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Numero do processo: 13005.720363/2011-28
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 24 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Sep 12 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 3402-000.820
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
RESOLVEM os membros da 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência.
(assinado digitalmente)
Antonio Carlos Atulim - Presidente
(assinado digitalmente)
Jorge Olmiro Lock Freire - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Antonio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto.
Relatório
Nome do relator: JORGE OLMIRO LOCK FREIRE
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1925; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T2 Fl. 1.714 1 1.713 S3C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13005.720363/201128 Recurso nº Voluntário Resolução nº 3402000.820 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Data 24 de agosto de 2016 Assunto Diligência Recorrente DOUX FRANGOSUL S/A AGRO AVÍCOLA INDUSTRIAL Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. RESOLVEM os membros da 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência. (assinado digitalmente) Antonio Carlos Atulim Presidente (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Antonio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório Os processos administrativos 13005.720742/201037, 13005.720743/201081, 13005.720027/201185, 13005.720025/201196, 13005.720038/201165, 13005.72041/2011 89, 13005.720363/201128 e 13005.720364/201172, a mim sorteados e em julgamento na presente sessão, referemse, respectivamente, a pedidos de ressarcimento, cumulado com DCOMP no processo 13005.720363/201128, de saldos credores de exportação de COFINS 2Trimestre/2010, PIS 2T 2010, COFINS 3T 2010, PIS 3T 2010, COFINS 1T/2010, PIS 1T/2010, COFINS 4T 2010 e PIS 4T 2010. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 30 05 .7 20 36 3/ 20 11 -2 8 Fl. 1715DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinado digitalmente em 29/08/ 2016 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 13005.720363/201128 Resolução nº 3402000.820 S3C4T2 Fl. 1.715 2 Encaminhados os referidos pleitos à SAFIS/DRF em Santa Cruz do Sul/RS, esta, em todos esses processos, propôs glosa de valores nos seguintes termos, (transcrevo como exemplo o que consta no PA 13005.720742/201037), o que foi acatado pelo correspondente despacho decisório: Do transcrito, observase que o agente fiscal ao fundar a glosa fez referência ao processo do auto de infração, sem transcrevêla nos processos de ressarcimento/compensação. Nas manifestações de inconformidade opostas aos despachos decisórios nos referidos PA, a requerente adentrou no mérito das glosas conforme consta do processo do auto de infração, de nº 13005.721311/201179, a que alude as informações fiscais, e que abrange os períodos objetos dos pedidos de ressarcimento de PIS/COFINS sob análise. Isto porque, como dito, o relatório fiscal que motivou o lançamento e as glosas nos processos em análise não foram anexadas aos mesmos. E justamente por essa omissão foi que a DRJ/POA baixou os processos em diligência para, dentre outras questões, determinar que fosse anexado a esses processos "uma cópia daquele relatório que amparou o referido Auto de Infração", o que veio a ser feito. A DRJ/POA, em 29/04/2014, manteve (fls. 499/532) a glosa em seus termos originais. Não resignada, a empresa recorreu dessa decisão. O Acórdão 3202000.292, de 15/10/2014, converteu o julgamento em diligência para que a recorrente fosse intimada a apresentar laudo técnico que descrevesse detalhadamente seu processo produtivo, o que foi feito, conforme acostado aos autos. O órgão local replicou o laudo, em suma concluindo "que fosse a intenção do legislador que o conceito de insumo alcançasse todas as despesas necessárias ao desenvolvimento da atividade econômica, como pretende o contribuinte, não haveria necessidade de elencar uma a uma as hipóteses de creditamento". É o relatório. Fl. 1716DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinado digitalmente em 29/08/ 2016 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 13005.720363/201128 Resolução nº 3402000.820 S3C4T2 Fl. 1.716 3 VOTO Emerge do relato que todos os períodos de apuração dos processos da recorrente por mim pautados para esta sessão de julgamento, arrolados no relatório, estão abarcados pelo auto de infração constante do processo 13005.721311/201179. E o entendimento desta Turma Ordinária é que o destino dos processos de ressarcimento/compensação quando a análise dos mesmo der azo a glosas e que em função dessas tenha havido lançamento de ofício, estarão aqueles vinculados ao decidido neste. Com efeito, julgado o lançamento, a própria unidade local da RFB pode liquidar os processos de ressarcimento/compensação aos termos do que se tornar julgado em definitivo naquele. Por isso, entendo que os processos em questão deveriam estar apensados aos autos do processo de lançamento. Ou, em outros termos, entendese haver prejudicialidade da análise dos processos administrativos de PER/DCOMP em relação ao decidido no processo do auto de infração. Deveras, a decisão nos autos do processo administrativo onde esteja encartada a exigência fiscal vinculará a decisão nos processos de PER/DCOMP dos períodos e tributos abrangidos pelo período da autuação. Justamente por esta causa que esses processos deveriam "correr" apensados ao processo de cobrança de crédito tributário, assim vinculados ao decidido neste. Mas não foi isso que ocorreu in casu, pois embora absolutamente conexos, tiveram seu iter processual apartado, o que, a meu juízo, não faz o menor sentido. No presente caso ocorreu o inverso, pois o julgamento do recurso voluntário no processo do auto de infração a que aludi, examinandoo no eprocesso, nos termos da Resolução 3403000.464, de 27/06/2013, foi convertido em diligência para que "...os autos retornem ao órgão preparador, onde deverão aguardar a solução definitiva dos processos administrativofiscais em que se debate a existência e a extensão do direito ao ressarcimento (autos cujos números estão relacionados às fls. 2.183/4). Tão logo a cópia da decisão última de cada um deles seja trasladada para estes autos, a autoridade de origem encarregada da diligência deverá elaborar quadro demonstrativo, a fim de identificar a porção do crédito definitivamente reconhecida à recorrente e, eventualmente, a parcela que lhe foi recusada". E em cumprimento à essa diligência, o processo 13005.721311/201179 (AI) encontrase na repartição local de origem, na ARF Montenegro/RS. Sem embargo, o que vimos entendendo é que o julgamento do auto de infração é que é prejudicial, vinculando os processos de PER/DCOMP dos mesmos períodos de apuração ao que nele for decidido. Nesse rumo foram julgados os acórdãos 3402003.120, 3402003.121 e 3402003.122, em 23/06/2015, ementados nos seguintes termos: COMPENSAÇÃO VINCULAÇÃO AO LANÇAMENTO O destino da compensação vinculase ao decidido no processo cujo objeto é o lançamento do IPI que glosou os créditos que foram compensados refazendo a escrita do IPI e lançando eventual saldo devedor. Assim, invalidado o lançamento, que abarca o período de apuração do crédito compensado, por decisão do CARF, em decorrência restituise o crédito à escrita fiscal e homologase a compensação feita com arrimo naquele. E nosso entendimento não destoa do da Administração Tributária, pois vai ao encontro do que consigna a Portaria RFB nº 354, de 11/03/2016 (DOU 14/03/2016), que Fl. 1717DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinado digitalmente em 29/08/ 2016 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 13005.720363/201128 Resolução nº 3402000.820 S3C4T2 Fl. 1.717 4 "dispõe sobre a formalização de processos relativos a tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal (RFB)". Estatui seu artigo 3º: Art. 3° Os autos serão juntados por apensação nos seguintes casos: I recurso hierárquico relativo à compensação considerada não declarada e ao lançamento de ofício de crédito tributário, inclusive da multa isolada, dela decorrente; II autos de exigências de crédito tributário relativo a infrações apuradas no Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte (Simples) que tiverem dado origem à exclusão do sujeito passivo dessa forma de pagamento simplificada, autos de exclusão do Simples e os possíveis autos de lançamentos de ofício de crédito tributário decorrente dessa exclusão em anoscalendário subsequentes que sejam constituídos contemporaneamente e pela mesma unidade administrativa; e III indeferimento de pedido de ressarcimento ou não homologação de DCOMP e o lançamento de ofício deles decorrentes. § 1° No caso de que trata o inciso III do caput, o processo principal ao qual devem ser apensados os demais será: I o que contiver os autos de infração, se houver; ou II o de reconhecimento de direito creditório mais antigo, não existindo autuação. § 2° A apensação, na hipótese a que se refere o inciso III do caput, deve ser efetuada: I depois do decurso do prazo de contestação dos autos de infração e dos despachos decisórios e envolverá todos os processos para os quais tenham sido apresentadas impugnações e manifestações de inconformidade, observado o disposto no § 18 do art. 74 da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996; e ... Portanto, forte nessa norma administrativa, decido converter o presente julgamento em diligência para determinar que este e os demais processos (13005.720742/2010 37, 13005.720743/201081, 13005.720027/201185, 13005.720025/201196, 13005.720038/201165, 13005.72041/201189, 13005.720363/201128 e 13005.720364/2011 72) retornem à repartição de origem (ARF Montenegro/RS), devendo ser todos apensados ao processo 13005.721311/201179, no qual se controverte o auto de infração, anexando nele (processo do auto de infração) todas as decisões dos processos em referência, acima listados, e ora em julgamento. Feito isso, deve o processo 13005.721311/201179 regressar a esta Terceira Seção do CARF para novo sorteio e posterior julgamento. É como voto. (assinado digitalmente) Fl. 1718DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinado digitalmente em 29/08/ 2016 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 13005.720363/201128 Resolução nº 3402000.820 S3C4T2 Fl. 1.718 5 Jorge Olmiro Lock Freire Fl. 1719DF CARF MF Impresso em 12/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/08/2016 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinado digitalmente em 29/08/ 2016 por JORGE OLMIRO LOCK FREIRE, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM
score : 1.0
Numero do processo: 15504.015595/2008-60
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Sep 27 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Oct 25 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/05/2003 a 31/12/2004
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO ESPECIAL. CONHECIMENTO. FALTA DE OBJETO.
Não se conhece de Recurso Especial que visa reverter a declaração de decadência, quando o crédito tributário objeto do apelo foi exonerado quando do exame do mérito, excluindo-se da exigência o respectivo levantamento.
Numero da decisão: 9202-004.482
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: MARIA HELENA COTTA CARDOZO
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/05/2003 a 31/12/2004 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO ESPECIAL. CONHECIMENTO. FALTA DE OBJETO. Não se conhece de Recurso Especial que visa reverter a declaração de decadência, quando o crédito tributário objeto do apelo foi exonerado quando do exame do mérito, excluindo-se da exigência o respectivo levantamento.
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RECURSO ESPECIAL. CONHECIMENTO. FALTA DE OBJETO. Não se conhece de Recurso Especial que visa reverter a declaração de decadência, quando o crédito tributário objeto do apelo foi exonerado quando do exame do mérito, excluindose da exigência o respectivo levantamento. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Relatora Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 50 4. 01 55 95 /2 00 8- 60 Fl. 324DF CARF MF 2 Tratase de Auto de Infração de Obrigação Principal visando a exigência das contribuições patronais para a Seguridade Social, incluindo aquela destinada ao financiamento dos benefícios acidentários. Conforme o Relatório Fiscal de fls. 27 a 33, o sujeito passivo é uma autarquia estadual com autonomia administrativa e financeira, personalidade jurídica de direito público, prazo de duração indeterminado e sede e foro na Capital do Estado. Os fatos geradores foram as remunerações pagas pelos serviços prestados ao sujeito passivo por segurados empregados vinculadas a Cargo em Comissão de Recrutamento Amplo e de Função Pública da Loteria do Estado de Minas Gerais. A apuração do crédito tomou como base os seguintes itens (levantamentos): a) FFP – Folha de Pagamento Função Pública; b) FPD – Folha de Pagamento Diretoria; e c) FRA – Folha de Pagamento Recrutamento Amplo. A autuação abrange as competências de 01/05/2003 a 31/12/2004. A ciência do lançamento ocorreu em 04/09/2008 (fls. 41). Em sessão plenária de 22/11/2012, foi julgado o Recurso Voluntário s/n, prolatandose o Acórdão nº 2401002.803 (fls. 276 a 285), assim ementado: “ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/05/2003 a 31/12/2004 PRAZO DECADENCIAL EXISTÊNCIA DE ANTECIPAÇÃO DE PAGAMENTO.APLICAÇÃO DO § 4.º DO ART. 150 DO CTN. Constatandose antecipação de recolhimento, devese aferir o prazo decadencial pela regra constante do § 4.º do art. 150 do CTN. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/05/2003 a 31/12/2004 PARCELAMENTO DE PARTE DO DÉBITO DESISTÊNCIA PARCIAL DO RECURSO O pedido de parcelamento formulado pelo contribuinte equivale à desistência do recurso na parte que foi objeto da confissão. ACORDO JUDICIAL. RECONHECIMENTO PELA UNIÃO DE FILIAÇÃO DE SERVIDORES PÚBLICOS A REGIME PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL. IMPROCEDÊNCIA DAS CONTRIBUIÇÕES LANÇADAS. Tendo a União reconhecido que os servidores estaduais efetivados após a Emenda Constitucional n.º 20/1998 são vinculados a Regime Próprio de Previdência Social RPPS, deixam de ser exigíveis as contribuições para o Regime Geral, incidentes sobre a remuneração desses servidores. Recurso Voluntário Provido em Parte” A decisão foi assim registrada: Fl. 325DF CARF MF Processo nº 15504.015595/200860 Acórdão n.º 9202004.482 CSRFT2 Fl. 319 3 “ACORDAM os membros do colegiado, I) por maioria de votos, declarar a decadência até a competência 08/2003. Vencida a conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, que votou por rejeitar a argüição de decadência. II) por unanimidade de votos, no mérito, dar provimento parcial ao recurso para excluir o levantamento FPP Folha de Pagamento Função Pública.” O acórdão foi assim fundamentado: "Na situação sob enfoque, verifico que, embora não haja relatórios discriminando as guias de recolhimento apresentadas ou o abatimento de créditos do contribuinte no Discriminativo Analítico do Débito, os autos levamme a concluir que havia guias de recolhimento para o período, uma vez que o Termo de Encerramento da Ação Fiscal TEAF, fl. 26, traz a informação de que foram analisadas guias de recolhimento durante a auditoria. Assim, seguindo a jurisprudência majoritária do CARF, entendo que deva ser aplicada a norma do art. 150, § 4.º, do CTN, para a contagem do prazo de decadência, mesmo verificando que o sujeito passivo não reconheceu a incidência de contribuições sobre as bases de cálculo apuradas. Esse posicionamento conduz à conclusão de que devam ser excluídas pela caducidade as competências até 08/2003, haja vista que a cientificação do lançamento ocorreu em 05/09/2008." O processo foi encaminhado à PGFN em 04/12/2012 (Despacho de Encaminhamento de fls. 286). De acordo com o disposto no art. 7º, §§ 3º e 5º, da Portaria MF nº 527, de 2010, a intimação presumida da Fazenda Nacional ocorreria 30 dias após a referida data, em 03/01/2013. Em 13/12/2012, foi interposto o Recurso Especial de fls. 287 a 297 (Despacho de Encaminhamento de fls. 298), com fundamento no art. 67, do RICARF, visando rediscutir a decadência. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme o Despacho nº 2400 286/20132, de 25/03/2013 (fls. 300 a 302). Intimada do acórdão, do Recurso Especial e do despacho que lhe deu seguimento, a Contribuinte quedouse silente (fls. 316). Voto Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo Relatora O Recurso Especial da Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. O apelo visa rediscutir a decadência. Fl. 326DF CARF MF 4 Tratase de Auto de Infração de Obrigação Principal exigindo as contribuições patronais para a Seguridade Social, incluindo aquela destinada ao financiamento dos benefícios acidentários. Conforme o Relatório Fiscal de fls. 27 a 33, o sujeito passivo é uma autarquia estadual com autonomia administrativa e financeira, personalidade jurídica de direito público, prazo de duração indeterminado e sede e foro na Capital do Estado. Os fatos geradores foram as remunerações pagas pelos serviços prestados ao sujeito passivo por segurados empregados vinculadas a Cargo em Comissão de Recrutamento Amplo e de Função Pública da Loteria do Estado de Minas Gerais. A apuração do crédito tomou como base os seguintes itens (levantamentos): a) FFP – Folha de Pagamento Função Pública 05/2003 a 10/2003; b) FPD – Folha de Pagamento Diretoria 05/2003 a 13/2004 parcelado; e c) FRA – Folha de Pagamento Recrutamento Amplo 05/2003 a 13/2004 parcelado. Conforme consta do acórdão recorrido, o único levantamento não parcelado foi o FFP – Folha de Pagamento Função Pública, ao qual foi dado provimento no mérito. Confirase: "Da incidência do acordo judicial sobre o mérito da causa Nos termos da resposta à diligência as contribuições incidentes sobre a remuneração da Diretoria (levantamento FPD) e dos demais servidores incluídos no levantamento FRA – Folha de Pagamento Recrutamento Amplo, foram incluídas no acordo judicial firmado entre a União e o Estado de Minas Gerais e parceladas nos termos da Lei n.º 11.941/2009. Houve, portanto, renúncia do sujeito passivo em discutir o mérito da contenda quanto a essas contribuições, conforme prescreve o § 2.º do Regimento Interno do Carf, aprovado pela Portaria MF n.º 256/2009, verbis: (...) Permaneceriam em discussão apenas as contribuições apuradas no levantamento FFP – Folha de Pagamento Função Pública. As quais podem ser visualizadas na planilha de fl. 265, onde não está incluído no débito apurado para parcelamento o valor de R$ 6.673,19 (seis mil, seiscentos e setenta e três reais e dezenove centavos), que corresponde exatamente ao valor originário lançado menos o valor confessado objeto do acordo. Todavia, verificase que a União reconheceu a inexistência de vinculação dos servidores efetivados ao Regime Geral de Previdência Social RGPS. (...) Como se vê, diante do que foi acordado, essa parte do lançamento perdeu a litigiosidade, devendo as contribuições decorrentes do levantamento FFP serem expurgadas do AI, uma vez que a própria União reconheceu que os servidores ali abrangidos não se vinculam ao RGPS." (grifei) Fl. 327DF CARF MF Processo nº 15504.015595/200860 Acórdão n.º 9202004.482 CSRFT2 Fl. 320 5 Assim, o presente apelo perdeu o objeto, já que a eventual reversão da decadência, requerida pela Fazenda Nacional, não redundaria na cobrança do respectivo crédito tributário, que foi considerado inexigível. Diante do exposto, não conheço do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional, por falta de objeto. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Fl. 328DF CARF MF
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Numero do processo: 10580.000370/2008-82
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 16 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Sep 13 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/1997 a 31/05/2007
DECADÊNCIA. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS, PRAZO DECADENCIAL. CINCO ANOS, ART. 173, INCISO I, DO Código Tributário Nacional.O Supremo Tribunal Federal, conforme entendimento exarado na Súmula Vinculante nº 08, em julgamento proferido na data de 12/06/2008, reconheceu a inconstitucionalidade do artigo 45 da Lei nº 8.212/91. Incidência do preceito inscrito no artigo 150 do CTN. Assim, correta a decisão de primeira instância que entendeu pela decadência relativamente às competências de 01/1997 a 11/2002.
ALIMENTAC¸A~O IN NATURA. O Ato Declaratório PGFN nº 03/2011 autoriza a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional a não apresentar contestação, a não interpor recursos e a desistir dos recursos já interpostos nas ações judiciais que visem obter a declaração da não incidência das contribuições sobre o auxilio alimentação pago in natura.
AUXI´LIOCRECHE. O Ato Declaratório no 11/2008 autoriza a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional a não apresentar contestação, a não interpor recursos e a desistir dos recursos ja´ interpostos nas ações judiciais que visem obter a declaração de que não incide a contribuição previdenciária sobre o auxíliocreche, recebido pelos empregados e pago ate´ a idade dos seis anos de idade dos seus filhos menores.
SALA´RIOFAMI´LIA. NA~O APRESENTAC¸A~O DE DOCUMENTOS. Quanto ao pagamento de salário-família, que foram consideradas como parcelas integrantes do salário contribuição, devem-se verificar os artigos 67 e 68 da Lei nº 8.213, de 1991 e artigos 84 e 89 do Regulamento da Previdência Social. Diante da comprovação parcial da regularidade do pagamento do salário-família, se exclui os respectivos valores do levantamento previdenciário, abatendo-se da base de cálculo das contribuições lançadas no cálculo do BPI. Correto manter a procedência parcial das contribuições lançadas no levantamento BPI.
Levantamentos CID e CDN. No tocante aos pagamentos trazidos aos autos devem, de fato, ser decotados da autuação, à vista de que se referem a retribuição não albergada pela incidência da contribuição previdenciária. As pessoas físicas identificadas no v. acórdão recorrido (levantamentos CDN, CIN e CIR) não prestaram serviços à Recorrida e os pagamentos foram comprovadamente motivados por outras relações jurídicas. O contribuinte deve ser exonerado também dessa parcela do crédito previdenciário, não merecendo reparo o venerando acórdão recorrido, pois claro e preciso em sua análise do caso a caso.
Levantamento DAL. No que toca ao levantamento DAL, na guia relativa à competência 12/2003, constatou-se que o valor de R$ 80,58 constava no campo 9 (outras entidades) quando deveria constar no campo 10 (ATM/MULTA e JUROS). De acordo com o despacho de fls. 17.629, o erro foi corrigido. Na GPS relativa à competência 03/2005 foi recolhida em 30/09/2005, constatado o erro no preenchimento da guia, o contribuinte foi intimado a prestar esclarecimentos. Corrigiu-se, então, a guia, mantendo-se o código de pagamento, colocando-se R$ 2.815,57 no campo 6 (INSS) e R$ 514,12 no campo 10 - ATM/MULTA e Juros. Após a correção, é possível afirmar que os acréscimos legais foram corretamente recolhidos pelo recorrido, de modo que a improcedência dos valores lançados no levantamento DAL na competência 03/2007 (na qual ocorreu o pagamento em atraso), deve ser mantido.
Recurso de Ofício Negado.
Numero da decisão: 2401-004.473
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso de ofício, para, no mérito, negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier Lazarini Presidente
(assinado digitalmente)
Luciana Matos Pereira Barbosa - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Marcio de Lacerda Martins, Andréa Viana Arraes Egypto, Maria Cleci Coti Martins e Rayd Santana Ferreira.
Nome do relator: LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA
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CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS, PRAZO DECADENCIAL. CINCO ANOS, ART. 173, INCISO I, DO Código Tributário Nacional.O Supremo Tribunal Federal, conforme entendimento exarado na Súmula Vinculante nº 08, em julgamento proferido na data de 12/06/2008, reconheceu a inconstitucionalidade do artigo 45 da Lei nº 8.212/91. Incidência do preceito inscrito no artigo 150 do CTN. Assim, correta a decisão de primeira instância que entendeu pela decadência relativamente às competências de 01/1997 a 11/2002. ALIMENTAÇÃO IN NATURA. O Ato Declaratório PGFN nº 03/2011 autoriza a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional a não apresentar contestação, a não interpor recursos e a desistir dos recursos já interpostos nas ações judiciais que visem obter a declaração da não incidência das contribuições sobre o auxilio alimentação pago in natura. AUXÍLIOCRECHE. O Ato Declaratório no 11/2008 autoriza a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional a não apresentar contestação, a não interpor recursos e a desistir dos recursos já interpostos nas ações judiciais que visem obter a declaração de que não incide a contribuição previdenciária sobre o auxíliocreche, recebido pelos empregados e pago até a idade dos seis anos de idade dos seus filhos menores. SALÁRIOFAMÍLIA. NÃO APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS. Quanto ao pagamento de saláriofamília, que foram consideradas como parcelas integrantes do salário contribuição, devemse verificar os artigos 67 e 68 da Lei nº 8.213, de 1991 e artigos 84 e 89 do Regulamento da Previdência Social. Diante da comprovação parcial da regularidade do pagamento do saláriofamília, se exclui os respectivos valores do levantamento AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 00 03 70 /2 00 8- 82 Fl. 18156DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 1 2/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por MIRIAM DENISE X AVIER LAZARINI 2 previdenciário, abatendose da base de cálculo das contribuições lançadas no cálculo do BPI. Correto manter a procedência parcial das contribuições lançadas no levantamento BPI. Levantamentos CID e CDN. No tocante aos pagamentos trazidos aos autos devem, de fato, ser decotados da autuação, à vista de que se referem a retribuição não albergada pela incidência da contribuição previdenciária. As pessoas físicas identificadas no v. acórdão recorrido (levantamentos CDN, CIN e CIR) não prestaram serviços à Recorrida e os pagamentos foram comprovadamente motivados por outras relações jurídicas. O contribuinte deve ser exonerado também dessa parcela do crédito previdenciário, não merecendo reparo o venerando acórdão recorrido, pois claro e preciso em sua análise do caso a caso. Levantamento DAL. No que toca ao levantamento DAL, na guia relativa à competência 12/2003, constatouse que o valor de R$ 80,58 constava no campo 9 (outras entidades) quando deveria constar no campo 10 (ATM/MULTA e JUROS). De acordo com o despacho de fls. 17.629, o erro foi corrigido. Na GPS relativa à competência 03/2005 foi recolhida em 30/09/2005, constatado o erro no preenchimento da guia, o contribuinte foi intimado a prestar esclarecimentos. Corrigiuse, então, a guia, mantendose o código de pagamento, colocandose R$ 2.815,57 no campo 6 (INSS) e R$ 514,12 no campo 10 ATM/MULTA e Juros. Após a correção, é possível afirmar que os acréscimos legais foram corretamente recolhidos pelo recorrido, de modo que a improcedência dos valores lançados no levantamento DAL na competência 03/2007 (na qual ocorreu o pagamento em atraso), deve ser mantido. Recurso de Ofício Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 18157DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 1 2/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por MIRIAM DENISE X AVIER LAZARINI Processo nº 10580.000370/200882 Acórdão n.º 2401004.473 S2C4T1 Fl. 3 3 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso de ofício, para, no mérito, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Lazarini– Presidente (assinado digitalmente) Luciana Matos Pereira Barbosa Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Marcio de Lacerda Martins, Andréa Viana Arraes Egypto, Maria Cleci Coti Martins e Rayd Santana Ferreira. Fl. 18158DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 1 2/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por MIRIAM DENISE X AVIER LAZARINI 4 Relatório Período de apuração: 01/01/1997 a 31/05/2007 Data de ciência do Auto de Infração: 19/12/2007. Tratase de Recurso de Ofício interposto em face de Decisão Administrativa de 1ª Instância proferida pela 6ª Turma de Julgamento da DRJ em Salvador/BA que julgou parcialmente procedente a impugnação oferecida pelo sujeito passivo do crédito tributário. Em apertada síntese, a Notificação Fiscal de lançamento de Débito – NFLD identificada pelo DEBCAD n. 37.056.9105, para a cobrança de contribuições previdenciárias devidas no período de janeiro de 1997 a maio de 2007, com valor atualizado de R$ 4.681.441,72 (quatro milhões seiscentos e oitenta e um mil quatrocentos e quarenta e um reais e setenta e dois centavos), além dos juros e da multa. A autoridade administrativa que efetuou o lançamento das contribuições previdenciárias agiu com fundamento nos artigos. 20 e 21 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, e entendeu ser de responsabilidade da Recorrida a obrigação legal de arrecadar e recolher os valores devidos à Seguridade Social, nos termos da alínea “b” do inciso I do artigo 30 da mesma lei e do artigo 4o da Lei nº 10.666, de 2003, relativamente às seguintes contribuições: AHA: Alimentação aferida da sede do hospital sem inscrição no PAT, período anterior à implantação da GFIP. AHD: Alimentação aferida da sede do hospital sem inscrição no PAT, não declarada em GFIP. AHP: Alimentação da sede do hospital declarada na planilha de custo sem inscrição no PAT e não declarada em GFIP. APA: Alimentação aferida do projeto da Prefeitura, sem inscrição no PAT e não declarada em GFIP. APP: Alimentação projeto prefeitura sem inscrição no PAT e não declarada em GFIP. AXC: Auxíliocreche sem comprovação de despesa não declarada em GFIP. ACN: Auxíliocreche sem comprovação de despesa, período anterior à GFIP. BPI: Benefício previdenciário (saláriofamília) pago indevidamente, não declarada em GFIP. CDN: Contribuinte individual declarado na DIRF e não declarado em GFIP. CID: Contribuinte individual declarado na DIRF e na GFIP. CIR: Contribuinte individual declarado no livro Razão e não declarado na GFIP. RES: Médicos residentes. Fl. 18159DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 1 2/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por MIRIAM DENISE X AVIER LAZARINI Processo nº 10580.000370/200882 Acórdão n.º 2401004.473 S2C4T1 Fl. 4 5 O contribuinte foi cientificado do Auto de Infração em 19/12/2007 e apresentou impugnação em 18/01/2008. Por ocasião do julgamento de primeira instância, o crédito tributário foi mantido em parte, conforme se verifica da ementa do v. acórdão recorrido: NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Descabe a alegação de nulidade quando os discriminativos e anexos que compõem o Auto de Infração cumprem a sua função de informar com precisão e clareza sobre os fatos geradores, as alíquotas aplicadas, as contribuições lançadas, os períodos a que se referem e os dispositivos legais e normativos que amparam o lançamento, permitindo ao impugnante o exercício pleno do contraditório e da ampla defesa. DECADÊNCIA. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. SÚMULA VINCULANTE No 8. Dispõe a Súmula Vinculante no 8 do STF: “São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5o do Decretolei 1569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário”. O prazo decadencial para o lançamento de contribuições previdenciárias é de 5 anos. Improcedem as contribuições lançadas após o transcurso deste prazo. ALIMENTAÇÃO IN NATURA. CONTRIBUIÇÕES. NÃO INCIDÊNCIA. ATO DECLARATÓRIO PGFN No 03/2011. O Ato Declaratório PGFN no 03/2011 autoriza a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional a não apresentar contestação, a não interpor recursos e a desistir dos recursos já interpostos nas ações judiciais que visem obter a declaração da não incidência das contribuições sobre o auxilioalimentação pago in natura. AUXÍLIOCRECHE. CONTRIBUIÇÕES. NÃO INCIDÊNCIA. ATO DECLARATÓRIO PGFN No 11/2008. O Ato Declaratório no 11/2008 autoriza a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional a não apresentar contestação, a não interpor recursos e a desistir dos recursos já interpostos nas ações judiciais que visem obter a declaração de que não incide a contribuição previdenciária sobre o auxíliocreche, recebido pelos empregados e pago até a idade dos seis anos de idade dos seus filhos menores. SALÁRIOFAMÍLIA. NÃO APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS. GLOSA. INTEGRAÇÃO AO SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. Fl. 18160DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 1 2/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por MIRIAM DENISE X AVIER LAZARINI 6 O pagamento do saláriofamília está condicionado à apresentação da certidão de nascimento da criança, do atestado de vacinação obrigatória, do comprovante de frequência escolar e do termo de responsabilidade. A empresa deve guardar estes documentos e apresentálos à fiscalização quando solicitado. A não apresentação dos documentos comprobatórios da regularidade no pagamento do saláriofamília autoriza a glosa dos valores lançados e a inclusão dos valores pagos a este título na base de cálculo das contribuições previdenciárias. APLICAÇÃO DA TAXA SELIC. CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS. POSSIBILIDADE. O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF emitiu Súmula na qual afirma ser possível a incidência de juros SELIC sobre créditos de natureza tributária. No mesmo sentido vem decidindo o STJ. Impugnação Procedente em Parte. Crédito Tributário Mantido em Parte. O Recurso de Ofício está adstrito, portanto, ao resultado do julgamento de primeira instância, que manteve em parte o crédito tributário, a partir dos seguintes pontos: a) Considerou improcedentes as contribuições lançadas referentes às competências 01/1997 a 11/2002, por já terem sido alcançadas pela decadência. b) Considerou improcedentes as contribuições incidentes sobre o auxílioalimentação fornecido in natura (levantamentos AHA, AHD, AHP, APA ePP). c) Considerou improcedentes as contribuições incidentes sobre o auxíliocreche, lançadas nos levantamentos AXC e ACN. d) Considerou procedentes em parte as contribuições lançadas no levantamento BPI, para que sejam excluídos da glosa e da base de cálculo das contribuições lançadas em cada competência os valores correspondente às cotas de salário família em relação às quais o impugnante apresentou todos os documentos exigidos pela legislação. e) Considerou procedentes em parte as contribuições lançadas nos levantamentos CID e CDN, para que sejam excluídos valores indicados. f) Considerou procedentes em parte os valores lançados no levantamento DAL. g) Manteve os demais valores lançados, no total de R$ 1.314.846,80 (um milhão trezentos e quatorze mil oitocentos e quarenta e seis reais e oitenta centavos) conforme Discriminativo Analítico do Débito Retificado – DADR, juntado às fls. 18.051 a 18.112. O contribuinte não interpôs recurso contra a decisão de primeira instância e, sem contrarrazões da Procuradoria da Fazenda Nacional, subiram os autos a este Eg. Conselho. É o relatório. Fl. 18161DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 1 2/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por MIRIAM DENISE X AVIER LAZARINI Processo nº 10580.000370/200882 Acórdão n.º 2401004.473 S2C4T1 Fl. 5 7 Voto Conselheira Luciana Matos Pereira Barbosa, Relatora 1. DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE 1.1. DA TEMPESTIVIDADE De acordo com o artigo 34 do Decreto no 70.235, de 6 de março de 1972, e alterações introduzidas pela Lei no 9.532, de 10 de dezembro de1997, e Portaria MF nº 3, de 3 de janeiro de 2008, por força do seu caráter necessário, CONHEÇO DO RECURSO DE OFÍCIO. 2. DAS PRELIMINARES 2.1. DA DECADÊNCIA O Supremo Tribunal Federal, em entendimento exarado por intermédio da Súmula Vinculante nº 8, no julgamento realizado na data de 12 de junho de 2008, reconheceu a inconstitucionalidade dos artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/91, in verbis: Súmula Vinculante nº 8 – “São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do Decretolei nº 1569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário”. Nesse diapasão, em obediência ao estatuído no artigo 103A da CF/88 (incluído pela Emenda Constitucional nº 45 de 2004), a observância da Súmula Vinculante nº 8 é obrigatória, tanto pelos órgãos do Poder Judiciário, quanto pela Administração Pública, devendo este colegiado aplicála de imediato, a saber: “Art. 103A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei.” Afastada por inconstitucionalidade a eficácia das normas inscritas nos artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/91, urge serem seguidas as disposições relativas à matéria em relevo, inscritas no Código Tributário Nacional – CTN e nas demais leis de regência. O Instituto da decadência no Direito Tributário, encontrase regulamentado nos artigos 150 e 173, ambos do Código Tributário Nacional CTN. Fl. 18162DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 1 2/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por MIRIAM DENISE X AVIER LAZARINI 8 No caso sub examine, operase a incidência das disposições constantes do inciso I do mencionado artigo 150 do Código Tributário Nacional, in verbis: “Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. § 1º O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação ao lançamento. § 2º Não influem sobre a obrigação tributária quaisquer atos anteriores à homologação, praticados pelo sujeito passivo ou por terceiro, visando à extinção total ou parcial do crédito. § 3º Os atos a que se refere o parágrafo anterior serão, porém, considerados na apuração do saldo porventura devido e, sendo o caso, na imposição de penalidade, ou sua graduação. § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação.” Nesse sentido, possível vislumbrar que afigurase presente a decadência do direito de constituir o crédito tributário, nos termos do entendimento manifestado na primeira instância, relativamente à competência anteriores a 11/2002. O prazo fatal foi de 30/11/2007 e o contribuinte foi cientificado do lançamento apenas em 19/12/2007. Assim, correta a decisão de primeira instância que entendeu pela decadência relativamente às competências de 01/1997 a 11/2002. 3. DO MÉRITO Quanto aos aspectos de mérito, verificase que a decisão de primeira instância não merece ser modificada. a) Considerar improcedentes as contribuições incidentes sobre o auxílio alimentação fornecido in natura (levantamentos AHA, AHD, AHP, APA e APP). No tocante ao fornecimento de alimentação ao trabalhado, determina a alínea “c” do parágrafo 9º do artigo 28 da Lei nº 8.212, de 1991, in verbis: “Art. 28. Entendese por saláriodecontribuição: (...) § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (...) c) a parcela "in natura" recebida de acordo com os programas de alimentação aprovados pelo Ministério do Trabalho e da Fl. 18163DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 1 2/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por MIRIAM DENISE X AVIER LAZARINI Processo nº 10580.000370/200882 Acórdão n.º 2401004.473 S2C4T1 Fl. 6 9 Previdência Social, nos termos da Lei nº 6.321, de 14 de abril de 1976;” No entanto, restaram proferidas decisões nos tribunais superiores bem como expedido parecer da Procuradoria Feral da Fazenda Nacional em sentido contrário, portanto entendo que não incide contribuição previdenciária sobre auxílio alimentação pago in natura. A matéria encontrase pacificada, tanto que a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional emitiu o Parecer PGFN/CRJ no 2117/2011, por meio do qual recomenda a não apresentação de contestação, a não interposição de recursos e a desistência dos recursos já interpostos nas ações judiciais que visem obter a declaração da não incidência das contribuições sobre o auxílioalimentação pago in natura. Assim, não deve ser modificado o acórdão recorrido, pois o PARECER PGFN/CRJ/Nº 2117 /2011, mediante o qual a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional passou a reconhecer estar definitivamente vencida quanto no que se refere a não incidência das contribuições previdenciárias sobre os valores de alimentação fornecidos in natura, concedida pelos empregadores a seus empregados, conforme consolidada jurisprudência do STJ. O parecer restou assim ementado: "Tributário. Contribuição previdenciária. Auxílioalimentação in natura. Não incidência. Jurisprudência pacífica do Egrégio Superior Tribunal de Justiça. Aplicação da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002, e do Decreto nº 2.346, de 10 de outubro de 1997. Procuradoria Geral da Fazenda Nacional autorizada a não contestar, a não interpor recursos e a desistir dos já interpostos". No mesmo sentido foi editado o Ato Declaratório PGFN n. 03/2011, confira se: “nas ações judiciais que visem obter a declaração de que sobre o pagamento in natura do auxílioalimentação não há incidência de contribuição previdenciária”. No caso dos autos, consta expressamente do relatório fiscal do presente Auto de Infração que a recorrente fornecia a alimentação in natura, sendo, portanto, o caso de acatar se aquilo o que determinado pelo parecer supra. O referido parecer foi aprovado pelo Ministro da Fazenda, conforme despacho publicado no DOU em 24/11/2011. Em decorrência deste parecer, a então ProcuradoraGeral da Fazenda Nacional emitiu o mencionado Ato Declaratório no 03, de 20/12/2011, no qual se autoriza a Procuradoria a proceder conforme recomendado no Parecer PGFN nº 2117/2011. Desonerase, com isso, a incidência da contribuição sobre as parcelas identificadas no relatório, acima, pelas rubricas AHA, AHD, AHP, APA e APP, relativamente à alimentação in natura fornecida pela Recorrida aos seus funcionários. A improcedência das contribuições incidentes sobre o auxílioalimentação fornecido in natura (levantamentos AHA, AHD, AHP, APA e APP) deve, então, ser mantida. b) Considerou improcedentes as contribuições incidentes sobre o auxíliocreche, lançadas nos levantamentos AXC e ACN. Fl. 18164DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 1 2/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por MIRIAM DENISE X AVIER LAZARINI 10 Nesse tocante, a Procuradoria Geral da Fazenda Pública Nacional emitiu o Parecer PGFN/CRJ nº 2.600, de 20/11/2008, aprovado pelo Sr. Ministro da Fazenda, que determina que a dispensa de interposição de recurso ou o requerimento de desistência dos já interpostos, desde que inexistia outro fundamento relevante, nos casos de lançamento relativos a auxíliocreche com base no artigo 19 da Lei nº 10.522, de 19/07/2002, c/c o artigo 5º do Decreto nº 2.346, de 10/10/1997. Recordese: “Vale lembrar que a controvérsia está superada pelo verbete sumular nº 310 do STJ. Verbis: O Auxíliocreche não integra o saláriodecontribuição. 8. Vejase alguns exemplos de decisões recentes nesse sentido, que expressam a pacífica e indiscrepante jurisprudência do STJ, consubstanciado nas ementas de dois arestos prolatados pela Primeira e Segunda Turma do Colegiado, como segue: TRIBUTÁRIO. MULTA FISCAL. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. AUXÍLIOCRECHE. NÃOINCIDÊNCIA. VALETRANSPORTES. PAGAMENTO EM PECÚNIA. INCIDÊNCIA. LEI N.º 7.418/85. DECRETO N.º 95.247/87. 1. Os valores percebidos a título de auxíliocreche, benefício trabalhista de nítido caráter indenizatório, não integram o saláriodecontribuição. Inteligência do verbete sumular n.º 310/STJ: "O auxíliocreche não integra o saláriode contribuição" (Precedentes: REsp n.º 412.238/RS, Segunda Turma, Rel. Min. JoãoOtávio de Noronha, DJU de 07/11/2006; EDcl no REsp n.º 667.927/PE, Segunda Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJU de 06/02/2006; e EREsp n.º 413.322/RS, Primeira Seção, Rel. Min. Humberto Gomes de Barros,DJU de 14/04/2003). 2. O pagamento habitual em pecúnia do vale transporte não está albergado pelas normas isentivas da contribuição previdenciária (artigos 28, § 9.º, alínea 'f', da Lei n.º 8.212/91 e 2.º, alínea 'b', da Lei nº 7.418/85), encerrando, inclusive, prática vedada, conforme se infere do disposto no art. 5.º do Decreto n.º 95.247/87: "Art. 5.º É vedado ao empregador substituir o ValeTransporte por antecipação em dinheiro ou qualquer outra forma de pagamento, ressalvado o disposto no parágrafo único deste artigo. Parágrafo único. No caso de falta ou insuficiência de estoque de ValeTransporte, necessário ao atendimento da demanda e ao funcionamento do sistema, o beneficiário será ressarcido pelo empregador, na folha de pagamento imediata, da parcela correspondente, quando tiver efetuado, por conta própria, a despesa para seu deslocamento.” 3. Destarte, pago habitualmente o auxíliotransporte em pecúnia, e não por meio de vales, como determina a Lei n.º 7.418/85, o benefício deve incluir o saláriodecontribuição para efeito de incidência da contribuição previdenciária (Precedentes: REsp n.º 873.503/PR, Segunda Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJU de 01/12/2006; REsp n. 387.149/PR, Segunda Turma, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJU de 25/05/2006; REsp n.º 508.583/PR, Segunda Turma,Rel. Min. Eliana Calmon, DJU de 12/09/2005). 4. Recurso especial parcialmente provido. (Resp nº 816.829/RJ,1ª Turma, Relator Ministro Luiz Fux, DJ de 19.11.2007). TRIBUTÁRIO CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA BASE DE CÁLCULO – SALÁRIO.CONTRIBUIÇÃO AUXÍLIOCRECHE NATUREZA INDENIZATÓRIA "VALETRANSPORTE" REEXAME DE MATÉRIA FÁTICA SÚMULA 7/STJ. 3 1. A contribuição Fl. 18165DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 1 2/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por MIRIAM DENISE X AVIER LAZARINI Processo nº 10580.000370/200882 Acórdão n.º 2401004.473 S2C4T1 Fl. 7 11 previdenciária incide sobre base de cálculo de nítido caráter salarial, de sorte que não a integra as parcelas de natureza indenizatória. 2. O auxíliocreche, conforme precedente da Primeira Seção (EREsp 394.530PR), não integra a base de cálculo da contribuição previdenciária. 3. Uma vez que o Tribunal de origem consignou tratarse a verba denominada "valetransporte", na hipótese dos autos, de uma parcela salarial, não ficando, ademais, abstraído na decisão recorrida qualquer elemento fático capaz de impor interpretação distinta, a apreciação da tese defendida pelo recorrente implicaria o reexame do conjunto fáticoprobatório dos autos, providência vedada a esta Corte em sede de recurso especial, nos termos da Súmula 7/STJ. Recurso parcialmente conhecido e, nessa parte, provido. (Resp nº 664.258/RJ, Segunda Turma, Relatora Ministra Eliana Calmon, DJ de 31.05.2006). III 9. Dimana da leitura das decisões acima transcritas a firme posição do STJ, contrária ao entendimento da União Federal (Instituto Nacional da Seguridade SocialINSS) acerca da matéria, que sempre foi no sentido da incidência da contribuição previdenciária sobre essa verba. 10. De se notar que a questão não tem natureza constitucional, pois se trata de indiscutível interpretação de norma infraconstitucional (art. 43 do CTN), motivo pelo qual não caberá ao Supremo Tribunal Federal manifestarse sobre a mesma. 11. Por essas razões, impõese reconhecer que todos os argumentos que poderiam ser levantados em defesa dos interesses da União foram rechaçados pelo STJ nessa matéria, circunstância que conduz à conclusão acerca da impossibilidade de modificação do seu entendimento. 12. Nesses termos, não há dúvida de que futuros recursos que versem sobre o mesmo tema, apenas sobrecarregarão o Poder Judiciário, sem nenhuma perspectiva de sucesso para a Fazenda Nacional que atualmente representa a União Federal em juízo, nas demandas interpostas contra as exações tributárias, inicialmente contestadas pelo INSS. Portanto, continuar insistindo nessa tese significará apenas alocar os recursos colocados à disposição da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional, em causas nas quais, previsivelmente, não se terá êxito. 13. Outrossim, devese buscar evitar a constituição de novos créditos tributários que levem em consideração interpretação diversa daquela adotada pelo STJ nessa matéria. 14. Cumpre, pois, perquirir se, em face do sobredito, e tendo por fundamento o disposto no art. 19, II, da Lei nº 10.522, de 19.07.2002, e no art. 5° do Decreto nº 2.346, de 10.10.97, é o caso de ser dispensada a interposição de recursos e a desistência dos já interpostos, bem como a dispensa de apresentação de contestação. Ora, os artigos citados têm o seguinte teor: “Art. 19. Fica a ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional autorizada a não contestar, a não interpor recurso ou a desistir do que tenha sido interposto, desde que inexista outro fundamento relevante, na hipótese de a decisão versar sobre: ... II matérias que, em virtude de jurisprudência pacífica do Supremo Tribunal Federal, ou do Superior Tribunal de Justiça, sejam objeto de ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, aprovado pelo Ministro de Estado da Fl. 18166DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 1 2/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por MIRIAM DENISE X AVIER LAZARINI 12 Fazenda. ” “Art. 5º. Nas causas em que a representação da União competir à ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional havendo manifestação jurisprudencial reiterada e 4 uniforme e decisões definitivas do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em suas respectivas áreas de competência, fica o ProcuradorGeral da Fazenda Nacional autorizado a declarar, mediante parecer fundamentado, aprovado pelo Ministro de Estado da Fazenda, as matérias em relação às quais é de ser dispensada a apresentação de recursos. ” 15. Decorre dos dispositivos legais acima reproduzidos que a possibilidade de ser dispensada a interposição de recurso ou a desistência do que tenha sido interposto, bem como a autorização para não contestar, desde que inexista outro fundamento relevante, pode ser exercida pelo ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, mediante ato declaratório, a ser aprovado pelo Ministro de Estado da Fazenda, observados os seguintes requisitos: a) a ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional tenha competência para representar, judicialmente, a União, nas respectivas causas; e b) haja decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em suas respectivas áreas de competência. 16. Examinandose a hipótese vertente, desde logo, concluise que: I) nas causas em que se discute a incidência do imposto de renda sobre verbas recebidas por empregados, como na hipótese objeto deste Parecer, a competência para representar a União é da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional, já que se trata de matéria fiscal (art. 12 da Lei Complementar nº 73, de 1993); e II) as decisões, citadas exemplificativamente ao longo deste Parecer, manifestam a reiterada Jurisprudência do STJ no sentido de se reconhecer a não incidência do imposto de renda nos moldes acima delineados. 17. Destarte, há base legal para a edição de ato declaratório do Senhor ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, a ser aprovado pelo Senhor Ministro de Estado da Fazenda, que dispense a ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional da interposição de recursos e a desistência dos já interpostos, bem como de apresentar contestação, acerca da matéria ora abordada. 18. Por fim, merece ser ressaltado que o presente Parecer não implica, em hipótese nenhuma, o reconhecimento da correção da tese adotada pelo STJ. O que se reconhece é a pacífica jurisprudência desse Tribunal Superior, a recomendar a não apresentação de contestação, a não interposição de recursos e a desistência dos já interpostos, eis que os mesmos se mostrarão inúteis e apenas sobrecarregarão o Poder Judiciário e a própria ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional.” Ante o exposto, impõese a adoção da medida prevista nos §§ 4º e 5º do citado artigo 19 da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002: “Art. 19. Fica a ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional autorizada a não contestar, a não interpor recurso ou a desistir do que tenha sido interposto, desde que inexista outro fundamento relevante, na hipótese de a decisão versar sobre: I matérias de que trata o art. 18; II matérias que, em virtude de jurisprudência pacífica do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça, do Tribunal Superior do Trabalho e do Tribunal Superior Eleitoral, Fl. 18167DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 1 2/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por MIRIAM DENISE X AVIER LAZARINI Processo nº 10580.000370/200882 Acórdão n.º 2401004.473 S2C4T1 Fl. 8 13 sejam objeto de ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, aprovado pelo Ministro de Estado da Fazenda; IV matérias decididas de modo desfavorável à Fazenda Nacional pelo Supremo Tribunal Federal, em sede de julgamento realizado nos termos do art. 543B da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 Código de Processo Civil; (Incluído pela Lei nº 12.844, de 2013) V matérias decididas de modo desfavorável à Fazenda Nacional pelo Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos art. 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 Código de Processo Civil, com exceção daquelas que ainda possam ser objeto de apreciação pelo Supremo Tribunal Federal. (Incluído pela Lei nº 12.844, de 2013) § 1o Nas matérias de que trata este artigo, o Procurador da Fazenda Nacional que atuar no feito deverá, expressamente: (Redação dada pela Lei nº 12.844, de 2013) I reconhecer a procedência do pedido, quando citado para apresentar resposta, inclusive em embargos à execução fiscal e exceções de préexecutividade, hipóteses em que não haverá condenação em honorários; ou (Incluído pela Lei nº 12.844, de 2013) II manifestar o seu desinteresse em recorrer, quando intimado da decisão judicial. (Incluído pela Lei nº 12.844, de 2013) § 2o A sentença, ocorrendo a hipótese do § 1o, não se subordinará ao duplo grau de jurisdição obrigatório. § 3o Encontrandose o processo no Tribunal, poderá o relator da remessa negarlhe seguimento, desde que, intimado o Procurador da Fazenda Nacional, haja manifestação de desinteresse. § 4o A Secretaria da Receita Federal do Brasil não constituirá os créditos tributários relativos às matérias de que tratam os incisos II, IV e V do caput, após manifestação da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional nos casos dos incisos IV e V do caput. (Redação dada pela Lei nº 12.844, de 2013) § 5o As unidades da Secretaria da Receita Federal do Brasil deverão reproduzir, em suas decisões sobre as matérias a que se refere o caput, o entendimento adotado nas decisões definitivas de mérito, que versem sobre essas matérias, após manifestação da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional nos casos dos incisos IV e V do caput. (Redação dada pela Lei nº 12.844, de 2013) § 6o (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.788, de 2013) Fl. 18168DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 1 2/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por MIRIAM DENISE X AVIER LAZARINI 14 § 7o Na hipótese de créditos tributários já constituídos, a autoridade lançadora deverá rever de ofício o lançamento, para efeito de alterar total ou parcialmente o crédito tributário, conforme o caso, após manifestação da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional nos casos dos incisos IV e V do caput. (Incluído pela Lei nº 12.844, de 2013)” Por todo o exposto, considerando que o Superior Tribunal de Justiça e esse egrégio Conselho Administrativo de Recursos Fiscais apresentam entendimento sumulado de que o auxílio creche não integra o salário de contribuição, tendo a matéria sido objeto de Ato Declaratório emitido pela PGFN no 11, DOU 11/12/2008, impõese a alteração do lançamento, nos termos do § 5º do artigo 19 da Lei nº 10.522, de 2002 supracitado. Recordese: “Súmula CARF nº 64: Não incidem contribuições previdenciárias sobre as verbas concedidas aos segurados empregados a título de auxíliocreche, na forma do artigo 7o, inciso XXV, da Constituição Federal, em face de sua natureza indenizatória.” (SÚMULA DO CARF) Nesse sentido vale recordar que o conceito de salário de contribuição para o empregado e sobre o qual vai haver incidência de contribuição previdenciária, está contido no inciso I, do artigo 28 da Lei n° 8.212/91, que de acordo com o qual não seria incorreto afirmar que tudo aquilo que é pago em caráter retributivo e de forma habitual, ao empregado pelo empregador, constitui a base cálculo sobre a qual vai incidir a contribuição previdenciária. Tal dispositivo foi mais além, prevendo que não somente os valores diretamente recebidos ou creditados compõem o saláriodecontribuição, mas igualmente os ganhos decorrentes de utilidades, desde que também habituais e em caráter oneroso. Além dessas disposições, e não obstante a amplitude do conceito de salário de contribuição trazido pelo próprio art. 28, a respeito da incidência ou não da contribuição previdenciária sobre determinada verba paga, a lei veio definir expressamente quais os pagamentos não integrariam o salário de contribuição, conforme disposto no § 9° do citado art. 28 da Lei n° 8212/91, que relaciona as verbas que não integram o salário de contribuição, dentre elas ( alínea "s"): " (...) e o reembolso creche pago em conformidade com a legislação trabalhista, observado o limite máximo de seis anos de idade, quando devidamente comprovadas as despesas realizadas." Verificase, assim, que a condição para que a parcela paga a titulo reembolso creche não sofra a incidência da contribuição previdenciária é que ela seja paga de acordo com a legislação trabalhista, observado o limite de seis anos de idade e devidamente comprovadas as despesas realizadas. É de se ver, assim, que não havendo a comprovação das despesas realizadas, o pagamento deixa de ser reembolso, para se tomar um salário indireto, devendo ser considerado parte integrante do salário de contribuição dos trabalhadores, sujeito, portanto, a incidência de contribuição previdenciária. Todavia, em face às decisões judiciais que fixam o entendimento de que não incide a contribuição previdenciária sobre os valores pagos a título de auxíliocreche, instituído em decorrência do dever do patrão a manter creche ou terceirização do serviço, conforme previsão do art. 389, § 1°, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), a Procuradoria da Fazenda Nacional —PGFN emitiu o Parecer n° 2600/2008, que entendo aplicável a matéria, transcrevo alguns excertos do citado parecer: "Tal Parecer, em face da alteração trazida pela Lei n°11.033, de 2004, à Lei n° 10.522/2002, terá também o condão de dispensar a apresentação de contestação pelos Procuradores da Fazenda Fl. 18169DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 1 2/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por MIRIAM DENISE X AVIER LAZARINI Processo nº 10580.000370/200882 Acórdão n.