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Turma- 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (229)
- 2ª SEÇÃO (229)
Numero do processo: 13888.001125/2008-26
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Jan 30 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri Mar 01 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/02/2004 a 31/12/2004
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO ESPECIAL. DESATENDIMENTO DE PRESSUPOSTO. NÃO CONHECIMENTO.
Não se conhece de Recurso Especial de Divergência quando não resta demonstrado o alegado dissídio jurisprudencial, tendo em vista a ausência de similitude fática entre os acórdãos recorrido e paradigmas.
Numero da decisão: 9202-007.498
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial.
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Mário Pereira de Pinho Filho Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Luciana Matos Pereira Barbosa (suplente convocada), Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (Relator), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício). Ausente a conselheira Patrícia da Silva, substituída pela conselheira Luciana Matos Pereira Barbosa.
Nome do relator: MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO
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RECURSO ESPECIAL. DESATENDIMENTO DE PRESSUPOSTO. NÃO CONHECIMENTO. Não se conhece de Recurso Especial de Divergência quando não resta demonstrado o alegado dissídio jurisprudencial, tendo em vista a ausência de similitude fática entre os acórdãos recorrido e paradigmas. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho – Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Luciana Matos Pereira Barbosa (suplente convocada), Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (Relator), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício). Ausente a conselheira Patrícia da Silva, substituída pela conselheira Luciana Matos Pereira Barbosa. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 8. 00 11 25 /2 00 8- 26 Fl. 215DF CARF MF 2 Relatório Tratase de Notificação Fiscal de Lançamento de Débito – NFLD (Debcad nº 37.142.0849) relativa a contribuições sociais, correspondente à parte dos empregados e parte da empresa, inclusive a destinada ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho – RAT, além das destinadas aos terceiros (Salário Educação, INCRA, SENAI, SESI, SEBRAE), incidente sobre bolsas de estudo e cestas básicas distribuídas aos segurados empregados. Em sessão plenária de 19/04/2012, foi julgado o Recurso Voluntário, prolatandose o Acórdão nº 280301.517 (fls. 131 a 137), assim ementado: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 02/2004 a 12/2004 FORNECIMENTO DE ALIMENTAÇÃO IN NATURA SEM ADESÃO AO PAT – NÃO INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO O valor referente ao fornecimento de alimentação in natura aos empregados, sem a adesão ao programa de alimentação aprovado pelo Ministério do Trabalho PAT, não integra o salário de contribuição por possuir natureza indenizatória, conforme parecer PGFN/CRJ/Nº 2117 /2011 aprovado pelo Exmo Sr Ministro da Fazenda. BOLSAS DE ESTUDO DE GRADUAÇÃO E PÓS GRADUAÇÃO. BASE DE CÁLCULO. INAPLICABILIDADE O pagamento de bolsas de estudo de graduação e pósgraduação enquadrase na exceção legal prevista na alínea “t”do § 9° do art. 28 da lei 8.212/91, não se constituindo em salário de contribuição. Recurso Voluntário Provido O processo foi encaminhado à PGFN em 28/05/2012 (Despacho de Encaminhamento de fl. 139) e, em 28/05/2012, foi interposto o Recurso Especial de fls. 140/154 (Despacho de Encaminhamento de fl. 191), com fundamento no art. 67, do Anexo II, do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/2009, visando rediscutir a matéria “fornecimento de alimentação in natura, sem adesão ao PAT”. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme o Despacho nº 2300 610/2013, datado de 18/09/2013 (fls. 193 a 195). A Fazenda Nacional apresenta os seguintes argumentos: o presente apelo objetiva esclarecer que os valores fornecidos em pecúnia aos empregados a título de auxílioalimentação integram o saláriode contribuição, já que pagos em desacordo com o Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT); de acordo com o previsto no art. 28 da Lei nº 8.212/91, para o segurado empregado entendese por saláriodecontribuição a totalidade dos rendimentos destinados a retribuir o trabalho, incluindo nesse conceito os ganhos habituais sob a forma de utilidades; Fl. 216DF CARF MF Processo nº 13888.001125/200826 Acórdão n.º 9202007.498 CSRFT2 Fl. 3 3 a recompensa em virtude de um contrato de trabalho está no campo de incidência de contribuições sociais. Porém, existem parcelas que, apesar de estarem no campo de incidência, não se sujeitam às contribuições previdenciárias, seja por sua natureza indenizatória ou assistencial, tais verbas estão arroladas no art. 28, § 9º da Lei n ° 8.212/1991; conforme disposto na alínea “c”, do § 9º, do art. 28, da Lei nº 8.212/91, o legislador ordinário expressamente excluiu do saláriodecontribuição a parcela “in natura” recebida de acordo com os programas de alimentação aprovados pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social, nos termos da Lei nº 6.321/1976; para fins de beneficiarse da não incidência da contribuição previdenciária, deve o contribuinte satisfazer determinados requisitos exigidos na legislação de regência, dentre eles a comprovação da participação em programa de alimentação aprovado pelo Ministério do Trabalho, mediante a sua inscrição no PAT, o que não foi cumprido pelo contribuinte; inexistindo comprovação de participação do contribuinte no PAT, é inequívoco que a verba paga a título de auxílioalimentação não está incluída na hipótese legal de isenção, prevista na alínea “c”, § 9º, art. 28, da Lei nº 8.212/1991; ainda que o contribuinte estivesse regularmente inscrito no PAT, outro requisito que deve ser observado: que o auxílioalimentação seja pago “in natura”, de acordo com a expressa disposição do art. 28, da Lei nº 8.212/1991 e 3º, da Lei nº 6.321/76; o PAT não admite o fornecimento do auxílioalimentação em pecúnia, consoante se depreende do art. 4º, do Decreto nº 5/1991 que regulamenta o programa; a alimentação em pecúnia não constitui qualquer das modalidades de fornecimento estabelecida no PAT; a isenção é uma das modalidades de exclusão do crédito tributário, e dessa forma, interpretase literalmente a legislação que disponha sobre esse benefício fiscal, conforme prevê o CTN em seu artigo 111, I; ao se admitir a não incidência da contribuição previdenciária sobre tal verba, paga aos segurados empregados em afronta aos dispositivos legais que regulam a matéria, teria que ser dada interpretação extensiva ao art. 28, § 9º, e seus incisos, da Lei nº 8.212/1991, o que vai de encontro com a legislação tributária; onde o legislador não dispôs de forma expressa, não pode o aplicador da lei estender a interpretação, sob pena de se violar os princípios da reserva legal e da isonomia; caso o legislador tivesse desejado excluir da incidência de contribuições previdenciárias a parcela paga em pecúnia referente ao auxílioalimentação teria feito menção expressa na legislação previdenciária, mas, ao contrário, fez menção expressa de que apenas a parcela paga “in natura” não integra o saláriodecontribuição; a Lei n ° 10.243/01 alterou a CLT, mas não interferiu na legislação previdenciária, pois esta é específica; Fl. 217DF CARF MF 4 o art. 458 da CLT referese ao salário para efeitos trabalhistas, para incidência de contribuições previdenciárias há o conceito de saláriode contribuição, com definição própria e possuindo parcelas integrantes e não integrantes; as parcelas não integrantes estão elencadas exaustivamente no art. 28, § 9º da Lei n ° 8.212/91; a prova mais robusta de que a verba para efeito previdenciário não coincide com a verba para incidência de direitos trabalhistas, é fornecida pela própria Constituição Federal; conforme o art. 195, § 11 da Carta Magna, os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, serão incorporados ao salário para efeito de contribuição previdenciária e consequente repercussão em benefícios, nos casos e na forma da lei; pela singela leitura do texto constitucional é possível afirmar que para efeitos previdenciários foi alargado o conceito de salário; não havendo dispensa legal para incidência de contribuições previdenciárias sobre tais verbas, no período objeto do presente lançamento, deve persistir o lançamento; Cientificada do acórdão, do Recurso Especial da Procuradoria e do despacho que lhe deu seguimento em 18/03/2015 (Aviso de Recebimento AR de fl. 215), o Contribuinte, em 23/03/2015 ofereceu as Contrarrazões de fls. 200 a 210, alegando, em síntese, o que segue: o número do processo referido no Recurso Especial da Fazenda Nacional é diferente daquele atribuído aos presentes auto; o recurso é interposto contra a Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal e, no presente feito, a requerida é a empresa Harpex Artfatos de Madeira LTDA; a recorrente sustenta que não se conforma com o acórdão que foi prolatado as fls. 295/300 dos presentes autos. Ocorre que este processo não tem as folhas apontadas, sendo que o acórdão foi prolatado as fls. 131/137; o recurso é parcialmente equivocado no que se refere a duas informações que são passadas para os julgadores: · sustenta a recorrente que somente a entrega de produtos in natura é que autoriza a isenção pretendida (junta inclusive decisões do Superior Tribunal de Justiça neste sentido); · sustenta ainda que a requerida não era inscrita no PAT; salientase que a empresa autuada, entrega aos empregados exatamente os alimentos in natura, no caso cestas básicas, então a informação passada pela recorrente está totalmente equivocada e divorciada das provas dos autos; a empresa autuada era sim anteriormente inscrita no PAT, mas por falha dos departamentos daquela quando da fiscalização tinham esquecido de renovar a inscrição, que foi obrigatório até o ano de 2000, quando a inscrição passou a ser feita uma única vez; no recurso da fazenda Nacional argumentase que, conforme decisões reiteradas e pacificas do STJ, somente no caso de entrega de alimento in natura é que seria passível de isenção a empresa autuada e junta uma série de decisões do STJ; Fl. 218DF CARF MF Processo nº 13888.001125/200826 Acórdão n.º 9202007.498 CSRFT2 Fl. 4 5 o posicionamento da recorrente converge exatamente para a realidade dos fatos, pois como dito anteriormente a empresa autuada entregava exatamente alimentos in natura aos empregados; a tese apresentada pela recorrente ó favorável à empresa autuada, afastando o interesse da fazenda em recorrer em face dos argumentos apresentados; A lei n° 6.321/1976 instituiu o PAT, sendo que tal norma foi regulamentada pelo Decreto n° 05 de 14/01/1991; pela ausência de cadastro junto ao PAT por um determinado período, entendeu a agente fiscalizadora que a cestas básicas entregues sempre in natura aos trabalhadores, passariam a ter natureza tributável, circunstância não autorizada pela lei; a norma acima determina que poderá ocorrer a perda do incentivo fiscal e a aplicação das penalidades cabíveis, assim as multas já foram aplicadas na DEBCAD 37.142.0857, e a perda do incentivo fiscal, se refere ao direito de dedução no imposto de renda, não quanto a eventual alteração da natureza jurídica e tributária dos alimentos in natura fornecidos ao empregado; A grande diferença é que existem empresas que nunca forma filiadas ao PAT e outras que eram filiadas e por falha administrativa não efetuaram a renovação anualmente; esta segunda condição é a que se enquadra a empresa autuada, ou seja, estava devidamente inscrita no PAT já há muitos anos e por uma falha administrativa de seus empregados esqueceu de renovar a inscrição, o que para a justiça é uma falha administrativa passível de reparo, que não importa na isenção do benefício; neste sentido os tribunais têm decidido que o pagamento de cesta básica in natura ao empregado, não importa em aplicação de contribuição previdenciária sobre tais parcelas; somente poderíamos debater a possibilidade de integração de tal verba na contribuição previdenciária, se ocorresse a ausência de filiação/cadastro ao PAT e o pagamento de tal verba fosse efetuada em dinheiro o que não é o caso. Reproduz jurisprudência; conforme pode ser verificado na normalização vigente desde 1999 a exigência de renovação anual acabou por força da Portaria Interministerial n° 5, de 30 de novembro de 1999, alterada pela portaria ministerial n°. 70 de 22/07/2008; a própria norma administrativa entendeu que a renovação anual era uma exigência despropositada, revendo seu posicionamento anterior, a recorrida foi beneficiada pela norma revista que isentava a empresa de renovar a inscrição no PAT novamente; Requer, por fim, a manutenção da decisão a quo. Fl. 219DF CARF MF 6 Voto Conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho Relator O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo, restando perquirir se atende aos demais pressupostos de admissibilidade. Conforme relatado, temse NFLD relativa a exigência de contribuições sociais, correspondente à parte dos empregados e da empresa, inclusive a destinada ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho – RAT, além das destinadas aos terceiros (Salário Educação, INCRA, SENAI, SESI, SEBRAE), incidente sobre bolsas de estudo e cestas básicas distribuídas aos segurados empregados. Contudo, a matéria trazida à apreciação deste Colegiado cingese à incidência de referidas contribuições, quando descumprido o requisito legal de inscrição do sujeito passivo no Programa de Alimentação do Trabalhador PAT. Primeiramente, importa salientar que erros meramente formais identificados no apelo (número do processo, nome da empresa, número das folhas do acórdão recorrido ou outros do gênero) por não importar em prejuízo ao contribuinte ou mesmo ao exame das alegações recursais, a meu ver, não constituem óbice a seu conhecimento. De outra parte, no acórdão recorrido, deuse provimento ao Recurso Voluntário ao argumento de que o valor referente ao fornecimento de alimentação in natura aos empregados, sem a adesão ao programa de alimentação aprovado pelo Ministério do Trabalho, não integra o salário de contribuição por possuir natureza indenizatória, conforme Parecer PGFN/CRJ/Nº 2117/2011, aprovado pelo Ministro da Fazenda. A Fazenda Nacional, por sua vez, requer seja conhecido e provido o presente Recurso Especial, para reformar o acórdão recorrido e restaurar o inteiro teor da decisão de primeira instância administrativa, visto que os valores fornecidos em pecúnia aos empregados, a título de auxílioalimentação, integram o saláriodecontribuição, já que pagos em desacordo com o PAT. Em sede de Contrarrazões, oferecidas tempestivamente, a contribuinte recorre a jurisprudência STJ que entende não incidir contribuições previdenciárias em relação ao auxílio alimentação pago in natura. Antes de proceder à análise dos paradigmas, importa salientar que estamos diante de Recurso Especial de Divergência, e que esta somente se caracteriza quando, perante situações fáticas similares, são adotadas soluções diversas, em face do mesmo arcabouço jurídiconormativo. Feitas essa breves considerações, afigurase necessário esclarecer que, no caso do acórdão recorrido, o recurso voluntário foi provido tendo em vista que, mesmo sem adesão ao PAT, a empresa forneceu aos segurados empregados alimentação in natura, ou seja, cestas básicas. Esse fato é corroborado pelo Relatório Fiscal (fls. 33/35) o qual esclarece: 5.2. Contribuições devidas sobre o salário in natura, cestas básicas, fornecidas aos empregados no período 09/2004 a Fl. 220DF CARF MF Processo nº 13888.001125/200826 Acórdão n.º 9202007.498 CSRFT2 Fl. 5 7 12/2004, sem que a empresa estivesse devidamente inscrita no PAT — Programa de Alimentação do Trabalhador, conforme Notas Fiscais lançadas na conta "3500200134 — PROGRAMA DE ALIM. TRABALHO", Levantamento CB. 5.2.1. O valor das cestas básicas, sem a devida inscrição da empresa no PAT , integra o saláriodecontribuição, para todos os fins e efeitos, conforme artigo 28, § 9% letra "c", da Lei n° 8.212/91, c/c art. 214, § 9% inciso III, e § 10 do RPS — Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto n° 3.048/99. (Grifouse) Vejase que, a despeito do que afirma a Fazenda Nacional, não há nos autos qualquer evidência de que o pagamento tenha sido feito em dinheiro. O Relatório Fiscal e claro no sentido de que a empresa forneceu cestas básicas a seus empregados. Nesse contexto, o paradigma apto a demonstrar a alegada divergência seria representado por julgado em que, diante de situação fática similar – fornecimento de alimentação in natura (cestas básicas ou mesmo refeições preparadas) se entendesse pela incidência das contribuições devidas à Seguridade Social em vista da não inscrição da empresa no PAT. Entretanto, analisando o inteiro teor do primeiro paradigma Acórdão nº 20601.313 verificase que a decisão ali adotada foi motivada pelo fato de a parcela intitulada “ajuda alimentação” ter sido paga em pecúnia. Confirase: No que tange aos auxílios alimentação e transporte, os dispositivos que tratam dos mesmos são as alíneas "c" e "f' do § 9° do art. 28 da Lei n°8.212/1991, respectivamente, abaixo transcritos: [...] A alimentação em pecúnia não constitui qualquer das modalidades de fornecimento estabelecida no PAT, as quais podem se dar pelas seguintes modalidades: [...] Portanto, o fornecimento de alimentação em pecúnia paga junto com a folha de salários integra o salário de contribuição. (Grifouse) Com efeito, a leitura dos excertos colacionados, permite concluir pela inexistência de qualquer dissídio interpretativo, uma vez que as diferentes soluções a que chegaram os acórdãos recorrido e paradigma não decorreram de divergência jurisprudencial, mas sim do conjunto fático específico de cada processo. No recorrido, verificouse que a empresa fornecia cestas básicas aos trabalhadores, contudo sem a devida inscrição no PAT. Diferentemente disso, no paradigma o que motivou o lançamento foi o pagamento de ajuda alimentação em pecúnia que, segundo consta, não se constitui em qualquer das modalidades de fornecimento estabelecida no Programa de Alimentação administrado pelo Ministério do Trabalho e Emprego. Nestas circunstâncias, em virtude da ausência de similitude fática, não se verificou caracterizada a divergência. Fl. 221DF CARF MF 8 Quanto ao segundo paradigma Acórdão 20601.462 percebese mais uma vez que as circunstâncias descritas em referida decisão não guardam a necessária identidade com aquela retratada no decisum atacado. É que no aresto paradigmático, conquanto a contribuinte não esteja regularmente inscrita no PAT, a concessão do benefício é feita por meio de vale alimentação/refeição e não com o fornecimento de cestas básicas, como, repisese, verificase no caso em questão. Senão vejamos trechos do Acórdão 20601.462: Afora as demais discussões a respeito da matéria, o certo é que nos termos do artigo 28, § 9°, da Lei n° 8.212/91, não integram o salário de contribuição as importâncias recebidas pelo empregado ali elencadas, sendo defeso a interpretação de referida previsão legal extensivamente, de forma a incluir outras verbas, senão aquela (s) constante (s) da norma disciplinadora do "beneficio" em comento, a pretexto de meras ilações desprovidas de qualquer amparo legal ou fático, sobretudo quando os pagamentos foram efetuados aos funcionários da empresa sem qualquer observância às normas legais. Nessa toada, tendo a contribuinte concedido a seus segurados empregados Vale Alimentação/Refeição e Indenização do labor em intervalo para descanso e/ou alimentação (intervalo intrajomada), sem levar em consideração os preceitos legais que disciplinam o tema, não há que se falar em não incidência de contribuições previdenciárias sobre referidas verbas, por se caracterizarem como salário de contribuição, impondo a manutenção do feito. (Grifouse) Forçoso concluir mais uma vez pela inexistência de dissídio interpretativo, tendo em vista que as diferentes soluções a que chegaram os acórdãos recorrido e paradigma não decorreram de divergência jurisprudencial, mas sim das especificidades fáticas de cada um dos casos. Em razão da dessemelhança entre situação retratada nos autos e os casos trazidos a cotejo, não há como se afirmar que os colegiados prolatores de tais decisões chegariam a conclusão análoga, caso estivessem diante do cenário aqui refletido. Em razão do exposto, tendo em vista que os paradigmas indicados não lograram caracterizar a divergência alegada, não conheço do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Fl. 222DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16561.720050/2011-52
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue May 21 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Jun 25 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/12/2009 a 30/04/2010
RECURSO ESPECIAL. MULTA QUALIFICADA. DESATENDIMENTO DE PRESSUPOSTO. NÃO CONHECIMENTO.
Não se conhece de Recurso Especial de Divergência na parte em que não reste demonstrado o alegado dissídio jurisprudencial, tendo em vista a ausência de similitude entre as situações fáticas retratadas nos acórdãos recorrido e paradigmas.
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL - PAF. NÃO ATENDIMENTO A INTIMAÇÃO. MULTA AGRAVADA.
O não atendimento às intimações da Fiscalização, no prazo marcado, para prestar esclarecimentos enseja o agravamento da multa de ofício, independentemente da demonstração de prejuízo à formalização do lançamento, da reiteração do ato infracional ou da prática do fraude, dolo ou conluio.
Numero da decisão: 9202-007.849
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do Recurso Especial, apenas quanto à multa agravada e, no mérito, na parte conhecida, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, vencida a conselheira Patrícia da. Silva, que lhe negou provimento. Votaram pelas conclusões as conselheiras Ana Paula Fernandes e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Mário Pereira de Pinho Filho Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Mário Pereira de Pinho Filho, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Miriam Denise Xavier (suplente convocada), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício).
Nome do relator: MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/12/2009 a 30/04/2010 RECURSO ESPECIAL. MULTA QUALIFICADA. DESATENDIMENTO DE PRESSUPOSTO. NÃO CONHECIMENTO. Não se conhece de Recurso Especial de Divergência na parte em que não reste demonstrado o alegado dissídio jurisprudencial, tendo em vista a ausência de similitude entre as situações fáticas retratadas nos acórdãos recorrido e paradigmas. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL - PAF. NÃO ATENDIMENTO A INTIMAÇÃO. MULTA AGRAVADA. O não atendimento às intimações da Fiscalização, no prazo marcado, para prestar esclarecimentos enseja o agravamento da multa de ofício, independentemente da demonstração de prejuízo à formalização do lançamento, da reiteração do ato infracional ou da prática do fraude, dolo ou conluio.
