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Numero do processo: 10932.000174/2009-51
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 08 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Aug 16 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/06/2005 a 31/01/2007
INTEMPESTIVIDADE CARACTERIZADA. RECURSO VOLUNTÁRIO NÃO CONHECIDO.
Não se conhece do recurso apresentado após o prazo de trinta dias contados da ciência da decisão de primeira instância.
Efetiva-se a ciência do contribuinte através do Domicílio Tributário Eletrônico por decurso de prazo, que ocorre quinze dias após a disponibilização da intimação no DTE, ou no dia da abertura do documento, o que ocorrer primeiro.
Numero da decisão: 2202-004.381
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso por intempestividade.
(assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto, Waltir de Carvalho, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Fabia Marcilia Ferreira Campelo (suplente convocada), Dilson Jatahy Fonseca Neto, Virgilio Cansino Gil (suplente convocado), Ronnie Soares Anderson (Presidente).
Ausente, justificadamente, o conselheiro Paulo Sergio Miranda Gabriel Filho.
Nome do relator: RONNIE SOARES ANDERSON
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RECURSO VOLUNTÁRIO NÃO CONHECIDO. Não se conhece do recurso apresentado após o prazo de trinta dias contados da ciência da decisão de primeira instância. Efetivase a ciência do contribuinte através do Domicílio Tributário Eletrônico por decurso de prazo, que ocorre quinze dias após a disponibilização da intimação no DTE, ou no dia da abertura do documento, o que ocorrer primeiro. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso por intempestividade. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson – Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto, Waltir de Carvalho, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Fabia Marcilia Ferreira Campelo (suplente convocada), Dilson Jatahy Fonseca Neto, Virgilio Cansino Gil (suplente convocado), Ronnie Soares Anderson (Presidente). Ausente, justificadamente, o conselheiro Paulo Sergio Miranda Gabriel Filho. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 93 2. 00 01 74 /2 00 9- 51 Fl. 1259DF CARF MF 2 Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática dos Recursos Repetitivos prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do Acórdão nº 2202004.377 2ª Câmara/2ª Turma Ordinária, de 08 de maio de 2018, proferido no âmbito do processo n° 10932.000179/200984, paradigma deste julgamento. Acórdão nº 2202004.377 2ª Câmara/2ª Turma Ordinária "Tratase de recurso voluntário interposto contra acórdão de Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, que julgou a impugnação improcedente. Conforme Relatório Fiscal, a fiscalização foi comandada para fins de verificação da regularidade do recolhimento das contribuições previdenciárias e devidas a outras entidades e fundos. Após intimada e reintimada a apresentar a Contabilidade por Centro de Custo/individualizada por obra, a empresa não a apresentou, o que levou a auditoria a efetuar o lançamento por aferição indireta nos termos do art. 33, §6º, da Lei nº 8.212/91 e do art. 473 da IN 03/2005 e alterações posteriores. Os autos de Infração lavrados no procedimento fiscal foram discriminados pela fiscalização na seguinte planilha: DEBCAD N° LEVANTAMENTO REFERENTE REF. AO ESTABELECIMENTO 37.227.3645 Auto de Infração por falta de Matrícula CEI 56.473.317/000108 37.227.3653 Auto de Infração por Deixar de contabilizar em Títulos próprios 56.473.317/000108 37.227.3661 Auto de Infração de Segurados referente a Obra 186 70.000.52148/71 37.227.367 0 Auto de Infração de Terceiros referente a Obra 186 70.000.52148/71 37.227.3688 Auto de Infração de Emp/RAT referente a Obra 186 70.000.52148/71 37.227.3696 Auto de Infração de Segurados referente a Obra 220 50.022.27566/71 37.227.3700 Auto de Infração de Terceiros referente a Obra 220 50.022.27566/71 37.227.3718 Auto de Infração de Emp/RAT referente a Obra 220 50.022.27566/71 37.227.3726 Auto de Infração de Segurados referente a Obra 232 50.022.27644/77 37.227.3734 Auto de Infração de Terceiros referente a Obra 232 50.022.27644/77 37.227.3742 Auto de Infração de Emp/RAT referente a Oora 232 50.022.27644/77 37.227.3750 Auto de Infração de Segurados referente a Obra 233 50.022.27538/76 37.227.3769 Auto de Infração de Terceiros referente a Obra 233 50.022.27538/76 37.227.3777 Auto de Infração de Emp/RAT referente a Obra 233 50.022.27538/76 37.227.3785 Auto de Infração de Terceiros referente a Obra 234 50.025.43828/73 37.227.3793 Auto de Infração de Segurados referente a Obra 240 50.022.27455/79 37.227.3807 Auto de Infração de Terceiros referente a Obra 240 50.022.27455/79 37.227.3815 Auto de Infração de Emp/RAT reforente a Obra 240 50.022.27455/79 37.227.3823 Auto de Infração de Segurados referente a Obra 243 50.011.88359/75 37.227.3831 Auto de Infração de Terceiros referente a Obra 243 50.011.88359/75 37.227.3840 Auto de Infração de Emp/RAT referente a Obra 243 50.011.88359/75 37.227.3858 Auto de Infração de Segurados referente a Obra 244 70.000.52155/71 37.227.3866 Auto de Infração de Terceiros referente a Obra 244 70.000.52155/71 37.227.3874 Auto de Infração de Emp/RAT referente a Obra 244 70.000.52155/71 37.227.388 2 Auto de Infração de Segurados referente a Obra 251 G 50.022.22636/70 Fl. 1260DF CARF MF Processo nº 10932.000174/200951 Acórdão n.º 2202004.381 S2C2T2 Fl. 3 3 37.227.3890 Auto de Infração de Terceiros referente a Obra 251 G 50.022.22636/70 37.227.3904 Auto de Infração de Emp/RAT referente a Obra 251G 50.022.22636/70 37.227.3912 Auto de Infração de Segurados referente a Obra 252 70.000.52167/72 37.227.3920 Auto de Infração tíc Terceiros referente a Obra 252 70.000.52167/72 37.227.3939 Auto de Infração de Emp/RAT referente a Obra 252 70.000.52167/72 37.231.6220 Auto de Infração de Segurados referente a Obra 254 50.024.17099/73 37.231.6239 Auto de Infração de Terceiros referente a Obra 254 50.024.17099/73 37.231.621/ Auto de Infração de Emp/RAT referente a Obra 254 50.024.17099/73 37.231.6255 Auto de Infração dc Segurados referente a Obra 255 50.024.19184/76 37.231.6263 Auto de Infração de Terceiros referente a Obra 255 50.024.19184/76 37.231.6271 Auto de Infração de Emp/RAT referente a Obra 255 50.024.19184/76 37.231.6280 Auto de Infração de Terceiros referente a Obra 256 50.025.43742/79 37.231.6298 Auto de Infração de Segurados referente a Obra 900.34 70.000.52152/74 37.231.6301 Auto de Infração de Terceiros referente a Obra 900.34 70.000.52152/74 37.231.6310 Auto de Infração de Emp/RAT referente a Obra 900.34 70.000.52152/74 37.231.6328 Auto de Infração de Segurados referente a Obra 250.01 70.000.52150/79 3/.231.6336 Auto de Infração de Terceiros referente a Obra 250.01 70.000.52150/79 37.231.6344 Auto de Infração de Emp/RAT referente a Obra 250.01 70.000.52150/79 37.231.6352 Auto de Infração de Segurados referente a Obra 250.03 G 70.000.52161/78 37.231.6360 Auto de Infração de Terceiros referente a Obra 250.03 G 70.000.52161/78 37.231.6379 Auto de Infração de Emp/RAT referente a Obra 250.03 G 70.000.52161/78 37.231.6387 Auto