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Numero do processo: 10675.002739/2005-90
Turma: Quarta Câmara
Seção: Primeiro Conselho de Contribuintes
Data da sessão: Wed Jan 23 00:00:00 UTC 2008
Data da publicação: Wed Jan 23 00:00:00 UTC 2008
Ementa: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2001, 2002, 2003 DEPÓSITO BANCÁRIO - DECADÊNCIA - A omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários sem origem comprovada deve ser apurada em base mensal, mas tributada na base de cálculo anual, cujo fato gerador ocorre no encerramento do ano-calendário (art. 150, § 4º, do CTN). NULIDADE - CARÊNCIA DE FUNDAMENTO LEGAL - INEXISTÊNCIA - As hipóteses de nulidade do procedimento são as elencadas no artigo 59 do Decreto 70.235, de 1972, não havendo que se falar em nulidade por outras razões. QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO VIA ADMINISTRATIVA - ACESSO ÀS INFORMAÇÕES BANCÁRIAS PELA SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL - É lícito ao fisco, mormente após a edição da Lei Complementar nº. 105, de 2001, examinar informações relativas ao contribuinte, constantes de documentos, livros e registros de instituições financeiras e de entidades a elas equiparadas, inclusive os referentes a contas de depósitos e de aplicações financeiras, quando houver procedimento de fiscalização em curso e tais exames forem considerados indispensáveis, independentemente de autorização judicial. APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI Nº 10.174 DE 2001 E LEI COMPLEMENTAR 105 DE 2001 - POSSIBILIDADE - ART - 144, § 1º - Pode ser aplicada de forma retroativa, ao lançamento, a legislação que tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliando os poderes de investigação das autoridades administrativas. OMISSÃO DE RENDIMENTOS - DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA - ARTIGO 42, DA LEI Nº. 9.430, de 1996 - Caracteriza omissão de rendimentos a existência de valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. JUROS - TAXA SELIC - A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais (Súmula 1º CC nº 4) ARGÜIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE - O Primeiro Conselho de Contribuintes não é competente para se pronunciar sobre inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula 1º CC nº 2). MULTA QUALIFICADA - DEPÓSITOS BANCÁRIOS - A simples apuração de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo (Súmula 1º CC nº 14) Preliminares rejeitadas. Recurso parcialmente provido.
Numero da decisão: 104-22.970
Decisão: ACORDAM os Membros da Quarta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, REJEITAR as preliminares argüidas pelo Recorrente e, no mérito, DAR provimento PARCIAL ao recurso para desqualificar a multa de oficio, reduzindo-a ao percentual de 75%, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
Matéria: IRPF- ação fiscal - Dep.Bancario de origem não justificada
Nome do relator: Antonio Lopo Martinez

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I - -4` MINISTÉRIO DA FAZENDA PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES - QUARTA CÂMARA Processo n° 10675.002739/2005-90 Recurso n° 158.185 Voluntário Matéria IRPF Acórdão n° 104-22.970 Sessão de 23 de janeiro de 2008 Recorrente ROMEU MIGUEL Recorrida 4'. TURMA/DRJ-JUIZ DE FORA/MG Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2001, 2002, 2003 DEPÓSITO BANCÁRIO - DECADÊNCIA - A omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários sem origem comprovada deve ser apurada em base mensal, mas tributada na base de cálculo anual, cujo fato gerador ocorre no encerramento do ano-calendário (art. 150, § 40, do CTN). NULIDADE - CARÊNCIA DE FUNDAMENTO LEGAL - INEXISTÊNCIA - As hipóteses de nulidade do procedimento são as elencadas no artigo 59 do Decreto 70.235, de 1972, não havendo que se falar em nulidade por outras razões. QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO VIA ADMINISTRATIVA - ACESSO ÀS INFORMAÇÕES BANCÁRIAS PELA SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL - É lícito ao fisco, mormente após a edição da Lei Complementar n°. 105, de 2001, examinar informações relativas ao contribuinte, constantes de documentos, livros e registros de instituições financeiras e de entidades a elas equiparadas, inclusive os referentes a contas de depósitos e de aplicações financeiras, quando houver procedimento de fiscalização em curso e tais exames forem considerados indispensáveis, independentemente de autorização judicial. APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI N° 10.174 DE 2001 E LEI COMPLEMENTAR 105 DE 2001 - POSSIBILIDADE - ART - 144, § 1° - Pode ser aplicada de forma retroativa, ao lançamento, a legislação que tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliando os poderes de investigação das autoridades administrativas. OMISSÃO DE RENDIMENTOS - DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA - ARTIGO 42, DA LEI N°. 9.430, de 1996 - Caracteriza omissão de rendimentos a existência 9 .- Processo n° 10675.002739/2005-90 CCOI/C04 Acórdão n.° 104-22.970 Fls. 2 de valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa fisica ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. JUROS - TAXA SELIC - A partir de 1° de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais (Súmula 1° CC n° 4) ARGÜIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE - O Primeiro Conselho de Contribuintes não é competente para se pronunciar sobre inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula 1° CC n° 2). MULTA QUALIFICADA - DEPÓSITOS BANCÁRIOS - A simples apuração de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de oficio, sendo necessária a comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo (Súmula 1° CC n° 14) Preliminares rejeitadas. Recurso parcialmente provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de recurso interposto por ROMEU MIGUEL. ACORDAM os Membros da Quarta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, REJEITAR as preliminares argüidas pelo Recorrente e, no mérito, DAR provimento PARCIAL ao recurso para desqualificar a multa de oficio, reduzindo-a ao percentual de 75%, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. RIA- HELENA COTTA CARDOZOr iANs P idente AtYm v ti ill'AkelL) TONI L PO RTINEZ Relator 2 Processo n° 10675.002739/2005-90 CCO I IC04 Acórdão 104-22.970 RI. 3 FORMALIZADO EM: og MA I ?o 0 e Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros Nelson Mallmann, Heloísa Guarita Souza, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Gustavo Lian Haddad, Renato Coelho Borelli (Suplente convocado) e Remis Almeida Estol. 41V 3 - . Processo n. 10675.002739/2005-90 CCOI/C04 " . Acórdão n.° 104-22.970 Fls. 4 Relatório 1 - Em desfavor do contribuinte ROMEU MIGUEL, já qualificada nos autos, foi lavrado o auto de infração de fls. 04/08, com ciência da interessada no dia 14/12/2005, relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física, exercícios 2.001, 2.002 e 2003 (anos-calendário 2.000, 2001 e 2.002, respectivamente), por intermédio do qual lhe é exigido crédito tributário no montante de R$ 3.571.741,33, sendo R$ 1.120.199,48 exigido a título de imposto, R$ 1.673.559,84 cobrado à guisa de multa proporcional passível de redução, aplicada nos percentuais de 75% (setenta e cinco por cento) e 150% (cento e cinqüenta por cento), além de R$ 777.982,01, lançados sob a rubrica de juros de mora, calculados até 30/11/2005. 2 - Na descrição dos fatos às fls. 05/08, verifica-se que o citado lançamento decorre da revisão efetuada nas Declarações de Ajuste do contribuinte, referentes aos EF2001/AC2000, EF2002/AC2001, EF2003/AC2002, quando foram detectadas as seguintes infrações: a) omissão de rendimentos provenientes da atividade rural, no ano-calendário de 2002, na importância de R$ 31.271,26; b) falta de recolhimento, no ano-calendário de 2001, do imposto na quantia de R$ 386,24, incidente sobre ganhos líquidos no mercado de renda variável advindos da consecução de operações em bolsa de valores; e c) omissão de receitas caracterizadas por depósitos bancários de origem não comprovada nos montantes de R$ 2.192.109,95, R$ 1.032.348,88 e R$ 824.090,04, respectivamente, para os anos-calendários de 2000, 2001 e 2002. Tudo conforme consta da "Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal" de fls. 05/08 — parte integrante da Peça Fiscal contestada — e como devidamente minudenciado nas planilhas de fls. 14/34 e 35/40 e no "Relatório Fiscal" de fls. 41/42. .3 - Irresignado com a consubstanciação do lançamento, o autuado apresentou a impugnação tempestiva de fls. 1266/1293, onde suscitou, em síntese, o seguinte extraído da decisão da autoridade recorrida: 1. Preliminares 1.1. Decadência • transcrevendo o § 4°, art. 42, da Lei 9.430/96, o qual determina a tributação de depósitos tomados como de origem incomprovada no mês em que efetuado o crédito bancário pela instituição financeira, conclui que o legislador elegeu, para a espécie, o fato gerador mensal, fator este que julga determinante na fixação do prazo decadencial; • considera, pois, definitivamente extintos, por força do instituto da decadência, aqueles fatos geradores ocorridos anteriormente a 14/12/2000, em consonância com o § 4°, art. 150, do Código Tributário Nacional/C77V, que versa sobre o lançamento por homologação - como acredita tratar-se o caso em tela - tendo em vista que só foi cientificado da exigência litigado em 14/12/2005, ou seja, mais de cinco anos após a ocorrência desses; • tomando como ratificado o Comando Legal retro citado, em face das determinações contidas no art. 899 do Decreto 3.000, de W 4 Processo rr 10675.002739/2005-90 CCO I /CO4 Acórdão n.° 104-22.970 EU 5 26 de março de 1999 - Regulamento do Imposto de Renda vigente — RIR/99, julga suplantada em definitivo a norma geral a qual alude o artigo 173 do já mencionado CTN, que fixa o prazo decadencial de cinco anos a contar do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, ou da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente realizado; • passa, então, a reproduzir trechos e ementas de acórdãos exarados pelo Colendo Primeiro Conselho de Contribuintes acerca do tema sob exame. 1.2. Da inconstitucionalidade da Lei Complementar n.°105/2001 • prossegue, suscitando a hipótese de inconstitucionalidade da lei em epígrafe, com fundamento nos incs. X e XII, art. 5°, da Constituição Federal, que considera afrontados quando da quebra de seu sigilo bancário sem autorização judicial; • com o intuito de corroborar seu entendimento passa a citar julgados diversos sobre o assunto, emanados do Poder Judiciário. 1.3. Da ilegalidade do procedimento fiscal • argumenta, ainda, acreditar ser inconstitucional, ilegal e arbitrária a fiscalização contra ele instaurada, no que concerne ao ano-calendário de 2000, considerando que o dispositivo legal autorizador da utilização pela Fazenda Pública de dados referentes à CPMF, com o ,fito da constituição de créditos tributários, só foi editado no ano de 2001; • toma, pois, como feridos os princípios constitucionais da legalidade, da irretroatividade das leis e do direito adquirido, em face da legislação vigente à época, e, por via de conseqüência, julga nulo o lançamento efetuado; • acresce, também, que somente com a nova redação dada pela Lei 10.174/2001 ao § 3°, art. 11, da Lei 9.311/96, deixou de viger a proibição à Receita Federal de utilizar informações atinentes à arrecadação da CPMF para lançar outros tributos, não podendo, portanto, tal dispositivo ser avocado para procedimento fiscal instaurado relativamente ao ano-calendário de 2000; • não aceita, ainda, o argumento de que a Lei 9.311/96 apenas ampliou os poderes da fiscalização, nos termos do § 1°, art. 144, do já aludido CTN, sob o fundamento de que a redação original do § 3°, art. 11, do primeiro Diploma Legal mencionado, à época de sua vigência, nunca foi declarado inconstitucional, ilegal ou qualquer coisa do gênero. Ou seja, vigeu e conseqüentemente produziu seus efeitos, quais sejam, proteger o direito do s Processo n° 10675.002739P2005-90 CCO I/C04 Acórdão o.° 104-22.970 Fls. 6 contribuinte em não ter sua vida devassada com base nos dados da CPMF; • cita, a seguir, trecho doutrinário acerca do princípio constitucional do direito adquirido; • adiante, retoma o tema da utilização retroativa da nova redação do § 3°, art. 11, da Lei 9.311/96, tentando diferenciar a análise de sua inconstitucionalidade do exame da possibilidade do uso de tal norma como elemento de autorização para investigação de fatos anteriores à sua vigência; • na primeira hipótese, defende o confronto da norma em tese com o dispositivo constitucional que garante seu sigilo bancário, na segunda, sustenta o cotejo da aplicação, ou não, do Comando Legal supra, em face do princípio da irretroatividade contido em nossa Carta Magna; • destarte, considera inegável o conflito entre o § I°, art. 144, do CT1V — que amplia os poderes de investigação do Fisco — com a garantia da irretroatividade das leis em geral, considerando que, no caso em tela, se houve a ampliação dos poderes da Fiscalização, não ocorreu a revogação de outra lei que expressamente agasalhava determinada proteção ao contribuinte; • conclui, pois, que como a Lei 9.311/96 vedava expressamente o uso das informações relativas à CPMF para o lançamento de outros tributos, a utilização das disposições contidas na Lei 10.174/2001, para o ano-calendário de 2000, atinge situação consolidada à luz da lei anterior, abalando seriamente a segurança jurídica. 1.4. Do lançamento com base em depósitos bancários • com fulcro na súmula 182 do extinto Tribunal Federal de Recursos e em julgados do Colendo Conselho de Contribuintes, conclui o interessado ser pacífico o entendimento de que são nulos lançamentos tributários procedidos unicamente com base em depósitos bancários, sem a comprovação de acréscimo patrimonial ou de renda consumida pelo fiscalizado, ou seja, sem a efetiva demonstração da ocorrência de sinais exteriores de riqueza; • avoca, então, o princípio da reserva legal, contido nos arts. 3°, 97 e 142, do já mencionado CTN, para considerar descabido todo e qualquer lançamento com base em presunção não expressamente autorizada por lei; • prossegue, amparando-se no art. 43 do mesmo Diploma Legal, sob o argumento de que créditos bancários não constituem, isoladamente, fato gerador do imposto de renda, haja vista não representarem aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica de renda, exceto se ficar demonstrado o nexo causal entre cada depósito e aquilo que represente omissão de ir 6 Processo n° 10675.002739/2005.90 CCOI/C04 Acórdão n.° 104-22.970 J1. rendimentos, mesmo porque, sob seu ponto de vista, constituem meros indícios; • em assim sendo, considera ser ônus do Fisco a comprovação de aquisição de renda não declarada pelo contribuinte; • finaliza o presente item, acrescendo que, no seu entender, dados obtidos em função da arrecadação da CPMF não seriam hábeis e suficientes para ensejar a autuação em lide; • posteriormente retoma o tema ora relatado, com a transcrição de ementas de acórdãos do Primeiro Conselho de Contribuintes, além daqueles já citados, e com o argumento de que depósito bancário é estoque e não fluxo, e não sendo fluxo não tipifica renda, pois, juridicamente, só o fluxo tem a conotação de acréscimo patrimonial; • dessa forma, conclui que o cruzamento de suas declarações de rendas com informações relativas a sua movimentação bancária pode, quando muito, servir de base para a instauração de investigação, não cabendo sua utilização como prova da ocorrência da supressão de tributo; • afirma, ainda, ter informado e provado ao Fisco, em resposta à intimação recebida, a origem dos valores transitados em suas contas bancárias, o que foi simplesmente ignorado, fato que, a seu ver, caracteriza a "amputação" do seu direito de ampla defesa. 1.5. Mérito • passa o requerente, nesse ponto de sua peça contestatória, a trazer argumentos atinentes aos valores levantados pelo autuante; • de inicio, alega que os valores transitados em suas contas bancárias, como já informado ao Fisco anteriormente, são oriundos de venda de ações — que considera não tributáveis - transferências intercontas, transferências da conta de sua esposa e empréstimos contraídos junto a pessoas físicas; • argumenta também que grande parte dessa movimentação financeira teria origem nos anos de 1998 e 1999, em decorrência da transferência da gestão da Associação de Ensino do Triângulo, da qual detinha uma participação de R$ 2.533.020,00; • continua, informando que tais rendimentos seriam isentos do tributo em tela, tendo apenas, por lapso, deixado de constar das competentes declarações de rendas, as quais, acusa, ora estariam sendo retificadas; • em assim sendo, protesta pela inclusão dessas no presente processo, como elementos de prova e demonstração de sua boa fé; % 7 Processo n° 10675.002739/2005-90 CC01/C04 Acórdão n.° 104-22.970 Fls. 8 • a seguir, apóia-se nos arts. 75 e § 2°, 76, do mencionado RIR199, para afirmar que as pessoas físicas não estão obrigadas à escrituração contábil, mas, tão-somente, à elaboração, em dadas situações, do Livro-Caixa, como quando da percepção de rendimentos do trabalho não assalariado, ou, como na espécie, em face do exercício da atividade ruraL Alega, ainda, que tais dispositivos demandam que os contribuintes comprovem a origem de suas receitas, não se vendo, pois, obrigado ao registro de entradas e saídas bancárias que não tenham implicado em aquisição de renda; • volta a transcrever ementas de acórdãos do Primeiro Conselho de Contribuintes conexas ao assunto; • apresenta, ainda, o peticionário outras razões de defesa, as quais abaixo são mantidas: "I - No caso da tributação dos valores a título de ganhos líquidos no mercado de renda variável, quem chegou a tal "conclusão" foi o agente, pois não há no processo qualquer documento que afirme tal condição. O que existe é um histórico "VDA AÇÕES-AG". Diga mais, uma vês (sic) tal conclusão é do fisco, pois sequer a instituição financeira foi intimada a fornecer os dados da operação. Quem afirma deve provar, o que não aconteceu no caso em tela. 2 - Também no caso da tributação dos valores a título de omissão de rendimentos provenientes da atividade rural, o fisco simplesmente aceitou a informação na resposta do fiscalizado, efetuando o somatório dos valores indicados como sendo da atividade rural e comparou com os valores declarados da atividade. Encontrando difèrença, tributou. Pergunta-se, porquê o fisco não fez questão dos documentos hábeis e idóneos para confirmar que as receitas da atividade rural, informadas pelo fiscalizado em suas respostas são mesmo dessa atividade.(sic) Nesse caso o fiscalizado mereceu credibilidade. 3 - Por outro lado, na tributação dos valores tidos como omissão de receita, o fiscal desconsiderou informações prestadas pelo autuado de que certos valores eram originários de empréstimos contraídos, devolução de capital, transferências das contas da esposa, transferências inter-contas, etc." Conclui, então, que essas informações, por não baseadas em provas plausíveis e imprescindíveis para a caracterização desses fatos, não podem prosperar; • lista, a seguir, uma série de valores que considera como justificados ao Fisco na fase investigatária do presente procedimento e que, no seu entendimento, devem ser excluídos da matéria tributável; • passa, então, a citar o que considera incongruências da autoridade lançadora, no que tange à aceitação de um simples histórico de seus extratos bancários — VENDA DE AÇÕES - para promover a tributação como renda variável, enquanto que, no 8 Processo n° 10675.002739/2005-90 CCO I/C04 Acórdão n.° 101-22.970 Fls. 9 caso dos mútuos, tais históricos não foram tomados como suficientes para a comprovação das operações realizadas no BC1V, conta 490737, e no HSBC, conta 8794; • quanto aos empréstimos por ele obtidos junto a pessoas Picas, esclarece que foram conseguidos em confiança, sem a emissão de quaisquer documentos, mas com o intuito de corroborar a veracidade de suas afirmações reporta-se a Nota Promissória no valor de R$ 142.000,00 (cento e quarenta e dois mil reais) emitida em favor de Rosangela de Oliveira Lima; • acresce, também, que envidou todos os seus esforços no sentido de obter junto à rede bancária documentos que esclarecessem a origem de seus créditos, não tendo logrado êxito, mas que, em sendo interesse da RF, teriam eles sido obtidos com • uso de suas prerrogativas, para então se buscar a verdade dos fatos; • por fim, no que tange a suposta venda de ações, afirma que mesmo sendo ela confirmada documentalmente, estaria isenta do IR, consoante informação contida no demonstrativo de renda variável "3. Operações isentas, assim entendidas aquelas cujos ganhos líquidos auferidos em operações no mercado à vista de ações nas bolsas de valores e em ... cujo valor das alienações realizadas em cada mês seja igual ou inferior a R$ 4.143,50". 3. Da multa lançada • argumenta sobre o tema que, restando comprovada a origem de todos os seus recursos, não haverá que se falar em multa por não haver principal sobre o qual venha ela a ser aplicada; • afirma, no entanto, que na hipótese de subsistir parte do lançamento litigado não cabe o agravamento levado a termo pelo autuante, admissivel que é, apenas, nos casos de evidente intuito defraude; • volta a utilizar o Primeiro Conselho de Contribuintes, como ponto de apoio às suas teses. 4. Da utilização da SELIC como taxa de juros moratórios • por fim, com base em julgados do Judiciário, questiona a aplicação da taxa SEL1C como encargo no Auto de Infração litigado, assim como defende a cobrança de juros no percentual máximo de 12% (doze por cento) ao ano, acrescido da correção monetária. 4 — Em 29 de setembro de 2006, os membros da 4' Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento de Juiz de Fora/MG proferiram Acórdão que, por unanimidade de votos, rejeitou as preliminares, e considerou procedente em parte o lançamento, nos termos da Ementa a seguir transcrita. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário 9 Processo n° 10675.00273912005-90 CCOIA:04 Acórdão n.° 10422.970 Eis. 10 Exercício: 2001 DECADÊNCIA. Ainda que a exação fiscal questionada seja tomada como sujeita ao lançamento por homologação, no qual mais rapidamente se extingue o direito da Fazenda Pública de constituir o crédito Tributário, há que se tomar como termo inicial para contagem do interstício decadencial, nos casos de fatos geradores complexivos, a data da ocorrência destes, que, em se tratando do IRPF, seria, dentro de tal hipótese, o dia 31/12 do Ano-calendário ao qual se refere a declaração de rendas auditada. Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2001, 2002, 2003 - TRIBUTAÇÃO DEFINITIVA. GANHOS LÍQUIDOS NO MERCADO DE RENDA VARIÁVEL. Incabível a manutenção do lançamento fundamentado, apenas, em históricos contidos em extratos bancários do contribuinte. - REQUISIÇÃO E UTILIZAÇÃO DE DADOS BANCÁRIOS. A requisição às instituições financeiras de dados relativos a terceiros, com fulcro na Lei Complementar n.° 105/2001, constitui simples transferência à SRF e não quebra de sigilo bancário dos contribuintes, não havendo, pois, que se falar na necessidade de autorização judicial para o acesso, pela autoridade fiscal, a tais informações. - NORMA TRIBUTÁRIA. RETROATIVIDADE. Aplica-se ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência do fato gerador da obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliando os poderes de investigação das autoridades administrativas. - OMISSSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. A partir de 01/01/1997, com a edição da Lei n.° 9.430/96, passaram a ser caracterizados como omissão de rendimentos, sujeitos a lançamento de oficio, os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais a pessoa fisica ou jurídica, regularmente intimada, não comprove a origem dos recursos utilizados nessas operações. Assunto: Normas de Administração Tributária Exercício: 2001, 2002, 2003 ENCARGOS LEGAIS. - LANÇAMENTO DE OFICIO. OCORRÊNCIA DE EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE. INCIDÊNCIA DE MULTA DE OFICIO QUALIFICADA. É cabível, por disposição literal de lei, a incidência da multa de oficio qualificada no percentual de 150% sobre o valor do imposto apurado em procedimento de oficio, que deverá ser exigida k 10 Processo e 10675.00273912005-90 CCOI/C04; Acórdão n.° 104-22.970 Fls. II juntamente com o imposto não pago espontaneamente pelo contribuinte, quando restar demonstrada a ocorrência de evidente intuito defraude. - JUROS DE MORA. A cobrança de débitos para com a Fazenda Nacional, acrescidos de juros morató rios calculados com base na taxa SELIC, ampara-se na legislação ordinária, cabendo à autoridade administrativa, cuja atividade é plenamente vinculada, simplesmente, exigi-los, nos exatos termos da legislação em vigor. 5 - Cientificado em 26/10/2004, o contribuinte, se mostrando irresignado, apresentou, em 23/11/2006, o Recurso Voluntário, de fls. 1518/1549, reiterando as razões da sua impugnação, às quais já foram devidamente explicitadas no item "3" do presente relatório. É o Relatório. ‘3/41 I I Processo n° 10675.002739/2005-90 CCO I /CO4 Acórdão n.° 104-22.970 Fls. 12 Voto Conselheiro ANTONIO LOPO MARTINEZ, Relator O recurso está dotado dos pressupostos legais de admissibilidade devendo, portanto, ser conhecido. Da Preliminar de Decadência O termo inicial para a contagem do prazo decadencial para os rendimentos omitidos que ocorreram ao longo do ano de 2000, previsto no art. 150, parágrafo 4°, do CTN é de 1° de janeiro de 2001, posto que é o 1° dia após a ocorrência do fato gerador. Desta forma, o lançamento poderia ser realizado até a data de 31/12/2005, para que pudesse alcançar os valores percebidos no ano-calendário de 2000. Como o auto de infração foi encaminhado ao contribuinte teve ciência do auto de infração apenas em 14/12/2005, entendo que nessa data não havia decaído o direito da fazenda constituir o referido crédito tributário. Como é sabido, o lançamento é o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, identificar o seu sujeito passivo, determinar a matéria tributável e calcular ou por outra forma definir o montante do crédito tributário, aplicando, se for o caso, a penalidade cabível. Com o lançamento constitui-se o crédito tributário, de modo que antes do lançamento, tendo ocorrido o fato imponível, ou seja, aquela circunstância descrita na lei como hipótese em que há incidência de tributo, verifica-se, tão somente, obrigação tributária, que não deixa de caracterizar relação jurídica tributária. É sabido, que são utilizados, na cobrança de impostos e/ou contribuições, tanto o lançamento por declaração quanto o lançamento por homologação. Aplica-se o lançamento por declaração (artigo 147 do Código Tributário Nacional) quando há participação da administração tributária com base em informações prestadas pelo sujeito passivo, ou quando, tendo havido recolhimentos antecipados, é apresentada a declaração respectiva, para o juste final do tributo efetivamente devido, cobrando-se as insuficiências ou apurando-se os excessos, com posterior restituição. Por outro lado, nos precisos termos do artigo 150 do CTN, ocorre o lançamento por homologação quando a legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, a qual, tomando conhecimento da atividade assim exercida, expressamente a homologa. Inexistindo essa homologação expressa, ocorrerá ela no prazo de 05(cinco) anos, a contar do fato gerador do tributo. Com outras palavras, no lançamento por homologação, o contribuinte apura o montante e efetua o recolhimento do tributo de forma definitiva, independentemente de ajustes posteriores. Neste ponto está a distinção fundamental entre uma sistemática e outra, ou seja, para se saber o regime de lançamento de um tributo, basta compulsar a sua legislação e k12 % Processo n°10675.00273912005-90 CC0I/C04 • °Acórdão n. 104-22.970. Fls. 13 verificar quando nasce o dever de cumprimento da obrigação tributária pelo sujeito passivo: se dependente de atividade da administração tributária, com base em informações prestadas pelos sujeitos passivos (lançamento por declaração), hipótese em que, antes de notificado do lançamento, nada deve o sujeito passivo; se, independente do pronunciamento da administração tributária, deve o sujeito passivo ir calculando e pagando o tributo, na forma estipulada pela legislação, sem exame do sujeito ativo - lançamento por homologação, que, a rigor técnico, não é lançamento, porquanto quando se homologa nada se constitui, pelo contrário, declara-se à existência de um crédito que já está extinto pelo pagamento. Importante frisar que independente do recorrente ter apresentado ou não declaração de ajuste anual, no meu entendimento esse fato não altera a conclusão, uma vez que se homologaria o procedimento. No caso o procedimento de nada fazer, não declarar e não pagar. Em suma, não há como considerar o lançamento do ano de 1998 como decadente. Diante do exposto, rejeito a preliminar de decadência. Da Irretroatividade da LC 105/2001 e da Lei n°10.174/2001. O contribuinte se mostrou inconformado com a aplicação retroativa da Lei Complementar 105/2001 e da Lei 10.174/2001. Entendeu que ao proceder com base em tais instrumentos legais o Fisco acabou por obter provas de origem ilícita. Não procede tal argumento. O parágrafo 1° do art. 144 do CTN permite a aplicação de legislação posterior à ocorrência do fato gerador, que tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização e ampliado os poderes de investigação das autoridades administrativas. Desta forma é notória a possibilidade de aplicação dos mencionados instrumentos legais de forma retroativa, uma vez que, tão somente, ampliam os poderes de investigação do Fisco. O STJ já manifestou o seu entendimento neste sentido no RESP 529818/PR e no ERESP 726778/PR. Da Impossibilidade de Acesso ao Sigilo Bancário sem Autorização Judicial O sigilo bancário sempre foi um tema cheio de contradições e de várias correntes. Antes da edição da Lei Complementar n° 105, de 2001, os Tribunais Superiores tinham a forte tendência de albergar a tese da inclusão do sigilo bancário na esfera do direito à privacidade, na forma da nossa Constituição Federal, sob o argumento que não é cabível a sua quebra com base em procedimento administrativo, amparado no entendimento de que as previsões nesse sentido, inscritas nos parágrafos 5° e 6° do artigo 38, da Lei n° 4.595, de 1964 e no artigo 8° da Lei n° 8.021, de 1990, perdem eficácia, por interpretação sistemática, diante da vedação do parágrafo único do artigo 197, do CTN, norma hierarquicamente superior. Apesar de existir intermináveis discussões quanto à natureza do sigilo bancário, entendo que tal garantia, insere-se na esfera do direito à privacidade, traduzido no artigo 50, inciso X, da Constituição Federal. Por outro lado, entendo que o direito à privacidade não é ilimitado, tendo em rçvista o princípio da convivência de liberdades. Assim, não se pode, sob o m to da 13 Processo rie 10675.002739/2005-90 CC01/C04 • Acórdão n.° 104-22.970 Eis. 14 privacidade, pretender acobertar indistintamente qualquer irregularidade que seja objeto de apuração pelo fisco, ou seja, os direitos e garantias individuais previstos na Constituição Federal não se prestam a servir de manto protetor a comportamentos abusivos, e nem tampouco devem prevalecer diante de fatos que possam constituir crimes. Sejam eles crimes tributários ou não. Não restam dúvidas, que o direito ao sigilo bancário não pode ser utilizado para acobertar ilegalidades. Por outro lado, preserva-se a intimidade enquanto ela não atingir a esfera de direitos de outrem. Todos têm direito à privacidade, mas ninguém tem o direito de invocá-la para abster-se de cumprir a lei ou para fugir de seu alcance. Tenho para mim, que o sigilo bancário não foi instituído para que se possam praticar crimes impunemente. Desta forma, é indiscutível que o sigilo bancário, no Brasil, para fins tributários, é relativo e não absoluto, já que a quebra de informações pode ocorrer nas hipóteses previstas em lei. Da mesma forma, a quebra do sigilo bancário não afronta aos incisos X e XII do art. 5° da Constituição Federal de 1988. O Supremo Tribunal Federal já decidiu que: "Ementa: Inquérito. Agravo regimental. Sigilo bancário. Quebra. Afronta ao artigo 5°, Xe XII, da CF: Inexistência. (.). I - A quebra do sigilo bancário não afronta o artigo 5°, X e XII, da Constituição Federal (Precedentes: PET. 577). (.. (Ac. Do Plenário do Supremo Tribunal Federal, no AGRMQ-897/DF, reL MM. Francisco Rezek, j. em 23.11.94)." Ora, é cediço que o sigilo bancário não tem caráter incontestável nem absoluto, pois deve sempre estar submetido, como direito individual que é, aos interesses da sociedade em geral e, por conseguinte, ao interesse maior da preservação dos comandos estabelecidos pela lei. Diz a Lei n°4.595, de 1964: "Art. 38 - As instituições financeiras conservarão sigilo em suas operações ativas e passivas e serviços prestados. § 1 ° As informações e esclarecimentos ordenados pelo Poder Judiciário, prestado pelo Banco Central da República do Brasil ou pelas instituições financeiras, e a exibição de livros e documentos em juízo, se revestirão sempre do mesmo caráter sigiloso, só podendo a eles ter acesso às partes legítimas na causa, que deles não poderão servir-se para fins estranhos à mesma. § 2 0 O Banco Central da República do Brasil e as instituições financeiras públicas prestarão informações ao Poder Legislativo, podendo, havendo relevantes motivos, solicitar sejam mantidas em reserva ou sigilo. § 3° As Comissões Parlamentares de Inquérito, no exercício da competência constitucional e legal de ampla investigação obterão as 14 Processo n° 10675.002739/2005-90 CC01/C04 • Acórdão n.° 104-22.970 • Fls. 15 informações que necessitarem das instituições financeiras, inclusive através do Banco Central da República do BrasiL § 4° Os pedidos de informações a que se referem os §§ 1 0 e 3°, deste artigo, deverão ser aprovados pelo Plenário da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal e, quando se tratar de Comissão Parlamentar de Inquérito, pela maioria absoluta de seus membros. § 5° Os agentes fiscais tributários do Ministério da Fazenda e dos Estados somente poderão proceder a exames de documentos, livros e registros de contas de depósitos, quando houver processo instaurado e os mesmos forem considerados indispensáveis pela autoridade competente. § 6 0 0 disposto no parágrafo anterior se aplica igualmente à prestação de esclarecimentos e informes pelas instituições financeiras às autoridades fiscais, devendo sempre estas e os exames ser conservados em sigilo, não podendo ser utilizados senão reservadamente." Nos termos da lei, acima mencionada, o sigilo bancário será quebrado sempre que houver processo instaurado e a autoridade fiscalizadora considerar necessário, pois é sabido que os estabelecimentos vinculados ao sistema bancário não poderá eximir-se de fornecer à fiscalização, em cada caso especificado pela autoridade competente da Secretaria da Receita Federal, cópias das contas correntes de seus depositantes ou de outras pessoas que tenham relações com tais estabelecimentos, nem de prestar informações ou quaisquer esclarecimentos solicitados, se a autoridade fiscal assim o julgar necessário, tendo em vista a instrução de processo para qual essas informações são requeridas. É evidente, que a possibilidade da quebra do sigilo bancário é de natureza excepcional, e o artigo 38 da Lei n° 4.595, de 1964, arrola as oportunidades em que terceiros tem acesso ao conhecimento de dados e informações de operações realizadas no mercado financeiro pelos seus investidores/clientes. Os parágrafos, do artigo anteriormente citado, estabelecem, de forma clara, quais são as autoridades que tem acesso a estas informações, ou seja, Poder Judiciário (§ 1 0); Poder Legislativo (§ 2°); Comissões Parlamentares de Inquérito (§ 3°) e os agentes fiscais do Ministério da Fazenda e dos Estados (§§ 5° e 6°). O texto acima estabelece com clareza a obrigatoriedade que os bancos tinham de permitir aos agentes fiscais o exame dos registros de contas de depósitos. Para isto, bastaria demonstrar a existência de processo fiscal e declarar que tal documentação era indispensável à investigação em curso. Desta forma, entendo que fica demonstrado que, já em 1964, os bancos estavam obrigados a fornecer à fiscalização documentação a respeito de transações com seus clientes. Não há como discordar que a expressão "processo instaurado" se refere ao "processo administrativo fiscal", já que em caso contrário não haveria a necessidade de existirem os parágrafos 5° e 6° do referido diploma legal. Assim, fica evidenciado que para a Administração Tributária Federal ter acesso a informações relativo às atividades e operações no mercado financeiro e de capitais realizadas pelos contribuintes pessoas fisicas e/ou jurídicas, estaria condicionada a observância de certos requisitos, quais sejam: ter processo administrativo fiscal instaurado; que as informações a 15 Processo n° 10675.002739/2005-90 CCO 1/C04 Acórdão n.° 104-22.970 • Fls. 16 serem solicitadas fossem indispensáveis e que estas informações não poderiam ser reveladas a terceiros. Já, por outro lado, em 1966, a Lei n°. 5.172 (Código Tributário Nacional) promoveu alterações no dispositivo acima transcrito, eliminando a exigência de prévia existência de processo. No art. 197 o Código Tributário Nacional dispõe: "Mediante intimação escrita, são obrigados a prestar à autoridade administrativa todas as informações de que disponham com relação aos bens, negócios ou atividades de terceiros: II - os bancos, casas bancárias, Caixas Econômicas e demais instituições financeiras." Após a edição do Código Tributário Nacional, o Decreto n°. 1.718, de 1979 reforçou a obrigatoriedade que têm as Instituições Financeiras de prestar informações às autoridades fiscais. No art. 2° daquele ato legal foi estabelecido: "Continuam obrigados a auxiliar a fiscalização dos tributos sob administração do Ministério da Fazenda, ou quando solicitados a prestar informações, os estabelecimentos bancários, inclusive as Caixas Econômicas, os Tabeliães e Oficiais de registro, o Instituto Nacional de Propriedade Industrial, as Juntas Comerciais ou as repartições e autoridades que as substituírem, as Bolsas de Valores e as empresas corretoras, as Caixas de Assistência, as Associações e Organizações Sindicais, as Companhias de Seguros, e demais entidades ou empresas que possam, por qualquer forma, esclarecer situações para a mesma fiscalização." Já no comando da Lei n°. 8.021, de 1990, esta obrigatoriedade é mais abrangente incluindo Bolsa de Valores e Assemelhadas, além das Instituições Financeiras, cuja redação diz o seguinte: "Art. 7 0 - A autoridade fiscal do Ministério da Economia. Fazenda e Planejamento poderá proceder a exames de documentos, livros e registros das bolsas de valores, de mercadorias, de futuros e assemelhadas, bem como solicitar a prestação de esclarecimentos e informações a respeito de operações por elas praticadas, inclusive em relação a terceiros. Art. 8° - Iniciado o procedimento fiscal, a autoridade fiscal poderá solicitar informações sobre operações realizadas pelo contribuinte em instituições financeiras, inclusive extratos de contas bancárias, não se aplicando, nesta hipótese, o disposto no art. 38 da Lei ri". 4.595, de 31 de dezembro de 1964. Parágrafo único - As informações, que obedecerão às normas regulamentares expedidas pelo Ministério da Economia, Fazenda e Planejamento, deverão ser prestadas no prazo máximo de dez dias úteis contados da data da solicitação, aplicando-se, no caso de descumprimento desse prazo, a penalidade prevista no 1 ° do art. 7°." )(9 16 Processo n°10675.002739/2005-90 CCOI/C04 Acórdão n.° 10422.970• Fls. 17 Evidente está, diante das normas legais acima transcritas, que as instituições financeiras não podem invocar o dever de sigilo bancário quando da efetivação, por parte da Fazenda Pública, de pedido de informações acerca de um terceiro, existindo processo administrativo fiscal que permita tal solicitação. Não há que se falar, portanto, em quebra do sigilo bancário, uma vez que a autoridade fazendária encontra-se legalmente obrigada a manter os dados recebidos sob sigilo, conforme impõe o parágrafo 6° do artigo 38 da Lei n° 4.595, de 1964. Os dispositivos legais acima citados, não foram declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal, dão respaldo ao procedimento da fiscalização. Por esta razão, rejeita-se o argumento de que os documentos foram obtidos de forma ilícita. O sigilo bancário, face à farta legislação existente, não pode ser argüido com a finalidade de negar informações ao fisco. A Lei n°. 8.021, de 1990 revoga, para fins fiscais, a obrigatoriedade das instituições financeiras a conservar sigilo em suas operações ativas e passivas e serviços prestados, estabelecido no art. 38 da Lei n°. 4.595, de 1964. Este último dispositivo legal já estabelecia em seus parágrafos 5° e 6° que: "50 - Os agentes fiscais tributários do Ministério da Fazenda e dos Estados somente poderão proceder a exame de documentos, livros e registros de contas de depósitos, quando houver processo instaurado e os mesmos forem considerados indispensáveis pela autoridade competente. 6° - O disposto no parágrafo anterior se aplica igualmente à prestação de esclarecimentos e informes pelas instituições financeiras às autoridades fiscais, devendo sempre estas e os exames ser conservados em sigilo, não podendo ser utilizados senão reservadamente." Resta claro, portanto, a possibilidade de a administração fazendária solicitar aos estabelecimentos bancários às informações que esses detenham em relação aos contribuintes para os quais exista procedimento fiscal em andamento, sem que seja necessário demonstrar os motivos que conduziram a tal requisição. Agora sob o comando da Lei Complementar n°. 105, de 10 de janeiro de 2001, esta condição é indiscutível, cuja redação diz o seguinte: "Art. 1 ° As instituições financeiras conservarão sigilo em suas operações ativas e passivas e serviços prestados. (.) 3° Não constitui violação do dever de sigilo: I - a troca de informações entre instituições financeiras, para fins cadastrais, inclusive por intermédio de centrais de risco, observadas as normas baixadas pelo Conselho Monetário Nacional e pelo Banco Central do Brasil; H - o fornecimento de informações constantes de cadastro de emitentes de cheques sem provisão de fundos e de devedores inadimplentes, a r- 17 Processo e 10675.002739/2005-90 CC01/C04 Acórdão n.° 104-22.970 Fls. 18 entidades de proteção ao crédito, observadas às normas baixadas pelo Conselho Monetário Nacional e pelo Banco Central do Brasil; III - o fornecimento das informações de que trata o § 2° do art. 11 da Lei n°9.311, de 24 de outubro de 1996; IV - a comunicação, às autoridades competentes, da prática de ilícitos penais ou administrativos, abrangendo o fornecimento de informações sobre operações que envolvam recursos provenientes de qualquer prática criminosa; V - a revelação de informações sigilosas com o consentimento expresso dos interessados; VI - a prestação de informações nos termos e condições estabelecidos nos artigos 2°, 3°, 4°, 5°, 6°, 7°e 9° desta Lei Complementar. Art. 6° As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios somente poderão examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive a contas de depósitos e aplicações financeiras, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente. Parágrafo único. O resultado dos exames, as informações e os documentos a que se refere este artigo serão conservados em sigilo, observada a legislação tributária. Art. Revoga-se o art. 38 da Lei n°' 4.595, de 31 de dezembro de 1964." A edição desse dispositivo de lei complementar se fez indispensável, em virtude de divergência interpretativa que havia sido estabelecida acerca do tema, especialmente em face de decisão de uma das Turmas do Superior Tribunal de Justiça, no qual ficou assentado que o termo "processo", empregado no artigo 38 da Lei n° 4.595, de 31 de dezembro de 1964, se referia a processo judicial e não processo administrativo, que a expressão autoridade competente se referia à autoridade judiciária, não a autoridade administrativo-fiscal. Cuidou, assim, o preceptivo legal em questão - que revogou expressamente, em seu artigo 13, o artigo 38 da Lei n° 4.595, de 1964 -, de chancelar uma exceção à regra do sigilo bancário já prevista na lei anterior, agora com toda a clareza, sem deixar margem à interpretação equivocada ou distorcida, ao declarar expressamente que o processo mencionado é o administrativo; que a autoridade competente, para fins da lei, é a administrativa. Ora, se antes existiam dúvidas sobre a possibilidade da quebra do sigilo bancário via administrativa (autoridade fiscal), agora estas não mais existem, já que é claro na lei complementar, acima transcrita, a tese de que a Secretaria da Receita Federal tem permissão legal para acessar os dados bancários dos contribuintes, está expressamente autorizado pelo artigo 6° da mencionada lei complementar. O texto autorizou, expressamente, as autoridades e x18 • Processo n°10675.002739/2005-90 CC0I/C04 Acórdão n.° 10422.970 Fls. 19 agentes fiscais tributários a obter informações de contas de depósitos e aplicações financeiras, desde que haja processo administrativo instaurado. Assim, estaria afastada a pretensa quebra de sigilo bancário de forma ilícita, já que há permissão legal para que o Estado através de seus agentes fazendários, com fins públicos (arrecadação de tributos), visando o bem comum, possa ter acesso aos dados protegidos, originariamente, pelo sigilo bancário. Ficam o Estado e seus agentes responsáveis, por outro lado, pela manutenção do sigilo bancário e pela observância do sigilo fiscal. Nesse sentido, leia-se a opinião de Bernardo Ribeiro de Moraes, contido no Compêndio de Direito Tributário, Ed. Forense, 1 a. Edição, 1984, pág. 746: "O sigilo dessas informações, inclusive o sigilo bancário, não é absoluto. Ninguém pode se eximir de prestar informações, no interesse público, para o esclarecimento dos fatos essenciais e indispensáveis á aplicação da lei tributária. O sigilo, em verdade, não é estabelecido para ocultar fatos, mas sim, para revestir a revelação deles de um caráter de excepcionalidade. Assim, compete à autoridade administrativa, ao fazer a intimação escrita, conforme determina o Código Tributário Nacional, estar diante de processos administrativos já instaurados, onde as respectivas informações sejam indispensáveis." Desta forma, dentro dos limites estabelecidos pelos textos legais que tratam o assunto, os Auditores-Fiscais da Receita Federal poderão proceder a exames de documentos, livros e registros de contas de depósitos, desde que houver processo fiscal administrativo instaurado e os mesmos forem considerados indispensáveis pela autoridade competente. Devendo ser observado que os documentos e informações fornecidos, bem como seus exames, devem ser conservados em sigilo, cabendo a sua utilização apenas de forma reservada, cumprido as normas a prestação de informações e o exame de documentos, livros e registros de contas de depósitos, a que alude a lei, não constitui, portanto, quebra de sigilo bancário. Sempre é bom lembrar que o sigilo fiscal a que se obrigam os agentes fiscais constitui um dos requisitos do exercício da atividade administrativa tributária, cuja inobservância só se consubstancia mediante a verificação material do evento da quebra do sigilo funcional, quando, então, o agente envolvido sofrerá a devida sanção. Da mesma forma, discordo daqueles que defendem a ilegalidade da aplicação retroativa da Lei Complementar n° 105, de 2001, sob o argumento que em face ao principio constitucional que veda a aplicação retroativa da lei, a mesma (LC n° 105, de 2001), não poderia ter sido tomada pelas autoridades fiscais para respaldar a obtenção e o exame da movimentação bancário do ano calendário de 1998. Diante do exposto, rejeito as preliminares para passar à análise do mérito do Recurso. Do Mérito Da Presunção baseada em Depósitos Bancários O lançamento fundamenta-se em depósitos bancários. A presunção legal de omissão de rendimentos com base nos depósitos bancários está condicionada apenas à falta de [9 Processo n° 10675.00273912005-90 CCOI/C048 Acórdão n.° 104-22.970 Fls. 20 comprovação da origem dos recursos que transitaram, em nome do sujeito passivo, em instituições financeiras, ou seja, pelo artigo 42 da Lei n° 9.430/1996, tem-se a autorização para considerar ocorrido o "fato gerador" quando o contribuinte não logra comprovar a origem dos créditos efetuados em sua conta bancária, não havendo a necessidade do fisco juntar qualquer outra prova. Via de regra, para alegar a ocorrência de "fato gerador", a autoridade deve estar munida de provas. Mas, nas situações em que a lei presume a ocorrência do "fato gerado?' (as chamadas presunções legais), a produção de tais provas é dispensada. Neste caso, ao Fisco cabe provar tão-somente o fato indiciário (depósitos bancários) e não o fato jurídico tributário (obtenção de rendimentos). No texto abaixo reproduzido, extraído de "Imposto sobre a Renda - Pessoas Jurídicas" (Justec-RJ; 1979:806), José Luiz Bulhões Pedreira sintetiza com muita clareza essa questão: O efeito prático da presunção legal é inverter o ônus da prova: invocando-a, a autoridade lançadora fica dispensada de provar, no caso concreto, que ao negócio jurídico com as características descritas na lei corresponde, efetivamente, o fato econômico que a lei presume - cabendo ao contribuinte, para afastar a presunção (se é relativa) provar que o fato presumido não existe no caso. Assim, o comando estabelecido pelo art. 42 da Lei n° 9430/1996 cuida de presunção relativa (juris tantum) que admite a prova em contrário, cabendo, pois, ao sujeito passivo a sua produção. Nesse passo, como a natureza não-tributável dos depósitos não foi comprovada pelo contribuinte, estes foram presumidos como rendimentos. Assim, deve ser mantido o lançamento. Antes de tudo cumpre salientar que a presunção não foi estabelecida pelo Fisco e sim pelo art. 42 da Lei n° 9.430/1996. Tal dispositivo outorgou ao Fisco o seguinte poder: se provar o fato indiciário (depósitos bancários não comprovados), restará demonstrado o fato jurídico tributário do imposto de renda (obtenção de rendimentos). Assim, não cabe ao julgador discutir se tal presunção é equivocada ou não, pois se encontra totalmente vinculado aos ditames legais (art. 116, inc. III, da Lei n° 8.112/1990), mormente quando do exercício do controle de legalidade do lançamento tributário (art. 142 do Código Tributário Nacional - CTN). Nesse passo, não é dado apreciar questões que importem a negação de vigência e eficácia do preceito legal que, de modo inequívoco, estabelece a presunção legal de omissão de receita ou de rendimento sobre os valores creditados em conta de depósito mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa fisica ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações (art. 42, caput, da Lei n°9.430/1996). Da apreciação Individualizada de alguns depósitos bancários O recorrente reitera as alegações de sua impugnação, embora as mesmas já tenha sido devidamente rebatidas na decisão da autoridade recorrida. Nesse ponto a decisão recorrida revisa todos os argumentos suscitados, não cabendo sobre estes realizar qualquer reparo. 20 Processo n°10675.002739/2005-90 CCO I/034 • Acórdão n.° 101-22.970 Fls. 21 "Acerca do que tomará como razões de mérito contidas na peça impugnatória defls. 1266/1293, hão de ser alguns aspectos analisados. De plano, argumenta o peticionário que grande parte de sua movimentação financeira teria origem nos anos de 1998 e 1999, em face da transferência da gestão da Associação de Ensino do Triângulo, da qual detinha uma participação de R$ 2.533.020,00, que, no seu entender, estando isenta de qualquer tributação, deixou somente, por lapso, de ser consignada nas competentes declarações de rendas. De qualquer forma, se os recursos em questão foram percebidos durante 1998, por seu vultoso montante, haveriam de constar nas declarações de rendas do litigante como "Bens ou Direitos" possuídos em 31/12/1998 e 31/12/1999 e não servirem pura e simplesmente como justificativa da origem de depósitos efetuados somente a partir de janeiro de 2000. Acusa, ainda, o requerente a retificação de suas DIRPFs/EF1999 e 2000, protestando pela inclusão destas como elementos de prova no presente processo. Classifica, inclusive, tal procedimento como demonstração de sua boa- fé. Consoante consulta realizada por esta relatora nos bancos de dados da RF, extratos ora anexados às fls. 1479/1482, só constam como entregues pelo requerente a esta instituição declarações de rendas originais atinentes aos aludidos exercícios financeiros. Não há registro de quaisquer retificações dessas pelo ora impugnante. E ainda que o autuado as tivesse alterado, haveria de se observar as disposições do artigo 832 do RIR vigente, o qual veda a retificação das declarações de rendas depois de instaurado o procedimento de oficio pelo Fisco. E resta claro que as supostas retificadoras, embora a primeira delas não seja objeto de exercício financeiro ora sob auditoria, visavam única e exclusivamente incluir rendimentos que justificassem pelo menos parte dos depósitos bancários tributados como de origem incomprovada. Não poderiam, portanto, tais retificadoras, se encaminhadas ao Fisco, socorrerem ao autuado, por expressa vedação legal. Quanto à assertiva de que esse procedimento evidenciaria a boa-fé do pólo passivo, cabe avocar o artigo 136 do CTN, o qual dispõe: "salvo disposição de lei em contrário, a responsabilidade por infrações da legislação tributária independem da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato." (grifos não originais) Ao mesmo tempo, é de se registrar que se ampara o peticionário, no seu intento de corroborar a operação retro mencionada, nos documentos de fls. 1436/1475, todos decorrentes do suposto "Instrumento Particular de Promessa de Transferência de Gestão de Associação e Entidade Mantida e outras Avenças" de fls. 1436/1446. )ir 21 • Processo n°10675.002739/2005-90 CC01/(304 • Acórdão n.° 104-22.970 Fls. 22 Cumpre, pois, analisar, de imediato, a eficácia do aludido contrato, por si só, como elemento de amparo para a exclusão da tributação pleiteada, com fulcro nos princípios contidos no antigo Código Civil, na parte em que trata da forma dos atos jurídicos e de suas provas." Ainda rebatendo os argumentos suscitados na impugnação e replicados no recurso, a autoridade recorrida assim se pronuncia sobre o valor probante dos elementos trazidos aos autos: "Os recibos e as promissórias colacionados por cópias às fls. 1446/1459 e 1468/1469, o "Termo de Recepção do Resultado da Auditoria para Posterior Conferência e outras Avenças" de fls. 1463/1464, o "Instrumento Particular de Declaração de Solidariedade e Obrigação de não fazer e outras Avenças" de fls. 1465/1467 e o "Termo de Reunião" de fls. 1470 estão revestidos das mesmas condições e, portanto, das mesmas falhas, no que tange ao seu poder probante. Ainda que se considere que alguns dos nominados recibos e promissórias se fazem acompanhar de cópias de cheques, fls. 1450/1457, muitos deles — aqueles iluminados — são nominais a terceiros e não ao ora litigante. Não cabem, por conseguinte, ser aproveitados nos presentes autos com a finalidade que pretende lhes dar o autuado. Tais considerações aplicam-se também, no que concerne à Nota Promissória, no valor de R$ 142.000,00 (cento e quarenta e dois mil reais), emitida em favor de Rosangela de Oliveira Lima, colacionada aos autos, por cópia, à fls. 1372. O recorrente em seu recurso reproduz a tabela apresentada na impugnação sobre as quais a autoridade recorrida com muita propriedade já tinha se pronunciado. Urge registrar que a tabela de fls. 1542 e 1543, é a mesma presente nas fls. 1286/1287. Já, quanto à tabela constante da defesa do interessado, fls. 1286/1287, listando valores para os quais teriam sido "prestados os devidos esclarecimentos, mas também não foram aceitos pelo fisco", cabe registrar que o posicionamento adotado pelo fiscalizado, no que tange aos citados montantes, se restringe às informações consignadas nas planilhas por ele confeccionadas e apresentadas ao autuante durante a fase de auditoria de suas declarações de rendas, devidamente anexadas às fls. 109/140 e 176/207 dos presentes autos. Tais dados, no que se referem ao Banco do Brasil, Bank-Boston, Finasa, Banco Sudameris, Unibanco, Banco Safra e BCN, se limitam a meras alegações de que tais depósitos corresponderiam à liberação de financiamento rural, transferências bancárias efetuadas por sua esposa, empréstimos obtidos junto a pessoas físicas, recebimento de seguro, venda de automóveis e repasse do "Colégio Anglo", sem que tenham sido apresentados, quer na fase investigatória, quer na fase impugnató ria, quaisquer documentos que demonstrassem a efetiva ocorrência de tais operações. 22 Processo n° 10675.002739/2005-90 CCO I /C04 Acórdão n.° 101-22.970 Fls. 23 E é máxima em qualquer ramo do Direito que alegar e não comprovar, é o mesmo que não alegar. Por outro lado, no atinente às operações indicadas na referida planilha como realizadas junto ao HSBC, Banco Real e BCN, é de se ressaltar que, muito embora seus históricos nos competentes extratos bancários possam até remeter a possíveis mútuos contraídos pelo litigante junto as nominadas instituições financeiras, não restaram estes devidamente comprovados a ponto de se poder tomar como elidida parte do feito fiscal. Ou seja, não estaria o autuado desonerado, em face da presunção 'uris tantum", anteriormente descrita, de apresentar documentos hábeis e idôneos específicos que ratificassem as transações contidas nos supracitados históricos bancários." Da omissão de rendimento da Atividade Rural No que toca ao procedimento adotado pelo agente fiscal com referência à tributação de rendimentos oriundos da atividade rural é de se esclarecer que o § 2° do art. 42 da já citada Lei n.° 9.430/96, determina que no caso de depósitos bancários cuja origem restar comprovada e que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeter-se-ão às normas de tributação especificas previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. Na planilha de fls. 35/40 e no Relatório Fiscal de fls. 41/42, tomou o agente fiscal, após o exame de documentos apensos às fls. 208/303, créditos bancários efetuados a favor do interessado, no montante de R$ 244.218,03, como advindos da atividade rural exercida durante o ano-calendário de 2002. Tendo sido incluída pelo contribuinte em sua DIRPF/2003, fls. 319/323, como receita bruta total proveniente de tal fonte somente a quantia de R$ 212.946,77. A autoridade lançadora, corretamente, exigiu, à luz do Comando Legal retro citado, a diferença de R$ 31.271,26 como omissão de rendas da atividade rural. Da Inaplicabilidade da Selic como Taxa de Juros Por fim, quanto à improcedência da aplicação da taxa Selic, como juros de mora, aplicável o conteúdo da Súmula 1° CC n° 4: "A partir de I° de abril de 1995, os juros morató rios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais." Assim, é de se negar provimento também nessa parte. Da Multa Qualificada No que toca a multa qualificada, extraem-se do Relatório de Ação Fiscal, às fls. 41/42, os motivos que levaram à qualificação da multa de oficio, a saber: "No caso, em relação aos depósitos cuja origem não foi comprovada, estão presentes os pressupostos istos no 23 a • 4 Processo n° 10675.002739/2005-90 CCO I/C044I n Acórdão n.° 104-22.970 Fls. 24 artigo 71 da Lei 4502/64. Assim a multa a ser aplicada é aquela prevista no inciso II do artigo 44 da Lei 9.430/96." Todavia, entendo que esses fatos, por si só, não são suficientes a caracterizar evidente intuito de fraude, a que se refere o artigo 44, inciso II, da Lei n° 9.430/96. Para tanto, seria necessária a comprovação, por parte da autoridade lançadora, de procedimentos adotados pelo Contribuinte com inquestionável intuito fraudulento, o que, porém, não se vislumbrou. Em situações como a presente, aplicável a Súmula n° 14, deste Primeiro Conselho de Contribuintes: "A simples apuração de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de oficio, sendo necessária a comprovação do evidente intuito defraude do sujeito passivo." Por isso, dou provimento nesse item, a fim de desqualificar a multa de 150%, reduzindo-a para a multa de oficio de 75%. Ante o exposto, voto no sentido de REJEITAR as preliminares argüidas pelo Recorrente e, no mérito, DAR provimento PARCIAL ao recurso para desqualificar a multa de oficio, reduzindo-a ao percentual de 75%. Sala das Sessões - DF, em 23 de janeiro de 2008 jel 070 Mit INEZ 24

