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Numero do processo: 10840.907051/2012-78
Turma: Terceira Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 19 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Tue Mar 02 00:00:00 UTC 2021
Ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL (COFINS)
Data do fato gerador: 25/04/2012
NULIDADE DA DECISÃO POR PREJUÍZO AO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. EXISTÊNCIA DE MOTIVAÇÕES SATISFATÓRIAS À COMPREENSÃO DO ATO.
Afasta-se a nulidade de despacho decisório e da decisão recorrida por ocorrência de prejuízo ao direito de ampla defesa, quando se verifica que a autoridade fiscal, como também o julgador de primeira instância administrativa, forneceram motivações satisfatórias à compreensão do conteúdo dos atos lavrados.
INTIMAÇÃO DO CONTRIBUINTE PARA PRESTAR ESCLARECIMENTOS EM MOMENTO ANTERIOR À EMISSÃO DO DESPACHO DECISÓRIO.
Não constitui rito obrigatório a intimação de contribuinte para prestar esclarecimento acerca dos dados informados em Declaração de Compensação, antes da emissão do Despacho Decisório Eletrônico.
NÃO APRESENTAÇÃO DE NOVAS RAZÕES DE DEFESA PERANTE A INSTÂNCIA RECURSAL QUANTO AO MÉRITO. ADOÇÃO DOS FUNDAMENTOS DA DECISÃO RECORRIDA.
Uma vez que no Recurso Voluntário não foram apresentadas novas razões de defesa perante a instância recursal no tocante ao mérito, havendo reprodução literal da peça impugnatória neste aspecto, adotam-se os fundamentos da decisão recorrida, com a transcrição do seu inteiro teor.
RECURSO ADMINISTRATIVO. EFEITO SUSPENSIVO.
A apresentação de recurso administrativo suspende a exigibilidade do crédito tributário tratado em compensação que lhe diga respeito.
Numero da decisão: 3003-001.542
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares suscitadas e, no mérito, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(documento assinado digitalmente)
Marcos Antônio Borges - Presidente
(documento assinado digitalmente)
Lara Moura Franco Eduardo - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Marcos Antônio Borges, Ariene D'Arc Diniz e Amaral e Lara Moura Franco Eduardo. Ausente o Conselheiro Muller Nonato Cavalcanti Silva.
Nome do relator: Lara Moura Franco Eduardo
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INOCORRÊNCIA. EXISTÊNCIA DE MOTIVAÇÕES SATISFATÓRIAS À COMPREENSÃO DO ATO. Afasta-se a nulidade de despacho decisório e da decisão recorrida por ocorrência de prejuízo ao direito de ampla defesa, quando se verifica que a autoridade fiscal, como também o julgador de primeira instância administrativa, forneceram motivações satisfatórias à compreensão do conteúdo dos atos lavrados. INTIMAÇÃO DO CONTRIBUINTE PARA PRESTAR ESCLARECIMENTOS EM MOMENTO ANTERIOR À EMISSÃO DO DESPACHO DECISÓRIO. Não constitui rito obrigatório a intimação de contribuinte para prestar esclarecimento acerca dos dados informados em Declaração de Compensação, antes da emissão do Despacho Decisório Eletrônico. NÃO APRESENTAÇÃO DE NOVAS RAZÕES DE DEFESA PERANTE A INSTÂNCIA RECURSAL QUANTO AO MÉRITO. ADOÇÃO DOS FUNDAMENTOS DA DECISÃO RECORRIDA. Uma vez que no Recurso Voluntário não foram apresentadas novas razões de defesa perante a instância recursal no tocante ao mérito, havendo reprodução literal da peça impugnatória neste aspecto, adotam-se os fundamentos da decisão recorrida, com a transcrição do seu inteiro teor. RECURSO ADMINISTRATIVO. EFEITO SUSPENSIVO. A apresentação de recurso administrativo suspende a exigibilidade do crédito tributário tratado em compensação que lhe diga respeito. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares suscitadas e, no mérito, em negar provimento ao Recurso Voluntário. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 84 0. 90 70 51 /2 01 2- 78 Fl. 87DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 2 do Acórdão n.º 3003-001.542 - 3ª Sejul/3ª Turma Extraordinária Processo nº 10840.907051/2012-78 (documento assinado digitalmente) Marcos Antônio Borges - Presidente (documento assinado digitalmente) Lara Moura Franco Eduardo - Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Marcos Antônio Borges, Ariene D'Arc Diniz e Amaral e Lara Moura Franco Eduardo. Ausente o Conselheiro Muller Nonato Cavalcanti Silva. Relatório Por bem narrar os fatos ocorridos, adoto o relatório contido na decisão da DRJ/RPO: O presente processo administrativo foi materializado na forma eletrônica, razão pela qual todas as referências a folhas dos autos pautar-se-ão na numeração estabelecida no processo eletrônico. Trata-se de Manifestação de Inconformidade interposta pela contribuinte por meio de seus representantes legais, conforme instrumento de mandato a fl. 021, em face do Despacho Decisório eletrônico (fl. 007) resultante da apreciação do documento Declaração de Compensação nº 06814.09678.190912.1.3.04-2702 (fls. 002/006), protocolado em 19/09/2012, e dos demais documentos associados, por meio dos quais a contribuinte pretende ter compensado crédito no valor total de R$ 38.003,44. Em seu pedido, a contribuinte expressamente declara no campo próprio que "o crédito não tem como fundamento a alegação de inconstitucionalidade de lei que: 1) não tenha sido declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal em ação direta de inconstitucionalidade ou em ação declaratória de constitucionalidade; 2) não tenha tido sua execução suspensa pelo Senado Federal; 3) não tenha sido julgada inconstitucional em sentença judicial transitada em julgado a favor do contribuinte; 4) não tenha sido objeto de súmula vinculante aprovada pelo Supremo Tribunal Federal nos termos do art. 103-A da Constituição Federal". Conforme informado pela contribuinte no pedido de restituição, o valor a ser restituído é correspondente ao DARF anexado aos autos (fl. 004) com as seguintes características: A análise da liquidez e certeza do crédito pleiteado foi efetuada pela Delegacia da Receita Federal do Brasil em Ribeirão Preto - SP, que, em 03/01/2013, emitiu Despacho Decisório eletrônico (fl. 007), no qual a autoridade competente indeferiu o Pedido de Restituição, sob o fundamento de que os pagamentos localizados foram integralmente utilizados para quitação de débitos do Fl. 88DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 3 do Acórdão n.º 3003-001.542 - 3ª Sejul/3ª Turma Extraordinária Processo nº 10840.907051/2012-78 contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados. Cientificada do Despacho Decisório, em 18/01/2013 (fl. 010), a contribuinte ingressou, em 08/02/2013, com a manifestação de inconformidade de fls. 026/039 e documentos anexos, na qual se manifesta, em síntese, conforme o disposto a seguir. 1. Preliminarmente, reclama o recebimento do recurso, não obstante a intimação ter sido recebida eletronicamente e considerar tal via em desacordo com os fatos, em função das garantias constitucionais e legais que aponta, dentre elas o art. 5º, inciso LV, da Constituição Federal, o art. 74, §§10 e 11, da Lei nº 9.430/1996, e o art. 35, do decreto 70.235/1972. 2. Alega a nulidade do Despacho Decisório decorrente da insuficiência de fundamento, dado que não foi esclarecida a indisponibilidade de crédito tampouco houve intimação da empresa para esclarecer o porquê de ter considerado o recolhimento indevido ou a maior, e, em conseqüência, não teria sido efetivamente julgado o motivo da restituição. Cita o art. 37, da Constituição Federal, e os artigos 2º, inciso VIII, e 50, da Lei nº 9.784/1999. Afirma que o despacho eletrônico não teria passado pelo crivo de um auditor fiscal para confirmar a suposta indisponibilidade de crédito. Entende que o indeferimento se deveu exclusivamente ao encontro de contas entre o débito recolhido por DARF e o crédito declarado em DCTF e que não teria sido investigadas as possíveis causas para restituição, sequer aquelas reconhecidas pela própria Receita Federal no art. 2º da IN nº 900/2008. Reforça a argüição de nulidade com fundamento no art. 59, do Decreto nº 70.235/1972, pois a falta de explicação sobre os motivos da suposta indisponibilidade de crédito tornaria a decisão totalmente nula, por não oferecer os elementos necessários para que a empresa possa promover sua defesa e a prova da existência do crédito. Traz decisão administrativa. 3. Alega também ter havido cerceamento do direito de defesa, citando o art. 5º, inciso LV, da Constituição Federal, e doutrina. Fundamenta a alegação no fato de que a autoridade administrativa não teria analisado o mérito do pedido nem intimado a empresa para prestar esclarecimentos, nos termos do art. 65, da IN nº 900/2008, o que teria violado o direito à ampla defesa e o dever de eficiência dos atos administrativos. Expõe também que a autoridade administrativa quedou-se omissa quanto aos fundamentos que formaram seu entendimento e que tal falta de motivação obstaria até mesmo a produção de provas necessárias, já que sequer seria sabido o que não foi reconhecido. 4. No mérito, afirma a legitimidade do crédito postulado. Esclarece que procedeu ao envio eletrônico do pedido de restituição/compensação, em atendimento ao disposto na IN RFB nº 900/2008, tendo utilizado para tanto o programa PER/DCOMP, e, no entanto, a análise da restituição/compensação se deu também por via eletrônica sem considerar a causa do pedido, que teria sido a utilização da base de cálculo ampliada para o cálculo da contribuição, com a inclusão tanto da receita decorrente de seu faturamento quanto das demais receitas que não deveriam compor aquela base de cálculo, de acordo com teses tributárias já julgadas pelo Supremo Tribunal Federal de forma favorável aos contribuintes. Portanto, o pedido formulado tem como base declaração de inconstitucionalidade já transitada em julgado, em consonância com o disposto na Lei nº 9.430/1996. Fl. 89DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 4 do Acórdão n.º 3003-001.542 - 3ª Sejul/3ª Turma Extraordinária Processo nº 10840.907051/2012-78 5. Clama pela produção posterior de provas, conforme regra autorizadora do art. 16, §4º, alínea a, a ser realizada no momento em que a lide esteja delineada nos seus termos, considerando que nem a autoridade administrativa nem a impugnante sabem ao certo o motivo do indeferimento, em virtude da omissão dos motivos do indeferimento pela autoridade administrativa e da falta de oportunidade para esclarecimentos por parte da empresa, conforme já defendido nos outros pontos da manifestação da contribuinte. Conclui requerendo o recebimento do recurso, em seus efeitos devolutivo e suspensivo, para seu julgamento, a declaração de nulidade do Despacho Decisório, a remessa dos autos à Delegacia de origem para que sejam promovidas as diligências necessárias à comprovação do crédito, o julgamento pela total procedência do recurso, caso não sejam reconhecidas as nulidades argüidas, com o reconhecimento do direito creditório e a homologação da compensação, e a produção de todos os meios de prova admitidos em direito, em especial prova documental, bem como o direito de produzi-las em momento posterior. O órgão de primeira instância administrativa julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade, em Acórdão que se encontra assim ementado: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/03/2012 a 31/03/2012 RESTITUIÇÃO E COMPENSAÇÃO. PROFUNDIDADE DA APRECIAÇÃO LIMITADA AO TEOR DO PEDIDO. Cabe à autoridade competente a apreciação da restituição e da compensação no limite do teor do pedido apresentado, não podendo ser caracterizado como falta de aprofundamento da análise a não apreciação de fundamento não registrado no corpo do pedido e trazido somente na contestação. INCONSTITUCIONALIDADE. ALEGAÇÃO GENÉRICA. Não pode prosperar a alegação genérica de que são inconstitucionais as normas aplicáveis ao caso concreto e/ou a menção a teses tributárias e jurisprudência não especificadas, por impossibilitar à instância julgadora identificar suficientemente os argumentos a serem apreciados. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e da existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa. PROVAS. OPORTUNIDADE Com a impugnação ocorre a oportunidade da apresentação de provas, precluindo o direito de o impugnante apresentá-las em outro momento processual. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Fl. 90DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 5 do Acórdão n.º 3003-001.542 - 3ª Sejul/3ª Turma Extraordinária Processo nº 10840.907051/2012-78 Período de apuração: 01/03/2012 a 31/03/2012 RESTITUIÇÃO. AUSÊNCIA DE SALDO A RESTITUIR. Verificado que o crédito pleiteado tem seu valor totalmente vinculado à quitação de débitos declarados em DCTF, resta impossibilitada, por falta de saldo, a restituição. O contribuinte foi intimado acerca do Acórdão que julgou a impugnação em 24/09/2013 (quarta-feira), conforme AR anexado ao presente processo (fl. 54). Insatisfeito com o teor da decisão, em 18/10/2013 interpôs Recurso Voluntário (fls. 56 a 70), reproduzindo as razões de defesa expendidas na Manifestação de Inconformidade, todavia fazendo a seguinte alteração, singela, no rol de seus argumentos quanto aos itens “Nulidades” e “Do cerceamento direito de defesa”: substituiu a expressão “autoridade administrativa” por “10ª Turma da DRJ/RPO-SP”. Voto Conselheira Lara Moura Franco Eduardo, Relatora. Considerando que se encontram satisfeitos os requisito da tempestividade e, sob o aspecto material, da competência do Colegiado para a apreciação do Recurso Voluntário, dele conheço. Conforme precedentemente colocado, verifica-se que se trata de DCOMP decorrente de pagamento indevido ou maior, não homologada pela unidade de origem, em razão do DARF ali discriminado já ter sido integralmente utilizado para quitação de um outro débito, declarado em DCTF. A peça recursal inicia-se com a arguição de nulidade do Despacho Decisório e do Acórdão da DRJ, em razão da ausência de motivação para as citadas decisões, o que teria ocasionado preterição ao direito de ampla defesa da recorrente. Analisando, primeiramente, o Despacho Decisório, não vislumbrei a existência do defeito apontado. A nulidade, imperioso que se coloque, decorre de vício insanável em forma essencial, o que não se sustenta frente à conferência detalhada do Despacho Decisório, no qual se descreve razoavelmente bem – ainda que de modo sucinto – o que motivou a não homologação da Declaração Eletrônica de Compensação, senão, vejamos: A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente Fl. 91DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 6 do Acórdão n.º 3003-001.542 - 3ª Sejul/3ª Turma Extraordinária Processo nº 10840.907051/2012-78 utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Logo abaixo no corpo do ato, no mesmo campo “3 – Fundamentação, Decisão e Enquadramento Legal”, a autoridade fiscal detalha que o DARF mencionado na DCOMP como origem do crédito já havia sido utilizado pelo contribuinte para a quitação de débito anteriormente indicado, conforme se segue: Afasta-se eventual prejuízo ao direito de defesa quando se constata que, em vista do teor citado Despacho, a autoridade fiscal forneceu motivação satisfatória à compreensão do conteúdo de sua decisão, de modo a permitir que o recorrente impugnasse o ato com coerência em relação ao que fora ali imputado. Já no que concerne à ausência de motivação da decisão recorrida, igualmente afasto a ocorrência de tal vício, também apontado nas razões contidas na peça recursal. Observa-se que a decisão combatida não se mostrou econômica em relação às razões que a motivaram. Inclusive, é fato digno de relevo que o Recorrente não se contrapôs a qualquer dos itens da fundamentação do Acórdão recorrido, limitando-se a reproduzir no Recurso Voluntário, de maneira idêntica, a peça entregue por ocasião da Manifestação de Inconformidade, abstraindo por completo o conteúdo da decisão de primeira instância administrativa ao elaborar o seu Recurso Voluntário. Não se verifica eventual prejuízo ao direito de defesa ao considerar-se que, no Acórdão da DRJ/RPO, o julgador de primeira instância debruçou-se sobre as questões do processo, tanto as principais quanto as acessórias, manifestando-se adequadamente em relação às razões de defesa expendidas pelo impugnante. Fl. 92DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 7 do Acórdão n.º 3003-001.542 - 3ª Sejul/3ª Turma Extraordinária Processo nº 10840.907051/2012-78 Também não se constata qualquer nulidade no decisum, sob o aspecto formal, porquanto preservadas as exigências feitas no art. 31 do Decreto nº 70.235/1972 1 , que disciplina acerca da forma prescrita para as decisões proferidas em sede de processo administrativo fiscal. Ao analisar o Recurso Voluntário, observo, ainda, que a impugnante traz mais uma vez à discussão questão relativa ao cerceamento do direito de defesa em sede de preliminar, em razão de não ter-lhe sido oportunizado comprovar as informações prestadas em PER/DCOMP. No tocante à suposta nulidade por ausência de intimação prévia, em face ao que dispõe o art. 74, §§ 9º e 11, da Lei nº 9.430/1996 2 , tratando-se de Declaração de Compensação, é a partir da ciência do Despacho Decisório que caberá a manifestação do contribuinte acerca de decisão que lhe seja desfavorável, quando então instaurar-se-á o contraditório. É dizer, pela legislação aplicável ao tema, a considerar inclusive a Instrução Normativa RFB nº 900/2008, que disciplinava acerca da transmissão da DCOMP, não constitui rito obrigatório a intimação de contribuinte para prestar esclarecimento sobre dados informados em Declaração de Compensação antes da emissão do Despacho Decisório Eletrônico, de modo que não há que se falar em defeito ou vício no procedimento, decorrente da práxis administrativa adotada pelo ente tributante de deixar de solicitar ao contribuinte demais explicações sobre créditos declarados, além daquelas informações já contidas em banco de dados do órgão (RFB). Superada as questões relacionada à nulidade do Despacho Decisório de do Acórdão emitido pela instância administrativa a quo, volve-se ao mérito. Conforme antes aqui colocado, do quanto foi afirmado na decisão de piso como razão de decidir, verifico que nada foi redarguido pelo Recorrente. Acrescente-se que, entre as alegações de defesa expendidas no Recurso Voluntário, não foram trazidos novos fatos, argumentos e – principalmente − provas, no sentido de contrapor o conteúdo do Acórdão combatido e evidenciar a procedência da pretensão relativa ao crédito. 1 Art. 31. A decisão conterá relatório resumido do processo, fundamentos legais, conclusão e ordem de intimação, devendo referir-se, expressamente, a todos os autos de infração e notificações de lançamento objeto do processo, bem como às razões de defesa suscitadas pelo impugnante contra todas as exigências. 2 Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizá-lo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. (Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002) (...) § 7o Não homologada a compensação, a autoridade administrativa deverá cientificar o sujeito passivo e intimá-lo a efetuar, no prazo de 30 (trinta) dias, contado da ciência do ato que não a homologou, o pagamento dos débitos indevidamente compensados.(Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) (...) § 9o É facultado ao sujeito passivo, no prazo referido no § 7o, apresentar manifestação de inconformidade contra a não-homologação da compensação. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) (...) Fl. 93DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 8 do Acórdão n.