de Infração de Segurados referente a Obra 231 G 70.000.52163/73 37.231.6395 Auto de In'ração de Terceiros referente a Obra 231 G 70.000.52163/73 37.231.6409 Auto de Infração de Emp/RAT referente a Obra 231 G 70.000.52163/73 37.231.6417 Auto de Infração de Segurados referente a Serviços da Emparsanco 56.473.317/000108 37.231.6425 Auto de Infração de Terceiros referente a Serviços da Emparsanco 56.473.317/000108 3/.231.6433 Auto de Infração de Emp/RAT referente a Serviços da Emparsanco 56.473.317/000108 37.231.6441 Auto de Infração de Terceiros referente a Serviços da Giagui 56.473.317/000108 37.231.6450 Auto de Infração de Emp/RAT referente a Serviços da Giagui 56.473.317/000108 Cientificado da autuação a recorrente apresentou impugnação alegando, em síntese, a improcedência e incorreção da aferição indireta. Diante das alegações da recorrente a autoridade julgadora de primeira instância, converteu o julgamento em diligência, a fim de que a fiscalização se pronunciasse sobre os argumentos levantados pela defesa. No resultado da diligência a fiscalização se manifestou sobre todos os processos gerados no procedimento fiscal, listando os seguintes: 10932.000171/200918 10932.000187/200921 10932.000205/200974 10932.000172/200962 10932.000190/200944 10932.000206/200919 10932.000173/200915 10932.000192/200933 10932.000207/200963 10932.000174/200951 10932.000189/200910 10932.000208/200916 10932.000175/200904 10932.000191/200999 10932.000209/200952 10932.000177/200995 10932.000193/200988 10932.000210/200987 10932.000176/200941 10932.000194/200922 10932.000211/200921 10932.000178/200930 10932.000197/200966 10932.000212/200976 Fl. 1261DF CARF MF 4 10932.000180/200917 10932.000200/200941 10932.000213/200911 10932.000179/200984 10932.000195/200977 10932.000214/200965 10932.000181/200953 10932.000196/200911 10932.000215/200918 10932.000183/200942 10932.000198/200919 10932.000217/200907 10932.000182/200906 10932.000199/200955 10932.000218/200943 10932.000184/200997 10932.000202/200931 10932.000219/200998 10932.000186/200986 10932.000204/200920 10932.000220/200912 10932.000185/200931 10932.000201/200996 10932.000221/200967 10932.000188/200975 10932.000203/200985 10932.000222/200910 10932.000223/200956 A auditoria reafirmou a procedência do lançamento por aferição indireta, de cujo Termo de Constatação extraio os seguintes trechos: “Ora, se a empresa possui controles analíticos de salários, se possui controles contábeis para identificação individual dos lançamentos dos encargos previdenciários, isto não foi demonstrado nem no momento da fiscalização e muito menos na documentação anexada como meio de prova, nesta fase de defesa administrativa, Todos os documentos apresentados nesta fase se referem a VALORES GLOBAIS, como o resumo da folha de pagamento GERAL e os tais relatórios de composição contábil, como detalharemos mais abaixo. Portanto, em nenhum momento desta defesa, o contribuinte conseguiu provar a contabilização em títulos próprios, por obra de construção civil, dos fatos geradores previdenciários, conforme prega o art. 32 da lei 8.212/91.” A recorrente apresentou contrarrazões ao resultado da diligência, reafirmando a improcedência do lançamento. A impugnação foi julgada improcedente pela Delegacia de Julgamento da Receita Federal do Brasil, cujo resultado foi levado à ciência da recorrente por meio da disponibilização na Caixa Postal, Módulo eCAC do Site da Receita Federal. Após ciência por meio da abertura dos arquivos disponibilizados, via Termo de Abertura de Documento, não houve manifestação dentro do prazo que teria para apresentação de Recurso Voluntário. Diante disso, lavrouse o respectivo Termo de Perempção e o processo foi encaminhado à PGFN. Nessa fase, passados mais de 100 (cem) dias desde a data da ciência do Acórdão da DRJ, pelo contribuinte, este protocolizou recurso voluntário em face da Decisão de 1ª Instância Administrativa. O processo, então, retornou à fase administrativa para apreciação do recurso interposto, no qual se alega, em síntese: · Tempestividade. Admissibilidade do recurso. · Alteração da forma de intimação de meio papel para digital sem autorização do recorrente. · Falta de comprovação da intimação do resultado do julgamento de primeira instância. · Vícios do procedimento fiscal e vícios da autuação. Fl. 1262DF CARF MF Processo nº 10932.000174/200951 Acórdão n.º 2202004.381 S2C2T2 Fl. 4 5 Por fim, requereu o Recorrente o cancelamento da inscrição em dívida ativa e o retorno ao trâmite administrativo, para declaração de nulidade do auto de infração. É o relatório." Voto Conselheiro Ronnie Soares Anderson – Relator. Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 2202004.377 2ª Câmara/2ª Turma Ordinária, de 08 de maio de 2018, proferido no julgamento do processo n° 10932.000179/200984, paradigma ao qual o presente processo encontrase vinculado. Transcrevese, a seguir, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o inteiro teor do voto condutor proferido pela Conselheira Rosy Adriane da Silva Dias, digna relatora da susodita decisão paradigma, reprisese, Acórdão nº 2202004.377 2ª Câmara/2ª Turma Ordinária, de 08 de maio de 2018: Acórdão nº 2202004.377 2ª Câmara/2ª Turma Ordinária "O Recurso Voluntário é intempestivo, o que prejudica sua admissibilidade. Primeiramente, informo que a matéria tratada nos autos é a mesma discutida nos processos nº 10932.000187/200921, 10932.000190/200944, 10932.000192/200933, originados do mesmo procedimento fiscal, conforme relatado anteriormente, e que já foram julgados pelo CARF em 08/03/2016, tendo sido exarados os acórdãos nº 2201002.966, 2201002.965, 2201 002.964, respectivamente. Conforme relatórios constantes nos acórdãos citados, os processos foram baixados em diligência, a fim de que fosse comprovada a opção do recorrente pelo Domicílio Tributário Eletrônico (DTE), conforme trecho extraído do Acórdão nº 2201 002.966 (processo 10932.000187/200921): “O processo baixou em diligência para comprovar a opção do contribuinte pelo Domicílio Tributário Eletrônico DTE, apresentar as normas e condições de sua utilização e confirmar a data de entrada do Recurso Voluntário na Receita Federal. A DERAT/SP informou que a empresa realizou a opção pelo DTE em 13/01/2012 e em 27/08/2012, anexou tela com as orientações sobre o funcionamento do DTE na Caixa Postal do eCAC e confirmou o de recebimento do Recurso Voluntário pela Receita Federal em 05/08/2013. Fl. 1263DF CARF MF 6 Conforme fl. 1368 foi solicitada Apuração Especial pelo SERPRO, cujo resultado encontrase nas fls. 13691373 e comprova que o contribuinte de CNPJ 56.473.317/00001 08 (NI logado e NI papel) realizou a opção pelo DTE no dia 13/01/2012 e no dia 27/08/2012. De acordo com o despacho do SETEC, fl. 1366, foi anexada a tela na fl. 1365 com as orientações sobre o funcionamento do DTE na Caixa Postal do eCAC Considerandose na fl. 1336 (última do Recurso Voluntário) a menção ao recebimento dos documentos naquela data, cujo carimbo está na fl. 1262 (primeira do Recurso Voluntário), além da Tela do Histórico de eventos no SICOB, na JL1374 (campo data do Evento Recurso Voluntário), compreendese que a data de recebimento do Recurso Voluntário pela