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4647889 #
Numero do processo: 10215.000469/2002-57
Turma: Quarta Câmara
Seção: Primeiro Conselho de Contribuintes
Data da sessão: Wed May 28 00:00:00 UTC 2008
Data da publicação: Wed May 28 00:00:00 UTC 2008
Ementa: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF Ano-calendário: 1998 MULTA ISOLADA - Com a redação dada pela Lei nº 11.488, de 15 de junho de 2007, ao artigo 44, da Lei nº. 9.430, de 1996, deixou de existir a exigência da multa de ofício isolada de setenta e cinco por cento por recolhimento de tributos em atraso sem o acréscimo da multa de mora. Portanto, as multas aplicadas com base nas regras anteriores devem ser adaptadas às novas determinações, conforme preceitua o art. 106, inciso II, alínea "a", do Código Tributário Nacional. Recurso provido.
Numero da decisão: 104-23.200
Decisão: ACORDAM os Membros da Quarta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, DAR provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
Matéria: DCTF_IRF - Auto eletronico (AE) lancamento de tributos e multa isolada (IRF)
Nome do relator: Antonio Lopo Martinez

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I , ... t#.11 kal. MINISTÉRIO DA FAZENDA mfr;;Ï".;it: PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES '.:.;'-‘44-3?». QUARTA CÂMARA Processo u° 10215.000469/2002-57 Recurso n° 160.097 Voluntário Matéria IRF Acórdão n° 104-23.200 Sessão de 28 de maio de 2008 Recorrente SANTA SANTARÉM REFRIGERANTES S.A. Recorrida r. TURMA/DRJ-BELÉM/PA Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF Ano-calendário: 1998 MULTA ISOLADA - Com a redação dada pela Lei n° 11.488, de 15 de junho de 2007, ao artigo 44, da Lei n°. 9.430, de 1996, deixou de existir a exigência da multa de oficio isolada de setenta e cinco por cento por recolhimento de tributos em atraso sem o acréscimo da multa de mora. Portanto, as multas aplicadas com base nas regras anteriores devem ser adaptadas às novas determinações, conforme preceitua o art. 106, inciso II, alínea "a", do Código Tributário Nacional. Recurso provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de recurso interposto por SANTA SANTARÉM REFRIGERANTES S.A. ACORDAM os Membros da Quarta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, DAR provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. • ,IJAIrA-F larCOTTA atar Presidente iiONI , itinla, ( LOAt', fAINEZ:^011 T O M Relator i - • Processo n°10215.000469/2002-57 CCOI/C04 Acórdão n.° 104-23.200 Eis. 2 ., FORMALIZADO EM: 02 JUL 2008 Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros Nelson Mallmarm, Heloisa Guarita Souza, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Rayana Alves de Oliveira França, Renato Coelho Borelli (Suplente convocado) e Gustavo Lian Haddad. Ausente justificadamente o Conselheiro r,Pedro Anan Júnior. 1 2 Processo n° 10215.000469/2002-57 CCO I/C04 Acórdão n.° 104-23.200 Fls. 3 Relatório Contra a contribuinte SANTA SANTARÉM REFRIGERANTES S.A. foi lavrado auto de infração de fls. 19 a 40, exige-se da interessada a titulo de juros pagos a menor ou não pagos R$ 47,33, e a quantia de R$ 4.851,47 a titulo de multa de oficio isolada. A interessada foi cientificada do auto de infração no dia 7 de junho de 2002 (fls. 28). No dia 8 de julho de 2002 foi apresentada impugnação (fls. 1 a 5), cujo teor, em suma foi: 1) O valor dos acréscimos foi recalculado e a multa foi recolhida com os acréscimos legais, conforme cópia do DARF; 2) A multa de 75% é improcedente, conforme decisões dos Conselhos de Contribuintes. A autoridade lançadora em revisão de oficio de fls. 35/36, conforme que o valor de R$ 1.300,94 relativa a multa de oficio isolada e o valor de R$ 47,33, relativa ao Juros de mora isolados é indevido. A autoridade recorrida, ao examinar o pleito, decidiu, por unanimidade, pela procedência parcial do lançamento, através do Acórdão-DRJ/BEL n°. 6.925, de 19/10/2006, às fls. 37/39 segundo o demonstrativo a seguir: tributo fato gerador moeda valor lançado valor mantido Multa 1-11/97 REAL 1.300,94 0,00 Multa 4-11/97 REAL 3.550,08 3.438,02 Juros 4-11/97 REAL 47,33 0,00 Cientificada da decisão de primeira instância em 14/05/2007 e com ela não se conformando, interpôs o recurso voluntário de fls. 44/55 em 11/06/2005, no qual reitera os argumentos da impugnação, indicando ser improcedente o Acórdão da DRJ/Belém. É o Relatório. 3 • Processo n° 10215.000469/2002-57 CC01/C04 • Acórdão n.° 104-23.200 Fls. 4 Voto Conselheiro ANTONIO LOPO MARTINEZ, Relator O recurso preenche as condições de admissibilidade. Dele conheço. A questão cinge-se à auditoria interna na DCTF, e a supostas irregularidades detectadas ao confrontar os valores declarados com os pagamentos efetuados. Antes de avançar na análise do mérito cabe registrar questão prejudicial. Apreciando a fundamentação legal, verifica-se às fls. 20 que o enquadramento legal é o artigo 44 da Lei no. 9.430/1996: multa isolada sem pagamento de multa de mora. Ocorre que essa hipótese legal deixou de existir, primeiramente com a Medida Provisória n°. 303/2006, posteriormente com a edição da Medida Provisória n°. 351/2007, e, hoje, com a redação dada pela Lei n° 11.488, de 15/06/2007, que deu nova redação ao artigo 44 da Lei n°. 9.430/1996, devendo, portanto, ser aplicada a lei mais benigna, que não dispõe sobre esse tipo de infração. É nesse sentido a jurisprudência desse Conselho, como se verifica no Acórdão n°. 104-22.209, da sessão de julgamentos de 25/01/2007, da lavra do Conselheiro Nelson Mallmann, cuja ementa é a seguinte: "NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO - RETROATIVIDADE BENIGNA DA LEI - EXTINÇÃO DE PENALIDADE - MULTA DE OFICIO ISOLADA POR FALTA DA MULTA DE MORA - Com a edição da Medida Provisória n. 351, de 2007, cujo artigo 14 deu nova redação ao artigo 44 da Lei n. 9.430, de 1996, deixou de existir a exigência da multa de oficio isolada de setenta e cinco por cento por recolhimento de tributos em atraso sem o acréscimo da multa de mora. Portanto, as multas aplicadas com base nas regras anteriores devem ser adaptadas às novas determinações, conforme preceitua o art. 106, inciso II, alínea "a", do Código Tributário NacionaL Recurso provido." Deste modo no que toca a multa isolada, e de se afastar a mesma como efeito da retroatividade benigna da Lei Ante ao exposto, voto no sentido de DAR provimento ao recurso. Sala das Sessões - DF, em 8 de maio de 2008 ONICI) ./Lit L 13k O' T1NEZ 4 Page 1 _0041600.PDF Page 1 _0041700.PDF Page 1 _0041800.PDF Page 1

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4666997 #
Numero do processo: 10725.001675/00-73
Turma: Quarta Câmara
Seção: Primeiro Conselho de Contribuintes
Data da sessão: Thu May 29 00:00:00 UTC 2008
Data da publicação: Thu May 29 00:00:00 UTC 2008
Ementa: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 1999 ESPÓLIO - Espólio é o conjunto de bens, direitos, rendimentos e obrigações da pessoa falecida. Este por sua vez é contribuinte distinto do meeiro, herdeiros e legatários. A responsabilidade pelo crédito tributário lançado, devido pela pessoa falecida, até a data do falecimento, é do espólio. JUROS - TAXA SELIC - A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais (Súmula 1º CC nº 4). Recurso negado.
Numero da decisão: 104-23.242
Decisão: ACORDAM os Membros da Quarta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
Matéria: IRPF- auto de infração eletronico (exceto multa DIRPF)
Nome do relator: Antonio Lopo Martinez

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ementa_s : Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 1999 ESPÓLIO - Espólio é o conjunto de bens, direitos, rendimentos e obrigações da pessoa falecida. Este por sua vez é contribuinte distinto do meeiro, herdeiros e legatários. A responsabilidade pelo crédito tributário lançado, devido pela pessoa falecida, até a data do falecimento, é do espólio. JUROS - TAXA SELIC - A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais (Súmula 1º CC nº 4). Recurso negado.

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QUARTA CÂMARA Processo n° 10725.001675/00-73 Recurso n° 157.561 Voluntário Matéria IRPF Acórdão n° 104-23.242 Sessão de 29 de maio de 2008 Recorrente HUMBERTO SANZ (ESPÓLIO) Recorrida r. TURMA/DRJ-RIO DE JANEIRO/RJ II ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA — IRPF Exercício: 1999 ESPÓLIO - Espólio é o conjunto de bens, direitos, rendimentos e obrigações da pessoa falecida. Este por sua vez é contribuinte distinto do meeiro, herdeiros e legatários. A responsabilidade pelo crédito tributário lançado, devido pela pessoa falecida, até a data do falecimento, é do espólio. JUROS - TAXA SELIC - A partir de 1° de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais (Súmula 1° CC n° 4). Recurso negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de recurso interposto por HUMBERTO SANZ (ESPÓLIO). ACORDAM os Membros da Quarta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. -0)12in ARIA HE ENA COTTA CARIkOS Presidente Processo no 10725.001675/00-73 CCOI/C04 Acórdão n.° 104-23.242- Fls. 2 I( i_ ki.84 It A ONIO OPO MA INEZ Relator FORMALIZADO EM: 02 JUL 2008 Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros Nelson Mallmann, Heloisa Guarita Souza, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Rayana Alves de Oliveira França, Renato Coelho Borelli (Suplente convocado) e Gustavo Lian Haddad. Ausente justificadamente o Conselheiro rk-Pedro Anan Júnior. 2 Processo n° 10725.001675/00-73 CCOI/C04 Acórdão n." 104-23.242 Fls. 3 Relatório Em desfavor do contribuinte, HUMBERTO SANZ (ESPÓLIO), supra qualificado, foi lavrado o auto de infração, de fls. 06/10, relativo ao exercício 1999, ano- calendário 1998, para formalização e cobrança do imposto de renda suplementar no valor de R$ 16.368,85, acrescido de multa de oficio de 75% e juros de mora com cálculo válido até outubro de 2000. A autuação originou-se da revisão da DIRPF/1999 (fls. 19) em que foram alterados os valores das seguintes linhas: a) rendimentos tributáveis para R$ 100.734,00; b) desconto simplificado para R$ 8.000,00; c) rendimentos Isentos e não-tributáveis para R$ 10.864,00. O auto de infração registra, às fls. 08 e 10, os dispositivos legais considerados pela autuante adequados para dar amparo ao lançamento. Inconformado com a exigência da qual foi cientificado (fls. 27), o contribuinte apresentou impugnação à fls. 01, juntamente com os documentos às fls. 02/11, alegando que: a) É impetrante do Mandado de Segurança n° 1152/93(Amaro Manhães e Outros) que tem por finalidade sustar o desconto do Imposto de Renda na Fonte. Foi concedida a suspensão a partir de fevereiro/95 até agosto/98; b) Foi instaurado o Processo n° E01 4334/98 que interrompeu a isenção do Imposto de Renda na Fonte e, a partir do mês de setembro/98, vem sendo procedida a retenção do imposto; c) Conforme comando da Secretaria do Estado de Administração, nos autos n° E014334/98 acima mencionados, processou-se o Demonstrativo do Imposto de Renda Retido na Fonte, no período de fevereiro/95 a agosto/98 (demonstrativo anexo), no valor total de R$ 66.388,11, parcelado em 70 vezes de R$ 984,40, descontados desde outubro/99 (xerox contracheque em anexo). d) O presente auto de infração, referente ao ano-base 1998, onde consta omissão de rendimentos dos valores constantes dos comprovantes de rendimentos expedidos pela Secretaria do Estado de Administração como Rendimentos Isentos e Não-tributáveis, são valores que foram tributados no parcelamento constante do processo mencionado, o qual se refere ao período de janeiro/98 a agosto/98. à, 3 Processo o° 10725.001675/00-73 CCO I /CO4 Acórdão n.° 104-23.242 F. 4 Em 14 de julho de 2005, os membros da 2 .1 Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento do Rio de Janeiro/RJ proferiram Acórdão que, por unanimidade de votos, considerou procedente o lançamento. Insatisfeito, o contribuinte, agora na forma de espólio, interpôs Recurso Voluntário de fls.43/44, onde questiona os seguintes pontos: - Indica que sendo o espólio do Humberto Sanz, representado pela viúva, Sra. Nadyr Gonçalves Sans, tal como preceitua o art. 131 do CIN, está é responsável pelos tributos devidos pelo "de cujus" até a data de partilha, limitada essa responsabilidade ao montante do quinhão, do legado ou da meação. • - A viúva meeira é responsável pelo pagamento pelos tributos devidos pelo "de cujus" até a data de partilha ou adjudicação, limitada essa responsabilidade ao montante da meação. - O espólio só responde pelos tributos devidos pelo "de cujus" até a abertura da sucessão, ou seja, 08/12/2003. - Nesse sentido, não está a viúva meeira nem os herdeiros obrigados ao pagamento da multa, arbitrada em R$ 8.593,64, nem juros e encargos nos patamares de R$ 25.006,59. - Solicito que seja aplicado o juros legalmente permitidos pela Lei da Usura, ou seja, 1,0 % ao mès. É o Relatório. )1/ 4 .. • Processo n° 10725.001675/00-73 CCOI/C04 • Acórdão n.° 104-23.242 Fls. 5 Voto Conselheiro ANTONIO LOPO MARTINEZ, Relator O recurso atende aos pressupostos de admissibilidade, devendo, portanto, ser conhecido. Primeiramente, deve-se observar que a recorrente não questiona a validade do lançamento no seu de mérito Enfatiza seu recurso tão somente o fato de que a responsabilidade pelas infrações tributárias do "de cujus" não podem ser transferidas para terceiros. No que toca ao argumento de que a viúva não seria responsável pelo lançamento nem pelas infrações cometidas pelo de cujus. Merece ser destacado que o auto de infração foi lavrado quando ainda estava vivo o de cujus, em relação a anos anteriores. Portanto, as obrigações criadas naquele momento recaíram sobre o de cujus, que com seu falecimento foram transferidos para o espólio. O que se está apreciando é a validade de um lançamento realizado contra o "de cujus" e não em relação aos seus sucessores. O espólio é o responsável por honrar esses compromissos. Concordo que as multas seriam indevidas apenas na circunstância do auto ser lavrado em nome dos sucessores, o que não é o caso no processo corrente. Em suma, a responsabilidade pelo imposto devido e multas pela pessoa falecida, lançados até a data do falecimento, é do espólio.Encerrada a partilha, a responsabilidade apenas pelo imposto devido pela pessoa falecida, até aquela data, é do sucessor a qualquer título e do cônjuge meeiro, limitando-se ao montante dos bens e direitos a eles atribuídos. No que toca a demandada aplicação de juro de mora num percentual de 1,0 % ao mês. Urge registrar que a correção com base na taxa Selic é uma exigência legal. Essa posição já está consolidada na esfera administrativa, aplicável o conteúdo da Súmula 1° CC n° 4: "A partir de 1" de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SEL1C para títulos federais." Ante ao exposto, voto no sentido de NEGAR provimento ao recurso. mSala das Sessões, 29 de maio de 2008 /PIN) 111)V ndi TONIO OP M TINEZ s Page 1 _0038800.PDF Page 1 _0038900.PDF Page 1 _0039000.PDF Page 1 _0039100.PDF Page 1

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4637725 #
Numero do processo: 18471.000220/2003-11
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 08 00:00:00 UTC 2008
Data da publicação: Wed Oct 08 00:00:00 UTC 2008
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA — IRPF Ano-calendário: 2000 AÇÃO JUDICIAL - CONCOMITÂNCIA COM INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA - RENÚNCIA - Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de oficio, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial (Súmula 1° CC n° 1). Recurso não conhecido.
Numero da decisão: 104-23.500
Decisão: ACORDAM os Membros da Quarta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, NÃO CONHECER do recurso, tendo em vista a opção do Recorrente pela via judicial, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
Matéria: IRF- ação fiscal - ñ retenção ou recolhimento(antecipação)
Nome do relator: Antonio Lopo Martinez

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I ;.:;- .n4 MINISTÉRIO DA FAZENDA PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES --e:: QUARTA CÂMARA Processo n° 18471.000220/2003-11 Recurso n° 159.831 Voluntário Matéria IRF Acórdão n° 104-23.500 Sessão de 08 de outubro de 2008 Recorrente MT FILMES LTDA. Recorrida 3'.TURMA/DRJ-RIO DE JANEIRO/RJ I ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA — IRPF Ano-calendário: 2000 AÇÃO JUDICIAL - CONCOMITÂNCIA COM INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA - RENÚNCIA - Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de oficio, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do • processo judicial (Súmula 1° CC n° 1). Recurso não conhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de recurso interposto por MT FILMES LTDA. ACORDAM os Membros da Quarta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, NÃO CONHECER do recurso, tendo em vista a opção do Recorrente pela via judicial, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. • ARIA HELENA COTTA CARDOZ Pre idente 4%.n TONI L PO RTINEZ Relator Processo n° 18471.00022012003-11 CCO I /C04 Acórdão n.° 104-23.500 Fls. 2 FORMALIZADO EM: 07 JAN2009 Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros Nelson Mallmann, Heloisa Guarita Souza, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Rayana Alves de Oliveira França, Pedro Anan Júnior e Gustavo Lian Haddad. • • 1‘;) 2 Processo n° 18471.000220/2003-11 CCOI/C04 Acórdão n.° 104-23.500 Fls. 3 Relatório Em desfavor da contribuinte, MT FILMES LTDA., foi lavrado o Auto de Infração de fls. 25/30, com ciência da interessada em 31/01/2003 (fls. 42), sendo exigido o Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) no valor de R$ 35.821,92, com multa de 75% e juros de mora. O crédito tributário total lançado monta a R$ 75.989,75. Segundo a Descrição dos Fatos às fls. 27/28, o lançamento foi efetuado em virtude de, em procedimento fiscal, ter sido apurada falta de recolhimento de IRRF sobre rendimentos de residentes ou domiciliados no exterior. A fiscalização aponta que a interessada efetuou remessas para o exterior no ano-calendário de 2000 em pagamento de serviços decorrentes de atividades cinematográficas, sem reter e recolher o correspondente IRRF. Irresignada, a interessada apresentou, em 05/03/2003, a impugnação de fls. 45/54. Em sua peça de defesa, alega, em síntese, que: - com a edição do Ato Declaratório Normativo Cosit n° 20/2000, o Fisco entendeu por encerrar as divergências de julgamento e uniformizar seu entendimento, não mais conferindo isenção de IRRF quando a remessa de numerário ao exterior decorresse de atividades cinematográficas; - entendendo que tal Ato Normativo viola principio constitucional, impetrou Mandado de Segurança Preventivo; a sentença, proferida em 15/01/2002, denegou a segurança; inconjOrmado, interpôs recurso de Apelação; deste modo, a matéria objeto do Auto de Infração ainda está sendo discutida judicialmente, não cabendo a imposição de multa; - a fiscalização não se ateve ao fato de as remessas ao exterior se encontrarem amparadas por regra isentiva, que não pode ser restringida por Ato Normativo. - encerra solicitando o cancelamento do lançamento. Em 31 de janeiro de 2006, os membros da r turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento de Rio de Janeiro I proferiram o Acórdão n°. 13.193 que, por unanimidade de votos, julgou procedente o lançamento, com a seguinte ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF Ano-calendário: 2000 FALTA DE RECOLHIMENTO. REMESSAS PARA O EXTERIOR. SERVIÇOS DECORRENTES DE ATIVIDADES CINEMATOGRÁFICAS. As remessas para o exterior em pagamento de serviços prestados na produção de atividades cinematográficas estão sujeitas ao IRRF. Lançamento Procedente. ti( 3 Processo n° 18471.000220/2003-11 CCO I /CO4 Acórdão n.° 104-23.500 Fls. 4 Cientificada em 05/04/2007, a contribuinte, se mostrando irresignada, apresentou, em 03/05/2007, o Recurso Voluntário, de fls. 89/103, reiterando as razões da sua impugnação, às quais já foram devidamente explicitadas, adicionando os seguintes argumentos: - Indica que os rendimentos remetidos ao exterior são isentos nos termos do art. 690, inciso XI, do RIR/99; - Registra inicialmente a alegação da autoridade recorrida de que o Recorrente não provou nos autos a impetração de mandado de segurança preventivos, indicando que o referido remédio jurídico está autuado sob o No. 2002.510.10001470 (doc. 2); - Observa que liminar foi concedida para suspender a exigibilidade do recolhimento do Imposto de Renda na Fonte, nas remessa feitas ao exterior para a finalização do filme " A Hora Marcada", baseada na fundamentação de que não há nenhum outro artigo no RIR que exclua a aplicação do artigo 690, inciso XI, para a situação concreta; - Afirma que sentença proferida em 15/01/2002, denegou a segurança pleiteada. Desta forma, inconformada da decisão interpôs recurso de Apelação, distribuído perante a 2'. Turma de Tribunal Regional Federal da 2'. Região; - Nesse sentido, afirma que não deveria ter sido proferida a decisão pela Delegacia de Julgamento pois a mesma afronta o Princípio da Precaução, na medida em que a Apelação ainda encontra-se em julgamento; - No mérito reitera a tese de que está correta a aplicação do inciso XI do artigo 690 do RIR, que dispõe que não se sujeita a isenção as remessas para fins culturais; - Da violação da lei pelo ato normativo COSIT N°. 20/2000 que classifica que o as remessas feitas ao exterior para atender finalidade cinematográficas devem estar sujeitas a 25% de Imposte de Renda Retido na Fonte; - Indica que é seu direito acessar a justiça para obter a certeza da obrigação tributária; - Afirma finalmente que não cabe multa de oficio na constituição de crédito tributário quando esta ainda esta sendo discutida judicialmente. É o Relatório. '/4 , Processo n° 18471.000220/2003-11 CC01/C04 Acórdão n.° 104-23.500 Fls. 5 Voto Conselheiro ANTONIO LOPO MARTINEZ, Relator Antes de tomar conhecimento do recurso, deve ser apontada questão prejudicial. Segundo a interessada esta impetrou Mandado de Segurança Preventivo com o mesmo objeto do lançamento. A própria interessada informa que a sentença, proferida em 15/01/2002, denegou a segurança e que, inconformada, interpôs recurso de Apelação, sendo apreciado na esfera judicial. No fato concreto é de se aplicar o entendimento previsto em súmula, tal como se transcreve a seguir: - Importa renúncia às instâncias administrativas a prapositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de oficio, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. (Súmula 1° CC n° 1, DOU Seção I, dos dias 26, 27 e 28/06/2006). Tendo em vista o mandado segurança impetrado e a apelação para discutir o foco principal do recurso não cabe a instância administrativa conhecer questão que está em analise no judiciário. Acrescente-se, por pertinente, que a opção foi realizada desde o momento em que foi impetrado o mandado de segurança. Ante ao exposto, voto por NÃO CONHECER do recurso, tendo em vista a opção do Recorrente pela via judicial. ;Sa das Sessões - DF, em a 8 de outubro de 2008 wkfvsib 11 • f / ONI L PO • ' EZ 5 Page 1 _0082200.PDF Page 1 _0082300.PDF Page 1 _0082400.PDF Page 1 _0082500.PDF Page 1

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Numero do processo: 10950.003150/2006-93
Turma: Quarta Câmara
Seção: Primeiro Conselho de Contribuintes
Data da sessão: Thu Oct 09 00:00:00 UTC 2008
Data da publicação: Thu Oct 09 00:00:00 UTC 2008
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA — IRPF Exercício: 2002 ACRÉSCIMO PATRIMONIAL - GASTOS E/OU APLICAÇÕES INCOMPATÍVEIS COM A RENDA DECLARADA - LEVANTAMENTO PATRIMONIAL - FLUXO FINANCEIRO -BASE DE CÁLCULO - APURAÇÃO MENSAL - O fluxo financeiro de origens e aplicações de recursos será apurado mensalmente, considerando-se todos os ingressos e dispêndios realizados, no mês, pelo contribuinte. MULTA QUALIFICADA - DEPÓSITOS BANCÁRIOS - A simples apuração de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de oficio, sendo necessária a comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo (Súmula 1° CC n° 14) Recurso parcialmente provido.
Numero da decisão: 104-23.564
Decisão: ACORDAM os Membros da Quarta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuinte, por unanimidade de votos, DAR provimento PARCIAL ao recurso para desqualificar a multa de oficio, reduzindo-a ao percentual de 75%, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
Matéria: IRPF- ação fiscal - Ac.Patrim.Descoberto/Sinais Ext.Riqueza
Nome do relator: Antonio Lopo Martinez

