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Turma- Terceira Turma Ordinária (159)
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Numero do processo: 12269.002121/2010-12
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 21 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Wed Jul 03 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/07/2007 a 31/12/2009
ALIMENTO FORNECIDO IN NATURA. NÃO INSCRITO NO PAT.
Não deve incidir a contribuição previdenciária quando a empresa fornece aos seus funcionários a alimentação in natura, cesta de alimentos ou tickets, mesmo que não esteja inscrita no PAT.
Recurso Voluntário Provido
Numero da decisão: 2403-001.752
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso.
Carlos Alberto Mees Stringari - Presidente
Marcelo Magalhães Peixoto - Relator
Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Carlos Alberto Mees Stringari, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Maria Anselma Coscrato dos Santos Marcelo Magalhães Peixoto, Paulo Maurício Pinheiro Monteiro, Carolina Wanderley Landim.
Nome do relator: MARCELO MAGALHAES PEIXOTO
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NÃO INSCRITO NO PAT. Não deve incidir a contribuição previdenciária quando a empresa fornece aos seus funcionários a alimentação in natura, cesta de alimentos ou tickets, mesmo que não esteja inscrita no PAT. Recurso Voluntário Provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. Carlos Alberto Mees Stringari Presidente Marcelo Magalhães Peixoto Relator Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Carlos Alberto Mees Stringari, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Maria Anselma Coscrato dos Santos Marcelo Magalhães Peixoto, Paulo Maurício Pinheiro Monteiro, Carolina Wanderley Landim. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 26 9. 00 21 21 /2 01 0- 12 Fl. 75DF CARF MF Impresso em 03/07/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/12/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 12/12 /2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 06/06/2013 por CARLOS ALBERTO MEES STR INGARI 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário em face de Acórdão proferido pela DRJ/CPS que manteve crédito tributário lançado por meio do Auto de Infração DEBCAD 37.290.8144, no importe de R$ 49.940,00 (quarenta e nove mil, novecentos e quarenta reais). A autuação se deu por ter, segundo a fiscalização, fls. 20/24 da numeração digital, deixado a empresa de recolher contribuições administradas e arrecadas pela Secretaria da Receita Federal do Brasil e destinadas à Seguridade Social referentes àquelas devidas pelos segurados empregados, observado o limite máximo do salário de contribuição, apurados com base nos valores da alimentação fornecida pela empresa aos segurados empregados. Os fatos e fundamentos para apuração do crédito previdenciário foram especificados pelo auditor autuante que os descreveu da seguinte maneira: Estes levantamentos se referem às contribuições que deveriam ser descontada dos segurados empregados, não declaradas em GFIP, incidentes sobre a alimentação fornecida aos mesmos. A parcela “in natura” recebida pelo empregado, sob a forma de alimentação pronta, cesta de alimentos ou tickets, integra o salariodecontribuição quando não existe adesão ao PAT (Programa de Alimentação ao Trabalhador), instituído pela Lei n. 6.321 de 1976. A empresa não possui adesão ao Programa de Alimentacao ao Trabalhador (PAT). Através do Termo de Intimação Fiscal n. 1, a empresa foi intimada a apresentar as notas fiscais referente à aquisição dos vales refeição/alimentação, bem como a esclarecer o motivo pelo qual não está lançado na contabilidade da empresa. Informou que, as notas fiscais de alimentação são fornecidas em nome da empresa Golden Mix Concreto Ltda, CNPJ 04.781.512/000193, para a qual a mesma presta serviços. Assim sendo, os valores da alimentação foram aferidos indiretamente, através da aplicação do percentual de 20% sobre o salário de contribuição da folha de pagamento, conforme demonstrado na “G”, da Planilha 5, constante no Anexo I, do Auto de Infração DEBCAD N. 37.290.8128. Nos levantamentos F1 e F2 a multa é de 75% e no levantamento F é a multa de mora de 24%, face à aplicação de multa mais benéfica, conforme demonstrado no item anterior. DA IMPUGNAÇÃO Inconformada com o lançamento, a empresa contestou o presente Auto de Infração por meio do instrumento de fls. 38/41. DA DECISÃO DA DRJ Após analisar os argumentos da Recorrente, a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Porto Alegre (RS) – 7ª Turma DRJ/POA, prolatou Acórdão de fls. 61/64, julgando procedente o lançamento, conforme ementa que abaixo se transcreve, verbis: Fl. 76DF CARF MF Impresso em 03/07/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/12/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 12/12 /2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 06/06/2013 por CARLOS ALBERTO MEES STR INGARI Processo nº 12269.002121/201012 Acórdão n.º 2403001.752 S2C4T3 Fl. 3 3 ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/07/2007 a 31/12/2009 OBRIGADO PRINCIPAL. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. SEGURADO EMPREGADO. A empresa, ao remunerar segurados empregados tem o dever de descontar e recolher as contribuições sociais por eles devidas, independentemente do fato de ser ou não optante pelo regime simplificado de tributação. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/07/2007 a 31/12/2009 EFEITO SUSPENSIVO. IMPUGNAÇÃO TEMPESTIVA. A impugnação tempestiva suspende a exigibilidade do crédito tributário. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/07/2007 a 31/12/2009 MULTA. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. A inclusão de contribuições em lançamento fiscal dá ensejo à incidência de multa, conforme legislação aplicável à matéria, observado o disposto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido DO RECURSO Inconformada, a empresa interpôs, tempestivamente, Recurso Voluntário de fls. 67/71, requerendo a reforma do Acórdão, com os seguintes argumentos, em suma: A autuação é inexigível uma vez que a empresa era tributada pelo SIMPLES, portanto não haveria de se falar em pagamento das contribuições previdenciárias; É o relatório. Fl. 77DF CARF MF Impresso em 03/07/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/12/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 12/12 /2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 06/06/2013 por CARLOS ALBERTO MEES STR INGARI 4 Voto Conselheiro Marcelo Magalhães Peixoto, Relator DA TEMPESTIVIDADE De acordo com o documento de fl. 74, temse que o recurso é tempestivo e reúne os pressupostos de admissibilidade. Portanto, dele tomo conhecimento. Uma das razões recursais do contribuinte é o fato de que era tributada na forma do SIMPLES. A alegação é objeto de análise no Processo n. 12269.002119/201035 onde a discussão é pertinente ao mérito da questão. DA NÃO INCIDÊNCIA SOBRE O FORNECIMENTO DE ALIMENTAÇÃO IN NATURA SEM A COMPROVAÇÃO DE INSCRIÇÃO NO PAT A Recorrente foi autuada por não incluir na base de cálculo da contribuição previdenciária os valores referentes ao alimento in natura (cesta de alimentos ou tickets, fl. 22), sem estar inscrita no PAT, nos termos da Lei n. 6.321/76. A DRJ, no seu r. acórdão, julgou como procedente o lançamento justificando que: O lançamento ora contestado trata, somente, das contribuições previdenciárias dos segurados empregados. A obrigação de arrecadar a contribuição do segurado empregado, descontandoa da respectiva remuneração e efetuar o recolhimento desta contribuição é da empresa, conforme determinado no art. 30, inciso I, alíneas a e b, da Lei n. 8.212/91, e no artigo 216, inciso I, alíneas a e b, do Regulamento da Previdência Social – RPS, aprovado pelo Decreto n. 3.048 de 06/05/99, na redação dada pelo Decreto n. 4.729. de 09/06/03. Tratandose de obrigação principal descumprida pelo sujeito passivo e afeta a todas as empresas, independentemente de serem elas optantes ou não pelos sistemas simplificados de tributação, são irrelevantes para o deslinde da controvérsia os argumentos relativos à adesão ou exclusão do regime simplificado de tributação. É pacífica a jurisprudência do Colendo STJ, no sentido de que o fornecimento do alimento in natura, mesmo sem a inscrição no PAT, não deve integrar a base de cálculo da Contribuição Previdenciária, verbis: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. ALIMENTAÇÃO FORNECIDA PELO EMPREGADOR. PAGAMENTO IN NATURA. NÃO INCIDÊNCIA DA TRIBUTAÇÃO. INSCRIÇÃO NO PAT. DESNECESSIDADE. PRECEDENTES. SÚMULA 83/STJ. 1. Caso em que se discute a incidência da contribuição previdenciária sobre as verbas recebidas a título de auxílioalimentação in natura, quando a empresa não está inscrita no Programa de Alimentação do Trabalhador PAT. 2. A jurisprudência desta Corte pacificouse no sentido de que o auxílio alimentação in natura não sofre a incidência da contribuição previdenciária, por Fl. 78DF CARF MF Impresso em 03/07/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/12/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 12/12 /2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 06/06/2013 por CARLOS ALBERTO MEES STR INGARI Processo nº 12269.002121/201012 Acórdão n.º 2403001.752 S2C4T3 Fl. 4 5 não possuir natureza salarial, esteja o empregador inscrito ou não no Programa de Alimentação do Trabalhador PAT. Precedentes: EREsp 603.509/CE, Rel. Ministro Castro Meira, Primeira Seção, DJ 8/11/2004; REsp 1.196.748/RJ, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 28/9/2010; AgRg no REsp 1.119.787/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, DJe 29/6/2010. 3. Agravo regimental não provido. (AgRg no AREsp 5.810/SC, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 07/06/2011, DJe 10/06/2011) (grifo nosso) Da análise do recente acórdão, verificase que o Tribunal Superior aplicou a Súmula 83 do STJ, verbis: NÃO SE CONHECE DO RECURSO ESPECIAL PELA DIVERGÊNCIA, QUANDO A ORIENTAÇÃO DO TRIBUNAL SE FIRMOU NO MESMO SENTIDO DA DECISÃO RECORRIDA. Em outras palavras, por ser matéria pacífica, o STJ nem conhece Recursos em sentido contrário. Nesse diapasão, em 20 de dezembro de 2011, a própria ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional editou o Ato Declaratório n. 03/2011 autorizando “a dispensa de apresentação de contestação de interposição de recursos, bem como a desistência dos já interpostos, desde que inexista outro fundamento relevante: ‘nas ações judiciais que visem obter a declaração de que sobre o pagamento in natura do auxílioalimentação não há incidência de contribuição previdenciária.’” Com relação ao fato de a autuação se referir a tickets de alimentação e isso não configurar alimentação in natura, cumpre esclarecer que esse entendimento não deve prevalecer. Mesmo nas hipóteses em que o auxílio é pago em dinheiro o caráter não salarial não se desnatura. Dessa forma já decidiu o Superior Tribunal de Justiça quando do julgamento do REsp 1185685/SP, abaixo colacionado: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. ART. 105, III, A, DA CF/88. TRIBUTÁRIO E ADMINISTRATIVO. VALEALIMENTAÇÃO. PROGRAMA DE ALIMENTAÇÃO DO TRABALHADOR PAT. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. NÃOINCIDÊNCIA. 1. O valor concedido pelo empregador a título de valealimentação não se sujeita à contribuição previdenciária, mesmo nas hipóteses em que o referido benefício é pago em dinheiro. 2. A exegese hodierna, consoante a jurisprudência desta Corte e da Excelsa Corte, assenta que o contribuinte é sujeito de direito, e não mais objeto de tributação. 3. O Supremo Tribunal Federal, em situação análoga, concluiu pela inconstitucionalidade da incidência de contribuição previdenciária sobre o valor pago em espécie sobre o valetransporte do trabalhador, mercê de o benefício ostentar nítido caráter indenizatório. (STF RE 478.410/SP, Rel. Min. Eros Grau, Tribunal Pleno, julgado em 10.03.2010, DJe 14.05.2010) 4. Mutatis mutandis, a empresa oferece o ticket refeição antecipadamente para que o trabalhador se alimente antes e ir ao trabalho, e não como uma base integrativa do salário, porquanto este é decorrente do vínculo laboral do trabalhador com o seu empregador, e é pago como contraprestação pelo trabalho efetivado. Fl. 79DF CARF MF Impresso em 03/07/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/12/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 12/12 /2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 06/06/2013 por CARLOS ALBERTO MEES STR INGARI 6 5. É que: (a) "o pagamento in natura do auxílioalimentação, vale dizer, quando a própria alimentação é fornecida pela empresa, não sofre a incidência da contribuição previdenciária, por não possuir natureza salarial, esteja o empregador inscrito, ou não, no Programa de Alimentação do Trabalhador PAT, ou decorra o pagamento de acordo ou convenção coletiva de trabalho" (REsp 1.180.562/RJ, Rel.Ministro Castro Meira, Segunda Turma, julgado em 17/08/2010, DJe 26/08/2010); (b) o entendimento do Supremo Tribunal Federal é no sentido de que pago o benefício de que se cuida em moeda, não afeta o seu caráter não salarial; (c) 'o Supremo Tribunal Federal, na assentada de 10.03.2003, em caso análogo (...), concluiu que é inconstitucional a incidência da contribuição previdenciária sobre o valetransporte pago em pecúnia, já que, qualquer que seja a forma de pagamento, detém o benefício natureza indenizatória'; (d) "a remuneração para o trabalho não se confunde com o conceito de salário, seja direto (em moeda), seja indireto (in natura). Suas causas não são remuneratórias, ou seja, não representam contraprestações, ainda que em bens ou serviços, do trabalho, por mútuo consenso das partes. As vantagens atribuídas aos beneficiários, longe de tipificarem compensações pelo trabalho realizado, são concedidas no interesse e de acordo com as conveniências do empregador. (...) Os benefícios do trabalhador, que não correspondem a contraprestações sinalagmáticas da relação existente entre ele e a empresa não representam remuneração do trabalho, circunstância que nos reconduz à proposição, acima formulada, de que não integram a base de cálculo in concreto das contribuições previdenciárias". (CARRAZZA, Roque Antônio. fls. 2583/2585, eSTJ). 6. Recurso especial provido. (REsp 1185685/SP, Rel. Ministro HAMILTON CARVALHIDO, Rel. p/ Acórdão Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 17/12/2010, DJe 10/05/2011) Também, importante observar que este foi o entendimento desta turma, no julgamento do processo 15586.001087/201056, Acórdão 2403001.620, na sessão realizada em 19 de setembro de 2012, quando entendeuse que, se os tickets são utilizados apenas para alimentação devem ser considerados como alimento in natura. CONCLUSÃO Do exposto, conheço do recurso para dar provimento ao recurso. Marcelo Magalhães Peixoto Fl. 80DF CARF MF Impresso em 03/07/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/12/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 12/12 /2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 06/06/2013 por CARLOS ALBERTO MEES STR INGARI
score : 1.0
Numero do processo: 13864.000074/2010-16
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 20 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Tue Jan 08 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/02/2005 a 31/12/2005
ALIMENTO FORNECIDO IN NATURA. NÃO INSCRITO NO PAT.
Não deve incidir a contribuição previdenciária quando a empresa fornece a alimentação in natura, por meio de empresa que fornece a venda de refeições, mesmo que não esteja inscrita no PAT.
MATÉRIA CONSTITUCIONAL.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária, nos termos da Súmula nº 2 do CARF.
TAXA SELIC. SÚMULA 03
A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais.
SERVIÇOS PRESTADOS POR COOPERATIVAS DE TRABALHO. CONTRIBUIÇÃO PARA A SEGURIDADE SOCIAL, SUJEIÇÃO PASSIVA DO CONTRATANTE.
O sujeito passivo da relação jurídico-tributária para exigência de contribuições incidentes sobre as faturas de serviços prestados por cooperados por intermédio de cooperativa de trabalho é o contratante dos serviços.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Crédito Tributário Mantido em Parte.
Numero da decisão: 2403-001.731
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso para excluir do lançamento os valores referentes ao fornecimento de alimentação in natura e determinar o recálculo da multa de mora, de acordo com o disposto no art. 35, caput, da Lei 8.212/91, na redação dada pela Lei 11.941/2009 (art. 61, da Lei no 9.430/96), prevalecendo o valor mais benéfico ao contribuinte. Vencido o conselheiro Paulo Maurício Pinheiro Monteiro na questão da multa de mora.
Carlos Alberto Mees Stringari - Presidente
Marcelo Magalhães Peixoto - Relator
Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Carlos Alberto Mees Stringari, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Maria Anselma Coscrato dos Santos Marcelo Magalhães Peixoto, Paulo Maurício Pinheiro Monteiro, Carolina Wanderley Landim.
Nome do relator: MARCELO MAGALHAES PEIXOTO
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/02/2005 a 31/12/2005 ALIMENTO FORNECIDO IN NATURA. NÃO INSCRITO NO PAT. Não deve incidir a contribuição previdenciária quando a empresa fornece a alimentação in natura, por meio de empresa que fornece a venda de refeições, mesmo que não esteja inscrita no PAT. MATÉRIA CONSTITUCIONAL. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária, nos termos da Súmula nº 2 do CARF. TAXA SELIC. SÚMULA 03 A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais. SERVIÇOS PRESTADOS POR COOPERATIVAS DE TRABALHO. CONTRIBUIÇÃO PARA A SEGURIDADE SOCIAL, SUJEIÇÃO PASSIVA DO CONTRATANTE. O sujeito passivo da relação jurídico-tributária para exigência de contribuições incidentes sobre as faturas de serviços prestados por cooperados por intermédio de cooperativa de trabalho é o contratante dos serviços. Recurso Voluntário Provido em Parte. Crédito Tributário Mantido em Parte.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso para excluir do lançamento os valores referentes ao fornecimento de alimentação in natura e determinar o recálculo da multa de mora, de acordo com o disposto no art. 35, caput, da Lei 8.212/91, na redação dada pela Lei 11.941/2009 (art. 61, da Lei no 9.430/96), prevalecendo o valor mais benéfico ao contribuinte. Vencido o conselheiro Paulo Maurício Pinheiro Monteiro na questão da multa de mora. Carlos Alberto Mees Stringari - Presidente Marcelo Magalhães Peixoto - Relator Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Carlos Alberto Mees Stringari, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Maria Anselma Coscrato dos Santos Marcelo Magalhães Peixoto, Paulo Maurício Pinheiro Monteiro, Carolina Wanderley Landim.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 13; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2049; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T3 Fl. 2 1 1 S2C4T3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13864.000074/201016 Recurso nº 000.001 Voluntário Acórdão nº 2403001.731 – 4ª Câmara / 3ª Turma Ordinária Sessão de 20 de novembro de 2012 Matéria CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA Recorrente ELEB EQUIPAMENTOS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/02/2005 a 31/12/2005 ALIMENTO FORNECIDO IN NATURA. NÃO INSCRITO NO PAT. Não deve incidir a contribuição previdenciária quando a empresa fornece a alimentação in natura, por meio de empresa que fornece a venda de refeições, mesmo que não esteja inscrita no PAT. MATÉRIA CONSTITUCIONAL. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária, nos termos da Súmula nº 2 do CARF. TAXA SELIC. SÚMULA 03 A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. SERVIÇOS PRESTADOS POR COOPERATIVAS DE TRABALHO. CONTRIBUIÇÃO PARA A SEGURIDADE SOCIAL, SUJEIÇÃO PASSIVA DO CONTRATANTE. O sujeito passivo da relação jurídicotributária para exigência de contribuições incidentes sobre as faturas de serviços prestados por cooperados por intermédio de cooperativa de trabalho é o contratante dos serviços. Recurso Voluntário Provido em Parte. Crédito Tributário Mantido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 86 4. 00 00 74 /2 01 0- 16 Fl. 413DF CARF MF Impresso em 09/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/12/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 13/12 /2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 13/12/2012 por CARLOS ALBERTO MEES STR INGARI 2 ACORDAM os membros do Colegiado, por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso para excluir do lançamento os valores referentes ao fornecimento de alimentação “in natura” e determinar o recálculo da multa de mora, de acordo com o disposto no art. 35, caput, da Lei 8.212/91, na redação dada pela Lei 11.941/2009 (art. 61, da Lei no 9.430/96), prevalecendo o valor mais benéfico ao contribuinte. Vencido o conselheiro Paulo Maurício Pinheiro Monteiro na questão da multa de mora. Carlos Alberto Mees Stringari Presidente Marcelo Magalhães Peixoto Relator Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Carlos Alberto Mees Stringari, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Maria Anselma Coscrato dos Santos Marcelo Magalhães Peixoto, Paulo Maurício Pinheiro Monteiro, Carolina Wanderley Landim. Fl. 414DF CARF MF Impresso em 09/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/12/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 13/12 /2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 13/12/2012 por CARLOS ALBERTO MEES STR INGARI Processo nº 13864.000074/201016 Acórdão n.º 2403001.731 S2C4T3 Fl. 3 3 Relatório Tratase de Recurso Voluntário em face de Acórdão proferido pela DRJ/CPS que manteve crédito tributário lançado por meio do Auto de Infração 37.221.477 0, no importe de R$ 596.980,89 (quinhentos e noventa e seis mil, novecentos e oitenta reais e oitenta e nove centavos). A autuação se deu por ter, segundo a fiscalização, fls. 122/126, deixado a empresa de recolher contribuições administradas e arrecadas pela Secretaria da Receita Federal do Brasil e destinadas à Seguridade Social relativa à parte patronal e RAT (Riscos Ambientais de Trabalho), incidentes sobre remuneração dos empregados a serviço da recorrente, e sobre valores pagos a cooperativas de trabalho médico. Os fatos e fundamentos para apuração do crédito previdenciário foram especificados pelo auditor autuante que os descreveu da seguinte maneira: “3.1. Constatouse no período fiscalizado que a empresa forneceu alimentação a seus empregados por mera liberalidade, sem o cadastro junto ao Programa de Alimentação ao Trabalhador – PAT, considerando, portanto como salário in natura, incidentes contribuição previdenciária conforme Lei 6.321 de 14/04/1976 e Lei 8.212/91, art. 28, Inciso I e § 9o., ‘c’; (...) 3.2. constatouse, através dos lançamentos contábeis constantes em Livros Diários e comprovantes apresentados o pagamento a cooperativas de trabalhos médicos, odontológicos sem o devido recolhimento das contribuições previdenciárias 3.2.1. A empresa fornece convênio médico a seus empregados através da UNIMED SÃO JOSE DOS CAMPOS – COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO – CNPJ 60.214.517/000105, com contrato de prestação de serviços médicos – ambulatorial + hospitalar com obstetrícia, firmado em 01/10/2001. A empresa não declarou ou/e recolheu as contribuições incidentes por ter tomado os serviços de cooperados intermediados por cooperativa medica, conforme Art. 291 da Instrução Normativa 03/2005 (vigente à época do Fato Gerador). Com base no contrato apresentado entre a empresa e a UNIMED e as faturas apresentadas, enquadrouse a prestação de serviços médicos como global, considerandose 30% (trinta por cento) sobre o valor faturado como base de cálculo de contribuição previdenciária, conforme Inciso I, alínea ‘a’ do referido artigo. 