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ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/12/2009 a 30/04/2010 RECURSO ESPECIAL. MULTA QUALIFICADA. DESATENDIMENTO DE PRESSUPOSTO. NÃO CONHECIMENTO. Não se conhece de Recurso Especial de Divergência na parte em que não reste demonstrado o alegado dissídio jurisprudencial, tendo em vista a ausência de similitude entre as situações fáticas retratadas nos acórdãos recorrido e paradigmas. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL PAF. NÃO ATENDIMENTO A INTIMAÇÃO. MULTA AGRAVADA. O não atendimento às intimações da Fiscalização, no prazo marcado, para prestar esclarecimentos enseja o agravamento da multa de ofício, independentemente da demonstração de prejuízo à formalização do lançamento, da reiteração do ato infracional ou da prática do fraude, dolo ou conluio. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do Recurso Especial, apenas quanto à multa agravada e, no mérito, na parte conhecida, por maioria de votos, em darlhe provimento, vencida a conselheira Patrícia da. Silva, que lhe negou provimento. Votaram pelas conclusões as conselheiras Ana Paula Fernandes e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em Exercício AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 56 1. 72 00 50 /2 01 1- 52 Fl. 999DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho – Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Mário Pereira de Pinho Filho, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Miriam Denise Xavier (suplente convocada), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício). Relatório Tratase de Auto de Infração de obrigações principais e acessórias conforme discriminado a seguir: · AI Debcad nº 51.016.4269: contribuições devidas à Seguridade Social, parte da empresa, e para o financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrentes dos riscos ambientais do trabalho (GILRAT); · AI Debcad nº 51.016.4277: contribuições destinadas às Outras Entidades e Fundos – Terceiros; · AI Debcad nº 51.016.4234: Auto de Infração de Obrigação Acessória (CFL 30) – pagamento de verbas salariais sem o devido registro em folha de pagamento, conforme determina o inciso I do art. 32 da Lei nº 8.212/1991; · AI Debcad nº 51.016.4242: Auto de Infração de Obrigação Acessória (CFL 34) – registros contábeis, de forma englobada, de verbas incidentes e não incidentes de contribuições previdenciárias, em desacordo com o inciso II do art. 32 da Lei nº 8.212/1991; · AI Debcad nº 51.016.4250: Auto de Infração de Obrigação Acessória (CFL 35) – pela não prestação de esclarecimentos solicitados no curso da ação fiscal e de documentos contábeis referentes a contribuições suplementares do plano de previdência privada contratado com a seguradora Bradesco. O Auto de infração tem por fundamento o § 11 e o inciso III do art. 32 da Lei nº 8.212/1991, com a redação da Medida Provisória n.º 449/2008, convertida na Lei n.º 11.941/2009, c/c o inciso III do art. 225 do Regulamento da Previdência Social (RPS), aprovado pelo Decreto n.º 3.048, de 06/05/1999. As contribuições objeto do presente são incidentes sobre pagamentos a segurados empregados e contribuintes individuais, efetuados através de aportes a plano de previdência privada complementar contratado junto à seguradora Bradesco Vida e Previdência. Em sessão plenária de 13/12/2014, foi julgado o Recurso Voluntário, prolatandose o Acórdão nº 2301004.259 (fls. 887/902), assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2009 a 30/04/2010 Fl. 1000DF CARF MF Processo nº 16561.720050/201152 Acórdão n.º 9202007.849 CSRFT2 Fl. 3 3 Autos de Infração DEBCAD’s n°s 51.016.4269, 51.016.4277, 51.016.4234, 51.016.4242, 51.016.4250 Consolidados em 16/12/2011 EQUÍVOCOS JURÍDICOS CONSUMADOS NA DECISÃO DE PISO. AUSÊNCIA DE TRATAMENTO ISONÔMICO AOS SEUS EMPREGADOS. Decreto 3.048/99 que atualizou e regulamentou a Previdência Social, Artigo 1°, I, diz que a seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, destinado a assegurar o direito relativo à saúde, à previdência e à assistência social, atendendo, sobretudo, a diretrizes da universalidade da cobertura e do atendimento. Havendo distinção de planos de seguros, de previdência, de aposentadoria e outros quejandos, entre funcionários de uma mesma empresa, não pode ser considerado tratamento isonômico. Isto porque a etimologia da palavra temse que "isonomia", implica em: "iso", igual + "nomos", lei + "ía", abstrato e significa, literalmente, lei que igual, que estabelece a justiça mediante a igualdade de direitos a todos usando os mesmos critérios. No presente caso alega a Recorrente que houve equívoco jurídico na decisão de piso, eis que a falsa premissa de que ela deixou de tratar isonomicamente todos seus funcionários, privilegiando 29 que ocupam cargo diretivo, é equivocada, e por isto desaguou no presente lançamento. Todavia, há nos autos provas inequívocas de que houve tratamento diferenciado aos funcionários de maior gradação, já que seus planos complementares não era extensivo a todos. E, ficando comprovado a diferença de tratamento entre funcionários não há de aplicar o disposto no artigo 28, § 9°, alínea P, eis que cristalino ao determinar que o plano será considerado como complementar e não incidente de contribuição previdenciária desde que disponível à totalidade de seus empregados e dirigentes. ALEGAÇÃO QUE HOUVE ATITUDES FISCAIS QUE INTERPRETARAM DETERMINADAS CIRCUNSTÂNCIAS DE MANEIRA DIFERENCIADA À REGISTRADA NA CONTABILIDADE. E, POR ESTA RAZÃO HOUVE LANÇAMENTO POR AFERIÇÃO INDIRETA. Não há no Relatório Fiscal menção de arbitramento. A Fiscalização apurou os salários de contribuição foram por meio dos dados fornecidos pela seguradora Bradesco, e a fidedignidade destes dados foi confirmada pela própria Recorrente. No Relatório Fiscal foi informado que a identificação (CPF e Função) e classificação dos beneficiários (segurados empregados ou contribuintes individuais) das contribuições suplementares da empresa foram obtidas por Fl. 1001DF CARF MF 4 intermédio das Folhas de Pagamento disponibilizadas e Sistemas Informatizados da Receita Federal do Brasil. ILEGITIMIDADE PASSIVA. Comprovação nos autos de que a Recorrente remunerou diferenciadamente 29 de seus empregados, de forma indireta, não pode ser considerada ilegítima para ser autuada e responsabilizada pelas remunerações realizadas sem recolhimento da contribuição previdenciária devida. Afronta ao disposto no Artigo 28, § 9°, P da Lei 8.212/91, por parte da Recorrente, que remunerou de forma indireta e diferenciada 29 de seus empregados. DOS VALORES DE CARREGAMENTO. VALORES DE TAXAS ADMINISTRATIVAS. IMPROCEDÊNCIA. DA EXCLUSÃO DE VALORES DA PORTABILIDADE TRANSFERÊNCIA PARA OUTROS PLANOS. Em não existindo nos autos comprovação de que taxas de administração e os valores da portabilidade de transferência de planos foram incluídas na base do lançamento não há de se falar em irregularidade na autuação. Relatório Fiscal que define com clareza que o que determinou a base para incidência da contribuição previdenciária foram os pagamentos realizados a 29 funcionários, disfarçados de plano de previdência complementar, não incorre em imperfeição. MULTA AGRAVADA E QUALIFICADA. Cotejando as peças frias dos autos se verifica que a Recorrente procurou a municiar a Fiscalização com os documentos exigidos, razão pela qual não há imposição de multa agravada. E, no mesmo diapasão, verificase nos autos que a Fiscalização não conseguiu demonstrar com percuciência o ‘animus fraudandi’ da Recorrente. A fraude não pode ser presumida, mas comprovada, e nos autos toda ação fiscal não foi capaz de assim demonstrar, bem como a Recorrente não figurou como contribuinte relutante em apresentar os documentos exigidos. Recurso Voluntário Negado O processo foi encaminhado à PGFN em 19/02/2015 (Despacho de fl. 903) e em 26/02/2015 a Fazenda Nacional interpôs o Recurso Especial de fls. 904/920 (Despacho de Encaminhamento de fl. 921), fundamentado no art. 67, do Anexo II, do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/2009, visando rediscutir as matérias “i) agravamento da multa de ofício, por falta de atendimento à intimação; e ii) multa qualificada”. Em relação à multa agravada, apresenta como paradigmas os acórdãos nº 2401003.026 e nº 10421.835, cujas ementas, no que concerne à matéria em debate, transcrevese a seguir: Acórdão nº 9101001.456 Assunto: Multa agravada. Fl. 1002DF CARF MF Processo nº 16561.720050/201152 Acórdão n.º 9202007.849 CSRFT2 Fl. 4 5 O agravamento da multa não depende que reste provado, nos autos, conduta dolosa consistente em embaraçar a fiscalização, bastando que se configure algumas das situações objetivamente descritas no § 2˚ do art. 44 da Lei n˚ 9.430/96 Acórdão nº 10421.835 [...] MULTA AGRAVADA APLICABILIDADE Aplicarseá a multa agravada, em um percentual de 112,5% (no caso de multa de oficio) e 225% (no caso de multa qualificada), sempre que o contribuinte não atender, no prazo marcado, à intimação do Fisco para prestar esclarecimentos. Recurso negado. Quanto à multa qualificada, o paradigma trazido a cotejo é o acórdão nº 9101001.456. Abaixo transcrevese a ementa do referido julgado, não parte que interessa ao deslinde da controvérsia: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/02/2006 a 31/12/2009 [...] CUSTEIO NOTIFICAÇÃO FISCAL DE LANÇAMENTO – CONTRIBUIÇÕES SOBRE A REMUNERAÇÃO PAGA AOS SEGURADOS EMPREGADOS – PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR – NATUREZA SALARIAL – NÃO EXTENSÃO A TODOS OS EMPREGADOS E DIRIGENTES No caso dos benefícios de “previdência complementar, descumpriu o recorrente o preceito legal básico descrito na lei para excluir os valores da base de cálculo, qual seja, a extensão do benefício a todos os empregados, assim, correto o lançamento em relação a essas verbas. [...] MULTA QUALIFICADA – COMPROVAÇÃO DA INTENÇÃO DE OMITIR BASE DE CÁLCULO DE CONTRIBUIÇÕES O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis.(Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) Demonstrou a autoridade fiscal os elementos fáticos que demonstraram a intenção de omitir base de cálculo de contribuições previdenciárias em relação aos valores pagos por meio de aportes em previdência privada. Para os valores de PLR pagos por meio de Folha de Pagamento, embora correto o lançamento realizado, posto a feição salarial Fl. 1003DF CARF MF 6 do benefício, deve ser afastada a qualificação da multa, posto não ter logrado êxito o auditor em enquadrar o pagamento, como verdadeira omissão, ou desvirtuamento do pagamento. [...] A Fazenda Nacional alega, em síntese, o que segue: Multa Agravada a legislação põe à disposição da Fiscalização uma série de instrumentos para que se possa chegar à verdade dos fatos e, consequentemente, aferir o valor tributável; caso a fiscalização, por conta das circunstâncias do caso concreto, opte por buscálas diretamente com o contribuinte e, para tanto, expeça as intimações pertinentes, não pode o contribuinte furtarse em cumprilas, sob pena de sanção legal; no caso em tela, a sanção está expressamente prevista no § 2º do Art. 44 da Lei nº 9.430/96, com a redação vigente à época; a natureza punitiva dessa norma é flagrante, não constando em seu conteúdo qualquer consideração acerca do resultado provocado pelo descumprimento do dever do sujeito passivo de colaborar com a Administração Tributária; o antecedente da norma contempla apenas a hipótese de o contribuinte não atender, no prazo marcado, a intimação para prestar esclarecimento, fato este suficiente para autorizar o agravamento da sanção; desconsiderar o agravamento da multa, no presente caso, importa em violação ao art. 136 do CTN, segundo o qual a responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da efetividade, da natureza e da extensão dos efeitos do ato; a responsabilidade decorre do descumprimento do dever de prestar esclarecimentos, não importando, segundo o preceito do CTN, quais os efeitos desse ato; é de salientar que responder de forma incompleta significa que não houve resposta de parte das intimações. Logo, configurada a hipótese prevista no § 2º do art. 44 da Lei nº 9.430/1996; o autuado prestou informações e apresentou documentos de forma incompleta, o trabalho da fiscalização foi dificultado, pois não compete a contribuinte determinar quais os documentos necessários ao trabalho fiscal, muito menos definir os limites da fiscalização, sendo prerrogativa da autoridade fiscal estabelecer quais são os documentos e livros indispensáveis para a realização da auditoria; a prosperar tal entendimento, restaria aniquilado todo o trabalho da fiscalização tributária, uma vez que as intimações passariam a ser meras solicitações, de cumprimento facultativo pelos contribuintes; Multa Qualificada o art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, ao prever a majoração do percentual normal da multa de ofício, toma como referência os comportamentos descritos nos artigos 71 a 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964; a multa mais gravosa de 150% de que trata o § 1º do art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996 (redação dada pelo art. 14 da Lei nº 11.488, de 2007), tem aplicação Fl. 1004DF CARF MF Processo nº 16561.720050/201152 Acórdão n.º 9202007.849 CSRFT2 Fl. 5 7 sempre que em ação fiscal constatase a ocorrência de sonegação, fraude ou conluio; para enquadrar determinado ilícito fiscal nos dispositivos dessa lei, há necessidade que esteja caracterizado o dolo; o dolo, que se relaciona com a consciência e a vontade de agir, é elemento que se encontra nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 1964, ou seja, se caracteriza pela vontade de praticar a conduta, para a subsequente obtenção do resultado; deve ficar demonstrada que a conduta praticada teve o intuito consciente voltado a suprimir ou reduzir o pagamento do tributo ou contribuições devidos, não importando identificar com precisão qual artigo (supra) teria sido o mais indicado; no presente caso, a multa de 150% deve ser mantida, eis que a manobra utilizada pela contribuinte simulava o crédito em conta de previdência privada complementar dos empregados quando, na realidade, o que se estava fazendo era o pagamento de verbas salariais, se enquadrando nas situações elencadas no art. 72 da Lei nº 4.502, de 1964; Requer que seja conhecido e provido o Recurso Especial, para reformar o acórdão recorrido, de forma a manter a autuação em sua integralidade. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme despacho datado de 13/04/2015 (fls. 923/934). Cientificada do acórdão de recurso voluntário, do Recurso Especial da Fazenda Nacional e do despacho que lhe deu seguimento em 20/10/2015 (fl. 910), a Contribuinte, em 21/12/2015, apresentou embargos de declaração (fls. 954/965) que não foram conhecidos em razão de intempestividade. Sem contrarrazões. Fl. 1005DF CARF MF 8 Voto Conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho Relator Conhecimento O Recurso Especial é tempestivo, restando perquirir se atende aos demais requisitos de admissibilidade. No que diz respeito à multa agravada, resta claro, conforme destacado no Despacho de Admissibilidade de Recurso Especial que, em situações análogas, houve decisões díspares, pois, conquanto o Colegiado recorrido entenda que o agravamento da multa depende da comprovação de fraude, dolo ou simulação, para os Colegiados paradigmáticos o não atendimento, no prazo marcado, à intimação do Fisco para prestação esclarecimentos mostrase suficiente para o agravamento da penalidade. Quanto à multa qualificada, o Relatório Fiscal (fls. 23/95) justifica sua imposição nos seguintes termos: 7.5. O dispositivo aplicável impõem a cominação da multa no percentual de 225 % nos casos previstos nos parágrafos 1° e 2° do artigo 44 da Lei nº 9.430/96. Diante da presente situação concreta, devese dedicar especial atenção ao que prevê o art. 72 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, ipsis litteris: “Art . 72. Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido, ou a evitar ou diferir o seu pagamento.” 7.6. A situação já caracterizada indiscutivelmente se subsume a hipótese prevista na norma acima. Ou seja, para que o contribuinte pudesse remunerar seus principais executivos com vultosos “bônus”, foi contratado um plano corporativo de previdência complementar com a seguradora Bradesco. Agindo desta maneira, o contribuinte se apropriava dos tributos incidentes sobre os aportes na previdência complementar. 7.7. Resta evidente a intenção de sonegar quando se constata que os valores pagos não constam nas declarações tributárias (DIRF e GFIP), nas folhas de pagamento e nos acordos de participações nos resultados. 7.8. Pelo exposto, haja vista os elementos narrados, fica patente a caracterização do intuito fraudulento, justificando plenamente a aplicação da multa qualificada, aumentada de metade pelo não atendimento aos termos de intimação n° 2011/003, 2011/004 e 2011/005, nos lançamentos a partir de 12/2008. (Grifouse) De acordo com a Autoridade Autuante, o fato de a Contribuinte remunerar seus principais executivos com um plano corporativo de previdência complementar subsumese à hipótese prevista no art. 72 da Lei nº 4.502/1964, autorizando a qualificação da multa de ofício, consoante previsto nos § 1º do art. 44 da Lei nº 9.430/1996. Fl. 1006DF CARF MF Processo nº 16561.720050/201152 Acórdão n.º 9202007.849 CSRFT2 Fl. 6 9 O Colegiado a quo, por seu turno, concluiu que para a aplicação da multa qualificada é necessário que a autoridade lançadora comprove nos autos a intenção sonegadora do contribuinte, ou o evidente intuito de fraude. Por conseguinte, por entender que a Fiscalização não buscou demonstrar tais condutas, desqualificou a multa, reduzindoa ao percentual ordinário de 75% (setenta e cinco por cento). Contudo, a situação revelada no acórdão paradigma pareceme bastante diversa. De acordo com o voto condutor da decisão cotejada: Conforme descrito pelo auditor, pelo relatos de exfuncionários, a previdência complementar do Itaú Unibanco era utilizada para pagamento da parcela variável do salário, identificada como “bônus”, “prêmio por desempenho” e “PLR”. Ou seja, através de uma manobra engendrada pelo contribuinte, e ao que tudo indica com a participação da seguradora, simulavase o crédito em conta de previdência privada dos referidos empregados quando na verdade o que se estava a fazer era o pagamento de verbas salariais. (Grifouse) A descrição da situação que deu azo à prolação do acórdão paradigma apresentase a partir de trechos do Relatório Fiscal referente àquele caso concreto, reproduzida no voto condutor da decisão e também transcrita a seguir: Restou clara a existência de dois planos de previdência complementar (BrasilPrev e Itaú Unibanco). Entretanto, no período de 01/2006 a 12/2009, somente foram identificados na contabilidade os recursos aportados no plano da BrasilPrev (vide tabela 5), fl. 24. Informa a Fiscalização, que no início da ação fiscal, não foi possível identificar os registros contábeis referentes ao plano de previdência contratado com a seguradora Itaú Unibanco, pois não havia na contabilidade nenhuma conta ou histórico contábil específico para o referido plano ou seguradora; entretanto, posteriormente, com o depoimento de exfuncionários e, por meio da utilização de um "software" de auditoria em arquivos digitais, foi executado um rastreamento de "palavras", possibilitando a identificação de duas contas contábeis (contas nrs. 213.350 e 407.150), onde foram contabilizados os valores correspondentes. Em decorrência de inexistir na documentação apresentada pelo contribuinte tal plano de previdência complementar, foi instaurado procedimento fiscal (MPF n° 0810400.2009.007106) na Itaú Unibanco Vida e Previdência para esclarecimento dos fatos. (...) Portanto, a documentação analisada e os esclarecimentos prestados demonstram: > Que houve pagamentos de verbas salariais (participação nos lucros e resultados), a determinados funcionários, por intermédio do plano de previdência da seguradora Itaú Fl. 1007DF CARF MF 10 Unibanco (itens 05 e 06), sem transitarem pelas folhas de pagamento; > Que também ocorreram pagamentos de participações nos resultados com trânsito pelas folhas de pagamento item 03); > Que pagamentos a fornecedores foram lançados nestas mesmas contas contábeis (item 12); > Que a contabilização de despesas de pessoal ocorre no centro de custos 401 (salários, horas extras, 13° salário, bonificações, honorários da diretoria, PLR, etc). Porém, os pagamentos à seguradora Itaú Unibanco foram contabilizados no centro de custos 407 (Despesas de Funcionamento) utilizado para aglutinar gastos com lavanderia, materiais de limpeza, despesas legais e judiciais, etc. > Que a terminologia utilizada para descrever as contas não guarda relação com a finalidade das mesmas, conforme tabela 7: Conta contábil Descrição 407.150 Bônus performance 213.350 Bônus performance 211.285 Outros fornecedores mecanizados 5.6. Tais explicações demonstram claramente que o contribuinte, para acobertar a ocorrência de pagamentos de verbas salariais sem trânsito pela folha de pagamentos, aglutinou em uma mesma conta contábil lançamentos (aportes em planos da previdência, pagamentos de participações nos resultados e fornecedores). 5.9. Ou seja, a boa conduta exige que os registros de todas as operações relativas ao exercício da empresa sejam lançados no Livro Diário com individuação, clareza e caracterização do documento. 5.10. Portanto, segundo os fatos apurados, foi constatado que o plano de previdência contratado com a seguradora Itaú Unibanco tinha como única finalidade o pagamento (sem trânsito pelas folhas de pagamento) da parcela variável dos salários dos funcionários ocupantes de cargos de chefia. (Grifouse) Com base na narrativa exposta acima, entendeu o colegiado paradigmático “ter a autoridade fiscal se desincumbido do ônus de demonstrar a intenção do recorrente de fraudar a legislação previdenciária, quanto a incidência de contribuições previdenciárias sobre os valores destinados aos empregados por intermédio de planos de previdência complementar”, isto é, concluise que estava caracterizada a situação descrita no art. 72 da Lei 4.502/1964 o que justificou a qualificação da multa de ofício. De fato, comparando os contextos retratados nos acórdãos recorrido e paradigma, constatase trataremse de situações por demais distintas. Enquanto na decisão vergastada, decidiuse que o fato de a Contribuinte remunerar seus executivos por meio de plano de previdência complementar não se mostrava, Fl. 1008DF CARF MF Processo nº 16561.720050/201152 Acórdão n.º 9202007.849 CSRFT2 Fl. 7 11 por si só, suficiente para preservar a qualificação da multa de ofício, no acórdão paradigma a multa qualificada foi mantida em virtude de inúmeras artifícios descritos no Relatório Fiscal que demonstraram a clara intenção do Sujeito Passivo em acobertar o pagamento de verbas salariais. Observese que tais artifícios dificultaram sobremaneira o trabalho do Fisco que teve de recorrer a depoimento de exfuncionários e até mesmo a software de auditoria em arquivos digitais para rastrear e identificar as contas contábeis onde foram escrituradas parcelas salariais pagas com denominações diversas. Com efeito, a leitura dos excertos colacionados, permite concluir pela inexistência de dissídio interpretativo, uma vez que as diferentes soluções a que chegaram os acórdãos recorrido e paradigma não decorreram de divergência jurisprudencial, mas sim do conjunto fático específico de cada processo. Em razão da dessemelhança entre situação retratada nos autos e no caso trazido a cotejo, não há como se afirmar que o colegiados prolator de tal decisão chegaria a conclusão análoga, caso estivessem diante do cenário aqui refletido. Dessarte, tendo em vista que o paradigma indicado não se presta a caracterizar a alegada divergência, não conheço do recurso em relação à matéria “multa qualificada”. Dito isso, conheço parcialmente do Recurso Especial da Fazenda Nacional, somente em relação ao “agravamento da multa de ofício, por falta de atendimento à intimação”. Mérito Nos termos do voto condutor da decisão recorrida, a multa agravada e qualificada “não deve ser mantida no lançamento, eis que a fraude, simulação e ou dolo deve estar copiosa e percucientemente comprovada nos autos, não satisfazendo a presunção, como vejo no caso em tela”. De se notar que, para aquela Turma de Julgamento, a comprovação do fraude, simulação ou dolo são requisitos necessários tanto para a qualificação quanto para o agravamento da multa de ofício. Sobre esse assunto, o art. 35A da Lei nº 8.212/1991 dispõe que, no caso de lançamento de ofício relativo às contribuições devidas à Seguridade Social, é aplicável o art. 44 da Lei nº 9.430/1996: Art. 35A.Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no9.430, de 27 de dezembro de 1996. A respeito da multa de ofício e de seu agravamento, o inciso I do § 2º da Lei nº 9.430/1996 estabelece: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: Fl. 1009DF CARF MF 12 [...] I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; [...] § 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. § 2o Os percentuais de multa a que se referem o inciso I do caput e o § 1o deste artigo serão aumentados de metade, nos casos de não atendimento pela sujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para:(Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I prestar esclarecimentos;(Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) II apresentar os arquivos ou sistemas de que tratam os arts. 11 a 13 da Lei no 8.218, de 29 de agosto de 1991;(Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) III apresentar a documentação técnica de que trata o art. 38 desta Lei.(Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) A despeito do posicionamento consubstanciado no voto condutor da decisão atacada, os §§ 1º e 2º do art. 44 da Lei nº 9.430/1996 tratam de institutos distintos e com requisitos de aplicação diversos, quais sejam: a) multa qualificada (§ 1º): consiste na duplicação do percentual da multa de ofício aplicável, nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502/1964; e b) multa agravada (§ 2º): aumento de metade do percentual da multa de ofício aplicada nos casos de não atendimento pela sujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para, dentre outros, prestar esclarecimentos solicitados no curso de procedimento fiscal. Convém ressaltar que o texto legal, em momento algum, condiciona o agravamento da multa de ofício à demonstração de prejuízo à formalização do lançamento, à de reiteração do ato infracional ou à prática de fraude, dolo ou simulação como entendeu o Colegiado recorrido. Para o agravamento da penalidade é suficiente que reste comprovado o não atendimento de intimação para a prestação esclarecimento ou seu atendimento após expirado o prazo estabelecido pelo Fisco. E isso ficou claramente evidenciado no Relatório Fiscal e não foi objeto de qualquer tipo de contestação. Além do que, há que se considerar que os esclarecimentos solicitados no decorrer do procedimento fiscal são necessários à sua correta instrução e que a recusa ou o atraso do contribuinte na prestação desses esclarecimentos, por óbvio, causam evidentes prejuízos à tarefa empreendida pela autoridade autuante. Certamente por essa razão o legislador julgou desnecessária a comprovação de prejuízos. Fl. 1010DF CARF MF Processo nº 16561.720050/201152 Acórdão n.º 9202007.849 CSRFT2 Fl. 8 13 Assim, assiste razão à Fazenda Nacional em relação a essa matéria, devendo o Recurso Especial ser provido. Conclusão Ante o exposto, conheço em parte do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional e, no mérito, na parte conhecida, doulhe provimento, para restabelecer o agravamento da multa de ofício, cujo percentual fica fixado em 112,5% (cento e doze e cinco décimos por cento). (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Fl. 1011DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10320.003203/2009-35
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu May 23 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Jul 01 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2008
DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÕES PRINCIPAIS E ACESSÓRIAS. PENALIDADES. RETROATIVIDADE BENIGNA.
No caso de multas por descumprimento de obrigação principal e por descumprimento de obrigação acessória pela falta de informação sobre a remuneração de segurados da Previdência Social em GFIP, associadas e exigidas em lançamentos de ofício referentes a fatos geradores anteriores à vigência da Medida Provisória n° 449, de 2008, convertida na Lei n° 11.941, de 2009, a retroatividade benigna deve ser aferida mediante a comparação entre a soma das penalidades pelo descumprimento das obrigações principal e acessória, aplicáveis à época dos fatos geradores, com a multa de ofício de 75%, prevista no art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996 (Súmula CARF nº 119).
Numero da decisão: 9202-007.897
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento para aplicação da Súmula CARF nº 119.
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Mário Pereira de Pinho Filho Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Mário Pereira de Pinho Filho, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício). Ausente a Conselheira Ana Paula Fernandes.
