro Meira, DJ de 14/9/2009). PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. MANDADO DE SEGURANÇA. JUROS DE MORA SOBRE MULTA. INCIDÊNCIA. PRECEDENTES DE AMBAS AS TURMA QUE COMPÕEM A PRIMEIRA SEÇÃO DO STJ. 1. Entendimento de ambas as Turmas que compõem a Primeira Seção do STJ no sentido de que: "É legítima a incidência de juros de mora sobre multa fiscal punitiva, a qual integra o crédito tributário." (REsp 1.129.990/PR, Rel. Min. Castro Meira, DJ de 14/9/2009). De igual modo: REsp 834.681/MG, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 2/6/2010. 2. Agravo regimental não provido. (AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.335.688 – PR, Rel. Min. Benedito Gonçalves, DJ de 10/12/2012) Aditese que a matéria em questão já se houve por decidida pela 1ª Seção do STJ, no REsp 879.844/MG, DJe de 25/11/2009, julgado sob o regime do art. 543C do CPC, com eficácia vinculativa desse precedente, que deverá ser reproduzido pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, por força do preceito insculpido no art. 62A do Regimento Interno do CARF. TRIBUTÁRIO. EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. TAXA SELIC. APLICAÇÃO PARA TRIBUTOS ESTADUAIS DIANTE DA EXISTÊNCIA DE LEI AUTORIZADORA. MATÉRIA DECIDIDA PELA 1ª SEÇÃO, NO RESP 879.844/MG, DJE DE 25/11/2009, JULGADO SOB O REGIME DO ART. 543C DO CPC. ESPECIAL EFICÁCIA VINCULATIVA DESSE PRECEDENTE (CPC, ART. 543C, §7º), QUE IMPÕE A ADOÇÃO EM CASOS ANÁLOGOS. MULTA PECUNIÁRIA. Fl. 1277DF CARF MF Impresso em 21/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/08/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 21/08/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 30 JUROS DE MORA. INCIDÊNCIA. LEGITIMIDADE. PRECEDENTE DA 2ª TURMA DO STJ. RECURSO ESPECIAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO. (REsp 834.681/MG, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 2/6/2010). Regimento Interno do CARF Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Por tais razões, entendemos inexistir irregularidade na incidência de juros moratórios sobre o crédito tributário consolidado. 3.3. DAS DILIGENCIAS Defende o Recorrente a necessidade de realização de diligência; Ora, ora ... Qualquer diligência a ser empreendida passa, necessariamente, pelo exame dos contratos de prestação de serviços relativos aos levantamentos integrantes deste lançamento, os quais foram sonegados à Fiscalização, e nem mesmo foram acostados aos autos em sede de impugnação administrativa, ou mesmo em grau de Recurso Voluntário. No âmbito do Ministério da Fazenda, o art. 16 do Decreto nº 70.235/72 assinala, categoricamente, que o instrumento de bloqueio deve consignar os motivos de fato e de direito em que se fundamenta a defesa, os pontos de discordância, as razões e as provas que possuir. Mas não pára por aí: Impõe ao impugnante o ônus de instruir a peça de defesa com todas as provas documentais, sob pena de preclusão do direito de fazêlo em momento futuro, ressalvadas, excepcionalmente, as hipóteses taxativamente arroladas em seu parágrafo primeiro. Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. Art. 16. A impugnação mencionará: I a autoridade julgadora a quem é dirigida; II a qualificação do impugnante; III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pela Lei nº 8.748/93) (grifos nossos) Fl. 1278DF CARF MF Impresso em 21/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/08/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 21/08/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 16682.720710/201218 Acórdão n.º 2302003.306 S2C3T2 Fl. 1.263 31 IV as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do seu perito. (Redação dada pela Lei nº 8.748/93) V se a matéria impugnada foi submetida à apreciação judicial, devendo ser juntada cópia da petição. (Incluído pela Lei nº 11.196/2005) §1º Considerarseá não formulado o pedido de diligência ou perícia que deixar de atender aos requisitos previstos no inciso IV do art. 16. (Incluído pela Lei nº 8.748/93) §2º É defeso ao impugnante, ou a seu representante legal, empregar expressões injuriosas nos escritos apresentados no processo, cabendo ao julgador, de ofício ou a requerimento do ofendido, mandar riscálas. (Incluído pela Lei nº 8.748/93) §3º Quando o impugnante alegar direito municipal, estadual ou estrangeiro, provarlheá o teor e a vigência, se assim o determinar o