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Numero do processo: 10930.903681/2012-64
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 13 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Jan 12 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Data do Fato Gerador: 29/09/2005
PIS. REPETIÇÃO DO INDÉBITO. AUSÊNCIA DE PROVA.
Não se reconhece o direito à repetição do indébito quando o contribuinte, sobre quem recai o ônus probandi, não traz aos autos nenhuma prova de que teria havido pagamento a maior ou indevido, embora tenha tido mais de uma oportunidade processual para fazê-lo, não se justificando, portanto, o pedido de diligência para produção de provas.
PIS - IMPORTAÇÃO SERVIÇOS. PER. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. RECOLHIMENTO VINCULADO A DÉBITO CONFESSADO.
Correto o Despacho Decisório que indeferiu o pedido de restituição por inexistência de direito creditório, tendo em vista que o recolhimento alegado como origem do crédito estava integral e validamente alocado para a quitação de débito confessado.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3402-003.648
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e negar-lhe provimento.
(Assinado com certificado digital)
Antônio Carlos Atulim - Presidente e Relator.
Participaram do julgamento os Conselheiros Antônio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS ATULIM
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REPETIÇÃO DO INDÉBITO. AUSÊNCIA DE PROVA. Não se reconhece o direito à repetição do indébito quando o contribuinte, sobre quem recai o ônus probandi, não traz aos autos nenhuma prova de que teria havido pagamento a maior ou indevido, embora tenha tido mais de uma oportunidade processual para fazêlo, não se justificando, portanto, o pedido de diligência para produção de provas. PIS IMPORTAÇÃO SERVIÇOS. PER. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. RECOLHIMENTO VINCULADO A DÉBITO CONFESSADO. Correto o Despacho Decisório que indeferiu o pedido de restituição por inexistência de direito creditório, tendo em vista que o recolhimento alegado como origem do crédito estava integral e validamente alocado para a quitação de débito confessado. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e negarlhe provimento. (Assinado com certificado digital) Antônio Carlos Atulim Presidente e Relator. Participaram do julgamento os Conselheiros Antônio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 93 0. 90 36 81 /2 01 2- 64 Fl. 56DF CARF MF Processo nº 10930.903681/201264 Acórdão n.º 3402003.648 S3C4T2 Fl. 3 2 Relatório Trata os presentes autos de Pedido de Restituição (PER), por meio do qual a Recorrente solicita a restituição do crédito decorrente do pagamento de PIS/PASEP IMPORTAÇÃO. No Despacho Decisório, a autoridade competente da DRF em Londrina/PR, indeferiu o pleito da interessada, uma vez que o DARF informado como origem do crédito estava integralmente utilizado para quitação de débitos da própria contribuinte, "não restando crédito disponível para restituição". Inconformada com a decisão proferida, a empresa apresentou manifestação de inconformidade na qual esclarece tratarse de pessoa jurídica de direito privado que tem como atividade principal a indústria, comércio e exportação de couros de boi. Consigna que a Lei nº 10.865/2004 instituiu as contribuições do PIS e da COFINS sobre a importação de bens e serviços, mas não foi clara em relação à incidência sobre as quantias remetidas ao exterior a representantes comerciais a título de comissões sobre vendas, o que fez com que a Recorrente optasse por recolher as contribuições sobre essas operações. Entretanto, a Receita Federal do Brasil, em resposta a diversas consultas (cita duas), passou a vazar o entendimento de que as comissões de vendas pagas e/ou creditadas a representantes comerciais residentes ou domiciliados no exterior, não estão sujeitas à incidência do PIS e da COFINS Importação. Isso porque, anota a Recorrente, essas operações não configuram hipótese de serviços prestado no Brasil ou cujo resultado aqui se verifique. Assim, uma vez ter efetuado o pagamento de tributo indevido, tem o direito à restituição na forma prevista no art. 165 do Código Tributário Nacional CTN, devidamente corrigido pela taxa SELIC, conforme prescreve a Lei nº 9.250, de 1995, "ainda que informado o débito em DCTF". Sobreveio, então, o Acórdão nº 06046.021, da DRJ em Curitiba (PR), negando provimento à Manifestação de Inconformidade. Irresignada com a referida decisão, foi interposto o presente recurso voluntário, cujas razões, em suma, são as seguintes: (i) diferente do que entendeu a autoridade julgadora, a empresa recorrente comprovou ser pessoa jurídica de direito privado que tem como atividade principal a indústria, comércio e exportação de couros de boi; (ii) que demonstrou que a Lei n° 10.865, de 2004, que instituiu as contribuições ao PIS/Pasep e COFINS sobre a importação de bens e serviços, não foi clara ao determinar a incidência sobre as quantias pagas, ou remetidas ao exterior, a representantes comerciais domiciliados no exterior a título de comissões sobre vendas; Fl. 57DF CARF MF Processo nº 10930.903681/201264 Acórdão n.º 3402003.648 S3C4T2 Fl. 4 3 (iii) para não sofrer sanções, optou por recolher as contribuições sobre as quantias remetidas ao exterior (para representantes domiciliados no exterior) incidentes sobre comissões sobre vendas, conforme (DARF's) apresentados; (iv) ocorre que, posteriormente, a própria RFB, através de inúmeras respostas a Soluções de Consultas, passou a definir que as "comissões de vendas pagas e/ou creditadas a representantes comerciais residentes ou domiciliados no exterior não estão sujeitas à incidência da COFINS/PISImportação", por não configurarem hipótese de serviço prestado no Brasil ou cujo resultado aqui se verifique. Reproduz algumas dessas Solução de Consulta. (v) que o processo administrativo sempre deve buscar a verdade real ou material relativa aos fatos tributários, em decorrência da estrita legalidade tributária, que devem nortear todos os atos da administração fiscal. Com isto, não basta simplesmente argumentar que "prova alguma foi trazida aos autos que comprovassem de que teria havido pagamento a maior ou indevido", para negar a existência do direito creditório; (vi) frisa que os erros contidos em declaração podem e devem ser retificados de ofício, por força da estrita legalidade tributária e nos moldes do art. 147, § 2º do CTN. (vii) que seja reconhecido que os valores indevidamente recolhidos a este título são restituíveis em valores devidamente acrescidos de juros equivalentes à taxa SELIC, na forma da Lei n° 9.250/95; (viii) requer que seja determinada a conversão do julgamento em diligência, a fim de que seja oportunizada apresentação de elementos considerados necessários à complementação da prova ou esclarecimento de dúvidas relativas aos fatos trazidos neste processo. À vista do exposto, espera e requer seja julgado integralmente procedente o presente recurso, a fim de que seja reconhecido o direito creditório e assegurada a restituição das quantias recolhidas indevidamente. É o relatório. Voto Conselheiro Antonio Carlos Atulim, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402003.529, de 13 de dezembro de 2016, proferido no julgamento do processo 10930.903656/201281, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3402003.529): Fl. 58DF CARF MF Processo nº 10930.903681/201264 Acórdão n.º 3402003.648 S3C4T2 Fl. 5 4 Emerge do relatado, que o objeto do pedido de ressarcimento tem como fundamento o indébito de PIS/Pasep sobre comissão de venda paga a representantes comerciais residentes/domiciliados no exterior. No referido Despacho Decisório restou consignado que, "(...) A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para restituição". Consta dos autos que o Despacho Decisório questionado está respaldado em informações prestadas pela própria interessada em DCTF, que encontrase ativa até o momento no sistema informatizado da Receita Federal do Brasil. Ou seja, ao que tudo indica, o contribuinte não retificou a DCTF no que pertine ao pleito em questão, por isso a conclusão do despacho decisório vestibular que o valor sob pedido de ressarcimento foi "integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte". Por outro lado, a Recorrente tenta demonstrar em seu recurso, que não há incidência de contribuições para o PIS Importação sobre remessas realizadas para o exterior para pagamento de comissões à agentes no exterior a título de comissões ali realizadas, por não configurarem hipótese de serviço prestado no Brasil ou cujo resultado aqui se verifique, e que os valores indevidamente recolhidos a este título são restituíveis e em montantes devidamente acrescidos de juros equivalentes à taxa referencial SELIC, na forma da Lei n° 9.250/95. Tudo com base na Lei nº 10.865, de 2004 e Soluções de Consultas emitidas pela RFB que cita. Contudo, se de um lado a decisão recorrida tenha asseverado que "(...) como se vê uma das hipóteses de ocorrência do fato gerador das contribuições ao PIS e a COFINS, sobre importação de serviços, é a remessa de valores a residentes ou domiciliados no exterior como contraprestação pelo serviço prestado", como alega a peticionante, por outro giro, deixou patente que o ônus da prova quanto ao indébito seria da ora Recorrente, nos seguintes termos: "(...) Mas, para a verificação se os valores remetidos ao exterior atendem às condições estabelecidas em lei para a incidência das contribuições sobre a importação de serviços ou, não se caracterizando o fato gerador da obrigação tributária, há, de fato, o indébito reclamado pela interessada, é crucial que se tenha em mãos documentos que demonstrem a real situação aventada, como contratos firmados com os agentes externos, comprovantes de remessa de valores ao exterior, cópias de notas fiscais, recibos, dentre outros, além da própria escrituração contábil da empresa que reflita essas operações. Ocorre que, no presente caso, prova alguma foi trazida aos autos que comprovassem de que teria havido pagamento a maior ou indevido. Nesse sentido, é bom lembrar que não se permite, depois de iniciado qualquer procedimento fiscal, que seja retificada declaração quando vise a reduzir ou a excluir tributo, a não ser mediante a comprovação do erro em que se funde. É o que Fl. 59DF CARF MF Processo nº 10930.903681/201264 Acórdão n.º 3402003.648 S3C4T2 Fl. 6 5 determina o art. 147, § 1º, da Lei nº 5.172, de 25/10/1966. E, como visto, o Despacho Decisório questionado está respaldado em informações prestadas pela própria interessada em DCTF, que encontrase ativa até o momento no sistema informatizado da Receita Federal do Brasil. (sublinhei) E conclui a decisão a quo: "(...) Assim, instaurado o contencioso administrativo, as alegações quanto ao suposto crédito decorrente de recolhimento indevido ou a maior, como no caso em análise, devem estar comprovadas pela demonstração inequívoca do quantum recolhido indevidamente, mediante a apresentação de documentação hábil e idônea, consistente na escrituração contábil/fiscal da contribuinte. Dessa forma, uma vez que a conclusão emitida pela autoridade administrativa teve como pressuposto as informações prestadas pela própria interessada em declarações fiscais válidas a produzir efeitos na data da emissão do Despacho Decisório e não havendo prova hábil que contrarie as informações prestadas espontaneamente, demonstrando o pagamento indevido do tributo, é de se manter o indeferimento da restituição pleiteada". Portanto, a lide se resume na questão de atendimento de condições estabelecidas em lei e provas documentais trazidos aos autos, pois para o deslinde do litígio é crucial que se tenha em mãos documentos que demonstrem a real situação aventada, mormente quando o pedido versa sobre suposto pagamento indevido. No caso em análise, por se tratar de pedido de restituição, devem estar comprovadas pela demonstração inequívoca do quantum recolhido indevidamente, mediante a apresentação de documentação hábil e idônea, consistente na escrituração contábil/fiscal da recorrente. Documentação essa, frisese, de posse da recorrente por determinação legal, como contratos firmados com os agentes externos, comprovantes de remessa de valores ao exterior, cópias de notas fiscais, recibos, dentre outros, além da própria escrituração contábil da empresa que reflita essas operações. É de conhecimento que a regra fundamental do sistema processual adotado pelo legislador nacional, quanto ao ônus da prova, encontrase cravada no art. 373 do novo Código de Processo Civil, in verbis: Art. 373. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Tal dispositivo é a tradução do princípio de que o ônus da prova cabe a quem dela se aproveita. E esta formulação também foi, com as devidas adaptações, trazida para o processo administrativo fiscal, posto que a obrigação de provar está expressamente atribuída para o Fisco quando realiza o lançamento tributário e para o sujeito passivo, quando formula pedido de repetição de indébito. Fl. 60DF CARF MF Processo nº 10930.903681/201264 Acórdão n.º 3402003.648 S3C4T2 Fl. 7 6 E, no presente caso, é fato que prova alguma foi trazida aos autos pela Recorrente que comprovem que teria havido pagamento a maior ou indevido, embora ela tenha tido mais de uma oportunidade processual para fazêlo, quer na impugnação, quer agora na fase recursal. Demais disso, o fundamento da decisão recorrida foi justamente este, qual seja, a falta de prova. Mas, contrariando os ditames do ônus da distribuição da prova para provar fato constitutivo de seu direito, insiste que "seja determinada a conversão do julgamento em diligência, a fim de que seja oportunizada apresentação de elementos considerados necessários à complementação da prova". Ora, se toda a documentação para provar o direito que alega está em seu poder, deveria ter a Recorrente produzido tal prova quando da manifestação de inconformidade, ou mesmo em sede de recurso voluntário, o que não ocorreu. Diante desse quadro, entendo que a decisão da DRJ é merecedora de ser mantida pelos seus próprios fundamentos. Conclusão Assim, concluo que por falta de prova hábil acostadas nos autos, ônus seu de produzir, deve ser negado seu pleito. Ante o exposto, nego provimento ao recurso voluntário. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, negase provimento ao recurso voluntário. (Assinado com certificado digital) Antonio Carlos Atulim Fl. 61DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10680.724496/2011-13
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 18 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Jan 24 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Exercício: 2007
NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA.
A observância dos preceitos legais nos procedimentos de fiscalização e dos princípios do processo administrativo fiscal garante o contraditório e a ampla defesa e afasta a hipótese de ocorrência de nulidade do lançamento.
Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2007
VALOR DA TERRA NUA. ARBITRAMENTO COM BASE NO SISTEMA DE PREÇOS DE TERRAS (SIPT). VALOR MÉDIO SEM APTIDÃO AGRÍCOLA. IMPOSSIBILIDADE.
Resta impróprio o arbitramento do VTN, com base no SIPT, quando da não observância ao requisito legal de consideração de aptidão agrícola para fins de estabelecimento do valor do imóvel.
Recurso Voluntário Provido.
Crédito Tributário Mantido em Parte.
Numero da decisão: 2301-004.865
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário, para rejeitar a preliminar de nulidade suscitada e, no mérito, dar provimento para considerar o VTN constante do Laudo Técnico de avaliação apresentado.
(assinado digitalmente)
ANDREA BROSE ADOLFO - Presidente substituta e Relatora.
EDITADO EM: 23/01/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alexandre Evaristo Pinto, Andrea Brose Adolfo (Presidente Substituta), Fábio Piovesan Bozza, Jorge Henrique Backes (suplente), Julio Cesar Vieira Gomes e Maria Anselma Coscrato dos Santos (suplente).
Nome do relator: ANDREA BROSE ADOLFO
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Exercício: 2007 NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. A observância dos preceitos legais nos procedimentos de fiscalização e dos princípios do processo administrativo fiscal garante o contraditório e a ampla defesa e afasta a hipótese de ocorrência de nulidade do lançamento. Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR Exercício: 2007 VALOR DA TERRA NUA. ARBITRAMENTO COM BASE NO SISTEMA DE PREÇOS DE TERRAS (SIPT). VALOR MÉDIO SEM APTIDÃO AGRÍCOLA. IMPOSSIBILIDADE. Resta impróprio o arbitramento do VTN, com base no SIPT, quando da não observância ao requisito legal de consideração de aptidão agrícola para fins de estabelecimento do valor do imóvel. Recurso Voluntário Provido. Crédito Tributário Mantido em Parte.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário, para rejeitar a preliminar de nulidade suscitada e, no mérito, dar provimento para considerar o VTN constante do Laudo Técnico de avaliação apresentado. (assinado digitalmente) ANDREA BROSE ADOLFO - Presidente substituta e Relatora. EDITADO EM: 23/01/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alexandre Evaristo Pinto, Andrea Brose Adolfo (Presidente Substituta), Fábio Piovesan Bozza, Jorge Henrique Backes (suplente), Julio Cesar Vieira Gomes e Maria Anselma Coscrato dos Santos (suplente).
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CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. A observância dos preceitos legais nos procedimentos de fiscalização e dos princípios do processo administrativo fiscal garante o contraditório e a ampla defesa e afasta a hipótese de ocorrência de nulidade do lançamento. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2007 VALOR DA TERRA NUA. ARBITRAMENTO COM BASE NO SISTEMA DE PREÇOS DE TERRAS (SIPT). VALOR MÉDIO SEM APTIDÃO AGRÍCOLA. IMPOSSIBILIDADE. Resta impróprio o arbitramento do VTN, com base no SIPT, quando da não observância ao requisito legal de consideração de aptidão agrícola para fins de estabelecimento do valor do imóvel. Recurso Voluntário Provido. Crédito Tributário Mantido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário, para rejeitar a preliminar de nulidade suscitada e, no mérito, dar provimento para considerar o VTN constante do Laudo Técnico de avaliação apresentado. (assinado digitalmente) ANDREA BROSE ADOLFO Presidente substituta e Relatora. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 72 44 96 /2 01 1- 13 Fl. 194DF CARF MF 2 EDITADO EM: 23/01/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alexandre Evaristo Pinto, Andrea Brose Adolfo (Presidente Substituta), Fábio Piovesan Bozza, Jorge Henrique Backes (suplente), Julio Cesar Vieira Gomes e Maria Anselma Coscrato dos Santos (suplente). Relatório Tratase de notificação de lançamento nº 06101/00038/2011 resultante de lançamento suplementar do ITR/2007, incidente sobre o imóvel rural denominado “FAZENDA DO ENGENHO SUL” (NIRF 2.918.4630), com área total declarada de 133,1ha, localizado no município de Belo Horizonte/MG, tendo a autoridade fiscal arbitrado o VTN em R$ 2.760.374,21, com base no SIPT Sistema de Preços de Terra, conforme demonstrativo de efl. 06. Cientificado do lançamento, o contribuinte apresentou impugnação, que foi julgada improcedente pela 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Campo Grande DRJ/CGE, em sessão de 14/10/2013, nos termos do Acórdão nº 0433.808 (efls. 160/167): ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2007 NIRF 2.918.4630 Fazenda do Engenho Sul. NULIDADE. Ausentes as hipóteses do art. 59 do Decreto n.º 70.235/72 e cumpridos os requisitos do art. 11 desse Decreto, não prospera a alegação de nulidade do lançamento. VALOR DA TERRA NUA. A base de cálculo do imposto será o valor da terra nua apurado pela fiscalização, com base no SIPT, se não existir comprovação que justifique sua alteração. Irresignado, o contribuinte apresentou Recurso Voluntário (efls. 175/186), alegando em síntese: a) preliminarmente, a nulidade da autuação por cerceamento do direito de defesa com relação ao arbitramento do VTN com base no SIPT; e b) no mérito, que deve prevalecer o VTN apurado através do Laudo de avaliação apresentado elaborado de acordo com normas da ABNT e considerando todas as características do imóvel, não padecendo de nenhum vício que justifique sua rejeição sumária. É o relatório. Fl. 195DF CARF MF Processo nº 10680.724496/201113 Acórdão n.º 2301004.865 S2C3T1 Fl. 195 3 Voto Conselheira Andrea Brose Adolfo Relatora Verificada a tempestividade do Recurso Voluntário, dele conheço e passo a sua análise. Nulidade do Lançamento O recorrente pleiteia a nulidade da autuação fiscal por cerceamento de defesa sob o argumento de desconhecimento dos critérios utilizados pelo Fisco para arbitrar o valor da terra nua. Entendo que não assiste razão ao recorrente, uma vez que a autuação preenche todos os requisitos do Decreto nº 70.235/72 e, embora o recorrente não tivesse conhecimento dos valores considerados para a definição do arbitramento pelo SIPT Sistema de Preços de Terra, lhe foi dado o direito de apresentar laudo técnico que confirmasse os valores declarados em sua DITR. Por sua vez, o cerceamento do direito de defesa decorre da impossibilidade de se defender, o que não se verificou no presente caso. Nestes termos, afastase a alegação de nulidade por cerceamento ao direito de defesa. Mérito Valor da Terra Nua. Laudo de Avaliação. Sobre a desconsideração do VTN declarado pelo recorrente, a DRJ/CGE, apesar de reconhecer a existência do laudo acompanhado de ART/CREA, sustenta que "o laudo técnico apresentado não é suficiente para afastar a tributação com base no VTN apurado pela fiscalização a partir de valor constante no SIPT, com amparo no art. 14 da Lei n.º 9.393/1996" (efl. 166). Por sua vez, o recorrente alega que o Laudo de Avaliação apresentado não padece de nenhum vício que justifique sua rejeição sumária. O arbitramento do VTN com base no SIPT, nos casos de falta de apresentação de DITR ou de subavaliação do valor declarado, requer que o sistema esteja alimentado com informações sobre aptidão agrícola, como expressamente previsto no art. 14 da Lei nº 9.393, de 1996 c/c o art. 12 da Lei nº 8.629, de 1993: Lei nº 9.393, de 19 de dezembro de 1996 Art. 14. No caso de falta de entrega do DIAC ou do DIAT, bem como de subavaliação ou prestação de informações inexatas, incorretas ou fraudulentas, a Secretaria da Receita Federal procederá à determinação e ao lançamento de ofício do imposto, Fl. 196DF CARF MF 4 considerando informações sobre preços de terras, constantes de sistema a ser por ela instituído, e os dados de área total, área tributável e grau de utilização do imóvel, apurados em procedimentos de fiscalização. §1º. As informações sobre preços de terra observarão os critérios estabelecidos no art. 12, §1º, inciso II da Lei nº 8.629, de 25 de fevereiro de 1993, e considerarão levantamentos realizados pelas Secretarias de Agricultura das Unidades Federadas ou dos Municípios. Lei nº 8.629, de 25 de fevereiro de 1993 Art. 12. Considerase justa a indenização que reflita o preço atual de mercado do imóvel em sua totalidade, aí incluídas as terras e acessões naturais, matas e florestas e as benfeitorias indenizáveis, observados os seguintes aspectos: I localização do imóvel; II aptidão agrícola; (capacidade potencial da terra) [...] § 3º O Laudo de Avaliação será subscrito por Engenheiro Agrônomo com registro de Anotação de Responsabilidade Técnica ART, respondendo o subscritor, civil, penal e administrativamente, pela superavaliação comprovada ou fraude na identificação das informações. Assim, entendo que assiste razão ao recorrente neste quesito, isto porque o VTN por hectare de R$ 20.739,10 utilizado para o cálculo do imposto, extraído do SIPT, referese à média do VTN das DITRs processadas no Exercício em questão para o município de Nova Lima/MG, conforme informado à efl. 10, não leva em consideração a aptidão agrícola do imóvel, razão pela qual o arbitramento deve ser desconsiderado por desatender o disposto no art. 14, § 1º da Lei nº 9.396, de 1996, c/c art. 12 da Lei nº 8.629, de 1993. Nesse mesmo sentido decidiu a Câmara Superior de Recursos Fiscais CSRF, nos termos do Acórdão nº 9202003.749, em sessão de 29/01/2016, verbis: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Exercício: 2005 ITR. VALOR DA TERRA NUA. ARBITRAMENTO COM BASE NO SISTEMA DE PREÇOS DE TERRAS (SIPT). VALOR MÉDIO SEM APTIDÃO AGRÍCOLA. IMPOSSIBILIDADE. Resta impróprio o arbitramento do VTN, com base no SIPT, quando da não observância ao requisito legal de consideração de aptidão agrícola para fins de estabelecimento do valor do imóvel. Assim, deve prevalecer o VTN constante de Laudo de Avaliação apresentado pelo recorrente, no valor de R$ 425.544,66. Conclusão Fl. 197DF CARF MF Processo nº 10680.724496/201113 Acórdão n.º 2301004.865 S2C3T1 Fl. 196 5 Pelo exposto, voto por conhecer do recurso voluntário, para rejeitar a preliminar de nulidade suscitada e, no mérito, dar provimento para considerar o VTN constante do Laudo Técnico de avaliação apresentado. É como voto. Andrea Brose Adolfo Relatora Fl. 198DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10510.001810/2005-08
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Nov 08 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Jan 02 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/11/2004 a 30/11/2004
RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. SIMILITUDE FÁTICA.
