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Numero do processo: 10435.000531/2007-21
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 30 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Sep 18 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3402-001.410
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, conforme proposto no voto do Relator.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Rodrigo Mineiro Fernandes, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, CynthiaElenadeCampos e Renato Vieira de Ávila (Suplente convocado). Ausente justificadamente a Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz, substituída pelo Suplente convocado.
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, conforme proposto no voto do Relator. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Rodrigo Mineiro Fernandes, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, CynthiaElenadeCampos e Renato Vieira de Ávila (Suplente convocado). Ausente justificadamente a Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz, substituída pelo Suplente convocado. Relatório Contra a empresa LIBER CONSERVAÇÃO E SERVIÇOS GERAIS LTDA., foi formalizado processo de lançamento de oficio da Contribuição para o PIS (fls. 168/170) e da COFINS (fls. 179/182). De acordo com as informações contidas nos TERMOS DE DESCRIÇÃO DOS FATOS E ENQUADRAMENTO LEGAL de fls. 169/170 e 179/181, bem como do Termo de Verificação e Encerramento de Ação Fiscal (fls. 158/161), que acompanham os Autos de Infração, foram apuradas irregularidades praticadas pela pessoa jurídica autuada, em relação às contribuições referenciadas, nos períodos mencionados. Por bem descrever os fatos, adoto o relatório objeto do Acórdão nº 1125.708, de 19/03/2009, prolatado pela DRJ em Recife (PE), a seguir transcrito na sua integralidade (fls. 218/232): RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 04 35 .0 00 53 1/ 20 07 -2 1 Fl. 537DF CARF MF Processo nº 10435.000531/200721 Resolução nº 3402001.410 S3C4T2 Fl. 538 2 "(...) 2. De acordo com as informações contidas nos TERMOS DE DESCRIÇÃO DOS FATOS E ENQUADRAMENTO LEGAL de fls. 168/169 e 179/180 que acompanham os Autos ide Infração, foram apuradas as seguintes irregularidades praticadas pela pessoa jurídica autuada, em relação às contribuições referenciadas, nos períodos mencionados. 2.1. PIS E COFINS DIFERENÇA APURADA ENTRE O VALOR ESCRITURADO E O DECLARADO/PAGO Durante o procedimento de verificações obrigatórias foram constatadas divergências entre os valores escriturados e os declarados, conforme demonstrado e no TERMO DE VERIFICAÇÃO E ENCERRAMENTO DE AÇÃO FISCAL anexo ao Auto de infração, do qual faz parte integrante. 3. No Termo de VERIFICAÇÃO E ENCERRAMENTO DE AÇÃO FISCAL DE fls.157/160, consta a informação de que foi verificado que a empresa autuada auferiu, nos períodos fiscalizados receita de atividade submetida ao regime cumulativo e nãocumulativo e que o valor dos créditos sobre as compras efetuadas teriam que ser proporcionais às receitas não cumulativas, no entanto, para efeito do cálculo do valor do crédito sobre as compras a empresa utilizou o total das mesmas não procedendo ao cálculo proporcional, o que foi efetuado pela fiscalização, conforme demonstrado nas planilhas de "Apuração dos Créditos PIS/COFINS", anexas às fls.155 a 156. 4. Devidamente intimada, na data de 10/05/2007, a autuada apresentou na data de 01/06/2007, por meio da sua sócia e administradora, assim identificada no Contrato Social de fls.24/28, a impugnação de fls. 185/210 , com as seguintes alegações, em síntese: DA NULIDADE DO LANÇAMENTO. VÍCIOS NO PROCEDIMENTO FISCAL ART. 59 DO DECRETO 70.235/1972 I pede a nulidade do lançamento por ter o Auditor Fiscal extrapolado o prazo previsto no art.12 da Portaria 1.265/1999 (120 dias), sendo mantida tal regra pelo art.15 da Portaria SRF nº 6.087, de 2005, sendo imperativo, de acordo com o art.16, parágrafo único da citada Portaria, que o novo Mandado seja emitido para outra autoridade fiscal; II acrescenta que a obrigatoriedade de a autoridade fiscal dar ciência ao contribuinte, não somente no MPF inicial, porém, de todas as renovações e abrangências temporais da auditoria, consoante arts. 10 e 13, da citada Portaria, o que não foi observado pela fiscalização o que lhe causou o cerceamento de defesa; II entende, enfim, que as irregularidades ora apontadas no procedimento fiscal, tais como, a falta de cientificação do início do procedimento fiscal, das várias prorrogações do MPF e, por fim, o decurso do prazo de 120 dias do MPFF n° 04.02.00200600151, sem a devida indicação de outro Auditor Fiscal para prosseguimento dos trabalhos, são .suficientes para a decretação da nulidade do Auto de Infração, uma vez lavrado por servidor incompetente, além de da inexistência, quando da lavratura referenciada, de procedimento fiscal em curso, mi, pelo menos procedimento autorizado; III Cita e transcreve Doutrina e jurisprudência que tratam da importância do MPF na validade dos atos de procedimento fiscal. Fl. 538DF CARF MF Processo nº 10435.000531/200721 Resolução nº 3402001.410 S3C4T2 Fl. 539 3 DA INCONSTITUCIONALIDADE DO ARTIGO 3°, § 1°, DA LEI N° 9.718 DE 1998 I Faz um longo arrazoado a respeito da inconstitucionalidade do art.3°, § 1º, da Lei n° 9.718, de 27/11/1998, que majorou o conceito de receita operacional, para receita bruta, das bases de cálculo do PIS/Cofins e conclui, em síntese, que não se enquadram no conceito de faturamento (ou de receita bruta) da empresa contribuinte as receitas resultantes das atividades financeiras, nãooperacionais ou de simples ganho de capital, não se subsumindo, à hipótese, de incidência traçada no art.195, I, da Carta magna; II Informa que o STF declarou a inconstitucionalidade do dispositivo legal em julgamento realizado em 09.11.2005, no qual foram decididos em conjunto os RE de nºs 357950, 359273 e 346084. III Invoca o art.77 da Lei n° 9.430, de 1997 que autoriza o poder executivo a disciplinar as hipóteses em que a administração tributária federal, relativamente aos créditos tributários baseados em dispositivo declarado inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal. No MÉRITO, I entende que a fiscalização criou uma nova forma de apuração das contribuições para o PIS e para a Cofins, juntando a cumulatividade com a não cumulatividade, o que por si só, torna ilegal o procedimento e a determinação da improcedência das exigências; II aduz que as verificações levadas a efeito extrapolaram ao que conta autorizado no MPF, haja vista, que segundo consta naquele instrumento, as verificações deveriam se limitar a correspondência entre os valores declarados e os escriturados pelo sujeito passivo em sua escrituração contábil e fiscal em relação aos tributos e contribuições administrados pela SRF, nos últimos cinco anos e no período de execução do Procedimento Fiscal, entretanto, os autuantes foram além e imiscuiramse a presumir irregularmente a "indevida utilização de créditos, sem aplicar a proporcionalidade", sendo este fato reconhecido no Termo de Verificação Fiscal, extrapolando, assim, o MPF; III no tocante a este item, caso vencidas as questões referentes aos vícios formais que contaminam todo o procedimento, o que não se espera, é necessário que sejam avaliados minudentemente os valores do crédito tributário constituído, pois entende que esses valores se referem exclusivamente a um presumido "creditamento irregular" sobre insumos, uma vez que estes o foram exclusivamente nos contratos sujeitos à nãocumulatividade firmados, o que é suficiente para autorizar o creditamento sobre a totalidade das aquisições. Esse fato pode ser facilmente comprovado a partir da análise dos contratos firmados entre a prestadora e a tomadora dos serviços, pelo que desde já protesta pela realização de diligências adicionais, quando então, poderá ser descortinada a verdade material que determinará de maneira definitiva a improcedência do lançamento. Fl. 539DF CARF MF Processo nº 10435.000531/200721 Resolução nº 3402001.410 S3C4T2 Fl. 540 4 CONCLUSÃO Em face do exposto requer: a) a nulidade dos lançamentos, em virtude dos vícios referidos na sua formalização; b) que sejam acolhidos, também, os argumentos descaracterizadores da ilegítima ação fiscal, assentada em acusação desprovida de qualquer consistência legal e fática; c) protesta o alegado por todos os meios de prova admitidos em direito, em especial ajuntada posterior de documentos, produção de prova oral e escrita. Os argumentos aduzidos pelo sujeito passivo, no entanto, não foram acolhidos pela primeira instância de julgamento administrativo fiscal, conforme ementa do Acórdão abaixo transcrito: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/02/2004 a 28/02/2004, 01/07/2004 a 31/07/2004, 01/01/2005 a 31/05/2005, 01/07/2005 a 31/10/2006., INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO DO PIS . A falta ou insuficiência de recolhimento da Cofins constitui infração que autoriza a lavratura do competente auto de infração, para a constituição do crédito tributário. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/02/2004 a 31/10/2006 INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO DA COFINS . A falta ou insuficiência de recolhimento da Cofins constitui infração que autoriza a laVratura do competente auto de infração, para a constituição do crédito tributário. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/02/2004 a 31/10/2006 PRELIMINAR NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO Não há que se falar em nulidade do Auto de Infração quando este atende a todos as formalidades legais e o contribuinte tem acesso à detalhada descrição dos fatos e a todos os elementos e provas que o embasaram. MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. O Mandado de Procedimento Fiscal, sob a égide da Portaria que o criou, é mero instrumento interno de planejamento e controle das atividades e procedimentos fiscais, não implicando nulidade do procedimento fiscal mesmo que haja eventuais falhas na emissão e trâmite desse instrumento. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Fl. 540DF CARF MF Processo nº 10435.000531/200721 Resolução nº 3402001.410 S3C4T2 Fl. 541 5 Período de apuração: 01/02/2004 a 28/02/2004, 01/07/2004 a 31/07/2004, 01/01/2005 a 31/05/2005, 01/07/2005 a 31/10/2006 ARGÜIÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA PARA APRECIAR. Não se encontra abrangida pela competência da autoridade tributária administrativa a apreciação da inconstitucionalidade das leis, uma vez que neste juízo os dispositivos legais se presumem revestidos do caráter de validade e eficácia, não cabendo, pois, na hipótese, negarlhe execução. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL DETERMINAÇÃO DE DILIGÊNCIA. No processo administrativo fiscal regido pelo Decreto n° 70.235, de 6 de março de 1972, é facultado à autoridade julgadora de primeira instância a determinação, de ofício, da realização de diligências ou perícias, quando entendêla necessária. JUNTADA POSTERIOR DE PROVAS. No processo administrativo fiscal, a prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que ocorra um dos fatos previstos no art. 16 do Decreto n° 70.235, de 6 de março de 1972. Lançamento Procedente Em 08/04/2009 (fl. 237), a Recorrente tomou ciência do resultado do julgamento. Contra essa decisão, em 08/05/2009 (fl. 238), foi interposto o Recurso Voluntário (fls. 238/263), para reiterar os argumentos da peça impugnatória e acrescentado, em resumo, os seguintes pontos: (i) Preliminarmente, alega a nulidade dos Auto de Infração, por vícios no procedimento Fiscal (do MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL MPF ) e afronta aos princípios do devido processo legal, legalidade, da ampla defesa, da moralidade e da eficiência pela Administração Tributária. Por decorrência, da própria segurança jurídica, pois, não se pode obstar direitos em decorrência de exigências, de supostos débitos constituídos e lançados com base em procedimentos viciados. Portanto, o procedimento fiscal deuse com total infração aos princípios da legalidade, do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa, da moralidade, da eficiência e da segurança jurídica pois, na data da expedição dos Autos de Infração a autoridade fiscal que procedeu à respectiva lavratura não detinha mais qualquer competência legal para lançar o crédito tributário contra a Recorrente em decorrência do MPF original, sendo dever de oficio, portanto, declarar a respectiva NULIDADE, anulando se, por conseguinte todos os demais atos processuais dele decorrentes, pois, de acordo com o Decreto n° 70.235/1972 que rege o processo administrativotributário, são nulos os Autos de Infração lavrados por autoridade incompetente ou com cerceamento do direito de defesa. (ii) Da Base de Cálculo majorada utilizado no Lançamento: a) aduz que a Fazenda, ao lançar as contribuições sociais do PIS, através do Auto de Infração ora impugnado, considerou como base de cálculo das exações, a totalidade das receitas auferidas pela Recorrente, independentemente de sua classificação contábil (incluindo as receitas resultantes das atividades financeiras, não operacionais ou de simples ganho de capital). Em outras palavras, os Autos de Infração fundamentouse no art. art. 3º, §1º da Lei n° 9.718/98, vigente à época dos fatos geradores, mas já declarado Fl. 541DF CARF MF Processo nº 10435.000531/200721 Resolução nº 3402001.410 S3C4T2 Fl. 542 6 INCONSTITUCIONAL pelo STF nos REs nºs 390.840, 357.950 e 346.084, devendo ser observada por todo o Judiciário, bem como pela Administração Pública direta e indireta; b) destaca que a RFB não considerou que a Recorrente é empresa que presta serviços de agenciamento de mãodeobra temporária e locação de mãodeobra especializada, e que nem todos os valores recebidos das pessoas jurídicas tomadoras de serviços constitui seu faturamento. Alega que a Recorrente atua como verdadeira intermediária entre a parte contratante da mão de obra e o terceiro que irá prestar os serviços. Atuando nessa função de intermediação, é remunerada pela taxa de administração acordada, rendimento específico desse tipo de negócio jurídico. No caso, o faturamento é a taxa de administração, que é o preço dos serviços pagos pelo tomador, excluídas as parcelas atinentes aos salários e aos encargos sociais dos trabalhadores. Em contraprestação recebe o que se chama de "taxa de administração" que constitui o seu real faturamento; e c) a Fiscalização, ao calcular as contribuições em comento, fez incluir na base de calculo o ISS (Imposto Sobre Serviço). Isto porque, o ISS, mesmo não sendo faturamento da Recorrente, é, por determinação legal, incluso na base de cálculo tanto do PIS quanto da COFINS. No entanto, ressalta que o IPI é excluído da base cálculo do PIS. Ora, o ISS dá mesma forma que o IPI não se configura faturamento real da Recorrente ou de qualquer outro contribuinte. Assim, ao não se excluir o valor do ISS do faturamento real, se está, por via de conseqüência, alargando a base de cálculo do PIS e da Cofins, o que já foi rechaçado por nossa Corte Constitucional. (iii) da Ilegalidade da Multa Imposta alega que a multa imposta é confiscatória e torna o débito tributário impagável, ferindo diversos Princípios Constitucionais, entre eles: Princípio do Não Confisco; Princípio da Capacidade Contributiva; da Proporcionalidade e da Razoabilidade, e Princípio do Due Process of Law. O processo digitalizado, então, foi movimentado para este CARF. Durante a análise dos autos nesta Conselho, foi arguido conflito de competência do processo em epígrafe, em nome de Líber Conservação e Serviços Ltda. A 2ª Turma da 1ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento deste Conselho, mediante despacho de efls. 265/266, de 12/12/2013, declinou da competência para o exame da lide em favor da 1ª Seção, sob o argumento de que os créditos de PIS e de COFINS exigidos no presente processo seriam decorrentes dos mesmos fatos inerentes à exigência do IRPJ. Por sua vez, a 2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 1ª Seção de Julgamento, por meio do despacho de efls. 268/270, de 21/11/2015, defendeu que os fatos que motivaram os lançamentos de PIS/COFINS e de IRPJ/CSLL seriam totalmente independentes, conforme trechos do Termo de Verificação e Encerramento de Ação Fiscal (fls. 158), que reproduz às e fls. 269/270. O Presidente do CARF, diante do disposto no artigo 20, inciso IX, c/c § 7º do artigo 6º, do Anexo II do Regimento Interno deste Conselho (Despacho de fls.271/272), decidiu o conflito da seguinte forma: "(...) Portanto, há que se acolher a exegese feita pela 2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 1ª Seção do CARF, que suscitou o conflito de competência por entender, corretamente, que a matéria é sim da competência da 3ª Seção deste Conselho" (grifei). Fl. 542DF CARF MF Processo nº 10435.000531/200721 Resolução nº 3402001.410 S3C4T2 Fl. 543 7 Posto isto, o processo foi distribuído a este Conselheiro Relator na forma regimental. Quando da análise do Recurso Voluntário juntamente com os demonstrativos apresentados e anexados aos autos às fls. 15/19 e 42/112 preparada pela Recorrente e, 153/157 elaborada pelo Fisco, verificouse em alguns meses a presença da rubrica "Outras Receitas (de juros, etc)", que compuseram a base de cálculo da contribuição do PIS e da COFINS, em desacordo com o conceito de faturamento adotado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), qual seja, a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviço de qualquer natureza. Com efeito, é incontroverso o bom direito da Recorrente em relação aos recolhimentos à título de PIS e da COFINS no período de apuração deste Auto de Infração, tendo em vista que esse litígio administrativo tem como uma das alegações do Recurso Voluntário, que houve Contribuição paga a maior com fundamento na declaração de inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 pelo STF (alargamento da base de cálculo do PIS e da COFINS). Em que pese o direito da interessada, do exame dos elementos comprobatórios, constatase que, no caso vertente, os documentos apresentados no curso da fiscalização, são insuficientes para se apurar a correta composição da base de cálculo da contribuição para o PIS e da COFINS e eventuais pagamentos a maior. Com base no exposto, nos termos do art. 18 e 29 do Decreto nº 70.235/72, o julgamento foi convertido em diligência, conforme Resolução nº 3402001.025, de 28/06/2017 (fls. 274/283), para que a Delegacia de origem (DRF/Caruaru (PE), procedesse as seguintes informações: "(...) (a) com base na documentação apresentada e na escrita fiscal e contábil, bem como intime a interessada para apresentar outros documentos e/ou esclarecimentos que entenda necessário (a critério da fiscalização), e apure a composição da base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS, relativo aos períodos de apuração apontados nos Autos de Infração, bem como, se for o caso, indique a eventual correção dos valores, correspondentes à indevida ampliação da base de cálculo do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718, de 1998; b) informar se houve, ou não, na composição da base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS, inclusão de receitas não operacionais ou de simples ganho de capital no período; c) relatar outras informações que considerar relevantes, objetivando esclarecer questionamentos aduzidos pela Recorrente em seu recurso voluntário; e d) ao término dos trabalhos, a autoridade fiscal da DRF/Caruaru(PE), deverá elaborar Relatório Conclusivo sobre os fatos apurados na diligência, inclusive manifestandose sobre a existência de eventual pagamento indevido ou a maior neste processo, conforme alegado pela Recorrente". Em cumprimento à Resolução solicitada por este CARF, a DRF/Caruaru/PE, elaborou o Termo de Diligência Fiscal de fls. 312/316, que restou consignado, no item IV Conclusões, as seguintes informações (transcrição dos principais trechos): Fl. 543DF CARF MF Processo nº 10435.000531/200721 Resolução nº 3402001.410 S3C4T2 Fl. 544 8 "(...) IV Conclusões Da análise dos elementos postos à disposição desta fiscalização pela diligenciada, em atendimento aos Termos de Intimações Fiscais n°s 01 e 02, e dos elementos obtidos junto ao processo administrativo fiscal n° 10435.000.531/200721, pudemos constatar o que adiante resta explicitado: IV.1. (...) IV.2 Da análise das planilhas acima elaboradas pudemos constatar o seguinte: IV.2.1 As divergências entre os valores informados pela diligenciada em confronto com os valores constantes do auto de infração lavrado ocorreram nos meses de: fevereiro, março e junho/2004, fevereiro e maio/2005 e julho e agosto de 2006; IV.2.3 Nos meses de fevereiro e março de 2004 a diligenciada informou que não auferiu receita de serviços nos respectivos meses, no entanto, conforme cópia livro razão conta ""SERVIÇOS PRESTADOS" foi constatado receita nos valores de R$ 2.736.663,02 e R$ 2.853.978,88, respectivamente; IV.2.4 No mês de julho de 2004 o valor correto é R$ 4.653.641,54, conforme cópia razão conta "SERVIÇOS PRESTADOS". Portanto, o valor lançados à época estava a menor em R$ 76.980,17; IV.2.5 Nos meses de fevereiro e maio de 2005 os valores corretos são R$ 1.889.595,50 e R$ 4.752.530,77, conforme cópia razão conta "SERVIÇOS PRESTADOS". Portanto, os valores lançados à época estavam a menor em R$ 99.999,70 e R$7.829,12; IV.2.6 Nos meses de julho e agosto de 2006 os valores corretos são R$ 4.101.961,52 e R$ 6.338.601,89, conforme cópia razão conta "SERVIÇOS PRESTADOS". Portanto, quanto aos valores lançados à época o mês de julho foi lançado a maior em R$ 1.545,06 e o do mês de agosto foi lançado a menor em R$ 1.515,06; IV.3 Que das informações prestadas pela diligenciada em confronto com as planilhas elaboradas à época da citada fiscalização ficou evidenciado que da base de cálculo fizeram parte as receitas financeiras, as quais constam das planilhas elaboras à época mais especificamente na coluna "OUTRAS RECEITAS (C), conforme abaixo discriminado: Fl. 544DF CARF MF Processo nº 10435.000531/200721 Resolução nº 3402001.410 S3C4T2 Fl. 545 9 IV.3 Quanto aos pagamentos indevidos ou a maior que o contribuinte afirma ter efetuado não pudemos identificálos, tendo em vista, que o mesmo não apresentou documentos que comprovassem ou justificassem os questionamentos dessa fiscalização, bem como, não apresentou a documentação necessária a comprovação dos aludidos pagamentos, supostamente efetuados a maior, nos períodos relacionados no referido processo administrativo fiscal. IV.4 Quanto as receitas não operacionais ou de simples ganho de capital o contribuinte apresentou em suas planilhas os valores referentes as receitas financeiras obtidas nos períodos fiscalizados, os quais, encontramse devidamente identificados, conforme tabela item IV.2 acima. No entanto, não nos foi apresentado qualquer outro documento ou lançamento contábil referente a outras receitas não operacionais os de simples ganho de capital". Por outro giro, em 19/03/2018, a Recorrente em sua Manifestação após ser cientificada da Diligência, discordando das informações do Fisco, aduz as seguintes considerações (fls. 323/325): "(...) Primeiramente, é de se destacar que na tabela constante da fl. 04 das informações prestadas, no mês de set/2006, 3ª coluna, Valores informados pela diligenciada, consta o valor de R$ 26.925.948,43. Este valor jamais foi informado pela diligencidada. Ademais, em momento algum a Empresa informou à fiscalização que não auferiu receita de serviços nos meses de fev e mar/2004. Fl. 545DF CARF MF Processo nº 10435.000531/200721 Resolução nº 3402001.410 S3C4T2 Fl. 546 10 Conforme planilhas de apuração contábil da época a receita de fevereiro/2004 foi de R$ 2.737.045,06 (receita a maior do que a fiscalização de r$ 382,04). Conforme planilhas de apuração contábil da época a receita de mar/2004 foi de R$ 2.859.615, 21(receita a maior do que a fiscalização de r$ 5.636,33). Conforme planilhas de apuração contábil da época a receita de jul/2004 foi de R$ 4.576.927,82 (receita a menor do que a fiscalização de r$ 76.713,72). Conforme planilhas e demais documentos ora acostados, houve pagamento a maior de PIS de fev a jun/2004, totalizando um crédito de R$ 75.462,18. Conforme planilhas de apuração contábil da época a receita de fev/2005 foi de R$ 1.789.595,80 (receita a menor do que a fiscalização de r$ 99.999,70). Conforme planilhas de apuração contábil da época a receita de maio/2005 foi de R$ 4.744.701,65 (receita a menor do que a fiscalização de r$ 7.829,12). Conforme planilhas de apuração contábil da época a receita de maio/2006 foi de R$ 4.103.506,58(receita a maior do que a fiscalização de r$ 1.545,06). Conforme planilhas de apuração contábil da época a receita de ago/2006 foi de R$ 6.337.086,83 (receita a menor do que a fiscalização de r$ 1.515,06). Como se depreende da documentação anexada (planilhas de apuração, DCTFs), a fiscalização não considerou pagamentos realizados no ano 2004 no valor R$ 75.462,18 mediante lançamentos contábeis, compensação, nem créditos oriundos de retenção na fonte. Por fim, importa destacar que, ainda que a fiscalização ao realizar a diligência determinada pelo CARF, tenha encontrados valores supostamente divergentes, não poderá haver reforma do lançamento para piorar a situação do contribuinte. Assim, a Recorrente requer sejam juntados aos autos os presentes esclarecimentos e demais documentos ora acostados que demonstram cabalmente os equívocos incorridos pelo Sr. Auditor na realização da diligência". (Grifei) É o relatório. Resolução Conselheiro Waldir Navarro Bezerra, Relator Em que pese os argumentos e documentos acostados aos autos, do exame dos elementos comprobatórios anexados pela Recorrente em sua Manifestação pós realização da diligência, constatase que, no caso vertente, resta dúvidas para se apurar a correta composição da base de cálculo da contribuição para o PIS e da COFINS e eventuais pagamentos não considerados pela Fiscalização. Fl. 546DF CARF MF Processo nº 10435.000531/200721 Resolução nº 3402001.410 S3C4T2 Fl. 547 11 Ante ao exposto, nos termos do art. 18 e 29 do Decreto nº 70.235/72, voto no sentido de converter novamente o presente julgamento em diligência, para que a Unidade Local (DRF/Caruaru (PE), proceda o seguinte: a) Informar, se com base nos documentos anexados aos autos junto a Manifestação da Recorrente pós diligência (fls. 328/515 documentos, planilhas de apuração, DCTFs), tem fundamento e comprovam a alegação de que a Fiscalização não considerou os pagamentos realizados no ano 2004 no valor R$ 75.462,18, mediante lançamentos contábeis, compensação, nem créditos oriundos de retenção na fonte; b) ao término dos trabalhos, a autoridade fiscal da DRF/Caruaru(PE), deverá elaborar Relatório Conclusivo sobre os fatos apurados na diligência, inclusive manifestando se sobre a existência (ou não) de pagamentos não considerados conforme alegado pela Recorrente; e c) Encerrada a instrução processual a Interessada deverá ser intimada para manifestarse no prazo de 30 (trinta) dias, conforme art. 35, parágrafo único, do Decreto nº 7.574, de 29 de setembro de 2011. Após, os autos deverão retornar a este Colegiado para que se dê prosseguimento do julgamento. É como voto a presente Resolução. (assinatura digital) Waldir Navarro Bezerra Fl. 547DF CARF MF
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Numero do processo: 11131.720822/2013-64
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 28 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Oct 01 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Regimes Aduaneiros
Data do fato gerador: 14/08/2008, 12/06/2009
ADMISSÃO EM REPETRO. INCOTERM®. VALORAÇÃO ADUANEIRA. NEGATIVA DE ESSENCIALIDADE/RELEVÂNCIA.
Na admissão temporária de embarcações no regime de REPETRO, por arrendamento, sem compra e venda, a informação prestada sobre o INCOTERM®, no momento da admissão no regime, não é essencial nem determinante para definição do valor aduaneiro, como imputado pela fiscalização, visto que nas operações distintas da compra e venda não se aplica o primeiro método de valoração, e que caso ocorra um descumprimento do regime, o valor inicialmente informado na admissão não vincula a valoração da nacionalização, cabendo o registro adicional de que, no caso em análise, mesmo depois da ação fiscal, seguida de conjecturas sobre a possibilidade de afetação do valor, acatou-se o valor aduaneiro informado.
Numero da decisão: 3401-005.290
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Rosaldo Trevisan Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros Rosaldo Trevisan (presidente), Marcos Roberto da Silva (suplente), Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Lázaro Antonio Souza Soares, Cássio Schappo, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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PETROBRAS Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: REGIMES ADUANEIROS Data do fato gerador: 14/08/2008, 12/06/2009 ADMISSÃO EM REPETRO. INCOTERM®. VALORAÇÃO ADUANEIRA. NEGATIVA DE ESSENCIALIDADE/RELEVÂNCIA. Na admissão temporária de embarcações no regime de REPETRO, por arrendamento, sem compra e venda, a informação prestada sobre o INCOTERM®, no momento da admissão no regime, não é essencial nem determinante para definição do valor aduaneiro, como imputado pela fiscalização, visto que nas operações distintas da “compra e venda” não se aplica o primeiro método de valoração, e que caso ocorra um descumprimento do regime, o valor inicialmente informado na admissão não vincula a valoração da nacionalização, cabendo o registro adicional de que, no caso em análise, mesmo depois da ação fiscal, seguida de conjecturas sobre a possibilidade de afetação do valor, acatouse o valor aduaneiro informado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan – Presidente e Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 13 1. 72 08 22 /2 01 3- 64 Fl. 2255DF CARF MF 2 Participaram do presente julgamento os conselheiros Rosaldo Trevisan (presidente), Marcos Roberto da Silva (suplente), Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Lázaro Antonio Souza Soares, Cássio Schappo, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente). Relatório Versa o presente sobre o Auto de Infração de fls. 2 a 61, lavrado em 30/06/2013, para exigência de multa por informação incorreta do INCOTERM utilizado, prevista no art. 84 da Medida Provisória no 2.15835/2001, em valor de R$ 7.512.815,00, nas declarações de importação (DI) no 08/12516332 e no 09/07412119, conforme detalhamento em Relatório de Encerramento da Ação Fiscal (REAF). No REAF (fls. 10 a 28), narra a fiscalização que: (a) em verificação da exatidão das informações prestadas nas duas DI citadas, que tratam de importações de dois navios transportadores de gás natural liquefeito (GNL), equipados com planta de regaseificação, sob o regime especial de admissão temporária, e após análise dos contratos de afretamento, foram identificados pontos relevantes para definição dos INCOTERMS, e demandados outros documentos; (b) pelas informações prestadas pela empresa, concluise que o INCOTERM declarado (FCA) não reflete a realidade da operação, e que deveria ter sido utilizado algum INCOTERM do Grupo “D” (o INCOTERM que reflete a realidade contratual é o “DDP”, considerando que os contratos estabelecem que os exportadores estrangeiros proprietários das embarcações respondem inclusive pelos tributos aduaneiros no desembaraço no local de destino dos bens – Brasil – cf. cláusulas 2.15 a 2.19 dos contratos de afretamento); (c) intimada a esclarecer o INCOTERM utilizado, a empresa informou que “dada a complexidade do contrato, não existe um INCOTERM que traduza perfeitamente a situação fática praticada sob os termos contratuais”; e (d) o INCOTERM é uma informação essencial para definição das responsabilidades dos intervenientes nas operações de comércio internacional, inclusive determinante para aferição as parcelas componentes do valor aduaneiro, sendo, por consequência, exigível a multa prevista no art. 84 da Medida Provisória no 2.15835/2001, no percentual de 1% do valor da mercadoria. Ciente da autuação em 17/07/2013 (fl. 2094), a empresa apresentou impugnação em 16/08/2013 (fls. 2097 a 2106), sustentando, basicamente, que: (a) a fiscalização entendeu de forma equivocada que, à luz dos contratos firmados entre a empresa e os exportadores das embarcações, os INCOTERMS aplicáveis à espécie não seriam do Grupo “F” (mais especificamente o INCOTERM “FCA, declarado), mas do Grupo “D” (sendo que o INCOTERM “DDP”, que sequer é aceito pela RFB, conforme Manual de Importação constante do sítio web do órgão, refletiria, segundo a fiscalização, a realidade contratual encontrada); (b) a substância deve prevalecer sobre a forma, e o INCOTERM “FCA” era o que mas se aproximava das condições contratuais, tendo sido a própria empresa a titular dos despachos de importação dos navios; (c) as embarcações ingressaram no país sob o regime de admissão temporária, com suspensão total de tributos incidentes, caso em que o valor aduaneiro, ainda que tivesse sido apurado de forma equivocada, não ocasionaria prejuízo ao fisco, ou ao controle aduaneiro; (d) há precedente (Acórdão DRJ FOR 0825.741, de 12/06/2013 – processo administrativo no 11762.720090/201203), no sentido de que somente se aplica a multa de um por cento ao beneficiário do regime que prestar de forma inexata ou incompleta informação de 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 2256DF CARF MF Processo nº 11131.720822/201364 Acórdão n.º 3401005.290 S3C4T1 Fl. 2.256 3 natureza administrativotributária, cambial ou comercial, se ficar demonstrado o prejuízo à determinação do controle aduaneiro apropriado. Em 02/02/2017 ocorre o julgamento de primeira instância (fls. 2176 a 2183), no qual se decide unanimemente pela improcedência da impugnação, sob os seguintes fundamentos: (a) nas DI objeto do lançamento, embora o importador tenha informado o INCOTERM “FCA”, segundo o qual o custo do frete seria por suas expensas, não houve qualquer informação de frete ou seguro nos campos apropriados, e a legislação aplicável determina que a informação correta destes valores é de extrema importância, já que há previsão legal para que os gastos relativos ao transporte e seguro da mercadoria importada, até a chegada ao porto de descarga integrem o valor aduaneiro; (b) a informação do INCOTERM é necessária a determinação do controle aduaneiro apropriado tanto que a IN RFB no 680/2006, que disciplina o despacho de importação, em seu anexo único estabelece a exigência de tal informação; (c) o fato de não ser admissível o INCOTERM “DDP” no Brasil não isenta o importador do erro; (d) o fato de o importador ter registrado a DI não enseja a conclusão de que o INCOTERM mais apropriado seria o “FCA”; e (e) a jurisprudência administrativa não apresenta caráter vinculante, salvo nos casos expressos em lei. Após a ciência da decisão de piso, em 13/02/2017 (fl. 2190), a empresa apresentou recurso voluntário em 14/03/2017 (fls. 2194 a 2206), reiterando os argumentos expostos na impugnação, e acrescentando que eventual equívoco na indicação do INCOTERM não tem o condão de, por si só, caracterizar prejuízo ao controle aduaneiro, cabendo à fiscalização demonstrar o prejuízo alegado, como vem decidindo o CARF (mencionando os Acórdãos no 3402002.358, no 3401002.543 e no 3302003.198), e o Poder Judiciário (justamente em relação a INCOTERM, em caso análogo ao aqui discutido REsp no 1.632.351CE). O processo foi encaminhado ao CARF, sendo a mim distribuído, por sorteio, em abril de 2018. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, Relator O recurso voluntário atende os requisitos de admissibilidade, dele se tomando conhecimento. Há apenas um tema contencioso, nos autos: a imputação da multa prevista no art. 84 da Medida Provisória no 2.15835/2001, com o acréscimo trazido pelo art. 69 da Lei no 10.833/2003: “Art. 84. Aplicase a multa de um por cento sobre o valor aduaneiro da mercadoria: Fl. 2257DF CARF MF 4 I classificada incorretamente na Nomenclatura Comum do Mercosul, nas nomenclaturas complementares ou em outros detalhamentos instituídos para a identificação da mercadoria; ou (...)” “Art. 69. A multa prevista no art. 84 da Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001, não poderá ser superior a 10% (dez por cento) do valor total das mercadorias constantes da declaração de importação. § 1o A multa a que se refere o caput aplicase também ao importador, exportador ou beneficiário de regime aduaneiro que omitir ou prestar de forma inexata ou incompleta informação de natureza administrativotributária, cambial ou comercial necessária à determinação do procedimento de controle aduaneiro apropriado. § 2o As informações referidas no § 1o, sem prejuízo de outras que venham a ser estabelecidas em ato normativo da Secretaria da Receita Federal, compreendem a descrição detalhada da operação, incluindo: I identificação completa e endereço das pessoas envolvidas na transação: importador/exportador; adquirente (comprador)/fornecedor (vendedor), fabricante, agente de compra ou de venda e representante comercial; II destinação da mercadoria importada: industrialização ou consumo, incorporação ao ativo, revenda ou outra finalidade; III descrição completa da mercadoria: todas as características necessárias à classificação fiscal, espécie, marca comercial, modelo, nome comercial ou científico e outros atributos estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal que confiram sua identidade comercial; IV países de origem, de procedência e de aquisição; e V portos de embarque e de desembarque.” (grifo nosso) Afirma a fiscalização que a empresa, ao admitir duas embarcações (navios tanque – código NCM 8901.20.00) no regime aduaneiro especial de REPETRO, com suspensão total da exigibilidade de tributos, informou que os INCOTERMS foram FCA, e que, analisando os contratos correspondentes, verificase que a operação não se enquadra nos INCOTERMS do Grupo “F”, mas do Grupo “D”, adicionando que a informação a respeito do INCOTERM é fundamental na determinação do valor aduaneiro das mercadorias e da responsabilidade perante a legislação aduaneira brasileira. As declarações de importação DI no 08/12516332 (fls. 131 a 133), registrada em 14/08/2008, e DI no 09/07412119 (fls. 188 a 190), registrada em 12/06/2009, trazem, respectivamente, as seguintes informações: Fl. 2258DF CARF MF Processo nº 11131.720822/201364 Acórdão n.º 3401005.290 S3C4T1 Fl. 2.257 5 É incontroverso, assim, que o INCOTERM declarado foi o “FCA”. Paira o contencioso, então, na análise de duas variáveis: (a) se o INCOTERM utilizado foi incorreto; e (b) se a informação do INCOTERM correto é necessária à determinação do procedimento de controle aduaneiro apropriado, para os fins a que se refere o art. 69 da Lei no 10.833/2003, no caso em apreço. Antes de empreender a análise de tais variáveis, no entanto, cabe tecer algumas considerações sobre os INCOTERMS®, que passaremos, em nosso voto, a informar com o acompanhamento do símbolo de registro, como o faz a entidade criadora, a “Câmara de Comercio Internacional” (CCI)/“International Chamber of Commerce” (ICC), inclusive em seu sítio web (https://iccwbo.org), e como fizemos em estudo recente (O imposto de importação e o Direito Aduaneiro Internacional, LEX/Aduaneiras, 2018, p. 290292), de onde extraímos os esclarecimentos a seguir. Os INCOTERMS® são termos internacionais de comércio propostos pela CCI/ICC com o objetivo de facilitar o comércio entre vendedores e compradores de diferentes países, delimitando objetivamente as responsabilidades e custos de cada um. Tais regras não constituem normas internacionais em sentido estrito, nem são de observância obrigatória, e não derivam de um acordo internacional entre países, mas de uma elaboração vinda do setor comercial.2 2 A ICC é uma entidade não governamental, fundada em 1919, e que hoje agrupa centenas de milhares de companhias e associados em mais de 120 países. A câmara busca criar formas de simplificação e padronização de práticas comerciais, nas mais variadas áreas, sendo, os INCOTERMS®, um de seus produtos mais notórios e aplicados mundialmente. A primeira edição dos INCOTERMS® foi veiculada em 1936, e, de tempos em tempos, a ICC publica novas versões, de modo a refletir as mudanças nas práticas de comércio. Após as versões subsequentes, de 1953, 1967, 1976, 1980, 1990, e 2000, chegase à atual, publicada em 2010, e em aplicação desde 01/01/2011. Sobre o histórico dos INCOTERMS®, remetese a Ângelo Luiz LUNARDI, principal Fl. 2259DF CARF MF 6 A versão atual dos INCOTERMS®, de 2010, veiculada pela Publicação no 715, da ICC, contém 11 termos de comércio, subdivididos em 4 Grupos. No Grupo E – “de partida”, ou de “mínima obrigação para o exportador”, a mercadoria é entregue ao comprador no estabelecimento do vendedor, com apenas um termo: EXW (Ex Works);3 No Grupo F – de “transporte principal não pago pelo exportador” – a mercadoria é entregue a um transportador internacional indicado pelo comprador, com três termos: FCA (Free Carrier), FAS (Free Alongside Ship) e FOB (Free on Board);4 No Grupo C – de “transporte principal pago pelo exportador” – o vendedor contrata o transporte, sem assumir riscos por perdas ou danos às mercadorias ou custos adicionais decorrentes de eventos ocorridos após o embarque e despacho, havendo diferença de amplitude entre custos e riscos; com quatro termos: CFR (Cost and Freight), CIF (Cost, Insurance and Freight), CPT (Carriage paid to), e CIP (Carriage and Insurance paid to); e5 Por fim, no Grupo D – de “chegada”, ou de “máxima obrigação para o exportador” – o vendedor se responsabiliza por todos os custos e riscos para colocar a tradutor, no Brasil, dos termos, visto que, por não constituírem rigorosamente normas, mas “standards”/padrões, os INCOTERMS® não são, oficialmente, publicados em língua portuguesa, mas comercializados por quem detém os direitos correspondentes. LUNARDI apresenta a história dos INCOTERMS® e de seu principal “rival”, bem menos popular, as “American Foreign Trade Definitions”/“Definições Americanas de Comércio Exterior”, atestando a indiscutível aceitação universal dos temos existentes – Condições de Compra e Venda – INCOTERMS® 2010, p. 3031. A história dos INCOTERMS® pode ainda ser visualizada, de forma mais detalhada, no sítio eletrônico da ICC, disponível em: <http://www.iccwbo.org/productsandservices/trade facilitation/incoterms2010/historyoftheincotermsrules/>, acesso em: 03 jul. 2016. 3 No termo EXW, utilizável em qualquer modalidade de transporte, o vendedor limitase a colocar a mercadoria à disposição do comprador no seu domicílio, no prazo estabelecido, não se responsabilizando pelo desembaraço para exportação nem pelo carregamento da mercadoria em qualquer veículo coletor. A Resolução CAMEX no 21, de 07/04/2011, estabelece, ainda, que, em virtude de o comprador estrangeiro não dispor de condições legais para providenciar o desembaraço para saída de bens do país, fica subentendido que esta providência é adotada pelo vendedor, sob suas expensas e riscos, no caso da exportação brasileira. 4 No termo FCA, utilizável em qualquer modalidade de transporte, o vendedor completa suas obrigações e encerra sua responsabilidade quando entrega a mercadoria, desembaraçada para a exportação, ao transportador ou a outra pessoa indicada pelo comprador, no local nomeado do país de origem. No termo FAS, utilizável exclusivamente no transporte aquaviário, marítimo ou hidroviário interior, o vendedor encerra suas obrigações no momento em que a mercadoria é colocada, desembaraçada para exportação, ao longo do costado do navio transportador indicado pelo comprador, no cais ou em embarcações utilizadas para carregamento da mercadoria, no porto de embarque nomeado pelo comprador. E, no termo FOB, também utilizável exclusivamente no transporte aquaviário, o vendedor encerra suas obrigações e responsabilidades quando a mercadoria, desembaraçada para a exportação, é entregue, arrumada, a bordo do navio, no porto de embarque, ambos indicados pelo comprador, na data ou dentro do período acordado. 5 No termo CFR, utilizável exclusivamente no transporte aquaviário, além de arcar com obrigações e riscos previstos para o termo FOB, o vendedor contrata e paga frete e custos necessários para levar a mercadoria até o porto de destino combinado. No termo CIF, igualmente utilizável somente no transporte aquaviário, além de arcar com obrigações e riscos previstos para o termo FOB, o vendedor contrata e paga frete, custos e seguro relativos ao transporte da mercadoria até o porto de destino combinado. No termo CPT, utilizável em qualquer modalidade de transporte, além de arcar com obrigações e riscos previstos para o termo FCA, o vendedor contrata e paga frete e custos necessários para levar a mercadoria até o local de destino combinado. E, por fim, no termo CIP, também utilizável em qualquer modalidade de transporte, além de arcar com obrigações e riscos previstos para o termo FCA, o vendedor contrata e paga frete, custos e seguro relativos ao transporte da mercadoria até o local de destino combinado. Fl. 2260DF CARF MF Processo nº 11131.720822/201364 Acórdão n.