3.2.2. Tem convênio odontológico com a empresa UNIODONTO DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS COOPERATIVA DE ASSISTÊNCIA ODONTOLÓGICA, CNPJ 73.162.760/000179, com contrato de cobertura integral a seus trabalhadores, firmado em 01/08/2003. Conforme Art. 292 da Instrução Normativa 03/2005 (vigente à época do Fato Gerador) considerouse o valor base de cálculo das contribuições previdenciárias de 60% (sessenta por cento) do valor da fatura/nota fiscal de serviços odontológicos. Não houve discriminação em fatura do material utilizado. Fl. 415DF CARF MF Impresso em 09/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/12/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 13/12 /2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 13/12/2012 por CARLOS ALBERTO MEES STR INGARI 4 3.2.3. Apresentou também faturas de UNISER DO VALE COOPERATIVA DE PSICOLOGIA, FONOAUDIOLOGIA, TERAPIA OCUPACIONAL E FISIOTERAPIA, CNPJ 68.930.940/000113, relativo ao período de 02/2005 a 12/2005. Considerouse como base para cálculo o valor total faturado pela cooperativa.” DA IMPUGNAÇÃO Inconformada com o lançamento, a empresa contestou o presente Auto de Infração por meio do instrumento de fls. 265/287. DA DECISÃO DA DRJ Após analisar os argumentos da Recorrente, a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Campinas (SP) – 8ª Turma DRJ/CPS, prolatou Acórdão de fls. 309/322, julgando procedente o lançamento, conforme ementa que abaixo se transcreve, verbis: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/02/2005 a 31/12/2005 PREVIDENCIÁRIO. REMUNERAÇÕES PAGAS PELA EMPRESA AOS TRABALHADORES QUE LHE PRESTAM SERVIÇOS. CONTRIBUIÇÕES. INCIDÊNCIA. A empresa é obrigada a recolher ao INSS, no prazo legal, as contribuições previdenciárias a seu cargo, incidentes sobre as remunerações por ela pagas aos segurados empregados que lhe prestam serviços. COOPERATIVAS DE TRABALHO. CONTRIBUIÇÃO A CARGO DA EMPRESA CONTRATANTE. A empresa contratante de serviços executados por associados a cooperativas de trabalho, por intermédio destas, é obrigada ao recolhimento da contribuição previdenciária de quinze por cento sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura de serviços. CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE. Não cabe às autoridades que atuam no contencioso administrativo proclamar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo em vigor, pois tal competência é exclusiva dos órgãos do Poder Judiciário. INSCRIÇÃO NO PAT. FALTA DE COMPROVAÇÃO. FORNECIMENTO DE REFEIÇÕES. CONTRIBUIÇÕES. INCIDÊNCIA. O fornecimento de refeições para os empregados, por empresa que não comprovou estar inscrita no Programa de Alimentação do Trabalhador, sujeitase ás contribuições previdenciárias. MULTA DE OFÍCIO. APLICABILIDADE. Tendo sido constatado pelo AFRFB que a legislação mais benéfica ao contribuinte, é a multa de oficio, conforme art. 106 do Código Tributário Nacional (CTN), correta a sua exigência, não configurando confisco a aplicação da lei tributária. CONTRIBUIÇÕES NÃO RECOLHIDAS. JUROS. EXIGIBILIDADE. As contribuições previdenciárias não recolhidas ficam sujeitas aos juros equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia SELIC, de caráter irrelevável, não podendo a autoridade fiscal deixar de aplicar a legislação de regência, sob pena até de responsabilidade funcional. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido” Fl. 416DF CARF MF Impresso em 09/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/12/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 13/12 /2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 13/12/2012 por CARLOS ALBERTO MEES STR INGARI Processo nº 13864.000074/201016 Acórdão n.º 2403001.731 S2C4T3 Fl. 4 5 DO RECURSO Inconformada, a empresa interpôs, tempestivamente, Recurso Voluntário de fls. 112/140, requerendo a reforma do Acórdão, com os seguintes argumentos, em suma: Ao aplicarse o entendimento tanto do Superior Tribunal de Justiça quanto do Supremo Tribunal Federal ao caso concreto, não há como sustentar a validade dos lançamentos guerreados eis que o fato sobre o qual a Autoridade Fiscal aplicou a regra de tributação supostamente adequada, não se subsume aos delineamentos da base de cálculo da contribuição previdenciária do empregador e da contribuição ao SAT/GILLRAT, sob pena de afronta à Constituição em sua totalidade normativa; Não subsistem os lançamentos impugnados em sua totalidade por desnecessidade de inscrição no PAT para exclusão dos valores incorridos para prestação de alimentação in natura aos empregados da Recorrente, uma vez que não se trata da hipótese prevista no artigo 29, parágrafo nono, alínea “c”, da Lei 8.212/91, mas sim de afronta aos limites constitucionais impostos à tributação previdenciária da remuneração, que não permitem sua incidência sobre valores que não configuram salário ou outro tipo de remuneração, conforme delineado pelo art. 195, inciso II, e 201, parágrafo 11, ambos da CF/88; A contribuição social instituída pela Lei n. 9.876/99 e seu respectivo adicional, exigidos inconstitucionalmente da Recorrente por força dos pagamentos efetuados em contrapartidas aos serviços prestados por cooperativas de trabalho, violam inequivocamente os artigos 195, inciso I, alínea ‘a’, da Constituição Federal; É amplo o amparo jurisprudencial e sólido o respaldo oferecido pelo Supremo Tribunal Federal no sentido da inconstitucionalidade da exigência da contribuição previdenciária sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços, relativamente aos que lhe são prestados por intermédio de cooperativas de trabalho; Em que pese a suposta violação assinalada, tendo em vista a licitude da conduta da Recorrente, cumpre à Autoridade Fiscalizadora aplicar multa em percentual plausível (20% a 30%) que não represente confisco e não seja desproporcional, sob pena de enriquecimento ilícito do FISCO, razão pela qual se faria necessário cancelamento da penalidade imputada, ou ao menos, a sua redução; Deve ser reconhecida a irregularidade de atualização monetária pela taxa SELIC, sob pena de violação frontal ao art. 161 do CTN, dentre outros. É o relatório. Fl. 417DF CARF MF Impresso em 09/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/12/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 13/12 /2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 13/12/2012 por CARLOS ALBERTO MEES STR INGARI 6 Voto Conselheiro Marcelo Magalhães Peixoto, Relator DA TEMPESTIVIDADE De acordo com o documento de fl. 410, temse que o recurso é tempestivo e reúne os pressupostos de admissibilidade. Portanto, dele tomo conhecimento. DO MÉRITO DA NÃO INCIDÊNCIA SOBRE O FORNECIMENTO DE ALIMENTAÇÃO IN NATURA SEM A COMPROVAÇÃO DE INSCRIÇÃO NO PAT A Recorrente foi autuada por não incluir na base de cálculo da contribuição previdenciária os valores referentes ao alimento in natura (por meio de empresa que fornece a venda de refeições, fl. 124), sem estar inscrita no PAT, nos termos da Lei n. 6.321/76. A DRJ, no seu r. acórdão, julgou como procedente o lançamento no que se refere a essa autuação, por entender que a inscrição no PAT é condição essencial para que tais verbas possam ser excluídas do conceito de remuneração. É pacífica a jurisprudência do Colendo STJ, no sentido de que o fornecimento do alimento in natura, mesmo sem a inscrição no PAT, não deve integrar a base de cálculo da Contribuição Previdenciária, verbis: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. ALIMENTAÇÃO FORNECIDA PELO EMPREGADOR. PAGAMENTO IN NATURA. NÃO INCIDÊNCIA DA TRIBUTAÇÃO. INSCRIÇÃO NO PAT. DESNECESSIDADE. PRECEDENTES. SÚMULA 83/STJ. 1. Caso em que se discute a incidência da contribuição previdenciária sobre as verbas recebidas a título de auxílioalimentação in natura, quando a empresa não está inscrita no Programa de Alimentação do Trabalhador PAT. 2. A jurisprudência desta Corte pacificouse no sentido de que o auxílio alimentação in natura não sofre a incidência da contribuição previdenciária, por não possuir natureza salarial, esteja o empregador inscrito ou não no Programa de Alimentação do Trabalhador PAT. Precedentes: EREsp 603.509/CE, Rel. Ministro Castro Meira, Primeira Seção, DJ 8/11/2004; REsp 1.196.748/RJ, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 28/9/2010; AgRg no REsp 1.119.787/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, DJe 29/6/2010. 3. Agravo regimental não provido. (AgRg no AREsp 5.810/SC, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 07/06/2011, DJe 10/06/2011) (grifo nosso) Da análise do recente acórdão, verificase que o Tribunal Superior aplicou a Súmula 83 do STJ, verbis: Fl. 418DF CARF MF Impresso em 09/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/12/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 13/12 /2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 13/12/2012 por CARLOS ALBERTO MEES STR INGARI Processo nº 13864.000074/201016 Acórdão n.º 2403001.731 S2C4T3 Fl. 5 7 NÃO SE CONHECE DO RECURSO ESPECIAL PELA DIVERGÊNCIA, QUANDO A ORIENTAÇÃO DO TRIBUNAL SE FIRMOU NO MESMO SENTIDO DA DECISÃO RECORRIDA. Em outras palavras, por ser matéria pacífica, o STJ nem conhece Recursos em sentido contrário. Nesse diapasão, em 20 de dezembro de 2011, a própria ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional editou o Ato Declaratório n. 03/2011 autorizando “a dispensa de apresentação de contestação de interposição de recursos, bem como a desistência dos já interpostos, desde que inexista outro fundamento relevante: ‘nas ações judiciais que visem obter a declaração de que sobre o pagamento in natura do auxílioalimentação não há incidência de contribuição previdenciária.’” Razão pela qual, não deve incidir contribuição previdenciária em relação ao fornecimento de alimento in natura, por meio de empresa que fornece a venda de refeições. DA INCONSTITUCIONALIDADE ALEGADA Ao contrário do que pretende a Recorrente, não cabe ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF, afastar a aplicação de uma lei sob a alegação de inconstitucionalidade, nos termos da Súmula n. 2 do CARF, verbis: “O CARF não é competente para se pronunciar sobre a constitucionalidade de lei tributária.” Mister destacar que os incisos I e II do Parágrafo único do art. 62 do Regimento Interno do CARF trazem exceções a essa regra, contudo, não sem aplicam ao caso em tela, verbis: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão plenária definitiva do Supremo Tribunal Federal; ou II que fundamente crédito tributário objeto de: a) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, na forma dos arts. 18 e 19 da Lei n° 10.522, de 19 de julho de 2002; b) súmula da AdvocaciaGeral da União, na forma do art. 43 da Lei Complementar n° 73, de 1993; ou c) parecer do AdvogadoGeral da União aprovado pelo Presidente da República, na forma do art. 40 da Lei Complementar n° 73, de 1993. Apesar de o contribuinte trazer à baila diversos julgados em sede de liminar em ADI, parecer do Ministério Público Federal favorável à sua tese, as hipóteses não se Fl. 419DF CARF MF Impresso em 09/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/12/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 13/12 /2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 13/12/2012 por CARLOS ALBERTO MEES STR INGARI 8 encaixam dentre as previstas acima e, conforme as regras processuais, são precárias, não dotadas de coisa julgada e efeito vinculativo. Por esses motivos, este julgador não irá se pronunciar acerca das alegações que inconstitucionalidades se não estiverem nas exceções acima. Afastadas assim as alegações de afronta do art. 22, IV, da Lei n. 8.212 em face do Art. 195, I, “a” e do caráter confiscatório da multa de 75% para com o art. 150, IV, da CF/88. DA CONTRIBUIÇÃO DA EMPRESA SOBRE OS SERVIÇOS PRESTADOS POR COOPERATIVAS DE TRABALHO É obrigatória a retenção de 15% no valor da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços de cooperados por intermédio de cooperativas de trabalho, nos termos do art. 22, IV, da Lei 8.212/91, in verbis: Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, além do disposto no art. 23, é de: (...) IV quinze por cento sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços, relativamente a serviços que lhe são prestados por cooperados por intermédio de cooperativas de trabalho. Ocorre que a prestação de serviços de cooperativas médicas e odontológicas, devido à peculiaridade destas atividades, também sofre redução na base de cálculo da contribuição do contratante, a depender do procedimento médico/odontológico efetuado, sendo regulada à época pelos artigos 291 e seguintes da Instrução Normativa MPS/SRP n. 3, de 2005, cuja redação até hoje persiste nos artigos 219 a 221 da IN SRP 971 de 13/11/09, verbis: Art. 291. Nas atividades da área de saúde, para o cálculo da contribuição de quinze por cento devida pela empresa contratante de serviços de cooperados intermediados por cooperativa de trabalho, as peculiaridades da cobertura do contrato definirão a base de cálculo, observados os seguintes critérios: I nos contratos coletivos para pagamento por valor predeterminado, quando os serviços prestados pelos cooperados ou por demais pessoas físicas ou jurídicas ou quando os materiais fornecidos não estiverem discriminados na nota fiscal ou na fatura, a base de cálculo não poderá ser: a) inferior a trinta por cento do valor bruto da nota fiscal ou da fatura, quando se referir a contrato de grande risco ou de risco global, sendo este o que assegura atendimento completo, em consultório ou em hospital, inclusive exames complementares ou transporte especial; b) inferior a sessenta por cento do valor bruto da nota fiscal ou da fatura, quando se referir a contrato de pequeno risco, sendo este o que assegura apenas atendimento em consultório, consultas ou pequenas intervenções, cujos exames complementares possam ser realizados sem hospitalização; II nos contratos coletivos por custo operacional, celebrados com empresa, onde a cooperativa médica e a contratante estipulam, de comum acordo, uma tabela de serviços e honorários, cujo pagamento é feito após o Fl. 420DF CARF MF Impresso em 09/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/12/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 13/12 /2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 13/12/2012 por CARLOS ALBERTO MEES STR INGARI Processo nº 13864.000074/201016 Acórdão n.º 2403001.731 S2C4T3 Fl. 6 9 atendimento, a base de cálculo da contribuição social previdenciária será o valor dos serviços efetivamente realizados pelos cooperados. Parágrafo único. Se houver parcela adicional ao custo dos serviços contratados por conta do custeio administrativo da cooperativa, esse valor também integrará a base de cálculo da contribuição social previdenciária. Art. 292. Na atividade odontológica, a base de cálculo da contribuição social previdenciária de quinze por cento devida pela empresa contratante de serviços de cooperados intermediados por cooperativa de trabalho não será inferior a sessenta por cento do valor bruto da nota fiscal, da fatura ou do recibo de prestação de serviços, caso os serviços prestados pelos cooperados, os prestados por demais pessoas físicas ou jurídicas e os materiais fornecidos não estejam discriminados na respectiva nota fiscal, fatura ou recibo de prestação de serviços. Nesse sentido, esta seção, em oportunidade pretérita já decidiu de forma análoga à posição ora adotada por este Conselheiro, in verbis: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/03/2000 a 31/12/2006 PREVIDENCIÁRIO. ASSOCIAÇÕES. EQUIPARAÇÃO ÀS EMPRESAS EM GERAL. Para fins de aplicação da lei previdenciária, as associações são equiparadas às empresas em geral, em relação aos segurados que lhe prestam serviço. SERVIÇOS PRESTADOS POR COOPERATIVAS DE TRABALHO. CONTRIBUIÇÃO PARA A SEGURIDADE SOCIAL, SUJEIÇÃO PASSIVA DO CONTRATANTE. O sujeito passivo da relação jurídicotributária para exigência de contribuições incidentes sobre as faturas de serviços prestados por cooperados por intermédio de cooperativa de trabalho é o contratante dos serviços. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/03/2000 a 31/12/2006 INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI OU ATO NORMATIVO. IMPOSSIBILIDADE DE CONHECIMENTO NA SEARA ADMINISTRATIVA. À autoridade administrativa, via de regra, é vedado o exame da constitucionalidade ou legalidade de lei ou ato normativo vigente, RECURSO VOLUNTÁRIO NEGADO. (CARF, Processo n° 11634,000218/200890, Recurso n. 164,690 Voluntário, Acórdão n. 2401 01.293 4 Câmara /1 Turma Ordinária , Sessão de 6 de julho de 2010 ) No mesmo sentido: CARF, Acórdão 230100.158, 2a Seção, 1ª Turma, 3ª Câmara, abaixo transcrito: Fl. 421DF CARF MF Impresso em 09/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/12/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 13/12 /2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 13/12/2012 por CARLOS ALBERTO MEES STR INGARI 10 COOPERATIVA DE TRABALHO. INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO. O art. 22, IV da Lei n ° 8.212/1991 prevê a obrigatoriedade de as empresas tomadoras de serviço efetuarem o recolhimento das contribuições devidas sobre a nota fiscal, quando a prestadora de serviço for uma cooperativa de trabalho. Assim, a cota patronal sobre os segurados cooperados filiados à cooperativa de trabalho é custeada pela tomadora de serviços e não pela própria cooperativa de trabalho. Caso a cooperativa também tivesse que arcar com as contribuições haveria mais de um ente colaborando para a previdência dos segurados cooperados filiados à cooperativa de trabalho. Por tal razão, pelo cotejo da fundamentação apresentada no auto de infração, temse que o lançamento efetuado no que tange à retenção das cooperativas de trabalho (Médico, Odontológico e Fonoaudiológico) está de acordo com a legislação pátria, não havendo de se falar em nulidade. DA APLICAÇÃO DA TAXA SELIC A Recorrente entende como ilegal a incidência da taxa Selic na correção do crédito tributário lançado. Ocorre que, nos termos do art. 62A do Regimento Interno do Conselho de Administrativo de Recursos Fiscais – CARF, os julgamentos dos conselheiros estão vinculados aos acórdãos do STF e STJ, quando prolatados nos termos dos arts. 543B e 543C do CPC, verbis: Art. 62A do Regimento Interno do CARF: Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Nesse diapasão, o Colendo STJ já se manifestou acerca da possibilidade de atualização monetária pela Taxa SELIC, nos termos do art. 543C do CPC, verbis: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL SUBMETIDO À SISTEMÁTICA PREVISTA NO ART. 543C DO CPC. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. NÃOOCORRÊNCIA. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. JUROS DE MORA PELA TAXA SELIC. ART. 39, § 4º, DA LEI 9.250/95. PRECEDENTES DESTA CORTE. 1. Não viola o art. 535 do CPC, tampouco nega a prestação jurisdicional, o acórdão que adota fundamentação suficiente para decidir de modo integral a controvérsia. 2. Aplicase a taxa SELIC, a partir de 1º.1.1996, na atualização monetária do indébito tributário, não podendo ser cumulada, porém, com qualquer outro índice, seja de juros ou atualização monetária. 3. Se os pagamentos foram efetuados após 1º.1.1996, o termo inicial para a incidência do acréscimo será o do pagamento indevido; no entanto, havendo pagamentos indevidos anteriores à data de vigência da Lei 9.250/95, a incidência da taxa SELIC terá como termo a quo a data de vigência do diploma legal em tela, ou seja, janeiro de 1996. Fl. 422DF CARF MF Impresso em 09/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/12/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 13/12 /2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 13/12/2012 por CARLOS ALBERTO MEES STR INGARI Processo nº 13864.000074/201016 Acórdão n.º 2403001.731 S2C4T3 Fl. 7 11 Esse entendimento prevaleceu na Primeira Seção desta Corte por ocasião do julgamento dos EREsps 291.257/SC, 399.497/SC e 425.709/SC. 4. Recurso especial parcialmente provido. Acórdão sujeito à sistemática prevista no art. 543C do CPC, c/c a Resolução 8/2008 Presidência/STJ. (REsp 1111175/SP, Rel. Ministra DENISE ARRUDA, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 10/06/2009, DJe 01/07/2009) (grifo nosso) Ademais, além do referendo Judicial em sede de Recurso Repetitivo, essa matéria consta na Súmula n. 3 do CARF, verbis: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Portanto, não há que se falar em ilegalidade na aplicação da Taxa SELIC em matéria tributária. DA MULTA No que se refere a multa de ofício aplicada, mister se faz tecer alguns comentários. A MP nº 449, convertida na Lei nº 11.941/09, que deu nova redação aos arts. 32 e 35 e incluiu os arts. 32A e 35A na Lei nº 8.212/91, trouxe mudanças em relação à multa aplicada no caso de contribuição previdenciária. Assim dispunha o art. 35 da Lei nº 8.212/91 antes da MP nº 449, in verbis: Art. 35. Sobre as contribuições sociais em atraso, arrecadadas pelo INSS, incidirá multa de mora, que não poderá ser relevada, nos seguintes termos: (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). I para pagamento, após o vencimento de obrigação não incluída em notificação fiscal de lançamento: a) oito por cento, dentro do mês de vencimento da obrigação; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). b) quatorze por cento, no mês seguinte; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). c) vinte por cento, a partir do segundo mês seguinte ao do vencimento da obrigação; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). II para pagamento de créditos incluídos em notificação fiscal de lançamento: a) vinte e quatro por cento, em até quinze dias do recebimento da notificação; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). b) trinta por cento, após o décimo quinto dia do recebimento da notificação; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). c) quarenta por cento, após apresentação de recurso desde que antecedido de defesa, sendo ambos tempestivos, até quinze dias da ciência da decisão do Conselho Fl. 423DF CARF MF Impresso em 09/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/12/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 13/12 /2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 13/12/2012 por CARLOS ALBERTO MEES STR INGARI 12 de Recursos da Previdência Social CRPS; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). d) cinqüenta por cento, após o décimo quinto dia da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS, enquanto não inscrito em Dívida Ativa; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). (sem destaques no original) Verificase, portanto, que antes da MP nº 449 não havia multa de ofício. Havia apenas multa de mora em duas modalidades: a uma decorrente do pagamento em atraso, desde que de forma espontânea a duas decorrente da notificação fiscal de lançamento, conforme previsto nos incisos I e II, respectivamente, do art. 35 da Lei nº 8.212/91, então vigente. Com o advento da MP nº 449, que passou a vigorar a partir 04/12/2008, data da sua publicação, e posteriormente convertida na Lei nº 11.941/09, foi dada nova redação ao art. 35 e incluído o art. 35A na Lei nº 8.212/91, in verbis: Art. 35. Os débitos com a União decorrentes das contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, não pagos nos prazos previstos em legislação, serão acrescidos de multa de mora e juros de mora, nos termos do art. 61 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). (sem destaques no original) Nesse momento surgiu a multa de ofício em relação à contribuição previdenciária, até então inexistente, conforme destacado alhures. Logo, tendo em vista que o lançamento se reporta à data da ocorrência do fato gerador, nos termos do art. 144 do CTN, temse que, em relação aos fatos geradores ocorridos antes de 12/2008, data da MP nº 449, aplicase apenas a multa de mora. Já em relação aos fatos geradores ocorridos após 12/2008, aplicase apenas a multa de ofício. Contudo, no que diz respeito à multa de mora aplicada até 12/2008, com base no artigo 35 da Lei nº 8.212/91, tendo em vista que o artigo 106 do CTN determina a aplicação retroativa da lei quando, tratandose de ato não definitivamente julgado, cominelhe penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática, princípio da retroatividade benigna. Impõese o cálculo da multa com base no artigo 61 da Lei nº 9.430/96, que estabelece multa de 0,33% ao dia, limitada a 20%, em comparativo com a multa aplicada com base na redação anterior do artigo 35 da Lei 8.212/91, para determinação e prevalência da multa mais benéfica, no momento do pagamento. Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; Fl. 424DF CARF MF Impresso em 09/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/12/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 13/12 /2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 13/12/2012 por CARLOS ALBERTO MEES STR INGARI Processo nº 13864.000074/201016 Acórdão n.º 2403001.731 S2C4T3 Fl. 8 13 b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. CONCLUSÃO Do exposto, conheço do recurso para dar parcial provimento, para excluir da autuação os valores cobrados a título de contribuições incidentes sobre o fornecimento de alimentação in natura, por intermédio de terceiros, por não estar a empresa inscrita no Programa de Alimentação ao Trabalhador – PAT, bem como para determinar o recálculo da multa de mora nos moldes do art. 35, caput, da Lei 8.212/91, na redação dada pela Lei n. 11.941/2009 (art. 61, da Lei n. 9.430/96), prevalecendo o valor mais benéfico ao contribuinte. Marcelo Magalhães Peixoto Fl. 425DF CARF MF Impresso em 09/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/12/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 13/12 /2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 13/12/2012 por CARLOS ALBERTO MEES STR INGARI
score : 1.0
Numero do processo: 11065.002649/2010-15
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 14 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2008 a 28/02/2010
PREVIDENCIÁRIO. MULTA ISOLADA. NÃO APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS EXIGIDOS PELA FISCALIZAÇÃO. ERRO DE CAPITULAÇÃO DA INFRAÇÃO. VÍCIO MATERIAL. NULIDADE.
Havendo antinomia, aplica-se a norma especial. Devendo, por conseguinte, ser anulado o Auto de Infração capitulado com base na norma geral.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Crédito Tributário Exonerado.
Numero da decisão: 2403-001.551
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por maioria de voto, dar provimento parcial ao recurso em razão de vício material. Vencidos os conselheiros Carlos Alberto Mees Stringari e Paulo Maurício Pinheiro Monteiro.
Carlos Alberto Mees Stringari - Presidente
Marcelo Magalhães Peixoto - Relator
Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Carlos Alberto Mees Stringari, Ivacir Júlio de Souza, Maria Anselma Coscrato dos Santos, Marcelo Magalhães Peixoto, Paulo Maurício Pinheiro Monteiro e Ewan Teles Aguiar.