º 2401004.473 S2C4T1 Fl. 9 15 Nacional, bem como de impedir que a Secretaria da Receita Federal do Brasil constitua o crédito tributário relativo à presente hipótese, obrigandoa a rever de oficio os lançamentos já efetuados, nos termos do citado artigo 19 da Lei n°10.522/2002. A interpretação dada pela Fazenda Nacional é no sentido de que a verba relativa ao auxiliocreche não tem natureza indenizatória, mas sim salarial, motivo pelo qual deveria incidir a contribuição previdenciária quando do seu recebimento. Ocorre que o Poder Judiciário entendeu diversamente, tendo sido pacificado no âmbito do STJ que o auxiliocreche não integra o saláriodecontribuição, base de cálculo da contribuição previdenciária e constituise numa indenização pelo fato da empresa não manter em funcionamento uma creche em seu próprio estabelecimento. Ademais, o caráter salarial restaria descaracterizado pela cessação do recebimento do beneficio quando o menor ultrapasse os seis anos de idade. Vale lembrar que a controvérsia está superada pelo verbete sumular n° 310 do STJ, in verbis: O Auxiliocreche não integra o saláriodecontribuição." E conclui, entendendo que "Nesses termos, não há dúvida de que futuros recursos que versem sobre o mesmo tema, apenas sobrecarregarão o Poder Judiciário, sem nenhuma perspectiva de sucesso para a Fazenda Nacional que atualmente representa a União Federal em juízo, nas demandas interpostas contra as exações tributárias, inicialmente contestadas pelo INSS. Portanto, continuar insistindo nessa tese significará apenas alocar os recursos colocados à disposição da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, em causas nas quais, previsivelmente, não se terá êxito. Outrossim, devese buscar evitar a constituição de novos créditos tributários que levem em consideração interpretação diversa daquela adotada pelo STJ nessa matéria. Cumpre, pois, perquirir se, em face do sobredito, e tendo por fundamento o disposto no art. 19, II, da Lei n°10.522, de 19.012002, e no art. 50 do Decreto n°2.346, de 10.10.97, é o caso de ser dispensada a interposição de recursos e a desistência dos já interpostos, bem como a dispensa de apresentação de contestação." (..) Assim, presentes os pressupostos estabelecidos pelo art. 19, II, da Lei n° 10.522, de 19.07.2002. c/c o art. 5° do Decreto n° 2.346, de 10.10.97, recomendase sejam autorizadas pelo Senhor Procurador Geral da Fazenda Nacional a não apresentação de contestação, a não interposição de recursos e a desistência dos já interpostos, desde que inexista outro fundamento relevante, nas ações judiciais que visem obter a declaração de que não incide a contribuição previdenciária devida pelo empregador sobre os valores pagos a titulo de auxiliocreche, recebido pelos empregados e pago até a idade dos seis anos de idade dos seus filhos menores." Fl. 18170DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 1 2/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por MIRIAM DENISE X AVIER LAZARINI 16 A improcedência das contribuições incidentes sobre o auxílio creche, lançadas nos levantamentos AXC e ACN, deve ser mantida. c) Considerou procedentes em parte as contribuições lançadas no levantamento BPI, para que sejam excluídos da glosa e da base de cálculo das contribuições lançadas em cada competência os valores correspondente às cotas de salário família em relação às quais o impugnante apresentou todos os documentos exigidos pela legislação. Quanto ao pagamento de saláriofamília, que foram consideradas como parcelas integrantes do salário contribuição, devemse verificar os artigos 67 e 68 da Lei nº 8.213, de 1991 e artigos 84 e 89 do Regulamento da Previdência Social, confirase: “Art. 67. O pagamento do saláriofamília é condicionado à apresentação da certidão de nascimento do filho ou da documentação relativa ao equiparado ou ao inválido, e à apresentação anual de atestado de vacinação obrigatória e de comprovação de freqüência à escola do filho ou equiparado, nos termos do regulamento. (Redação Dada pela Lei nº 9.876, de 26.11.99) Parágrafo único. O empregado doméstico deve apresentar apenas a certidão de nascimento referida no caput. (Incluído pela Lei Complementar nº 150, de 2015)” “Art. 68. As cotas do saláriofamília serão pagas pela empresa ou pelo empregador doméstico, mensalmente, junto com o salário, efetivandose a compensação quando do recolhimento das contribuições, conforme dispuser o Regulamento. (Redação dada pela Lei Complementar nº 150, de 2015) § 1o A empresa ou o empregador doméstico conservarão durante 10 (dez) anos os comprovantes de pagamento e as cópias das certidões correspondentes, para fiscalização da Previdência Social.” “ Art. 84. O pagamento do saláriofamília será devido a partir da data da apresentação da certidão de nascimento do filho ou da documentação relativa ao equiparado, estando condicionado à apresentação anual de atestado de vacinação obrigatória, até seis anos de idade, e de comprovação semestral de freqüência à escola do filho ou equiparado, a partir dos sete anos de idade. (Redação dada pelo Decreto nº 3.265, de 1999) § 1º A empresa deverá conservar, durante dez anos, os comprovantes dos pagamentos e as cópias das certidões correspondentes, para exame pela fiscalização do Instituto Nacional do Seguro Social, conforme o disposto no § 7º do art. 225. § 2º Se o segurado não apresentar o atestado de vacinação obrigatória e a comprovação de freqüência escolar do filho ou equiparado, nas datas definidas pelo Instituto Nacional do Seguro Social, o benefício do saláriofamília será suspenso, até que a documentação seja apresentada. (Incluído pelo Decreto nº 3.265, de 1999) Fl. 18171DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 1 2/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por MIRIAM DENISE X AVIER LAZARINI Processo nº 10580.000370/200882 Acórdão n.º 2401004.473 S2C4T1 Fl. 10 17 § 3º Não é devido saláriofamília no período entre a suspensão do benefício motivada pela falta de comprovação da freqüência escolar e o seu reativamento, salvo se provada a freqüência escolar regular no período. (Incluído pelo Decreto nº 3.265, de 1999) § 4º A comprovação de freqüência escolar será feita mediante apresentação de documento emitido pela escola, na forma de legislação própria, em nome do aluno, onde consta o registro de freqüência regular ou de atestado do estabelecimento de ensino, comprovando a regularidade da matrícula e freqüência escolar do aluno.” (...) “Art. 89. Para efeito de concessão e manutenção do salário família, o segurado deve firmar termo de responsabilidade, no qual se comprometa a comunicar à empresa ou ao Instituto Nacional do Seguro Social qualquer fato ou circunstância que determine a perda do direito ao benefício, ficando sujeito, em caso do não cumprimento, às sanções penais e trabalhistas.” Da leitura dos artigos supramencionados, verificase que para o pagamento do salário família pela empresa aos seus funcionários está condicionado à apresentação da certidão de nascimento da criança, do atestado de vacinação (para crianças com até seis anos), do atestado de frequência escolar (para crianças entre sete e quatorze anos) e do termo de responsabilidade. Estes documentos devem ser exigidos do segurado pela empresa, que fica obrigada a guardalos e a apresentalos à fiscalização quando requerido. Nesse descortino, a recorrida apresentou diversos documentos, após a análise desses resolveu o acórdão a quo pela procedência parcial das contribuições lançadas no levantamento BPI para excluir da glosa e da base de cálculo das contribuições lançadas em cada competência o valor correspondente às cotas de salário família em relação às quais o recorrido apresentou todos os documentos exigidos pela legislação, como discriminado nas planilhas contidas neste voto. Assim, diante da comprovação parcial da regularidade do pagamento do saláriofamília, se exclui os respectivos valores do levantamento previdenciário, abatendose da base de cálculo das contribuições lançadas no cálculo do BPI. Correto manter a procedência parcial das contribuições lançadas no levantamento BPI. d) Considerou procedentes em parte as contribuições lançadas nos levantamentos CID e CDN, para que sejam excluídos valores indicados. No tocante aos pagamentos trazidos aos autos devem, de fato, ser decotados da autuação, à vista de que se referem a retribuição não albergada pela incidência da contribuição previdenciária. As pessoas físicas identificadas no v. acórdão recorrido (levantamentos CDN, CIN e CIR) não prestaram serviços à Recorrida e os pagamentos foram comprovadamente motivados por outras relações jurídicas. O contribuinte deve ser exonerado Fl. 18172DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 1 2/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por MIRIAM DENISE X AVIER LAZARINI 18 também dessa parcela do crédito previdenciário, não merecendo reparo o venerando acórdão recorrido, pois claro e preciso em sua análise do caso a caso. Recordese: “No que toca às contribuições incidentes sobre a remuneração paga aos segurados contribuintes individuais (levantamentos CDN, CIN e CIR), o impugnante alega que as pessoas físicas mencionadas no relatório de lançamentos não prestaram serviços, e que os pagamentos foram decorrentes de outras relações jurídicas. Apresenta alguns exemplos e alguns documentos, que a seguir passo a analisar. Alega que os pagamentos ao sr. Carlos Eugênio Oliveira Braga, cuja remuneração foi inserida no levantamento CID decorreram de contrato de locação de veículo. Às fls. 3.087 a 3.096 foram juntados três contratos de locação de veículo sem motorista, firmados com a citada pessoa física, que vigeram no período de 10/2005 a 12/2007. Os valores inseridos na base de cálculo do lançamento correspondem ao aluguel previsto no contrato. Logo, os elementos trazidos aos autos levam à convicção de que os pagamentos efetuados ao sr. Carlos Eugênio Oliveira Braga não correspondem a remuneração pela prestação de serviços. Em razão disso, voto pela improcedência das contribuições incidentes sobre os pagamentos efetuados à citada pessoa física, lançadas no levantamento CID, nos valores de R$ 308,00 em 11/2005 e R$ 308,00 em 12/2005. Alega que os pagamentos ao sr. Renato Farias Santos, cuja remuneração foi inserida nos levantamentos CDN e CID, decorreram de contrato de locação de imóvel. Às fls. 3.097 a 3.120 foram juntados cinco contratos de locação de imóvel, firmados com a citada pessoa física, que vigeram no período de 09/2002 a 12/2007. Os valores inseridos na base de cálculo do lançamento correspondem ao aluguel previsto no contrato. Logo, os elementos trazidos aos autos levam à convicção de que os pagamentos efetuados ao sr. Renato Farias Santos não correspondem a remuneração pela prestação de serviços. Por esta razão, voto pela improcedência das contribuições incidentes sobre os pagamentos efetuados ao sr. Renato Farias santos, nos termos da planilha abaixo: (...) Alega a impugnante que os pagamentos à sra. Vitalina Guedes Santos, cuja remuneração foi inserida no levantamento CDN, decorreram de contrato de locação de imóvel. Às fls. 3.121 a 3.139 foram juntados quatro contratos de locação de imóvel, firmados com a citada pessoa física, que vigeram no período de 11/2003 a 12/2007. Os valores inseridos na base de cálculo do lançamento correspondem ao aluguel previsto no contrato. Os elementos trazidos aos autos levam à convicção de que os pagamentos efetuados à sra. Vitalina Guedes Santos não correspondem a remuneração pela prestação de serviços. Logo, voto pela improcedência das contribuições incidentes sobre os pagamentos efetuados à sra. Vitalina Guedes Santos, nos termos da planilha abaixo: Fl. 18173DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 1 2/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por MIRIAM DENISE X AVIER LAZARINI Processo nº 10580.000370/200882 Acórdão n.º 2401004.473 S2C4T1 Fl. 11 19 (...) Alega a impugnante que os pagamentos ao sr. João Oliveira dos Santos, cuja remuneração foi inserida nos levantamentos CDN e CID, decorreram de contrato de locação de imóvel. Às fls. 3.140 a 3.164 foram juntados cinco contratos de locação de imóvel, firmados com a citada pessoa física, que vigeram no período de 08/2003 a 12/2007. Os valores inseridos na base de cálculo do lançamento correspondem ao aluguel previsto no contrato. Os elementos trazidos aos autos levam à convicção de que os pagamentos efetuados ao sr. João Oliveira dos Santos não correspondem a remuneração pela prestação de serviços. Logo, voto pela improcedência das contribuições incidentes sobre os pagamentos efetuados ao sr. João Oliveira dos Santos, nos termos da planilha abaixo: (...) Argumenta a impugnante que os pagamentos à sra. Nélia Maria Moreira Clemente Carvalho, cuja remuneração foi inserida nos levantamentos CDN e CID, decorreram de contrato de locação de imóvel. Às fls. 3.165 a 3.184 foram juntados cinco contratos de locação de imóvel, firmados com a citada pessoa física, que vigeram no período de 11/2002 a 10/2003 e 01/2005 a 12/2007. Os valores inseridos na base de cálculo do lançamento correspondem ao aluguel previsto no contrato. Os elementos trazidos aos autos levam à convicção de que os pagamentos efetuados à sra. Nélia Maria Moreira Clemente Carvalho não correspondem a remuneração pela prestação de serviços. Exceção deve ser feita ao pagamento de R$ 1.160,00, registrado em 04/2004. Primeiro, pois não foi apresentado contrato de aluguel relativo a este período. Segundo, porque o valor pago nesta competência não coincide com os valores dos aluguéis constantes dos contratos. Logo, voto pela improcedência das contribuições incidentes sobre os pagamentos efetuados à sra. Nélia Maria Moreira Clemente Carvalho, nos termos da planilha abaixo: Por fim, alega a impugnante que os pagamentos à sra. Ivonice Azevedo Costa, cuja remuneração foi inserida no levantamento CID, decorreram de contrato de locação de imóvel. Às fls. 3.185 a 3.189 foi juntado um contrato de locação de imóvel, firmado com a citada pessoa física, que vigeu no período de 01/2005 a 12/2005. Os valores inseridos na base de cálculo do lançamento correspondem ao aluguel previsto no contrato. Os elementos trazidos aos autos levam à convicção de que os pagamentos efetuados à sra. Ivonice Azevedo Costa não correspondem a remuneração pela prestação de serviços. Logo, voto pela improcedência das contribuições incidentes sobre os pagamentos efetuados ao à sra. Ivonice Azevedo Costa, nos termos da planilha abaixo: Fl. 18174DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 1 2/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por MIRIAM DENISE X AVIER LAZARINI 20 Em seguida, argumenta o impugnante que o sr. José Correia dos Reis é funcionário da empresa, sendo responsável pelo fundo fixo, razão pela qual lhe foram efetuados os pagamentos considerados como remuneração pela fiscalização. Às fls. 3.191 a 3.244 foram juntados documentos comprovando que os valores foram transferidos à pessoa física, no período de abril a agosto de 2004, com a finalidade de constituir um fundo fixo. Além disso, são apresentados documentos comprovando as despesas realizadas. Os elementos trazidos aos autos levam à convicção de que os pagamentos efetuados ao sr. José Correia dos Reis não correspondem a remuneração pela prestação de serviços. Logo, voto pela improcedência das contribuições incidentes sobre os pagamentos efetuados ao sr. José Correia dos reis, nos termos da planilha abaixo: (...) Em seguida, argumenta o impugnante que a sra. Vera Lucia da Silva Cerqueira é funcionária da empresa, sendo responsável pelo fundo fixo, razão pela qual lhe foram efetuados os pagamentos considerados como remuneração pela fiscalização. No relatório de lançamentos, percebese que foram lançados na base de cálculo pagamentos efetuados à sra. Vera Lucia da Silva Cerqueira nas competências 02, 04, 10, 11 e 12/2006 (levantamento CID), bem como na competência 04/2003 (levantamento CIR). Às fls. 3.245 a 3.279, foram juntados documentos que comprovam que os pagamentos efetuados nos meses de outubro, novembro e dezembro de 2006 referemse à constituição do Fundo Fixo da instituição, razão pela qual voto pela sua exclusão da base de cálculo do lançamento. Quanto aos demais pagamentos efetuados a esta senhora e constantes da base de cálculo dos levantamentos CID e CIR, os documentos apresentados nada comprovam, de modo que eles devem ser mantidos na base de cálculo do lançamento. Pelas razões acima, voto pela improcedência das contribuições incidentes sobre os pagamentos efetuados à sra. Vera Lucia da Silva Cerqueira, nos termos da planilha abaixo: (...) Do mesmo modo, alega a impugnante que a sra. Lívia Regina Silva Oliveira é funcionária da empresa, sendo responsável pelo fundo fixo, razão pela qual lhe foram efetuados os pagamentos considerados como remuneração pela fiscalização. No relatório de lançamentos, percebese que foram lançados na base de cálculo pagamentos efetuados a à sra. Lívia Regina Silva Oliveira nas competências 07 e 10/2004 (levantamento CDN) e 10/2005 (levantamento CID). Às fls. 3.280 a 3.490, foram juntados documentos que comprovam que os pagamentos efetuados à sra. Lívia Regina Silva Oliveira nos meses acima mencionados referemse à constituição do Fundo Fixo da instituição, razão pela qual voto pela sua exclusão da base de cálculo do lançamento, nos termos da planilha abaixo: (...) Aduz o impugnante, que o pagamento efetuado ao sr. Jorge Hasse, registrado na base de cálculo do levantamento CID na competência 04/2005, consistiu em devolução de depósito efetuado pelo paciente para obter internamento na instituição. Fl. 18175DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 1 2/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por MIRIAM DENISE X AVIER LAZARINI Processo nº 10580.000370/200882 Acórdão n.º 2401004.473 S2C4T1 Fl. 12 21 De fato, os documentos juntados às fls. 3.492 a 3.499 demonstram a veracidade das alegações do impugnante, uma vez que há o relatório do setor financeiro, no qual se evidencia que o pagamento corresponde a devolução de depósitos, e as notas fiscais emitidas pela entidade para faturamento dos serviços prestados ao paciente Jorge Hasse. Por esta razão, voto pela improcedência da contribuição incidente sobre o pagamento efetuado ao sr. Jorge Hasse, na forma da planilha abaixo: (...) Argumenta o impugnante que os valores pagos mensalmente a Maria Julieta Didier decorrem de acordo firmado perante a Justiça do Trabalho. A ata de Conciliação, cuja cópia foi juntada às fls. 3.501, demonstra que a reclamante firmou acordo para pagamento mensal à sra. Maria Julieta Viana Didier no valor correspondente ao limite máximo dos benefícios devidos pelo Regime Geral de Previdência Social – RGPS, enquanto viva ela for. De acordo com o inciso VIII do art. 114 da Constituição, compete à Justiça do Trabalho executar de ofício as contribuições previdenciárias decorrentes das sentenças por ela proferidas. Logo, a Receita Federal do Brasil – RFB não tem competência para efetuar o lançamento das contribuições incidentes sobre os valores pagos à sra. Maria Julieta Viana Didier, razão pela qual tais contribuições devem ser excluídas do lançamento.” Por todo o exposto, não merece reparo o venerando acórdão recorrido. e) Considerou procedentes em parte os valores lançados no levantamento DAL. No que toca ao levantamento DAL, na guia relativa à competência 12/2003, constatouse que o valor de R$ 80,58 constava no campo 9 (outras entidades) quando deveria constar no campo 10 (ATM/MULTA e JUROS). De acordo com o despacho de fls. 17.629, o erro foi corrigido. Na GPS relativa à competência 03/2005 foi recolhida em 30/09/2005, constatado o erro no preenchimento da guia, o contribuinte foi intimado a prestar esclarecimentos. Corrigiuse, então, a guia, mantendose o código de pagamento, colocandose R$ 2.815,57 no campo 6 (INSS) e R$ 514,12 no campo 10 – ATM/MULTA e Juros. Após a correção, é possível afirmar que os acréscimos legais foram corretamente recolhidos pela empresa, de modo que o voto pela improcedência dos valores lançados no levantamento DAL na competência 09/2005 (na qual ocorreu o pagamento em atraso), deve ser mantido. Correto o abatimento de R$ 80,58 (oitenta reais e cinquenta oito centavos) recolhidos pelo recorrido, remanescendo no levantamento DAL na competência 01/2004 a quantia de R$ 4,03, a título de multa, conforme reconhecido acertadamente pelo acórdão de primeiro grau. Fl. 18176DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 1 2/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por MIRIAM DENISE X AVIER LAZARINI 22 Constatado o equívoco na GPS relativa à competência 08/2006, o Despacho SECAT de fls. 17.629 afirma que se procedeu à correção dos dados no sistema ÁGUIA, para tornalo adequado ao contido no documento. Após a correção, é possível afirmar que os acréscimos legais foram corretamente recolhidos pelo recorrido, de modo que a improcedência dos valores lançados no levantamento DAL na competência 03/2007 (na qual ocorreu o pagamento em atraso), deve ser mantido. O contribuinte afirma que a GPS do mês 04/2007 foi erroneamente preenchida, consignando no campo 4 a competência 03/2007. Por fim, o documento de fls. 3.520 indica que a guia da competência 03/207 foi alterada no sistema da RFB para 04/2007. Logo, uma vez que o vencimento da contribuição previdenciária devida na competência 04/2007 ocorreu no dia 10/05/2007, não há acréscimos legais devidos. Por esta razão a exclusão dos acréscimos legais lançados na competência 05/2007, também deve ser mantida. Não há, portanto, qualquer reparo a ser realizado no v. acórdão recorrido, motivo pelo qual o desprovimento do Recurso de Ofício é medida que se impõe. 4. CONCLUSÃO: Pelos motivos expendidos, CONHEÇO do Recurso de Ofício para, no mérito, NEGARLHE PROVIMENTO, mantendo íntegro o v. acórdão recorrido. É como voto. (assinado digitalmente) Luciana Matos Pereira Barbosa. Fl. 18177DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 1 2/09/2016 por LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 13/09/2016 por MIRIAM DENISE X AVIER LAZARINI
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Numero do processo: 12326.000521/2010-53
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 17 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Sep 05 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2007
LANÇAMENTO. FALTA DE FUNDAMENTAÇÃO. INEXISTÊNCIA. NULIDADE. INOCORRÊNCIA.
A ação fiscal foi conduzida por servidor competente, que concedeu ao recorrente os prazos legais para a apresentação de documentos e prestação de esclarecimentos; a Notificação de Lançamento Imposto de Renda Pessoa Física foi devidamente motivada e foi concedido ao sujeito passivo o prazo legal para a formulação de impugnação; a Notificação ainda contém clara descrição do fato gerador da obrigação, da matéria tributável, do montante do tributo devido, da identificação do sujeito passivo e da penalidade aplicável; não houve nenhum prejuízo para os direitos de defesa e do contraditório do recorrente, que puderam ser exercidos na forma e no prazo legal.
GLOSA DE IRRF. RECURSO VOLUNTÁRIO. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA NA FASE RECURSAL. NÃO CONHECIMENTO.
São definitivas as decisões de primeira instância na parte que não for objeto de recurso voluntário, o que importa não conhecimento da matéria não impugnada.
IRPF. ISENÇÃO. DOENÇA GRAVE. PROVENTOS DE APOSENTADORIA, REFORMA OU PENSÃO.
1. Para fazer jus à isenção do IRPF, o contribuinte deve demonstrar, cumulativamente, que os proventos são oriundos de aposentadoria, reforma ou pensão e que é portador de uma das moléstias graves arroladas no art. 39, inc. XXXIII, do RIR/2005, de conformidade com laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios.
2. Embora o recorrente tenha comprovado ser portador de moléstia grave definida na legislação vigente, o que foi reconhecido pela própria decisão recorrida, ele não se dignou de trazer aos autos qualquer documento que comprovasse a natureza dos rendimentos, o que inviabiliza a aplicação da regra isentiva.
IMPOSTO DE RENDA PESSOA FÍSICA. RENDIMENTOS PERCEBIDOS ACUMULADAMENTE. REGIME DE COMPETÊNCIA.
O Imposto de Renda incidente sobre os rendimentos recebidos acumuladamente deve ser calculado de acordo com as tabelas e alíquotas vigentes à época em que os valores deveriam ter sido adimplidos. Precedentes do STF e do STJ na sistemática dos artigos 543-B e 543-C do CPC.
INCOMPETÊNCIA DO CARF PARA REFAZER O LANÇAMENTO. RENDIMENTOS PERCEBIDOS ACUMULADAMENTE. COMPETÊNCIA PRIVATIVA DA AUTORIDADE ADMINISTRATIVA. CANCELAMENTO DA EXIGÊNCIA.
O lançamento adotou critério jurídico equivocado e dissonante da jurisprudência do STF e do STJ, impactando a identificação da base de cálculo, das alíquotas vigentes e, consequentemente, o cálculo do tributo devido. Não compete ao CARF refazer o lançamento com outros critérios jurídicos, mas apenas cancelar a exigência.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 2402-005.467
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso, afastar a preliminar de nulidade e, no mérito, dar-lhe provimento.
(Assinado digitalmente)
Kleber Ferreira Araújo - Presidente
(Assinado digitalmente)
João Victor Ribeiro Aldinucci - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Amílcar Barca Teixeira Júnior, Tulio Teotonio de Melo Pereira, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felicia Rothschild e João Victor Ribeiro Aldinucci.
Nome do relator: JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI
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MOLÉSTIA GRAVE. RRA. Recorrente JOSE CLEMENTINO DA SILVA NETO Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2007 LANÇAMENTO. FALTA DE FUNDAMENTAÇÃO. INEXISTÊNCIA. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. A ação fiscal foi conduzida por servidor competente, que concedeu ao recorrente os prazos legais para a apresentação de documentos e prestação de esclarecimentos; a Notificação de Lançamento Imposto de Renda Pessoa Física foi devidamente motivada e foi concedido ao sujeito passivo o prazo legal para a formulação de impugnação; a Notificação ainda contém clara descrição do fato gerador da obrigação, da matéria tributável, do montante do tributo devido, da identificação do sujeito passivo e da penalidade aplicável; não houve nenhum prejuízo para os direitos de defesa e do contraditório do recorrente, que puderam ser exercidos na forma e no prazo legal. GLOSA DE IRRF. RECURSO VOLUNTÁRIO. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA NA FASE RECURSAL. NÃO CONHECIMENTO. São definitivas as decisões de primeira instância na parte que não for objeto de recurso voluntário, o que importa não conhecimento da matéria não impugnada. IRPF. ISENÇÃO. DOENÇA GRAVE. PROVENTOS DE APOSENTADORIA, REFORMA OU PENSÃO. 1. Para fazer jus à isenção do IRPF, o contribuinte deve demonstrar, cumulativamente, que os proventos são oriundos de aposentadoria, reforma ou pensão e que é portador de uma das moléstias graves arroladas no art. 39, inc. XXXIII, do RIR/2005, de conformidade com laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. 2. Embora o recorrente tenha comprovado ser portador de moléstia grave definida na legislação vigente, o que foi reconhecido pela própria decisão AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 32 6. 00 05 21 /2 01 0- 53 Fl. 80DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 0 2/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 03/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 2 recorrida, ele não se dignou de trazer aos autos qualquer documento que comprovasse a natureza dos rendimentos, o que inviabiliza a aplicação da regra isentiva. IMPOSTO DE RENDA PESSOA FÍSICA. RENDIMENTOS PERCEBIDOS ACUMULADAMENTE. REGIME DE COMPETÊNCIA. O Imposto de Renda incidente sobre os rendimentos recebidos acumuladamente deve ser calculado de acordo com as tabelas e alíquotas vigentes à época em que os valores deveriam ter sido adimplidos. Precedentes do STF e do STJ na sistemática dos artigos 543B e 543C do CPC. INCOMPETÊNCIA DO CARF PARA REFAZER O LANÇAMENTO. RENDIMENTOS PERCEBIDOS ACUMULADAMENTE. COMPETÊNCIA PRIVATIVA DA AUTORIDADE ADMINISTRATIVA. CANCELAMENTO DA EXIGÊNCIA. O lançamento adotou critério jurídico equivocado e dissonante da jurisprudência do STF e do STJ, impactando a identificação da base de cálculo, das alíquotas vigentes e, consequentemente, o cálculo do tributo devido. Não compete ao CARF refazer o lançamento com outros critérios jurídicos, mas apenas cancelar a exigência. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso, afastar a preliminar de nulidade e, no mérito, darlhe provimento. (Assinado digitalmente) Kleber Ferreira Araújo Presidente (Assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Amílcar Barca Teixeira Júnior, Tulio Teotonio de Melo Pereira, Theodoro Vicente Agostinho, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felicia Rothschild e João Victor Ribeiro Aldinucci. Fl. 81DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 0 2/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 03/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 12326.000521/201053 Acórdão n.º 2402005.467 S2C4T2 Fl. 3 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto em face de decisão da 7ª Turma da DRJ/RJ1, cuja ementa e resultado são os seguintes: MOLÉSTIA GRAVE ISENÇÃO São isentos do imposto de renda os proventos de aposentadoria, reforma ou pensão recebidos por portador de moléstia grave, devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial. RENDIMENTOS TRIBUTÁVEIS DECORRENTES DE DECISÃO JUDICIAL NATUREZA COMPROVAÇÃO Os rendimentos recebidos em decorrência de decisão judicial, informados em Dirf como tributáveis, constando, inclusive, o IRRF, devem ser incluídos na apuração na DAA, quando não comprovado pelo contribuinte terem natureza diversa. LANÇAMENTO AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO NÃO OCORRÊNCIA Não se caracteriza a ausência de fundamentação quando no lançamento constam informados os fundamentos de fato e de direito que deram origem à exigência. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Assim, foi mantida integralmente a exigência do crédito tributário constituído através de Notificação de Lançamento Imposto de Renda Pessoa Física, tendo sido alterado o saldo de imposto a restituir declarado, no valor de R$10.709,09, para imposto suplementar, no valor de R$ 1.143,60. O lançamento decorreu das seguintes acusações: a) omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica acumuladamente, decorrentes de ação trabalhista, no valor de R$ 45.193,10. Na apuração do imposto devido, foi compensado o IRRF, no valor de R$ 14.377,91; b) omissão parcial dos rendimentos tributáveis na ação trabalhista: o contribuinte apresentou o recibo dos honorários do advogado; c) compensação indevida de imposto de renda retido na fonte, no valor de R$ 13.802,49. Para manter o lançamento, a DRJ se sustentou nas seguintes premissas: a) em análise da declaração retificadora apresentada pelo contribuinte, da qual decorre o presente lançamento, vêse que não foi informado qualquer valor tributável recebido pelo Banco Itaú S/A, constando, no entanto, o valor de R$ 13.802,49 como retido na fonte; Fl. 82DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 0 2/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 03/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 4 b) foi informado, ainda, o valor de R$ 59.009,22 como rendimento isento ( “Indenizações por rescisão de contrato de trabalho, inclusive a título de PDV, e por acidente de trabalho e FGTS”); c) o contribuinte comprovou nos autos ser portador de moléstia grave prevista na legislação (cardiopatia grave); d) o valor considerado omitido decorreu de decisão judicial em processo trabalhista, conforme demonstrativo de fl. 20, no qual consta informado o valor de R$ 59.009,22; e) o contribuinte informou em DAA os valores constantes de tal demonstrativo como rendimento isento; f) porém, o valor efetivamente pago ao contribuinte foi de R$ 54.193,10, com IRRF de R$ 14.377,91, conforme comprovante de fl. 21 e DIRF de fl. 44; g) tais valores foram considerados pela autoridade lançadora, que deduziu do rendimento o valor pago a título de honorários advocatícios, no montante de R$ 9.000,00 (fl. 22); h) ainda que o contribuinte conste como beneficiário de aposentadoria pelo INSS desde 01/1998 (fl. 32), não há nos autos qualquer documentação relativa à natureza dos valores recebidos por meio do processo judicial trabalhista, os quais, a princípio, correspondem a verbas trabalhistas, e não proventos de aposentadoria; i) quanto à glosa de IRRF, concluise que houve erro do contribuinte ao informar em sua DAA o valor de R$ 13.802,49, quando o valor efetivamente retido foi de R$ 14.377,91, já considerado na apuração feita pela autoridade lançadora. O contribuinte tomou ciência da decisão em 05/10/2012 (fl. 53) e interpôs recurso voluntário em 19/10/2012, no qual alegou o seguinte: a) em preliminar, alegou que o ato administrativo está desprovido de motivação e razoabilidade, criando, indevidamente, uma hipótese de incidência que não corresponde à realidade (artigo 93, inciso X, e artigo 37, caput, da CF); b) no mérito, alega ter recebido verbas oriundas de ação trabalhista no ano de 2007 e declarou o valor recebido na DAA, exercício 2008, na qual é reclamada o Banco Itaú S/A, sucessor do Banco Banerj S/A, com os descontos dos honorários advocatícios; c) o rendimento é isento e foi declarado de forma correta na DAA; d) em razão de enquadrarse nas regras de isenção, a imposição fiscal não merece guarida (artigo 30 da Lei 9.250/1995 e artigo 39, incisos XXXI e XXXIII, § 5o, inciso III, do RIR/99). É o relatório. Fl. 83DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 0 2/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 03/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 12326.000521/201053 Acórdão n.º 2402005.467 S2C4T2 Fl. 4 5 Voto Conselheiro João Victor Ribeiro Aldinucci – Relator 1 Conhecimento O recurso voluntário é tempestivo e estão presentes os demais requisitos de admissibilidade, devendo, portanto, ser conhecido. 2 Da falta de fundamentação O recorrente alega que o ato administrativo está desprovido de motivação e razoabilidade, criando, indevidamente, uma hipótese de incidência que não corresponde à realidade. No entanto, vêse que a ação fiscal foi conduzida por servidor competente, que concedeu ao recorrente os prazos legais para a apresentação de documentos e prestação de esclarecimentos; a Notificação de Lançamento Imposto de Renda Pessoa Física foi devidamente motivada e foi concedido ao sujeito passivo o prazo legal para a formulação de impugnação; a Notificação ainda contém clara descrição do fato gerador da obrigação, da matéria tributável, do montante do tributo devido, da identificação do sujeito passivo e da penalidade aplicável; não houve nenhum prejuízo para os direitos de defesa e do contraditório do recorrente, que puderam ser exercidos na forma e no prazo legal. Dito de outra forma, a fiscalização transcorreu dentro da mais restrita legalidade e não houve qualquer inobservância ao direito de defesa da recorrente. Sendo assim, negase provimento ao recurso neste ponto. 3 Da natureza dos rendimentos No entender da DRJ, ainda que o contribuinte conste como beneficiário de aposentadoria pelo INSS desde 01/1998 (fl. 32), não há nos autos qualquer documentação relativa à natureza dos valores recebidos por meio do processo judicial trabalhista, os quais, a princípio, não são proventos de aposentadoria. A isenção do imposto de renda pessoa física sobre os proventos de aposentadoria, reforma ou pensão recebidos por portadores de moléstia grave tem fundamento no art. 39, incs. XXXI e XXXIII, do RIR/1999. Para o gozo da isenção, o § 4º do citado artigo determina que a moléstia grave deverá ser comprovada mediante laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. Vejase: Fl. 84DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 0 2/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 03/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 6 Art. 39. Não entrarão no cômputo do rendimento bruto: XXXI os valores recebidos a título de pensão, quando o beneficiário desse rendimento for portador de doença relacionada no inciso XXXIII deste artigo, exceto a decorrente de moléstia profissional, com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída após a concessão da pensão (Lei nº 7.713, de 1988, art. 6º, inciso XXI, e Lei nº 8.541, de 1992, art. 47); XXXIII os proventos de aposentadoria ou reforma, desde que motivadas por acidente em serviço e os percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estados avançados de doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome de imunodeficiência adquirida, e fibrose cística (mucoviscidose), com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída depois da aposentadoria ou reforma (Lei nº 7.713, de 1988, art. 6º, inciso XIV, Lei nº 8.541, de 1992, art. 47, e Lei nº 9.250, de 1995, art. 30, § 2º); 4º Para o reconhecimento de novas isenções de que tratam os incisos XXXI e XXXIII, a partir de 1º de janeiro de 1996, a moléstia deverá ser comprovada mediante laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, devendo ser fixado o prazo de validade do laudo pericial, no caso de moléstias passíveis de controle (Lei nº 9.250, de 1995, art. 30 e § 1º). Portanto, para fazer jus à isenção, o contribuinte deve cumprir determinados requisitos, tais como: (i) ser portador de uma das moléstias arroladas no inc. XXXIII; (ii) receber proventos de aposentadoria, reforma ou pensão, visto que a regra isentiva não se aplica a outros rendimentos porventura tributáveis; (iii) ter laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. De conformidade com o § 5º, a isenção se aplica aos rendimentos recebidos a partir (i) do mês da concessão da aposentadoria, reforma ou pensão; (ii) do mês da emissão do laudo ou parecer que reconhecer a moléstia, se esta foi contraída após a aposentadoria, reforma ou pensão; ou (iii) da data em que a doença foi contraída, quando identificada no laudo pericial. Portanto, e de conformidade com a regra do § 5º, importa a data em que foram recebidos os rendimentos, conclusão esta reforçada pelo art. 6º, § 4º, inc. II, da IN RFB 1500/2014 (que revogou a IN RFB 15/2001, sem alteração do conteúdo do texto), segundo o qual a isenção é aplicável "aos rendimentos recebidos acumuladamente por portador de moléstia grave, desde que correspondam a proventos de aposentadoria, reforma ou pensão, ainda que se refiram a período anterior à data em que foi contraída a moléstia grave" (destacouse). Fl. 85DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 0 2/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 03/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 12326.000521/201053 Acórdão n.º 2402005.467 S2C4T2 Fl. 5 7 Vejase: RIR/1999: art. 39. [...] § 5º As isenções a que se referem os incisos XXXI e XXXIII aplicamse aos rendimentos recebidos a partir: I do mês da concessão da aposentadoria, reforma ou pensão; II do mês da emissão do laudo ou parecer que reconhecer a moléstia, se esta for contraída após a aposentadoria, reforma ou pensão; III da data em que a doença foi contraída, quando identificada no laudo pericial. IN RFB 1500/2014: Art. 6º São isentos ou não se sujeitam ao imposto sobre a renda, os seguintes rendimentos originários pagos por previdências: § 4º As isenções a que se referem os incisos II e III do caput, desde que reconhecidas por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos estados, do Distrito Federal ou dos municípios, aplicamse: II aos rendimentos recebidos acumuladamente por portador de moléstia grave, desde que correspondam a proventos de aposentadoria, reforma ou pensão, ainda que se refiram a período anterior à data em que foi contraída a moléstia grave; No caso in concreto, muito embora o recorrente tenha comprovado ser portador de moléstia grave definida na legislação vigente, o que foi reconhecido pela própria decisão recorrida, ele não se dignou de trazer aos autos qualquer documento que comprovasse a natureza dos rendimentos. Isto é, não se pode concluir que os valores sejam efetivamente oriundos de aposentadoria, reforma ou pensão. Como bem destacado pela DRJ, na medida em que os valores foram pagos no contexto de uma ação trabalhista, a princípio eles correspondem a rendimentos tributáveis. No âmbito deste Conselho, essa questão tem sido decidida da seguinte forma: ISENÇÃO. RENDIMENTOS PROVENIENTES DA APOSENTADORIA PORTADOR DE MOLÉSTIA GRAVE. Para gozo da isenção dos portadores de moléstia grave deve ser comprovado nos autos que os rendimentos são proventos de aposentadoria, pensão ou reforma e a existência da moléstia grave descrita no inciso XIV do art. 6º da lei 7.713/1988 deve ser comprovada mediante laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estado, do Distrito Federal ou dos Municípios que identifique a data de início da doença. Fl. 86DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 0 2/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 03/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 8 [...] (Número do Processo 10166.721421/201108, Recurso Voluntário, Data da Sessão 11/02/2015, Relator(a) GERMAN ALEJANDRO SAN MARTIN FERNANDEZ, Acórdão nº 2201 002.683) (destacouse) Logo, o recurso não deve ser provido neste tópico. 4 Rendimentos recebidos acumuladamente Como se vê, a acusação fiscal é a de que o recorrente omitiu rendimentos recebidos acumuladamente, decorrentes de ação trabalhista. Pois bem. O § 2º do art. 62 do RICARF estabelece que as decisões de mérito proferidas pelo STF e pelo STJ na sistemática dos arts. 543B e 543C do CPC deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Até pelo uso do verbo (deverão), vêse que se trata de norma cogente, de aplicação obrigatória. É sabido, ademais, que a tradição jurídica brasileira adotou a tese da nulidade absoluta do ato inconstitucional. Isto é, prevalece o entendimento segundo o qual são absolutamente nulos os atos normativos contrários à lei fundamental, pois tais atos são repudiados pela necessidade de se preservar o princípio da supremacia da Constituição e, consequentemente, a unidade da ordem jurídica nacional. Tomandose de empréstimo a assertiva do Min. Celso de Mello (STF, ADI 652), "esse postulado fundamental de nosso ordenamento normativo impõe que preceitos revestidos de menor grau de positividade jurídica guardem, necessariamente, relação de conformidade vertical com as regras inscritas na Carta Política, sob pena de sua ineficácia e de sua completa inaplicabilidade". Daí porque, nas palavras do citado Ministro: – Atos inconstitucionais são, por isso mesmo, nulos e destituídos, em conseqüência, de qualquer carga de eficácia jurídica. – A declaração de inconstitucionalidade de uma lei alcança, inclusive, os atos pretéritos com base nela praticados, eis que o reconhecimento desse supremo vício jurídico, que inquina de total nulidade os atos emanados do Poder Público, desampara as situações constituídas sob sua égide e inibe – ante a sua inaptidão para produzir efeitos jurídicos válidos – a possibilidade de invocação de qualquer direito. – A declaração de inconstitucionalidade em tese encerra um juízo de exclusão, que, fundado numa competência de rejeição deferida ao Supremo Tribunal Federal, consiste em remover do ordenamento positivo a manifestação estatal inválida e desconforme ao modelo plasmado na Carta Política, com todas as conseqüências daí decorrentes, inclusive a plena restauração de eficácia da lei e das normas afetadas pelo ato declarado inconstitucional. Esse poder excepcional – que extrai a sua autoridade da própria Carta Política – converte o Supremo Tribunal Federal em verdadeiro legislador negativo. (destacouse) Fl. 87DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 0 2/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 03/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 12326.000521/201053 Acórdão n.º 2402005.467 S2C4T2 Fl. 6 9 Nessa toada, considerandose a nulidade absoluta do ato inconstitucional, e considerandose que a declaração de inconstitucionalidade alcança atos pretéritos praticados com base na lei destituída de carga de eficácia jurídica, devese conhecer de ofício da matéria que se passa a analisar e julgar logo abaixo. No caso concreto, vêse que os rendimentos cuja omissão foi apurada pela fiscalização são atinentes a uma reclamatória trabalhista. Os valores a ela atinentes foram pagos de forma acumulada. Essa matéria, reiteradamente debatida no Judiciário e neste Conselho, foi solucionada definitivamente pelo STF por ocasião do julgamento do RE 614.406, com repercussão geral e trânsito em julgado, Rel. Min. Rosa Weber, tema 368, redigido nos seguintes termos: Tema 368 Incidência do imposto de renda de pessoa física sobre rendimentos percebidos acumuladamente. Como se vê, o citado tema trata exatamente da incidência do IRPF sobre os rendimentos recebidos acumuladamente, hipótese esta idêntica a dos autos, na qual os rendimentos acumuladamente percebidos pelo recorrente foram objeto de lançamento de ofício que se baseou na premissa de que eles deveriam ser tributados no mês do seu recebimento (regime de caixa), e não de acordo com a época em que eles deveriam ter sido efetivamente pagos (regime de competência). Naquele recurso extraordinário, com trânsito em julgado em 09/12/2014, a Suprema Corte manteve o acórdão do TRF4, que decidiu pela inconstitucionalidade, sem redução de texto, da regra do art. 12 da Lei nº 7.713/88, no tocante aos rendimentos recebidos acumuladamente decorrentes de remuneração, vantagem pecuniária, proventos e benefícios previdenciários, mormente para afastar o regime de caixa e determinar a incidência mensal para o cálculo do imposto de renda correspondente à tabela progressiva vigente no período mensal em que apurado o rendimento percebido a menor (regime de competência). Foi seguida a divergência aberta pelo Min. Marco Aurélio, para quem os contribuintes, em casos idênticos aos dos autos, são penalizados duplamente, pois, não recebendo as parcelas nas épocas devidas, são compelidos a ingressar em Juízo e ainda sofrem a junção dos valores para efeito de incidência do imposto, o que viola o princípio da isonomia. Mais ainda, e considerando que o imposto de renda tem como fato gerador a disponibilidade econômica ou jurídica, não se poderia, na visão do citado Min., desconsiderar o fenômeno das épocas próprias, reveladas pela disponibilidade jurídica. A título de ilustração, segue a ementa do julgado: IMPOSTO DE RENDA – PERCEPÇÃO CUMULATIVA DE VALORES – ALÍQUOTA. A percepção cumulativa de valores há de de ser considerada, para efeito de fixação de alíquotas, presentes, individualmente, os exercícios envolvidos. (RE 614406, Relator(a): Min. ROSA WEBER, Relator(a) p/ Acórdão: Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 23/10/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL MÉRITO DJe233 DIVULG 26112014 PUBLIC 27 112014) Fl. 88DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 0 2/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 03/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 10 A análise do tema, da ementa e do acórdão do recurso extraordinário demonstram que o caso julgado sob o regime da repercussão geral é idêntico ao dos autos. Mas não é só, pois a Primeira Seção do STJ, no julgamento do REsp 1.118.429∕SP (Rel. Min. Herman Benjamin, DJe de 14.5.2010), sob a sistemática de que trata o art. 543C do CPC, já havia decidido que "o imposto de renda incidente sobre os benefícios pagos acumuladamente deve ser calculado de acordo com as tabelas e alíquotas vigentes à época em que os valores deveriam ter sido adimplidos, observando a renda auferida mês a mês pelo segurado. Não é legítima a cobrança de IR com parâmetro no montante global pago extemporaneamente." Segue a ementa do decisum: TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA PESSOA FÍSICA. AÇÃO REVISIONAL DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. PARCELAS ATRASADAS RECEBIDAS DE FORMA ACUMULADA. 1. O Imposto de Renda incidente sobre os benefícios pagos acumuladamente deve ser calculado de acordo com as tabelas e alíquotas vigentes à época em que os valores deveriam ter sido adimplidos, observando a renda auferida mês a mês pelo segurado. Não é legítima a cobrança de IR com parâmetro no montante global pago extemporaneamente. Precedentes do STJ. 2. Recurso Especial não provido. Acórdão sujeito ao regime do art.543C do CPC e do art. 8º da Resolução STJ 8/2008. (REsp 1118429/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 24/03/2010, DJe 14/05/2010) Cumpre observar que o regime jurídico instituído pela Lei nº 12.350/2010, conversão da Medida Provisória nº 497/2010, que acrescentou o art. 12A à Lei 7.713/1988, não é aplicável ao presente lançamento, pois aplicável apenas aos rendimentos recebidos nos anoscalendário 2010 e seguintes. Vejase: Art. 12A. [...]. § 7o Os rendimentos de que trata o caput, recebidos entre 1o de janeiro de 2010 e o dia anterior ao de publicação da Lei resultante da conversão da Medida Provisória no 497, de 27 de julho de 2010, poderão ser tributados na forma deste artigo, devendo ser informados na Declaração de Ajuste Anual referente ao anocalendário de 2010. Em sendo assim, deve ser aplicado o art. 62, §2o, do RICARF, aprovado pela Portaria MF n° 343/2015, segundo o qual as decisões definitivas de mérito do STF e do STJ, na sistemática dos artigos 543B e 543C do CPC, devem ser reproduzidas pelas suas Turmas. Noutro giro verbal, o imposto deveria ter sido apurado com base nas tabelas e nas alíquotas vigentes à época em que os valores deveriam ter sido adimplidos, e não no mês do seu recebimento. Ocorre que o lançamento em apreço, ao determinar a tributação do imposto de renda no mês do recebimento, adotou critério jurídico totalmente equivocado e dissonante da jurisprudência do STF e do STJ. Esse critério equivocado impactou a identificação da base de cálculo e das alíquotas vigentes, impactando, por conseguinte, o cálculo do tributo devido, ex vi do art. 142 do CTN. Fl. 89DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 0 2/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 03/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 12326.000521/201053 Acórdão n.º 2402005.467 S2C4T2 Fl. 7 11 A adoção do regime de competência, em substituição ao regime de caixa, poderia inclusive colocar os rendimentos numa faixa de isenção do imposto, ou, ainda, numa faixa de tributação menos onerosa ao recorrente. Não pode passar despercebido, também, o fato de que a distribuição dos valores mês a mês certamente atingiria exercícios pretéritos ao exercício objeto do recurso, o que demonstra que seria necessário outro lançamento de ofício, e não mera retificação do lançamento anteriormente efetuado. Cumpre lembrar que lançamento é justamente o procedimento administrativo (ou ato administrativo) tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível, na dicção do art. 142 do CTN. No caso, repitase, houve incorreta identificação da base de cálculo, da alíquota e, por consequência, do montante do tributo devido. Nesse contexto, e como não compete a este Conselho refazer o lançamento com base em outros critérios jurídicos, mormente porque tal procedimento é da competência privativa da autoridade administrativa, deve ser cancelada a exigência. Em caso análogo, assim se decidiu: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Exercício: 2010 RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE EM DECORRÊNCIA DE DECISÃO JUDICIAL. Em se tratando de rendimentos recebidos acumuladamente recebidos por força de ação judicial, embora a incidência ocorra no mês do pagamento, o cálculo do imposto deverá considerar os meses a que se referem os rendimentos. Precedentes do STJ e Julgado do STJ sujeito ao regime do art. 543C do Código de Processo Civil de aplicação obrigatória nos julgamentos do CARF por força do art. 62A do Regimento Interno. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE EM DECORRÊNCIA DE DECISÃO JUDICIAL. EQUÍVOCO NA APLICAÇÃO DA LEI QUE AFETOU SUBSTANCIALMENTE O LANÇAMENTO. INCOMPETÊNCIA DO JULGADOR PARA REFAZER O LANÇAMENTO. CANCELAMENTO DA EXIGÊNCIA. Ao adotar outra interpretação do dispositivo legal, o lançamento empregou critério jurídico equivocado, o que o afetou substancialmente, pois prejudicou a quantificação da base de cálculo, a identificação das alíquotas aplicáveis e o valor do tributo devido, caracterizandose um vício material a invalidá lo. Não compete ao órgão de julgamento refazer o lançamento com outros critérios jurídicos, mas tão somente afastar a exigência indevida. Recurso Voluntário Provido. (Número do Processo 13002.720640/201122, RECURSO VOLUNTÁRIO, Sessão de 11 de março de 2015, Relator(a) Marcelo Vasconcelos de Almeida, Acórdão nº 2802003.359) Fl. 90DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 0 2/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 03/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 12 5 Conclusão Diante do exposto, conheço do recurso voluntário, para darlhe TOTAL PROVIMENTO, a fim cancelar o lançamento no tocante à omissão de rendimentos. (Assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci. Fl. 91DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 0 2/09/2016 por JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI, Assinado digitalmente em 03/09/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO
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Numero do processo: 11634.720759/2012-14
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 07 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Dec 06 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2008, 2009, 2010
IRPJ. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. LANÇAMENTO COM BASE EM
DEPÓSITOS BANCÁRIOS.