º 3401005.290 S3C4T1 Fl. 2.258 7 mercadoria no local de destino, com três termos: DAT (Delivered at Terminal), DAP (Delivered at Place) e DDP (Delivered Duty paid).6 Assim, em vez de ser redigido um contrato de diversas páginas para indicar os riscos e as responsabilidades das partes, utilizase um simples código, com três letras, que é suficiente para esclarecer todos esses atributos, inclusive em caráter internacional. E, por mais que não constituam norma, nem sejam de observância obrigatória, os INCOTERMS® são adotados na quase totalidade das operações comerciais, mundialmente, revelando a força e a importância da “lex mercatoria”, no comércio internacional, e são citados nas legislações, que pressupõem seu conhecimento. No Brasil, a Resolução CAMEX no 21/2011, apesar de informar que, nas exportações e importações brasileiras, “... serão aceitas quaisquer condições de venda praticadas no comércio internacional, desde que compatíveis com o ordenamento nacional”, faz expressa menção individualizada aos INCOTERMS®, demandando o preenchimento de um campo, na declaração de importação, com três dígitos.7 E o Regulamento Aduaneiro brasileiro faz menção explícita aos termos FOB (artigo 153) e CIF (artigo 190). Daí sua importância para o imposto de importação, porque a identificação precisa da operação, inclusive no que se refere a elementos a adicionar ou excluir da base de cálculo do imposto, depende do conhecimento do termo eventualmente utilizado. Voltando ao caso em análise, percebemos que os fatos narrados se referem a 2008 e 2009, quando eram aplicados os INCOTERMS® 2000 (e não os termos de 2010, constantes de nossa explicação – os INCOTERMS® 2010, entre outras alterações, consolidaram o Grupo “D” existente em 2000, que era composto por “DAF”, “DES”, “DEQ” e “DDU”, que foram extintos, sendo criados o “DAT” e o “DAP”). Como exposto, nunca foi (e não é) obrigatória a utilização de INCOTERMS® no comércio internacional ou no comércio exterior brasileiro, e tais termos de comércio não derivam de um acordo celebrado entre governos, ou fruto de uma organização internacional 6 No termo DAT, utilizável em qualquer modalidade de transporte, o vendedor completa suas obrigações e encerra sua responsabilidade quando a mercadoria é colocada à disposição do comprador, na data ou dentro do período acordado, num terminal de destino nomeado – cais, terminal de contêineres ou armazém, dentre outros – descarregada do veículo transportador mas não desembaraçada para importação. No termo DAP, também utilizável em qualquer modalidade de transporte, por sua vez, o vendedor completa suas obrigações e encerra sua responsabilidade quando coloca a mercadoria à disposição do comprador, na data ou dentro do período acordado, num local de destino indicado que não seja um terminal, pronta para ser descarregada do veículo transportador e não desembaraçada para importação. E, por fim, no termo DDP, igualmente utilizável em qualquer modalidade de transporte, o vendedor completa suas obrigações e encerra sua responsabilidade quando a mercadoria é colocada à disposição do comprador, na data ou dentro do período acordado, no local de destino designado, no país importador, não descarregada do meio de transporte, sendo que o vendedor, além do desembaraço, assume todos os riscos e custos, inclusive impostos, taxas e outros encargos incidentes na importação, cabendo registrar que a Resolução CAMEX no 21/2011 estabelece que, em virtude de o vendedor estrangeiro não dispor de condições legais para providenciar o desembaraço para entrada de bens do País, o termo DDP não pode ser utilizado em importações brasileiras, devendo ser escolhido o DAT ou o DAP, no caso de preferência por condição disciplinada pela ICC. 7 Os três dígitos devem ser preenchidos com as letras correspondentes aos INCOTERMS®, ou com “C+F”, para ser referir a “custo mais frete”; “C+I”, para remeter a custo mais seguro, ou, ainda, “OCV”, no caso de “outra condição de venda”. Fl. 2261DF CARF MF 8 composta por participantes que sejam Estados (pessoas jurídicas de Direito Internacional Público), mas lex mercatória (derivada de avenças surgidas da própria praxe do comércio, ou por parte de representantes de comerciantes, organizados, nacional e internacionalmente). Aliás, os INCOTERMS®, em sua versão completa, não são publicados em diário oficial, mas comercializados. Tais termos de comércio, embora utilizados correntemente em grande parte do mundo, ainda não estavam positivados em ato normativo que os explicitasse individualizadamente no Brasil, como a Resolução CAMEX no 21/2011, que, após explicar os termos, convencionou siglas para condições de venda não mencionadas na publicação no 715E, de 2010, da ICC, que trata dos INCOTERMS® 2010, inclusive a genérica “OCV” (“outra condição de venda”). Resta saber se antes da referida Portaria CAMEX de 2011 era possível ao importador (ou ao beneficiário do regime, no caso, que registrou declarações em 2008 e 2009) informar um código distinto daqueles usados nos INCOTERMS®. Em consulta à tabela histórica do SISCOMEX (em https://www35.receita.fazenda.gov.br/tabaduaneirasweb/private/pages/telaInicial.jsf), vêse que desde 01/10/1992 era possível informar na declaração de importação o código “INI”, que significava “INCOTERM NÃO IDENTIFICADO”, e que tal possibilidade durou até 16/09/2011, pouco depois de surgir a nova sigla “OCV” (“OUTRA CONDIÇÃO DE VENDA”), em 22/12/2010. INCOTERM Condição de Venda Dados Gerais Código INI Descrição INCOTERM NAO IDENTIFICADO Início de Vigência 01/10/1992 Fim de Vigência 16/09/2011 Código OCV Descrição OUTRA CONDICAO DE VENDA Início de Vigência 22/12/2010 Fim de Vigência Assim, caso a importadora ou beneficiária de regime aduaneiro entendesse que a condição de venda a ser informada não poderia ser bem enquadrada em nenhum INCOTERM®, no período analisado (2008/2009), poderia informar o código “INI”. Em síntese, as edições anteriores dos INCOTERMS® (como a de 2000, que norteia o caso em análise) representam, como a atual, uma coleção de termos de comércio internacionalmente aceitos, que revelam a condição de venda (condição esta que sempre foi de informação necessária à fiscalização). Entendemos, então, que a condição de venda é indiscutivelmente necessária ao tratamento tributário e aduaneiro, visto que é a partir dela que se compõe a base de cálculo do imposto de importação. Por exemplo, se a condição de venda (seja ela ou não um INCOTERM®) não incluir frete, o fisco terá que somar o valor de frete ao preço indicado na fatura, para obtenção do valor aduaneiro (base de cálculo do imposto de importação, segundo o Acordo para Implementação do Artigo VII do GATT). Fl. 2262DF CARF MF Processo nº 11131.720822/201364 Acórdão n.º 3401005.290 S3C4T1 Fl. 2.259 9 Não podemos olvidar, no entanto, que estamos, no caso em análise, a tratar de uma admissão temporária ao amparo do REPETRO (regime aduaneiro especial detalhado nos artigos 458 a 462 do Regulamento Aduaneiro – Decreto no 6.759/2009), e não de uma importação definitiva. Assim, o dado informado para efeito de valoração aduaneira é menos relevante, não só pelo fato de que não haver “compra e venda” inviabiliza a utilização do primeiro método de valoração aduaneira, mas porque a própria legislação nacional que rege a matéria (IN SRF no 327/2003) textualmente afirma que a valoração não se reveste de tanta relevância no momento da admissão no regime: “VALORAÇÃO ADUANEIRA EM REGIMES ADUANEIROS ESPECIAIS Art. 34. O valor aduaneiro de mercadoria admitida em regime aduaneiro especial, cuja importação não tenha como fundamento uma venda para exportação para o País, deverá ser declarado com base nos documentos da operação comercial, conformes à prática do tipo de negócio. § 1º Na hipótese deste artigo a autoridade aduaneira poderá decidir pela adoção de procedimentos fiscais de valoração aduaneira na admissão das mercadorias no regime, visando à correta determinação dos valores tributários para fins de responsabilização do beneficiário, ou de exigência dos tributos devidos quando for o caso. (...) Art. 35. Na hipótese de descumprimento das regras de permanência da mercadoria no regime ou no caso de despacho para consumo, a valoração da mercadoria para fins de exigência tributária não se limita pelo valor declarado por ocasião de sua admissão no regime. Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, a execução do termo de responsabilidade não prejudica a apuração e a exigência de eventual diferença de tributos, em decorrência da determinação do correto valor aduaneiro, que deverá ser objeto de lançamento.” (grifo nosso) Vejase que a valoração aduaneira em regimes aduaneiros especiais pode ser efetuada no momento da nacionalização, no Brasil, e o valor declarado na admissão do regime não prejudica a apuração posterior do valor aduaneiro da mercadoria. Isso faz com que a informação do INCOTERM® reduza substancialmente em importância, visto que, se descumprido o regime, não está a fiscalização adstrita ao que informou o importador na admissão. No procedimento em análise, parece a fiscalização ter tentado acautelarse em relação a eventual descumprimento com a medida referida no art. 34, § 1o da IN SRF no 327/2003, buscando saber se havia “seguro” e “frete” a acrescentar ao valor dos naviostanque indicados pela empresa como importados ao amparo do INCOTERM® CIF, o que, de início, já constituiria um problema, por parecer o fisco utilizar o primeiro método de valoração para uma operação que não é de “compra e venda”. Fl. 2263DF CARF MF 10 No caso em análise, o INCOTERM® 2000 informado, como aqui exposto, de início, foi o “FCA” (Free Carrier), termo de comércio que não sofreu substantiva alteração com o advento dos INCOTERMS® 2010, e designa a operação em que o vendedor é responsável até a entrega da mercadoria, desembaraçada para a exportação, ao transportador ou a outra pessoa indicada pelo comprador, no local nomeado do país de origem, em qualquer meio de transporte. Assim, frete internacional e seguro internacional (parcelas que compõem o “valor aduaneiro”, base de cálculo do imposto de importação) estariam a cargo do importador, se fosse levada a cabo valoração pelo primeiro método, o que já mostramos ser inviável a casos de admissão temporária, como o arrendamento no regime de REPETRO. Portanto, quando se informa o INCOTERM® “FCA”, a apuração do valor aduaneiro demandaria inclusão de frete e seguro, se fosse a operação uma “compra e venda”. Em ambas as DI, objeto da autuação (fl. 131 e 188), os valores de frete e seguro foram apontados como R$ 0,00, não se somando ao VMLE (valor da mercadoria no local de embarque), para determinação do valor aduaneiro: Quanto ao frete, cabe destacar que as embarcações chegaram ao país por “meios próprios”. E, no que se refere ao seguro, ambas as DI trazem a informação de que a carga não foi objeto de seguro (fls. 132 e 189): Ao que parece, a fiscalização efetivamente desejava, de início, efetuar valoração aduaneira dos dois naviostanque, buscando saber qual seria o valor do seguro. Daí ter solicitado contratos de câmbio e seguro, e planilha de custos com combustíveis realizados durante a viagem do porto de origem no exterior ao porto de destino no Brasil, como se narra à fl. 10. O que se segue é uma sucessão de suposições, por parte da fiscalização, que busca encontrar nos contratos respostas que amoldem o caso a um INCOTERM® (que provavelmente seria do Grupo “D”, porque entendeu o fisco que havia discrepância em relação ao grau de responsabilidade e risco de importador e exportador), e que, no máximo, lograram uma relevante confissão por parte da empresa beneficiária do regime, depois de variadas Fl. 2264DF CARF MF Processo nº 11131.720822/201364 Acórdão n.º 3401005.290 S3C4T1 Fl. 2.260 11 intimações: a de que “...dada a complexidade do contrato, não existe um INCOTERM que traduza perfeitamente a situação fática praticada sobre os termos contratuais”. Já havia, então, uma infração, ao menos formal: o beneficiário do regime teria informado nas DI o INCOTERM® “FCA” quando, em verdade, sabia que a operação não era perfeitamente enquadrável em nenhum INCOTERM. No entanto, como já dissemos, pouco relevante o erro, visto que se trata de regime que não versa sobre operação de “compra e venda”, e que a ausência de valoração não prejudica a correta apuração posterior (em caso de descumprimento). Mas a fiscalização insistiu em efetuar valoração aduaneira da operação, diga se, sem sucesso, não só porque fundada em método inaplicável a operação diversa da “compra e venda”, mas porque segue no reino das suposições, buscando, com base em operações efetuadas anteriormente nas embarcações, e respectivos seguros, comparando com operações posteriores, e conjecturando que seria “no mínimo estranho” que a empresa pague o equivalente a 183,6% e 175,05% do valor aduaneiro declarado das embarcações a título de arrendamento em dez anos, quando seria mais lucrativo adquirir as embarcações, logo depois admitindo que (fl. 14): Ou seja, mesmo para efeitos da valoração acautelatória a que se refere o art. 34, § 1o da IN SRF no 327/2003, o trabalho de fiscalização foi inconclusivo. A única conclusão efetiva a que chega o fisco é equivocada: a de que deveria ser adotado um INCOTERM no qual o exportador estrangeiro responde inclusive pelos tributos aduaneiros no Brasil (que, digase, não foram exigidos dele, mas sim do importador, e constituídos em Termo de Responsabilidade com valores não afastados pelo autuante). INCOTERM esse que sequer é permitido no Brasil, como reconhece a defesa e a própria DRJ (que, entanto, releva essa circunstância). Assim, não podemos concordar com a conclusão da fiscalização, externada à fl. 15: Na admissão temporária de embarcações no regime de REPETRO, por arrendamento, sem compra e venda, a informação prestada sobre o INCOTERM®, no momento da admissão no regime, não é essencial nem determinante para definição do valor aduaneiro, Fl. 2265DF CARF MF 12 como imputado pela fiscalização, visto que nas operações distintas da “compra e venda” não se aplica o primeiro método de valoração, e que caso ocorra um descumprimento do regime, o valor inicialmente informado na admissão não vincula a valoração da nacionalização, cabendo o registro adicional de que, no caso em análise, mesmo depois da ação fiscal, seguida de conjecturas sobre a possibilidade de afetação do valor, acatouse o valor aduaneiro informado. Assim, embora reconheçamos incorreto o INCOTERM® utilizado, e que o beneficiário do regime tinha como informar, inclusive, código de três letras que não espelhasse perfeitamente nenhum INCOTERM® (“ICI” “INCOTERM NÃO IDENTIFICADO”), à época, tal incorreção não se amolda ao tipo infracional previsto no art. 84 da Medida Provisória no 2.15835/2001, com o acréscimo trazido pelo art. 69 da Lei no 10.833/2003, ou seja, não se pode afirmar, no caso, que a informação do INCOTERM® correto é necessária à determinação do procedimento de controle aduaneiro apropriado, na admissão ao regime. Endossamos, por fim, as considerações da instância de piso no que se refere à impossibilidade de simples acolhida de precedentes não vinculantes, administrativos e judiciais, e no que se sustenta que o simples fato de a empresa realizar os trâmites de admissão temporária tornaria mais apropriado o INCOTERM® “FCA”. Os precedentes, que, digase, podem existir, inclusive, em sentido diametralmente oposto, para uma mesma situação fática, prestamse a formação de convicção do julgador e como parâmetro de análise hermenêutica possível. E o fato de registrar a declaração de admissão no regime é uma entre uma dezena de fatores aptos a enquadrar uma operação em um INCOTERM®. Pelo exposto, voto por dar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Fl. 2266DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13896.721733/2012-38
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jul 26 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Oct 04 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2010
PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE.
Inexistência de elementos que justifiquem a identificação de ocorrência de prescrição intercorrente. A cronologia de acontecimentos identificam a normalidade e legalidade do trâmite processual.
PENSÃO ALIMENTÍCIA JUDICIAL.
O direito de deduzir dos rendimentos tributáveis os valores pagos a título de pensão alimentícia está vinculado aos termos determinados na sentença judicial ou acordo homologado judicialmente. Requerida a comprovação dos pagamentos efetuados aos beneficiários em atendimento a legislação tributária. Reconhecimento do direito à dedução quando cumpridos os requisitos.
DESPESAS MÉDICAS
Despesas médicas quando se referir a dependente legalmente comprovado ou a alimentado beneficiado por decisão judicial que definiu a pensão alimentícia em que conste expressamente a obrigação de pagar também despesas médicas.
DESPESAS COM INSTRUÇÃO
Reconhecimento da comprovação com pagamento de despesas com instrução realizada através da utilização de créditos junto à administradora de imóveis do Contribuinte.
Numero da decisão: 2001-000.580
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar suscitada e, no mérito, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário para excluir: a glosa da dedução referente à pensão alimentícia integralmente de Yasmin Lara Claramunt, até o limite decidido judicialmente, corrigido pelos índices lá definidos, para o ano-calendário de 2010; pensão alimentícia de Calípsia Pacheco da Silva a partir de 16/08/2010; despesa com instrução de Enrico Sommerfeld Claramunt, referente à Escola Morumbi e a glosa referente às despesas médicas.
(assinado digitalmente)
Jorge Henrique Backes - Presidente
(assinado digitalmente)
Jose Alfredo Duarte Filho - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Henrique Backes, Jose Alfredo Duarte Filho, Fernanda Melo Leal e José Ricardo Moreira.
Nome do relator: JOSE ALFREDO DUARTE FILHO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2010 PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. Inexistência de elementos que justifiquem a identificação de ocorrência de prescrição intercorrente. A cronologia de acontecimentos identificam a normalidade e legalidade do trâmite processual. PENSÃO ALIMENTÍCIA JUDICIAL. O direito de deduzir dos rendimentos tributáveis os valores pagos a título de pensão alimentícia está vinculado aos termos determinados na sentença judicial ou acordo homologado judicialmente. Requerida a comprovação dos pagamentos efetuados aos beneficiários em atendimento a legislação tributária. Reconhecimento do direito à dedução quando cumpridos os requisitos. DESPESAS MÉDICAS Despesas médicas quando se referir a dependente legalmente comprovado ou a alimentado beneficiado por decisão judicial que definiu a pensão alimentícia em que conste expressamente a obrigação de pagar também despesas médicas. DESPESAS COM INSTRUÇÃO Reconhecimento da comprovação com pagamento de despesas com instrução realizada através da utilização de créditos junto à administradora de imóveis do Contribuinte.
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Inexistência de elementos que justifiquem a identificação de ocorrência de prescrição intercorrente. A cronologia de acontecimentos identificam a normalidade e legalidade do trâmite processual. PENSÃO ALIMENTÍCIA JUDICIAL. O direito de deduzir dos rendimentos tributáveis os valores pagos a título de pensão alimentícia está vinculado aos termos determinados na sentença judicial ou acordo homologado judicialmente. Requerida a comprovação dos pagamentos efetuados aos beneficiários em atendimento a legislação tributária. Reconhecimento do direito à dedução quando cumpridos os requisitos. DESPESAS MÉDICAS Despesas médicas quando se referir a dependente legalmente comprovado ou a alimentado beneficiado por decisão judicial que definiu a pensão alimentícia em que conste expressamente a obrigação de pagar também despesas médicas. DESPESAS COM INSTRUÇÃO Reconhecimento da comprovação com pagamento de despesas com instrução realizada através da utilização de créditos junto à administradora de imóveis do Contribuinte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar suscitada e, no mérito, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário para AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 89 6. 72 17 33 /2 01 2- 38 Fl. 268DF CARF MF 2 excluir: a glosa da dedução referente à pensão alimentícia integralmente de Yasmin Lara Claramunt, até o limite decidido judicialmente, corrigido pelos índices lá definidos, para o ano calendário de 2010; pensão alimentícia de Calípsia Pacheco da Silva a partir de 16/08/2010; despesa com instrução de Enrico Sommerfeld Claramunt, referente à Escola Morumbi e a glosa referente às despesas médicas. (assinado digitalmente) Jorge Henrique Backes Presidente (assinado digitalmente) Jose Alfredo Duarte Filho Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Henrique Backes, Jose Alfredo Duarte Filho, Fernanda Melo Leal e José Ricardo Moreira. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra decisão de primeira instância que julgou improcedente a impugnação do contribuinte, em razão da lavratura de Auto de Infração de Imposto sobre a Renda de Pessoa Física – IRPF, por glosa de dedução de pensão alimentícia judicial e omissão de rendimentos. O lançamento da Fazenda Nacional exige do contribuinte a importância de R$ 17.593,25, a título de imposto de renda pessoa física suplementar, acrescida da multa de ofício de 75% e juros moratórios, referente ao anocalendário de 2010. No Despacho Decisório nº 086/2012 o Fisco aceitou parte da comprovação apresentada pelo Recorrente e reduziu o valor do Lançamento para R$ 15.820,22. O fundamento básico do lançamento, conforme consta da decisão de primeira instância, aponta como elemento da decisão da lavratura do lançamento o fato de que o Recorrente não teria comprovado integralmente o pagamento da pensão alimentícia aos beneficiários, embora tivesse apresentado o termo de acordo de separação consensual homologado judicialmente. A constituição do acórdão recorrido segue na linha do procedimento adotado na feitura do lançamento, notadamente no que se refere à falta de comprovação nos moldes que entende legalmente apropriado, nos termos que segue: O contribuinte supracitado foi intimado impugnar o valor do Imposto de Renda Pessoa Física suplementar do anocalendário de 2010 de R$ 17.593,25, com multa de ofício e juros de mora. Tal fato decorreu da dedução indevida de dependentes, no valor de R$ 3.616,56; da dedução indevida de despesas médicas, no valor de R$ 12.624,48; da dedução indevida de pensão alimentícia, no valor de R$ 61.225,84 e da dedução indevida com instrução, no valor de R$ 5.661,68. Dedução de Dependentes Fl. 269DF CARF MF Processo nº 13896.721733/201238 Acórdão n.º 2001000.580 S2C0T1 Fl. 269 3 A glosa da despesa com dependente não procede, pois o contribuinte é pai do menor Enrico Sommerfeld Claramunt, nascido em 27/03/2003, e casado com Patrícia Sommerfeld Claramunt, devendo ser cancelada a glosa de R$3.616,56. Tal glosa de dedução já foi objeto de cancelamento pela DRF de origem através do Termo Circunstanciado e do Despacho Decisório, de efls. 204 a 209. Dedução com Instrução Na despesa com instrução, fica comprovada a despesa com a dependente Patrícia Sommerfeld Claramunt, no limite individual de R$ 2.830,84, e deve ser indeferida a despesa do dependente Enrico Sommerfeld Claramunt, pois o valor pago para Red Balloon (curso de inglês) não pode ser aceito por falta de previsão legal, enquanto que os valores da Escola Morumbi de Alphaville Ltda foram pagos por GK Administradora de Bens S/S Ltda e não há prova de ônus do contribuinte. Embora o contribuinte alegue que os valores pagos pela GK Administradora de Bens S/S Ltda são seus recursos, pois esta pessoa jurídica é intermediadora de aluguéis recebidos pelo contribuinte, cuja informação consta de DIMOB e da declaração do contribuinte, e fez os pagamentos por pedido deste, não consta nenhuma procuração nos autos autorizando esta empresa a pagar para o dependente, nem algum demonstrativo contábil demonstrando que os valores pagos pela empresa saíram de valores de bens e direitos pertencentes ao contribuinte, de forma que este suportasse o ônus do pagamento. Meras alegações sem prova da assunção do ônus não podem ser aceitas. A aceitação parcial da dedução já foi objeto do Termo Circunstanciado e do Despacho Decisório, de efls. 204 a 209. Dedução Indevida de Pensão Alimentícia A dedução indevida de pensão alimentícia, no valor de R$ 61.225,84, é composta pela falta de comprovação do pagamento pelo contribuinte da alimentanda Yasmin Lara Claramunt e Calipsia Pacheco da Silva . Em ambas, o valor foi pago por GK Administradora de Bens S/S Ltda., não constando nenhuma procuração nos autos autorizando esta empresa a pagar para as alimentandas, nem algum demonstrativo contábil demonstrando que os valores pagos pela empresa saíram de valores de bens e direitos pertencentes ao contribuinte, de forma que este suportasse o ônus do pagamento. Meras alegações sem prova da assunção do ônus não podem ser aceitas. Ademais, a pensionista Calipsia Pacheco da Silva somente teve decisão judicial para receber alimentos em 16/08/2010 ( efls.234 a 236), não constando dos autos nenhuma outra decisão para pagar pensão antes desta data, sendo que o contribuinte, embora alegue existir decisão antecipando o pagamento da pensão, não trouxe a documentação comprobatória até a presente data. Fl. 270DF CARF MF 4 Para fins de esclarecimento, os valores pagos de instrução devido à decisão judicial que concede alimentos e despesa com instrução, deve ser aceito como despesa com instrução, até o limite legal permitido (R$ 2.830,84), e não como dedução como alimentos, conforme a legislação que rege o assunto, contida no item 378 do Livro Perguntas e Respostas do IRPF, abaixo transcrito: Dedução de Despesas Médicas O contribuinte teve glosada a dedução de despesas médicas, no valor de R$ 12.624,48, pois o pagamento os pagamentos foram realizada pela empresa GK Administradora de Bens Ltda, sem demonstração de ônus para o contribuinte. Em que pese o contribuinte alegar que os valores pagos pela GK Administradora de Bens S/S Ltda são seus recursos, pois esta pessoa jurídica é intermediadora de aluguéis recebidos pelo contribuinte, cuja informação consta de DIMOB e da declaração do contribuinte, e fez os pagamentos por pedido deste, não consta nenhuma procuração nos autos autorizando esta empresa a pagar para o dependente, nem algum demonstrativo contábil demonstrando que os valores pagos pela empresa saíram de valores de bens e direitos pertencentes ao contribuinte, de forma que este suportasse o ônus do pagamento. Alegações sem prova da assunção do ônus não podem ser aceitas. Destarte, voto no sentido de julgar improcedente a impugnação, na parte litigiosa mantida pela revisão da DRF de origem, mantendo o imposto suplementar no valor de R$ 15.820,22, com multa e juros de mora, nos termos da legislação. Assim, conclui o acórdão vergastado pela improcedência da impugnação para manter a exigência do Lançamento, com a redução determinada no despacho decisório da autoridade competente para R$ 15.820,22, como imposto suplementar, mais acréscimos legais. Por sua vez, com a decisão do Acórdão da DRJ, o Recorrente apresenta recurso voluntário com as considerações e argumentações que entende justificável ao seu procedimento, nos termos que segue: (...) Aos 06 de fevereiro de 2013 o Recorrente apresentou sua impugnação ao Despacho Decisório nº 87/2012, discordando dos lançamentos descritos, para tanto colecionou documentação hábil e idônea a fim de corroborar com a referida impugnação. Agora, aos 15 de maio de 2017, decorridos 4 anos da Impugnação, sobreveio a decisão colegiada – Acórdão 1058.2015, dissonando com as provas táticas e materiais colecionadas ao bojo do procedimento fiscalizatório. Portanto, a presente preliminar trata da prescrição intercorrente no curso do procedimento fiscal, pois patente a insegurança jurídica praticada pelo ente fiscal, ofendendo frontalmente o art. 1º em seu parágrafo 1º da Lei 9.873/99. (...) Assim sendo, poderia o Fisco apreciar a Impugnação e os documentos que a instruem dentro de prazo exíguo, obedecendo os Fl. 271DF CARF MF Processo nº 13896.721733/201238 Acórdão n.º 2001000.580 S2C0T1 Fl. 270 5 limites previsto na legislação, ou pelo menos se curvando ao Princípio da razoabilidade e moralidade, mas não permanecer em desarrazoada e indeterminado tempo para aferição. De tal sorte, que deverá ser acolhida a preliminar arguida para declarar a prescrição intercorrente do presente. DO MÉRITO DEDUÇÃO COM INSTRUÇÃO (...) Portanto, o contribuinte demonstrou através de documentação hábil e idônea ser pai do menor Enrico Sommerfeld Claramunt, e que este é seu dependente, que este estuda na Escola Morumbi, e apenas para saldar a obrigação da referida mensalidade escolar, utilizouse dos créditos seus, que detinha junto com a empresa, “GK Administradora de Bens S/S”, oriundos de recebíveis declarados e informados através de DIMOBs. DEDUÇÃO COM PENSÃO ALIMENTÍCIA Foi glosada as despesas de pensões alimentícias compotas pelas alimentadas Yasmin Lara Claramunt e Calípsia Pacheco da Silva, sob o argumento de terem sido pagas pela empresa “GK Administradora de Bens S/S”, e que não há nos Autos nenhuma procuração ou documento que demonstrem ter sido ônus do contribuinte, meras alegações sem prova. Ainda na glosa, alegou que a pensionista “Calipsia Pacheco da Silva” somente teve decisão judicial para receber alimentos em 16/08/2010. Como se observa nos documentos apresentados, DIMOBs, o contribuinte possui uma relação comercial com a referida empresa, cuja qual é uma administradora, que durante o referido exercício administrou o recebimento de valores oriundos de locações do Contribuinte, como se observa dos DIMOBs acostados. Após a realização dos recebimentos, a GK informava o saldo disponível ao contribuinte, e este por sua vez, solicitava e direcionava seus créditos aos pagamentos de suas obrigações, dentre elas com as pensões alimentícias. A relação entre o contribuinte e a empresa GK está demonstrada através dos DIMOBs juntados tanto pelo contribuinte como pela referida empresa, pois esta é obrada a fazêlo por força de legislação. O contribuinte demonstrou através de documentação hábil e idônea, decisão judicial a que lhe obriga prestar alimentos às suas filhas, foi considerado imposto por aquela decisão judicial, também como alimentos, o custeio pelo contribuinte de assistência médica e escolar. Para com a outra alimentada apenas foi determinado o pagamento mensal de valores, sem imposição de assistência médica e escolar. Fl. 272DF CARF MF 6 O contribuinte está obrigado a prestar alimentos a suas filhas Yasmin Lara Claramunt e Victoria Pacheco Cararamunt, sendo que esta segunda tem como genitora Calipsia Pacheco da Silva. O ente fiscal confundese, pois, os valores pagos à Calipsia Pacheco da Silva, destinaramse a alimentada Victoria Pacheco (filha), nascida em 01/07/1998. A pesar de haver de somente imposição judicial após 2010, em ação de alimentos, contudo contribuinte sempre prestou alimentos voluntariamente a sua filha, desde seu nascimento, cuja documentação encontrase encartada ao presente processo. Pente fiscal pretende glosar as despesas com alimentos/escolar ao limite anual previsto, contudo não encontra amparo, pois a imposição é de caráter alimentar, diferentemente daquele que é considerado dependente. Por outro lado, ao invés de pagar as mensalidades, bastaria o contribuinte depositar tais valores correspondentes nas contas das alimentadas, para estas o fizessem, onde assim produziriam a dedução integral ao contribuinte? Assim não merece prosperar o entendimento do ente fiscal, devendo ser reformado, e ano final julgado procedente a pretensão e os argumentos do contribuinte. DEDUÇÃO COM DESPESAS MÉDICAS Restou Glosada o valor de R$ 12.264,48 (Doze mil duzentos e sessenta e quatro reais e quarenta e oito centavos), realizadas com despesas médicas do contribuinte e seus dependentes, no exercício em questão, estando devidamente embasadas em documentação idônea e hábil. (...) Observase que as glosas estão pautadas na transferência dos saldos recebidos pelo contribuinte através da empresa GK, na administração das locações de bens do contribuinte, que lhe rendeu valores mensais, devidamente declarados, através de DIMOB, sob alegação de não haver procuração para esse fim. O DIMOB é claro em dizer na intermediação das locações, com recebimentos de valores em favor do contribuinte, expressando ainda o pagamento de comissões à empresa administradora. Portanto, o que houve, foi a solicitação da transferência dos créditos amealhados, pelo contribuinte à empresa GK em prol das obrigações que este tem para com seu filhos, ora dependentes e ora alimentados. Diante de todo o exposto, requer seja acolhida as preliminares, para ver declarada a prescrição intercorrente fiscal, ou não sendo este o entendimento, requerse seja acolhido o presente Recurso, e uma vez verificada sua insubsistência seja proclamada sua improcedência, cancelandolhe o débito fiscal reclamado. É o relatório. Fl. 273DF CARF MF Processo nº 13896.721733/201238 Acórdão n.º 2001000.580 S2C0T1 Fl. 271 7 Voto Conselheiro Jose Alfredo Duarte Filho Relator O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. PRELIMINAR – PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE O Recorrente alega que apresentou sua impugnação ao Despacho Decisório, discordando do lançamento e que para tanto colecionou documentação hábil e idônea para respaldar a referida impugnação. Diz que em 15/03/2017, decorridos 4 anos e l mês da impugnação, sobreveio a decisão colegiada no Acórdão, em dissonância com as provas fáticas apresentadas no procedimento fiscalizatório. Conclui afirmando que a preliminar trata da prescrição intercorrente no curso do procedimento fiscal, ofendendo frontalmente o art. 1º, da Lei nº 9.873/99. DECIDO A prescrição intercorrente ocorre quando há inércia do autor que deixa de praticar os atos necessários para o prosseguimento da ação, no curso do processo, em tempo superior ao máximo previsto em lei para a prescrição do direito discutido. A Lei nº 9.873/99, citada no Recurso, define as condições e prazo de prescrição para o exercício de ação punitiva pela Administração Pública Federal, em relação ao indevidamente requerido pelo Contribuinte neste processo, nos seguintes termos: Art. 1o Prescreve em cinco anos a ação punitiva da Administração Pública Federal, direta e indireta, no exercício do poder de polícia, objetivando apurar infração à legislação em vigor, contados da data da prática do ato ou, no caso de infração permanente ou continuada, do dia em que tiver cessado. (...) Art. 2o Interrompese a prescrição da ação punitiva: I – pela notificação ou citação do indiciado ou acusado, inclusive por meio de edital; II por qualquer ato inequívoco, que importe apuração do fato; No exame dos autos verificase que a impugnação consta na fl. 02 e foi protocolada em 10/07/2012, tendo o Despacho Decisório da autoridade competente nº 086/2012, fls. 209, ocorrido em 27/08/2012 e ciência do DD em 07/01/2013 fl. 212. Em sequência ocorreu a decisão do Acórdão 1058.215, fl. 243 em 15/03/2017, seguido da ciência deste, fl. 253, em 27/03/2017. Fl. 274DF CARF MF 8 Constatase pela cronologia das ações administrativas não ter havido prescrição intercorrente, como alegado, estando preservada a razoável duração do processo e a celeridade de sua tramitação. Assim sendo, razão não há para a alegação de prescrição intercorrente, motivo suficiente para a rejeição da preliminar. DO MÉRITO O Despacho Decisório nº 08/2012 aceitou parte da comprovação apresentada pelo Recorrente e reduziu o valor do Lançamento para R$ 15.820,22. O Acórdão da DRJ destaca a aceitação da comprovação da despesa com o dependente Enrico Sommerfeld Claramunt, o que já havia sido reconhecido no despacho decisório. O Acórdão da DRJ também considera comprovadas as despesas de instrução da dependente Patrícia Sommerfeld Claramunt, no limite individual de R$ 2.830,84 e indefere a despesa do dependente Enrico Sommerfeld Claramunt referente Red Balloom, por se tratar de curso de inglês e a Escola Morumbi de Alphaville Ltda, por ter sido paga através de recursos depositados junto a GK Administradora de Bens S/S. Assinala que a aceitação parcial da dedução já foi objeto do Termo Circunstanciado e do Despacho Decisório, de 2fls 204 a 209. A decisão do Acórdão contestado somente considera para a alimentada Yasmin o valor referente ao limite individual como despesa com instrução, o que contraria a decisão judicial que definiu a obrigação do pagamento das despesas deste tipo como obrigação de pensão alimentícia, sem vinculação com o limite para fins fiscais de gastos com dependentes. Não há que se confundir dedutibilidade de pensão alimentícia com despesas com instrução e seus efeitos fiscais vinculados a limites individuais. Na verdade o Recorrente paga despesa com instrução dentro da espécie pensão alimentícia. Portanto considerase aqui todo o valor pago com despesa de instrução da alimentada como dedutível a título de pensão alimentícia. DESPESAS MÉDICAS O pagamento total das despesas médicas de R$ 12.624,48, foram realizados através da empresa GK Administradora de Bens S/S onde o Recorrente mantem saldo de créditos a receber por conta de locações de seus imóveis administrados por aquela empresa. Portanto válida a comprovação porque justificada a assunção do ônus por diminuição de seus créditos a receber junto aquela empresa administradora de seus bens. Como a única alegação do agente fiscal é de que os pagamentos das despesas médicas foram feitos desta forma triangular, uma vez considerada legal pelo exposto anteriormente, fica assim, excluída a glosa no que se refere às despesas médicas. PENSÃO ALIMENTÍCIA A divergência estabelecida na lide em relação à pensão alimentícia diz respeito aos valores constantes nas decisões judiciais que definiram a pensão alimentícia de Yasmin Lara Claramunt e Victoria Pacheco Claramunt e naqueles termos devem ser consideradas para efeito de aceitação da dedução, com base nos pagamentos comprovados Fl. 275DF CARF MF Processo nº 13896.721733/201238 Acórdão n.º 2001000.580 S2C0T1 Fl. 272 9 documentalmente, seja como depósito em conta corrente ou pagamentos a título de despesas com instrução ou saúde, nos termos e no quantitativo que a decisão judicial determina. A contenda é que de um lado há o rigor na interpretação restritiva da legislação pela Autoridade Fiscalizadora, e de outro, a busca do direito, pelo Contribuinte, de ver reconhecido o que entende plenamente comprovado mediante documentação apresentada, inclusive declaração da empresa intermediadora dos pagamentos para as alimentadas. O texto base que define o direito da dedução do imposto e a correspondente comprovação para efeito da obtenção do benefício está contido no inciso II, art. 4º e alínea “f” inciso II, do art. 8º, da Lei nº 9.250/95, regulamentados no art. 78 do Decreto nº 3.000/99 – RIR/99, como segue: Lei nº 9.250/95. Art. 4º. Na determinação da base de cálculo sujeita à incidência mensal do imposto de renda poderão ser deduzidas: (...) II – as importâncias pagas a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família, quando em cumprimento de decisão judicial, inclusive a prestação de alimentos provisionais, de acordo homologado judicialmente, ou de escritura pública a que se refere o art. 1.124A da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 Código de Processo Civil; (Redação dada pela Lei nº 11.727, de 2008). (...) Art. 8º A base de cálculo do imposto devido no anocalendário será a diferença entre as somas: I de todos os rendimentos percebidos durante o anocalendário, exceto os isentos, os nãotributáveis, os tributáveis exclusivamente na fonte e os sujeitos à tributação definitiva; II das deduções relativas: (...) f) às importâncias pagas a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família, quando em cumprimento de decisão judicial, inclusive a prestação de alimentos provisionais, de acordo homologado judicialmente, ou de escritura pública a que se refere o art. 1.124A da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 Código de Processo Civil; (Redação dada pela Lei nº 11.727, de 2008). (...) Decreto nº 3.000/99 Art. 78. Na determinação da base de cálculo sujeita à incidência mensal do imposto, poderá ser deduzida a importância paga a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família, Fl. 276DF CARF MF 10 quando em cumprimento de decisão judicial ou acordo homologado judicialmente, inclusive a prestação de alimentos provisionais (Lei nº 9.250, de 1995, art. 4º, inciso II). § 1º A partir do mês em que se iniciar esse pagamento é vedada a dedução, relativa ao mesmo beneficiário, do valor correspondente a dependente. A autoridade fiscal fundamentou a recusa da dedução do valor das pensões das filhas do Recorrente em razão de que não reconhecia suficiente os documentos de pagamentos feito através de terceiros, sob ordem do Contribuinte. Tratase de pensão alimentícia de paga a Yasmin Lara Claramunt, em que o contribuinte apresentou decisão judicial e comprovantes de pagamentos mensais através de comprovantes de transferência da empresa GK Administradora de Bens S/S, onde mantinha crédito por locação de seus imóveis. Deve ser considerado também para a alimentada Yasmin despesas com instrução e as despesas médicas pagas pelo alimentante, em nome da alimentanda, em razão de decisão judicial que abrange estes itens, além da soma em dinheiro, não se confundido com despesas com dependentes que tem outra classificação para fins de declaração de ajuste anual. Em relação à Pensão Alimentícia paga a Calípsia Pacheco da Silva, da mesma forma, devem ser considerada, a partir de 16/08/2010, quando efetivamente ocorreu a decisão judicial da pensão alimentícia de Victoria Pacheco Claramunt. Os comprovantes constam terem os recursos saídos da conta debitada GK Administradora de Bens S/S, por transferências para a alimentada, em vista de constar com suporte de saldo em favor do Recorrente naquela empresa. Tratase neste caso do direito à dedução do imposto de renda por pagamentos de pensão alimentícia em que a exigência fica condicionada a ter sido objeto de decisão judicial ou acordo homologado judicialmente, conforme inciso II, art. 4º, da Lei nº 9.250/95 e art. 78 do Decreto nº 3.000/99, e prova do efetivo pagamento do valor declarado como pago aos pensionistas. Com efeito, constatase que foram realmente acostadas ao processo cópia dos acordos judiciais homologados, certidões de nascimentos, comprovações de despesas e declarações e outros comprovantes da empresa GK Administradora de Bens S/S, informando os valores pagos diretamente pela empresa às alimentadas e a respectiva compensação no encontro de contas com os créditos a receber que o Recorrente possuía junto a ela, identificando uma praxe na realização dos pagamentos das pensões alimentícias em cumprimento da decisão judicial, pela realização dos depósitos em conta corrente das beneficiárias. A Súmula CARF nº 98 determina que seja permitida a dedução de pensão alimentícia da base de cálculo do imposto de renda pessoa física, na condição de que tenha decorrido de decisão judicial ou acordo homologado judicialmente e quando comprovado seu efetivo pagamento. Súmula CARF nº 98: A dedução de pensão alimentícia da base de cálculo do Imposto de Renda Pessoa Física é permitida, em face das normas do Direito de Família, quando comprovado o seu efetivo pagamento e a obrigação decorra de decisão judicial, de acordo homologado judicialmente, bem como, a partir de 28 de março de 2008, de escritura pública que especifique o valor da obrigação ou discrimine os deveres em prol do beneficiário. (grifei) Fl. 277DF CARF MF Processo nº 13896.721733/201238 Acórdão n.º 2001000.580 S2C0T1 Fl. 273 11 Cabe destacar que o dispositivo que mais se aproxima de uma definição dos condicionantes para obtenção do benefício da dedução diz que o segundo elemento se fará presente “quando comprovado o seu efetivo pagamento”, sem lhe especificar a forma. O fato de ter sido pago através de uma forma que não aquela de crédito em conta das beneficiárias cujo valor não tenha saído diretamente da conta do Recorrente não é motivo suficiente para a glosa da dedução, pois o que realmente importa é a efetividade do pagamento do compromisso assumido. A quitação do compromisso independe da rigorosa observância de crédito em conta corrente e de ter o Contribuinte utilizado um terceiro com o qual tinha créditos, para satisfazer sua obrigação de pagar a pensão alimentícia. Por isso, neste caso, satisfeitos os requisitos legais que regem a matéria. Ademais, não há que se confundir abatimentos de despesas com dependentes e beneficiários de pensões alimentícias e suas diferentes formalidades de informação na declaração do Imposto de Renda. Assim que, no exame da documentação acostada ao processo, verificase que o Recorrente apresentou a documentação comprobatória do acordo judicial e a comprovação do pagamento da pensão a que se comprometeu judicialmente, podendo assim se beneficiar da utilização da dedução do imposto a esse título, fazendose imperioso que se conceda o direito pleiteado pelo Recorrente, dando provimento ao recurso para o restabelecimento das deduções, até o valor definido nos acordos judiciais, reajustados para o anocalendário de 2010, pelos índices definidos na homologação judicial. Por todo o exposto, voto por conhecer do Recurso Voluntário, rejeitar a preliminar, e no mérito DAR PROVIMENTO PARCIAL, para excluir a glosa da dedução referente à pensão alimentícia integralmente de Yasmin Lara Claramunt, até o limite decidido judicialmente, corrigido pelos índices lá definidos, para o anocalendário de 2010, pensão alimentícia de Victória Pacheco Claramunt em nome da mãe Calípsia Pacheco da Silva, a partir de 16/08/2010, despesa com instrução de Enrico Sommerfeld Claramunt, referente à Escola Morumbi e excluir a glosa referente às despesas médicas. (assinado digitalmente) Jose Alfredo Duarte Filho Fl. 278DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.901214/2009-37
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Aug 17 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Oct 22 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2007
IRPJ. PAGAMENTO INDEVIDO. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. COMPROVAÇÃO.