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Numero do processo: 18471.001659/2006-04
Turma: Quarta Câmara
Seção: Primeiro Conselho de Contribuintes
Data da sessão: Thu Mar 06 00:00:00 UTC 2008
Data da publicação: Thu Mar 06 00:00:00 UTC 2008
Ementa: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2001 AUTO DE INFRAÇÃO - AUSÊNCIA DE PROVAS - Em respeito à legalidade e à segurança jurídica não pode subsistir lançamento de crédito tributário quando não estiver devidamente demonstrada e provada a efetiva subsunção da realidade factual à hipótese descrita na lei como infração à legislação tributária Recurso de ofício negado.
Numero da decisão: 104-23.069
Decisão: ACORDAM os Membros da Quarta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso de oficio, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
Matéria: IRPF- ação fiscal - Dep.Bancario de origem não justificada
Nome do relator: Antonio Lopo Martinez

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I 41, k.', I= t'• ...-e-:;',_ MINISTÉRIO DA FAZENDA 'sq.. O ''gk " n !?: PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES QUARTA CÂMARA Processo n° 18471.001659/2006-04 Recurso n° 161.458 De Oficio Matéria IRRF Acórdão n° 104-23.069 Sessão de 06 de março de 2008 Recorrente 3a TURMA/DRJ-RIO DE JANEIRO/RJ II Interessado MARCOS DE OLIVEIRA QUEIROZ GRILLO Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2001 AUTO DE INFRAÇÃO - AUSÊNCIA DE PROVAS - Em respeito à legalidade e à segurança jurídica não pode subsistir lançamento de crédito tributário quando não estiver devidamente demonstrada e provada a efetiva subsunção da realidade factual à hipótese descrita na lei como infração à legislação tributária Recurso de oficio negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de recurso de oficio interposto pela 3a TURMA/DRJ-RIO DE JANEIRO/RJ II. ACORDAM os Membros da Quarta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso de oficio, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. ARIA LENA COTTA C-k8Q-k- Presidente i I-41 OM1-1-40N1' ;Cr L ft INEZ Relator 49 1 • , • e Processo n° 18471.001659/2006-04 CCOI/C04 • Acórdão ri.° 104-23069 Fls. 2 FORMALIZADO EM: 09 IA A i 2008 Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros Nelson Mallmann, Heloisa Guarita Souza, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Gustavo Lian Haddad, Rayana Alves de Oliveira S França e Remis Almeida Estol. ir 2 • Processo n°18471.001659/200644 CCO I /C04 • Acórdão n.° 10423069 Fls. 3 Relatório Em desfavor do contribuinte MARCOS DE OLIVEIRA QUEIROZ GRILLO foi lavrado Auto de Infração de fls. 44 a 47.A presente fiscalização ocorreu em função da suposta constatação de que o contribuinte teria movimentado valores no exterior, na chamada Operação Beacon Hill. Convém a explicação sobre tal operação, conforme descrito no Termo de Verificação Fiscal (fls. 37 a 38): Beacon Hill, pessoa jurídica sediada em Nova Iorque (EUA), seria a intermediária na abertura de outras contas em paraísos fiscais. Tal empresa, juntamente com outras pertencentes a conhecidos doleiros brasileiros e algumas offshore com sede em paraísos fiscais, foi beneficiada por recursos oriundos de contas mantidas na (extinta) agência do Banco do Estado do Paraná S/A - Banestado - NY, que, por sua vez, foi abastecida por valores originados de contas mantidas por pessoas jurídicas fictícias ou interpostas pessoas, com rendas incompatíveis com a movimentação financeira. A conta Beacon Hill Service Corporation (BHSC) foi descoberta pelo promotor distrital (district attorney) de Manhattan, Robert Morgenthal, e foi responsável pela abertura de subcontas no banco JP Morgan Chase. Conforme Laudo Pericial, as denominadas subcontas são aquelas que tinham a movimentação dos recursos realizada pela "conta-mãe"BHSC no Banco JP Morgan Chase, em que a Beacon Hill atuava como "agente", controlando, administrando e se responsabilizando junto a este banco pelas transações nelas ocorridas. Os documentos e informações foram trazidos para o Brasil em função de decisão judicial do Juízo da 2 Vara Criminal Federal de Curitiba - PR. O mesmo juizo autorizou a transferência de tais dados à SRF (Secretaria da Receita Federal). Segundo aspectos narrados no relatório da decisão recorrida, essa seria a situação fática: Nas investigações realizadas pelas autoridades norte-americanas descobriu-se que havia diversas contas no Merchants Bank of New York — base do esquema Nolasco, dentre elas a conta 9007241 da Gallatin Investiments Ltd, pertencente a offshore com sede, possivelvelmente, em paraíso fiscal, gerida pela cidadã portuguesa, naturalizada norte-americana, Maria Carolina Nolasco. Em 22 de fevereiro de 2006, a EEF (Equipe Especial de Fiscalização), baseada na Portaria 463/04 (de 30/04/2004) emitiu o Memorando EEF/Port.463/04 n° 012/2006, que foi destinado ao Superintendente da Receita Federal na 7" Região Fiscal, com o fim de encaminhar o Ofício 263/06 - FTCC5, expedido pela Delegada da Polícia Federal, coordenadora da FTCC5, o qual capeia cópias da Relação de Titulares das Contas Merchants, onde consta o nome do autuado e o de Luiz Eduardo da Rocha Soares, domiciliado na cidade de São Paulo (SP), CPF 036.210.248-16, como responsáveis pela conta da Gallatin (fls. 3 • Processo n° 18471.001659/2006-04 CCOI/C04 • Acerar) n.° 104-23069 F. 4 57) e dez comprovantes de transferências (débitos) da conta 9007241 — Gallatin Investiments Ltd, para créditos em contas junto a instituições financeiras com sede em Genebra-Suíça (fls. 64 a 73), conforme abaixo: Nas investigações realizadas pelas autoridades norte-americanas descobriu-se que havia diversas contas no Merchants Bank of New York — base do esquema Nolasco, dentre elas a conta 9007241 da Gallatin Investiments Ltd, pertencente a off-shore com sede, possivelvelmente, em paraíso fiscal, gerida pela cidadã portuguesa, naturalizada norte-americana, Maria Carolina Nolasco. Em 22 de fevereiro de 2006, a EEF (Equipe Especial de Fiscalização), baseada na Portaria 463/04 (de 30/04/2004) emitiu o Memorando EEF/Port.463/04 n°012/2006, que foi destinado ao Superintendente da Receita Federal na 7° Região Fiscal, com o fim de encaminhar o Oficio 263/06 — FTCC5, expedido pela Delegada da Policia Federal, coordenadora da FTCC5, o qual capeia cópias da Relação de Titulares das Contas Merchants, onde consta o nome do autuado e o de Luiz Eduardo da Rocha Soares, domiciliado na cidade de São Paulo (SP), CPF 036.210.248-16, como responsáveis pela conta da Gallatin (fls. 57) e dez comprovantes de transferências (débitos) da conta 9007241 — Gallatin Investiments Ltd, para créditos em contas junto a instituições financeiras com sede em Genebra-Suíça (fls. 64 a 73), conforme abaixo: - 9 (nove) remessas para a conta 1231640 — Bradner Investiments S/A, no Banco Credit Agricole Indossuez, no total de US$ 10.186.536,82; - 1 (uma) remessa para a conta 6562953 — Brindol Trading S/A, no Banco Brow Brother Harriman, no total de US$ L155.000,00. Da Ação Fiscal De posse dos dados do Memorando EEF/Port.463/04 n°012/2006 e do Oficio n° 263/06 — FTCC5, e de seus anexos, o AFRF autuante procedeu à ação fiscal. Em 24/07/2006, o Termo de Início de Fiscalização (lis. 23 e 24), que intimava o contribuinte a comparecer à repartição para prestar esclarecimentos relativos à sua DIRPF (Declaração de Imposto de Renda Pessoa Física) do exercício 2001, foi recepcionado no endereço que constava nos sistemas da SRF como sendo seu. Em 27/07/2006, compareceu à sala 238, da Equipe Fiscal 17, no Prédio do Palácio da Fazenda, na cidade do Rio de Janeiro (RI), Daniel Mobley Grillo, CPF 021.815.557-37, filho do contribuinte sob fiscalização, que, conforme declaração do fiscal autuante (fls. 40), entregou à fiscalização procuração assinada pelo seu pai, e apresentou sua carteira de identidade, da qual se extraiu cópia na própria repartição. Ratificando o descrito no Termo de Intimação Fiscal (lis. 25 a 27), recepcionado, em 03/08/2006, no endereço que constava nos sistemas (fls. 28), a autoridade fiscal mencionou no Termo de Verificação Fiscal V que o filho do contribuinte, Daniel, ao tomar conhecimento, em 4 • Processo n°18471.001659/2006-04 CCO I /C04 Acórdão n.° 104-23069 Fls. 5 27/07/2006, do teor da ação fiscal em face do seu pai (dez transferências da conta n° 9007241 — Gallatin Investments Ltd, junto ao Merchants Bank em Nova Iorque — para contas em instituições financeiras em Genebra, Suíça, no total de USS 11.341.536,82.), teria informado que seu pai reside na Venezuela desde 2004, tendo entregado sua Declaração de Saída Definitiva em 29/06/2004 em Caracas. Venezuela (fis. 18 a 21), com o respectivo recolhimento de multa por atraso na entrega (fls. 22). Ademais, há menção no Termo de Verificação Fiscal de que, após o filho do contribuinte ter tomado ciência do que se tratava a ação fiscal, teria subtraído a procuração, onde seria mandatário de seu pai, e a cópia de sua identidade de cima da mesa da sala 238, acima descrita. Após o ocorrido, o Sr. Daniel teria se evadido do local. Cópia pouco nítida da identidade do Sr. Daniel, filho do contribuinte sob ação fiscal, foi recuperada do lixo, sendo levada aos autos (fls. 74). Em resposta à intimação (fls. 25 a 28), o próprio contribuinte enviou correspondência à fiscalização, datada de 23/08/2006, onde afirma o seguinte: - Que desde 2003 trabalha na Venezuela, pela Construtora Norberto Odebrecht, tendo fixado residência nesse país, munido do visto de Traseunte Labora!, tendo providenciado sua Declaração de Saída Definitiva, entregue na Venezuela em 29/06/2004 (fls. 32); - Que, desde de a sua saída do país até agosto de 2006 (data de sua correspondência), não recebe rendimentos provenientes do Brasil, excetuando-se os rendimentos provenientes de investimentos financeiros (devidamente tributados a título de rendimentos sujeitos à tributação exclusiva); - Que, embora mantenha a cidadania brasileira, não mais é considerado como contribuinte para fins do Imposto de Renda no Brasil; - Que não mantém residência ou domicílio no Brasil e nem prepostos com poderes de representação para atender aos termos de intimações fiscais; - Que as operações (10 transferências bancárias ocorridas em Nova Iorque em 2000) já se encontram decaídas (erroneamente descritas como prescritas pelo contribuinte); - Que fornece cópias de seus extratos bancários de contas-correntes, investimentos e poupança mantidos no Brasil, no período de 01/01/2000 a 31/12/2000, conforme solicitado na intimação de 03/08/2006 (fls. 25 a 28), os quais não se encontram nos autos; - Que não pode comprovar a origem dos depósitos efetuados na conta 9007241 — Gallatin Investiments Ltd, no ano-calendário 2000, pois a mesma encerrou suas atividades e ele não dispõe de qualquer documentação relativa à referida empresa. Além disso, sua representação não possuía abrangéncia suficiente para abrigar poderes de receber e atender intimações de órgãos públicos de outros 5 , Processo n° 18471.001659/2006-04 CCOI/C04 • Acórdão n.° 104-23069 Fls. 6 países, ou mesmo aquelas expedidas por determinação judicial, ou para entregar documentos da sociedade; - Que quaisquer solicitações de esclarecimentos lhe sejam enviadas para seu domicilio na Venezuela, indicado por ele em sua resposta (fls. 30), sendo o mesmo endereço constante na alteração cadastral ocorrida em 04/09/2006, segundo sistema Consulta CPF da SRF. Em 21/11/2006, a autoridade fiscal lavrou o Termo de Ciência e Continuação de Procedimento Fiscal, o qual foi encaminhado para o mesmo endereço anteriormente utilizado para envio das demais intimações. A correspondência foi entregue pelos Correios em 24/11/06 (fls. 33 a 35) e devolvida à Eqfis 17, Difis II/ Defic RJO (Delegacia da Receita Federal de Fiscalização no Rio de Janeiro) em 30/11/2006. A fiscalização, estando convicta de que a conta 9007241, mantida no Merchants Bank of New York, era de responsabilidade do contribuinte, efetuou a autuação em face do mesmo no valor total de R$ 19.481.334,12 (dezenove milhões, quatrocentos e oitenta e um mil, trezentos e trinta e quatro reais e doze centavos), sendo R$ 5.630.443,39 (cinco milhões, seiscentos e trinta mil, quatrocentos e quarenta e três reais e trinta e nove centavos) relativos ao Imposto de Renda Pessoa Física, R$ 8.445.665,08 (oito milhões, quatrocentos e quarenta e cinco mil, seiscentos e sessenta e cinco reais e oito centavos) correspondentes à multa de oficio e R$ 5.405.225,65 (cinco milhões, quatrocentos e cinco mil, duzentos e vinte e cinco reais e sessenta e cinco centavos) referentes a juros de mora calculados até 30/11/2006. A autuação referiu-se ao ano-calendário de 2000 e baseou-se em omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários com origem não comprovada, conforme fatos geradores listados às fls. 45. A fiscalização se utilizou do edital, publicado em 07/12/2006, com o fim de cientificar o contribuinte a respeito do auto de infração ais. 78). Adicionalmente, em 12/12/2006, o fiscal autuante encaminhou cópia deste edital ao autuado (fls. 79), servindo-se do endereço eletrônico constante dos dados cadastrais nos sistemas da SRF. Tal auto de infração ensejou processo n° 18471.001691/2006-81, de Representação Fiscal para Fins Penais, o qual foi apensado ao processo principal n°18471.001659/2006-04. De acordo com a descrição dos fatos, o lançamento ocorreu devido a 'falta ou insuficiência de pagamento dos acréscimos legais" e 'falta de pagamento de multa de mora", conforme fls. 25, na qual encontra- se o enquadramento legal correspondente; às fls. 16 a 31 encontram-se os demonstrativos de pagamentos efetuados após o vencimento; à fls. 32 o demonstrativo de multa e/ou juros a pagar — não pagos ou pagos a menor. O interessado apresentou, em 01/08/2003, a impugnação, na qual alega, em síntese: 6 , Processo n°18471.001659/2006-04 CCO I /C04 • Acórdão n.° 104-23069 Fls. 7 - Ele não reside no Brasil, para caracterizar tal situação entregou a Declaração de Saída Definitiva em 29/06/2004, na Venezuela (fls. 18 a 22 e 32); - Seu filho não é seu procurador; - Mesmo tendo entregado a Declaração de Saída Definitiva, a fiscalização tentou intimá-lo por diversas vezes em seu antigo domicílio tributário; - Não é e nunca foi titular ou beneficiário dos recursos financeiros debitados na conta n° 9007241, no período de junho a setembro de 2000, perante o Merchants Bank em Nova Iorque, de titularidade da Gallatin lnvestments Ltd, totalizando US$ 11.341.536,82 e a origem destes decorre das atividades da empresa no exterior; - Não poderia fornecer documentos relacionados às movimentações financeiras da Gallatin, pois foi procurador desta para a prática de determinados atos, nunca foi gerente ou administrador da mesma, além de que não tinha acesso integral aos documentos contábeis e bancários desta sociedade; - A Gallatin teve suas atividades encerradas e mesmo que seus documentos fossem localizáveis, ele não tinha poderes para apresentá- los; - Forneceu seu endereço em Caracas, Venezuela, para que fossem encaminhadas as solicitações de novos esclarecimentos por parte da SRF; - Afirmou ser a relação de supostos titulares das "contas Merchants" (lU. 53 a 63) uma montagem reprográfica e que as dez ordens de transferências de recursos da Conta 9007241 (Gallatin) para contas na Suiça não constam sua assinatura; - Alega que as operações financeiras trataram-se de débitos na conta "Gallatin" e não de créditos, portanto não haveria como se atribuir aos recursos origem de fontes situadas no Brasil; - Presumiu a autoridade autuante que o impugnante não era um mero representante, mas sim um acionista com poderes de decisão, mesmo sem constar sua assinatura em nenhuma das dez transferências bancárias constantes dos autos (lis. 64 a 73). Apresentou cópia da ata da Gallatin (em 29/09/1999), com tradução juramentada que menciona que o contribuinte era procurador da Gallatin, mas não diz que poderes possuía (fis. 157 e 158). - A fiscalização desconsiderou a personalidade jurídica da Gallatin e concluiu que todos os valores saídos das contas da empresa constituíram rendimentos do impugnante e teriam sido omitidos ao fisco; - Asseverou jamais ter sido sócio e/ou administrador da Gallatin, nem beneficiário dos alegados recursos em dólares, nem ter património que permitisse movimentações financeiras do referido vulto; 7 Processo n° 18471.00 I 659/2006-04 CCO 1/C04 • Acórdão n.° 101-23089 As. 8 - Violação aos artigos 112 e 142, CT1V. Em 25 de junho de 2007, os membros da 3' Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento de Rio de Janeiro II proferiram Acórdão que, por unanimidade de votos, considerou o lançamento improcedente. Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2001 SUPRIMENTO DO VICIO NA CIÊNCIA. O comparecimento do autuado supre a falha na intimação. PRINCIPIO DO "IN DUBIO PRO CONTRIBUINTE". É passível de dúvida o recebimento de recursos financeiros, se não consta assinatura do contribuinte nos elementos probatórios, nem se comprova de outra forma a participação do contribuinte no esquema fraudulento. Interpreta-se da maneira mais favorável ao acusado, em caso de incerteza quanto à autoria e à natureza ou às circunstâncias materiais do fato. Trata-se do princípio do "in dubio pro reo" em sua feição tributária. AUTO DE INFRAÇÃO. FALTA DE PROVAS. Em respeito à legalidade e à segurança jurídica não pode subsistir lançamento de crédito tributário quando não estiver devidamente demonstrada e provada a efetiva subsunção da realidade factual à hipótese descrita na lei como infração à legislação tributária. Lançamento Improcedente Foi interposto Recurso de Oficio tendo em vista que o credito exonerado totaliza R$ 19.481. 334,12 É o Relatório. 11( , Processo n° 18471.001659/2006-04 CCOI/C04 Acórdão n.° 104-23069 Fls. 9 Voto Conselheiro ANTONIO LOPO MARTINEZ, Relator O recurso atende aos pressupostos de admissibilidade, devendo, portanto, ser conhecido. Está sob exame o recurso de oficio formulado pelo julgador recorrido, que determinou a improcedência do lançamento contra o interessado no relativo ao ano calendário de 2000. O presente lançamento é decorrente de omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada, caracterizada por depósitos bancários com origem não comprovada. De acordo com a decisão recorrida a autuação foi efetuada sem a presença de material probatório suficiente para caracterizar o fato tributário. Sobre esse ponto assim se pronuncia a autoridade recorrida: No mérito, não há encadeamento lógico que indique ser o impugnante beneficiário ou titular dos valores debitados na conta Gallatin mantida no Merchants Bank of New York e creditados em contas na Suíça. Os autos não demonstram a relação existente entre a operação Beacon Hill e a Nolasco. Exemplificando: a decisão da 2° Vara Criminal Federal de Curitiba que autorizou a utilização pela SRF de documentação relativa à remessa ilegal de divisas se refere à operação Beacon Hill somente, conforme relatado no Termo de Verificação Fiscal (fls. 38), assim como os demais documentos relacionados em tal termo. O Oficio 263/06-FTCC5, expedido pela Dra. Erika Mialik Marena, Delegada da Polícia Federal, não esclarece como cópias da Relação de Titulares das Contas Merchants e das dez transferências do Merchants Bank Nova Iorque para instituições financeiras em Genebra, Suíça, foram extraídas (fls. 53 a 73). Ademais, não ficou comprovado que o impugnante é o titular dos valores remetidos. Os autos demonstram que ele foi procurador da Gallatin (fis. 57, 157 e 158) e não há sua assinatura em nenhuma das ordens de transferências do Merchants Bank Nova Iorque para a Bradner lnvestments S/A, no Banco Credit Agricole Indosuez, e para a Brindo( Trading S/A, no Banco Brow Brother Harriman (fls. 64 a 73). A situação fálica necessária à ocorrência do fato gerador, que seria a titularidade por parte do contribuinte da conta Gallatin ou das contas receptoras dos depósitos, na Suíça, não se operou. O fato gerador deste lançamento seria a omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários com origem não comprovada, no entanto não ficou demonstrado nos autos que o impugnante remeteu dólares ao exterior )( 9 . . , . • : • Processo n° 18471.001659/2006-04 CCO I/C04 Acórdão n.° 104-23.089 Fls. 10 interpretada da maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto à autoria e à natureza ou às circunstâncias materiais do fato. É o principio do "in dubio pro reo" em sua feição tributária. Não tendo nada a questionar no arrazoado da autoridade recorrida, bem como em face das evidencias acostada aos autos, acompanho a decisão da autoridade recorrida, portanto encaminho meu voto no sentido de NEGAR provimento ao recurso de oficio. miSal as Sessões em 06 d março de 2008 TONIO I i (t LO III' O M TINEZ 10 Page 1 _0022400.PDF Page 1 _0022500.PDF Page 1 _0022600.PDF Page 1 _0022700.PDF Page 1 _0022800.PDF Page 1 _0022900.PDF Page 1 _0023000.PDF Page 1 _0023100.PDF Page 1 _0023200.PDF Page 1

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Numero do processo: 10835.002314/2002-58
Turma: Quarta Câmara
Seção: Primeiro Conselho de Contribuintes
Data da sessão: Wed Aug 06 00:00:00 UTC 2008
Data da publicação: Wed Aug 06 00:00:00 UTC 2008
Ementa: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 1999 PEDIDO DE DILIGÊNCIA OU PERÍCIA - DESCABIMENTO - Descabe o pedido de diligência quando presentes nos autos todos os elementos necessários para que a autoridade julgadora forme sua convicção. As perícias devem limitar-se ao aprofundamento de investigações sobre o conteúdo de provas já incluídas no processo, ou à confrontação de dois ou mais elementos de prova também incluídos nos autos, não podendo ser utilizadas para reabrir, por via indireta, a ação fiscal. APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI Nº 10.174 DE 2001 E LEI COMPLEMENTAR 105 DE 2001 - POSSIBILIDADE - ART - 144, § 1º - Pode ser aplicada, de forma retroativa, ao lançamento, a legislação que tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliando os poderes de investigação das autoridades administrativas. OMISSÃO DE RENDIMENTOS - DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA - ARTIGO 42, DA LEI Nº. 9.430, de 1996 - Caracteriza omissão de rendimentos a existência de valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. JUROS - TAXA SELIC - A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais (Súmula 1º CC nº 4). ARGÜIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE - O Primeiro Conselho de Contribuintes não é competente para se pronunciar sobre inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula 1º CC nº 2). Preliminar rejeitada. Recurso negado.
Numero da decisão: 104-23.370
Decisão: ACORDAM os Membros da Quarta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, REJEITAR a preliminar argüida pelo Recorrente e, no mérito, NEGAR provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
Matéria: IRPF- ação fiscal - Dep.Bancario de origem não justificada
Nome do relator: Antonio Lopo Martinez