O art. 42 da Lei nº 9.430/1996 autoriza a presunção de omissão de rendimentos tributáveis com base nos valores depositados em conta bancária para os quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Se o ônus da prova, por presunção legal, é do contribuinte, cabe a ele a prova da origem dos recursos utilizados para acobertar seus depósitos bancários, a qual não pode ser substituída por meras alegações.
MULTA QUALIFICADA. CONFISCO. INCONSTITUCIONALIDADE. APRECIAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE.À autoridade julgadora é vedado afastar a aplicação da lei sob fundamento de inconstitucionalidade, pelo que é impossível apreciar as alegações de ofensa aos princípios constitucionais da vedação ao confisco, razoabilidade e proporcionalidade.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 1401-001.641
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, REJEITAR a preliminar de nulidade e, no mérito, NEGAR provimento ao recurso.
Documento assinado digitalmente.
Antonio Bezerra Neto - Presidente.
Documento assinado digitalmente.
Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin - Relatora.
EDITADO EM: 28/11/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Bezerra Neto (Presidente), Guilherme Adolfo Dos Santos Mendes, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Fernando Luiz Gomes De Mattos, Marcos De Aguiar Villas Boas, Julio Lima Souza Martins, Aurora Tomazini De Carvalho.
Nome do relator: LUCIANA YOSHIHARA ARCANGELO ZANIN
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2008, 2009, 2010 IRPJ. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS. O art. 42 da Lei nº 9.430/1996 autoriza a presunção de omissão de rendimentos tributáveis com base nos valores depositados em conta bancária para os quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Se o ônus da prova, por presunção legal, é do contribuinte, cabe a ele a prova da origem dos recursos utilizados para acobertar seus depósitos bancários, a qual não pode ser substituída por meras alegações. MULTA QUALIFICADA. CONFISCO. INCONSTITUCIONALIDADE. APRECIAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE.À autoridade julgadora é vedado afastar a aplicação da lei sob fundamento de inconstitucionalidade, pelo que é impossível apreciar as alegações de ofensa aos princípios constitucionais da vedação ao confisco, razoabilidade e proporcionalidade. Recurso Voluntário Negado
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, REJEITAR a preliminar de nulidade e, no mérito, NEGAR provimento ao recurso. Documento assinado digitalmente. Antonio Bezerra Neto - Presidente. Documento assinado digitalmente. Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin - Relatora. EDITADO EM: 28/11/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Bezerra Neto (Presidente), Guilherme Adolfo Dos Santos Mendes, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Fernando Luiz Gomes De Mattos, Marcos De Aguiar Villas Boas, Julio Lima Souza Martins, Aurora Tomazini De Carvalho.
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EPP Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2008, 2009, 2010 IRPJ. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS. O art. 42 da Lei nº 9.430/1996 autoriza a presunção de omissão de rendimentos tributáveis com base nos valores depositados em conta bancária para os quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Se o ônus da prova, por presunção legal, é do contribuinte, cabe a ele a prova da origem dos recursos utilizados para acobertar seus depósitos bancários, a qual não pode ser substituída por meras alegações. MULTA QUALIFICADA. CONFISCO. INCONSTITUCIONALIDADE. APRECIAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE.À autoridade julgadora é vedado afastar a aplicação da lei sob fundamento de inconstitucionalidade, pelo que é impossível apreciar as alegações de ofensa aos princípios constitucionais da vedação ao confisco, razoabilidade e proporcionalidade. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, REJEITAR a preliminar de nulidade e, no mérito, NEGAR provimento ao recurso. Documento assinado digitalmente. Antonio Bezerra Neto Presidente. Documento assinado digitalmente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 63 4. 72 07 59 /2 01 2- 14 Fl. 3009DF CARF MF 2 Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin Relatora. EDITADO EM: 28/11/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Bezerra Neto (Presidente), Guilherme Adolfo Dos Santos Mendes, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Fernando Luiz Gomes De Mattos, Marcos De Aguiar Villas Boas, Julio Lima Souza Martins, Aurora Tomazini De Carvalho. Fl. 3010DF CARF MF Processo nº 11634.720759/201214 Acórdão n.º 1401001.641 S1C4T1 Fl. 3.009 3 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto pela contribuinte em face do Acórdão nº 1446.641 5ª Turma da DRJ/RPO, que julgou procedente o lançamento contra BETA INFORMÁTICA e manteve as sujeições passivas solidárias. O Auto de Infração (fls. 2680/2781) foi lavrado para exigir IRPJ, CSLL, COFINS e PIS, todos os tributos relativos aos períodos de 2008, 2009 e 2010, acrescidos de juros, multa de mora e de ofício qualificada (150%), perfazendo o crédito tributário de R$ 2.307.787,10 (fl. 2680), mediante as acusações de omissão de receita da atividade (revenda de mercadorias) e o missão de receita caracterizada por depósitos/créditos bancários de origem não comprovada. Transcrevo abaixo partes do Relatório do Acórdão Recorrido, que bem descreve os fatos ocorridos no feito: Conforme TERMO DE VERIFICAÇÃO E ENCERRAMENTO DA AÇÃO FISCAL de fls. 2656/2679, o procedimento fiscal junto à empresa acima identificada tve início em 18/04/2012 com a ciência do Termo de Início de fls. 02/04 por meio do qual foi a empresa intimada a apresentar: (1) Atos constitutivos e alterações posteriores (últimos 5 anos); (2) Livros Caixa dos anoscalendário 2008 a 2010, ou, se mantiver escrituração contábil, os livros Diário e Razão do mesmo período; e (3) Extratos bancários de todas as contas (contascorrentes, investimentos, poupança, etc) movimentadas pela empresa no período de 01/2008 a 12/2010. Após solicitar prorrogação de prazo, a empresa em 06/06/2012 encaminhou expediente de fls. 49 a 134, juntando parte de suas alterações contratuais e os livros diários de 2008 a 2010, solicitando ainda mais prazo para atendimento total do termo de início de fiscalização. Em 12/06/2012 o contribuinte foi reintimado (fls. 135/137) a apresentar os extratos de suas contas bancários. Em 25/06/2012, encaminhou o expediente "doc_01_F" de fls. 138 a 141, acompanhado de cópias de correspondência enviada aos bancos, solicitando os extratos bancários da pessoa jurídica, sendo que a entrega parcial dos extratos somente ocorreu em 17/07/2012, nos termos dos documentos de nos termos dos documentos "doc_01_(S" a "doc_01_H" de fls. 142 a 1147. Posteriormente, em razão de intimação, a contribuinte apresentou os extratos da conta mantida na Caixa Econômica Federal "doc_01_L" de fls. 1157 a 1227. Analisando os livros diário e razão do período objeto da fiscalização "doc_01_D" de fls. 49 a 134, a fiscalização constatou que a contribuinte não havia contabilizado as contas de sua movimentação bancária, o que impediria que fosse feita uma conciliação dos valores movimentados em conta bancária com os registros contábeis da empresa. Diante disso, foi dada oportunidade para que a empresa comprovar, por meio de documentos hábeis e idôneos, coincidentes em datas e valores, a origem dos recursos creditados nas contas bancárias e mantidas à margem da escrita contábil, bem como apresentar documentos hábeis e idôneos que comprovem o respectivo Fl. 3011DF CARF MF 4 custo, nos termos da Tabela 04. da intimação entregue ao contribuinte em 16/10/2012, "doc_01_M" partes "A" e "B" de fls. 1228 a 1439. Decorrido o prazo concedido na intimação e não tendo a empresa apresentado quaisquer elementos de comprovação da origem dos recursos depositados/creditados em suas contas bancárias, foi a empresa novamente intimada em 06/11/2012 ("doc_01_N" de fls. 1440 a 1443) a apresentar os elementos solicitados anteriormente, alertando que a não comprovação da origem dos valores depositados/creditados caracterizaria omissão de receita, nos termos do art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996. Mesmo assim, a contribuinte não se manifestou. No Termo de Encerramento, à fl. 2658/2659, a fiscalização relacionou na Tabela 01, os totais mensais dos depósitos e créditos bancários em conta da empresa BETA INFORMÁTICA LTDA, os quais foram individualmente relacionados na Tabela 04 da intimação entregue ao contribuinte em 16/10/2012 (fls. 1228/1439), que foram objeto de intimação e reintimação, sem qualquer manifestação da intimada. 1.2 DO PROCEDIMENTO FISCAL NAS PESSOAS DE GUILHERME RICARDO CARDOSO MARÇAL GATTI e EDUARDO MARÇAL GATTI Procedeuse também ações fiscais junto aos dois sócios da empresa, GUILHERME RICARDO CARDOSO MARÇAL GATTI e EDUARDO MARÇAL GATTI, tendo em vista que eles apresentaram movimentação financeira incompatível com as receitas constantes de suas declarações de imposto de renda. A fiscalização nos dois sócios iniciouse 20 de abril de 2012, quando receberam Termo de Início de Fiscalização ("doc_02_A" de fls. 1962 a 1969), por meio do qual foram intimados a apresentar diversos documentos, entre eles, os extratos de todas as contas mantidas em instituições financeiras. Em 12/06/2012 os contribuintes pessoas físicas foram reintimados a apresentar os extratos de suas contas bancários (“doc_01_D" de fls. 2010 a 2015), e após, em 25 de junho de 2012, encaminharam expedientes (“doc_01_E" de fls. 2016 a 2023), onde alinharam motivos e se recusaram a fornecer os extratos e documentos bancários dos anos calendário de 2008 a 2010. Diante disso, com base na Lei Complementar n° 105/2001, regulamentada pelo Decreto n° 3.724/2001, foram emitidas as requisições de movimentação financeira – RMFs ("doc_02_F" de fls. 2024 a 2031) dos fiscalizados junto às instituições financeiras, as quais apresentaram os extratos bancários e documentos relativos. De posse dos extratos, foi procedida auditoria da movimentação bancária, onde procurouse determinar o real fluxo de entrada de novos recursos nas referidas contas correntes bancárias, e assim tanto o sócio GUILHERME R.C.M. 6ATTI quanto o sócio EDUARDO GATTI foram intimados na data de 16 de outubro de 2012 ("doc_02_O e doc_02_P" de fls. 2541 a 2645) a comprovar por meio de documentos hábeis e idôneos, coincidentes em datas e valores, a origem dos recursos creditados nas contas bancárias e mantidas à margem da escrita contábil, bem como apresentar documentos hábeis e idôneos que comprovem o respectivo custo, nos termos das Tabela 02 das já citadas intimações. Não atendida à intimação, foram novamente intimados para o mesmo fim e, mesmo assim, não atenderam às intimações (fls. 2648 a 2655). Na citada Tabela 02 foram relacionados individualmente os depósitos/créditos bancários e deles foram excluídos, entre outros, os débitos relativos a estornos e devoluções de cheques. Para maior clareza, a fiscalização relacionou no Termo de Encerramento (Tabelas 03 e 04), às fl. 2661/2662, a totalização mensal dos depósitos e créditos bancários de própria movimentação dos sócios GUILHERME R.C.M. GATTI e Fl. 3012DF CARF MF Processo nº 11634.720759/201214 Acórdão n.º 1401001.641 S1C4T1 Fl. 3.010 5 EDUARDO M. GATTI, que foram objeto de intimação e reintimação (fls. 2541 a 2645), sem quaisquer manifestações dos intimados. Em análise da situação fática da movimentação financeira constante das Tabelas 02 que acompanharam as intimações entregues aos sócios GUILHERME e EDUARDO ("doc_02_O e doc_02_P" de fls. 2541 a 2645), especialmente no campo "histórico" do extrato bancário, a fiscalização verificou que grande parte dos depósitos e créditos bancários carreados as contas bancárias correspondia a valores oriundos do sistema de compras feitas pela Internet, denominado "Mercado Livre ou Mercado Pago", onde os clientes efetuam compras por esse sistema de comércio virtual administrado pela empresa MERCADO LIVRE COM A7TV. DE INTERNET LTDA, que depois repassa os valores, líquidos de sua comissão, ao vendedor. Sobre esses fatos apurados assim manifestou a autoridade fiscal à fl. 2663: Nessa mesma análise do campo "histórico" das referidas Tabela 02 das intimações entregues aos sócios em 16 de outubro de 2012, notadamente no Banco Itaú, quando o cliente ou comprador faz a remessa, é discriminado o nome do comprador, em que foram localizados clientes para os quais deveriam ter sido emitidas notas fiscais da empresa BETA INFORMÁTICA LTDA, empresa da quais EDUARDO M. GATTI e GUILHERME RCM GATTI são sócios, sendo esse último sócio administrador. Em alguns casos é identificada a mercadoria por qual o cliente está pagando, e nesse caso, estão discriminados os artigos de informática e eletrônica, tais como câmeras fotográficas, notebooks, netbooks, projetores, e demais produtos desse gênero. Além desses fatos, foram localizados vários lançamentos redutores na Tabela 02 das intimações entregues aos sócios em 16 de outubro de 2012, que correspondem a débitos em conta, relativas a compras devolvidas pelos clientes, onde consta o histórico "dev. Beta", ou seja, são valores a débito da conta bancária que correspondem a vendas canceladas, efetuadas pela BETA INFORMÁTICA LTDA. Em análise das informações do sítio da internet que deu suporte a essas operações, chegouse à empresa BETA INFORMÁTICA LTDA, com endereço eletrônico "http://loja.betainformatica.com.br/, onde se reproduz abaixo as informações nele contidas: "BETA INFORMÁTICA LTDA. A empresa está localizada em Londrina/Pr e foi fundada em 14 de novembro de1998, hoje conta com duas lojas, Matriz e filial. A partir de 2001, iniciouse o trabalho com e commerce. Especializada na área de venda de produtos de informática, câmeras digitais e eletrônicos, há mais de 10 anos oferece a todos seus clientes produtos de excelente qualidade e procedência, oferecendo sempre a melhor opção de compra. A Beta Informática oferece uma linha completa de atendimento para seus clientes e parceiros do Mercado Livre, com atendentes qualificados, com um ótimo canal de comunicação onde também realizamos nossas vendas com excelentes preços e atendimento! Contamos com mais de 35.000 clientes cadastrados!" Destarte, da análise dos documentos bancários que dão suporte aos lançamentos ativos e passivos nas contas bancárias em comento, restou Fl. 3013DF CARF MF 6 caracterizado que são pertinentes à atividade operacional da empresa BETA INFORMÁTICA LTDA e não computados em sua escrituração comercial e fiscal, circunstância que requereu dos contribuintes EDUARDO M. GATTI e GUILHERME RCM GATTI na intimação entregue em 16 de outubro de 2012, e da própria empresa BETA INFORMÁTICA LTDA, na intimação entregue nessa mesma data, "doc_01_M", de fls. 1228 a 1439, partes "A" e "B", Tabelas 02 e 03, esclarecimentos acerca da origem dos recursos movimentados nas respectivas contas, e embora todos fossem intimados e reintimados, não forneceram quaisquer elementos ou informações sobre tal movimentação financeira, caracterizando tais recursos como provenientes da atividade operacional dessa pessoa jurídica, omitidos e mantidos à margem da tributação. 1.3 DA DILIGENCIA FISCAL NAS EMPRESAS MERCADO ABERTO E MERCADO LIVRE. Em conformidade com a Tabela 02 das intimações (fls. 2541 a 2645), a fiscalização apurou um valor aproximado de cinco milhões e quinhentos mil reais que teriam sido carreados diretamente às contas dos sócios GUILHERME R.C.M. GATTI e EDUARDO MARÇAL GATTI tendo como origem valores oriundos do sistema de compras pela Internet, denominado "Mercado Livre ou Mercado Pago", onde os clientes efetuavam compras por esse sistema de comércio virtual administrado pela empresa MERCADOLIVRE COM ATIV. DE INTERNET LTDA, que depois repassa os valores, líquidos de sua comissão, ao vendedor. Além desses recursos depositados ou creditados diretamente nas contas dos dois sócios, identificados nos extratos bancários como oriundos do sistema "Mercado Livre ou Mercado Pago", foram encontrados mais créditos depositados nas contas bancárias da empresa BETA INFORMÁTICA LTDA, também oriundos desse sistema, bem como foram encontrados discriminações nos campos de histórico dos extratos bancários dos sócios em que é identificada a mercadoria por qual o cliente está pagando, e nesse caso, estão discriminados os artigos de informática e eletrônica, tais como câmeras fotográficas, notebooks, netbooks, projetores, e demais produtos desse gênero. Face a esses fatos, foi aberta diligência vinculada junto às empresas EBAZAR.COM.BR. LTDA CNPJ n° 03.007.331/000141, MPF 09.1.02.00 2012014886 e MERCADOPAGO.COM REPRESENTAÇÕES LTDA. CNPJ 10.573.521/000191 e MPF 09.1.02.002012014894, às fIs. 1444 a 1449, os quais foram intimados a informar todos os dados cadastrais vinculados ao seu sistema de compras na Internet, em relação aos contribuintes GUILHERME, EDUARDO E BETA INFORMÁTICA, bem como demonstrar detalhadamente, todas as negociações concretizadas pelos usuários vendedores vinculados às pessoas físicas e jurídicas acima no período de 01/01/2008 a 31/12/2010. Salientou a autoridade fiscal que o propósito negocial das empresas acima (Ebazar e Mercado Pago) era identificar comprador e vendedor, intermediar a transação de venda/compra, administrar e monitorar a entrega do bem e o pagamento do preço. Para tal, as empresas cobram um percentual de corretagem do vendedor, o que, neste caso é a Beta Informática. Diante deste contexto, ficaria evidente que as transações de vendas da Beta Informática registradas no sistema "Mercado Livre" foram vendas efetivamente realizadas. O Mercado Livre informou todas as transações onde houve efetivamente o pagamento de sua comissão, ou seja, vendas concretizadas. Assim sendo, teria ficado comprovado que todas as transações relacionadas na resposta das empresas MERCADOPAGO.COM REPRESENTAÇÕES LTDA e EBAZAR.COM.BR. LTDA tratamse de vendas diretas, cuja contabilização não foi comprovada pela empresa Beta Informática. Fl. 3014DF CARF MF Processo nº 11634.720759/201214 Acórdão n.º 1401001.641 S1C4T1 Fl. 3.011 7 Informou a fiscalização que tais valores constam das missivas das empresas diligenciadas conforme "doc_01_R" de fls. 1451 a 1468, que traz como anexo 01 CD com o arquivo digital "Retiradas INFONET INFORMÁTICA ID31033180", o qual foi totalizado por mês, nos termos do "doc_01S" de fls. 1469 a 1855, onde constam as operações de venda do sistema INFONET BETA INFORMÁTICA LTDA, no período de 01 de janeiro de 2008 a 31 de dezembro de 2010, devidamente discriminadas em relação a data, valor da venda, discriminação do produto e informações do comprador. Em função de todas estas vendas já estarem perfeitamente discriminadas no citado documento digital, BETA_arq_Retiradas INFONET INFORMÁTICA ID31033180, " doc_01_S_" de fls. 1469 a 1855, e considerando que nos próprios extratos bancários dos sócios GUILHERME e EDUARDO e da empresa BETA INFORMÁTICA LTDA, na coluna histórico, encontrase a comprovação da remessa bancária pelo sistema "Mercado Pago/Livre", entendeu a fiscalização que estava perfeitamente configurado, de maneira indubitável a ocorrência de omissão de receita de vendas diretas sem sua contabilização, perpetuada pelos sócios, que abrigaram em suas contas bancárias os recursos e pela empresa, em valor correspondente aos informados pelos terceiros diligenciados, os quais estão totalizados mensalmente na Tabela 05 do Termo de Encerramento (fl. 2666). 2. CONSOLIDAÇÃO DOS VALORES DAS INFRAÇÕES APURADAS A TRIBUTAR. Visando dar maior clareza aos valores mensais de omissão de receita a ser tributada, a autoridade fiscal consolidou na Tabela 6 (fl. 2667 do Termo de Encerramento) as demais tabelas, ou seja, a Tabela 01, que trata da movimentação financeira do contribuinteBETA INFORMÁTICA LTDA, Tabela 03 relativa ao sócio GUILHERME R.C.M. GATTI, Tabela 04 relativa ao sócio EDUARDO MARÇAL GATTI, e a Tabela 05, que corresponde as vendas diretas na Internet efetuadas pela empresa BETA INFORMÁTICA LTDA, com a intervenção dos sistemas "MERCADO LIVRE/MERCADO PAGO". 3. DA EXCLUSÃO DA EMPRESA BETA INFORMÁTICA DO SIMPLES NACIONAL De acordo com a apuração de que consta na Tabela 06, notadamente da coluna "Total da movim. financeira de 2008 a 2010, a fiscalização concluiu pela total impossibilidade de permanência da contribuinte no regime tributário do Simples Nacional, já no primeiro mês, bem como nos demais meses foi ultrapassado o limite previsto nos incisos I (R$ 240.000,00) e no inciso II (R$ 2.400.000,00) do artigo 3º da Lei Complementar 123/2006, o que demonstraria a total irregularidade da opção e da permanência do contribuinte no regime diferenciado do Simples Nacional. Por outro lado, as irregularidades na escrituração contábil com a falta de registro das operações bancárias e a recusa do contribuinte em fornecer informações sobre a movimentação financeira, embora devidamente intimado e reintimado a apresentar, evidenciam claramente sua subsunção aos dispositivos legais preambularmente citados, determinadores da exclusão do Simples Nacional pela inobservância da obrigatoriedade de escrituração das conta bancárias (artigo 3º, inciso I, da Resolução CGSN n° 10, de 28/06/2007 c/c com o § 2º do artigo 26 da Lei complementar 123/2006) e pela falta de emissão dos comprovantes fiscais representativos de sua receita operacional. Fl. 3015DF CARF MF 8 A exclusão teve efeito a partir do mês de janeiro de 2008, como preceituam o inciso VI do artigo 6o , da Resolução CGSN n° 15/2007, alíneas "a" "d" e "g", inciso IV, art. 76, da Resolução CGSN n° 94, de 2011 c/c §1° do artigo 29, da Lei Complementar n° 123/2006, vigendo nos três anoscalendario subsequentes ao da exclusão, tendo sido solicitada por essa fiscalização por meio de representação fiscal, "doc_01_U" de fls. 1878 a 1883. Diante do exposto, e restando caracterizada a prática de hipóteses que impõem a exclusão de ofício do SIMPLES NACIONAL, o senhor Delegado da Receita Federal do Brasil, mediante ADEAto Declaratório Executivo n° 045/2012, "doc_01_V" de fls. 1884 a 1885, determinou a exclusão da empresa em tela dessa sistemática de recolhimento de tributos, por força do disposto np artigo 29, incisos I, II, V e VIII da Lei Complementar n° 123/2006, c/c o artigo 5° incisos I, II, V e VIII da Resolução CGSN n° 15/2007, procedendose à expedição do Termo de Exclusão do Simples Nacional, com observância das demais disposições aplicáveis, em especial o artigo 4º da Resolução CGSN n° 15, de 23/06/2007. Face a exclusão de ofício da contribuinte do regime do SIMPLES NACIONAL, essa foi intimada em 23 de janeiro de 2013, "doc_01_W" de fls. 1886 a 1889, a determinar qual regime de apuração do imposto, qual seja arbitrado, presumido ou lucro real, que optará para suas operações nos anoscalendário de 2008 a 2010, sendo que de conformidade com esse mesmo documento, "doc_01_W" de fls. 1886 a 1889, a contribuinte se manifestou e fez a opção pela tributação pelo sistema de lucro presumido, para o períodobase de 01 de janeiro de 2008 a 31 de dezembro de 2010. 4. DO LANÇAMENTO DE OFÍCIO E ACRÉSCIMOS LEGAIS A fiscalização, com fulcro no artigo 42 da lei n° 9.430/96, levou à tributação como omissão de receita os recursos creditados em conta bancária, cuja origem não foi comprovada por intermédio de documentos hábeis e idôneos. Também, nos termos do artigo 283 do RIR aprovado pelo Decreto 3000/99, foi levada à tributação como omissão de receita os valores das vendas diretas não contabilizadas, conforme Tabela 06. Os valores levados à tributação foram realçados e totalizados trimestralmente na Tabela 7 (fls. 2670 do Termo de Encerramento), sendo que foi adotado o regime de tributação do Lucro Presumido Trimestral. Os valores dos tributos e contribuições devidos foram acrescidos de juros SELIC com fulcro no artigo 61, § 3º, da Lei n° 9.430/96, artigo 953 do Decreto n° 3.000/99 (RIR/99, e da multa qualificada de 150% (cento e cinqüenta por cento), prevista do artigo 44 da Lei n° 9.430/96, inciso I, combinado com o § 1º e artigo 957, inciso II, do Decreto n° 3.000/99 (RIR/99), pelas razões explicitadas no Termos de Encerramento (fls. 2673/2675). Na Tabela 08 foram relacionados os valores efetivamente recolhidos pela contribuinte, em conformidade com as DASNdeclarações anuais do Simples Nacional dos anoscalendário de 2008 a 2010, "doc_01_C" de fls. 06 a 048, e dos PGDASExtratos do Simples Nacional desse mesmo período, "doc. 01_X" de fls. 1890 a 1961, os quais foram deduzidos respectivamente dos impostos e contribuições exigidos nos Autos de Infração de IRPJ, CSLL, Pis Pasep e da Cofins. 5. DA SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA DO SÓCIO ADMINISTRADOR GUILHERME R.C.M. GATTI. Foi lavrado Termo de Sujeição Passiva Solidária do sócioadministrador Guilherme R. C. M. Gatti assim justificado: “De conformidade com os fatos verificados pela fiscalização defluese que os recursos aportados nas contas bancárias das pessoas físicas aqui referenciadas nos Fl. 3016DF CARF MF Processo nº 11634.720759/201214 Acórdão n.º 1401001.641 S1C4T1 Fl. 3.012 9 itens 2.2 e análise das Tabela 03 e Tabela 04. foram em grande parte originários de sonegação fiscal, consubstanciada tanto na não emissão ou não contabilização de vendas diretas, como pela comprovação de depósitos bancários. E digno de nota o papel desempenhado pelo sócio GUILHERME R.C.M. GATTT nas irregularidades tributárias apuradas, pois de conformidade com o contrato social e alterações, "doc_01_T" de fls. 1.856 a 1.877, possui poderes de gerência e ao mesmo tempo abrigou recursos provenientes de omissão de vendas de mercadorias não contabilizadas, em suas contas particulares, além de não ter comprovado a origem dos demais recursos, conforme sobejamente comprovado neste termo fiscal. A sua conduta o obriga pessoalmente na condição de responsável, pois praticou atos com excesso de poderes ou infração de lei, como está tipificada no art. 135 do Código Tributário Nacional, Lei n° 5.172, de 25 de outubro de 1966”. 6. DA SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA DO SÓCIO EDUARDO MARÇAL GATTI Também foi lavrado Termo de Sujeição Passiva Solidária do sócio EDUARDO MARÇAL GATTI, pelas seguintes razões: Embora o sócio EDUARDO MARÇAL GATTI, de conformidade com o contrato social e alterações da BETA INFORMÁTICA LTDA, não possua poderes de gerência nessa pessoa jurídica, a sua participação no esquema de sonegação fiscal entabulado com o sócio GUILHERME R.C.M. GATTI é insofismável, pois comprovadamente abrigou e movimentou um grande volume de recursos em suas contas bancárias, onde procedeu depósitos, saques e toda a movimentação em seu próprio nome, movimentação essa relativa a vendas diretas não contabilizadas e depósitos bancários sem comprovação de origem. Aqui é importante ressaltar que o sócio Eduardo atuava como se administrador fosse. O mesmo tinha conhecimento de que os recursos carreados para sua conta corrente própria eram produto de vendas "on line" da Beta Informática. Sabendo disso administrava esses recursos carreandoos novamente ao caixa operacional da empresa conforme podese verificar pela emissão de vários cheques onde o beneficiário é a própria Beta Informática. Ainda, mesmo que não se verifique a qualidade formal de administrador, verificase o interesse do mesmo no esquema de sonegação. Assim sendo, a solidariedade se impõe ao Sr. Eduardo, tanto pelo artigo 135, III, do CTN como pelo artigo 124. Ora, os recursos ingressos nas contas correntes do Sr. Eduardo são provenientes de vendas da Beta Informática, tal fato, por si só, caracteriza o interesse comum no esquema de sonegação. Ainda, posteriormente estes valores reabasteciam o caixa da empresa, sendo as transferências realizadas através de cheques. No procedimento de fiscalização esta prática ficou demonstrada, conforme cópias de documentos constantes das folhas 2.294 a 2.536. Desta maneira será procedido o lançamento do crédito tributário apurado mediante Auto de Infração, com base nos valores trimestrais apurados na Tabela 07. supra, diretamente na empresa BETA INFORMÁTICA LTDA, emitindo se TERMO DE SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA em face dos sócios pessoas físicas GUILHERME RICARDO CARDOSO MARÇAL GATTI e EDUARDO MARÇAL GATTT. Fl. 3017DF CARF MF 10 Por fim, em cumprimento ao determinado pelo artigo Iº da Portaria RFB n° 2.439, de 21 de dezembro de 2010, foi formalizada a Representação Fiscal para Fins Penais, para apuração do ilícito em tese apurado em face das seguintes pessoas físicas de GUILHERME RICARDO CALOSO MARÇAL GATTI e EDUARDO MARÇAL GATTI. Apreciadas as Impugnações da empresa BETA INFORMÁTICA LTDA ME e de seus sócios, o lançamento foi julgado procedente, afastadas as alegações quanto à ilegal quebra de sigilo bancário, utilização indevida de presunções no arbitramento do lucro e mantidas em sua integralidade a multa qualificada, bem como a responsabilidade solidária de acordo com o art. 124, I e 135, III do CTN, sob fundamento de serem sócios administradores, embora o primeiro de acordo com o contrato social e o segundo de fato, o que evidenciaria interesse no lucro da empresa e os benefícios advindos do seu resultado. Inconformados, os recorrentes interpuseram Recurso Voluntário com vistas a obter a reforma do julgado, repisando em suma os argumentos da Impugnação. Era o der essencial a ser relatado. Passo a decidir Voto Conselheira Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin O recurso reúne as condições de admissibilidade, dele tomo conhecimento. Da nulidade – quebra de sigilo bancário. Quanto à alegada quebra de sigilo fiscal, deve ser analisada a possibilidade de o Fisco Federal solicitar informações sobre a movimentação bancárias de correntistas diretamente às instituições financeiras, com base no art. 6º da Lei Complementar nº 105/2001 e nos demais diplomas regulamentares. A decisão proferida em 24/02/2016 pelo plenário do Supremo Tribunal Federal, por ocasião do julgamento do Recurso Extraordinário nº 601.134/SP (com repercussão geral), define a discussão e afirma ser constitucional tal possibilidade, nos seguintes termos: O Tribunal, por maioria e nos termos do voto do Relator, apreciando o tema 225 da repercussão geral, conheceu do recurso e a este negou provimento, vencidos os Ministros Marco Aurélio e Celso de Mello. Por maioria, o Tribunal fixou, quanto ao item “a” do tema em questão, a seguinte tese: “O art. 6º da Lei Complementar 105/01 não ofende o direito ao sigilo bancário, pois realiza a igualdade em relação aos cidadãos, por meio do princípio da capacidade contributiva, bem como estabelece requisitos objetivos e o translado do dever de sigilo da esfera bancária para a fiscal”; e, quanto ao item “b”, a tese: “A Lei 10.174/01 não atrai a aplicação do princípio da irretroatividade das leis tributárias, tendo em vista o caráter instrumental da norma, nos termos do artigo 144, §1º, do CTN”, vencidos os Ministros Marco Aurélio e Celso de Mello. Ausente, justificadamente, a Ministra Cármen Lúcia. Presidiu o Fl. 3018DF CARF MF Processo nº 11634.720759/201214 Acórdão n.º 1401001.641 S1C4T1 Fl. 3.013 11 julgamento o Ministro Ricardo Lewandowski. Plenário, 24.02.2016. Desse modo, é possível afirmar que as requisições feitas pela fiscalização diretamente às instituições financeiras, a respeito da movimentação bancária do Recorrente durante o período fiscalizado, possuem respaldo constitucional e servem de subsídio para a formalização da exigência constante do auto de infração. No caso em apreço a quebra do sigilo bancário pela Receita Federal sem a apreciação do Poder Judiciário foi devidamente autorizada pela Lei Complementar 105, de 10/01/2001, regulamentada pelo Decreto n° 3.724, de 10/01/2001, conforme discriminado nas Requisições de Informações sobre Movimentação financeira (RMF), dirigidas às Instituições Bancárias, além do que as informações bancárias obtidas regularmente e usadas reservadamente, no processo, pelos agentes do Fisco, não caracterizam violação do sigilo bancário, e estão contempladas pelo ordenamento jurídico vigente, pelo que não podem ser obstadas. Assim, considerando que todas as determinações, precauções e garantias exigidas pela aludida Lei Complementar nº 105/2001, com o intuito de garantir a mais perfeita inviolabilidade, por terceiros, dos dados bancários da defendente foram, e estão sendo adotadas, no curso do presente procedimento, há que se considerar perfeitamente lícita e respaldada na lei a utilização dos extratos bancários na apuração do crédito tributário. Ademais, em relação as outras arguições de natureza constitucional, destaca se o conteúdo da súmula CARF nº 2, segundo a qual: "O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária". Mérito: 2 Da omissão de receita. 2.1 Omissão de receita operacional decorrente de vendas diretas. Como bem considerado pela decisão de piso, no Termo de Encerramento da Ação Fiscal (fls. 2656/2679), a exigência tributária é, em parte, decorrente de omissão de receita operacional decorrente de vendas diretas, cuja contabilização não fora comprovada pela empresa Beta Informática, e cujo produto das vendas fora carreado diretamente nas contas dos sócios Guilherme R.C.M. Gatti e Eduardo Marçal Gatti, bem assim nas contas da empresa, plenamente identificados nos extratos bancários, cujas vendas foram realizadas por meio do denominado "Mercado Livre ou Mercado Pago” que informou todas as transações onde houve efetivamente o pagamento de sua comissão, ou seja, vendas concretizadas, conforme "doc_01_R" de fIs. 1.451 a 1.468 e "doc_01S" de fls. 1.469 a 1.855, onde constam as operações de venda do sistema INFONET BETA INFORMÁTICA LTDA, no período de 01 de janeiro de 2008 a 31 de dezembro de 2010, devidamente discriminadas em relação a data, valor da venda, discriminação do produto e informações do comprador. Na Tabela 05 (fl. 2666) foram relacionam os totais mensais de receita operacional apurada correspondentes às vendas diretas não contabilizadas cujos valores foram levados à tributação com fundamento no art. 3º da Lei nº 9.249/95 e arts. 518, 519 e 528 do Regulamento do Imposto de Renda (RIR/99). Fl. 3019DF CARF MF 12 Em relação à omissão de receita operacional decorrente de vendas diretas, a contribuinte limitouse a questionar a validade do procedimento fiscal alegando que o Fisco não produziu prova alguma de que não foram emitidas e contabilizadas todas as notas fiscais das operações intermediadas pelos nominados endereços eletrônicos. Depreendese que não houve contestação quanto aos valores de vendas informados pelo Mercado Livre, mesmo porque não haveria como discordar já que as vendas estão perfeitamente discriminadas no documento digital, BETA_arq_Retiradas INFONET INFORMÁTICA ID31033180, " doc_01_S_" de fls. 1469 a 1855, e nos próprios extratos bancários dos sócios GUILHERME e EDUARDO e da empresa BETA INFORMÁTICA LTDA, na coluna histórico, encontrase a comprovação da remessa bancária pelo sistema "Mercado Pago/Livre". Também, a Recorrente não negou que as contas bancárias de titularidade dos sócios citados abrigaram recursos da empresa, mesmo porque todo o conjunto de provas apontadas pela fiscalização leva à única conclusão de que as contas correntes mantidas pelas pessoas físicas dos sócios, abrigaram transações financeirocomerciais da empresa BETA INFORMÁTICA LTDA. O produto das vendas via internet, em sua maior parte, era direcionado para as contas dos sócios as quais não foram escrituradas pela empresa, nem mesmo as contas bancárias de titularidade da empresa foras escrituradas. Se houve a emissão de notas fiscais das operações de venda e/ou se tais operações tivessem sido escrituradas, deveria a contribuinte ter feito prova, o que não ocorreu, apesar de tantas oportunidades concedidas. O sujeito passivo não tem a obrigação de produzir as provas, tão só incumbe lhe o ônus. Contudo, à medida que ele se omite na produção de provas contrárias às que amparam a exigência fiscal, compromete suas possibilidades de defesa. No caso, restou comprovado de maneira indubitável a ocorrência de omissão de receita de vendas diretas sem sua contabilização, o que respalda o procedimento fiscal. 2.2 Omissão de receita caracterizada pela existência de depósitos bancários de origem não comprovada. A outra infração diz respeito a omissão de receita caracterizada pela existência de depósitos bancários de origem não comprovada feitos em contas correntes mantidas em nome da empresa Beta Informática Ltda (Tabela 01 fl. 2658) e também em nome dos sócios Guilherme R.C.M. Gatti e Eduardo Marçal Gatti, cujas contas embora de titularidade das pessoas físicas mencionadas, teriam abrigado transações financeirocomerciais da empresa Beta Informática Ltda não computadas em sua escrituração comercial e fiscal. Nas Tabelas 01, 02 e 03 (fl. 2658, 2661 e 2662) foram relacionam os valores totais mensais dos depósitos bancários de origem não comprovada feitos em contas bancárias da empresa Beta Informática Ltda., de Guilherme R.C.M. Gatti e de Eduardo Marçal. Dos totais dos depósitos foram deduzidos os valores correspondentes às receitas de vendas diretas pelo mercado livre (Tabela 05 – fl. 2666) e a diferença (Tabela 06 – fl. 2667) foi levada à tributação com fundamento, entre outros dispositivos (arts. 518 e 528 do RIR/99, e art. 3º da Lei nº 9.249/95), na presunção legal de que trata o art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996 Fl. 3020DF CARF MF Processo nº 11634.720759/201214 Acórdão n.º 1401001.641 S1C4T1 Fl. 3.014 13 Já está pacificado nesse Conselho que o lançamento baseado no art. 42, da Lei nº 9.430/96, e que é legítimo o lançamento com base na presunção legal por ele instituída, desde que seguidos os procedimentos impostos no dispositivo: IRPF DEPÓSITOS BANCÁRIOS OMISSÃO DE RENDIMENTOS Presumese a omissão de rendimentos sempre que o titular de conta bancária, regularmente intimado, não comprova, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em suas contas de depósito ou de investimento (art. 42 da Lei n. 9.430, de 1996).(CARF. 2ª Seção. 2ª Câmara. 2ª Turma Ordinária. Ac. 2202002.207.Rel. Rafael Pandolfo. Julg. 12/03/13) A caracterização da ocorrência do fato gerador do imposto de renda não se dá pela mera constatação de um crédito bancário, considerada isoladamente, abstraída das circunstâncias fáticas. Pelo contrário, a caracterização está ligada à falta de esclarecimentos da origem dos numerários creditados e seu oferecimento à tributação, conforme dicção literal da lei. Existe, portanto, uma correlação lógica entre o fato conhecido – ser beneficiado com um crédito bancário sem origem ou não oferecido à tributação – e o fato desconhecido – auferir rendimentos. Essa correlação autoriza plenamente o estabelecimento da presunção legal de que o dinheiro surgido na conta bancária, sem qualquer justificativa, provém de rendimentos não declarados. Os fatos apurados e relatados pela fiscalização são mais do que suficientes para comprovar que os valores creditados em contas correntes mantidas pelos citados sócios pertencem à empresa Beta Informática Ltda, fato este em nenhum momento contestado. A contribuinte ao invés de trazer provas de modo a descaracterizar a infração que lhe foi atribuída preferiu ficar no campo de meras alegações, limitandose a apontar supostas falhas no trabalho fiscal, alegando que não houve demonstração, de forma individualizada, qual lançamento bancário foi considerado receita omitida e qual não foi, e afirmou, sem demonstrar, que houve a contabilização integral de sua movimentação bancária através de sua conta "CAIXA" e que caberia ao fisco prosseguir em seus trabalhos de auditoria, com vistas a provar que os depósitos questionados não se relacionam a vendas registradas. Conclui afirmando que estando as operações contabilizadas não se sustentam exigências calçadas na presunção legal do art. 42 da Lei n° 9.430/96. Como bem esclareceu a autoridade fiscal, em razão da não contabilização das contas bancárias movimentadas nos livros Diário e Razão, não foi possível a autoridade fiscal fazer uma conciliação entre os valores movimentados em conta corrente com os registros contábeis da empresa. Assim, diante da impossibilidade de buscar a origem dos depósitos na contabilidade da empresa, foi a empresa intimada em 16/10/2012 a comprovar a origem dos recursos depositados tanto nas contas bancárias da empresa como dos sócios GUILHERME R.C.M. GATTI e EDUARDO M. GATTI, sendo que todos os depósitos foram individualmente relacionados ("doc_01_M" partes "A" e "B" de fls. 1228 a 1439). Aqui já se verifica a improcedência da alegação de que não foram relacionados individualmente os depósitos bancários. Portanto, como dos autos se pode inferir, fez a autoridade lançadora exatamente o que a lei lhe atribuiu como responsabilidade, ou seja, constatada a existência de Fl. 3021DF CARF MF 14 movimentação bancária em nome da empresa e em nome de pessoas interpostas, em valores muito superiores à receita/rendimento declarado, intimou a fiscalizada e os titulares de direito das contas a comprovarem a origem dos recursos depositados nas respectivas contas correntes. Não tendo apresentado provas da origem do numerário depositado, agiu corretamente a fiscalização tributando os depósitos de origem não comprovada como receita omitida, com fulcro no art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996, após proceder as devidas exclusões, tais como devolução de cheques, estornos, etc, além da receita auferida a titulo de vendas diretas, esta tributada separadamente. Quanto ao questionamento de que não fora deduzida dos depósitos bancários a receita declarada, cabe destacar que referida exclusão poderia ter sido feita desde que tivesse a contribuinte demonstrado que a receita declarada correspondia aos depósitos analisados. Sequer a contribuinte demonstrou ter a receita declarada transitado pelas contas investigadas. Diante da não contabilização das contas bancárias movimentadas nos livros Diário e Razão, não foi possível a autoridade fiscal fazer uma conciliação entre os valores movimentados em conta corrente com os registros contábeis da empresa, razão pela qual solicitou que empresa esclarecesse a origem dos depósitos, o que não foi feito. Portanto, não vejo qualquer ilegalidade ou mesmo imperfeição no trabalho fiscal. Quanto à alegação de que deveria a fiscalizar demonstrar, de forma individualizada, qual lançamento bancário foi considerado receita omitida e qual não foi, cabe ressaltar que, nos termos do art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996, todos os depósitos/créditos em relação aos quais a contribuinte não apresenta prova de sua origem está sujeito à hipótese legal de omissão de receita. No caso, a autoridade fiscal relacionou, individualmente, todos os depósitos/créditos bancários e intimou a fazer prova da sua origem e, ao perceber que parte deles poderia ter origem na atividade da empresa procurou, sim, aprofundar a investigação, mediante intimações ao “Mercado Livre” com o fim de comprovar que os recursos movimentados nas contas dos sócios eram originários da atividade comercial da empresa. Do montante mensal dos depósitos foram excluídos as receitas de vendas informadas pelo Mercado Livre de modo a evitar uma “dupla tributação”, já que estas transitaram pelas contas investigadas. Dessa forma, apenas os depósitos que não tiveram sua origem identificada/comprovada foram levados à tributação com fulcro no art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996. Os demais créditos oriundos de venda direta foram tributados fora da presunção legal, dentro das normas específicas de tributação dos valores percebidos, conforme previsto no §2º do art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996. Caberia à Recorrente produzir a instrução probatória suficiente para rechaçar a presunção estabelecida e isto não foi feito. Se existem valores que não deveriam ter sido lançados por não se caracterizarem créditos efetivos, ou se entre os lançados havia alguns que correspondiam a receita já declarada, deveria apresentar provas suficientes para elidir a presunção e isto não foi feito, seja no curso do procedimento fiscal, seja na fase impugnatória. Sequer apontou a correta a contabilização de sua movimentação bancária que alegou ter feito através de sua conta "CAIXA". Ao proceder dessa forma, apenas com alegações, a contribuinte procura transferir à administração tributária a responsabilidade que a ela compete, de afastar a presunção. É oportuno lembrar que o ônus de ilidila e comprovar a origem dos créditos bancários lançados na respectiva conta de depósitos compete exclusivamente à contribuinte. Fl. 3022DF CARF MF Processo nº 11634.720759/201214 Acórdão n.º 1401001.641 S1C4T1 Fl. 3.015 15 Dessa forma, tendo a contribuinte deixado de comprovar, com documentação hábil e idônea, a origem dos valores creditados nas contas bancárias arroladas nos autos, restou caracterizada a presunção legal prevista no art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996, de que os valores creditados advieram de receitas não oferecidas à tributação. Assim, deve ser mantido o lançamento. Diante de todo o exposto, mantenho a decisão recorrida. 3 Da tributação reflexa (CSLL, PIS e COFINS) Quanto à “tributação reflexa”, cabe observar que, nos termos do artigo 113, §1º, do CTN, a obrigação tributária principal surge com a ocorrência do fato gerador. Assim, os autos de infração relativos à CSLL, PIS e COFINS lavrados em decorrência da fiscalização dos fatos que ensejaram a lavratura do auto de infração principal de IRPJ, anteriormente analisado, e que foi considerado procedente, às exigências das citadas contribuições sociais, efetivadas por mera decorrência daquele, aplicamse o mesmo entendimento e julgamento dispensado ao tributo principal, motivo pelo qual considero todos os “lançamentos reflexos” procedentes. Da Qualificação da Multa O Recorrente alega que é errada a qualificação da multa e defende que há precedentes no sentido de que não pode ser qualificada a multa quando o lançamento é realizado com base em presunção de omissão de rendimentos, já que é necessária a comprovação cabal de conduta penalmente imputável prevista nos arts. 71, 72 ou 73 da Lei nº 4.502/64. A multa aplicada está prevista no art. 44 da Lei nº 9.430/96. Temse no presente caso, conforme sobejamente demonstrado e comprovado, que as contas abertas em nome das pessoas físicas de GUILHERME R.C.M. GATTI e EDUARDO M. GATTI serviram para abrigar recursos da empresa fiscalizada oriundos de vendas mantidas à margem da escrituração. Tratase de mais um daqueles casos em que, para “esconder” parte da sua movimentação financeira, certas empresas usam interpostas pessoas, os chamados “laranjas”, para em seu nome fazer a movimentação de recursos não oferecidos à tributação pela pessoa jurídica. Este ato, por si só, configurase, sem sombras de dúvidas, em evidente intuito de fraude, sendo suficiente para justificar a exasperação da penalidade na forma prevista no citado art. 44, II, da Lei nº 9.430 de 1996. A inserção de elementos inexatos na declaração de rendimentos encerra uma natureza comissiva. A outra conduta do sujeito passivo contém natureza omissiva, consistindo em não fazer constar determinada operação, efetivamente realizada, com o intuito de suprimir ou reduzir o tributo/contribuição devidos. O elemento subjetivo da conduta adotada pela empresa é o dolo genérico, que se apresenta como a vontade consciente e livre de omitir a informação, ou de prestála de forma adulterada, vale dizer, falsa, não verdadeira. Além do dolo genérico, no presente caso também se verificou o dolo específico, caracterizado pela vontade voltada à redução do tributo ou da contribuição devidos à medida que utilizou de uma conta bancária aberta em nome de pessoa interposta para movimentar recursos próprios. Fl. 3023DF CARF MF 16 Os fatos praticados pela autuada se enquadram no art. 71, I e II, da Lei nº 4.502, de 1964, pois é nítida a intenção de ocultar do Fisco a ocorrência do fato gerador das incidências fiscais correspondentes. Entendo que o "animus", vontade de querer o resultado, ou assumir o risco de produzilo, ficou evidenciado principalmente com o uso de interposta pessoa, bem como pelo enorme montante de receita omitida ao longo de todo o anocalendário de 2006. Confiscatoriedade da Multa Aplicada no Percentual de 150%. O princípio do nãoconfisco aplicase às exações tributárias não se estendendo às penalidades tributárias pecuniárias. Nas hipóteses de lançamento de oficio o fisco deve, obrigatoriamente, cominar a penalidade prevista na legislação vigente, no caso a multa de lançamento ex officio prevista no art. 44, inciso II, da Lei n° 9.430/96. A alegada desconformidade dessa punição em face de princípios constitucionais é de competência e deve ser esclarecida junto ao Poder Judiciário, sendo defeso aos julgadores administrativos apreciar questões de cunho constitucional, neste sentido Súm. 02 do CARF. Ante o exposto, afasto a preliminar suscitada e no mérito NEGO provimento ao recurso interposto. Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin Relatora Fl. 3024DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10980.911523/2010-21
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 29 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Oct 25 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/11/2004 a 30/11/2004
ART. 3º, §1º DA LEI 9.718/98. BASE DE CÁLCULO. FATURAMENTO. RECEITA. ALARGAMENTO. INCONSTITUCIONALIDADE. APLICAÇÃO DO ART. 62, §2º, do RICARF. RESTITUIÇÃO DE INDÉBITO TRIBUTÁRIO. CABIMENTO.
A base de cálculo das contribuições ao PIS e a COFINS é o faturamento e, em virtude de inconstitucionalidade declarada em decisão plenária definitiva do STF, devem ser excluídas da base de cálculo as receitas que não decorram da venda de mercadorias ou da prestação de serviços. Aplicação do art. 62, §2º do RICARF.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 3402-003.407
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso.