Nome do relator: MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO
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ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2008 DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÕES PRINCIPAIS E ACESSÓRIAS. PENALIDADES. RETROATIVIDADE BENIGNA. No caso de multas por descumprimento de obrigação principal e por descumprimento de obrigação acessória pela falta de informação sobre a remuneração de segurados da Previdência Social em GFIP, associadas e exigidas em lançamentos de ofício referentes a fatos geradores anteriores à vigência da Medida Provisória n° 449, de 2008, convertida na Lei n° 11.941, de 2009, a retroatividade benigna deve ser aferida mediante a comparação entre a soma das penalidades pelo descumprimento das obrigações principal e acessória, aplicáveis à época dos fatos geradores, com a multa de ofício de 75%, prevista no art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996 (Súmula CARF nº 119). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento para aplicação da Súmula CARF nº 119. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho – Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Mário Pereira de Pinho Filho, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício). Ausente a Conselheira Ana Paula Fernandes. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 32 0. 00 32 03 /2 00 9- 35 Fl. 218DF CARF MF 2 Relatório Tratase de Auto de Infração de Obrigação Acessória, Debcad 37.195.4797, em razão de a empresa ter apresentado Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e de Informações à Previdência Social – GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias. Segundo consta do Relatório Fiscal (fls. 6/12), além da sanção aqui referida, a ação fiscal originou os lançamentos de obrigações principais a seguir discriminadas: · Processo nº 10320.003204/200980 (Debcad nº 37.195.4800) – Contribuições devidas pela empresa, inclusive relativas ao grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho; e · Processo nº 10320.003205/200924 (Debcad nº 37.195.4827) – contribuições de terceiros (Salário Educação, INCRA, SENAC, SESC, SENAR e SEBRAE); Convém esclarecer que os processos relativos às obrigações principais contam com decisão administrativa de caráter definitivo, tendo sido mantidos os lançamentos. Com relação ao presente processo temse que, em sessão plenária de 15/08/2012, foi julgado o Recurso Voluntário, prolatandose o Acórdão nº 2302002.001 (fls. 153/163), assim ementado: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2008 AUTODEINFRAÇÃO. GFIP. DADOS NÃO CORRESPONDENTES A TODOS OS FATOS GERADORES. Constitui infração a apresentação de GFIP com dados não correspondentes a todos os fatos geradores de contribuições previdenciárias, conforme artigo 32, Inciso IV e §5º, da Lei nº 8.212/91. RETROATIVIDADE BENIGNA. GFIP. MEDIDA PROVISÓRIA N º 449. REDUÇÃO DA MULTA. As multas em GFIP foram alteradas pela Medida Provisória n º 449 de 2008, que beneficiam o infrator. Foi acrescentado o art. 32A à Lei n º 8.212. Conforme previsto no art. 106, inciso II do CTN, a lei aplicase a ato ou fato pretérito, tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Fl. 219DF CARF MF Processo nº 10320.003203/200935 Acórdão n.º 9202007.897 CSRFT2 Fl. 3 3 CORESPONSÁVEIS Os relatórios de CoResponsáveis e de Vínculos são partes integrantes dos processos de Auto de Infração, para esclarecer a composição societária da empresa no período do débito e subsidiar futuras ações executórias de cobrança. Recurso Voluntário Provido em Parte. O processo foi encaminhado à PGFN em 13/09/2012 (Despacho de fls. 164) e, em 19/09/2012, foi interposto o Recurso Especial de fls. 165/176 (Despacho de Encaminhamento de fl. 177), fundamentado no art. 67, do Anexo II, do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/2009, visando rediscutir a aplicação da retroatividade benigna, em face das penalidades previstas na Lei nº 8.212, de 1991, com as alterações promovidas pela MP 449, de 2008, convertida na Lei nº 11.941, de 2009. Apresentamse como paradigmas os acórdãos nº 20601.782 e nº 2401 00.127, cujas ementas, no que concerne à matéria em debate, transcrevese a seguir: Acórdão nº 20601.782 Assunto: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Data do fato gerador: 27/10/2006 [...] MULTA ‑ RETROATIVIDADE BENIGNA Na superveniência de legislação que estabeleça novos critérios para a apuração da multa por descumprimento de obrigação acessória, faz‑ se necessário verificar se a sistemática atual é mais favorável ao contribuinte que a anterior. Recurso Voluntário Provido em Parte. Acórdão nº 240100.127 [...] ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 01/01/1999 a 31/12/2005 OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA – DESCUMPRIMENTO – INFRAÇÃO Consiste em descumprimento de obrigação acessória, a empresa apresentar a GFIP – Guia do recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias. ASSUNTO : PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/1999 a 31/12/2005. Fl. 220DF CARF MF 4 LEGISLAÇÃO SUPERVENIENTE MAIS FAVORÁVEL – PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA – APLICAÇÃO. Na superveniência de legislação que se revele mais favorável ao contribuinte no caso da aplicação de multa pelo descumprimento de obrigação acessória, aplica‑ se o princípio da retroatividade benigna da lei aos casos não definitivamente julgados, conforme estabelece o CTN. RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO EM PARTE. [...] A Fazenda Nacional requer que seja conhecido e provido o Recurso Especial, para reformar o acórdão recorrido no ponto em que determinou a aplicação do art. 32A da Lei 8.212/91, em detrimento do art. 35A do mesmo diploma legal, para que seja adotada a tese esposada nos acórdãos paradigmas, devendose verificar, na execução do julgado, qual a norma mais benéfica: se a soma das duas multas anteriores (art. 35, II, e 32, IV, da norma revogada) ou a do art. 35A da Lei nº 8.212/1991, acrescido pela MP nº 449, de 2008, convertida na Lei nº 11.941, de 2009. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme o Despacho nº 2300 836/2013, de 09/12/2013 (fls. 178/181). Cientificado do acórdão de recurso voluntário, do Recurso Especial da Fazenda Nacional e do despacho que lhe deu seguimento em 17/06/2015, a Contribuinte, em 01/07/2015, apresentou Contrarrazões (fls. 189/214), alegando em síntese o que segue: segundo o acórdão recorrido, há de se observar a retroatividade benigna prevista no art. 106, inciso II do CTN, isso porque as multas vinculadas à GFIP foram alteradas pela Medida Provisória nº 449 de 2008, que beneficiam o suposto infrator, donde foi acrescentado o art. 32A à Lei n° 8.212, já na redação da Lei n° 11.941/2009; a PGFN, de forma equivocada, faz interpretação no sentido de que não se deve aplicar a retroatividade benigna no caso dos presentes autos; tal entendimento não se coaduna com a jurisprudência majoritária desse CARF, bem como das pacificadas manifestações da Câmara Superior de Recursos Fiscais; consoante decisão recorrida, deverá ser considerado, por competência, o número total de segurados da empresa, para fins do limite máximo da multa, que será apurada por competência, somandose os valores de contribuição não declarada, e seu valor total será o somatório dos valores apurados em cada uma das competência; há que se observar a retroatividade benigna prevista no art. 106, inciso II, do CTN, porque as multas de GFIP foram alteradas pela Medida Provisória nº 449 de 2008, que beneficiam o infrator, pelo que fora acrescentado o art. 32 A à Lei n ° 8.212/1991, já na redação dada pela Lei nº 11.941/2009; conforme previsão do art. 106, inciso II do Código Tributário Nacional – CTN, a lei aplicase a ato ou fato pretérito, tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta Fl. 221DF CARF MF Processo nº 10320.003203/200935 Acórdão n.º 9202007.897 CSRFT2 Fl. 4 5 de pagamento de tributo; e c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática; no caso presente, há de forma irrefragável aplicabilidade do art. 106, inciso II, alínea “c”, do CTN. Pugna o Sujeito Passivo pela manutenção do acórdão recorrido, para que a multa seja recalculada de acordo com as disposições do art. 32A, inciso I, da Lei n.° 11.941/2009. Voto Conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho Relator O Recurso Especial é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto dele conheço. Do mesmo modo, as contrarrazões da contribuinte também devem ser conhecidas posto que apresentadas tempestivamente. O lançamento decorre de Auto de Infração em razão de a empresa ter apresentado Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e de Informações à Previdência Social – GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias. Conforme já restou esclarecido no relatório, no mesmo procedimento fiscal foram exigidas multas por descumprimento de obrigações principais, bem como por descumprimento de obrigação acessória por falta de declaração de fatos geradores em GFIP. Há que se esclarecer que, ao revés do que argumenta o Sujeito Passivo, o Recurso Especial da Fazenda Nacional visa rediscutir os critérios para a aplicação da retroatividade benigna, isto é, não está em debate a não aplicação da penalidade mais benéfica prevista na alínea no art. 106 do CTN. A solução do litígio passa pelo exame da alínea “c” do inciso II do referido art. 106, que dispõe: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I – em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II – tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (Grifouse) Fl. 222DF CARF MF 6 Convém registrar que a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), de forma unânime, pacificou o entendimento de que, na aferição com vistas à aplicação da retroatividade benigna, não basta verificar a denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais ou limites. É necessário que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Assim, as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212/1991 não são cabíveis quando realizado o lançamento de ofício, conjuntamente com a autuação pela não informação de fatos geradores de contribuições sociais em GFIP, conforme juízo extraído do Acórdão nº 9202004.262, de 23/06/2016, cuja ementa a seguir se transcreve: AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA MULTA APLICAÇÃO NOS LIMITES DA LEI 8.212/91 C/C LEI 11.941/08 APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA NATUREZA DA MULTA APLICADA. A multa nos casos em que há lançamento de obrigação principal lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, mesmo que referente a fatos geradores anteriores a publicação da referida lei, é de ofício. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA COMPARATIVO DE MULTAS APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35 A, penalidade única combinando as duas condutas. A legislação anterior à Medida Provisória n° 449/2008 determinava, para a situação em que ocorresse o recolhimento a menor do tributo e a falta de declaração dos valores sujeitos à incidência de contribuições em GFIP, a constituição do crédito tributário de ofício, acrescido das multas previstas no inciso II dos art. 35 e do § 5º do art. 32 da Lei n° 8.212/1991. Com a superveniência da nova norma, para essa mesma situação (falta de pagamento e de declaração), previuse somente a aplicação do art. 35A da Lei n° 8.212/1991, que faz remissão ao art. 44 da Lei n° 9.430/1996. Por conseguinte, para adequada observância da retroatividade benigna insculpida na alínea “c” do art. 106 do CTN, mostrase necessário comparar o somatório das multas previstas no inciso II do art. 35 e no § 5º do art. 32 da Lei n° 8.212/1991, na redação anterior à MP 449/2008, e a multa prevista no art. 35A da mesma lei, acrescentado pela Medida Provisória referida. As conclusões expostas acima, estão em linha com o entendimento consolidado no âmbito do CARF, muito bem resumido nos excertos Acórdão nº 9202004.499, de 29/09/2016, transcritos a seguir: Fl. 223DF CARF MF Processo nº 10320.003203/200935 Acórdão n.º 9202007.897 CSRFT2 Fl. 5 7 Até a edição da MP 449/2008, quando realizado um procedimento fiscal, em que se constatava a existência de débitos previdenciários, lavravase em relação ao montante da contribuição devida, notificação fiscal de lançamento de débito NFLD. Caso constatado que, além do montante devido, descumprira o contribuinte obrigação acessória, ou seja, obrigação de fazer, como no caso de omissão em GFIP (que tem correlação direta com o fato gerador), a empresa era autuada também por descumprimento de obrigação acessória. Nessa época os dispositivos legais aplicáveis eram multa art. 35 para a NFLD (24%, que sofria acréscimos dependendo da fase processual do débito) e art. 32 (100% da contribuição devida em caso de omissões de fatos geradores em GFIP) para o Auto de infração de obrigação acessória. Contudo, a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, inseriu o art. 32A, o qual dispõe o seguinte: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de nãoapresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e Fl. 224DF CARF MF 8 II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” Entretanto, a MP 449, Lei 11.941/2009, também acrescentou o art. 35A que dispõe o seguinte, “Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” O inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96, por sua vez, dispõe o seguinte: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata “ Com a alteração acima, em caso de atraso, cujo recolhimento não ocorrer de forma espontânea pelo contribuinte, levando ao lançamento de ofício, a multa a ser aplicada passa a ser a estabelecida no dispositivo acima citado, ou seja, em havendo lançamento da obrigação principal (a antiga NFLD), aplicase multa de ofício no patamar de 75%. Essa conclusão levanos ao raciocínio que a natureza da multa, sempre que existe lançamento, referese a multa de ofício e não a multa de mora referida no antigo art. 35 da lei 8212/91. Contudo, mesmo que consideremos que a natureza da multa é de "multa de ofício" não podemos isoladamente aplicar 75% para as Notificações Fiscais NFLD ou Autos de Infração de Obrigação Principal AIOP, pois estaríamos na verdade retroagindo para agravar a penalidade aplicada. Por outro lado, com base nas alterações legislativas não mais caberia, nos patamares anteriormente existentes, aplicação de NFLD + AIOA (Auto de Infração de Obrigação Acessória) cumulativamente, pois em existindo lançamento de ofício a multa passa a ser exclusivamente de 75%. Tendo identificado que a natureza da multa, sempre que há lançamento, é de multa de ofício, considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106. inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. No presente caso, foi lavrado AIOA julgada, e alvo do presente recurso especial, prevaleceu o valor de multa aplicado nos moldes do art. 32A. No caso da ausência de informação em GFIP, conforme descrito no relatório a multa aplicada ocorreu nos termos do art. 32, inciso IV, § 5º, da Lei nº 8.212/1991 também revogado, o qual previa uma multa no valor de 100% (cem por cento) da contribuição não declarada, limitada aos limites previstos no § 4º do mesmo artigo. Face essas considerações para efeitos da apuração da situação mais favorável, entendo que há que se observar qual das seguintes situações resulta mais favorável ao contribuinte: · Norma anterior, pela soma da multa aplicada nos moldes do art. 35, inciso II com a multa prevista no art. 32, inciso IV, § 5º, observada a limitação imposta pelo § 4º do mesmo artigo, ou Fl. 225DF CARF MF Processo nº 10320.003203/200935 Acórdão n.º 9202007.897 CSRFT2 Fl. 6 9 · Norma atual, pela aplicação da multa de setenta e cinco por cento sobre os valores não declarados, sem qualquer limitação, excluído o valor de multa mantido na notificação. Levando em consideração a legislação mais benéfica ao contribuinte, conforme dispõe o art. 106 do Código Tributário Nacional (CTN), o órgão responsável pela execução do acórdão deve, quando do trânsito em julgado administrativo, efetuar o cálculo da multa, em cada competência, somando o valor da multa aplicada no AI de obrigação acessória com a multa aplicada na NFLD/AIOP, que não pode exceder o percentual de 75%, previsto no art. 44, I da Lei n° 9.430/1996. Da mesma forma, no lançamento apenas de obrigação principal o valor das multa de ofício não pode exceder 75%. No AI de obrigação acessória, isoladamente, o percentual não pode exceder as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Observese que, no caso de competências em que a obrigação principal tenha sido atingida pela decadência (pela antecipação do pagamento nos termos do art. 150, § 4º, do CTN), subsiste a obrigação acessória, isoladamente, relativa às mesmas competências, não atingidas pela decadência posto que regidas pelo art. 173, I, do CTN, e que, portanto, deve ter sua penalidade limitada ao valor previsto no artigo 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Cumpre ressaltar que o entendimento acima está em consonância com o que dispõe a Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009, alterada pela Instrução Normativa RFB nº 1.027 em 22/04/2010, e no mesmo diapasão do que estabelece a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, que contempla tanto os lançamentos de obrigação principal quanto de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente. Nesse sentido, para fatos geradores ocorridos até a publicação da Medida Provisória 449, 04/12/2008, uma vez concluído o julgamento na esfera administrativa, a autoridade responsável pela execução do acórdão, deverá observar as disposições contidas na Portaria PGFN/RFB nº 14/2009, que está em perfeita consonância com a jurisprudência administrativa. Confirase os procedimentos indicados na referida portaria: Art. 1º A aplicação do disposto nos arts. 35 e 35A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, às prestações de parcelamento e aos demais débitos não pagos até 3 de dezembro de 2008, inscritos ou não em Dívida Ativa, cobrados por meio de processo ainda não definitivamente julgado, observará o disposto nesta Portaria. Art. 2º No momento do pagamento ou do parcelamento do débito pelo contribuinte, o valor das multas aplicadas será analisado e os lançamentos, se necessário, serão retificados, para fins de aplicação da penalidade mais benéfica, nos termos da alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional (CTN). § 1º Caso não haja pagamento ou parcelamento do débito, a análise do valor das multas referidas no caput será realizada no momento do ajuizamento da execução fiscal pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN). Fl. 226DF CARF MF 10 § 2º A análise a que se refere o caput darseá por competência. § 3º A aplicação da penalidade mais benéfica na forma deste artigo darseá: I mediante requerimento do sujeito passivo, dirigido à autoridade administrativa competente, informando e comprovando que se subsume à mencionada hipótese; ou II de ofício, quando verificada pela autoridade administrativa a possibilidade de aplicação. § 4º Se o processo encontrarse em trâmite no contencioso administrativo de primeira instância, a autoridade julgadora fará constar de sua decisão que a análise do valor das multas para verificação e aplicação daquela que for mais benéfica, se cabível, será realizada no momento do pagamento ou do parcelamento. Art. 3º A análise da penalidade mais benéfica, a que se refere esta Portaria, será realizada pela comparação entre a soma dos valores das multas aplicadas nos lançamentos por descumprimento de obrigação principal, conforme o art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e de obrigações acessórias, conforme §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e da multa de ofício calculada na forma do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. § 2º A comparação na forma do caput deverá ser efetuada em relação aos processos conexos, devendo ser considerados, inclusive, os débitos pagos, os parcelados, os nãoimpugnados, os inscritos em Dívida Ativa da União e os ajuizados após a publicação da Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008. Art. 4º O valor das multas aplicadas, na forma do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, sobre as contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, deverá ser comparado com o valor das multa de ofício previsto no art. 35A daquela Lei, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009, e, caso resulte mais benéfico ao sujeito passivo, será reduzido àquele patamar. Art. 5º Na hipótese de ter havido lançamento de ofício relativo a contribuições declaradas na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), a multa aplicada limitarseá àquela prevista no Fl. 227DF CARF MF Processo nº 10320.003203/200935 Acórdão n.º 9202007.897 CSRFT2 Fl. 7 11 art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. De se ressaltar que, com a superveniência da Súmula CARF nº 119/2018 e a atribuição de efeito vinculante a esse enunciado pela Portaria do Ministério da Economia nº 129, de 1º de abril de 2019, o entendimento aqui esposado passou a ser de observância obrigatória por toda a Administração Tributária Federal. Abaixo o inteiro teor da Súmula: Súmula Vinculante CARF nº 119. No caso de multas por descumprimento de obrigação principal e por descumprimento de obrigação acessória pela falta de declaração em GFIP, associadas e exigidas em lançamentos de ofício referentes a fatos geradores anteriores à vigência da Medida Provisória n° 449, de 2008, convertida na Lei n° 11.941, de 2009, a retroatividade benigna deve ser aferida mediante a comparação entre a soma das penalidades pelo descumprimento das obrigações principal e acessória, aplicáveis à época dos fatos geradores, com a multa de ofício de 75%, prevista no art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. Conclusão Ante o exposto, conheço do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional e, no mérito, doulhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a súmula CARF nº 119. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Fl. 228DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11853.000980/2007-19
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Apr 23 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon May 27 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/06/2001 a 31/05/2005
OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. DEIXAR DE INFORMAR FATOS GERADORES EM GFIP. OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. CORRELAÇÃO.
Em se tratando de enquadramento de segurados na condição de empregados da empresa autuada, a penalidade pela apresentação de GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias está condicionada à manutenção do lançamento relativo à obrigação principal correlata, mediante análise do mérito da autuação.
OBRIGAÇÃO PREVIDENCIÁRIA ACESSÓRIA VINCULADA A OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. OMISSÃO DE FATOS GERADORES EM GFIP.
Tendo as questões relacionadas à incidência dos tributos sido decididas nos lançamentos das obrigações principais, o Auto de Infração pela omissão de fatos geradores em GFIP segue a mesma sorte.
Numero da decisão: 9202-007.772
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Mário Pereira de Pinho Filho Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Mário Pereira de Pinho Filho, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Miriam Denise Xavier (suplente convocada), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício).
Nome do relator: MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO
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DEIXAR DE INFORMAR FATOS GERADORES EM GFIP. OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. CORRELAÇÃO. Em se tratando de enquadramento de segurados na condição de empregados da empresa autuada, a penalidade pela apresentação de GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias está condicionada à manutenção do lançamento relativo à obrigação principal correlata, mediante análise do mérito da autuação. OBRIGAÇÃO PREVIDENCIÁRIA ACESSÓRIA VINCULADA A OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. OMISSÃO DE FATOS GERADORES EM GFIP. Tendo as questões relacionadas à incidência dos tributos sido decididas nos lançamentos das obrigações principais, o Auto de Infração pela omissão de fatos geradores em GFIP segue a mesma sorte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho – Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Mário Pereira de Pinho Filho, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Miriam AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 85 3. 00 09 80 /2 00 7- 19 Fl. 364DF CARF MF 2 Denise Xavier (suplente convocada), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício). Relatório Tratase de Auto de Infração de Obrigação Acessória, Debcad 35.852.7937, em razão de a empresa ter apresentado Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e de Informações à Previdência Social – GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias. De acordo com Relatório Fiscal (fls. 15/18), os valores não declarados em GFIP são relativos a pagamentos efetuados a segurados que prestaram serviços serviço à empresa autuada por intermédio da Cooperativa de Serviços Técnicos Empresariais – COOPSEM, e que foram enquadrados pela Auditoria Fiscal na categoria de empregados. Informa a Autoridade Autuante sobre a lavratura de Notificação Fiscal de Lançamento de Débito – NFLD (Debcad n° 35.852.7945 – Processo nº 11853.001281/2007 88) onde foram exigidas as contribuições decorrentes do descumprimento das obrigações principais. Em sessão plenária de 24/08/2011, foi julgado o Recurso Voluntário, prolatandose o Acórdão nº 230102.294 (fls. 283/298), assim ementado: Assunto: Obrigações Acessórias Período de apuração: 01/06/2001 a 31/05/2005 DEIXAR DE APRESENTAR GFIP. CONTRATAÇÃO DE COOPERATIVA DE TRABALHO. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO E MOTIVAÇÃO. Entendese por cooperativa de trabalho a estrutura responsável por prestar serviços a seus cooperados, podendo, inclusive, executar obra ou serviço com os contratantes (pessoas físicas ou jurídicas), não produzindo bens próprios. No presente caso, o fisco não fundamentou o lançamento com o embasamento fático e jurídico necessários para a sustentação do débito, restando prejudicada a caracterização da cessão de mão deobra. A ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional – PGFN foi intimada do resultado do julgamento em 19/10/2012 (fl. 299) e em 23/11/2012 apresentou tempestivamente os embargos de declaração de fls. 300/302 (despacho de fl. 303). Cientificada do despacho que rejeitou seus embargos em 14/01/2014 (fl. 307), a Fazenda Nacional, em 16/01/2014, interpôs o Recurso Especial de fls. 308/315 (despacho de fl. 349), com fundamento no art. 67 do Anexo II do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/2009, visando rediscutir a “autonomia e independência da obrigação acessório em relação à ocorrência do fato gerador da obrigação principal”. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme despacho datado de 01/11/2016 (fls. 350/356). Fl. 365DF CARF MF Processo nº 11853.000980/200719 Acórdão n.º 9202007.772 CSRFT2 Fl. 3 3 A Fazenda Nacional apresenta os seguintes argumentos: na trilha do precedente jurisprudencial colacionado, a obrigação acessória é autônoma e independente da ocorrência do fato gerador; os arts. 113 e 115 do Código Tributário Nacional são claros ao gizar que a obrigação acessória tem fato gerador próprio; a obrigação acessória possui fato gerador peculiar e a penalidade decorrente do seu descumprimento também ostenta suporte fático autônomo; as obrigações acessórias não são dependentes das obrigações principais, sendo que o Código Tributário Nacional, no § 3º do seu art. 113, dispõe que sua inobservância as converte em obrigação principal. Requer a Fazenda Nacional seja admitido e provido o Recurso Especial, para reformar o acórdão ora recorrido, restabelecendose a exigência da multa por descumprimento de obrigação acessória. Cientificado, via edital, do acórdão de Recurso Voluntário, do Recurso Especial da Procuradoria e do despacho que lhe deu seguimento em 24/01/2017 (fl. 362), a Contribuinte quedouse inerte. Voto Conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho – Relator O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto dele conheço. De acordo com a peça recursal, a obrigação acessória é autônoma e independente da ocorrência do fato gerador da obrigação principal. Entende a Fazenda Nacional que a obrigação acessória tem fato gerador peculiar e a penalidade decorrente do seu descumprimento também ostenta suporte fático autônomo. O deslinde da presente controvérsia passa pela análise dos arts. 113 e 115 do Código Tributário Nacional – CTN que estabeleceu a distinção entre as obrigações ditas principais e aquelas definidas como acessórias. Enquanto as obrigações principais têm relação direta com o fato gerador tributo, as acessórias têm por objeto prestações positivas ou negativas, previstas na legislação tributária, voltadas ao interesse da arrecadação ou da fiscalização. Confirase: Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória. § 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extinguese juntamente com o crédito dela decorrente. §2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. Fl. 366DF CARF MF 4 § 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, convertese em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária. Art. 115. Fato gerador da obrigação acessória é qualquer situação que, na forma da legislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que não configure obrigação principal. Na trilha do Acórdão Paradigma nº 230201.163, vislumbrase a hipótese de instituição de obrigações acessórias sem vinculação direta com as principais, sendo que a inobservância da obrigação acessória, nos termos do § 3º do art. 113 do CTN, constituise em hipótese apta a convertêla em principal, relativamente à penalidade pecuniária, o que nos leva a concluir pela natureza objetiva das autuações decorrentes descumprimento das prestações calcadas no interesse da arrecadação ou da fiscalização de tributos. Todavia, a autonomia e independência entre obrigações tributárias principais e acessórias não é absoluta. Há situações em que a empresa, mesmo tendo efetuado o recolhimento do tributo (obrigação de dar), por ter deixado de apresentar GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias, pode ser autuada pelo descumprimento da obrigação de fazer. Veja que, nesse caso, muito embora não se tenha de falar em lançamento em razão do descumprimento da obrigação principal, é perfeitamente possível a autuação pela não entrega da declaração. Porém, conquanto se possa afirmar que autuação pela não apresentação ou pela apresentação deficiente de GFIP independa de lançamento para a cobrança das contribuições em si, o mesmo não pode se dizer quanto ao fato gerador do tributo. Observe que, mesmo na circunstância acima ilustrada, o fato imponível ocorreu naturalmente, tanto assim que houve o recolhimento das exações, ou seja, sendo a GFIP o documento destinado à prestação de informações relativas a fatos geradores de contribuições sociais, a imposição de penalidade pela não inclusão de tais informações nesse documento tem relação direta com a ocorrência do gerador da obrigação principal, não havendo como acolher in totum as arguições veiculadas na peça recursal. Retornandose ao caso concreto, temse que a autuação pela não declaração de fatos geradores de contribuições previdenciárias em GFIP decorreu do enquadramento, na categoria de empregados, de segurados que prestaram serviços ao Sujeito Passivo por intermédio de cooperativa de trabalho. A despeito disso, o acórdão recorrido deu provimento ao recurso voluntário por considerar não ter restado comprovada a relação de emprego. Vejamos trecho do voto condutor do acórdão atacado: 17. Dessa forma, verificase que a controvérsia trazida nos autos se refere à incidência de contribuição previdenciária sobre pagamentos feitos pela recorrente na contratação de cooperativas de trabalho, mas caracterizados pela fiscalização como empregados. 18. Ocorre que a autuação fiscal não comprova efetivamente a relação de emprego. O relatório fiscal não mencionou, em nenhum momento, qual tipo de serviço teria sido prestado, se os prestadores estavam submetidos ao poder de comando da empresa recorrente (tomadora), se a natureza do serviço era contínuo e se o serviço realmente envolvia a contratação de empregados segurados. Enfim, constatase que não houve, por parte do fisco, qualquer embasamento fático e cotejamento jurídico para a constituição do lançamento com a realidade Fl. 367DF CARF MF Processo nº 11853.000980/200719 Acórdão n.º 9202007.772 CSRFT2 Fl. 4 5 encontrada na empresa, vez que ausente a motivação necessária para fundamentar a lavratura do auto de infração. Ocorre que tal decisão foi adotada sem considerar o resultado do julgamento da obrigação principal. Aliás, quando da prolação do acórdão recorrido, sequer havia decisão de segunda instância administrativa em relação à NFLD nº 35.852.7945 (Processo nº 11853.001281/200788) onde se discutia a exigência das contribuições sociais. Em linha com o que se exprimiu acima, e com o entendimento consolidado neste Colegiado, tendo o presente Auto de Infração por descumprimento da obrigação de não registrar fatos geradores de contribuições previdenciárias em GFIP decorrido do lançamento de tributos considerados devidos pelo Fisco, o resultado do julgamento acerca da penalidade por descumprimento da obrigação acessória deve acompanhar o desfecho do processo administrativo pertinente à(s) autuação(ões) conectada(s) às obrigações principais. Nesse compasso, recorrendose processo relativo ao lançamento do tributo, constatase que, por meio do Acórdão nº 2402005.961, negouse provimento ao recurso voluntário interposto pela Contribuinte. Além do que, como não houve qualquer tipo de questionamento em relação a referido acórdão, o julgado tornouse definitivo na esfera administrativa. Dessarte, entendo que a obrigação acessória deve seguir a mesma sorte, isto é, o acórdão recorrido deve ser reformado, restabelecendose a exigência da multa por descumprimento da obrigação de declarar fatos geradores em GFIP. Conclusão Ante o exposto, conheço do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, doulhe provimento. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Fl. 368DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 37216.000685/2007-53
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Apr 23 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon May 27 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/07/2001 a 31/07/2004
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. AUXÍLIO EDUCAÇÃO. DEPENDENTES. INCIDÊNCIA.
