Busca Facetada
Turma- Terceira Câmara (28,899)
- Segunda Câmara (27,777)
- Primeira Câmara (25,077)
- Segunda Turma Ordinária d (16,594)
- 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (15,671)
- Primeira Turma Ordinária (15,251)
- Segunda Turma Ordinária d (15,173)
- Primeira Turma Ordinária (15,154)
- Primeira Turma Ordinária (15,001)
- Segunda Turma Ordinária d (13,782)
- Primeira Turma Ordinária (12,673)
- Primeira Turma Ordinária (11,721)
- Segunda Turma Ordinária d (11,695)
- Quarta Câmara (11,510)
- 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (11,138)
- Quarta Câmara (81,380)
- Terceira Câmara (63,185)
- Segunda Câmara (50,669)
- Primeira Câmara (16,202)
- 3ª SEÇÃO (15,671)
- 2ª SEÇÃO (11,138)
- 1ª SEÇÃO (6,624)
- Pleno (786)
- Sexta Câmara (302)
- Sétima Câmara (172)
- Quinta Câmara (133)
- Oitava Câmara (123)
- Terceira Seção De Julgame (114,979)
- Segunda Seção de Julgamen (108,014)
- Primeira Seção de Julgame (70,951)
- Primeiro Conselho de Cont (49,037)
- Segundo Conselho de Contr (48,602)
- Câmara Superior de Recurs (37,027)
- Terceiro Conselho de Cont (25,920)
- IPI- processos NT - ressa (4,985)
- Outros imposto e contrib (4,458)
- PIS - ação fiscal (todas) (4,037)
- IRPF- auto de infração el (3,972)
- PIS - proc. que não vers (3,957)
- IRPJ - AF - lucro real (e (3,943)
- Cofins - ação fiscal (tod (3,829)
- Simples- proc. que não ve (3,681)
- IRPF- ação fiscal - Dep.B (3,040)
- IPI- processos NT- créd.p (2,235)
- IRPF- ação fiscal - omis. (2,215)
- Cofins- proc. que não ver (2,098)
- IRPJ - restituição e comp (2,087)
- Finsocial -proc. que não (1,996)
- IRPF- restituição - rendi (1,990)
- Não Informado (56,831)
- GILSON MACEDO ROSENBURG F (4,955)
- RODRIGO DA COSTA POSSAS (4,442)
- WINDERLEY MORAIS PEREIRA (4,269)
- CLAUDIA CRISTINA NOIRA PA (4,256)
- PEDRO SOUSA BISPO (3,270)
- CHARLES MAYER DE CASTRO S (3,219)
- HELCIO LAFETA REIS (3,172)
- ROSALDO TREVISAN (3,165)
- MARCOS ROBERTO DA SILVA (3,146)
- Não se aplica (2,782)
- LIZIANE ANGELOTTI MEIRA (2,594)
- HONORIO ALBUQUERQUE DE BR (2,474)
- WILDERSON BOTTO (2,439)
- PAULO GUILHERME DEROULEDE (2,330)
- 2020 (41,074)
- 2021 (35,801)
- 2019 (30,944)
- 2018 (26,036)
- 2024 (25,832)
- 2012 (23,620)
- 2023 (22,452)
- 2014 (22,372)
- 2013 (21,085)
- 2011 (20,979)
- 2010 (18,056)
- 2008 (17,072)
- 2017 (16,838)
- 2009 (15,828)
- 2006 (15,269)
- 2009 (69,607)
- 2020 (39,854)
- 2021 (34,153)
- 2019 (30,464)
- 2023 (25,918)
- 2024 (23,874)
- 2014 (23,412)
- 2018 (23,139)
- 2013 (16,584)
- 2017 (16,398)
- 2008 (15,518)
- 2006 (14,849)
- 2022 (13,226)
- 2007 (13,013)
- 2005 (12,075)
Numero do processo: 13819.721431/2016-14
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 02 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Nov 12 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2013
INTIMAÇÃO POR EDITAL. REGULARIDADE
Demonstrando ser improficua a intimação via postal ressai regular a intimação por edital.
INTEMPESTIVIDADE.
É intempestiva a impugnação apresentada após o decurso do prazo de trinta dias, contados da data de ciência do auto de infração, uma vez que não foi instaurada a fase litigiosa do processo administrativo fiscal o que não comporta julgamento quanto às razões de mérito.
Numero da decisão: 2401-005.781
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier - Presidente
(assinado digitalmente)
Andréa Viana Arrais Egypto - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Cleberson Alex Friess, Andréa Viana Arrais Egypto, Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (Suplente Convocada), Rayd Santana Ferreira, Jose Luis Hentsch Benjamin Pinheiro, Luciana Matos Pereira Barbosa, Matheus Soares Leite e Miriam Denise Xavier (Presidente).
Nome do relator: ANDREA VIANA ARRAIS EGYPTO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201810
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2013 INTIMAÇÃO POR EDITAL. REGULARIDADE Demonstrando ser improficua a intimação via postal ressai regular a intimação por edital. INTEMPESTIVIDADE. É intempestiva a impugnação apresentada após o decurso do prazo de trinta dias, contados da data de ciência do auto de infração, uma vez que não foi instaurada a fase litigiosa do processo administrativo fiscal o que não comporta julgamento quanto às razões de mérito.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Nov 12 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 13819.721431/2016-14
anomes_publicacao_s : 201811
conteudo_id_s : 5924993
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Nov 12 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 2401-005.781
nome_arquivo_s : Decisao_13819721431201614.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : ANDREA VIANA ARRAIS EGYPTO
nome_arquivo_pdf_s : 13819721431201614_5924993.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier - Presidente (assinado digitalmente) Andréa Viana Arrais Egypto - Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Cleberson Alex Friess, Andréa Viana Arrais Egypto, Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (Suplente Convocada), Rayd Santana Ferreira, Jose Luis Hentsch Benjamin Pinheiro, Luciana Matos Pereira Barbosa, Matheus Soares Leite e Miriam Denise Xavier (Presidente).
dt_sessao_tdt : Tue Oct 02 00:00:00 UTC 2018
id : 7507005
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:31:04 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051148452102144
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1228; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T1 Fl. 2 1 1 S2C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13819.721431/201614 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2401005.781 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 02 de outubro de 2018 Matéria IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Recorrente JOAO IDAGMAR BARROS Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2013 INTIMAÇÃO POR EDITAL. REGULARIDADE Demonstrando ser improficua a intimação via postal ressai regular a intimação por edital. INTEMPESTIVIDADE. É intempestiva a impugnação apresentada após o decurso do prazo de trinta dias, contados da data de ciência do auto de infração, uma vez que não foi instaurada a fase litigiosa do processo administrativo fiscal o que não comporta julgamento quanto às razões de mérito. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Presidente (assinado digitalmente) Andréa Viana Arrais Egypto Relatora AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 81 9. 72 14 31 /2 01 6- 14 Fl. 101DF CARF MF Processo nº 13819.721431/201614 Acórdão n.º 2401005.781 S2C4T1 Fl. 3 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Cleberson Alex Friess, Andréa Viana Arrais Egypto, Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (Suplente Convocada), Rayd Santana Ferreira, Jose Luis Hentsch Benjamin Pinheiro, Luciana Matos Pereira Barbosa, Matheus Soares Leite e Miriam Denise Xavier (Presidente). Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto em face da decisão da 5ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Salvador – BA (DRJ/SDR) que decidiu por não conhecer da impugnação, conforme ementa do Acórdão nº 1542.193 (fls. 86/87): ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2012 INTIMAÇÕES. VIA POSTAL. ENDEREÇO TRIBUTÁRIO ELEITO PELO SUJEITO PASSIVO. No âmbito do contencioso administrativo fiscal, as intimações, quando realizadas por via postal, devem ser encaminhadas para o endereço do domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo (art. 23, do Decreto 70.235/72). Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido O presente processo trata de Notificação de Lançamento de Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) referente ao Exercício 2013, anocalendário 2012 (fls. 13/25), lavrada em 09/02/2013, por meio da qual foi apurado crédito tributário no montante total de R$ 124.542,48, conforme descrito abaixo: · Imposto de Renda Pessoa Física – Suplementar (Cód. 2904): R$ 28.073,78; · Multa de Ofício (75%), passível de redução: R$ 21.055,33; · Juros de Mora, calculados até 27/02/2015: R$ 5.056,08; · Imposto de Renda Pessoa Física (Cód. 0211): R$ 50.979,85; · Multa de Mora (Não Passível de Redução): R$ 10.195,97; · Juros de Mora, calculados até 27/02/2015: R$ 9.181,47. Fl. 102DF CARF MF Processo nº 13819.721431/201614 Acórdão n.º 2401005.781 S2C4T1 Fl. 4 3 De acordo com a Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal (fls. 37/42), a fiscalização afirma que da análise das informações e documentos apresentados pelo Contribuinte e das informações constantes dos sistemas da Secretaria da Receita Federal do Brasil, constatouse que: 1. Houve dedução indevida de Previdência Oficial relativa a Rendimentos Recebidos Acumuladamente – tributação Exclusiva no valor de R$ 2.683,72; 2. O Contribuinte, apesar de regularmente intimado, não apresentou comprovação do pagamento à Previdência Oficial dos valores declarados, o que motivou a glosa; 3. Inexatidão de número de meses referentes a rendimentos tributáveis recebidos acumuladamente ao se confrontar o número de meses declarados com o número de meses informados pelas fontes pagadoras em Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte – Dirf; O Contribuinte, apesar de regularmente intimado, não apresentou comprovação do número de meses declarados; 4. Compensação indevida de Imposto de Renda Retido na Fonte sobre Rendimentos Recebidos Acumuladamente – Tributação Exclusiva no montante de R$ 143.982,51; 5. O Contribuinte, apesar de regularmente intimado, não comprovou os valores compensados a título de IRRF sobre os rendimentos declarados como recebidos acumuladamente o que resultou na glosa da diferença entre o valor declarado e o total de IRRF informado pela Fonte Pagadora na Dirf. Houve tentativa frustrada de cientificar, por via postal, o Contribuinte, conforme comprova o Aviso de Recebimento à fl. 84. A ciência foi efetuada por meio de edital (fls. 58/71), afixado em 13/04/2015 em dependência franqueada ao público na Unidade Local. Considerouse feita a intimação no dia 28/04/2015 com prazo para apresentar impugnação até o dia 28/05/2015 Em 23/06/2016 o Contribuinte apresentou sua Impugnação de fls. 02 a 07, instruída com os documentos nas fls. 08 a 55 e 76 a 79. Diante da impugnação com preliminar de tempestividade, e após a juntada aos Autos dos Avisos de recebimento que comprovam a tentativa frustrada de intimação (fls. 83/84), o processo foi encaminhado à DRJ/SDR para julgamento. Através do Acórdão nº 15 42.193, decidiu pelo não conhecimento da impugnação, impossibilitando a apreciação das razões de mérito. Fl. 103DF CARF MF Processo nº 13819.721431/201614 Acórdão n.º 2401005.781 S2C4T1 Fl. 5 4 Em 24/04/2017 o Contribuinte tomou ciência, via Correio, do Acórdão (AR fl. 90) e em 19/05/2017, tempestivamente, interpôs seu RECURSO VOLUNTÁRIO de fls. 93 a 95. No seu Recurso Voluntário aduz que independentemente da intempestividade ou não da impugnação apresentada a Notificação de Lançamento deveria ter sido corrigida de ofício em decorrência de erro de fato em razão da glosa do imposto retido informado na Declaração do Contribuinte. Informa que foi acostado no presente processo o DARF do pagamento do imposto em referência, o que comprova seu recolhimento aos cofres da Receita Federal e o direto à restituição pelo Contribuinte. Pleiteia o acolhimento do RV e seu total provimento, corrigindo de ofício o lançamento efetuado em face ao erro de fato pela glosa total do Imposto retido. É o relatório. Voto Conselheira Andréa Viana Arrais Egypto Relatora Juízo de admissibilidade O Recurso Voluntário apresentado questiona a tempestividade da impugnação, sendo válido o procedimento recursal, portanto, dele tomo conhecimento. Mérito A DRJ não conheceu da impugnação apresentada pelo contribuinte, posto que apresentada após o prazo legal. Em razões recursais aduzidas na peça de fls. 93/95, o contribuinte assevera que, independentemente da intempestividade ou não da impugnação, a Notificação de Lançamento deveria ter sido corrigida de ofício em decorrência de erro de fato pela glosa total do imposto retido de RRA. Destarte, na presente fase processual, cabe analisar a tempestividade da apresentação da impugnação, tendo em vista que a decisão de piso considerou a defesa intempestiva, razão pela qual não houve conhecimento da impugnação o que impossibilitou a apreciação das suas razões de mérito. Importante ressaltar que a fase litigiosa do processo administrativo se instaura com a impugnação que deve ser apresentada dentro do prazo de trinta dias da intimação ao contribuinte. Vejamos: Fl. 104DF CARF MF Processo nº 13819.721431/201614 Acórdão n.º 2401005.781 S2C4T1 Fl. 6 5 Art. 14. A impugnação da exigência instaura a fase litigiosa do procedimento. Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. Com relação à contagem do prazo, a norma processual administrativa assim preceitua: Art. 23. Farseá a intimação: II por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo; III por meio eletrônico, com prova de recebimento, mediante: (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) a) envio ao domicílio tributário do sujeito passivo; ou (Incluída pela Lei nº 11.196, de 2005) b) registro em meio magnético ou equivalente utilizado pelo sujeito passivo. (Incluída pela Lei nº 11.196, de 2005) § 1o Quando resultar improficua um dos meios previstos no caput deste artigo ou quando o sujeito passivo tiver sua inscrição declarada inapta perante o cadastro fiscal, a intimação poderá ser feita por edital publicado: (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) I no endereço da administração tributária na internet; (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) II em dependência, franqueada ao público, do órgão encarregado da intimação; ou (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) III uma única vez, em órgão da imprensa oficial local. (Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) § 2° Considerase feita a intimação: I na data da ciência do intimado ou da declaração de quem fizer a intimação, se pessoal; II no caso do inciso II do caput deste artigo, na data do recebimento ou, se omitida, quinze dias após a data da expedição da intimação; Pois bem. Fl. 105DF CARF MF Processo nº 13819.721431/201614 Acórdão n.º 2401005.781 S2C4T1 Fl. 7 6 Após a diligência objetivando respaldar e sanear o processo administrativo com a prova das tentativas frustradas de intimação da Notificação de Lançamento nº 2013/3228047905965624, foram juntados aos autos os documentos de fls. 83/84. Observese que a Notificação de Lançamento foi regularmente enviada para o endereço cadastral do sujeito passivo (fl. 28). Conforme se destaca do documento dos correios de fl. 84, ressai comprovado que foram realizadas três tentativas frustradas para cientificar o contribuinte por via postal (fl. 84). Notoriamente, do contexto dos fatos ora narrados, devidamente lastreado pela prova adunada aos autos de que restou improfícua a intimação via postal do contribuinte (fl. 84), está configurada a regularidade da ciência realizada através de Edital, na forma do § 1º do art. 23 do Decreto 70.235/72. Assim, considerase realizada a intimação no dia 28/04/2015 com prazo para apresentar impugnação até o dia 28/05/2015. No entanto, o contribuinte apresentou sua impugnação em 23/06/2016 (fls. 02/04). Dessa forma, ultrapassado o prazo legal, se revela ausente o requisito extrínseco concernente a tempestividade, o que tem como consequência a não instauração da fase litigiosa do processo administrativo fiscal e a declaração da intempestividade da impugnação, conforme bem destacado pela decisão de piso. Como não instaurou a fase litigiosa é possível pleitear a revisão de ofício junto à unidade da Receita Federal do Brasil de origem, por erro de fato. Conclusão Ante o exposto, CONHEÇO do Recurso Voluntário e NEGOLHE provimento. (assinado digitalmente) Andréa Viana Arrais Egypto. Fl. 106DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13808.003959/2001-42
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Aug 30 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Nov 09 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 1997, 1998, 1999
ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. SALDO DE RECURSOS AO FINAL DO ANO-CALENDÁRIO. TRANSPOSIÇÃO PARA O ANO-CALENDÁRIO SEGUINTE.
Somente podem ser considerados como saldo de recursos de um ano-calendário para o subseqüente os valores consignados na declaração de bens apresentada antes do início do procedimento fiscal e/ou com existência comprovada pelo contribuinte.
Numero da decisão: 9202-007.157
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, vencidas as conselheiras Ana Paula Fernandes (relatora), Patrícia da Silva e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe negaram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Pedro Paulo Pereira Barbosa.
(Assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em exercício
(Assinado digitalmente)
Ana Paula Fernandes Relatora
(Assinado digitalmente)
Pedro Paulo Pereira Barbosa Redator designado
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício).
Nome do relator: ANA PAULA FERNANDES
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201808
camara_s : 2ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 1997, 1998, 1999 ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. SALDO DE RECURSOS AO FINAL DO ANO-CALENDÁRIO. TRANSPOSIÇÃO PARA O ANO-CALENDÁRIO SEGUINTE. Somente podem ser considerados como saldo de recursos de um ano-calendário para o subseqüente os valores consignados na declaração de bens apresentada antes do início do procedimento fiscal e/ou com existência comprovada pelo contribuinte.
turma_s : 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Fri Nov 09 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 13808.003959/2001-42
anomes_publicacao_s : 201811
conteudo_id_s : 5924817
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Nov 09 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 9202-007.157
nome_arquivo_s : Decisao_13808003959200142.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : ANA PAULA FERNANDES
nome_arquivo_pdf_s : 13808003959200142_5924817.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, vencidas as conselheiras Ana Paula Fernandes (relatora), Patrícia da Silva e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe negaram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Pedro Paulo Pereira Barbosa. (Assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em exercício (Assinado digitalmente) Ana Paula Fernandes Relatora (Assinado digitalmente) Pedro Paulo Pereira Barbosa Redator designado Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício).
dt_sessao_tdt : Thu Aug 30 00:00:00 UTC 2018
id : 7506459
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:30:55 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051148458393600
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1472; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT2 Fl. 9 1 8 CSRFT2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 13808.003959/200142 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9202007.157 – 2ª Turma Sessão de 30 de agosto de 2018 Matéria IRPF Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado ELIANA MICHAELICHIN BEZERRA ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 1997, 1998, 1999 ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. SALDO DE RECURSOS AO FINAL DO ANOCALENDÁRIO. TRANSPOSIÇÃO PARA O ANOCALENDÁRIO SEGUINTE. Somente podem ser considerados como saldo de recursos de um ano calendário para o subseqüente os valores consignados na declaração de bens apresentada antes do início do procedimento fiscal e/ou com existência comprovada pelo contribuinte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento, vencidas as conselheiras Ana Paula Fernandes (relatora), Patrícia da Silva e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe negaram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Pedro Paulo Pereira Barbosa. (Assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo – Presidente em exercício (Assinado digitalmente) Ana Paula Fernandes – Relatora (Assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 80 8. 00 39 59 /2 00 1- 42 Fl. 938DF CARF MF 2 Pedro Paulo Pereira Barbosa – Redator designado Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício). Relatório O presente Recurso Especial trata de pedido de análise de divergência motivado pela Fazenda Nacional face ao acórdão 280101.002, proferido pela 1ª Turma Especial / 2ª Seção de Julgamento. Tratase o presente processo de Auto de Infração referente a Imposto de Renda Pessoa Física, exercícios 1997 a 1999, formalizando a exigência de imposto suplementar no valor de R$ 226.947,69, acrescido de multa de oficio e juros de mora. O lançamento se reporta aos dados informados nas declarações de ajuste anual da contribuinte, exercícios 1997 a 1999 (fls. 10 e 12 a 20), e decorre de omissão de rendimentos recebidos de pessoas jurídicas com vinculo empregatício (prólabore recebido acumuladamente, sem retenção na fonte, o que ocasionou o reajustamento da Base de Cálculo e a apuração das diferenças decorrentes, R$ 2.447,92, R$ 3.532,00 e R$ 4.742,76, respectivamente) e sem vinculo empregatício (R$ 2.469,37, exercício 1997); acréscimo patrimonial a descoberto (R$ 99.238,94, R$ 426.745,82 e R$ 319.060,66, respectivamente) e omissão de ganho de capital obtido na alienação de imóvel (R$ 30.637,28, anocalendário 1998), conforme relatado no Termo de Verificação Fiscal de fls. 359 a 361. O Contribuinte apresentou a impugnação de fls. 390/407. A 3ª Turma da DRJ/SP II/SP, às fls. 420/430, julgou parcialmente procedente o lançamento, uma vez que retirou da apuração do rendimento omitido os valores referentes a pro labore, eis que decorrentes de reajustamento da base de cálculo. O Contribuinte apresentou Recurso Voluntário às fls. 443/466. A 1ª Turma Especial da 2ª Seção de Julgamento, às fls. 696/703, DEU PARCIAL PROVIMENTO ao Recurso Ordinário, para dar provimento parcial ao recurso para excluir da tributação o valor de R$ 1.000,00, bem como acatar o montante de R$ 262.984,98 como origem de recursos em janeiro de 1998, para fins de apuração da variação patrimonial a descoberto. A ementa do acórdão recorrido assim dispôs: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 1997, 1998, 1999 IRPF. DECADÊNCIA. Fl. 939DF CARF MF Processo nº 13808.003959/200142 Acórdão n.º 9202007.157 CSRFT2 Fl. 10 3 Incabível qualquer alegação de decadência nas hipóteses em que a ciência do lançamento se deu antes de transcorrido o prazo de cinco anos contados da data do fato gerador do IRPF, a saber, 31 de dezembro do anocalendário correspondente. IRPF. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL. FATO GERADOR. O fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativo à omissão de rendimentos apurada a partir de acréscimo patrimonial a descoberto, ocorre no dia 31 de dezembro do anocalendário. PAF. INICIO PROCEDIMENTO FISCAL. DIRPF. RETIFICAÇÃO. EFEITOS. A declaração entregue após o inicio do procedimento fiscal não produz quaisquer efeitos sobre o lançamento de oficio. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. SOBRAS DE RECURSOS. Nos casos de levantamento de acréscimo patrimonial a descoberto cm mais de um ano, apurando a autoridade lançadora sobra de recursos em 31 de dezembro de ano mais remoto, é cabível aproveitála como origem de recursos em janeiro do ano subsequente. ACÓRDÃO DRJ. IMPOSTO SUPLEMENTAR MANTIDO. ERRO DE FATO. Havendo erro de fato no demonstrativo de apuração do imposto suplementar mantido, cabe corrigilo para adequálo à fundamentação adotada pela autoridade julgadora de primeira instância. Preliminares Rejeitadas. Recurso Voluntário Provido em Parte Às fls. 707/714, a Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial, alegando divergência jurisprudencial em relação à seguinte matéria: acréscimo patrimonial a descoberto. Argumentou que Colegiado a quo, prolator do acórdão recorrido, cancelou lançamento de acréscimo patrimonial a descoberto, considerando válida a transposição para o exercício seguinte de saldo de recursos, independentemente de comprovação da efetiva existência destes, afirmando, outrossim, que o simples fato de o lançamento ter verificado sobras é cabível a transposição de recursos. Já os acórdãos paradigmas, a respeito da mesma situação fática (acréscimo patrimonial a descoberto), asseveram não ser possível a referida transposição se não houver prova efetiva da existência dos valores, atribuindo, ainda, ao contribuinte, o ônus da mencionada demonstração. Ao realizar o Exame de Admissibilidade do Recurso Especial, às fls. 761/763, a 1ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento, DEU SEGUIMENTO ao recurso da Fazenda Nacional. Fl. 940DF CARF MF 4 Intimado à fl. 776, às fls. 780, o Contribuinte igualmente interpôs Recurso Especial, alegando divergência jurisprudencial em relação à seguinte matéria: omissão de rendimentos. Argumentou que Colegiado a quo considerou que seria esperado que a interessada trouxesse aos autos mais do que negativas gerais de percepção dos direitos autorais informados; ainda, que no contexto dos autos, os argumentos do contribuinte não são suficientes para afastar a exigência formalizada. De outro modo, conforme paradigma, é sabido que a prova negativa, por sua essência é impossível de ser feita, e exatamente por esse motivo, recebeu o nome de “prova diabólica”. Às fls. 872/880, em Exame de Admissibilidade a 1ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento, NEGOU SEGUIMENTO ao recurso do Contribuinte, que restou cientificada à fl. 885. Às fls. 888 e ss., o Contribuinte apresentou Agravo contra a Decisão que negou seguimento ao seu recurso. Às fls. 907 e 911, o Contribuinte informou que iria incluir no programa os débitos objetos de seu Recurso de Agravo interposto, motivo pelo qual requereu desistência formal e irretratável em relação ao Recurso de Agravo, bem como renúncia expressa a quaisquer alegações de direito sobre as quais se fundaram o mencionado Recurso de Agravo, dando continuidade apenas aos valores questionados pela Receita Federal do Brasil por meio do seu Recurso Especial. Vieram os autos conclusos para julgamento. É o relatório. Voto Vencido Conselheira Ana Paula Fernandes Relatora O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto, merece ser conhecido. Tratase o presente processo de Auto de Infração referente a Imposto de Renda Pessoa Física, exercícios 1997 a 1999, formalizando a exigência de imposto suplementar no valor de R$ 226.947,69, acrescido de multa de oficio e juros de mora. O lançamento se reporta aos dados informados nas declarações de ajuste anual da contribuinte, exercícios 1997 a 1999 (fls. 10 e 12 a 20), e decorre de omissão de rendimentos recebidos de pessoas jurídicas com vinculo empregatício (prólabore recebido acumuladamente, sem retenção na fonte, o que ocasionou o reajustamento da Base de Cálculo e a apuração das diferenças decorrentes, R$ 2.447,92, R$ 3.532,00 e R$ 4.742,76, respectivamente) e sem vinculo empregatício (R$ 2.469,37, exercício 1997); acréscimo patrimonial a descoberto (R$ 99.238,94, R$ 426.745,82 e R$ 319.060,66, respectivamente) e omissão de ganho de capital obtido na alienação de imóvel (R$ 30.637,28, anocalendário 1998), conforme relatado no Termo de Verificação Fiscal de fls. 359 a 361. O Acórdão recorrido deu parcial provimento ao recurso ordinário. Fl. 941DF CARF MF Processo nº 13808.003959/200142 Acórdão n.º 9202007.157 CSRFT2 Fl. 11 5 O Recurso Especial apresentado pela Fazenda Nacional trouxe para análise a divergência jurisprudencial no tocante à acréscimo patrimonial a descoberto. O Acórdão recorrido deu provimento parcial ao recurso, entendendo que o valor oferecido à tributação pelo sujeito passivo na Declaração de Ajuste Anual – DAA pode ser considerado como prova de origem de depósitos bancários, independente de identificação entre as fontes e os depósitos. O Recurso Especial, apresentado pela Fazenda Nacional, trouxe para análise a questão sob o argumento de que o Colegiado a quo, prolator do acórdão recorrido, cancelou lançamento de acréscimo patrimonial a descoberto, considerando válida a transposição para o exercício seguinte de saldo de recursos, independentemente de comprovação da efetiva existência destes, afirmando, outrossim, que o simples fato de o lançamento ter verificado sobras é cabível a transposição de recursos. E que melhor solução teria sido àquela dada pelos acórdãos paradigmas, os quais a respeito da mesma situação fática (acréscimo patrimonial a descoberto), asseveram não ser possível a referida transposição se não houver prova efetiva da existência dos valores, atribuindo, ainda, ao contribuinte, o ônus da mencionada demonstração. No caso em tela, a discussão fica por conta de considerando válida a transposição para o exercício seguinte de saldo de recursos, A insurgência principal do contribuinte neste caso, conforme já salientado é o de que as sobras de recursos de um anocalendário devam ser aproveitadas no início do próximo anocalendário O acórdão recorrido deu provimento a contribuinte neste tópico, conforme excerto abaixo: “Por fim, relativamente ao acréscimo patrimonial a descoberto, a interessada entende que as sobras de recursos de um anocalendário devam ser aproveitadas no início do próximo anocalendário. Já votei, no passado, pelo não aproveitamento dessas sobras. Entendia que sem prova idônea de sua existência, presumese que os recursos que não se incorporaram ao patrimônio do sujeito passivo, sob a forma de bens e direitos, foram auferidos e consumidos no mesmo anocalendário. Entretanto, ao analisar este caso, me deparo com levantamentos sucessivos (três anoscalendário) efetuados pela autoridade lançadora que apurou sobra de recursos em dezembro de 1997 e não aproveitou esse valor em janeiro de 1998. Observese que os bens que incorporavam o patrimônio da contribuinte em 31/12/1997 são transpostos para 01/01/1998 e não foram identificadas, pela autoridade lançadora, outras aplicações de recursos em dezembro de 1997, capazes de impedir o aproveitamento das sobras que apurou em janeiro de 1998. Fl. 942DF CARF MF 6 Então, nesse tocante, revendo meu posicionamento anterior, entendo que o pleito da interessada encontra respaldo no próprio demonstrativo elaborado pela autoridade lançadora. Assim, cabe aproveitar a sobra de recursos de dezembro de 1997 (de R$262.984,98, fls. 365) como origem de recursos em janeiro de 1998, refazendose os cálculos a partir daí. Vale destacar que em dezembro de 1996 a situação da interessada era de variação patrimonial a descoberto, fls. 363, não havendo saldo a ser considerado em janeiro de 1997. Diante do exposto, voto por rejeitar as preliminares suscitadas e, no mérito, por dar provimento parcial ao recurso para excluir da tributação o valor de R$1.000,00, bem como acatar o montante de R$262.984,98 como origem de recursos em janeiro de 1998, para fins de apuração da variação patrimonial a descoberto.“ Neste ponto, entendo que assiste razão ao acórdão recorrido, pois as chamadas “sobras de recursos” de um anocalendário podem ser aproveitadas no início do próximo anocalendário, e assim considero válida a transposição para o exercício seguinte do saldo de recursos apontado pelo acórdão recorrido. Diante do exposto voto no sentido de conhecer do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional para no mérito negarlhe provimento, mantendo neste tópico o acórdão recorrido. É como voto. (assinado digitalmente) Ana Paula Fernandes Voto Vencedor Pedro Paulo Pereira Barbosa – Redator designado Divergi da i. Relatora quanto à possibilidade de aproveitamento, em janeiro do exercício seguinte, do saldo positivo apurado no fluxo patrimonial do mês de dezembro do ano anterior. Entendo, diferentemente da relatora, que o saldo positivo apurado em 31 de dezembro somente pode ser aproveitado como origem na apuração do acréscimo patrimonial do exercício seguinte quando declarado, o que, em regra, não acontece no caso de apuração feita em procedimento de ofício. Percebase que há uma diferença fundamental entre o aproveitamento dos saldos apurados ao final de cada mês – exceto dezembro como origem das aplicações feitas Fl. 943DF CARF MF Processo nº 13808.003959/200142 Acórdão n.º 9202007.157 CSRFT2 Fl. 12 7 no mês seguinte e o saldo apurado no final do mês de dezembro. É que no primeiro caso está se dentro do espectro temporal do mesmo fato gerador, o que não ocorre no segundo caso. Como se sabe, o fato gerador do Imposto de Renda ocorre em 31 de dezembro de cada ano, mas contempla os rendimentos auferidos ao longo de todo o período. Também é certo que o Contribuinte tem o dever de declarar as disponibilidades (bens, recursos, etc) que possui ao final de cada ano. A renda auferida pelos contribuintes quando não convertidas em patrimônio só pode ter tido uma destinação: o consumo. Não há uma terceira alternativa. Portanto, se o contribuinte não declarou, conforme estava obrigado a fazer, a disponibilidade de recursos, é lícito presumir que os valores correspondentes foram consumidos. O que não é razoável é atribuir ao sujeito passivo uma disponibilidade de recursos que ele mesmo não reconheceu ter quando do preenchimento de sua declaração de rendimentos. Todavia, se o contribuinte comprovar que, apesar de não ter declarado, efetivamente dispunha de tais ativos, aí sim, justificase o seu aproveitamento. De outro modo, não. Mas isso não se deu neste caso. Este tem sido o entendimento majoritária deste Colegiado. Como exemplo, cito o Acórdão nº 9202004.274, proferido na sessão de 19/07/2017, de relatoria da Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira. Confirase: IRPF. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO APD. SALDO POSITIVO NO MÊS DE DEZEMBRO. APROVEITAMENTO NO FLUXO DE CAIXA DO ANO SEGUINTE CONDICIONADO À DECLARAÇÃO DE BENS E DIREITOS DO ANO ANTERIOR. O Imposto de Renda das Pessoas Físicas tem fato gerador complexivo, compreendendo todos os fatos geradores ocorridos no ano civil, porém, apurado no ajuste anual, ocasião em que o Contribuinte deve oferecer à tributação, via DAA, toda a disponibilidade econômica ou jurídica adquirida no transcorrer do anocalendário e oportunizandolhe a dedução de eventuais despesas, bem como o gozo das isenções cabíveis. Somente poderá ser aproveitado no ano subsequente, o saldo de disponibilidade que constar na Declaração de Bens e Direitos da DAA do ano anterior, devidamente lastreado em documentação hábil e idônea com aptidão de lhe comprovar a origem, de molde a impedir a “geração espontânea” de patrimônio não antes reconhecido como havido pelo próprio Contribuinte. Ante o exposto, conheço do recurso da Procuradoria e, no mérito, doulhe provimento. Assinado digitalmente Pedro Paulo Pereira Barbosa Fl. 944DF CARF MF 8 Fl. 945DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.720674/2016-28
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 24 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Nov 21 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/01/2011 a 30/11/2011
CRÉDITOS BÁSICOS DE IPI GLOSADOS POR. UTILIZAÇÃO INDEVIDA. NOTAS FISCAIS INIDÔNEAS. DECLARAÇÃO POSTERIOR. NECESSIDADE DE PROVA DE QUE AS MERCADORIAS/SERVIÇOS FORAM EFETIVAMENTE ADQUIRIDAS/CONTRATADAS
Ainda que eventual ato que declare inidôneos documentos fiscais em momento posterior não possam inquinar de inválidas despesas incorridas pelo contribuinte que as utilize, é imperioso que se comprove que as operações retratadas em tais documentos concreta e efetivamente ocorreram, sem o que, a glosa deve ser realizada.
