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Numero do processo: 12466.002712/2010-55
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 12 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Jan 08 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Período de apuração: 07/03/2005 a 20/06/2005
PERDIMENTO. CONVERSÃO EM MULTA EQUIVALENTE AO VALOR DAS MERCADORIAS. DECADÊNCIA.
Tratando-se da imposição de multa em razão da pena de perdimento, por se cuidar de infração de caráter administrativo (aduaneiro), tem lugar a contagem do prazo decadencial na forma dos artigos 139 do Decreto-Lei nº 37, de 18 de novembro de 1966 e 669 do Regulamento Aduaneiro, cujo prazo de 5 (cinco) anos tem seu curso iniciado na data da infração.
Recurso de ofício negado.
Numero da decisão: 3202-001.391
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso de ofício. Acompanhou o julgamento, pelo contribuinte, a advogada Dr. Ilana Benjó, OAB-RJ 103.345.
Luis Eduardo Garrossino Barbieri Presidente Substituto
Gilberto de Castro Moreira Junior - Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luis Eduardo Garrossino Barbieri, Gilberto de Castro Moreira Junior, Charles Mayer de Castro Souza, Thiago Moura de Albuquerque Alves, Paulo Roberto Stocco Portes e Tatiana Midori Migiyama.
Nome do relator: GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR
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AUTO DE INFRAÇÃO Recorrente UM INSTRUMENTOS E EQUIPAMENTOS LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Período de apuração: 07/03/2005 a 20/06/2005 PERDIMENTO. CONVERSÃO EM MULTA EQUIVALENTE AO VALOR DAS MERCADORIAS. DECADÊNCIA. Tratandose da imposição de multa em razão da pena de perdimento, por se cuidar de infração de caráter administrativo (aduaneiro), tem lugar a contagem do prazo decadencial na forma dos artigos 139 do DecretoLei nº 37, de 18 de novembro de 1966 e 669 do Regulamento Aduaneiro, cujo prazo de 5 (cinco) anos tem seu curso iniciado na data da infração. Recurso de ofício negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso de ofício. Acompanhou o julgamento, pelo contribuinte, a advogada Dr. Ilana Benjó, OABRJ 103.345. Luis Eduardo Garrossino Barbieri – Presidente Substituto Gilberto de Castro Moreira Junior Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luis Eduardo Garrossino Barbieri, Gilberto de Castro Moreira Junior, Charles Mayer de Castro Souza, Thiago Moura de Albuquerque Alves, Paulo Roberto Stocco Portes e Tatiana Midori Migiyama. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 46 6. 00 27 12 /2 01 0- 55 Fl. 950DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 25/11/2014 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 01/12/2014 por LUIS ED UARDO GARROSSINO BARBIERI Processo nº 12466.002712/201055 Acórdão n.º 3202001.391 S3C2T2 Fl. 952 2 Relatório Por bem relatar os fatos, adoto o relatório de julgamento da autoridade julgadora de primeira instância (DRJ de Florianópolis), abaixo transcrito: Trata o presente processo de auto de infração lavrado para exigência de crédito tributário no valor de R$ 11.162.031,06 referente a multa equivalente ao valor aduaneiro das mercadorias importadas. Depreendese da descrição dos fatos e enquadramento legal do auto de infração que a interessada registrou as Declarações de Importação no período entre 07/03/2005 e 20/06/2005, listadas às folhas 3/4, informando ser a importadora e adquirente das mercadorias. Declarou ainda que a exportadora seria a empresa Direct Company de propriedade de Haroldo Lourenço da Silva. Em procedimento fiscal relativo a mercadorias declaradas da mesma forma, com os mesmo intervenientes, foi constatado que as cargas chegavam com falsa declaração de conteúdo, no Aeroporto Internacional de Guarulhos/SP e remetidas sob o regime de Trânsito Aduaneiro a unidade de outras regiões fiscais. Com base no tipo de mercadorias encontradas se concluiu que as mercadorias eram substituídas durante o trajeto do trânsito aduaneiro e descaminhadas. Verificouse que as mercadorias eram entregues no exterior pelo reais proprietários à empresa HR Corporation que cobrava taxa de acordo com o peso de cada pacote, não importando a qualidade ou tipo de mercadoria. As mercadorias declaradas não possuíam valor agregado e o frete chegava a 40% de seu valor, fato que demonstra a intenção delituosa. Concluiuse assim, que houve interposição fraudulenta de terceiros, com ocultação do real sujeito passivo, adquirente e comprador das mercadorias, mediante fraude e simulação, infração punível com a pena de perdimento das mercadorias, convertida em multa em razão de sua entrega a consumo. Em razão da fraude e simulação as faturas comerciais se revelaram ideologicamente falsas, infração também punível com a pena de perdimento das mercadorias, convertida em multa em razão de sua entrega a consumo. Para fins de cálculo da multa, comprovado que as informações básicas de valor trataram de mercadorias diferentes das efetivamente internadas em território nacional, as faturas foram descaracterizadas e a valoração foi realizada com base no Sexto Método de Valoração do Gatt, arbitrando os valores por critérios razoáveis. Assim, calculouse o valor médio das mercadorias em função de seu peso, à razão de US$ 161,50 por quilo, conforme planilha de folhas 29/30. Assim, foi lavrado o auto de infração do presente processo, para exigência de multa prevista no artigo 23, parágrafo 3° do Decretolei n° 1.45511976, com a redação dada pelo artigo 59 da Lei n° 10.637/2002. Regularmente cientificado por via postal (AR fl.868) o interessado Haroldo Lourenço da Silva não apresentou impugnação, conforme Termo de Revelia de folha 907. Fl. 951DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 25/11/2014 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 01/12/2014 por LUIS ED UARDO GARROSSINO BARBIERI Processo nº 12466.002712/201055 Acórdão n.º 3202001.391 S3C2T2 Fl. 953 3 Regularmente cientificada pela via pessoal (ciência fl. 02) a interessada Um Instrumentos e Equipamentos Ltda apresentou a impugnação de folhas 869 a 890, com os documentos de folhas 891 a 905 anexados, alegando, em síntese o que segue. O crédito tributário é decadente, pois lançado depois de extinto o direito de S a Fazenda Pública o constituir. O Auditor Fiscal da Receita Federal não é competente para aplicar penda de perdimento ou sua conversão em multa, pois a competência é do Delegado e/ou Inspetor da Receita Federal. È isenta de responsabilidade sendo legais as importações realizadas. Por outro lado ilegal a atuação da fiscalização, pois descumpriu os princípios típicos do procedimento administrativo fiscal. Requer perícia com a finalidade de demonstrar a legalidade dos procedimentos de despacho e nacionalização das Declarações de Importação objeto da autuação e, para esse fim, apresenta os quesitos a serem respondidos. Requer seja julgado insubsistente a ação fiscal e improcedente o auto de infração. É o relatório. O acórdão da DRJ foi assim ementado: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 07/03/2005 a 20/06/2005 DECADÊNCIA. INFRAÇOES AO REGULAMENTO ADUANEIRO. O direito de impor penalidade por infrações ao Regulamento Aduaneiro extinguese em cinco anos a contar da data da infração. Em razão da exoneração do crédito tributário, A DRJ de Florianópolis recorreu de ofício a este Conselho. É o Relatório. Voto Conselheiro Gilberto de Castro Moreira Junior, Relator Razão assiste à instância de piso, conforme trecho transcrito da decisão recorrida: Todavia o artigo 139 do Decretolei n° 37/1966, assim dispõe, in verbis: Art.139 No mesmo prazo do artigo anterior se extingue o direito de impor penalidade, a contar da data da infração. Fl. 952DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 25/11/2014 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 01/12/2014 por LUIS ED UARDO GARROSSINO BARBIERI Processo nº 12466.002712/201055 Acórdão n.º 3202001.391 S3C2T2 Fl. 954 4 Tal dispositivo foi reprisado no Regulamento Aduaneiro, Decreto n° 4.543/2002, nos seguintes termos, in verbis: Art. 669. O direito de impor penalidade extinguese em cinco anos, a contar da data da infração (Decretolei n° 37, de 1966, art. 139). Desses dispositivos, observase que as penalidades têm prazo de contagem próprio para sua constituição, qual seja, cinco anos contados a partir da data da infração. No presente caso, considerandose que as infrações imputadas à interessada possuem como data de seu cometimento a data do registro das Declarações de Importação e que a ciência do auto de infração, ato que o perfectibiliza, ocorreu em 18/10/2010, o lançamento referente a Declarações de Importação registradas antes de 18/10/2005 deve ser declarado nulo. O auto de infração em tela se refere as Declarações de Importação registradas entre 07/03/2005 e 20/06/2005, portanto nulo. A respeito do tema, destaco de já proferi meu entendimento nos acórdãos 3202000.458 e 320200.248, verbis: INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. PENA DE PERDIMENTO. MULTA. DECADÊNCIA. Tratandose da imposição de pena de perdimento, na hipótese do artigo 618, XXII do Regulamento Aduaneiro (Decreto nº 4.543, de 26 de dezembro de 2002), por se cuidar de infração de caráter administrativo (aduaneiro), tem lugar a contagem do prazo decadencial na forma dos artigos 139 do DecretoLei nº 37, de 18 de novembro de 1966 e 669 do Regulamento Aduaneiro, cujo prazo de 5 (cinco) anos tem seu curso iniciado na data da infração. MULTA PROPORCIONAL AO VALOR ADUANEIRO. NATUREZA ADMINISTRATIVA. DECADÊNCIA O direito a impor penalidade extinguese em cinco anos contados a partir da data da ocorrência da infração correspondente, conforme disposto nos artigos 138 e 139 do Decreto n° 37/66. Dante disso, nego provimento ao recurso de ofício. É como voto. Gilberto de Castro Moreira Junior Fl. 953DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 25/11/2014 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 01/12/2014 por LUIS ED UARDO GARROSSINO BARBIERI Processo nº 12466.002712/201055 Acórdão n.º 3202001.391 S3C2T2 Fl. 955 5 Fl. 954DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/11/2014 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 25/11/2014 por GILBERTO DE CASTRO MOREIRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 01/12/2014 por LUIS ED UARDO GARROSSINO BARBIERI
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Numero do processo: 10580.000414/2008-74
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 11 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Jan 15 00:00:00 UTC 2015
Numero da decisão: 2403-000.277
Decisão:
RESOLVEM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o processo em diligência.
Carlos Alberto Mees Stringari Presidente
Paulo Maurício Pinheiro Monteiro Relator
Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Carlos Alberto Mees Stringari, Ivacir Júlio de Souza, Paulo Maurício Pinheiro Monteiro, Elfas Cavalcante Lustosa Aragão Elvas, Marcelo Magalhães Peixoto e Daniele Souto Rodrigues.
Nome do relator: PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO
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Carlos Alberto Mees Stringari – Presidente Paulo Maurício Pinheiro Monteiro – Relator Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Carlos Alberto Mees Stringari, Ivacir Júlio de Souza, Paulo Maurício Pinheiro Monteiro, Elfas Cavalcante Lustosa Aragão Elvas, Marcelo Magalhães Peixoto e Daniele Souto Rodrigues. RE SO LU Çà O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 05 80 .0 00 41 4/ 20 08 -7 4 Fl. 5195DF CARF MF Impresso em 15/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/11/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 27/11/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 23/12/2014 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 10580.000414/200874 Resolução nº 2403000.277 S2C4T3 Fl. 5.194 2 RELATÓRIO Tratase de Recurso de Ofício e de Recurso Voluntário, interposto pela Recorrente MONTE TABOR CENTRO ÍTALO BRASILEIRO DE PROMOÇÃO SANITÁRIA contra Acórdão nº 1520.111 6ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento de Salvador BA que julgou procedente em parte a autuação por descumprimento de: Auto de Infração de Obrigação Principal NFLD nº 37.056.9172 com valor consolidado de R$ 17.534.169,46 retificado após a decisão de primeira instância para R$ 15.329.730,356.520,00; nas competências 01/1997 a 12/2006. Conforme o Relatório Fiscal, as contribuições previdenciárias apuradas no procedimento fiscal relativas às contribuições devidas à Seguridade Social, correspondem a: a) Contribuição dos segurados empregados, não descontadas incidentes sobre a remuneração recebida habitualmente sob forma de utilidades; b) Contribuição dos segurados contribuintes individuais, não descontadas, incidentes sobre a remuneração recebida O Relatório Fiscal apresenta os elementos verificados durante a auditoria fiscal: 3.1 Esta auditoria foi desenvolvida na modalidade Diagnóstico, tendo sido composta de duas fases: 1 — Diagnóstico e 2 — Levantamento. 0 Diagnóstico foi iniciado em 23.07.2007, através do Mandado de Procedimento Fiscal — Auditoria Previdenciária — MPF n° 09410795. O Diagnóstico foi encerrado em 11.09.2007, com o encaminhamento à chefia superior das conclusões a cerca da auditoria. 0 Levantamento fase que ora se encerra foi iniciado através do MPF — Auditoria Previdenciária n° 09425511e com o Termo de Inicio da Ação Fiscal (TIAF) emitido em 08.10.2007, tendo sido emitidos outros TIAD no curso da auditoria fiscal. 3.2 A MONTE TABOR CENTRO ITALO BRASILEIRO DE PROM SANITARIA é uma associação que possui atualmente cerca de 3000 empregados e tem como atividade o atendimento hospitalar. Cabe ressaltar, que a fiscalizada é uma entidade beneficente de assistência social que possui imunidade tributária para as contribuições previdenciárias patronais. 3.3 Esse trabalho de auditoria foi pautado pela análise e utilização de documentos apresentados pela entidade, tais como a folha de pagamento, livros contábeis, notas fiscais e DIRF — declaração de imposto de renda retido na fonte. 3.4 Os fatos geradores lançados nesta Notificação Fiscal de Lançamento de Débito — NFLD não foram objetos de qualquer Fl. 5196DF CARF MF Impresso em 15/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/11/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 27/11/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 23/12/2014 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 10580.000414/200874 Resolução nº 2403000.277 S2C4T3 Fl. 5.195 3 recolhimento de contribuição previdenciária por parte da empresa, vez que esta não reconhecia tais levantamentos como base de cálculo da contribuição previdenciária. Assim, nenhuma GPS foi apropriada como redutor dos fatos geradores aqui apurados. Conforme o Relatório Fiscal, a base de cálculo apurada: 4.1 Os créditos previdenciários lançados nesta NFLD foram apurados com base no descumprimento da legislação com relação à concessão de benefícios como: Alimentação, Auxilio Creche, Vale Transporte e Salário Família. Tais benefícios, quando concedidos em desacordo com a legislação, constituem parcela integrante do salário de contribuição. A entidade não considerou tais benefícios como base de cálculo para pagamento de contribuição previdenciária. Nesta NFLD constam, ainda, lançamentos referentes à remuneração de contribuintes individuais que prestaram serviço a entidade, e se encontravam declarados na DIRF — Declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte, bem como o prólabore indireto recebido por alguns diretores da entidade, mas ambos não foram considerados base de cálculo da contribuição previdenciária. 4.1.1 É oportuno informar que essas Bases de Cálculos descritas acima não foram objetos de qualquer recolhimento de contribuições previdenciárias e nem de declaração em Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social GFIP. 4.1.2 A fundamentação legal e a forma de apuração serão descritas detalhadamente a seguir: VALE REFEIÇÃO/ALIMENTAÇÃO: 4.2.1 A MONTE TABOR nunca esteve inscrita no PAT — Programa de Alimentação do Trabalhador, desatendendo a exigência prevista no artigo 28, parágrafo 9°, "c", da Lei no 8.212, de 1991. A entidade foi intimada a apresentar os comprovantes de inscrição no Plano de Alimentação do Trabalhador — PAT, conforme TIAF do dia 08/10/2007, mas a empresa informou a através de uma declaração por escrito, conforme documento em anexo, que nunca aderiu ao PAT. Também, em consulta ao site do Ministério do Trabalho, foram confirmados os fatos acima citados, ratificando o fato da empresa nunca foi inscrita no Programa de Alimentação do Trabalhador. Não sendo a empresa inscrita no PAT, os valores gastos a titulo de • alimentação devem ser considerados base de cálculo da contribuição previdenciária, conforme se aduz do art. 753, da Instrução Normativa 03/05, do INSS: Art. 753. Não integra a remuneração, a parcela in natura, sob forma de utilidade alimentação, fornecida pela empresa regularmente inscrita no PAT aos trabalhadores por ela diretamente contratados, de Fl. 5197DF CARF MF Impresso em 15/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/11/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 27/11/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 23/12/2014 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 10580.000414/200874 Resolução nº 2403000.277 S2C4T3 Fl. 5.196 4 conformidade com os requisitos estabelecidos pelo serviço gestor competente. 4.2.2 A MONTE TABOR concede a alimentação aos funcionários alocados na sede do hospital através de um refeitório localizado nas suas dependências. Os funcionários alocados fora da sede recebem a alimentação através de vale refeição ou contratos com restaurantes terceirizados. 4.2.3 Para apuração de parte dessa base de cálculo, referente aos funcionários alocados na sede do hospital, foi usado as planilhas do centro de custo mensal da alimentação dos funcionários, já que na contabilidade não possuía uma conta especifica para lançar a alimentação gasta com os funcionários. Essa planilhas foram solicitadas através do TIAD de 18/10/2007, em anexo, e fornecido a essa fiscalização. Cabe ressaltar, que a entidade só forneceu a essa fiscalização as planilhas do centro de custo mensal da alimentação dos empregados alocados na sede do hospital do período de 01/2002 a 12/2006. Foi emitido TIADs específicos no dia 20/11/2007 e 28/11/2007, para que a fiscalizada fornecesse o centro de custo da alimentação dos empregados alocados na sede do hospital do período de 01/1997 a 12/2001. Mas a empresa informou que não teria como atender tais pedidos da fiscalização, pois não possuía tais informações. Por desatender a esses pedidos da fiscalização foi lavrado um Auto de Infração de n° 37.056.9156. Do valor mensal do custo da alimentação dos funcionários alocados na sede do hospital, contido na planilha fornecida a esta fiscalização, foi abatido o desconto da alimentação dos empregados. A rubrica usada para efetuar o desconto da alimentação dos empregados é a Utilidade A — 2010, conforme declaração por escrito, em anexo, fornecido pela entidade. A planilha usada para se chegar a base de cálculo de contribuição previdenciária está em anexo a esse relatório. 4.2.4 Para apuração da base de cálculo referente aos funcionários alocados fora da sede do hospital, foi emitido um TIAD no dia 20/11/2007 para que empresa fornecesse uma planilha contendo o centro de custo mensal da alimentação dos empregados alocados fora da sede do hospital. Devido ao fato de a empresa não atender a intimação anterior, foi emitido novo TIAD em 28/11/2007, solicitando novamente o centro de custo mensal da alimentação dos empregados alocados fora da sede do hospital. A entidade s6 forneceu a essa fiscalização o custo anual da alimentação dos empregados alocados fora da sede do hospital referente ao ano de 2006, em anexo. A empresa informou que não teria como atender ao pedido da fiscalização referente aos demais anos, pois não possuía tais informações. Por desatender a esses pedidos da fiscalização foi lavrado um Auto de Infração de n° 37.056.9156. Do valor anual do custo da alimentação dos funcionários alocados fora sede do hospital, entregue a essa fiscalização, foi feito a media mensal desse custo, e foi abatido o desconto da alimentação dos empregados. A rubrica usada para efetuar o desconto da alimentação dos empregados é a Utilidade A — 2010, conforme declaração por escrito, em anexo, fornecido pela entidade. A planilha usada para se chegar a base de cálculo de contribuição previdenciária está em anexo a esse relatório. Fl. 5198DF CARF MF Impresso em 15/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/11/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 27/11/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 23/12/2014 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 10580.000414/200874 Resolução nº 2403000.277 S2C4T3 Fl. 5.197 5 4.3 AUXÍLIO CRECHE: 4.3.1 0 art. 28°§9°, "s", da lei de custeio da previdência social (8.212/90), exclui da incidência da contribuição previdenciária o reembolso creche pago em conformidade com a legislação trabalhista, observado o limite de seis anos de idade, quando devidamente comprovadas as despesas realizadas. 4.3.2 Percebese claramente que para não incidir a contribuição previdenciária, a empresa deve comprovar o caráter de reembolso das despesas com o auxilio creche, mantendo a disposição da fiscalização os documentos comprobatários dos gastos dos empregados com a creche dos seus filhos de até 6 anos. 4.3.3 Essa fiscalização solicitou a MONTE TABOR CENTRO ITALO BRASILEIRO DE pRomoçÃo SANITARIA através do TIAF do dia 08/10/2007 a documentação de reembolso de despesas com creche, mas a empresa informou através de uma declaração por escrito, em anexo, que o auxilio creche era concedido em conformidade ao acordo coletivo, em anexo, o qual define um valor fixo mensal por filho menor de seis anos de idade, mas sem a necessidade de comprovar despesa Por parte do empregado. É bom salientar, que na Fiscalização de Diagnóstico de MPF n° 09410795, anterior a essa que se encerra, a entidade entregou a essa Auditoria Fiscal, uma declaração, em anexo, a qual expressamente informa que o critério para a concessão do beneficio do auxilio creche resumese apenas a apresentação da certidão de nascimento do filho. 4.3.4 Não tendo a empresa concedido o reembolso creche em conformidade com a legislação, já que não comprovou as despesas realizadas, os valores gastos a titulo de auxilio creche foram considerados base de cálculo da contribuição previdenciária. 4.4 SALÁRIO FAMÍLIA PAGO INDEVIDAMENTE: 4.4.1 0 art. 67° da lei 8.213/90, alterado pela Lei n° 9.876/99, condiciona o pagamento do saláriofamília ã apresentação da certidão de nascimento do filho ou da documentação relativa ao equiparado ou ao inválido, e à apresentação anual de atestado de vacinação obrigatória e de comprovação de freqüência escola do filho ou equiparado. (...) 4.4.4 Percebese que para conceder o salário família ao empregado, a empresa deve solicitar e guardar certidão de nascimento, termo de responsabilidade, comprovante de vacinação anual para os dependentes menores de 7 anos, e comprovante de freqüência escolar para os dependentes com 7 anos ou mais. 4.4.5 Essa fiscalização solicitou a MONTE TABOR CENTRO ITALO BRASILEIRO DE PROMOÇÃO SANITARIA através do TIAF do dia Fl. 5199DF CARF MF Impresso em 15/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/11/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 27/11/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 23/12/2014 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 10580.000414/200874 Resolução nº 2403000.277 S2C4T3 Fl. 5.198 6 08/10/2007, carteiras de vacinação, certidões de nakimento dos filhos ou equiparados. Mas a intimação não foi atendida. Então no dia 15/10/2007 foi emitido um novo TIAD solicitando: Certidões de nascimento de filhos ou equiparados com quatorze anos, Certidões de nascimento e atestados de invalidez de filhos ou equiparados com mais de quatorze anos, Carteiras de vacinação e documentos de comprovação de freqüência à escola do filho ou equiparado, e caso a empresa não possua todos os • documentos acima relacionados, informar por escrito, os documentos que a empresa solicita aos seus funcionários para conceder o saláriofamília. A entidade forneceu por escrito, uma declaração, em anexo, informando que para conceder o salário família, só solicita do empregado a certidão de nascimento e a cópia da carteira de vacinação. Percebese claramente que a empresa não possui toda a documentação necessária para a concessão do beneficio previdenciário, tais como a freqüência escolar e o termo de responsabilidade. Para de fazer uma melhor análise sobre a documentação para a concessão do salário família, foi emitido um novo TIAD em 26/10/2007, solicitando as certidões de nascimento e as carteiras de vacinação (os Calicos documentos que ela informou que solicita dos funcionários) de uma relação de funcionários feita por amostragem. Mas dessa relação, não foi encontrado sequer um único funcionário que contivesse a documentação completa do salário família. Em 09/11/2007, para poder a empresa tentar comprovar que possuía a documentação, foi emitido um novo TIAD solicitando: Carteiras de vacinação de TODOS os dependentes dos funcionários que receberam saláriofamília e termos de responsabilidade e fichas de saláriofamília dos funcionários que receberam tal beneficio previdenciário. Mas a entidade mais uma vez não apresentou tais documentos. Então em 20/11/2007 e em 28/11/2007, foi emitidos TIADs solicitando: Planilha mensal contendo os funcionários beneficiados com salário família com dependentes maiores que 7 anos, nome dos dependentes maiores de 7 anos, os valores pagos a estes em função destes dependentes e a competência do pagamento ( de 01/2000 a 12/2006), e relação dos funcionários que possuem a documentação COMPLETA necessária para a concessão do saláriofamília (certidão de nascimento; termo de responsabilidade;comprovante de vacinação ANUAL entregue no mês de novembro de cada ano para os dependentes menores de 7 anos; comprovante de freqüência escolar SEMESTRAL entregue no mês de maio e novembro de cada ano para os dependentes com 7 anos ou mais), anexando tais documentos a relação. Esses TIADS foram emitidos para que caso a entidade fornecesse a documentação dos beneficiários do saláriofamília com filhos menores de sete anos, essa fiscalização pudesse fazer a separação dos benefícios pagos de acordo com a legislação, já que a empresa já tinha informado que não solicita a freqüência escolar, e essa documentação só é necessária a partir de 01/2000 e para os dependentes maiores de sete anos. Porém a empresa mais uma vez não forneceu qualquer relação ou documentação pedidas nos TIADs. Por descumprir a Fl. 5200DF CARF MF Impresso em 15/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/11/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 27/11/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 23/12/2014 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 10580.000414/200874 Resolução nº 2403000.277 S2C4T3 Fl. 5.199 7 obrigação acessória de fornecer a documentação necessária a fiscalização, foi lavrado o Auto de Infração de n° 37.056.9148 4.5 VALETRANSPORTE: 4.5.1 Essa fiscalização através do TIAD de 18/10/2007 solicitou que a MONTE TABOR informasse o período em que concedeu o vale transporte a seus empregados em pecúnia (dinheiro) e fornecesse o acordo coletivo que concedeu tal beneficio. A entidade forneceu por escrito, em anexo, uma declaração de 06/2004 a 12/2006 concedeu o valetransporte em pecúnia com base em plebiscito e convenção coletiva, anexando tais documentos (...) 4.5.5 A MONTE TABOR, conforme a declaração e os documentos entregue a essa fiscalização, efetuou o pagamento continuo, de 06/2004 a 12/2006, do beneficio do valetransporte em pecúnia , contrariando o estatuído expressamente no Decreto 95.247/87. Os valores pagos a titulo de valetransporte em forma de pecúnia entre 06/2004 a 12/2006 foram considerados saláriodecontribuição, e por tanto, incidentes de contribuição previdenciária. 4.6 CONTRIBUINTES INDIVIDUAIS: 4.6.1. Com a lei 10.666/2003, a partir de abril de 2003, as empresas se tornaram obrigadas a descontar da remuneração paga aos contribuintes individuais que lhe prestem serviços, a contribuição previdenciária a cargo desses, considerandose a presunção do desconto feito (§5° do art. 33 da Lei n° 8.212/91). 4.6.2 Foi emitido o Termo de Inicio da Ação Fiscal (TIAF) em 08.10.2007, o qual solicitava, dentre outras coisas, a folha de pagamento de TODOS os segurados. Mas a empresa informou que não possuía a folha dos contribuintes individuais, pois só realizava a folha de pagamento dos segurados empregados e dos médicos residentes. Por não fazer a folha de pagamento de TODOS os segurados, foi lavrado um Al de n° 37.056.9164. 4.6.3 Essa fiscalização, através da análise das DIRFs (declaração de Imposto de Renda retido na Fonte) entregue a essa fiscalização e anualmente a Receita Federal do Brasil, encontrou fatos geradores referentes a contribuintes individuais, que não estavam presentes na Folha de Pagamento. É bom salientar, que a entidade não considerou base de cálculo os pagamentos a esses contribuintes individuais, e por tanto, não efetuou o desconto legal imposto pela legislação previdenciária, e NUNCA declarou em Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social — GFIP, qualquer pagamento a contribuinte individual. 4.6.4 Os valores apurados pela DIRF foram declarados sob o código de retenção 0588 — Rendimentos do Trabalho sem vinculo Fl. 5201DF CARF MF Impresso em 15/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/11/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 27/11/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 23/12/2014 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 10580.000414/200874 Resolução nº 2403000.277 S2C4T3 Fl. 5.200 8 empregatício. Seguem em anexo, a relação extraídas da DIRFs da MONTE TABOR, contendo o CNPJ da fonte pagadora, o CPF do contribuinte individual, o nome do contribuinte individual e o valor mensalmente recebido da fiscalizada. (...) 4.6.6 É bom salientar, que na planilha anexa extraída das DIRFs da MONTE TABOR, foi respeitado o teto previdenciário, já que só foi usado como base de cálculo de contribuição previdenciária, a remuneração auferida até o limite desse teto. 4.6.7 Os valores das contribuição previdenciária incidentes sobre a remuneração dos contribuintes individuais, foram apurados através da planilha em anexa, e lançadas no levantamento CI. 4.6.8 É bom frisar, que a fiscalizada é uma ENTIDADE FILANTRÓPICA COM IMUNIDADE TRIBUTARIA, e por conseqüência, a alíquota referente ao desconto do segurado contribuinte individual é de 20% sobre a remuneração auferida. 4.7 PRO LABORE INDIRETO DOS DIRETORES ( CASA SEDE): 4.7.1. A entidade mantém como residência para sua vicepresidente, Laura Ziller, e sua diretora conselheira, Liliane Rozone, a denominada "casa sede". A qual é uma mansão com vários quartos e piscina, localizada dentro do terreno da MONTE TABOR. Identificamos na contabilidade da entidade, freqüentes pagamentos de despesas de alimentação, energia, água, telefone, segurança, manutenção da piscina, e outras despesas referentes a manutenção da casa sede. Solicitamos através do TIAD do dia 08/10/2007, uma planilha do centro de custo mensal da casa sede, em anexo, a qual demonstra o montante mensal de gasto com a "casa sede". Observamos que a despesa em 1998 superou a 184 mil reais e em 2006 foi em torno de 286 mil reais. Essas despesas englobam, dentre outras, gastos com energia, água, telefone, gas, piscina e alimentação. É bom salientar, que no montante das despesas mensais da "casa sede" pagas pela entidade, contidas na planilha de custo fornecida pela fiscalizada, não está inclusa a despesa referente ao aluguel da casa sede, paga pelo Monte Tabor. Sabese que pelo porte da casa sede, o valor desse aluguel, elevaria em muito, o valor do custo mensal fornecido pela fiscalizada 4.7.2 Solicitamos a entidade através do TIAD de 08/10/2007, a relação de moradores da referida casa sede, que na tentativa de camuflar o fato explicito de conceder benefícios aos seus diretores, tenta justificar em seu relatório de moradores da casa em anexo, que a finalidade desta é de acolher técnicos, pesquisadores e encontro de reuniões. Porém, não olvidamos que a par desta finalidade, ou de qualquer outra, temos o seguinte fato: a casa é utilizada, desde seus primórdios, para residência de seus diretores e com todas suas despesas de Fl. 5202DF CARF MF Impresso em 15/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/11/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 27/11/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 23/12/2014 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 10580.000414/200874 Resolução nº 2403000.277 S2C4T3 Fl. 5.201 9 manutenção, alimentos e inclusive o aluguel, custeadas pela entidade beneficente Monte Tabor, restando assim claramente configuradas remuneração, vantagens e benefícios a diretores. Das pessoas listadas, conforme atas da assembléia geral em anexo, consta na lista a assistente social Sra. Laura Ziller e a médica Liliana Rozoni, que são a vicepresidente desde da fundação e a diretora da Monte Tabor desde 08/2003, respectivamente. Assim, chamamos a atenção, com relação aos seus diretores, que estes usufruem a casa como moradores (fato declarado pela Entidade e asseverado pelos tipos e montante das despesas correntes mensais) e não como eventuais hóspedes que participam de esporádicos cursos ou reuniões. 4.7.3 0 valor mensal, contido na planilha de custo da casa sede, foi considerado prólabore indireto fornecido pela entidade aos diretores moradores da case sede, e por tanto, incidente de contribuição previdenciária. Seguem os Códigos de Levantamento utilizados pela fiscalização: AFA Remuneração aferida para segurados empregados lotados nas filiais do hospital referente ao gozo do beneficio de vale alimentação/refeição sem inscrição no PAT e não declaração na GFIP; AFP Remuneração, lançada conforme planilha de custo, dos segurados empregados lotados nas filiais do hospital referente ao gozo do beneficio de vale alimentação/refeição sem inscrição no PAT e não declaração na GFIP. AMA Remuneração aferida para segurados empregados lotados na matriz do hospital referente ao gozo do beneficio de vale alimentação/refeição sem inscrição no PAT, período anterior a GFIP; AMN Remuneração aferida para segurados empregados lotados na matriz do hospital referente ao gozo do beneficio de vale alimentação/refeição sem inscrição no PAT, não declarados em GFIP; AMP Remuneração, lançada conforme planilha de custo, dos segurados empregados lotados na matriz do hospital referente ao gozo do beneficio de vale alimentação/refeição sem inscrição no PAT e não declaração na GFIP; AXA Remuneração dos segurados empregados referente ao auxilio creche sem comprovação de despesa, período anterior a GFIP; AXC Remuneração dos segurados empregados referente ao auxilio creche sem comprovação de despesa, não declarada em GFIP; BPA Remuneração dos segurados empregados, referente ao gozo do beneficio previdenciário do salário família pago indevidamente, período anterior a GFIP; Fl. 5203DF CARF MF Impresso em 15/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/11/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 27/11/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 23/12/2014 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 10580.000414/200874 Resolução nº 2403000.277 S2C4T3 Fl. 5.202 10 BPI Remuneração dos segurados empregados, referente ao gozo do beneficio previdenciário do salário família pago indevidamente, não declarado em GFIP; Cl Remuneração dos segurados contribuintes individuais apuradas pela DIRF e não declaradas na GFIP; PRO Prólabore indireto dos diretores moradores da denominada case sede. VTP — Vale transporte pago em pecúnia O período objeto da autuação conforme o Relatório Discriminativo Sintético do Débito DSD, às fls. 163, é de 01/1997 a 12/2006. A Recorrente teve ciência da NFLD em 26.12.2007, conforme fls. 01. A Recorrente apresentou Impugnação, conforme o Relatório da decisão de primeira instância: 10.1. Em preliminar, a decadência do direito do Fisco de lançar contribuições previdenciárias sobre fatos geradores ocorridos antes de cinco anos pregressos a contar da intimação da presente NFLD. Colaciona jurisprudência. 10.2. A interpretação recorrente dos agentes fiscalizadores desconsideram regra básica de hermenêutica em Estado Democrático de Direito, qual seja a necessidade de toda legislação infra constitucional ser lida à luz da tábua axiológica estabelecida pela Norma das Normas, de modo a que os direitos ali consagrados e os princípios que os norteiam não sejam restringidos por condicionamentos, exigências, formalismos ou simples previsões legais que, isoladamente consideradas, terminam por frustrar o programa constitucional. 10.3. Antes mesmo de demonstrar a improcedência da pretensão exacional, não se pode deixar de registrar que a referência a parcelas não recolhidas fora apresentada, no relatório da NFLD, de forma genérica, abstrata e imprecisa, deixando de conferir A. notificada os elementos necessários à elaboração de sua defesa, hostilizando, a mais não poder, o principio da ampla defesa e contraditório, que ostenta dignidade constitucional, o que enseja a decretação de nulidade da notificação. 10.4. Relata um breve histórico e noticia da instituição. 10.5. A Instrução Normativa MPS/SRP n° 03, de 14 de julho de 2005, atuou para além dos termos da lei, inovandoa de modo a apresentar se contrária ao sistema jurídico. Enquanto o art. 28, §9°, alínea 'c' da Lei n° 8.212, de 24 de julho de 1991, registra a necessidade da alimentação ser fornecida de acordo com o regramento do Programa de Alimentação do Trabalhador, o que ocorre no caso em concreto, a instrução normativa vai além para Fl. 5204DF CARF MF Impresso em 15/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/11/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 27/11/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 23/12/2014 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 10580.000414/200874 Resolução nº 2403000.277 S2C4T3 Fl. 5.203 11 exigir a inscrição no programa e não a mera obediência de suas regras. Em qualquer circunstância, a IN somente passou a valer em 2005, incabível a sua retroação para 1997. 10.6. Mais importante é notar que, em havendo norma coletiva expressa que discipline o assunto de modo diverso, é esta que deve prevalecer, por se tratar de comando normativo especifico da relação travada entre empregador e empregado, que se projeta acima da regra geral e abstrata. No caso concreto, a convenção coletiva estabelecida entre o defendente e o sindicato dos seus empregados, estabelece e estabeleceu nos últimos dez anos que a alimentação prestada a seus empregados não se caracteriza como verba salarial, nem está sujeita à incorporação e repercussão salarial de qualquer natureza, inclusive previdenciária. Colaciona jurisprudência e doutrina. 10.7. Cumpre registrar que a alimentação não poderia ser considerada como saláriodecontribuição, por não representar uma remuneração indireta, já que os empregados pagam pela alimentação, ainda que parcialmente, através de desconto realizado. Colaciona jurisprudência e doutrina. 10.8. A alimentação fornecida ao empregado que se prolonga no serviço, indiscriminadamente considerada pela Notificação, por ter natureza indenizatória jamais poderia ostentar como saláriode contribuição. Colaciona jurisprudência. 10.9. A Lei n° 8.21 , de 1991, em seu art. 28, § 9°, alínea 's', estabeleceu que o auxíliocreche não estaria incluído no salário de contribuição, desde que pago de acordo com a legislação trabalhista. A convenção coletiva, autorizada pela própria Lei, subscrita pela Notificada, não exige a comprovação das despesas com creche, limitandose a exigir a apresentação da certidão de nascimento. A exigência da comprovação da despesa é restritiva de direitos dos empregados e não foi recepcionada pela Constituição, nem tampouco pela Emenda Constitucional n° 53, de 19 de dezembro de 2006, que estabelece serem direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social, a assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e préescolas. 10.10. A natureza jurídica do instituto do reembolso creche é indenizatória, dai não poder sustentar natureza salarial, o que contrariaria o art. 7°, XXV, da Constituição. Colaciona jurisprudência. 10.11. Ademais, a interpretação promovida pela fiscalização termina por aumentar a base de cálculo das contribuições sem que haja lei prevendo tanto, o que contraria o principio tributário da legalidade estrita. 10.12. Quanto ao saláriofamília, a lei não exige a guarda dos atestados de vacinação obrigatória para os menores de sete anos e do comprovante de freqüência escolar dos maiores de sete anos, mas Fl. 5205DF CARF MF Impresso em 15/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/11/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 27/11/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 23/12/2014 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 10580.000414/200874 Resolução nº 2403000.277 S2C4T3 Fl. 5.204 12 apenas a exibição destes para efeito de pagamento. As exigências previstas na Lei n° 9.876, de 26 de novembro de 1999, que modificou o art. 67 da Lei n° 8.213, de 24 de julho de 1991, são inconstitucionais, porque criam um fator restritivo a direito social contemplado como fundamental pela Constituição, no art. 7°, XII. A jurisprudência é unânime ao exigir, para efeito de condenação ao pagamento do saláriofamília, a apresentação da certidão de nascimento quando do nascimento. Havendo julgado estabelecendo que nem a ausência de comunicação de nascimento de filho impediria o recebimento do direito, se posteriormente restou o fato comprovado. 10.13. 0 saláriofamília fora atribuído em beneficio dos pais do menor (ressalvada hipótese de orfandade), de modo que exigir vacinação ou freqüência educacional desvirtua a natureza jurídica do instituto. 0 saláriofamília não se afirma como verba salarial, não ostenta natureza indenizatória e não pode ser incorporado, para qualquer efeito ao salário, nem mesmo para gerar conseqüências previdenciárias, e tal natureza não se transmuda em face de eventual descumprimento de mero protocolo. Mais uma vez a fiscalização contrariou o principio tributário da legalidade estrita. Colaciona jurisprudência. 