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As perícias devem limitar-se ao aproftmdamento de investigações sobre o conteúdo de provas já incluídas no processo, ou à confrontação de dois ou mais elementos de prova também incluídos nos autos, não podendo ser utilizadas para reabrir, por via indireta, a ação fiscal. APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI N° 10.174 DE 2001 E LEI COMPLEMENTAR 105 DE 2001 - POSSIBILIDADE - ART - 144, § 1° - Pode ser aplicada, de forma retroativa, ao lançamento, a legislação que tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliando os poderes de investigação das autoridades administrativas. OMISSÃO DE RENDIMENTOS - DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA - ARTIGO 42, DA LEI N°. 9.430, de 1996 - Caracteriza omissão de rendimentos a existência de valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa fisica ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. JUROS - TAXA SELIC - A partir de 1° de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais (Súmula 1° CC n°4). 731 SP Processo Te 10835.002314/2002-58 CCOI/C04 Acórdão n.° 104-23.370 Fls. 2 ARGÜIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE - O Primeiro Conselho de Contribuintes não é competente para se pronunciar sobre inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula 1° CC n° 2). Preliminar rejeitada. Recurso negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de recurso interposto por GETÚLIO LUIS BACILA. ACORDAM os Membros da Quarta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, REJEITAR a preliminar argüida pelo Recorrente e, no mérito, NEGAR provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. X-6-11cecels- MARIA HELENA COTTA CARDOZ Presidente ) 4TON9 114 7141413-1-04dFtTINEZ Relator FORMALIZADO EM: 1 9 SEI 2008 Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros Nelson Mallrnann, Heloisa Guarita Souza, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Marcelo Magalhães Peixoto (Suplente convocado), Pedro Anan Júnior e Gustavo Lian Haddad. Ausente justificadamente a Conselheira Rayana Alves de Oliveira França. 2 Processo n°10835.002314/2002-58 CCO I/C04 Acórdão n.° 104-23.370 Fls. 3 Relatório Em desfavor do contribuinte, GETÚLIO LUIS BACILA, foi lavrado auto de infração que lhe exige crédito tributário no montante de R$ 167.659,85, sendo R$ 60.487,72 de imposto; R$ 68.048,68 de multa de oficio, e R$ 39.123,45 de juros de mora calculados até 31/01/2003, fls. 182/186. O auto de infração foi lavrado em 03/02/2003 e apurou omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários com origem não comprovada relativa ao ano calendário de 1998, com aplicação de multa de oficio de 112,5%. A ciência do contribuinte deu-se em 10/02/2003, fls. 187, o impugnante apresentou sua defesa, fls. 189/208, em 10/03/2003, fls. 189/208, com os argumentos a seguir, extraídos da decisão recorrida: - Argumenta que o lançamento que teve início com informações obtidas pelo cruzamento de dados obtidos com a CPMF é totalmente desprovido de sustentação jurídica contraria expressas e explicitas determinações legais que constavam da Lei 9.311/96. a autuação seria absolutamente ilegal, posto que nulo é o auto de infração que se fundamenta em disposição contrária a texto expresso de lei. - Sustenta que a Lei 10.174/2001, que alterou a Lei 9.311/96, não pode para alcançar fatos relacionados com exercícios anteriores. - Insiste que o sigilo bancário é inviolável, colacionando jurisprudência tribunais e até mesmo da Cámara Superior de Recursos Fiscais. - Tendo sido o sigilo bancário quebrado de forma inconstitucional e tendo sido utilizados dados da CPMF de períodos para os quais estava em vigor o texto original da Lei 9.311/96, o auto de infração seria nulo. - Prossegue sua defesa sustentando que depósito bancário não é rendimento e que o auto de infração baseou-se apenas em presunção sem demonstrar que haveria renda a ser tributada. Cita jurisprudência administrativa e a Súmula 182 do antigo TRF. - A inconsistência do auto de infração estaria claramente evidenciada na adoção de vários créditos que são meras liquidações de aplicações financeiras. Cita como exemplo uma operação datada de 13/04/1998 no valor total de R$ 50.016,88, sob a rubrica 'resgate• investcredi', que corresponderia a resgate de investimentos anteriores. - As multas lançadas seriam ilegais por ferirem o art. 150, IV da Carta Magna, conforme jurisprudência do STJ e STF, pleiteando a aplicação da multa de 30%. - Também seriam inaplicáveis, por outro fundamento, a multa de oficio isolada. ..\4 3 Processo rr 10835.002314/2002-58 CCOI/C04 Acórdão n.° 10423.370 lis. 4 - Segundo entende, os órgãos julgadores administrativos estariam questionando a legitimidade do art. 44 da Lei 9.430/96, o que apoiaria seu pleito de redução da multa para 30%. • - Protesta pela aplicação de juros de mora, conforme entende determinado pelo CM, no percentual de 1 %, pois a Taxa Selic seria ilegal como juros de mora por ter caráter remuneratório e não meramente moratória - Por fim, requer a realização de diligências e perícias, justificando para tanto com o fato de que a conduta do fisco não teria amparo jurídico e nem mesmo fático. - As diligências serviriam para apurar se houve aplicações e resgates na Cooperativa de Economia e Crédito Mútuo de Médicos de Presidente Prudente. - Para a perícia indica o perito e formula os quesitos, protestando pelo direito de formular quesitos complementares. Em 16 de maio de 2007, os membros da 5" Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento de São Paulo/SP proferiram Acórdão que, por unanimidade de votos, rejeitou as preliminares, e considerou procedente em parte o lançamento, nos termos da Ementa a seguir transcrita. Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa- Física - IRPF• Ano-calendário: 1998 Ementa: DILIGÊNCIA E PERÍCIA. INDEFERIMENTO POR SER PRESCINDÍVEL A diligência e a perícia requeridas são indeferidas, com fundamento no art. 18 do Decreto n° 70.235/1972, com as alterações da Lei n° 8.748/1993, por se tratarem de medidas absolutamente prescindíveis, já que constam dos autos todos os elementos necessários ao julgamento. SIGILO BANCÁRIO. A obtenção de informações junto às instituições financeiras, por pane da administração tributária, a par de amparada legalmente, não implica quebra de sigilo bancário, mas simples transferência deste, porquanto em contrapartida está o sigilo fiscal a que se obrigam os agentes fiscais por dever de oficio. APLICAÇÃO DA LEI NO TEMPO. Aplica-se ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência do fato gerador da obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliando os poderes de investigação das autoridades administrativas (Art. 144, iç I° do M). I\ig 4 Processo n°10835.002314/2002-58 CCO I/C04 Acórdão n.° 104-23.370 Fls. 5 DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RENDIMENTOS A Lei n° 9.430/1996, no seu art. 42, estabeleceu uma presunção legal de omissão de rendimentos que autoriza o lançamento do imposto correspondente, sempre que o titular da conta bancária, regularmente intimado, não comprove, mediante docuMentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em sua conta de depósito ou de investimento. RESGATE DE INVESTIMENTOS. ORIGEM COMPROVADA. Valores constantes de extratos bancários referentes a resgates de investimentos não podem compor o fato base da presunção de omissão de rendimentos prevista no art. 42 da Lei 9.430/96. DA VEDAÇÃO AO CONFISCO COMO NORMA DIRIGIDA AO LEGISLADOR E NÃO APLICÁVEL AO CASO DE PENALIDADE PECUNIÁRIA. O Principio de Vedação ao Confisco está previsto no art. 150. IV, e é dirigido ao legislador de forma a orientar a feitura da lei, que deve observar a capacidade contributiva e não pode dar ao tributo a conotação de confisco. Portanto, uma vez positivado a norma, é dever da autoridade fiscal aplicá-la. Além disso, é de se ressaltar que a multa de oficio é devida em face da infração à legislação tributária e por não constituir tributo, mas penalidade pecuniária estabelecido em lei, é inaplicável o conceito de confisco previsto no inciso IV do art. 150 da Constituição Federal. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. LEGALIDADE. Inexistência de ilegalidade na aplicação da taxa Selic devidamente demonstrada no auto de infração, porquanto o Código Tributário Nacional outorga à lei a faculdade de estipular os juros de mora incidentes sobre os créditos não integralmente pagos no vencimento e autoriza a utilização de percentual diverso de 1%, desde que previsto em lei. Lançamento Procedente em Parte. Cientificado em 30/05/2007, o contribuinte, se mostrando irresignado, apresentou, em 19/09/2007, o Recurso Voluntário, de fls. 242/252, reiterando as razões da sua impugnação, às quais já foram devidamente explicitadas anteriormente que podem ser sintetizadas da seguinte forma: - Da irretroatividade da lei tributária; - Que depósito bancário não é rendimento; - Do cerceamento do direito de defesa'pelo fato de que a decisão recorrida não• atendeu o seu pedido de diligência; it 5 Processo n° 10835.002314/2002-58 CCOI/C04 Acórdão n.° 104-23.370 Fls. 6 - Da ilegalidade das multas lançadas; - Da ilegalidade dos juros lançados de acordo com a taxa selic. É o Relatório. • y 6 Processo n°10835.00231412002-58 CCO I/C04 Acórdão n.° 104-23.370 Fls. 7 Voto Conselheiro ANTONIO LOPO MARTINEZ, Relator O recurso está dotado dos pressupostos legais de admissibilidade devendo, portanto, ser conhecido. Do Cerceamento do Direito de Defesa - Pedido de Diligência Suscitou o autuado o cerceamento do seu direito de defesa uma vez que a autoridade fiscal não considerou os seus argumentos, para a realização de diligências e perícias requeridas Tal alegação não procede. Segundo a autoridade recorrida, as diligências e perícias requeridas foram indeferidas, com fundamento no art. 18 do Decreto n° 70.235/1972, com as alterações da Lei n. 8.748/1993, por se tratarem de medidas absolutamente prescindíveis, já que constam dos autos todos os elementos necessários ao julgamento. Ademais, os quesitos apresentados não demonstram que haja fato a ser explicitado somente por especialista contábil. Nesse ponto acompanho a decisão da autoridade recorrida, uma vez que a diligência deve ser determinada pela autoridade julgadora, de oficio ou a requerimento do impugnante, quando entendê-la necessária. Deficiências da defesa na apresentação de provas, sob sua responsabilidade, não implicam na necessidade de realização de diligência com o objetivo de produzir essas provas. Da Irretroatividade da LC 105/2001 e da Lei no 10.174/2001 O contribuinte se mostrou inconformado com a aplicação retroativa da Lei Complementar 105/2001 e da Lei 10.174/2001. Entendeu que ao proceder com base em tais instrumentos legais o Fisco acabou por obter provas de origem ilícita. Não procede tal argumento. O parágrafo 1° do art. 144 do CTN permite a aplicação de legislação posterior à ocorrência do fato gerador, que tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização e ampliado os poderes de investigação das autoridades administrativas. Desta forma é notória a possibilidade de aplicação dos mencionados instrumentos legais de forma retroativa, uma vez que, tão somente, ampliam os poderes de investigação do Fisco. O STJ já manifestou o seu entendimento neste sentido no RESP 529818/PR e no ERESP 726778/PR. Da Impossibilidade de Acesso ao Sigilo Bancário sem Autorização Judicial O sigilo bancário sempre foi um tema cheio de contradições e de várias correntes. Antes da edição da Lei Complementar n° 105, de 2001, os Tribunais Superiores tinham a forte tendência de albergar a tese da inclusão do sigilo bancário na esfera do direito à privacidade, na forma da nossa Constituição Federal, sob o argumento que não é cabível a sua Processo n° 10835.002314/2002-58 CCO I/C04 Acórdão n.° 104-23.370 Eis. 8 quebra com base em procedimento administrativo, amparado no entendimento de que as previsões nesse sentido, inscritas nos parágrafos 5° e 6° do artigo 38, da Lei n°4.595, de 1964 e no artigo 8° da Lei n° 8.021, de 1990, perdem eficácia, por interpretação sistemática, diante da vedação do parágrafo único do artigo 197, do CTN, norma hierarquicamente superior. Na realidade está consolidado no Conselho de Contribuintes que dentro dos limites estabelecidos pelos textos legais que tratam o assunto, os Auditores-Fiscais da Receita Federal poderão proceder a exames de documentos, livros e registros de contas de depósitos, desde que houver processo fiscal administrativo instaurado e os mesmos forem considerados indispensáveis pela autoridade competente. Devendo ser observado que os documentos e informações fornecidos, bem como seus exames, devem ser conservados em sigilo, cabendo a sua utilização apenas de forma reservada, cumprido as normas a prestação de informações e o exame de documentos, livros e registros de contas de depósitos, a que alude a lei, não constitui, portanto, quebra de sigilo bancário. Sempre é bom lembrar que o sigilo fiscal a que se obrigam os agentes fiscais constitui um dos requisitos do exercício da atividade administrativa tributária, cuja inobservância só se consubstancia mediante a verificação material do evento da quebra do sigilo funcional, quando, então, o agente envolvido sofrerá a devida sanção. Da Presunção baseada em Depósitos Bancários O lançamento fundamenta-se em depósitos bancários. A presunção legal de omissão de rendimentos com base nos depósitos bancários está condicionada apenas à falta de comprovação da origem dos recursos que transitaram, em nome do sujeito passivo, em instituições financeiras, ou seja, pelo artigo 42 da Lei n° 9.430/1996, tem-se a autorização para considerar ocorrido o "fato gerador" quando o contribuinte não logra comprovar a origem dos créditos efetuados em sua conta bancária, não havendo a necessidade do fisco juntar qualquer outra prova. Via de regra, para alegar a ocorrência de "fato gerado?', a autoridade deve estar munida de provas. Mas, nas situações em que a lei presume a ocorrência do "fato gerado?' (as chamadas presunções legais), a produção de tais provas é dispensada. Neste caso, ao Fisco cabe provar tão-somente o fato indiciário (depósitos bancários) e não o fato jurídico tributário (obtenção de rendimentos). No texto abaixo reproduzido, extraído de "Imposto sobre a Renda - Pessoas Jurídicas" (Justec-RJ; 1979:806), José Luiz Bulhões Pedreira sintetiza com muita clareza essa questão: O efeito prático da presunção legal é inverter o ônus da prova: invocando-a, a autoridade lançadora fica dispensada de provar, no caso concreto, que ao negócio jurídico com as características descritas na lei corresponde, efetivamente, o fato econômico que a lei presume - cabendo ao contribuinte, para afastar a presunção (se é relativa) provar que o fato presumido não existe no caso. Assim, o comando estabelecido pelo art. 42 da Lei n° 9430/1996 cuida de presunção relativa (juris tantum) que admite a prova em contrário, cabendo, pois, ao sujeito passivo a sua produção. Nesse passo, como a natureza não-tributável dos depósitos não foi comprovada pelo contribuinte, estes foram presumidos como rendimentos. Assim, deve ser mantido o lançamento. • 8 • Processo n°10835.002314/2002-58 CCO 1/C04 Acórdão n.° 104-23.370 Fls. 9 Antes de tudo cumpre salientar que a presunção não foi estabelecida pelo Fisco e sim pelo art. 42 da Lei n° 9.430/1996. Tal dispositivo outorgou ao Fisco o seguinte poder: se provar o fato indiciaria (depósitos bancários não comprovados), restará demonstrado o fato jurídico tributário do imposto de renda (obtenção de rendimentos). Assim, não cabe ao julgador discutir se tal presunção é equivocada ou não, pois se encontra totalmente vinculado aos ditames legais (art. 116, inc. III, da Lei n° 8.112/1990), mormente quando do exercício do controle de legalidade do lançamento tributário (art. 142 do Código Tributário Nacional - CTN). Nesse passo, não é dado apreciar questões que importem a negação de vigência e eficácia do preceito legal que, de modo inequívoco, estabelece a presunção legal de omissão de receita ou de rendimento sobre os valores creditados em conta de depósito mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa fisica nu jurídica, regularmente intimado, não comprove, Mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações (art. 42, caput, da Lei n° 9.430/1996). Da Inaplicabilidade da Selic como Taxa de Juros Por fim, quanto à improcedência da aplicação da taxa Selic, como juros de mora, aplicável o conteúdo da Súmula 1° CC n°4: "A partir de 1 0 de abril de 1995, os juros morató rios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para titulas federais." Assim, é de se negar provimento também nessa parte. Da Inconsfitucionalidade das Normas No referente a suposta inconstitucionalidade das Normas aplicadas, particularmente no tocante as multas, entendidas como confiscatórias pelo Recorrente, acompanho a posição sumulada pelo 1° Conselho de que não compete à autoridade administrativa de qualquer instância o exame da legálidade/constitucionalidade da legislação tributária, tarefa exclusiva do poder judiciário. O Primeiro Conselho de Contribuintes não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula 1° CC n° 2). Uma vez que as multas estão fundamentadas em termos legais, não há como questionar sua aplicação. Ante ao exposto, voto por REJEITAR a preliminar suscitada, e no mérito por NEGAR provimento ao recurso. ilSal as Sessões - DF, em 06 de agosto de 2008 trn a. 4v 41 ONICI LO O M 42 TINEZ 9 • Page 1 _0026900.PDF Page 1 _0027000.PDF Page 1 _0027100.PDF Page 1 _0027200.PDF Page 1 _0027300.PDF Page 1 _0027400.PDF Page 1 _0027500.PDF Page 1 _0027600.PDF Page 1

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Numero do processo: 10675.001970/2006-47
Turma: Quarta Câmara
Seção: Primeiro Conselho de Contribuintes
Data da sessão: Wed Dec 17 00:00:00 UTC 2008
Data da publicação: Wed Dec 17 00:00:00 UTC 2008
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA — IRPF Exercício: 2002, 2003, 2004, 2005,2006 NULIDADE - CARÊNCIA DE FUNDAMENTO LEGAL - INEXISTÊNCIA - As hipóteses de nulidade do procedimento são as elencadas no artigo 59 do Decreto 70.235, de 1972, não havendo que se falar em nulidade por outras razões, ainda mais quando o fundamento argüido pelo contribuinte a título de preliminar se confundir com o próprio mérito da questão. QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO VIA ADMINISTRATIVA - ACESSO ÀS INFORMAÇÕES BANCÁRIAS PELA SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL - E lícito ao fisco, mormente após a edição da Lei Complementar n°. 105, de 2001, examinar informações relativas ao contribuinte, constantes de documentos, livros e registros de instituições financeiras e de entidades a elas equiparadas, inclusive os referentes a contas de depósitos e de aplicações financeiras, quando houver procedimento de fiscalização em curso e tais exames forem considerados indispensáveis, independentemente de autorização judicial. APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI N° 10.174 DE 2001 E LEI COMPLEMENTAR 105 DE 2001 - POSSIBILIDADE - ART - 144, § 1º - Pode ser aplicada, de forma retroativa, ao lançamento, a legislação que tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliando os poderes de investigação das autoridades administrativas. OMISSÃO DE RENDIMENTOS - DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA - ARTIGO 42, DA LEI N°. 9.430, de 1996 - Caracteriza omissão de rendimentos a existência de valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa fisica ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. ARGÜIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE - O Primeiro Conselho de Contribuintes não é competente para se pronunciar sobre inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula 1° CC n° 2). Preliminares rejeitadas. Recurso negado.
Numero da decisão: 104-23.666
Decisão: ACORDAM os Membros da Quarta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, REJEITAR a preliminar argüida pelo Recorrente e, no mérito, NEGAR provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
Matéria: IRPF- ação fiscal - Dep.Bancario de origem não justificada
Nome do relator: Antonio Lopo Martinez

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QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO VIA ADMINISTRATIVA - ACESSO ÀS INFORMAÇÕES BANCÁRIAS PELA SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL - E lícito ao fisco, mormente após a edição da Lei Complementar n°. 105, de 2001, examinar informações relativas ao contribuinte, constantes de documentos, livros e registros de instituições financeiras e de entidades a elas equiparadas, inclusive os referentes a contas de depósitos e de aplicações financeiras, quando houver procedimento de fiscalização em curso e tais exames forem considerados indispensáveis, independentemente de autorização judicial. APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI N° 10.174 DE 2001 E LEI COMPLEMENTAR 105 DE 2001 - POSSIBILIDADE - ART - 144, § P' - Pode ser aplicada, de forma retroativa, ao lançamento, a legislação que tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliando os poderes de investigação das autoridades administrativas. OMISSÃO DE RENDIMENTOS - DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA - ARTIGO 42, DA LEI N°. 9.430, de 1996 - Caracteriza omissão de rendimentos a existência de valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa fisica ou jurídica, regularmente intimado, não I . Processo n° 10675.001970/2006-47 CCOI/C04 i•Acórdão n.° 104-23.666 Fls. 2 comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. ARGÜIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE - O Primeiro Conselho de Contribuintes não é competente para se pronunciar sobre inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula 1° CC n° 2). Preliminares rejeitadas. Recurso negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de recurso interposto por BENEDITO OSMAR DA CUNHA. ACORDAM os Membros da Quarta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, REJEITAR a preliminar argüida pelo Recorrente e, no mérito, NEGAR provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Á L04-4:4- iLti-ed--4 Lin RIA HELENA COTTA CARDOZ Presidente lit'Alv /g •-• tilr+k TINEZTONI LO O R Relator FORMALIZADO EM: 1 (-1 MAR 2009 Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros Nelson Mallmann, Heloísa Guarita Souza, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Rayana Alves de Oliveira França, Pedro Anan Júnior e Gustavo Lian Haddad. 2 Processo no 10675.001970/2006-47 CCO 11C04 Acórdão n.° 104-23.088• F1s. 3 Relatório Em desfavor do contribuinte, BENEDITO OSMAR DA CUNHA, foi lavrado o Auto de Infração de fls. 05/12 e respectivos Demonstrativos de fls. 13/18, o que resultou na constituição do crédito tributário relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física no montante de R$ 879.557,90, sendo R$ 393.501,79 exigido a título de imposto, R$ 295.125,32 cobrado à guisa de multa proporcional passível de redução, aplicada no percentual de 75% (setenta e cinco por cento), e R$ 190.929,79 lançados sob a rubrica de juros de mora, calculados até 30/06/2006. O lançamento foi motivado pela revisão efetuada nas Declarações de Ajuste Anual do contribuinte, referentes aos EF2002/AC2001, EF2003/AC2002, EF2004/AC2005, , EF2005/2004 e EF2006/AC20005, quando foram detectadas infrações representadas por omissão: a) de rendimentos provenientes da prestação de serviços de transporte à determinada pessoa jurídica nos anos-calendários de 2001, 2002 e 2003; b) de receitas caracterizadas por depósitos bancários mantidos pelo pólo passivo no Bradesco S/A, no Santander S/A e no Banco Raiz S/A, cujas origens permaneceram incomprovadas, não só, para os anos-calendários supra mencionados, mas também, para aqueles de 2004 e 2005. Segundo a "Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal", todos os créditos bancários em nome do autuado auditados pela Fiscalização foram consolidados, a partir dos dados constantes na planilha de fls. 20/35, em totais mensais, naquela de fls. 139/140, com a posterior exclusão dos montantes apontados às fls. 135/138 como percebidos pelo requerente da UBERTÁXI, em função do transporte de passageiros - serviços de táxi. Em conformidade com o disposto no artigo 47, inc. II, do Regulamento do Imposto de Renda vigente, somente 60% (sessenta por cento) do que foi dado como recebido pelo fiscalizado da UBERTÁXI foi levado à tributação. Por sua vez, aqueles depósitos que, após tal procedimento, restaram com suas origens injustificadas foram tributados em sua totalidade. Cientificado em 04/08/2006, mediante termo de fls. 422, às fls. 426/464, o impugnante, insurge-se contra o lançamento efetuado sob os argumentos extraídos do relatório da decisão recorrida: DOS FATOS de plano, esclarece que o procedimento Fiscal em epígrafe tem origem nos autos do processo n.° 2004.38.03.005817-3, em curso na Justiça Federal de Uberlândia, instaurado para apuração de denúncia anônima de que estaria o fiscalizado cometendo o crime de usura, ao movimentar vultosas quantias em dinheiro sem o conhecimento da autoridade fazendária competente, assim como estaria desviando recursos financeiros da "UBERTAX1 - Cooperativa de Transporte e 1117 3 , Processo o° 10675.001970/2006-47 CCOI /C04 Acórdão n.• 10423.866 Fls. 4 •Passageiros de Uberlândia Ltda.", da qual foi presidente por 9 (nove) anos e a quem atualmente presta serviços de táxi; alega, a seguir, possuir 03 (três) carros - todos utilizados como instrumento de trabalho na prestação de serviços para a supra citada UBERTÁXI - assim como faz seu filho - Adriano Reginaldo da Cunha - e seu colega de trabalho - José Dirceu da Cruz — proprietários de 3 (três) outros automóveis, todos eles devidamente cadastrados na Prefeitura Municipal de Uberlândia como permissionários taxistas e filiados à cooperativa em comento; argumenta que recebia diretamente da UBER TÁXI os pagamentos referentes aos serviços que a ela prestava, assim como aqueles relativos à remuneração de seu filho e de José Dirceu da Cruz; assevera posteriormente ter-lhes repassado tais valores, consoante documentação colacionada aos autos às fls. 73/129, a qual, no seu entender, demonstra também os pagamentos por ele efetuados. Dessa forma, considera comprovada a origem de suas receitas e seus destinos; conclui então que, com a quebra de seu sigilo bancário, restou evidenciado que os créditos bancários levantados em seu nome, por si sós, não conferem veracidade à omissão de receitas apontada, uma vez que não ocorreu de fato a efetiva movimentação por ele de elevadas quantias em dinheiro em decorrência da suposta prática de crime de usura, como alegado na denúncia anônima apresentada ao Ministério Público Federal; nesse sentido, aponta a ocorrência de sucessivos saldos negativos nas contas que manteve no Banco Iscai S/A, no Bradesco S/A e no Banco Santander S/A, no decorrer do período sob o qual foi fiscalizado; afirma, ainda, que a Receita Federal, encarregada de checar as supostas irregularidades em sua vida financeira, não logrou fazê-lo de forma inequívoca, confundindo dados, duplicando documentos bancários 01. 227 =fl. 223; fl. 228 =fl. 224; fl. 229 =fl. 225; fl. 230 = fl. 226), elaborando tabelas incompletas e inconsistentes e, por _fim tomando, como receita tributável, toda sua movimentação bancária, em total dissonância com a legislação aplicável, como acredita irá demonstrar; inicialmente aponta a desobediência do Fisco à Lei Complementar n.° 105/2001 - que dispõe sobre o sigilo das operações de instituições financeiras e dá outras providências - ao requerer seus dados bancários anteriormente à data de início de sua vigência - 11/01/2001; requer, portanto, que todos os extratos bancários com datas anteriores àquela supramencionada - tais sejam aqueles de fls. 223, 227, 231, 391, 408 - venham ser desconsiderados, por desrespeito ao princípio constitucional da legalidade; salienta, ainda, que o simples levantamento de depósitos em extratos bancários não justificaria o lançamento efetuado; 4 Processo n° 10675.001970/2006-47 CCOI/C04 Acórdão n.° 10423.666 Fls. 5 considera imprescindível para tanto que o Fisco tivesse logrado, não só comprovar a utilização dos valores depositados como renda por ele consumida, mas também houvesse demonstrado o nexo causal entre cada depósito e o fato representativo da omissão de rendimentos, como, no seu entender, vem decidindo a Câmara Superior de Recursos Fiscais; ou seja, manifesta-se pela obrigatoriedade da análise individualizada, pelo agente fiscal, de cada uma de suas transações bancárias com a verificação, por exemplo: a) das transferências de valores de uma conta para outra; b) do efetivo recolhimento dos impostos retidos na fonte pelas empresas que mantinham convênios com a UBER TÁXI, e c) dos reais emitentes dos cheques sob suspeita; afirma também que, sendo ele pessoa física, descabida seria a tributação de 60% (sessenta por cento) do rendimento total decorrente do transporte de passageiros em sua declaração de rendas, tendo em vista que a retenção do IR na fonte era efetuada sobre a totalidade dos valores pagos pelas empresas conveniadas a UBERTÁXI: que é incabível também se tributar 100% (cem por cento) da receita tida como de origem incomprovada, sem levar em consideração a alíquota e as deduções de lei a serem aplicadas; e mais, conforme documentação anexada aos autos, considera que alguns dos cheques emitidos pela UBERTÁXI foram utilizados na cobertura de despesas de viagens por ele realizadas a trabalho, as quais em observância ao inciso XIII art 39, ao Decreto n°. 3.000/99 - RIR vigente, deveriam ter sido excluídas da tributação do imposto de renda; encerrando o presente item de sua peça contestatória, entende ainda ser necessário, para a tipifica* do ilícito tributário em tela, restar cabalmente demonstrada que a aplicação pelo investigado de valores no mercado financeiro resultou em sinais exteriores de riqueza, visto que créditos bancários e aplicações financeiras não constituem fato gerador de imposto de renda, por não corresponderem isoladamente à disponibilidade económica de renda e proventos ou a acréscimo de patrimônio do fiscalizado. DO DIREITO x PRELIMINAR DE NULIDADE DO AU7'0 DE INFRAÇÃO transcrevendo ementas de Acórdãos diversos exarados pelo Colendo Primeiro Conselho de Contribuintes, evoca o principio da reserva legal, estatuído no CTN, arts. 3 0, 97 e 142, , concluindo ser improcedente o lançamento de imposto de renda efetuado com base em presunção que não seja expressamente autorizada por lei; prossegue, argumentando que a prova da aquisição de renda não declarada pelo contribuinte cabe ao Fisco, salvo quando, por expressa disposição, a lei imponha ao investigado a obrigação de comprovar determinado fato, sem o que poderá a autoridade administrativa presumir a percepção de rendimentos; 5 Processo n° 10675.001970/2006-47 CC01/034 • Acórdão n.° 104-23.666 Fls. 6 entende não ser essa a hipótese aplicável nos casos de levantamento de depósitos bancários de origem incomprovada; na espécie, assegura que os créditos bancários apontados pela Fiscalização tiveram suas origens demonstradas pela juntada de cópias de cheques emitidos pela UBERTÁXI, os quais, na maioria das vezes, não foram depositados, mas sacados diretamente na Caixa Econômica Federal, onde a aludida cooperativa possuía conta bancária, e, muitas vezes, como já explicitado, simplesmente repassados a seu filho Adriano Reginaldo da Cunha ou a seu colega de trabalho José Dirceu da Cruz; aventa, a seguir, a possibilidade da devolução por insuficiência de fundos de alguns dos cheques por ele depositados durante o período em análise; ademais, afirma não ter a Fazenda Pública procedido à conciliação bancária entre suas diversas contas correntes, expurgando depósitos • e/ou saques transferidos de uma conta corrente para outra; exemplifica tal fato, argumentando que a Receita Federal aponta a quantia de R$ 4.808,32 como pretensamente por ele recebida da UBERTÁXI em 15/10/2001, consoante documento de fls. 135, mas não considera, conforme acredita demonstrar o documento defl. 83, que tal montante teria sido depositado no mesmo dia em sua conta do Banco Bradesco S/A; tenta a seguir ressaltar procedimento conexo ao supra explicitado, no que tange à monta de R$ 5.500,00, sem contudo, especificar documentação e data que indique tal operação; a seguir, volta a ventilar a tese de que créditos bancários de origem não demonstrada só hão que ser tributados se deles decorrer acréscimo patrimonial injustificado pelos rendimentos percebidos pelo fiscalizado, ou se restar evidenciada a ocorrência de sinais exteriores de riqueza; repisa a hipótese da impossibilidade de tributação de depósitos bancários, por si sós, apoiando-se agora, não só, na ementa de decisórios do colendo Conselho de Contribuintes, as quais transcreve, mas também na súmula 182 do extinto Tribunal Federal de Recursos — TER; reafirma que o lançamento procedido pelo Fisco tem fulcro em presunção não autorizada em lei, ferindo, por via de conseqüência, o princípio constitucional da isonomia tributária, estabelecido no inc. do art. 150, da CF/1988; destarte, requer a nulidade da Peça Fiscal de fls. 05/18. DAS RECEITAS E DESPESAS DO CONTRIBUINTE, SE SUPERADA A PRELIMINAR DE NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO reportando-se especificamente à cópia do cheque n° 3.678. colacionada à fls. 73, afirma que tal documento corresponde a despesas de viagens por ele efetuadas a trabalho, as quais, segundo seu 6 Processo n° 10675.001970/2006-47 CODI/C04 • Acórdão n.° 101-23.646 F. 7 entendimento, estariam isentas de tributação, a teor do disposto no já citado artigo 39, inc. XIII do RIR vigente; estende o raciocínio supra às cópias dos cheques de n° 3.960, fls. 77; n.° 4.519,fls. 84; n° 4.864,fls. 88 e n° 4.590,fls. 117; requer também que sejam analisados os seguintes elementos: fls. 79, cheque n° 4.153, utilizado para pagamento de conta telefônica do número 3214-2263, pertencente à UBERTÁXI; fls. 89, cheque n° 4.966, usado para pagamento de empréstimo da precitada cooperativa; fls. 90, cheque n° 736.018; fls. 92, cheques 5.133 e 5.184; e outros cheques com cópias anexadas às fls. 93/98, assim como o cheque 5.601, colacionado à fls. 100, todos eles referentes a pagamentos realizados as empresas conveniadas da UBERTÁXI, tais como a CargilUNutkim, Triângulo, Estação Ferroviária, CTCB e etc. fls. 99, cheque n° 5.563, utilizado, não só para cobrir despesas de viagem à cidade de Goiatuba, assim como para a quitação de outros valores devidos a seus conveniados, não cabendo, portanto, tributação pelo imposto de renda sobre parte desse valor, como já explicitado; • já, no que concerne à planilha confeccionada pelo autuante com o fito de discriminar os pagamentos levantados como realizados ao autuado pela cooperativa em comento, faz as seguintes considerações: que não só o já comentado cheque n°4.455, mas também àquele de n° 4.405 foi depositado no Bradesco S/A, conforme documentos de fls. 83/84 no atinente ao último cheque citado e, em ambos os casos, consoante os extratos de fls. 395 e 396; que os cheques n° 4.752 e 4.818, também teriam sido eles depositados na supra citada instituição financeira, segundo acredita comprovar o documento defls. 87; à vista do exposto, solicita que a Receita Federal oficie a UBER TÁXI para no sentido de se verificar se as empresas a ela conveniadas efetuaram os devidos descontos e recolhimentos na fonte, o que em sendo verificado veda qualquer outra incidência, em face do instituto da "bi-tributação"; por fim, observa que, à fls. 111, estão demonstradas tanto sua produtividade relativa ao mês de fevereiro (7 e de que ano?), quanto os descontos realizados pela UBERTÁXI sobre tal rendimento, tendo, todavia, sido tal valor apontado como omitido por este órgão fazendá rio àfls. 140; prossegue, argumentando que, assim como a cópia de cheque carreada à fls. 118, grande parte dos cheques auditados não eram "cruzados", ou seja, muitas vezes foram simplesmente sacados e utilizados para a realização de pagamentos diversos de responsabilidade da cooperativa em comento. 7 Processo n° 10675.001970/2006-47 CC0I1C04 Acórdão n.° 104231166 Fls. 8 DO PRINCIPIO DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA amparando-se nos preceitos constitucionais em epígrafe e após transcrever, não só textos doutrinários, mas também ementas de decisórios exarados pelo colendo Conselho de Contribuintes sobre o tema, alega que o crédito tributário constituído se configuraria, por seu valor, em confisco, ou ainda, em pena de perdimento, mediante o termo de arrolamento de bens contra ele lavrado; argumentando que, sendo o confisco vedado pela Constituição Federal, ocorreu, não só, o crime de extorsão - pela cobrança de tributos que levem à inviabilização do normal funcionamento da empresa - mas também, o de "exação" - que proíbe a cobrança de imposto que se sabe ou se deveria saber indevido; assevera, pois, que a observância de tais princípios está concatenada a determinados atos administrativos, em cujo desenvolvimento há que estar presente a ampla possibilidade de questionamento pelo administrado; por via de conseqüência, informa que levantará outros elementos que evidenciem sua inocência, requerendo a oportunidade de solicitar novas provas, inclusive periciais, consoante legislação que passa a transcrever; dessa feita, conclui que as garantias constitucionais do contraditório e da ampla defesa devem ser asseguradas ao fiscalizado em qualquer instância de julgamento sob pena de seu cerceamento, com a conseqüente nulidade do presente procedimento fiscaL DA ILEGALIDADE DA QUEBRA DO SIGILO BANCÁRIO ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI COMPLEMENTAR N° 105/2001 ainda que admitindo ter a quebra do seu sigilo bancário sido respaldada em autorização judicial, requer o contribuinte a observância das disposições contidas na Lei Complementar n° 105/2001, vigente apenas em 11/01 do citado ano-calendário; em assim sendo, volta a requerer que todos os extratos bancários com datas anteriores àquela supramencionada - tais sejam os de fls. 223, 227, 231, 391, 408 — sejam desconsiderados, alegando nesse momento o desrespeito ao princípio constitucional da irretroatividade das leis; continua, argumentando que, em se admitindo a tributação de depósitos bancários incomprovados com fulcro no art. 42 da Lei n° 9.430/1996, deixou tal presunção de ser aplicável à medida que a Secretaria da Receita Federal, por intermédio de servidor ocupante do cargo de Auditor Fiscal, passou a ter o direito de examinar informações relativas a terceiros constantes de documentos, livros e registros de instituições financeiras e de entidades a elas equiparadas, cujo exercício há sempre de ser precedido de procedimento de fiscalização especifico, consoante o art. 2° do Decreto n°3.724/2001; noutro giro, prossegue o peticionário, esta instituição de posse de extratos - arrimados em requisição de informações sobre movimentação financeira de que trata a Portaria SRF n.° 180/2001 - 8 Processo n° 10675.00197012006-47 CCOI/C04 Acórdão o! 104-23.8413 Fls. 9 passou a ter, na presença de indícios de omissão de rendimentos e/ou receitas, que provar a qual título foram esses adquiridos, hipótese que, no entender do requerente, não ficou demonstrada no presente procedimento, o qual cabe, pois, ser anulado; cita, dentre outras, ementa de Acórdão do Primeiro Conselho de Contribuintes referente à exclusão, no que tange à infração sob exame, de depósitos de pessoas físicas de valor igual ou inferior a R$ 12.000,00, desde que seu somatório, dentro do ano-calendário, não ultrapasse R$ 80.000,00. DA NÃO COMPROVAÇÃO PELO FISCO DO ACRÉSCIMO PATRIMONIAL DO CONTRIBUINTE com base em julgados administrativos diversos, volta à tese de que, na espécie, caberia à Fiscalização comprovar de forma cabal a ocorrência de acréscimo injustificado de seu património. DA REVISÃO DA MULTA APLICADA NO PERCENTUAL DE 75% toma ainda como inconstitucional a postura do Fisco ao aplicar a multa de 75% (sessenta por cento) sobre o total dos créditos bancários de origem incomprovada, considerando-a limitada em 20% (vinte por cento), com base em decisão judicial, cuja ementa transcreve; destarte, considera a multa aplicada como indevidamente agravada, porque, consoante entende, não comprovado que o fato alegado realmente se consumou, impossível justificar a exigência de multa por suposta prática defraude. DA ATIVIDADE ECONÔMICA DO CONTRIBUINTE ASSOCIADO À COOPERATIVA com fundamento, sobretudo, em decisão judicial que transcreve, requer ainda a nulidade da presente peça fiscal, haja vista que os atos praticados pelo contribuinte o foram através da cooperativa, que de acordo com a lei, entende, estariam afastados do pagamento de impostos, por abrangidos por imunidade constitucional. DA POSSILIBIDADE DE SEU ENQUADRAMENTO NO REGIME TRIBUTÁRIO REGIDO DO SIMPLES pleiteia, se superadas sua colocações no atinente ao ato cooperado, que seja enquadrado no regime de tributação do "Simples". DO ARROLAMENTO DE SEUS BENS - PROCESSO ADMINISTRATIVO n°10675.002243/2006-OS peticiona, ainda, no sentido de que sejam excluídos do arrolamento efetuado por meio do processo administrativo supra, os seguintes itens: a) I e 13- mesmo imóvel b) 2 - imóvel no qual reside; c) 5 e 6 — detém, tão-somente, o usufruto destes e, não, a propriedade: jsk/ 9 Processo n° 10675.001970/200647 CCO 1/C94 • Acórdão n.° 104-23.588 F1s. 10 d) 17 — imóvel situado em Anápolis - GO, vendido há mais de 8 (oito) anos; e) 22, 23 e 24 - referem-se a veículos utilizados como instrumento de seu sustento e de sua família. Em 23 de fevereiro de 2007, os membros da ir Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento de Juiz de Fora proferiram Acórdão que, por unanimidade de votos, rejeitou as preliminares, e considerou procedente o lançamento, nos termos da Ementa a seguir transcrita. Assunto: Processo Administrativo Fiscal Exercício: 2002, 2003, 2004, 2005, 2006 NULIDADE. A nulidade do auto de infração somente se configura na ocorrência das hipóteses previstas no artigo 59 do Decreto n°70.235/1972. INSTRUÇÃO DA PEÇA IMPUGNATORIA. A impugnação deve ser instruída com os documentos em que se fundamentar e que comprovem as alegações de defesa, precluindo o direito do impugnante fazê-lo em outro momento processual. DILIGÊNCIAS E PERÍCIA 5. A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de oficio ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendê-las necessárias, indeferindo, todavia, aquelas consideradas prescindíveis para a solução do litígio instaurado. Assunto: Normas de Administração Tributária Exercício: 2002, 2003, 2004, 2005, 2006 ARGÜIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA DOS ORGÃOS ADMINISTRATIVOS. O controle de constitucionalidade dos atos legais é matéria afeta ao Poder Judiciário. Descabe, pois, às autoridades administrativas de qualquer instância examinar a constitucionalidade das normas inseridas no ordenamento jurídico nacional. LEGISLAÇÃO QUE AMPLIA OS MEIOS DE FISCALIZAÇÃO. INAPLICABILIDADE DO PRINCIPIO DA IRRETROATIVIDADE É incabível falar-se em irretroatividade em face da utilização, pela autoridade Tributária, de lei que amplia os meios de fiscalização, uma vez que tal princípio atinge tão-somente os aspectos materiais do lançamento. REQUISIÇÃO E UTILIZAÇÃO DE DADOS BANCÁRIOS. A requisição às instituições financeiras de dados relativos a terceiros, com fulcro na Lei Complementar n°105/2001, constitui transferência à 10 Processo rr 10675.001970/2006-47 CC01/04 Acórdão n.° 10423.566 Fls. 11 SRF, e não quebra, do sigilo bancário dos contribuintes. Por sua vez, tendo a autoridade Fiscal tido acesso a tais informações como simples decorrência de processo judicial já instaurado contra o autuado, não há que se cogitar na aplicação do ordenamento jurídico supra referido. CARÁTER CONFISCATÓRIO DO LANÇAMENTO. Descabe a apreciação, nesta instância, da alegação de que o lançamento viola o princípio constitucional do não-confisco, em face do princípio da vincula ção à lei a que está submetido o julgador administrativo. Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2002, 2003, 2004, 2005, 2006 LANÇAMENTO COM BASE EM PRESUNÇÃO LEGAL. ÓNUS DA PROVA Os lançamentos efetuados com base em presunções "juris tantum" transferem o ânus da prova ao contribuinte em relação aos argumentos que tente descaracterizar. OMISSSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS Com a edição da Lei n° 9.430/1996, a partir de 01/01/1997 passaram a ser caracterizados como omissão de rendimentos, sujeitos a lançamento de oficio, os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais a pessoa física ou jurídica, regularmente intimada, não comprove a origem dos recursos utilizados nessas operações. DEPÓSITOS BANCÁMOS COM ORIGEM COMPROVADA. FORMA DE TRIBUTAÇÃO. Os créditos bancários com origem comprovada, que não tiverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeter-se-ão às normas específicas de tributação, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. MULTA PROPORCIONAL Cabível a aplicação da multa proporcional no percentual de 75 % (setenta e cinco por cento), calculada sobre a diferença de imposto a ser exigida do autuado como conseqüência de procedimento de oficio contra ele instaurado, nos casos em que foi apresentada ao Fisco declaração de rendas inexata, com a omissão de rendimentos tributáveis. Lançamento Procedente Cientificado em 23/03/2007, o contribuinte, se mostrando , irresignado, apresentou em 17/04/2007, o Recurso Voluntário, de fls. 519/564, onde reitera os pontos apresentados na impugnação, especialmente os itens a seguir: - Indica que depósito bancário não é renda; II Processo n's 10675.001970/2006-47 CCOI/C04 Acórdio o° 104-23.666 • Fls. 12 - Da necessidade de ser observado o princípio do contraditório e da ampla defesa; - Da ilegítima quebra do sigilo antes da vigência da Lei Complementar No. 105/01; - Da não comprovação pelo Fisco do Acréscimo Patrimonial do Contribuinte; - Da revisão da aplicação da multa de 75% sobre o rendimento do contribuinte fiscalizado; - Da atividade do contribuinte e de sua possibilidade de enquadramento no regime tributário regido pela Lei do Simples. É o Relatório. 12 Processo n° 10675.001970/2006-47 CCO I /CO4 Acórdão n.° 104-23.888 Fls. 13 Voto Conselheiro ANTONIO LOPO MARTINEZ, Relatar O recurso está dotado dos pressupostos legais de admissibilidade devendo, portanto, ser conhecido. Da Nulidade Material Formula o contribuinte preliminar de nulidade alegando que a autoridade administrativa tem o dever de analisar os atos administrativos eivados de vício de nulidade. Ocorre que, nos presentes autos, não ocorreu nenhum vício para que o procedimento seja anulado, como bem discorreu a autoridade recorrida, os vícios capazes de anular o processo são os descritos no artigo 59 do Decreto 70.235/1972 e só serão declarados se importarem em prejuízo para o sujeito passivo, de acordo com o artigo 60 do mesmo diploma legal. Não havendo que se falar em nulidade no presente caso, rejeito a preliminar argüida pelo contribuinte. Do Cerceamento do Direito de Defesa. Suscitou ainda, o autuado, o cerceamento do seu direito de defesa, uma vez que a autoridade fiscal não considerou os seus argumentos, não realizando qualquer justificativa. Tal alegação também não procede. Não ficou caracterizado o cerceamento do direito de defesa. Muito pelo contrário. A defesa foi exercida de forma absolutamente ampla. A maior prova disso é que o contribuinte contestou todos os pontos da autuação, demonstrando, dessa forma, o conhecimento pleno da infração que lhe foi imputada. Da Irretroatividade da LC 105/2001 e da Lei n° 10.174/2001. O contribuinte se mostrou inconformado com a aplicação retroativa da Lei Complementar 105/2001 e da Lei 10.174/2001. Entendeu que ao proceder com base em tais instrumentos legais o Fisco acabou por obter provas de origem ilícita. Não procede tal argumento. O parágrafo 1° do art. 144 do CTN permite a aplicação de legislação posterior à ocorrência do fato gerador, que tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização e ampliado os poderes de investigação das autoridades administrativas. Desta forma é notória a possibilidade de aplicação dos mencionados instrumentos legais de forma retroativa, uma vez que, tão somente, ampliam os poderes de investigação do Fisco. O STJ já manifestou o seu entendimento neste sentido no RESP 529818/PR e no ERESP 7267781PR. 13 Processo n° 10615.001970/2006-47 CO 1iC04 • Acónito o.' 104-23.888 Fls. 14 Da Impossibilidade de Acesso ao Sigilo Bancário sem Autorização Judicial O sigilo bancário sempre foi um tema cheio de contradições e de várias correntes. Antes da edição da Lei Complementar n° 105, de 2001, os Tribunais SuperiOres tinham a forte tendência de albergar a tese da inclusão do sigilo bancário na esfera do direito à privacidade, na forma da nossa Constituição Federal, sob o argumento que não é cabível a sua quebra com base em procedimento administrativo, amparado no entendimento de que as previsões nesse sentido, inscritas nos parágrafos 5° e 6° do artigo 38, da Lei n°4.595, de 1964 e no artigo 8° da Lei n°8.021, de 1990, perdem eficácia, por interpretação sistemática, diante da vedação do parágrafo único do artigo 197, do C1N, norma hierarquicamente superior. Apesar de existir intermináveis discussões quanto à natureza do sigilo bancário, entendo que tal garantia, insere-se na esfera do direito à privacidade, traduzido no artigo 5°, inciso X, da Constituição Federal. Por outro lado, entendo que o direito à privacidade não é ilimitado, tendo em vista o princípio da convivência de liberdades. Assim, não se pode, sob o manto da privacidade, pretender acobertar indistintamente qualquer irregularidade que seja objeto de apuração pelo fisco, ou seja, os direitos e garantias individuais previstos na Constituição Federal não se prestam a servir de manto protetor a comportamentos abusivos, e nem tampouco devem prevalecer diante de fatos que possam constituir crimes. Sejam eles crimes tributários ou não. Não restam dúvidas, que o direito ao sigilo bancário não pode ser utilizado para acobertar ilegalidades. Por outro lado, preserva-se a intimidade enquanto ela não atingir a esfera de direitos de outrem. Todos têm direito à privacidade, mas ninguém tem o direito de invocá-la para abster-se de cumprir a lei ou para fugir de seu alcance. Tenho para mim, que o sigilo bancário não foi instituído para que se possam praticar crimes impunemente. Desta forma, é indiscutível que o sigilo bancário, no Brasil, para fins tributários, é relativo e não absoluto, já que a quebra de informações pode ocorrer nas hipóteses previstas em lei. Da mesma forma, a quebra do sigilo bancário não afronta aos incisos X e XII do art. 50 da Constituição Federal de 1988. O Supremo Tribunal Federal já decidiu que: "Ementa: Inquérito. Agravo regimental. Sigilo bancário. Quebra. Afronta ao artigo 5°, X e MI, da CF: Inexistência. (..). I - A quebra do sigilo bancário não afronta o artigo 5°. X e MI, da Constituição Federal (Precedentes: PET. 577). (Ac. Do Plenário do Supremo Tribunal Federal, no AGRINQ-897IDF, rel. Min. Francisco Rezek, em 23.11.94)." Ora, é cediço que o sigilo bancário não tem caráter incontestável nem absoluto, pois deve sempre estar submetido, como direito individual que é, aos interesses da sociedade em geral e, por conseguinte, ao interesse maior da preservação dos comandos estabelecidos pela lei. 14 • Processo n°10675.00197012006-47 CCOI/C04 Acórdão n.° 104-23.666 Fls. 15 Diz a Lei n°4.595, de 1964: "Art. 38 - As instituições financeiras conservarão sigilo em suas operações ativas e passivas e serviços prestados. § 1 ° As informações e esclarecimentos ordenados pelo Poder Judiciário, prestado pelo Banco Central da República do Brasil ou pelas instituições financeiras, e a exibição de livros e documentos em juízo, se revestirão sempre do mesmo caráter sigiloso, só podendo a eles ter acesso às partes legítimas na causa, que deles não poderão servir-se para fins estranhos à mesma. § 2 0 O Banco Central da República do Brasil e as instituições financeiras públicas prestarão informações ao Poder Legislativo, podendo, havendo relevantes motivos, solicitar sejam mantidas em reserva ou sigilo. § 3 0 As Comissões Parlamentares de Inquérito, no exercício da competência constitucional e legal de ampla investigação obterão as informações que necessitarem das instituições financeiras, inclusive através do Banco Central da República do Brasil. § 4° Os pedidos de informações a que se referem os §§ 2 0 e 3°, deste artigo, deverão ser aprovados pelo Plenário da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal e, quando se tratar de Comissão Parlamentar de Inquérito, pela maioria absoluta de seus membros. § 5° Os agentes fiscais tributários do Ministério da Fazenda e dos Estados somente poderão proceder a exames de documentos, livros e registros de contas de depósitos, quando houver processo instaurado e os mesmos forem considerados indispensáveis pela autoridade competente. § 6 0 0 disposto no parágrafo anterior se aplica igualmente à prestação de esclarecimentos e informes pelas instituições financeiras às autoridades fiscais, devendo sempre estas e os exames ser conservados em sigilo, não podendo ser utilizados senão reservadamente." Nos termos da lei, acima mencionada, o sigilo bancário será quebrado sempre que houver processo instaurado e a autoridade fiscalizadora considerar necessário, pois é sabido que os estabelecimentos vinculados ao sistema bancário não poderá eximir-se de fornecer à fiscalização, em cada caso especificado pela autoridade competente da Secretaria da Receita Federal, cópias das contas correntes de seus depositantes ou de outras pessoas que tenham relações com tais estabelecimentos, nem de prestar informações ou quaisquer esclarecimentos solicitados, se a autoridade fiscal assim o julgar necessário, tendo em vista a instrução de processo para qual essas informações são requeridas. É evidente, que a possibilidade da quebra do sigilo bancário é de natureza excepcional, e o artigo 38 da Lei n° 4.595, de 1964, arrola as oportunidades em que terceiros tem acesso ao conhecimento de dados e informações de operações realizadas no mercado financeiro pelos seus investidores/clientes. Os parágrafos, do artigo anteriormente citado, estabelecem, de forma clara, quais são as autoridades que tem acesso a estas informações, ou 15 Processo n°10675.001970/200647 CCO 1/C04 • Acórdão o.° 104-23.868 Fls. 16 seja, Poder Judiciário (§ 1°); Poder Legislativo (§ 2°); Comissões Parlamentares de Inquérito (§ 3°) e os agentes fiscais do Ministério da Fazenda e dos Estados (§§ 5° e 6°). O texto acima estabelece com clareza a obrigatoriedade que os bancos tinham de permitir aos agentes fiscais o exame dos registros de contas de depósitos. Para isto, bastaria demonstrar a existência de processo fiscal e declarar que tal documentação era indispensável à investigação em curso. Desta forma, entendo que fica demonstrado que, já em 1964, os bancos estavam obrigados a fornecer à fiscalização documentação a respeito de transações com seus clientes. Não há como discordar que a expressão "processo instaurado" se refere ao "processo administrativo fiscal", já que em caso contrário não haveria a necessidade dó existirem os parágrafos 50 e 6° do referido diploma legal. Assim, fica evidenciado que para a Administração Tributária Federal ter acesso a informações relativo às atividades e operações no mercado financeiro e de capitais realizadas pelos contribuintes pessoas fisicas e/ou jurídicas, estaria condicionada a observância de certos requisitos, quais sejam: ter processo administrativo fiscal instaurado; que as informações a serem solicitadas fossem indispensáveis e que estas informações não poderiam ser reveladas a terceiros. Já, por outro lado, em 1966, a Lei n°. 5.172 (Código Tributário Nacional) promoveu alterações no dispositivo acima transcrito, eliminando a exigência de prévia existência de processo. No art. 197 o Código Tributário Nacional dispõe: "Mediante intimação escrita, são obrigados a prestar à autoridade administrativa todas as informações de que disponham com relação aos bens, negócios ou atividades de terceiros: II - os bancos, casas bancárias, Caixas Econômicas e demais instituições financeiras." Após a edição do Código Tributário Nacional, o Decreto n°. 1.718, de 1979 reforçou a obrigatoriedade que têm as Instituições Financeiras de prestar informações às autoridades fiscais. No art. 2° daquele ato legal foi estabelecido: "Continuam obrigados a auxiliar a fiscalização dos tributos sob administração do Ministério da Fazenda, ou quando solicitados a prestar informações, os estabelecimentos bancários, inclusive as Caixas Econômicas, os Tabeliães e Oficiais de registro, o Instituto Nacional de Propriedade Industrial, as Juntas Comerciais ou as repartições e autoridades que as substituírem, as Bolsas de Valores e as empresas corretoras, as Caixas de Assistência, as Associações e Organizações Sindicais, as Companhias de Seguros, e demais entidades ou empresas que possam, por qualquer forma, esclarecer situações para a mesma fiscalização." Já no comando da Lei n°. 8.021, de 1990, esta obrigatoriedade é mais abrangente incluindo Bolsa de Valores e Assemelhadas, além das Instituições Financeiras, cuja redação diz o seguinte: 16 • Processo n° 10675.001970/2006-47 CCO I /CO4 • Acórdão n.° 104-23.666 Eis 17 -"Art. 7°- A autoridade fiscal do Ministério da Economia, Fazenda e Planejamento poderá proceder a exames de documentos, livros e registros das bolsas de valores, de mercadorias, de futuros e assemelhadas, bem como solicitar a prestação de esclarecimentos e informações a respeito de operações por elas praticadas, inclusive em relação a terceiros. Art. 8° - Iniciado o procedimento fiscal, a autoridade fiscal poderá solicitar informações sobre operações realizadas pelo contribuinte em instituições financeiras, inclusive extratos de contas bancárias, não se aplicando, nesta hipótese, o disposto no art 38 da Lei n°. 4.595, de 31 de dezembro de 1964. Parágrafo único - As informações, que obedecerão às normas regulamentares expedidas pelo Ministério da Economia, Fazenda e Planejamento, deverão ser prestadas no prazo máximo de dez dias úteis contados da data da solicitação, aplicando-se, no caso de descumprimento desse prazo, a penalidade prevista no 1° do art. 71:" Evidente está, diante das normas legais acima transcritas, que as instituições financeiras não podem invocar o dever de sigilo bancário quando da efetivação, por parte da Fazenda Pública, de pedido de informações acerca de um terceiro, existindo processo administrativo fiscal que permita tal solicitação. Não há que se falar, portanto, em quebra do sigilo bancário, uma vez que a autoridade fazendária encontra-se legalmente obrigada a manter os dados recebidos sob sigilo, conforme impõe o parágrafo 6° do artigo 38 da Lei n° 4.595, de 1964. Os dispositivos legais acima citados, não foram declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal, dão respaldo ao procedimento da fiscalização. Por esta razão, rejeita-se o argumento de que os documentos foram obtidos de forma ilícita. O sigilo bancário, face à farta legislação existente, não pode ser argüido com a finalidade de negar informações ao fisco. A Lei n°. 8.021, de 1990 revoga, para fins fiscais, a obrigatoriedade das instituições financeiras a conservar sigilo em suas operações ativas e passivas e serviços prestados, estabelecido no art. 38 da Lei n°. 4.595, de 1964. Este último dispositivo legal já estabelecia em seus parágrafos 5° e 6° que: "5° - Os agentes fiscais tributários do Ministério da Fazenda e dos Estados somente poderão proceder a exame de documentos, livros e registros de contas de depósitos, quando houver processo instaurado e os mesmos forem considerados indispensáveis pela autoridade competente. 6°- O disposto no parágrafo anterior se aplica igualmente à prestação de esclarecimentos e informes pelas instituições financeiras às autoridades fiscais, devendo sempre estas e os exames ser conservados em sigilo, não podendo ser utilizados senão reservadamente." Resta claro, portanto, a possibilidade de a administração fazendária solicitar aos estabelecimentos bancários às informações que esses detenham em relação aos contribuintes para os quais exista procedimento fiscal em andamento, sem que seja necessário demonstrar os motivos que conduziram a tal requisição. 0)( 17 Processo n° 10675.00197012006-47 CCO 1 /014 . Acórdão n.°104-23.6O6 Fls. 18 Agora sob o comando da Lei Complementar n°. 105, de 10 de janeiro de 2001, esta condição é indiscutível, cuja redação diz o seguinte: "Art. I ° As instituições financeiras conservarão sigilo em suas operações ativas e passivas e serviços prestados. '(4 § 3° Não constitui violação do dever de sigilo: I - a troca de informações entre instituições financeiras, para fins cadastrais, inclusive por intermédio de centrais de risco, observadas as normas baixadas pelo Conselho Monetário Nacional e pelo Banco Central do Brasil; II - o fornecimento de informações constantes de cadastro de emitentes de cheques sem provisão de fundos e de devedores inadimplentes, a entidades de proteção ao crédito, observadas às normas baixadas pelo Conselho Monetário Nacional e pelo Banco Central do Brasil; III - o fornecimento das informações de que trata o § 2° do art. 11 da Lei n°9.311. de 24 de outubro de 1996; IV - a comunicação, às autoridades competentes, da prática de ilícitos penais ou administrativos, abrangendo o fornecimento de informações sobre operações que envolvam recursos provenientes de qualquer prática criminosa; V - a revelação de informações sigilosas com o consentimento expresso dos interessados; VI - a prestação de informações nos termos e condições estabelecidos nos artigos 2°, 3°, 4°, 5°, 6°, 7° e 9° desta Lei Complementar. (s) Art. 6° As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios somente poderão examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive a contas de depósitos e aplicações financeiras, quando 1 houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente. Parágrafo único. O resultado dos exames, as informações e os documentos a que se refere este artigo serão conservados em sigilo, observada a legislação tributária. (. Art. Revoga-se o art. 38 da Lei ri t° 4.595, de 31 de dezembro de I964.". A edição desse dispositivo de lei complementar se fez indispensável, em virtude de divergência interpretativa que havia sido estabelecida acerca do tema, especialmente em aÀface de decisão de uma das Turmas do Superior Tribunal de Justiça, no qual ficou sentado 18 • Processo n• 10675.001970/2006-47 CCOI/C04 Acórdão n.* 10423.666 F1s. 19 que o termo "processo", empregado no artigo 38 da Lei n° 4.595, de 31 de dezembro de 1964, se referia a processo judicial e não processo administrativo, que a expressão autoridade competente se referia à autoridade judiciária, não a autoridade administrativo-fiscal. Cuidou, assim, o preceptivo legal em questão - que revogou expressamente, em seu artigo 13, o artigo 38 da Lei n° 4.595, de 1964 -, de chancelar uma exceção à regra do sigilo bancário já prevista na lei anterior, agora com toda a clareza, sem deixar margem à interpretação equivocada ou distorcida, ao declarar expressamente que o processo mencionado é o administrativo; que a autoridade competente, para fins da lei, é a administrativa. Ora, se antes existiam dúvidas sobre a possibilidade da quebra do sigilo bancário via administrativa (autoridade fiscal), agora estas não mais existem, já que é claro na lei complementar, acima transcrita, a tese de que a Secretaria da Receita Federal tem permissão legal para acessar os dados bancários dos contribuintes, está expressamente autorizado pelo artigo 6° da mencionada lei complementar. O texto autorizou, expressamente, as autoridades e agentes fiscais tributários a obter informações de contas de depósitos e aplicações financeiras, desde que haja processo administrativo instaurado. Assim, estaria afastada a pretensa quebra de sigilo bancário de forma ilícita, já que há permissão legal para que o Estado através de seus agentes fazendários, com fins públicos (arrecadação de tributos), visando o bem comum, possa ter acesso aos dados protegidos, originariamente, pelo sigilo bancário. Ficam o Estado e seus agentes responsáveis, por outro lado, pela manutenção do sigilo bancário e pela observância do sigilo fiscal. Nesse sentido, leia-se a opinião de Bernardo Ribeiro de Moraes, contido no Compêndio de Direito Tributário, Ed. Forense, la. Edição, 1984, pág. 746: "O sigilo dessas informações, inclusive o sigilo bancário, não é absoluto. Ninguém pode se eximir de prestar informações, no interesse público, para o esclarecimento dos fatos essenciais e indispensáveis à aplicação da lei tributária. O sigilo, em verdade, não é estabelecido para ocultar fatos, mas sim, para revestir a revelação deles de um caráter de excepcionalidade. Assim, compete à autoridade administrativa, ao fazer a intimação escrita, conforme determina o Código Tributário Nacional, estar diante de processos administrativos já instaurados, onde as respectivas informações sejam indispensáveis." Desta forma, dentro dos limites estabelecidos pelos textos legais que tratam o assunto, os Auditores-Fiscais da Receita Federal poderão proceder a exames de documentos, livros e registros de contas de depósitos, desde que houver processo fiscal administrativo instaurado e os mesmos forem considerados indispensáveis pela autoridade competente. Devendo ser observado que os documentos e informações fornecidos, bem como seus exames, devem ser conservados em sigilo, cabendo a sua utilização apenas de forma reservada, cumprido as normas a prestação de informações e o exame de documentos, livros e registros de contas de depósitos, a que alude a lei, não constitui, portanto, quebra de sigilo bancário. Sempre é bom lembrar que o sigilo fiscal a que se obrigam os agentes fiscais constitui um dos requisitos do exercício da atividade administrativa tributária, cuja inobservância só se consubstancia mediante a verificação material do evento da quebra do sigilo funcional, quando, então, o agente envolvido sofrerá a devida sanção. 19 a a Processo n° 10675.001970/2006-47 CCOI/C04 • Acórdão n.• 104-23.888 Fls. 20 Da mesma forma, discordo daqueles que defendem a ilegalidade da aplicação retroativa da Lei Complementar n° 105, de 2001, sob o argumento que em face ao princípio constitucional que veda a aplicação retroativa da lei, a mesma (LC n° 105, de 2001), não poderia ter sido tomada pelas autoridades fiscais para respaldar a obtenção e o exame da movimentação bancário do ano calendário de 1998. Da Presunção baseada em Depósitos Bancários O lançamento fundamenta-se em depósitos bancários. A presunção legal de omissão de rendimentos com base nos depósitos bancários está condicionada apenas à falta de comprovação da origem dos recursos que transitaram, em nome do sujeito passivo, em instituições financeiras, ou seja, pelo artigo 42 da Lei n° 9.430/1996, tem-se a autorização para considerar ocorrido o "fato gerador" quando o contribuinte não logra comprovar a origem dos créditos efetuados em sua conta bancária, não havendo a necessidade do fisco juntar qualquer outra prova. Via de regra, para alegar a ocorrência de "fato gerador", a autoridade deve estar munida de provas. Mas, nas situações em que a lei presume a ocorrência do "fato gerador" (as chamadas presunções legais), a produção de tais provas é dispensada. Neste caso, ao Fisco cabe provar tão-somente o fato indiciário (depósitos bancários) e não o fato jurídico tributário (obtenção de rendimentos). No texto abaixo reproduzido, extraído de "Imposto sobre a Renda - Pessoas Jurídicas" (Justec-RJ; 1979:806), José Luiz Bulhões Pedreira sintetiza com muita clareza essa questão: O efeito prático da presunção legal é inverter o ônus da prova: invocando-a, a autoridade lançadora fica dispensada de provar, no caso concreto, que ao negócio jurídico com as características descritas na lei corresponde, efetivamente, o fato econômico que a lei presume - cabendo ao contribuinte, para afastar a presunção (se é relativa) provar que o fato presumido não existe no caso. Assim, o comando estabelecido pelo art. 42 da Lei n° 9430/1996 cuida de presunção relativa Guris tantum) que admite a prova em contrário, cabendo, pois, ao sujeito passivo a sua produção. Nesse passo, como a natureza não-tributável dos depósitos não foi comprovada pelo contribuinte, estes foram presumidos como rendimentos. Assim, deve ser mantido o lançamento. Antes de tudo cumpre salientar que a presunção não foi estabelecida pelo Fisco e sim pelo art. 42 da Lei n° 9.430/1996. Tal dispositivo outorgou ao Fisco o seguinte poder: se provar o fato indiciário (depósitos bancários não comprovados), restará demonstrado o fato jurídico tributário do imposto de renda (obtenção de rendimentos). Assim, não cabe ao julgador discutir se tal presunção é equivocada ou não, pois se encontra totalmente vinculado aos ditames legais (art. 116, inc. III, da Lei n° 8.112/1990), mormente quando do exercício do controle de legalidade do lançamento tributário (art. 142 do Código Tributário Nacional - CTN). Nesse passo, não é dado apreciar questões que importem a • negação de vigência e eficácia do preceito legal que, de modo inequívoco, estabelece a presunção legal de omissão de receita ou de rendimento sobre os valores creditados em conta de depósito mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pess a fisica 20 e R. Processo n°10675.001970/2006-47 CCOI/C04 tv Acórdão n.• 104-23.888 Fls. 21 ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação há'," e idónea, a origem dos recursos utilizados nessas operações (art. 42, caput, da Lei n° 9.430/1996). Da Inconstitucionalidade das Normas No referente a suposta inconstitucionalidade das Normas aplicadas, acompanho a posição sumulada pelo 1° Conselho de que não compete à autoridade administrativa de qualquer instância o exame da legalidade/constitucionalidade da legislação tributária, tarefa exclusiva do poder judiciário. O Primeiro Conselho de Contribuintes não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula 1° CC n°2). Assim, por exemplo , a suposta inconstitucionalidade da multa no percentual de 75 %, estabelecido por lei, bem como o seu caráter confiscatório, acompanha a posição sumulado pelo conselho. Da Atividade do Recorrente e aplicação do Regime tributário regido pela Lei do Simples A atividade do recorrente não o permite enquadrar em regime de tributação distinto do que aquele que se refere a pessoa física. Em conformidade com o disposto no artigo 47, inc. II, do Regulamento do Imposto de Renda vigente, somente 60% (sessenta por cento) do que foi dado como recebido pelo fiscalizado da UBERTÁXI foi levado à tributação. Por sua vez, aqueles depósitos que, após tal procedimento, restaram com suas origens injustificadas foram tributados em sua totalidade. Não existe qualquer previsão legal que possibilite enquadrar o recorrente no regime tributário do Simples. Ante ao exposto, diante do elucidativo voto da autoridade recorrida, bem como pela inexistência de provas haveis para comprovar a origem dos depósitos bancários, voto no sentido de REJEITAR as preliminares argüidas pelo Recorrente e, no mérito, NEGAR provimento ao recurso. as Sessões - DF, e 17 de dezembro de 2008iSal l "L, it lf ONI L P q O M RTINEZ ... I I, 21 1 Page 1 _0027800.PDF Page 1 _0027900.PDF Page 1 _0028000.PDF Page 1 _0028100.PDF Page 1 _0028200.PDF Page 1 _0028300.PDF Page 1 _0028400.PDF Page 1 _0028500.PDF Page 1 _0028600.PDF Page 1 _0028700.PDF Page 1 _0028800.PDF Page 1 _0028900.PDF Page 1 _0029000.PDF Page 1 _0029100.PDF Page 1 _0029200.PDF Page 1 _0029300.PDF Page 1 _0029400.PDF Page 1 _0029500.PDF Page 1 _0029600.PDF Page 1 _0029700.PDF Page 1