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I 44.124;S.; • r' MINISTÉRIO DA FAZENDA PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES 104,, - QUARTA CÂMARA Processo n° 10950.003150/2006-93 Recurso no 159.163 Voluntário Matéria IRPF Acórdão n° 104-23.564 Sessão de 09 de outubro de 2008 Recorrente CLAUDINEI ALBERTO GASPARELLI Recorrida 2'. TURMA/DRJ-CURITIBA/PR ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA — IRPF Exercício: 2002 ACRÉSCIMO PATRIMONIAL - GASTOS E/OU APLICAÇÕES INCOMPATÍVEIS COM A RENDA DECLARADA - LEVANTAMENTO PATRIMONIAL - FLUXO FINANCEIRO - BASE DE CÁLCULO - APURAÇÃO MENSAL - O fluxo financeiro de origens e aplicações de recursos será apurado mensalmente, considerando-se todos os ingressos e dispêndios realizados, no mês, pelo contribuinte. MULTA QUALIFICADA - DEPÓSITOS BANCÁRIOS - A simples apuração de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de oficio, sendo necessária a comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo (Súmula 1° CC n° 14) Recurso parcialmente provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de recurso interposto por CLAUDINEI ALBERTO GASPARELLI. ACORDAM os Membros da Quarta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuinte, por unanimidade de votos, DAR provimento PARCIAL ao recurso para desqualificar a multa de oficio, reduzindo-a ao percentual de 75%, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. N&A-4,:t atteIA HELENA COTTA CARtilfr Presidente - I Processo n°10950.003150/2006-93 CCO1 /C04 Acórdão n.° 104-23.564 Fts . 2 átft), Lta t ONIO OP MA INEZ Relator FORMALIZADO EM: 12 MAI 2009 Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros Nelson Mallmann, Heloisa Guarita Souza, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Rayana Alves de Oliveira França, Pedro Anan Júnior e Renato Coelho Borelli (Suplente convocado). Ausente justificadamente o Conselheiro rk. Gustavo Lian Haddad. ' 2 erocesso n° 10950.003150/2006-93 CC0I/C04 Acórdão n.° 104-23.564 F. 3 Relatório Em desfavor do contribuinte, CLAUDINEI ALBERTO GASPARELLI, foi lavrado o auto de infração de fls. 169/172, que lhe exige do sujeito passivo, R$ 50.580,34 de imposto de renda pessoa fisica, acrescido de multa qualificada de 150% e juros moratórios, em decorrência de ter sido apurado acréscimo patrimonial a descoberto nos meses de maio e junho do ano-calendário de 2001. Cientificado em 11/12/2006, foi protocolada a impugnação fls. 179/186, em 03/01/2007 de onde se alega: i) não ser devido o imposto apurado nos autos; II) que não concorda com a tributação mensal pretendida, posto que os artigos da Lei n" 7.713, mencionada na autuação, prescreve que o acréscimo patrimonial esteja sujeito à apuração mensal; 111)que segundo o que consta do artigo 149 do CT1V, o acréscimo patrimonial é anual, após o confronto da declaração de rendimentos com a de bens e; i1'9que o previsto no inciso 11 do artigo 43 do CTN, enquanto fato gerador do imposto, ocorre sempre num período compreendido entre dois momentos distintos, em geral, de 12 meses e, para sustentar sua tese, lança mão da doutrina existente. TO Repisa que o acréscimo patrimonial, conforme descrito no artigo 43 do C7'N não se identifica com o que a fiscalização está tributando, em face de alcançar apenas em dois meses do ano. VI) Sustenta que os auditores fiscais engendraram inequívoca presunção. Socorre-se de manifestações jurisprudenciais para reafirtnar que o fato gerador do imposto de renda só se concretiza ao final do período, ou seja, 31 de dezembro. • VII) Afirma que inexiste em nosso ordenamento jurídico, qualquer dispositivo que autorize a apuração mensal do acréscimo patrimonial, na forma como foi elaborado. O fato de ser pago o imposto mensalmente, com base em rendimentos e ganho de capital não significa que a obrigação tributária surja a cada mês. O pagamento mensal é mera antecipação do que é devido anualmente. Tanto que a declaração de rendimentos está sujeita a ajuste anual de que cuida o art. 11 da Lei n° 8.134/90. VIII) Propala que a Lei n° 7.713/88 não instituiu o imposto de renda incidente sobre o acréscimo patrimonial a descoberto, na forma como apurada pelo fisco. Entende que pagar o imposto incidente sobre rendimentos e ganhos de capital, mensalmente, é uma coisa. Outra, bem diferente é verificar, mensalmente, a existência de acréscimo patrimonial não justificado por rendimentos tributáveis, isentos ou tributáveis exclusivamente na fonte. 3 Processo n' 10950.003150/2006-93 CCOI/C04 Acórdão n.° 104-23.584 F11. 4 DO Afirma que acréscimo patrimonial é aquele apurado em confronto com a declaração de bens que acompanha a de rendimentos, consoante o que dispõe o artigo 1° e 25 ,¢ 5° da Lei n° 9.250, de 1995, desde que não justificado por rendimentos declarados, tributáveis, não tributáveis, ou tributados exclusivamente na fonte. E diz: nesse caso, o acréscimo patrimonial apontado é tributável, não com tal, mas como omissão de rendimentos na declaração de rendimento anual. X) Aduz ser evidente que a Lei n° 7.713 não pode presumir que, eventuais acréscimos patrimoniais sejam rendimentos omitidos. Alega que: na espécie dos autos, esse acréscimo, dito a descoberto, foi apurado em dois meses, sem atentar para o fato de que ao final do ano base não ocorreria nenhum acréscimo patrimoniaL xo Recorda as disposições contidas nos artigos 51 e 52 da Lei n° 4.069, de 1962, que instituiu a declaração de bens para clamar pela apuração anual do acréscimo patrimoniaL XII) Entende que o lançamento não pode prosperar já que está viciado, sendo, portanto, é ilegal e pretende mostrar que o acréscimo • patrimonial a descoberto que a fiscalização encontrou, não ocorreu efetivamente, ou seja, não existe. XIII) pretende que a aquisição de bens e direitos, no mês de maio de 2001, no montante de R$ 120.000,00, tenha como origem dos recursos, remessas do exterior, no total de US$ 30,000.00. XIV)Afirma que a aquisição do imóvel descrito no item 4.2 do Termo de Verificação Fiscal foi feita por seu pai, Antônio Gasparelli, na • qualidade de comprador e não de seu procurador. XV)Não concorda com o fato de a fiscalização ter considerado como dispêndio ou aplicação, o valor de US$ 30,000.00 que sua esposa "recebeu", proveniente de uma remessa de Nova Iorque. Pretende que esse numerário seja tratado como recursos financeiros, uma vez que a origem não foi questionada. XVI) Conclui afirmando que o lançamento é ilegal e que inexiste crédito tributário a ser pago. Junta ao processo o documento de fls. 187/188. Em 12 de abril de 2007, os membros da 2' Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento de Curitiba proferiram Acórdão que, por unanimidade de votos, rejeitou as preliminares, e considerou procedente o lançamento, nos termos da Ementa a seguir transcrita. Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Data do fato gerador: 31/05/2001, 30/06/2001 ARGÜIÇÃO DE ILEGALIDADE. INCOMPETÉNCIA DAS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS PARA APRECIAÇÃO. As autoridades administrativas estão obrigadas à observância da legislação tributária vigente no Pais, sendo incompetentes para a 4 Processo n°10950.003150/2006-93 CCOI /C04• Acórdão n.° 104-23.564 Fls. 5 apreciação de argiiições de inconstitucionalidade e ilegalidade de atos legais regularmente editados. ACRESCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. Na determinação do acréscimo não justificado, devem ser levantadas as mutações patrimoniais, mensalmente, confrontando-as com os rendimentos do respectivo mês, com transporte para o período seguinte dos saldos positivos apurados em um período mensal, dentro do mesmo ano- calendário, independentemente de comprovação por parte do contribuinte, evidenciando, dessa forma, a omissão de rendimentos a ser tributada em cada mês, conforme dispõe o art. 2° da Lei n° 7.713/88. ESCRITURA PÚBLICA DE COMPRA E VENDA. VALIDADE. COMPROVAÇÃO. Nas operações relativas à alienação imobiliária, a escritura, lavrada em cartório, é o instrumento constitutivo e translativo de propriedade; os argumentos e documentos cuja implementação não se comprova, são insuficientes para induzir à aceitação da operação com efeitos jurídicos diferentes daqueles atribuídos à escritura pública. • RETIFICAÇÃO DE DECLARAÇÃO - PERDA DA ESPONTANEIDADE- INEXISTÊNCIA DE EFEITOS TRIBUTÁRIOS A apresentação de retificação da declaração de ajuste anual, não pode ser aceita após a perda da espontaneidade, devido ao início de procedimento fiscal, não gerando efeitos tributários que afetem o lançamento de oficio. Lançamento Procedente Cientificado em 04/05/2007, o contribuinte, se mostrando irresignado, apresentou, em 28/05/2007, o Recurso Voluntário, de fls. 209/214, reiterando as razões da sua impugnação, às quais já foram devidamente explicitadas, que podem ser sintetizadas da seguinte forma. - O recorrente afirma que sustentou que não é possível o acréscimo patrimonial a descoberto que se verifica no mês a mês. - Indica que a autoridade julgadora não contemplou esses aspectos em sua decisão, diante do qual solicita a reforma da decisão recorrida. - Indica ser absurda a idéia de que a renda ocorra quando há acréscimo patrimonial não justificado. - Reitera que o imóvel foi adquirido por seu pai; É o Relatório. VI 5 _ Processo n°10950.003150/2006-93 CCOI/C04 Acórdão n.° 104-23.584 Fls. 6 • Voto Conselheiro ANTONIO LOPO MARTINEZ, Relator O recurso está dotado dos pressupostos legais de admissibilidade devendo, portanto, ser conhecido. Da forma como foi apurado o acréscimo patrimonial O ponto atacado pelo contribuinte refere-se à alegada irregularidade, na forma como o acréscimo patrimonial foi apurado. Inicialmente, analisa-se a possibilidade legal de apurar e tributar mensalmente a omissão de rendimentos representada por acréscimo patrimonial a descoberto, mediante fluxo mensal de caixa. Esse ponto foi exaustivamente discutido pela autoridade recorrida: Com a edição da Lei n° 7.713, de 1988, o imposto de renda pessoa física passou a ser exigido mensalmente, à medida que os rendimentos forem sendo auferidos. Dessa forma, o período de apuração passou a ser mensal, sendo este o entendimento desta DR1, bem assim de todo o Conselho de Contribuintes, que o interregno a ser considerado para efeito de somatória da renda e tributação da pessoa física passou a ser mês a mês conforme estabelecido pelo art. 2° da citada lei: "Art. 1 0 Os rendimentos e ganhos de capital percebidos a partir de 01 de janeiro de 1989, por pessoas físicas residentes ou domiciliadas no Brasil, serão tributados pelo imposto de renda na forma da legislação vigente com as modificações introduzidas por esta leL Art. 2° O imposto de renda de pessoas fisicas será devido, mensalmente, à medida em que os rendimentos e ganhos de capital forem percebidos. Art. 3° O imposto incidirá sobre o rendimento bruto, sem qualquer dedução, ressalvado o disposto nos artigos 9° e 14 desta Lei. § 1° Constituem rendimento bruto todo o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos, os alimentos e pensões percebidos em dinheiro, e ainda os proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não correspondentes aos rendimentos declarados. § 4° A tributação independe da denominação dos rendimentos, títulos ou direitos, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem dos bens produtores da renda, e da forma de percepção das rendas ou proventos, bastando, para a incidência do imposto, o beneficio do contribuinte por qualquer forma e a qualquer titulo." 6 Processo n° 10950.00315012006-93 CCOI/C04 Acórdão n.° 104-23.584 Fl.s. 7 O referido dispositivo foi modificado pela Lei n° 8.134, de 1990, in verbis: "Art. 1° A partir do exercício de 1991, os rendimentos e ganhos de • capital percebidos pelas pessoas fisicas residentes e domiciliadas no Brasil serão tributados pelo imposto de renda na forma da legislação vigente, com as modificações introduzidas por esta lei. Art. 2° O imposto de renda das pessoas fisicas será devido à medida em que os rendimentos e ganhos de capital forem percebidos, sem prejuízo do ajuste estabelecido no artigo 11. (.) Art. 4° Em relação aos rendimentos percebidos a partir de 1° de janeiro de 1991, o imposto de que trata o artigo 8° da Lei n° 7.713, de 1.988: 1 - será calculado sobre os rendimentos efetivamente recebidos no mês." Com a Lei n° 8.134, de 1990, o imposto continuou devido mensalmente, porém a titulo de antecipação, pois, ao estabelecer deduções que somente poderiam ser utilizadas na declaração anual, criou-se uma exigência provisória do tributo, ou seja, o valor pago pode não ser definitivo. Este somente será conhecido por ocasião da entrega da • declaração de ajuste anual com a aplicação da tabela progressiva anual. Ou seja, impõe-se a realização de dois cálculos, um utilizando a tabela progressiva mensal e outro com a utilização da tabela progressiva anual, podendo resultar "imposto a restituir", se os recolhimentos feitos durante o ano superaram o devido na declaração, ou "a pagar", se a soma do imposto mês a mês for menor que o devido na declaração, exigindo-se, nesse caso, a diferença anual com vencimento na data prevista para pagamento da primeira quota. Como se pode verificar, a principal diferença entre os arts. 2° das duas leis citadas (Leis n° 7.713, de 1988, e n° 8.134, de 1990), foi a supressão, pela Lei n° 8.134, de 1990, da palavra "mensalmente" e o acréscimo das palavras "sem prejuízo do ajuste estabelecido no art. 11". Na Lei n° 8.134, de 1990, encontramos a previsão para o ajuste na declaração anual, mas, por outro lado, o art. 2° mantém, com todas as letras, o princípio de tributação à medida que o rendimento for percebido. • Da análise da Lei n°7.713, de 1988, art. 3°, caput e § I°, temos que o imposto de renda das pessoas fisicas incide sobre o rendimento bruto, compreendendo esse termo o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos, os alimentos e pensões percebidos em dinheiro e, ainda, os proventos de )‘‘ 7 Processo n°10950.003150/2006-93 CCOI/C04• Acórdão n.° 104-23.564 Fls. 8 qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não correspondentes aos rendimentos declarados. A edição da Lei n° 9.250, de 1995, não inovou a legislação existente quanto ao período de apuração do imposto de renda de pessoas fisicas conforme disposto nos arts. 3 0 e 4° do mesmo diploma legal que são específico sobre a incidência mensal do imposto: "Art. 3° O imposto de renda incidente sobre os rendimentos de que tratam os arts. 7°, 8° e 12 da Lei n° 7.713, de 22 de dezembro de 1988, será calculado de acordo com a seguinte tabela progressiva em Reais: C.) Parágrafo único. O imposto de que trata este artigo será calculado sobre os rendimentos efetivamente recebidos em cada mês (.) Art. 4° Na determinação da base de cálculo sujeita à incidência mensal do imposto de renda poderão ser deduzidas: 1 - a soma dos valores referidos no art. 6° da Lei n° 8.134, de 27 de dezembro de 1990;" (Grifou-se) Conclui-se que está correta a técnica de levantamento patrimonial mensal, pois esse é o período de apuração do imposto estabelecido • pela Lei n° 7.713, de 1988, art. 2°, estando o procedimento fiscal em consonáncia com a legislação de regência. Uma vez que não se identifica a necessidade de realização de qualquer reparo, é de se manter essa parte do lançamento. Urge registrar que o fluxo financeiro de origens e aplicações de recursos deve ser apurado, mensalmente, considerando-se todos os ingressos e dispêndios realizados no mês, pelo contribuinte. A lei autoriza a presunção de omissão de rendimentos, desde que a autoridade lançadora comprove gastos e/ou aplicações incompatíveis com a renda declarada disponível (tributada, não tributada ou tributada exclusivamente na fonte). Do real adquirente do imóvel rural Este ponto provocado pelo recorrente foi devidamente tratado na decisão da autoridade recorrida, lembrando-se que o recorrente não logrou comprovar a origem dos recursos utilizados na aquisição. Foram enviados os documentos de fls. 87/90, do Tabelionato de registro Civil do Muniu» de Doutor Camargo, onde está assentado que o real adquirente dos lotes rurais ali discriminados é Claudinei Alberto Gasparelli e o cônjuge Luci Angela Dante Gasparelli, representados por seu procurador Antônio Gasparelli. .:‘ Processo n° 10950.003150/2006-93 CCOI/C04 Acórdão n.° 104-23.564 Els. 9 Ora, nas operações relativas à compra e alienação imobiliária, a escritura, lavrada em cartório, é o instrumento constitutivo e translativo de propriedade. O documento público, assim, faz prova não só da formação do ato, mas, também, dos fatos que o tabelião declarar que ocorreram em sua presença. Somente não deve prevalecer para os efeitos fiscais a data, forma e valor das operações constantes de Escritura Pública de Compra e Venda, quando restar provado, de forma inequívoca que o teor contratual dessa não foi cumprido. TODOS OS FATOS REGISTRADOS EM ESCRITURA PÚBLICA, ATÉ PROVA EM CONTRÁRIO SÃO TIDOS COMO VERDADEIROS. OS DADOS NELA TRANSCRITOS SOBREPÕEM-SE A QUALQUER OUTRO, SALVO SE RESTAR COMPROVADO, DE MANEIRA INEQUÍVOCA QUE OS ELEMENTOS CONSTANTES DA ESCRITURA DEFINITIVA NÃO CORRESPONDEM À EFETIVA OPERAÇÃO, CIRCUNSTÁNCIA EM QUE A FÉ PÚBLICA DO CITADO ATO CEDE APROVA QUE SE CONTRAPONHA A DADOS NELA CONSTANTE. Assim, correto foi o procedimento do fisco ao considerar a operação como o constante do instrumento público, ao impor ao sujeito passivo a aquisição dos imóveis rurais. Cabe recordar que as presunções legais relativas obrigam a autoridade fiscal a comprovar, tão-somente, a ocorrência das hipóteses sobre as quais se sustentam as referidas presunções, atribuindo ao contribuinte o ônus de provar que os fatos concretos não ocorreram na forma como presumidos pela lei. • Da Multa Qualificada No que toca a qualificação da multa, embora entenda que operações realizadas por intermédio de doleiros, sejam mecanismos usualmente utilizados para evitar a tributação. Deve-se reconhecer que no caso concreto, o que se verificou foi uma simples omissão de rendimentos presumida a partir de depósitos bancários no exterior. Desse modo esses fatos, por si só, não são suficientes a caracterizar evidente intuito de fraude, a que se refere o artigo 44, inciso II, da Lei n° 9.430/96. Para tanto, seria necessária a comprovação, por parte da autoridade lançadora, de procedimentos adotados pelo Contribuinte com inquestionável intuito fraudulento, o que, porém, não se vislumbrou. Em situações como a presente, aplicável a Súmula n° 14, deste Primeiro Conselho de Contribuintes: "A simples apuração de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de oficio, sendo necessária a comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo." Por isso, dou provimento nesse item, a fim de desqualificar a multa de 150%, reduzindo-a para a multa de oficio de 75%. 9 Processo e 10950.003150/2006-93 CCOI/C04 Acórdão n.° 104-23.554 Fls. 10 Ante ao exposto, voto por DAR provimento PARCIAL ao recurso para desqualificar a multa de oficio, reduzindo-a ao percentual de 75%. Sala 4js Sessões - DF, em,09 de outubro de 2008 pNTONIO Lo4 MA TINEZ • • 10 Page 1 _0032700.PDF Page 1 _0032800.PDF Page 1 _0032900.PDF Page 1 _0033000.PDF Page 1 _0033100.PDF Page 1 _0033200.PDF Page 1 _0033300.PDF Page 1 _0033400.PDF Page 1 _0033500.PDF Page 1

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Numero do processo: 14751.000189/2006-56
Turma: Quarta Câmara
Seção: Primeiro Conselho de Contribuintes
Data da sessão: Thu Oct 09 00:00:00 UTC 2008
Data da publicação: Thu Oct 09 00:00:00 UTC 2008
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA - IRPF Exercício. 2001 DECADÊNCIA - Na modalidade de lançamento por homologação, o prazo decadencial para a constituição do crédito tributário expira após cinco anos a contar da ocorrência do fato gerador, que, no caso do IRPF, tratando-se de rendimentos sujeitos ao ajuste anual, se perfaz em 31 de dezembro de cada ano-calendário. Não ocorrendo a homologação expressa, o crédito tributário é atingido pela decadência após cinco anos da ocorrência do fato gerador. Com a qualificação da multa, a contagem do prazo decadencial desloca-se para o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ser efetuado (arts. 173,I e 150, § 4°, do CTN). MULTA QUALIFICADA - DEPÓSITOS BANCÁRIOS - A simples apuração de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de oficio, sendo necessária a comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo (Súmula 1° CC n° 14). Recurso provido.
Numero da decisão: 104-23.559
Decisão: ACORDAM os Membros da Quarta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por maioria de votos, DAR provimento ao recurso para, desqualificando a multa de oficio, acolher a decadência, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Vencido o Conselheiro Pedro Paulo Pereira Barbosa, que não acolhia a decadência, embora desqualificasse a multa de oficio.
Matéria: IRPF- auto de infração eletronico (exceto multa DIRPF)
Nome do relator: Antonio Lopo Martinez

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I »embh, 4'.4 '•n• t-- "r,:, MINISTÉRIO DA FAZENDA e9- . .ziti: PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES - ..- QUARTA CÂMARA Processo n° 14751.000189/2006-56 Recurso n° 157.844 Voluntário Matéria IRPF Acórdão n° 104-23.559 Sessão de 09 de outubro de 2008 Recorrente LOURIVAL BARROS LISBOA Recorrida I'. TURMA/DRJ-RECIFE/PE ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA - IRPF • Exercício. 2001 DECADÊNCIA - Na modalidade de lançamento por homologação, o prazo decadencial para a constituição do crédito tributário expira após cinco anos a contar da ocorrência do fato gerador, que, no caso do IRPF, tratando-se de rendimentos sujeitos ao ajuste anual, se perfaz em 31 de dezembro de cada ano-calendário. Não ocorrendo a homologação expressa, o crédito tributário é atingido pela decadência após cinco anos da ocorrência do fato gerador. Com a qualificação da multa, a contagem do prazo decadencial desloca-se para o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ser efetuado (arts. 173,1 e 150, § 4°, do CTN). MULTA QUALIFICADA - DEPÓSITOS BANCÁRIOS - A simples apuração de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de oficio, sendo necessária a comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo (Súmula 1° CC n° 14). Recurso provido. • Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de recurso interposto por LOURIVAL BARROS LISBOA. ACORDAM os Membros da Quarta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por maioria de votos, DAR provimento ao recurso para, desqualificando a multa de oficio, acolher a decadência, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Vencido o Conselheiro Pedro Paulo Pereira Barbosa, que não acolhia a decadência, embora desqualificasse a multa de oficio.r_ , Processo n° 14751.000189/2006-56 CCO I/C04 Acórdão n.° 104-23.559 Fls. 2 COTT~ Pres'dente ynid I ONIO LO i O RTINEZ Relator FORMALIZADO EM: o7 JAN 2009 Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros Nelson Mallmann, Heloisa Guarita Souza, Rayana Alves de Oliveira França, Pedro Anan Júnior e Renato Coelho Borelli (Suplente convocado). Ausente justificadamente o Conselheiro Gustavo Lian Haddad. 2 Processo n° 14751.00018912006-56 CCO I/C04 Acórdão n.° 104-23.559 Fts. 3 Relatório Em desfavor do contribuinte, LOURIVAL BARROS LISBOA acima identificado foi lavrado Auto de Infração de fls. 04 a 08, relativamente ao ano-calendário de 2000, para exigência do Imposto de Renda Pessoa Física no valor de R$ 25.979,94, acrescido de juros de mora, calculados até 30/06/2006, no valor de R$ 23.485,86, e multa de oficio proporcional no valor de R$ 38.969,91 e multa de oficio exigida isoladamente no valor de R$ 12.809,96, totalizando o crédito Tributário exigido de R$ 101.245,67. Conforme informado pela Fiscalização na Descrição dos Fatos, às fls. 06, e no Termo de Verificação e Constatação Fiscal, fls. 12 a 22, integrante do Auto de Infração, este foi decorrente: Omissão de rendimentos recebidos de fontes no exterior; Multa isolada por falta de recolhimento do IRPF devido a titulo de carnê-leão. Cientificado do Auto de Infração em 07/08/2006, o contribuinte apresentou a impugnação de fls. 110 a 117, em 04/09/2006, com as seguintes argumentações, em síntese:, extraídas da decisão recorrida: 3.1. que no procedimento fiscal se alega que teria omitido na sua Declaração de Ajuste do ano-calendário de 2000 "operação financeira de suposto recebimento de rendimentos de fonte pagadora situada no exterior" com "pretenso fato gerador em 30/04/2000"; 3.2. que com o acesso aos autos do procedimento administrativo tomou ciência que no Termo de Verificação e Constatação Fiscal de P. 18 encontra-se relacionada uma operação de transferência de valores efetivada entre o Citibank e a empresa Beacon Hill, em 15/05/2000, resultante de movimentação bancária em do Sr. Lourival Barros Lisboa; 3.3. que os autos administrativos não contêm qualquer subsidio e/ou prova documental da existência no exterior, em especial no Citibank, de conta bancária e/ou aplicação financeira de sua titularidade; 3.4. que os únicos documentos bancários referidos na ação fiscal são: "V- DOCUMENTOS - Que, quanto aos documentos bancários examinados, foi realizado exame pormenorizado de todos os que compõem o dossiê da subconta em apreço, com destaque para estes a seguir relacionados: SIGNA TURE SPECIMEN CARIL)- sem data, constando como cliente 'Basileia Financial Corp; subconta n°31050-1, e assinaturas em nome de Victor Hugo Prestes Rocha e Adalberto Júnior Prestes Rocha (Vol 01,11s. 22); 3 Processo n°14751.000189/2006-56 CCOI/C04 Acórdão n.• 104-23.559 Fls. 4 MASTER ACCOUNT AGREEMEIVT - dois contratos, datados de 22/07/94, um com assinatura em nome de Adalberto Prestes Rocha Júnior e outro com a de Victor Hugo Prestes Rocha; REPORT OF INTERNA TIONAL TRANSPORTA TION OF CURRENCY OR MONETARY INSTRUMENTOS - de 03/10/94, documento que indentifica Basiléia Corp. com sediada em Visconde de Pelotas n" C- 54, João Pessoa, Paraíba, Brasil; Documento impresso sem padrão com o titulo de 'BASILEIA', contendo relação de nomes de pessoas físicas e de jurídicas, em ordem alfabética" 3.5. que não realizou qualquer transação com as citadas instituições bancárias, nem mesmo figurou como titular de conta, nem no Citibank nem Beacon Hill; 3.6. que ao ser notificado para prestar justificativas sobre a inserção do seu nome como ordenante de uma remessa datada de 19/05/2000 no valor de US$ 53.000,00, prontamente esclareceu que "Trata-se de Termo de Inicio de Fiscalização no qual a Fiscal autuante assinala que o ora Justificante teria figurado como 'ordenante de divisas no ano de 2000, de 1 (urna) operação através das contas/subcontas mantidas/administradas no Banco Chase de Nova York por Beacon Hill Service Corporation, subconta BASILEIA, a seguir relacionada: DATA - 19/05/2000; Valor (US$ - 53.000,00)"; 3.6.1. que ainda no Termo de Início de Fiscalização foram solicitadas informações sobre a origem destes recursos (US$ 53.000,00), e a apresentação de Passaporte com a entrada e/ou saída do pais em 2000; 3.6.2. que na resposta já afirmara que jamais realizou qualquer operação comercial e/ou bancária com o referido Banco Chase de Nova York, não é titular de conta e/ou depósito bancário como investidor nesta instituição e que desconhece a mencionada Beacon Hill Service Corporation, como equivocadamente informado na Operação da Representação Fiscal n" 483/05; 3.6.3. que fez viagens a diversos países, com vistos de entrada e saída registrados em seu passaporte para Portugal (1997, 1998, 1999), Canadá (1997), Argentina (1999), África do Sul (1998) e aos Estados Unidos (1997, 1998, 1999 e 2000), entretanto, jamais efetivou movimentação de divisas nas instituições financeiras mencionadas na Representação Fiscal; 3.7. que "diante da obstinação" da fiscalização na pretensão de lhe atribuir "a condição de ordenante de pagamentos nas aludidas entidades financeiras", reafirmou o já dito antes; 3.8. que o Auto de Infração "assenta-se unicamente em suposições e inscrições ineficazes em relação ao contribuinte"; 3.9. que a Declaração de Ajuste Anual do ano-calendário 2000 foi recepcionada em 26/04/2001 e que esta é a data do fato gerador do imposto de renda da pessoa fisica, desta ainda fluindo o prazo r 4 Processo n° 14751.000189/2006-56 CCOI/C04 Acórdão n.° 104-23.559 Fls. 5 decadencial, de modo que em 26/04/2006 foi alcançado o prazo qüiqüenal; 3.9.1. que foi apurado saldo de IRPF a pagar nesta Declaração no valor de R$ 1.901,42, tendo sido paga a primeira cota no valor de R$ 316,90 em 30/04/2001; 3.9.2. que o Auto de Infração foi lavrado em 31/07/2006, já estando, portanto, consumado o decurso do prazo decadencial, que não admite suspensão ou interrupção. Cita doutrina e jurisprudência sobre a matéria; 3.10. que não praticou o fato fiscal descrito na notificação por não ter ordenado transferência de divisas no exterior ou mesmo exercitado a • titularidade de contas nos bancos citados; 3.11. que a fiscalização "limitou-se a tentar inverter o ônus da prova, afirmando que realizou 'pesquisa nos sistemas informatizados da Receita Federal' e que não encontrou 'a existência de homônimos do contribuinte no cadastro CPF" e que disse ainda a fiscalização "que o impugnante deveria 'alegar junto à Instituição Financeira que o forneceu no exterior que não seria o titular dos valores consignados em seu nome, requerendo a devida exclusão de seu nome e que tais operações fossem imputadas ao verdadeiro titular, homônimo no Brasil ou no exterior, ou ainda, terceiro que estivesse fazendo uso indevido de seu nome', tendo a fiscalização concluído "de forma inusitada e teratolágica: 'Na falta de qualquer providência de sua parte, leva à conclusão de que tal operação foi de fato praticada pelo fiscalizado"; 3.12. o contribuinte indaga se a informação tivesse origem em qualquer outro país, tais como Iraque, Afeganistão e Líbano, teria ele de se deslocar até estes para se queixar e solicitar providências ou exclusão de seu nome; 3.13. que o art. 923 do Decreto n°3.000/1999 prestigiou o princípio da presunção de veracidade a favor da Declaração do contribuinte dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis;• 3.14. que, em sentido contrário, o art. 924 também do mesmo Regulamento atribuiu à autoridade administrativa o ônus da prova por documentos hábeis da inveracidade dos fatos registrados pelo contribuinte em sua Declaração; 3.15. "entender diferentemente, como o fez a auditora, significa atribuir presunção de veracidade absoluta à inscrição do nome do contribuinte numa listagem de 'ordenantes de divisas', relação essa com assinatura de terceiros, os quais não foram autorizados ou detinham mandato expresso do consignante para abertura de contas ou movimentações bancárias no exterior". Em 29 de setembro de 2006, os membros da st' Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento de Juiz de Fora/MG proferiram Acórdão que, por unanimidade de votos, rejeitou as preliminares, e considerou procedente o lançamento, nos termos da Ementa a seguir transcrita. t\e„ Processo n° 14751.000189/2006-56 CCOIK:04 Acórdão n.° 104-23.559 Fls. 6 Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2000 IRPF. SUJEITO PASSIVO. Contribuinte do imposto é o titular da disponibilidade econômica ou jurídica de renda ou de proventos de qualquer natureza e, ausente qualquer elemento de prova, não há como se atribuir a terceiros a titularidade dos recursos movimentados à sua ordem. SINAIS EXTERIORES DE RIQUEZA. Disponibilidades relativas a recursos no exterior caracterizam sinais exteriores de riqueza do remetente. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. SINAIS EXTERIORES DE RIQUEZA. • ÔNUS DA PROVA. Disponibilidades e dispêndios caracterizadores de sinais exteriores de riqueza sem cobertura em rendimentos declarados, tributados, não tributados ou tributados exclusivamente na fonte, autorizam a presunção de omissão de rendimentos, salvo prova em contrário, a cargo do contribuinte. OMISSÃO DE RENDIMENTO. LANÇAMENTO COM BASE EM SINAIS EXTERIORES DE RIQUEZA. É legal o lançamento com base em sinais exteriores de riqueza, comprovados pela ocorrência de dispêndios, representados por remessas de recursos ao exterior, superiores à renda declarada. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. Caracterizam omissão de rendimentos os valores creditados em conta de depósito mantida junto à instituição financeira, quando o contribuinte, regularmente intimado, não comprova, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. RENDIMENTOS RECEBIDOS DE FONTE NO EXTERIOR. INCIDÊNCIA MENSAL. CARNÊ-LEÃO. Os rendimentos provenientes de fonte situada no exterior se submetem ao regime de incidência mensal denominado carnê-leão. CARIVÊ-LEÃO. OMISSÃO. MULTA ISOLADA. incide a multa de oficio isolada sobre o não recolhimento do imposto devido a título de carné- leão, cujos rendimentos não foram declarados. Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2000 MEIOS DE PROVA. A prova de infração Fiscal pode realizar-se por todos os meios admitidos em Direito, inclusive a presuntiva com base em indícios 6 Processo n° 14751.000189/2006-56 CCO1 /C04 Acórdão n.° 104-23.559 Fls. 7 veementes, sendo, outrossim, livre a convicção do julgador na apreciação das provas. MATÉRL4 NÃO CONTESTADA. Consolida-se, na esfera administrativa, o crédito tributário correspondente à matéria que não houver sido expressamente contestada pelo impugnante. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2000 DECADÊNCIA DO DIREITO DE LANÇAR No caso do Imposto de Renda, quando houver a antecipação do pagamento do imposto pelo contribuinte, o direito de a Fazenda Pública constituir o crédito Tributário extingue-se após cinco anos contados do fato gerador, salvo nas hipóteses de ocorrência de dolo, fraude ou simulação. DECADÊNCIA - TERMO INICIAL - IRPF. Na hipótese de ocorrência de dolo, fraude ou simulação, inicia-se a contagem do prazo de decadência do direito de a fazenda nacional formalizar a exigência tributária no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. DECISÕES JUDICIAIS. EFEITOS. A extensão dos efeitos das decisões judiciais, no âmbito da Secretaria da Receita Federal, possui como pressuposto a existência de decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal acerca da inconstitucionalidade da lei que esteja em litígio e, ainda assim, desde que seja editado ato específico do Sr. Secretário da Receita Federal nesse sentido. Não estando enquadradas nesta hipótese, as sentenças judiciais só produzem efeitos para as partes entre as quais são dadas, não beneficiando nem prejudicando terceiros. Lançamento Procedente. Cientificado em 14/02/2007, o contribuinte, se mostrando irresignado, apresentou, em 08/03/2007, o Recurso Voluntário, de fls. 150/158, reiterando as razões da sua impugnação, às quais já foram devidamente explicitadas do presente relatório, enfatizando particularmente a decadência do lançamento e a multa agravada aplicada. É o Relatório. 7 Processo n° 14751.000189/2006-56 CCOI/C04 Acórdão n, 104-23.559 Fls. 8 Voto Conselheiro ANTONIO LOPO MARTINEZ, Relator O recurso está dotado dos pressupostos legais de admissibilidade devendo, portanto, ser conhecido. Da Preliminar de Decadência No que toca a preliminar, o recorrente argüi a decadência do lançamento no que toca ao ano calendário de 2000. Nessa senda, o termo inicial para a contagem do prazo decadencial para os fatos que ocorreram ao longo do ano de 2000, previsto no art. 150, parágrafo 4°, do CTN é de 1° de janeiro de 2001, posto que é o 1° dia após a ocorrência do fato gerador. Desta forma, o lançamento poderia ser realizado até a data de 31/12/2005, para que pudesse alcançar os valores percebidos no ano-calendário de 2000. Urge observar, entretanto que ocorreu a qualificação da multa, neste caso a contagem do prazo decadência desloca-se para o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, a teor do art. 173, I do CTN. (art. 150, § 40 do CTN). Como o auto de infração foi encaminhado ao contribuinte e recebido por AR (fls.26) apenas no dia 07/08/2006, fica claro que caso a qualificação não prospere fica comprometido o lançamento. Como é sabido, o lançamento é o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, identificar o seu sujeito passivo, determinar a matéria tributável e calcular ou por outra forma definir o montante do crédito tributário, aplicando, se for o caso, a penalidade cabível. Com o lançamento constitui-se o crédito tributário, de modo que antes do lançamento, tendo ocorrido o fato imponível, ou seja, aquela circunstância descrita na lei como hipótese em que há incidência de tributo, verifica-se, tão somente, obrigação tributária, que não deixa de caracterizar relação jurídica tributária. É sabido, que são utilizados, na cobrança de impostos e/ou contribuições, tanto o lançamento por declaração quanto o lançamento por homologação. Aplica-se o lançamento por declaração (artigo 147 do Código Tributário Nacional) quando há participação da administração tributária com base em informações prestadas pelo sujeito passivo, ou quando, tendo havido recolhimentos antecipados, é apresentada a declaração respectiva, para o juste final do tributo efetivamente devido, cobrando-se as insuficiências ou apurando-se os excessos, com posterior restituição. Por outro lado, nos precisos termos do artigo 150 do CTN, ocorre o lançamento por homologação quando a legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, a qual, tomando conhecimento da atividade assim exercida, expressamente a homologa. 1nexistindo essa homologação expressa, 8 • Processo n° 14751.000189/2006-56 CCOI/C04 Acórdão n.° 104-23.559 Fls. 9 ocorrerá ela no prazo de 05(cinco) anos, a contar do fato gerador do tributo. Com outras palavras, no lançamento por homologação, o contribuinte apura o montante e efetua o recolhimento do tributo de forma definitiva, independentemente de ajustes posteriores. Neste ponto está a distinção fundamental entre uma sistemática e outra, ou seja, para se saber o regime de lançamento de um tributo, basta compulsar a sua legislação e verificar quando nasce o dever de cumprimento da obrigação tributária pelo sujeito passivo: se dependente de atividade da administração tributária, com base em informações prestadas pelos sujeitos passivos (lançamento por declaração), hipótese em que, antes de notificado do lançamento, nada deve o sujeito passivo; se, independente do pronunciamento da administração tributária, deve o sujeito passivo ir calculando e pagando o tributo, na forma estipulada pela legislação, sem exame do sujeito ativo - lançamento por homologação, que, a rigor técnico, não é lançamento, porquanto quando se homologa nada se constitui, pelo contrário, declara-se à existência de um crédito que já está extinto pelo pagamento. Importante frisar que independente do recorrente ter apresentado ou não declaração de ajuste anual, no meu entendimento esse fato não altera a conclusão, uma vez que se homologaria o procedimento. No caso o procedimento de nada fazer, não declarar e não pagar. • Em suma para definição dessa matéria resta apura se no lançamento é cabível a qualificação da multa. Da Multa Qualificada No que toca a qualificação da multa, embora entenda que operações realizadas por intermédio de doleiros, sejam mecanismos usualmente utilizados para evitar a tributação. Deve-se reconhecer que no caso concreto, o que se verificou foi uma simples omissão de rendimentos presumida a partir de depósitos bancários no exterior. Desse modo esses fatos, por si só, não são suficientes a caracterizar evidente intuito de fraude, a que se refere o artigo 44, inciso II, da Lei n° 9.430/96. Para tanto, seria necessária a comprovação, por parte da autoridade lançadora, de procedimentos adotados pelo Contribuinte com inquestionável intuito fraudulento, o que, porém, não se vislumbrou. Em situações como a presente, aplicável a Súmula n° 14, deste Primeiro Conselho de Contribuintes: "A simples apuração de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de oficio, sendo necessária a comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo." Por isso, dou provimento nesse item, a fim de desqualificar a multa de 150%, reduzindo-a para a multa de oficio de 75%. Isto posto, urge registrar que como a qualificação da multa não é devida, aplicar-se-á para apreciar a decadência do lançamento, o art. 150 do CTN e dentro desse contexto é de se considerar o lançamento decadente, tal como explicado anteriormente, quando da apreciação da preliminar. Acolhe-se, portanto a preliminar de decadência suscitada pelo contribuinte, prejudicando uma análise mais profunda do mérito. 9 Processo n° 14751.000189/2006-56 CCOI/C04 Acórdão n.• 104-23.559 Fls. 10 Ante o exposto, voto por DAR provimento ao recurso para, desqualificando a multa de oficio, acolher a decadência. Sala das Sessões - DF, em 09 de outubro de 2008 Á tky1 n 14- 1101 ONIO O MA TINEZ 10 Page 1 _0012500.PDF Page 1 _0012600.PDF Page 1 _0012700.PDF Page 1 _0012800.PDF Page 1 _0012900.PDF Page 1 _0013000.PDF Page 1 _0013100.PDF Page 1 _0013200.PDF Page 1 _0013300.PDF Page 1