10.14. Se a convenção coletiva permitir a substituição do vale transporte por dinheiro, como no caso em apreço, tal recurso não pode ser considerado como saláriodecontribuição para fim de arrecadação previdenciária, até porque o decreto que regulamentou a matéria contrariou disposição de lei, havendo de se aplicar a regra convencional, galgada a direito fundamental do trabalhador pela Constituição Federal (art. 7 0, XXVI). 0 recebimento de dinheiro para transporte ostenta natureza indenizat6ria e, como tal, não pode compor uma parcela de natureza salarial. Mais uma vez a fiscalização contrariou o principio tributário da legalidade estrita. Colaciona doutrina. 10.15. 0 notificante apresentou extensa lista de pessoas que, supondo trataremse exclusivamente de autônomos, deveriam ter a sua contribuição individual retida e recolhida pelo notificado. Ocorre que as pessoas ali consignadas encontramse em uma das duas posições: ou são, além de prestadores de serviços, empregados da instituição, travando com esta dois tipos de relação jurídica, de modo que atingem o teto contributivo através do desconto na condição de empregado ou, não sendo também empregado, possui outra fonte de recolhimento que por igual atinge o teto de contribuição. E, se tais empregados ou prestadores de serviços não tenham atingido o teto contributivo, a fiscalização deixou de descontar do valor cobrado sob esta rubrica os recolhimentos realizados interna ou externamente, apresentandose incorreta a cobrança, o que representa enriquecimento sem causa em favor da Previdência, o que tornaria indispensável uma perícia contábil na qual cumpre apurar o valor já recolhido na condição de empregado ou através de outras empresas, a fim de abater no montante ora cobrado. A perícia não poderá descartar que o trabalhador autônomo, segundo lhe faculta o art. 21 da Lei n° 8.212, de 1991, indicará o saláriodecontribuição sobre o qual incidirá o percentual legal de desconto da contribuição previdenciária, não havendo Fl. 5206DF CARF MF Impresso em 15/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/11/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 27/11/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 23/12/2014 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 10580.000414/200874 Resolução nº 2403000.277 S2C4T3 Fl. 5.205 13 qualquer vinculação entre este saláriodecontribuição e a sua efetiva remuneração. 10.16. Para comprovar que a maioria esmagadora dos supostos contribuintes individuais são empregados da Instituição, anexa a folha de pagamento salarial. Ademais, para positivar que os prestadores de serviços não empregados recolhem contribuições pelo teto, anexa uma série de declarações em que resta consignado que o teto contributivo fora alcançado na qualidade de autônomo. Vale o registro de que os documentos foram apresentados à fiscalização, mas foram conculcados. 10.17. Tendo recebido em 26/12/2007 os lançamentos tributários, para promover defesa nos prazos legais, a notificada padeceu de consideráveis dificuldades para esgotar a matéria probatória, motivo pelo qual espera contar com a compreensão dos doutos julgadores para realizar, por conduto de diligência, a colheita de provas não acostadas a tempo, em testemunho e alcance da verdade real. 10.18. A responsabilidade original e prioritária da demonstração do recolhimento é do próprio contribuinte individual. 10.19. No que se refere ao prólabore indireto dos diretores, verificase que as administradoras são integrantes de um grupo religioso, católico, denominado "Sigili", consagrados que são A. obra da saúde e educação e que fizeram votos de dedicação integral ao ideal da obra, bem como votos de pobreza e castidade, tendo o grupo o reconhecimento da Cúria da Igreja Católica. Não recebem salário da instituição, nem possuem com esta contrato de trabalho formal. Os gastos com manutenção da casa sede informados à fiscalização pela Instituição não representam vantagens indiretas. 10.20. A casa sede não se presta exclusivamente, ou teria sido criada, à residência das administradoras, mas faz parte do complexo hospitalar Sao Rafael, sendo casa de apoio para a estada de cientistas, estudantes de medicina, de assistência social e médicos — via de regra Italianos , e das suas administradoras. Destaca, por amostragem de alguns anos, nomes de residentes, devendo serem ouvidos como testemunhas do juizo administrativo, através de audiência para o fim. 10.21. Os gastos com a casa sede retratam com fidelidade as espartanas despesas estritamente necessárias para o cumprimento do seu escopo e o de conservação do imóvel, razões pelas quais não se pode considerar tal rubrica como sendo remuneração indireta As duas dirigentes e executivas que nela residem, tendo natureza indenizatória, haja vista que a moradia das administradoras não se dá pelo trabalho (natureza salarial), mas para o trabalho (natureza indenizatória), pois o fato de residirem a metros do hospital representa uma vantagem considerável em beneficio da condução da obra. 10.22. A própria Lei n° 8.212, de 1991, em seu art. 28, §9°, alínea 'in', exclui da base de cálculo a habitação concedida a empregado por empregador em local distante de sua residência, reconhecendo a na natureza indenizatória da despesa. Fl. 5207DF CARF MF Impresso em 15/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/11/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 27/11/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 23/12/2014 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 10580.000414/200874 Resolução nº 2403000.277 S2C4T3 Fl. 5.206 14 10.23. Em qualquer circunstância, mesmo que se considere ostentar a habitação natureza remuneratória, ainda assim não se poderia integrar o saláriodecontribuição, posto que se afirmaria como remuneração de administrador, o que seria inconstitucional, eis que a relação jurídica mantida com os administradores não resulta de contrato de trabalho, não se podendo considerar o pagamento feito a estes como salário. Tal entendimento resultou na exclusão das expressões "empresários e autônomos" constantes do art. 22, I, da Lei n° 8.212, de 1991, que ganhou nova redação conferida pela Lei n° 9.876, de 1991, tudo com o fito de retirar a remuneração dos administradores da incidência da contribuição previdenciária. A pretensão de exigir contribuição previdenciária sobre supostos pagamentos feitos a administradores se ressente de previsão legal, afrontando o principio da estrita legalidade tributária ou da tipicidade cerrada. 10.24. Ainda que remuneração se tratasse e ainda que não fosse suposta remuneração a diretores e administradores, cumpriria que a fiscalização cobrasse apenas sobre as despesas pessoais das referidas administradoras, e não tomasse o valor total dos custos da casa como base de cálculo, quando é sabido que lá habitam, ainda que temporariamente, muitas outras pessoas. Assim, o cálculo correto para tal fim seria encontrar o número médio de habitantes da casa por ano e dividir o total das despesas por este número para, afinal, multiplicar por dois, e jamais se adotar o valor total das despesas, circunstância que recomenda a realização de perícia contábil. 10.25. Em nenhum momento a Instituição negouse a apresentar os documentos solicitados pela fiscalização. Muito ao contrário, os muitos documentos apresentados não foram considerados nas conclusões, inexplicavelmente, não tendo a mesma nada a ocultar. Essa desconsideração implicou em cerceamento do direito à ampla defesa, mesmo implicar bastas vezes, no surgimento de faltas inexistentes que demandariam da impugnante produção de prova negativa para invalidálas, o que se apresenta inaceitável. 10.26. Através do exame dos livros contábeis é possível verificar que todas as alegações da fiscalização foram baseadas em meras suposições, o que é vedado pelos princípios que regem a Administração Pública, e impõe a anulação do procedimento administrativo. 10.27. Inquina de inconstitucionalidade o montante exorbitante cobrado a titulo de multa, desprovido de valida fundamentação legal, e que empresta a cobrança da contribuição previdenciária nímio caráter confiscatório. Espera sejam inaplicadas as multas, dentro dos parâmetros confiscatórios. Colaciona jurisprudência. 10.28. Lembra que os órgãos do Poder Executivo podem se negar a aplicar disposição normativa que afronte o Texto Maior. Colaciona jurisprudência. 10.29. Ademais constatase que os juros considerados foram marcadamente aberrantes, vez que índice tão alto e despropositado adota taxa referencial já declarada inconstitucional, qual seja a SELIC, a qual encerra parcela remuneratória, estranha aos fins previdenciários. Fl. 5208DF CARF MF Impresso em 15/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/11/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 27/11/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 23/12/2014 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 10580.000414/200874 Resolução nº 2403000.277 S2C4T3 Fl. 5.207 15 10.30. Os valores cobrados pela fiscalização estão escudados pelo manto protetor da imunidade constitucional, de que goza a entidade, cujo e conhecimento foi feito pela Previdência Social. 10.31. Acerca da imunidade, colhe a lanço remeter à resposta oferecida pela Instituição à Informação Fiscal lavrada pelos mesmos agentes públicos, cuja defesa fora protocolada no dia 09/01/2008 (protocolo no 10580000308/200891), fls 2454/2535, que deve ser considerada como integralmente transcrita. 10.32. Por ser imune, nada é devido pela Impugnante, em qualquer circunstancia, sob pena de rompimento do compromisso social historicamente firmado entre o estado e as organizações beneficentes que prestam serviços que lhe foram delegados. 10.33. De tudo quanto exposto, não há como prosperar a pretensão arrecadatória, na forma do que fora especificamente impugnado. Demais disso, cabe impugnar as conclusões contábeis e pugnar pela realização de exauriente instrução, que não poderá dispensar as diligências periciais sobre os cálculos elaborados, bem assim demais provas necessárias apuração e alcance da verdade, o que requer, como a oitiva das testemunhas das pessoas que residiram na casa sede, o que reitera. O Relatório da decisão de primeira instância, às fls. 4936, aponta a Solicitação de Diligência Fiscal a fim de que a Fiscalização informasse se os contribuintes individuais contidos nas DIRF eram empregados também da entidade, e já tinham sido descontadas as contribuições previdenciárias: 11. Em 30/09/2008, foi emitido um despacho pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Salvador (DRJ/SDR), fls. 4641/4642, para a fiscalização cotejar os originais das declarações das empresas de que teriam descontado as contribuições previdenciárias dos segurados pelo limite do saláriodecontribuição e as folhas de pagamento com as planilhas de contribuintes individuais, fls. 477/514, de modo a observar o limite máximo do saláriodecontribuição de cada segurado. Em Resposta à Solicitação de Diligência Fiscal da DRJ, às fls. 4666 a 4667, a Fiscalização informa que a entidade não informou ou apresentou documentos que mostrassem que contribuintes individuais contidos nas DIRF eram empregados também da entidade, e já tinham sido descontadas as contribuições previdenciárias: 12. Em resposta à solicitação da DRJ, esclarece o AuditorFiscal autuante, às fls. 4646/4744, que intimou a entidade através do Termo de Intimação para Apresentação de Documentos — TIAD do dia 24/10/2007 (fls. 383), a apresentar os comprovantes dos contribuintes individuais que continham os valores já descontados de contribuição previdenciária, tendo a entidade apresentado algumas declarações e comprovantes de pagamento de contribuição previdenciária (fls. 515 a 547), referente a contribuintes individuais que lhe prestaram serviços, os quais foram usados para o cálculo do teto previdenciária. Fl. 5209DF CARF MF Impresso em 15/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/11/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 27/11/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 23/12/2014 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 10580.000414/200874 Resolução nº 2403000.277 S2C4T3 Fl. 5.208 16 Em nenhum momento, durante a fiscalização, a entidade informou ou apresentou documentos que mostrassem que contribuintes individuais contidos nas DIRF eram empregados também da entidade, e já tinham sido descontadas as contribuições previdenciárias. Salienta que a entidade foi intimada a entregar as declarações que continham os descontos já efetuados nos contribuintes individuais, mas limitouse a fornecer apenas algumas declarações de outras entidades. Para a verificação da documentação original das cópias apresentadas na impugnação, foi emitido o Termo de Inicio de Procedimento Fiscal, intimando a fiscalizada a entregar as declarações originais. A entidade só apresentou algumas declarações originais (anexadas as cópias com confere com original, fls. 4648/4743), sendo que a maioria apresentada é cópia, as quais não produzem certeza de sua veracidade. Conforme o Relatório da decisão de primeira instância, o contribuinte atravessou Manifestação, em síntese: O notificado se manifesta às fls. 4746, em 04/05/2009, aduzindo que foram encaminhados documentos reprografados, porque recebidos de diferentes estabelecimentos, algumas vezes por fax, a pouco e pouco chegando, posteriormente, os originais. Tal se deu em face da administração descentralizada das unidades de atuação do Monte Tabor. Pondera que os documentos reprografados não podem ser considerados, somente por este motivo, impróprios a provar o alegado, sendo regularmente aceitos em juízo, por exemplo, desde que seja afiançada a sua autenticidade, como ora se afiança. Não fosse isso, tratamse de cópias legíveis, autenticas (não são falsas) e imprestáveis a eventual repetição de indébito, o que cria maior segurança para o Fisco. Ademais, os pagamentos podem ser por igual verificados no órgão depositário, na instituição financeira correspondente, que pode convalidar os recolhimentos. Todo este esforço de esclarecimento é feito, porque a ninguém interessa o enriquecimento sem causa, de rodo que roga sejam os referidos documentos considerados, sem prejuízo da anexação dos originais que se apresentarem disponíveis. Cumpre invocar o principio da ampla dilação probatória em processo administrativo, que prestigia a verdade real em detrimento da verdade ficta. A Recorrida analisou a autuação e a impugnação, julgando procedente em parte a autuação, nos termos do Acórdão nº 1520.111 6ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento de Salvador BA, conforme Ementa a seguir: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/1997 a 31/12/2006 Fl. 5210DF CARF MF Impresso em 15/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/11/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 27/11/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 23/12/2014 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 10580.000414/200874 Resolução nº 2403000.277 S2C4T3 Fl. 5.209 17 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. Não se configura cerceamento do direito de defesa se o conhecimento dos atos processuais pelo acusado e o seu direito de resposta ou de reação se encontraram plenamente assegurados. DECADÊNCIA. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. SÚMULA VINCULANTE N° 8. Dispõe a Súmula Vinculante n° 8 do STF: Sao inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5° do Decretolei 1569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário. 0 prazo decadencial para o lançamento de contribuições sociais é de 5 anos. AUXÍLIOALIMENTAÇÃO. Integra o salário de contribuição a parcela in natura recebida em desacordo com os programas de alimentação aprovados pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social. AUXÍLIOCRECHE. IMPROCEDÊNCIA. PARECER PGFN. A Procuradoria Geral da Fazenda Nacional emitiu o Parecer PGFN/CRJ n° 2.600, de 20/11/2008, aprovado pelo Ministro da Fazenda para promover a dispensa de interposição de recursos ou o requerimento de desistência dos já interpostos, desde que inexista outro fundamento relevante, nos casos de lançamentos relativos a auxíliocreche. A Secretaria da Receita Federal do Brasil não constituirá os créditos tributários e, na hipótese de créditos tributários já constituídos, a autoridade lançadora deverá rever de oficio o lançamento, relativos às matérias que, em virtude de jurisprudência pacifica do Supremo Tribunal Federal, ou do Superior Tribunal de Justiça, sejam objeto de ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, aprovado pelo Ministro de Estado da Fazenda. VALETRANSPORTE. Integra o saláriodecontribuição a parcela recebida a titulo de vale transporte, quando paga em desacordo com a legislação própria. CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. A empresa é obrigada a arrecadar a contribuição do segurado contribuinte individual a seu serviço, descontandoa da respectiva remuneração, e a recolher o valor arrecadado no prazo previsto na legislação especifica. MORADIA. Fl. 5211DF CARF MF Impresso em 15/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/11/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 27/11/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 23/12/2014 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 10580.000414/200874 Resolução nº 2403000.277 S2C4T3 Fl. 5.210 18 Caracteriza o pagamento de remuneração ou retribuição a moradia fornecida ao segurado contribuinte individual e integra o saláriode contribuição. TAXA SELIC. MULTA. LEGALIDADE. Incidem taxa SELIC e multa sobre contribuições sociais recolhidas em atraso, as quais estão previstas na legislação especifica. Lançamento Procedente em Parte Acórdão Acordam os membros da 6a Turma de Julgamento, por unanimidade de votos, considerar procedente em parte o lançamento, mantendo em parte o crédito tributário exigido, nos termos do voto e sua fundamentação. Intimese para pagamento do crédito mantido no prazo de 30 dias da ciência, salvo interposição de recurso voluntário ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, em igual prazo, na forma dos arts. 25, II, e 33 do Decreto n° 70.235, de 6 de março de 1972. Destaquese que, em face do valor de alçada, previsto no art. 1° da Portaria MF n° 03, de 3 de janeiro de 2008, este Acórdão deve se submeter, de oficio, à apreciação do Segundo Conselho de Contribuintes do Ministério da Fazenda, na forma do art. 366, inciso I, §§ 2° e 3°, do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto n° 3.048, de 06 de maio de 1999. Encaminhese ao órgão de origem para cientificar o contribuinte e adotar as providências cabíveis. Esclareçase que este Acórdão só será definitivo após julgamento em segunda instância. Por fim, o voto no Acórdão da decisão de primeira instância: Dessa forma, VOTO para considerar PROCEDENTE EM PARTE o lançamento de que trata a NFLD em tela, extinguindo o valor atualizado de R$ 593.645,40 (quinhentos e noventa e três mil seiscentos e quarenta e cinco reais e quarenta centavos), referentes às competências 01/97 a 11/02, em razão da decadência, extinguindo, ainda, o valor atualizado de R$ 83.083,59 (oitenta e três mil, oitenta e três reais e cinqüenta e nove centavos), relativamente ao levantamento AXC, em razão do Parecer PGFN/CRJ n° 2.600, de 20/11/2008, aprovado pelo Senhor Ministro da Fazenda em 01/12/2008, mantendo a Contribuição Previdenciária, no valor alizado de R$ 9.459.050,00 (nove milhões, quatrocentos e nos termos do DADR, ora juntado ao cinqüenta e nove mil e cinqüenta reais), juntamente com os acréscimos legais correspondentes, /4906. Inconformada com a decisão de primeira instância, a Recorrente apresentou Recurso Voluntário, onde combate fundamentadamente a decisão de primeira instância e reitera as argumentações deduzidas em sede de Impugnação: Em sede Preliminar. Fl. 5212DF CARF MF Impresso em 15/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/11/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 27/11/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 23/12/2014 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 10580.000414/200874 Resolução nº 2403000.277 S2C4T3 Fl. 5.211 19 (i) Da nulidade por cerceamento de defesa No caso em concreto fora proferido julgamento sem que o Recorrente tenha sido intimado para dele participar, inclusive apresentando sustentação oral, o que consagra a ocorrência de surpresa processual que o Direito não tolera. (ii) Da negativa da prestação jurisadministrativa. A decisão sob enfoque deixou claro, em muitos dos seus trechos, que o papel da Delegacia se resumia a avaliar os fatos — que exigiu fossem debulhados pelo Defendente, e não pelo Acusador, em total inversão da ordem natural — e fazer aplicar as normas, sem sobre elas realizar adequado juízo de valor, nem tampouco considerar os avanços interpretativos que já foram estabelecidos pelos Tribunais Superiores. Por esse motivo, também é nulo o julgamento administrativo, posto que, a rigor, não apreciou os argumentos da defesa e abstevese de elaborar um juízo de valor em derredor da regularidade da norma porventura aplicável, com o que não prestou a função administrativa jurisdicional a que estava vinculado, vênias rogadas e concedidas. (iii) Do flagrante erro de cálculo Em primeiro, embora o julgamento tenha reconhecido a incidência do teor da súmula vinculante n° 08, da lavra do STF, que afastou o prazo decadencial de dez anos para fazer incidir o de cinco anos, os cálculos em questão continuam a remontar a dez anos atrás da apuração, ao ano de 1997, portanto, com o que a decisão lançada pela Delegacia da Receita não repercutiu nos cálculos dos valores cobrados. Não fosse isso, na rubrica relacionada a contribuição de autônomos, os cálculos não foram especificados, ou seja, não se registrou a base de cálculo, a alíquota incidente e nem tampouco o resultado da multiplicação destes, ocorrendo confusão entre o valor da contribuição e a base de cálculo sobre a qual deveria incidir a alíquota. No Mérito. (iv) ValeRefeição/Alimentação Afirma a Notificação, no que foi aceito pela decisão da Delegacia, que as despesas arcadas pelo Recorrente para alimentar os seus empregados no seu ambiente interno ou externo, neste último caso através de valesalimentação, deve ser incluída no conceito de saláriocontribuição, posto que o Recorrente não se encontra inscrito no Programa de Alimentação do Trabalhador — PAT, de modo a exigir, desta parcela, a retenção e recolhimento da contribuição previdenciária. A conclusão, ao par de perversa, posto que punitiva de comportamento de elevado altruísmo, encontrase em desacordo com o Direito. (v) SalárioFamília pago indevidamente A Fiscalização sustenta que o saláriofamília fora indevidamente pago aos empregados do Recorrente, uma vez que este não dispunha em seus arquivos dos atestados de vacinação obrigatória para os menores de sete anos e do comprovante de freqüência escolar dos maiores de sete anos, e, por ter sido pago sem observância As normas protocolares e operacionais, deveriam ser considerados como remuneração e, em decorrência, ingressar na base de cálculo do salário contribuição. Não lhe assiste Fl. 5213DF CARF MF Impresso em 15/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/11/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 27/11/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 23/12/2014 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 10580.000414/200874 Resolução nº 2403000.277 S2C4T3 Fl. 5.212 20 razão, uma vez mais, malgrado endossada pela decisão de primeiro grau. (vi) ValeTransporte. No particular a Fiscalização faz um ingente esforço para incluir na base de calculo do saláriocontribuição a pecúnia concedida em substituição a valetransporte, invocando, inclusive, decisão do STJ que, malgrado judiciosa, não guarda aplicação ao caso em concreto, precisamente por não cogitar do endosso a tal pratica realizado por convenção coletiva. (vii) Contribuintes Individuais A Fiscalização apresentou extensa lista de pessoas que, supondo trataremse exclusivamente de autônomos, deveriam ter a sua contribuição individual retida e recolhida pelo Recorrente. Ocorre que, da análise do referido inventário podese afirmar, sem rebuços, que as pessoas ali consignadas encontramse em uma das duas posições: ou são, além de prestadores de serviços, empregados da instituição, travando com esta dois tipos de relação jurídica, de modo que atingem o teto contributivo através do desconto na condição de empregado ou, não sendo também empregado, possui outra fonte de recolhimento que por igual atinge o teto de contribuição. E, se por hipótese, admitindose, apenas, em favor dialético, tais empregados ou prestadores de serviços não tenham atingido o teto contributivo, seja através do recolhimento realizado pelo próprio Recorrente ou por outra fonte de remuneração externa, fato é que a Fiscalização deixou de descontar do valor cobrado sob esta rubrica os recolhimentos realizados interna ou externamente, apresentandose, por isso, incorreta a cobrança. A propósito da duplicidade de "vinculo" de grande parte dos integrantes da referida lista, vale esclarecer que se tratam em sua maioria de médicos que, ao atuarem como plantonistas, chefes de serviços, coordenadores ou integrantes do setor de DF CARF MF Fl. 4984 Impresso em emergência, portanto como empregados, também se lhes faculta atuar, no mesmo ambiente, como profissional liberal, internando seus pacientes pessoais, realizando suas cirurgias e atendendo nos consultórios alugados. Em outras palavras, ao par de se afirmarem como médicos empregados, são também médicos prestadores de serviços, variando a condição a depender da natureza da atividade prestada. Assim, tais médicos e outros profissionais ligados á saúde como fisioterapeutas, psicólogos e quejandos, em sendo empregados, têm a sua contribuição previdenciária retida e arrecadada pelo Recorrente, atingindo, bastas vezes, o teto contributivo, de modo que, quando agem como prestadores de serviços, nada mais há a recolher. Se a Fiscalização não considerou o alcance do teto contributivo nas atividades de empregado interno realizadas pelos profissionais de saúde, menos ainda levou em conta tal fenômeno quando ocorrido externamente, ou sei a, quando os prestadores de serviços, sendo cumulativamente empregados ou não do Recorrente, atingiram o teto Fl. 5214DF CARF MF Impresso em 15/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/11/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 27/11/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 23/12/2014 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 10580.000414/200874 Resolução nº 2403000.277 S2C4T3 Fl. 5.213 21 de contribuição por serviços prestados a outras pessoas jurídicas, ou seja, fora das dependências do Hospital. (viii) Prólabore indireto dos Diretores (Casa Sede) Ao manifestar esta pretensão de cobrança, representada pelos gastos efetivados na residência da instituição, que consistiriam em salário indireto, pelo fato de que na casa sede residiriam duas Administradoras da instituição, D. Laura Ziller, vicepresidente Executiva e Dra. Liliana Ronzoni, Diretora Médica, a Fiscalização deixou claro o profundo desconhecimento acerca dos ideais e princípios norteadores do trabalho desenvolvidos pelo Monte Tabor. As referidas administradoras são integrantes de um grupo religioso, católico, denominado "Sigili", consagrados que são à. obra da saúde e educação e que fizeram, com naturalidade, votos de dedicação integral ao ideal da obra, bem como votos de pobreza e castidade. São, pois, em tudo e por tudo, religiosas que, ao invés de se enclausurarem em oração, fazem do seu trabalho uma oração — laborare est orare , na medida em que os frutos deste trabalho não são, em nenhuma hipótese, revertidos em vantagens pessoais, mas na realização do bem ao próximo. A prova magna é que tais Administradoras não recebem salário da instituição, nem possuem com esta contrato de trabalho formal, malgrado exerceram cargos de grande e vital importância, de liderança e administração, da obra. Destarte, os gastos com manutenção da casa sede informados a fiscalização pela Instituição não representam vantagem indiretas. De outra banda, a casa sede não se presta exclusivamente ou teria sido criada, como entendeu a Fiscalização, à residência das referidas Administradoras. Em verdade, a estrutura institucional do Monte Tabor conta com o complexo hospitalar São Rafael, centro de treinamento destinado ao Setor de Recursos Humanos, capela, para atividades clericais, e casa de apoio para a estada de cientistas, estudantes de medicina, de assistência social e médicos — normalmente italianos , e das duas referidas administradoras, integrantes do grupo religioso denominado Sigili. (...) Como visto e comprovado pela anexa lista de nomes de residentes da Casa Sede de 1996 a 2006, se presta esta a viabilizar a troca de experiências acadêmicas, sociais e cientificas entre os integrantes do Hospital São Rafael e outros cidadãos, em regra estrangeiros/italianos, que podem residir temporariamente no Brasil na casa de apoio da Instituição, acessando o Hospital em poucos minutos, onde farão estágios em suas áreas de interesse, em dinâmico e profundo intercâmbio de conhecimentos que muito favorece o aprimoramento da prática médica. Tais e quais pessoas, que residiram na chamada "casa sede" devem ser ouvidas como testemunhas do juizo administrativo, na forma do que reitera requerimento, através da realização de audiência para o fim. Fl. 5215DF CARF MF Impresso em 15/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/11/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 27/11/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 23/12/2014 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 10580.000414/200874 Resolução nº 2403000.277 S2C4T3 Fl. 5.214 22 Somese a isso que os gastos com a casa sede, devidamente informados à fiscalização pela Entidade, e indicados nas fls. 5 da Informação Fiscal, retratam com fidelidade as espartanas despesas estritamente necessárias para o cumprimento do seu escopo acima declarado e o de conservação do imóvel, razões pelas quais não se pode considerar tal rubrica como sendo remuneração indireta às duas dirigentes e executivas que nela residem. (ix) Negativa da apresentação de documentos — grave inverdade. Inconstitucionalidade das multas cominadas. Irregularidade e incorrreção dos cálculos. (x) Da desconsideração da imunidade. Em qualquer circunstância, ainda que nada do que ora dito seja considerado, o mais importante é notar que os valores cobrados pela Fiscalização estão escudados pelo manto protetor da imunidade constitucional, de que goza a entidade, de forma ininterrupta, cujo reconhecimento já foi feito, inclusive, pela própria Previdência Social, competente A. época para o mister (vide declaração de isenção — INSS, em anexo, doc. 14, anexado impugnação). Com efeito, a Instituição se enquadra nos parâmetros definidos pela Constituição Federal e Lei Complementar à que remete — art. 14 do CTN, combinado com o 146, II, da CF — para gozar imunidade tributária, que abrange, evidentemente, a contribuição previdenciária ora cobrada. Acerca da imunidade, colhe a lanço remeter à resposta oferecida pela Instituição à Informação Fiscal recentemente lavrada pelos mesmos agentes públicos, cuja defesa fora protocolada no dia 09.01.2008 (protocolo n° 10580000308/200891), que deve ser considerada como integralmente transcrita, evitandose, assim, o ônus da repetição (vide cópia apensada, doc. 15). Assim é que, por ser imune, nada é devido pelo Recorrente, em qualquer circunstancia, sob pena de rompimento do compromisso social historicamente firmado entre o Estado e as organizações beneficentes que prestam serviços que lhe foram delegados, auxiliando a assistência que deveria ser, em tese, reservada ao gestor público. Posteriormente, os autos foram enviados ao Conselho, para análise e decisão. É o Relatório. Fl. 5216DF CARF MF Impresso em 15/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/11/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 27/11/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 23/12/2014 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 10580.000414/200874 Resolução nº 2403000.277 S2C4T3 Fl. 5.215 23 VOTO Conselheiro Paulo Maurício Pinheiro Monteiro , Relator PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE O recurso foi interposto tempestivamente, conforme informação nos autos. DAS PRELIMINARES DA AUTUAÇÃO FISCAL Tratase de Recurso de Ofício e de Recurso Voluntário, interposto pela Recorrente MONTE TABOR CENTRO ÍTALO BRASILEIRO DE PROMOÇÃO SANITÁRIA contra Acórdão nº 1520.111 6ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento de Salvador BA que julgou procedente em parte a autuação por descumprimento de: Auto de Infração de Obrigação Principal NFLD nº 37.056.9172 com valor consolidado de R$ 17.534.169,46 retificado após a decisão de primeira instância para R$ 15.329.730,356.520,00; nas competências 01/1997 a 12/2006. Conforme o Relatório Fiscal, as contribuições previdenciárias apuradas no procedimento fiscal relativas às contribuições devidas à Seguridade Social, correspondem a: a) Contribuição dos segurados empregados, não descontadas incidentes sobre a remuneração recebida habitualmente sob forma de utilidades; b) Contribuição dos segurados contribuintes individuais, não descontadas, incidentes sobre a remuneração recebida Observase que a Recorrente apresentou, tanto em sede de Impugnação quanto em sede de Recurso Voluntário, argumentos que apontam para controvérsias centradas em elementos fáticos os quais, para serem corretamente debatidos, necessitam ser devidamente esclarecidos por Diligência Fiscal. Tais controvérsias estão circunscritas: (i) à hipótese dos contribuintes individuais contidos nas DIRFs serem empregados também da entidade e já terem sido descontados das contribuições previdenciárias; (ii) à questão do prólabore indireto dos diretores, com a necessidade de se individualizar os montantes gastos pela Recorrente em relação às despesas pessoais na denominada "casa sede" das administradoras Laura Ziller e Liliana Ronzoni; (iii) aos Códigos de levantamento relacionados ao fornecimento de alimentação sem inscrição no PAT, se determinar qual o tipo de alimentação fornecida, se "in natura" ou por valerefeição ou em pecúnia, com vistas à aplicação do Ato Declaratório PGFN nº 03/2011. Fl. 5217DF CARF MF Impresso em 15/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/11/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 27/11/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 23/12/2014 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 10580.000414/200874 Resolução nº 2403000.277 S2C4T3 Fl. 5.216 24 Observo que tanto no Relatório Fiscal da autuação quanto em sede de decisão de primeira instância tais pontos não estão devidamente esclarecidos. (i) contribuintes individuais contidos nas DIRFs Em relação aos contribuintes individuais, o Relatório Fiscal mostra: 4.6 CONTRIBUINTES INDIVIDUAIS: 4.6.1. Com a lei 10.666/2003, a partir de abril de 2003, as empresas se tornaram obrigadas a descontar da remuneração paga aos contribuintes individuais que lhe prestem serviços, a contribuição previdenciária a cargo desses, considerandose a presunção do desconto feito (§5° do art. 33 da Lei n° 8.212/91). 4.6.2 Foi emitido o Termo de Inicio da Ação Fiscal (TIAF) em 08.10.2007, o qual solicitava, dentre outras coisas, a folha de pagamento de TODOS os segurados. Mas a empresa informou que não possuía a folha dos contribuintes individuais, pois s6 realizava a folha de pagamento dos segurados empregados e dos médicos residentes. Por não fazer a folha de pagamento de TODOS os segurados, foi lavrado um Al de n° 37.056.9164. 4.6.3 Essa fiscalização, através da análise das DIRFs (declaração de Imposto de Renda retido na Fonte) entregue a essa fiscalização e anualmente a Receita Federal do Brasil, encontrou fatos geradores referentes a contribuintes individuais, que não estavam presentes na Folha de Pagamento. É bom salientar, que a entidade não considerou base de cálculo os pagamentos a esses contribuintes individuais, e por tanto, não efetuou o desconto legal imposto pela legislação previdenciária, e NUNCA declarou em Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social — GFIP, qualquer pagamento a contribuinte individual. 4.6.4 Os valores apurados pela DIRF foram declarados sob o código de retenção 0588 — Rendimentos do Trabalho sem vinculo empregatício. Seguem em anexo, a relação extraídas da DIRFs da MONTE TABOR, contendo o CNPJ da fonte pagadora, o CPF do contribuinte individual, o nome do contribuinte individual e o valor mensalmente recebido da fiscalizada. (...) 4.6.6 É bom salientar, que na planilha anexa extraída das DIRFs da MONTE TABOR, foi respeitado o teto previdenciário, já que só foi usado como base de cálculo de contribuição previdenciária, a remuneração auferida até o limite desse teto. 4.6.7 Os valores das contribuição previdenciária incidentes sobre a remuneração dos contribuintes individuais, foram apurados através da planilha em anexa, e lançadas no levantamento Cl. 4.6.8 É bom frisar, que a fiscalizada é uma ENTIDADE FILANTRÓPICA COM IMUNIDADE TRIBUTARIA, e por Fl. 5218DF CARF MF Impresso em 15/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/11/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 27/11/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 23/12/2014 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 10580.000414/200874 Resolução nº 2403000.277 S2C4T3 Fl. 5.217 25 conseqüência, a aliquota referente ao desconto do segurado contribuinte individual é de 20% sobre a remuneração auferida. Por outro lado, em relação aos contribuintes individuais a Recorrente, tanto em sede de Impugnação quanto em sede de Recurso Voluntário, aduz que: 10.15. 0 notificante apresentou extensa lista de pessoas que, supondo trataremse exclusivamente de autônomos, deveriam ter a sua contribuição individual retida e recolhida pelo notificado. Ocorre que as pessoas ali consignadas encontramse em uma das duas posições: ou são, além de prestadores de serviços, empregados da instituição, travando com esta dois tipos de relação jurídica, de modo que atingem o teto contributivo através do desconto na condição de empregado ou, não sendo também empregado, possui outra fonte de recolhimento que por igual atinge o teto de contribuição. E, se tais empregados ou prestadores de serviços não tenham atingido o teto contributivo, a fiscalização deixou de descontar do valor cobrado sob esta rubrica os recolhimentos realizados interna ou externamente, apresentandose incorreta a cobrança, o que representa enriquecimento sem causa em favor da Previdência, o que tornaria indispensável uma perícia contábil na qual cumpre apurar o valor já recolhido na condição de empregado ou através de outras empresas, a fim de abater no montante ora cobrado. A perícia não poderá descartar que o trabalhador autônomo, segundo lhe faculta o art. 21 da Lei n° 8.212, de 1991, indicará o saláriodecontribuição sobre o qual incidirá o percentual legal de desconto da contribuição previdenciária, não havendo qualquer vinculação entre este saláriodecontribuição e a sua efetiva remuneração. 10.16. Para comprovar que a maioria esmagadora dos supostos contribuintes individuais são empregados da Instituição, anexa a folha de pagamento salarial. Ademais, para positivar que os prestadores de serviços não empregados recolhem contribuições pelo teto, anexa uma série de declarações em que resta consignado que o teto contributivo fora alcançado na qualidade de autônomo. Vale o registro de que os documentos foram apresentados à fiscalização, mas foram conculcados. 