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Numero do processo: 11041.000661/2003-26
Turma: Quarta Câmara
Seção: Primeiro Conselho de Contribuintes
Data da sessão: Wed May 28 00:00:00 UTC 2008
Data da publicação: Wed May 28 00:00:00 UTC 2008
Ementa: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF Exercício: 1999, 2000, 2001, 2002 PRELIMINAR DE NULIDADE - INEXISTÊNCIA - As hipóteses de nulidade do procedimento são as elencadas no artigo 59, do Decreto nº. 70.235, de 1972, não havendo que se falar em nulidade por outras razões, inclusive porque a contribuinte entendeu a infração e se defendeu regularmente. OMISSÃO DE RENDIMENTOS - DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA - ARTIGO 42, DA LEI Nº. 9.430, de 1996 - Caracteriza omissão de rendimentos a existência de valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. DEPÓSITOS BANCÁRIOS - VALOR INDIVIDUAL IGUAL OU INFERIOR A R$ 12.000,00 - LIMITE ANUAL DE R$ 80.000,00 - No caso de pessoa física, não são considerados rendimentos omitidos, para os fins da presunção do artigo 42, da Lei n° 9.430, de 1996, os depósitos de valor igual ou inferior a R$ 12.000,00, cuja soma anual não ultrapasse R$ 80.000,00 (§ 3°, inciso II, da mesma lei, com a redação dada pela Lei n° 9.481, de 1997). MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO E MULTA ISOLADA - CONCOMITÂNCIA - É incabível, por expressa disposição legal, a aplicação concomitante de multa de lançamento de ofício exigida com o tributo ou contribuição, com multa de lançamento de ofício exigida isoladamente. (Artigo 44, inciso I, § 1º, itens II e III, da Lei nº. 9.430, de 1996). Preliminar rejeitada. Recurso parcialmente provido.
Numero da decisão: 104-23.210
Decisão: ACORDAM os Membros da Quarta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, REJEITAR a preliminar argüida pelo Recorrente e, no mérito, DAR provimento PARCIAL ao recurso para excluir das bases de cálculo dos depósitos bancários os valores de R$ 34.947,58 e R$ 45.236,66, nos anos-calendário de 1998 e 1999, respectivamente, excluir da exigência a infração relativa a depósitos bancários nos anoscalendário de 2000 e 2001, bem como excluir da exigência a multa isolada do camê-leão, aplicada concomitantemente com a multa de oficio, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
Matéria: IRPF- ação fiscal - Dep.Bancario de origem não justificada
Nome do relator: Antonio Lopo Martinez

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TURMA/DRJ-SANTA MARIA/RS ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE - IRRF Exercício: 1999, 2000, 2001, 2002 PRELIMINAR DE NULIDADE - INEXISTÊNCIA - As hipóteses de nulidade do procedimento são as elencadas no artigo 59, do Decreto n°. 70.235, de 1972, não havendo que se falar em nulidade por outras razões, inclusive porque a contribuinte entendeu a infração e se defendeu regularmente. OMISSÃO DE RENDIMENTOS - DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA - ARTIGO 42, DA LEI N°. 9.430, de 1996 - Caracteriza omissão de rendimentos a existência de valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa fisica ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. DEPÓSITOS BANCÁRIOS - VALOR INDIVIDUAL IGUAL OU INFERIOR A R$ 12.000,00 - LIMITE ANUAL DE R$ 80.000,00 - No caso de pessoa fisica, não são considerados rendimentos omitidos, para os fins da presunção do artigo 42, da Lei n°9.430, de 1996, os depósitos de valor igual ou inferior a R$ 12.000,00, cuja soma anual não ultrapasse R$ 80.000,00 (§ 30, inciso II, da mesma lei, com a redação dada pela Lei n° 9.481, de 1997). MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO E MULTA ISOLADA - CONCOMITÂNCIA - Ê incabível, por expressa disposição legal, a aplicação concomitante de multa de lançamento de oficio exigida com o tributo ou contribuição, com multa de lançamento de oficio exigida isoladamente. (Artigo 44, inciso I, § 1°, itens II e III, da Lei n°. 9.430, de 1996). Preliminar rejeitada. rnRecurso parcialmente provido. i 1 Processo n• 11041.000661/2003-26 CCOI/C04 Acórdão n.° 104-23.210 Fls. 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de recurso interposto por GILBERTO LOUREIRO DE SOUZA. ACORDAM os Membros da Quarta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, REJEITAR a preliminar argüida pelo Recorrente e, no mérito, DAR provimento PARCIAL ao recurso para excluir das bases de cálculo dos depósitos bancários os valores de R$ 34.947,58 e R$ 45.236,66, nos anos-calendário de 1998 e 1999, respectivamente, excluir da exigência a infração relativa a depósitos bancários nos anos- calendário de 2000 e 2001, bem como excluir da exigência a multa isolada do camê-leão, aplicada concomitantemente com a multa de oficio, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. ARIA "Heitiwic COITA CARDOZ Presidente 411. it ONIyO O O MA INEZ Relator • FORMALIZADO EM: 0? JuL 2008 Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros Nelson Mallmann, Heloisa Guarita Souza, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Rayana Alves de Oliveira França, Renato Coelho Borelli (Suplente convocado) e Gustavo Lian Haddad. Ausente justificadamente o Conselheiro Pedro Anan Júnior. 2 Processo n°11041.000661/2003-26 CCO I/C04 Acórdão n." 104-23.210 Fls. 3 Relatório Em desfavor do contribuinte, GILBERTO LOUREIRO DE SOUZA, supra identificado foi lavrado auto de infração em 01/12/2003 após ter sido apurada infrações por omissão de rendimentos do trabalho sem vínculo empregaticio recebidos de pessoas jurídicas e de pessoas físicas, além de omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários com origem não comprovada nos anos de 1998, 1999, 2000 e 2001. Da autuação resultou a exigência do Imposto de Renda Pessoa Física - IRPF referente aos exercícios de 1999, 2000, 2001 e 2002, no valor de R$ 128.794,31, com a multa de oficio de 75% e juros de mora, além da multa exigida isoladamente referente à falta de recolhimento da antecipação obrigatória do IRPF (Carnê-leão), no valor de R$ 12.088,52. Cientificado em 05/12/2003, o contribuinte apresentou, por meio de seus procuradores, a impugnação que se encontra às fls. 2081 a 2096, cujos argumentos de defesa podem ser extraídos do relatório da autoridade recorrida: - Houve erro matemático ao estabelecer a base de cálculo dos valores tidos como depósitos bancários de origem não comprovada, fato esse que constitui um erro gravíssimo, grosseiro e que não pode ser convalidado. - Foram desconsiderados, dentre os valores depositados nas contas bancárias examinadas, os valores recebidos a titulo de salário, já declarados na declaração de ajuste anual do fiscalizado, da Associação Brasileira de Cavalos Crioulos (Depósitos efetivados no Banco HSBC — Ag. Bagé — C/c 0939 — 06520-10, em conjunto com sua mulher Maria do Carmo Silva Loureiro de Souza) e da Administradora de Bens Capela Ltda., conforme valores que relaciona. - Foram consideradas comprovadas despesas feitas no estabelecimento rural sem qualquer critério claro pelo autuante e sem a demonstração dos valores, o que determinou a admissão de valores errados, prática abusiva e atentatória ao direito de defesa do autuado. - É improcedente a multa de 75% exigida isoladamente por falta de recolhimento do Carné-leão, porque foi cobrada a multa de oficio no mesmo percentual sobre os valores que não haviam sido objeto de declaração anual. - Por discordar dos valores apresentados pelo autuante e dos valores autuados, relativamente à movimentação financeira efetivada na conta- corrente n° 0939 — 06249-70, no Banco HSBC, Ag. Bagé, em nome de Gilberto Loureiro de Souza, está sendo apresentada planilha com a movimentação que entende adequada e correta e de apuração dos valores que considera devidos a titulo de 1RPF a titulo de depósitos sem origem e de honorários não declarados. .4( 3 Processo n° 11041.000661/2003-26 CCOI/C04 Acórdão n.° 104-23.210 Fls. 4 Requereu o impugnante que seja julgada procedente a impugnação, para tornar insubsistente a parte impugnada do auto de infração e que seja excluída integralmente a multa exigida isoladamente. Com a impugnação foram apresentados os documentos que se encontram às fls. 2098 a 2210. À fls. 2211 foi anexado termo que dá conta da transferência para o processo de parcelamento n° 11041.000011/2004-61, da parte não impugnada do crédito tributário lançado. Em 12 de maio de 2006, os membros da 2' Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento de Santa Maria/RS proferiram Acórdão que, por unanimidade de votos, considerou procedente em parte o lançamento, nos termos da Ementa a seguir transcrita. Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - Exercício: 1999, 2000, 2001, 2002 Ementa: OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. Consideram-se rendimentos omitidos os valores depositados em contas bancárias cuja origem não seja comprovada por documentos hábeis e idóneos. MULTA EXIGIDA ISOLADAMENTE. FALTA DE RECOLHIMENTO DO CAl?NÉ-LEÃO. Submete-se a exigência da multa isolada, a pessoa fisica sujeita ao pagamento mensal do imposto que deixou de fazê-lo Assunto: Processo Administrativo Fiscal Exercício: 1999, 2000, 2001, 2002 Ementa: PRELIMINAR. NULIDADE. Os casos de nulidade absoluta são os expressamente previstos na legislação. Lançamento Procedente em Parte. Na análise do lançamento a autoridade recorrida reconheceu que deixaram de ser considerados comprovados os depósitos decorrentes de suas relações de trabalho com a Administradora de Bens Capela Ltda. e com Viragro Agropecuária Ltda., verificou-se que os documentos apresentados pelo impugnante com a impugnação, que se encontram às fls. 2099 a 2122 comprovam a percepção de rendimentos por parte do autuado, correspondente a depósitos efetuados em sua conta n° 0624970 do banco HSBC, Agência 0939. Deste modo, foram excluídos da tributação como depósitos com origem não comprovada os valores de R$ 15.525,04, no ano de 1998 e de R$ 14.635,87, no ano de 1999. Cientificado em 26/08/2006, o contribuinte, se mostrando irresignado, apresentou em 18/09/2006, o Recurso Voluntário, de fls. 2229/2247, onde reitera os pontos apresentados na impugnação, especialmente os itens a seguir: - Preliminarmente, suscita a nulidade do procedimento, por cerceamento de defesa na medida em que a não especificação adequada de quais notas de despesas foram consideradas, quando de uma análise mais detalhada permite-se verificar uma discordância de valores; (çji 4 Processo n°11041.000661/2003-26 CCOI/C04 Acórdão n.° 104-23.210 ns. 5 - Indica ter ocorrido erro matemático ao estabelecer a base de cálculo dos valores tidos como depósitos bancários de origem não comprovada, fato esse que constitui um erro gravíssimo, grosseiro e que não pode ser convalidado. - Questiona a aplicação da multa isolada, pela interposição de duas exigências tributárias sobre a mesma base de cálculo é fato inaceitável no direito, caracterizando sua aplicabilidade verdadeira injustiça. - Reitera pontos que no seu entender foram ignorados pela autoridade recorrida, entre os quais destaca a desconsideração dos valores depositado nas contas correntes examinadas a título de salários recebidos da ASSOCIAÇÃO Brasileira de Cavalos Crioulos e já declarados na declaração anual do fiscalizado; - O autuado manteve relação de trabalho com as empresas Administradoras de Bens Capela Ltda. no período anterior a 1998 até 30/07/99, quando rescindiu esse contrato, conforme pode ser observado na cópia do termo de rescisão do contrato de trabalho; É o Relatório. y Processo n° 11041.000661/2003-26 CCO1 /CO4 Acórdão n.° 104-23.210 Fls. 6 Voto Conselheiro ANTONIO LOPO MARTINEZ, Relator O recurso está dotado dos pressupostos legais de admissibilidade devendo, portanto, ser conhecido. Da Preliminar de Nulidade O contribuinte argüiu, como preliminar de nulidade, indicando que o procedimento do fisco deve ser revestir de toda a seriedade e retidão a fim de assegurar ao Fisco e ao Contribuinte os princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa. Destaca especificamente o fato de que não lhe foi possível identificar qual a relação de despesas que não foram consideradas ressarcidas. Tal alegação não procede. Não ficou caracterizado o cerceamento do direito de defesa do contribuinte. Muito pelo contrário. O auto de infração é apresentado com detalhadas informações. Do mesmo modo, a defesa foi exercida de forma absolutamente ampla. A maior prova disso é que o contribuinte contestou os principais pontos da autuação, demonstrando, dessa forma, o conhecimento pleno da infração que lhe foi imputada. Não se pode indicar que o auto de infração está incompleto ou superficial, tendo em vista a sua riqueza de detalhes e a extensão dos recursos oferecidos pelo recorrente. A autoridade recorrida como muito cuidado pronunciou-se sobre esse aspecto em sua decisão. Ainda em relação à alegação do impugnante no sentido de que os valores computados pela fiscalização como ressarcimento de despesas por ele realizadas na administração de imóveis rurais não estariam corretos, assunto esse já tratado na preliminar de nulidade, verifica-se que a cópia das anotações de despesas que teriam sido realizadas pelo contribuinte, que se encontram às fls. 2131 a 2207, não se encontram acompanhadas de documentos que as corroborem. Por outro lado, os valores computados pela fiscalização como despesas realizadas pelo autuado na administração de imóveis rurais estão comprovados pelos documentos apresentados pelas fontes pagadoras, conforme já mencionado, que confirmaram terem realizado os depósitos na conta bancária do autuado, no montante dos comprovantes de depósito e apresentaram os comprovantes dos valores que se destinavam ao ressarcimento daquelas despesas. Assim, é improcedente o argumento de que os valores das despesas foram os apontados pelo impugnante, por falta de comprovação, devendo ser computados como rendimentos seus, os valores depositados em suas contas bancárias que não correspondam ao ressarcimento das despesas realizadas na administração de imóveis rurais que foram comprovadas documentalmente. X(4 6 Processo n° 11041.000661/2003-26 CC01/C04 Acórdão n.° 104-23.210 Fls. 7 Diante do exposto não há como acolher a preliminar de nulidade por cerceamento do direito de defesa. Do suposto erro matemático O recorrente reitera o argumento apresentado na impugnação que teria ocorrido um erro matemático, ocorre que sobre o mesmo a autoridade recorrida já havia se pronunciado de modo bastante elucidativo, não cabendo qualquer reparo: Em relação à apuração do total dos rendimentos considerados omitidos por depósitos bancários de origem não comprovada, alegou o contribuinte que a fiscalização equivocou-se ao apurar como não comprovados depósitos no valor de R$ 290.025,23, pois se o total dos depósitos somaram R$ 1.023.778,65 e foram por ele declarados como origem de depósitos valores recebidos de pessoas jurídicas e de pessoa flsica pela atividade de administração de imóveis rurais um total de R$ 768.952,13 (= Viragro R$ 407.410,72; Capela R$ 174.188,92; Avelino R$ 129.706,38; acrescido de 50% da conta conjunta R$ 57.646,11), restariam como não comprovados depósitos no montante de R$ 254.826,52, resultando na tributação a maior da importáncia de R$ 35.198,71 (= R$ 290.025,23- R$ 254.826,52). Entretanto, desconsiderou o impugnante, que as fontes por ele apontadas como origem dos depósitos somente comprovaram depósitos no montante de R$ 733.753,42 (= Viragro R$ 383.652,12 -fls. 2058; Capela R$ 166.607,79 - fls. 2059; Avelino R$ 125.847,40 - fls. 2061; acrescidos de 50% da conta conjunta R$ 57.646,11), o que originou a difirença por ele apontada de R$ 35.198,71 (= R$ 768.952,13 - R$ 733.753,42). Da Presunção baseada em Depósitos Bancários. Parte do lançamento fundamenta-se em depósitos bancários. A presunção legal de omissão de rendimentos com base nos depósitos bancários está condicionada apenas à falta de comprovação da origem dos recursos que transitaram, em nome do sujeito passivo, em instituições financeiras, ou seja, pelo artigo 42 da Lei n°9.430/1996, tem-se a autorização para considerar ocorrido o "fato gerador quando o contribuinte não logra comprovar a origem dos créditos efetuados em sua conta bancária, não havendo a necessidade do fisco juntar qualquer outra prova. Via de regra, para alegar a ocorrência de "fato gerador", a autoridade deve estar munida de provas. Mas, nas situações em que a lei presume a ocorrência do "fato gerado?' (as chamadas presunções legais), a produção de tais provas é dispensada. Neste caso, ao Fisco cabe provar tão-somente o fato indiciário (depósitos bancários) e não o fato jurídico tributário (obtenção de rendimentos). No texto abaixo reproduzido, extraído de "Imposto sobre a Renda - Pessoas Jurídicas" (Justec-RJ; 1979:806), José Luiz Bulhões Pedreira sintetiza com muita clareza essa questão: O efeito prático da presunção legal é inverter o ônus da prova: invocando-a, a autoridade lançadora fica dispensada de provar, no caso concreto, que ao negócio jurídico com as características descritas t10 7 Processo n° 11041.000661/2003-26 CCOI/C04 Acórdão n°104-23.210 Fls. 8 na lei corresponde, efetivamente, o fato econômico que a lei presume - cabendo ao contribuinte, para afastar a presunção (se é relativa) provar que o fato presumido não existe no caso. Assim, o comando estabelecido pelo art. 42 da Lei n° 9430/1996 cuida de presunção relativa (juris tantum) que admite a prova em contrário, cabendo, pois, ao sujeito passivo a sua produção. Nesse passo, como a natureza não-tributável dos depósitos não foi comprovada pelo contribuinte, estes foram presumidos como rendimentos. Assim, deve ser mantido o lançamento. Antes de tudo cumpre salientar que a presunção não foi estabelecida pelo Fisco e sim pelo art. 42 da Lei n° 9.430/1996. Tal dispositivo outorgou ao Fisco o seguinte poder: se provar o fato indiciário (depósitos bancários não comprovados), restará demonstrado o fato jurídico tributário do imposto de renda (obtenção de rendimentos). Assim, não cabe ao julgador discutir se tal presunção é equivocada ou não, pois se encontra totalmente vinculado aos ditames legais (art. 116, inc. III, da Lei n° 8.112/1990), mormente quando do exercício do controle de legalidade do lançamento tributário (art. 142 do Código Tributário Nacional - CTN). Na mesma argumentação não cabe o questionamento do procedimento, alegando que o Art. 807 do RIR199 vedaria tal procedimento. Nesse passo, não é dado apreciar questões que importem a negação de vigência e eficácia do preceito legal que, de modo inequívoco, estabelece a presunção legal de omissão de receita ou de rendimento sobre os valores creditados em conta de depósito mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa fisica ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações (art. 42, caput, da Lei n° 9.430/1996). Dos Limites previstos no Art. 42 da Lei. 9.430/96. Cabe, entretanto a favor do recorrente apontar um fato relevante ignorado pela autoridade lançadora e a julgadora de 1° instância. Apesar de o contribuinte não ter alegado, percebe-se da analise dos autos que os valores movimentados na conta bancária do recorrente, e que embasaram o lançamento, correspondem a R$ 66.132,62, R$ 77.872,53, R$ 77.341,64 e R$ 68.678,46 nos anos calendários de 1998, 1999, 2000 e 2001, respectivamente. Desta forma, resta verificar se o procedimento fiscal atentou ao limites disposto na legislação vigente. Para uma correta elucidação acerca deste ponto cabe transcrever os excertos legais pertinentes: Art. 42. Caracterizam-se também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa fisica ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. 100 valor das receitas ou dos rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. s Processo n°11041.000661/2003-26 CCOI/C04 Acórdão n.° 104-23.210 Fls. 9 2° Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeter-se-ão às normas de tributação específicas, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. sç 3° Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados: 1- os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física ou jurídica; Ii - no caso de pessoa física, sem prejuízo do disposto no inciso anterior, os de valor individual igual ou inferior a R$ 12.000,00 (doze mil reais), desde que o seu somatório, dentro do ano-calendário, não ultrapasse o valor de R$ 80.000,00 (oitenta mil reais). (Alterado pela Lei n°9.481, de 13.8.97) (grifos postos) Depreende-se do excerto transcrito que não se pode considerar, para efeitos de determinação da receita omitida, os depósitos individuais inferiores a quantia de R$ 12.000,00, desde que o somatório destes não ultrapassem o valor de R$ 80.000,00. Sendo assim, resta claro que apenas os valores de depósitos não comprovados superiores a R$ 12.000,00 devem ser considerados como omissão de receitas. Apurando-se os valores lançados como omissão depósitos bancários por ano, segregando entre aqueles quais são iguais ou inferiores a R$ 12.000,00 e os que são superiores constata-se o seguinte, bem como considerando o fato se os depósitos foram realizados em contas conjuntas, identifica-se o seguinte demonstrativo: Ano Dep. <=R$12000 Dep. >R$12000 Total de Depós mantidos DRI 1998 34.947,58 15.660,00 50.607,58 1999 45.236,65 18.003,00 63.236,66 2000 7.341,64 77.341,64 2001 68.678,45 68.678,45 Pelo que se nota apenas no ano calendário de 1998 e 1999, o montante de depósitos de origem não comprovada com valores iguais ou inferiores a R$ 12.000,00, totalizaram, respectivamente, R$ 15.660,00 e R$ 18.000,00. Como não se identificaram nos autos provas elucidativas para justificar esses depósitos, é de se dar provimento a essa parte do recurso, afastando da base de cálculo das infrações os valores de R$ 34.947,58, e R$ 45.236,66, nos anos calendários de 1998 e 1999, bem como cancelar o lançamento de depósitos bancários nos anos de 2000 e 2001. Da Multa Isolada. Quanto ao lançamento da multa de lançamento de oficio exigida de forma isolada pelo recolhimento em atraso do carnê-leão, se faz necessário destacar que o lançamento da multa isolada engloba valores recebidos mensalmente, apurados cujos valores foram lançados de oficio, através da constituição de crédito tributário via Auto de Infração. )(I 9 . • Processo n° 11041.000661/2003-26 CCOI/C04 Acórdão n.° 104-23.210 Fls. 10 A Lei n°. 9.430, de 27 de dezembro de 1996, ao tratar do Auto de Infração com tributo e sem tributo dispôs: "Art. 43 - Poderá ser formalizada exigência de crédito tributário correspondente exclusivamente à multa ou juros de mora, isolada ou conjuntamente. Parágrafo único - Sobre o crédito constituído na forma deste artigo, não pago no respectivo vencimento, incidirão juros de mora, calculados à taxa a que se refere o ,f 3° do art. 5°, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Art. 44 - Nos casos de lançamento de oficio, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: I - de setenta e cinco por cento, nos casos de pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem acréscimo de multa moratória, de falta de declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso seguinte; II - (omissis). ,f 1°- As multas de que trata este artigo serão exigidas: I - juntamente com o tributo ou contribuição, quando não houverem sido anteriormente pagos; - isoladamente quando o tributo ou contribuição houver sido pago após o vencimento do prazo previsto, mas sem o acréscimo de multa de mora; IH - isoladamente, no caso de pessoa física sujeita ao pagamento mensal do imposto (carnê-leão) na forma do art. 8° da Lei n°. 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de fazê-lo, ainda que não tenha apurado imposto a pagar na declaração de ajuste. Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal cujos fatos geradores ocorrerem a partir de I' de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. if 1° A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. if 2° O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. 10 . • Processo n° 11041.000661/2003-26 CCO1/C04 Acórdão n.° 104-23.210 Fls. 1 ,f 3° Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o 3° do art. 5°, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento." Da análise dos dispositivos legais retro transcritos é possível se concluir que para aquele contribuinte, submetido à ação fiscal, após o encerramento do ano-calendário, que deixou de recolher o "camê-leão" que estava obrigado, existe a aplicabilidade da multa de lançamento de oficio exigida de forma isolada. É cristalino o texto legal quando se refere às normas de constituição de crédito tributário, através de auto de infração sem a exigência de tributo. Do texto legal conclui-se que não existe a possibilidade de cobrança concomitante de multa de lançamento de oficio juntamente com o tributo (normal) e multa de lançamento de oficio isolada sem tributo, ou seja, se o lançamento do tributo é de oficio deve ser cobrada a multa de lançamento de oficio juntamente com o tributo (multa de oficio normal), não havendo neste caso espaço legal para se incluir a cobrança da multa de lançamento de oficio isolada. Ante ao exposto, REJEITAR a preliminar argüida pelo Recorrente e, no mérito, voto por DAR provimento PARCIAL ao recurso para excluir das bases de cálculo dos depósitos bancários os valores de R$ 34.947,58 e RS 45.236,66, nos anos-calendário de 1998 e 1999, respectivamente, excluir da exigência a infração relativa a depósitos bancários nos anos- calendário de 2000 e 2001, bem como excluir da exigência a multa isolada do camê-leão, aplicada concomitantemente com a multa de oficio. Sala das Sessões - DF, em 28 de maio de 2008 Lu cif TONI L O M TINEZ II Page 1 _0010600.PDF Page 1 _0010700.PDF Page 1 _0010800.PDF Page 1 _0010900.PDF Page 1 _0011000.PDF Page 1 _0011100.PDF Page 1 _0011200.PDF Page 1 _0011300.PDF Page 1 _0011400.PDF Page 1 _0011500.PDF Page 1