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Numero do processo: 11080.005095/2002-00
Turma: Quarta Câmara
Seção: Primeiro Conselho de Contribuintes
Data da sessão: Thu Sep 11 00:00:00 UTC 2008
Data da publicação: Thu Sep 11 00:00:00 UTC 2008
Ementa: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 1997, 1998, 1999 DECADÊNCIA - Nos casos de lançamento por homologação, o prazo decadencial para a constituição do crédito tributário expira após cinco anos a contar da ocorrência do fato gerador. O fato gerador do IRPF, tratando-se de rendimentos sujeitos ao ajuste anual, se perfaz em 31 de dezembro de cada ano-calendário. Não ocorrendo a homologação expressa, o crédito tributário é atingido pela decadência após cinco anos da ocorrência do fato gerador (art. 150, § 4° do CTN). ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO - Constitui-se rendimento tributável o valor correspondente ao acréscimo patrimonial não justificado pelos rendimentos tributáveis declarados, não tributáveis, isentos, tributados exclusivamente na fonte ou de tributação definitiva. CUSTO DE CONSTRUÇÃO - ARBITRAMENTO COM BASE NA TABELA DO SINDUSCON - O custo da construção de casas ou edificios deve ser comprovado através de notas fiscais de aquisição de materiais, recibos/notas fiscais de prestação de serviços e comprovantes de pagamentos junto aos órgãos controladores. A falta ou insuficiência da comprovação autoriza o arbitramento com base nas tabelas divulgadas pelo SINDUSCON. Em se tratando de construções de baixa qualidade a exemplo de galpões, estacionamentos, garagens, quiosques rústicos, cocheiras e casas de madeira, é de se aplicar um fator de redução ao CUB aplicado. Decadência acolhida. Recurso negado.
Numero da decisão: 104-23.453
Decisão: ACORDAM os Membros da Quarta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por maioria de votos, ACOLHER a decadência relativa ao ano-calendário de 1996, argüida pelo Relator, vencido o Conselheiro Pedro Paulo Pereira Barbosa. No mérito, por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
Matéria: IRPF- ação fiscal - Ac.Patrim.Descoberto/Sinais Ext.Riqueza
Nome do relator: Antonio Lopo Martinez

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I , - • MINISTÉRIO DA FAZENDA we • #SSC PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES QUARTA CÂMARA Processo n° 11080.005095/2002-00 Recurso n° 157.365 Voluntário Matéria IRPF Acórao n° 104-23.453 Sesslo de 11 de setembro de 2008 Recorrente CHRISTIAN EIPELDAUER Recorrida 4'• TURMA/DRJ-PORTO ALEGRE/RS Assurrro: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA - IRPF • Exercício: 1997, 1998, 1999 DECADÊNCIA - Nos casos de lançamento por homologação, o prazo decadencial para a constituição do crédito tributário expira após cinco anos a contar da ocorrência do fato gerador. O fato gerador do IRPF, tratando-se de rendimentos sujeitos ao ajuste anual, se perfaz em 31 de dezembro de cada ano-calendário. Não ocorrendo a homologação expressa, o crédito tributário é atingido pela decadência após cinco anos da ocorrência do fato gerador (art. 150, § 4° do CTN). ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO - Constitui-se rendimento tributável o valor correspondente ao acréscimo • patrimonial não justificado pelos rendimentos tributáveis declarados, não tributáveis, isentos, tributados exclusivamente na fonte ou de tributação definitiva. CUSTO DE CONSTRUÇÃO - ARBITRAMENTO COM BASE NA TABELA DO SINDUSCON - O custo da construção de casas ou edificios deve ser comprovado através de notas fiscais de aquisição de materiais, recibos/notas fiscais de prestação de serviços e comprovantes de pagamentos junto aos órgãos controladores. A falta ou insuficiência da comprovação autoriza o arbitramento com base nas tabelas divulgadas pelo SINDUSCON. Em se tratando de construções de baixa qualidade a exemplo de galpões, estacionamentos, garagens, quiosques rústicos, cocheiras e casas de madeira, é de se aplicar um fator de redução ao CUB aplicado. Decadência acolhida. Recurso negado. 09_ Processo n° 11080.005095/2002-00 CCOI/C04 Acórdão n.° 104-23.453 Fls. 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de recurso interposto por CHRISTIAN EIPELDAUER. ACORDAM os Membros da Quarta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por maioria de votos, ACOLHER a decadência relativa ao ano-calendário de 1996, argüida pelo Relator, vencido o Conselheiro Pedro Paulo Pereira Barbosa. No mérito, por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. S-tac.C.c. ítV2-0-, - - ,W06. -.MARIA HELENA COTTA CAREtfr Presidente ktni i ‘h , nii-mi TONItD\ PO R Rel TINEZ Relator FORMALIZADO EM: 20 OUT 2008 Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros Nelson Mallmann, Rayana Alves de Oliveira França, Pedro Anan Júnior, Renato Coelho Borelli (Suplente convocado) e Gustavo Lian Haddad. Ausente justificadamente a Conselheira Heloisa Guarita Souza. 2 Processo n° 11080.005095/2002-00 CCO I /C04 Acórdão n.° 104-23.453 Fls. 3 Relatório Em desfavor do contribuinte, CHRISTIAN EIPELDAUER, foi lavrado Auto de Infração de fls. 15, onde exige-se a importância de R$ 37.866,08 a título de Imposto de Renda das Pessoas Físicas, o qual acrescido de multa de oficio de 75% e de juros moratórios perfaz o total de R$ 98.669,86.0 lançamento é decorrente da omissão de rendimentos tendo em vista acréscimo patrimonial a descoberto nos meses e valores discriminados, no período de janeiro de 1996 a novembro de 1997, que evidenciam a renda auferida e não declarada conforme Demonstrativos às fls. 31/32. Foi lançada também omissão de ganho de capital no valor de R$ 57.443,99 apurado por ocasião da venda da casa situada na rua De La Grange, n° 339 em Porto Alegre ocorrida em 02/01/1998 conforme demonstrado às fls. 28/29. Cientificado do auto de infração em 24/04/2002, o contribuinte em sua defesa, fls. 240/250, alega, os seguintes pontos extraídos da decisão recorrida: - que no Fluxo de Caixa dos anos-calendário de 1996 e 1997 não foram computados os lucros automaticamente distribuídos e declarados pela EVB - Projetos Estruturais Ltda, da qual o impugnante é sócio, nos valores de R$ 118.650,00 (1996) e R$ 171.240,00 (1997) conforme declaração de IRPJ e D1RPF do exercício de 1997 (Doc. 04). - que os lucros recebidos eram aplicados na construção da casa da Rua De La Grange, n°339, conforme informado na declaração de bens dos exercícios de 1997 e 1998. - que, o lucro automaticamente distribuído aos sócios, regulamente declarado e com o IRPJ pago deve ser computado como origem para fins de apuração da variação patrimonial a descoberto. - que fato de ter a Fiscal Autuante, "aleatoriamente" efetuado rateio (em doze meses) dos pagamentos aplicados na construção durante os anos-calendário e não ter considerado como origem o lucro presumido declarado o qual é de valor superior ao valor aplicado na construção é inadequado. - que, sendo os valores percebidos da EVB - Projetos Estruturais Ltda sua única fonte de renda, os gastos incorridos com a construção só poderiam ter origem nesses rendimentos. - que o livro Caixa permanece sob boa guarda na sede da empresa EVB à disposição da fiscalização, a qual caberia demonstrar (comprovar) ter o impugnante auferido outros rendimentos de outras fontes pagadoras. Transcreve ementa do Conselho de Contribuintes relativamente à distribuição de lucro presumido a sócios. - que à omissão de ganho de capital do imóvel alienado em janeiro de 1998 por R$ 250.000,00, argumenta que desde a aquisição do terreno em 1992 vem informando na D1RPF dos exercícios de 1994 a 1996 o custo da construção da casa e que, em 31/12/1997, o valor total do 3 • Processo n° 11080.005095/2002-00 CCO I/C04 Acórdão n.° 104-23.453 Fls. 4 terreno e construção era de R$ 231.207,05, calculado de acordo com o artigo 4° da Instrução Normativa n°48 de 1997. - que o registro no Cartório de Registro de Imóveis da 4° Zona se deu somente 1997, embora a aquisição do imóvel tenha ocorrido em 1992 como comprova o registro das declarações de rendimentos da época (a partir de 1992). - que os dispêndios com a construção R$ 79.430,00 (1996), R$ 113.949,50 (1997) e R$ 15.136,79 (1998) não só foram ratificados, como aceitos e reconhecidos pela própria fiscalização. - que cabe protestar pelo custo arbitrado com base no CUB padrão econômico e não no CUB Alto Padrão (doa 18) uma vez que se trata de construção de custo elevado com gastos incorridos que não integram o custo pelo CUB básico, o que pode ser comprovado pelas fotos juntadas ao processo. - que, considerando os custos efetivamente despendidos, justificados e declarados o total dos gastos é de R$ 261.822,59, abaixo discriminado, que subtraídos do preço de venda R$ 250.000,00 não resulta ganho de capital: Custo de aquisição do terreno corrigido até 31/12/1995 R$ 46.323,59 Gastos com construção 1996— R$ 79.430,00 Gastos com construção 1997— R$ 105.453,00 Gastos com construção 1998— R$ 15.136,00 ITB1 pago na aquisição do terreno — R$ 3.480,00 Corretagem paga na alienação — R$ 12.000,00. - que foi contratado o Engenheiro Paulo Egger Segura Bitencourt — CREA n° 7038/D para elaborar Laudo Técnico e Anexos com amparo na Lei n°5.194/1966, art. I° e 7°(Doc.10) para ratificar o custo do CUB de alto padrão. - que, ao final, a realização de perícia nos termos do inciso IV do art. 16 do Decreto n° 70.235/1972, visando demonstrar o padrão, a qualidade e os valores dos gastos da construção com o imóvel, formulando os quesitos e nomeando como perito o Engenheiro Paulo Egger Segura Bitencourt.. Em 10 de maio de 2006, os membros da zla Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento de Porto Alegre proferiram Acórdão que, por unanimidade de votos, indeferiu o pedido de diligência, por desnecessária e, no mérito, considerou procedente o lançamento, nos termos da Ementa a seguir transcrita. Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 1997, 1998, 1999 4 Processo n° 11080.005095/2002-00 CCO I/C04 Acórdão n.° 104-23.453 Fls. 5 Ementa: ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO - Considera- se como omissão de rendimentos, a variação positiva apurada no patrimônio do contribuinte, sem respaldo em rendimentos tributáveis, isentos, não tributáveis ou tributados exclusivamente na fonte, não logrando o contribuinte apresentar documentação capaz de ilidir a tributação. Na ausência de comprovação dos dispêndios com construção de imóveis, é válido utilizar-se o Custo Unitário Básico (CUB) calculado pelo Sindicato das Indústrias da Construção Civil, respeitando, proporcionalmente, o período da obra. GANHO DE CAPITAL - CUSTO DA CONSTRUÇÃO - Computado como custo de aquisição do imóvel o valor apurado pela fiscalização. Lançamento Procedente. Cientificado em 04/09/2006, o contribuinte, se mostrando irresignado, apresentou, em 03/10/2006, o Recurso Voluntário, de fls. 497/516, reiterando as razões da sua impugnação, às quais já foram devidamente explicitadas anteriormente que podem ser sintetizadas da seguinte forma: - que o lançamento do acréscimo patrimonial a descoberto baseou-se em uma suposta falta de disponibilidade econômica para a construção de uma casa, a qual inclusive quando vendida originou o suposto "ganho de capital". - que apesar do contribuinte ter demonstrado que a empresa da qual era sócio tributou a sua renda pelo lucro presumido, que o próprio contribuinte declarou o rendimento como isento nas suas declarações anuais e que o lucro presumido só poderia ser apurado trimestralmente,e que por um mero equivoco de escrituração do livro diário, deixaria de reconhecer essa origem de recursos. - o lançamento da omissão de ganho de capital se fundamentou exclusivamente nos valores dos CUB básicos desprezando parcelas adicionais, que obrigatoriamente deveriam ser incluídas. - Entende ser impossível a manutenção do arbitramento na aferição do custo de construção. - Questiona o indeferimento do pedido de diligência sem motivação expressa. - Argumenta que o CUB utilizado era o "básico", quando a residência, conforme apresentado em fotos anexadas ao processo, deveria no mínimo utiliza um CUS de "alto padrão". - Entende que 'uni laudo elaborado por engenheiro pode elidir o arbitramento proposto; - Indica julgados que determinam a anulação de decisão de primeira instância por não permitirem a diligência quando existe razoável dúvida. Considera que seria o caso de retomo a delegacia de Porto Alegre, para a realização da perícia antes requerida; Processo n° 11080.005095/2002-00 CC0IC04 Acórdão o.° 104-23.453 Fls. 6 - Solicita a revisão do arbitramento dos custos, indicando que prova indiciária não pode ser contrastada com evidencias e fatos apresentados; - Indica que na realidade não teve um ganho de capital, mas pelo contrário o custo total foi de R$ 261.822,59, o qual subtraindo-se do valor de alienação (R$ 250.000,00), resulta em valor negativo; - Indica que o elementos que propiciaram a justificativa do acréscimo patrimonial foram negados unicamente por uma questão contábil, tendo em vista que a referida obra foi sustentada com a única fonte de rendimentos da recorrente; - Nas próprias declarações do recorrente dos anos de 1996 e 1997 destacava-se o valor pago a título de lucros presumidos isentos; - quando a fiscalização não acolhe a premissa de que os lucros presumidos trimestralmente não foram distribuídos, prejudica o recorrente; • - outros meios poderiam se usados para identificar recursos omitidos, tais como a verificação da movimentação bancária. É o Relatório. V 6 Processo n° I 1080.005095/2002-00 • CCO I /C04 Acórdão n.° 104-23.453 Fls. 7 Voto Conselheiro ANTONIO LOPO MARTINEZ, Relator O recurso está dotado dos pressupostos legais de admissibilidade devendo, portanto, ser conhecido. Da Preliminar de Decadência. Antes de analisar o mérito enfrento questão prejudicial da decadência que cabe argüir por dever de oficio. Nessa senda, o termo inicial para a contagem do prazo decadencial para os iendimentos omitidos, deduções indevidas e infrações tributárias que ocorreram ao longo do ano de 1996, previsto no art. 150, parágrafo 4°, do CTN é de P de janeiro de 1997, posto que é o 1° dia após a ocorrência do fato gerador. Desta forma, o lançamento poderia ser realizado até a data de 31/12/2001, para que pudesse alcançar os valores percebidos no ano-calendário de 1996. Como contribuinte teve ciência do auto de infração apenas em 24/04/2002, entendo que nessa data já havia decaído o direito da fazenda constituir o referido crédito tributário. Como é sabido, o lançamento é o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, identificar o seu sujeito passivo, determinar a matéria tributável e calcular ou por outra forma definir o montante do crédito tributário, aplicando, se for o caso, a penalidade cabível. Com o lançamento constitui-se o crédito tributário, de modo que antes do lançamento, tendo ocorrido o fato imponivel, ou seja, aquela circunstância descrita na lei como hipótese em que há incidência de tributo, verifica-se, tão somente, obrigação tributária, que não deixa de caracterizar relação jurídica tributária. É sabido, que são utilizados, na cobranCa de impostos e/ou contribuições, tanto o lançamento por declaração quanto o lançamento por homologação. Aplica-se o lançamento por declaração (artigo 147 do Código Tributário Nacional) quando há participação da administração tributária com base em informações prestadas pelo sujeito passivo, ou quando, tendo havido recolhimentos antecipados, é apresentada a declaração respectiva, para o juste final do tributo efetivamente devido, cobrando-se as insuficiências ou apurando-se os excessos, com posterior restituição. Por outro lado, nos precisos termos do artigo 150 do CTN, ocorre o lançamento por homologação quando a legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, a qual, tomando conhecimento da atividade assim exercida, expressamente a homologa. Inexistindo essa homologação expressa, ocorrerá ela no prazo de 05 (cinco) anos, a contar do fato gerador do tributo. Com outras 7 Processo n° 11080.00509512002-00 CC01/C04 Acórdão n.° 104-23.453 Fls. 8 • palavras, no lançamento por homologação, o contribuinte apura o montante e efetua o recolhimento do tributo de forma definitiva, independentemente de ajustes posteriores. Neste ponto está a distinção fundamental entre uma sistemática e outra, ou seja, para se saber o regime de lançamento de um tributo, basta compulsar a sua legislação e verificar quando nasce o dever de cumprimento da obrigação tributária pelo sujeito passivo: se dependente de atividade da administração tributária, com base em informações prestadas pelos sujeitos passivos (lançamento por declaração), hipótese em que, antes de notificado do lançamento, nada deve o sujeito passivo; se, independente do pronunciamento da administração tributária, deve o sujeito passivo ir calculando e pagando o tributo, na forma estipulada pela legislação, sem exame do sujeito ativo - lançamento por homologação, que, a rigor técnico, não é lançamento, porquanto quando se homologa nada se constitui, pelo contrário, declara-se à existência de um crédito que já está extinto pelo pagamento. O contribuinte apresentou a declaração de ajuste anual do exercício de 1997, em 28/04/1997, sob ação fiscal. Importante frisar que independente do recorrente ter apresentado ou não declaração de ajuste anual, no meu entendimento esse fato não altera a conclusão, uma vez que se homologaria o procedimento. No caso o procedimento de nada fazer, não declarar e não pagar. Em suma, no meu entendimento cabe considerar o lançamento do ano de 1996 como decadente. Caso o auto de infração tivesse sido cientificado ao recorrente ainda no ano de 2001, estaria afastada essa hipótese. Do Arbitramento dos Custos. Nos termos dos dispositivos legais, somente podem integrar o custo de aquisição os dispêndios com a construção, ampliação e reforma devidamente comprovados com documentos hábeis, ainda que informados na declaração de bens de exercícios correspondentes. Na hipótese dos autos, diante da ausência de documentos que comprovassem os gastos incorridos com a construção do imóvel e lançados na declaração de ajuste anual dos anos-calendário de 1996 (R$ 79.430,00)_1997 (R$ 113.494,52) e 1998 (R$ 15.136,79) procedeu corretamente à fiscalização ao arbitrar tal custo pelo CUB ponderado divulgado pelo S1NDUSCON/RS. Nesse ponto a autoridade recorrida apresenta argumetação eloquente a qual reproduzir-mos : Ao contrário do que entende a defesa, é válido utilizar-se o Custo Unitário Básico (CUB), calculado em conformidade com a Norma Brasileira - NB 140 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), pelo Sindicato das Indústrias de Construção Civil do RS, que traduz, com a aproximação aceitável, o custo por metro quadrado da construção civil. No tocante ao "Laudo Técnico referente a Residência e Obras Complementares" elaborado pela Duma Engenharia Ltda., através do Eng° Civil Paulo Egger Segura Bittencourt, fls. 321/350, esclareça-se que o mesmo por si só é insuficiente para comprovar que o custo da y Processo n° 11080.005095/2002-00 CCOI/C04 Acórdão n.° 104-23.453 Fls. 9 construção do imóvel foi maior do que aquele apurado pela fiscalização. Esclareça-se que a Planilha de Orçamento, fls. 340/348, discriminando as despesas incorridas deveriam estar acompanhas das notas fiscais de compra e de serviços para que não restassem dúvidas que os valores ali consignados foram de fato despendidos. Por sua vez as fotos, fls. 351/357, não servem como prova dos valores gastos com a construção da residência. Aliás, é no mínimo estranhável que o interessado sendo o Engenheiro responsável pela construção da residência e trabalhando há mais de trinta anos no ramo da construção civil, como alega, não possua comprovação alguma dos gastos incorridos. Além do mais, foi o autuado previamente intimado, fl.123/124 a informar e comprovar o custo unitário básico por rn2 por padrão de acabamento habitacional, todavia, além dos esclarecimentos prestados em fls. 127/131, limitou-se ajuntar fotos as quais, segundo o autuado, demonstram o alto padrão da construção, bem como as obras realizadas. Do Pedido de Perícia Relativamente à perícia ora requerida, o art. 18 do Decreto n° 70.235/72, com a redação dada pelo art. 1° da Lei n° 8.748/93 diz que: "Art. 18. A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias quando entendê-las necessárias, indeferido as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, observado o disposto no art. 28, in fine". Dessa forma, não tendo o insurgente apresentado documentos outros que pudessem descaracterizar o valor arbitrado, ou que suscitassem dúvidas quanto aos valores apurados pela fiscalização, não há porque a autoridade julgadora autorizar a realização de perícia, nos termos do precitado dispositivo legal. Do Acréscimo Patrimonial a Descoberto. No que diz respeito aos lucros distribuídos pela empresa EVB - Projetos Estruturais Ltda, no ano-calendário de 1996, no valor de RS R$ 118.650,00, os mesmos não forma computados no Fluxo de Caixa pelos motivos explicitados no Relatório de Fiscalização no item •2, abaixo reproduzido: "2. Lucro Distribuído Isentos Apesar do contribuinte ter informado na declaração de ajuste anual do exercício de 1997, relativa ao ano calendário de 1996, ter recebido lucros isentos distribuídos pela empresa EVB - Projetos Estruturais Lida, não logrou comprovar tal disponibilidade. A pessoa jurídica escriturou o pagamento, no valor de R$ 118.650,00, como lucro distribuído ao contribuinte, em 31/12/1997, mediante crédito da conta "Caixa", conforme registro às fls. 23 de seu livro Diário n° 04. Tal constatação foi cientificada ao contribuinte através do Termo /\./ 9 a Processo n° 11080.005095/2002-00 CM /C04 Acórdão n.° 104-23.453 Fls. 10 de Verificação e Intimação Fiscal n° 014/02, inclusive, que tal informação foi prestada na declaração de rendimentos imposto de renda pessoa jurídica - lucro presumido, cuja cópia consta em anexo. Em sua resposta, além de apresentar os • livros Diário de n° 03 e n° 04 da citada empresa, o contribuinte apenas informa que serão exibidas cópias que comprovam a disponibilidade de caixa para distribuição, o que não foi feito até a presente data. No ano-calendário de 1996, cuja escrituração encontra-se registrada no livro Diário n° 03, não foi localizado a crédito da conta "Caixa", nenhum pagamento com histórico de lucros distribuídos. Os dois livros Diário foram devolvidos ao contribuinte, constando em anexo cópias autenticadas de todas as folhas, inclusive dos respectivos termos de abertura e de fechamento. O próprio contribuinte apresentou, em atendimento à intimação inicial, declaração (doe 6) da empresa com indicação da distribuição de lucros de 1996 em 31/12/1997. Em razão do exposto o valor de R$ 118.650,00, lucro de 1996, acrescido do valor de R$ 171.240,00, lucro de 1997, ambos distribuídos em dezembro de 1997, são considerados disponibilidade de recursos nesta data, conforme planilha fluxo de caixa em anexo." Portanto, com base na declaração, fls. 68/69, firmada pela própria empresa EVB - Projetos Estruturais Ltda. de que o montante de R$ 118.650,00 referentes a lucros (1996) foram efetivamente distribuídos em dezembro de 1997, o que, aliás, foi corroborado pelos lançamentos no Livro Diário, fls. 194. a fiscalização não poderia, como quer a defesa, alocar tais lucros no fluxo de Caixa de 1996. Da Omissão do Ganho de Capital. No que tange à omissão do ganho de capital apurado em decorrência da alienação da casa situada na Rua De La Grange, n° 339, ocorrida em janeiro de 1998, o contribuinte insurge-se quanto ao custo de aquisição imputado pela fiscalização de R$ 192.556,01 conforme demonstrativo às fls. 28/29. Para fins de apuração do ganho de capital o custo de aquisição do imóvel alienado foi considerado pela fiscalização os seguintes valores: a) custo do terreno e casa de alvenaria - R$ 46.323,59; b) construção (ampliação da casa de alvenaria) 1996 - R$ 54.405,20 e 1997 R$ 76.347,22; c) e demais parcelas comprovadas R$ 15.480,00 perfazendo o total de R$ 192.556,01. Como já explicitado, na ausência de comprovação dos valores declarados como construção nos anos-calendário de 1996 e 1997, foi procedido o arbitramento do custo da construção com base no CUB ponderado conforme demonstrado às fls. 21/27. Portanto, não tendo o contribuinte logrado comprovar mediante documentação hábil e idônea que o custo da construção foi maior do que o apurado pela fiscalização, não cabe alteração alguma no montante a ele imputado, mantendo-se integralmente o ganho de capital lançado. \17 10 . • 4 Processo n° 11080.005095/2002-00 CCOI/C04 Acórdão n.° 104-23.453 Fls. I I Ante ao exposto, voto por ACOLHER preliminar de decadência para o ano calendário de 1996, e no mérito NEGAR provimento ao recurso. Sala das Sessões - DF, em 11 de setembro de 2008 it, 4#1 A OitIlã 44)13 M RTINEZ I I _ Page 1 _0043000.PDF Page 1 _0043100.PDF Page 1 _0043200.PDF Page 1 _0043300.PDF Page 1 _0043400.PDF Page 1 _0043500.PDF Page 1 _0043600.PDF Page 1 _0043700.PDF Page 1 _0043800.PDF Page 1 _0043900.PDF Page 1

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Numero do processo: 13982.000094/2006-56
Turma: Quarta Câmara
Seção: Primeiro Conselho de Contribuintes
Data da sessão: Thu Oct 09 00:00:00 UTC 2008
Data da publicação: Thu Oct 09 00:00:00 UTC 2008
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA - IRPF Exercício: 2001, 2002, 2003 DECADÊNCIA - Na modalidade de lançamento por homologação, o prazo decadencial para a constituição do crédito tributário expira após cinco anos a contar da ocorrência do fato gerador, que, no caso do IRPF, tratando-se de rendimentos sujeitos ao ajuste anual, se perfaz em 31 de dezembro de cada ano-calendário. Não ocorrendo a homologação expressa, o crédito tributário é atingido pela decadência após cinco anos da ocorrência do fato gerador (150, § 4°, do CTN). MULTA QUALIFICADA - DEPÓSITOS BANCÁRIOS - A simples apuração de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de oficio, sendo necessária a comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo (Súmula 1° CC n° 14). OMISSÃO DE RENDIMENTOS - DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA - ARTIGO 42, DA LEI N°.9.430, de 1996- Caracteriza omissão de rendimentos a existência de valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. DEPÓSITOS BANCÁRIOS - VALOR INDIVIDUAL IGUAL OU INFERIOR A R$ 12.000,00 - LIMITE ANUAL DE R$ 80.000,00 - No caso de pessoa física, não são considerados rendimentos omitidos, para os fins da presunção do artigo 42, da Lei n°9.430, de 1996, os depósitos de valor igual ou inferior a R$ 12.000,00, cuja soma anual não ultrapasse R$ 80.000,00 (§3°, inciso II, da mesma lei, com a redação dada pela Lei n° 9.481, de 1997. ARGÜIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE - O Primeiro Conselho de Contribuintes não é competente para se pronunciar sobre inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula 1°CC n°2). Argüição de decadência acolhida. Recurso parcialmente provido.
Numero da decisão: 104-23.562
Decisão: ACORDAM os Membros da Quarta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por maioria de votos, ACOLHER a argüição de decadência, relativamente ao ano-calendário de 2000, vencido o Conselheiro Pedro Paulo Pereira Barbosa. No mérito, por unanimidade de votos, DAR provimento PARCIAL ao recurso para excluir das bases de cálculo os valores de R$ 26.424,33 e R$ 16.008,00, nos anos-calendário de 2001 e 2002,respectivamente, e desqualificar as multas de oficio, reduzindo-as ao percentual de 75%, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
Matéria: IRPF- ação fiscal - Dep.Bancario de origem não justificada
Nome do relator: Antonio Lopo Martinez

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ementa_s : IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA - IRPF Exercício: 2001, 2002, 2003 DECADÊNCIA - Na modalidade de lançamento por homologação, o prazo decadencial para a constituição do crédito tributário expira após cinco anos a contar da ocorrência do fato gerador, que, no caso do IRPF, tratando-se de rendimentos sujeitos ao ajuste anual, se perfaz em 31 de dezembro de cada ano-calendário. Não ocorrendo a homologação expressa, o crédito tributário é atingido pela decadência após cinco anos da ocorrência do fato gerador (150, § 4°, do CTN). MULTA QUALIFICADA - DEPÓSITOS BANCÁRIOS - A simples apuração de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de oficio, sendo necessária a comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo (Súmula 1° CC n° 14). OMISSÃO DE RENDIMENTOS - DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA - ARTIGO 42, DA LEI N°.9.430, de 1996- Caracteriza omissão de rendimentos a existência de valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. DEPÓSITOS BANCÁRIOS - VALOR INDIVIDUAL IGUAL OU INFERIOR A R$ 12.000,00 - LIMITE ANUAL DE R$ 80.000,00 - No caso de pessoa física, não são considerados rendimentos omitidos, para os fins da presunção do artigo 42, da Lei n°9.430, de 1996, os depósitos de valor igual ou inferior a R$ 12.000,00, cuja soma anual não ultrapasse R$ 80.000,00 (§3°, inciso II, da mesma lei, com a redação dada pela Lei n° 9.481, de 1997. ARGÜIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE - O Primeiro Conselho de Contribuintes não é competente para se pronunciar sobre inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula 1°CC n°2). Argüição de decadência acolhida. Recurso parcialmente provido.