Não havendo previsão legal para a isenção de contribuições previdenciárias em relação valores pagos a título de bolsa de estudos oferecidas a dependentes de empregados vinculados à empresa no período compreendido no lançamento, os valores pagos a esse título estão sujeitos à incidência das contribuições previdenciárias.
Numero da decisão: 9202-007.773
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento, vencidas as conselheiras Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes, Ana Cecília Lustosa da Cruz e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe negaram provimento.
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Mário Pereira de Pinho Filho Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Mário Pereira de Pinho Filho, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Miriam Denise Xavier (suplente convocada), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício).
Nome do relator: MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO
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ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/07/2001 a 31/07/2004 CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. AUXÍLIO EDUCAÇÃO. DEPENDENTES. INCIDÊNCIA. Não havendo previsão legal para a isenção de contribuições previdenciárias em relação valores pagos a título de bolsa de estudos oferecidas a dependentes de empregados vinculados à empresa no período compreendido no lançamento, os valores pagos a esse título estão sujeitos à incidência das contribuições previdenciárias. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por voto de qualidade, em darlhe provimento, vencidas as conselheiras Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes, Ana Cecília Lustosa da Cruz e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe negaram provimento. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho – Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 37 21 6. 00 06 85 /2 00 7- 53 Fl. 1734DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Mário Pereira de Pinho Filho, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Miriam Denise Xavier (suplente convocada), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício). Relatório Tratase de Notificação Fiscal de Lançamento de Débito, Debcad nº 37.025.7995, relativa à contribuição para o financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho (RAT), incidente sobre salárioutilidade, pago na forma de bolsa auxílio educação para dependentes de funcionários. Em sessão plenária de 02/12/2010, foi julgado o Recurso Voluntário, prolatandose o Acórdão nº 230101.776 (fls. 1610/1625), assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/07/2001 a 31/07/2004 DECADÊNCIA. BOLSA AUXÍLIO EDUCAÇÃO CONCEDIDA AOS DEPEDENTES DOS FUNCIONÁRIOS. NÃO INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO. O Supremo Tribunal Federal, através da Súmula Vinculante n° 08, declarou inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212, de 24/07/91, devendo, portanto, ser aplicadas as regras do Código Tributário Nacional. No presente caso, aplicase a regra do artigo 150, §4°, do CTN, haja vista a existência de pagamento parcial do tributo, considerada a totalidade da folha de salários da empresa recorrente. As bolsas concedidas a funcionários e seus dependentes não possuem natureza salarial, pois o benefício se reveste de características próprias no sentido de que são para o trabalho e não pelo trabalho, deixando, portanto, de integrar a base de cálculo da contribuição previdenciária. Recurso Voluntário Provido. Crédito Tributário Exonerado. A ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional – PGFN foi intimada do resultado do julgamento em 27/04/2011 (fl. 1626), em 28/04/2011 foi interposto o Recurso Especial de fls. 1629/1642 (Relação de Movimentação – RM de fl. 1628), com fundamento no art. 67 do Anexo II do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/2009, visando rediscutir a matéria “incidência de contribuições previdenciárias sobre parcelas pagas a título de bolsa auxílio educação concedida a dependentes de funcionários da em empresa”. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme Despacho nº 2300 126/2011, datado de 9/12/2011 (fls. 1658/1659). A Fazenda Nacional apresenta os seguintes argumentos: o lançamento teve como motivo a constatação de que a Contribuinte arca com cerca de 70% das despesas efetivas que seus empregados realizam com Fl. 1735DF CARF MF Processo nº 37216.000685/200753 Acórdão n.º 9202007.773 CSRFT2 Fl. 3 3 matrículas e mensalidades de seus dependentes em cursos regulares de ensino fundamental, médio e graduação universitária, deixando de incluir esses valores no saláriodecontribuição dos empregados; o entendimento exarado no acórdão recorrido, de que tais bolsas não possuem natureza salarial, não merece prevalecer; a legislação previdenciária, ao definir a base de cálculo das contribuições devidas à seguridade social, utilizou, para definir o conceito de saláriode contribuição, um critério amplo, pois entendeu como remuneração todos os rendimentos pagos, devidos ou creditados aos empregados, a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive os ganhos habituais sob a forma de utilidades; a disciplina legal contida no art. 28 da Lei n° 8.212/1991, em verdade, decorre de mandamento constitucional, vez que a Constituição Federal, ao estabelecer a norma de competência para a instituição de contribuições previdenciárias sobre a folha de salários, impôs a inclusão em sua base de cálculo dos ganhos habituais do empregado, a qualquer título; quando o legislador entendeu que determinada verba salarial devesse, por várias razões (interesse social, razões políticas etc) ser excluída da base de cálculo das contribuições previdenciárias, ele o fez expressamente, por meio de lei, como nas hipóteses do § 9º do art. 28 da Lei 8.212/1991; a não incidência de contribuições, por ser exceção, deve ser expressa e nunca presumida; o Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto 3.048/1999 passou a considerar verba não integrante do saláriodecontribuição o financiamento, pelas empresas, de plano educacional que vise à educação básica e cursos de capacitação e qualificação profissionais vinculados às atividades por elas desenvolvidas, contanto que tal verba não fosse utilizada em substituição de parcela salarial; a Lei do Custeio, com redação dada pela Lei nº 9.711/1998, traz requisitos que devem ser obrigatoriamente observados: a) educação básica; b) cursos de capacitação e qualificação profissionais, desde que não substitua parcela salarial; c) que todos os empregados e dirigentes tenham acesso ao mesmo; resta latente que, no caso sob estudo, o auxílio oportunizado pela recorrente não foi em cursos de capacitação profissional e não houve qualquer documento demonstrando que os demais empregados e dirigentes da empresa tinham acesso ao mesmo; o denominado auxílioeducação foi oferecido aos dependentes dos empregados, inclusive para graduação universitária , o que, evidentemente, não condiz com os termos da lei, não tendo servido nem para capacitação, nem para qualificação profissional de seus empregados, uma vez que não foram eles que usufruíram o referido auxílio; este ponto nos parece fundamental e, por si só, deve fulminar o que fora decidido no acórdão fustigado, uma vez que contrariados foram os termos da lei previdenciária; se a intenção do legislador fosse abranger os dependentes dos segurados, e não apenas os próprios empregados segurados, não faria constar do texto de lei, como condicionante da isenção em referência, o vínculo dos cursos de Fl. 1736DF CARF MF 4 capacitação e de qualificação profissionais às atividades desenvolvidas pela empresa; o acórdão recorrido pecou ao adotar como fundamento para decidir sobre matéria de custeio previdenciário valores extraídos do Direito do Trabalho; o próprio dispositivo empregado pelo acórdão recorrido para fundamentar a suposta natureza nãosalarial das bolsas de estudos para os dependentes (art. 458, § 2º da CLT) não cuida desta hipótese, mas sim da educação fornecida para o trabalhador; parece mais do que evidente que todas as utilidades listadas na legislação trabalhista dizem respeito a benesses usufruídas em caráter personalíssimo pelo empregado; não há como se cogitar do fornecimento de vestuários aos dependentes para serem utilizados no trabalho, ou mesmo de transporte para que os dependentes se desloquem para o local do trabalho; não há como extrair deste dispositivo (art. 458 da CLT), portanto, que a legislação trabalhista afasta a natureza salarial das bolsas de estudos para os dependentes dos empregados com relação aos efeitos da Lei nº 10.243/2001, que deu nova redação ao art. 458, § 2º , II da CLT, temse que, neste parágrafo, ficou claro que as utilidades referidas somente não serão consideradas salário, para efeitos da CLT; a própria CLT, dispõe em seu art. 12 que “os preceitos concernentes ao regime de seguro social são objeto de lei especial”, in casu, é a 8.212/1991 que traz requisitos que não foram obedecidos; o Código Tributário Nacional (art. 111) dispõe que o aplicador do direito deve interpretar, literalmente, as leis que disponham sobre a concessão de isenção; não é possível afastar do saláriodecontribuição os valores ora controvertidos, com base no art. 28, § 9°, da Lei 8.212/1991, pois essa norma não prevê plano educacional para dependentes; a lei previdenciária inclui no ganho do empregado, para efeito de cálculo do saláriodecontribuição, não apenas a remuneração efetivamente recebida ou creditada a qualquer título durante o mês, mas também os ganhos que sejam habituais, oferecidos em forma de utilidades; a natureza de saláriodecontribuição das bolsas referentes ao auxílio educação, nos exatos termos do art. 28 da lei 8.212/1991, é clara, uma vez que se constitui em uma vantagem econômica ao trabalhador, vantagem esta auferida como retribuição ao trabalho prestado, o que caracteriza, indiscutivelmente, o recebimento de uma remuneração indireta; ao arcar com o ônus dessas “bolsas” em benefício dos dependentes dos empregados, a recorrente proporcionalhes uma vantagem adicional, um ganho econômico percebido durante a vigência do contrato de trabalho com seu obreiro; é evidente que as contribuições feitas a título de bolsas auxílio educação representam dispêndios, que foram realizados com habitualidade e destinados aos empregados, ou pior, destinados aos dependentes dos empregados, como forma de retribuir o trabalho dos empregados; a habitualidade do fornecimento do referido auxílio, nos presentes autos, foi corroborada pelos pagamentos de matrícula e mensalidades aos seus Fl. 1737DF CARF MF Processo nº 37216.000685/200753 Acórdão n.º 9202007.773 CSRFT2 Fl. 4 5 dependentes, comprovados pelos documentos juntados aos autos pela própria defesa; ao contrário do que afirma o acórdão recorrido, não há que se falar que referidas prestações, ou melhor, contraprestações, eram feitas para a prestação do trabalho, mas sim, pela prestação, uma vez que evidentemente não se destinava ao aprimoramento educacional do trabalhador, mas a seus dependentes; por esse motivo, não há que se falar em caráter indenizatório, uma vez que toda a prestação oferecida ao trabalhador, ao empregado, que não tenha por objetivo aparelhálo para o trabalho é remuneração indireta, o que faz com que a rubrica considerada se subsuma, com perfeição, ao conceito de salário decontribuição, cunhado nos exatos termos do art. 28, I, da Lei nº 8.212/91, integrando os habituais ganhos sob a forma de utilidades; o ordenamento jurídico brasileiro não permite a extensão das hipóteses de isenção para casos não previstos em lei; o Direito Previdenciário é ramo autônomo da ciência jurídica e especial no caso presente, contendo seus próprios princípios e conceitos. Requer a Fazenda Nacional seja dado provimento ao presente recurso especial, para reformar o acórdão recorrido, restabelecendo a decisão de primeira instância Cientificado do acórdão de Recurso Voluntário, do Recurso Especial da Procuradoria e do despacho que lhe deu seguimento em 24/02/2012 (fl. 1665), a Contribuinte, em 12/03/2012, ofereceu as Contrarrazões de fls. 1667/1689, alegando, em resumo, o que segue: a Turma Recorrida, ao apreciar o lançamento realizado, o fez sob dois aspectos, que foram os fundamentos da autuação fiscal para cobrança das contribuições previdenciárias sobre o beneficio concedido, quais sejam, (i) pagamento de bolsas de estudos a dependentes de funcionários e (ii) bolsas de estudo de ensino superior; a partir da análise do acórdão paradigma apresentado pela PGFN em seu recurso especial, verificase que se restringe a analisar a inclusão no salário decontribuição das verbas pagas pela empresa referentes à concessão de bolsas de estudos aos seus empregados e dependentes, que supostamente não atenderiam aos requisitos estabelecidos no art. 28, §9°, t, da Lei n° 8.212/91 e do art. 214 do Regulamento da Previdência Social; não há dúvidas de que o acórdão paradigma permite o cabimento do recurso especial interposto pela PGFN, no entanto, é importante destacar que esse acórdão paradigma citado pela PGFN não trata do aspecto relativo ao fato das bolsas de estudos serem referentes ao ensino superior; em nenhum momento, tal acórdão analisa se os valores referentes às bolsas de estudos de nível superior concedidas aos dependentes de funcionários estariam ou não afastados da incidência das contribuições previdenciárias; não sendo essa matéria objeto do acórdão paradigma citado pela PGFN e não tendo sido apresentada qualquer outra decisão que tenha se posicionado de forma diversa ao acórdão recorrido, nos termos do Regimento Interno deste Conselho, não caberá a apreciação dessa matéria quando do julgamento Fl. 1738DF CARF MF 6 do recurso especial em questão, apesar de a PGFN ter pretendido questionála em seu recurso, mesmo sem a existência de divergência jurisprudencial; é evidente que essa discussão (concessão de bolsas de estudos de nível superior) encontrase superada, devendo ser analisados apenas os argumentos que supostamente justificariam a inclusão dos valores referentes a bolsas de estudos para os dependentes de seus funcionários na base de cálculo das contribuições previdenciárias; confirmando que o acórdão paradigma não traz a análise divergente sobre: (i) os valores referentes às bolsas de estudos de nível superior concedidas aos dependentes de seus empregados, e (ii) a decadência dos créditos tributários relativos às supostas infrações ocorridas no período de julho a outubro de 2001, descabe nesse momento a análise por esta Turma Julgadora acerca desses temas que foram muito bem abordados no acórdão recorrido; a Recorrida concorda que os ganhos habituais são incluídos na base de cálculo da contribuição dos segurados, mas desde que não viole o conceito de salário, conforme previsto na CLT; por definição legal, salário é a contraprestação aos serviços prestados por um empregado ao seu empregador. Reproduz doutrina e o art. 457 da CLT; o fato de determinada parcela não ser salário significa nada mais do que o reconhecimento de que a mesma não representa retribuição ao trabalho; tanto o art. 457 quanto os arts. 28, inciso I, da Lei n° 8.212/91 e 214, inciso I, do Decreto n° 3.048/99, referemse ao mesmo instituto, quando aludem à “remuneração (...) assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados (...) destinados a retribuir o trabalho. Reproduz doutrina; quando a legislação previdenciária alude a “ganhos habituais sob a forma de utilidade” fazse necessário a remissão ao art. 458 da CLT, por interpretação sistemática, porquanto é este dispositivo que conceitua o que pode ser considerado ganho sob a forma de utilidade; o entendimento da PGFN poderia ser correto se o presente lançamento tivesse ocorrido antes de 20.06.2001, já que até aquele momento o art. 458 da CLT determinava que prestações in natura – como as bolsaseducação – integrariam a remuneração dos empregados; ocorre que naquela data entrou em vigor a Lei n° 10.243/2001, que, ao acrescentar o § 2°, inciso II, ao artigo 458, da CLT, expressamente excluiu a natureza salarial da bolsaeducação fornecida pelo empregador; o referido § 2° demonstra claramente a intenção do legislador de desvincular do salário dos empregados os benefícios que elenca; quando sua redação estabelece “para os efeitos previstos neste artigo”, devese ler: para a determinação do que é e do que não é salário; o art. 458 da CLT – dispositivo em que foi propositadamente inserido o § 2° – cuida justamente de determinar o que deve e o que não deve ser considerado salário para os efeitos legais. Cita jurisprudência da área trabalhista; é irrelevante se o benefício foi concedido “pelo” trabalho ou “para” o trabalho. Essa discussão apenas teria razão antes da vigência da Lei n° 10.243/2001, pois com o seu advento, nenhum beneficio concedido pelo empregador a título de educação poderá ser considerado como salário, salvo Fl. 1739DF CARF MF Processo nº 37216.000685/200753 Acórdão n.º 9202007.773 CSRFT2 Fl. 5 7 se incidente a hipótese do art. 9° da CLT, o que não se verifica na presente controvérsia; os beneficiados com a bolsa educação não experimentam qualquer diminuição patrimonial ao se valerem desse benefício; o benefício, portanto, não caracteriza “substituição” à remuneração dos empregados como ocorreu no caso objeto do acórdão paradigma citado pela PGFN; o auxílio educação pago pela empresa é um nítido benefício de natureza assistencial, em nada se vinculando com a força de trabalho alienada pelos trabalhadores, se assim o fosse, certamente nem todos eles seriam beneficiados com a bolsa, mas apenas aqueles que demonstrassem uma performance de maior desempenho; o § 2°, inciso II, do art. 458, da CLT, não traz qualquer restrição em seu texto, ou seja, a partir da sua vigência, a concessão da educação passou indistintamente a não mais integrar o salário dos trabalhadores, seja ela revertida em proveito dos empregados ou de seus dependentes, seja destinada à educação básica, superior ou qualificante; o art. 7, inciso IV, da Constituição Federal de 1988, estabelece que o salário deve ser capaz de atender as necessidades básicas do trabalhador e de sua família com moradia, saúde, alimentação, educação, entre outras; partindo dessa base estabelecida pela Constituição Federal de 1988, o legislador com o intuito de proteger esses valores, através de normas infraconstitucionais, estabeleceu a isenção das contribuições previdenciárias sobre essas necessidades; a doutrina admite que os gastos do empregador com educação sejam revertidos em favor dos familiares dos seus funcionários e que o fornecimento desse benefício não possui caráter salarial; da análise do art. 458 da CLT e o art. 28, da Lei n° 8.212/1991, que buscaram efetivar os dispositivos constitucionais de incentivo à educação, constatamos o equívoco da PGFN de taxar como parâmetro apenas a situações previstas no art. 28, § 9°, alínea “t”, da Lei n° 8.212/91, pois resta claro que a intenção do legislador constitucional foi de beneficiar o aprendizado e aperfeiçoamento do trabalhador, inclusive, o de seus dependentes econômicos; por meio da Lei n° 12.513/2011, o legislador ordinário promoveu a alteração da alínea “t”, do § 9º, do art. 28, da Lei n° 8.212/91, para expressamente constar que não integram o saláriodecontribuição as bolsas de estudo concedidas aos empregados e seus dependentes; essa alteração apenas confirma que o benefício da bolsa de estudos concedida a dependentes de empregados não deveria compor a base de cálculo das contribuições previdenciárias, tendo sido alterada a legislação para que não remanescesse qualquer dúvida a esse respeito, evitandose novos e indevidos questionamentos como o objeto do presente processo a PGFN sustenta que a nova redação do art. 458, § 2°, CLT, dada pela Lei n° 10.243/2001, teria produzido efeitos apenas no âmbito da própria CLT, não cabendo a sua utilização para afastar o lançamento, pois o direito previdenciário é um ramo autônomo e especial, além do que as regras que Fl. 1740DF CARF MF 8 concedem isenção devem ser interpretadas literalmente, nos termos do art. 111 do Código Tributário Nacional; tal entendimento, no entanto, está absolutamente equivocado; o Direito é uno, de modo que o legislador, quando pretendeu a incidência das contribuições previdenciárias sobre a remuneração dos empregados, estava buscando a tributação do salário desse empregado, conforme previsto no CLT. Transcreve trecho do acórdão recorrido; o saláriodecontribuição (base de cálculo das contribuições previdenciárias) não é um conceito autônomo do Direito Previdenciário, que justifique a adoção de um conceito diverso daquele previsto na CLT; considerando que o art. 110, do Código Tributário Nacional, estabelece que a lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, como é o caso do conceito de salário trazido pela CLT; a competência tributária da União para instituir o salário, estabelecida no art. 195, inciso I, aliena “a”, da Constituição Federal de 1988, estaria mitigada caso partíssemos do pressuposto buscado pela PGFN de que o conceito de salário seria diferente do conceito de saláriodecontribuição, pois esse raciocínio encadearia a inconstitucionalidade do art. 21 da Lei n° 8.212/91, na medida em que a União não teria competência para instituir o saláriodecontribuição; não pode a legislação previdenciária pretender alterar ou restringir o conceito de salário trazido pela CLT, não apenas em razão da violação do art. 110, do Código Tributário Nacional, mas também sob pena da inconstitucionalidade dos dispositivos da Lei n° 8.212/1991, que pretendem a instituição de um “saláriodecontribuição”, diverso do conceito de salário, trazido pela CLT; se de acordo com o conceito de salário trazido pela CLT, as bolsas de estudos concedidas, em qualquer nível de ensino, aos empregados e seus dependentes, não constituem remuneração pelos serviços prestados, não resta dúvida de que não podem ser consideradas como base de cálculo das contribuições previdenciárias, o que restou acertadamente decidido no acórdão recorrido; caso as autoridades fiscais continuem a adotar interpretações equivocadas da legislação – como a ora demonstrada – ao empregador tornarseá preferível não garantir quaisquer vantagens ou benefícios a que não estejam obrigados por texto legal; em última análise, quem sai prejudicado com a atuação desmedida das autoridades fiscais é o próprio trabalhador, que cada vez menos receberá de seu empregador benefícios visando ao seu bemestar social, como muito bem citado pelo conselheiro relator da decisão recorrida. Requer, por fim, que se negue provimento ao Recurso Especial. Fl. 1741DF CARF MF Processo nº 37216.000685/200753 Acórdão n.º 9202007.773 CSRFT2 Fl. 6 9 Voto Conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho Relator O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Pelos mesmos motivos, conheço das Contrarrazões oferecidas pela Contribuinte. O lançamento foi motivado pelo pagamento de auxílio educação aos dependentes dos empregados do Sujeito Passivo, tendo sido destacado no Relatório Fiscal que autuada arcou com despesas realizadas com matrículas e mensalidades desses dependentes em cursos regulares de ensino fundamental, médio, e graduação universitária. Assim, embora irrelevante ao presente caso, e mesmo não tendo sido objeto do acórdão paradigma, uma vez reconhecida a existência de divergência interpretativa, não há óbice à análise, por este Colegiado, do fato de que parte das bolsas concedidas pela Contribuinte eram para realização de cursos de nível superior. Convém esclarecer ainda que não foi devolvida à análise deste Colegiado qualquer discussão relacionada decadência e, por óbvio, essa matéria não será objeto de exame. Alega a recorrente que as importâncias referentes ao auxílio educação não integram a base de cálculo das contribuições previdenciárias por não terem natureza salarial. Fato esse que restaria expressamente consignado no § 2º do art. 458 da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, que abaixo se transcreve: Art. 458 [...] [...] § 2º Para os efeitos previstos neste artigo, não serão consideradas como salário as seguintes utilidades concedidas pelo empregador: I – vestuários, equipamentos e outros acessórios fornecidos aos empregados e utilizados no local de trabalho, para a prestação do serviço; II – educação, em estabelecimento de ensino próprio ou de terceiros, compreendendo os valores relativos a matrícula, mensalidade, anuidade, livros e material didático; III – transporte destinado ao deslocamento para o trabalho e retorno, em percurso servido ou não por transporte público; IV – assistência médica, hospitalar e odontológica, prestada diretamente ou mediante segurosaúde; V – seguros de vida e de acidentes pessoais; VI – previdência privada; Fl. 1742DF CARF MF 10 VII –(VETADO) (Grifouse) Ocorre que o § 2º do art. 458 da norma trabalhista não irradia efeitos automáticos sobre matéria tributária. É importante ressaltar que, de acordo com o princípio da especialidade, norma especial afasta a incidência da norma geral. In casu, estandose diante de matéria de índole tributária, o regramento a ser considerado, no que atina à incidência ou não de contribuição previdenciária sobre valores pagos a título de auxílio educação, é aquele estabelecido na Lei de Custeio Previdenciário. Não se discute aqui a existência de um sistema uno de direito, contudo não se pode olvidar que Direito Tributário, como ramo do Direito, goza de autonomia e não está incondicionalmente sujeito ao regramento estabelecido na legislação trabalhista como imagina o Sujeito Passivo. Além do que, a matriz constitucional das contribuições previdenciárias incidente sobre a remuneração dos trabalhadores em geral é a alínea “a” do inciso I do art. 195 da Constituição Federal que dispõe: Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I – do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: a) folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; [...] De se ressaltar a clareza do texto constitucional ao estabelecer a possibilidade de as contribuições previdenciárias poderem incidir sobre a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados a qualquer título, ou seja estão sujeitos a tais exações não somente os rendimentos recebidos em pecúnia, mas qualquer benefício de valor monetário determinável, recebidos em consequência da relação laboral. Com base na previsão constitucional, o art. 28 da Lei nº 8.212/1991 instituiu a base de cálculo sobre a qual incidem as contribuições previdenciárias de empregadores e empregados, definida na lei como “saláriodecontribuição”. Vejamos a abrangência legal do saláriodecontribuição em relação à remuneração de segurados empregados e trabalhadores avulsos: Art. 28. Entendese por saláriodecontribuição: I para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de Fl. 1743DF CARF MF Processo nº 37216.000685/200753 Acórdão n.º 9202007.773 CSRFT2 Fl. 7 11 convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa; (Grifouse) [...] É certo que a Lei de Custeio Previdenciário, sendo norma de caráter tributário, não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado1, como, no meu entender, é o caso do Direito do Trabalho. Assim, ao inserir o termo “salário” na definição da base de cálculo das contribuições, a norma previdenciária buscou preservar o alcance da expressão tomada de empréstimo da legislação trabalhista em toda a sua abrangência. O conceito de salário trazido para a legislação pátria tomou por base o art. 1º da Convenção nº 95 da Organização Internacional do Trabalho – OIT, que tem o Brasil entre seus signatários. De acordo com referido dispositivo: ARTIGO 1º Para os fins da presente convenção, o termo “salário” significa, qualquer que seja a denominação ou modo de cálculo, a remuneração ou os ganhos susceptíveis de serem avaliados em espécie ou fixados por acôrdo ou pela legislação nacional, que são devidos em virtude de um contrato de aluguel de serviços, escrito ou verbal, por um empregador a um trabalhador, seja por trabalho efetuado, ou pelo que deverá ser efetuado, seja por serviços prestados ou que devam ser prestados. (Grifouse) Nessa mesma linha é o art. 458 da CLT: Art. 458 Além do pagamento em dinheiro, compreendese no salário, para todos os efeitos legais, a alimentação, habitação, vestuário ou outras prestações “in natura” que a empresa, por fôrça do contrato ou do costume, fornecer habitualmente ao empregado. Em caso algum será permitido o pagamento com bebidas alcoólicas ou drogas nocivas. (Grifouse) Não obstante, o fato de recorrer à conceituação trazida nas normas trabalhistas não faz com que as alterações promovidas em tais normas tenha aplicação automática na esfera tributária, sobretudo em se tratando de isenção que, nos termos do art. 176 do CTN, “é sempre decorrente de lei que especifique as condições e requisitos exigidos para a sua concessão”. Assim, o fato de o inciso II do art 458 da CLT, na redação dada pela Lei nº 10.243/2001, ter deixado de considerar como salário, para fins trabalhistas, a utilidade despendida pelo empregador a título de educação, não fez com que esse benefício deixasse de integrar o saláriodecontribuição referido na Lei de Custeio Previdenciário. Ademais, a hipótese de as normas tributárias não serem diretamente afetadas a partir de alterações na legislação trabalhista não representa qualquer espécie de mitigação à competência conferida à União pelo art. 195 da Constituição, tampouco contamina o art. 21 da Lei nº 8.212/1991 de vício de inconstitucionalidade como presume o Sujeito Passivo. 1 CTN, art. 110. Fl. 1744DF CARF MF 12 Retornandose à definição de saláriodecontribuição trazida no art. 28 da Lei nº 8.212/1991, vêse que está ali abrangida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título aos empregados, incluindose nessa relação os ganhos habituais percebidos sob a forma de utilidades. Donde se depreende que, em se tratando de utilidades disponibilizadas pela empresa aos obreiros que lhe prestam serviços, sua inclusão na base de cálculo da contribuição previdenciária dependerá da verificação dos seguintes requisitos: a) onerosidade; b) retributividade; e c) habitualidade. Inexistem dúvidas quanto ao caráter oneroso do auxílio educação concedido pela Contribuinte aos dependentes de seus empregados, sendo desnecessário tecer maiores comentários a esse respeito. Do mesmo modo, sendo o benefício pago no contexto da relação laboral, resta caracterizada sua índole retributiva. Também não se discute a habitualidade dessa parcela, claramente evidenciada no Relatório Fiscal. Apercebase, pois, que o auxílio educação objeto do lançamento ostenta natureza nitidamente remuneratória e, desse modo, sua exclusão da base de cálculo das contribuições previdenciárias vai depender de previsão expressa em norma de caráter tributário, mormente no § 9º do art. 28 da Lei nº 8.212/1991, o qual, no que se refere a isenção, relaciona exaustivamente as parcelas ao abrigo desse favor legal no âmbito da Lei de Custeio Previdenciário. Especificamente com relação a valores despendidos com educação, à época da ocorrência do fato gerador das contribuições objeto do presente lançamento, a alínea “t” do referido § 9º dispunha: Art. 28. [...] [...] § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: [...] t) o valor relativo a plano educacional que vise à educação básica, nos termos do art. 21 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e a cursos de capacitação e qualificação profissionais vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa, desde que não seja utilizado em substituição de parcela salarial e que todos os empregados e dirigentes tenham acesso ao mesmo;(Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998). A isenção referida nos dispositivo acima abrangia: planos educacionais que visem à educação básica, nos termos do art. 21 da Lei nº 9.394/1996; e cursos de capacitação e qualificação profissionais vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa. Referido plano: não poderia ser utilizado em substituição de parcela salarial; e deveria ser extensivo a todos os empregados e dirigentes da empresa. De se notar que a regra isentiva faz referência a “plano educacional que vise à educação básica (...) e a cursos de capacitação e qualificação profissionais vinculados às Fl. 1745DF CARF MF Processo nº 37216.000685/200753 Acórdão n.º 9202007.773 CSRFT2 Fl. 8 13 atividades desenvolvidas pela empresa, desde que não seja utilizado em substituição de parcela salarial e que todos os empregados e dirigentes tenham acesso ao mesmo”. Observe que o regramento aqui referido (Lei nº 8.212/1991, art. 28, § 9º, alínea “t”) não faz menção a plano de educacional ofertado a dependendentes, mas tãosomente a empregados e dirigentes da empresa, não havendo como estender o favor legal a hipóteses que não estejam expressamente prevista em le,i visto que, neste ponto, estarseia infringindo o art. 111 do CTN que impõe a interpretação literal da legislação tributária quando que disponha sobre isenção. Sobre a afirmação trazida em sede contrarrazões de que o inciso IV do art. 7º da Constituição Federal estabelece que o salário deve ser capaz de atender as necessidades básicas do trabalhador e de sua família com moradia, saúde, alimentação, educação, dentre outros. Essa asserção somente reforça o caráter salarial das verbas paga a título de auxílio educação. Por óbvio, o legislador pode instituir isenção em relação a referido benefício, mas isso não lhe retira o caráter remuneratório, eis que decorrente da relação de emprego. O fato de determinada verba ostentar natureza remuneratória não tem relação alguma com demonstração de performance ou desempenho diferenciado como aduz o sujeito passivo. Cumpre ressaltar que somente a partir das alterações promovidas na alínea “t” do 9º do art. 28 da Lei nº 8.212/1991 pela Lei nº 12.513/2011 é que foi instituída a isenção relativa a plano educacional a dependentes de trabalhadores à disposição da empresa, mas nesse caso, o favor legal se restringe a bolsa de estudos que vise a educação básica e deve atender aos demais critérios estabelecidos na referida norma. Vejamos: Art. 28. [...] [...] § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: [...] t) o valor relativo a plano educacional, ou bolsa de estudo, que vise à educação básica de empregados e seus dependentes e, desde que vinculada às atividades desenvolvidas pela empresa, à educação profissional e tecnológica de empregados, nos termos da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e: (Redação dada pela Lei nº 12.513, de 2011) 1. não seja utilizado em substituição de parcela salarial; e (Incluído pela Lei nº 12.513, de 2011) 2. o valor mensal do plano educacional ou bolsa de estudo, considerado individualmente, não ultrapasse 5% (cinco por cento) da remuneração do segurado a que se destina ou o valor correspondente a uma vez e meia o valor do limite mínimo mensal do saláriodecontribuição, o que for maior;(Incluído pela Lei nº 12.513, de 2011) Ocorre que, ainda que a Contribuinte pudesse ser enquadrada na norma acima transcrita, os fatos geradores abrangidos no lançamento referemse ao período entre 01/07/2001 Fl. 1746DF CARF MF 14 a 31/07/2004 e a Lei nº 12.513 foi editada somente em 2011 e não retroage para alcançar fatos pretéritos. Conclusão Ante o exposto, voto por conhecer do Recurso Especial para, no mérito, dar lhe provimento. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Fl. 1747DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 17460.000730/2007-71
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Feb 25 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Apr 01 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/05/2005 a 30/04/2006
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO ESPECIAL. DESATENDIMENTO DE PRESSUPOSTO. NÃO CONHECIMENTO.