(Assinado com certificado digital)
Antonio Carlos Atulim - Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS ATULIM
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Alargamento da base de cálculo. Recorrente CONSTRUTORA TOMASI LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/11/2004 a 30/11/2004 ART. 3º, §1º DA LEI 9.718/98. BASE DE CÁLCULO. FATURAMENTO. RECEITA. ALARGAMENTO. INCONSTITUCIONALIDADE. APLICAÇÃO DO ART. 62, §2º, do RICARF. RESTITUIÇÃO DE INDÉBITO TRIBUTÁRIO. CABIMENTO. A base de cálculo das contribuições ao PIS e a COFINS é o faturamento e, em virtude de inconstitucionalidade declarada em decisão plenária definitiva do STF, devem ser excluídas da base de cálculo as receitas que não decorram da venda de mercadorias ou da prestação de serviços. Aplicação do art. 62, §2º do RICARF. Recurso Voluntário Provido. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso. (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 91 15 23 /2 01 0- 21 Fl. 59DF CARF MF Processo nº 10980.911523/201021 Acórdão n.º 3402003.407 S3C4T2 Fl. 0 2 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto em face da decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento (“DRJ”) de Curitiba/PR que julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pela Contribuinte, a qual pretendeu a reforma do despacho decisório, que, por sua vez, indeferiu a homologação da compensação de créditos da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins com outros tributos administrados pela Receita Federal do Brasil. A não homologação se deveu a inexistência do crédito informado, vez que o mesmo havia sido integralmente utilizado. Em sua manifestação a interessada alega que o crédito decorre da declaração de inconstitucionalidade, pelo STF, do §1º do art. 3º da Lei nº9.718, de 1998, e que aproveitou o referido crédito nos termos do art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996. Cita e transcreve jurisprudência administrativa e, ressaltando o contido no art. 165 do CTN, insiste no direito à restituição. Ao final, pede a homologação da compensação. Sobreveio então o Acórdão 06041.130, da DRJ/CTA/PR, julgando improcedente a manifestação de inconformidade da Contribuinte. Irresignada, a Contribuinte apresentou Recurso Voluntário a este Conselho repisando os argumentos trazidos em sede de manifestação de inconformidade. É o relatório Voto Conselheiro Antonio Carlos Atulim, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402003.399, de 29 de setembro de 2016, proferido no julgamento do processo 10980.911525/201010, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3402003.399): "O recurso voluntário é tempestivo, com base no que dispõe o artigo 33 do Decreto 70.235, de 06 de março de 1972, bem como atende as demais condições de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. A questão de direito controversa no presente processo é amplamente conhecida. Tratase do inconstitucional alargamento da base de cálculo da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (“Cofins”), sobre o qual cumpre tecer algumas breves explanações. Fl. 60DF CARF MF Processo nº 10980.911523/201021 Acórdão n.º 3402003.407 S3C4T2 Fl. 0 3 A Cofins, sucessora do FINSOCIAL, foi disciplinada pela Lei n. 9.718, de 27 de novembro de 1998 (“Lei n. 9.718/98”). Nos termos do artigo 3º da citada Lei, ficou estabelecido que a Cofins incidiria sobre a receita bruta de pessoa jurídica. Por sua vez, o §1º do mesmo artigo veio definir o que abrangia o termo "receita", dispondo que: entendese por receita bruta a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevantes o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas. Contudo, à época da edição da Lei n. 9.718/98, a Constituição da República brasileira, em seu artigo 195, estabelecia que as Contribuições Sociais a serem recolhidas aos Cofres da União pelos empregadores, dentre as quais se enquadra a Cofins, somente poderiam incidir sobre o “faturamento”. Diante dessa delimitação constitucional, o Supremo Tribunal Federal (“STF”) declarou que o §1º do artigo 3º da Lei n. 9.718/98 é inconstitucional, no julgamento dos Recursos Extraordinários (“RE”) n. 357950, 390840, 358273, 346084 e 336134 em 09 de novembro de 2005. Posteriormente, o Pretório Excelso, no julgamento do RE n. 585.235, publicado em 28/11/2008, julgou pela aplicação da repercussão geral sobre matéria em exame, reconhecendo a inconstitucionalidade do § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98. A ementa do referido julgado foi lavrada nos seguintes termos: RECURSO. Extraordinário. Tributo. Contribuição social. PIS. COFINS. Alargamento da base de cálculo. Art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. Inconstitucionalidade. Precedentes do Plenário (RE nº 346.084/PR, Rel. orig. Min. ILMAR GALVÃO, DJ de 1º.9.2006; REs nos 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, DJ de 15.8.2006) Repercussão Geral do tema. Reconhecimento pelo Plenário. Recurso improvido. É inconstitucional a ampliação da base de cálculo do PIS e da COFINS prevista no art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. Isto porque, segundo o entendimento dos Ministros do STF, esse dispositivo alargou indevidamente a base de cálculo da COFINS, uma vez que igualou o conceito de faturamento (ou receita operacional) ao conceito de receita . Explicase. Enquanto o faturamento é constituído pelas receitas advindas da venda de bens e serviços, a receita compreende "entrada de recursos financeiros remuneradores dos diferentes negócios jurídicos da atividade empresarial”, segundo a lição de José Antonio Minatel. 1 Assim, o faturamento (espécie) é menos amplo que a receita (gênero). 1 MINATEL, José Antonio. Conteúdo do Conceito de Receita e Regime Jurídico para sua Tributação. MP Editora. São Paulo, 2005, p. 132. Fl. 61DF CARF MF Processo nº 10980.911523/201021 Acórdão n.º 3402003.407 S3C4T2 Fl. 0 4 Ocorre que tais conceitos não podem ser livremente manejados pelo legislador, pois o artigo 110 do Código Tributário Nacional determina que: A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar competências tributárias. Destarte, se a Constituição determinava que a COFINS somente poderia incidir sobre o faturamento; e o faturamento constitui as receitas provenientes da venda de bens e serviços pela pessoa jurídica; conclui se pela inconstitucionalidade da lei que determina a incidência sobre a receita sem sentido amplo, pois essa é mais abrangente que o faturamento. 2 Buscando solucionar os vícios constitucionais de que padecia a Lei n. 9.718/98, o Poder Legislativo editou a Emenda Constitucional n. 20, de 15 de dezembro de 1998 (“EC n. 20/98”). Tal Emenda alterou o texto do artigo 195 da Constituição, o qual restou positivado nos seguintes dizeres: Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício;(Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) b) a receita ou o faturamento; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998). Em síntese, a EC n. 20/98 alargou a hipótese de incidência das contribuições sociais devidas pelo empregador, uma vez que a partir de então não só o faturamento pode ser tributado, como também a receita em sentido amplo. 2 Ademais, há de se ressaltar que a Lei n. 9.718/98 tem status jurídico de lei ordinária, o que torna ainda mais patente a sua inconstitucionalidade, tendo em vista que somente por meio de lei complementar é que poderia ser criada outra fonte de custeio da seguridade social (incidente sobre outra materialidade), nos termos do artigo 195, §4 e do artigo 154, inciso I, ambos da Constituição. Disto depreendese que somente seria legítima a cobrança da COFINS sobre a receita, hipótese que na época não estava prevista no rol de incisos do artigo 195 da Constituição, caso tal situação tivesse sido instituída por meio de lei complementar. Afinal, tratarseia de nova fonte de custeio da seguridade social. Como a Lei n. 9.718/98 foi votada e publicada pelo rito legislativo próprio das leis ordinárias, mais uma vez concluise pela inconstitucionalidade da exação. Fl. 62DF CARF MF Processo nº 10980.911523/201021 Acórdão n.º 3402003.407 S3C4T2 Fl. 0 5 Entretanto, essa mudança no texto da Constituição não teve o poder de convalidar os dizeres da Lei n. 9.718/98, pois o sistema jurídico brasileiro não admite a constitucionalidade superveniente, vale dizer, tendo sido promulgada e publicada lei que contraria a Constituição, não é possível que posterior alteração da própria Constituição, por via de emenda, traga de forma retroativa a validade da lei. Foi assim que decidiu o STF. Pois bem. Tendo sido decidida a questão em sede de recurso extraordinário com repercussão geral reconhecida, tornase imperioso o seu acatamento por este Conselho, nos moldes do artigo 62, §2º do Regimento Interno do CARF, o qual prescreve a necessidade de reprodução, pelos Conselheiros, das decisões definitivas de mérito proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, na sistemática da repercussão geral: § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos arts. 543B e 543 C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Nesse sentido, é tranquila a jurisprudência do Conselho a respeito da necessidade de reprodução das decisões proferidas pelo STF sobre a inconstitucionalidade do alargamento da base de cálculo da Cofins – citadas alhures aos processos administrativos fiscais, nos quais os contribuintes formulam pedidos de restituição de valores indevidamente pagos a título da contribuição social em questão, exatamente como ocorre no presente caso. Destaco a seguir alguns julgados representativos do entendimento sobre a matéria: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/02/1999 a 30/06/2000 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. TRIBUTOS SUJEITOS AO LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRAZO DECADENCIAL. 10 ANOS. PEDIDO REALIZADO ANTES DA ENTRADA EM VIGOR DA LEI COMPLEMENTAR 118/2005. O prazo decadencial para o direito de restituição de tributos sujeitos ao lançamento por homologação é de 10 (dez) anos, a contar do fato gerador quando o pedido for realizado antes da entrada em vigor da Lei Complementar 118/2005, conforme entendimento do STF. COFINS. ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO APLICAÇÃO DE DECISÃO DO STF NA SISTEMÁTICA DA REPERCUSSÃO GERAL POSSIBILIDADE. Nos termos regimentais, reproduzemse as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na sistemática de repercussão geral. A base de cálculo das contribuições para o PIS e a Cofins é o faturamento, assim Fl. 63DF CARF MF Processo nº 10980.911523/201021 Acórdão n.º 3402003.407 S3C4T2 Fl. 0 6 compreendido a receita bruta da venda de mercadorias, de serviços e mercadorias e serviços, com fundamento na declaração de inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 pelo Excelso STF. COFINS. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. PAGAMENTO A MAIOR OU INDEVIDO DE TRIBUTO. POSSIBILIDADE. Caracterizado o pagamento a maior ou indevido da contribuição, o contribuinte tem direito à repetição do indébito, segundo o disposto no art. 165, I, do Código Tributário Nacional (CTN). Recurso Voluntário Provido (Processo 11618.002043/200519, MARCOS ANTONIO BORGES, Nº Acórdão 3801001.835) Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 28/02/1999 a 31/05/2000 DECADÊNCIA. INDÉBITO TRIBUTÁRIO. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. LEI COMPLEMENTAR 118/05. O prazo estabelecido na Lei Complementar 118/05 somente se aplica para os processos protocolizados a partir 9 de junho de 2005, e que anteriormente a este limite temporal aplicase a tese de que o prazo para repetição ou compensação de tributos sujeitos a lançamento por homologação é de dez anos, contado de seu fato gerador, de acordo com decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) na sistemática de repercussão geral. PIS. ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO APLICAÇÃO DE DECISÃO DO STF NA SISTEMÁTICA DA REPERCUSSÃO GERAL POSSIBILIDADE. Nos termos regimentais, reproduzemse as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na sistemática de repercussão geral. A base de cálculo das contribuições para o PIS e a Cofins é o faturamento, assim compreendido a receita bruta da venda de mercadorias, de serviços e mercadorias e serviços, com fundamento na declaração de inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 pelo Excelso STF. PIS. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. PAGAMENTO A MAIOR OU INDEVIDO DE TRIBUTO. POSSIBILIDADE. Caracterizado o pagamento a maior ou indevido da contribuição, o contribuinte tem direito à repetição do indébito, segundo o disposto no art. 165, I, do Código Tributário Nacional (CTN). Recurso Voluntário Provido. (Processo 13855.001146/200586, Relator(a) FLAVIO DE CASTRO PONTES, Nº Acórdão , 3801001.722) COFINS. ART. 3º, DA LEI 9.718/98. BASE DE CÁLCULO. ALARGAMENTO. INCONSTITUCIONALIDADE. APLICAÇÃO DO Fl. 64DF CARF MF Processo nº 10980.911523/201021 Acórdão n.º 3402003.407 S3C4T2 Fl. 0 7 ART. 62, §1o, I, do RICARF. RESTITUIÇÃO DO INDÉBITO. CABIMENTO. A base de cálculo das contribuições ao PIS e a COFINS é o faturamento e, em virtude de inconstitucionalidade declarada em decisão plenária definitiva do STF, devem ser excluídas da base de cálculo as receitas que não decorram da venda de mercadorias ou da prestação de serviços. Aplicação do art. 62A do RICARF. COFINS. ART. 3º, §1º, DA LEI 9.718/98. BASE DE CÁLCULO. ALARGAMENTO. INCONSTITUCIONALIDADE. RESTITUIÇÃO DO INDÉBITO. CABIMENTO. CORREÇÃO MONETÁRIA. Em face da inconstitucionalidade da alteração da base de cálculo da contribuição a COFINS, promovida pelo art. 3º, §1º, da Lei nº 19.718/98, é cabível o deferimento da restituição do indébito, devendo a autoridade preparadora verificar a comprovação do pagamento indevido ou a maior para compor o crédito a ser deferido ao contribuinte. Sobre o crédito apurado incide correção pela incidência da SELIC desde a data do pagamento indevido ou a maior, na forma do §4º, do Art. 39, da Lei nº 9.250/95. Recurso Parcialmente Provido. (Processo 10950.000184/200626, Relator(a) JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Acórdão 3402001.697) COFINS. FALTA DE RECOLHIMENTO. Mantémse o lançamento quando constatada a falta de recolhimento da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS, no período compreendido pelo auto de infração. COFINS. COMPENSAÇÃO. PROCEDIMENTO PRÓPRIO. Eventual direito à compensação da COFINS, em razão de recolhimento indevido ou efetuado a maior, deve ser apreciado no procedimento administrativo próprio de restituição/compensação, e não em processo de formalização de exigência de crédito tributário. Todavia, nada impede Requerêla em procedimento próprio. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO E COMPENSAÇÃO. APRECIAÇÃO. COMPETÊNCIA. O conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF não é competente para apreciar pedidos de restituição/compensação. A competência é da unidade da Receita Federal que jurisdiciona o contribuinte. Aos órgãos julgadores do CARF compete o julgamento de recursos de ofício e voluntários de decisão de primeira instância, bem como os recursos de natureza especial, que versem sobre tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. (art. 1º da Portaria MF nº 256/2009) MULTA DE OFÍCIO. APLICAÇÃO E PERCENTUAL. LEGALIDADE Fl. 65DF CARF MF Processo nº 10980.911523/201021 Acórdão n.º 3402003.407 S3C4T2 Fl. 0 8 Aplicável a multa de ofício no lançamento de crédito tributário que deixou de ser recolhido ou declarado e no percentual determinado expressamente em lei. COFINS. ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO. APLICAÇÃO DE DECISÃO DO STF NA SISTEMÁTICA DA REPERCUSSÃO GERAL. POSSIBILIDADE. Nos termos regimentais, reproduzse as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na sistemática de repercussão geral. A base de cálculo das contribuições para o PIS e a Cofins é o faturamento, assim compreendido a receita bruta da venda de mercadorias, de serviços e mercadorias e serviços, com fundamento na declaração de inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 pelo Excelso STF. Recurso Voluntário Provido em Parte (Processo 10680.006962/200880, Relator(a) JOSE LUIZ BORDIGNON, Acórdão 3801000.984) Portanto é incontroverso o bom direito da Recorrente em relação à restituição dos recolhimentos indevidamente feitos a título de Cofins, no período de apuração em questão, haja vista que a presente lide administrativa tem como objeto principal a declaração de inconstitucionalidade do artigo 3º, § 1º da Lei nº 9.718/98 pelo STF (alargamento inconstitucional da base de cálculo da Cofins). Com efeito, como já tive a oportunidade de destacar em dissertação sobre o tema: Tanto a edição de leis inconstitucionais como a cobrança de tributos com base em tais leis tributárias inconstitucionais são atos ilícitos praticados pelo Poder Público. O primeiro constitui ilícito constitucional (edição de lei contrária aos dizeres da Constituição), enquanto o segundo caracteriza ilícito tributário (cobrança pelo Estado e consequente pagamento pelo contribuinte de tributo inválido). Lembrando que as normas jurídicas em sua feição completa são impreterivelmente dotadas de uma sanção em caso de descumprimento, aos citados atos ilícitos o ordenamento jurídico atrela as respectivas sanções: a declaração de inconstitucionalidade, com o objetivo de preservar a integralidade e coerência da ordem jurídica; e a restituição de tributos inconstitucionais, cuja função é conferir segurança jurídica e isonomia aos administrados. 3 Cumpre ainda salientar que à restituição de tributos inconstitucional, cuja natureza e regime jurídico são tributários, são totalmente aplicáveis as regras relativas às demais hipóteses de repetição de indébito dispostas no CTN (artigo 165 a 169). Entretanto, com relação ao quantum devido como restituição do tributo inconstitucional, compete à autoridade administrativa preparadora, com 3 LAURENTIIS, Thais de. Restituição de Tributo Inconstitucional. São Paulo: Noeses, 2015. Fl. 66DF CARF MF Processo nº 10980.911523/201021 Acórdão n.º 3402003.407 S3C4T2 Fl. 0 9 base na documentação apresentada pelo contribuinte no decorrer do processo administrativo, efetuar os cálculos e apurar o valor do direito creditório. Por fim, saliento que apurado o crédito, os valores originais devem sofrer correção pela incidência da SELIC, desde a data do pagamento indevido, como impõe o artigo 39, §4º da Lei nº 9.250/95, até a data do efetivo aproveitamento dos créditos pelo contribuinte. Dispositivo Por tudo quanto exposto, voto no sentido de dar parcial provimento ao recurso voluntário, haja vista a necessidade de liquidação do julgado, nos termos descritos acima." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, dáse parcial provimento ao recurso voluntário, para reconhecer o direito à restituição dos valores recolhidos com amparo no § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98 (declarado inconstitucional pelo STF), devendo o montante do direito creditório ser apurado pela unidade de origem. assinado digitalmente Antonio Carlos Atulim Fl. 67DF CARF MF
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Numero do processo: 13161.001787/2008-91
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 23 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Nov 01 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2004, 2005, 2006, 2007
CRÉDITO BÁSICO. GLOSA POR FALTA DE COMPROVAÇÃO. PROVA APRESENTADA NA FASE IMPUGNATÓRIA. RESTABELECIMENTO DO DIREITO CREDITÓRIO. POSSIBILIDADE.
Se na fase impugnatória foram apresentados os documentos hábeis e idôneos, que comprovam o custo de aquisição de insumos aplicados no processo produtivo e o gasto com energia elétrica consumida nos estabelecimentos da pessoa jurídica, restabelece-se o direito de apropriação dos créditos glosados, devidamente comprovados.
REGIME NÃO CUMULATIVO. GASTOS COM FRETE. TRANSPORTE DE BENS SEM DIREITO A CRÉDITO OU DE TRANSPORTE MERCADORIAS ENTRE ESTABELECIMENTOS. DIREITO DE APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE
Por falta de previsão legal, não gera direito a crédito da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins os gastos com o frete relativo ao transporte de mercadorias entre estabelecimentos da contribuinte, bem como os gastos com frete relativo às operações de compras de bens que não geram direito a crédito das referidas contribuições.
ATIVIDADE AGROINDUSTRIAL. BENEFICIAMENTO DE GRÃOS. INOCORRÊNCIA.
A atividade de beneficiamento de grãos, consistente na sua classificação, limpeza, secagem e armazenagem, não se enquadra na definição de atividade de produção agroindustrial, mas de produção agropecuária.
COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA. APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO PRESUMIDO AGROINDUSTRIAL. IMPOSSIBILIDADE.
Por expressa determinação legal, é vedado às cooperativas de produção agropecuária a apropriação de crédito presumido agroindustrial.
CRÉDITO PRESUMIDO AGROINDUSTRIAL. UTILIZAÇÃO MEDIANTE RESSARCIMENTO OU COMPENSAÇÃO. CRÉDITO APURADO A PARTIR DO ANO-CALENDÁRIO 2006. SALDO EXISTENTE NO DIA 26/6/2011. POSSIBILIDADE.
1. O saldo dos créditos presumidos agroindustriais existente no dia 26/6/2011 e apurados a partir ano-calendário de 2006, além da dedução das próprias contribuições, pode ser utilizado também na compensação ou ressarcimento em dinheiro.
2. O saldo apurado antes do ano-calendário de 2006, por falta de previsão legal, não pode ser utilizado na compensação ou ressarcimento em dinheiro, mas somente na dedução do débito da respectiva contribuição.
COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA. RECEITA DE VENDA COM SUSPENSÃO. MANUTENÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE.
Por expressa determinação legal (art. 8º, § 4º, II, da Lei 10.925/2004), é vedado a manutenção de créditos vinculados às receitas de venda efetuadas com suspensão da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins à pessoa jurídica que exerça atividade de cooperativa de produção agropecuária.
COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA. RECEITA DE VENDA EXCLUÍDA DA BASE DE CÁLCULO. MANUTENÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE.
Por falta de previsão legal, não é permitido à pessoa jurídica que exerça atividade de cooperativa de produção agropecuária a manutenção de créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins vinculados às receitas de venda excluídas da base de cálculo das referidas contribuições.
VENDA DE BENS E MERCADORIAS A COOPERADO. EXCLUSÃO DO ARTIGO 15, INCISO II DA MP Nº 2.158-35/2001. CARACTERIZAÇÃO DE ATO COOPERATIVO. LEI Nº 5.764/1971, ARTIGO 79. NÃO CONFIGURAÇÃO DE OPERAÇÃO DE COMPRA E VENDA NEM OPERAÇÃO DE MERCADO. INAPLICABILIDADE DO ARTIGO 17 DA LEI Nº 11.033/2004. APLICAÇÃO DO RESP 1.164.716/MG. APLICAÇÃO DO ARTIGO 62, §2º DO RICARF.
As vendas de bens a cooperados pela cooperativa caracteriza ato cooperativo nos termos do artigo 79 da Lei nº 5.764/1971, não implicando tais operações em compra e venda, de acordo com o REsp nº 1.164.716/MG, julgado sob a sistemática de recursos repetitivos e de observância obrigatória nos julgamentos deste Conselho, conforme artigo 62, §2º do RICARF. Destarte não podem ser consideradas como vendas sujeitas à alíquota zero ou não incidentes, mas operações não sujeitas à incidência das contribuições, afastando a aplicação do artigo 17 da Lei 11.033/2004 que dispôs especificamente sobre vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência, mas não genericamente sobre parcelas ou operações não incidentes.
CRÉDITO ESCRITURAL DA CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP E COFINS. DEDUÇÃO, RESSARCIMENTO OU COMPENSAÇÃO. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. IMPOSSIBILIDADE.
Independentemente da forma de utilização, se mediante de dedução, compensação ou ressarcimento, por expressa vedação legal, não está sujeita atualização monetária ou incidência de juros moratórios, o aproveitamento de crédito apurado no âmbito do regime não cumulativo da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 3302-003.277
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao Recurso Voluntário para reconhecer o direito ao crédito básico correspondente às notas fiscais nº 112421, 13951, 40721 e 7331 referente a insumos básicos e o crédito correspondente aos gastos com energia elétrica, quanto aos últimos, excepcionadas as notas fiscais 27643, 987063 e 541925.
Por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário para manter a glosa integral dos créditos relativos aos fretes de transferência entre estabelecimentos e nas compras sem direito a crédito, vencidos os Conselheiros Domingos de Sá, Relator, Walker Araújo e a Conselheira Lenisa Prado e, que davam provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Fernandes do Nascimento.
Pelo voto de qualidade, em negar provimento ao Recurso Voluntário em relação aos gastos com frete na aquisição de produtos tributados a alíquota zero, vencidos os Conselheiros Domingos de Sá, Relator, Walker Araújo e as Conselheiras Lenisa Prado e Maria do Socorro Ferreira Aguiar, que davam provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Fernandes do Nascimento.
Por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário em relação à apropriação de créditos presumidos agroindustriais, vencido o Conselheiro Domingos de Sá, Relator e a Conselheira Lenisa Prado, que davam provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Fernandes do Nascimento.
Por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário em relação às glosas referentes ao direito de manutenção dos créditos vinculados às receitas de vendas com suspensão e de vendas excluídas da base de cálculo, vencido o Conselheiro Domingos de Sá, Relator, que dava provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Fernandes do Nascimento.
Por maioria de votos, em dar parcial provimento ao Recurso Voluntário em relação às glosas referente ao direito de manutenção do crédito de custos, despesas e encargos comuns vinculados às transações com associados de bens e serviços à alíquota zero, devendo ser refeito o rateio excluindo os valores destas operações da definição de receita. Vencidos os Conselheiros Domingos de Sá, Relator, e o Conselheiro José Fernandes do Nascimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède.
Por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário em relação à incidência de juros de mora sobre o valor objeto do pedido de ressarcimento, vencido o Conselheiro Domingos de Sá, Relator que dava provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Fernandes do Nascimento.
(assinado digitalmente)
Ricardo Paulo Rosa - Presidente.
(assinado digitalmente)
Domingos de Sá Filho - Relator
(assinado digitalmente)
José Fernandes do Nascimento - Redator Designado.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Redator Designado.
Participaram do julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Paulo Guilherme Déroulède, Lenisa Rodrigues Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araújo.
Nome do relator: DOMINGOS DE SA FILHO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao Recurso Voluntário para reconhecer o direito ao crédito básico correspondente às notas fiscais nº 112421, 13951, 40721 e 7331 referente a insumos básicos e o crédito correspondente aos gastos com energia elétrica, quanto aos últimos, excepcionadas as notas fiscais 27643, 987063 e 541925. Por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário para manter a glosa integral dos créditos relativos aos fretes de transferência entre estabelecimentos e nas compras sem direito a crédito, vencidos os Conselheiros Domingos de Sá, Relator, Walker Araújo e a Conselheira Lenisa Prado e, que davam provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Fernandes do Nascimento. Pelo voto de qualidade, em negar provimento ao Recurso Voluntário em relação aos gastos com frete na aquisição de produtos tributados a alíquota zero, vencidos os Conselheiros Domingos de Sá, Relator, Walker Araújo e as Conselheiras Lenisa Prado e Maria do Socorro Ferreira Aguiar, que davam provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Fernandes do Nascimento. Por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário em relação à apropriação de créditos presumidos agroindustriais, vencido o Conselheiro Domingos de Sá, Relator e a Conselheira Lenisa Prado, que davam provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Fernandes do Nascimento. Por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário em relação às glosas referentes ao direito de manutenção dos créditos vinculados às receitas de vendas com suspensão e de vendas excluídas da base de cálculo, vencido o Conselheiro Domingos de Sá, Relator, que dava provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Fernandes do Nascimento. Por maioria de votos, em dar parcial provimento ao Recurso Voluntário em relação às glosas referente ao direito de manutenção do crédito de custos, despesas e encargos comuns vinculados às transações com associados de bens e serviços à alíquota zero, devendo ser refeito o rateio excluindo os valores destas operações da definição de receita. Vencidos os Conselheiros Domingos de Sá, Relator, e o Conselheiro José Fernandes do Nascimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède. Por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário em relação à incidência de juros de mora sobre o valor objeto do pedido de ressarcimento, vencido o Conselheiro Domingos de Sá, Relator que dava provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Fernandes do Nascimento. (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa - Presidente. (assinado digitalmente) Domingos de Sá Filho - Relator (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento - Redator Designado. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède - Redator Designado. Participaram do julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Paulo Guilherme Déroulède, Lenisa Rodrigues Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araújo.
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Ano-calendário: 2004, 2005, 2006, 2007 CRÉDITO BÁSICO. GLOSA POR FALTA DE COMPROVAÇÃO. PROVA APRESENTADA NA FASE IMPUGNATÓRIA. RESTABELECIMENTO DO DIREITO CREDITÓRIO. POSSIBILIDADE. Se na fase impugnatória foram apresentados os documentos hábeis e idôneos, que comprovam o custo de aquisição de insumos aplicados no processo produtivo e o gasto com energia elétrica consumida nos estabelecimentos da pessoa jurídica, restabelece-se o direito de apropriação dos créditos glosados, devidamente comprovados. REGIME NÃO CUMULATIVO. GASTOS COM FRETE. TRANSPORTE DE BENS SEM DIREITO A CRÉDITO OU DE TRANSPORTE MERCADORIAS ENTRE ESTABELECIMENTOS. DIREITO DE APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE Por falta de previsão legal, não gera direito a crédito da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins os gastos com o frete relativo ao transporte de mercadorias entre estabelecimentos da contribuinte, bem como os gastos com frete relativo às operações de compras de bens que não geram direito a crédito das referidas contribuições. ATIVIDADE AGROINDUSTRIAL. BENEFICIAMENTO DE GRÃOS. INOCORRÊNCIA. A atividade de beneficiamento de grãos, consistente na sua classificação, limpeza, secagem e armazenagem, não se enquadra na definição de atividade de produção agroindustrial, mas de produção agropecuária. COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA. APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO PRESUMIDO AGROINDUSTRIAL. IMPOSSIBILIDADE. Por expressa determinação legal, é vedado às cooperativas de produção agropecuária a apropriação de crédito presumido agroindustrial. CRÉDITO PRESUMIDO AGROINDUSTRIAL. UTILIZAÇÃO MEDIANTE RESSARCIMENTO OU COMPENSAÇÃO. CRÉDITO APURADO A PARTIR DO ANO-CALENDÁRIO 2006. SALDO EXISTENTE NO DIA 26/6/2011. POSSIBILIDADE. 1. O saldo dos créditos presumidos agroindustriais existente no dia 26/6/2011 e apurados a partir ano-calendário de 2006, além da dedução das próprias contribuições, pode ser utilizado também na compensação ou ressarcimento em dinheiro. 2. O saldo apurado antes do ano-calendário de 2006, por falta de previsão legal, não pode ser utilizado na compensação ou ressarcimento em dinheiro, mas somente na dedução do débito da respectiva contribuição. COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA. RECEITA DE VENDA COM SUSPENSÃO. MANUTENÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. Por expressa determinação legal (art. 8º, § 4º, II, da Lei 10.925/2004), é vedado a manutenção de créditos vinculados às receitas de venda efetuadas com suspensão da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins à pessoa jurídica que exerça atividade de cooperativa de produção agropecuária. COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA. RECEITA DE VENDA EXCLUÍDA DA BASE DE CÁLCULO. MANUTENÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. Por falta de previsão legal, não é permitido à pessoa jurídica que exerça atividade de cooperativa de produção agropecuária a manutenção de créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins vinculados às receitas de venda excluídas da base de cálculo das referidas contribuições. VENDA DE BENS E MERCADORIAS A COOPERADO. EXCLUSÃO DO ARTIGO 15, INCISO II DA MP Nº 2.158-35/2001. CARACTERIZAÇÃO DE ATO COOPERATIVO. LEI Nº 5.764/1971, ARTIGO 79. NÃO CONFIGURAÇÃO DE OPERAÇÃO DE COMPRA E VENDA NEM OPERAÇÃO DE MERCADO. INAPLICABILIDADE DO ARTIGO 17 DA LEI Nº 11.033/2004. APLICAÇÃO DO RESP 1.164.716/MG. APLICAÇÃO DO ARTIGO 62, §2º DO RICARF. As vendas de bens a cooperados pela cooperativa caracteriza ato cooperativo nos termos do artigo 79 da Lei nº 5.764/1971, não implicando tais operações em compra e venda, de acordo com o REsp nº 1.164.716/MG, julgado sob a sistemática de recursos repetitivos e de observância obrigatória nos julgamentos deste Conselho, conforme artigo 62, §2º do RICARF. Destarte não podem ser consideradas como vendas sujeitas à alíquota zero ou não incidentes, mas operações não sujeitas à incidência das contribuições, afastando a aplicação do artigo 17 da Lei 11.033/2004 que dispôs especificamente sobre vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência, mas não genericamente sobre parcelas ou operações não incidentes. CRÉDITO ESCRITURAL DA CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP E COFINS. DEDUÇÃO, RESSARCIMENTO OU COMPENSAÇÃO. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. IMPOSSIBILIDADE. Independentemente da forma de utilização, se mediante de dedução, compensação ou ressarcimento, por expressa vedação legal, não está sujeita atualização monetária ou incidência de juros moratórios, o aproveitamento de crédito apurado no âmbito do regime não cumulativo da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins. Recurso Voluntário Provido em Parte.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2004, 2005, 2006, 2007 CRÉDITO BÁSICO. GLOSA POR FALTA DE COMPROVAÇÃO. PROVA APRESENTADA NA FASE IMPUGNATÓRIA. RESTABELECIMENTO DO DIREITO CREDITÓRIO. POSSIBILIDADE. Se na fase impugnatória foram apresentados os documentos hábeis e idôneos, que comprovam o custo de aquisição de insumos aplicados no processo produtivo e o gasto com energia elétrica consumida nos estabelecimentos da pessoa jurídica, restabelecese o direito de apropriação dos créditos glosados, devidamente comprovados. REGIME NÃO CUMULATIVO. GASTOS COM FRETE. TRANSPORTE DE BENS SEM DIREITO A CRÉDITO OU DE TRANSPORTE MERCADORIAS ENTRE ESTABELECIMENTOS. DIREITO DE APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE Por falta de previsão legal, não gera direito a crédito da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins os gastos com o frete relativo ao transporte de mercadorias entre estabelecimentos da contribuinte, bem como os gastos com frete relativo às operações de compras de bens que não geram direito a crédito das referidas contribuições. ATIVIDADE AGROINDUSTRIAL. BENEFICIAMENTO DE GRÃOS. INOCORRÊNCIA. A atividade de beneficiamento de grãos, consistente na sua classificação, limpeza, secagem e armazenagem, não se enquadra na definição de atividade de produção agroindustrial, mas de produção agropecuária. COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA. APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO PRESUMIDO AGROINDUSTRIAL. IMPOSSIBILIDADE. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 16 1. 00 17 87 /2 00 8- 91 Fl. 323DF CARF MF 2 Por expressa determinação legal, é vedado às cooperativas de produção agropecuária a apropriação de crédito presumido agroindustrial. CRÉDITO PRESUMIDO AGROINDUSTRIAL. UTILIZAÇÃO MEDIANTE RESSARCIMENTO OU COMPENSAÇÃO. CRÉDITO APURADO A PARTIR DO ANOCALENDÁRIO 2006. SALDO EXISTENTE NO DIA 26/6/2011. POSSIBILIDADE. 1. O saldo dos créditos presumidos agroindustriais existente no dia 26/6/2011 e apurados a partir anocalendário de 2006, além da dedução das próprias contribuições, pode ser utilizado também na compensação ou ressarcimento em dinheiro. 2. O saldo apurado antes do anocalendário de 2006, por falta de previsão legal, não pode ser utilizado na compensação ou ressarcimento em dinheiro, mas somente na dedução do débito da respectiva contribuição. COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA. RECEITA DE VENDA COM SUSPENSÃO. MANUTENÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. Por expressa determinação legal (art. 8º, § 4º, II, da Lei 10.925/2004), é vedado a manutenção de créditos vinculados às receitas de venda efetuadas com suspensão da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins à pessoa jurídica que exerça atividade de cooperativa de produção agropecuária. COOPERATIVA DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA. RECEITA DE VENDA EXCLUÍDA DA BASE DE CÁLCULO. MANUTENÇÃO DE CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. Por falta de previsão legal, não é permitido à pessoa jurídica que exerça atividade de cooperativa de produção agropecuária a manutenção de créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins vinculados às receitas de venda excluídas da base de cálculo das referidas contribuições. VENDA DE BENS E MERCADORIAS A COOPERADO. EXCLUSÃO DO ARTIGO 15, INCISO II DA MP Nº 2.15835/2001. CARACTERIZAÇÃO DE ATO COOPERATIVO. LEI Nº 5.764/1971, ARTIGO 79. NÃO CONFIGURAÇÃO DE OPERAÇÃO DE COMPRA E VENDA NEM OPERAÇÃO DE MERCADO. INAPLICABILIDADE DO ARTIGO 17 DA LEI Nº 11.033/2004. APLICAÇÃO DO RESP 1.164.716/MG. APLICAÇÃO DO ARTIGO 62, §2º DO RICARF. As vendas de bens a cooperados pela cooperativa caracteriza ato cooperativo nos termos do artigo 79 da Lei nº 5.764/1971, não implicando tais operações em compra e venda, de acordo com o REsp nº 1.164.716/MG, julgado sob a sistemática de recursos repetitivos e de observância obrigatória nos julgamentos deste Conselho, conforme artigo 62, §2º do RICARF. Destarte não podem ser consideradas como vendas sujeitas à alíquota zero ou não incidentes, mas operações não sujeitas à incidência das contribuições, afastando a aplicação do artigo 17 da Lei 11.033/2004 que dispôs especificamente sobre vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência, mas não genericamente sobre parcelas ou operações não incidentes. CRÉDITO ESCRITURAL DA CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP E COFINS. DEDUÇÃO, RESSARCIMENTO OU COMPENSAÇÃO. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. IMPOSSIBILIDADE. Fl. 324DF CARF MF Processo nº 13161.001787/200891 Acórdão n.º 3302003.277 S3C3T2 Fl. 49 3 Independentemente da forma de utilização, se mediante de dedução, compensação ou ressarcimento, por expressa vedação legal, não está sujeita atualização monetária ou incidência de juros moratórios, o aproveitamento de crédito apurado no âmbito do regime não cumulativo da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao Recurso Voluntário para reconhecer o direito ao crédito básico correspondente às notas fiscais nº 112421, 13951, 40721 e 7331 referente a insumos básicos e o crédito correspondente aos gastos com energia elétrica, quanto aos últimos, excepcionadas as notas fiscais 27643, 987063 e 541925. Por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário para manter a glosa integral dos créditos relativos aos fretes de transferência entre estabelecimentos e nas compras sem direito a crédito, vencidos os Conselheiros Domingos de Sá, Relator, Walker Araújo e a Conselheira Lenisa Prado e, que davam provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Fernandes do Nascimento. Pelo voto de qualidade, em negar provimento ao Recurso Voluntário em relação aos gastos com frete na aquisição de produtos tributados a alíquota zero, vencidos os Conselheiros Domingos de Sá, Relator, Walker Araújo e as Conselheiras Lenisa Prado e Maria do Socorro Ferreira Aguiar, que davam provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Fernandes do Nascimento. Por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário em relação à apropriação de créditos presumidos agroindustriais, vencido o Conselheiro Domingos de Sá, Relator e a Conselheira Lenisa Prado, que davam provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Fernandes do Nascimento. Por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário em relação às glosas referentes ao direito de manutenção dos créditos vinculados às receitas de vendas com suspensão e de vendas excluídas da base de cálculo, vencido o Conselheiro Domingos de Sá, Relator, que dava provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Fernandes do Nascimento. Por maioria de votos, em dar parcial provimento ao Recurso Voluntário em relação às glosas referente ao direito de manutenção do crédito de custos, despesas e encargos comuns vinculados às transações com associados de bens e serviços à alíquota zero, devendo ser refeito o rateio excluindo os valores destas operações da definição de receita. Vencidos os Conselheiros Domingos de Sá, Relator, e o Conselheiro José Fernandes do Nascimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède. Por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário em relação à incidência de juros de mora sobre o valor objeto do pedido de ressarcimento, vencido o Conselheiro Domingos de Sá, Relator que dava provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro José Fernandes do Nascimento. Fl. 325DF CARF MF 4 (assinado digitalmente) Ricardo Paulo Rosa Presidente. (assinado digitalmente) Domingos de Sá Filho Relator (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Redator Designado. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Redator Designado. Participaram do julgamento os Conselheiros Ricardo Paulo Rosa, José Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho, Paulo Guilherme Déroulède, Lenisa Rodrigues Prado, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e Walker Araújo. Relatório Cuidase de Recurso Voluntário em razão do Acórdão que negou o direito ao crédito pleiteado referente aos anos calendários de 2004, 2005, 2006 e 2007, e, manteve o indeferimento parcial da pretensão do reconhecimento do direito creditório relativo ao PIS/PASEP e a COFINS, conforme se vê do voto. Em sede de Embargos Declaratórios foram acolhidos os argumentos da Embargante, aqui Recorrente, para o exame da Manifestação de Inconformidade em toda a sua plenitude, diante de omissão quando da análise procedida que resultou num Acórdão da 2ª Turma da DRJ/CGE. Em sendo assim, está em exame o Acórdão de nº 3302003.277. O pleito foi deferido parcialmente pelos motivos elencados no relatório fiscal, o que restou acolhido pelo julgador de piso. Em sua conclusão resume os ajustes nos cálculos realizados pela contribuinte: “I. Glosa parcial dos créditos básicos decorrentes de aquisição de insumos, energia elétrica, aluguéis de pessoa jurídica, fretes e aquisições do imobilizado, (Tabela 04); II. Glosa integral do valor referente ao crédito presumido da atividade agroindustrial por NÃO restar comprovado que a contribuinte exerceu atividade agroindustrial, bem como, pela ausência de comprovação da destinação à alimentação humana ou animal, nos termos do art. 8º da Lei nº 10.925/2004 (Tabela 04); III. Estorno dos créditos decorrentes das saídas com suspensão da incidência da contribuição para Pis e da Cofins (inciso II, § 4o, art. 8º – da Lei nº 10.925/2004 Tabela 03 e 04); Fl. 326DF CARF MF Processo nº 13161.001787/200891 Acórdão n.º 3302003.277 S3C3T2 Fl. 50 5 IV. Glosa integral dos créditos decorrente da proporção de saídas sujeita a alíquota zero, considerando que as operações realizadas estavam efetivamente sujeitas à exclusão da base de cálculo e, por decorrência, inexiste suporte legal para a manutenção de crédito (art. 17 da Lei nº 11.033/2004 – Tabela 03 e 04); V. Glosa integral dos créditos decorrentes da proporção de saídas não tributadas decorrentes de operações sujeitas à exclusão de base de cálculo, considerando a matéria circunscrevese a questão se Recorrente é considerada agroindustrial ausência de suporte legal para a manutenção de crédito (art. 17 da Lei nº 11.033/2004 – Tabela 03 e 04); VI. Deferimento dos créditos básicos vinculados às operações de exportações realizados no período.” Do relatório fiscal constatas as razões das glosas: 1. CRÉDITO BÁSICO 1.1 AQUISIÇÃO DE INSUMOS No período em análise a contribuinte registrou créditos integrais da não comutatividade das contribuições para o Pis e da Cofins sobre as compras de pessoa jurídica. Através do Termo de Intimação Fiscal 003, por amostragem, foram solicitadas cópias das notas fiscais de aquisição registradas na memória de cálculo do Dacon. O contribuinte não logrou êxito em apresentar parte das notas fiscais registradas (Tabela 04 e 05). 1.2 FRETES / DESPESAS DE ARMAZENAGEM O contribuinte apurou créditos da contribuição para Pis e da Cofins sobre os fretes de operações de venda/armazenagem, transferência e compras de mercadorias. Conforme será demonstrado, apenas os fretes vinculados a operações de venda geram direito a apuração de crédito da contribuição para Pis e da Cofins. 1.2.1 FRETE SOBRE OPERAÇÕES DE VENDAS / ARMAZENAGEM Nas operações com fretes sobre vendas somente existe direito ao crédito da nãocumulatividade das contribuições para o Pis e da Cofins se for comprovado que o ônus foi suportado pelo vendedor (Lei nº 10.833/2003, art. 3º, inciso IX c/c art. 15, inciso II e art. 93) Através do Termo de Intimação Fiscal 003 a contribuinte foi intimada a apresentar cópia digitalizada dos comprovantes de pagamento a título de fretes sobre venda/despesa de armazenagem as pessoas jurídicas. Fl. 327DF CARF MF 6 Pela análise da documentação solicitada, a contribuinte comprovou que, no período entre agosto de 2004 e dezembro de 2007, foi a responsável pelo pagamento dos serviços de fretes contratados. Portanto, atende ao requisito legal para apuração do crédito, ou seja, o ônus foi suportado pela vendedora. 1.2.2 FRETES SOBRE OPERAÇÕES DE TRANSFERÊNCIA As transferências de mercadorias entre estabelecimentos da contribuinte implicam em mero deslocamento das mercadorias com o intuito de facilitar a entrega dos bens aos futuros compradores. Portanto, não integram a “operação de venda” referida no art. 3º, inciso IX da Lei nº 10.833/2003. Somente o valor do frete contratado para o transporte de mercadorias para o consumidor final, desde que o ônus seja suportado pelo vendedor, gera direito ao crédito do PIS/PASEP e da Cofins. Cumpre registrar que somente os valores das despesas realizadas com fretes contratados para a entrega de mercadorias diretamente aos clientes adquirentes é que geram direito a créditos a serem descontados da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, consoante entendimento da CoordenaçãoGeral de Tributação (Cosit) da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), exarado na Solução de Divergência nº 11, de 27 de setembro de 2007, cuja ementa está disponível no sítio da RFB na internet. A exclusão das transferências de mercadorias foi realizada a partir das informações prestadas através do Termo de Intimação Fiscal 005 (ver Tabela 04 e 06). 1.2.3 FRETE NAS OPERAÇÕES DE COMPRA Os fretes sobre compras, quando por conta do comprador, integram o custo dos bens. Se tais bens geram direito a crédito de PIS e Cofins, logo, indiretamente, o frete incidente na compra dos mesmos também gerará. Porém, se a aquisição destes bens não gerarem crédito, o frete sobre a compra também não gerará direito ao crédito. As mercadorias transportadas nos fretes das operações de compra foram fertilizantes e sementes, sujeitos à alíquota zero (conforme, inciso I e III do art. 1º da Lei 10.925/2004). Portanto, nos fretes de operações de compra não existe a apuração do crédito. A exclusão dos valores relativos a estas operações foi realizada a partir das informações prestadas através do Termo de Intimação Fiscal 005 (ver Tabela 04 e 06). 1.3 ENERGIA ELÉTRICA Fl. 328DF CARF MF Processo nº 13161.001787/200891 Acórdão n.º 3302003.277 S3C3T2 Fl. 51 7 As despesas com energia elétrica geram créditos da cumulatividade da contribuição para Pis e da Cofins contratadas com pessoa jurídica domiciliada no País, incorridas a partir do período de apuração de fevereiro de 2004 (Lei nº 10.833/2003, art. 3º, inciso III e Lei nº 10.637/2002, art. 3º, inciso IX do caput). Através do Termo de Intimação Fiscal 003, foram solicitadas cópias das notas fiscais de aquisição conforme os registros da memória de cálculo do Dacon apresentado pelo contribuinte. O contribuinte não logrou êxito em apresentar parte das notas fiscais registradas (Tabela 04 e 05). 1.4 ALUGUÉIS PESSOA JURÍDICA É permitida a apropriação de créditos da nãocumulatividade da contribuição para o Pis e da Cofins sobre os valores relativos as despesas utilizadas na atividade da empresa, em relação a aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica domiciliada no Pais, utilizados na atividade da empresa (Lei nº 10.833/2003, art. 3º, inciso IV e Lei nº 10.637/2002, art. 3º, inciso IV). Através do Termo de Intimação Fiscal 003, foram solicitados todos os comprovantes relativos aos créditos decorrentes de despesa com aluguéis. A análise da documentação apresentada comprovou apenas parte dos valores registrados no Dacon (ver Tabela 04) 1.5 CRÉDITO IMOBILIZADO (VALOR DA AQUISIÇÃO) A partir do mês de agosto 2004 é possível calcular créditos da não cumulatividade da contribuição para Pis e da Cofins somente em relação: a máquinas e equipamentos e outros bens incorporados ao Ativo Imobilizado, adquiridos de pessoas jurídicas domiciliadas no País ou importados, utilizados na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços (Lei nº 10.833/2003, art. 3º, incisos VI do caput e inciso II do § 3º). Através do Termo de Intimação Fiscal 003, foram solicitados todos os comprovantes relativos aos créditos de aquisição de imobilizado. A análise da documentação apresentada comprovou apenas parte dos valores registrados no Dacon (ver Tabela 04). 2. CRÉDITO PRESUMIDO DA AGROINDÚSTRIA A luz do dispositivo transcrito, o enquadramento legal para utilização do crédito presumido decorre das seguintes condições: que as mercadorias produzidas estejam classificadas na(s) NCM(s) estabelecidas pela lei; que a contribuinte exerça a atividade de produção de mercadoria (agroindústria); e, que os produtos fabricados sejam destinados à alimentação humana ou animal. Fl. 329DF CARF MF 8 2.1 PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL OU VEGETAL O art. 8º da Lei nº 10.925/2004 estabeleceu os capítulos de classificação na NCM dos produtos de origem animal ou vegetal que dão direito ao crédito presumido da atividade agroindustrial. No caso em tela, conforme a memória de cálculo do DACON, no período em análise, os produtos exportados pela contribuinte foram soja NCM 1201.90.00 e milho NMC 1005.90.10. Assim, referidos produtos estão classificados entre os capítulos 8 a 12 da NCM, conforme a determinação do art. 8º da Lei 10.925/2004, com a regulamentação reproduzida na alínea d, inciso I, do art. 5º da Instrução Normativa RFB nº 660. 2.2 AGROINDÚSTRIA A Lei nº 10.925, de 2004, não faz nenhuma menção explícita a atividade de agroindústria. O art. 8º do referido diploma legal aponta a necessidade de produção de mercadorias para apuração do crédito presumido, nos seguintes termos: “Art. 8º As pessoas jurídicas […] que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal […]”. Grifouse O termo agroindústria foi definido no art. 6º da IN RFB 660/2006, abaixo transcrito: Art. 6º Para os efeitos desta Instrução Normativa, entendese por atividade agroindustrial: I a atividade econômica de produção das mercadorias relacionadas no caput do art. 5º, excetuadas as atividades relacionadas no art. 2º da Lei nº 8.023, de 1990; e (...) Grifouse Conforme os aludidos dispositivos legais, somente possui direito de apurar o crédito presumido em análise a pessoa jurídica que produza mercadoria. O inciso III, § 1º, art. 8º, da Lei nº 10.925/2004, estabelece que o direito de apurar o crédito presumido nele previsto aplicase também nas aquisições efetuadas de pessoa de cooperativa de produção agropecuária. 3.3 DESTINAÇÃO À ALIMENTAÇÃO HUMANA OU ANIMAL Através do Termo de Intimação Fiscal 003, a contribuinte foi intimada a comprovar que os produtos fabricados foram destinados à alimentação humana ou animal. Em resposta a intimação fiscal a contribuinte limitouse a reproduzir o disposto no Regulamento Técnico Anexo a Instrução Normativa nº 11 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, bem como, a afirmar que “ Como visto, conforme padrões exigidos pelo Ministério da Agricultura, as mercadorias relacionadas no Caput do Art. 8º da lei 10.925/2004, produzidas pela contribuinte estão dentro nos padrões a serem destinadas a alimentação humana ou animal, atendendo todos os requisitos para apuração do Crédito Presumido de Pis e Cofins. A comprovação dos requisitos destinação a alimentação humana ou animal é ônus da agroindústria interessada. A exportação, na maior parte dos casos pode inviabilizar a comprovação de tal Fl. 330DF CARF MF Processo nº 13161.001787/200891 Acórdão n.