MULTA QUALIFICADA DE 150%.
Caracterizado o evidente intuito de fraude, cabe a aplicação da multa de ofício qualificada de 150%.
DECADÊNCIA. TERMO INICIAL DA CONTAGEM. OCORRÊNCIA DE FRAUDE
Comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, ainda que se trate de tributo sujeito a lançamento por homologação, o direito do fisco de constituir o crédito tributário extingue-se após cinco anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado.
SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA. EXCESSO DE PODERES. INFRAÇÃO DE LEI, CONTRATO SOCIAL OU ESTATUTOS. POSSIBILIDADE.
Comprovadas nos autos as hipóteses do artigo 135, III do CTN, no caso, o excesso de poderes e a infração de lei e contrato social/estatuto, correta a responsabilização solidária em relação ao crédito tributário exigido.
MULTA AGRAVADA DE 225%.
Caracterizado o embaraço à fiscalização, cabe a aplicação da multa de ofício agravada
Numero da decisão: 3301-005.354
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR provimento ao recurso voluntário.
assinado digitalmente
Winderley Morais Pereira - Presidente.
assinado digitalmente
Ari Vendramini - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Salvador Cândido Brandão Junior, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen, Larissa Nunes Gerard (Suplente Convocada), Marcos Roberto da Silva (Suplente Convocado) e Ari Vendramini.
Nome do relator: ARI VENDRAMINI
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201810
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/01/2011 a 30/11/2011 CRÉDITOS BÁSICOS DE IPI GLOSADOS POR. UTILIZAÇÃO INDEVIDA. NOTAS FISCAIS INIDÔNEAS. DECLARAÇÃO POSTERIOR. NECESSIDADE DE PROVA DE QUE AS MERCADORIAS/SERVIÇOS FORAM EFETIVAMENTE ADQUIRIDAS/CONTRATADAS Ainda que eventual ato que declare inidôneos documentos fiscais em momento posterior não possam inquinar de inválidas despesas incorridas pelo contribuinte que as utilize, é imperioso que se comprove que as operações retratadas em tais documentos concreta e efetivamente ocorreram, sem o que, a glosa deve ser realizada. MULTA QUALIFICADA DE 150%. Caracterizado o evidente intuito de fraude, cabe a aplicação da multa de ofício qualificada de 150%. DECADÊNCIA. TERMO INICIAL DA CONTAGEM. OCORRÊNCIA DE FRAUDE Comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, ainda que se trate de tributo sujeito a lançamento por homologação, o direito do fisco de constituir o crédito tributário extingue-se após cinco anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA. EXCESSO DE PODERES. INFRAÇÃO DE LEI, CONTRATO SOCIAL OU ESTATUTOS. POSSIBILIDADE. Comprovadas nos autos as hipóteses do artigo 135, III do CTN, no caso, o excesso de poderes e a infração de lei e contrato social/estatuto, correta a responsabilização solidária em relação ao crédito tributário exigido. MULTA AGRAVADA DE 225%. Caracterizado o embaraço à fiscalização, cabe a aplicação da multa de ofício agravada
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Nov 21 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 19515.720674/2016-28
anomes_publicacao_s : 201811
conteudo_id_s : 5928214
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Nov 22 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 3301-005.354
nome_arquivo_s : Decisao_19515720674201628.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : ARI VENDRAMINI
nome_arquivo_pdf_s : 19515720674201628_5928214.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR provimento ao recurso voluntário. assinado digitalmente Winderley Morais Pereira - Presidente. assinado digitalmente Ari Vendramini - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Salvador Cândido Brandão Junior, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen, Larissa Nunes Gerard (Suplente Convocada), Marcos Roberto da Silva (Suplente Convocado) e Ari Vendramini.
dt_sessao_tdt : Wed Oct 24 00:00:00 UTC 2018
id : 7518176
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:31:46 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051148477267968
conteudo_txt : Metadados => date: 2018-11-12T16:54:12Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; dcterms:created: 2018-11-12T16:54:12Z; Last-Modified: 2018-11-12T16:54:12Z; dcterms:modified: 2018-11-12T16:54:12Z; dc:format: application/pdf; version=1.4; xmpMM:DocumentID: uuid:1e0e4559-8f82-478e-bf82-3eee52b2d431; Last-Save-Date: 2018-11-12T16:54:12Z; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2018-11-12T16:54:12Z; meta:save-date: 2018-11-12T16:54:12Z; pdf:encrypted: true; modified: 2018-11-12T16:54:12Z; Content-Type: application/pdf; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; meta:creation-date: 2018-11-12T16:54:12Z; created: 2018-11-12T16:54:12Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 26; Creation-Date: 2018-11-12T16:54:12Z; pdf:charsPerPage: 2034; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; pdf:docinfo:created: 2018-11-12T16:54:12Z | Conteúdo => S3C3T1 Fl. 1.230 1 1.229 S3C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 19515.720674/201628 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3301005.354 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 24 de outubro de 2018 Matéria IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS Recorrente DUTRA EMBALAGENS EIRELI Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/2011 a 30/11/2011 CRÉDITOS BÁSICOS DE IPI GLOSADOS POR. UTILIZAÇÃO INDEVIDA. NOTAS FISCAIS INIDÔNEAS. DECLARAÇÃO POSTERIOR. NECESSIDADE DE PROVA DE QUE AS MERCADORIAS/SERVIÇOS FORAM EFETIVAMENTE ADQUIRIDAS/CONTRATADAS Ainda que eventual ato que declare inidôneos documentos fiscais em momento posterior não possam inquinar de inválidas despesas incorridas pelo contribuinte que as utilize, é imperioso que se comprove que as operações retratadas em tais documentos concreta e efetivamente ocorreram, sem o que, a glosa deve ser realizada. MULTA QUALIFICADA DE 150%. Caracterizado o evidente intuito de fraude, cabe a aplicação da multa de ofício qualificada de 150%. DECADÊNCIA. TERMO INICIAL DA CONTAGEM. OCORRÊNCIA DE FRAUDE Comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, ainda que se trate de tributo sujeito a lançamento por homologação, o direito do fisco de constituir o crédito tributário extinguese após cinco anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA. EXCESSO DE PODERES. INFRAÇÃO DE LEI, CONTRATO SOCIAL OU ESTATUTOS. POSSIBILIDADE. Comprovadas nos autos as hipóteses do artigo 135, III do CTN, no caso, o excesso de poderes e a infração de lei e contrato social/estatuto, correta a responsabilização solidária em relação ao crédito tributário exigido. MULTA AGRAVADA DE 225%. Caracterizado o embaraço à fiscalização, cabe a aplicação da multa de ofício agravada AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 72 06 74 /2 01 6- 28 Fl. 1230DF CARF MF 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR provimento ao recurso voluntário. assinado digitalmente Winderley Morais Pereira Presidente. assinado digitalmente Ari Vendramini Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Salvador Cândido Brandão Junior, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen, Larissa Nunes Gerard (Suplente Convocada), Marcos Roberto da Silva (Suplente Convocado) e Ari Vendramini. Relatório 1. Os presentes autos tratam de lançamento formalizado por Auto de Infração lavrado contra a recorrente DUTRA EMBALAGENS EIRELI (fls. 1.029/1.038 dos autos digitais) e Termos de Sujeição Passiva Solidária contra seus sócios, Srs. Américo Spigai Filho (fls 1.025/1.026 dos autos digitais).e Ricardo Luis Spigai (fls. 1.027/1.28 dos autos digitais). 2. O crédito tributário constituído se refere ao Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, no valor original de R$ 131.406,00, acrescido de multa de ofício no valor de R$ 295.663,46 e juros de mora (calculados até 11/2016) no valor de R$ 73.666,98, perfazendo o montante de R$ 500.736,44. 3. A infração contra a legislação de regência do IPI, identificadas pela autoridade fiscal, foi a falta de recolhimento do tributo em decorrência da escrituração e utilização de créditos básicos indevidos oriundos de entradas/aquisições de insumos, com fundamento no Decreto nª 7.212, de 2010 Regulamento do IPI/2010. 4. A descrição dos fatos geradores e dos fundamentos legais base da autuação encontramse devidamente descritos ás fls. 1.032/1033, de termo anexo ao Auto de Infração. 5. Em apertada síntese, a autuação se originou em fiscalização efetuada junto a pretenso fornecedor da recorrente, denominado CLEBER COSTA MARTINS EIRELI, de nome fantasia ALUNOBRE, que teve sua inscrição estadual cancelada e os documentos fiscais que emitiu foram declarados inidôneos, por ato da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo SEFAZ/SP, com efeitos retroativos á data de abertura da empresa., sendo que a autoridade fiscal reproduz as razões que levaram a Fiscalização do Estado de São Paulo a proceder ao cancelamento da inscrição estadual da empresa citada elencando, entre tantos outros, os seguintes motivos : inexistência de estabelecimento físico e estrutura compatível com o volume de operações praticadas, falta de capacidade econômica e técnica do único sócio da empresa para gerir negócios que movimentaram em torno de R$ 82.000.000,00 (conforme TVF, ás fls. 898 dos autos digitais, item 25 O Sr. Cleber é um rapaz jovem de 25 anos, com pouca experiência profissional e nenhuma experiência de atividade empresarial, tendo Fl. 1231DF CARF MF Processo nº 19515.720674/201628 Acórdão n.º 3301005.354 S3C3T1 Fl. 1.231 3 declarado que exerceu anteriormente á titularidade da firam, a atividade de corrretor de metais, sem vínculo empregatício, reside com seus pais, não possui veículo próprio. Situações pouco usuais e nada condizentes para um titular de uma firma que apresenta faturamento aproximado de R$ 82.681.000,00, apenas no período de janeiro a agosto de 2011), nenhuma das empresas das quais a CLEBER COSTA MARTINS EIRELI (ALUNOBRE) alegou que adquiria as mercadorias para revenda (sucata, predominantemente) existiam de fato. 6. Tais fatos levaram a autoridade fiscal a concluir que a empresa CLEBER COSTA MARTINS EIRELI (ALUNOBRE) foi criada e utilizada para. de forma fraudulenta e simulada, gerar créditos de tributos (IPI, PIS e COFINS) destinados a outras empresas estabelecidas no Estado de São Paulo, entre elas a recorrente nos presentes autos. 7. Por bem descrever tais fatos, reproduzimos o relatório do Acórdão DRJ/SALVADOR, combatido pela recorrente nestes autos : 1. Cuida o presente processo de Auto de Infração lavrado contra DUTRA EMBALAGENS EIRELI, e de Termos de Sujeição Passiva Solidária referentes aos seus sócios, Américo Spigai Filho e Ricardo Luis Spigai. 2. O crédito tributário constituído se refere ao Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI, no valor original de R$ 131.406,00, o qual, acrescido de multa de ofício e juros, perfaz o total de R$ 500.736,44. 3. Acostado ao processo encontrase o Termo de Verificação Fiscal, parte integrante e indissociável do referido Auto de Infração. Nele, registrou a Autoridade Tributária os fatos apurados, bem como as irregularidades encontradas, no exercício de sua competência legal, conferida pelo disposto na alínea “a” do inciso I do art. 6º da Lei n.º 10.593/2002. Eis o que consta, em síntese: DOS FATOS 4. Os fatos, a seguir narrados, decorreram de relações comerciais e/ou financeiras entre o autuado e o contribuinte Cleber Martins Costa, CNPJ 08.330.150/000175, onde ficou comprovada a inidoneidade dos documentos emitidos por este e a inexistência das operações discriminadas nos documentos fiscais. Estes fatos foram verificados no decorrer dos trabalhos executados através dos Termos de Distribuição de Procedimento Fiscal nº 08190002014017481 e 08190002014 028050. 5. A pessoa jurídica Cleber Martins Costa é uma empresa individual de responsabilidade Limitada EIRELI, de nome fantasia Alunobre, requereu e obteve o registro de empresário individual na Junta Comercial do Estado de São Paulo JUCESP, NIRE 35121970140 em 22/09/2006, informando atividade de comércio atacadista de metais não ferrosos em geral. (...) 7. O contribuinte teve o cancelamento da inscrição na SEFAZ/SP (publicada no DOE em 04/02/2012), retroativa a data de sua abertura, em 03/10/2006, por simulação da existência do estabelecimento e interposição de pessoa na titularidade da empresa, conforme processo SF 10003741000412/2011 da Delegacia Regional Tributária da Capital II (PCF10 Lapa/Santana). 8. A pessoa jurídica Cleber Martins Costa foi utilizada por diversos interessados como veículo para obtenção de créditos fictícios de Fl. 1232DF CARF MF 4 tributos (ICMS, IPI, PIS e COFINS), sonegação fiscal (redução na Base de Cálculo do IR e CSLL pela inserção de custos inexistentes decorrentes de compras fictícias (Lei nº 4.729, de 14 de julho de 1965), formação de caixa dois e desvios de recursos para os sócios ou terceiros. 9. Considerando que a venda de sucata de alumínio e outros metais está sujeita a diferimento do ICMS dentro do Estado de São Paulo e suspensão de PIS e COFINS, a empresa simulava a industrialização das sucatas e vendia perfilados de alumínio, alumínio liga, cabos de alumínio e outros, de forma a permitir créditos de tributos aos adquirentes das notas fiscais. (...) 11. Além do já constatado pela Fiscalização Estadual, considerando a ausência de capacidade econômica do titular da empresa, como se pode constatar pelos seus vínculos empregatícios anteriores e pela sua declaração de IRPF, verificamos que os fornecedores das mercadorias, supostamente adquiridas por Cleber Martins Costa, são empresas “fabricadas” tão somente para dar aparência de regularidade às aquisições e justificar a posterior industrialização e/ou revenda dos produtos em supostas saídas com direito a crédito de tributos. (...) 18. Estes fatos demonstram a inexistência da circulação de mercadorias e respectivos pagamentos entre a Alunobre e seus supostos fornecedores, evidenciando ser apenas um esquema fraudulento utilizado para a sonegação de tributos. 19. Em diligência no estabelecimento da Alunobre (Rua Marques de Valença, nº 28), confirmamos o que já foi constatado pela fiscalização estadual, ou seja, o imóvel locado pelo contribuinte, de dimensões modestas, não comporta o volume de mercadorias pretensamente circulado: verificamos que os documentos fiscais emitidos por ele, indicam um movimento médio diário de 65 toneladas de mercadorias, o que é totalmente incompatível com o espaço físico, sendo que não possui outro local registrado para armazenamento. 20. Também nesse sentido, verificamos que a energia elétrica fornecida ao imóvel locado está classificada na categoria residencial e não apresenta variações significativas no consumo, conforme nota fiscal de energia elétrica colacionada, reforçando o constatado pela fiscalização estadual de que o contribuinte não possuía maquinário para processamento industrial da sucata e não há registro significativo de operações de remessas e retorno de industrialização. 21. Neste anocalendário de 2011, o CNIS informa apenas uma funcionária contratada pelo contribuinte, Kesia Nicimura, NIT 1.299.891.2852, na função de auxiliar de escritório, CBO 411005. Kesia foi a única funcionária registrada na empresa desde agosto de 2008. (...) 23. Os fatos aqui descritos evidenciam a impossibilidade de ocorrência das operações industriais (inexistência de equipamentos e funcionários) e comerciais de circulação de mercadorias acobertadas pelos documentos fiscais emitidos pela Alunobre (falsidade documental/ideológica, visto que os fornecedores não possuíam mercadorias suficientes para venda à Alunobre e, consequentemente, este não possuía as mercadorias para acobertar as operações de venda a seus clientes) e atestam, em tese, crimes contra a ordem Fl. 1233DF CARF MF Processo nº 19515.720674/201628 Acórdão n.º 3301005.354 S3C3T1 Fl. 1.232 5 tributária, conforme disposto no art. 1º, incisos II, III e IV da Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990. RELACIONAMENTO ENTRE A DUTRA E ALUNOBRE CLEBER MARTINS COSTA (...) 26. Os produtos supostamente vendidos pela Alunobre para a DUTRA são classificados no NCM (Nomenclatura Comum do Mercosul) no código: 731010 – Tambores de 200 Litros. 27. Nos documentos fiscais, verificamos que consta consignado o destaque do IPI, gerando, consequentemente, créditos deste imposto ao adquirente, a DUTRA. 28. Analisando o fluxo de entrada e saída de mercadorias discriminadas nos documentos fiscais, constatamos que a suposta origem dos produtos vendidos pela Alunobre está em empresas que também possuem a inscrição estadual cancelada e que, conforme acima descrito (tens 11 a 18), são empresas inexistentes e, portanto, não venderam os produtos para a empresa Alunobre. No ANEXO III a este Termo, apresentamos este fluxo, onde se constata a coincidência de datas e da quantidade de mercadorias, demonstrando o propósito das empresas CMP, Elgonfer, Geraldo José dos Santos e FVM, de dar lastro à emissão das notas fiscais da Alunobre. 29. É curioso que estes tambores de 200 litros, no mesmo NCM 731010, são, justamente, o produto produzido e vendido pela DUTRA. 30. Assim, foi emitido o TDPF nº 08190002014028050, onde a DUTRA foi intimada, em 13/10/2014, a fornecer informações sobre as compras efetuadas junto à ALUNOBRE. 31. Em resposta, o contribuinte apresentou uma planilha relacionando as notas fiscais e as duplicatas mercantis originais. 32. Em 20/05/2016, o contribuinte foi intimado a apresentar cópia das notas fiscais correspondentes às supostas aquisições de mercadorias junto à ALUNOBRE, a retificar informações na planilha apresentada, a comprovar o efetivo transporte das mercadorias e a comprovar o efetivo pagamento. Neste caso, o contribuinte foi informado de que as Duplicatas Mercantis apresentadas, por si só, não comprovam a realização do pagamento da obrigação. 33. O contribuinte foi, ainda, alertado de que, em caso de não apresentação dos documentos, deveria esclarecer, por escrito, os motivos. 34. A correspondência enviada pelos correios, através do AR noº JO817802405BR retornou ao remetente. 35. Verificamos, pela JUCESP, que o contribuinte havia alterado seu endereço para a rua Rosa Mafei,74. Dessa forma encaminhamos nova intimação, nos mesmos termos da que havia retornado, tendo sido recebida pelo contribuinte em 02/06/2016. 36. Durante a ação fiscal na Alunobre, obtivemos autorização de seu Titular, Cleber Martins Costa, para acesso às suas informações de movimentação bancária no ano calendário 2011 na forma do inciso I, §3º do artigo 4º do Decreto nº 3.724/2001. 37. De posse destas informações, verificamos que pagamentos efetuados pela DUTRA constavam nas informações de contacorrente da ALUNOBRE, apresentadas pelos bancos, porém verificamos que estes pagamentos eram muito inferiores ao valor das mercadorias supostamente adquiridas. Fl. 1234DF CARF MF 6 38. Verificamos, também, que a ALUNOBRE havia emitido cheques em favor da DUTRA e que este fluxo de recursos não estava suportado pela emissão de qualquer documento fiscal. 39. Em 08/07/2016, a DUTRA foi intimada a comprovar a transação comercial que justificasse estes cheques. 40. Neste mesmo termo, constatamos que a DUTRA, regularmente intimada, NÃO comprovou o efetivo pagamento das mercadorias supostamente adquiridas da ALUNOBRE, bem como NÃO comprovou o efetivo transporte das mercadorias e, consequentemente, o seu recebimento. 41. A DUTRA não apresentou qualquer justificativa ou esclarecimento sobre o recebimento destes cheques. 42. O contribuinte, posteriormente, apresentou algumas notas fiscais e alguns comprovantes de pagamento. Verificamos que estes comprovantes apresentados NÃO correspondem a todos os pagamentos registrados nas informações bancárias da ALUNOBRE, e que correspondem a uma parte muito pequena em relação ao total das mercadorias supostamente adquiridas. 43. O contribuinte NÃO apresentou qualquer esclarecimento sobre a não apresentação de documentos que comprovassem o restante dos pagamentos e o transporte. (...) 48. A DUTRA, regularmente intimada, NÃO apresentou a memória de cálculo do DACON e nem esclareceu o porquê de não o fazer. 49. Examinando os fatos até aqui relatados constatase o seguinte: 49.1. Os tambores supostamente vendidos pela Alunobre não tinham origem, pois as empresas “vendedoras” não existem, possuem interpostas pessoas no seu quadro societário, não compraram mercadorias, não possuem movimentação bancária e a Alunobre não pagou por elas. Conforme apresentado no ANEXO III, verificase que a função delas era tão somente dar lastro às notas emitidas pela Alunobre. Dessa forma temos provado que é impossível vender o que não comprou, demonstrando a inexistência da relação comercial suportada pelos documentos fiscais emitidos; 49.2. Somado a isso, a DUTRA não comprovou o transporte das mercadorias e, consequentemente, o seu recebimento, desqualificando sua possível boa fé. 49.3. Em relação aos pagamentos, considerando que as mercadorias, supostamente, adquiridas, perfazem o valor de R$ 2.759.526,00, constatase que a empresa só realizou pagamentos no valor de R$ 190.659,43, menos de 10% do total. Acrescese a isso as duplicatas mercantis apresentadas que denotam a intenção do contribuinte em iludir a fiscalização, fazendo crer que as obrigações foram pagas. 49.4. Em relação aos cheques recebidos pela DUTRA, fica claro que se trata de formação de caixa dois, onde a empresa simula a aquisição de mercadorias, integrando o seu custo e gerando crédito de tributos, realizando o pagamento destas “mercadorias” na tentativa de comprovar sua boafé. Em seguida parte dos valores retornam para a empresa em cheques fracionados, para não chamar a atenção, retornando ao caixa da mesma. 50. Como se nota, estas operações buscaram modificar as características do fato gerador reduzindo o montante do tributo devido de modo a evitar ou diferir o seu pagamento. 51. Diante destes fatos, foi aberto o TDPF nº 08190002016016679, onde se convalidam os atos praticados no TDPF nº 08190002014 028050, para apuração das infrações tributárias constatadas. Fl. 1235DF CARF MF Processo nº 19515.720674/201628 Acórdão n.º 3301005.354 S3C3T1 Fl. 1.233 7 52. Em conformidade com o relatado acima foram identificados os seguintes fatos que correspondem a infrações tributárias e que comporão a matéria tributável apurada neste procedimento fiscal: Glosa de Custo, Glosa de Crédito de IPI, Glosa do Crédito de PIS e COFINS, Pagamento sem Causa e Omissão de Receitas. Este Termo tem como objeto a Glosa de Créditos do IPI. As demais infrações estão sendo apuradas no Processo Administrativo Fiscal nº: 19515.720671/201694. I – GLOSA DE CRÉDITOS DO IPI 53. Considerando que, nos documentos fiscais inidôneos, consta o destaque do IPI, que implicou no creditamento indevido deste tributo, reduzindo o valor a ser pago, procedemos à glosa destes créditos conforme demonstrado no ANEXO I (coluna nº 2) a este Termo. 54. Conforme escrituração contábil mencionada no item 44 acima, o contribuinte efetuou o lançamento destes créditos na conta: 10103010002 – IPI A RECUPERAR. 55. O valor do IPI apurado, conforme glosa de créditos encontrase demonstrado no ANEXO II a este Termo, sendo os valores de débito e crédito deste imposto obtidos com base no Livro de Apuração do IPI apresentado pelo contribuinte. 56. Em que pese o saldo devedor apurado pelo contribuinte, conforme demonstrado no Livro de Apuração do IPI, não ter sido declarado em DCTF, verificamos que o contribuinte efetuou seu recolhimento através de DARF (cod. 1097). Estes pagamentos foram deduzidos do valor apurado pela fiscalização em função da glosa ocorrida, conforme demonstrado no ANEXO II. 57. Fica o contribuinte, desde já, intimado a proceder à retificação da DCTF, conforme apurado aqui. MULTA AGRAVADA 58. A DUTRA, regularmente intimada, não apresentou a totalidade dos pagamentos, não apresentou cópia de todas as notas fiscais emitidas pela Alunobre, não comprovou o frete, não apresentou a Memória de Cálculo da DACON, não justificou o porquê do recebimento de cheques da Alunobre e não prestou os esclarecimentos justificando os motivos do não atendimento às intimações. 