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decisao_txt : ACORDAM os Membros da Quarta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por maioria de votos, ACOLHER a argüição de decadência, relativamente ao ano-calendário de 2000, vencido o Conselheiro Pedro Paulo Pereira Barbosa. No mérito, por unanimidade de votos, DAR provimento PARCIAL ao recurso para excluir das bases de cálculo os valores de R$ 26.424,33 e R$ 16.008,00, nos anos-calendário de 2001 e 2002,respectivamente, e desqualificar as multas de oficio, reduzindo-as ao percentual de 75%, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.

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MINISTÉRIO DA FAZENDA f 11: PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES '';'• QUARTA CÂMARA Processo e 13982.00009412006-56 Recurso le 158.535 Voluntário Matéria IRPF Acórdão e 104-23.562 Sessão de 09 de outubro de 2008 Recorrente ANTÔNIO FRANCISCO REGOSO Recorrida V. TURNIMDRJ-FLORIANÓPOLIS/SC ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA - IRPF Exercício: 2001, 2002, 2003 DECADÊNCIA - Na modalidade de lançamento por homologação, o prazo decadencial para a constituição do crédito tributário expira após cinco anos a contar da ocorrência do fato gerador, que, no caso do IRPF, tratando-se de rendimentos sujeitos ao ajuste anual, se perfaz em 31 de dezembro de cada ano-calendário. Não ocorrendo a homologação expressa, o crédito tributário é atingido pela decadência após cinco anos da ocorrência do fato gerador (150, § 4°, do CTN). MULTA QUALIFICADA - DEPÓSITOS BANCÁRIOS - A simples apuração de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de oficio, sendo necessária a comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo (Súmula 1° CC n° 14). OMISSÃO DE RENDIMENTOS - DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA - ARTIGO 42, DA LEI N°. 9.430, de 1996- Caracteriza omissão de rendimentos a existência de valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa fisica ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. DEPÓSITOS BANCÁRIOS - VALOR INDIVIDUAL IGUAL OU INFERIOR A R$ 12.000,00 - LIMITE ANUAL DE R$ 80.000,00 - No caso de pessoa fisica, não são considerados rendimentos omitidos, para os fins da presunção do artigo 42, da Lei n°9.430, de 1996, os depósitos de valor igual ou inferior a R$ 12.000,00, cuja soma anual não ultrapasse R$ 80.000,00 (§3°, inciso II, da mesma lei, com a redação dada pela Lei n° 9.481, de 1997). Ti-- • Processo n° 13982.000094/2006-56 CC01/034 • Acórdão n.° 104-23.582 Eis. 2 ARGÜIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE - O Primeiro Conselho de Contribuintes não é competente para se pronunciar sobre inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula 1° CC n° 2). Argüição de decadência acolhida. Recurso parcialmente provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de recurso interposto por ANTÔNIO FRANCISCO REGOSO. ACORDAM os Membros da Quarta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por maioria de votos, ACOLHER a argüição de decadência, relativamente ao ano-calendário de 2000, vencido o Conselheiro Pedro Paulo Pereira Barbosa. No mérito, por unanimidade de votos, DAR provimento PARCIAL ao recurso para excluir das bases de cálculo os valores de R$ 26.424,33 e R$ 16.008,00, nos anos-calendário de 2001 e 2002, respectivamente, e desqualificar as multas de oficio, reduzindo-as ao percentual de 75%, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. ,MARIA HELENA COTTA CARDt,"" Presidente 1A TONI irmit :1)) L PO RTINEZ Relator FORMALIZADO Em:07 jÁN20-09. Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros Nelson Mallmann, Heloísa Guarita Souza, Rayana Alves de Oliveira França, Pedro Anan Júnior e Renato Coelho Borelli (Suplente convocado). Ausente justificadamente o Conselheiro Gustavo Lian Haddad. 2 Processo n° 13982.000094/2006-56 CCOI /C04 Acórdão n.° 104-23.582 p, Relatório Em desfavor do contribuinte, ANTONIO FRANCISCO REGOSO, foi lavrado auto de infração de fls. 2 a 11, integrado pelo Termo de Verificação Fiscal de fls. 12 a 18, exige-se do interessado a quantia de R$ 40.148,27 a titulo de Imposto de Renda Pessoa Física - IRPF relativa aos anos-calendário 2000, 2001 e 2002, com incidência da multa de oficio no percentual de 150% e juros de mora, tendo em vista a constatação de Omissão de Rendimentos Caracterizada por Depósitos Bancários Sem Comprovação de Origem. Procedimento Fiscal Consta no Termo de Verificação Fiscal as seguintes informações: Após a análise da documentação adunada pelo contribuinte, este foi instado a justificar com documentos hábeis e idôneos as operações relacionadas nas Planilhas anexas às intimações de fls. 38 a 42. Cabe esclarecer que quanto aos demais depósitos bancários, e que o contribuinte afirma se tratarem de recursos da empresa REGOSO COM IND E TRANSP DE MADEIRAS LTDA. a regular tributacão destes recursos será verificada no procedimento fiscal ora em curso nesta empresa. As intimações de fls. 38 a 42 foram respondidas pelo contribuinte através dos expedientes de (fis.-88 e 99), respectivamente. Frente às considera cães trazidas à baila pelo contribuinte em epígrafe. esta fiscalização considerou como não justificadas a origem dos recursos creditadas em suas contas bancárias, e que estão relacionados na Planilha cI fls. 156. pelos seguintes motivos: 1) Itens 1, 6, 14, 16, 33, 34, 35, 36, 37 e 38 da Planilha a fls. 156: Para estes depósitos o contribuinte não apresentou documentos que • comprovassem a origem destes recursos. Ainda quanto a estes depósitos, o contribuinte limitou-se a esclarecer que no caso dos créditos bancários relacionados nos itens I, 6, 14 e 16, estes foram efetuados "pelo titular", (conforme informação nas Planilhas de fls. 72/73/75/76), sem contudo apresentar documentos que comprovassem a origem destes recursos. 2) Itens 02, 04, 05, 12, 18, 20, 26, 27 e 28 da Planilha c:fls. 156: Para estes depósitos o contribuinte apresentou os documentos adunados as fls. 143/144/149/1.50/151/152/153/154/155, respectivamente, os quais não se prestam a informar qual a origem daqueles recursos. 3) Itens 03, 07, 08, 09, 10, 11, 13, 15, 17, 19, 21, 22, 23, 24, 25, 29, 30, • 31 e 32 da Planilha afls. 156. Para estes depósitos o contribuinte cingiu-se a informar que estes se referem a vendas para o exterior da empresa REGOSO COM IND E 3 Processo n° 13982.000094/2006-56 CCOI/C04 Acórdão n.° 104-23.562 Fls. 4• TRANSP DE MADEIRAS LTDA, e para tanto apresentou o documento c:fls. 145a 148. Não consideramos comprovada a origem destes recursos visto que, em se tratando de vendas para o exterior, o documento hábil a comprovar tal operação seria aquele registrado no sistema próprio (SISCOMEffl, acompanhado das Notas Fiscais respectivas, e demais documentos exigidos para uma exportação regular. Por sua vez a entrada dos recursos no país devia se dar através dos procedimentos próprios determinados pelo Banco Central do Brasil (contrato de câmbio) e pelo que se apurou nos extratos bancários do contribuinte, tais lançamentos se referem a "doc eletrônicos". Cientificado do auto de infração em 28/03/2006, AR de fls. 185, o interessado irresignado apresenta impugnação de fls. 186 a 209 nos quais apresenta os seguintes argumentos de defesa: - Alega que todos os depósitos bancários considerados sem origem comprovada pela autoridade lançadora são de propriedade da pessoa jurídica Regoso Comércio, Indústria e Transporte de Madeiras Ltda., da qual é um dos sócios proprietários, e apenas transitaram por suas contas bancárias devido a dificuldades cadastrais da empresa. - Os depósitos relacionados pela autoridade lançadora na fls. 156 são justificados de três formas: a) decorrentes de fechamento de câmbio com crédito em conta bancária da pessoa jurídica, parcialmente sacados por um dos sócios, que, após o uso de parte do dinheiro para fazer frente a gastos da empresa depositaria o restante em sua conta bancária pessoal; b) adiantamento de operações de exportação, que não chegaram a se efetivar, tendo sido firmado "Termo de Rescisão de • Contrato Particular de Compra e Venda para Entrega Futura", no qual foi acertado que os valores seriam devolvidos pela Regoso Ltda., e c) depósitos efetuadas diretamente pelos titulares das contas, correspondentes a valores recebidos de clientes da pessoa jurídica. - Alega ter informado na Declaração de Ajuste Anual do ano- calendário anterior a posse de dinheiro em espécie, que justificaria os depósitos tidos com sem comprovação de origem; - Decadência parcial do lançamento, pois deveria ser observado o prazo do ,f 4° do art. 150 do CTN, uma vez que a ocorrência de dolo, fraude ou simulação está baseada em presunção. Com isso não poderia haver o deslocamento da contagem para o art. 173, I, do CIN. Para o interessado a adoção dessa contagem do prazo decadencial resultaria como segue: "No caso vertente, os fatos geradores ocorreram a partir do mês de fevereiro/2000, e operou-se o prazo prescricional caracterizador da decadência nas competências anteriores a abril de 2000, pois os trabalhos fiscais somente se iniciaram em maio de 2005." - Da Multa de oficio de 150% O interessado pretende que a multa de ofício seja reduzida para o percentual de 7594 sob o argumento de que • V 4 Processo n" 13982.000094/2006-56 CC01/C04 Acórdão ri.* 104-23.582 Fls. 5 • a presunção da receita omitida não serve de suporte para a aplicação da multa majorada. - Multa de oficio. O interessado ainda argumenta que a multa de oficio no percentual de 150% ofende os princípios constitucionais da legalidade, da moralidade administrativa, da proporcionalidade e da vedação ao confisco. Traz à colação jurisprudência judicial. - Questiona a aplicação da Taxa Selic. Em 16 de março de 2007, os membros da 35 Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento de Florianópolis proferiram Acórdão que, por unanimidade de votos, rejeitou as preliminares, e considerou procedente o lançamento, nos termos da Ementa a seguir transcrita. AssuNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FISICA - IRPF Ano-calendário: 2000, 2001, 2002 OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. Caracterizam omissão de rendimentos os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida em instituição financeira, quando o contribuinte, regularmente intimado, não comprova, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Ano-calendário: 2000, 2001, 2002 DECADÊNCIA - DOLO, FRAUDE, SIMULAÇÃO. Quando a autoridade lançadora demonstra que ocorreu dolo, fraude ou simulação, o prazo decadencial é regido conforme o disposto no• artigo 173, inciso I, do Código Tributário Nacional tendo em vista que o sujeito passivo utilizou-se de artificios para ocultar a ocorrência do fato gerador. MULTA DE OFICIO NO PERCENTUAL DE 150% - APLICABILIDADE. A prática reiterada de omitir rendimentos, bem como a desproporção entre os rendimentos declarados e omitidos, caracteriza a ocorrência das situações previstas nos arts. 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502/19964, sendo aplicável a multa de oficio no percentual legalmente definido de 150% MULTA DE OFÍCIO. EFEITO CONFISCA TÓRIO - As multas de oficio não possuem natureza conftscatória, constituindo-se antes em instrumento de desestímulo ao sistemático inadimplemento das obrigações tributárias, atingindo, por via de conseqüência, apenas os contribuintes infratores, em nada afetando o sujeito passivo cumpridor de suas obrigações fiscais. 1/1 5 Processo n° 13982.000094/2006-56 CCOI/C04 Acórdão n.° 104-23.582 Fls. 6 A exigência de multa de oficio está prevista em normas regularmente editadas, não tendo o julgador administrativo competência para apreciar argüições de ilegalidade e/ou inconstitucionalidade contra a sua cobrança. JUROS DE MORA. APLICABILIDADE DA TAXA SELIC. Sobre os débitos tributários para com a União, não pagos nos prazos previstos em lei, aplicam-se juros de mora calculados com base na taxa Selic, nos termos da legislação de regência. CONTRATO POR INSTRUMENTO PARTICULAR. NECESSIDADE DE REGISTRO. • Para que possam surtir efeitos em relação a terceiros, aí compreendida a Fazenda Pública, devem ser registrados em registro público os instrumentos particulares que versem sobre os negócios jurídicos determinados em lei, inclusive os contratos de compra e venda. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Ano-calendário: 2000, 2001, 2002 DECISÕES ADMINISTRATIVAS. EFEITOS. As decisões administrativas proferidas por Conselhos de Contribuintes não se constituem em normas gerais, razão pela qual seus julgados não se aproveitam em relação a qualquer outra ocorrência, senão aquele objeto da decisão. Lançamento Procedente Cientificado em 10/10/2006, o contribuinte, se mostrando irresignado, apresentou, em 31/10/2006, o Recurso Voluntário, de fls. 79/96, reiterando as razões da sua impugnação, às quais já foram devidamente explicitadas, que podem ser sintetizadas da seguinte forma: • - Da origem dos lançamentos questionados decorrentes das operações de câmbio, adiantamento de operações de exportação não concretizadas e de depósitos e DOCS efetuados diretamente pelos titulares das contas correntes; - Da disponibilidade de recursos em banco e espécie na declaração de ajuste anual do impugnante - Da decadência do lançamento; - Do ônus da prova da ocorrência do fato gerador, - Da irregular aplicação da multa qualificada em 150%. - Do efeito confiscatório da multa. É o Relatório. 6 • • Processo n• 13982.000094/2006-56 CC01/034 Acórdão n.° 104-23.582 Fls. 7 Voto Conselheiro ANTONIO LOPO MARTINEZ, Relator O recurso está dotado dos pressupostos legais de admissibilidade devendo, portanto, ser conhecido. Da Preliminar de Decadência No que toca a preliminar, o recorrente argüi a decadência do lançamento no que toca ao ano calendário de 2000. Nessa senda, o termo inicial para a contagem do prazo decadencial para os fatos que ocorreram ao longo do ano de 2000, previsto no art. 150, parágrafo 4°, do CTN é de 1° de janeiro de 2001, posto que é o I° dia após a ocorrência do fato gerador. Desta forma, o lançamento poderia ser realizado até a data de 31/12/2005, para que pudesse alcançar os valores percebidos no ano-calendário de 2000. Urge observar, entretanto que ocorreu a qualificação da multa, neste caso a contagem do prazo decadência desloca-se para o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, a teor do art. 173, I do CTN. (art. 150, § 4° do CTN). Como o auto de infração foi encaminhado ao contribuinte e recebido por AR (fls. 26) apenas no dia 28/03/2006, fica claro que caso a qualificação não prospere fica comprometido o lançamento. Como é sabido, o lançamento é o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, identificar o seu sujeito passivo, determinar a matéria tributável e calcular ou por outra forma definir o montante do crédito tributário, aplicando, se for o caso, a penalidade cabível. Com o lançamento constitui-se o crédito tributário, de modo que antes do lançamento, tendo ocorrido o fato imponível, ou seja, aquela circunstância descrita na lei como hipótese em que há incidência de tributo, verifica-se, tão somente, obrigação tributária, que não deixa de caracterizar relação jurídica tributária. É sabido, que são utilizados, na cobrança de impostos e/ou contribuições, tanto o lançamento por declaração quanto o lançamento por homologação. Aplica-se o lançamento por declaração (artigo 147 do Código Tributário Nacional) quando há participação da administração tributária com base em informações prestadas pelo sujeito passivo, ou quando, tendo havido recolhimentos antecipados, é apresentada a declaração respectiva, para o juste final do tributo efetivamente devido, cobrando-se as insuficiências ou apurando-se os excessos, com posterior restituição. Por outro lado, nos precisos termos do artigo 150 do CTN, ocorre o lançamento por homologação quando a legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, a qual, tomando conhecimento da atividade assim exercida, expressamente a homologa. Inexistindo essa homologação expressa, ocorrerá ela no prazo de 05(cinco) anos, a contar do fato gerador do tributo. Com outras 7 • P rocesso e 13982.000094/2006-56 CCO I/C04 Acórdão n.° 10423.562 Fls. 8 palavras, no lançamento por homologação, o contribuinte apura o montante e efetua o recolhimento do tributo de forma definitiva, independentemente de ajustes posteriores. Neste ponto está a distinção fimdamental entre uma sistemática e outra, ou seja, tiara se saber o regime de lançamento de um tributo, basta compulsar a sua legislação e verificar quando nasce o dever de cumprimento da obrigação tributária pelo sujeito passivo: se dependente de atividade da administração tributária, com base em informações prestadas pelos sujeitos passivos (lançamento por declaração), hipótese em que, antes de notificado do lançamento, nada deve o sujeito passivo; se, independente do pronunciamento da administração tributária, deve o sujeito passivo ir calculando e pagando o tributo, na forma estipulada pela legislação, sem exame do sujeito ativo - lançamento por homologação, que, a rigor técnico, não é lançamento, porquanto quando se homologa nada se constitui, pelo contrário, declara-se à existência de um crédito que já está extinto pelo pagamento. Importante frisar que independente do recorrente ter apresentado ou não declaração de ajuste anual, no meu entendimento esse fato não altera a conclusão, uma vez que ge homologaria o procedimento. No caso o procedimento de nada fazer, não declarar e não pagar. Em suma para definição dessa matéria resta apura se no lançamento é cabível a qualificação da multa. Da Presunção baseada em Depósitos Bancários O lançamento fundamenta-se em depósitos bancários. A presunção legal de omissão de rendimentos com base nos depósitos bancários está condicionada apenas à falta de comprovação da origem dos recursos que transitaram, em nome do sujeito passivo, em instituições financeiras, ou seja, pelo artigo 42 da Lei n° 9.430/1996, tem-se a autorização para considerar ocorrido o "fato gerado?' quando o contribuinte não logra comprovar a origem dos créditos efetuados em sua conta bancária, não havendo a necessidade do fisco juntar qualquer outra prova. Via de regra, para alegar a ocorrência de "fato gerado?', a autoridade deve estar munida de provas. Mas, nas situações em que a lei presume a ocorrência do "fato gerado?' (as chamadas presunções legais), a produção de tais provas é dispensada. Neste caso, ao Fisco cabe provar tão-somente o fato indiciário (depósitos bancários) e não o fato jurídico tributário (obtenção de rendimentos). No texto abaixo reproduzido, extraído de "Imposto sobre a Renda - Pessoas Jurídicas" (Justec-RJ; 1979:806), José Luiz Bulhões Pedreira sintetiza com muita clareza essa questão: O efeito prático da presunção legal é inverter o ônus da prova: invocando-a, a autoridade lançadora fica dispensada de provar, no caso concreto, que ao negócio jurídico com as características descritas na lei corresponde, efetivamente, o fato econômico que a lei presume - cabendo ao contribuinte, para afastar a presunção (se é relativa) provar que o fato presumido não existe no caso. Assim, o comando estabelecido pelo art. 42 da Lei n° 943011996 cuida de presunção relativa (juris tanttun) que admite a prova em contrário, cabendo, pois, ao sujeito Processo n° 13982.000094/2006-56 CC01/C04 Acórdão n° 104-23.562 Fls. 9 • passivo a sua produção. Nesse passo, como a natureza não-tributável dos depósitos não foi comprovada pelo contribuinte, estes foram presumidos como rendimentos. Assim, deve ser mantido o lançamento. Antes de tudo cumpre salientar que a presunção não foi estabelecida pelo Fisco e sim pelo art. 42 da Lei n° 9.430/1996. Tal dispositivo outorgou ao Fisco o seguinte poder: se provar o fato indiciário (depósitos bancários não comprovados), restará demonstrado o fato jurídico tributário do imposto de renda (obtenção de rendimentos). Assim, não cabe ao julgador discutir se tal presunção é equivocada ou não, pois se encontra totalmente vinculado aos ditames legais (art. 116, inc. III, da Lei n° 8.112/1990), mormente quando do exercício do controle de legalidade do lançamento tributário (art. 142 do Código Tributário Nacional - CTN). Nesse passo, não é dado apreciar questões que importem a negação de vigência e eficácia do preceito legal que, de modo inequívoco, estabelece a presunção legal de omissão de receita ou de rendimento sobre os valores creditados em conta de depósito mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações (art. 42, caput, da Lei n°9.430/1996). Dos lançamentos decorrentes de operações de fechamento de câmbio - itens 2, 4, 5, 18, 26, 27. Depois de explicações sobre a impossibilidade do uso das contas bancárias em nome da pessoa jurídica e a conseqüente movimentação de recursos por meio das contas bancárias de titularidade dos sócios, consta na peça de impugnação: "Ocorria na conta da REGOSO LTDA a operação de fechamento de cambio. Um dos sócios da empresa comparecia à agência bancária (Bco Real ou Bco do Brasil), onde sacava a maior parte dos valores. Esse dinheiro sacado, parte dele ia para a manutenção diária da empresa. Outra parte eram depositados, exatamente na mesma data, na conta corrente conjunta mantida pelos sócios. Os lançamentos ocorreram nas seguintes datas e valores, datas que fecham exatamente com as constantes nas planilhas. Item Data Banco Valor fechamento Valor creditado na planilha câmbio conta dos sócios • 2 22/02/2000 Real R$27.1 75,28 RS13.800,00 4 31/05/2000 Real R$41.498,18 R$20.000,00 5 31/05/2000 Real R$41. 498,18 R$15.000, 00 18 05/07/2001 Brasil R$42. 753,97 R$16.500,00 26 15/10/2001 Brasil R$74.260,13 R$20.000,00 27 08/11/2001 Brasil 12$59.303,98 R$15.500,00 As operações efetuadas através do Banco Real, o valor foi sacado em dinheiro na conta e o valor creditado nas contas correntes depositados nas contas manadas pelo impugnante em conjunto com o seu sócio Antônio Regoso eram efetuados com parte do dinheiro sacado. y 9 Processo e 13982.000094/2006-56 CCOI/C04 • Acórdão n.° 104-23.582 Fls. 10 • As operações efetuadas através do Banco do Brasil, o valor era transferido para as contas, débito efetuado na conta corrente em conjunto com outros lançamentos na rubrica "pagamentos diversos". Há perfeita consonância entre as datas, não havendo coincidência exata de valores posto que o valor sacado da conta do banco real e o valor transferido da conta do Banco do Brasil integrarem, além do valor creditado na conta corrente, despesas outras que foram satisfeitas, necessárias ao desenrolar da empresa. Não podem subsistir, portanto, a presunção imputada nesses lançamentos, há documentação hábil e idónea a amparar os depósitos efetuados nas contas correntes do Impugnante e seu sócio, que como os demais eram também de titularidade da pessoa jurídica. Neste ponto, assim se pronunciou a autoridade recorrida: O interessado alega que, originalmente, o ingresso de recursos relativo ao fechamento de contratos de câmbio ocorria em conta da pessoa jurídica no Banco Real ou Banco do Brasil. Esses recursos eram parcialmente sacados, parte era utilizada nas despesas de manutenção da empresa, e o que restava era depositado na conta bancária de titularidade dos sócios. A tabela apresentada neste item da impugnação atesta que os depósitos feitos nas contas bancárias do interessado não correspondem ao fechamento de câmbio. Como se vê, a intenção do interessado é justificar depósitos em suas contas bancárias pessoais com recursos que transitaram em contas bancárias da pessoa jurídica, que não são coincidentes em valor. Para que isso fosse possível, seria necessária a demonstração inequívoca de todas as ocorrências referidas na impugnação. Todavia, não há nos autos provas que dêem suporte a essas alegações. Caberia ao interessado apresentar a conciliação entre os alegados fechamentos de câmbio e os depósitos nas contas da pessoa fisica. Caso os recursos fossem da pessoa jurídica, tudo isso deveria estar documentado e registrado em sua contabilidade, até mesmo porque o interessado tem sócios naquela pessoa jurídica. Dessa forma, não se pode dar respaldo à pretensão do interessado neste item, pois não foram trazidos na fase de impugnação documentos hábeis e idóneos, coincidentes em data e valor, que comprovem a origem dos recursos depositados nas contas bancárias do interessado, levados à base de cálculo do auto de infração em análise. No arrazoado da autoridade recorrida não se encontra qualquer contradição. Nesse sentido é de se manter essa parte do lançamento inalterada. Dos lançamentos decorrentes de adiantamento de operações de exportação não concretizadas - itens 3, 7, 8, 9, 10, 11, 13, 15, 17, 19, 21, 22, 23, 24, 25, 29, 30, 31, 32. Nesse item o interessado argumenta que a empresa Regoso Ltda. recebeu da empresa Casa de Las Aberturas, sediada no exterior, valores a titulo de adiantamento referente a venda contratada, no montante de R$ 203.107,67. Todavia, mesmo já tendo ocorrido o recebimento de todos os valores, a compradora não mais necessitava das mercadorias, sendo 10 Processo n• 13982.000094/2006-56 CCO I/C04 Acórdão n.° 104-23.582 Fls. 11 celebrado "Termo de Rescisão de Contrato Particular de Compra e Venda para Entrega Futura", no qual foi acertado que os valores seriam devolvidos pela Regoso Ltda. Este seria o motivo da inexistência de registros no SISCOMEX, e da falta de emissão de notas fiscais e demais registros pertinentes, pois as exportações não se efetivaram O interessado ainda argumenta: "Foi buscado de todas as formas que o BESC, onde o impugnante e seu sócio mantinham a conta corrente fornecesse as DOCs recebidos. Porém esse informou que não os possuía por já se passar mais de um ano das operações, e mais recentemente asseverou que tais documentos foram incinerados. Ora, - foi apresentado Instrumento Particular entabulado entre as partes, que realizaram negócio lícito, firmado por pessoas capazes, na forma legal e pelos respectivos representantes legais. Os valores e as datas fecham perfeitamente, tanto do Contrato, quanto do respectivo Termo de Rescisão. Documentação adicional que poderia ser fornecida pelo Banco não o foi, pelos motivos que a instituição esclarece (decurso de prazo). Não se pode, então, frente a todos argumentos que comprovam, sem • deixar margem à dúvida, que as operações tem como origem, assim como as inúmeras outras, atos negociais praticados pela pessoa jurídica REGOSO LTDA., que apenas transitaram nas contas dos sócios pelos motivos já exaustivamente articulados, não há como subsistir a presunção legal." Ao tratar desse ponto especificamente, mais uma vez com a perdão da repetição cabe transcrever os argumentos expostos pela autoridade recorrida: Inicialmente cabe destacar a precariedade dos documentos apresentados como prova. São eles o Instrumento Particular de Compra e Venda para Entrega Futura e o Termo de Rescisão de Contrato Particular de Compra e Venda para Entrega Futura de lis. 215 a 220. Trata-se de fotocópias sem qualquer tipo de autenticação, e sem registro público, ato indispensável para que surtissem efeitos perante terceiros, conforme estabelece o art. 129 da Lei n.° 6.015, de 31 de dezembro de 1973 - Lei dos Registros Públicos, transcrito abaixo: Art. 129. Estão sujeitos a registro, no Registro de Títulos e Documentos, para surtir efeitos em relaa o a terceiros: • • 1°) os contratos de locação de prédios, sem prejuízo do disposto do artigo 167, I, n°3; 2°) os documentos decorrentes de depósitos, ou de cauções feitos em garantia de cumprimento de obrigações contratuais, ainda que em separado dos respectivos instrumentos; 3°) as cartas de fiança, em geral, feitas por instrumento particular, seja 1 for a natureza do compromisso por elas abonado; kl II Processo n0 13982.000094/2006-56 CC01/C04 Acórdão n.° 104-23.582 Fls. 12 4°) os contratos de locação de serviços não atribuídos a outras repartições; 59 os contratos de compra e venda em prestações, com reserva de• domínio ou não, qualquer que sela a forma de que se revistam, os de alienação ou de promessas de venda referentes a bens móveis e os de alienação fiduciária; 6°) todos os documentos de procedência estrangeira, acompanhados das respectivas traduções, para produzirem efeitos em repartições da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios ou em qualquer instância, juízo ou tribunal; 79 as quitações, recibos e contratos de compra e venda de automóveis, bem como o penhor destes, qualquer que seja a forma que revistam; 8°) os atos administrativos expedidos para cumprimento de decisões judiciais, sem trânsito em julgado, pelas quais for determinada a entrega, pelas alfândegas e mesas de renda, de bens e mercadorias procedentes do exterior. 9°) os instrumentos de cessão de direitos e de créditos, de sub-rogação e de dação em pagamento. (Grifei) • Além disso, a questão levantada pela fiscalização continua válida: "a entrada de recursos no país devia se dar através dos procedimentos próprios determinados pelo Banco Central do Brasil (contrato de câmbio), e pelo que se apurou nos extratos bancários do contribuinte, tais lançamentos se referem a "doc eletrônicos". Por fim, caso os recursos pertencessem à pessoa jurídica haveria documentos e registros contábeis que comprovariam o alegado. Nessas circunstáncias, tenho como não comprovada a origem dos• depósitos bancários tratados neste item. Uma vez que não encontro a necessidade de realizar qualquer reparo na exposição da autoridade recorrida, acompanho a argumentação esboçada. Dos lançamentos decorrentes de depósitos/does efetuados diretamente pelos titulares das contas correntes - itens 1, 6, 12, 14, 16, 20, 28, 33, 34, 35, 36, 37, 38. Este ponto também foi objeto de pormenorizada análise da autoridade julgadora de primeira instância que assim se expressou no seu voto: Aqui o interessado alega que os depósitos feitos diretamente pelas • pessoas fisicas titulares das contas correntes seriam relativos a pagamentos feitos por clientes, diretamente aos sócios. Nas palavras do interessado: "Os valores depositados e relacionados nesses itens correspondem efetuados diretamente pelos titulares das contas, sócios da empresa REGOSO LTDA, igualmente concretizados em face das atividades da pessoa jurídica. 12 Processo n° 13982.000094/2006-56 CCOI/C04 Acórdão n.° 104-23.562 Fls. 13• Com efeito, é bastante corriqueiro no desenrolar da operação da pessoa jurídica o deslocamento dos sócios até as cidades onde estão estabelecidos os clientes, para divulgação comercial da empresa, prospectando novos clientes, oferecendo produtos aos já clientes e também para negociar valores com clientes inadimplentes. • Nesses deslocamentos em não raras vezes foram realizados pagamentos devidos à pessoa jurídica, cujos depósitos foram devidamente depositados nas contas dos sócios, pelas razões já expostas. São valores relativos também à pessoa jurídica, que apenas transitaram pelas contas dos sócios, sem ser de sua titularidade. O impugnante diligenciou junto ao BESC para tentar obter os • comprovantes dos DOCS creditados, e por duas vezes a resposta foi a mesma: pelo decurso de mais de um ano, não se podia fornecer os documentos de origem. A documentação farta entregue durante o curso da fiscalização comprova que os sócios utilizaram as contas das pessoas físicas para movimentar o capital decorrente da operação empresarial da REGOSO LTDA." A argumentação apresentada pelo interessado neste item não está escorada em nenhum documento. A lei n°9.430/1996 estabelece em seu art. 42, ,f 3°, que a análise dos depósitos bancários deve ser feita de forma individualizada, portanto, caberia ao interessado apresentar • documentos hábeis e idôneos, coincidentes em data e valor, para comprovar a origem dos depósitos bancários. Acrescente-se que os documentos fornecidos pelo Banco do Estado de Santa Catarina - BESC, que tratam da impossibilidade de fornecimento de documentação relativa à origem dos créditos verificados nas contas bancárias do interessado, em função do lapso de tempo transcorrido não o beneficia. É que, se de fato os recursos pertencessem à pessoa • jurídica, as atividades contábeis desta, obrigatórias por lei, contribuiriam para a comprovação da origem dos recursos, o que não se vê nos autos. Logo, na ausência elementos de prova, não há como afastar o lançamento neste item. Observa-se mais uma vez, que a falta de elementos probantes, inviabiliza que seja ilidida a presunção de omissão por depósitos bancários. Acompanho, portanto, a posição da autoridade julgadora nesse ponto. Da existência de numerário em bancos e em espécie na declaração de ajuste do impugnante. O recorrente ainda indica que seja aproveitado o numerário em bancos e os valores em espécie que constantes em sua declaração de ajuste. Entretanto, efetivamente não há como acolher a pretensão do interessado pois a definição legal exige a análise individualizada dos créditos bancários. A Lei vetou essa possibilidade, sendo necessária a comprovação depósito a depósito. 13 Processo n° 13982.000094/2006-56 CCOI/C04 Acórdão n°104-23.562 Fls. 14 Dos Limites previstos no Art. 42 da Lei. 9.430/96 No que toca aos limites percebe-se da analise dos autos que os valores movimentados na conta bancária da recorrente, e que embasaram o lançamento, foi respectivamente de R$ 69.307,00, R$ 93.594,87 e R$ 22.071,00, nos anos calendários de 2000, 2001 e 2002. Desta forma, resta verificar se o procedimento fiscal atentou ao limites disposto na legislação vigente. Para uma correta elucidação acerca deste ponto cabe transcrever os excertos legais pertinentes: Art. 42. Caracterizam-se também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física, ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idónea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. § 1 0 0 valor das receitas ou dos rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. § 2° Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeter-se-ão às normas de tributação especificas, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. § 3 0 Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados: 1- os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física ou jurídica; II - no caso de pessoa física, sem prejuízo do disposto no inciso anterior, os de valor individual igual ou inferior a R$ 12.000,00 (doze mil reais), desde que o seu somatório, dentro do ano-calendário, não ultrapasse o valor de R$ 80.000,00 (oitenta mil reais). (Alterado pela Lei n°9.481, de 13.8.97) (grifos postos). Depreende-se do excerto transcrito que não se pode considerar, para efeitos de determinação da receita omitida, os depósitos individuais inferiores a quantia de R$ 12.000,00, desde que o somatório destes não ultrapassem o valor de R$ 80.000,00. Com base no quadro de fls. 156, apura-se os valores lançados como omissão depósitos bancários por ano, segregando entre aqueles quais são iguais ou inferiores a R$ 12.000,00 e os que são superiores, posteriormente aplicando-se o percentual de 50%, constata- se o seguinte: Ano Dep. <=r12.000 Dep. >1312.000 Total de Depótitos 2003 21.266,00 48.041,00 69.307,C0 • 2031 26.424,33 67.170,54 93.594,87 2002 16.038,00 6.063,00 22.071,00 ‘%7 14 PrOCCSSO e 13982.000094/2006-56 CCOI/C04 Acórdão n.° 104-23.562 Fls. 15 • Pelo que se nota, apenas, respectivamente no ano calendário de 2000, 2001 e 2002, o montante de depósitos de origem não comprovada com valores superiores a R$ 12.000,00 (50% do depósito), totalizaram R$ 48.041,00, R$ 67.170,54 e R$ 6.063,00. Deste modo é de se dar provimento a essa parte do recurso, reduzindo a base de cálculo dos anos calendários 2000, 2001 e 2002, pela importância de R$ 21.266,00, R$ 26.424,33 e R$ 16.008,00. Da Multa Qualificada No que toca a qualificação da multa, embora entenda que operações realizadas por intermédio de doleiros, sejam mecanismos usualmente utilizados para evitar a tributação. Deve-se reconhecer que no caso concreto, o que se verificou foi uma simples omissão de rendimentos presumida a partir de depósitos bancários no exterior. - Desse modo esses fatos, por si só, não são suficientes a caracterizar evidente intuito de fraude, a que se refere o artigo 44, inciso II, da Lei n° 9.430/96. Para tanto, seria necessária a comprovação, por parte da autoridade lançadora, de procedimentos adotados pelo Contribuinte com inquestionável intuito fraudulento, o que, porém, não se vislumbrou. Em situações como a presente, aplicável a Súmula n° 14, deste Primeiro Conselho de Contribuintes: "A simples apuração de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de oficio, sendo necessária a comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo." Por isso, dou provimento nesse item, a fim de desqualificar a multa de 150%, reduzindo-a para a multa de oficio de 75%. - . Isto posto, urge registrar que como 'a qualificação da multa não é devida, aplicar-se-á para apreciar a decadência do lançamento, o art. 150 do CTN e dentro desse contexto é de se considerar o lançamento decadente para o ano-calendário de 2000, tal como explicado anteriormente, quando da apreciação da preliminar. Da Inconstitucionalidade das Normas No referente a suposta inconstitucionalidade das Normas aplicadas, acompanho a posição sumulada pelo 1° Conselho de que não compete à autoridade administrativa de qualquer instância o exame da legalidade/constitucionalidade da legislação tributária, tarefa exclusiva do poder judiciário. O Primeiro Conselho de Contribuintes não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula 1° CC n°2). 15 . • • Processo n°13982.000094/2006-56 CCOI/C04 Acórdão n.° 104-23.582 Fls. 16 Ante o exposto, voto por ACOLHER a preliminar de decadência para o ano calendário de 2000, e, no mérito DAR provimento PARCIAL ao recurso para excluir das bases • de cálculo os valores-de RS -26.424,33 e RS 16.008,00, nos anos-calendário de 2001 e 2002, respectivamente, e desqualificar as multas de oficio, reduzindo-as ao percentual de 75%. Sala das Sessões - DF, e 09 de outubro de 2008 1O 44-. NI g LOPO ARTINEZ . - - • .. 16 Page 1 _0016100.PDF Page 1 _0016200.PDF Page 1 _0016300.PDF Page 1 _0016400.PDF Page 1 _0016500.PDF Page 1 _0016600.PDF Page 1 _0016700.PDF Page 1 _0016800.PDF Page 1 _0016900.PDF Page 1 _0017000.PDF Page 1 _0017100.PDF Page 1 _0017200.PDF Page 1 _0017300.PDF Page 1 _0017400.PDF Page 1 _0017500.PDF Page 1