º 3302003.277 S3C3T2 Fl. 52 9 requisito, se a venda se der, por exemplo, para comerciantes no exterior (Solução de Consulta nº 24 – SRRF09/Disit). 2.3 UTILIZAÇÃO DO CRÉDITO PRESUMIDO O valor do crédito presumido previsto na Lei nº 10.925, de 2004, arts. 8º e 15, somente pode ser utilizado para dedução da Contribuição para o PIS e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) apuradas no regime de incidência não cumulativa. Art. 15. As pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias de origem vegetal, classificadas no código 22.04, da NCM, poderão deduzir da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do caput do art. 3o das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física. (Vigência) Grifouse 3. CRÉDITOS MERCADO INTERNO NÃO TRIBUTADO Os créditos relativos ao mercado interno não tributado estão vinculados as seguintes operações: vendas suspensas; vendas com alíquota zero e exclusões de base de cálculo permitidas as sociedades cooperativas. Como se demonstrará, nestas situações não existe o direito a manutenção do crédito previsto no art. 17 da Lei nº 11.033/2004. Desta maneira, os créditos vinculados a operações não tributadas no mercado interno foram integralmente indeferidos. 4.1 – VENDAS SUSPENSAS Conforme analisado no subitem 3.2, a Lei 10.925/2004 excluiu do conceito de agroindústria as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar produtos in natura de origem vegetal. Referidas atividades foram consideradas típicas de cerealista. Assim, nas operações realizadas no período a contribuinte faz jus a suspensão da incidência da contribuição para Pis e da Cofins (art. 9º), mas deve providenciar o respectivo estorno dos créditos da não cumulatividade (inciso II, § 4o, art. 8º Tabela 04). 4.2 VENDAS COM ALÍQUOTA ZERO A partir do mês de agosto/2004 os insumos vendidos pela contribuinte aos associados (adubos, fertilizantes e sementes) tiveram as alíquotas da contribuição para o PIS e da COFINS reduzidas a zero (art. 1º da Lei 10.925/2004). Entretanto, a venda de insumos a associados deve ser registrada como exclusão de base de cálculo nos termos da MP nº 2.158, de 24 de Fl. 331DF CARF MF 10 agosto de 2001 e não como uma venda não tributada sujeita à alíquota zero. O art. 17 da Lei nº 11.033 garantiu o direito à manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a operações com suspensão, isenção, alíquota zero ou não incidência da Contribuição para o Pis e da Cofins. Portanto, ao registrar indevidamente as exclusões de base de cálculo como vendas sujeitas à alíquota zero, houve a manutenção indevida dos créditos vinculados a estas operações. O valor do crédito vinculado as operações de venda com alíquota zero foi integralmente glosado (tabelas 03 e 04) 4.3 EXCLUSÕES DE BASE DE CÁLCULO O legislador estabeleceu tratamento diferenciado para operações praticadas pela sociedade cooperativas. Em referidas operações, o procedimento previsto é o de excluir os valores respectivos das bases de cálculo do PIS e da Cofins. Nesta sistemática, NÃO existe previsão legal para a manutenção do direito ao crédito vinculado as operações sujeitas à exclusão de base de cálculo. O direito a manutenção do crédito nas operações não tributadas foi estipulado pelo art. 17 da Lei nº 11.033/2004. No presente caso, conforme a memória de cálculo de Dacon, a contribuinte manteve indevidamente o direito a crédito nas operações de entradas vinculadas as exclusões de base de cálculo permitidas as cooperativas (art 15 MP 215835/01 e art 17 leis 10.684/03). O valor do crédito vinculado as operações sujeitas à exclusão de base de cálculo admitidas as cooperativas foi integralmente glosado (tabelas 03 e 04) O julgado encontrase resumido a ementa: ACÓRDÃO. OMISSÃO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CABIMENTO. Deve ser apreciada como embargos de declaração a manifestação do contribuinte na qual se alegue omissão quanto a questões suscitadas na defesa ou impugnação, acerca das quais o órgão julgador deveria ter se pronunciado. COMPENSAÇÃO. FALTA DE COMPROVAÇÃO DO DIREITO CREDITÓRIO. HOMOLOGAÇÃO INDEFERIDA. Não se homologa compensação quando o direito creditório não ficar comprovado. RESSARCIMENTO. CRÉDITO NÃO COMPROVADO. O reconhecimento do direito creditório objeto de pedido de ressarcimento de PIS e Cofins depende da comprovação documental do respectivo direito. Fl. 332DF CARF MF Processo nº 13161.001787/200891 Acórdão n.º 3302003.277 S3C3T2 Fl. 53 11 CRÉDITO PRESUMIDO. COOPERATIVAS. ATIVIDADE AGROINDUSTRIAL. REQUISITO. O crédito presumido destinado às cooperativas agroindustriais beneficiam apenas aquelas entidades que realizam algum processo que possa ser consideração como industrialização, observadas nas exclusões contidas na lei. CRÉDITO PRESUMIDO. LEI Nº 10.925/2004, ARTS 8º E 15. COMPENSAÇÃO E RESSARCIMENTO. VEDAÇÃO. O crédito presumido previsto nos artigos 8º e 15 da Lei nº 10.925/2004 só pode ser utilizado para deduzir o PIS e a Cofins apurados no regime de incidência nãocumulativa, vedada a compensação ou o ressarcimento do valor do crédito presumido. JUROS. COMPENSAÇÃO E RESSARCIMENTO. NÃO INCIDÊNCIA. Não incidirão juros compensatórios no ressarcimento de créditos de IPI, de PIS e de Cofins, bem como na compensação dos referidos créditos. Manifestação de Inconformidade Procedente em Parte.” Em sede recursal debate a contribuinte em relação aos tópicos: 1. Créditos de aquisições de insumos, comprovantes das aquisições desconsiderados pela fiscalização; 2. Créditos de aquisições de energia elétrica – comprovantes das aquisições desconsiderados pela fiscalização; 3. Fretes sobre a transferência de insumos entre estabelecimentos; 4. Fretes sobre compras de fertilizantes e sementes; 5. Créditos Presumido sobre aquisições de pessoas físicas, processo produtivo; 6. Forma de utilização do crédito presumido, restrições da colocadas pela Receita Federal ao ressarcimento; 7. Manutenção dos créditos vinculados as receitas com suspensão de incidência de PIS e Cofins; 8. Receitas sujeitas a alíquotas zero, reclassificação indevidas das vendas efetuadas pela fiscalização considerando como venda de bens a associados; Fl. 333DF CARF MF 12 9. Ressarcimento de créditos vinculados as receitas sem incidência de PIS e Cofins, exclusões permitidas as sociedades Cooperativas; 10. Previsão legal para incidência da SELIC. Inicialmente, faz introdução quanto aquisições de matéria prima e do processo produtivo: “O critério da nãocumulatividade permite a realização de créditos apurados com base em custos, despesas e encargos da pessoa jurídica, tudo descrito no Art. 3o das respectivas Leis (10.637 e 10.833). Para o exercício regular de suas atividades, dentre os custos, despesas e encargos suportados, a contribuinte adquire de fornecedores pessoas físicas residentes no país e jurídicas situadas no mercado interno, bens e serviços utilizados como insumos (Inciso II do Art. 3o das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003) para a produção de mercadorias classificadas na NCM nos Capítulos 8 a 12, constantes do Caput do artigo 8 o da lei 10.925/2004. Estes bens e serviços utilizados como insumos (Inc. II do art. 3 das Leis) decorrem de uma extensa e complexa cadeia produtiva, onde vários itens ao longo da mesma estão sujeitos à incidência das denominadas Contribuições ao Fundo de Participação no Programa de Integração Social PIS (Lei Complementar n° 7, de 7.9.70) , e Contribuição Social sobre o Faturamento COFINS (Lei Complementar n° 70, de 30.12.91), exemplo: óleo diesel, caminhões, colhedeiras, máquinas, peças, ferramentas, etc. Daí, o direito ao crédito sobre as aquisições de pessoas físicas e de pessoas jurídicas com suspensão, ser presumido, conforme constante nas Leis 10.637/2002, 10.833/2003 e no art. 8 o da Lei 10.925/2004. Os créditos sobre os bens e serviços utilizados como insumos conforme descritos no inciso II do art. 3 o das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003 devem ser apurados no mês da aquisição, conforme Inciso I do parágrafo 1 o do art. 3o das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, combinado com o parágrafo 2o do art. 8o da lei 10.925/2004, independente da finalidade que se dará a mercadoria produzida, ou seja, do momento da venda.” Considerando que estes 56 (cinqüenta e seis) processos estão vinculados ao MPF 0140200.2011.00053 e: a) que possuem igual teor, pois o mérito discutido é o mesmo em todos os processos; b) considerando os princípios da economia e celeridade processual; c) o propósito de evitar o desperdício de recursos (papel, cópias, impressões, tempo utilizados pelos agentes fiscais para digitalização e vinculação das informações apresentadas para cada processo); d) o tempo utilizado pelo julgador para análise individual de cada processo; e) a possibilidade de julgamento simultâneo. Optou a Contribuinte ao invés de anexar em cada processo (56 vezes), os mesmos documentos que intencionam evidenciar seu direito, discorrer longamente em cada processo em 56 Fl. 334DF CARF MF Processo nº 13161.001787/200891 Acórdão n.º 3302003.277 S3C3T2 Fl. 54 13 manifestações de inconformidade idênticas, contendo 73 páginas cada uma, sobre os fundamentos que entende lhe assegurar o direito a crédito complementar; em ANEXAR todos os documentos, bem assim, EM APRESENTAR na versão estendida da manifestação de inconformidade todos os fundamentos legais que entende assegurar o melhor direito para todos os processos mencionados na página inicial, no processo n. 13161.001928/200795, conforme consta anexado nas folhas 84 à 267 do referido processo” Em síntese argumenta em suas razões que: III DAS RAZÕES DE REFORMA Fundamentos legais, discorre sobre o tema: “DO SISTEMA NÃO CUMULATIVO DE PIS E COFINS DIREITO AO RESSARCIMENTO DOS CRÉDITOS 3.1.1 DAS PREMISSAS DO SISTEMA NÃO CUMULATIVO DE PIS E COFINS E SUA INTERPRETAÇÃO Para o adequado enfrentamento dos importantes temas aqui versados, cumprenos trazer a baila, as premissas que nortearam a instituição do sistema não cumulativo para o PIS e a Cofins, marcos históricos de enunciação do direito positivo, constantes respectivamente das Justificativas dos Senhores Ministros da Fazenda, por ocasião dos Projetos de Medidas Provisórias que resultaram nas Leis 10.637/2002 (PIS) e 10.833/2003 (Cofins) 3.1.2 – DOS CRÉDITOS VINCULADOS AS RECEITAS DE EXPORTAÇÕES Tanto a lei 10.637/2002 quanto a lei 10.833/2003, determinam que as empresas poderão descontar, dos seus débitos apurados, créditos calculados sobre os itens relacionados no Art. 3o de ambas as Leis. Sendo inicialmente autorizado o ressarcimento dos créditos vinculados as exportações conforme disposto para o PIS no Art. 5 o da Lei 10.637/02 e para a COFINS no Art. 6 o da Lei 10.833/03. Portanto, partindo desta premissa, estamos diante de mecânica própria do PIS e COFINS, sistemática prevista pelo Legislador, que de modo coerente, assegura a manutenção dos créditos, de forma a respeitar o Princípio Constitucional da não comutatividade e também, evitar a incidência das Contribuições quando da realização de Exportações, ainda que indiretamente. Ao contrário, importaria em afirmar que incidem as referidas contribuições quando da realização de exportações, pois, não teria o Contribuinte o direito de ressarcir o montante pleno que incidiu nas etapas anteriores ao ato de exportar, o que representaria custo, ônus tributário, o que é vedado pelo Legislador Constitucional e, que contraria a prática internacional de não exportar tributos. 3.1.3 DOS CRÉDITOS VINCULADOS AS RECEITAS NO MERCADO INTERNO. Fl. 335DF CARF MF 14 Inicialmente, na introdução do sistema não cumulativo, o Saldo de crédito de PIS e Cofins remanescente após o aproveitamento com os débitos das próprias contribuições, somente poderia ser utilizado para ressarcimento ou compensação, a parcela de créditos proporcional às receitas de exportação, imunidade, ao que as Leis (10.637 e 10.833) denominaram de isenção conforme disposto art. 5o da lei 10.637/2002 para o PIS e art. 6 o da lei 10.833/2003 para a Cofins. Na seqüência, mediante evolução legislativa, visando esclarecer dúvidas relativas a interpretação da legislação do PIS e Cofins, conforme consta no item 19 da exposição de motivos 111 MF, foi editada a medida provisória 206/2004, posteriormente convertida na lei 11.033/2004 que assim dispõem em seu art.17. Portanto, resta muito claro que o art. 17 da lei 11.033/2004 confirmou o direito a manutenção dos créditos apurados na forma do art. 3 o das 10.637/2002 e 10.833/2003 e vinculados às receitas nele mencionadas. Assim, também partindo desta premissa, estamos diante de mecânica própria do PIS e COFINS, sistemática prevista pelo Legislador, que de modo coerente, assegura a manutenção dos créditos, de forma a respeitar o Princípio Constitucional da não cumulatividade, evitando o efeito cascata, ou seja, a cumulatividade. Portanto, as leis não deixam dúvidas quanto a possibilidade de manutenção dos créditos, bem como da recuperação dos mesmos (saldo credor), mediante dedução, compensação ou ressarcimento do saldo de créditos decorrentes de saídas com suspensão, isenção, alíquota zero e não incidência das contribuições para o PIS e Cofins, acumulados a partir de 09 de agosto de 2004. 3.1.4 DA MATERIALIDADE DO PIS E COFINS Ainda cabe destacar que a não cumulatividade do PIS e Cofins, possuiu sistemática de apuração própria, diferente da sistemática adotada em outros tributos como o IPI. No caso, não estamos tratando de apuração de créditos IPI, estamos diante de créditos de PIS e Cofins, cuja materialidade é diversa, sendo que o conceito de insumos e produção para PIS e Cofins é mais amplo que o conceito adotado para o IPI, não guardando nenhuma relação a apuração de créditos de PIS e Cofins com a incidência ou não de IPI no produto produzido. IV Análise do Relatório/Despacho Decisório da RFB No período analisado, em conformidade com o art. 3o das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, a contribuinte apurou créditos sobre insumos utilizados na produção adquiridos de pessoas jurídicas e, sobre a energia elétrica consumida em seus estabelecimentos. Porém, ao julgar o tema entendeu a 2 a Turma da DRJ/CGE que o direito ao crédito sobre estes itens não poderia ser deferido, pois Fl. 336DF CARF MF Processo nº 13161.001787/200891 Acórdão n.º 3302003.277 S3C3T2 Fl. 55 15 segundo seu entendimento, o direito não teria sido comprovado devendo ser considerada encerrada a fase probatória. Todavia, não concorda a contribuinte, pois estas aquisições como se demostrará a seguir, estão efetivamente comprovadas. Ressaltase, que a fiscalização durante sua análise teve várias maneiras e oportunidades de efetivamente comprovar a existência destas aquisições, uma vez que todos os livros e registos contábeis estavam em seu poder, conforme apresentado em atendimento as diversas intimações, sejam por meio dos documentos físico ou digital. Assim, considerando que para o caso em questão há documentos que comprovam a efetiva aquisição, entende a contribuinte que o crédito deve ser deferido, em observância ao principio da verdade material. 4.1.1 AQUISISÕES DE INSUMOS Mencionase que a fiscalização indeferiu parte dos créditos apurados sobre as aquisições de insumos utilizados na produção, sob o argumento que parte destas aquisições não foram comprovadas, uma vez que, segundo seu entendimento, não teriam sido apresentadas pela contribuinte, as notas fiscais (documento físico) relacionadas pela fiscalização nas Tabelas 04 e 05 cuia ciência tomou a contribuinte juntamente com o Relatório Fiscal, e que ora, para melhor análise do colegiado, novamente seguem anexo ao recurso. Ocorre, que o direito ao crédito apurado sobre estas aquisições não pode ser desconsiderado, pelo simples fato de a Contribuinte não ter conseguido encontrar parte destas notas em seu arquivo (extenso e histórico), para apresentar a fiscalização. Registrese que estas aquisições, constam registradas na escrituração contábil e fiscal da contribuinte, com a plena identificação, a qual a fiscalização teve acesso irrestrito durante o processo de análise do crédito. Assim, considerando que estas Notas Fiscais de aquisições de insumos foram devidamente registradas e escrituradas, a fiscalização poderia considerar estes meios para confirmar estas aquisições, uma vez que, estas informações estão relacionadas em documentos, tais como: livros digitais de entradas e saídas, razões contábeis, arquivos contábeis, arquivos digitais de entradas e saídas formato SINTEGRA, todos apresentados a fiscalização pela contribuinte em atendimento as intimações recebidas. Para além disso, todos os comprovantes que evidenciam a ocorrência da efetiva aquisição dos insumos referente as notas Fl. 337DF CARF MF 16 fiscais relacionadas Tabela 05 elaborada pela fiscalização anexa ao Relatório Fiscal, seguiram no ANEXO I da manifestação de inconformidade então protocolada para melhor análise da DRJ, onde foram anexados, cópia das notas fiscais n° 1395, 2948, 11242 e 7331, bem como os comprovantes de pagamentos de demais registros, conforme podese observar nos documentos constantes nas folhas 166 a 225 do processo 13161.001928/200795, e que ora, para melhor analise deste colegiado, novamente são apresentados anexo a este recurso, confirmando o direito ao crédito. Portanto, considerando que estão comprovadas as aquisições de insumos anteriormente desconsideradas pela fiscalização, conforme relação constante na Tabela 05, que seguiu anexa ao Relatório Fiscal para ciência, requer a contribuinte a manutenção do crédito sobre estas as aquisições. 4.1.2 DA ENERGIA ELÉTRICA Relativo às despesas de energia elétrica, da mesma forma que manifestou entendimento sobre as aquisições de insumos, entendeu a fiscalização que algumas aquisições não estariam comprovadas, argumentando que não teriam sido apresentadas pela contribuinte as faturas relacionadas pela fiscalização nas Tabelas 04 e 05 cuja ciência tomou a contribuinte juntamente com o Relatório Fiscal, indeferindo desta forma, o crédito apurado sobre estas faturas. Todavia s.m.j., o argumento da fiscalização está equivocado, pois tais notas fiscais, foram devidamente apresentadas à fiscalização, em atendimento ao termo de intimação fiscal 003, onde a contribuinte apresentou cópia digitalizada destes documentos, e também em atendimento ao termo de intimação fiscal 004 onde a contribuinte apresentou os originais destes documentos, sendo que estas faturas originais ficaram em poder da fiscalização até a finalização dos seus trabalhos, sendo devolvidas a contribuinte somente após ocorrer a ciência do Relatório Fiscal. Ademais, evidenciado o equivoco da fiscalização, comprovado a existência destes documentos, juntamente com manifestação de inconformidade então protocolada para melhor analise da DRJ, contribuinte apresentou novamente as faturas de energia elétrica, que foram desconsideradas pela fiscalização (Tabela 05 elaborada pela fiscalização), conforme pode ser verificado nos documentos (ANEXO II) constantes nas folhas 226 a 267 do processo 13161.001928/200795, e que ora, em virtude de não terem sido considerados no julgamento da DRJ, no intuito de facilitar a análise deste colegiado a contribuinte novamente os apresenta, anexo, a este recurso. Assim, considerando o principio da verdade material, uma vez que existem os comprovantes das despesas de energia elétrica e, que foram desconsideradas pela fiscalização sob o argumento de Fl. 338DF CARF MF Processo nº 13161.001787/200891 Acórdão n.º 3302003.277 S3C3T2 Fl. 56 17 não apresentação da documentação, requer a contribuinte a manutenção do crédito de PIS e Cofins apurados sobre a totalidade das despesas com Energia Elétrica. 4.2 DOS FRETES SOBRE OPERAÇÃO DE TRANFERÊNCIAS DE MERCADORIAS Dentre os custos, despesas e demais encargos elencados no Art. 3o das Leis 10.637/02 e 10.833/03, no inciso IX do art. 3o estão relacionados ás despesas de armazenagem e frete na operação de venda. Todavia, ao efetuar a verificação dos créditos apurados pelo contribuinte, a fiscalização entendeu que não seria possível apurar créditos sobre os fretes, relativo às transferências de insumos, mercadorias entre estabelecimentos, entendendo que estas operações não integrariam as operações de venda, argumentando se tratar de mero deslocamento das mercadorias. Ocorre que este "deslocamento" como denominado pela fiscalização, não se dá pela simples vontade da contribuinte em transferir a mercadoria de um estabelecimento para outro, mas decorre da necessidade de se realizar esta operação, em virtude de diversos fatores interligados a operação de produção e venda destas mercadorias. O fato é que estas transferências representam custos necessários a atividade da contribuinte, sendo certo que se houvesse alguma forma de evitar o ônus destes custos, certamente seriam evitados, pois nenhuma empresa almeja ter seus custos e despesas majorados sem que realmente seja estritamente necessário. Portanto, os fretes relativos a transferências entre estabelecimentos também fazem parte dos custos de produção necessários à atividade, pois sem eles não haveria como concluir todas as etapas de produção, não podendo a mercadoria ser comercializada, enviada para o destino. 4.3 DOS FRETES SOBRE COMPRAS DE FERTILIZANTES E SEMENTES A contribuinte no período analisado, adquiriu mercadorias para revenda, dentre as quais fertilizantes e sementes sujeitas a alíquota 0% de PIS e Cofins. Sobre a aquisição de sementes e fertilizantes não houve aproveitamento de crédito, pois a contribuinte observou o disposto no § 2o do art. 3° das Leis 10.637/2002 e 10.833/2003 que veda o aproveitamento de crédito sobre as aquisições não sujeitas ao pagamento das contribuições. Todavia, ao adquirir os fertilizantes e as sementes para revenda, é necessário que estas mercadorias sejam transportadas do Fl. 339DF CARF MF 18 estabelecimento do fornecedor até o estabelecimento do comprador, para isso, é preciso contratar os serviços de transportes de uma terceira empresa que realizará o frete destas mercadorias até o seu destino. Logo, quando o ônus desta despesa é suportado pelo adquirente, (caso da recorrente) esta despesa será agregada ao custo da mercadoria adquirida. Estes fretes (serviços), são onerados pelas contribuições para o PIS e Cofins, uma vez que estes fretes foram tributados na etapa anterior, pois para a pessoa jurídica que prestou o serviço de frete, estas operações representam sua receita/faturamento, portanto base de calculo das contribuições nesta fase da operação. Ademais, o frete não é aquisição com alíquota zero ou suspensão e, sim, operação regularmente tributada de PIS e Cofins, daí a não cumulatividade prever o direito ao crédito pelo adquirente. Ou seja, uma coisa é a mercadoria outra coisa é o frete. Que apesar de ser custo de aquisição, todavia, são operações distintas, de fornecedores igualmente distintos, mediante Notas Fiscais específicas. O fundamento utilizado pelo Agente Fiscal para vedar o crédito nas aquisições de fretes aplicados no transporte de mercadorias tributadas a alíquota zero não tem Isto porque, fundou seu entendimento no Inciso II do Parágrafo 2 o do art. 3 o da Lei 10.833/2003. Neste fundamento, claro está à vedação do direito ao crédito na aquisição de mercadorias ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição. Definitivamente, este não é o caso. Posto que, os fretes são alcançados pelas Contribuições. O fato de a mercadoria adquirida ser tributada a alíquota zero, não autoriza a extensão da interpretação no sentido de afastar o direito ao crédito nos serviços contratados (fretes) e aplicados no transporte daquelas mercadorias. 4.4 DO CRÉDITO PRESUMIDO ATIVIDADE AGROINDUSTRIAL – PRODUÇÃO DAS MERCADORIAS DE ORIGEM VEGETAL CLASSIFICADAS NOS CAPÍTULOS 8 a 12 da NCM. A Contribuinte diante da mecânica do PIS e da COFINS não cumulativa, para o período, apurou crédito presumido sobre insumos adquiridos de pessoas físicas e pessoas jurídicas com suspensão, utilizados na produção de mercadorias classificadas nos capítulos 8 a 12, com fundamento, no inciso II do artigo 3o das leis 10.637/2002 e 10.833/2003 combinado com o § 10 do Art.3° da Lei 10.637/2002, § 5, do Art. 3o da Lei 10.833/2003 e a partir de agosto de 2004 no artigo 8o da lei 10.925/2004. Todavia entendeu a fiscalização que a contribuinte não se enquadraria como empresa produtora, por conseguinte e não faria jus a apuração do referido crédito. Mas vejamos mais informações. 4.4.1 ATIVIDADE AGROINDUSTRIAL CONCEITO PROCESSO PRODUTIVO. Fl. 340DF CARF MF Processo nº 13161.001787/200891 Acórdão n.º 3302003.277 S3C3T2 Fl. 57 19 A Recorrente de acordo com o inciso I do artigo 6 o da IN SRF 660 exerce atividade econômica de produção de mercadorias relacionadas no artigo 5º da referida IN. 4.4.3 AQUISIÇÃO DE INSUMOS UTILIZADOS NA PRODUÇÃO A Contribuinte adquire de pessoas físicas e jurídicas que desempenham atividade rural insumos, utilizados no processo produtivo em conformidade com o inciso II do art.3 o das leis 10.637/2002 e 10.833/2003 e art. 7 o da IN SRF 660. Ressaltamos que os produtos agropecuários resultantes da atividade rural, são adquiridos pela contribuinte, são os insumos (daí o Inciso II do Art. 3 o das Leis) que após processo produtivo atividade agroindustrial (definição da IN 660, art. 6), resultam nas mercadorias classificadas nos capítulos 10, e 12 da NCM Nomenclatura Comum do MERCOSUL (§ 10 do Art. 3 o da Lei 10.637/2002, § 5, do Art. 3 o da Lei 10.833/2003 e Caput do art. 8 o da Lei 10.925 e Inciso II do art. 3o das Leis 10.637 e 10.833). Portanto, faz jus a Contribuinte ao crédito de PIS e COFINS, calculados sobre estes insumos, considerando as disposições da Lei e IN, nas alíquotas previstas na legislação. 4.4.4 DA ATIVIDADE ECONÔMICA DE PRODUÇÃO DAS MERCADORIAS CLASSIFICADAS NOS CAPÍTULOS 8 a 12 da NCM NOMENCLATURA COMUM DO MERCOSUL. O contribuinte é equiparado a estabelecimento produtor de acordo com o artigo 4 o da lei 4.502/65: Art. 4o Equiparamse a estabelecimento produtor, para todos os efeitos desta Lei: IV os que efetuem vendas por atacado de matériasprimas, produtos intermediários, embalagens, equipamentos e outros bens de produção. (Incluído pelo DecretoLei n° 34, de 1966) (grifo acrescido) Por conseguinte, realiza o beneficiamento das mercadorias (grãos) através de procedimentos próprios e necessários para obtenção do Padrão Oficial, previsto em Legislação Federal e, requisito necessário para o comércio.” Submetido a julgamento, a Turma decidiu, em razão do apelo da contribuinte, confirmado pelo patrono em sustentação oral, a necessidade de se baixar o feito em diligência para que fosse anexada cópia integral dos autos do processo administrativo 13161.001928/200795, ao argumento de que as provas capazes de nortear a decisão teriam sido carreadas, por essa razão os autos retornaram a origem. Fl. 341DF CARF MF 20 Retorna os autos para apreciação das matérias, registrase, em que pese a diligência determinada, restou esclarecido, posteriormente, que os documentos objeto da determinação tinham sido anexados pela própria Recorrente. Era o que tinha a relatar, sendo essa a matéria a ser apreciada. Voto Vencido Conselheiro Domingos de Sá Filho, relator. Cuidase de recurso tempestivo, atendido os pressupostos de admissibilidade, deve ser conhecido. O debate encontra focado em glosas. No tocante aos créditos básicos oriundos de aquisição de insumos, o indeferimento decorre de falta de comprovação. O deferimento parcial dos créditos se refere aos insumos: ENERGIA ELÉTRICA, ALUGUÉIS PAGOS A PESSOAS JURÍDICAS, FRETE e AQUISIÇÃO DE IMOBILIZADO. GLOSA DE CRÉDITO DE INSUMOS TRIBUTADOS ALÍQUOTA ZERO, EXTORNO DE CRÉDITO VENDA MERCADO INTERNO, ETC. A fiscalização reconhece o direito a apropriação de créditos para as contribuições do PIS e da COFINS. Afirma que a solicitação dos comprovantes das aquisições de insumos aconteceu por meio do “Termo de Intimação – 003”, atendido, o contribuinte apresentou diversos documentos, entretanto, insuficientes a comprovar totalidade do crédito almejado, cabendo glosar parte. É cristalino o direito de tomar crédito relativo as contribuições a descontar referentes ao PIS e a COFINS é o que se extraí do relatório fiscal. Em resposta a Interessada sustenta que os livros de registros de entrada estavam à disposição e foram examinados pelo Fisco, além do que, anexou com o recurso os documentos a justificar a totalidade do crédito pretendido. Registrase, na fase inicial o julgador de piso determinou diligência no sentido de apurar a existência dos créditos desejados em razão da negativa total pelo fato da contribuinte deixar de apresentar documentação ao fundamento da incapacidade de pessoal, vez que a mesma encontrava e encontra em processo de liquidação. Concluído os trabalhos fiscais, o resultado mostrou existência de crédito o que foi reconhecido, tanto para o PIS quanto para a COFINS. Insatisfeita por diversas razões advém o voluntário, o que passase a examinar item a item: 1. DAS GLOSAS DOS CRÉDITOS BÁSICOS. As glosas em sua totalidade, como se vê do relatório fiscal aconteceu por insuficiência documental a título de comprovação. Há enorme dificuldade de aferir com precisão se os documentos colecionados junto com o voluntário fazem parte do rol da documentação examinado pela fiscalização em trabalhos diligenciais, visto que, o relatório fiscal menciona o número das planilhas (tabela), entretanto, essas planilhas não encontram nos autos. Fl. 342DF CARF MF Processo nº 13161.001787/200891 Acórdão n.º 3302003.277 S3C3T2 Fl. 58 21 Considerando que a Recorrente cuidou de trazer com o voluntário cópia das faturas de energia, bem como, aquisição de insumos básicos adquiridos, soja, trigo e sementes, cujo crédito foi glosado, devese reconhecer o direito de descontar crédito das contribuições com ressalvas, visto que, no caso da energia o relatório fiscal menciona ter reconhecido parcialmente com base da documentação apresentada, em sendo assim, o reconhecimento ao direito de apurar credito se restringe se as faturas anexadas aos autos, não sendo as mesmas aferidas pela fiscalização. Assim, sou inclinado reconhecer o direito a tomada do crédito das notas de aquisições de insumos colecionada aos autos referente às aquisições ali mencionadas por serem pertinentes a atividade da cooperativa, bem como, relacionadas com as faturas de energia, desde que não sejam as mesmas incluídas no rol daquelas que serviram para deferimento parcial pela fiscalização. 1.1 DA GLOSA DOS INSUMOS. O motivo da glosa dos créditos calculados sobre parte do custo de aquisição dos insumos de produção foi a falta de comprovação com documentação adequada. Segundo a autoridade fiscal, a contribuinte não logrou êxito em apresentar parte das notas fiscais discriminadas na Tabela 05, que integra o processo nº 10010.031.138/041361 (dossiê memorial), a este processo apensado, a seguir parcialmente reproduzida: DATA Nº NF FORNECEDOR VALOR 23/03/05 10161 EURO GRAOS LTDA 281.400,00 14/04/05 467141 AGROPECUARIA ESCALADA DO NORTE 493.884,30 26/04/05 7771 KAZU CEREAIS LTDA 290.000,00 26/04/05 13951 GRAO D'GIRO COMERCIO DE GRAOS 286.000,00 08/08/05 40721 GRAO D'GIRO COMERCIO DE GRAOS 269.898,44 13/10/05 288801 AGROPASTORIL JOTABASSO LTDA 650.000,00 19/12/05 29481 D'OESTE CEREAIS LTDA 409.500,00 15/03/06 112421 PROCOMP AGROPECUARIA LTDA 271.238,49 20/03/06 3097301 AGROPASTORIL JOTABASSO LTDA 416.800,00 14/03/07 18731 KAZU CEREAIS LTDA 273.400,00 11/04/07 73311 KASPER E CIA LTDA 1.490.000,00 20/04/07 658241 LR AGROPECUARIA LTDA 363.635,39 No recurso em apreço, a recorrente alegou que o direito ao crédito apurado sobre tais aquisições não podia ser desconsiderado, pelo simples fato de a contribuinte não ter conseguido encontrar parte das notas em seu arquivo (extenso e histórico), para apresentar a fiscalização, haja vista que as respectivas operações de aquisição constavam registradas na sua escrituração contábil e fiscal, com a plena identificação, a qual a fiscalização teve acesso irrestrito durante o processo de análise do crédito. A recorrente asseverou ainda que anexada à manifestação de inconformidade, constante dos autos do processo nº 13161.001928/200795 (fls. 166/225), as cópias das notas fiscais de nºs 1395, 2948, 11242 e 7331, bem como os comprovantes de pagamentos, referente às demais aquisições. E para melhor análise, anexara tais documentos aos presentes autos. Com efeito, compulsando os documentos anexados aos presentes autos e os autos do processo nº 13161.001928/200795, verificase que foram apresentados os referidos documentos. Porém, com exceção das cópias das notas fiscais de nºs 112421, 13951, 40721 e 7331, as demais cópias de documentos apresentados não se prestam para comprovar a respectiva operação de aquisição de insumos, por não serem os documentos hábeis e idôneos a Fl. 343DF CARF MF 22 comprovar as supostas operações de aquisição. A cópia da nota fiscal de nº 2948 não fora localizada nos autos. Assim, os créditos relativos as notas fiscais de nºs 112421, 13951, 40721 e 7331 devem ser restabelecidos. 1. 2 GLOSA DE ENERGIA. O motivo da glosa dos créditos calculados sobre parte do custo de aquisição de energia elétrica foi a falta de comprovação com documentação adequada. Segundo a autoridade fiscal, a contribuinte não logrou êxito em apresentar parte das notas fiscais discriminadas na Tabela 05, que integra o processo nº 10010.031138/041361 (dossiê memorial), a este processo apensado, a seguir parcialmente reproduzida: DATA Nº NF CNPJ FORNECEDOR VALOR 09/08/04 27643 15.413.826/000150 12.632,67 13/08/04 273527 15.413.826/000150 14.016,00 19/08/04 28157 15.413.826/000150 35.147,35 19/08/04 28159 15.413.826/000150 31.133,05 20/08/04 28160 15.413.826/000150 10.689,13 01/09/04 28444 15.413.826/000150 40.973,62 09/09/04 616170 15.413.826/000150 14.040,33 14/09/04 28948 15.413.826/000150 42.539,70 14/09/04 28950 15.413.826/000150 29.725,81 14/09/04 910115 15.413.826/000150 17.213,00 06/12/04 758100 15.413.826/000150 12.143,06 10/12/04 841834 15.413.826/000150 11.270,00 14/12/04 987063 15.413.826/000150 32.906,66 21/12/04 92633 15.413.826/000150 30.573,39 07/01/05 406656 15.413.826/000150 11.001,64 15/03/05 58958 15.413.826/000150 21.085,00 16/03/05 149601 15.413.826/000150 20.394,47 16/03/05 149599 15.413.826/000150 19.717,11 06/06/05 604193 15.413.826/000150 18.076,86 06/07/05 541925 15.413.826/000150 14.470,31 26/09/05 317457 15.413.826/000150 20.696,10 03/10/05 579804 15.413.826/000150 19.708,12 04/10/05 579814 15.413.826/000150 34.273,16 08/09/06 576517 03.747.565/000125 19.361,01 19/02/07 233576 15.413.826/000150 10.158,24 08/03/07 1924 15.413.826/000150 10.123,00 19/03/07 151839 15.413.826/000150 30.148,74 10/04/07 605375 03.747.565/000125 10.026,33 08/05/07 316013 15.413.826/000150 11.167,38 20/07/07 24102 15.413.826/000150 10.043,49 21/08/07 19789 15.413.826/000150 10.132,90 21/08/07 19928 15.413.826/000150 10.076,62 01/10/07 41729 15.413.826/000150 30.678,69 3389 15.413.826/000150 13.561,00 No recurso em apreço, a recorrente alegou que o direito ao crédito apurado sobre valor de aquisição da energia elétrica acobertado pelas notas fiscais discriminadas na referida Tabela não podia ser desconsiderado, porque tais documentos foram devidamente apresentadas à fiscalização, em atendimento ao termo de intimação fiscal 003, onde a contribuinte apresentara cópia digitalizada dos citados documentos, e também em atendimento ao termo de intimação fiscal 004, em que apresentara os originais dos citados documentos, inclusive as faturas originais ficaram em poder da fiscalização até a finalização dos seus trabalhos, sendo devolvidas a contribuinte somente após ocorrer a ciência do Relatório Fiscal. Fl. 344DF CARF MF Processo nº 13161.001787/200891 Acórdão n.º 3302003.277 S3C3T2 Fl. 59 23 A recorrente asseverou ainda que anexara à manifestação de inconformidade, constante dos autos do processo nº 13161.001928/200795 (fls. 226/267), as cópias das notas fiscais discriminadas na citada Tabela. E para melhor análise, anexara tais notas fiscais aos presentes autos. De fato, compulsando os documentos anexados aos presentes autos e os autos do processo nº 13161.001928/200795, verificase que, com exceção das cópias das notas fiscais de nºs 27643, 987063 e 541925, as demais foram apresentadas. Assim, deve ser mantida a glosa apenas dos créditos calculados sobre o valor das notas fiscais de nºs 27643, 987063 e 541925. 1.3 FRETES SOBRE OPERAÇÕES DE TRANSFERÊNCIA. O motivo da glosa deuse ao fundamento de que tratase de meras transferências de mercadorias entre estabelecimentos da contribuinte, implicaria em mero deslocamento com o intuito de facilitar a entrega dos bens aos futuros compradores, motivo pelo qual, entendeu não integrar operação de venda. Ao contrário da posição do fisco, sustenta o contribuinte tratarse de transferência necessárias a atividade, afirma, se houvesse meios de evitar o ônus destes custos, não há dúvida de que seriam evitados. Não há como ignorar que algumas atividades a armazenagem dos insumos são necessários, bem como, o seu remanejamento posterior. É de conhecimento notório, constantemente divulgado pelos veículos de comunicação o déficit de locais de armazenamento das safras de grão. A imprensa, repetidamente, divulga que no auge da colheita de grãos os produtores são obrigados a estocar os grãos em carrocerias de caminhões e em outros locais muitas vezes inusitados. Acontece, ainda, venda para exportação antecipada por falta de local adequado a estocagem, ninguém dúvida disso, pois essas notícias são facilmente comprovadas por intermédio das publicações dos periódicos. Essa Turma é sensível ao entendimento da necessidade de estocagem de insumos e sua transferência posteriormente para outro estabelecimento, desde que, não se revele transferência pura e simples estratégica de comercialização. Em outras oportunidades já reconheceu essa necessidade de se estocar em determinado local e o remanejamento para sede e ou outro estabelecimento industrial da mesma pessoa jurídica, nesses casos os custos de transferência configura insumo necessário a atividade da empresa. Bem afirmou a Recorrente, o frete nesses casos de transferência possui o único objetivo é de concluir todas as etapas de produção, pois a soja colhida no campo e adquirida pela Interessada ainda não está pronta a comercialização, precisa passar por processo industrial, seja aquela destinada ao mercado interno, quanto as destinadas a exportação. Não pode esquecer, que tratase de agroindústria, cuja atividade industrial se refere ao processo de beneficiamento de grãos, seja de soja, trigo e milho, a secagem, limpeza, padronização e classificação dos grãos, deixa os produtos prontos a exportação, bem como, ao consumo humano ou animal. Fl. 345DF CARF MF 24 Considerando que a razão da glosa foi simplesmente pelo fato de tratarse de transferência entre estabelecimentos da mesma pessoa jurídica, sem análise apurada quanto ao destino dos insumos, inclino no sentido de afastar a glosa e reconhecer o direito quanto aos valores pagos a título de frete tomados de pessoas jurídicas constantes nas “Tabelas 04 e 06” que se refere a exclusão de transferência conforme demonstrado pela fiscalização. 1.4 – GLOSA DE VALOR PAGO DE FRETE NAS OPERAÇÕES DE COMPRA DE INSUMO QUE NÃO GERA DIREITO A CRÉDITO. Tratase de glosa de crédito oriundo do frete de transporte de mercadoria pago a pessoa jurídica nacional. No entendimento da fiscalização o fato dos insumos objeto do transporte não gerarem o direito a tomada, consequentemente, o frete também não pode gerar o direito. O motivo preponderante para glosar é simplesmente por tratarse de frete de operações de aquisições de fertilizantes e sementes submetidos à alíquota zero, inciso I e III do art. 1º da Lei nº 10.925/2004. Penso diferente, o evento da aquisição de produtos sujeitos à alíquotas zero não veda o direito de tomar crédito dos custos relativamente ao transporte desses produtos. Se a legislação prevê incidência à alíquota zero, mas não tem a amplitude de vedar outros créditos decorrentes de operações e prestações adquiridas por parte da Recorrente, que, por sua vez, está sujeita ao regime não cumulativo. Não se pode perder de vista que o inciso I e III do art. 1º da Lei nº 10.925/2004 realmente fixa alíquota igual a zero, sendo assim, para aqueles insumos veda o crédito de produto adquirido justamente porque essa operação não é tributada pelo PIS/COFINS, o que não ocorre com outras operações autônomas, e.g., frete e armazenagem, que são regularmente tributadas, não havendo razão jurídica nenhuma para não outorgarem o direito ao crédito. A esse respeito, calha trazer à colação ementa de decisão havida na Segunda Turma Ordinária, da Quarta Câmara, da Terceira Seção, veiculada no Acórdão no 3402 002.513, de relatoria do Conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho, que mediante raciocínio semelhante ao do presente processo, admitiu o crédito de frete e armazenagem de contribuinte que adquiriu tais prestações em cuja operação de venda estava sujeita ao regime monofásico: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/04/2008 a 30/06/2008 COFINS. INCIDÊNCIA NÃO CUMULATIVA. REVENDA DE PRODUTOS COM INCIDÊNCIA MONOFÁSICA. DESCONTO DE CRÉDITOS SOBRE DESPESAS COM FRETES NA OPERAÇÃO DE VENDA. POSSIBILIDADE. O distribuidor atacadista de mercadorias sujeitas ao regime monofásico de incidência das contribuições ao PIS/Pasep e à COFINS (produtos farmacêuticos, de perfumaria, de toucador e de higiene pessoal) não pode descontar créditos sobre os custos de aquisição vinculados aos referidos produtos, mas como está sujeito ao regime não cumulativo de apuração das citadas contribuições, tem o direito de descontar créditos relativos às despesas com frete nas operações de venda, quando por ele Fl. 346DF CARF MF Processo nº 13161.001787/200891 Acórdão n.º 3302003.277 S3C3T2 Fl. 60 25 suportadas na condição de vendedor, nos termos do art. 3°, IX, das Leis n°s. 10.637/2002 e 10.833/2003. Direito de Crédito Reconhecido. Recurso Voluntário Provido. A transferência direcionada a estabelecimentos da mesma pessoa jurídica com o objetivo de processamento gera direito a tomada de crédito sobre o dispêndio a título de frete, bem como, o frete decorrente da entrega de mercadorias vendidas, no caso resta patente que o ônus foi da cooperativa recorrente. Recentemente, em voto impa proferido pela Conselheira Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, 2ª T. 3ª Câmara, 2ª Seção, processo administrativo nº 10925.720202/201415, afastou glosa em caso semelhante. Considerando à ausência das “tabelas 04 e 06 nestes autos, confiante na consignação da fiscalização, afasto também glosa, para reconhecer o direito da tomada do crédito com base nos valores constante da tabela que serviu de base para exclusão dos valores relativos a operações de frete. 1.5 ALUGUEIS PESSOA JURÍDICA. A glosa procedida decorreu de análise da documentação apresentada e julgada insuficiente a comprovar todo custo de aluguéis registrados no DACON. A fiscalização elaborou a “TABELA 04””, concluiu tratarse de valores inferiores ao montante declarado pela Interessada. Nestes autos não se enxerga resistência a glosa, sendo assim, mantémse intacta a decisão de piso nesta parte. 1.6 CRÉDITO IMOBILIZADO (VALOR DA AQUISIÇÃO) A glosa ocorreu em decorrência da ausência de comprovação total do crédito pleiteado. Segundo consta do relatório fiscal, que o contribuinte fez prova apenas de parte dos créditos registrados no DACON provenientes de aquisição de imobilizado. Também não se vê resistência e tampouco irresignação com referência a essa glosa. 2. CRÉDITO PRESUMIDO DA AGROINDÚSTRIA. O crédito presumido apontado pelo contribuinte restou glosado ao fundamento da inexistência de comprovação da atividade agroindustrial, e, pela ausência de comprobação da destinação, isso é, se era para alimentação humana e/ou animal, conforme dispõe o art. 8º da Lei nº 10.925/2004. Consta que o contribuinte teria sido intimado para comprovar se os produtos fabricados foram destinados à alimentação humana ou animal. Em síntese teria a recorrente sido considerada tãosó cooperativa de produção agropecuária, para a qual existe a suspensão das contribuições, obrigandoa proceder o estorno dos créditos da não cumulatividade, e, não podendo apurar crédito presumido nos moldes ocorrido. Fl. 347DF CARF MF 26 Em resposta a posição do fisco, afirmou tratarse de produtos classificados no CAPÍTULOS 8 a 12 da NCM NOMENCLATURA COMUM DO MERCOSUL, por essa razão é considerada agroindústria. Endossa seu entendimento de que todas as Pessoas Jurídicas que produzam as mercadorias classificadas nas posições da NCM descritas no caput do art. 8º da Lei nº 10.825/2004, gozam do direito de descontar o crédito oriundo das aquisições de insumos, para tanto, basta produzir as mercadorias de origem animal ou vegetal, desde que classificadas conforme determina o art. 8º do mencionado diploma legal. A Interessada justifica sua condição agroindústria, sustentando tratarse de exportação de produtos submetidos a processo industrial, impõe, assim, buscarse a saber se o beneficiamento dispensado a soja, milho e o trigo enquadram no rol das mercadorias classificadas nos capítulos 8 a 12, da NCM. Não há dúvida de que os produtos agrícolas, soja, trigo e milho, passam por procedimento tecnológico de beneficiamento, embora em sua maior parte sejam exportados in natura. O beneficiamento de grãos e sementes é realizado por máquinas projetadas com base em uma ou mais características físicas do produto e dos contaminantes a serem retirados. O processo de secagem dos grãos visa melhor qualidade dos produtos, mantendo as propriedades físicoquímicas, permitindo acondicionamento e armazenagem resguardar qualidade. A pesquisa universitária divulgada notícias que o beneficiamento se revela etapa importante na qualidade dos grãos e sementes: “´´E na unidade de beneficiamento que o produto adquire, após a retirada de contaminantes como: sementes ou grãos imaturos, rachados ou partidos; sementes de ervas daninhas, material inerte, pedaços de plantas etc., as qualidades físicas, fisiológicas e sanitárias que possibilitam sua boa classificação em padrões e qualidade.” No processo de beneficiamento surge a padronização e classificação, essa última configura prática obrigatória em todos os segmentos de marcado, seja interno ou externo. A comercialização do produto depende do tratamento após colheita, tornando indispensável. Essa melhora busca a certificação, que constitui documento hábil para todas as transações. Em trabalho elaborado pela professora Maria A. B. Regitano d’Arce, Depto. Agroindústria e Nutrição ESALQ/USP, intitulado “PÓS COLHEITA E ARMAZENAMENTO DE GRÃOS” , colhe informação de suma importância: “Nos países desenvolvidos, os problemas de colheita, armazenamento e manuseio (secagem, limpeza, movimentação, etc.)de grãos, constituem objeto de estudo permanente, visando prolongar a vida comercial dos produtos. Uma prioridade das nações mais pobres deve ser a redução do trágico desperdício que se verifica a partir das colheitas, porfalta de silos adquados, secagem mal processada, transporte inadequado, controle de qualidade, etc. ...” Recentemente foi noticiado pela imprensa a união das duas maiores indústrias de beneficiamento da América Latina, Camil Alimentos, beneficiadora de arroz e Fl. 348DF CARF MF Processo nº 13161.001787/200891 Acórdão n.º 3302003.277 S3C3T2 Fl. 61 27 feijão e Cosan Alimentos, dona das marcas de varejo de açúcar união e da Barra, e, capitaneadas pela Gávea Investimentos. O destaque dáse em razão da união de duas maiores indústrias de beneficiamento, como se vê o beneficiamento é parte do processo industrial, necessariamente os produtos não precisam passar por transformações e resultar em produto novo. Sendo assim, não dúvida alguma de as atividades desenvolvidas pela Recorrente enquadraa na qualidade agroindústria e o benefício do art. 8º da Lei 10.925/2004. As informações trazidas colaboram para formação de juízo, não estão sujeitos a provas, os fatos que possuem presunção de legalidade, portanto, o beneficiamento configura uma etapa da industrialização, motivo pelo qual deve a interessada ser considerada agroindústria. De modo que resta assegurado pelo legislador ordinário o direito ao crédito presumido da Contribuição ao PIS e a COFINS em favor agroindústria, que realizar exportações, podendo compensar os referidos créditos com os débitos das contribuições ou com outros tributo dos desde que seja administrados pela Receita Federal. Nesse sentido os Acórdãos nºs 3102.002.231; 3402.002.113, que reconhece o direito, desnecessário tecer outros fundamentos, pois essa matéria encontra pacificado perante o CARF. Assim, reverter as glosas dos créditos procedido pela fiscalização. MANUTENÇÃO DE CRÉDITOS DE AQUISIÇÕES VINCULADO VENDA COM SUSPENSÃO, ISENÇÃO, ALÍQUOTA ZERO OU NÃO INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO PIS/COFINS. Outro ponto de discórdia se refere ao direito a manutenção do crédito previsto pelo art. 17 da Lei nº 11.033/2004. A glosa encontra consubstanciada ao fato de que a Lei 10.925/2004 exclui do conceito de agroindústria as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar produtos in natura de origem vegetal, por essa razão foram consideradas típicas de cerealista. Sustenta a Interessada, passado apenas cinco dias do inicio da vigência do parágrafo 4º do art. 8º da lei 10.925/2004, dispositivo que vedava às pessoas jurídicas o aproveitamento do crédito, foi derrogado pela Medida Provisória nº 206, de 06 de agosto de 2004, publicada em 09.08.2004. É verdade, a vedação foi afastada pela novel norma introduzida pela MP 206, convertida em Lei nº 11.033/2004, art. 17: “Art. 17. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/P ASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações” Em sendo, assim, inexiste óbice a manutenção de crédito proveniente de aquisições com suspensão, isenção, alíquota zero ou não incidência de contribuição para o PIS/Pasep e COFINS. Fl. 349DF CARF MF 28 Assim, impõe restabelecer esse direito de manutenção de crédito a Recorrente. DIREITO DE MANUTENÇÃO DE CRÉDITO VENDA A ASSOCIADOS INCLUSÃO À BASE DE CÁLCULO No que tange a manutenção do crédito vinculado as operações sujeitas à exclusões da base de cálculo da contribuição para o PIS e da Cofins referentes a Repasses aos associados, a fiscalização sustenta inexistência de previsão legal para a manutenção do direito ao crédito vinculado as operações, razão pela qual ocorreu a glosa. É de conhecimento geral com o advento da Medida Provisória 2.15835 de 2001, a sociedades cooperativas passaram a ser tributadas sobre a totalidade de suas receitas conforme encontra disciplinado pela Lei nº 9.718 de 1998. Restou assegurado, tanto pela Lei nº 9718, bem como, as seguintes, o direito de excluir da base de cálculo uma série de itens. Exclusão de receitas da base de cálculo só deve acontecer quando encontrar respaldada por permissivo legal, por essa razão a lei descreve minunciosamente os caso em que se autoriza as exclusões. Nesse mesmo sentido o conjunto de leis norteadoras da incidência da Contribuição Social para o PIS/PASEP e a COFINS, são explícitas em relação aos créditos, não deixam dúvida que só podem ser utilizados para desconto dos valores da contribuição apurados sobre as receitas sujeitas à incidência não cumulativa. Todas as vezes que a intenção do legislador foi no sentido de se manter o crédito, menciona com clareza, pois os créditos em si não ensejam compensação ou restituição, salvo expressa disposição legal. O exemplo mais comum é o crédito apurado em relação a custos, despesas e encargos vinculados à receita de exportação, manifestamente a legislação pertinente autoriza. No caso específico tratase negócio com o associado da cooperativa, também possui caráter de alienação, assim sendo, encontra respaldo legal na norma prevista pelo art. 17º da Lei 11.033/2004, que se refere a operação de venda: “Art. 17. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações” Sendo assim, é cabível se cogitar da possibilidade de manutenção de créditos nessas operações tendo por base o disposto no art. 17 da Lei nº 11.033/2004, a manutenção de créditos da contribuição, nas hipóteses autorizadas por lei, tem por pressupostos necessários a possibilidade legal do respectivo crédito, é vedado quando não se verificando esses pressupostos. Assim, dou provimento para modificar a decisão recorrida e assegurar o direito de manutenção do crédito. APLICAÇÃO DA TAXA SELIC DECORRENTE DE ÓBICE DA ADMINISTRAÇÃO. No tocante à aplicação da taxa SELIC sobre os créditos após o ingresso do pedido de compensação, não há, na legislação, dispositivo que reconheça aludido direito, mas o Superior Tribunal de Justiça, por meio do Recurso Especial no 1.037.847RS, julgado na Fl. 350DF CARF MF Processo nº 13161.001787/200891 Acórdão n.º 3302003.277 S3C3T2 Fl. 62 29 sistemática dos Recurso Repetitivos (artigo 543C do CPC), reconheceu a correção monetária dos créditos quando há oposição do Fisco, in verbis: PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IP. PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE. EXERCÍCIO DO DIREITO DE CRÉDITO POSTERGADO PELO FISCO. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE CRÉDITO ESCRITURAL. CORREÇÃO MONETÁRIA. INCIDÊNCIA. 1. A correção monetária não incide sobre os créditos de IPI decorrentes do princípio constitucional da nãocumulatividade (créditos escriturais), por ausência de previsão legal. 