10.17. Tendo recebido em 26/12/2007 os lançamentos tributários, para promover defesa nos prazos legais, a notificada padeceu de consideráveis dificuldades para esgotar a matéria probatória, motivo pelo qual espera contar com a compreensão dos doutos julgadores para realizar, por conduto de diligência, a colheita de provas não acostadas a tempo, em testemunho e alcance da verdade real. O Relatório da decisão de primeira instância, às fls. 4936, aponta a Solicitação de Diligência Fiscal a fim de que a Fiscalização informasse se os contribuintes individuais contidos nas DIRF eram empregados também da entidade, e já tinham sido descontadas as contribuições previdenciárias: 11. Em 30/09/2008, foi emitido um despacho pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Salvador (DRJ/SDR), fls. 4641/4642, para a fiscalização cotejar os originais das declarações das empresas de que teriam descontado as contribuições Fl. 5219DF CARF MF Impresso em 15/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/11/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 27/11/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 23/12/2014 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 10580.000414/200874 Resolução nº 2403000.277 S2C4T3 Fl. 5.218 26 previdenciárias dos segurados pelo limite do saláriodecontribuição e as folhas de pagamento com as planilhas de contribuintes individuais, fls. 477/514, de modo a observar o limite máximo do saláriode contribuição de cada segurado. Em Resposta à Solicitação de Diligência Fiscal da DRJ, às fls. 4666 a 4667, a Fiscalização informa que a entidade não informou ou apresentou documentos que mostrassem que contribuintes individuais contidos nas DIRF eram empregados também da entidade, e já tinham sido descontadas as contribuições previdenciárias: 12. Em resposta à solicitação da DRJ, esclarece o AuditorFiscal autuante, às fls. 4646/4744, que intimou a entidade através do Termo de Intimação para Apresentação de Documentos — TIAD do dia 24/10/2007 (fls. 383), a apresentar os comprovantes dos contribuintes individuais que continham os valores já descontados de contribuição previdenciária, tendo a entidade apresentado algumas declarações e comprovantes de pagamento de contribuição previdenciária (fls. 515 a 547), referente a contribuintes individuais que lhe prestaram serviços, os quais foram usados para o cálculo do teto previdenciária. Em nenhum momento, durante a fiscalização, a entidade informou ou apresentou documentos que mostrassem que contribuintes individuais contidos nas DIRF eram empregados também da entidade, e já tinham sido descontadas as contribuições previdenciárias. Salienta que a entidade foi intimada a entregar as declarações que continham os descontos já efetuados nos contribuintes individuais, mas limitouse a fornecer apenas algumas declarações de outras entidades. Para a verificação da documentação original das cópias apresentadas na impugnação, foi emitido o Termo de Inicio de Procedimento Fiscal, intimando a fiscalizada a entregar as declarações originais. A entidade só apresentou algumas declarações originais (anexadas as cópias com confere com original, fls. 4648/4743), sendo que a maioria apresentada é cópia, as quais não produzem certeza de sua veracidade. Ou seja, resta se determinar a hipótese dos contribuintes individuais contidos nas DIRFs serem empregados também da entidade e já terem sido descontados das contribuições previdenciárias; (ii) à questão do prólabore indireto dos diretores Em relação ao prólabore indireto dos diretores, o Relatório Fiscal mostra: 4.7 PRO LABORE INDIRETO DOS DIRETORES ( CASA SEDE): 4.7.1. A entidade mantém como residência para sua vicepresidente, Laura Ziller, e sua diretora conselheira, Liliane Rozone, a denominada "casa sede". A qual é uma mansão com vários quartos e piscina, localizada dentro do terreno da MONTE TABOR. Identificamos na contabilidade da entidade, freqüentes pagamentos de despesas de alimentação, energia, água, telefone, segurança, manutenção da piscina, e outras despesas referentes a manutenção da casa sede. Fl. 5220DF CARF MF Impresso em 15/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/11/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 27/11/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 23/12/2014 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 10580.000414/200874 Resolução nº 2403000.277 S2C4T3 Fl. 5.219 27 Solicitamos através do TIAD do dia 08/10/2007, uma planilha do centro de custo mensal da casa sede, em anexo, a qual demonstra o montante mensal de gasto com a "casa sede". Observamos que a despesa em 1998 superou a 184 mil reais e em 2006 foi em torno de 286 mil reais. Essas despesas englobam, dentre outras, gastos com energia, água, telefone, gas, piscina e alimentação. É bom salientar, que no montante das despesas mensais da "casa sede" pagas pela entidade, contidas na planilha de custo fornecida pela fiscalizada, não está inclusa a despesa referente ao aluguel da casa sede, paga pelo Monte Tabor. Sabese que pelo porte da casa sede, o valor desse aluguel, elevaria em muito, o valor do custo mensal fornecido pela fiscalizada 4.7.2 Solicitamos a entidade através do TIAD de 08/10/2007, a relação de moradores da referida casa sede, que na tentativa de camuflar o fato explicito de conceder benefícios aos seus diretores, tenta justificar em seu relatório de moradores da casa em anexo, que a finalidade desta é de acolher técnicos, pesquisadores e encontro de reuniões. Porém, não olvidamos que a par desta finalidade, ou de qualquer outra, temos o seguinte fato: a casa é utilizada, desde seus primórdios, para residência de seus diretores e com todas suas despesas de manutenção, alimentos e inclusive o aluguel, custeadas pela entidade beneficente Monte Tabor, restando assim claramente configuradas remuneração, vantagens e benefícios a diretores. Das pessoas listadas, conforme atas da assembléia geral em anexo, consta na lista a assistente social Sra. Laura Ziller e a médica Liliana Rozoni, que são a vicepresidente desde da fundação e a diretora da Monte Tabor desde 08/2003, respectivamente. Assim, chamamos a atenção, com relação aos seus diretores, que estes usufruem a casa como moradores (fato declarado pela Entidade e asseverado pelos tipos e montante das despesas correntes mensais) e não como eventuais hóspedes que participam de esporádicos cursos ou reuniões. 4.7.3 0 valor mensal, contido na planilha de custo da casa sede, foi considerado prólabore indireto fornecido pela entidade aos diretores moradores da case sede, e por tanto, incidente de contribuição previdenciária. Por outro lado, em relação ao prólabore indireto dos diretores a Recorrente, tanto em sede de Impugnação quanto em sede de Recurso Voluntário, aduz que: 10.19. No que se refere ao prólabore indireto dos diretores, verificase que as administradoras são integrantes de um grupo religioso, católico, denominado "Sigili", consagrados que são A. obra da saúde e educação e que fizeram votos de dedicação integral ao ideal da obra, bem como votos de pobreza e castidade, tendo o grupo o reconhecimento da Cúria da Igreja Católica. Não recebem salário da instituição, nem possuem com esta contrato de trabalho formal. Os gastos com manutenção da casa sede informados à fiscalização pela Instituição não representam vantagens indiretas. Fl. 5221DF CARF MF Impresso em 15/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/11/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 27/11/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 23/12/2014 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 10580.000414/200874 Resolução nº 2403000.277 S2C4T3 Fl. 5.220 28 10.20. A casa sede não se presta exclusivamente, ou teria sido criada, à residência das administradoras, mas faz parte do complexo hospitalar Sao Rafael, sendo casa de apoio para a estada de cientistas, estudantes de medicina, de assistência social e médicos — via de regra Italianos , e das suas administradoras. Destaca, por amostragem de alguns anos, nomes de residentes, devendo serem ouvidos como testemunhas do juizo administrativo, através de audiência para o fim. 10.21. Os gastos com a casa sede retratam com fidelidade as espartanas despesas estritamente necessárias para o cumprimento do seu escopo e o de conservação do imóvel, razões pelas quais não se pode considerar tal rubrica como sendo remuneração indireta As duas dirigentes e executivas que nela residem, tendo natureza indenizatória, haja vista que a moradia das administradoras não se dá pelo trabalho (natureza salarial), mas para o trabalho (natureza indenizatória), pois o fato de residirem a metros do hospital representa uma vantagem considerável em beneficio da condução da obra. 10.22. A própria Lei n° 8.212, de 1991, em seu art. 28, §9°, alínea 'in', exclui da base de cálculo a habitação concedida a empregado por empregador em local distante de sua residência, reconhecendo a na natureza indenizatória da despesa. 10.23. Em qualquer circunstância, mesmo que se considere ostentar a habitação natureza remuneratória, ainda assim não se poderia integrar o saláriodecontribuição, posto que se afirmaria como remuneração de administrador, o que seria inconstitucional, eis que a relação jurídica mantida com os administradores não resulta de contrato de trabalho, não se podendo considerar o pagamento feito a estes como salário. Tal entendimento resultou na exclusão das expressões "empresários e autônomos" constantes do art. 22, I, da Lei n° 8.212, de 1991, que ganhou nova redação conferida pela Lei n° 9.876, de 1991, tudo com o fito de retirar a remuneração dos administradores da incidência da contribuição previdenciária. A pretensão de exigir contribuição previdenciária sobre supostos pagamentos feitos a administradores se ressente de previsão legal, afrontando o principio da estrita legalidade tributária ou da tipicidade cerrada. 10.24. Ainda que remuneração se tratasse e ainda que não fosse suposta remuneração a diretores e administradores, cumpriria que a fiscalização cobrasse apenas sobre as despesas pessoais das referidas administradoras, e não tomasse o valor total dos custos da casa como base de cálculo, quando é sabido que lá habitam, ainda que temporariamente, muitas outras pessoas. Assim, o cálculo correto para tal fim seria encontrar o número médio de habitantes da casa por ano e dividir o total das despesas por este número para, afinal, multiplicar por dois, e jamais se adotar o valor total das despesas, circunstância que recomenda a realização de perícia contábil. 10.25. Em nenhum momento a Instituição negouse a apresentar os documentos solicitados pela fiscalização. Muito ao contrário, os muitos documentos apresentados não foram considerados nas conclusões, inexplicavelmente, não tendo a mesma nada a ocultar. Fl. 5222DF CARF MF Impresso em 15/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/11/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 27/11/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 23/12/2014 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 10580.000414/200874 Resolução nº 2403000.277 S2C4T3 Fl. 5.221 29 Essa desconsideração implicou em cerceamento do direito à ampla defesa, mesmo implicar bastas vezes, no surgimento de faltas inexistentes que demandariam da impugnante produção de prova negativa para invalidálas, o que se apresenta inaceitável. 10.26. Através do exame dos livros contábeis é possível verificar que todas as alegações da fiscalização foram baseadas em meras suposições, o que é vedado pelos princípios que regem a Administração Pública, e impõe a anulação do procedimento administrativo. Ou seja, resta a questão do prólabore indireto dos diretores, com a necessidade de se individualizar os montantes gastos pela Recorrente em relação às despesas pessoais na denominada "casa sede" das administradoras Laura Ziller e Liliana Ronzoni; (iii) Códigos de Levantamento relacionados ao fornecimento de alimentação sem inscrição no PAT. Em relação aos Códigos de Levantamento relacionados ao fornecimento de alimentação sem inscrição no PAT, o Relatório Fiscal mostra: VALE REFEIÇÃO/ALIMENTAÇÃO: 4.2.1 A MONTE TABOR nunca esteve inscrita no PAT — Programa de Alimentação do Trabalhador, desatendendo a exigência prevista no artigo 28, parágrafo 9°, "c", da Lei no 8.212, de 1991. A entidade foi intimada a apresentar os comprovantes de inscrição no Plano de Alimentação do Trabalhador — PAT, conforme TIAF do dia 08/10/2007, mas a empresa informou a através de uma declaração por escrito, conforme documento em anexo, que nunca aderiu ao PAT. Também, em consulta ao site do Ministério do Trabalho, foram confirmados os fatos acima citados, ratificando o fato da empresa nunca foi inscrita no Programa de Alimentação do Trabalhador. Não sendo a empresa inscrita no PAT, os valores gastos a titulo de • alimentação devem ser considerados base de cálculo da contribuição previdenciária, conforme se aduz do art. 753, da Instrução Normativa 03/05, do INSS: Art. 753. Não integra a remuneração, a parcela in natura, sob forma de utilidade alimentação, fornecida pela empresa regularmente inscrita no PAT aos trabalhadores por ela diretamente contratados, de conformidade com os requisitos estabelecidos pelo serviço gestor competente. 4.2.2 A MONTE TABOR concede a alimentação aos funcionários alocados na sede do hospital através de um refeitório localizado nas suas dependências. Os funcionários alocados fora da sede recebem a alimentação através de vale refeição ou contratos com restaurantes terceirizados. 4.2.3 Para apuração de parte dessa base de cálculo, referente aos funcionários alocados na sede do hospital, foi usado as planilhas do centro de custo mensal da alimentação dos funcionários, já que na contabilidade não possuía uma conta especifica para lançar a Fl. 5223DF CARF MF Impresso em 15/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/11/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 27/11/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 23/12/2014 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 10580.000414/200874 Resolução nº 2403000.277 S2C4T3 Fl. 5.222 30 alimentação gasta com os funcionários. Essa planilhas foram solicitadas através do TIAD de 18/10/2007, em anexo, e fornecido a essa fiscalização. Cabe ressaltar, que a entidade só forneceu a essa fiscalização as planilhas do centro de custo mensal da alimentação dos empregados alocados na sede do hospital do período de 01/2002 a 12/2006. Foi emitido TIADs específicos no dia 20/11/2007 e 28/11/2007, para que a fiscalizada fornecesse o centro de custo da alimentação dos empregados alocados na sede do hospital do período de 01/1997 a 12/2001. Mas a empresa informou que não teria como atender tais pedidos da fiscalização, pois não possuía tais informações. Por desatender a esses pedidos da fiscalização foi lavrado um Auto de Infração de n° 37.056.9156. Do valor mensal do custo da alimentação dos funcionários alocados na sede do hospital, contido na planilha fornecida a esta fiscalização, foi abatido o desconto da alimentação dos empregados. A rubrica usada para efetuar o desconto da alimentação dos empregados é a Utilidade A — 2010, conforme declaração por escrito, em anexo, fornecido pela entidade. A planilha usada para se chegar a base de cálculo de contribuição previdenciária está em anexo a esse relatório. 4.2.4 Para apuração da base de cálculo referente aos funcionários alocados fora da sede do hospital, foi emitido um TIAD no dia 20/11/2007 para que empresa fornecesse uma planilha contendo o centro de custo mensal da alimentação dos empregados alocados fora da sede do hospital. Devido ao fato de a empresa não atender a intimação anterior, foi emitido novo TIAD em 28/11/2007, solicitando novamente o centro de custo mensal da alimentação dos empregados alocados fora da sede do hospital. A entidade s6 forneceu a essa fiscalização o custo anual da alimentação dos empregados alocados fora da sede do hospital referente ao ano de 2006, em anexo. A empresa informou que não teria como atender ao pedido da fiscalização referente aos demais anos, pois não possuía tais informações. Por desatender a esses pedidos da fiscalização foi lavrado um Auto de Infração de n° 37.056.9156. Do valor anual do custo da alimentação dos funcionários alocados fora sede do hospital, entregue a essa fiscalização, foi feito a media mensal desse custo, e foi abatido o desconto da alimentação dos empregados. A rubrica usada para efetuar o desconto da alimentação dos empregados é a Utilidade A — 2010, conforme declaração por escrito, em anexo, fornecido pela entidade. A planilha usada para se chegar a base de cálculo de contribuição previdenciária está em anexo a esse relatório. Por outro lado, em relação Códigos de Levantamento relacionados ao fornecimento de alimentação sem inscrição no PAT a Recorrente, tanto em sede de Impugnação quanto em sede de Recurso Voluntário, aduz que: 10.7. Cumpre registrar que a alimentação não poderia ser considerada como saláriodecontribuição, por não representar uma remuneração indireta, já que os empregados pagam pela alimentação, ainda que parcialmente, através de desconto realizado. Colaciona jurisprudência e doutrina. 10.8. A alimentação fornecida ao empregado que se prolonga no serviço, indiscriminadamente considerada pela Notificação, por ter Fl. 5224DF CARF MF Impresso em 15/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/11/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 27/11/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 23/12/2014 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 10580.000414/200874 Resolução nº 2403000.277 S2C4T3 Fl. 5.223 31 natureza indenizatória jamais poderia ostentar como saláriode contribuição. Colaciona jurisprudência. 10.9. A Lei n° 8.21 , de 1991, em seu art. 28, § 9°, alínea 's', estabeleceu que o auxíliocreche não estaria incluído no salário de contribuição, desde que pago de acordo com a legislação trabalhista. A convenção coletiva, autorizada pela própria Lei, subscrita pela Notificada, não exige a comprovação das despesas com creche, limitandose a exigir a apresentação da certidão de nascimento. A exigência da comprovação da despesa é restritiva de direitos dos empregados e não foi recepcionada pela Constituição, nem tampouco pela Emenda Constitucional n° 53, de 19 de dezembro de 2006, que estabelece serem direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social, a assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e préescolas. 10.10. A natureza jurídica do instituto do reembolso creche é indenizatória, dai não poder sustentar natureza salarial, o que contrariaria o art. 7°, XXV, da Constituição. Ou seja, resta a questão dos Códigos de Levantamento relacionados ao fornecimento de alimentação sem inscrição no PAT, para se determinar qual o tipo de alimentação fornecida, se "in natura" ou por valerefeição ou em pecúnia, com vistas à aplicação do Ato Declaratório PGFN nº 03/2011 DA NECESSIDADE DE DILIGÊNCIA FISCAL Desta forma, considerandose os princípios da celeridade, efetividade e segurança jurídica, surge a necessidade de se verificar no conjunto de provas documentais apresentadas pela Recorrente em sede de Impugnação e em sede de Recurso Voluntário os elementos fáticos que suportaram a autuação fiscal e que necessitam de esclarecimentos. CONCLUSÃO CONVERTER o presente processo em DILIGÊNCIA para que a Unidade da Receita Federal do Brasil de jurisdição do Recorrente informe, considerandose o conjunto de provas documentais acostadas aos autos: (i) se os contribuintes individuais contidos nas DIRFs, que serviram de base para a presente autuação fiscal, foram empregados da Recorrente e, nesta hipótese, se foram Fl. 5225DF CARF MF Impresso em 15/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/11/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 27/11/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 23/12/2014 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI Processo nº 10580.000414/200874 Resolução nº 2403000.277 S2C4T3 Fl. 5.224 32 consideradas na autuação fiscal as contribuições previdenciárias descontadas como segurados empregados; (ii) a identificação dos contribuintes individuais que também são considerados segurados empregados da Recorrente; (iii) em relação aos contribuintes individuais que também são considerados segurados empregados da Recorrente, a especificação dos valores que foram deduzidos a título de contribuição descontada dos segurados empregados; (iv) na questão do Levantamento relacionado ao prólabore indireto dos diretores, a individualização dos montantes gastos pela Recorrente em relação às despesas pessoais na denominada "casa sede" das administradoras Laura Ziller e Liliana Ronzoni; (v) quanto à cada Código de Levantamento relacionado ao fornecimento de alimentação sem inscrição no PAT, qual o tipo de alimentação fornecida, se "in natura" ou por valerefeição ou em pecúnia, com vistas à aplicação do Ato Declaratório PGFN nº 03/2011. (vi) bem como se há processo judicial na qual a Recorrente seja parte, por qualquer modalidade processual, com o mesmo objeto do presente processo administrativo tributário. É como voto. Paulo Maurício Pinheiro Monteiro Fl. 5226DF CARF MF Impresso em 15/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/11/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente e m 27/11/2014 por PAULO MAURICIO PINHEIRO MONTEIRO, Assinado digitalmente em 23/12/2014 por CARLOS AL BERTO MEES STRINGARI
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Numero do processo: 15504.019137/2010-14
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 11 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Jan 05 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/03/2006 a 31/12/2008
COFINS. BASE DE CÁLCULO. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS.
A base de cálculo da COFINS em relação a instituições financeiras, em virtude de sua atividade, é obtida pela aplicação do disposto nos arts. 2o e 3o, caput da Lei no 9.718/1998, aplicadas as exclusões e deduções gerais e específicas previstas nos §§ 5o e 6o do referido art. 3o.
MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO. JUROS DE MORA. INCIDÊNCIA. IMPOSSIBILIDADE.
Carece de base legal a incidência de juros de mora sobre multa de lançamento de ofício.
Numero da decisão: 3403-003.375
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado em negar provimento ao recurso de ofício e dar provimento parcial ao recurso voluntário da seguinte forma: 1) por maioria de votos, determinou-se a exclusão da incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício na fase de liquidação administrativa do presente julgado. Vencido o Conselheiro Alexandre Kern; e 2) pelo voto de qualidade, negou-se provimento quanto à exclusão das receitas operacionais da base de cálculo da contribuição. Vencidos os Conselheiros Domingos de Sá Filho, Ivan Allegretti e Luiz Rogério Sawaya Batista, que entenderam que a decisão judicial garante ao contribuinte o direito de recolher a contribuição apenas sobre as receitas da prestação de serviço. O Conselheiro Ivan Allegretti apresentou declaração de voto.
ANTONIO CARLOS ATULIM - Presidente.
ROSALDO TREVISAN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Alexandre Kern, Ivan Allegretti, Luiz Rogério Sawaya Batista e Domingos de Sá Filho.
Nome do relator: Rosaldo Trevisan
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/03/2006 a 31/12/2008 COFINS. BASE DE CÁLCULO. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. A base de cálculo da COFINS em relação a instituições financeiras, em virtude de sua atividade, é obtida pela aplicação do disposto nos arts. 2o e 3o, caput da Lei no 9.718/1998, aplicadas as exclusões e deduções gerais e específicas previstas nos §§ 5o e 6o do referido art. 3o. MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO. JUROS DE MORA. INCIDÊNCIA. IMPOSSIBILIDADE. Carece de base legal a incidência de juros de mora sobre multa de lançamento de ofício.
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FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/03/2006 a 31/12/2008 RETORNO SOBRESTAMENTO. REPERCUSSÃO GERAL. MATÉRIA CONSTITUCIONAL. SÙMULA 2CARF. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Assim, os retornos de sobrestamento sem decisão definitiva do STF (em matérias de reconhecida repercussão geral) devem ser julgados tomando como constitucionais as leis a respeito das quais ainda se aguarda o posicionamento do STF. MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO. JUROS DE MORA. INCIDÊNCIA. IMPOSSIBILIDADE. Carece de base legal a incidência de juros de mora sobre multa de lançamento de ofício. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/07/2006 a 31/12/2008 CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. BASE DE CÁLCULO. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. A base de cálculo da Contribuição para o PIS/PASEP em relação a instituições financeiras, em virtude de sua atividade, é obtida pela aplicação do disposto nos arts. 2o e 3o, caput da Lei no 9.718/1998, aplicadas as exclusões e deduções gerais e específicas previstas nos §§ 5o e 6o do referido art. 3o. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/03/2006 a 31/12/2008 COFINS. BASE DE CÁLCULO. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 50 4. 01 91 37 /2 01 0- 14 Fl. 1448DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 20/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalme nte em 24/11/2014 por IVAN ALLEGRETTI 2 A base de cálculo da COFINS em relação a instituições financeiras, em virtude de sua atividade, é obtida pela aplicação do disposto nos arts. 2o e 3o, caput da Lei no 9.718/1998, aplicadas as exclusões e deduções gerais e específicas previstas nos §§ 5o e 6o do referido art. 3o. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado em negar provimento ao recurso de ofício e dar provimento parcial ao recurso voluntário da seguinte forma: 1) por maioria de votos, determinouse a exclusão da incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício na fase de liquidação administrativa do presente julgado. Vencido o Conselheiro Alexandre Kern; e 2) pelo voto de qualidade, negouse provimento quanto à exclusão das receitas operacionais da base de cálculo da contribuição. Vencidos os Conselheiros Domingos de Sá Filho, Ivan Allegretti e Luiz Rogério Sawaya Batista, que entenderam que a decisão judicial garante ao contribuinte o direito de recolher a contribuição apenas sobre as receitas da prestação de serviço. O Conselheiro Ivan Allegretti apresentou declaração de voto. ANTONIO CARLOS ATULIM Presidente. ROSALDO TREVISAN Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Alexandre Kern, Ivan Allegretti, Luiz Rogério Sawaya Batista e Domingos de Sá Filho. Relatório Versa o presente sobre autos de infração, lavrados em 04/11/2010 (fls. 5 a 18, com ciência em 11/11/2010 fls. 6)1 e 11/11/2010 (fls. 19 a 31, com ciência em 11/11/2010 fls. 20) para exigência, respectivamente, de COFINS (de março de 2006 a dezembro de 2008, acrescida de juros de mora e multa de 75%, no total de R$ 16.019.136,79) e Contribuição para o PIS/PASEP (de julho de 2006 a dezembro de 2008, acrescida de juros de mora e multa de 75%, no total de R$ 2.324.555,25). Ambas as contribuições são exigidas na sistemática da cumulatividade, em função do disposto no art. 10, I da Lei no 10.833/2003, com a alíquota de 4%, conforme art. 18 da Lei no 10.684/2003. No Termo de Verificação Fiscal (TVF) de fls. 32 a 38, narra a fiscalização que: (a) a instituição financeira, por meio do mandado de segurança preventivo no 1999.38.00.0160259, objetivou que o fisco se abstivesse de exigir a COFINS nos termos definidos pela Medida Provisória no 1.724/1998 e pela Lei no 9.718/1998, sobre a receita bruta (ao invés do faturamento); (b) a mesma instituição, por meio do mandado de segurança 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 1449DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 20/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalme nte em 24/11/2014 por IVAN ALLEGRETTI Processo nº 15504.019137/201014 Acórdão n.º 3403003.375 S3C4T3 Fl. 1.449 3 preventivo no 2006.38.00.0049780 buscou autorização judicial para que a fiscalização se abstivesse de exigir a Contribuição para o PIS/PASEP nos termos do § 1o do art. 3o da Lei no 9.718/1998, declarado inconstitucional pelo STF; (c) a primeira ação transitou em julgado, e a segunda ainda se encontrava pendente de apreciação no TRF da 1a Região; (d) a RFB efetuou consulta à PGFN (por meio da Nota Técnica COSIT/SRF no 21, de 28/08/2006) sobre a natureza jurídica das receitas decorrentes das atividades do setor financeiro e de seguros, à luz da decisão do STF, tendo como resposta (Parecer PGFN/CAT no 2.773/2007) que para ambas as contribuições a declaração de inconstitucionalidade não afetou a tributação das instituições financeiras e seguradoras, que continua sendo a receita bruta da pessoa jurídica, com as exclusões previstas nos §§ 5o e 6o, sem abarcar as receitas não operacionais, ou seja, nos moldes do art. 2o da Lei Complementar no 70/1991, considerandose, no caso de instituições financeiras, receitas de serviços as receitas advindas da cobrança de tarifas (serviços bancários) e das operações bancárias (intermediação financeira); (e) a partir do Acordo Geral sobre Comércio de Serviços (GATS), mais especificamente do item 5 do Anexo sobre Serviços Financeiros, e da definição constante do § 2o do art. 3o da Lei no 8.078/1990 (Código de Defesa do Consumidor), concluise que a atividade bancária é composta por serviços que são disponibilizados aos clientes, entre os quais a intermediação financeira; (f) devem ser excluídas da base de cálculo das contribuições as receitas não operacionais previstas no Plano Contábil das Instituições do Sistema Financeiro Nacional (COSIF), tais como rendas de aluguel; (g) sendo a base de cálculo a “receita bruta da pessoa jurídica”, não está acobertado o entendimento da empresa pelas ações impetradas; e (h) diante de tais fatos, foi elaborada planilha com base na documentação disponibilizada pela empresa (especialmente os Livros Razão), para exigência das diferenças advindas de receitas operacionais. A empresa apresenta sua impugnação em 09/12/2010 (fls. 269 a 362), argumentando, em síntese, que: (a) obteve decisão judicial transitada em julgado em 19/12/2005, no mandado de segurança no 1999.38.00.0160259, “acolhendo sua pretensão de excluir da base de cálculo da COFINS todos os ingressos não provenientes da efetiva prestação de serviços, como é o caso das receitas financeiras (denominadas pela fiscalização de ‘receitas da atividade’)”; (b) todas as receitas decorrentes da efetiva prestação de serviços estão registradas no grupo contábil denominado “rendas de prestação de serviços” (conta COSIF 7.1.7.99.003) e foram regularmente tributadas; (c) a PFN e a DRF/Belo Horizonte manifestaramse favoravelmente à metodologia adotada para a base de cálculo da COFINS, decorrente da ação transitada em julgado, depois mudando de posicionamento (em afronta aos princípios da moralidade e da segurança jurídica, e violando o art. 146 do CTN pela aplicação retroativa de novo critério jurídico, introduzido em 29/06/2010, no bojo do processo de cobrança no 10833.000393/201092, e na presente autuação); (d) possui idêntica discussão judicial para a Contribuição para o PIS/PASEP (no mandado de segurança no 2006.38.00.0049780), com sentença de procedência (desonerandoa liminarmente da contribuição em relação às “receitas que aufere das operações de créditos e serviços permitidos pelo Banco Central do Brasil, o que constitui seu objeto social”), aguardando recurso de apelação interposto pela União (com a liminar ainda produzindo efeitos); (e) a RFB aplicou o entendimento expresso no Parecer PGFN/CAT no 2.773/2007 (contendo argumentos que foram afastados pelas decisões judiciais) sem qualquer nova diligência ou intimação específica à instituição, ignorando as discussões judiciais travadas em ambas as ações (e a coisa julgada, em relação à COFINS), e passou a tributar, sem análise detalhada, todos os grupos contábeis classificados como “receitas operacionais”, presumindoos como incluídos na base de cálculo das contribuições; (f) a RFB deveria ter investigado o conteúdo de cada conta contábil integrante dos diversos grupos, apontando os valores que, no seu entender, seriam receitas da atividade da instituição, o que não foi feito; (g) sequer foi observada a metodologia Fl. 1450DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 20/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalme nte em 24/11/2014 por IVAN ALLEGRETTI 4 prevista para apuração na base de cálculo para instituições financeiras da Lei no 9.718/1998 e da IN SRF no 247/2002, não promovendo as deduções pertinentes (v.g. “rendas de participações” e despesas de captação conta COSIF 8.1.1.00.008) e tributando valores que deveriam ter sido excluídos da base de cálculo (v.g. “rendas de títulos e valores mobiliários”); (h) o lançamento é improcedente, por não estar identificada corretamente a matéria tributável (art. 142 do CTN), não tendo o fisco o cuidado de investigar pormenorizadamente a ocorrência do fato gerador, mesmo tendo condições de fazêlo (visto que toda documentação solicitada foi entregue); (i) os valores registrados nos grupos contábeis denominados “rendas de operações de créditos” (com registro dos financiamentos concedidos aos clientes), “rendas de aplicações interfinanceiras de liquidez” (aplicações de recursos próprios da instituição no âmbito da CETIP Balcão Organizado de Ativos e Derivativos), “rendas de títulos e valores mobiliários” (aplicações com recursos próprios da instituição no mercado financeiro), “rendas de participações” (com registro de valores provenientes da variação da participação societária da instituição em empresas coligadas e controladas avaliada pelo método de equivalência patrimonial) e “outras receitas operacionais” (recuperação de créditos baixados como prejuízo, recuperação de encargos e despesas, reversão de provisões, e juros recebidos em razão de pagamento em atraso de financiamentos concedidos) não integram a base de cálculo das contribuições, pois a definição de faturamento encampada pela Constituição corresponde à “receita bruta proveniente da venda de mercadorias e/ou da prestação de serviços, não podendo ser alterada, sob pena de violação ao art. 100 do Código Tributário Nacional”; (j) a definição de serviços financeiros do GATS limitase ao âmbito do próprio acordo, como nele expresso, e a definição do Código de Defesa do Consumidor é restrita às relações de consumo, de modo que não podem ser utilizadas para delimitação de competência tributária; (k) a cobrança de juros e multa em relação à COFINS ofende o parágrafo único do art. 100 do CTN (pois a empresa se pautou pelo entendimento considerado correto pela própria RFB); (l) ainda que se pudesse constituir crédito em relação à Contribuição para o PIS/PASEP, a medida seria exclusivamente para prevenir a decadência, não se podendo lançar a multa de ofício, conforme prevê o art. 63 da Lei no 9.430/1996; e (m) não incidem juros de mora sobre a multa de ofício. Em 28/03/2011 ocorre o julgamento de primeira instância (fls. 390 a 420), no qual se decide unanimemente pela parcial procedência da impugnação, sob os argumentos de que: (a) são distintos os objetos da autuação e dos processos judiciais, não havendo violação da coisa julgada nem concomitância; (b) as instituições financeiras podem efetuar diversas deduções em relação a suas receitas, previstas nos §§ 5o e 6o do art. 3o da Lei no 9.718/1998, e disciplinados pela IN SRF no 247/2002; (c) “em uma instituição financeira, as receitas financeiras decorrem de serviços prestados aos clientes (financiamentos, empréstimos, operações de câmbio na importação ou na exportação, colocação e negociação de títulos e valores mobiliários, aplicações e investimentos, capitalização, seguros, arrendamento mercantil, administração de planos de previdência privada e tantas outras mais) não constituindo mero ganho financeiro como acontece com outras empresas”, sendo, portanto, operacionais, e compondo a base de cálculo das contribuições, conforme explicita a Nota Técnica COSIT no 21, de 28/08/2006; (d) o Código de Defesa do Consumidor aplicase às atividades das instituições financeiras, conforme decidiu o STF na ADIn no 2.5911/DF, e o GATS tem a mesma hierarquia das leis tributárias ordinárias, conforme ADIn no 1.480; (e) não houve violação ao art. 142 do CTN, pois é correto o entendimento de que todas as receitas operacionais devem compor a base de cálculo das contribuições; (f) assiste razão à impugnante quando alega que não foi observada a metodologia específica para apuração da base de cálculo das contribuições, devendo ser excluídos os valores registrados nos grupos contábeis “rendas de participações”, “recuperação de créditos baixados como prejuízo” e “reversão de provisões operacionais” e deduzidos os valores registrados no grupo denominado “despesas de captação” (em função dos valores exonerados R$ 2.058.522,86 / COFINS e R$308.673,45 / Contribuição para o PIS/PASEP apresentou a DRJ recurso de ofício); (g) não se aplica o Fl. 1451DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 20/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalme nte em 24/11/2014 por IVAN ALLEGRETTI Processo nº 15504.019137/201014 Acórdão n.º 3403003.375 S3C4T3 Fl. 1.450 5 disposto no art. 146 do CTN pois não houve verificação da regularidade dos recolhimentos mediante fiscalização, mas meramente manifestações sobre valores depositados judicialmente ou recolhidos durante o trâmite de ação judicial; (h) também não se aplica o parágrafo único do art. 100 do CTN, pois as referidas manifestações não representam norma abstrata e impessoal; (i) não se pode apreciar a questão da aplicação de juros de mora sobre a multa de ofício, visto que não está presente na autuação; e (j) acórdãos de tribunais administrativos não possuem eficácia normativa. Cientificada do acórdão da DRJ em 11/10/2011 (cf. AR à fl. 1091), a empresa apresenta Recurso Voluntário em 03/11/2011 (fls. 1097 a 1196), reiterando as considerações expostas na impugnação, e acrescentando que: (a) nos autos da ação anulatória no 4904046.2011.4.01.3800, proposta pela recorrente para cancelar a exigência fiscal objeto do processo administrativo no 10833.000393/201092, relacionada a débitos de COFINS dos períodos de apuração 05/1999 a 12/2002, 01/2006 e 02/2006, cuja formalização se deu sob a égide do mesmo entendimento aplicado nestes autos, exposto no Parecer PGFN/CAT no 2.773/2007, reconheceuse que houve violação da coisa julgada; (b) o lançamento deve ser cancelado, por violação ao art. 142 do CTN, e não “ajustado ou corrigido”, como fez a DRJ, inovando e aperfeiçoando o lançamento original, mediante critério jurídico não adotado originalmente pela fiscalização; (c) o entendimento da fiscalização, ainda que acolhido eventualmente pelo STF no RE no 609.096/RS, de reconhecida repercussão geral, não deve ser aplicado retroativamente, sob pena de violação dos arts. 5o, XXXVI, e 150, III da CF, c/c art. 146 do CTN; (d) os valores registrados a título de “recuperação de encargos e despesas” são provenientes do ressarcimento de valores adiantados pelo recorrente aos clientes e inicialmente classificados contabilmente como “despesas bancárias”, ou seja, representam recomposições patrimoniais; e (e) os juros recebidos em razão do pagamento em atraso de financiamentos concedidos pelo recorrente representam “receitas financeiras” (e não receitas provenientes da prestação de serviços). Adiciona, por fim, solicitação de sobrestamento do processo até a decisão final no RE no 609.096/RS, em trâmite no STF, com repercussão geral reconhecida, e solicitação de desprovimento do recurso de ofício. O processo foi objeto de julgamento na Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção deste CARF, em 19/07/2012 (Resolução no 3401 000.545, fls. 1433 a 1440), sob a relatoria do Cons. Odassi Guerzoni Filho (que não mais faz parte deste colegiado), tendo sido acordado unanimemente pelo sobrestamento do julgamento tendo em vista a reconhecida repercussão geral no RE no 609.906/RS, e o disposto no art. 62A do Anexo II do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF no 256/2009 (com a redação dada pela Portaria MF no 586/2010), no que se refere à “exigibilidade do PIS e da COFINS sobre as receitas financeiras das instituições financeiras” (Tema no 372). Com o advento da Portaria MF no 545, de 18/11/2013, que revogou os §§ 1o e 2o do art. 62A do Anexo II do Regimento Interno do CARF, o presente processo volta a ser distribuído, para apreciação pelo colegiado, independente da decisão definitiva a ser proferida pelo STF no RE no 606.107/RS. Em 29/11/2013 (fls. 1445 a 1447), a instituição apresenta pedido de desistência parcial do contencioso (irrevogável, e com renúncia às alegações de direito), em função de adesão aos benefícios do art. 39 da Lei no 12.865/2013, liquidando, mediante pagamento à vista, os débitos a título de Contribuição para o PIS/PASEP mantidos pela decisão de primeira instância (R$ 831.712,69 a título de principal), conforme demonstrativo que anexa. Fl. 1452DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 20/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalme nte em 24/11/2014 por IVAN ALLEGRETTI 6 Persiste o contencioso, contudo, em relação à COFINS e aos valores da Contribuição para o PIS/PASEP exonerados pela primeira instância administrativa. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Em função do pedido de desistência parcial apresentado, mister se faz preliminarmente delimitar a lide, na forma em que hoje se encontra. Da delimitação da lide Como relatado, a instituição apresenta, em 29/11/2013 (fls. 1445 a 1447), solicitação de desistência parcial da discussão administrativa, em função de adesão aos benefícios do art. 39 da Lei no 12.865/2013, liquidando, mediante pagamento à vista, os débitos a título de Contribuição para o PIS/PASEP mantidos pela decisão de primeira instância (R$ 831.712,69 a título de principal). Apesar de não haver DARF anexado ao processo, comprovando o pagamento, é eficaz o pedido de desistência (irrevogável, e com renúncia às alegações de direito). Entendo que incumbe à unidade local a verificação do recolhimento e sua imputação aos débitos remanescentes de Contribuição para o PIS/PASEP após a decisão de piso, visto que a desistência implica a manutenção do lançamento com caráter definitivo. O benefício externado no art. 39 da Lei no 12.865/2013 permitia (já com as alterações dadas pela Medida Provisória no 627, de 11/11/2013, que viria a ser convertida na Lei no 12.973/2014), a redução de 100% da multa de ofício e dos juros de mora aplicados. Não é o objeto do presente contencioso perscrutar se a empresa fazia ou não jus a tal benefício, em função do texto dos parágrafos do mesmo artigo 39, que tratam de desistência da ação judicial, do prazo para pagamento, e outros. Como dito, basta ao deslinde do presente processo a informação de que a empresa desiste do contencioso em relação aos débitos lançados a título de Contribuição para o PIS/PASEP, mantidos pela DRJ, e que passam a ser definitivos. Acrescentese que em consulta ao sítio web do TRF da 1a Região, verificase que o Mandado de Segurança em relação à Contribuição para o PIS/PASEP, de no 2006.38.00.0049780 teve julgamento naquele tribunal em 18/10/2013, sendo acolhida unanimemente pela Turma a apelação da União. O acórdão foi publicado em Diário Oficial (e DJF1) no dia 04/11/2013. Persiste, assim, o contencioso tão somente em relação aos débitos de COFINS e ao Recurso de Ofício (referente a ambas as contribuições). Fl. 1453DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 20/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalme nte em 24/11/2014 por IVAN ALLEGRETTI Processo nº 15504.019137/201014 Acórdão n.