59. O artigo 44 da Lei nº 9.430, que trata das multas a serem aplicadas, no caso de lançamento de ofício, prevê no seu § 2º que: “§ 2º Os percentuais de multa a que se referem o inciso I do caput e o § 1o deste artigo serão aumentados de metade, nos casos de não atendimento pelo sujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I prestar esclarecimentos; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007)” 60. Por este motivo, agravamos as multas aplicadas em 50%. QUALIFICAÇÃO DA MULTA 61. Conforme anteriormente exposto, constatouse que as operações comerciais não existiram, sendo, inclusive, suportadas com documentos inidôneos (“notas frias”), procurando, através destes subterfúgios, aumentar indevidamente os seus custos, obter indevido creditamento de tributos de forma a reduzir o montante dos impostos a pagar. O dolo fica caracterizado, também, na tentativa de ludibriar a fiscalização ao realizar o pagamento parcial inferior a 10%, de tentar comprovar o pagamento através de duplicatas mercantis sem data, sem aceite e sem a comprovação da efetiva entrega dos recursos, Fl. 1236DF CARF MF 8 buscando simular a boafé, além de receber parte dos recursos de volta à margem da escrituração contábil, o que caracteriza fraude, nos termos do artigo 72 da Lei nº 4.502 de 30 de novembro de 1.964, que assim dispõe: (...) 62. Estes fatos impõem a aplicação da multa de ofício qualificada de 150% nos termos do §1º do art. 44, da Lei nº 9.430/96, sobre todas as infrações apuradas. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA Considerando a fraude já relatada e o dolo que a acompanha, temos que os representantes legais que administravam, em conjunto ou isoladamente, a empresa, à época participaram dos fatos já descritos que permitiram a empresa DUTRA obter vantagens ilícitas em prejuízo ao Erário. A tentativa de ludibriar o fisco com creditamentos indevidos de custos e tributos, dos pagamentos que serviram para simular a boa fé e o retorno dos recursos caracterizam infração à lei e, com fundamento no artigo 135, III do Código Tributário Nacional, estão sendo responsabilizados solidariamente com a DUTRA nesta autuação os sócios abaixo identificados: AMERICO SPIGAI FILHO 269.285.40800 RICARDO LUIS SPIGAI 163.458.59842 REPRESENTAÇÃO FISCAL PARA FINS PENAIS 63. Foram verificadas condutas no transcorrer da ação fiscal que configuram, EM TESE, crime contra a ordem tributária conforme definido no artigo 1º da Lei nº 8.137/90. Desta forma lavramos a competente Representação Fiscal para Fins Penais, formalizada através do processo nº 19515.720672/201639. 4. Cientificado do Auto de Infração e demais documentos, o contribuinte pessoa jurídica apresentou Impugnação nos seguintes termos, em síntese: PRELIMINARMENTE DOS VICIOS QUE MACULAM O AUTO DE INFRAÇÃO IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS – MPF 0819000.2016.01667 (...) De plano, é fácil constatar que o AUTO DE INFRAÇÃO IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS – MPF 0819000.2016.01667 foi lavrado sem a devida formalidade tal como exigida do Sr. Agente Fiscal, apesar de que é patente que o ato administrativo de lançamento tributário de ofício deve ser praticado com as formas prescritas na lei. DO LOCAL DE LAVRATURA DO AUTO DE INFRAÇÃO Como pode ser verificado no contexto Auto de Infração Imposto sobre Produtos Industrializados – MPF 0819000.2016.01667, ele foi lavrado na sede da Repartição Pública, neste Município e Comarca de São Paulo, na Avenida Pacaembu, nº 715, 4º andar, no bairro de Santa Cecília, isso em flagrante ofensa aos princípios da ampla defesa, bem como ao da publicidade, que deveriam revestir a atividade administrativa. De fato, o referido Auto de Infração foi lavrado fora do alcance da autuada, muito embora devesse ser confeccionado às vistas da impugnante, para lhe proporcionar, assim, o ensejo de exercer com plenitude a sua garantia constitucional à mais ampla defesa. Daí a obrigatoriedade da lavratura do auto de infração no local e em presença da pessoa fiscalizada. Nesse sentido determina o inciso II do art. 10 do Decreto nº 70.235/72, in verbis: (...) Fl. 1237DF CARF MF Processo nº 19515.720674/201628 Acórdão n.º 3301005.354 S3C3T1 Fl. 1.234 9 DA NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO MPF 0819000.2016.01667 DEVIDO A AUSÊNCIA DA FIEL E COMPLETA DESCRIÇÃO DOS FATOS GERADORES DO TRIBUTO LANÇADO Os fundamentos já expostos conduzem a impugnante a postular a nulidade do ato administrativo consubstanciado no Auto de Infração Imposto sobre Produtos Industrializados – MPF 0819000.2016.01667, na medida em que a DD. Autoridade Fiscal autuante, data vênia, descumpriu da obrigatoriedade da fiel e completa descrição dos fatos infringentes. (...) Na situação específica, ao lavrar o referido Auto de Infração Imposto sobre Produtos Industrializados – MPF 0819000.2016.01667, o Sr. Agente Fiscal fez constar no respectivo auto de infração apenas os valores globais, se bem que totalizados mês a mês, apresentandoos como fato gerador, dentro de determinadas datas. Todavia, é evidente que não se relatou circunstancialmente o fato infringente. Todo o relato fático discorrido pelos documentos que materializam e assessoram a autuação discorre, quase que totalmente, exclusivamente sobre os motivos para a utilização da metodologia do arbitramento. Nada é específico no que toca aos fatos que teriam dado causa ao imposto lançado. (...) Notese, nesse sentido, que no auto de infração guerreado o Sr. Agente Fiscal apenas cita determinada data como fato gerador, ao lado menciona um valor de imposto, e em seguida menciona multa de 225,00%, sem, no entanto, discorrer sobre a razão de tais lançamentos. (...) De igual modo o contexto do relatório contido no TERMO DE VERIFICAÇÃO FISCAL integrante do Auto de Infração Imposto sobre Produtos Industrializados – MPF 0819000.2016.01667, levado a efeito pelo Sr. Agente Fiscal, não se mostra suficientemente hábil para a identificação dos fatos imponíveis, juridicamente relevantes, que deveriam ter sido descritos. (...) Notese, nesse sentido, que os Auto de Infração e Imposição de Multa de números 4.020.8151 e 4.013.5172, lavrados por fiscais da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo, mencionados no termo de verificação de verificação fiscal ainda não tiveram desfecho final, uma vez que aguardam julgamento de recurso administrativo interposto (doc. 1 e 2). Assim, temerário e prematuro que se baseie o auto de infração ora impugnado nesses AIIMs, pois se providos os recursos administrativos a acusação neles feitas pode vir a ser julgada improcedente, cancelandoos, o que por conseguinte poderia vir a tornar sem efeito o auto de infração ora impugnado, cancelandose o lançamento fiscal efetuado. (...) DA IMPROCEDÊNCIA DO AUTO DE INFRAÇÃO ANTE A DECADÊNCIA OCORRIDA Pelo que se observa do auto de infração guerreado, através de fiscalização iniciada no dia 29 de novembro de 2016, o Sr. Agente Fiscal culminou por lavrar o Auto de Infração Imposto sobre Produtos Industrializado – MPF 0819000.2016.01667, impondo ao impugnante Fl. 1238DF CARF MF 10 o pagamento de imposto no montante de R$ 131.406,00 (cento e trinta e um mil, quatrocentos e seis reais), referente a imposto sobre produtos industrializados, referente a fatos geradores ocorridos em 31/01/2011, 28/02/2011, 31/03/2011, 30/04/2011, 31/05/2011, 30/06/2011, 31/07/2011, 31/08/2011, 30/09/2011, 31/10/2011 e 30/11/2011. Ocorre, entretanto, que não poderia o Sr. Agente Fiscal ter fiscalizado e autuado a impugnante por fatos ocorridos há mais de cinco anos anteriores à data de início da ação fiscal, ante a decadência que se operou. Dessa forma, improcede a autuação e, por consequência, a cobrança dos impostos que tiveram como data de fato gerador anterior a cinco anos da data do início da ação fiscal. (...) DA IMPROCEDÊNCIA DO AUTO DE INFRAÇÃO IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS – MPF 0819000.2016.01667 ANTE A INEXISTÊNCIA DE CRÉDITO INDEVIDO A SER GLOSADO (...) Notese, nesse sentido, que a autoridade fiscal não procedeu a uma investigação minuciosa para verificar se efetivamente os créditos foram ou não lançados de forma irregular, preferindo fundamentarse não em verificação de livros e demais documentos fiscais e contábeis da impugnante, mas limitandose a autuála, por entender que as relações comerciais em questão devam ser consideradas inidôneas, simplesmente ignorando a existência de uma série de documentos comprobatórios da mencionada relação comercial. (...) E mais do que isso, baseouse em mera presunção de que não houve a consecução das operações mercantis entre a impugnante e a empresa tida por inidônea. Impende, enfatizar, que, inexistia, no período em que a recorrente é acusada de creditarse indevidamente do Imposto sobre Produtos Industrializados, declaração de inidoneidade procedida em outro processo administrativo caracterizando como inidôneas todas as notas ficais emitidas pela empresa Cleber Martins Costa, na data das relações comerciais envolvendo esta e a impugnante. Dessa forma, independentemente da real verificação acerca da implementação ou não das operações entre a impugnante e a empresa Cleber, as notas fiscais respectivas foram consideradas inidôneas por processo que se findou somente após as operações glosadas pelo Sr. Agente Fiscal. (...) No pensar do fiscal autuante, os créditos glosados são indevidos não por inocorrência da operação de compra e venda, mas por mera presunção de inidoneidade das notas fiscais. (...) Ademais, conforme restará comprovado a impugnante, adquirente de boa fé, tomou todas as precauções que lhe eram possíveis no momento da realização das operações comerciais, bem como realizou pagamentos das mercadorias, não sendo devida a exigência fiscal perpetrada na presente autuação fiscal. Ademais, constam diversas informações nestes autos que comprovam que a empresa tida por inidônea estava ativa quando da realização das operações comerciais com a impugnante, a uma porque a declaração de inidoneidade somente se deu posteriormente às datas das realizações das operações, e a duas porque tal empresa se Fl. 1239DF CARF MF Processo nº 19515.720674/201628 Acórdão n.º 3301005.354 S3C3T1 Fl. 1.235 11 encontrava como habilitada no Sintegra pelo menos até o dia 19 de outubro de 2011, como se observa da cópia do Sintegra (doc. 3). (...) DA MULTA APLICADA (...) A sanção tributária, como qualquer outra sanção, tem por finalidade dissuadir o possível devedor de eventual descumprimento da obrigação a que estiver sujeito, assim, tão somente estimular o pagamento correto e pontual dos tributos, sob risco de sua oneração, não podendo nunca ser utilizado como expediente ou técnica de arrecadação, como verdadeiro tributo disfarçado. A vista dessa realidade, não é qualquer atraso no pagamento dos tributos, ou suposta alegação de débito deste, que deve legitimar a previsão de multa exacerbada, no patamar de 225%. Nem mesmo a sonegação de determinado tributo, fato este que não se enquadra na matéria em comenta, justificaria a apenação de uma multa que exproprie desarrazoadamente o sujeito passivo de parcela de seu patrimônio desproporcional à hipotética infração alegada. (...) Como esclarecido, impõese afirmar a inconstitucionalidade da multa de 225% (duzentos e vinte e cinco por cento ), aplicada no Auto de Infração Imposto sobre Produtos Industrializados – MPF 0819000.2016.01667 em lide, por ter caráter confiscatório e, portanto, malferir o disposto no inciso IV, do artigo 150, de nossa Lei Maior. 5. O responsável solidário Américo Spigai Filho também apresentou Impugnação, nos seguintes termos, em síntese: O peticionário foi incluído no presente processo e está sendo responsabilizado solidariamente pelo crédito tributário atribuído à empresa Dutra Embalagens Eireli, na qualidade de sócio, sob a alegação de ter agido com excesso de poderes, infração de lei, contrato social ou estatuto, como se verifica do termo de sujeição passiva solidária. Ocorre, entretanto, que não é verdade que o peticionário agiu com excesso de poderes, bem como não é verdade que tenha infringido lei, o contrato social ou estatuto. O teor da impugnação apresentada pela empresa Dutra Embalagens Eireli, que fica fazendo parte integrante desta impugnação, demonstra, a toda evidência, que o peticionário não agiu com excesso de poderes, que não infringiu qualquer dispositivo de lei, e que não contrariou os termos do contrato social de sua empresa. Além disso a empresa Dutra Embalagens não é devedora dos créditos tributários que lhe estão sendo cobrados neste processo, pelas razões já expostas na defesa por ela apresentada. E, se porventura fosse devedora de tais créditos, o que se admite apenas para argumentar, a responsabilidade do peticionário não ultrapassa o valor de suas cotas do capital social da empresa em questão, nos termos da legislação pertinente. 6. Por fim, também o responsável solidário Ricardo Luis Spigai apresentou Impugnação, nos exatos termos da Impugnação apresentada por Américo Spigai Filho. 8. Assim restou ementado o Acórdão DRJ/SDR nº 15043.109 4ª Turma : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/01/2011 a 30/11/2011 Fl. 1240DF CARF MF 12 AUTO DE INFRAÇÃO. LOCAL DE LAVRATURA. A norma legal não exige a presença do fiscalizado no momento da lavratura do Auto de Infração, muito menos que esta ocorra em suas dependências. O local de verificação da falta não significa o local de ocorrência do fato gerador da obrigação, mas sim onde ela foi constatada pela Autoridade Tributária. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/01/2011 a 30/11/2011 DECADÊNCIA. TERMO INICIAL DA CONTAGEM. OCORRÊNCIA DE FRAUDE. Tendo a Autoridade Tributária constatado a ocorrência de fraude, o termo inicial da contagem do prazo decadencial se dará a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados IPI Período de apuração: 01/01/2011 a 30/11/2011 CRÉDITO BÁSICO DE IPI. FRAUDE. GLOSA DE CRÉDITOS. Tendo a Autoridade Tributária constatado que as operações descritas nas notas fiscais que dão suporte ao crédito nunca existiram de fato, correta a sua glosa. MULTA QUALIFICADA DE 150%. Caracterizado o evidente intuito de fraude, cabe a aplicação da multa de ofício qualificada de 150%. MULTA AGRAVADA DE 225%. Caracterizado o embaraço à fiscalização, cabe a aplicação da multa de ofício agravada de 225%. MULTA DE OFÍCIO. INCONSTITUCIONALIDADE. CONFISCO. O exame da obediência das leis tributárias aos princípios constitucionais (da vedação ao confisco e da proporcionalidade) é matéria que não deve ser abordada na esfera administrativa. SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA. EXCESSO DE PODERES. INFRAÇÃO DE LEI, CONTRATO SOCIAL OU ESTATUTOS. POSSIBILIDADE. Comprovadas nos autos as hipóteses do artigo 135, III do CTN, no caso, o excesso de poderes e a infração de lei e contrato social/estatuto, correta a responsabilização solidária em relação ao crédito tributário exigido. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido 9. Os recorrentes tiveram ciência do Acórdão DRJ/SDR em 28/08/2017, conforme Termo de Ciência por Abertura de Mensagem, ás fls. 1.166 dos autos digitais e apresentaram seus Recursos Voluntários ( da DUTRA EMBALAGENS EIRELI e dos sócios Srs. Américo Spigai Filho e Ricardo Luis Spigai) em 27/09/2017, conforme Termo de Solicitação de Juntada, ás fls. 1.169 dos autos digitais. 10. A pessoa jurídica DUTRA EMBALAGENS EIRELI apresenta as seguintes razões de defesa: I DOS FATOS a recorrente foi autuada por supostas infrações, geradas em razão de que seu fornencedor, Cleber Martins Costa, inscrito teve sua inscrição estadual cassada e seus documentos declarados inidôneos, em 2012, retroativo a 2006, ocorrendo uma glosa de créditos do IPI, referentes a aquisição de mercadorias no exercício de 2011 a recorrente apresentou impugnação, mas os julgadores mantiveram o lançamento; Fl. 1241DF CARF MF Processo nº 19515.720674/201628 Acórdão n.º 3301005.354 S3C3T1 Fl. 1.236 13 os julgadores não foram nos cernes das questões apontadas pela recorrente, não prestaram a devida prestação jurisdicional, sendo a decisão omissa em alguns pontos. II DA PRECARIEDADE DO TRABALHO FISCAL a autuação teve como base a declaração de inidoneidade e a cassação da inscrição estadual, e a apuração realizada pelo auditor fiscal deixou a desejar, tendo em vista que a razão da inidoneidade ocorreu por alegação de simulação de estabelecimento; se o Sr. Cleber Martins Costa foi considerado laranja, deveria ter a empresa sua inscrição cassada por entreposta pessoa e não simulação de existência, e investigar e dilingenciar quem seriam os sócios de fato; outro fato é ter a fiscalização encontrado o sócio da empresa no local e não ter feito nada contra ele, apenas tirou conclusões com base em frágeis indícios, prejudicando contribuintes de boafé; também o trabalho fiscal cerceou o direito de ampla defesa e do contraditório da recorrente, pois não foi buscada a verdade material e não foram lebvantadas provas, sendo o trasbalho realizado com meros indícios; o CTN dispõe que a responsabilidade é pessoal do agente quanto ás infrações conceituadas como crime, sendo que somente o emissor dodocumento inidôneo pode ser responsabilizado, estando a arecorente na posição de contribuinte de boa fé; III DA INEXIGIBILIDADE DA MULTA QUALIFICADA DE 150% a DRJ manteve a multa qualificada exigível do sujeito passivo ora recorrente, mesmo tendo a fiscalização encontrado o sócio responsável; com meros indícios responsabilizaram a recorrente por fraude, sem qualquer prova de que agiu em conluio com o sócio Cleber Martins Costa; o pretenso argumento para a qualificação da multa se escora única e exclusivamente no fato de que a recorrente adquiriu mercadorias com notas frias para pagar menos tributos e por isso seria fraude, sendo que não há nenhuma prova de q ue a mesma agiu com conluio com o sócio da empresa emitente ou com dolo indevida, portanto, a quaificação da multa aplicada. IV DA DECADÊNCIA a recorrente alegou que os créditos tributários lançados nos autos de infração em tela estavam extintos pela decadência, em razão d eestarem sendo exigidos valores referentes a fatos jurídicos que ocorreram de janeiro de 2011 a novembro de 2011 e os lançamentos somente foram constituídos em 5 de dezembro de 2016. os julgadores entedenram que houve fraude, portanto aplicaram o artigo 173, I do CTN; não houve fraude, pois fraude não se presume, depende de prova cabal, o que não existiu nas presentes acusações. assim devese aplicar o disposto no artigo 150, § 4º do CTN. V DA REFORMA DA DECISÃO a recorrente apresentou as provas da realização das operaçoes mercantis, além de todo o contexto comprobatório para demonstrar a sua boa fé, não cabendo o entendimento de que a recorrente não apresentou documentos, pois na época dos fatos, a ALUNOBRE estava operando com a inscrição estadual válida e o CNPJ regular, a Fl. 1242DF CARF MF 14 recorrente adquiriu mercadorias, suportou o ônus financeiro que incidiu sobre as operações, por isso faz jus ao crédito do IPI; se o contribuinte cumpriu devidamente com suas obrigações tributárias, não pode ser responsabilizado pelas obrigações de terceiros; está pacificado nos n aSuperior Corte que ocorrendo as operações mercantis, o contribuinte de boa fé não pode seer penalizado ou responsabilizado por outro que teve seu documentos fiscal declarado inidôneo posteriormente á realização da operação mercantil. VI DA MULTA ABUSIVA DE 225% a recorrente foi multada em 150% não estando caracterizada e comprovada a fraude e essa deve ser afastada; sem fundamento fático e probatório, a recorrente sofreu agravamento da multra de ofício por uma terceira conduta praticada, no caso, embaraço á fiscalização, elevando a multa aoa percentual de 225%.; a alegação da fiscalização para aplicação da multa seria a não apresentação de todos os documentos, não apresentou outrros motivos; eram documentos de 4 e 5 anos atrás, não entregar documentos que não tem não se caracteriza como embaraço á fiscalização, a recorrente sempre atendeu a fiscalização, não impediu que realizasse seus trabalhos, desse modo, totalmente incabível o agravamento da multa para patamares desproporcionais a conduta da recorrente, devendo ser afastada. VII CONCLUSÃO requer provimento, reformandose a decisão guerreada, cancelando o automde infração, tendo em vista as nulidades apontadas. 10. Por sua vez, os Srs. Américo Spigai Filho e Ricardo Luis Spigai apresentaram as seguintes razões de defesa I DOS FATOS o recorrente foi considerado responsável solidário aos autos de infração lavrados contra a DUTRA EMBALAGENS EIRELI; sem saber o motivo da sua reponsabilidde tributária, pois não consta do termo de sujeição passiva, o que por si só já mé passível de nulidade, pois todos os atos administrastivos devem ser devidamente motivados II DA FALTA DE MOTIVAÇÃO sem saber os motivos, o recorrente foi carqcterizado como reponsável solidário nos termos do inc. III do art. 135 do CTN; cabe ao AFRFB dispor os motivos que o levou a considerar o recorrente responsável e provar que ele era o sócio administrador. não há o motivo e a motivação para estabelecer a responsabilidade solidária pelo simples fato de o recorrente ser sócio administrador da empresa autuada e muito menos suporte físico ou prova de tal alegação; portanto deve ser anulada a suposta responsabilidade III CONCLUSÃO requer provimento ao recurso tendo em vista as nulidades acima apontadas, excluindo a responsabilidade do requerente. : 11. O processo veio a mim distribuído para relatar. É o relatório. Fl. 1243DF CARF MF Processo nº 19515.720674/201628 Acórdão n.º 3301005.354 S3C3T1 Fl. 1.237 15 Voto Conselheiro Ari Vendramini Relator 10. Os requisitos de admissibilidade estão presentes, por tal motivo conheço dos recursos. 11. DO RECURSO DA DUTRA EMBALAGENS EIRELI 12. A recorrente opta por desqualificar a caracterização das notas fiscais emitidas como inidôneas, pois adquiridas de boa fé pela recorrente, em momento posterior a cassação da inscrição de seu fornecedor, ou seja, em não tendo conhecimento da irregularidade praticada pelo fornecedor,não há provas nos autos de que a recorrente tenha participado do esquema fraudulento, sendo de dever que sua responsabilidade seja excluída e esta responsabilidade seja somente atribuída ao sócio da empresa fornecedora que emitiu os documentos irregulares. 13. Pedimos vênia, para transcrever, por oportuno, trecho do Acórdão nº 1302 002.916, exarado pela 2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da Primeira Seção de Julgamento deste CARF, de relatoria do ilustre Conselheiro Gustavo Guimarães da Fonseca, no processo administrativo de nº 19515.720671/201694, titularizado pela mesma DUTRA EMBALAGENS EIRELI, que trata de auto de infração lavrado por infração á legislação do IRPJ, CSLL, IRRF, PIS e COFINS, por glosa de despesas e créditos, no mesmo caso aqui em exame. I.1 Das consequências da declaração de inidoneidade de documentos edas medidas legalmente exigíveis da autoridade lançadora. Como pude me manifestar em processo análogo, mormente em processos de origem de autuações fiscais estaduais, sempre perfilhei meu entendimento ao adotado pelo C.STJ, segundo o qual a declaração de inidoneidade de documentos fiscais somente afeta os fatos posteriores à sua cientificação, pela imprensa oficial, aos cidadãos em geral.Semelhante exigência, sem que se observe algumas condições essenciais à validar eventual pretensão fiscal desfavorável ao contribuinte, revelaria absurda subversão dos deveres contemplados pelo art. 142 do CTN, impondo ao cidadão um dever, desprovido de poder, de auditar terceiros com os quais mantenha relação jurídicocomercial... No âmbito federal, entretanto, discussões como aquelas comumente observadas nos foros Estaduais não se repetem; isto porque, em hipóteses tais, a legislação federal nunca dissentiu daquilo que o C.STJ entende, inclusive, tratando de forma percuciente as consequências da declaração de inidoneidade e, mais importante, dos procedimentos que devem se seguir quando verificada a sua concretização. Neste particular, atentem para o que dispõe o art. 47, caput, e §§ 1º e 5º, da Instrução Normativa RFB nº 1.634, de 6 de maio de 2016 , que foi editada para regulamentar o art. 82 da Lei 9.430/96: Art. 47. É considerado inidôneo, não produzindo efeitos tributários em favor de terceiro interessado, o documento emitido por entidade cuja inscrição no CNPJ tenha sido declarada inapta ou baixada. Fl. 1244DF CARF MF 16 § 1º Os valores constantes do documento de que trata o caput não podem ser: I deduzidos como custo ou despesa, na determinação da base de cálculo do Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL); II deduzidos na determinação da base de cálculo do Imposto sobre a Renda das Pessoas Físicas (IRPF); III utilizados como crédito do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), da Contribuição para o PIS/Pasep e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) não cumulativos; IV utilizados para justificar qualquer outra dedução abatimento, redução, compensação ou exclusão relativa aos tributos administrados pela RFB. (...) § 5 º O disposto no § 1º não se aplica aos casos em que o terceiro interessado, adquirente de bens, direitos e mercadorias,ou o tomador de serviços, comprovar o pagamento do preço respectivo e o recebimento dos bens, direitos ou mercadorias ou a utilização dos serviços. Notem que os dispositivos acima seguem, a risca, o entendimento sedimentado na citada jurisprudência de nossa Corte Superior de Justiça, invocado pelo próprio contribuinte e que reproduzo a seguir: O vendedor ou comerciante que realizou a operação de boafé, acreditando na aparência da nota fiscal, e demonstrou a veracidade das transações (compra e venda), não pode ser responsabilizado por irregularidade constatada posteriormente, referente à empresa já que desconhecia a inidoneidade da mesma (REsp 112.313/SP, Min. Peçanha Martins, 2ª Turma, publicado no 17/12/1999, p. 343). Destaquese que o STJ somente não autoriza a presunção da prática do ilícito, exigindo, outrossim, que o contribuinte, adquirente, contrate com empresas existentes (formal e fisicamente) e que, mais, comprove a ocorrência concreta, efetiva, do pagamento e da aquisição das mercadorias descritas nos documentos considerados inidôneos... ou seja, não se presume a fraude ou a "compra de notas fiscais"; demonstrado ou, quando menos investigada a empresa adquirente e evidenciado (e, aqui, não uso o termo "evidência" levianamente) que a operação retratada pelo documento fiscal não se realizou, mesmo que a declaração de inidoneidade seja posterior ao fato, considerarseá indedutível a despesa ou ilegais os créditos por ventura apropriados em decorrência destes documentos. Demais disso, é preciso deixar bem claro que o § 5º acima transcrito (reprodução fidedigna dos preceitos do art. 82 da Lei 9.430/96) não encerra, como ocorre nas hipóteses do art. 42, uma presunção; a situação descrita, pois, no citado preceptivo, abarca casos em que o "ilícito" já está claramente identificado, isto é, o contribuinte efetuou a dedução de despesas ou apurou créditos a partir de documentos fiscais imprestáveis (ideologicamente falsos ou inidôneos). A lei, destarte, garante ao cidadão que demonstre, comprove, que, a despeito de imprestáveis os "documentos e papéis relativos a sua atividade, ou que se refiram a atos ou operações que modifiquem ou possam vir a modificar sua situação patrimonial" (art. 264 do RIR), praticou as operações retratadas Fl. 1245DF CARF MF Processo nº 19515.720674/201628 Acórdão n.