Receita Federal foi em 05/08/2013.” Restou comprovado, por meio de diligência naqueles processos, que a recorrente fez opção pelo DTE, o que levou o Colegiado de segunda instância a não conhecer dos recursos, conforme dispositivos dos acórdãos citados: "ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso, por intempestivo.". Diante da informação exarada nos acórdãos citados, a qual aproveito para análise do presente processo, entendo que a ciência do resultado do julgamento de primeira instância se deu pela Abertura dos Arquivos correspondentes no link Processo Digital, disponibilizados no Centro Virtual de Atendimento ao Contribuinte (Portal eCAC), por meio da opção Consulta Comunicados/Intimações, conforme Termo de Abertura de Documentos, nos termos da alínea "b" do inciso III do parágrafo 2º do artigo 23 do Decreto 70.235/72 (PAF): “Art. 23. Farseá a intimação: [...] III por meio eletrônico, com prova de recebimento, mediante: (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) a) envio ao domicílio tributário do sujeito passivo; ou (Incluída pela Lei nº 11.196, de 2005) [...] § 2° Considerase feita a intimação: [...] III se por meio eletrônico: (Redação dada pela Lei nº 12.844, de 2013) a) 15 (quinze) dias contados da data registrada no comprovante de entrega no domicílio tributário do sujeito passivo; (Redação dada pela Lei nº 12.844, de 2013) b) na data em que o sujeito passivo efetuar consulta no endereço eletrônico a ele atribuído pela administração tributária, se ocorrida antes do prazo previsto na alínea a; ou (Redação dada pela Lei nº 12.844, de 2013) (Grifei).” Registrese, por relevante, que, mesmo que se adotasse o critério de ciência do contribuinte por decurso de prazo, previsto na Fl. 1264DF CARF MF Processo nº 10932.000174/200951 Acórdão n.º 2202004.381 S2C2T2 Fl. 5 7 alínea "a" do inciso III do parágrafo 2º do artigo 23 do Decreto nº 70.235/72, ainda assim o recurso voluntário interposto pelo Sujeito Passivo permaneceria infectado pelo vício da intempestividade, eis que, na data de sua interposição, o prazo recursal já se haveria exaurido há, pelo menos, dois meses. Portanto, como o Recurso Voluntário foi apresentado após o limite estabelecido pelo Decreto nº 70.235/72, ele é extemporâneo. Conclusão Por todo o exposto, voto por não conhecer do recurso, por intempestividade. (assinado digitalmente) Ana Maria Bandeira." Nesse contexto, pelas razões de fato e de Direito ora expendidas, voto por NÃO CONHECER do recurso voluntário, em razão de sua apresentação intempestiva. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson. Fl. 1265DF CARF MF
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Numero do processo: 10932.000180/2009-17
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 08 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Aug 16 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/11/2005 a 30/11/2005
INTEMPESTIVIDADE CARACTERIZADA. RECURSO VOLUNTÁRIO NÃO CONHECIDO.
Não se conhece do recurso apresentado após o prazo de trinta dias contados da ciência da decisão de primeira instância.
Efetiva-se a ciência do contribuinte através do Domicílio Tributário Eletrônico por decurso de prazo, que ocorre quinze dias após a disponibilização da intimação no DTE, ou no dia da abertura do documento, o que ocorrer primeiro.
Numero da decisão: 2202-004.386
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso por intempestividade.
(assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto, Waltir de Carvalho, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Fabia Marcilia Ferreira Campelo (suplente convocada), Dilson Jatahy Fonseca Neto, Virgilio Cansino Gil (suplente convocado), Ronnie Soares Anderson (Presidente).
Ausente, justificadamente, o conselheiro Paulo Sergio Miranda Gabriel Filho.
Nome do relator: RONNIE SOARES ANDERSON
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RECURSO VOLUNTÁRIO NÃO CONHECIDO. Não se conhece do recurso apresentado após o prazo de trinta dias contados da ciência da decisão de primeira instância. Efetivase a ciência do contribuinte através do Domicílio Tributário Eletrônico por decurso de prazo, que ocorre quinze dias após a disponibilização da intimação no DTE, ou no dia da abertura do documento, o que ocorrer primeiro. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso por intempestividade. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson – Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto, Waltir de Carvalho, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Fabia Marcilia Ferreira Campelo (suplente convocada), Dilson Jatahy Fonseca Neto, Virgilio Cansino Gil (suplente convocado), Ronnie Soares Anderson (Presidente). Ausente, justificadamente, o conselheiro Paulo Sergio Miranda Gabriel Filho. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 93 2. 00 01 80 /2 00 9- 17 Fl. 1055DF CARF MF 2 Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática dos Recursos Repetitivos prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do Acórdão nº 2202004.377 2ª Câmara/2ª Turma Ordinária, de 08 de maio de 2018, proferido no âmbito do processo n° 10932.000179/200984, paradigma deste julgamento. Acórdão nº 2202004.377 2ª Câmara/2ª Turma Ordinária "Tratase de recurso voluntário interposto contra acórdão de Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, que julgou a impugnação improcedente. Conforme Relatório Fiscal, a fiscalização foi comandada para fins de verificação da regularidade do recolhimento das contribuições previdenciárias e devidas a outras entidades e fundos. Após intimada e reintimada a apresentar a Contabilidade por Centro de Custo/individualizada por obra, a empresa não a apresentou, o que levou a auditoria a efetuar o lançamento por aferição indireta nos termos do art. 33, §6º, da Lei nº 8.212/91 e do art. 473 da IN 03/2005 e alterações posteriores. Os autos de Infração lavrados no procedimento fiscal foram discriminados pela fiscalização na seguinte planilha: DEBCAD N° LEVANTAMENTO REFERENTE REF. AO ESTABELECIMENTO 37.227.3645 Auto de Infração por falta de Matrícula CEI 56.473.317/000108 37.227.3653 Auto de Infração por Deixar de contabilizar em Títulos próprios 56.473.317/000108 37.227.3661 Auto de Infração de Segurados referente a Obra 186 70.000.52148/71 37.227.367 0 Auto de Infração de Terceiros referente a Obra 186 70.000.52148/71 37.227.3688 Auto de Infração de Emp/RAT referente a Obra 186 70.000.52148/71 37.227.3696 Auto de Infração de Segurados referente a Obra 220 50.022.27566/71 37.227.3700 Auto de Infração de Terceiros referente a Obra 220 50.022.27566/71 37.227.3718 Auto de Infração de Emp/RAT referente a Obra 220 50.022.27566/71 37.227.3726 Auto de Infração de Segurados referente a Obra 232 50.022.27644/77 37.227.3734 Auto de Infração de Terceiros referente a Obra 232 50.022.27644/77 37.227.3742 Auto de Infração de Emp/RAT referente a Oora 232 50.022.27644/77 37.227.3750 Auto de Infração de Segurados referente a Obra 233 50.022.27538/76 37.227.3769 Auto de Infração de Terceiros referente a Obra 233 50.022.27538/76 37.227.3777 Auto de Infração de Emp/RAT referente a Obra 233 50.022.27538/76 37.227.3785 Auto de Infração de Terceiros referente a Obra 234 50.025.43828/73 37.227.3793 Auto de Infração de Segurados referente a Obra 240 50.022.27455/79 37.227.3807 Auto de Infração de Terceiros referente a Obra 240 50.022.27455/79 37.227.3815 Auto de Infração de Emp/RAT reforente a Obra 240 50.022.27455/79 37.227.3823 Auto de Infração de Segurados referente a Obra 243 50.011.88359/75 37.227.3831 Auto de Infração de Terceiros referente a Obra 243 50.011.88359/75 37.227.3840 Auto de Infração de Emp/RAT referente a Obra 243 50.011.88359/75 37.227.3858 Auto de Infração de Segurados referente a Obra 244 70.000.52155/71 37.227.3866 Auto de Infração de Terceiros referente a Obra 244 70.000.52155/71 37.227.3874 Auto de Infração de Emp/RAT referente a Obra 244 70.000.52155/71 37.227.388 2 Auto de Infração de Segurados referente a Obra 251 G 50.022.22636/70 Fl. 1056DF CARF MF Processo nº 10932.000180/200917 Acórdão n.