º 3403003.375 S3C4T3 Fl. 1.451 7 Por mais que a instituição tenha alegado expressamente “renunciar às alegações de direito sobre as quais se fundam a defesa administrativa e o recurso voluntário, especificamente em relação aos débitos a título de PIS mantidos pela decisão administrativa de primeira instância”(fl. 1447), é preciso destacar que (mesmo que haja inconsistência lógica ou esforço lógico irrazoável) não está a instituição desistindo das alegações em relação à COFINS, ainda que em sua maior parte idênticas às utilizadas em relação à Contribuição para o PIS/PASEP, visto haver identidade de base de cálculo entre as contribuições. Passase, assim, à análise das matérias contenciosas em relação à COFINS, tratandose ao final do voto da matéria afeta ao Recurso de Ofício. Da decisão judicial em relação à COFINS Verificandose os autos do mandado de segurança no 1999.38.00.0160259, percebese que a petição inicial (27/04/1999 fls. 122 a 154) objetiva basicamente “que a autoridade Impetrada se abstenha de praticar quaisquer atos com o escopo de exigir a contribuição social COFINS, nos termos definidos pela Medida Provisória 1.724 de 29/10/98 e pela Lei 9.718/98 que a convalidou, vale dizer, com alíquota majorada e incidindo sobre a receita bruta da empresa e não sobre seu faturamento como antes”, solicitando liminar para efetuar “depósitos em juízo dos acréscimos resultantes do aumento da alíquota e da modificação da base de cálculo da COFINS tratados na Lei 9.718/98” até a decisão definitiva da ação. O que demanda a instituição em sua peça inicial, assim, é a aplicação da legislação anterior à Lei no 9.718/1998, ou seja, a adoção do conceito de faturamento como “receita bruta de venda de mercadorias de mercadorias e serviços, e de serviço de qualquer natureza” (conforme Lei Complementar no 70/1991 e DecretoLei no 2.397/1987), não havendo qualquer menção na inicial à discriminação dos serviços prestados pela instituição, ou sobre o conceito específico de receita financeira de instituições financeiras. Em suma, tal matéria (que é a ensejadora da autuação) não foi submetida ao Poder Judiciário. As informações prestadas pela RFB na ação judicial (fls. 155 a 160) dão conta de que a autoridade impetrada sustentava que não só as receitas de venda de mercadorias de mercadorias e serviços, e de serviço de qualquer natureza seriam objeto de tributação pela COFINS, mas também as receitas obtidas em aplicações financeiras. Na sentença de fls. 161 a 166, proferida em 12/08/1999, também sequer se adentra nas peculiaridades da atividade da instituição, e se decide, na linha do que vem decidindo o STF, que o conceito de faturamento é o da Lei Complementar no 70/1991, cabendo transcrever a parte dispositiva: Por tais fundamentos, CONCEDO EM PARTE A SEGURANÇA para desobrigar a Impetrante do recolhimento dos créditos tributários resultantes da ampliação da base de cálculo e do aumento de alíquota da COFINS, perpetradas pela Lei no 9.718/98, declarando o direito à compensação dos valores recolhidos a maior, na vigência da referida Lei, com parcelas vincendas dos tributos federais administrados pela Secretaria da Receita Federal, nos termos do art. 1 do Decreto no 2.138/1997. Fl. 1454DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 20/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalme nte em 24/11/2014 por IVAN ALLEGRETTI 8 No âmbito do TRF da 1a Região Fiscal, deuse provimento à apelação da União, reformando a sentença (fls. 167 a 170). Agravada a decisão (fls. 171 a 179), o Supremo Tribunal Federal decidiu, em 16/11/2005 (AI no 428.8951 fls. 180 a 182), dar provimento ao agravo, convertendoo em recurso extraordinário, concedendo parcial provimento a este “para afastar a aplicação do § 1o do art. 3o da Lei no 9.718, de 1998”, tendo a decisão trânsito em julgado em 14/12/2005 (fl. 183). É cristalino que não há vestígio, na ação judicial, da matéria discutida na autuação. Recordese que o Auto de Infração não objetiva insistir na tese (definitivamente afastada judicialmente) de que as receitas financeiras figurariam, ao lado das receitas de vendas de mercadorias e de serviços, na base de cálculo da COFINS. A autuação discute, sim, quais são as receitas de venda de mercadorias e serviços de uma instituição financeira, matéria sequer ventilada no processo judicial. Não há, assim, qualquer prejuízo à coisa julgada no conteúdo da autuação. E não há também identidade de objeto entre o processo administrativo e o judicial, não havendo que se falar em suspensão da exigibilidade do crédito constante naquele em função deste. E a menção no recurso voluntário à existência de ação anulatória de autuação diversa (com parcial transcrição de uma decisão judicial) não configura instrumento hábil a qualquer conclusão em relação à matéria. Percebese que, ao contrário do que afirma a instituição, a fiscalização não contrariou o entendimento expresso na decisão judicial, mas aplicouo ao caso, sanando junto à PGFN dúvida sobre o que seriam as receitas com venda de mercadorias / prestação de serviços, chegando à conclusão, após a resposta, de que seriam incluídas na base de cálculo da COFINS todas as receitas operacionais da instituição, lavrando a autuação. Das manifestações das autoridades fazendárias em relação ao processo judicial Já de início, é de se afastar a argumentação da instituição recorrente de que a Fazenda concordou com a decisão judicial por deixar transcorrer in albis o prazo para apresentação de embargos, agravo regimental, ou interposição de ação rescisória. Vejase, como já exposto, que não se discute aqui o mérito da decisão judicial, mas seu cumprimento, esclarecendose o que é receita com venda de mercadorias / prestação de serviços para uma instituição financeira. Incabível falarse, então, em ação rescisória para (re)discussão da matéria, visto que o tema agora em discussão é outro. A instituição recorrente sustenta ainda que a PFN e a DRF/Belo Horizonte manifestaramse favoravelmente à metodologia adotada para a base de cálculo da COFINS, decorrente da ação transitada em julgado, depois mudando de posicionamento (em afronta aos princípios da moralidade e da segurança jurídica, e violando o art. 146 do CTN pela aplicação retroativa de novo critério jurídico, introduzido em 29/06/2010, no bojo do processo de cobrança no 10833.000393/201092, e na presente autuação). Às fls. 185 a 187, há um memorando do chefe da SECAT da DRF/Belo Horizonte, datado de 13/07/2006, com expressa referência à ação judicial sobre a COFINS (mandado de segurança no 1999.38.00.0160259), afirmando, em relação aos pagamentos da contribuição durante o trâmite da ação, que “estão em conformidade com a decisão judicial Fl. 1455DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 20/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalme nte em 24/11/2014 por IVAN ALLEGRETTI Processo nº 15504.019137/201014 Acórdão n.º 3403003.375 S3C4T3 Fl. 1.452 9 favorável ao contribuinte”. No expediente de fl. 189, referente ao processo administrativo de acompanhamento do mandado de segurança, informase, em 18/07/2008, que “após a análise, constatouse que o contribuinte tem depósitos no montante integral, na referida ação judicial” e “quando do levantamento não houve oposição da PFN/MG”. É preciso destacar, contudo, que a matéria discutida na autuação também não se faz presente nas citadas manifestações. Vejase que o objeto das manifestações não era uma ação fiscal para apurar a regularidade do recolhimento da COFINS, mas tão somente uma checagem de recolhimentos em relação ao indicado em ação judicial (e tudo em relação a pagamentos efetuados até 2005). Não há, assim, a alegada “modificação nos critérios jurídicos adotados pela autoridade administrativa no exercício do lançamento” (art. 146 do CTN). Os créditos discutidos no presente processo são de período posterior, não externando as manifestações constantes dos memorandos (documentos internos) o entendimento jurídico da fiscalização sobre a matéria (que, mais uma vez, destaquese, não é a discutida na autuação). Improcedentes, então, as alegações expostas no recurso voluntário em relação a este tópico. Da metodologia adotada pela fiscalização para determinação das bases de cálculo A instituição recorrente afirma que a RFB deveria ter investigado o conteúdo de cada conta contábil integrante dos diversos grupos, apontando os valores que, no seu entender, seriam receitas da atividade da instituição, o que não foi feito, e que sequer foi observada a metodologia prevista para apuração na base de cálculo para instituições financeiras da Lei no 9.718/1998 e da IN SRF no 247/2002, não se promovendo as deduções pertinentes (v.g. “rendas de participações” e despesas de captação conta COSIF 8.1.1.00.008) e tributandose valores que deveriam ter sido excluídos da base de cálculo (v.g. “rendas de títulos e valores mobiliários”). Assim, o lançamento é improcedente, por não estar identificada corretamente a matéria tributável (art. 142 do CTN), não tendo o fisco o cuidado de investigar pormenorizadamente a ocorrência do fato gerador, mesmo tendo condições de fazêlo (visto que toda documentação solicitada foi entregue). É preciso recordar, de início, que a fiscalização, objetivando o cumprimento da decisão judicial no caso concreto, demandou esclarecimentos à PGFN sobre o que constituiria receita de venda de mercadorias / prestação de serviços, e, a partir da resposta, concluiu serem faturamento todas as “receitas operacionais” da empresa, lavrando a autuação. Não parece, no momento da lavratura da autuação, que o fisco tivesse dúvida em relação à matéria tributável, a demandar aprofundamento da fiscalização. Não se vê, então, como acolher a argumentação expressa no recurso voluntário de que deve ser cancelado o auto de infração por não estar determinada a matéria tributável (art. 142 do CTN). A matéria tributável estava determinada, ainda que se revelasse durante o contencioso parcialmente equivocado o entendimento do fisco (o que ocorreu nestes autos) de que todas as receitas escrituradas como operacionais deveriam ser incluídas na base de cálculo da COFINS. Fl. 1456DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 20/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalme nte em 24/11/2014 por IVAN ALLEGRETTI 10 E, havendo incorreção na autuação (que, destaquese, não se encontra entre os casos de nulidade expressos no Decreto no 70.235/1972), e sendo tal incorreção detectada em fase posterior do contencioso (de ofício ou em decorrência de manifestação da autuada), perfeitamente cabível a exclusão do lançamento do montante indevidamente exigido. Foi o que ocorreu, por exemplo, quando a DRJ afastou os montantes indevidos em função de dedução legalmente prevista dos valores registrados no grupo denominado “despesas de captação”. Improcedente, nessa linha, a argumentação da instituição recorrente de que a DRJ deveria cancelar o lançamento, ao invés de ajustálo ou corrigilo. Ou de que aperfeiçoou o lançamento, inovando. O que fez a DRJ, por óbvio, foi cancelar parcialmente o lançamento, naqueles tópicos em que o entendeu indevido. Por certo que o entendimento do julgador foi diferente do entendimento do autuante. E é salutar ao contraditório e ao devido processo que tal situação possa existir. A mudança de entendimento não é sobre o enquadramento ou a fundamentação da autuação, mas sobre a quantificação, e em favor do autuado. Tendo o julgador de piso o entendimento de que algumas das rubricas incluídas pelo fisco na base de cálculo da COFINS eram indevidas, por certo que pode excluí las do lançamento (como o fez), sem que isso prejudique a autuação toda. Entender de forma diversa parece tornar impossível a existência de procedência parcial no processo administrativo. Também nesse tópico, então, são improcedentes as alegações aventadas em sede de recurso voluntário. Do sobrestamento em função do RE no 609.096/RS A instituição recorrente solicita ainda o sobrestamento do processo até a decisão final no RE no 609.096/RS, em trâmite no STF, com repercussão geral reconhecida. Tal argumento parece seguir caminho diverso de outro, constante no mesmo recurso voluntário, no sentido de que o entendimento da fiscalização, ainda que acolhido eventualmente pelo STF no RE no 609.096/RS, de reconhecida repercussão geral, não deve ser aplicado retroativamente, sob pena de violação dos arts. 5o, XXXVI, e 150, III da CF, c/c art. 146 do CTN. Se não deve haver aplicação retroativa, seria inócuo o sobrestamento. De qualquer sorte, foi pelo sobrestamento o posicionamento inicial deste colegiado, só revertido em função da revogação dos §§ 1o e 2o do art. 62A do Anexo II do Regimento Interno do CARF pela Portaria MF no 545, de 18/11/2013. A matéria objeto do RE no 609.096/RS, que tramita no STF, tendo sido reconhecida unanimemente a Repercussão Geral do tema (no 372) por aquela corte em 04/03/2011 (DJe de 02/05/2011) é a seguinte: a) Exigibilidade do PIS e da COFINS sobre as receitas financeiras das instituições financeiras; b) Exigência de reserva de plenário para as situações em que se afasta a incidência do disposto no art. 3o, §§ 5o e 6o, da Lei no 9.718/1998. Fl. 1457DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 20/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalme nte em 24/11/2014 por IVAN ALLEGRETTI Processo nº 15504.019137/201014 Acórdão n.º 3403003.375 S3C4T3 Fl. 1.453 11 E não há ainda manifestação definitiva do STF sobre a matéria, existindo tão somente o reconhecimento da repercussão geral da questão, e a manifestação em outro RE (no 400.4798/RJ), que o próprio STF entendeu como similar ao aqui analisado. Cabível, destarte, a imediata análise da questão por este tribunal administrativo. É de se destacar, contudo, o teor da Súmula 2 deste CARF (que comunga com o teor do art. 26A do Decreto no 70.235/1972): “Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.” Assim, a matéria em apreciação pelo STF, de repercussão geral e trato constitucional reconhecidos, será analisada por este tribunal administrativo sem que seja possível o entendimento pela inconstitucionalidade de lei tributária. O silogismo é inevitável: se o STF reconhece a repercussão geral, por óbvio que há discussão sobre constitucionalidade. E se há discussão sobre constitucionalidade, o CARF é incompetente para manifestarse negativamente, devendo acolher todas as leis tributárias como constitucionais. E, como não há mais a possibilidade de sobrestamento, o CARF deve julgar a matéria, sempre considerando as leis (cuja constitucionalidade o STF está a apreciar) como constitucionais. Da base de cálculo da COFINS para instituições financeiras Neste tópico passa a se discutir a matéria sobre a qual ainda pende decisão da Suprema Corte. A instituição recorrente afirma que todas as receitas decorrentes da efetiva prestação de serviços estão registradas no grupo contábil denominado “rendas de prestação de serviços” (conta COSIF 7.1.7.99.003) e foram regularmente tributadas, informando que os valores registrados nos grupos contábeis denominados “rendas de operações de créditos” (com registro dos financiamentos concedidos aos clientes), “rendas de aplicações interfinanceiras de liquidez” (aplicações de recursos próprios da instituição no âmbito da CETIP Balcão Organizado de Ativos e Derivativos), “rendas de títulos e valores mobiliários” (aplicações com recursos próprios da instituição no mercado financeiro), “rendas de participações” (com registro de valores provenientes da variação da participação societária da instituição em empresas coligadas e controladas avaliada pelo método de equivalência patrimonial) e “outras receitas operacionais” (recuperação de créditos baixados como prejuízo, recuperação de encargos e despesas, reversão de provisões, e juros recebidos em razão de pagamento em atraso de financiamentos concedidos) não integram a base de cálculo das contribuições, pois a definição de faturamento encampada pela Constituição corresponde à “receita bruta proveniente da venda de mercadorias e/ou da prestação de serviços, não podendo ser alterada, sob pena de violação ao art. 100 do Código Tributário Nacional”. Afirma ainda que a definição de serviços financeiros do GATS limitase ao âmbito do próprio acordo, como nele expresso, e que a definição do Código de Defesa do Consumidor é restrita às relações de consumo, de modo que não podem ser utilizadas para delimitação de competência tributária. Fl. 1458DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 20/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalme nte em 24/11/2014 por IVAN ALLEGRETTI 12 E acrescenta, no recurso voluntário, que os valores registrados a título de “recuperação de encargos e despesas” são provenientes do ressarcimento de valores adiantados pelo recorrente aos clientes e inicialmente classificados contabilmente como “despesas bancárias”, ou seja, representam recomposições patrimoniais; e que os juros recebidos em razão do pagamento em atraso de financiamentos concedidos pelo recorrente representam “receitas financeiras” (e não receitas provenientes da prestação de serviços). É de se destacar, de início, manifestação do STF no sentido de distinguir, como se faz neste voto, as discussões sobre o conceito de faturamento (e seu alargamento pelo § 1o do art. 3o da Lei no 9.718/1998) e sobre a abrangência do faturamento no que se refere a receitas de instituições financeiras: “EMENTA: CONSTITUCIONAL. LEGISLAÇÃO APLICADA APÓS O RECONHECIMENTO DE INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA DO SUPREMO. INCLUSÃO DAS RECEITAS FINANCEIRAS AUFERIDAS POR INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS NO CONCEITO DE FATURAMENTO. MATÉRIA ESPECÍFICA NÃO PREQUESTIONADA. DECISÃO DE RECONSIDERAÇÃO QUE ALTERA O CONTEÚDO DECISÓRIO E CONTRARIA AS RAZÕES DE DECIDIR DA DECISÃO RECONSIDERADA. REABERTURA DE PRAZO PARA RECORRER. AGRAVO IMPROVIDO. I O STF não tem competência para determinar, de imediato, a aplicação de eventual comando legal em substituição de lei ou ato normativo considerado inconstitucional. II A discussão sobre a inclusão das receitas financeiras auferidas por instituições financeiras no conceito de faturamento para fins de incidência da COFINS não se confunde com o debate envolvendo a constitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei 9.718/98. Ausência de prequestionamento da primeira matéria, que impossibilita a análise do recurso quanto ao ponto. III Alteração da parte dispositiva de decisão, de forma a contrair ou exceder os fundamentos mantidos na decisão modificada, não configura mera correção de erro de fato, mas caracteriza nova decisão, a justificar a reabertura do prazo para recurso. IV Agravo regimental improvido.(RE 582258 AgR AgR, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Primeira Turma, julgado em 06/04/2010, PROCESSO ELETRÔNICO DJe086 DIVULG 13052010 PUBLIC 14052010)” (grifo nosso) Aliás, cabe a distinção exatamente na ação judicial “gêmea” apresentada pela instituição recorrente em relação à Contribuição para o PIS/PASEP (mandado de segurança no 2006.38.00.0049780). Vejase que pouco antes da desistência administrativa houve julgamento da ação pelo TRF da 1a Região, com acolhimento unânime da apelação da União, acordandose: “TRIBUTÁRIO. PIS. ART 3o, § 1o, DA LEI 9.718/1998. INCONSTITUCIONALIDADE DECLARADA PELO STF. INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA. 1. As instituições financeiras estão obrigadas ao recolhimento do PIS sobre a receita bruta operacional de acordo com legislação específica (art. 1o, III da Lei 9.701/1988 e art. 3o, §§ 5o e 6o, da Lei 9.718/1998). 2. O reconhecimento da inconstitucionalidade do art. 3o, § 1o, da Lei 9.718/1998 pelo Supremo Tribunal Federal não influenciou a apuração da base de cálculo das Fl. 1459DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 20/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalme nte em 24/11/2014 por IVAN ALLEGRETTI Processo nº 15504.019137/201014 Acórdão n.º 3403003.375 S3C4T3 Fl. 1.454 13 instituições financeiras. 3. Apelação da União Provida. (TRF1, 8a Turma, AC no 2006.38.00.0049780/MG, Rel. Des. Novély Vilanova da Silva Reis, unânime, 18.out.2013).” (grifo nosso) Voltando aos julgados do STF, adicionese que, como informado no tópico anterior do voto (referente a sobrestamento), a suprema corte apreciou também Recurso Extraordinário (Segunda Turma, em 10/10/2006) com matéria similar à que está sob repercussão geral, no RE no 400.4798/RJAgR. Em tal julgamento, entendeuse unanimemente por negar provimento a agravo regimental em relação a decisão, que, também a partir da inconstitucionalidade do § 1o do art. 3o da Lei no 9.718/1998, entendeu não estar sujeita à incidência de COFINS (e Contribuição para o PIS/PASEP) porque a (quase) totalidade de suas receitas não derivariam de venda de mercadorias e prestação de serviços, por ser a empresa uma seguradora. Vejase excerto do voto do relator, que se coaduna com o entendimento expresso na autuação: “Seja qual for a classificação que se dê às receitas oriundas dos contratos de seguro, denominados prêmios, o certo é que tal não implica na (sic) sua exclusão da base de incidência das contribuições para o PIS e COFINS, mormente após a declaração de inconstitucionalidade do art. 3o, § 1o, da Lei no 9.718/98 dada pelo Plenário do STF. É que, conforme expressamente fundamentado na decisão agravada, o conceito de receita bruta sujeita à exação tributária em comento envolve, não só aquela decorrente da venda de mercadorias e da prestação de serviços, mas a soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais.” (grifo nosso) No mesmo julgado, esclarece no relatório o Min. Cezar Peluso que: “Uma das teses do acórdão recorrido está em aberta divergência com a orientação da Corte, cujo Plenário, em data recente, consolidou, com nosso voto vencedor declarado, o entendimento de inconstitucionalidade apenas do § 1o do art. 3o da Lei no 9.718/98, que ampliou o conceito de receita bruta, violando assim a noção de faturamento pressuposta na redação original do art. 195, I, b da Constituição da República, e cujo significado é o estrito de receita bruta das vendas de mercadorias e da prestação de serviços de qualquer natureza, ou seja, soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais (cf. RE no 346.084PR, Rel. orig. Min. Ilmar Galvão; RE no 357.950RS; RE no 358.273RS e RE no 390.840 MG, Rel. Min. Marco Aurélio, todos julgados em 09.11.2005. Ver Informativo STF no 408, p.1).” (grifo nosso) Após a referida declaração de inconstitucionalidade do § 1o do art. 3o da Lei no 9.718/1998, foram efetuadas diversas alterações em tal lei (uma delas expressamente revogando o § 1o do art. 3o pela Lei no 11.941/2009). O caput do referido art. 3o, reconhecido como constitucional, estabelecia, em sua redação original, que o faturamento corresponde à receita bruta da pessoa jurídica, tendo sido o texto recentemente alterado pela Lei no 12.973, de 13/05/2014 (a mesma que instituiu o benefício motivador da renúncia de contencioso em relação à Contribuição para o PIS/PASEP nestes autos). Fl. 1460DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 20/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalme nte em 24/11/2014 por IVAN ALLEGRETTI 14 Assim, em que pesem algumas alterações de texto, permanecem hígidos os comandos da Lei que estabelecem a base de cálculo (faturamento art. 2o) e sua identidade com a receita bruta (art. 3o, caput), assim como as exclusões (art. 3o, § 2o ). Tendo em vista as peculiaridades tanto do setor financeiro como do setor de seguros, passaram a existir (ainda ao tempo dos fatos narrados no presente processo) disposições específicas para eles. Os §§ 5o e 6o do art. 3o, incluídos em 2001, externaram tratamentos aplicáveis a pessoas referidas no § 1o do art. 22 da Lei no 8.212/1991 (“bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras, distribuidoras de títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil, cooperativas de crédito, empresas de seguros privados e de capitalização, agentes autônomos de seguros privados e de crédito e entidades de previdência privada abertas e fechadas”): “§ 5o Na hipótese das pessoas jurídicas referidas no § 1o do art. 22 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, serão admitidas, para fins da COFINS, as mesmas exclusões e deduções facultadas para fins de determinação da base de cálculo da contribuição para o PIS/PASEP. § 6o Na determinação da base de cálculo das contribuições para o PIS/PASEP e COFINS, as pessoas jurídicas referidas no § 1o do art. 22 da Lei no 8.212, de 1991, além das exclusões e deduções mencionadas no § 5o, poderão excluir ou deduzir: (Incluído pela Medida Provisória no 2.15835, de 2001) I no caso de bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras, distribuidoras de títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil e cooperativas de crédito: (Incluído pela Medida Provisória no 2.15835, de 2001) a) despesas incorridas nas operações de intermediação financeira; (Incluída pela Medida Provisória no 2.15835, de 2001) b) despesas de obrigações por empréstimos, para repasse, de recursos de instituições de direito privado; (Incluída pela Medida Provisória no 2.15835, de 2001) c) deságio na colocação de títulos; (Incluída pela Medida Provisória no 2.15835, de 2001) d) perdas com títulos de renda fixa e variável, exceto com ações; (Incluída pela Medida Provisória no 2.15835, de 2001) e) perdas com ativos financeiros e mercadorias, em operações de hedge; (Incluída pela Medida Provisória no 2.15835, de 2001) (...)” (grifo nosso) A lista de exclusões, por óbvio, é exaustiva e não exemplificativa, e o comando legal, em virtude da já propalada Súmula CARF no 2, não admite questionamento administrativo em relação à constitucionalidade. Qualquer das exclusões e deduções, de caráter Fl. 1461DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 20/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalme nte em 24/11/2014 por IVAN ALLEGRETTI Processo nº 15504.019137/201014 Acórdão n.º 3403003.375 S3C4T3 Fl. 1.455 15 geral (§5o) ou específico (§6o), é aplicável sobre a receita bruta, para efeito de apuração da COFINS em instituições como a recorrente. Tomando como constitucional o comando legal, seria absolutamente contraditório considerar, como se deseja no recurso voluntário, que as únicas receitas a compor a base de cálculo fossem as registradas na conta COSIF referente a “rendas de prestação de serviços”. Vejase que praticamente a totalidade das exclusões específicas previstas no § 6o é absolutamente incompatível com a adoção do conceito restritivo pleiteado. Daí estarem as matérias “exigibilidade do PIS e da COFINS sobre as receitas financeiras das instituições financeiras” e afastamento da “incidência do disposto no art. 3o, §§ 5o e 6o, da Lei no 9.718/1998” conectadas no Tema no 372, com repercussão geral reconhecida pelo STF. Assim, assumindo como constitucionais as disposições dos §§ 5o e 6o do art. 3o da Lei no 9.718/1998, menor relevância adquire a discussão sobre eventual aplicação do GATS ou do Código de Defesa do Consumidor na definição de serviços em relação a instituições financeiras. De qualquer sorte, ambas as normas são efetivamente definidoras de serviços (uma em caráter internacional e outra no âmbito brasileiro), sendo passíveis de aplicação em matéria tributária, buscando não distorcer os conteúdos de direito privado, na linha seguida pelo art. 110 do CTN. A aplicação do Código de Defesa do Consumidor às atividades das instituições financeiras foi inclusive reconhecida pelo STF, como se destaca no julgamento de piso. Em suma, não é restrita como se deseja no recurso voluntário a leitura do dispositivo legal, mas na forma disciplinada, à época dos fatos previstos na autuação, pela Instrução Normativa no 247/2002 (sendo a matéria hoje tratada pela Instrução Normativa no 1.285/2012). Ambas as instruções normativas esclarecem e enumeram as deduções e exclusões aplicáveis, gerais e específicas, tomando como base as receitas operacionais. E é nessa matéria que a DRJ diverge parcialmente do entendimento expresso na autuação, admitindo exclusões e deduções não reconhecidas no lançamento. A DRJ exclui, por não constituírem receitas operacionais, “rendas de participações”, “recuperação de créditos baixados como prejuízo” e “reversão de provisões operacionais”, e reconhece a dedução em relação a valores registrados no grupo denominado “despesas de captação”. As três contas referentes a exclusões constam expressamente no quadro “exclusões” do Anexo I da Instrução Normativa no 247/2002 (vigente ao tempo dos fatos). E a dedução de “despesas de captação” encontra expressa guarida nas “deduções” relacionadas no mesmo Anexo I. Correto, assim, o entendimento da DRJ, que, em verdade, reflete o estrito cumprimento de norma editada pela própria RFB. As “rendas de operações de créditos”, “rendas de aplicações interfinanceiras de liquidez” e “rendas de títulos e valores mobiliários” e “outras receitas operacionais” (recuperação de encargos e despesas, e juros recebidos em razão de pagamento em atraso de financiamentos concedidos) são nitidamente contas de receitas operacionais, não demonstrando a instituição na argumentação externada no recurso voluntário a existência de hipótese normativa de exclusão ou dedução. Improcedentes, assim, as alegações expressas no recurso voluntário, em relação e este tópico. Fl. 1462DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 20/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalme nte em 24/11/2014 por IVAN ALLEGRETTI 16 Dos juros de mora Há basicamente duas discussões nos autos sobre os juros de mora, sustentando a instituição recorrente que a cobrança de juros e multa em relação à COFINS ofende o parágrafo único do art. 100 do CTN (pois a empresa se pautou pelo entendimento considerado correto pela própria RFB), e que não incidem juros de mora sobre a multa de ofício. Sobre o art. 100 do CTN, há que se destacar que não se vê, nas parcas menções a expedientes internos sobre checagens de recolhimentos referentes à ação judicial, referidos neste voto no tópico que trata de manifestações das autoridades fazendárias em relação ao processo judicial, a prática reiteradamente observada a que se refere o inciso III do artigo. Assim, incabível a aplicação do disposto no parágrafo único, buscando a exclusão de juros (e penalidades). Em relação a juros de mora sobre a multa de ofício, vem reiteradamente decidindo esta Terceira Turma pela não incidência, há mais de dois anos, em diversos acórdãos, como o de no 3403002.367, do qual se extrai a argumentação a seguir. O assunto seria aparentemente resolvido pela Súmula no 4 do CARF: “Súmula CARF no 4: A partir de 1o de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais” (grifo nosso) Contudo, resta a dúvida se a expressão “débitos tributários” abarca as penalidades, ou apenas os tributos. Verificando os acórdãos que serviram de fundamento à edição da Súmula, não se responde a questão, pois tais julgados se concentram na possibilidade de utilização da Taxa SELIC. Seguese então, para o art. 161 do Código Tributário Nacional, que dispõe: “Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. § 1o Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês. § 2o O disposto neste artigo não se aplica na pendência de consulta formulada pelo devedor dentro do prazo legal para pagamento do crédito.”(grifo nosso) As multas são inequivocamente penalidades. Assim, restaria ilógica a leitura de que a expressão créditos ao início do caput abarca as penalidades. Tal exegese equivaleria a sustentar que: “os tributos e multas cabíveis não integralmente pagos no vencimento serão acrescidos de juros, sem prejuízos da aplicação das multas cabíveis”. A Lei no 9.430/1996, por sua vez, dispõe, em seu art. 61, que: Fl. 1463DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 20/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalme nte em 24/11/2014 por IVAN ALLEGRETTI Processo nº 15504.019137/201014 Acórdão n.º 3403003.375 S3C4T3 Fl. 1.456 17 “Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. § 1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. § 2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Novamente ilógico interpretar que a expressão “débitos” ao início do caput abarca as multas de ofício. Se abarcasse, sobre elas deveria incidir a multa de mora, conforme o final do comando do caput. Mais recentemente tratouse do tema nos arts. 29 e 30 da Lei no 10.522/2002: “Art. 29. Os débitos de qualquer natureza para com a Fazenda Nacional e os decorrentes de contribuições arrecadadas pela União, constituídos ou não, cujos fatos geradores tenham ocorrido até 31 de dezembro de 1994, que não hajam sido objeto de parcelamento requerido até 31 de agosto de 1995, expressos em quantidade de Ufir, serão reconvertidos para real, com base no valor daquela fixado para 1o de janeiro de 1997. § 1o A partir de 1o de janeiro de 1997, os créditos apurados serão lançados em reais. § 2o Para fins de inscrição dos débitos referidos neste artigo em Dívida Ativa da União, deverá ser informado à Procuradoria Geral da Fazenda Nacional o valor originário dos mesmos, na moeda vigente à época da ocorrência do fato gerador da obrigação. § 3o Observado o disposto neste artigo, bem assim a atualização efetuada para o ano de 2000, nos termos do art. 75 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, fica extinta a Unidade de Referência Fiscal – Ufir, instituída pelo art. 1o da Lei no 8.383, de 30 de dezembro de 1991. Art. 30. Em relação aos débitos referidos no art. 29, bem como aos inscritos em Dívida Ativa da União, passam a incidir, a partir de 1o de janeiro de 1997, juros de mora equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia – Selic para títulos federais, acumulada mensalmente, Fl. 1464DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 20/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalme nte em 24/11/2014 por IVAN ALLEGRETTI 18 até o último dia do mês anterior ao do pagamento, e de 1% (um por cento) no mês de pagamento.” (grifo nosso) Vejase que ainda não se aclara a questão, pois se trata da aplicação de juros sobre os “débitos” referidos no art. 29, e a expressão designada para a apuração posterior a 1997 é “créditos”. Bem parece que o legislador confundiu os termos, e quis empregar débito por crédito (e viceversa), mas tal raciocínio, ancorado em uma entre duas leituras possíveis do dispositivo, revelase insuficiente para impor o ônus ao contribuinte. Não se tem dúvidas que o valor das multas também deveria ser atualizado, sob o risco de a penalidade tornarse pouco efetiva ou até inócua ao fim do processo. Mas o legislador não estabeleceu expressamente isso. Pela carência de base legal, então, entendese pelo não cabimento da aplicação de juros de mora sobre as multas de ofício, na linha que já vem sendo adotada por esta Turma. Do Recurso de Ofício Em função do valor exonerado, recorre a DRJ de sua decisão, no que se refere à exclusão da base de cálculo (de ambas as contribuições) dos valores registrados nos grupos contábeis “rendas de participações”, “recuperação de créditos baixados como prejuízo” e “reversão de provisões operacionais” e à dedução (também para ambas as contribuições) dos valores registrados no grupo denominado “despesas de captação”. Estando a decisão da DRJ alinhada ao entendimento do STF sobre o conceito de faturamento, e à legislação de regência da matéria (em relação às exclusões e às deduções previstas nos §§ 5o e 6o do art. 3o da Lei no 9.718/1998, disciplinados pela IN SRF no 247/2002), entendese aqui que não merece reforma o acórdão de piso, sendo improcedente o recurso de ofício apresentado, como já se destacou durante o voto, no tópico referente à base de cálculo da COFINS para instituições financeiras. Diante do exposto, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso voluntário, reconhecendo a não incidência de juros de mora sobre a multa de ofício aplicada, e negar provimento ao recurso de ofício apresentado. Rosaldo Trevisan Fl. 1465DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 20/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalme nte em 24/11/2014 por IVAN ALLEGRETTI Processo nº 15504.019137/201014 Acórdão n.º 3403003.375 S3C4T3 Fl. 1.457 19 Declaração de Voto Conselheiro Ivan Allegretti, O ponto central do debate consiste em definir o alcance da declaração de inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 em relação ao contribuinte em questão, que é uma instituição financeira. O itinerário desta questão jurídica começa com a declaração de inconstitucionalidade deste dispositivo pelo STF no julgamento do Recurso Extraordinário nº 346.084, passando pelo subseqüente debate a respeito da súmula vinculante que deveria ser baseada neste julgamento do Plenário, mas que acabou não sendo editada, e então, pelo julgamento em Repercussão Geral do Recurso Extraordinário nº 585.235 e, em seguida, pelo início do julgamento do Recurso Extraordinário nº 400.479, que até o momento apenas recebeu voto do Ministro Cezar Peluso, e, enfim, pelo reconhecimento de Repercussão Geral no Recurso Extraordinário nº 609.092 (Tema nº 372), que ainda aguarda julgamento. Entendo ser indispensável, com efeito, ter consciência do itinerário e do atual contexto em que se encontra a discussão da questão no STF, para que se possa dar uma solução adequada ao presente caso, sem descuidar do fato de que se trata de contribuinte em relação ao qual houve decisão em ação judicial de sua autoria. Para preparar o julgamento, faço a seguir uma breve, mas circunstanciada, síntese de tal itinerário. 1) A declaração de inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98. Em 2006 foi publicado o acórdão do julgamento em que o Supremo Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º, da Lei nº 9.718/982, cuja ementa sintetiza o seguinte entendimento: CONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE ARTIGO 3º, § 1º, DA LEI Nº 9.718, DE 27 DE NOVEMBRO DE 1998 EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 20, DE 15 DE DEZEMBRO DE 1998. O sistema jurídico brasileiro não contempla a figura da constitucionalidade superveniente. TRIBUTÁRIO INSTITUTOS EXPRESSÕES E VOCÁBULOS SENTIDO. A norma pedagógica do artigo 110 do Código Tributário Nacional ressalta a impossibilidade de a lei tributária alterar a definição, o conteúdo e o alcance de consagrados institutos, conceitos e formas de direito privado utilizados expressa ou implicitamente. Sobrepõese ao aspecto formal o princípio da realidade, considerados os elementos tributários. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL PIS RECEITA BRUTA NOÇÃO INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º DA LEI 2 Embora o julgamento do Recurso Extraordinário nº 346.084 tenha sido concluído em 09/11/2005, o acórdão apenas foi publicado em 01/09/2006. Fl. 1466DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 20/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalme nte em 24/11/2014 por IVAN ALLEGRETTI 20 Nº 9.718/98. A jurisprudência do Supremo, ante a redação do artigo 195 da Carta Federal anterior à Emenda Constitucional nº 20/98, consolidouse no sentido de tomar as expressões receita bruta e faturamento como sinônimas, jungindoas à venda de mercadorias, de serviços ou de mercadorias e serviços. É inconstitucional o § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, no que ampliou o conceito de receita bruta para envolver a totalidade das receitas auferidas por pessoas jurídicas, independentemente da atividade por elas desenvolvida e da classificação contábil adotada. (RE 346084, Relator(a): Min. ILMAR GALVÃO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 09/11/2005, DJ 01092006 PP00019 EMENT VOL0224506 PP01170; grifo editado) O Plenário entendeu que, por ter sido editada antes da alteração do texto constitucional pela EC nº 20, a Lei nº 9.718/98 não poderia alargar a base de cálculo de PIS/Cofins para alcançar toda e qualquer receita, devendose restringir o seu alcance aos moldes anteriores, nos quais já se encontrava definido o conceito de faturamento, o qual seria equivalente ao de receita bruta, assim compreendendo apenas a receita da venda de mercadorias e serviços. As discussões travadas no referido acórdão já revelavam a preocupação dos Ministros a respeito de qual viria a ser o tratamento das receitas financeiras, conforme fica claro no seguinte trecho: O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO – Sr. Presidente, gostaria de enfatizar meu ponto de vista, para que não fique nenhuma dúvida ao propósito. Quando me referi ao conceito construído no RE 150.755, sob a expressão ‘receita bruta de venda e mercadorias e prestação de serviço’, quis significar que tal conceito está ligado à idéia de produto do exercício de atividades empresariais típicas, ou seja, que nessa expressão se inclui todo incremento patrimonial resultante do exercício de atividades empresariais típicas. Se determinadas instituições prestam tipo de serviço cuja remuneração entra na classe das receitas chamadas financeiras, isso não desnatura a remuneração de atividade própria do campo empresarial, de modo que tal produto entra no conceito de ‘receita bruta igual a faturamento’. O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO – Mas, ministro, seria interessante, em primeiro lugar, esperar a chegada de um conflito de interesses, envolvendo uma dúvida quanto ao conceito que, por ora, não passa pela nossa cabeça. O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO – Mas passa pela cabeça de outros. Já não temos poucas causas, Sr. Ministro, para julgar. Quanto mais claro seja o pensamento da Corte, melhor para a Corte e para a sociedade. O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO – Não pretendo, neste julgamento, resolver todos os problemas que possam surgir, mesmo porque a atividade do homem é muito grande sobre a base de incidência desses tributos. E, de qualquer forma, estamos julgando um processo subjetivo e não objetivo e a única Fl. 1467DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 20/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalme nte em 24/11/2014 por IVAN ALLEGRETTI Processo nº 15504.019137/201014 Acórdão n.º 3403003.375 S3C4T3 Fl. 1.458 21 controvérsia é está: o alcance do vocábulo ‘faturamento’. E, a respeito desse alcance, temos já, na Corte, reiterados pronunciamentos. O SENHOR MINISTRO CEZAR PELUSO – É o que estou fazendo: esclarecendo meu pensamento sobre o alcance desse conceito. O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO – Senão, em vez de julgarmos as demandas que estão em Mesa, provocaremos até o surgimento de outras demandas, cogitando de situações diversas. (fls. 1254/1255 do acórdão; grifos editados) No julgamento ficaram vencidos, parcialmente, os Ministros Ilmar Galvão (Relator), Cezar Peluso e Celso de Mello e, integralmente, os Ministros Gilmar Mendes, Maurício Corrêa, Joaquim Barbosa e Nelson Jobim. Como visto, embora o Ministro Cezar Peluso tenha se considerado vencido ao pretender a utilizar o conceito de receita empresarial típica, o fato é que não houve, conscientemente, deliberação pelo Plenário a respeito de qual deveria ser o tratamento para o caso de “determinadas instituições” que “prestam tipo de serviço cuja remuneração entra na classe das receitas chamadas financeiras”. Ou seja, houve o reconhecimento de que, em relação aos contribuintes em geral, o âmbito da incidência de PIS/Cofins deveria circunscreverse às receitas da venda de bens e de serviços, mas sem adiantar a definição, mas deixando expressamente em aberto, de como deve ser o alcance de tal conceito em relação às instituições financeiras. Esta situação é reafirmada pelos passos que seguiram. 