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Numero do processo: 10830.006133/2005-93
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 16 00:00:00 UTC 2008
Data da publicação: Tue Dec 16 00:00:00 UTC 2008
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA - IRPF Ano-calendário: 2000, 2001, 2002, 2003, 2004 MULTA PROPORCIONAL - Não havendo como se exigir a obrigação principal, não há como manter a aplicação da multa proporcional. MULTA DE OFICIO ISOLADA - RETROATIVIDADE BENIGNA - Nos termos do artigo 106, inciso II, do Código Tributário Nacional, aplica-se retroativamente a nova legislação que modificou a redação do dispositivo legal que autorizava a imposição da multa isolada de 75%, pelo não recolhimento da multa de mora (art. 44, parágrafo 1º, inciso II, da Lei n° 9.430, de 1996), excluindo a sua previsão e, assim, revogando-a tacitamente (Lei n° 11.488, de 15.06.2007, art. 14). Recurso parcialmente provido.
Numero da decisão: 104-23.642
Decisão: ACORDAM os Membros da Quarta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, DAR provimento PARCIAL ao recurso para excluir da exigência as multas de oficio proporcionais mantidas desacompanhadas do respectivo imposto (incluídas no item 1 do Auto de Infração) e as multas de oficio isoladas (item II do Auto de Infração), nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
Matéria: IRF- ação fiscal- ñ retenção/recolhim. (rend.trib.exclusiva)
Nome do relator: Antonio Lopo Martinez

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TURMA/DRJ-CAMPINAS/SP • ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA - IRPF Ano-calendário: 2000, 2001, 2002, 2003, 2004 MULTA PROPORCIONAL - Não havendo como se exigir a obrigação principal, não há como manter a aplicação da multa proporcional. MULTA DE OFICIO ISOLADA - RETROATIVIDADE BENIGNA - Nos termos do artigo 106, inciso II, do Código Tributário Nacional, aplica-se retroativamente a nova legislação que modificou a redação do dispositivo legal que autorizava a imposição da multa isolada de 75%, pelo não recolhimento da multa de mora (art. 44, parágrafo 1 0, inciso II, da Lei n° 9.430, de 1996), excluindo a sua previsão e, assim, revogando-a tacitamente (Lei n° 11.488, de 15.06.2007, art. 14). Recurso parcialmente provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de recurso interposto por JOÃO BATISTA DE ALMEIDA ASSIS. ACORDAM os Membros da Quarta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, DAR provimento PARCIAL ao recurso para excluir da exigência as multas de oficio proporcionais mantidas desacompanhadas do respectivo imposto (incluídas no item 1 do Auto de Infração) e as multas de oficio isoladas (item II do Auto de Infração), nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. (Ao-t:t )Q1LIA-4)-isiZt /MARIA HELENA COTTA CARDO O Presidente , Processo rr 10830.006133/2005-93 CCM /CO4 Acórdão n.° 104-23.842 Fls. 2 yl ti;i1 1 oN;ot II.,kéPs OilfhlAniINEZ Relator FORMALIZADO EM: 12 HAI 2009 Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros Nelson Mallmann, Heloisa Guarita Souza, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Rayana Alves de Oliveira França, Pedro Anan rx,IL Júnior e Gustavo Lian Haddad. 2 Processo n°10830.006133/2005-93 CCO I /CO4 Acórdão n.° 104-21842 Fls. 3 Relatório Em desfavor de JOÃO BATISTA DE ALMEIDA ASSIS foi lavrado o Autos de Infração relativos à exigência de Imposto sobre a Renda Retido na Fonte (IRRF), de fls. 05/10, formalizando o crédito tributário no valor total de RS 1.836.788,91 (fls. 05), aí incluídos principal, multa de oficio proporcional de 75%, juros de mora calculados até 30/11/2005 e multa de oficio isolada, em razão de: (a) falta de recolhimento do imposto na fonte sobre trabalho assalariado (b) recolhimento em atraso sem acréscimo de multa de mora. Segundo o Termo de Verificação Fiscal de fls. 21/30, o contribuinte Sr. João Batista de Almeida Assis respondia no período fiscalizado pela Delegação vaga do 5° Tabelião de Notas da Comarca de Campinas, tendo cometido as seguintes irregularidades transcritas do referido termo: Falta de recolhimento do Imposto de Renda Retido na Fonte 7. O contribuinte contratou prepostos (escreventes e auxiliares) para o desempenho de suas atividades, conforme consta do Livro de Registro de Empregados. 8. Os rendimentos pagos aos contratados estão sujeitos à incidência do imposto na fonte, nos termos do art. 624 do Decreto 3.000, de 1999 (RIR), por serem decorrentes de trabalho assalariado com vinculo empregatício. 9. Em consultas aos sistemas da Receita Federal, verificou-se que o contribuinte apresentou Declarações do Imposto de Renda Retido na Fonte (Dirj), relativas aos anos-calendário de 2000 a 2003 Nessas declarações, foram informados os valores dos rendimentos pagos aos empregados que tiveram retenção de imposto na fonte, bem como os valores correspondentes aos impostos retidos. 10. Na análise das Folhas de Pagamento dos anos-calendário 2000, 2001 e 2002 e respectivos recibos, verificou-se que, sobre os rendimentos pagos aos empregados, foram retidos os valores correspondentes ao imposto na fonte. Verificou-se, ainda, que os valores do IRRF foram devidamente informados na Dirf e que os valores das folhas de pagamento foram lançados como despesas nos Livros Caixa. 11. Quanto ao ano-calendário 2003, como o contribuinte não apresentou as Folhas de Pagamento, o exame se deu a partir dos respectivos recibos, da Dirf e do Livro Caixa. Constatou-se, como nos anos anteriores, que foram retidos os valores correspondentes ao imposto na fonte sobre os rendimentos pagos aos empregados, os quais foram devidamente informados na Did: Verificou-se, ainda, que os 3 Processo e 10830.006133/2005-93 CC01/C04 Acórdão n.° 104-23.642 Fls. 4 — valores pagos a titulo de salários foram lançados como despesas no . Livro Caixa. 12. Entretanto, após cotejar os valores dos impostos retidos pelo contribuinte nos anos-calendário de 2000 a 2003, com os efetivamente recolhidos por meio de Darf, constatou-se ausência ou insuficiência de recolhimentos, cujo montante deve ser exigido por meio de Auto de Infração, conforme descrito a seguir: Falta de recolhimento da Multa de Mora 13.Relativamente ao prazo para recolhimento do imposto retido, o art. 83, inciso I, alínea "d", da Lei 8.981, de 1995, prevê que o mesmo deverá ocorrer até o terceiro dia útil da semana subseqüente a de ocorrência dos fatos geradores, como transcrito abaixo: 14. Da análise dos documentos fiscais apresentado pelo contribuinte, conjuntamente com os dados disponíveis nos sistemas internos da Receita Federal, verzficou-se as datas em que ocorreram os pagamentos dos salários, apurando-se os respectivos prazos de recolhimento do imposto. Cotejando essas informações com os Doo; observamos que o contribuinte efetuou diversos recolhimentos após o vencimento dos prazos legais, sem o acréscimo das multas moratórias. 15. Diante dessa constatação, cabe a formalização da exigência de crédito tributário correspondente à multa de oficio que será lançada isoladamente, conforme disposto nos arte 43 e 44, parágrafo 1", inciso II, da Lei n°9.430, ... Cientificado por via postal em 09/12/2005 (fls. 1.271), o contribuinte, apresentou, em 06/01/2006, a impugnação de fls. 1.281/1287, com as razões de defesa a seguir sintetizadas. 4.1. Assevera ter efetuado os recolhimentos relativos à retenção do imposto na fonte sobre trabalho assalariado nos períodos autuados, mas sob o CNPJ do 5° Cartório de Notas e não sob o CPF do impugnante, tendo protocolizado pedidos de retificação de DARF, conforme cópias que junta como documentos 02 a 13, às fls. 1.289/1.293 4.2. Questiona a multa isolada, defendendo a "ilegalidade da aplicação de duas penalidades sobre um mesmo fato imponível". Argumenta que: - a exigência da multa proporcional "está amparada em dispositivos que tratam apenas dos limites de rendimentos e respectivas alíquotas de IRRF, a denominada tabela mensal progressiva, precisamente nos artigos 1° da Lei 9887/99 e art. 1° da Lei 10.451/2002, não havendo qualquer menção de base legal para imputação de penalidades e/ou multas"; - o art. 44, parágrafo 1°, inciso IIL da Lei 9430/96 e o artigo 957, parágrafo único, inciso III do RIR, indicados como fundamento legal da multa isolada é equivocado e denota a "impropriedade e a ilegal 4 Processo n° 10830.006133/2005-93 CCO I/C04 Acórdão n.° 104-23.642 fls. 5 imputação do denominado bis in idem", não podendo conviver duas penalidades sobre um mesmo e único fato; - é pacifica a jurisprudência no sentido de não ser possível a cobrança de multa isolada e multa de oficio, sob pena de dupla incidência sobre uma mesma infração. Em 6 de março de 2006, os membros da P Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento de Campinas proferiram Acórdão que, por unanimidade de votos, rejeitou as preliminares, e considerou procedente em parte o lançamento, nos termos da Ementa a seguir transcrita. Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF Ano-calendário: 2000, 2001, 2002, 2003, 2004 Ementa: FALTA DE RECOLHIMENTO. IRRF SOBRE TRABALHO ASSALARIADO. Exonera-se a exigência relativamente aos fatos geradores para os quais foram apresentados recolhimentos que, embora efetuados por meio de DARF contendo dados incorretos, podem ser confirmados no sistema SINAL 08 e que, de acordo com cópias de Folhas de Pagamento e Livro Diário que instruem os autos, podem ser vinculados aos débitos lançados. Tal exoneração restringe- se ao valor principal nos casos em que o recolhimento apresentado e comprovado foi efetuado após o vencimento sem acréscimos morató rios, circunstância que impõe a manutenção da correspondente multa de oficio. MULTA DE OFÍCIO POR FALTA DE RECOLHIMENTO DE MULTA DE MORA. Recolhimento efetuado após o vencimento, sem acréscimo de multa de mora, justifica a manutenção da multa de oficio lançada. Lançamento Procedente em Parte. A autoridade julgadora de primeira instância conforme quadro resumo a seguir considerou PROCEDENTE EM PARTE as exigências fiscais, atentando para a necessidade de bloquear os pagamentos de fls. 1.304/1.313 (cópias dos DARF fls. 1.289/1.291 e 2° DARF de fls. 1.292), utilizados na amortização de valores aqui lançados, para impedir sua alocação a outros débitos e destacando-se que o contribuinte alega ter apresentado Redarf para correção conforme fls. 1.293. Resumo — Demonstrativo Profise (valores em R$) PA (cód . Exigido Excluído Mantido 2932) IRRF_ _ Multa__ --. Multa - IRRF Multa 06/2000 18.871,20 14.153,40 18.871,20 14.153,40 07/2000 22.437,11 16.827,83 22.437,11 16.827,83 08/2000 16.549,22 12.411,91 16.549,22 12.411,91 10/2000 17.594,00 13.195,50 17.594,00 13.195,50 Processo n°10830.006133/2005-93 CCO I /C04 Acórdão n.° 104-23.842 Fls. 6 11/2000 19.046,74 14.285,05 19.046,74 2.428,52 (= - 11.856,53 3.238,03 x 0,75) 12/2000 22.196,26 16.647,19 22.196,26 - 16.647,19 12/2000 20.018,56 15.013,92 20.018,56 15.013,92 12/2000 16.152,65 12.114,48 - 16.152,65 12.114,48 01/2001 36.506,12 27.379,59 36.506,12 - 27.379,59 03/2001 30.250,28 22.687,78 30.250,28 22.687,78 04/2001 1.172,70 879,52- 1.172,70 879,52 soma 203.469,49 65.737,63 Mantidos todos os débitos de códi go 2932 lançados para períodos de apuração de 2002 e 2003. Mantidos todos os débitos lançados de código 6380 (multa isolada) Cientificado em 18/05/2007, o contribuinte, se mostrando irresignado, apresentou, em 14/06/2006, o Recurso Voluntário, de fls. 79/96, reiterando as razões da sua impugnação, às quais já foram devidamente explicitadas, que podem ser sintetizadas da seguinte forma: - Ao ser apreciado o lançamento pelo acórdão de 1°. Grau, a autoridade julgadora inovou o lançamento. Ao reconhecer pagamento e manter as multas, a autoridade transformou multas de oficio em multas isoladas decorrentes de pagamentos após o vencimento; - Indica a revogação da multa isolada pela medida provisória 351/07, decorrente da aplicação do principio da retroatividade benigna. É o Relatório. • Processo n° 10830.006133/2005-93 CCOI/C04 Acórdão n.° 104-23.642 Fls. 7 Voto Conselheiro ANTONIO LOPO MARTINEZ, Relator O recurso está dotado dos pressupostos legais de admissibilidade devendo, portanto, ser conhecido. Da Natureza da Multa mantida pela DRJ É de se ressaltar, que na verdade a decisão transformou a multa de lançamento de oficio normal em multa de oficio isolada. Ora, a regra do art. 144 do Código Tributário Nacional impõe que a lei que define a obrigação tributária de pagar imposto é aquela vigente à época da ocorrência do fato gerador. Assim sendo, a multa de oficio normal de 75% exigido pelo lançamento original foram transformados pela decisão de Primeira Instância em multa de lançamento de oficio isolada e devem ser cancelados pelos motivos abaixo expostos. Embora seja certo que, em certas hipóteses, seja possível ao legislador alterar o conteúdo e o alcance de institutos e formas de direito privado com vistas ao atendimento de fins tributários, entretanto, estas alterações devem ser veiculadas mediante lei, em estrita observância ao princípio da legalidade e ao disposto no art. 97, do Código Tributário Nacional. Ora, a autoridade julgadora não pode complementar a Lei de modo a fazer exigências nela não previstas de modo a conduzir à exigência de crédito tributário. Não há embasamento legal possível para que a autoridade julgadora pudesse exigir este tipo de crédito tributário. Da Multa Isolada Nos termos do artigo 106, inciso II, do Código Tributário Nacional, aplica-se retroativamente a nova legislação que modificou a redação do dispositivo legal que autorizava a imposição da multa isolada de 75%, pelo não recolhimento da multa de mora (art. 44, parágrafo 1°, inciso II, da Lei n°9.430, de 1996), excluindo a sua previsão e, assim, revogando- a tacitamente (Lei n° 11.488, de 15.06.2007, art. 14). Ante ao exposto, VOTO no sentido DAR provimento PARCIAL ao recurso para excluir da exigência as multas de oficio proporcionais mantidas desacompanhadas do respectivo imposto (incluídas no item 1 do Auto de Infração) e as multas de oficio isoladas (item II do Auto de Infração). Sala das Sessões - DF, em 16 de dezembro de 2008 yipyrt fr 11P .Vh ONIO LOP MA TINEZ 7 Page 1 _0000900.PDF Page 1 _0001000.PDF Page 1 _0001100.PDF Page 1 _0001200.PDF Page 1 _0001300.PDF Page 1 _0001400.PDF Page 1

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Numero do processo: 19647.005757/2003-73
Turma: Quarta Câmara
Seção: Primeiro Conselho de Contribuintes
Data da sessão: Wed Jan 23 00:00:00 UTC 2008
Data da publicação: Wed Jan 23 00:00:00 UTC 2008
Ementa: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 1998 DEPÓSITO BANCÁRIO - DECADÊNCIA - A omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários sem origem comprovada deve ser apurada em base mensal, mas tributada na base de cálculo anual, cujo fato gerador ocorre no encerramento do ano-calendário (art. 150, § 4º, do CTN). NULIDADE - CARÊNCIA DE FUNDAMENTO LEGAL - INEXISTÊNCIA - As hipóteses de nulidade do procedimento são as elencadas no artigo 59 do Decreto 70.235, de 1972, não havendo que se falar em nulidade por outras razões. QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO VIA ADMINISTRATIVA - ACESSO ÀS INFORMAÇÕES BANCÁRIAS PELA SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL - É lícito ao fisco, mormente após a edição da Lei Complementar nº. 105, de 2001, examinar informações relativas ao contribuinte, constantes de documentos, livros e registros de instituições financeiras e de entidades a elas equiparadas, inclusive os referentes a contas de depósitos e de aplicações financeiras, quando houver procedimento de fiscalização em curso e tais exames forem considerados indispensáveis, independentemente de autorização judicial. APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI Nº 10.174 DE 2001 E LEI COMPLEMENTAR 105 DE 2001 - POSSIBILIDADE - ART - 144, § 1º - Pode ser aplicada de forma retroativa, ao lançamento, a legislação que tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliando os poderes de investigação das autoridades administrativas. OMISSÃO DE RENDIMENTOS - DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA - ARTIGO 42, DA LEI Nº. 9.430, de 1996 - Caracteriza omissão de rendimentos a existência de valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. JUROS - TAXA SELIC - A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais (Súmula 1º CC nº 4) ARGÜIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE - O Primeiro Conselho de Contribuintes não é competente para se pronunciar sobre inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula 1º CC nº 2). Preliminares rejeitadas. Recurso negado.
Numero da decisão: 104-22.984
Decisão: ACORDAM os Membros da Quarta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, REJEITAR as preliminares argüidas pelo Recorrente. No mérito, por maioria de votos, NEGAR provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado Vencida a Conselheira Heloísa Guarita Souza, que provia integralmente o recurso.
Matéria: IRPF- ação fiscal - outros assuntos (ex.: glosas diversas)
Nome do relator: Antonio Lopo Martinez