º 2202004.386 S2C2T2 Fl. 3 3 37.227.3890 Auto de Infração de Terceiros referente a Obra 251 G 50.022.22636/70 37.227.3904 Auto de Infração de Emp/RAT referente a Obra 251G 50.022.22636/70 37.227.3912 Auto de Infração de Segurados referente a Obra 252 70.000.52167/72 37.227.3920 Auto de Infração tíc Terceiros referente a Obra 252 70.000.52167/72 37.227.3939 Auto de Infração de Emp/RAT referente a Obra 252 70.000.52167/72 37.231.6220 Auto de Infração de Segurados referente a Obra 254 50.024.17099/73 37.231.6239 Auto de Infração de Terceiros referente a Obra 254 50.024.17099/73 37.231.621/ Auto de Infração de Emp/RAT referente a Obra 254 50.024.17099/73 37.231.6255 Auto de Infração dc Segurados referente a Obra 255 50.024.19184/76 37.231.6263 Auto de Infração de Terceiros referente a Obra 255 50.024.19184/76 37.231.6271 Auto de Infração de Emp/RAT referente a Obra 255 50.024.19184/76 37.231.6280 Auto de Infração de Terceiros referente a Obra 256 50.025.43742/79 37.231.6298 Auto de Infração de Segurados referente a Obra 900.34 70.000.52152/74 37.231.6301 Auto de Infração de Terceiros referente a Obra 900.34 70.000.52152/74 37.231.6310 Auto de Infração de Emp/RAT referente a Obra 900.34 70.000.52152/74 37.231.6328 Auto de Infração de Segurados referente a Obra 250.01 70.000.52150/79 3/.231.6336 Auto de Infração de Terceiros referente a Obra 250.01 70.000.52150/79 37.231.6344 Auto de Infração de Emp/RAT referente a Obra 250.01 70.000.52150/79 37.231.6352 Auto de Infração de Segurados referente a Obra 250.03 G 70.000.52161/78 37.231.6360 Auto de Infração de Terceiros referente a Obra 250.03 G 70.000.52161/78 37.231.6379 Auto de Infração de Emp/RAT referente a Obra 250.03 G 70.000.52161/78 37.231.6387 Auto de Infração de Segurados referente a Obra 231 G 70.000.52163/73 37.231.6395 Auto de In'ração de Terceiros referente a Obra 231 G 70.000.52163/73 37.231.6409 Auto de Infração de Emp/RAT referente a Obra 231 G 70.000.52163/73 37.231.6417 Auto de Infração de Segurados referente a Serviços da Emparsanco 56.473.317/000108 37.231.6425 Auto de Infração de Terceiros referente a Serviços da Emparsanco 56.473.317/000108 3/.231.6433 Auto de Infração de Emp/RAT referente a Serviços da Emparsanco 56.473.317/000108 37.231.6441 Auto de Infração de Terceiros referente a Serviços da Giagui 56.473.317/000108 37.231.6450 Auto de Infração de Emp/RAT referente a Serviços da Giagui 56.473.317/000108 Cientificado da autuação a recorrente apresentou impugnação alegando, em síntese, a improcedência e incorreção da aferição indireta. Diante das alegações da recorrente a autoridade julgadora de primeira instância, converteu o julgamento em diligência, a fim de que a fiscalização se pronunciasse sobre os argumentos levantados pela defesa. No resultado da diligência a fiscalização se manifestou sobre todos os processos gerados no procedimento fiscal, listando os seguintes: 10932.000171/200918 10932.000187/200921 10932.000205/200974 10932.000172/200962 10932.000190/200944 10932.000206/200919 10932.000173/200915 10932.000192/200933 10932.000207/200963 10932.000174/200951 10932.000189/200910 10932.000208/200916 10932.000175/200904 10932.000191/200999 10932.000209/200952 10932.000177/200995 10932.000193/200988 10932.000210/200987 10932.000176/200941 10932.000194/200922 10932.000211/200921 10932.000178/200930 10932.000197/200966 10932.000212/200976 Fl. 1057DF CARF MF 4 10932.000180/200917 10932.000200/200941 10932.000213/200911 10932.000179/200984 10932.000195/200977 10932.000214/200965 10932.000181/200953 10932.000196/200911 10932.000215/200918 10932.000183/200942 10932.000198/200919 10932.000217/200907 10932.000182/200906 10932.000199/200955 10932.000218/200943 10932.000184/200997 10932.000202/200931 10932.000219/200998 10932.000186/200986 10932.000204/200920 10932.000220/200912 10932.000185/200931 10932.000201/200996 10932.000221/200967 10932.000188/200975 10932.000203/200985 10932.000222/200910 10932.000223/200956 A auditoria reafirmou a procedência do lançamento por aferição indireta, de cujo Termo de Constatação extraio os seguintes trechos: “Ora, se a empresa possui controles analíticos de salários, se possui controles contábeis para identificação individual dos lançamentos dos encargos previdenciários, isto não foi demonstrado nem no momento da fiscalização e muito menos na documentação anexada como meio de prova, nesta fase de defesa administrativa, Todos os documentos apresentados nesta fase se referem a VALORES GLOBAIS, como o resumo da folha de pagamento GERAL e os tais relatórios de composição contábil, como detalharemos mais abaixo. Portanto, em nenhum momento desta defesa, o contribuinte conseguiu provar a contabilização em títulos próprios, por obra de construção civil, dos fatos geradores previdenciários, conforme prega o art. 32 da lei 8.212/91.” A recorrente apresentou contrarrazões ao resultado da diligência, reafirmando a improcedência do lançamento. A impugnação foi julgada improcedente pela Delegacia de Julgamento da Receita Federal do Brasil, cujo resultado foi levado à ciência da recorrente por meio da disponibilização na Caixa Postal, Módulo eCAC do Site da Receita Federal. Após ciência por meio da abertura dos arquivos disponibilizados, via Termo de Abertura de Documento, não houve manifestação dentro do prazo que teria para apresentação de Recurso Voluntário. Diante disso, lavrouse o respectivo Termo de Perempção e o processo foi encaminhado à PGFN. Nessa fase, passados mais de 100 (cem) dias desde a data da ciência do Acórdão da DRJ, pelo contribuinte, este protocolizou recurso voluntário em face da Decisão de 1ª Instância Administrativa. O processo, então, retornou à fase administrativa para apreciação do recurso interposto, no qual se alega, em síntese: · Tempestividade. Admissibilidade do recurso. · Alteração da forma de intimação de meio papel para digital sem autorização do recorrente. · Falta de comprovação da intimação do resultado do julgamento de primeira instância. · Vícios do procedimento fiscal e vícios da autuação. Fl. 1058DF CARF MF Processo nº 10932.000180/200917 Acórdão n.º 2202004.386 S2C2T2 Fl. 4 5 Por fim, requereu o Recorrente o cancelamento da inscrição em dívida ativa e o retorno ao trâmite administrativo, para declaração de nulidade do auto de infração. É o relatório." Voto Conselheiro Ronnie Soares Anderson – Relator. Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 2202004.377 2ª Câmara/2ª Turma Ordinária, de 08 de maio de 2018, proferido no julgamento do processo n° 10932.000179/200984, paradigma ao qual o presente processo encontrase vinculado. Transcrevese, a seguir, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o inteiro teor do voto condutor proferido pela Conselheira Rosy Adriane da Silva Dias, digna relatora da susodita decisão paradigma, reprisese, Acórdão nº 2202004.377 2ª Câmara/2ª Turma Ordinária, de 08 de maio de 2018: Acórdão nº 2202004.377 2ª Câmara/2ª Turma Ordinária "O Recurso Voluntário é intempestivo, o que prejudica sua admissibilidade. Primeiramente, informo que a matéria tratada nos autos é a mesma discutida nos processos nº 10932.000187/200921, 10932.000190/200944, 10932.000192/200933, originados do mesmo procedimento fiscal, conforme relatado anteriormente, e que já foram julgados pelo CARF em 08/03/2016, tendo sido exarados os acórdãos nº 2201002.966, 2201002.965, 2201 002.964, respectivamente. Conforme relatórios constantes nos acórdãos citados, os processos foram baixados em diligência, a fim de que fosse comprovada a opção do recorrente pelo Domicílio Tributário Eletrônico (DTE), conforme trecho extraído do Acórdão nº 2201 002.966 (processo 10932.000187/200921): “O processo baixou em diligência para comprovar a opção do contribuinte pelo Domicílio Tributário Eletrônico DTE, apresentar as normas e condições de sua utilização e confirmar a data de entrada do Recurso Voluntário na Receita Federal. A DERAT/SP informou que a empresa realizou a opção pelo DTE em 13/01/2012 e em 27/08/2012, anexou tela com as orientações sobre o funcionamento do DTE na Caixa Postal do eCAC e confirmou o de recebimento do Recurso Voluntário pela Receita Federal em 05/08/2013. Fl. 1059DF CARF MF 6 Conforme fl. 1368 foi solicitada Apuração Especial pelo SERPRO, cujo resultado encontrase nas fls. 13691373 e comprova que o contribuinte de CNPJ 56.473.317/00001 08 (NI logado e NI papel) realizou a opção pelo DTE no dia 13/01/2012 e no dia 27/08/2012. De acordo com o despacho do SETEC, fl. 1366, foi anexada a tela na fl. 1365 com as orientações sobre o funcionamento do DTE na Caixa Postal do eCAC Considerandose na fl. 1336 (última do Recurso Voluntário) a menção ao recebimento dos documentos naquela data, cujo carimbo está na fl. 1262 (primeira do Recurso Voluntário), além da Tela do Histórico de eventos no SICOB, na JL1374 (campo data do Evento Recurso Voluntário), compreendese que a data de recebimento do Recurso Voluntário pela Receita Federal foi em 05/08/2013.” Restou comprovado, por meio de diligência naqueles processos, que a recorrente fez opção pelo DTE, o que levou o Colegiado de segunda instância a não conhecer dos recursos, conforme dispositivos dos acórdãos citados: "ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso, por intempestivo.". Diante da informação exarada nos acórdãos citados, a qual aproveito para análise do presente processo, entendo que a ciência do resultado do julgamento de primeira instância se deu pela Abertura dos Arquivos correspondentes no link Processo Digital, disponibilizados no Centro Virtual de Atendimento ao Contribuinte (Portal eCAC), por meio da opção Consulta Comunicados/Intimações, conforme Termo de Abertura de Documentos, nos termos da alínea "b" do inciso III do parágrafo 2º do artigo 23 do Decreto 70.235/72 (PAF): “Art. 23. Farseá a intimação: [...] III por meio eletrônico, com prova de recebimento, mediante: (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) a) envio ao domicílio tributário do sujeito passivo; ou (Incluída pela Lei nº 11.196, de 2005) [...] § 2° Considerase feita a intimação: [...] III se por meio eletrônico: (Redação dada pela Lei nº 12.844, de 2013) a) 15 (quinze) dias contados da data registrada no comprovante de entrega no domicílio tributário do sujeito passivo; (Redação dada pela Lei nº 12.844, de 2013) b) na data em que o sujeito passivo efetuar consulta no endereço eletrônico a ele atribuído pela administração tributária, se ocorrida antes do prazo previsto na alínea a; ou (Redação dada pela Lei nº 12.844, de 2013) (Grifei).” Registrese, por relevante, que, mesmo que se adotasse o critério de ciência do contribuinte por decurso de prazo, previsto na Fl. 1060DF CARF MF Processo nº 10932.000180/200917 Acórdão n.º 2202004.386 S2C2T2 Fl. 5 7 alínea "a" do inciso III do parágrafo 2º do artigo 23 do Decreto nº 70.235/72, ainda assim o recurso voluntário interposto pelo Sujeito Passivo permaneceria infectado pelo vício da intempestividade, eis que, na data de sua interposição, o prazo recursal já se haveria exaurido há, pelo menos, dois meses. Portanto, como o Recurso Voluntário foi apresentado após o limite estabelecido pelo Decreto nº 70.235/72, ele é extemporâneo. Conclusão Por todo o exposto, voto por não conhecer do recurso, por intempestividade. (assinado digitalmente) Ana Maria Bandeira." Nesse contexto, pelas razões de fato e de Direito ora expendidas, voto por NÃO CONHECER do recurso voluntário, em razão de sua apresentação intempestiva. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson. Fl. 1061DF CARF MF
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Numero do processo: 10120.006011/2007-75
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu May 10 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Sep 24 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/09/2006 a 30/09/2006
DECADÊNCIA. INOCORRÊNCIA.
Serão considerados decaídos os créditos tributários lançados com base no artigo 45 da Lei n° 8.212/91, que determinava o prazo decadencial de dez anos para as contribuições previdenciárias, por ter sido este artigo considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, nos termos da Súmula Vinculante n° 8, publicada no DOU em 20/06/2008. Não configurada a decadência no caso concreto.
PREVIDENCIÁRIO. CUSTEIO. IRREGULARIDADE NA LAVRATURA DA NFLD. INOCORRÊNCIA.
Tendo o fiscal autuante demonstrado de forma clara e precisa os fatos que suportaram o lançamento, oportunizando ao contribuinte o direito de defesa e do contraditório, bem como em observância aos pressupostos formais e materiais do ato administrativo, nos termos da legislação de regência, especialmente artigo 142 do CTN, não há que se falar em nulidade do lançamento.
NULIDADE. OFENSA AO CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA. INOCORRÊNCIA.
O exercício do contraditório e da ampla defesa foi assegurado mediante intimação válida, ao sujeito passivo, do lançamento devidamente instruído cote relatório fiscal contendo descrição clara e precisa dos fatos geradores, dos fundamentos legais, das contribuições devidas e do período.
NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA.
Preterição do direito de defesa decorre de despachos ou decisões e não da lavratura do ato ou termo como se materializa a feitura do auto de infração sendo incabível a alegação de cerceamento de defesa se nos autos existem os elementos de provas necessários à solução do litígio e a infração está perfeitamente demonstrada e tipificada.
PERÍCIA. INDEFERIMENTO.