O recurso especial de divergência, interposto nos termos do art. 67 da Portaria MF nº 256, de 22/06/2009, só se justifica quando, em situações idênticas, são adotadas soluções diversas. Não sendo o caso, o recurso não deve ser conhecido.
Recurso Especial da Procuradoria não conhecido.
Numero da decisão: 9303-004.371
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso especial da Fazenda Nacional.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza Relator
Participaram do Julgamento os Conselheiros Rodrigo da Costa Possas (Presidente em exercício), Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza, Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
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ISENÇÃO. Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado COLÉGIO SALESIANO NOSSA SENHORA AUXILIADORA ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/11/2004 a 30/11/2004 RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. SIMILITUDE FÁTICA. O recurso especial de divergência, interposto nos termos do art. 67 da Portaria MF nº 256, de 22/06/2009, só se justifica quando, em situações idênticas, são adotadas soluções diversas. Não sendo o caso, o recurso não deve ser conhecido. Recurso Especial da Procuradoria não conhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso especial da Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza – Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 51 0. 00 18 10 /2 00 5- 08 Fl. 438DF CARF MF 2 Participaram do Julgamento os Conselheiros Rodrigo da Costa Possas (Presidente em exercício), Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza, Vanessa Marini Cecconello. Relatório Tratase de Recurso Especial de Divergência interposto tempestivamente pela Procuradoria da Fazenda Nacional – PFN contra o Acórdão nº 3801001.131, de 22/03/2012, proferido pela 1ª Turma Especial da 3ª Seção deste CARF, que fora assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 31/12/1999 a 31/12/2003 COFINS DECADÊNCIA A Súmula Vinculante no. 08 do STF declarou a inconstitucionalidade do artigo 45 da Lei no. 8.212/91, assim o prazo decadencial para constituição das contribuições é de cinco anos, contandose do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado para os períodos em que não houve pagamentos nos termos do art. 173, I, do Código Tributário Nacional (CTN). ENTIDADE BENEFICENTE DE ASSISTÊNCIA SOCIAL QUE ATENDE ÀS EXIGÊNCIAS ESTABELECIDAS EM LEI. COFINS. IMUNIDADE PREVISTA NO ART. 195, § 7o. DA CF/88. Estando demonstrado que a Recorrente é entidade beneficente de assistência social, que preenche os requisitos do artigo 14 do CTN e também os requisitos do artigo 55 da lei 8212/91, as receitas relativas ao exercício de sua atividade, mesmo que de natureza contraprestacional, estão imunes à COFINS, nos moldes previstos no artigo 195 § 7º da Constituição Federal. Recurso Voluntário Provido No Recurso Especial, por meio do qual pleiteou, ao final, a reforma do decisum, a Recorrente suscitou divergência em relação ao entendimento de que as receitas de caráter contraprestacional são alcançadas pela isenção de PIS e COFINS, nos termos do art. 14, X, da Medida Provisária – MP nº 2.15835, de 2001. Visando comprovar as divergências, apresentou, como paradigmas, os Acórdãos nº 20219.348, de 07/10/2008, e 930300.982, de 28/06/2010, cujas ementas foram integralmente transcritas no recurso. O exame de admissibilidade do Recurso Especial encontrase às fls. 372/374. As contrarrazões, às fls. 386/398. É o Relatório. Fl. 439DF CARF MF Processo nº 10510.001810/200508 Acórdão n.º 9303004.371 CSRFT3 Fl. 439 3 Voto Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Relator. O recurso atende a todos os requisitos de admissibilidade previstos em lei. Como ressaltado no exame de sua admissibilidade, o acórdão recorrido adotou o entendimento de que a contribuinte era entidade imune, nos termos do art. 195, § 7º, da Constituição Federal, sendo, portanto, desnecessário examinar o enquadramento de suas receitas como sendo ou não oriundas de atividade própria. Todavia, consignouse que, ainda que assim não fosse – isto é, ainda que a contribuinte não fosse imune à contribuição –, as receitas tributadas se originaram da realização de sua atividade própria, de modo que o seu caráter contraprestacional não afastaria o direito à isenção da Cofins. Confiramse os seguintes parágrafos do acórdão recorrido: Verificase, pois, tratarse de imunidade constitucional, voltada a entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei. Ora, a Recorrente, conforme exaustivamente demonstrado pela documentação acostada aos autos do presente processo, é entidade de assistência social, como tal sempre reconhecida pelo Ministério da Previdência Social, e que preenche os requisitos do artigo 14 do CTN. Está, pois, enquadrada como instituição de assistência social, nos termos do artigo 195 § 7º, da Constituição Federal. A par do meu entendimento de que o artigo 55 cria condições não constantes do artigo 14 do CTN, porquanto as isenções contributivas são imunidades e, para gozo das imunidades, bastaria o cumprimento das disposições do art. 14 do CTN; é de se destacar também que a Recorrente demonstrou preencher os requisitos dispostos no artigo 55 da Lei no. 8.212/1991. Detém certificado de Entidade de Fins Filantrópicos desde 1975 e obteve reconhecimento de utilidade pública federal em 1972. (...) Porém, mesmo que se admitisse a subsunção da Recorrente à norma contida no artigo 14, que prescreve a isenção da COFINS quanto às receitas relativas às atividades próprias, melhor sorte não teria a pretensão fiscal. Isso porque todas as receitas aferidas pela Recorrente são, pelo que se depreende da análise dos autos, relativas às suas atividades próprias. (...) Admitir a restrição da imunidade àquelas receitas sem caráter contraprestacional direto, conforme determina a norma acima transcrita, é admitir que a autoridade fiscal determine o nível da imunidade, as condições, os benefícios. Não faz o menor sentido, Fl. 440DF CARF MF 4 visto que, se assim tivesse o constituinte disposto, à nitidez, não seria a autoridade fazendária que se submeteria ao legislador Constituinte, mas este que se submeteria à autoridade fazendária No primeiro acórdão paradigma (o de nº 20219.348), no qual a Câmara baixa manteve a exigência da Cofins sobre receitas provenientes de taxas de matrícula, mensalidades e aluguéis de entidade educacional semelhante à recorrente, entendeuse que a imunidade constitucional reclamaria o preenchimento dos requisitos estatuídos pelo art. 55 da Lei nº 8.212, de 1991, bem como que a receita da atividade própria de uma entidade cuja finalidade social é a difusão do ensino seria composta apenas pelas doações, contribuições, mensalidades e anuidades recebidas de associados, mantenedores e colaboradores, sem caráter contraprestacional direto. Já no segundo paradigma, o Acórdão de nº 930300.982, em que se debateu a incidência da Cofins sobre as vendas de mercadorias e de serviços por entidade de assistência social, esta mesma CSRF decidiu que a entidade imune que explora atividade empresarial sofre a incidência de contribuição para a seguridade social de acordo com as mesmas normas aplicáveis às empresas privadas. Do cotejo entre os excertos destacados, vêse, claramente, que, enquanto o acórdão recorrido exonerou o crédito tributário ao só fundamento de que a entidade era, com efeito, imune à contribuição (a alegação de que os valores auferidos pela entidade derivavam de sua atividade própria foi apenas uma concessão à tese contrária para que se pudesse, ao depois, refutála; portanto, ad argumentando tantum), nos acórdãos paradigmas estabeleceuse a premissa de que a imunidade reclamaria certas condições: no primeiro, o preenchimento de alguns requisitos legais (os mesmos que, no acórdão recorrido, advirtase, reconheceuse preenchidos); no seguinte, a impossibilidade de realização de atividade de caráter empresarial. Não há, pois, propriamente dissídio jurisprudencial para fatos que se assemelham. O que há é que, nos acórdãos recorrido e primeiro paradigma, em vista da análise dos fatos narrados e comprovados nos autos respectivos, reconheceuse a imunidade no primeiro, o que não ocorreu no segundo. Já no segundo acórdão paradigma, o afastamento da exação, como se viu, decorreu de motivo diverso daquele adotado no acórdão recorrido para exonerar o crédito tributário lançado. Ante o exposto, não conheço do recurso especial. É como voto. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Fl. 441DF CARF MF
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Numero do processo: 19515.005954/2008-01
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Dec 12 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Feb 08 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/09/2008 a 30/09/2008
APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14, DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta.
O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
Recurso Especial do Procurador Provido.
Numero da decisão: 9202-004.757
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em dar-lhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/09/2008 a 30/09/2008 APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14, DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Recurso Especial do Procurador Provido.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1663; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT2 Fl. 2 1 1 CSRFT2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 19515.005954/200801 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9202004.757 – 2ª Turma Sessão de 12 de dezembro de 2016 Matéria RETROATIVIDADE BENIGNA, NATUREZA DA MULTA NOS LANÇAMENTOS PREVIDENCIÁRIOS ANTERIORES À MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941, DE 2013 Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado A C AGRO MERCANTIL LTDA ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/09/2008 a 30/09/2008 APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14, DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Recurso Especial do Procurador Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em darlhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 59 54 /2 00 8- 01 Fl. 302DF CARF MF Processo nº 19515.005954/200801 Acórdão n.º 9202004.757 CSRFT2 Fl. 3 2 (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do processo paradigma deste julgamento, n° 10660.722287/201173. A divergência em exame reportase à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. A Fazenda Nacional interpôs recurso especial requerendo que a retroatividade benigna fosse aplicada, essencialmente, pelos critérios constantes na Portaria PGFN/RFB nº 14, de 04 de dezembro de 2009. Cientificado, o sujeito passivo ofereceu contrarrazões, pugnando pela negativa de provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9202004.650, de 12/12/2016, proferido no julgamento do processo 10660.722287/201173, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido naquela decisão (Acórdão 9202004.650): O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. Fl. 303DF CARF MF Processo nº 19515.005954/200801 Acórdão n.º 9202004.757 CSRFT2 Fl. 4 3 Cingese a controvérsia às penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212, de 1991, com as alterações promovidas pela MP nº 449, de 2008, convertida na Lei nº 11.941, de 2009, quando mais benéfica ao sujeito passivo. A solução do litígio decorre do disposto no artigo 106, inciso II, alínea “a” do CTN, a seguir transcrito: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (grifos acrescidos) De início, cumpre registrar que a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), de forma unânime, pacificou o entendimento de que, na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Assim, a multa de mora prevista no art. 61, da Lei nº 9.430, de 1996, não é aplicável quando realizado o lançamento de ofício, conforme consta do Acórdãonº9202004.262, de 23/06/2016, cuja ementa a seguir se transcreve: AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA MULTA APLICAÇÃO NOS LIMITES DA LEI 8.212/91 C/C LEI 11.941/08 APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA NATUREZA DA MULTA APLICADA. A multa nos casos em que há lançamento de obrigação principal lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, mesmo que referente a fatos geradores anteriores a publicação da referida lei, é de ofício. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA COMPARATIVO DE MULTAS APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Fl. 304DF CARF MF Processo nº 19515.005954/200801 Acórdão n.º 9202004.757 CSRFT2 Fl. 5 4 Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35A, penalidade única combinando as duas condutas. A legislação vigente anteriormente à Medida Provisória n° 449, de 2008, determinava, para a situação em que ocorresse (a) recolhimento insuficiente do tributo e (b) falta de declaração da verba tributável em GFIP, a constituição do crédito tributário de ofício, acrescido das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, respectivamente. Posteriormente foi determinada, para essa mesma situação (falta de pagamento e de declaração), apenas a aplicação do art. 35A, da Lei n° 8.212, de 1991, que faz remissão ao art. 44, da Lei n° 9.430, de 1996. Portanto, para aplicação da retroatividade benigna, é necessário comparar (a) o somatório das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, e (b) a multa prevista no art. 35A, da Lei n° 8.212, de 1991. A comparação de que trata o parágrafo anterior tem por fim a aplicação da retroatividade benigna prevista no art. 106, do CTN e, caso necessário, a retificação dos valores no sistema de cobrança, a fim de que, em cada competência, o valor da multa aplicada no AIOA, somado com a multa aplicada na NFLD/AIOP, não exceda o percentual de 75%. Prosseguindo na análise do tema, também é entendimento pacífico deste Colegiado que, na hipótese de lançamento apenas de obrigação principal, a retroatividade benigna será aplicada se, na liquidação do acórdão, a penalidade anterior à vigência da MP 449, de 2008, ultrapassar a multa do art. 35A, da Lei n° 8.212, de 1991, correspondente aos 75% previstos no art. 44, da Lei n° 9.430, de 1996. Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º doart. 32, da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pelaMP 449 (convertida na Lei 11.941, de 2009), tenham sido aplicadas isoladamente descumprimento de obrigação acessória sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal deverão ser comparadas com as penalidades previstas noart. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, bem assim no caso de competências em que o lançamento da obrigação principal tenha sido atingido pela decadência. Neste sentido, transcrevese excerto do voto unânime, proferido no Acórdãonº9202004.499, de 29/09/2016: Fl. 305DF CARF MF Processo nº 19515.005954/200801 Acórdão n.º 9202004.757 CSRFT2 Fl. 6 5 Até a edição da MP 449/2008, quando realizado um procedimento fiscal, em que se constatava a existência de débitos previdenciários, lavravase em relação ao montante da contribuição devida, notificação fiscal de lançamento de débito NFLD. Caso constatado que, além do montante devido, descumprira o contribuinte obrigação acessória, ou seja, obrigação de fazer, como no caso de omissão em GFIP (que tem correlação direta com o fato gerador), a empresa era autuada também por descumprimento de obrigação acessória. Nessa época os dispositivos legais aplicáveis eram multa art. 35 para a NFLD (24%, que sofria acréscimos dependendo da fase processual do débito) e art. 32 (100% da contribuição devida em caso de omissões de fatos geradores em GFIP) para o Auto de infração de obrigação acessória. Contudo, a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, inseriu o art. 32A, o qual dispõe o seguinte: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de nãoapresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. Fl. 306DF CARF MF Processo nº 19515.005954/200801 Acórdão n.º 9202004.757 CSRFT2 Fl. 7 6 § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” Entretanto, a MP 449, Lei 11.941/2009, também acrescentou o art. 35A que dispõe o seguinte, “Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” O inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96, por sua vez, dispõe o seguinte: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata “ Com a alteração acima, em caso de atraso, cujo recolhimento não ocorrer de forma espontânea pelo contribuinte, levando ao lançamento de ofício, a multa a ser aplicada passa a ser a estabelecida no dispositivo acima citado, ou seja, em havendo lançamento da obrigação principal (a antiga NFLD), aplicase multa de ofício no patamar de 75%. Essa conclusão levanos ao raciocínio que a natureza da multa, sempre que existe lançamento, referese a multa de ofício e não a multa de mora referida no antigo art. 35 da lei 8212/91. Contudo, mesmo que consideremos que a natureza da multa é de "multa de ofício" não podemos isoladamente aplicar 75% para as Notificações Fiscais NFLD ou Autos de Infração de Obrigação Principal AIOP, pois estaríamos na verdade retroagindo para agravar a penalidade aplicada. Por outro lado, com base nas alterações legislativas não mais caberia, nos patamares anteriormente existentes, aplicação de NFLD + AIOA (Auto de Infração de Obrigação Acessória) cumulativamente, pois em existindo lançamento de ofício a multa passa a ser exclusivamente de 75%. Tendo identificado que a natureza da multa, sempre que há lançamento, é de multa de ofício, considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106. inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há Fl. 307DF CARF MF Processo nº 19515.005954/200801 Acórdão n.º 9202004.757 CSRFT2 Fl. 8 7 que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. No presente caso, foi lavrado AIOA julgada, e alvo do presente recurso especial, prevaleceu o valor de multa aplicado nos moldes do art. 32A. No caso da ausência de informação em GFIP, conforme descrito no relatório a multa aplicada ocorreu nos termos do art. 32, inciso IV, § 5º, da Lei nº 8.212/1991 também revogado, o qual previa uma multa no valor de 100% (cem por cento) da contribuição não declarada, limitada aos limites previstos no § 4º do mesmo artigo. Face essas considerações para efeitos da apuração da situação mais favorável, entendo que há que se observar qual das seguintes situações resulta mais favorável ao contribuinte: · Norma anterior, pela soma da multa aplicada nos moldes do art. 35, inciso II com a multa prevista no art. 32, inciso IV, § 5º, observada a limitação imposta pelo § 4º do mesmo artigo, ou · Norma atual, pela aplicação da multa de setenta e cinco por cento sobre os valores não declarados, sem qualquer limitação, excluído o valor de multa mantido na notificação. Levando em consideração a legislação mais benéfica ao contribuinte, conforme dispõe o art. 106 do Código Tributário Nacional (CTN), o órgão responsável pela execução do acórdão deve, quando do trânsito em julgado administrativo, efetuar o cálculo da multa, em cada competência, somando o valor da multa aplicada no AI de obrigação acessória com a multa aplicada na NFLD/AIOP, que não pode exceder o percentual de 75%, previsto no art. 44, I da Lei n° 9.430/1996. Da mesma forma, no lançamento apenas de obrigação principal o valor das multa de ofício não pode exceder 75%. No AI de obrigação acessória, isoladamente, o percentual não pode exceder as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Observese que, no caso de competências em que a obrigação principal tenha sido atingida pela decadência (pela antecipação do pagamento nos termos do art. 150, § 4º, do CTN), subsiste a obrigação acessória, isoladamente, relativa às mesmas competências, não atingidas pela decadência posto que regidas pelo art. 173, I, do CTN, e que, portanto, deve ter sua penalidade limitada ao valor previsto no artigo 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Fl. 308DF CARF MF Processo nº 19515.005954/200801 Acórdão n.º 9202004.757 CSRFT2 Fl. 9 8 Cumpre ressaltar que o entendimento acima está em consonância com o que dispõe a Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009, alterada pela Instrução Normativa RFB nº 1.027 em 22/04/2010, e no mesmo diapasão do que estabelece a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, que contempla tanto os lançamentos de obrigação principal quanto de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente. Nesse passo, para os fatos geradores ocorridos até 03/12/2008, a autoridade responsável pela execução do acórdão, quando do trânsito em julgado administrativo, deverá observar a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 que se reporta à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias nos lançamentos de obrigação principal e de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente, previstas na Lei nº 8.212, de 1991, com as alterações promovidas pela MP 449, de 2008, convertida na Lei nº 11.941, de 2009. De fato, as disposições da referida Portaria, a seguir transcritas, estão em consonância com a jurisprudência unânime desta 2ª Turma da CSRF sobre o tema: Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 Art. 1º A aplicação do disposto nos arts. 35 e 35A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, às prestações de parcelamento e aos demais débitos não pagos até 3 de dezembro de 2008, inscritos ou não em Dívida Ativa, cobrados por meio de processo ainda não definitivamente julgado, observará o disposto nesta Portaria. Art. 2º No momento do pagamento ou do parcelamento do débito pelo contribuinte, o valor das multas aplicadas será analisado e os lançamentos, se necessário, serão retificados, para fins de aplicação da penalidade mais benéfica, nos termos da alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional (CTN). § 1º Caso não haja pagamento ou parcelamento do débito, a análise do valor das multas referidas no caput será realizada no momento do ajuizamento da execução fiscal pela ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN). § 2º A análise a que se refere o caput darseá por competência. § 3º A aplicação da penalidade mais benéfica na forma deste artigo darseá: I mediante requerimento do sujeito passivo, dirigido à autoridade administrativa competente, informando e comprovando que se subsume à mencionada hipótese; ou Fl. 309DF CARF MF Processo nº 19515.005954/200801 Acórdão n.º 9202004.757 CSRFT2 Fl. 10 9 II de ofício, quando verificada pela autoridade administrativa a possibilidade de aplicação. § 4º Se o processo encontrarse em trâmite no contencioso administrativo de primeira instância, a autoridade julgadora fará constar de sua decisão que a análise do valor das multas para verificação e aplicação daquela que for mais benéfica, se cabível, será realizada no momento do pagamento ou do parcelamento. Art. 3º A análise da penalidade mais benéfica, a que se refere esta Portaria, será realizada pela comparação entre a soma dos valores das multas aplicadas nos lançamentos por descumprimento de obrigação principal, conforme o art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e de obrigações acessórias, conforme §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e da multa de ofício calculada na forma do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. § 2º A comparação na forma do caput deverá ser efetuada em relação aos processos conexos, devendo ser considerados, inclusive, os débitos pagos, os parcelados, os nãoimpugnados, os inscritos em Dívida Ativa da União e os ajuizados após a publicação da Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008. Art. 4º O valor das multas aplicadas, na forma do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, sobre as contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, deverá ser comparado com o valor das multa de ofício previsto no art. 35A daquela Lei, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009, e, caso resulte mais benéfico ao sujeito passivo, será reduzido àquele patamar. Art. 5º Na hipótese de ter havido lançamento de ofício relativo a contribuições declaradas na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), a multa aplicada limitarseá àquela prevista no art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. Fl. 310DF CARF MF Processo nº 19515.005954/200801 Acórdão n.º 9202004.757 CSRFT2 Fl. 11 10 Em face ao exposto, conheço do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional e, no mérito, doulhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. Em face do acima exposto, voto por conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, darlhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Fl. 311DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13888.720361/2012-21
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Fri Nov 25 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Jan 05 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/11/2010 a 30/06/2011
COMPENSAÇÃO INDEVIDA. MULTA ISOLADA DE 150%. FALSIDADE NO PREENCHIMENTO DA DECLARAÇÃO. CABIMENTO.