2. A oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, impedindo a utilização direto de crédito oriundo da aplicação do princípio da nãocumulatividade, descaracteriza referido crédito como escritural, assim considerado aquele oportunamente lançado pelo contribuinte em sua escrita contábil. 3. Destarte, a vedação legal ao aproveitamento do crédito impele o contribuinte a socorrerse do Judiciário, circunstância que acarreta demora no reconhecimento do direto pleiteado, dada a tramitação normal dos feitos judiciais. 4. Consectariamente, ocorrendo a vedação ao aproveitamento desses créditos, com consequente ingresso no Judiciário, postergase o reconhecimento do direito pleiteado, exsurgindo lídima necessidade de atualizálos monetariamente, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco (Precedentes da Primeira Seção: REsp 490.547/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.09205, DJ 10.205; REsp 613.97/RS, Rel. Ministro José Delgado, julgado em 09.1205, DJ 05.1205; REsp 495.3/PR, Rel. Ministra Denise Arruda, julgado em 27.09206, DJ 23.10206; REsp 52.796/PR, Rel. Ministro Herman Benjamin, julgado em 08.1206, DJ 24.09207; REsp 430.498/RS, Rel. Ministro Humberto Martins, julgado em 26.03208, DJe 07.4208; e REsp 605.921/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavscki, julgado em 12.1208, DJe 24.1208). 5. Recurso especial da Fazenda Nacional desprovido. Acórdão submetido a regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/208. Desse modo, tendo havido oposição do Fisco à compensação, sendo que houve o reconhecimento de um item controverso em favor da Recorrente, devese aplicar a correção monetária sobre os créditos da Recorrente, em conformidade com o julgado cuja ementa foi acima transcrita, resultante de julgamento de Recurso Repetitivo, que o CARF está obrigado a observar, por conta de seu Regimento Interno. Diante do exposto, conheço do recurso e dou provimento parcial para: 1 em relação a glosa dos créditos básicos, restabelecer somente o direito aos valores dos créditos calculados sobre o custo de aquisição (i) dos insumos, relativos às notas Fl. 351DF CARF MF 30 fiscais de nºs 112421, 13951, 40721 e 7331, e (ii) da energia de elétrica, exceto das notas fiscais de nºs 27643, 987063 e 541925; 2 afastar, também, glosa dos valores pagos a título de frete tomados de pessoas jurídicas constantes nas “Tabelas 04 e 06”, que se refere à exclusão de transferência entre estabelecimento, conforme demonstrado pela fiscalização; 3 reconhecer o direito da tomada do crédito com base nos valores constante da tabela que serviu de base para exclusão dos valores relativos a operações de frete, cujos insumos adquiridos não geram créditos; 4 – reconhecer o direito do credito presumido, por tratarse de agroindústria; 5 afastar glosa e manter o crédito proveniente de aquisições vinculado a venda com suspensão, isenção, alíquota zero ou não incidência de contribuição para o PIS/Pasep e COFINS; 6 – tornar sem efeito glosa dos créditos das aquisições de mercadorias vendidas aos associados da cooperativa; 7 – reconhecer o direito aplicação da Taxa Selic tendo em razão ter havido oposição do Fisco à compensação/restituição. Domingos de Sá Filho Voto Vencedor Conselheiro José Fernandes do Nascimento, Redator Designado. Inicialmente, cabe consignar que a controvérsia cingese (i) a glosa de créditos básicos e agroindustriais da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, (ii) restrições quanto a forma de utilização do crédito presumido agroindustrial e (iii) não incidência de taxa Selic sobre a parcela do crédito pleiteado. A) DA ANÁLISE DOS CRÉDITO GLOSADOS As glosas dos créditos básicos foram motivadas por falta de comprovação, falta de cumprimento de requisitos legais e por falta de amparo legal, conforme a seguir demonstrado. De acordo com a conclusão apresentada no Relatório Fiscal colacionado aos autos, a seguir parcialmente reproduzida, os créditos não admitidos foram motivados por: I. Glosa parcial dos créditos básicos decorrentes de aquisição de insumos, energia elétrica, aluguéis de pessoa jurídica, fretes e aquisições do imobilizado, (Tabela 04); II. Glosa integral do valor referente ao crédito presumido da atividade agroindustrial por NÃO restar comprovado que a contribuinte exerceu atividade agroindustrial, bem como, pela ausência de comprovação da destinação à alimentação humana ou animal, nos termos do art. 8º da Lei nº 10.925/2004 (Tabela 04); Fl. 352DF CARF MF Processo nº 13161.001787/200891 Acórdão n.º 3302003.277 S3C3T2 Fl. 63 31 III. Estorno dos créditos decorrentes das saídas com suspensão da incidência da contribuição para Pis e da Cofins (inciso II, § 4o, art. 8º – da Lei nº 10.925/2004 Tabela 03 e 04); IV. Glosa integral dos créditos decorrente da proporção de saídas sujeita a alíquota zero, considerando que as operações realizadas estavam efetivamente sujeitas à exclusão da base de cálculo e, por decorrência, inexiste suporte legal para a manutenção de crédito (art. 17 da Lei nº 11.033/2004 – Tabela 03 e 04); V. Glosa integral dos créditos decorrentes da proporção de saídas não tributadas decorrentes de operações sujeitas à exclusão de base de cálculo, considerando a ausência de suporte legal para a manutenção de crédito (art. 17 da Lei nº 11.033/2004 Tabela 03 e 04); [...]. O órgão colegiado de primeiro grau manteve, integralmente, as referidas glosas, com base nos mesmos fundamentos aduzidos na citado relatório fiscal. Inconformada com o resultado do citado julgamento, no recurso voluntário em apreço, a recorrente contesta a manutenção das referidas glosas. Assim, uma vez apresentadas as razões gerais da controvérsia, a seguir serão apreciadas apenas as questões específicas, para as quais este Conselheiro foi designado redator, a saber: a) em relação aos créditos básicos, a totalidade da glosa das despesas com fretes relativos às operações de transferência entre estabelecimentos e de compras sujeitas à alíquota zero; b ) crédito presumido agroindustrial. I) DA GLOSA DOS CRÉDITOS BÁSICOS. A glosa parcial dos créditos básicos realizada pela fiscalização está relacionada a: a) parte das aquisições de bens utilizados como insumos de fabricação de bens destinados à venda não comprovadas; b) parte do custo de aquisição de energia elétrica não comprovada; c) parte das despesas com aluguéis da pessoa jurídica não comprovada; d) a totalidade das despesas com fretes relativos às operações de transferência e de compras, por falta de amparo legal; e e) parte dos encargos de depreciação de bens do ativo imobilizado não comprovada. Aqui será analisada apenas a questão referente à totalidade da glosa das despesas com fretes nas operações de (i) transferências de mercadorias entre estabelecimentos da contribuinte e (ii) de compras de mercadorias que não geraram direito a crédito das referidas contribuições (compra de fertilizantes e sementes, sujeitos à alíquota zero). De acordo com citado relatório fiscal, por falta de amparo legal, a fiscalização procedeu a glosa da totalidade das despesas com fretes relativos às operações de transferência e de compras, discriminadas nas Tabelas de nº 04 e 06, integrante do processo nº 10010.031138/041361 (dossiê memorial), a este processo apensado. No entendimento da fiscalização, gera direito ao crédito da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins somente o valor do frete contratado para o transporte de mercadorias diretamente para entrega ao consumidor final e desde que o ônus seja suportado pelo vendedor, Fl. 353DF CARF MF 32 bem como os gastos com frete sobre as operações de compras de bens que geram direito a crédito, quando o comprador assume ônus com o frete, cujo valor integra o custo de aquisição dos bens. De outra parte, não gera direito a crédito os gastos com frete relativos aos serviços de transportes prestados: a) nas transferências de mercadorias entre estabelecimentos da contribuinte, que implicam mero deslocamento das mercadorias com o intuito de facilitar a entrega dos bens aos futuros compradores; e b) nas compras de mercadorias que não geram direito a crédito das referidas contribuições, no caso, nas operações de compra de fertilizantes e sementes, sujeitos à alíquota zero, conforme art. 1º, I e III, da Lei 10.925/2004. O entendimento da fiscalização está em consonância com o entendimento deste Relator explicitado no voto condutor do acórdão nº 3302003.207, de onde se extrai os excertos pertinentes, que seguem transcritos: No âmbito da atividade comercial (revenda de bens), embora não exista expressa previsão legal, a partir da interpretação combinada do art. 3°, I e § 1°, I, das Leis 10.637/2002 e 10.833/20031, com o art. 289 do Decreto 3.000/1999 (Regulamento do Imposto de Renda de 1999 RIR/1999), é possível extrair o fundamento jurídico para a apropriação dos créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins calculados sobre o valor dos gastos com os serviços de transporte de bens para revenda, conforme se infere dos trechos relevantes dos referidos preceitos normativos, a seguir transcritos: Lei 10.833/2003: Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: I bens adquiridos para revenda, [...]; [...]§ 1o Observado o disposto no § 15 deste artigo, o crédito será determinado mediante a aplicação da alíquota prevista no caput do art. 2º desta Lei sobre o valor: I dos itens mencionados nos incisos I e II do caput, adquiridos no mês; [...] (grifos não originais) RIR/1999: Art. 289. O custo das mercadorias revendidas e das matériasprimas utilizadas será determinado com base em registro permanente de estoques ou no valor dos estoques existentes, de acordo com o Livro de Inventário, no fim do período de apuração (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 14). 1 Por haver simetria entre os textos dos referidos diplomas lgais, aqui será reproduzido apenas os preceitos da Lei 10.833/2003, por ser mais completa e, em relação aos dispositivos específicos, haver remissão expressa no seu art. 15 de que eles também se aplicam à Contribuição para o PIS/Pasep disciplinada na Lei 10.637/2002. Fl. 354DF CARF MF Processo nº 13161.001787/200891 Acórdão n.º 3302003.277 S3C3T2 Fl. 64 33 §1º O custo de aquisição de mercadorias destinadas à revenda compreenderá os de transporte e seguro até o estabelecimento do contribuinte e os tributos devidos na aquisição ou importação (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 13). [...] (grifos não originais) Com base no teor dos referidos preceitos legais, podese afirmar que o valor do frete, relativo ao transporte de bens para revenda, integra o custo de aquisição dos referidos bens e somente nesta condição compõe a base cálculo dos créditos das mencionadas contribuições. Assim, somente se o custo de aquisição dos bens para revenda propiciar a apropriação dos referidos créditos, o valor do frete no transporte dos correspondentes bens, sob a forma de custo de aquisição, também integrará a base de cálculo dos créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins não cumulativas. Em contraposição, se sobre o valor do custo de aquisição dos bens para revenda não for permitida a dedução dos créditos das citadas contribuições (bens adquiridos de pessoas físicas ou com fim específico de exportação, por exemplo), por ausência de base cálculo, também sobre o valor do frete integrante do custo de aquisição desses bens não é permitida a apropriação dos citados créditos. Neste caso, apropriação de créditos sobre o valor do frete somente seria permitida se houvesse expressa previsão legal que autorizasse a dedução de créditos sobre o valor do frete na operação de compra de bens para revenda, o que, sabidamente, não existe. [...] Em suma, chegase a conclusão que o direito de dedução dos créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, calculados sobre valor dos gastos com frete, são assegurados somente para os serviços de transporte: a) de bens para revenda, cujo valor de aquisição propicia direito a créditos, caso em que o valor do frete integra base de cálculo dos créditos sob forma de custo de aquisição dos bens transportados (art. 3º, I, da Lei 10;637/2002, c/c art. 289 do RIR/1999); b) de bens utilizados como insumos na prestação de serviços e produção ou fabricação de bens destinados à venda, cujo valor de aquisição propicia direito a créditos, caso em que o valor do frete integra base de cálculo dos créditos como custo de aquisição dos insumos transportados (art. 3º, II, da Lei 10;637/2002, c/c art. 290 do RIR/1999); c) de produtos em produção ou fabricação entre unidades fabris do próprio contribuinte ou não, caso em que o valor do frete integra a base de cálculo do crédito da contribuição como serviço de transporte utilizado como insumo na produção ou Fl. 355DF CARF MF 34 fabricação de bens destinados à venda (art. 3º, II, da Lei 10;637/2002); e d) de bens ou produtos acabados, com ônus suportado do vendedor, caso em que o valor do frete integra a base de cálculo do crédito da contribuição como despesa de venda (art. 3º, IX, da Lei 10.637/2002). Enfim, cabe esclarecer que, por falta de previsão legal, o valor do frete no transporte dos produtos acabados entre estabelecimentos da mesma pessoa jurídica (entre matriz e filiais, ou entre filiais, por exemplo), não geram direito a apropriação de crédito das referidas contribuições, porque tais operações de transferências (i) não se enquadra como serviço de transporte utilizado como insumo de produção ou fabricação de bens destinados à venda, uma vez que foram realizadas após o término do ciclo de produção ou fabricação do bem transportado, e (ii) nem como operação de venda, mas mera operação de movimentação dos produtos acabados entre estabelecimentos, com intuito de facilitar a futura comercialização e a logística de entrega dos bens aos futuros compradores. O mesmo entendimento, também se aplica às transferência dos produtos acabados para depósitos fechados ou armazéns gerais. 2 Com base nesse entendimento, rejeitase as alegações da recorrente de que gerava direito ao crédito das referidas contribuições o custo com o frete no transporte relativo a: a) transferências das mercadorias entre estabelecimentos, porque representava uma etapa intermediária da operação de venda e para exportação, logo, tais despesas, quando suportadas pela recorrente, eram complementares as despesas com fretes sobre vendas no ato da entrega da mercadoria ao adquirente; e b) das compras das mercadorias sujeitas a alíquota zero, porque os fretes sobres essas compras estavam oneradas pelas citadas contribuições, estando desta forma onerado o custo final da aquisição da mercadoria, pelos gravames na proporção do custo com fretes sobre tais aquisições. Por essas considerações, por falta de amparo legal, deve ser mantida integralmente as glosas dos referidos créditos, conforme determinado pela fiscalização. II) DA GLOSA DO CRÉDITO PRESUMIDO AGROINDUSTRIAL. A falta de amparo legal foi o motivo da glosa do valor integral do crédito presumido agroindustrial apropriado pela recorrente no período fiscalizado. Segundo a fiscalização, a recorrente não exercia a atividade de cooperativa de produção agroindustrial e não comprovara que os produtos por ela exportados foram destinados à alimentação humana ou animal, conforme exigência determinada no art. 8º da Lei 10.925/2004, que segue transcrito: Art. 8º As pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal, classificadas nos capítulos 2, 3, exceto os produtos vivos desse capítulo, e 4, 8 a 12, 15, 16 e 23, e nos códigos 03.02, 03.03, 03.04, 03.05, 0504.00, 0701.90.00, 0702.00.00, 0706.10.00, 07.08, 0709.90, 07.10, 07.12 a 07.14, exceto os códigos 0713.33.19, 0713.33.29 e 0713.33.99, 1701.11.00, 1701.99.00, 1702.90.00, 18.01, 18.03, 1804.00.00, 1805.00.00, 20.09, 2 BRASIL. CARF. 2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 3ª Seção. Ac. 3302003.207, Rel. Cons. José Fernandes do Nascimento, Sessão de 19 mai 2016. Fl. 356DF CARF MF Processo nº 13161.001787/200891 Acórdão n.º 3302003.277 S3C3T2 Fl. 65 35 2101.11.10 e 2209.00.00, todos da NCM, destinadas à alimentação humana ou animal, poderão deduzir da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do caput do art. 3º das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e10.833, de 29 de dezembro de 2003, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física. (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) § 1º O disposto no caput deste artigo aplicase também às aquisições efetuadas de: I cerealista que exerça cumulativamente as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar os produtos in natura de origem vegetal, classificados nos códigos 09.01, 10.01 a 10.08, exceto os dos códigos 1006.20 e 1006.30, 12.01 e 18.01, todos da NCM;3 (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) II pessoa jurídica que exerça cumulativamente as atividades de transporte, resfriamento e venda a granel de leite in natura; e III pessoa jurídica que exerça atividade agropecuária e cooperativa de produção agropecuária. (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) § 2º O direito ao crédito presumido de que tratam o caput e o § 1º deste artigo só se aplica aos bens adquiridos ou recebidos, no mesmo período de apuração, de pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no País, observado o disposto no § 4o do art. 3o das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003. [...] Da leitura do referido preceito legal, extraise que não são todos os produtos de origem animal ou vegetal nele relacionados que proporcionam o direito de apropriação de crédito presumido agroindustrial, mas apenas aqueles destinados à alimentação humana ou animal. Segundo a fiscalização, a recorrente não exercia atividade de cooperativa de produção agroindustrial, mas de cooperativa de produção agropecuária, uma vez que a sua atividade econômica limitavase a “limpar, padronizar, armazenar e comercializar produtos in natura”, atividade típica de cerealista, que a própria Lei 10.925/2004 havia excluído do conceito de agroindústria. Para melhor análise, transcrevese os excertos pertinentes extraídos do relatório fiscal: Através do Termo de Intimação Fiscal 003, a contribuinte foi intimada a comprovar que exerceu a atividade de produção de mercadorias (agroindústria). Em resposta a intimação fiscal, a contribuinte descreveu o processo produtivo realizado que pode 3 A atual redação do inciso é a seguinte: "I cerealista que exerça cumulativamente as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar os produtos in natura de origem vegetal classificados nos códigos 09.01, 10.01 a 10.08, exceto os dos códigos 1006.20 e 1006.30, e 18.01, todos da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM);" (Redação dada pela Lei nº 12.865, de 2013) Fl. 357DF CARF MF 36 ser sintetizado nas seguintes etapas: 1º ETAPA: Recebimento e Classificação; 2º ETAPA – Descarga das Mercadorias; 3º ETAPA – Prélimpeza dos Grãos; 4º ETAPA – Secagem; 5º ETAPA – Póslimpeza; 6º Armazenagem e Controle de Qualidade; 7º ETAPA Expedição. As etapas produtivas descritas subsumemse as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar produtos in natura. A própria Lei 10.925/2004 excluiu do conceito de agroindústria as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar produtos in natura de origem vegetal. Referidas atividades foram consideradas típicas de cerealista, sendolhe vedado apurar o mencionado crédito presumido (§ 4º, art. 8º da Lei 10.925/2004). Para a fiscalização, para que fosse considerada cooperativa de produção agroindustrial, a recorrente deveria receber a produção de seu cooperado, industrializála e vender o produto industrializado, o que não fora feito. De outra parte, a contribuinte alegou que desenvolve o processo produtivo/atividade econômica de beneficiamento, por meio do qual eram alteradas as características originais e obtidos os grãos aperfeiçoados/beneficiados a serem comercializados/exportados. Nos excertos a seguir transcritos, a recorrente expõe as razões pelas quais entende que fazia jus ao crédito presumido em questão: As aquisições de matériasprimas (produtos resultantes da atividade rural) realizadas junto a pessoas físicas ou jurídicas com suspensão, são os insumos necessários para a obtenção das mercadorias soja beneficiada, trigo beneficiado, e milho beneficiado, classificados na NCM respectivamente nos capítulos 12 e 10. Não há que se falar em mercadorias classificadas nos capítulos 12, 10, da NCM, sem que tenhamos as matériasprimas provenientes da atividade rural, que são o principal "insumo" destas mercadorias. Como se vê, as mercadorias comercializadas/exportadas pela recorrente são por ela produzidas. E, diante de mecânica do PIS e da COFINS nãocumulativa, tem fundamento para apuração o crédito presumido, no inciso II do artigo 3º das leis 10.637/2002 e art. 3º da lei 10.833/2003 combinado com o Caput do artigo 8º da lei 10.925/2004. Do cotejo entre o entendimento da fiscalização e o da recorrente, fica evidenciado que o cerne da controvérsia reside no tipo da atividade exercida pela recorrente, ou seja, se a atividade por ela exercida era de produção agroindustrial ou, simplesmente, de produção agropecuária. A Lei 10.925/2004 não contém a definição da atividade de produção agroindustrial nem da atividade de cooperativa de produção agropecuária, no entanto, nos termos do art. 9º, § 2º, atribuiu à RFB a competência para regulamentar a matéria. E com base nessa competência, por meio da Instrução Normativa SRF 660/2006, o Secretário da RFB definiu a atividade de produção agroindustrial no art. 6º, I, da referida Instrução Normativa, a seguir transcrito: Art. 6º Para os efeitos desta Instrução Normativa, entendese por atividade agroindustrial: Fl. 358DF CARF MF Processo nº 13161.001787/200891 Acórdão n.º 3302003.277 S3C3T2 Fl. 66 37 I a atividade econômica de produção das mercadorias relacionadas no caput do art. 5º, excetuadas as atividades relacionadas no art. 2º da Lei nº 8.023, de 1990; e [...] As atividades de produção de que trata o art. 2º4 da Lei 8.023/1990, são as atividades rurais típicas, não exercidas pela recorrente, conforme se infere dos elementos coligidos aos autos. E as mercadorias comercializadas/exportadas pela recorrente encontramse mencionadas no art. 5º, I, “d”, da citada Instrução Normativa, que, no período de apuração dos créditos, tinha a seguinte redação: Art. 5º A pessoa jurídica que exerça atividade agroindustrial, na determinação do valor da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins a pagar no regime de nãocumulatividade, pode descontar créditos presumidos calculados sobre o valor dos produtos agropecuários utilizados como insumos na fabricação de produtos: I destinados à alimentação humana ou animal, classificados na NCM: [...] d) nos capítulos 8 a 12, 15 e 16; 5 [...](grifos não originais) No período de apuração dos créditos presumidos em apreço, os produtos exportados pela recorrente foram grãos de milho, classificados no código NCM 1005.90.10, e grãos de soja, classificados no código NCM 1201.90.00. Portanto, inequivocamente, produtos pertencentes aos capítulos 8 a 12 da NCM. Além disso, inexiste controvérsia quanto ao fato de que tais produtos foram submetidos a processo de classificação, limpeza, secagem e armazenagem, conforme se extrai da descrição do processo produtivo apresentada pela própria recorrente. Porém, embora esse processo seja denominado de beneficiamento de grãos, ele não se enquadra na modalidade de industrialização, denominada de beneficiamento, que se encontra definida no art. 4º, II, do Decreto 7.212/2010 (RIPI/2010), porque, apesar de serem submetidos ao citado processo de “beneficiamento”, os grãos de milho e soja exportados pela recorrente permanecerem na 4 "Art. 2º Considerase atividade rural: I a agricultura; II a pecuária; III a extração e a exploração vegetal e animal; IV a exploração da apicultura, avicultura, cunicultura, suinocultura, sericicultura, piscicultura e outras culturas animais; V a transformação de produtos decorrentes da atividade rural, sem que sejam alteradas a composição e as características do produto in natura, feita pelo próprio agricultor ou criador, com equipamentos e utensílios usualmente empregados nas atividades rurais, utilizando exclusivamente matériaprima produzida na área rural explorada, tais como a pasteurização e o acondicionamento do leite, assim como o mel e o suco de laranja, acondicionados em embalagem de apresentação. (Redação dada pela Lei nº 9.250, de 1995) Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica à mera intermediação de animais e de produtos agrícolas." (Incluído pela Lei nº 9.250, de 1995) 5 A redação autualmente vigente tem o seguinte teor: "d) nos capítulos 8 a 12, e 15, exceto os códigos 0901.1 e 1502.00.1;" (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1223, de 23 de dezembro de 2011) Fl. 359DF CARF MF 38 condição de produtos in natura e, portanto, com a anotação NT (Não Tributado) na Tabela de Incidência do IPI (TIPI), o que os exclui da condição de produtos industrializados e, portanto, fora do campo de incidência do imposto, nos termos do parágrafo único do art. 2º do RIPI/2010. Aliás, em relação ao IPI, a vedação de apropriação de créditos sobre insumos utilizados na produção de produtos com a anotação NT na TIPI foi objeto da Súmula CARF nº 20, que tem o seguinte teor, in verbis: “Não há direito aos créditos de IPI em relação às aquisições de insumos aplicados na fabricação de produtos classificados na TIPI como NT.” Assim, por se tratar de comercialização/exportação de produto in natura, a atividade de produção realizada pela recorrente representa típica atividade de beneficiamento de produtos agropecuários, que não se caracteriza como operação de industrialização, conforme definido na legislação do IPI, mas atividade de beneficiamento de produtos in natura de origem vegetal (grãos), conforme definição estabelecida no art. 3º, § 1º, III, da Instrução Normativa SRF 660/2006, a seguir transcrito: Art. 3º A suspensão de exigibilidade das contribuições, na forma do art. 2º, alcança somente as vendas efetuadas por pessoa jurídica: I cerealista, no caso dos produtos referidos no inciso I do art. 2º; II que exerça cumulativamente as atividades de transporte, resfriamento e venda a granel, no caso do produto referido no inciso II do art. 2º; e III que exerça atividade agropecuária ou por cooperativa de produção agropecuária, no caso dos produtos de que tratam os incisos III e IV do art. 2º. § 1º Para os efeitos deste artigo, entendese por: I cerealista, a pessoa jurídica que exerça cumulativamente as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar produtos in natura de origem vegetal relacionados no inciso I do art. 2º; II atividade agropecuária, a atividade econômica de cultivo da terra e/ou de criação de peixes, aves e outros animais, nos termos do art. 2º da Lei nº 8.023, de 12 de abril de 1990; e III cooperativa de produção agropecuária, a sociedade cooperativa que exerça a atividade de comercialização da produção de seus associados, podendo também realizar o beneficiamento dessa produção. [...] (grifos não originais) Assim, com base nas referidas definições e tendo em conta que a atividade da recorrente limitase a mero beneficiamento dos grãos de milho e soja exportados, chegase a conclusão de que a recorrente não exerce a atividade de cooperativa de produção agroindustrial, mas de cooperativa de produção agropecuária. E no âmbito da cooperativa de produção agropecuária, a diferenciação entre a atividade de beneficiamento e atividade de industrialização encontrase nitidamente Fl. 360DF CARF MF Processo nº 13161.001787/200891 Acórdão n.º 3302003.277 S3C3T2 Fl. 67 39 evidenciada, por exemplo, no art. 15, IV, da Medida Provisória 2.15835/2001, a seguir reproduzido: Art. 15. As sociedades cooperativas poderão, observado o disposto nos arts. 2o e 3o da Lei no 9.718, de 1998, excluir da base de cálculo da COFINS e do PIS/PASEP: [...] IV as receitas decorrentes do beneficiamento, armazenamento e industrialização de produção do associado; [...] (grifos não originais) Outro dado relevante que ratifica a conclusão de que a recorrente exercia a atividade de produção agropecuária, em vez da atividade de produção agroindustrial, está no fato de ela ter declarado, nos respectivos Dacon do período de apuração (fls. 131/154 do citado processo nº 10010.031138/041361), as receitas de venda no mercado interno dos referidos produtos de origem vegetal sob regime de suspensão6, regime de tributação não aplicável às cooperativas de produção agroindustrial, mas às cooperativas de produção agropecuária, nos termos do art. 9º, III, da Lei 10.925/2004, a seguir transcrito: Art. 9º A incidência da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins fica suspensa no caso de venda: (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) I de produtos de que trata o inciso I do § 1odo art. 8odesta Lei, quando efetuada por pessoas jurídicas referidas no mencionado inciso;(Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) II de leite in natura, quando efetuada por pessoa jurídica mencionada no inciso II do § 1odo art. 8odesta Lei; e(Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) III de insumos destinados à produção das mercadorias referidas no caput do art. 8º desta Lei, quando efetuada por pessoa jurídica ou cooperativa referidas no inciso III do § 1º do mencionado artigo. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) [...] (grifos não originais) Assim, se acatada a pretensão da recorrente, o que se admite apenas por hipótese, ela seria duplamente beneficiada, pois, além de não submeter a tributação das referidas contribuições a receita da venda dos produtos de origem vegetal comercializados no mercado interno, ainda se apropriaria, indevidamente, do valor do crédito normal vinculado às referidas receitas, o que é expressamente vedado pelo art. 8º, § 4º, II, da Lei 10.925/2004, a seguir analisado. Não se pode olvidar que a dedução de tais créditos somente é assegurada às cooperativas de produção agroindustrial, cujas receitas de venda dos produtos fabricados com 6 Os valores e o percentual de participação da receita submetida ao regime de suspensão encontramse discriminados na Tabelas de nº 03 (fls. 644/645), integrante do processo nº 10010.031138/041361 (dossiê memorial), apenso a este processo. Fl. 361DF CARF MF 40 insumos de origem vegetal, realizadas no mercado interno, sujeitamse ao regime de tributação normal das citadas contribuições. Também não procede a alegação da recorrente de que processo produtivo de grãos encontravase disciplinado na Lei 9.972/2000 e regulamentado pelo Decreto 6.268/2007 e pelas Instruções Normativas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, pois, diferentemente do alegado, os referidos diplomas normativos não tratam de processo produtivo de grãos, mas da classificação dos produtos vegetais, incluindo a classificação dos grãos. Dada essa finalidade específica, certamente, tais preceitos normativos não têm qualquer relevância para a definição do tipo de processo produtivo realizado pela recorrente, para fins de atribuição da forma de incidência das referidas contribuições. Portanto, fica demonstrado que se trata de alegação estranha ao objeto da controvérsia em apreço. Dessa forma, por se caracterizar como cooperativa de produção agropecuária, independentemente da destinação dos produtos produzidos e comercializados (se destinada ou não à alimentação humana ou animal), a recorrente não faz jus ao aproveitamento do crédito presumido em apreço, conforme determina o art. 8º, § 4º, I, da Lei 10.925/2004, a seguir transcrito: Art. 8º [...] § 1º O disposto no caput deste artigo aplicase também às aquisições efetuadas de: [...] III pessoa jurídica que exerça atividade agropecuária e cooperativa de produção agropecuária. (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) [...] § 4º É vedado às pessoas jurídicas de que tratam os incisos I a III do § 1º deste artigo o aproveitamento: I do crédito presumido de que trata o caput deste artigo; II de crédito em relação às receitas de vendas efetuadas com suspensão às pessoas jurídicas de que trata o caput deste artigo. (grifos não originais) Com base nessas considerações, deve ser mantida a glosa integral dos créditos presumidos agroindustriais, indevidamente apropriados pela recorrente. III) DO INDEFERIMENTO DOS CRÉDITOS VINCULADAS ÀS OPERAÇÕES NÃO TRIBUTADAS REALIZADAS NO MERCADO INTERNO. De acordo com relatório fiscal e os dados apresentados nas Tabelas de nºs 03 e 04 (fls. 643/653), integrantes do processo nº 10010.031.138/041361 (dossiê memorial), a fiscalização propôs o deferimento apenas dos valores dos créditos básicos vinculados às receitas de exportação. No que tange aos créditos básicos vinculados às receitas de venda realizadas no mercado interno, a fiscalização manifestouse pelo indeferimento integral, sob o argumento de que tais operações de aquisição estavam vinculadas às receitas de venda no mercado interno não sujeitas à tributação, especificamente, as receitas de venda com suspensão e sujeitas à Fl. 362DF CARF MF Processo nº 13161.001787/200891 Acórdão n.º 3302003.277 S3C3T2 Fl. 68 41 alíquota zero, bem como as exclusões da base de cálculo permitidas, exclusivamente, às sociedades cooperativas, efetivamente utilizadas. Aqui serão analisadas apenas as questões atinentes às receitas (i) das vendas com suspensão e (ii) das vendas excluídas da base de cálculo. III.1) Do Indeferimento dos Créditos Vinculados às Receitas das Vendas Com Suspensão. Segundo a fiscalização, na condição de cooperativa agropecuária de produção, as operações de venda realizadas pela recorrente no mercado interno estavam amparadas pela regime de suspensão da incidência da Contribuição para PIS/Pasep e da Cofins, nos termos do art. 9º da Lei 10.925/2004, em decorrência, ela deveria ter providenciado o estorno dos correspondentes créditos, conforme determinação expressa no inciso II do § 4º do art. 8º do citado diploma legal. Art. 8º [...] § 4º É vedado às pessoas jurídicas de que tratam os incisos I a III do § 1º deste artigo o aproveitamento: I do crédito presumido de que trata o caput deste artigo; II de crédito em relação às receitas de vendas efetuadas com suspensão às pessoas jurídicas de que trata o caput deste artigo. [...] (grifos não originais) Por sua vez, a recorrente alegou que a restrição contida no citado preceito legal fora revogada pelo art. 17 da Lei 11.033/2004, nos termos do § 1º do art. 2º da Lei 4.657/1942 (Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro), a seguir transcrito: Art. 2º Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. § 1º A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. § 2º A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior. § 3º Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência. Sem razão a recorrente, porque, embora tenha entrado em vigor posteriormente, o novo preceito legal não é incompatível e tampouco regula inteiramente a matéria disciplinada no art. 8º da Lei 10.925/2004, que instituiu o crédito presumido agroindustrial e as vedações às manutenções tanto do referido crédito presumido quanto dos créditos vinculados as receitas de venda efetuadas com suspensão por pessoa jurídica que exerça atividade agropecuária e por cooperativa de produção agropecuária. Diferentemente do alegado, como o citado art. 17 da Lei 11.033/2004 instituiu norma de nítido caráter geral sobre manutenção, pelo vendedor, dos créditos Fl. 363DF CARF MF 42 vinculados às operações de vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, ao caso em apreço, aplicase o disposto no § 2º do art. 2º da Lei 4.657/1942, que determina que a lei nova não revoga nem modifica a lei anterior. Dessa forma, uma vez demonstrado que o inciso II do § 4º do art. 8º da Lei 10.925/2004 estava em plena vigência no período de apuração dos créditos em questão e ainda se encontra em vigor, por força do disposto no art. 26A do Decreto 70.235/1972 e em cumprimento ao que determina o art. 62 do Anexo II do Regimento Interno deste Conselho (RICARF/2015), aprovado pela Portaria MF 343/2015, aos membros das turmas de julgamento deste Conselho não podem afastar a aplicação do mencionado preceito legal. Com base nessas considerações e tendo em conta que ficou anteriormente demonstrado que a recorrente, no período de apuração dos créditos, exercia atividade de cooperativa de produção agropecuária, com respaldo no inciso II do § 4º do art. 8º da Lei 10.925/2004, deve ser mantida a glosa integral dos créditos vinculados as receitas de venda com suspensão. III.2) Do Indeferimento dos Créditos Vinculados às Receitas de Venda Excluídas da Base de Cálculo. De acordo com relatório fiscal, no período analisado, a contribuinte registrou exclusões de base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, previstas no art 15 da Medida Provisória 2.15835/2001 e no art 17 da Lei 10.684/2003, em relação as quais não lhe eram assegurado a manutenção dos créditos vinculados, sob o argumento de que como o ato cooperativo, definido no art. 79 da Lei 5.764/1971, não representava operação de mercado, nem contrato de compra e venda de produto ou mercadoria, logo, não existia “vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS e da COFINS”, conforme estabelece o art. 17 da Lei 11.033/2004. Por decorrência, não havia suporte legal para manutenção do direito ao crédito em operações não tributadas pela exclusão de base de cálculo decorrente de ato cooperativo. Já a recorrente alegou que o conceito de ato cooperativo, contido no art. 79 da Lei 5.764/1971, não influenciava na apuração da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, porque, atualmente, o cálculo das ditas contribuições independiam de tal conceito, uma vez que tanto a base de cálculo e o fato gerador destas contribuições correspondiam ao faturamento total, independente da denominação e classificação contábil, conforme determinado pelo art. 1º das Leis 10.637/2003 e 10.833/2004. Para a recorrente, posteriormente ao advento da Medida Provisória 1.858 6/1999, cuja redação definitiva foi mantida na vigente Medida Provisória 2.15835/2001, os dispositivos que asseguravam isenção das citadas contribuições foram revogados, passando desde então as sociedades cooperativas a serem tributadas sobre a totalidade de suas receitas da mesma forma que as demais pessoas jurídicas, nos termos dos arts. 2º e 3º da Lei 9.718/1998. Em decorrência, todos os fatos que não tinham a aptidão de gerar tributos integravam o campo da não incidência, logo o resultado obtido das exclusões da base de cálculo permitidas às sociedades cooperativas, efetuadas pela contribuinte, correspondiam as receitas sem incidência das referidas contribuições, em virtude de não gerar receita tributável. Não assiste razão à recorrente. No caso em tela, a não tributação das referidas contribuições não decorreu do fato de as receitas auferidas não serem submetidas à incidência das referidas contribuições, ou em razão das respectivas operações de venda estarem fora do campo incidência das referidas contribuições, conforme alegado pela recorrente, mas pelo fato Fl. 364DF CARF MF Processo nº 13161.001787/200891 Acórdão n.º 3302003.277 S3C3T2 Fl. 69 43 de não existir base cálculo ou a base de cálculo ter sido zerada, após efetivadas as exclusões, especificamente, asseguradas à recorrente na condição de sociedade cooperativa de produção agropecuária. E a falta de tributação motivada pela inexistência de base cálculo, certamente, não se enquadra em nenhuma das hipóteses de manutenção do crédito das referidas contribuições, previstas no art. 17 da Lei 11.033/2004. Com base nessas considerações, deve ser mantida a glosa integral dos créditos vinculados à base cálculo zerada, em razão das exclusões da base de cálculo das referidas contribuições, autorizadas no art. 15 da Medida Provisória 2.15835/2001 e no art 17 da Lei 10.684/2003, e efetuadas pela recorrente no curso do período da apuração dos créditos glosados. IV) DA ATUALIZAÇÃO PELA TAXA SELIC Em relação aos créditos escriturais da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins, decorrentes da aplicação do regime da nãocumulatividade, cabe consignar que, independentemente da forma de aproveitamento (dedução, compensação ou ressarcimento), existe vedação expressa a qualquer forma de atualização ou incidência de juros, conforme expressamente consignada no artigo 13, combinado com o disposto no inciso VI do art. 15, ambos da Lei n° 10.833, de 2003, que seguem transcritos: Art. 13. O aproveitamento de crédito na forma do § 4o do art. 3o, do art. 4o e dos §§ 1o e 2o do art. 6o, bem como do § 2o e inciso II do § 4o e § 5o do art. 12, não ensejará atualização monetária ou incidência de juros sobre os respectivos valores. [...] Art. 15. Aplicase à contribuição para o PIS/PASEP nãocumulativa de que trata a Lei no 10.637, de 30 de dezembro de 2002, o disposto: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) [...] VI no art. 13 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) Dessa forma, como se trata de preceito legal vigente, por força do disposto no art. 26A do Decreto 70.235/1996 e em cumprimento ao que determina o art. 62 do Anexo II RICARF/2015, os membros das turmas de julgamento deste Conselho não podem afastar a aplicação do mencionado preceito legal. Cabe consignar ainda que, no caso em tela, não se aplica o entendimento exarado no acórdão proferido no julgamento do Recurso Especial (REsp) nº 1.035.847/RS, submetido ao regime do recurso repetitivo, previsto no artigo 543C do CPC, transitado em julgado em 3/3/2010, por duas razões: a) o referido julgado trata da atualização de crédito escritural oriundo da aplicação do princípio da não cumulatividade do IPI e não de crédito escritural decorrente da aplicação do regime não cumulativo da Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins; b) a referida decisão não trata da vedação da atualização monetária determinada no art. 13 da Lei 10.833/2003 e tampouco afasta a aplicação do referido preceito legal, bem como se enquadra em nenhuma das hipóteses excepcionais elencadas no art. 62, § 1º, do Anexo II do RICARF/2015. Para melhor compreensão, transcrevese a seguir o enunciado da ementa do mencionado acórdão: Fl. 365DF CARF MF 44 PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IPI. PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE. EXERCÍCIO DO DIREITO DE CRÉDITO POSTERGADO PELO FISCO. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE CRÉDITO ESCRITURAL. CORREÇÃO MONETÁRIA. INCIDÊNCIA. 1. A correção monetária não incide sobre os créditos de IPI decorrentes do princípio constitucional da nãocumulatividade (créditos escriturais), por ausência de previsão legal. 2. A oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, impedindo a utilização do direito de crédito oriundo da aplicação do princípio da nãocumulatividade, descaracteriza referido crédito como escritural, assim considerado aquele oportunamente lançado pelo contribuinte em sua escrita contábil. 3. Destarte, a vedação legal ao aproveitamento do crédito impele o contribuinte a socorrerse do Judiciário, circunstância que acarreta demora no reconhecimento do direito pleiteado, dada a tramitação normal dos feitos judiciais. 4. Consectariamente, ocorrendo a vedação ao aproveitamento desses créditos, com o conseqüente ingresso no Judiciário, postergase o reconhecimento do direito pleiteado, exsurgindo legítima a necessidade de atualizálos monetariamente, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco (Precedentes da Primeira Seção: EREsp 490.547∕PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.09.2005, DJ 10.10.2005; EREsp 613.977∕RS, Rel. Ministro José Delgado, julgado em 09.11.2005, DJ 05.12.2005; EREsp 495.953∕PR, Rel. Ministra Denise Arruda, julgado em 27.09.2006, DJ 23.10.2006; EREsp 522.796∕PR, Rel. Ministro Herman Benjamin, julgado em 08.11.2006, DJ 24.09.2007; EREsp 430.498∕RS, Rel. Ministro Humberto Martins, julgado em 26.03.2008, DJe 07.04.2008; e EREsp 605.921∕RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 12.11.2008, DJe 24.11.2008). 5. Recurso especial da Fazenda Nacional desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08∕2008.7 (grifos não originais) Com base nessas considerações, fica demonstrada a impossibilidade de acolher a sua pretensão da recorrente, com vistas à atualização dos valores dos créditos em apreço com base na variação da taxa Selic. VI) DA CONCLUSÃO Por todo o exposto, em relação às questões aqui analisadas, votase por NEGAR PROVIMENTO ao recurso. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento 7 BRASIL. STJ. REsp 1035847/RS, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 24/06/2009, DJe 03/08/2009. Fl. 366DF CARF MF Processo nº 13161.001787/200891 Acórdão n.º 3302003.277 S3C3T2 Fl. 70 45 Voto Vencedor 2 Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède, redator designado. Com o devido respeito aos argumentos do ilustre relator, divirjo de seu entendimento quanto à reversão total da glosa relativa aos créditos vinculados às vendas de adubos, fertilizantes e sementes pela recorrente aos seus associados, as quais tiveram as alíquotas da contribuição para o PIS e da COFINS reduzidas a zero pelo art. 1º da Lei 10.925/2004. Salientase que tais créditos foram glosados originalmente por falta de apresentação de documentos, como todos os demais créditos solicitados. Porém em diligência requerida pela DRJ, restou consignado em relatório fiscal a manutenção da referida glosa em razão de tais valores consistirem em exclusões da base de cálculo das cooperativas, nos termos do artigo 15 da MP nº 2.15835/2001: Art. 15. As sociedades cooperativas poderão, observado o disposto nos arts. 2o e 3o da Lei no 9.718, de 1998, excluir da base de cálculo da COFINS e do PIS/PASEP: [...] II as receitas de venda de bens e mercadorias a associados; [...] No tópico seguinte "EXCLUSÕES DA BASE DE CÁLCULO", a autoridade fiscal justificou a glosa dos créditos vinculados a exclusões do artigo 15 da MP nº 2.158 35/2001, em razão da não previsão da manutenção de créditos vinculados à exclusões de base de cálculo na redação do artigo 17 da Leinº 11.033/2004, a seguir transcrito: Art. 17. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações. Acrescentou ainda que tais operações são atos cooperativos conforme definição contida no artigo 79 da Lei nº 5.764/1971, e, portanto, não configurariam operações de compra e venda, conforme extraise do excerto abaixo do relatório fiscal: "O conceito de ato cooperativo está disposto na Lei nº 5.764/71 (que “define a Política Nacional de Cooperativismo e institui o regime jurídico das sociedades cooperativas”): Art. 79. Denominamse atos cooperativos os praticados entre as cooperativas e seus associados, entre estes e aquelas e pelas cooperativas entre si quando associados, para a consecução dos objetivos sociais. Parágrafo único. O ato cooperativo não implica operação de mercado, nem contrato de compra e venda de produto ou mercadoria. Grifouse. Fl. 367DF CARF MF 46 A luz do dispositivo legal, o ato cooperativo não implica operação de mercado, nem contrato de compra e venda de produto ou mercadoria. Portanto, não existe “vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS e da COFINS (art. 17 da Lei nº 11.033/2004). Por decorrência, não há suporte legal para manutenção do direito ao crédito em operações não tributadas pela exclusão de base de cálculo decorrente de ato cooperativo." Verificase, de fato, que as operações consideradas como vendas de adubos, fertilizantes e sementes aos associados se subsumem à definição de ato cooperativo nos termos do artigo 79 da Lei nº 5.764/1971, e neste sentido, impende8 reproduzir a recente decisão do STJ no REsp nº 1.164.716/MG, transitado em julgado em 22/06/2016 e submetido à sistemática de recursos repetitivos, na qual restou decidido que os atos cooperativos não implicam operações de compra e venda, conforme ementa abaixo transcrita: EMENTA TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. NÃO INCIDÊNCIA DO PIS E DA COFINS NOS ATOS COOPERATIVOS TÍPICOS. APLICAÇÃO DO RITO DO ART. 543C DO CPC E DA RESOLUÇÃO 8/2008 DO STJ. RECURSO ESPECIAL DESPROVIDO. 1. Os RREE 599.362 e 598.085 trataram da hipótese de incidência do PIS/COFINS sobre os atos (negócios jurídicos) praticados com terceiros tomadores de serviço; portanto, não guardam relação estrita com a matéria discutida nestes autos, que trata dos atos típicos realizados pelas cooperativas. Da mesma forma, os RREE 672.215 e 597.315, com repercussão geral, mas sem mérito julgado, tratam de hipótese diversa da destes autos. 2. O art. 79 da Lei 5.764/71 preceitua que os atos cooperativos são os praticados entre as cooperativas e seus associados, entre estes e aquelas e pelas cooperativas entre si quando associados, para a consecução dos objetivos sociais. E, ainda, em seu parág. único, alerta que o ato cooperativo não implica operação de mercado, nem contrato de compra e venda de produto ou mercadoria. 3. No caso dos autos, colhese da decisão em análise que se trata de ato cooperativo típico, promovido por cooperativa que realiza operações entre seus próprios associados (fls. 126), de forma a autorizar a não incidência das contribuições destinadas ao PIS e a COFINS. 4. O parecer do douto Ministério Público Federal é pelo desprovimento do Recurso Especial. 5. Recurso Especial desprovido. 8 Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. [...] § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Fl. 368DF CARF MF Processo nº 13161.001787/200891 Acórdão n.º 3302003.277 S3C3T2 Fl. 71 47 6. Acórdão submetido ao regime do art. 543C do CPC e da Resolução STJ 8/2008 do STJ, fixandose a tese: não incide a contribuição destinada ao PIS/COFINS sobre os atos cooperativos típicos realizados pelas cooperativas. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da PRIMEIRA Seção do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas a seguir, por unanimidade, negar provimento ao recurso especial, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Benedito Gonçalves, Assusete Magalhães, Sérgio Kukina, Regina Helena Costa, Gurgel de Faria, Diva Malerbi (Desembargadora convocada do TRF da 3a. Região) e Humberto Martins votaram com o Sr. Ministro Relator. Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Herman Benjamin. Sustentaram, oralmente, a Dra. HERTA RANI TELES, pela recorrente, e o Dr. JOÃO CAETANO MUZZI FILHO, pela interessada: ORGANIZAÇÃO DAS COOPERATIVAS BRASILEIRAS OCB Brasília/DF, 27 de abril de 2016 (Data do Julgamento). NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO MINISTRO RELATOR Assim, tais operações não podem ser consideradas como mercantis, e, portanto, não se tratam de vendas, configurando operações não incidentes e não receitas de vendas não incidentes. Salientase que o artigo 17 da Lei 11.033/2004 dispôs especificamente sobre vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência, mas não genericamente sobre parcelas ou operações não incidentes. Destarte, entendo ser inaplicável o referido artigo para efeito de vinculação de créditos a estas parcelas. Porém, a glosa pura e simples dos créditos vinculados a estas operações, conforme realizada pela autoridade fiscal, pareceme equivocada. É que tais créditos referemse a custos, despesas e encargos comuns que foram vinculados a estas parcelas mediante rateio entre receitas. Assim, não sendo tais operações receitas de vendas, também não podem compor o rateio para vinculação de créditos tomados sobre custos, despesas e encargos comuns (por exemplo, energia elétrica), devendo tal rateio ser refeito, excluindo estas operações de seu denominador, e redistribuindo os créditos comuns às demais parcelas de receitas consideradas, devendo ser reanalisada a possibilidade de desconto, compensação ou ressarcimento, de acordo com a nova natureza e conforme o decidido neste julgamento. Frisese que a decisão não se refere às aquisições específicas de adubos, sementes e fertilizantes, as quais não geraram créditos, pois que sujeitaramse à alíquota zero, como, inclusive, confirmado pelo patrono da recorrente em sustentação oral. É como voto. Fl. 369DF CARF MF 48 (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 370DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10803.720020/2012-51
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 05 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Oct 07 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Exercício: 2005, 2006, 2007, 2008
Ementa
DECADÊNCIA.
Na ausência de pagamento e de declaração do debito, o prazo decadencial quinquenal para o Fisco constituir o credito tributário, conta-se exclusivamente na forma do art. 173, I, do CTN, nos casos em que a legislação atribui ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa.
INCLUSÃO DE CONTINGÊNCIAS EM PROGRAMAS ESPECIAIS DE PARCELAMENTO. DEDUTIBILIDADE. PERÍODO.
São dedutíveis na apuração do Lucro Real e Lucro Líquido para fins de apuração de CSLL os débitos devem ser deduzidos no ano-calendário da confissão das dívidas. Necessária recomposição das bases com essa premissa.
MULTA POR EMBARAÇO À FISCALIZAÇÃO. BIS IN IDEM.
Constatada a existência de procedimentos administrativos de cobrança de penalidade também lançada no procedimento que discute os ajustes nas bases de IRPJ e CSLL, cabe ao Conselheiro do primeiro julgamento determinar se a multa deve ser mantida e ao Contribuinte demonstrar nos outros autos a existência de decisão transitada em julgada a respeito da matéria.
Numero da decisão: 1201-001.455
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário, vencido o Relator que, em preliminar, reconhecia a decadência dos lançamentos referentes ao ano-calendário 2006.