A comprovação de certeza e liquidez do crédito se dá com a apresentação de documentação hábil e idônea, que comprove os valores informados na DIPJ e na escrituração contábil. Não se presta como prova as declarações elaboradas pelo próprio interessado no pleito. Inexistindo a demonstração do direito ao crédito, não se homologa a compensação pretendida.
Numero da decisão: 1302-003.059
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto do relator.
(assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Tadeu Matosinho Machado, Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Bárbara Santos Guedes, Paulo Henrique da Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Maria Lúcia Miceli, Flavio Machado Vilhena Dias e Gustavo Guimarães da Fonseca. Ausente, justificadamente, o conselheiro Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa que foi substituído no colegiado pela conselheira Bárbara Santos Guedes (suplente convocada).
Nome do relator: LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto do relator. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Tadeu Matosinho Machado, Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Bárbara Santos Guedes, Paulo Henrique da Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Maria Lúcia Miceli, Flavio Machado Vilhena Dias e Gustavo Guimarães da Fonseca. Ausente, justificadamente, o conselheiro Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa que foi substituído no colegiado pela conselheira Bárbara Santos Guedes (suplente convocada).
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PAGAMENTO INDEVIDO. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. COMPROVAÇÃO. A comprovação de certeza e liquidez do crédito se dá com a apresentação de documentação hábil e idônea, que comprove os valores informados na DIPJ e na escrituração contábil. Não se presta como prova as declarações elaboradas pelo próprio interessado no pleito. Inexistindo a demonstração do direito ao crédito, não se homologa a compensação pretendida. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto do relator. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Tadeu Matosinho Machado, Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Bárbara Santos Guedes, Paulo Henrique da Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Maria Lúcia Miceli, Flavio Machado Vilhena Dias e Gustavo Guimarães da Fonseca. Ausente, justificadamente, o conselheiro Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa que foi substituído no colegiado pela conselheira Bárbara Santos Guedes (suplente convocada). Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 90 12 14 /2 00 9- 37 Fl. 128DF CARF MF Processo nº 10880.901214/200937 Acórdão n.º 1302003.059 S1C3T2 Fl. 3 2 Trata de recurso voluntário apresentado em face ao Acórdão nº 1635.193, da 5ª Turma da DRJ/SP1, que julgou improcedente a manifestação de inconformidade da recorrente, com a seguinte ementa: ASSUNTO: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Data do fato gerador: 26/04/2007 DÉBITO CONFESSADO EM DCTF. ALEGAÇÃO DE PAGAMENTO A MAIOR. FALTA DE COMPROVAÇÃO. A simples alegação da contribuinte de que teria efetuado recolhimento a maior que o devido, sem apresentar justificativa e muito menos juntar aos autos documentos comprobatórios, não é suficiente para desconstituir a confissão do débito em DCTF, que presumese líquido e certo, e caracterizar a ocorrência de pagamento a maior. A recorrente apresentou Declaração de Compensação na qual pretende compensar pagamento indevido/a maior de IRPJ. A declaração não foi homologada pela DERAT/São Paulo, pois o pagamento estava integralmente utilizado para quitação de débito da recorrente, não restando crédito disponível para compensação de débitos informados na DCOMP. Na manifestação de inconformidade, foi alegado que o crédito existe pelo fato de o contribuinte ter recolhido, de forma indevida, valor maior de IRPJ apurado no 1º trimestre de 2007, conforme demonstra a DIPJ/2008, os comprovantes de pagamento e a DCTF apresentada. O acórdão da DRJ/SP1 não acatou as alegações, pois o DARF indicado como origem do crédito corresponde exatamente ao débito confessado da DCTF, inexistindo, a principio, pagamento indevido. A DIPJ/2008 e a DCTF retificadora, esta última apresentada após a ciência da decisão da DERAT/São Paulo, não seriam suficientes para comprovação do recolhimento a maior. Da análise das declarações, verificouse que, na DIPJ/2008, a base de cálculo do tributo foi apurado com a aplicação do percentual de 8%, enquanto que na DCTF original foi aplicado o percentual de 32%. Entretanto, não foi apresentado nenhuma documentação que pudesse demonstrar a natureza das atividades da empresa, sendo que em seu contrato social constam, como objeto social, as seguintes atividades: (1) administração de bens próprios, (2) participação em empreendimentos imobiliários e (3) a participação em outras sociedades como sócia ou acionista. A ciência do Acórdão da DRJ ocorreu em 03/02/2012, e o recurso voluntário foi apresentado em 01/03/2012, com as seguintes alegações: afirma que os documentos apresentados na manifestação de inconformidade demonstram e esclarecem a atividade por ela exercida, de empreendimentos imobiliários, e os motivos que a levaram ao cálculo da base de cálculo do tributo, adotando o percentual de 8% em vez de 32 %. pelo Princípio da Verdade Material, é oportuno esclarecer que a recorrente atua no ramo de empreendimentos imobiliários e tem sua tributação na forma do Lucro Fl. 129DF CARF MF Processo nº 10880.901214/200937 Acórdão n.º 1302003.059 S1C3T2 Fl. 4 3 Presumido, aplicando sobre as receitas tributáveis decorrentes das vendas de imóveis próprios o percentual de 8% para apurar a base de cálculo dos tributos. em 2007 obteve receitas oriundas exclusivamente da venda de imóveis próprios, ensejando a aplicação do percentual de 8%, nos termos do artigo 15, caput, c/c §4º da Lei nº 9.249/95, bem como do artigo 3º, §7º da IN SRF n° 93/97. houve erro de fato no cálculo de IRPJ da recorrente no período de 2007, com a utilização de alíquota de 32%, que acabou interferindo diretamente no valor final do tributo, resultando em recolhimento a maior. andou mal a decisão recorrida quando da avaliação do contrato social, pois não se trata da simples leitura para deduzir a atividade da recorrente como colocado, mas sim da leitura aliada à atividade e cálculos do tributo, devidamente demonstrado na DIPJ. demonstrada a atividade exercida pela recorrente, não se pode utilizar de presunção para tributar o sujeito passivo, nos termos do artigo 118, caput, c/c inciso II do CTN. agiu de boa fé, fornecendo todos os elementos para análise e devida homologação da compensação, inclusive cuidando de retificar a DCTF para que não pairassem dúvidas quanto aos valores corretos dos tributos. a DCTF, como instrumento de confissão de dívida, comporta prova em contrário, sob pena de a Administração Pública locupletarse à custa do sujeito passivo. o artigo 16 da Lei nº 9.779/99 delega à SRF a competência para dispor sobre obrigações acessórias relativas aos impostos e contribuições, tendo por finalidade amenizar o rigor da norma invocada, haja vista as inúmeras situações que podem levar o contribuinte a ter o seu débito declarado de maneira incorreta, em virtude de erro de fato que, via de conseqüência, pode acarretar indevida confissão de débito tributário por erro na declaração. não pode prevalecer o entendimento de que a DCTF apresentada, com erro, constitui confissão absoluta de dívida. restou demonstrado que houve erro de fato na DCTF original, com o preenchimento de IRPJ com valor superior ao que de fato e de direito era devido, ao aplicar a alíquota de 32% em vez de 8%. a MP nº 2.18849/2001, em seu artigo 18, permite a retificação das declarações dos tributos administrados pela SRF, nas hipóteses permitidas, possuindo a mesma natureza da declaração originariamente apresentada, independentemente de autorização pela autoridade administrativa. ao tempo da publicação do Despacho Decisório denegatório, estava vigente IN SRF nº 974/2009, que dispunha em seu artigo 9º, § 3º, sobre a possibilidade de retificação de DCTF nos casos em que houvesse prova inequívoca do erro de fato da DCTF. nestes termos, não há como subsistir o entendimento posto no acórdão recorrido no sentido de que a DCTF apresentada após o início de qualquer procedimento fiscal não produz efeitos. Fl. 130DF CARF MF Processo nº 10880.901214/200937 Acórdão n.º 1302003.059 S1C3T2 Fl. 5 4 a decisão recorrida incorreu em contradição quando afirmou que débito espontaneamente confessado em DCTF tem presunção de liquidez e certeza, mas que poderia ser desconstituído se apresentadas provas contundentes de que a verdade material é outra. ocorre que as provas foram apresentadas juntamente com a manifestação de inconformidade, mas que a turma da DRJ/SP1, ausente o Princípio da Razoabilidade, entendeu que não surtiram seus efeitos jurídicos característicos e válidas, razão pela qual deve ser reformado acórdão recorrido. consta no acórdão recorrido que, nos termos do artigo 16, §4º do Decreto nº 70.235/72, a prova documental deve ser apresentada junto com a manifestação de inconformidade, fato que ocorreu com a apresentação da DIPJ/2008, DCTF e pagamentos, que dão suporte ao direito creditório a que faz jus, sempre agindo de boafé, não podendo ser penalizada tendo indeferido seu pedido de compensação. Junto com o recurso voluntário, a recorrente apresentou o Livro Diário e o Laudo de Avaliação de Créditos. É o relatório. Fl. 131DF CARF MF Processo nº 10880.901214/200937 Acórdão n.º 1302003.059 S1C3T2 Fl. 6 5 Voto Conselheiro Luiz Tadeu Matosinho Machado Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1302003.057, de 17/08/2018, proferido no julgamento do Processo nº 10880.681715/2009 91, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1302003.057): O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade. Assim dele eu conheço. A lide neste processo se concentra na questão da prova da atividade exercida pela recorrente. Isto porque não há dúvidas que, no caso do Lucro Presumido, a alíquota a ser aplicada para determinação da base de cálculo dos tributos é de 8% quando a receita financeira decorre da exploração de atividades imobiliárias relativas a loteamento de terrenos, incorporação imobiliária, construção de prédios destinados à venda, bem como a venda de imóveis construídos ou adquiridos para a revenda, quando decorrente da comercialização de imóveis e for apurada por meio de índices ou coeficientes previstos em contrato. (artigo 15, §4º da Lei nº 9.249/95, incluído pela Lei nº 11.196/2005) A recorrente afirma que incorreu em erro de fato no preenchimento da DCTF original quando aplicou o percentual de 32% sobre a receita bruta para determinar o lucro presumido, base de cálculo dos tributos. Aduz que sua receita decorre exclusivamente da atividade de venda de imóveis próprios, ensejando a aplicação do percentual de 8%. E entende que a comprovação do erro de fato se deu com a apresentação, junto com a manifestação de inconformidade, da DIPJ/2008, das DCTF retificadas e dos pagamentos. Aduz que faltou razoabilidade por parte da 5ª Turma da DRJ quando da análise dos citados documentos. Na apresentação do recurso voluntário, além das declarações já mencionadas, a recorrente apresentou cópia do Livro Diário Geral de Contabilidade e Laudo de Avaliação de Créditos. Passo a me pronunciar. Discordo da recorrente quando alega que faltou razoabilidade quando análise dos documentos. Como bem ressaltou o voto condutor da decisão recorrida, não há qualquer explicação quanto aos valores discrepantes informados entre a Fl. 132DF CARF MF Processo nº 10880.901214/200937 Acórdão n.º 1302003.059 S1C3T2 Fl. 7 6 DCTF original e a DIPJ/2008. E esta explicação era devida, já que, de acordo com o contrato social, a recorrente exerce 3 (três) atividades econômicas, sendo que nem todas permitem a aplicação do percentual de 8% sobre a receita bruta. De fato, as atividades que constam no contrato social seriam: (1) a administração de bens próprios; (2) a participação em empreendimentos imobiliários; e (3) a participação em outras sociedades como sócia ou acionista. A recorrente informa, na DIPJ/2008, como Código da Atividade Econômica (CNAE fiscal) o 64.620/00 Holdings de Instituições não financeiras. Para tessas atividades econômicas o percentual a ser aplicado sobre a receita bruta, para determinação da base de cálculo dos tributos, é de 32%. A exceção poderia ser, talvez, a participação em empreendimentos imobiliários, para a qual a recorrente deveria comprovar a venda de imóveis próprios. As declarações fiscais apresentadas DIPJ/2008 e DCTF retificadas, são suficientes para comprovar que as receitas decorrem exclusivamente da atividade de venda de imóveis próprios ? Entendo que não, uma vez que as declarações são preenchidas pela própria recorrente, que é parte interessada na presente demanda, fato enfraquece a força probante dos documentos. É preciso esclarecer que as declarações devem refletir a escrituração do contribuinte, seus registros contábeis e resultados apurados. O artigo 923 do RIR/99 dispõe que a escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor do contribuinte dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais. E é com base neste artigo que devemos analisar se o Livro Diário Geral e o Laudo de Avaliação de Créditos, apresentados juntamente com o recurso voluntário, seriam suficientes para comprovar que a totalidade da receita auferida no anocalendário de 2007 seria exclusivamente decorrente de venda de imóveis próprios. O Laudo de Avaliação de Crédito tão somente descreve as atividades da recorrente, afirmando que, de acordo com sua operação de administração e vendas de bens próprios, tem a opção pelo regime de tributação com base no lucro presumido. Consta a afirmação de que a empresa utilizou indevidamente o coeficiente de 32%. Ao final, elabora uma tabela com os valores que teria a compensar: Fl. 133DF CARF MF Processo nº 10880.901214/200937 Acórdão n.º 1302003.059 S1C3T2 Fl. 8 7 Ocorre que, ainda que o laudo tenha sido elaborado por contador, a afirmação sem a devida comprovação não faz prova a favor do pleito. Estão ausentes os documentos que comprovem que as receitas são decorrentes exclusivamente da venda de imóveis próprios. O mesmo raciocínio se aplica ao Livro Diário Geral. Em pese a tentativa de demonstrar que as receitas seriam todas decorrentes de vendas, considerando os históricos dos lançamentos contábeis "venda de unidades" em destaque, faltou a comprovação com documentação hábil, requisito necessário nos termos do artigo 923 do RIR/99. É preciso lembrar que a aplicação do percentual de 8% será sobre a comercialização de imóveis e for apurada por meio de índices ou coeficientes previstos em contrato (§4º do artigo 15 da Lei nº 9.249/95). Na ausência destes elementos, entendo que não houve a prova de que a receita teria origem exclusivamente na venda de imóveis próprios, não sendo possível afirmar que a alíquota a ser aplicada, para determinação da base tributável dos tributos, seria de 8%. Nestes termos, não é possível reconhecer o direito creditório pela ausência de certeza e liquidez, nos termos do artigo 170 do CTN, motivo pelo qual a decisão recorrida deve ser mantido. Pelo exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, voto por negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto acima transcrito. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Fl. 134DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13884.904320/2010-64
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 28 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Sep 14 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/01/2005 a 31/03/2005
RECURSO VOLUNTÁRIO INTEMPESTIVO. AUSÊNCIA DE JUSTIFICATIVA. NÃO CONHECIMENTO.
Nos termos do art. 33 do Decreto 70.235/72, é de 30 dias a partir da ciência da decisão recorrida o prazo para apresentação de Recurso Voluntário, não se podendo conhecer de recurso apresentado fora do prazo legal.
Numero da decisão: 3302-005.766
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso voluntário, por intempestividade.
(assinado digitalmente)
Fenelon Moscoso de Almeida - Presidente em exercício.
(assinado digitalmente)
Diego Weis Junior - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Fenelon Moscoso de Almeida (Presidente substituto), Orlando Rutigliani Berri (Suplente Convocado), Jorge Lima Abud, Vinícius Guimarães (Suplente Convocado), José Renato Pereira de Deus, Raphael Madeira Abad, Walker Araújo, Diego Weis Junior.
Nome do relator: DIEGO WEIS JUNIOR
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/01/2005 a 31/03/2005 RECURSO VOLUNTÁRIO INTEMPESTIVO. AUSÊNCIA DE JUSTIFICATIVA. NÃO CONHECIMENTO. Nos termos do art. 33 do Decreto 70.235/72, é de 30 dias a partir da ciência da decisão recorrida o prazo para apresentação de Recurso Voluntário, não se podendo conhecer de recurso apresentado fora do prazo legal.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso voluntário, por intempestividade. (assinado digitalmente) Fenelon Moscoso de Almeida - Presidente em exercício. (assinado digitalmente) Diego Weis Junior - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Fenelon Moscoso de Almeida (Presidente substituto), Orlando Rutigliani Berri (Suplente Convocado), Jorge Lima Abud, Vinícius Guimarães (Suplente Convocado), José Renato Pereira de Deus, Raphael Madeira Abad, Walker Araújo, Diego Weis Junior.
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AUSÊNCIA DE JUSTIFICATIVA. NÃO CONHECIMENTO. Nos termos do art. 33 do Decreto 70.235/72, é de 30 dias a partir da ciência da decisão recorrida o prazo para apresentação de Recurso Voluntário, não se podendo conhecer de recurso apresentado fora do prazo legal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso voluntário, por intempestividade. (assinado digitalmente) Fenelon Moscoso de Almeida Presidente em exercício. (assinado digitalmente) Diego Weis Junior Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Fenelon Moscoso de Almeida (Presidente substituto), Orlando Rutigliani Berri (Suplente Convocado), Jorge Lima Abud, Vinícius Guimarães (Suplente Convocado), José Renato Pereira de Deus, Raphael Madeira Abad, Walker Araújo, Diego Weis Junior. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 4. 90 43 20 /2 01 0- 64 Fl. 85DF CARF MF Processo nº 13884.904320/201064 Acórdão n.º 3302005.766 S3C3T2 Fl. 86 2 Cuidase de Recurso Voluntário interposto contra acórdão proferido pela 2ª Turma da DRJ/RPO assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/2005 a 31/03/2005 RESSARCIMENTO. DUPLICIDADE. Despacho Decisório que nega o ressarcimento de valores já ressarcidos, não se configura como ato que afete a segurança jurídica, nem tem o condão de, implicitamente, intimar o recolhimento do que já foi pago ao contribuinte. Manifestação de Inconformidade Improcedente. Direito Creditório Não Reconhecido. Na origem o contribuinte apresentou, em 30.03.2006, Pedido Eletrônico de Ressarcimento PER de suposto crédito de IPI relativo ao primeiro trimestre de 2005. Em 05.10.2010 sobreveio Despacho Decisório que indeferiu o pedido de restituição/ressarcimento apresentado, sob o fundamento de que houve glosas de créditos considerados indevidos, constatação de que o saldo credor passível de ressarcimento é inferior ao valor pleiteado e constatação de utilização integral ou parcial, na escrita fiscal, do saldo credor passível de ressarcimento em períodos subsequentes ao trimestre em referência, até a data de apresentação do PER. Foi apresentada Manifestação de Inconformidade onde o sujeito passivo alegou, em síntese: a) Por força do disposto na Lei nº 9.779/1999 e na Portaria nº 33/1999 a impetrante faz jus ao crédito de IPI decorrente de aquisições de produtos cuja saída é isenta, não tributada ou com alíquota zero relativos aos períodos compreendidos entre o 1ª Trimestre de 2002 ao 4º Trimestre de 2005; b) Impetrou Mandado de Segurança de nº2005.61.19.0072968, obtendo liminar para que os mencionados Pedidos Eletrônicos de Ressarcimento fossem apreciados; c) Em 18.04.2006, foi proferido, pela DRF Guarulhos, Despacho Decisório deferindo o pleito, tendo sido efetivada, em 16.06.2006, Ordem Bancária no valor de R$440.275,57; d) Que o valor objeto deste processo administrativo já fora ressarcido à Requerente pela Secretaria da Receita Federal do Brasil por meio de depósito bancário, não se podendo admitir que seja modificada uma decisão proferida anteriormente e que já produziu efeitos, não se mostrando legal a vedação à restituição já deferida e efetuada anteriormente (sic); Em 26.05.2011 a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto (SP) considerou improcedente a manifestação de inconformidade em razão de Fl. 86DF CARF MF Processo nº 13884.904320/201064 Acórdão n.º 3302005.766 S3C3T2 Fl. 87 3 que não consta no despacho decisório combatido qualquer declaração de nulidade de ato anterior e tão pouco pedido ou intimação para que o contribuinte devolva os valores já ressarcidos anteriormente. Aduz ainda o acórdão combatido que o Despacho Decisório tão somente negou novo ressarcimento daquilo que já foi ressarcido, conforme atesta o próprio manifestante, e que diante disso não como adotar decisão diversa, sob pena de ressarcimento em duplicidade. Cientificado em 14.06.2011 (terçafeira), o contribuinte apresentou Recurso Voluntário em 18.07.2011 (segundafeira), onde repete os mesmos argumentos e alegações da Manifestação de Inconformidade. É o relatório. Voto Conselheiro Diego Weis Junior, Relator. Muito embora o despacho de fl. 83 informe ser tempestivo o Recurso Voluntário, o AR de fl. 74 não deixa dúvidas sobre a ciência da decisão recorrida ter ocorrido em 14.06.2011, enquanto que o Recurso Voluntário (fls. 75 a 81) foi interposto somente em 18.07.2011, depois de transcorridos 34 (trinta e quatro) dias após o recebimento da correspondência registrada. O art. 33 do Decreto nº 70.235/1972 dispõe ser de 30 (trinta) dias, a partir da ciência da decisão recorrida, o prazo para a apresentação de recurso voluntário. Não há nos autos qualquer argumento ou prova que justifique o protocolo intempestivo do Recurso Voluntário. Diante do exposto, voto pelo não conhecimento do Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Diego Weis Junior Relator Fl. 87DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10530.727171/2014-59
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 09 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Oct 15 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2011
ITR. IMÓVEL RURAL. ÁREA CONTÍNUA.
Para o fim de apuração do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR, considera-se imóvel rural a área contínua, formada de uma ou mais parcelas de terras, localizada na zona rural do município, ainda que sujeitas a mais de uma matrícula no Registro de Imóveis competente.
LANÇAMENTO EM DUPLICIDADE. ANULAÇÃO DA AUTUAÇÃO INDEVIDA. CORREÇÃO DA FALTA.
Constatado a existência de lançamento voltado para imóvel rural abrangido no Auto de Infração, a anulação daquela autuação mostra-se suficiente para a correção da falta apontada.
AUTUAÇÃO. INTIMAÇÃO IMPROFÍCUA. EDITAL VALIDADE.
Resultado improfícua a intimação de autuação por via postal, essa poderá ser efetuada por via postal no domicílio tributário do sujeito passivo
ITR. DOMICÍLIO TRIBUTÁRIO. MUNICÍPIO DE LOCALIZAÇÃO DO IMÓVEL.
O domicílio tributário do contribuinte é o município de localização do imóvel, vedada a eleição de qualquer outro.
ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. ÁREA DE FLORESTAS NATIVAS . ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL. OBRIGATORIEDADE DE APRESENTAÇÃO.
Para ser possível a dedução de áreas de preservação permanente e de florestas nativas da base de cálculo do ITR, a partir do exercício de 2001, é necessária a comprovação de que foi requerido ao IBAMA a expedição de Ato Declaratório Ambiental (ADA) até o início da ação fiscal.
ÁREA DE RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO TEMPESTIVA. ATO CONSTITUTIVO.
A dedução da Área de Reserva Legal da base de cálculo do ITR está condicionada à sua averbação, à margem da matrícula do imóvel, antes da ocorrência do fato gerador.
DO VALOR DA TERRA NUA - VTN. SUBAVALIAÇÃO. ARBITRAMENTO PELO SIPT.
Caracterizada a subavaliação no VTN/ha informado na DITR e constatado que o valor apurado pelo contribuinte, mediante laudo de avaliação, é superior ao aferido pela Fiscalização com base no no Sistema de Preços de Terras - SIPT, deve ser mantido VTN/ha indicado no Auto de Infração, sob pena de agravamento da exigência fiscal.
Numero da decisão: 2402-006.514
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar parcial provimento ao recurso voluntário exclusivamente para reduzir a área aproveitável do imóvel rural para 1330,0 ha. Vencidos os conselheiros João Victor Ribeiro Aldinucci, Jamed Abdul Nasser Feitoza e Gregório Rechmann Junior que reconheceram a existência de APP e área de floresta nativa em relação ao imóvel denominado Fazenda Salto da Lontra
(assinado digitalmente)
Mário Pereira de Pinho Filho Presidente e Relator.
Participaram da presente sessão de julgamento os Conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho, Mauricio Nogueira Righetti, João Victor Ribeiro Aldinucci, Denny Medeiros da Silveira, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregório Rechmann Junior.
Nome do relator: MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO
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IMÓVEL RURAL. ÁREA CONTÍNUA. Para o fim de apuração do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR, considerase imóvel rural a área contínua, formada de uma ou mais parcelas de terras, localizada na zona rural do município, ainda que sujeitas a mais de uma matrícula no Registro de Imóveis competente. LANÇAMENTO EM DUPLICIDADE. ANULAÇÃO DA AUTUAÇÃO INDEVIDA. CORREÇÃO DA FALTA. Constatado a existência de lançamento voltado para imóvel rural abrangido no Auto de Infração, a anulação daquela autuação mostrase suficiente para a correção da falta apontada. AUTUAÇÃO. INTIMAÇÃO IMPROFÍCUA. EDITAL VALIDADE. Resultado improfícua a intimação de autuação por via postal, essa poderá ser efetuada por via postal no domicílio tributário do sujeito passivo ITR. DOMICÍLIO TRIBUTÁRIO. MUNICÍPIO DE LOCALIZAÇÃO DO IMÓVEL. O domicílio tributário do contribuinte é o município de localização do imóvel, vedada a eleição de qualquer outro. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. ÁREA DE FLORESTAS NATIVAS . ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL. OBRIGATORIEDADE DE APRESENTAÇÃO. Para ser possível a dedução de áreas de preservação permanente e de florestas nativas da base de cálculo do ITR, a partir do exercício de 2001, é necessária a comprovação de que foi requerido ao IBAMA a expedição de Ato Declaratório Ambiental (ADA) até o início da ação fiscal. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 53 0. 72 71 71 /2 01 4- 59 Fl. 366DF CARF MF 2 ÁREA DE RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO TEMPESTIVA. ATO CONSTITUTIVO. A dedução da Área de Reserva Legal da base de cálculo do ITR está condicionada à sua averbação, à margem da matrícula do imóvel, antes da ocorrência do fato gerador. DO VALOR DA TERRA NUA VTN. SUBAVALIAÇÃO. ARBITRAMENTO PELO SIPT. Caracterizada a subavaliação no VTN/ha informado na DITR e constatado que o valor apurado pelo contribuinte, mediante laudo de avaliação, é superior ao aferido pela Fiscalização com base no no Sistema de Preços de Terras SIPT, deve ser mantido VTN/ha indicado no Auto de Infração, sob pena de agravamento da exigência fiscal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar parcial provimento ao recurso voluntário exclusivamente para reduzir a área aproveitável do imóvel rural para 1330,0 ha. Vencidos os conselheiros João Victor Ribeiro Aldinucci, Jamed Abdul Nasser Feitoza e Gregório Rechmann Junior que reconheceram a existência de APP e área de floresta nativa em relação ao imóvel denominado Fazenda Salto da Lontra (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho – Presidente e Relator. Participaram da presente sessão de julgamento os Conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho, Mauricio Nogueira Righetti, João Victor Ribeiro Aldinucci, Denny Medeiros da Silveira, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregório Rechmann Junior. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto em face do Acórdão nº 03069.398, da 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Brasília/DF – DRJ/BSA (fls. 163/183) que julgou improcedente impugnação apresentada em face de Auto de Infração de Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR), exercício de 2011, cujo objeto foi o imóvel denominado “Fazenda 3 Barras”, cadastrado na RFB sob o nº 1.089.9014, com área declarada de 1.330,0 ha, localizado no Município de Riachão das Neves/BA. A seguir reproduzse trechos do relatório da decisão recorrida, que retratam adequadamente o contexto em que se deu a autuação, bem assim as razões trazidas na impugnação: Ação Fiscal A ação fiscal, proveniente dos trabalhos de revisão das DITR/2011 incidentes em malha valor, iniciouse com o Termo de Intimação Fiscal nº 3825/00036/2014 de Fl. 367DF CARF MF Processo nº 10530.727171/201459 Acórdão n.º 2402006.514 S2C4T2 Fl. 3 3 fls. 15/17, lavrado em 22.07.2014 e recepcionado em 31.07.2014, às fls. 18, para o contribuinte apresentar, no prazo de 20 dias a contar da sua ciência, o seguinte documento de prova: Laudo de Avaliação do Valor da Terra Nua emitido por engenheiro agrônomo/florestal, conforme estabelecido na NBR 14.653 da ABNT com grau de fundamentação e de precisão II, com Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) registrada no CREA, contendo todos os elementos de pesquisa identificados e planilhas de cálculo e preferivelmente pelo método comparativo direto de dados do mercado. Alternativamente, o contribuinte poderá se valer de avaliação efetuada pelas Fazendas Públicas Estaduais (exatorias) ou Municipais, assim como aquelas efetuadas pela Emater, apresentando os métodos de avaliação e as fontes pesquisadas que levaram à convicção do valor atribuído ao imóvel. Tais documentos devem comprovar o VTN na data de 1º de janeiro de 2011, a preço de mercado. A falta de comprovação do VTN declarado ensejará o arbitramento do VTN, com base nas informações do SIPT, nos termos do art. 14 da Lei nº 9.393/96, pelo VTN/ha do município de localização do imóvel para 1º de janeiro de 2011 no valor de R$: outras R$2.000,00. Em resposta ao Termo de Intimação Fiscal, o contribuinte apresentou, em 07.08.2014, a correspondência de fls. 19, na qual solicitou cópia do processo. O contribuinte, em 20.08.2014, requereu a prorrogação do prazo por mais 30 (trinta) dias, por meio da correspondência de fls. 24, para o atendimento ao Termo de Intimação Fiscal. A fiscalização lavrou, em 27.08.2014, o Termo de Prorrogação de Prazo de fls. 29, no qual foi prorrogado o prazo para resposta ao Termo de Intimação Fiscal por mais 20 (vinte) dias. O Termo de Prorrogação de Prazo foi recepcionado pelo contribuinte em 09.09.2014, às fls. 30. Em 09.09.2014, o contribuinte apresentou a correspondência de fls. 31, para juntar aos autos a cópia das Matrículas do Imóvel, às fls. 37/43. Por meio da correspondência de fls. 44, protocolada em 26.09.2014, o contribuinte requereu a prorrogação do prazo para atendimento ao Termo de Intimação Fiscal por mais 90 (noventa) dias. Tal requerimento foi indeferido por meio do Termo de fls. 48, lavrado em 28.10.2014 e recepcionado pelo contribuinte em 05.11.2014, às fls. 49. A fiscalização lavrou, em 29.10.2014, o Termo de Constatação e Intimação Fiscal nº 38725/00100/2014, às fls. 50/53, que foi enviado para o mesmo endereço para o qual foram encaminhados os Termos anteriores, contudo os Correios devolveram o Aviso de Recebimento (AR) ao remetente, às fls. 54/55. Posteriormente, esse mesmo Termo foi reencaminhado ao mesmo endereço e encaminhado para um segundo endereço do contribuinte, sendo esses Termos recepcionados pelo contribuinte em 04.12.2014, às fls. 60/61, nos dois endereços. Por não ter sido apresentado o documento de prova exigido e procedendose a análise e verificação dos dados constantes na DITR/2011 e nas Matrículas do Imóvel, às fls. 37/43, apresentadas pelo contribuinte, a fiscalização resolveu alterar a área total declarada do imóvel de 1.330,0 ha para 1.468,4 ha e o Valor da Terra Nua (VTN) declarado de R$0,00 para o arbitrado de R$2.936.800,00 (R$2.000,00/ha), com base em valor constante no SIPT, com consequente aumento do VTN Fl. 368DF CARF MF 4 tributável, e disto resultando imposto suplementar de R$252.554,80, conforme demonstrado às fls. 06. A descrição dos fatos e os enquadramentos legais da infração, da multa de ofício e dos juros de mora constam às fls. 04/05 e 07. Impugnação Cientificado do lançamento, em 04.04.2015, às fls. 12/14, ingressou o contribuinte, em 04.05.2015, às fls. 64, com sua impugnação de fls. 64/74, instruída com os documentos de fls. 75/153, alegando e solicitando o seguinte, em síntese: considera que a fiscalização preferiu promover a Notificação de Lançamento por Edital, mesmo dispondo da informação do seu domicílio e já tendo utilizado o mesmo endereço para intimações anteriores e sendo assim tal fato é inconcebível, gerando nulidade, e cita e transcreve Ementa de Decisão Judicial para embasar sua tese; acentua que a intimação editalícia caracterizase como modalidade extraordinária de intimação, apenas devendo ser aplicada quando comprovado que houve o esgotamento das vias ordinárias, o que exige para tanto prova de que pessoa esteja efetivamente em lugar incerto e desconhecido; destaca que, no caso, tanto o Termo de Intimação Fiscal como o envelope em que foi postado e os pedidos de prorrogação revelam que o Fisco tinha totais condições de dispor do seu endereço para promover a regular notificação do lançamento via postal, bastava verificar no sistema informatizado da RFB o endereço atualizado do contribuinte; entende ser imperioso, diante dos fatos, reconhecer que houve precipitação da Administração, de modo a evidenciar a nulidade da via editalícia, posto que, à míngua de qualquer justificativa, é patente a nulidade do Edital pela falta de prova das razões da frustração da notificação anterior; considera que, além do exposto, a publicação do Edital foi feita na cidade de Riachão das Neves/BA, quando teria que ser realizada em Brasília/DF, que é a circunscrição do seu domicílio; registra que o art. 23, § 4º, I, do Decreto nº 70.235/72 é inequívoco ao dispor que considerase o domicílio tributário o endereço postal por ele fornecido; acentua que, ainda que se legitimasse a intimação pela via do Edital, por eventual frustração da tentativa de intimação pela via postal, esta via apenas seria válida se tivesse sido procedida no domicílio tributário do sujeito passivo; destaca que não pode haver dúvida de que o Fisco tem que adotar por domicílio tributário aquele local constante no cadastro do contribuinte, conforme deixa claro o entendimento do CARF, e transcreve Ementas desse Colegiado, para embasar sua tese, e da mesma forma Ementa de Decisão Judicial, enfatizando que, por isso, deve ser considerada nula de pleno direito a notificação promovida por Edital fora do domicílio fiscal do contribuinte; entende que o ocorrido, no caso, implica em patente violação ao seu direito de defesa, violando o princípio constitucional da ampla defesa e, também, o disposto no art. 2º, VII e X, da Lei nº 9.784/99; enfatiza que o art. 26, § 5º, da Lei nº 9.784/99 dispõe que “as intimações serão nulas quando feitas sem observância das prescrições legais”; considera que a motivação central do Auto de Infração (sic) se ancorou na suposta falta de prestação de esclarecimento pelo contribuinte, o que não pode prevalecer diante do fato de que Fl. 369DF CARF MF Processo nº 10530.727171/201459 Acórdão n.º 2402006.514 S2C4T2 Fl. 4 5 a sua notificação para apresentar defesa é nula de pleno direito, por ter sido promovido pela via editalícia e fora do seu domicílio fiscal, sendo de rigor, pois, que se anule o Auto de Infração (sic); entende que houve ilegalidade do Auto de Infração (sic) por erro na determinação da matéria tributável, isso porque foi lavrado um único lançamento fiscal em relação a dois imóveis distintos, tal como se tratasse de um mesmo fato gerador, ou seja, como se fosse um único imóvel supostamente com área de 1.468,4 ha, o que não corresponde à realidade dos fatos; transcreve excerto da “Descrição dos Fatos” e diz ser patente nas declarações que não houve “unificação” de dois imóveis, mesmo porque isso não seria possível, visto tratarse de imóveis de proprietários diferentes e, como visto, a fiscalização tinha ciência de que se trata de dois imóveis distintos; diz que a Fazenda Salto do Lontra e a Fazenda São Joaquim são duas propriedades distintas, cada qual com a sua respectiva matrícula e com proprietários diferentes e que não pode a fiscalização promover o lançamento unificando as duas fazendas como se tratasse de um único imóvel; considera que a Fazenda Três Barras é a antiga denominação da Fazenda Salto do Lontra, que estava matriculada no Cartório de Barreiras e foi posteriormente averbada no Cartório de Riachão das Neves, localizado no município de Riachão das Neves/BA; reitera que a fiscalização lavrou o Auto de Infração (sic) tributando toda a área como se fosse um único imóvel, não levando em consideração que são dois imóveis distintos e com proprietários diferentes; entende que deve ser anulado o Auto de Infração (sic), diante do erro na apuração da matéria tributável, que conduziu ao erro na determinação da alíquota aplicável e, também, da base de cálculo, tornando imprestável o lançamento; diz que o lançamento toma como suporte fático a confusão de dois imóveis distintos, de proprietários distintos, o que o torna imprestável e mesmo que se cogitasse em mantêlo em relação a um dos imóveis, deveria ser ajustado o valor para a realidade do imóvel Fazenda Três Barras, hoje denominada Salto da Lontra; informa que, pelo levantamento constante no Laudo técnicopericial, o imóvel, na verdade, tem área de 285,815 ha (item 2.4 do Laudo anexo – doc. 5) e que foi identificado equívoco no georreferenciamento anterior, conforme explica o Laudo, cujos fundamentos se requer sejam considerados parte integrante da impugnação; entende que deve ser tomada como área total de 285,815 ha, bem como as áreas de preservação permanente e reserva legal apuradas no Laudo; destaca que, sendo a área efetiva do imóvel de 285,815 ha, a alíquota aplicável é de, no máximo, 3,30%, por força de lei (art. 11 da Lei nº 9.393/1996); enfatiza que os VTN arbitrados são absurdos e não correspondem à realidade e diz que em recente pesquisa aos Cartórios de Notas e Registro de Imóveis, não houve sequer uma operação de compra e venda nesse valor/ha, para as terras da região; entende que a fiscalização não demonstrou a configuração de hipótese de arbitramento do valor do imóvel e salienta que o arbitramento da base de cálculo dos Fl. 370DF CARF MF 6 tributos é procedimento previsto no art. 148 do CTN, que dispõe que somente poderá arbitrar ou o preço dos bens em duas hipóteses: (a) se o contribuinte omitir tal informação, ou (b) se demonstrado que a declaração do contribuinte não merece fé; registra que o art. 10, § 1º, I, da Lei nº 9.393/96 especifica, para efeitos de apuração do ITR, como será considerado o VTN e o seu art. 14 não pode ser interpretado em sentido que extravase os limites delineados pelo art. 148 do CTN, posto que o art. 14 não diz que o valor do SIPT passaria a ser considerado como valor mínimo para a base de cálculo; acentua que a subavaliação não pode ser presumida pelo simples fato do valor indicado pelo contribuinte for inferior ao valor do SIPT; diz que o art. 148 do CTN exige que o arbitramento aconteça por meio de um “processo regular”, o que significa que devem ser respeitados o contraditório e a ampla defesa e cita e transcreve ementa de Decisão Judicial para referendar seu argumento; salienta que o arbitramento é medida excepcional cabível em razão da omissão ou da infidelidade do contribuinte e deverá ser realizado em processo administrativo próprio, garantidos o contraditório e a ampla defesa do contribuinte e que no caso concreto não pode ser aplicado, pois não houve omissão alguma por parte do contribuinte; considera que o fato de não ter conseguido apresentar a tempo, para a fiscalização, o Laudo de Avaliação, não configura omissão e nem afasta a idoneidade das informações prestadas; requer, seja pela não configuração das hipóteses de arbitramento ou pela ausência do respectivo processo regular, requer a anulação da exigência fiscal; pelo exposto, requer o reconhecimento da nulidade da notificação feita por Edital em local diferente do seu domicílio, anulandose o Auto de Infração (sic); ou, caso superada a nulidade, requer que seja integralmente cancelada a exigência fiscal, em razão do erro na apuração da matéria tributável, da ilegalidade do arbitramento, bem como em razão do erro na determinação da alíquota; ou, caso não se entenda pela anulação, requer que o ITR seja apurado exclusivamente em relação ao imóvel Fazenda Três Barras (Fazenda Salto da Lontra), tomando como critério os dados constantes no Laudo de Avaliação anexo. Decisão de Primeira Instância A DRJ/BSA considerou o lançamento procedente, conforme se depreende a ementa da decisão recorrida: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL – ITR Exercício: 2011 DA NULIDADE DO LANÇAMENTO. DO CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA Tendo o contribuinte compreendido a matéria tributada e exercido de forma plena o seu direito de defesa, não há que se falar em NULIDADE do lançamento, que contém todos os requisitos obrigatórios previstos no Processo Administrativo Fl. 371DF CARF MF Processo nº 10530.727171/201459 Acórdão n.º 2402006.514 S2C4T2 Fl. 5 7 Fiscal (PAF). A intimação feita por Edital é o procedimento legal previsto nos casos em que não é possível intimar o interessado pessoalmente ou por via postal, não sendo razão para a nulidade do lançamento, por cerceamento do direito de defesa. DA REVISÃO DE OFÍCIO. DO ERRO DE FATO A revisão de ofício de dados informados pelo contribuinte na sua DITR somente cabe ser acatada quando comprovada nos autos, com documentos hábeis, a hipótese de erro de fato, observada a legislação aplicada a cada matéria. DA ÁREA TOTAL DO IMÓVEL Incabível a redução da área total do imóvel tendo em vista a ausência de documentação hábil para tanto, qual seja, Certidão ou Matrícula do Registro de Imóveis na qual conste, para o imóvel em questão, a retificação da área total. DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE, DE RESERVA LEGAL E COBERTA POR FLORESTAS NATIVAS As áreas de preservação permanente, de reserva legal e cobertas por florestas nativas, para fins de exclusão do ITR, cabem ser reconhecidas como de interesse ambiental pelo IBAMA, ou pelo menos, que seja comprovada a protocolização, em tempo hábil, do requerimento do competente Ato Declaratório Ambiental (ADA), além da averbação tempestiva da área de reserva legal à margem da matrícula do imóvel. DO VALOR DA TERRA NUA (VTN). SUBAVALIAÇÃO Para fins de revisão do VTN arbitrado pela fiscalização, com base no VTN/ha apontado no SIPT, exigese que o Laudo de Avaliação, emitido por profissional habilitado, com ART devidamente anotada no CREA, atenda a integralidade dos requisitos das Normas da ABNT, demonstrando, de maneira inequívoca, o valor fundiário do imóvel, a preço de mercado, e a existência de características particulares desfavoráveis em relação aos imóveis circunvizinhos. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Recurso Voluntário Inconformado o contribuinte apresentou recurso voluntário, cujas alegações são resumidas na referida peça nos seguintes termos: I. é grosseiro o erro da Fiscalização em aglutinar dois imóveis distintos, de proprietários distintos, no mesmo lançamento fiscal, quando a DITR apenas se referia a um único imóvel (doe. 2); e ainda por cima realizando a Fiscalização um segundo lançamento em relação ao mesmo imóvel ! (doe. 3), o que implica na Fl. 372DF CARF MF 8 nulidade da exigência fiscal por falta de segurança na definição da matéria tributável; II. ainda que se cogitasse da manutenção do lançamento fiscal, a área total efetiva do imóvel em questão era de 285,82 hectares, conforme já fazia o Laudo Técnico apresentado nestes autos (fl. 97), e também o Cadastro Ambiental Rural CAR (fl. 153 e doe. 4), bem como o Certificado de Inscrição no Inema CEFIR (fl. 151) sendo que recentemente o imóvel foi objeto de georeferenciamento, já homologado pelo Sigef/Incra sem nenhuma ressalva (doe. 5), por meio do qual se comprova que a verdade material é de que a área tem 286,01 hectares, conforme apurado por instrumentos de alta precisão, o que também já foi objeto de emissão do Certificado CCIR pelo INCRA com efeito inclusive para 2010 (doe. 6) transcrição na Matrícula do Imóvel (doe. 7), também levando o contribuinte a realizar novo levantamento, ajustando o Laudo Técnico para este parâmetro (doe. 8) razão pela qual, por força da verdade dos fatos, tem de ser considerada a área real do imóvel para a apuração do imposto; III. não se pode ignorar que a integralidade da área do imóvel é coberta por floresta nativa que configura a hipótese alínea "e" do art. 10, §1°, II, da Lei n° 9.393/96, para o efeito de apuração do imposto, conforme aferido de forma objetiva e categórica pelo Laudo Técnico; IV. a área de Reserva Legal (RL) é aferida de forma objetiva tanto pelo Laudo Técnico quanto pela inscrição no Cadastro Ambiental Rural (CAR) a qual já foi, aliás, averbada na matrícula do imóvel , o que tem de ser considerado para fins de apuração do ITR; V. o Laudo Técnico é categórico em demonstrar a existência, dimensão e localização da Área de Preservação Permanente (APP) no imóvel sob fiscalização, de tal modo que recusar sua existência também é recusar a verdade dos fatos; VI. a Medida Provisória n° 2.16667/2001, que incluiu no art. 10 da Lei n° 9.393/96 o parágrafo 7o, não exigia nenhuma comprovação prévia de RL e APP nas declarações apresentadas até o ano de 2012 (quando o dispositivo foi revogado pela Lei n° 12.651/2012), razão pela qual devem ser reconhecidas as áreas de RL e APP conforme demonstra o contribuinte; VII é ilegal o arbitramento da base de cálculo quando ausente o respectivo processo regular para demonstrar a configuração da hipótese de arbitramento do valor do imóvel, de modo que tal ausência macula o lançamento, razão pela qual devese anular a exigência fiscal; VIII. é nula de pleno direito a intimação editalícia quando realizada em local diverso do domicílio do contribuinte constante no cadastro da RFB. Requer, por fim que seja o recurso voluntário provido para que a exigência fiscal seja cancelada a) em razão: do reconhecimento da existência de vício material no lançamento, por erro na determinação da matéria tributável, que conduziu ao erro na determinação da base de cálculo e do montante devido, em flagrante violação aos arts. 142 e 145 do CTN; nulidade do lançamento por ilegalidade no arbitramento da base de cálculo; da nulidade do edital publicado em local diverso do domicílio eleito pelo Contribuinte; Fl. 373DF CARF MF Processo nº 10530.727171/201459 Acórdão n.º 2402006.514 S2C4T2 Fl. 6 9 da efetiva existência de RL e de APP conforme aferido de maneira conclusiva por meio de Laudo Técnico b) ou ainda, na hipótese de subsistir o lançamento, seja o ITR apurado sobre o tamanho efetivo do imóvel e que seja considerado o VTN apurado conforme o Laudo Técnico de Avaliação. É o relatório Voto Conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho – Relator O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto dele conheço. Nulidade por Erro na Determinação da Matéria Tributável Sobre esse ponto, o reclamante aduz que “foi lavrado um único lançamento fiscal em relação a dois imóveis distintos, tal como se se tratasse de um mesmo fato gerador e de uma mesma base de cálculo”, ou seja, de um único imóvel supostamente com a área de 1.468,40 ha – o que não corresponderia à realidade dos fatos. Ainda de acordo com a peça recursal, a motivação trazida no Auto de Infração é falsa, pois a DITR/2011 referese a um único imóvel, sem que conste nenhuma agregação de área contígua e que seria impossível realizar esse tipo de anexação, visto que os imóveis rurais pertencem a coproprietário diversos. De acordo com a peça recursal: Conforme se verifica dos autos, a matrícula n° 2854 (fl. 38) trata de imóvel de propriedade de Romildo Sousa Ribeiro, Ueliton Baltasar Caetano e Artur Ribeiro Jarnalo, cuja averbação AV 52854 (fl. 39) informa que o nome da Fazenda é Salto da Lontra. Já a matrícula n° 2855 (fl. 41) tratase de imóvel de propriedade de Ueliton Baltasar Caetano, Selma Resende Jornal e Romildo Sousa Ribeiro, cuja averbação AV2 2855 (fl. 42) informa que o nome da Fazenda é São Joaquim. Segundo informa o recorrente a DITR/2011 não foi por ele apresentada, mas por outro dos coproprietário e apenas com relação a um dos imóveis. Argumenta ainda o sujeito passivo que a DRJ/BSA teria alterado a fundamentação do Auto de Infração. Segundo infere: A motivação do Auto de Infração, como visto, foi de que os imóveis teriam sido unificados na DITR2011, o que, como é patente, é falso. Fl. 374DF CARF MF 10 A DRJ, agora, pretende sustentar o lançamento unificado dos dois imóveis a pretexto de que seriam áreas contíguas de um mesmo proprietário. Examinandose os documentos de fls. 37/43 constatase que o argumento de que os imóveis objeto do lançamento pertenceriam a proprietários diferentes, não se sustenta. Vejase que o recurso voluntário informa que, com relação o imóvel de matrícula n° 2854 figuram com os coproprietários as seguintes pessoas físicas: Romildo Sousa Ribeiro, Ueliton Baltasar Caetano e Artur Ribeiro Jarnalo. Já os coproprietários do imóvel matriculado sob o número 2855 são Ueliton Baltasar Caetano, Selma Resende Jarnalo e Romildo Sousa Ribeiro. Ocorre que as informações insertas no registro R42854 (fl. 38) do imóvel de matrícula nº 2854 dão conta de que Artur Ribeiro Jarnalo e Selma Resende Jarnalo são casados. Confirase: Com isso, em razão da sociedade conjugal, Artur e Selma Jarnalo têm a propriedade em comum de um terço de cada um dos imóveis. E isso pode ser facilmente verificado a partir da averbação efetuada em 15/08/2013 na matrícula de ambos os imóveis, conforme trechos a seguir transcrito, onde Selma Jarnalo figura, em relação a esses dois imóveis, entre os coproprietária (fls. 39 e 42): Fl. 375DF CARF MF Processo nº 10530.727171/201459 Acórdão n.º 2402006.514 S2C4T2 Fl. 7 11 Verificase, pois, a improcedência do argumento recursal de que os imóveis rurais em relação aos quais foi realizado o lançamento do tributo pertencem a coproprietários diversos. Sobre a asserção recursal de que os imóveis não seriam contíguos, também não há como conferir razão ao recorrente, pois os dados registrados na matrículas dos dois imóveis são absolutamente claros no sentido de que as propriedades rurais fazem limite entre si. De modo a espancar qualquer dúvida a esse respeito, reproduzo, mais uma vez, trechos das matrículas dos imóveis: Dessarte, ainda que a informação contida na DITR/2011 dissesse respeito a apenas um dos imóveis, como alegado no recurso voluntário, o lançamento deveria ser feito em relação a ambos, em vista dos disposto § 2º do art. 1º da Lei nº 9.393/1996 Art. 1º O Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR, de apuração anual, tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, localizado fora da zona urbana do município, em 1º de janeiro de cada ano. § 1º O ITR incide inclusive sobre o imóvel declarado de interesse social para fins de reforma agrária, enquanto não transferida a propriedade, exceto se houver imissão prévia na posse. § 2º Para os efeitos desta Lei, considerase imóvel rural a área contínua, formada de uma ou mais parcelas de terras, localizada na zona rural do município. § 3º O imóvel que pertencer a mais de um município deverá ser enquadrado no município onde fique a sede do imóvel e, se esta não existir, será enquadrado no município onde se localize a maior parte do imóvel. (Grifouse) Do mesmo modo, a assertiva de que a decisão de primeira instância administrativa teria alterado os fundamentos do lançamento não resiste a uma análise, ainda Fl. 376DF CARF MF 12 que superficial, das razões trazidas no Auto de Infração e na decisão de piso. Esclareçase que o Auto de Infração traz como fundamento o inciso I do § 1º do art. 10 e o art. 14 da Lei nº 9.393/1996, ou seja, encontrase pautado no fato de o Valor da Terra Nua – VTN declarado pelo contribuinte para os imóveis de matrícula 2854 e 2855 está em desacordo com o que estabelece a legislação e de que a área dos imóveis (somadas por serem contíguas e terem sido declaradas de forma unificada na DITR/2011) ser maior do que o informado nessa declaração. Asseverese que, em momento algum, a DRJ afastouse de tais fundamentos ao proferir sua decisão. Além do que, tivesse o representante da recorrente analisado de forma mais detida a decisão atacada, perceberia que o argumento trazido pelo Fisco foi inclusive reproduzido na decisão fustigada nos seguintes termos: Quantos às alegações de ilegalidade da autuação porque a fiscalização teria promovido o lançamento unificando duas fazendas (Fazenda Salto do Lontra e a Fazenda São Joaquim) como se tratasse de um único imóvel, afirmando que seriam duas propriedades distintas, cada qual com a sua respectiva Matrícula e com proprietários diferentes, e que a Fazenda Três Barras é a antiga denominação da Fazenda Salto do Lontra, verificase nos autos que elas não procedem, como observou, inclusive, a Autoridade Fiscal, às fls. 155, posto que as Matrículas nº 2854 e nº 2855 referemse a imóveis contínuos, de propriedade do impugnante, com áreas totais, respectivamente de 728,17 ha, às fls. 39, e 740,29 ha, às fls. 42, que perfazem um imóvel, para fins de ITR, de área total de 1.468,4 ha, como apurado corretamente pela fiscalização. Registrese que não foi a fiscalização que unificou os imóveis de propriedade do impugnante, como fazem prova as referidas Matrículas, já que foi o próprio contribuinte que o fez corretamente, com erro apenas na soma da área total, que foi declarada equivocadamente como de 1.330,0 ha. (Grifouse) Ademais, ainda que o recorrente tivesse alguma razão com relação a esse ponto, é absolutamente pacífico na jurisprudência deste Conselho que o julgador não está adstrito às razões invocadas pelas partes, podendo, à luz dos elementos fáticos e da legislação afeta à matéria objeto de litígio, formar livremente sua convicção. Sobre a indicação de que a DITR/2011 fora apresentada não pelo autuado, mas por outro coproprietário dos imóveis relacionados ao Auto de Infração, não vejo em que isso possa interferir no litígio. É que o recorrente e os demais proprietários dos imóveis rurais, por terem interesse comum na situação que constitui o fato gerador tributo, são solidários entre si. Implica dizer que, independentemente de quem tenha apresentado a DITR/2011, o lançamento pode ser efetuado contra qualquer dos coproprietários, sem benefício de ordem, de conformidade com o art. 124 do CTN, in verbis: Art. 124. São solidariamente obrigadas: I as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal; [...] Parágrafo único. A solidariedade referida neste artigo não comporta benefício de ordem. Fl. 377DF CARF MF Processo nº 10530.727171/201459 Acórdão n.º 2402006.514 S2C4T2 Fl. 8 13 Outra questão apresentada em sede de recurso voluntário é de que também houve lançamento de ITR voltado especificamente para a Fazenda São Joaquim (matrícula 2855), referente ao exercício 2011, o que configuraria bis in idem e macularia o lançamento, reclamando a decretação de sua nulidade. De fato, a autoridade autuante incorreu em equívoco ao formalizar o presente lançamento, além de um outro voltado para um dos imóveis já abragido na presente Notificação de Lançamento. Porém, como visto no início deste tópico, para fim de tributação pelo ITR, o § 2º do art. 1º da Lei nº 9.393/1996 estatui que, para o fim de apuração do ITR, considerase imóvel rural a área contínua, formada de uma ou mais parcelas de terras. Desse modo, não há qualquer vício que seja apto a invalidar o presente lançamento. Além disso, como bem sabe o recorrente, a Notificação de Lançamento voltada exclusivamente para a Fazenda São Joaquim (matrícula nº 2855) para o exercício 2011 (Processo nº 10530.725774/201505) foi anulada, pela decisão consubstanciada no Acórdão nº 03072.276, da 1ª Turma da DRJ/BSA, nos seguintes termos: Acordam os membros da 1ª Turma de Julgamento, por unanimidade de votos, considerar procedente a impugnação apresentada pelo Contribuinte, acolhendo a preliminar de nulidade, por duplicidade, do lançamento consubstanciado na Notificação nº 3825/00124/2015 de fls. 03/08, desconsiderandose a exigência, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Por essa razão, resta insubsistente a alegação do recorrente quanto a eventual lançamento em duplicidade ou ainda de ofensa a princípios como o da legalidade ou da moralidade administrativa Assim sendo, afasto essa preliminar de nulidade. Intimação Editalícia e a Nulidade do Edital Publicado em Local Diverso do Domicílio do Contribuinte A despeito de toda a cantilena apresentada no apelo recursal, de que a notificação feita por edital seria nula, o que implicaria a nulidade do Auto de Infração, e de que a “Administração dispondo da informação do domicílio do contribuinte – e já tendo utilizado este mesmo endereço para notificações anteriores –, preferiu promover a Notificação de Lançamento por edital”, o fato é que tais alegações não encontram suporte na verdade dos autos. É que, diferentemente do se aduz no apelo, foram feitas três tentativas de entrega da notificação de lançamento no endereço informado para tal pelo contribuinte, conforme se depreende do Aviso de Recebimento de fl. 11, que a seguir se reproduz: Fl. 378DF CARF MF 14 Por outro lado, como restou esclarecido na decisão a quo, o parágrafo único do art. 4º da Lei nº 9.393/1996 é taxativo no que diz respeito a domicílio tributário em se tratando de ITR, apontando ser esse o município de localização do imóvel. Confirase: Art. 4º [...] Parágrafo único. O domicílio tributário do contribuinte é o município de localização do imóvel, vedada a eleição de qualquer outro. Em virtude disso, carece de razão a alegação trazida em sede de recurso quanto à nulidade do edital que deu ciência ao recorrente do lançamento fiscal. Além do mais, o recorrente apresentou impugnação tempestiva, defendendo se de todos fatos arrolados na autuação. Desta feita, ainda que se verificasse qualquer irregularidade no procedimento de notificação, temse que a apresentação da peça impugnatória supriria eventuais nulidades da citação, a teor do § 1º do art. 239 do Código de Processo Civil, aplicável subsidiariamente ao Processo Administrativo Fiscal: Art. 239. Para a validade do processo é indispensável a citação do réu ou do executado, ressalvadas as hipóteses de indeferimento da petição inicial ou de improcedência liminar do pedido. § 1º O comparecimento espontâneo do réu ou do executado supre a falta ou a nulidade da citação, fluindo a partir desta data o prazo para apresentação de contestação ou de embargos à execução. Quanto as decisões administrativas e judiciais acostadas aos autos, essas, além de não vincularem o julgador administrativo, retratam contextos fáticos diversos do ora analisado. Desse modo, acolho os argumentos suscitados na decisão de piso, adotando os como razão de decidir, o que impõe o afastamento da presente preliminar. Fl. 379DF CARF MF Processo nº 10530.727171/201459 Acórdão n.º 2402006.514 S2C4T2 Fl. 9 15 Erro da Área Tributável Outra questão aventada no recurso é que o laudo inicialmente apresentado atestaria ser a área total do imóvel de 285,82 ha. Inferese ainda que, “conforme aferido em georeferenciamento por meio de instrumentos de alta precisão, verificouse que a área real do imóvel é de 286,0077 ha”. Referido georeferenciamento, informa, encontrase homologado pelo Incra/Sigef e registrado na matrícula do Imóvel, tendo ainda demandado a atualização do laudo técnico, acosta às fls. 242/301. De início, importa rememorar que o lançamento em questão se reporta a dois imóveis rurais contíguos, matriculados no Registro de Imóveis sob os números 2854 e 2855. Contudo, as informações aferidas no georeferenciamento e reproduzidas no novo laudo apresentado fazem referência somente ao imóvel de matrícula 2854, denominado atualmente “Fazenda Salta da Lontra”, onde foi gravada a informação acerca da área aferida, de acordo com o documento de fls. 237/241 (Av62854). Asseverese que não houve qualquer alteração nos registros da fazenda São Joaquim (matrícula nº 2855), cuja área totaliza 740,2988 ha. De outra parte, não cabe ao julgador administrativo retificar a área do imóvel rural registrada na DITR do contribuinte, tal providência deveria ter sido adotada pelo próprio sujeito passivo e antes da perda da espontaneidade em razão do início do procedimento fiscal. Não obstante, mesmo tendo sido apresentados somente por ocasião do recurso voluntário, como os documentos trazidos aos autos, inclusive com o registro efetuado no cartório competente, reduzindo a área total de um dos imóveis abragidos na autuação, decorreu de manifestação contida no acórdão recorrido, entendo pela possibilidade de restabelecer a informação contida na DITR/2011, reduzindo a área total dos imóveis para 1330 ha. Sobre a alíquota aplicável, para a área aqui considerada, essa permanece em 8,60%, de conformidade com o Anexo à Lei nº 9.393/1996, não cabendo atender a solicitação do recorrente, de redução para 3,30%. Áreas Não Tributáveis pelo ITR O sujeito passivo apresenta diversas considerações a respeito de áreas de floresta nativa (área de interesse ecológico), reserva legal e de preservação permanente que, no seu entender, deveriam ser excluídas do cômputo da área tributável. Cabe esclarecer, de início, que não foram informadas quaisquer dessas áreas quando da apresentação da DITR/2011, consoante se pode observar do quadro extraído da Notificação de Lançamento, denominado “Distribuição da Área Utilizada pela Atividade Rural (ha)”, de fl. 6: Fl. 380DF CARF MF 16 Desta feita, o lançamento está fundado exclusivamente no fato de a DITR/2011 do contribuinte apresentar área inferior à incluída nas matrículas dos imóveis e de o VTN mostrarse subavaliado. Vejase que questões relacionadas a áreas não tributáveis não têm nenhuma relação com o lançamento e, consequentemente, não seriam objeto de litígio e não deveriam, no meu entender, sequer ter sido conhecidas pela DRJ. Contudo, como o acórdão recorrido traz considerações a esse respeito, entendo que tais matérias também devem ser debatidas pela segunda instância de julgamento administrativo. A respeito desse assunto, o caput e o § 1º do art. 10 da Lei nº 9.393/1996, na redação vigente à época do fato gerador, estabelecem: Art. 10. A apuração e o pagamento do ITR serão efetuados pelo contribuinte, independentemente de prévio procedimento da administração tributária, nos prazos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, sujeitandose a homologação posterior. § 1º Para os efeitos de apuração do ITR, considerarseá: I VTN, o valor do imóvel, excluídos os valores relativos a: a) construções, instalações e benfeitorias; b) culturas permanentes e temporárias; c) pastagens cultivadas e melhoradas; d) florestas plantadas; II área tributável, a área total do imóvel, menos as áreas: a) de preservação permanente e de reserva legal, previstas na Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, com a redação dada pela Lei nº 7.803, de 18 de julho de 1989; [...] e) cobertas por florestas nativas, primárias ou secundárias em estágio médio ou avançado de regeneração; (Incluído pela Lei nº 11.428, de 2006) [...] Fl. 381DF CARF MF Processo nº 10530.727171/201459 Acórdão n.º 2402006.514 S2C4T2 Fl. 10 17 § 7º A declaração para fim de isenção do ITR relativa às áreas de que tratam as alíneas "a" e "d" do inciso II, § 1º, deste artigo, não está sujeita à prévia comprovação por parte do declarante, ficando o mesmo responsável pelo pagamento do imposto correspondente, com juros e multa previstos nesta Lei, caso fique comprovado que a sua declaração não é verdadeira, sem prejuízo de outras sanções aplicáveis. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) (Grifouse) No apelo recursal asseverase que o § 7º art. 10 da Lei nº 9.393, de 1996, com as alterações promovidas pela Medida Provisória nº 2.16667/ 2001, teria dispensado qualquer comprovação prévia para fins de sua exclusão de áreas ambientais, como APP e ARL, da tributação pelo ITR. Entretanto, dito dispositivo legal não teve tal escopo, visando tãosomente sedimentar a alteração da modalidade de lançamento anterior do ITR (por declaração, conforme a Lei nº 8.847/1994) para lançamento por homologação. Assim, a dispensa de comprovação prévia nada tem a ver com dispensa de ADA ou de averbação, e sim com a sistemática de lançamento, igualandoo à modalidade dos demais tributos administrados pela Receita Federal. De mais a mais, as disposições acima destacadas deixam claro que, independentemente de comprovação prévia, as áreas de preservação permanente e de reserva legal, além daquelas cobertas por florestas nativas, estão excluídas da tributação pelo ITR. Nada obstante, a partir do exercício 2001, com a inclusão do art. 17O na Lei nº 6.938/1981, para se beneficiar das isenções previstas no § 1º do art. 10 da Lei nº 9.393/1996, fazse necessário, via de regra, a informação tempestiva das áreas respectivas ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) por meio do ADA, nos prazos definidos na legislação. Vejamos o teor do dispositivo: Art. 17O. Os proprietários rurais que se beneficiarem com redução do valor do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR, com base em Ato Declaratório Ambiental ADA, deverão recolher ao IBAMA a importância prevista no item 3.11 do Anexo VII da Lei no 9.960, de 29 de janeiro de 2000, a título de Taxa de Vistoria. (Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000) [...] § 1º A utilização do ADA para efeito de redução do valor a pagar do ITR é obrigatória. (Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000) (Grifouse) [...] A seguir, serão analisadas se áreas em questão podem ou não ser excluídas da tributação. Área de Floresta Nativa e Área de Preservação Permanente (APP) Segundo já se esclareceu, não foram especificadas na DITR/2011 áreas suscetíveis de exclusão da área tributável, em particular “áreas ambientais de preservação permanente” e “áreas de florestas nativas”, fato evidenciado no quadro “Distribuição da Área Utilizada pela Atividade Rural (ha)”, reproduzido alhures. Ainda assim, à luz dos normativos Fl. 382DF CARF MF 18 acima referenciados, a decisão de primeira instância administrativa realizou um minucioso exame acerca da postulação dessas áreas (requeridas somente na fase contenciosa), com fundamento em Laudo Técnico e Cadastro Ambiental Rural apresentado pelo contribuinte, relativo a apenas um dos imóveis abrangidos no lançamento. Referida decisão foi expressa quanto à não comprovação do cumprimento da exigência legalmente prevista para justificar a exclusão APP e da área de floresta nativa do cálculo do ITR/2011. Porém, o recorrente insiste na tese de que o laudo técnico seria suficiente para comprovar a existência das indigitadas áreas, sendo desnecessária a apresentação de Ato Declaratório Ambiental – ADA para sua exclusão da área total tributável do imóvel. Portanto, neste ponto, a discussão gira em torno da possibilidade de, em sede de recurso voluntário, admitir a exclusão da área tributável pelo ITR no exercício de 2011 aquelas descritas como APP área coberta por floresta nativa, com base nos documentos acostados aos autos, quais sejam: Cadastro Ambiental Rural – CAR (fls. 228/230); Certificado do georeferencimento (fls. 231/234); Certificado de Cadastro de Imóvel Rural – CCIR (fl. 235); Matrícula atualizada do Imóvel (fls. 237/241); e Laudo Técnico atualizado (fls. 242/301). Convém reiterar que, conquanto inexistisse, até o exercício de 2000, qualquer fundamento para a exigência do ADA como requisito para a fruição da isenção, com o advento da Lei n° 10.165/2000, e a respectiva alteração do § 1º do art. 17O da Lei nº 6.938/1981, o gozo benefício fiscal ficou condicionado à entrega dessa declaração. Apercebase que, como o lançamento se reporta à data de ocorrência do fato gerador do tributo (art. 144 do CTN) e, no que tange ao ITR, esta foi fixado em 1º de janeiro de cada ano (art. 1º da Lei nº. 9.393, de 1996), resta claro que a fruição do benefício está condicionada à preservação da APP, bem assim da área de floresta nativa, quando for o caso, em referida data. Nessa perspectiva, a Secretaria da Receita Federal do Brasil, utilizandose da prerrogativa de regulamentar a forma e os prazos para cumprimento de obrigações acessórias consubstanciada na entrega do ADA, especificou para tanto o prazo de seis meses após a data de entrega da DITR. Nada obstante, a jurisprudência consolidada no âmbito desse Conselho é no sentido de aceitar o ADA protocolado antes do início da ação fiscal, em respeito à espontaneidade do Contribuinte. Senão vejamos decisões da 2ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais nesse sentido: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2005 ITR. ISENÇÃO. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL (ADA). OBRIGATORIEDADE A PARTIR DE LEI 10.165/00. TEMPESTIVIDADE. INÍCIO DA AÇÃO FISCAL A partir do exercício de 2001, tornouse requisito para a fruição da redução da base de cálculo do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural a apresentação de Ato Declaratório Ambiental – ADA, protocolizado junto ao Ibama. A partir de uma interpretação teleológica do dispositivo instituidor, é de se Fl. 383DF CARF MF Processo nº 10530.727171/201459 Acórdão n.º 2402006.514 S2C4T2 Fl. 11 19 admitir a apresentação do ADA até o início da ação fiscal. No caso em questão o ADA foi apresentado em 21/12/2007, assim, após o início da ação fiscal, ocorrido em 04/10/2007. Destarte, não é possível a exclusão da área de APP declarada da base de cálculo do ITR. (Acórdão nº 9202005.679, de 27/07/2017) ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2002 [...] APP ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. GLOSA. ADA ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL TEMPESTIVO. Cabível o acolhimento de Área Preservação Permanente cujo ADA foi protocolado antes do início da ação fiscal. [...]. (Acórdão nº 9202005.606, de 29/06/2017) (Grifouse) Temse ainda, com relação a APP e área de florestas nativas, dentre outras, a seguinte decisão: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2007 ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. ÁREA DE RESERVA LEGAL. ÁREA DE FLORESTAS NATIVAS . ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL. OBRIGATORIEDADE DE APRESENTAÇÃO. Para ser possível a dedução de áreas de preservação permanente, de reserva legal e de florestas nativas da base de cálculo do ITR, a partir do exercício de 2001, é necessária a comprovação de que foi requerido tempestivamente ao IBAMA a expedição de Ato Declaratório Ambiental (ADA) até o início da ação fiscal. (Acórdão nº 9202005.598, de 29/07/2017) (Grifouse) Asseverese a jurisprudência administrativa colacionada pelo recorrente a esse respeito, além de não vincular o julgador administrativo, traz entendimento semelhante do aqui esposado, não o acudindo em suas pretensões recursais. No caso concreto, a despeito do disposto no art. 17O da Lei nº 6.938/1981, que condiciona a exclusão da APP e das áreas cobertas por vegetação nativa à apresentação de ADA com informações a seu respeito, e da jurisprudência pacífica no âmbito deste Conselho quanto à necessidade de que, para o fim de gozo do benefício fiscal, o Ato Declaratório tenha sido protocolado no órgão ambiental competente até o início da ação fiscal, não se tem notícias sobre a existência de tal documento. Em virtude das considerações encimadas, e tendo em vista a não apresentação de ADA até o presente momento, nego provimento ao recurso em relação à APP e áreas de florestas nativas. Fl. 384DF CARF MF 20 Área de Reserva Legal (ARL) A respeito desse tema, impende ressaltar que, consoante § 8º do art. 16 do antigo Código Florestal (vigente à época da ocorrência do fato gerador), há requisito específico quanto a exclusão da ARL na determinação do valor do ITR, qual seja, a averbação no registro de imóveis competente. Confirase: Art. 16. As florestas e outras formas de vegetação nativa, ressalvadas as situadas em área de preservação permanente, assim como aquelas não sujeitas ao regime de utilização limitada ou objeto de legislação específica, são suscetíveis de supressão, desde que sejam mantidas, a título de reserva legal, no mínimo:(Redação dada pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) [...] § 8º A área de reserva legal deve ser averbada à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, sendo vedada a alteração de sua destinação, nos casos de transmissão, a qualquer título, de desmembramento ou de retificação da área, com as exceções previstas neste Código.(Grifouse) De se esclarecer que, diferentemente da APP, a Reserva Legal não se trata de área préexistente, ao revés disso, consiste em um percentual legalmente estabelecido do imóvel rural cuja localização é sugerida pelo seu proprietário e aprovada pelo órgão ambiental competente. Vejase que, até que seja averbada no registro competente, a ARL sequer pode ser tida como existente, ou seja, somente após a efetiva averbação é que determinada área pode ser considerada, de fato, como Reserva Legal. Portanto, a averbação é ato constitutivo em relação à ARL e, tendo sido efetuada antes da ocorrência do fato gerador do ITR, supre, no meu entender, a necessidade de apresentação de ADA. Ademais, é também nesse sentido que a jurisprudência administrativa tem se consolidado. Vejase: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2002 [...] ARL ÁREA DE RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO TEMPESTIVA. ATO CONSTITUTIVO. A averbação da Área de Reserva Legal à margem da matrícula do imóvel, antes da ocorrência do fato gerador, autoriza a sua exclusão da tributação do ITR, independentemente do protocolo do ADA. (Acórdão nº 9202005.606, de 29/06/2017) (Grifouse) ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Anocalendário: 2003 [...] ÁREA DE RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO NO REGISTRO DE IMÓVEIS ANTES DA OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR. Fl. 385DF CARF MF Processo nº 10530.727171/201459 Acórdão n.º 2402006.514 S2C4T2 Fl. 12 21 NECESSIDADE. APRESENTAÇÃO TEMPESTIVA DE ADA. DISPENSÁVEL. Para ser possível a dedução da área de reserva legal da base de cálculo do ITR, basta sua averbação à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, antes da ocorrência do fato gerador do tributo, sendo dispensável a apresentação tempestiva de Ato Declaratório Ambiental ADA. No caso, a averbação ocorreu antes da ocorrência do fato gerador, assim, não é de se manter a glosa. (Acórdão nº 9202 006.824, de 19/04/2018) (Grifouse) Sobre asserção trazida no apelo do sujeito passivo de que “de que já consta averbada na matrícula do imóvel a alteração da área total da Fazenda Salto da Lontra para 286,0077 ha”, talvez o representante do recorrente ainda não tenha conseguido compreender, mas não é qualquer registro que está apto a excluir a Reserva Legal da área tributável do imóvel. Somente quando o registro atesta que determinada área tratase efetivamente de ARL é que essa área pode ser considerada como tal. Não é necessário grande esforço interpretativo para se concluir que a averbação referenciada no recurso (Av62854 – fl. 240) não faz referência a ARL. Uma leitura, mesmo que perfunctória, de citado registro leva qualquer um a essa compreensão. Referida averbação prestase tãosomente a ajustar a área total do imóvel. Ainda que se estivesse diante da averbação de ARL, o registro foi efetuado somente em relação a um dos imóveis envolvidos na autuação e apenas em 12 de janeiro de 2016, ou seja, muito depois de ocorrido o fato gerador da exação. Implica dizer que mesmo que se tratasse de registro de ARL, com base na legislação de regência e na jurisprudência do CARF, a averbação não teria o condão de suplantar o lançamento, posto que o fato gerador do imposto ocorreu em 1º de janeiro de 2011. O mesmo se pode dizer do registro efetuado Cadastro Ambiental Rural – CAR que, além de não atestar a existência de ARL, reportase a fato ocorrido em data posterior à de surgimento da exigência fiscal. Neste ponto, cabe esclarecer, por oportuno, que uma norma publicada em 2012 (como é o caso da Lei nº 12.651/2012 que possibilita a substituição do registro da ARL na matrícula do imóvel pela informação prestada no CAR) não retroage para alcançar fatos ocorridos em 2011 como devaneia o recorrente. Dito isso, nego provimento ao apelo também neste ponto. Ilegalidade do Arbitramento da Base de Cálculo Recalcitrase o apelante em razão de, no seu entender, a DRJ/BSA ter desconsiderado o VTN apresentado no laudo técnico sob o fundamento de que tal valor seria superior ao que foi arbitrado pela Autoridade Fiscal. Segundo infere, “o VTN/ha arbitrado pela fiscalização somente foi inferior ao VTN/ha demonstrado no Laudo pois baseouse em uma área surreal de 1.468,4 ha”, mas que a área do imóvel é de 286,0077 ha. Reitera que o VTN por hectare corresponde a R$ 1.332,93, de acordo com o a laudo técnico. Adverte que, com base no art. 148 do CTN, “o Fisco somente poderá arbitrar o valor ou o preço dos bens em duas hipóteses: (a) se o contribuinte omitir tal informação, ou (b) se demonstrado que a declaração do contribuinte não merece fé” e que a autoridade autuante “não logrou demonstrar a configuração de hipótese de arbitramento do valor do imóvel”. Fl. 386DF CARF MF 22 Segundo afirma: “Não se pode aplicar no caso concreto o arbitramento, pois não houve omissão alguma por parte do contribuinte”. Consigna que o fato de não ter conseguido apresentar a tempo, para a Fiscalização, o laudo de avaliação, não configura omissão nem afasta a idoneidade das informações prestadas. Inicialmente, cumpre evidenciar que o apelo em exame não faz oposição ao Valor da Terra Nua por hectare (VTN/ha) aferido pelo Fisco, até porque, como muito bem evidenciado na decisão vergastada, a Fiscalização considerou que o VTN/ha equivaleria a R$ 1.307,50 e o valor estabelecido nos laudos técnicos foi superior, ou seja, R$ 1.332,93. Esclareçase que o Sistema de Preços de Terras – SIPT, utilizado pelo Fisco para o cálculo do tributo, fornece o VTN por hectare, ou seja, as ruidosas inferências ostentadas pelo recorrente de que o dispositivo legal a respeito desse tema “não diz que o valor do sistema de preços passaria a ser considerado como o valor mínimo para a base de cálculo” não têm nenhuma razão de ser, pois, em hipótese alguma lhe favorecem. Além do mais, restou fartamente esclarecido em tópico específico que, em razão do disposto no art. 1º da Lei nº 9.393/1996, para o fim de incidência de ITR, “considera se imóvel rural a área contínua, formada de uma ou mais parcelas de terras, localizada na zona rural do município”. Do mesmo modo, tendo em conta que os imóveis registrados sob as matrículas 2804 (Fazenda Salto da Lontra) e 2805 (Fazenda São Joaquim) são contíguos e pertencem aos mesmos coproprietários (o que também já se atestou em item próprio deste voto), o que deve ser considerado para fins de incidência do imposto é o somatório das áreas dos dois imóveis, consoante declarado na DITR/2011, que corresponde a 1.330,0 ha e não de 286,0077 ha (área somente da Fazenda Salto da Lontra, de conformidade com o laudo apresentado conjuntamente com o recurso voluntário). No que respeita as asserções exibidas pelo sujeito passivo de que o arbitramento do VTN não encontraria amparo na legislação de regência, os documentos acostados aos autos, inclusive os laudos técnicos trazidos na impugnação e no recurso voluntário, demonstram exatamente o contrário. Restou patente nos autos que sujeito passivo, de forma absolutamente deliberada, e com o fim específico de reduzir o valor do tributo devido, ao arrepio das normas que disciplinam a matéria, declarou que o imóvel de sua propriedade valia R$ 0,00. O Documento de Informação e Apuração do ITR, integrante da DITR/2011 (fl. 218) registra esse fato: Fl. 387DF CARF MF Processo nº 10530.727171/201459 Acórdão n.º 2402006.514 S2C4T2 Fl. 13 23 Verificase, portanto, que a informação prestada na DITR/2011 não tem credibilidade alguma. Aliás, reiterese, os próprios laudos técnicos apresentados pelo recorrente corroboram a tese de que o sujeito passivo, ao incluir tal informação na declaração do imposto, laborou no intuito de dissimular o valor do tributo visto que tais documentos atribuíram R$ 1.332,93 a cada a cada hectare de um dos imóveis em questão, e não R$ 0,00 como consta da declaração. Não restam dúvidas de que o comportamento reprovável adotado pelo contribuinte justificou o arbitramento levado a efeito pelo Fisco, o qual está em absoluta consonância com o art. 148 do CTN, a seguir transcrito: Art. 148. Quando o cálculo do tributo tenha por base, ou tome em consideração, o valor ou o preço de bens, direitos, serviços ou atos jurídicos, a autoridade lançadora, mediante processo regular, arbitrará aquele valor ou preço, sempre que sejam omissos ou não mereçam fé as declarações ou os esclarecimentos prestados, ou os documentos expedidos pelo sujeito passivo ou pelo terceiro legalmente obrigado, ressalvada, em caso de contestação, avaliação contraditória, administrativa ou judicial. O caput e o § 2º do art. 8º da Lei nº 9.393/1996, impõem ao contribuinte o dever de entregar o Documento de Informação e Apuração do ITR – DIAT anualmente, declarando VTN que deve refletir o preço de mercado das terras: Art. 8º O contribuinte do ITR entregará, obrigatoriamente, em cada ano, o Documento de Informação e Apuração do ITR DIAT, correspondente a cada imóvel, observadas data e condições fixadas pela Secretaria da Receita Federal. § 1º O contribuinte declarará, no DIAT, o Valor da Terra Nua VTN correspondente ao imóvel. § 2º O VTN refletirá o preço de mercado de terras, apurado em 1º de janeiro do ano a que se referir o DIAT, e será considerado autoavaliação da terra nua a preço de mercado. § 3º O contribuinte cujo imóvel se enquadre nas hipóteses estabelecidas nos arts. 2º e 3º fica dispensado da apresentação do DIAT. (Grifouse) Por seu turno, a falta da declaração ou a subavaliação dos valores constantes da declaração, mediante informações inexatas, incorretas ou fraudulentas, como se verificou no presente caso, dão ensejo à determinação e ao lançamento de ofício do imposto, considerando informações sobre preços de terras, constante do SIPT, consoante expressamente previsto no art. 14 da mesma lei: Art. 14. No caso de falta de entrega do DIAC ou do DIAT, bem como de subavaliação ou prestação de informações inexatas, incorretas ou fraudulentas, a Secretaria da Receita Federal procederá à determinação e ao lançamento de ofício do imposto, considerando informações sobre preços de terras, constantes de sistema a ser por ela instituído, e os dados de área total, área tributável e grau de utilização do imóvel, apurados em procedimentos de fiscalização. § 1º As informações sobre preços de terra observarão os critérios estabelecidos no art. 12, § 1º, inciso II da Lei nº 8.629, Fl. 388DF CARF MF 24 de 25 de fevereiro de 1993, e considerarão levantamentos realizados pelas Secretarias de Agricultura das Unidades Federadas ou dos Municípios. § 2º As multas cobradas em virtude do disposto neste artigo serão aquelas aplicáveis aos demais tributos federais. (Grifou se) Verificase, pois, estar correto o procedimento adotado pelo Fisco, visto que em absoluta consonância com a legislação que rege a matéria, razão pela qual não acolho as pretensões recursais neste ponto. CONCLUSÃO Por todo o exposto voto por afastar as preliminares e, no mérito, DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso voluntário exclusivamente para reduzir a área aproveitável do imóvel rural para 1330,0 ha. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Fl. 389DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10600.720019/2017-17
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 14 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Oct 09 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2012, 2013, 2014, 2015
NULIDADE. HIPÓTESES.
Os lançamentos passíveis de nulidade são os realizados por autoridade incompetente, nos termos do art. 59, I, do Decreto nº 70.235/72 (PAF), ou com ausência de algum dos requisitos essenciais do auto de infração e dos lançamentos em geral, fixados no art. 10 do PAF e art. 142 do CTN, respectivamente. Tais situações não ocorreram nos lançamentos contestados.
DESPESAS NÃO NECESSÁRIAS.
Caracterizam-se como desnecessárias e, portanto, indedutíveis do Lucro Real, as despesas com juros relativas a empréstimo entre empresas pertencentes ao mesmo grupo econômico em que não houve efetivo fluxo financeiro e a operação poderia ter sido realizada de forma diversa. Ademais, não se considera como usual ou normal a despesa financeira na situação fática dos autos.
Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Ano-calendário: 2012, 2013, 2014, 2015
CSLL. EXTENSÃO LEGAL. INDEDUTIBILIDADE. DECORRÊNCIA LÓGICA.
Cabível a extensão da glosa de despesas indedutíveis à base de cálculo da CSLL por conta do disposto no artigo 57 da Lei 8.981/95, que tem por intento evitar a repetição desnecessária de comandos legais para disciplinar a metodologia de determinação das bases imponíveis das duas exações, naquilo em que as sistemáticas têm de comum. Uma vez considerado inoponível ao Fisco a constatação de despesas desnecessárias tendente a reduzir a base de cálculo do IRPJ, por decorrência lógica estas não podem ser validadas para fins de CSLL.
MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. NÃO CABIMENTO.
O TVF fundamenta a qualificação na suposta obrigatoriedade de o contribuinte ter realizado a operação de forma diversa. Entretanto, havendo dois caminhos possíveis e lícitos, cabe ao particular a escolha da decisão que entender mais adequada. Entretanto, no caso concreto, a despesa foi considerada indedutível. Sendo este o fundamento do lançamento. Outrossim, a própria dificuldade de conceituação da usualidade, normalidade e necessidade impõem, no caso concreto, a necessidade de aplicação de entendimento mais benéfico ao contribuinte, nos termos do que dispõe o art. 112 do CTN.
APLICAÇÃO DO ART. 57 § 3º DO REGIMENTO INTERNO DO CARF. FACULDADE DO JULGADOR.
Plenamente cabível a aplicação do respectivo dispositivo regimental uma vez que a Recorrente não inova nas suas razões já apresentadas em sede de impugnação, as quais foram claramente analisadas pela decisão recorrida.
BASE DE CÁLCULO DA CSLL. CORREÇÃO DO VALOR LANÇADO.
É correta a decisão que observando erros na apuração do crédito, promove aos devidos ajustes. Recurso de Ofício não deve ser provido.
Numero da decisão: 1401-002.825
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as arguições de nulidade e negar provimento ao Recurso de Ofício. Por maioria de votos, negar provimento ao recurso voluntário no que diz respeito ao mérito da autuação do IRPJ. Vencidos os Conselheiros Lívia De Carli Germano e Letícia Domingues Costa Braga. Por voto de qualidade, negar provimento ao recurso voluntário em relação à exigência da CSLL. Vencidos os Conselheiros Lívia De Carli Germano, Luciana Yoshihara Arcângelo Zanin, Daniel Ribeiro Silva e Letícia Domingues Costa Braga. Por unanimidade de votos, dar parcial provimento ao recurso voluntário para afastar a qualificação da multa de ofício dos autos de infração de IRPJ e CSLL. A Conselheira Lívia De Carli Germano não apresentou a declaração de voto, em face do prazo estabelecido no parágrafo 6º do art.63 do Regimento Interno do CARF. Designado o Conselheiro Cláudio de Andrade Camerano para redigir o voto vencedor.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente.
(assinado digitalmente)
Daniel Ribeiro Silva- Relator.
(assinado digitalmente)
Cláudio de Andrade Camerano - Redator designado.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Livia de Carli Germano, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Abel Nunes de Oliveira Neto, Cláudio de Andrade Camerano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Daniel Ribeiro Silva e Letícia Domingues Costa Braga.