2) O julgamento da Repercussão Geral no RE 585.235 e do RE 527.602. No intuito de estender o entendimento aos demais recursos existentes, o STF realizou em 10/09/2008 o julgamento da mesma questão em regime de Repercussão Geral (art. 543B do CPC) nos autos do Recurso Extraordinário nº 585.235, cujo acórdão recebeu a seguinte ementa: EMENTA: RECURSO. Extraordinário. Tributo. Contribuição social. PIS. COFINS. Alargamento da base de cálculo. Art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. Inconstitucionalidade. Precedentes do Plenário (RE nº 346.084/PR, Rel. orig. Min. ILMAR GALVÃO, DJ de 1º.9.2006; REs nos 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, DJ de 15.8.2006) Repercussão Geral do tema. Reconhecimento pelo Plenário. Recurso improvido. É inconstitucional a ampliação da base de cálculo do PIS e da COFINS prevista no art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. (RE 585235 QORG, Relator(a): Min. CEZAR PELUSO, julgado em 10/09/2008, REPERCUSSÃO GERAL MÉRITO DJe227 DIVULG 27112008 PUBLIC 28112008 EMENT VOL02343 10 PP02009 RTJ VOL0020802 PP00871 ) Fl. 1468DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 20/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalme nte em 24/11/2014 por IVAN ALLEGRETTI 22 Nada obstante, a mesma questão voltou ao Plenário em 05/08/2009, quando foi reafirmado o mesmo entendimento, no julgamento do RE 527.602: PIS E COFINS LEI Nº 9.718/98 ENQUADRAMENTO NO INCISO I DO ARTIGO 195 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL, NA REDAÇÃO PRIMITIVA. Enquadrado o tributo no inciso I do artigo 195 da Constituição Federal, é dispensável a disciplina mediante lei complementar. RECEITA BRUTA E FATURAMENTO A sinonímia dos vocábulos Ação Declaratória nº 1, Pleno, relator Ministro Moreira Alves conduz à exclusão de aportes financeiros estranhos à atividade desenvolvida Recurso Extraordinário nº 357.9509/RS, Pleno, de minha relatoria. (RE 527602, Relator(a): Min. EROS GRAU, Relator(a) p/ Acórdão: Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 05/08/2009, DJe213 DIVULG 12112009 PUBLIC 13112009 EMENT VOL0238205 PP00928 LEXSTF v. 31, n. 372, 2009, p. 209226) Estes dois julgamentos limitaramse a ratificar o entendimento já consolidado no julgamento anterior do Plenário, de que a ampliação apenas seria válida se tivesse sido encartada em lei complementar, ou se a lei ordinária tivesse sido editada depois da alteração do texto constitucional pela EC nº 20, reiterando, assim, a inconstitucionalidade do mesmo dispositivo da Lei nº 9.718/98. Não houve nenhuma consideração específica a respeito do alcance da declaração de inconstitucionalidade em relação às entidades financeiras. 3) A súmula vinculante que (ainda) não foi editada. Os meios de comunicação noticiavam já em 2006 que os Ministros do STF deliberariam em breve a aprovação de súmula vinculante a propósito da inconstitucionalidade do alargamento da base de cálculo de PIS/Cofins3, o que chegou a ser previsto para a sessão plenária de 02/05/20074, e depois em 10/09/20085. Mas apenas em 2009 o STF publicou Edital eletrônico, datado de 13 de maio, por meio do qual levava a público como poderia vir a ser o texto da súmula. O Edital tinha o seguinte conteúdo: (...) FAZ SABER aos que este edital virem ou dele tiverem conhecimento que neste Tribunal se processam os autos da Proposta de Súmula Vinculante nº 22, em que é proponente o Supremo Tribunal Federal, que visa à edição de súmula vinculante com as seguintes sugestões de verbetes: Assunto: TRIBUTO. COFINS. BASE DE CÁLCULO. CONCEITO DE RECEITA BRUTA. INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ART. 3º DA LEI 9718/98: 3 Valor Online, 07/08/2006, “Cofins pode ter súmula vinculante”, Fernando Teixeira 4 Valor Online, 25/04/2007, “Votação no STF pode afetar caixa da União”, Jossete Goulart 5 Revista Consultor Jurídico, 11/09/2008, “STF resolve fazer Súmula sobre base de cálculo da Cofins” Fl. 1469DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 20/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalme nte em 24/11/2014 por IVAN ALLEGRETTI Processo nº 15504.019137/201014 Acórdão n.º 3403003.375 S3C4T3 Fl. 1.459 23 “É inconstitucional o § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, que ampliou a base de cálculo do PIS e da COFINS.” ou “A alteração da base de cálculo da COFINS, pelo art. 3º, § 1º, da Lei 9718/98, mediante a ampliação do conceito de faturamento, violou o art. 195, I e § 4º, da CF, vício que a subseqüente edição da Emenda Constitucional 20/98 não convalidou.” ou “É inconstitucional o § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/1998, que ampliou o conceito de receita bruta, a qual deve ser entendida como a proveniente das vendas das mercadorias e da prestação de serviços de qualquer natureza.” ou “É inconstitucional o parágrafo 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, que ampliou o conceito de receita bruta, a qual deve ser entendida como a proveniente das vendas de mercadorias e da prestação de serviços de qualquer natureza, ou seja, a soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresariais.” (tabulação editada) Em sessão plenária de 04/02/2010, depois de debates, o STF decidiu pelo adiamento da votação, para dar oportunidade de que houvesse antes o julgamento de casos específicos a respeito das instituições financeiras. Ou seja, não chegou a haver consenso a respeito de nenhuma da redações sugeridas, por se entender pela conveniência de apreciar antes a situação específicas das instituições financeiras. 4) O voto do Ministro Cezar Peluso no RE 400.479. Em 19/08/2009 foi iniciado em Plenário o julgamento do Recurso Extraordinário nº 400.479, no qual se discute a inconstitucionalidade do alargamento da base de cálculo em relação a uma seguradora. Neste julgamento apenas foi proferido voto pelo Relator, o Ministro Cezar Peluso, do que se seguiu o pedido de vista do Ministro Marco Aurélio, aguardandose a retomada do julgamento até hoje. Do entendimento do Ministro Cezar Peluso apenas se conhece o que foi divulgado no Informativo STF nº 556, não havendo ainda acesso ao seu exato teor. O texto do referido Informativo revela que o Ministro Cezar Peluso proferiu voto partindo daquela mesma consideração que já havia feito no julgamento do caso líder, o RE 346.084, baseada no conceito de “receita da atividade empresarial típica”, aprofundando o detalhamento do conceito. Fica claro, porém, que o Ministro pretendeu ir além de apenas de conferir um tratamento específico às instituições financeiras em relação ao entendimento já firmado, mas que pretendeu rejulgar a questão jurídica em toda a sua amplitude, ou seja, que seu voto tem a finalidade de revisar o entendimento do STF a respeito da inconstitucionalidade do Fl. 1470DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 20/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalme nte em 24/11/2014 por IVAN ALLEGRETTI 24 alargamento da base de cálculo em relação a todos os contribuintes, propondo novos critérios jurídicos para delimitar o alcance das contribuições. Isto pode ser conferido nos seguintes trechos, extraídos do referido Informativo: (...) PIS/COFINS: Base de Cálculo e Seguradoras 2 O Min. Cezar Peluso afirmou que o Tribunal estaria sendo instado a definir, de uma vez por todas, o que seria a noção de faturamento constante do art. 195, I, da CF, na redação que precedeu a EC 20/98. (...) PIS/COFINS: Base de Cálculo e Seguradoras 7 Prosseguindo, o relator salientou ser óbvio que as seguradoras ou os bancos não emitem faturas e que a emissão destas não constituiria critério válido suficiente para configurar faturamento. Para ele, esse fato, consistente em emitir faturas, seria mera decorrência de outro acontecimento, este sim economicamente importante e correspondente à realização de operações ou atividades da qual esse faturamento adviria. (...) PIS/COFINS: Base de Cálculo e Seguradoras 8 Observou que, ao elaborar suas demonstrações de resultado, as instituições financeiras partiriam, para chegar à conta de resultado operacional, da rubrica receitas da intermediação financeira, que seria precisamente o seu ramo de atuação principal. (...) PIS/COFINS: Base de Cálculo e Seguradoras 9 Concluiu o relator que a proposta que submetia à Corte seria a de reconhecer que se devesse tributar tãosomente e de modo preciso aquilo que cada empresa auferisse em razão do exercício das atividades que lhe fossem próprias e típicas enquanto conferissem o seu propósito e a sua razão de ser. Dessa forma, escapariam à incidência do tributo as chamadas receitas não operacionais em geral, as receitas financeiras atípicas e outras do mesmo gênero, desde que, não constituíssem elemento principal da atividade. Não fugiriam à noção de faturamento, pois, as receitas tipicamente empresariais colhidas por bancos, seguradoras e demais empresas, que, pela peculiaridade do ramo de atuação, não se devotassem, contratual e estritamente, à venda de mercadorias ou à prestação de serviço. Salientou, por fim, não ser necessário desenvolver um rol exaustivo que correlacionasse todas as espécies possíveis de receitas aos variados tipos de atividades e objetos sociais e empresariais, bastando que se estabelecesse, com segurança, o critério jurídico, afirmandose a tese de que a expressão faturamento corresponderia à soma das receitas oriundas das atividades empresariais típicas. Esta grandeza compreenderia, além das receitas de venda de mercadorias e serviços, as receitas decorrentes do exercício efetivo do objeto social da empresa, independentemente do seu ramo de atividade, sendo que tudo o que desbordasse dessa definição específica não poderia ser tributado. Após, pediu vista dos autos o Min. Marco Aurélio. Fl. 1471DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 20/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalme nte em 24/11/2014 por IVAN ALLEGRETTI Processo nº 15504.019137/201014 Acórdão n.º 3403003.375 S3C4T3 Fl. 1.460 25 RE 400479 EDAgR/RJ, rel. Min. Cezar Peluso, 19.8.2009. (RE 400479) Este julgamento, enfim, apenas recebeu o voto do Ministro Cezar Peluso, sendo que o entendimento do Ministro não consiste em definir o que seriam a receita da venda de bens e serviços para a seguradora, mas de revisar o alcance das contribuições utilizando outro conceito: o de receita empresarial da atividade típica. 5) A Repercussão Geral no RE 609.096. Em 03/03/2011 foi reconhecida pelo STF a Repercussão Geral no Recurso Extraordinário 609.096, em acórdão com a seguinte ementa: EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. COFINS E CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS. INCIDÊNCIA. RECEITAS FINANCEIRAS DAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. CONCEITO DE FATURAMENTO. EXISTÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL. (RE 609096 RG, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, julgado em 03/03/2011, DJe080 DIVULG 29042011 PUBLIC 02052011 EMENT VOL0251201 PP00128; grifo editado) Esta Repercussão Geral foi registrada pelo STF como Tema nº 372, com a seguinte descrição: 372 a) Exigibilidade do PIS e da COFINS sobre as receitas financeiras das instituições financeiras; b) Exigência de reserva de plenário para as situações em que se afasta a incidência do disposto no art. 3º, §§ 5º e 6º, da Lei nº 9.718/1998. (grifo editado) Em seu voto, o Ministro Relator concluiu o seguinte: Entendo que a controvérsia possui repercussão geral. Com efeito, o tema apresenta releva ncia do ponto de vista jurídico, uma vez que a definição sobre o enquadramento das receitas financeiras das instituições financeiras no conceito de faturamento para fins de incidência da COFINS e da contribuição para o PIS norteará o julgamento de inúmeros processos similares, que tramitam neste e nos demais tribunais brasileiros. Ademais, a discussão também apresenta repercussão econômica porquanto a solução da questão em exame poderá ensejar relevante impacto financeiro no orçamento das referidas instituições, bem como no da Seguridade Social e no do PIS. Aleḿ disso, a matéria em debate guarda similitude com a questão tratada no RE 400.479AgRED/RJ, Rei. Min. Cezar Peluso, submetido ao julgamento do Plenário desta Corte em 18/8/2009, mas suspenso, na mesma data, em razão do pedido de vista do Min. Marco Aurélio. Fl. 1472DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 20/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalme nte em 24/11/2014 por IVAN ALLEGRETTI 26 Destarte, com base nos motivos já expostos, verifico que a questão constitucional trazida aos autos ultrapassa o interesse subjetivo das partes que atuam neste feito, recomendando sua análise por esta Corte. Fica claro, portanto, que o próprio STF entende que ainda não existe definição a respeito de como deve acontecer – ou seja, de qual deve ser o alcance específico – da aplicação da declaração de inconstitucionalidade do art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98 em relação às instituições financeiras. 6) Síntese da questão no STF. Considerandose o itinerário e o panorama atual da questão perante o STF, constatamse os seguintes fatos: a) o Plenário do STF firmou e reiterou em regime de Repercussão Geral o entendimento pela inconstitucionalidade do alargamento pretendido pelo §1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, reconhecendo que tal entendimento tem a implicação prática de circunscrever a incidência da contribuição às receitas decorrentes da venda de bens e de serviços; b) as decisões existentes, proferidas pelo STF, não se baseiam na distinção entre os conceitos de receita operacional e nãooperacional, nem utilizam o conceito de “receita da atividade empresarial típica” como conceito delimitador do âmbito de incidência de PIS/Cofins; c) o STF entende que ainda é necessário promover julgamento especificamente a respeito do alcance do conceito de faturamento em relação às instituições financeiras, questão que ainda aguarda julgamento. Estes fatos, por sua vez, permitem concluir que o STF não avalizou o entendimento de que a aplicação da declaração de inconstitucionalidade em relação às instituições financeiras implicaria forçosamente em que as receitas financeiras obtidas por estas instituições estariam excluídas do conceito de venda de bens e de serviços. Esperase, com efeito, que o julgamento da Repercussão Geral no RE 609.096 promova a aplicação da declaração de inconstitucionalidade em relação às instituições financeiras, delimitando com precisão os seus efeitos em relação a estas instituições. Contudo, repisese, não se pode dizer que exista definição pelo STF de qual é o alcance do conceito de receita da venda de bens e de serviços para as instituições financeiras e equiparadas. 7) O caso concreto. Em relação à Cofins, conforme relatado, o contribuinte propôs ação judicial específica, na qual foi proferida decisão final pelo próprio pelo STF, com trânsito em julgado, reconhecendo a inconstitucionalidade e afastando em relação ao contribuinte o alargamento da base de cálculo prevista no art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. A decisão no caso concreto do contribuinte foi proferida em termos idênticos aquele primeiro julgamento do Plenário do STF, que afastou o alargamento da base de cálculo em relação aos contribuintes em geral. Fl. 1473DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 20/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalme nte em 24/11/2014 por IVAN ALLEGRETTI Processo nº 15504.019137/201014 Acórdão n.º 3403003.375 S3C4T3 Fl. 1.461 27 Estáse diante da tarefa, portanto, de buscar os contornos concretos para a aplicação da decisão judicial proferida no caso concreto do contribuinte, cujo comando é pela inconstitucionalidade do alargamento previsto no art. 3º, § 1º, da Lei 9.718/98, por entender que tal ampliação da base de cálculo da Cofins por lei ordinária violou a redação original do art. 195, I, da Constituição, com isso limitando o seu alcance à receita da venda de mercadorias e serviços. A tarefa, pois, consiste em delimitar o alcance do conceito de receita da venda de mercadorias e de serviços em relação ao contribuinte em questão, que é um banco. O plano de contas das instituições financeiras apresenta a seguinte discriminação de rubricas: 7.1.0.00.008 RECEITAS OPERACIONAIS RECEITAS FINANCEIRAS 7.1.1.00.001 Rendas de Operações de Crédito 7.1.4.00.000 Rendas Aplicação Interf. Liquidez 7.1.5.00.003 Rendas D/Tit. E Valores Mobiliários Outras Receitas Operacionais RECEITAS PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS 7.1.7.00.009 Rendas da Prestação Serviços RECEITAS NÃO OPERACIONAIS 7.3.9.00.003 Outras Receitas n/ Operacionais Como visto, as receitas operacionais são divididas entre receitas financeiras e receitas de prestação de serviços. Não há dúvida de que a contribuição incide sobre as receitas da conta 7.1.7.00.009 Rendas da Prestação Serviços, com o que concordam o contribuinte e a Fiscalização, desejando o contribuinte, no entanto, que o alcance das contribuições seja confinado única e exclusivamente a esta conta. A questão, ao ver deste Relator, consistiria em saber se as receitas financeiras podem ser alcançadas pelo conceito de receita de serviço, para assim aferir se foi respeitada a decisão judicial proferida no caso concreto do contribuinte. Ocorre que este não foi o critério jurídico adotado pela Fiscalização, que preferiu adotar como critério jurídico o conceito de renda da atividade empresarial típica, fazendo a distinção entre receita operacional e receita nãooperacional, para assim submeter à incidência as primeiras, excluindo apenas as últimas. Entendo, com efeito, que este critério burla e extrapola os conceitos utilizados pela decisão judicial proferida no caso concreto do contribuinte. Fl. 1474DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 20/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalme nte em 24/11/2014 por IVAN ALLEGRETTI 28 A decisão judicial proferida no caso concreto do contribuinte não diz que a contribuição deve alcançar a soma das receitas oriundas do exercício das atividades empresarias. O conceito de “receitas oriundas do exercício das atividades empresarias” é categoricamente distinto do conceito de “receita da venda de bens e da prestação de serviços”. Tanto é diferente, que o voto proferido pelo Ministro Cezar Peluso no Recurso Extraordinário nº 400.479 adotou este novo conceito com a expressa intenção de alterar o entendimento esposado pelo Plenário do STF nos julgamentos anteriores, cuja origem remonta ao Recurso Extraordinário nº 346.084. Por tal razão, voto pelo provimento do recurso para cancelar o auto de infração. (assinado digitalmente) Ivan Allegretti Fl. 1475DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 20/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalme nte em 24/11/2014 por IVAN ALLEGRETTI
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Numero do processo: 10480.907177/2009-83
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 25 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Jan 16 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2005
INDÉBITO PLEITEADO DECLARADO EM DCTF. NECESSIDADE DE RETIFICAÇÃO PRÉVIA.
Enquanto não retificada a DCTF, o débito ali espontaneamente confessado é devido, logo, valor utilizado para quitá-lo não se constitui formalmente em indébito, sem que a recorrente promova a prévia retificação da declaração.
Numero da decisão: 1302-001.571
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado.
ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alberto Pinto S. Jr., Waldir Rocha, Eduardo Andrade, Márcio Frizzo, Guilherme Silva e Leonardo Marques.
Nome do relator: ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR
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Ltda. Recorrida Fazenda Nacional ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2005 INDÉBITO PLEITEADO DECLARADO EM DCTF. NECESSIDADE DE RETIFICAÇÃO PRÉVIA. Enquanto não retificada a DCTF, o débito ali espontaneamente confessado é devido, logo, valor utilizado para quitálo não se constitui formalmente em indébito, sem que a recorrente promova a prévia retificação da declaração. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR – Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alberto Pinto S. Jr., Waldir Rocha, Eduardo Andrade, Márcio Frizzo, Guilherme Silva e Leonardo Marques. Relatório Versa o presente processo sobre recurso voluntário, interposto pelo contribuinte em face do Acórdão nº 1135.018 da 3ª Turma da DRJ/REC, cuja ementa assim dispõe: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURIDICA – IRPJ Anocalendário: 2005 AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 48 0. 90 71 77 /2 00 9- 83 Fl. 140DF CARF MF Impresso em 16/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/01/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/0 1/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR 2 COMPENSAÇÃO. REQUISITOS. A certeza e a liquidez dos créditos são requisitos indispensáveis para a compensação autorizada por lei. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. UTILIZAÇÃO INTEGRAL. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. Mantémse o despacho decisório que não homologou a compensação quando constatado que o recolhimento indicado como fonte de crédito foi integralmente utilizado na quitação de débito confessado em DCTF. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido A recorrente, cientificada do Acórdão nº 1135.018 em 13/09/2012 (Termo a fls. 69), interpôs, em 02/10/2012 (Termo a fls. 81), recurso voluntário (doc. a fls. 82 e segs.), no qual alega as seguintes razões de defesa: a) que, em 25/07/06, a recorrente apresentou a DCOMP nº 38456.86322.250706.1.3.044472, na qual indicou como crédito para compensação o montante original de R$ 386.366,88, decorrente do pagamento indevido de IRPJajuste do AC 2005, no valor de R$ 1.115.757,32, o qual era utilizado para compensar débito rde IRPJestimativa de junho de 2006, no valor de R$ 419.362,61; b) que a Receita Federal não homologou a compensação, alegando que o DARF indicado como crédito para a compensação teria sido alocado para pagamento do próprio débito de IRPJ referente ao ajuste anual do AC 2005; b) que, de fato, analisandose tãosomente a DCTF transmitida pela recorrente para o período, verificase que foi declarado débito no valor de R$ 1.115.757,32, referente ao ajuste anual do AC 2005, o qual teria sido recolhido mediante o pagamento do DARF acima mencionado; d) que, após a realização de algumas revisões e retificação, apurouse que a recorrente havia tido saldo negativo de IRPJ a pagar no AC de 2005, no valor de R$ 3.735.978,78; e) que, verificada a existência de divergência entre as declarações (DIPJ e DCTF) apresentadas pelo contribuinte, caberia à autoridade julgadora questionar a razão para tal fato, a fim de verificar o crédito efetivamente disponível para compensação; f) que os atos praticados pela administração tributária devem observar o princípio da verdade material; g) que requer seja dado provimento ao presente apelo para o fim de decretar se a nulidade da decisão recorrida, uma vez que as dd. Autoridades julgadoras não observaram o princípio da verdade material na análise do crédito indicado para compensação, determinandose o retorno dos autos para a d. Autoridade julgadora a quo e/ou DRF da sua jurisdição, a fim de que, deixado de lado o equívoco formal cometido, haja pronunciamento conclusivo acerca da existência do crédito pleiteado É o relatório. Voto Fl. 141DF CARF MF Impresso em 16/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/01/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/0 1/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Processo nº 10480.907177/200983 Acórdão n.º 1302001.571 S1C3T2 Fl. 136 3 Conselheiro Alberto Pinto Souza Junior. O recurso voluntário é tempestivo e foi subscrito por mandatários com poderes para tal, conforme procuração a fls. 73/77, razão pela qual dele conheço. A nulidade da decisão recorrida, alegada pela recorrente, é a própria questão de mérito a ser apreciada por este Colegiado, ou seja, ela reside unicamente em saber se a falta de retificação da DCTF pode obstar o reconhecimento do direito creditório que aflorou da retificação apenas da DIPJ, quando verificado que o DARF que consubstancia o direito creditório pleiteado, objeto do pedido de compensação, fora alocado pela própria recorrente, para extinção do débito confessado na DCTF (não retificada). Entendo perfeito o voto vencedor da decisão recorrida, cujos seguintes excertos a seguir transcrevo: “A matéria aqui discutida, de jurisprudência pacifica nessa turma, se refere ao caso de não homologação da compensação declarada em razão da utilização integral do pagamento indicado como crédito na DCOMP, para quitação de débito declarado pelo contribuinte em DCTF. Como se observa nos autos, a interessada efetuou, em 31/01/2006, pagamento de DARF no valor de R$ 1.115.757,32, relativo ao IRPJ apurado na declaração de ajuste anual, código 2430. Por entender ter efetuado pagamento indevido, transmitiu a DCOMP ora em exame, por via da qual utilizou o valor pago para compensar débito de sua responsabilidade. A DRF/Recife constatou a existência do pagamento, todavia observou que o recolhimento fora integralmente vinculado ao débito do IRPJ apurado na declaração de ajuste anual relativa ao anocalendário 2005, que, C—onforme declarado em DCTF, importou em R$ 1.115.757,32, o exato valor do recolhimento. Assim, restou inexistente o crédito reclamado na DCOMP, razão pela qual não foi homologada a compensação nela declarada. A defesa alega que entregou DIPJ retificadora relativa ao ano calendário 2005 onde apurou saldo negativo de IRPJ no montante de R$ 3.735.978,78, fls. 33/35. Enquanto que na DIPJ original apurou e recolheu IRPJ no valor de R$ 1.115.757,32. Alega a inconformada que a apuração correta do IRPJ é a declarada na DIPJ retificadora, e não a constante da DCTF, arguindo que a não retificação desta não impede o reconhecimento do crédito. Assim, não poderia a autoridade a quo reconhecer crédito algum para a interessada, dado que o valor recolhido já fora, ao tempo do decisório, integralmente alocado a débito regularmente confessado pelo sujeito passivo. E, não sendo liquido e certo o crédito contra a Fazenda Pública, não pode ser postulada sua compensação para extinguir débitos do sujeito passivo (art. 170 do CTN). Importante ressaltar que não foi entregue DCTF retificadora. Em consulta aos sistemas da Receita Federal, se verifica que a contribuinte apresentou DCTF original em que declarou IRPJ devido, código 2430 Fl. 142DF CARF MF Impresso em 16/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/01/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/0 1/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR 4 no valor de R$ 1.115.757,32, fl. 51, e, até a presente data, não entregou DCTF retificadora. Assinalese que a declaração retificadora deveria ter sido entregue antes do decisório, pois a disponibilidade do crédito é examinada no momento do despacho proferido pela autoridade a quo. Ademais, a contribuinte pretende que o indébito fiscal se exteriorize tão somente com os dados declarados em sua DIPJ retificadora. Cabe A. interessada o ônus de provar o erro em que fundada a modificação. A simples retificação da DIPJ, desacompanhada da retificação da respectiva DCTF (que constitui confissão de divida) e desacompanhada de documentos que demonstrem a ocorrência de erro de fato, não tem o condão de comprovar as alegações veiculadas em sede de manifestação de inconformidade. Destaquese que, além de não retificar espontaneamente a DCTF, que constituía obrigação sua (Instrução Normativa SRF n° 126, de 30 de outubro de 1998 e seguintes), não trouxe a interessada prova do tanto alegado, desatendendo ao disposto no art. 16, III, do Decreto n° 70.235/1972. Portanto, não merece reparo o Despacho Decisório, por ter sido efetuado de acordo com as determinações legais sendo improcedente a manifestação de inconformidade.”. Acrescento à bem fundamentada decisão da DRJ/REC que, enquanto não retificada a DCTF, o débito ali confessado subsiste, logo, se possível fosse restituir o alegado direito creditório, sem que a recorrente promovesse a prévia retificação da DCTF, teríamos o melhor dos mundos para a recorrente, pois, além de ter sido restituída do valor pago, passaria a estar formalmente protegida de qualquer multa de ofício sobre IRPJ lançado até o valor declarado na DCTF, qualquer que fosse a infração constatada, já que não incide multa de ofício sobre débito declarado em DCTF. Por último, alerto que a apresentação de DIPJ retificadora não é prova suficiente e incontestável do direito creditório, mas apenas uma das tantas providências que deveria a recorrente tomar, para demonstrar o seu direito creditório. Em face do exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. Alberto Pinto Souza Junior Relator Fl. 143DF CARF MF Impresso em 16/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/01/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 15/0 1/2015 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR
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Numero do processo: 10730.903106/2010-56
Turma: Primeira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 18 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Jan 06 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do fato gerador: 15/12/2004
LUCRO PRESUMIDO. REGIME CUMULATIVO. ALÍQUOTA DE 3%.
As pessoas jurídicas tributadas pelo imposto de renda com base no lucro presumido sujeitam-se à tributação da Cofins no regime cumulativo, por força do art. 10 da Lei nº 10.833, de 2003, à alíquota básica de 3%, prevista no art. 8º da Lei nº 9.718, de 27/11/1998.
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO VOLUNTÁRIO. PROVA. MOMENTO.
No julgamento de segunda instância administrativa, devem ser apreciados e aceitos como prova do direito de crédito utilizado em declaração de compensação não homologada, documentos fiscais e contábeis apresentados no recurso voluntário, quando apenas na decisão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, que manteve o despacho decisório eletrônico, fica claro que a não-apresentação destes documentos é a razão para o indeferimento do pedido de crédito e a não-homologação da declaração de compensação.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 3801-004.326
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário. Os Conselheiros Flávio de Castro Pontes e Marcos Antônio Borges votaram pelas conclusões.
(assinado digitalmente)
Flávio de Castro Pontes Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Sergio Celani Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flávio de Castro Pontes, Paulo Sergio Celani, Marcos Antônio Borges, Sidney Eduardo Stahl, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel e Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira.
Nome do relator: PAULO SERGIO CELANI
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Data do fato gerador: 15/12/2004 LUCRO PRESUMIDO. REGIME CUMULATIVO. ALÍQUOTA DE 3%. As pessoas jurídicas tributadas pelo imposto de renda com base no lucro presumido sujeitam-se à tributação da Cofins no regime cumulativo, por força do art. 10 da Lei nº 10.833, de 2003, à alíquota básica de 3%, prevista no art. 8º da Lei nº 9.718, de 27/11/1998. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO VOLUNTÁRIO. PROVA. MOMENTO. No julgamento de segunda instância administrativa, devem ser apreciados e aceitos como prova do direito de crédito utilizado em declaração de compensação não homologada, documentos fiscais e contábeis apresentados no recurso voluntário, quando apenas na decisão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, que manteve o despacho decisório eletrônico, fica claro que a não-apresentação destes documentos é a razão para o indeferimento do pedido de crédito e a não-homologação da declaração de compensação. Recurso Voluntário Provido.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário. Os Conselheiros Flávio de Castro Pontes e Marcos Antônio Borges votaram pelas conclusões. (assinado digitalmente) Flávio de Castro Pontes Presidente (assinado digitalmente) Paulo Sergio Celani Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flávio de Castro Pontes, Paulo Sergio Celani, Marcos Antônio Borges, Sidney Eduardo Stahl, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel e Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira.
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REGIME CUMULATIVO. ALÍQUOTA DE 3%. As pessoas jurídicas tributadas pelo imposto de renda com base no lucro presumido sujeitamse à tributação da Cofins no regime cumulativo, por força do art. 10 da Lei nº 10.833, de 2003, à alíquota básica de 3%, prevista no art. 8º da Lei nº 9.718, de 27/11/1998. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO VOLUNTÁRIO. PROVA. MOMENTO. No julgamento de segunda instância administrativa, devem ser apreciados e aceitos como prova do direito de crédito utilizado em declaração de compensação não homologada, documentos fiscais e contábeis apresentados no recurso voluntário, quando apenas na decisão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, que manteve o despacho decisório eletrônico, fica claro que a nãoapresentação destes documentos é a razão para o indeferimento do pedido de crédito e a nãohomologação da declaração de compensação. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário. Os Conselheiros Flávio de Castro Pontes e Marcos Antônio Borges votaram pelas conclusões. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 73 0. 90 31 06 /2 01 0- 56 Fl. 61DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 22/12/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 24/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10730.903106/201056 Acórdão n.º 3801004.326 S3TE01 Fl. 3 2 (assinado digitalmente) Flávio de Castro Pontes – Presidente (assinado digitalmente) Paulo Sergio Celani – Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flávio de Castro Pontes, Paulo Sergio Celani, Marcos Antônio Borges, Sidney Eduardo Stahl, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel e Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira. Relatório Conforme relatório do acórdão recorrido, tratase o presente processo de apreciação de compensação declarada em PER/DCOMP, de crédito referente a valor da Cofins que teria sido recolhido a maior com débito trituário da contribuinte. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de origem, por meio de despacho decisório eletrônico, não reconheceu ou reconhecer parcialmente o direito de crédito pleiteado, sob o fundamento de que o pagamento foi total ou parcialmente utilizado para quitar débito declarado em DCTF. Cientificada do despacho eletrônico, a interessada apresentou manifestação de inconformidade, na qual alega que, no exercício de 2004 e parte de 2005, a empresa pagou indevidamente a COFINS com base na alíquota de 7,4% quando deveria ser de 3%, porque enquadravase no regime cumulativo. Demonstrou, para o período de apuração que ensejou o pagamento indevido ou a maior, o erro no cálculo, como apurou o valor a que teria direito e como apropriou este valor na compensação de débito para com a Fazenda Nacional. Afirma que a Secretaria da Receita Federal do Brasil –RFB estaria cometendo um equívoco, ao alegar que o crédito já foi utilizado em quitação de débitos da empresa. A Delegacia da Receita Federal do Julgamento em Ribeirão PretoDRJ/RPO julgou a manifestação de inconformidade improcedente, conforme ementa a seguir: “Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Data do fato gerador: (...) MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE. ALEGAÇÃO SEM PROVAS. Cabe ao contribuinte no momento da apresentação da manifestação de inconformidade trazer ao julgado todos os Fl. 62DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 22/12/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 24/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10730.903106/201056 Acórdão n.º 3801004.326 S3TE01 Fl. 4 3 dados e documentos que entende comprovadores dos fatos que alega.” Após, foi apresentado recurso voluntário, no qual a recorrente repete as alegações da manifestação de inconformidade. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Sergio Celani, Relator. O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos para ser julgado por esta turma especial. A recorrente afirma que apesar de estar submetida à tributação do IRPJ com base no lucro presumido, o que implicaria ter que recolher a Cofins à alíquota de 3% sob o regime cumulativo, equivocadamente calculou a contribuição aplicando alíquota maior. Após ter verificado o erro, procedeu à compensação dos valores que entendeu ter recolhido a maior com débitos perante a Fazenda Nacional de Cofins, contribuição para o PIS/Pasep, IRPJ e CSLL. São vários os processos em julgamento nesta Turma Especial. Nos processos em que a recorrente compensou os supostos créditos com IRPJ e CSLL, as Declarações de Compensação evidenciam que a recorrente se enquadrava no lucro presumido, o que ensejaria a tributação da Cofins no regime cumulativo, por força do art. 10 da Lei nº 10.833, de 2003, à alíquota básica de 3%, prevista no art. 8º da Lei nº 9.718, de 27/11/1998. Cito: “Art. 10 . Permanecem sujeitas às normas da legislação da COFINS, vigentes anteriormente a esta Lei, não se lhes aplicando as disposições dos arts. 1º a 8º: ( Vide Medida Provisória nº 252, de 15/06/2005 ). I as pessoas jurídicas referidas nos §§ 6º, 8º e 9º do art. 3º da Lei nº 9.718, de 1998, e na Lei nº 7.102, de 20 de junho de 1983; II as pessoas jurídicas tributadas pelo imposto de renda com base no lucro presumido ou arbitrado; III as pessoas jurídicas optantes pelo SIMPLES; IV as pessoas jurídicas imunes a impostos; V os órgãos públicos, as autarquias e fundações públicas federais, estaduais e municipais, e as fundações cuja criação tenha sido autorizada por lei, referidas no art. 61 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição; (...)” Fl. 63DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 22/12/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 24/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10730.903106/201056 Acórdão n.º 3801004.326 S3TE01 Fl. 5 4 A decisão da Delegacia da Receita Federal de origem, por meio de despacho eletrônico, pela nãohomologação da compensação declarada baseouse na nãocomprovação da existência de crédito disponível. A decisão da Delegacia da Receita Federal do Julgamento que manteve o despacho decisório fundamentouse na nãoapresentação de comprovantes fiscais e contábeis, em especial notas fiscais e livros fiscais e contábeis, relativos ao crédito pleiteado por meio de despacho eletrônico, constando do voto do acórdão recorrido que a contribuinte limitouse a afirmar que efetuou pagamento indevido, sem demonstrar contabilmente como teria apurado o novo valor do tributo devido. Compulsando os autos, constato que a empresa apresentou, antes do julgamento de primeira instância administrativa, planilha com demonstrativo de pagamentos a maior, informando para o período de apuração o faturamento, o valor pago, o valor devido e o valor pago a maior; cópia de nota fiscal de serviços; e cópia de comprovante de recolhimento. Em julgamentos anteriores de casos semelhantes, votei por negar provimento ao recurso voluntário, na falta de comprovação plena da certeza e liquidez do crédito pleiteado, porém, após ficar vencido sozinho em todos eles, considerando o princípio do colegiado, adoto a posição majoritária da turma, nos casos de despacho eletrônico em que a contribuinte apresenta na fase recursal documentos e demonstrativos que indiquem possuir bom direito, para aplicar o princípio da verdade material e da vedação ao enriquecimento sem causa para mitigar em parte a exigência de plena comprovação na manifestação de inconformidade ou mesmo no recurso voluntário da liquidez do crédito, limitandome a tratar da existência do direito de crédito e ressalvando à Secretaria da Receita Federal do Brasil o poder/dever de verificar na escrita fiscal e contábil da interessada sua liquidez. Esclareço que esta postura leva em consideração que a retificação da DCTF não é condição para o deferimento do pedido de crédito ou para a homologação da compensação declarada e que a ausência nos autos dos livros contábeis e fiscais, quando apresentados os documentos fiscais e demonstrativos dos cálculos do tributo recolhido a maior ou indevidamente e do tributo devido, pode ser suprida, no momento da execução da decisão administrativa, por meio de diligência fiscal ou intimação fiscal para apresentação dos livros pela contribuinte. No presente caso, em que a decisão administrativa se concretizou por meio de despacho eletrônico sem qualquer intimação para que a interessada prestasse informações ou apresentasse provas necessárias à análise do pleito, a Lei nº 9.784, de 29/01/1999, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal, ampara o entendimento segundo o qual a administração tributária poderia. Cito: Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no art. 37 desta Lei. Art. 37. Quando o interessado declarar que fatos e dados estão registrados em documentos existentes na própria Administração responsável pelo processo ou em outro órgão administrativo, o órgão competente para a instrução proverá, de ofício, à obtenção dos documentos ou das respectivas cópias. (...) Fl. 64DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 22/12/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 24/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10730.903106/201056 Acórdão n.º 3801004.326 S3TE01 Fl. 6 5 Art. 39. Quando for necessária a prestação de informações ou a apresentação de provas pelos interessados ou terceiros, serão expedidas intimações para esse fim, mencionandose data, prazo, forma e condições de atendimento. Parágrafo único. Não sendo atendida a intimação, poderá o órgão competente, se entender relevante a matéria, suprir de ofício a omissão, não se eximindo de proferir a decisão. A mesma lei estabelece que nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de observância das formalidades essenciais à garantia dos direitos dos administrados; adoção de formas simples, suficientes para propiciar adequado grau de certeza, segurança e respeito aos direitos dos administrados; interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige. Pelo exposto, voto por dar provimento ao recurso voluntário para reconhecer, com base nas notas fiscais e demonstrativos acostados aos autos, o direito de crédito referente à diferença entre a Cofins efetivamente paga e a devida pela tributação cumulativa à alíquota de 3%, e homologar a compensação declarada até o limite do crédito disponível, ressalvando que a Delegacia da Receita Federal do Brasil deverá apurar a liquidez do crédito com base nos livros fiscais e contábeis da contribuinte. (assinado digitalmente) Paulo Sergio Celani. Fl. 65DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 22/12/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 24/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES
score : 1.0
Numero do processo: 13601.001295/2008-70
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 24 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Jan 30 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 15/10/2003 a 15/09/2007
BASE DE CÁLCULO. RECEITA DA VENDA DE MERCADORIAS. FATURAMENTO. EXCLUSÃO DO VALOR DO ICMS. IMPOSSIBILIDADE.