Não se conhece de Recurso Especial de Divergência quando não resta demonstrado o alegado dissídio jurisprudencial, tendo em vista a ausência de similitude fática entre os acórdãos recorrido e paradigmas.
Numero da decisão: 9202-007.620
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial.
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Mário Pereira de Pinho Filho Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (Relator), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício).
Nome do relator: MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO
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RECURSO ESPECIAL. DESATENDIMENTO DE PRESSUPOSTO. NÃO CONHECIMENTO. Não se conhece de Recurso Especial de Divergência quando não resta demonstrado o alegado dissídio jurisprudencial, tendo em vista a ausência de similitude fática entre os acórdãos recorrido e paradigmas. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho – Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (Relator), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício). Relatório Tratase de Auto de Infração de Obrigação Acessória, Debcad 35.820.7851, em razão de a empresa ter apresentado Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia por AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 17 46 0. 00 07 30 /2 00 7- 71 Fl. 382DF CARF MF 2 Tempo de Serviço e de Informações à Previdência Social – GFIP com erro de preenchimento em dados não relacionados aos fatos geradores das contribuições previdenciárias. Em sessão plenária de 28/07/2011, foi julgado o Recurso Voluntário, prolatandose o Acórdão nº 230201.230 (fls. 249/254), assim ementado: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 01/05/2005 a 30/04/2006 DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA – APRESENTAÇÃO DE GFIP COM INFORMAÇÕES INEXATAS NOS DADOS NÃO RELACIONADOS AOS FATOS GERADORES DAS CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. A apresentação de GFIP com erro de preenchimento nos dados não relacionados aos fatos geradores das contribuições previdenciárias, Código FPAS, enseja infração aos artigos 32, inciso IV, § 6 º da Lei n.º 8.212/91 e 284, inciso III, do Regulamento da Previdência Social. RETROATIVIDADE BENIGNA. GFIP. LEI 11.941/2009. REDUÇÃO DA MULTA. As multas em GFIP foram alteradas pela Medida Provisória n º 449 de 2008, convertida na Lei n.º 11.941/2009, que beneficiam o infrator. Foi acrescentado o art. 32A à Lei n º 8.212. Conforme previsto no art. 106, inciso II do CTN, a lei aplicase a ato ou fato pretérito, tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Recurso Voluntário Provido em Parte O processo foi encaminhado à PGFN em 21/09/2011 (Despacho de fl. 255) que, em 20/10/2011, apresentou Embargos de Declaração tempestivos. Cientificada, em 05/07/2012, do Despacho de Admissibilidade que rejeitou seus aclaratórios, a Fazenda Nacional interpôs, em 06/07/2012, o Recurso Especial de fls. 269/279 (Despacho de Encaminhamento de fl. 310), fundamentado no art. 67 do Anexo II do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/2009, visando rediscutir a aplicação da retroatividade benigna, em face das penalidades previstas na Lei nº 8.212, de 1991, com as alterações promovidas pela MP 449, de 2008, convertida na Lei nº 11.941, de 2009. A Fazenda Nacional requer que seja conhecido e provido o Recurso Especial, reformandose o acórdão recorrido, adotandose a tese esposada nos acórdãos paradigmas, devendose verificar, na execução do julgado, qual norma mais benéfica: se a soma das duas multas anteriores (art. 35, II, e 32, § 5º, da norma revogada) ou a do art. 35A da Lei nº 8.212/1991, incluído pela MP 449/2008, convertida na Lei 11.941/2009. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme o Despacho nº 2300 504/2013, de 23/08/2013 (fls. 312/315). Cientificado do Acórdão de Recurso Voluntário, do Recurso Especial da Fazenda Nacional e do despacho que lhe deu seguimento em 28/04/2015 (fl. 320), o Contribuinte, em 13/05/2015, também apresentou Recurso Especial (rejeitado pelo de Fl. 383DF CARF MF Processo nº 17460.000730/200771 Acórdão n.º 9202007.620 CSRFT2 Fl. 3 3 Despacho de fl. 370/374), além de Contrarrazões ao Recurso Especial da Fazenda Nacional (fl. 341/344). Em sede de contrarrazões o sujeito passivo aduz, em síntese, que o Recurso Especial da Fazenda Nacional não deve ser conhecido por não ter havido a demonstração analítica da divergência jurisprudencial alegada e que a situação retratada nos autos não enseja a aplicação da penalidade prevista no art. 35A da Lei nº 8.212/1991. Voto Conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho Relator O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo, restando perquirir se atende aos demais pressupostos necessários à sua admissibilidade. Antes de proceder à análise dos paradigmas, importa salientar que estamos diante de Recurso Especial de Divergência, e que esta somente se caracteriza quando, perante situações fáticas similares são adotadas soluções diversas, em face do mesmo arcabouço jurídiconormativo. Feitas essa breves considerações, afigurase necessário esclarecer que, no caso do acórdão recorrido, o recurso voluntário foi parcialmente provido para que a multa mais benéfica fosse determinada considerandose o regramento estabelecido no art. 32A, inciso I, da Lei nº 8.212/1991, incluído pela MP 449/2008, convertida na Lei 11.941/2009, tendo em vista que infração objeto do lançamento foi motivada por apresentação GFIP com erro de preenchimento nos dados não relacionados a fatos geradores das contribuições previdenciárias. Contudo, ambos os acórdãos apresentados como paradigma trazem situações em que a penalidade aplicada decorreu do inadimplemento de obrigação acessória diversa, qual seja: ter a empresa apresentado GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias. A esse respeito, a ementa do Acórdão paradigma nº 240100.127 é bastante clara: OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA DESCUMPRIMENTO – INFRAÇÃO Consiste em descumprimento de obrigação acessória, a empresa apresentar a GF1P Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias (Grifouse) No caso do Acórdão 20601.782, a situação é exatamente a mesma. Senão vejamos: CUSTEIO AUTO DE INFRAÇÃO ARTIGO 32, IV, § 50 E ARTIGO 41 DA LEI N° 8.212/91 C/C ARTIGO 284, II DO RPS, APROVADO PELO DECRETO N° 3.048/99 OMISSÃO EM Fl. 384DF CARF MF 4 GFIP – CORESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS MULTA – RETROATIVIDADE A inobservância da obrigação tributária acessória é fato gerador do autodeinfração, o qual se constitui, principalmente, em forma de exigir que a obrigação seja cumprida; obrigação que tem por finalidade auxiliar o INSS na administração previdenciária. Inobservância do art. 32, IV, § 50 da Lei n° 8.212/1991, com a multa punitiva aplicada conforme dispõe o art. 284, II do RPS, aprovado pelo Decreto n° 3.048/1999: "informar mensalmente ao Instituto Nacional do Seguro SocialINSS, por intermédio de documento a ser definido em regulamento, dados relacionados aos fatos geradores de contribuição previdenciária e outras informações de interesse do INSS. (Incluído pela Lei 9.528, de 10.12.97)". A verba paga pela empresa aos segurados por intermédio de programa de incentivo, administrativo pela empresa Incentive House é fato gerador de contribuição previdenciária. Uma vez estando no campo de incidência das contribuições previdenciárias, para não haver incidência é mister previsão legal nesse sentido, sob pena de afronta aos princípios da legalidade e da isonomia. A fiscalização previdenciária não atribui responsabilidade direta aos sócios, pelo contrário, apenas elencou no relatório fiscal, quais seriam os responsáveis legais da empresa para efeitos cadastrais. Se assim não o fosse, estaríamos falando de uma empresa pessoa jurídica, com capacidade de pensar e agir. (Grifouse) Com efeito, a leitura dos excertos colacionados permite concluir pela inexistência de qualquer dissídio interpretativo, uma vez que as diferentes soluções a que chegaram os acórdãos recorrido e paradigmas não decorreram de divergência jurisprudencial, mas sim do conjunto fático específico de cada processo. Nestas circunstâncias, em virtude da ausência de similitude fática, não se verificou caracterizada a divergência jurisprudencial. Em razão do exposto, não conheço do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Fl. 385DF CARF MF
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Numero do processo: 18050.008668/2008-31
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Sep 25 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri Oct 25 00:00:00 UTC 2019
Ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS
Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004
ALIMENTAÇÃO FORNECIDA POR MEIO DE VALE REFEIÇÃO/ALIMENTAÇÃO. FALTA DE ADESÃO AO PAT. INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. INAPLICABILIDADE DO ATO DECLARATÓRIO PGFN N.º 03/2011.
Para o gozo da isenção prevista na legislação previdenciária, no caso do pagamento de auxílio alimentação por meio de vale refeição/alimentação, a empresa deverá comprovar a sua regularidade perante o Programa de Alimentação do Trabalhador - PAT. Inaplicável o Ato Declaratório PGFN nº 03/2011, considerando não se tratar de fornecimento de alimentação in natura.
CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO. PREVALÊNCIA SOBRE NORMA TRIBUTÁRIA. IMPOSSIBILIDADE.
A previsão de determinado benefício em acordo/convenção coletiva de trabalho não exclui a incidência das contribuições previdenciárias a ele relativas, a menos que exista previsão legal nesse sentido.
Numero da decisão: 9202-008.210
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por voto de qualidade, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Ana Paula Fernandes, Ana Cecília Lustosa da Cruz, João Victor Ribeiro Aldinucci e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe deram provimento.
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Mário Pereira de Pinho Filho Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho (Relator), Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Maurício Nogueira Righetti, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, João Victor Ribeiro Aldinucci e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício).
Nome do relator: MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO
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FALTA DE ADESÃO AO PAT. INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. INAPLICABILIDADE DO ATO DECLARATÓRIO PGFN N.º 03/2011. Para o gozo da isenção prevista na legislação previdenciária, no caso do pagamento de auxílio alimentação por meio de vale refeição/alimentação, a empresa deverá comprovar a sua regularidade perante o Programa de Alimentação do Trabalhador - PAT. Inaplicável o Ato Declaratório PGFN nº 03/2011, considerando não se tratar de fornecimento de alimentação “in natura”. CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO. PREVALÊNCIA SOBRE NORMA TRIBUTÁRIA. IMPOSSIBILIDADE. A previsão de determinado benefício em acordo/convenção coletiva de trabalho não exclui a incidência das contribuições previdenciárias a ele relativas, a menos que exista previsão legal nesse sentido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por voto de qualidade, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Ana Paula Fernandes, Ana Cecília Lustosa da Cruz, João Victor Ribeiro Aldinucci e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe deram provimento. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho – Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 18 05 0. 00 86 68 /2 00 8- 31 Fl. 416DF CARF MF Fl. 2 do Acórdão n.º 9202-008.210 - CSRF/2ª Turma Processo nº 18050.008668/2008-31 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho (Relator), Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Maurício Nogueira Righetti, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, João Victor Ribeiro Aldinucci e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício). Relatório O presente auto de infração é referente a contribuições devidas à Seguridade Social relativas à parte da empresa sobre a remuneração de empregados, incluindo a parcela destinada ao financiamento dos benefícios concedidos em virtude dos riscos ambientais do trabalho, além das contribuições incidentes sobre as remunerações de segurados contribuintes individuais. Em sessão plenária de 23/08/2011, foi julgado o Recurso Voluntário, prolatando- se o Acórdão nº 2803-00.931 (fls. 356/361), assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004 FORNECIMENTO DE ALIMENTAÇÃO SEM ADESÃO AO PAT - INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO O valor referente ao fornecimento de alimentação aos empregados, sem a adesão ao programa de alimentação aprovado pelo Ministério do Trabalho - PAT. integra o salário de contribuição por possuir natureza salarial. Recurso Voluntário Negado O resultado do julgamento foi registrado nos seguintes termos: “Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do voto do(a) Relator(a).” O processo foi encaminhado à unidade de origem da Receita Federal do Brasil para ciência, por parte do contribuinte, do Acórdão de Recurso Voluntário, o que ocorreu em 1º/11/2012. Em 14/11/2012, foi apresentado o presente Recurso Especial (fls. 366/378), no intuito de rediscutir a matéria “incidência de contribuição sobre o auxílio alimentação, pago sem inscrição válida no PAT”. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, nos termos do Despacho nº 2300- 167/2013, de 09/04/2013 (fls. 402/404). À guisa de paradigma, o Contribuinte apresenta os Acórdãos nº 2402-002.665 e nº 2402-02.817, cujas ementas transcreve-se a seguir: - Acórdão paradigma nº 2402-002.665: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/09/2004 a 31 /12/2007 SALÁRIO INDIRETO. AJUDA ALIMENTAÇÃO. IN NATURA. NÃO INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA Fl. 417DF CARF MF Fl. 3 do Acórdão n.º 9202-008.210 - CSRF/2ª Turma Processo nº 18050.008668/2008-31 Não há incidência de contribuição previdenciária sobre os valores de alimentação fornecidos in natura, conforme entendimento contido no Ato Declaratório nº 03/2011 da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN). Recurso Voluntário Provido em Parte. - Acórdão paradigma nº 2402-02.817: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/11/2005 a 31/12/2006 [...] AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO. PAT. INSCRIÇÃO. DESNECESSIDADE. Não incide contribuição previdenciária sobre os valores pagos a título de auxílio-alimentação, independentemente de prévia inscrição do contribuinte no PAT - Programa de Alimentação do Ministério do Trabalho, nos termos do Ato Declaratório PGFN n° 03/2011. Recurso voluntário provido. O Contribuinte, em síntese, apresenta os seguintes argumentos: - a Fiscalização sustenta, equivocadamente, que os valores pagos aos segurados referentes à alimentação constituem base de cálculo de contribuições previdenciárias; - que, no entanto, muito embora a alimentação fornecida habitualmente pelo empregador ao empregado consista, em princípio, parcela salarial (art. 458 da CLT), observa-se que, no caso, sobressai determinada situação legalmente permitida que assegura a não integração do auxílio alimentação ao salário e, por consequência, a não incidência de contribuições previdenciárias sobre o benefício em discussão; - trata-se de hipótese da existência de Acordos Coletivos de Trabalho firmados pelo Sindicato dos Empregados em Entidades Culturais, Recreativas, de Assistência Social, de Orientação e Formação Profissional do Estado da Bahia - SENALBA com o Grupo Econômico ao qual o Contribuinte pertence, no bojo dos quais, ao se estabelecer a participação das Entidades no custeio da alimentação de seus empregados, consigna, de forma expressa, que o benefício não integraria o salário para qualquer efeito legal; - os Acordos Coletivos em questão foram sido firmados com o SENALBA pelos respectivos departamentos regionais baianos do Serviço Social da Indústria - SESI e do Instituto Euvaldo Lodi – IEL; - os termos dos Acordos Coletivos regem a relação mantida pela impugnante com os seus empregados e, em consequência, considerando as estipulações relativas ao auxílio alimentação, o Contribuinte ficaria exonerado de recolher contribuições previdenciárias sobre aquele benefício; - ainda nesse aspecto, vale ressaltar que o acordo coletivo, nos termos do art. 611 e parágrafos da CLT, constitui meio apto a definir condições de trabalho a serem observadas em relação a todos os trabalhadores de uma empresa, podendo empregador e sindicato, inclusive, dispor sobre a natureza do auxílio alimentação Fl. 418DF CARF MF Fl. 4 do Acórdão n.º 9202-008.210 - CSRF/2ª Turma Processo nº 18050.008668/2008-31 através daquele pacto, o que também seria entendimento da melhor jurisprudência; - o caráter não-salarial do auxílio alimentação em análise encontra-se consignado não apenas nos Acordos Coletivos de Trabalho firmados pelas Entidades integrantes do Grupo Econômico a que pertence o Contribuinte, mas também no fato de que a concessão de tal benefício sempre teria se dado de forma onerosa ao empregado; - o Contribuinte sempre transferiu aos seus funcionários a responsabilidade pelo custeio de parte do montante destinado ao auxílio alimentação, o que retira o caráter gratuito do benefício, fazendo com que o mesmo não configure parcela salarial e, assim, havendo a participação do empregado no custeio do auxílio alimentação, têm-se que sua concessão passa a ser onerosa, deixando aquela parcela de figurar como uma contraprestação dos serviços prestados pelo obreiro, o que estaria esposado no entendimento da jurisprudência. Por fim, requer o Sujeito Passivo que seu recurso seja conhecido e provido, para reformar o acórdão recorrido, no sentido de decretar improcedente o auto de infração que originou o presente processo. O autos foram, então, à PGFN para ciência do Acórdão, do Recurso Especial do Contribuinte e do despacho que lhe seguimento, o que ocorreu em 22/07/2013 (fl. 405). Em 25/07/2013, foram apresentadas contrarrazões ao Recurso Especial pela Fazenda Nacional (fls. 406/413), com as alegações a seguir resumidas: - nos termos do art. 28 da Lei n° 8.212/91, para o segurado empregado se entende por salário-de-contribuição a totalidade dos rendimentos destinados a retribuir o trabalho, incluindo nesse conceito os ganhos habituais sob a forma de utilidades; - conforme disposto na alínea “c”, do § 9º, do art. 28, da Lei nº 8.212/1991, o legislador ordinário expressamente excluiu do salário-de- contribuição a parcela “in natura” recebida de acordo com os programas de alimentação aprovados pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social, nos termos da Lei nº 6.321/1976; - para a não incidência da Contribuição Previdenciária é imprescindível que o pagamento seja feito “in natura”; - inexistindo comprovação de participação do contribuinte no PAT, é inequívoco que a verba paga a título de auxílio-alimentação não está incluída na hipótese legal de isenção, prevista na alínea “c”, § 9º, art. 28, da Lei nº 8.212/91; - no PAT, a empresa somente pode optar pelas seguintes modalidades de execução: a) Autogestão (serviço próprio): a empresa beneficiária assume toda a responsabilidade pela elaboração das refeições, desde a contratação de pessoal até a distribuição aos usuários; b) Terceirização (Serviços de terceiros); - o fornecimento das refeições é formalizado por intermédio de contrato firmado entre a empresa beneficiária e as concessionárias e, neste caso, tanto a empresa beneficiária quanto a empresa fornecedora/prestadora do serviço deveriam estar inscritas no PAT; Fl. 419DF CARF MF Fl. 5 do Acórdão n.º 9202-008.210 - CSRF/2ª Turma Processo nº 18050.008668/2008-31 - a isenção é uma das modalidades de exclusão do crédito tributário, e dessa forma, interpreta-se literalmente a legislação que disponha sobre esse benefício fiscal, conforme prevê o CTN em seu artigo 111, I; - onde o legislador não dispôs de forma expressa, não pode o aplicador da lei estender a interpretação, sob pena de violar-se os princípios da reserva legal e da isonomia; - caso o legislador tivesse desejado excluir da incidência de contribuições providenciarias a parcela paga em pecúnia referente ao auxílio- alimentação, teria feito menção expressa na legislação previdenciária, mas, ao contrário, fez menção expressa de que apenas a parcela paga “in natura” não integra o salário-de-contribuição; - a Lei n ° 10.243/01 alterou a CLT, mas não interferiu na legislação previdenciária, pois esta é específica; - o art. 458 da CLT refere-se ao salário para efeitos trabalhistas, para incidência de contribuições previdenciárias há o conceito de salário-de- contribuição, com definição própria e possuindo parcelas integrantes e não integrantes; - as parcelas não integrantes estão elencadas exaustivamente no art. 28, § 9º da Lei n ° 8.212/91; - a prova mais robusta de que a verba para efeito previdenciário não coincide com a verba para incidência de direitos trabalhistas, é fornecida pela própria Constituição Federal; Conforme o art. 195, § 11 da Carta Magna, os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, serão incorporados ao salário para efeito de contribuição previdenciária e consequente repercussão em benefícios, nos casos e na forma da lei. Por fim, a PGFN pugna seja negado provimento ao recurso especial do Contribuinte. Voto Conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho - Relator O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo, e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto, dele conheço. De forma a contextualizar a análise aqui empreendida, convém ressaltar que a matriz constitucional das contribuições previdenciárias incidente sobre a remuneração dos trabalhadores em geral é a alínea “a” do inciso I do art. 195 da Constituição Federal que dispõe: Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: Fl. 420DF CARF MF Fl. 6 do Acórdão n.º 9202-008.210 - CSRF/2ª Turma Processo nº 18050.008668/2008-31 I – do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: a) folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício; [...] Com base na previsão constitucional, a Lei nº 8.212/1991, por intermédio de seus arts. 22 e 28 instituiu as bases sobre as quais incidem as contribuições previdenciárias de empregadores e empregados, que abrangem o total das remunerações pagas/recebidas, devidas ou creditadas a qualquer título, durante o mês, aos segurados empregados que lhe prestem serviços, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive os ganhos habituais sob a forma de utilidades. Assim, a princípio, a base de cálculo das contribuições previdenciárias abrange toda e qualquer forma de benefício habitual destinado a retribuir o trabalho, seja ele pago em pecúnia ou sob a forma de utilidades, aí incluídos alimentação, habitação, vestuário, além de outras prestações in natura. Exclui-se da tributação somente aqueles benefícios abrangidos por alguma regra isentiva ou que tenham sido disponibilizados para a prestação de serviços, a exemplo de vestuário, equipamentos e outros acessórios destinados a esse fim. A definição sobre a incidência ou não das contribuições sociais em relação à rubrica objeto de lançamento deve levar em consideração sua natureza jurídica, a existência ou não de normas que lhes concedam isenção e o cumprimento dos requisitos necessários ao usufruto desse favor legal. Nessa esteira, o § 9º do art. 28 da Lei nº 8.212/1991 relaciona, de forma exaustiva, as diversas verbas de natureza salarial que podem ser excluídas da base de cálculo da Contribuição Previdenciária. Em se tratando de salário utilidade pago sob a forma de alimentação, dispõe a alínea “c” do citado § 9º: Art. 28. [...] § 9º Não integram o salário-de-contribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: [...] c) a parcela “in natura” recebida de acordo com os programas de alimentação aprovados pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social, nos termos da Lei nº 6.321, de 14 de abril de 1976; [...] No mesmo sentido é o art. 3º da Lei nº 6.321/1976 que dispõe: Art 3º Não se inclui como salário de contribuição a parcela paga in natura, pela empresa, nos programas de alimentação aprovados pelo Ministério do Trabalho. Nos termos dos disposições legais encimadas, para que a parcela referente à alimentação in natura recebida pelo segurado empregado seja excluída do salário-de- contribuição é necessário que essa seja paga de acordo com o Programa de Alimentação do Trabalhador – PAT, instituído pelo Ministério do Trabalho e Emprego, de conformidade com a Lei nº 6.321/1976. Fl. 421DF CARF MF Fl. 7 do Acórdão n.º 9202-008.210 - CSRF/2ª Turma Processo nº 18050.008668/2008-31 Não se olvide que o descumprimento dos requisitos necessários ao gozo da isenção têm como consequência lógica a incidência da exação tributária. Cabe aqui ressaltar que o art. 111 do CTN estabelece que as normas afetas a outorga de isenção devem ser interpretadas literalmente. A despeito do que dispõe a legislação trabalhista e tributária, o entendimento pacificado no âmbito do Superior Tribunal de Justiça – STJ é de que, em se tratando de pagamento in natura, o auxílio-alimentação não sofre incidência de contribuição previdenciária, independentemente de inscrição no PAT, visto que ausente a natureza salarial da verba. Nesse sentido é a decisão consubstanciada no AgRg ao REsp nº 1.119.787/SP: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. FGTS. ALIMENTAÇÃO IN NATURA. NÃO INCIDÊNCIA. PRECEDENTES. 