É cabível a multa isolada de 150%, quando se constata falsidade por parte do Contribuinte, o que se caracteriza pela inclusão, na declaração, de créditos que o Contribuinte sabe serem inexistentes, de fato ou de direito, seja por não haverem integrado a base de cálculo das contribuições, seja pela compensação antes do trânsito em julgado das ações judiciais.
Numero da decisão: 9202-004.637
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Gerson Macedo Guerra, que lhe negaram provimento.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício).
Nome do relator: MARIA HELENA COTTA CARDOZO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Gerson Macedo Guerra, que lhe negaram provimento. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo - Relatora Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício).
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MULTA ISOLADA DE 150%. FALSIDADE NO PREENCHIMENTO DA DECLARAÇÃO. CABIMENTO. É cabível a multa isolada de 150%, quando se constata falsidade por parte do Contribuinte, o que se caracteriza pela inclusão, na declaração, de créditos que o Contribuinte sabe serem inexistentes, de fato ou de direito, seja por não haverem integrado a base de cálculo das contribuições, seja pela compensação antes do trânsito em julgado das ações judiciais. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento, vencidos os conselheiros Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Gerson Macedo Guerra, que lhe negaram provimento. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Relatora Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 8. 72 03 61 /2 01 2- 21 Fl. 4139DF CARF MF 2 Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício). Relatório O Contribuinte efetuou compensações consideradas indevidas, relativas a recolhimentos efetuados sobre verbas que integram o salário de contribuição, conforme item 37 do Relatório Fiscal (fls. 48 a 199). Entre os valores compensados, encontramse verbas pleiteadas em ação judicial sem trânsito em julgado (horas extras, 1/3 de férias e abono assiduidade, esse último abrangendo apenas o abono Lei Municipal 2556, que não foi incluído na base de cálculo). O Debcad nº 51.018.3816 inclui a multa isolada de 150% do valor das contribuições indevidamente compensadas, decorrente da falsidade na declaração apresentada pelo contribuinte mediante GFIP. Em sessão plenária de 17/09/2013, foi julgado o Recurso Voluntário, prolatandose o Acórdão nº 2302002.736, assim ementado: "ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/11/2010 a 30/06/2011 Ementa: SOBRESTAMENTO REPERCUSSÃO GERAL NÃO COINCIDÊNCIA DA MATÉRIA O sobrestamento dos processos administrativos em trâmite no CARF, será aplicado na hipóteses em que houver sido determinado pelo Supremo Tribunal Federal, o sobrestamento de RE. A matéria deduzida no RE 593.068 Repercussão Geral, referese a contribuições previdenciárias incidentes sobre verbas pagas a servidores públicos e não sobre remuneração de empregados celetistas, como tratado neste auto de infração. Incabível o sobrestamento do feito. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA Em virtude do disposto no art. 17 do Decreto n º 70.235 de 1972 somente será conhecida a matéria expressamente impugnada. AÇÃO JUDICIAL. RENÚNCIA AO CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO. MATÉRIA DIFERENCIADA. A propositura pelo sujeito passivo de ação judicial, por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento, que tenha por objeto idêntico pedido sobre o qual trate o processo administrativo, importa renúncia ao contencioso administrativo, conforme art. 126, § 3º, da Lei no 8.213/91, combinado com o art. 307 do RPS, aprovado pelo Decreto 3.048/99. O julgamento administrativo limitarseá à matéria diferenciada, se na impugnação houver matéria distinta da constante do processo judicial, conforme art. 35, parágrafo único, da Portaria RFB no 10.875/2007. Fl. 4140DF CARF MF Processo nº 13888.720361/201221 Acórdão n.º 9202004.637 CSRFT2 Fl. 4.137 3 MULTA ISOLADA. COMPROVAÇÃO DA FALSIDADE DA DECLARAÇÃO. INSTRUÇÃO DEFICIENTE DO PROCESSO. A falsidade da declaração, a conduta dolosa do sujeito passivo tem que estar demonstrada no auto de infração para se subsumir ao tipo infracional previsto no art. 89, §10 da Lei nº 8.212/91. Recurso Voluntário Provido em Parte" A decisão foi assim registrada: Acordam os membros da Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, por unanimidade de votos em conhecer parcialmente do recurso e na parte conhecida darlhe provimento parcial, para excluir do lançamento a parcela relativa à multa isolada, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado." O processo foi encaminhado à PGFN em 23/10/2013 (Despacho de Encaminhamento de fls. 3.996). Assim, conforme o art. 7º, da Portaria MF nº 527, de 2010, a Fazenda Nacional poderia interpor Recurso Especial até 07/12/2013, o que foi feito em 04/12/2013 (fls. 3.997 a 4.005), conforme o Despacho de Encaminhamento de fls. 4.006. O Recurso Especial visa rediscutir a aplicação da multa isolada prevista no § 10, do artigo 89, da Lei nº 8.212, de 1991. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme o Despacho nº 2300 882/2013, de 20/12/2013 (fls. 4.008 a 4.010). No Recurso Especial, a Fazenda Nacional apresenta os seguintes argumentos, em síntese: pelo que se verifica da redação do § 10º, do art. 89, da Lei nº 8.212/91, há dois condicionantes à aplicação da penalidade em questão: a própria compensação indevida (“na hipótese de compensação indevida”) e a comprovada falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo (“quando se comprove falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo”); ambos assumem, dessa maneira, cunho de aplicação cumulativa, de modo que faltando um não se rende ensejo à aplicação da penalidade isolada; necessário, pois, perquirir onde se encontra a falsidade ou fraude na declaração das compensações indevidas efetuadas pelo sujeito passivo; antes, porém, convém repassarmos os conceitos vinculados à caracterização da conduta qualificadora do apenamento agravado, e nesse compasso, a Lei nº 9.430/96, no art. 44, traz os percentuais de multa de ofício e faz remissão às circunstâncias qualificadoras capazes de ensejar a sua duplicação, vejase: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) Fl. 4141DF CARF MF 4 I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) (...) § 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007)” Nesse contexto, necessário trazer à baila também os conceitos exarados na Lei nº 4.502/64 e ver se a conduta praticada pelo contribuinte encaixase em algumas das ‘circunstâncias qualificativas’ ali propostas. Lei nº 4.502/64 “Art. 68. A autoridade fixará a pena de multa partindo da pena básica estabelecida para a infração, como se atenuantes houvesse, só a majorando em razão das circunstâncias agravantes ou qualificativas provadas no processo. (Redação dada pelo DecretoLei nº 34, de 1966) (...) § 2º São circunstâncias qualificativas a sonegação, a fraude e o conluio. (Redação dada pelo DecretoLei nº 34, de 1966) (...) Art. 71. Sonegação é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Art. 72. Fraude é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do impôsto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. Art. 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos arts. 71 e 72.” vejase, destarte, que a aplicação de penalidade mais grave, mediante a majoração da multa, só tem cabimento em situações específicas, onde fique evidenciado o comportamento anormal do sujeito passivo, seja no tocante à falsidade na declaração, conforme remissão expressa do § 10º, do art. 89, da Lei nº 8.212/91, seja pela configuração de sonegação, conluio ou fraude acima transcritos; Fl. 4142DF CARF MF Processo nº 13888.720361/201221 Acórdão n.º 9202004.637 CSRFT2 Fl. 4.138 5 estas situações, por sua gravidade, devem ensejar reprimenda punitiva de maior monta; o fator agravado na infração em análise é a conduta de falsear o conteúdo da declaração de maneira que o Fisco reste iludido quanto à efetiva ocorrência dos fatos geradores e/ou existência do crédito; em relação às compensações promovidas nos autos, tal procedimento apresenta, sim, elementos suficientes para caracterizar a imposição da penalidade isolada, mormente porque o suposto crédito sabidamente não tinha respaldo em decisão judicial com trânsito em julgado para a sua respectiva compensação, nos termos do art. 170A do CTN; vejase que aqui tratamos de normas que independem de qualquer interpretação, e tal fato afasta o argumento de mero erro e atrai o emprego da vontade dolosa de falsear a declaração por dela constar crédito ao qual não se tem direito; ora, se a característica essencial da obrigação tributária principal traz consigo o dever de pagar, a ação dolosa do contribuinte com intuito de evitar ou diferir seu pagamento a partir de compensações indevidas configura a fraude, conforme prescrito no texto legal acima mencionado; vale lembrar, nesse sentido, o Ato Declaratório Interpretativo, de nº 17 veiculado no DOU de 04/10/2002, que assim se pronuncia em seu artigo único, verbis: “Artigo único. Os lançamentos de ofício relativos a pedidos ou declarações de compensação indevidos sujeitarseão à multa de que trata o inciso II, do art. 44 da Lei 9.430, de 27 de dezembro de 1996, por caracterizarem evidente intuito de fraude nas hipóteses em que o crédito oferecido à compensação seja: I – de natureza nãotributária; II – inexistente de fato; III – não passível de compensação por expressa disposição de lei; IV – baseado em documentação falsa. Parágrafo único. O disposto nos incisos I a III deste artigo não se aplica às hipóteses em que o pedido ou a declaração tenha sido apresentado com base em decisão judicial.” (grifei) portanto, faz o referido ADI uma alusão significativa às compensações indevidas reputandoas fraudulentas naquelas situações específicas porque, por óbvio, aquilo que não é devido não pode ser oposto ao fisco para extinguir débito tributário algum; assim, se o crédito é inexistente de fato ou se não é passível de compensação por expressa disposição de lei, conforme aqui constatado, a compensação é fraudulenta e a declaração é falsa, devendo ser apenada de forma agravada. Ao final, a Fazenda Nacional pede o provimento do Recurso Especial, restabelecendose a multa qualificada. Fl. 4143DF CARF MF 6 Cientificado do acórdão, do Recurso Especial e do despacho que lhe deu seguimento em 23/04/2014 (fls. 4.018) e reintimado em 08/07/2014 (fls. 4.030), o Contribuinte, em 31/07/2014, ofereceu as Contrarrazões de fls. 4.064 a 4.072, bem como interpôs o Recurso Especial de fls. 4.032 a 4.063. Ao Recurso Especial do Contribuinte foi negado seguimento, por intempestividade, conforme Despacho de Admissibilidade de fls. 4.075, o que foi confirmado pelo Despacho de Reexame de fls. 4.076. Voto Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo Relatora O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. As Contrarrazões foram oferecidas intempestivamente, portanto não podem ser conhecidas. Tratase de compensações consideradas indevidas, relativas a recolhimentos efetuados sobre verbas que integram o salário de contribuição, conforme item 37 do Relatório Fiscal (fls. 48 a 199). Entre os valores compensados, encontramse verbas pleiteadas em ação judicial sem trânsito em julgado (horas extras, 1/3 de férias e abono assiduidade, esse último abrangendo apenas o abono Lei Municipal 2556, que não foi incluído na base de cálculo). O Debcad nº 51.018.3816 inclui a multa isolada de 150% do valor das contribuições indevidamente compensadas, decorrente da falsidade na declaração apresentada pelo contribuinte mediante GFIP. Em seu apelo, a Fazenda Nacional pede a manutenção da multa de 150%, por falsidade na declaração. Relativamente à aplicação da multa de 150%, a Lei nº 8.212, de 1991, com a redação da Lei nº 11.941, de 2009, assim dispõe: "Art. 89. As contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 desta Lei, as contribuições instituídas a título de substituição e as contribuições devidas a terceiros somente poderão ser restituídas ou compensadas nas hipóteses de pagamento ou recolhimento indevido ou maior que o devido, nos termos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil (...) §10. Na hipótese de compensação indevida, quando se comprove falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo, o contribuinte estará sujeito à multa isolada aplicada no percentual previsto no inciso I do caput do art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, aplicado em dobro, e terá como base de cálculo o valor total do débito indevidamente compensado." O art. 44, inciso I, da Lei nº 9.430, de 1996, por sua vez, com a redação da Lei nº 11.488, de 2007, assim dispõe: Fl. 4144DF CARF MF Processo nº 13888.720361/201221 Acórdão n.º 9202004.637 CSRFT2 Fl. 4.139 7 "Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata;" Destarte, não resta dúvida no sentido de que a constatação da falsidade da declaração é suficiente para a aplicação da multa isolada de 150%, sem a necessidade de comprovação de existência de dolo, ou de qualquer uma das figuras penais descritas no §1º, do art. 44, da Lei nº 9.430, de 1996. Nesse passo, a compensação de créditos tributários inexistentes caracterizaria a falsidade requerida no dispositivo legal acima transcrito, restando perquirir, no presente caso, qual teria sido a situação que ensejou a glosa das compensações. Com estas considerações, verificase que o item 37 do Relatório Fiscal (fls. 48 a 199) especifica que, entre os valores compensados, encontramse verbas pleiteadas em ação judicial sem trânsito em julgado, a saber: horas extras; 1/3 de férias; abono assiduidade, abrangendo apenas o abono Lei Municipal 2556, que não foi incluído na base de cálculo. Ademais, no item 55 do Relatório Fiscal, são fornecidos os fundamentos para a multa de 150%: "55.1 as ações judiciais não envolveram nenhuma questão quanto à constitucionalidade de matérias já declaradas pelo STF; 55.2 efetuou as compensações sem decisão judicial transitada em julgado que as autorizasse. As ações judiciais que interpôs foram iniciadas em datas posteriores ao início das compensações, sendo a primeira em 01/2011 e a segunda em 04/2011. 55.3 compensou valores de contribuições sobre pagamentos de Abono Lei Mun 2595, Abono Lei Mun 2556, Abono Lei Mun 2511, Abono Lei Mun 2437, Abono Li Mun 2352, Abono Lei Mun 2334, Abono Lei Mun 2273, Gratificação Especial de Natal, Gratif. Para CursoLei 2230 e Licença Prêmio, sem que tivesse havido incidência sobre tais remunerações nas folhas de pagamento, assim compensou contribuições que nunca declarou nem recolheu. Não se tratou de engano ou fato isolado, já que além disso pleiteou judicialmente na ação nº 000397361.2011.4.03.6109 a não exigência de contribuições previdenciárias em relação a essas verbas que não entraram na composição de suas bases de cálculo as quais foram enquadradas todas como abono, o que torna indubitável sua intenção de continuar a compensar valores não recolhidos aos cofres públicos. Solicitar a nãoincidência em ação judicial exige a précondição do requerente estar recolhendo ou ter exigência de recolher essas contribuições, o que é falso no caso da Prefeitura." Assim, constatase que o Contribuinte compensou créditos que estavam sub judice, antes mesmo do ajuizamento das respectivas ações, e antes do trânsito em julgado das sentenças, além de valores que sequer integraram a base de cálculo da contribuição, o que no Fl. 4145DF CARF MF 8 entender desta Conselheira caracteriza falsidade, uma vez que, no momento da compensação, os supostos créditos ou eram inexistentes ou não gozavam de liquidez e certeza, portanto eram também de fato inexistentes. Destarte, cabível a aplicação da multa isolada de 150%. Diante do exposto, conheço do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional e, no mérito, doulhe provimento. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Fl. 4146DF CARF MF
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Numero do processo: 10980.933420/2009-88
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 24 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Feb 07 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/10/2002 a 31/10/2002
PIS/PASEP. COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º, DA LEI Nº 9.718/98, QUE AMPLIAVA O CONCEITO DE FATURAMENTO. NÃO INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO SOBRE RECEITAS NÃO COMPREENDIDAS NO CONCEITO DE FATURAMENTO ESTABELECIDO PELA CONSTITUIÇÃO FEDERAL PREVIAMENTE À PUBLICAÇÃO DA EC Nº 20/98.
A base de cálculo do PIS e da COFINS é o faturamento, assim compreendido a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza. Inadmissível o conceito ampliado de faturamento contido no § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, uma vez que referido dispositivo foi declarado inconstitucional pelo plenário do Supremo Tribunal Federal (STF).
Diante disso, não poderão integrar a base de cálculo da contribuição as receitas não compreendidas no conceito de faturamento previsto no art. 195, I, b, na redação originária da Constituição Federal de 1988, previamente à publicação da Emenda Constitucional nº 20, de 1998.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 3402-003.746
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário para reconhecer a juridicidade do crédito vindicado, de modo que a compensação apresentada pelo contribuinte seja analisada pela RFB apenas para fins de apuração quanto à exatidão do montante compensado.
(assinado digitalmente)
Antonio Carlos Atulim - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS ATULIM
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/10/2002 a 31/10/2002 PIS/PASEP. COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º, DA LEI Nº 9.718/98, QUE AMPLIAVA O CONCEITO DE FATURAMENTO. NÃO INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO SOBRE RECEITAS NÃO COMPREENDIDAS NO CONCEITO DE FATURAMENTO ESTABELECIDO PELA CONSTITUIÇÃO FEDERAL PREVIAMENTE À PUBLICAÇÃO DA EC Nº 20/98. A base de cálculo do PIS e da COFINS é o faturamento, assim compreendido a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza. Inadmissível o conceito ampliado de faturamento contido no § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, uma vez que referido dispositivo foi declarado inconstitucional pelo plenário do Supremo Tribunal Federal (STF). Diante disso, não poderão integrar a base de cálculo da contribuição as receitas não compreendidas no conceito de faturamento previsto no art. 195, I, b, na redação originária da Constituição Federal de 1988, previamente à publicação da Emenda Constitucional nº 20, de 1998. Recurso Voluntário Provido.