A base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep compreende o valor total da receita de vendas de mercadorias, que corresponde ao valor total do faturamento, equivalente ao valor total da operação de venda, neste incluído o valor do ICMS.
COMPENSAÇÃO. INEXISTÊNCIA DO CRÉDITO COMPENSADO. HOMOLOGAÇÃO DA COMPENSAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE.
A inexistência de crédito certo e líquido representa motivo suficiente para a não homologação da compensação declarada.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3102-002.205
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros da Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção de Julgamento, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso voluntário, vencidas as Conselheiras Andréa Medrado Darzé, Mirian de Fátima Lavocat de Queiroz e Nanci Gama, que davam provimento.
(assinado digitalmente)
Ricardo Paulo Rosa Presidente.
(assinado digitalmente)
José Fernandes do Nascimento - Relator.
Participaram do julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, Andréa Medrado Darzé, José Luiz Feistauer de Oliveira, Miriam de Fátima Lavocat de Queiroz e Nanci Gama.
Nome do relator: JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 15/10/2003 a 15/09/2007 BASE DE CÁLCULO. RECEITA DA VENDA DE MERCADORIAS. FATURAMENTO. EXCLUSÃO DO VALOR DO ICMS. IMPOSSIBILIDADE. A base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep compreende o valor total da receita de vendas de mercadorias, que corresponde ao valor total do faturamento, equivalente ao valor total da operação de venda, neste incluído o valor do ICMS. COMPENSAÇÃO. INEXISTÊNCIA DO CRÉDITO COMPENSADO. HOMOLOGAÇÃO DA COMPENSAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. A inexistência de crédito certo e líquido representa motivo suficiente para a não homologação da compensação declarada. Recurso Voluntário Negado.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 15/10/2003 a 15/09/2007 BASE DE CÁLCULO. RECEITA DA VENDA DE MERCADORIAS. FATURAMENTO. EXCLUSÃO DO VALOR DO ICMS. IMPOSSIBILIDADE. A base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep compreende o valor total da receita de vendas de mercadorias, que corresponde ao valor total do faturamento, equivalente ao valor total da operação de venda, neste incluído o valor do ICMS. COMPENSAÇÃO. INEXISTÊNCIA DO CRÉDITO COMPENSADO. HOMOLOGAÇÃO DA COMPENSAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. A inexistência de crédito certo e líquido representa motivo suficiente para a não homologação da compensação declarada. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Terceira Seção de Julgamento, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso voluntário, vencidas as Conselheiras Andréa Medrado Darzé, Mirian de Fátima Lavocat de Queiroz e Nanci Gama, que davam provimento. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa – Presidente. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 60 1. 00 12 95 /2 00 8- 70 Fl. 120DF CARF MF Impresso em 30/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/06/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 03 /06/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 10/06/2014 por RICARDO PAULO ROS A 2 Participaram do julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, Andréa Medrado Darzé, José Luiz Feistauer de Oliveira, Miriam de Fátima Lavocat de Queiroz e Nanci Gama. Relatório Por bem descrever os fatos, reproduzse, a seguir, o relatório encartado no acórdão recorrido: A contribuinte aqui identificada requereu em 19/09/2008, às fls. 01/02, a restituição de valores recolhidos a título de PIS nos períodos de apuração de outubro/2003 a set/2007, totalizando R$ 20.502,81, alegando pagamento a maior pela inclusão do ICMS na base de cálculo da contribuição. Posteriormente transmitiu as DCOMP de fls. 19/20, constantes do processo 10640720.823/200910 a este apensado para tratamento manual, visando utilização de igual crédito. Em 03/07/2009, a Delegacia da Receita Federal em Juiz de Fora/MG emitiu o Despacho Decisório de fls. 21/23, no qual não reconheceu o direito creditório pleiteado, às fls. 01/02, a título de PIS e não homologou as compensações a ele vinculadas, sob o argumento que, por falta de previsão legal, não cabe a exclusão do ICMS, relativo às operações próprias, da base de cálculo da contribuição. Cientificada da decisão em 17/08/2009 (fl. 27), a contribuinte manifestou sua inconformidade, às fls. 28/46, onde: 1. discorre sobre a tributação da Cofins com base no faturamento, concluindo que inequivocamente a contribuição em comento não deve incidir sobre a receita bruta total, por inconstitucionalidade do artigo 3º, § 1º, da Lei 9718/98; 2. afirma que o ICMS não pode ser considerado como receita. Nesse sentido, encontrase em fase decisória o RE nº 240.785, tendo como relator o Ministro Marco Aurélio; 3. alega que sobre os valores requeridos há de ser acrescida a devida atualização monetária, conforme jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça e do Conselho de Contribuintes do Ministério da Fazenda, retroativa à data de apuração dos valores; 4. argumenta que a presente defesa alcança as declarações de compensação, que devem permanecer com exigibilidade suspensa na forma do artigo 151 do CTN, até decisão final do presente processo, nos termos do artigo 29 c/c artigo 48, § 3o, da IN SRF nº 600, de 2005. Sobreveio a decisão de primeira instância (fls. 60/63), em que, por unanimidade de votos, a manifestação de inconformidade foi julgada improcedente, com base nos fundamentos resumidos no enunciado da ementa que segue transcrito: Fl. 121DF CARF MF Impresso em 30/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/06/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 03 /06/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 10/06/2014 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 13601.001295/200870 Acórdão n.º 3102002.205 S3C1T2 Fl. 101 3 ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 15/10/2003 a 15/09/2007 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PIS. Somente são passíveis de restituição e compensação os créditos comprovadamente existentes, devendo estes gozar de liquidez e certeza. Em 2/8/2010, a autuada foi cientificada dessa decisão (fl. 67). Inconformada, em 19/8/2010, protocolizou o recurso voluntário de fls. 68/88, em que reafirmou as razões de defesa suscitadas na fase impugnatória. Em aditamento, a recorrente alegou que, na manifestação de inconformidade, não pleiteara a declaração de inconstitucionalidade de norma legal vigente, no entanto, por falta de argumento, a Turma de Julgamento a quo alegara incompetência para não reconhecer o crédito compensado. É o relatório. Voto Conselheiro José Fernandes do Nascimento, Relator. O recurso é tempestivo, trata de matéria da competência deste Colegiado e preenche os demais requisitos de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. A controvérsia limitase à questão atinente à inclusão do valor ICMS na base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins. Para a recorrente, tal valor não integrava a base de cálculo das referidas Contribuições, porque não representava faturamento, mas mero ingresso na escrituração contábil das empresas, em consequência, fazia jus à restituição dos valores das contribuições pagos indevidamente, calculados sobre o valor do ICMS. A matéria encontrase disciplinada no art. 3º, § 2º, I, da Lei nº 9.718, de 1996, a seguir transcrito: Art. 3º O faturamento a que se refere o artigo anterior corresponde à receita bruta da pessoa jurídica.(Vide art. 15 da Medida Provisória nº 2.15835, de 2001)(Vide arts. 49 e 98 daMP nº 627, de 11 de novembro de 2013) [...] § 2º Para fins de determinação da base de cálculo das contribuições a que se refere o art. 2º, excluemse da receita bruta: I as vendas canceladas, os descontos incondicionais concedidos, o Imposto sobre Produtos Industrializados IPI e o Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação ICMS, Fl. 122DF CARF MF Impresso em 30/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/06/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 03 /06/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 10/06/2014 por RICARDO PAULO ROS A 4 quando cobrado pelo vendedor dos bens ou prestador dos serviços na condição de substituto tributário; (Vide arts. 49 e 98 daMP nº 627, de 11 de novembro de 2013) [...] (grifos não originais) Da leitura do preceito legal em destaque, extraise que somente o valor ICMS cobrados nas operações submetidas ao regime de substituição tributária podem ser excluído da base de cálculo das citadas Contribuições. Por outro lado, o valor do ICMS cobrados nas demais modalidades de operações, situação em que se inclui o caso em apreço, por falta de previsão legal, deve compor a referida base cálculo. Dessa forma, fica demonstrada a improcedência da alegação da recorrente de que o valor do ICMS não integrava a base de cálculo da referidas Cotribuições, uma vez que não representava riqueza, mas sim receita do Erário Estadual. Deveras, o faturamento compreende o valor total da operação de venda, nele incluído, inequivocamente, o valor do ICMS. Aliás, a própria base de cálculo do ICMS, definida como o valor da operação da circulação de mercadorias (art. 155, II, da CF/1988, c/c arts. 2º, I, e 8º, I, da LC 87/1996), inclui o próprio montante do ICMS incidente, pois ele faz parte da importância paga pelo comprador e recebida pelo vendedor na operação. Tratase da metodologia de cálculo, denominada de “método por dentro”, em que o imposto é incluído no valor da mercadoria, constituindo o destaque do valor do imposto mero controle escritural. Logo, se o ICMS incide sobre si mesmo, tornase certo concluir que ele não pode ser desconsiderado do conceito de faturamento e, por conseguinte, da base de cálculo da Cofins. Nesse sentido, o entendimento consolidade na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF), reafirmada no julgamento do Recurso Extraordinário (RE) nº 582.461/SP1, sob o regime de repecussão geral, cujo trecho do enunciado ementa, pertinente ao assunto em apreço, segue transcrito: 1. Recurso extraordinário. Repercussão geral. [...] 3. ICMS. Inclusão do montante do tributo em sua própria base de cálculo. Constitucionalidade. Precedentes. A base de cálculo do ICMS, definida como o valor da operação da circulação de mercadorias (art. 155, II, da CF/1988, c/c arts. 2º, I, e 8º, I, da LC 87/1996), inclui o próprio montante do ICMS incidente, pois ele faz parte da importância paga pelo comprador e recebida pelo vendedor na operação. A Emenda Constitucional nº 33, de 2001, inseriu a alínea “i” no inciso XII do § 2º do art. 155 da Constituição Federal, para fazer constar que cabe à lei complementar “fixar a base de cálculo, de modo que o montante do imposto a integre, também na importação do exterior de bem, mercadoria ou serviço”. Ora, se o texto dispõe que o ICMS deve ser calculado com o montante do imposto inserido em sua própria base de cálculo também na importação de bens, naturalmente a interpretação que há de ser feita é que o imposto 1 O tema já foi apreciado pelo STF, no julgamento do RE nº 212.209, ementado nos seguintes termos: "Constitucional. Tributário. Base de cálculo do ICMS: inclusão no valor da operação ou da prestação de serviço somado ao próprio tributo. Constitucionalidade. Recurso desprovido." (RE 212209, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. NELSON JOBIM, Tribunal Pleno, julgado em 23/06/1999, DJ 1402 2003 PP00060 EMENT VOL0209802 PP00303) Fl. 123DF CARF MF Impresso em 30/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/06/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 03 /06/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 10/06/2014 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 13601.001295/200870 Acórdão n.º 3102002.205 S3C1T2 Fl. 102 5 já era calculado dessa forma em relação às operações internas. Com a alteração constitucional a Lei Complementar ficou autorizada a dar tratamento isonômico na determinação da base de cálculo entre as operações ou prestações internas com as importações do exterior, de modo que o ICMS será calculado "por dentro" em ambos os casos. [...] 5. Recurso extraordinário a que se nega provimento. (STF. Tribunal Pleno. RE 582461/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 18/5/2011, DJe158 divulg 17082011 public 18082011 ement vol0256802 pp00177) grifos não originais No âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ), a matéria foi objeto das Súmulas 68 e 94, a seguir transcritas: SÚMULA 68: A PARCELA RELATIVA AO ICM INCLUISE NA BASEDECALCULODOPIS. SÚMULA 94: A PARCELA RELATIVA O ICMS INCLUISE NA BASEDECÁLCULODOFINSOCIAL. Em recentes julgamentos, o STJ tem reafirmado esse entendimento. Nesse sentido, o enunciado da ementa do acórdão proferido no julgamento, realizado em 11/2/2014, do Agravo Regimental no Recurso Especial (AgRg no REsp) nº 1.422.739/PR, a seguir reproduzido: PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. TRIBUTÁRIO. CRÉDITOS DE ICMS. NÃO INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO AO PIS E DE COFINS. PRECEDENTES. 1. A jurisprudência consolidada em ambas as Turmas especializadas em direito público deste Tribunal é firme no sentido de que os valores provenientes do crédito do ICMS não ostentam natureza de receita ou faturamento, mas mera recuperação de custos na forma de incentivo fiscal concedido pelo governo para desoneração das operações, não integrando, portanto, a base de cálculo da contribuição ao PIS e da COFINS. Precedentes: Ag 1.352.512, Rel. Min. Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 10/11/10; REsp 1.205.072/RS, Rel. Min. Castro Meira, Segunda Turma, DJe 14/2/12; AgRg no REsp 1.318.196/RS, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, Primeira Turma, DJe 24.8.2012; AgRg no REsp 1.214.684/PR, Rel. Min. Cesar Asfor Rocha, Segunda Turma, DJe 1.8.2012; AgRg no REsp 1159562/RS, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma, DJe 16/03/2012; AgRg no REsp 1165316/SC, Rel. Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, Primeira Turma, DJe 14/11/2011; AgRg no REsp 1229134/SC, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 03/05/2011; REsp 1025833/RS, Rel. Ministro Francisco Falcão, Primeira Turma, DJe 17/11/2008; AgRg no REsp 1.282.211/PR, Rel. Min. Benedito Gonçalves, Primeira Turma, DJe de 19.6.2012. Fl. 124DF CARF MF Impresso em 30/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/06/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 03 /06/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 10/06/2014 por RICARDO PAULO ROS A 6 2. Agravo regimental não provido. (AgRg no REsp 1422739/PR, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 11/02/2014, DJe 18/02/2014) É pertinente esclarecer que a constitucionalidade do art. 3º, § 2º, I, da Lei nº 9.718, de 1996, que, implicitamente, autoriza a inclusão do valor ICMS na base cálculo das citadas Contribuições, encontrase sob análise no Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito da Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC) nº 18 e do Recurso Extraordinário (RE) nº 240.785MG. Relativamente à ADC no 18 (proposta pelo Presidente da República), o STF reconheceu a repercussão geral da demanda e deferiu medida cautelar para determinar que, até o julgamento final da ação pelo Plenário do STF, juízos e tribunais suspendessem o julgamento dos processos em trâmite que envolviam a aplicação do art. 3º, § 2º, inciso I, da Lei no 9.718/98. A suspensão dos julgamentos deferida liminarmente foi sucessivamente prorrogada nas sessões plenárias realizadas em 4/2/2009, em 16/9/2009, e, finalmente, em 25/3/2010, quando o Tribunal, pela última vez, prorrogou por mais 180 dias a eficácia da medida cautelar anteriormente deferida. Quanto ao RE nº 240.785MG, o mesmo foi também sustado até o julgamento do ADC no 18, já que o Plenário do STF, ao julgar questão de ordem levantada pelo Ministro Marco Aurélio, decidiu que o julgamento da ADC deveria preceder o julgamento do RE em tela, uma vez que a ADC, por tratarse de controle concentrado de constitucionalidade, repercutiria sobre os demais processos relativos à matéria. De consulta realizada no sítio do STF, obtevese a informação de que, até a presente data, nenhuma das duas ações foram julgadas. Com base nessas considerações e por entender que não há norma legal vigente que autorize a exclusão do valor do ICMS da base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, firmase o entendimento de que inexiste o suposto crédito compensado, porque, diferentemente do alegado pela recorrente, os pagamentos a maior que o devido, por ela discriminados na listagem de fls. 5/9, são todos eles devidos. Por fim, em face das conclusões apresentadas, fica prejudicada a análise da alegação da recorrente de que os valores dos créditos requeridos deveria ser corrigidos com base na variação da taxa Selic, que visava apenas recompor a desvalorização da moeda. Aliás, inexiste controvérsia sobre o assunto, pois tal correção, encontrase expressamente determinada no art. 39, § 4º, da Lei n° 9.250, de 1997, e, caso existente o crédito decorrente de pagamento indevido ou a maior do que devido, passível de restituição, a Administração tributária, indetemente de requirimento do contribuinte, tem reconhecido tal acréscimo ao indébito tributário. Por todo o exposto, votase por NEGAR PROVIMENTO ao recurso, para manter na íntegra o acórdão recorrido. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Fl. 125DF CARF MF Impresso em 30/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/06/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 03 /06/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 10/06/2014 por RICARDO PAULO ROS A Processo nº 13601.001295/200870 Acórdão n.º 3102002.205 S3C1T2 Fl. 103 7 Fl. 126DF CARF MF Impresso em 30/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/06/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 03 /06/2014 por JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO, Assinado digitalmente em 10/06/2014 por RICARDO PAULO ROS A
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Numero do processo: 10855.907027/2012-70
Turma: Segunda Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 04 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Thu Feb 12 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 30/12/2008
SIMPLES. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. RETENÇÃO. RESTITUIÇÃO. REQUISITOS.
O pedido de restituição de tributos retidos e recolhidos indevidamente cabe a pessoa jurídica que de fato assumiu o ônus da exação.
Numero da decisão: 1802-002.454
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR provimento ao recurso. O conselheiro José de Oliveira Ferraz Correa vai apresentar declaração de voto para expor suas razões quanto a negativa.
(assinado digitalmente)
José de Oliveira Ferraz Correa - Presidente.
(assinado digitalmente)
Gustavo Junqueira Carneiro Leão - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Darci Mendes de Carvalho Filho, Gustavo Junqueira Carneiro Leão, Henrique Heiji Erbano, José de Oliveira Ferraz Correa, Nelso Kichel. Ausente justificadamente o conselheiro Luis Roberto Bueloni Santos Ferreira.
Nome do relator: GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO
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PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. RETENÇÃO. RESTITUIÇÃO. REQUISITOS. O pedido de restituição de tributos retidos e recolhidos indevidamente cabe a pessoa jurídica que de fato assumiu o ônus da exação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR provimento ao recurso. O conselheiro José de Oliveira Ferraz Correa vai apresentar declaração de voto para expor suas razões quanto a negativa. (assinado digitalmente) José de Oliveira Ferraz Correa Presidente. (assinado digitalmente) Gustavo Junqueira Carneiro Leão Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Darci Mendes de Carvalho Filho, Gustavo Junqueira Carneiro Leão, Henrique Heiji Erbano, José de Oliveira Ferraz Correa, Nelso Kichel. Ausente justificadamente o conselheiro Luis Roberto Bueloni Santos Ferreira. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 85 5. 90 70 27 /2 01 2- 70 Fl. 98DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/02/2015 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 12/02/2015 por JOSE DE OLI VEIRA FERRAZ CORREA Processo nº 10855.907027/201270 Acórdão n.º 1802002.454 S1TE02 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário contra decisão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Ribeirão Preto (SP), que por unanimidade de votos julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pela ora Recorrente. Por economia processual passo a adotar o suscinto relatório elaborado pela DRJ, in verbis: “Tratase de Pedido de Restituição das contribuições sociais retidos na fonte por ocasião de pagamento de serviços de terceiros. Na fundamentação do Despacho Decisório que indeferiu o Pedido, consta: A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para restituição (...) Diante da inexistência do crédito, INDEFIRO o Pedido de Restituição. Cientificada, a interessada apresentou Manifestação de Inconformidade alegando, em síntese, que: o crédito, cuja restituição se pretende decorrente de retenção indevida praticada pela Impugnante referente a serviço prestado por pessoa jurídica optante do SIMPLES Nacional, nos termos em que instituído pela Lei Complementar nº 123/2006. ... Consoante relatado e conforme comprovam os respectivos documentos fiscais, a Impugnante contratou a prestação de serviços da pessoa jurídica de direito privado ‘Guarapuã Florestal Ltda – EPP’ (...). Com base nas disposições do Regulamento do Imposto de Renda – RIR/99 e da Lei nº 10.833/2003, a Impugnante é obrigada a reter os valores concernentes ao imposto de renda e às contribuições sociais CSLL, PIS e COFINS Fl. 99DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/02/2015 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 12/02/2015 por JOSE DE OLI VEIRA FERRAZ CORREA Processo nº 10855.907027/201270 Acórdão n.º 1802002.454 S1TE02 Fl. 4 3 incidentes sobre as operações e repassálos (...) na condição de substituta tributária. Todavia, a Impugnante constatou posteriormente que a pessoa jurídica substituída fornecedora dos serviços contratados à época dos fatos geradores ora considerados, era optante do Simples Nacional, instituído pela Lei Complementar nº 123/2006, situação em que permaneceu no período de 11/07/2008 a 31/12/2011, como bem comprovam os documentos inclusos. ... Por esta peculiar sistemática, o adimplemento dos mencionados tributos dáse de modo unificado, por meio de uma alíquota única, ao encargo da pessoa jurídica optante do SIMPLES, o que indelevelmente a desonera as empresas porventura obrigadas às retenções de IRPJ, PIS, COFINS e CSLL, como a Impugnante, a assim procederem. ... Nesta esteira, a retenção praticada pela Impugnante não teve sentido algum e o montante recolhido por ela por ocasião da operação retratada notadamente constitui indébito, cuja restituição se justifica (...).” A DRJ de Ribeirão Preto (SP) julgou improcedente a manifestação de inconformidade, consubstanciando sua decisão na seguinte ementa: “ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Data do fato gerador: 30/12/2008 SIMPLES. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. RETENÇÃO. RESTITUIÇÃO. REQUISITOS. Ainda que indevida a retenção de tributos devidos por prestadora de serviços optante pelo Simples, a restituição de valores depende da demonstração da assunção do ônus tributário por parte da tomadora dos serviços que efetuou as retenções por ocasião do pagamento das respectivas notas fiscais, sem o que esta última não preenche os requisitos para que lhe sejam restituídos os valores eventual e indevidamente recolhidos. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido” Dessa decisão da qual tomou ciência em 29/10/2013, a Recorrente apresentou Recurso Voluntário em 27/11/2013. Fl. 100DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/02/2015 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 12/02/2015 por JOSE DE OLI VEIRA FERRAZ CORREA Processo nº 10855.907027/201270 Acórdão n.º 1802002.454 S1TE02 Fl. 5 4 No Recurso faz arrazoado sobre os motivos pelo qual o acórdão exarado pela DRJ não deve prosperar, reiterando em seguida as alegações feitas por ocasião da sua manifestação de inconformidade e, no fim, pugnando pelo provimento do seu Recurso Voluntário, eis que tem autorização expressa da empresa para a qual o encargo foi transferido para pleitear a devolução do indébito. Este é o Relatório. Fl. 101DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/02/2015 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 12/02/2015 por JOSE DE OLI VEIRA FERRAZ CORREA Processo nº 10855.907027/201270 Acórdão n.º 1802002.454 S1TE02 Fl. 6 5 Voto Conselheiro Gustavo Junqueira Carneiro Leão, Relator. O recurso voluntário é tempestivo, pelo que dele tomo conhecimento. A análise feita sobre o pedido apresentado pela contribuinte se deu no âmbito do processamento eletrônico de declarações, meio legítimo e eficiente de verificação dos pleitos formalizados pelos sujeitos passivos, também de forma eletrônica, em busca dos créditos que entendem possuir contra a Fazenda Pública. Cabe assinalar que o reconhecimento de direito creditório contra a Fazenda Nacional exige a averiguação da liquidez e certeza do suposto pagamento indevido ou a maior de tributo, fazendose necessário verificar a exatidão das informações a ele referentes, confrontandoas com os registros contábeis e fiscais efetuados com base na documentação pertinente, com análise da situação fática, de modo a se conhecer qual seria o tributo devido e comparálo ao pagamento efetuado. Especialmente nos processos iniciados pelo Contribuinte, como o aqui analisado, há toda uma dinâmica na apresentação de elementos de prova, uma vez que a Administração Tributária se manifesta sobre esses elementos quando profere os despachos e decisões com caráter terminativo, e não em decisões interlocutórias, de modo que não é incomum a carência de prova ser suprida nas instâncias seguintes. É por isso também que antes de proferir o despacho decisório, ainda na fase de auditoria fiscal, pode e deve a Delegacia de origem inquirir o Contribuinte, solicitar os meios de prova que entende necessários, diligenciar diretamente em seu estabelecimento (se for o caso), enfim, buscar todos os elementos fáticos considerados relevantes para que na sequ ência, na fase litigiosa do procedimento administrativo (fase processual), as questões envolvam mais a aplicação das normas tributárias e não propriamente a prova de fatos. Desse modo, para a homologação desse crédito a Administração Fazendária solicitou que o contribuinte juntasse ao seu pedido a documentação contábil que deu suporte ao preenchimento ao pedido de restituição. A Recorrente por ocasião de sua Manifestação de Inconformidade juntou: a) consulta feita na internet em que consta a informação de que a empresa Guarapuã Florestal Ltda – ME estaria compreendida no Simples no período de 11/07/2008 a 31/12/2011, o que abarca os pagamentos tidos por indevidos. b) notas fiscais emitidas pela prestadora de serviços nas quais estão destacadas as parcelas referentes aos tributos que teriam sido indevidamente retidos. Os valores segundo análise da DRJ são compatíveis com o montante do crédito inscrito no Pedido de Restituição. Fl. 102DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/02/2015 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 12/02/2015 por JOSE DE OLI VEIRA FERRAZ CORREA Processo nº 10855.907027/201270 Acórdão n.º 1802002.454 S1TE02 Fl. 7 6 c) documento endereçado à contribuinte, no qual consta a seguinte solicitação: “GUARAPUÃ FLORESTAL LTDA – EPP, cadastrada no CNPJ sob o nº 10.296.543/000151, estabelecida à Rua Ruy Barbosa, nº 685 – Centro, município de Buri/SP, vem solicitar através desta a restituição de imposto descontado indevidamente em notas fiscais devido empresa ser optante do SIMPLES NACIONAL, conf. Demonstrativo abaixo” Com isso a Recorrente requer a restituição de apenas uma parcela do valor recolhido por meio do DARF inscrito no Pedido, razão pela qual não foi possível a verificação, a partir dos valores, da exata composição do DARF de forma a aferir se o valor recolhido corresponde efetivamente ao tido por indevido. Uma demonstração da composição do DARF seria indispensável para a efetiva comprovação da inclusão dos valores eventualmente indevidos nos recolhimentos efetuados. Seria caso de baixar esse processo em diligência, caso a Recorrente não viesse reiteradamente se evadindo em demonstrar que de fato assumiu o ônus do tributo retido da prestadora de serviço indevidamente. Pelo contrário, deu todos os indícios, inclusive com a declaração da empresa Guarapuã Florestal Ltda – EPP, que não assumiu o ônus, mas que apenas se prendeu a parte final do CTN, artigo 166, onde mediante autorização de quem sofreu o ônus do tributo, haveria a possibilidade de efetuar o pedido de restituição em nome próprio. Art. 166. A restituição de tributos que comportem, por sua natureza, transferência do respectivo encargo financeiro somente será feita a quem prove haver assumido o referido encargo, ou, no caso de têlo transferido a terceiro, estar por este expressamente autorizado a recebêla. Nesse sentido a Lei nº 9.430/96, art, 74, § 12, II, “a” veda expressamente a trasferência de créditos tributários para terceiros. A esse respeito já há jurisprudência consolidada, senão vejamos: "TRIBUTÁRIO – COMPENSAÇÃO DE TRIBUTOS TRANSFERÊNCIA DE CRÉDITOS A TERCEIROS – LEI 9.430/96 – IN SRF 21/97 E 41/2000 – LEGALIDADE. A Lei 9.430/96 permitiu que a Secretaria da Receita Federal, atendendo a requerimento do contribuinte, autorizasse a utilização de créditos a serem restituídos ou ressarcidos para a quitação de quaisquer tributos e contribuições sob sua administração. O art. 15 da IN 21/97, permitiu a transferência de créditos do contribuinte que excedessem o total de seus débitos, o que foi posteriormente proibido com o advento da IN 41/2000 (exceto se se tratasse de débito consolidado no âmbito do REFIS) e passou a constar expressamente do art. 74, § 12, II, "a" da Lei 9.430/96. Dentro do poder discricionário que lhe foi outorgado, a Secretaria da Receita Federal poderia alterar os critérios da compensação, sem que isso importe em ofensa à Lei Fl. 103DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/02/2015 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 12/02/2015 por JOSE DE OLI VEIRA FERRAZ CORREA Processo nº 10855.907027/201270 Acórdão n.º 1802002.454 S1TE02 Fl. 8 7 9.430/96. (REsp 677874/PR Ministra ELIANA CALMON DJ 24.04.2006)". A autorização de restituição a quem não teve o ônus seria o mesmo que a Administração Fazendária anuir com o enriquecimento ilícito ou sem causa, também denominado enriquecimento indevido, ou locupletamento, pois configuraria aumento patrimonial sem causa jurídica, ou o que se perderia sem causa legítima. Isso porque em momento algum está estabelecido que o produto da restituição será repassado a quem teve o ônus. Nesse sentido prescreve o Código Civil: “Art. 884. Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será obrigado a restituir o indevidamente auferido, feita a atualização dos valores monetários. Parágrafo único. Se o enriquecimento tiver por objeto coisa determinada, quem a recebeu é obrigado a restituíla, e, se a coisa não mais subsistir, a restituição se fará pelo valor do bem na época em que foi exigido.” Isso porque a despesa já incorrida foi integralmente registrada em conta de resultado atribuida ao fornecedor, sendo sua contrapartida registrada em conta de passivo, uma parte devida ao fornecedor e o restante em tributos retidos de terceiro. A recuperação do crédito tributário daria ensejo ao registro em conta redutora de passivo com a contrapartida em caixa / bancos. Essa prática daria ensejo a obteção de uma receita decorrente da cessão de créditos tributários, essa vedada pela legislação ora em vigor, sem qualquer tributação. No presente caso, havendo crédito tributário a ser restituído, caberia somente a empresa GUARAPUÃ FLORESTAL LTDA – EPP, contribuinte do tributo para solicitar a restituição. Sendo assim, resta claro que a parte final do caput do art. 166 do CTN deve ser interpretado de acordo com o restante do sistema jurídico que rege a matéria, em especial os citados anteriormente. Por oportuno cabe salientar ainda que se trata apenas de “Pedido de Restituição”, pois em caso de “Pedido de Compensação” a Recorrente estaria sujeita à multa correspondente a compensação não declarada, nos termos do diploma legal supra citado. Por todo o exposto, voto no sentido de NEGAR provimento ao recurso, mantendo a decisão da delegacia de origem. (assinado digitalmente) Gustavo Junqueira Carneiro Leão Fl. 104DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/02/2015 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 12/02/2015 por JOSE DE OLI VEIRA FERRAZ CORREA Processo nº 10855.907027/201270 Acórdão n.º 1802002.454 S1TE02 Fl. 9 8 Declaração de Voto Conselheiro José de Oliveira Ferraz Corrêa. Faço a presente declaração de voto para demonstrar os fundamentos que me levam a acompanhar o relator no não provimento do recurso voluntário. O art. 166 do Código Tributário Nacional – CTN, trazido à baila para o exame das questões suscitadas, guarda relação com a antiga classificação dos contribuintes em “contribuinte de direito” e “contribuinte de fato”. O chamado “contribuinte de fato”, na lógica dos tributos indiretos (p/ ex., IPI e ICMS), desimportante para o direito tributário num primeiro momento, adquire relevância nos casos de restituição de indébito, eis que de acordo com o referido artigo: Art. 166. A restituição de tributos que comportem, por sua natureza, transferência do respectivo encargo financeiro somente será feita a quem prove haver assumido o referido encargo, ou, no caso de têlo transferido a terceiro, estar por este expressamente autorizado a recebêla. O problema é que essa lógica não se aplica aos tributos retidos na fonte. Ocorrida a retenção de tributo e presente o respectivo beneficiário do pagamento que ensejou essa retenção, tal situação refoge ao campo do art. 166 do CTN. A fonte pagadora é encarregada de cumprir um dever administrativo (de reter e recolher o tributo), na condição de mero responsável, mas não ocupa a posição do chamado “contribuinte de direito” (que se perfaz na pessoa do fabricante, no caso do IPI, e do comerciante, no caso do ICMS). Tratandose de retenção na fonte, a condição de contribuinte, desde o início, cabe ao beneficiário do pagamento/rendimento, ou seja, àquele que sofreu a retenção do tributo, e é somente ele quem poderá reivindicar a repetição do tributo retido e que se configurou como indébito tributário. Nesse caso, a fonte pagadora não possui legitimidade para figurar no pólo ativo da repetição de indébito. Não se aplica aqui a autorização mencionada no art. 166 do CTN, eis que a situação seria de apropriação/aproveitamento de crédito de terceiro, o que não é admitido pela legislação (Lei nº 9430, art. 74), e a referida autorização não poderia servir a esse fim – transferência de direito creditório de um contribuinte para outro. Por essas razões, acompanho o relator e também nego provimento ao recurso. (assinado digitalmente) José de Oliveira Ferraz Corrêa Fl. 105DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/02/2015 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 12/02/2015 por JOSE DE OLI VEIRA FERRAZ CORREA Processo nº 10855.907027/201270 Acórdão n.º 1802002.454 S1TE02 Fl. 10 9 Fl. 106DF CARF MF Impresso em 12/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/02/2015 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 10/02/2015 por GUSTAVO JUNQUEIRA CARNEIRO LEAO, Assinado digitalmente em 12/02/2015 por JOSE DE OLI VEIRA FERRAZ CORREA
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Numero do processo: 13971.720208/2008-79
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 03 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Feb 11 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2006
ÁREA DE RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO.
Áreas de reserva legal são aquelas averbadas à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, de sorte que a falta da averbação impede sua exclusão para fins de cálculo da área tributável.
LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DECLARAÇÃO DO CONTRIBUINTE. COMPETÊNCIA DA FISCALIZAÇÃO.
Compete à autoridade fiscal rever o lançamento realizado pelo contribuinte, revogando de ofício a isenção quando constate a falta de preenchimento dos requisitos para a concessão do favor.
MULTA DE OFÍCIO. PRINCÍPIO DO NÃO-CONFISCO. EXAME DE CONSTITUCIONALIDADE.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. (Súmula CARF nº 2, publicada no DOU, Seção 1, de 22/12/2009)
JUROS MORATÓRIOS - SELIC.
A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais (Súmula CARF nº 4, publicada no DOU, Seção 1, de 26, 27 e 28/06/2006).
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 2102-003.214
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
Assinado digitalmente
JOSÉ RAIMUNDO TOSTA SANTOS Presidente.
Assinado digitalmente
NÚBIA MATOS MOURA Relatora.
EDITADO EM: 15/12/2014
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alice Grecchi, Bernardo Schmidt, Carlos André Rodrigues Pereira Lima, José Raimundo Tosta Santos, Núbia Matos Moura e Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti.