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TURMA/DRJ-RECIFE/PE Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício. 1998 DEPÓSITO BANCÁRIO - DECADÊNCIA - A omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários sem origem comprovada deve ser apurada em base mensal, mas tributada na base de cálculo anual, cujo fato gerador ocorre no encerramento do ano-calendário (art. 150, § 40, do CTN). NULIDADE - CARÊNCIA DE FUNDAMENTO LEGAL - INEXISTÊNCIA - As hipóteses de nulidade do procedimento são as elencadas no artigo 59 do Decreto 70.235, de 1972, não havendo que se falar em nulidade por outras razões. QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO VIA ADMINISTRATIVA - ACESSO ÀS INFORMAÇÕES BANCÁRIAS PELA SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL - É lícito ao fisco, mormente após a edição da Lei Complementar n°. 105, de 2001, examinar informações relativas ao contribuinte, constantes de documentos, livros e registros de instituições financeiras e de entidades a elas equiparadas, inclusive os referentes a contas de depósitos e de aplicações financeiras, quando houver procedimento de fiscalização em curso e tais exames forem considerados indispensáveis, independentemente de autorização judicial. APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI N° 10.174 DE 2001 E LEI COMPLEMENTAR 105 DE 2001 - POSSIBILIDADE - ART - 144, § 1° - Pode ser aplicada de forma retroativa, ao lançamento, a legislação que tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliando os poderes de investigação das autoridades administrativas. OMISSÃO DE RENDIMENTOS - DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA - ARTIGO 42, DA LEI N°. yi9.430, de 1996 - Caracteriza omissão de rendimentos a existência 1 . , • Processo n° 19647.005757/2003-73 CCOIC04 Acórdão n.° 104-22.984 Fls. 2 de valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. JUROS - TAXA SELIC - A partir de 1° de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais (Súmula 1° CC n° 4) ARGÜIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE - O Primeiro Conselho de Contribuintes não é competente para se pronunciar sobre inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula 1° CC n° 2). Preliminares rejeitadas. Recurso negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de recurso interposto por RUI CARLOS DIAS ALVES DA SILVA. ACORDAM os Membros da Quarta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, REJEITAR as preliminares argüidas pelo Recorrente. No mérito, por maioria de votos, NEGAR provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado Vencida a Conselheira Heloísa Guarita Souza, que provia integralmente o recurso. te Alia itia-LA-1QMARIA HELENA COTTA CARDOZ Pre 'dente ithal TONIO O ft 114: O MA INEZ Relator 2 , . Processo n° 19647.005757/2003-73 Ca I/C04 Acórdão n.° 104-22.984 Fls. 3 FORMALIZADO EM: ngt m A I 2008. Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros Nelson Mallmann, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Gustavo Lian Haddad, Renato Coelho Borelli (Suplente ,314 convocado) e Remis Almeida Estol. \19 3 . • Processo e 19647.005757/2003-73 CCOI /C04 Acórdão n.° 104-22.984 Fls. 4 Relatório I - Em desfavor do contribuinte RUI CARLOS DIAS ALVES DA SILVA, já qualificado nos autos, foi lavrado o Auto de Infração de fls. 01/08, no qual é cobrado o Imposto sobre a Renda de Pessoa Física (IRPF), relativamente ao ano-calendário de 1998, no valor total de R$ 372.825,52 (trezentos e setenta e dois mil, oitocentos e vinte e cinco reais e cinqüenta e dois centavos), acrescido de multa de lançamento de oficio e de juros de mora, calculados até 28/11/2003, perfazendo um crédito tributário total de R$ 960.025,71 (novecentos e sessenta mil, vinte e cinco reais e setenta e um centavos). 2 - A fiscalização, então, procedeu à lavratura do Auto de Infração, em virtude de terem sido constatadas as seguintes infrações: I - omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica, conforme relatório fiscal de fls. 3180 e 3199; e. II - omissão de rendimentos provenientes de valores creditados em contas de depósito ou de investimento, mantidos em instituições financeiras, cuja origem dos recursos não foi comprovada mediante documentação hábil e idônea, conforme relatório fiscal de fls. 3180 e 3199. 3 - Irresignado com a consubstanciação do lançamento, o autuado apresentou a impugnação tempestiva de fls. 3206/3239, onde suscitou, em síntese, o seguinte: I — que apresentou à fiscalização os extratos bancários e os documentos comprobatórios das receitas, tendo esclarecido que desenvolve atividades de agropecuária em algumas propriedades rurais e que os depósitos efetuados nas instituições financeiras são provenientes das vendas dos animais de sua criação, acostando os documentos fiscais de venda correspondentes; II — que efetua as vendas e extrai ao final de cada mês uma nota fiscal consolidando todas as operações; III — que o livro caixa era escriturado de acordo com o dia da venda, sendo corriqueiro o pagamento dos animais posteriormente, ou de forma parcelada, o que pode ensejar eventuais divergências; IV—que a origem dos recursos depositados nas contas bancárias seria o produto da atividade desenvolvida nas suas propriedades; V—que através do Banco do Brasil SIA se processavam as importações de milho, o que explica transferências de valores com a mesma titularidade e a existência de lançamentos com a rubrica "leilão"; VI — que existem diversos cheques devolvidos e posteriormente reapresentados; VII — que solicitou à fiscalização que fossem realizadas diligências nas fazendas para verificação de todo o alegado; 4 . . Processo n° 19647.005757/2003-73 CCOI/C04 Acórdão n.° 104-22.984 Fls. 5 VIII — que, relativamente às notas fiscais por ele apresentadas, a fiscalização procedeu tão-somente à intimação postal dos recebedores dos produtos, tendo concluído, face à devolução de parte dessas correspondências, que as notas correspondentes seriam inidõneas, com a conseqüente glosa; IX — que ele foi punido pelo fato de algumas pessoas com quem realizou as operações de compra e venda terem mudado de endereço; X— que a fiscalização poderia ter solicitado às instituições financeiras as cópias dos cheques e dos documentos de transferências, o que, por certo, comprovaria o que foi por ele alegado; Xl — que o procedimento levado a efeito de simplesmente efetuar o levantamento dos valores creditados nas contas bancárias, desconsiderando os documentos/esclarecimentos por ele prestados, não pode prosperar; XII — que, sendo o imposto de renda das pessoas físicas tributo sujeito a lançamento por homologação, havia operado a decadência do direito de lançar relativamente aos pagamentos efetuados até dezembro de 1998, pois o Auto de Infração foi lavrado em 16/12/1998, conforme art. 150, g 4°, do Código Tributário Nacional, citando jurisprudência do Conselho de Contribuintes; XIII — que operou-se a decadência em relação aos fatos geradores ocorridos entre os meses de janeiro e dezembro de 1998; XIV — que o procedimento adotado, no que tange à obtenção de seus extratos bancários, não cumpriu as formalidades previstas na lei (ausência de relatório circunstanciado) e aplicou de forma retroativa a nova legislação; XV — que a fiscalização ao solicitar ao impugnante que aplicasse a origem das movimentações bancárias, já estava de posse dos relatórios de movimentação financeira da CPMF, utilizando-os para fins de apurar o IRPF, relativamente a um período em que a legislação expressamente vedava tal utilização; XVI — que em recente posicionamento, a Câmara Superior de Recursos Fiscais determinou o retorno dos autos à Câmara de origem para fins de apreciação da alegação de inconstitucionalidade de lei; XVII — que o Fisco atropelou todos os critérios procedimentais por ele mesmo "arquitetados" através de legislação específica (art. 8° da Lei n° 8.021/1990, art. 38 da Lei n° 4.595/1964, art. 20 do Decreto-Lei n° 1.728/1979 e art. 661 do R1R/1980), além de não respeitar as determinações contidas no Comunicado DEFIS n° 373/1987 expedido pelo Banco Central do Brasil; XVIII — que houve cerceamento ao direito de defesa do impugnante, quer pelas provas obtidas ilegalmente, quer pela irregular formalização do lançamento, sobretudo por não terem sido observadas as prescrições legais que dão forma ao lançamento; 1( 5 Processo n° 19647.005757/2003-73 CC01/034 Acórdão n.° 104-22.984 Fls. 6 XIX — que foram utilizados os dados referentes à movimentação bancária do impugnante quando havia expressa vedação legal nesse sentido e, depois, foram requisitadas as informações bancárias sem a observância dos requisitos contidos no art. 6° da Lei Complementar n° 105/2001; XX — que a exigência do requisito formal, em relação ao Auto de Infração, é de natureza obrigatória; XXI — que, deixando a fiscalização de lavrar o Termo de Início de Fiscalização antes e utilizando ilegalmente a movimentação bancária atinente à CPMF do impugnante, tal fato acarreta a nulidade do lançamento; XXII — que o lançamento de oficio encontra-se ancorado em legislação a qual mostra-se manifestamente inconstitucional; XXIII — que o Fisco deve seguir a orientação da jurisprudência, notadamente do Supremo Tribunal Federal, no sentido da impossibilidade do acesso às informações bancárias diretamente pelo Fisco ou até mesmo pelo Ministério Público sem a intervenção do Poder Judiciário, citando jurisprudência judicial e doutrina; XXIV — que é inconstitucional a interpretação literal da Lei Complementar n° 105/2001, relativamente à quebra do sigilo bancário sem autorização judicial, citando posicionamento do TRF/1" Região; XXV — que, ainda que pudesse prevalecer a interpretação literal dos dispositivos da Lei Complementar n° 105/2001, não se pode admitir sua aplicação retroativa, face ao princípio da irretroatividade das leis insculpido na Constituição Federal e na Lei de Introdução ao Código Civil; — que, para os exercícios anteriores a 2001, o art. 11, § 2°, da Lei n° 9.311/1996, vedava a utilização das informações da CPMF, o que ocorreu no caso sob análise, citando posicionamentos dos TRF das 1"e Regiões; XXVII — que, da mesma forma, não é possível admitir, antes mesmo de iniciado o procedimento fiscal, o acesso às informações de movimentação financeira referentes à CPMF, citando Acórdãos proferidos pela 4° Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes; XXVIII — que não foi elaborado o relatório circunstanciado referido no art. 6° da Lei Complementar n°105/2001 e do Decreto n°3.724/2001, o qual deveria demonstrar a motivação da proposta de expedição da RMF, com precisão e clareza, conforme art. 4°, § 6°, do citado Decreto; XXIX — que a fiscalização, para promover o lançamento, tomou como base indícios de omissão de receitas através da movimentação bancária do impugnante, citando doutrina, jurisprudência e a Súmula 182 do TFR; XXX — que o art. 9° do Decreto-Lei n° 2.471/1988 determinou o cancelamento dos processos relativos à cobrança do imposto de renda idY/ 6 . . Processo n° 19647.005757/2003-73 CCOI/C04 Acórdão n.° 104-22.984 Fls. 7 lançado com base em valores de extratos bancários, citando jurisprudência administrativa; XXXI — que o art. 42 da Lei n° 9.430/1996 não pode alterar o conceito de "renda", constante do art. 43 do CTN, citando jurisprudência administrativa e judicial; XXXII — que é incabível a exigência de juros de mora com base na variação da tara Selic, citando posicionamento do Superior Tribunal de Justiça, devendo eles serem cobrados à taxa de I% ao mês; roall - que o processo seja convertido em diligência, a fim de que seja apurada a idoneidade das notas fiscais apresentadas para efeito de comprovação das receitas auferidas. 4 — Em 3 de fevereiro de 2006, os membros da 1* Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento de Recife proferiram Acórdão que, por unanimidade de votos, rejeitou as preliminares, e considerou procedente o lançamento, nos termos da Ementa a seguir transcrita. Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 1998 Ementa: OMISSÃO DE RENDIMENTOS. LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁMOS. Para os fatos geradores ocorridos a partir de I° de janeiro de 1997, o art. 42 da Lei n°9.430, de 1996, autoriza a presunção legal de omissão de rendimentos com base em depósitos bancários de origem não comprovada pelo sujeito passivo. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. ÓNUS DA PROVA. Se o ônus da prova, por presunção legal, é do contribuinte, cabe a ele a prova da origem dos recursos utilizados para acobertar seus depósitos bancários. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. ALEGAÇÃO DE QUE A ORIGEM ESTÁ VINCULADA A RECEITAS ORIUNDAS DA ATIVIDADE RURAL. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO. A alegação de que a origem dos depósitos bancários está associada a receitas decorrentes da atividade rural somente há de ser aceita se houver comprovação por intermédio de documentos usualmente utilizados nesta atividade, tais como nota fiscal do produtor, nota fiscal de entrada e documentos reconhecidos pela fiscalização estadual, não sendo o livro Caixa documento suficiente para tal finalidade, mormente quando há grande discrepáncia entre o valor das receitas nele escriturado e o valor das receitas informadas no anexo da atividade rural da DIRPF entregue pelo contribuinte. OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS DE PESSOAS JURÍDICAS. MATÉRIA NÃO CONTESTADA. )1 7 . . • Processo n° 19647.005757/2003-73 CCOI/C04 Acórdão n.° 104-22.984 Fls. 8 Reputa-se não impugnada a matéria, quando verificada a ausência de nexo entre a defesa apresentada e o fato gerador do lançamento apontado na peça fiscaL Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 1998 Ementa: SIGILO BANCÁRIO. EXAME DE EXTRATOS. AUTORIZAÇÃO JUDICIAL, DESNECESSIDADE. É lícito ao fisco, mormente após a edição da Lei Complementar n° 105/2001, examinar informações relativas ao contribuinte, constantes de documentos, livros e registros de instituições financeiras e de entidades a elas equiparadas, inclusive os referentes a contas de depósitos e de aplicações financeiras, quando houver procedimento de fiscalização em curso e tais exames forem considerados indispensáveis, independentemente de autorização judiciaL LEGISLAÇÃO QUE AMPLIA OS MEIOS DE FISCALIZAÇÃO. INAPLICABILIDADE DO PRINCIPIO DA ANTERIORIDADE DA LEI. O art. 6° da Lei Complementar n° 105/2001 e o Decreto n° 3.724/2001 disciplinam o procedimento de fiscalização em si, e não os fatos econômicos investigados, de forma que os procedimentos iniciados ou em curso a partir de janeiro 2001 poderão valer-se dessas informações, inclusive para alcançar fatos geradores pretéritos. IRPF. DECADÊNCIA DO DIREITO DE LANÇAR. Sendo a tributação das pessoas fisicas sujeita a ajuste na declaração anual e independente de exame prévio da autoridade administrativa, o lançamento é por homologação, devendo o prazo decadencial, na hipótese de entrega tempestiva da declaração e pagamento do imposto, ser contado a partir da ocorrência do fato gerador, que é complexivo e ocorre em 31 de dezembro. LANÇAMENTO DE OFICIO. INCIDÊNCIA DE JUROS DE MORA COM BASE NA VARIAÇÃO DA TAXA SELIC LEGALIDADE. É cabível, por disposição literal de lei, a incidência de juros de mora com base na variação da taxa Selic, sobre o valor do imposto apurado em procedimento de oficio, que deverão ser exigidos juntamente com o imposto não pago espontaneamente pelo contribuinte. ARGÜIÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA PARA APRECIAR. Não se encontra abrangida pela competência da autoridade tributária administrativa a apreciação da inconstitucionalidade das leis, uma vez que neste juízo os dispositivos legais se presumem revestidos do caráter de validade e eficácia, não cabendo, pois, na hipótese, negar- lhe execução. DECISÕES JUDICIAIS. EFEITOS. .stV9 . . • • Processo n° 19647.00575712003-73 CCOI/C04 Acórdão n.°104-22.984 FLs. 9 A extensão dos efeitos das decisões judiciais, no âmbito da Secretaria da Receita Federal, possui como pressuposto a existência de decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal acerca da inconstitucionalidade da lei que esteja em litígio e, ainda assim, desde que seja editado ato especifico do Sr. Secretário da Receita Federal nesse sentido. Não estando enquadradas nesta hipótese, as sentenças judiciais só produzem efeitos para as partes entre as quais são dadas. DECISÕES ADMINISTRATIVAS. EFEITOS. As decisões administrativas proferidas pelos órgãos colegiados não se constituem em normas gerais, posto que inexiste lei que lhes atribua eficácia normativa, razão pela qual seus julgados não se aproveitam em relação a qualquer outra ocorrência, senão àquela objeto da decisão. Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 1998 Ementa: AU7'0 DE INFRAÇÃO. NULIDADE. Não restando comprovada a ocorrência de preterição do direito de defesa nem de qualquer outra hipótese expressamente prevista na legislação, não há que se falar em nulidade do lançamento. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. Se o autuado revela conhecer as acusações que lhe foram imputadas, rebatendo-as de forma meticulosa, com impugnação que abrange questões preliminares como também razões de mérito, descabe a proposição de cerceamento do direito de defesa. PRINCIPIO DO CONTRADITÓRIO. Antes da lavratura do auto de infração, não há que se falar em violação ao Princípio do Contraditório e da Ampla Defesa, já que a oportunidade de contradizer o fisco é prevista em lei para a fase do contencioso administrativo, que se inicia com a impugnação do lançamento. LANÇAMENTO BASEADO EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS. INFORMAÇÕES OBTIDAS CONFORME O DECRETO N° 3.724/2001. RELATÓRIO CIRCUNSTANCIADO. O fato de não se encontrar entre as peças processuais o relatório circunstanciado que deu base à expedição da Requisição de Informações sobre Movimentação Financeira (RMF) não implica em cerceamento ao direito de defesa do impugnante nem determina a ilegalidade da prova. PEDIDO DE DILIGÊNCIA. INDEFERIMENTO. Estando presentes nos autos todos os elementos de convicção necessários à adequada solução da lide, indefere-se, por prescindível, o pedido de realização de diligência. i; 9 . . • Processo n° 19647.005757/2003-73 CCOI/C04 Acórdão n.° 104-22.984 Fls. 10 Lançamento Procedente 5 - Cientificado em 17/02/2006, o contribuinte, se mostrando irresignado, apresentou, em 16/03/2006, o Recurso Voluntário, de fls. 3379/3411, reiterando as razões da sua impugnação, às quais já foram devidamente explicitadas no item "3", que podem ser sintetizadas da seguinte forma: - Da decadência dos valores referentes aos períodos anteriores a dezembro de 1998; - Da nulidade do lançamento em face do uso exclusivo de informações decorrentes da ilegal quebra do sigilo bancário; - Da irretroatividade das leis complementares No.104 e No.105/2001 e a impossibilidade de aplicação retroativa da Lei No. 10.174/2001, para fins de utilização das informações referentes à CPMF - Da quebra do sigilo bancário de forma inconstitucional, ilegal e abusiva. É o Relatório. 10 . . • Processo n° 19647.005757/2003-73 CCOI/C04 Acórdão n.° 104-22484 Fls. 11 Voto Conselheiro ANTONIO LOPO MARTINEZ, Relator O recurso está dotado dos pressupostos legais de admissibilidade devendo, portanto, ser conhecido. Da Preliminar de Decadência O termo inicial para a contagem do prazo decadencial para os rendimentos omitidos que ocorreram ao longo do ano de 1998, previsto no art. 150, parágrafo 4°, do CTN é de 1° de janeiro de 1999, posto que é o 1° dia após a ocorrência do fato gerador. Desta forma, o lançamento poderia ser realizado até a data de 31/12/2003, para que pudesse alcançar os valores percebidos no ano-calendário de 1998. Como o auto de infração foi encaminhado ao contribuinte teve ciência do auto de infração apenas em 17/12/2003, entendo que nessa data não havia decaído o direito da fazenda constituir o referido crédito tributário. Como é sabido, o lançamento é o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, identificar o seu sujeito passivo, determinar a matéria tributável e calcular ou por outra forma definir o montante do crédito tributário, aplicando, se for o caso, a penalidade cabível. Com o lançamento constitui-se o crédito tributário, de modo que antes do lançamento, tendo ocorrido o fato imponivel, ou seja, aquela circunstância descrita na lei como hipótese em que há incidência de tributo, verifica-se, tão somente, obrigação tributária, que não deixa de caracterizar relação jurídica tributária. É sabido, que são utilizados, na cobrança de impostos e/ou contribuições, tanto o lançamento por declaração quanto o lançamento por homologação. Aplica-se o lançamento por declaração (artigo 147 do Código Tributário Nacional) quando há participação da administração tributária com base em informações prestadas pelo sujeito passivo, ou quando, tendo havido recolhimentos antecipados, é apresentada a declaração respectiva, para o juste final do tributo efetivamente devido, cobrando-se as insuficiências ou apurando-se os excessos, com posterior restituição. Por outro lado, nos precisos termos do artigo 150 do CTN, ocorre o lançamento por homologação quando a legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, a qual, tomando conhecimento da atividade assim exercida, expressamente a homologa. Inexistindo essa homologação expressa, ocorrerá ela no prazo de 05(cinco) anos, a contar do fato gerador do tributo. Com outras palavras, no lançamento por homologação, o contribuinte apura o montante e efetua o recolhimento do tributo de forma definitiva, independentemente de ajustes posteriores. Neste ponto está a distinção fundamental entre uma sistemática e outra, ou seja, para se saber o regime de lançamento de um tributo, basta compulsar a sua legislação e . . • Processo n° 19647.005757/2003-73 CCOI/C04 Acórdão n.° 104-22.984 Fls. 12 verificar quando nasce o dever de cumprimento da obrigação tributária pelo sujeito passivo: se dependente de atividade da administração tributária, com base em informações prestadas pelos sujeitos passivos (lançamento por declaração), hipótese em que, antes de notificado do lançamento, nada deve o sujeito passivo; se, independente do pronunciamento da administração tributária, deve o sujeito passivo ir calculando e pagando o tributo, na forma estipulada pela legislação, sem exame do sujeito ativo - lançamento por homologação, que, a rigor técnico, não é lançamento, porquanto quando se homologa nada se constitui, pelo contrário, declara-se à existência de um crédito que já está extinto pelo pagamento. Em suma, não há como considerar o lançamento do ano de 1998 como decadente. Diante do exposto, rejeito a preliminar de decadência. Da Nulidade Material Formula o contribuinte preliminar de nulidade alegando que a autoridade administrativa tem o dever de analisar os atos administrativos eivados de vício de nulidade. Ocorre que, nos presentes autos, não ocorreu nenhum vicio para que o procedimento seja anulado, como bem discorreu a autoridade recorrida, os vícios capazes de anular o processo são os descritos no artigo 59 do Decreto 70.235/1972 e só serão declarados se importarem em prejuízo para o sujeito passivo, de acordo com o artigo 60 do mesmo diploma legal. Não havendo que se falar em nulidade no presente caso, rejeito a preliminar argüida pelo contribuinte. Do Cerceamento do Direito de Defesa. Suscitou ainda, o autuado, o cerceamento do seu direito de defesa, uma vez que a autoridade fiscal não considerou os seus argumentos, não realizando qualquer justificativa. Tal alegação também não procede. Não ficou caracterizado o cerceamento do direito de defesa. Muito pelo contrário. A defesa foi exercida de forma absolutamente ampla! A maior prova disso é que o contribuinte contestou todos os pontos da autuação, demonstrando, dessa forma, o conhecimento pleno da infração que lhe foi imputada. Da Irretroatividade da LC 105/2001 e da Lei n° 10.174/2001. O contribuinte se mostrou inconformado com a aplicação retroativa da Lei Complementar 105/2001 e da Lei 10.174/2001. Entendeu que ao proceder com base em tais instrumentos legais o Fisco acabou por obter provas de origem ilícita. Não procede tal argumento. O parágrafo 1° do art. 144 do CTN permite a aplicação de legislação posterior à ocorrência do fato gerador, que tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização e ampliado os poderes de investigação das autoridades administrativas. Desta forma é notória a possibilidade de aplicação dos mencionados instrumentos legais de forma retroativa, uma vez que, tão somente, ampliam os poderes de investigação do Fisco. O STJ já manifestou o seu entendimento neste sentido no RESP 529818/PR e no ERESP 7267781PR. y 12 . . • • Processo n°19647.005757/2003-73 CCO I/C04 Acórdão n.° 104-22.984 Fls. 13 Da Impossibilidade de Acesso ao Sigilo Bancário sem Autorização Judicial O sigilo bancário sempre foi um tema cheio de contradições e de várias correntes. Antes da edição da Lei Complementar n° 105, de 2001, os Tribunais Superiores tinham a forte tendência de albergar a tese da inclusão do sigilo bancário na esfera do direito à privacidade, na forma da nossa Constituição Federal, sob o argumento que não é cabível a sua quebra com base em procedimento administrativo, amparado no entendimento de que as previsões nesse sentido, inscritas nos parágrafos 5° e 6° do artigo 38, da Lei n° 4.595, de 1964 e no artigo 8° da Lei n° 8.021, de 1990, perdem eficácia, por interpretação sistemática, diante da vedação do parágrafo único do artigo 197, do CTN, norma hierarquicamente superior. Apesar de existir intermináveis discussões quanto à natureza do sigilo bancário, entendo que tal garantia, insere-se na esfera do direito à privacidade, traduzido no artigo 5°, inciso X, da Constituição Federal. Por outro lado, entendo que o direito à privacidade não é ilimitado, tendo em vista o princípio da convivência de liberdades. Assim, não se pode, sob o manto da privacidade, pretender acobertar indistintamente qualquer irregularidade que seja objeto de apuração pelo fisco, ou seja, os direitos e garantias individuais previstos na Constituição Federal não se prestam a servir de manto protetor a comportamentos abusivos, e nem tampouco devem prevalecer diante de fatos que possam constituir crimes. Sejam eles crimes tributários ou não. Não restam dúvidas, que o direito ao sigilo bancário não pode ser utilizado para acobertar ilegalidades. Por outro lado, preserva-se a intimidade enquanto ela não atingir a esfera de direitos de outrem. Todos têm direito à privacidade, mas ninguém tem o direito de invocá-la para abster-se de cumprir a lei ou para fugir de seu alcance. Tenho para mim, que o sigilo bancário não foi instituído para que se possam praticar crimes impunemente. Desta forma, é indiscutível que o sigilo bancário, no Brasil, para fins tributários, é relativo e não absoluto, já que a quebra de informações pode ocorrer nas hipóteses previstas em lei. Da mesma forma, a quebra do sigilo bancário não afronta aos incisos X e XII do art. 5° da Constituição Federal de 1988. O Supremo Tribunal Federal já decidiu que: "Ementa: Inquérito. Agravo regimental. Sigilo bancário. Quebra. Afronta ao artigo 5°, Xe Xig, da CF: Inexistência. (.). 1 - A quebra do sigilo bancário não afronta o artigo 5°, X e XII, da Constituição Federal (Precedentes: PET. 577). (Ac. Do Plenário do Supremo Tribunal Federal, no AGRINQ-897/DF, reL MM. Francisco Rezek, em 13.11.94)." Ora, é cediço que o sigilo bancário não tem caráter incontestável nem absoluto, pois deve sempre estar submetido, como direito individual que é, aos interesses da sociedade em geral e, por conseguinte, ao interesse maior da preservação dos comandos estabelecidos pela lei. 13 • Processo n° 19647.005757/2003-73 CCO I/C04 Acórdão n.° 104-22.984 Fls. 14 Diz a Lei n°4.595, de 1964: "Art. 38 - As instituições financeiras conservarão sigilo em suas operações ativas e passivas e serviços prestados. § I ° As informações e esclarecimentos ordenados pelo Poder Judiciário, prestado pelo Banco Central da República do Brasil ou pelas instituições financeiras, e a exibição de livros e documentos em juízo, se revestirão sempre do mesmo caráter sigiloso, só podendo a eles ter acesso às partes legítimas na causa, que deles não poderão servir-se para fins estranhos à mesma. § 2 0 O Banco Central da República do Brasil e as instituições financeiras públicas prestarão informações ao Poder Legislativo, podendo, havendo relevantes motivos, solicitar sejam mantidas em reserva ou sigilo. § 3° As Comissões Parlamentares de Inquérito, no exercício da competência constitucional e legal de ampla investigação obterão as informações que necessitarem das instituições financeiras, inclusive através do Banco Central da República do Brasil. § 4 0 Os pedidos de informações a que se referem os §§ 2 0 e 3°, deste •artigo, deverão ser aprovados pelo Plenário da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal e, quando se tratar de Comissão Parlamentar de Inquérito, pela maioria absoluta de seus membros. § 5 0 Os agentes fiscais tributários do Ministério da Fazenda e dos Estados somente poderão proceder a exames de documentos, livros e registros de contas de depósitos, quando houver processo instaurado e os mesmos forem considerados indispensáveis pela autoridade competente. 6°0 disposto no parágrafo anterior se aplica igualmente à prestação de esclarecimentos e informes pelas instituições financeiras às autoridades fiscais, devendo sempre estas e os exames ser conservados em sigilo, não podendo ser utilizados senão reservadamente." Nos termos da lei, acima mencionada, o sigilo bancário será quebrado sempre que houver processo instaurado e a autoridade fiscalizadora considerar necessário, pois é sabido que os estabelecimentos vinculados ao sistema bancário não poderá eximir-se de fornecer à fiscalização, em cada caso especificado pela autoridade competente da Secretaria da Receita Federal, cópias das contas correntes de seus depositantes ou de outras pessoas que tenham relações com tais estabelecimentos, nem de prestar informações ou quaisquer esclarecimentos solicitados, se a autoridade fiscal assim o julgar necessário, tendo em vista a instrução de processo para qual essas informações são requeridas. É evidente, que a possibilidade da quebra do sigilo bancário é de natureza excepcional, e o artigo 38 da Lei n° 4.595, de 1964, arrola as oportunidades em que terceiros tem acesso ao conhecimento de dados e informações de operações realizadas no mercado financeiro pelos seus investidores/clientes. Os parágrafos, do artigo anteriormente citado, estabelecem, de forma clara, quais são as autoridades que tem acesso a estas informações, ou 14 Processo e 19647.005757/2003-73 CCOI /CO4 Acórdão n." 104-22.984 Fls. 15 seja, Poder Judiciário (§ 1 0); Poder Legislativo (§ 2°); Comissões Parlamentares de Inquérito (§ 3°) e os agentes fiscais do Ministério da Fazenda e dos Estados (§§ 5° e 6°). O texto acima estabelece com clareza a obrigatoriedade que os bancos tinham de permitir aos agentes fiscais o exame dos registros de contas de depósitos. Para isto, bastaria demonstrar a existência de processo fiscal e declarar que tal documentação era indispensável à investigação em curso. Desta forma, entendo que fica demonstrado que, já em 1964, os bancos estavam obrigados a fornecer à fiscalização documentação a respeito de transações com seus clientes. Não há como discordar que a expressão "processo instaurado" se refere ao "processo administrativo fiscal", já que em caso contrário não haveria a necessidade de existirem os parágrafos 5° e 6° do referido diploma legal. Assim, fica evidenciado que para a Administração Tributária Federal ter acesso a informações relativo às atividades e operações no mercado financeiro e de capitais realizadas pelos contribuintes pessoas fisicas e/ou jurídicas, estaria condicionada a observância de certos requisitos, quais sejam: ter processo administrativo fiscal instaurado; que as informações a serem solicitadas fossem indispensáveis e que estas informações não poderiam ser reveladas a terceiros. Já, por outro lado, em 1966, a Lei n°. 5.172 (Código Tributário Nacional) promoveu alterações no dispositivo acima transcrito, eliminando a exigência de prévia existência de processo. No art. 197 o Código Tributário Nacional dispõe: "Mediante intimação escrita, são obrigados a prestar à autoridade administrativa todas as informações de que disponham com relação aos bens, negócios ou atividades de terceiros: ii - os bancos, casas bancárias, Caixas Econômicas e demais instituições financeiras." Após a edição do Código Tributário Nacional, o Decreto n°. 1.718, de 1979 reforçou a obrigatoriedade que têm as Instituições Financeiras de prestar informações às autoridades fiscais. No art. 2° daquele ato legal foi estabelecido: "Continuam obrigados a auxiliar a fiscalização dos tributos sob administração do Ministério da Fazenda, ou quando solicitados a prestar informações, os estabelecimentos bancários, inclusive as Caixas Econômicas, os Tabeliães e Oficiais de registro, o Instituto Nacional de Propriedade Industrial, as Juntas Comerciais ou as repartições e autoridades que as substituírem, as Bolsas de Valores e as empresas corretoras, as Caixas de Assistência, as Associações e Organizações Sindicais, as Companhias de Seguros, e demais entidades ou empresas que possam, por qualquer forma, esclarecer situações para a mesma fiscalização." Já no comando da Lei n°. 8.021, de 1990, esta obrigatoriedade é mais abrangente incluindo Bolsa de Valores e Assemelhadas, além das Instituições Financeiras, cuja redação diz o seguinte: 15 . . • Processo n°19647.005757/2003-73 CCOI/C04 Acórdão n.° 104-22.984 Fls. 16 "An. 7°- A autoridade fiscal do Ministério da Economia, Fazenda e Planejamento poderá proceder a exames de documentos, livros e registros das bolsas de valores, de mercadorias, de futuros e assemelhadas, bem como solicitar a prestação de esclarecimentos e informações a respeito de operações por elas praticadas, inclusive em relação a terceiros. Art. 8° - Iniciado o procedimento fiscal, a autoridade fiscal poderá solicitar informações sobre operações realizadas pelo contribuinte em instituições financeiras, inclusive extratos de contas bancárias, não se aplicando, nesta hipótese, o disposto no art. 38 da Lei n°. 4.595, de 31 de dezembro de 1964. Parágrafo único - As informações, que obedecerão às normas regulamentares expedidas pelo Ministério da Economia, Fazenda e Planejamento, deverão ser prestadas no prazo máximo de dez dias úteis contados da data da solicitação, aplicando-se, no caso de descumprimento desse prazo, a penalidade prevista no § 1° do art. 7°." Evidente está, diante das normas legais acima transcritas, que as instituições financeiras não podem invocar o devi. de sigilo bancário quando da efetivação, por parte da Fazenda Pública, de pedido de informações acerca de um terceiro, existindo processo administrativo fiscal que permita tal solicitação. Não há que se falar, portanto, em quebra do sigilo bancário, uma vez que a autoridade fazendária encontra-se legalmente obrigada a manter os dados recebidos sob sigilo, conforme impõe o parágrafo 6° do artigo 38 da Lei n° 4.595, de 1964. Os dispositivos legais acima citados, não foram declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal, dão respaldo ao procedimento da fiscalização. Por esta razão, rejeita-se o argumento de que os documentos foram obtidos de forma ilícita. O sigilo bancário, face à farta legislação existente, não pode ser argüido com a finalidade de negar informações ao fisco. A Lei n°. 8.021, de 1990 revoga, para fins fiscais, a obrigatoriedade das instituições financeiras a conservar sigilo em suas operações ativas e passivas e serviços prestados, estabelecido no art. 38 da Lei n°. 4.595, de 1964. Este último dispositivo legal já estabelecia em seus parágrafos 50 e 6° que: "5° - Os agentes fiscais tributários do Ministério da Fazenda e dos Estados somente poderão proceder a exame de documentos, livros e registros de contas de depósitos, quando houver processo instaurado e os mesmos forem considerados indispensáveis pela autoridade competente. 6° - O disposto no parágrafo anterior se aplica igualmente à prestação de esclarecimentos e informes pelas instituições financeiras às autoridades fiscais, devendo sempre estas e os exames ser conservados em sigilo, não podendo ser utilizados senão reservadamente." Resta claro, portanto, a possibilidade de a administração fazendária solicitar aos estabelecimentos bancários às informações que esses detenham em relação aos contribuintes para os quais exista procedimento fiscal em andamento, sem que seja necessário demonstrar os motivos que conduziram a tal requisição. 16 Processo n° 19647.005757/2003-73 CCOUCO4 Acórdão n.° 104-22.954 Fls. 17 Agora sob o comando da Lei Complementar n o. 105, de 10 de janeiro de 2001, esta condição é indiscutível, cuja redação diz o seguinte: "Art. I ° As instituições financeiras conservarão sigilo em suas operações ativas e passivas e serviços prestados. (•) § 3° Não constitui violação do dever de sigilo: I - a troca de informações entre instituições financeiras, para fins cadastrais, inclusive por intermédio de centrais de risco, observadas as normas baixadas pelo Conselho Monetário Nacional e pelo Banco Central do Brasil; II - o fornecimento de informações constantes de cadastro de emitentes de cheques sem provisão de fundos e de devedores inadimplentes, a entidades de proteção ao crédito, observadas às normas baixadas pelo Conselho Monetário Nacional e pelo Banco Central do Brasil; III - o fornecimento das informações de que trata o § 2° do art. 11 da Lei n° 9.311, de 24 de outubro de 1996; IV - a comunicação, às autoridades competentes, da prática de ilícitos penais ou administrativos, abrangendo o fornecimento de informações sobre operações que envolvam recursos provenientes de qualquer prática criminosa; V - a revelação de informações sigilosas com o consentimento expresso dos interessados; VI - a prestação de informações nos termos e condições estabelecidos nos artigos 2°, 3°, 4°, 5°, 6", 7°e 9° desta Lei Complementar. Art. 6° As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios somente poderão examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive a contas de depósitos e aplicações financeiras, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente. Parágrafo único. O resultado dos exames, as informações e os documentos a que se refere este artigo serão conservados em sigilo, observada a legislação tributária. (.) Art. Revoga-se o art. 38 da Lei n 4.595, de 31 de dezembro de 1964. ". A edição desse dispositivo de lei complementar se fez indispensável, em virtude de divergência interpretativa que havia sido estabelecida acerca do tema, especialmente em face de decisão de uma das Turmas do Superior Tribunal de Justiça, no qual ficou assentado 17 . . Processo n°19647.005757/2003-73 CO31 /C04 Acórdão n.° 104-22.984 Fls. 18 que o termo "processo", empregado no artigo 38 da Lei n°4.595, de 31 de dezembro de 1964, se referia a processo judicial e não processo administrativo, que a expressão autoridade competente se referia à autoridade judiciária, não a autoridade administrativo-fiscal. Cuidou, assim, o preceptivo legal em questão - que revogou expressamente, em seu artigo 13, o artigo 38 da Lei n° 4.595, de 1964 -, de chancelar uma exceção à regra do sigilo bancário já prevista na lei anterior, agora com toda a clareza, sem deixar margem à interpretação equivocada ou distorcida, ao declarar expressamente que o processo mencionado é o administrativo; que a autoridade competente, para fins da lei, é a administrativa. Ora, se antes existiam dúvidas sobre a possibilidade da quebra do sigilo bancário via administrativa (autoridade fiscal), agora estas não mais existem, já que é claro na lei complementar, acima transcrita, a tese de que a Secretaria da Receita Federal tem permissão legal para acessar os dados bancários dos contribuintes, está expressamente autorizado pelo artigo 60 da mencionada lei complementar. O texto autorizou, expressamente, as autoridades e agentes fiscais tributários a obter informações de contas de depósitos e aplicações financeiras, desde que haja processo administrativo instaurado Assim, estaria afastada a pretensa quebra de sigilo bancário de forma ilícita, já que há permissão legal para que o Estado através de seus agentes fazendários, com fins públicos (arrecadação de tributos), visando o bem comum, possa ter acesso aos dados protegidos, originariamente, pelo sigilo bancário. Ficam o Estado e seus agentes responsáveis, por outro lado, pela manutenção do sigilo bancário e pela observância do sigilo fiscal. Nesse sentido, leia-se a opinião de Bernardo Ribeiro de Moraes, contido no Compêndio de Direito Tributário, Ed. Forense, la. Edição, 1984, pág. 746: "O sigilo dessas informações, inclusive o sigilo bancário, não é absoluto. Ninguém pode se eximir de prestar informações, no interesse público, para o esclarecimento dos fatos essenciais e indispensáveis à aplicação da lei tributária. O sigilo, em verdade, não é estabelecido para ocultar fatos, mas sim, para revestir a revelação deles de um caráter de excepcionalidade. Assim, compete à autoridade administrativa, ao fazer a intimação escrita, conforme determina o Código Tributário Nacional, estar diante de processos administrativos já instaurados, onde as respectivas informações sejam indispensáveis." Desta forma, dentro dos limites estabelecidos pelos textos legais que tratam o assunto, os Auditores-Fiscais da Receita Federal poderão proceder a exames de documentos, livros e registros de contas de depósitos, desde que houver processo fiscal administrativo instaurado e os mesmos forem considerados indispensáveis pela autoridade competente. Devendo ser observado que os documentos e informações fornecidos, bem como seus exames, devem ser conservados em sigilo, cabendo a sua utilização apenas de forma reservada, cumprido as normas a prestação de informações e o exame de documentos, livros e registros de contas de depósitos, a que alude a lei, não constitui, portanto, quebra de sigilo bancário. Sempre é bom lembrar que o sigilo fiscal a que se obrigam os agentes fiscais constitui um dos requisitos do exercício da atividade administrativa tributária, cuja inobservância só se consubstancia mediante a verificação material do evento da quebra do sigilo funcional, quando, então, o agente envolvido sofrerá a devida sanção. 18 Processo n° 19647.005757/2003-73 CCOI/C04 Acórdão n.° 104-22.984 Fls. 19 Da mesma forma, discordo daqueles que defendem a ilegalidade da aplicação retroativa da Lei Complementar n° 105, de 2001, sob o argumento que em face ao princípio constitucional que veda a aplicação retroativa da lei, a mesma (LC n° 105, de 2001), não poderia ter sido tomada pelas autoridades fiscais para respaldar a obtenção e o exame da movimentação bancário do ano calendário de 1998. Da Presunção baseada em Depósitos Bancários O lançamento fundamenta-se em depósitos bancários. A presunção legal de omissão de rendimentos com base nos depósitos bancários está condicionada apenas à falta de comprovação da origem dos recursos que transitaram, em nome do sujeito passivo, em instituições financeiras, ou seja, pelo artigo 42 da Lei n° 9.430/1996, tem-se a autorização para considerar ocorrido o "fato gerador" quando o contribuinte não logra comprovar a origem dos créditos efetuados em sua conta bancária, não havendo a necessidade do fisco juntar qualquer outra prova. Via de regra, para alegar a ocorrência de "fato gerador", a autoridade deve estar munida de provas. Mas, nas situações em que a lei presume a ocorrência do "fato gerado?' (as chamadas presunções legais), a produção de tais provas é dispensada. Neste caso, ao Fisco cabe provar tão-somente o fato indiciário (depósitos bancários) e não o fato jurídico tributário (obtenção de rendimentos). No texto abaixo reproduzido, extraído de "Imposto sobre a Renda - Pessoas Jurídicas" (Justec-RJ; 1979:806), José Luiz Bulhões Pedreira sintetiza com muita clareza essa questão: O efeito prático da presunção legal é inverter o ônus da prova: invocando-a, a autoridade lançadora fica dispensada de provar, no caso concreto, que ao negócio jurídico com as características descritas na lei corresponde, efetivamente, o fato econômico que a lei presume - cabendo ao contribuinte, para afastar a presunção (se é relativa) provar que o fato presumido não existe no caso. Assim, o comando estabelecido pelo art. 42 da Lei n° 9430/1996 cuida de presunção relativa (juris tantum) que admite a prova em contrário, cabendo, pois, ao sujeito passivo a sua produção. Nesse passo, como a natureza não-tributável dos depósitos não foi comprovada pelo contribuinte, estes foram presumidos como rendimentos. Assim, deve ser mantido o lançamento. Antes de tudo cumpre salientar que a presunção não foi estabelecida pelo Fisco e sim pelo art. 42 da Lei n° 9.430/1996. Tal dispositivo outorgou ao Fisco o seguinte poder: se provar o fato indiciário (depósitos bancários não comprovados), restará demonstrado o fato jurídico tributário do imposto de renda (obtenção de rendimentos). Assim, não cabe ao julgador discutir se tal presunção é equivocada ou não, pois se encontra totalmente vinculado aos ditames legais (art. 116, inc. III, da Lei n.° 8.112/1990), mormente quando do exercício do controle de legalidade do lançamento tributário (art. 142 do Código Tributário Nacional - CTN). Nesse passo, não é dado apreciar questões que importem a negação de vigência e eficácia do preceito legal que, de modo inequívoco, estabelece a presunção legal de omissão de receita ou de rendimento sobre os valores creditados em conta de depósito mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa fisica y 19 Processo n° 19647.005757/2003-73 CCOI/C04 Acórdão n.° 104-22.984 Fls. 20 ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação Mb] e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações (art. 42, caput, da Lei n.° 9.430/1996). Da Comprovação da Origem dos Depósitos Bancários O Recorrente argumenta que os depósitos bancários seriam originados da atividade rural, entretanto apesar da documentação apresentada, o mesmo não logrou evidenciar de modo claro qual seria a origem dos referidos depósitos. Nesse ponto os argumentos suscitados pela autoridade recorrida não merecem qualquer reparo, razão pela qual os adoto como parte do presente voto: "92. Ora, o contribuinte centra o teor de sua impugnação no fato de que os valores depositados em suas contas bancárias seriam oriundos da atividade agropecuária desenvolvida em fazendas de sua propriedade - essencialmente venda de gado. 93. Entretanto, conforme bem salientou a fiscalização no "Relatório Fiscal" de fls. 3.180/3.199, o caput do art. 42 da Lei n 9.430/1996, já aqui reproduzido, estabelece categoricamente que a não-comprovação, com documentação hábil e idônea, dos valores creditados nas contas bancárias, caracteriza omissão de rendimentos. Tal fato não é uma ilação, mas literalmente o que dispõe o comando legal. 94. Assim, o contribuinte, regularmente intimado, deve necessariamente apresentar comprovação documental visando demonstrar a que se referem os depósitos efetuados em suas contas bancárias (qual a origem): se são rendimentos tributáveis já oferecidos à tributação; se são rendimentos isentos e não-tributáveis; se são recursos de terceiros que apenas transitaram pela sua conta-corrente; etc. 95. Logo, a alegação de que os valores depositados nas contas bancárias seriam decorrentes de atividade agropecuária deve estar amparada em documentação hábil e idônea, que demonstre, pela coincidência de datas e valores, que cada depósito corresponde à venda de gado, constituindo-se em receita da atividade rural já oferecida à tributação na DIRPF/1999. 96. De início, conforme demonstrativo de fls. 3.173, verifica-se que o total dos valores depositados em contas bancárias de titularidade do contribuinte durante o ano-calendário de 1998 somou R$ 1.689.620,54, sendo que a receita bruta total declarada no anexo da atividade rural da DIRPF/1999 foi de R$ 395.218,85 (lis. 21). Há, portanto, uma abissal diferença entre tais valores, o que fragil iza a alegação de que a totalidade dos depósitos estaria associada à atividade agropecuária. 97. Exatamente com o fito de esclarecer referida discrepância, a fiscalização expediu a intimação de fis. 559, tendo sido salientado naquela oportunidade que a comprovação das receitas da atividade rural deveria ser feita com documentos hábeis, conforme previsto no art. 66, § 5°, do RIR/1994 e no art. 61, § 5°, do R1R/1999. O contribuinte, na carta-resposta de j7s. 584, esclareceu que, 20 Processo n° 19647.005757/2003-73 CCOI/C04 Acórdão n.° 104-22.984 Fls. 21 inadvertidamente, somente havia declarado as receitas relativas à propriedade rural onde as receitas superavam as despesas. 98. A fiscalização, contudo, verificou que os valores constantes do anexo da atividade rural da DIRPF não coincidiam com quaisquer dos valores mensais de receita e despesa da atividade rural, contidos nos demonstrativos "Fazenda Santo Antônio", "Fazenda Annette" ou "Engenho Penderaca" (lis. 471/473). 99. O contribuinte, intimado, apresentou o Livro Caixa da atividade rural de fls. 643/751, tendo a fiscalização consolidado as receitas ali escrituradas no demonstrativo de fls. 3.172, no total de R$ 1.667.027,22 - valor próximo ao valor total dos depósitos efetuados nas contas bancárias, mas, repita-se, muito superior ao espontaneamente informado na DIRPF (300% a mais). 100. Entretanto, conforme legislação de regência aqui já citada, as receitas decorrentes da atividade rural, por estar este tipo de atividade sujeita à tributação mais benéfica pela legislação do imposto de renda, não pode estar apenas escriturada em Livro Caixa, mas também deve ser comprovada com documentos hábeis, tais como: nota fiscal do produtor, nota fiscal de entrada, nota promissória rural vinculada à nota fiscal do produtor e demais documentos reconhecidos pelas fiscalizações estaduais. 101. Nesse sentido, conforme foi salientado no 'Relatório Fiscal", as notas fiscais de fls. 278/341, 345/399 e 402/403 não fazem prova da receita da atividade rural, pois, além de não indicarem o CPF/CNPJ ou o endereço do adquirente, não acompanhavam o trânsito da mercadoria, razão pela qual não tinham qualquer efeito fiscal. 102. Além disso, a fiscalização procedeu à intimação de todas as 21 pessoas físicas e jurídicas relacionadas às fls. 589/590, indicadas pelo contribuinte como os clientes que haviam adquirido no ano de 1998 produtos da atividade rural. 103. Os valores constantes das notas fiscais apresentados pela empresa "Piglife Ltda ME" (CIVPJ 01.902.292/0001-10) -fls. 3.040/3.047 -, que coincidiam com as notas fiscais apresentadas pelo contribuinte, por satisfazerem os requisitos da lei, foram consideradas como comprovação da atividade rural (fls. 3.191). 104. Relativamente às demais pessoa físicas e jurídicas intimadas, ou a correspondência foi devolvida pelos Correios, ou não houve atendimento à intimação, ou o intimado alegou não ter efetuado transação comercial com o contribuinte no ano de 1998, conforme resumido às fls. 3.192/3.195. 105. Em atendimento à nova intimação, o contribuinte voltou a afirmar que as receitas auferida da atividade rural eram lançadas no Livro Caixa e posteriormente depositadas em suas contas bancárias, apresentando um demonstrativo que vinculava alguns depósitos com os lançamentos do Livro Caixa (item IU, fis. 2.885, e fls. 2.886). Entretanto, conforme já salientado, valores constantes do Livro Caixa, 21 . • Processo ti0 19647.005757/2003-73 CCOIC04 Acórdão n.° 104-22.984 Fls. 22 por si só, não se prestam a comprovar o recebimento de receitas da atividade rural. 106. Logo, foram consideradas como decorrentes da atividade rural, por satisfazerem os requisitos da legislação, as receitas vinculadas: às notas fiscais de fls. 214/222 (destinatário "Siagra Soco Ind. Agrop. De Gravatá Lida); e às notas fiscais de fis. 858/912 (destinatários "Suínos Ltda" (CNPJ 01.763.656/0001-29), "Carnes e Carnes Lida" (CNPJ 35.389.766/0001-.94), "Piglife Ltda ME" (CNPJ 01.902.292/0001-10), "LA Carneiro ME" (CIVPJ 01.638.313/0001-32), "Borborema Aurora S/A" (CNPJ 41.236.639/0002-39), "AF Lira ME" (CNPJ 70.069.372/0001-50), "Varig Agropecuária S/A" (CNPJ 06.351.209/0001-86) -demonstrativo consolidado às fls. 3.174/3.176. 107. Referidos valores, que totalizam R$ 263.766,54, bem como os rendimentos líquidos recebidos de pessoas fisicas e jurídicas (fls. 3.177/3.178), foram considerados pela fiscalização para fins de comprovação de parte dos valores depositados nas contas bancárias de titularidade do contribuinte, conforme demonstrativo de fls. 3.179, resultando, contudo, depósitos de origem não comprovada em todos os meses do ano de 1998, no valor total de R$ 1.339.541,93. 108. Logo, resta sobejamente demonstrado que, mesmo a legislação indicando que a comprovação quanto à origem dos depósitos, mediante documentação hábil e idónea, deveria ser procedida pelo contribuinte, a fiscalização efetuou diligências visando à apuração da alegação de que os valores depositados eram decorrentes da atividade rural. O fato de algumas pessoas intimadas, constantes da relação de fls. 589/590, não terem atendido à intimação, ou de as correspondências encaminhadas terem sido devolvidas pelos Correios, não implicou em qualquer glosa - até porque a fiscalização estava calcada, desde o seu início, na comprovação da origem dos depósitos bancários e não na comprovação da receita da atividade rural-, muito menos na "punição" do contribuinte pelo fato de as pessoas terem mudado de endereço." Ainda na decisão recorrida assim sumariza o Relator a situação do recorrente no tocante as provas apresentadas: A questão, na essência, pode ser resumida da seguinte forma: a) o contribuinte teve depositado em suas contas bancárias no ano- calendário de 1998 valor superior a R$ 1.600.000,00, vindo a alegar, no curso da ação fiscal, que a origem dos depósitos estava calcada exclusivamente em operações de natureza agropecuária realizada em fazendas de sua propriedade; b) o valor informado espontaneamente no anexo da atividade rural da DIRPF relativa ao ano-calendário de 1998 indicava receita bruta da atividade rural no valor total da ordem de R$ 395.000,00; c) o contribuinte, intimado e reintimado por diversas vezes no curso da ação fiscal, apresentou o Livro Caixa de fls. 643/751, onde constam escrituradas receitas decorrentes da atividade rural em valor superior a R$ 1.600.000,00, o qual, contudo, não serve, por si só, como comprovação; sitt( 22 Processo n° 19647.005757/2003-73 CCOI/C04 Acórdão n.• 104-22.984 Els 23 d) a legislação indica de forma exaustiva quais os documentos que comprovam as receitas decorrentes da atividade rural (art. 61, f 5°, do RIR/1999), documentos estes que deveriam estar de posse do contribuinte; e) a fiscalização, efetuando diligências, apurou que apenas cerca de R$ 263.000,00 foi comprovado como sendo, de fato, receita da atividade rural, e excluiu tal valor, mensalmente, tomando por base as datas constantes das notas fiscais, dos valores depositados nas contas bancárias; inobstante a comprovação quanto à origem dos depósitos bancários deva ser efetuada pelo contribuinte, mediante documentação hábil e idônea, conforme expressa disposição de lei, a fiscalização buscou exaustivamente apurar a alegação de que os depósitos seriam relativos a receitas da atividade rural, mesmo tendo verificado que o total dos depósitos era 300% superior ao valor informado na DIRPF a este Diante do cenário exposto, concordo com o posicionamento da autoridade recorrida no sentido de negar provimento a esta parte do lançamento. Da omissão de rendimentos recebidos da Pessoa Jurídica O recorrente afirma que os rendimentos recebidos da RC Consultoria Marketing e Empreendimentos Turísticos S/A e da R. Dias Alves e Silva são distribuição de lucros recebidos de pessoa jurídica no qual é sócio. Entretanto da apreciação dos documentos constates nos autos, bem como das observações no termo de verificação fiscal de fls. 3268, constata-se que teria ocorrido uma omissão de rendimentos no total de R$ 16.187,20. Do Pedido de Diligência Não há como acolher o pedido de diligência solicitado pelo recorrente, primeiramente por não estarem presente neste os requisitos exigidos pela legislação pertinente. Acrescente-se, por pertinente, que a fiscalização realizou diversas deligências cabíveis visando verificar os argumentos suscitados pelo recorrente. Recorde-se igualmente que no contexto de depósitos bancários caberia ao recorrente apresentar as provas para elidir o lançamento. Da Inaplicabilidade da Selic como Taxa de Juros Por fim, quanto à improcedência da aplicação da taxa Selic, como juros de mora, aplicável o conteúdo da Súmula 1° CC n° 4: "A partir de 1° de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais." Assim, é de se negar provimento também nessa parte Da Inconstitucionalidade das Normas 23 e ... Processo n° 19647.005757/2003-73 CCO I /CO4 Acórdão n.° 104-22.984 Fls. 24 No referente a suposta inconstitucionalidade das Normas aplicadas, acompanho a posição sumulada pelo 1° Conselho de que não compete à autoridade administrativa de qualquer instância o exame da legalidade/constitucionalidade da legislação tributária, tarefa exclusiva do poder judiciário. O Primeiro Conselho de Contribuintes não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula 1° CC n° 2). Ante o exposto, REJEITO as preliminares suscitadas e no mérito, voto para NEGAR provimento ao recurso. Sala das Sessões, em 23 de janeiro de 2008 /1 4tOF i f itk- A ONIO Loto MÇTINEZ 24