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Numero do processo: 10435.001259/2003-72
Turma: Quarta Câmara
Seção: Primeiro Conselho de Contribuintes
Data da sessão: Wed Jan 23 00:00:00 UTC 2008
Data da publicação: Wed Jan 23 00:00:00 UTC 2008
Ementa: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 1999, 2000, 2001, 2002, 2003 OMISSÃO DE RENDIMENTOS - DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA - ARTIGO 42, DA LEI Nº. 9.430, DE 1996 - Caracteriza omissão de rendimentos a existência de valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. DEPÓSITOS BANCÁRIOS - VALOR INDIVIDUAL IGUAL OU INFERIOR A R$ 12.000,00 - LIMITE ANUAL DE R$ 80.000,00 - No caso de pessoa física, não são considerados rendimentos omitidos, para os fins da presunção do artigo 42, da Lei n° 9.430, de 1996, os depósitos de valor igual ou inferior a R$ 12.000,00, cuja soma anual não ultrapasse R$ 80.000,00 (§ 3°, inciso II, da mesma lei, com a redação dada pela Lei n° 9.481, de 1997). Recurso parcialmente provido.
Numero da decisão: 104-22.985
Decisão: ACORDAM os Membros da Quarta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, DAR provimento PARCIAL ao recurso para excluir das bases de cálculo os valores de R$ 36.699,50, R$ 25.300,00, R$ 49.997,82, R$ 40.811,50 e R$ 45.367,00, nos anos-calendário de 1998, 1999, 2000, 2001 e 2002, respectivamente, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
Matéria: IRPF- ação fiscal - Dep.Bancario de origem não justificada
Nome do relator: Antonio Lopo Martinez

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DEPÓSITOS BANCÁRIOS - VALOR INDIVIDUAL IGUAL OU INFERIOR A R$ 12.000,00 - LIMITE ANUAL DE R$ 80.000,00 - No caso de pessoa fisica, não são considerados rendimentos omitidos, para os fins da presunção do artigo 42, da Lei n° 9.430, de 1996, os depósitos de valor igual ou inferior a R$ 12.000,00, cuja soma anual não ultrapasse R$ 80.000,00 (§ 30, inciso II, da mesma lei, com a redação dada pela Lei n° 9.481, de 1997). Recurso parcialmente provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de recurso interposto por JOÃO MANOEL DA SILVA. ACORDAM os Membros da Quarta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, DAR provimento PARCIAL ao recurso para excluir das bases de cálculo os valores de R$ 36.699,50, R$ 25.300,00, R$ 49.997,82, R$ 40.811,50 e R$ 45.367,00, nos anos-calendário de 1998, 1999, 2000, 2001 e 2002, respectivamente, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. r Processo n° 10435.001259/2003-72 CCOI /CO4 Acórdão n.° 104-22.985 Fls. 2 QLciQ HEL NA COTA CARD-g:Z.(1r Presidente TOIVI/CtLe Relator FORMALIZADO EM: 30 ABit 2008 Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros Nelson Mallmann, Heloisa Guarita Souza, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Gustavo Lian Haddad, Renato Coelho Borelli (Suplente convocado) e Remis Almeida Estol. 2 • Processo n° 10435.001259/2003-72 CCO I /CO4 Acórdão n.° 10422.985 Fia. 3 Relatório 1 - Em desfavor do contribuinte JOÃO MANOEL DA SILVA, já qualificado nos autos, foi lavrado, em 30/09/2003, o auto de infração de fls. 02/13, com ciência em 20/11/2003, no qual é cobrado o Imposto sobre a Renda de Pessoa Física (IRPF), relativamente aos anos-calendário de 1998, 1999, 2000, 2001 e 2002, no valor total de R$ 211.927,77 (duzentos e onze mil, novecentos e vinte e sete reais e setenta e sete centavos), acrescido de multa de lançamento de oficio e de juros de mora, calculados até 31/10/2003, perfazendo um crédito tributário total de R$ 468.585,68 (quatrocentos e sessenta e oito mil, quinhentos e oitenta e cinco reais e sessenta e oito centavos). 2 - Na descrição dos fatos indica-se que a fiscalização teve início por requisição da Procuradoria da República em Pernambuco, após informações fornecidas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras - COAF (fls. 14/15). Foi expedido o Termo de Início de Fiscalização de fls. 22/23, pelo qual foi solicitado ao contribuinte que apresentasse, relativamente aos anos-calendário de 1998 a 2002, entre outros documentos, os extratos bancários relativos às contas bancárias mantidas por ele junto a instituições financeiras no Brasil e no exterior, bem como documentação hábil comprovando a origem dos depósitos bancários efetuados nas citadas contas. A fiscalização elaborou o demonstrativo de fls. 91/130, onde foram relacionados os depósitos bancários efetuados na conta bancária de titularidade do contribuinte, e o encaminhou ao contribuinte, mediante intimação, para que fosse apresentada documentação comprobatória da origem dos recursos depositados na referida conta entre os anos de 1998 e 2002 (fls. 89/90). O contribuinte, em atendimento, apresentou a carta-resposta de fls. 131/133 e os documentos de fls. 134/141. A fiscalização, então, procedeu à lavratura do Auto de Infração, em virtude de ter sido constatada omissão de rendimentos provenientes de valores creditados em conta de depósito ou de investimento, mantida em instituição financeira, cuja origem dos recursos não foi comprovada mediante documentação hábil e idónea, conforme Termo de Encerramento de Ação Fiscal de fls. 158/161. .3 - !resignado com a consubstanciação do lançamento, o autuado apresentou a impugnação tempestiva de fls. 166/179, onde suscitou, em síntese, os seguintes argumentos extraídos da decisão da autoridade recorrida: "1— que juntou ao processo cópias de contratos de compra e venda de pequenos imóveis e de venda de gado, que comprovam parte dos valores depositados na sua conta bancária; — que os contratos de compra e venda são realizados na região de maneira informal, pois todos realizam seus negócios de boa-fé, não havendo impedimento legal para que eles se realizem desta forma, pois o registro em cartório só é exigido para realizar a transferência da propriedade do imóvel; (fx? 3 Processo ar 10435.001259/2003-72 CCOI/C04 Acórdão o.' 10422.985 As. 4 III — que apresenta declarações firmadas pelas pessoas que compraram gado em sua propriedade, confirmando as transações (anexo I); IV — que a fiscalização não circularizou as informações apresentadas, tendo apenas rejeitado-as de plano, caracterizando cerceamento ao seu direito de defesa e grave violação ao disposto no art. 110 do Código Tributário Nacional - CTN; V — que a maior parte dos valores depositados em sua conta bancária foi originada de valores transferidos pelos intermediários e pelas empresas adquirentes de castanha de caju como pagamento pela venda das partidas de castanha que eram por ele adquiridas junto a agricultores da região ou oriundas de sítio de sua propriedade; VI — que obteve várias declarações e documentos atestando que ele sempre atuou como vendedor de castanhas (anexo 2); VII — que o dinheiro depositado em sua conta não lhe pertencia, pois era repassado a todos os agricultores que forneciam as castanhas, pois ele atuava como intermediário das vendas, fato comprovado pelos resgates constantes; VIII — que requer sejam realizadas diligências junto às empresas que negociavam a compra de castanhas, para fins de comprovação do acima alegado, citando jurisprudência administrativa; IX — que o auditor-fiscal poderia ter checado a veracidade dos fatos alegados junto às fábricas e a seus intermediários; X — que, caso a fiscalização quisesse autuá-lo na condição de comerciante de castanhas, deveria fazê-lo por meio de enquadramento como pessoa jurídica, na forma estatuída pelo art. 150 do RIR/1999; XI — que, como as exações são insubsistentes, devem ser cancelados juros de mora e multa, tendo em vista o cancelamento do principal; XII — que solicita sete dias de prazo para apresentar o original da declaração enviada pela empresa "Cascajit S/A", cujo fax segue em anexo (original apresentado posteriormente &fls. 518); XIII — que junta seis anexos (declaração de intermediário e da fábrica Cascajú S/A; declarações dos agricultores que forneciam castanha; cópias dos contratos de venda de imóveis e gado; recibos de entrega de castanha e recibos de pagamento/promessa de pagamento das castanhas entregues; extratos de aplicações financeiras e poupança; e cadernos de anotações das quantidades de castanha de cada proprietário rural)." 4— Em 25 de agosto de 2006, os membros da P Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento de Recife/PE proferiram Acórdão No. 16.122 que, por unanimidade de votos, rejeitou as preliminares, e considerou procedente o lançamento, nos termos da Ementa a seguir transcrita. Air 4 • Processo n° 10435.001259/2003-72 CC0I/C04 Acórdão n.• 104-22.985 Fls. 5 Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 1998, 1999, 2000, 2001, 2002 OMISSÃO DE RENDIMENTOS. LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS. Para os fatos geradores ocorridos a partir de 1° de janeiro de 1997, o art. 42 da Lei n°9.430, de 1996, autoriza a presunção legal de omissão de rendimentos com base em depósitos bancários de origem não comprovada pelo sujeito passivo. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. ÓNUS DA PROVA. Se o ónus da prova, por presunção legal, é do contribuinte, cabe a ele a prova da origem dos recursos utilizados para acobertar seus depósitos bancários, que não pode ser substituída por meras alegações. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. APURAÇÃO DO VALOR OMITIDO. A omissão de rendimentos com base em depósitos bancários de origem não comprovada não se confunde com a omissão de rendimentos tendo em vista a variação patrimonial a descoberto, por se tratarem de infrações distintas, apuradas de forma distinta, pois na primeira não é procedido ao levantamento das origens e aplicações de recursos do contribuinte em cada mês; cada depósito, individualizadamente, deve ser objeto de comprovação pelo contribuinte. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. ALEGAÇÃO DE QUE OS VALORES DEPOSITADOS PERTENCERIAM A TERCEIROS E DE EXISTÊNCIA DE RENDIMENTOS DECORRElVTES DA ATIVIDADE RURAL. FALTA DE COMPROVAÇÃO DOCUMENTAL. Não há que ser acatada a alegação de que os valores depositados na conta bancária seriam relativos a operações realizadas por terceiros e a rendimentos decorrentes da atividade rural, quando a documentação acostada aos autos não demonstrar, inequivocamente, tais fatos. PESSOA FÍSICA. EQUIPARAÇÃO A PESSOA JURÍDICA. Somente é conceituada como empresa individual e equiparada a pessoa jurídica a pessoa fisica que, comprovadamente, atenda os requisitos exigidos pela legislação de regência. Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 1998, 1999, 2000, 2001, 2002 AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. Não restando comprovada a ocorrência de preterição do direito de defesa nem de qualquer outra hipótese expressamente prevista na legislação, não há que sefálar em nulidade do lançamento. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. 5 • Processo n° 10435.00125912003-72 CCOI/C04 Acórdão n.° 104-22.985 Fls. 6 Se o autuado revela conhecer as acusações que lhe foram imputadas, rebatendo-as de forma meticulosa, com impugnação que abrange questões preliminares como também razões de mérito, descabe a proposição de cerceamento do direito de defesa. PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO. Antes da lavratura do auto de infração, não há que se falar em violação ao Principio do Contraditório e da Ampla Defesa, já que a oportunidade de contradizer o fisco é prevista em lei para a fase do contencioso administrativo, que se inicia com a impugnação do lançamento. PEDIDO DE DILIGENCIA. INDEFERIMENTO. Estando presentes nos autos todos os elementos de convicção necessários à adequada solução da lide, indefere-se, por prescindível, o pedido de diligência, mormente quando se trata de matéria cujo ónus da prova é do contribuinte. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 1998, 1999, 2000, 2001, 2002 DECISÕES ADMINISTRATIVAS. EFEITOS. As decisões administrativas proferidas pelos órgãos colegiados não se • constituem em normas gerais, posto que inexiste lei que lhes atribua eficácia normativa, razão pela qual seus julgados não se aproveitam em relação a qualquer outra ocorrência, senão àquela objeto da decisão. Lançamento Procedente 5 — Cientificado em 11/09/2006, o contribuinte, se mostrando irresignado, apresentou, em 11/10/2006, o Recurso Voluntário, de fls. 539/566, reiterando as razões da sua impugnação, às quais já foram devidamente explicitadas no item "3" do presente relatório. É o Relatório. 6 • Processo n° 10435.00125912003-72 CC01/034 Acórdão n.° 104-22.985 Fls. 7 Voto Conselheiro ANTONIO LOPO MARTINEZ, Relator O recurso está dotado dos pressupostos legais de admissibilidade devendo, portanto, ser conhecido. O lançamento fundamenta-se em depósitos bancários. A presunção legal de omissão de rendimentos com base nos depósitos bancários está condicionada apenas à falta de comprovação da origem dos recursos que transitaram, em nome do sujeito passivo, em instituições financeiras, ou seja, pelo artigo 42 da Lei n° 9.430/1996, tem-se a autorização para considerar ocorrido o "fato gerador" quando o contribuinte não logra comprovar a origem dos créditos efetuados em sua conta bancária, não havendo a necessidade do fisco juntar qualquer outra prova. Via de regra, para alegar a ocorrência de "fato gerador", a autoridade deve estar munida de provas. Mas, nas situações em que a lei presume a ocorrência do "fato gerador" (as chamadas presunções legais), a produção de tais provas é dispensada. Neste caso, ao Fisco cabe provar tão-somente o fato indiciário (depósitos bancários) e não o fato jurídico tributário (obtenção de rendimentos). No texto abaixo reproduzido, extraído de "Imposto sobre a Renda - Pessoas Jurídicas" (Justec-RJ; 1979:806), José Luiz Bulhões Pedreira sintetiza com muita clareza essa questão: O efeito prático da presunção legal é inverter o ônus da prova: invocando-a, a autoridade lançadora fica dispensada de provar, no caso concreto, que ao negócio jurídico com as características descritas na lei corresponde, efetivamente, o fato econômico que a lei presume - cabendo ao contribuinte, para afastar a presunção (se é relativa) provar que o fato presumido não existe no caso. Assim, o comando estabelecido pelo art. 42 da Lei n° 9430/1996 cuida de presunção relativa guris tantum) que admite a prova em contrário, cabendo, pois, ao sujeito passivo a sua produção. Nesse passo, como a natureza não-tributável dos depósitos não foi comprovada pelo contribuinte, estes foram presumidos como rendimentos. Assim, deve ser mantido o lançamento. Antes de tudo cumpre salientar que a presunção não foi estabelecida pelo Fisco e sim pelo art. 42 da Lei n° 9.430/1996. Tal dispositivo outorgou ao Fisco o seguinte poder: se provar o fato indiciário (depósitos bancários não comprovados), restará demonstrado o fato jurídico tributário do imposto de renda (obtenção de rendimentos). Assim, não cabe ao julgador discutir se tal presunção é equivocada ou não, pois se encontra totalmente vinculado aos ditames legais (art. 116, inc. III, da Lei n.° 8.112/1990), mormente quando do exercício do controle de legalidade do lançamento tributário (art. 142 do Código Tributário Nacional - CTN). Nesse passo, não é dado apreciar questões que importem a isp 7 Processo n° 10435.001259/2003-72 OCO i /C04 Acórdão n.• 104-22.985 Fls. 8 negação de vigência e eficácia do preceito legal que, de modo inequívoco, estabelece a presunção legal de omissão de receita ou de rendimento sobre os valores creditados em conta de depósito mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa fisica ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações (art. 42, caput, da Lei n." 9.430/1996). No que toca aos argumentos suscitados pelo recorrente não merece reparos a análise pormenorizada realizada pela autoridade recorrida. Que apreciou cada um dos elementos probantes apresentados pelo recorrente. Por concordar com o seu teor, a seguir reproduzimos: 39.Em sua defesa, o contribuinte novamente alega que os valores depositados em suas contas bancárias seriam decorrentes em parte da compra e venda de pequenos imóveis e de venda de gado e, na maior parte, de valores transferidos pelos intermediários e pelas empresas adquirentes de castanha de caju como pagamento pela venda das partidas de castanha que eram por ele adquiridas junto a agricultores da região ou oriundas de sítio de sua propriedade. Junta grande quantidade de documentos visando comprovar suas alegações. 40.Da análise dos citados documentos, constata-se (os demais não citados expressamente referem-se a meras cópias reprográficas de peças processuais): a) que os documentos de fls. 181/182 e 518 apenas atestam que o contribuinte vendeu ou intermediou operações de compra e venda de castanhas de caju; b) que os documentos de fls. 184/185 e 307/312 comprovam que o contribuinte é proprietário de imóveis rurais; c) que os documentos de P. 193/200 apenas atestam que o contribuinte adquiriu castanhas de caju, nas quantidades ali indicadas; d) que os documentos de fls. 204/224 são relativos a fatos ocorridos nos anos de 1996 e 1997, que não foram objeto do lançamento; e) que os documentos de fls. 226/306 e 318/353 são meras cópias de extratos bancários da mesma conta já objeto de investigação; f) que os documentos delis. 494/496 apenas atestam que o contribuinte vendeu castanhas de caju nas quantidades ali indicadas; g) que os documentos de fls. 187/191 referem-se a operações de venda de imóveis e cabeças de gado, sendo que não há qualquer depósito de origem não comprovada que coincida, em valor e data (ainda que se considere data próxima) com os valores neles consignados —fato este já apontado no Termo de Encerramento Fiscal; e h) que o que o contribuinte denomina de "anexo 6" são simples cadernos de anotações, contendo rascunhos e valores rabiscados, de valor probatório nulo, porque desprovidos de um mínimo de formalidade intrínseca e/ou extrínseca que pudesse lhe conferir ao menos o status de indício. Processo n° 10435.001259/2003-72 CCO 1 /CO4 Acórdão n.° 10422.985 Fb. 9 4 I .Logo, nenhum dos documentos acostados ao processo pelo impugnante é hábil para comprovar quaisquer dos depósitos apontados como de origem não comprovada pela fiscalização. Isso significa dizer que, ainda que o contribuinte tenha sido intermediário na venda de castanhas de caju, tenha vendido imóveis e tenha vendido cabeças de gado, inexiste comprovação documental de que os valores relativos a referidas operações tenham transitado por sua conta-corrente. É oportuno para o caso concreto, recordar a lição de MOACYR AMARAL DOS SANTOS: "Provar é convencer o espírito da verdade respeitante a alguma coisa." Ainda, entende aquele mestre que, subjetivamente, prova 'é aquela que se forma no espírito do juiz, seu principal destinatário, quanto à verdade deste fato". Já no campo objetivo, as provas "são meios destinados a fornecer ao juiz o conhecimento da verdade dos fatos deduzidos em juízo." Assim, consoante MOACYR AMARAL DOS SANTOS, a prova teria: a)um objeto - são os fatos da causa, ou seja, os fatos deduzidos pelas partes como fundamento da ação; b)uma finalidade - a formação da convicção de alguém quanto à existência dos fatos da causa; c)um destinatário - o juiz. As afirmações de fatos, feitas pelos litigantes, dirigem-se ao juiz, que precisa e quer saber a verdade quanto aos mesmos. Para esse fim é que se produz a prova, na qual o juiz irá formar a sua convicção. Pode-se então dizer que a prova jurídica é aquela produzida para fins de apresentar subsídios para uma tomada de decisão por quem de direito. Não basta, pois, apenas demonstrar os elementos que indicam a ocorrência de um fato nos moldes descritos pelo emissor da prova, é necessário que a pessoa que demonstre a prova apresente algo mais, que transmita sentimentos positivos a quem tem o poder de decidir, no sentido de enfatizar que a sua linguagem é a que mais aproxima do que efetivamente ocorreu. Os documentos apresentados nos moldes dos disponibilizados pelo recorrente, ainda que sejam verossímeis, padecem de poder de convencimento. Não é absurdo supor que os mesmos tenham sido elaborados para retratar uma realidade que lhe seja favorável. O convencimento das provas é um requisitos indispensável. Cabe, entretanto a favor do recorrente apontar um fato relevante ignorado pela autoridade lançadora e a julgadora de l' instância. Apesar de o contribuinte não ter alegado, percebe-se da analise dos autos que os valores movimentados na conta bancária da recorrente, e que embasaram o lançamento, correspondem a R$ 169.857,10, R$ 204.058,90, R$ 86.364,22, R$ 139.137,50 e R$ 210.917,86 nos anos calendários de 1998, 1999, 2000, 2001 e 2002, respectivamente. Desta forma, resta verificar se o procedimento fiscal atentou ao limites disposto na legislação vigente. Para uma correta elucidação acerca deste ponto cabe transcrever os excertos legais pertinentes: Art. 42. Caracterizam-se também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante 4 9 . . Processo n° 10435.001259/2003-72 CCO 1 /C04 Acórdão n.° 104-22.985 Fls. 10 documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. § 1 0 0 valor das receitas ou dos rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. § 2 0 Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeter-se-ão às normas de tributação especificas, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. § 3° Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados: 1- os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física ou jurídica; II - no caso de pessoa física, sem prejuízo do disposto no inciso anterior, os de valor individual igual ou inferior a R$ 12.000,00 (doze mil reais), desde que o seu somatório, dentro do ano-calendário, não ultrapasse o valor de R$ 80.000,00 (oitenta mil reais). (Alterado pela Lei n°9.481, de 13.8.97) (grifos postos) Depreende-se do excerto transcrito que não se pode considerar, para efeitos de determinação da receita omitida, os depósitos individuais inferiores a quantia de R$ 12.000,00, desde que o somatório destes não ultrapassem o valor de R$ 80.000,00.Sendo assim, resta claro que apenas os valores de depósitos não comprovados superiores a R$ 12.000,00 devem ser considerados como omissão de receitas. Apurando-se por planilhas os valores lançados como omissão depósitos bancários por ano identificam-se as seguintes planilhas: Ano Calendário 1998 Meses Dep. < = R512.000 Dep. >mus® Total de Depósitos jan/ 98 5.500,00 5.500,00 fev/ 98 40.857,60 40.857,60 mar/ 98 10.000,00 10.000,00 t/96 6.043,00 6.043,00 má/ 98 4.698,00 92300,00 %.996,00 jun/ 98 7.000,00 7.003,03 jul/ 98 458,50 458,50 a92198 set/ 98 3.030,00 3.000.00 out/ 98 nov/ 98 - dez/ 98 - Totais 36.699,50 133.157,60 169257,10 fr10 . • 'Processo n°10435.001259/2003-72 CCOI/C04 Acórdão n.° 104-22.985 Fls. I I Ano Calendário 1999 Meses Dep. <=1311000 Dep. >1412000 Total de Depósitos jan/ 99 4a8e2,40 43.882,40 fev/ 99 96.097,50 96.097,50 mar/99 11.800,00 38.779,00 50.579,03 abr/ 99 - ma/99 - jurV99 3.500,00 3.503,00 j ul/ 99 10.000,CO 10.00O303 a90/ 99 set/ 99 out/ 99 - nov/99 - dez/99 - Totais 25.300,00 17&758,90 204.058,90 Ano Calendário 2000 Meses Dep. <=1412000 Dep. >1412.000 Total de Depósitos jan/ CO 18.997,82 18.997,82 fev/ 00 3.000,C0 36.3E6,40 39.366,40 mar/03 abr/ 03 - mai/ 00 - jun/03 1.000,00 1.000,00 j ul/ 03 5.000,130 5.000,00 no/ 03 set/ 00 22.030,CO 22C00,03 out/ 00 nov/ CO - dez/ CO - Totais 49.997,22 36.366,40 86.36422 Ano Calendário 2001 Meses Dep. <=1312000 Dep. >1412000 Total de Depósitos janl 01 15.000,00 60.000,00 75.000,00 fev/ 01 6.407,73 6.407,73 mal 01 8.452,75 8.452,75 abr/ 01 1.138,02 1.138,02 mai/01 - jun/01 - j ul/ 01 1.120,00 18.cxxi00 19.120,00 ago/ 01 1.100,03 20.326,00 21.426,00 set/ 01 3.172,03 3.172,03 out/ 01 1.135,00 1.135,00 nov/01 2168,00 2168,03 dez/01 1.118,03 1.118,00 Totais 40.811,50 98.326,00 139.137,50 (11 I I . • Processo n° 10435.001259/2003-72 CCOI/C04 Acórdão n.° 104-22.985 Fls. 12 Ano Calendário 2002 Meses Dep. <=12511000 Dep. >1312000 Total de Depósitos jan/ 02 1.118,00 120.232,65 121.350,65 f ev/ 02 5.000,00 15.00O300 20.000,03 ma/ 02 4.000,W 4.000,03 abr102 5.000,00 5.00O300 ma/02 5.000,00 5.003,00 jun/02 2500,00 2503,03 jul/ 02 2000,CO 2000,00 a90/ CQ wt/ CQ 665,00 665,W out/ 02 9.703,C0 9.760,C0 nov/ 02 662,00 30318,21 31980,21 dez/02 9.662,W 9.662,W Totais 45.367,00 165.550,86 210.917,86 Depreende-se da análise individualizada das planilhas que em todos os anos objeto do lançamento, foram considerados como omissão de rendimentos depósitos de valor inferior a R$ 12.000,00, que não totalizaram no ano a importância de R$ 80.000,00. Ante o exposto voto por, DAR provimento PARCIAL ao recurso, excluindo da base de calculo da infração os valores de R$ 36.699,50, R$ 25.300,00, R$ 49.997,82, R$ 40.811,50 e R$ 45.367,00, nos anos calendários 1998, 1999, 2000, 2001 e 2002, respectivamente. Sala das Sessões - DF, em 23 de janeiro de 2008 w (ète ff-4 ONIO 0 0 INEZ 12

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Numero do processo: 10235.001181/2003-42
Turma: Quarta Câmara
Seção: Primeiro Conselho de Contribuintes
Data da sessão: Wed Dec 17 00:00:00 UTC 2008
Data da publicação: Wed Dec 17 00:00:00 UTC 2008
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA — IRPF Exercício: 1999 DEPÓSITO BANCÁRIO - DECADÊNCIA - Nos casos de lançamento por homologação, o prazo decadencial para a constituição do crédito tributário expira após cinco anos a contar da ocorrência do fato gerador. O fato gerador do IRPF, tratandose de rendimentos sujeitos ao ajuste anual, se perfaz em 31 de dezembro de cada ano-calendário. Não ocorrendo a homologação expressa, o crédito tributário é atingido pela decadência após cinco anos da ocorrência do fato gerador (art. 150, § 4°, do CTN). DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM IDENTIFICADA - Os valores cuja origem restar comprovada já na fase de fiscalização, e porventura não houverem sido computados, pelo contribuinte, na base de cálculo dos tributos a que estiverem sujeitos, devem ser submetidos às normas de tributação de oficio específicas, vedada a manutenção da autuação como depósitos bancários sem origem, sob a justificativa de que a natureza jurídica da operação não teria sido demonstrada (art. 42, § 2°, da Lei n° 9.430, de 1996). Preliminares rejeitadas. Recurso provido.
Numero da decisão: 104-23.655
Decisão: ACORDAM os Membros da Quarta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, REJEITAR as preliminares argüidas pelo Recorrente e, no mérito, DAR provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
Matéria: IRPF- ação fiscal - Dep.Bancario de origem não justificada
Nome do relator: Antonio Lopo Martinez

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I MINISTÉRIO DA FAZENDA .11 ` •-:. k' sk PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES QUARTA CÂMARA Processo e 10235.001181/2003-42 Recurso n° 159.542 Voluntário Matéria IRPF Acórdão e 104-23.655 Sessão de 17 de dezembro de 2008 Recorrente ROMEO AFIF HARB Recorrida 35 TURMA/DRJ-BELÉM/PA ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA — IRPF Exercício: 1999 DEPÓSITO BANCÁRIO - DECADÊNCIA - Nos casos de lançamento por homologação, o prazo decadencial para a constituição do crédito tributário expira após cinco anos a contar da ocorrência do fato gerador. O fato gerador do IRPF, tratando- se de rendimentos sujeitos ao ajuste anual, se perfaz em 31 de dezembro de cada ano-calendário. Não ocorrendo a homologação expressa, o crédito tributário é atingido pela decadência após cinco anos da ocorrência do fato gerador (art. 150, § 4°, do CTN). DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM IDENTIFICADA - Os valores cuja origem restar comprovada já na fase de fiscalização, e porventura não houverem sido computados, pelo contribuinte, na base de cálculo dos tributos a que estiverem sujeitos, devem ser submetidos às normas de tributação de oficio específicas, vedada a manutenção da autuação como depósitos bancários sem origem, sob a justificativa de que a natureza jurídica da operação não teria sido demonstrada (art. 42, § 2°, da Lei n° 9.430, de 1996). Preliminares rejeitadas. Recurso provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de recurso interposto por• ROMEO AFIF HARB. ACORDAM os Membros da Quarta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, REJEITAR as preliminares argüidas pelo Recorrente e, no mérito, DAR provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. ylid là/ Processo n° 10235.001181/2003-42 OCO I/C04 Acérdâo n, 104-23.855 Fls. 2 "ir ' 212-1.8..L.a281)b& IA HELENA COTTA CAtjeir Presidente ilita% (,,, 11/1"-"LàEA ONIO L PO ART Z elator FORMALIZADO EM: 12 MAI 7l14 Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros Nelson Mallmann, Heloisa Guarita Souza, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Rayana Alves de Oliveira França, Pedro Anan Júnior e Gustavo Lian Haddad. 2 Processo n° 10235.001181/2003-42 CC0I/C04 Acórdão n.° 104-23.655 Fls. 3 Relatório Em desfavor do contribuinte, ROMEO AFIF HARB, foi lavrado auto de infração de fls. 83-88, relativo a Imposto de Renda da Pessoa Física, ano-calendário 1998, no valor de R$ 513.093,88 (quinhentos e treze mil, noventa e três reais, oitenta e oito centavos), já compreendendo o principal, a multa de oficio e os juros de mora calculados até 11//2003. A suposta infração cometida foi de omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários com origem não comprovada. Cientificado do lançamento em 19/12/2003 (fls. 84). O contribuinte apresentou impugnação de fls. 93-104 em 19/01/2004, na qual alegou, em síntese os seguintes pontos extraídos da decisão recorrida: DA NULIDADE DO LANÇAMENTO POR AUSÊNCIA DE PROVAS DA OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR - INSUBSISTÊNCIA E PROVAS Tais documentos, no entanto, não servem por si só, como provas bastantes e suficientes para fundamentarem o lançamento, porque não estabelecem o nexo causal de ocorrência do fato gerador do imposto, por faltarem elementos essenciais que comprovem, inequivocamente, a omissão de receitas por parte do impugnante. Os documentos representam apenas indícios de depósitos bancários, sem maiores investigações sobre a ocorrência do fato gerador do imposto, conforme artigo 43 do CTN, fere não só o princípio da verdade material, como o princípio da estrita legalidade. Aduziu decisões administrativas. Basta verificar que o documento anexado de fl. 06 informa que vários depósitos foram feitos por Magazine Brasília, com endereço na Rua da Liberdade, 456, sem, contudo informar a cidade ou Estado onde fica localizada o referido depositante. DA ILEGALIDADE DO LANÇAMENTO POR OFENSA AO ARTIGO 5° DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. Em face da vedação do parágrafo único do artigo 197 do C77V, norma hierarquicamente superior, torna sem eficácia a previsão de quebra de sigilo bancário com base em procedimento administrativo disposta no artigo 38, §§ 5° e 6°, da Lei n° 4.595/1964 e no artigo 8° da Lei n° 8.021/1990, ferindo direito fundamental do cidadão garantido pelo artigo 5° da Constituição. DA MULTA DE 225% Não pode prosperar a multa de 225 % por não ficar devidamente configurada infração prevista no artigo 44, § 2°, da Lei n° 9.430/1996. 3 Processo n° 10235.001181/2003-42 CCOI/C04 Acórdão n.° 104-23.655 Fls. 4 Não houve o comportamento omissivo descrito pelo Fisco. Isto porque o impugnante, em resposta à intimação de 29/09/2003 solicitou prazo maior para apresentar todos os documentos solicitados na intimação, justificando detalhadamente os motivos do pedido (fls. 07). Em resposta, o Fisco deferiu o prazo por dez dias. Assim, em 17/10/2003, para atender a intimação, o impugnante entregou os documentos que foi possível encontrar dentro de prazo tão exíguo, conformej7s. 64. Quanto ao fato de o contribuinte não ter se manifestado em tempo hábil a reintimação datada de 31/10/2003 (fls. 81), não pode ser configurado como motivo suficiente para agravar a multa, posto que o contribuinte não agiu co dolo ou má-fé, pré-requisitos exigidos para o agravamento da multa aplcada. Impende destacar que os documentos que justificassem as transações/ operações com pessoas físicas/jurídicas relacionadas em planilha anexa, no ano-calendário 1998. Ora, não se tratava de exigir a exibição de documentos obrigatórios, como livros contábeis ou fiscais, mas de documentos esporádicos, que poderiam ou não existir, e se existissem, seria de difícil localização, até porque o contribuinte não estava obrigado a arquivá-los. Em 28/03/2006, o sujeito passivo procedeu a aditamento de sua peça impugnatória (fls. 119-124), argüindo, em suma, a decadência dos fatos jurídicos ocorridos em 1998. Em 29/09/2006, esta Delegacia de Julgamento determinou a realização de diligência para as seguintes providências da Delegacia de origem: APRESENTAR documento assinado por autoridade competente da instituição financeira (devidamente identificada), que comprove a existência de conta bancária no exterior, de forma a INDICAR o(s) número(s) da conta(s)-corrente(s), da agência bancária e da instituição financeira em que os depósitos referidos nos documentos de jls. 74-80 ("Funds Transfers, teriam sido efetuados. Observe-se que tal documento comprobatório pode ser substituído pelos próprios elementos das fls. 74-80, desde que seu conteúdo sefá detalhado. EXPLICAR exatamente o significado das seguintes abreviaturas, siglas e expressões utilizadas nos documentos de fls. 74-80: "Funds Transfers"; "BNF=/AC - 100751"; "BNF=/AC - 79423606"; "IMAD-key". CONFIRMAR se os depósitos foram efetuados em uma única conta- corrente ou em várias delas, de titularidade do contribuinte, IDENTIFICANDO-A(S). INDICAR o cargo desempenhado e o setor de trabalho do Sr. José fLeonélio de Souza, mencionado nos elementos de fls. 74-80. 4 Processo n° 10235.001181/2003-42 CCO I /CO4 Acórdão n.• 10423.555 p, ELABORAR relatório sucinto sobre o solicitado, acrescentando quaisquer outras informações que julgar convenientes para a elucidação do presentefeito. DAR ciência ao sujeito passivo do presente "despacho para diligência" e dos documentos produzidos pela Delegacia de origem referidos nos itens a 12, e, tl e e supra. Como resposta a Delegacia de origem apresentou os documentos de fls. 140- 152. Em 12/02/2007, o contribuinte ingressou com manifestação (fls. 153-157) sobre os novos elementos apresentados, com os seguintes argumentos: Em relação ao item "a" da diligência de fls. 137, a Fiscalização não apresenta nenhum documento assinado por autoridade competente da instituição financeira, comprovando a existência bancária no exterior, de forma a indicar o número da conta corrente, da agência e da instituição financeira. Reclamou na fls. 154 que nenhum novo documento foi anexado provando que a ordem dos presumidos depósitos partiram do impugnante. Em relação ao item "b" da diligência de fls. 137, as explicações nada acrescentaram ou provaram. O Oficio do Departamento da Policia Federal menciona que os recursos eram enviados para diversas contas-correntes por meio da conta 391-9. Informa-se na fls. 143 que vários clientes especiais tinham acesso direto a tal sistema e nele consignavam os beneficiários e remetentes. O próprio fiscal diligente reconhece que não há provas da autoria da ordem de pagamentos, ou mesmo de como se deu a transação. Quanto ao item "d" da diligência de fls. 137, o contribuinte alegou que o relatório de diligência não esclareceu qual o cargo exercido por José Leonêlio de Souza, signatário dos documentos de fls. 74-80. Prosseguiu o sujeito passivo afirmando que o fato de alguém assinar um documento sem ser competente para tanto, não dá o condão de revesti- lo na condição de pessoa autorizada. Em 06 de março de 2007, os membros da 3* Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento de Belém proferiram Acórdão que, por unanimidade de votos, rejeitou as preliminares, e considerou procedente o lançamento, nos termos da Ementa a seguir transcrita. Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 1998 DECISÕES ADMINISTRATIVAS. EFEITOS. São improficuos os julgados administrativos trazidos pelo sujeito passivo, pois tais decisões não constituem normas complementares do Direito Tributário, já que foram proferidas por órgãos colegiados sem, 5 Processo n° 10235.00118112003-42 CCOI/C04 Acórdão n.° 104-23.655 Fls. 6 entretanto, uma lei que lhes atribuísse eficácia normativa, na forma do artigo 100, II, do Código Tributário Nacional. DECISÕES JUDICLUS. EFEITOS. É vedada a extensão administrativa dos efeitos de decisões judiciais, quando comprovado que o contribuinte não figurou como parte na referida ação judicial. ENTENDIMENTO DOMINANTE DOS TRIBUNAIS SUPERIORES. VINCULA ÇÃO DA ADMINISTRATIVA. A autoridade julgadora administrativa não se encontra vinculada ao entendimento dos Tribunais Superiores pois não faz parte da legislação tributária de que fala o artigo 96 do Código Tributário Nacional, salvo quando tenha gerado uma súmula vinculante, nos termos da Emenda Constitucional n°45, DOU de 31/12/2004. INCONSTITUCIONALIDADE. ILEGALIDADE. PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE. A autoridade administrativa não possui atribuição para apreciar a argüição de inconstitucionalidade ou de ilegalidade de dispositivos legais. As leis regularmente editadas segundo o processo constitucional gozam de presunção de constitucionalidade e de legalidade até decisão em contrário do Poder Judiciário. VERDADE MATERIAL. VERDADE FORMAL. IRRELEVÁNCIA DA DISTINÇÃO. A verdade apresenta-se como elemento a priori da argumentação, pressuposto lógico do discurso comunicativo: ao realizar afirmações, o sujeito o faz com o objetivo de que o fato seja reconhecido como verdadeiro. Por isso, diante dos diversos argumentos (diversas verdades) trazidos aos autos, o sistema normativo prescreve formas que permitem chegar a um final, mediante decisões que estabelecem qual a verdade prevalecente. Nessa linha de raciocínio, alguns doutrinadores vêm criticando a dicotomia clássica entre verdade formal e verdade reaL Procede tal tese, pois tanto o processo administrativo como o judicial deve buscar a verdade processual por meio do esquadrinhamento dos fatos jurídicos, na forma como o direito foi positivado para aquela matéria. Logo, o que se convencionou chamar de "verdade real" não é senão a submissão do processo administrativo aos princípios da legalidade e da oficialidade. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 1999 DECADÊNCIA. TERMO INICIAL. IRPF. FATO GERADOR ANUAL. ANTECIPAÇÃO. PAGAMENTO. A regra acima do artigo 1° da Lei o° 7.718/1988 esteve longe de ter tornado o IRPF mensal, pois a tributação desse imposto só se torna definitiva com o ajuste anual, na forma dos artigos 2°, 10 e 11 da Lei n° 8.134/1990, corroborada por lei posteriores. No caso de pagamento 6 Processo tf 10235.001181/2003-42 CCOUC04 Acórdão n.* 104-23.555 Fls. 7 ou antecipação do recolhimento do IRPF em determinado Ano- calendário, aplica-se o artigo 150, § 4 0, do Código Tributário Nacional (CIN), devendo o termo inicial da decadência somente ocorrer no último dia daquele Ano-calendário, quando se aperfeiçoa o fato gerador, MULTA DE OFÍCIO. QUALIFICAÇÃO DA PENALIDADE. Se o auto de infração é omisso quanto à motivação da qualfficação da multa, tal imposição não merece acolhida. Não basta a mera apresentação de enquadramento legal. A autoridade autuante deve fundamentar e expor as razões que justificariam essa qualificação. Tal providência revela-se essencial, porque os eventos do mundo fenomênico só ingressam no mundo jurídico-processual por meio de enunciados lingiiistkos. Sem eles, a pretensão Fiscal se esvazia em conjecturas, ferindo de morte o direito de defesa do contribuinte, pois o impugnante possui o ónus de defender-se somente dos fatos narrados pelo agente fiscal. A omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários não justificados possui em seu favor a presunção legal do artigo 42 da Lei n° 9.430/1996. Porém, para configurar alguma das hipóteses previstas nos artigos 71, 72 e 73 da Lei n" 4.502/1964 não milita nenhuma presunção legal, pelo que deve o Fisco caracterizar o dolo em linguagem jurídica competente. A mera omissão de rendimentos na declaração de imposto de renda não caracteriza evidente intuito defraude. MULTA DE OFICIO. AGRAVAMENTO DE PENALIDADE, Se o contribuinte não atender, no prazo marcado, à intimação para prestar esclarecimentos ou apresentar documentos, a multa decorrente do lançamento de oficio passa a ser agravada de 75% para 112,5 % Um simples pedido de nova prorrogação de prazo justificaria o atraso no atendimento à fiscalização em fornecer os elementos solicitados. Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 1998 LANÇAMENTO COM BASE EM DEMSITOS BANCÁRIOS. FATOS GERADORES A PART7R DE 01/01/1991 A Lei n" 9.430/1996, vigente a partir de 10 de janeiro de 1997, estabeleceu, em seu artigo 42, uma presunção legal de omissão de rendimentos que autoriza o lançamento do imposto correspondente quando o titular da conta bancária não comprovar, mediante documentação hábil e idónea, a origem dos valores depositados em sua conta de depósito. PRESUNÇÃO JURIS TANTUM. INVERSÃO DO eiNUS DA PROVA. FATO INDICIÁRIO. FATO JURIDICO TRIBUTÁRIO. A presunção legal juris tantum inverte o ónus da prova. Neste caso, a autoridade lançadora fica dispensada de provar que o depósito bancário não comprovado (fato indiciário) corresponde, efetivamente, ao auferimento de rendimentos (fato jurídico tributário). Cabe ao Fisco • Processo n• 10235.0011812003-42 CCO[4:04 Acórdão n.• 104-23.655 Fls. 8 simplesmente provar a ocorrência do fato indiciário; e ao contribuinte cumpre provar que o fato presumido não existiu na situação concreta. ADEQUAÇÃO DA PRESUNÇÃO LEGAL. VINCULA ÇÃO DA AUTORIDADE ADMINISTRATIVA. Não cabe ao julgador administrativo discutir se a presunção estabelecido em lei é apropriada ou não, pois se encontra totalmente vinculado aos ditames legais (artigo 116, inciso III, da Lei n° 8.112/1990), mormente quando do exercício do controle de legalidade do lançamento tributário (artigo 142 do Código Tributário Nacional - CTIN). Nesse passo, não é dado apreciar questões que importem a negação de vigência e eficácia do preceito legal que, de modo inequívoco, estabelece a presunção legal de omissão de rendimentos (artigo 42, caput, da Lei n°9.430/1996). TRIBUTAÇÃO. PATRIMÔNIO. RENDIMENTO. Quando o artigo 42 da Lei n° 9.430/1996 determina que o depósito bancário não comprovado caracteriza omissão de receita, não se está tributando o depósito bancário, e sim o rendimento presumivelmente auferido„ ou seja, a disponibilidade econômica a que se refere o artigo 43 do CTN. O efeito da presunção é que, a partir de um fato indicia' rio, chega-se a um fato que se quer provar a ocorrência. RENDA CONSUMIDA. SINAIS EXTERIORES DE RIQUEZA. O acréscimo patrimonial (mesmo posteriormente consumido) deve ser alvo de tributação do imposto de renda. De outro lado, o que fica vedado ao Fisco é a tributação de algo que em momento algum ingressou no patrimônio do sujeito passivo. Há disponibilidade econômica (acréscimo patrimonial) do contribuinte quando recebe valores em conta-corrente (depósitos bancários), presumidos como rendimentos pelo artigo 42 da Lei n° 9.430/1996, e não os contesta de forma eficaz. Por tal regra, não há necessidade de que o Fisco comprove a utilização desses recursos como renda consumida, mas a simples demonstração dos fatos indiciários. Quando o lançamento se dá com base no citado artigo 42 (e não com fundamento no artigo 6" da Lei n° 8.021/1990), descabe a necessidade de comprovação de sinais exteriores de riqueza. Lançamento Procedente em Parte. A autoridade julgadora entendeu por bem que a multa de oficio deveria passar de 225 % (duzentos e vinte e cinco por cento) para 112,5 % (cento e doze inteiros e cinco décimos por cento), tendo em vista que não se encontrava devidamente evidenciado nos autos as razões para a qualificação. Cientificado em 07/05/2007, o contribuinte, se mostrando irresignado, apresentou em 05/06/2007, o Recurso Voluntário, de fls. 182/201, onde reitera os pontos apresentados na impugnação, especialmente os itens a seguir: - Da nulidade do lançamento por insubsistência de provas, indicando que não basta apontar o seu nome em um documento qualquer, sem anexar outras provas mais rqbjpstas, para se concluir pela vinculação de um fato a outro; 8 , Processo n• 10235.001181/2003-42 CCOI/C04 Acérdiio n.° 104-23.855 Fts 9 - Da decadência dos fatos geradores acorridos no período de 31 de março de 19988 a 30 de setembro de 1998; - Da improcedência da multa agravada de 112.5% decidida pela DRJ/BEL, tendo em vista que a multa foi lançada pelo atraso na esfrega de documentos. Indica que a autoridade fiscal deveria entender ser razoável o oferecimento de um prazo maior, tendo em vista a dificuldade prática de conservar documentos aos quais o recorrente não estava obrigado a manter. É o Relatório. \1( e 9 . • Processo n° 10235.001181/2003-42 CCO 1/C04 Acórdão n.° 10423.655 Fls. l O Voto Conselheiro ANTONIO LOPO MARTINEZ, Relator O recurso está dotado dos pressupostos legais de admissibilidade devendo, portanto, ser conhecido. Da preliminar de Decadência O termo inicial para a contagem do prazo decadencial para os rendimentos omitidos que ocorreram ao longo do ano de 1998, previsto no art. 150, parágrafo 4°, do CTN é de 1° de janeiro de 1999, posto que é o 1° dia após a ocorrência do fato gerador. Desta forma, o lançamento poderia ser realizado até a data de 31/12/2003, para que pudesse alcançar os valores percebidos no ano-calendário de 1999. Tendo em vista a descrito anteriormente no relativo a intimação pessoal, o contribuinte teve ciência do auto de infração em 19/12/2003, data em que entendo não havia decaído o direito da fazenda constituir o referido crédito tributário. Como é sabido, o lançamento é o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, identificar o seu sujeito passivo, determinar a matéria tributável e calcular ou por outra forma definir o montante do crédito tributário, aplicando, se for o caso, a penalidade cabível. •Com o lançamento constitui-se o crédito tributário, de modo que antes do lançamento, tendo ocorrido o fato imponível, ou seja, aquela circunstância descrita na lei como hipótese em que há incidência de tributo, verifica-se, tão somente, obrigação tributária, que não deixa de caracterizar relação jurídica tributária. É sabido, que são utilizados, na cobrança de impostos e/ou contribuições, tanto o lançamento por declaração quanto o lançamento por homologação. Aplica-se o lançamento por declaração (artigo 147 do Código Tributário Nacional) quando há participação da administração tributária com base em informações prestadas pelo sujeito passivo, ou quando, tendo havido recolhimentos antecipados, é apresentada a declaração respectiva, para o juste final do tributo efetivamente devido, cobrando-se as insuficiências ou apurando-se os excessos, com posterior restituição. Por outro lado, nos precisos termos do artigo 150 do CTN, ocorre o lançamento por homologação quando a legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, a qual, tomando conhecimento da atividade assim exercida, expressamente a homologa. Inexistindo essa homologação expressa, ocorrerá ela no prazo de 05(cinco) anos, a contar do fato gerador do tributo. Com outras palavras, no lançamento por homologação, o contribuinte apura o montante e efetua o recolhimento do tributo de forma definitiva, independentemente de ajustes posteriores. Neste ponto está a distinção fundamental entre uma sistemática e outra, ou seja, rpara se saber o regime de lançamento de um tributo, basta compulsar a sua legi ão e 10 Processo n° 10235.001181/2003-42 CCO I/C04 Acórdão n.° 104-23.855 Fls. II verificar quando nasce o dever de cumprimento da obrigação tributária pelo sujeito passivo: se dependente de atividade da administração tributária, com base em informações prestadas pelos sujeitos passivos (lançamento por declaração), hipótese em que, antes de notificado do lançamento, nada deve o sujeito passivo; se, independente do pronunciamento da administração tributária, deve o sujeito passivo ir calculando e pagando o tributo, na forma estipulada pela legislação, sem exame do sujeito ativo - lançamento por homologação, que, a rigor técnico, não é lançamento, porquanto quando se homologa nada se constitui, pelo contrário, declara-se à existência de um crédito que já está extinto pelo pagamento. Importante frisar que independente do recorrente ter apresentado ou não declaração de ajuste anual, no meu entendimento esse fato não altera a conclusão, uma vez que se homologaria o procedimento. No caso o procedimento de nada fazer, não declarar e não pagar. • Em suma, não há como considerar o lançamento do ano de 1998 como decadente. Diante do exposto, rejeito a preliminar de decadência. Da Presunção de Omissão de Rendimentos O lançamento fundamenta-se em depósitos bancários. A presunção legal de omissão de rendimentos com base nos depósitos bancários está condicionada apenas à falta de comprovação da origem dos recursos que transitaram, em nome do sujeito passivo, em instituições financeiras, ou seja, pelo artigo 42 da Lei n° 9.430/1996, tem-se a autorização para considerar ocorrido o "fato gerador" quando o contribuinte não logra comprovar a origem dos créditos efetuados em sua conta bancária, não havendo a necessidade do fisco juntar qualquer outra prova. •• Via de regra, para alegar a ocorrência de "fato gerador", a autoridade deve estar munida de provas. Mas, nas situações em que a lei presume a ocorrência do "fato gerador" (as chamadas presunções legais), a produção de tais provas é dispensada. Neste caso, ao Fisco cabe provar tão-somente o fato indiciário (depósitos bancários) e não o fato jurídico tributário (obtenção de rendimentos). No texto abaixo reproduzido, extraído de "Imposto sobre a Renda - Pessoas Jurídicas" (Justec-RJ; 1979:806), José Luiz Bulhões Pedreira sintetiza com muita clareza essa questão: O efeito prático da presunção legal é inverter o ónus da prova: invocando-a, a autoridade lançadora fica dispensada de provar, no caso concreto, que ao negócio jurídico com as características descritas na lei corresponde, efetivamente, o fato económico que a lei presume - cabendo ao contribuinte, para afastar a presunção (se é relativa) provar que o fato presumido não existe no caso. Assim, o comando estabelecido pelo art. 42 da Lei n° 9430/1996 cuida de presunção relativa (juris tantum) que admite a prova em contrário, cabendo, pois, ao sujeito passivo a sua produção. Nesse passo, como a natureza não-tributável dos depósitos não foi comprovada pelo contribuinte, estes foram presumidos como rendimentos. Assim, deve ser mantido o lançamento. 11/ II . . Processo n°10235.001181/2003-42 CCOI/C04, Acórdão n.° 104-23.655 Fls. 12 Antes de tudo cumpre salientar que a presunção não foi estabelecida pelo Fisco e sim pelo art. 42 da Lei n° 9.430/1996. Tal dispositivo outorgou ao Fisco o seguinte poder: se provar o fato indiciário (depósitos bancários não comprovados), restará demonstrado o fato jurídico tributário do imposto de renda (obtenção de rendimentos). Assim, não cabe ao julgador discutir se tal presunção é equivocada ou não, pois se encontra totalmente vinculado aos ditames legais (art. 116, inc. III, da Lei n° 8.112/1990), mormente quando do exercício do controle de legalidade do lançamento tributário (art. 142 do Código Tributário Nacional - C'FN). Nesse passo, não é dado apreciar questões que importem a negação de vigência e eficácia do preceito legal que, de modo inequívoco, estabelece a presunção legal de omissão de receita ou de rendimento sobre os valores creditados em conta de depósito mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa fisica ( ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações (art. 42, caput, da Lei n°9.430/1996). No caso concreto, os depósitos tiveram como origem a MAGAZINE BRASILIA LTDA, empresa na qual o contribuinte é sócio-administrador, num caso como esse entendo que que esteja demonstrada a origem do depósito. Não sendo mais possível aplicar a presunção legal prevista no artigo 42 da Lei. 9430/96. Ou seja, quando a autoridade fiscal toma conhecimento da origem não cabe a esta questionar qual a sua motivação. Se a origem evidenciar um rendimento omitido, deverá a autoridade realizar o lançamento sobre outra tipificação tributária. Em outros termos, os valores cuja origem restar comprovada já na fase de fiscalização, e porventura não houverem sido computados, pelo contribuinte, na base de cálculo dos tributos a que estiverem sujeitos, devem ser submetidos às normas de tributação de ofício específicas, vedada a manutenção da autuação como depósitos bancários sem origem, sob a justificativa de que a natureza jurídica da operação não teria sido demonstrada (art. 42, § 2°, da Lei n° 9.430, de 1996). Ante ao exposto, voto no sentido de DAR provimento ao recurso. it Sala d Sessões - DF, m 17 e dezembro de 2008 fito) )2. A ONIO L O ART EZ 12 Page 1 _0014100.PDF Page 1 _0014200.PDF Page 1 _0014300.PDF Page 1 _0014400.PDF Page 1 _0014500.PDF Page 1 _0014600.PDF Page 1 _0014700.PDF Page 1 _0014800.PDF Page 1 _0014900.PDF Page 1 _0015000.PDF Page 1 _0015100.PDF Page 1