Nome do relator: NUBIA MATOS MOURA
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AVERBAÇÃO. Áreas de reserva legal são aquelas averbadas à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, de sorte que a falta da averbação impede sua exclusão para fins de cálculo da área tributável. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DECLARAÇÃO DO CONTRIBUINTE. COMPETÊNCIA DA FISCALIZAÇÃO. Compete à autoridade fiscal rever o lançamento realizado pelo contribuinte, revogando de ofício a isenção quando constate a falta de preenchimento dos requisitos para a concessão do favor. MULTA DE OFÍCIO. PRINCÍPIO DO NÃOCONFISCO. EXAME DE CONSTITUCIONALIDADE. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. (Súmula CARF nº 2, publicada no DOU, Seção 1, de 22/12/2009) JUROS MORATÓRIOS SELIC. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais (Súmula CARF nº 4, publicada no DOU, Seção 1, de 26, 27 e 28/06/2006). Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 97 1. 72 02 08 /2 00 8- 79 Fl. 161DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/12/2014 por NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 15/12/2014 po r NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS Processo nº 13971.720208/200879 Acórdão n.º 2102003.214 S2C1T2 Fl. 162 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. Assinado digitalmente JOSÉ RAIMUNDO TOSTA SANTOS – Presidente. Assinado digitalmente NÚBIA MATOS MOURA – Relatora. EDITADO EM: 15/12/2014 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alice Grecchi, Bernardo Schmidt, Carlos André Rodrigues Pereira Lima, José Raimundo Tosta Santos, Núbia Matos Moura e Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti. Relatório Contra INDUMA S/A INDÚSTRIA DE PAPEL E PAPELÃO foi lavrada Notificação de Lançamento, fls. 02/05, para formalização de exigência de Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR) do imóvel denominado Fazenda Carioca II, com área total de 449,7ha (NIRF 4.961.7150), relativo ao exercício 2006, no valor de R$ 47.427,52, incluindo multa de ofício e juros de mora. A infração imputada à contribuinte foi glosa parcial da área de reserva legal, em razão da falta de averbação da área junto à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, conforme quadro a seguir: ITR 2006 Declarado Apurado na Notificação 03Área de Reserva Legal 368,7 ha 88,0 ha Inconformada com a exigência, a contribuinte apresentou impugnação, que foi julgada improcedente pela autoridade julgadora de primeira instância, conforme Acórdão DRJ/CGE nº 0420.973, de 02/07/2010, fls. 110/118. Cientificada da decisão de primeira instância, por via postal, em 28/07/2010, Aviso de Recebimento (AR), fls. 123, a contribuinte apresentou, em 24/08/2010, recurso voluntário, fls.124/143, trazendo as seguintes alegações: Da ilegalidade de obrigatoriedade da averbação da área de reserva legal – Não decorre da vontade do contribuinte e nem da averbação a condição para ser configurada a isenção. A área de reserva legal decorre de lei. A isenção não está Fl. 162DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/12/2014 por NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 15/12/2014 po r NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS Processo nº 13971.720208/200879 Acórdão n.º 2102003.214 S2C1T2 Fl. 163 3 condicionada à averbação da área de reserva legal na matricula do imóvel, a qual possui tãosomente o condão de declarar uma situação jurídica já existente, não possuindo caráter constitutivo. A área em questão, coberta por Mata Atlântica, não surgiu da noite para o dia, ela já existe há muito tempo e sua preservação é fruto da postura preservacionista adotada pela recorrente. Da ilegalidade de obrigatoriedade de apresentação de ADA Não existe na legislação brasileira qualquer menção à obrigatoriedade da Apresentação do Ato Declaratório Ambiental (ADA), para o caso de dedução da área tributável na apuração do ITR da área de utilização limitada. Do ônus da prova – A Lei n° 9.393/96 (art. 10, § 7º), com a redação que lhe vem sendo imprimida pela MP 2.16667, de 24 de agosto de 2001, dispensa a comprovação, para fins de declaração do ITR, da existência efetiva das áreas de preservação permanente e de reserva legal, cabendo, portanto, ao fisco, a prova de que a declaração não foi verdadeira. Dos princípios da legalidade e da verdade material Em momento algum ficou demonstrada inverdade das declarações da recorrente (nem ficará, pois a área de 368,7 ha é de utilização limitada, havendo Decreto Presidencial dispondo acerca de seu interesse ecológico); todavia, a autoridade fiscal, em afronta ao principio da verdade material e da legalidade, efetuou o lançamento fiscal, apesar das provas comprovarem o manifesto equívoco e incerteza das apurações (ou seriam presunções?) contidas na notificação, no que se refere à área aproveitável e utilização da mesma. Da legislação ambiental – No caso concreto, o imóvel da recorrente, por sua localização geográfica, tem suas formações florestais e ecossistemas associados considerados como inseridos no domínio da Mata Atlântica, nos termos do art. 3º do Decreto n° 750/93 e do respectivo Mapa de Vegetação do Brasil expedido pelo IBGE. E assim, tanto por força das disposições legais, como e principalmente da Constituição Federal, as áreas com formações florestais que se insiram no conceito de Mata Atlântica são de indiscutível interesse ecológico, e como tal prescindem de declaração individual e especifica para o seu reconhecimento. A inexigibilidade da multa e dos juros – O caráter confiscatório da multa aplicada – A multa aplicada, dado o seu elevado percentual, assume caráter confiscatório, com manifesta ofensa ao art. 150, IV, da Constituição Federal. É o Relatório. Fl. 163DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/12/2014 por NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 15/12/2014 po r NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS Processo nº 13971.720208/200879 Acórdão n.º 2102003.214 S2C1T2 Fl. 164 4 Voto Conselheira Núbia Matos Moura, relatora O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade. Dele conheço. Cuidase de lançamento decorrente de glosa parcial da área de reserva legal. Durante o procedimento fiscal verificouse que somente a área de 88,0ha estava averbada à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, razão porque reduziuse a área de reserva legal de 368,7ha para 88,0ha. No recurso, a defesa afirma que a isenção não está condicionada à averbação da área de reserva legal na matrícula do imóvel. Para o estudo da questão, transcrevese a seguir o §1º do art. 10 da Lei nº 9.393, de 19 de dezembro de 1996 e o art. 16 da Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965: Lei nº 9.393, de 19 de dezembro de 1996 Art. 10 (...) § 1º Para os efeitos de apuração do ITR, considerarseá: (...) II área tributável, a área total do imóvel, menos as áreas: a) de preservação permanente e de reserva legal, previstas na Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, com a redação dada pela Lei nº 7.803, de 18 de julho de 1989; Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965 Art.16.As florestas e outras formas de vegetação nativa, ressalvadas as situadas em área de preservação permanente, assim como aquelas não sujeitas ao regime de utilização limitada ou objeto de legislação específica, são suscetíveis de supressão, desde que sejam mantidas, a título de reserva legal, no mínimo: (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) (Regulamento) Ioitenta por cento, na propriedade rural situada em área de floresta localizada na Amazônia Legal; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) IItrinta e cinco por cento, na propriedade rural situada em área de cerrado localizada na Amazônia Legal, sendo no mínimo vinte por cento na propriedade e quinze por cento na forma de compensação em outra área, desde que esteja localizada na Fl. 164DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/12/2014 por NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 15/12/2014 po r NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS Processo nº 13971.720208/200879 Acórdão n.º 2102003.214 S2C1T2 Fl. 165 5 mesma microbacia, e seja averbada nos termos do § 7o deste artigo; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) IIIvinte por cento, na propriedade rural situada em área de floresta ou outras formas de vegetação nativa localizada nas demais regiões do País; e (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) IVvinte por cento, na propriedade rural em área de campos gerais localizada em qualquer região do País. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) (...) §8oA área de reserva legal deve ser averbada à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, sendo vedada a alteração de sua destinação, nos casos de transmissão, a qualquer título, de desmembramento ou de retificação da área, com as exceções previstas neste Código. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) A Lei nº 9.393, de 1996, determina que para os efeitos de apuração do ITR, considerase área tributável, a área total do imóvel, menos as áreas de preservação permanente e de reserva legal, previstas na Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965. Já do caput do art. 16, acima transcrito, se infere que os proprietários de imóveis rurais estão autorizados a explorar e suprimir áreas de florestas e outras formas de vegetação nativa (as quais não sejam consideradas áreas de preservação permanente ou de utilização limitada) desde que se comprometa a manter, a título de reserva legal, parte destas florestas ou vegetações nativas, nos percentuais definidos no mesmo artigo. E este compromisso deve ser firmado mediante averbação da área designada como reserva legal junto à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente. Portanto, a decisão de possuir ou não área de reserva legal, como bem afirmou a defesa, parte do proprietário do imóvel, que no interesse de suprimir áreas de floresta ou de vegetação nativa, existentes em sua propriedade, opta por formalizar a área de reserva legal em seu imóvel. Como se vê, a averbação das áreas de reserva legal é fato constitutivo e não declaratório, ou seja, a área de reserva legal somente passa a existir mediante sua formalização, que se dá por averbação junto à matrícula do imóvel no cartório de registro de imóveis. Assim, somente há que se falar em área de reserva legal depois de sua respectiva formalização, mediante averbação na matrícula do imóvel. Logo, a comprovação da averbação da área de reserva legal junto à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, é condição necessária e essencial para a fruição da isenção prevista no art. 10, § 1º, II, a, da Lei nº 9.393, de 1996. Devese apreciar também a alegação da defesa acerca do ônus da prova. Nesse aspecto entende a recorrente que caberia ao Fisco provar que a informação prestada pela recorrente acerca da área de reserva legal estaria incorreta. Tal entendimento advém da interpretação do disposto no parágrafo 7º do artigo 10 da Lei 9.393, de 19 de dezembro de 1996, incluído pela Medida Provisória 2.16667, de 24 de agosto de 2001: Fl. 165DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/12/2014 por NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 15/12/2014 po r NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS Processo nº 13971.720208/200879 Acórdão n.º 2102003.214 S2C1T2 Fl. 166 6 § 7º A declaração para fim de isenção do ITR relativa às áreas de que tratam as alíneas "a" e "d" do inciso II, § 1º, deste artigo, não está sujeita à prévia comprovação por parte do declarante, ficando o mesmo responsável pelo pagamento do imposto correspondente, com juros e multa previstos nesta Lei, caso fique comprovado que a sua declaração não é verdadeira, sem prejuízo de outras sanções aplicáveis. (Medida Provisória nº 2.16667, de 24 de agosto de 2001) A Lei n° 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional (CTN) assim se refere à responsabilidade de fazer prova para concessão da isenção de tributos: Art. 179. A isenção, quando não concedida em caráter geral, é efetivada, em cada caso, por despacho da autoridade administrativa, em requerimento com o qual o interessado faça prova do preenchimento das condições e do cumprimento dos requisitos previstos em lei ou contrato para sua concessão. (grifei) (...) Por outro lado, o artigo 147 do mesmo diploma legal previu as situações em que o lançamento seria efetuado sem a necessidade de que a autoridade fiscal obtivesse, pelos seus próprios meios, as informações especificadas no artigo 142. Art. 142 Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. (...) Art. 147 O lançamento é efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou de terceiro, quando um ou outro, na forma da legislação tributária, presta à autoridade administrativa informações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação. § 1º A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a reduzir ou a excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e antes de notificado o lançamento. § 2º Os erros contidos na declaração e apuráveis pelo seu exame serão retificados de ofício pela autoridade administrativa a que competir a revisão daquela. No mesmo sentido, o artigo 150 estabeleceu as regras que norteiam o lançamento realizado por homologação. Art. 150 O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade Fl. 166DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/12/2014 por NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 15/12/2014 po r NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS Processo nº 13971.720208/200879 Acórdão n.º 2102003.214 S2C1T2 Fl. 167 7 administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. § 1º O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação do lançamento. § 2º Não influem sobre a obrigação tributária quaisquer atos anteriores à homologação, praticados pelo sujeito passivo ou por terceiro, visando à extinção total ou parcial do crédito. § 3º Os atos a que se refere o parágrafo anterior serão, porém, considerados na apuração do saldo porventura devido e, sendo o caso, na imposição de penalidade, ou sua graduação. Dos artigos acima transcritos, verificase que o CTN, visando à simplificação da estrutura necessária à fiscalização e arrecadação de tributos, previu as hipóteses em que o sujeito passivo prestaria à autoridade administrativa informações sobre matéria de fato, indispensáveis à efetivação do lançamento e anteciparia o pagamento do tributo sem prévio exame da autoridade administrativa. Tal modalidade de pagamento/lançamento, denominada de lançamento por homologação, hodiernamente, compreende quase que a totalidade dos tributos administrados pela União, dentre os quais se encontra o Imposto Territorial Rural. Foi, sem dúvida, com base nesses preceitos legais que o legislador atribuiu ao contribuinte a responsabilidade prevista nos artigos 8º e 10º da Lei nº 9.393, de 1996, in verbis: Art. 8º O contribuinte do ITR entregará, obrigatoriamente, em cada ano, o Documento de Informação e Apuração do ITR DIAT, correspondente a cada imóvel, observadas data e condições fixadas pela Secretaria da Receita Federal. § 1º O contribuinte declarará, no DIAT, o Valor da Terra Nua VTN correspondente ao imóvel. § 2º O VTN refletirá o preço de mercado de terras, apurado em 1º de janeiro do ano a que se referir o DIAT, e será considerado autoavaliação da terra nua a preço de mercado. § 3º O contribuinte cujo imóvel se enquadre nas hipóteses estabelecidas nos arts. 2º e 3º fica dispensado da apresentação do DIAT. Art. 10. A apuração e o pagamento do ITR serão efetuados pelo contribuinte, independentemente de prévio procedimento da administração tributária, nos prazos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, sujeitandose a homologação posterior. Contudo, a sistemática do lançamento por homologação não dispensa o contribuinte de fazer prova do preenchimento das condições e do cumprimento dos requisitos previstos em lei ou contrato para a concessão da isenção. Fl. 167DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/12/2014 por NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 15/12/2014 po r NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS Processo nº 13971.720208/200879 Acórdão n.º 2102003.214 S2C1T2 Fl. 168 8 Com efeito, mais do que o dever geral de colaboração, a isenção de caráter especial impõe ao beneficiário o ônus de provar o preenchimento das condições para fruição do tratamento diferenciado. Está claro que o parágrafo 7º apenas dispensa a prévia apresentação dos documentos definidos em lei, no caso a averbação da área de reserva legal, como necessários à fruição da isenção do ITR. Contudo, inarredável é a competência da autoridade fiscal para solicitála, posteriormente, dentro do prazo decadencial, visando a verificação do correto cumprimento da obrigação tributária por parte do contribuinte. A conclusão que se impõe, portanto, é de que, para a fruição da isenção do ITR, a averbação da área de reserva legal é necessária, sendo certo que na sua ausência o Fisco deve proceder ao competente lançamento, nos moldes em que consubstanciado na Notificação de Lançamento, fls. 02/05. Ressaltese que, no presente caso o ADA, fls. 63, apresentado pela contribuinte em 17/10/2008, consta área de reserva legal de 88,0ha, conforme consignado na inscrição da matrícula do imóvel e não a área de 368,7ha. Aqui, vale ressaltar que, em possível inspeção realizada pelo Ibama, que é o órgão competente para aferir as informações prestadas no ADA, nenhuma irregularidade seria verificada quanto à área de reserva legal no imóvel. Cumpre dizer também que no Laudo de Avaliação do imóvel, fls. 32, apresentado pela contribuinte, consta que a área de reserva legal é de 88,0ha. Já no que concerne à alegação da defesa de que o imóvel estaria localizado na Mata Atlântica, que segundo seu entendimento é área de interesse ecológico e como tal prescindem de declaração individual e especifica para o seu reconhecimento, devese dizer que conforme disposto no art. 10, §1°, II, “b”, da Lei n° 9.393, de 1996, para a exclusão das áreas de interesse ecológico, da incidência do ITR, é necessário que as áreas sejam assim declaradas mediante ato do órgão competente, federal ou estadual. A localização do imóvel na Mata Atlântica não é, por si só, caracterizadora da isenção pretendida pela recorrente. Nestes termos, deve ser mantida a glosa parcial da área de reserva legal, nos termos do lançamento. Sobre o percentual de 75% da multa de ofício, que foi aplicada conforme disposto no art. 44 da Lei nº9.430, de 27 de dezembro de 1996, a recorrente afirma ser confiscatório. Vale dizer que o exame da obediência das leis tributárias aos princípios constitucionais é matéria que não deve ser abordada na esfera administrativa, conforme infere se da Súmula CARF nº 2, publicada no DOU, Seção 1, de 22/12/2009: Súmula CARF nº 2 O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Como se vê, os julgamentos administrativos não contemplam o exame de constitucionalidade de leis tributárias, de sorte que não será neste voto apreciada a alegação da recorrente de ofensa ao princípio constitucional de nãoconfisco. Fl. 168DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/12/2014 por NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 15/12/2014 po r NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS Processo nº 13971.720208/200879 Acórdão n.º 2102003.214 S2C1T2 Fl. 169 9 Quanto aos juros Selic, a matéria já foi pacificada neste CARF, conforme Súmula nº 4, publicada no DOU, Seção 1, de 22/12/2009, que cristaliza o entendimento de que é legítima a sua aplicação: Súmula CARF nº 4 A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Ante o exposto, voto por NEGAR provimento ao recurso. Assinado digitalmente Núbia Matos Moura Relatora Fl. 169DF CARF MF Impresso em 11/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/12/2014 por NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 15/12/2014 po r NUBIA MATOS MOURA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por JOSE RAIMUNDO TOSTA SANTOS
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Numero do processo: 10830.008091/2008-78
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 03 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Mon Feb 09 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2003, 2004, 2005, 2006
CUSTO DOS PRODUTOS VENDIDOS. PERDAS POR OBSOLESCÊNCIA.
O custo das perdas de estoque por obsolescência ou outros riscos não cobertos por seguros deve ser comprovado mediante laudo de autoridade fiscal chamada a certificar a sua destruição, quando não houver valor residual apurável, situação que não se amolda ao caso dos autos, em que a empresa efetua venda dos bens obsoletos a terceira empresa que efetua a sua posterior destruição e venda como sucata.
TRIBUTAÇÃO REFLEXA OU DECORRENTE.
Aplica-se à CSLL, no que couber, o disposto em relação ao IRPJ exigido de ofício com base na mesma matéria fática e elementos de prova.
Numero da decisão: 1102-001.282
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
Documento assinado digitalmente.
João Otávio Oppermann Thomé Presidente e Relator.
Participaram do julgamento os Conselheiros: João Otávio Oppermann Thomé, Ricardo Marozzi Gregório, Marcos Vinicius Barros Ottoni, Jackson Mitsui, Marcelo Baeta Ippolitoe Antonio Carlos Guidoni Filho.
Nome do relator: JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2003, 2004, 2005, 2006 CUSTO DOS PRODUTOS VENDIDOS. PERDAS POR OBSOLESCÊNCIA. O custo das perdas de estoque por obsolescência ou outros riscos não cobertos por seguros deve ser comprovado mediante laudo de autoridade fiscal chamada a certificar a sua destruição, quando não houver valor residual apurável, situação que não se amolda ao caso dos autos, em que a empresa efetua venda dos bens obsoletos a terceira empresa que efetua a sua posterior destruição e venda como sucata. TRIBUTAÇÃO REFLEXA OU DECORRENTE. Aplica-se à CSLL, no que couber, o disposto em relação ao IRPJ exigido de ofício com base na mesma matéria fática e elementos de prova.
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GLOSA DE CUSTOS. Recorrente MOTOROLA MOBILITY COMÉRCIO DE PRODUTOS ELETRÔNICOS LTDA (NOVA DENOMINAÇÃO DE MOTOROLA INDUSTRIAL LTDA) Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2003, 2004, 2005, 2006 CUSTO DOS PRODUTOS VENDIDOS. PERDAS POR OBSOLESCÊNCIA. O custo das perdas de estoque por obsolescência ou outros riscos não cobertos por seguros deve ser comprovado mediante laudo de autoridade fiscal chamada a certificar a sua destruição, quando não houver valor residual apurável, situação que não se amolda ao caso dos autos, em que a empresa efetua venda dos bens obsoletos a terceira empresa que efetua a sua posterior destruição e venda como sucata. TRIBUTAÇÃO REFLEXA OU DECORRENTE. Aplicase à CSLL, no que couber, o disposto em relação ao IRPJ exigido de ofício com base na mesma matéria fática e elementos de prova. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Documento assinado digitalmente. João Otávio Oppermann Thomé – Presidente e Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 00 80 91 /2 00 8- 78 Fl. 6084DF CARF MF Impresso em 09/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 06/ 02/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME Processo nº 10830.008091/200878 Acórdão n.º 1102001.282 S1C1T2 Fl. 3 2 Participaram do julgamento os Conselheiros: João Otávio Oppermann Thomé, Ricardo Marozzi Gregório, Marcos Vinicius Barros Ottoni, Jackson Mitsui, Marcelo Baeta Ippolitoe Antonio Carlos Guidoni Filho. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto por MOTOROLA MOBILITY COMÉRCIO DE PRODUTOS ELETRÔNICOS LTDA (nova denominação social de MOTOROLA INDUSTRIAL LTDA), contra acórdão proferido pela 5ª Turma de Julgamento da DRJ/CampinasSP, que manteve integralmente o lançamento de ofício efetuado. Contra o contribuinte foram lavrados autos de infração relativos ao Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica – IRPJ e à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL, formalizando crédito tributário no valor total de R$ 82.591.694,04 (fls. 01), aí já incluídos a multa de ofício de 75% e os juros de mora sobre o principal, bem como as multas isoladas por falta de recolhimento de IRPJ e CSLL sobre as bases de cálculo estimadas. A autuação decorreu da glosa, pelo fisco, de custos considerados indedutíveis por não comprovação das quebras ou perdas de estoque por deterioração ou obsolescência. De acordo com a descrição dos fatos constante dos autos de infração lavrados, a empresa contabilizou, nos anos base de 2003 a 2006, os seguintes valores a título de perdas por obsolescência, na conta denominada “E&O” (Excess and Obsolescence): 2003 R$ 15.109.455,93 2004 R$ 18.121.706,88 2005 R$ 28.957.170,62 2006 R$ 35.002.888,79 Relata o fisco que a empresa foi intimada a informar sobre as quebras ou perdas de estoque por deterioração, obsolescência ou excesso de matéria prima, e que, em atendimento ao referido Termo, apresentou relatório de todas as quebras ou perdas ocorridas no período de 2003 a 2006, inclusive as perdas inevitáveis do processo produtivo, que não haviam sido objeto da intimação inicial. Com relação às perdas inevitáveis do processo produtivo, trouxe o contribuinte documentos relacionados aos processos de acompanhamento dessas perdas, formalizados junto à Inspetoria da Alfândega de Viracopos em Campinas, nos termos da legislação do RECOF. Destaca o fisco que as perdas inevitáveis no processo produtivo são contabilizadas em conta contábil distinta, denominada “SCRAP”, e não podem ser confundidas, portanto, com as perdas de estoque por obsolescência escrituradas na conta denominada “E&O”, que foi objeto da autuação. Para comprovar as perdas escrituradas na conta “E&O”, o contribuinte apresentou correspondência acompanhada de documentos fiscais de vendas de sucatas e contrato formalizado junto à adquirente dos resíduos, e informou o seguinte: Fl. 6085DF CARF MF Impresso em 09/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 06/ 02/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME Processo nº 10830.008091/200878 Acórdão n.º 1102001.282 S1C1T2 Fl. 4 3 a) Que os produtos não foram destruídos pela Motorola, mas vendidos para a empresa Dynel's Print do Brasil Ind e Com Ltda; b) Que a referida empresa possui contrato com a Motorola, por meio do qual se compromete a adquirir produtos e promover sua destruição para posterior revenda como sucata para empresas idôneas, previamente cadastradas ou credenciadas pela Motorola. A partir da análise dos documentos apresentados, afirmou a fiscalização, em síntese, o seguinte: “14. Analisandose as notas fiscais de venda da Motorola para a empresa Dynel, constatase que as saídas foram de “SUCATAS” e que portanto, houve, sim, a destruição dos referidos bens considerados “obsoletos”, antes da efetiva saída dos produtos. 15. Da leitura do Contrato verificamos que os produtos são destruídos no próprio estabelecimento industrial, pela adquirente, sob a supervisão da Motorola. 16. Na realidade a Motorola apenas tercerizou a mão de obra para destruir os produtos obsoletos. Destruição que, segundo a legislação, somente poderia ocorrer com o devido acompanhamento fiscal. 17. A dedutibilidade das quebras ou perdas de estoque por deterioração, obsolescência está condicionada, nos termos da legislação em vigor, ao acompanhamento de autoridade fiscal que eleve certificar a destruição dos bens obsoletos. Nesta ocasião a autoridade fiscal deve verificar a existência física dos bens objeto de destruição, conferir os motivos da baixa de estoque (por deterioração, obsolescência ou outros motivos), e finalmente autorizar e acompanhar o processo de destruição dos referidos bens. DA INEXISTÊNCIA DE VALOR RESIDUAL APURÁVEL. 18. Considerando que os insumos não foram vendidos, mas destruídos, não há que se falar em valor residual apurável. Unia vez destruídos perderam sua identidade, não sendo mais possível comprovar que o produto baixado do estoque compõe determinada quantidade de sucata. Esta constatação somente poderia ser feita mediante o acompanhamento fiscal. 19. Inexistindo o acompanhamento da autoridade fiscal, somente a saída do insumo identificado pelo código do produto, classificação fiscal, unidade de medida e preço unitário, poderia comprovar eventual valor residual apurável. 20. Apesar da tentativa da fiscalizada em vincular as vendas de sucatas a determinada relação de insumos baixados, não há como atestar a veracidade destas informações, nos termos e condições que a legislação do imposto de renda determina para a comprovação destes eventos de baixa de estoque por obsolescência. 21. Observese ainda a enorme discrepância existente entre o valor das sucatas e o valor dos insumos, que teoricamente, estariam vinculados a este evento. Conforme tabela abaixo elaborada com base nos documentos apresentados pela fiscalizada (Notas Fiscais de Venda de Sucata e Relação dos lnsumos baixados vinculados), constatamos que a relação percentual entre a receita das vendas de sucatas (convertida em dólares) comparado com o custo em dólares dos insumos que estariam, segundo o contribuinte, vinculados a esta destruição é inferior a 0,5%. Note, ainda que, se a comparação fosse efetuada com base nos custos contábeis esta relação percentual seria ainda inferior a 0,5%. (,,,)” Fl. 6086DF CARF MF Impresso em 09/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 06/ 02/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME Processo nº 10830.008091/200878 Acórdão n.º 1102001.282 S1C1T2 Fl. 5 4 Em vista destes fatos, por não ter o contribuinte apresentado, nos termos do disposto no inciso II do artigo 291 do Regulamento do Imposto de Renda – RIR/99, os laudos de destruição das mercadorias, relativos às perdas escrituradas na conta “E&O”, foram lavrados os autos de infração em litígio. Em sede de impugnação, aduziu o contribuinte, em síntese, o seguinte: Identifica sua atividade como fabricação de produtos para um mercado de alta tecnologia e de forte concorrência, pelo que possui grande preocupação com um bom sistema de vendas, de forma a evitar grandes perdas ou quebras de estoque por obsolescência, obtendo bons resultados, com excelente nível de produtividade e eficiência, e índices irrisórios de perdas por obsolescência. Afirma que, nos anoscalendário de 2003 a 2006, para um custo total de produtos vendidos de R$ 14.933.834.970,00 (quase 15 bilhões de reais), as quebras ou perdas de estoque por deterioração ou obsolescência foram de R$ 97.191.222,00, ou seja, uma relação de 0,65%. Por se tratar de um mercado muito dinâmico (modelos rapidamente substituídos com inovações tecnológicas e de design), há grande preocupação com o destino dos itens obsoletos de seus estoques, que não podem chegar ao mercado para serem utilizados como equipamentos ou acessórios de telefonia, sob pena de sérios problemas e prejuízos, pois precisa prestar garantia contra defeitos de fabricação, franquear acesso a toda a rede credenciada de assistência técnica, e manter a boa quantidade de produtos e de suas partes e peças, para eventual reposição. Assim, é economicamente mais interessante zelar para que seus itens em excesso e obsoletos não voltem de forma alguma para o mercado, do que se preocupar em vendêlos como aparelhos e/ou equipamentos em bom estado, para serem usados como tal, com todos os ônus e prejuízos antes citados. Neste contexto é que, desde 2002, mantém vínculo contratual com a empresa Dynel's Print do Brasil Indústria e Comércio Ltda., a qual possui diversos fornecedores e: adquire sob sua conta e risco os itens em excesso e obsoletos; retira os produtos no estabelecimento da impugnante, arcando com frete e escolta; armazena os produtos em seu estabelecimento; desmonta todos os equipamentos, descaracterizandoos e separando seus itens, partes e peças, que são revendidas com lucro para empresas especializadas em reciclagem, seja de eletrônicos, plástico, papel ou metais. Tendo em vista a proibição contratual de revenda desses itens no estado em que adquiridos, e a obrigatoriedade de sua descaracterização pela adquirente Dynel's, que somente poderá revender a sucata resultante, obviamente os preços de venda desses itens obsoletos são consideravelmente inferiores aos respectivos custos. Afirma que a fiscalização partiu de premissas totalmente equivocadas, e mesmo contraditórias entre si, que desvirtuam por completo a natureza jurídica das operações efetivamente realizadas por ela realizadas. Se, de acordo com o auto de infração, os produtos são destruídos “pela adquirente, sob a supervisão da Motorola”, então a fiscalização reconhece que um terceiro efetivamente adquire os bens obsoletos da Motorola, portanto, reconhece que há uma operação Fl. 6087DF CARF MF Impresso em 09/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 06/ 02/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME Processo nº 10830.008091/200878 Acórdão n.º 1102001.282 S1C1T2 Fl. 6 5 mercantil de venda e compra dos produtos obsoletos (aquisição), que se constitui na real natureza jurídica do negócio celebrado, e não uma relação de prestação de serviços, pela qual a Dynel's seria paga para executar serviço de “terceirização de destruição de produtos”, conforme restou de forma contraditória e insustentável lançado no auto de infração. Errou a fiscalização ao concluir que, de acordo com o Contrato, os bens seriam destruídos dentro do estabelecimento da Motorola, pois os contratos dispõem exatamente o oposto (item 4.3 do contrato: “A destruição dos materiais deve ser realizada nas instalações da COMPRADORA, e sempre sob a supervisão da MOTOROLA”). Ou seja, os produtos eram retirados pela Dynel's no estabelecimento da Motorola, por sua conta e risco, e eram destruídos no estabelecimento da própria Dynel's, sob a supervisão da Motorola, que tinha reservado para si o direito contratual de checar a descaracterização dos produtos, para que não houvesse risco de esses produtos retornarem ao mercado no estado em que retirados pela Dynel's. O erro cometido pela fiscalização acaba derrubando as demais premissas que constam do auto de infração. Portanto: a) não houve terceirização de mão de obra; b) os produtos foram vendidos; c) houve fixação de preço para venda. A Motorola mantém controles bastante pormenorizados acerca do destino dos produtos vendidos, que permitem a perfeita conciliação dos itens vendidos, com as notas fiscais que retrataram as vendas feitas à Dynel's. Como se trata de enorme volume de documentos, a Impugnante instruiu a defesa com um CD contendo todos os arquivos desses controles (Doc. 06 da Impugnação). Ademais, da mera leitura do dispositivo legal invocado na autuação (art. 291, II, ‘c’, do RIR/99), verificase que, se houver valor residual apurável (como houve nos casos sob exame), não há necessidade de prévia destruição dos bens obsoletos na presença da autoridade fiscal: “Art. 291. Integrará também o custo o valor (Lei nº 4.506, de 1964, art. 46, incisos V e VI): II das quebras ou perdas de estoque por deterioração, obsolescência ou pela ocorrência de riscos não cobertos por seguros, desde que comprovadas: c) mediante laudo de autoridade fiscal chamada a certificar a destruição de bens obsoletos, invendáveis ou danificados, quando não houver valor residual apurável. Transcreve jurisprudência do extinto Conselho de Contribuintes que corrobora o acima afirmado. Ressalta ainda que, no caso, o agente Fiscal em nenhum momento sequer insinuou que os produtos não teriam sido destruídos. Ao contrário, apenas insistiu na equivocada tese de que os produtos teriam sim sido destruídos, porém dentro do estabelecimento da própria Impugnante, e por um terceiro (Dynel's), sem o requisito do acompanhamento de um fiscal, demonstrando, assim, excessivo apego a um requisito meramente formal, incapaz de infirmar a situação de fato verificada pelo próprio Fiscal (efetiva destruição dos produtos). Fl. 6088DF CARF MF Impresso em 09/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 06/ 02/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME Processo nº 10830.008091/200878 Acórdão n.º 1102001.282 S1C1T2 Fl. 7 6 Comprovando a efetiva destruição dos produtos, a Impugnante possui: amostras dos produtos já completamente descaracterizados pela Dynel's (no Doc. 07 da Impugnação apresenta foto dessas amostras), vídeos dos processos de destruição conduzidos no estabelecimento da Dynel's (Doc. 08 da Impugnação). Junta ainda correspondência encaminhada à Dynel's, e sua resposta, contendo uma série de questões relativas à realidade do dia a dia, com base no vínculo contratual mantido entre ambas desde 2002, dados cadastrais, informações gerais e lista de principais clientes/fornecedores daquela empresa, relatório fotográfico de descaracterização dos celulares e demais produtos adquiridos da Impugnante, e notas fiscais de transporte (Docs. 09, 10, 11, 12 e 13 da Impugnação), e, ainda, relatório da KPMG respondendo a perguntas objetivas feitas acerca do seu vínculo comercial com a Dynel's e dos detalhes e aspectos operacionais e documentais inerentes a tal vínculo comercial (Doc. 14 da Impugnação). Insurgese também contra a multa isolada lançada, considerandoa uma dupla punição por um único substrato fático, e finaliza a sua peça requerendo a total insubsistência dos autos de infração lavrados. A DRJ proferiu decisão mantendo integralmente os autos de infração. Consignou a autoridade julgadora a quo que, nas notas fiscais de vendas apresentadas, consta uma única descrição dos produtos, como “sucatas”, e que as relações de itens que as acompanham não permitem estabelecer uma correlação desses itens com as sucatas que teriam sido vendidas, e que também não foi possível correlacionar as notas fiscais apresentadas por amostragem com as planilhas de fls. 55/294 juntadas como resposta à solicitação de “demonstrativos detalhados dos produtos baixados”. Neste sentido, a título de exemplo, passa a discorrer sobre divergências constatadas, para concluir, então, que tais relatórios não se prestam a suprir a omissão da identificação, em nota fiscal, dos produtos que teriam sido vendidos como sucatas. Destaca que os registros contábeis da contribuinte apontam apenas a baixa de bens do estoque, dissociados de sua saída por venda, ainda que como sucata, e que, neste contexto, somente por meio da apresentação do laudo hábil seria possível conferir dedutibilidade a esses custos, no âmbito da apuração do IRPJ e da CSLL. Por outro lado, se, como alega a impugnante, os custos não seriam decorrentes de destruição, mas de venda dos produtos como sucata, ainda que por valor residual pouco significativo, então deveria ao menos comprovar a correspondente baixa no estoque concomitantemente à emissão das notas fiscais de vendas, o que não logrou fazer. A ementa do Acórdão no 0524.281 ostenta a seguinte redação: “Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica – IRPJ Anocalendário: 2003, 2004, 2005, 2006 GLOSA DE CUSTOS. BENS DESTRUÍDOS. IRPJ. CSLL. Para fins de apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL, o valor contabilizado a título de quebras ou perdas de estoque por deterioração ou obsolescência integrará o custo, desde que comprovadas mediante laudo de autoridade fiscal chamada a certificar a destruição de bens obsoletos, invendáveis ou danificados, quando não houver valor residual apurável. ALEGAÇÃO DE VENDA. A alegação de que bens Fl. 6089DF CARF MF Impresso em 09/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 06/ 02/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME Processo nº 10830.008091/200878 Acórdão n.º 1102001.282 S1C1T2 Fl. 8 7 contabilizados a título de perda por excesso ou obsolescência foram vendidos como sucata e destruídos, desprovida de provas que permitam a verificação da compatibilidade entre os bens vendidos e aqueles apropriados como custos, não é hábil a justificar a dedutibilidade destes. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE. O controle de constitucionalidade da legislação que fundamenta o lançamento é de competência exclusiva do Poder Judiciário e, no sistema difuso, centrado em última instância revisional no STF. MULTA ISOLADA. FALTA DE RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVAS. O nãorecolhimento de estimativas sujeita a pessoa jurídica à multa de ofício isolada. CUMULAÇÃO COM MULTA DE OFÍCIO. COMPATIBILIDADE. É compatível com a multa isolada a exigência da multa de ofício relativa ao tributo apurado ao final do anocalendário, por caracterizarem penalidades distintas.” No recurso, aduz a recorrente que, muito embora a r. decisão recorrida tenha percebido o evidente erro de interpretação cometido pelo Sr. Agente Fiscal quanto ao teor do contrato celebrado (o fato principal ensejador da autuação), partiu para a suposição, para inferir ou deduzir, sabese lá como, que a Recorrente teria mesmo que estar a destruir os produtos em seu próprio estabelecimento, apesar de a própria decisão reconhecer que o contrato celebrado com a Dynel’s dizia exatamente o contrário. Aduz que, se a própria decisão reconhece que houve efetivamente a venda de componentes, tecendo a decisão recorrida apenas críticas aos controles e à forma de detalhamento dos produtos vendidos, a Recorrente poderia até aceitar uma autuação que a punisse em função da eventual escrituração defeituosa dessas vendas, mas nunca poderia ficar sujeita aos efeitos decorrentes de um fato inexistente, tendo em vista que nunca houve a destruição dos componentes dentro do estabelecimento da Recorrente. No mais, reproduz integralmente seus argumentos de defesa. Em 24 de outubro de 2012, em nova manifestação protocolada junto ao CARF, renova suas considerações e traz aos autos, como elemento para a convicção dessa Turma Julgadora, e para dirimir quaisquer dúvidas ainda porventura existentes quanto aos elementos contábeis e fiscais e quanto aos controles da Recorrente, parecer de renomada empresa de perícia técnica (Simonaggio Perícias Ltda.) Intimada acerca desses documentos, a Fazenda Nacional manifestouse pelo seu não conhecimento pela turma julgadora, face à sua intempestividade, posto que apresentados cerca de quatro anos após o recurso. Ainda no mesmo documento, tece a Fazenda Nacional considerações acerca da autuação e da decisão recorrida, e requer o improvimento do recurso voluntário. É o relatório. Voto Conselheiro João Otávio Oppermann Thomé Fl. 6090DF CARF MF Impresso em 09/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 06/ 02/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME Processo nº 10830.008091/200878 Acórdão n.º 1102001.282 S1C1T2 Fl. 9 8 O recurso é tempestivo e preenche os requisitos de admissibilidade, dele tomo conhecimento. A exigência fiscal, conforme visto, está calcada na seguinte premissa: os bens considerados obsoletos foram destruídos antes de sua efetiva saída da sede da Motorola, e esta destruição não foi acompanhada pela autoridade fiscal. Assim, não foi observado o disposto no art. 291, II, ‘c’, do RIR/99, o qual exige que, para que os custos correspondentes aos bens destruídos possam ser considerados dedutíveis do lucro real, haja a comprovação por meio de laudo da autoridade fiscal que acompanhar o processo de destruição. A autoridade fiscal chegou a essas conclusões a partir da leitura do contrato firmado com a empresa Dynel's, entendendo que esta fora contratada como prestadora de serviços (mão de obra terceirizada) para o fim de proceder à destruição dos produtos no próprio estabelecimento industrial da fiscalizada. Com a devida vênia, a premissa fiscal não se sustenta. Consoante os esclarecimentos prestados pela contribuinte desde a fase investigativa, e, em especial, pelo próprio contrato a que se refere o fisco, ficou evidente que a empresa Dynel's jamais foi contratada como prestadora de serviços a serem executados para a Motorola. O(s) contrato(s) firmado(s) (contrato e suas renovações e aditivos contratuais) com a empresa Dynel's sempre foi bastante expresso no sentido de que a empresa Dynel's faria a aquisição dos diversos itens considerados como “sucata” e se responsabilizaria por fazer a sua destruição em seu próprio (da Dynel's) estabelecimento, sob a supervisão da Motorola. A supervisão da Motorola se fazia necessária, ou ao menos era contratualmente assegurada, justamente em razão das questões comerciais aduzidas pela recorrente, que não desejaria ver seus produtos obsoletos indevidamente reintroduzidos no mercado. É fato que o termo “sucata” podese prestar a diversas interpretações. A autoridade fiscal e julgadora a quo consideram que a referência feita a “sucata” nas notas fiscais de venda emitidas contra a Dynel's evidenciam que os produtos já teriam efetivamente sofrido destruição ou sido completamente descaracterizados, antes de sua saída do estabelecimento da Motorola. Por outro lado, a definição de “sucata” constante do instrumento contratual firmado é bastante mais abrangente, verbis: “1. OBJETO 1.1 Através do presente instrumento a COMPRADORA se comprometera comprar da MOTOROLA, sempre que por esta solicitado, sucata composta excesso e obsolecencia e de materiais sem possibilidade de recuperação decorrentes do processo de reposição em garantia.” A “sucata” a que se refere o contrato, portanto, engloba tanto os itens relativos ao “excesso e obsolescência”, inerentes ao mercado em que atua a recorrente, quanto aqueles decorrentes do processo de reposição em garantia. O termo “sucata”, portanto, não denota uma referência a materiais submetidos a qualquer espécie de destruição ou descaracterização, senão a itens que, embora Fl. 6091DF CARF MF Impresso em 09/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 06/ 02/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME Processo nº 10830.008091/200878 Acórdão n.º 1102001.282 S1C1T2 Fl. 10 9 aparentemente íntegros, revelamse inservíveis (ou porque estragados, no caso da reposição em garantia, ou porque obsoletos, nos termos da política mercadológica da recorrente). Estes bens inservíveis (“sucata”, para a recorrente) é que deveriam ser, nos termos do contrato firmado com a Dynel's, após serem por ela adquiridos, por preço fixado à razão de quilos de produto, e às suas próprias expensas e responsabilidade, retirados do estabelecimento da recorrente, e completamente descaracterizados e destruídos pela Dynel's, antes de poderem ser por ela vendidos ao mercado, mais uma vez como “sucata”. É verdade que, no vasto conjunto probatório apresentado pela contribuinte para comprovar os itens do inventário que foram vendidos à Dynel's para serem destruídos, há algumas falhas, e que impossibilitam, em muitos casos, fazer uma perfeita correlação entre os itens baixados do inventário e as notas fiscais de venda à Dynel's. Na verdade, se se partir apenas da descrição nas notas fiscais, como “sucata”, não existirá correlação alguma em 100% dos casos, o que, convenhamos, afigurase longe de corresponder à realidade, diante de todo o contexto da inegável existência de uma relação comercial entre a recorrente e a empresa Dynel's. Relação comercial que, com a devida vênia, foi equivocadamente compreendida pela autoridade fiscal, ao afirmar que, pela simples leitura do contrato, concluir seia que a Dynel's seria mera prestadora de serviços para a recorrente, e que os produtos seriam objeto de destruição no estabelecimento da recorrente, quando tais premissas e suposições não resistem sequer à mera leitura do referido contrato, que afirma categoricamente o contrário. Tampouco resistem às demais evidências e esclarecimentos trazidos pela recorrente, que não foram adequadamente investigados nem refutados. No caso, temse que a empresa Dynel's, que nenhum vínculo societário possui com a recorrente, e que atua no mercado de reciclagem, tendo como clientes diversas empresas de eletrônicos, em síntese, confirma todas as alegações feitas pela recorrente, além de também apresentar provas. Ao descrever os produtos obsoletos que adquire da Motorola, confirmou a Dynel's tratarse de “telefones celulares completos, partes e peças de celulares, componentes, acessórios, antenas CDMA, placas CDMA para ERBs, cabos, filtros e gabinetes”, portanto, alguns itens “inteiros”, outros “desmontados parcialmente” ou em “peças separadas”, sendo alguns “visualmente sem uso” e outros “usados” (fls. 507509). Confirmou a retirada e transporte destes produtos pela Dynel's, juntou cópias dos conhecimentos de transporte rodoviário de cargas relativos às aquisições suportadas pelas notas fiscais emitidas pela Motorola como “sucata”, fotos do processo de desmontagem/descaracterização/destruição completa dos diversos itens, desenvolvido no seu (Dynel's) estabelecimento, bem como de notas fiscais de saída relativa às suas vendas, da sucata já separada (por ex, sucata de transformadores, sucata de placas de telefone celular, sucatas de pinos e terminais, sucata de placas de telefone celular lisas e sem componentes, sucata de plástico, etc). O preço fixado em R$1,00 (um real) por quilo, considerado pelas autoridades fiscal e julgadora de primeira instância como um indício ou evidência de que os produtos já teriam sido destruídos, na verdade se afigura razoável diante das circunstâncias. A uma, porque os riscos associados à uma indesejável (re)colocação no mercado de itens obsoletos ou imprestáveis, mais a assunção de todos os custos inerentes à sua retirada e destruição, bem como a assunção dos riscos na operação, inclusive possíveis danos ambientais, justifica o baixo Fl. 6092DF CARF MF Impresso em 09/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 06/ 02/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME Processo nº 10830.008091/200878 Acórdão n.º 1102001.282 S1C1T2 Fl. 11 10 preço praticado, uma vez que a empresa Dynel's também tem de assegurar sua margem de lucro. Neste sentido, vejase, por exemplo, que a Dynel's, ao efetuar a venda dos diversos tipos de sucata, em alguns casos pratica preços até abaixo de R$1,00 (um real) por quilo, embora, na média, por óbvio, alcance preço maior: assim, por exemplo, a sucata de transformadores é vendida a R$0,2131 por quilo, e a sucata de pinos e terminais é vendida por R$0,0852 por quilo; por outro lado, a sucata de placas de telefone celular é vendida a R$12,9991 por quilo (nota fiscal de fls. 544). Ademais, ainda em sede de impugnação, juntou a recorrente um relatório da KPMG que confirma ser o preço praticado, de R$1,00 (um real) por quilo, semelhante aos preços pagos pela Dynel's nas operações comerciais com outras clientes que não a Motorola. Inconteste também que houve o efetivo pagamento das aquisições efetuadas pela Dynel's à Motorola, precisamente nos valores suportados pelas notas fiscais emitidas. Tudo isto, portanto, desconstrói a tese fiscal de que os bens teriam sido destruídos pela Motorola antes de sua venda à Dynel's, o que, por si só, já é suficiente para afastar a aplicação, ao caso, do art. 291, II, ‘c’, do RIR/99, invocado pela fiscalização, no sentido de exigir a presença de autoridade fiscal para atestar a sua destruição. Nas entrelinhas da acusação fiscal, e, com maior desenvoltura exposta na decisão da turma julgadora a quo, encontrase também a inferência ao fato de não ser possível fazer a exata correlação entre os itens que foram baixados do inventário contra custo e as notas fiscais emitidas. Neste sentido é que a autoridade julgadora a quo pinçou diversos casos em que não haveria, por exemplo, a menção, nos arquivos que contém a relação dos itens baixados, à nota fiscal de venda de “sucata” emitida pela recorrente, além de observar que não haveria uma correlação temporal entre os eventos. Neste aspecto, mesmo sem adentrar na questão da discussão relativa a um alegado “reenquadramento” dos fatos por parte da autoridade julgadora a quo, entendo que, por todo o contexto fático e pelo conjunto probatório dos autos, justificase o lapso temporal ocorrido em razão de que, conforme os esclarecimentos prestados e, mais uma vez, o próprio contrato celebrado entre a Dynel's e a recorrente, estava ajustado que haveria de a recorrente primeiro acumular uma determinada quantidade de “sucata”, para que só então fosse feita a sua retirada pela Dynel's. E, pelo menos em outros tantos casos contidos nos arquivos apresentados, há a menção, ao lado de cada item de inventário baixado, à nota fiscal de venda de “sucata” emitida pela recorrente. Portanto, se os controles mantidos pela recorrente não são assim tão perfeitos como alega, por outro lado, por certo não podem ser completamente desprezados ou tido como inservíveis para comprovar o custo dos itens contidos nas vendas de “sucata” feitas à Dynel's. Concluo, portanto, que as premissas sobre as quais se assenta a acusação fiscal são infirmadas pelos elementos constantes dos autos, motivo pelo qual não procede a glosa fiscal efetuada. Registro que esta conclusão é alcançável sem que seja necessário sequer recorrer aos elementos trazidos aos autos em 24 de outubro de 2012 (“Parecer Técnico de Natureza Contábil, Econômica e Financeira” da Simonaggio Perícias Ltda, e seus anexos), Fl. 6093DF CARF MF Impresso em 09/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 06/ 02/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME Processo nº 10830.008091/200878 Acórdão n.º 1102001.282 S1C1T2 Fl. 12 11 contra os quais insurgiuse a Procuradoria da Fazenda Nacional, manifestandose pelo seu não conhecimento. De qualquer sorte, registrese que a posição desta turma julgadora tem sido bastante flexível com relação à aceitação destes elementos de prova em casos semelhantes ou equivalentes, não havendo motivos, portanto, para que não pudessem ser apreciados. Não subsistindo a acusação fiscal principal, evidentemente insubsiste também a multa isolada aplicada por falta de recolhimento das estimativas. De qualquer sorte, a posição desta turma julgadora tem sido no sentido de, por maioria de votos, cancelar esta multa quando sua aplicação caracterizar “concomitância” com a multa de ofício aplicada, tese com a qual não concorda este relator, mas que, pela tese da jurisprudência dominante, corresponde ao que ocorreu no caso concreto. Para finalizar, registrese que todo o quanto exposto aplicase de igual modo tanto para o IRPJ quanto para a CSLL, tendo em vista que os lançamentos foram efetuados em razão dos mesmos fatos, e amparados nos mesmos elementos de prova. Pelo exposto, dou provimento ao recurso voluntário. Documento assinado digitalmente. João Otávio Oppermann Thomé Relator Fl. 6094DF CARF MF Impresso em 09/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME, Assinado digitalmente em 06/ 02/2015 por JOAO OTAVIO OPPERMANN THOME
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Numero do processo: 10845.000571/2009-11
Turma: Primeira Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 21 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Tue Jan 27 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2007
DESPESAS MÉDICAS. DEDUÇÃO. GLOSA.