Nome do relator: MARCELO MAGALHAES PEIXOTO
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MULTA ISOLADA. NÃO APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS EXIGIDOS PELA FISCALIZAÇÃO. ERRO DE CAPITULAÇÃO DA INFRAÇÃO. VÍCIO MATERIAL. NULIDADE. Havendo antinomia, aplicase a norma especial. Devendo, por conseguinte, ser anulado o Auto de Infração capitulado com base na norma geral. Recurso Voluntário Provido em Parte. Crédito Tributário Exonerado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por maioria de voto, dar provimento parcial ao recurso em razão de vício material. Vencidos os conselheiros Carlos Alberto Mees Stringari e Paulo Maurício Pinheiro Monteiro. Carlos Alberto Mees Stringari Presidente Marcelo Magalhães Peixoto Relator Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Carlos Alberto Mees Stringari, Ivacir Júlio de Souza, Maria Anselma Coscrato dos Santos, Marcelo Magalhães Peixoto, Paulo Maurício Pinheiro Monteiro e Ewan Teles Aguiar. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 06 5. 00 26 49 /2 01 0- 15 Fl. 116DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/12/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 11/12 /2012 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 11/12/2012 por MARCELO MAGALHAES P EIXOTO 2 Relatório Tratase de Auto de Infração – AI nº 37.267.3287, cuja notificação ocorreu em 14/09/2010 (fl. 01 da numeração digital), lavrado em face da VIGILÂNCIA FIEL LTDA, por ter deixado de apresentar as folhas de pagamento, do período de 01/2008 a 02/2010, em meio digital no formato MANAD – Manual Normativo de Arquivos Digitais, aprovado pela IN MPS/SRP nº 12/2006, publicada no DOU em 03/07/2006. A empresa alegando dificuldade técnica, não apresentou a documentação solicitada, mesmo após ter sido novamente cobrado pela fiscalização, descumprindo assim o que dispõe o art. 11, §§ 1º, 3º e 4º da Lei n. 8.218/91. A multa aplicada pela infração foi no valor de R$ 196.429,39, (cento e noventa e seis mil, quatrocentos e vinte e nove reais e trinta e nove centavos), calculada conforme disposição do art. 12, III, parágrafo único, da Lei n. 8.218/91. DA IMPUGNAÇÃO Inconformada com o lançamento, a empresa contestou o presente auto de infração por meio do instrumento de fls. 22/38. DA DECISÃO DA DRJ Após analisar os argumentos da Recorrente, a 7ª Turma da Delegacia da Receita do Brasil de Julgamento em Porto AlegreRS, prolatou o ACÓRDÃO N° 1031.116, de fls. 43/46, mantendo procedente lançamento, conforme ementa que abaixo se transcreve, verbis: “Assunto : Contribuições Acessórias Período de apuração: 01/01/2008 a 28/02/2010 Auto de Infração AI 37.267.3287 (Código de Fundamentação Legal 23) 1. CONSTITUCIONALIDADE. A constitucionalidade das leis é vinculada para a Administração Pública. 2. DA INTENÇÃO DO AGENTE. A responsabilidade por infração à legislação previdenciária independe da intenção do agente ou do responsável, não afastando a aplicação da multa a ausência de dolo, fraude ou simulação. 3. PRAZO PARA JUNTADA DE DOCUMENTO. Não comprovadas quaisquer das hipóteses para concessão de novo prazo para apresentação de documentos, descabe fazêla em momento diferente da impugnação. 5. PERÍCIA. Considerase não formulado pedido de perícia feito em desacordo com a determinação contida na legislação vigente. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido” Fl. 117DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/12/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 11/12 /2012 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 11/12/2012 por MARCELO MAGALHAES P EIXOTO Processo nº 11065.002649/201015 Acórdão n.º 2403001.551 S2C4T3 Fl. 3 3 DO RECURSO Inconformada, a empresa interpôs, tempestivamente, Recurso Voluntário, requerendo a reforma total do Acórdão da DRJ, com os seguintes argumentos: Das preliminares Da prova pericial A Recorrente pleiteia a nulidade do acórdão pelo indeferimento do pedido de prova pericial, que teria sido feito baseado em justos e procedentes motivos. Alega que a prova pericial técnica se fazia necessária e obrigatória para que pudesse ser comprovada as suas alegações e que a denegação, por despacho sem fundamentação, do pedido se traduziria em cerceamento de defesa, e por consequência em quebra do contraditório assegurado pela Constituição em todo e qualquer processo. Da possibilidade do exame da matéria constitucional Alega a Recorrente que dentre as atividades que o estado exerce no desempenho da “função administrativa judicante” inexiste óbice a impedir a apreciação de temas constitucionais no âmbito administrativo. Que não seria o caso de dar os mesmos efeitos de uma decisão judicial, que trata de inconstitucionalidade, a uma decisão administrativa, mas ao menos garantir que a hierarquia das diversas espécies de normas também sejam objeto de interpretação pela administração judicante, pois do contrário significaria que está sendo ignorado por regulamentos e portarias que são atos de menor hierarquia. Do mérito Da possibilidade de produção de prova documental após a impugnação Alega a Recorrente que, foi vedado através do acórdão da DRJ, a posterior juntada de documentos, e que estaria acobertado pela legislação que regula o processo administrativo, art. 16, §5º do decreto nº 70.235/72. Que, com relação ao § 4º do art. 16, do decreto nº 70.235/72, o referido artigo dispõe que a prova documental será apresentada no momento da impugnação, estando precluso fazer posteriormente, o que seria inconstitucional. Da irregular aplicação da multa Que pelo que se verifica foi aplicado à penalidade a multa descrita pelo art. 12, III, § único, da lei 8.218/91. Alega o Recorrente que a multa aplicada demonstra excesso e falta de razoabilidade, configurando um absurdo do poder fiscal e desproporcional, com caráter confiscatório, o que é vedado pela Constituição Federal em seu art. 150, IV. Fl. 118DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/12/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 11/12 /2012 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 11/12/2012 por MARCELO MAGALHAES P EIXOTO 4 Além do que seria uma multa com efeito confiscatório, podendo inclusive afetar a atividade da empresa, ferindo também o princípio da moderação, sendo contrária à ordem constitucional. E ainda que, para que a empresa pudesse ser punida com a sanção prevista necessário seria que houvesse consciência da ilicitude de sua conduta, ou a menos a possibilidade dessa consciência. Do pedido Requer seja declarada a nulidade absoluta dos valores exigidos e, consequentemente, a nulidade do auto de infração. É o relatório. Fl. 119DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/12/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 11/12 /2012 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 11/12/2012 por MARCELO MAGALHAES P EIXOTO Processo nº 11065.002649/201015 Acórdão n.º 2403001.551 S2C4T3 Fl. 4 5 Voto Conselheiro Marcelo Magalhães Peixoto, Relator DA TEMPESTIVIDADE Conforme fls e o protocolo do Recurso Voluntário, este é tempestivo e reúne os pressupostos de admissibilidade. Portanto, dele tomo conhecimento. PRELIMINARMENTE DO CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA – PROVA PERICIAL A Recorrente alega que teve cerceado o seu direito ao contraditório em face do indeferimento da produção de prova pericial. Ocorre que, a Recorrente, em sede de Impugnação, requereu de forma genérica a prova pericial, como abaixo se transcreve ipsis litteris: “Protesta, com fulcro no dispositivo no art. 5o, inc. LV da Constituição Federal, pela produção de todos os meios de prova em direito admitidos, notadamente documental e pericial.” Como se pode constatar, o pleito genérico não atendeu às exigências do inciso IV do art. 16 do Decreto n. 70.235/72, verbis: Art. 16. A impugnação mencionará: (...) IV as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do seu perito. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) Logo, diante do requerimento genérico pela produção de prova pericial, a negativa por parte da DRJ ocorreu de forma devidamente fundamentada. Ademais, mesmo que fosse desconsiderado que a Recorrente requereu de forma genérica, mister se faz que realmente haja necessidade da sua produção, ou seja, que nos autos haja algum ponto controverdido que precise ser esclarecido. Nesse sentido, lecionam Marcos Vinícios Neder e Maria Teresa Martínez López (Processo Administrativo Fiscal Federal Comentado, 3a edição, Dialética, 2010, pág. 295), verbis: “De fato, a perícia tem sido muito utilizada para esclarecer dúvidas técnicas, como, por exemplo, a composição química de Fl. 120DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/12/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 11/12 /2012 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 11/12/2012 por MARCELO MAGALHAES P EIXOTO 6 determinado produto, para dirimir dúvidas quanto à melhor classificação fiscal para fins de cobrança do IPI. No caso de documentos fiscais, em que pairam dúvidas sobre a ocorrência de falsificação, a perícia é igualmente necessária quando somente um técnico especializado puder se manifestar sobre a matéria, indicando os elementos que o levaram a sua conclusão.” E complementa na página 296, verbis: “Caso a autoridade julgadora entanda ser desnecessária a perícia, tem o dever de, expressamente, motivar sua recusa sob pena de ser declarada a nulidade da decisão de primeira instância.” Nesse sentido segue a jurisprudência, verbis: Acórdão n. 10421.032, sessão de 13/9/05. Ementa: PAF – Pedido de Realização de Diligência e Perícia – Indeferimento – A diligência e a perícia não se prestam para produzir provas de responsabilidade das partes ou colher juízo de terceiros sobre a matéria em litígio, mas a trazer aos autos elementos que possam contribuir para o deslinde do processo. Devem ser indeferidos os pedidos prescindíveis para o desfecho da lide. Publicado no DOU em 18/4/06. Pelos motivos expostos, não há que se falar em cerceamento de defesa. DA INCONSTITUCIONALIDADE ALEGADA Ao contrário do que pretende a Recorrente, não cabe ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF, afastar a aplicação de uma lei sob a alegação de inconstitucionalidade, nos termos da Súmula n. 2 do CARF, verbis: “O CARF não é competente para se pronunciar sobre a constitucionalidade de lei tributária.” Mister destacar que os incisos I e II do Parágrafo único do art. 62 do Regimento Interno do CARF trazem exceções a essa regra, contudo, não sem aplicam ao caso em tela, verbis: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão plenária definitiva do Supremo Tribunal Federal; ou II que fundamente crédito tributário objeto de: a) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, na forma dos arts. 18 e 19 da Lei n° 10.522, de 19 de julho de 2002; Fl. 121DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/12/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 11/12 /2012 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 11/12/2012 por MARCELO MAGALHAES P EIXOTO Processo nº 11065.002649/201015 Acórdão n.º 2403001.551 S2C4T3 Fl. 5 7 b) súmula da AdvocaciaGeral da União, na forma do art. 43 da Lei Complementar n° 73, de 1993; ou c) parecer do AdvogadoGeral da União aprovado pelo Presidente da República, na forma do art. 40 da Lei Complementar n° 73, de 1993. Por esses motivos, este julgador não irá se pronunciar acerca das alegações que inconsticucionalidade se não estiverem as exceções acima. DO MÉRITO DA POSSIBILIDADE DA PRODUÇÃO DE PROVA DOCUMENTAL APÓS A IMPUGNAÇÃO A Recorrente se insurge em face do parágrafo 4o do art. 16 do Decreto n. 70.235/72, que assim determina, verbis: Art. 16. A impugnação mencionará: (...) § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente; c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. Com base nos princípios da celeridade e eficiência que regem a Administração Pública, este julgador não se insurge contra a juntada posterior de documentos, desde que antes do julgamento. Ocorre que a Recorrente não juntou nenhum documento de mérito, após a Impugnação que comprovasse o cumprimento da Obrigação Acessória. Logo, mesmo concordando com as razões da Recorrente, não há como prosperar suas alegações, vez que não apresentou novos documentos de mérito. DA MULTA APLICADA O Auto de Infração lançado em face da Recorrente teve por base o descumprimento da Obrigação Acessória de não ter apresentado os arquivos digitais da folha de pagamento no formato MANAD – Manual Normativo de Arquivos Digitais, aprovado pela Instrução Normativa MPS/SRP n. 12 de 20/06/2006, publicada em 04/07/2006, verbis: Art. 1º Aprovar a versão 1.0.0.2 do Manual Normativo de Arquivos Digitais MANAD, constante do anexo desta Instrução Normativa e disponível no sítio do Ministério de Previdência Social na Internet, endereçohttp://www.mps.gov.br ( item Serviços/Empregador subitem Arquivos Digitais Auditoria Fiscal de empresas.) Fl. 122DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/12/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 11/12 /2012 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 11/12/2012 por MARCELO MAGALHAES P EIXOTO 8 Art. 2º Os arquivos digitais com informações referentes ao período de vigência da versão 1.0.0.1 do MANAD poderão ser gerados e entregues, quando solicitados pela Fiscalização da Secretaria da Receita Previdenciária, no leiaute da versão 1.0.0.2, aprovada por esta Instrução Normativa. Art. 3º As empresas relacionadas no art. 1º da Portaria MPS/SRP nº 58, de 28 de janeiro de 2005, deverão submeter previamente os arquivos digitais ao Sistema de Validação e Autenticação de Arquivos Digitais SVA, antes de fornecêlos ao AuditorFiscal requisitante, para verificar se os arquivos estão em conformidade com o padrão estabelecido no MANAD e, se for o caso, corrigir todos os erros e eventuais divergências apontadas pelo referido sistema. Parágrafo único. O SVA encontrase disponível no sítio do Ministério de Previdência Social na Internet, endereço http://www.mps.gov.br (item Serviços/Empregador subitem Arquivos Digitais Auditoria Fiscal de empresas.) Art. 4º Esta Instrução Normativa entra em vigor na data de sua publicação. (grifo nosso) Pelo descumprimento da citata Obrigação Acessória, a Fiscalização entendeu que a Recorrente descumpriu os preceitos da Lei no 8.218/91, art. 11, parágrafos 1o, 3o e 4o, com redação dada pela Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001, verbis: Art. 11. As pessoas jurídicas que utilizarem sistemas de processamento eletrônico de dados para registrar negócios e atividades econômicas ou financeiras, escriturar livros ou elaborar documentos de natureza contábil ou fiscal, ficam obrigadas a manter, à disposição da Secretaria da Receita Federal, os respectivos arquivos digitais e sistemas, pelo prazo decadencial previsto na legislação tributária..(Redação dada pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) (Vide Mpv nº 303, de 2006) § 1º A Secretaria da Receita Federal poderá estabelecer prazo inferior ao previsto no caput deste artigo, que poderá ser diferenciado segundo o porte da pessoa jurídica. (Redação dada pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) (...) § 3º A Secretaria da Receita Federal expedirá os atos necessários para estabelecer a forma e o prazo em que os arquivos digitais e sistemas deverão ser apresentados. (Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) § 4º Os atos a que se refere o § 3o poderão ser expedidos por autoridade designada pelo Secretário da Receita Federal. (Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) Por ter descumprido o supracitado artigo, a Fiscalização aplicou a multa prevista no 12, III e parágrafo único da Lei no 8.218/91, com redação dada pela Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001, no valor de R$ 196.429,39 (cento e noventa e seis mil, quatrocentos e vinte nove reais e trinta e nove centavos), verbis: Fl. 123DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/12/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 11/12 /2012 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 11/12/2012 por MARCELO MAGALHAES P EIXOTO Processo nº 11065.002649/201015 Acórdão n.º 2403001.551 S2C4T3 Fl. 6 9 Art. 12 A inobservância do disposto no artigo precedente acarretará a imposição das seguintes penalidades: (...) III multa equivalente a dois centésimos por cento por dia de atraso, calculada sobre a receita bruta da pessoa jurídica no período, até o máximo de um por cento dessa, aos que não cumprirem o prazo estabelecido para apresentação dos arquivos e sistemas. (Redação dada pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) Parágrafo único. Para fins de aplicação das multas, o período a que se refere este artigo compreende o anocalendário em que as operações foram realizadas. (Redação dada pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) Mister destacar que o art. 8o da Lei n. 10.666/03, dispõe acerca da mesma obrigação, verbis: Art. 8o A empresa que utiliza sistema de processamento eletrônico de dados para o registro de negócios e atividades econômicas, escrituração de livros ou produção de documentos de natureza contábil, fiscal, trabalhista e previdenciária é obrigada a arquivar e conservar, devidamente certificados, os respectivos sistemas e arquivos, em meio digital ou assemelhado, durante dez anos, à disposição da fiscalização. A Portaria MPS/SRP n° 58, de 28/01/2005, a qual a IN MPS/SRP n. 12 toma como base, traz especificamente, como Fundamentação Legal a Lei n. 10.666/03 e, em seu parágrafo 1o do art. 1o, verbis: Art. 1º A empresa que utiliza sistema de processamento eletrônico de dados para o registro de negócios e atividades econômicas, escrituração de livros ou produção de documentos de natureza contábil, fiscal, trabalhista e previdenciária, quando intimada por AuditorFiscal da Previdência Social (AFPS), deverá apresentar documentação técnica completa e atualizada de seus sistemas, bem como os arquivos digitais contendo informações relativas aos seus negócios e atividades econômicas, observadas as orientações; e especificações contidas no Manual Normativo de Arquivos Digitais – MANAD aplicado à Fiscalização da Secretaria da Receita Previdenciária SRP. § 1º O Manual Normativo de Arquivos Digitais MANAD definirá a forma de cumprimento da obrigação acessória, criada pelo art. 8º da Lei nº 10.666 de 08 de maio de 2003, discriminando sua aplicabilidade nas empresas sob o regime de direito privado e as pessoas jurídicas de direito público cujas obrigações orçamentárias, financeiras, contábeis e patrimoniais estão elencadas na Lei nº 4.320 de 17 de março de 1964 e naLei Complementar nº 101 de 04 de maio de 2000. (grifo nosso) Fl. 124DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/12/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 11/12 /2012 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 11/12/2012 por MARCELO MAGALHAES P EIXOTO 10 Nesse diapasão, o Regulamento da Previdência Social – RPS, o Decreto n. 3.048/99, no art. 283, II, “b”, com redação dada pelo Decreto n. 4.862/03, tratou a Lei n. 10.666/03 como NORMA ESPECIAL no que se refere a Contribuições Previdenciárias, tanto que traz a multa a ser aplicada em caso de descumprimento de Obrigação contida na Lei n. 10.666/03, verbis: Art.283.Por infração a qualquer dispositivo das Leis nos 8.212 e 8.213, ambas de 1991, e 10.666, de 8 de maio de 2003, para a qual não haja penalidade expressamente cominada neste Regulamento, fica o responsável sujeito a multa variável de R$ 636,17 (seiscentos e trinta e seis reais e dezessete centavos) a R$ 63.617,35 (sessenta e três mil, seiscentos e dezessete reais e trinta e cinco centavos), conforme a gravidade da infração, aplicandoselhe o disposto nos arts. 290 a 292, e de acordo com os seguintes valores: (Redação dada pelo Decreto nº 4.862, de 2003) (...) II a partir de R$ 6.361,73 (seis mil trezentos e sessenta e um reais e setenta e três centavos) nas seguintes infrações: (...) b) deixar a empresa de apresentar ao Instituto Nacional do Seguro Social e à Secretaria da Receita Federal os documentos que contenham as informações cadastrais, financeiras e contábeis de interesse dos mesmos, na forma por eles estabelecida, ou os esclarecimentos necessários à fiscalização; Tanto é assim, que a Fiscalização, em casos idênticos, costumeiramente capitula a citada infração nos termos do art. 8o, da Lei n. 10.666/03, como se pode constatar nos autos dos Procs. ns. 19515.006076/200832, 14485.000034/200798 e 15983.000970/200741. Todos os citados Processos são desta Turma, porém, a fim de ilustrar, transcrevese, abaixo, ementa e trechos do voto do Proc. n. 15983.000970/200741, julgado em 24 de agosto de 2011, que ensejou no Acórdão n. 2403000.694, onde estavam presentes os Conselheiros Carlos Alberto Mees Stringari, Marcelo Magalhães Peixoto, Ivacir Julio de Souza, Marthius Sávio Cavalcante Lobato e Jhonatas Ribeiro da Silva, verbis: PREVIDENCIÁRIO. GFIP. DADOS RELACIONADOS AOS FATOS GERADORES. INFRAÇÃO. NÃO APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS EXIGIDOS PELA FISCALIZAÇÃO. MULTA COM BASE NO ART. 92 DA LEI N. 8.212/91. Constitui infração prevista no art. 32, III da Lei n. 8.212/91, c/c o art. 225, III, § 22 do Decreto n. 3.048/99, e art. 8o da Lei n. 10.666/03, deixar de apresentar informações financairas e contábeis necessárias à fiscalização relacionadas com as contribuições para a Seguridade Social. (...) DO MÉRITO Fl. 125DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/12/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 11/12 /2012 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 11/12/2012 por MARCELO MAGALHAES P EIXOTO Processo nº 11065.002649/201015 Acórdão n.º 2403001.551 S2C4T3 Fl. 7 11 O auto de infração lançado contra a empresa teve por base o descumprimento da obrigação de apresentar informações contábeis, em meio digital com o leiaute previsto no Manual Normativo de Arquivos Digitais MANAD, bem como deixou de apresentar DIPJ e RAIS do período de 1999 a 2007. Esses documentos são relacionados às contribuições previdenciárias, infringindo assim, o disposto no artigo 32, III da Lei 8.212/91 (vigente há época), c/c o art. 225, III, § 22 do Regulamento da Previdência Social, Decreto n. 3.048/99 e art. 8o da Lei n. 10.666/03, verbis: (grifo nosso) Ademais, em casos análogos, nos Processos de números: 10510.003148/200946 e 15868.001994/200903, ambos julgados em 17 de abril de 2012, que ensejaram nos Acórdãos de números: 2403001.194 e 2403001.195, respectivamente, este relator também já se pronunciou nesse sentido, sendo acompanhado pela maioria dos Conselheiros. Logo, amplamente demonstrado que a Lei n. 8.218/91 é a norma geral, enquanto que a Lei n. 10.666/03 é a norma especial em relação a Contribuiçã Previdenciária, seja pela menção da legislação previdenciária (Portaria MPS/SRP n° 58) à Lei n. 10.666/03, seja pela capitulação reiterada por parte da Fiscalização da infração prevista no art. 8o da Lei n. 10.666, conforme destacado alhures. Nesse diapasão, é pacífico o hodierno entendimento jurisprudencial no sentido de que havendo dúvida quanto à aplicação de determinadas normas, aplicarse a norma especial, vez que essa prevalece sobre a norma geral, verbis: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. EFEITO SUSPENSIVO. NÃO INCIDÊNCIA DO ART. 739A DO CPC. NORMA DE APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA À LEI 6.830/80. INTELIGÊNCIA DE SEU ART. 1º INTERPRETADO EM CONJUNTO COM OS ARTIGOS 18, 19, 24 E 32 DA LEF E 151, DO CTN. (...) 2. A Lei 6.830/80 é norma especial em relação ao Código de Processo Civil, de sorte que, em conformidade com as regras gerais de interpretação, havendo qualquer conflito ou antinomia entre ambas, prevalece a norma especial. Justamente em razão da especialidade de uma norma (LEF) em relação à outra (CPC), é que aquela dispõe expressamente, em seu artigo 1º, que admitirá a aplicação desta apenas de forma subsidiária aos procedimentos executivos fiscais, de sorte que as regras do Código de Processo Civil serão utilizadas nas execuções fiscais apenas nas hipóteses em que a solução não possa decorrer da interpretação e aplicação da norma especial. (...) 6. Recurso especial provido. Fl. 126DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/12/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 11/12 /2012 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 11/12/2012 por MARCELO MAGALHAES P EIXOTO 12 (REsp 1291923/PR, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 01/12/2011, DJe 07/12/2011) (grifo nosso) Logo, diante da constatação de que a Lei n. 10.666/03 é norma especial, verificase que a Fiscalização se equivocou na capitulação da infração, ensejando num vício material passível de nulidade do Auto de Infração. CONCLUSÃO Ante o exposto, voto pela nulidade material processo. Marcelo Magalhães Peixoto Fl. 127DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/12/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 11/12 /2012 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 11/12/2012 por MARCELO MAGALHAES P EIXOTO
score : 1.0
Numero do processo: 15983.000683/2010-36
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 19 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2006 a 30/11/2008
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS. INFRAÇÃO AO ART. 32, IV DA LEI N. 8.212/91.
Constitui infração, punível na forma da Lei, apresentar GFIP com informações incorretas ou omissas, nos termos do art. 32, IV da Lei n. 8.212/91.
MULTA PREVISTA NO ART. 32-A DA LEI N. 8.212/91.
O valor mínimo da multa previsto no § 3o do art. 32-A da Lei n. 8.212/91 se aplica ao valor final da multa e não em relação a cada competência.
Recurso Voluntário Procedente em Parte
Numero da decisão: 2403-001.611
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso, para estabelecer a multa com base no Art. 32-A da Lei n° 8.212/91, sendo a determinação do valor mínimo pelo conjunto do lançamento (R$ 780,00 de valor originário) e não por período de lançamento. Vencidos os conselheiros Carlos Alberto Mees Stringari e Leôncio Nobre de Medeiros que negaram provimento ao recurso.
Carlos Alberto Mees Stringari - Presidente
Marcelo Magalhães Peixoto - Relator
Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Carlos Alberto Mees Stringari, Ivacir Júlio de Souza, Maria Anselma Coscrato dos Santos, Marcelo Magalhães Peixoto e Leôncio Nobre de Medeiros.