º 3301005.354 S3C3T1 Fl. 1.238 17 nestes aludidos documentos a fim de não sofrer as sanções decorrentes da dedução de despesas não comprovadas ou, lado outro, o estorno de créditos igualmente não lastreados em documentos válidos. No caso em análise, vejam bem, a Fiscalização se ocupou de todas as medidas necessárias para identificar a ocorrência efetiva das operações; exigiu, do contribuinte, a prova dos pagamentos realizados e, quando este apresentou as duplicatas mercantis e TEDs de efls. 39/232 e 640/649, respectivamente, exigiu, também, a comprovação da aquisição efetiva das mercadorias, mediante demonstração real da contratação de serviços de transporte Lembrem, mais uma vez, que tanto a Lei 9.430, como a IN 1.634 impõem a demonstração do pagamento efetivo dos valores consignados nas notas fiscais "e o recebimento dos bens, direitos ou mercadorias"; e, aqui, notem, ambos diplomas normativos impõe ao contribuinte o mister de provar que, de fato, pagou e adquiriu as mercadorias... In casu, mormente quanto à segunda exigência, o contribuinte nada disse... nada fez... nada provou (não por outra razão, teve agravada a multa de ofício por embaraço à fiscalização) A recorrente insiste que comprovou a realização de pagamentos concretamente realizados à empresa Cleber Martins e, indubitavelmente, o fez como se dessume dos docs. de efls.640/649. O problema é que, primeiramente, a D. Auditoria identificou que tais pagamentos se referiam a parte muito inferior ao montante total identificado na ação fiscal4 e, mais, constatou a realização de inúmeros pagamentos pela ALUNOBRE ao contribuinte sem que houvesse qualquer justificativa para tanto... Mais adiante relata, em verdade, que tais pagamentos nada mais seriam que um retorno dos valores pagos em decorrência das aquisições, feitos, contudo, de forma parcelada. Ou seja, a ALUNOBRE recebia pelas notas emitidas o valor ali descrito e, em seguida, e de forma fracionada, devolvia estes montantes ao recorrente. Trata se, é verdade, de uma presunção assumida pela D. Auditoria, mas, semelhante presunção está lastreada, em especial, na falta de esclarecimentos por parte do recorrente que, também aqui, nada disse, provou ou demonstrou. Enfim, o conjunto fático probatório dá conta de que a ALUNOBRE foi ficticiamente criada para simular pagamentos; os fornecedores da ALUNOBRE, digase, também não existiam formalmente (o que reforça a não comprovação do recebimento das mercadorias pela recorrente se as mercadorias pretensamente revendidas pela ALUNOBRE foram, de forma igualmente pretensa, adquiridas de empresas inaptas5, tais produtos, por indução lógica, nunca foram entregues ao contribuinte e aqui, digase, me limito a reproduzir o raciocínio engendrado pela própria fiscalização, com o qual, verdade seja dita, concordo). A meu sentir, digase, os fatos acima relatados dão conta de que: 2 TIFs de efls. 621/624, 625/627 e 633/635, todos, sem qualquer resposta do contriubinte Fl. 1246DF CARF MF 18 3 Vale relembrar aqui que as mercadorias pretensamente adquiridas pela recorrente são, como destacado no TVF item 26, efls. 902, "tambores de 200 litros" que, por certo, não foram levados à empresa adquirente "no lombo de camelos". 4 Do TVF, item49.3, extraise a informação de que o contribuinte teria comprovado o pagamento de R$ 190.000,00, aproximadamente, quando o total das operações auditadas teria alçado ao montante próximo de R$ 2.760.000,00, cerca de, apenas, 10% do valro total das despesas glosadas. 5 Conforme relato constante do TVF, à efls. 900, item 13, em que a D. Auditoria consigna que "essas supostas empresas fornecedoras (CMP Comércio de Metais e Plásticos Ltda, CNPJ 10.590.088/000100 Elgonfer Comercial de Metais Ltda,CNPJ 10.882.429/000103, Geraldo Jose dos Santos, CNPJ 13.884.087/000159 e FVM Comércio de Sucatas Ltda, CNPJ 10.914.085/000177), que não foram localizadas nos endereços informados no Cadastro CNPJ e também tiveram suas inscrições estaduais consideradas inaptas ou nula pelo fisco paulista, desde o início de suas atividades informadas". a) o Auto de infração não foi instruído de forma precária, nem tampouco restou calcado em presunções; a D. Auditoria Fiscal foi, para além do necessário, extremamente meticulosa e diligente, tendo oportunizado ao recorrente inúmeras chances para justificar a miríade de inconsistências e irregularidades apontadas ao longo de todos os Termos de Intimação Fiscal o que, per se, afasta alegação de uma eventual nulidade por falta de motivação/fundamentação; b) não há, no caso, nenhuma prova, documento, indício de que as mercadorias descritas nas notas fiscais, declaradas inidôneas, foram efetivamente recebidas pela empresa, havendo, de outra sorte, comprovação de pagamento de parte ínfima das operações analisadas neste auto de infração, deixando extreme de dúvidas que, a teor do art. 82 da Lei 9.430 (47, § 5º, da IN 1.634), as despesas e créditos aproveitados pelo contribuinte estavam lastreados em documentos formal e substancialmente imprestáveis. Quanto a alegação do contribuinte de que o art. 137 do CTN afastaria a sua responsabilização, ora vamos... o ato considerado ilícito, aqui, é a apropriação de despesas/créditos pelo recorrente sem lastro documental válido; a ALUNOBRE, digase, não é responsável por esta infração específica, mas, tão somente, pela emissão de documentos inidôneos, hipótese em que seu sócio poderia responder, pessoalmente, perante as fiscalizações federal e estadual, mas apenas por este fato (emissão de documento falso/inidôneo). A luz do exposto, não vejo como acolher a pretensão recursal, não havendo reparos a serem feitos na decisão recorrida. 13. Do trecho acima reproduzido, com o qual concordamos plenamente, demonstra se que não assiste razão á recorrente quanto á não responsabilização e atuação de boa fé diante da aquisição de mercadorias com notas fiscais inidôneas emitidas por terceiros seus fornecedor quando está fatica e documentalmente comprovada a sua participação no esquema fraudulento, a uma por fatos irrefutáveis da falta de capacidade economica e técnica do seu fornecedor, da Fl. 1247DF CARF MF Processo nº 19515.720674/201628 Acórdão n.º 3301005.354 S3C3T1 Fl. 1.239 19 falta de estrutura para comerciar volumes incompatíveis com seu porte e, mais contundente de tudo, as transações financeiras entre a recorrente e seu fornecedor, que, de forma clara e inegável, foi trazida á lume pela diligente e detalhada atitude de investigação da autoridade fiscal. . DA PRECARIEDADE DO TRABALHO FISCAL 14. Diante do Termo de Verificação Fiscal, que trouxe informações completas e detalhadas, onde as provas do esquema fraudulento estão dispostas em ordem de clareza a demonstrar toda a movimentação e logística do esquema enredado para obtenção de créditos a serem utilizados., não é verdade que a empresa fornecedora não foi responsabilizada, tanto que teve sua inscrição cassada desde a sua criação. 15. Quanto aos documentos declarados inidôneos e sua utilização, o item anterior descreve bem a situaçaõ, inclusive com base legal e jurisprudência abalizada. 16. Portanto, não merece acolhida o argumento da recorrente, ao qual NEGOS PROVIMENTO. DA INEXIGIBILIDADE DA MULTA QUALIFICADA DE 150% 17. A recorrente alega que ' encontraram o sócio resppnsável pela empresa cassada, que se declarou real gestor e isso por si só, nos termos do artigo 137,I, do CTN, atrai a responsabilidade pessoal pela infração ao profissional, de sorte a excluir a responsabilidade do sujeito passivo". 18. Não assiste razão á recorrente, como já dito, o ato considerado ilícito nestes autos é a apropriação de créditos pela recorrente sem lastro documental válido, ou seja, o seu fornecedor não é responsável por essa infração específica, mas tão somente pela emissão de documentos inidôneos, somente por isso. 19. Além desse fato, a autoridade fiscal deixou clara a fundamentação da multa qualificada, pela ocorrência de fraude, devidamente comprovada. Vejamos o que disse a autoridade fiscal : " Conforme anteriormente exposto, constatouse que as operações comerciais não existiram, sendo, inclusive, suportadas com documentos inidôneos (“notas frias”), procurando, através destes subterfúgios, aumentar indevidamente os seus custos,obter indevido creditamento de tributos de forma a reduzir o montante dos impostos a pagar. O dolo fica caracterizado,também, na tentativa de ludibriar a fiscalização ao realizar o pagamento parcial inferior a 10%, de tentar comprovar o pagamento através de duplicatas mercantis sem data, sem aceite e sem a comprovação da efetiva entrega dos recursos, buscando simular a boafé, além de receber parte dos recursos de volta à margem da escrituração contábil, o que caracteriza fraude, nos termos do artigo 72 da Lei nº 4.502 de 30 de novembro de 1.964 (...)". 20. Portanto, aquestão é de que a circulação daas notas fiscais inidôneas, emitidas por empresa "fantasma" que não possui estoque e que declara, expressamente, adquiriu para revenda mercadorias oriundas de empresass igualmente inexistentes, somente pode ocorrer com a participação efetiva e dolosa dos destinatários dos referidas documentos fiscais. A recorrente nem conseguiu demonstrar os pagamentos relativos ás operações rertratadas nas notas fiscais inidôneas, as duplicatas, que insiste, seria a demonstração da regularidade de sua conduta, além de não comprovarem o pagamento, e, sim, a assunção de uma obrigação, não Fl. 1248DF CARF MF 20 preechem os requsitos mínimos para que fossem consideradas sequer títulos de crédito, como bem esclarecido pela autoridade fiscal. 21. A recorrente não demonstrou ,e teve oportunidades , o recebimento efetivo das mercadorias que, a toda evidência nunca existiram. A declaração de inaptidão da empresa ALUNOBRE, e a consequente declaração de inidoneidade de seus documentos fiscais, não podem ser diretamente imputáveis a recorrente; mas o conluio desta com a empresa ficticiamente criada para burlar a legislação fiscal, e a utilização de subterfúgios, estes sim, fraudulentos para ocultar esta relação, estão suficientemente demonstrados, em especial a partir de fatos não afastados ou contestados pela recorrente como : recebimento das notas fiscais sem comprovação do pagamento ou recebimento das mercadorias;, a guarda e apresentação de duplicatas frias emitidas pela ALUNOBRE para tentar comprovar o citado "pagamento" e a concretização efetiva das operações; o recebimento de cheques sem lastro ou causa, fato que indiciaria esquema constatado pela fiscalização utilizado para ressarcir as empresas adquirentes das notas fiscais inidôneas pelos poucos pagamentos efetuados à ALUNOBRE;, a realização, de fato, de alguns poucos pagamentos por parte da recorrente à ALUNOBRE com o claro intuito de tentar não chamar para si uma desnecessária atenção. 22. Diante deste exposto, não merecem prosperar os argumentos da recorrente neste quesito, ao qual NEGO PROVIMENTO parar manter a qualificação da multa aplicada.. DA DECADÊNCIA 23. No que se refere á decadência , caracterizados a fraude e o conluio, a regra que passa a reger o prazo para que o fisco declare a liquidez e a exigibilidade da obrigação via lançamento é a do artigo 173, I do CTN. 24. Assim, ha que se considerar o disposto no § 4º do artigo 150 do CTN : Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. § 1º O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação ao lançamento. § 2º Não influem sobre a obrigação tributária quaisquer atos anteriores à homologação, praticados pelo sujeito passivo ou por terceiro, visando à extinção total ou parcial do crédito. § 3º Os atos a que se refere o parágrafo anterior serão, porém, considerados na apuração do saldo porventura devido e, sendo o caso, na imposição de penalidade, ou sua graduação. Fl. 1249DF CARF MF Processo nº 19515.720674/201628 Acórdão n.º 3301005.354 S3C3T1 Fl. 1.240 21 § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. 25. No caso em exame, comprovada a fraude e o conluio, deve ser afastada a hipótese legal definida na primeira parte do § 4º, pois a contagem não se dará mais a partir da ocorrência do fato gerador. Dessa forma, o prazo decadencial para o lançamento passa a ser o ditame contido no artigo 173, I do mesmo CTN /; Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; II da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado. Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extinguese definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento. 26. Ainda aplicase a Súmula CARF nº 72 que determina : Caracterizada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, a contagem do prazo decadencial regese pelo art. 173, inciso I, do CTN. 27. Assim, como os fatos geradores objeto do lançamento fiscal ocorreram em 2011, o prazo da contagem decadencial iniciase em 01/01/2012 e termina em 31/12/2016. 28. A recorrente DUTRA EMBALAGENS EIRELI tomou ciência do auto de infração em 05/12/2016 (Aviso de Recebimento as fls. 1.048 dos autos digitais), os sócios repsonsáveis solidários toamram ciência em 05/12/2016 (Aviso de Recebimento de fls. 1.050 dos autos digitais), portanto antes do término do prazo decadencial. Fl. 1250DF CARF MF 22 29. Desta forma, por não ter ocorrido a decadência, NEGO RPOVIME NTO ao recurso neste quesito. DA MULTA ABUSIVA DE 225% 30. Como bem esclareceu a decisão combatida, a aplicação do percentual de 225% se rrefere á incidência de tres normas tributárias distintas, que penalizam pela ocorrência das tres situações fáticas distintas, fatos geradores das multas individualizadas. 31. A multa de ofício básica, no percentual de 75%, está prevista no artigo 44, inciso I, da Lei nº 9.430, dd 1996, sendo aplicada aos casos em que existe algum tributo federal devido pelo contribuinte, sendo que o contribuinte não constitui o crédito espontaneamente, sendo necessária a interferência do fisco, de ofício, formalizando o lançamento pelo auto de infração. " Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata II - ................. § 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis 32. As hipóteses de duplicação da multa estão descritas nos artigos 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 1964 : Art . 71. Sonegação é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; Fl. 1251DF CARF MF Processo nº 19515.720674/201628 Acórdão n.º 3301005.354 S3C3T1 Fl. 1.241 23 II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Art . 72. Fraude é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do impôsto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. Art . 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos arts. 71 e 72. 33. Com a constatação da ocorrência de fraude impõe a aplicação da multa de ofício qualificada, que tipifica uma nova conduta, portanto, sujeita a uma penalização específica. 34. Quanto ao agravamento da multa de ofício, este é resultado de uma terceira conduta praticada pela recorrente, qual seja o embaraço da fiscalização, descrito nos itens 58 a 60 do TVF, elevando opercentual a 225%., conforme o inciso I do § 2º do artigo 44 da Lei nª 9.430, de 1996. Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas § 2o Os percentuais de multa a que se referem o inciso I do caput e o § 1o deste artigo serão aumentados de metade, nos casos de não atendimento pela sujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para I prestar esclarecimentos; 58. A DUTRA, regularmente intimada, não apresentou a totalidade dos pagamentos, não apresentou cópia de todas as notas fiscais emitidas pela Alunobre, não comprovou o frete, não apresentou a Memória de Cálculo da DACON, não justificou o porquê do recebimento de cheques da Alunobre e não prestou os esclarecimentos justificando os motivos do não atendimento às intimações. 59. O artigo 44 da Lei nº 9.430, que trata das multas a serem aplicadas, no caso de lançamento de ofício, prevê no seu § 2º que § 2º Os percentuais de multa a que se referem o inciso I do caput e o § 1º deste artigo serão aumentados de metade, nos casos de não atendimento pelo sujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para Fl. 1252DF CARF MF 24 I prestar esclarecimentos; 60. Por este motivo, agravamos as multas aplicadas em 50% 35. Desta forma, correta a aplicação das multas, correspondentes a tres fatos geradores distintos : a) não pagamento de tributos; b) não declaração e dolo no não pagamento dos tributos; c) embaraços à fiscalização. 36. Por estes argumentos, NEGO PROVIMENTO ao recurso neste quesito. DA REFORMA DA DECISÃO 37. Por todo o exposto nos itens anteriores, não existem razões para reforma da decisão de piso, portanto, NEGO PROVIMENTO ao recurso neste quesito. 38 DOS RECURSOS DOS RESPONSÁVEIS TRIBUTÁRIOS, SRS, AMÉRICO SPIGAI FILHO E RICARDO LUIS SPIGAI 39. Em seus recursos voluntários, os recorrentes sustentam haver falta de motivação no Auto de Infração a permitir a sua responsabilização com fulcro nos ditames do art. 135, III, do CTN. 40. Argumentam, ainda, que não praticaram atos contrários à lei, ao Estatuto ou Contrato social e que a simples falta de pagamento de tributos não caracteriza o ato ilícito de que são acusados. 41. Quanto a falta de motivação, de e ser afastada tal alegação a partir das considerações lançadas pela autoridade fiscal , como segue : Considerando a fraude já relatada e o dolo que a acompanha, temos que os representantes legais que administravam, em conjunto ou isoladamente, a empresa, à época participaram dos fatos já descritos que permitiram a empresa DUTRA obter vantagens ilícitas em prejuízo ao Erário. A tentativa de ludibriar o fisco com creditamentos indevidos de custos e tributos, dos pagamentos que serviram para simular a boa fé e o retorno dos recursos caracterizam infração a lei e, com fundamento no artigo 135, III do Código Tributário Nacional (...). 42. É verdade que o trecho acima é conciso; mas o é porque faz referência explícita à todas as situações, fatos e atos que, inclusive, embasaram a qualificação da multa...e tais situações, fatos e atos não revolvem, tão só, o não recolhimento de tributos, mas, objetivamente, o falseamento de premissas que, ao fim e ao cabo, encerraram a redução, supressão ou falta, pura e simplesmente, de recolhimento de tributos. 43. Já o liame entre tais situações, fatos e atos, é feito justamente a partir da assertiva de que "os representantes legais que administravam, em conjunto ou isoladamente, a empresa, à época participaram dos fatos já descritos que permitiram a empresa DUTRA obter vantagens ilícitas em prejuízo ao Erário". Neste particular, o acórdão recorrido, torna ainda mais clara a linha de argumentação para justificar a responsabilização dos sujeitos passivos, conforme se verifica no trecho do TFV : Fl. 1253DF CARF MF Processo nº 19515.720674/201628 Acórdão n.º 3301005.354 S3C3T1 Fl. 1.242 25 68. Não é possível imaginar que age com cuidado e diligência um sócio administrador que, na gestão de sua empresa, comete, em tese, crimes contra a ordem tributária, infringindo a legislação penal e tributária e sujeitandoa ao pagamento de juros e multas de ofício que podem variar entre 75 e 225%, comprometendo sua viabilidade financeira . 69. Os sócios administradores, procedendo de forma livre e consciente no objetivo de se eximirem ilegalmente do pagamento dos tributos, mediante condutas tipificadas, em tese, como crimes, infringem a lei penal, tributária, civil e comercial e tornamse solidariamente responsáveis pelos créditos tributários apurados . 70. E não se diga que os sóciosadministradores não eram os responsáveis pela escrituração contábil, pelo envio das declarações para a RFB e pelo pagamento dos tributos. É dever elementar de qualquer gestor, como bem ressalta o artigo 1.011 do novo Código Civil, zelar pelo bom desempenho das funções de todos aqueles que lhe prestam serviços, determinando e verificando se estes estão cumprindo todas as normas legais. Além do mais, os valores não desembolsados com o pagamento dos tributos se revertem para a sociedade, ou seja, para si próprios, e não para seus funcionários ou seu contador. 71. Por fim, estas obrigações tributárias também resultaram de infração ao Contrato Social, pois a Cláusula Quarta, Parágrafo Terceiro, veda expressamente o uso da firma em atos que envolvam a sociedade em obrigações estranhas aos seus objetivos sociais. A conduta dos sócios administradores, no entanto, desrespeitou tal vedação, pois usaram a firma em atos fraudulentos que geraram obrigações tributárias referentes a tributos, juros e multas de ofício, estas ainda qualificadas pela sua atuação fraudulenta, os quais obviamente são completamente estranhos aos objetivos sociais da empresa. 44. Desta forma, não há reparos a serem feitos na autuação e nem na decisão combatida, fundamentada nos mesmos motivos, pelo que NEGO PROVIMENTO aos recursos dos responsáveis tributários. Conclusão 45. Por todo o exposto, voto por conhecer dos recursos voluntários do contribuinte e dos sujeitos passivos para, no mérito, negarlhes provimento É o meu voto. assinado digitalmente Conselheiro Ari Vendramini Relator Fl. 1254DF CARF MF 26 Fl. 1255DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10872.720091/2015-82
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 06 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Nov 20 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2011
NULIDADE. INEXISTÊNCIA. REQUISITOS DO LANÇAMENTO. DIREITO DE DEFESA.
Preenchidos os requisitos do lançamento, não há que se falar em nulidade, nem em cerceamento do direito de defesa.
OMISSÃO DE RENDIMENTOS. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO.
Restando comprovado nos autos o acréscimo patrimonial a descoberto cuja origem não tenha sido comprovada por rendimentos tributáveis, não tributáveis, tributáveis exclusivamente na fonte, ou sujeitos a tributação exclusiva, é autorizado o lançamento do imposto de renda correspondente.
Numero da decisão: 2401-005.836
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar e negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier - Relatora e Presidente.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, José Luiz Hentsch Benjamin Pinheiro, Rayd Santana Ferreira, Mônica Renata Mello Ferreira Stoll (suplente convocada), Andrea Viana Arrais Egypto e Matheus Soares Leite.