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Numero do processo: 10907.000892/2005-10
Turma: Quarta Câmara
Seção: Primeiro Conselho de Contribuintes
Data da sessão: Wed Apr 23 00:00:00 UTC 2008
Data da publicação: Wed Apr 23 00:00:00 UTC 2008
Ementa: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2001 DEPÓSITO BANCÁRIO - DECADÊNCIA - A omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários sem origem comprovada deve ser apurada em base mensal, mas tributada na base de cálculo anual, cujo fato gerador ocorre no encerramento do ano-calendário (art. 150, § 4º, do CTN). NULIDADE - CARÊNCIA DE FUNDAMENTO LEGAL - INEXISTÊNCIA - As hipóteses de nulidade do procedimento são as elencadas no artigo 59 do Decreto 70.235, de 1972, não havendo que se falar em nulidade por outras razões, ainda mais quando o fundamento argüido pelo contribuinte a título de preliminar se confundir com o próprio mérito da questão. QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO VIA ADMINISTRATIVA - ACESSO ÀS INFORMAÇÕES BANCÁRIAS PELA SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL - É lícito ao fisco, mormente após a edição da Lei Complementar nº. 105, de 2001, examinar informações relativas ao contribuinte, constantes de documentos, livros e registros de instituições financeiras e de entidades a elas equiparadas, inclusive os referentes a contas de depósitos e de aplicações financeiras, quando houver procedimento de fiscalização em curso e tais exames forem considerados indispensáveis, independentemente de autorização judicial. APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI Nº 10.174 DE 2001 E LEI COMPLEMENTAR 105 DE 2001 - POSSIBILIDADE - ART - 144, § 1º - Deve-se aplicar, de forma retroativa, ao lançamento, a legislação que tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliando os poderes de investigação das autoridades administrativas. OMISSÃO DE RENDIMENTOS - DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA - ARTIGO 42, DA LEI Nº. 9.430, de 1996 - Caracteriza omissão de rendimentos a existência de valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. IRPF - DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE VALOR INDIVIDUAL IGUAL OU INFERIOR A R$ 12.000,00 ATÉ O LIMITE SOMADO DE R$ 80.000,00 - Conforme preconiza o artigo 42, § 3°, inciso II, da Lei n° 9.430, de 1996, com a redação que lhe foi dada pela Lei n° 9.481, de 13 de agosto de 1997, no caso de pessoa física não são considerados rendimentos omitidos, para os fins da presunção do artigo 42, da Lei n° 9.430, de 1996, os depósitos de valor igual ou inferior a R$ 12.000,00 até o limite somado de R$ 80.000,00, dentro do ano calendário. Preliminares rejeitadas. Recurso parcialmente provido.
Numero da decisão: 104-23.121
Decisão: ACORDAM os Membros da Quarta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, REJEITAR as preliminares argüidas pelo Recorrente e, no mérito, DAR provimento PARCIAL ao recurso para excluir da base de cálculo dos depósitos bancários o valor de R$ 24.500,00, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
Matéria: IRPF- ação fiscal - omis. de rendimentos - PF/PJ e Exterior
Nome do relator: Antonio Lopo Martinez