Nome do relator: MARCELO MAGALHAES PEIXOTO
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2006 a 30/11/2008 CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS. INFRAÇÃO AO ART. 32, IV DA LEI N. 8.212/91. Constitui infração, punível na forma da Lei, apresentar GFIP com informações incorretas ou omissas, nos termos do art. 32, IV da Lei n. 8.212/91. MULTA PREVISTA NO ART. 32-A DA LEI N. 8.212/91. O valor mínimo da multa previsto no § 3o do art. 32-A da Lei n. 8.212/91 se aplica ao valor final da multa e não em relação a cada competência. Recurso Voluntário Procedente em Parte
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OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS. INFRAÇÃO AO ART. 32, IV DA LEI N. 8.212/91. Constitui infração, punível na forma da Lei, apresentar GFIP com informações incorretas ou omissas, nos termos do art. 32, IV da Lei n. 8.212/91. MULTA PREVISTA NO ART. 32A DA LEI N. 8.212/91. O valor mínimo da multa previsto no § 3o do art. 32A da Lei n. 8.212/91 se aplica ao valor final da multa e não em relação a cada competência. Recurso Voluntário Procedente em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso, para estabelecer a multa com base no Art. 32A da Lei n° 8.212/91, sendo a determinação do valor mínimo pelo conjunto do lançamento (R$ 780,00 de valor originário) e não por período de lançamento. Vencidos os conselheiros Carlos Alberto Mees Stringari e Leôncio Nobre de Medeiros que negaram provimento ao recurso. Carlos Alberto Mees Stringari Presidente Marcelo Magalhães Peixoto Relator Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Carlos Alberto Mees Stringari, Ivacir Júlio de Souza, Maria Anselma Coscrato dos Santos, Marcelo Magalhães Peixoto e Leôncio Nobre de Medeiros. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 98 3. 00 06 83 /2 01 0- 36 Fl. 194DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/12/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 14/12 /2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 19/12/2012 por CARLOS ALBERTO MEES STR INGARI 2 Relatório Tratase de Auto de Infração – AI nº 37.282.6725, cuja notificação ocorreu em 13/09/2010 (fl. 03), lavrado em face da MARIEL INTERNACIONAL LTDA., por ter deixado de informar na GFIP, os segurados empregados a seu serviço. Tendo apresentado GFIP contendo apenas 01 (um) segurado empregado. Consta no Relatório Fiscal do Auto de Infração de fls. 11/13, in verbis: “1. A empresa está sendo autuada por ter apresentado a declaração de que trata o inciso IV do art. 32 da Lei n° 8.212/91(Guia de Recolhimento da Previdência Social GFIP), nas competências 01/2006, 02/2006, 04/2006, 05/2006, 11/2006, 01/2007, 03/2007, 04/2007, 05/2007, 06/2007, 10/2007, 10/2008 e 11/2008, com as seguintes incorreções ou omissões: Deixou de informar em GFIP, nas competências acima mencionadas, todos os segurados empregados a seu serviço. A empresa apresentou GFIP contendo apenas 01 (um) segurado empregado. (...) 3. O contribuinte foi intimado a retificar as Guias de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social — GFIP do período de 02/2004 a 06/2007, corrigindo as falhas apontadas, ou a prestar esclarecimentos sobre as informações incorretas ou omitidas. Salientese que o mesmo não sanou as irregularidades.” (destaque nos original) Consta no Relatório Fiscal da Aplicação da Multa de fl. 15, in verbis: “A multa corresponde a R$ 20,00 para grupo de dez informações incorretas ou omitidas, por competência, totalizando o montante de R$ 6.500,00, conforme determinações contidas na Lei n° 8.212, de 24/07/1991, art. 32A, ‘caput’, inciso II e parágrafo 2°, com redação dada pela Medida Provisória n° 449, de 03/12/2008, publicada em 04/12/2008, convertida na Lei 11.941/09, respeitado o disposto no art.106, inciso II, alínea ‘c’, da Lei n°5.172, de 25/10/1966 – CTN.” DA IMPUGNAÇÃO Inconformada com o lançamento, a empresa contestou o presente Auto de Infração por meio do instrumento de fls. 143/145. DA DECISÃO DA DRJ Fl. 195DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/12/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 14/12 /2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 19/12/2012 por CARLOS ALBERTO MEES STR INGARI Processo nº 15983.000683/201036 Acórdão n.º 2403001.611 S2C4T3 Fl. 3 3 Após analisar os argumentos da Recorrente, a 6ª Turma da Delegacia da Receita do Brasil de Julgamento em CampinasSP, prolatou o ACÓRDÃO N° 0534.097, de fls. 196/171, mantendo procedente o lançamento, conforme ementa que abaixo se transcreve, verbis: “ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 01/09/2007 a 30/09/2007, 01/12/2007 a 30/09/2008 GFIP. Constitui infração punível com multa pecuniária a empresa entregar GFIP com informações incorretas ou omissas. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido.” DO RECURSO Inconformada, a empresa interpôs, tempestivamente, Recurso Voluntário de fls. 178/181, requerendo a reforma total do Acórdão da DRJ, com os seguintes argumentos: Do Direito A Recorrente se insurge em face da impropriedade da autuação, pois a mesma nunca teria deixado de apresentar suas GFIPs com todas as informações pertinentes a seus empregados. Não concorda com a alegação da fiscalização de que teria apresentado a GFIP com apenas dados de 1 (um) funcionário. Assim, alega que há equívoco do agente fiscalizador que alega a substituição da GFIP anterior com os dados de todos os empregados no mês da competência pela GFIP por outra elaborada posterior apenas para informar o nome do funcionário que teria sido demitido naquele mês. Levanta o princípio da moralidade quanto aos atos da administração, alegando a necessidade de se fazer válido o ato com base na realidade dos fatos, não devendo ser concebido o lançamento de auto de infração temerário, quando se há conhecimento de que o sistema de informática não prevê todos os casos concretos. Finaliza questionando o valor aplicado à multa imposta, bem como considerando ter havido um erro material de fato com relação à quantidade de número de funcionários usados no cálculo para aplicação da multa. Do Pedido Requer a anulação do auto de infração, reformando a decisão diante das razões expostas para que se faça justiça. É o relatório. Fl. 196DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/12/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 14/12 /2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 19/12/2012 por CARLOS ALBERTO MEES STR INGARI 4 Voto Conselheiro Marcelo Magalhães Peixoto, Relator DA TEMPESTIVIDADE Conforme fls. 177 e 178, o recurso é tempestivo e reúne os pressupostos de admissibilidade. Portanto, dele tomo conhecimento. DO MÉRITO A Recorrente foi autuada por ter apresentado GFIP contendo incorreções e omissões, vez que continham apenas 1 (um) segurado empregado, contrariando o disposto no art. 32, IV da Lei n. 8.212/91, verbis: Art. 32. A empresa é também obrigada a: (...) IV – declarar à Secretaria da Receita Federal do Brasil e ao Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS, na forma, prazo e condições estabelecidos por esses órgãos, dados relacionados a fatos geradores, base de cálculo e valores devidos da contribuição previdenciária e outras informações de interesse do INSS ou do Conselho Curador do FGTS; (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) Pela citada infração, foi aplicada multa com base no valor de R$ 6.500,00, com base no art. 32A da Lei n. 8.212/91, verbis: Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitar seá às seguintes multas: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não apresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). Fl. 197DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/12/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 14/12 /2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 19/12/2012 por CARLOS ALBERTO MEES STR INGARI Processo nº 15983.000683/201036 Acórdão n.º 2403001.611 S2C4T3 Fl. 4 5 I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). Analisando o Relatório Fiscal de fls. 11/15, verificase que a Fiscalização aplicou a multa de forma equivocada, vez que, considerou o valor mínimo de R$ 500,00 previsto no citado § 3o em relação a cada competência, quando o correto é aplicar em relação ao total da multa aplicada. Por essa razão, o valor correto da multa aplicada é de R$ 780,00, assim como consta na 6a coluna da planilha elaborada pela Fiscalização na fl. 11 do Relatório Fiscal. No que se refere ao descumprimento propriamente dito, a Recorrente não trouxe elementos de fato ou de direito para infirmar a autuação que lhe fora apontada. Devendo, portanto, ser mantida a infração. Contudo, no que se refere ao valor da multa aplicada, assiste razão à Recorrente. CONCLUSÃO Do exposto, dou parcial provimento ao recurso da Recorrente, para estabelecer a multa com base no Art. 32A da Lei n° 8.212/91, sendo a determinação do valor mínimo pelo conjunto do lançamento (R$ 780,00 de valor originário) e não por período de lançamento. Marcelo Magalhães Peixoto Fl. 198DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/12/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 14/12 /2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 19/12/2012 por CARLOS ALBERTO MEES STR INGARI
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Numero do processo: 35554.005633/2006-26
Data da sessão: Tue Oct 16 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Tue Jan 08 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/03/2002 a 31/12/2004
PROGRAMA DE INCENTIVO. PAGAMENTO COM CARTÃO PREMIAÇÃO. REMUNERAÇÃO INDIRETA.
Constitui infração ao disposto no art. 30, inciso I, alínea a da Lei n. 8.212/91, deixar de arrecadar, mediante desconto das remunerações, as contribuições previdenciárias dos segurados a seu serviço.
É assente na jurisprudência deste Conselho que as verbas pagas por meio de cartões de premiação integram o salário de contribuição por força do art. 28 da Lei n. 8.212/91, sendo correto o auto de infração que considerou a ausência de recolhimento de tributo sobre tais verbas.
MULTA.
Recálculo da multa para que seja aplicada a mais benéfica ao contribuinte por força do art. 106, II, c do CTN.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 2403-001.670
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por maioria de voto, dar provimento parcial ao recurso para que se recalcule a multa de mora, com base na redação dada pela lei 11.941/2009 ao artigo 35 da Lei 8.212/91, com a prevalência da mais benéfica ao contribuinte. Vencido o conselheiro Paulo Maurício Pinheiro Monteiro na questão da multa de mora.
.
Carlos Alberto Mees Stringari - Presidente
Marcelo Magalhães Peixoto - Relator
Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Carlos Alberto Mees Stringari, Carolina Wanderley Landim, Ivacir Julio de Souza, Marcelo Magalhães Peixoto, Paulo Maurício Pinheiro Monteiro.
Nome do relator: MARCELO MAGALHAES PEIXOTO
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/03/2002 a 31/12/2004 PROGRAMA DE INCENTIVO. PAGAMENTO COM CARTÃO PREMIAÇÃO. REMUNERAÇÃO INDIRETA. Constitui infração ao disposto no art. 30, inciso I, alínea a da Lei n. 8.212/91, deixar de arrecadar, mediante desconto das remunerações, as contribuições previdenciárias dos segurados a seu serviço. É assente na jurisprudência deste Conselho que as verbas pagas por meio de cartões de premiação integram o salário de contribuição por força do art. 28 da Lei n. 8.212/91, sendo correto o auto de infração que considerou a ausência de recolhimento de tributo sobre tais verbas. MULTA. Recálculo da multa para que seja aplicada a mais benéfica ao contribuinte por força do art. 106, II, c do CTN. Recurso Voluntário Provido em Parte
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PAGAMENTO COM CARTÃO PREMIAÇÃO. REMUNERAÇÃO INDIRETA. Constitui infração ao disposto no art. 30, inciso I, alínea “a” da Lei n. 8.212/91, deixar de arrecadar, mediante desconto das remunerações, as contribuições previdenciárias dos segurados a seu serviço. É assente na jurisprudência deste Conselho que as verbas pagas por meio de cartões de premiação integram o salário de contribuição por força do art. 28 da Lei n. 8.212/91, sendo correto o auto de infração que considerou a ausência de recolhimento de tributo sobre tais verbas. MULTA. Recálculo da multa para que seja aplicada a mais benéfica ao contribuinte por força do art. 106, II, “c” do CTN. Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por maioria de voto, dar provimento parcial ao recurso para que se recalcule a multa de mora, com base na redação dada pela lei 11.941/2009 ao artigo 35 da Lei 8.212/91, com a prevalência da mais benéfica ao contribuinte. Vencido o conselheiro Paulo Maurício Pinheiro Monteiro na questão da multa de mora. . Carlos Alberto Mees Stringari Presidente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 35 55 4. 00 56 33 /2 00 6- 26 Fl. 226DF CARF MF Impresso em 09/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 17/12 /2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 18/12/2012 por CARLOS ALBERTO MEES STR INGARI 2 Marcelo Magalhães Peixoto Relator Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Carlos Alberto Mees Stringari, Carolina Wanderley Landim, Ivacir Julio de Souza, Marcelo Magalhães Peixoto, Paulo Maurício Pinheiro Monteiro. Fl. 227DF CARF MF Impresso em 09/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 17/12 /2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 18/12/2012 por CARLOS ALBERTO MEES STR INGARI Processo nº 35554.005633/200626 Acórdão n.º 2403001.670 S2C4T3 Fl. 3 3 Relatório Tratase de Notificação Fiscal de Lançamento de Débito – NFLD – DEBCAD 37.014.3191, cuja notificação ocorreu em 21/09/2006 (fl. 01), lavrado em face do BANCO ITAUCARD S/A., no valor de R$ 2.050.017,22 (dois milhões, cinquenta mil e dezessete reais e vinte e dois centavos), por ter deixado de recolher contribuições previdenciárias devidas pela empresa à Seguridade Social e a Terceiros, incidentes sobre remuneração paga a título de prêmios, mediante a utilização do sistema Top Premium, que consiste no fornecimento de bônus que poderão ser trocados por produtos ou serviços, em rede de fornecedores oferecida pela empresa administradora do sistema, INCENTIVE HOUSE S.A., não incluídos em folhas de pagamento/GFIP, no período compreendido entre 03/2002 a 12/2004. Segundo o Relatório Fiscal de fls. 37/38, verbis: “3. O crédito referese às contribuições da empresa incidentes sobre a remuneração paga aos seus empregados e acréscimos legais não recolhidos no período de 03/2002 a 12/2004; 4. O contribuinte, no âmbito de um programa de estímulo ao aumento da produtividade, distribui valores, à título de prêmios, a funcionários ou terceiros, mediante a utilização do sistema TOP PREMIUM, administrado pela empresa INCENTIVE HOUSE S.A. Este sistema consiste no fornecimento de bônus de premiação TOP PREMIUM com valores impressos e prédeterminadas pela empresa. Estes bônus poderão ser trocados por produtos ou serviços em rede de.fornecedores oferecida pela INCENTIVE HOUSE S.A. A transação é suportada pela emissão de nota fiscal de prestação de serviços cobrando o valor dos bônus fornecidos mais comissão pelos serviços prestados. Os valores pagos foram lançados na contabilidade do sujeito passivo nas contas PREMIAÇÃO TOP PREMIUM AGÊNCIA, códigos 1261202.813400.3003013 e 8278.056.000.000, SERVIÇOS PRESTADOS DE PJ, código 8294.009.000.000 e COM. PREM/BRINDES S/COBRANCA, código 8318.132.000.000; 5. Estes valores distribuídos através de bônus integram a remuneração dos funcionários, conforme art. 28 da Lei 8.212, de 24/07/1991, e integram a base de cálculo das contribuições da empresa à Previdência Social. Os valores distribuídos não constaram das folhas de pagamento da empresa. Por este motivo, a empresa foi autuada através do AI 37.014.3183, de 18/09/2006, no valor de R$ 1.156,95;” Fl. 228DF CARF MF Impresso em 09/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 17/12 /2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 18/12/2012 por CARLOS ALBERTO MEES STR INGARI 4 DA IMPUGNAÇÃO Inconformada com o lançamento, a empresa contestou o presente Auto de Infração por meio do instrumento de fls. 43/55. DA DECISÃO DA DRJ Após analisar os argumentos da Recorrente, a Secretaria da Previdência Social – Secretaria da Receita Previdenciária – Unidade Atendimento em Suzano/SP, prolatou a DecisãoNotificação n. 21.4254/286/2006 de fls. 64/69, mantendo procedente o lançamento, conforme ementa que abaixo se transcreve, verbis: “CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. CUSTEIO Entendese por SaláriodeContribuição para o empregado, a totalidade dos rendimento pagos, devidos ou creditados a qualquer título, destinados a retribuir o trabalho. Art. 28 da lei 8.212/91. Integram o crédito previdenciário constituído: os juros de mora e a multa variável de caráter irrelevável de acordo com a legislação de regência. LANÇAMENTO PROCEDENTE” DO RECURSO Inconformada, a empresa interpôs, tempestivamente, Recurso em 21 de dezembro de 2006, de fls. 76/87, endereçado ao extinto Conselho de Recursos da Previdência Social – CRPS, requerendo a reforma do Acórdão, com os seguintes argumentos, em suma: Preliminarmente A nulidade da NFLD lavrada por não ter o auditor discriminado com clareza quais contribuições de terceiros estavam sendo exigidas, nem de que maneira a fiscalização apurou o percentual de alíquota de 2,7% aplicada. Mérito Os prêmios pagos pelo recorrente não constituem remuneração pois não decorre da prestação laboral; A premiação é fundada em desempenho como incentivo para as vedas de serviços, que é entregue por empresa terceirizada e os valores não são pagos e contabilizados em nome dos empregados que fazem jus ao prêmio, mas em nome da empresa que presta o serviço de distribuição; O prêmio quando fornecido em bens não se agrega de forma permanente ao patrimônio do empregado como parcela de natureza remuneratória que pudesse vir a ser requerida sempre; O prêmio enquadrase na hipótese de isenção prevista no art. 28, parágrafo nono, alínea ‘e’, item ‘7’ da Lei 8.212/91, por se tratar de ganho eventual; Fl. 229DF CARF MF Impresso em 09/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 17/12 /2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 18/12/2012 por CARLOS ALBERTO MEES STR INGARI Processo nº 35554.005633/200626 Acórdão n.º 2403001.670 S2C4T3 Fl. 4 5 A alíquota mínima aplicável à contribuição devida pelos empregados não deve ser de 8% pois constante no art. 20 da Lei 8.212/91 e foi devidamente reduzida pelo Lei n. 9.311/96; A inconstitucionalidade do adicional de 2,5% imputado às instituições financeiras violam os princípios da igualdade, isonomia, referibilidade; A contribuição ao INCRA é inexigível uma vez que não se acha fundada nas hipóteses do art. 195, I e II e 240 da Constituição Federal, não tendo sido o DecretoLei n. 2.613/55 recepcionado pela ordem constitucional vigente. Do Pedido Requer a reforma da decisãonotificação para que seja reconhecida a nulidade do lançamento, pelas razões acima aduzidas. DA DECISÃO DO CONSELHO DE CONTRIBUINTES A Sexta Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes em análise aos argumentos expostos pela Recorrente, prolatou Acórdão n. 20600.064, que segue abaixo ementado: “Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/03/2002 a 31/12/2004 Ementa: NORMAS PROCEDIMENTAIS. ARBITRAMENTO. AUSÊNCIA FUNDAMENTAÇÃO LEGAL NO ANEXO FLD. VÍCIO INSANÁVEL. NULIDADE. A indicação dos dispositivos legais que amparam a Notificação Fiscal de Lançamento de Débito NFLD é requisito essencial à sua validade, e a sua ausência ou fundamentação genérica, especialmente no relatório Fundamentos Legais do DébitoFLD, determina a nulidade do lançamento, por caracterizarse como vício insanável, nos termos do artigo 37 da Lei n° 8.212/91, c/c artigo 11, inciso III, do Decreto n° 70.235/72. RELATÓRIO FISCAL DO NOTIFICAÇÃO. OMISSÕES. O Relatório Fiscal tem por finalidade demonstrar/explicitar de forma clara e precisa todos os procedimentos e critérios utilizados pela fiscalização na constituição do crédito previdenciário, possibilitando ao contribuinte o pleno direito da ampla defesa e contraditório. Omissões ou incorreções no Relatório Fiscal, relativamente aos critérios de apuração do crédito tributário levados a efeito por ocasião do lançamento fiscal, que impossibilitem o exercício pleno do direito de defesa e contraditório do contribuinte, enseja a nulidade da notificação. DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. IMPOSSIBILIDADE SANEAMENTO NOTIFICAÇÃO. É Fl. 230DF CARF MF Impresso em 09/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 17/12 /2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 18/12/2012 por CARLOS ALBERTO MEES STR INGARI 6 defeso à autoridade julgadora de primeira instância, em sua Decisão, complementar o Relatório Fiscal e/ou FLD, trazendo as normas legais e/ou critérios de apuração utilizados pela fiscalização na constituição do crédito previdenciário, que não foram explicitados naqueles anexos, e que deram causa ao cerceamento de defesa do contribuinte. Processo anulado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os Membros da SEXTA CÂMARA do SEGUNDO CONSELHO DE CONTRIBUINTES, por maioria de votos, em anular a NFLD, nos termos do voto divergente. Vencida a conselheira Bemadete de Oliveira Barros. Designado o Conselheiro Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira para redigir o voto vencedor.” DO RECURSO ESPECIAL INTERPOSTO PELA FAZENDA NACIONAL Com fulcro no art. 56, inciso II do Regimento Interno do extinto Conselho de Contribuintes e art. 7 da Câmara Superior de Recursos Fiscais, a ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial, nas fls. 112/125. A União alegou que não há que se falar em prejuízo à defesa quando os fatos narrados e fartamente documentos nos autos amoldamse perfeitamente às infrações imputadas à empresa fiscalizada, não havendo nulidade sem prejuízo. DA DECISÃO DA CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Em razão do conhecimento do recurso interposto pela Fazenda Nacional, a Câmara Superior de Recursos Fiscais – CSRF do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF, prolatou Acórdão em 28 de outubro de 2010, acatando os argumento do então recorrente e afastando a nulidade por suposto prejuízo à defesa, conforme ementada abaixo colacionada. “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/03/2002 a 31/12/2004 De acordo com o princípio pas de nullité sans grief, que na sua tradução literal significa que não há nulidade sem prejuízo, não se declarará a nulidade por vício formal se este não causar prejuízo. Podemos, então, estar diante a uma violação à prescrição legal sem que disso, necessariamente, decorra a nulidade. Como no presente caso, em que o art. 10, IV do Decreto n° 70.235/72 prescreve que o auto de infração conterá obrigatoriamente a disposição legal. Não obstante a existência de vício formal no lançamento, a sua nulidade não deve ser decretada, por ausência de efetivo prejuízo por parte do contribuinte em sua defesa. Fl. 231DF CARF MF Impresso em 09/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 17/12 /2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 18/12/2012 por CARLOS ALBERTO MEES STR INGARI Processo nº 35554.005633/200626 Acórdão n.º 2403001.670 S2C4T3 Fl. 5 7 Não há de se falar em nulidade do lançamento, por não restar configurado o binômio defeitoprejuízo. Recurso especial provido.” DEMAIS INFORMAÇÕES Embargos de Declaração por parte do BANCO ITAÚCARD S.A. nas fls. 154/158 em razão de suposta contradição constante no acórdão do recurso especial. Rejeição dos Embargos de Declaração por não existir irregularidade no acórdão, fl. 166. Requerimento para levantamento de depósito recursal anteriormente efetuado, fl. 182/183 e posterior levantamento na fl. 222. Despacho de encaminhamento datado de 29/03/2012. Distribuição à Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção de Julgamento do CARF para sorteio. Sorteio em 20/06/2012. É o relatório. Fl. 232DF CARF MF Impresso em 09/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 17/12 /2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 18/12/2012 por CARLOS ALBERTO MEES STR INGARI 8 Voto Conselheiro Marcelo Magalhães Peixoto, Relator DA TEMPESTIVIDADE De acordo com o documento de fl. 89, temse que o recurso é tempestivo e reúne os pressupostos de admissibilidade. Portanto, dele tomo conhecimento. DA PRELIMINAR Conforme já ventilado, a preliminar levantada pela Recorrente foi objeto de análise pelo antigo Conselho de Contribuintes e pela Câmara Superior de Recursos Fiscais, tendo sido aplicado o princípio do pas de nullité sans grief, estando, portanto, superada a matéria. DO MÉRITO DO PRÊMIO DE INCENTIVO A base de cálculo das contribuições previdenciárias está contida no art. 28, da Lei n. 8.212/91, ou seja, o salário de contribuição, verbis: “Art. 28. Entendese por saláriodecontribuição: I para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa” Observase que a definição de salário de contribuição tanto para o empregado quanto para o contribuinte individual é ampla, não importando, via de regra, a forma e a que título foi paga, devida ou creditada, se de maneira direta ou indireta, pelo empregador ou terceiro interessado no pagamento ou não, a título de premiação/bonificação ou não. No entanto há exceções contidas no § 9o, do mesmo artigo. Elas compreendem quatro grupos principais: a) pagamentos com caráter indenizatório; b) ressarcimentos de despesas; c) ferramentas de trabalho; e d) retribuições provenientes de terceiros. O pagamento da parcela a título de prêmio é fato incontroverso, vez que a própria Recorrente reconhece o pagamento, questionando, apenas a natureza da verba paga. Fl. 233DF CARF MF Impresso em 09/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 17/12 /2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 18/12/2012 por CARLOS ALBERTO MEES STR INGARI Processo nº 35554.005633/200626 Acórdão n.º 2403001.670 S2C4T3 Fl. 6 9 Ocorre que, da forma como foi paga in casu, não se encaixa em qualquer das modalidades de exceção elencadas na norma supracitada. Ao contrário do que alega a Recorrente, está caracterizada a continuidade da prestação, uma vez que o funcionário, cumpridor de suas metas com periodicidade mensal, assim como se pode verificar no Anexo do AI n. 37.014.3175, fls. 14/19, do processo 35553.005635/200615, objeto do mesmo Mandado de Procedimento Fiscal e distribuído, também, para este Relator, onde constam dezenas de notas fiscais expedidas diariamente. Afora isso, a matéria já foi objeto de diversos julgamentos anteriores por este conselho, conforme se verifica dos acórdãos: 230101.625 — 3ª Câmara/1ª Turma Ordinária, 19 de agosto de 2010, 280300.163 — 3ª Turma Especial, 09 de julho de 2010, 230101.878 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária, 15 de março de 2011, 2401001.796 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária, 14 de abril de 2011 e 230102.065 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária, 12 de maio de 2011. Segue abaixo um dos arestos informados para ilustrar o entendimento do colegiado: REMUNERAÇÃO INDIRETA. SEGURADOS EMPREGADOS E CONTRIBUINTES INDIVIDUAIS. CARTÃO PRÊMIO. Valores pagos indiretamente a empregados e contribuintes individuais por intermédio de prêmio/plano de incentivo são considerados salários de contribuições para a Previdência Social, nos termos do art. 28, incisos I e III, da Lei no 8,212/91. O pagamento de prêmio/plano de incentivo ao empregado por empresas que não se revistam da qualidade de empregador, mas com o consentimento deste, aproveitando a relação de emprego e as oportunidades dai advindas, integra o salário de contribuição. CRÉDITO TRIBUTÁRIO LEGALMENTE CONSTITUÍDO. ART. 142 DO CTN. Crédito tributário deve estar revestido das formalidades legais do art. 142 e § único, e arts, 97 e 114, todos do CIN. A declaração de inconstitucionalidade de lei é prerrogativa outorgada pela Constituição Federal ao Poder Judiciário. Recurso Voluntário Negado Crédito Tributário Mantido. (Acórdão 280300.163 — 3ª Turma Especial, 09 de julho de 2010) Quanto à alegação de que a parcela não é destinada à contraprestação ao trabalho, também não merece guarida uma vez que se trata de remuneração indireta pois sabendo o funcionário de que caso alcance aquela meta que faz parte de suas atividades Fl. 234DF CARF MF Impresso em 09/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 17/12 /2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 18/12/2012 por CARLOS ALBERTO MEES STR INGARI 10 laborativas, será credor daquela parcela. O objeto já foi discutido inclusive pelo Superior Tribunal de Justiça, conforme: PET 6243/SP, Eliana Calmon, REsp 863.244/SP, Min Luiz Fux e REsp 735.866/PE, Min. Teori Albino Zavascki. No tocante a alegação de que a entrega da premiação é feita por empresa terceirizada não merece também acolhimento. Apesar de ser utilizada terceira pessoa estranha à relação trabalhista direta, a verba a título de prêmio é vinculada a remuneração, encargo do empregador. Tanto é que o valor do prêmio é pago pela empregadora, em razão do cumprimento da meta atingida, à empresa interposta, mais a porcentagem contratual, para que assim retorne ao funcionário do empregador. DA ALÍQUOTA A Recorrente impugna a alíquota de 8% ao argumento de que a mesma foi reduzida para 7,65%, nos termos do art. 17, II da Lei n. 9.311/96. Como a Recorrente deixou de apresentar informações à Fiscalização, tais como: a relação discriminando os valores distribuídos, o nome do funcionário premiado, o número do PIS e a competência relativas às notas fiscais/faturas emitidas pela empresa INCENTIVE HOUSE S/A, a Fiscalização arbitrou a alíquota de 8%, nos termos do art. 599 da IN n. 3, de 14 de julho de 2005, vigente à época, verbis: Art. 599. No cálculo da contribuição social previdenciária do segurado empregado incidente sobre a remuneração da mãodeobra indiretamente aferida, aplicase a alíquota mínima, sem limite e sem compensação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira CPMF. Por essa razão, não há como prosperar a alegação da Recorrente. DA INCONSTITUCIONALIDADE Quanto à alegada inconstitucionalidade do adicional de 2,5% que acaso imputadas às instituições financeiras violariam os princípios da igualdade, isonomia, referibilidade, bem como da inexigibilidade da contribuição ao INCRA por violação ao art. 195, I e II e 240 da CF/88, não pode ser tema de discussão por este conselheiro em razão da expressa disposição da Súmula CARF n. 2 e do art. 72, § 4° do RICARF, verbis: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Art. 72. As decisões reiteradas e uniformes do CARF serão consubstanciadas em súmula de observância obrigatória pelos membros do CARF. (...) § 4° As súmulas aprovadas pelos Primeiro, Segundo e Terceiro Conselhos de Contribuintes são de adoção obrigatória pelos membros do CARF. MULTA A multa aplicada teve por base o artigo 35 da Lei 8.212/91, que determinava aplicação de multa que progredia conforme a fase e o decorrer do tempo e que poderia atingir Fl. 235DF CARF MF Impresso em 09/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 17/12 /2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 18/12/2012 por CARLOS ALBERTO MEES STR INGARI Processo nº 35554.005633/200626 Acórdão n.º 2403001.670 S2C4T3 Fl. 7 11 50% na fase administrativa e 100% na fase de execução fiscal. Ocorre que esse artigo foi alterado pela Lei 11.941/2009, que estabelece que os débitos referentes a contribuições não recolhidas no prazo previsto em lei, serão acrescidos de multa de mora nos termos do art. 61, da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, que estabelece multa de 0,33% ao dia, limitada a 20%. Tendo em vista que o artigo 106 do CTN determina a aplicação retroativa da lei quando, tratandose de ato não definitivamente julgado, cominelhe penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática, princípio da retroatividade benigna, impõese o cálculo da multa com base no artigo 61 da Lei 9.430/96 em comparativo com a multa aplicada com base na redação anterior do artigo 35 da Lei 8.212/91 (presente no crédito lançado neste processo), para determinação e prevalência da multa mais benéfica, no momento do pagamento. Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. CONCLUSÃO Do exposto, voto pelo provimento parcial do recurso para determinar o recálculo da multa de mora, de acordo com o disposto no art. 35, caput, da Lei 8.212/91, na redação dada pela Lei 11.941/2009 (art. 61, da Lei no 9.430/96), prevalecendo o valor mais benéfico ao contribuinte. Marcelo Magalhães Peixoto Fl. 236DF CARF MF Impresso em 09/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 17/12 /2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 18/12/2012 por CARLOS ALBERTO MEES STR INGARI
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Numero do processo: 17460.000998/2007-11
Data da sessão: Wed Oct 17 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Mon Jan 07 00:00:00 UTC 2013
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/1999 a 30/04/2003
DECADÊNCIA.