Nome do relator: MIRIAM DENISE XAVIER
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201811
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2011 NULIDADE. INEXISTÊNCIA. REQUISITOS DO LANÇAMENTO. DIREITO DE DEFESA. Preenchidos os requisitos do lançamento, não há que se falar em nulidade, nem em cerceamento do direito de defesa. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. Restando comprovado nos autos o acréscimo patrimonial a descoberto cuja origem não tenha sido comprovada por rendimentos tributáveis, não tributáveis, tributáveis exclusivamente na fonte, ou sujeitos a tributação exclusiva, é autorizado o lançamento do imposto de renda correspondente.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Nov 20 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 10872.720091/2015-82
anomes_publicacao_s : 201811
conteudo_id_s : 5927918
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Nov 20 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 2401-005.836
nome_arquivo_s : Decisao_10872720091201582.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : MIRIAM DENISE XAVIER
nome_arquivo_pdf_s : 10872720091201582_5927918.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar e negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier - Relatora e Presidente. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, José Luiz Hentsch Benjamin Pinheiro, Rayd Santana Ferreira, Mônica Renata Mello Ferreira Stoll (suplente convocada), Andrea Viana Arrais Egypto e Matheus Soares Leite.
dt_sessao_tdt : Tue Nov 06 00:00:00 UTC 2018
id : 7514477
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:31:40 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051148487753728
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 13; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1491; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T1 Fl. 522 1 521 S2C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10872.720091/201582 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2401005.836 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 06 de novembro de 2018 Matéria IRPF. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. Recorrente VITOR PEREIRA LAJAS Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2011 NULIDADE. INEXISTÊNCIA. REQUISITOS DO LANÇAMENTO. DIREITO DE DEFESA. Preenchidos os requisitos do lançamento, não há que se falar em nulidade, nem em cerceamento do direito de defesa. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. Restando comprovado nos autos o acréscimo patrimonial a descoberto cuja origem não tenha sido comprovada por rendimentos tributáveis, não tributáveis, tributáveis exclusivamente na fonte, ou sujeitos a tributação exclusiva, é autorizado o lançamento do imposto de renda correspondente. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar e negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Relatora e Presidente. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, José Luiz Hentsch Benjamin Pinheiro, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 87 2. 72 00 91 /2 01 5- 82 Fl. 522DF CARF MF Processo nº 10872.720091/201582 Acórdão n.º 2401005.836 S2C4T1 Fl. 523 2 Rayd Santana Ferreira, Mônica Renata Mello Ferreira Stoll (suplente convocada), Andrea Viana Arrais Egypto e Matheus Soares Leite. Relatório Tratase de auto de infração de imposto de renda pessoa física IRPF, fls. 317/324, anocalendário 2011, que apurou imposto suplementar de R$ 2.278.800,50, acrescido de juros de mora e multa de ofício qualificada, em virtude de acréscimo patrimonial a descoberto. Consta do Termo de Verificação Fiscal – TVF (fls. 327/356) que: O procedimento foi motivado por ofício do Ministério Público Federal “solicitando a análise da situação fiscal do contribuinte fiscalizado por suspeita de conduta tributária ilícita”. O contribuinte foi intimado a apresentar documentos relativos a rendimentos isentos informados na Declaração de Ajuste do anocalendário 2011, não obtendo êxito. Foram declarados rendimentos isentos, no montante de R$ 8.685.281,87, como recebidos a título de distribuição de lucros das seguintes empresas: Iberê 90 Administradora de Bens Ltda, Marina Eventos Ltda e Vitan Eventos Ltda de R$ 60.245,04, R$ 5.466.516,83 e R$ 3.158.520,00, respectivamente. Conforme TVF, temse que: · Os valores supostamente distribuídos ao sócio cotista estão muito acima da margem de lucro determinada pela legislação que trata da distribuição do lucro como isento e as empresas não apresentaram em sua contabilidade lucros acumulados para serem distribuídos. · Nos livros contábeis das empresas apresentados não há lançamentos comprobatórios de que houve receita no ano fiscalizado. · A empresa Iberê 90 adquiriu imóveis em 2011, mas não alienou imóveis. Portanto, não obteve receita para distribuir lucros. · A empresa Marina Eventos Ltda tinha capital informado de R$ 150.000,00 e não apresentou DIPJ para 2011 e em 2012 apresentou DIPJ como inativa. Foi apresentado o livro diário onde consta receita de R$ 6.469.000,00. Somente as notas fiscais 2 a 5 foram emitidas em 2011, as 7 a 21 foram emitidas apenas em 2015, quando a empresa já estava sob fiscalização (quadro à fl. 337). Foram canceladas notas fiscais que representam 30% das emitidas. O somatório das notas emitidas em 2011 perfazem o valor de R$ 1.492.000,00 e não os R$ 6.469.000,00 do livro Diário, o que demonstra que os lançamentos não refletem a realidade. As notas não trazem os tomadores dos serviços. Não foi apresentado livro de apuração de ISS. Fl. 523DF CARF MF Processo nº 10872.720091/201582 Acórdão n.º 2401005.836 S2C4T1 Fl. 524 3 · A empresa Vitan Eventos Ltda, cujo objeto é a compra e venda de imóveis, não alienou ou adquiriu imóveis em 2011, não tendo apurado receita, situação que inviabiliza a distribuição de lucros. · Da análise do extrato bancário, vêse que o valor declarado de R$ 966.026,96 como recebido em janeiro não condiz com único existente no extrato de R$ 4.500,00. · Não foi informado como os valores foram recebidos das empresas e não foi enviado nenhum documento comprobatório dos recebimentos. · Após o início da ação fiscal foram enviadas as DCTFs das empresas, em 2/7/15. · O livro Diário da empresa Iberê 90 foi arquivado na Junta Comercial em 19/8/15. O primeiro lançamento ocorreu em 15/8/11 referente ao aumento de capital social de R$ 2.700.000,00 para R$ 3.150.000,04. Não consta valor depositado em conta corrente. No balanço patrimonial aparece a conta Caixa com saldo de R$ 3.150.000,04 e no Patrimônio Líquido R$ 3.150.000,00 de capital social e R$ 0,04 de resultado do exercício. · O livro Diário da empresa Vitan Eventos Ltda. foi arquivado na Junta Comercial em 19/8/15. O primeiro lançamento ocorreu em 15/8/11 referente à integralização de capital social de R$ 1.500.000,00. Não consta valor depositado em conta corrente. No balanço patrimonial aparece a conta Caixa com saldo de R$ 1.674.498,65 e no Patrimônio Líquido R$ 1.500.000,00 de capital social e R$ 174.498,65 de resultado do exercício. · O livro Diário da empresa Marina Rio Eventos Ltda. foi arquivado na Junta Comercial em 19/8/15. Nele consta um lançamento em 31/1/11 referente ao faturamento de R$ 1.080.000,00. Para este mês foi emitida apenas uma nota fiscal no valor de R$ 85.000,00. Não consta valor depositado em conta corrente. No balanço patrimonial aparece a conta Caixa com saldo de R$ 86.934,36 e no Patrimônio Líquido R$ 150.000,00 de capital social e R$ 5.466.516,83 de resultado do exercício. A fiscalização concluiu que: Depois de serem analisados todos os documentos enviados pelo contribuinte e confrontadas com as informações declaradas em sua declaração de ajuste de imposto de renda da pessoa física do ano sob fiscalização, e ainda, depois de comparadas com as informações existentes nos bancos de dados da Receita Federal, foram encontradas as divergências que servirão de base de cálculo para cobrança dos tributos que deixaram de ser recolhidos aos cofres públicos da União mediante lançamento por meio de Auto de Infração; Fl. 524DF CARF MF Processo nº 10872.720091/201582 Acórdão n.º 2401005.836 S2C4T1 Fl. 525 4 Analisandose as informações encontradas durante os trabalhos de fiscalização, em especial os valores declarados pelo fiscalizado como isento oriundo das empresas das quais é sócio cotista majoritário e comparandose com os valores que foram declarados como aporte de capital nas referidas empresas e ainda, verificandose as datas e os valores desembolsados nas aquisições dos imóveis por essas empresas, e também, de acordo com as denúncias recebidas há indícios de que esses valores informados recebidos como isentos das empresas não ocorreram conforme esclarecimentos a seguir: a). As aquisições dos imóveis por essas empresas foram em sua maioria paga em espécie, ou saindo mediante cheque administrativo direto da conta corrente do fiscalizado, situação não muito comum em transação imobiliária com valor elevado cujo adquirente é uma pessoa jurídica; b). Analisandose as informações descritas nas alterações contratuais das referidas empresas que foram arquivadas na Junta comercial do Estado do Rio de Janeiro, observase que o aporte de capital foi efetuado em espécie, situação que mostra distorção com as informações prestadas pelo fiscalizado, quando afirmou que os aportes financeiros foram efetuados em imóveis; c) Salientase as aquisições imobiliárias realizadas pelo fiscalizado, ocorreram de 1999 a 2005, sendo que a principal ocorreu em agosto de 2003 pelo valor de R$ 1.300.000,00 e tratase de uma casa localizada a Rua Iberê Nazareth 90, Barra da Tijuca, imóvel que é declarado como seu domicílio fiscal; d). Verificandose as informações encontradas na Internet, pode ser constatado que foi em setembro de 2007 que a Polícia Federal, a pedido do Ministério Público Federal, recolheu 140 máquinas caçaníqueis, portanto, depois dessa data, o fiscalizado não mais adquiriu imóvel, entretanto, no ano calendário de 2011 o fiscalizado recomeçou a investir os rendimentos que foram adquiridos e guardados em anos anteriores, passando supostamente a fazer aporte de capital social em espécie em empresa já existente ou constituída nesse anocalendário; e). Os investimentos foram efetuados por meio de um planejamento tributário abusivo, e sem nenhum propósito negocial onde os indícios apontam que os supostos aportes de capital foram realizado em espécie nas empresas de suas propriedades e que posteriormente parte desses valores foram investidos em imóveis, alguns com suspeita de serem adquiridos por valor acima do real, conforme pode ser constatado quando comparados com os valores existentes no cadastro da Prefeitura, para fins de cobrança do IPTU, talvez esse planejamento, tenha sido realizado, para em uma alienação futura haver pagamento menor de imposto de renda sobre ganho de capital; f) A situação fica evidente quando o fiscalizado devidamente intimado não conseguiu comprovar com documentos hábeis e idôneos que os valores por ele declarados como isentos oriundos Fl. 525DF CARF MF Processo nº 10872.720091/201582 Acórdão n.º 2401005.836 S2C4T1 Fl. 526 5 de emprega de sua propriedade tenha sido recebido, portanto, salvo melhor juízo, os valores em poder do fiscalizado foram utilizados para adquirir imóveis em 2011 em nome das empresas de sua propriedade, e que para justificar a origem desses numerários foi informado haver sido recebido dividendo das referidas empresas. [...] Frisase que o contribuinte fiscalizado aparentemente fez uso de várias situações e transações de forma dolosa com a finalidade exclusiva de não recolher os impostos devidos de suas atividades comerciais as quais não ficaram comprovadas, mediante planejamento tributário entre eles de tentar comprovar os rendimentos omitidos informado haver sido recebido como isentos das empresas das quais e sócio cotista majoritário; A principal forma de tentar burlar o fisco para inibir a ocorrência do fato gerador dos tributos que deveria ser recolhidos aos cofres públicos da União foi em realizar integralização de capital em empresa já existente ou constituir outras empresas dentro do mesmo anocalendário fiscalizado e declarar receita não auferidas por essas empresas, inclusive pagando os impostos em algumas situações, no entanto, não ficou comprovado pela análise dos livros diários apresentados que houve receita obtida por essas empresas de propriedade do fiscalizado. (grifo nosso) Depois da integralização de capital nas referidas empresas e de declarar receitas supostamente obtidas por essas empresas, situação que não restou comprovada quando analisados os livros contábeis e as notas fiscais apresentadas pelo fiscalizado, e com a intenção dolosa de sonegar os tributos devidos pela pessoa física, foi utilizado o artifício de declarar rendimentos isentos obtidos das referidas empresas, valores esses que serviram para lastrear de forma não ortodoxa o patrimônio declarado pelo fiscalizado, ficando claro que a denúncia oriunda do Ministério Público Federal foi confirmada [...](grifo nosso) A fiscalização elaborou demonstrativos de evolução patrimonial (fls. 303/316), excluindo das origens a alegada distribuição de lucros, por falta de comprovação, e ainda apurou falta de comprovação da efetiva transferência de numerário das empresas para o contribuinte, encerrando a ação fiscal com a lavratura do auto de infração, tendo sido apuradas as seguintes infrações à legislação tributária: 1 Omissão de Rendimentos Recebidos de Pessoa Jurídica. Omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica por dependente, no valor de R$ 9.510,88. Fundamentação legal: artigos 1° ao 3° e parágrafos e artigo 6° da Lei 7.713/88, artigos 1°e 3° da Lei 8.134/90, artigo 1°, da Lei 9.887/99. 2 Acréscimo Patrimonial a Descoberto. Omissão de rendimentos tendo em vista a variação patrimonial a descoberto, em que se verificou excesso de aplicações sobre origens não respaldado por rendimentos declarados ou comprovados. Fl. 526DF CARF MF Processo nº 10872.720091/201582 Acórdão n.º 2401005.836 S2C4T1 Fl. 527 6 Enquadramento legal: artigos 1° ao 3° e §§, e 8°, da Lei 7.713/88; artigos 1° e 2°, da Lei 8.134/90; artigo 7° e 8°, da Lei 8.981/95; artigo 3° e 11, da Lei 9.250/95; artigo 21 da Lei 9.532/97. Em impugnação apresentada às fls. 383/406, o contribuinte alega que as pessoas jurídicas não foram fiscalizadas, no momento em que houve confissão espontânea por parte das empresas, gerou uma dívida tributária oriunda de receitas operacionais, esta divida tributária confessada e paga, ou seja, advém de valores de recursos até então equivocadamente não declarados, ora, hoje declarados por confissão espontânea, com isso tais valores confessados passam a ser parte integrante das receitas operacionais, justificando os lucros que deram suporte ao pagamento de dividendos. A DRJ/SPO, julgou procedente em parte a impugnação, retificando o crédito tributário, conforme Acórdão 1675.727 de fls. 436/458, assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2011 OMISSÃO DE RENDIMENTOS ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. Restando comprovado nos autos o acréscimo patrimonial a descoberto cuja origem não tenha sido comprovada por rendimentos tributáveis, não tributáveis, tributáveis exclusivamente na fonte, ou sujeitos a tributação exclusiva, é autorizado o lançamento do imposto de renda correspondente. Nas planilhas de evolução patrimonial devem ser incluídos como origem a importância lançada no mesmo auto de infração, como omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica, para que não ocorra a dupla tributação. RENDIMENTOS ISENTOS. DISTRIBUIÇÃO DE LUCROS. SÓCIOS DE EMPRESAS. FALTA DE COMPROVAÇÃO. Recai sobre o contribuinte o ônus da comprovação da natureza isenta do rendimento declarado. No caso de distribuição de lucros, é necessária a comprovação da efetiva transferência do numerário do patrimônio da pessoa jurídica para o do sócio, assim como a demonstração da correta apuração do resultado em balanço por meio de livros fiscais hábeis e idôneos corretamente escriturados e amparados por documentos que lastrearam a escrituração. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. APLICAÇÃO. Correta a aplicação da multa de ofício qualificada de 150% quando restar evidenciado nos autos intuito de Fl. 527DF CARF MF Processo nº 10872.720091/201582 Acórdão n.º 2401005.836 S2C4T1 Fl. 528 7 fraude consubstanciada na informação falsa de distribuição de lucros de empresas dos quais o contribuinte participa do quadro societário. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Consta do voto do acórdão recorrido que: No caso em questão, apurouse que o cônjuge do contribuinte, dependente na declaração, recebeu da Fundo Único de Previdência Social rendimento não declarado de R$ 9.510,88. Correto, portanto, o lançamento ao identificar como “omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica”. Entretanto, feito o lançamento da omissão, deveria ter sido incluído o rendimento correspondente nas planilhas de evolução patrimonial como origem para evitar duplicidade de tributação. [...] Assim, as planilhas de evolução patrimonial devem ser alteradas para a inclusão desses rendimentos mensalmente (fls. 334), conforme abaixo: [...] Com base no exposto, o lançamento deve ser alterado para reduzir o acréscimo patrimonial, conforme planilha constante desse voto e para reduzir o valor da omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica para retirar o décimo terceiro salário equivocadamente incluído na base de cálculo, conforme apuração abaixo: [...] Dessa forma, voto pela procedência em parte da impugnação alterando o crédito tributário exigido, conforme planilha abaixo: Após retificação, pela DRJ, foi mantido o IRPF no montante de R$ 2.276.185,01 e a multa de ofício qualificada. Cientificado do Acórdão em 10/4/17 (Aviso de Recebimento AR de fl. 466), o contribuinte apresentou recurso voluntário em 10/5/17, fls. 470/502, que contém, em síntese: Preliminarmente, afirma que o auto de infração é nulo frente à ausência dos requisitos indispensáveis à sua lavratura. Diz que foram citadas normas genéricas, supostamente violadas, relacionadas a apuração de ilícitos de pessoa jurídica e não pessoa física, o que torna o lançamento nulo por vício formal, pois não permite o exercício dos direitos à ampla defesa e ao contraditório. Cita doutrina. Fl. 528DF CARF MF Processo nº 10872.720091/201582 Acórdão n.º 2401005.836 S2C4T1 Fl. 529 8 Entende que a autuação baseada numa denúncia do MPF e outras provas obtidas por terceiros, sem que o recorrente conhecesse tais provas, impediu a recorrente de se defender. Alega que não foi observado o devido processo legal, pois deveria ter sido feita a correspondência entre o ato alegado e a norma infringida. Afirma que a apuração viciosa desmerece a aplicação da multa qualificada e que não houve dolo, fraude ou simulação. Cabe à fiscalização aprofundar a investigação. Cita decisões do antigo Conselho de Contribuintes. Acrescenta que a fiscalização não comprovou a conduta fraudulenta. Cita a Súmula CARF nº 25. No mérito, rebate os argumentos da fiscalização: Diz que a legislação não traz empecilho à integralização do capital social ou aumento do mesmo por meio de imóveis. A forma do pagamento dos imóveis em nada atinge regras tributárias, desde que tais imóveis sejam declarados. Acrescenta que é notório que os valores do IPTU são inferiores aos de mercado. As notas fiscais emitidas pela empresa Marina Rio Eventos Ltda foram desconsideradas, sem que as empresas tenham sido intimadas para prestar esclarecimentos. Afirma que as empresas tinham lucro a ser distribuído. Discorre sobre desconsideração da pessoa jurídica. Diz que as pessoas jurídicas as quais o recorrente era sócio são empresas de eventos e que é notório estas empresas receberem valores em espécie, não havendo confusão patrimonial que justificasse desconsiderar as pessoas jurídicas para irem diretamente sobre a pessoa do sócio. Alega que comprovou que as empresas emitiram notas fiscais, embora a fiscalização tenha desconsiderado este fato, sem fundamentação. Questiona qual a obrigação legal que determina que uma empresa tem que depositar os valores em conta corrente? Afirma que o CTN obriga apenas a PJ declarar tais valores e recolher os tributos. Cita doutrina e jurisprudência. Diz que o TVF foi fundamentado somente no ato de constituição das sociedades e aumento de capital das mesmas, não havendo subsídio para configuração da autuação. No entender da fiscalização ocorrera fraude até mesmo na formação das sociedades. Argumenta que comprovou a disponibilidade dos valores recebidos a título de distribuição de lucros. Alega que o aumento patrimonial está coberto. Cita trechos do TVF que afirma que as pessoas jurídicas auferiram receitas tributadas, declaradas em DCTF e DARF, que distribuíram lucros compatíveis com as receitas brutas apropriadas. Entretanto, a negação das origens dos recursos se fundamentou no pressuposto de que eles não transitaram em contas bancárias das pessoas jurídicas e do recorrente. Isso não é exigido pela lei. Requer seja declarada nula a autuação. É o relatório. Fl. 529DF CARF MF Processo nº 10872.720091/201582 Acórdão n.º 2401005.836 S2C4T1 Fl. 530 9 Voto Conselheira Miriam Denise Xavier, Relatora. ADMISSIBILIDADE O recurso voluntário foi oferecido no prazo legal, assim, deve ser conhecido. PRELIMINAR NULIDADE Sem razão o recorrente ao afirmar que houve cerceamento de defesa ou que não foi respeitado o devido processo legal. Ao contrário do que alega a recorrente, o lançamento foi constituído conforme determina o CTN, art. 142: Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. Toda a situação fática que determinou a ocorrência do fato gerador foi detalhadamente descrita no Termo de Verificação Fiscal – TVF (fls. 327/356), com discriminação da base de cálculo, do montante devido, da fundação legal. O sujeito passivo foi identificado e regularmente intimado da autuação. Foram cumpridos os requisitos do Decreto 70.235/72, art. 10, não havendo que se falar em nulidade ou cerceamento do direito de defesa. A fiscalização cita que o procedimento se originou por meio de ofício do MPF, contudo, o lançamento teve por base elementos probatórios apurados pela fiscalização e descritos no TVF. Também está devidamente citada a legislação relativa ao imposto de renda pessoa física (conforme enquadramento legal à fl. 318). A citação, pela DRJ, de legislação pertinente à pessoas jurídicas devese ao fato de que o cerne da autuação está em lucros recebidos pelo contribuinte das empresas de que era sócio majoritário, sem comprovação de que tais empresas teriam auferido referido lucro que sustentasse sua distribuição para o sócio (contribuinte ora autuado). Acrescentese que foi devidamente concedido à autuada a oportunidade de apresentar documentos durante a ação fiscal, prazo para apresentar impugnação e produzir provas. Privilegiando a verdade material, vêse que a fiscalização ao apurar os fatos, sempre intimou o contribuinte a esclarecêlos. Somente após a análise de todos os documentos, esclarecimentos e provas apresentados, é que a fiscalização lavrou o auto de infração. Fl. 530DF CARF MF Processo nº 10872.720091/201582 Acórdão n.º 2401005.836 S2C4T1 Fl. 531 10 A autoridade administrativa fiscal possui a prerrogativa de desconsiderar atos ou negócios jurídicos que não reflitam a realidade, sendo tal poder da própria essência da atividade fiscalizadora, que não pode ficar adstrita aos aspectos formais dos atos e fatos. Assim, uma vez verificado que o sujeito passivo utilizase de simulação ou de fraude para se esquivar do pagamento de tributo, o auditor fiscal tem o dever de aplicar a legislação tributária de acordo com os fatos, por ele constatados, em detrimento da verdade jurídica aparente (formal). Ou seja, uma vez evidenciada a simulação, não resta outra opção à fiscalização a não ser descaracterizar a relação formal existente e considerar, para efeitos do lançamento tributário, a relação real que se apresenta. Nesse sentido, dispõe o CTN: Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos seguintes casos: [...] VII quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em benefício daquele, agiu com dolo, fraude ou simulação; Sendo assim, resta evidente a possibilidade de o auditor fiscal da Receita Federal do Brasil desconsiderar os atos e fatos simulados e apurar o crédito tributário com base nos fatos efetivamente ocorridos, não havendo que se falar em nulidade do lançamento. MÉRITO A legislação tributária define o acréscimo patrimonial a descoberto como fato gerador do imposto de renda, conforme CTN, art. 43, II: Art.43 O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica: I de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; II de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior. A Lei 7.713/88 dispõe que o imposto de renda incide sobre o rendimento bruto constituído, também, pelos acréscimos patrimoniais não correspondentes aos rendimentos declarados: Art.3° O imposto incidirá sobre o rendimento bruto, sem qualquer dedução, ressalvado o disposto nos artigos 9º a 14 desta Lei. § 1º Constituem rendimento bruto todo o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos, os alimentos e pensões percebidos em dinheiro, e ainda os proventos de qualquer natureza, assim também entendidos os acréscimos patrimoniais não correspondentes aos rendimentos declarados. Fl. 531DF CARF MF Processo nº 10872.720091/201582 Acórdão n.º 2401005.836 S2C4T1 Fl. 532 11 O Regulamento do Imposto de Renda, aprovado pelo Decreto 3.000/99, reafirma que as quantias correspondentes ao acréscimo patrimonial não justificado são tributáveis: Art. 55. São também tributáveis (Lei nº 4.506, de 1964, art. 26, Lei nº 7.713, de 1988, art. 3º, § 4º, e Lei nº 9.430, de 1996, arts. 24, § 2º, inciso IV, e 70, § 3º, inciso I): [...] XIII as quantias correspondentes ao acréscimo patrimonial da pessoa física, apurado mensalmente, quando esse acréscimo não for justificado pelos rendimentos tributáveis, não tributáveis, tributados exclusivamente na fonte ou objeto de tributação definitiva; Os artigos 806 e 807 do mesmo diploma prevê, ainda, que a autoridade fiscal pode exigir do contribuinte os esclarecimentos necessários acerca da origem dos recursos, sempre que as alterações declaradas importarem em aumento de patrimônio. Art. 806. A autoridade fiscal poderá exigir do contribuinte os esclarecimentos que julgar necessários acerca da origem dos recursos e do destino dos dispêndios ou aplicações, sempre que as alterações declaradas importarem em aumento ou diminuição do patrimônio (Lei nº 4.069, de 1962, art. 51, § 1º). Art. 807. O acréscimo do patrimônio da pessoa física está sujeito à tributação quando a autoridade lançadora comprovar, à vista das declarações de rendimentos e de bens, não corresponder esse aumento aos rendimentos declarados, salvo se o contribuinte provar que aquele acréscimo teve origem em rendimentos não tributáveis, sujeitos à tributação definitiva ou já tributados exclusivamente na fonte. A única forma do contribuinte não sofrer a tributação citada é ele demonstrar que os acréscimos patrimoniais levantados são suportados por rendimentos já tributados, isentos ou não tributáveis, mediante a apresentação de documentação hábil e idônea No presente caso, as planilhas e demonstrativos que fundamentaram o lançamento encontramse às folhas 303/316, com indicação mensal dos recursos/origens e dispêndios/aplicações, tendo sido apurado acréscimo patrimonial a descoberto nos meses de julho e dezembro do anocalendário 2011. Logo, não há como prosperar as alegações do recorrente de que a apuração não foi mensal e que o cálculo não estaria claro. Conforme relatado, todos os elementos fáticos apurados pela fiscalização e descritos no TVF demonstram que as as empresas não apresentaram em sua contabilidade lucros acumulados para serem distribuídos. Os argumentos apresentados pelo recorrente de que a legislação não veda a integralização de capital por meio de imóveis e que notoriamente o valor do imóvel no IPTU é inferior ao de mercado, não possuem relevância, pois tais elementos, apesar de citados no TVF, não foram os que subsidiaram o lançamento. Acrescentese que não houve desconsideração de pessoas jurídicas, não podendo ser acatados as alegações nesse sentido. A contabilidade das Fl. 532DF CARF MF Processo nº 10872.720091/201582 Acórdão n.º 2401005.836 S2C4T1 Fl. 533 12 empresas apenas foram analisadas para subsidiar a declaração do contribuinte relativa à distribuição de lucros. Quando à legislação não vedar a transferência de recursos em espécie, não é crível que valores da ordem de milhões de reais sejam pagos em dinheiro. Ademais, não foi apresentado qualquer documento que comprovasse o efetivo pagamento/recebimento de tais valores. Todos os fatos narrados no TVF, aqui relatados, são suficientes também para caracterizar a simulação na distribuição de lucros, o que determinou a qualificação da multa, nos termos da Lei 9.430/96, art. 44, I, § 1º. Citese aqui trecho do acórdão recorrido, que apresenta doutrina sobre o conceito de simulação: A simulação, segundo Orlando Gomes, ocorre quando “em um negócio jurídico se verifica intencional divergência entre a vontade real e a vontade declarada, com o fim de enganar terceiros” (Introdução ao Estudo do Direito, 7ª Ed., Rio de Janeiro; Forense, p. 374). Para Silvio Rodrigues, negócio simulado “é aquele que oferece uma aparência diversa do efetivo querer das partes. Estas fingem um negócio que na realidade não desejam” (Direito Civil – Parte Geral, vol. 1, 15ª Ed., São Paulo, Ed. Saraiva, p. 218). Na lição de Caio Mário da Silva Pereira, a "simulação consiste em celebrarse um ato, que tem aparência normal, mas que, na verdade, não visa ao efeito que juridicamente devia produzir” (Instituições de Direito Civil, vol. 1, 19ª edição, Ed.Forense, Rio de Janeiro/1999, p. 339). Washington de Barros Monteiro ensina que a doutrina distingue duas espécies de simulação: a absoluta e a relativa. É absoluta quando a declaração de vontade exprime aparentemente um ato jurídico, não sendo intenção das partes efetuar ato algum ("colorem habens, substantiam vero minam"). É relativa quando efetivamente há intenção de realizar algum ato jurídico, mas este é de natureza diversa daquele que de fato se pretende ultimar ("colorem habens si, substatiam vero alteram”). (Curso de Direito Civil, Vol. 1, Ed. Saraiva, 1993, p. 209). E ainda, segundo acórdão recorrido, que bem abordou a questão: Passando ao exame do caso concreto em questão, percebese, claramente, que o contribuinte valeuse de simulação fraudulenta quando declarou rendimentos recebidos de pessoas jurídica como distribuição de lucros para se beneficiar exclusivamente da isenção conferida a esses rendimentos pela legislação tributária. Conforme já examinado, a escrituração das empresas continha diversas irregularidades e o contribuinte declarou rendimentos recebidos a título de distribuição de lucros sem ter feito nenhuma apuração de resultados em balanço. Os livros Diário Fl. 533DF CARF MF Processo nº 10872.720091/201582 Acórdão n.º 2401005.836 S2C4T1 Fl. 534 13 apenas foram arquivados na Junta Comercial após o início do procedimento fiscal. O contribuinte não foi capaz de produzir nenhuma prova dos serviços prestados pelas empresas e nem tampouco a quem foram dirigidos. Logo, correta a aplicação da multa de ofício qualificada. CONCLUSÃO Ante o exposto, voto por conhecer do recurso voluntário, rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Fl. 534DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10805.003086/2007-03
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 27 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Dec 11 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2002
DEDUÇÃO. DESPESAS MÉDICAS. EXIGÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DO EFETIVO PAGAMENTO. ÔNUS DO CONTRIBUINTE.
A legislação do Imposto de Renda determina que as despesas com tratamentos de saúde declaradas pelo contribuinte para fins de dedução do imposto devem ser comprovadas por meio de documentos hábeis e idôneos, podendo a autoridade fiscal exigir que o contribuinte apresente documentos que demonstrem a real prestação dos serviços e o efetivo desembolso dos valores declarados, para a formação da sua convicção.
Numero da decisão: 2002-000.485
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, vencido o conselheiro Virgílio Cansino Gil, que lhe deu provimento. Votou pelas conclusões o conselheiro Thiago Duca Amoni.
(assinado digitalmente)
Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez - Presidente e Relatora
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Mônica Renata Mello Ferreira Stoll, Thiago Duca Amoni e Virgílio Cansino Gil.