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decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário para reconhecer a juridicidade do crédito vindicado, de modo que a compensação apresentada pelo contribuinte seja analisada pela RFB apenas para fins de apuração quanto à exatidão do montante compensado. (assinado digitalmente) Antonio Carlos Atulim - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
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COMPENSAÇÃO. ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO. Recorrente BRASILSAT HARALD S A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/10/2002 a 31/10/2002 PIS/PASEP. COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º, DA LEI Nº 9.718/98, QUE AMPLIAVA O CONCEITO DE FATURAMENTO. NÃO INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO SOBRE RECEITAS NÃO COMPREENDIDAS NO CONCEITO DE FATURAMENTO ESTABELECIDO PELA CONSTITUIÇÃO FEDERAL PREVIAMENTE À PUBLICAÇÃO DA EC Nº 20/98. A base de cálculo do PIS e da COFINS é o faturamento, assim compreendido a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza. Inadmissível o conceito ampliado de faturamento contido no § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, uma vez que referido dispositivo foi declarado inconstitucional pelo plenário do Supremo Tribunal Federal (STF). Diante disso, não poderão integrar a base de cálculo da contribuição as receitas não compreendidas no conceito de faturamento previsto no art. 195, I, “b”, na redação originária da Constituição Federal de 1988, previamente à publicação da Emenda Constitucional nº 20, de 1998. Recurso Voluntário Provido. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário para reconhecer a juridicidade do crédito vindicado, de modo que a compensação apresentada pelo contribuinte seja analisada pela RFB apenas para fins de apuração quanto à exatidão do montante compensado. (assinado digitalmente) Antonio Carlos Atulim Presidente e Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 93 34 20 /2 00 9- 88 Fl. 117DF CARF MF Processo nº 10980.933420/200988 Acórdão n.º 3402003.746 S3C4T2 Fl. 0 2 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório 1. Tratase de processo administrativo decorrente da apresentação de manifestação de inconformidade contra despacho decisório que não homologou compensação declarada pelo contribuinte. 2. Segundo consta dos autos, o contribuinte alega possuir um crédito tributário decorrente do pagamento a maior de COFINS, nos termos exigidos pelo art. 3º, § 1º da Lei nº 9.718/98, o qual foi julgado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, por intermédio do RE n. 357.950, afetado por repercussão geral. 3. Referida manifestação de inconformidade foi julgada improcedente pela DRJCuritiba nos termos do que se depreende da ementa abaixo transcrita, na parte de interesse ao presente julgamento: ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. COMPETÊNCIA DAS AUTORIDADES ADMINISTRATIVAS. O julgador da esfera administrativa deve limitarse a aplicar a legislação vigente, restando, por disposição constitucional, ao Poder Judiciário a competência para apreciar inconformismos relativos à sua validade ou constitucionalidade. Manifestação de Inconformidade Improcedente. Direito Creditório Não Reconhecido. 4. Diante deste quadro, o contribuinte interpôs recurso voluntário alegando, em suma, o que segue: (i) nulidade da decisão atacada, uma vez que ao pretexto de não poder analisar constitucionalidade de norma, a decisão vergastada deixou de analisar outros fundamentos jurídicos desenvolvidos pelo recorrente e que seriam autônomos e suficientes para a procedência do seu pleito; e, ainda (ii) que o crédito vindicado pelo contribuinte seria legítimo, nos termos da já citada decisão Pretoriana, a qual apresentaria caráter vinculativo para este CARF, conforme previsto no então vigente art. 62A do RICARF. 5. É o relatório. Fl. 118DF CARF MF Processo nº 10980.933420/200988 Acórdão n.º 3402003.746 S3C4T2 Fl. 0 3 Voto Antonio Carlos Atulim, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402003.723, de 24 de janeiro de 2017, proferido no julgamento do processo 10980.933424/200966, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3402003.723): "6. O recurso voluntário é tempestivo e preenche os demais pressupostos formais de admissibilidade, motivo pelo qual dele tomo conhecimento. I. Da nulidade da decisão atacada 7. Não há nulidade da decisão atacada. Conforme se observa da própria manifestação de inconformidade do contribuinte, o pano de fundo a originar seu crédito para a contribuição em apreço é a inconstitucionalidade do art. 3º, §1º da Lei nº 9.718/98, reconhecida pelo STF. É o que se observa do seguinte trecho da sua manifestação: O contribuinte extinguiu o débito da COFINS, apurada conforme acima e declarada em DCTF, com DARF, período de apuração 28/02/2003, código de receita 2172, recolhido em 14/03/2003. Posteriormente, com a Declaração de inconstitucionalidade do art. 3º, parágrafo 1º, da Lei nº 9.718/98 surgiu para o contribuinte o crédito tributário oponível ao Fisco referente a COFINS incidente sobre as receitas financeiras no valor de R$ 18.459,40. 8. A decisão recorrida, por sua vez, partiu do pressuposto que a questão em apreço tocava a análise quanto à (in)constitucionalidade de normas, o que não seria passível de apreciação na instância administrativa, nos exatos termos da Súmula CARF no 2. 9. Assim, uma vez reconhecida a sua incompetência para a questão de fundo e cuja análise seria essencial para o deslinde da questão debatida, a DRJ não poderia seguir adiante na análise da manifestação de inconformidade proposta pelo contribuinte. 10. Todavia, ainda que se considere que a decisão recorrida apresenta uma mácula, o que se afirma aqui a título de obiter dicta, mesmo assim tal fato não seria impediente para a análise do recurso voluntário interposto, haja vista o disposto no art. 59, Fl. 119DF CARF MF Processo nº 10980.933420/200988 Acórdão n.º 3402003.746 S3C4T2 Fl. 0 4 §3º do Decreto m. 70.235/721, motivo pelo qual passo a análise de mérito do presente recurso. II. Do mérito da compensação perpetrada 11. Superada a questão preliminar, não há dúvida que, nos mérito, a juridicidade do crédito do contribuinte deve ser reconhecida, haja vista que a origem do citado crédito decorre da reconhecida inconstitucionalidade do art. 3º, §1º da Lei nº 9.718/98, assim reconhecida pelo STF quando do julgamento do RE nº 357.950, afetado por repercussão geral, e que restou assim ementado: CONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE ARTIGO 3º, § 1º, DA LEI Nº 9.718, DE 27 DE NOVEMBRO DE 1998 EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 20, DE 15 DE DEZEMBRO DE 1998. O sistema jurídico brasileiro não contempla a figura da constitucionalidade superveniente. TRIBUTÁRIO INSTITUTOS EXPRESSÕES E VOCÁBULOS SENTIDO. A norma pedagógica do artigo 110 do Código Tributário Nacional ressalta a impossibilidade de a lei tributária alterar a definição, o conteúdo e o alcance de consagrados institutos, conceitos e formas de direito privado utilizados expressa ou implicitamente. Sobrepõese ao aspecto formal o princípio da realidade, considerados os elementos tributários. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL PIS RECEITA BRUTA NOÇÃO INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º DA LEI Nº 9.718/98. A jurisprudência do Supremo, ante a redação do artigo 195 da Carta Federal anterior à Emenda Constitucional nº 20/98, consolidouse no sentido de tomar as expressões receita bruta e faturamento como sinônimas, jungindoas à venda de mercadorias, de serviços ou de mercadorias e serviços. É inconstitucional o § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, no que ampliou o conceito de receita bruta para envolver a totalidade das receitas auferidas por pessoas jurídicas, independentemente da atividade por elas desenvolvida e da classificação contábil adotada. (STF; RE 390840, Relator: Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 09/11/2005, DJ 15082006 PP 00025 EMENT VOL0224203 PP00372 RDDT n. 133, 2006, p. 214215) 1 "Art. 59. São nulos: (...). § 3º Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta. (...)." Fl. 120DF CARF MF Processo nº 10980.933420/200988 Acórdão n.º 3402003.746 S3C4T2 Fl. 0 5 12. Referida decisão vincula este órgão julgador, nos termos art. 62, § 2º, do RICARF, in verbis: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (...). § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) 13. Assim, o crédito do contribuinte é juridicamente válido, cabendo à fiscalização tão somente apurar se o montante aproveitado pelo contribuinte efetivamente retrata o aludido crédito. Dispositivo 14. Diante do exposto voto por dar provimento ao recurso voluntário interposto pelo contribuinte, reconhecendo o direito ao crédito por ele vindicado, de modo que a compensação apresentada pelo contribuinte seja analisada pela RFB apenas para fins de apuração quanto à exatidão do quantum compensado." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, dou provimento ao recurso voluntário, para reconhecer a juridicidade do crédito por ele vindicado, de modo que a compensação apresentada pelo contribuinte seja analisada pela RFB apenas para fins de apuração quanto à exatidão do quantum compensado. assinado digitalmente Antonio Carlos Atulim Fl. 121DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13897.001103/2003-42
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Nov 08 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Jan 02 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/12/2002 a 31/12/2002
NÃO-CUMULATIVIDADE. CRÉDITO. INDÚSTRIA AVÍCOLA. INDUMENTÁRIA.
Deve-se observar, para fins de se definir insumo para efeito de constituição de crédito de PIS e de Cofins, se o bem e o serviço são considerados essenciais na prestação de serviço ou produção e se a produção ou prestação de serviço demonstram-se dependentes efetivamente da aquisição dos referidos bens e serviços.
No caso vertente, a indumentária na indústria de processamento de carnes, por ser necessária e essencial à atividade do sujeito passivo que, por sua vez, deve zelar pela higiene, segurança à saúde dos consumidores e dos próprios empregados, além de sua utilização ser regulamentada pela ANVISA, deve gerar crédito da contribuição ao PIS.
NÃO-CUMULATIVIDADE. CRÉDITO. FRETES E CARRETOS
Cabe à constituição de crédito de PIS os serviços de frete de mercadorias, bem como carretos, vez serem essenciais para o transporte das mercadorias, eis que garante que o consumidor receba os produtos adquiridos, assim como assegura sua atividade/produção quando do transporte interno dessas mercadorias dentro da própria empresa.
NÃO-CUMULATIVIDADE. CRÉDITO. DESPESAS DE DIÁRIAS COM MOTORISTAS.
Por falta de previsão legal, não gera direito ao crédito do PIS as despesas relativas às diárias com motoristas - despesa administrativa.
PIS. SERVIÇOS DE CAPATAZIA E ESTIVAS. CRÉDITOS DA NÃO CUMULATIVIDADE. IMPOSSIBILIDADE.
Os serviços de capatazia e estivas por não serem utilizados no processo produtivo, não geram créditos de PIS no regime não-cumulativo, por absoluta falta de previsão legal.
Recurso Especial do Procurador Negado.
Recurso Especial do Contribuinte Provido em Parte.
Numero da decisão: 9303-004.383
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Júlio César Alves Ramos e Rodrigo da Costa Possas, que lhe deram provimento. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, (1) em relação à catapazia e estivas, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidas as conselheiras Tatiana Midori Migiyama (relatora), Erika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento; (2) em relação ao pagamento das diárias, por unanimidade de votos, em negar-lhe provimento e (3) em relação ao frete, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Júlio César Alves Ramos, Andrada Marcio Canuto Natal, Demes Brito e Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), que lhe negaram provimento. Designado para redigir o voto vencedor em relação à catapazia e estivas o conselheiro Andrada Marcio Canuto Natal.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Tatiana Midori Migiyama Relatora
(assinado digitalmente)
Andrada Márcio Canuto Natal - Redator designado
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado) e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: TATIANA MIDORI MIGIYAMA
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CRÉDITO. INDÚSTRIA AVÍCOLA. INDUMENTÁRIA. Devese observar, para fins de se definir “insumo” para efeito de constituição de crédito de PIS e de Cofins, se o bem e o serviço são considerados essenciais na prestação de serviço ou produção e se a produção ou prestação de serviço demonstramse dependentes efetivamente da aquisição dos referidos bens e serviços. No caso vertente, a indumentária na indústria de processamento de carnes, por ser necessária e essencial à atividade do sujeito passivo que, por sua vez, deve zelar pela higiene, segurança à saúde dos consumidores e dos próprios empregados, além de sua utilização ser regulamentada pela ANVISA, deve gerar crédito da contribuição ao PIS. NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITO. FRETES E CARRETOS Cabe à constituição de crédito de PIS os serviços de frete de mercadorias, bem como carretos, vez serem essenciais para o transporte das mercadorias, eis que garante que o consumidor receba os produtos adquiridos, assim como assegura sua atividade/produção quando do transporte interno dessas mercadorias dentro da própria empresa. NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITO. DESPESAS DE DIÁRIAS COM MOTORISTAS. Por falta de previsão legal, não gera direito ao crédito do PIS as despesas relativas às diárias com motoristas despesa administrativa. PIS. SERVIÇOS DE CAPATAZIA E ESTIVAS. CRÉDITOS DA NÃO CUMULATIVIDADE. IMPOSSIBILIDADE. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 89 7. 00 11 03 /2 00 3- 42 Fl. 859DF CARF MF Processo nº 13897.001103/200342 Acórdão n.º 9303004.383 CSRFT3 Fl. 3 2 Os serviços de capatazia e estivas por não serem utilizados no processo produtivo, não geram créditos de PIS no regime nãocumulativo, por absoluta falta de previsão legal. Recurso Especial do Procurador Negado. Recurso Especial do Contribuinte Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencidos os conselheiros Júlio César Alves Ramos e Rodrigo da Costa Possas, que lhe deram provimento. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, (1) em relação à catapazia e estivas, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencidas as conselheiras Tatiana Midori Migiyama (relatora), Erika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento; (2) em relação ao pagamento das diárias, por unanimidade de votos, em negarlhe provimento e (3) em relação ao frete, por voto de qualidade, em darlhe provimento, vencidos os conselheiros Júlio César Alves Ramos, Andrada Marcio Canuto Natal, Demes Brito e Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), que lhe negaram provimento. Designado para redigir o voto vencedor em relação à catapazia e estivas o conselheiro Andrada Marcio Canuto Natal. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas – Presidente em exercício (assinado digitalmente) Tatiana Midori Migiyama – Relatora (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal Redator designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado) e Vanessa Marini Cecconello. Fl. 860DF CARF MF Processo nº 13897.001103/200342 Acórdão n.º 9303004.383 CSRFT3 Fl. 4 3 Relatório Tratamse de Recursos interpostos pela Fazenda Nacional e pelo sujeito passivo contra o Acórdão nº 20181.731, da 1ª Câmara do 2º Conselho de Contribuintes, que, por maioria de votos, deu provimento ao recurso voluntário para reconhecer o direito ao ressarcimento de créditos de PIS quanto à indumentária. Em vista da decisão, foi consignado, então, no acórdão recorrido a seguinte ementa (Grifos meus): “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA 0 PIS/PASEP Período de apuração: 01/12/2002 a 31/12/2002 NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITO. INDÚSTRIA AVÍCOLA. INDUMENTÁRIA. A indumentária de uso obrigatório na indústria de processamento de carnes é insumo indispensável ao processo produtivo e, como tal, gera direito a crédito do PIS/Cofins. NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITO. OUTRAS DESPESAS. Por falta de previsão legal, não geram direito ao crédito do PIS/Cofins as despesas realizadas ou incorridas que não se enquadrem no conceito de insumo, exceto as previstas na legislação.” Irresignada com a decisão do Colegiado, a Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial requerendo a reforma do entendimento manifestado pelo Colegiado de que a indumentária seria insumo indispensável ao processo produtivo, alegando, entre outros, que insumo é a combinação dos fatores diretos de produção – que compõem o ciclo produtivo, não se incluindo a indumentária utilizada pelos operários. O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional foi admitido, conforme Despacho a fl. 759. Contrarrazões ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional foram apresentadas pelo sujeito passivo, que trouxe, em síntese, que: · A produção vai além dos aspectos restritos ao processo de modificação física do produto, agregando os custos relativos ao transporte, ao armazenamento e aos cuidados necessários e exigidos com relação ao empregado e ao meioambiente; · Para atender as exigências contidas na legislação editada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA, adquiriu vestimentas, Fl. 861DF CARF MF Processo nº 13897.001103/200342 Acórdão n.º 9303004.383 CSRFT3 Fl. 5 4 calçados, luvas, capacetes e outros itens para a indumentária de seus empregados, na atividade produtiva da empresa; · As indumentárias são necessárias à produção, tratandose de requisito básico para a produção dos bens em face de determinação imposta pela legislação da ANVISA. Insatisfeito também com o acórdão 20181.731, da 1ª Câmara do 2º Conselho de Contribuintes, o sujeito passivo apresentou ainda Recurso Especial, requerendo a reforma do entendimento na parte em que lhe foi desfavorável, argumentando, entre outros, que: · Os créditos decorrentes dos estoques de abertura, bem como as despesas de estiva e capatazia, fretes e diárias de motoristas em operações de venda e fretes e carretos, também são despesas essenciais ao processo produtivo e, portanto, é legítimo o seu creditamento; · Para se interpretar o conceito de insumo devese verificar a sua essencialidade, pertinência, viabilização ao processo produtivo e possibilidade de emprego indireto; · Os custos com estivas e capatazias, fretes e diárias com motoristas em operações de venda e fretes e carretos são essenciais para realização do processo produtivo como signo de riqueza, haja vista que sem a comercialização/exportação, sequer haveria a base tributável pelo PIS e Cofins. O Recurso Especial interposto pelo sujeito passivo foi admitido, nos termos do Despacho às fls. 840 a 843. Contrarrazões ao Recurso Especial interposto pelo sujeito passivo foram apresentadas pela Fazenda Nacional, insurgindo, entre outros, que, para efeito de crédito das contribuições, a IN SRF 247/02 esclarece que se incluem no conceito de insumo, além das matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, itens que se incorporam ao bem produzido, os bens que, embora não se integrando ao novo produto, sejam consumidos/alterados no processo de industrialização em função de ação exercida diretamente sobre o produto, salvo se compreendidos no ativo permanente. O que, por conseguinte, para a Fazenda, não se consideram insumos fretes e diárias de motoristas em operação de venda, estivas e capatazia, fretes e carretos. É o relatório. Fl. 862DF CARF MF Processo nº 13897.001103/200342 Acórdão n.º 9303004.383 CSRFT3 Fl. 6 5 Voto Vencido Conselheira Tatiana Midori Migiyama Relatora. Os Recursos Especiais são tempestivos e, depreendendose da análise de seu cabimento, entendo pela admissibilidade integral dos recursos interpostos pela Fazenda Nacional e pelo sujeito passivo, eis que, confrontando os conceitos de “insumos” empregados pelos arestos envolvidos é irrefragável a confirmação da contrariedade à Lei apontada e o dissídio jurisprudencial indicado entre os arestos. Ora, quanto ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional que traz a divergência acerca da discussão envolvendo a indumentária de uso obrigatório na indústria de processamento de carne, tratase de recurso por contrariedade à lei, tendo sido apresentado no âmbito do art. 7º, inciso I, e § 1º, da Portaria 147/07. O que, por conseguinte, tal como muito bem exposto no Despacho de Exame de Admissibilidade, tendo o acórdão recorrido sido proferido antes da vigência do Anexo II da Portaria MF 256/09 – o recurso deve seguir o rito da Portaria 147/07. Sendo assim, haja vista a Fazenda Nacional ter manifestado que o acórdão recorrido ofende o art. 3º, inciso II, da Lei 10.637/02 e o art. 3º, inciso II, da Lei 10.833/03, é de se conhecer o Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional. Relativamente ao Recurso Especial interposto pelo sujeito passivo, que trouxe à baila a discussão acerca das despesas com estivas e capatazias, fretes e diárias com motoristas em operações de venda e fretes e carretos, entendo que o recurso deva ser conhecido. Eis que na decisão recorrida o colegiado manteve a glosa das despesas com estivas e capatazias, fretes e diárias com motoristas em operações de venda e fretes e carretos por entender não serem insumos. Enquanto na decisão paradigma, entendeu o colegiado que o conceito de “insumo” não tem a mesma dimensão dada pelas legislações do IPI ou do IRPJ, devendo ser verificado os critérios de essencialidade, pertinência, viabilização do processo produtivo e possibilidade de emprego indireto. O que, por conseguinte, restou demonstrado o dissenso entre os arestos. Quanto às Contrarrazões apresentadas, não se deve ignorálas, pois foram apresentadas tempestivamente pelo sujeito passivo e pela Fazenda Nacional. Ventiladas tais considerações, passo a discorrer sobre o cerne da lide, qual seja, primeiramente, sobre a discussão trazida em Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional – qual seja, se a indumentária de uso obrigatório na indústria de processamento de carne constitui crédito de PIS. Para melhor elucidar meu entendimento, importante trazer o conceito de insumo, para fins de fruição do crédito de PIS e da COFINS não cumulativos. Vêse que a Constituição Federal não outorgou poderes para a autoridade fazendária para se definir livremente o conteúdo da não cumulatividade. Fl. 863DF CARF MF Processo nº 13897.001103/200342 Acórdão n.º 9303004.383 CSRFT3 Fl. 7 6 O que, por conseguinte, concluo que a devida observância da sistemática da não cumulatividade exige que se avalie a natureza das despesas incorridas pelo contribuinte – considerando a legislação vigente, bem como a natureza da sistemática da não cumulatividade. Sempre que estas despesas/custos se mostrarem essenciais ao exercício de sua atividade, devem implicar, a rigor, no abatimento de tais despesas como créditos descontados junto à receita bruta auferida. Importante elucidar que no IPI se tem critérios objetivos (desgaste durante o processo produtivo em contato direto com o bem produzido ou composição ao produto final), enquanto, no PIS e na COFINS essa definição sofre contornos subjetivos. Tenho que, para se estabelecer o que é o insumo gerador do crédito do PIS e da COFINS, ao meu sentir, tornase necessário analisar a essencialidade do bem ao processo produtivo da recorrente, ainda que dele não participe diretamente. Continuando, frisese tal entendimento que vincula o bem e serviço para fins de instituição do crédito do PIS e da Cofins com a essencialidade no processo produtivo o Acórdão 3403002.765 – que, por sua vez, traz em sua ementa: "O conceito de insumo, que confere o direito de crédito de PIS/Cofins nãocumulativo, não se restringe aos conceitos de matériaprima, produto intermediário e material de embalagem, tal como traçados pela legislação do IPI. A configuração de insumo, para o efeito das Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003, depende da demonstração da aplicação do bem e serviço na atividade produtiva concretamente desenvolvida pelo contribuinte." Na sistemática não cumulativa do PIS e da COFINS o conteúdo semântico de insumo é mais amplo do que aquele da legislação do IPI, porém mais restrito do que aquele da legislação do imposto de renda, abrangendo os “bens” e serviços que integram o custo de produção. Ademais, dentre todas as decisões do CARF e do STJ, é de se constatar que o entendimento predominante considera o princípio da essencialidade para fins de conceituação de insumo. Ora, em 30 de agosto de 2002, foi publicada a Medida Provisória 66/02, que dispôs sobre a sistemática não cumulativa do PIS, o que foi reproduzido pela Lei 10.637/02 (lei de conversão da MP 66/02) que, em seu art. 3º, inciso II, autorizou a apropriação de créditos calculados em relação a bens e serviços utilizados como insumos na fabricação de produtos destinados à venda. É a seguinte a redação do referido dispositivo: “Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...] II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos Fl. 864DF CARF MF Processo nº 13897.001103/200342 Acórdão n.