º 3003-001.542 - 3ª Sejul/3ª Turma Extraordinária Processo nº 10840.907051/2012-78 Assim, considero que se delineia, na espécie, a hipótese prevista no art. 57, § 3º, do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo Fiscais - RICARF, aprovado pela Portaria nº 343/2015 do Ministro da Fazenda: Art. 57. Em cada sessão de julgamento será observada a seguinte ordem: I - verificação do quórum regimental; II - deliberação sobre matéria de expediente; e III - relatório, debate e votação dos recursos constantes da pauta. § 1º A ementa, relatório e voto deverão ser disponibilizados exclusivamente aos conselheiros do colegiado, previamente ao início de cada sessão de julgamento correspondente, em meio eletrônico. § 2º Os processos para os quais o relator não apresentar, no prazo e forma estabelecidos o § 1º, a ementa, o relatório e o voto, serão retirados de pauta pelo presidente, que fará constar o fato em ata. § 3º A exigência do § 1º pode ser atendida com a transcrição da decisão de primeira instância, se o relator registrar que as partes não apresentaram novas razões de defesa perante a segunda instância e propuser a confirmação e adoção da decisão recorrida. (Redação dada pela Portaria MF nº 329, de 2017) (grifei) No mesmo sentido, já possibilitava o art. 50, § 2º, da Lei nº 9.784/1999, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal: Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: (...) § 2o Na solução de vários assuntos da mesma natureza, pode ser utilizado meio mecânico que reproduza os fundamentos das decisões, desde que não prejudique direito ou garantia dos interessados. Assim sendo, adoto como razões de decidir os fundamentos da decisão de primeira instância administrativa, por concordar com o que ali fora colocado em relação à matéria impugnada, nos seguintes itens e termos: Revisão do valor do débito fundada em argüição de inconstitucionalidade genérica para restituição de eventual valor pago a maior No mérito, afirma a legitimidade do crédito postulado. Esclarece que procedeu ao envio eletrônico do pedido de restituição/compensação, em atendimento ao disposto na IN RFB nº 900/2008, tendo utilizado para tanto o programa PER/DCOMP, e, no entanto, a análise da restituição/compensação se deu também por via eletrônica sem considerar a causa do pedido. A contribuinte pretende a revisão do valor do débito confessado por ter utilizado equivocadamente a base de cálculo ampliada para o cálculo da contribuição, com a inclusão tanto da receita decorrente de seu faturamento quanto das Fl. 94DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 9 do Acórdão n.º 3003-001.542 - 3ª Sejul/3ª Turma Extraordinária Processo nº 10840.907051/2012-78 demais receitas que não deveriam compor aquela base de cálculo, “de acordo com teses tributárias já julgadas pelo Supremo Tribunal Federal de forma favorável aos contribuintes”. Portanto, a contribuinte afirma que o pedido formulado teria como base declaração de inconstitucionalidade já transitada em julgado, em consonância com o disposto na Lei nº 9.430/1996. Em primeiro lugar, a alegação de inconstitucionalidade como fundamento para o pedido deve ser analisada considerando os termos em que o próprio pedido foi materializado. O fundamento apontado no momento do registro do pedido original pela requerente (fls. 002/006) foi o “pagamento indevido ou a maior”, complementado pela informação de que não se trata de “alegação de inconstitucionalidade de lei que: 1) não tenha sido declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal em ação direta de inconstitucionalidade ou em ação declaratória de constitucionalidade; 2) não tenha tido sua execução suspensa pelo Senado Federal; 3) não tenha sido julgada inconstitucional em sentença judicial transitada em julgado a favor do contribuinte; 4) não tenha sido objeto de súmula vinculante aprovada pelo Supremo Tribunal Federal nos termos do art. 103-A da Constituição Federal”. Portanto, se no momento da impugnação é explicitado pela requerente tratar-se de fundamento de inconstitucionalidade, esse só poderá ser considerado dentro do contorno estabelecido no pedido inicial, sob pena de se caracterizar inovação e, conseqüentemente, restar configurado novo pedido. Além do mais, para pedido a partir da vigência da MP nº 449, de 03 de dezembro de 2008, convertida na Lei nº 11.941, de 2009, que alterou a redação do art. 74, da Lei nº 9.430/1996, considera-se não declarada a compensação cujo crédito tenha como fundamento alegação de inconstitucionalidade fora daquelas hipóteses; portanto, a alegação de inconstitucionalidade só pode ser conhecida no regime de apreciação da manifestação de inconformidade dentro das hipóteses que não caracterizariam a compensação como não declarada. Nesses termos, há que se enquadrar o fundamento de inconstitucionalidade em uma das quatro hipóteses descritas nos parágrafos anteriores. No entanto, a precariedade da descrição do fundamento não permite sequer adentrar essa seara. A contribuinte limita-se a mencionar genericamente “teses tributárias já julgadas pelo Supremo Tribunal Federal de forma favorável aos contribuintes”, sem sequer indicar uma decisão específica ou dispositivos legais objeto dessas teses, apenas se referindo a receitas que não deveriam compor a base de cálculo do tributo e a inconstitucionalidade na ampliação da base de cálculo declarada em ação já transitada em julgado. A fundamentação apresentada é tão genérica que a contribuinte sequer esclarece em seu instrumento quais seriam as parcelas indevidamente incluídas na base de cálculo ou se a contribuição seria aquela sujeita ao regime cumulativo ou ao regime não-cumulativo, apenas aponta o tipo de contribuição, o período de apuração e o valor pleiteado. Dentre outras não menos relevantes, também a omissão do regime de tributação é essencial, pois cada regime se encontra sujeito a arcabouço normativo distinto e, portanto, eventuais inconstitucionalidades seriam atribuídas a leis distintas, leis essas também não citadas na singela argumentação apresentada. Ora, a omissão, pela manifestante, da natureza das parcelas questionadas, dos dispositivos legais que estariam eivados de inconstitucionalidade, da explicitação da tese de inconstitucionalidade sustentada e das decisões de tribunais que tenham discutido a matéria impede a consideração dessa linha de Fl. 95DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 10 do Acórdão n.º 3003-001.542 - 3ª Sejul/3ª Turma Extraordinária Processo nº 10840.907051/2012-78 argumentação por total impossibilidade de identificação da tese a ser debatida e dos elementos fáticos correspondentes. Logo, é improcedente a alegação genérica da contribuinte. (...) Insuficiência na comprovação dos valores pleiteados Noutro giro, ainda que se reconsiderasse a existência de valor confessado em DCTF que viria a consumir todo o valor do crédito apresentado para compensação, as decisões administrativas tem reiteradamente consignado que o reconhecimento de direito creditório contra a Fazenda Nacional exige a averiguação da liquidez e certeza do suposto pagamento indevido ou a maior de tributo, fazendo-se necessário verificar a exatidão das informações a ele referentes, confrontando-as com os registros contábeis e fiscais efetuados com base na documentação pertinente, com análise da situação fática em todos os seus limites, de modo a se conhecer qual seria o tributo devido e compará-lo ao pagamento efetuado. Por tais razões, quando a contribuinte apresenta um pedido de restituição de indébito, deve, necessariamente, demonstrar um crédito tributário a seu favor decorrente de pagamento a maior ou indevido, de forma que o reconhecimento do indébito tributário deve ser o fundamento fático e jurídico de qualquer restituição. No caso concreto, seria essencial demonstrar e comprovar tanto a base de cálculo considerada na apuração original quanto o valor a ser supostamente excluído dessa base de cálculo e que ensejaria o crédito reclamado em restituição/compensação. Nesse sentido, a contribuinte somente apresenta, sem o recálculo, o excedente do tributo conforme seu entendimento. No mais, limita- se a oferecer, às fls. 002/006, como únicos elementos probatórios dos valores utilizados, cópias das folhas do PERDCOMP entregue. Isto posto, ressalte-se que a recorrente, por ocasião do presente contencioso, não se desincumbiu do ônus da prova constitutiva do direito que alega possuir (CPC, art 333, I), que seria o de demonstrar a coerência entre os valores utilizados em seus cálculos e os registrados em documentos contábeis e fiscais essenciais (não auxiliares) e dotados de notória força probante, tais como os registros contábeis, balanços e balancetes regularmente transcritos no Livro Diário comprovadamente registrado no órgão competente, os documentos que serviram de base a esses registros, a documentação das obrigações acessórias correspondentes e outros meios de prova que porventura lhes sejam complementares ou equivalentes. Feitos estes esclarecimentos e levando-se em conta que a DCTF traduz confissão de dívida, que a recorrente não logrou sucesso em trazer elemento contábil-escritural que fosse suficiente a embasar sua alegação e que, com o encerramento do prazo para a manifestação da inconformidade, se deu a preclusão do direito à apresentação de novos elementos, prevalecem os dados originariamente declarados e inexiste comprovação suficiente para o valor pleiteado em restituição. Fl. 96DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 11 do Acórdão n.º 3003-001.542 - 3ª Sejul/3ª Turma Extraordinária Processo nº 10840.907051/2012-78 Em resumo, não trazendo o recorrente, ainda que em fase de Recurso Voluntário, documentos de prova que servissem de suporte às suas alegações, não há como se confirmar a existência, a regularidade e o montante de eventual crédito correspondente ao DARF informado na DCOMP, cabendo, portanto, razão à decisão recorrida, na medida em que esta esteve fundamentada na ausência de comprovação do direito creditório. Dirijo-me, agora, ao requerimento para juntada posterior de provas, ainda que elaborado de forma pouco precisa e não fundamentada porque não foram apresentadas justificativas para a produção probatória tardia, tampouco documentos que ilidam a conclusão da instância julgadora inferior quanto à inexistência do crédito. Em regra, os elementos de prova devem ser apresentados em conjunto com a impugnação, sob pena de preclusão do direito de fazê-lo, conforme dispõe o art. 16, § 4º, do Decreto nº 70.235/1972 3 . A juntada de documentos posteriormente à impugnação deve encontrar amparo nas exceções descritas nas alíneas “a” a “c” do citado § 4º. Contudo, a jurisprudência do CARF inclina-se no sentido de que, em se tratando de Despacho Decisório de emissão eletrônica, o princípio da verdade material é capaz de relativizar a formalidade do § 4º, quando a prova – trazida com o Recurso Voluntário − possa dar solução ao processo, encerrando a “verdade” dos fatos, como se pode verificar das Ementas dos Acórdão das 3ª e 1ª Turmas da CSRF, a seguir reproduzidos, não havendo previsão para a produção probatória em fase posterior à referida. Acórdão nº 9303-009.835 Seção 10/12/2019 Relator LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do Fato Gerador: 30/10/2003 PER/DCOMP. APRESENTAÇÃO DE NOVOS ELEMENTOS DE PROVA APÓS A APRECIAÇÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. POSSIBILIDADE. Novos elementos de prova apresentados no âmbito do recurso voluntário, após o julgamento de primeira instância administrativa, podem excepcionalmente serem apreciados nos casos em que fique prejudicado o amplo direito de defesa do contribuinte ou em benefício do princípio da verdade material. Situação que se apresenta comum quando o indeferimento da compensação é efetuado por meio de Despacho decisório eletrônico no qual não são apresentados ao contribuinte orientações completas quanto aos documentos necessários à comprovação do direito de crédito. 3 Art. 16. A impugnação mencionará: § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazê-lo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refira-se a fato ou a direito superveniente; c) destine-se a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. Fl. 97DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 12 do Acórdão n.º 3003-001.542 - 3ª Sejul/3ª Turma Extraordinária Processo nº 10840.907051/2012-78 Acórdão nº 9303-007.855 Sessão 22/01/2019 Relator(a) VANESSA MARINI CECCONELLO PROVAS. VERDADE MATERIAL. Admite-se a relativização do princípio da preclusão, tendo em vista que, por força do princípio da verdade material, podem ser analisados documentos e provas trazidos aos autos posteriormente à análise do processo pela autoridade de primeira instância, ainda mais quando comprovam inequivocamente a certeza e liquidez do direito creditório declarado na Declaração de Compensação (Dcomp) transmitida. Portanto, de acordo com a jurisprudência pacífica deste Colegiado, documentos comprobatórios do crédito reclamado poderiam ter sido aceitos até o encerramento da fase recursal, acaso o Recorrente os tivesse apresentado ainda que no dito período. Todavia, necessário frisar que os documentos coligidos aos autos restringiram-se à alteração do contrato social, à inscrição no CNPJ e outros, relacionados especificamente à representação da pessoa jurídica. Ou seja: o acervo juntado não se relaciona com a questão meritória aqui posta. Já no toca ao efeito suspensivo da cobrança de débito indicado em DCOMP discutida em Manifestação de Inconformidade ou Recurso Voluntário, tem-se que a incidência daquele se opera independentemente de solicitação do Recorrido e de seu deferimento por parte da instância superior no contencioso administrativo, porquanto verificada ainda no órgão de origem em decorrência das disposições contidas nos arts. 151, inc. III, do CTN 4 , e 33 do Decreto nº 70.235/1972 5 , que regulamenta o Processo Administrativo Fiscal- PAF. Diante do exposto, voto por rejeitar as preliminares suscitadas e, no mérito, negar provimento ao Recurso Voluntário. (documento assinado digitalmente) Lara Moura Franco Eduardo 4 Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário: I - moratória; II - o depósito do seu montante integral; III - as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo; (...) 5 Art. 33. Da decisão caberá recurso voluntário, total ou parcial, com efeito suspensivo, dentro dos trinta dias seguintes à ciência da decisão. Fl. 98DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 13 do Acórdão n.º 3003-001.542 - 3ª Sejul/3ª Turma Extraordinária Processo nº 10840.907051/2012-78 Fl. 99DF CARF MF Documento nato-digital
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Numero do processo: 13603.720603/2011-45
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 04 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Wed Mar 03 00:00:00 UTC 2021
Numero da decisão: 1401-000.178
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem, os membros do colegiado, por unanimidade de votos, nos termos da Portaria nº 01/2012 do CARF, sobrestar o julgamento.
(assinado digitalmente)
Jorge Celso Freire da Silva Presidente
(assinado digitalmente)
Alexandre Antonio Alkmim Teixeira - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Celso Freire da Silva (Presidente), Alexandre Antonio Alkmim Teixeira, Mauricio Pereira Faro, Antonio Bezerra Neto, Fernando Luiz Gomes de Mattos e Karem Jureidini Dias
Nome do relator: Não se aplica
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem, os membros do colegiado, por unanimidade de votos, nos termos da Portaria nº 01/2012 do CARF, sobrestar o julgamento. (assinado digitalmente) Jorge Celso Freire da Silva Presidente (assinado digitalmente) Alexandre Antonio Alkmim Teixeira - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Celso Freire da Silva (Presidente), Alexandre Antonio Alkmim Teixeira, Mauricio Pereira Faro, Antonio Bezerra Neto, Fernando Luiz Gomes de Mattos e Karem Jureidini Dias
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem, os membros do colegiado, por unanimidade de votos, nos termos da Portaria nº 01/2012 do CARF, sobrestar o julgamento. (assinado digitalmente) Jorge Celso Freire da Silva– Presidente (assinado digitalmente) Alexandre Antonio Alkmim Teixeira Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Celso Freire da Silva (Presidente), Alexandre Antonio Alkmim Teixeira, Mauricio Pereira Faro, Antonio Bezerra Neto, Fernando Luiz Gomes de Mattos e Karem Jureidini Dias RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 36 03 .7 20 60 3/ 20 11 -4 5 Fl. 725DF CARF MF Documento nato-digital Processo nº 13603.720603/201145 Resolução nº 1401000.178 S1C4T1 Fl. 3 2 Dentre as questões em discussão no presente feito, encontrase a utilização da Requisição de Movimentação Financeiras – RMF, por parte da Autoridade Fiscal, como forma de conhecer os extratos bancários da Recorrente. A constitucionalidade de referido instrumento está em julgamento perante o Supremo Tribunal Federal, nos autos do RE 601.314. Ainda, no RE 410.054 AgRg, foi determinado o sobrestamento do feito até o julgamento do processo em repercussão geral. Segundo o art. 62, § 1º Código de Processo Civil, “Ficarão sobrestados os julgamentos dos recursos sempre que o STF também sobrestar o julgamento dos recursos extraordinários da mesma matéria, até que seja proferida decisão nos termos do art. 543b, do CPC”. Ainda, nos termos do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal, o reconhecimento da repercussão geral conduzirá |à aplicado no art. 543B do CPC. Senão, veja se: Art. 328. Protocolado ou distribuído recurso cuja questão for suscetível de reproduzirse em múltiplos feitos, o Presidente do Tribunal ou o Relator, de ofício ou a requerimento da parte interessada, comunicará o fato aos tribunais ou turmas de juizado especial, a fim de que observem o disposto no art. 543B do Código de Processo Civil, podendo pedirlhes informações, que deverão ser prestadas em 5 (cinco) dias, e sobrestar todas as demais causas com questão idêntica. Parágrafo único. Quando se verificar subida ou distribuição de múltiplos recursos com fundamento em idêntica controvérsia, o Presidente do Tribunal ou o Relator selecionará um ou mais representativos da questão e determinará a devolução dos demais aos tribunais ou turmas de juizado especial de origem, para aplicação dos parágrafos do art. 543B do Código de Processo Civil. (sem grifos no original). Ainda, a Portaria nº 138, de 23 de julho de 2009, do Supremo Tribunal Federal, impõe que todo processo onde tiver havido repercussão geral deverá ser sobrestado, independentemente de determinação expressa nesse sentido. Leiase o dispositivo, in verbis: PORTARIA Nº 138, DE 23 DE JULHO DE 2009 O PRESIDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, no uso de suas atribuições legais e tendo em vista o disposto no art. 543B, § 5º, do Código de Processo Civil, com a redação da Lei nº 11.418/06, e no art. 328, parágrafo único, do Regimento Interno, com redação da Emenda Regimental nº 21/07, RESOLVE: Art. 1º Determinar à Secretaria Judiciária que devolva aos Tribunais, Turmas Recursais ou Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais os processos múltiplos ainda não distribuídos relativos a matérias submetidas à análise de repercussão geral pelo STF, os encaminhados em desacordo com o disposto no § 1º do art. 543B, do Código de Processo Civil,bem como aqueles em que os Ministros tenham determinado sobrestamento ou devolução. Por fim, a Portaria nº 01/2012 deste Conselho determina o sobrestamento do feito, sempre que, cumulativamente, a matéria encontrase em repercussão geral e tiver havido Fl. 726DF CARF MF Documento nato-digital Processo nº 13603.720603/201145 Resolução nº 1401000.178 S1C4T1 Fl. 4 3 ordem de sobrestamento de processos por força de referida situação. No caso, essa cumulação de requisitos se apresenta pelos RE 601.314 e RE 410.054 AgRg, ambos do Supremo Tribunal Federal. Pelo exposto, nos termos da Portaria nº 1 do CARF, voto no sentido de sobrestar o julgamento do presente feito até ulterior análise da questão constitucional pelo Supremo Tribunal Federal. Transitada em julgada a decisão do Excelso Pretório, retornem os autos para julgamento. É como voto. (assinado digitalmente) Alexandre Antonio Alkmim Teixeira Relator Fl. 727DF CARF MF Documento nato-digital
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Numero do processo: 11060.001508/2005-50
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 03 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Tue May 04 00:00:00 UTC 2021
Numero da decisão: 1202-000.141
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em determinar o sobrestamento do julgamento do recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
(Documento assinado digitalmente)
Nelson Lósso Filho Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto Donassolo, Nereida de Miranda Finamore Horta, Viviane Vidal Wagner, Geraldo Valentim Neto, Orlando José Gonçalves Bueno e Nelson Lósso Filho.