Nos tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo decadencial das Contribuições Previdenciárias é de 05 (cinco) anos, nos termos dos art. 150, § 4º do CTN, quando houver antecipação no pagamento, mesmo que parcial, por força da Súmula Vinculante nº 08, do Supremo Tribunal Federal.
ILEGALIDADE DO SALÁRIO EDUCAÇÃO. INOCORRÊNCIA.
É legítima a incidência do salário educação, vez que previsto desde a promulgação da CF/88 até os dias atuais.
EMPRESAS URBANAS. CONTRIBUIÇÃO PARA O INCRA
É legitima a cobrança da contribuição para o INCRA das empresas urbanas, sendo inclusive desnecessária a vinculação ao sistema de previdência rural.
MATÉRIA CONSTITUCIONAL.
O CARF não se pronuncia sobre matéria tributária constitucional, nos termos da Súmula nº 2 do CARF.
TAXA SELIC. LEGALIDADE
Legalidade da Taxa SELIC nos termos do art. 62-A do Regimento Interno do CARF e da Súmula n. 3 do CARF.
MULTA
Recálculo da multa para que seja aplicada a mais benéfica ao contribuinte por força do art. 106, II, c do CTN.
Numero da decisão: 2403-001.701
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso para nas preliminares reconhecer a decadência referente ao período compreendido entre: 01/1999 a 12/2000, com base no artigo 150 do CTN. No mérito, por maioria de voto, determinar o recálculo da multa de mora de acordo com o disposto no art. 35, caput, da Lei 8.212/91, na redação dada pela Lei 11.941/2009 (art. 61, da Lei no 9.430/96), prevalecendo o valor mais benéfico ao contribuinte. Vencido o conselheiro Paulo Mauricio Pinheiro Monteiro na questão da multa de mora.
Carlos Alberto Mees Stringari - Presidente
Marcelo Magalhães Peixoto - Relator
Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Carlos Alberto Mees Stringari, Carolina Wanderley Landim, Ivacir Julio de Souza, Marcelo Magalhães Peixoto, Paulo Maurício Pinheiro Monteiro, Maria Anselma Coscrato dos Santos.
Nome do relator: MARCELO MAGALHAES PEIXOTO
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/1999 a 30/04/2003 DECADÊNCIA. Nos tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo decadencial das Contribuições Previdenciárias é de 05 (cinco) anos, nos termos dos art. 150, § 4º do CTN, quando houver antecipação no pagamento, mesmo que parcial, por força da Súmula Vinculante nº 08, do Supremo Tribunal Federal. ILEGALIDADE DO SALÁRIO EDUCAÇÃO. INOCORRÊNCIA. É legítima a incidência do salário educação, vez que previsto desde a promulgação da CF/88 até os dias atuais. EMPRESAS URBANAS. CONTRIBUIÇÃO PARA O INCRA É legitima a cobrança da contribuição para o INCRA das empresas urbanas, sendo inclusive desnecessária a vinculação ao sistema de previdência rural. MATÉRIA CONSTITUCIONAL. O CARF não se pronuncia sobre matéria tributária constitucional, nos termos da Súmula nº 2 do CARF. TAXA SELIC. LEGALIDADE Legalidade da Taxa SELIC nos termos do art. 62-A do Regimento Interno do CARF e da Súmula n. 3 do CARF. MULTA Recálculo da multa para que seja aplicada a mais benéfica ao contribuinte por força do art. 106, II, c do CTN.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 12; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1977; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T3 Fl. 2 1 1 S2C4T3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 17460.000998/200711 Recurso nº 000.001 Voluntário Acórdão nº 2403001.701 – 4ª Câmara / 3ª Turma Ordinária Sessão de 17 de outubro de 2012 Matéria CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA Recorrente FIORELLA PRODUTOS TÊXTEIS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/1999 a 30/04/2003 DECADÊNCIA. Nos tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo decadencial das Contribuições Previdenciárias é de 05 (cinco) anos, nos termos dos art. 150, § 4º do CTN, quando houver antecipação no pagamento, mesmo que parcial, por força da Súmula Vinculante nº 08, do Supremo Tribunal Federal. ILEGALIDADE DO SALÁRIO EDUCAÇÃO. INOCORRÊNCIA. É legítima a incidência do salário educação, vez que previsto desde a promulgação da CF/88 até os dias atuais. EMPRESAS URBANAS. CONTRIBUIÇÃO PARA O INCRA É legitima a cobrança da contribuição para o INCRA das empresas urbanas, sendo inclusive desnecessária a vinculação ao sistema de previdência rural. MATÉRIA CONSTITUCIONAL. O CARF não se pronuncia sobre matéria tributária constitucional, nos termos da Súmula nº 2 do CARF. TAXA SELIC. LEGALIDADE Legalidade da Taxa SELIC nos termos do art. 62A do Regimento Interno do CARF e da Súmula n. 3 do CARF. MULTA Recálculo da multa para que seja aplicada a mais benéfica ao contribuinte por força do art. 106, II, “c” do CTN. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 17 46 0. 00 09 98 /2 00 7- 11 Fl. 961DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 17/12 /2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 18/12/2012 por CARLOS ALBERTO MEES STR INGARI 2 ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso para nas preliminares reconhecer a decadência referente ao período compreendido entre: 01/1999 a 12/2000, com base no artigo 150 do CTN. No mérito, por maioria de voto, determinar o recálculo da multa de mora de acordo com o disposto no art. 35, caput, da Lei 8.212/91, na redação dada pela Lei 11.941/2009 (art. 61, da Lei no 9.430/96), prevalecendo o valor mais benéfico ao contribuinte. Vencido o conselheiro Paulo Mauricio Pinheiro Monteiro na questão da multa de mora. Carlos Alberto Mees Stringari Presidente Marcelo Magalhães Peixoto Relator Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Carlos Alberto Mees Stringari, Carolina Wanderley Landim, Ivacir Julio de Souza, Marcelo Magalhães Peixoto, Paulo Maurício Pinheiro Monteiro, Maria Anselma Coscrato dos Santos. Fl. 962DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 17/12 /2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 18/12/2012 por CARLOS ALBERTO MEES STR INGARI Processo nº 17460.000998/200711 Acórdão n.º 2403001.701 S2C4T3 Fl. 3 3 Relatório Tratase de crédito lançado contra o contribuinte acima identificado, por meio da Notificação Fiscal de Lançamento de Débito — NFLD, DEBCAD n° 35.831.1489, cuja notificação ocorreu em 05/01/2006 (fl. 545), no valor de R$ 1.542.559,53 (um milhão, quinhentos e quarenta e dois mil, quinhentos e cinquenta e nove reais e cinquenta e três centavos), em relação às competências: 01/1999 a 04/2003. Segundo o Relatório Fiscal de fls. 190/198, in verbis: “(...) foram levantados débitos relativos a contribuições devidas à Seguridade Social, correspondentes à parte da empresa, financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrentes dos riscos ambientais do trabalho, e as destinadas a terceiros (Salário Educação, Incra, Senai, Sesi e Sebrae) incidentes sobre os fatos geradores das folhas de pagamento de segurados empregados declarados em GFIP, bem como de contribuições relativas a remuneração de contribuintes individuais declarados e não declarados em GFIP, e ainda, débitos relativos a diferenças de acréscimos legais. (...)” DA IMPUGNAÇÃO Inconformada com o lançamento, a empresa contestou a presente NFLD, por meio do instrumento de fls. 551/661. DA DILIGÊNCIA Por meio do Despacho de fls. 691/693 os autos foram baixados em diligência para verificar as competências envolvidas no processo, bem como verificar se os depósitos judiciais são suficientes para suspender a exigibilidade do crédito, nos termos do art. 151, II do CTN. Por meio da petição de fl. 713, c/c os depósitos judiciais de fls. 694/712, a Fiscalização esclarece que os depósitos judiciais não cobrem nem a contribuição descontada dos segurados, assim como que devem ser suprimidas as competências de 12/200 e 13/2001 (levantamento FO 1). DA DECISÃO DA DRJ Após analisar os argumentos da Recorrente, a Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo I, por meio da 13a Turma da DRJ/SPOI, prolatou o Acórdão n° 1616.543 de fls. 793/831, mantendo procedente em parte o lançamento, conforme ementa que abaixo se transcreve, in verbis: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIARIAS Fl. 963DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 17/12 /2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 18/12/2012 por CARLOS ALBERTO MEES STR INGARI 4 Período de apuração: 01/01/1999 a 30/04/2003 Ementa: MULTA MORATÓRIA. JUROS SELIC A interposição de ações judiciais com objetos idênticos aos pedidos administrativamente configura renúncia ao direito de recorrer na esfera administrativa e desistência da impugnação apresentada. Impugnação não conhecida DECADÊNCIA. Ê de 10 (dez) anos o prazo para apuração e constituição do crédito previdenciário. GILRAT Atende à legalidade e à constitucionalidade a contribuição para financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho. INCRA O INCRA corno contribuição de intervenção no domínio econômico é devido por todas as empresas, independente do tipo de atividade. SESI/SENAI As contribuições destinadas ao SESI e SENAI foram expressamente recepcionadas pelo art. 240 da Constituição Federal e incidem sobre as remunerações dos segurados empregados. SEBRAE A contribuição destinada ao SEBRAE tem natureza de contribuição de intervenção no domínio econômico e beneficia todas as empresas, ainda que indiretamente. INCONSTITUCIONALIDADE/ILEGALIDADE Compete exclusivamente ao Poder Judiciário decidir sobre matéria relativa a constitucionalidade /legalidade. RETIFICAÇÃO. Devem ser objeto de exclusão as competências que não estão abrangidas pela ação judicial. Lançamento Procedente em Parte” DO RECURSO Inconformada, a empresa interpôs, tempestivamente, Recurso Voluntário de fls. 847/951, requerendo a reforma do Acórdão da DRJ, com os seguintes argumentos: Fl. 964DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 17/12 /2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 18/12/2012 por CARLOS ALBERTO MEES STR INGARI Processo nº 17460.000998/200711 Acórdão n.º 2403001.701 S2C4T3 Fl. 4 5 Preliminarmente Sustenta ser indevido o depósito recursal. Da Decadência do Lançamento Requer a aplicação do prazo decadencial de 5 (cinco) anos, nos termos do art. 150 e 173 do CTN. Dos Fatos A Recorrente resume a lide. Da Função do Conselho de Recursos Sustenta que o CRPS é competente para afastar leis inconstitucionais ou não válidas. Da Ilegalidade do Salário Educação A Recorrente traz um histórico da legislação brasileira para concluir que a contribuição devida a título de salário educação é inconstitucional. Colaciona jurisprudências para fundamentar o alegado. Da Ilegitimidade da Cobrança de Contribuição ao INCRA Não incide contribuição ao INCRA em relação à empresa que desenvolve atividade exclusivamente urbana, sendo, portanto, ilegal. Traz jurisprudências nesse sentido. Da Inconstitucionalidade da Contribuição para o SEBRAE, SESC e SENAC A Recorrente traz um histórico legislativo, colacionado com jurisprudências, para concluir que as citadas contribuições são inconstitucionais. Do Bis In Idem A cobrança de contribuições para o SEBRAE, SESC e SENAC constitui um bis in idem, vez que tem a mesma regramatriz da contribuição previdenciária. Do Efeito Confiscatório da Multa Aplicada Para a Recorrente caracteriza confisco a multa acima de 20%, nos termos doa RT. 61 da Lei n. 9.430/96. Traz jurisprudência nesse sentido. Da criação e da Finalidade da Taxa SELIC Traz um histórico legislativo, acompanhado de jurisprudências, para concluir ser inconstitucional a taxa Selic. É o relatório. Fl. 965DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 17/12 /2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 18/12/2012 por CARLOS ALBERTO MEES STR INGARI 6 Voto Conselheiro Marcelo Magalhães Peixoto, Relator DA TEMPESTIVIDADE Conforme registro de fl. 957, o recurso é tempestivo e reúne os pressupostos de admissibilidade. Portanto, dele tomo conhecimento. PRELIMINARMENTE DECADÊNCIA O Supremo Tribunal Federal, em Sessão Plenária de 12 de Junho de 2008, aprovou a Súmula Vinculante nº 8, nos seguintes termos: “São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do DecretoLei nº 1.569/1977 e os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário”. Referida Súmula declara inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/91, que impõem o prazo decadencial e prescricional de 10 (dez) anos para as contribuições previdenciárias, o que significa que tais contribuições passam a ter seus respectivos prazos contados em consonância com os artigos 150, § 4º, 173 e 174, do Código Tributário Nacional: CTN Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. (...) § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. (...) Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; De acordo com o art. 103A, da Constituição Federal, a Súmula Vinculante nº 8 vincula toda a Administração Pública, inclusive este Colegiado: Fl. 966DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 17/12 /2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 18/12/2012 por CARLOS ALBERTO MEES STR INGARI Processo nº 17460.000998/200711 Acórdão n.º 2403001.701 S2C4T3 Fl. 5 7 CF/88 Art. 103A. O Supremo Tribunal Federal, poderá, de oficio ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder a sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. In casu, como se trata de contribuições sociais previdenciárias que são tributos sujeitos a lançamento por homologação, contase o prazo decadencial nos termos do art. 150, § 4º do CTN, caso se verifique a antecipação de pagamento (mesmo que parcial) ou, nos termos do art. 173, I, do CTN, quando o pagamento não foi antecipado pelo contribuinte. Nesse diapasão, mister destacar que para que seja aplicado o prazo decadencial nos termos do art. 150, § 4º do CTN, basta que haja a antecipação no pagamento de qualquer Contribuição Previdenciária, ou seja, não é necessária a antecipação em todas as competências. Havendo a antecipação parcial em uma única competência, já se aplica as regras do art. 150, § 4º do CTN. Também é entendimento deste Relator, que a antecipação a título de Contribuição Previdenciária abrange o pagamento para todas as rubricas relacionadas, tais como: destinadas a outras entidades e fundos — Terceiros (Salárioeducação e INCRA), dentre outras. Analisando o Termo de Encerramento da Auditoria Fiscal – TEAF, na fl. 186/188, a Fiscalização destaca que examinou “Comprovantes de Recolhimentos”. Concluise, portanto, que houve recolhimento a título de contribuição previdenciária, fato suficiente para a aplicação da decadência nos termos do art. 150, § 4º do CTN. O período de apuração compreendeu as competências 01/1999 a 04/2003. A notificação ocorreu em 05/01/2006 (fl. 545). Logo, o prazo decadencial ocorreu em relação ao período compreendido entre 01/1999 a 12/2000, nos termos do art. 150, § 4º do CTN, conforme explicado. MÉRITO DO SALÁRIO EDUCAÇÃO A Recorrente pleiteia a declaração da ilegalidade da contribuição destinada ao salário educação. Ocorre que, o Supremo Tribunal Federal já se pronunciou tanto, pela recepção da legislação da contribuição social do salário educação pela Constituição Federal de 1988, como pela constitucionalidade da Lei n° 9.424/1996, in verbis: SÚMULA (STF)N° 732: É CONSTITUCIONAL A COBRANÇA DA CONTRIBUIÇÃO DO SALÁRIO EDUCAÇÃO, SEJA SOB A CARTA DE 1969, SEJA Fl. 967DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 17/12 /2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 18/12/2012 por CARLOS ALBERTO MEES STR INGARI 8 PELA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988, E NO REGIME DA LEI 9424/1996. Logo, improcede o pleito da Recorrente no que se refere ao salárioeducação. DA CONTRIBUIÇÃO AO INCRA Para fundamentar a ilegalidade da contribuição devida ao INCRA, a recorrente tomou por base o antigo entendimento do Colendo STJ. Ocorre que tal entendimento está superado e, conforme a atual jurisprudência, é devida a contribuição ao INCRA, verbis: PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. AÇÃO RESCISÓRIA. CONTRIBUIÇÃO AO INCRA. LEI N. 8.212/91. QUESTÃO INFRACONSTITUCIONAL. MODIFICAÇÃO DE ENTENDIMENTO. APLICAÇÃO DA SÚMULA 343/STF. 1. A ação rescisória foi manejada para desconstituir acórdão que entendeu indevida a contribuição para o INCRA, porquanto teria sido revogada pela Lei n. 8.212/91, entendimento este perfilhado pelo STJ à época de sua prolação. 2. A modificação do referido entendimento aconteceu somente a partir de 2006, quando se conclui que a contribuição destinada ao INCRA não foi extinta, nem pela a Lei n. 7.787/89, nem pela Lei n. 8.212/91, ainda estando em vigor. Tal entendimento foi exarado com o julgamento proferido pela Primeira Seção, nos EREsp 770.451/SC, Rel. Min. Castro Meira, Sessão de 27.9.2006. 3. Com efeito, a mudança de entendimento adotado no Superior Tribunal de Justiça não pode justificar, somente por este motivo, a impugnação por via da ação rescisória. Isso porque, após o trânsito em julgado, a lei beneficia a segurança jurídica em lugar da justiça. O fato de a matéria ter entendimento pacificado, à época, afasta a possibilidade de violação de "literal disposição de lei", ainda que a jurisprudência posteriormente tenhase firmada consoante a pretensão da parte. 4. Cumpre reiterar que tanto o STF quanto o STJ firmaram o entendimento de que a questão referente à exigibilidade da contribuição destinada ao INCRA após a edição das Leis 7.787/89 e 8.212/91 é de cunho infraconstitucional. Precedentes: RE 540.304 AgR, Rel. Min. Cezar Peluso, Segunda Turma, DJe 25/3/2010; AI 612.433 AgR, Rel. Min. Joaquim Barbosa, Segunda Turma, DJe 22/10/2009; REsp 902.349/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Seção, DJe 3/8/2009; AgRg no REsp 597.069/SC, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 25/11/2008. 5. Incide, portanto, a Súmula 343 do STF. A título de reforço, precedentes idênticos: AgRg na AR 4.439/PR, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Seção, julgado em 22.9.2010, DJe 1.10.2010; Fl. 968DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 17/12 /2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 18/12/2012 por CARLOS ALBERTO MEES STR INGARI Processo nº 17460.000998/200711 Acórdão n.º 2403001.701 S2C4T3 Fl. 6 9 AgRg na AR 3.509/PR, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Seção, julgado em 9.8.2006, DJ 25.9.2006, p. 202). Agravo regimental improvido. (AgRg no REsp 1244089/RS, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 26/04/2011, DJe 03/05/2011) (grifo nosso) Nesse diapasão, em 09 de julho de 2009, no julgamento do Proc. n. 37311.010070/200676, a 3a Câmara / 2a Turma Ordinária da Segunda Seção de Julgamento prolatou o Acórdão n. 230200.073, no sentido de ser devida a contribuição destinada ao INCRA, mesmo por empresas urbanas, verbis: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/07/1996 a 31/03/2000, 01/05/2000 a 31/08/2001, 01/12/2001 a 20/12/2001 (...) EMPRESAS URBANAS. CONTRIBUIÇÃO PARA O INCRA. É legitima a cobrança da contribuição para o INCRA das empresas urbanas, sendo inclusive desnecessária a vinculação ao sistema de previdência rural. (...) Recurso Voluntário Provido em Parte (...) ACORDAM os membros da 3a Câmara / 2a Turma Ordinária da Segunda Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, com fundamento nos artigos 150, § 4° e 173, 1 do CTN, acatar a preliminar de decadência de parte do período a que se refere o lançamento para provimento parcial do recurso. Os Conselheiros Edgar Silva Vidal e Manoel Coelho Arruda Junior acompanharam o Relator pelas conclusões entendendo que se aplica o artigo 150, § 4° do CTN para ambos os levantamentos; no mérito, por unanimidade de votos, mantidos os demais valores. (grifo nosso) Portanto, reconhecida a legalidade da contribuição devida ao INCRA, não deve ser reformado o Acórdão da DRJ no que se refere a esse pedido. INCONSTITUCIONALIDADE DA CONTRIBUIÇÃO PARA O SEBRAE, SESC E SENAC A Recorrente alega inconstitucionalidade da contribuição destinada ao SEBRAE, SESC e SENAC. Diante disso, não há o que se pronunciar, posto que o CARF não é competente para se pronunciar sobre matéria constitucional nos termos da Súmula nº 02 do CARF, abaixo transcrita: Fl. 969DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 17/12 /2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 18/12/2012 por CARLOS ALBERTO MEES STR INGARI 10 “O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária”. Por esse mesmo motivo, já se afasta de plano o pronunciamento acerca das alegações de inconstitucionalidade levantadas no Recurso Voluntário, dado o impedimento acolhido pela presente Súmula. DA APLICAÇÃO DA TAXA SELIC A Recorrentes entende como ilegal a incidência de algum índice de atualização monetária superior a 12% ao ano. Ocorre que, nos termos do art. 62A do Regimento Interno do Conselho de Administrativo de Recursos Fiscais – CARF, os julgamentos dos conselheiros estão vinculados aos acórdãos do STF e STJ, quando prolatados nos termos dos arts. 543B e 543C do CPC, verbis: Art. 62A do Regimento Interno do CARF: Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Nesse diapasão, o Colendo STJ já se manifestou acerca da possibilidade de atualização monetária pela Taxa SELIC, nos termos do art. 543C do CPC, verbis: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL SUBMETIDO À SISTEMÁTICA PREVISTA NO ART. 543C DO CPC. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. NÃO OCORRÊNCIA. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. JUROS DE MORA PELA TAXA SELIC. ART. 39, § 4º, DA LEI 9.250/95. PRECEDENTES DESTA CORTE. 1. Não viola o art. 535 do CPC, tampouco nega a prestação jurisdicional, o acórdão que adota fundamentação suficiente para decidir de modo integral a controvérsia. 2. Aplicase a taxa SELIC, a partir de 1º.1.1996, na atualização monetária do indébito tributário, não podendo ser cumulada, porém, com qualquer outro índice, seja de juros ou atualização monetária. 3. Se os pagamentos foram efetuados após 1º.1.1996, o termo inicial para a incidência do acréscimo será o do pagamento indevido; no entanto, havendo pagamentos indevidos anteriores à data de vigência da Lei 9.250/95, a incidência da taxa SELIC terá como termo a quo a data de vigência do diploma legal em tela, ou seja, janeiro de 1996. Esse entendimento prevaleceu na Primeira Seção desta Corte por ocasião do julgamento dos EREsps 291.257/SC, 399.497/SC e 425.709/SC. Fl. 970DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 17/12 /2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 18/12/2012 por CARLOS ALBERTO MEES STR INGARI Processo nº 17460.000998/200711 Acórdão n.º 2403001.701 S2C4T3 Fl. 7 11 4. Recurso especial parcialmente provido. Acórdão sujeito à sistemática prevista no art. 543C do CPC, c/c a Resolução 8/2008 Presidência/STJ. (REsp 1111175/SP, Rel. Ministra DENISE ARRUDA, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 10/06/2009, DJe 01/07/2009) (grifo nosso) Ademais, além do referendo Judicial em sede de Recurso Repetitivo, essa matéria consta na Súmula n. 3 do CARF, verbis: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Portanto, não há que se falar em ilegalidade na aplicação da Taxa SELIC em matéria tributária. MULTA A multa aplicada teve por base o artigo 35 da Lei 8.212/91, que determinava aplicação de multa que progredia conforme a fase e o decorrer do tempo e que poderia atingir 50% na fase administrativa e 100% na fase de execução fiscal. Ocorre que esse artigo foi alterado pela Lei 11.941/2009, que estabelece que os débitos referentes a contribuições não recolhidas no prazo previsto em lei, serão acrescidos de multa de mora nos termos do art. 61, da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, que estabelece multa de 0,33% ao dia, limitada a 20%. Tendo em vista que o artigo 106 do CTN determina a aplicação retroativa da lei quando, tratandose de ato não definitivamente julgado, cominelhe penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática, princípio da retroatividade benigna, impõese o cálculo da multa com base no artigo 61 da Lei 9.430/96 em comparativo com a multa aplicada com base na redação anterior do artigo 35 da Lei 8.212/91 (presente no crédito lançado neste processo), para determinação e prevalência da multa mais benéfica, no momento do pagamento. Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Fl. 971DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 17/12 /2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 18/12/2012 por CARLOS ALBERTO MEES STR INGARI 12 CONCLUSÃO Do exposto, preliminarmente, reconheço a decadência referente ao período compreendido entre: 01/1999 a 12/2000, nos termos do art. 150, § 4º do CTN. No mérito, julgo procedente em parte o recurso para determinar o recálculo da multa de mora de acordo com o disposto no art. 35, caput, da Lei 8.212/91, na redação dada pela Lei 11.941/2009 (art. 61, da Lei no 9.430/96), prevalecendo o valor mais benéfico ao contribuinte. Marcelo Magalhães Peixoto Fl. 972DF CARF MF Impresso em 07/01/2013 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 17/12 /2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 18/12/2012 por CARLOS ALBERTO MEES STR INGARI
score : 1.0
Numero do processo: 17460.000242/2007-63
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 20 00:00:00 UTC 2012
Ementa: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS
Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2006
PREVIDENCIÁRIO. NULIDADE DA NFLD FACE ALEGAÇÃO DE
IMUNIDADE TRIBUTÁRIA. NÃO OCORRÊNCIA.