(documento assinado digitalmente)
Roberto Caparroz de Almeida Presidente
(documento assinado digitalmente)
Ronaldo Apelbaum Relator
(documento assinado digitalmente)
Eva Maria Los Redatora Designada
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida (Presidente), Luis Fabiano Alves Penteado, João Carlos de Figueiredo Neto, Ester Marques Lins de Sousa (suplente convocada), Eva Maria Los, Lizandro Rodrigues de Sousa, Ronaldo Apelbaum (Vice-Presidente)
Nome do relator: RONALDO APELBAUM
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Na ausência de pagamento e de declaração do debito, o prazo decadencial quinquenal para o Fisco constituir o credito tributário, contase exclusivamente na forma do art. 173, I, do CTN, nos casos em que a legislação atribui ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa. INCLUSÃO DE CONTINGÊNCIAS EM PROGRAMAS ESPECIAIS DE PARCELAMENTO. DEDUTIBILIDADE. PERÍODO. São dedutíveis na apuração do Lucro Real e Lucro Líquido para fins de apuração de CSLL os débitos devem ser deduzidos no anocalendário da confissão das dívidas. Necessária recomposição das bases com essa premissa. MULTA POR EMBARAÇO À FISCALIZAÇÃO. BIS IN IDEM. Constatada a existência de procedimentos administrativos de cobrança de penalidade também lançada no procedimento que discute os ajustes nas bases de IRPJ e CSLL, cabe ao Conselheiro do primeiro julgamento determinar se a multa deve ser mantida e ao Contribuinte demonstrar nos outros autos a existência de decisão transitada em julgada a respeito da matéria. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário, vencido o Relator que, em preliminar, reconhecia a decadência dos lançamentos referentes ao anocalendário 2006. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 80 3. 72 00 20 /2 01 2- 51 Fl. 827DF CARF MF Impresso em 07/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 01/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assinado digitalmente em 0 7/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 10803.720020/201251 Acórdão n.º 1201001.455 S1C2T1 Fl. 811 2 (documento assinado digitalmente) Roberto Caparroz de Almeida – Presidente (documento assinado digitalmente) Ronaldo Apelbaum – Relator (documento assinado digitalmente) Eva Maria Los – Redatora Designada Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida (Presidente), Luis Fabiano Alves Penteado, João Carlos de Figueiredo Neto, Ester Marques Lins de Sousa (suplente convocada), Eva Maria Los, Lizandro Rodrigues de Sousa, Ronaldo Apelbaum (VicePresidente) Fl. 828DF CARF MF Impresso em 07/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 01/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assinado digitalmente em 0 7/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 10803.720020/201251 Acórdão n.º 1201001.455 S1C2T1 Fl. 812 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra o acórdão nº 1267.478, proferido pela 5ª Turma da DRJ/RJO que, por unanimidade de votos, julgou improcedente a impugnação e manteve integralmente o crédito tributário exigido. Por descrever os fatos com a riqueza de detalhes necessária para a compreensão da controvérsia, adoto e transcrevo o relatório elaborado pela DRJ: Trata o presente processo do auto de infração de fls. 3 a 26, lavrado pela GEFIS/DIFIS/SRRF8ª, no qual consta a exigência de: • Imposto de renda da pessoa jurídica – IRPJ, cód. 2917, no valor de R$ 289.256,17, somados a multa de ofício no percentual de 75% e juros de mora; • Multa regulamentar, cód. 3738, no valor de R$ 3.547.666,74; e • Contribuição social sobre o lucro líquido – CSLL, cód. 2973, no valor de R$ 104.132,22, somados a multa de ofício no percentual de 75% e juros de mora. Consta, ainda, o ajuste dos resultados fiscais relativos aos anos calendário de 2005, 2007 e 2008, decorrentes das infrações apuradas, conforme a tabela a seguir: De acordo com a descrição dos fatos e enquadramento legal de fls. 7 a 10, e do termo de verificação de fls. 27 a 47, os lançamentos de IRPJ se devem a apuração das seguintes condutas: • omissão de receitas financeiras, correspondentes ao ganho em aplicação de renda variável, reconhecida pelo contribuinte no anocalendário de 2007, como sendo de anos anteriores; • perdas incorridas no mercado de renda variável deduzidas indevidamente do lucro sujeito à tributação; • exclusão indevida do lucro líquido na apuração do lucro real, a título de outras exclusões, de tributos e contribuições que se encontravam com exigibilidade suspensa, cuja extinção da suspensão não logrou o contribuinte comprovar ter ocorrido no anocalendário de 2006; Fl. 829DF CARF MF Impresso em 07/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 01/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assinado digitalmente em 0 7/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 10803.720020/201251 Acórdão n.º 1201001.455 S1C2T1 Fl. 813 4 • não atendimento a intimações para apresentação de arquivos magnéticos e sistemas, contendo registros contábeis, fiscais e documentos pertinentes, razão pela qual foi aplicada multa regulamentar equivalente a 1% da receita bruta informada em DIPJ relativa aos anoscalendário de 2006, 2007 e 2008; • embaraço à fiscalização, caracterizado pela negativa não justificada de exibição de livros e documentos em que se assente a escrituração das atividades do sujeito passivo, bem como pelo não fornecimento de informações sobre bens, movimentação financeira, negócio ou atividade, próprios ou de terceiros, razão pela qual foi aplicada multa regulamentar. A autuação apresenta como fundamento legal os artigos 247, 248, 251 e parágrafo único, 277, 288, 373 e 770, § 2º, inciso I, do Decreto nº 3.000/99 (Regulamento do Imposto de Renda RIR/99), e 24, da Lei nº 9.249/95, em relação à omissão de receitas financeiras; artigos 251, e parágrafo único, 299 e §§ 1º e 2º, e 374, inciso I, do RIR/99, em relação à glosa de despesas financeiras; artigos 250 e 344, §1º, do RIR/99, e 151, incisos, II a VI, do CTN, com as alterações promovidas pela Lei Complementar nº 104/2001, em relação às exclusões indevidas de tributos e contribuições que se encontravam com exigibilidade suspensa; os artigos 11 e 12, inciso III, da Lei nº 8.218/91, em relação à multa regulamentar pelo não atendimento a intimações; e artigos 919, parágrafo único e 948, do RIR/99, em relação à multa regulamentar por embaraço à fiscalização. Cientificada em 28/08/2012, conforme assinaturas apostas às fls. 6, 47 e 636, a interessada apresentou em 25/09/2012 impugnação de fls. 649 a 684, na qual alega em síntese: 1) a decadência/prescrição dos créditos tributários lançados relativos ao anocalendário de 2006, uma vez que a ciência do lançamento se deu em 28/08/2012, e tendo em vista que é contribuinte na sistemática do lucro real e apuração anual, com pagamentos mensais do imposto e da contribuição, sendo que o lançamento do IRPJ e da CSLL são por homologação, incidindo a regra estabelecida no § 4º do art. 150 do Código Tributário Nacional (CTN); 2) mesma situação se aplicaria as glosas efetuadas pela fiscalização, equivocadamente lançadas pela contribuinte no anocalendário de 2007, uma vez que deveriam ter sido lançados no ano de 2006, exigindo a partir daí a diferença do tributo, multa e juros; 3) a inocorrência do fato gerador do IRPJ e da CSLL em relação às infrações de glosas efetuadas pela fiscalização, tendo em vista que mesmo abatendo uma despesa autorizada pela legislação tributária, ainda assim, não teria obtido lucro nos períodos a que se referem o lançamento; 4) que foi autuada no curso da fiscalização, através dos PAF’s nº 10803.720001/201224 e 10803.720002/201279 pela não Fl. 830DF CARF MF Impresso em 07/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 01/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assinado digitalmente em 0 7/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 10803.720020/201251 Acórdão n.º 1201001.455 S1C2T1 Fl. 814 5 entrega dos arquivos magnéticos, sendo novamente autuada no presente lançamento pela não entrega dos arquivos magnéticos, sendo, por isso, penalizada duas vezes pelo mesmo fato, o que é vedado por lei, caracterizando um verdadeiro “bis in idem”; 5) pugna pela aplicação do princípio da razoabilidade e proporcionalidade na aplicação da penalidade imposta pela não entrega dos arquivos magnéticos; 6) nega a existência de embaraço à fiscalização, na medida que disponibilizou as informações requeridas pela fiscalização, ainda que em outra formatação, o que não foi validado no modelo de arquivos magnéticos, consoante a IN SRF nº 86/2001, que sempre recebeu os fiscais em seu estabelecimento, disponibilizou sala de reunião para verificação dos documentos que possuía e ainda prestava as informações requeridas, que não obrigada a constituir provas contra si, e que somente deixou de prestar qualquer informação por motivo de força maior, uma vez que não recebeu de volta todos os documentos apresentados na fiscalização anterior na formatação do arquivo SINCO; 7) pleiteia a aplicação do princípio “in dúbio contra fiscum”, previsto no inciso II, do art. 112, do CTN, no caso das circunstâncias materiais dos fatos que deram suporte a autuação levarem a conclusão de que possam remanescer dúvidas no tocante a capitulação legal do fato e suas circunstâncias materiais; 8) pleiteia pelo julgamento imparcial da presente lide, concluindo pela improcedência da autuação; Por fim, requer que seja julgado totalmente improcedente o auto de infração, bem como que todas as intimações e publicações sejam feitas em nome de seu advogado enviadas a seu escritório. É o relatório. Em sua decisão de fls. 714 e seguintes, a DRJ/RIO refutou os argumentos do Contribuinte, asseverando que o crédito tributário deveria ser mantido em sua integralidade, conforme se depreende de sua Ementa: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2006, 2007, 2008 DECADÊNCIA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. AUSÊNCIA DE PAGAMENTO. INOCORRÊNCIA. Começa a fluir o prazo decadencial no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que poderia ser lançado, quanto aos tributos sujeitos a Fl. 831DF CARF MF Impresso em 07/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 01/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assinado digitalmente em 0 7/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 10803.720020/201251 Acórdão n.º 1201001.455 S1C2T1 Fl. 815 6 lançamento por homologação, quando verificada a ausência de antecipação de pagamento pelo sujeito passivo da obrigação tributária. EMBARAÇO À FISCALIZAÇÃO. CARACTERIZAÇÃO. Caracteriza embaraço à fiscalização a recusa injustificada da exibição de livros auxiliares de escrituração e outros registros específicos pertinentes ao ramo de negócio da empresa. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2006, 2007, 2008 OMISSÃO DE RECEITAS FINANCEIRAS. AUSÊNCIA DE CONTROVÉRSIA. MANUTENÇÃO DO LANÇAMENTO. Vencidas as questões preliminares e prejudiciais, mantémse o lançamento efetuado por omissão de receitas financeiras quando não houver controvérsia pela impugnante sobre os fatos apurados pela fiscalização. EXCLUSÕES INDEVIDAS. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO. INDEDUTIBILIDADE. Somente são passíveis de dedução os créditos tributários com extinção da suspensão da exigibilidade no período de apuração em que se tornarem exigíveis e que comprovadamente não foram apropriados como despesas dedutíveis nos períodos de apuração correspondentes ao de ocorrência dos fatos geradores. GLOSAS DE DESPESAS FINANCEIRAS. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO. PROCEDÊNCIA. Procede a glosa de despesas financeiras ante a falta de comprovação de sua existência e efetividade. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2006, 2007, 2008 TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL. Aplicase às exigências ditas reflexas o que foi decidido quanto à exigência matriz, devido à íntima relação de causa e efeito entre elas. ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Anocalendário: 2012 Fl. 832DF CARF MF Impresso em 07/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 01/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assinado digitalmente em 0 7/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 10803.720020/201251 Acórdão n.º 1201001.455 S1C2T1 Fl. 816 7 MULTA REGULAMENTAR. FALTA DE APRESENTAÇÃO DE ARQUIVOS MAGNÉTICOS. CABIMENTO. É cabível a multa regulamentar, pelo não cumprimento do prazo estabelecido para apresentação de arquivos magnéticos e sistemas, exigida por meio de intimação válida e eficaz. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Vale ressaltar que na decisão da DRJ/RIO restou expressamente recomendada a anulação dos lançamentos de multa realizados no âmbito dos processos 10803.720001/201224 e 10803.720002/201279, fundamentados na ausência de entrega de arquivos obrigatórios e que redundaria na aplicação em duplicidade da penalidade prevista nos presentes autos. O Contribuinte, não satisfeito com o acórdão proferido pela DRJ, interpôs o presente Recurso Voluntário, no qual reiterou os mesmos fundamentos de defesa já apresentados na sua impugnação. Os autos foram encaminhados a este Conselho para apreciação e julgamento. É o relatório. Voto Conselheiro Ronaldo Apelbaum, Relator O recurso preenche as condições de admissibilidade e dele tomo conhecimento. Em relação aos argumentos expendidos pelo Contribuinte, passo à análise individualizada de cada um dos argumentos: (i) DA PRELIMINAR DE DECADÊNCIA A Contribuinte afirma que os lançamento relativo ao ano está decaída, uma vez que referem a lançamento por homologação e, como conseqüência, devese aplicar o art. 150, §4º do CTN. Alega que não realizou qualquer pagamento dos tributos sujeitos a lançamento por homologação, pois acumulou prejuízo fiscal e base de cálculo negativa, mesmo considerando as glosas realizadas. Temos aqui uma típica situação que coloca em conflito a melhor intepretação da jurisprudência e as obrigações a serem observadas pelos Conselheiros no exercício de suas atividades. Isso porque, nessa situação e em função do disposto no art. 62, II, “b”, do Regimento Interno do CARF, deveriam os Conselheiros do CARF simplesmente aplicar o Fl. 833DF CARF MF Impresso em 07/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 01/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assinado digitalmente em 0 7/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 10803.720020/201251 Acórdão n.º 1201001.455 S1C2T1 Fl. 817 8 entendimento do Superior Tribunal de Justiça consolidado no REsp nº 973.733, no qual entendeu que se tratando de lançamento por homologação será aplicada a regra geral de decadência (art. 173, I do CTN) caso não haja pagamento antecipado do tributo, desde que não fique comprovados dolo, fraude ou simulação e inexistindo declaração prévia do débito. Senão vejamos: RECURSO ESPECIAL Nº 973.733 SC (2007/01769940) RELATOR : MINISTRO LUIZ FUX RECORRENTE : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL INSS REPR. POR : PROCURADORIAGERAL FEDERAL PROCURADOR : MARINA CÂMARA ALBUQUERQUE E OUTRO(S) RECORRIDO : ESTADO DE SANTA CATARINA PROCURADOR : CARLOS ALBERTO PRESTES E OUTRO(S) EMENTA PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). (...) Fl. 834DF CARF MF Impresso em 07/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 01/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assinado digitalmente em 0 7/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 10803.720020/201251 Acórdão n.º 1201001.455 S1C2T1 Fl. 818 9 Ocorre que esse Acórdão analisa e pacifica a posição do E. Superior Tribunal de Justiça no que se refere à contagem de prazo decadencial de lançamento de Contribuições Previdenciárias, que seguem um método de apuração e recolhimento simplificado e que não guarda absolutamente nenhuma relação com situações específicas vivenciadas por contribuintes que apuram tributos como IRPJ e CSLL. Ou seja, não devemos realizar uma análise simplória: se o contribuinte não apresenta base tributável para fins de recolhimento das antecipações mensais ou recolhimentos trimestrais de IRPJ e CSLL, isso não quer dizer que deixa de recolher ou declarar. Obviamente, é diferente daquele que deve recolher e deixa de recolher ou declarar. Com esses fundamentos, entendo que o RESP não espelha a situação jurídica mais adequada que decorre dos fatos aqui mencionados. Por isso, deixo de aplicálo, ainda que referente à matéria em questão e julgado no rito previsto no art. 543C do Código de Processo Civil, não por inobservância aos ditames do RICARF, mas por compreender que os Tribunais apresentam jurisprudência também pacificada e que se aplica de forma muito mais coerente à questão posta pela Recorrente. A situação enfrentada nos autos se enquadra totalmente na perspectiva da Súmula 555 do STJ, aprovada no final de 2015 e que determina a contagem do prazo de acordo com o art. 150, pár. 4º do CTN. A legislação obriga o pagamento e a declaração do débito em caso de apuração de base tributável, situação suficiente para a caracterização da regra decadencial nos termos dos acórdãos que embasaram tal Súmula. Não houve pagamento por não haver base tributável, mas a escrituração foi realizada de acordo com a legislação vigente. Assim dispõe a Súmula 555 do STJ: Quando não houver declaração do débito, o prazo decadencial quinquenal para o Fisco constituir o crédito tributário contase exclusivamente na forma do art. 173, I, do CTN, nos casos em que a legislação atribui ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa. É fato que os acórdãos que embasaram tal Súmula não exploram, especificamente, a situação de inexistência de declaração de débito de IRPJ e CSLL por inexistência de base tributável, mas com a manutenção das informações de apuração de forma correta. Novamente, tratase uma situação específica e não enfrentada nas decisões. Contudo, a leitura dos acórdãos bem mostra que a inexistência de declaração de débito é motivo para deslocar a contagem do prazo para o art. 173, I do CTN nos casos em que há obrigação efetiva de declaração. Caso contrário, não haveria situação que se enquadrasse na regra do art. 150 do CTN. Valhome aqui, ainda, de recente decisão exarada pela 3ª Câmara da 2ª T.O dessa 1ª Seção, nos autos do Processo 10380.725183/201167 (Rel. Edeli Bessa, 01.03.2016), muito bem fundamentada, e que assim concluiu a respeito de situação semelhante: No presente caso, a contribuinte não apurou lucro nos períodos fiscalizados, mas apresentou DIPJ informando ao Fisco a apuração de prejuízo fiscal e base negativa nos anoscalendário de 2004 e 2005 (fls. 1036/1137). Fl. 835DF CARF MF Impresso em 07/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 01/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assinado digitalmente em 0 7/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 10803.720020/201251 Acórdão n.º 1201001.455 S1C2T1 Fl. 819 10 De outro lado, a autoridade lançadora nada menciona nos autos acerca da imprestabilidade da apuração assim informada em DIPJ, e apenas nega valor a determinadas operações irregulares. Assim, a apuração correspondente, justificando a ausência de recolhimento, foi regularmente informada ao Fisco em cumprimento a obrigação acessória que a legislação impõe aos contribuintes nestas condições, de modo que, em princípio, o prazo para sua revisão seria aquele exposto no art. 150, § 4º do CTN. Por essas razões, afastada a aplicação do RESP 973.733 por conta de ausência de identidade fática das situações sob discussão, voto no sentido de reconhecer a decadência dos lançamentos de IRPJ e CSLL e ajustes de prejuízos fiscais e base negativa referentes aos anocalendário 2006, afastada também as penalidades atinentes a esses períodos. Caso seja vencido na preliminar, sigo à análise de mérito. (ii) DESPESAS INDEDUTÍVEIS – GLOSAS INDEVIDAS Como restou demonstrado pelo lançamento, a fiscalizada excluiu de seu lucro líquido, por meio de DIPJ’s retificadoras apresentada em 30/06/2011 e relativas aos anos calendário 2005, 2006, 2007 e 2008, valores de tributos e contribuições que se encontravam com exigibilidade suspensa. Dessa forma, a Contribuinte foi intimada a apresentar os livros e documentos suficientes a demonstrar a regularidade das alterações dos valores das “outras exclusões”, porém não apresentou a documentação conforme solicitado pela autoridade fiscal. Alega a Recorrente que, em razão da Lei nº 11.941/09, desistiu de diversas discussões administrativas e judiciais e aderiu ao parcelamento de vários débitos. Em função da desistência das discussões, os débitos confessados foram objeto de exclusão da apuração do Lucro Real bem como da base de cálculo da CSLL. É importante salientar que a Recorrente não defende a dedutibilidade de tais valores, mas apenas afirma que, mesmo considerando as glosas efetuadas, ela continuaria apresentando prejuízo fiscal e base de cálculo negativa. Sendo assim, afirma que “não incorreu no fato gerador do IRPJ e CSLL, pois nos períodos glosados pela fiscalização a Recorrente somente somou prejuízos” (fl.765). Entretanto, não merece prosperar a alegação, visto que, após as recomposições efetuadas pela Fiscalização, em 2006 a Contribuinte auferiu lucro real no valor de R$1.411.815,16 (fl. 49) e compensou o limite de 30% do seu prejuízo acumulado, ou seja, R$423.544,54. Vale ressaltar que essa conclusão se verifica a partir do ato de que as despesas com tributos incluídos em programas de parcelamentos devem ser reconhecidas no período base dessa confissão, conforme jurisprudência assentada desse Conselho (Ac. 1101001.037 – 1ª Câmara / 1ª TO). Além disso, ressaltase que apenas o ano calendário de 2006 foi objeto dessa autuação, visto que foi o único em que se apurou lucro real e base de cálculo de CSLL, Fl. 836DF CARF MF Impresso em 07/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 01/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assinado digitalmente em 0 7/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 10803.720020/201251 Acórdão n.º 1201001.455 S1C2T1 Fl. 820 11 conforme pode ser verificado nos Demonstrativos de Apuração de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica. Isso posto, mantenho o lançamento, uma vez que no ano calendário de 2006 a Recorrente apurou IRPJ e CSLL a pagar. (iii) MULTA REGULAMENTAR – NÃO ENTREGA DE ARQUIVOS MAGNÉTICOS Alega a Contribuinte que não apresentou os arquivos magnéticos ao Fisco, pois se viu obrigada a reprocessar todas as informações, uma vez que a fiscalização anterior não a restituiu alguns documentos. Assim como entendeu a DRJ, afasto a presente alegação, uma vez que os documentos utilizados na fiscalização anterior foram devolvidos à Contribuinte em 17/03/2011 e a ciência da intimação para apresentar tais documentos feita pela fiscalização se deu em 12/04/2012. Dessa forma, a Recorrente teve tempo hábil para reprocessar todos seus documentos. Saliento, ainda, que a intimação para apresentar os arquivos magnéticos se deu após um ano do o fim da fiscalização anteriormente sofrida pela Recorrente e sete meses após o início dessa ação fiscalizatória. Dessa forma, restaram presentes todos requisitos necessários para aplicação da multa regulamentar prevista no artigo 12, inciso III, da Lei 8.218/91. Acerca das alegações relativas à afronta aos princípios constitucionais da razoabilidade, proporcionalidade e não confisco, deixo de analisar tais argumentos em função do disposto na Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Diante da previsão legal e do enquadramento dos fatos à norma punitiva, mantenho a multa regulamentar por não apresentação dos arquivos magnéticos. (iv) MULTA POR EMBARAÇO À FISCALIZAÇÃO A Contribuinte foi autuada por Embaraço à Fiscalização, conforme constatado nos autos. Acontece que, conforme se verifica no Auto de Embaraço à Fiscalização (fls. 160 a 162), os fundamentos que resultaram na aplicação da multa de embaraço à fiscalização foram os mesmos da aplicação da multa regulamentar pela não entrega dos arquivos magnéticos. O Fisco afirma que será aplicada multa por embaraço à fiscalização, uma vez que o Contribuinte não apresentou, mesmo após várias prorrogações de prazo, os seus documentos digitais. Concluiu o Fiscal: Fl. 837DF CARF MF Impresso em 07/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 01/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assinado digitalmente em 0 7/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 10803.720020/201251 Acórdão n.º 1201001.455 S1C2T1 Fl. 821 12 Alega a Recorrente que, mesmo sem entregar tais arquivos digitais ao Fisco, buscou cooperar com a fiscalização, recebendo os fiscais em seu estabelecimento e oferecendo sala de reunião para possibilitar a verificação dos documentos que já possuíam. Contudo, em uma análise aprofundada dos Termos e respostas presentes aos Autos, percebese de fato que não houve colaboração em nível suficiente para caracterizar a inexistência de embaraço à fiscalização. De fato, a multa por embaraço à fiscalização configuraria bis in idem, uma vez que a Recorrente já foi autuada pela não entrega dos seus documentos digitais por meio da multa prevista no artigo 12, inciso, III, da Lei nº 8.218/91. A DRJ/RIO, nessa situação específica, consignou a necessidade de cancelamento das autuações anteriores relativas à essas penalidades (10803.720001/201224 e 10803.720002/201279), recomendação que também entendo deve ser observada pelas autoridades julgadores quando da análise de tais autos brevemente por esse Conselho. Caberá à Recorrente demonstrar, naqueles autos, a existência de decisão definitiva que implicaria no bis in idem alegado em seu Recurso. (vi) OUTROS ARGUMENTOS – ART. 112 DO CTN E IMPARCIALIDADE DOS JULGADORES ADMINISTRATIVOS A Recorrente utiliza outros argumentos para buscar desqualificar do lançamento, como a necessidade de observação do art. 112 do CTN (aplicação de penalidade mais favorável ao contribuinte) e a imparcialidade dos julgadores administrativos. Em recentes discussões na Câmara Superior de Recursos Fiscais, defendi como julgador a tese de que a observância do art. 112 do CTN deve ser privilegiada em casos que há efetiva dúvida sobre qual comportamento deveria ser adotado pelo Contribuinte à época dos fatos. Ocorre que aqui não há dúvida razoável, as regras aplicáveis na apuração dos tributos em relação às glosas apontadas pelo trabalho da Fiscalização não denotam dúvida razoável que justifique a aplicação do art. 112 do CTN. No que tange aos demais argumentos, não possuem fundamento jurídico que justifiquem o afastamento do crédito tributário lançado. Ante o exposto CONHEÇO do Recurso Voluntário e, no mérito, DOU PROVIMENTO PARCIAL, para reconhecer a decadência dos lançamentos referentes ao ano calendário 2006, mantendo os demais lançamentos e penalidades em discussão. É como voto. (documento assinado digitalmente) Ronaldo Apelbaum Relator VOTO VENCEDOR Fl. 838DF CARF MF Impresso em 07/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 01/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assinado digitalmente em 0 7/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 10803.720020/201251 Acórdão n.º 1201001.455 S1C2T1 Fl. 822 13 Conselheira Eva Maria Los redatora designada Preliminar de Decadência. Argui em preliminar, a decadência do lançamento referente a fatos geradores ocorridos em 2006, haja vista a ciência da autuação ter sido em 20/08/2012. O contribuinte não efetuou qualquer recolhimento do tributo, cuja modalidade de lançamento é por homologação, o qual, no que se refere ao prazo decadencial do direito de a Administração Tributária efetuar o lançamento de ofício, regra geral se submete ao art. 150, § 4º do Código Tributário Nacional CTN, Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, 5 (cinco) anos depois da ocorrência do fato gerador, quando o pagamento antecipado pelo contribuinte sem prévio exame da autoridade administrativa, é homologado, extinguindo o crédito. Contudo, não tendo o contribuinte antecipado qualquer pagamento do tributo, a citada regra não se aplica, dado que não há o que homologar tacitamente, recaindo o prazo decadencial na regra do art. 173, I do CTN. Transcrevese a seguir a decisão do Superior Tribunal de Justiça STJ, proferida no Recurso Especial 973733/SC, o qual, nos termos do §2º do art. 62 do Anexo II do atual Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015, que determina que as decisões de mérito proferidas no âmbito do STJ, sob a sistemática dos recursos repetitivos do art. 543C do Código de Processo Civil, devem ser acatadas pelos conselheiros no julgamento de recursos no âmbito do CARF. REsp 973733 / SC , RECURSO ESPECIAL 2007/01769940 Relator(a) Ministro LUIZ FUX (1122) Órgão Julgador S1 PRIMEIRA SEÇÃO Data do Julgamento 12/08/2009 Data da Publicação/Fonte: DJe 18/09/2009, RDTAPET vol. 24 p. 184 Ementa PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. O prazo decadencial quinquenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte Fl. 839DF CARF MF Impresso em 07/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 01/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assinado digitalmente em 0 7/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 10803.720020/201251 Acórdão n.º 1201001.455 S1C2T1 Fl. 823 14 não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs.. 163/210). O dies a quo do prazo quinquenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs.. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs.. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs.. 183/199). In casu, consoante assente na origem: (i) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deuse em 26.03.2001. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial quinquenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. Acórdão Vistos, relatados e discutidos estes autos, os Ministros da PRIMEIRA SEÇÃO do Superior Tribunal de Justiça acordam, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas a seguir, por unanimidade, negar provimento ao recurso especial, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Castro Meira, Denise Arruda, Humberto Martins, Herman Benjamin, Mauro Campbell Marques, Benedito Gonçalves, Eliana Calmon e Francisco Falcão votaram com o Sr. Ministro Relator. Em conformidade com a disposição do Regimento Interno do CARF, as decisões vem sendo proferidas de acordo: Tipo do Recurso RECURSO VOLUNTARIO Data da Sessão 28/04/2016 Nº Acórdão 3401003.169 Ementa(s) NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2007 a 31/01/2007 DECADÊNCIA. TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. TERMO INICIAL. Em se tratando de tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado (art. 173, I, do CTN) nos casos em que constatado dolo, fraude ou simulação do contribuinte, ou, ainda, mesmo nas ausências desses vícios, quando não ocorre o pagamento antecipado da exação e inexiste declaração com efeito de confissão de dívida prévia do débito, conforme entendimento pacificado, pelo E. Superior Tribunal de Justiça, no Recurso Especial nº 973.733/SC. Nos termos do §2º do art. 62 do Anexo II do atual Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015, Fl. 840DF CARF MF Impresso em 07/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 01/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assinado digitalmente em 0 7/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 10803.720020/201251 Acórdão n.º 1201001.455 S1C2T1 Fl. 824 15 cuidandose de decisões de mérito proferidas no âmbito do STJ, sob a sistemática dos recursos repetitivos do art. 543C do Código de Processo Civil, cumpre o acatamento pelos conselheiros no julgamento de recursos no âmbito do CARF. Tipo do Recurso RECURSO VOLUNTARIO Data da Sessão 15/06/2016 Nº Acórdão 2202003.454 Ementa(s) Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte IRRF Exercício: 2009, 2010 (...) DECADÊNCIA. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. Conforme tese fixada no Recurso Especial nº 973.733/SC, (2007/01769940), julgado em 12 de agosto de 2009, sendo relator o Ministro Luiz Fux, que teve o acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC e da Resolução STJ 08/2008, o prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) conta-se do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito. Conta-se na forma do § 4º do artigo 150 do CTN, ou seja, a partir da data da ocorrência do fato gerador quando, prevendo a lei a obrigação de antecipação do pagamento do tributo, o mesmo ocorre. Tipo do Recurso RECURSO VOLUNTARIO Data da Sessão 14/06/2016 Nº Acórdão: 2202003.438 Ementa(s) Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008 DECADÊNCIA. FORMA DE CONTAGEM. APLICAÇÃO DO ENTENDIMENTO DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA (STJ). SÚMULA CARF Nº 99. Por força do art. 62, § 2º do Regimento Interno do CARF, impõese a observância das decisões proferidas pelo STJ sob a sistemática do art. 543C do Código de Processo Civil. No Recurso Especial nº 973.733/SC restou pacificado que a aplicação do prazo previsto no art. 150, §4º do CTN, está condicionada à realização do pagamento antecipado do tributo sujeito ao lançamento por homologação. Do contrário, aplicase o prazo de decadência previsto no art. 173, I do CTN. Não cabe exigir, no caso de contribuições previdenciárias, que tenha havido antecipação do pagamento especificamente em relação às contribuições objeto de lançamento de ofício, por aplicação obrigatória da Súmula CARF nº 99. Súmula CARF nº 99: Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento Fl. 841DF CARF MF Impresso em 07/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 01/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assinado digitalmente em 0 7/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 10803.720020/201251 Acórdão n.º 1201001.455 S1C2T1 Fl. 825 16 antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração. Cabe também lembrar que a Primeira Seção do STJ editou, em 9/12/2015, Enunciado da Sumula no 555, publicado no DJe em 15/12/2015, com o seguinte teor: STJ – SUMULA – NORMAS GERAIS – Aplicação do prazo decadencial previsto no art. 173, I, do CTN, para a constituição do credito tributario, quando não houver declaração do debito e a legislação atribuir ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa. “Quando nao houver declaração do debito, o prazo decadencial quinquenal para o Fisco constituir o credito tributário contase exclusivamente na forma do art. 173, I, do CTN, nos casos em que a legislação atribui ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa.” É o caso da autuada, que não confessou o débito, nem efetuou pagamento. Confirmase, por conseguinte, que o lançamento em discussão não foi atingido pela decadência. (documento assinado digitalmente) Eva Maria Los – Redatora Designada Fl. 842DF CARF MF Impresso em 07/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por RONALDO APELBAUM, Assinado digitalmente em 01/10/2016 por EVA MARIA LOS, Assinado digitalmente em 0 7/10/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA
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Numero do processo: 19515.003050/2010-57
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 10 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Sep 05 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 1201-000.214
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, CONVERTER o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator.
(documento assinado digitalmente)
Roberto Caparroz de Almeida Relator e Presidente
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida, Luis Fabiano Alves Penteado, José Carlos de Assis Guimarães, José Roberto Adelino da Silva, Ester Marques Lins de Sousa, Eva Maria Los e Ronaldo Apelbaum.
Relatório
Nome do relator: ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, CONVERTER o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator. (documento assinado digitalmente) Roberto Caparroz de Almeida – Relator e Presidente Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida, Luis Fabiano Alves Penteado, José Carlos de Assis Guimarães, José Roberto Adelino da Silva, Ester Marques Lins de Sousa, Eva Maria Los e Ronaldo Apelbaum. Relatório Tratase de Autos de Infração de IRPJ e à CSLL lavrados contra a empresa em epígrafe e relativos a lucros obtidos no exterior. Como os fatos e a matéria jurídica foram bem relatados pela decisão de primeira instância, reproduzoa a seguir: RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 95 15 .0 03 05 0/ 20 10 -5 7 Fl. 2009DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 03/ 09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 19515.003050/201057 Resolução nº 1201000.214 S1C2T1 Fl. 3 2 Durante a realização dos trabalhos de auditoria, a autoridade fiscal, apesar de ter solicitado à interessada a documentação, constante nos termos de intimações, a contribuinte nada apresentou de comprobatório para justificar os lançamentos constantes nos extratos bancários apurados no curso da fiscalização, conforme descrição contida no Termo de Constatação de fls. 414/418, cujos fatos geradores ocorreram no anocalendário de 2005. Conforme o documento elaborado pela autoridade fiscal, houve a caracterização das seguintes infrações: Em 14/09/2010, em resposta às intimações, a contribuinte informou que as DCTF e a DIPJ foram entregues zeradas por equívoco. Isto posto, lavrouse o presente Auto de Infração para a constituição do crédito tributário de Imposto de Renda Pessoa Jurídica, por presunção de omissão de receitas, com base nos depósitos bancários de origens não comprovadas, conforme Art. 42 da Lei n° 9.430/96; Também foram constituídos os créditos tributários de IRPJ e reflexos, por declaração inexata, conforme Art. 841 do RIR/99, para os faturamentos de 04/2005 a 12/2005, pois foram escriturados na contabilidade e não declarados tempestivamente em DIPJ, DCTF e nem recolhidos; Também foram constituídos os créditos tributários do PIS de 03/2006, 04/2006 e 06/2007 e COFINS de 03/2006 e 04/2006, por declaração inexata, conforme Art. 841 do RIR/99, pois foram escriturados na contabilidade e não declarados tempestivamente em DACON, DCTF e nem recolhidos, através do Processo Administrativo Fiscal n° 19515.003051/201000; Para os faturamentos de 04/2005 a 12/2005 a contribuinte foi autuada por declaração inexata, pois estão escriturados em diário e não declarados em DIPJ e DCTF; Também foram lançadas as diferenças de PIS dos períodos de 03/2006, 04/2006 e 06/2007 e COFINS dos períodos de 03/2006 e 04/2006, apuradas nas Verificações Obrigatórias, também escriturados em diário e não declarados em DACON e DCTF, através do Processo Administrativo Fiscal n° 19515.003051/201000. Em decorrência das faltas apuradas, foram lavrados em 27/09/2010, os seguintes Autos de Infração, cientificados em 04/10/2010 (fl.425): Imposto de Renda Pessoa Jurídica – IRPJ (fls. 424): Total do crédito tributário, R$ 28.191.713,83, incluídos o tributo, multa e juros de mora. Fundamento legal citado às fls. 427/428; Contribuição para o Programa de Integração Social – PIS (fls. 435): Total do crédito tributário, R$ 744.773,18 (códigos 2986 e 6656), incluídos o tributo, multa e os juros de mora. Fundamento legal citado às fls. 438/439; Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS (fls. 446): Total do crédito tributário, R$ 3.437.317,65 (códigos 2960 e 5477), incluídos o tributo, multa e os juros de mora. Fundamento legal citado à fl.449; Fl. 2010DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 03/ 09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 19515.003050/201057 Resolução nº 1201000.214 S1C2T1 Fl. 4 3 Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL (fls. 453): Total do crédito tributário, R$ 10.163.960,89, incluídos o tributo, multa e os juros de mora. Fundamento legal citado às fls.456/457. A contribuinte, cientificada em 04/10/2010, apresentou defesa de fls. 487/525 em 29/10/2010, alegando, em síntese, que: O lançamento foi feito pelo Lucro Real Trimestral (apesar de eleger o faturamento, e não o lucro). Ocorre que, apesar de a escrituração ter se dado pelo lucro real e de a DIPJ entregue ter a opção de Lucro Real Trimestral, a partir de extrato obtido junto à própria Receita Federal do Brasil (Doc. 5), o contribuinte optou pelo Lucro Presumido (o que ocorre com o primeiro pagamento), recolhendo nessa modalidade o IRPJ e a CSLL, bem como apurando a contribuição ao PIS e à COFINS pela sistemática cumulativa; A Douta Autoridade Fiscal tomou por base "os faturamentos de 04/2005 a 12/2005", considerando imprestável a sua escrituração fiscal apenas na parte da apuração da Impugnante que se referia aos custos da atividade. Ou seja, nem apurou o lucro considerando a opção do contribuinte efetuada no primeiro pagamento (Lucro Presumido), nem apurou o Lucro Real considerando todas as dedutibilidades possíveis (conforme escrituração pelo lucro real entregue à fiscalização), nem o arbitrou (hipótese prevista nos casos de escrituração imprestável). Absurdamente, considerou como lucro apenas e tãosomente o faturamento obtido a partir da escrituração entregue; Existe duplicidade no presente lançamento, pois a Impugnante foi autuada a partir de seu faturamento escriturado, para os meses de abril a dezembro de 2005, mas, também, foi autuada por depósitos bancários, levados a resultado na sua escrituração, cujas origens não foram comprovadas, de janeiro a março e de junho a dezembro de 2005. Os depósitos também seguiram a sistemática de apuração pelo Lucro/Real Trimestral, o que não corresponde à opção do contribuinte; O lançamento se deu, também, sobre valores levados a resultado na sua escrituração (este fulcrado em depósitos bancários), como se mantém este lançamento, se parte do imposto (de junho a dezembro) já foi exigido quando do lançamento por "resultados operacionais não declarados"; Em se tratando de vultosa quantia omitida, que enseja o arbitramento para fins de apuração da base de cálculo, o PIS e a COFINS deveriam ter sido calculados considerandose as alíquotas de 0,65% e 3%, e, não, as alíquotas de 1,65% e 7,6%, como foi feito para os valores relativos aos depósitos bancários com origens não comprovadas. Mais ainda porque a opção do contribuinte foi pelo Lucro Presumido, em que só é possível a apuração do PIS e da COFINS no regime da cumulatividade; Por fim, o lançamento do qual a Impugnante tomou ciência em 04/10/2010 está fulminado pela decadência, para o período de janeiro a setembro de 2005, de acordo com o artigo 150, §4° do Código Tributário Nacional; Fl. 2011DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 03/ 09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 19515.003050/201057 Resolução nº 1201000.214 S1C2T1 Fl. 5 4 Considerando que foi dada ciência do lançamento à Impugnante apenas em 04/10/2010, é evidente que, também, em relação ao PIS e a COFINS, ocorreu a decadência do direito de o Fisco de promover o lançamento de crédito tributário decorrente de fatos geradores ocorridos antes de outubro de 2005; Por fim, de se reiterar que no presente caso não foi aplicada a multa de 150% (cento e cinqüenta por cento), razão pela qual não há que se falar em deslocamento da regra de decadência, do artigo 150, §4° para o artigo 173, inciso I, ambos do Código Tributário Nacional; A Autoridade Autuante nunca poderia ter se valido de uma quarta e alienígena forma de apuração, em que, sobre a receita bruta conhecida, ao invés dos percentuais de arbitramento, é aplicada a alíquota prevista, na legislação, para o IRPJ e para a CSLL, sem que fosse considerados quaisquer dos custos escriturados, e não analisados ou contestados pela Douta Autoridade Fiscal (caso fosse possível a apuração pelo lucro real); Ao contrário disso, o arbitramento não foi utilizado no presente caso, o que houve foi uma nítida distorção da base de cálculo, resultando na tributação direta da receita conhecida, e não do lucro. Ao que parece, a Douta Fiscalização conhecia tal procedimento e pretendia arbitrar, tanto é assim que aplicou a alíquota de PIS e COFINS prevista para o arbitramento, no que tange às divergências apuradas entre a escrituração e as declarações, qual seja, 3,65% (enquanto tributou ditas contribuições à alíquota de 9,25% apenas nos casos de depósitos bancários). Ocorre que se esta era a intenção, não é o que foi feito; Não se pode, portanto, confundir renda, rendimento e faturamento. Se considerado o regime do lucro real utilizado pela Fiscalização, na forma da legislação, de se verificar que a base de cálculo é absolutamente diversa daquela levada a efeito no lançamento de divergência de declaração, porquanto apurado prejuízo e base de cálculo negativa no período, conforme se verifica do Livro Razão e Balancete Analítico (Doc. 06), do Livro Diário (Doc. 13), do qual partiu a própria Fiscalização (fls. 03 do TVF) e da apuração realizada pela Impugnante (Doc. 12); Assim, se em parte da autuação a Douta Autoridade Fiscal efetuou o lançamento do IRPJ, da CSLL, do PIS e da COFINS sobre todo o faturamento da Impugnante e, na outra parte, para o mesmo ano calendário, o lançamento se deu, também, sobre valores levados a resultado (lançamento com base em depósitos bancários), como se manter este lançamento, se parte do imposto (de junho a dezembro) já foi exigido quando do lançamento por "resultados operacionais não declarados"; DA NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO EM RAZÃO DA INCORRETA FORMA DE APURAÇÃO DO PIS E DA COFINS. De acordo com o auto de infração, a Douta Autoridade Fiscal entendeu por bem que as alíquotas do PIS e da COFINS, aplicadas no caso de omissão de receita por depósito bancário, seriam de 1,65% e 7,6%, respectivamente, ao passo que para o lançamento por Fl. 2012DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 03/ 09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 19515.003050/201057 Resolução nº 1201000.214 S1C2T1 Fl. 6 5 divergência de declaração utilizouse das alíquotas pela sistemática da cumulatividade, 0,65% e 3%; Sobre este aspecto, de plano se verifica nulidade no lançamento por vício material relativo à apuração de ditas contribuições. Jamais poderia a Douta Autoridade Fiscal, para o mesmo anocalendário, ter se valido de duas sistemáticas diferentes de apuração das contribuições (cumulativo e nãocumulativo), salvo se em razão de expressa hipótese prevista em lei, o que não se verifica no presente caso; Tanto para a parte do auto em que são autuadas divergências entre valores declarados e escriturados, tanto para a parte em que são autuados depósitos bancários com origens não comprovadas, não há que se falar em aplicação das alíquotas previstas para o sistema da nãocumulatividade, mas, sim as alíquotas de 0,65% e 3%; Portanto, seja porque, se lucro presumido ou arbitrado, não foi respeitada a forma de apuração do PIS e da COFINS determinada pela Lei, seja porque, tendo sido utilizado o regime de apuração pelo lucro real, sequer seriam aplicáveis, para fatos geradores ocorridos no ano calendário de 2005, as disposições contidas no Decreto n° 4.524/2002 (vez que a empresa apuraria o PIS e a COFINS no regime não cumulativo), é nulo o lançamento na forma como realizado; A Douta Autoridade Fiscal, apesar de utilizar o regime do lucro real, não respeitou a sistemática legal, tributando toda a receita de venda da Impugnante, relativa ao período de 04/2005 a 12/2005, sem dar a ela, ao menos, o crédito relativo às entradas; Ora, conforme se verifica do Livro Registro de Entradas da Impugnante, no mês de abril, as aquisições para revenda ou insumos para a fabricação corresponderam ao montante de R$ 4.130.000,00 (quatro milhões e cento e trinta mil reais), enquanto que a receita de venda foi de R$ 2.777.050,00 (dois milhões, setecentos e setenta e sete mil e cinquenta reais), conforme verificado no Livro Razão da Impugnante (Doc. 06 fls. 92 Conta Contábil n° 3.1.1.01.0001 134 Vendas de Mercadorias x Conta Contábil n° 3.1.1.03.0001 135 – Vendas Canceladas); A mesma situação pode ser verificada nos demais meses do ano calendário de 2005, em que a Impugnante sempre registrou em seu Livro de Entradas (Doc. 07) elevados valores relativos a mercadorias adquiridas para revenda ou insumos, todos devidamente comprovados pelas Notas Fiscais anexas (Doc. 08); Pelas razões apresentadas ao longo desta exposição, descabe o lançamento de ofício efetuado contra a Impugnante, referente ao Imposto de Renda da Pessoa Jurídica IRPJ e seus reflexos (CSLL, PIS e COFINS), inexistindo fundamento para a imposição de qualquer multa de ofício, uma vez que a aludida penalidade pecuniária constitui acessório da exação principal; A multa, em si mesma, segue a sorte do tributo principal que, uma vez inexigível, acarreta a inexigibilidade daquela e, portanto, deve ser cancelada; Fl. 2013DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 03/ 09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 19515.003050/201057 Resolução nº 1201000.214 S1C2T1 Fl. 7 6 Por fim, é de se ressaltar que, na absurda hipótese de vir a ser mantida a autuação, será indevida a imposição de juros de mora sobre a multa de ofício lançada, e não paga no vencimento, por ausência de previsão legal; Logo, independentemente do enfoque atribuído ao litígio, os juros moratórios não podem ser aplicadas sobre a multa de ofício lançada, caso mantido o lançamento, seja por falta de previsão legal, seja porque o enquadramento legal apontado no auto de infração não autoriza a imposição de juros sobre a multa de ofício, mas apenas sobre os tributos não pagos no prazo legal; Finalmente, vale destacar que é imperioso que se analise detalhadamente não apenas a documentação apresentada junto à presente Impugnação, como também todos os documentos que vierem a ser posteriormente apresentados pela Impugnante, a fim de que a autoridade administrativa constate as incongruências apontadas acima. Tendo em vista as divergências apontadas e a documentação apresentada (fls.602/1241) composta de escrita fiscal (Livros “Razão Analítico”, “Balancete Analítico”, “Registros de Entradas e Saídas”, “Diário” e “Demonstrativo de Resultado do Exercício”) e Notas Fiscais, tornouse necessário converter o presente processo em diligência fiscal visando esclarecer os seguintes pontos controversos. 1) Informar se os documentos de fls. 602/1.241, comprovam os custos e despesas incorridas durante o anocalendário de 2005; 2) Se os custos e despesas eventualmente comprovados podem ser deduzidos para a apuração do Lucro Real; 3) Cálculo da nova base tributável e dos tributos devidos, caso comprovados os custos e despesas; 4) Elabore relatório conclusivo e dê ciência a contribuinte concedendolhe o prazo de 10 dias para manifestação, conforme art.44 da Lei nº 9.784/99. Em resposta ao pedido de diligência fiscal, a Fiscalização elaborou relatório conclusivo (fls.1.434/1.432) com o seguinte teor: Objetivando confirmar a efetiva realização das operações de compras espelhadas nas notas, foram solicitadas em Termos de Intimações específicos a apresentação de comprovantes de entregas das mercadorias constantes em notas fiscais de seus principais fornecedores, como também, documentos hábeis e idôneos suportes de lançamentos contábeis.que comprovassem efetivos pagamentos dessas NFs, haja visto que a maioria dos históricos das contas de bancos e de fornecedores constam apenas a identificação do número de cheque sem especificar o beneficiário, impossibilitando assim a confirmação do efetivo pagamento das notas fiscais dos fornecedores (fls 646/693 contas 111020001 Itaú e 11102002 Safra e fls 703/726 conta 2111010001 Fornecedores); para essas intimações, nenhum documento requerido foi apresentado; Fl. 2014DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 03/ 09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 19515.003050/201057 Resolução nº 1201000.214 S1C2T1 Fl. 8 7 A tentativa de circularização a esses fornecedores autorizada por Mandados de Procedimento Fiscal Diligências extensivos de 12/12/2011, solicitando comprovações de entrega de mercadoria, efetivo recebimento do valor e do lançamento contábil da Nota Fiscal e/ou sua escrituração no Registro de Saídas resultaram infrutíferas, com o retorno ao remetente pelos Correios das correspondências' contendo Termos de Intimações Fiscais, embora encaminhadas ao último endereço constantes em .registro da Junta Comercial do Estado de São Paulo Jucesp, em recente consulta via eletrônica, mais atualizados que o cadastro da Receita Federal do Brasil RFB; Face os indícios de inidoneidade das notas fiscais de fornecedores, embora intimada, a empresa EUROAMERICA não apresentou nenhum documento que pudesse comprovar a efetiva entrega como também, o efetivo pagamento dessas compras, supostamente efetuadas das empresas: SANDER, ADV e CTC. A outra opção de investigação tentada, as circularizações diretamente à esses fornecedores, autorizadas por Mandado de Procedimento Fiscal – Diligência MPFD VINCULADAS, respectivamente de Número 08190002011036965, 08190002011 ¬ 036949 e 08190002011036957, também resultaram infrutíferas com o retorno ao remetente pelo Correios da correspondência contendo os Termos de Intimação Fiscal, configurando assim a impossibilidade de comprovação dessas operações de compras; Pela impossibilidade de comprovação da entrega de mercadorias como também, do efetivo pagamento desses fornecimentos, corroborados pelas informações da Fazenda do Estado de São Paulo decorrente de fiscalização de ICMS, os custos não puderam ser comprovados; Por outro lado, todas as contas de despesas somadas representam percentagem de 4% das receitas líquidas e mesmo para estas, nenhuma documentação comprobatória foi fornecida, embora objeto de intimação e reintimação; chama a atenção a ausência de despesas com folhas de pagamento corroborado pela inexistência de entrega de Guia de Recolhimento de FGTS GFIP nesse ano calendário de 2005, conforme pesquisa em sistemas da RFB; parece razoável a hipótese de ter havido mão de obra para operacionalizar tal volume de itens transacionados nesse ano. Constam pagamentos na conta 423030001 Despesa com Diretoria, às folhas 751/753 sob histórico "valor ref ag. saque ref Pro Labore Nelson", que se confirmado tratarse de remuneração, de sócio, deveria necessariamente ter ser objeto de informação em GFIP. Esses indícios todos, embora se tratem de contas de despesas pouco representativa no computo geral, impossibilitaram também a comprovação de despesas; O não atendimento à nenhuma das intimações para apresentação de documentação solicitada nesta diligência fiscal, que buscava a comprovação da efetiva realização das compras de seus principais fornecedores e por conseqüência, os custos de vendas lançados em seu demonstrativo de resultados; as informações da fiscalização estadual confirmando trataremse de notas fiscais inidôneas desses fornecedores, como também, a não comprovação da ocorrência de suas despesas que, ficaram prejudicados, impossibilitando portanto, que se Fl. 2015DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 03/ 09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 19515.003050/201057 Resolução nº 1201000.214 S1C2T1 Fl. 9 8 comprovasse os custos e despesas do ano calendário de 2005, lançados em seus demonstrativos contábeis; Portanto, os demais temas também objeto desta diligência fiscal, a saber: se os custos e despesas eventualmente comprovados poderiam ser deduzidos para a apuração do Lucro Real e o cálculo da nova base tributável e dos tributos devidos, caso comprovado os custos e despesas, ficaram prejudicados, visto serem conseqüência do tópico já trabalhado, onde não foi possível a comprovação de custos e despesas. Em contestação às conclusões do relatório fiscal, a contribuinte apresentou impugnação complementar de fls.1.485/1.493 com o seguinte teor: A Autoridade Autuante se valeu de uma forma de apuração inexistente em que, sobre a receita bruta, ao invés dos percentuais do lucro presumido ou de arbitramento, foi aplicada a alíquota prevista, na legislação, para o IRPJ e para a CSLL, sem que fossem considerados quaisquer dos custos escriturados; A Douta Autoridade Fiscal, ao não respeitar a apuração da base de cálculo do imposto de renda da pessoa jurídica, sob qualquer das três formas de apuração previstas na lei: real, arbitrado ou presumido, também se equivocou quando da apuração do PIS e da COFINS, ora se utilizando do regime cumulativo, ora se utilizando do regime não cumulativo; A Douta Autoridade Fiscal, apesar de não aplicar o arbitramento, acabou por também desconsiderar a escrituração do contribuinte, porquanto não aplicou o percentual de presunção sobre o faturamento, a fim de encontrar a base de cálculo do IRPJ e da CSLL. Ora, se a opção foi pelo lucro presumido, e a Autoridade Fiscal não queria arbitrar, deveria ter considerado a base de cálculo conforme apuração prevista para a opção da Impugnante; Os demais argumentos são os mesmos da impugnação apresentada contra o Auto de Infração, já exposto anteriormente. Em sessão de 15 de março de 2013 a 2a Turma da Delegacia de Julgamento de São Paulo, por unanimidade de votos, julgou improcedente a impugnação e manteve os créditos lançados. A Contribuinte foi intimada por Edital e não apresentou Recurso no prazo legal, razão pela qual os créditos, considerados como não questionados, foram objeto de inscrição na dívida ativa. Posteriormente, a empresa obteve, por meio de Mandado de Segurança, provimento para que lhe fosse devolvido o prazo para a interposição de Recurso Voluntário, que foi efetivamente apresentado em 14 de abril de 2014, conforme atestado às fls. 1.926 e seguintes. A inscrição dos créditos em dívida ativa foi cancelada e, de acordo com o despacho de fls. 2007, a delegacia de origem reconheceu a eficácia da medida judicial em vigor e a tempestividade do recurso após a reabertura do prazo, de forma que os autos foram encaminhados a este Conselho, para apreciação e julgamento. Fl. 2016DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 03/ 09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 19515.003050/201057 Resolução nº 1201000.214 S1C2T1 Fl. 10 9 É o relatório. Voto Conselheiro Roberto Caparroz de Almeida, Relator Em relação à tempestividade do recurso voluntário, cabenos tecer breves considerações. Como relatado, a interessada originalmente não apresentou recurso no prazo legal. Entretanto, acionou o Poder Judiciário e obteve, nos autos do Mandado de Segurança n. 002333168.2013.4.03.6100/SP decisão favorável para que o prazo fosse reaberto e, nesse contexto, apresentou tempestivamente a peça recursal. Em consulta ao sítio do TRF da 3a Região, efetuada em maio de 2016, constatamos que o feito ainda não transitou em julgado, razão pela qual devemos conhecêlo como tempestivo e apto a defender os interesses da empresa no presente processo administrativo. A partir dessa premissa, cumprenos analisar os argumentos formulados pela contribuinte e, de plano, percebemos que remanesce dúvida quanto a ponto relevante para a análise da decadência. Explicase: alega a Recorrente que houve decadência em relação aos fatos geradores ocorridos antes de outubro de 2005, posto que a ciência dos autos de infração deuse em 04 de outubro de 2010. Seria, em seu entendimento, aplicável à espécie o disposto no artigo 150, § 4o, do CTN. Como subsídio dessa alegação, a empresa reportase a extrato obtido pela internet, de fls. 601 e 602, no qual constam pagamentos, relativos ao anocalendário autuado, a título de PIS (código 8109), COFINS (código 2172), CSLL (código 2372) e IRPJ na modalidade lucro presumido (código 2089). Ocorre que a decisão de primeira instância, que teve acesso ao extrato, pois este foi apresentado ao tempo da impugnação, consignou que não houve pagamento de tributos no período, razão pela qual afastou a decadência suscitada pela aplicação do artigo 173, I, do Código Tributário e da Jurisprudência consolidada no STJ, conforme excerto a seguir: Em se tratando de exigência de tributo submetido ao lançamento por homologação, a contagem do prazo decadencial iniciase a partir da ocorrência do fato gerador, em ocorrendo pagamento do tributo. No caso concreto, inexistindo pagamento sobre as parcelas apuradas pela autuante, discriminadas no Termo de Verificação Fiscal, não há o que se homologar, aplicandose a regra geral da decadência prevista no art. 173, inciso I, do CTN, a seguir transcrito, devendo, neste caso, Fl. 2017DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 03/ 09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 19515.003050/201057 Resolução nº 1201000.214 S1C2T1 Fl. 11 10 ser considerado como termo inicial o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado: (...) Nesta situação, o anocalendário de 2006 corresponde ao exercício em que poderia ser efetuado o lançamento relativo aos fatos geradores ocorridos no anocalendário de 2005. Iniciandose a contagem do prazo qüinqüenal no primeiro dia do exercício seguinte, ou seja, no anocalendário de 2006, o direito do Fisco de constituir o crédito tributário pelo lançamento expirarseia em 31/12/2010. Portanto, não cabe a alegação da contribuinte a respeito da decadência do lançamento tributário uma vez que o ato administrativo foi efetuado dentro do prazo previsto na legislação qual seja, 5 anos a contar do ano seguinte em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Dessa forma, totalmente afastada a hipótese de decadência do presente lançamento tributário. (grifamos) Destaquese, por oportuno, que a declaração de voto apresentada em primeira instância também corroborou o entendimento do voto condutor, no sentido da aplicabilidade do artigo 173, I para o caso sob análise. Constatase, pois, que o fundamento da decisão de primeira instância baseouse no fato de que não houve pagamentos relativos ao anocalendário de 2005, entendimento que diverge do extrato apresentado pela contribuinte às fls. 601 e 603. Como o referido extrato não tem valor para fins de comprovação da efetiva arrecadação (o que poderia ser feito mediante a apresentação de DARF´s, que, contudo, não constam do processo), entendo que remanesce dúvida em relação aos pagamentos efetuados pela interessada. Nesse sentido, conduzo meu voto pela conversão do julgamento em diligência, para que a delegacia de jurisdição da contribuinte: a) Verifique nos sistemas da Receita Federal do Brasil a existência (ou não) de pagamentos para o anocalendário de 2005; b) Indique as datas, períodos de apuração, nomes e códigos dos tributos porventura recolhidos, que deverão constar de relatório conclusivo; c) Dê ciência à interessada para que, no prazo de trinta dias, apresente, se desejar, manifestação acerca das conclusões. Posteriormente, os autos deverão retornar a este Conselho e Relator para julgamento. Ante o exposto CONHEÇO do Recurso e voto por CONVERTER o julgamento em diligência. Fl. 2018DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 03/ 09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Processo nº 19515.003050/201057 Resolução nº 1201000.214 S1C2T1 Fl. 12 11 É como voto. (documento assinado digitalmente) Roberto Caparroz de Almeida Relator Fl. 2019DF CARF MF Impresso em 05/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 03/ 09/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA
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Numero do processo: 16349.000256/2007-09
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 28 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Oct 06 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/07/2002 a 30/09/2002
Ementa:
IPI. PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DOS ESTABELECIMENTOS. MATRIZ E FILIAL.