º 9303004.383 CSRFT3 Fl. 8 7 destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2º da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI;” Em relação à COFINS, temse que, em 31 de outubro de 2003, foi publicada a MP 135/03, convertida na Lei 10.833/03, que dispôs sobre a sistemática não cumulatividade dessa contribuição, destacando o aproveitamento de créditos decorrentes da aquisição de insumos em seu art. 3º, inciso II, em redação idêntica àquela já existente para o PIS/Pasep, in verbis (Grifos meus): “Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...] II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2º da Lei nº10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004)”. Posteriormente, em 31 de dezembro de 2003, foi publicada a Emenda Constitucional 42/2003, sendo inserida ao ordenamento jurídico o § 12 ao art. 195: “Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições: [...] §12 A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as contribuições incidentes na forma dos incisos I, b; e IV do caput, serão não cumulativas.” Com o advento desse dispositivo, restou claro que a regulamentação da sistemática da não cumulatividade aplicável ao PIS e à COFINS ficaria sob a competência do legislador ordinário. Vêse, portanto, em consonância com o dispositivo constitucional, que não há respaldo legal para que seja adotado conceito excessivamente restritivo de "utilização na produção" (terminologia legal), tomandoo por "aplicação ou consumo direto na produção" e para que seja feito uso, na sistemática do PIS/Pasep e Cofins não cumulativos, do mesmo conceito de "insumos" adotado pela legislação própria do IPI. Nessa lei, há previsão para que sejam utilizados apenas subsidiariamente os conceitos de produção, matéria prima, produtos intermediários e material de embalagem previstos na legislação do IPI. Fl. 865DF CARF MF Processo nº 13897.001103/200342 Acórdão n.º 9303004.383 CSRFT3 Fl. 9 8 É de se lembrar ainda que o IPI é um imposto que onera efetivamente o consumo, diferentemente do PIS e da Cofins que são contribuições que incidem sobre a receita, nos termos da legislação vigente. E nessa senda, haja vista que o IPI onera efetivamente o consumo, vêse que a não cumulatividade relacionase ao conceito de insumo como sendo o de bens que são consumidos ou desgastados durante a fabricação de produtos. Enquanto a sistemática não cumulativa das contribuições ao PIS e a Cofins está diretamente relacionada às receitas auferidas com a venda desses produtos. Sendo assim, resta claro que a sistemática da não cumulatividade das contribuições é diversa daquela do IPI, visto que a previsão legal possibilita a dedução dos valores de determinados bens e serviços suportados pela pessoa jurídica dos valores a serem recolhidos a título dessas contribuições, calculados pela aplicação da alíquota correspondente sobre a totalidade das receitas por ela auferidas. Não menos importante, para fins de creditamento do PIS e da COFINS, admitese também que a prestação de serviços seja considerada como insumo, o que já leva à conclusão de que as próprias Leis 10.637/2002 e 10.833/2003 ampliaram a definição de "insumos", não se limitando apenas aos elementos físicos que compõem o produto. Nesse ponto, Marco Aurélio Grego (in "Conceito de insumo à luz da legislação de PIS/COFINS", Revista Fórum de Direito Tributário RFDT, ano1, n. 1, jan/fev.2003, Belo Horizonte: Fórum, 2003) diz que será efetivamente insumo ou serviço com direito ao crédito sempre que a atividade ou a utilidade forem necessárias à existência do processo ou do produto ou agregarem (ao processo ou ao produto) alguma qualidade que faça com que um dos dois adquira determinado padrão desejado. Sendo assim, seria insumo o serviço que contribua para o processo de produção – o que, podese concluir que o conceito de insumo efetivamente é amplo, alcançando as utilidades/necessidades disponibilizadas através de bens e serviços, desde que essencial para o processo ou para o produto finalizado, e não restritivo tal como traz a legislação do IPI. Frisese que o raciocínio de Marco Aurélio Greco traz, pra tanto, os conceitos de essencialidade e necessidade ao processo produtivo. O que seria inexorável se concluir também pelo entendimento da autoridade fazendária que, por sua vez, validam o creditamento apenas quando houver efetiva incorporação do insumo ao processo produtivo de fabricação e comercialização de bens ou prestação de serviços, adotando o conceito de insumos de forma restrita, em analogia à conceituação adotada pela legislação do IPI, ferindo os termos trazidos pelas Leis 10.637/2002 e 10.833/2003, que, por sua vez, não tratou, tampouco conceituou dessa forma. Resta, por conseguinte, indiscutível a ilegalidade das Instruções Normativas SRF 247/02 e 404/04 quando adotam a definição de insumos semelhante à da legislação do IPI. As Instruções Normativas da Secretaria da Receita Federal do Brasil que restringem o conceito de insumos, não podem prevalecer, pois partem da premissa equivocada de que os créditos de PIS e COFINS teriam semelhança com os créditos de IPI. Fl. 866DF CARF MF Processo nº 13897.001103/200342 Acórdão n.º 9303004.383 CSRFT3 Fl. 10 9 Isso, ao dispor: · O art. 66, § 5º, inciso I, da IN SRF 247/02 o que segue (Grifos meus): “Art. 66. A pessoa jurídica que apura o PIS/Pasep nãocumulativo com a alíquota prevista no art. 60 pode descontar créditos, determinados mediante a aplicação da mesma alíquota, sobre os valores: [...] § 5º Para os efeitos da alínea "b" do inciso I do caput, entendese como insumos: (Incluído pela IN SRF 358, de 09/09/2003) I utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda: (Incluído pela IN SRF 358, de 09/09/2003) a. Matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado; (Incluído pela IN SRF 358, de 09/09/2003) b. Os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na prestação do serviço. (Incluído pela IN SRF 358, de 09/09/2003) [...]” · art. 8º, § 4ª, da IN SRF 404/04 (Grifos meus): “Art. 8 º Do valor apurado na forma do art. 7 º, a pessoa jurídica pode descontar créditos, determinados mediante a aplicação da mesma alíquota, sobre os valores: [...] § 4 º Para os efeitos da alínea "b" do inciso I do caput, entendese como insumos: utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda: a) a matériaprima, o produto intermediário, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, Fl. 867DF CARF MF Processo nº 13897.001103/200342 Acórdão n.º 9303004.383 CSRFT3 Fl. 11 10 em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado; b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto; II utilizados na prestação de serviços: a) os bens aplicados ou consumidos na prestação de serviços, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado; e b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no país, aplicados ou consumidos na prestação do serviço. [...]” Tais normas infraconstitucionais restringiram o conceito de insumo para fins de geração de crédito de PIS e COFINS, aplicandose os mesmos já trazidos pela legislação do IPI. O que entendo que a norma infraconstitucional não poderia extrapolar essa conceituação frente a intenção da instituição da sistemática da não cumulatividade das r. contribuições. A Receita Federal do Brasil extrapolou sua competência administrativa ao “legislar” limitando o direito creditório a ser apurado pelo sujeito passivo. Considerando que as Leis 10.637/02 e 10.833/03 trazem no conceito de insumo: a. Serviços utilizados na prestação de serviços; b. Serviços utilizados na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda; c. Bens utilizados na prestação de serviços; d. Bens utilizados na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda; e. Combustíveis e lubrificantes utilizados na prestação de serviços; f. Combustíveis e lubrificantes utilizados na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda. Vêse claro, portanto, que não poderseia considerar para fins de definição de insumo o trazido pela legislação do IPI, já que serviços não são efetivamente insumos, se considerássemos os termos dessa norma. Não obstante, depreendendose da análise da legislação e seu histórico, bem como intenção do legislador, entendo também não ser cabível adotar de forma ampla o conceito trazido pela legislação do IRPJ como arcabouço interpretativo, tendo em vista que nem todas as despesas operacionais consideradas para fins de dedução de IRPJ e CSLL são utilizadas no processo produtivo e simultaneamente tratados como essenciais à produção. Fl. 868DF CARF MF Processo nº 13897.001103/200342 Acórdão n.º 9303004.383 CSRFT3 Fl. 12 11 Ora, o termo "insumo" não devem necessariamente estar contidos nos custos e despesas operacionais, isso porque a própria legislação previu que algumas despesas não operacionais fossem passíveis de creditamento, tais como Despesas Financeiras, energia elétrica utilizada nos estabelecimentos da empresa, etc. O que entendo que os itens trazidos pelas Leis 10.637/02 e 10.833/03 que geram o creditamento, são taxativos, inclusive porque demonstram claramente as despesas, e não somente os custos que deveriam ser objeto na geração do crédito dessas contribuições. Ora, se fossem exemplificativos, nem poderiam estender a conceituação de insumos as despesas operacionais que nem compõem o produto e serviços – o que até prejudicaria a inclusão de algumas despesas que não contribuem de forma essencial na produção. Nesse ínterim, cabe trazer que a observância do critério de se aplicar o conceito de “despesa necessária” para a definição de insumo, tal como preceituado no art. 299 do RIR/99 não seria a mais condizente, pois direciona a sistemática da não cumulatividade das referidas contribuições à sistemática de dedutibilidade aplicada para o imposto incidente sobre o lucro. O que, entendo que não há como se conferir que os custos ou despesas destinados à aferição e lucro possam ser considerados como insumos necessários para o aferimento da receita. Com efeito, por conseguinte, podese concluir que a definição de “insumos” para efeito de geração de crédito das r. contribuições, deve observar o que segue: · Se o bem e o serviço são considerados essenciais na prestação de serviço ou produção; · Se a produção ou prestação de serviço são dependentes efetivamente da aquisição dos bens e serviços – ou seja, sejam considerados essenciais. Tanto é assim que, em julgado recente, no REsp 1.246.317, a Segunda Turma do STJ reconheceu o direito de uma empresa do setor de alimentos a compensar créditos de PIS e Cofins resultantes da compra de produtos de limpeza e de serviços de dedetização, com base no critério da essencialidade. Para melhor transparecer esse entendimento, trago a ementa do acórdão (Grifos meus): “PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO AO ART. 535, DO CPC. VIOLAÇÃO AO ART. 538, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC. INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 98/STJ. CONTRIBUIÇÕES AO PIS/PASEP E COFINS NÃO CUMULATIVAS. CREDITAMENTO. CONCEITO DE INSUMOS. ART. 3º, II, DA LEI N. 10.637/2002 E ART. 3º, II, DA LEI N. 10.833/2003. ILEGALIDADE DAS INSTRUÇÕES NORMATIVAS SRF N. 247/2002 E 404/2004. 1. Não viola o art. 535, do CPC, o acórdão que decide de forma suficientemente fundamentada a lide, muito embora não faça considerações sobre todas as teses jurídicas e artigos de lei invocados pelas partes. Fl. 869DF CARF MF Processo nº 13897.001103/200342 Acórdão n.º 9303004.383 CSRFT3 Fl. 13 12 2. Agride o art. 538, parágrafo único, do CPC, o acórdão que aplica multa a embargos de declaração interpostos notadamente com o propósito de prequestionamento. Súmula n. 98/STJ: "Embargos de declaração manifestados com notório propósito de prequestionamento não têm caráter protelatório ". 3. São ilegais o art. 66, §5º, I, "a" e "b", da Instrução Normativa SRF n. 247/2002 Pis/Pasep (alterada pela Instrução Normativa SRF n. 358/2003) e o art. 8º, §4º, I, "a" e "b", da Instrução Normativa SRF n. 404/2004 Cofins, que restringiram indevidamente o conceito de "insumos" previsto no art. 3º, II, das Leis n. 10.637/2002 e n. 10.833/2003, respectivamente, para efeitos de creditamento na sistemática de nãocumulatividade das ditas contribuições. 4. Conforme interpretação teleológica e sistemática do ordenamento jurídico em vigor, a conceituação de "insumos", para efeitos do art. 3º, II, da Lei n. 10.637/2002, e art. 3º, II, da Lei n. 10.833/2003, não se identifica com a conceituação adotada na legislação do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, posto que excessivamente restritiva. Do mesmo modo, não corresponde exatamente aos conceitos de "Custos e Despesas Operacionais" utilizados na legislação do Imposto de Renda IR, por que demasiadamente elastecidos. 5. São "insumos", para efeitos do art. 3º, II, da Lei n. 10.637/2002, e art. 3º, II, da Lei n. 10.833/2003, todos aqueles bens e serviços pertinentes ao, ou que viabilizam o processo produtivo e a prestação de serviços, que neles possam ser direta ou indiretamente empregados e cuja subtração importa na impossibilidade mesma da prestação do serviço ou da produção, isto é, cuja subtração obsta a atividade da empresa, ou implica em substancial perda de qualidade do produto ou serviço daí resultantes. 6. Hipótese em que a recorrente é empresa fabricante de gêneros alimentícios sujeita, portanto, a rígidas normas de higiene e limpeza. No ramo a que pertence, as exigências de condições sanitárias das instalações se não atendidas implicam na própria impossibilidade da produção e em substancial perda de qualidade do produto resultante. A assepsia é essencial e imprescindível ao desenvolvimento de suas atividades. Não houvessem os efeitos desinfetantes, haveria a proliferação de microorganismos na maquinaria e no ambiente produtivo que agiriam sobre os alimentos, tornandoos impróprios para o consumo. Assim, impõese considerar a abrangência do termo "insumo" para contemplar, no creditamento, os materiais de limpeza e desinfecção, bem como os serviços de dedetização quando aplicados no ambiente produtivo de empresa fabricante de gêneros alimentícios. 7. Recurso especial provido.” Fl. 870DF CARF MF Processo nº 13897.001103/200342 Acórdão n.º 9303004.383 CSRFT3 Fl. 14 13 Aquele colegiado entendeu que a assepsia do local, embora não esteja diretamente ligada ao processo produtivo, é medida imprescindível ao desenvolvimento das atividades em uma empresa do ramo alimentício. Em outro caso, o STJ reconheceu o direito aos créditos sobre embalagens utilizadas para a preservação das características dos produtos durante o transporte, condição essencial para a manutenção de sua qualidade (REsp 1.125.253). O que, peço vênia, para transcrever a ementa do acórdão: COFINS – NÃO CUMULATIVIDADE – INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA – POSSIBILIDADE – EMBALAGENS DE ACONDICIONAMENTO DESTINADAS A PRESERVAR AS CARACTERÍSTICAS DOS BENS DURANTE O TRANSPORTE, QUANDO O VENDEDOR ARCAR COM ESTE CUSTO – É INSUMO NOS TERMOS DO ART. 3º, II, DAS LEIS N. 10.637/2002 E 10.833/2003. 1. Hipótese de aplicação de interpretação extensiva de que resulta a simples inclusão de situação fática em hipótese legalmente prevista, que não ofende a legalidade estrita. Precedentes. 2. As embalagens de acondicionamento, utilizadas para a preservação das características dos bens durante o transporte, deverão ser consideradas como insumos nos termos definidos no art. 3º, II, das Leis n. 10.637/2002 e 10.833/2003 sempre que a operação de venda incluir o transporte das mercadorias e o vendedor arque com estes custos.” Tornase necessário se observar o princípio da essencialidade para a definição do conceito de insumos com a finalidade do reconhecimento do direito ao creditamento ao PIS/Cofins nãocumulativos. Sendo assim, entendo não ser aplicável o entendimento de que o consumo de tais bens e serviços sejam utilizados DIRETAMENTE no processo produtivo, bastando somente serem considerados como essencial à produção ou atividade da empresa. Importante considerar que no caso vertente, o Colegiado do acórdão recorrido entendeu que as indumentárias representam produtos intermediários, necessários à produção por força de exigência de autoridade sanitária. E que, portanto, não se confundiria com fardamento/uniforme, pois esse último é de livre uso e escolha de modelo pela empresa e a indumentária, por sua vez, é de uso obrigatório, devendo observar modelos e padrões estabelecidos pelo Poder Público. Concluindo, assim, que a indumentária seria “insumo” para fins de constituição de crédito das contribuições. Considerando o meu entendimento acerca do conceito de insumos, quanto às indumentárias, concordo com o manifestado pelo Colegiado do acórdão recorrido, pois a indumentária (vestimentas, calçados, luvas, capacetes e outros itens para a indumentária de seus empregados, na atividade produtiva da empresa) é essencial para a execução da atividade da recorrente. Tanto é assim que, para a concessão da indumentária aos empregados, a empresa deve observar as exigências contidas na legislação editada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA – IN 1/94, da Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho. Fl. 871DF CARF MF Processo nº 13897.001103/200342 Acórdão n.º 9303004.383 CSRFT3 Fl. 15 14 Sem a indumentária adequada, a empresa não restaria apta a execução de sua atividade, inclusive por envolver produtos alimentícios – que para serem liberados ao mercado para o consumo deve respeitar as normas de higienização e sanitização no processo produtivo. Caso contrário, os produtos alimentícios não saõ liberados para venda e consumo. Considerando tal empresa estar atrelada a atividade de produtos alimentícios, é de se trazer, para melhor transparecer, o seu Estatuto Social (Grifos meus): “Art. 3º A Sociedade tem por objetivo: a) O desenvolvimento genético, a produção de aves, suínos e ovinos de corte e, a produção e criação das respectivas matrizes; b) A industrialização de produtos alimentares derivados de aves, suínos, bovinos e outros animais que convier, inclusive sub produtos e respectivo comercio, por atacado e a varejo; c) A fabricação e comercialização de rações e concentrados para consumo animal; d) A industrialização e comercialização de cereais de qualquer espécie; e) A exploração de atividade agropecuária; f) A importação e exportação para uso próprio ou para comércio, dos produtos e subprodutos elencados nas alíneas "a" a "d" supra; g) Transporte terrestre de carga de seus produtos e.de terceiros; h) Representação mercantil, e outros empreendimentos correlatos aos objetivos sociais; i) A exploração de depósito portuário em área especifica de porto marítimo com a finalidade de viabilizar a estocagem e embarque de mercadorias e ou produtos próprios frigorificados, para exportação.” Sendo assim, nego provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional, vez que a indumentária é necessária e essencial à atividade do sujeito passivo que, por sua vez, deve zelar pela higiene, segurança à saúde dos consumidores e dos próprios empregados, além de sua utilização ser regulamentada pela ANVISA – reforçando ainda mais o seu caráter essencial. No que tange ao Recurso Especial interposto pelo sujeito passivo, que trouxe à baila a discussão acerca das despesas com estivas e capatazias, fretes e diárias com motoristas em operações de venda e fretes e carretos, importante tratar cada despesa. Estivas e Capatazia Vêse que são prestados nas operações portuárias de vendas para o exterior, haja vista a necessidade para as exportações feitas pelo sujeito passivo. Fl. 872DF CARF MF Processo nº 13897.001103/200342 Acórdão n.º 9303004.383 CSRFT3 Fl. 16 15 Para melhor elucidar, temse que estivas e capatazia são, em síntese, serviços de movimentação de carga a bordo de navios nos portos. E que, segundo o sujeito passivo, no âmbito do trabalho portuário, a capatazia representa a atividade de movimentação de mercadorias, que compreende o recebimento, a conferência, o transporte interno, a abertura de volumes para a conferência aduaneira, a manipulação, a arrumação, a entrega e ainda o carregamento e descarregamento de embarcações com uso de aparelhamento. A estiva representa o serviço de movimentação de carga a bordo dos navios nos portos, o qual compreende a retirada e a arrumação desta nos porões e nos conveses. Da mesma forma que a capatazia, há um serviço realizado por uma pessoa jurídica domiciliada no pais, o que enseja, consoante preconiza a lei 10.637/02, direito ao creditamento, na qualidade de custos essenciais ao processo produtivo. Sendo assim, considerando o objeto social da empresa que reflete, entre outros, a exploração de depósito portuário em área especifica de porto marítimo com a finalidade de viabilizar a estocagem e embarque de mercadorias e ou produtos próprios frigorificados, para exportação, é irrefutável a constituição de crédito das contribuições, eis que compõem o valor do serviço prestado. Quanto aos fretes e diárias com motoristas em operações de venda e fretes e carretos, considerando o objeto social do sujeito passivo, entendo que: · Não geram crédito de PIS as despesas com diárias com motoristas vez que essas se configuram como mera despesa administrativa; · Geram crédito de PIS, os serviços de frete das mercadorias, bem como fretes e carretos, vez serem essenciais para o transporte das mercadorias, bem como, para garantir que o consumidor receba os produtos adquiridos. · Assim como o transporte interno das mercadorias dentro da própria empresa, como, por exemplo, o deslocamento de um pavilhão para o outro, o qual é realizado por carretas. O que, por conseguinte, é de se dar provimento parcial ao Recurso Especial interposto pelo sujeito passivo, apenas negandolhe o direito ao crédito do PIS em relação às despesas com diárias de motoristas. Em vista de todo o exposto, voto por conhecer os recursos interpostos pela Fazenda Nacional e pelo sujeito passivo: · Negandolhe provimento ao Recurso da Fazenda; · Dandolhe provimento parcial ao Recurso do sujeito passivo. É o meu voto. (assinado digitalmente) Tatiana Midori Migiyama Relatora Fl. 873DF CARF MF Processo nº 13897.001103/200342 Acórdão n.º 9303004.383 CSRFT3 Fl. 17 16 Voto Vencedor Conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal Redator designado. Fui designado para relatar a parte correspondente à negativa do recurso especial do contribuinte em relação aos gastos com estivas e capatazia. Antes de adentrar ao mérito destes gastos, gostaria somente de comentar a questão do creditamento dos gastos com indumentária. Nessa parte acompanhei a relatora para negar provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional, concedendo crédito aos gastos com indumentária. Com todo respeito ao bem elaborado voto da conselheira relatora, ressalto que não acompanho literalmente o seu entendimento exposto no voto a respeito do alcance e da abrangência do seu conceito de insumos. Porém quanto aos gastos com a indumentária, assim entendido, aquela de uso obrigatório em face de normas da vigilância sanitária, utilizada pelos empregados durante o sistema de produção, penso que são passíveis de creditamento em face do disposto no próprio art. 3º, inc. II da Lei nº 10.637/2002: Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...) II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) Na minha avaliação a indumentária, nos termos antes exposto, é um bem que se consome diretamente no processo produtivo, dentro do parâmetro estabelecido no referido dispositivo legal, já que como sabido, não adoto o conceito de insumos tão restritivo no formato da legislação do IPI. Estivas e Capatazia Como bem informado pela relatora, estivas e capatazia, são serviços essenciais utilizados pelo contribuinte nos seus procedimentos para exportação de seus produtos. Notese que aqui o processo de produção já está concluído e portanto não há que se utilizar do crédito nos termos previstos no inc. II do art. 3º, acima transcrito. O crédito do PIS e da Cofins não cumulativas decorre de previsão legal. No caso as possibilidades de creditamento estão descritas nos art. 3º das Leis 10.637/2002 para o PIS e 10.833/2003 para a Cofins. Não há possibilidade de extensão do direito ao crédito fora dos parâmetros estabelecidos por esses dispositivos. Fl. 874DF CARF MF Processo nº 13897.001103/200342 Acórdão n.º 9303004.383 CSRFT3 Fl. 18 17 Pois bem de sua leitura, não desponta a possibilidade de aproveitamento de créditos decorrentes de serviços utilizados fora do processo produtivo como é o caso dos serviços de estiva e capatazia contratados para a exportação de seus produtos. Portanto esses créditos não são permitidos por absoluta falta de previsão legal. Para caracterizar melhor o assunto, transcrevo abaixo trecho do voto proferido no Acórdão nº 9303003.195, pelo Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, com o qual compartilho o mesmo entendimento: (...) Destarte, entendo que o termo “insumo” utilizado pelo legislador na apuração de créditos a serem descontados da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins denota uma abrangência maior do que MP, PI e ME relacionados ao IPI. Por outro lado, tal abrangência não é tão elástica como no caso do IRPJ, a ponto de abarcar todos os custos de produção e as despesas necessárias à atividade da empresa. Sua justa medida caracterizase como elemento diretamente responsável pela produção dos bens ou produtos destinados à venda, ainda que este elemento não entre em contato direto com os bens produzidos, atendidas as demais exigências legais. (...) Assim, diante do exposto, voto por negar provimento ao recurso especial do contribuinte em relação ao creditamento de serviços de estivas e capatazia. (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal Fl. 875DF CARF MF
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Numero do processo: 11516.006424/2009-31
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Dec 13 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Jan 30 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2007
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO ESPECIAL. ADMISSIBILIDADE. PRESSUPOSTOS. ATENDIMENTO.Atendidos os pressupostos de admissibilidade do Recurso Especial estabelecidos no RICARF, inclusive a demonstração dos pontos do acórdão paradigma que divergem do recorrido, o apelo deve ser conhecido.
APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVETIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta.
O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
Recurso Especial da Fazenda Provido
Numero da decisão: 9202-005.094
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em dar-lhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI
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RECURSO ESPECIAL. ADMISSIBILIDADE. PRESSUPOSTOS. ATENDIMENTO.Atendidos os pressupostos de admissibilidade do Recurso Especial estabelecidos no RICARF, inclusive a demonstração dos pontos do acórdão paradigma que divergem do recorrido, o apelo deve ser conhecido. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVETIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Recurso Especial da Fazenda Provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 51 6. 00 64 24 /2 00 9- 31 Fl. 268DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em darlhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício (assinado digitalmente) Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório Contra o contribuinte foi lavrado auto de infração para cobrança da Contribuição Previdência prevista na Lei n° 8.212/1991, art. 22, inciso IV, qual seja contribuição a cargo da empresa, incidente sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura emitida por cooperativa de trabalho, relativamente a serviços prestados por seus cooperados. Cobrase ainda as penalidades decorrentes do lançamento de ofício, destacando que conforme esclarecido no relatório fiscal de fls. 21/33, com base no art. 106 do CTN, a multa de mora e a multa relativa ao descumprimento da obrigação acessória referente à GFIP foram substituídas pela multa de ofício prevista no art. 44, I da Lei nº 9.430/94, haja vista o teor do art. 35A da já citada Lei nº 8.2012/91 com redação dada pela Lei nº 11.941/2009. Em sua impugnação o Contribuinte alegou ilegitimidade passiva, inconstitucionalidade da base de cálculo utilizada para o lançamento, natureza confiscatória da multa aplicada e exigência indevida da Taxa Selic como juros de mora. A Delegacia da Receita Federal de Julgamento julgou improcedente a impugnação e manteve o lançamento. Recurso Voluntário de fls. 168/190 reiterando a tese de defesa. Por meio do Acórdão 2403001.566, a 4ª Câmara / 3ª Turma Ordinária da 2ª Seção de Julgamento deste Conselho deu provimento parcial ao recurso apenas para determinar o recálculo da multa de mora, de acordo com o disposto no art. 35, caput, da Lei 8.212/91, na redação dada pela Lei 11.941/2009 (art. 61, da Lei no 9.430/96), prevalecendo o valor mais benéfico ao contribuinte.O acórdão recebeu a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2007 Fl. 269DF CARF MF Processo nº 11516.006424/200931 Acórdão n.º 9202005.094 CSRFT2 Fl. 268 3 PREVIDENCIÁRIO. NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO FACE ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. NÃO OCORRÊNCIA. MATÉRIA CONSTITUCIONAL. Não há que se falar em cancelamento de NFLD ou insubsistência do crédito tributário quando não houver qualquer tipo de vício. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária, nos termos da Súmula nº 2 do CARF. TAXA SELIC. Previsão quando não realizado o pagamento no prazo previsto. MULTA DE MORA. Recálculo da multa para que seja aplicada a mais benéfica ao contribuinte por força do art. 106, II, “c” do CTN. Recurso Voluntário Provido em Parte A Fazenda Nacional interpôs recurso especial questionando o critério adotado na aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. Cientificado, o sujeito passivo apresentou contrarrazões requerendo o não conhecimento do Recurso haja vista a ausência de juntada aos autos do inteiro teor das decisões citadas como paradigmas. Posteriormente, por meio de petições de fls. 244 e 260 solicita nova análise da lide haja vista a decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal e sede de repercussão geral no RE 595.838/SP por meio do qual declarouse a inconstitucionalidade do inciso IV do art. 22 da Lei nº 8.212/91. É o relatório. Voto Conselheira Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Relatora Do conhecimento: Argumenta o Contribuinte em sede de contrarrazões que o recurso interposto pela Fazenda Nacional não pode ser conhecido haja vista ter havido violação ao requisito formal do art. 67, §7º do Regimento Interno vigente na época (Portaria nº 256/2009) o qual determinava que o recurso deveria ser instruído com cópia do interior teor das decisões apontadas como paradigmas. Argui que pelas ementas transcritas pelo Recorrente não é possível apurar a divergência de interpretação normativa assim como não se pode aceitar a transcrição de partes supostamente atribuídas às decisões paradigmas. Fl. 270DF CARF MF 4 Em que pesam os argumentos apresentados, após debates sobre o tema, esse Colegiado tem decido no sentido de que a clara demonstração da divergência interpretativa por meio da redação dada à peça recursal seja pela transcrição de ementas, seja pela citação de parte dos respectivos votos proferidos, supre a necessidade de juntada aos autos de cópia do inteiro teor da decisões paradigmáticas. Isso se dá pelo fato de ser possível o fácil acesso das mesmas no repertório jurisprudencial disponível no sítio deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Analisando o teor do Recurso Especial salta aos olhos a divergência jurisprudencial arguída. Após citar parte dos acórdãos paradigmas parte essa cuja procedência pode facilmente ser atestada por meio do sítio do CARF concluiu a Fazenda Nacional: Cumpre observar que os acórdãos indicados como paradigmas, assim como o acórdão recorrido, foram proferidos após o advento da MP nº 449, de 03/12/2008, convertida na Lei nº 11.941 de 27/05/2009, e, portanto, a análise da matéria ocorreu â luz da alteração da redação do caput do art. 35 da Lei nº 8.212/91. Insta aqui consignar que a hipótese em análise nos acórdãos paradigmas são idênticas a que ora se reporta. Isso porque o que se encontrava em julgamento era exatamente NFLD de contribuições devidas a Seguridade Social e se travou discussão acerca da retroatividade benigna, nos termos do art. 106, do CTN, em virtude das alterações promovidas pela Lei n° 11.941 (fruto da conversão da MP n° 449/2008) no art. 35 da Lei n° 8.212/91. Contudo, embora diante de situações semelhantes, os órgãos julgadores prolatores do acórdão recorrido e dos paradigmas encamparam conclusões diversas acerca da aplicação e interpretação da norma jurídica, em especial do art. 35, caput (redação revogada e redação dada pela MP n° 449/2008 posteriormente convertida na Lei n° 11.941/2009) e do art. 35A da Lei n° 8.212/1991. Ao examinar a matéria pertinente à multa aplicada, o acórdão recorrido entendeu que deveria ser aplicada ao caso a retroatividade benigna, sob o fundamento de que o artigo 35, caput, da Lei n° 8.212/1991 deveria ser observado e comparado com a atual redação emprestada pela Lei n° 11.941/2009. Ao revés, os paradigmas adotaram solução diametralmente oposta. Para os órgãos prolatores dos paradigmas, o art. 35 da Lei n° 8.212/1991 deveria agora ser observado a luz da norma introduzida pela Lei n° 11.941/2009, qual seja, o art. 35A que, por sua vez, faz remissão ao art. 44, da Lei n° 9.430/96. Nos julgados paradigmas, a aplicação da retroatividade benigna na forma de aplicação do art. 61, §2°, da Lei n 9.430/1996 (norma à qual a atual redação do caput do art. 35 com a redação dada pela Lei n° 11.941/2009 faz remissão) foi rechaçada de forma expressa. Diante do exposto, haja vista a clara divergência interpretativa entre a decisão recorrida e os acórdãos citados como paradigmas, divergência demonstrada de foram analítica e objetiva nos termos previstos no Regimento, conheço do Recurso Especial. Fl. 271DF CARF MF Processo nº 11516.006424/200931 Acórdão n.º 9202005.094 CSRFT2 Fl. 269 5 Do mérito: No mérito cingese a controvérsia às penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, quando mais benéfica ao sujeito passivo. A solução do litígio decorre do disposto no artigo 106, inciso II, alínea “a” do CTN, a seguir transcrito: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (grifos acrescidos) Apesar de não ter sido o entendimento inicial desta relatora, após exaustivos debates sobre o tema, a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF) pacificou o entendimento de que na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Assim, a multa de mora prevista no art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996, não é aplicável quando realizado o lançamento de ofício, conforme consta do Acórdão nº 9202004.262 (Sessão de 23 de junho de 2016), cuja ementa transcrevese: AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA MULTA APLICAÇÃO NOS LIMITES DA LEI 8.212/91 C/C LEI 11.941/08 APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA NATUREZA DA MULTA APLICADA. A multa nos casos em que há lançamento de obrigação principal lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, mesmo que referente a fatos geradores anteriores a publicação da referida lei, é de ofício. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA COMPARATIVO DE MULTAS APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a Fl. 272DF CARF MF 6 mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35 A, penalidade única combinando as duas condutas. A legislação vigente anteriormente à Medida Provisória n° 449, de 2008, determinava, para a situação em que ocorresse (a) recolhimento insuficiente do tributo e (b) falta de declaração da verba tributável em GFIP, a constituição do crédito tributário de ofício, acrescido das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, respectivamente. Posteriormente, foi determinada, para essa mesma situação (falta de pagamento e de declaração), apenas a aplicação do art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991, que faz remissão ao art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. Portanto, para aplicação da retroatividade benigna, resta necessário comparar (a) o somatório das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, e (b) a multa prevista no art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991 regra já adotada pelo fiscal quando do lançamento do débito. A comparação de que trata o item anterior tem por fim a aplicação da retroatividade benigna prevista no art. 106 do CTN e, caso necessário, a retificação dos valores no sistema de cobrança, a fim de que, em cada competência, o valor da multa aplicada no AIOA somado com a multa aplicada na NFLD/AIOP não exceda o percentual de 75%. Prosseguindo na análise do tema, também é entendimento pacífico deste Colegiado que na hipótese de lançamento apenas de obrigação principal, a retroatividade benigna será aplicada se, na liquidação do acórdão, a penalidade anterior à vigência da MP 449, de 2008, ultrapassar a multa do art. 35A da Lei n° 8.212/91, correspondente aos 75% previstos no art. 44 da Lei n° 9.430/96. Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela MP 449 (convertida na Lei 11.941, de 2009), tenham sido aplicadas isoladamente descumprimento de obrigação acessória sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, bem assim no caso de competências em que o lançamento da obrigação principal tenha sido atingida pela decadência. Neste sentido, transcrevese excerto do voto proferido no Acórdão nº 9202004.000: Até a edição da MP 449/2008, quando realizado um procedimento fiscal, em que se constatava a existência de débitos previdenciários, lavravase em relação ao montante da contribuição devida, notificação fiscal de lançamento de débito NFLD. Caso constatado que, além do montante devido, descumprira o contribuinte obrigação acessória, ou seja, obrigação de fazer, como no caso de omissão em GFIP (que tem correlação direta com o fato gerador), a empresa era autuada também por descumprimento de obrigação acessória. Nessa época os dispositivos legais aplicáveis eram multa art. 35 para a NFLD (24%, que sofria acréscimos dependendo da fase processual do débito) e art. 32 (100% da contribuição devida em caso de omissões de fatos geradores em GFIP) para o Auto de infração de obrigação acessória. Fl. 273DF CARF MF Processo nº 11516.006424/200931 Acórdão n.º 9202005.094 CSRFT2 Fl. 270 7 Contudo, a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, inseriu o art. 32A, o qual dispõe o seguinte: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não apresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” Entretanto, a MP 449, Lei 11.941/2009, também acrescentou o art. 35A que dispõe o seguinte, “Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” O inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96, por sua vez, dispõe o seguinte: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de Fl. 274DF CARF MF 8 pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata “ Com a alteração acima, em caso de atraso, cujo recolhimento não ocorrer de forma espontânea pelo contribuinte, levando ao lançamento de ofício, a multa a ser aplicada passa a ser a estabelecida no dispositivo acima citado, ou seja, em havendo lançamento da obrigação principal (a antiga NFLD), aplicase multa de ofício no patamar de 75%. Essa conclusão levanos ao raciocínio que a natureza da multa, sempre que existe lançamento, referese a multa de ofício e não a multa de mora referida no antigo art. 35 da lei 8212/91. Contudo, mesmo que consideremos que a natureza da multa é de "multa de ofício" não podemos isoladamente aplicar 75% para as Notificações Fiscais NFLD ou Autos de Infração de Obrigação Principal AIOP, pois estaríamos na verdade retroagindo para agravar a penalidade aplicada. Por outro lado, com base nas alterações legislativas não mais caberia, nos patamares anteriormente existentes, aplicação de NFLD + AIOA (Auto de Infração de Obrigação Acessória) cumulativamente, pois em existindo lançamento de ofício a multa passa a ser exclusivamente de 75%. No presente caso, conforme consta do relatório, a multa aplicada ocorreu nos termos da Lei nº 8.212/91, art. 35A, c/c art. 44, inciso I, da Lei nº 9.430/96, ambos com redação da MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/09, por ser considerada mais favorável. Tendo identificado que a natureza da multa, sempre que há lançamento, é de multa de ofício, considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106, inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. Sobre o assunto foi editada a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 que se reporta à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias nos lançamentos de obrigação principal e de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. De fato, as disposições da referida Portaria, a seguir transcritas, estão em consonância com a jurisprudência unânime desta 2ª Turma da CSRF sobre o tema: Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 Art. 1º A aplicação do disposto nos arts. 35 e 35A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, às prestações de parcelamento e aos demais débitos não pagos até 3 de dezembro de 2008, inscritos ou não em Dívida Ativa, cobrados por meio de processo ainda não definitivamente julgado, observará o disposto nesta Portaria. Art. 2º No momento do pagamento ou do parcelamento do débito pelo contribuinte, o valor das multas aplicadas será analisado e Fl. 275DF CARF MF Processo nº 11516.006424/200931 Acórdão n.º 9202005.094 CSRFT2 Fl. 271 9 os lançamentos, se necessário, serão retificados, para fins de aplicação da penalidade mais benéfica, nos termos da alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional (CTN). § 1º Caso não haja pagamento ou parcelamento do débito, a análise do valor das multas referidas no caput será realizada no momento do ajuizamento da execução fiscal pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN). § 2º A análise a que se refere o caput darseá por competência. § 3º A aplicação da penalidade mais benéfica na forma deste artigo darseá: I mediante requerimento do sujeito passivo, dirigido à autoridade administrativa competente, informando e comprovando que se subsume à mencionada hipótese; ou II de ofício, quando verificada pela autoridade administrativa a possibilidade de aplicação. § 4º Se o processo encontrarse em trâmite no contencioso administrativo de primeira instância, a autoridade julgadora fará constar de sua decisão que a análise do valor das multas para verificação e aplicação daquela que for mais benéfica, se cabível, será realizada no momento do pagamento ou do parcelamento. Art. 3º A análise da penalidade mais benéfica, a que se refere esta Portaria, será realizada pela comparação entre a soma dos valores das multas aplicadas nos lançamentos por descumprimento de obrigação principal, conforme o art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e de obrigações acessórias, conforme §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e da multa de ofício calculada na forma do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. § 2º A comparação na forma do caput deverá ser efetuada em relação aos processos conexos, devendo ser considerados, inclusive, os débitos pagos, os parcelados, os nãoimpugnados, os inscritos em Dívida Ativa da União e os ajuizados após a publicação da Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008. Fl. 276DF CARF MF 10 Art. 4º O valor das multas aplicadas, na forma do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, sobre as contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, deverá ser comparado com o valor das multa de ofício previsto no art. 35 A daquela Lei, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009, e, caso resulte mais benéfico ao sujeito passivo, será reduzido àquele patamar. Art. 5º Na hipótese de ter havido lançamento de ofício relativo a contribuições declaradas na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), a multa aplicada limitarseá àquela prevista no art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. Em face ao exposto, deve o acórdão recorrido ser reformando mantendose o as penalidades fixadas nos termos em que apurado pelo auditor. Por fim, diante da manifestação do Contribuinte para que ocorra uma reanálise da lide em razão da decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal no Recurso Extraordinário nº 595.838/SP, que reconheceu em sede de repercussão geral a inconstitucionalidade do art. 22, IV da Lei nº 8.212/91, julgo ser matéria alheia a este Colegiado uma vez que já houve por ausência de interposição de recurso decisão administrativa definitiva no âmbito do Processo Administrativo Fiscal. De toda sorte, acredito tratarse de assunto que será apreciado quando da execução do julgado haja vista a Nota PGFN/CRJ nº 604/2015, a qual fundamenta a aplicação o Art.2º, V, VII e §§ 3º a 8º, da Portaria PGFN Nº 502/2016. Consta da "Lista de Dispensa de Contestar e Recorrer" que vincula a Fazenda Nacional a alínea i do Item 1.8 que dispensa a interposição de recurso e a desistência de ações cuja discussão envolva lançamento fundados no referido dispositivo tido como inconstitucional. Destacamos também a Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 1/2014, que regulamenta o disposto nos §§ 4º, 5º e 7º do art. 19 da Lei nº 10.522/2002, os quais prevêem a vinculação da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) às decisões judiciais desfavoráveis à Fazenda Nacional proferidas em Recursos Extraordinários com Repercussão Geral (STF) ou em Recursos Especiais Repetitivos (STJ), após expressa manifestação da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN). Diante do exposto conheço do recurso e no mérito doulhe provimento. (assinado digitalmente) Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Fl. 277DF CARF MF Processo nº 11516.006424/200931 Acórdão n.º 9202005.094 CSRFT2 Fl. 272 11 Fl. 278DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 12466.720993/2012-93
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 24 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Feb 02 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 05/11/2008 a 10/06/2011
INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA PRESUMIDA. NÃO COMPROVAÇÃO DA ORIGEM E DISPONIBILIDADE DOS RECURSOS EMPREGADOS NO COMÉRCIO EXTERIOR.