1. O pagamento do auxílio-alimentação in natura , ou seja, quando a alimentação é fornecida pela empresa, não sofre a incidência da contribuição previdenciária, por não possuir natureza salarial, razão pela qual não integra as contribuições para o FGTS. Precedentes: REsp 827.832/RS, PRIMEIRA TURMA, julgado em 13/11/2007, DJ 10/12/2007 p. 298; AgRg no REsp 685.409/PR, PRIMEIRA TURMA, julgado em 20/06/2006, DJ 24/08/2006 p. 102; REsp 719.714/PR, PRIMEIRA TURMA, julgado em 06/04/2006, DJ 24/04/2006 p. 367; REsp 659.859/MG, PRIMEIRA TURMA, julgado em 14/03/2006, DJ 27/03/2006 p. 171. 2. Ad argumentandum tantum, esta Corte adota o posicionamento no sentido de que a referida contribuição, in casu, não incide, esteja, ou não, o empregador, inscrito no Programa de Alimentação do Trabalhador - PAT. 3. Agravo Regimental desprovido. Em virtude do entendimento do STJ, foi editado o Ato Declaratório n° 03/2011 da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional PGFN, publicado no D.O.U. de 22/12/2011, com base em parecer aprovado pelo Ministro da Fazenda, o qual autoriza a dispensa de apresentação de contestação e de interposição de recursos, “nas ações judiciais que visem obter a declaração de que sobre o pagamento in natura do auxílio-alimentação não há incidência de contribuição previdenciária”, independentemente de inscrição no PAT. Conforme alínea “c” do inciso II do § 1º do art. 62 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015, os membros das turmas de julgamento do CARF podem afastar a aplicação de lei com base em ato declaratório do Procurador-Geral da Fazenda Nacional, na forma dos arts. 18 e 19 da Lei nº 10.522/2002 (como é o caso do Ato Declaratório nº 3/2011). Resta, portanto, perquirir se a situação retratada nos autos se amolda ou não ao previsto em referido Ato Declaratório. No caso concreto, a matéria devolvida à apreciação deste Colegiado refere-se especificamente a auxílio alimentação pago por meio de vale refeição/alimentação. Não há qualquer contestação quanto o que fora apurado pela Fiscalização de que o auxílio alimentação foi disponibilizado aos trabalhadores da empresa autuada pela utilização de tal instrumento. Contudo, o Ato Declaratório PGFN nº 3/2011, bem assim os julgados do STJ que fomentaram sua edição, dentre os quais encontra-se o AgRg ao REsp nº 1.119.787 (ementa reproduzida acima), fazem referência a auxílio-alimentação in natura, o que, nos termos da jurisprudência daquela Corte, quer dizer: “alimentação fornecida pela empresa”, ou seja, o pagamento do benefício feito por meio de vale refeição/alimentação não está abrangido pelo ato administrativo da PGFN e nem pelas decisões judiciais aqui suscitadas. Fl. 422DF CARF MF Fl. 8 do Acórdão n.º 9202-008.210 - CSRF/2ª Turma Processo nº 18050.008668/2008-31 Desse modo, para se beneficiar da isenção prevista na alínea “c” do § 9º do art. 28 da Lei nº 8.212/1991 a empresa necessitaria cumprir rigorosamente os requisitos previstos nesse dispositivo, isto é, o benefício teria de observar as diretrizes dos programas de alimentação aprovados pelo Ministério do Trabalho e Emprego, o que não se verifica na situação ora analisada. O cumprimento dos requisitos do PAT pressupõe a regular inscrição da empresa no referido programa, em observância ao art. 2º da Portaria MTE nº 3/2002, in verbis: Art. 2º Para inscrever-se no Programa e usufruir dos benefícios fiscais, a pessoa jurídica deverá requerer sua inscrição à Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT), através do Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho (DSST), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), em impresso próprio para esse fim a ser adquirido nos Correios ou por meio eletrônico utilizando o formulário constante da página do Ministério do Trabalho e Emprego na Internet (www.mte.gov.br). § 1º A cópia do formulário e o respectivo comprovante oficial de postagem ao DSST/SIT ou o comprovante da adesão via Internet deverá ser mantida nas dependências da empresa, matriz e filiais, à disposição da fiscalização federal do trabalho. § 2º A documentação relacionada aos gastos com o Programa e aos incentivos dele decorrentes será mantida à disposição da fiscalização federal do trabalho, de modo a possibilitar seu exame e confronto com os registros contábeis e fiscais exigidos pela legislação. § 3º A pessoa jurídica beneficiária ou a prestadora de serviços de alimentação coletiva registradas no Programa de Alimentação do Trabalhador devem atualizar os dados constantes de seu registro sempre que houver alteração de informações cadastrais, sem prejuízo da obrigatoriedade de prestar informações a este Ministério por meio da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS). Assevere-se que a inscrição no PAT trata-se de medida necessária que impõe à pessoa jurídica o cumprimento dos requisitos do programa e possibilita a fiscalização de sua regular execução pelo Ministério do Trabalho e Emprego. Não tendo o sujeito passivo adotado essa medida e não estando ele amparado pelo Ato Declaratório PGFN nº 3/2011, não vejo como considerá-lo isento de contribuições previdenciárias. No que atine à argumentação recursal quanto a existência de previsão em Acordos Coletivos de Trabalho de que o benefício não integraria o salário para qualquer efeito legal, embora não se desconheça o caráter normativo desses acordos, tem-se que eles não têm o condão de excluir a incidência de contribuições previdenciárias incidentes sobre rubricas de caráter nitidamente remuneratório, a menos que exista previsão legal nesse sentido. A esse respeito, o art. 176 do CTN estabelece: Art. 176. A isenção, ainda quando prevista em contrato, é sempre decorrente de lei que especifique as condições e requisitos exigidos para a sua concessão, os tributos a que se aplica e, sendo caso, o prazo de sua duração. Parágrafo único. A isenção pode ser restrita a determinada região do território da entidade tributante, em função de condições a ela peculiares. (Grifou-se) Ainda sobre esse assunto, vale transcrever doutrina de Hugo de Brito Machado, aplicável ao presente caso: Fl. 423DF CARF MF Fl. 9 do Acórdão n.º 9202-008.210 - CSRF/2ª Turma Processo nº 18050.008668/2008-31 “As convenções particulares podem ser feitas e são juridicamente válidas entre as partes contratantes, mas nenhum efeito produzem contra a Fazenda Pública”. (Curso de Direito Tributário, Malheiros, 1997. p 100) Conclusão Ante o exposto, conheço do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, nego- lhe provimento. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Fl. 424DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 14041.001179/2008-14
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Jul 24 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri Aug 16 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2007
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. CONTRARRAZÕES. MATÉRIA ESTRANHA À LIDE. NÃO CONHECIMENTO.
Não se conhece de contrarrazões quanto a matérias estranhas ao Recurso Especial.
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO ESPECIAL. DEMONSTRAÇÃO DE DIVERGÊNCIA. CONHECIMENTO.
A demonstração da divergência e o atendimento aos demais pressupostos necessários ao seguimento de recurso especial importam seu conhecimento.
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA E DE TERCEIROS. AUXÍLIO EDUCAÇÃO. DEPENDENTES. INCIDÊNCIA.
À época dos fatos geradores objeto do lançamento, não havia previsão legal para a isenção de contribuições previdenciárias em relação valores pagos a título de auxílio educação a dependentes de empregados e dirigentes vinculados a empresa.
Numero da decisão: 9202-008.050
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento, vencidas as conselheiras Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes, Ana Cecília Lustosa da Cruz e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe negaram provimento. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente das contrarrazões do sujeito passivo.
(assinado digitalmente)
Mário Pereira de Pinho Filho - Presidente em Exercício e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Pedro Paulo Pereira Barbosa, Patrícia da Silva , Miriam Denise Xavier (suplente convocada), Ana Paula Fernandes, Denny Medeiros da Silveira (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Mário Pereira de Pinho Filho (Presidente em Exercício). Ausente a conselheira Maria Helena Cotta Cardozo, substituída pela conselheira Miram Denise Xavier.
Nome do relator: MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO
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CONTRARRAZÕES. MATÉRIA ESTRANHA À LIDE. NÃO CONHECIMENTO. Não se conhece de contrarrazões quanto a matérias estranhas ao Recurso Especial. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO ESPECIAL. DEMONSTRAÇÃO DE DIVERGÊNCIA. CONHECIMENTO. A demonstração da divergência e o atendimento aos demais pressupostos necessários ao seguimento de recurso especial importam seu conhecimento. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA E DE TERCEIROS. AUXÍLIO EDUCAÇÃO. DEPENDENTES. INCIDÊNCIA. À época dos fatos geradores objeto do lançamento, não havia previsão legal para a isenção de contribuições previdenciárias em relação valores pagos a título de auxílio educação a dependentes de empregados e dirigentes vinculados a empresa. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por voto de qualidade, em darlhe provimento, vencidas as conselheiras Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes, Ana Cecília Lustosa da Cruz e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe negaram provimento. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente das contrarrazões do sujeito passivo. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 14 04 1. 00 11 79 /2 00 8- 14 Fl. 797DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Presidente em Exercício e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Pedro Paulo Pereira Barbosa, Patrícia da Silva , Miriam Denise Xavier (suplente convocada), Ana Paula Fernandes, Denny Medeiros da Silveira (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Mário Pereira de Pinho Filho (Presidente em Exercício). Ausente a conselheira Maria Helena Cotta Cardozo, substituída pela conselheira Miram Denise Xavier. Relatório Tratase de Auto de Infração, Debcad nº 37.156.7424, relativo a contribuições sociais previdenciárias não declaradas em GFIP, parte da empresa, inclusive a destinada ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrentes dos riscos ambientais do trabalho – GILRAT, incidentes sobre as remunerações pagas, devidas ou creditadas aos segurados empregados e contribuintes individuais a serviço da empresa. Em sessão plenária de 15/02/2016, foi julgado o Recurso Voluntário, prolatandose o Acórdão nº 2201002.852 (fls. 618/644), com o seguinte resultado: ACORDAM os membros do Colegiado, por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso, para: a) Acolher a preliminar de decadência até a competência 10/2003 (inclusive), vencidos os Conselheiros MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, MÁRCIO DE LACERDA MARTINS (Suplente convocado) e HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR; b) No mérito, por unanimidade de votos, afastar a tributação sobre o auxílio alimentação. Quanto à bolsa de estudos, por maioria de votos, afastar a tributação sobre essas verbas, vencido o Conselheiro MARCELO VASCONCELOS DE ALMEIDA, que dava provimento em menor extensão e os Conselheiros HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR e MÁRCIO DE LACERDA MARTINS (Suplente convocado), que negavam provimento. O acórdão encontrase assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2007 ISENÇÃO. DIREITO ADQUIRIDO. Inexiste direito adquirido à isenção com base no Decreto Lei 1.572/1977. Não há razão para falarse em direito à imunidade por prazo indeterminado. DECADÊNCIA. Fl. 798DF CARF MF Processo nº 14041.001179/200814 Acórdão n.º 9202008.050 CSRFT2 Fl. 3 3 O Supremo Tribunal Federal, através da Súmula Vinculante n° 08, declarou inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212, de 24/07/91, devendo, portanto, ser aplicada a regra qüinqüenal da decadência do Código Tributário Nacional. Havendo recolhimentos aplicase a regra do § 4º do artigo 150 do CTN. EDUCAÇÃO. BOLSAS DE ESTUDOS. Não incide tributação sobre o valor relativo a plano educacional que vise à educação básica e a cursos de capacitação e qualificação profissionais vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa, desde que não seja utilizado em substituição de parcela salarial e que todos os empregados e dirigentes tenham acesso ao mesmo. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. APLICAÇÃO À COBRANÇA DE TRIBUTOS. É cabível a cobrança de juros de mora sobre os débitos para com a União decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil com base na taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. ALIMENTAÇÃO IN NATURA Sobre o pagamento in natura do auxílioalimentação não há incidência de contribuição previdenciária. INCONSTITUCIONALIDADE. AFASTAMENTO DE NORMAS LEGAIS. VEDAÇÃO. O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) não é competente para afastar a aplicação de normas legais e regulamentares sob fundamento de inconstitucionalidade. SEGURO DE ACIDENTE DO TRABALHO SAT. REGULAMENTAÇÃO. Não ofende ao Princípio da Legalidade a regulamentação através de decreto do conceito de atividade preponderante e da fixação do grau de risco. Recurso Voluntário Provido em Parte O processo foi encaminhado à PGFN em 03/05/2016 que, em 06/06/2016, opôs, tempestivamente, embargos de declaração (fls. 646/649), alegando, em síntese, omissão, pois não teria sido “possível confirmar a informação no sentido de que há recolhimento parcial da contribuição previdenciária objeto dos autos exatamente nas competências em análise”. Tendo sido acolhidos os embargos de declaração, em sessão de 04/07/2017, foi prolatado novo Acórdão nº 2201003.737 (fls. 671/676), com o resultado a seguir descrito: Fl. 799DF CARF MF 4 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer e acolher os embargos de declaração apresentados para, sanando a omissão identificada, mencionar que o documento que embasa a decisão prolatada encontrase no arquivo nãopaginável anexado à fl. 569 do processo eletrônico. O processo foi encaminhado à PGFN para ciência do Acórdão de Embargos em 03/08/2017 que, em 14/09/2017, interpôs o Recurso Especial (fls. 678/692), no intuito de rediscutir a matéria: incidência de contribuições sociais sobre as bolsas de estudos destinadas a dependentes de segurados a serviço da empresa. À guisa de paradigmas foram apresentados os Acórdãos nº 2403001.705 e 240102.389, cujas ementas, na parte que interessa à presente análise, transcrevese a seguir: Acórdão nº 2403001.705 ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2006 [...] PREVIDENCIÁRIO CUSTEIO CONCESSÃO DE BOLSA DE ESTUDO A DEPENDENTES DE EMPREGADOS LEGISLAÇÃO À ÉPOCA DO FATO GERADOR SALÁRIO INDIRETO O saláriodecontribuição compreende a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer titulo, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho. Não integram o saláriodecontribuição apenas o valor relativo a plano educacional que vise à educação básica, nos termos do art. 21 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e a cursos de capacitação e qualificação profissionais vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa, desde que não seja utilizado em substituição de parcela salarial e que todos os empregados e dirigentes tenham acesso ao mesmo. À época do fato gerador, no período 01/2005 a 12/2006, incide contribuição social previdenciária nas bolsas de estudos concedidas a dependentes de empregados. [...] Acórdão nº 240102.389 ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/1997 a 31/12/2005 [...] DISPONIBILIZAÇÃO DE PLANO EDUCACIONAL E ODONTOLÓGICO APENAS A EMPREGADOS COM DETERMINADO TEMPO DE VÍNCULO COM A EMPRESA. NÃO ATENDIMENTO A REGRA QUE ESTABELECE QUE A ISENÇÃO É CONDICIONADA AO FORNECIMENTO DO BENEFÍCIO A TODOS OS EMPREGADOS E DIRIGENTES. INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO. Fl. 800DF CARF MF Processo nº 14041.001179/200814 Acórdão n.º 9202008.050 CSRFT2 Fl. 4 5 O estabelecimento norma empresarial que permita a fruição de plano educacional e odontológico apenas por empregados com determinado tempo de permanência na empresa, pela legislação vigente à época dos fatos geradores, feria a regra de isenção que exige que o benefício seja estendido a todo o quadro funcional, acarretando na incidência de contribuição sobre a verba. [...] Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme despacho datado de 09/10/2017 (fls. 695/704), que considerou como apto a instaurar a divergência somente o Acórdão nº 2403001.705. A representante da Fazenda Nacional apresenta os seguintes argumentos: não caberia a aplicação da Lei nº 12.513/2011, que promoveu alterações na Lei nº 8.212/91, em especial no art. 28, § 9º, alínea “t” para verificar os requisitos da não incidência tributária, uma vez que assim fazendo, estarseia aplicando retroativamente uma lei tributária a caso por ela não albergado, em contrariedade expressa ao art. 106, do Código Tributário Nacional, conforme alhures exposto, e que, no presente caso, os fatos geradores objetos do lançamento ocorreram em momento anterior ao advento da Lei nº 12.513/2011; a decisão recorrida teria achado por bem se valer de norma posterior – Lei nº 12.513/2011, ainda não vigentes à época da ocorrência dos fatos geradores – aplicandoa retroativamente e, por conseqüência, afastando a norma então em vigor (art. 28, § 9º, alínea “t”, da Lei nº 8.212/91 com a redação dada pela Lei nº 9.711/1998); que teria acontecido foi um “aparente” conflito temporal de normas. como regra, os conflitos da lei no tempo devem ser resolvidos sob a ótica do milenar Princípio da Irretroatividade (e exceções), que, no direito tributário, é extraído da combinação da Lei de Introdução ao Código Civil com o art. 101 do Código Tributário Nacional; tal postulado jurídico, significaria que a lei (tributária ou não) somente se aplicará fatos ocorridos após o início da sua vigência de acordo com a noção tradicional de segurança jurídica e que, esse princípio, seria regra geral do ordenamento pátrio e não se confundiria com o princípio da irretroatividade tributária, que se destinaria especificamente a “impedir”, como garantia negativa (direito fundamental de 1ª geração), a cobrança de tributo anterior à edição de lei. essa regra comportaria exceções nas mais variadas searas do direito. No âmbito tributário, haveria ressalvas ao referido princípio, pois se permitiria que a lei voltasse ao passado, se o dissesse expressamente (e não houvesse vedação constitucional ou do próprio CTN), ou nas exceções previstas no CTN. Entretanto, se nada disso ocorrer, ela vigoraria para futuro, seguindo a LICC; no presente caso, verificase que a Lei nº 12.513/2011 não dispõe expressamente sobre a possibilidade de retroatividade da lei. Pelo contrário, que o art. 21 seria claro em afirmar que a “Lei entra em vigor na data de sua Fl. 801DF CARF MF 6 publicação”. Tampouco se poderia dizer que esse diploma legal seria expressamente interpretativo para se poder falar na sua retroatividade. que, no tocante à retroação prevista no CTN, se deveria analisar seu art. 106 que excepcionaria a regra da irretroatividade. O referido dispositivo legal permitiria a lei voltarse ao passado, o que dispensaria disposição expressa de lei, nas hipóteses de lei interpretativa e de “lei mitior” quanto a infrações ou penalidades; não haveria qualquer infração que atraísse a retroatividade de norma. O que se discute são requisitos para usufruto de um favor fiscal: isenção de contribuições previdenciárias. Pelo fato de não se preencher determinado requisito, não se poderia considerar como cometida uma infração, mas sim como devido o tributo correspondente. E tributo, na dicção do art. 3º do CTN, não seria penalidade; aqueles que cumprem os requisitos estabelecidos no art. 28, § 9º, da Lei nº 8.212/91, vêem afastada a incidência de contribuições previdenciárias; os demais recaem na previsão geral que é a exigência dos tributos devidos, nos termos do art. 28 e incisos da mesma lei. Não há previsão de sanções (decorrência lógica de eventual “infração”) para a empresa que eventualmente não cumpre as condições previstas no art. 28, § 9º, da Lei nº 8.212/91; a Lei nº 12.513/2011 jamais poderia estar “deixando de definir uma infração”, pois infrações não haveria. O que teria ocorrido é que a legislação tributária, em razão de política tributáriofinanceira, alterou os requisitos para que os contribuintes pudessem usufruir da não incidência de contribuições previdenciárias; a nova redação conferida à alínea “t”, do § 9º, art. 28, da Lei nº 8.212/91 sequer pode ser considerada como “mais favorável” ao contribuinte, pois, se de um lado excluiria exigências e incluiria outros possíveis beneficiários dos planos educacionais eventualmente concedidos pelas empresas aos seus funcionários, de outro traria novas condições e restrições até então não existentes para que o contribuinte pudesse ver afastada a exigência das contribuições devidas; a decisão recorrida teria se pautado numa avaliação equivocada das normas. Isso porque, a análise da antiga e nova redação do art. 28, parágrafo 9º, alínea “t”, Lei nº 8.212, foi realizada de forma parcial. O acórdão recorrido passou ao largo da análise dos itens 1 e 2 que compõem a alínea “t”, com a redação conferida pela Lei nº 12.513/2011; quando se observa, na análise de um conflito temporal de normas, se caberá ou não retroatividade de uma determinada norma por se entender que é mais benéfica, é vedado ao órgão julgador proceder a uma combinação da legislação nova com a antiga; nessa linha, poderseia argumentar que ou uma norma é mais benéfica ou não é. E, para tanto, deverseia levar em consideração a sua integralidade; a doutrina e jurisprudência é vedaria a conjugação de legislações, antiga e nova, apenas com o fim de favorecer o contribuinte, ainda que a título de aplicar retroativamente a legislação mais benéfica. Seja porque uma norma assim híbrida configuraria criação de novo direito, com violação do tão caro princípio da legalidade, seja porque a montagem de uma norma com fragmentos de outras revela uma interpretação do direito positivo que afronta a lógica e a ordenação inerentes ao sistema jurídico como algo racional. Ou Fl. 802DF CARF MF Processo nº 14041.001179/200814 Acórdão n.