Afastada a hipótese de necessidade de realização de perícia quando os autos elementos de prova presentes nos autos permitem a formação de convicção do órgão julgador.
PREVIDENCIÁRIO. CUSTEIO. AFERIÇÃO INDIRETA.
Ocorrendo recusa ou sonegação de qualquer documento ou informação, ou sua apresentação deficiente, o Fisco pode, sem prejuízo da penalidade cabível, inscrever de ofício importância que reputar devida, utilizando o critério proporcional à área construída para apuração dos valores devidos a título de mão de obra.
SERVIÇOS TERCEIRIZADOS. RECOLHIMENTOS. APROVEITAMENTO.
A partir de 02/1999, somente serão convertidos em área regularizada os recolhimentos feitos por terceirizados referentes a remunerações por serviços prestados em obra de construção civil que estejam declaradas em GFIP.
PRINCÍPIO DA LEGITIMIDADE. ÔNUS DA PROVA.
O ato administrativo se presume legítimo, cabendo à parte que alegar o contrário a prova correspondente. A simples alegação contrária a ato da administração, sem carrear aos autos provas documentais, não desconstitui o lançamento.
VERDADE MATERIAL E TIPICIDADE.
A busca da verdade material pressupõe a observância, pelo sujeito passivo, do seu dever de colaboração para com a Fiscalização no sentido de lhe proporcionar condições de apurar a verdade dos fatos. O lançamento de acordo com as normas vigentes e regentes do tributo exigido atende integralmente o requisito da tipicidade da tributação.
ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. SÚMULA 02 DO CARF.
A Súmula nº 02 do CARF, publicada no D.O.U. em 22/12/2009, que expressamente veda ao CARF se pronunciar acerca da inconstitucionalidade de lei tributária.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 2202-004.471
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares e, no mérito, em negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto, Waltir de Carvalho, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Fabia Marcilia Ferreira Campelo (suplente convocada), Dilson Jatahy Fonseca Neto, Virgilio Cansino Gil (suplente convocado) e Ronnie Soares Anderson.
Nome do relator: RONNIE SOARES ANDERSON
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INOCORRÊNCIA. Serão considerados decaídos os créditos tributários lançados com base no artigo 45 da Lei n° 8.212/91, que determinava o prazo decadencial de dez anos para as contribuições previdenciárias, por ter sido este artigo considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, nos termos da Súmula Vinculante n° 8, publicada no DOU em 20/06/2008. Não configurada a decadência no caso concreto. PREVIDENCIÁRIO. CUSTEIO. IRREGULARIDADE NA LAVRATURA DA NFLD. INOCORRÊNCIA. Tendo o fiscal autuante demonstrado de forma clara e precisa os fatos que suportaram o lançamento, oportunizando ao contribuinte o direito de defesa e do contraditório, bem como em observância aos pressupostos formais e materiais do ato administrativo, nos termos da legislação de regência, especialmente artigo 142 do CTN, não há que se falar em nulidade do lançamento. NULIDADE. OFENSA AO CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA. INOCORRÊNCIA. O exercício do contraditório e da ampla defesa foi assegurado mediante intimação válida, ao sujeito passivo, do lançamento devidamente instruído cote relatório fiscal contendo descrição clara e precisa dos fatos geradores, dos fundamentos legais, das contribuições devidas e do período. NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Preterição do direito de defesa decorre de despachos ou decisões e não da lavratura do ato ou termo como se materializa a feitura do auto de infração sendo incabível a alegação de cerceamento de defesa se nos autos existem os AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 12 0. 00 60 11 /2 00 7- 75 Fl. 1183DF CARF MF 2 elementos de provas necessários à solução do litígio e a infração está perfeitamente demonstrada e tipificada. PERÍCIA. INDEFERIMENTO. Afastada a hipótese de necessidade de realização de perícia quando os autos elementos de prova presentes nos autos permitem a formação de convicção do órgão julgador. PREVIDENCIÁRIO. CUSTEIO. 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A busca da verdade material pressupõe a observância, pelo sujeito passivo, do seu dever de colaboração para com a Fiscalização no sentido de lhe proporcionar condições de apurar a verdade dos fatos. O lançamento de acordo com as normas vigentes e regentes do tributo exigido atende integralmente o requisito da tipicidade da tributação. ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. SÚMULA 02 DO CARF. A Súmula nº 02 do CARF, publicada no D.O.U. em 22/12/2009, que expressamente veda ao CARF se pronunciar acerca da inconstitucionalidade de lei tributária. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares e, no mérito, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson – Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto, Waltir de Carvalho, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Fabia Fl. 1184DF CARF MF Processo nº 10120.006011/200775 Acórdão n.º 2202004.471 S2C2T2 Fl. 3 3 Marcilia Ferreira Campelo (suplente convocada), Dilson Jatahy Fonseca Neto, Virgilio Cansino Gil (suplente convocado) e Ronnie Soares Anderson. Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática dos Recursos Repetitivos prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do Acórdão nº 2202004.460 2ª Câmara/2ª Turma Ordinária, de 09 de maio de 2018, proferido no âmbito do processo n° 10120.005592/200728, paradigma deste julgamento. Acórdão nº 2202004.460 2ª Câmara/2ª Turma Ordinária "Tratase de Recurso Voluntário interposto nos autos deste processo administrativo fiscal, em face do acórdão julgado por Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento. Tratase de lançamento efetuado contra a empresa em epígrafe, por meio de Notificação Fiscal de Lançamento de Débito, relacionado às contribuições destinadas à Seguridade Social referentes às parcelas devidas pela empresa, incluindo o financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, à parte dos segurados empregados e às destinadas a outras entidades e fundos, lançadas na competência 09/2006. De acordo com o Relatório Fiscal, o lançamento foi arbitrado mediante aferição indireta da área construída em obra. Uma vez constatadas as irregularidades apontadas, a autoridade lançadora, considerando que tais procedimentos comprometeram a avaliação da real movimentação da remuneração paga aos segurados empregados, aferiu a base de cálculo das contribuições de acordo com a previsão legal contida no § 4° do art. 33 da Lei n° 8.212, de 1991, bem como o § 3°e 6°. Assim, o critério adotado pela Fiscalização para aferição da base de cálculo foi o cálculo proporcional à área construída da obra objeto da fiscalização. A notificada apresentou defesa administrativa tempestiva, referindose aos itens do relatório fiscal da NFLD, sendo julgada improcedente a impugnação pela DRJ de origem. A contribuinte, inconformada com o resultado do julgamento, apresentou recurso voluntário, onde apresenta os seguintes argumentos: (i) Requer a nulidade do Acórdão Fl. 1185DF CARF MF 4 Argumenta que a decisão de primeira instância deixou de apreciar a alegação de que o entendimento da junta fiscal contraria o entendimento de todos os outros fiscais que fiscalizaram a recorrente. (ii) Cerceamento de defesa Reafirma o cerceamento de defesa, pois o fato de pessoas ligadas à impugnante terem acompanhado parte da atividade de investigação da junta fiscal, não a exime de informar, em relatório, a discriminação clara, precisa dos fatos geradores (art. 37, da lei n.8.212/91), e circunstanciada e transparente fundamentação legal, correta subsunção dos fatos à norma e lógica na apuração da base de cálculo. (iii) Contabilização por centro de custo Entende a contribuinte que a interpretação dos fatos que