Nome do relator: Não se aplica
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Recorrente FRANCISCO SILVA FILHO & CIA LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em determinar o sobrestamento do julgamento do recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (Documento assinado digitalmente) Nelson Lósso Filho – Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto Donassolo, Nereida de Miranda Finamore Horta, Viviane Vidal Wagner, Geraldo Valentim Neto, Orlando José Gonçalves Bueno e Nelson Lósso Filho. Relatório Contra a empresa Francisco Silva Filho & Cia Ltda., foram lavrados autos de infração do IRPJ, fls. 1115/1130, PIS, fls. 1131/1149, COFINS, fls. 1150/1168, e CSLL, fls. 1169/1185, por ter a fiscalização constatado infrações à legislação tributária no anocalendário de 2004. Inconformada com a exigência, apresentou impugnação protocolada em 11/07/05, em cujo arrazoado de fls. 1216/1237 contesta o lançamento. Adoto o Relatório do Acórdão de Primeira Instância: RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 10 60 .0 01 50 8/ 20 05 -5 0 Fl. 2441DF CARF MF Documento nato-digital Processo nº 11060.001508/200550 Resolução nº 1202000.141 S1C2T2 Fl. 2.214 2 “Versa o presente processo sobre Autos de Infração de Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ), Programa de Integração Social — PIS, Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social — COFINS e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), às fls. 1.115 a 1.185, referente aos períodos de apuração de 01/01/2001 a 31/12/2004, pelos quais exigese da empresa em epígrafe crédito tributário no valor total de R$ 3.771.747,80 (discriminado à fl. 002), inclusos os consectários legais até 31/05/2005. No Auto de Infração do IRPJ estão descritas as seguintes irregularidades apuradas: 1 Diferença de receita da atividade, escriturada e não declarada. 2 Omissão de receita caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada. Sobre as infrações apuradas, consta no Relatório de Fiscalização (fls. 1.189 a 1.206), em síntese, que: de acordo com o contrato anexado às fls. 29 a 58, a atividade da empresa é comercial (compra e venda de cartões telefônicos). Isso também está demonstrado na contabilidade da contribuinte, vez que a demonstração do resultado do exercício claramente evidencia o registro de compras e vendas (DR fls. 147 e 284), a demonstração do Custo das Mercadorias Vendidas está descrita por Compras a Vista, Compras a Prazo, Estoques inicial e final, típica contabilidade mercantil; conforme planilhas de fls. 1.031 a 1.046, foram apuradas diferenças entre o valor escriturado e o valor pago/declarado, as quais a contribuinte não prestou qualquer esclarecimento, tendo entregado apenas uma carta do ilustre advogado, carta de fls. 1.048 a 1.049, que esta fiscalização entendeu não satisfatória; as contas bancárias BRADESCO n° 82.2124 (extratos de fls. 611 a 629) e SICREDI n° 10.2916 (extratos de fls. 630 a 971), não estão escrituradas em seus livros contábeis. Intimado a prestar esclarecimentos sobre a causa da não contabilização, bem como explicar a receita que originou tais depósitos (fls. 973 a 1.029), a contribuinte respondeu com a carta do ilustre advogado (fls. 1.048 a 1.049) o seguinte: "Quanto a conta transitória, existente no Banco Sicredi de n° 20.2916, tinha a mesma a finalidade de receber os valores arrecadados na venda dos cartões da Brasil Telecom, recebendo valores em cheques e TED's vindos dos clientes desta, cujo produto era repassado diretamente à Brasil Telecom, o que pode ser visto pela análise da mesma ...". Entendeu a fiscalização que a resposta da contribuinte não foi satisfatória, tendo sido lançado os valores na forma do art. 42 da Lei 9.430/96, conforme o art. 845, inciso II do RIR/99. os depósitos e créditos bancários não contabilizados foram listados individualmente e que a intimação foi preparada conforme as normas de fiscalização da Receita Federal ditadas pelo Manual de Fiscalização da SRF, que dispõe: "A critério do fiscal, devido a grande movimentação financeira, poderá ser estabelecido um corte nos valores Fl. 2442DF CARF MF Documento nato-digital Processo nº 11060.001508/200550 Resolução nº 1202000.141 S1C2T2 Fl. 2.215 3 de créditos, para não onerar o trabalho, com valores insignificantes". Relata que foram excluídos os valores de transferência entre outras contas da própria pessoa jurídica, bem como os valores de créditos por financiamento, e por estatística, conforme a NBC 820 do Conselho Federal de Contabilidade e, ainda, foram excluídos depósitos de forma estatística para compensação com os cheques depositados devolvidos. Os montantes tributáveis e as bases legais das infrações estão citados nos Autos de Infração e nos demonstrativos anexos. A forma de tributação adotada na autuação foi pelo regime do Lucro Presumido. Relativamente às imposições tributárias incidentes sobre PIS, COFINS e CSLL, registrou os autuantes que os lançamentos são decorrentes da fiscalização do Imposto de Renda Pessoa Jurídica, na qual foram apuradas as infrações, ocasionando, por conseguinte insuficiência na determinação da base de cálculo dessas contribuições. A multa de oficio aplicada foi no percentual de 75%. Enquadramento legal: art. 44, incisos I, da Lei n° 9.430, de 1996. Também foram lançados juros de mora com base nos arts. 61, § 3°, da Lei n° 9.430, de 1996. Cientificada dos lançamentos em 13/06/2005, a contribuinte, por meio de seus procuradores (procuração à fl. 1.346), apresenta a impugnação e documentos de fls. 1.216 a 1.828, alegando, em síntese, o que segue: DA PRELIMINAR DE NULIDADE os Autos de Infração possuem impropriedades, equívocos, fontes de dúvidas que se torna dificil, ou até impossível, o oferecimento de impugnação satisfatória; o lançamento, tal como definido no art. 142 do CTN, não pode se afastar do rigorismo quanto às suas formalidades, para se compor como ato administrativo válido; a receita/faturamento (base de cálculo dos tributos lançados) deve coincidir, em se tratando do mesmo contribuinte, de idênticos períodos de apuração e de resultados de exercícios coincidentes. Tal não ocorre, em relação aos lançamentos ora impugnados. Sem contar, que, no caso, "a priori" já desponta duplicidade de tributação, vez que os valores apurados pela fiscalização com respaldo em depósitos bancários abarca quaisquer outras diferenças ou omissões. arrola, ainda, os seguintes equívocos no procedimento fiscal: • o autuante planilhou depósitos e créditos de boletos de cobrança das contas BRADESCO n° 82.2124 e SICREDI n° 20.2916, sem proceder ao desconto relativo a cheques devolvidos, os quais foram reapresentados e por até duas vezes, tornando inconsistente o montante autuado com base em depósitos bancários. Dizer que a não subtração é para compensar eventuais valores não lançados, tendo em vista parâmetro utilizado, não é boa técnica, e não demonstra ser justo tal critério, pois não valorou as duas equações; Fl. 2443DF CARF MF Documento nato-digital Processo nº 11060.001508/200550 Resolução nº 1202000.141 S1C2T2 Fl. 2.216 4 • o autuante, repetiu em 2003, equivocadamente, os valores da base de cálculo do PIS e COFINS lançados em 2002. Por outro lado, relativamente ao PIS de 2003, a coluna de débitos declarados, na DCTF; • há divergências nas bases de cálculo entre os tributos IRPJ e CSLL, quando deveriam ser iguais. Também há divergências entre os valores tributados a título de PIS e COFINS, haja vista as bases de cálculo do IRPJ e CSLL, que diferem entre si. Outra divergência alegada foi nos valores nas bases de cálculo, do IRPJ e CSLL, em decorrência das divergências apontadas em 2003, quando também foram repetidos os valores das bases de cálculo de 2002 (Anexos II e III — fls. 1.241 — 1.258); • na relação dos depósitos bancários digitados pelo autuante, há erros de datas (fls. 986), de valores (fls. 987), bem como rasuras e alterações manuais (fls. 979 a 1029), o que fragiliza e torna obscuro o procedimento fiscal. observa, ainda, que o procedimento fiscal não premia o zelo, a transparência, a legalidade, incidindo em desrespeito aos princípios que devem caracterizar a administração pública (art. 37, caput, da CF/88). nesse contexto, pede a anulação dos lançamentos ou, se assim não entender, aponta a necessidade de realização de perícia para uma apuração criteriosa dos valores, eliminandose as incongruências e erros apontados. DO MÉRITO Atividade empresarial da impugnante alega que possui contratos de prestação de serviços de distribuição, sem exclusividade, de cartões telefônicos indutivos e produtos similares de telefonia pública com a Brasil Telecom S/A e com a Brasil Telecom Celular S/A. Conforme os contratos, os valores da remuneração, pelos serviços, bem como a receita que aufere são delimitados, que é tão somente a diferença entre o preço de compra dos cartões da contratante e o preço final de venda (item 2.7 da cláusula segunda); que não se trata, no caso da impugnante, de simples operação de compra e venda, como definiu o autuante, mas sim de prestação de serviços. A caracterização de prestação de serviços, como natureza da atividade da impugnante, é contemplada pela listagem de serviços sujeitos ao ISS, como consta da Lei Complementar n° 116/2003, art. 10, subitem 15.14, como serviços "congêneres"; que a atividade exercida se consubstancia como mera intermediação, que pode ser resumida na facilitação ou disseminação de um serviço, de natureza pública, para o público consumidor. Não é nessa linha de entendimento que se pautou o lançamento, eis que este tem lastro nos valores totais que a atividade revelou, onde se comprova que a grande parte (90%) da receita representa mero repasse à contratante dos serviços de distribuição. Fl. 2444DF CARF MF Documento nato-digital Processo nº 11060.001508/200550 Resolução nº 1202000.141 S1C2T2 Fl. 2.217 5 Da apuração de diferenças entre a receita escriturada e declarada argüi que se deve considerar na apuração da receita tributável a mesma argumentação despendida que diz respeito a natureza de sua atividade empresarial, decorrente do contrato de prestação de serviços. Repisa que a execução de um contrato de prestação dos serviços, que poderia, de outro modo, ser feito pelo regime de consignação, em que a contratada das empresas de telefonia simplesmente atuaria como representante comercial ou distribuidora, os responsáveis pela impugnante assim apuraram as receitas. E, como, a partir das compras (= recebimentos dos cartões para revenda ou distribuição), considerandose a margem fixa de comercialização, chegavase a um valor tributável (= faturamento ou receita bruta). Todavia, não foi esse o entendimento da fiscalização. o lançamento deriva para arbitramento, com base em depósitos bancários e, nesse aspecto, alarga o conceito de omissão de rendimentos, porquanto os procedimentos de fiscalização aplicados para a receita escriturada se anula pelos equívocos, erros, omissões e incongruências apontadas; Da nulidade do lançamento em face à inconstitucionalidade de seu suporte legal (art. 42, da Lei n° 9.430/96) diz que o lançamento, operado com alicerce no art. 42 da Lei n° 9.430/96, se constitui em verdadeiro arbitramento, pelo que há que se indagar da constitucionalidade da formalização do crédito, da apuração efetiva e clara da existência de fato gerador de imposto e contribuições; Além de ser inconstitucional a base legal do lançamento amparado em depósitos bancários, não lhe foi oportunizado, após intimação recebida em 13/05/2005, e cujo vencimento se dava em 03/06/2005, e que foi respondida em 02/06/2005, tendo sido indeferida prorrogação de prazo então solicitada, pelo que o contribuinte impedido de responder e explicitar, fielmente, as indagações; não faltou comprovação da origem dos depósitos bancários objeto das contas/correntes bancárias, pois o cálculo dos tributos, pela impugnante, eram feitos, dado o regime de sua contratação, que limitava a receita que poderia apurar com a revenda de cartões telefônicos, em face das aquisições, ou seja, sobre o valor das entradas era calculado o montante da saída, mediante o acréscimo da margem pactuada. as contas, em pauta, com seus depósitos, principalmente do Banco SIC1EDI, era uma conta transitória, que servia para o depósito dos pagamentos dos pontos de venda (=farmácias, mercados, tabacarias etc) clientes da impugnante, seja na forma de cheques prédatados, que eram nessa conta objeto de antecipação de receitas, ou de pagamentos feitos por meio de boletos, enquanto que a saída dos valores dessa conta eram, em regra, pagamentos à Cia. Telefônica, Contratante. Para comprovar, junta documentos que compõem os anexos VI e VII. a conta/corrente do Bradesco também representa a entrada de valores de clientes de outros estados federados e como já referido, o Fl. 2445DF CARF MF Documento nato-digital Processo nº 11060.001508/200550 Resolução nº 1202000.141 S1C2T2 Fl. 2.218 6 resultado dessas vendas (=redistribuições de cartões) era também apurado em função das entradas desses cartões; se a fiscalização não buscar e provar a existência do liame entre os rendimentos, representados nos depósitos bancários, e o resultado concreto, vertido para sinais de riqueza ou pelo consumo desses recursos pelo contribuinte, não é válido o lançamento; Cita, jurisprudência do Conselho de Contribuintes e da Câmara Superior de Recursos Ficais, vinculando a matéria em exame com decisões que se reporta a Lei n° 8.021, de 1990; o tributo que tenha como base imponível a receita, não pode incidir ao imposto sobre a renda, isto porque o conceito de renda está definido no art. 43 do CTN e art. 153, III da CF/88. Então, para efeito do imposto de renda e contribuição social sobre o lucro líquido, é proibido adotarse o mesmo conceito, para efeito de base de cálculo; a instituição de novo tributo só pode ser veiculada por Lei Complementar à luz do art. 153, II, bem como do art. 146, III, "a" da CF/88. Nesse contexto, o art. 42 da Lei n° 9.430/96 apresentase inconstitucional, ao pretender veicular um fato gerador novo ou por dimensionar nova base de cálculo para o imposto de renda, representada pelo somatório de depósitos bancários. É nulo, portanto, o lançamento de imposto de renda calcado no art. 42 da Lei n° 9.430/96, e, por conseqüência, os lançamentos reflexos. sobre a viabilidade de lei ordinária poder introduzir hipótese legal de fato gerador, cita estudos de Hugo de Brito Machado. Afronta a outros princípios básicos do direito alega que o valor do lançamento é absurdo e confiscatório se considerar o patrimônio da pessoa jurídica devidamente arrolado que se revela em cerca de R$ 217.816,00. há princípios jurídicos, a nortear a administração da justiça, que são o da razoabilidade e o da proporcionalidade (art. 145, par.1°, 150, inc. IV, 153, inc. III da CF/88). No caso, o art. 42 da Lei n° 9.430/96, como aplicado, escapa à concepção de razoabilidade e não observa os princípios constitucionais da proporcionalidade, da capacidade contributiva e da proibição do confisco.” Em 20/05/08 foi prolatado o Acórdão nº 189.018, da 1ª Turma de Julgamento da DRJ em Santa Maria, fls. 2165/2192, que considerou procedente em parte o lançamento, expressando seu entendimento por meio da seguinte ementa: “ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2001 a 31/12/2004 AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA Se o auto de infração possui todos os requisitos necessários a sua formalização, estabelecidos pelo art.10 do Decreto n° 70.235, de 1972, Fl. 2446DF CARF MF Documento nato-digital Processo nº 11060.001508/200550 Resolução nº 1202000.141 S1C2T2 Fl. 2.219 7 e se não forem verificados os casos taxativos enumerados no art. 59 do mesmo decreto, não é nulo o lançamento de oficio. PEDIDO DE REALIZAÇÃO DE PERÍCIA Considerase não formulado o pedido de perícia que não atende aos requisitos legais. Ademais, ela é desnecessária porque é possível a apresentação de prova documental sobre as questões controversas e, principalmente, se os elementos trazidos aos autos são suficientes para o deslinde da questão. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2001 a 31/12/2004 ILEGALIDADES. SUPOSTAS OFENSAS AOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS Os princípios constitucionais tributários são endereçados aos legisladores e devem ser observados na elaboração das leis tributárias, não comportando apreciação por parte das autoridades administrativas responsáveis pela aplicação destas, seja na constituição, seja no julgamento administrativo do crédito tributário. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Período de apuração: 01/01/2001 a 31/12/2004 LUCRO PRESUMIDO. BASE DE CÁLCULO. REVENDA DE CARTÕES TELEFÔNICOS Na revenda de cartões telefônicos, a totalidade dos valores recebidos pela pessoa jurídica de seus clientes integra a receita bruta para fins de determinação do lucro presumido. Irrelevante, para efeitos da caracterização como receita, o fato de o preço final ao consumidor ser preestabelecido pela concessionária de telefonia ou de a margem de lucro da revendedora ser apenas um percentual sobre o preço final. OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS NÃO COMPROVADOS A partir de 01/01/1997, os valores depositados em instituições financeiras, de origem não comprovada pelo contribuinte, passaram a ser considerados receitas ou rendimentos omitidos, por presunção legal. LANÇAMENTO. ÔNUS DA PROVA. PRESUNÇÕES LEGAIS As presunções legais relativas obrigam a autoridade fiscal a comprovar, tãosomente, a ocorrência das hipóteses sobre as quais se sustentam as referidas presunções, atribuindo ao contribuinte o ônus de provar que os fatos concretos não ocorreram na forma como presumidos pela lei. A argüição de consideração de duplicidade de tributação (depósitos bancários com vendas escrituradas) ou de base Fl. 2447DF CARF MF Documento nato-digital Processo nº 11060.001508/200550 Resolução nº 1202000.141 S1C2T2 Fl. 2.220 8 de cálculo superdimencionada (cheques devolvidos) deve estar amparada em dados consistentes que apontem o alegado, o que não ocorreu nos autos. INCORREÇÃO NA APURAÇÃO DO MONTANTE TRIBUTÁVEL Comprovada incorreção na apuração do montante tributável, devese alterar a exigência. LANÇAMENTOS DECORRENTES. Contribuição para o PIS, Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS e Contribuição Social sobre o Lucro CSLL A solução dada ao litígio principal, relativo ao Imposto de Renda Pessoa Jurídica, aplicase, no que couber, aos lançamentos decorrentes, quando não houver fatos ou argumentos novos a ensejar conclusão diversa. PIS e COFINS BASE DE CÁLCULO De acordo com a legislação vigente, as bases de cálculo do PIS e da COFINS é o faturamento, assim entendido como a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica. Lançamento Procedente em Parte” Cientificada em 10/06/08, AR de fls. 2198, e novamente irresignada com o acórdão de primeira instância, apresenta seu recurso voluntário protocolado em 03/07/08, em cujo arrazoado de fls. 2199/2209, repisa os mesmos argumentos apresentados na peça impugnatória.. É o Relatório. Voto O recurso é tempestivo e dotado dos pressupostos para sua admissibilidade, pelo que dele tomo conhecimento. A matéria aqui discutida trata de tributação de omissão de receitas apurada com base na presunção legal contida no artigo 42 da Lei nº 9.430/96, falta de comprovação da origem dos depósitos bancários efetuados em contacorrente de titularidade da pessoa jurídica autuada ou a ela imputada pela fiscalização. Nos seus procedimentos de auditoria o Fisco intimou instituições bancárias a disponibilizar extrato das contascorrentes questionadas, por meio de Requisição de Informações sobre Movimentação FinanceiraRMF de fls. 604 e seguintes. Esse procedimento, comumente adotado pela Receita Federal do Brasil, está sendo questionado no Judiciário. A discussão já chegou ao Supremo Tribunal Federal, que Fl. 2448DF CARF MF Documento nato-digital Processo nº 11060.001508/200550 Resolução nº 1202000.141 S1C2T2 Fl. 2.221 9 analisando o litígio, com característica de repercussão geral, sobrestou a decisão até ulterior deliberação. Conforme determina o artigo 62 A do RICARF, o julgamento do recurso deve ser sobrestado até decisão definitiva do julgado do STF. Essa matéria não é nova na Turma, já tendo sido abordada pelo Conselheiro Carlos Alberto Donassolo na Resolução nº 1202000.127, da sessão de 08 de agosto de 2012, o qual peço vênia para transcrever seus fundamentos: “Como já relatado, o presente processo trata de lançamento fiscal para exigência do IRPJ e reflexos face a presunção da omissão de receitas (art. 42 da Lei 9.430, de 1996), ao ser constatado, pela fiscalização, a existência de movimentação financeira bancária, em nome da autuada, sem comprovação da origem. Os Bancos foram instados a apresentar os extratos com a movimentação bancária mediante a emissão, pela autoridade fiscal, de Requisição de Informações sobre Movimentação FinanceiraRMF, nos termos do art. 6° da Lei Complementar n° 105, de 10 de janeiro de 2001, regulamentado pelo Decreto n° 3.724, de 10 de janeiro de 2001, fls. 235 e seguintes. Em que pese existir autorização legal para a requisição dos extratos bancários diretamente às instituições financeiras, discutese atualmente no Supremo Tribunal FederalSTF a constitucionalidade da quebra do sigilo bancário sem autorização judicial, matéria examinada em sede do Recurso ExtraordinárioRE n° 601.314, o qual teve sua "repercussão geral" reconhecida em 23/10/2009. Consulta efetuada no sítio do STF na internet, revela que o processo ainda aguarda julgamento do mérito. Como se trata de matéria com repercussão geral reconhecida, o Regimento Interno do STF RISTF, em seu art. 328, abaixo reproduzido, determina que todos os demais recursos extraordinários, com questão idêntica, sejam sobrestados, até que o Supremo Tribunal Federal decida os que tenham sido selecionados como representativos da causa: Art. 328. Protocolado ou distribuído recurso cuja questão for suscetível de reproduzirse em múltiplos feitos, a Presidência do Tribunal ou o(a) Relator(a), de ofício ou a requerimento da parte interessada, comunicará o fato aos tribunais ou turmas de juizado especial, a fim de que observem o disposto no art. 543B do Código de Processo Civil, podendo pedirlhes informações, que deverão ser prestadas em cinco dias, e sobrestar todas as demais causas com questão idêntica. Parágrafo único. Quando se verificar subida ou distribuição de múltiplos recursos com fundamento em idêntica controvérsia, a Presidência do Tribunal ou o(a) Relator(a) selecionará um ou mais representativos da questão e determinará a devolução dos demais aos tribunais ou turmas de juizado especial de origem, para aplicação dos parágrafos do art. 543B do Código de Processo Civil. Fl. 2449DF CARF MF Documento nato-digital Processo nº 11060.001508/200550 Resolução nº 1202000.141 S1C2T2 Fl. 2.222 10 Art. 328A. Nos casos previstos no art. 543B, caput, do Código de Processo Civil, o Tribunal de origem não emitirá juízo de admissibilidade sobre os recursos extraordinários já sobrestados, nem sobre os que venham a ser interpostos, até que o Supremo Tribunal Federal decida os que tenham sido selecionados nos termos do § 1° daquele artigo. (destaque meus) Assim, pareceme razoável e prudente aguardar a decisão da E. Suprema Corte acerca da constitucionalidade dos meios de prova obtidos no presente processo (extratos bancários), evitandose, assim, que mais adiante, a defesa alegue a anulação do lançamento por vício na obtenção das provas. Com efeito, o artigo 62A, §1° do RICARF (Portaria MF n° 256, de 22 de Junho de 2009 e alterações), estabelece o sobrestamento dos julgamentos dos recursos sempre que o STF também sobrestar o julgamento dos recursos extraordinários da mesma matéria: Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543 C da Lei n° 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. § 1° Ficarão sobrestados os julgamentos dos recursos sempre que o STF também sobrestar o julgamento dos recursos extraordinários da mesma matéria, até que seja proferida decisão nos termos do art. 543 B. {2} Já a Portaria CARF n° 001, de 03 de janeiro de 2012, no seu art. 2°, § 2o, inciso I, prevê a hipótese de que o sobrestamento seja apreciado durante a sessão de julgamento: Art. 2º Cabe ao Conselheiro Relator do processo identificar, de oficio ou por provocação das partes, o processo cujo recurso subsumase, em tese, à hipótese de sobrestamento de que trata o art. 1º. § 1º No caso da identificação se verificar antes da sessão de julgamento do processo: o conselheiro relator deverá elaborar requerimento fundamentado ao Presidente da respectiva Turma, sugerindo o sobrestamento do julgamento do recurso do processo; o Presidente da Turma, com base na competência de que trata o art. 17, caput e inciso VII, do Anexo II do RICARF, determinará, por despacho o sobrestamento do julgamento do recurso do processo; ou o julgamento do recurso na situação em que o processo se encontra. § 2º Sendo suscitada a hipótese de sobrestamento durante a sessão de julgamento do processo, o incidente deverá ser julgado pela Turma, que poderá: decidir pelo sobrestamento do processo do julgamento do recurso, mediante resolução; ou recusar o sobrestamento e realizar o julgamento do recurso. Fl. 2450DF CARF MF Documento nato-digital Processo nº 11060.001508/200550 Resolução nº 1202000.141 S1C2T2 Fl. 2.223 11 § 3º Na ocorrência de sobrestamento, nos termos dos §§ 1º e 2º, as respectivas Secretarias de Câmara deverão receber os processos e mantêlos em caixa específica, movimentandoos para a atividade SOBRESTADO. (grifei) A recorrente não se manifestou a respeito da matéria relativa à obtenção dos extratos bancários, entretanto, entendo que por se tratar de fato que envolve a licitude da obtenção das provas, de índole constitucional (CF, art. 5°, LVI, "são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meio ilícito''"), pode ser considerada como matéria de ordem pública, porque norteia a correta aplicação das relações processuais entre a administração pública e os seus administrados. Em vista do exposto, proponho a conversão do julgamento em SOBRESTAMENTO do recurso, até que seja proferida decisão nos autos do Recurso ExtraordinárioRE n° 601.314, em trâmite perante o E. Supremo Tribunal Federal.” De todo os exposto, com base no RICARF e art. 2º, § 1º da Portaria CARF nº 02 de 2012, entendo que o julgamento do recurso deva ser sobrestado, para aguardar a decisão final do Supremo Tribunal Federal a respeito da matéria quebra de sigilo bancário sem autorização judicial. (Documento assinado digitalmente) Nelson Lósso Filho – Relator. Fl. 2451DF CARF MF Documento nato-digital
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Numero do processo: 11030.000347/2007-04
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 11 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Tue Jan 19 00:00:00 UTC 2021
Numero da decisão: 1101-000.046
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Decidem os membros da 1ª Turma Ordinária da 1ª Câmara da 1ª Seção, por unanimidade de votos, declinar a competência e determinar o encaminhamento deste processo, para a Segunda Seção de Julgamento, para que possa ser distribuído a um novo relator.