A dedução de despesas médicas lançadas na declaração de ajuste anual pode ser condicionada, pela Autoridade lançadora, à comprovação do efetivo dispêndio e/ou da efetiva prestação dos serviços, desde que o sujeito passivo tenha prévio conhecimento daquilo que o Fisco está a exigir, proporcionando-lhe, antecipadamente à constituição do crédito tributário, a possibilidade de atendimento do pleito formulado.
Preliminares Rejeitadas
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 2801-003.930
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares suscitadas e, no mérito, negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator.
Assinado digitalmente
Tânia Mara Paschoalin - Presidente.
Assinado digitalmente
Marcelo Vasconcelos de Almeida - Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Tânia Mara Paschoalin, José Valdemir da Silva, Adriano Keith Yjichi Haga, Marcelo Vasconcelos de Almeida e Marcio Henrique Sales Parada. Ausente o Conselheiro Flavio Araujo Rodrigues Torres.
Nome do relator: MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA
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DEDUÇÃO. GLOSA. A dedução de despesas médicas lançadas na declaração de ajuste anual pode ser condicionada, pela Autoridade lançadora, à comprovação do efetivo dispêndio e/ou da efetiva prestação dos serviços, desde que o sujeito passivo tenha prévio conhecimento daquilo que o Fisco está a exigir, proporcionando lhe, antecipadamente à constituição do crédito tributário, a possibilidade de atendimento do pleito formulado. Preliminares Rejeitadas Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares suscitadas e, no mérito, negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. Assinado digitalmente Tânia Mara Paschoalin Presidente. Assinado digitalmente Marcelo Vasconcelos de Almeida Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Tânia Mara Paschoalin, José Valdemir da Silva, Adriano Keith Yjichi Haga, Marcelo Vasconcelos de AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 84 5. 00 05 71 /2 00 9- 11 Fl. 177DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/01/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 22/01/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/01/2015 por TANIA MARA PA SCHOALIN Processo nº 10845.000571/200911 Acórdão n.º 2801003.930 S2TE01 Fl. 178 2 Almeida e Marcio Henrique Sales Parada. Ausente o Conselheiro Flavio Araujo Rodrigues Torres. Relatório Por bem descrever os fatos, adotase o “Relatório” da decisão de primeira instância (fls. 120/121 deste processo digital), reproduzido a seguir: Do procedimento de revisão da Declaração do Imposto de Renda Pessoa Física DIRPF exercício 2007 / anocalendário 2006 do contribuinte acima identificado, resultou o presente lançamento de ofício, tendo em vista dedução indevida de despesas médicas R$ 28.922,18. De acordo com a Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal (fls. 28), foi efetuada glosa parcial das despesas médicas, em razão da não apresentação de comprovantes, bem como pela não comprovação de efetiva prestação de serviços e correspondente desembolso dos valores declarados, conforme solicitado em intimação. O contribuinte apresentou impugnação de fls.01/20, alegando, em síntese, que: em 12/11/2008 foi intimado a apresentar documentos comprobatórios da efetividade da prestação de serviços e dos pagamentos e, embora tenha atendido ao solicitado, mediante apresentação de recibos revestidos das formalidades legais exigidas, teve as deduções glosadas. a exigência tributária é totalmente inválida, pois o auto de infração não individualiza os valores glosados e não indica as deduções não aceitas, o que a macula de nulidade em razão de cerceamento do direito de defesa. tanto a legislação quanto a jurisprudência administrativa não exigem do contribuinte a comprovação de despesas muito tempo após os eventos. O ato de ignorar os esclarecimentos prestados pelo contribuinte, corroborados por recibos médicos válidos estabelece presunção de veracidade a seu favor, transferindo o ônus probatório para a administração tributária. de acordo com o RIR/99 art. 80, §1°, III e a Instrução Normativa SRF n° 15/2001 art. 48, a única exigência imposta é a apresentação de documentos com as informações especificadas, mas não que o pagamento seja feito por cheque ou outro meio bancário. A apresentação de cheque nominal é citada pela legislação como meio de prova quando ausente o recibo. Apresenta decisões administrativas que corroboram seus argumentos. a mera suspeita não autoriza o funcionário público a criar óbices à dedução de despesas médicas, a não ser que os comprovantes sejam falsos ou o profissional negue que os emitiu, Fl. 178DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/01/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 22/01/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/01/2015 por TANIA MARA PA SCHOALIN Processo nº 10845.000571/200911 Acórdão n.º 2801003.930 S2TE01 Fl. 179 3 o que não se aplica ao presente caso. O impugnante tem conhecimento de que os profissionais em questão não foram indagados quanto à prestação de serviços, ou se os valores constantes dos recibos fornecidos foram incluídos nos rendimentos por eles declarados à Receita Federal. a intimação para que o contribuinte comprovasse a efetividade dos serviços prestados e dos respectivos pagamentos é providência admissível apenas na hipótese de existirem suspeitas no sentido de que os serviços não tenham sido prestados, conforme decisões administrativas que traz à colação. na presente situação, entretanto, a autoridade fiscal não colocou em dúvida a autenticidade dos recibos apresentados; atuou com base em presunções simples e conceitos subjetivos, criando óbices à apuração da real base de cálculo do tributo, o que contraria o art. 97 do Código Tributário Nacional, que estabelece que somente a lei pode dispor sobre a base de cálculo do tributo. o art. 845 do RIR/99 estabelece presunção de veracidade em favor do contribuinte, vedando à autoridade fiscal a negativa de validade dos documentos por ele apresentados, a não ser diante de vícios que devem ser apontados. requer o cancelamento do auto de infração. A unidade de origem providenciou a juntada do dossiê do contribuinte (fls. 26/103). Mediante correspondência postada em 27/11/2009, o impugnante apresentou petição em que requer juntada de decisão da 11ª Turma da DRJ SPII referente à situação que considera idêntica à sua (fls. 107/111). A impugnação apresentada pelo contribuinte foi julgada improcedente por intermédio do acórdão de fls. 119/129 deste processo digital, assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2006 NULIDADE DO LANÇAMENTO. CERCEAMENTO DE DEFESA. O lançamento foi efetuado dentro das normas legais, sendo possível identificar as glosas efetuadas e foi oportunizado ao contribuinte, na fase impugnatória, a possibilidade de apresentação de elementos de prova que elidissem a autuação, afastandose a alegação de nulidade do lançamento por cerceamento de defesa. DEDUÇÃO DE DESPESAS MÉDICAS. GLOSA. O direito à dedução de despesas médicas limitase àquelas cujos beneficiários foram o contribuinte ou seus dependentes para fins Fl. 179DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/01/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 22/01/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/01/2015 por TANIA MARA PA SCHOALIN Processo nº 10845.000571/200911 Acórdão n.º 2801003.930 S2TE01 Fl. 180 4 de imposto de renda, ao enquadramento nos requisitos legalmente estabelecidos, e condicionado a sua comprovação da prestação de serviços e do pagamento. COMPROVAÇÃO DE DESPESAS DEDUTÍVEIS. ÔNUS PROBATÓRIO DO CONTRIBUINTE. Incumbe ao contribuinte apresentar documentos que constituam prova inequívoca de efetiva prestação de serviços e efetivo pagamento, estando a autoridade fiscal legalmente autorizada a não se satisfazer apenas com a apresentação de recibos, ainda que contenham todos os requisitos formais. Cientificado da decisão de primeira instância em 14/07/2011 (fl. 133), o Interessado interpôs, em 01/08/2011, o recurso de fls. 134/166. Na peça recursal aduz, em síntese, que: Cerceamento do direito de defesa. Nulidade do Auto de Infração por não identificar as despesas médicas glosadas. A Autoridade lançadora lhe encaminhou a notificação de lançamento onde fez constar, apenas, o valor total das deduções que considerou indevidas, no importe de R$ 28.922,18, sem, todavia, identificálas e sem indicar os profissionais a que se referiam, bem como os respectivos montantes. Não lhe foi encaminhada qualquer relação apontando o valor das deduções consideradas incabíveis, de modo que o Recorrente pudesse identificarlhes a origem. Teve, assim, completamente cerceado no seu direito de defesa, já que não tem a menor ideia em que se baseou a autoridade administrativa para aceitar determinada dedução e recusar outras. A falta de identificação dos profissionais cujo preço dos serviços foram dados como insuscetíveis de serem deduzidos, como também a falta de indicação dos valores tidos como não comprovados, impedem o Recorrente de conhecer os pretensos elementos contra si existentes, caracterizando, induvidosamente, o cerceamento do seu direito de defesa, com a consequente nulidade do auto de infração lavrado. Invalidade da decisão recorrida As expressões utilizadas na decisão guerreada não coincidem com os fatos efetivamente ocorridos, visto que o Recorrente não colocou em dúvida a competência do AFRFB para lavrar termos ou autos de infração, como também, na impugnação apresentada, não “transparece a plena compreensão acerca das razões das glosas efetuadas”, tanto que se insurgiu contra a falta de clareza ali existente, decorrente da não identificação dos valores glosados. Dedutibilidade das despesas médicas A única exigência imposta pela legislação para a dedução de despesas médicas é a apresentação do comprovante de pagamento onde esteja especificado o nome e o número de inscrição no CPF do seu beneficiário, circunstância essa corroborada por torrencial jurisprudência administrativa. Fl. 180DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/01/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 22/01/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/01/2015 por TANIA MARA PA SCHOALIN Processo nº 10845.000571/200911 Acórdão n.º 2801003.930 S2TE01 Fl. 181 5 Ainda que existam regras gerais que deixem a critério da Autoridade lançadora a exigência de comprovação ou justificação, estas não poderiam exceder aquelas previstas em regras especiais, pena de extrapolar os limites da razoabilidade, impondo restrições ao curso forçado da moeda nacional, ao exigir que os pagamentos efetuados a médicos e dentistas, por serviços profissionais prestados, não possam ser efetuados em dinheiro, mas apenas por meio de cheque, transferência bancária ou boleto, caracterizando ofensa às disposições do artigo 1º do DecretoLei nº 857/69. Inexiste, na legislação, dispositivo determinando que o valor da despesa somente poderá ser deduzido se o contribuinte efetuar o seu pagamento por meio de cheque, ou por meio bancário. Somente na hipótese em que o beneficiário do rendimento se recuse a fornecer recibo é que a lei exige o cheque nominal para comprovar o respectivo pagamento. O Recorrente tem conhecimento de que os profissionais prestadores dos serviços não foram indagados pela Fiscalização se, efetivamente, emitiram os recibos e declarações a ela apresentados, ou se prestaram os serviços profissionais cobrados, ou, ainda, se os valores deles constantes foram incluídos entre as receitas que declararam naquele ano de 2007, anocalendário de 2006. A intimação para o que o Recorrente comprovasse a “... efetividade da prestação dos serviços (orçamento, ficha médica, exames, relatórios, etc.) e de desembolso (tais como cópia de cheque, boleto bancário, extrato bancário demonstrando saques efetuados, etc.)” é providência admitida apenas na hipótese em que existam fundadas suspeitas no sentido de que o serviço não tenha sido efetivamente prestado. Presunção de veracidade dos esclarecimentos prestados pelo contribuinte O ônus da prova da inveracidade dos fatos registrados na declaração de imposto de renda da pessoa física incumbe à autoridade administrativa, exceto nos casos em que a lei tenha instaurado presunções a favor do Fisco. Inexistindo presunção legal em favor do Fisco, mas sim a presunção de veracidade estabelecida em favor do contribuinte, consubstanciada nas disposições do artigo 894, § 1º, do RIR/1994 (artigo 845, § 1º, do RIR/1999), no sentido de que “os esclarecimentos prestados somente poderão ser impugnados pelos lançadores com elemento seguro de prova ou indício veemente de falsidade ou inexatidão”, verificase a completa impossibilidade de a Autoridade administrativa negar validade aos recibos apresentados, posto que não aponta os vícios ou nulidades neles constantes. Validade dos recibos e declarações apresentados para a comprovação das despesas médicas Não se pode inferir do exame da legislação que a comprovação de despesa médica somente seria completa se “feita com a apresentação de documentos que comprovem a transferência do numerário (o pagamento) e dos documentos que comprovem a realização do serviço (radiografias, receitas médicas, exames laboratoriais, notas fiscais de aquisição de remédios e outras)”, mesmo porque, se assim fosse, seria desnecessária, na falta do recibo, a exigência da indicação de cheque nominativo. A Relatora do acórdão recorrido não esclarece em qual dos pagamentos efetuados o “valor probatório" do recibo é “relativo”, de modo a justificar a exigência de Fl. 181DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/01/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 22/01/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/01/2015 por TANIA MARA PA SCHOALIN Processo nº 10845.000571/200911 Acórdão n.º 2801003.930 S2TE01 Fl. 182 6 comprovação adicional, mesmo porque, para tanto, deveria indicar o "elemento seguro de prova ou indício veemente de falsidade ou inexatidão" de que trata o artigo 845, § 1°, do RIR/1999. A afirmação da Relatora no sentido de que os recibos “não contém todos os elementos exigidos pela legislação, pois ausente o endereço profissional”, revela evidente modificação do fundamento da autuação, posto que apoiada em argumento diferente daquele que a embasou. Em momento algum a glosa decorreu porque faltava o endereço do profissional prestador do serviço nos comprovantes de pagamentos, mas sim porque foram “Glosadas parte das deduções com despesas médicas, pela não apresentação de comprovantes, em vista dos documentos apresentados pelo contribuinte, bem como em face da não comprovação nos termos exigidos em intimação, da efetividade da prestação do serviço, assim como pela não comprovação do desembolso dos valores declarados como pagos". Em nenhum momento a Autoridade lançadora fez reparos quanto ao fato de que os comprovantes de pagamentos apresentados não preenchiam os requisitos exigidos pela legislação. Verificase, desse modo, ter ocorrido evidente alteração do fundamento da autuação, qual seja, o de falta de comprovação do desembolso dos valores tidos como pagos, como está no auto de infração, para os argumentos acima reproduzidos, esquecendose a Relatora, convenientemente, que não houve qualquer questionamento, pela Autoridade lançadora, quanto aos recibos apresentados, o que inquina de nulidade absoluta a decisão ora recorrida. Não apreciação, no acórdão recorrido, de argumentos lançados na impugnação Na impugnação o Recorrente invocou as disposições do artigo 845, § 1º, do RIR/1999, que estabeleceu uma presunção legal em favor do contribuinte, ou seja, no sentido de que os esclarecimentos por ele prestados em sua declaração de rendimentos somente podem ser ignorados em determinadas circunstâncias ali previstas. Não observância da jurisprudência firmada A nulidade da autuação deve ser declarada em face do fato de que cabia, quer à Autoridade lançadora, quer à Relatora do acórdão recorrido, esclarecer os motivos que os levaram a ignorar a jurisprudência dominante sobre a matéria, por força do contido no artigo 50, VII, da Lei nº 9.784/1999. Conclusão A decisão proferida neste processo é nula de pleno direito, porquanto: a) o Auto de Infração não individualiza os valores glosados, deixando de indicar quais deduções não foram admitidas, o que não pode ser suprido pela Autoridade julgadora; Fl. 182DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/01/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 22/01/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/01/2015 por TANIA MARA PA SCHOALIN Processo nº 10845.000571/200911 Acórdão n.º 2801003.930 S2TE01 Fl. 183 7 b) alterou o fundamento da autuação, que, da falta de comprovação e da falta de comprovação do desembolso do valor pago, passou a ser a invalidade do comprovante de pagamento; c) a prova da efetividade da prestação dos serviços mediante a apresentação de ficha médica, exames, radiografias, relatórios, etc., é medida que se impõe apenas nas hipóteses que existam fundadas suspeitas de que o serviço não tenha sido efetivamente prestado, conforme iterativa jurisprudência administrativa; d) na decisão recorrida a Autoridade julgadora deixou de examinar argumento essencial da impugnação, qual seja, o da existência de presunção legal em favor do contribuinte, quanto aos esclarecimentos por ele prestados; e) na decisão recorrida a Autoridade julgadora deixou de justificar a não observância de pacífica e torrencial jurisprudência administrativa em favor do contribuinte, determinada no artigo 50, VII, da Lei nº 9.784/1999. Requerimento Ao final, requer que seja provido o presente recurso para fins de cancelamento do Auto de Infração. Aditamento ao recurso Em 24/05/2012 o Interessado postou nos Correios a petição de fls. 170/175, por meio do qual expõe para requerer, em síntese, nos seguintes termos: A Autoridade julgadora não pode, invocando a preclusão recusarse a apreciar argumento de direito levantado na impugnação, ainda que a destempo. A Súmula CARF nº 40 deixa absolutamente claro que somente na hipótese da existência de “Súmula Administrativa de Documentação Tributariamente Ineficaz” é que cabe exigir, do contribuinte, a comprovação do efetivo desembolso dos valores correspondentes às despesas médicas. Se em qualquer circunstância, desconsiderando a determinação do art. 845, § 1º, do RIR/1999, é necessário exigir a prova do desembolso, assim como da efetividade da prestação do serviço, estaria completamente esvaziado o objetivo que levou à criação da “Súmula Administrativa de Documentação Tributariamente Ineficaz”. Pedido Requer seja cancelado o Auto de Infração, haja vista que na inexistência de “Súmula Administrativa de Documentação Tributariamente Ineficaz” relativamente aos profissionais que lhe prestaram os serviços, a glosa das despesas médicas é absolutamente indevida. Voto Conselheiro Marcelo Vasconcelos de Almeida, Relator Fl. 183DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/01/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 22/01/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/01/2015 por TANIA MARA PA SCHOALIN Processo nº 10845.000571/200911 Acórdão n.º 2801003.930 S2TE01 Fl. 184 8 Conheço do recurso, porquanto presentes os requisitos de admissibilidade. As folhas citadas neste voto referemse à numeração do processo digital, que difere da numeração de folhas do processo físico. Cingese a controvérsia à infração de dedução indevida de despesas médicas. No processo administrativo fiscal a exigência de comprovação de um fato está ligada ao modo como se distribui o ônus da prova entre as partes interessadas na proteção de seus direitos. Tratandose de processo relativo ao imposto de renda da pessoa física cabe ao Fisco provar as alegações sobre omissão de rendimentos e ao contribuinte os fatos que reduzem a base de cálculo do tributo. Logo, compete ao contribuinte provar os fatos que deram origem às despesas médicas, facultandolhe a legislação desincumbirse de tal mister mediante a apresentação de recibos emitidos por profissionais da área da saúde. Nada obsta, no entanto, que a Administração Tributária exija que o Interessado comprove o efetivo pagamento das despesas médicas realizadas e/ou a efetiva prestação dos serviços, quando a Autoridade fiscal assim entender necessário, na linha do disposto no § 3º do art. 11 do DecretoLei nº 5.844, de 23 de setembro de 1943 e no art. 73 do Regulamento do Imposto de Renda RIR, aprovado pelo Decreto n° 3.000, de 26 de março de 1999, assim descritos: DecretoLei nº 5.844/1943 Art. 11. (...) § 3° Todas as deduções estarão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora. RIR, aprovado pelo Decreto n° 3.000/1999 Art. 73. Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (DecretoLei n° 5.844, de 1943, art. 11, § 3°). Observo, por oportuno, que tal faculdade deve ser concretizada por meio de um ato cuja materialização se dá com a lavratura de um termo, isto é, de um documento no qual está expressa a pretensão da Administração, de modo que o sujeito passivo tenha prévio conhecimento daquilo que o Fisco está a exigir, proporcionandolhe, antecipadamente à constituição do crédito tributário, a possibilidade de atendimento do pleito formulado. No caso concreto, a Autoridade lançadora, por intermédio do “Termo de Intimação Fiscal” de fl. 95, solicitou ao Recorrente, antes da constituição do crédito tributário, que apresentasse os “comprovantes da efetividade da prestação de serviços (relatório médico/odontológico, orçamento, ficha do paciente, exames, raios X, etc.) e do desembolso dos pagamentos efetuados, declarados e deduzidos como despesas médicas no ano de 2006 (Nota Fiscal de serviços, cópia de cheques, boletos bancários, extratos bancários, etc.), em relação aos pagamentos informados como feitos à Antonio Sérgio D. Mendes, CPF 732.611.90825, Karen de A Mendes, CPF 350.473.36832, Solange Gonçalves da Silva, CPF 133.831.63890, Fl. 184DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/01/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 22/01/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/01/2015 por TANIA MARA PA SCHOALIN Processo nº 10845.000571/200911 Acórdão n.º 2801003.930 S2TE01 Fl. 185 9 Flávio de Cezare, CPF 884.995.45815, Renata dos Santos Vicente, CPF 197.510.07860 e à Cristiane Cristóvão da Silva, CPF 192.939.44898”. Em face da apresentação dos documentos de fls. 103/107 (prontuários e orçamentos dos valores pagos aos profissionais de saúde Antonio Sérgio D. Mendes, Karen de A. Mendes e Flávio de Cezare Junior), a Autoridade lançadora considerou comprovada a efetiva realização dos serviços prestados pelos referidos profissionais. Em relação aos demais profissionais da área da saúde citados no “Termo de Intimação Fiscal” não houve a comprovação do efetivo dispêndio e/ou da efetiva prestação dos serviços, motivo pelo qual as despesas pertinentes a eles foram glosadas, juntamente com a despesa declarada a favor CAPEP Prefeitura Municipal de Santos, para a qual o Interessado não apresentou o documento comprobatório. É sabido que o contribuinte não está obrigado a efetuar os pagamentos mediante a utilização de título de crédito, sendolhe lícito fazêlo em dinheiro. Contudo, se nesta hipótese for instado a comprovar o efetivo pagamento, penso que deve evidenciar a posse do numerário em valores e datas compatíveis com os recibos apresentados. Nesse contexto, em que houve a prévia intimação do Recorrente e este não se desincumbiu de comprovar o efetivo pagamento das despesas realizadas e/ou a efetiva prestação dos serviços com os profissionais de saúde Solange Gonçalves da Silva, Renata dos Santos Vicente e Cristiane Cristóvão da Silva, bem como em face da não apresentação do comprovante de despesa da CAPEP, entendo que as glosas perpetradas pela Autoridade lançadora devem ser mantidas. As alegações do Recorrente não têm o condão de elidir o procedimento fiscal, uma vez que: a) A “Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal” (fl. 24) evidencia, de forma clara, o enquadramento legal e o motivo do lançamento, nos seguintes termos: Enquadramento Legal: Art. 8º, inciso II, alínea “a” e §§ 2º e 3º, da Lei nº 9.250/1995; arts. 43 a 48 da Instrução Normativa SRF nº 15/2001, arts. 73, 80 e 83, inciso II do Decreto nº 3.000/99 – RIR/99. Complementação da Descrição dos Fatos Glosadas parte das deduções com despesas médicas, pela não apresentação de comprovantes, em vista dos documentos apresentados pelo contribuinte, bem como em face da não comprovação nos termos exigidos em intimação, da efetividade da prestação do serviço, assim como pela não comprovação do desembolso dos valores declarados como pagos. O fato de a Autoridade lançadora não ter discriminado, na “Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal”, as despesas glosadas e os respectivos profissionais de saúde não inviabilizou o conhecimento, pelo Interessado, das despesas que foram objeto de glosa. A ficha “Pagamentos e Doações Efetuados” da declaração de ajuste anual do Recorrente (fl. 36) revela, sem qualquer dificuldade, que o valor total glosado (R$ 28.922,18) referese a despesas com Cristiane Cristóvão da Silva, valor de R$ 12.000,00, Renata dos Fl. 185DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/01/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 22/01/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/01/2015 por TANIA MARA PA SCHOALIN Processo nº 10845.000571/200911 Acórdão n.º 2801003.930 S2TE01 Fl. 186 10 Santos Vicente, valor de R$ 10.000,00, Solange Gonçalves da Silva, valor de R$ 5.760,00 e Prefeitura Municipal de Santos – CAPEP, valor de R$ 1.162,18. Demais disso, não houve qualquer prejuízo ao Interessado, que teve quatro oportunidades para comprovar os pagamentos e/ou a efetiva prestação dos serviços, bem como colacionar aos autos o comprovante de pagamento à CAPEP (duas durante o procedimento fiscal, uma no prazo de impugnação e uma no prazo do recurso), porém não se desvencilhou do seu ônus. Acrescento, por fim, como razões para rejeitar a preliminar de nulidade por cerceamento do direito de defesa suscitada pelo Recorrente, o seguinte excerto extraído da decisão de piso: No presente caso, a Notificação de Lançamento contém todos os elementos legalmente previstos. A alegação de cerceamento de defesa, quando analisada à luz da sequência de fatos ocorridos durante a ação fiscal e acima sintetizada, não pode prosperar. Após uma primeira intimação, as deduções relativas a dependentes, despesas com instrução e contribuições para previdência privada foram consideradas como devidamente comprovadas pela autoridade fiscal. Restou dúvida acerca da efetividade da prestação de serviços e dos respectivos pagamentos aos profissionais elencados na segunda intimação. Em face dos documentos apresentados, foi acolhida como regular a dedução de despesa referente aos profissionais Karen de Araújo Mendes, Antonio Sérgio D. Mendes e Flávio de Cezare Junior. Ademais, na impugnação apresentada transparece a plena compreensão acerca das razões das glosas efetuadas. b) A decisão recorrida não merece qualquer reparo, haja vista que as razões de decidir utilizadas pelos julgadores estão em sintonia com o motivo do lançamento evidenciado na “Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal”, vale dizer, glosa por não comprovação da despesa da CAPEB e ausência de comprovação do dispêndio e/ou da efetiva prestação dos serviços pelos profissionais cujas despesas foram glosadas, tudo com fundamento no art. 73 do RIR/1999, cuja base legal é o § 3º do art. 11 do DecretoLei nº 5.844/1943. c) As observações lançadas na decisão de piso acerca dos requisitos formais dos recibos não foram a principal razão para manutenção do lançamento, senão apenas argumentos para contraditar a afirmação do Impugnante de que “a única exigência que a legislação tributária, acima reproduzida, impõe é a apresentação de comprovante de pagamento onde esteja especificado o nome e o número de inscrição no CPF do seu beneficiário” (fl. 10). A razão principal está expressa no dispositivo do acórdão e em sua ementa, qual seja, glosa por ausência de comprovação do dispêndio e/ou da efetiva prestação dos serviços realizados, além da não comprovação da despesa da CAPEB, que foi esclarecida no corpo do acórdão. d) A intimação para a comprovação do efetivo pagamento e/ou da efetiva prestação dos serviços é faculdade da Autoridade lançadora, com fundamento em disposição literal de lei, sob o ponto de vista material (DecretoLei nº 5.844/1943, art. 11, § 3º). O dispositivo legal não estabelece que a faculdade atribuída à Autoridade administrativa somente seja exercida nas hipóteses em que existam fundadas suspeitas no sentido de que o serviço não Fl. 186DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/01/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 22/01/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/01/2015 por TANIA MARA PA SCHOALIN Processo nº 10845.000571/200911 Acórdão n.º 2801003.930 S2TE01 Fl. 187 11 tenha sido efetivamente prestado, de modo que onde o legislador não distinguiu, não cabe ao intérprete fazêlo. e) No que se refere às deduções de despesas é descabida a alegação do Interessado de que o ônus da prova da inveracidade dos fatos registrados na declaração de ajuste anual incumbe à Autoridade administrativa, uma vez que, por expressa disposição legal, todas as deduções estão sujeitas à comprovação ou justificação, a juízo da autoridade fiscal, e, portanto, poderão ser exigidos outros elementos necessários à comprovação das despesas médicas. f) A decisão recorrida solucionou a controvérsia com a devida fundamentação, ainda que sob óptica diversa daquela almejada pelo Recorrente. Encontrando motivação suficiente para decidir (não comprovação do efetivo dispêndio e/ou da efetiva prestação dos serviços, bem como ausência de comprovante de despesa), não ficam os julgadores administrativos obrigados a responder, um a um, todos os pontos suscitados pelo contribuinte, mormente quando desinfluentes ao deslinde da controvérsia, a exemplo do disposto no § 1º do artigo 845 do RIR/1999, que se aplica apenas aos esclarecimentos prestados pelo contribuinte. Na espécie, a autuação decorreu justamente da falta de esclarecimentos acerca da efetiva comprovação dos dispêndios e/ou da efetiva prestação dos serviços, evidenciando a inaplicabilidade do referido dispositivo ao caso em análise. g) A Autoridade lançadora e a Autoridade julgadora de primeira instância não estão obrigadas a seguir a jurisprudência que o contribuinte entende ser dominante sobre a matéria, principalmente quando o tema ainda não se encontra pacificado administrativa ou judicialmente, como é o caso da glosa de despesas médicas em que o contribuinte apenas apresenta recibos em valores consideráveis. h) os Conselheiros do CARF estão vinculados às decisões definitivas de mérito proferidas pelo STF e pelo STJ nas sistemáticas previstas, respectivamente, nos artigos 543B e 543C do CPC, bem como nos casos de súmulas do CARF que veiculem decisões reiteradas e uniformes (Regimento Interno do CARF, art. 62A c/c art. 72, caput). i) Ao contrário do afirmado pelo Interessado, a possibilidade de se exigir a comprovação do efetivo desembolso dos valores correspondentes às despesas médicas não está vinculada à existência de “Súmula Administrativa de Documentação Tributariamente Ineficaz” relativamente aos profissionais cujas despesas foram glosadas, haja vista que tal faculdade decorre de disposição literal de lei (DecretoLei nº 5.844/1943, art. 11, § 3º). j) A Súmula CARF nº 40 somente deve ser aplicada no caso de existência de “Súmula Administrativa de Documentação Tributariamente Ineficaz”, ou seja, existindo esta a prova da efetividade dos serviços e do correspondente pagamento são requisitos indispensáveis à dedução e, caso não haja a comprovação, a aplicação da multa de ofício é imperativa. Inexistindo a “Súmula Administrativa de Documentação Tributariamente Ineficaz”, como no caso em apreciação, a exigência da comprovação depende do juízo da Autoridade lançadora e a aplicação da multa de ofício não é obrigatória. k) Os integrantes deste Conselho não estão obrigados a aplicar a Súmula CARF nº 40 mediante interpretação contrario sensu, de forma que a pretensão do Recorrente de desconstituir o lançamento com base na referida súmula deve ser repelida. Fl. 187DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/01/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 22/01/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/01/2015 por TANIA MARA PA SCHOALIN Processo nº 10845.000571/200911 Acórdão n.º 2801003.930 S2TE01 Fl. 188 12 Por todo o exposto, voto por rejeitar as preliminares suscitadas e, no mérito, por negar provimento ao recurso. Assinado digitalmente Marcelo Vasconcelos de Almeida Fl. 188DF CARF MF Impresso em 27/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/01/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 22/01/2015 por MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/01/2015 por TANIA MARA PA SCHOALIN
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