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I eke.:4 , tlé *. '---.,, MINISTÉRIO DA FAZENDA whtiz.:*.rf: PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES QUARTA CÂMARA Processo n° 10907.00089212005-10 Recurso n° 154.691 Voluntário Matéria IRPF Acórdão n° 104-23.121 Sessão de 23 de abril de 2008 Recorrente EDISON DE OLIVEIRA KERSTEN Recorrida 4a.TURMA/DRJ-CURITIBA/PR AssuNTo: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA - IRPF Exercício: 2001 DEPÓSITO BANCÁRIO - DECADÊNCIA - A omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários sem origem comprovada deve ser apurada em base mensal, mas tributada na base de cálculo anual, cujo fato gerador ocorre no encerramento do ano-calendário (art. 150, § 4°, do CTN). NULIDADE - CARÊNCIA DE FUNDAMENTO LEGAL - INEXISTÊNCIA - As hipóteses de nulidade do procedimento são as elencadas no artigo 59 do Decreto 70.235, de . 1972, não havendo que se falar em nulidade por outras razões, ainda mais quando o fundamento argüido pelo contribuinte a titulo de ,preliminar se confundir com o próprio mérito da questão. QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO VIA ADMINISTRATIVA - ACESSO ÀS INFORMAÇÕES BANCÁRIAS PELA SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL - É lícito ao fisco, mormente após a edição da Lei Complementar n°. 105, de 2001, examinar informações relativas ao contribuinte, constantes de documentos, livros e registros de instituições financeiras e de entidades a elas equiparadas, inclusive os referentes a contas de depósitos e de aplicações financeiras, quando houver procedimento de fiscalização em curso e tais exames forem considerados indispensáveis, independentemente de autorização judicial. APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI N° 10.174 DE 2001 E LEI COMPLEMENTAR 105 DE 2001 - POSSIBILIDADE - ART - 144, § 1° - Deve-se aplicar, de forma retroativa, ao lançamento, a legislação que tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliando os poderes de 93._ investigação das autoridades administrativas. 1 9 Processo n* I 0907.000892/2005-10 CCO I /C04 • Acórdão n.° 104-23.121 Fls. 2 OMISSÃO DE RENDIMENTOS - DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA - ARTIGO 42, DA LEI N°. 9.430, de 1996 - Caracteriza omissão de rendimentos a existência de valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa fisica ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. IRPF - DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE VALOR INDIVIDUAL IGUAL OU INFERIOR A R$ 12.000,00 ATÉ O LIMITE SOMADO DE R$ 80.000,00 - Conforme preconiza o artigo 42, § 3°, inciso II, da Lei n° 9.430, de 1996, com a redação que lhe foi dada pela Lei n° 9.481, de 13 de agosto de 1997, no caso de pessoa fisica não são considerados rendimentos omitidos, para os fins da presunção do artigo 42, da Lei n° 9.430, de 1996, os depósitos de valor igual ou inferior a R$ 12.000,00 até o limite somado de R$ 80.000,00, dentro do ano calendário. Preliminares rejeitadas. Recurso parcialmente provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de recurso interposto por EDISON DE OLIVEIRA KERSTEN. ACORDAM os Membros da Quarta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, REJEITAR as preliminares argüidas pelo Recorrente e, no mérito, DAR provimento PARCIAL ao recurso para excluir da base de cálculo dos depósitos bancários o valor de R$ 24.500,00, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. 9_iie u-an -G /MARIA HELENA COTTA CARI:OS Presidente / No 44-4.t427 NTONI LOPO RTINEZ Relator 2 Processo n° 10907.00089212005-10 CC01/034 Acórdão ri° 104-23.121 Fls. 3 FORMALIZADO EM: 05 juN 20 08 Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros Nelson Mallmann, Heloísa Guarita Souza, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Rayana Alves de Oliveira França, Renato Coelho Borelli (Suplente convocado) e Gustavo Lian Haddad. 3 Processo n° 10907.000892/2005-10 CCOI/C04 Acórdão n.° 104-23.121 • Fls. 4 Relatório Em desfavor do contribuinte, EDISON DE OLIVEIRA KERSTEN, supra qualificado foi lavrado o Auto de Infração de Imposto de Renda de Pessoa Física - IRPF de fls. 488 a 492, do qual fazem parte os demonstrativos de apuração do imposto de renda pessoa fisica de fls. 493, de multa e de juros de mora de fls. 494,0 termo de verificação de infração de fls. 495/500, e demais termos, demonstrativos e documentos nele mencionados, exigindo o recolhimento de crédito tributário no valor de R$ 241.168,92, sendo R$ 98.665,85 de imposto suplementar, R$ 73.999,38 de multa de oficio 75%, prevista no art. 44, I, da Lei n°9.430, de 27 de dezembro de 1996, além de R$ 68.503,69 de juros de mora calculados até 31/03/2005. De acordo com a descrição dos fatos o lançamento decorreu da apuração das seguintes infrações no ano calendário de 2000: - omissão de rendimentos do trabalho sem vínculo empregatício recebidos de pessoas jurídicas, conforme descrito à fls. 489 do auto de infração, tendo como enquadramento legal os arts. 1"a 3°, e §§, da Lei 7.713, de 22 de dezembro de 1988, arts. 1°a 3° da Lei 8.134, de 17 de dezembro de 1990, art. I' da Lei 9.887, de 07 de dezembro de 1999, e art. 45 do Regulamento do Imposto de Renda de 1999 - RIR/99, Decreto n°3.000, de 26 de março de 1999; - dedução indevida de previdência oficial, conforme detalhado à fls. 490 do auto de infração, tendo como enquadramento legal o art. 11, § 3°, do Decreto-lei 5.844, de 23 de setembro de 1.943, art. 8°, inciso II, alínea "d", da Lei 9.250, de 26 de dezembro de 1995, e arts. 73 e 83 do Regulamento do Imposto de Renda de 1999 - RIR199, Decreto n°3.000, de 26 de março de 1999; - dedução indevida de despesas médicas, conforme apontado &fls. 490 do auto de infração, tendo como enquadramento legal o art. 11, § 3°, do Decreto-lei 5.844, de 23 de setembro de 1.943, arts. 8°, inciso II, alínea "a", §§ 2° e 3°, e 35 da Lei 9.250, de 26 de dezembro de 1995, e arts. 73 e 83 do Regulamento do Imposto de Renda de 1999 - RIR/99, Decreto n°3.000, de 26 de março de 1999; - dedução indevida de despesa com instrução, conforme explicado às fls. 490/491 do auto de infração, tendo como enquadramento legal o art. 11, 3°, do Decreto-lei 5.844, de 23 de setembro de 1.943, art. 8°, inciso II, alínea "b", da Lei 9.250, de 26 de dezembro de 1995, e arts. 73 e 81 do Regulamento do Imposto de Renda de 1999 - RIR/99, Decreto n°3.000, de 26 de março de 1999; - omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários com origem não comprovada mediante documentação hábil e idônea, conforme descrição pormenorizada às fls. 491/492 do auto de infração, tendo como enquadramento legal o art. 42 da Lei 9.430, de 27 de dezembro de 1996, art 4° da Lei 9.481, de 13 de agosto de 1997, art. 1° da Lei 9.887, de 07 de dezembro de 1999, e art. 849 do Regulamento 4 Processo n° 10907.000892/2005-10 CCO I /CO4 Acórdão n.° 104-23.121 Fls. 5 do Imposto de Renda de 1999 - RIR199, Decreto n° 3.000, de 26 de março de 1999. Cientificado pessoalmente do lançamento, em 26/04/2005, fls. 488, o contribuinte apresentou, em 25/05/2005, a impugnação de fls. 515 a 536, com os seguintes argumentos extraídos da decisão recorrida: - Preliminarmente, que não foi observado o § 4 0 do artigo 42 da Lei 9.430/96, que prevê a tributação mensal, o que torna nulo o lançamento. - Ainda em preliminar, alega que houve a decadência em relação aos meses de janeiro a março de 2000, pois entende que no caso de presunção legal de omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários sem origem comprovada, o fato gerador ocorre em cada mês do ano-calendário e não ao final dele. Tendo tomado ciência do lançamento em 26/04/2005, estão decaídas as exigências referente aos meses citados. - Argúi a nulidade do lançamento ante a impossibilidade da aplicação retroativa da Lei 10.174/2001, só sendo possível a utilização dos dados da CPMF para constituição de créditos tributários, referentes a períodos anteriores à sua vigência, mediante autorização judicial de quebra de sigilo bancário, que não ocorreu no caso. - Alega que não foi observado o inciso II do parágrafo 3" do artigo 42 da Lei 9.430, de 1996, que estabelece que não serão considerados os créditos inferiores a R$ 12.000,00, desde que o seu somatório não ultrapasse R$ 80.000,00 no ano-calendário. - No mérito, quanto aos depósitos bancários, informa que houve equívoco na apropriação do valor do mês de março de 2000, da conta corrente em conjunto, tendo sido considerado o valor de R$ 4.293,70 quando o valor correto é R$ 1.783,03. Entende que este erro não pode ser sanado pela autoridade julgadora, pugnando pela exclusão total do valor de R$ 19.226,46, referente ao mês 03/2000. - Aduz que desde os trabalhos de fiscalização ficou comprovado que eram creditados em sua conta corrente os recursos auferidos pela sua sogra, conforme declaração de il. 407. Por esta razão, solicita que sejam aceitos como origem os saques efetuados na conta corrente n" 173.686-8, agência 1876-7, do Banco do Brasil, de titularidade da Sra. Elvira Buba Flenik, sua sogra, cujos valores detalha. - Informa que seu pai também efetivou diversos depósitos em sua conta corrente, sob diversos fundamentos, devendo os saques registrados na conta corrente do pai ser considerados como origens. - Requer que sejam também aceitos como origens dos depósitos os valores informados na declaração de ajuste anual do exercício 2001 como rendimentos isentos e não tributáveis (R$ 30.790,63), como rendimentos sujeitos à tributação exclusiva (R$ 1.195,04) e como rendimentos tributáveis (AS 212.959,43). 1ft/ 5• Processo n° 10907.00089212005-10 CCOl/C04 Acórdão n.° 104-23.121 Fls. 6 - Informa que o depósito de R$ 39.000,00, feito no dia 07/01/2000, foi decorrente de venda de moeda estrangeira que possuía e que estava entre os bens declarados na DIRPF/200I , totalizando R$ 125.300,00, do qual foi vendida a quantia depositada. Acrescenta que o depósito de R$ 21.000,00, também em 07/01/2000, decorre de numerário que sacou em 22/12/1999 da conta corrente 31.082-4, agência 259-3, do Banco do Brasil, de sua titularidade, consoante extrato de fls. 285. Anexa cópia do cheque usado no saque. - Alega que o depósito de R$ 15.000,00, no dia 05/09/2000, é resultado da soma de dois cheques: um de R$ 8.000,00, emitido pelo Sr. Pedro Luis Garcia, seu sócio, e o outro de R$ 7.000,00, da Sra. Marley Santin Garcia, esposa do sócio, e que corresponderiam a empréstimo. Anexa declaração do sócio. - Requer a exclusão do valor de R$ 360,00, depositado no dia 27/09/2000, oriundo de recebimento de serviços prestados à Unimed, conforme cópia do cheque de fls. 338/339. - Diz que não pode permanecer no lançamento o valor de R$ 5.900,00, depositado no dia 29/09/2000, porque os cheques de fls. 341/342 demonstram que os valores saíram de contas de sua titularidade. - Informa que o depósito de R$ 5.000,00, no dia 22/12/2000, está comprovado pelo cheque de fls. 403/404, e é proveniente da empresa Gastroclínica de Paranaguá S/C Ltda. Acrescenta que está diligenciando no sentido de obter documentos que demonstrem a origem dos demais créditos objetos do lançamento. - Quanto às glosas de despesas médicas, aduz que os recibos de fls. 255 comprovam os gastos de R$ 3.000,00 com a profissional Lílian de Oliveira, que firmou declaração nesse sentido (fls. 485). - Com relação à profissional Elaine Livramento Batista, que declara a prestaÇãO de serviços &fls. 484, explica que só localizou o recibo de R$ 800,00, defls. 255, - Em relação à contribuição à previdência oficial, argúi que equivocadamente lançou o valor de R$ 1.227,12 no campo errado, tratando-se de gasto com plano de saúde, que solicita seja considerado de acordo com as normas pertinentes. - Requer seja declarado nulo o lançamento, pelas preliminares argüidas, e, caso ultrapassadas, no mérito, sejam consideradas justificadas as origens dos recursos depositados em sua conta corrente e restabelecidas as deduções de despesas médicas e de contribuição previdenciária. Em 05 de julho de 2005, os membros da 4' Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento de Curitiba - PR proferiram Acórdão DRJ/CTA N°. 8.749 que, por unanimidade de votos, julgou procedente em parte o lançamento nos termos da ementa a seguir: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2001 6 Processo n° 10907.000892/2005-10 CCO 1/C04 Acórdão n.° 104-23.121 Fls. 7 Ementa: MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. Considera-se não impugnada a matéria sobre a qual o contribuinte não se manifesta. DECADÊNCIA. INOCORRÊNCIA. No lançamento de oficio o prazo de decadência é contado a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em o lançamento poderia ter sido frito (art. 173, I, CTN). DADOS BANCÁRIOS. SIGILO. AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. A legislação vigente pertnite a requisição de dados bancários, diretamente pela autoridade administrativa, não havendo necessidade de autorização judicial, aplicando-se mesmo a períodos anteriores à vigência da Lei 10.174, de 2001, por ser norma que apenas amplia os poderes da fiscalização. OMISSÃO DE RENDIMENTO LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS - ARTIGO 42 DA LEI N°9.430 de 1996. A presunção legal de omissão de receitas, prevista no art. 42, da Lei n° 9.430, de 1996, autoriza o lançamento com base em depósitos bancários de origem não comprovada pelo sujeito passivo. DESPESAS MÉDICAS. COMPROVAÇÃO. ÔNUS. É ônus do contribuinte comprovar por meios hábeis e idôneos o efetivo pagamento e a prestação dos serviços. Lançamento Procedente em Parte. Em razão das posições expendidas, o lançamento deve ser modificado para os seguintes valores: Base de Calculo Declarada R$ 175.280,65 Dedução da Base de Cálculo R$ (1.227,12) Infrações R$ 360.380,19 (-)Depósitos Considerados a Maior (item 46) R$ (2.510,67) (-)Depósito Justificado (item 53) R$ (5.900,00) Base de Cálculo Corrigida R$ 526.023,05 Imposto Devido R$ 140.336,34 (-)Imposto Pago R$ (43.882,17) (-)IRRF s/Dif R$ (101,25) Imposto a Pagar R$ 96.352,92 (-)Imposto Suplementar Não Impugnado R$ (4.200,15) Imposto Suplementar Impugnado R$ 92.152,77 Multa de Oficio Impugnada R$ 69.114,58 A autoridade recorrida rejeitou as preliminares argüidas, considerou não impugnadas as exigências referentes à omissão de rendimentos, à glosa de despesas com instrução e em relação a parte da glosa de despesas médicas, resultando o imposto suplementar de R$ 4.200,15, a multa de oficio de 75% de R$ 3.150,11, e parcialmente procedente a parte 7 Processo n° 10907,000892/2005-10 CCOI CO4 Acórdão n.° 104-23.121 Fls. 8 impugnada do lançamento, mantendo a exigência de R$ 92.152,77 de imposto suplementar, R$ 69.114,58 de multa de oficio de 75%, além dos acréscimos legais correspondentes. Cientificado em 25/07/2007, irresignado o recorrente interpõe Recurso Voluntário de fls. 573 a 598, onde reitera os argumentos apresentados na impugnação dentre os quais se destacam: - Preliminarmente, indica a inobservância da norma prevista no artigo 42, § 4".da Lei N. 9430/96, que resulta na nulidade do lançamento, pois a tributação é mensal. - Afirma que estão decadentes os lançamentos referentes aos meses 01/2000, 02/2000 e 03/2000; • Questiona a irretroatividade da Lei n o. 10.174/2001; - Que teria ocorrido a desconsideração do artigo 43 § 3, inciso II da Lei tf. 9430/96, de onde se conclui que não serão considerados rendimentos omitidos os depósitos bancários sem origem comprovada de valor individual igual ou inferior a R$ 12.000 desde que o somatório desses créditos no ano não ultrapasse R$ 80.000,00. - No mérito repete exatamente as razões de defesa que teria apresentado na impugnação a autoridade recorrida. - Inova ao apresentar comprovantes novos para o depósito de R$ 39.000,00 em Janeiro de 2000, indica que teria origem em cheque administrativo que foi emitido no dia 20/12/1999 em sua conta bancária. É o Relatório. 8 Processo n° 10907.000892/2005-10 CCO 11C04 Acórdão n.° 104-23.121 Fls. 9 Voto Conselheiro ANTONIO LOPO MARTINEZ, Relator O recurso está dotado dos pressupostos legais de admissibilidade devendo, portanto, ser conhecido. Da Preliminar de Decadência O termo inicial para a contagem do prazo decadencial para os rendimentos omitidos que ocorreram ao longo do ano de 2000, previsto no art. 150, parágrafo 4°, do CTN é de 10 de janeiro de 2001, posto que é o 1° dia após a ocorrência do fato gerador. Desta forma, o lançamento poderia ser realizado até a data de 31/12/2005, para que pudesse alcançar os valores percebidos no ano-calendário de 1998. Como o auto de infração foi encaminhado ao contribuinte teve ciência do auto de infração apenas em 26/04/2005, fls. 488 entendo que nessa data não havia decaído o direito da fazenda constituir o referido crédito tributário. Como é sabido, o lançamento é o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, identificar o seu sujeito passivo, determinar a matéria tributável e calcular ou por outra forma definir o montante do crédito tributário, aplicando, se for o caso, a penalidade cabível. Com o lançamento constitui-se o crédito tributário, de modo que antes do lançamento, tendo ocorrido o fato imponível, ou seja, aquela circunstância descrita na lei como hipótese em que há incidência de tributo, verifica-se, tão somente, obrigação tributária, que não deixa de caracterizar relação jurídica tributária. É sabido, que são utilizados, na cobrança de impostos e/ou contribuições, tanto o lançamento por declaração quanto o lançamento por homologação. Aplica-se o lançamento por declaração (artigo 147 do Código Tributário Nacional) quando há participação da administração tributária com base em informações prestadas pelo sujeito passivo, ou quando, tendo havido recolhimentos antecipados, é apresentada a declaração respectiva, para o juste final do tributo efetivamente devido, cobrando-se as insuficiências ou apurando-se os excessos, com posterior restituição. Por outro lado, nos precisos termos do artigo 150 do CTN, ocorre o lançamento por homologação quando a legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, a qual, tomando conhecimento da atividade assim exercida, expressamente a homologa. Inexistindo essa homologação expressa, ocorrerá ela no prazo de 05(cinco) anos, a contar do fato gerador do tributo. Com outras palavras, no lançamento por homologação, o contribuinte apura o montante e efetua o recolhimento do tributo de forma definitiva, independentemente de ajustes posteriores. 9 Processo n° 10907.000892/2005-10 CC01/034 Acórdão n.° 104-23.121 Fls. 10 Neste ponto está a distinção fundamental entre uma sistemática e outra, ou seja, para se saber o regime de lançamento de um tributo, basta compulsar a sua legislação e verificar quando nasce o dever de cumprimento da obrigação tributária pelo sujeito passivo: se dependente de atividade da administração tributária, com base em informações prestadas pelos sujeitos passivos (lançamento por declaração), hipótese em que, antes de notificado do lançamento, nada deve o sujeito passivo; se, independente do pronunciamento da administração tributária, deve o sujeito passivo ir calculando e pagando o tributo, na forma estipulada pela legislação, sem exame do sujeito ativo - lançamento por homologação, que, a rigor técnico, não é lançamento, porquanto quando se homologa nada se constitui, pelo contrário, declara-se à existência de um crédito que já está extinto pelo pagamento. Em suma, não há como considerar o lançamento do ano de 2000 como decadente. Diante do exposto, rejeito a preliminar de decadência. Da Nulidade do Lançamento por ser baseada em tributação equivocada. A omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários sem origem comprovada deve ser apurada em base mensal, mas tributada na base de cálculo anual, cujo fato gerador ocorre no encerramento do ano-calendário (art. 150, § 4 0, do CTN). Portanto não se aplica a nulidade pleiteada pela recorrente. Acrescente-se, por pertinente, que as hipóteses de nulidade do procedimento são as elencadas no artigo 59 do Decreto 70.235, de 1972, não havendo que se falar em nulidade por outras razões, ainda mais quando o fundamento argüido pelo contribuinte a título de preliminar se confundir com o fato de que os depósitos bancários devem ser apurados individualizadamente, mês a mês, consolidando-se na base de calculo anual. Da Irretroatividade da LC 105/2001 e da Lei n° 10.174/2001. O contribuinte se mostrou inconformado com a aplicação retroativa da Lei Complementar 105/2001 e da Lei 10.174/2001. Entendeu que ao proceder com base em tais instrumentos legais o Fisco acabou por obter provas de origem ilícita. Não procede tal argumento. O parágrafo 1° do art. 144, do CTN permite a aplicação de legislação posterior à ocorrência do fato gerador, que tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização e ampliado os poderes de investigação das autoridades administrativas. Desta forma é notória a possibilidade de aplicação dos mencionados instrumentos legais de forma retroativa, uma vez que, tão somente, ampliam os poderes de investigação do Fisco. O STJ já manifestou o seu entendimento neste sentido no RESP 529818/PR e no ERESP 726778/PR. Da Presunção baseada em Depósitos Bancários (Art. 42, da Lei 9.430/96). O lançamento fundamenta-se em depósitos bancários. A presunção legal de omissão de rendimentos com base nos depósitos bancários está condicionada apenas à falta de comprovação da origem dos recursos que transitaram, em nome do sujeito passivo, em instituições financeiras, ou seja, pelo artigo 42, da Lei n° 9.430/1996, tem-se a autorização para fferntconsiderar ocorrido o "fato gerador" quando o contribuinte não logra comprovar a oriidos 10 Processo n° 10907,000892/2005-10 CCOI/C04 Acórdão n.°104-23.121 Fls. II créditos efetuados em sua conta bancária, não havendo a necessidade do fisco juntar qualquer outra prova. Via de regra, para alegar a ocorrência de "fato gerador", a autoridade deve estar munida de provas. Mas, nas situações em que a lei presume a ocorrência do "fato gerador" (as chamadas presunções legais), a produção de tais provas é dispensada. Neste caso, ao Fisco cabe provar tão-somente o fato indiciário (depósitos bancários) e não o fato jurídico tributário (obtenção de rendimentos). No texto abaixo reproduzido, extraído de "Imposto sobre a Renda - Pessoas Jurídicas" (Justec-RJ; 1979:806), José Luiz Bulhões Pedreira sintetiza com muita clareza essa questão: O efeito prático da presunção legal é inverter o ônus da prova: invocando-a, a autoridade lançadora fica dispensada de provar, no caso concreto, que ao negócio jurídico com as características descritas na lei corresponde, efetivamente, o fato econômico que a lei presume - cabendo ao contribuinte, para afastar a presunção (se é relativa) provar que o fato presumido não existe no caso. Assim, o comando estabelecido pelo art. 42, da Lei n° 9430/1996 cuida de presunção relativa (juris tantum) que admite a prova em contrário, cabendo, pois, ao sujeito passivo a sua produção. Nesse passo, como a natureza não-tributável dos depósitos não foi comprovada pelo contribuinte, estes foram presumidos como rendimentos. Assim, deve ser mantido o lançamento. Antes de tudo cumpre salientar que a presunção não foi estabelecida pelo Fisco e sim pelo art. 42, da Lei n° 9.430/1996. Tal dispositivo outorgou ao Fisco o seguinte poder: se provar o fato indiciário (depósitos bancários não comprovados), restará demonstrado o fato jurídico tributário do imposto de renda (obtenção de rendimentos). Assim, não cabe ao julgador discutir se tal presunção é equivocada ou não, pois se encontra totalmente vinculado aos ditames legais (art. 116, inc. III, da Lei n° 8.112/1990), mormente quando do exercício do controle de legalidade do lançamento tributário (art. 142 do Código Tributário Nacional - CTN). Nesse passo, não é dado apreciar questões que importem a negação de vigência e eficácia do preceito legal que, de modo inequívoco, estabelece a presunção legal de omissão de receita ou de rendimento sobre os valores creditados em conta de depósito mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa fisica ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações (art. 42, caput, da Lei n°9.430/1996). Resta também verificar se o procedimento fiscal atendeu as exigências da legislação fiscal. Para uma correta elucidação acerca deste ponto cabe transcrever os excertos legais pertinentes: An. 42. Caracterizam-se também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. II Processo n° 10907.000892/2005-10 CCOI/C04 • Acórdão n.° 104-23.121 Fls. 12 sç 1° O valor das receitas ou dos rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. § 2° Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeter-se-ão às normas de tributação específicas, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. § 3° Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados: 1- os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física ou jurídica; II - no caso de pessoa física, sem prejuízo do disposto no inciso anterior, os de valor individual igual ou inferior a R$ 12.000,00 (doze mil reais), desde que o seu somatório, dentro do ano-calendário, não ultrapasse o valor de R$ 80.000,00 (oitenta mil reais). (Alterado pela Lei n°9.481, de 13.8.97) (grifos postos) Depreende-se do excerto transcrito que não se pode considerar, para efeitos de determinação da receita omitida, os depósitos individuais inferiores a quantia de R$ 12.000,00, desde que o somatório destes não ultrapassem o valor de RS 80.000,00. Apreciando o caso concreto verifica-se que a grande maioria dos depósitos foram objeto do lançamento são inferiores a R$ 12.000,00, na realidade apenas três depósitos tem um valor superior a R$ 12.000,00, fazendo com que os depósitos de valor inferior a R$ 12.000,00 superem com muita folga o limite de R$ 80.000,00 estabelecido pela legislação. Dos depósitos bancários de origem não comprovada. O recorrente reitera em seu recurso os mesmos argumentos apresentados para os depósitos bancário não comprovado, aqueles que não foram aceitos pela autoridade recorrida. Para uma análise mais completa cabe reproduzir o relato da autoridade julgadora sobre os mesmos: 47 - O impugnante faz as seguintes alegações: 19 que eram creditados em sua conta corrente os recursos auferidos pela sua sogra, conforme declaração de fls. 407. Por esta razão, solicita que sejam aceitos como origem os saques efetuados na conta corrente n° 173.686-8, agência 1876-7, do Banco do Brasil, de titularidade da Sra. Elvira Buba Flenik, sua sogra, cujos valores detalha; 29 que seu pai também efetivou diversos depósitos em sua conta corrente, sob diversos fundamentos, devendo os saques registrados na conta corrente do pai ser considerados como origens. Entretanto, tais alegações não se fazem acompanhar de documentos que, de forma inequívoca associe os depósitos nas contas do impugnante com tais saques do pai e da sogra. 48 - Quanto a aceitar como origens dos depósitos os valores informados na declaração de ajuste anual do exercício 2001 de rendimentos isentos e não tributáveis (R$ 30.790,63), de rendimentos 12 Processo n° 10907.000892/2005-10 CCOI/C04 Acórdão n.° 104-23.121 Fls. 13• sujeitos à tributação exclusiva (R$ 1.195,04) e de rendimentos tributáveis (R$ 212.959,43), mostra-se inviável. Os rendimentos tributáveis declarados, por exemplo, são provenientes de empresas para as quais o impugnante presta serviços (fls. 04). Os depósitos cujos valores e datas eram coincidentes já foram considerados no lançamento. Veja-se aqueles cuja fonte pagadora é a Unimed (fls. 277), e que constavam na relação de fls. 235/244, referente ao Termo de Intimação defls. 234, e que não constam do demonstrativo definitivo de fls. 501/509. Também foram considerados os depósitos identificados, relativos a rendimentos tributáveis declarados, provenientes de fontes identificadas como Fundação Assefaz, Cassi, Folha de Pagto Gov PR (fls. 235/237). Não se prestam à comprovação, pois, alegações genéricas, principalmente quando demonstrado que os valores coincidentes já foram retirados da relação de depósitos não justificados que faz parte do auto de infração. A seguir em sua análise, a autoridade recorrida continua a apreciar os argumentos apontados pelo recorrente, apreciando os depósitos bancários impugnados individualizadamente. 50 - Em referência à alegação de que o depósito de R$ 21.000,00, também feito em 07/01/2000, decorre de numerário que sacou em 22/12/1999 da conta corrente 31.082-4, agência 259-3, do Banco do Brasil, de sua titularidade, consoante extrato de fls. 285 e cópia do cheque usado no saque 01s. 545), não pode ser acatada. Não há qualquer prova de que se tratam dos mesmos recursos. Ademais, a que título alguém retira essa quantia, no fim de ano, para tornar a depositá-la duas semanas depois? Além disso, não foi declarada a posse desse numerário na D1RPF/2001. 51 - No que tange à argüição de que o depósito de R$ 15.000,00, no dia 05/09/2000, é resultado da soma de dois cheques: um de R$ 8.000,00, emitido pelo Sr. Pedro Luis Garcia, seu sócio, e o outro de R$ 7.000,00, da Sra. Marley Santin Garcia, esposa do sócio, e que corresponderiam a empréstimo (fls. 344), não há como aceitá-lo. A declaração de fls. 544 é mero documento particular, de confecção recente. Por outro lado, não é crivei que pessoas façam empréstimos desse montante sem que seja, à época da sua realização, feito nenhum contrato ou equivalente, especificando prazos de devolução, garantias, etc. A corroborar a não aceitação dessa justificação, verifica-se que também não foi apresentada comprovação da devolução de tais valores, no mesmo ano-calendário ou em posteriores, e também não constou da relação de ônus e dívidas da DIRPF/2001 do impugnante. 52 - Quanto à exclusão do valor de R$ 360,00, depositado no dia 27/09/2000, oriundo de recebimento de serviços prestados à Unimed, conforme cópia do cheque de fls. 338/339, verifica-se que já foi considerado para justificar o depósito de mesmo valor feito no dia 28/09/2000 (fls. 241). Como se percebe a autoridade recorrida não apenas vai classificando os itens que não aceita, como apresenta justificativas justas e equilibradas para cada um dos depósitos individualmente, que considera não justificados. )1/ 13 Processo n° 10907.000892/2005-10 CCO I/C04 Acórdão n.° 104-23.121 As. 14 Há, entretanto, um posicionamento adotado pela autoridade recorrida que não há como se concordar. Segundo a autoridade recorrida. 54 - Quanto ao depósito de R$ 5.000,00, no dia 22/12/2000, que refere- se ao cheque de fls. 403/404, e é proveniente da empresa Gastroclinica de Paranaguá S/C Ltda, porquanto esteja estabelecido de onde proveio o recurso, n'do foi esclarecido a que título deu-se tal transferência. Cumpre esclarecer que quando a lei determina a justificação dos depósitos, não está somente referindo-se à mera identificação do nome ou denominação do depositante, mas, mais do que isso, o que interessa é saber se tais recursos já sofreram a tributação prevista na la Assim, é preciso identificar a que título a empresa transferiu recursos para a pessoa física do impugnante, se já houve o pagamento do tributo devido, o que não logrou fazer o contribuinte. Assim, não pode ser considerado justificado o depósito. Nesse ponto entendo que uma vez comprovado a origem do recurso para o depósito está descaracterizada a presunção legal que permitia presumir a existência de omissão de rendimentos baseado em depósitos bancários. Caberia a autoridade fiscal caso tivesse verificado esse fato, realizar o devido procedimento fiscal no sentido de apontar a suposta infração de omissão de rendimentos. Diante do exposto, entendo que deve ser afastado da base de cálculo da infração o valor de R$ 5.000,00, realizado na conta do recorrente. Adicionalmente o recorrente, apresenta mediante documentação de fls. 566/569, depois complementada com os documentos de fls. 603/606, evidências comprovam que efetivamente o depósito bancário de R$ 39.000,00 07/01/2000, teria como origem os recursos sacados da conta em 20/12/1999. Tendo em vista que esse último depósito foi realizado na conta conjunta, e foi lançada apenas por 50 % do seu valor como omissão de rendimentos baseado em depósitos bancários, é de se excluir da base de cálculo de depósitos bancários o montante de R$ 19.500,00(50% de R$ 39.000,00). Para os demais depósitos o recorrente não apresentou qualquer evidência de sua origem. Deste modo, em suma entendo que deve ser excluído da base de cálculo o montante de R$ 24.500,00. Das despesas médicas No que toca às despesas médicas replica novamente os argumentos apresentados no recurso, em que aduz que os recibos de fls. 255 comprovam os gastos de R$ 3.000,00 e R$ 800,00 com as profissionais Lílian de Oliveira e Elaine Livramento Batista, respectivamente, as quais firmaram declaração confirmando a prestação de serviços (fls. 484/485). Essas declarações desacompanhadas de quaisquer outros documentos que pudessem lhes substanciar, como fichas médicas, diagnósticos, descrição dos procedimentos, não comprovam a realização das despesas médicas. \‘, 14 Processo e 10007.000892/2005-10 CC01/04 Acórdào n.° 104-23.121• Fls. 15 Ante ao exposto, voto por REJEITAR as preliminares, no mérito, DAR provimento PARCIAL ao recurso para excluir da base de cálculo dos depósitos bancários o valor de R$ 24.500,00. É o meu voto. Sala das Sessões - DF, em 23 de abril de 2008 fP ;tvi iffánit 'TON O LiCDP fevIARTINEZ 15 Page 1 _0016700.PDF Page 1 _0016800.PDF Page 1 _0016900.PDF Page 1 _0017000.PDF Page 1 _0017100.PDF Page 1 _0017200.PDF Page 1 _0017300.PDF Page 1 _0017400.PDF Page 1 _0017500.PDF Page 1 _0017600.PDF Page 1 _0017700.PDF Page 1 _0017800.PDF Page 1 _0017900.PDF Page 1 _0018000.PDF Page 1

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