(assinado digitalmente)
Valmar Fonseca de Menezes
Presidente
(assinado digitalmente)
Benedicto Celso Benício Júnior
Relator
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Valmar Fonseca de Menezes, Benedicto Celso Benício Júnior, Edeli Pereira Bessa, Carlos Eduardo de Almeida Guerreiro, José Ricardo da Silva e Nara Cristina Takeda Taga.
Relatório
Nome do relator: Não se aplica
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Decidem os membros da 1ª Turma Ordinária da 1ª Câmara da 1ª Seção, por unanimidade de votos, declinar a competência e determinar o encaminhamento deste processo, para a Segunda Seção de Julgamento, para que possa ser distribuído a um novo relator. (assinado digitalmente) Valmar Fonseca de Menezes Presidente (assinado digitalmente) Benedicto Celso Benício Júnior Relator Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Valmar Fonseca de Menezes, Benedicto Celso Benício Júnior, Edeli Pereira Bessa, Carlos Eduardo de Almeida Guerreiro, José Ricardo da Silva e Nara Cristina Takeda Taga. Relatório
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Numero do processo: 10120.016324/2008-12
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 06 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Thu Sep 09 00:00:00 UTC 2021
Numero da decisão: 1202-000.145
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em sobrestar o julgamento do recurso para aguardar a decisão final do Supremo Tribunal Federal a respeito da matéria quebra de sigilo bancário, com base no RICARF e artigo 2º, § 1º da Portaria CARF nº 2, de 2012.
(documento assinado digitalmente)
Nelson Lósso Filho - Presidente.
(documento assinado digitalmente)
Nereida de Miranda Finamore Horta Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Nelson Lósso Filho, Carlos Alberto Donassolo, Viviane Vidal Wagner, Nereida de Miranda Finamore Horta, Geraldo Valentim Neto e Orlando Jose Gonçalves Bueno.
Nome do relator: Não se aplica
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em sobrestar o julgamento do recurso para aguardar a decisão final do Supremo Tribunal Federal a respeito da matéria quebra de sigilo bancário, com base no RICARF e artigo 2º, § 1º da Portaria CARF nº 2, de 2012. (documento assinado digitalmente) Nelson Lósso Filho - Presidente. (documento assinado digitalmente) Nereida de Miranda Finamore Horta Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Nelson Lósso Filho, Carlos Alberto Donassolo, Viviane Vidal Wagner, Nereida de Miranda Finamore Horta, Geraldo Valentim Neto e Orlando Jose Gonçalves Bueno.
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em sobrestar o julgamento do recurso para aguardar a decisão final do Supremo Tribunal Federal a respeito da matéria quebra de sigilo bancário, com base no RICARF e artigo 2º, § 1º da Portaria CARF nº 2, de 2012. (documento assinado digitalmente) Nelson Lósso Filho Presidente. (documento assinado digitalmente) Nereida de Miranda Finamore Horta – Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Nelson Lósso Filho, Carlos Alberto Donassolo, Viviane Vidal Wagner, Nereida de Miranda Finamore Horta, Geraldo Valentim Neto e Orlando Jose Gonçalves Bueno. Relatório A fiscalização foi iniciada em 29. de maio de 2008 (fl. 02/) onde a contribuinte foi intimada a apresentar os seguintes documentos relativos ao IRPJ, no prazo de 5 dias: Livros Diário e Razão; Livros de Registro e Apuração do ICMS; RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 01 20 .0 16 32 4/ 20 08 -1 2 Fl. 297DF CARF MF Documento nato-digital Processo nº 10120.016324/200812 Resolução nº 1202000.145 S1C2T2 Fl. 278 2 Livros de Registro de Prestação de Serviços e Apuração de ISS; Cópia do Contrato Social e, se houvesse, de suas alterações contratuais ou consolidação das mesmas, Livro de registro e Utilização de Documentos Fiscais e Termos de ocorrência. Ainda, caso existissem, fora solicitado: Cópia de Petição Inicial em ações judiciais que questionem tributos e/ou contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, respectivas decisões e certidões atualizadas; Informação sobre processos/declarações/pedidos administrativos de compensação, bem como sobre compensações efetuadas na contabilidade; Planilha de retenção de tributos e contribuições referentes a contratos com órgãos , autarquias e fundações da administração pública federal, conforme art. 64 da Lei n° 9.430 / 96. Especificar por mês e código do tributo e apresentar documentação comprobatória das retenções; Extratos da movimentação financeira de contas existentes no Banco Bradesco S/A. Toda a documentação solicitada é referente ao período de janeiro de 2005 a dezembro de 2005. A intimação foi efetuada por via postal, em 9 de junho de 2008 (fl.04), ocasião em que a contribuinte solicitou prazo extra de 5 dias para cumprimento (fl. 15) A contribuinte foi reintimada, em 14 de agosto de 2008, a apresentar os mesmos documentos (fl. 17), uma vez que, como informa a intimação, nada foi enviado (fl. 18). Houve nova reintimação (n.002), em 26 de agosto do mesmo ano (fl.22), onde, além dos documentos já solicitados, requisitouse também extratos de movimentação financeira no período de 01/2005 a 12/2005 referente a conta corrente mantida no Banco do Brasil. No Termo de Intimação Fiscal n.002 (fl. 24/37), intimouse a contribuinte a comprovar a origem das receitas creditadas nas contascorrentes que este mantinha junto ao Banco Bradesco e Banco do Brasil – período de 01/05 a 12/05. Ciente em 22 de outubro do mesmo ano, solicitou prazo adicional para atendimento, o qual fora concedido. O Auto de Infração é datado de 21 de novembro do mesmo ano, consubstanciado na fundamentação extraída do relatório do voto recorrido, que transcrevo para evitar repetições : “Consoante descrição dos fatos contida nos autos de infração, o lançamento resultou da verificação de omissão de receitas decorrente de depósitos bancários de origem não comprovada (art. 42 da Lei n° 9.430/96), com arbitramento do lucro pela falta de apresentação dos livros e documentos da escrituração do contribuinte solicitados Fl. 298DF CARF MF Documento nato-digital Processo nº 10120.016324/200812 Resolução nº 1202000.145 S1C2T2 Fl. 279 3 durante a fiscalização (art. 530, III, do RIR/99). A seguir, está um maior detalhamento dos fatos apresentados pela autoridade fiscal: • O contribuinte apresentou DIPJ/2006 com opção pelo lucro real, onde informou uma receita total auferida de R$ 150.669,00. Entregou tempestivamente as DCTF informando os mesmos valores de IRPJ e CSLL constantes da DIPJ; • Foi constatado nos sistemas da RFB que o contribuinte realizou no ano 2005 elevada movimentação financeira no Banco do Brasil S/A e no Banco Bradesco S/A, em montantes bem superiores à receita declarada; • Intimado a apresentar os livros fiscais e contábeis e os extratos bancários do ano 2005 (fl. 02/04), em 09/06/2008, o contribuinte solicitou prorrogação do prazo (fl. 15), no que foi atendido. Vencido o prazo, não se pronunciou; • Novamente intimado (fl. 16/22), informou não possuir contabilidade regular,nem os livros e documentos solicitados e que procedeu ao arbitramento de seus resultados (fl. 23). Apresentou cópias das DCTF retificadora e da DIPJ retificadora, às fl. 132/169 e 119/131, respectivamente, com o lucro arbitrado, entregues em 26/06/2008, após o início do procedimento fiscal; • Os valores constantes destas declarações retificadoras não foram considerados na ação fiscal dada a perda da espontaneidade com o início da fiscalização, conforme art. 138 do CTN. Entretanto, analisandoas, constatouse que o montante de receita informado nelas foi de R$14.810.874,00, 9830% maior do que aquele informado nas declarações originais; • Com respaldo no art. 3°, inciso VII do Decreto n° 3724/2001, haja vista a conduta de não apresentar à fiscalização os livros contábeis e fiscais e os extratos bancários, que caracteriza embaraço à fiscalização nos termos do art. 33, I, da Lei W 9430/96, foram solicitados ao Banco do Brasil e ao Bradesco os extratos de movimentação financeira do contribuinte no ano 2005; • A partir dos extratos (fl. 41/95), foram excluídos os depósitos que representavam estornos ou meras transferências de valores de uma para outra conta da própria fiscalizada. O contribuinte foi intimado a comprovar a origem dos depósitos (fl. 24/36); • O Contribuinte solicitou prorrogação de prazo (fl. 370), no que foi atendido. Vencido o prazo, não se manifestou; • Foi elaborada planilha com o total dos depósitos de origem não comprovada (f. 182), cujos valores foram considerados como receitas omitidas, nos 0 termos do art. 42 da Lei n° 9430/96; • A falta de apresentação dos livros e documentos da escrituração comercial e fiscal autorizou o arbitramento do lucro, nos termos do art. 530, III, do RIR/99; • O art. 532 do RIR/99 determina que a base de cálculo para a determinação do lucro arbitrado é a receita bruta conhecida. Como o Fl. 299DF CARF MF Documento nato-digital Processo nº 10120.016324/200812 Resolução nº 1202000.145 S1C2T2 Fl. 280 4 art. 537 dispõe que, verificada omissão de receita, o montante omitido será computado na determinação do lucro arbitrado (base de cálculo do imposto), considerouse como receita conhecida a apurada com base nos depósitos de origem não comprovada; • Dos valores apurados foram abatidos os valores declarados/pagos antes do início da ação fiscal, resultando na planilha "Demonstrativo de Situação Fiscal Apurada", às fl. 183. A multa foi qualificada nos termos do art. 44 da Lei n° 9430/96, com redação dada pela Lei n° 11.488/2007, em virtude do fato de que o contribuinte apresentou, antes do início da ação fiscal, DIPJ e DCTF com receita total de R$ 150.669,00, o que corresponde a 0,79% do valor da receita omitida apurada pela fiscalização e a 1,02% daquela declarada na DIPJ e na DCTF entregue após o início do procedimento fiscal. Segundo a autoridade fiscal, o fato de a empresa retificar a DIPJ e as DCTF (em 25/06/2008) após o início da ação fiscal (09/06/2008), informando valores de receita equivalente a 9830% daqueles informados anteriormente, demonstra a consciência de sua conduta visando eximirse do pagamento de grande parte dos tributos federais devidos pela omissão de declaração de extensa parcela de seu faturamento. Tal atitude, consoante a autoridade fiscal, configura, em tese, crime contra a ordem tributária, nos termos do inciso I, do art. 2% da Lei n° 8137/90. Em virtude da configuração, em tese, de crime contra a ordem tributária, foi lavrada representação fiscal para fins penais, formalizada no processo n° 10120.016342/2008 02 (embora conste que este processo está apensado ao presente, o mesmo foi desapensado e permaneceu na unidade de origem, o que pode ser verificado na capa do presente processo, onde a informação a respeito daquele foi apagada).” Não concordando com a autuação, apresentou impugnação (fls.215/229), onde aduz, em apertada síntese, o que segue. De início, requer a eleição de domicílio indicado apenas para recebimento de intimações, eis que se encontra com suas atividades paralisadas, indicando a possibilidade de cerceamento de defesa em proceder contrário ao requerido. Em relação ao mérito, informa que as provas que lastrearam o processo administrativo foram obtidas ilicitamente, invocando o artigo 5º, X da Constituição Federal como corolário da inviolabilidade da intimidade e da vida privada. Neste ponto, aduz que o interesse do Fisco não pode suplantar o direito constituído, assegurado inclusive por cláusula pétrea, incluída no direito aduzido o sigilo das informações bancárias. Cita doutrina que entende pela inclusão do sigilo bancário como sigilo de dados, protegido pelo artigo 5º, incisos X e XII da Constituição Federal, passível de ser afastada somente ante autorização judicial, sendo inaceitável o acesso do fisco a referidas informações. Traz jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça e da Justiça Federal em São Paulo que entende amparar sua pretensão. Disso, discorre que, conforme documentação constante do processo administrativo em análise, a autoridade administrativa se utilizou de informações bancárias Fl. 300DF CARF MF Documento nato-digital Processo nº 10120.016324/200812 Resolução nº 1202000.145 S1C2T2 Fl. 281 5 protegidas por sigilo, sem a necessária autorização judicial, o que afronta a Constituição Federal por se tratarem de provas ilícitas. Ainda, informa que pela “Teoria da Árvore com frutos envenenados”, a prova ilícita original contamina as dela decorrentes. Assim, entende que o lançamento é nulo, eis que eivado de vício irreparável. Prossegue, aduzindo ser impossível o arbitramento do lucro com base no artigo 532 do RIR/99, dada a ausência de receita bruta conhecida, inexistindo previsão legal para que se considere, para fins de arbitramento, os depósitos bancários como receita bruta. Em seu entender, a regra aplicável é a contida no artigo 535 do RIR/99, devendo a autoridade ter considerado um dos critérios descritos nos incisos do citado artigo. Menciona decisão do antigo Conselho de Contribuintes que “com relação às empresas de fomento mercantil, já decidiu no sentido de que o somatório dos depósitos bancários não contabilizados não se presta para apurar base de cálculo de arbitramento do lucro, vez que a receita bruta das empresas de factoring corresponde à diferença entre o valor da aquisição e o valor de face do título ou direito creditório adquirido (Acórdão n° 10322987)”. Indica que esse também deveria ser o critério adotado para apurar a base de cálculo, eis que o método adotado pela autoridade lançadora contraria a definição dada pelo artigo 224 do RIR/99. Informa ainda que há dever de comprovação do nexo de causalidade entre os depósitos bancários e os rendimentos omitidos, invocando a necessidade de interpretação sistemática já que em seu entender, o artigo 42 da Lei n° 9.430/96 teve sua inaplicabilidade inadequada, pois, uma vez não revogado o artigo 3°, § 4º da Lei n° 7.713/88, para proceder a verificação de que os créditos bancários isoladamente representam a omissão de receita, mas mero indício de omissão, sendo de responsabilidade do fisco a comprovação do nexo de causalidade. Traz à colação Súmula do Extinto TFR que entende amparar sua pretensão, bem como jurisprudência e julgados administrativos no mesmo sentido. Por fim, pugna pela improcedência da imposição de multa qualificada no patamar de 150%, por ter sido a suposta infração decorrente de presunção legal e, portanto, sem a apuração minuciosa dos fatos. Junta jurisprudência administrativa neste sentido, informando que esta também é a posição da SRFB, emanada da Nota Cofis/GAB/2005/00142, transcrita em parte na peça analisada. Aduz ainda que há entendimento pacífico doutrinário e jurisprudencial de que a multa qualificada somente deve ser aplicada quando houver prova inequívoca de que a contribuinte tenha agido com dolo, restando evidente o intuito de sonegação, fraude ou conluio, nos termos dos artigos 71, 72 e 73 da Lei nº 4502/64, informando que não é o caso dos autos, por não ter a contribuinte praticado qualquer ato de falsidade ou tenha incorrido em ação dolosa, não havendo a caracterização de crime contra a ordem tributária. Assim, em seu entendimento, a persistir a infração, a multa aplicável é a com previsão no artigo 44, §1º da Lei 9430/96, no patamar de 75%, sendo incabível o agravamento da multa de oficio. A 2ª Turma da DRJ/BSA ao julgar o feito no Acórdão n. 032r9.565 (fl. 234/ 249) julgou procedentes os lançamentos. Apreciando as preliminares, esclarece que, após a instauração de procedimento fiscal e ante indícios de movimentação financeira (no Banco do Brasil e Bradesco) do sujeito Fl. 301DF CARF MF Documento nato-digital Processo nº 10120.016324/200812 Resolução nº 1202000.145 S1C2T2 Fl. 282 6 passivo eram incompatíveis com os valores declarados em DIPJ/2006 e DCTF, que incorreriam em provável omissão de receitas, coube ao fisco valerse da autorização prevista pela Lei Complementar nº 105/2001, artigo 6º, devidamente regulamentado pelo Decreto nº3724/2001, para exame de movimentação bancária. Esclarece que tal atividade não configura quebra de sigilo bancário e prescinde de autorização judicial, deste que os requisitos mencionados na legislação indicada estejam presentes, o que se configurou no caso concreto. Aduz que, na hipótese, houve transferência do sigilo bancário, e não sua quebra, já que houve a transferência das informações à administração tributária da União e que esta situação não descaracterizaa proteção de sigilo. Relembra ainda a faculdade contida no artigo 145, §1º da Constituição Federal, que permite identificar o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas da contribuinte. Assim, não há que se falar em violação do sigilo bancário do sujeito passivo, pois respeitados os pressupostos legais, inclusive