levaram os nobres auditores a desconsiderarem a contabilidade da recorrente não se consubstancia em situações materiais efetivas. Aduz a contribuinte que uma a uma, todas as circunstâncias narradas pela junta fiscal para desconsiderar a contabilidade da recorrente, foram, no entender da contribuinte, rebatidas em impugnação. No entanto, somente os argumentos da junta fiscal foram acatados incondicionalmente, já os argumentos, justificativas e explicações da recorrente só foram mencionados no relatório. Sustenta que a circunstância da junta fiscal identificar as obras realizadas pela recorrente, assim como todos os outros fiscais que examinaramlhe a contabilidade, mostra que os fatos contábeis e todos,,os fatos geradores de contribuições previdenciárias relativos às obras são registrados; em contas individualizadas. (iv) Princípio da imparcialidade Para a contribuinte resistiram, sob a complacência da DRJ de origem, a corrigir o erro de lançar duas vezes a contribuição de terceiros com base em notas fiscais de prestação de serviços em obras cuja contribuição total foi lançada em NFLD das próprias obras e também lançadas em outras NFLDs utilizando como artifício para enganar métodos diferentes de aferição indireta. Aduz a contribuinte que os autos de infração citados pelo relator como procedentes foram julgados apenas na primeira instância, ainda não foram avaliados por este Colendo Conselho cuja imparcialidade é reconhecida. Questiona ela por que o órgão julgador de primeira instância administrativa não julga importante registrar os diversos erros cometidos pela junta fiscal, que fizeram com que os autos fossem baixados em diligência mais de uma vez, e o crédito lançado retificado várias vezes? Responde dizendo que o órgão julgador não observa, o princípio da imparcialidade. Fl. 1186DF CARF MF Processo nº 10120.006011/200775 Acórdão n.º 2202004.471 S2C2T2 Fl. 4 5 Sustenta que a junta fiscal errou quando não cumpriu o que determina o art. 449 da IN 3, não reduzindo as áreas, mas isso não e importante para a DRJ/BSA registrar. Aliás, foi registrado como erro da recorrente: no relatório fiscal afirmam que evidenciando a utilização de empregados, sem contudo, haver registro de escrituração de folhas de pagamento. O registro de pequenas obras — conta DPOGR, existe exatamente para registrar, dentre outros fatos menores, quantificados em função do porte da empresa, serviços de curto prazo prestados por empregados a terceiros sem que se complete o ciclo mensal, especificamente em serviços realizados em obras e que terminam muito ante do final do mês. Em outras palavras: prestam serviços a várias obras dentro do mês. Essa mão de obra, conforme art. 162 de IN 3, abaixo transcrito, é escriturada na folha de pagamento da Administração, pois não há como registrar estes serviços em folhas específicas, como quer entes do fisco. (v) Arquivos digitais da ação fiscal — Ausência de Motivação Sustenta a recorrente que o item 8 da Manifestação aos esclarecimentos "Enquanto a junta fiscal não entregar os arquivos digitais com as planilhas da ação fiscal, restará configurado inadmissível cerceamento de defesa, pois impede que as impugnações sejam realizadas com a precisão e os meios necessários; não foi apreciado no voto. Foi somente citado no relatório. Argui a contribuinte que esperase, sempre, que o órgão julgador exerça o controle da legalidade e legitimidade dos lançamentos e profira suas decisões motivadas de acordo com sua convicção, formada a partir da subsunção dos fatos à lei, com independência, imparcialidade e responsabilidade, sob condição de justificar a própria existência. Entende que a não entrega dos arquivos digitais contendo a planilha com dados e informações sobre a apuração de valores que dizem respeito à recorrente é outra prova contundente do evidente cerceamento de defesa. O fisco cria normas obrigando o contribuinte a entregar arquivos digitais de seu interesse, mas esquece das normas que obrigam todos os servidores públicos (art. 116, Lei 8.112/90) e Princípios constitucionais, dentre eles o da Moralidade. (vi) Inversão do ônus da prova: dever da prova Trata a contribuinte a previsão legal de arbitrar o crédito não dispensa o dever do fisco de produzir prova e não cria presunção de onipotência. A regra, tanto no processo judicial quanto no administrativo é a de que o autor tem o ônus de provar o fato constitutivo Assim, mesmo quando. se trata de arbitramento, o fisco tem a obrigação e o dever de produzir as provas, as razões de fato e de direito que justificam o crédito lançado, assim como os cálculos, raciocínios e fundamentos legais da apuração da quantia devida. Fl. 1187DF CARF MF 6 Entende que ausentes esses pressupostos, o direito de defesa está comprometido. (vii) Princípio da ampla competência decisória apreciação de inconstitucionalidades Sustenta que sobre as diversas alegações de afronta às leis e à Constituição é sempre bom lembrar que todo aquele que exerce função pública está subordinado a concretizar os valores jurídicos fundamentais e deve nortear seus atos segundo esse postulado. (viii) Aplicação Retroativa da Legislação Tributária Princípio da Segurança Jurídica Quanto à aplicação da IN 3, a recorrente aduz que não escreveu em lugar algum que ela foi revogada. Então, porque a transcrição do art. 48 da Lei 11.457/2007? A recorrente se posiciona quanto ao âmbito de aplicação das instruções normativas e vigência. É isso, Senhores Julgadores do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, à falta de argumentos jurídicos lógicos racionais para enfrentar de frente as questões postas a deslinde, o órgão julgador de primeira instância tergiversa. ix) Bis in idem A contribuinte inicia com a informação de período que a obra foi executada. Após digressões, onde se comenta que a IN 03/05 tem "o intuito de reguLamentar a lei que a construção civil "sempre apresentou inúmeras dificuldades...; fazse ensinamentos de como "deva submeterse ao regime de aferição indireta, citação e transcrição de dispositivos da IN 03, escrevese que "Conforme pode ser observado na legislação aplicável, no período de 02/11/1999 a 09/12/2002, os critérios para que o valor eventualmente recolhido a título de retenção pudesse se aproveitado e deduzido no arbitramento da são:...". Para a contribuinte, a leitura do trecho de onde se extraiu as pérolas acima e outros trechos do acórdão reocrrido, deixa a impressão de que se trata de mais um complemento ao Relatório Fiscal Anexo a NFLD e não de uma decisão. Defende que de acordo com o órgão julgador administrativo de primeira instância (DRJ) uma instrução normativa do fisco tem o intuito de regulamentar a lei! Que lei uma instrução normativa regula? Em nosso ordenamento jurídico a competência para regulamentar lei é privativa do Presidente da Republica mediante a edição de Decreto (art. 84, IV, da CF). Para ela, a primeira questão é a que configura inadmissível bis in idem quanto às contribuições de terceiros, relativas a esta, obra quê também foram lançadas em NFLD's. A segunda questão seria a do aproveitamento de recolhimentos efetuado por terceiros para a obra e seus requisitos impostos por norma infralegal (instrução normativa). Sustenta que em um momento o acórdão se refere à conversão em área regularizada e seus critérios (art.447 da IN3), para Fl. 1188DF CARF MF Processo nº 10120.006011/200775 Acórdão n.