Nome do relator: CLAUDIA CRISTINA NOIRA PASSOS DA COSTA DEVELLY MONTEZ
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201811
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2002 DEDUÇÃO. DESPESAS MÉDICAS. EXIGÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DO EFETIVO PAGAMENTO. ÔNUS DO CONTRIBUINTE. A legislação do Imposto de Renda determina que as despesas com tratamentos de saúde declaradas pelo contribuinte para fins de dedução do imposto devem ser comprovadas por meio de documentos hábeis e idôneos, podendo a autoridade fiscal exigir que o contribuinte apresente documentos que demonstrem a real prestação dos serviços e o efetivo desembolso dos valores declarados, para a formação da sua convicção.
turma_s : Segunda Turma Extraordinária da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Dec 11 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 10805.003086/2007-03
anomes_publicacao_s : 201812
conteudo_id_s : 5935207
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Dec 11 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 2002-000.485
nome_arquivo_s : Decisao_10805003086200703.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : CLAUDIA CRISTINA NOIRA PASSOS DA COSTA DEVELLY MONTEZ
nome_arquivo_pdf_s : 10805003086200703_5935207.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, vencido o conselheiro Virgílio Cansino Gil, que lhe deu provimento. Votou pelas conclusões o conselheiro Thiago Duca Amoni. (assinado digitalmente) Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez - Presidente e Relatora Participaram do presente julgamento os conselheiros: Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Mônica Renata Mello Ferreira Stoll, Thiago Duca Amoni e Virgílio Cansino Gil.
dt_sessao_tdt : Tue Nov 27 00:00:00 UTC 2018
id : 7539291
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:33:03 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051148494045184
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1589; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C0T2 Fl. 166 1 165 S2C0T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10805.003086/200703 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2002000.485 – Turma Extraordinária / 2ª Turma Sessão de 27 de novembro de 2018 Matéria IRPF. DESPESAS MÉDICAS. Recorrente SAUL GELMAN Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2002 DEDUÇÃO. DESPESAS MÉDICAS. EXIGÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DO EFETIVO PAGAMENTO. ÔNUS DO CONTRIBUINTE. A legislação do Imposto de Renda determina que as despesas com tratamentos de saúde declaradas pelo contribuinte para fins de dedução do imposto devem ser comprovadas por meio de documentos hábeis e idôneos, podendo a autoridade fiscal exigir que o contribuinte apresente documentos que demonstrem a real prestação dos serviços e o efetivo desembolso dos valores declarados, para a formação da sua convicção. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, vencido o conselheiro Virgílio Cansino Gil, que lhe deu provimento. Votou pelas conclusões o conselheiro Thiago Duca Amoni. (assinado digitalmente) Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Presidente e Relatora Participaram do presente julgamento os conselheiros: Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Mônica Renata Mello Ferreira Stoll, Thiago Duca Amoni e Virgílio Cansino Gil. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 80 5. 00 30 86 /2 00 7- 03 Fl. 166DF CARF MF Processo nº 10805.003086/200703 Acórdão n.º 2002000.485 S2C0T2 Fl. 167 2 Relatório Auto de Infração Trata o presente processo de auto de infração – AI (fls. 38/43), relativo a imposto de renda da pessoa física, pela qual se procedeu a alterações na declaração de ajuste anual do contribuinte acima identificado, relativa ao exercício de 2003. A autuação implicou na alteração do resultado apurado de saldo de imposto a pagar declarado de R$5.193,19 para saldo de imposto a pagar de R$10.968,19. A notificação noticia a dedução indevida de despesas médicas, no montante de R$21.000,00, consignando (fl.39): Dedução indevida a titu1o de despesas médicas. Devidamente intimado, contribuinte apresentou documentos re1ativos às despesas médicas declaradas em sua DIRPF2003. Com re1ação à profissiona1 SANDRA LORENZON SCHAFFA, foi solicitada em nova intimação a comprovação do efetivo pagamento da despesa dec1arada (R$21.000,00) bem como descrição do tratamento realizado. Em razão da não comprovação do efetivo pagamento (por meio de cópias de cheques nominais à profissional ou extratos bancários com movimentação financeira compative1 com os va1ores de pagamento e as datas constantes nos recibos apresentados) bem como a fa1ta de descrição do tratamento rea1izado, procedo a g1osa tota1 da despesa dec1arada com a profissiona1 SANDRA LORENZON SCHAFFA. Impugnação Cientificada ao contribuinte em 25/10/2007, o AI foi objeto de impugnação, em 23/11/2007, à fl. 2/37 dos autos, assim sintetizada na decisão recorrida: 2.1. Não há base legal para a autuação, tendo o contribuinte atendido às exigências da Lei n° 9.250/95 e da IN SRF n° 15/2001, apresentando recibos de acordo com as essas exigências. 2.2. Abusivas são as exigências fiscais de “comprovação dos pagamentos por meio de cópias de cheques nominais à profissional ou extratos bancários com movimentação bancária compatível com os valores de pagamento e as datas constantes nos recibos apresentados" e “de descrição do tratamento realizado", porque: i) os pagamentos foram realizados em moeda corrente, em quantias compatíveis com o patrimônio do impugnante, não sendo possível a comprovação através de cópias de cheques e extratos bancários, sendo que a lei não exige a demonstração de tais comprovações, que violariam o sigilo bancário do impugnante; e ii) exigir a descrição do Fl. 167DF CARF MF Processo nº 10805.003086/200703 Acórdão n.º 2002000.485 S2C0T2 Fl. 168 3 tratamento psicológico realizado significaria a exposição de assuntos íntimos do contribuinte e cidadão. 2.3. A exigência da comprovação dos serviços prestados, por meio de fichas clinicas, laudos, exames, etc, é totalmente infundada, não prevista em lei e não aplicável aos serviços psicoterápicos. Por fim, a Dra. Sandra Lorezon Schaffa é profissional amplamente reconhecida, com reputação ilibada, pertencente a diversas entidades ligadas à psicologia, como a Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo, onde participa do corpo diretivo. A impugnação foi apreciada na 9ª Turma da DRJ/SPOII que, por unanimidade, considerou procedente o lançamento, em decisão assim ementada (fls. 132/137): ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2003 DESPESAS MÉDICAS. GLOSA. DEDUÇÕES. DESPESAS MEDICAS. COMPROVAÇÃO. A dedução de despesas médicas na declaração de ajuste anual do contribuinte está condicionada à comprovação hábil e idônea dos gastos efetuados, podendo ser exigida a demonstração do efetivo pagamento e prestação do serviço. Recurso voluntário Ciente do acórdão de impugnação em 26/5/2009 (fl. 140), o contribuinte, em 24/6/2009 (fls. 141 e 164), por intermédio de representante legal, apresentou recurso voluntário, às fls. 141/151, no qual alega, em apertado resumo, que: teria apresentado comprovação das despesas médicas. não existiria impedimento para efetuar os pagamentos em espécie. a profissional teria emitido declaração ratificando o recebimento dos valores informados. seria indevida a exigência de informação de disponibilidade de numerário em sua declaração de ajuste. os recibos não teriam sido declarados inábeis ou inidôneos. inexistiria lei a respaldar a exigência de apresentação de cheques nominais e/ou de extratos bancários. tratadose de tratamento psicológico, seria inapropriada a exigência de descrição do tratamento realizado, visto que violaria seu direito de privacidade, não havendo que se falar também em fichas clínicas, laudos ou exames. Fl. 168DF CARF MF Processo nº 10805.003086/200703 Acórdão n.º 2002000.485 S2C0T2 Fl. 169 4 Ao final, citando dados da profissional consultada e jurisprudência administrativa e judicial acerca do tema, requer o cancelamento da autuação. Voto Conselheira Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Relatora Admissibilidade O recurso é tempestivo e atende aos requisitos de admissibilidade, assim, dele tomo conhecimento. Mérito Em relação às despesas médicas, são dedutíveis da base de cálculo do IRPF os pagamentos efetuados pelos contribuintes a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes (Lei nº 9.250, de 1995, art. 8º, inciso II, alínea "a"), desde que devidamente comprovados. No que tange à comprovação, a dedução a título de despesas médicas é condicionada ainda ao atendimento de algumas formalidades legais: os pagamentos devem ser especificados e comprovados com documentos originais que indiquem nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) ou Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) de quem os recebeu (art. 8º, § 2º, inc. III, da Lei 9.250, de 1995). Esta norma, no entanto, não dá aos recibos valor probante absoluto, ainda que atendidas todas as formalidades legais. A apresentação de recibos de pagamento com nome e CPF do emitente têm potencialidade probatória relativa, não impedindo a autoridade fiscal de coletar outros elementos de prova com o objetivo de formar convencimento a respeito da existência da despesa e da prestação do serviço. Nesse sentido, o artigo 73, caput e § 1º do RIR/1999, autoriza a fiscalização a exigir provas complementares se existirem dúvidas quanto à existência efetiva das deduções declaradas: Art. 73. Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (Decretolei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 3º). § 1º Se forem pleiteadas deduções exageradas em relação aos rendimentos declarados, ou se tais deduções não forem cabíveis, poderão ser glosadas sem a audiência do contribuinte. (Decreto lei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 4º. (Grifei). Sobre o assunto, seguem decisões emanadas da Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF) e da 1ª Turma, da 4ª Câmara da 2ª Seção do CARF: Fl. 169DF CARF MF Processo nº 10805.003086/200703 Acórdão n.º 2002000.485 S2C0T2 Fl. 170 5 IRPF. DESPESAS MÉDICAS.COMPROVAÇÃO. Todas as deduções declaradas estão sujeitas à comprovação ou justificação, mormente quando há dúvida razoável quanto à sua efetividade. Em tais situações, a apresentação tãosomente de recibos e/ou declarações de lavra dos profissionais é insuficiente para suprir a não comprovação dos correspondentes pagamentos. (Acórdão nº9202005.323, de 30/3/2017) ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2011 DEDUÇÃO. DESPESAS MÉDICAS. APRESENTAÇÃO DE RECIBOS. SOLICITAÇÃO DE OUTROS ELEMENTOS DE PROVA PELO FISCO. Todas as deduções estão sujeitas à comprovação ou justificação, podendo a autoridade lançadora solicitar motivadamente elementos de prova da efetividade dos serviços médicos prestados ou dos correspondentes pagamentos. Em havendo tal solicitação, é de se exigir do contribuinte prova da referida efetividade. (Acórdão nº9202005.461, de 24/5/2017) IRPF. DEDUÇÃO DE DESPESAS MÉDICAS. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DA EFETIVA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS E DO CORRESPONDENTE PAGAMENTO. A Lei nº 9.250/95 exige não só a efetiva prestação de serviços como também seu dispêndio como condição para a dedução da despesa médica, isto é, necessário que o contribuinte tenha usufruído de serviços médicos onerosos e os tenha suportado. Tal fato é que subtrai renda do sujeito passivo que, em face do permissivo legal, tem o direito de abater o valor correspondente da base de cálculo do imposto sobre a renda devido no ano calendário em que suportou tal custo. Havendo solicitação pela autoridade fiscal da comprovação da prestação dos serviços e do efetivo pagamento, cabe ao contribuinte a comprovação da dedução realizada, ou seja, nos termos da Lei nº 9.250/95, a efetiva prestação de serviços e o correspondente pagamento. (Acórdão nº2401004.122, de 16/2/2016) Em seu recurso, o contribuinte defende que os recibos são os documentos hábeis a fazer a prova exigida. Como exposto acima, os recibos médicos não são uma prova absoluta para fins da dedução. Nesse sentido, entendo possível a exigência fiscal de comprovação do pagamento da despesa ou, alternativamente, a efetiva prestação do serviço médico, por meio de Fl. 170DF CARF MF Processo nº 10805.003086/200703 Acórdão n.º 2002000.485 S2C0T2 Fl. 171 6 receitas, exames, prescrição médica. É não só direito mas também dever da Fiscalização exigir provas adicionais quanto à despesa declarada em caso de dúvida quanto a sua efetividade ou ao seu pagamento, como forma de cumprir sua atribuição legal de fiscalizar o cumprimento das obrigações tributárias pelos contribuintes. Tal poderdever da autoridade fiscal independe da existência de súmula de documentação ineficaz para os profissionais declarados. Ao se beneficiar da dedução da despesa em sua Declaração de Ajuste Anual, o contribuinte deve se acautelar na guarda de elementos de provas da efetividade dos pagamentos e dos serviços prestados. O ônus probatório é do contribuinte e ele não pode se eximir desse ônus com a afirmação de que o recibo de pagamento seria suficiente por si só para fazer a prova exigida. É preciso registrar que no presente lançamento o interessado não está sendo acusado de ter agido com dolo, fraude o simulação, situação em que exigiria aplicação de multa qualificada de 150%, conforme estabelecido no § 1o, art. 44, da Lei nº 9.430/96, e, portanto, a exigência fiscal não conflita com a presunção de boafé do contribuinte. É certo que inexiste qualquer disposição legal que imponha o pagamento sob determinada forma em detrimento do pagamento em espécie, mas, ao optar por pagamento em dinheiro, o sujeito passivo abriu mão da força probatória dos documentos bancários, restando prejudicada a comprovação dos pagamentos. Tal prova se mostra mais relevante no caso das despesas com tratamentos psicológicos e afins, quando não é viável a apresentação de exames, de forma a demonstrar a necessidade de tratamento ou a efetiva prestação do serviço. Cabe ressaltar que a indicação do cheque nominativo, apesar de conter menos informações que o recibo, é aceito como meio de prova, evidenciando a força probante da efetiva comprovação do pagamento. Os recibos constituem declaração particular, com eficácia entre as partes. Em relação a terceiros, comprovam a declaração e não o fato declarado. E o ônus da prova do fato declarado, repisese, compete ao contribuinte, interessado na prova da sua veracidade. É o que estabelece o artigo 408 do Código de Processo Civil (Lei nº 13.105, de 2015): Art. 408. As declarações constantes do documento particular escrito e assinado ou somente assinado presumemse verdadeiras em relação ao signatário. Parágrafo único. Quando, todavia, contiver declaração de ciência de determinado fato, o documento particular prova a ciência, mas não o fato em si, incumbindo o ônus de proválo ao interessado em sua veracidade. (destaques acrescidos) O Código Civil também aborda a questão da presunção de veracidade dos documentos particulares e seus efeitos sobre terceiros: Art. 219. As declarações constantes de documentos assinados presumemse verdadeiras em relação aos signatários. Parágrafo único. Não tendo relação direta, porém, com as disposições principais ou com a legitimidade das partes, as Fl. 171DF CARF MF Processo nº 10805.003086/200703 Acórdão n.º 2002000.485 S2C0T2 Fl. 172 7 declarações enunciativas não eximem os interessados em sua veracidade do ônus de proválas. ... Art. 221. O instrumento particular, feito e assinado, ou somente assinado por quem esteja na livre disposição e administração de seus bens, prova as obrigações convencionais de qualquer valor; mas os seus efeitos, bem como os da cessão, não se operam, a respeito de terceiros, antes de registrado no registro público.” (destaques acrescidos) No caso concreto desses autos, intimado a apresentar comprovação da efetiva prestação do serviço bem como da entrega dos recursos (fl.72), o recorrente limitouse a apresentar declaração e recibos emitidos pela profissional consultada, que não se revelam hábeis a fazer a prova exigida. Assim, na ausência da comprovação exigida, não há reparos a se fazer à decisão de piso. Conclusão Pelo exposto, voto por conhecer do recurso e, no mérito, negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Fl. 172DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10183.000353/99-94
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Oct 16 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Nov 21 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/01/2003 a 30/11/2004
RECURSO NÃO CONHECIDO
Não provada a similute fática entre o aresto recorrido e os paradigmas, não se conhece do recurso especial.
Recurso especial do contribuinte não conhecido.
Numero da decisão: 9303-007.486
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial. Julgamento iniciado na reunião de 09/2018 e concluído na sessão de 16/10/2018.
(Assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas Presidente
(Assinado digitalmente)
Jorge Olmiro Lock Freire Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: JORGE OLMIRO LOCK FREIRE
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201810
camara_s : 3ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/01/2003 a 30/11/2004 RECURSO NÃO CONHECIDO Não provada a similute fática entre o aresto recorrido e os paradigmas, não se conhece do recurso especial. Recurso especial do contribuinte não conhecido.
turma_s : 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Wed Nov 21 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 10183.000353/99-94
anomes_publicacao_s : 201811
conteudo_id_s : 5928189
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Nov 22 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 9303-007.486
nome_arquivo_s : Decisao_101830003539994.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : JORGE OLMIRO LOCK FREIRE
nome_arquivo_pdf_s : 101830003539994_5928189.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial. Julgamento iniciado na reunião de 09/2018 e concluído na sessão de 16/10/2018. (Assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente (Assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello.
dt_sessao_tdt : Tue Oct 16 00:00:00 UTC 2018
id : 7517771
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:31:45 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051148497190912
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1390; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT3 Fl. 2 1 1 CSRFT3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10183.000353/9994 Recurso nº Especial do Contribuinte Acórdão nº 9303007.486 – 3ª Turma Sessão de 16 de outubro de 2018 Matéria PIS/COFINS COOPERATIVAS DE CRÉDITO Recorrente COOPERATIVA DE CRÉDITO RURAL DO SUL DE MATO GROSSO SICREDI SUL MT Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2003 a 30/11/2004 RECURSO NÃO CONHECIDO Não provada a similute fática entre o aresto recorrido e os paradigmas, não se conhece do recurso especial. Recurso especial do contribuinte não conhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial. Julgamento iniciado na reunião de 09/2018 e concluído na sessão de 16/10/2018. (Assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas – Presidente (Assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire – Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 18 3. 00 03 53 /9 9- 94 Fl. 759DF CARF MF Processo nº 10183.000353/9994 Acórdão n.º 9303007.486 CSRFT3 Fl. 3 2 Tratase de recurso especial do Contribuinte (fls. 491/521), admitido pelo despacho de fls. 700/701. Insurgese contra o Acórdão 3401000.893 (fls. 459/462), de 24/07/2010, o qual teve o seguinte resultado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 31/07/1994 a 31/10/1998 PIS. COOPERATIVAS DE CRÉDITO. BASE DE CÁLCULO A cooperativa de crédito está sujeita ao pagamento da contribuição ao PIS sobre a receita bruta, com as exclusões e deduções definidas na legislação de regência. Recurso Negado. Em suma, o especial veicula entendimento que não incide PIS/COFINS sobre ato cooperativo, colacionando como paradigmas vários arestos (fls. 494/497), apenas um trata se de cooperativa de crédito. Entende que enquanto operar apenas com associados, sujeitase apenas a incidência do PIS sobre a folha de salários. A Fazenda, em contrarrazões (fls. 703/714), sustenta que as cooperativas de créditos não tem o mesmo tratamento jurídicotributário das demais cooperativas, uma vez que, com arrimo no art. 18 da Lei 4.594/64, são espécies de instituição financeira, o que veio a ser plasmado pelo art. 192, VIII, da Carta de 1988, e não desnaturado pela EC nº 40/2003. Acresce que se dúvida houvesse sobre tributação das contribuições sociais, a redação dada ao art. 72 do ADCT pela ECR 1/1994 teria espancado qualquer dúvida, eis que expressamente inclui os contribuintes a que alude o § 1º do art. 22 da Lei 8.212/1991. Consigna, ainda, que a MP 1.617/97, convertida na Lei 9.701/1998, disciplinando a tributação das pessoas jurídicas aludidas no § 1º do art. 22 da Lei 8.212/1991, estabeleceu as exclusões e deduções da receita bruta operacional. E conclui: "Na disciplina jurídica específica a que se submete a cooperativa de credito em razão de sua natureza financeira, não há nada que exclua os atos cooperativos do campo de incidência do PIS". É o relatório. Voto Conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire Relator CONHECIMENTO A recorrente foi autuada na condição de sociedade cooperativa de crédito. Assim, entendeu a fiscalização que elas estão sujeitas a mesma tributação das instituições financeiras, ou seja de acordo com as disposições dos arts. 2° e 3°, §§ 5° e 6°, da Lei n° 9.718, de 27 de novembro de 1998 e do art. 22, § 1°, da Lei n° 8.212, de 24 de julho de 1991, e não à legislação que disciplina o recolhimento da Cofins e do PIS pelas demais sociedades cooperativas. Fl. 760DF CARF MF Processo nº 10183.000353/9994 Acórdão n.º 9303007.486 CSRFT3 Fl. 4 3 Ao manejar o especial, a recorrente, após longa digressão acerca do entendimento dos tribunais acerca do ato cooperativo, mas não especificamente tratandose de cooperativas de crédito, acostou vários paradigmas. Desses, apenas um referese à cooperativas, mas a matéria é CSLL, com distinta legislação de regência. Alem de a peça recursal não fazer qualquer análise do recorrido frente aos paradigmas acostados, o que por si só já representa um pressuposto do especial de divergência1, o qual não foi atendido, paradigmas acostados, como dito, não se referem a tributação de PIS/COFINS de sociedades cooperativas de crédito, caso dos autos. Em um dos vários, a ementa se refere à cooperativa de crédito, mas a matéria é CSLL, de forma de tributação distinta e com arrimo em diversa legislação exacional. Mas não houve cotejo a demonstrar a similitude fática entre o recorrido e os vários paradigmas arrolados. Ou seja, o recorrido afasta o conceito de ato cooperativo, uma vez a autuada ser caracterizada como uma instituição financeira, ao passo que os paradigmas não decorrem de lide em que o sujeito passivo é uma cooperativa de crédito, restringindose eles ao que é ou não ato cooperativo para fins de incidência das contribuições sociais. Portanto, não havendo similitude fática, não deve o recurso ser conhecido por falta de atendimento a pressuposto recursal. CONCLUSÃO Em face do exposto, não conheço do recurso especial do contribuinte. É como voto. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire 1 RICARF Art. 67, § 8 º: "A divergência prevista no caput deverá ser demonstrada analiticamente com a indicação dos pontos nos paradigmas colacionados que divirjam de pontos específicos no acórdão recorrido." Fl. 761DF CARF MF Processo nº 10183.000353/9994 Acórdão n.º 9303007.486 CSRFT3 Fl. 5 4 Fl. 762DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13675.000153/2007-41
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Nov 08 00:00:00 UTC 2012
Ementa: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES
Ano-calendário: 2007
RECURSO VOLUNTÁRIO. INTEMPESTIVIDADE.
Não se conhece de recurso voluntário apresentado fora do prazo recursal.
SIMPLES NACIONAL. OPÇÃO AUTOMÁTICA.
Somente foram inscritas automaticamente no Simples Nacional a partir de 12 de julho as empresas optantes pelo regime tributário de que trata a Lei nº 9.317, de 1996, que não estavam impedidas de optar pelo regime especial, instituído pela Lei Complementar n° 123, de 2006.
Não comprovado que, por ocasião da opção tácita, a contribuinte
atendia a todos os requisitos para a opção pelo regime especial, não há que se falar em migração automática.
Numero da decisão: 1202-000.910
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não
conhecer do recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado.
Matéria: Simples- proc. que não versem s/exigências cred.tributario
Nome do relator: Nereida de Miranda Finamore Horta
1.0 = *:*toggle all fields
materia_s : Simples- proc. que não versem s/exigências cred.tributario
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201211
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES Ano-calendário: 2007 RECURSO VOLUNTÁRIO. INTEMPESTIVIDADE. Não se conhece de recurso voluntário apresentado fora do prazo recursal. SIMPLES NACIONAL. OPÇÃO AUTOMÁTICA. Somente foram inscritas automaticamente no Simples Nacional a partir de 12 de julho as empresas optantes pelo regime tributário de que trata a Lei nº 9.317, de 1996, que não estavam impedidas de optar pelo regime especial, instituído pela Lei Complementar n° 123, de 2006. Não comprovado que, por ocasião da opção tácita, a contribuinte atendia a todos os requisitos para a opção pelo regime especial, não há que se falar em migração automática.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
numero_processo_s : 13675.000153/2007-41
conteudo_id_s : 5945236
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Jan 09 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 1202-000.910
nome_arquivo_s : Decisao_13675000153200741.pdf
nome_relator_s : Nereida de Miranda Finamore Horta
nome_arquivo_pdf_s : 13675000153200741_5945236.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado.