º 9202008.050 CSRFT2 Fl. 5 7 até mesmo seja porque não é dado ao julgador imiscuirse no papel de legislador positivo. quanto ao art. 106, inciso II, alínea “b”, do Código Tributário Nacional (CTN), o legislado colocaria uma condição para a configuração daquela hipótese: “quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo”; não se poderia cogitar que o art. 28, § 9º, alínea “t”, da Lei nº 8.212/91 pudesse tratar da exigência de determinada conduta ou inação. O que viria ali prevista é uma benesse fiscal, ainda que cercada de condições, requisitos e restrições; por outro lado, ainda que se cogitasse essa tese, o fato é que não haveria lugar para a incidência dessa norma no caso, em razão da ressalva feita no fim do texto: “desde que (...) não tenha implicado em falta de pagamento de tributo”. E o fato é que a Lei nº 12.513/2011, segundo a interpretação adotada pela decisão recorrida (controvertida neste recurso, conforme demonstrado acima), implica na falta de pagamento de tributo; estaríamos diante de dois sistemas (com relevantes diferenças) de isenção de contribuições previdenciárias que se sucederam no tempo ambos atendendo a razões de política tributáriofinanceira reinantes em suas respectivas épocas; “retroativadade benigna” no direito tributário faria referência às sanções e o CTN deixaria isso muito claro. Não seria qualquer tratamento benéfico da legislação que retroagiria, não seria essa a inteligência do sistema tributário. Por fim, requer a PGFN que seja conhecido e provido o Recurso Especial, restabelecendose a exigência do que tange à verba objeto de discussão. Os autos foram, então, à unidade da Receita Federal do Brasil de origem para ciência do Contribuinte, dos acórdãos de recurso voluntário e de embargos, do Recurso Especial e do despacho que lhe deu seguimento, o que se deu em 10/11/2017 (fl. 710), tendo sido opostos embargos de declaração, em 17/11/2017, os quais foram rejeitados, conforme despacho de fls. 773/778. Também em 17/11/2017, foram apresentadas contrarrazões ao recurso especial da PGFN (fls. 751/770), em que se alega em resumo o que segue: a PGFN não teria comprovado a similaridade entre as situações fáticas apontadas no acórdão recorrido e no paradigma utilizado (Acórdão 2401 02.389) e tampouco em que medida e por qual razão eles teriam adotado solução dissonante com a do acórdão recorrido; o acórdão recorrido teria tratado da concessão de bolsas de estudos a todos os empregados e o paradigma citado, cuidaria de situação diversa, na qual as bolsas eram concedidas não a todos os funcionários, mas apenas a uma parcela deles com determinado tempo de permanência na empresa; seriam, portanto, questões manifestamente distintas da discutida neste feito, razão pela qual incidiria a contribuição previdenciária, o que não é o caso em tela; Fl. 803DF CARF MF 8 os descontos concedidos pela Recorrida à título de bolsas de estudos a seus funcionários e a dependentes destes com finalidade eminentemente social, não integram o salário de contribuição e por essa razão não precisam ser informados em GFIP; o que estabeleceria o art. 28, § 9º, “t” da Lei nº 8.212/91, os valores que a Recorrida despende com a formação de seus empregados estariam, conforme reconhece a legislação de regência, fora do âmbito de incidência da contribuição à cota patronal (art. 28, § 9º, “t” da Lei nº 8.212/91), assim como quaisquer ajudas, desde que não representem substituição do salário em espécie, fornecidas pelo empregador em prol da educação tanto de seus empregados quanto de seus dependentes, não representariam “salário”, logo, não seriam informações a serem prestadas em GFIP ou em guias de recolhimento do FGTS; o texto legal não faria qualquer diferença entre valores gastos pelo empregador com a educação e aprimoramento de seus funcionários e valores gastos pelo empregador com a educação de seus dependentes. Tanto assim o seria que a Lei nº 8.212/91 preveria a exclusão do auxílio creche da base de cálculo da contribuição em questão; tanto a Lei nº 8.212/91 quanto o RPS reconhecem que não estariam abrangidos pelo campo de incidência da norma os valores gastos pelo empregador com educação básica e que a educação básica é na maioria das hipóteses, cursada por crianças e não, por trabalhadores; no mesmo sentido, se verificaria a redação do art. 12 da Lei nº 11.096/05, que ao possibilitar que as bolsas concedidas a funcionários e seus dependentes sejam apropriadas como assistência social, acabaria por colocar fim a qualquer questionamento acerca da inclusão de tais benefícios como fato gerador de cota patronal; considerando as peculiaridades do caso concreto, em que a Recorrida é, segundo o Superior Tribunal de Justiça, entidade beneficente de assistência social, dedicada à área de educação, seria, no mínimo, um contrassenso, que lhe fosse defeso patrocinar a educação de seus próprios funcionários e respectivos dependentes, ou que fosse obrigada a oferecer tais valores à tributação; a Recorrida paga in natura o auxílio alimentação, a seus empregados, o que a teor da lei e da Jurisprudência, afastarias a incidência de contribuição previdenciária, por não se revestir esse auxílio de natureza salarial, independente de a entidade ser ou não inscrita no PAT, até por que o ato administrativo é meramente declaratório, e não, constitutivo; no caso presente, arcando com a maior parte das despesas de alimentação de seus empregados, a Recorrida prestaria in natura auxílio alimentação, que, a teor da lei e da Jurisprudência, não sofreria a incidência de contribuição previdenciária, por não se revestir de caráter remuneratório, mas de mero estímulo a que a prestação dos serviços contratados se desenvolva em condições de maior e melhor produtividade; não integrariam a base de cálculo da contribuição em questão, independentemente de haver ou não inscrição no PAT, o fornecimento in natura da alimentação pelo empregador ao empregado, o que a PGFN teria reconhecido em parecer de 2011; considerando que a matéria objeto do presente feito já foi exaustivamente apreciada pelo STJ e pelo CARF, esperase que as mesmas conclusões sejam Fl. 804DF CARF MF Processo nº 14041.001179/200814 Acórdão n.º 9202008.050 CSRFT2 Fl. 6 9 aplicadas ao caso, confirmando o acórdão recorrido, por seus próprios e jurídicos fundamentos. A Contribuinte encerra suas Contrarrazões requerendo que o Recurso Especial da PGFN seja negado, mantendose o decidido no acórdão recorrido, na parte em que deu parcial provimento ao seu recurso, para exonerar o crédito tributário. Voto Conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho Relator Conhecimento O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo, restando perquirir se atende aos demais pressupostos de admissibilidade em virtude das alegações trazidas em sede de Contrarrazões, também tempestivas. Antes de iniciar a análise quanto ao conhecimento do Recurso Especial, importa esclarecer que a matéria devolvida à apreciação deste Colegiado restringese à incidência de contribuições sociais sobre as bolsas de estudos destinadas a dependentes de segurados a serviço da empresa. Portanto, as contrarrazões não serão conhecidas na parte que trata da decadência, do auxílio educação destinado aos próprios empregados e das contribuições incidentes sobre valores pagos a título de auxílio alimentação in natura, posto que tais matérias não são objeto da presente lide. Segundo argumenta o Sujeito Passivo, o § 8º do art. 69 do Anexo II do Regimento Interno do CARF – RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015, exige não somente a mera transcrição das ementas, mas, “impõe, na verdade, a transcrição do voto paradigma e seu confronto com o voto condutor do Acórdão recorrido”, o que somente poderia ser realizado a partir da elaboração de texto em que se demonstrasse a similaridade das situações postas em juízo e a disparidade das soluções encontradas para a interpretação da lei tributária. Esse cuidado não teria sido tomado, visto que não restou comprovada a similaridade entre as situações fáticas apontadas no acórdão recorrido e no paradigma utilizado, Acórdão nº 240102.389. A respeito desse assunto, dispõe o RICARF: Art. 67. Compete à CSRF, por suas turmas, julgar recurso especial interposto contra decisão que der à legislação tributária interpretação divergente da que lhe tenha dado outra câmara, turma de câmara, turma especial ou a própria CSRF. § 1º Não será conhecido o recurso que não demonstrar a legislação tributária interpretada de forma divergente. (Redação dada pela Portaria MF nº 39, de 2016) [...] Fl. 805DF CARF MF 10 § 6º Na hipótese de que trata o caput, o recurso deverá demonstrar a divergência arguida indicando até 2 (duas) decisões divergentes por matéria. [...] § 8º A divergência prevista no caput deverá ser demonstrada analiticamente com a indicação dos pontos nos paradigmas colacionados que divirjam de pontos específicos no acórdão recorrido. § 9º O recurso deverá ser instruído com a cópia do inteiro teor dos acórdãos indicados como paradigmas ou com cópia da publicação em que tenha sido divulgado ou, ainda, com a apresentação de cópia de publicação de até 2 (duas) ementas. § 10. Quando a cópia do inteiro teor do acórdão ou da ementa for extraída da Internet deve ser impressa diretamente do sítio do CARF ou do Diário Oficial da União. Da leitura dos dispositivos encimados, notase que inexiste exigência regimental para que o voto dos acórdãos indicados como paradigma sejam transcritos no corpo do recurso especial, tampouco a necessidade de seu confronto com o voto condutor do acórdão recorrido, como defende a Contribuinte. O que o Regimento Interno preconiza é a demonstração da legislação interpretada de forma divergente e que essa demonstração seja feita de forma analítica, com a indicação de até duas decisões proferidas por turmas de julgamento distintas daquela responsável pela prolação do decisum afrontado. Vejase, que alternativamente à apresentação do inteiro teor das decisões cotejadas, os §§ 9º e 10 acima possibilitam a apresentação tãosomente das ementas de tais julgados, ao revés do infere a Recorrida. Além do que, do exame da peça recursal, constatase que a Fazenda Nacional desincumbiuse do ônus imposto pela RICARF, tendo comprovado adequadamente a existência do dissídio interpretativo, sobretudo em face ao Acórdão nº 2403001.705. Senão vejamos trechos do apelo: Divergindo do entendimento sufragado na decisão atacada, os paradigmas abaixo indicados, tratando de questões fáticas similares concernentes ao cumprimento dos requisitos estampados no § 9º do art. 28 da Lei nº 8.212/91, para fins de não incidência das contribuições previdenciárias, adotaram tese jurídica diversa. Vejase: [...] Para demonstrar a existência do dissídio alegado, fazse necessário transcrever alguns excertos dos acórdãos indicados como paradigmas: Acórdão nº 2403001.705 “Por outro lado, a questão central da argumentação da Recorrente é a incidência ou não de contribuição social previdenciária nas bolsas de estudos concedidas aos dependentes de empregados. Vejamos. A redação à época dos fatos geradores do art. 28, §9°, alínea t, Lei 8.212/1991, ou seja sem a redação dada pela Lei 12.513/2011, dispõe que não integra o salário de Fl. 806DF CARF MF Processo nº 14041.001179/200814 Acórdão n.º 9202008.050 CSRFT2 Fl. 7 11 contribuição o valor relativo a plano educacional que vise à educação básica, nos termos do art. 21, da Lei 9.394/1996, bem como a cursos de capacitação e qualificação profissionais desde que não utilizado em substituição de parcela salarial e que todos os empregados e dirigentes tenham acesso ao mesmo. Art. 28. Entendese por saláriodecontribuição: § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) t) o valor relativo a plano educacional que vise à educação básica, nos termos do art. 21 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e a cursos de capacitação e qualificação profissionais vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa, desde que não seja utilizado em substituição de parcela salarial e que todos os empregados e dirigentes tenham acesso ao mesmo; (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998). No Relatório Fiscal, às fls. 01 a 35, há a comprovação de que a Recorrente concedeu bolsas de estudos a dependentes de empregados: (...) Desta forma, considero correto o lançamento efetuado pela AuditoriaFiscal posto que a concessão de bolsas de estudos para dependentes de empregados integra o salário de contribuição, posto não se enquadrar na hipótese de não incidência de contribuição social previdenciária conforme disposição expressa da redação do art. 28, § 9º, t, Lei 8.212/1991. Diante do exposto, não prospera a alegação da Recorrente. CONCLUSÃO Voto no sentido de CONHECER do recurso, NO MÉRITO, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO.” [...] Os excertos acima colhidos evidenciam que a decisão guerreada encampou o entendimento de que deverá ser aplicada a regra estampada no art. 28, § 9°, alínea “t”, da Lei 8.212/1991, com redação dada pela Lei 12.513/2011. Adotando posicionamento diametralmente oposto diante de situação fática similar, os órgãos de julgamento prolatores dos paradigmas entenderam que a lei a ser aplicada ao caso deve ser aquela vigente à época dos fatos geradores e como os casos discutidos referiamse a fatos ocorridos antes da vigência da Lei nº 12.513/2011, os requisitos para a isenção de contribuições previdenciárias a serem observados pelos contribuintes autuados deveriam ser aqueles estampados no art. 28, § 9°, alínea “t”, da Lei 8.212/1991, com sua redação anterior à Lei nº 12.513/2011. Fl. 807DF CARF MF 12 Anotese que ambos os arestos indicados como paradigmas foram proferidos após a publicação da Lei nº 12.513/2011. Observase que a divergência se dá em relação ao disposto no art. 28, § 9°, alínea “t”, da Lei 8.212/1991. Enquanto o acórdão recorrido entendeu que no caso deveria a nova redação concedida ao dispositivo em questão pela Lei nº 12.513/2011 ser aplicada retroativamente para averiguar o cumprimento dos requisitos da isenção de contribuições previdenciárias, os paradigmas sufragaram tese diversa. Os paradigmas aplicaram a legislação vigente à época de ocorrência dos fatos geradores, isto é, o art. 28, § 9°, alínea “t”, da Lei 8.212/1991 com a redação dada pela Lei nº 9.711/1998. Concluíram, então, que tal norma não abriga interpretação que possibilite incluir o auxílioeducação pago aos dependentes dos empregados na isenção objeto de análise. Portanto, a divergência se dá em relação à interpretação do disposto no art. 28, § 9°, alínea “t”, da Lei 8.212/1991 e à inadequada aplicação da redação advinda da Lei 12.513/2011. (Grifos do Recurso Especial) Da simples leitura desses excertos do Recurso Especial constatase que, em relação ao Acórdão nº 2403001.705, diante de contextos fáticos semelhantes, os colegiados recorrido e paradigmático chegaram a conclusões absolutamente dissonantes. E mais, a legislação interpretada de forma divergente, restou claramente evidenciada. A respeito do argumento segundo o qual não teria restado comprovada a similaridade entre as situações fáticas retratadas no Acórdão 240102.389 e na decisão recorrida, convém esclarecer que essa constatação foi feita ainda quando da análise de admissibilidade do Recurso Especial, onde se reconheceu que referido julgado não se prestava a demonstrar divergência de interpretação da legislação tributária. Contudo, para que o apelo tenha seguimento é suficiente que dissídio se instaure em relação a somente uma das decisões apresentadas à guisa de paradigma. Em virtude dessas considerações, conheço do Recurso Especial. Mérito Depreendese do Relatório Fiscal que o lançamento diz respeito a contribuições previdenciárias relativas à parte da empresa, que têm como fato gerador a concessão de salários indiretos, correspondentes a bolsas de estudos concedidas a empregados a serviço da pessoa jurídica, bem assim a seus dependentes. Importa ressaltar mais uma vez que a matéria em litígio restringese à incidência de contribuições sociais sobre as bolsas de estudos destinadas aos dependentes dos empregados e, em razão disso, não serão feitas quaisquer considerações sobre o auxílio educação atribuído aos próprios empregados. Entendeu o Colegiado a quo que a norma que trata da isenção não faz restrição à educação fornecida a dependentes e, uma vez cumpridos os demais requisitos legais, não incide tributação sobre bolsas de estudos a eles concedidas. A Fazenda Nacional, por seu turno, entende que embora o legislador ordinário tenha excluído expressamente os valores relativos a planos educacionais da base de cálculo da contribuição, elencou critérios para o gozo desse benefício e, uma vez não comprovado o cumprimento desses critérios, os valores relativos a tais planos constituemse em parcela integrante da base de cálculo das contribuições incidentes sobre a folha de salários. Acrescenta que a isenção prevista na Lei de Custeio não alcança as bolsas de estudo fornecidas a dependentes dos segurados da Previdência Social. Fl. 808DF CARF MF Processo nº 14041.001179/200814 Acórdão n.º 9202008.050 CSRFT2 Fl. 8 13 Para a Contribuinte, os valores das bolsas de estudo não integram o salário contribuição por não constituírem remuneração pelo trabalho em virtude de sua finalidade social. Destaca que, a teor do que estabelece o art. 28, § 9º, “t” da Lei nº 8.212/91, as ajudas fornecidas pelo empregador em prol da educação tanto de seus empregados quanto de seus dependentes, não representam salário e que a tributação está sujeita aos princípios da legalidade e da tipicidade estrita (arts. 150, I da CF e 97 do CTN), a atividade do lançamento, afirma, está vinculada a essa legislação. Infere que não cabe à fiscalização exigir tributo sem amparo legal, com suposto lastro em procedimentos arbitrários, despidos de razoabilidade e que levam a exigência de tributo inexistente. De acordo com as contrarrazões, é nítido que o texto legal não faz qualquer diferença entre valores gastos pelo empregador com a educação e aprimoramento de seus funcionários e valores gastos pelo empregador com a educação de seus dependentes. Tanto é assim que a Lei nº 8.212/1991 prevê a exclusão do auxílio creche da base de cálculo da contribuição em questão. No entender da Recorrida, tanto a Lei nº 8.212/1991 quanto o Regulamento da Previdência Social reconhecem que não estão abrangidos pelo campo de incidência da norma os valores gastos pelo empregador com educação básica e que, a educação básica é, na maioria das hipóteses, cursada por crianças e não, por trabalhadores. A contribuinte faz referência ao art. 12 da Lei nº 11.096/2005, o qual no seu entender, ao possibilitar que as bolsas concedidas a funcionários e seus dependentes sejam apropriadas como assistência social, acaba por colocar fim a qualquer questionamento acerca da inclusão de tais benefícios como fato gerador de cota patronal. Primeiramente, cumpre ressaltar que a tributação pelas contribuições previdenciárias tem regramento próprio, estabelecido pela Lei nº 8.212/1991. Assim, o art. 12 da Lei n° 11.096/05 que, digase de passagem, não faz nenhuma referência a isenção de contribuições previdenciária, não serve de amparo ao Sujeito Passivo. Além disso, o Direito Previdenciário encontra baliza na própria Constituição Federal e, com relação ao custeio do sistema de previdência, o art. 195 da CF/1988 é que estabelece as bases sobre as quais podem incidir as contribuições: Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:(Vide Emenda Constitucional nº 20, de 1998) I do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre:(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício;(Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) [...] II do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata Fl. 809DF CARF MF 14 o art. 201;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) [...] (Grifouse) Outro dispositivo constitucional de fundamental importância à matéria em debate é o § 11 do art. 201 da Constituição que estabelece: Art. 201. [...] § 11. Os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, serão incorporados ao salário para efeito de contribuição previdenciária e conseqüente repercussão em benefícios, nos casos e na forma da lei. [...] Na esteira do texto constitucional os arts. 22 e 28 da Lei nº 8.212/1991 estabeleceram as bases sobre as quais incidem as contribuições previdenciárias a cargo de empregados e empregadores. Confirase: Art. 22. A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, além do disposto no art. 23, é de: I vinte por cento sobre o total das remunerações pagas, devidas ou creditadas a qualquer título, durante o mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos que lhe prestem serviços, destinadas a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços, nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa. (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). II para o financiamento do benefício previsto nos arts. 57e58 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, e daqueles concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, sobre o total das remunerações pagas ou creditadas, no decorrer do mês, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos: (Redação dada pela Lei nº 9.732, de 1998). a) 1% (um por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante o risco de acidentes do trabalho seja considerado leve; b) 2% (dois por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante esse risco seja considerado médio; c) 3% (três por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante esse risco seja considerado grave. [...] Art. 28. Entendese por saláriodecontribuição: Fl. 810DF CARF MF Processo nº 14041.001179/200814 Acórdão n.º 9202008.050 CSRFT2 Fl. 9 15 I para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa; [...] Reparese que a base de cálculo das contribuições abrange a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título aos empregados, incluindose nessa relação os ganhos habituais percebidos sob a forma de utilidades, o que inclui, por óbvio, o auxílio educação. Donde se depreende que, em se tratando de utilidades disponibilizadas pela empresa aos obreiros que lhe prestam serviços, sua inclusão na base de cálculo da contribuição previdenciária dependerá da verificação dos seguintes requisitos: a) onerosidade; b) retributividade; e c) habitualidade. Inexistem dúvidas quanto ao caráter oneroso do benefício concedido pelo Sujeito Passivo, sendo desnecessário tecer maiores comentários a esse respeito. Do mesmo modo, tendo a vantagem sido atribuída regularmente aos empregados da empresa em benefícios de seus dependentes, resta nítido seu caráter habitual. Com relação à retribuitividade, temse benesse oferecida no contexto da relação laboral, restando caracterizada sua índole contraprestativa, pois o que motivou sua concessão foi justamente o fato de os beneficiários prestarem serviço ao Sujeito Passivo. De outra parte, como as bolsas de estudos aqui referidas ostentam natureza nitidamente remuneratória, sua exclusão da base de cálculo das contribuições previdenciárias vai depender de previsão expressa em norma de caráter tributário, mormente no § 9º do art. 28 da Lei nº 8.212/1991, que, no que se refere a isenção, relaciona exaustivamente as parcelas ao abrigo desse favor legal no âmbito da Lei de Custeio Previdenciário. Especificamente com relação a educação, à época da ocorrência dos fatos geradores das contribuições objeto do presente lançamento, a alínea “t” do referido § 9º, na assim dispunha: Art. 28. [...] § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: [...] t) o valor relativo a plano educacional que vise à educação básica, nos termos do art. 21 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e a cursos de capacitação e qualificação profissionais vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa, desde que não seja utilizado em substituição de parcela salarial e que todos os empregados e dirigentes tenham acesso ao mesmo;(Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998). Fl. 811DF CARF MF 16 Notese que a isenção referida nos dispositivo acima abrangia: planos educacionais que visassem à educação básica, nos termos do art. 21 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996; e cursos de capacitação e qualificação profissionais vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa. Referido plano: não poderia ser utilizado em substituição de parcela salarial; e deveria ser extensivo a todos os empregados e dirigentes da empresa. Desse modo, para que a contribuinte pudesse se valer da isenção, faziase necessária a estrita observância dos critérios estabelecidos em lei. Contudo, conforme destacado no Relatório Fiscal, as bolsas de estudo objeto da autuação foram ofertadas a dependentes dos empregados do Sujeito Passivo e a norma isentiva, na redação vigente à época dos fatos geradores, não contemplava a isenção para esse tipo de benefício. Não se pode olvidar que, sendo a isenção uma modalidade de exclusão do crédito tributário, a legislação relativa a esse favor legal deve ser interpretada literalmente, a teor do que estatui o art. 111 do Código Tributário Nacional. Portanto, não há como considerar satisfeitos os critérios estabelecidos para a isenção quando se está diante, como visto acima, de flagrante desrespeito à norma de regência. Diante da obrigatoriedade de interpretação literal da norma isentiva, não vejo como razoável suscitar a isenção concedida às parcelas pagas a título de auxílio creche a pretexto de estender o benefício fiscal ao auxílio educação destinado a dependentes de empregados, pois tratamse de rubricas absolutamente diversas. Do mesmo modo, não há como acolher o argumento de que o fato de a educação básica ser cursada, na maioria das hipóteses por crianças, tenha o condão de estender a isenção aqui referida às bolsas de estudo destinada a dependentes, posto que a norma legal, vigente à época dos fatos geradores objeto do lançamento, não conduz a esse entendimento. Quisesse o legislador estender a isenção a planos educacionais destinados a dependentes de segurados empregados, teria feito referência expressa nesse sentido no texto legal. Aliás, a Lei nº 12.513/2011 até estendeu a isenção de contribuições previdenciárias e terceiros tanto a plano educacional quanto bolsa que vise à educação básica de dependentes de empregados. Porém, essa norma não acode o Sujeito Passivo, em virtude ser posterior aos fatos geradores que suscitaram o lançamento ora examinado. É que o art. 144 do CTN preconiza que “lançamento reportase à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e regese pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada”. Apercebase que o lançamento foi efetuado em observância ao que dispõe o Código Tributário Nacional e a Lei nº 8.212/1991, não havendo que se falar em desobediência a princípios como o da legalidade, da tipicidade estrita ou de qualquer outro. Quanto às decisões administrativas e judiciais suscitadas pelo Sujeito Passivo, essas encerram contextos fáticos específicos, com arcabouço probatório próprio, e aplicamse as partes envolvidas nos litígios respectivos e não vinculam o julgador administrativo. Fl. 812DF CARF MF Processo nº 14041.001179/200814 Acórdão n.º 9202008.050 CSRFT2 Fl. 10 17 Conclusão Em virtude do exposto, conheço do Recurso Especial da Fazenda Nacional, e, no mérito, doulhe provimento; e conheço das parcialmente das Contrarrazões da Contribuinte. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Fl. 813DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 12259.000154/2008-14
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Jun 17 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri Aug 09 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 9202-007.930
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial do Contribuinte. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Mário Pereira de Pinho Filho Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mário Pereira de Pinho Filho, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Denny Medeiros da Silveira (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em exercício).