por meio de requerimento especifico, conforme determinado pelo Decreto nº 3724/2001, que denominou de “Requisição de Informações sobre Movimentação Financeira (RFM)”. A emissão da aludida requisição condicionase à prévia intimação do sujeito passivo, o que foi feito, portanto, restou atendida a condição para emissão das RMF, transcorrendo o procedimento fiscal em plena legalidade. Há amparo para utilização de tais extratos para verificar a existência de crédito tributário e posterior lançamento destes, conforme artigo 42 da Lei nº 9430/96, autorizado pelo artigo 11 da Lei 9311/96. Destaca que não há declaração de inconstitucionalidade com efeitos erga omnes dos artigos 6º da Lei Complementar nº 105/2001 nem do artigo 1º da Lei nº 10.174/2001, não sendo cabível a discussão sobre a aplicação destes dispositivos. Prosseguindo na análise dos argumentos da contribuinte, que alega que créditos bancários per si não são representativos de omissão de rendimentos, sendo mero indício da aludida omissão, diz o julgador que o artigo 42 da Lei nº 9430/96 autoriza considerar como receitas omitidas os valores dos depósitos bancários sem comprovação hábil de origem. Assevera que tal situação é presunção legal de omissão de receitas, cabendo à contribuinte comprovar as origens dos créditos. Informa que, embora devidamente intimada, a contribuinte não se manifestou até a lavratura do Auto de Infração, e que, mesmo durante a fase processual não houve a juntada de nenhum documento ou comprovante de origem dos depósitos, o que motiva a omissão de receitas apontada, em virtude de presunção legal. Informa que o administrador é mero executor de leis, não lhe sendo possível analisar ou questionar a legalidade ou constitucionalidade, situação privativa do Poder Judiciário. Nesse sentido, cita a Súmula n. 2 do 1º Conselho de Contribuintes e a Portaria MF nº 58/2006, em seu artigo 7º, e conclui que por força da vinculação ao texto da norma legal, deve limitarse a aplicála, sem emitir juízos de valor. Lembra que os julgados e a Súmula nº. 182 do TRF trazidos pela contribuinte são anteriores à publicação da Lei nº 9430/96 e, portanto, os mesmos não servem para cotejo. Ainda, em relação aos julgados do Conselho de Contribuintes que foram trazidos, informa que os mesmos foram objeto de reforma pela Câmara Superior de Recursos Fiscais. Fl. 302DF CARF MF Documento nato-digital Processo nº 10120.016324/200812 Resolução nº 1202000.145 S1C2T2 Fl. 283 7 Atendendo a outro ponto da argumentação, informa que não houve discussão pelo sujeito passivo em relação ao arbitramento do lucro, com base no artigo 47, III da Lei nº 8981/95 (artigo 532, III do RIR/99), em virtude inclusive da não apresentação dos livros e documentos solicitados pela autoridade lançadora. Nesse ponto, rebate a questão colocada pelo sujeito passivo, que foi unicamente em relação à formação da base de cálculo do lucro arbitrado. Entende o julgador que na situação dos autos, devese aplicar os artigos 16 e 24 da Lei nº 9249/95, 27 da Lei nº 9430/96 e 537 do RIR/99, restando correto o procedimento da autoridade. Em relação ao Acórdão colacionado pela contribuinte (nº 10322987), atesta, de início que a decisão não vincula o julgador, e que, o julgado relacionase a caso específico de factoring, não havendo correlação com o assunto discutido nos autos. Por fim, rebatendo o último argumento de mérito que contesta a qualificação da multa, entende que há autorização para qualificação da multa em 150%, em caso de fraude, conforme artigos 71, 72 e 73 da Lei nº 4502/64. Destaca que a alteração promovida pela Lei nº 11.488/2007, retirou a expressão “evidente intuito de fraude”, entendendo o julgador que a exigência do dolo não foi afastada. Esclarece que nos acórdãos do Conselho de Contribuintes colacionados, embora em acordo com a orientação do julgador, não se aplicam ao caso concreto, eis que fora demonstrado pela autoridade fiscal “a máfé, o dolo, o intuito do sujeito passivo em sonegar tributo, ao salientar que ele entregou DIPJ e DCTF informando receita tributável correspondente a apenas 0,79% da receita real, apurada pela fiscalização, e que, tão logo iniciado o procedimento fiscal, entregou declarações retificadoras, aumentando a receita anteriormente declarada em cerca de 9830%.” (fl. 248). Assim, entende que a autoridade fiscal procedeu acertadamente, mantendo a multa qualificada lançada. A contribuinte foi intimada em 12 de maio de 2009 (fl. 253) e apresentou Recurso Voluntário (fls. 254/273) em 4 de junho de 2009, reiterando as alegações trazidas em sua peça impugnatória, acrescendo o argumento pela não incidência da taxa de juros SELIC sobre a multa de ofício. Informa que, quando da intimação da decisão recorrida, foi surpreendida com a cobrança dos juros Selic também sobre o valor da multa de ofício, fato que não constava da intimação do auto de infração. Em seu entender, a cobrança é ilegítima, ante a inexistência de previsão legal, eis que, conforme se depreende da leitura do artigo 61, §3º da Lei nº 9430/96, a incidência dos juros moratórios se dá somente em relação ao principal e não à multa. Traz doutrina e jurisprudência administrativa que entende cabível ao tema. É o relatório. Voto O recurso voluntário é tempestivo e dotado dos pressupostos para sua admissibilidade, pelo que dele tomo conhecimento. Tratamse os Autos de exigência de IRPJ (imposto de renda da pessoa jurídica) e de CSLL (contribuição social sobre o lucro líquido) em virtude de omissão de receitas Fl. 303DF CARF MF Documento nato-digital Processo nº 10120.016324/200812 Resolução nº 1202000.145 S1C2T2 Fl. 284 8 apurada com base na presunção legal contida nos artigos 532 do RIR/99 e 42 da Lei nº 9.430/96. A presunção se deu com base na falta de comprovação da origem dos depósitos bancários efetuados em contacorrente de titularidade da pessoa jurídica autuada ou a ela imputada pela fiscalização. Nos seus procedimentos de auditoria, a autoridade fiscal intimou o Banco Bradesco e o Banco do Brasil para que disponibilizasse o extrato das contascorrentes sob análise, por meio de “Requisição de Informações sobre Movimentação Financeira RMF”, nos termos do art. 6° da Lei Complementar n° 105, de 10 de janeiro de 2001, regulamentado pelo Decreto n° 3.724, de 10 de janeiro de 2001. A DRJ entendeu que a autoridade lançadora seguiu determinação legal, portanto, o lançamento está adequado. A recorrente, por sua vez, em sua Impugnação e Recurso Voluntário, alegou tão somente a respeito da inconstitucionalidade da matéria relativa à obtenção dos extratos bancários. De fato, há autorização legal para a requisição, todavia, a constitucionalidade dessa quebra do sigilo bancário sem ordem judicial está sendo tratada no Recurso Extraordinário nº 601.314/MG, de relatoria do Ministro Ricardo Lewandowski, no qual a Suprema Corte, em 20/11/2009, reconheceu, quanto à matéria, a existência de repercussão geral, nos seguintes moldes: “EMENTA: CONSTITUCIONAL. SIGILO BANCÁRIO. Fornecimento de informações sobre movimentação bancária de contribuintes, pelas instituições financeiras, diretamente ao fisco, sem prévia autorização judicial (lei complementar 105/2001). Possibilidade de aplicação da lei 10.174/2001 para apuração de créditos tributários referentes a exercícios anteriores ao de sua vigência. Relevância jurídica da questão constitucional. Existência de repercussão geral.” Embora não haja pronunciamento específico do relator ou do Presidente da Corte determinando a devolução de processos com a mesma matéria para que aguardassem o desfecho do citado Recurso Extraordinário, sobre o mesmo tema, verificouse que, no exame do Agravo de Instrumento nº 765.714, o mesmo relator do processo acerca do sigilo bancário em relação ao qual foi reconhecida repercussão geral proferiu, em 19/10/2010, a seguinte decisão: “Tratase de agravo de instrumento contra decisão que negou seguimento a recurso extraordinário interposto de acórdão, cuja ementa segue transcrita: “TRIBUTÁRIO. SIGILO BANCÁRIO. LEI COMPLEMENTAR 105/2001. CONSTITUCIONALIDADE. VEDAÇÃO DA LEI 9.311/96 (ART. 11, § 3º). APROVEITAMENTO DE DADOS PARA CONSTITUIÇÃO DE TRIBUTOS. IMPOSSIBILIDADE. 1. A Lei 4.595/64 permitia o acesso aos agentes fiscais tributários de documentos, livros e registros de contas de depósitos quando houvesse processo instaurado e quando tais documentos fossem considerados indispensáveis pela autoridade competente. A jurisprudência se Fl. 304DF CARF MF Documento nato-digital Processo nº 10120.016324/200812 Resolução nº 1202000.145 S1C2T2 Fl. 285 9 manifestou, afirmando que o processo seria o judicial e a autoridade competente seria a judiciária. 2. Em 2001, essa matéria foi alterada, tendo sido editada a Lei Complementar 105. Não há inconstitucionalidade nessa legislação, pois, na coexistência de dois bens ou valores protegidos constitucionalmente, devese sobrepor o que visa atender ao interesse público e não ao interesse privado. Os direitos fundamentais não são absolutos e podem sofrer abalo se colocados em conflito com outro valor que deva ter preferência. 3. A fiscalização pela autoridade administrativa é instrumento de arrecadação tributária pelo Estado, que, por sua vez, visa atender ao princípio da capacidade contributiva (tributando quem capacidade detém) e ao da isonomia (tributando todos aqueles que podem ser tributados), corolários dos objetivos da República de construção de uma sociedade justa e solidária e de redução das desigualdades sociais. 4. Diante do princípio da irretroatividade das leis, a utilização dos dados da CPMF para apuração de eventual crédito tributário relativo a tributos diversos é vedada para anos anteriores ao de 2001. Fatos ocorridos e já consumados não se regem por lei nova, mas sim pelas leis que vigoravam no seu tempo. Leis novas valem para o futuro. 5. Na redação original do art. 11, § 3º, da Lei 9.311/96, o legislador impunha à Secretaria da Receita Federal “o sigilo das informações prestadas” e vedava sua utilização para a constituição de crédito relativo a outros tributos. Tratavase de norma que impunha o sigilo e vedava a constituição de outros tributos com a utilização dos dados da CPMF, resguardando um direito do contribuinte, e sendo, portanto, norma material ou substantiva e não processual ou adjetiva sobre a qual se aplicaria o art. 144, § 1º, do Código Tributário Nacional. 6. Apelação provida em parte” (fls. 4950). No RE, fundado no art. 102, III, a, da Constituição, alegouse ofensa, em suma, ao art. 5º, X e XII, da mesma Carta. No caso, o recurso extraordinário versa sobre matéria sigilo bancário, quebra. Fornecimento de informações sobre a movimentação bancária de contribuintes diretamente ao Fisco, sem autorização judicial (Lei complementar 105/2001, art. 6º). Aplicação retroativa da Lei 10.174/2001, que alterou o art. 11, § 3º, da Lei 9.311/96 e possibilitou que as informações obtidas, referentes à CPMF, também pudessem ser utilizadas para apurar eventuais créditos relativos a outros tributos, no tocante a exercícios anteriores a sua vigência cuja repercussão geral já foi reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal (RE 601.314RG/SP, de minha relatoria). Isso posto, preenchidos os demais requisitos de admissibilidade, dou provimento ao agravo de instrumento para admitir o recurso extraordinário e, com fundamento no art. 328, parágrafo único, do RISTF, determino a devolução destes autos ao Tribunal de origem para que seja observado o disposto no art. 543B do CPC, visto que no Fl. 305DF CARF MF Documento nato-digital Processo nº 10120.016324/200812 Resolução nº 1202000.145 S1C2T2 Fl. 286 10 recurso extraordinário discutese questão idêntica à apreciada no RE 601.314RG/SP.” Essa Turma tem o entendimento de que a devolução dos autos ao Tribunal de origem para que se aguarde a decisão do RE 601.314/MG, nos termos do 543B, do CPC, evidencia o sobrestamento, exatamente nos termos do artigo 328, parágrafo único, do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal, que atribui tal procedimento ao relator ou ao Presidente da Corte. Vejamos, assim, o disposto nos artigos 328 e 328A do Regime Interno do STF – RISTF, in verbis: Art. 328. Protocolado ou distribuído recurso cuja questão for suscetível de reproduzirse em múltiplos feitos, a Presidência do Tribunal ou o(a) Relator(a), de ofício ou a requerimento da parte interessada, comunicará o fato aos tribunais ou turmas de juizado especial, a fim de que observem o disposto no art. 543B do Código de Processo Civil, podendo pedirlhes informações, que deverão ser prestadas em cinco dias, e sobrestar todas as demais causas com questão idêntica. Parágrafo único. Quando se verificar subida ou distribuição de múltiplos recursos com fundamento em idêntica controvérsia, a Presidência do Tribunal ou o(a) Relator(a) selecionará um ou mais representativos da questão e determinará a devolução dos demais aos tribunais ou turmas de juizado especial de origem, para aplicação dos parágrafos do art. 543B do Código de Processo Civil. Art. 328A. Nos casos previstos no art. 543B, caput, do Código de Processo Civil, o Tribunal de origem não emitirá juízo de admissibilidade sobre os recursos extraordinários já sobrestados, nem sobre os que venham a ser interpostos, até que o Supremo Tribunal Federal decida os que tenham sido selecionados nos termos do § 1° daquele artigo. Assim, a partir da constatação de que, no caso do AI 765714/SP, o relator do Recurso Extraordinário nº 601.314/MG, processado pelo regime da repercussão geral, determinou o retorno à origem para que os autos do AI 765714/SP ficassem sobrestados, observandose o disposto no art. 543B do CPC, visto que no recurso discutese questão idêntica à apreciada no RE 601.314RG/SP, concluise pela verificação de hipótese de sobrestamento previsto no art. 62A, § 1º, do Regimento Interno do Carf (RICARF). O artigo 62A, §1° do RICARF (Portaria MF n° 256, de 22 de Junho de 2009 e alterações), abaixo transcrito, diz que deve haver o sobrestamento dos julgamentos dos recursos sempre que o STF também sobrestar o julgamento dos recursos extraordinários da mesma matéria: “Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543 C da Lei n° 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. § 1° Ficarão sobrestados os julgamentos dos recursos sempre que o STF também sobrestar o julgamento dos recursos extraordinários da mesma matéria, até que seja proferida decisão nos termos do art. 543 B. {2} Fl. 306DF CARF MF Documento nato-digital Processo nº 10120.016324/200812 Resolução nº 1202000.145 S1C2T2 Fl. 287 11 Já a Portaria CARF n° 001, de 03 de janeiro de 2012, no seu art. 2°, § 2o, inciso I, prevê a hipótese de que o sobrestamento seja apreciado durante a sessão de julgamento: Art. 2o. Cabe ao Conselheiro Relator do processo identificar, de oficio ou por provocação das partes, o processo cujo recurso subsumase, em tese, à hipótese de sobrestamento de que trata o art. 1o. § 1o. No caso da identificação se verificar antes da sessão de julgamento do processo: o conselheiro relator deverá elaborar requerimento fundamentado ao Presidente da respectiva Turma, sugerindo o sobrestamento do julgamento do recurso do processo; o Presidente da Turma, com base na competência de que trata o art. 17, caput e inciso VII, do Anexo II do RICARF, determinará, por despacho: o sobrestamento do julgamento do recurso do processo; ou o julgamento do recurso na situação em que o processo se encontra. § 2o. Sendo suscitada a hipótese de sobrestamento durante a sessão de julgamento do processo, o incidente deverá ser julgado pela Turma, que poderá: decidir pelo sobrestamento do processo do julgamento do recurso, mediante resolução; ou recusar o sobrestamento e realizar o julgamento do recurso. § 3o. Na ocorrência de sobrestamento, nos termos dos §§ 1o e 2o, as respectivas Secretarias de Câmara deverão receber os processos e mantêlos em caixa específica, movimentandoos para a atividade SOBRESTADO.” Por todo o exposto, entendo que o julgamento do recurso deva ser sobrestado, para aguardar a decisão final do Supremo Tribunal Federal a respeito da matéria quebra de sigilo bancário, com base no RICARF e artigo 2º, § 1º da Portaria CARF nº 2, de 2012. (Documento assinado digitalmente) Nereida de Miranda Finamore Horta – Relatora Fl. 307DF CARF MF Documento nato-digital
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Numero do processo: 18471.000675/2007-52
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 03 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Tue Apr 06 00:00:00 UTC 2021
Numero da decisão: 1803-000.076
Decisão: Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, sobrestar o julgamento do recurso voluntário, nos termos dos §§ 1° e 2°, do art. 62-A do Regimento Interno do CARF.
(assinado digitalmente)
Selene Ferreira de Moraes Presidente e Relatora.