Não há que se falar em cancelamento da NFLD ou insubsistência do crédito
tributário quando não houver qualquer tipo de vício.
EMPRESAS URBANAS. CONTRIBUIÇÃO PARA O INCRA. NULIDADE
DA NFLD FACE ALEGAÇÃO DE ILEGALIDADE. INOCORRÊNCIA.
É legitima a cobrança da contribuição para o INCRA das empresas urbanas, sendo, inclusive, desnecessária a vinculação ao sistema de previdência rural. ILEGALIDADE DO SALÁRIO EDUCAÇÃO. SESC/SENAC. NULIDADE DA NFLD. INOCORRÊNCIA.
É legítima a incidência do salário educação vez que previsto desde a promulgação da CF/88 até os dias atuais.
MULTA DE MORA.
Recálculo da multa de mora para que seja aplicada a mais benéfica ao contribuinte por força do art. 106, II, “c” do CTN.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 2403-001.418
Decisão: ACORDAM os membros do Colegiado, por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso para que se recalcule a multa de mora, com base com o disposto no art. 35, caput, da Lei 8.212/91, na redação dada pela Lei 11.941/2009 (art. 61, da Lei nº 9.430/96), prevalecendo o valor mais benéfico ao contribuinte. Vencido o conselheiro Paulo Maurício Pinheiro Monteiro na questão da multa de mora
Matéria: Outros imposto e contrib federais adm p/ SRF - ação fiscal
Nome do relator: MARCELO MAGALHAES PEIXOTO
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NULIDADE DA NFLD FACE ALEGAÇÃO DE IMUNIDADE TRIBUTÁRIA. NÃO OCORRÊNCIA. Não há que se falar em cancelamento da NFLD ou insubsistência do crédito tributário quando não houver qualquer tipo de vício. EMPRESAS URBANAS. CONTRIBUIÇÃO PARA O INCRA. NULIDADE DA NFLD FACE ALEGAÇÃO DE ILEGALIDADE. INOCORRÊNCIA. É legitima a cobrança da contribuição para o INCRA das empresas urbanas, sendo, inclusive, desnecessária a vinculação ao sistema de previdência rural. ILEGALIDADE DO SALÁRIO EDUCAÇÃO. SESC/SENAC. NULIDADE DA NFLD. INOCORRÊNCIA. É legítima a incidência do salário educação vez que previsto desde a promulgação da CF/88 até os dias atuais. MULTA DE MORA. Recálculo da multa de mora para que seja aplicada a mais benéfica ao contribuinte por força do art. 106, II, “c” do CTN. Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso para que se recalcule a multa de mora, com base com o disposto no art. 35, caput, da Lei 8.212/91, na redação dada pela Lei 11.941/2009 (art. 61, da Lei nº 9.430/96), prevalecendo o valor mais benéfico ao contribuinte. Vencido o conselheiro Paulo Maurício Pinheiro Monteiro na questão da multa de mora Fl. 344DF CARF MF Impresso em 25/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/07/2012 por LIZONTINA MARIA CAETANO, Assinado digitalmente em 27/07/2 012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por CARLOS ALBERTO MEES STRIN GARI 2 Carlos Alberto Mees Stringari Presidente Marcelo Magalhães Peixoto Relator Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Carlos Alberto Mees Stringari, Cid Marconi Gurgel de Souza, Ivacir Júlio de Souza, Maria Anselma Coscrato dos Santos, Marcelo Magalhães Peixoto e Paulo Maurício Pinheiro Monteiro. Fl. 345DF CARF MF Impresso em 25/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/07/2012 por LIZONTINA MARIA CAETANO, Assinado digitalmente em 27/07/2 012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por CARLOS ALBERTO MEES STRIN GARI Processo nº 17460.000242/200763 Acórdão n.º 2403001.418 S2C4T3 Fl. 369 3 Relatório Tratase de crédito lançado contra o contribuinte acima identificado, através de NFLF n° 37.030.0564, no valor de R$ 832.886,93 (oitocentos e trinta e dois mil, oitocentos oitenta e seis reais e noventa e três centavos), já acrescido de multa e juros, consolidado em 28/03/2007 (fl. 01), cuja notificação ocorreu em 02/04/2007 (fl. 65), correspondente ao período de 01/2005 a 12/2006. Segundo o Relatório Fiscal de fls. 56/58: O presente lançamento é referente à falta de recolhimento sobre as contribuições sociais devidas à Seguridade Social, correspondentes à parte do segurado empregado, da empresa, ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrentes dos riscos ambientais de trabalho, e as destinadas às Entidades Terceiras – Salário Educação, INCRA, SESC e SEBRAE, incidentes sobre a remuneração de segurados empregados. A origem das contribuições devidas é proveniente das remunerações pagas aos empregados, discriminados nas Folhas de Pagamento, no Termo de Rescisão do Contrato de Trabalho e na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social – GFIP. Os documentos analisados foram as Folhas de Pagamento dos Segurados Empregados, Termo de Rescisão do Contrato de Trabalho, recibos de férias, Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social – GFIP e o livro diário nºs 29 do exercício de 2005. Não foi formalizada a representação fiscal para fins penais, por não ter a empresa efetuado o desconto referente à contribuição do segurado empregado. Integram a NFLD: Instruções para o contribuinteIPC; Discriminativo Analítico de Debito — DAD; Discriminativo Sintético do Débito — DSD; Discriminativo Sintético por estabelecimento — DSE, Relatório de Lançamento – RL; Fundamentos legais do débito FLD; Relatório de representantes Legais – REPLEG e Relatórios gerados pelo sistema de auditoria fiscal – SAFIS. DA IMPUGNAÇÃO Inconformada com o lançamento, a Recorrente contestou a presente NFLD, através do instrumento de fls. 70/115, a qual não logrou êxito. DA DECISÃO DA DRJ Após analisar os argumentos da Recorrente, a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão PretoSP, através da 6a Turma da DRJ/RPO, prolatou o Acórdão n° 1417.614 de fls. 168/179, mantendo procedente o lançamento, conforme ementa abaixo: Fl. 346DF CARF MF Impresso em 25/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/07/2012 por LIZONTINA MARIA CAETANO, Assinado digitalmente em 27/07/2 012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por CARLOS ALBERTO MEES STRIN GARI 4 “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS. Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2006 ENTIDADE BENEFICENTE. CUMPRIMENTO DO ARTIGO 55 DA LEI N° 8.212/91. PEDIDO DE RECONHECIMENTO DE ISENÇÃO DA COTA PATRONAL. O art. 195, § 7°, da Constituição Federal, ao dispor sobre a isenção das entidades beneficentes de assistência social, prescreve que os requisitos a serem atendidos por essas entidades devem ser regulados por lei ordinária. A Entidade Beneficente de assistência social que preencha cumulativamente todos os requisitos legais para a concessão do beneficio da isenção das e contribuições à Seguridade Social, deve requerêla junto ao INSS/SRP, sendo que os efeitos, caso deferida, se verificam a partir da data do protocolo do requerimento. CONTRIBUIÇÕES DO EMPREGADO E DA EMPRESA INCIDENTES SOBRE A REMUNERAÇÃO DE SEGURADOS EMPREGADOS. Incide contribuição previdenciária sobre o salário de contribuição dos segurados empregados correspondentes à parte do empregado e da empresa, ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência laborativa decorrentes de riscos ambientais do trabalho, e as destinadas às Entidades Terceiras. SOMENTE A GUIA QUITADA ATÉ A DATA DA CIÊNCIA DA NOTIFICAÇÃO PELO SUJEITO PASSIVO, INCLUSIVE, É CONSIDERADA PARA FINS DE RETIFICAÇÃO. A guia de recolhimento quitada após a ciência da NELD não acarreta a retificação do Lançamento, sendo apropriada posteriormente pelo Setor Competente. Lançamento procedente.” DO RECURSO Inconformada, a empresa interpôs, tempestivamente (fls. 89), Recurso Voluntário (fls. 184/211), requerendo a reforma do Acórdão da DRJ, com os seguintes argumentos, em suma: 1 – Dos Fatos Argui a Recorrente que é uma associação civil, filantrópica e sem fins lucrativos, com mais de 30 (trinta) anos de existência. a Instituição exerce suas atividades como entidade filantrópica, sendo considerada de utilidade pública, uma vez que concede bolsas de estudos às Prefeituras Municipais de várias cidades da região de Jales/SP, dando a Fl. 347DF CARF MF Impresso em 25/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/07/2012 por LIZONTINA MARIA CAETANO, Assinado digitalmente em 27/07/2 012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por CARLOS ALBERTO MEES STRIN GARI Processo nº 17460.000242/200763 Acórdão n.º 2403001.418 S2C4T3 Fl. 370 5 possibilidade a uma gama enorme de pessoas carentes da região a oportunidade de estudar em e frequentarem os cursos superiores oferecidos pela Associação. Suscita que é, desde de 1968, instituída como entidade sem fins lucrativos e há anos encontrase registrada no Conselho Nacional de Assistência Social CNAS (documento em anexo doc. 03, às fls 308/315), também como entidade filantrópica, condição esta que lhe garante o direito líquido e certo de obter a isenção de todos os tributos federais, incluindose as Contribuições Previdenciárias destinadas à Seguridade Social. Também goza de privilégios concedidos com o reconhecimento de utilidade pública municipal, através de lei municipal nº 2048/92, sendo concedido a Imunidade de impostos desde então. 2 Do Direito Da Imunidade Tributária Alegada Inicialmente aduz a Recorrente que possui reconhecimento em todos os níveis da federação como instituição sem fins lucrativos, beneficente de assistência social, o que demonstra seu direito à imunidade disposto no art. 195, § 7º da CF/88. Além do que alega atender às exigências estabelecidas em lei. Diz que ao mencionar “lei” no artigo supra informado, estaria se referindo à Lei Complementar e que apesar de no mesmo artigo constar “isentas”, na verdade sempre se entendeu como “imunes”, pois Imunidade tributária é a limitação imposta pela Constituição à instituição de tributos sobre determinados objetos ou a serem suportados por determinados sujeitos, enquanto que isenção é instituída por Lei Ordinária. De acordo com a Recorrente, os artigos 150, VI, “c” e 109, § 7º da CF/88 condicionam esta imunidade para o legislador infraconstitucional apenas para disciplinar os deveres que seriam instrumentais, normas de conduta, dirigidas ao ente imune, destinadas a fiscalizar o cumprimento pelos beneficiários da imunidade. E isso por força da previsão insculpida no art. 146, II da CF/88. Esses requisitos seriam os do art. 14 do Código Tributário Nacional – CTN, e como a Recorrente preenche todos os requisitos do referido artigo ensejadores do benefício da imunidade tributária não poderia estar sendo cobrada. Argui que mesmo que fosse levado em consideração o que dispõe as Leis ordinárias nºs 8.212/91 e 7.732/98, o que não seria o correto haja vista que as mesmas inovam a norma constitucional vigente, não caberia discussão a respeito de qual a norma aplicável para o reconhecimento da imunidade à AEJA, uma vez que esta atende tanto os requisitos da lei complementar quanto os disciplinados na lei ordinária, já que é entidade beneficente de assistência social, de utilidade pública federal e municipal, portadora do certificado de entidade beneficente de assistência social (CEAS) desde 1995. Por último, salienta a Recorrente que, embora não tenha obtido junto ao INSS seu ato declaratório de isenção, como estabelece o artigo 55, da Lei n.° 8.212, a mesma é entidade imune por previsão expressa do artigo 195, parágrafo 7º da Constituição, haja vista ser possuidora de Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social, título este que exterioriza o direito à imunidade. Fl. 348DF CARF MF Impresso em 25/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/07/2012 por LIZONTINA MARIA CAETANO, Assinado digitalmente em 27/07/2 012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por CARLOS ALBERTO MEES STRIN GARI 6 Dessa feita, é uma entidade imune à luz do artigo 195, parágrafo 7º, da Constituição da República, bem como é cumpridora de TODOS os requisitos, tanto da lei complementar quanto da lei ordinária, inclusive porque, conforme esculpido em seu estatuto social não remunera a seus dirigentes pelo exercício desta função, aplica integralmente seus recursos para manutenção de seus objetivos institucionais, e mantém escrituração de suas receitas e despesas. Da Ilegalidade da Cobrança das Contribuições para Terceiros A Recorrente suscita a ilegalidade da cobrança em torno das contribuições para o sistema “S”, SESC, SESI, SEST, SESCOOP, SENAC, SENAI, SENAT, SENAR, SEBRAE e as contribuições para o INCRA. Alega que, os contribuintes das referidas contribuições são os estabelecimentos comerciais, o que não abarca as empresas cuja atividade seja a exclusiva prestação de serviço, que não tem por objetivo a prática comercial ou mercantil. Ademais, aduz que as referidas entidades do sistema “S” investem os recursos arrecadados de todos os segurados empregados, apenas e tão somente na área do comércio, aplicandoos em atividades e promovendo cursos de aprendizagem, tendo como beneficiários apenas os comerciários, atividade esta que não abrange a da Recorrente. Alega, ainda, que o art. 110 do CTN está sendo ignorado e desprezado por decretoslei que tentam alargar o conceito de empresas comerciais, no sentido de que fossem alcançados por instituições de ensino. Com relação ao INCRA, aduz que a contribuição a tal título só se presta para imóveis rurais, no intuito de fiscalizar e fazer com que tais imóveis cumpram sua função social, não guardando relação com as empresas urbanas. 3 – Do Pedido Ao final requer, a reforma da r. decisão de fls 168/179, a fim que se torne nulo a Notificação Fiscal de Lançamento Débito, em sua integralidade. É o relatório. Fl. 349DF CARF MF Impresso em 25/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/07/2012 por LIZONTINA MARIA CAETANO, Assinado digitalmente em 27/07/2 012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por CARLOS ALBERTO MEES STRIN GARI Processo nº 17460.000242/200763 Acórdão n.º 2403001.418 S2C4T3 Fl. 371 7 Voto Conselheiro Marcelo Magalhães Peixoto, Relator DA TEMPESTIVIDADE Conforme fls. 182 e 184, o recurso é tempestivo e reúne os pressupostos de admissibilidade. Portanto, dele tomo conhecimento. DO MÉRITO DA IMUNIDADE TRIBUTÁRIA ALEGADA Em suas razões, a Recorrente alega, em suma, que sua atividade é imune, nos termos do art. 195, I, § 7o da Constituição Federal, assim como caberia a Lei Complementar regulamentar a matéria, razão pela qual não prosperaria o lançamento. Ocorre que, conforme restará demonstrado, a citada imunidade não é auto aplicável, nem necessita de regulamentação por Lei Complementar e sim Lei Ordinária, verbis: “Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) (...) § 7º São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei.” (grifo nosso) Ou seja, para a empresa ser imune à contribuição previdenciária, não basta que seja “entidades beneficentes de assistência social”, mister se faz que atendam às exigências estabelecidas em Lei Ordinária, pois as matérias reservadas à Lei Complementar são especificadas na Constituição Federal. Nesse diapasão, para que essas entidades sejam imunes à contribuição previdenciária, é necessário atender às exigências contidas no art. 55 da Lei n. 8.212/91, vigente há época, verbis: Art. 55. Fica isenta das contribuições de que tratam os arts. 22 e 23 desta Lei a entidade beneficente de assistência social que atenda aos seguintes requisitos cumulativamente: (Revogado pela Lei nº 12.101, de 2009) I seja reconhecida como de utilidade pública federal e estadual ou do Distrito Federal ou municipal; (Revogado pela Lei nº 12.101, de 2009) Fl. 350DF CARF MF Impresso em 25/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/07/2012 por LIZONTINA MARIA CAETANO, Assinado digitalmente em 27/07/2 012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por CARLOS ALBERTO MEES STRIN GARI 8 II seja portadora do Registro e do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social, fornecidos pelo Conselho Nacional de Assistência Social, renovado a cada três anos; (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.18713, de 2001). (Revogado pela Lei nº 12.101, de 2009) III promova, gratuitamente e em caráter exclusivo, a assistência social beneficente a pessoas carentes, em especial a crianças, adolescentes, idosos e portadores de deficiência; (Redação dada pela Lei nº 9.732, de 1998). (Vide ADIN nº 2.0285) (Revogado pela Lei nº 12.101, de 2009) IV não percebam seus diretores, conselheiros, sócios, instituidores ou benfeitores, remuneração e não usufruam vantagens ou benefícios a qualquer título; (Revogado pela Lei nº 12.101, de 2009) V aplique integralmente o eventual resultado operacional na manutenção e desenvolvimento de seus objetivos institucionais apresentando, anualmente ao órgão do INSS competente, relatório circunstanciado de suas atividades. (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). (Revogado pela Lei nº 12.101, de 2009) § 1º Ressalvados os direitos adquiridos, a isenção de que trata este artigo será requerida ao Instituto Nacional do Seguro SocialINSS, que terá o prazo de 30 (trinta) dias para despachar o pedido. (Revogado pela Lei nº 12.101, de 2009) § 2º A isenção de que trata este artigo não abrange empresa ou entidade que, tendo personalidade jurídica própria, seja mantida por outra que esteja no exercício da isenção. (Revogado pela Lei nº 12.101, de 2009) § 3o Para os fins deste artigo, entendese por assistência social beneficente a prestação gratuita de benefícios e serviços a quem dela necessitar. (Incluído pela Lei nº 9.732, de 1998). (Vide ADIN nº 20285) (Revogado pela Lei nº 12.101, de 2009) § 4o O Instituto Nacional do Seguro Social INSS cancelará a isenção se verificado o descumprimento do disposto neste artigo. (Incluído pela Lei nº 9.732, de 1998). (Vide ADIN nº 20285) (Revogado pela Lei nº 12.101, de 2009) § 5o Considerase também de assistência social beneficente, para os fins deste artigo, a oferta e a efetiva prestação de serviços de pelo menos sessenta por cento ao Sistema Único de Saúde, nos termos do regulamento. (Incluído pela Lei nº 9.732, de 1998). (Vide ADIN nº 20285) (Revogado pela Lei nº 12.101, de 2009) § 6o A inexistência de débitos em relação às contribuições sociais é condição necessária ao deferimento e à manutenção da isenção de que trata este artigo, em observância ao disposto no § 3o do art. 195 da Constituição. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.18713, de 2001). (Revogado pela Lei nº 12.101, de 2009) Analisando os autos, não se verificam atendidas as exigências contidas acima. A Recorrente, inclusive, confirma que não atendeu todas as condições elencadas alhures, verbis: Fl. 351DF CARF MF Impresso em 25/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/07/2012 por LIZONTINA MARIA CAETANO, Assinado digitalmente em 27/07/2 012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por CARLOS ALBERTO MEES STRIN GARI Processo nº 17460.000242/200763 Acórdão n.º 2403001.418 S2C4T3 Fl. 372 9 “65. Apenas a guisa de argumentação, tornase necessário salientar que embora a Recorrente não tenha obtido junto ao INSS seu ato declaratório de isenção, como estabelece o artigo 55, da Lei no 8.212, a mesma é entidade imune por previsão expressa do artigo 195, parágrafo 7o da Constituição, haja vista ser possuidora de Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social, título este que exterioriza o direito à imunidade.” (grifo nosso) Logo, não há como prosperar as alegações da Recorrente, vez que não atendeu às condições para receber o benefício da imunidade. DA OBRIGAÇÃO DO RECOLHIMENTO INDIVIDUAL DO PRESTADOR DE SERVIÇO Em relação às obrigações ao desconto e repasse das contribuições devidas por contribuintes individuais para o SESI SENAI, SESC E SENAC E SEBRAE a MP 222/2004, assim dispõe, verbis: Art. 1º Ao Ministério da Previdência Social compete arrecadar, fiscalizar, lançar e normatizar o recolhimento, em nome do Instituto Nacional do Seguro Social INSS, das contribuições sociais previstas nas alíneas "a", "b" e "c" do parágrafo único do art. 11 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, e das contribuições instituídas a título de substituição, bem como as demais atribuições correlatas e conseqüentes, inclusive as relativas ao contencioso administrativo fiscal, conforme disposto em regulamento. (...) Art. 3º As atribuições de que tratam os arts. 1º e 2º se estendem às contribuições devidas a terceiros, na forma da legislação em vigor, aplicandose em relação a essas contribuições, no que couber, às disposições desta lei. A Lei n. 8.212/91, assim prescreve, verbis: Art. 11. No âmbito federal, o orçamento da Seguridade Social é composto das seguintes receitas: I receitas da União; II receitas das contribuições sociais; III receitas de outras fontes. Parágrafo único. Constituem contribuições sociais: a) as das empresas, incidentes sobre a remuneração paga ou creditada aos segurados a seu serviço; (Vide art. 104 da lei nº 11.196, de 2005) b) as dos empregadores domésticos; Fl. 352DF CARF MF Impresso em 25/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/07/2012 por LIZONTINA MARIA CAETANO, Assinado digitalmente em 27/07/2 012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por CARLOS ALBERTO MEES STRIN GARI 10 c) as dos trabalhadores, incidentes sobre o seu saláriode contribuição; (Vide art. 104 da lei nº 11.196, de 2005) d) as das empresas, incidentes sobre faturamento e lucro; e) as incidentes sobre a receita de concursos de prognósticos. A Contribuição efetuada pelas empresas e entidades equiparadas compreende o valor da contribuição social incidente sobre a folha de pagamento das empresas, da alíquota do seguro de acidentes do trabalho, da parcela referente à primeira comercialização de produtos rurais, da parcela incidente sobre a receita bruta dos espetáculos desportivos, e os acréscimos legais. Inclui também o recolhimento da contribuição social para terceiros (SESC, SENAI, etc), que é posteriormente repassada pelo INSS àquelas entidades. Assim, não há como prosperar a alegação da Recorrente. DA CONTRIBUIÇÃO AO INCRA Para fundamentar a ilegalidade da contribuição devida ao INCRA, a Recorrente tomou por base o antigo entendimento do Colendo STJ. Ocorre que tal entendimento está superado e, conforme a atual jurisprudência é devida a contribuição ao INCRA, verbis: PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. AÇÃO RESCISÓRIA. CONTRIBUIÇÃO AO INCRA. LEI N. 8.212/91. QUESTÃO INFRACONSTITUCIONAL. MODIFICAÇÃO DE ENTENDIMENTO. APLICAÇÃO DA SÚMULA 343/STF. 1. A ação rescisória foi manejada para desconstituir acórdão que entendeu indevida a contribuição para o INCRA, porquanto teria sido revogada pela Lei n. 8.212/91, entendimento este perfilhado pelo STJ à época de sua prolação. 