A não comprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados nas operações de comércio exterior justifica a presunção de interposição fraudulenta, a qual, entretanto, é juris tantum, ou seja, admite prova em contrário.
NÃO APRESENTAÇÃO OU NÃO MANUTENÇÃO, EM BOA GUARDA E ORDEM, DE DOCUMENTOS DE INSTRUÇÃO DO DESPACHO ADUANEIRO.
O importador tem a obrigação de manter, em boa guarda e ordem, os documentos relativos às transações que realizarem, pelo prazo decadencial estabelecido na legislação tributária a que estão submetidos, e de apresentá-los à fiscalização aduaneira quando exigidos. A declaração de importação será instruída com os documentos originais a que se refere o art. 553, do RA. A ausência desses documentos nos termos legais, constituem-se em fatos sancionáveis com a multa prevista no art. 70, II, b, item 1 da Lei nº 10.833/03 (art. 710 do Decreto nº 6.759/2009).
MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DE DADOS CONTÁBEIS EM MEIO MAGNÉTICO.
A não entrega dos arquivos contábeis-fiscais em meio magnético na forma definida pela legislação, dá azo a aplicação da multa a que alude o art. 12 da Lei 8.218/91.
Recursos de ofício e voluntário negados.
Numero da decisão: 3402-003.774
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento aos recursos de ofício e voluntário.
assinado digitalmente
Antonio Carlos Atulim - Presidente.
assinado digitalmente
Jorge Olmiro Lock Freire - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: JORGE OLMIRO LOCK FREIRE
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NÃO COMPROVAÇÃO DA ORIGEM E DISPONIBILIDADE DOS RECURSOS EMPREGADOS NO COMÉRCIO EXTERIOR. A não comprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados nas operações de comércio exterior justifica a presunção de interposição fraudulenta, a qual, entretanto, é juris tantum, ou seja, admite prova em contrário. NÃO APRESENTAÇÃO OU NÃO MANUTENÇÃO, EM BOA GUARDA E ORDEM, DE DOCUMENTOS DE INSTRUÇÃO DO DESPACHO ADUANEIRO. O importador tem a obrigação de manter, em boa guarda e ordem, os documentos relativos às transações que realizarem, pelo prazo decadencial estabelecido na legislação tributária a que estão submetidos, e de apresentá los à fiscalização aduaneira quando exigidos. A declaração de importação será instruída com os documentos originais a que se refere o art. 553, do RA. A ausência desses documentos nos termos legais, constituemse em fatos sancionáveis com a multa prevista no art. 70, II, “b”, item 1 da Lei nº 10.833/03 (art. 710 do Decreto nº 6.759/2009). MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DE DADOS CONTÁBEIS EM MEIO MAGNÉTICO. A não entrega dos arquivos contábeisfiscais em meio magnético na forma definida pela legislação, dá azo a aplicação da multa a que alude o art. 12 da Lei 8.218/91. Recursos de ofício e voluntário negados. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 46 6. 72 09 93 /2 01 2- 93 Fl. 2530DF CARF MF 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento aos recursos de ofício e voluntário. assinado digitalmente Antonio Carlos Atulim Presidente. assinado digitalmente Jorge Olmiro Lock Freire Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório Por bem descrever os fatos, adoto o relatório da decisão a quo, vazado nos seguintes termos: As multas calculadas sobre o valor aduaneiro, tem base em uma lista de declarações de importação (DI) registradas no período de 05/11/2008 a 10/06/2011, conforme fls. 65/66 (multa de 100%) e 68/69(multa de 5%); A fiscalização informa (fls. 6) que as infrações foram identificadas por ocasião da aplicação de procedimento especial de fiscalização previsto na IN SRF Nº 228, de 2002. A fiscalização, as fls. 7 a 11 sistematiza dados pelos quais informa da existência de uma série de termos de intimação e reintimação efetuadas ao contribuinte e destaca o atendimento parcial ou não atendimento satisfatório destas pelo contribuinte, ocorridos no período de 11/07/2011 até 07/03/2012; A fiscalização, as fls. 11 a 25, lista cada um dos documentos entregues pela autuada e executa análises sobre as alegadas irregularidades que levaram a conclusão da não comprovação da efetiva transferência e disponibilidade dos recursos empregados no comércio exterior, das quais apresenta destaques negritados para cada item sobre os fatos que considera relevantes. As fls. 25 lista os itens das intimações, os quais entende não atendidos pela autuada: “Em resumo, conforme exposto acima, o contribuinte não atendeu a intimação e reintimação de forma satisfatória, atendendo integralmente, apenas, 11 itens (1, 2, 3, 4, 9, 11, 12, 14, 20, 22 e 29), não atendendo integralmente 9 itens (5, 10, 13, 19, 27, 28, 30, 31 e Fl. 2531DF CARF MF Processo nº 12466.720993/201293 Acórdão n.º 3402003.774 S3C4T2 Fl. 2.531 3 33) e não atendendo a 13 (6, 7, 8, 15, 16, 17, 18, 21, 23, 24, 25, 26 e 32) dos 33 itens com exigências.” A fiscalização caracteriza o quadro probatório e fundamentos legais que entende relevantes para a autuação relativos a: Interposição fraudulenta, as fls. 26 a 35; Não comprovação da integralização do capital social, da inexistência de fato e da baixa de ofício da autuada, as fls. 35 a 39; Não comprovação da disponibilidade dos recursos, a situação irregular da empresa nas operações de comércio exterior e sobre o que define como “fluxo financeiro deficitário” da autuada, as fls. 40 a 61; “falsidade de documentos necessários ao embarque ou desembaraço”, as fls. 61 a 64; Ocorrência do dano ao erário e a aplicação da multa equivalente ao valor aduaneiro, as fls. 64 a 66; Descumprimento da obrigação de manter em boa guarda os documentos ou de apresentálos a fiscalização quando exigido e a falta de entrega dos arquivos digitais solicitados, as fls. 66 a 72; A fiscalização informa (fls. 72) que decorrente da constatação de que a GATE DO BRASIL não comprovou a disponibilidade e a efetiva transferência dos recursos empregados no comércio exterior, foram lavradas 02 representações, sendo a primeira para fins de inaptidão do CNPJ e a outra para fins penais, nos termos da legislação em vigor. A GATE DO BRASIL IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA, apresenta sua peça impugnatória as fls. 1919 a 2001, trazendo documentos conforme lista de anexos descrita as fls. 2000, nos seguintes termos: Em sede de preliminar requer: Reconhecimento da tempestividade da impugnação. Anulação do lançamento por desvio de poder dos auditoresfiscais no procedimento de fiscalização e na lavratura dos autos, se referindo ao “modus operandi” da fiscalização na prática de seus atos. Nulidade dos autos, decorrente da inobservância das formalidades essenciais, por ausência de numeração das páginas. Nulidade dos autos por ausência de provas, alegando que: “Sem as provas, fica preterido o direito de defesa da recorrente, o que implica a nulidade da presunção” Relativamente a análise da fiscalização sobre a “boa guarda e apresentação dos documentos”, requer “nulidade da acusação por cerceamento do direito de defesa”.(fls. 1.993) Nos quesitos de mérito alega: Fl. 2532DF CARF MF 4 As fls. 1931 a 1957, que houve regularidade do atendimento das intimações pela impugnante e das legítimas justificativas apresentadas, apresentando explicações que pretendem contestar os itens listados pela fiscalização as fls. 25. As fls. 1957 a 1974, questiona a conclusão da fiscalização sobre a “comprovação da integralização do capital social”; A partir das fls. 1975 questiona os elementos que levaram a conclusão da fiscalização sobre a existência de interposição fraudulenta, destacando os seguinte pontos: As fls 1975, justifica que a “pulverização das vendas – característica inequívoca da ausência de predestinação das mercadorias” As fls. 1979, “inexistência de dano ao erário – ausência de interesse de quebra da cadeia de incidência do IPI”, pois “a grande maioria dos clientes da impugnante (cerca de 90%) são empresas optantes pelo simples” As fls. 1983, alega a prescrição da pretensão punitiva relativa a atos praticados anteriormente a 21 de março de 2007; As fls. 1984, questiona elementos que levaram a conclusão da fiscalização sobre o “fluxo financeiro” da empresa, em 03 pontos que cita “PLANILHA IMPRESTÁVEL COMO PROVA, TENTATIVA FRUSTADA DE ENGODO DOS JULGADORES e MÁFÉ DA FISCALIZAÇÃO AO ACUMULAR OS “AJUSTES” NA PLANILHA”. As fls. 1991, pela “inexistência de presunção de documentos falsos”; As fls. 1994, pela “inexigibilidade de conduta diversa”, pois alega que os documentos originais foram entregues a Receita Federal ou aos Recintos Alfandegados, logo houve “cumprimento do dever legal”. As fls. 1999, protesta pela realização de perícia e indica motivos, apresenta quesitos e indica pessoa para atuar na condição de assistente técnico para executála: “d) por eventualidade, seja determinada a realização de perícia nos registros e lançamentos financeiros da impugnante, assim como nos demonstrativos elaborados pela fiscalização;” “394 A perícia é necessária para se permitir o exercício do direito ao contraditório, uma vez que o auditorfiscal elaborou relatórios com inúmeros equívocos, desconsiderando diversos contratos de financiamento apresentados e explicações feitas pela empresa, sendo portanto um aspecto eminentemente fático e que requer conhecimentos técnicos especializado” As fls. 2.000, a autuada informa a lista de anexos a sua peça impugnatória: “I. Procuração, atos constitutivos e cópias dos documentos dos procuradores II. Comprovante de entrega dos correios III. Relação de clientes da Gate IV. Declaração de imposto de renda dos sócios V. Informações fiscais do contribuinte VI. Balancetes trimestrais de apuração VII.Contratos de mútuo firmado com a empresa Marchesan Representações Comerciais Ltda.; VIII. Contrato de Adesão a Produtos de Pessoa Jurídica do Banco do Brasil; IX. Contratos de financiamento com o HSBC Bank X. Extratos bancários da Gate indicados na impugnação XI. Extrato da conta da sócia Renata atestando integralização do capital social; Fl. 2533DF CARF MF Processo nº 12466.720993/201293 Acórdão n.º 3402003.774 S3C4T2 Fl. 2.532 5 XII. Recibo elaborado pela empresa nas operações por conta e ordem com demonstrativo de formação de preços, onde constam as despesas e os custos da operação XIII. Fluxos financeiros revisados XIV. Quesitos para o perito” Diligência Em razão da impossibilidade de conhecer dos documentos entregues pela autuada juntamente a sua peça impugnatória, por não estarem legíveis ou por apresentarem indícios de falta, conforme Despacho às fls. 2.374/2.375, este processo foi baixado em diligência, tendo retornado depois da anexação dos documentos às fls. 2.398/2.439, o que possibilita a continuidade de sua análise em respeito aos princípios do contraditório e da ampla defesa. A DRJ em Florianópolis, em 30/10/2014, julgou parcialmente procedente a impugnação (fls. 2475/2496), mantendo apenas a multa por não manutenção em boa guarda a documentação de importação (art. 70, II, b, I, da Lei 10.833/2003) e a multa por não entrega dos arquivos contábeis em meio digital de 2008 e 2011 (Art. 12, III, da Lei 8.218/90). Tendo sido exonerada a multa aplicada com arrimo § 2º do art. 23 do DecretoLei nº 1.455, de 1976, incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002, no valor histórico de R$ 2.035.524,00, foi interposto recurso de ofício nessa matéria. Não resignada com a decisão a quo que manteve as multas administrativas, a autuada interpôs recurso voluntário (fls. 2502/2506), no qual, em suma, alega que foi cerceado seu direito por não ter a fiscalização especificado quais documentos deixaram de ser apresentados. Acresce que os documentos originais foram entregues à própria Receita Federal ou aos recintos alfandegados e os que não o foram foi porque ela não teria a obrigatoriedade de fazêlo. Assevera que jamais "recebeu vias originais desses conhecimentos ou das faturas". Quanto à multa pela não entrega dos arquivos magnéticos, consigna que esses arquivos foram devidamente entregues e recebidos "sem qualquer ressalva", pelo que entende não razoável a aplicação daquela. Pede, alfim, a decretação de insubsistências das multas aplicadas. É o relatório. Voto RECURSO DE OFÍCIO Valhome dos fundamentos da r. decisão nesse tópico, as quais adoto como minhas razões para decidir o recurso de ofício quanto à questão da interposição fraudulenta. Assim sendo, concluise que será necessário analisar se a interposição ficou caracterizada, conforme tese da fiscalização, pela não comprovação da transferência e disponibilidade dos recursos empregados nas operações de comércio exterior. Diferentemente do que pretende a autuada, a não comprovação, quando instada pelo fisco, da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados nas operações de comércio exterior, segundo § 2º do art. 23 do DecretoLei nº 1.455, de 1976, incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002, implica em presunção legal da prática de interposição fraudulenta, ocasionando o dano ao erário e sujeitando as mercadorias a aplicação da pena de perdimento, ou multa equivalente ao valor aduaneiro, na importação, quando a mercadoria não for localizada, ou tiver sido consumida ou revendida. Não se trata de presunção pessoal da fiscalização, porém de ordem legal entretanto, sendo de caráter "juris tantum", admitindo prova em contrário, que deve ser Fl. 2534DF CARF MF 6 apresentada por parte da GATE, a quem cabe, caso acusada, comprovar a origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados nas suas operações de comércio exterior. Neste ponto podese concluir a partir do texto extraído da intimação as fls. 88 a 94, que esta era bem clara e específica nos itens 6, 7, 8, 24 e 25, sobre sua pretensão durante o procedimento de fiscalização que se iniciava, ou seja, de que buscava juntamente a GATE documentos que lastreassem os recursos empregados nas operações de comércio exterior. “6. Apresentar documentação, hábil e idônea, coincidente em datas e valores que comprove a efetiva transferência dos recursos dos sócios à empresa, a fim de integralizar o capital em todas as suas alterações, tais como cheque microfilmado, comprovante de depósito autenticado, extrato bancário, comprovantes de TED/DOC e outros equivalentes. Os documentos apresentados deverão demonstrar a saída dos recursos da conta dos sócios (ex: extrato bancário) e a entrada desses recursos na conta da empresa. Caso o recurso tenha origem diversa da do sócio (empréstimos), identificar a pessoa física ou jurídica agente financiador da operação e comprovar a origem, a disponibilidade e a efetiva transferência de seus recursos; 7. Apresentar documentação, hábil e idônea, coincidente em datas e valores que comprove a transferência dos recursos dos sócios incluídos aos sócios excluídos, nas alterações do quadro societário. Caso o recurso tenha origem diversa da do sócio, identificar a pessoa física ou jurídica agente financiador da operação e comprovar a origem, a disponibilidade e a efetiva transferência de seus recursos. 8. Apresentar documentação comprobatória dos valores transferidos pela empresa aos sócios, a qualquer título; ... 24. Informar por escrito sobre a atividade dos sócios e dos procuradores do contribuinte em outras empresas: como gerente, cotista, com vínculos empregatícios ou outros; 25. Apresentar as declarações de renda e bens e direitos dos sócios da empresa, referentes aos exercícios de 2007, 2008, 2009, 2010 e 2011 (anoscalendário 2006, 2007, 2008, 2009 e 2010); ... O que se verifica ao longo dos autos é que durante o procedimento de fiscalização, não houve o registro da entrega de todos os documentos hábeis que pudessem comprovar a integralidade dos lançamentos contábeis, pois a autuada entendia, "contrario sensu" ao previsto no art. 26, citado, que não seria obrigada a entregálos, conforme se extrai de parte dos textos da sua pugna as fls. 1952, item 163; 1954, item 176, : “ 163 Sobre a não apresentação da totalidade dos contratos de câmbio (item 27), ......... Além disso, tais informações constituem sigilo bancário, mas uma vez não podendo ser exigido da empresa”. Fl. 2535DF CARF MF Processo nº 12466.720993/201293 Acórdão n.º 3402003.774 S3C4T2 Fl. 2.533 7 “176 Ocorre que os dados relativos ao arremate ou liquidação dos financiamentos estão devidamente contabilizados e, ainda são protegidos pelo sigilo fiscal, não sendo obrigação da autuada de apresentálos” O autuado, em sua pugna, ao mesmo tempo que protesta pelo sigilo dos dados bancários para não entregálos a fiscalização, apresenta a tese favorável de que, por meio de RMF, esta poderia obter os dados pretendidos e assim verificar disponibilidade e transferência dos recursos empregados nas operações de comércio exterior, ou seja, tenta inverter o ônus da prova sem fundamento legal para tanto. Apesar de no curso do procedimento de fiscalização estar caracterizada a insistência da GATE, em não apresentar extratos bancários e outros documentos relevantes, traz estes anexos a sua pugna na tentativa de provar a transferência e disponibilidade dos recursos e desconstruir a tese da autuação, sendo eles: declaração anual de ajustes do Imposto de Renda anocalendário de 2010, exercício de 2011, dos sócios MARINA Lellis (fls. 2.123/2.128); RODOLPHO Alexandre (fls. 2.129/2.134); e RENATA Helena (fls. 2.135/2.141) extrato da conta corrente do sócio RODOLPHO, do banco HSBC, do dia 09 e 10/03/2011(Fls. 2291); cópia do Balancete Analítico do período de julho/2008 a Dezembro/2011 (2.244/ 2.242); extratos da conta corrente da Pessoa Jurídica GATE, para os seguintes períodos e bancos: Banco do Brasil – 28/11 a 31/12/2008 (fls. 2.248/2.249); HSBC – 01/09 a 30/09/2008 (fls. 2.251 a 2.252); HSBC – 01/12 a 29/12/2008 (fls. 2.253); Banco do Brasil – 30/12/2008 a 30/04/2009 (fls. 2.254/2.257 e 2.260/2.261); HSBC – 05/02 a 25/02/2009 (fls. 2.264), 04/05 a 24/09/2009 (fls. 2.265 a 2.270), e 03/11 a 26/12/2009 (fls. 2.271 a 2.272); HSBC – 26/02 a 30/04/2010 (fls. 2.273/2.275) e 30/06 a 30/12/2010(fls. 2.277/2.284); Banco Itaú (investimentos) – 15/10 (fls. 2.285); HSBC – 31/12/2010 a 26/01/2011 (fls. 2.286/2.287); Banco do Brasil – 31/01 a 22/03/2011 (fls. 2.288/2.290); Banco Itaú – 29/12/2010 a 31/01/2011 (fls. 2.292/2.293) e 24/02 a 31/03/2011 (fls. 2.294/2.295). Contrato Giro Fácil / Conta empresarial de 30/09/2008 (fls. 2.409); Contrato de crédito rotativo – Banco do Brasil (fls. 2.405/2.407); Contrato de Mútuo com Marchezan Representações Comerciais (2.402/2.403); O que se pôde verificar, inicialmente, foi um quadro probatório apresentado pela fiscalização para defender a sua tese de que houve ausência de comprovação de integralização de parte do capital social (20%), ou seja, do valor de R$ 20.000,00, que teriam sido entregues em espécie pela sócia majoritária, dinheiro este depositado na conta corrente da empresa, conforme informa a impugnante nos itens 202 a 287, as fls. 1957 a 1974 . Fl. 2536DF CARF MF 8 Diante dos fatos e documentos apresentados ao longo dos autos, o quadro probatório leva a concluir que não há controvérsia quanto a integralização e disponibilidade, por meio de depósito em conta da empresa, dos recursos necessários a formação do capital social, contudo não há documentos que provem a origem dos recursos entregues pela sócia majoritária Renata Aguiar, ou seja os R$ 20.000,00 em espécie. Para tal sócia, somente foram apresentados na pugna da GATE, Declarações de Ajustes Anual do Imposto de Renda, que comprovam bens e valores que possuía a partir do ano de 2009 (fls 2.136/2.141), contudo a integralização ocorreu no ano de 2006. No entanto, o foco principal da atuação se refere a não comprovação de origem, disponibilidade e transferência de recursos para as operações de comércio exterior que, no caso da GATE, se referem a DI registradas a partir de novembro de 2008, período não contemporâneo ao fato. Mesmo que a origem lícita destes recursos da ordem de R$ 20.000,00 para integralização do capital não tenha sido devidamente comprovada, há de se analisar a subsunção do fatos às normas, a qual requer que a “nãocomprovação” seja vinculada a “recursos” “empregados nas operações de comércio exterior”, pois a autuação não se refere a outro fundamento. Podese ver que a fiscalização não logrou êxito em provar a relação histórica desses recursos aportados no ano de 2006, por ocasião da constituição da empresa, aos aplicados operações de comércio exterior da GATE realizadas a partir do ano de 2008. Conforme se extrai do próprio relatório fiscal, para vários lançamentos escriturados no Livro Razão, confrontados com outros documentos, tais quais comprovantes de operações comerciais realizadas pela GATE ( Notas fiscais, DANFE, etc), a conclusão da fiscalização foi de que não houve prova da transferência e disponibilidade dos recursos, por ausência de documento hábil que os lastreasse, neste caso, os extratos bancários das contas da pessoa jurídica. A fiscalização também aponta o que aduz como divergências de valores e datas em algumas operações comerciais da GATE, escrituradas no Livro Razão, sistematizando estes fatos (fls. 42 a 58), resumindoos em uma tabela (fls. 57/58) intitulada “totalização mensal dos lançamentos não comprovados documentalmente”, referindose ao período que compreende os meses de outubro de 2008 a março de 2011. A fiscalização chega a elaborar planilha (fls. 58/59) construindo um fluxo de caixa com o intuito de provar a indisponibilidade dos recursos no período de registro das DI, por meio de glosa de valores, sem êxito, pois decorrente da análise dos livros fiscais e dos extratos de conta corrente, verificase que há provas de disponibilidade de diversos recursos, ou seja, havia disponibilidade financeira para a GATE executar suas operações, mesmo existindo algumas divergências sobre as datas de sua escrituração. A fiscalização aceita que a GATE realizou operações comerciais, que recebeu valores, porém, decorrente da ausência de extratos de conta corrente, conclui que não houve prova da transferência e disponibilidade dos recursos. Quanto à tabela “totalização mensal dos lançamentos não comprovados documentalmente”, a GATE traz a sua pugna (fls. 1987/1989) uma tabela comparativa, lastreada em extratos de suas contas correntes, em contratos de crédito com o Banco do Fl. 2537DF CARF MF Processo nº 12466.720993/201293 Acórdão n.