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(assinado digitalmente) Selene Ferreira de Moraes – Presidente e Relatora. Relatório Por bem descrever os fatos relativos ao contencioso, adoto o relato do órgão julgador de primeira instância até aquela fase: “Trata o presente processo dos autos de infração de imposto de renda da pessoa jurídica — IRPJ e seus reflexos a seguir, lavrados pela Delegacia da Receita Federal de Fiscalização do Rio de Janeiro — Defic/RJO, nos quais são exigidos da interessada os valores a seguir, acrescidos de multa de oficio de 75% e de juros de mora, relativamente a fatos geradores ocorridos no anocalendário de 2003. • IRPJ (fls. 77/82), de R$ 39.151,21; • PIS (fls. 83/86), de R$ 16.961,26; RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 84 71 .0 00 67 5/ 20 07 -5 2 Fl. 220DF CARF MF Documento nato-digital Processo nº 18471.000675/200752 Resolução nº 1803000.076 S1TE03 Fl. 3 2 • Cofins (fls.87/90), de R$ 78.292,80; e CSLL (fls. 91/95), de R$ 28.181,80. De acordo com o relatório de descrição dos fatos e enquadramento legal de fls. 78 e Termo de Constatação Fiscal (TCF) de fls. 76, o lançamento se deveu a arbitramento do lucro tendo em vista apuração, pelo auditor fiscal autuante, de movimentação financeira cuja origem a interessada não logrou justificar. No TCF de fls. 76, o autuante informa que: a interessada apresentou no anocalendário de 2003 movimentação financeira superior ao total de rendimentos declarados e que, ao ser reiteradamente intimada, não justificou a origem dos valores movimentados; do exame da contabilidade da interessada, foi constatado que não havia correspondência entre a escrita e a movimentação financeiras, o que acarretou a desconsideração dos livros fiscais; a interessada já havia sido excluída do Simples desde o ano calendário de 2000, mas continuava a declarar sob essa modalidade; foi arbitrado o lucro com base no art. 530, III; 532 e 537, do RIR11999, e art. 27, I e 42 da Lei n° 9.430/1996. Cientificada do lançamento em 22/06/2007 (fls. 96), a interessada apresentou, em 23/07/2007, impugnação de fls. 99/113, em que alega, em síntese: nulidade do lançamento em razão de (1) inobservância, por parte do autuante, dos preceitos constitucionais contidos no art. 50, LV, da Constituição e do CTN, e dos arts. 23, I e 59, II, do Decreto n° 70.235/1972; (2) a constituição do crédito tributário ter sido baseada em quebra do sigilo bancário; (3) falta de comunicação processual válida; (4) não ter sido regularmente intimada para se manifestar sobre os atos de constituição do crédito tributário; que não perdeu sua condição de empresa de pequeno porte, uma vez que nunca exerceu atividade de representação comercial, que apenas constou do registro no CNPJ, devendo a realidade fática prevalecer sobre a realidade formal. Por fim, pede a improcedência do lançamento.” A Delegacia de Julgamento considerou o lançamento procedente, em decisão assim ementada: “INTIMAÇÃO VÁLIDA. RECEBIMENTO POR PESSOA ALEGADAMENTE SEM PODERES DE REPRESENTAÇÃO. É válida a intimação entregue pessoalmente pelo autuante no endereço da interessada, com assinatura da pessoa que a recebeu, independentemente de ter poderes de representação. Fl. 221DF CARF MF Documento nato-digital Processo nº 18471.000675/200752 Resolução nº 1803000.076 S1TE03 Fl. 4 3 INTIMAÇÕES E AUTO DE INFRAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE OFENSA À AMPLA DEFESA E AO CONTRADITÓRIO. Incabível a arguição de ofensa aos princípios constitucionais, tendo em vista que os atos administrativos em questão se revestiram dos requisitos formais e materiais e têm aptIdão para irradiar os efeitos que lhes são próprios. ATOS CONSTITUTIVOS DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. PARTICIPAÇÃO DO CONTRIBUITE. IMPOSSIBILIDADE. O crédito tributário é constituído pelo lançamento em atividade privativa da autoridade fiscal. A atuação do contribuinte se restringe a atender às intimações formuladas pela autoridade fiscal para esclarecer/ questões relativas à matéria em exame. OMISSÃO DE RECEITA. DEPÓSITOS BANCÁRIOS SEM JUSTIFICATIVA DA ORIGEM. PROCEDÊNCIA DO LANÇAMENTO. Caracterizam omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos • recursos utilizados nessas operações. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL. PIS. COFINS. Em razão da relação de causa e efeito, aplicase ao lançamento reflexo o mesmo decidido quanto ao principal, se não houver argüição de matéria específica.” Contra a decisão, interpôs a contribuinte o presente Recurso Voluntário, em que tece as seguintes considerações: a) Nos atos de constituição do crédito tributário a autoridade administrativa não respeitou preceitos constitucionais, legais e regulamentares (art. 5°. , inciso LV, da CRFB/88, Lei 5.172/66 — CTN, inciso I, do art. 23 e inciso II, art. 59, ambos do decreto 70.235/72) e que por isso, em preliminar, deverá o AI ser considerado nulo. b) A constituição do crédito tributário é nula, vez que foi baseada em valores obtidos através de "quebra" de sigilo de dados, que não foram levados a apreciação do requerente. Dessa forma, entendida como inconstitucional, não só pela doutrina, como pela jurisprudência administrativa e, também, pelas cortes superiores. c) Os atos administrativos mencionados pela autoridade fiscal, se realmente expedidos, foram aniquilados por falta de comunicação processual válida. d) A requerente não perdeu a sua condição de Empresa de Pequeno Porte, vez que jamais exerceu a atividade de representação comercial, como claramente, demonstrado através dos documentos juntados (DOC. 01), ou através de diligência, caso os senhores entendam como melhor forma de deslindar a questão. Fl. 222DF CARF MF Documento nato-digital Processo nº 18471.000675/200752 Resolução nº 1803000.076 S1TE03 Fl. 5 4 e) O arbitramento como forma de determinação do valor do imposto, não foi aplicado de maneira válida, vez que a requerente não foi regularmente intimada, a fim de se manifestar sobre os atos de constituição do crédito tributário. É o relatório. Voto Conselheira Selene Ferreira de Moraes A contribuinte foi cientificada por via postal, tendo recebido a intimação em 24/04/2009 (AR de fls. 147). O recurso foi protocolado em 21/05/2009, logo, é tempestivo. O §1°, do art. 62A do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), aprovado pela Portaria n° 256, de 22 de junho de 2009, assim dispõe: “Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. § 1º Ficarão sobrestados os julgamentos dos recursos sempre que o STF também sobrestar o julgamento dos recursos extraordinários da mesma matéria, até que seja proferida decisão nos termos do art. 543B. § 2º O sobrestamento de que trata o § 1º será feito de ofício pelo relator ou por provocação das partes.” Uma das matérias discutidas no presente recurso é a constitucionalidade da quebra do sigilo bancário pela autoridade administrativa. Tal matéria está sendo objeto de análise pelo Supremo Tribunal Federal, na sistemática do art. 543B, no RE n° 601.314, de relatoria do Ministro Ricardo Lewandowski. A seguir, transcrevemos trecho do despacho do Ministro LEWANDOWSKI em recurso extraordinário com questão idêntica à do RE n° 601.314, publicado em 22/10/2010. Nele o recurso não é sobrestado, mas devolvido à origem para ser sobrestado pelo Tribunal de origem, in verbis: "Isso posto, preenchidos os demais requisitos de admissibilidade, dou provimento ao agravo de instrumento para admitir o recurso extraordinário e, com fundamento no art. 328, parágrafo único, do RISTF, determino a devolução destes autos ao Tribunal de origem para que seja observado o disposto no art. 543B do CPC, visto que no recurso extraordinário discutese questão idêntica à apreciada no RE 601.314RG/SP." Fl. 223DF CARF MF Documento nato-digital Processo nº 18471.000675/200752 Resolução nº 1803000.076 S1TE03 Fl. 6 5 No meu entendimento, tal despacho demonstra que o Supremo Tribunal Federal está sobrestando o julgamento dos recursos extraordinários que versam sobre a constitucionalidade da quebra do sigilo bancário pela autoridade administrativa. Diante do exposto, sobresto o julgamento do presente recurso voluntário, nos termos dos §§ 1° e 2°, do art. 62A do Regimento Interno do CARF. (assinado digitalmente) Selene Ferreira de Moraes Fl. 224DF CARF MF Documento nato-digital
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Numero do processo: 16408.001139/2006-21
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 04 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Mon May 10 00:00:00 UTC 2021
Numero da decisão: 1102-000.119
Decisão:
Nome do relator: ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA
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EXCESSO DE RECEITA NO ANO- CALENDÁRIO ANTERIOR. PROCEDÊNCIA. Há de ser mantido o Ato Declaratório de Exclusão do Simples, quando confirmado por decisão definitiva na esfera administrativa que o contribuinte ultrapassou o limite de receita previsto para as empresas de pequeno porte. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA (IRPJ) Ano-calendário: 2002, 2003, 2004, 2005 NULIDADE. VÍCIO FORMAL E FALTA DE MOTIVAÇÃO. INEXISTÊNCIA. Não procede a alegação de nulidade arguida, uma vez que o lançamento atendeu aos requisitos formais e encontrava-se devidamente motivado. OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. PROCEDÊNCIA. Caracterizam omissão de receita os valores creditados em conta de depósito mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. LUCRO ARBITRADO. ESCRITA IMPRESTÁVEL. CABIMENTO. É cabível o arbitramento do lucro, quando a escrituração contábil se mostra imprestável para identificar a movimentação financeira. JUROS DE MORA À TAXA SELIC. INCIDÊNCIA. SÚMULA CARF N.04 E SÚMULA CARF N.108. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 40 8. 00 11 39 /2 00 6- 21 Fl. 1418DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 2 do Acórdão n.º 1301-005.287 - 1ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16408.001139/2006-21 Incidem juros moratórios, calculados à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC, sobre o valor correspondente ao total do crédito tributário (tributos e multas). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, afastar as preliminares de nulidade e, no mérito, negar provimento ao Recurso Voluntário. (documento assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior - Presidente (documento assinado digitalmente) Giovana Pereira de Paiva Leite - Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Giovana Pereira de Paiva Leite, Jose Eduardo Dornelas Souza, Lizandro Rodrigues de Sousa, Lucas Esteves Borges, Rafael Taranto Malheiros, Mauritânia Elvira de Sousa Mendonca (suplente convocada), Bárbara Santos Guedes (suplente convocada) e Heitor de Souza Lima Junior (Presidente). Ausente a Conselheira Bianca Felicia Rothschild. Relatório Trata o presente de recurso voluntário interposto em face de acórdão da DRJ n.06- 14.184, que julgou improcedente a impugnação do contribuinte. O julgamento do recurso foi sobrestado através de Resolução n.1102-00.119 (fls. 1393-1403) para aguardar decisão final em processo prejudicial a este. Por bem retratar os fatos ocorridos até então, valho-me em parte do relatório da citada resolução: DA AUTUAÇAO Trata-se de lançamento do IRPJ e contribuições (CSLL, PIS e COFINS), dos anos- calendário de 2002 a 2005 em razão da infração de omissão de receitas, caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada, com exigência da multa de oficio de 75%. O lucro foi arbitrado tendo em vista que a escrituração mantida pela contribuinte foi considerada imprestável para a determinação do lucro real, em virtude de erros e falhas descritos no relatório de ação fiscal, com fundamento no art. 530, II, do RIR/99. Consta no Relatório de ação fiscal que a fiscalização foi motivada por requisição da Justiça Federal, em razão de movimentação financeira incompatível com a receita declarada para o período de janeiro de 2001 a dezembro de 2005, sendo que o crédito tributário do ano-calendário de 2001 foi objeto de outro auto de infração (16408.00l140/2006-56). Pelo AD Executivo DRF/PTG n° 7, DE 07.11.2006, a contribuinte foi declarada excluída do SIMPLES (fls. 1263), com efeitos a partir de 01.01.2002, por ter Fl. 1419DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 3 do Acórdão n.º 1301-005.287 - 1ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16408.001139/2006-21 ultrapassado o limite da receita bruta, conforme inciso II do art. 9° da Lei 9.317/96, cuja publicação no DOU se deu em 09.1 1.2006 (fls. 1264), por meio do processo 16408.001113/2006-83 (786/788). Por meio do Termo de inicio de fiscalização (fls. 6/7) foram solicitados documentos à fiscalizada, entre eles, o Livro caixa e o Livro Registro de Inventário todos do período de 2001 a 2005. Alternativamente ao livro caixa foi permitido à fiscalizada apresentar os livros Diário e Razão do mesmo período. Em resposta, a fiscalizada apresentou (fl. 9), os livros Razão referentes aos anos de 2001 a 2005, o livro diário de 2005 e uma declaração afirmando que não possui Livro de Registro de Inventário, uma vez que seu ramo de atividade é exclusivamente de transporte de cargas (fl. 67). Também foi apresentado o livro Diário referente aos anos-calendário de 2001 a 2004, embora este não conste da relação assinada pela fiscalizada (fl. 9). Em 27.03.2006 foram solicitados ao Banco Bradesco, por meio de RMF (fls 73/75), extratos de aplicações financeiras e de movimentação de contas correntes à fiscalizada durante o período em análise. A cópia integral dos livros Diário se encontra às fls. 361 a 468. Afirma o autuante que não há qualquer compatibilidade entre os livros e os extratos de movimentação financeira da fiscalizada. Posteriormente, em 11.07.2006, a fiscalizada sabendo que os livros apresentados não correspondiam à realidade, apresentou novos livros Diário e Razão (fl. 470), objetivando substituir os entregues anteriormente. Com base nas movimentação apresentadas pelo Bradesco, a contribuinte foi intimada a justificar a origem dos recursos para cada operação de crédito em suas contas-correntes, assim como a apresentar a correspondente documentação comprobatória hábil e idônea. A resposta encontra-se à fl. 513. Reproduzo o trecho transcrito no Relatório de ação fiscal: “os referidos lançamentos encontram-se concilíados junto a [sic] livro / Dário e razão da empresa contribuinte, sendo que referidos recursos provêem de venda de ativo, financiamentos bancários (leasing, em especial), transferência de valores entre contas, e a comercialização de veículos cujos lançamentos encontram-se todos contabilizados junto aos livros indicados. A origem dos recursos e a documentação exigida, pelo fisco, [sic] encontram-se escriturados, sendo desnecessária nova apresentação de documentos, ainda mais no prazo estipulado”. Analisando os novos livros que foram reapresentados pela fiscalizada, o autuante observou que estes foram readequados de acordo com os lançamentos nas contas- correntes. Os depósitos nas contas 4.171-8 e 16-312-0 da agência 2106 do Banco Bradesco foram apresentados, na sua maior parte, como se fossem provenientes do caixa da empresa. A titulo de exemplo, elaborou-se uma tabela (anexo I), retirada dos extratos fornecidos por esse banco. Ela apresenta alguns depósitos nas contas correntes mencionadas e sua respectiva representação contábil no livro Diário. A coluna “Diário folhas” indica em qual folha deste livro foi escriturado cada lançamento. As cópias destas folhas do livro Diário se encontram às fls. 514 a 637. Verifica-se que os depósitos foram escriturados a crédito da conta Caixa Geral e a débito da conta Bco. Bradesco S/A -x/c 4.171-8 (n°. 1110200025) ou da conta Bco Bradesco S/A - c/c 16.312-0 (n°. 1110200011). Da mesma forma, os valores sacados das contas correntes mencionadas, em sua grande maioria, foram escriturados como se tivessem sido direcionados ao caixa da empresa. Tal como a tabela anterior, a tabela do Anexo Il apresenta alguns saques nas contas- correntes mencionadas e sua respectiva escrituração contábil no livro Diário. Observa- Fl. 1420DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 4 do Acórdão n.º 1301-005.287 - 1ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16408.001139/2006-21 se que estes lançamentos foram escriturados a débito da conta Caixa Geral (n°. 1110100018) e a crédito da conta Bco Bradesco S/A c/c 16.312-O (n°. 1110200011). Segundo o autuante, em síntese, a fiscalizada apresenta a justificativa de que sua intensa movimentação financeira por meio de simples trocas de valores entre seu caixa e suas contas correntes; considera que tal procedimento não apresenta qualquer sentido econômico, além de gerar gastos desnecessários com o pagamento de CPMF. A única explicação possível para tal artificio é mascarar os reais depósitos os quais a fiscalizada não consegue justificar. A fim de averiguar a versão da fiscalizada para sua movimentação financeira a autoridade fiscal solicitou ao Bradesco, cópia dos cheques compensados com valores superiores a R$ 5.000,00 durante o período em análise; e em resposta, o Bradesco apresentou parte dos cheques solicitados, contudo, suficientes para a autoridade fiscal concluir que os lançamentos efetuados pela fiscalizada não correspondem à realidade. No Anexo III estão presentes os lançamentos referentes aos cheques que o Bradesco apresentou. Conforme pode ser visto nas respectivas folhas do livro Diário, estes estão escriturados a debito da conta caixa geral (n°. 1110100018) e a crédito da conta Bco Bradesco S/A c/c 4.171-8 (n°. 11 10200025). O que significaria que estes valores teriam saído da conta-corrente e entraram no caixa da empresa. De acordo com a autoridade fiscal, contudo, conforme cópias dos cheques (fls. 645/737), estes foram depositados em contas de outros bancos, estando nominais a outras pessoas jurídicas ou físicas que não a fiscalizada. Não tiveram como destino, como está escriturado no livro Diário, o caixa da empresa. Conclui-se que a nova escrituração apresentada não corresponde à realidade, sendo, portanto, imprestável. Salienta a autoridade fiscal, que considerando que os livros apresentados pela fiscalizada, tanto os entregues em 30.01.2006, como os entregues em 11.07.2006, não correspondem à realidade contábil, toda a escrituração é considerada imprestável. Consequentemente, a fiscalizada não justificou os depósitos nas contas correntes mencionadas. Assim, de acordo com o disposto no art. 42 da Lei 9.430/96, esses depósitos foram caracterizados como omissão de receita, uma vez que a fiscalizada foi regularmente intimada, mas não comprovou, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recurso utilizados nessas operações. Na tabela de fls. 741 a 744, a fiscalização indicou as transferências da mesma titularidade, que totalizam R$ 1.408.254,00. Assim o valor omitido passa a ser R$ 11.831.928,38, que corresponde ao somatório dos depósitos efetuados nas contas correntes mencionadas e não justificadas. Como justificativa para o arbitramento, cita o art. 47 da Lei 8.981/95, incisos ll, letra “a”. Os recolhimentos do simples foram deduzidos dos valores lançados. Não foram deduzidas as contribuições de que tratam a alínea “f” do § 1° do art. 3° da lei 9.317/96, porque não eram administradas pela SRF. II - DA DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA A contribuinte apresentou impugnação contra o auto de infração, onde também se insurge contra a exclusão do Simples. Consta às fls. 1269/1285, cópia da decisão da 2ª Turma Julgadora da DRJ em Curitiba, relativa ao processo 16408.00ll40/2006-56, que considerou o lançamento do ano- calendário de 2001 procedente. Fl. 1421DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 5 do Acórdão n.