julgador. (Incluído pela Lei nº 8.748/93) §4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: (Incluído pela Lei nº 9.532/97) (grifos nossos) a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; (Incluído pela Lei nº 9.532/97) b) refirase a fato ou a direito superveniente; (Incluído pela Lei nº 9.532/97) c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. (Incluído pela Lei nº 9.532/97) §5º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior. (Incluído pela Lei nº 9.532/97) (grifos nossos) §6º Caso já tenha sido proferida a decisão, os documentos apresentados permanecerão nos autos para, se for interposto recurso, serem apreciados pela autoridade julgadora de segunda instância. (Incluído pela Lei nº 9.532/97) Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. (Redação dada pela Lei nº 9.532/97) (grifos nossos) Art. 18. A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, observando o disposto no art. 28, in fine. (Redação dada pela Lei nº 8.748/93) (grifos nossos) Fl. 1279DF CARF MF Impresso em 21/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/08/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 21/08/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI 32 Avulta, nesse panorama jurídico, que o Recorrente não tem que protestar pela realização de diligências em documentos que deveriam ter sido coligidos aos autos em sede de defesa administrativa. No processo administrativo fiscal tem o Sujeito Passivo, por disposição legal, que produzir as provas de seu direito, de forma concentrada, já em sede de impugnação, colacionadas juntamente na peça de defesa, sob pena de preclusão. Nos termos expressos da lei, a juntada de novos documentos no Processo Administrativo Fiscal depende de requerimento da parte interessada à autoridade julgadora do lançamento ou do recurso, mediante petição escrita na qual reste demonstrado, com fundamentos idôneos e comprovados, a impossibilidade de sua apresentação no momento próprio e oportuno, por motivo de força maior, ou que os documentos se refiram a fato ou a direito superveniente, ou ainda, que se destinem a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos, pesando em desfavor do Recorrente o ônus da devida comprovação. Diante de tal panorama, após o oferecimento da impugnação, a juntada de novos documentos há que ser requerida ao Órgão que irá apreciar e julgar o recurso eventualmente interposto, in casu, ao CARF, se se tratar de Recurso Voluntário, ou à CSRF, nas hipóteses de Recurso Especial, repousando aos ombros do Peticionante o encargo processual de demonstrar, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas ‘a’, ‘b’ e ‘c’ do parágrafo quarto do art. 16 do Decreto nº 70.235/72. Nesse contexto, na hipótese de o Autuado não lograr comprovar efetivamente a ocorrência de qualquer das hipóteses autorizadoras previstas no aludido §4º do art. 16 do citado Decreto nº 70.235/72, a autorização de juntada de novas provas ou a apreciação de documentos juntados em fase posterior à impugnação representaria, por parte deste Colegiado, negativa de vigência à Legislação tributária, providência que somente poderia emergir do Poder Judiciário. 4. CONCLUSÃO: Pelos motivos expendidos, CONHEÇO do Recurso Voluntário para, no mérito, DARLHE PROVIMENTO PARCIAL, devendo ser excluídos do lançamento, tão somente, as obrigações tributárias apuradas mediante os Levantamentos P2 e P22: VK Consultoria e Projetos Ltda, Levantamento P5: Eraldo Vieira Consultoria e Serviços de Engenharia Ltda; Levantamentos P8 e P82: AKS Engenharia Ltda; Levantamento Q6: Revedur Revestimentos Metálicos Ltda; Levantamentos T4 e T42: Guterres Projetos Ltda; Levantamento T5: Gipa do Brasil Ltda e Levantamentos U1 e U12: Dinâmica Consultoria em segurança do trabalho SC Ltda. É como voto. Arlindo da Costa e Silva, Relator. Fl. 1280DF CARF MF Impresso em 21/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/08/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 21/08/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI Processo nº 16682.720710/201218 Acórdão n.º 2302003.306 S2C3T2 Fl. 1.264 33 Fl. 1281DF CARF MF Impresso em 21/08/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/08/2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/08/ 2014 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 21/08/2014 por LIEGE LACROIX THOMASI
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