dt_sessao_tdt : Thu Nov 08 00:00:00 UTC 2012
id : 7561795
ano_sessao_s : 2012
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:34:30 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051148507676672
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1894; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C2T2 Fl. 117 1 116 S1C2T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13675.000153/200741 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1202000.910 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 8 de novembro de 2012 Matéria SIMPLES Recorrente RADITA RADIADORES ITAUNA LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES Anocalendário: 2007 RECURSO VOLUNTÁRIO. INTEMPESTIVIDADE. Não se conhece de recurso voluntário apresentado fora do prazo recursal. SIMPLES NACIONAL. OPÇÃO AUTOMÁTICA. Somente foram inscritas automaticamente no Simples Nacional a partir de 12 de julho as empresas optantes pelo regime tributário de que trata a Lei nº 9.317, de 1996, que não estavam impedidas de optar pelo regime especial, instituído pela Lei Complementar n° 123, de 2006. Não comprovado que, por ocasião da opção tácita, a contribuinte atendia a todos os requisitos para a opção pelo regime especial, não há que se falar em migração automática. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. (documento assinado digitalmente) Nelson Losso Filho Presidente. (documento assinado digitalmente) Nereida de Miranda Finamore Horta Relatora AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 67 5. 00 01 53 /2 00 7- 41 Fl. 116DF CARF MF Impresso em 09/05/2013 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/05/2013 por NEREIDA DE MIRANDA FINAMORE HORTA, Assinado digitalmente em 08/05/2013 por NELSON LOSSO FILHO, Assinado digitalmente em 07/05/2013 por NEREIDA DE MIRANDA FIN AMORE HORTA 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Nelson Lósso Filho, Carlos Alberto Donassolo, Nereida de Miranda Finamore Horta, Geraldo Valentim Neto, Orlando Jose Gonçalves Bueno e Viviane Vidal Wagner. Relatório Cuidase de pedido de inclusão retroativa no SIMPLES NACIONAL formulado por Radita Radiadores de Itaúna Ltda. (CNPJ 18.102.194/000100). Referido pedido foi efetuado em 19 d setembro de 2007 (fls. 1e 2), por meio de formulário, informando que, embora a empresa atendesse, aos requisitos legais para a migração voluntária, especialmente ante sua regularidade fiscal, não houve a pretensa migração. Informa que referido problema só foi detectado em 31 de agosto de 2007. Assim, requer sua inclusão no sistema, já que entende não possuir impedimentos para tanto. Informa ainda que tem sido apresentadas “Declarações PJ – Simplificadas” e efetuados recolhimentos sob o código 6106 – SIMPLES. Novo pedido de inclusão foi trazido à fl. 3 (datado de 13/11/2007), reiterando as alegações iniciais. Juntou documentos. Ao apreciar o pedido, a DRF/Divinópolis, por meio do Despacho Decisório SACAT/DIV de 20 de junho de 2008 (fl. 22 e 22v), houve por bem o indeferir, lastreando sua decisão na Resolução do Comitê Gestor do Simples Nacional (CGSN) n. 4 de 30 de maio de 2007, artigos 7º e 17. Explana que não houve solicitação da opção por parte da empresa até a data de 20.08.2007, afastando a possibilidade de erro no processamento, o que impede sua inclusão retroativa no Simples Nacional à data de 01.07.2007. A contribuinte apresentou Impugnação (fls. 24 e 25), aduzindo que embora entendesse possuir os requisitos para a migração automática ao Sistema do Simples Nacional, isto não aconteceu. Informa que a não ocorrência da migração não encontra amparo legal, já que no momento em que esta deveria ocorrer, apresentava os requisitos legais para tanto, especialmente sua adimplência em relação às obrigações tributárias. Diz comprovar o alegado por meio de certidões negativas que acompanham a impugnação. Destaca que o que houve foi um “esquecimento da recorrente”, em confirmar a migração pela Internet, mas que isto não pode representar prejuízo a impugnante, uma vez que: “ a lei autoriza a migração automática, não existia vedação para tal beneficio, o enquadramento retroativo tem amparo legal em igualdade de condições com as empresas que foram enquadradas automaticamente. ” Fl. 117DF CARF MF Impresso em 09/05/2013 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/05/2013 por NEREIDA DE MIRANDA FINAMORE HORTA, Assinado digitalmente em 08/05/2013 por NELSON LOSSO FILHO, Assinado digitalmente em 07/05/2013 por NEREIDA DE MIRANDA FIN AMORE HORTA Processo nº 13675.000153/200741 Acórdão n.º 1202000.910 S1C2T2 Fl. 118 3 Assim, requer seja deferida sua inclusão no Simples Nacional, retroativamente à 1º de julho de 2007. O Acórdão de lavra da 4ª Turma da DRJ/BHE n. 02.21.135 – (fls. 59/66), houve por bem indeferir a solicitação. Inicialmente, ensina que, nos termos do artigo 16 da Lei Complementar nº 123/2006, em relação ao anocalendário de 2007, a possibilidade de ingresso no Simples Nacional poderia ocorrer por opção voluntária ou pela opção automática ou tácita (art. 16, §4º). Em relação à opção automática ou tácita, houve a edição de norma regulamentadora pelo Comitê Gestor do Simples Nacional (Resolução CGSN n. 4, de 30 de maio de 2007, art. 18). Ali, dispunha que a pessoa jurídica deveria atender a determinadas condições para que ocorresse a opção automática (também denominada migração), que assim descreviam: que até 30 de junho de 2007 não houvesse sido excluída do Simples, ou, se excluída, que até esta data não tivesse obtido decisão definitiva na esfera administrativa ou judicial em relação á recurso interposto, que não estivesse impedida de optar pelo Simples Nacional. Atendendo às condições legais, a empresa nesta situação seria incluída em listagem própria, disponibilizada pela RFB, indicando a possibilidade de opção pelo sistema, por migração automática como pretendia a contribuinte. Porém, entende o Acórdão que a documentação acostada não foi suficiente para amparar tal pleito, especialmente por não respeitarem o limite temporal para a migração automática pretendida, conforme explana o voto: “ Contudo, dentre todos os documentos juntados, somente a cópia de certidão conjunta negativa de débitos relativos aos tributos federais e Dívida Ativa da União, emitida em 17/05/2007, e a cópia de certidão negativa de débitos relativos às contribuições previdenciárias e às de terceiros, emitida em 17/05/2007 (fls. 12/13 e 49/50), foram emitidos à época da migração automática, de que trata o § 4º do art. 16 da Lei Complementar n° 123, de2006. Os demais documentos foram emitidos em data posterior ao período previsto para o ingresso no Simples Nacional por meio da migração automática para o regime especial. Além disso, as referidas certidões anexadas (fls. 12/13 e 49/50) somente teriam utilidade para os fins específicos para os quais foram emitidas. Portanto, mesmo que a qualidade da reprodução das cópias de fls. 13 e 49 permitisse que se pudesse atestar a autenticidade das certidões emitidas à época da migração automática, restaria comprovada tão somente a regularidade fiscal e cadastral da pessoa jurídica no âmbito da administração tributária da União, condição que não seria determinante para o deferimento do pedido.” (fl. 64) Lembra que o ingresso no sistema exige a concordância da administração tributária municipal, estadual e federal, devendo a contribuinte atender vários critérios, entre os Fl. 118DF CARF MF Impresso em 09/05/2013 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/05/2013 por NEREIDA DE MIRANDA FINAMORE HORTA, Assinado digitalmente em 08/05/2013 por NELSON LOSSO FILHO, Assinado digitalmente em 07/05/2013 por NEREIDA DE MIRANDA FIN AMORE HORTA 4 quais cita, exemplificando, o valor da receita bruta auferida, a atividade econômica exercida, composição do quadro societário, e regularidade fiscal e cadastral da empresa, salientando que não houve comprovação nos autos quando da opção automática. Destaca que, caso não houvesse a migração automática, ainda haveria a possibilidade da opção voluntária, nos termos do artigo 7º, §1º da Resolução CGSN nº 4 de 2007, informando que em relação anocalendário de 2007, tal opção deveria ocorrer entre o primeiro dia útil de julho e 20 de agosto (com alteração posterior pela Resolução CGSN n. 19, de 13 de agosto de 2007). Acresce que a partir de consultas pela Internet que não houve solicitação de opção pelo regime especial para o anocalendário de 2007 (cf. fls. 21 e 21v). Desse modo, entende que a interessada não comprovou a adoção dos procedimentos previstos para a opção nos prazos legais, o que impede – ante a ausência de previsão legal – sua inclusão retroativa no Simples Nacional a partir de 1º de julho de 2007. Por fim, informa que apresentação de declarações simplificadas e pagamentos com base no código do SIMPLES, não obstante a ausência de comprovação nos autos, não implica a inclusão de oficio no regime especial, já que inexiste amparo na legislação para esta previsão. Consoante A/R juntado aos autos entre as fls 59 e 60, a contribuinte foi cientificada em 16 de abril de 2009 do Acórdão nº 2.21.135 RCF—PROC nº 13675.000153/200741,. À fls 68, foi lavrado Termo de Perempção em 19 de maio de 2009, informando que a contribuinte não apresentou o competente recurso no prazo legal. Às fls 70/72, a contribuinte apresenta Recurso Voluntário, protocolado em 22 de maio de 2009, onde reitera as alegações trazidas com sua impugnação. Com o recurso, vieram os autos a este Conselho, para julgamento. É o relatório. Voto O recurso voluntário não é tempestivo, portanto, não tomo conhecimento. Nos termos do artigo 33 do Decreto nº 70.235/1972, cabe Recurso Voluntário a ser apresentado em trinta dias seguintes à ciência da decisão da primeira instância. Portanto, caso apresentado após 30 dias, não deve ser conhecido por esse colegiado. Esse é o entendimento que tem aqui prevalecido. Diante do exposto, não conheço esse Recurso Voluntário. (documento assinado digitalmente) Nereida de Miranda Finamore Horta Fl. 119DF CARF MF Impresso em 09/05/2013 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/05/2013 por NEREIDA DE MIRANDA FINAMORE HORTA, Assinado digitalmente em 08/05/2013 por NELSON LOSSO FILHO, Assinado digitalmente em 07/05/2013 por NEREIDA DE MIRANDA FIN AMORE HORTA Processo nº 13675.000153/200741 Acórdão n.º 1202000.910 S1C2T2 Fl. 119 5 Fl. 120DF CARF MF Impresso em 09/05/2013 por ANDREA FERNANDES GARCIA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 07/05/2013 por NEREIDA DE MIRANDA FINAMORE HORTA, Assinado digitalmente em 08/05/2013 por NELSON LOSSO FILHO, Assinado digitalmente em 07/05/2013 por NEREIDA DE MIRANDA FIN AMORE HORTA
score : 1.0
Numero do processo: 10830.720745/2011-31
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 25 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Nov 22 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 20/02/2009
PRELIMINAR. NULIDADE DA GLOSA E DA DECISÃO RECORRIDA. INEXISTÊNCIA.
Não há que se falar em nulidade da glosa perpetrada nem da decisão atacada quando ambas são claras em precisar as circunstâncias fáticas e os fundamentos jurídicos que motivaram tais manifestações.
COMPENSAÇÃO. CRÉDITO. PIS E COFINS. PLANILHA COM VÁRIAS GLOSAS DE DIFERENTES PERÍODOS. INEXISTÊNCIA DE PREJUÍZO À DEFESA.
Não há prejuízo à defesa se, diante de vários pedidos de compensação, a glosa é feita com base em um único documento que englobe todas as glosas, desde que o contribuinte possa, em cada processo individual, precisar qual o período do crédito em discussão e que deverá ser objeto de específica impugnação, exatamente como ocorre no presente caso.
Numero da decisão: 3402-005.848
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do Recurso Voluntário e, no mérito, na parte conhecida, em negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Waldir Navarro Bezerra, Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Renato Vieira de Avila (suplente convocado) e Cynthia Elena de Campos. Ausente justificadamente a Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz, sendo substituída pelo Conselheiro Renato Vieira de Avila (suplente convocado).
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201810
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Data do fato gerador: 20/02/2009 PRELIMINAR. NULIDADE DA GLOSA E DA DECISÃO RECORRIDA. INEXISTÊNCIA. Não há que se falar em nulidade da glosa perpetrada nem da decisão atacada quando ambas são claras em precisar as circunstâncias fáticas e os fundamentos jurídicos que motivaram tais manifestações. COMPENSAÇÃO. CRÉDITO. PIS E COFINS. PLANILHA COM VÁRIAS GLOSAS DE DIFERENTES PERÍODOS. INEXISTÊNCIA DE PREJUÍZO À DEFESA. Não há prejuízo à defesa se, diante de vários pedidos de compensação, a glosa é feita com base em um único documento que englobe todas as glosas, desde que o contribuinte possa, em cada processo individual, precisar qual o período do crédito em discussão e que deverá ser objeto de específica impugnação, exatamente como ocorre no presente caso.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Nov 22 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 10830.720745/2011-31
anomes_publicacao_s : 201811
conteudo_id_s : 5928612
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Nov 22 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 3402-005.848
nome_arquivo_s : Decisao_10830720745201131.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : WALDIR NAVARRO BEZERRA
nome_arquivo_pdf_s : 10830720745201131_5928612.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do Recurso Voluntário e, no mérito, na parte conhecida, em negar-lhe provimento. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Waldir Navarro Bezerra, Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Renato Vieira de Avila (suplente convocado) e Cynthia Elena de Campos. Ausente justificadamente a Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz, sendo substituída pelo Conselheiro Renato Vieira de Avila (suplente convocado).
dt_sessao_tdt : Thu Oct 25 00:00:00 UTC 2018
id : 7518397
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:31:49 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051148554862592
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1974; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T2 Fl. 2 1 1 S3C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10830.720745/201131 Recurso nº 1 Voluntário Acórdão nº 3402005.848 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 25 de outubro de 2018 Matéria Compensação Recorrente ABSA AEROLINHAS BRASILEIRAS S.A. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 20/02/2009 PRELIMINAR. NULIDADE DA GLOSA E DA DECISÃO RECORRIDA. INEXISTÊNCIA. Não há que se falar em nulidade da glosa perpetrada nem da decisão atacada quando ambas são claras em precisar as circunstâncias fáticas e os fundamentos jurídicos que motivaram tais manifestações. COMPENSAÇÃO. CRÉDITO. PIS E COFINS. PLANILHA COM VÁRIAS GLOSAS DE DIFERENTES PERÍODOS. INEXISTÊNCIA DE PREJUÍZO À DEFESA. Não há prejuízo à defesa se, diante de vários pedidos de compensação, a glosa é feita com base em um único documento que englobe todas as glosas, desde que o contribuinte possa, em cada processo individual, precisar qual o período do crédito em discussão e que deverá ser objeto de específica impugnação, exatamente como ocorre no presente caso. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do Recurso Voluntário e, no mérito, na parte conhecida, em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Waldir Navarro Bezerra, Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Renato Vieira de Avila (suplente convocado) e Cynthia Elena de Campos. Ausente justificadamente a Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz, sendo substituída pelo Conselheiro Renato Vieira de Avila (suplente convocado). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 72 07 45 /2 01 1- 31 Fl. 160DF CARF MF Processo nº 10830.720745/201131 Acórdão n.º 3402005.848 S3C4T2 Fl. 3 2 Relatório A interessada transmitiu PER visando ressarcimento de crédito de contribuição não cumulativa na exportação, em razão de pagamento indevido ou a maior. Posteriormente apresentou DCOMP para compensar o crédito pleiteado com débitos próprios. A unidade de origem reconheceu parcialmente o crédito e homologou as compensações até o limite reconhecido. Diante da homologação parcial da compensação perpetrada, o contribuinte apresentou a manifestação de inconformidade, oportunidade em que alegou o que segue: (i) nulidade do procedimento administrativo; (ii) direito à compensação do crédito extemporâneo; e (iii) direito à apropriação do crédito sobre valores de aquisição de combustíveis (querosene) no período compreendido entre 10/2008 a 12/2008. A manifestação de inconformidade foi julgada improcedente, conforme acórdão nº 09056.365. Diante deste quadro o contribuinte interpôs o recurso voluntário, oportunidade em que repisou as alegações desenvolvidas em sua manifestação de inconformidade, além de vindicar a nulidade da decisão proferida pela instância a quo. É o relatório. Fl. 161DF CARF MF Processo nº 10830.720745/201131 Acórdão n.º 3402005.848 S3C4T2 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402005.825, de 25 de outubro de 2018, proferido no julgamento do processo 10830.720143/200969, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3402005.825): "I. Dos pressupostos de admissibilidade do recurso voluntário 6. O recurso voluntário é tempestivo e preenche parcialmente os demais pressupostos de admissibilidade, haja vista a sua falta de interesse de agir. 7. Isso porque o contribuinte se insurge contra a glosa aqui realizada fundamentandose nos seguintes termos: (i) direito a crédito na compra de combustível para aviação anteriores a lei n. 11.787/2008 e (ii) direito de usar créditos, ainda que extemporâneos. 8. Acontece que, no presente caso em particular, as glosas perpetradas não tocam tais questões. Aliás, no que tange à discussão dos créditos extemporâneos, assim se manifestou a decisão atacada: (...). Destaquese que, no tocante ao mérito, a contribuinte discute tão somente a glosa de crédito extemporâneo, específica para o período de apuração 03/2007, e a apropriação de crédito sobre valores de aquisição de combustíveis no período de 10/2008 à 12/2008. Assim, as glosas realizadas para períodos de apuração diferentes dos acima mencionados não foram contestadas, no tocante ao mérito. Como o período de apuração do crédito informado no PER aqui analisado se reporta ao 2º tri/2005 não houve, quanto ao mérito, instauração de litígio. (...). 9. O mesmo vale para a questão quanto à discussão de uma pretensa glosa de crédito na compra de combustível para aviação anteriores a lei n. 11.787/2008, o que demonstra a Fl. 162DF CARF MF Processo nº 10830.720745/201131 Acórdão n.º 3402005.848 S3C4T2 Fl. 5 4 ausência de interesse recursal do contribuinte nos específicos tópicos aqui destacados. 10. Neste diapasão, deixo de conhecer parte do recurso voluntário interposto, mais precisamente o item III das suas razões recursais. II. Da pretensa nulidade parcial da decisão recorrida 11. Conforme se observa do recurso voluntário, um dos fundamentos trazidos pelo contribuinte em sua peça recursal é a nulidade parcial da decisão proferida pela instância a quo. 12. Antes, todavia, de tratar da sobredita preliminar processual, mister se faz, neste instante, detalhar ainda mais as circunstâncias fáticas que gravitam em torno do presente caso. 13. Nesse sentido, ao se observar os documentos de fls. 03/14, é possível observar que, no presente caso decidendo, o contribuinte alegou possuir um saldo credor de PIS e COFINS, nos termos do art. 16, parágrafo único da lei 11.116/051, o que o motivou a pedir o ressarcimento de tal crédito, ulteriormente convertido em compensação com débitos de agosto e setembro de 2006. 14. Ao glosar tais créditos, a fiscalização deixa clara a fundamentação para tanto, qual seja, a divergência entre as informações fiscais prestadas pelo contribuinte, conforme se observa do seguinte trecho da manifestação de fl. 22: Frisese que os valores divergentes estão de acordo com aqueles informados pelo contribuinte nos DACON's de 01/2005 a 12/2008. Esclarecemos que é facultado ao contribuinte, nos termos da lei, creditarse de valor de contribuições incidentes sobre bens e serviços adquiridos. Ressaltamos que, no período de 01/2006 a 12/2006, não houve informação de créditos de insumos nos DACON's. 15. Ressaltese, todavia, que além do presente pedido de ressarcimento convertido em compensação, a contribuinte apresentou outros inúmeros pedidos no mesmo diapasão, tanto que o presente caso em julgamento é paradigma de outros a ele vinculados e que tramitam neste Tribunal. Essa é a razão, portanto, de a fiscalização trazer as fls. 23/26 uma tabela com a discriminação não só da glosa para o período aqui debatido, mas também para outros períodos que, provavelmente, são 1 " Art. 16. O saldo credor da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins apurado na forma do art. 3o das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, e do art. 15 da Lei no 10.865, de 30 de abril de 2004, acumulado ao final de cada trimestre do anocalendário em virtude do disposto no art. 17 da Lei no 11.033, de 21 de dezembro de 2004, poderá ser objeto de: (...). Parágrafo único. Relativamente ao saldo credor acumulado a partir de 9 de agosto de 2004 até o último trimestre calendário anterior ao de publicação desta Lei, a compensação ou pedido de ressarcimento poderá ser efetuado a partir da promulgação desta Lei." Fl. 163DF CARF MF Processo nº 10830.720745/201131 Acórdão n.º 3402005.848 S3C4T2 Fl. 6 5 discutidos nos demais pedidos de ressarcimento/compensação apresentados pelo contribuinte. 16. A metodologia alhures indicada não prejudica em precisar quais foram os créditos glosados no presente processo administrativo (2o trimestre de 2005), bem como o motivo de tal glosa, o que afasta uma pretensa nulidade do trabalho fiscal, bem como da decisão atacada. Dispositivo 17. Diante do exposto, deixo de conhecer parte do recurso voluntário interposto e, na parte conhecida, voto por negarlhe provimento." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por conhecer parcialmente do Recurso Voluntário e, no mérito, na parte conhecida, em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Fl. 164DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11817.000276/2003-61
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 18 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Nov 09 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Data do fato gerador: 10/10/2003
EMENTA
IPI. MULTA POR POSSE DE PRODUTOS COM SELOS DE CONTROLE FALSOS. - ART.499, IV, DO DECRETO 4.544/2002.Provada a materialidade da infração, ou seja, a posse de produtos com selos falsos, irrelevante a intenção do agente possuidor, dada a responsabilidade objetiva, a teor do artigo 136 do CTN. É lícita a cumulação da pena de perdimento e multa pecuniária. Recurso voluntário a que se nega provimento.
Numero da decisão: 3001-000.501
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acórdão os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Orlando Rutigliani Berri - Presidente
(assinado digitalmente)
Francisco Martins Leite Cavalcante - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Marcos Roberto da Silva, Renato Vieira de Avila e Francisco Martins Leite Cavalcante
Nome do relator: FRANCISCO MARTINS LEITE CAVALCANTE
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201809
ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Data do fato gerador: 10/10/2003 EMENTA IPI. MULTA POR POSSE DE PRODUTOS COM SELOS DE CONTROLE FALSOS. - ART.499, IV, DO DECRETO 4.544/2002.Provada a materialidade da infração, ou seja, a posse de produtos com selos falsos, irrelevante a intenção do agente possuidor, dada a responsabilidade objetiva, a teor do artigo 136 do CTN. É lícita a cumulação da pena de perdimento e multa pecuniária. Recurso voluntário a que se nega provimento.
turma_s : Primeira Turma Extraordinária da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Fri Nov 09 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 11817.000276/2003-61
anomes_publicacao_s : 201811
conteudo_id_s : 5924787
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Nov 09 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 3001-000.501
nome_arquivo_s : Decisao_11817000276200361.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : FRANCISCO MARTINS LEITE CAVALCANTE
nome_arquivo_pdf_s : 11817000276200361_5924787.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acórdão os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Orlando Rutigliani Berri - Presidente (assinado digitalmente) Francisco Martins Leite Cavalcante - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Marcos Roberto da Silva, Renato Vieira de Avila e Francisco Martins Leite Cavalcante
dt_sessao_tdt : Tue Sep 18 00:00:00 UTC 2018
id : 7506280
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:30:54 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051148561154048
conteudo_txt : Metadados => date: 2018-11-03T01:33:32Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; dcterms:created: 2018-11-03T01:33:32Z; Last-Modified: 2018-11-03T01:33:32Z; dcterms:modified: 2018-11-03T01:33:32Z; dc:format: application/pdf; version=1.4; xmpMM:DocumentID: uuid:a25ff87d-8236-4c7a-a02b-c21c84cd06ce; Last-Save-Date: 2018-11-03T01:33:32Z; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2018-11-03T01:33:32Z; meta:save-date: 2018-11-03T01:33:32Z; pdf:encrypted: true; modified: 2018-11-03T01:33:32Z; Content-Type: application/pdf; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; meta:creation-date: 2018-11-03T01:33:32Z; created: 2018-11-03T01:33:32Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; Creation-Date: 2018-11-03T01:33:32Z; pdf:charsPerPage: 1459; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; pdf:docinfo:created: 2018-11-03T01:33:32Z | Conteúdo => S3C0T1 Fl. 2 1 1 S3C0T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11817.000276/200361 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3001000.501 – Turma Extraordinária / 1ª Turma Sessão de 18 de setembro de 2018 Matéria IPI IMPORTAÇÃO SELO. Recorrente GARANTIA COMERCIAL DE ALIMENTOS LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Data do fato gerador: 10/10/2003 EMENTA IPI. MULTA POR POSSE DE PRODUTOS COM SELOS DE CONTROLE FALSOS. ART.499, IV, DO DECRETO 4.544/2002.Provada a materialidade da infração, ou seja, a posse de produtos com selos falsos, irrelevante a intenção do agente possuidor, dada a responsabilidade objetiva, a teor do artigo 136 do CTN. É lícita a cumulação da pena de perdimento e multa pecuniária. Recurso voluntário a que se nega provimento. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acórdão os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Orlando Rutigliani Berri Presidente (assinado digitalmente) Francisco Martins Leite Cavalcante Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Marcos Roberto da Silva, Renato Vieira de Avila e Francisco Martins Leite Cavalcante Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 81 7. 00 02 76 /2 00 3- 61 Fl. 62DF CARF MF 2 Em 31.10.2013, Auditor Fiscal da Receita Federal lavrou o Auto de Infração nº 1120/03 (fl. 02). No histórico, informou que, em 10.10.2003, compareceu ao estabelecimento da empresa GARANTIA COMERCIAL DE ALIMENTOS LTDA e onde apreendeu 10 (dez) litros de uísque de origem estrangeira, sujeitos ao selo de controle do IPI, consoante IN nº 73 de 31.08.2001, expedida pelo Secretário da Receita Federal. As garrafas encontravamse seladas, porém com indícios de falsificação dos selos.A Perícia Técnica (fls. 0405) declarou a falsidade dos selos.Com amparo no art. 499, inciso IV, do Decreto nº 4.544/02 aplicou multa mínima de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), visto que a multa de R$ 5,00 (cinco reais) por unidade não atinge o valor mínimo. Propôs também a aplicação da pena de perdimento (fls. 0409). O Contribuinte recebeu em 18.11.2003 a Notificação nº 130/03 na qual a Secretaria da Receita Federal deulhe ciência do Auto de Infração, intimou para proceder o recolhimento do débito tributário ou impugnálo no prazo de 30 (trinta) dias (fls. 1819). Em 21.11.2003, o Contribuinte apresentou Impugnação ao Auto de Infração. Relatou que, no momento da apreensão, estavam em estoque 08 (oito) litros de uísque da marca Johnnie Walker RedLabel e 02 (dois) litros da marca Johnnie Walker Black Label. Nessa ocasião explicou aos Auditores que as mercadorias foram adquiridas com observância de todas as cautelas desejáveis e próprias da operação comercial, isto é, apresentou documentação fiscal idônea, emitida pelos fornecedores regularmente estabelecidos no Distrito Federal. Pondera que a falsidade dos selos de controle do IPI não poderia ser por ele descoberta ou identificada. Destaca que sequer os Auditores tiveram condições de concluir pela falsidade dos selos, que foi atestada por Perícia Técnica. Nesse contexto sustenta que adquiriu as mercadorias de boafé e, ainda que aplicada a pena de perdimento, que seja reconhecida a inexistência de sua responsabilidade. Em consequência, conclui que, ausente dolo ou culpa, não se sustenta a aplicação da multa no importe de R$ 5.000,00 (cinco mil reais). A multa foi erroneamente aplicada com base no art. 499, inciso IV, do Decreto nº 4.544/02, porque o Contribuinte não fabricou, vendeu, comprou, cedeu, utilizou ou teve posse de selos falsos; foi apreendido em seu estoque produto selado, lacrado, sem qualquer tipo de violação e, não se insere na sua atribuição, deslacrar um produto, ou seja violar o seu lacre, para retirada do selo e envio para perícia e, sem tal procedimento, não teria condições de verificar a falsidade ou não. Requer, ao final, que seja a autuação considerada improcedente (fls. 2123). Anexa ao recurso 06 (seis) notas fiscais de aquisição de uísque, dentre outros (fls. 3035). A Terceira Turma de Julgamentos, por unanimidade de votos, considerou PROCEDENTE o lançamento consubstanciado no referido Auto de Infração, para exigir a multa regulamentar no valor de R$ 5.000,00, cujo fundamento central está consolidado na ementa, a seguir reproduzida: "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS – IPI Data do fato gerador: 10/10/2003 INFRAÇÕES E PENALIDADES A utilização ou posse, soltos ou aplicados, de selos de controle falsos, enseja a aplicação, dentre outras penalidades (pena de perdimentos e sanção penal cabível), da multa de R$ 5,00 por unidade, não inferior a R$ 5.000,00. Lançamento Procedente” Fl. 63DF CARF MF Processo nº 11817.000276/200361 Acórdão n.º 3001000.501 S3C0T1 Fl. 3 3 Como fundamento do acórdão, a Terceira Turma aduziu o seguinte: (i) a teor do art. 465 do RIPI/2002, art. 64 da Lei 4.502/64, art. 136 do CTN, a penalização independe da caracterização de dolo ou culpa e, para a aplicação, basta a posse de produtos nos quais foram aplicados selos falsos; (ii) o Impugnante em momento algum contesta a posse dos produtos ou a conclusão da perícia, o que resulta em materialidade inconteste da infração; (iii) as notas fiscais de aquisição dos produtos não contribuem para descaracterizar a infração e afastar a aplicação da penalidade; (iv) a penalidade aplicada pelo Fisco não guarda qualquer relação com indícios de natureza penal, motivo por que se mostra inócua a alegação de boafé; (v) tratase de responsabilidade objetiva, que exclui a necessidade de aferição de dolo e, em consequência, constatada a posse, soltos ou aplicados, de selos de controle falsos, falsidade essa atestada mediante perícia específica, é inexorável a aplicação da referida penalidade; (iv)nesse contexto, reconhecese a procedência do lançamento noticiado para manter a exigência fiscal consubstanciada no Auto de Infração de fls. 01, no montante de R$ 5.000,00. Regularmente intimado da decisão de 1ª instância (fls. 41), conforme AR expedido dia 20.11.2008e recebido pelo sujeito passivo no mesmo dia (fls. 43), o contribuinte ingressou com Recurso Voluntário em 03.12.2008, alegando em síntese (fls. 4648), quanto segue. 1 Reitera as alegações tecidas na Impugnação, no sentido de que não pode ser punido por fato que não deu causa e de que não concorreu, sequer de forma culposa. A situação da empresa e de seus representantes em relação à irregularidade, no máximo, poderia ser de colaboração com o Fisco na apuração dos reais responsáveis, ou seja, como testemunhas e nunca como autor do fato ilícito; 2 Não está presente o dolo ou culpa, sequer há conduta tendente à aceitação do ilícito. Ao contrário, tomou todos os cuidados necessários ao cumprimento da lei; 3 Uma vez já aplicada a penalidade de PERDIMENTO DAS MERCADORIAS, afigurase INACEITÁVEL A APLICAÇÃO CUMULADA DE MULTA. Em reforço transcreve precedente deste Conselho; 4 O contribuinte não teria condições de verificar a autenticidade dos selos, que somente foram declarados falsos por perícia técnica; 5 Conclui que, comprovada a origem das mercadorias, a licitude e regularidade da aquisição, boafé dos Representantes da Empresa, comprovada a sua total inexistência de responsabilidade, pede que, independentemente de que venha a prevalecer a pena de perdimento das mercadorias apreendidas, seja reconhecida a inexistência de responsabilidade por parte da autuada, com a exclusão da multa aplicada, julgando improcedente o auto de infração. É O RELATÓRIO. Voto Conselheiro Francisco Martins Leite Cavalcante Relator Fl. 64DF CARF MF 4 Conforme relatado, tratase de recurso voluntário interposto por GARANTIA COMERCIAL DE ALIMENTOS LTDA em face do Acórdão nº 0921.457, proferido pela 3ª Turma da DRJ/JFA, em 06.11.2008.Regularmente intimado da decisão de 1ª instância (fls. 41), conforme AR expedido dia 20.11.2008 e recebido pelo sujeito passivo no mesmo dia (fls. 43), o contribuinte ingressou com Recurso Voluntário em 03.12.2008(fls. 4648), subscrito pelo sócio MARCO ANTÔNIO DE OLIVEIRA, e, atendidos os demais pressupostos de admissibilidade, pelo que dele tomo conhecimento. Em síntese, a Primeira Instância considerou procedente o lançamento consubstanciado no referido Auto de Infração, para exigir a multa regulamentar no valor de R$ 5.000,00, cumulado com a pena de perdimento, mediante aplicação da norma inserida no art. 33, IV, do Decreto nº 4.544, de 26.12.2002. Cingese a controvérsia recursal em aquilatar: (a) se a virtual ausência de dolo ou culpa interfere na aplicação de sanção tributária, diante da aquisição da boafé no ato de aquisição das mercadorias; e, (b) a possibilidade de cumular multa pecuniária e penalidade de perdimento de mercadoria. Os demais argumentos tecidos no recurso gravitam na órbita dessas duas premissas. Antes de prosseguir no exame das pretensões recursais, importante recordar que o Auditor Fiscal compareceu ao estabelecimento da empresa, ora recorrente, e lá identificou 10 (dez) litros de uísque de origem estrangeira, sujeitos ao selo de controle do IPI. As garrafas encontravamse seladas, porém com indícios de falsificação dos selos. A Perícia Técnica (fls. 0405) declarou a falsidade dos selos. Com amparo no art. 499, inciso IV, do Decreto nº 4.544/02 aplicou multa mínima de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), visto que a multa de R$ 5,00 (cinco reais) por unidade não atinge o valor mínimo. Propôs também a aplicação da pena de perdimento (fls. 0409). Com relação ao cerne do primeiro argumento lançado no recurso, atinente à ausência de culpa ou dolo, destacase que tal elemento da vontade não interfere na aplicação de penalidades de ordem tributária, salvo expressa disposição em sentido diverso, que inexiste na espécie, cuidase de responsabilidade objetiva, a teor do art. 136 do CTN. A penalidade pela posse de mercadoria na qual foi aposta selo falso está expressamente prevista no então vigente Decreto nº 4.544/2002, que regulamentou a tributação, fiscalização, arrecadação e administração de Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI.Observe também a legislação federal sobre o IPI: art. 33 do DecretoLei 1.593/1977, art. 52 da Medida Provisória 66, de 29 de agosto de 2002, convertida na Lei 10.637/2002. Dispõe o art.499, IV, do Decreto 4.544/2002, que reproduz o art. 52 da referida MP: “DECRETO nº 4.544/2002 Art. 499. Aplicamse as seguintes penalidades, em relação ao selo de controle de que trata o art. 223, na ocorrência das infrações abaixo: (...) IV fabricação, venda, compra, cessão, utilização, ou posse, soltos ou aplicados, de selos de controle falsos: independentemente de sanção penal cabível, multa de R$ 5,00 (cinco reais) por unidade, não inferior a R$ 5.000,00 (cinco mil reais), além da apreensão dos selos não utilizados e da aplicação da pena de perdimento dos produtos em que tenham sido utilizados os selos (Decretolei nº 1.593, de 1977, art. 33, inciso IV, e Medida Provisória nº 66, de 2002, art. 52 )” Fl. 65DF CARF MF Processo nº 11817.000276/200361 Acórdão n.º 3001000.501 S3C0T1 Fl. 4 5 (Sem destaque no texto original. Esse decreto foi revogado e substituído pelo Decreto 7.212/2010, cujo art. 585, IV, mantem idêntica redação. Tal norma está presente na MP 66/2002, convertida na Lei 10.637/2002). A norma acima reproduzida revelase bastante clara sobre inexistência de elemento de vontade, dolo ou culpa, como requisito da aplicação de multa pecuniária e perdimento da mercadoria. Exigese tãosomente a posse de selos falsos, soltos ou aplicados na mercadoria.Nesse mesmo sentido, reproduzse o seguinte precedente Acórdão: 20400080 Número do Processo: 13603.001062/200181 Data de Publicação: 14/04/2005 Contribuinte: WAL MART BRASIL LTDA Relator(a): Jorge Freire Ementa: IPI. MULTA POR POSSE DE PRODUTOS COM SELOS DE CONTROLE FALSOS – ART 471, IV, RIPI/98. Provada a materialidade da infração, ou seja, a posse de produtos com selos falsos, irrelevante a intenção do agente possuidor, conforme prevê o artigo 136 do CTN. Recurso voluntário a que se nega provimento. Decisão: Por unanimidade de votos, negouse provimento ao recurso. A segunda linha argumentativa desenvolvida no recurso diz respeito à possibilidade, ou não, de cumulação válida de pena de perdimento e imposição de multa pecuniária. A própria transcrição do art. 499, IV, do Decreto nº 4.544/2002 responde a questão, no sentido não apenas da possibilidade, mas deste inciso emana norma cogente em que se determina à apreensão das mercadorias nas quais foram aplicados selos falsos, acompanhada da pena de perdimento. Registrese que na própria norma em comento há previsão expressa de aplicação cumulativa de penalidade, vide art. 473. Observe também a legislação federal sobre o IPI: art. 33 do DecretoLei 1.593/1977, art. 52 da Medida Provisória 66, de 29 de agosto de 2002, convertida na Lei 10.637/2002. Esse entendimento está consolidado na jurisprudência do CARF. Citese um precedente a título ilustrativo: Número do Processo: 11817.000202/200413 Contribuinte: RG DISTRIBUIDORA DE PROD. ALIMENTICIOS LTDA Data da Sessão: 28/04/2010 Relator(a): AdélcioSalvalágio Nº Acórdão: 380200.211 Ementa: Obrigações Acessórias Data do fato gerador: 16/08/2004 Fl. 66DF CARF MF 6 TRIBUTÁRIO. IPI. MERCADORIA DE ORIGEM ESTRANGEIRA. EMPREGO DE SELO DE CONTROLE FALSO. APLICAÇÃO DA MULTA PREVISTA NO ART. 33, IV, DO DECRETOLEI N° 1.597/77. LEGALIDADE. RECURSO IMPROVIDO. A comercialização de bebidas de origem estrangeira com selos de controle do IPI falsos, atestada em laudo pericial, tipifica a conduta prevista no art. 33, item IV, do DecretoLei n° 1.597/77, respaldando a multa imposta. Recurso voluntário conhecido e improvido. Desta forma, voto no sentido de tomar conhecimento para NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Conselheiro Francisco Martins Leite Cavalcante Relator. Fl. 67DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.678578/2009-16
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 17 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Dec 12 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/05/2008 a 31/05/2008
NULIDADE DA DECISÃO DA DRJ. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INEXISTÊNCIA.