º 1301-005.287 - 1ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16408.001139/2006-21 As fls. 1286/1304, consta decisão da mesma Turma Julgadora relativa a este processo, por meio da qual, se julgou procedente o ato de exclusão e quanto ao auto de infração, o lançamento foi considerado procedente. Transcrevo algumas das ementas: EXCLUSÃO. EXCESSO DE RECEITA BRUTA. Mantém-se a exclusão da empresa do Simples, uma vez confirmado o excesso de receita bruta em relação ao limite admitido. ARBITRAMENTO DO LUCRO. ESCRITURAÇÃO MACULADA. Restando comprovado que a escrituração contábil e fiscal continha máculas e que mesmo tendo sido ofertado ao sujeito passivo refazer a escrita ele 0 fez sem demonstrar o nexo causal entre os lançamentos e sua movimentação bancária, justificado está o arbitramento do lucro. DESENQUADRAMENTO AO SIMPLES. PRESSUPOSTOS. MOTIVAÇÃO. Descabe a alegação de falta de motivação, desvio de finalidade e a abuso de poder na edição do ato que determinou a exclusão da contribuinte ao Simples, quando a autoridade fiscal o faz indicando os pressupostos de fato e de direito em que se fundamenta. A motivação fática está contida na representação propondo a exclusão que descreve os atos praticados pelo autuado que violaram a legislação tributária. EXCLUSÃO DO SIMPLES. VALIDADE DO ATO ADMINISTRATIVO. Uma vez obedecidos os critérios de legalidade e estabelecido o nexo entre o resultado do ato e a norma jurídica, não há que se falar em nulidade do Ato Declaratório de Exclusão do Simples. Sobre os documentos apresentados com a impugnação, a Turma Julgadora decidiu o seguinte: a) O sujeito passivo, embora tenha trazido aos autos alguns documentos, não fez qualquer menção e nem tentou estabelecer qualquer relação aos fatos apurados na ação fiscal, limitando-se a apresentá-los; b) Sobre as notas fiscais juntadas às fls. 881 a 940, sendo 48 delas datadas de 2002 e 12 emitidas em 2005, tendo como destinatário da mercadoria o impugnante, as mesmas em nada auxiliam a contribuinte já que se referem a despesas de combustível, e não ajudam a esclarecer a origem dos depósitos bancários; c) Em relação aos contratos de crédito ao consumidor, o primeiro tendo como favorecido, a empresa CVL Automóveis Comercial de Veículos, o mesmo é datado de 06.02.2002 e refere-se a aquisição de um veículo, cujo valor de financiamento é de R$ ll.640,30, para pagar em 24 meses, entretanto, no mês de fevereiro de 2002 não existe nenhuma entrada de valor igual ou próximo; o segundo contrato refere-se a tomada de crédito de R$ 105.300,00 e segundo o contrato os valores seriam repassados diretamente à vendedora, sem transitar pelas contas da empresa; idem em relação ao contrato de fls. 965/967. A ciência da decisão foi dada em 31.05.2007 e o recurso foi apresentado em 02.07.2007. Segundo a autoridade administrativa, o recurso é tempestivo (fls. 1319). III- DO RECURSO VOLUNTÁRIO A recorrente alega que foi excluída indevidamente do Simples, uma vez que o art. 15, IV da Lei 9.317/96 estabelece que o desenquadramento do Simples surtirá efeito a partir do ano-calendário subseqüente ao que incorrida a situação excludente na hipótese de Fl. 1422DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 6 do Acórdão n.º 1301-005.287 - 1ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16408.001139/2006-21 que trata o art. 9°, I, da mesma Lei. Argumenta que a retroatividade pretendida pelo fisco não é permitida conforme art. 150, III, da CF. Postula pelo acolhimento da manutenção da nulidade do ato administrativo em razão do vício formal apontado e da falta de motivação do mesmo ato, bem como a inconstitucionalidade do desenquadramento retroativo nos termos do dispositivo mencionado, devendo ser mantida a recorrente no regime simplificado até 31.12.2006. Aduz que conforme informa o relatório anexo ao auto de infração, a ação fiscal deu-se por ordem da Justiça Federal. Protesta, pela apresentação da requisição de Justiça Federal, de modo a tomar possível o prosseguimento da lide. Aduz que o autuante de forma simplista, colecionou toda a movimentação bancária da recorrente junto aos bancos, transmutando-a em receita bruta e declinando anodinamente que a recorrente pretendia mascarar os reais depósitos que não conseguiu justificar. Mas, que apesar de apresentados todos os livros fiscais requeridos, teve sua escrituração considerada imprestável, por não corresponder à realidade, o que seria um abuso da autoridade fiscalizadora. Argumenta que foi esquecido que só pode ser considerada imprestável a escrituração que revelar evidentes indícios de fraudes ou contiver vícios, erros ou deficiências, que a tornem imprestável para identificar a efetiva movimentação financeira, inclusive bancária, a teor do que dispõe o art. 530, II, do RIR/99, o que não seria o caso da recorrente. Conclui que a autoridade fiscal não comprovou que os fatos relatados se subsumem à norma aplicada. Ressalta que o PAF é regido pelo princípio da verdade material, conforme art. 9° O do Decreto 70.235/72, com a redação dada pelo art. 1° da Lei 8.748/93, e que conforme se depreende na parte final do caput do art. 9° do Decreto mencionado, os autos de infração e notificações de lançamento deverão estar instruídos com todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito, sob pena de, assim não sendo, restar comprometida a possibilidade concreta e constitucionalmente assegurada pela CF no inciso LV do art. 5°, de a contribuinte, na fase litigiosa do procedimento fiscal, contraditar os argumentos e meios utilizados pelo fisco para embasar o lançamento. Argumenta que por ocasião da impugnação foram juntados documentos que entende que comprovam os pagamentos realizados pela recorrente, bem como a existência de financiamentos bancários em quantidade e qualidade suficientes para comprovar a origem do dinheiro, documentos que atestariam a venda do ativo, operações de leasing, transferência entre contas, comercialização de veículos, cujos lançamentos se encontrariam devidamente contabilizados, pagamentos a fornecedores, que uma vez examinados, se concluiria pela improcedência do lançamento. Também discute a aplicação dos juros calculados pela taxa Selic. Requer, em síntese: a) seja acatada a preliminar de impossibilidade de exclusão do simples; b) a insubsistência e improcedência do lançamento; c) a nulidade do ato administrativo por vício formal e falta de motivação do ato praticado, a inconstitucionalidade do desenquadramento retroativo nos termos dos mandamentos constitucionais, mantendo-se a recorrente como optante do Simples até 31.12.2006; d) a exclusão dos juros Selic. IV- DA RESOLUÇÃO 1402-00.036 E MANIFESTAÇÃO DA INTERESSADA Fl. 1423DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 7 do Acórdão n.º 1301-005.287 - 1ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16408.001139/2006-21 Em, 28.01.2011, o julgamento foi convertido em diligência, em razão da recorrente ter argumentado que pelo fato da ação fiscal ter se dado por ordem da Justiça Federal, deveria ter sido apresentada pelo fisco, a requisição da Justiça Federal. No voto condutor do acórdão consignou-se que a instauração de procedimento fiscal por parte da Receita Federal não depende da requisição de qualquer órgão da esfera administrativa ou judicial, mas para que não se alegasse, cerceamento do direito de defesa, decidiu-se converter o julgamento do recurso em diligência para que a autoridade administrativa juntasse aos autos a requisição da Justiça Federal. Por meio do documento relativo aos autos 2004.70.00.026155-1, conforme doc. de fls. 1326, o juízo Federal da 3ª Vara Criminal em Curitiba, da Seção Judiciária do Paraná, em 26.07.2004, acolheu pedido ministerial para decretar a quebra de sigilo bancário e fiscal da empresa Transavião Transportes Rodoviários e Cargas Ltda e requisitou à Receita Federal que procedesse a ampla ação fiscal, a partir do ano de 1995 e fixou o prazo de 60 dias para a conclusão dos trabalhos e encaminhamento dos resultados obtidos àquele Juízo. A seguir, a 2ª Vara e Juizado Especial Federal Cível de Ponta Grossa, por meio do oficio 561/2004-Crime, de 14.12.2004, solicitou que o Delegado da Receita Federal de Ponta Grossa procedesse a ampla ação fiscal na recorrente, para instruir os autos de procedimento criminal diversos 2004.70.09.005286-5, daquele Juízo. Pediu o Chefe da Fiscalização, em 20.01.2005, doc. de fls. 1328/1329, a revogação da ordem de abertura da fiscalização, conforme justificativa dada. Em 25.07.2006, o chefe da Seção de Fiscalização, conforme oficio de fls. 1330, informou ao Juízo Federal da 2ª Vara Federal de Ponta Grossa, em resposta ao ofício, 816075, de 26.06.2006, referente ao procedimento criminal diverso 2004.70.09.005286- 5/PR, de 26.06.2006, informou estar em curso ação fiscal em nome da recorrente. Essa documentação foi encaminhada à recorrente, por meio da intimação n° 347/2001, de fls. 1332, a qual se manifestou. Alegou a recorrente que a determinação do procedimento fiscal se deu por juízo incompetente, haja vista que a empresa não possui sede ou vínculo com a Comarca de Curitiba, que teria se utilizado de procedimento indevido, porque a CPI visava a apuração de crimes de narcotráfico e que teria desvirtuado o motivo pelo qual foi criada a fim de apurar eventuais crimes tributários, em prazo superior ao concedido, posto que o sigilo bancário e fiscal deveria ter sido quebrado por sessenta dias, sendo que a ação fiscal foi iniciada após mais de um ano da determinação judicial. A contribuinte discute ainda na manifestação, em síntese, que é ilegítima a cobrança de tributo com base em depósitos bancários, ante a sólida jurisprudência e doutrina que repelem a incidência fiscal nesses casos. Acrescenta que a quebra de sigilo não poderia ocorrer, ad eternumm, e que seria evidente o juízo incompetente de Curitiba, autorizou a quebra por 60 dias, não cabendo ao fisco a manutenção da quebra por prazo indeterminado. Discute ainda a qualificação da multa de oficio. Afirma não ter havido ação dolosa e nem evidente intuito de sonegação, tal qual exige a Lei 4.502/64, e que ademais, são inúmeras as decisões do Conselho de Contribuintes que decidiram não ser cabível a aplicação de multa qualificada nas hipóteses de tributação lastreadas em depósitos bancários. Cita como exemplo, o acórdão 103-22.627, de 20.09.2006. Requer ainda, que seja declarada a nulidade do auto de infração com base no art. 59, II, do Decreto 70.235/72, que teria sido lavrado com preterição do direito de defesa, e por Fl. 1424DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 8 do Acórdão n.º 1301-005.287 - 1ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16408.001139/2006-21 ausência de dispositivo legal que fundamenta o lançamento, com violação ao disposto no art. 10 do mesmo Decreto. Após o processo retornar da 1ª diligência, o seu julgamento foi mais uma vez sobrestado, desta vez pela 2ª Turma da 1ª Câmara da 1ª Seção de Julgamento, através da Resolução n. 1102-00.119, que entendeu ser necessário aguardar o desfecho final do processo n. 16408.001140/2006-56, por tratar da exclusão do contribuinte da sistemática Simples. Vide excerto da resolução: Como se discute a exclusão do Regime do Simples nestes autos, e o lançamento foi efetuado no regime do lucro arbitrado, entendo ser mais prudente, que o processo retome à Unidade de origem para aguardar a decisão final administrativa relativa ao processo 16408.001140/2006-56, cuja decisão final administrativa repercute neste processo. Em 11/12/2013, foi julgado o último recurso administrativo do processo n.16408.001140/2006-56 pela 1ª Turma da CSRF, cujo acórdão 9101-001.842 foi anexado aos presentes autos às fls. 1410-15. Seguidamente, o processo foi sorteado no âmbito da 1ª Seção, tendo em vista a extinção do Colegiado anterior. É o relatório. Voto Conselheira Giovana Pereira de Paiva Leite, Relatora. O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Trata o presente processo de autos de infração de IRPJ, CSLL, PIS e COFINS, referente aos anos-calendários de 2002 a 2005, com multa de ofício de 75% e respectivos juros moratórios, abaixo resumidos: Fl. 1425DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 9 do Acórdão n.º 1301-005.287 - 1ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16408.001139/2006-21 O lançamento decorreu da infração de omissão de receitas, caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada, pela sistemática do lucro arbitrado tendo em vista que a escrituração mantida pela contribuinte foi considerada imprestável para a determinação do lucro real, em virtude de erros e falhas descritos no relatório de ação fiscal, com fundamento no art. 530, II, do RIR/99. O contribuinte foi excluído do Simples, com efeitos a partir de 01/01/2002, por ter ultrapassado o limite de receita bruta. O ato de exclusão foi objeto de litígio nos autos do processo n. 16408.001113/2006-83, o qual se encontra juntado a este processo. O lançamento referente ao ano-calendário de 2001 foi autuado no processo n. 16408.001140/2006-56. O litígio abrange portanto a exclusão do contribuinte do Simples, bem como a autuação dela decorrente. Conforme ADE DRF/PTG n.07, de 07/11/2006 (fl. 795), o contribuinte foi excluído do Simples por ter ultrapassado, para o ano-calendário 2001, o limite de receita bruta, conforme inciso II do art. 9º da Lei n. 9.137/96, verbis: Art. 9° Não poderá optar pelo SIMPLES, a pessoa jurídica: I- (...); II- na condição de empresa de pequeno porte, que tenha auferido, no ano-calendário imediatamente anterior, receita bruta superior a R$ 1.200.000,00 (um milhão e duzentos mil reais);(Redação dada pela Medida Provisória nº 2.189-49, de 2001) (grifei) A Informação Fiscal de fls. 796-97, que fundamentou o Ato de Exclusão, relata que o valor de receita bruta apurado para o ano-calendário de 2001 foi de R$ 1.694.092,80, quando o limite era de R$ 1,2 milhão. A exclusão do Simples antecede a autuação dos anos-calendários 2002 a 2005 e lhe é prejudicial, razão pela qual passo à análise desta matéria. Da Exclusão do Simples Como dito, o sujeito passivo foi excluído do Simples porque teria ultrapassado o limite de receita bruta no ano-calendário 2001. Para consignar o extrapolamento, a omissão de receita foi objeto de auto de infração constante do processo administrativo n. 16408.001140/2006-56. Em razão do caráter de prejudicialidade deste processo em relação àquele, a Turma do CARF, através da Resolução n. 1102-00.119 (fls.1393-1403), converteu o julgamento em diligência para aguardar a decisão final administrativa daquele processo. Fl. 1426DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 10 do Acórdão n.º 1301-005.287 - 1ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16408.001139/2006-21 Em breve síntese, o auto de infração de omissão de receitas relativo ao ano- calendário 2001 foi mantido integralmente pela DRJ (cópia do acórdão fls. 1310 e ss). Por sua vez, a Turma do CARF deu provimento parcial para reconhecer a decadência de janeiro a outubro/2001 dos PIS e da COFINS, tendo em vista sua apuração mensal, todavia manteve incólume a atuação para o IRPJ e a CSLL (acórdão n. 1801-00.334). A Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial para discutir a questão da decadência, enquanto que o contribuinte não apresentou recurso. A 1ª Turma da CSRF negou provimento ao apelo da Fazenda através do acórdão n. 9101-001.842, anexado às fls. 1410. Pelo exposto, o lançamento de IRPJ e CSLL, decorrente de omissão de receita no ano-calendário 2001 restou mantido após o trânsito em julgado administrativo, consolidando o motivo pelo qual o contribuinte foi excluído do Simples Federal. Por esta razão, mostra-se procedente o ADE DRF/PTG n.07, de 07/11/2006 que determinou a exclusão do contribuinte da sistemática Simples Federal. A Recorrente alega que foi excluída indevidamente do Simples, uma vez que o art. 15, IV da Lei 9.317/96 estabelece que o desenquadramento do Simples surtirá efeito a partir do ano-calendário subsequente ao que incorrida a situação excludente na hipótese de que trata o art. 9°, I, da mesma Lei. Não procede a alegação do contribuinte. O Ato de Exclusão está de acordo com os preceitos legais, uma vez que o limite de receita foi ultrapassado no ano-calendário 2001, e o ato de exclusão determinou a exclusão a partir de 01/01/2002. Também não há que se falar em afronta ao princípio da anterioridade constante do art. 150, III da Constituição Federal, pois não está se aplicando lei nova a fatos geradores passados, a lei que determina a tributação do imposto de renda já se encontrava vigente à época da ocorrência dos fatos geradores. Alega inconstitucionalidade do desenquadramento retroativo nos termos do art. 15, inciso IV, devendo ser mantida a recorrente no regime simplificado até 31.12.2006. Art. 15. A exclusão do SIMPLES nas condições de que tratam os arts. 13 e 14 surtirá efeito: (...) IV - a partir do ano-calendário subseqüente àquele em que for ultrapassado o limite estabelecido, nas hipóteses dos incisos I e II do art. 9°; (grifei) De acordo com o dispositivo, tendo o sujeito passivo ultrapassado o limite de receita no ano-calendário 2001, correta a sua exclusão a partir do ano-calendário 2002. Frise-se mais uma vez que não houve aplicação retroativa da lei, pois o dispositivo é aplicável desde 01 de janeiro de 1997, termo inicial da vigência da lei n. 9.317/96. Alega ainda a Recorrente nulidade do ato administrativo em razão do vício formal e de falta de motivação do mesmo ato. Fl. 1427DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 11 do Acórdão n.º 1301-005.287 - 1ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16408.001139/2006-21 Acerca de nulidade, o Decreto nº 70235/72, que disciplina o processo administrativo fiscal, em seus artigos 10 e 59, dispôs: Art. 10. O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação da falta, e conterá obrigatoriamente: I - a qualificação do autuado; II - o local, a data e a hora da lavratura; III - a descrição do fato; IV - a disposição legal infringida e a penalidade aplicável; V - a determinação da exigência e a intimação para cumpri-la ou impugná-la no prazo de trinta dias; VI - a assinatura do autuante e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. Art. 59. São nulos: I - os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II - os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. § 1º A nulidade de qualquer ato só prejudica os posteriores que dele diretamente dependam ou sejam conseqüência. § 2º Na declaração de nulidade, a autoridade dirá os atos alcançados, e determinará as providências necessárias ao prosseguimento ou solução do processo. § 3º Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprir-lhe a falta. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) É de se observar que do Ato de Exclusão constam a qualificação do autuado, a descrição dos fatos, os dispositivos legais infringidos, bem como todos demais requisitos constantes do art. 10 do decreto. O ADE foi lavrado por autoridade competente e o motivo da exclusão foi definido com clareza e objetividade, qual seja, ultrapassagem do limite de receita bruta, conforme inciso II do artº 9º da Lei n° 9.317/96, permitindo à Recorrente ter plena compreensão da infração que lhe foi imputada e apresentar o devido recurso, o qual foi conhecido e julgado. Logo não merece ser acolhida a arguição de nulidade seja por vício formal, seja por ausência de motivação. Restando confirmada a procedência da exclusão do Simples, passa-se à análise dos autos de infração, decorrentes daquele ato. Da Instauração do Procedimento Fiscal e Do Sigilo Bancário Fl. 1428DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 12 do Acórdão n.º 1301-005.287 - 1ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16408.001139/2006-21 Após a exclusão do Simples, a Autoridade Fiscal efetuou o lançamento do IRPJ e reflexos, decorrente de omissão de receita nos anos-calendários 2002 a 2005, face a existência de depósitos bancários de origem não comprovada. O Relatório Fiscal cita que o procedimento fiscal foi motivado por requisição da Justiça Federal por causa de movimentação financeira incompatível com a receita declarada (fl.858): A fiscalização em questão foi motivada por requisição da Justiça Federal por causa de movimentação financeira incompatível com a receita declarada. O período abrangido é de 01/2001 a 12/2005. Entretanto, os autos de infração deste processo somente abrangerão os anos-calendário de 2002 a 2005, pois o restante do período foi objeto de outro auto de infração, sendo este tratado no processo administrativo fiscal n° 16408001140/2006-56. (grifei) A Recorrente, em seu recurso, protesta pela apresentação da requisição da Justiça Federal, de modo a tornar possível o prosseguimento da lide. Esta Turma, sob outra composição, decidiu converter o julgamento em diligência para fazer juntar a Requisição da justiça, mesmo após deixar consignado o entendimento de que essa requisição não seria necessária para instauração do procedimento fiscal, mas para evitar qualquer alegação futura de cerceamento do direito de defesa, decidiu desta forma. Transcrevo trecho da Resolução n. 1402-00.036 (fls. 1361 e ss): Em relação ao pleito da recorrente de que pelo fato da ação fiscal ter se dado por ordem da Justiça Federal, para efeitos de prosseguimento da lide, deveria ter sido apresentada pelo fisco, a requisição da Justiça Federal, deve-se ressaltar que a instauração de procedimento fiscal por parte da Receita Federal não depende da requisição de qualquer Órgão da esfera administrativa ou judicial. Entretanto, para que não se alegue no futuro, cerceamento do direito de defesa, voto por converter o julgamento do recurso em diligência para que a autoridade administrativa junte aos autos a requisição da Justiça Federal. Uma vez juntada aos autos a requisição da Justiça Federal, deve a contribuinte ser cientificada, para que apresente manifestação, caso entenda ser necessário.