º 3402003.774 S3C4T2 Fl. 2.534 9 Brasil e HSBC, além de outras provas, pelos quais comprova a transferência e disponibilidade dos recursos. A fiscalização também aponta o que aduz como divergências de valores e datas em algumas operações comerciais da GATE, escrituradas no Livro Razão, sistematizando estes fatos (fls. 42 a 58), resumindoos em uma tabela (fls. 57/58) intitulada “totalização mensal dos lançamentos não comprovados documentalmente”, referindose ao período que compreende os meses de outubro de 2008 a março de 2011. A fiscalização chega a elaborar planilha (fls. 58/59) construindo um fluxo de caixa com o intuito de provar a indisponibilidade dos recursos no período de registro das DI, por meio de glosa de valores, sem êxito, pois decorrente da análise dos livros fiscais e dos extratos de conta corrente, verificase que há provas de disponibilidade de diversos recursos, ou seja, havia disponibilidade financeira para a GATE executar suas operações, mesmo existindo algumas divergências sobre as datas de sua escrituração. A fiscalização aceita que a GATE realizou operações comerciais, que recebeu valores, porém, decorrente da ausência de extratos de conta corrente, conclui que não houve prova da transferência e disponibilidade dos recursos. Quanto a tabela “totalização mensal dos lançamentos não comprovados documentalmente”, a GATE traz a sua pugna (fls. 1987/1989) uma tabela comparativa, lastreada em extratos de suas contas corrents, em contratos de crédito com o Banco do Brasil e HSBC, além de outras provas, pelos quais comprova a transferência e disponibilidade dos recursos. A GATE apresenta inclusive cópias de contratos de concessão crédito automáticos (HSBC e Banco do Brasil), que garantem, um tipo de “limite” extra na conta corrente, similar ao de cheque especial , além dos extratos da conta corrente demonstrando o uso desses recursos ao longo dos anos mediante pagamento de juros. Para justificar origem de recursos de R$ 25.000,00, traz declaração de ajuste anual de imposto de renda ( fls. 2.133) entregue a Receita Federal, do sócio RODOLPHO, para demonstrar que este possuía recursos, em espécie, o que viria justificar sua origem, além da prova, por meio de extrato da conta corrente do dia 09 e 10/03/2011(Fls. 2291), da transferência dos recursos a GATE e de sua disponibilidade; Para os recursos contabilizados no Livro Razão, R$ 127.000,00 (fls. 55), que teriam sido obtidos a título de mútuo firmado com a MARCHESAN REPRESENTAÇÕES COMERCIAIS LTDA, a qual não seria, segundo a fiscalização, pessoa jurídica cujo objeto seja a concessão de empréstimos, a GATE reapresenta o contrato de mútuo e extrato de sua conta corrente para provar que, diferentemente do que alega a fiscalização, pode provar a transferência e disponibilidade dos recursos (fls. 2.288). Sendo assim, verificase que: a fiscalização lastreou sua tese de que a GATE não havia provado a transferência e disponibilidade dos recursos empregados nas operações de comércio exterior do período pela ausência de documentos hábeis, construindo uma tabela de “fluxo negativo de caixa”, sem, contudo, tratar da questão relativa a origem dos recursos empregados; e Fl. 2538DF CARF MF 10 a GATE trouxe à sua pugna documentos que comprovaram a transferência e disponibilidade dos recursos empregados na operações de comercio exterior do período autuado, ou seja, de que não havia a situação definitiva como “fluxo negativo de caixa”. Logo, há de se concluir que não restou caracterizada a infração de interposição fraudulenta, conforme § 2º do art. 23 do DecretoLei nº 1.455, de 1976, incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002, pois, contrariamente a tese da atuação, restou provada a transferência e disponibilidade dos recursos empregados nas operações de comércio exterior do período atuado. Com base nesses fundamentos, nego provimento ao recurso de ofício. RECURSO VOLUNTÁRIO Quanto à preliminar de cerceio de defesa, é de ser rechaçada, pois o extenso relato fiscal deixou bem evidenciado toda dificuldade em receber os documentos, em relação aos quais a empresa foi intimada a apresentálos no curso do procedimento fiscal, e nele está bem claro quais os documentos que não foram apresentados, assim como o não atendimento quanto à forma magnética que os documentos deveriam ter sido apresentados e não o foram. Vejase que o contribuinte teve ciência da ação fiscal e com a intimação para apresentação de vários documentos em 21/06/2011, e até o mês de dezembro/2011 ainda não tinha atendido a toda solicitação do Fisco, o que, por si só, denota sua falta de diligência em prover os documentos solicitados pela fiscalização, o que é seu dever legal. Várias prorrogações de prazo lhe foram deferidas e mesmo assim, normalmente, o solicitado foi sendo atendido a conta gotas, o que fica muito bem delineado no relato fiscal. Em 28/09/2011 o contribuinte apresentou em meio digital os livros Diário e Razão referente ao ano de 2011 em formato PDF. Não o apresentou, porém, em meio físico, devidamente assinado pelo responsável da empresa, como deveria (RESPOSTA 28 09 2011). Importante destacar que esses arquivos foram apresentados visando atender ao quesito 12 do TERMO DE INÍCIO DE FISCALIZAÇÃO 201100413001, para entrega dos livros. De forma alguma supriram o quanto demandado no quesito 13, para entrega de arquivos digitais nos termos da IN SRF Nº 86/2001, pois não atendem à forma de apresentação, documentação de acompanhamento e especificações técnicas exigidos pela referida IN. ... No dia 01/11/2011, o contribuinte informou que ainda não tinha conseguido gerar os arquivos contábeis (item 4.1 do anexo do ADE COFIS Nº15/2011), ou seja, passados mais de 4 meses do Termo de Início de Fiscalização, a GATE não foi capaz de gerar os arquivos contábeis para o período de 2008 e 2011 exigidos em norma legal. Nesta mesma data apresentou o arquivo de Itens de Mercadorias/Serviços (item 4.3.2 do anexo do ADE COFIS Nº15/2011), já declarando estarem com inconsistências, ou seja, também não foi capaz de gerar um arquivo No dia 02/12/2011, o contribuinte foi cientificado do TERMO DE INTIMAÇÃO Nº 201100413005 (TIF 2011 00413 005), no qual é exigida a apresentação de documentação hábil e idônea Fl. 2539DF CARF MF Processo nº 12466.720993/201293 Acórdão n.º 3402003.774 S3C4T2 Fl. 2.535 11 que dê suporte aos lançamentos relacionados no termo. É exigida, ainda, a apresentação das Declarações de Importação na modalidade por conta própria acompanhadas dos documentos obrigatórios de instrução, nos termos do art. 553 do Decreto nº 6.759/2009 (Regulamento Aduaneiro). ... Em 25/01/2012, o contribuinte, pela 6ª vez, apresentou pedido de prorrogação de prazo de 7 dias para atendimento do TERMO DE REINTIMAÇÃO Nº 201100413 006 (PEDIDO DE PRORROGAÇÃO 25 01 2012). No dia 13/02/2012, o contribuinte apresentou documento de resposta ao TERMO DE REINTIMAÇÃO Nº 201100413006 (RESPOSTA 13 02 2012). Em anexo a este documento, a GATE apresentou faturas e conhecimentos de transporte originais de algumas poucas Declarações de Importação, não atendendo de forma satisfatória o quanto demandado (ANEXO RESPOSTA 13 02 2012). ... Declarou o contribuinte que apresentou “todos os contratos de câmbio” (item 27 do TERMO DE INÍCIO DE FISCALIZAÇÃO Nº 201100413001). Mais uma declaração falsa. Em meio a 81 operações de comércio exterior registradas, a GATE apresentou apenas 14 contratos de câmbio em documento de resposta de 01/08/2011 (RESPOSTA 01 08 2011) e mais 5 contratos de câmbio em documento de resposta de 27/09/2011 (RESPOSTA 27 09 2011), totalizando apenas 19 contratos de câmbio entregues. ... Apresentar contratos de compra e venda, ou outros, bem como todas as alterações, celebrados entre o contribuinte e as empresas nacionais (adquirentes de mercadorias importadas ou remetentes de mercadorias para exportação); Comentário: No dia 22/09/2011, o contribuinte não apresentou nenhum contrato e afirmou que “A GATE não possui contrato com seus clientes, como é prática de qualquer distribuidora”. Portanto, à toda evidência, o Fisco demonstrou inequivocamente quais os documentos obrigatórios que não foram entregues à fiscalização, o nos faz refutar a alegação de que não teria sido apontado em específico quais documentos não teriam sido entregues. E certo também que a recorrente prejudicou a celeridade e o bom andamento da ação fiscal. MULTA POR NÃO APRESENTAÇÃO DOS DOCUMENTOS RELATIVOS ÀS OPERAÇÕES DE IMPORTAÇÃO Foi aplicada multa proporcional de 5% do valor aduaneiro de importações realizadas relativas às DI listadas as fls. 68/69, conforme alega a fiscalização, pelo importador não ter apresentado, quando exigidos, os documentos relativos a transações que realizou, nos Fl. 2540DF CARF MF 12 termos da alínea “b” do inciso I do art. 70 e do caput do 71 da Lei n° 10.833/2003, replicado no RA nos seguintes termos: Art. 710. Aplicase a multa de cinco por cento do valor aduaneiro das mercadorias importadas, no caso de descumprimento de obrigação referida no caput do art. 18 (acima transcrito), se relativo aos documentos obrigatórios de instrução das declarações aduaneiras. O artigo 18 do Regulamento Aduaneiro (com redação do art. 70, da Lei 10.833/2003) é bem claro quanto à obrigação da manutenção dos documentos, dentro do prazo decadencial que deram suporte às operações de importação/exportação. Vejase a redação dessa norma: Art. 18 – O importador, o exportador ou o adquirente de mercadoria importada por sua conta e ordem têm a obrigação de manter, em boa guarda e ordem, os documentos relativos às transações que realizarem, pelo prazo decadencial estabelecido na legislação tributária a que estão submetidos, e de apresentá los à fiscalização aduaneira quando exigidos. No mesmo sentido, versa o art. 195, do CTN, quanto à guarda dos documentos fiscais. Verificase que o relatório fiscal demonstra uma ausência parcial do atendimento das intimações por parte do fisco, especificamente quanto aos documentos que ampararam as operações de importação listadas às fls. 68/69. Segundo a fiscalização, “Em resumo, conforme exposto acima, o contribuinte não atendeu a intimação e reintimação de forma satisfatória, atendendo integralmente, apenas, 11 itens (1, 2, 3, 4, 9, 11, 12, 14, 20, 22 e 29), não atendendo integralmente 9 itens (5, 10, 13, 19, 27, 28, 30, 31 e 33) e não atendendo a 13 (6, 7, 8, 15, 16, 17, 18, 21, 23, 24, 25, 26 e 32) dos 33 itens com exigências.” A GATE, na condição de importador, é sujeito ao cumprimento da obrigação acessória de boa guarda e ordem dos documentos, e entrega destes à fiscalização quando solicitado. Diferentemente do que aduz a recorrente, os documentos entregues à Receita Federal por ocasião dos despachos de importação, devem ser guardados pelo prazo previsto na legislação. Portanto, estreme de dúvidas que existe a obrigação legal da GATE, na qualidade de importador, de apresentar à fiscalização aduaneira os documentos de instrução das declarações aduaneiras, a correspondência comercial, incluídos os documentos de negociação e cotação de preços, os instrumentos de contrato comercial, financeiro e cambial, de transporte e seguro das mercadorias, os registros contábeis e os correspondentes documentos fiscais, quando exigidos, sujeitando, em caso de descumprimento desta obrigação acessória a multa aplicada de 5% sobre o valor aduaneiro. Com efeito, é de ser mantida esta multa. MULTA POR NÃO ENTREGA DE ARQUIVOS DIGITAIS Segundo a fiscalização, a GATE deixou de entregar os arquivos contábeis dos períodos de 2008 e 2011. A Lei nº 8.218, de 1991, em seu art. 11 e respectivos parágrafos, dispôs sobre a entrega de arquivos digitais a Receita federal: Fl. 2541DF CARF MF Processo nº 12466.720993/201293 Acórdão n.º 3402003.774 S3C4T2 Fl. 2.536 13 Art. 11. As pessoas jurídicas que utilizarem sistemas de processamento eletrônico de dados para registrar negócios e atividades econômicas ou financeiras, escriturar livros ou elaborar documentos de natureza contábil ou fiscal, ficam obrigadas a manter, à disposição da Secretaria da Receita Federal, os respectivos arquivos digitais e sistemas, pelo prazo decadencial previsto na legislação tributária. (Redação dada pela Medida Provisória nº 215835, de 2001). O art. 12 e respectivos parágrafos, de mesmo ato legal, trouxe a previsão da penalidade a ser aplicada no caso de descumprimento da obrigação acessória de entrega dos arquivos digitais. A IN SRF nº 86, de 2001, trouxe a forma e prazos para apresentação dos arquivos digitais e sistemas utilizados por pessoas jurídicas e determina nos seus art. 1º e 2º, reproduzidos na decisão a quo. Neste caso, verificase que os arquivos contábeis para os períodos de 2008 e 2011 não foram entregues, mesmo depois de devidamente intimada a GATE. Logo, cabe a multa aplicada que, foi calculada pelo seu valor máximo, em 1% da Receita Bruta, resultante do fato de a empresa ter ultrapassado o período de 50 dias sem o cumprimento da obrigação especificamente quanto a entrega das demonstrações contábeis em meio digital, conforme prevê a legislação em vigor, considerando apenas os anos citados. Sem embargo, também mantenho esta multa. CONCLUSÃO Forte em todo o exposto, nego provimento aos recursos de ofício e voluntário. assinado digitalmente Jorge Olmiro Lock Freire relator Fl. 2542DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15504.726184/2015-22
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 18 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Jan 30 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2013
IRPF. CARNÊ-LEÃO.
O crédito de imposto pago por intermédio de carnê-leão é aproveitado no ano-calendário a que se refere.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2401-004.530
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário, e, no mérito, por voto de qualidade, negar-lhe provimento. Vencidos os conselheiros Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira, Andréa Viana Arrais Egypto e Luciana Matos Pereira Barbosa.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier Lazarini - Relatora e Presidente
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Maria Cleci Coti Martins, Carlos Alexandre Tortato, Denny Medeiros da Silveira, Rayd Santana Ferreira, Márcio de Lacerda Martins, Andréa Viana Arrais Egypto e Luciana Matos Pereira Barbosa.
Nome do relator: MIRIAM DENISE XAVIER LAZARINI
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COMPENSAÇÃO. Recorrente ENY MAGALHÃES GANDRA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2013 IRPF. CARNÊLEÃO. O crédito de imposto pago por intermédio de carnêleão é aproveitado no anocalendário a que se refere. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário, e, no mérito, por voto de qualidade, negarlhe provimento. Vencidos os conselheiros Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira, Andréa Viana Arrais Egypto e Luciana Matos Pereira Barbosa. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Lazarini Relatora e Presidente Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier Lazarini, Maria Cleci Coti Martins, Carlos Alexandre Tortato, Denny Medeiros da Silveira, Rayd Santana Ferreira, Márcio de Lacerda Martins, Andréa Viana Arrais Egypto e Luciana Matos Pereira Barbosa. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 50 4. 72 61 84 /2 01 5- 22 Fl. 62DF CARF MF 2 Relatório Tratase de notificação de lançamento de imposto de renda pessoa física IRPF no valor de R$ 1.000,00, acrescido de multa de mora e juros de mora (fls. 4/6), referente a glosa do valor de R$ 1.000,00, indevidamente compensado a título de carnêleão, relativo à diferença entre o valor de declarado de R$ 12.000,00 e o recolhido de R$ 11.000,00. A contribuinte impugnou o lançamento alegando que o valor de R$ 1.000,00 referese ao recolhimento efetuado no CPF do titular da declaração. A DRJ/JFA julgou improcedente a impugnação (Acórdão de fls. 36/39), mantendo o crédito tributário. Conta do voto que: O imposto relativo ao carnêleão é calculado mediante a aplicação da tabela progressiva mensal, vigente no mês do recebimento do rendimento, sobre o total recebido no mês, observado o valor do rendimento bruto relativo a cada espécie, devendo ser recolhido até o último dia útil do mês subsequente ao do recebimento do rendimento, com o código 0190. Atenta a isso, a autoridade revisora considerou como pagamentos de carnêleão, passíveis de integrar a DIRPF do exercício 2014, aqueles com vencimento entre fevereiro/2013 e janeiro/2014, uma vez que, em geral, os pagamentos com data de vencimento em janeiro/2013 seriam relativos a rendimentos recebidos em dezembro/2012. [...] Ocorre que, numa análise mais criteriosa desse DARF, é possível verificar que, efetivamente, houve um equívoco de preenchimento cometido pela interessada. Ora, de acordo com as instruções de preenchimento para esse documento, no caso de pagamento do carnêleão, no campo 02 – período de apuração – deve ser informado o último dia, mês e ano referente ao recebimento do rendimento e no campo 06 – data de vencimento – deve constar o dia, mês e ano do vencimento do imposto. Exemplificando, para rendimentos recebidos em março/2013, no campo 02: 31/03/2013 e no campo 06: 30/04/2013. Todavia, no DARF anteriormente reproduzido, observase que as datas constantes dos campos 02 e 06 são coincidentes – 31/01/2013. Tal equívoco foi cometido ainda para os demais recolhimentos ocorridos durante o anocalendário de 2013, conforme se observa na tabela de fl. 30, a seguir reproduzida: Ainda que se admita a possibilidade de que a contribuinte informava corretamente o período de apuração, equivocando se na data de vencimento, o pagamento efetuado em 31/01/2013 foi efetivamente utilizado na DIRPF/2013, conforme relatado na Notificação de Lançamento nº 2013/455832125463919: (grifo nosso) Fl. 63DF CARF MF Processo nº 15504.726184/201522 Acórdão n.º 2401004.530 S2C4T1 Fl. 63 3 Cientificado do Acórdão em 22/10/15 (Aviso de Recebimento AR de fl. 42), o contribuinte apresentou recurso voluntário em 18/11/15, fls. 45/46, que contém, em síntese: Diz que percebeu seu erro ao lançar em todos os campos da DARF aquela em que estava efetuando o pagamento, o que pode ser constatado pelas DARFs de outros meses. Entende que como houve o efetivo pagamento para a competência jan/13, havendo apenas incorreção no preenchimento do campo "data do vencimento". Solicita que seja retificado o vencimento da DARF, em vez de 31/1/13, o correto seria 28/2/13, a fim de que o sistema da RFB possa considerar este recolhimento como sendo referente ao anocalendário 2013. Pede o cancelamento do débito fiscal reclamado. É o relatório. Fl. 64DF CARF MF 4 Voto Conselheira Miriam Denise Xavier Lazarini Relatora ADMISSIBILIDADE O recurso voluntário foi oferecido no prazo legal, assim, deve ser conhecido. PEDIDO DE RETIFICAÇÃO DA DARF Ainda que fosse possível a retificação da data de vencimento na DARF, como pede a contribuinte, tal valor não poderia ser apropriado como crédito no presente processo. Vêse que a contribuinte não atentou para o penúltimo parágrafo do Acórdão recorrido, onde consta que: Ainda que se admita a possibilidade de que a contribuinte informava corretamente o período de apuração, equivocandose na data de vencimento, o pagamento efetuado em 31/01/2013 foi efetivamente utilizado na DIRPF/2013, conforme relatado na Notificação de Lançamento nº 2013/455832125463919: Ora, se o valor pago por meio de carnêleão foi considerado como crédito da contribuinte no anocalendário 2012 (exercício 2013), ele jamais poderia ser novamente aproveitado no anocalendário 2013 (exercício 2014). CONCLUSÃO Voto por conhecer do recurso, NEGANDOLHE provimento. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Lazarini. Fl. 65DF CARF MF
score : 1.0