2. A modificação do referido entendimento aconteceu somente a partir de 2006, quando se conclui que a contribuição destinada ao INCRA não foi extinta, nem pela a Lei n. 7.787/89, nem pela Lei n. 8.212/91, ainda estando em vigor. Tal entendimento foi exarado com o julgamento proferido pela Primeira Seção, nos EREsp 770.451/SC, Rel. Min. Castro Meira, Sessão de 27.9.2006. 3. Com efeito, a mudança de entendimento adotado no Superior Tribunal de Justiça não pode justificar, somente por este motivo, a impugnação por via da ação rescisória. Isso porque, após o trânsito em julgado, a lei beneficia a segurança jurídica em lugar da justiça. O fato de a matéria ter entendimento pacificado, à época, afasta a possibilidade de violação de "literal disposição de lei", ainda que a jurisprudência posteriormente tenhase firmada consoante a pretensão da parte. 4. Cumpre reiterar que tanto o STF quanto o STJ firmaram o entendimento de que a questão referente à exigibilidade da contribuição destinada ao INCRA após a edição das Leis 7.787/89 e 8.212/91 é de cunho infraconstitucional. Precedentes: RE 540.304 AgR, Rel. Min. Cezar Peluso, Segunda Turma, DJe 25/3/2010; AI 612.433 AgR, Rel. Min. Joaquim Barbosa, Fl. 353DF CARF MF Impresso em 25/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/07/2012 por LIZONTINA MARIA CAETANO, Assinado digitalmente em 27/07/2 012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por CARLOS ALBERTO MEES STRIN GARI Processo nº 17460.000242/200763 Acórdão n.º 2403001.418 S2C4T3 Fl. 373 11 Segunda Turma, DJe 22/10/2009; REsp 902.349/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Seção, DJe 3/8/2009; AgRg no REsp 597.069/SC, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 25/11/2008. 5. Incide, portanto, a Súmula 343 do STF. A título de reforço, precedentes idênticos: AgRg na AR 4.439/PR, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Seção, julgado em 22.9.2010, DJe 1.10.2010; AgRg na AR 3.509/PR, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Seção, julgado em 9.8.2006, DJ 25.9.2006, p. 202). Agravo regimental improvido. (AgRg no REsp 1244089/RS, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 26/04/2011, DJe 03/05/2011) (grifo nosso) Nesse diapasão, em 09 de julho de 2009, no julgamento do Proc. n. 37311.010070/200676, a 3a Câmara / 2a Turma Ordinária da Segunda Seção de Julgamento prolatou o Acórdão n. 230200.073, no sentido de ser devida a contribuição destinada ao INCRA, mesmo por empresas urbanas, verbis: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/07/1996 a 31/03/2000, 01/05/2000 a 31/08/2001, 01/12/2001 a 20/12/2001 (...) EMPRESAS URBANAS. CONTRIBUIÇÃO PARA O INCRA. É legitima a cobrança da contribuição para o INCRA das empresas urbanas, sendo inclusive desnecessária a vinculação ao sistema de previdência rural. (...) Recurso Voluntário Provido em Parte (...) ACORDAM os membros da 3a Câmara / 2a Turma Ordinária da Segunda Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, com fundamento nos artigos 150, § 4° e 173, 1 do CTN, acatar a preliminar de decadência de parte do período a que se refere o lançamento para provimento parcial do recurso. Os Conselheiros Edgar Silva Vidal e Manoel Coelho Arruda Junior acompanharam o Relator pelas conclusões entendendo que se aplica o artigo 150, § 4° do CTN para ambos os levantamentos; no mérito, por unanimidade de votos, mantidos os demais valores. (grifo nosso) Portanto, reconhecida a legalidade da contribuição devida ao INCRA, não deve ser reformado o Acórdão da DRJ no que tange a esse pedido. Fl. 354DF CARF MF Impresso em 25/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/07/2012 por LIZONTINA MARIA CAETANO, Assinado digitalmente em 27/07/2 012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por CARLOS ALBERTO MEES STRIN GARI 12 CONTRIBUIÇÃO SOCIAL DO SALÁRIOEDUCAÇÃO Em nenhum momento, desde a promulgação da atual Constituição Federal, a contribuição social do salárioeducação deixou de ser exigível. Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal já se pronunciou tanto, pela recepção da legislação da contribuição social do salário educação pela Constituição Federal de 1988, como pela constitucionalidade da Lei n° 9.424/1996: SÚMULA (STF)N° 732: É CONSTITUCIONAL A COBRANÇA DA CONTRIBUIÇÃO DO SALÁRIO EDUCAÇÃO, SEJA SOB A CARTA DE 1969, SEJA PELA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988, E NO REGIME DA LEI 9424/1996. Logo, é improcedente a alegação de que a contribuição social do salário educação é inexigível desde a promulgação da Constituição Federal de 1988. DA MULTA DE MORA A multa de mora aplicada teve por base o artigo 35 da Lei 8.212/91, que determinava aplicação de multa que progredia conforme a fase e o decorrer do tempo e que poderia atingir 50% na fase administrativa e 100% na fase de execução fiscal. Ocorre que esse artigo foi alterado pela Lei 11.941/2009, que estabelece que os débitos referentes a contribuições não recolhidas no prazo previsto em lei, serão acrescidos de multa de mora nos termos do art. 61, da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, que estabelece multa de 0,33% ao dia, limitada a 20%. Tendo em vista que o artigo 106 do CTN determina a aplicação retroativa da lei quando, tratandose de ato não definitivamente julgado, cominelhe penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática, princípio da retroatividade benigna, impõese o cálculo da multa com base no artigo 61 da Lei 9.430/96 em comparativo com a multa aplicada com base na redação anterior do artigo 35 da Lei 8.212/91 (presente no crédito lançado neste processo), para determinação e prevalência da multa mais benéfica, no momento do pagamento. Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Fl. 355DF CARF MF Impresso em 25/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/07/2012 por LIZONTINA MARIA CAETANO, Assinado digitalmente em 27/07/2 012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por CARLOS ALBERTO MEES STRIN GARI Processo nº 17460.000242/200763 Acórdão n.º 2403001.418 S2C4T3 Fl. 374 13 CONCLUSÃO Do exposto, julgo parcialmente procedente o recurso para determinar o recálculo da multa de mora, de acordo com o disposto no art. 35, caput, da Lei 8.212/91, na redação dada pela Lei 11.941/2009 (art. 61, da Lei no 9.430/96), prevalecendo o valor mais benéfico ao contribuinte. Marcelo Magalhães Peixoto Fl. 356DF CARF MF Impresso em 25/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/07/2012 por LIZONTINA MARIA CAETANO, Assinado digitalmente em 27/07/2 012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 16/08/2012 por CARLOS ALBERTO MEES STRIN GARI
score : 1.0
Numero do processo: 16041.000087/2007-53
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 19 00:00:00 UTC 2012
Ementa: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS
Período de apuração: 01/01/1995 a 30/06/2005
PREVIDENCIÁRIO. DECADÊNCIA. ÔNUS DA PROVA. MULTA DE MORA.
Nos tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo decadencial das Contribuições Previdenciárias é de 05 (cinco) anos, nos termos do art. 150, § 4º do CTN, quando houver antecipação no pagamento, mesmo que parcial, por força da Súmula Vinculante nº 08, do Supremo Tribunal Federal.
À Recorrente cabe o ônus de comprovar as alegações de adimplemento das competências lançadas.
Recálculo da multa de mora para que seja aplicada a mais benéfica ao contribuinte por força do art. 106, II, “c” do CTN.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 2403-001.264
Decisão: ACORDAM os membros do Colegiado, nas Preliminares por unanimidade de voto, em dar provimento parcial ao recurso reconhecendo a decadência das competências até 01/1995 a 08/2000, inclusive, com base no art. 150, § 4º do CTN. No mérito, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso para que seja recalculada a multa de mora de acordo com a redação do artigo 35 da Lei 8.212/91, dada pela Lei 11.941/2009, nos termos do art. 61 da Lei n o 9.430, de 27 de dezembro de 1996, fazendo prevalecer a mais benéfica ao contribuinte. Vencido o conselheiro Paulo Maurício Pinheiro Monteiro na questão da multa de mora.
Matéria: Outros imposto e contrib federais adm p/ SRF - ação fiscal
Nome do relator: MARCELO MAGALHAES PEIXOTO
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DECADÊNCIA. ÔNUS DA PROVA. MULTA DE MORA. Nos tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo decadencial das Contribuições Previdenciárias é de 05 (cinco) anos, nos termos do art. 150, § 4º do CTN, quando houver antecipação no pagamento, mesmo que parcial, por força da Súmula Vinculante nº 08, do Supremo Tribunal Federal. À Recorrente cabe o ônus de comprovar as alegações de adimplemento das competências lançadas. Recálculo da multa de mora para que seja aplicada a mais benéfica ao contribuinte por força do art. 106, II, “c” do CTN. Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, nas Preliminares por unanimidade de voto, em dar provimento parcial ao recurso reconhecendo a decadência das competências até 01/1995 a 08/2000, inclusive, com base no art. 150, § 4º do CTN. No mérito, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso para que seja recalculada a multa de mora de acordo com a redação do artigo 35 da Lei 8.212/91, dada pela Lei 11.941/2009, nos termos do art. 61 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, fazendo prevalecer a mais benéfica ao contribuinte. Vencido o conselheiro Paulo Maurício Pinheiro Monteiro na questão da multa de mora. Carlos Alberto Mees Stringari – Presidente Fl. 0DF CARF MF Impresso em 06/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/05/2012 por ANTONIA IRISMAR OLIVEIRA GUIMARA, Assinado digitalmente e m 16/06/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 21/06/2012 por CARLOS ALBERTO M EES STRINGARI 2 Marcelo Magalhães Peixoto – Relator Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Carlos Alberto Mees Stringari, Cid Marconi Gurgel de Souza, Ivacir Júlio de Souza, Maria Anselma Coscrato dos Santos, Marcelo Magalhães Peixoto e Paulo Maurício Pinheiro Monteiro. Fl. 1DF CARF MF Impresso em 06/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/05/2012 por ANTONIA IRISMAR OLIVEIRA GUIMARA, Assinado digitalmente e m 16/06/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 21/06/2012 por CARLOS ALBERTO M EES STRINGARI Processo nº 16041.000087/200753 Acórdão n.º 2403001.264 S2C4T3 Fl. 2 3 Relatório Tratase de Notificação Fiscal de Lançamento de Débito – NFLD (DEBCAD n. 35.766.0358), emitida em 27/09/2005, cuja notificação ocorreu em 29/09/2005 (fl. 1), lavrada em face da NORTRES INDUSTRIA E COMÉRCIO DE MADEIRAS LTDA, no valor de R$ 102.115,15 (cento e dois mil, cento e quinze reais e quinze centavos), relativa às remunerações pagas aos segurados empregados contidas em folhas de pagamento, as declaradas em GFIP – Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social e em Guia de Recolhimento Rescisórios do FGTS e Informações à Previdência Social — GRFP (até 27/09/2001), bem como pagamentos efetuados a Contribuintes Individuais através de recibos (sócios, autônomos e carreteiros) que prestaram serviço à empresa, no período acima mencionado. O período de apuração corresponde às competências: 01/1995 a 06/2005. DA IMPUGNAÇÃO Inconformada com o lançamento, a Recorrente apresentou, tempestivamente, Impugnação de fls. 155/164. DA DILIGÊNCIA Após apresentação da impugnação, a DRJ, na fl. 213, solicitou manifestação da Fiscalização autuante acerca do valor de R$ 1.021,71, referente à competência 05/2001, em relação à possibilidade de recolhimento previdenciário em campo incorreto. DO ATENDIMENTO À DILIGÊNCIA A Fiscalização, em atendimento à diligência, na fl. 215, esclareceu que o valor de R$ 1.021,71, foi lançado indevidamente no campo “atualização Monetária/Juros”, quando o correto seria lançar em “terceiros”. Diante disso, procedeu a retificação da GPS 05/2001, alterando o valor acima para a rubrica “terceiros”, conforme fl. 216. DA DECISÃO DA DRJ Após analisar os argumentos da Recorrente, a 7a Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Brasília (DF) – DRJ/BSA, prolatou o Acórdão n° 0323.256, de fls. 222/228, mantendo procedente em parte o lançamento, conforme ementa que abaixo se transcreve, verbis: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/1995 a 30/06/2005 COMPENSAÇÃO A compensação de contribuições previdenciárias recolhidas indevidamente deve ser efetuada diretamente pelo contribuinte, Fl. 2DF CARF MF Impresso em 06/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/05/2012 por ANTONIA IRISMAR OLIVEIRA GUIMARA, Assinado digitalmente e m 16/06/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 21/06/2012 por CARLOS ALBERTO M EES STRINGARI 4 observandose o prazo prescricional e as condições impostas pelo art. 89 da Lei nº 8.212/91, assim como as demais normas em vigor. ÔNUS DA PROVA Ao contestar fatos geradores declarados em GFIP/GRFP, bem como aqueles apurados em folha de pagamento, cabe ao impugnante o ônus da prova de suas alegações Lançamento Procedente em Parte DO RECURSO Inconformada, a Recorrente interpôs, tempestivamente, Recurso Voluntário de fls. 254/265, com os mesmos argumentos da impugnação, além dos seguintes, em suma: Do Depósito Recursal O STF já declarou a inconstitucionalidade da exigência do depósito prévio para a apresentação do Recurso Voluntário. Preliminarmente A Recorrente reitera os argumentos da impugnação, destacando que seus argumentos e documentos juntados não foram bem analisados pela DRJ. No Mérito Sustenta a Recorrente que a diligência realizada apenas analisou e retificou a competência 05/2001. Ocorre que não se manifestou sobre as outras competências, que são casos análogos. Em relação ao SAT, a Recorrente não está questionando a alíquota aplicada de 3%, vez que está correta, mas a consideração parcial em relação aos valores pagos a título do SAT, por parte da Fiscalização. É o relatório. Fl. 3DF CARF MF Impresso em 06/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/05/2012 por ANTONIA IRISMAR OLIVEIRA GUIMARA, Assinado digitalmente e m 16/06/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 21/06/2012 por CARLOS ALBERTO M EES STRINGARI Processo nº 16041.000087/200753 Acórdão n.º 2403001.264 S2C4T3 Fl. 3 5 Voto Conselheiro Marcelo Magalhães Peixoto DA TEMPESTIVIDADE Conforme registro de fl. 275, o recurso é tempestivo e reúne os pressupostos de admissibilidade. Portanto, dele tomo conhecimento. PRELIMINARMENTE DECADÊNCIA O Supremo Tribunal Federal, em Sessão Plenária de 12 de Junho de 2008, aprovou a Súmula Vinculante nº 8, nos seguintes termos: “São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do DecretoLei nº 1.569/1977 e os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário”. Referida Súmula declara inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/91, que impõem o prazo decadencial e prescricional de 10 (dez) anos para as contribuições previdenciárias, o que significa que tais contribuições passam a ter seus respectivos prazos contados em consonância com os artigos 150, § 4º, 173 e 174, do Código Tributário Nacional: CTN Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. (...) § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. (...) Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; De acordo com o art. 103A, da Constituição Federal, a Súmula Vinculante nº 8 vincula toda a Administração Pública, inclusive este Colegiado: Fl. 4DF CARF MF Impresso em 06/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/05/2012 por ANTONIA IRISMAR OLIVEIRA GUIMARA, Assinado digitalmente e m 16/06/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 21/06/2012 por CARLOS ALBERTO M EES STRINGARI 6 CF/88 Art. 103A. O Supremo Tribunal Federal, poderá, de oficio ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder a sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. In casu, como se trata de contribuições sociais previdenciárias que são tributos sujeitos a lançamento por homologação, contase o prazo decadencial nos termos do art. 150, § 4º do CTN, caso se verifique a antecipação de pagamento (mesmo que parcial) ou, nos termos do art. 173, I, do CTN, quando o pagamento não foi antecipado pelo contribuinte. Nesse diapasão, mister destacar que para que seja aplicado o prazo decadencial nos termos do art. 150, § 4º do CTN, basta que haja a antecipação no pagamento de qualquer Contribuição Previdenciária, ou seja, não é necessária a antecipação em todas as competências. Havendo a antecipação parcial em uma única competência, já se aplica as regras do art. 150, § 4º do CTN. Também é entendimento deste Relator, que a antecipação a título de Contribuição Previdenciária abrange o pagamento para todas as rubricas relacionadas, tais como: destinadas a outras entidades e fundos — Terceiros (Salárioeducação e INCRA), dentre outras. A antecipação no pagamento a título de Contribuição Previdenciária pode ser comprovada através do Discriminativo Analítico de Débito – DAD, constante nas fls. 02/30. Razão pela qual se aplica o prazo decadencial com base no art. 150, § 4º do CTN. O período de apuração compreendeu as competências 01/1995 a 06/2005. A notificação ocorreu em 29/09/2005 (fl. 1). Logo, o prazo decadencial ocorreu em relação ao período compreendido entre 01/1995 a 08/2000, nos termos do art. 150, § 4º do CTN, conforme explicado. A decadência é matéria de ordem pública e deve ser declarada até mesmo de ofício. DO MÉRITO Tratase de Notificação Fiscal de Lançamento de Débito – NFLD, relativa às remunerações pagas aos segurados empregados contidas em folhas de pagamento, as declaradas em GFIP – Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social e em Guia de Recolhimento Rescisórios do FGTS e Informações à Previdência Social — GRFP (até 27/09/2001), bem como pagamentos efetuados a Contribuintes Individuais através de recibos (sócios, autônomos e carreteiros) que prestaram serviço à empresa, no período acima mencionado. A Recorrente, por sua vez, impugna o lançamento aos argumentos, em suma, de ausência de clareza, divergências entre os fatos geradores e o relatório fiscal e desconsideração das GPS apresentadas, principalmente em relação aos pagamentos do SAT. Fl. 5DF CARF MF Impresso em 06/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/05/2012 por ANTONIA IRISMAR OLIVEIRA GUIMARA, Assinado digitalmente e m 16/06/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 21/06/2012 por CARLOS ALBERTO M EES STRINGARI Processo nº 16041.000087/200753 Acórdão n.º 2403001.264 S2C4T3 Fl. 4 7 Ocorre que o lançamento está instruído com todas as informações necessárias para a sua perfeita compreensão. Em contrapartida, a impugnação não está instruída com nenhum elemento probatório necessário para comprovar o alegado pela Recorrente. Explico: Primeiramente, mister destacar que não serão analisados os períodos compreendidos entre 01/1995 a 08/2000, vez que abrangidos pela decadência parcial. Na fl. 187, a Recorrente junta uma GPS comprovando o pagamento de uma GPS no valor de R$ 6.597,90, referente à competência 02/2002. Ocorre que, analisando o Discriminativo Analítico de Débito – DAD, nas fls. 13/14, cumulado com o Discriminativo Sintético de Débito, na fl. 35, não se verifica o lançamento em relação à competência 02/2002. Esse mesmo fato se aplica às competências 04/2002 (fl. 188); 10/2003 (fls. 189/190), 08/2004 (fls. 191/192), 04/2004 (fl. 193). Como se verifica, a Recorrente apenas comprovou períodos decaídos (não analisados), ou períodos em que não houve lançamentos. Diante da ausência de provas do correto adimplemento das competências lançadas, não deve prosperar o Recurso Voluntário. MULTA DE MORA A multa de mora aplicada teve por base o artigo 35 da Lei 8.212/91, que determinava aplicação de multa que progredia conforme a fase e o decorrer do tempo e que poderia atingir 50% na fase administrativa e 100% na fase de execução fiscal. Ocorre que esse artigo foi alterado pela Lei 11.941/2009, que estabelece que os débitos referentes a contribuições não recolhidas no prazo previsto em lei, serão acrescidos de multa de mora nos termos do art. 61, da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, que estabelece multa de 0,33% ao dia, limitada a 20%. Tendo em vista que o artigo 106 do CTN determina a aplicação retroativa da lei quando, tratandose de ato não definitivamente julgado, cominelhe penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática, princípio da retroatividade benigna, impõese o cálculo da multa com base no artigo 61 da Lei 9.430/96 em comparativo com a multa aplicada com base na redação anterior do artigo 35 da Lei 8.212/91 (presente no crédito lançado neste processo), para determinação e prevalência da multa mais benéfica, no momento do pagamento. Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; Fl. 6DF CARF MF Impresso em 06/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/05/2012 por ANTONIA IRISMAR OLIVEIRA GUIMARA, Assinado digitalmente e m 16/06/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 21/06/2012 por CARLOS ALBERTO M EES STRINGARI 8 c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. CONCLUSÃO Do exposto, julgo procedente em parte o recurso para reconhecer a decadência em relação ao período compreendido entre 01/1995 a 08/2000, nos termos do art. 150, § 4º do CTN; assim como para determinar o recálculo da multa de mora, de acordo com o disposto no art. 35, caput, da Lei 8.212/91, na redação dada pela Lei 11.941/2009 (art. 61, da Lei no 9.430/96), prevalecendo o valor mais benéfico ao contribuinte. Marcelo Magalhães Peixoto Fl. 7DF CARF MF Impresso em 06/07/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/05/2012 por ANTONIA IRISMAR OLIVEIRA GUIMARA, Assinado digitalmente e m 16/06/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 21/06/2012 por CARLOS ALBERTO M EES STRINGARI
score : 1.0
Numero do processo: 11330.000853/2007-19
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 14 00:00:00 UTC 2012
Ementa: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS
Período de apuração: 01/03/2000 a 31/01/2006
PREVIDENCIÁRIO. DECADÊNCIA.
Nos tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo decadencial das Contribuições Previdenciárias é de 05 (cinco) anos, nos termos do art. 150, § 4º do CTN, quando houver antecipação no pagamento, mesmo que parcial, por força da Súmula Vinculante nº 08, do Supremo Tribunal Federal.
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. PAGAMENTO A MENOR.
Quando o lançamento estiver perfeitamente constituído, o ônus de comprovar o adimplemento integral da contribuição previdenciária cabe ao contribuinte.
MULTA DE MORA.