(grifei) Foi juntada documentação que comprova a Requisição da Justiça para que instaurasse procedimento fiscalizatório na Recorrente (doc. fl. 1371), do qual transcrevo o seguinte excerto: Oficie-se à Receita Federal requisitando que proceda à ampla ação fiscal, com o fito de apurar especificamente a prática de crimes contra a ordem tributária, determinando o montante dos tributos eventualmente sonegados, a partir do ano de 1995, relativamente às pessoas acima nominadas. Com o expediente, remeta-se cópia desta decisão. Fixo o prazo de 60 (sessenta) dias para conclusão dos trabalhos e encaminhamento dos resultados obtidos a este Juizo. (grifei) A Recorrente foi intimada do resultado da diligência (fls. 1332) e, manifestou-se alegando que o procedimento fiscal se deu por juízo incompetente, haja vista que a empresa não possui sede ou vínculo com a Comarca de Curitiba, que teria se utilizado de procedimento indevido, porque a CPI visava a apuração de crimes de narcotráfico e que teria desvirtuado o motivo pelo qual foi criada a fim de apurar eventuais crimes tributários, em prazo superior ao Fl. 1429DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 13 do Acórdão n.º 1301-005.287 - 1ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16408.001139/2006-21 concedido, posto que o sigilo bancário e fiscal deveria ter sido quebrado por sessenta dias, sendo que a ação fiscal foi iniciada após mais de um ano da determinação judicial. De início, reitero o entendimento consignado na Resolução, no sentido de que não há necessidade de requisição ou autorização da justiça para abertura de procedimento fiscal para apuração de infrações de ordem tributária. Esta competência é inata da Receita Federal do Brasil. Entretanto, a partir do momento que constou aquela motivação no Relatório Fiscal, entendo que caberia a comprovação de que aquele motivo não seria inexistente. O documento de fl.1371 demonstra que a veracidade das informações constantes do Relatório Fiscal. Os demais argumentos da Recorrente são estranhos à presente lide, como a competência do juízo, ou o desvirtuamento de apuração de crimes de narcotráfico para crimes contra a ordem tributária. A Receita Federal exerceu a competência que lhe compete, no que concerne à verificação de infrações fiscais e eventuais crimes de ordem tributária. Ainda que não tenha sido objeto do recurso, mas para que não paire qualquer dúvida, é importante frisar que a movimentação financeira foi obtiva através de RMF- Requisição de Movimentação Financeira, devidamente fundamentada e baseada em Relatório circunstanciado, e toda essa documentação já se encontra anexa aos autos (fls. 79-81). Vide trecho do relatório: a) Descrição dos Fatos. Contribuinte apresenta flagrante incompatibilidade entre os rendimentos declarados (SIMPLES) e a movimentação financeira, conforme tabela abaixo: (...) Além disso, conforme informações dos sistemas dossiê-integrado e Renavam, o contribuinte adquiriu 8 (oito) caminhões e suas carrocerias e três veículos de passeio no mesmo período (2001 a 2005). Somente essas aquisições somadas, suplantam em muito a receita total informada pelo contribuinte. b) Demonstração da razoabilidade da solicitação Os fatos apontados demonstram claramente a necessidade de apuração das irregularidades fiscais. Os valores das movimentações financeiras, superiores a 10 vezes O valor das receitas declaradas, bem como os investimentos em valores superiores à renda disponível, de acordo com ao incisos V e XI do art. 3o do Decreto 3724/2001, caracterizam a indispensabilidade do exame dos dados das contas de depósito e aplicações financeiras. c)Identificação das intimações efetuadas ao sujeito passivo. Através do Termo de Inicio de Fiscalização, cientificado pessoalmente ao contribuinte no dia 25/01/2006. Solicitou-se os extratos bancários do periodo (2001 a 2005), em papel e em meio magnético. Após sucessivas prorrogações o contribuinte, amparado por declaração fornecida pelo Banco Brasileiro de Descontos, escusou-se de fornecer os dados em meio magnético. Porém, ante a enorme quantidade de lançamentos a credito, torna-se indispensável, para o regular andamento da fiscalização, obter-se os dados em meio magnético. (grifei) Desta feita, mostra-se legítimo o procedimento fiscal, bem como a quebra de sigilo bancário, que propiciou as informações de depósitos bancários que ensejaram o lançamento. Fl. 1430DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 14 do Acórdão n.º 1301-005.287 - 1ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16408.001139/2006-21 Do mérito. Quanto ao mérito da autuação propriamente dito, a Recorrente Aduz que o autuante de forma simplista, colecionou toda a movimentação bancária da recorrente junto aos bancos, transmutando-a em receita bruta e declinando anodinamente que a recorrente pretendia mascarar os reais depósitos que não conseguiu justificar. Mas, que apesar de apresentados todos os livros fiscais requeridos, teve sua escrituração considerada imprestável, por não corresponder à realidade, o que seria um abuso da autoridade fiscalizadora. Argumenta que foi esquecido que só pode ser considerada imprestável a escrituração que revelar evidentes indícios de fraudes ou contiver vícios, erros ou deficiências, que a tornem imprestável para identificar a efetiva movimentação financeira, inclusive bancária, a teor do que dispõe o art. 530, II, do RIR/99, o que não seria o caso da recorrente. Conclui que a autoridade fiscal não comprovou que os fatos relatados se subsumem à norma aplicada. Ressalta que o PAF é regido pelo princípio da verdade material, e que conforme se depreende na parte final do caput do art. 9° do Decreto, os autos de infração e notificações de lançamento deverão estar instruídos com todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito, sob pena de, assim não sendo, restar comprometida a possibilidade concreta e constitucionalmente assegurada pela CF no inciso LV do art. 5°, de a contribuinte, na fase litigiosa do procedimento fiscal, contraditar os argumentos e meios utilizados pelo fisco para embasar o lançamento. Argumenta que por ocasião da impugnação foram juntados documentos que entende que comprovam os pagamentos realizados pela recorrente, bem como a existência de financiamentos bancários em quantidade e qualidade suficientes para comprovar a origem do dinheiro, documentos que atestariam a venda do ativo, operações de leasing, transferência entre contas, comercialização de veículos, cujos lançamentos se encontrariam devidamente contabilizados, pagamentos a fornecedores, que uma vez examinados, se concluiria pela improcedência do lançamento. É importante frisar que a omissão de receitas decorre de presunção legal constante do art. 42 da Lei n. 9.430/96, em razão da constatação por parte da fiscalização de depósitos nas contas bancárias do sujeito passivo, para os quais o mesmo não consiga demonstrar a sua origem com documentos hábeis e idôneos: Art.42. Caracterizam-se também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. §1º O valor das receitas ou dos rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. Diante da constatação dos depósitos, a Autoridade Fiscal excluiu aqueles que se referiam a contas de mesma titularidade e cheques devolvidos, elaborando uma planilha detalhada, apresentada ao contribuinte para que demonstrasse a origem dos depósitos. Entretanto, após intimado, o contribuinte não logrou êxito em demonstrar a origem dos recursos. Fl. 1431DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 15 do Acórdão n.º 1301-005.287 - 1ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16408.001139/2006-21 Conforme o Relatório Fiscal, a Recorrente apresentou os livros Razão referentes aos anos de 2001 a 2005, o livro diário de 2004 e 2005 e uma declaração afirmando que não possui Livro de Registro de Inventário. A Autoridade Fiscal afirmou que não havia qualquer compatibilidade entre os livros apresentados e a movimentação financeira da fiscalizada, obtida através de RMF. Posteriormente, em 11/07/2006, a fiscalizada sabendo que os livros apresentados não correspondiam à realidade, apresentou novos livros Diário e Razão, objetivando substituir os entregues anteriormente. Ao ser intimada sobre a origem dos recursos, a Autuada informou, em síntese, que os recursos eram provenientes de venda de ativo, financiamentos bancários (leasing, em especial), transferência de valores entre contas e a comercialização de veículos e que a movimentação financeira estava de acordo com a escrituração, em verdade, com a segunda versão da escrituração, e, portanto, seria desnecessária nova apresentação de documentos, ainda mais no prazo estipulado. A Autoridade Fiscal analisou a nova escrituração entregue e verificou que a fiscalizada está justificando sua intensa movimentação financeira por meio de simples trocas de valores entre seu caixa e suas contas correntes. Tal procedimento não apresenta qualquer sentido econômico, além de gerar gastos desnecessários com o pagamento de CPMF. A única explicação possível para tal artifício é mascarar os reais depósitos os quais a fiscalizada não consegue justificar. De toda a forma, para verificar as declarações da Autuada e bem como a escrituração dos Livros Diário e Razão, solicitou ao Bradesco cópia dos cheques compensados com valores superiores a R$ 5.000,00 durante o período em análise. Em resposta, o Bradesco somente apresentou parte dos cheques solicitados (fls. 645 a 737), contudo, estes já foram suficientes para concluir que os lançamentos efetuados pela fiscalizada não correspondiam à realidade. Apesar de a escrituração conter lançamentos a crédito da conta Bancos e a débito da conta Caixa, pode-se observar através das cópias dos cheques que os mesmos foram depositados para outros bancos, estando nominais a outras pessoas jurídicas ou físicas, que não a fiscalizada. E foi justamente essa falha na escrituração que ensejou a declaração de sua imprestabilidade, vide o seguinte trecho do Relatório Fiscal (fl. 860): Contudo, conforme pode ser observado nas cópias dos cheques (fls. 645 a 737), estes foram depositados em contas de outros bancos, estando nominais a outras pessoas jurídicas ou ñsicas que não a fiscalizada. Não tiverem como destino, como está escriturado no livro Diário, O caixa da empresa. Disto, conclui-se que a nova escrituração apresentada não corresponde à realidade, sendo, portanto, imprestável. Considerando que os livros apresentados pela fiscalizada, tanto os entregues em 30/01/2006, como os entregues em 11/07/2006, não correspondem à realidade contábil, toda a escrituração é considerada imprestável. Conseqüentemente, a fiscalizada não justificou os depósitos nas contas-correntes n° 4.171-8 e 16.312-0 da agência n° 2106 do Banco Bradesco. (grifei) Fl. 1432DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 16 do Acórdão n.º 1301-005.287 - 1ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16408.001139/2006-21 Percebe-se que a Recorrente procurou ajustar sua contabilidade para refletir os depósitos bancários, e que intimada a trazer os documentos que embasaram a escrituração não o fez. Considerando que a contabilidade não estava compatível com a movimentação financeira, posto que não houve as alegadas transferências de Bancos para Caixa, mas que os cheques foram depositados em contas bancárias de pessoas distintas, mostrou-se acertada a conclusão da Auditoria que a considerou imprestável. Logo, restou caracterizada a omissão de receita em razão de depósitos de origem não comprovada, nos termos do art. 42 da Lei n. 9.430/96, bem como, mostra-se acertado o arbitramento do lucro com fundamento do art. 530, inciso II do RIR/99: Art.530. O imposto, devido trimestralmente, no decorrer do ano-calendário, será determinado com base nos critérios do lucro arbitrado, quando (Lei nº 8.981, de 1995, art. 47, eLei nº 9.430, de 1996, art. 1º): (...) II- a escrituração a que estiver obrigado o contribuinte revelar evidentes indícios de fraudes ou contiver vícios, erros ou deficiências que a tornem imprestável para: a) identificar a efetiva movimentação financeira, inclusive bancária; ou b) determinar o lucro real; Apresenta-se improcedente o argumento de que os fatos não se subsumem às normas aplicadas. Também não procede a alegação de que não se observou o princípio da verdade material ou de que os elementos de prova não foram juntados ao processo. Há de se destacar que o processo era composto de 7 volumes, antes de ser digitalizado, no qual foi anexada toda a documentação necessária para provar os fatos alegados e para permitir a defesa do autuado. Constam do processo todos os extratos, planilhas, cheques, RMF, Relatório circunstanciado, termos de intimação, resultado de diligências, entre outros. Quanto aos documentos juntados à impugnação que, segundo a Recorrente, serviriam para infirmar a acusação e desconstituir o lançamento, ratifico a análise já realizada pelo Colegiado a quo, a qual transcrevo (fls. 1342-43): Dos documentos apresentados Como já foi mencionado anteriormente o sujeito passivo trouxe alguns documentos junto com sua defesa, em relação aos quais não fez nenhuma menção, nem tentou estabelecer qualquer relação aos fatos apurados na ação fiscal, limitando-se a apresentá-los. Muito embora a contribuinte não tenha se empenhado em tentar correlacionar os documentos apresentados aos valores questionados, passa-se, na seqüência a comentar sobre os mesmos. Por primeiro, há que se falar sobre as notas fiscais juntadas às fls. 881 a 940, sendo 48 delas datadas de 2002 e 12 emitidas em 2005, tendo como destinatário da mercadoria o ora impugnante. Estas notas fiscais em nada auxiliam o contribuinte já que se referem a despesas de combustível, quando o que aqui se questiona é a origem do numerário que transitou pelas contas-correntes do sujeito passivo nos anos de 2002, 2003, 2004 e 2005. Fl. 1433DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 17 do Acórdão n.º 1301-005.287 - 1ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16408.001139/2006-21 No presente processo o que se discute ou o que se tenta esclarecer é a origem das receitas omitidas ao fisco. Foram anexados, ainda, alguns contratos de crédito ao consumidor. O primeiro deles, tendo por favorecido a empresa CVL Automóveis Comercial de Veículos, CNPJ 77.025.708/0001-21 é datado de 06/02/2002 e refere-se à aquisição de um veículo Palio ELX 1.0. Ali consta que o interessado tomou um financiamento no valor de R$ 11.640,30, para pagar em 24 meses. Compulsando na tabela dos depósitos não comprovados (fls. 745 a 785), no mês de fevereiro de 2002, não existe nenhuma entrada de valor igual ou próximo ao valor deste contrato. Aliás, naquele mês, questionam-se apenas três valores em montante superior a R$ 10.000,00 e nenhum deles tem por data 06/02/2002. De uma leitura atenta ao contrato, é possível concluir que o numerário foi repassado diretamente ao favorecido, sendo que o impugnante assumiu o ônus do pagamento das parcelas estipuladas. Eis o que consta à fl. 942: “O BCN, por sua carteira de Crédito, Financiamento e Investimento, abre ao Financiada, um crédito no valor especificado no item IV-8 e que será destinado ao financiamento, para pagamento à vista, do preço de aquisição do bem ou serviço discriminado no item III-1 e/ou das Notas Fiscais ou comprovantes mencionados no item II. " Assim, o contrato em análise, embora comprove a forma como o sujeito passivo adquiriu um bem de seu patrimônio, por meio da assunção da dívida junto ao BCN, ele não se presta a comprovar a origem dos recursos depositados em suas contas-correntes uma vez que foi impraticável efetuar qualquer relação de valor ou data. Assim, permanece incólume a presunção de omissão de receitas. O segundo contrato, firmado com o Banco Daimler Chrysler, fls. 947 a 955, datado de 16/05/2002, refere-se à aquisição de um semi-reboque frigorifico duraluminio palet SR FD FP, da empresa Randon S/A Impl. Sis. Automotivos, CNPJ 88.612.049/0001-46, sendo o crédito tomado, no montante de R$ 105.300,00. Mais uma vez o contrato não socorre o impugnante. Eis o que está estipulado nas Cláusulas 2ª e 3ª do referido documento: "2ª Assim, habilitado, o AGENTE contrata com a entidade qualificada no item II do preâmbulo, aqui denominada CREDITADA, uma operação de financiamento cujos recursos serão utilizados exclusivamente para pagamento dos bens relacionados no item VIII do preâmbulo. 3” Em conseqüência, o AGENTE abre em favor da CREDITADA um crédito, no valor estipulado no item V do preâmbulo, que será utilizado no pagamento direto à vendedora, qualificada no item IV do referido preâmbulo, ou à sua ordem, a ser provido com recursos originários de repasse da Agéncia Especial de Financiamento Industrial - FINAME (ou do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social- BNDEs através de sua MANDATÁRIA Agência Especial de Financiamento Industrial - FINAME. " Também nesse caso o numerário não transitou pelas contas da interessada. Tal fato mantém a situação apurada pela autoridade fiscal incólume. O terceiro contrato, fls. 957 a 964, também do Banco Daimler Chrysler, referente à aquisição de um veículo caminhão extra-pesado l938S/37, no valor de R$ 99.450,00, onde se repete a mesma situação narrada no item anterior, qual seja, os valores foram entregues diretamente à vendedora (Daimler Chrysler), sem transitar pelas contas da empresa, razão pela qual não serve como comprovação de origem dos recursos questionados. O contrato de Financiamento Mediante Abertura de Crédito - FINAME, fls 965 967, repete no item II - Abertura de Crédito, item 2.1.1, a mesma previsão já comentada e, Fl. 1434DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 18 do Acórdão n.º 1301-005.287 - 1ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16408.001139/2006-21 assim, todos os contratos apresentados obedecem ao mesmo padrão que prevê que os financiamentos obtidos para a aquisição dos bens foram repassados diretamente às empresas vendedoras, conforme estipulação contratual. Desta forma, não comprovada a origem dos depósitos que transitaram pelas contas correntes da interessada, é de se manter a autuação em todos os seus termos. (grifei) De pronto, destaca-se que os documentos foram juntados sem que fosse realizada qualquer relação com os depósitos que ensejaram a autuação, não se fez nenhuma menção, nem se tentou estabelecer qualquer relação aos fatos apurados na ação fiscal, limitando-se a apresentá-los. Apesar disto, a autoridade julgadora analisou toda a documentação e procurou identificar alguma relação, ainda que o ônus de provar de forma inequívoca fosse do contribuinte. Nas hipóteses de omissão de receita por presunção legal, em razão de depósitos de origem não comprovada, cabe ao Fisco comprovar os depósitos realizados na conta do sujeito passivo, e é ônus do contribuinte demonstrar-lhes a origem. Apesar do esforço da autoridade julgadora em encontrar a relação entre os documentos juntados e a origem dos depósitos, não conseguiu estabelecer qualquer relação. Veja que algumas notas fiscais correspondiam a pagamento de combustíveis, ou seja, sequer se tratavam de ingressos em sua conta bancária, mas sim de saída de recursos. Isto posto, voto por manter a autuação em sua integralidade, tendo em vista que a Recorrente não logrou êxito em demonstrar a origem dos depósitos. Da Incidência dos Juros de Mora à taxa Selic O contribuinte questiona a imposição da cobrança de juros de mora à taxa Selic. A previsão da incidência dos juros de mora à taxa Selic consta dos artigos 5º, §3º c/c 61, §3º da Lei n. 9.430/96, abaixo transcritos: Lei nº 9.430 Art. 61.(...) (...) §3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o§ 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Art.5º O imposto de renda devido, apurado na forma do art. 1º, será pago em quota única, até o último dia útil do mês subseqüente ao do encerramento do período de apuração. (...) §3º As quotas do imposto serão acrescidas de juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC, para títulos Fl. 1435DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 19 do Acórdão n.º 1301-005.287 - 1ª Sejul/3ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 16408.001139/2006-21 federais, acumulada mensalmente, calculados a partir do primeiro dia do segundo mês subseqüente ao do encerramento do período de apuração até o último dia do mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês do pagamento. (grifei) A Súmula CARF n. 04 também determina a aplicação da taxa Selic: Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais. Havia discussão acerca da incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício, mas esta matéria restou pacificada no âmbito do CARF que editou Súmula Vinculante nº 108, publicada no Diário Oficial da União em 11/09/2018, com a seguinte redação: Súmula CARF nº 108: Incidem juros moratórios, calculados à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC, sobre o valor correspondente à multa de ofício. Sendo assim, aos créditos tributários não pagos no vencimento, por qualquer razão, incidem juros moratórios à taxa Selic. E, se dúvida havia acerca da incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício, essa discussão restou pacificada. Portanto, voto por manter a incidência dos juros de mora à taxa Selic sobre o total do crédito tributário lançado, entendido o crédito tributário como tributos e multa. Conclusão Por tudo o exposto, voto por conhecer do recurso, rejeitar a preliminar de nulidade e , no mérito, POR NEGAR-LHE PROVIMENTO. (documento assinado digitalmente) Giovana Pereira de Paiva Leite Fl. 1436DF CARF MF Documento nato-digital
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