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Numero do processo: 10480.007293/2003-13
Turma: Quarta Câmara
Seção: Primeiro Conselho de Contribuintes
Data da sessão: Wed Apr 23 00:00:00 UTC 2008
Data da publicação: Wed Apr 23 00:00:00 UTC 2008
Ementa: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 1999 DEPÓSITO BANCÁRIO - DECADÊNCIA - A omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários sem origem comprovada deve ser apurada em base mensal, mas tributada na base de cálculo anual, cujo fato gerador ocorre no encerramento do ano-calendário (art. 150, § 4º, do CTN). NULIDADE - CARÊNCIA DE FUNDAMENTO LEGAL - INEXISTÊNCIA - As hipóteses de nulidade do procedimento são as elencadas no artigo 59 do Decreto 70.235, de 1972, não havendo que se falar em nulidade por outras razões. QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO VIA ADMINISTRATIVA - ACESSO ÀS INFORMAÇÕES BANCÁRIAS PELA SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL - É lícito ao fisco, mormente após a edição da Lei Complementar nº. 105, de 2001, examinar informações relativas ao contribuinte, constantes de documentos, livros e registros de instituições financeiras e de entidades a elas equiparadas, inclusive os referentes a contas de depósitos e de aplicações financeiras, quando houver procedimento de fiscalização em curso e tais exames forem considerados indispensáveis, independentemente de autorização judicial. APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI Nº 10.174 DE 2001 E LEI COMPLEMENTAR 105 DE 2001 - POSSIBILIDADE - ART - 144, § 1º - Pode ser aplicada, de forma retroativa, ao lançamento, a legislação que tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliando os poderes de investigação das autoridades administrativas. DE RENDIMENTOS - DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA - ARTIGO 42, DA LEI Nº. 9.430, de 1996 - Caracteriza omissão de rendimentos a existência de valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. JUROS - TAXA SELIC - A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais (Súmula 1º CC nº 4) ARGÜIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE - O Primeiro Conselho de Contribuintes não é competente para se pronunciar sobre inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula 1º CC nº 2). Preliminares rejeitadas. Recurso negado.
Numero da decisão: 104-23.124
Decisão: ACORDAM os Membros da Quarta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, REJEITAR as preliminares argüidas pelo Recorrente e, no mérito, NEGAR provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
Matéria: IRPF- ação fiscal - Dep.Bancario de origem não justificada
Nome do relator: Antonio Lopo Martinez

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I 4...)..-÷, tgo- . n•• •..7 MINISTÉRIO DA FAZENDA w. r;,.;',vi• PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES n-•-_,,,... QUARTA CÂMARA Processo n° 10480.007293/2003-13 Recurso n° 156.683 Voluntário Matéria IRPF Acórdão n° 104-23.124 Sessão de 23 de abril de 2008 Recorrente GUSTAVO HENRIQUE QUENTAL COUTINHO ,Recorrida P. TURMA/DRJ-RECIFE/PE ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA - IRPF Exercício: 1999 DEPÓSITO BANCÁRIO - DECADÊNCIA - A omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários sem origem comprovada deve ser apurada em base mensal, mas tributada na base de cálculo anual, cujo fato gerador ocorre no encerramento do ano-calendário (art. 150, § 4°, do CTN). NULIDADE - CARÊNCIA DE FUNDAMENTO LEGAL - • INEXISTÊNCIA - As hipóteses de nulidade do procedimento são as elencadas no artigo 59 do Decreto 70.235, de 1972, não havendo que se falar em nulidade por outras razões. QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO VIA ADMINISTRATIVA - ACESSO ÀS INFORMAÇÕES BANCÁRIAS PELA SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL - É lícito ao fisco, mormente após a edição da Lei Complementar n°. 105, de 2001, examinar informações relativas ao contribuinte, constantes de documentos, livros e registros de instituições financeiras e de entidades a elas equiparadas, inclusive os referentes a contas de depósitos e de aplicações financeiras, quando houver procedimento de fiscalização em curso e tais exames forem considerados indispensáveis, independentemente de autorização judicial. APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI N° 10.174 DE 2001 E LEI COMPLEMENTAR 105 DE 2001 - POSSIBILIDADE - ART - 144, § 1° - Pode ser aplicada, de forma retroativa, ao lançamento, a legislação que tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliando os poderes de investigação das autoridades administrativas. vil i Processo n° 10480.00729312003-13 CCO I/C04 Acórdão n.° 104-23.124 Eis. 2 DE RENDIMENTOS - DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA - ARTIGO 42, DA LEI N°. 9.430, de 1996 - Caracteriza omissão de rendimentos a existência de valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idónea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. JUROS - TAXA SELIC - A partir de 1° de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais (Súmula 1° CC n° 4)- ARGÜIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE - O Primeiro Conselho de Contribuintes não é competente para se pronunciar sobre inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula 1° CC n° 2). Preliminares rejeitadas. Recurso negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de recurso interposto por GUSTAVO HENRIQUE QUENTAL COUTINHO. ACORDAM os Membros da Quarta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por unanimidade de votos, REJEITAR as preliminares argüidas pelo Recorrente e, no mérito, NEGAR provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. ,IMARIA HELENA COTTA CARDOZO Presi ente ta R, titi) • Po. INEZTONI L PO MA T Relator FORMALIZADO EM: 112 JUL 2008 2 , . . . Processo n°10480.00729312003-13 CCOI/C04 Acórdão n.° 104-23.124 Fls. 3 Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros Nelson Mallmann, Heloisa Guarita Souza, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Rayana Alves de Oliveira França, Renato Coelho 7..,„ Borelli (Suplente convocado) e Gustavo Lian Haddad. )1( 3 , , . • , Processo n°10480.007293/2003-13 CCOI/C04 Acórdão n.° 104-23.124 Fls. 4 Relatório Em desfavor do contribuinte GUSTAVO HENRIQUE QUENTAL COUTINHO, já qualificado nos autos, foi lavrado o Auto de Infração de fls. 04/05, no qual é cobrado o Imposto sobre a Renda de Pessoa Física (IRPF), relativamente ao ano-calendário de 1998, no valor total de R$ 153.736,87, acrescido de multa de lançamento de oficio e de juros de mora, calculados até 30/06/2003, perfazendo um crédito tributário total de R$ 382.789,43 (trezentos e oitenta e dois mil setecentos e oitenta e nove reais e quarenta e três centavos). A fiscalização procedeu à lavratura do Auto de Infração, em virtude de terem sido constatada omissão de rendimentos provenientes de valores creditados em contas de depósito ou de investimento, mantidos em instituições financeiras, cuja origem dos recursos não foi comprovada mediante documentação hábil e idônea. Cientificado em 17/03/2003, insatisfeito apresenta impugnação às fls. 125/161,onde questiona em apertada síntese: I) a inconstitucionalidade da quebra do sigilo bancário sem ordem judicial, II) adverte que depósito bancário não é renda e III) conclui questionando a utilização da taxa selic como referência para correção dos tributos apurados. Em 11 de setembro de 2006, os membros da I s Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento de Recife proferiram Acórdão que, por unanimidade de votos, rejeitou as preliminares, e considerou procedente o lançamento, nos termos da Ementa a seguir transcrita. Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 1998 AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. Não restando comprovada a ocorrência da prova ilícita, não há que se falar em nulidade do lançamento. LEGISLAÇÃO QUE AMPLIA OS MEIOS DE FISCALIZAÇÃO. INAPLICABILIDADE DO PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE DA LEI. O art. 6° da Lei Complementar n° 105/2001 e o art. I° da Lei n" 10.174/2001, que deu nova redação ao 3° do art. 11 da Lei n° 9.311/1996, disciplinam o procedimento de fiscalização em si, e não os fatos económicos investigados, de forma que os procedimentos iniciados ou em curso a partir de janeiro 2001 poderão valer-se dessas informações, inclusive para alcançar fatos geradores pretéritos. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁMOS. Para os fatos geradores ocorridos a partir de 1° de janeiro de 1997, o art. 42 da Lei n°9.430. de 1996, autoriza a presunção legal de omissão de rendimentos com base em depósitos bancários de origem não comprovada pelo sujeito passivo. 4 . . Processo n° 10480.007293/2003-13 CCO I/C04 Acórdão n.° 104-23.124 Eis. 5 ÔNUS DA PROVA. Se o ônus da prova, por presunção legal, é do contribuinte, cabe a ele a prova da origem dos recursos utilizados para acobertar seus depósitos bancários. SIGILO BANCÁRIO. É lícito ao fisco, mormente após a edição da Lei Complementar n° 105/2001, examinar informações relativas ao contribuinte, constantes de documentos, livros e registros de instituições financeiras e de entidades a elas equiparadas, inclusive os referentes a contas de depósitos e de aplicações financeiras, quando houver procedimento de fiscalização em curso e tais exames forem considerados indispensáveis, independentemente de autorização DECADÊNCIA. O dies a quo da contagem do prazo decadencial para a Fazenda proceder ao lançamento relativamente ao imposto de renda das pessoas Picas, em se tratando de rendimentos sujeitos ao ajuste anual recebidos no Ano-calendário, e tendo havido o pagamento do imposto devido, seja por meio da declaração de ajuste anual, seja por antecipação do pagamento do imposto pelo recolhimento a título de "carné-leão" ou "mensalão", ou mediante retenção do imposto pela fonte pagadora, tem início na data de ocorrência do fato gerador, ou seja, em 31 de dezembro do respectivo Ano-calendário. LANÇAMENTO DE OFICIO. INCIDÊNCIA DE JUROS DE MORA. LEGALIDADE. TAXA SELIC. Legítima a aplicação da taxa Selic, para a cobrança dos juros de mora, a partir de 1° de abril de 1995 (art. 13, da Lei n°9,065/95). DECISÕES ADMINISTRATIVAS. EFEITOS. As decisões administrativas proferidas pelos órgãos colegiados não se constituem em normas gerais, posto que inexiste lei que lhes atribua eficácia normativa, razão pela qual seus julgados não se aproveitam em relação a qualquer outra ocorrência, senão àquela objeto da decisão. DECISÕES JUDICIAIS. EFEITOS. A extensão dos efeitos das decisões judiciais, no âmbito da Secretaria da Receita Federal, possui como pressuposto a existência de decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal acerca da inconstitucionalidade da lei que esteja em litígio e, ainda assim, desde que seja editado ato específico do Sr. Secretário da Receita Federal nesse sentido. Não estando enquadradas nesta hipótese, as sentenças judiciais só produzem efeitos para as partes entre as quais são dadas, não beneficiando nem prejudicando terceiros. IRPF - NULIDADE - RMF - Não há que se falar em nulidade, quando a Requisição de Informações sobre Movimentação Financeira - RAU foi expedida pela autoridade competente que emitiu o Mandado de Procedimento Fiscal - MPF. Lançamento Procedente. 5 . . • Processo n°10480.007293/2003-13 CCOI/C04 Acórdão n.° 104-23.124 Fls. 6 Cientificado em 17/10/2006, o contribuinte, se mostrando irresignado, apresentou, em 13/11/2006, o Recurso Voluntário, de fls. 222/274, reiterando as razões da sua impugnação, às quais já foram devidamente explicitadas anteriormente, bem como incorporando outros questionamentos, que podem ser sintetizadas da seguinte forma: - Preliminarmente, da inconstitucionalidade da quebra do sigilo bancário do contribuinte pela autoridade fiscal sem ordem judicial; - Da nulidade e da improcedência do auto de infração; - Da existência da prova inconteste da ocorrência do fato gerador; - Da ocorrência da decadência; - Dos juros calculados pela taxa selic. É o Relatório. 6 . .. . Processo n° 10480.007293/2003-13 CCOI/C04 Acórdão n.° 104-23.124 Fls. 7 Voto Conselheiro ANTONIO LOPO MARTINEZ, Relator O recurso está dotado dos pressupostos legais de admissibilidade devendo, portanto, ser conhecido. Da Preliminar de Decadência O termo inicial para a contagem do prazo decadencial para os rendimentos omitidos que ocorreram ao longo do ano de 1998, previsto no art. 150, parágrafo 4°, do C1N é de 1° de janeiro de 1999, posto que é o 1° dia após a ocorrência do fato gerador. Desta forma, o lançamento poderia ser realizado até a data de 31/12/2003, para que pudesse alcançar os valores percebidos no ano-calendário de 1998. Como o auto de infração foi encaminhado ao contribuinte teve ciência do auto de infração apenas em 17/07/2003, fls. 181 entendo que nessa data não havia decaído o direito da fazenda constituir o referido crédito tributário. Como é sabido, o lançamento é o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, identificar o seu sujeito passivo, determinar a matéria tributável e calcular ou por outra forma definir o montante do crédito tributário, aplicando, se for o caso, a penalidade cabível. Com o lançamento constitui-se o crédito tributário, de modo que antes do lançamento, tendo ocorrido o fato imponivel, ou seja, aquela circunstância descrita na lei como hipótese em que há incidência de tributo, verifica-se, tão somente, obrigação tributária, que não deixa de caracterizar relação jurídica tributária. É sabido, que são utilizados, na cobrança de impostos e/ou contribuições, tanto o lançamento por declaração quanto o lançamento por homologação. Aplica-se o lançamento por declaração (artigo 147 do Código Tributário Nacional) quando há participação da administração tributária com base em informações prestadas pelo sujeito passivo, ou quando, tendo havido recolhimentos antecipados, é apresentada a declaração respectiva, para o juste final do tributo efetivamente devido, cobrando-se as insuficiências ou apurando-se os excessos, com posterior restituição. Por outro lado, nos precisos termos do artigo 150 do CTN, ocorre o lançamento por homologação quando a legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, a qual, tomando conhecimento da atividade assim exercida, expressamente a homologa. Inexistindo essa homologação expressa, ocorrerá ela no prazo de 05(cinco) anos, a contar do fato gerador do tributo. Com outras palavras, no lançamento por homologação, o contribuinte apura o montante e efetua o recolhimento do tributo de forma definitiva, independentemente de ajustes posteriores. Neste ponto está a distinção fundamental entre uma sistemática e outra, ou seja, Iipara se saber o regime de lançamento de um tributo, basta compulsar a sua legisl(ção e 7 Processo u° 10480.0072931200343 CC01/C04 Acórdão n.° 104-23.124 Fls. 8 verificar quando nasce o dever de cumprimento da obrigação tributária pelo sujeito passivo: se dependente de atividade da administração tributária, com base em informações prestadas pelos sujeitos passivos (lançamento por declaração), hipótese em que, antes de notificado do lançamento, nada deve o sujeito passivo; se, independente do pronunciamento da administração tributária, deve o sujeito passivo ir calculando e pagando o tributo, na forma estipulada pela legislação, sem exame do sujeito ativo - lançamento por homologação, que, a rigor técnico, não é lançamento, porquanto quando se homologa nada se constitui, pelo contrário, declara-se à existência de um crédito que já está extinto pelo pagamento. Em suma, não há como considerar o lançamento do ano de 1998 como decadente. Diante do exposto, rejeito a preliminar de decadência. Da Irretroatividade da LC 105/2001 e da Lei n° 10.174/2001. O contribuinte se mostrou inconformado com a aplicação retroativa da Lei Complementar 105/2001 e da Lei 10.174/2001. Entendeu que ao proceder com base em tais instrumentos legais o Fisco acabou por obter provas de origem ilícita. Não procede tal argumento. O parágrafo 1° do art. 144 do CTN permite a aplicação de legislação posterior à ocorrência do fato gerador, que tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização e ampliado os poderes de investigação das autoridades administrativas. Desta forma é notória a possibilidade de aplicação dos mencionados instrumentos legais de forma retroativa, uma vez que, tão somente, ampliam os poderes de investigação do Fisco. O STJ já manifestou o seu entendimento neste sentido no RESP 529818/PR e no ERESP 726778/PR. Da Impossibilidade de Acesso ao Sigilo Bancário sem Autorização Judicial O sigilo bancário sempre foi um tema cheio de contradições e de várias correntes. Antes da edição da Lei Complementar n° 105, de 2001, os Tribunais Superiores tinham a forte tendência de albergar a tese da inclusão do sigilo bancário na esfera do direito à privacidade, na forma da nossa Constituição Federal, sob o argumento que não é cabível a sua quebra com base em procedimento administrativo, amparado no entendimento de que as previsões nesse sentido, inscritas nos parágrafos 5° e 6° do artigo 38, da Lei n°4.595, de 1964 e no artigo 8° da Lei n° 8.021, de 1990, perdem eficácia, por interpretação sistemática, diante da vedação do parágrafo único do artigo 197, do CTN, norma hierarquicamente superior. Apesar de existir intermináveis discussões quanto à natureza do sigilo bancário, entendo que tal garantia, insere-se na esfera do direito à privacidade, traduzido no artigo 5°, inciso X, da Constituição Federal. Por outro lado, entendo que o direito à privacidade não é ilimitado, tendo em vista o princípio da convivência de liberdades. Assim, não se pode, sob o manto da privacidade, pretender acobertar indistintamente qualquer irregularidade que seja objeto de apuração pelo fisco, ou seja, os direitos e garantias individuais previstos na Constituição Federal não se prestam a servir de manto protetor a comportamentos abusivos, e nem tampouco devem prevalecer diante de fatos que possam constituir crimes. Sejam eles crimes tributários ou não. Processo n°10480.007293/2003-13 CCOI/C04 Acórdão n.° 104-23.124 Fls. 9 Não restam dúvidas, que o direito ao sigilo bancário não pode ser utilizado para acobertar ilegalidades. Por outro lado, preserva-se a intimidade enquanto ela não atingir a esfera de direitos de outrem. Todos têm direito à privacidade, mas ninguém tem o direito de invocá-la para abster-se de cumprir a lei ou para fugir de seu alcance. Tenho para mim, que o sigilo bancário não foi instituído para que se possam praticar crimes impunemente. Desta forma, é indiscutível que o sigilo bancário, no Brasil, para fins tributários, é relativo e não absoluto, já que a quebra de informações pode ocorrer nas hipóteses previstas em lei. Da mesma forma, a quebra do sigilo bancário não afronta aos incisos X e XII do art. 5° da Constituição Federal de 1988. O Supremo Tribunal Federal já decidiu que: "Ementa: Inquérito. Agravo regimentaL Sigilo bancário. Quebra. Afronta ao artigo 5°, X e XII, da CF: Inexistência. (.). I - A quebra do sigilo bancário não afronta o artigo 5°, X e XII, da Constituição Federal (Precedentes: PET. 577). (Ac. Do Plenário do Supremo Tribunal Federal, no AGRINQ-897/DF, reL Min. Francisco Rezek, em 23.11.94)." Ora, é cediço que o sigilo bancário não tem caráter incontestável nem absoluto, pois deve sempre estar submetido, como direito individual que é, aos interesses da sociedade em geral e, por conseguinte, ao interesse maior da preservação dos comandos estabelecidos pela lei. Diz a Lei n°4.595, de 1964: "Art. 38 - As instituições financeiras conservarão sigilo em suas operações ativas e passivas e serviços prestados. § 1° As informações e esclarecimentos ordenados pelo Poder Judiciário, prestado pelo Banco Central da República do Brasil ou pelas instituições financeiras, e a exibição de livros e documentos em juízo, se revestirão sempre do mesmo caráter sigiloso, só podendo a eles ter acesso às partes legitimas na causa, que deles não poderão servir-se para fins estranhos à mesma. § 2° O Banco Central da República do Brasil e as instituições financeiras públicas prestarão informações ao Poder Legislativo, podendo, havendo relevantes motivos, solicitar sejam mentidas em reserva ou sigilo. § 3° As Comissões Parlamentares de Inquérito, no exercício da competência constitucional e legal de ampla investigação obterão as informações que necessitarem das instituições financeiras, inclusive através do Banco Central da República do Brasil. § 4° Os pedidos de informações a que se referem os §§ 2° e 3°, deste artigo, deverão ser aprovados pelo Plenário da Câmara dos Deputados 9 Processo n° 10480.007293/2003-13 CCOI/C04 Acórdão n? 104-23.124 F. 10 ou do Senado Federal e, quando se tratar de Comissão Parlamentar de Inquérito, pela maioria absoluta de seus membros. § 5 0 Os agentes fiscais tributários do Ministério da Fazenda e dos Estados somente poderão proceder a exames de documentos, livros e registros de contas de depósitos, quando houver processo instaurado e os mesmos forem considerados indispensáveis pela autoridade competente. § 6 0 0 disposto no parágrafo anterior se aplica igualmente à prestação de esclarecimentos e informes pelas instituições financeiras às autoridades fiscais, devendo sempre estas e os exames ser conservados em sigilo, não podendo ser utilizados senão reservadamente." Nos termos da lei, acima mencionada, o sigilo bancário será quebrado sempre que houver processo instaurado e a autoridade fiscalizadora considerar necessário, pois é sabido que os estabelecimentos vinculados ao sistema bancário não poderá eximir-se de fornecer à fiscalização, em cada caso especificado pela autoridade competente da Secretaria da Receita Federal, cópias das contas correntes de seus depositantes ou de outras pessoas que tenham relações com tais estabelecimentos, nem de prestar informações ou quaisquer esclarecimentos solicitados, se a autoridade fiscal assim o julgar necessário, tendo em vista a instrução de processo para qual essas informações são requeridas. É evidente, que a possibilidade da quebra do sigilo bancário é de natureza excepcional, e o artigo 38 da Lei n° 4.595, de 1964, arrola as oportunidades em que terceiros tem acesso ao conhecimento de dados e informações de operações realizadas no mercado financeiro pelos seus investidores/clientes. Os parágrafos, do artigo anteriormente citado, estabelecem, de forma clara, quais são as autoridades que tem acesso a estas informações, ou seja, Poder Judiciário (§ 1°); Poder Legislativo (§ 2°); Comissões Parlamentares de Inquérito (§ 3°) e os agentes fiscais do Ministério da Fazenda e dos Estados (§§ 5° e 6°). O texto acima estabelece com clareza a obrigatoriedade que os bancos tinham de permitir aos agentes fiscais o exame dos registros de contas de depósitos. Para isto, bastaria demonstrar a existência de processo fiscal e declarar que tal documentação era indispensável à investigação em curso. Desta forma, entendo que fica demonstrado que, já em 1964, os bancos estavam obrigados a fornecer à fiscalização documentação a respeito de transações com seus clientes. Não há como discordar que a expressão "processo instaurado" se refere ao "processo administrativo fiscal", já que em caso contrário não haveria a necessidade de existirem os parágrafos 50 e 6° do referido diploma legal. Assim, fica evidenciado que para a Administração Tributária Federal ter acesso a informações relativo às atividades e operações no mercado financeiro e de capitais realizadas pelos contribuintes pessoas fisicas e/ou jurídicas, estaria condicionada a observância de certos requisitos, quais sejam: ter processo administrativo fiscal instaurado; que as informações a serem solicitadas fossem indispensáveis e que estas informações não poderiam ser reveladas a terceiros. y 10 . .. . Processo n°10480.007293/2003-13 CCOI/C04 Acórdão n.° 104-23.124 Fls. 11 Já, por outro lado, em 1966, a Lei n°. 5.172 (Código Tributário Nacional) promoveu alterações no dispositivo acima transcrito, eliminando a exigência de prévia existência de processo. No art. 197 o Código Tributário Nacional dispõe: "Mediante intimação escrita, são obrigados a prestar à autoridade administrativa todas as informações de que disponham com relação aos bens, negócios ou atividades de terceiros: ... II - os bancos, casas bancárias, Caixas Econômicas e demais instituições financeiras." Após a edição do Código Tributário Nacional, o Decreto n°. 1.718, de 1979 reforçou a obrigatoriedade que têm as Instituições Financeiras de prestar informações às autoridades fiscais. No art. 2° daquele ato legal foi estabelecido: "Continuam obrigados a auxiliar a fiscalização dos tributos sob administração do Ministério da Fazenda, ou quando solicitados a prestar informações, os estabelecimentos bancários, inclusive as Caixas Econômicas, os Tabeliães e Oficiais de registro, o Instituto Nacional de Propriedade Industrial, as Juntas Comerciais ou as repartições e autoridades que as substituírem, as Bolsas de Valores e as empresas corretoras, as Caixas de Assistência, as Associações e Organizações Sindicais, as Companhias de Seguros, e demais entidades ou empresas que possam, por qualquer forma, esclarecer situações para a mesma fiscalização." Já no comando da Lei n°. 8.021, de 1990, esta obrigatoriedade é mais abrangente incluindo Bolsa de Valores e Assemelhadas, além das Instituições Financeiras, cuja redação diz o seguinte: "Art. 70_ A autoridade fiscal do Ministério da Economia, Fazenda e Planejamento poderá proceder a exames de documentos, livros e registros das bolsas de valores, de mercadorias, de futuros e assemelhadas, bem como solicitar a prestação de esclarecimentos e informações a respeito de operações por elas praticadas, inclusive em relação a terceiros. Art. 8° - Iniciado o procedimento fiscal, a autoridade fiscal poderá solicitar informações sobre operações realizadas pelo contribuinte em instituições financeiras, inclusive extratos de contas bancárias, não se aplicando, nesta hipótese, o disposto no art. 38 da Lei n°. 4.595, de 31 de dezembro de 1964. Parágrafo único - As informações, que obedecerão às normas regulamentares expedidas pelo Ministério da Economia, Fazenda e Planejamento, deverão ser prestadas no prazo máximo de dez dias úteis contados da data da solicitação, aplicando-se, no caso de descumprimento desse prazo, a penalidade prevista no 5 I° do art. 7°." Evidente está, diante das normas legais acima transcritas, que as instituições financeiras não podem invocar o dever de sigilo bancário quando da efetivação, por parte da Fazenda Pública, de pedido de informações acerca de um terceiro, existindo pro sso II Processo n° 10480.007293/2003-13 CCOI/C04 Acórdão n.° 104-23.124 Fls. 12 administrativo fiscal que permita tal solicitação. Não há que se falar, portanto, em quebra do sigilo bancário, uma vez que a autoridade fazendária encontra-se legalmente obrigada a manter os dados recebidos sob sigilo, conforme impõe o parágrafo 6° do artigo 38 da Lei n° 4.595, de 1964. Os dispositivos legais acima citados, não foram declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal, dão respaldo ao procedimento da fiscalização. Por esta razão, rejeita-se o argumento de que os documentos foram obtidos de forma ilícita. O sigilo bancário, face à farta legislação existente, não pode ser argüido com a finalidade de negar informações ao fisco. A Lei no. 8.021, de 1990 revoga, para fins fiscais, a obrigatoriedade das instituições financeiras a conservar sigilo em suas operações ativas e passivas e serviços prestados, estabelecido no art. 38 da Lei no. 4.595, de 1964. Este último dispositivo legal já estabelecia em seus parágrafos 5° e 60 que: "5 0 - Os agentes fiscais tributários do Ministério da Fazenda e dos Estados somente poderão proceder a exame de documentos, livros e registros de contas de depósitos, quando houver processo instaurado e os mesmos forem considerados indispensáveis pela autoridade competente. 6. O disposto no parágrafo anterior se aplica igualmente à prestação de esclarecimentos e informes pelas instituições financeiras às autoridades fiscais, devendo sempre estas e os exames ser conservados em sigilo, não podendo ser utilizados senão reservadamente." Resta claro, portanto, a possibilidade de a administração fazendária solicitar aos estabelecimentos bancários às informações que esses detenham em relação aos contribuintes para os quais exista procedimento fiscal em andamento, sem que seja necessário demonstrar os motivos que conduziram a tal requisição. Agora sob o comando da Lei Complementar n°. 105, de 10 de janeiro de 2001, esta condição é indiscutível, cuja redação diz o seguinte: "Art. I ° As instituições financeiras conservarão sigilo em suas operações ativas e passivas e serviços prestados. (.) g 3° Não constitui violação do dever de sigilo: I - a troca de informações entre instituições financeiras, para fins cadastrais, inclusive por intermédio de centrais de risco, observadas as normas baixadas pelo Conselho Monetário Nacional e pelo Banco Central do Brasil; II - o fornecimento de informações constantes de cadastro de emitentes de cheques sem provisão de fundos e de devedores inadimplentes, a entidades de proteção ao crédito, observadas às normas baixadas pelo Conselho Monetário Nacional e pelo Banco Central do Brasil; III - o fornecimento das informações de que trata o 2° do art. 11 da Lei n°9.311, de 24 de outubro de 1996; )1( 12 • . " Processo e 10480.00729312003-13 CC01/054 Acórdão n.° 104-21124 Fls. 13 IV - a comunicação, às autoridades competentes, da prática de ilícitos penais ou administrativos, abrangendo o fornecimento de informações sobre operações que envolvam recursos provenientes de qualquer prática criminosa; V - a revelação de informações sigilosas com o consentimento expresso dos interessados; VI - a prestação de informações nos termos e condições estabelecidas nos artigos 2°, 3°, 4°, 5°, 6°, 7°e 9° desta Lei Complementar. Art. 6° As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios somente poderão examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive a contas de depósitos e aplicações financeiras, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente. Parágrafo único. O resultado dos exames, as informações e os documentos a que se refere este artigo serão conservados em sigilo, observada a legislação tributária. Art. Revoga-se o art. 38 da Lei n 4.595, de 31 de dezembro de I964.". A edição desse dispositivo de lei complementar se fez indispensável, em virtude de divergência interpretativa que havia sido estabelecida acerca do tema, especialmente em face de decisão de uma das Turmas do Superior Tribunal de Justiça, no qual ficou assentado que o termo "processo", empregado no artigo 38 da Lei n° 4.595, de 31 de dezembro de 1964, se referia a processo judicial e não processo administrativo, que a expressão autoridade competente se referia à autoridade judiciária, não a autoridade administrativo-fiscal. Cuidou, assim, o preceptivo legal em questão - que revogou expressamente, em seu artigo 13, o artigo 38 da Lei n° 4.595, de 1964 -, de chancelar uma exceção à regra do sigilo bancário já prevista na lei anterior, agora com toda a clareza, sem deixar margem à interpretação equivocada ou distorcida, ao declarar expressamente que o processo mencionado é o administrativo; que a autoridade competente, para fins da lei, é a administrativa. Ora, se antes existiam dúvidas sobre a possibilidade da quebra do sigilo bancário via administrativa (autoridade fiscal), agora estas não mais existem, já que é claro na lei complementar, acima transcrita, a tese de que a Secretaria da Receita Federal tem permissão legal para acessar os dados bancários dos contribuintes, está expressamente autorizado pelo artigo 60 da mencionada lei complementar. O texto autorizou, expressamente, as autoridades e agentes fiscais tributários a obter informações de contas de depósitos e aplicações financeiras, desde que haja processo administrativo instaurado. Assim, estaria afastada a pretensa quebra de sigilo bancário de forma ilícita, já que há permissão legal para que o Estado através de seus agentes fazendários, com fins . " Processo n° 10480.007293/2003-13 CCO I /C04 Acórdão n.° 104-23.124 Fls. 14 públicos (arrecadação de tributos), visando o bem comum, possa ter acesso aos dados protegidos, originariamente, pelo sigilo bancário. Ficam o Estado e seus agentes responsáveis, por outro lado, pela manutenção do sigilo bancário e pela observância do sigilo fiscal. Nesse sentido, leia-se a opinião de Bernardo Ribeiro de Moraes, contido no Compêndio de Direito Tributário, Ed. Forense, la. Edição, 1984, pág. 746: "O sigilo dessas informações, inclusive o sigilo bancário, não é absoluto. Ninguém pode se eximir de prestar informações, no interesse público, para o esclarecimento dos fatos essenciais e indispensáveis à aplicação da lei tributária. O sigilo, em verdade, não é estabelecido para ocultar fatos, mas sim, para revestir a revelação deles de um caráter de excepcionalidade. Assim, compete à autoridade administrativa, ao fazer a intimação escrita, conforme determina o Código Tributário Nacional, estar diante de processos administrativos já instaurados, onde as respectivas informações sejam indispensáveis." Desta forma, dentro dos limites estabelecidos pelos textos legais que tratam o assunto, os Auditores-Fiscais da Receita Federal poderão proceder a exames de documentos, livros e registros de contas de depósitos, desde que houver processo fiscal administrativo instaurado e os mesmos forem considerados indispensáveis pela autoridade competente. Devendo ser observado que os documentos e informações fornecidos, bem como seus exames, devem ser conservados em sigilo, cabendo a sua utilização apenas de forma reservada, cumprido as normas a prestação de informações e o exame de documentos, livros e registros de contas de depósitos, a que alude a lei, não constitui, portanto, quebra de sigilo bancário. Sempre é bom lembrar que o sigilo fiscal a que se obrigam os agentes fiscais constitui um dos requisitos do exercício da atividade administrativa tributária, cuja inobservância só se consubstancia mediante a verificação material do evento da quebra do sigilo funcional, quando, então, o agente envolvido sofrerá a devida sanção. Da mesma forma, discordo daqueles que defendem a ilegalidade da aplicação retroativa da Lei Complementar n° 105, de 2001, sob o argumento que em face ao principio constitucional que veda a aplicação retroativa da lei, a mesma (LC n° 105, de 2001), não poderia ter sido tomada pelas autoridades fiscais para respaldar a obtenção e o exame da movimentação bancário do ano calendário de 1998. Da Presunção baseada em Depósitos Bancários O lançamento fundamenta-se em depósitos bancários. A presunção legal de omissão de rendimentos com base nos depósitos bancários está condicionada apenas à falta de comprovação da origem dos recursos que transitaram, em nome do sujeito passivo, em instituições financeiras, ou seja, pelo artigo 42 da Lei n° 9.430/1996, tem-se a autorização para considerar ocorrido o "fato gerador" quando o contribuinte não logra comprovar a origem dos créditos efetuados em sua conta bancária, não havendo a necessidade do fisco juntar qualquer outra prova. Via de regra, para alegar a ocorrência de "fato gerador", a autoridade deve estar munida de provas. Mas, nas situações em que a lei presume a ocorrência do "fato gerador" (as chamadas presunções legais), a produção de tais provas é dispensada. Neste caso, ao Fisco ,I4 • . " Processo n°10480.007293/2003-13 CCOI/C04 Acórdão n.° 104-23.124 Eis. 15 cabe provar tão-somente o fato indiciário (depósitos bancários) e não o fato jurid . co tributário (obtenção de rendimentos). No texto abaixo reproduzido, extraído de "Imposto sobre a Renda - Pessoas Jurídicas" (Justec-RJ; 1979:806), José Luiz Bulhões Pedreira sintetiza com muita clareza essa questão: O efeito prático da presunção legal é inverter o ônus da prova: invocando-a, a autoridade lançadora fica dispensada de provar, no caso concreto, que ao negócio jurídico com as características descritas na lei corresponde, efetivamente, o fato econômico que a lei presume - cabendo ao contribuinte, para afastar a presunção (se é relativa) provar que o fato presumido não existe no caso. Assim, o comando estabelecido pelo art. 42 da Lei n° 9430/1996 cuida de presunção relativa (juris tantum) que admite a prova em contrário, cabendo, pois, ao sujeito passivo a sua produção. Nesse passo, como a natureza não-tributável dos depósitos não foi comprovada pelo contribuinte, estes foram presumidos como rendimentos. Assim, deve ser mantido o lançamento. Antes de tudo cumpre salientar que a presunção não foi estabelecida pelo Fisco e sim pelo art. 42 da Lei n° 9.430/1996. Tal dispositivo outorgou ao Fisco o seguinte poder: se provar o fato indiciário (depósitos bancários não comprovados), restará demonstrado o fato jurídico tributário do imposto de renda (obtenção de rendimentos). Assim, não cabe ao julgador discutir se tal presunção é equivocada ou não, pois se encontra totalmente vinculado aos ditames legais (art. 116, inc. III, da Lei n° 8.112/1990), mormente quando do exercício do controle de legalidade do lançamento tributário (art. 142 do Código Tributário Nacional - CTN). Nesse passo, não é dado apreciar questões que importem a negação de vigência e eficácia do preceito legal que, de modo inequívoco, estabelece a presunção legal de omissão de receita ou de rendimento sobre os valores creditados em conta de depósito mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações (art. 42, caput, da Lei n° 9.430/1996). Da Inaplicabilidade da Selic como Taxa de Juros Por fim, quanto à improcedência da aplicação da taxa Selic, como juros de mora, aplicável o conteúdo da Súmula 1° CC n° 4: "A partir de 1" de abril de 1995, os juros moratórias incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELJC para títulos federais." Assim, é de se negar provimento também nessa parte. Da Inconsfitucionalidade das Normas. 15 Processo n° 10480.007293/2003-13 CCO I1C04 Acórdão n.° 104-23.124 Fls. 16 No referente a suposta inconstitucionalidade das Normas aplicadas, acompanho a posição sumulada pelo 1° Conselho de que não compete à autoridade administrativa de qualquer instância o exame da legalidade/constitucionalidade da legislação tributária, tarefa exclusiva do poder judiciário. O Primeiro Conselho de Contribuintes não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula I° CC n°2). Ante o exposto, REJEITO as preliminares suscitadas e no mérito, voto para NEGAR provimento ao recurso. Sala das Sessões - DF, em 23 de abril de 2008 /01‘1:0/t0f01:/vIlliTINEZ 16 Page 1 _0020400.PDF Page 1 _0020500.PDF Page 1 _0020600.PDF Page 1 _0020700.PDF Page 1 _0020800.PDF Page 1 _0020900.PDF Page 1 _0021000.PDF Page 1 _0021100.PDF Page 1 _0021200.PDF Page 1 _0021300.PDF Page 1 _0021400.PDF Page 1 _0021500.PDF Page 1 _0021600.PDF Page 1 _0021700.PDF Page 1 _0021800.PDF Page 1