Recálculo da multa de mora para que seja aplicada a mais benéfica ao contribuinte por força do art. 106, II, “c” do CTN.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 2403-001.565
Decisão: ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de voto, dar provimento parcial ao recurso, reconhecendo a decadência das competências em relação ao período compreendido entre 03/2000 a 04/2001, nos termos do Art. 150, § 4º do CTN. No mérito, por maioria de voto, dar provimento parcial ao recurso para determinar o recálculo da multa de mora, de acordo com o disposto no art. 35, caput, da Lei 8.212/91, na redação dada pela Lei 11.941/2009 (art. 61, da Lei no 9.430/96), prevalecendo o valor mais benéfico ao contribuinte. Vencido o conselheiro Paulo Maurício Pinheiro Monteiro na questão da multa de mora
Nome do relator: MARCELO MAGALHAES PEIXOTO
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/03/2000 a 31/01/2006 PREVIDENCIÁRIO. DECADÊNCIA. Nos tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo decadencial das Contribuições Previdenciárias é de 05 (cinco) anos, nos termos do art. 150, § 4º do CTN, quando houver antecipação no pagamento, mesmo que parcial, por força da Súmula Vinculante nº 08, do Supremo Tribunal Federal. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. PAGAMENTO A MENOR. Quando o lançamento estiver perfeitamente constituído, o ônus de comprovar o adimplemento integral da contribuição previdenciária cabe ao contribuinte. MULTA DE MORA. Recálculo da multa de mora para que seja aplicada a mais benéfica ao contribuinte por força do art. 106, II, “c” do CTN. Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de voto, dar provimento parcial ao recurso, reconhecendo a decadência das competências em relação ao período compreendido entre 03/2000 a 04/2001, nos termos do Art. 150, § 4º do CTN. No mérito, por maioria de voto, dar provimento parcial ao recurso para determinar o recálculo da multa de mora, de acordo com o disposto no art. 35, caput, da Lei 8.212/91, na redação dada pela Lei 11.941/2009 (art. 61, da Lei no 9.430/96), prevalecendo o valor mais benéfico ao contribuinte. Vencido o conselheiro Paulo Maurício Pinheiro Monteiro na questão da multa de mora Fl. 3163DF CARF MF Impresso em 03/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/09/2012 por CLAUDIA DOLORES ROSA, Assinado digitalmente em 21/09/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 27/09/2012 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGAR I 2 Carlos Alberto Mees Stringari Presidente Marcelo Magalhães Peixoto Relator Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Carlos Alberto Mees Stringari, Ivacir Júlio de Souza, Maria Anselma Coscrato dos Santos, Marcelo Magalhães Peixoto, Paulo Maurício Pinheiro Monteiro e Ewan Teles Aguiar. Fl. 3164DF CARF MF Impresso em 03/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/09/2012 por CLAUDIA DOLORES ROSA, Assinado digitalmente em 21/09/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 27/09/2012 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGAR I Processo nº 11330.000853/200719 Acórdão n.º 2403001.565 S2C4T3 Fl. 190 3 Relatório Tratase de Notificação Fiscal de Lançamento de Débito — NFLD (DEBCAD n° 37.004.4053), consolidada em 04/05/2006 (fl. 2 da numeração digital), cuja notificação ocorreu em 10/05/2006 (fl. 217), no valor de R$ 228.482,86 (duzentos e vinte e oito mil, quatrocentos e oitenta e dois reais e oitenta e seis centavos), referente às contribuições destinadas ao custeio da seguridade social, além das contribuições destinadas a outras entidades e fundos, denominadas “terceiros”. Segundo Relatório Fiscal de fls. 210/212, as contribuições exigidas na NFLD em tela correspondem aos seguintes levantamentos: • Contribuições incidentes sobre remunerações pagas ou creditadas a qualquer título, a seus segurados empregados e contribuintes individuais que lhe prestaram serviço (código de levantamento “FP”); • Contribuição prevista no art. 22, IV da Lei n. 8.212/91, com redação dada pela Lei n. 9.876/99, incodente sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços, relativamente a serviços que lhe são prestados por cooperados por intermédio de cooperativas de trabalho (códigos de levantamento “COP” – valores informados na GFIP e “CO1” – valores pendentes de informação na GFIP). DA IMPUGNAÇÃO Inconformada com o lançamento, a Recorrente contestou a presente Notificação Fiscal de Lançamento de Débito por meio da Impugnação de fls. 222/224 e anexos de fls. 225/1.700. DA DILIGÊNCIA FISCAL Em face da vasta documentação juntada pela Recorrente na Impugnação, os autos foram encaminhados ao AFPS autuante para sua manifestação. Assim se manifestou o AFPS nas fls. 1.717/1.716, em suma: • O lançamento foi preciso, pois teve como base os documentos apresentados pela Recorrente, quais sejam: folhas de pagamento, notas fiscais de serviços prestados por cooperativas e GFIP, essas últimas supostamente erradas face ao crédito apurado; • O AFPS informa que retornou à Recorrente, em diligência fiscal, ocasião em que a intimou a apresentar os livros contábeis relativos ao período em discussão. Como já havia ocorrido durante a ação fiscal e que motivou a lavratura ao auto de infração, novamente a Recorrente deixou de exibir a sua escrituração contábil; Fl. 3165DF CARF MF Impresso em 03/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/09/2012 por CLAUDIA DOLORES ROSA, Assinado digitalmente em 21/09/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 27/09/2012 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGAR I 4 • Acrescenta que, tanto na planilha de fls. 236 como no arrazoado de fls. 237/240, equivocase a Recorrente quando alega imprecisão do lançamento, pois parte do pressuposto que teria pago os valores ali indicados. Contudo, não existe recolhimento em GPS efetuado com o código específico para a contribuição devida pela contratação de cooperativas de trabalho. Logo, todas as GPS apresentadas foram apropriadas de acordo com a ordem de prioridade citada no item 6.5 do Relatório Fiscal; • Assevera que eventual retificação nas competências em que o sujeito passivo alega erro só poderia ocorrer, caso fosse possível a confrontação dos dados das GFIP com a contabilidade; • Reconhece, contudo, os argumentos da Recorrente quanto a necessidade de retificação apenas nas seguintes competência, a saber: • Comp. 13/2003 R$ 128,69 (dedução de salário maternidade); • Comp. 13/2005 R$ 2.121,61 (dedução de salário maternidade); • Finalmente, informa que os recolhimentos efetuados na competência 01/2006, após o encerramento da ação fiscal (e da lavratura da NFLD), não são passíveis de retificação, mas de apropriação direta no credito em exame, a ser efetuado em momento oportuno pelo Serviço de Recuperação de Créditos desta Delegacia. DA DECISÃO DA DRJ Após analisar os argumentos da Recorrente, a Delegacia da Receita Federal Previdenciária RJNorte, prolatou a DecisãoNotificação n° 17.402.4/0333/2006, de fls. 1.718/1.721, mantendo procedente em parte o lançamento, conforme ementa que abaixo se transcreve, verbis: “CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA PRINCIPAL. INADIMPLEMEN,TO. Constatandose o nãorecolhimento, total ou parcial, de contribuições arrecadadas pela Secretaria da Receita Previdenciária, cabe ao AuditorFiscal da Previdência Social efetuar o lançamento do crédito tributário correspondente, bem como promover os devidos ajustes no lançamento, em caso de prova material de fato modificativo. LANÇAMENTO PROCEDENTE EM PARTE” DO RECURSO Inconformada, a Recorrente interpôs, tempestivamente, Recurso Voluntário (fls. 1.755/1.764), requerendo a reforma da Decisão. Após informar que efetuou o depósito no valor de R$ 67.708,08, referente a 30% da exigência fiscal, assim como demonstrar a tempestividade do Recurso, sustenta, em suma: Fl. 3166DF CARF MF Impresso em 03/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/09/2012 por CLAUDIA DOLORES ROSA, Assinado digitalmente em 21/09/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 27/09/2012 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGAR I Processo nº 11330.000853/200719 Acórdão n.º 2403001.565 S2C4T3 Fl. 191 5 Das Preliminares Da prescrição Para a Recorrente a Fiscalização não respeitou o período prescricional, ultrapassando o lapso temporal pertinente. O procedimento iniciou em 10/01/2006 e retroagiu até a competência de 03/2000. Processamento do Recurso com Comprovação do Depósito para Compensação do Débito Sustenta a inconstitucionalidade do art. 126 da Lei n. 8.213/91 que exige o depósito de 30%. Traz jurisprudências nesse sentido. Retificação da Base de Cálculo do Valor da Exigência Fiscal Referente ao Período de 10/05/2006 a 30/10/2007 Sustenta que foi impertinente a correção aplicada pela decisão que corrigiu o valor de R$ 225.693,61, citado na DADR, pág. 21 em 04/05/2006, para R$ 251.736,56, inserido na consulta dados identificadores de processo – CCADPRO, em 30/10/2007. Em decorrência da inexatidão de valores, requer a compensação do débito que vem a ser apurado dele, excluindo o valor de R$ 7.810,36, oriundo da diferença do valor cobrado em 30/10/2007 (R$ 75.520,36), abatendose o valor R$ 67.710,00. A Reforma da Decisão “exoficio” Para a Recorrente, houve cerceamento na sua defesa, uma vez que houve inexatidão material ou equívoca no lançamento, assim como a autoridade fiscal não deferiu o pedido de perícia formulado. Requer, portanto, a aplicação do parágrafo 3o do art. 305 do Decreto n. 3.048/99. Do Efeito Suspensivo A Recorrente, com base no art. 308 do Decreto n. 3.048/99, requer aplicação do efeito suspensivo do recurso; requer o acolhimento total as preliminares arguidas ou, se não for esse o entendimento, que embase o préquestionamento inserido nos pressupostos de impetração de mandado de segurança. Do Mérito A Recorrente sustenta que o Relatório Fiscal da NFLD n. 37.004.4053 não mencionou de forma precisa, clara e objetiva os fatos geradores das contribuições exigidas. A Recorrente entende que efetuou de forma correta o recolhimento, seja por meio de pagamento, seja por meio de compensação, em relação às seguintes competências: 01/2006; 10/2005; 10/2000; 09/2001; 04/2003; 03/2003; 11/2003; 12/2005; 10/2000; 11/2003; 06/2002; 07/2002; 08/2002; 09/2002; 10/2002. Ao final requer a exclusão parcial das competências impugnadas assim como a realização da prova técnica contábil, indicando o perito e formulando quesitos. Fl. 3167DF CARF MF Impresso em 03/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/09/2012 por CLAUDIA DOLORES ROSA, Assinado digitalmente em 21/09/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 27/09/2012 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGAR I 6 É o relatório. Fl. 3168DF CARF MF Impresso em 03/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/09/2012 por CLAUDIA DOLORES ROSA, Assinado digitalmente em 21/09/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 27/09/2012 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGAR I Processo nº 11330.000853/200719 Acórdão n.º 2403001.565 S2C4T3 Fl. 192 7 Voto Conselheiro Marcelo Magalhães Peixoto, Relator DA TEMPESTIVIDADE Conforme registro de fl. 3.162, o recurso é tempestivo e reúne os pressupostos de admissibilidade. Portanto, dele tomo conhecimento. PRELIMINAR DA DECADÊNCIA O Supremo Tribunal Federal, em Sessão Plenária de 12 de Junho de 2008, aprovou a Súmula Vinculante nº 8, nos seguintes termos: “São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do DecretoLei nº 1.569/1977 e os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário”. Referida Súmula declara inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/91, que impõem o prazo decadencial e prescricional de 10 (dez) anos para as contribuições previdenciárias, o que significa que tais contribuições passam a ter seus respectivos prazos contados em consonância com os artigos 150, § 4º, 173 e 174, do Código Tributário Nacional: CTN Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. (...) § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. (...) Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; De acordo com o art. 103A, da Constituição Federal, a Súmula Vinculante nº 8 vincula toda a Administração Pública, inclusive este Colegiado: Fl. 3169DF CARF MF Impresso em 03/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/09/2012 por CLAUDIA DOLORES ROSA, Assinado digitalmente em 21/09/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 27/09/2012 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGAR I 8 CF/88 Art. 103A. O Supremo Tribunal Federal, poderá, de oficio ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder a sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. In casu, como se trata de contribuições sociais previdenciárias que são tributos sujeitos a lançamento por homologação, contase o prazo decadencial nos termos do art. 150, § 4º do CTN, caso se verifique a antecipação de pagamento (mesmo que parcial) ou, nos termos do art. 173, I, do CTN, quando o pagamento não foi antecipado pelo contribuinte. Nesse diapasão, mister destacar que para que seja aplicado o prazo decadencial nos termos do art. 150, § 4º do CTN, basta que haja a antecipação no pagamento de qualquer Contribuição Previdenciária, ou seja, não é necessária a antecipação em todas as competências. Havendo a antecipação parcial em uma única competência, já se aplica as regras do art. 150, § 4º do CTN. Também é entendimento deste Relator, que a antecipação a título de Contribuição Previdenciária abrange o pagamento para todas as rubricas relacionadas, tais como: destinadas a outras entidades e fundos — Terceiros (Salárioeducação e INCRA), dentre outras. Da análise do Discriminativo Analítico de Débito – DAD, constante nas fls. 6/31, verificase que houve recolhimento parcial em quase todas as competências, fato esse suficiente para a aplicação da decadência nos termos do art. 150, § 4º do CTN. O período de apuração corresponde às competências compreendidas entre 03/2000 a 01/2006. A notificação ocorreu em 10/05/2006 (fl. 217). Logo, o prazo decadencial ocorreu em relação ao período compreendido entre 03/2000 a 04/2001, nos termos do art. 150, § 4º do CTN, conforme explicado. Como a decadência é matéria de ordem pública, deve ser declarada de ofício quando verificada. DO MÉRITO DA INCIDÊNCIA DAS CONTRIBUIÇÕS SOBRE AS VIAGENS REALIZADAS POR FAMILIARES DE FUNCIONÁRIOS A Recorrente foi autuada por não ter recolhido de forma integral a contribuição previdenciária em relação às remunerações pagas ou creditadas a seus segurados empregados e contribuintes individuais que lhe prestaram serviços, assim como em relação aos valores pagos a cooperativas de trabalho que lhe prestaram serviços, esses nos termos do art. 22, IV da Lei n. 8.212/91. Em sede de Recurso Voluntário, a Recorrente entende que pagou a contribuição devida em relação as competências a seguir (já excluídas as competências decaídas): 09/2001; 06/2002; 07/2002; 08/2002; 09/2002; 10/2002; 03/2003; 04/2003; 11/2003; 10/2005; 12/2005 e 01/2006. Fl. 3170DF CARF MF Impresso em 03/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/09/2012 por CLAUDIA DOLORES ROSA, Assinado digitalmente em 21/09/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 27/09/2012 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGAR I Processo nº 11330.000853/200719 Acórdão n.º 2403001.565 S2C4T3 Fl. 193 9 Ocorre que, analisando os autos, verificase que a Recorrente, seja na Impugnação, seja no Recurso Voluntário, não apresentou nenhum documento que já não tenha sido analisado pela Fiscalização. No Relatório de Documentos Apresentados – RDA de fls. 72/98, com base na numeração digital, em relação às competências não decaídas, consta todas as GPS que a Fiscalização analisou para fazer o lançamento, assim como no Relatório de Apropriação de Documentos Apresentados – RADA, de fls. 104/127, consta como foram apropriadas as contribuições previdenciárias. Logo, não tendo a Recorrente comprovado que o lançamento contém insubsistências, assim como não tendo comprovado que pagou a contribuição previdenciária devida, não há como prosperar as suas alegações. MULTA DE MORA A multa de mora aplicada teve por base o artigo 35 da Lei 8.212/91, que determinava aplicação de multa que progredia conforme a fase e o decorrer do tempo e que poderia atingir 50% na fase administrativa e 100% na fase de execução fiscal. Ocorre que esse artigo foi alterado pela Lei 11.941/2009, que estabelece que os débitos referentes a contribuições não recolhidas no prazo previsto em lei, serão acrescidos de multa de mora nos termos do art. 61, da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, que estabelece multa de 0,33% ao dia, limitada a 20%. Tendo em vista que o artigo 106 do CTN determina a aplicação retroativa da lei quando, tratandose de ato não definitivamente julgado, cominelhe penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática, princípio da retroatividade benigna, impõese o cálculo da multa com base no artigo 61 da Lei 9.430/96 em comparativo com a multa aplicada com base na redação anterior do artigo 35 da Lei 8.212/91 (presente no crédito lançado neste processo), para determinação e prevalência da multa mais benéfica, no momento do pagamento. Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. CONCLUSÃO Do exposto, preliminarmente, reconheço a decadência em relação ao período compreendido entre 03/2000 a 04/2001, nos termos do art. 150, § 4º do CTN; no mérito dou Fl. 3171DF CARF MF Impresso em 03/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/09/2012 por CLAUDIA DOLORES ROSA, Assinado digitalmente em 21/09/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 27/09/2012 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGAR I 10 provimento parcial para determinar o recálculo da multa de mora, de acordo com o disposto no caput do art. 35 da Lei n. 8.212/91, na redação dada pela Lei n. 11.941/2009 (art. 61, da Lei no 9.430/96), prevalecendo o valor mais benéfico ao contribuinte. Marcelo Magalhães Peixoto Fl. 3172DF CARF MF Impresso em 03/10/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/09/2012 por CLAUDIA DOLORES ROSA, Assinado digitalmente em 21/09/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 27/09/2012 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGAR I
score : 1.0
Numero do processo: 12269.004469/2008-11
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 14 00:00:00 UTC 2012
Ementa: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS
Período de apuração: 01/08/2004 a 30/06/2007
EXCLUSÃO DO SIMPLES. RE 627543. SOBRESTAMENTO.
OCORRÊNCIA.
Ocorrendo uma das situações previstas nos parágrafos 1o e 2o do art. 62-A, deve o processo ficar sobrestado até julgamento do Recurso Extraordinário pelo STF.
Recurso Voluntário Não Conhecido
Numero da decisão: 2403-001.552
Decisão: ACORDAM os membros do Colegiado, por maioria de votos, não conhecer do recurso em razão da Súmula 1 do RICARF. Vencido o conselheiro Paulo Maurício Pinheiro Monteiro.
Nome do relator: MARCELO MAGALHAES PEIXOTO
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RE 627543. SOBRESTAMENTO. OCORRÊNCIA. Ocorrendo uma das situações previstas nos parágrafos 1o e 2o do art. 62A, deve o processo ficar sobrestado até julgamento do Recurso Extraordinário pelo STF. Recurso Voluntário Não Conhecido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por maioria de votos, não conhecer do recurso em razão da Súmula 1 do RICARF. Vencido o conselheiro Paulo Maurício Pinheiro Monteiro. Carlos Alberto Mees Stringari Presidente Marcelo Magalhães Peixoto Relator Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Carlos Alberto Mees Stringari, Ivacir Júlio de Souza, Maria Anselma Coscrato dos Santos, Marcelo Magalhães Peixoto, Paulo Maurício Pinheiro Monteiro e Ewan Teles Aguiar. Fl. 336DF CARF MF Impresso em 27/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/09/2012 por CLAUDIA DOLORES ROSA, Assinado digitalmente em 21/09/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 27/09/2012 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGAR I 2 Relatório Tratase de Auto de Infração – AI nº 37.203.1544 lavrado no valor de R$ 417.670,23 (quatrocentos e dezessete mil, seiscentos e setenta reais e vinte e três centavos), no período de 08/2004 a 06/2007, por ter deixado de recolher Contribuições da empresa sobre o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas aos segurados empregados e contribuintes individuais e contribuições para o financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos de ambientais do trabalho sobre o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas aos segurados empregados. No Relatório Fiscal consta transcrito, in verbis: “Tais créditos foram constituídos em decorrência da exclusão do contribuinte do Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte – SIMPLES, com efeitos a partir de 01/01/2002 pelo ATO DECLARATÓRIO EXECUTIVO DRF/POA nº123, de 05/06/2007. O fato gerador da obrigação previdenciária foi levantado com base na remuneração dos segurados empregados e contribuintes individuais, lançados nas folhas de pagamento. Foram apropriadas as DARFs do SIMPLES, com código da Receita "6106", nas competências 01/2005 a 07/2005, 09/2005, 09/2006 e 03/2007, após confirmados seus lançamentos na Contabilidade do Contribuinte . Os valores aproveitados para dedução foram aqueles relativos ao percentual apropriado para o INSS nas respectivas Guias, conforme Planilha Guias dos Simples Deduzidas.” À infração foi aplicada juros, multa de mora e multa de ofício. DA IMPUGNAÇÃO Inconformada com o lançamento, a empresa contestou o presente auto de infração através do instrumento de fls. 79/87. DA DECISÃO DA DRJ Após analisar os argumentos da Recorrente, a 6ª turma da Delegacia da Receita do Brasil de julgamento em Porto AlegreRS, prolatou o ACÓRDÃO N° 1031.315, de fls. 227/232, mantendo procedente lançamento, conforme ementa que abaixo se transcreve, verbis: “ASSUNTO: CONTRIBUICOES SOCIAIS PREVIDENCIARIAS Período de apuração: 01/08/2004 a 30/06/2007 AI DEBCAD n° 37.203.1501 AUTO DE INFRACAO. OBRIGACAO PRINCIPAL. EXCLUSAO DO SIMPLES. CERCEAMENTO DE DEFESA. ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE E ILEGALIDADE. GILRAT. ACRESCIMOS LEGAIS. Fl. 337DF CARF MF Impresso em 27/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/09/2012 por CLAUDIA DOLORES ROSA, Assinado digitalmente em 21/09/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 27/09/2012 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGAR I Processo nº 12269.004469/200811 Acórdão n.º 2403001.552 S2C4T3 Fl. 2 3 O contribuinte esta sujeito às normas de tributação aplicáveis as demais pessoas jurídicas a partir do período em que se processarem os efeitos da exclusão do Simples. Não há que se falar em cerceamento de defesa quando o procedimento fiscal obedece ao princípio da legalidade, sendo prestadas todas as informações necessárias ao sujeito passivo, possibilitando que este exerça plenamente o seu direito a defesa. Não cabe a instância administrativa pronunciarse acerca da legalidade e/ou da constitucionalidade das normas inseridas no ordenamento jurídico. A cobrança da contribuição para o financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho tem previsão na Lei n° 8.212/1991, que definiu todos os elementos necessários à sua exigência. As contribuições sociais pagas com atraso ficam sujeitas a juros e multa, ambos de caráter irrelevável. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido” DO RECURSO Inconformada, a empresa interpôs, tempestivamente, Recurso Voluntário de fls. 244/250, requerendo a reforma total do Acórdão da DRJ, com os seguintes argumentos: Preliminar de suspensão do processo A recorrente lança preliminar de suspensão do processo em face de existir processo judicial de matéria idêntica da travada nos autos aguardando julgamento no STF, qual seja a manutenção no regime do simples nacional. Alega o processo estar jub judice no STF através do RE 637277, aguardando reconhecimento em sede de repercussão geral do processo nº 627543. Que caso seja julgado procedente, cairá por terra à impugnação proposta e solucionará a lide. Empresa do simples Alega a empresa que preencheu a GFIP como optante do simples por não ter ciência que havia sido excluído de tal regime tributário e dessa forma teria sido violado os princípios da ampla defesa e contraditório, bem como do devido processo legal. A recorrente acrescenta que a fundamentação da autuação não esclarece o porquê da exclusão da empresa do regime do SIMPLES, apenas mencionando “pendências não resolvidas”, bem como não haveria ocorrido a discriminação dos débitos ensejadores da exclusão do referido regime. Multa confiscatória Que pelo que se verifica foi aplicada multa não razoável, desproporcional ao ato infringido, capaz de prejudicar a capacidade econômica e financeira da Recorrente. Que é vedado o confisco pela Constituição Federal em seu art. 150, IV, ou seja, inconstitucional. Fl. 338DF CARF MF Impresso em 27/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/09/2012 por CLAUDIA DOLORES ROSA, Assinado digitalmente em 21/09/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 27/09/2012 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGAR I 4 Traz decisão do STF sobre a relevação ou redução da multa, quando esta assumir efeito confiscatório. Alega que o valor acrescido pelas multas é excessivamente oneroso e que poderia haver a redução desde que demonstrado a desproporcionalidade entre a penalidade aplicada e sua consequência jurídica. Assim evidencia o princípio da proporcionalidade ante à vedação do confisco. Do Pedido Requer seja dado provimento o recurso para julgar improcedente o auto de infração em sua totalidade, ou, ao menos para reduzir o percentual de multa aplicada. É o relatório. Fl. 339DF CARF MF Impresso em 27/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/09/2012 por CLAUDIA DOLORES ROSA, Assinado digitalmente em 21/09/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 27/09/2012 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGAR I Processo nº 12269.004469/200811 Acórdão n.º 2403001.552 S2C4T3 Fl. 3 5 Voto Conselheiro Marcelo Magalhães Peixoto, Relator DA TEMPESTIVIDADE Conforme fls. 242 e 244 o Recurso Voluntário é tempestivo e reúne os pressupostos de admissibilidade. Portanto, dele tomo conhecimento. PRELIMINARMENTE Em sede preliminar a Recorrente requer a suspensão do feito ao argumento de que a questão relativa ao Simples Nacional está sendo discutida no STF por meio do RE 637277, atualmente suspenso em face do reconhecimento da Repercussão Geral da matéria no RE 627543. Consultando o RE 627543, que teve reconhecida a sua Repercussão Geral pelo STF, verificase a seguinte ementa verbis: EMENTA TRIBUTÁRIO. MICROEMPRESA E EMPRESA DE PEQUENO PORTE TRATAMENTO DIFERENCIADO. SIMPLES NACIONAL. ADESÃO DÉBITOS FISCAIS PENDENTES LC nº 123/06. A controvérsia relativa à constitucionalidade das normas contidas no inciso V do artigo 17 da LC nº 123/06 as quais impedem o recolhimento de impostos e contribuições na forma do Simples Nacional a microempresa ou empresa de pequeno porte que possua débito com o Instituto do Seguro Social (INSS) ou com as fazendas públicas federal, estadual ou municipal, cuja exigibilidade não esteja suspensa possui densidade constitucional e extrapola os limites subjetivos das partes. Existência de repercussão geral.(RE 627543 RG, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, julgado em 03/02/2011, DJe117 DIVULG 17062011 PUBLIC 2006 2011 EMENT VOL0254702 PP00187) O RE 637277, que foi a ação interposta pela Recorrente, foi devolvida pelo STF nos termos do art. 543B do CPC, em face da análise da Repercussão Geral do RE 627543. No que se refere ao sobrestamento, mister se faz que sejam observados os preceitos contidos no § 1o do art. 62A do RICARF, verbis: Art. 62A. (...) § 1º Ficarão sobrestados os julgamentos dos recursos sempre que o STF também sobrestar o julgamento dos recursos extraordinários da mesma matéria, até que seja proferida decisão nos termos do art. 543B. § 2º O sobrestamento de que trata o § 1º será feito de ofício pelo relator ou por provocação das partes. Fl. 340DF CARF MF Impresso em 27/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/09/2012 por CLAUDIA DOLORES ROSA, Assinado digitalmente em 21/09/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 27/09/2012 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGAR I 6 Logo, restou comprovada que a matéria é a mesma, razão pela qual, o processo em tela deve ficar sobrestado até o julgamento do RE 627543. CONCLUSÃO Do exposto, voto pelo sobrestamento do processo até o julgamento do RE 627543 pelo Supremo Tribunal Federal – STF. Marcelo Magalhães Peixoto Fl. 341DF CARF MF Impresso em 27/09/2012 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/09/2012 por CLAUDIA DOLORES ROSA, Assinado digitalmente em 21/09/2012 por MARCELO MAGALHAES PEIXOTO, Assinado digitalmente em 27/09/2012 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGAR I
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