Nome do relator: DANIEL RIBEIRO SILVA
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HIPÓTESES. Os lançamentos passíveis de nulidade são os realizados por autoridade incompetente, nos termos do art. 59, I, do Decreto nº 70.235/72 (PAF), ou com ausência de algum dos requisitos essenciais do auto de infração e dos lançamentos em geral, fixados no art. 10 do PAF e art. 142 do CTN, respectivamente. Tais situações não ocorreram nos lançamentos contestados. DESPESAS NÃO NECESSÁRIAS. Caracterizamse como desnecessárias e, portanto, indedutíveis do Lucro Real, as despesas com juros relativas a empréstimo entre empresas pertencentes ao mesmo grupo econômico em que não houve efetivo fluxo financeiro e a operação poderia ter sido realizada de forma diversa. Ademais, não se considera como usual ou normal a despesa financeira na situação fática dos autos. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2012, 2013, 2014, 2015 CSLL. EXTENSÃO LEGAL. INDEDUTIBILIDADE. DECORRÊNCIA LÓGICA. Cabível a extensão da glosa de despesas indedutíveis à base de cálculo da CSLL por conta do disposto no artigo 57 da Lei 8.981/95, que tem por intento evitar a repetição desnecessária de comandos legais para disciplinar a metodologia de determinação das bases imponíveis das duas exações, naquilo em que as sistemáticas têm de comum. Uma vez considerado inoponível ao Fisco a constatação de despesas desnecessárias tendente a reduzir a base de cálculo do IRPJ, por decorrência lógica estas não podem ser validadas para fins de CSLL. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. NÃO CABIMENTO. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 60 0. 72 00 19 /2 01 7- 17 Fl. 7274DF CARF MF 2 O TVF fundamenta a qualificação na suposta obrigatoriedade de o contribuinte ter realizado a operação de forma diversa. Entretanto, havendo dois caminhos possíveis e lícitos, cabe ao particular a escolha da decisão que entender mais adequada. Entretanto, no caso concreto, a despesa foi considerada indedutível. Sendo este o fundamento do lançamento. Outrossim, a própria dificuldade de conceituação da usualidade, normalidade e necessidade impõem, no caso concreto, a necessidade de aplicação de entendimento mais benéfico ao contribuinte, nos termos do que dispõe o art. 112 do CTN. APLICAÇÃO DO ART. 57 § 3º DO REGIMENTO INTERNO DO CARF. FACULDADE DO JULGADOR. Plenamente cabível a aplicação do respectivo dispositivo regimental uma vez que a Recorrente não inova nas suas razões já apresentadas em sede de impugnação, as quais foram claramente analisadas pela decisão recorrida. BASE DE CÁLCULO DA CSLL. CORREÇÃO DO VALOR LANÇADO. É correta a decisão que observando erros na apuração do crédito, promove aos devidos ajustes. Recurso de Ofício não deve ser provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as arguições de nulidade e negar provimento ao Recurso de Ofício. Por maioria de votos, negar provimento ao recurso voluntário no que diz respeito ao mérito da autuação do IRPJ. Vencidos os Conselheiros Lívia De Carli Germano e Letícia Domingues Costa Braga. Por voto de qualidade, negar provimento ao recurso voluntário em relação à exigência da CSLL. Vencidos os Conselheiros Lívia De Carli Germano, Luciana Yoshihara Arcângelo Zanin, Daniel Ribeiro Silva e Letícia Domingues Costa Braga. Por unanimidade de votos, dar parcial provimento ao recurso voluntário para afastar a qualificação da multa de ofício dos autos de infração de IRPJ e CSLL. A Conselheira Lívia De Carli Germano não apresentou a declaração de voto, em face do prazo estabelecido no parágrafo 6º do art.63 do Regimento Interno do CARF. Designado o Conselheiro Cláudio de Andrade Camerano para redigir o voto vencedor. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente. (assinado digitalmente) Daniel Ribeiro Silva Relator. (assinado digitalmente) Cláudio de Andrade Camerano Redator designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Gonçalves, Livia de Carli Germano, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Abel Nunes de Oliveira Neto, Cláudio de Andrade Camerano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Daniel Ribeiro Silva e Letícia Domingues Costa Braga. Fl. 7275DF CARF MF Processo nº 10600.720019/201717 Acórdão n.º 1401002.825 S1C4T1 Fl. 7.274 3 Relatório Tratamse de Recursos Voluntário e de Ofício interpostos em face do acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal em Belo Horizonte (MG), que julgou procedente em parte a impugnação administrativa apresentada pelo contribuinte em virtude de supostas infrações a legislação tributária, exigindose o Imposto de Renda Pessoa Jurídica IRPJ, e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL, cumulados com multa de ofício no percentual de 150% e juros de mora, lavrados para formalização e exigência de crédito tributário no montante de R$ 215.738.264,42, conforme tabela abaixo indicada: TRIBUTO PRINCIPAL JUROS MULTA TOTAL IRPJ R$ 52.624.005,13 R$ 16.887.790,17 R$ 78.936.007,68 R$ 148.447.802,98 CSLL R$ 24.484.510,27 R$ 6.079.185,78 R$ 36.726.765,39 R$ 67.290.461,44 De acordo com o Termo de Verificação Fiscal, às fls. 51/152 (1ª parte), contatouse: 1. “de início, que o processo de reorganização societária se deu no curso do anocalendário de 2012, com profundas alterações em sua estrutura societária”; 2. “a formação de ambas as sociedades, empresária e simples, está adstrita ao ânimo do exercício de atividade econômica e se este não existir fica caracterizada a ausência de propósito societário, não originando, assim, a motivação para a própria celebração do contrato de sociedade. Subsidiariamente, neste caso, devese ponderar que não haveria nem mesmo quaisquer resultados a serem partilhados”; 3. “em 06/06/2012 retirouse da sociedade BD PANAMA, representada pela procuradora Sra. Fátima Aparecida Carr, CPF nº 001.933.68889, transferindo suas cotas a BLACK & DECKER LIMITED S.A.R.L que passou a integrar o quadro social”; 4. “no mesmo ato, retirouse da sociedade BLACK & DECKER MANIFACTURING, DISTRIBUTION & GLOBAL PURCHASING HODINGS L.P., representada pelo procurador Sr. Carlos Alberto de Souza, CPF nº 669.071.79849, transferindo suas cotas a BD LUX que passou a integrar o quadro social”; 5. “de acordo com o Termo de Solicitação e Esclarecimentos, o procurador da empresa consignou que a função da holding belga era: “uma administradora de caixa da Stanley BD. A Holding detinha as ações das subsidiárias. A BD Brasil, com o processo de reorganização, resolveu adquirir a holding e a holding, por sua vez, era dona das subsidiárias da América latina, por isso resolveu comprar a holding”; Fl. 7276DF CARF MF 4 6. “de todos os documentos relativos ao mútuo, identificouse que a operação havia sido estruturada em moeda nacional, não cabendo, portanto, a apropriação de variação cambial”; 7. “no processo de formação do capital de uma empresa, temse, basicamente, duas possibilidades de financiamento das atividades empresariais, quais sejam: (i) os recursos podem ser investidos pelos sócios, mediante capitalização ou endividamento; (ii) ou os recursos podem advir de terceiros. Procuramos, deixando o subjetivismo na apreciação de estruturações internacionais abusivas, considerar critérios objetivos e instruídos com os necessários elementos probantes”; 8. “que o ordenamento jurídico repele é adoção de condutas ilícitas dos contribuintes o que não significa que não assista direito ao contribuinte de auto organizar suas atividades. Por certo tal direito existe, contudo, não é ilimitado sob o escudo do princípio da legalidade ou tipicidade fechada, há de ser mitigado pelos princípios da capacidade contributiva e isonomia, sem se olvidar da solidariedade social a ser observada na hodierna concepção de Estado”; 9. “há que se aplicar penalidade específica (multa de oficio) às diferenças tributárias ora levantadas; cuja redução ilícita se dera por conta da fiscalizada, o que clama pela aplicação de multa qualificada de 150% (cento e cinquenta por cento) prevista no artigo 44, inciso II, da Lei nº 9.430/96, sob redação atualizada pelo artigo 14 da lei 11.488/07 (...)”; O principal fundamento da autoridade administrativa é que “as despesas financeiras do empréstimo obtido pela Impugnante não eram necessárias, por não serem usuais, normais e compatíveis com a sua atividade ou à manutenção da sua fonte produtora, nos termos do art. 299 combinado com o art. 374 do Decreto nº 3.000/1999 – Regulamento do Imposto de Renda (RIR/99)”. Ciente da autuação em 30/03/2017 o interessado apresenta IMPUGNAÇÃO ADMINISTRATIVA (fls. 4.377/4.471) em 28/04/2017, na qual alegou em síntese: 1. Preliminar. DA NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO EM DECORRÊNCIA DA AUSÊNCIA DE ENQUADRAMENTO ESPECÍFICO DA INFRAÇÃO COMETIDA PELA IMPUGNANTE. AUSÊNCIA DE REQUALIFICAÇÃO DOS FATOS PELA FISCALIZAÇÃO: Afirma que “a fiscalização da Receita Federal descreveu a restruturação societária pela qual passou o Grupo Stanley e seus efeitos sobre a estrutura do grupo na América Latina, para concluir que foi feito todo um planejamento com o intuito único e exclusivo de, mediante a adoção de “outra modalidade de endividamento abusivo” (parágrafo 131, página 70 do Termo de Verificação Fiscal – doc. 04), corroer a base de cálculo do IRPJ e da CSLL, para passar da geração de lucro para o prejuízo fiscal e de bases de cálculo negativas da CSLL”. (...) No entanto, a fiscalização Fl. 7277DF CARF MF Processo nº 10600.720019/201717 Acórdão n.º 1401002.825 S1C4T1 Fl. 7.275 5 não aponta um dispositivo legal ou norma que tenha sido violado, como exigem o inciso IV do art. 10 do Decreto nº 70.235/1972 e o inciso IV do art. 39 do Decreto nº 7.574/2011. Ora, o Fisco é obrigado a comprovar as razões da prática do seu ato administrativo de lançamento tributário e, consequentemente, provar a ocorrência dos fatos que o levaram a constituir uma obrigação tributária até então inexistente ou de valor pecuniário menor, não lhe sendo permitido, portanto, trabalhar no plano das ilações”. 2. Não se pode admitir um ato administrativo sem a sua respectiva motivação, ocorrendo o mesmo com o ato administrativo de lançamento tributário, onde a motivação é justamente a própria existência de prova, que deve ser incontroversa, sob pena de nulidade do ato administrativo, razão pela qual não há que se admitir a utilização de mera presunção ou indícios. Neste sentido, já decidiu o extinto Conselho de Contribuintes do Ministério da Fazenda, atual Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, que “indício ou presunção não podem por si só caracterizar o crédito tributário”. 3. Diz que “considerando que a fiscalização não indica quais são os dispositivo violados pela Impugnante (pelo contrário, afirma no Termo de Verificação Fiscal que observou os termos da legislação em vigor); não requalifica juridicamente os fatos da reorganização societária do Grupo Stanley; não prova a ocorrência de qualquer tipo de fraude; evidentemente o auto de infração ora combatido é nulo e deve ser cancelado sem sequer se analisar o mérito da presente Impugnação”. 4. DA NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO EM DECORRÊNCIA DE ERRO NA INDICAÇÃO DE ELEMENTOS ESSENCIAIS. O ERRO NA APURAÇÃO DO VALOR SUPOSTAMENTE DEVIDO A TÍTULO DE CSLL: Afirma que verificando a base adotada para fins de cálculo do IRPJ, percebese claramente que o valor indicado é de R$ 98.702.149,00, que é o valor dos juros devidos pela Impugnante no contrato de mútuo celebrado com a sua controladora no exterior, conforme consta de fls. 14 do Auto de Infração de IRPJ(...). E que, considerando que o valor tributável correto era de R$ 98.702.149,00 para fins de apuração da base de cálculo da CSLL, caso a autuação estivesse correta e tivesse a devida fundamentação, após a compensação com a base de cálculo negativa existente para o período, o valor tributável da CSLL para 2015 seria de R$ 51.118.779,47 e não de R$149.820.928,44, como constou no cálculo da CSLL supostamente devida”. 5. DO HISTÓRICO DA REORGANIZAÇÃO SOCIETÁRIA DO GRUPO ECONÔMICO DO QUAL A IMPUGNANTE É INTEGRANTE: Diz que “no dia 2 de fevereiro de 2010, a administração da Stanley e da Black & Decker, companhias residentes nos Estados Unidos, oficializaram um acordo de combinação estratégica das duas companhias por meio de uma fusão, Fl. 7278DF CARF MF 6 a qual foi aprovada pelos acionistas das duas companhias. Por se tratar de duas companhias de capital aberto no momento desses eventos societários, vários informes aos acionistas e a apresentação de formulários à CVM daquele país (SEC U.S. Securities and Exchange Commission) fizeram com que esta fusão fosse notoriamente noticiada pelo mundo todo. Como resultado dessa fusão, a administração global do Grupo Stanley iniciou um plano de integração dos negócios das duas companhias. Desta forma, foram analisados meios para aprimorar o modelo de gestão operacional, financeiro e administrativo das empresas do grupo ao redor do mundo, incluindo a delimitação de regiões específicas, como a América do Sul, com vistas a promover uma estrutura adequada para suportar os planos de crescimento do grupo no mundo. 6. Adicionalmente, o Grupo Stanley estabeleceu precisamente como meta aumentar a sua participação em mercados emergentes, com foco na América do Sul,particularmente no Brasil. Outro importante objetivo global do Grupo Stanley era aumentar a capacidade de distribuição de dividendos para os seus acionistas. Portanto, o grupo procurou meios de incrementar seus lucros, o que os conduziu a uma revisão de seus ativos imobilizados e de seu patrimônio líquido no Brasil e no restante da América do Sul. A este respeito, uma estrutura mais verticalizada parecia ser mais apropriada financeiramente como forma de aumentar seus ativos líquidos, o que viabilizaria o aumento de sua capacidade de endividamento”. 7. Além dos benefícios naturais em termos de gestão, reporte, controles e planejamento que esta unificação poderia trazer, conforme referido acima, verificouse, também, que esta nova forma organizacional unificada, capitaneada pela Impugnante, poderia também propiciar o fortalecimento de seu perfil financeiro, em decorrência do aumento de seu patrimônio líquido, conforme demonstrado anteriormente, o que a colocaria numa posição privilegiada para negociar junto a instituições financeiras, aumentando consideravelmente sua capacidade de obter empréstimos”. 8. Diz que “permitindose uma expansão da capacidade financeira da Impugnante, seriam também propiciados os meios para a aquisição de empresas no território brasileiro, para a expansão da infraestrutura fabril e para o financiamento da expansão das operações sem a necessidade de o Grupo Stanley valerse apenas de recursos próprios neste processo, favorecendo o fluxo de caixa”. 9. Que “para a Impugnante, o reflexo do mercado brasileiro foi a queda das vendas, com o crescimento dos custos de mão de obra em razão da espiral inflacionária e dos pedidos de recomposição dos salários dos trabalhadores, o que acabou por ocasionar prejuízo para a empresa, como demonstrado pela própria fiscalização no relatório de fiscalização. Para demonstrar que o posicionamento da Impugnante como uma holding foi constante, mesmo durante o período de crise, a Impugnante adquiriu a empresa M. Hart do Brasil Ltda., CNPJ nº 03.311.848/000120, com sede em São Paulo/SP (doc. 07), em 2014, operação da qual resultou o recolhimento de tributos no valor de R$ Fl. 7279DF CARF MF Processo nº 10600.720019/201717 Acórdão n.º 1401002.825 S1C4T1 Fl. 7.276 7 3,9 milhões para os cofres da União Federal (doc. 08). Posteriormente, em 2016, a Impugnante adquiriu a sociedade Spiralock do Brasil Ltda., CNPJ nº 03.997.959/000131, também com sede em São Paulo/SP (doc. 09). Na remessa de recursos ao exterior a Impugnante ainda pagou mais R$ 776.076,49 a título de IOF (doc. 10). Neste ano de 2017, a M. Hart do Brasil Ltda. e a Spiralock do Brasil Ltda., duas sociedades do grupo da Impugnante, adquirem a empresa Newell Rubbermaid Brasil Ferramentas e Equipamentos Ltda., CNPJ nº 02.877.632/000163, com sede em Cachoeirinha/RS (doc. 11). O contrato de câmbio demonstra que ainda foram pagos R$ 434.983,15 a título de IOF (doc. 12)”. 10. DA LIBERDADE DO CONTRIBUINTE DE ESTRUTURAR SEUS NEGÓCIOS: Afirma que “para a fiscalização, “o contribuinte, sob os critérios orientadores do arm´s lenght, caso desejasse atingir o objetivo alegado, deveria ter promovido uma subscrição de capital da empresa Black & Decker do Brasil Ltda., integralizando com ações decorrentes da Holding Belga, sem necessariamente adotar qualquer modalidade que envolvesse qualquer fluxo financeiro” (fls. 94 do Termo de Verificação Fiscal). Claramente esta opinião desconsidera que a Constituição Federal garante os princípios da “livre iniciativa” (CF/88, arts. 1º, IV e 170), da “propriedade privada” (CF/88, art. 5º, XXII e 170, II), da “livre concorrência” (CF/88, art. 170, IV) e do “livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgão públicos” (CF/88, art. 170, § único). Não há preceito legal que obrigue o contribuinte a adotar a forma jurídica que lhe acarrete o maior ônus fiscal. O contribuinte pessoa jurídica procura maximizar seus lucros e valor de mercado para gerar ganhos aos seus acionistas (e dessa forma gera mais empregos e recolhe mais tributos, apesar da visão limitada do fisco). O CARF reconhece esse direito das empresas (...) Também a jurisprudência dos Tribunais Regionais Federais, ao analisar casos que já passaram pela esfera administrativa, reconhece o direito dos contribuintes de optarem pela via que seja menos onerosa sob o aspecto tributário (...)”. 11. Diz que A operação da Impugnante pode ser vista como uma forma de elisão fiscal, o que é permitido, porém jamais vista como simulação e muito menos como fraude, eis que evidente a existência de propósito negocial. Ademais, não há que falar que a Impugnante deveria ter escolhido outra forma de financiamento (unicamente através de aumento de capital) em sua reorganização societária, como quer a fiscalização, sob pena de violação aos princípios constitucionais da “livre iniciativa”, da “propriedade privada”, da “livre concorrência” e do “livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgão públicos”. 12. DO NEGÓCIO JURÍDICO REALIZADO PELA IMPUGNANTE OBSERVA TODAS AS NORMAS LEGAIS SOBRE A OBTENÇÃO DE EMPRÉSTIMOS COM EMPRESAS DO MESMO GRUPO ECONÔMICO: Afirma que “a fiscalização do Banco Central Fl. 7280DF CARF MF 8 só admitia o registro de mútuo entre sociedades coligadas em que a mutuante controladora era residente no exterior quando entendia que os juros foram fixados em patamar razoável (...) (...) uma vez feito o registro no Banco Central, a Receita Federal não pode questionar os termos do referido contrato, ou simplesmente desconsiderálos, sem robustos elementos de prova de que o ato está viciado com simulação ou fraude. A este respeito, o Superior Tribunal de Justiça já assentou o dever da Receita Federal de respeitar o posicionamento dos outros órgãos técnicos da administração pública federal, não sendo válida a desconsideração simplesmente para efeitos de obter mais tributos. 13. DA NECESSIDADE DA IMPUGNANTE CONTRATAR FINANCIAMENTO PARA A REALIZAÇÃO DO INVESTIMENTO (AQUISIÇÃO DE OUTRAS UNIDADES NA AMÉRICA LATINA):Afirma que “é inegável que despesas relacionadas a aquisições de empresas que se enquadram no objeto social da sua adquirente (i.e., investimentos em outras sociedades ou relacionadas ou complementares ao objeto social industrial da Impugnante) são despesas necessárias, pouco importando se são empresas do mesmo grupo econômico ou não. E mais, estão no mesmo contexto dos juros. Entre tais despesas necessárias temos, além dos juros, honorários de advogados, contadores, avaliadores, auditores, profissionais responsáveis pelo registro das transações no Banco Central, etc., que foram incorridas pela Impugnante e não sofreram qualquer questionamento do fiscal ao serem deduzidas junto com os juros objeto da autuação. A inexistência de glosa das demais despesas demonstra uma inconsistência na autuação fiscal, logo os juros tomados para adquirir novas empresas também são dedutíveis”. Se a Impugnante tivesse contratado este financiamento com algum banco brasileiro, com taxas de juros significativamente maiores, a fiscalização teria lavrado a mesma autuação indicando que a despesa de juros era maior ainda e desnecessária? A resposta, ao que tudo indica, seria negativa”. 14. DA COMPROVAÇÃO DE QUE A CHESAPEAKE INVESTMENTS NÃO É UMA EMPRESA VEÍCULO: Afirma que “a foto do Google Maps apresentada pela fiscalização no Termo de Verificação Fiscal nada prova, em primeiro lugar porque é uma foto da sede de outra empresa, a Chesapeake Holdings, que não se confunde com a Chesapeake Investments, além disso é uma foto do lado de fora do prédio sem a identificação de quando teria sido fotografada. O trabalho da fiscalização se revelou pouco cuidadoso quando confundiu duas empresas diferentes, a Chesapeake Holdings, sociedade residente no exterior com pouco tempo desde que foi criada, e a Chesapeake Investments, controladora da Impugnante e criada muito tempo antes de toda a reorganização societária ora tratada. Nesse contexto, a Impugnante ora apresenta a prestação de contas elaborada pela Ernst Young S.A. para os exercícios de 2000 (doc. 17) e 2001 (doc. 18); bem como os relatórios de auditoria dos exercícios de 2005 (doc. 19) e 2009 (doc. 20) com o intuito de demonstrar que a Chesapeake Investments não foi criada de uma hora para outra, simplesmente para justificar a operação ora em comento, que tem um histórico como uma empresa financeira do grupo que não Fl. 7281DF CARF MF Processo nº 10600.720019/201717 Acórdão n.º 1401002.825 S1C4T1 Fl. 7.277 9 pode ser desconsiderado por simples ‘querer’ da Receita Federal. Ora, se a Chesapeake Investments é uma holding com eventuais operações financeiras, não há que se esperar outra coisa senão uma estrutura enxuta, com pouco ou mesmo nenhum funcionário, sendo que nem mesmo no direito brasileiro tal figura é desconhecida (...)”. 15. DA AVALIAÇÃO DA HOLDING BELGA E A QUESTÃO DO PRÊMIO DE EMISSÃO DE AÇÕES: Diz que “por se tratar de uma avaliação que dependia apenas da análise do valor contábil das quotas da Holding Belga, a ACAL informou no item V da sua Carta Proposta que “o prazo de execução do trabalho é estimado em até 05 (cinco) dias úteis da data da disponibilização dos documentos”. 16. “Nada mais razoável, visto que o laudo de avaliação da Holding Belga, conforme se observa do anexo (doc. 23), foi elaborado pela ACAL pelo método de avaliação patrimonial (valor líquido contábil). Ou seja, a avaliação realizada levou em consideração apenas os valores indicados nas demonstrações contábeis da Holding Belga e suas subsidiárias, portanto, não foi necessário qualquer análise de mercado, que demandaria mais tempo para sua elaboração. Importante esclarecer que, antes de a Impugnante adquirir as ações da Holding Belga, esta última passou por outras operações societárias (descritas no item III da presente Impugnação), as quais fizeram com que as suas demonstrações contábeis indicassem um valor relevante de “prêmio de emissão de ações”. 17. DA INAPLICABILIDADE DO PRECEDENTE DO CARF (ACÓRDÃO Nº 910100.287) CITADO NA FISCALIZAÇÃO NO TERMO DE VERIFICAÇÃO FISCAL AO PRESENTE CASO: Diz que “em operações como essa, o Superior Tribunal de Justiça, em sede de recurso repetitivo, decidiu que havia incidência da CPMF simplesmente porque havia lançamentos de entrada e saída de recursos (ainda que fictícia), reforçando o argumento de que houve, no presente caso, o ingresso de capitais do exterior (...) Da mesma forma, não se pode olvidar que não houve utilização de operações estruturadas em sequência e empresa veículo, uma vez que, conforme já mencionado a Chesapeake Holding não era sócia da Impugnante, razão pela qual não tem qualquer utilidade a sua indicação como empresa veículo no Termo de Verificação Fiscal. Assim, temse a segunda diferença deste caso concreto com aquele, uma vez que no Acórdão nº 910100287, era fato incontroverso a utilização de empresas no exterior para viabilização da aquisição da empresa brasileira”. 18. ALTERNATIVAMENTE: DA DIFERENÇA ENTRE A APURAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO DO IMPOSTO DE RENDA PESSOA JURÍDICA E DA CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO. TRATAMENTO ESPECÍFICO PARA CSLL: Diz que (...) “dentre as disposições relativas ao IRPJ que se estendem à forma de tributação da CSLL, por determinação do art. 28 da Lei nº 9.430/96, Fl. 7282DF CARF MF 10 nenhuma dispõe sobre a possibilidade de dedução de despesas da base de cálculo do IRPJ, na forma do art. 299 do RIR/99, o que demonstra que em relação a este instituto jurídico, as premissas de tributação de IRPJ não se aplicam à legislação da CSLL. Inclusive esse é o entendimento adotado pela 1ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais do CARF”. 19. SUBSIDIARIAMENTE: DA INAPLICABILIDADE DA MULTA QUALIFICADA AO CASO. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO DE QUALQUER TIPO DE DOLO: Diz que é “importante destacar que a fiscalização que culminou com a lavratura do auto de infração ora impugnado teve início em julho de 2013, quando a Delegacia da Receita Federal do Brasil em Uberaba/MG intimou a Impugnante para apresentar a escrituração do primeiro trimestre de 2013, LALUR e balancetes, relativos ao exercício de 2012. Logo, é possível indicar que nos exercícios subsequentes a 2012 o aproveitamento da despesa dos juros do mútuo contratado com a controladora no exterior foi feito concomitantemente com a fiscalização da Receita Federal, razão pela qual não é possível que esta alegue a ocorrência de sonegação. Também não há qualquer evidência de fraude, pois todos os atos declarados foram efetivamente realizados e declarados para os órgãos reguladores, não houve prejuízo para nenhum terceiro, pelo contrário, a Impugnante passou a ter maior capacidade financeira para a realização de outras compras no País”. 20. Requereu o acolhimento da impugnação para cancelar a exigência fiscal na sua totalidade. 21. Requereu a “juntada de documentos e laudos que não puderam ser juntados no lapso temporal para a apresentação da presente Impugnação, tendo em vista que parte deles está no exterior e necessita de tradução juramentada ou não puderam ser finalizados neste ínterim”. O Acórdão ora Recorrido (0276.804 10ª Turma da DRJ/BHE) recebeu a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA – IRPJ Anocalendário: 2012, 2013, 2014, 2015 NULIDADE. HIPÓTESES. Os lançamentos passíveis de nulidade são os realizados por autoridade incompetente, nos termos do art. 59, I, do Decreto nº 70.235/72 (PAF), ou com ausência de algum dos requisitos essenciais do auto de infração e dos lançamentos em geral, fixados no art. 10 do PAF e art. 142 do CTN, respectivamente. Tais situações não ocorreram nos lançamentos contestados. DESPESAS NÃO NECESSÁRIAS. Fl. 7283DF CARF MF Processo nº 10600.720019/201717 Acórdão n.º 1401002.825 S1C4T1 Fl. 7.278 11 Caracterizamse como desnecessárias e, portanto, indedutíveis do Lucro Real, as despesas com juros relativas a empréstimo entre empresas pertencentes ao mesmo grupo econômico cuja única finalidade é a redução artificial do lucro. PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO E ABUSO DE DIREITO. Revestese do caráter de planejamento tributário abusivo, em prejuízo à Fazenda Pública, a dedução de juros decorrentes de empréstimos desnecessários, contraídos com as pessoas jurídicas sócias (mutuantes) e deduzidos como despesas do lucro pelo sujeito passivo (mutuário). MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. A multa de ofício será qualificada, no percentual de 150%, conforme estabelece a lei, sempre que houver fraude e sonegação, devidamente caracterizado em procedimento fiscal, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL. A exigência decorrente deve seguir a orientação decisória adotada para o tributo principal, tendo em vista ser fundada nos mesmos fatos, mormente em face de norma prevendo, para a CSLL, iguais hipóteses e condições de dedutibilidade de juros em relação ao IRPJ. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO – CSLL Anocalendário: 2012, 2013, 2014, 2015. BASE DE CÁLCULO DA CSLL. CORREÇÃO DO VALOR LANÇADO. Tendo em vista que o valor tributável considerado nos cálculos da CSLL devida diverge do valor efetivamente lançado pela Fiscalização, fazse necessária a retificação do valor lançado para a correta apuração dessa contribuição. Impugnação Procedente em Parte. Crédito Tributário Mantido em Parte. Isto porque, segundo entendimento da Turma “mesmo respeitando e reconhecendo o direito do grupo Stanley de proceder às reestruturações internas na forma que bem entender, respeitando os preceitos legais, não é aceitável e muito menos racional que mera reorganização crie despesas que reduzam o lucro da empresa e, conseqüentemente, os tributos a pagar. Como bem disse a Fiscalização no TVF, liberalidade não se confunde com necessidade. Não se trata de adotar a forma jurídica que acarreta o maior ônus fiscal. Pelo contrário, tratase de impedir a redução indevida da base tributária. Não se pode admitir a criação de despesas dedutíveis em virtude de operações sem nenhum propósito negocial. Vale lembrar que, atualmente, o Código Civil, no seu art. 187, veda o abuso de direito”. Afirma a Turma que “a própria impugnante diz que não houve desembolso ou reembolso em dinheiro, que os contratos de câmbio foram firmados para atender normas regulamentares do Bacen e que o ingresso e reenvio dos recursos financeiros foram simbólicos. E ainda: mesmo se houvesse qualquer interesse em se transferir a Holding Belga e Fl. 7284DF CARF MF 12 todas as empresas sulamericanas sob seu comando para a BD Brasil, o empréstimo em si, que não resultou em efetivo fluxo financeiro e não foi utilizado em qualquer operação fora do grupo econômico, não tinha nenhum propósito senão a criação de despesas com juros para tentar reduzir indevidamente a tributação. Ou seja, havia meios de se estabelecer tal reestruturação (pela integralização de capital, por exemplo) sem afetar, de forma artificial, a apuração do lucro da BD Brasil. A impugnante e o grupo Stanley o qual ela faz parte, contudo, escolheram um caminho pelo qual os juros foram, de forma desnecessária, criados e deduzidos como despesas na apuração do lucro”. Com isso, rejeitouse as preliminares suscitadas, mantendo integralmente a exigência do IRPJ e da CSLL, conforme tabela indicada: Ciente da decisão do Acórdão em 17/11/2017 (fls.7.132), o contribuinte interpõe Recurso Voluntário em 15/12/2017 às fls. 7.135/7.257, trazendo em seu bojo praticamente as mesmas razões discorridas em sede de impugnação administrativa às fls. (fls. 4.377/4.471) dos autos, trazendo apenas a inclusão de dois tópicos, quais sejam: · VIII – DA INEXISTÊNCIA DE TRIBUTAÇÃO CONSOLIDADA DO GRUPO ECONÔMICO NO BRASIL: Afirma que “o regime jurídico tributário no Brasil segue o referido padrão societário ao tributar individualmente as pessoas jurídicas, não admitindo a consolidação com base no grupo econômico, ou seja, a transferência de ativos intragrupo sem tributação e a consolidação de seus resultados para fins de tributação, o que resulta na existência de normas sobre distribuição disfarçada de lucros e preços de transferência aplicáveis em operações intragrupo”. (...) Nesse contexto, “as personalidades jurídicas das empresas envolvidas na transação objeto do auto não podem ser desconsideradas sem que o fisco questione o contribuinte, investigue e comprove a falta de substância dessas pessoas jurídicas. Na operação em questão todas as empresas possuem a substância necessária para a realização de suas atividades e foram constituídas, muito antes da reorganização empresaria analisada, com propósito negocial”. Fl. 7285DF CARF MF Processo nº 10600.720019/201717 Acórdão n.º 1401002.825 S1C4T1 Fl. 7.279 13 · Diz que “a aquisição de uma nova participação societária pela Recorrente (ainda que de outra empresa do mesmo grupo econômico) representa um novo investimento e é necessária para as suas atividades, com os juros do financiamento para a sua aquisição resultando em despesas necessárias e, consequentemente, dedutíveis. E que este próprio E. CARF decidiu nesse sentido em caso onde uma subsidiária tomou empréstimo para a aquisição de ações de emissão de sua controladora (depois a subsidiária ainda foi incorporada pela controladora que passou a deduzir os juros). E que “o fisco pretende utilizar o regime jurídico brasileiro apenas a seu favor, ou seja, na dedução de despesas e operações de compra por empresas brasileira intragrupo pretende desconsiderar os efeitos fiscais da transação e glosar a dedutibilidade das despesas. Todavia, no caso de eventual venda desses mesmos ativos, buscará a sua tributação”. · IX – DO EXEMPLO HIPOTÉTICO DA CAPITALIZAÇÃO – DEDUTIBILIDADE DE JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO: Diz que “a capitalização da Holding Belga na Recorrente resultaria no aumento do seu patrimônio líquido, que é base para a distribuição de juros sobre capital próprio (JCP). A legislação (art. 9º da Lei nº 9.249/95) permite que até 50% dos lucros do exercício ou acumulados sejam pagos aos acionistas como JCP, ao invés de dividendos, e sejam dedutíveis do IRPJ e da CSLL”. E que “este próprio E. CARF decidiu dessa forma em dois julgados recentes. O caso concreto dos acórdãos 1302001.945 (2016) e 1402002.443 (2017) também tratou de transação onde a empresa autuada obteve empréstimo de sua controladora e utilizou tais recursos para adquirir participação societária em uma outra empresa que já era controlada pelo grupo. O fisco glosou as despesas do empréstimo, alegando que o montante deveria ter sido capitalizado. Todavia, este E. CARF reconheceu que em caso de capitalização seria possível o pagamento de JCP, que por sua vez, seria dedutível assim como dos juros glosados. Os JCP ainda são tributados pelo IRRF, assim como os juros autuados”. Em 27/07/2018 a Recorrente promoveu a juntada da petição de fls. 7265 7262 em que requer o adiamento do julgamento do presente processo alegando, em suma: 1. Que o presente caso trata de uma completa reestruturação tributária, e que a fiscalização levou quase 04 (quatro) anos para concluir o trabalho fiscal, que foi conduzido pela Delegacia de Fiscalização dos Maiores Contribuintes; 2. Aduz que o auto de infração foi lavrado em 24/03/2017 e, tendo tomado ciência em 30/03/2017 impugnou o lançamento em 28/04/2017, antes mesmo do prazo fatal; Fl. 7286DF CARF MF 14 3. Que a impugnação foi julgada em 24/10/2017 e a Recorrente intimada da decisão da DRJ em 16/11/2017, apresentando o presente Recurso Voluntário em 15/12/2017; 4. O processo foi recebido pelo CARF em 26/12/2017 e distribuído a este Relator em 17/05/2017; 5. Que o processo ainda não foi incluído em pauta de julgamento; 6. Que o presente processo andou em velocidade acima da média para processos dessa complexidade, e que levou aproximados 14 meses entre a lavratura e recepção pelo CARF; 7. Que com o intuito de robustecer os argumentos e o debate do caso, contratou um parecer jurídico do Prof. Luis Eduardo Shoueri, conforme correspondência datada de 20/07/2018 (que anexa), onde solicita 60 (sessenta dias) para conclusão dos trabalhos; 8. Que tendo em vista o rápido andamento do processo comparado a uma fiscalização que durou quase 4 anos, aguardar um prazo de 60 dias em nada prejudicará o crédito em discussão. A correspondência anexa à referida petição, elaborada pelo Ilmo. Prof. Shoueri, apresenta análises superficiais e preliminares no sentido de entender que o lançamento careceria de fundamentação legal. Ressalto que, cumprindo as determinações internas do CARF, este Relator indicou o presente processo para pauta de julgamento em 23/07/2018, portanto, antes da juntada da petição. Por certo, se tivesse ciência antecipada do requerimento, este Relator ponderaria a substituição da indicação por outro processo. A pauta de julgamento foi publicada no dia 03/08/2017, em 06/08/2018 a Recorrente apresentou novo pedido de retirada de pauta, o qual foi indeferido pelo Presidente de Turma em razão da ausência de previsão regimental para a retirada com base nos elementos apresentados pela parte. É o relatório do essencial. Voto Vencido Conselheiro Daniel Ribeiro Silva Relator. Observo que as referências a fls. feitas no decorrer deste voto se referem ao eprocesso. Os recurso são tempestivos e preenchem os requisitos de admissibilidade, por isso deles conheço. Fl. 7287DF CARF MF Processo nº 10600.720019/201717 Acórdão n.º 1401002.825 S1C4T1 Fl. 7.280 15 No que se refere ao pedido de adiamento do julgamento, sendo de competência do presidente desta TO a referida análise, e já tendo sido indeferido o pedido por inexistência de previsão regimental, considero prejudicado o pleito. Ademais, entendo que a Recorrente teve tempo suficiente para produzir as provas necessárias para sua defesa, e o fato de o processo administrativo ter tido um curso supostamente mais célere (o que é o ideal para todos os processos), não pode ser justificativa para não ter produzido as provas que entendia necessárias antecipadamente. Passo a analisar inicialmente os novos argumentos trazidos em sede de recurso voluntário. Quanto ao questionamento a respeito da inexistência de tributação consolidada de grupo econômico, a Recorrente afirma que o regime jurídico tributário no Brasil segue o referido padrão societário ao tributar individualmente as pessoas jurídicas, não admitindo a consolidação com base no grupo econômico, ou seja, a transferência de ativos intragrupo sem tributação e a consolidação de seus resultados para fins de tributação, o que resulta na existência de normas sobre distribuição disfarçada de lucros e preços de transferência aplicáveis em operações intragrupo. Diz que na operação em questão todas as empresas possuem a substância necessária para a realização de suas atividades e foram constituídas, muito antes da reorganização empresaria analisada, com propósito negocial. Defendeu que a aquisição de uma nova participação societária pela Recorrente (ainda que de outra empresa do mesmo grupo econômico) representa um novo investimento e é necessária para as suas atividades, com os juros do financiamento para a sua aquisição resultando em despesas necessárias e, conseqüentemente, dedutíveis. Aduz que este próprio E. CARF decidiu nesse sentido em caso onde uma subsidiária tomou empréstimo para a aquisição de ações de emissão de sua controladora (depois a subsidiária ainda foi incorporada pela controladora que passou a deduzir os juros). Diz ainda que a capitalização da Holding Belga na Recorrente resultaria no aumento do seu patrimônio líquido, que é base para a distribuição de juros sobre capital próprio (JCP). A legislação (art. 9º da Lei nº 9.249/95) permite que até 50% dos lucros do exercício ou acumulados sejam pagos aos acionistas como JCP, ao invés de dividendos, e sejam dedutíveis do IRPJ e da CSLL. E que “este próprio E. CARF decidiu dessa forma em dois julgados recentes. O caso concreto dos acórdãos 1302001.945 (2016) e 1402002.443 (2017) também tratou de transação onde a empresa autuada obteve empréstimo de sua controladora e utilizou tais recursos para adquirir participação societária em uma outra empresa que já era controlada pelo grupo. O fisco glosou as despesas do empréstimo, alegando que o montante deveria ter sido capitalizado. Todavia, este E. CARF reconheceu que em caso de capitalização seria possível o pagamento de JCP, que por sua vez, seria dedutível assim como dos juros glosados. Os JCP ainda são tributados pelo IRRF, assim como os juros autuados. Em que pese concorde com parte dos argumentos aduzidos pela Recorrente, entendo que a ela não aproveitam. Fl. 7288DF CARF MF 16 Veja que, o TVF apontou indícios de simulação e ausência de propósito negocial em parte das operações de reorganização societária, entretanto, o agente fiscal não desconsidera a personalidade jurídica das empresas envolvidas. Não há tributação de grupo econômico, mas simples glosa de uma despesa que, de forma absolutamente fundamentada, entendeu ser desnecessária e, portanto, indedutivel. Não se questiona o resultado jurídico das operações de reorganização societária, mas sim a desnecessidade do referido empréstimo, que não teve efeitos financeiros práticos já que não houve efetivo ingresso, para aquisição indireta de um investimento que já era da própria controladora. Vejam que na Ata de Reunião de Sócios Quotistas, apresentadas pelo contribuinte, datada em 05 de junho de 2012, foi autorizado que os administradores da Sociedade negociassem os termos da aquisição da Holding Belga, incluindo o preço e a forma de pagamento, que poderá ser à vista ou parcelada e poderá envolver negociação de crédito ou financiamento ou conferência de participação societária na Sociedade, bem como para assinar todos e quaisquer documentos necessários e a tomar as medidas necessárias para formalizar tal aquisição. Assim, a própria reunião de sócios autorizou que tal aquisição pudesse ser feita, também, através de incorporação de ações. Ademais, grande parte da reestruturação societária realizada pelo grupo se deu através do instrumento de incorporação e integralização de participações societárias. Desta feita, não há sentido de se entender como normal e usual um empréstimo de aproximadamente 800 milhões (que financeiramente não ingressou no caixa da Recorrente), firmado pela sua controladora para aquisição da Holding Belga que também era sua controlada. Não se questiona a possibilidade de uma controladora firmar empréstimos com controlada, até porque não seria razoável exigir que a controlada buscasse empréstimo em mercado com disponibilidade financeira dentro do próprio grupo. Entretanto, no caso concreto, analisando o contexto fático, e sem invalidar o empréstimo feito, o autuante entendeu que a operação não era necessária para se transferir a Holding Belga para a BD, e por isso glosou os efeitos tributários de tal despesa. Ademais, a análise de usualidade, normalidade e necessidade é fática e deve ser analisada em cada caso, razão pela qual precedentes como o indicado pela Recorrente não podem ser aplicáveis. Por sua vez, quanto à necessidade de capitalização ou não, tal discussão é infrutífera na medida em que a capitalização efetivamente não ocorreu, e tal fundamento foi utilizado de forma subsidiária e complementar pelo agente fiscal. Desta feita, o ponto principal está na análise da necessidade ou não da despesa, para fins de dedução da BC do IRPJ e CSLL. Assim, não há como acolher tais argumentos. No mais, quanto aos demais termos, da análise dos autos é fácil constatar que o Recurso Voluntário apresentado, a exceção dos tópicos já analisados, constituise de repetição dos argumentos utilizados em sede de impugnação e, em verdade, acabam por repetir Fl. 7289DF CARF MF Processo nº 10600.720019/201717 Acórdão n.º 1401002.825 S1C4T1 Fl. 7.281 17 e reafirmar a tese sustentada pelo contribuinte, as quais foram detalhadamente apreciadas pelo julgador a quo. Nestes termos, cumpre ressaltar a faculdade garantida ao julgador pelo § 3º do Art. 57 do Regimento Interno do CARF: Art. 57. Em cada sessão de julgamento será observada a seguinte ordem: I verificação do quórum regimental; II deliberação sobre matéria de expediente; e III relatório, debate e votação dos recursos constantes da pauta. § 1º A ementa, relatório e voto deverão ser disponibilizados exclusivamente aos conselheiros do colegiado, previamente ao início de cada sessão de julgamento correspondente, em meio eletrônico. § 2º Os processos para os quais o relator não apresentar, no prazo e forma estabelecidos no § 1º, a ementa, o relatório e o voto, serão retirados de pauta pelo presidente, que fará constar o fato em ata. § 3º A exigência do § 1º pode ser atendida com a transcrição da decisão de primeira instância, se o relator registrar que as partes não apresentaram novas razões de defesa perante a segunda instância e propuser a confirmação e adoção da decisão recorrida. (Redação dada pela Portaria MF nº 329, de 2017). Da análise do presente processo, entendo ser plenamente cabível a aplicação do respectivo dispositivo regimental uma vez que não inova nas suas razões já apresentadas em sede de impugnação, as quais foram claramente analisadas pela decisão recorrida. Assim, desde já proponho a manutenção da decisão recorrida pelos seus próprios fundamentos, considerandose como se aqui transcrito integralmente o voto da decisão recorrida, com exceção da parte relativa à qualificação da multa e da CSLL que serão analisadas posteriormente: 1 DA ADMISSIBILIDADE A impugnação apresentada em 28/04/2017 é tempestiva e apresentase nosmoldes do Decreto nº 70.235/72. Sendo assim, comporta apreciação de mérito. Por seu turno, os documentos apresentados em 21/07/2017 encontram se intempestivos, pois, de acordo com o que dispõe o art. 16, §4º do Decreto nº Fl. 7290DF CARF MF 18 70.235/1972, “A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnantefazêlo em outro momento processual (...)”. 2 PRELIMINARES 2.1 NULIDADE. INEXISTÊNCIA. A impugnante solicita a declaração de nulidade por ausência de enquadramento específico da infração cometida pela impugnante, como exige o art. 10, inciso IV do Decreto nº 70.235/1972. Também suscita nulidade por erro na apuração da CSLL, que estaria com a base de cálculo errada. O erro em um dos elementos essenciais do lançamento violaria o art. 142 do CTN, tornandoo nulo. Inicialmente, cabe esclarecer que, no âmbito do processo administrativo fiscal, os pressupostos legais para a validade do auto de infração são determinados pelo art. 10 do Decreto nº 70.235, de 1972, que trata do Processo Administrativo Fiscal, a seguir transcrito: Art. 10. O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação da falta, e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do autuado; II o local, a data e a hora da lavratura; III a descrição do fato; IV a disposição legal infringida e a penalidade aplicável; V a determinação da exigência e a intimação para cumprila ou impugnála no prazo de 30 (trinta) dias; VI a assinatura do autuante e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. O citado art. 142 do Código Tributário Nacional – CTN – dispõe o seguinte: Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Já as hipóteses de nulidade são taxativamente previstas nos arts. 59 e 60 do mesmo decreto: “Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Fl. 7291DF CARF MF Processo nº 10600.720019/201717 Acórdão n.