À luz do princípio da autonomia dos estabelecimentos, insculpido no regulamento do imposto, cada um dos estabelecimentos de uma mesma empresa deve cumprir separadamente suas obrigações tributárias.
RESSARCIMENTO DE IPI. COMPETÊNCIA PARA APRECIAÇÃO.
A decisão sobre o pedido de ressarcimento de créditos do IPI caberá à autoridade competente que, à data do reconhecimento do direito creditório, tenha jurisdição sobre o domicílio fiscal do estabelecimento da pessoa jurídica que apurou referidos créditos.
DESPACHO DECISÓRIO DE DRF COMPETENTE PARA ANÁLISE DE PEDIDO DE RESSARCIMENTO À TERMO DE INFORMAÇÃO FISCAL EMITIDO POR DELEGACIA INCOMPETENTE.
A DRF competente para análise de pedido de ressarcimento não está vinculada à parecer favorável ao crédito e anteriormente emitido por DRF incompetente para analisar a existência e qualidade do crédito.
IPI. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO.
É do contribuinte o ônus de provar a existência e a qualidade do seu crédito, não cabendo transferir esse mister à atividade fiscalizatória. O princípio da verdade material implica a flexibilização do procedimento probante, mas não serve para suprimir o descuido do contribuinte em provar seu direito, em especial quando intimado na fase fiscalizatória para cumprir com este ônus.
Numero da decisão: 3402-003.305
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. Esteve presente ao julgamento a Dra. Larissa Daim Veppo dos Santos, OAB/DF nº 47.543.
Antonio Carlos Atulim - Presidente.
Diego Diniz Ribeiro- Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: DIEGO DINIZ RIBEIRO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/07/2002 a 30/09/2002 Ementa: IPI. PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DOS ESTABELECIMENTOS. MATRIZ E FILIAL. À luz do princípio da autonomia dos estabelecimentos, insculpido no regulamento do imposto, cada um dos estabelecimentos de uma mesma empresa deve cumprir separadamente suas obrigações tributárias. RESSARCIMENTO DE IPI. COMPETÊNCIA PARA APRECIAÇÃO. A decisão sobre o pedido de ressarcimento de créditos do IPI caberá à autoridade competente que, à data do reconhecimento do direito creditório, tenha jurisdição sobre o domicílio fiscal do estabelecimento da pessoa jurídica que apurou referidos créditos. DESPACHO DECISÓRIO DE DRF COMPETENTE PARA ANÁLISE DE PEDIDO DE RESSARCIMENTO À TERMO DE INFORMAÇÃO FISCAL EMITIDO POR DELEGACIA INCOMPETENTE. A DRF competente para análise de pedido de ressarcimento não está vinculada à parecer favorável ao crédito e anteriormente emitido por DRF incompetente para analisar a existência e qualidade do crédito. IPI. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO. É do contribuinte o ônus de provar a existência e a qualidade do seu crédito, não cabendo transferir esse mister à atividade fiscalizatória. O princípio da verdade material implica a flexibilização do procedimento probante, mas não serve para suprimir o descuido do contribuinte em provar seu direito, em especial quando intimado na fase fiscalizatória para cumprir com este ônus.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. Esteve presente ao julgamento a Dra. Larissa Daim Veppo dos Santos, OAB/DF nº 47.543. Antonio Carlos Atulim - Presidente. Diego Diniz Ribeiro- Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 20; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2192; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T2 Fl. 227 1 226 S3C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 16349.000256/200709 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3402003.305 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 28 de setembro de 2016 Matéria IPI Recorrente BERTIN LTDA. Recorrida UNIÃO ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/07/2002 a 30/09/2002 Ementa: IPI. PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DOS ESTABELECIMENTOS. MATRIZ E FILIAL. À luz do princípio da autonomia dos estabelecimentos, insculpido no regulamento do imposto, cada um dos estabelecimentos de uma mesma empresa deve cumprir separadamente suas obrigações tributárias. RESSARCIMENTO DE IPI. COMPETÊNCIA PARA APRECIAÇÃO. A decisão sobre o pedido de ressarcimento de créditos do IPI caberá à autoridade competente que, à data do reconhecimento do direito creditório, tenha jurisdição sobre o domicílio fiscal do estabelecimento da pessoa jurídica que apurou referidos créditos. DESPACHO DECISÓRIO DE DRF COMPETENTE PARA ANÁLISE DE PEDIDO DE RESSARCIMENTO À TERMO DE INFORMAÇÃO FISCAL EMITIDO POR DELEGACIA INCOMPETENTE. A DRF competente para análise de pedido de ressarcimento não está vinculada à parecer favorável ao crédito e anteriormente emitido por DRF incompetente para analisar a existência e qualidade do crédito. IPI. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO. É do contribuinte o ônus de provar a existência e a qualidade do seu crédito, não cabendo transferir esse mister à atividade fiscalizatória. O princípio da verdade material implica a flexibilização do procedimento probante, mas não serve para suprimir o descuido do contribuinte em provar seu direito, em especial quando intimado na fase fiscalizatória para cumprir com este ônus. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 34 9. 00 02 56 /2 00 7- 09 Fl. 243DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. Esteve presente ao julgamento a Dra. Larissa Daim Veppo dos Santos, OAB/DF nº 47.543. Antonio Carlos Atulim Presidente. Diego Diniz Ribeiro Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório 1. Por bem retratar a demanda em apreço, adoto como meu parte do relatório desenvolvido pela DRJ de Ribeirão Preto (acórdão n. 1421.684 fls. 173/188), o que passo a fazer nos seguintes termos: Tratase de manifestação de inconformidade, apresentada pela empresa em epígrafe, ante Despacho Decisório de autoridade da Delegacia da Receita Federal do Brasil em Limeira que não homologou as compensações solicitadas no presente processo administrativo. Consta nos autos que o crédito tributário que se pretendeu compensar referese ao saldo credor do IPI de que trata o artigo 11 da Lei n° 9.779/99, no montante de R$ 47.640,69, relativo ao 3° trimestre de 2001, a ser aproveitado na compensação declarada pela Dcomp, anexa ao processo n° 16349000282/200729, a este apenso, e apresentada em 30/06/2003. A Delegacia de origem, em 19/05/2008, mediante despacho decisório, indeferiu o pedido de ressarcimento, sem análise do mérito, em razão de a contribuinte ter deixado de apresentar, embora intimada, os documentos solicitados com o fim de comprovar a certeza e liquidez do direito creditório requerido e não homologou as compensações relacionadas no processo de representação fiscal. Regularmente cientificada, em 26/05/2008 (doc fl. 111), do indeferimento de seu pleito, a contribuinte apresentou manifestação de inconformidade, na qual, em resumo, fez as seguintes considerações: · O estabelecimento matriz solicitou o ressarcimento do saldo credor de IPI conjuntamente com todas as filiais por existir uma centralização na apuração do crédito do IPI em tal localidade, respeitando as determinações vigentes à época contidas na IN SRF n° 21/1997. O regime jurídico de apuração dos créditos do IPI da IN n° 21/97 difere do atual regime previsto na IN n° 600/2005, porque enquanto naquele Fl. 244DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 16349.000256/200709 Acórdão n.º 3402003.305 S3C4T2 Fl. 228 3 existia a possibilidade da apuração centralizada, nesta última, por força do artigo 16, § 2°, a apuração é realizada por cada estabelecimento filial e somente o pedido de ressarcimento é realizado pelo estabelecimento matriz, que atua em nome das filiais cujas operações deram origem ao crédito; · Em 14 de maio de 2004, a DIFIS/SP expediu Termo de Intimação Fiscal solicitando ao estabelecimento matriz da recorrente a apresentação de diversos documentos para apurar a existência do direito ao crédito do IPI objeto do supracitado pedido de ressarcimento. Em decorrência desta intimação, a matriz da recorrente apresentou todos os documentos necessários para a apuração da existência do direito creditório. Em razão deste fato, a DIFIS/SP expediu Termo de Informação Fiscal contendo lista dos documentos apresentados e ao final o reconhecimento do direito creditório no valor de R$ 1.168.948,76. · Não obstante a adequada e completa fiscalização realizada pela DIFIS/SP, foi defendida a necessidade de reexame de alguns elementos materiais constitutivo do crédito pleiteado, sem justificativa, e a interessada foi intimada a apresentar, em curtíssimo prazo, inúmeros documentos, abrangendo muito mais do que os necessários para se apurar as circunstâncias descritas da representação fiscal. Em busca de tais documentos, a requerente descobriu que estes (referentes ao período de janeiro de 1999 a dezembro de 2002) haviam sido incinerados, apresentando esta justificativa na petição. Em 31 de janeiro de 2008 a empresa protocolou requerimento solicitando prazo de 30 dias para reimprimir os documentos solicitados, tendo o pleito sido indeferido pelo AF RFB sem apresentar nenhuma justificativa; · Considerando a apuração de forma centralizada pelo estabelecimento matriz, a autoridade competente para apreciar a solicitação é o Delegado da DERAT em São Paulo; · Para realizar nova fiscalização farseia necessário ter sido expedida uma Portaria pelo Delegado da Receita Federal que jurisdiciona a Recorrente; · O despacho decisório merece ser cancelado porque a fiscalização realizada pelos servidores vinculados à DRF/Limeira foi totalmente irregular, por ir além do autorizado na Representação e porque desconsiderou ter a empresa apresentado à DIFIS/SP diversos documentos necessários para a apreciação do pedido de ressarcimento, desconsiderando, em conseqüência diversas provas e documentos relacionados ao pedido de ressarcimento; A empresa não foi intimada a se manifestar sobre o fim da instrução processual conforme determina o artigo 44 da Lei n° 9.784/99; Fl. 245DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM 4 · Não existe legislação garantindo a possibilidade do indeferimento do pedido de ressarcimento pelo motivo descrito. De acordo com a IN 600/2005 depreende ser somente possível o indeferimento do pedido caso o contribuinte não possua efetivamente o direito ao ressarcimento do “crédito presumido do IPI”. A existência do direito creditório foi atestada por uma das mais experientes equipes de fiscalização da Receita Federal do Brasil, a DIFIS/SP. · Erro e falta de motivação no despacho decisório por desconsiderar a existência de informação fiscal emitido pela DIFIS/SP e ter a recorrente apresentado os documentos comprobatórios do direito creditório na época solicitados. Sendo assim, a fundamentação adotada está totalmente incorreta; · Cerceamento do direito de defesa, por não permitir a compreensão de como pode ter sido desconsiderada totalmente a fiscalização realizada anteriormente e não analisados os documentos que já haviam sido apresentados pela empresa como prova do direito creditório pleiteado; · O despacho decisório deve ser reformado por ter o estabelecimento matriz apresentado diversos documentos,fato que gerou a análise favorável da DIFIS/SP no Termo de Informação Fiscal. Pelo principio da verdade material, para decidir, a autoridade deve realizar todos os atos necessários para apurar de forma real e verdadeira as circunstâncias envolvendo o direito do contribuinte e analisar todos os argumentos comprobatórios disponíveis para verificação; · O procedimento fiscal' realizado desconsideraram totalmente os documentos fornecidos pela recorrente e que estavam juntados ao processo administrativo n°13804.003095/2002 80, bem como não foi solicitado nenhum esclarecimento sobre os trabalhos fiscais praticados no termo de informação fiscal original; · O despacho decisório também deve ser cancelado por ofender o princípio da proporcionalidade e razoabilidade ao negar o direito de ressarcimento da recorrente, pois desconsiderou profunda análise fiscal realizada anteriormente, e a solicitação para apresentação de documentos após 5 anos da protocolização do pedido. · A empresa jamais teve a intenção de embaraçar os trabalhos fiscais, porque desde o início da fiscalização buscou cumprir com as solicitações fiscais, solicitando inclusive prorrogação de prazo para apresentação, o qual foi indeferido de forna injustificada; · Na hipótese de a fiscalização necessitar de verificar outros documentos ou atestar a veracidade dos ora anexados a recorrente informou que localizou em seu arquivo morto diversas notas fiscais que estão à disposição da fiscalização ou de eventual perícia e diligência. Para os documentos que Fl. 246DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 16349.000256/200709 Acórdão n.º 3402003.305 S3C4T2 Fl. 229 5 foram efetivamente incinerados, muitos possuem cópias simples, que foram analisadas pelos AFRFB, sua autenticidade foi verificada pela DIFIS/SP, não podendo ser desconsiderado; · Em relação à questão envolvendo o créditoprêmio de IPI, esta não merece ser considerada, por não possuir qualquer relação com o pedido de ressarcimento e ainda não ser possível ser efetuada qualquer glosa, considerando os efeitos da decadência, conforme o próprio parecer SAORT; · O despacho decisório deve ser reformado porque não homologou as compensações que já haviam sido homologadas tacitamente, nos termos do artigo 74, § 5° da Lei n° 9.430/1996; Por fim, solicitou a realização de diligência ou perícia, nomeando perito e elaborando quesitos; o reconhecimento da incidência da taxa selic sobre o valor dos créditos pleiteados e o julgamento em conjunto das manifestações apresentadas nos processos desmembrados do original. (...). 2. Uma vez processada, a Impugnação do contribuinte foi julgada improcedente pela DRJRibeirão Preto (acórdão n. 1421.684 fls. 173/188), nos termos da ementa abaixo transcrita: Assunto: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/07/2001 a 30/09/2001 APURAÇÃO DO IPI. PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DOS ESTABELECIMENTOS. MATRIZ E FILIAL. À luz do: principio da autonomia dos estabelecimentos, insculpido no regulamento do imposto, cada um dos estabelecimentos de uma mesma empresa deve cumprir separadamente suas obrigações tributárias. RESSARCIMENTO DE IPI. COMPETÊNCIA PARA APRECIAÇÃO. A decisão' sobre o pedido de ressarcimento de créditos do IPI caberá ao titular da DRF, Derat ou IRFClasse Especial que, à data do reconhecimento do direito creditório, tenha jurisdição sobre o domicílio fiscal do estabelecimento da pessoa jurídica que apurou referidos créditos. RESSARCIMENTO DE IPI. REQUISITOS. A concessão de qualquer ressarcimento ou compensação está subordinada ao preenchimento dos requisitos e condições determinados pela legislação tributária de regência. RESSARCIMENTO DE IPI. COMPROVAÇÃO. Fl. 247DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM 6 Quando dados ou documentos solicitados ao interessado forem necessários à apreciação de pedido formulado, o não atendimento no prazo fixado pela Administração para a respectiva apresentação implicará o indeferimento do pleito. RESSARCIMENTO. ÔNUS DA PROVA. E ônus processual da interessada fazer a prova dos fatos constitutivos de seu direito. DCOMP. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. O prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo será de 5 (cinco) anos, contado da data da entrega da declaração de compensação e não da data do pedido de ressarcimento ou restituição. PEDIDO › DE PERÍCIA/DILIGÊNCIA. PRESCINDIBILIDADE. INDEFERIMENTO. Estando presentes nos autos todos os elementos de convicção necessários à adequada solução da lide, indeferese, por prescindível, o pedido de diligência ou perícia. Solicitação Indeferida. 3. Diante deste quadro o contribuinte interpôs o Recurso Voluntário de fls. 191/225, oportunidade em que repisou os fundamentos desenvolvidos em Impugnação. 4. É o relatório. Voto Conselheiro Relator Diego Diniz Ribeiro 5. O Recurso Voluntário interposto preenche os requisitos formais para a sua admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. I. Preliminares (i) Da incompetência da DRFLimeira para analisar o pedido de ressarcimento 6. A primeira preliminar desenvolvida pela Recorrente é no sentido de que a DRF de Limeira seria incompetente para analisar o pedido de ressarcimento formulado pela Recorrente, uma vez que o crédito em questão foi apurado de forma centralizada pela sua matriz, o que redundaria na competência da DRF de São Paulo para análise de tal pleito, já que lá se encontrava o estabelecimento matriz da Recorrente. 7. Diferentemente, entretanto, do que alega a Recorrente, a competência da Delegacia da Receita Federal em Limeira para apreciar o pedido decorre do disposto no art. 32 da Instrução Normativa SRF nº 210/2002, vigente à época do pedido e que segue abaixo transcrito: Art. 32. A decisão sobre o pedido de ressarcimento de créditos do IPI caberá ao titular da DRF, Derat ou IRF Classe Especial que, à data do reconhecimento do direito creditório, tenha Fl. 248DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 16349.000256/200709 Acórdão n.º 3402003.305 S3C4T2 Fl. 230 7 jurisdição sobre o domicílio fiscal do estabelecimento da pessoa jurídica que apurou referidos créditos. Parágrafo único. O ressarcimento ou a compensação de ofício de créditos do IPI com débitos da pessoa jurídica para com a Fazenda Nacional caberá ao titular da unidade da SRF de que trata o caput que, à data do ressarcimento ou da compensação, tenha jurisdição sobre o domicílio fiscal do estabelecimento da pessoa jurídica que apurou referidos créditos. (grifos nosso). 8. Em verdade, o Recorrente entende que a análise foi elaborada por agente incompetente porque realizou indevida apuração centralizado do crédito de IPI. Acontece que, conforme bem destacado pela DRJ, vige no IPI o princípio da autonomia dos estabelecimentos, conforme disciplina o parágrafo único do artigo 51 do Código Tributário Nacional, bem como os artigos 291 e 487, inciso IV, do Regulamento de IPI, aprovado pelo Decreto n° 2.636, de 25 de junho de 1998 (RIPI/98 vigente à época dos fatos). 9. Segundo os dispositivos alhures citados cada estabelecimento da empresa é contribuinte autônomo, de modo que a apuração do imposto deve ser feita por estabelecimento, sendo vedada a sua centralização. Logo, cada estabelecimento precisa manter a sua própria escrituração contábilfiscal, o que impede a transferência de crédito de um estabelecimento para outro, ou mesmo para a centralização na matriz, como pretendeu fazer a Recorrente. 10. Quando muito, se comparada com a questão da competência da instância judicial, a incompetência aqui aventada se assemelharia a uma incompetência territorial, a qual configura mera incompetência relativa que, ao meu ver, no âmbito do processo administrativo federal, não é suficiente para macular de nulidade absoluta a integralidade do trabalho fiscal, haja vista as ideias de unidade e objetividade das manifestações da Administração Pública, em oposição as ideias de fragmentação e subjetividade. 11. Nesse diapasão, rejeito a primeira preliminar aventada, bem como todas as demais preliminares desenvolvidas no Recurso Voluntário em julgamento (itens II.1.7, II.1.8, II.1.9) com base na premissa aqui refutada: incompetência da DRFLimeira. (ii) A vinculação do despacho decisório da DRF Limeira ao Termo de informação Fiscal da DIFIS/SP 12. Outro ponto trazido pela Recorrente é que a DRF de Limeira estaria vinculada à manifestação da DIFIS/SP, onde inicialmente se processou o presente pedido de ressarcimento, i.e., antes de seu desdobramento em diferentes processos no local dos estabelecimentos filiais da Recorrente. 13. Primeiramente, cumpre salientar que a fiscalização de Limeira não ignorou a informação fiscal prestada pela DIFIS/SP, mas a considera insuficiente para atestar a determinação da liquidez e certeza dos créditos vindicados pelo Recorrente. 14. Ademais, se a competência para análise quanto ao pedido de ressarcimento no caso em tela é da DRF de Limeira, conforme destacado no item imediatamente anterior do presente voto, não há vinculação da DRF Limeira à manifestação prestada pela DIFIS/SP. Logo, a autoridade competente para analisar o pleito do Recorrente não só pode como deve verificar a regularidade da escrituração fiscal do contribuinte. Fl. 249DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM 8 15. Neste termos, também refuto esta preliminar desenvolvida pelo Recorrente. (iii) Da nulidade da fiscalização por não respeitar a representação 16. Em relação ao presente tópico o Recorrente alega que: ...da Representação assinada pelo Chefe da SAORT, foi solicitada uma complementação das verificações fiscais somente quanto a alguns pontos. 48. Jamais foi autorizada a realização de nova fiscalização integral pelos AFRFs vinculados à DRF/Limeira, como pretenderam realizar como demonstra o Termo de inicio de Fiscalização lavrado no dia 26 de dezembro de 2007 contendo a solicitação de diversas informações, dados e documentos. 17. Com a devida vênia, mas não vislumbro qualquer irregularidade na fiscalização também neste tópico em particular. Neste aspecto, inclusive, bem andou a decisão recorrida, quando assim prescreveu: A Representação, que deu início ao processo ora em análise, constitui simples meio de desmembrar o processo original e encaminhálo à autoridade competente para análise, nada mais que isso. Não vejo nesse procedimento qualquer irregularidade que possa ocasionar a nulidade do procedimento, nem da decisão do órgão administrativo. (...). Como se vê, o processo foi instruído com as cópias de todos os documentos apresentados no processo original referentes ao estabelecimento, inclusive da informação fiscal da DIFIS/SPO. No relatório da Representação consta a existência de tal verificação e os argumentos da necessidade de se proceder esta nova verificação: inclusão de créditos de filiais, não identificação do CNPJ do estabelecimento detentor do crédito soöitado, competência da DRF da jurisdição dos estabelecimentos que apuraram o crédito, verificação por amostragem. Ademais, como dito anteriormente, não existe qualquer impedimento na realização de nova verificação, já que a autoridade que efetivou a primeira verificação não jurisdicionava o domicílio fiscal do estabelecimento em questão. 18. Por bem resolver a questão, me valho do fundamento alhures desenvolvido no acórdão n. 1421.684 (fls. 173/188) para resolver este tópico do presente Recurso Voluntário, o que faço com fundamento no disposto no art. 50, § 1o da lei 9.784/991. 1 "Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: (...) § 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato. (...)" Fl. 250DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 16349.000256/200709 Acórdão n.º 3402003.305 S3C4T2 Fl. 231 9 (iv) Da pretensa falta de análise de documentos apresentados, suposta precariedade do trabalho fiscal e ofensa aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade 19. Outra preliminar aventada pelo Recorrente é o sentido da nulidade da decisão recorrida ao fundamento que os documentos que instruíram o pedido de ressarcimento foram ignorados pela fiscalização e também pela DRJ. Vejamos o teor da manifestação do contribuinte em sua peça recursal: 50. O Acórdão recorrido também merece ser reformado porque o Despacho Decisório nitidamente desconsiderou ter a Recorrente apresentado a DIFIS/SP diversos documentos necessários para a gpreciação do pedido de ressarcimento. 51. Como pode ser procedente o posicionamento adotado considerando a existência de todos estes documentos nos autos do Processo Administrativo n° 13804.003095/200280 e não ter sido realizada nenhuma verificação sobre os mesmos pela fiscalização da DRF/Limeira? 52. Isto demonstra a impossibilidade do Despacho Decisório persistir, porque desconsiderou diversas provas e documentos relacionados ao Pedido de Ressarcimento que haviam sido apresentados à DIFISISP e estavam anexados nos autos do mencionado Pedido de Ressarcimento. (grifos constantes no original). 20. Na sequência a Recorrente transcreve decisões que hipoteticamente dariam guarida a tese em apreço. 21. A leitura do excerto acima transcrito leva a seguinte indagação: qual ou quais documentos apresentados pelo contribuinte que foram ignorados pela fiscalização e/ou pela DRJ? De que forma tais documentos atestariam a qualidade do pretenso crédito apresentado pelo contribuinte? A resposta para tais questionamentos é uma sua: o contribuinte foi incapaz de vincular tais assertivas ao caso em concreto. Se limitou, de forma retórica2, fazer acusações gerais ao trabalho fiscal e a decisão do DRJ, o que faz sentido em um trabalho doutrinal, mas não em um mister de caráter pragmáticocontencioso. 22. Em contrapartida, ao seu analisar os autos, é possível perceber que a autoridade fiscalizadora intimou o contribuinte a apresentar documentos fiscais referentes ao período compreendido entre janeiro de 1999 e dezembro de 2002 (fl. 81) e que tinham por escopo atestar a qualidade do crédito aqui debatido e que referese ao 3o trimestre de 2001. Acontece que em resposta a tal intimação assim se manifestou o contribuinte: Em resposta ao Termo de Início e fiscalização acima referido enviado por esta r. Delegacia, a empresa notificada, por seu procurador, vem informar que não é possível apresentar os documentos solicitados referente aos períodos 01/99 a 12/02, pois, de acordo com a pratica (sic) da empresa, por ser um volume muito grande de documentos, os mesmos foram incinerados. (fl. 82). 2 Termo que é aqui empregado não no seu sentido aristotélico. Fl. 251DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM 10 23. Resta claro, portanto, que não houve negativa e analisar os documentos apresentados pelo contribuinte. Em verdade, da análise de tais documentos, concluise pela sua insuficiência para atestar a qualidade do crédito vindicado, o que ensejou a intimação acima e a resposta do contribuinte no sentido de que havia destruído os documentos fiscais que antecederam, em menos de 05 anos, o período do crédito pleiteado em pedido de ressarcimento, ou seja, de que não havia feito prova suficiente da certeza e liquidez do crédito almejado. 24. Aliás, a resposta dada pelo despacho decisório de fls. 104/106 é exatamente neste sentido, conforme se depreende da sua ementa: EMENTA: Ressarcimento Crédito Acumulado Compensação. Não comprovada a legitimidade do saldo credor de IPI, pela não apresentação das notas e livros fiscais correspondentes, é incabível o ressarcimento. A obrigação tributária acessória deve ser cumprida até que seja encerrada a pendência processual. (Parecer CST 345/83) A autoridade administrativa, só pode autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda Pública.(art. 170 do C.T.N.). 25. Com base em tais considerações, também não que se falar em ofensa aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade, conforma alega o contribuinte no item II.1.12 do seu recurso nos seguintes termos: (...). Este juízo deve vislumbrar que o Pedido de Ressarcimento originário foi protocolado pela Recorrente no ano de 2002, existiu uma profunda analise fiscal realizada pela DIFIS/SP com a apresentação de documentos pela empresa e somente após mais de 5 (cinco) anos de sua protocolização foi intimada de uma nova fiscalização. Considerando tal circunstância, se justifica sob a ótica dos Princípios da Proporcionalidade e Razoabilidade o indeferimento do pedido de ressarcimento?? 26. Absolutamente equivocado o contribuinte! Não se fala em nova fiscalização, mas sim em prosseguimento da fiscalização originada com o pedido de ressarcimento feito pelo contribuinte, só que agora por agentes fiscais considerados legalmente competentes para tanto. Logo, se o pedido de crédito do contribuinte referiase ao 1o trimestre de 2001, era obrigação do Recorrente manter os documentos fiscais dos 05 anos anteriores ao pedido e que atestassem a existência do seu suposto crédito. 27. Firme em tais fundamentos, também rechaço a preliminar aqui analisada, bem como a ofensa ao princípio da verdade material, convocado pela Recorrente no item II.1.10 do seu Recurso Voluntário. Isto porque, quando se fala em princípio da verdade material, este importante valor normativo não pode ser empregado como uma ferramenta mágica, semelhante a uma "varinha de condão" dotada de aptidão para "validar" preclusões, atecnias e outras falhas das partes litigantes, de modo a pretensamente transformar tais defeitos em um processo administrativo "regular". Com a devida vênia, este tipo de interpretação a Fl. 252DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 16349.000256/200709 Acórdão n.º 3402003.305 S3C4T2 Fl. 232 11 respeito do princípio da verdade material só se presta a apequenar e, até mesmo, achincalhar esta importante norma. 28. Assim, quando se fala em verdade material o que se quer aqui exprimir é a possibilidade de reconstruir fatos sociais no universo jurídico por intermédio de uma metodologia jurídica mais flexível, ou seja, menos apegada à forma, o que se dá, preponderantemente, em razão da relevância do valor jurídico do fato social que se pretende provar juridicamente. Em outros termos, "verdade material" é sinônimo de uma maior flexibilização probante em sede de processos administrativos, o que, se for usado com a devida prudência à luz do caso decidendo, só tem a contribuir para a qualidade da prestação jurisdicional atipicamente prestada em tais processos. 29. Acontece que, no presente caso, a questão não é de flexibilização do procedimento probante, mas sim de falta de prova, conforme já desenvolvido neste item do presente voto. 30. Também não há que se falar em precariedade do trabalho fiscal, conforme indevidamente exposto pelo Recorrente no item II.1.11 do seu Recurso Voluntário. Não há nos autos, ainda no âmbito fiscalizatório, o suposto pedido de dilação de prazo para apresentação de documentos fiscais para provar a qualidade do crédito aqui tratado, mas apenas a manifestação do contribuinte à fl. 82 informando a incineração dos documentos exigidos pela fiscalização. (v) Da suposta ofensa ao art. 44 da lei n. 9.784/9 31. Segundo o contribuinte o procedimento fiscalizatório também teria ofendido o disposto no art. 44 da lei n. 9.784/993, uma vez que, encerrada a fase instrutória do referido procedimento, o contribuinte não teria sido intimado para se manifestar a seu respeito antes do despacho decisório. 32. Acontece que, ao analisar os autos é possível perceber que houve o termo de encerramento de fiscalização (fls. 83/102) em 17/04/2008. Desmentindo o suposto fato aduzido pelo contribuinte em suas razões recursais, o contribuinte foi intimado deste termo na mesma data do termo, i.e., 17/04/08. 33. Não obstante, o despacho decisório negando o pleito do contribuinte só foi veiculado no presente processo administrativo em 19/05/2008, ou seja, mais de um mês após o advento do sobredito termo de encerramento, o que demonstra o respeito da fiscalização ao disposto no art. 44 da lei n. 9.784/99. 34. O desrespeito, aqui, é do contribuinte, que "saca" uma preliminar de mérito em absoluto descompasso com aquilo que está positivado nos autos, ou seja, faltando com a verdade e, por conseguinte, se contrapondo ao disposto nos art. 77, incisos I e II do NCPC, in verbis: Art. 77. Além de outros previstos neste Código, são deveres das partes, de seus procuradores e de todos aqueles que de qualquer forma participem do processo: 3 "Art. 44. Encerrada a instrução, o interessado terá o direito de manifestarse no prazo máximo de dez dias, salvo se outro prazo for legalmente fixado." Fl. 253DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM 12 I expor os fatos em juízo conforme a verdade; II não formular pretensão ou de apresentar defesa quando cientes de que são destituídas de fundamento; (...). 35. A conduta aqui tomada configura notória litigância de máfé, nos termos do art. 80, inciso II do NCPC: Art. 80. Considerase litigante de máfé aquele que: (...). II alterar a verdade dos fatos; 36. Não obstante, o art. 15 do NCPC4 prevê sua aplicação supletiva e subsidiária em relação ao processo administrativo, isto sempre que houver inexistência de previsão legal acerca do processo administrativo ou, havendo disposição legislativa, esta encontrar lacunas que demandem a sua complementação pelo novo Codex processual. 37. Diante deste quadro normativo e voltandose novamente ao caso em concreto, há uma lacuna normativa do processo administrativo em relação à litigância de má fé, litigância esta que, no presente caso, está devidamente comprovada, o que demandaria, por conseguinte, a aplicação subsidiária do NCPC. 38. Ocorre que a aplicação subsidiária do Código de Processo Civil não pode decorrer apenas da simples existência da lacuna legislativa, mas que a regra integrativa a ser convocada tenha praticabilidade, i.e., seja passível de ser concretizada no âmbito do processo administrativo. Neste diapasão, a condenação em litigância de máfé tornase impraticável no seio do processo administrativo, já que neste nicho não há uma fase de cumprimento de decisão a tornar exequível eventual condenação em litigância. 39. Ademais, não seria possível falarse em aplicação subsidiária do Codex para fins de imposição de uma sanção, ainda que de caráter processual, sob pena de criarse uma infração por subsidiariedade. 40. Estas são as únicas razões para, no caso decidendo, deixar de convocar a aplicação subsidiária dos dispositivos prescritos nos artigos 77, incisos I e II e 80, inciso II, ambos do NCPC. 41. Não obstante, voto para que seja extraída cópia integral do presente processo administrativo, devendo tais documentos serem encaminhados para o Conselho de Ética da Ordem dos Advogados do Brasil da Subseção de São Paulo para apurar eventual infração ética cometida pelo patrono do Recorrente, haja vista o disposto no art. 6o do Código de Ética da OAB5. II. Do Mérito (i) Do pedido de ressarcimento do presente contribuinte 4 "Art. 15. Na ausência de normas que regulem processos eleitorais, trabalhistas ou administrativos, as disposições deste Código lhes serão aplicadas supletiva e subsidiariamente." 5 "Art. 6º É defeso ao advogado expor os fatos em Juízo falseando deliberadamente a verdade ou estribandose na máfé." Fl. 254DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 16349.000256/200709 Acórdão n.º 3402003.305 S3C4T2 Fl. 233 13 42. Como visto ao longo do presente voto, apesar dos créditos vindicados pertencerem às suas filiais, o pedido de ressarcimento em questão foi originalmente formulado pela sua matriz, o que motivou, em sede fiscalizatória, o seu desmembramento em inúmeros pedidos alocados nas diferentes filiais. 43. Não obstante, alguns destes outros pedidos de ressarcimentos, objeto do sobredito desmembramento, já foram analisados por este Tribunal Administrativo, sendo todos eles negados por este CARF. É o que se observa, v.g., das decisões veiculadas nos Acórdãos nºs 310100.936, de 10/11/2011, e 380301.598, de 4 de maio de 2011 e que respectivamente restaram assim ementados: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/1999 a 31/03/1999 JULGAMENTO CONJUNTO DE PROCESSOS DESMEMBRADOS. O pedido de julgamento conjunto dos recursos voluntários nos processos desmembrados do originário, apesar de razoável não é mais possível, uma vez que dois dos quatro processos desmembrados já foram julgados pela Terceira Turma Especial da Terceira Câmara da Terceira Seção de Julgamento. E como não há obrigatoriedade legal ou regimental para tanto, o Colegiado é competente para julgar o litígio. INEXISTÊNCIA DE NULIDADE DA AÇÃO FISCAL. No centro de toda a discussão referente às competências das autoridades tributárias envolvidas está o fato de que o pedido de ressarcimento do saldo credor do IPI foi protocolizado pelo estabelecimento matriz, porém com créditos de mais quatro estabelecimentos filiais. Nessa moldura, em virtude da previsão legal da autonomia dos estabelecimentos, houve desmembramento, pela DERAT/SP, do processo originário, e cada filial passou a ser fiscalizada como se houvesse pedidos individuais, e não o pedido coletivo, feito de forma centralizada. Havendo regularidade do desdobramento do processo originário, e consequente competência dos agentes fiscais que empreenderam a verificação, é incabível a cogitação de que fosse necessária portaria autorizatória da DERAT para ampliação dos exames. Notase que aqui não se trata de revisão de lançamento ou de fiscalização já efetuada anteriormente. A diligência empreendida na filial solicitante do ressarcimento visa verificar a legitimidade e o quantum dos seus créditos registrados no documentário fiscal. Cabe ressaltar que a DRF não desconsiderou os documentos apresentados à DIFIS/SP, apenas não os considerou suficientes para apurar a liquidez e certeza do crédito solicitado. INEXISTÊNCIA DE NULIDADE DO DESPACHO DECISÓRIO. A competência da Delegacia da Receita Federal em Araçatuba para apreciar o pedido decorre dos termos do art. 32 da Fl. 255DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM 14 Instrução Normativa SRF nº 210/2002, de aplicação retroativa aos casos ainda não definitivamente julgados, em face do caráter procedimental de suas normas. Ainda nessa seara da competência de quem pratica o despacho decisório, cumpre apontar que o Chefe do SAORT da DRF de Araçatuba possuía, à época, delegação de competência outorgada pelo titular daquela unidade para praticar o ato de decidir os pedidos de ressarcimento de IPI como os que tais. No que diz com a falta de manifestação da recorrente ao fim da instrução processual art. 44 da Lei nº 9.784/99 cumpre apontar que as normas da Lei nº 9.784/99 são de aplicação subsidiária às instituídas pelo Decreto nº 70.235/72, e este dispensa qualquer notificação do interessado pelo final da instrução previamente ao Despacho Decisório. Aliás, a intimação dos termos do Despacho Decisório, marco do encerramento da instrução, supre plenamente essa exigência. Também não há qualquer erro na fundamentação do despacho decisório, ou falta de motivação desse, e ofensa aos princípios da proporcionalidade, razoabilidade e verdade material, porquanto tanto do ponto de vista formal como do material o ato administrativo está coerente com as premissas de que os pedidos de ressarcimento devem ser feitos e apreciados por estabelecimento, e o ônus de provar os créditos pleiteados é do contribuinte solicitante. Com relação à solicitação de documentos após 5 anos do pedido, impõese dizer que a pessoa jurídica é obrigada a conservar em ordem, enquanto não prescritas eventuais ações que lhes sejam pertinentes, os livros, documentos e papéis relativos a sua atividade, ou que se refiram a atos ou operações que modifiquem ou possam vir a modificar sua situação patrimonial, ao teor do DecretoLei nº 486/69, art. 4º. E o termo inicial do prazo de homologação tácita das compensações declaradas é a data de transmissão da declaração, e não a data de protocolo do pedido de ressarcimento. INEXISTÊNCIA DE NULIDADE DA DECISÃO RECORRIDA. A preliminar de nulidade da decisão recorrida, por indeferimento de perícia/diligência, deve ser rejeitada, uma vez que as razões para o indeferimento constam da decisão recorrida, e essa é uma prerrogativa do órgão judicante. INEXISTÊNCIA DE HOMOLOGAÇÃO DA COMPENSAÇÃO. Da análise dos documentos juntados aos autos vêse que as Declarações de Compensação foram entregues entre 26/05/2003 e 23/09/2003, portanto, a autoridade administrativa teria no mínimo até 26/05/2008 para apreciar as compensações declaradas, momento em que transcorreria o prazo do § 5º do artigo 74 da Lei nº 9.430/96. O despacho decisório foi proferido em 15/05/2008 e a contribuinte foi cientificada, em 16/05/2008 e, sendo assim, a decisão que nãohomologou a compensação foi proferida antes do transcurso do prazo de 5 anos e portanto, não ocorreu a homologação tácita. CARÊNCIA DE DOCUMENTAÇÃO COMPROBATÓRIA DO DIREITO PLEITEADO. Fl. 256DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 16349.000256/200709 Acórdão n.º 3402003.305 S3C4T2 Fl. 234 15 A recorrente não trouxe a documentação exigida pela auditoria fiscal aos autos após pelo menos três oportunidades que teve para fazêlo (ação fiscal, manifestação de inconformidade e recurso voluntário), assim não faz qualquer sentido a informação de que localizou em seu arquivo morto diversas notas fiscais que estão à disposição do Fisco, e não causa estranheza o fato de as autoridades administrativas tributárias não vislumbrarem justificativas plausíveis para a míngua de provas do direito pleiteado. INTIMAÇÕES. DOMICÍLIO TRIBUTÁRIO ELEITO PELO SUJEITO PASSIVO. Por força do comando do art. 23, II do Decreto nº 70.235/72, as intimações devem ser endereçadas ao domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo. TAXA SELIC E PEDIDOS SUCESSIVOS. Prejudicados os pedidos de correção monetária dos créditos pela taxa SELIC e os formulados sucessivamente, tais como reconhecimento do direito creditório da filial; ou cancelamento do despacho decisório, juntada dos processos e julgamento pela DERAT/SP; ou cancelamento despacho decisório, verificações nos documentos apresentados no processo originário e julgamento pela DRF Araçatuba; ou cancelamento decisão primeiro grau e determinação diligência e perícia. (Acórdão nº 310100.936; Relator: Corintho Oliveira Machado). ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/10/2001 a 31/12/2001 INTIMAÇÃO ENDEREÇADA AO ADVOGADO. Dada a existência de determinação legal expressa em sentido contrário, indeferese o pedido de endereçamento das intimações ao escritório do procurador. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/10/2001 a 31/12/2001 APURAÇÃO. PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DOS ESTABELECIMENTOS. À luz do princípio da autonomia dos estabelecimentos, insculpido no regulamento do imposto, cada estabelecimento industrial de uma mesma firma deve apurar o imposto devido e cumprir separadamente suas obrigações tributárias. RESSARCIMENTO. COMPETÊNCIA PARA APRECIAÇÃO. Fl. 257DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM 16 A decisão sobre o pedido de ressarcimento de créditos do IPI caberá ao titular da repartição fiscal que, à data do reconhecimento do direito creditório, tenha jurisdição sobre o domicílio fiscal do estabelecimento industrial que apurou referidos créditos. RESSARCIMENTO. REQUISITOS. A concessão de qualquer ressarcimento ou compensação está subordinada ao preenchimento dos requisitos e condições determinados pela legislação tributária de regência. RESSARCIMENTO. COMPROVAÇÃO. Quando dados ou documentos solicitados ao interessado forem necessários à Administração para a respectiva apresentação implicará o indeferimento do pleito. RESSARCIMENTO. ÔNUS DA PROVA. É ônus processual do interessado fazer a prova dos fatos constitutivos de seu direito. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/10/2001 a 31/12/2001 DCOMP. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. O prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo será de cinco anos, contado da data da entrega da declaração de compensação e não da data do pedido de ressarcimento ou restituição. (Acórdão nº 380301.598;Relator: Alexandre Kern). 44. Também neste sentido é a decisão exarada no Acórdão n. 3202000.699, cujo voto do Conselheiro Relator, Luís Eduardo Garrossino Barbieri, restou assim positivado: No mérito, a questão controvertida referese ao alegado direito ao ressarcimento do crédito básico do IPI, prevista no artigo 11 da Lei nº 9.779/99, verbis: Art. 11 O saldo credor do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, acumulado em cada trimestrecalendário, decorrente de aquisição de matériaprima, produto intermediário e material de embalagem, aplicados na industrialização, inclusive de produto isento ou tributado à alíquota zero, que o contribuinte não puder compensar com o IPI devido na saída de outros produtos, poderá ser utilizado de conformidade com o disposto nos arts. 73 e 74 da Lei nº 9.430, de 1996, observadas normas expedidas pela Secretaria da Receita Federal SRF, do Ministério da Fazenda. Como muito bem destacado no voto condutor da decisão administrativa de primeira instância, a causa de indeferimento do seu pedido de ressarcimento foi a falta de apresentação de documentos probatórios que dão suporte ao pedido, tanto em relação ao próprio direito ao suposto crédito como também ao quantum a ser ressarcido. Fl. 258DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 16349.000256/200709 Acórdão n.º 3402003.305 S3C4T2 Fl. 235 17 Em nosso ordenamento jurídico, como prescreve o artigo 333, do CPC – Código de Processo Civil, aplicado subsidiariamente ao processo administrativo tributário, o ônus da prova incumbe ao autor quanto à existência de fato constitutivo de seu direito. Este artigo estabeleceu um regramento, destinado ao julgador, possibilitando que possa tomar uma decisão em desfavor daquela parte que não desempenhou bem a sua função de provar. Em reforço a este dispositivo, o artigo 396 do CPC impõe a exigência da devida instrução do pedido, verbis: Art. 396. Compete à parte instruir a petição inicial (art. 283), ou a resposta (art. 297), com os documentos destinados a provarlhe as alegações. No mesmo sentido, o artigo 28 do Decreto nº 7.574/2011 (que regulamenta o processo de determinação e exigência de créditos tributários da União) informa caber ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. A Recorrente deveria comprovar suas alegações, com base em documentos e livros fiscais, de modo a evidenciar e corroborar o direito pretendido e não tentar transferir ao Fisco o dever de comprovar as suas alegações (da Recorrente). Atribuir ao Fisco este dever é subverter as atribuições das partes na relação processual. Não cabe ao Fisco, e muito menos às instâncias julgadoras, suprir deficiências probatórias da parte/autora. Caberia à Recorrente, e somente a ela, o ônus de provar o seu direito. Deveria demonstrar e comprovar que tinha direito ao ressarcimento do alegado crédito básico. Como lucidamente destacou o Relator do acórdão recorrido, “parte que invoca direito resistido deve produzir as provas necessárias do respectivo fato constitutivo. No caso em concreto, o administrado deve carrear aos autos as provas que dão lastro ao direito creditório reclamado”. E, complementa, “Como não foi demonstrado o estorno obrigatório do crédito objeto do pedido de ressarcimento, correto o indeferimento do pedido. Quanto ao argumento de a empresa não possuir mais os livros e documentos, cabe esclarecer que é obrigação da contribuinte guardar em boa ordem seus documentos enquanto estiver litigando administrativamente”. Nada disso foi apresentado pela Recorrente para demonstrar, à contento, o seu direito em relação às glosas efetuadas pela fiscalização! Na tentativa de comprovar a certeza e liquidez do direito ao crédito requerido, a fiscalização solicitou por diversas vezes (Termo de Início de Fiscalização – fls. e10/ss; Termo de Intimação – fls. e 38/ ss; Termo de Intimação – fls. e107/ss; Termo de Reintimação – fl. e110/ss) a apresentação de informações e documentos para subsidiar o exame do mérito do pedido, entretanto, a interessada, após muito procrastinar, informou que “os livros entregues a esta fiscalização estão diferentes dos informados na RAIPI, pois os originais não foram encontrados e tiveram que ser reimpressos e devido a um problema em nosso sistema os livros ficaram diferentes”. (vide folha e44). Fl. 259DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM 18 Ora, se a Recorrente não trouxe a documentação exigida pela auditoriafiscal aos autos até agora, após diversas oportunidades que teve para fazêlo, não faz qualquer sentido a informação de que, agora, “localizou” em seu arquivo morto diversas notas fiscais que estão à disposição. Assim é que não causa estranheza o fato de as autoridades administrativas tributárias não vislumbrarem justificativas plausíveis para a míngua de provas do direito pleiteado. Entendo que o Recorrente tem, em sua plenitude, o direito ao contraditório e à ampla defesa, entretanto, isso não implica em utilizar estratagemas diversos para protelar o desfecho do processo, na medida em que durante a fase de fiscalização afirma não atende às solicitações da fiscalização e em outro momento, já na fase processual, alega que os localizou. A Recorrente argumentou que havia apresentado, juntamente com o pedido do processo original (proc. nº 13804.005292/200403), os documentos para comprovar o crédito solicitado. A fiscalização entendeu que esses documentos não eram suficientes, e com toda a razão, solicitou os documentos que entendeu necessários para a perfeita comprovação da certeza e liquidez dos créditos. O Fisco tem o poderdever de investigar se créditos escriturados são provenientes de insumos que foram utilizados na industrialização do produto fabricado, se houve o estorno do crédito correspondente ao valor solicitado no pedido de ressarcimento, se o insumo referese a aquisições oneradas pelo imposto e se foram escriturados de maneira a respeitar a legislação de regência. Mostrase, deste modo, fundamental a apresentação dos livros fiscais e toda a documentação que embasou sua escrituração. Somente a empresa detém a posse destes livros e documentos, que deve mantêlos e conserválos até que ocorra a prescrição, e apresentálos quando solicitados pela fiscalização. É o que dispõem os seguintes dispositivos legais: artigo 195 do CTN, artigo 264 do Decreto nº 3000, de 1999 (RIR), artigos 4º e 40 da Lei nº 9.784/99 (LGPA), verbis: Art. 195/CTN . Para os efeitos da legislação tributária, não têm aplicação quaisquer disposições legais excludentes ou limitativas do direito de examinar mercadorias, livros, arquivos, documentos, papéis e efeitos comerciais ou fiscais, dos comerciantes industriais ou produtores, ou da obrigação destes de exibilos. Parágrafo único. Os livros obrigatórios de escrituração comercial e fiscal e os comprovantes dos lançamentos neles efetuados serão conservados até que ocorra a prescrição dos créditos tributários decorrentes das operações a que se refiram. Art. 264/RIR A pessoa jurídica é obrigada a conservar em ordem, enquanto não prescritas eventuais ações que lhes sejam pertinentes, os livros, documentos e papéis relativos a sua atividade, ou que se refiram a atos ou operações que modifiquem ou possam vir a modificar sua situação patrimonial (DecretoLei nº 486, de 1969, art. 4º). Fl. 260DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 16349.000256/200709 Acórdão n.º 3402003.305 S3C4T2 Fl. 236 19 § 1º Ocorrendo extravio, deterioração ou destruição de livros, fichas, documentos ou papéis de interesse da escrituração, a pessoa jurídica fará publicar, em jornal de grande circulação do local de seu estabelecimento, aviso concernente ao fato e deste dará minuciosa informação, dentro de quarenta e oito horas, ao órgão competente do Registro do Comércio, remetendo cópia da comunicação ao órgão da Secretaria da Receita Federal de sua jurisdição (DecretoLei nº 486, de 1969, art. 10). (...) Art. 4º/LGPA São deveres do administrado perante a Administração, sem prejuízo de outros previstos em ato normativo: I expor os fatos conforme a verdade; II proceder com lealdade, urbanidade e boafé; III não agir de modo temerário; IV prestar as informações que lhe forem solicitadas e colaborar para o esclarecimento dos fatos. Art. 40/LGPA Quando dados, atuações ou documentos solicitados ao interessado forem necessários à apreciação de Restou claro, portanto, que a interessada não atendeu às intimações, ou as atendeu de forma parcial e insuficiente, o que levou corretamente, a meu sentir, ao indeferimento de seu pedido de ressarcimento pela autoridade competente da DRF –Limeira. 45. Com razão o Conselheiro Luís Eduardo Garrossino Barbieri, sendo a fundamentação acima passível de ser convocada como ratio decidendi para a realização do presente caso, haja vista que se está diante de problemas praticamente idênticos, tendo em vista se tratar de pedido de ressarcimento do mesmo contribuinte. 46. Dessa feita, me valho do fundamento alhures desenvolvido no acórdão n. 3202000.699 para resolver este tópico do presente Recurso Voluntário, o que faço com fundamento no disposto no art. 50, § 1o da lei 9.784/996. Dispositivo 47. Ante o exposto, voto para negar provimento ao recurso voluntário interposto pelo contribuinte. 48. Não obstante, determino ainda que seja extraída cópia integral do presente processo administrativo, devendo tais documentos serem encaminhados para o 6 "Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: (...) § 1o A motivação deve ser explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato. (...)" Fl. 261DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM 20 Conselho de Ética da Ordem dos Advogados do Brasil da Subseção de São Paulo para apurar eventual infração ética cometida pelo patrono do Recorrente, haja vista o disposto no art. 6o do Código de Ética da OAB7. 49. É como voto. Diego Diniz Ribeiro Relator.