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Numero do processo: 10680.003573/97-61
Turma: Quarta Câmara
Seção: Primeiro Conselho de Contribuintes
Data da sessão: Thu Sep 11 00:00:00 UTC 2008
Data da publicação: Thu Sep 11 00:00:00 UTC 2008
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FISICA — IRPF Exercício. 1992 ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO - DECADÊNCIA - Nos casos de lançamento por homologação, o prazo decadencial para a constituição do crédito tributário expira após cinco anos a contar da ocorrência do fato gerador. O fato gerador do IRPF, tratando-se de rendimentos sujeitos ao ajuste anual, como é o caso do acréscimo patrimonial a descoberto, se perfaz em 31 de dezembro de cada ano-calendário. Não ocorrendo a homologação expressa, o crédito tributário é atingido pela decadência após cinco anos da ocorrência do fato gerador (art. 150, § 4° do CTN). GANHOS LÍQUIDOS - RENDA VARIÁVEL -DECADÊNCIA - Nos casos de ganhos líquidos no mercado de renda variável, obtidos em operações no mercado à vista, a tributação se dá exclusivamente na fonte, não sendo compensável com os valores da declaração de ajuste anual de rendimentos, mas o fato gerador se dá no momento da apuração do ganho, com a alienação. Não ocorrendo a homologação expressa, o crédito tributário é atingido pela decadência após cinco anos da ocorrência do fato gerador (art. 150, § 4º do CTN). Recurso provido.
Numero da decisão: 104-23.472
Decisão: ACORDAM os Membros da Quarta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por maioria de votos, DAR provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Vencido o Conselheiro Pedro Paulo Pereira Barbosa, que acolhia a decadência apenas em relação ao ganho de capital.
Matéria: IRPF- ação fiscal - Dep.Bancario de origem não justificada
Nome do relator: Antonio Lopo Martinez

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CCOI/C04 Fls. I ;$4 k".',,„• MINISTÉRIO DA FAZENDA PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES QUARTA CÂMARA Processo na 10680.003573/97-61 Recurso n° 132.686 Voluntário Matéria 1RPF Acórdão n° 104-23.472 Sessão de 11 de setembro de 2008 Recorrente PAULO HENRIQUE LADEIRA AMANTEA Recorrida 5a.TURMA/DRJ-BELO HORIZONTE/MG AssuNro: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FISICA — IRPF Exercício. 1992 ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO - DECADÊNCIA - Nos casos de lançamento por homologação, o prazo decadencial para a constituição do crédito tributário expira após cinco anos a contar da ocorrência do fato gerador. O fato gerador do IRPF, tratando-se de rendimentos sujeitos ao ajuste anual, como é o caso do acréscimo patrimonial a descoberto, se perfaz em 31 de dezembro de cada ano-calendário. Não ocorrendo a homologação expressa, o crédito tributário é atingido pela decadência após cinco anos da ocorrência do fato gerador (art. 150, § 4° do CTN). GANHOS LÍQUIDOS - RENDA VARIÁVEL -DECADÊNCIA - 'Nos casos de ganhos líquidos no mercado de renda variável, obtidos em operações no mercado à vista, a tributação se dá exclusivamente na fonte, não sendo compensável com os valores da declaração de ajuste anual de rendimentos, mas o fato gerador se dá no momento da apuração do ganho, com a alienação. Não ocorrendo a homologação expressa, o crédito tributário é atingido pela decadência após cinco anos da ocorrência do fato gerador (art. 150, § 4" do CTN). Recurso provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de recurso interposto por PAULO HENRIQUE LADEIRA AMANTEA. ACORDAM os Membros da Quarta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por maioria de votos, DAR provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Vencido o Conselheiro Pedro Paulo Pereira r_ Barbosa, que acolhia a decadência apenas em relação ao ganho de capital. , 1 __ _ Processo n° 10680.003573/97-61 CCOI/C04 Acórdão n.° 104-23.472 Eis. 2 )(aba LOits/- ARIA HELENA COTTA CARDOZ Pres.dente 13-'(U Y 1.4/17 A TONI L PO 6 TINEZ Relator FORMALIZADO EM: 20 OUT 7008 Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros Nelson Mallmann, Rayana Alves de Oliveira França, Pedro Anan Júnior, Renato Coelho Borelli (Suplente convocado) e Gustavo Lian Haddad. Ausente justificadamente a Conselheira Heloisa Guarita Souza. 2 Processo n° 10680.003573/97-61 CCO1 /CO4 Acórdão n.° 104-23.472 Fls. 3 Relatório Em desfavor do contribuinte,Paulo Henrique Ladeira Amantea, foi lavrado o Auto de Infração às fls. 01 a 09, relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física, exercício 1992, ano-base 1991, formalizando a exigência do crédito tributário assim discriminado (valores em R$): IMPOSTO SUPLEMENTAR 23.289,38 MULTA DE OFICIO 17.268,95 JUROS DE MORA (até 04/1997) 28.368,25 TOTAL 68.926,58 Conforme descrição dos fatos às fls. 02, o imposto decorre de. Acréscimo Patrimonial a Descoberto, Omissão de rendimentos, consubstanciado na titularidade de recursos aplicados no mercado de renda variável, que evidencia renda mensalmente auferida e não submetida à tributação na declaração de rendimentos, conforme demonstrativo às fls. 02, 10 a 14. O contribuinte intimado (Termo de Intimação n° 077, de 25 de novembro de 1996), não comprovou a origem dos recursos utilizados nas aplicações. Infração apurada no ano calendário de 1991 Operações Comuns Omissão de ganhos líquidos obtidos no mercado de renda variável em operações em bolsas por meio da Milbanco CCV S.A., consoante cálculos constantes do demonstrativo de ganhos e extratos de conta corrente às fls. 15 a 27 e 48 a 155. Infração apurada no ano calendário de 1991 Cientificado o contribuinte em 14/05/1997, fls. 01, em 13/06/1997, o autuado apresenta a impugnação às fls. 161 a 177, na qual alega, em síntese os seguintes pontos, extraídos da decisão recorrida: - o lançamento é abusivo, ilegal e inconstitucional e baseado em meras presunções; - houve a quebra do sigilo bancário sem ordem judicial. O fisco, não se sabe por que meios, apoderou-se de extratos confidenciais da Milbanco CCV S.A., a ele obviamente não fornecidos por serem sigilosos, e efetuou o lançamento, o qual não obedeceu ao devido processo legal Mesmo se a corretora houvesse sido intimada, ela deveria aferir o prévio consentimento do interessado ou negar-se a prestar as informações (art. 5°, X e NI da Constituição Federal, 5 de outubro de 3 Processo n°10680.003573/97-61 Call/C04 Acórdão n.° 104-23.472 Fls. 4 1988 e arts. 17 a 19 do Código Comercial, art. 144 do Código Civil, art. 207 do Código de Processo Penal, arts. 154 e 325 do Código Penal, Lei 4.595, de 31 de dezembro de 1964, Lei 4.728, de 14 de julho de 1965, Lei 7.492, de 16 de junho de 1986 e Lei Complementar 75, de 20 de maio de 1993); - ocorreu decadência, pois a contagem do prazo inicia-se na data da ocorrência do fato gerador; - além da imediata executoriedade da Instrução Normativa SRF n° 32, de 9 de abril de 1997, a indexação pela TR e TRD dos créditos tributários no ano-base 1991 é ilegaL Como decidido em diversas instâncias do Judiciário, em especial pelo Supremo Tribunal Federal, a TR, por definição legal, remunera o capital Guros) por meio de títulos do mercado financeiro (art. 1°e art. 2°, § 2° da Lei n° 8.1 77, de 1° de março de 1991), não traduzindo índice inflacionário. No ano de 1991, não há como se aplicar nenhum indexador legalmente instituído aos tributos e contribuições federais, haja vista a extinção do BTN (art. 3° da Lei 8.177, de 1991) e o reconhecimento da TR como juros de mora (Lei n° 8.218, de 29 de agosto de 1991). Cita julgados do TRF e acórdãos da CSRF que entende virem ao encontro de seus argumentos; - a aplicação da TRD, da UFIR, de multa e juros extorsivos representam um plus sobre o valor da obrigação tributária determinada em moeda, concluindo-se que os princípios constitucionais da anterioridade e da irretroatividade estão sendo preteridos, pois se está diante de uma nova incidência tributária, violando desta feita, o disposto no art. 150, inc. I da Constituição Federal, de 1988; - o uso da UFIR como indexador monetário em 1992 é ilegaL O Diário Oficial da União, no qual foi publicada a Lei n° 8.383, de 31 de dezembro de 1991, somente circulou em 1992. O dia 31 de dezembro de 1991 foi considerado pelo Poder Executivo Federal ponto facultativo, assim, não havendo expediente na Imprensa Nacional, impossível seria a circulação do Diário Oficial nesse dia. Publicação oficial que não alcança o público não pode produzir efeitos jurídicos. No caso, o Secretário de Imprensa da Presidência afirmou que o texto somente foi impresso às 20:40 horas do dia 31/12/1991, ou seja, fora do horário de expediente, o que permite assegurar que não houve circulação tempestiva do Diário Oficial e que a lei não entrou em vigência no ano de 1991. Logo, a aplicação da UFIR em 1992 fere os princípios da irretroatividade e anterioridade da lei; - o lançamento do acréscimo patrimonial tendo em vista sinais exteriores de riqueza não pode prevalecer, haja vista sua incompatibilidade com a legislação de regência (art. 6°, §§ 1°, 5° e 6° da Lei 8.021, de 1990 e art 9° da Lei 8.846, de 21 de janeiro de 1994): - as aplicações financeiras não são bens que se enquadram nos arrolados no art. 9° e §§ da Lei 8.846, de 1994, constituindo mero parâmetro para se arbitrar o quantum do rendimento presumivelmente omitido que estaria contido no todo das questionadas aplicações e sujeitando ao previsto no § 6° do referido artigo: \ÇI 4 Processo n°10680.003573/97-61 CCOI/C04 Acórdão n.° 10423.472 Fls. 5 - se fosse possível vincular as operações em bolsas de valores entre aquelas enumeradas na Lei 8.846, de 1994, seria necessário, nos termos do art. 9° do referido diploma legal, que o Executivo houvesse baixado a tabela determinando o percentual de arbitramento; - a Lei 8.846, de 1994, superveniente à Lei n° 8.021, de 1990, interpretativa nesse particular, derrogou o § 50 do art. 6° desta última, fundamento basilar do feito sob análise; - o § 50 do art. 6° da Lei 8.021, de 1990, é inconstitucional, pois a Constituição Federal, de 1988, garante a inviolabilidade dos dados e contas bancárias do cidadão; - o lançamento relativo aos ganhos líquidos em bolsas de valores não pode prosperar, pois nos termos do art. 43 da Lei n°. 5.172, de 25 de outubro de 1966, Código Tributário Nacional - CIN, o fato gerador do imposto é a aquisição da disponibilidade jurídica e económica de renda, a ser medida não pelos episódios isolados ocorridos no curso do exercício fiscalizado, tais como o das aplicações financeiras, mas no término de cada ano-base; - fundado o lançamento exclusivamente em valores de extratos ou comprovantes de depósitos bancários ou de corretora de títulos mobiliários, caberá a aplicação da regra contida no art. 9°, item VII, do Decreto-lei 2.471, de 01 de setembro de 1988. Cita jurisprudência administrativa nesse sentido; - os ganhos em aplicações financeiras deveriam ser considerados como origens de recursos na apuração do acréscimo patrimonial; - a fiscalização, relativamente às operações em bolsas de valores, não compensou os resultados negativos apurados no demonstrativo às fls. 08 a 15 e não deduziu as taxas de corretagem pagas pelo contribuinte; - requer que se proceda diligência para o refazimento dos cálculos. Em 25 de junho de 2002, os membros da 5' turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento de Belo Horizonte - MG proferiram o Acórdão tf. 1.360 que, por unanimidade de votos, indeferiram o pedido de perícia e, no mérito, julgou procedente em parte o lançamento, com a seguinte ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 1992 Ementa: DECADÊNCIA - REGRA APLICÁVEL QUANDO O CONTRIBUINTE NÃO EFETUA PAGAMENTO DO IMPOSTO. O termo inicial para a contagem do prazo decadencial referente aos tributos e contribuições administrados pela SRF, quando o contribuinte não tenha efetuado o pagamento do imposto, é o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. 3/4i 5 Processo n° 1 O 6 8 O . O O 3 5 7 3 / 9 7 - 6 I CCO I/C04 Acórdão n.° 104-23.472 Fls. 6 SINAIS EXTERIORES DE RIQUEZA. A realização de dispêndios incompatíveis com a renda disponível do contribuinte, quer com bens ou direitos que passem a figurar no seu acervo patrimonial, quer com gastos, constitui sinal exterior de riqueza e é base para presunção legal da renda omitida. RENDA VARIÁVEL. Na apuração da base de cálculo sujeita ao imposto, a legislação admite a dedução das despesas incorridas necessárias à realização das operações e a compensação das perdas do mesmo período. INCONSTITUCIONÁLIDADE Não cabe às autoridades administrativas julgar a matéria do ponto de vista constitucional. Lançamento Procedente em Parte. A autoridade recorrida voto acolheu a preliminar de decadência relativa aos ganhos líquidos auferidos em bolsas de valores no período de janeiro a novembro de 1991, indeferiu o pedido de diligência e, no mérito, julgou parcialmente procedente a exigência formalizada no Auto de Infração para exigir: - Imposto sobre a Renda de Pessoa Física, exercício 1992, ano-base 1991 no valor de R$ 2.519,31 (dois mil, quinhentos e dezenove reais e trinta e um centavos), acrescido de juros de mora, observada a IN SRF n°46, de 1997, e multa de oficio de 75%; - Imposto sobre Ganhos Líquidos obtidos em operações em bolsas de valores no mês de dezembro de 1991 no valor de R$ 6.527,66 (seis mil, quinhentos e vinte e sete reais e sessenta e seis centavos), sobre o qual incidem multa de oficio de 75% e juros de mora. Cientificado em 13/09/2002, o contribuinte, se mostrando irresignado, apresentou, em 08/10/2002, o Recurso Voluntário, de fls. 207/221, reiterando as razões da sua impugnação, às quais já foram devidamente explicitadas, anteriormente que podem ser sintetizadas da seguinte forma: - No referente à decadência a jurisprudência é majoritária no sentido de que o prazo para a constituição do crédito tributário inerente a tributos sujeitos ao lançamento por homologação, como no caso do IRPF, são de exatos cinco anos, contados da ocorrência do fato gerador. - De igual forma, aduz o recorrente que a exceção a esta regra seria a hipóteses de ausência de recolhimento .por parte do contribuinte. Mas, neste caso, entende o recorrente que o prazo de cinco anos não mais seria contado da ocorrência do fato gerador, mas sim do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado e que no caso em comento seria 01/01/1992 e não 01/01/93, como pretendia a autoridade fiscalizadora. - Este entendimento do recorrente se dá pelo fato de que frustrada a suposta obrigação de recolhimento do imposto, via camê-leão, o lançamento do imposto já poderia ter se dado no dia seguinte ao do vencimento daquela obrigação. Cita jurisprudência. 6 Processo n° 10680.003573/97-61 CCO I/C04 Acórdão n.° 104-23.472 Fls. 7 - Prossegue o recorrente afirmando que no tocante ao aumento patrimonial a descoberto, o agente fiscal realizou uma apuração diária dos recebimentos e pagamentos realizados, em detrimento à apuração mensal de tais ocorrências. Aduz que a apuração diária do imposto de renda da pessoa fisica não tem fundamento legal e por esta razão requer que em permanecendo o lançamento a título de aumento patrimonial a descoberto, que o mesmo seja apurado tomando-se por base a movimentação mensal dos empreendimentos do contribuinte. - Argumenta que os depósitos bancários lançados têm inegável natureza das aplicações financeiras questionadas pelo fisco. Isto porque a natureza da matriz traduz as aplicações no mercado financeiro de um modo geral. - Em ato contínuo, afirma a recorrente que os chamados sinais exteriores de riqueza são aqueles visceralmente ligados aos gastos e/ou dispêndios feitos, se e quando incompatíveis forem as rendas disponíveis do mesmo. Assim, aduz que os depósitos e aplicações financeiras não são bens que se enquadram entre aqueles arrolados em lei, vez que constituem mero parâmetro para se arbitrar o quantun de rendimento presumivelmente omitido que estaria contido no todo das questionadas operações. Neste sentido, refere que o fisco deveria ter apresentado uma tabela para arbitramento e que até o presente momento isto não foi feito. - Por fim, o recorrente argumenta que apenas ao final de cada ano-base, se e quando o contribuinte compelido for por expressa disposição legal à escrituração mensal, os saldos bancários e nunca os depósitos evidenciariam a aquisição de disponibilidade jurídica ou econômica de renda, bastante à configuração do fato gerador. Se tais saldos em contas correntes em confronto com a renda real tributada ou não tributada, declarada pelo recorrente, consideradas ainda as demais mutações patrimoniais que possam ter ocorrido, forem incompatíveis, caracterizada estaria a figura do aumento patrimonial sem origem, do que resultaria a aplicabilidade à espécie da presunção legal de omissão de rendimentos, mas aduz que este não é o caso do presente feito. A Quarta Câmara no Acórdão n°. 104-20.647, em 18 de maio de 2005 por maioria de votos acolheu a preliminar de decadência e votou por DAR provimento ao recurso. A Fazenda Nacional interpõe recurso especial para afastar a decadência quanto ao item 1 do auto de infração (acréscimo patrimonial a descoberto) determinando ao retorno dos autos a Quarta Câmara para exame das outras questões de mérito. Ao apresentar contra-razões a fazenda nacional em 26 de abril de 2006, o recorrente reitera a sua tese da decadência na petição de fls. 265 a 271. A Quarta turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais proferiu Acórdão CSRF/ 04-00.509 que por unanimidade de votos, julgou procedente anular o acórdão 104- 20.647, na medida em que proveu o recurso voluntário sem a devida fundamentação. Foi determinado o retorno dos autos à Câmara recorrida para que outra decisão seja proferida. É o Relatório. )( 7 Processo n°10680.003573/97-61 CCO I /CO4 Acórdão n." 104-23.472 Fls. 8 Voto Conselheiro ANTONIO LOPO MARTINEZ, Relator O recurso está dotado dos pressupostos legais de admissibilidade devendo, portanto, ser conhecido. Antes de analisar o mérito, por economia processual enfrento questão prejudicial da decadência, que engloba os dois itens do auto de infração. Nessa senda, o termo inicial para a contagem do prazo decadencial para os rendimentos omitidos, deduções indevidas e infrações tributárias que ocorreram ao longo do ano de 1991, previsto no art. 150, parágrafo 4°, do CTN é de 1° de janeiro de 1992, posto que é o 1° dia após a ocorrência do fato gerador. Desta forma, o lançamento poderia ser realizado até a data de 31/12/1996, para que pudesse alcançar os valores percebidos no ano-calendário de 1991. Como o auto de infração foi encaminhado ao contribuinte teve ciência do auto de infração apenas em 14/05/1997, entendo que nessa data já havia decaído o direito da fazenda constituir o referido crédito tributário. • Como é sabido, o lançamento é o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, identificar o seu sujeito passivo, determinar a matéria tributável e calcular ou por outra forma definir o montante do crédito tributário, aplicando, se for o caso, a penalidade cabível. Com o lançamento constitui-se o crédito tributário, de modo que antes do lançamento, tendo ocorrido o fato imponível, ou seja, aquela circunstância descrita na lei como hipótese em que há incidência de tributo, verifica-se, tão somente, obrigação tributária, que não deixa de caracterizar relação jurídica tributária. É sabido, que são utilizados, na cobrança de impostos e/ou contribuições, tanto o lançamento por declaração quanto o lançamento por homologação. Aplica-se o lançamento por declaração (artigo 147 do Código Tributário Nacional) quando há participação da administração tributária com base em informações prestadas pelo sujeito passivo, ou quando, tendo havido recolhimentos antecipados, é apresentada a declaração respectiva, para o juste final do tributo efetivamente devido, cobrando-se as insuficiências ou apurando-se os excessos, com posterior restituição. Por outro lado, nos precisos termos do artigo 150 do CTN, ocorre o lançamento por homologação quando a legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, a qual, tomando conhecimento da atividade assim exercida, expressamente a homologa. Inexistindo essa homologação expressa, ocorrerá ela no prazo de 05 (cinco) anos, a contar do fato gerador do tributo. Com outras palavras, no lançamento por homologação, o contribuinte apura o montante e efetua o recolhimento do tributo de forma definitiva, independentemente de ajustes posteriores. 8 • • , Processo n° 10680.003573/97-61 CCOI/C04 Acórdão n.° 104-23.472 Fls. 9 Neste ponto está à distinção fundamental entre uma sistemática e outra, ou seja, para se saber o regime de lançamento de um tributo, basta compulsar a sua legislação e verificar quando nasce o dever de cumprimento da obrigação tributária pelo sujeito passivo: se dependente de atividade da administração tributária, com base em informações prestadas pelos sujeitos passivos (lançamento por declaração), hipótese em que, antes de notificado do lançamento, nada deve o sujeito passivo; se, independente do pronunciamento da administração tributária, deve o sujeito passivo ir calculando e pagando o tributo, na forma estipulada pela legislação, sem exame do sujeito ativo - lançamento por homologação, que, a rigor técnico, não é lançamento, porquanto quando se homologa nada se constitui, pelo contrário, declara-se à existência de um crédito que já está extinto pelo pagamento. O contribuinte apresentou a declaração de ajuste anual do exercício de 1992. Importante frisar que independente do recorrente ter apresentado ou não declaração de ajuste anual, no meu entendimento esse fato não altera a conclusão, uma vez que se homologaria o procedimento. No caso o procedimento de nada fazer, não declarar e não pagar. Em suma, no meu entendimento cabe considerar o lançamento do ano de 1991 como decadente. Caso o auto de infração tivesse sido cientificado ao recorrente ainda no ano de 1996, estaria afastada essa hipótese. Acrescente-se, por pertinente, que no referente aos ganhos líquidos no mercado de renda variável, o lançamento poderia ter sido efetuado dentro do ano-base em que ocorreram tais pagamentos. Isto porque como o parágrafo 1°. do art. 18 da Lei 8.134/90 determina que o recolhimento do IR deve ser feito até o Último dia útil da primeira quinzena do mês seguinte à percepção dos ganhos o lançamento de oficio poder ocorrer já no primeiro dia da segunda quinzena subseqüente. Ante o exposto, diante da decadência do direito de constituir o crédito tributário para o ano de 1991, para os dois item do lançamento, sem apreciar as questões de mérito, voto por DAR provimento ao recurso. Saladas Sessões - DF, 11 de setembro de 2008 £(Ir iti TONIO OP M TINEZ 9 Page 1 _0059600.PDF Page 1 _0059700.PDF Page 1 _0059800.PDF Page 1 _0059900.PDF Page 1 _0060000.PDF Page 1 _0060100.PDF Page 1 _0060200.PDF Page 1 _0060300.PDF Page 1

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Numero do processo: 13808.000340/2002-67
Turma: Quarta Câmara
Seção: Primeiro Conselho de Contribuintes
Data da sessão: Tue Jun 24 00:00:00 UTC 2008
Data da publicação: Tue Jun 24 00:00:00 UTC 2008
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA — IRPF Exercício: 1997, 1998, 1999, 2000 DEPÓSITO BANCÁRIO - DECADÊNCIA - A omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários sem origem comprovada deve ser apurada em base mensal, mas tributada na base de cálculo anual, cujo fato gerador ocorre no encerramento do ano-calendário (art. 150, § 4°, do CTN). NULIDADE - CARÊNCIA DE FUNDAMENTO LEGAL - INEXISTÊNCIA - As hipóteses de nulidade do procedimento são as elencadas no artigo 59, do Decreto 70.235, de 1972, não havendo que se falar em nulidade por outras razões. QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO VIA ADMINISTRATIVA - ACESSO ÀS INFORMAÇÕES BANCÁRIAS PELA SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL - É lícito ao fisco, mormente após a edição da Lei Complementar n°. 105, de 2001, examinar informações relativas ao contribuinte, constantes de documentos, livros e registros de instituições financeiras e de entidades a elas equiparadas, inclusive os referentes a contas de depósitos e de aplicações financeiras, quando houver procedimento de fiscalização em curso e tais exames forem considerados indispensáveis, independentemente de autorização judicial. APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI N° 10.174 DE 2001 E LEI COMPLEMENTAR 105 DE 2001 - POSSIBILIDADE - ART - 144, § 1° - Pode ser aplicada, de forma retroativa, ao lançamento, a legislação que tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliando os poderes de investigação das autoridades administrativas. OMISSÃO DE RENDIMENTOS - DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA - ARTIGO 42, DA LEI N°. 9.430, de 1996 - Caracteriza omissão de rendimentos a existência de valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa fisica ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. JUROS - TAXA SELIC - A partir de I° de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais (Súmula 1° CC n° 4). ARGÜIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE - O Primeiro Conselho de Contribuintes não é competente para se pronunciar sobre inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula 1° CC n° 2). Decadência acolhida. Preliminares rejeitadas. Recurso negado.
Numero da decisão: 104-23.263
Decisão: ACORDAM os Membros da Quarta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por maioria de votos, ACOLHER a decadência quanto à omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica com vínculo empregatício e ao acréscimo patrimonial a descoberto, relativamente ao ano-calendário de 1996, vencido o Conselheiro Pedro Paulo Pereira Barbosa. Por maioria de votos, REJEITAR a preliminar de não conhecimento das razões adicionais quanto ao item 2 do Auto de Infração, argüida pela Conselheira Heloísa Guarita Souza, vencidos também os Conselheiros Pedro Paulo Pereira Barbosa e Maria Helena Cotta Cardozo. Por unanimidade de votos, REJEITAR as demais preliminares e, no mérito, NEGAR provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
Matéria: IRPF- ação fiscal - Dep.Bancario de origem não justificada
Nome do relator: Antonio Lopo Martinez

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ementa_s : IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA — IRPF Exercício: 1997, 1998, 1999, 2000 DEPÓSITO BANCÁRIO - DECADÊNCIA - A omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários sem origem comprovada deve ser apurada em base mensal, mas tributada na base de cálculo anual, cujo fato gerador ocorre no encerramento do ano-calendário (art. 150, § 4°, do CTN). NULIDADE - CARÊNCIA DE FUNDAMENTO LEGAL - INEXISTÊNCIA - As hipóteses de nulidade do procedimento são as elencadas no artigo 59, do Decreto 70.235, de 1972, não havendo que se falar em nulidade por outras razões. QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO VIA ADMINISTRATIVA - ACESSO ÀS INFORMAÇÕES BANCÁRIAS PELA SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL - É lícito ao fisco, mormente após a edição da Lei Complementar n°. 105, de 2001, examinar informações relativas ao contribuinte, constantes de documentos, livros e registros de instituições financeiras e de entidades a elas equiparadas, inclusive os referentes a contas de depósitos e de aplicações financeiras, quando houver procedimento de fiscalização em curso e tais exames forem considerados indispensáveis, independentemente de autorização judicial. APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI N° 10.174 DE 2001 E LEI COMPLEMENTAR 105 DE 2001 - POSSIBILIDADE - ART - 144, § 1° - Pode ser aplicada, de forma retroativa, ao lançamento, a legislação que tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliando os poderes de investigação das autoridades administrativas. OMISSÃO DE RENDIMENTOS - DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA - ARTIGO 42, DA LEI N°. 9.430, de 1996 - Caracteriza omissão de rendimentos a existência de valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa fisica ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. JUROS - TAXA SELIC - A partir de I° de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais (Súmula 1° CC n° 4). ARGÜIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE - O Primeiro Conselho de Contribuintes não é competente para se pronunciar sobre inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula 1° CC n° 2). Decadência acolhida. Preliminares rejeitadas. Recurso negado.