º 1401002.825 S1C4T1 Fl. 7.282 19 Art. 60. As irregularidades, incorreções e omissões diferentes das referidas no artigo anterior não importarão em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, salvo se este lhes houver dado causa, ou quando não influírem na solução do litígio. (Grifouse). Analisandose as peças que compõem o processo, não se vislumbra a ocorrência de nenhuma das hipóteses de nulidade, ou seja, os autos de infração foram lavrados por servidor competente e não houve cerceamento do direito de defesa. Também foram cumpridas as formalidades contidas no art. 10 do Decreto nº 70.235/1972 e no art. 142 do CTN, tais como a suficiente descrição dos fatos que ensejaram a autuação, a disposição legal infringida e os cálculos dos tributos devidos. De acordo com o art. 60 do Decreto nº 70.235, de 1972, possíveis irregularidades, incorreções e omissões cometidas nos autos de infração diferentes das do art. 59 não importarão em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, salvo se este lhes houver dado causa, ou quando não influírem na solução do litígio. Com relação à alegada ausência de motivação e descrição dos dispositivos legais, houve uma mera glosa de despesas com juros, considerados indedutíveis pela Autoridade Fiscal, por serem desnecessários às atividades da empresa. O enquadramento legal foi o art. 299 do Regulamento do Imposto de Renda: Art.299. São operacionais as despesas não computadas nos custos, necessárias à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora (Lei nº 4.506, de 1964, art. 47). §1ºSão necessárias as despesas pagas ou incorridas para a realização das transações ou operações exigidas pela atividade da empresa (Lei nº 4.506, de 1964, art. 47, §1º). §2ºAs despesas operacionais admitidas são as usuais ou normais no tipo de transações, operações ou atividades da empresa (Lei nº 4.506, de 1964, art. 47, §2º). O fato de a impugnante discordar dos argumentos trazidos pela Fiscalização não torna o ato nulo. Da mesma maneira, com relação ao alegado erro no cálculo da CSLL, a questão será analisada em seu mérito, sendo devido o respectivo ajuste, caso a defesa tenha razão. Mera inexatidão nos cálculos não enseja nulidade. Assim, não há que se falar em nulidade no presente lançamento. 3 MÉRITO 3.1 RESUMO DA LIDE No dia 2 de fevereiro de 2010, a administração da Stanley e da Black & Decker oficializaram um acordo de combinação estratégica das duas companhias por meio de uma fusão, formando o grupo Stanley. Fl. 7292DF CARF MF 20 Já em 2012, houve a seguinte reorganização societária na BD Brasil: Após uma série de transferência de cotas, o quadro societário da impugnante passou a ser o seguinte: A única sócia da Chesapeake era a BD Lux. A Chesapeake se tornou sócia não só da BD Brasil, mas também de várias subsidiárias do grupo Stanley na América Latina. Isso por meio do aumento de capital, com transferências de cotas de empresas, promovido por sua sócia, a BD Lux. Por meio de outras reorganizações societárias, as demais sociedades do Grupo na América Latina (Chile, Equador, Costa Rica, Venezuela e Argentina) teriam sido transferidas para a Holding Belga (Stanley Black & Decker Latin American Holding B.V.B.A), que pertencia à Chesapeake. No dia 06/06/2012, a Chesapeake aumentou o capital social da BD Brasil em R$187.078.900,00, transferindo 19,77% (7.600 ações) da Holding Belga. O valor das ações foi avaliado pela ACAL AUDITORES INDEPENDENTES S/S, CNPJ nº 07.377.136/000164, com sede no Rio de Janeiro/RJ. Conforme esclarecimentos prestados pela impugnante, a BD Brasil adquiriu a integralidade das ações da Holding Belga, sendo 19,77% por meio do já referido aumento de capital e 80,23% (30.841 ações) por meio de um empréstimo concedido por sua própria sócia (Chesapeake). Esse empréstimo, no valor de R$759.247.300,00, teria a duração de 25 anos, com juros anuais de 13% ao ano: Fl. 7293DF CARF MF Processo nº 10600.720019/201717 Acórdão n.º 1401002.825 S1C4T1 Fl. 7.283 21 Da análise do “Contrato de Venda e Transferência de Ações”, firmado em 06/06/2012, entre Chesapeake (Vendedora) e BD Brasil (Compradora), temos que: Vendedora e compradora são sociedades subsidiárias indiretas da SBD e pertencem ao grupo sob o controlador comum das sociedades; Vendedora é acionista majoritária e detém 38.441 ou 99,995% das ações emitidas e em circulação da Holding Belga e também é acionista majoritária e detém 174.706.738 cotas ou 99,9995% da BD Brasil. Concluise, portanto, que a Chesapeake vendeu, indiretamente, seus ativos para si mesma, haja vista que é sócia majoritária da compradora. Em relação aos valores transacionados, foram apresentados os seguintes documentos: ∙ Contrato de Câmbio de compra nº 105338701, de 06/06/2012, tendo como pagador no exterior CHESAPEAKE, relativo a empréstimo direto a residentes no Brasil – longo prazo, ROF NR. TA618850, no valor de R$759.247.300,00; ∙ Contrato de Câmbio de compra nº 105336834, de 06/06/2012, tendo como pagador no exterior CHESAPEAKE, relativo a Investimentos diretos no Brasil – Aumento de Capital, RDE IED: IA092117, no valor de R$187.078.900,00; ∙ Contrato de Câmbio de venda nº 105339115, de 06/06/2012, relativo a remessa de recursos para investimento direto no exterior – participação em empresas, tendo como recebedor CHESAPEAKE, no valor de R$759.247.300,00; Fl. 7294DF CARF MF 22 ∙ Contrato de Câmbio de venda nº 105336833, de 06/06/2012, relativo a remessa de recursos para investimento direto no exterior – participação em empresas, tendo como recebedor CHESAPEAKE; no valor de R$187.078.900,00; ∙ Cópia do Registro de Operação Financeira no Sisbacen relativo ao empréstimo ROF NR.TA618850, objeto do contrato de câmbio 105338701, com data de 20/06/2012, 10:13h. Até o anocalendário de 2015, a BD Brasil deduziu as despesas com esses juros de seu lucro da seguinte maneira: R$ 56.246.704,08 em 2012, R$ 98.702.149,00 em 2013, R$ 98.702.149,00 em 2014 e R$ 98.702.149,00 em 2015. A Fiscalização clonsiderou essas despesas indedutíveis, não necessárias, pois a aquisição das ações da Holding Belga não seria necessária à atuação da impugnante, não caracterizando novo investimento ou empreendimento do Grupo Econômico. A reestruturação perpetrada pelo Grupo SBD, estaria camuflando um planejamento tributário que visaria exclusivamente à erosão da base de cálculo do IRPJ e da CSLL, mediante o endividamento abusivo realizado da forma descrita, e a expatriação de lucros sem a devida tributação. A BD Brasil, utilizando o texto legal como suporte (arts. 24 e 25 da MP 472/2009, convertida na Lei nº 12.249/2010), praticou atos isoladamente legais, com o intuito de se enquadrar na previsão legal e apropriar despesas consideradas dedutíveis nos parâmetros da mesma Lei. A Autoridade Autuante afirma, em tópico sobre o planejamento tributário e fraude fiscal, que a contribuinte tem o direito de se autoorganizar. Contudo, esse direito não é absoluto, encontrando o seu contraponto em um valor social no exercício desse direito, para que este não seja distorcido, observandose os princípios da capacidade contributiva e isonomia. Acrescenta ainda que no entendimento da melhor doutrina, o ordenamento jurídico não defenderia essas condutas meramente formais do contribuinte, desprovidas de conteúdo, de motivo/finalidade, praticadas com o inequívoco intuito de obter exclusiva vantagem tributária (de eximirse total ou parcialmente do pagamento de tributo), ou seja, sem nenhum motivo extra tributário. Em sua defesa, a impugnante afirma que: a fiscalização não aponta um dispositivo legal ou norma que tenha sido violado, além de não fazer qualquer esforço para demonstrar que o negócio jurídico realizado era desprovido de um motivo; a fiscalização quando olha somente a queda de arrecadação com os pagamentos de IRPJ e CSLL da Impugnante, como uma única foto, deixando de lado todo um filme que começa em 2010, com o objetivo da Impugnante e seus controlares de aumentar o investimento no Brasil. Se houve uma queda momentânea de arrecadação, foi em decorrência de fatores econômicos que implicaram lento ritmo de crescimento das vendas e crescimento dos custos dos insumos importados; Fl. 7295DF CARF MF Processo nº 10600.720019/201717 Acórdão n.º 1401002.825 S1C4T1 Fl. 7.284 23 a base de cálculo da CSLL está errada, e que, sendo um dos elementos essenciais do lançamento, tal erro deve resultar no cancelamento por violação ao art. 142 do CTN; o Grupo Stanley estabeleceu precisamente como meta aumentar a sua participação em mercados emergentes, com foco na América do Sul, particularmente no Brasil. Outro importante objetivo global era aumentar a capacidade de distribuição de dividendos para os seus acionistas: objetivando aprimorar sua plataforma de negócios, o Grupo Stanley deu início a um processo de reorganização societária, orientado para sua organização e simplificação, reduzindo assim custos desnecessários, decorrentes de estruturas infladas e pouco eficientes. No contexto deste processo, concluiuse que seria benéfico ao Grupo Stanley a consolidação das atividades desenvolvidas na América do Sul por meio da criação de uma holding regional; esta nova forma organizacional unificada poderia também propiciar o fortalecimento de seu perfil financeiro, em decorrência do aumento de seu patrimônio líquido, o que a colocaria numa posição privilegiada para negociar junto a instituições financeiras, aumentando consideravelmente sua capacidade de obter empréstimos. Isso propiciaria meios para a aquisição de empresas no território brasileiro (houve aquisição das empresas M. Hart do Brasil Ltda, Spiralock do Brasil Ltda, Newell Rubbermaid Brasil Ferramentas e Equipamentos Ltda e Irwin Industrial Tool Ferramentas do Brasil Ltda); estas aquisições após o ano de 2012 comprovam que a operação de aquisição de Holding Belga não foi unicamente para fins de redução de IRPJ e CSLL; não há preceito legal que obrigue o contribuinte a adotar a forma jurídica que lhe acarrete o maior ônus fiscal; A operação da Impugnante pode ser vista como uma forma de elisão fiscal, o que é permitido, porém jamais vista como simulação e muito menos como fraude, eis que evidente a existência de propósito negocial. Ademais, não há que falar que a Impugnante deveria ter escolhido outra forma de financiamento (unicamente através de aumento de capital) em sua reorganização societária, como quer a fiscalização, sob pena de violação aos princípios constitucionais da “livre iniciativa”, da “propriedade privada”, da “livre concorrência” e do “livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgão públicos”; a Impugnante observou todas as determinações legais para o registro do seu contrato de mútuo com a controladora no exterior, devidamente avaliado pelo Banco Central para o registro do contrato; despesas relacionadas a aquisições de empresas que se enquadram no objeto social da sua adquirente (i.e., investimentos em outras sociedades ou relacionadas ou complementares ao objeto social industrial da Impugnante) são despesas necessárias, pouco importando se são empresas do mesmo grupo econômico ou não; Fl. 7296DF CARF MF 24 diferentemente do caso julgado no Acórdão nº 910100287, os recursos financeiros, ainda que simbolicamente, ingressaram no país e depois foram remetidos para o exterior, para a aquisição das demais empresas do Grupo Stanley na América Latina; nos exercícios subsequentes a 2012 o aproveitamento da despesa dos juros do mútuo contratado com a controladora no exterior foi feito concomitantemente com a fiscalização da Receita Federal, razão pela qual não é possível que esta alegue a ocorrência de sonegação; também não há qualquer evidência de fraude, pois todos os atos declarados foram efetivamente realizados e declarados para os órgãos reguladores, não houve prejuízo para nenhum terceiro, pelo contrário, a Impugnante passou a ter maior capacidade financeira para a realização de outras compras no País, conforme demonstrado anteriormente; o conluio é absolutamente inaplicável ao caso, tendo em vista que não houve a reunião de duas ou mais pessoas para a redução do tributo supostamente devido, em primeiro lugar porque a única pessoa jurídica relacionada é a própria Impugnante, não há outra pessoa jurídica do Grupo Stanley com residência no Brasil que tenha sido apontada no Termo de Verificação Fiscal. Após o destaque dos pontos de maior relevância dos extensos textos apresentados, passemos agora a análise das divergências apontadas pela defesa. 3.2 – DOS DISPOSITIVOS LEGAIS UTILIZADOS PARA A AUTUAÇÃO E DA INDEDUTIBILIDADE DAS DESPESAS NÃO NECESSÁRIAS. A empresa autuada deduziu as despesas com juros declarandoos nas DIPJ e ECF como “Juros Pagos Decorrentes de Empréstimos com Pessoas Vinculadas ou Situadas em País com Tributação Favorecida (Lei nº 12.249/2010, arts. 24 e 25)”. O art. 24 da Lei nº 12.249/2010 dispõe o seguinte: Art. 24. Sem prejuízo do disposto no art. 22 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, os juros pagos ou creditados por fonte situada no Brasil à pessoa física ou jurídica, vinculada nos termos do art. 23 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, residente ou domiciliada no exterior, não constituída em país ou dependência com tributação favorecida ou sob regime fiscal privilegiado, somente serão dedutíveis, para fins de determinação do lucro real e da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, quando se verifique constituírem despesa necessária à atividade, conforme definido pelo art. 47 da Lei no 4.506, de 30 de novembro de 1964, no período de apuração, atendendo aos seguintes requisitos: I no caso de endividamento com pessoa jurídica vinculada no exterior que tenha participação societária na pessoa jurídica residente no Brasil, o valor do endividamento com a pessoa vinculada no exterior, verificado por ocasião da apropriação dos juros, não seja superior a 2 (duas) vezes o valor da participação da vinculada no patrimônio líquido da pessoa jurídica residente no Brasil; II no caso de endividamento com pessoa jurídica vinculada no exterior que não tenha participação societária na pessoa jurídica residente no Brasil, o valor do endividamento com a pessoa vinculada no exterior, verificado por ocasião da Fl. 7297DF CARF MF Processo nº 10600.720019/201717 Acórdão n.º 1401002.825 S1C4T1 Fl. 7.285 25 apropriação dos juros, não seja superior a 2 (duas) vezes o valor do patrimônio líquido da pessoa jurídica residente no Brasil; III em qualquer dos casos previstos nos incisos I e II, o valor do somatório dos endividamentos com pessoas vinculadas no exterior, verificado por ocasião da apropriação dos juros, não seja superior a 2 (duas) vezes o valor do somatório das participações de todas as vinculadas no patrimônio líquido da pessoa jurídica residente no Brasil. § 1o Para efeito do cálculo do total de endividamento a que se refere o caput deste artigo, serão consideradas todas as formas e prazos de financiamento, independentemente de registro do contrato no Banco Central do Brasil. § 2o Aplicase o disposto neste artigo às operações de endividamento de pessoa jurídica residente ou domiciliada no Brasil em que o avalista, fiador, procurador ou qualquer interveniente for pessoa vinculada. § 3o Verificandose excesso em relação aos limites fixados nos incisos I a III do caput deste artigo, o valor dos juros relativos ao excedente será considerado despesa não necessária à atividade da empresa, conforme definido pelo art. 47 da Lei nº 4.506, de 30 de novembro de 1964, e não dedutível para fins do Imposto de Renda e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido. § 4o Os valores do endividamento e da participação da vinculada no patrimônio líquido, a que se refere este artigo, serão apurados pela média ponderada mensal. § 5o O disposto no inciso III do caput deste artigo não se aplica no caso de endividamento exclusivamente com pessoas vinculadas no exterior que não tenham participação societária na pessoa jurídica residente no Brasil. § 6o Na hipótese a que se refere o § 5o deste artigo, o somatório dos valores de endividamento com todas as vinculadas sem participação no capital da entidade no Brasil, verificado por ocasião da apropriação dos juros, não poderá ser superior a 2 (duas) vezes o valor do patrimônio líquido da pessoa jurídica residente no Brasil. § 7o O disposto neste artigo não se aplica às operações de captação feitas no exterior por instituições de que trata o§ 1odo art. 22 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, para recursos captados no exterior e utilizados em operações de repasse, nos termos definidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. Em seu TVF, a Fiscalização demonstrou os dispositivos legais utilizados na análise da necessidade ou não de uma despesa. O conceito de despesas necessárias foi trazido pelo artigo 47, da Lei n° 4.506/64, e foi consolidado no RIR/99, Decreto n° 3.000/99, como abaixo transcrito: Art. 299. São operacionais as despesas não computadas nos custos, necessárias à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora (Lei n"4.506, de 1964, art. 47) Fl. 7298DF CARF MF 26 § I o São necessárias as despesas pagas ou incorridas para a realização das transações ou operações exigidas pela atividade da empresa (Lei n° 4.506, de 1964, art. 47, § 1°). § 2o As despesas operacionais admitidas são as usuais ou normais no tipo de transações, operações ou atividades da empresa (Lei n" 4.506, de 1964, art. 47, § 2º) (...) Despesas operacionais dedutíveis na apuração do lucro real são aquelas que, pela previsão legal, enquadramse na observância de que os gastos efetuados sejam estritamente necessários à atividade da pessoa jurídica, sendo, portanto, usuais, normais e compatíveis com o tipo de transação, operação, ou atividade produtora e geradora de receita. Para as despesas financeiras serem consideradas dedutíveis, devem ser necessárias para a realização das transações ou operações exigidas pela atividade da empresa. Por meio do Parecer Normativo – CST nº 32/81, a Receita Federal do Brasil detalhou o seu entendimento sobre a necessidade das despesas, consignando que “o gasto é necessário quando essencial a qualquer transação ou operação exigida pela exploração das atividades principais ou acessórias, que estejam vinculadas com as fontes produtoras dos rendimentos”. Ao tratar de despesa normal, o parecer normativo afirma que “é aquela que se verifica comumente no tipo de operação ou transação efetuada e que, na realização do negócio, se apresenta de forma usual, costumeira ou ordinária. O requisito de usualidade deve ser interpretado na acepção de habitualidade na mesma espécie de negócio”. A Autoridade Fiscal cita ainda o art. 374 do RIR/99, que traria outras condições para que os juros pagos possam ser considerados como despesa: Art.374.Os juros pagos ou incorridos pelo contribuinte são dedutíveis, como custo ou despesa operacional, observadas as seguintes normas (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 17, parágrafo único): Ios juros pagos antecipadamente, os descontos de títulos de crédito, e o deságio concedido na colocação de debêntures ou títulos de crédito deverão ser apropriados,pro rata temporis,nos períodos de apuração a que competirem; IIos juros de empréstimos contraídos para financiar a aquisição ou construção de bens do ativo permanente, incorridos durante as fases de construção e préoperacional, podem ser registrados no ativo diferido, para serem amortizados. Parágrafo único. Não serão dedutíveis na determinação do lucro real, os juros, pagos ou creditados a empresas controladas ou coligadas, domiciliadas no exterior, relativos a empréstimos contraídos, quando, no balanço da coligada ou controlada, constar a existência de lucros não disponibilizados para a controladora ou coligada no Brasil (Lei nº 9.532, de 1997, art. 1º, §3º). Combinando os transcritos dispositivos legais, os juros pagos ou incorridos são dedutíveis, como despesa operacional, desde que necessários (art. 299 do RIR/1999) e atendam às normas específicas (art. 374 do RIR/1999). Fl. 7299DF CARF MF Processo nº 10600.720019/201717 Acórdão n.º 1401002.825 S1C4T1 Fl. 7.286 27 Também transcreveu o texto contendo a exposição de motivos dos arts. 24 e 25 da MP 472/2009, convertida na Lei nº 12.249/2010: “29. O art. 24 visa evitar a erosão da base de cálculo do IRPJ e da CSLL mediante o endividamento abusivo realizado da seguinte forma: a pessoa jurídica domiciliada no exterior, ao constituir subsidiária no País, efetua uma capitalização de valor irrisório, substituindo o capital social necessário à sua constituição e atuação por um empréstimo, que gera, artificialmente, juros que reduzem os resultados da subsidiária brasileira. 29.1. A dedução desses juros da base de cálculo do IRPJ (alíquota de 15% mais adicional de 10%) e da CSLL (alíquota de 9%) gera uma economia tributária de 34% do seu valor. Mesmo considerando que as remessas para pagamento de juros são tributadas pelo Imposto sobre a Renda Retido na Fonte (IRRF) à alíquota de 15%, resta uma economia tributária de 19%. 29.2. A medida torna os juros considerados excessivos indedutíveis, segundo critérios e parâmetros legais. O objetivo é controlar o endividamento abusivo junto a pessoa vinculada no exterior, efetuado exclusivamente para fins fiscais 30. O art. 25 segue o mesmo princípio do art. 24, entretanto, é aplicado na hipótese de a pessoa jurídica domiciliada no Brasil contrair empréstimos com pessoa jurídica domiciliada em país ou dependência com tributação favorecida, ou que goze de regime fiscal privilegiado. Da mesma forma, esses empréstimos geram juros que reduzem, artificialmente, o resultado tributável no Brasil e, ao mesmo tempo, geram lucros que não serão tributados de maneira representativa no exterior. A medida restringe a dedutibilidade das despesas de juros de pessoas jurídicas residentes no Brasil quando pagos a entidades "offshore", independentemente de vínculo societário.” Concluise que essa lei veio impor limites a uma determinada forma abusiva de endividamento, perpetrada para reduzir a base de cálculo do IRPJ e da CSLL. Os juros pagos ou creditados decorrentes de empréstimos entre empresas vinculadas devem ser necessários à atividade e respeitar limites em relação ao patrimônio líquido da empresa no Brasil para serem dedutíveis. A Autoridade Fiscal conclui que a impugnante criou outra modalidade de endividamento abusivo e que o investimento realizado pela contribuinte BLACK & DECKER DO BRASIL LTDA não foi necessário à sua atuação, não caracterizando portanto, novo investimento ou empreendimento do Grupo Econômico. Tal reestruturação estaria camuflando um planejamento tributário que visa exclusivamente à erosão da base de cálculo do IRPJ e da CSLL e a expatriação de lucros sem a devida tributação. A Fiscalização também trouxe um acórdão da Câmara Superior de Recursos Fiscais do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – Carf, que considerou como desnecessárias as despesas de juros e variações cambiais relativas a empréstimo de sócia em detrimento à integralização de capital: DESPESAS NAO NECESSÁRIAS. Caracterizamse como desnecessárias e, portanto, indedutiveis do Lucro Real, as despesas de juros e variações cambiais relativas a empréstimo efetuado por meio de um contrato de mútuo, em que a mutuante é sóciaquotista que detém 99,99% do capital social da mutuaria e dispunha de Fl. 7300DF CARF MF 28 recursos para integralizar o capital. (Acórdão n° 910100.287 — 1ª Turma, Sessão de 24 de agosto de 2009) A defesa aponta algumas diferenças entre a decisão listada pela Fiscalização e o caso em análise. Mesmo com as especificidades de cada caso, a conclusão de que as despesas com juros entre empresas de um mesmo grupo econômico são desnecessárias quando realizadas em detrimento à integralização de capital é ponto comum nas duas situações. Embora a Fiscalização tenha feito algumas alegações sobre o objeto social da Chesapeake e sua sede, a utilização de empresas veículo e o valor das empresas reorganizadas e a impugnante tenha destacado o cumprimento dos aspectos legais do contrato de mútuo e das outras operações relacionadas à reestruturação, vale frisar que o cerne do debate é a análise sobre a necessidade ou não das despesas com juros decorrentes de empréstimo entre empresas que fazem parte do mesmo grupo econômico. Com a exposição dos dispositivos legais relacionados, passemos então à apreciação da questão. 3.3 – DA AUSÊNCIA DE PROPÓSITO NEGOCIAL DAS DESPESAS COM JUROS. A análise dos fatos narrados pela Fiscalização nos permite concluir que a transferência da Holding Belga da Chesapeake para a impugnante se tratou de mera organização societária do grupo Stanley. Não houve qualquer aquisição ou movimentação financeira externa a esse grupo. Por esse motivo, a Fiscalização acertadamente afirmou que a aquisição da Holding Belga não caracterizou novo investimento ou empreendimento do grupo econômico. Também fez questão de frisar que as empresas têm o direito de se auto organizar, mas essa liberdade no exercício desse direito não seria absoluta. Afinal, a geração artificial de juros por meio da reorganização de sociedades dentro de um grupo econômico tornaria essas despesas com juros usuais, necessárias e dedutíveis? A impugnante, no intuito de comprovar que as operações tiveram propósito negocial, descreve o interesse do grupo em reorganizar suas empresas e investir em mercados emergentes, e que tal aquisição pela impugnante propiciou meios para a aquisição de empresas no território brasileiro. Acrescenta que não há preceito legal que a obrigue a adotar a forma jurídica que lhe acarrete o maior ônus fiscal. No entanto, mesmo respeitando e reconhecendo o direito do grupo Stanley de proceder às reestruturações internas na forma que bem entender, respeitando os preceitos legais, não é aceitável e muito menos racional que mera reorganização crie despesas que reduzam o lucro da empresa e, conseqüentemente, os tributos a pagar. Como bem disse a Fiscalização no TVF, liberalidade não se confunde com necessidade. Não se trata de adotar a forma jurídica que acarreta o maior ônus fiscal. Pelo contrário, tratase de impedir a redução indevida da base tributária. Fl. 7301DF CARF MF Processo nº 10600.720019/201717 Acórdão n.º 1401002.825 S1C4T1 Fl. 7.287 29 Não se pode admitir a criação de despesas dedutíveis em virtude de operações sem nenhum propósito negocial. Vale lembrar que, atualmente, o Código Civil, no seu art. 187, veda o abuso de direito, nos seguintes termos: Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercêlo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boafé ou pelos bons costumes. Nesse sentido, a falta de propósito negocial macula os negócios jurídicos, notadamente nos planejamentos tributários feitos unicamente no intuito de obter vantagens fiscais, como abusivos dos direitos, o que é, hodiernamente, ato ilícito, implicando evasão fiscal, e não elisão. Mais ainda, os negócios jurídicos pactuados com abuso de direito ferem o princípio constitucional da capacidade contributiva, o que afeta a justiça fiscal. Em seu Relatório Fiscal, a Fiscalização já havia destacado a ilicitude e a configuração do abuso de direito das operações em análise, citando a posição da doutrina. Segue abaixo parte dessas citações: HERMES MARCELO HUCK, “Evasão e Elisão: Rotas Nacionais e Internacionais do Planejamento Tributário. São Paulo: Saraiva, 1997”, p. 328/329 e 331: Nada deve impedir o indivíduo de, dentro dos limites da lei, planejar adequadamente seus negócios, ordenandoos de forma a pagar menos impostos. Não lhe proíbe a lei, nem tampouco se lhe opõem razões de ordem social ou patriótica. Entretanto, essa fórmula de liberdade não pode ser levada ao paroxismo, permitindose a simulação ou o abuso de direito. A elisão abusiva deve ser coibida, pois o uso de formas jurídicas com a única finalidade de fugir ao imposto ofende a um sistema criado sobre as bases constitucionais da capacidade contributiva e da isonomia tributária. ... uma relação jurídica sem qualquer objetivo econômico, cuja única finalidade seja de natureza tributária, não pode ser considerada como comportamento lícito. Seria fechar os olhos à realidade e desconsiderar a presença do fato econômico na racionalidade da norma tributária. Uma interpretação jurídica atenta à realidade econômica subjacente ao fato ou negócio jurídico, para efeitos de tributação, é a resposta justa, equitativa e pragmática. Nesse ponto, é da maior utilidade a análise do business pourpose test do direito tributário norteamericano, que aceita como lícita a economia fiscal quando decorrente de uma formulação jurídica que, além da economia de imposto, tenha um objetivo negocial explícito. (...) Países definitivamente comprometidos com as liberdades individuais, como os Estados Unidos e a França, não toleram a elisão abusiva, reprimindoa severamente. Espanha e Alemanha editaram normas genéricas, que autorizam ao Estado desconsiderar a forma jurídica para ir buscar o objetivo econômico do ato ou negócio e, se for o caso, sujeitálo à tributação. Nem abuso de direito pelo contribuinte nem abuso de poder pelo Fisco é a resposta moderna que oferece o direito comparado. ” Fl. 7302DF CARF MF 30 MARY ELBE QUEIROZ (“O Planejamento Tributário: Procedimentos Lícitos, o Abuso, A Fraude e a Simulação. ”, estudo de pósdoutoramento publicado no livro Novos Horizontes da Tributação, Um Diálogo Luso Brasileiro): O comportamento dos particulares somente estará ao arrepio da lei e será rejeitado e considerado como infringente de normas tributárias se existir uma deformação, uma atipicidade ou anormalidade na forma jurídica e na respectiva exteriorização sob, a qual a conduta se apresenta, mesmo que ela se revista de licitude no tocante ao Direito Privado, ou quando não houver correspondência entre a forma e a substância, ou o seu conteúdo fático real, ou, ainda, quando houver manipulação do fato gerador que resulte em distorções de efeitos tributários. [...]. Não se encontram alcançados pelo conceito de planejamento tributário os comportamentos que tenham na sua configuração qualquer nota ou elemento que revele artifício, manobra ou subterfúgio que resultem na manipulação de negócios ou mesmo que, apesar de revestidos de aparência lícita, no seu âmago contenham intenções comprovadas de fraudar, evitar ou disfarçar a ocorrência do verdadeiro fato gerador e o nascimento da obrigação tributária. Posicionamento do conselheiro MÁRIO JUNQUEIRA FRANCO JÚNIOR no Acórdão nº 10196.087, sessão em 29/03/2007: Já defendi esta posição no Acórdão 10194.741, no qual destaquei: O ordenamento jurídico tem suas bases muito mais ligadas a interpretações sistemáticas e finalísticas, a ensejar um conjunto sustentado em cena axiologia, ainda que mutável no tempo, do que a restritivas interpretações literais, que insistem em produzir a falácia de que tudo deve estar minuciosamente escrito, como se a tanto o ser humano fosse capaz. Tais interpretações restritivas, que se apoiam, indevidamente, no dito princípio da legalidade estrita e da segurança jurídica, levando ambos ao extremo e deturpando seu conteúdo, apenas fazem sucumbir, como num passe de mágica, a verdadeira capacidade contributiva, e eliminam, com ares de juridicidade, um dever de contribuir, inerente ao convívio em sociedade. Para que seja lícita a economia fiscal decorrente de um conjunto de atos os mesmos devem possuir conteúdo próprio, com riscos assumidos inerentes aos institutos adotados, e propósito diverso de simplesmente driblar a aplicação de norma tributária impositiva, conforme nos ensina ONOFRE ALVES BATISTA JÚNIOR, in O Planejamento Fiscal e a Interpretação no Direito Tributário, ed. Mandamentos, p.69: Com relação ao investimento em mercados emergentes e aquisição de outras empresas, não foi possível perceber qualquer correlação de tais interesses com a operação que gerou as despesas com juros. O grupo Stanley poderia realizar esses investimentos e aquisições sem qualquer modificação da estrutura das empresas que já faziam parte do grupo. Em adição, não houve aporte algum no caixa da BD Brasil. A transferência da Holding Belga resultou em 4 contratos de câmbio: 2 em que a Chesapeake enviou à impugnante os valores relativos ao aumento de capital (19,77% R$ 187.078.900,00) e ao empréstimo (80,23% R$759.247.300,00) e outros 2 pelos quais a BD Brasil devolveu os mesmos valores a sua sócia (Chesapeake), pela venda da Holding Belga. Isso no mesmo dia! A própria impugnante afirma que não houve desembolso ou reembolso em dinheiro, que os contratos de câmbio foram firmados para atender normas Fl. 7303DF CARF MF Processo nº 10600.720019/201717 Acórdão n.º 1401002.825 S1C4T1 Fl. 7.288 31 regulamentares do Bacen e que o ingresso e reenvio dos recursos financeiros foram simbólicos. E ainda: mesmo se houvesse qualquer interesse em se transferir a Holding Belga e todas as empresas sulamericanas sob seu comando para a BD Brasil, o empréstimo em si, que não resultou em efetivo fluxo financeiro e não foi utilizado em qualquer operação fora do grupo econômico, não tinha nenhum propósito senão a criação de despesas com juros para tentar reduzir indevidamente a tributação. Ou seja, havia meios de se estabelecer tal reestruturação (pela integralização de capital, por exemplo) sem afetar, de forma artificial, a apuração do lucro da BD Brasil. A impugnante e o grupo Stanley o qual ela faz parte, contudo, escolheram um Processo 10600.720019/201717 caminho pelo qual os juros foram, de forma desnecessária, criados e deduzidos como despesas na apuração do lucro. Como já foi dito, o grupo do qual a impugnante faz parte tem o direito de se reestruturar, mas os meios escolhidos para concretizar essa reestruturação não têm o condão de tornar necessários os juros criados entre empresas do grupo econômico advindos de um empréstimo sem qualquer finalidade. Fica claro, pelo exposto, que não restou demonstrada a necessidade de se efetuar a aquisição da Holding Belga pela impugnante por meio desse empréstimo. Concluise, portanto, que os juros decorrentes do empréstimo realizado da Chesapeake para a impugnante nas operações de reestruturação do grupo Stanley não são dedutíveis, por serem desnecessários. 3.4 DOS EFEITOS DAS JURISPRUDÊNCIAS ADMINISTRATIVAS E JUDICIAIS. A impugnante traz, em diversas partes de sua defesa, julgados da esfera administrativa e judicial para fundamentar seus argumentos. Em relação às decisões administrativas proferidas pelos Conselhos de Contribuintes e pela Câmara Superior de Recursos Fiscais, inseridas pela impugnante no contexto de sua defesa, cumpre ressaltar que são improfícuas as jurisprudências administrativas ora apresentadas, tendo em conta a ausência de base legal que atribua aos acórdãos, proferidos pelos órgãos de julgamento, a devida eficácia normativa, não se constituindo em normas complementares do Direito Tributário, nos termos do art. 100, inciso II, do CTN. Portanto, depreendese que não são passíveis de serem estendidos genericamente ao caso concreto, eis que são estritamente aplicáveis ao contencioso administrativo dos processos administrativos relacionados aos referidos acórdãos e tão somente se vinculam aos fatos e as partes envolvidas naqueles litígios. Sob este aspecto, o Parecer Normativo CST nº 390, de 1971, já se manifestou com relação a esse assunto, nos seguintes termos: “3. Necessário esclarecer, na espécie, que, embora o Código Tributário Nacional, em seu art. 100, inciso II, inclua as decisões de órgãos colegiados Fl. 7304DF CARF MF 32 na relação das normas complementares à legislação tributária, tal inclusão é subordinada à existência de lei que atribua a essas decisões eficácia normativa. Inexistindo, entretanto, até o presente, lei que confira a efetividade de regra geral às decisões dos Conselhos de Contribuintes, a eficácia de seus acórdãos limitase especificamente ao caso julgado e às partes inseridas no processo de que resultou a decisão. 4. Entendase aí que, não se constituindo em norma geral a decisão em processo fiscal proferida por Conselho de Contribuintes, não aproveitará seu acórdão em relação a qualquer outra ocorrência se não aquela objeto da decisão, ainda que de idêntica natureza, seja ou não interessado na nova relação o contribuinte parte no processo de que decorreu a decisão daquele colegiado.” No que concerne às jurisprudências judiciais prolatadas pelos Tribunais Superiores, também reportados pela contribuinte na íntegra de sua impugnação, cumpre esclarecer que, nos termos do art. 26A do Decreto nº 70.235, de 06/03/1972, cabe aos órgão de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade, nos casos listados no §6º do referido artigo: Art. 26A.No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade.(Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) § 6o O disposto no caput deste artigo não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo:(Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) I – que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal;(Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) II – que fundamente crédito tributário objeto de:(Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) a) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, na forma dos arts. 18 e 19 da Lei no10.522, de 19 de julho de 2002;(Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) b) súmula da AdvocaciaGeral da União, na forma do art. 43 da Lei Complementar no73, de 10 de fevereiro de 1993; ou(Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) c) pareceres do AdvogadoGeral da União aprovados pelo Presidente da República, na forma doart. 40 da Lei Complementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993.(Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) Assim sendo, não estando enquadradas nesta hipótese, as sentenças judiciais só produzem efeitos em relação às matérias e às partes envolvidas na lide, não se aplicando a terceiros, nos moldes do art. 472 do CPC. Fl. 7305DF CARF MF Processo nº 10600.720019/201717 Acórdão n.º 1401002.825 S1C4T1 Fl. 7.289 33 Nesse sentido, impõese não conhecer os julgados mencionados no desenvolvimento da impugnação, visto que a contribuinte não figura nas respectivas lides como parte interessada. 3.5 DA INDEDUTIBILIDADE DAS DESPESAS NÃO NECESSÁRIAS DA BASE DE CÁLCULO DA CSLL. A Impugnante, citando a jurisprudência, defende que “a legislação sobre os critérios de despesa dedutível para IRPJ não se aplica para a referida contribuição”. Entretanto, concluímos de maneira diversa. A CSLL é originalmente prevista pela Lei nº 7.689/88 que, em seu artigo 2º, estabelece que a base de cálculo da contribuição será o resultado do exercício, antes da provisão para o imposto de renda: Art. 2º A base de cálculo da contribuição é o valor do resultado do exercício, antes da provisão para o imposto de renda. § 1º Para efeito do disposto neste artigo: a)será considerado o resultado do períodobase encerrado em 31 de dezembro de cada ano; O comando acima aproxima a estrutura da CSLL à do IRPJ, tema bastante discutido desde a criação da contribuição e que, de forma majoritária, tem receptividade na doutrina e na jurisprudência dos tribunais superiores. Na esteira de tais manifestações não podemos olvidar, ainda no plano normativo, o comando exarado pelo artigo 57 da Lei n. 8.891/95, com a redação dada pela Lei n. 9.065/95: Art. 57. Aplicamse à Contribuição Social sobre o Lucro (Lei nº 7.689, de 1988) as mesmas normas de apuração e de pagamento estabelecidas para o imposto de renda das pessoas jurídicas, inclusive no que se refere ao disposto no art. 38, mantidas a base de cálculo e as alíquotas previstas na legislação em vigor, com as alterações introduzidas por esta Lei. (grifamos) A leitura do dispositivo nos leva a concluir que a metodologia e as regras de apuração para o imposto de renda são aplicáveis ao cálculo da CSLL (o que se infere da dicção "mesmas normas de apuração") e que o preceptivo só perderia eficácia se houvesse norma específica, relativa à contribuição, em sentido diverso. Aliás, os demais parágrafos do artigo 57 corroboram a tese de semelhança entre as duas figuras: § 3º A pessoa jurídica que determinar o Imposto de Renda a ser pago em cada mês com base no lucro real (art. 35), deverá efetuar o pagamento da contribuição social sobre o lucro, calculandoa com base no lucro líquido ajustado apurado em cada mês. Fl. 7306DF CARF MF 34 § 4º No caso de pessoa jurídica submetida ao regime de tributação com base no lucro real, a contribuição determinada na forma dos §§ 1º a 3º será deduzida da contribuição apurada no encerramento do período de apuração. Igual raciocínio se aplica, ainda, para fins de compensação, conforme dispõe o artigo 58 do mesmo diploma legal: Art. 58. Para efeito de determinação da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro, o lucro líquido ajustado poderá ser reduzido por compensação da base de cálculo negativa, apurada em períodosbase anteriores em, no máximo, trinta por cento. Além de fixar idêntica trava para a compensação das bases negativas (em relação ao IRPJ), o comando expressamente menciona que a base de cálculo será o lucro líquido ajustado, ou seja, o legislador estabelece para a CSLL o mesmo ponto de partida previsto para o cálculo do lucro real, afinal o lucro é "ajustado" pelas adições e exclusões previstas na legislação do Imposto de Renda (artigos 250 e 510 do Decreto n. 3.000/99). A regra veiculada pelo artigo 28 da Lei nº 9.430/96 também fortalece a semelhança das bases de cálculo do IRPJ e CSLL. O citado dispositivo legal evidencia o sentido amplo do termo “normas de apuração” do artigo 57 da Lei nº 8.891/95 quando relaciona ao termo “apuração da base de cálculo” a aplicação de regras de dedutibilidade (o art. 22, por exemplo, se refere à dedutibilidade de juros pagos a pessoas vinculadas), não sendo correto, portanto, afirmar que apuração se resume apenas à sistemática de tributação: Art. 28. Aplicamse à apuração da base de cálculo e ao pagamento da contribuição social sobre o lucro líquido as normas da legislação vigente e as correspondentes aos arts. 1º a 3º, 5º a 14, 17 a 24B, 26, 55 e 71. (Redação dada pela Lei nº 12.715, de 2012) Ao contrário do entendimento exposado pela impugnante, o art. 28 não precisaria explicitamente incluir o dispositivo que prevê a dedutibilidade de despesas na forma do art. 299 do RIR/99, tendo em vista que o art. 57 da Lei nº 8.891/95 já o havia incluído. Por ser norma posterior, o art. 28 simplesmente convalidou a regra até então vigente (“Aplicamse à apuração da base de cálculo e ao pagamento da contribuição social sobre o lucro líquido as normas da legislação vigente”) e especificou, para os dispositivos que surgiram com a nova lei, os artigos que teriam aplicação para os dois tributos. Convém ainda salientar que o artigo 24 da Lei nº 12.249/2010, dispositivo legal utilizado pela empresa para a dedução dos juros, é bem claro ao expor que apenas as despesas de juros necessárias à atividade serão dedutíveis da base de cálculo da CSLL: O art. 24 da Lei nº 12.249/2010 dispõe o seguinte: Art. 24. Sem prejuízo do disposto no art. 22 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996,os juros pagos ou creditados por fonte situada no Brasil à pessoa física ou jurídica, vinculada nos termos do art. 23 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, residente ou domiciliada no exterior, não constituída em país ou dependência com tributação favorecida ou sob regime fiscal privilegiado, somente serão dedutíveis, para Fl. 7307DF CARF MF Processo nº 10600.720019/201717 Acórdão n.º 1401002.825 S1C4T1 Fl. 7.290 35 fins de determinação do lucro real e da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, quando se verifique constituírem despesa necessária à atividade, conforme definido pelo art. 47 da Lei no4.506, de 30 de novembro de 1964, no período de apuração, atendendo aos seguintes requisitos: (...) Reforçase ainda, conforme já dito nesse acórdão, as manifestações dos antigos Conselhos de Contribuintes, bem como do atual CARF, não vinculam o julgador administrativo. Deste modo, tendo em conta que o lançamento de CSLL decorre dos mesmos fatos que ensejaram a autuação de IRPJ, impõese a adoção da mesma orientação decisória, mantendose integralmente o lançamento. 3.6 BASE DE CÁLCULO DA CSLL. VALOR DIVERGENTE DO TVF NA APURAÇÃO. AJUSTE DEVIDO. A impugnante requer o ajuste da base de cálculo da CSLL para o ano calendário de 2015, tendo em vista que o valor tributável correto era de R$ 98.702.149,00. Após a compensação com a base de cálculo negativa existente para o período, o valor tributável seria de R$ 51.118.779,47 e não de R$ 149.820.928,44. Comparandose a base de cálculo indicada pela Autoridade Autuante no TVF (fl. 150) com a indicada nos cálculos do Auto de Infração da CSLL, verificamos que assiste razão à impugnante: TVF: Fl. 7308DF CARF MF 36 Embora a Autoridade Autuante tenha informado o montante de R$ 98.702.149,00 como a base de cálculo para o anocalendário de 2015, inclusive no texto do próprio Auto de Infração, esse valor foi indevidamente considerado duas vezes no cálculo do imposto devido (2x 98.702.149,00 = R$ 197.404.298,00). Tendo em vista que houve mero erro de cálculo, o valor tributável da CSLL deve ser ajustado para que coincida com os valores apurados pela Fiscalização. A planilha contendo os ajustes efetuados será apresentada no final desse acórdão. 3.7 DA MULTA QUALIFICADA O lançamento impôs a sanção prevista no art. 44, inciso I, c/c o § 1º, da Lei nº 9.430, de 1996, segundo o qual, nos lançamentos de ofício, será aplicada multa de 75%, que será duplicada para 150%, nos casos de evidente intuito de fraude, sonegação e conluio, definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30/11/1964: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei no 11.488, de 15 de junho de 2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de Fl. 7309DF CARF MF Processo nº 10600.720019/201717 Acórdão n.º 1401002.825 S1C4T1 Fl. 7.291 37 declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei no 11.488, de 15 de junho de 2007) (...) § 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. (Redação dada pela Lei no 11.488, de 15 de junho de 2007).” (Grifos acrescentados) Lei 4.502, de 1964: Art . 71. Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Art . 72. Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. Art . 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos arts. 71 e 72. Fundamentalmente, entendeu a Fiscalização que “o ordenamento jurídico repele a adoção de condutas ilícitas dos contribuintes o que não significa que não assista direito ao contribuinte de autoorganizar suas atividades. Por certo tal direito existe, contudo, não é ilimitado sob o escudo do princípio da legalidade ou tipicidade fechada, há de ser mitigado pelos princípios da capacidade contributiva e isonomia, sem se olvidar da solidariedade social a ser observada na hodierna concepção de Estado.” Acrescenta também que “De todo o exposto ao longo deste Relatório Fiscal, instruído com o conjunto probatório, não restando dúvidas, quanto à intenção deliberada em se cometer, em tese, os ilícitos tributários acima tipificados; pelo que, sob prática dolosa, promovera e fizera uso da reestruturação perpetrada pelo Grupo SBD, na verdade camufla um planejamento tributário que visa à erosão da base de cálculo do IRPJ e da CSLL mediante o endividamento abusivo realizado da forma descrita, e a expatriação de lucros sem a devida tributação”. A impugnante se defende, argumentando que não houve qualquer tipo de abuso de direito por parte da Impugnante a justificar a imposição de multa agravada. Fl. 7310DF CARF MF 38 Ficou evidente que a reestruturação e compra da Holding Belga pela BD Brasil por meio de empréstimo foi motivada simplesmente pela economia tributária. Já foram tecidos todos os argumentos sobre a falta de propósito negocial dos juros e do empréstimo concedido e da caracterização do abuso de direito no tópico 3.3 desse acórdão. Não fosse a ação fiscal, os atos sem propósito negocial que caracterizaram o abuso de direito e visaram a omitir a correta apuração dos fatos geradores não teriam chegado ao conhecimento da administração tributária. É evidente que as práticas descritas visaram a impedir o conhecimento dos fatos geradores e a modificar as suas características essenciais, e que elas são suficientes para manter a qualificação da penalidade imposta no presente lançamento. No presente caso, a Fiscalização evidenciou satisfatoriamente a conduta dolosa do contribuinte, caracterizadora de fraude e sonegação, quando demonstrou que a aquisição da Holding Belga pela impugnante por meio de um empréstimo, tudo isso em operações dentro do mesmo grupo econômico, só ocorreu por um único motivo: criar um subterfúgio para a geração de juros no intuito de reduzir, de forma indevida, a base de cálculo do IRPJ e da CSLL. As operações perpetradas pela impugnante com a única finalidade de fugir ao imposto caracterizaram a elisão abusiva, ofendendo às bases constitucionais da capacidade contributiva e da isonomia tributária, caracterizando comportamento ilícito. Portanto, é procedente, no caso vertente, a aplicação da multa qualificada, no percentual de 150%. 3.8 SOLICITAÇÃO DE JUNTADA DE DOCUMENTOS A POSTERIORI A impugnante protesta pela posterior juntada de documentos e laudos que não puderam ser juntados no lapso temporal para a apresentação da presente Impugnação, tendo em vista que parte deles estaria no exterior e necessitaria de tradução juramentada. Cumpre observar que, de acordo com o Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, a prova documental deve ser entregue na impugnação: Art. 16 (...) § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que:(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997)(Produção de efeito) a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior;(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997)(Produção de efeito) b) refirase a fato ou a direito superveniente;(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997)(Produção de efeito) Fl. 7311DF CARF MF Processo nº 10600.720019/201717 Acórdão n.º 1401002.825 S1C4T1 Fl. 7.292 39 c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos.(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997)(Produção de efeito) Quanto aos documentos apresentados intempestivamente (notas fiscais de aquisição de equipamento adquiridos e traduções juramentadas registradas em cartório), constatase que não trariam qualquer informação relevante a ponto de modificar o presente voto. Pelo exposto, não merece ser acatado o pedido da impugnante. 4 DA CONCLUSÃO Ante o exposto e o contido nos autos, voto no sentido de considerar PROCEDENTE EM PARTE a IMPUGNAÇÃO, para: REJEITAR as preliminares de nulidade invocadas pela defesa. MANTER, integralmente, a exigência do IRPJ, acrescida de multa de ofício e dos juros de mora cabíveis. MANTER, parcialmente, a exigência da CSLL, conforme tabela apresentada a seguir, acrescida de multa de ofício e dos juros de mora cabíveis. Da análise da decisão recorrida, com exceção da parte relativa à qualificação da multa, entendo que a mesma não merece reparos. Como já me referi, em que pese a sustentação fática do TVF se firme em indícios e conclusões de inexistência de propósito negocial, abuso de direito e simulação, nenhuma das operações societárias foram desconsideradas. Fl. 7312DF CARF MF 40 A personalidade jurídica de cada empresa envolvida na reestruturação foi mantida e respeitada, resumindose o debate à necessidade ou não das despesas financeiras, isso para se concluir acerca da sua dedutibilidade da BC do IRPJ e CSLL. Já me manifestei diversas vezes sobre a impossibilidade de ingerência do Fisco na administração e decisões gerenciais dos contribuintes. Entendo que, no caso concreto, poderia a Recorrente efetuar a operação de reestruturação da forma que entendesse correta, desde que lícita. E assim o fez. O fato de ter efetuado um empréstimo da Controladora para a controlada não é ilegal ou vedado por lei. Pelo contrário, há expresso permissivo legal. Entretanto, isso não impede que o Fisco avalie a usualidade, normalidade e necessidade da referida despesa para delimitar seus efeitos tributários. Em outras palavras, entendo que poderia a Recorrente ter contraído empréstimos nos montantes que bem entendesse perante sua controladora. Tratase de decisão negocial que não me cabe analisar ou aprovar. Entretanto, a possibilidade de deduzir as despesas financeiras passa pela necessidade de se avaliar os demais requisitos para sua dedutibilidade. Entretanto, a análise perpetrada pela fiscalização e DRJ acerca da ausência de propósito negocial da operação, pode servir de subsídios e embasamento para análise acerca da efetiva necessidade da despesa. A necessidade de usualidade, normalidade e necessidade foi trazido pelo artigo 47, da Lei n° 4.506/64, e foi consolidado no RIR/99, Decreto n° 3.000/99, como abaixo transcrito: Art. 299. São operacionais as despesas não computadas nos custos, necessárias à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora (Lei n"4.506, de 1964, art. 47) § I o São necessárias as despesas pagas ou incorridas para a realização das transações ou operações exigidas pela atividade da empresa (Lei n° 4.506, de 1964, art. 47, § 1°). § 2o As despesas operacionais admitidas são as usuais ou normais no tipo de transações, operações ou atividades da empresa (Lei n" 4.506, de 1964, art. 47, § 2º) As despesas operacionais dedutíveis na apuração do lucro real são aquelas que, pela previsão legal, enquadramse na observância de que os gastos efetuados sejam estritamente necessários à atividade da pessoa jurídica, sendo, portanto, usuais, normais e compatíveis com o tipo de transação, operação, ou atividade produtora e geradora de receita. Para as despesas financeiras serem consideradas dedutíveis, devem ser necessárias para a realização das transações ou operações exigidas pela atividade da empresa. Por meio do Parecer Normativo – CST nº 32/81, a Receita Federal do Brasil detalhou o seu entendimento sobre a necessidade das despesas, consignando que “o gasto é necessário quando essencial a qualquer transação ou operação exigida pela exploração das atividades principais ou acessórias, que estejam vinculadas com as fontes produtoras dos rendimentos”. Fl. 7313DF CARF MF Processo nº 10600.720019/201717 Acórdão n.º 1401002.825 S1C4T1 Fl. 7.293 41 Ao tratar de despesa normal, o parecer normativo afirma que “é aquela que se verifica comumente no tipo de operação ou transação efetuada e que, na realização do negócio, se apresenta de forma usual, costumeira ou ordinária. O requisito de usualidade deve ser interpretado na acepção de habitualidade na mesma espécie de negócio”. Embora a tentativa do próprio Parecer Normativo de objetivar tais conceitos, não posso negar que sua definição objetiva é tarefa de difícil realização, isto porque, sempre haverá a necessidade de se avaliar, caso a caso, a situação fática. E no caso concreto, em que pese entenda que a opção adotada pela Recorrente é legal, não posso deixar de concluir que, diante da situação fática e todo o contexto da reestruturação, a despesa financeira não atende ao requisito da necessidade para fins de permissão de sua dedutibilidade. Como bem assinalado na decisão recorrida, o grupo Stanley poderia realizar esses investimentos e aquisições sem qualquer modificação da estrutura das empresas que já faziam parte do grupo. Em adição, não houve aporte algum no caixa da BD Brasil. A transferência da Holding Belga resultou em 4 contratos de câmbio: 2 em que a Chesapeake enviou à impugnante os valores relativos ao aumento de capital (19,77% R$ 187.078.900,00) e ao empréstimo (80,23% R$759.247.300,00) e outros 2 pelos quais a BD Brasil devolveu os mesmos valores a sua sócia (Chesapeake), pela venda da Holding Belga. Isso no mesmo dia! A Recorrente confirmou que não houve desembolso ou reembolso em dinheiro, que os contratos de câmbio foram firmados para atender normas regulamentares do Bacen e que o ingresso e reenvio dos recursos financeiros foram simbólicos. E ainda: mesmo se houvesse qualquer interesse em se transferir a Holding Belga e todas as empresas sulamericanas sob seu comando para a BD Brasil, o empréstimo em si, não resultou em efetivo fluxo financeiro e não foi utilizado em qualquer operação fora do grupo econômico. Ademais, haviam meios de se estabelecer tal reestruturação (pela integralização de capital, por exemplo) sem afetar, de forma artificial, a apuração do lucro da BD Brasil. Não se está aqui a exigir que, diante de 2 caminhos possíveis a contribuinte seja obrigada a adotar o mais custoso. Não é isso que defendo. Ocorre que, no caso concreto, diante da falta de usualidade e normalidade de se efetuar um empréstimo de tal monta para que uma controlada adquira outra controlada da mesma controladora, e em havendo outras formas não onerosas de se obter o mesmo resultado, não há como se classificar tal despesa como necessária para fins de permitir sua dedução da base de cálculo tributável. Digase ainda, que o próprio acordo de acionistas permitiu que a aquisição fosse feita por incorporação ou integralização de ações, e diversas operações feitas no âmbito da reestruturação societária do grupo foram feitas dessa forma. Desta feita, a opção pelo empréstimo não era necessária. Como já foi dito, o grupo do qual a Recorrente faz parte tem o direito de se reestruturar, mas os meios escolhidos para concretizar essa reestruturação não têm o condão de Fl. 7314DF CARF MF 42 tornar necessários os juros criados entre empresas do grupo econômico advindos de um empréstimo que seria dispensável. Assim, não vejo como divergir das conclusões da autoridade fiscal e DRJ ao entender que não sendo tais despesas necessárias, a glosa deve ser mantida. Em razão disso, voto pelo não provimento do Recurso Voluntário propondo a manutenção da decisão recorrida pelos seus próprios fundamentos quanto às preliminares e o mérito recursal. Entretanto, divirjo da decisão recorrida quanto à qualificação da multa e a indedutibilidade das despesas da base da CSLL. Necessário se faz verificar a definição da base de cálculo da CSLL através da análise das expressas disposições do art. 2 da Lei 7.689/88, que, ao instituíla, assim especificamente destacou: Art. 2º A base de cálculo da contribuição é o valor do resultado do exercício, antes da provisão para o imposto de renda. § 1º Para efeito do disposto neste artigo: (...) c) O resultado do períodobase, apurado com observância da legislação comercial, será ajustado pela: (Redação dada pela Lei n 8.034, de 1990) pelo valor de patrimônio líquido; (Redação dada pela Lei n 8.034, de 1990) 1 adição do resultado negativo da avaliação de investimentos pelo valor de patrimônio líquido; (Redação dada pela Lei n 8.034, de 1990) 2 adição do valor de reserva de reavaliação, baixada durante o períodobase, cuja contrapartida não tenha sido computada no resultado do períodobase; (Redação dada pela Lei n 8.034, de 1990) 3 adição do valor das provisões não dedutíveis da determinação do lucro real, exceto a provisão para o Imposto de Renda; (Redação dada pela Lei n 8.034, de 1990) 4 exclusão do resultado positivo da avaliação de investimentos pelo valor de patrimônio líquido; (Redação dada pela Lei n 8.034, de 1990) 5 exclusão dos lucros e dividendos derivados de investimentos avaliados pelo custo de aquisição, que tenham sido computados como receita; (Incluído pela Lei n 8.034, de 1990) 6 exclusão do valor, corrigido monetariamente, das provisões adicionadas na forma do item 3, que tenham sido baixadas no curso de períodobase. (Incluído pela Lei n 8.034, de 1990) As disposições contidas no caput do Art. 57 da Lei 8.981/95, por sua vez, especificamente destacou: Fl. 7315DF CARF MF Processo nº 10600.720019/201717 Acórdão n.º 1401002.825 S1C4T1 Fl. 7.294 43 Art. 57. Aplicamse à Contribuição Social sobre o Lucro (Lei n 7.689, de 1988) as mesmas normas de apuração e de pagamento estabelecidas para o imposto de renda das pessoas jurídicas, inclusive no que se refere ao disposto no art. 38,mantidas a base de cálculo e as alíquotas previstas na legislação em vigor, com as alterações introduzidas por esta Lei. (Redação dada pela Lei n 9.065, de 1995) Ora, conforme se verifica da leitura dessas disposições, o mencionado art. 57 da Lei 8.981/95 não autoriza, de forma alguma, a aplicação indiscriminada das disposições regentes do Imposto de Renda na verificação dos contornos de incidência da CSLL, mas preserva, expressamente, os ditames próprios da definição de sua base de cálculo, da forma como realizado pelas disposições até então vigentes, mantendo, assim, as normas contidas na mencionada Lei 7.689/88, nos termos ali então especificamente apontados. Por sua vez, o art. 2º, parágrafo 1º, alínea ‘c’ da Lei 7.689/88, expressamente faz referência aos específicos ajustes (exclusões e adições) a serem aplicados ao resultado do períodobase, apurado a partir da aplicação das expressas disposições da legislação comercial, distinguindo a composição da base de cálculo da Contribuição em questão, assim, às regras próprias da legislação do Imposto sobre a Renda. Assim, para admitir como valida qualquer exclusão e/ou adição na apuração da base de cálculo da CSLL, fazse necessária a existência de legislação expressa, sem a qual, estarseia admitindo a possibilidade de interpretação ampliativa de normas restritivas de direito. Assim é que, as regras de dedutibilidade de despesas que sejam aplicáveis na apuração do lucro real, não podem ser estendidas, sem a existência de previsão legal, à apuração da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido. Em razão disso, dou provimento ao Recurso Voluntário neste ponto. QUanto à qualificação da multa, repetindo o que já afirmei, em que pese a sustentação fática do TVF se firme em indícios e conclusões de inexistência de propósito negocial, abuso de direito e simulação, nenhuma das operações societárias foram desconsideradas. Em que pese a grande qualidade do trabalho fiscal e do TVF que foi produzido após uma fiscalização que levou aproximados 4 anos, ao analisar o fundamento para qualificação exposto no TVF (fl. 93), entendo que o mesmo não se sustenta. Primeiro, não houve desconsideração dos negócios societários realizados. Segundo, o fundamento central para qualificação se resume em um parágrafo do TVF: Fl. 7316DF CARF MF 44 O contribuinte, sob os critérios orientadores do arm´s lenght, caso desejasse atingir o objetivo alegado, deveria ter promovido uma subscrição de capital na empresa Black & Decker do Brasil Ltda, integralizando com ações decorrentes da Holding Belga, sem necessariamente adotar qualquer modalidade que envolvesse qualquer fluxo financeiro. De fato, vêse que o agente fiscal produziu um trabalho excelente para defender o mérito da autuação, mas parece não ter centrado suas atenções da fundamentação para qualificação da multa aplicada, tendo se dedicado apenas a 3 páginas (de 103), onde praticamente faz citações a legislação e, em resumo, na parte que deveria justificar o dolo necessário para a qualificação resume tudo ao parágrafo acima citado. Ora, discordo integralmente da afirmação que fundamentou a qualificação. A Recorrente não deveria e nem seria obrigada a promover a subscrição de capital para se atingir a finalidade objetivada. Ela tem a liberdade empresarial de, amparada por lei, chegar ao resultado que busca através de qualquer dos caminhos possíveis. E o empréstimo para aquisição é um caminho possível. Entretanto, a conclusão a que se chegou é a de que tal empréstimo não era usual e nem necessário, razão pela qual os seus encargos financeiros não podiam afetar a base de cálculo tributável. É nisso em que se funda o lançamento. A possibilidade de se alcançar o resultado através da subscrição de capital é apenas fundamento complementar, para se justificar a falta de necessidade para o empréstimo. Ademais, como também já me manifestei, os próprios conceitos de normalidade, usualidade e necessidade são extremamente subjetivos, e precisam ser analisados concretamente em cada caso. Assim é que, havendo uma dificuldade interpretativa, também entendo que não poderia ser majorada a penalidade, por ser necessária a aplicação do art. 112 do CTN para assegurar tratamento mais benéfico ao contribuinte. Desta feita, seja pela fragilidade da fundamentação do TVF, seja pela dificuldade interpretativa dos conceitos de normalidade, usualidade e necessidade, voto por reduzir a multa aplicada para 75%. No que se refere ao Recurso de Ofício, entendo que o mesmo não merece ser provido. A desoneração decorreu de um ajuste na base de cálculo em razão de erro na apuração do crédito exigido. Embora a Autoridade Autuante tenha informado o montante de R$ 98.702.149,00 como a base de cálculo para o anocalendário de 2015, inclusive no texto do próprio Auto de Infração, esse valor foi indevidamente considerado duas vezes no cálculo do imposto devido (2x 98.702.149,00 = R$ 197.404.298,00). Tal ajuste era devido e foi feito corretamente pela DRJ, razão pela qual não há o que se reformar. Fl. 7317DF CARF MF Processo nº 10600.720019/201717 Acórdão n.º 1401002.825 S1C4T1 Fl. 7.295 45 Assim, face a tudo o quanto exposto, voto pelo não provimento do Recurso de Ofício e por prover parcialmente o Recurso Voluntário, tão somente para reduzir a multa qualificada e permitir a dedutibilidade das despesas para a base de cálculo da CSLL. É como voto. (assinado digitalmente) Daniel Ribeiro Silva Fl. 7318DF CARF MF 46 Voto Vencedor Claudio de Andrade Camerano Redator Designado. De se destacar que o presente voto vencedor referese apenas à manutenção do lançamento da CSLL. Neste item, por maioria de votos (voto de qualidade), foi negado provimento ao Recurso Voluntário. Assim, de se acatar o que foi decidido pelo Relator e ratificado por esta Turma Ordinária, relativamente às demais questões trazidas no Recurso, com exceção do lançamento da CSLL, objeto deste voto vencedor. Em resumo, assim se posicionou o conselheiro relator em seu voto acerca da indedutibilidade da CSLL: "Assim, para admitir como valida qualquer exclusão e/ou adição na apuração da base de cálculo da CSLL, fazse necessária a existência de legislação expressa, sem a qual, estarseia admitindo a possibilidade de interpretação ampliativa de normas restritivas de direito. Assim é que, as regras de dedutibilidade de despesas que sejam aplicáveis na apuração do lucro real, não podem ser estendidas, sem a existência de previsão legal, à apuração da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido". Com a devida vênia, divirjo de tal entendimento. De se reproduzir as disposições contidas no caput do Art. 57 da Lei 8.981/95: Art. 57. Aplicamse à Contribuição Social sobre o Lucro (Lei n 7.689, de 1988) as mesmas normas de apuração e de pagamento estabelecidas para o imposto de renda das pessoas jurídicas, inclusive no que se refere ao disposto no art. 38,mantidas a base de cálculo e as alíquotas previstas na legislação em vigor, com as alterações introduzidas por esta Lei. (Redação dada pela Lei n 9.065, de 1995) A despeito do entendimento do nobre Relator, segundo o qual não se poderia utilizar o artigo 57 da Lei 8.981/95 para justificar a adição de despesas tidas como indedutíveis perante a legislação do IRPJ, na base de cálculo da CSLL, é de se reconhecer exatamente o contrário. Ora, o citado dispositivo reflete a intenção do legislador de evitar a repetição desnecessária de comandos legais para disciplinar a metodologia de determinação das bases imponíveis das duas exações, naquilo em que as sistemáticas tinham de comum. Por exemplo: como as bases imponíveis do IRPJ e da CSLL partem do lucro líquido ou o resultado contábil do período de apuração tornase dispensável repetir os conceitos de receita bruta, receita líquida, custos e despesas operacionais, etc, aplicáveis à CSLL, se os mesmos estão devidamente definidos na legislação do IRPJ. No que tange à CSLL, a exigência fiscal apurada no IRPJ ocasiona insuficiência na determinação da base de cálculo desta contribuição, o que ensejou a lavratura do respectivo auto de infração. Fl. 7319DF CARF MF Processo nº 10600.720019/201717 Acórdão n.º 1401002.825 S1C4T1 Fl. 7.296 47 A exigência fiscal relativa a esta contribuição é mera decorrência dos fatos apurados no auto de infração do imposto de renda pessoa jurídica (IRPJ). Subsistindo a matéria fática que ensejou o lançamento matriz (IRPJ), igual sorte deve colher aquele auto de infração lavrado por mera decorrência, tendo em vista o nexo causal entre eles. Pelo exposto, é procedente o auto de infração de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL, portanto, de se negar provimento ao recurso voluntário, naquilo que se refere ao lançamento de CSLL. (assinado digitalmente) Cláudio de Andrade Camerano Fl. 7320DF CARF MF
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Numero do processo: 12268.000032/2008-19
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 07 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Sep 06 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/06/2001 a 30/11/2004
CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. INCONSTITUCIONALIDADE DOS ARTS. 45 E 46 DA LEI 8212/91. SÚMULA VINCULANTE 8.
A inaplicabilidade dos arts. 45 e 46 da Lei 8212/91, que tratavam da prescrição e decadência do crédito tributário, é objeto da Súmula Vinculante nº 8.
DECADÊNCIA. INEXISTÊNCIA DE DOLO, FRAUDE OU SIMULAÇÃO. EXISTÊNCIA DE RECOLHIMENTOS PARCIAIS. REGRA DO ART. 150, § 4º, DO CTN.
1. O prazo decadencial para o lançamento é regido pelo art. 150, § 4º, do CTN, se, inexistindo dolo, fraude ou simulação, houver pagamento parcial.
2. O critério de determinação da regra decadencial (art. 150, § 4º ou art. 173, inc. I, do CTN) é a existência de pagamento antecipado do tributo, ainda que parcial, mesmo que não tenha sido incluída na sua base de cálculo a rubrica ou o levantamento específico apurado pela fiscalização.
CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. COMPENSAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO. INEXISTÊNCIA DE COMPROVAÇÃO.
Intimado em sede de fiscalização, para apresentar os documentos que comprovassem os créditos utilizados para compensação, a recorrente apresentou meras planilhas de controles (documentos unilaterais, portanto, que não servem de prova dos fatos alegados), mas não os documentos específicos solicitados, tais como sentenças transitadas em julgado, acordos homologados judicialmente, petição inicial, etc, que pudessem demonstrar as origens dos pagamentos indevidos ou maiores do que os devidos.
Numero da decisão: 2402-006.474
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher a preliminar para declarar a decadência das contribuições até a competência novembro de 2002 e, no mérito, em negar provimento ao recurso voluntário. Votou pelas conclusões, em relação à decadência, o conselheiro Mauricio Nogueira Righetti. Declarou-se impedida a Conselheira Renata Toratti Cassini. Participou de Julgamento o conselheiro Virgílio Cansino Gil (suplente convocado).
(assinado digitalmente)
Mário Pereira de Pinho Filho - Presidente
(assinado digitalmente)
João Victor Ribeiro Aldinucci - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mário Pereira de Pinho Filho, Denny Medeiros da Silveira, João Victor Ribeiro Aldinucci, Mauricio Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luis Henrique Dias Lima, Virgílio Cansino Gil e Gregorio Rechmann Junior.
Nome do relator: JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/06/2001 a 30/11/2004 CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. INCONSTITUCIONALIDADE DOS ARTS. 45 E 46 DA LEI 8212/91. SÚMULA VINCULANTE 8. A inaplicabilidade dos arts. 45 e 46 da Lei 8212/91, que tratavam da prescrição e decadência do crédito tributário, é objeto da Súmula Vinculante nº 8. DECADÊNCIA. INEXISTÊNCIA DE DOLO, FRAUDE OU SIMULAÇÃO. EXISTÊNCIA DE RECOLHIMENTOS PARCIAIS. REGRA DO ART. 150, § 4º, DO CTN. 1. O prazo decadencial para o lançamento é regido pelo art. 150, § 4º, do CTN, se, inexistindo dolo, fraude ou simulação, houver pagamento parcial. 2. O critério de determinação da regra decadencial (art. 150, § 4º ou art. 173, inc. I, do CTN) é a existência de pagamento antecipado do tributo, ainda que parcial, mesmo que não tenha sido incluída na sua base de cálculo a rubrica ou o levantamento específico apurado pela fiscalização. CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. COMPENSAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO. INEXISTÊNCIA DE COMPROVAÇÃO. Intimado em sede de fiscalização, para apresentar os documentos que comprovassem os créditos utilizados para compensação, a recorrente apresentou meras planilhas de controles (documentos unilaterais, portanto, que não servem de prova dos fatos alegados), mas não os documentos específicos solicitados, tais como sentenças transitadas em julgado, acordos homologados judicialmente, petição inicial, etc, que pudessem demonstrar as origens dos pagamentos indevidos ou maiores do que os devidos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 26 8. 00 00 32 /2 00 8- 19 Fl. 485DF CARF MF 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher a preliminar para declarar a decadência das contribuições até a competência novembro de 2002 e, no mérito, em negar provimento ao recurso voluntário. Votou pelas conclusões, em relação à decadência, o conselheiro Mauricio Nogueira Righetti. Declarouse impedida a Conselheira Renata Toratti Cassini. Participou de Julgamento o conselheiro Virgílio Cansino Gil (suplente convocado). (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Presidente (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mário Pereira de Pinho Filho, Denny Medeiros da Silveira, João Victor Ribeiro Aldinucci, Mauricio Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luis Henrique Dias Lima, Virgílio Cansino Gil e Gregorio Rechmann Junior. Relatório A DRJ/CTA fez um relato preciso do lançamento e da impugnação, que passa a integrar, em parte, o presente relatório: Tratase de Notificação Fiscal de Lançamento de Débito NFLD (DEBCAD 37.148.0400), cadastrada no COMPROT sob n° 12268.000032/200819, lavrada contra BANCO BANESTADO S/A, com a finalidade de apurar e constituir o crédito destinado Seguridade Social, relativo à glosa de compensações efetuadas indevidamente pelo notificado, no período de junho de 2001 a novembro de 2004, totalizando a importância de R$ 3.819.396,06 (três milhões, oitocentos e dezenove mil, trezentos e noventa e seis reais e seis centavos). 2. O Relatório Fiscal de fls. 41/42 informa que, no decorrer da ação fiscal, o Contribuinte apresentou apenas planilhas de controle das compensações efetuadas, deixando de apresentar as sentenças transitadas em julgado e/ou acordos homologados e demais documentos dos processos trabalhistas que comprovassem tais compensações, tendo ficado evidente que, para cumprimento do art. 43 da Lei n° 8.212, de 1991, o Notificado efetuava o recolhimento pelos valores das ações Fl. 486DF CARF MF Processo nº 12268.000032/200819 Acórdão n.º 2402006.474 S2C4T2 Fl. 3 3 trabalhistas e posteriormente procedia sua compensação no recolhimento sobre as folhas de pagamento seguintes. 3. O crédito lançado (valor originário, juros e multa) encontra se fundamentado na legislação constante do relatório Fundamentos Legais do Débito — FLD (fls. 18/20), com os respectivos períodos de vigência, e os valores apurados estão devidamente discriminados no relatório Discriminativo Analítico de Débito — DAD (fls. 04/09). 4. Cientificado pessoalmente em 28/12/2007, veio o notificado impugnar tempestivamente o lançamento, por meio do instrumento de fls. 410/417, alegando, em síntese: 4.1. Decadência: Ante a inaplicabilidade do prazo previsto no art. 45 da Lei n° 8.212/91, já afastada pela jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, deve ser reconhecida a decadência de parte dos créditos tributários questionados (junho de 2001 a novembro de 2002), uma vez que o Impugnante foi intimado do lançamento em 28/12/2007, portanto após o transcurso do prazo de 5 anos contados da ocorrência do fato gerador (art. 150, § 4°, do CTN); 4.2. Cancelamento de desligamento com encargos sociais recolhidos: O Impugnante calcula o desligamento do empregado e efetua o recolhimento dos encargos sociais, sendo que na hipótese de cancelamento do desligamento ocorre estorno das verbas pagas, gerando um crédito em relação à contribuição recolhida; 4.3. Recolhimento em duplicidade relativo a reclamatórias trabalhistas: Nas reclamatórias trabalhistas em que realiza acordo, efetuase o recolhimento da contribuição sobre tal valor. Porém, quando o valor é alterado para maior quando da homologação do acordo o Impugnante recolhe a contribuição sobre a totalidade do novo valor, gerando um crédito; 4.4. Compensação de recolhimentos efetuados para o beneficio da MP 38, que não produziram efeito: Com a finalidade de beneficiarse da anistia concedida pela MP n° 38, efetuou o recolhimento de alguns valores já lançados em NFLD. Como não preencheu os requisitos necessários para usufruir dos benefícios da anistia, tais pagamentos não produziram efeito, gerando um crédito para o Impugnante; 4.5. Ação de consignação e pagamento: O Impugnante calcula as parcelas de desligamento e efetua o recolhimento dos encargos, sendo que na hipótese de recusa de homologação desses valores pelo empregado desligado, os mesmos são depositados em juízo. Resolvido o impasse, é exigida a prova do recolhimento dos encargos, o que é inviável diante da quantidade de documentos a serem apresentados, motivo pelo qual o Impugnante efetua novo recolhimento, gerando crédito em razão de duplicidade de recolhimento da exação; Fl. 487DF CARF MF 4 4.6. Requer a realização de perícia para verificação da existência de crédito de contribuição à Seguridade Social e o montante do valor passível de compensação, a improcedência do lançamento e ajuntada dos meios de prova que se fizerem necessários. A DRJ/CTA julgou a impugnação improcedente, conforme decisão assim ementada: LANÇAMENTO FISCAL. COMPENSAÇÃO. CONDIÇÕES LEGAIS. GLOSA. PROVA. PRECLUSÃO TEMPORAL. PERÍCIA. INDEFERIMENTO. Serão objeto de glosa os valores compensados pela empresa sem a observância das condições legais. O momento para produção de provas documentais é juntamente com a impugnação, precluindo o direito de fazêlo em outro momento processual, salvo se fundada nas hipóteses expressamente previstas. À autoridade julgadora de primeira instância cabe indeferir, motivadamente, a perícia que considerar prescindível. Como não consta da ementa a matéria relativa à decadência, cabe relatar que a DRJ rejeitou a preliminar, por ter entendido que o prazo seria de dez anos. Vejase, fl. 460: 6.6. Destarte, As contribuições previdenciárias não se aplicam os prazos decadencial e prescricional (5 anos), previstos no Código Tributário Nacional. Não prospera, portanto, a preliminar argüida pelo Impugnante. Intimado da decisão em 08/05/2008, fl. 467, o sujeito passivo interpôs recurso voluntário em 05/06/2008, fls. 469 e seguintes, no qual apenas reafirmou os mesmos fundamentos da sua impugnação. Sem manifestação ou contrarrazões pela Procuradoria. É o relatório. Voto Conselheiro João Victor Ribeiro Aldinucci Relator 1 Conhecimento O recurso voluntário é tempestivo e estão presentes os demais requisitos de admissibilidade, devendo, portanto, ser conhecido. 2 Da decadência A DRJ entendeu que seria aplicável o art. 45 da Lei 8212/91, segundo o qual a fazenda pública teria dez anos para constituir o crédito tributário, e não o prazo previsto no CTN (fl. 460): Fl. 488DF CARF MF Processo nº 12268.000032/200819 Acórdão n.º 2402006.474 S2C4T2 Fl. 4 5 6.6. Destarte, às contribuições previdenciárias não se aplicam os prazos decadencial e prescricional (5 anos), previstos no Código Tributário Nacional. Não prospera, portanto, a preliminar argüida pelo Impugnante. Todavia, a inaplicabilidade dos arts. 45 e 46 da Lei 8212/91, que tratavam da prescrição e decadência do crédito tributário, é objeto da Súmula Vinculante nº 8, de forma que há um equívoco na decisão recorrida, que rejeitou a preliminar apenas com bases nesses dispositivos inconstitucionais: Súmula Vinculante 8: São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do DecretoLei nº 1.569/1977e os artigos 45e 46 da Lei nº 8.212/1991, que tratam da prescrição e decadência do crédito tributário. Pois bem. Ocorre que, na sessão de julgamento realizada em 05/07/2018, esta relatoria estava votando por reconhecer a decadência nos seguintes termos: A par disso, a compensação é regulada pelo art. 74 da Lei 9430/96. Em seu § 2º, o art. 74 preleciona que a compensação extingue o crédito tributário, sob condição de sua ulterior homologação, de tal forma que aquele procedimento extintivo do crédito (inc. II do art. 156 do Código) tem os mesmos efeitos do pagamento, atraindo a obrigação de o fisco homologálo de forma expressa ou tácita. Já o § 5º expressamente determina que o prazo para homologação da compensação declarada será de cinco anos, contado da data da entrega da declaração de compensação. Vejase com destaques: Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. (Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002)(Vide Decreto nº 7.212, de 2010) (Vide Medida Provisória nº 608, de 2013) (Vide Lei nº 12.838, de 2013) § 2o A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) § 5o O prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo será de 5 (cinco) anos, contado da data da entrega da declaração de compensação.(Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) Logo, o prazo decadencial deve ser contado a partir da data da compensação, quando, inclusive, o fisco passa a ter elementos para homologála ou para proceder ao lançamento de ofício. Segue abaixo o entendimento deste Conselho a respeito da matéria: INTIMAÇÃO. AR. COMPROVAÇÃO. OCORRÊNCIA. Fl. 489DF CARF MF 6 Consta dos autos intimação via postal, não havendo que se falar em ausência de intimação. COMPENSAÇÃO. DECADÊNCIA. NÃO OCORRÊNCIA.O prazo para homologação da compensação, declarada pelo sujeito passivo, será de 5 (cinco) anos, contado da data da entrega da declaração de compensação. PROVA. PEDIDO DE DILIGÊNCIA. PRECLUSÃO. O artigo 16, do Decreto nº 70.235, de 1972, prevê a manifestação de inconformidade como o momento processual para apresentar o pedido de diligência e produção probatória, após tal prazo, sem considerar as exceções do §4º do referido decreto, tais manifestações encontramse preclusas.Recurso Voluntário Negado. Direito Creditório Não Reconhecido. (PAF 10880.900042/201361, Recurso Voluntário, Sessão de 29/01/2018, Relatora SARAH MARIA LINHARES DE ARAUJO PAES DE SOUZA, acórdão nº acórdão 3302004.934, por unanimidade) ......................................................................................................... PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA. DECADÊNCIA DOS DÉBITOS COMPENSADOS Transcorrido prazo superior a 05 (cinco) anos entre o pedido de compensação formulado pelo contribuinte e a homologação realizada pelo fisco, a compensação perpetrada considerase homologada tacitamente, tornado indevida eventual glosa e cobrança dos débitos compensados. (PAF 10726.000535/200148, Recurso Voluntário, Sessão de 01/12/2016, Relator(a)DIEGO DINIZ RIBEIRO, acórdão nº 3402003.523, por unanimidade) No caso concreto, e conforme já relatado, tratase de lançamento decorrente de glosas de compensações, sendo inteiramente aplicável o § 5º do art. 74 da Lei 9430/96, assim como as orientações jurisprudenciais retro mencionadas. A título de registro, vale consignar que o STJ, em sede de embargos de divergência, já havia decidido que a compensação constitui um incidente do lançamento por homologação, no qual o sujeito passivo, ao invés de antecipar o pagamento, registra o crédito oponível perante o fisco, que tem cinco anos contados do fato gerador para fazer eventual lançamento de ofício (vide abaixo). É bem verdade que este conselheiro não está aplicando tal entendimento de forma literal, diante da regra específica traçada no § 5º encimado, mas o fato é que tal intelecção demonstra que não se pode contar o lustro decadencial a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, porque o sujeito passivo realizou, ainda que mediante compensação, o denominado auto lançamento (expressão criticada por grande parte da doutrina), o que teve o efeito de propiciar a fiscalização e o eventual lançamento suplementar desde a data da compensação. Fl. 490DF CARF MF Processo nº 12268.000032/200819 Acórdão n.º 2402006.474 S2C4T2 Fl. 5 7 TRIBUTARIO. COMPENSAÇÃO. TRIBUTOS LANÇADOS POR HOMOLOGAÇÃO. AÇÃO JUDICIAL. NOS TRIBUTOS SUJEITOS AO REGIME DO LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO (CTN, ART. 150), A COMPENSAÇÃO CONSTITUI UM INCIDENTE DESSE PROCEDIMENTO, NO QUAL O SUJEITO PASSIVO DA OBRIGAÇÃO TRIBUTARIA, AO INVES DE ANTECIPAR O PAGAMENTO, REGISTRA NA ESCRITA FISCAL O CREDITO OPONIVEL A FAZENDA, QUE TEM CINCO ANOS, CONTADOS DO FATO GERADOR, PARA A RESPECTIVA HOMOLOGAÇÃO (CTN, ART. 150, PAR. 4.); ESSE PROCEDIMENTO TEM NATUREZA ADMINISTRATIVA, MAS O JUIZ PODE, INDEPENDENTEMENTE DO TIPO DA AÇÃO, DECLARAR QUE O CREDITO E COMPENSAVEL, DECIDINDO DESDE LOGO OS CRITERIOS DA COMPENSAÇÃO (V.G., DATA DO INICIO DA CORREÇÃO MONETARIA). EMBARGOS DE DIVERGENCIA ACOLHIDOS. (EREsp 78.301/BA, Rel. Ministro ARI PARGENDLER, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 11/12/1996, DJ 28/04/1997, p. 15803) Logo, como o lançamento foi notificado ao sujeito passivo em 28/12/2007, realmente estavam decaídas as competências junho de 2001 a novembro de 2002, razão pela qual deve ser acolhida a preliminar de decadência. Melhor refletindo sobre a questão, entretanto, deve ser reconhecida a decadência parcial, mas com base em outro fundamento. É que o art. 74 não era aplicável às contribuições devidas à seguridade social e aí reside o equívoco da fundamentação supra transcrita. De forma expressa, o parágrafo único do art. 26 da Lei 11457/2007 determinava que "o disposto no art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, não se aplica às contribuições sociais a que se refere o art. 2º desta Lei" (exatamente as contribuições lançadas nesta NFLD). Tal sistemática somente veio a ser alterada agora, em maio de 2018, quando da edição da Lei 13670/18, que revogou o parágrafo único supra mencionado e realmente unificou as compensações entre os tributos e contribuições administrados pela RFB. Isso explica porque a fiscalização constituiu o presente débito através de notificação de lançamento, ao invés de proferir despacho não homologando as compensações ou considerandoas não declaradas. Se fosse aplicável, à época do lançamento, a regra do art. 74 da Lei 9430/96, seria prescindível o lançamento e a autoridade administrativa proferiria um despacho decisório não homologando a compensação ou considerandoa não declarada. Sob aquele outro regime, as compensações das contribuições eram feitas em GFIP, como determinava o art. 44, § 7º, da IN RFB 900/08. Agora, sob a égide da nova lei, as compensações são feitas por meio do programa PER/DCOMP, e a IN RFB 1717/17, já com atualizada pela IN RFB 1810/2018, preleciona o seguinte: Art. 65. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive o crédito decorrente de decisão judicial transitada em julgado, relativo a tributo administrado pela RFB, passível de restituição ou de Fl. 491DF CARF MF 8 ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos administrados pela RFB, ressalvadas as contribuições previdenciárias, cujo procedimento está previsto nas Seções VII e VIII deste Capítulo, e as contribuições recolhidas para outras entidades ou fundos. Art. 65. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive o crédito decorrente de decisão judicial transitada em julgado, relativo a tributo administrado pela RFB, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos administrados pela RFB, ressalvada a compensação de que trata a Seção VII deste Capítulo. (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1810, de 13 de junho de 2018) Vejase que, da redação originária do art. 65 supra mencionado, foi excluída a expressão "ressalvas as contribuições previdenciárias", uma vez que, pelo regime da nova lei (Lei 13670/18), as contribuições passaram a ser compensáveis com os demais tributos administrados pela RFB, observadas as restrições ali tratadas. De toda forma, à época dos fatos geradores e do lançamento, as compensações das contribuições eram feitas em GFIP e era imprescindível eventual lançamento para glosa de compensações, não sendo aplicável, até então, o regime do art. 74 da Lei 9430/96. Nesse contexto, e como defendido pela contribuinte, o prazo para o lançamento era regido pelo art. 150, § 4º, do CTN. A propósito, não há notícia de que a recorrente tenha agido com dolo, fraude ou simulação; e a existência de recolhimentos parciais em GPS, a par de expressamente admitida no seguinte trecho de relatório fiscal (vide abaixo), está documentada nos comprovantes de fls. 49 e seguintes, que integram a própria autuação: Logo, como o lançamento foi notificado ao sujeito passivo em 28/12/2007, realmente estavam decaídas as competências junho de 2001 a novembro de 2002, razão pela qual deve ser acolhida a preliminar de decadência. 3 No mérito No mérito propriamente, o recurso deve ser desprovido. Fl. 492DF CARF MF Processo nº 12268.000032/200819 Acórdão n.º 2402006.474 S2C4T2 Fl. 6 9 Intimado em sede de fiscalização, para apresentar os documentos que comprovassem os créditos utilizados para compensação, a recorrente apresentou meras planilhas de controles (documentos unilaterais, portanto, que não servem de prova dos fatos alegados), mas não os documentos específicos solicitados, tais como sentenças transitadas em julgado, acordos homologados judicialmente, petição inicial, etc, que pudessem demonstrar as origens dos pagamentos indevidos ou maiores do que os devidos. O sujeito passivo que apurar créditos em face do fisco federal, passíveis de restituição, poderá utilizálos para compensação, mas essa restituição está atrelada a pagamentos indevidos ou maiores do que os devidos (art. 89 da Lei 8212/91 vide abaixo), os quais, portanto, devem ser comprovados por quem os alega possuir. Art. 89. As contribuições sociais previstas nas alíneas a,b e c do parágrafo único do art. 11 desta Lei, as contribuições instituídas a título de substituição e as contribuições devidas a terceiros somente poderão ser restituídas ou compensadas nas hipóteses de pagamento ou recolhimento indevido ou maior que o devido, nos termos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil.(Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). Destarte, a decisão recorrida foi incensurável quando afirmou que: "dessa forma, no caso presente, diante dessa regulamentação legal especifica e, tendo em vista a não apresentação de documentos que comprovem o crédito e a legitimidade do procedimento adotado pelo Contribuinte, encontrase correta a glosa realizada pela Fiscalização". Por fim, não é cabível a produção de prova pericial para a demonstração de fatos ou de circunstâncias que não demandariam conhecimento técnico especializado, mas que poderiam ser demonstrados apenas através da juntada de documentos. No caso vertente, e como afirmado, a recorrente sequer apresentou, nem mesmo na impugnação ou no recurso, os documentos que poderiam demonstrar os fatos constitutivos do seu direito, sendo incabível a realização de exame pericial. 4 Conclusão Diante do exposto, votase no sentido de conhecer do recurso voluntário, para acolher a preliminar e declarar a decadência das contribuições até a competência novembro de 2002 e, no mérito, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci Fl. 493DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13831.720040/2012-82
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 29 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Oct 08 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2009
DEDUÇÃO INDEVIDA -DESPESA MÉDICA - DEPENDENTES DOCUMENTAÇÃO HÁBIL
As despesas com médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais são dedutíveis da base de cálculo do imposto de renda da pessoa física, seja para tratamento do próprio contribuinte ou de seus dependentes, desde que devidamente comprovadas, conforme artigo 8º da Lei nº 9.250/95 e artigo 80 do Decreto nº 3.000/99 - Regulamento do Imposto de Renda/ (RIR/99).