Não há que se falar em cerceamento do direito de defesa do contribuinte quando o despacho decisório rejeita o pedido de compensação por ausência de saldo credor e a decisão da DRJ rejeita o pedido de compensação por ausência de comprovação quanto à correção das retificações realizadas por meio da transmissão de DCTF retificadora.
COMPENSAÇÃO. ÔNUS PROBATÓRIO DO CONTRIBUINTE. CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. IMPRESCINDIBILIDADE.
Pertence ao contribuinte o ônus de comprovar o direito à compensação declarada.
Apenas os créditos líquidos e certos são passíveis de compensação tributária, conforme o art. 170 do Código Tributário Nacional.
Numero da decisão: 3002-000.438
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em rejeitar a preliminar suscitada, vencido o conselheiro Alan Tavora Nem (relator) e, no mérito, por maioria de votos, acordam em negar provimento ao Recurso voluntário, vencido os conselheiro Alan Tavora Nem (relator) que votou em dar provimento ao recurso. Designada para redigir o voto vencedor a Conselheira Maria Eduarda Alencar Câmara Simões.
(assinado digitalmente).
Larissa Nunes Girard - Presidente.
(assinado digitalmente).
Alan Tavora Nem - Relator.
(assinado digitalmente).
Maria Eduarda Alencar Câmara Simões - Redatora designada
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Larissa Nunes Girard (Presidente), Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Carlos Alberto da Silva Esteves e Alan Tavora Nem (Relator).
Nome do relator: ALAN TAVORA NEM
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201810
ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/05/2008 a 31/05/2008 NULIDADE DA DECISÃO DA DRJ. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INEXISTÊNCIA. Não há que se falar em cerceamento do direito de defesa do contribuinte quando o despacho decisório rejeita o pedido de compensação por ausência de saldo credor e a decisão da DRJ rejeita o pedido de compensação por ausência de comprovação quanto à correção das retificações realizadas por meio da transmissão de DCTF retificadora. COMPENSAÇÃO. ÔNUS PROBATÓRIO DO CONTRIBUINTE. CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. IMPRESCINDIBILIDADE. Pertence ao contribuinte o ônus de comprovar o direito à compensação declarada. Apenas os créditos líquidos e certos são passíveis de compensação tributária, conforme o art. 170 do Código Tributário Nacional.
turma_s : Segunda Turma Extraordinária da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Dec 12 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 10880.678578/2009-16
anomes_publicacao_s : 201812
conteudo_id_s : 5936060
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Dec 12 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 3002-000.438
nome_arquivo_s : Decisao_10880678578200916.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : ALAN TAVORA NEM
nome_arquivo_pdf_s : 10880678578200916_5936060.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em rejeitar a preliminar suscitada, vencido o conselheiro Alan Tavora Nem (relator) e, no mérito, por maioria de votos, acordam em negar provimento ao Recurso voluntário, vencido os conselheiro Alan Tavora Nem (relator) que votou em dar provimento ao recurso. Designada para redigir o voto vencedor a Conselheira Maria Eduarda Alencar Câmara Simões. (assinado digitalmente). Larissa Nunes Girard - Presidente. (assinado digitalmente). Alan Tavora Nem - Relator. (assinado digitalmente). Maria Eduarda Alencar Câmara Simões - Redatora designada Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Larissa Nunes Girard (Presidente), Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Carlos Alberto da Silva Esteves e Alan Tavora Nem (Relator).
dt_sessao_tdt : Wed Oct 17 00:00:00 UTC 2018
id : 7541100
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:33:11 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051148617777152
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1803; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C0T2 Fl. 224 1 223 S3C0T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10880.678578/200916 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3002000.438 – Turma Extraordinária / 2ª Turma Sessão de 17 de outubro de 2018 Matéria COMPENSAÇÃO Recorrente MERCADOLIVRE.COM ATIVIDADES DE INTERNET LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/05/2008 a 31/05/2008 NULIDADE DA DECISÃO DA DRJ. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INEXISTÊNCIA. Não há que se falar em cerceamento do direito de defesa do contribuinte quando o despacho decisório rejeita o pedido de compensação por ausência de saldo credor e a decisão da DRJ rejeita o pedido de compensação por ausência de comprovação quanto à correção das retificações realizadas por meio da transmissão de DCTF retificadora. COMPENSAÇÃO. ÔNUS PROBATÓRIO DO CONTRIBUINTE. CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. IMPRESCINDIBILIDADE. Pertence ao contribuinte o ônus de comprovar o direito à compensação declarada. Apenas os créditos líquidos e certos são passíveis de compensação tributária, conforme o art. 170 do Código Tributário Nacional. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em rejeitar a preliminar suscitada, vencido o conselheiro Alan Tavora Nem (relator) e, no mérito, por maioria de votos, acordam em negar provimento ao Recurso voluntário, vencido os conselheiro Alan Tavora Nem (relator) que votou em dar provimento ao recurso. Designada para redigir o voto vencedor a Conselheira Maria Eduarda Alencar Câmara Simões. (assinado digitalmente). Larissa Nunes Girard Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 67 85 78 /2 00 9- 16 Fl. 225DF CARF MF Processo nº 10880.678578/200916 Acórdão n.º 3002000.438 S3C0T2 Fl. 225 2 (assinado digitalmente). Alan Tavora Nem Relator. (assinado digitalmente). Maria Eduarda Alencar Câmara Simões Redatora designada Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Larissa Nunes Girard (Presidente), Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Carlos Alberto da Silva Esteves e Alan Tavora Nem (Relator). Relatório Por bem relatar os fatos, adoto o relatório da decisão da 3ª Turma da DRJ/CTA (fls. 54/58) exarado nos seguintes termos: "Trata o presente processo da Declaração de Compensação Dcomp nº 40160.81216.250309.1.3.048640, por meio da qual a contribuinte em epígrafe realizou a compensação de débitos tributários próprios utilizandose do crédito no valor de R$ 41.711,10, relativo ao DARF de Cofins não cumulativa (código 5856), recolhido em 20/05/2008, no valor R$ 665.681,49. Em 23/10/2009, a DERAT São Paulo emitiu o despacho decisório de não homologação da compensação (rastreamento nº 849853195), pelo fato de que o DARF discriminado na DCOMP acima identificada estava integralmente utilizado para quitação do débito de Cofins não cumulativa do período de apuração de abril de 2008, não restando saldo de crédito disponível para a compensação do débito informado na DCOMP acima citada. A contribuinte foi cientificada do despacho decisório em 09/11/2009 e apresentou, em 09/12/2009, manifestação de inconformidade, cujo teor é resumido a seguir. Inicialmente, a interessada faz um breve relatos dos fatos e sustenta a tempestividade da manifestação apresentada. No mérito, a contribuinte alega que a contribuição do mês de abril de 2008 foi recolhida em valor a maior do que o devido (no montante de R$ 41.711,10, conforme solicitado na Dcomp). Diz que o referido crédito consta comprovado, tanto no Dacon como na DCTF, os quais foram retificados dentro do prazo legal. Para comprovar suas alegações juntou ao processo cópia da Dcomp e dos citados documentos retificadores. Em face do exposto, pugna pela aplicação dos princípios da legalidade e da verdade material e requer a homologação integral dos débitos declarados na Dcomp.". O contribuinte apresentou manifestação de inconformidade (fls. 10/13), alegando, em resumo, que deveria ser reconsiderado o r. Despachos Decisório uma vez que "para demonstrar a existência e suficiência do crédito, que extinguiu o débito compensado, a Manifestante está anexando à presente todos os documentos pertinentes, quais sejam: comprovante de recolhimento gerador do crédito a ressarcir, PER/DCOMP com a respectiva Fl. 226DF CARF MF Processo nº 10880.678578/200916 Acórdão n.º 3002000.438 S3C0T2 Fl. 226 3 declaração de compensação do débito, DACON e DCTF que evidenciam o montante que era efetivamente devido em contraposição ao quanto recolhido a maior." Analisando os argumentos do contribuinte, a DRJ votou por indeferir a manifestação de inconformidade, pois considerou que "o pagamento (DARF de Cofins não cumulativa, recolhido em 20/05/2008, no valor R$ 665.681,49), o qual foi utilizado como crédito (parcial) na Dcomp, foi totalmente utilizado no débito de Cofins não cumulativa do período de apuração de abril de 2008, de acordo com confissão realizada anteriormente em DCTF." seguiu ainda argumentando que "não é porque a contribuinte simplesmente retificou a DCTF antes da ciência do despacho decisório que o direito ao crédito lhe está garantido automaticamente. Se fosse assim estaria instituído uma verdadeira fórmula mágica de proliferação de créditos de contribuintes para com a RFB." conforme sintetizados em sua ementa exarada nos seguintes termos: "DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. FALTA DE COMPROVAÇÃO DO DIREITO CREDITÓRIO INFORMADO NO PER/DCOMP. Inexistindo comprovação do direito creditório informado no PER/DCOMP, é de se considerar nãohomologada a compensação declarada. RETIFICAÇÃO DE DCTF POSTERIOR À NÃO HOMOLOGAÇÃO DA DCOMP. A retificação de declaração já apresentada à RFB somente é válida quando acompanhada dos elementos de prova que demonstrem a ocorrência de erro de fato no preenchimento da declaração original (art. 147, § 1º, do CTN).". O contribuinte cientificado da decisão, ingressou com Recurso Voluntário (fls. 114/125) requerendo a reforma da r. decisão recorrida, tendo em vista que: a) "a retificação da DCTF (e também da DACON) que comprova a origem do crédito ora pleiteado ocorreu anteriormente a não homologação da compensação em questão e não posteriormente" e, por fim que b) deve se valer "pela busca da verdade material" uma vez que "a Recorrente tem o direito ao crédito objeto da Dcomp em questão". É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Alan Tavora Nem Relator O Recurso Voluntário é tempestivo, preenche os requisitos formais de admissibilidade, inclusive quanto à competência das Turmas Extraordinárias e, portanto, dele tomo conhecimento. Preliminar Cerceamento de defesa principio da verdade material Fl. 227DF CARF MF Processo nº 10880.678578/200916 Acórdão n.º 3002000.438 S3C0T2 Fl. 227 4 O contribuinte em seu Recurso Voluntário apresentou pedido de preliminar a fim de ser declarado nulo o Auto de Infração, tendo em vista "que o acórdão proferido pela DRJ comprometeu o direito de defesa da Recorrente". No meu entender, portanto, a decisão recorrida revestese de vício intransponível de motivação, apta a configurar a preterição do direito de defesa do contribuinte, nos moldes do art. 59 do Decreto nº 70.235/1972, in verbis: "Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. § 1º A nulidade de qualquer ato só prejudica os posteriores que dele diretamente dependam ou sejam conseqüência. § 2º Na declaração de nulidade, a autoridade dirá os atos alcançados, e determinará as providências necessárias ao prosseguimento ou solução do processo. § 3º Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993).". Considerando que a DRJ deixou de analisar os documentos específicos e peculiares ao presente caso, essenciais à solução da contenda. Dessa forma, acato a preliminar apresentada pelo contribuinte. Mérito De inicio, é valido observar que a DRJ deixou de analisar a certeza e liquidez do crédito tributário alegando que "retificação de valores informados em DCTF não tem o condão, por si só, de gerar o direito creditório pretendido. Para tanto, devemse analisar as provas para verificar se houve erro material na elaboração da DCTF que foi utilizada para a emissão do Despacho Decisório." e alegou ainda que "a contribuinte simplesmente, como já se mencionou, juntou ao processo as cópias das retificações do Dacon e da DCTF, desacompanhadas de elementos comprobatórios do “dito” pagamento realizado a maior." À primeira vista, entendo que os documentos juntados pelo contribuinte são suficientes à comprovação do direito creditório pleiteado, ou seja, Dacon (fls. 69/96), DCTF (98/113) e a planilha de apuração da base de cálculo do tributo (fls. 188/190). Importante aqui esclarecer que a retificação da DCTF e da Dacon se deu anteriormente ao Despacho Decisório (23/10/2009 fls. 05), ou seja, em 21/10/2009 (fls. 48) e 22/10/2009 (fls. 41) respectivamente, portanto acerca da regularidade da correção ali realizada pelo contribuinte, entendo que os autos deverão ser remetidos à repartição competente, para que esta se manifeste expressamente acerca da certeza e liquidez do crédito tributário em comento. Fl. 228DF CARF MF Processo nº 10880.678578/200916 Acórdão n.º 3002000.438 S3C0T2 Fl. 228 5 Por oportuno, é válido mencionar que ainda que a DCTF tenha sido transmitida posteriormente ao Despacho Decisório, o que não ocorreu no caso em tela, é certo que a declaração retificadora tem a mesma natureza da declaração originariamente apresentada, substituindoa integralmente, nos termos do art. 19, da MP 199026/1999, dessa forma, prevalece a declaração retificadora. Outrossim, por meio do Parecer Normativo COSIT nº 02/15, a administração tributária se manifestou favoravelmente quanto à possibilidade de retificação de DCTF posterior ao pedido de compensação e depois do indeferimento do pedido, exarado nos seguintes termos: "RETIFICAÇÃO DA DCTF DEPOIS DA TRANSMISSÃO DO PER/DCOMP E CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO. POSSIBILIDADE. IMPRESCINDIBILIDADE DA RETIFICAÇÃO DA DCTF PARA COMPROVAÇÃO DO PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. (...) Não há impedimento para que a DCTF seja retificada depois de apresentado o PER/DCOMP que utiliza como crédito pagamento inteiramente alocado na DCTF original, ainda que a retificação se dê depois do indeferimento do pedido ou da não homologação da compensação, respeitadas as restrições impostas pela IN RFB nº 1.110, de 2010.". Corroborando com o entendimento acima disposto, conforme Acórdão nº 9303006.266 da CÂMARA SUPERIOR de 25/01/2018, "in verbis": "COMPENSAÇÃO. RETIFICAÇÃO DE DCTF POSTERIOR AO DESPACHO DECISÓRIO. PROVAS DO ERRO COMETIDO. A retificação da DCTF depois de prolatado o despacho decisório não impede o deferimento do pedido, quando acompanhada de provas documentais comprovando a erro cometido no preenchimento da declaração original (§ 1º do art. 147 do CTN).". Sendo assim, uma vez anexada aos autos, tal comprovação há de ser apreciada por este órgão de julgamento, caso contrário, estarseia admitindo enriquecimento indevido por parte da União, em detrimento do princípio da verdade material. Diante do acima exposto, voto no sentido de dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, acolhendo a preliminar levantada, decretando a nulidade do acórdão recorrido, determinando que os autos retornem àquela instância de julgamento, para que seja proferida nova decisão, para que esta analise e se manifeste acerca da certeza e liquidez do direito creditório pleiteado em relação aos documentos juntados. É como voto. (assinado digitalmente). Alan Tavora Nem Fl. 229DF CARF MF Processo nº 10880.678578/200916 Acórdão n.º 3002000.438 S3C0T2 Fl. 229 6 Voto Vencedor Conselheira Maria Eduarda Alencar Câmara Simões Redatora designada: Dada a devida vênia ao voto proferido pelo eminente Relator no caso concreto aqui analisado, ouso discordar das conclusões ali apresentadas, o que faço com fulcro nas razões postas em sucessivo. 1. Da preliminar de nulidade De início, há de se analisar o argumento preliminar de nulidade da decisão da DRJ por cerceamento do seu direito de defesa, apresentado pelo contribuinte em seu Recurso Voluntário, cujos fundamentos encontramse transcritos a seguir: Fl. 230DF CARF MF Processo nº 10880.678578/200916 Acórdão n.º 3002000.438 S3C0T2 Fl. 230 7 Ou seja, alegou a Recorrente que o acórdão recorrido não poderia ser negado o seu pleito de compensação apresentado com base em fundamento distinto do constante do despacho decisório, sob pena de cerceamento do seu direito de defesa. Ao analisar o caso, é possível constatar que o despacho decisório, de fato, negou o pedido de compensação apresentado sob o fundamento de que o DARF discriminado na DCOMP estava integralmente utilizado para quitação do débito de Cofins não cumulativa do período de apuração de maio de 2008, não restando saldo de crédito disponível para a compensação do débito ali informado. Acontece que, tendo o contribuinte verificado que a inexistência de crédito decorreu, em verdade, de erro na DCTF apresentada, a sua retificação não é suficiente, por si só, à demonstração do equívoco incorrido. É necessário que seja anexado aos autos documentação fiscal/contábil apta a comprovar que àquela informação inicialmente enviada estava incorreta. Destaquese, inclusive, que a comprovação quanto às informações retificadas poderá ser exigida pela fiscalização, para fins de sua aceitação, independentemente de a DCTF retificadora ter sido enviada antes ou depois do despacho decisório. A única diferença relacionada aos casos em que a retificação se deu anteriormente ao despacho decisório é que, em tais casos, é possível que o sistema aceite a compensação automaticamente, caso as retificações já tiverem sido devidamente processadas. Não foi esta, contudo, a situação aqui analisada, em que a retificação da DCTF realizada, embora anterior ao despacho decisório, não foi considerada automaticamente pelo sistema. Nestas situações, em que o sistema acusa divergência, a análise passa a ser realizada pelos fiscais que compõem a DRJ, os quais poderão exigir documentação fiscal/contábil apta à comprovação da correção das retificações realizadas. Sendo assim, penso que a decisão da DRJ que negou provimento à impugnação apresentada sob o fundamento de que o contribuinte não logrou comprovar a correção das informações constantes da sua DCTF retificadora está em linha com o despacho decisório originalmente proferido. Isso porque, mantém a negativa quanto à homologação do pedido de compensação diante da inexistência de crédito tributário para fins de satisfação do débito declarado na DCOMP. De outro norte, argumenta o Recorrente no sentido de que cabia à DRJ, em observância ao princípio da verdade material, ter diligenciado para fins de averiguar a efetiva existência do crédito. É o que se extrai da passagem a seguir transcrita, extraída do Recurso Voluntário interposto: Fl. 231DF CARF MF Processo nº 10880.678578/200916 Acórdão n.º 3002000.438 S3C0T2 Fl. 231 8 Também neste ponto, entendo que não assiste razão à Recorrente, pois, como é cediço, o ônus probatório no presente caso, em que se analisa pedido de compensação, é do Recorrente. Sendo assim, cabia a ele ter trazido aos autos a documentação necessária à comprovação do seu direito, o que até o presente momento não o fez. Por fim, não é demais destacar que, diante da decisão da DRJ no sentido de inadmitir as retificações apresentadas, diante da ausência de comprovação acerca do seu conteúdo, foi oportunizado ao Recorrente, novamente, a possibilidade de apresentação de documentação comprobatória quando da interposição do Recurso Voluntário. Penso, portanto, que não houve cerceamento do direito de defesa da Recorrente in casu, apto a ensejar a aplicação do art. 59 do Decreto nº 70.235/1972. Nesse contexto, entendo que deverá ser rejeitada a preliminar de nulidade suscitada pelo Recorrente. 2. Do mérito Quanto ao mérito da presente contenda, entendo que melhor sorte não assiste à Recorrente em seu pleito recursal. Consoante acima narrado, a DRJ negou o pedido de homologação de DCOMP apresentado sob o fundamento de ausência de comprovação, por meio de documentação fiscal/contábil apta para este fim, quanto às informações constantes da DCTF retificadora apresentada. Acontece que, ainda que ciente das razões que levaram à tal negativa, a Recorrente limitouse a anexar aos autos, quando da interposição do Recurso Voluntário, os seguintes documentos: DCTF, DACON e planilha com a indicação do "revenues breakdown". Porém, no meu entender, estes documentos não são suficientes à comprovação da correção das retificações constantes da DCTF retificadora transmitida, pois não configuram documentação fiscal/contábil apta a este fim. A DACON e a DCTF, por si só, não são suficientes à comprovação das retificações realizadas, e a planilha anexada corresponde a documento unilateralmente produzido, sem que possua força probante quando desacompanhada da documentação fiscal/contábil relacionada. Nesse contexto, penso que o Recorrente não se desincumbiu do seu ônus probatório. Sobre o assunto, não é demais trazer à colação a previsão disposta no art. 373 do Código de Processo Civil, aplicado subsidiariamente ao processo administrativo fiscal: Art. 373. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; (grifado) Fl. 232DF CARF MF Processo nº 10880.678578/200916 Acórdão n.º 3002000.438 S3C0T2 Fl. 232 9 Ainda sobre as provas, dispôs da seguinte maneira o Decreto nº 7.574/2011, que regulamenta o processo de determinação e de exigência de créditos tributários da União: Art. 28. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e sem prejuízo do disposto no art. 29 (Lei nº 9.784, de 1999, art. 36). (grifado) Logo, tendo restado não demonstrada a efetiva existência do crédito tributário alegado, não há como ser autorizada a compensação pleiteada, face à inexistência das características de liquidez e certeza essenciais à concessão de pedido desta natureza, nos moldes do que determina o art. 170 do Código Tributário Nacional, in verbis: Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. (grifado) Nesse contexto, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Voluntário do contribuinte também quanto ao mérito da presente contenda. 3. Da conclusão Diante das razões supra expendidas, voto no sentido de rejeitar a preliminar de nulidade suscitada pelo Recorrente e, no mérito, em negar provimento ao Recurso Voluntário interposto. É como voto. (assinado digitalmente). Maria Eduarda Alencar Câmara Simões Redatora designada Fl. 233DF CARF MF
score : 1.0