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conteudo_txt : Metadados => date: 2009-09-10T17:39:07Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.6; pdf:docinfo:title: ; xmp:CreatorTool: CNC PRODUÇÃO; Keywords: ; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; subject: ; dc:creator: CNC Solutions; dcterms:created: 2009-09-10T17:39:06Z; Last-Modified: 2009-09-10T17:39:07Z; dcterms:modified: 2009-09-10T17:39:07Z; dc:format: application/pdf; version=1.6; Last-Save-Date: 2009-09-10T17:39:07Z; pdf:docinfo:creator_tool: CNC PRODUÇÃO; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:keywords: ; pdf:docinfo:modified: 2009-09-10T17:39:07Z; meta:save-date: 2009-09-10T17:39:07Z; pdf:encrypted: false; modified: 2009-09-10T17:39:07Z; cp:subject: ; pdf:docinfo:subject: ; Content-Type: application/pdf; pdf:docinfo:creator: CNC Solutions; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; creator: CNC Solutions; meta:author: CNC Solutions; dc:subject: ; meta:creation-date: 2009-09-10T17:39:06Z; created: 2009-09-10T17:39:06Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 22; Creation-Date: 2009-09-10T17:39:06Z; pdf:charsPerPage: 1820; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; meta:keyword: ; Author: CNC Solutions; producer: CNC Solutions; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: CNC Solutions; pdf:docinfo:created: 2009-09-10T17:39:06Z | Conteúdo => i as 1 ... 1 0 • , CCOI/C04 4.-4. Fls. I i s.' Ijk"..'49 14 •••-' - MINISTÉRIO DA FAZENDA PRIMEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES 4,:-':(1:01> QUARTA CÂMARA Processo n° 13808.000340/2002-67 Recurso n° 156.139 Voluntário Matéria Imposto de Renda Pessoa Física Acórdão n° 104-23.263 Sessão de 24 de junho de 2008 Recorrente ACIDONEO FERREIRA DA SILVA Recorrida 5'• TURMA/DRJ-SÃO PAULO/SP II ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA — IRPF Exercício: 1997, 1998, 1999, 2000 DEPÓSITO BANCÁRIO - DECADÊNCIA - A omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários sem origem comprovada deve ser apurada em base mensal, mas tributada na base de cálculo anual, cujo fato gerador ocorre no encerramento do ano-calendário (art. 150, § 4°, do CTN). NULIDADE - CARÊNCIA DE FUNDAMENTO LEGAL - INEXISTÊNCIA - As hipóteses de nulidade do procedimento são as elencadas no artigo 59, do Decreto 70.235, de 1972, não havendo que se falar em nulidade por outras razões. QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO VIA ADMINISTRATIVA - ACESSO ÀS INFORMAÇÕES BANCÁRIAS PELA SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL - É lícito ao fisco, mormente após a edição da Lei Complementar n°. 105, de 2001, examinar informações relativas ao contribuinte, constantes de documentos, livros e registros de instituições financeiras e de entidades a elas equiparadas, inclusive os referentes a contas de depósitos e de aplicações financeiras, quando houver procedimento de fiscalização em curso e tais exames forem considerados indispensáveis, independentemente de autorização judicial. APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI N° 10.174 DE 2001 E LEI COMPLEMENTAR 105 DE 2001 - POSSIBILIDADE - ART - 144, § 1° - Pode ser aplicada, de forma retroativa, ao lançamento, a legislação que tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliando os poderes de investigação dasdas autoridades administrativas. I " Processo n° 13808.000340/2002-67 CC01/004 •e- • Acórdão n.° 104-23.283 Fls. 2 OMISSÃO DE RENDIMENTOS - DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA - ARTIGO 42, DA LEI N°. 9.430, de 1996 - Caracteriza omissão de rendimentos a existência de valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa fisica ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. JUROS - TAXA SELIC - A partir de I° de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais (Súmula 1° CC n° 4) ARGÜIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE - O Primeiro Conselho de Contribuintes não é competente para se pronunciar sobre inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula 1° CC n° 2). Decadência acolhida. Preliminares rejeitadas. Recurso negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de recurso interposto por ACIDONEO FERREIRA DA SILVA. ACORDAM os Membros da Quarta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, por maioria de votos, ACOLHER a decadência quanto à omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica com vínculo empregatício e ao acréscimo patrimonial a descoberto, relativamente ao ano-calendário de 1996, vencido o Conselheiro Pedro Paulo Pereira Barbosa. Por maioria de votos, REJEITAR a preliminar de não conhecimento das razões adicionais quanto ao item 2 do Auto de Infração, argüida pela Conselheira Heloísa Guarita Souza, vencidos também os Conselheiros Pedro Paulo Pereira Barbosa e Maria Helena Cotta Cardozo. Por unanimidade de votos, REJEITAR as demais preliminares e, no mérito, NEGAR provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. -6-at ELENA COTTA CARDW Presidente jÁtftw lt \h, ibt+ktrá • TONIO\ L PO TINEZ Relator 2 PM/et:SSC. n° 13808.00034012002-67 CCOI/C04 Acórdão n.' 10443.263 Fls. 3 FORMALIZADO EM: 20 OU T 2008 Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros Nelson Mallmann, Rayana Alves de Oliveira França, Pedro Anan Júnior e Gustavo Lian Haddad. 3 ' Processo n° 13808.000340/2002-67 CCO1 /C04 Acórdão n.• 104-23.253 Fls. 4 Relatório Em desfavor do contribuinte ACIDONEO FERREIRA DA SILVA, foi lavrado Auto de Infração de fls. 1.290/1.295, relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física anos- calendário 1996, 1.997, 1.998 e 1.999, cujo valor apurado foi R$ 982.142,82 de imposto, R$ 578.448,72 de juros de mora ( calculados até 28/02/2002) e R$ 736.607,11 de multa proporcional , totalizando o crédito tributário de R$ 2.297.198,65. Com base nas informações obtidas através de fontes internas e externas, foi procedida a autuação das seguintes parcelas, com a especificação dos fatos geradores, valores tributáveis e percentuais de multas de oficio no corpo do Auto de Infração: 1-OMISSÃO DE RENDIMENTOS DO TRABALHO COM VINCULO EMPREGATíCIO RECEBIDOS DE PESSOA JURÍDICA Omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica no ano calendário de 1996, decorrentes do trabalho com vínculo empregaticio, conforme Declaração IRPJ/97 da Empresa Diário Informações Jurídicas Ltda. a título de pró-labore e documentos bancários de depósito apresentados pelo Banco Santander. 2- OMISSÃO DE RENDIMENTOS DO TRABALHO SEM VÍNCULO EMPREGATÍCIO RECEBIDOS DE PESSOAS JURÍDICAS. Omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídicas, decorrentes do trabalho sem vínculo empregatício, conforme cópias de documentos recebidos do Banco Santander e sistemas informatizados da SRF. 3-ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. Omissão de rendimentos tendo em vista a variação patrimonial a descoberto, onde verificou-se excesso de aplicações sobre origens, não respaldado por rendimentos declarados/comprovados, no ano calendário de 1996. 4-OMISSÃO DE RENDIMENTOS PROVENIENTES DE DEPÓSITOS BANCÁRIOS. Omissão de rendimentos caracterizada por valores creditados em conta(s) de depósito ou investimento, mantida(s) em instituição(ões) financeira(s), em relação aos quais o contribuinte, regularmente intimado, não comprovou mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações, conforme demonstrado no Termo de Verificação Fiscal de fls. 1.275/1.284, nos anos calendários de 1997 a 1999. Cientificado em 30/03/2002 (fls. 1.303) e inconformado com a autuação sofrida, o contribuinte apresentou, em 26/04/2002 (fls. 1.313), a impugnação de fls. 1.313 a 1.365, alegando, em síntese, os seguintes fatos extraídos do relatório da autoridade recorrida: 4 Processo n°13808.000340/2002-67 C001/C04 Acórdão n.° 104-23.263 Fls. 5 1) que em data de 28/03/2002 tomou conhecimento do término da ação fiscal sobre a sua pessoa fisica, quando da entrega no prédio onde reside, via postal, do Auto de infração, sem a devida ciência do autuado; 2) que não foram anexados ao processo o "Demonstrativo de saldos em contas-correntes", "Demonstrativo de movimentação de aplicações financeiras", "Demonstrativo dos gastos realizados" e, nem tampouco o "Demonstrativo mensal da Evolução Patrimonial e Financeira", todos referentes aos anos-calendário de 1997 e 1999, o que invalida a constituição do crédito tributário naqueles anos-calendário, por falta de elementos que pudessem ensejar o suposto acréscimo patrimonial a descoberto; 3) que dentro do processo administrativo é indispensável que todos os atos praticados pela autoridade fiscal sejam cientificados ao contribuinte ou seu preposto, sendo que a ausência da devida ciência, por escrito, está eivada de vício formal, sendo passível de nulidade processual; 4) que, todo lançamento deve ser previamente notificado ao sujeito passivo, para que ele possa prestar esclarecimentos e apresentar a defesa que tiver e, não como foi frito pela fiscalização, onde, teve conhecimento, por terceiros, da autuação feita, não sendo notificado por escrito, desconhecendo, portanto, as razões das imputações que lhe foram cometidas, ferindo o direito assegurado pela Constituição Federal, ou seja, o contraditório; 5) que o direito à constituição do crédito tributário, relativo ao ano- calendário de 1996, exercício de 1997, extinguiu-se no dia I° de janeiro de 2.002, por força do disposto no art. 173, inciso 1, do Código Tributário Nacional, tendo o auto de infração sido lavrado em 15/03/2002, muito após o prazo de caducidade, lembrando-se que a decadência, por atingir o próprio direito material, não admite a interrupção ou suspensão; 6) que uma autuação fundamentada, em sua maior parte, em supostos depósitos bancários, não pode prosperar, pois além de que a quebra do sigilo bancário sem autorização do Judiciário desrespeita os incisos X e XII do artigo 5° da Constituição Federal, o princípio da irretroatividade da lei está sendo flagrantemente descumprido pela Secretaria da Receita Federal, ao solicitar a quebra do sigilo bancário a fatos acontecidos antes de 2001; 7) que a Lei Complementar n° 105/01 é uma afronta ao direito de privacidade dos indivíduos, resguardado pelo artigo 5°, inciso XII, da Constituição Federal,e que só pode ser vulnerado por ordem judicial para instruir a investigação e o processo criminal; 8) que os artigos 5° e 6° da Lei Complementar n° 105/01 são atentatórios à inviolabilidade do sigilo de dados, cláusula pétrea constitucional; 9) que a redação dada ao parágrafo 3°, do art. lida Lei 9.311/96, pela Lei n° 10.174, de 09/01/2001, combinada com a norma constante do 5 Processo n° 13808.000340/2002-67 CCO I /CO4 Acórdão n.° 104-23.283 Fls. 6 art. 42 da lei n° 9.430/96, são absolutamente inconstitucionais, na medida em que desconsideram e extrapolam os preceitos do art. 5°, inciso XII da Carta Magna; 10) que, a Lei Complementar 105/2001 e a Lei n° 10.174/2001, caso sejam finalmente consideradas constitucionais pelo Excelso Pretório, só terão eficácia para os fatos futuros á lei, não podendo atingir eventos pretéritos( movimentação financeira de 1996, 1997, 1998 e 1999, por exemplo) como pretende a Receita Federal no caso em tela; I 1) que a doutrina é favorável ao seu posicionamento, em especial nos comentários de Luciano Amaro e Eduardo Carvalho Caiuby, cujos trechos transcreve; 12) que, a jurisprudência, tanto de primeira instância quanto dos tribunais superiores, conforme decisões que transcreve, consagra o entendimento de que as informações relativas ao sigilo bancário somente poderão ser devassadas em caráter excepcional e nos estritos limites legais, pois revestem-se de caráter sigiloso, não sendo outro o sentido da Súmula 182 do TRF da 2" Região, que estabelece ser ilegítimo o lançamento do imposto de renda arbitrado com base apenas em extratos ou depósitos bancários; 13)que resta demonstrada a inexistência dos artigos 5° e 6" da Lei Complementar n° 105/01, como normas jurídicas válidas, posto que estes preceitos foram criados ao arrepio da Constituição Federal; 14)que o auto de infração foi baseado em presumíveis indícios de que tenha omitido rendimentos, unicamente em supostos créditos bancários efetuados em sua conta pessoal, sem que ficasse demonstrado nos autos o elo de ligação entre o valor omitido à tributação e o seu respectivo débito, já que as infortnações financeiras foram originadas dos débitos de CPMF, sem que fosse autorizada a quebra do sigilo bancário pelo Judiciário; 15) que conforme decisões reiteradas do PoderJudiciário e dos tribunais administrativos, não se admite o lançamento com base em depósitos bancários e, inclusive, tendo em vista essa orientação jurisprudencial, foi editado o D.L. n° 2.471/88, cancelando e arquivando os processos administrativos e os débitos para com a Fazenda Nacional, inscritos ou não, referentes ao Imposto de renda, originados de lançamento efetuado com base em depósitos bancários( art. 9°, VII); 16)que no caso dos autos, tendo em vista que o Fisco, utilizou-se de extratos/depósitos bancários, para proceder ao lançamento, exigindo o pagamento de imposto de renda e, face ao disposto no art. 9°, VII do DL. 2.471/88, o mesmo se encontra cancelado; 17)que nessa mesma linha é pacifico o entendimento da Corte de que os depósitos bancários não são fatos geradores de imposto por não caracterizar disponibilidade económica de renda e proventos á luz do art. 43 do Código Tributário Nacional; 18)que no item 9 (alienação de bens), fls. 1.281, a Auditora Fiscal glosou o rendimento no valor de R$ 120.000,00, proveniente da venda itf 6 Processo n°13808.000340/2002-67 CC0I/C04• Acórdão n.° 104-23.283 Fls. 7 do prédio e respectivo terreno situado à Rua Professor Pedreira de Freitas, n° 966, em 06/02/98, mas após fazer busca em seus arquivos pessoais, • o impugnante encontrou o original do 'instrumento Particular de Compromisso de Compra e Venda Quitado", datado de 18/10/1996, onde comprova a aquisição do referido imóvel(doc. 02); 19) que em data de 06/02/1998, o dito imóvel foi alienado a Jafet, Tommasi, Sayeg-Engenharia e Empreendimentos Imobiliários Ltda., pelo valor de R$ 270.000,00; 20) que a bem da verdade, na alienação de 06/02/1998, o seu nome constou como procurador de Orlando Pais dos Santos Filho e Regina Célia Biasoto Santos (doc.03), apesar de ser o legítimo proprietário, a fim de economizar nas despesas com custas cartorárias, artfficio comumente utilizado nas operações imobiliárias; 21) que esclarecido esse episódio, requer-se que o valor da alienação, no valor de R$ 270.000,00, seja incluído como recurso na Análise Patrimonial, relativo ao ano-calendário de 1998; 22) que, de outra parte, o Auto de Infração baseado em simples presunção, contraria os ensinamentos dos tributaristas Ricardo Mariz de Oliveira, José Eduardo Soares de Melo e 'yes Gandra da Silva Martins; 23) que a fiscalização, sem pesquisar e restringindo-se somente às informações disponíveis, as quais foram obtidas unicamente a partir de informações bancárias, esqueceu-se de que esses supostos depósitos bancários podem se constituir em valiosos indícios mas não fazem prova de omissão de rendimentos, por não caracterizarem disponibilidade econômica de renda e proventos e, nem podem ser tomados como valores representativos de acréscimos patrimoniais, além do que, para amparar tal lançamento mister que se estabeleça um nexo causal entre cada depósito e o rendimento omitido, não observado no presente caso; 24) que é ilegal e inconstitucional a utilização da taxa Selic para cálculo dos juros moratórios por exceder o limite máximo fixado pelo parágrafo I° do artigo 161 do Código Tributário Nacional, que é de 1% ao mês. Em 27 de outubro de 2005, os membros da 53 Tunna da Delegacia da Receita Federal de Julgamento de São Paulo/SP proferiram Acórdão que, por unanimidade de votos, rejeitou as preliminares, e considerou procedente o lançamento, nos termos da Ementa a seguir transcrita. Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 1997, 1998, 1999, 2000 Ementa: CIÊNCIA DO AUTO DE INFRAÇÃO. Considera-se recebida a correspondência fiscal enviada por via postal com AR, na data de sua entrega no domicílio eleito pelo sujeito passivo, ainda que deste não conste a assinatura do próprio interessado ou seu representante legal. 7 Processo n°13808.000340/2002-67 CCOI/C04 • • Acórdão n.° 104-23.283 Fls. 8 PRELIMINAR DE NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. Rejeita-se a preliminar de nulidade do lançamento invocado com base em cerceamento do direito de defesa, porquanto ao contribuinte foi lhe dado tomar conhecimento do inteiro teor das infrações que lhe são imputadas, possibilitando o pleno exercício do contraditório e da ampla defesa. Concedida ao contribuinte ampla oportunidade de apresentar documentos e esclarecimentos, tanto no decurso do procedimento fiscal como na fase impugnatória, não há que se falar em cerceamento do direito defesa. DECADÊNCIA. NATUREZA DO LANÇAMENTO. Tendo havido recolhimento a menor do tributo, ensejando lançamento de oficio, o início da contagem do prazo decadencial terá efeito no primeiro dia do exercício seguinte àquele previsto para a entrega da declaração de ajuste anual, conforme o disposto no art. 173, Ido CTN DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RENDIMENTOS A Lei n° 9.430/1996, no seu art. 42, estabeleceu uma presunção legal de omissão de rendimentos que autoriza o lançamento do imposto correspondente, sempre que o titular da conta bancária, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idónea, a origem dos recursos creditados em sua conta de depósito ou de investimento. APLICAÇÃO DA LEI NO TEMPO. Aplica-se ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência do fato gerador da obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliando os poderes de investigação das autoridades administrativas( Art.144, 1° do CTN) A Lei Complementar n°105/2001 e a Lei n°10.174/2001, que deu nova redação ao 3° do art. 11 da Lei n° 9.311/1996, disciplinam o procedimento de fiscalização em si, e não os fatos económicos investigados, de forma que os procedimentos iniciados ou em curso a partir do mês de janeiro de 2001, poderão valer-se dessas informações, inclusive para alcançar fatos geradores pretéritos. INCONSTITUCIONÁLIDADE. NORMAS LEGAIS. JULGAMENTO NA ESFERA ADMINISTRATIVA. COMPETÊNCIA. Compete à autoridade administrativa de julgamento a análise da conformidade da atividade de lançamento com as normas vigentes, não podendo decidir, em âmbito administrativo, pela inconstitucionalidade ou ilegalidade de leis ou atos normativos validamente editados. SIGILO BANCÁRIO. É lícito ao fisco, mormente após a edição da Lei Complementar n° 105/2001, examinar informações relativas ao contribuinte, constantes de documentos, livros e registros de instituições financeiras e de it 8 Processo e 13808.000340/200247 CCO I/C04 . • Acórdão ri." 104-23.283 Fls. 9 entidades a elas equiparadas, inclusive os referentes a contas de depósitos e de aplicações financeiras, quando houver procedimento de fiscalização em curso e tais exames forem considerados indispensáveis, independentemente de autorização judicial. A obtenção de informações junto às instituições financeiras, por parte da administração tributária, a par de amparada legalmente, não implica quebra de sigilo bancário, mas 'simplestransferência deste, porquanto em contrapartida está o sigilo fiscal a que se obrigam os agentes fiscais por dever de oficio. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO Sujeita-se à tributação a variação patrimonial apurada,não justificada por rendimentos declarados/comprovados, por caracterizar omissão de rendimentos. Somente a apresentação de provas inequívocas é capaz de elidir uma presunção legal de omissão de rendimentos invocada pela autoridade lançadora. ESCRITURA PÚBLICA Argumentos e documentos cuja implementação não se comprova no todo, são insuficientes para induzir a aceitação da operação com efeitos jurídicos diferentes daqueles atribuídos à escritura pública OMISSÃO DE RENDIMENTOS DO TRABALHO COM E SEM VINCULO EMPREGATÉCIO RECEBIDOS DE PESSOA JURÍDICA. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA Considera-se não impugnada e, portanto, não litigiosa a parte do lançamento não expressamente contestada pelo contribuinte, consolidando-se administrativamente o respectivo crédito tributário apurado. DA TAXA SELIC Devidos os juros de mora calculados com base na taxa Selic, na forma da legislação vigente. Eventual inconstitucionalidade e/ou ilegalidade da norma legal deve ser apreciada pelo Poder Judiciário DAS DILIGÊNCIAS OU PERÍCIAS Indefere-se o pedido de diligências ou perícias posto que a presunção em favor do Fisco transfere ao contribuinte o ónus de elidir a imputação mediante a comprovação da origem dos recursos depositados. Lançamento Procedente Cientificado em 29/08/2006, o contribuinte, se mostrando irresignado, apresentou, em 26/09/2006, o Recurso Voluntário, de fls. 1432/1472, reiterando as razões da sua impugnação, às quais já foram devidamente explicitadas anteriormente que podem ser sintetizadas da seguinte forma: 9 Processo n° 13808.000340/2002-67 CCOI/C04 • ••• Ao:5ra° n.° 104-23.263 Fls. 10 Preliminares - da nulidade do auto de infração, por cerceamento do direito de defesa. - que o auto de infração foi apresentado para os anos calendários de 1997 e 1999 sem estar acompanhado dos "demonstrativos de saldos em contas correntes". O "demonstrativo de aplicações financeiras", o "demonstrativo de gastos realizados" e o "demonstrativo mensal de evolução patrimonial e financeira"; - que essas peças são obrigatórias do auto de infração, pois se destinam a demonstrar elementos essenciais do fato gerador, sem os quais é impossível verificar sua ocorrência; - que tanto são obrigatórios que foram apresentados para outros períodos dos apontados nos autos - que segundo o Decreto 70235, o auto de infração deverá ser instruído com todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito; - que é inconstitucional a Lei Complementar 105/2001; - que é irregular a aplicação retroativa da Lei 10.174/2001; - que é ilegal a quebra do sigilo bancário; - que está decadente o lançamento no ano calendário de 1996, lavrado fora do prazo do qüinqüênio legal; • - que a decisão recorrida ignora o fato de que bens do seu patrimônio foram vendidos no período de 1994 a 1995, período anterior ao lançamento e que explicariam a vultosa quantia de recursos que circulavam em suas contas bancárias; - que algumas operações que teriam sido realizadas que dariam suporte como origem para justificar o acréscimo patrimonial a descoberto, indicando para isso uma série de documentos constantes nos autos. Em 17/10/2007, o recorrente apresenta razões adicionais, buscando oferecer explicações para os depósitos bancários, indicando explicações para diversos depósitos bancários e justificativa para omissões de rendimentos com e sem vínculo empregatício. A União representada pela Procuradoria da Fazenda apresenta contra-razões indicando que não cabe que sejam acolhidas as razões adicionais devido, a incidência da preclusão consumativa e em face da ausência de previsão legal, no atual Regimento Interno do Conselho de Contribuintes. É o Relatório. kfr 10 Processo n° 13808.000340/2002-67 CCOI/C04 • - Acórdão n.° 104-23.263 Fls. II Voto Conselheiro ANTONIO LOPOlVIARTINEZ, Relator O recurso está dotado dos pressupostos legais de admissibilidade devendo, portanto, ser conhecido. Das Razões Adicionais. Entendo que as razões adicionais trazidas pela recorrente devem ser apreciadas pelo Colegiado, notadamente porque trazidas antes que o processo estivesse com o relator, e mais, foi estabelecido o contraditório com a Fazenda se manifestando nos autos. Desta forma, deve ser superada a questão do "não conhecimento" suscitada pela Procuradoria. Da Preliminar de Decadência. O termo inicial para a contagem do prazo decadencial para os rendimentos omitidos que ocorreram ao longo do ano de 1996, previsto no art. 150, parágrafo 4°, do CTN é de 1° de janeiro de 1997, posto que é o 1° dia após a ocorrência do fato gerador. Desta forma, o lançamento poderia ser realizado até a data de 31/12/2001, para que pudesse alcançar os valores percebidos no ano-calendário de 1996. Como o contribuinte teve ciência do auto de infração apenas em 30/03/2002, entendo que nessa data já havia decaído o direito da fazenda constituir o referido crédito tributário. Como é sabido, o lançamento é o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, identificar o seu sujeito passivo, determinar a matéria tributável e calcular ou por outra forma definir o montante do Crédito tributário, aplicando, se for o caso, a penalidade cabível. Com o lançamento constitui-se o crédito tributário, de modo que antes do lançamento, tendo ocorrido o fato imponível, ou seja, aquela circunstância descrita na lei como hipótese em que há incidência de tributo, verifica-se, tão somente, obrigação tributária, que não deixa de caracterizar relação jurídica tributária. É sabido, que são utilizados, na cobrança de impostos e/ou contribuições, tanto o lançamento por declaração quanto o lançamento por homologação. Aplica-se o lançamento por declaração (artigo 147 do Código Tributário Nacional) quando há participação da administração tributária com base em informações prestadas pelo sujeito passivo, ou quando, tendo havido recolhimentos antecipados, é apresentada a declaração respectiva, para o juste final do tributo efetivamente devido, cobrando-se as insuficiências ou apurando-se os excessos, com posterior restituição. Por outro lado, nos precisos termos do artigo 150 do CTN, ocorre o lançamento por homologação quando a legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, a qual, tomando conhecimento da atividade assim exercida, expressamente a homologa. Inexistindo essa homologação expressa, ocorrerá ela no prazo de 05(cinco) anos, a contar do fato gerador do tributo. Com outras • et n Processo n° 13808.000340/2002-67 CCOI/C04 Acárdito n.° 104-23.283 Fls. 12 palavras, no lançamento por homologação, o contribuinte apura o montante e efetua o recolhimento do tributo de forma definitiva, independentemente de ajustes posteriores. Neste ponto está a distinção fundamental entre uma sistemática e outra, ou seja, para se saber o regime de lançamento de um tributo, basta compulsar a sua legislação e verificar quando nasce o dever de cumprimento da obrigação tributária pelo sujeito passivo: se dependente de atividade da administração tributária, com base em informações prestadas pelos sujeitos passivos (lançamento por declaração), hipótese em que, antes de notificado do lançamento, nada deve o sujeito passivo; se, independente do pronunciamento da administração tributária, deve o sujeito passivo ir calculando e pagando o tributo, na forma estipulada pela legislação, sem exame do sujeito ativo - lançamento por homologação, que, a rigor técnico, não é lançamento, porquanto quando se homologa nada se constitui, pelo contrário, declara-se à existência de um crédito que já está extinto pelo pagamento. Assim, quanto aos fatos geradores ocorridos em 31.12.1996, temos que a declaração foi entregue tempestivamente em 30/04/1997 - com imposto a pagar e tendo em vista que a ciência do lançamento se deu em 18/03/2002, momento em que já estava extinto o direito da fazenda constituir o crédito tributário relativo ao exercício de 1997 - base 1996, de forma a preliminar de decadência deve ser acolhida e, conseqüentemente, canceladas as seguintes exigências: - Acréscimo Patrimonial a Descoberto, exigido, apenas, no ano base de 1996. - Omissão de Rendimentos - com vínculo empregatício, também exigida, apenas, no ano base de 1996. Da Nulidade Material. Formula o contribuinte preliminar de nulidade alegando que a autoridade administrativa tem o dever de analisar os atos administrativos eivados de vício de nulidade. Ocorre que, nos presentes autos, !Ao ocorreu nenhum vício para que o procedimento seja anulado, como bem discorreu a autoridade recorrida, os vícios capazes de anular o processo são os descritos no artigo 59 do Decreto 70.235/1972 e só serão declarados se importarem em prejuízo para o sujeito passivo, de acordo com o artigo 60 do mesmo diploma legal. Não havendo que se falar em nulidade no presente caso, rejeito a preliminar argüida pelo contribuinte. Do Cerceamento do Direito de Defesa. Suscitou ainda, o autuado, o cerceamento do seu direito de defesa, uma vez que a autoridade fiscal não considerou os seus argumentos, não realizando qualquer justificativa. Argumenta na mesma linha que não foram disponibilizadas os quadros demonstrativos de algum dos anos. Tal alegação também não procede. Não ficou caracterizado o cerceamento do direito de defesa. Muito pelo contrário. A defesa foi exercida de forma absolutamente ampla. A maior prova disso é que o contribuinte contestou todos os pontos da autuação, demonstrando, dessa forma, o conhecimento pleno da infração que lhe foi imputada. 417 12 Processo n° 13808.000340/2002-67 CC01/C04: Acórdão n.° 104-23.283 Fls. 13 Da Irretroatividade da LC 105/2001 e da Lei n° 10.174/2001. O contribuinte se mostrou inconformado com a aplicação retroativa da Lei Complementar 105/2001 e da Lei 10.174/2001. Entendeu que ao proceder com base em tais instrumentos legais o Fisco acabou por obter provas de origem ilícita. Não procede tal argumento. O parágrafo 1° do art. 144 do CTN permite a aplicação de legislação posterior à ocorrência do fato gerador, que tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização e ampliado os poderes de investigação das autoridades administrativas. Desta forma é notória a possibilidade de aplicação dos mencionados instrumentos legais de forma retroativa, uma vez que, tão somente, ampliam os poderes de investigação do Fisco. O STJ já manifestou o seu entendimento neste sentido no RESP 529818/PR e no ERESP 7267781PR. Da Impossibilidade de Acesso ao Sigilo Bancário sem Autorização Judicial. O sigilo bancário sempre foi um tema cheio de contradições e de várias correntes. Antes da edição da Lei Complementar n° 105, de 2001, os Tribunais Superiores tinham a forte tendência de albergar a tese da inclusão do sigilo bancário na esfera do direito à privacidade, na forma da nossa Constituição Federal, sob o argumento que não é cabível a sua quebra com base em procedimento administrativo, amparado no entendimento de que as previsões nesse sentido, inscritas nos parágrafos 5° e 6° do artigo 38, da Lei n°4.595, de 1964 e no artigo 8° da Lei n° 8.021, de 1990, perdem eficácia, por interpretação sistemática, diante da vedação do parágrafo único do artigo 197, do CTN, norma hierarquicamente superior. Apesar de existir intermináveis discussões quanto à natureza do sigilo bancário, entendo que tal garantia, insere-se na esfera do direito à privacidade, traduzido no artigo 5°, inciso X, da Constituição Federal. Por outro lado, entendo que o direito à privacidade não é ilimitado, tendo em vista o princípio da convivência de liberdades. Assim, não se pode, sob o manto da privacidade, pretender acobertar indistintamente qualquer irregularidade que seja objeto de apuração pelo fisco, ou seja, os direitos e garantias individuais previstos na Constituição Federal não se prestam a servir de manto protetor a comportamentos abusivos, e nem tampouco devem prevalecer diante de fatos que possam constituir crimes. Sejam eles crimes tributários ou não. Não restam dúvidas, que o direito ao sigilo bancário não pode ser utilizado para acobertar ilegalidades. Por outro lado, preserva-se a intimidade enquanto ela não atingir a esfera de direitos de outrem. Todos têm direito à privacidade, mas ninguém tem o direito de invocá-la para abster-se de cumprir a lei ou para fugir de seu alcance. Tenho para mim, que o sigilo bancário não foi instituído para que se possam praticar crimes impunemente. Desta forma, é indiscutível que o sigilo bancário, no Brasil, para fins tributários, é relativo e não absoluto, já que a quebra de informações pode ocorrer nas hipóteses previstas em lei. 41)7/ 13 Processo n°13808.000340/2002-67 CCOI/C04 • Acórdão n.°104-23.263 Fls. 14 Da mesma forma, a quebra do sigilo bancário não afronta aos incisos X e XII do art. 5° da Constituição Federal de 1988. O Supremo Tribunal Federal já decidiu que: "Ementa: Inquérito. Agravo regimentaL Sigilo bancário. Quebra. Afronta ao artigo 5°, X e XIL da CF: Inexistência. (..). I - A quebra do sigilo bancário não afronta o artigo 5°, X e XII, da Constituição Federal (Precedentes: PET. 577). (Ac. Do Plenário do Supremo Tribunal Federal, no AGRINQ-897/DF, reL MM. Francisco Rezek, em 23.11.94)." Ora, é cediço que o sigilo bancário não tem caráter incontestável nem absoluto, pois deve sempre estar submetido, como direito individual que é, aos interesses da sociedade em geral e, por conseguinte, ao interesse maior da preservação dos comandos estabelecidos pela lei. Diz a Lei n° 4.595, de 1964: "Art. 38 - As instituições financeiras conservarão sigilo em suas operações ativas e passivas e serviços prestados. § 1° As informações e esclarecimentos ordenados pelo Poder Judiciário, prestado pelo Banco Central da República do Brasil ou pelas instituições financeiras, e a exibição de livros e documentos em juízo, se revestirão sempre do mesmo caráter sigiloso, só podendo a eles ter acesso às partes legitimas na causa, que deles não poderão servir-se para fins estranhos à mesma. § 2 0 0 Banco Central da República do Brasil e as instituições financeiras públicas prestarão informações ao Poder Legislativo, podendo, havendo relevantes motivos, solicitar sejam mantidas em reserva ou sigilo. § 3° As Comissões Parlamentares de Inquérito, no exercício da competência constitucional e legal de ampla investigação obterão as informações que necessitarem das instituições financeiras, inclusive • através do Banco Central da República do BrasiL § 4 0 Os pedidos de informações a que se referem os §§ 2 0 e 3°, deste artigo, deverão ser aprovados pelo Plenário da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal e, quando se tratar de Comissão Parlamentar de Inquérito, pela maioria absoluta de seus membros. § 5 0 Os agentes fiscais tributários do Ministério da Fazenda e dos Estados somente poderão proceder a exames de documentos, livros e registros de contas de depósitos, quando houver processo instaurado e os mesmos forem considerados indispensáveis pela autoridade competente. § 6 0 0 disposto no parágrafo anterior se aplica igualmente à prestação de esclarecimentos e informes pelas instituições financeiras às Processo n° 13808.000340/200247 CC01/C04 Acórdão n.° 104-23.283 Fls. 15 autoridades fiscais, devendo sempre estas e os exames ser conservados em sigilo, não podendo ser utilizados senão reservadamente." Nos termos da lei, acima mencionada, o sigilo bancário será quebrado sempre que houver processo instaurado e a autoridade fiscalizadora considerar necessário, pois é sabido que os estabelecimentos vinculados ao sistema bancário não poderá eximir-se de fornecer à fiscalização, em cada caso especificado pela autoridade competente da Secretaria da Receita Federal, cópias das contas correntes de seus depositantes ou de outras pessoas que tenham relações com tais estabelecimentos, nem de prestar informações ou quaisquer esclarecimentos solicitados, se a autoridade fiscal assim o julgar necessário, tendo em vista a instrução de processo para qual essas informações são requeridas. É evidente, que a possibilidade da quebra do sigilo bancário é de natureza excepcional, e o artigo 38 da Lei n° 4.595, de 1964, arrola as oportunidades em que terceiros tem acesso ao conhecimento de dados e informações de operações realizadas no mercado financeiro pelos seus investidores/clientes. Os parágrafos, do artigo anteriormente citado, estabelecem, de forma clara, quais são as autoridades que tem acesso a estas informações, ou seja, Poder Judiciário (§ 1°); Poder Legislativo (§ 2°.); Comissões Parlamentares de Inquérito (§ 3°) e os agentes fiscais do Ministério da Fazenda e dos Estados (§§ 5° e 6°). O texto acima estabelece com clareza a obrigatoriedade que os bancos tinham de permitir aos agentes fiscais o exame dos registros de contas de depósitos. Para isto, bastaria demonstrar a existência de processo fiscal e declarar que tal documentação era indispensável à investigação em curso. Desta forma, entendo que fica demonstrado que, já em 1964, os bancos estavam obrigados a fornecer à fiscalização documentação a respeito de transações com seus clientes. Não há como discordar que a expressão "processo instaurado" se refere ao "processo administrativo fiscal", já que em caso contrário não haveria a necessidade de existirem os parágrafos 50 e 6° do referido diploma legal. Assim, fica evidenciado que para a Administração Tributária Federal ter acesso a informações relativo às atividades e operações no mercado financeiro e de capitais realizadas pelos contribuintes pessoas fisicas e/ou jurídicas, estaria condicionada a observância de certos requisitos, quais sejam: ter processo administrativo fiscal instaurado; que as informações a serem solicitadas fossem indispensáveis e que estas informações não poderiam ser reveladas a terceiros. Já, por outro lado, em 1966, a Lei n°. 5.172 (Código Tributário Nacional) promoveu alterações no dispositivo acima transcrito, eliminando a exigência de prévia existência de processo. No art. 197 o Código Tributário Nacional dispõe: "Mediante intimação escrita, são obrigados a prestar à autoridade administrativa todas as informações de que disponham com relação aos bens, negócios ou atividades de terceiros: ii - os bancos, casas bancárias, Caixas Econômicas e demais instituições financeiras." 15 Processo n°13808.000340/2002-67 CCOI/C04 Acórdão n.° 104-23.283 Fls. 16• • Após a edição do Código Tributário Nacional, o Decreto n°. 1.718, de 1979 reforçou a obrigatoriedade que têm as Instituições Financeiras de prestar informações às autoridades fiscais. No art. 2° daquele ato legal foi estabelecido: "Continuam obrigados a auxiliar a fiscalização dos tributos sob administração do Ministério da Fazenda, ou quando solicitados a prestar informações, os estabelecimentos bancários, inclusive as Caixas Econômicas, os Tabeliães e Oficiais de registro, o Instituto Nacional de Propriedade Industrial, as Juntas Comerciais ou as repartições e autoridades que as substituírem, as Bolsas de Valores e as empresas corretoras, as Caixas de Assistência, as Associações e Organizações Sindicais, as Companhias de Seguros, e demais entidades ou empresas que possam, por qualquer forma, esclarecer situações para a mesma fiscalização." Já no comando da Lei n°. 8.021, de 1990, esta obrigatoriedade é mais abrangente incluindo Bolsa de Valores e Assemelhadas, além das Instituições Financeiras, cuja redação diz o seguinte: "Art. 7°- A autoridade fiscal do Ministério da Economia, Fazenda e Planejamento poderá proceder a exame de documentos, livros e registros das bolsas de valores, de mercadorias, de futuros e assemelhadas, bem como solicitar a prestação de esclarecimentos e informações a respeito de operações por elas praticadas, inclusive em relação a terceiros. Art. 8° - Iniciado o procedimento fiscal, a autoridade fiscal poderá solicitar informações sobre operações realizadas pelo contribuinte em instituições financeiras, inclusive extratos de contas bancárias, não se aplicando, nesta hipótese, o disposto no art. 38 da Lei n°. 4.595, de 31 de dezembro de 1964. Parágrafo único - As informações, que obedecerão às normas regulamentares expedidas pelo Ministério da Economia, Fazenda e Planejamento, deverão ser prestadas no prazo máximo de dez dias úteis contados da data da solicitação, aplicando-se, no caso de descumprimento desse prazo, a penalidade prevista no g 1° do art. 7°." Evidente está, diante das normas legais acima transcritas, que as instituições financeiras não podem invocar o dever de sigilo bancário quando da efetivação, por parte da Fazenda Pública, de pedido de informações acerca de um terceiro, existindo processo administrativo fiscal que permita tal solicitação. Não, há que se falar, portanto, em quebra do sigilo bancário, uma vez que a autoridade fazendária encontra-se legalmente obrigada a manter os dados recebidos sob sigilo, conforme impõe o parágrafo 6° do artigo 38 da Lei n° 4.595, de 1964. Os dispositivos legais acima citados, não foram declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal, dão respaldo ao procedimento da fiscalização. Por esta razão, rejeita-se o argumento de que os documentos foram obtidos de forma ilícita. O sigilo bancário, face à farta legislação existente, não pode ser argüido com a finalidade de negar informações ao fisco. 16 Processo n°13808.000340/2002 .67 CCO 1 /C04 - • Acórdão n.° 10423.203 Fls. 17 A Lei no. 8.021, de 1990 revoga, para fins fiscais, a obrigatoriedade das instituições financeiras a conservar sigilo em suas operações ativas e passivas e serviços prestados, estabelecido no art. 38 da Lei n°. 4.595, de 1964. Este último dispositivo legal já estabelecia em seus parágrafos 50 e 6° que: "5° - Os agentes fiscais tributários do Ministério da Fazenda e dos Estados somente poderão proceder a exame de documentos, livros e registros de contas de depósitos, quando houver processo instaurado e os mesmos forem considerados indispensáveis pela autoridade competente. 6° - O disposto no parágrafo anterior se aplica igualmente à prestação de esclarecimentos e informes pelas instituições financeiras às autoridades fiscais, devendo sempre estas e os exames ser conservados em sigilo, não podendo ser utilizados senão reservadamente." Resta claro, portanto, a possibilidade de a administração fazendária solicitar aos estabelecimentos bancários às informações que esses detenham em relação aos contribuintes para os quais exista procedimento fiscal em andamento, sem que seja necessário demonstrar os motivos que conduziram a tal requisição. Agora sob o comando da Lei Complementar n°. 105, de 10 de janeiro de 2001, esta condição é indiscutível, cuja redação diz o seguinte: "Art. 1° As instituições financeiras conservarão sigilo em suas operações ativas e passivas e serviços prestados. (.) § 3° Não constitui violação do dever de sigilo: I - a troca de informações entre instituições financeiras, para fins cadastrais, inclusive por intermédio de centrais de risco, observadas as normas baixadas pelo Conselho Monetário Nacional e pelo Banco Central do Brasil; - o fornecimento de informações constantes de cadastro de emitentes de cheques sem provisão de fundos e de devedores inadimplentes, a entidades de proteção ao crédito, observadas às normas baixadas pelo Conselho Monetário Nacional e pelo Banco Central do Brasil; III - o fornecimento das informações de que trata o § 2° do art. 11 da Lei n° 9.311, de 24 de outubro de 1996; IV - a comunicação, às autoridades compçtentes, da prática de ilícitos penais ou administrativos, abrangendo o fornecimento de informações sobre operações que envolvam recursos provenientes de qualquer prática criminosa; V - a revelação de informações sigilosas com o consentimento apresso dos interessados; VI - a prestação de informações nos termos e condições estabelecidos nos artigos 2°, 3°, 4°, 5°, 6°, ?°e 9° desta Lei Complementar. drif 17 Processo n° 13808.000340/2002-67 CC01/C04 . Acórdão n.° 104-23.263 Fls. 18 (.) Art. 6° As autoridades e os agentes fiscais tributcírios da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios somente poderão examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive a contas de depósitos e aplicações financeiras, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente. Parágrafo único. O resultado dos exames, as informações e os documentos a que se refere este artigo serão conservados em sigilo, observada a legislação tributária. • Art. Revoga-se o art. 38 da Lei n 4.595, de 31 de dezembro de 1964.". A edição desse dispositivo de lei complementar se fez indispensável, em virtude de divergência interpretativa que havia sido estabelecida acerca do tema, especialmente em face de decisão de uma das Turmas do Superior Tribunal de Justiça, no qual ficou assentado que o termo "processo", empregado no artigo 38 da Lei n° 4.595, de 31 de dezembro de 1964, se referia a processo judicial e não processo administrativo, que a expressão autoridade competente se referia à autoridade judiciária, não a autoridade administrativo-fiscal. Cuidou, assim, o preceptivo legal em questão - que revogou expressamente, em seu artigo 13, o artigo 38 da Lei n° 4.595, de 1964 -, de chancelar urna exceção à regra do sigilo bancário já prevista na lei anterior, agora com toda a clareza, sem deixar margem à interpretação equivocada ou distorcida, ao declarar expressamente que o processo mencionado é o administrativo; que a autoridade competente, para fins da lei, é a administrativa. Ora, se antes existiam dúvidas sobre a possibilidade da quebra do sigilo bancário via administrativa (autoridade fiscal), agora estas não mais existem, já que é claro na lei complementar, acima transcrita, a tese de que a Secretaria da Receita Federal tem permissão legal para acessar os dados bancários dos contribuintes, está expressamente autorizado pelo artigo 6° da mencionada lei complementar. O texto autorizou, expressamente, as autoridades e agentes fiscais tributários a obter informações de contas de depósitos e aplicações financeiras, desde que haja processo administrativo instaurado. Assim, estaria afastada a pretensa quebra de sigilo bancário de forma ilícita, já que há permissão legal para que o Estado através de seus agentes fazendários, com fins públicos (arrecadação de tributos), visando o bem comum, possa ter acesso aos dados protegidos, originariamente, pelo sigilo bancário. Ficam o Estado e seus agentes responsáveis, por outro lado, pela manutenção do sigilo bancário e Bela observância do sigilo fiscal. Nesse sentido, leia-se a opinião de Bernardo Ribeiro de Moraes, contido no Compêndio de Direito Tributário, Ed. Forense, Ia. Edição, 1984, pág. 746: "O sigilo dessas informações, inclusive o sigilo bancário, não é absoluto. Ninguém pode se eximir de prestar informações, no interesse público, para o esclarecimento dos fatos essenciais e indispensáveis à aplicação da lei tributária. O sigilo, em verdade, não é estabelecido 18 Processo n°13808.000340/2002-67 CCOI/C04 • Acórdão n.° 10423.283 Fls. 19 para ocultar fatos, mas sim, para revestir a revelação deles de um caráter de excepcionalidade. Assim, compete à autoridade administrativa, ao fazer a intimação escrita, conforme determina o Código Tributário Nacional, estar diante de processos administrativos já instaurados, onde as respectivas infonngções sejam indispensáveis." Desta forma, dentro dos limites estabelecidos pelos textos legais que tratam o assunto, os Auditores-Fiscais da Receita Federal poderão proceder a exames de documentos, livros e registros de contas de depósitos, desde que houver processo fiscal administrativo instaurado e os mesmos forem considerados indispensáveis pela autoridade competente. Devendo ser observado que os documentos e informações fornecidos, bem como seus exames, devem ser conservados em sigilo, cabendo a sua utilização apenas de forma reservada, cumprido as normas a prestação de informações e o exame de documentos, livros e registros de contas de depósitos, a que alude a lei, não constitui, portanto, quebra de sigilo bancário. Sempre é bom lembrar que o sigilo fiscal a que se obrigam os agentes fiscais constitui um dos requisitos do exercício da atividade administrativa tributária, cuja inobservância só se consubstancia mediante a verificação material do evento da quebra do sigilo fiincional, quando, então, o agente envolvido sofrerá a devida sanção. Da mesma forma, discordo daqueles que defendem a ilegalidade da aplicação retroativa da Lei Complementar n° 105, de 2001, sob o argumento que em face ao princípio constitucional que veda a aplicação retroativa da lei, a mesma (LC n° 105, de 2001), não poderia ter sido tomada pelas autoridades fiscais para respaldar a obtenção e o exame da movimentação bancário do ano calendário de 1998. r, Da Presunção baseada em Depósitos Bancários. O lançamento fundamenta-se em depósitos bancários. A presunção legal de omissão de rendimentos com base nos depósitos bancários está condicionada apenas à falta de comprovação da origem dos recursos que transitaram, em nome do sujeito passivo, em instituições financeiras, ou seja, pelo artigo 42 da Lei n° 9.430/1996, tem-se a autorização para considerar ocorrido o "fato gerador quando o contribuinte não logra comprovar a origem dos créditos efetuados em sua conta bancária, não havendo a necessidade do fisco juntar qualquer outra prova. Via de regra, para alegar a ocorrência de "fato gerador", a autoridade deve estar munida de provas. Mas, nas situações em que a lei presume a ocorrência do "fato gerador" (as chamadas presunções legais), a produção de tais provas é dispensada. Neste caso, ao Fisco cabe provar tão-somente o fato indiciário (depósitos bancários) e não o fato jurídico tributário (obtenção de rendimentos). No texto abaixo reproduzido, extraído de "Imposto sobre a Renda - Pessoas Jurídicas" (Justec-RJ; 1979:806), José Luiz Bulhões Pedreira sintetiza com muita clareza essa questão: O efeito prático da presunção legal é inverter o ônus da prova: invocando-a, a autoridade lançadora fica dispensada de provar, no caso concreto, que ao negócio jurídico com as características descritas na lei corresponde, efetivamente, o fato económico que a lei presume - 19 Processo n° 13808.000340/2002-67 CC01/C04 • Acórdão n.° 104-23.263 Fls. 20 cabendo ao contribuinte, para afastar a presunção (se é relativa) provar que o fato presumido não existe no caso. Assim, o comando estabelecido pelo art. 42 da Lei n° 9430/1996 cuida de presunção relativa (juris tantum) que admite a prova em contrário, cabendo, pois, ao sujeito passivo a sua produção. Nesse passo, como a natureza não-tributável dos depósitos não foi comprovada pelo contribuinte, estes foram presumidos como rendimentos. Assim, deve ser Mantido o lançamento. Antes de tudo cumpre salientar que a presunção não foi estabelecida pelo Fisco e sim pelo art. 42 da Lei n° 9.430/1996. Tal dispositivo outorgou ao Fisco o seguinte poder: se provar o fato indiciário (depósitos bancários não comprovados), restará demonstrado o fato jurídico tributário do imposto de renda (obtenção de rendimentos). Assim, não cabe ao julgador discutir se tal presunção é equivocada ou não, pois se encontra totalmente vinculado aos ditames legais (art. 116, inc. III, da Lei n.° 8.112/1990), mormente quando do exercício do controle de legalidade do lançamento tributário (art. 142 do Código Tributário Nacional - CTN). Nesse passo, não é dado apreciar questões que importem a negação de vigência e eficácia do preceito legal que, de modo inequívoco, estabelece a presunção legal de omissão de receita ou de rendimento sobre os valores creditados em conta de depósito mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa fisica ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações (art. 42, caput, da Lei n.° 9.430/1996). Da Omissão de Rendimentos - Sem Vinculo Empregaticio. Da análise detalhada dos autos constaia-se que o recorrente não impugnou no Mérito a omissão de rendimentos da pessoa jurídica sem vínculo empregatício. Diante desse fato restaria duvidas se teria precluído o seu direito de fazer em momento posterior. Considerar-se-á não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo contribuinte. Da analise da impugnação bem como do recurso voluntário apresentado tempestivamente, não se identificou questionamento específico para o lançamento de omissão de rendimentos pessoa jurídica. Os argumentos quando enfocados podem ser visto no seu aspecto global. Entretanto tendo em vista o contraditório estabelecido co a d. procuradoria, entendo ser correto apreciar o mesmo. Pois bem, a fiscalização identificou 5 (cinco) depósitos feitos pela empresa Três Poderes Ltda. e, por outro lado, sustenta o recorrente que os valores têm origem no contrato de venda das quotas da referida empresa, alienadas à prazo e dizendo respeito às parcelas 18/30, 19/30, 21/30, 22/30 e 25/30. Após cuidadosa análise da documentação, penso que não assiste razão ao recorrente, pois o referido contrato foi omitido da fiscalização até o momento do recurso, e apenas com a apresentação das chamadas provas adicionais, este veio a ser incorporado aos autos. O contrato não comprova as alegações, semi() imprestável como meio de prova no Contexto específico dos autos. Diante disso nego provimento a esta parte do recurso. Da Comprovação da Origem dos Depósitos Bancários 20 a . Processo n° 13808.000340/2002-67 CCOI/C04 • Acórdão n.° 104-23.283 Fls. 21 Como corolário dos fundamentos expendidos no item antecedente (Omissão de Rendimentos Sem Vinculo Empregaticio), também não posso acolher o referido instrumento particular de venda como prova para a origem dos depósitos bancários. Não se aceita, portanto o instrumento de venda das quotas da empresa Três Poderes Ltda., como meio apto a invalidar a presunção formulada. Quanto às outras alegações e tentativas de comprovar a origem dos demais depósitos, ainda que se considere nos documentos trazidos ao processo, decididamente não merecem guarida. Vejamos: Os balancetes da empresa da qual o recorrente seria sócio da empresa Distribuidora Ricci Ltda. e que registrariam rendimentos de pró-labore mensais, além de não suficientes e hábeis para comprovar os inúmeros depósitos indicados, em verdadeira "conta de chegar", na verdade constitui prova unilateral e sem qualquer relação com a escrituração comercial da empresa, que não veio aos autos e, portanto, não podem ser aceitos vez que inadequados para afastar a presunção de omissão de rendimentos. Especificamente, em relação ao depósito de R$ 686.795,57, em 12.12.97, os documentos trazidos não comprovam que a origem seria da venda do imóvel rural no Xingu, como por exemplo, não veio aos autos prova da manutenção do dinheiro da venda e nem da alegada conversão de dólares em reais. Da mesma forma, o produto da venda de uma Aeronave (R$ 83.896.00), de um • imóvel - Rua Prof. Pedreira de Freitas (R$ 125.000,00/R$ 25.000,00/R$ 60.000,00/R$ 60.000,00) e de um outro imóvel - Rua Itapeva (R$ 45.000,00), não guardam relação com os depósitos objeto do lançamento. Tanto é verdade que o recorrente sequer tentou fazer a demonstração e/ou vincular os valores recebidos com os depósitos. No que tange as alegadas "sobras" de anos anteriores e venda de Fazendas e outras alienações suscitadas de forma genérica e sem qualquer comprovação, também não são suficientes para afastar a presunção, que requer, no mínimo, uma proximidade entre os valores e datas dos depósitos bancários. Diante do exposto não há como dar provimento a parte do recurso relativa aos depósitos bancários. Da Inaplicabilidade da Sebe como Taxa de Juros. Por fim, quanto à improcedência da aplicação da taxa Selic, como juros de mora, aplicável o conteúdo da Súmula 1° CC n° 4: "A partir de 1° de abril de 1995, os juros morató rios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimpléncia, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais." Assim, é de se negar provimento também nessa parte. Da Inconstitucionalidade das Normas 21 • 't • • Processo n" 13808.000340/2002-67 CCO I/C04 Acórdão n.° 104-23.283 Eis. 22 No referente a suposta inconstitucionalidade das Normas aplicadas, acompanho a posição sumulada pelo 1° Conselho de que não compete à autoridade administrativa de qualquer instância o exame da legalidade/constitucionalidade da legislação tributária, tarefa exclusiva do poder judiciário. O Primeiro Conselho de Contribuintes não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula 1° CC n°2). Conclusão. Ante ao exposto, VOTO no sentido de: 1. Acolher a preliminar de decadência (Ex. 97/ AC. 96), para excluir a tributação relativa: a. Acréscimo Patrimonial a Descoberto. b. Omissão de Rendimentos - com Vínculo Empregaticio. 2. No mérito NEGAR provimento ao recurso. Sala das Sessões - DF, 24 de junho de 2008 Li» 1 ONIC M4kTINEZ

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