Numero da decisão: 2002-000.287
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, (i) por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, para afastar a glosa da despesa médica relativa a LUCIANA ÁLVARES DE GODOY PINHATA, no importe de R$ 4.165,00; (ii) por maioria de votos, em dar provimento parcial para afastar a glosa das despesas médicas relativas (ii.1) à JULIANA A. SPILLER, no valor de R$ 5.000,00, vencida a conselheira Fábia Marcília Ferreira Campêlo que negou provimento, (ii.2) à VANESSA RIBEIRO HOMEM, no importe de R$ 5.000,00, vencida a conselheira Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez que negou provimento, (ii.3) e à ALESSANDRA RIBEIRO HOMEM, no valor de R$ 11.500,00, vencida a conselheira Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez que negou provimento. Votaram pelas conclusões as conselheiras Fábia Marcília Ferreira Campêlo e Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez.
(assinado digitalmente)
Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez - Presidente
(assinado digitalmente)
Thiago Duca Amoni - Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Fábia Marcília Ferreira Campelo, Thiago Duca Amoni e Virgílio Cansino Gil.
Nome do relator: THIAGO DUCA AMONI
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Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, (i) por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, para afastar a glosa da despesa médica relativa a LUCIANA ÁLVARES DE GODOY PINHATA, no importe de R$ 4.165,00; (ii) por maioria de votos, em dar provimento parcial para afastar a glosa das despesas médicas relativas (ii.1) à JULIANA A. SPILLER, no valor de R$ 5.000,00, vencida a conselheira Fábia Marcília Ferreira Campêlo que negou provimento, (ii.2) à VANESSA RIBEIRO HOMEM, no importe de R$ 5.000,00, vencida a conselheira Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez que negou provimento, (ii.3) e à ALESSANDRA RIBEIRO HOMEM, no valor de R$ 11.500,00, vencida a conselheira Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez que negou provimento. Votaram pelas conclusões as conselheiras Fábia Marcília Ferreira Campêlo e Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez. (assinado digitalmente) Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Presidente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 83 1. 72 00 40 /2 01 2- 82 Fl. 161DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Thiago Duca Amoni Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Fábia Marcília Ferreira Campelo, Thiago Duca Amoni e Virgílio Cansino Gil. Relatório Notificação de lançamento Trata o presente processo de notificação de lançamento – NL (efls. 104 a 112), relativa a imposto de renda da pessoa física, pela qual se procedeu a glosa de despesas médicas indevidamente deduzidas, além de omissão de rendimentos do trabalho com vínculo e/ou sem vínculo empregatício. Tal autuação gerou lançamento de imposto de renda pessoa física suplementar de R$ 11.718,53, acrescido de multa de ofício no importe de 75%, bem como juros de mora Impugnação A notificação de lançamento foi objeto de impugnação, às efls. 02 a 92 dos autos, que, conforme decisão da DRJ: o contribuinte e seus dependentes são portadores de doenças que justificam os tratamentos continuados, conforme relatório constante da impugnação e documentos anexados aos autos, os quais já haviam sido apresentados para a autoridade fiscal; exigência de comprovação da forma de pagamento é indevida, visto que o contribuinte dispunha de R$ 150.300,00 em caixa, conforme declaração de bens, não sendo obrigado a utilizar serviços bancários; os documentos anexados comprovam a necessidade de tratamento intensivo, justificando as despesas médicas, entretanto referidos documentos foram rejeitados pela autoridade fiscal sem a análise de um perito na respectiva área de saúde. A impugnação foi apreciada na 7ª Turma da DRJ/BSB que por unanimidade, em 27/08/2014, no acórdão 0363.364, às efls. 120 a 124, julgou a impugnação improcedente. Recurso Voluntário Ainda inconformado, a contribuinte, apresentou Recurso Voluntário, às efls. 133 a 154, no qual alega, em resumo: Fl. 162DF CARF MF Processo nº 13831.720040/201282 Acórdão n.º 2002000.287 S2C0T2 Fl. 162 3 · pede desmembramento do processo quanto aos valores de R$18.864,97, recebidos da fonte pagadora Hospital Santa Casa Jesus Maria José, confirmando a omissão de rendimentos; · que os documentos juntados são hábeis a comprovação das despesas médicas próprias e de seus dependentes; · informa que declarou a importância de R$150.300,00 em dinheiro, e que esta quantia seria suficiente para arcar com as despesas médicas; · pede o cancelamento da autuação. É o relatório. Voto Conselheiro Thiago Duca Amoni Relator Pelo que consta no processo, o recurso é tempestivo, já que o contribuinte foi intimado do teor do acórdão da DRJ em 17/07/2015, efls. 132, e interpôs o presente Recurso Voluntário em 12/05/2015, efls. 133, posto que atende aos requisitos de admissibilidade e, portanto, dele conheço. Como consta no relatório, o contribuinte concorda com a autuação pela omissão de rendimentos recebidos da fonte pagadora Hospital Santa Casa Jesus Maria José no valor R$18.864,97. Desta forma, conforme artigo 14 do Decreto nº 70.235/72, não há lide quanto este ponto. O contribuinte foi autuado pela dedução indevida das seguintes despesas médicas, conforme transcrevese da decisão da DRJ: Dedução Indevida a Título de Despesas Médicas – glosa de dedução de despesas médicas, pleiteadas indevidamente pelo contribuinte na Declaração do Imposto de Renda Pessoa Física do exercício 2010, anocalendário 2009. Valor: R$ 28.985,00. Motivo da glosa: Glosa de R$ 4.165,00 declarados como pagos a Luciana Alvares de Godoy Pinhata, R$ 11.500,00 declarados como pagos a Alessandra Ribeiro Homem, R$ 5.000,00 declarados como pagos a Vanessa Ribeiro Homem, R$ 5.000,00 declarados como pagos a Juliana Spiller e R$ 3.320,00 declarados como pagos a Jefferson Ribeiro, por falta de comprovação do efetivo pagamento. As despesas com médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais são dedutíveis da base de cálculo do imposto de renda da pessoa física, seja para tratamento do próprio contribuinte ou de seus dependentes, desde que devidamente comprovadas, conforme artigo 8º da Lei nº 9.250/95 e artigo 80 do Decreto nº 3.000/99 Regulamento do Imposto de Renda/ (RIR/99): Fl. 163DF CARF MF 4 Art. 8º A base de cálculo do imposto devido no anocalendário será a diferença entre as somas: I de todos os rendimentos percebidos durante o ano calendário, exceto os isentos, os nãotributáveis, os tributáveis exclusivamente na fonte e os sujeitos à tributação definitiva; II das deduções relativas: a) aos pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias; : Art. 80. Na declaração de rendimentos poderão ser deduzidos os pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias (Lei nº 9.250, de 1995, art. 8º, inciso II, alínea "a"). §1ºO disposto neste artigo (Lei nº 9.250, de 1995, art. 8º, §2º): I aplicase, também, aos pagamentos efetuados a empresas domiciliadas no País, destinados à cobertura de despesas com hospitalização, médicas e odontológicas, bem como a entidades que assegurem direito de atendimento ou ressarcimento de despesas da mesma natureza; II restringese aos pagamentos efetuados pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes; III limitase a pagamentos especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas CPF ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica CNPJ de quem os recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento (grifos nossos) O trecho em destaque é claro quanto a idoneidade de recibos e notas fiscais, desde que preenchidos os requisitos legais, como meios de comprovação da prestação de serviço de saúde tomado pelo contribuinte e capaz de ensejar a dedução da despesa do montante de IRPF devido, quando da apresentação de sua DAA. O dispositivo em comento vai além, permitindo ainda que, caso o contribuinte tomador do serviço, por qualquer motivo, não possua o recibo emitido pelo profissional, a comprovação do pagamento seja feita por cheque nominativo ou extratos de conta vinculados a alguma instituição financeira. Fl. 164DF CARF MF Processo nº 13831.720040/201282 Acórdão n.º 2002000.287 S2C0T2 Fl. 163 5 Assim, como fonte primária da comprovação da despesa temos o recibo e a nota fiscal emitidos pelo prestador de serviço, desde que atendidos os requisitos legais. Na falta destes, pode, o contribuinte, valerse de outros meios de prova. Ademais, o Fisco tem a sua disposição outros instrumentos para realizar o cruzamento de dados das partes contratantes, devendo prevalecer a boafé do contribuinte. Nesta linha, no acórdão 2001000.388, de relatoria do Conselheiro deste CARF José Alfredo Duarte Filho, temos: (...) No que se refere às despesas médicas a divergência é de natureza interpretativa da legislação quanto à observância maior ou menor da exigência de formalidade da legislação tributária que rege o fulcro do objeto da lide. O que se evidencia com facilidade de visualização é que de um lado há o rigor no procedimento fiscalizador da autoridade tributante, e de outro, a busca do direito, pela contribuinte, de ver reconhecido o atendimento da exigência fiscal no estrito dizer da lei, rejeitando a alegada prerrogativa do fisco de convencimento subjetivo quanto à validade cabal do documento comprobatório, quando se trata tão somente da apresentação da nota fiscal ou do recibo da prestação de serviço. O texto base que define o direito da dedução do imposto e a correspondente comprovação para efeito da obtenção do benefício está contido no inciso II, alínea “a” e no § 2º, do art. 8º, da Lei nº 9.250/95, regulamentados nos parágrafos e incisos do art. 80 do Decreto nº 3.000/99 – RIR/99, em especial no que segue: Lei nº 9.250/95. (...) É clara a disposição de que a exigência da legislação especificada aponta para o comprovante de pagamento originário da operação, corriqueiro e usual, assim entendido como o recibo ou a nota fiscal de prestação de serviço, que deverá contar com as informações exigidas para identificação, de quem paga e de quem recebe o valor, sendo que, por óbvio, visa controlar se o recebedor oferecerá à tributação o referido valor como remuneração. A lógica da exigência coloca em evidência a figura de quem fornece o comprovante identificado e assinado, colocandoo na condição de tributado na outra ponta da relação fiscal correspondente (dedução tributação). Ou seja: para cada dedução haverá um oferecimento à tributação pelo fornecedor do comprovante. Quem recebe o valor tem a obrigação de oferecêlo à tributação e pagar o imposto correspondente e, quem paga os Fl. 165DF CARF MF 6 honorários tem o direito ao benefício fiscal do abatimento na apuração do imposto. Simples assim, por se tratar de uma ação de pagamento e recebimento de valor numa relação de prestação de serviço. Ocorre, neste caso, uma correspondência de resultados de obrigação e direito, gerados nessa relação, de modo que o contribuinte que tem o direito da dedução fica legalmente habilitado ao benefício fiscal porque de posse do documento comprobatório que lhe dá a oportunidade do desconto na apuração do tributo, confiante que a outra parte se quedará obrigada ao oferecimento à tributação do valor correspondente. Somese a isso a realidade de que o órgão fiscalizador tem plenas condições e pleno poder de fiscalização, na questão tributária, com absoluta facilidade de identificação, tão somente com a informação do CPF ou CNPJ, sobre a outra banda da relação pagador recebedor do valor da prestação de serviço. O dispositivo legal (inciso III, do § 1º, art. 80, Dec. 3.000/99) vai além no sentido de dar conforto ao pagador dos serviços prestados ao prever que no caso da falta da documentação, assim entendido como sendo o recibo ou nota fiscal de prestação de serviço, poderá a comprovação ser feita pela indicação de cheque nominativo pelo qual poderia ter sido efetuado o pagamento, seja por recusa da disponibilização do documento, seja por extravio, ou qualquer outro motivo, visto que pelas informações contidas no cheque pode o órgão fiscalizador confrontar o pagamento com o recebimento do valor correspondente. Além disso, é de conhecimento geral que o órgão tributante dispõe de meios e instrumentos para realizar o cruzamento de informações, controlar e fiscalizar o relacionamento financeiro entre contribuintes. O termo “podendo” do texto legal consiste numa facilitação de comprovação dada ao pagador e não uma obrigação de fazêlo daquela forma." Ainda, há várias outras jurisprudências deste Conselho que corroboram com os fundamentos até então apresentados: Processo nº 16370.000399/200816 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2001000.387 – Turma Extraordinária / 1ª Turma Sessão de 18 de abril de 2018 Matéria IRPF DEDUÇÃO DESPESAS MÉDICAS Recorrente FLÁVIO JUN KAZUMA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2005 DESPESAS MÉDICAS GLOSADAS. DEDUÇÃO MEDIANTE RECIBOS. AUSÊNCIA DE INDÍCIOS QUE JUSTIFIQUEM A INIDONEIDADE DOS COMPROVANTES. Fl. 166DF CARF MF Processo nº 13831.720040/201282 Acórdão n.º 2002000.287 S2C0T2 Fl. 164 7 Recibos de despesas médicas têm força probante como comprovante para efeito de dedução do Imposto de Renda Pessoa Física. A glosa por recusa da aceitação dos recibos de despesas médicas, pela autoridade fiscal, deve estar sustentada em indícios consistentes e elementos que indiquem a falta de idoneidade do documento. A ausência de elementos que indique a falsidade ou incorreção dos recibos os torna válidos para comprovar as despesas médicas incorridas. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. RECONHECIMENTO DO DÉBITO. Considerase não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo contribuinte. Processo nº 13830.000508/200923 Recurso nº 908.440 Voluntário Acórdão nº 220201.901 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 10 de julho de 2012 Matéria Despesas Médicas Recorrente MARLY CANTO DE GODOY PEREIRA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2006 DESPESAS MÉDICAS. RECIBO. COMPROVAÇÃO. Recibos que contenham a indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas CPF ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica CNPJ de quem prestou os serviços são documentos hábeis, até prova em contrário, para justificar a dedução a título de despesas médicas autorizada pela legislação. Os recibos que não contemplem os requisitos previstos na legislação poderão ser aceitos para fins de dedução, desde que seja apresenta declaração complementando as informações neles ausentes. Feitas estas considerações, às efls. 22 e 23 há declaração da profissional LUCIANA ÁLVARES DE GODOY PINHATA, confirmando a prestação de serviços de fisioterapia ao contribuinte. Ainda, às efls. 24 e 25 encontramse os recibos emitidos pela profissional, de forma que a afasto a glosa da presente despesa médica no valor de R$ 4.165,00. Às efls. 46 a 49 há recibos de serviços de fisioterapia prestados pela profissional JULIANA A. SPILLER ao contribuinte, que perfazem a quantia de R$ 5.000,00. Ainda, às efls. 35 há declaração da profissional; às efls. 36 e 37 há avaliação clínica do paciente e; às efls. 38 a 45 há o histórico de acompanhamento da fisioterapeuta ao paciente. Logo, pelas provas colacionadas, afasto a glosa das despesas médicas relativas a profissional. Como se vê na Declaração de Ajuste Anual (DAA) do contribuinte, às efls. 95, referente ao ano calendário de 2009, contam como seus dependentes Isabela Yoneda, Vitor Yoneda e Nicole Yoneda, à época, todos menores de idade. Fl. 167DF CARF MF 8 Em que pese na declaração assinada pela profissional ALESSANDRA RIBEIRO HOMEM, efls. 26, conste, aparentemente um erro material, já que a profissional é dentista e atesta que prestou serviços de fisioterapia, os recibos e os orçamentos juntados aos autos são hábeis a afastar a glosa de R$ 11.500,00, nos seguintes termos: · Vitor Yoneda: R$ 3.000,00 recibo (efls. 34); orçamento do serviço (efls. 33); · Isabela Yoneda: R$ 2.800,00 recibo (efls. 30); orçamento do serviço (efls. 29); · Alexandre Yoneda: R$ 3.000,00 recibo (efls. 28); orçamento do serviço (fls. 27); · Nicole Yoneda: R$ 2.700,00 recibo (efls. 32); orçamento do serviço (fls 31). Às efls. 89 a 92 há recibos de serviços prestados pela profissional VANESSA RIBEIRO HOMEM, no importe de R$ 5.000,00, aos dependentes Vítor e Isabela Yoneda. Ainda, às efls. 69 há declaração da profissional ratificando a prestação de serviços e às efls. 70 a 88 há avaliação clínica e acompanhamento da paciente. Logo, pelas provas colacionadas, afasto a glosa das despesas médicas relativas a profissional. Contudo, os recibos juntados às efls. 60 a 68, emitidos pelo profissional JÉFERSON RIBEIRO, não atendem aos requisitos legais, pois ausente o carimbo do profissional constando o registro no órgão representante da categoria. Reforço que, às efls. 99 o contribuinte declara a importância de R$150.300,00 em espécie. Diante do exposto, conheço do recurso voluntário para, no mérito, darlhe parcial provimento para afastar a glosa das despesas médicas relativas a LUCIANA ÁLVARES DE GODOY PINHATA, no importe de R$ 4.165,00, JULIANA A. SPILLER, no valor de R$ 5.000,00, VANESSA RIBEIRO HOMEM, no importe de R$ 5.000,00 e ALESSANDRA RIBEIRO HOMEM, R$ 11.500,00. Mantenho a glosa de JÉFERSON RIBEIRO, no valor de R$ 3.320,00. (assinado digitalmente) Thiago Duca Amoni Fl. 168DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19395.720078/2012-28
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jul 26 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Oct 04 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2009
PENSÃO ALIMENTÍCIA JUDICIAL.
O direito de deduzir dos rendimentos tributáveis os valores pagos a título de pensão alimentícia está vinculado aos termos determinados na sentença judicial ou acordo homologado judicialmente. Requerida a comprovação dos pagamentos efetuados aos beneficiários em atendimento a legislação tributária. Reconhecimento do direito à dedução quando cumpridos os requisitos.
Numero da decisão: 2001-000.585
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Jorge Henrique Backes - Presidente
(assinado digitalmente)
Jose Alfredo Duarte Filho - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Henrique Backes, Jose Alfredo Duarte Filho, Fernanda Melo Leal e José Ricardo Moreira.
Nome do relator: JOSE ALFREDO DUARTE FILHO
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O direito de deduzir dos rendimentos tributáveis os valores pagos a título de pensão alimentícia está vinculado aos termos determinados na sentença judicial ou acordo homologado judicialmente. Requerida a comprovação dos pagamentos efetuados aos beneficiários em atendimento a legislação tributária. Reconhecimento do direito à dedução quando cumpridos os requisitos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Jorge Henrique Backes Presidente (assinado digitalmente) Jose Alfredo Duarte Filho Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Henrique Backes, Jose Alfredo Duarte Filho, Fernanda Melo Leal e José Ricardo Moreira. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 39 5. 72 00 78 /2 01 2- 28 Fl. 239DF CARF MF 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra decisão de primeira instância que julgou improcedente a impugnação do contribuinte, em razão da lavratura de Auto de Infração de Imposto sobre a Renda de Pessoa Física – IRPF, por glosa de dedução de pensão alimentícia judicial. O lançamento da Fazenda Nacional exige do contribuinte a importância de R$ 15.361,50, a título de imposto de renda pessoa física suplementar, acrescida da multa de ofício de 75% e juros moratórios, referente ao anocalendário de 2009. O fundamento que lastreou o lançamento, conforme consta da decisão de primeira instância, aponta como elemento da decisão da lavratura o fato de que os documentos apresentados pelo Recorrente não seriam suficientes para a comprovação do pagamento da pensão alimentícia aos beneficiários e, embora tivesse apresentado o termo de acordo de separação consensual homologado judicialmente entendeu o Fisco não assegurada a permanência de sua validade no tempo. Também entendeu a Autoridade Fiscal ter se caracterizado pagamento por liberalidade e sem direito a dedução em razão da mudança da fonte de recursos do Contribuinte. A constituição do acórdão recorrido segue na linha do procedimento adotado na feitura do lançamento, notadamente no que considera comprovação insuficiente aos moldes do que entende legalmente apropriado, mesmo que com decisão judicial expedida sobre a pensão alimentícia e juntada da cópia da disponibilidade financeira em nome dos beneficiários, nos termos que segue: Em decorrência de procedimento de revisão levado a efeito pela DRF Macaé/RJ tendo por objeto a Declaração de Ajuste Anual de IRPF apresentada pelo interessado em epígrafe referente ao Exercício 2010 – AnoCalendário 2009, foi emitida, em 02/04/2012, a Notificação de Lançamento nº 2010/421845705631377 (fl. 08/12), para exigência do crédito tributário abaixo discriminado: Imposto de Renda Pessoa Física – Suplementar – cód. DARF 2904 . R$ 15.361,50 (...) Na Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal (fl. 10), parte integrante da Notificação de Lançamento nº 2010/421845705631377 ora em exame, consta que, em decorrência de procedimento de revisão levado a efeito pela DRF Macaé/RJ tendo por objeto a Declaração de Ajuste Anual de IRPF apresentada referente ao Exercício 2010 – AnoCalendário 2009, foi apurada dedução indevida de pensão alimentícia judicial e/ou por escritura pública no valor de R$ 55.860,00. Sobre dedução de pensão alimentícia judicial e/ou por escritura pública, os art. 4°, II e 8º, II, f, da Lei nº 9.250, de 1995, assim estabelecem: (...) De acordo com os dispositivos legais anteriormente transcritos são requisitos para a dedutibilidade da pensão alimentícia: a) que o pagamento tenha a natureza de alimentos; b) que sejam fixados em Fl. 240DF CARF MF Processo nº 19395.720078/201228 Acórdão n.º 2001000.585 S2C0T1 Fl. 240 3 decorrência das normas do Direito de Família; e c) que seu pagamento decorra do cumprimento de decisão judicial ou acordo homologado judicialmente. Insta registrar ainda que, além da existência de determinação judicial obrigando o pagamento, é necessário demonstrar o efetivo desembolso dos valores. Isto porque o contribuinte está obrigado a comprovar, de forma inequívoca e mediante documentação hábil e idônea, a realização de todas as despesas informadas na declaração de ajuste anual. No caso dos autos, conforme Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal (fl. 10), a glosa da dedução foi assim motivada: “Luiz Arthur Moreira Bon, CPF: 108.578.17710: Os recibos foram assinados pelo próprio beneficiário. O Acordo Homologado Judicialmente informa que as quantias deveriam ter sido depositadas na conta bancária da Sra. Solange Mariquito; Maria Ângela da Silva Bon, CPF: 003.026.08761: O Acordo Homologado Judicialmente informa que o contribuinte contribuiria com 40% (quarenta por cento) do prólabore na firma Grua Construtora Ltda. Durante o anocalendário de 2009 não foi informado nenhum rendimento desta fonte pagadora.” Relativamente à pensão alimentícia de Luiz Arthur Moreira Bon, o interessado não elide os fatos apurados pela fiscalização considerando os termos constantes no acordo homologado judicialmente datado de 1996 (cópia às fl. 20/21), uma vez que não apresenta comprovantes dos depósitos efetuados na conta bancária da Sra. Solange Mariquito. No que tange à pensão alimentícia da Sra. Maria Ângela da Silva Bon, conforme acordo homologado judicialmente datado de 1986 (cópia às fl. 26/30), temse que: • O cônjugevarão contribuiria mensalmente a título de pensão alimentícia com 40% de sua retirada prólabore da firma Grua Construtora Ltda., valor este equivalente a 8 salários mínimos mensais. Deste modo, já que o Sr. Luiz Adilson Bon havia se retirado da firma Grua à época dos fatos, a teor do acordo apresentado, a pensão devida a Sra. Maria Ângela corresponderia à importância de 3,2 salários mínimos (40% de 8 salários mínimos). Assim, tendo em vista que, de acordo com as Leis 11.709/2008 e 11.944/2009, o salário mínimo vigente em janeiro de 2009 foi de R$ 415,00 e de fevereiro a dezembro de 2009 foi de R$ 465,00, o valor devido a título de pensão alimentícia correspondeu no anocalendário de 2009 a R$ 17.696,00 [(R$ 415,00 x 3,2 x 1) + (R$ 465,00 x 3,2 x 11] e não ao montante de R$ 22.980,00 declarado (fl. 83). Fl. 241DF CARF MF 4 Ademais, não foram juntadas aos autos cópias das transferências dos valores para a conta bancária da Sra. Maria Ângela, tal como acordado. Por fim, não é relevante ao caso dos autos a alegação de que os valores emquestão teriam sido declarados pelo alimentado na DIRPF correspondente, uma vez que apresente lide versa sobre a comprovação do preenchimento dos requisitos para que o interessado possa usufruir do benefício da exclusão de tais montantes da base de cálculo do imposto. Deste modo, deve ser mantida a glosa da dedução a título de pensão alimentícia judicial no valor de R$ 55.860,00, tendo em vista não ter sido apresentado elemento de prova capaz de elidila. Do exposto, concluise por negar provimento à impugnação, mantendo o lançamento do imposto suplementar no valor de R$ 15.361,50, montante este acrescido da multa de ofício de 75% e dos juros de mora cabíveis, na forma da legislação vigente. Assim, conclui o acórdão vergastado pela improcedência da impugnação para manter a exigência do Lançamento em R$ 15.361,50, como imposto suplementar, mais acréscimos legais. Por sua vez, com a decisão do Acórdão da DRJ, o Recorrente apresenta recurso voluntário com as considerações e argumentações que entende justificável ao seu procedimento, nos termos que segue: (...) No anocalendário de 2009, exercício 2010, período a que se refere o lançamento, o recorrente pagou pensão alimentícias judiciais a seu filho – Luiz Arthur Moreira Bom e a sua exesposa – Maria Ângela da Silva Bom. Ambas as prestações foram estipuladas/acordadas em Juízo por decisão judicial na 3ª Câmara Cível do Tributal de Justiça do Rio de Janeiro e na 2ª Vara de Família de Niterói, referindose a primeira à pensão para o filho do Recorrente e a segunda para a exesposa. Os documentos probatórios compõem o anexo nº 01. (...) A exigência fundouse em dois aspectos: Não aceitação dos recibos firmados pelo beneficiário Luiz Arthur Moreira Bom, pois os valores mensais da pensão deveriam ter sido depositados na conta bancária de sua genitora Solange Marquito; Não aceitação dos valores pagos à exesposa – Maria Ângela da Silva Bom – pois o montante acordado equivaleria a percentual de 40% sobre o prólabore que o Recorrente receberia da empresa Grua Construtora. Não havendo pagamento de prólabore, indevido ou incomprovado o dispêndio. Fl. 242DF CARF MF Processo nº 19395.720078/201228 Acórdão n.º 2001000.585 S2C0T1 Fl. 241 5 Como adiante iremos demonstrar, tanto a notificação de lançamento quanto a R. Decisão ora recorrida adotaram entendimento antagônicos com os preceitos legais e com as provas dos autos, entendimentos esses que são insustentáveis à manutenção do crédito tributário exigido, devendo ser restabelecida a dedução glosada. O acordo judicial relativo à pensão paga pelo Recorrente para seu filho foi firmada em 1996, quando o alimentado tinha apenas 7 (sete) anos de idade e, portanto, totalmente incapaz para a prática de atos da vida civil. O depósito em conta corrente bancário de sua genitora revestiuse apenas de elemento facilitador do cumprimento do dever de sustento do, à época, menor. Tratase de prática comum a indicação de conta bancária para o depósito do quantum de pensão devido, especialmente quando não há desconto em folha. Depósito em conta corrente, pagamento em cheque ou em espécie são apenas formas de cumprimento do dever a que estava obrigado o Recorrente, não sendo cabível que, embora tenha cumprido o dever de pagar, seja penalizado por adotar a forma mais conveniente para si, para o beneficiário, seu filho, e para a mãe deste. No ano calendário de que trata a Notificação e de que resultou a R. Decisão recorrida, o senhor Luiz Arthur Moreira Bom já era capaz de praticar os atos da vida civil e, principalmente, ser sujeito de obrigação tributária, sendo irrelevante a arguição de que a verba do pensionamento devesse ser depositada na conta de sua genitora. Os montantes pagos pelo Recorrente para seu filho preenchem, indubitavelmente, as condições do artigo 78 do Regulamento do Imposto de Renda citado, bem como estão plenamente justificadas e comprovadas a teor do artigo 73 do mesmo diploma legal, a saber: a) Há acordo judicial firmado pelo Recorrente que lhe obriga a pagar a pensão alimentícia e; b) Os valores foram efetivamente pagos como fazem prova os recibos anexados por ocasião da Impugnação, a declaração firmada pelo beneficiário com firma reconhecida, que ora anexamos, e a cópia da Declaração de Ajuste Anual do beneficiário. Em relação à pensão paga à exesposa do Recorrente – Senhora Maria Ângela da Silva Bom – assim se posiciona a Decisão a quo: (...) A Decisão não tratou dos termos posto no lançamento. Nesse, a alegação para a indedutibilidade das verbas pagas a Sra. Maria Ângela Bon situase na inexistência de rendimentos, informados na declaração de Ajuste Anual do Recorrente, oriundos da firma Grua Construtora Ltda. da qual o Recorrente se retirara em 1994. Entendera o ilustre Autuante que, como não teriam sido declarados os rendimentos dessa fonte, cessara a obrigação de pagar a pensão determinada pela Justiça, tipificandose o pagamento como mera liberalidade. Fl. 243DF CARF MF 6 Além disso, ele não se dera ao cuidado de verificar que a pensão acordada em relação a sua exexposa equivaleria a 3,2 salários mínimos (40% de oito salários mínimos) como consta da cláusula 8ª do acordo judicial. (...) Para bem demonstrar a fragilidade da R. Decisão, há o reconhecimento, sob a ótica dos Julgadores, de que o Recorrente faria jus a dedução de R$ 17.696,00 com base no acordo firmado, entretanto, nem essa parcela foi admitida como comprovada, pois não estaria demonstrada a fatídica transferência bancária e nem foram aceitos os recibos apresentados. Mais absurdo ainda o fato de reconhecer como direito à dedução, apenas sob a ótica dos Julgadores, parcela significativa da dedução, mas não concedêla ao Recorrente, em razão de os recibos apresentados não conterem firma reconhecida. Para ratificar as comprovações já apresentadas por ocasião da Impugnação, juntamos declaração/recibo firmado pela beneficiária, com firma reconhecida, de que a beneficiária recebeu no ano calendário de 2009 a quantia de R$ 22.980,00 e cópia de sua Declaração de Ajuste Anual, constituindose tais documentos no anexo nº 03. DO QUE REQUER O Recorrente possui acordo judicial que atesta a obrigação de pagar as pensões, cujos montantes foram glosados, bem como a natureza dos valores deduzidos como Pensão Alimentícia Judicial; As verbas devidas a título da citada Pensão Alimentícia foram efetivamente pagas aos beneficiários; Os documentos acostados na Impugnação provam, categoricamente, as transferências financeiras dos valores homologados em sentença judicial para as pessoas beneficiárias das pensões; A jurisprudência Administrativa milita pacificamente em favor do Recorrente; REQUER Seja recebido o presente Recurso Voluntário e provido inteiramente para reformar a Decisão recorrida e restabelecer as deduções glosadas. É o relatório. Voto Conselheiro Jose Alfredo Duarte Filho Relator Fl. 244DF CARF MF Processo nº 19395.720078/201228 Acórdão n.º 2001000.585 S2C0T1 Fl. 242 7 O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. A divergência estabelecida na lide se limita a comprovação dos valores levantados pela Fiscalização como referentes à pensão alimentícia da exesposa Maria Ângela da Silva Bom e do filho Luiz Arthur Moreira Bom, motivo da glosa das deduções a este título no anocalendário de 2009, cuja comprovação não satisfez a fiscalização na oportunidade do lançamento e do julgamento de piso na DRJ. Também entendeu o Fisco que os documentos comprobatórios da homologação judicial dos pactos para pagamento da pensão alimentícia deveriam fixar prazo para sua vigência, e que a ausência de data fim dos compromissos os tornou insubsistentes. O litígio é que de um lado há o rigor na interpretação restritiva da legislação pela Autoridade Fiscalizadora, e de outro, a busca do direito, pelo Contribuinte, de ver reconhecido o que entende plenamente comprovado mediante documentação que apresentou por ocasião do lançamento, documentos agora novamente disponibilizados, de forma a satisfazer as exigências da legislação tributária. O texto base que define o direito da dedução do imposto e a correspondente comprovação para efeito da obtenção do benefício está contido no inciso II, art. 4º e alínea “f” inciso II, do art. 8º, da Lei nº 9.250/95, regulamentados no art. 78 do Decreto nº 3.000/99 – RIR/99, como segue: Lei nº 9.250/95. Art. 4º. Na determinação da base de cálculo sujeita à incidência mensal do imposto de renda poderão ser deduzidas: (...) II – as importâncias pagas a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família, quando em cumprimento de decisão judicial, inclusive a prestação de alimentos provisionais, de acordo homologado judicialmente, ou de escritura pública a que se refere o art. 1.124A da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 Código de Processo Civil; (Redação dada pela Lei nº 11.727, de 2008). (...) Art. 8º A base de cálculo do imposto devido no anocalendário será a diferença entre as somas: I de todos os rendimentos percebidos durante o anocalendário, exceto os isentos, os nãotributáveis, os tributáveis exclusivamente na fonte e os sujeitos à tributação definitiva; II das deduções relativas: (...) f) às importâncias pagas a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família, quando em cumprimento de decisão judicial, inclusive a prestação de alimentos provisionais, de acordo homologado judicialmente, ou de escritura pública a que se refere Fl. 245DF CARF MF 8 o art. 1.124A da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 Código de Processo Civil; (Redação dada pela Lei nº 11.727, de 2008). (...) Decreto nº 3.000/99 Art. 78. Na determinação da base de cálculo sujeita à incidência mensal do imposto, poderá ser deduzida a importância paga a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família, quando em cumprimento de decisão judicial ou acordo homologado judicialmente, inclusive a prestação de alimentos provisionais (Lei nº 9.250, de 1995, art. 4º, inciso II). § 1º A partir do mês em que se iniciar esse pagamento é vedada a dedução, relativa ao mesmo beneficiário, do valor correspondente a dependente. A autoridade fiscal fundamentou a recusa da dedução do valor da pensão do filho do Recorrente em razão de que não reconhecia suficiente o termo de acordo juntado pelo interessado, mesmo que acompanhado da homologação do acordo de alimentos com a decisão judicial que a oficializou. Quanto à pensão da exexposa a glosa do valor deduzido do imposto ocorreu em razão da juntada de cópia da separação consensual do casal, com a respectiva homologação judicial, em que não constava documento atualizador emitido pelo Poder Judiciário de que permanecia a obrigação de pagar pensão alimentícia à beneficiária no anocalendário de 2009. Tratase, tão somente neste caso, do direito à dedução do imposto de renda por pagamentos de pensão alimentícia em que a exigência fica condicionada a ter sido objeto de decisão judicial ou acordo homologado judicialmente e prova do efetivo pagamento do valor declarado como pago aos pensionistas, conforme inciso II, art. 4º, da Lei nº 9.250/95 e art. 78 do Decreto nº 3.000/99. Com efeito, o Recorrente acostou ao processo cópia do acordo homologado judicialmente que define o valor da pensão com base no valor recebido a época pelo obrigado no acordo, como parâmetro do quantitativo a ser pago como alimento. Na cláusula 8ª está fixado percentual de 40% sobre o referido valor que representava o equivalente a oito salários mínimos, sendo que o percentual aplicado sobre o total resulta no valor da pensão correspondente a 3,2 salários mínimos. Também juntou ao processo certidão da Junta Comercial do RJ e o contrato social que regista sua saída da sociedade Grua Construtora Ltda. Ressaltese que a determinação da pesão, por sua finalidade, não poderia ficar somente amparada no prólabore recebido pelo pagante, referente exclusivamente àquela fonte pagadora, de vez que poderia este passar não mais receber tal remuneração da empresa citada, como de fato aconteceu. Assim que a vinculação ao quantitativo de salários mínimos veio a dar caráter permanente para o valor e para obrigação, independente do vínculo com a empresa na qual mantinha participação societária naquele momento. Inadmissível seria desobrigar o pagante da pensão de alimentos se este não mais recebesse o referido prólabore que foi utilizado somente como parâmetro para a fixação do valor do benefício. Da mesma forma, seria inconcebível obrigar as partes a fazer novo acordo judicial para continuação do pagamento da pensão alimentícia a cada vez que o Recorrente trocasse de vínculo empregatício ou de tipo de remuneração. Assim que a mudança de fonte de recursos do Recorrente não torna a pensão alimentícia ato de liberalidade no pagamento porque Fl. 246DF CARF MF Processo nº 19395.720078/201228 Acórdão n.º 2001000.585 S2C0T1 Fl. 243 9 permanece a obrigação contributiva de sustento por decisão judicial, com validade até que ocorram as condições previstas para seu término, quando definido. A Autoridade Fiscal também recusou a comprovação do efetivo pagamento da pensão alimentícia fixada no documento judicial, valor que foi utilizado como redutor do imposto de renda a pagar por parte do Recorrente, não reconhecendo como verdadeira a comprovação de transferência dos valores que se destinaram as partes beneficiadas no acordo. Contudo, a legislação não especifica que tipo de comprovação tem força probatória ou qual comprovação é insuficiente para o caso. A Súmula CARF nº 98 determina que seja permitida a dedução de pensão alimentícia da base de cálculo do imposto de renda pessoa física, na condição de que tenha decorrido de decisão judicial ou acordo homologado judicialmente e quando comprovado seu efetivo pagamento. Súmula CARF nº 98: A dedução de pensão alimentícia da base de cálculo do Imposto de Renda Pessoa Física é permitida, em face das normas do Direito de Família, quando comprovado o seu efetivo pagamento e a obrigação decorra de decisão judicial, de acordo homologado judicialmente, bem como, a partir de 28 de março de 2008, de escritura pública que especifique o valor da obrigação ou discrimine os deveres em prol do beneficiário. (grifei) Cabe destacar que o dispositivo que mais se aproxima de uma definição dos condicionantes para obtenção do benefício da dedução diz que o segundo elemento se fará presente “quando comprovado o seu efetivo pagamento”, sem lhe especificar a forma. A legislação não obriga que o pagamento da pensão alimentícia deva ser realizado por uma ou outra forma de meios de pagamento. E, mesmo que conste no acordo judicial um determinado meio de pagamento outro pode ser utilizado, de comum acordo das partes, para facilitar a quitação da obrigação e satisfação do beneficiário de forma mais simplificada e ágil. Nenhum obstáculo fiscal pode ser considerado para quem pagar a pensão alimentícia em espécie mesmo que antes tenha se proposto em fazêlo por depósito bancário, se a parte beneficiada aceita, e para isso, entendo despiciendo mudar o acordo judicial somente por essa particularidade. Se há comprovante de quitação da obrigação, por qualquer forma, a decisão judicial está comprida. Por ocasião deste recurso voluntário foi novamente juntado ao processo a comprovação do acordo judicial homologado que se referem ao processo definidor da pensão alimentícia de Maria Ângela da Silva Bom e de Luiz Arthur Moreira Bom, o que reafirma com consistência a ocorrência da obrigação assumida do pagamento e, vez que comprovados os pagamentos mediante recibos/declarações assinados e com firma reconhecida, há que se considerar cumprida a obrigação do pagamento da pensão alimentícia. Neste sentido, motivo não há para recusa da utilização da dedução na declaração do imposto sobre a renda do Recorrente, vez que permitida pela legislação tributária nas condições em que foram formalizadas. De outra banda, a decisão a quo inova ao trazer cálculos de valor do que seria o valor correto da pensão alimentícia segundo o acordo homologado judicialmente, visto que não consta do lançamento como motivo da glosa o quesito quantitativo financeiro correspondente aos 3,2 salários mínimos. Ressaltese que o motivo da glosa, como inclusive constou do voto da DRJ, referemse tão somente à ausência de depósito na conta da genitora, Fl. 247DF CARF MF 10 desconhecendo os recibos assinados pelo filho alimentado e que os 40% do prólabore provindos da empresa Grua Construtora Ltda., não constavam como rendimentos desta fonte pagadora na declaração do Recorrente, sem considerar que ele não fazia mais parte daquela sociedade. Assim que, no exame da documentação acostada ao processo, verificase que o Recorrente apresentou material probante do acordo judicial e comprovação do pagamento das pensões a que se comprometeu judicialmente, podendo assim se beneficiar da utilização da dedução do imposto a esse título, fazendose imperioso que se conceda o direito pleiteado pelo Contribuinte, dando provimento ao recurso no que se refere ao restabelecimento das deduções. Por todo o exposto, voto por conhecer do Recurso Voluntário, e no mérito DAR PROVIMENTO, excluindose o crédito tributário no valor de R$ 15.361,50, que era o que correspondia ao valor lançado. (assinado digitalmente) Jose Alfredo Duarte Filho Fl. 248DF CARF MF
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