Nome do relator: MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO
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RECURSO ESPECIAL. DESATENDIMENTO DE PRESSUPOSTO. NÃO CONHECIMENTO. Não se conhece de Recurso Especial de Divergência quando não resta demonstrado o alegado dissídio jurisprudencial, tendo em vista a ausência de similitude fática entre os acórdãos recorrido e paradigmas. DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÕES PRINCIPAIS E ACESSÓRIAS. PENALIDADES. RETROATIVIDADE BENIGNA. Em se tratando de auto de infração por descumprimento de obrigação acessória pela apresentação de GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias, tendo o lançamento de obrigação principal da competência respectiva sido fulminado em virtude de decadência, a retroatividade benigna deve ser aplicada a partir da comparação entre as penalidades previstas no § 5º do art. 32 da Lei nº 8.212/1991, em sua redação anterior à Medida Provisória nº 449/2008 e as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescida pela Medida Provisória nº 449/2008, convertida na Lei 11.941/2009. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 25 9. 00 01 54 /2 00 8- 14 Fl. 414DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial do Contribuinte. Acordam, ainda, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho – Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mário Pereira de Pinho Filho, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Denny Medeiros da Silveira (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em exercício). Relatório Tratase de Auto de Infração de Obrigação Acessória, Debcad 37.051.7679, em razão de a empresa ter apresentado Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e de Informações à Previdência Social – GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias. Além da sanção aqui referida, a ação fiscal originou o lançamento de obrigação principal, Debcad nº 37.057.7687, discutida no Processo nº 35590.003084/200708. Nesse processo, o Recurso Voluntário foi provido, Acórdão nº 240200.962, de 6/07/2010, em razão de o Colegiado Ordinário reconhecer que havia operadose a decadência para todo o período lançado. Com relação ao presente processo temse que, em sessão plenária de 15/07/2014, foi julgado o Recurso Voluntário, prolatandose o Acórdão nº 2803002.001 (fls. 153/163), assim ementado: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 01/07/2001 a 31/12/2001 AUTO DE INFRAÇÃO. DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. GFIP. DADOS NÃO CORRESPONDENTES A TODOS OS FATOS GERADORES. AUTO DE INFRAÇÃO. GFIP. CFL 68. ART. 32A DA LEI N° 8212/91. RETROATIVIDADE BENIGNA. Constitui infração a apresentação de GFIP com dados não correspondentes a todos os fatos geradores de contribuições previdenciárias, conforme artigo 32, Inciso IV e § 5º, da Lei nº 8.212/91. As multas decorrentes de entrega de GFIP com incorreções ou omissões foram alteradas pela Medida Provisória n° 449/2008, a qual fez acrescentar o art. 32A a Lei n° 8.212/91. Fl. 415DF CARF MF Processo nº 12259.000154/200814 Acórdão n.º 9202007.930 CSRFT2 Fl. 3 3 Incidência da retroatividade benigna encartada no art. 106, II, 'c' do CTN, sempre que a norma posterior cominar ao infrator penalidade menos severa que aquela prevista na lei vigente ao tempo da prática da infração autuada. Recurso Voluntário Provido em Parte. Recurso Especial da Fazenda Nacional O processo foi encaminhado à PGFN em 05/08/2013 (Despacho de fls. 262) e, em 08/08/2014, foi interposto o Recurso Especial de fls. 263/270 (Despacho de Encaminhamento de fl. 271), fundamentado no art. 67 do Anexo II do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/2009, visando rediscutir a matéria “aplicação da retroatividade benigna, em face das penalidades previstas na Lei nº 8.212, de 1991, com as alterações promovidas pela MP 449, de 2008, convertida na Lei nº 11.941, de 2009”. Apresenta como paradigmas os acórdãos nº 2401002.453 e nº 920202.086 cujas ementas, no que concerne ao tema em debate, transcrevese a seguir: Acórdão nº 2401002.453 ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS. Período de apuração: 01/07/2005 a 31/12/2006 [...] LANÇAMENTO DE OFÍCIO. APLICAÇÃO DA MULTA PREVISTA NO ART. 44, I, DA LEI n.º 9.430/1996. Nos lançamentos de ofício de contribuições sociais, aplicase a multa prevista no art. 44, I, da Lei n.º 9.430/1996, não se cogitando da aplicação da multa moratória prevista no art. 61 da mesma Lei. Acórdão nº 920202.086 [...] OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. PENALIDADE. GFIP. OMISSÕES. INCORREÇÕES. RETROATIVIDADE BENIGNA. A multa prevista no art. 44, inciso I da Lei 9.430, de 1997, decorrente do lançamento de ofício é única, no importe de 75% (se não duplicada), e visa apenar, de forma conjunta, tanto o não pagamento (parcial ou total) do tributo devido, quanto a não apresentação da declaração ou a declaração inexata, sem haver como mensurar o que foi aplicado para punir uma ou outra infração. No presente caso, em que houve a aplicação da multa prevista no revogado art. 32, § 5º, que se refere à apresentação de declaração inexata, e também da sanção pecuniária pelo não pagamento do tributo devido no prazo de lei, estabelecida no igualmente revogado art. 35, II, o cotejo das duas multas, em conjunto, deverá ser feito em relação à penalidade pecuniária do art. 44, inciso I, da Lei 9.430, de 1997, que se destina a punir Fl. 416DF CARF MF 4 ambas as infrações já referidas, e que agora encontra aplicação no contexto da arrecadação das contribuições previdenciárias. Recalcular o valor da multa, se mais benéfico ao contribuinte, de acordo com o disciplinado no art. 44, I da Lei no 9.430, de 1996, deduzidos os valores levantados a título de multa nas NFLDs correlatas. Recurso especial negado. A Fazenda Nacional requer que seja conhecido e provido o Recurso Especial, para reformar o acórdão recorrido e determinar que a análise da norma mais benéfica aplicável ao caso leve em conta a soma das multas previstas pelo descumprimento das obrigações principais e acessórias, aplicáveis na sistemática anterior à Medida Provisória nº 449/2008, em comparação com a multa de ofício prevista no art. 44, I, da Lei nº 9.430/1996, aplicável ao caso por força do art. 35A da Lei nº 8.212/1991. Ao Recurso Especial da Fazenda Nacional foi dado seguimento, conforme o despacho datado de 14/03/2016 (fls. 272/275). Cientificado do acórdão de recurso voluntário, do Recurso Especial da Fazenda Nacional e do despacho que lhe deu seguimento em 06/04/2016 (fls. 279/280), a Contribuinte, em 08/04/2016 (fl. 301), apresentou contrarrazões ao Recurso Especial da Fazenda Nacional e, em 12/04/2016, o Recurso Especial de fls. 339/348, com base art. 67 do Anexo II, do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015. Em sede de contrarrazões o Sujeito Passivo pugna pela manutenção da decisão recorrida na parte relativa à aplicação da retroatividade benigna. Recurso Especial da Contribuinte Por intermédio de seu Recurso Especial apresenta como paradigma o Acórdão nº 2402003.600, assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Data do fato gerador: 01/07/2004 OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. APRESENTAÇÃO DE GFIP COM DADOS NÃO CORRESPONDENTES AOS FATOS GERADORES DE TODAS AS CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. PROCESSOS CONEXOS. AUTUAÇÃO DECORRENTE DO DESCUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO PRINCIPAL DECLARADA IMPROCEDENTE. CANCELAMENTO DA MULTA. Sendo declarada a improcedência do crédito relativo à exigência da obrigação principal, deve seguir o mesmo destino a lavratura decorrente do suposto descumprimento de obrigação acessória. Recurso Voluntário Provido Alega em síntese o que segue: Fl. 417DF CARF MF Processo nº 12259.000154/200814 Acórdão n.º 9202007.930 CSRFT2 Fl. 4 5 os valores que supostamente teriam deixado de ser recolhidos e destinados à Previdência Social (cota patronal) foram objeto da autuação n° 37.057.7687, cujo lançamento foi cancelado em razão do reconhecimento da decadência; em razão do cancelamento da autuação n° 37.057.7687, não há que se falar em descumprimento do art. 30, I, da Lei n° 8.212/1991, tampouco da Lei n° 10.666/03, pois, se a autuação lavrada com o intuito de impor uma obrigação de recolhimento a ora recorrente foi declarada indevida, consequentemente, eventual obrigação acessória atrelada àquela obrigação principal não poderá existir; é nesse sentido que o acórdão paradigma está baseado, tanto é que sequer foi analisado o mérito da autuação, restando cancelada a autuação referente à obrigação acessória e provido o recurso do contribuinte; não pode ser imputada uma penalidade à ora recorrente, decorrente do não cumprimento de uma obrigação acessória, quando já foi cancelada a obrigação principal, pois, sem a existência dessa no mundo jurídico, ou seja, diante da ausência de fato gerador, não há que se falar em cumprimento de obrigação acessória. Requer, por fim, seja conhecido e provido seu Recurso. Voto Conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho – Relator Recurso Especial do Contribuinte Quanto ao Recurso Especial da Contribuinte, o principal argumento apresentado referese à hipótese de afastar o lançamento da obrigação acessória pelo fato de a autuação relativa às obrigações principais haver sido cancelada em virtude de decadência. Importa salientar, de início, que estamos diante de Recurso Especial de Divergência, e que esta somente se caracteriza quando, perante situações fáticas similares, são adotadas soluções diversas, em face do mesmo arcabouço jurídiconormativo. Afigurase necessário esclarecer que, no caso ora examinado, o recurso voluntário relativo às obrigações principais foi provido em virtude da constatação de que o lançamento fora efetuado após transcorrido o período decadencial. Diferentemente disso, a decisão paradigmática faz referência ao acórdão que procedeu a analise do mérito das obrigações principais, tendo concluído pela inocorrência de infração e, por conseguinte, cancelado o lançamento. Senão vejamos trecho do paradigma trazido à cotejo pela Contribuinte: Todavia, ante a ausência de infração verificada nos autos dos processos n° 19515.006157/200832 (obrigações principais), Fl. 418DF CARF MF 6 não há que se falar em imputação de multa por descumprimento de obrigação acessória. Nesse contexto, o paradigma apto a demonstrar a alegada divergência seria representado por julgado em que, diante de situação fática similar – provimento de recurso de obrigação acessória por deixar o Sujeito Passivo de informar fatos geradores em GFIP em virtude do reconhecimento de decadência da obrigação principal – o que não é o caso. Com efeito, a leitura dos excertos colacionados permite concluir pela inexistência de dissídio interpretativo, uma vez que as diferentes soluções a que chegaram os acórdãos recorrido e paradigma não decorreram de divergência jurisprudencial, mas sim do conjunto fático específico de cada processo. No acórdão recorrido, temse que as obrigações principais foram canceladas exclusivamente em razão de o lançamento ter sido efetuado após o transcurso do prazo decadencial. Diferentemente disso, no paradigma, repisese, o Colegiado prolator da decisão que cancelou a autuação relacionada à cobrança dos tributos (obrigações principais) debruçouse sobre o mérito do lançamento e conclui pela inexistência de infração. Nestas circunstâncias, em virtude da ausência de similitude fática, não se verificou caracterizada a divergência. Logo, em razão da dessemelhança entre a situação retratada nos autos e o caso trazido a colação, não há como se afirmar que o colegiado prolator de tal decisão paradigmática chegaria a conclusão análoga caso estivesse diante do cenário aqui refletido. Assim, tendo em vista que o paradigma indicado não logrou caracterizar a divergência, não conheço do Recurso Especial interposto pela Contribuinte. Recurso Especial da Fazenda Nacional O Recurso Especial da Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto dele conheço. O lançamento decorre de Auto de Infração em razão de a empresa ter apresentado GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias. No mesmo procedimento fiscal foi exigida a multa por descumprimento de obrigações principais, bem como por descumprimento da obrigação acessória consistente na falta de entrega da declaração. Importa ressaltar que, com relação ao processo de obrigações principais foi reconhecida a decadência em relação a todas as competências objeto do lançamento. Em virtude disso, para o caso em tela, remanesce tãosomente o lançamento de obrigação acessória. A solução do litígio passa pelo exame da alínea “c” do inciso II do art. 106 do Código Tributário Nacional CTN, que dispõe: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I – em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II – tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; Fl. 419DF CARF MF Processo nº 12259.000154/200814 Acórdão n.º 9202007.930 CSRFT2 Fl. 5 7 b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (Grifouse) À época da infração que deu azo ao lançamento que ora se discute, o caput, o inciso IV e § 4º do art. 32 da Lei nº 8.212/1991 tinham a seguinte redação: Art. 32. A empresa é também obrigada a: [...] IV informar mensalmente ao Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, por intermédio de documento a ser definido em regulamento, dados relacionados aos fatos geradores de contribuição previdenciária e outras informações de interesse do INSS.(Inciso acrescentado pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). [...] § 4º A não apresentação do documento previsto no inciso IV, independentemente do recolhimento da contribuição, sujeitará o infrator à pena administrativa correspondente a multa variável equivalente a um multiplicador sobre o valor mínimo previsto no art. 92, em função do número de segurados, conforme quadro abaixo: 5 segurados 1/2 valor mínimo 6 a 15 segurados 1 x o valor mínimo 16 a 50 segurados 2 x o valor mínimo 51 a 100 segurados 5 x o valor mínimo 101 a 500 segurados 10 x o valor mínimo 501 a 1000 segurados 20 x o valor mínimo 1001 a 5000 segurados 35 x o valor mínimo acima de 5000 segurados 50 x o valor mínimo § 5º A apresentação do documento com dados não correspondentes aos fatos geradores sujeitará o infrator à pena administrativa correspondente à multa de cem por cento do valor devido relativo à contribuição não declarada, limitada aos valores previstos no parágrafo anterior. [...] Com a edição da Medida Provisória nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, a sistemática de aplicação da multa sofreu profundas alterações, passando a estar prevista no art. 32A da Lei nº 8.212/1991, nos seguintes termos: Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitar seá às seguintes multas:(Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009).(Vide Lei nº 13.097, de 2015)(Vide Lei nº 13.097, de 2015) Fl. 420DF CARF MF 8 I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3odeste artigo.(Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não apresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento.(Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). § 2o Observado o disposto no § 3odeste artigo, as multas serão reduzidas:(Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou(Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e(Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). II–R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.(Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). De se repisar que embora o presente Auto de Infração tenha sido lavrado conjuntamente com a autuação relativa às obrigações principais, para as competência nele abrangidas o lançamento pela falta de recolhimento do tributo foi afastado em virtude da decadência e, nesse caso, a retroatividade benigna deve ser aplicada sem levar em consideração a multa de ofício decorrente do não pagamento da exigência tributária, isto é, a partir da comparação entre as penalidades previstas no § 5º do art. 32 da Lei nº 8.212/1991, em sua redação anterior à Medida Provisória nº 449/2008 e as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212/1991, acrescida pela Medida Provisória nº 449/2008, convertida na Lei 11.941/2009. Não se está aqui a acolher a tese esposada na decisão recorrida, mas a reconhecer que, nos termos da Portaria PGFN/RFB nº 14/2009, subsistindo somente a multa de obrigação acessória, o dispositivo legal da novel legislação a ser aplicado, caso mais benéfico, é aquele que trata especificamente desse tipo de penalidade, no caso, o art. 32A da Lei nº 8.212/1991. Por essa razão, entendo que se deva negar provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional. Fl. 421DF CARF MF Processo nº 12259.000154/200814 Acórdão n.º 9202007.930 CSRFT2 Fl. 6 9 Conclusão Ante o exposto, não conheço do Recurso Especial da Contribuinte; e conheço do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional para, no mérito, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Fl. 422DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 35435.004149/2006-36
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Nov 20 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Jan 13 00:00:00 UTC 2020
Ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS
Período de apuração: 01/06/2002 a 31/07/2003
CONTRARRAZÕES INTEMPESTIVAS. NÃO CONHECIMENTO.
Não se conhece de contrarrazões apresentadas intempestivamente.
LANÇAMENTO. RETENÇÃO. RECONHECIMENTO DE VÍCIO. NATUREZA FORMAL.
Uma vez reconhecida a existência de vício, em razão de questões relacionadas à descrição dos fatos que deram azo à autuação, deve o vício ser caracterizado como de natureza formal.
Numero da decisão: 9202-008.403
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Ana Paula Fernandes e João Victor Ribeiro Aldinucci, que lhe negaram provimento.
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Mário Pereira de Pinho Filho Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho (Relator), Ana Paula Fernandes, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Maurício Nogueira Righetti, João Victor Ribeiro Aldinucci, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício).
Nome do relator: MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO
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NÃO CONHECIMENTO. Não se conhece de contrarrazões apresentadas intempestivamente. LANÇAMENTO. RETENÇÃO. RECONHECIMENTO DE VÍCIO. NATUREZA FORMAL. Uma vez reconhecida a existência de vício, em razão de questões relacionadas à descrição dos fatos que deram azo à autuação, deve o vício ser caracterizado como de natureza formal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Ana Paula Fernandes e João Victor Ribeiro Aldinucci, que lhe negaram provimento. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho – Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho (Relator), Ana Paula Fernandes, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Maurício Nogueira Righetti, João Victor Ribeiro Aldinucci, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício). AC ÓR Dà O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 35 43 5. 00 41 49 /2 00 6- 36 Fl. 249DF CARF MF Fl. 2 do Acórdão n.º 9202-008.403 - CSRF/2ª Turma Processo nº 35435.004149/2006-36 Relatório Trata-se de Auto de Infração (Debcad n° 35.375.513-3) em razão de a empresa ter apresentado Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia e Informações à Previdência Social - GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as Contribuições Previdenciárias. Em sessão plenária de 26/01/2010 foi julgado o Recurso Voluntário, prolatando- se o Acórdão nº 2301-01.019 (fls. 189/196), assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração:01/06/2002 a 31/07/2003 LANÇAMENTO FISCAL. RELATÓRIO FISCAL. AUSÊNCIA DE MOTIVAÇÃO DO ATO. NULIDADE. A motivação deficiente no lançamento fiscal gera a anulação do ato, visto que a Lei n° 9.784, de 29 de janeiro de 1999, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal;- dispôs em- seu art.- 2° que a Administração- Pública obedecerá, dentre outros, ao principio da motivação. O relatório fiscal é peça importante e necessária para a validação do lançamento, pois objetiva a exposição clara e precisa dos fatos geradores da obrigação previdenciária, de forma a permitir o contraditório e a ampla defesa do sujeito passivo, a propiciar a adequada análise do crédito e a ensejar o atributo de certeza e liquidez para garantia da futura execução fiscal. Processo Anulado. Crédito Tributário Exonerado. O resultado do julgamento foi registrado nos seguintes termos: ACORDAM os membros da 3º Câmara / 1ª Turma Ordinária da Segunda Seção de Julgamento, por maioria de votos, em anular o auto de infração/lançamento por vicio material – Vencido(a) o(a) Conselheira Bernadete de Oliveira Barros que votou pela nulidade do lançamento por vicio formal. O representante da Fazenda Nacional foi cientificado da decisão em 09/06/2011 (fl. 197) e apresentou, no dia 10/06/2011 (fl. 199), o Recurso Especial de fls. 200/211, no intuito de rediscutir a matéria “natureza do vício – vício formal x vício material”. Como paradigma apresentou-se o Acórdãos nº 206-00.589, cuja ementa transcreve-se a seguir: CONTRIBUIÇÃO PREVIDENC1ÁRIA. ARBITRAMENTO. AUSÊNCIA DE ESPECIFICAÇÃO DA FUNDAMENTAÇÃO -LEGAL. VICIO FORMAL INSANÁVEL. Na notificação fiscal de lançamento de débito – NFLD – deve haver a expressa fundamentação legal do arbitramento procedido, além de demonstrar de maneira clara e precisa a situação que motivou o uso do procedimento, nos termos da legislação. A inobservância das formalidades legais na lavratura da NFLD acarreta vedação ao direito de defesa do contribuinte. A inobservância dessas regras é vicio insanável, configurando a sua nulidade. Processo anulado. Fl. 250DF CARF MF Fl. 3 do Acórdão n.º 9202-008.403 - CSRF/2ª Turma Processo nº 35435.004149/2006-36 Aduz a Fazenda Nacional que os requisitos elencados no art. 10 do Decreto nº 70.235/1972 e art. 37 da Lei nº 8.212/1991 tratam de questões formais, pois determinam como o ato administrativo do lançamento deve exteriorizar-se. Tal disciplina tem por objetivo uniformizar o procedimento de autuação da fiscalização, de maneira a conferir garantias ao contribuinte, em especial da ampla defesa e do contraditório. Assim, à luz da doutrina colacionada, defende a Fazenda Nacional que um lançamento tributário é anulado por vicio formal quando não se obedece às formalidades necessárias ou indispensáveis existência do ato, isto é, às disposições de ordem legal para a sua feitura. Argumenta que o vicio de que o Colegiado a quo entendeu padecer lançamento não pode ser considerado como de natureza material, pois, se assim fosse, estar-se-ia afirmando que o motivo (fato jurídico) nunca existiu – o que seria inadmissível. Aduz que a jurisprudência do CARF é farta em decisões que, ao determinarem o cancelamento do lançamento por falta de preenchimento de alguns dos requisitos formais estipulados no art. 10 do Decreto nº 70.235/1972 ou no art. 142 do CTN consideraram que se tratava de nulidade por vicio de forma, sendo correto dizer que referido vício pode ser perfeitamente convalidável, inclusive com base no que preceitua o art. 55 da Lei n° 9.784/1999. A convalidação, segundo consta da peça recursal, é providência que também se harmoniza com o conteúdo dos arts. 59 e 60 do Decreto n° 70.235/72, dispositivos estes que, privilegiando a instrumentalidade das formas, somente determinam a declaração de nulidade em sede do processo administrativo fiscal nos casos de: a) vicio de incompetência; b) preterição do direito de defesa. Por fim, requer a PGFN que seu recurso seja conhecido e provido para que se reconheça que o vício apontado na decisão recorrida como de natureza formal. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, nos termos do despacho nº 2300- 358/2012, datado de 28/05/2012 (fls. 226/227). Cientificado do Acórdão de Recurso Voluntário, do Recurso Especial da Fazenda Nacional e do despacho que lhe deu seguimento em 19/11/2012 (fl. 235), o Sujeito Passivo, em 22/11/2013 (fl. 248) apresentou Contrarrazões ao apelo fazendário, no qual contesta as razões recursais e pugna pela manutenção da decisão recorrida. Voto Conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho - Relator O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo, e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto dele conheço. No que se refere às Contrarrazões do Contribuinte, o art. 69 do Anexo II do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/2009, vigente à época da manifestação, estabelecia ser de 15 (quinze) dias o prazo para sua apresentação. Contudo, consoante destacado na parte final do relatório, referidas Contrarrazões somente foram carreadas aos autos mais de 1 (um) ano após a ciência da admissibilidade do Recurso Especial da Fazenda Nacional, não havendo como conhecê-las. Fl. 251DF CARF MF Fl. 4 do Acórdão n.º 9202-008.403 - CSRF/2ª Turma Processo nº 35435.004149/2006-36 De outra parte, a decisão recorrida anulou o Auto de Infração por entender que esse padecia de vício material em virtude de motivação deficiente no lançamento. A Fazenda Nacional, por sua vez, entende que o vício apontado na decisão recorrida refere-se à falta de preenchimento de alguns dos requisitos estipulados no art. 10 do Decreto nº 70.235/1970 e, por essa razão, é de índole meramente formal. Extrai-se do Termo de Encerramento da Auditoria Fiscal – TEAF (fl. 8), que além do presente Auto de Infração, motivado pelo descumprimento de obrigação acessória por ter o Contribuinte deixado de informa fatos geradores de contribuições previdenciárias em GFIP, a ação fiscal resultou ainda em 2 (dois) outros lançamentos de obrigações principais em razão do não recolhimento dos tributos devidos. Esses lançamentos constam da NFLD nº 35.375.510-9 e NFLD nº 35.375.511-7. Os relatórios fiscais das obrigações principais, dos quais o Contribuinte teve conhecimento conjuntamente com a presente autuação por descumprimento de obrigações acessórias, informam que as autuações foram motivados pelo fato de a empresa declara-se como integrante do Simples em relação a período em que sequer havia feito a opção pelo regime de tributação favorecido instituído pela Lei nº 9.317/1996. Aliás, referida informação encontra-se consignada no documento de fl. 39. Em virtude disso, não tendo sido informadas em GFIP os fatos geradores das obrigações principais, o Auto de Infração de obrigações acessórias ora examinado foi motivado nos seguintes termos (vide Relatório Fiscal da Infração de fl. 8): 1. Ao FISCALIZAR A EMPRESA ora autuada, costatou-se que as remunerações pagas aos segurados discriminadas nos Resumos gerais das Folhas de Pagamento de SALÁRIOS DEVIDAMENTE APRESENTADAS PELO CONTRIBUINTE A ESTA FISCALIZAÇÃO QUE INTEGRAM O SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO ARTIGO 28 DA LEI 8212 91 NÃO FORAM DECLARADAS FELO CONTRIBUINTE – GUIAS DE RECOLHIMENTO DO FUNDO DE GARANTIA E INFORMAÇÕES À PREVIDÊNCIA SOCIAL GFIP Além disso, o Relatório Fiscal da Aplicação da Multa (fl. 10) faz referência expressa aos dispositivos legais e regulamentares que deram azo à autuação, além de demonstrar de forma absolutamente clara a sistemática de cálculo da penalidade. Vejamos: 1. A multa a ser aplicada corresponde a 100% do valor da contribuição no declarada, conforme previsto no alt. 284, II, do Regulamento da Previd8ncia Social (RPS) , aprovado pelo Dec. 3.048199, e art. 32, IV, da Lei 8.212/91. limitada aos valores constantes da tabela do artigo 32, IV, §4º, da Lei 8.212/91 COMP. Valor Salário Contribuição não Informado em GFIP Valor EVENTOS Discriminado nos Resumos Gerais de Folha de Pagamento de Salários Contribuição não Declarada(23%) Multa Aplicada em função do limite 06/2002 532,00 532,00 122,36 122,36 07/2002 868,00 868,00 199,64 199,64 08/2002 3040,50 3040,50 699,32 699,32 09/2002 3733,15 3733,15 858,63 858,63 10/2002 5027,40 5027,40 1156,30 1156,30 11/2002 6744,30 6744,30 1551.18 1551,18 Fl. 252DF CARF MF Fl. 5 do Acórdão n.º 9202-008.403 - CSRF/2ª Turma Processo nº 35435.004149/2006-36 12/2002 10425,57 10425,57 2397,88 2397,88 VALOR TOTAL DA MULTA APLICADA 6985,31 Observe que as informações contidas nos autos denotam a inexistência de qualquer tipo de vício relacionado à motivação do lançamento, não havendo que se falar em prejuízo à ampla defesa ou ao contraditório. Certamente por essa razão o Contribuinte, seja em sede de impugnação ou de recurso voluntário, não tenha feito questionamento algum a esse respeito. Essas questões foram suscitadas, de ofício, na decisão a quo. Tanto é assim que o argumento de defesa do Sujeito Passivo reporta-se tão-somente a requerimento apresentado junto Receita Federal no qual solicita sua inclusão retroativa no Simples e ao fato de não haver decisão definitiva acerca desse pedido. Em vista das considerações feitas acima, entendo que o crédito tributário foi lavrado em observância ao disposto no art. 142 do CTN e que não restaram infringidos quaisquer dispositivos da Lei nº 9.784/1999, do Decreto nº 70.235/1972 ou da Lei nº 8.212/1991, isto é, o lançamento não padece de vício de qualquer espécie. Entretanto, a lide restringe-se à discussão quanto a natureza do vicio que maculou o lançamento, se formal ou material, não cabendo ao julgador administrativo extrapolar os seus limites. Desse modo, partindo do pressuposto de que o ato do lançamento está contaminado por vício de nulidade, considero ser esse de índole formal. Conclusão Diante do exposto, conheço do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, dou-lhe provimento; e não conheço das Contrarrazões do Sujeito Passivo. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Fl. 253DF CARF MF
score : 1.0