º 2202004.471 S2C2T2 Fl. 5 7 depois, copiando a junta fiscal, afirmar que "em relação às notificações relacionadas a retenção dos 11% destacado na emissão das notas fiscais dos prestadores em NFLD's , todas as notas fiscais e quaisquer documentos que puderam ser vinculados a quaisquer das obras analisadas durante o procedimento fiscal, foram deduzidas daquela notificação". A qual notificação se refere o julgador? Quais notas fiscais? Quais documentos? De qualquer forma não foi deduzido nesta NFLD nenhum dos valores lançados nas três NFLD por retenção. Destaca, ainda, que a legislação aplicável no período de 05/1999 a 09/2003, na interpretação da DRJ/BSA, é a IN 3 de 2005, que, segundo o relator, além do poder de regulamentar uma lei, tem o poder de retroagir e ;criar obrigações acessórias e fixar critérios para que o valores lançados em dobro possam ser corrigidos. Argumenta que o bis in idem ocorreu porque toda a contribuição previdenciária devida, seja própria ou de terceiros, relativa a esta obra, identificada no centro de custos como CAIPE, foi lançada em NFLD. No entanto, ainda assim, valores de notas fiscais de serviços prestados por terceiros a esta obra também foram utilizados co base de cálculo da contribuição previdenciária lançada em NFLD's (x) Notas fiscais com guias de recolhimento Aduz a contribuinte que a DRJ também se recusa a retificar o crédito tributário até mesmo quando se apresenta guias de recolhimento que comprovam o recolhimento da retenção. Defende que as notas fiscais envolvendo período a partir de outubro de 2002, com vinculação inequívoca à obra, não foram consideradas para efeito de retificação do valor da notificação. Argumenta ser absurdo e afrontoso à inteligência esse procedimento abusivo, inconstitucional de se manter, em lançamento, tributo que já foi recolhido, ao condicionar a regularização ao cumprimento de obrigação acessória de responsabilidade do prestador de serviço originariamente contribuinte. Requer a recorrente seja dado às competências a partir de outubro o mesmo tratamento dado às competências anteriores convertendo em área regularizada a remuneração recolhida relativa à mão de obra terceirizada, com vinculação inequívoca à obra. (xi) Não aplicação do inciso I do art. 448 da IN 3/05 Sustenta a contribuinte que a DRJ lê e interpreta os dispositivos legais a seu talante sem compromisso com o sentido e significado das palavras ou finalidade da norma. A palavra somente colocada no texto do acórdão, não existe no inciso. Somente existe na forte e inabalável vontade de prestigiar o trabalho dos colegas da junta fiscal. Fl. 1189DF CARF MF 8 (xii) Aplicação do art. 474 da IN 03/05 Argumenta a contribuinte que de novo que há interpretação fora do texto da norma, pois m lugar algum da IN 3 está escrito que todas as notas fiscais que se submetem ao regime jurídico da retenção devem estar. Defende que não é recomendável em redação de texto legal este tipo rasteiro de generalização, pois o tema em debate não é nota fiscal, não é recolhimento, é bis in idem: cobrança de tributo em duplicidade. (xiii) Bitributação Argumenta a contribuinte que afirmações desconexas com a realidade é a moda do acórdão da DRJ/BSA. A cada tópico se depara com frase deste tipo: "não ocorreu o bis in idem, pois as notas fiscais que estavam inequivocamente vinculadas à obra (..) foram consideradas para efeito de redução do lançamento(...)". Para ela repetese o bis in idem existe porque todas as contribuições (próprias e de terceiros) relativas às obras foram lançadas por aferição indireta com base na área construída e CUB. Aduz que, ainda assim, por outros métodos iníquos de aferição indireta, com base em mão de obra de terceiros contidas em notas fiscais das obras, foram lançadas novamente as contribuições de terceiros. Nada a ver com nota fiscal vinculada à obra. Defende que a junta fiscal ao contrário, atesta taxativamente que não. O relatório do acórdão reproduz, a informação da junta fiscal, que não contesta o bis in idem, porém justifica que os levantamentos representados pelas NFLD não foram aproveitados porque as circunstâncias necessárias não ocorrem. Finaliza este tópico, argumentando que os levantamentos representados pelas NFLD somente poderiam ser aproveitados para reduzir o lançamento da presente notificação mediante a comprovação do recolhimento da retenção incidente sobre os serviços prestados mediante cessão de mão de obra, bem como da vinculação inequívoca com a obra executada e a remuneração constante das GFIP dos prestadores de serviços a cada obra, a serem comprovados nos autos, circunstâncias que não ocorrerem. (xiv) Perícia Defende a recorrente que a contabilidade da empresa apor mais de vinte anos foi considerada regular e correta por agentes fiscais dos: fiscos federal, estadual e municipal, em interpretação sem explicação plausível, foi desconsiderada. Esta situação, conforme já alegado e esmiuçado nas impugnações, impõe que peritos façam uma avaliação para dirimir com quem está a razão. (xv) Caracterização de excesso de exação Fl. 1190DF CARF MF Processo nº 10120.006011/200775 Acórdão n.º 2202004.471 S2C2T2 Fl. 6 9 Argumenta a contribuinte o excesso de exação está caracterizado nos resultados do procedimento fiscal raivoso encetado contra a recorrente. Foram lançados créditos tributários na ordem de 27 milhões de reais já retificados para 12 milhões. A junta fiscal sabia ou deveria saber que é necessário verificar a existência de áreas com percentuais de redução no cálculo do tributo. Aduz ela que deveria saber que quando se lança as contribuições de uma obra por aferição indireta com base na área construída, a remuneração da mão de obra total despendida é apurada, nada mais resta para se lançar (xvi) Competências maio e junho de 2002 devem ser excluídas. A recorrente sustenta que o reconhecimento de "que parte do crédito previdenciário lançado"decaiu está incorreto porque as competências maio e junho de 2002, alcançadas pela decadência, não foram consideradas na retificação. (xvii) Retificação inaceitável Traz a contribuinte a alegação de que a retificação não obedeceu ao mesmo critério de apuração do tributo por deficiência do fisco que não providenciou a adaptação e atualização de seus programas quanto à determinação de súmula vinculante é estarrecedora, inaceitável, quase inacreditável. Para a recorrente, as deficiências do fisco não podem prejudicar o contribuinte, nem justifica a alteração da realidade dos fatos. A obra não foi realizada em um único mês. Chama, a contribuinte, a atenção o fato de o acórdão informar várias vezes que o período de execução da obra e está é a realidade dos fatos. Requer, portanto, seja alterada a retificação do débito obedecendose as regras instituídas pelo próprio fisco (art. 466, IN 3/2005), utilizandose os mesmos critérios e métodos para a sua apuração. Por fim, requer o conhecimento e provimento do seu recurso, para decretar a decadência e nulidade do lançamento, tornando o sem efeito e, no mérito, a sua absoluta improcedência. É o relatório." Voto Conselheiro Ronnie Soares Anderson – Relator. Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de Fl. 1191DF CARF MF 10 junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 2202004.460 2ª Câmara/2ª Turma Ordinária, de 09 de maio de 2018, proferido no julgamento do processo n° 10120.005592/200728, paradigma ao qual o presente processo encontrase vinculado. Transcrevese, a seguir, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o inteiro teor do voto condutor proferido pelo Conselheiro Martin da Silva Gesto, digno relator da susodita decisão paradigma, reprisese, Acórdão nº 2202004.460 2ª Câmara/2ª Turma Ordinária, de 09 de maio de 2018: Acórdão nº 2202004.460 2ª Câmara/2ª Turma Ordinária "O recurso voluntário foi apresentado dentro do prazo legal, reunindo, ainda, os demais requisitos de admissibilidade. Portanto, dele conheço. 1. Preliminares 1.1 Decadência das competências até junho/2002 Aduz está decadente as competência até junho de 2002. Nesse aspecto não assiste razão ao impugnante, pois, o fato de ter sido reaberto o prazo pela substituição dos documentos, não implica em nova notificação, sendo certo que a data inicial a ser considerada para efeito da contagem do período decadencial é a da primeira notificação regular ao sujeito passivo, uma vez que o lançamento foi ali perfectibilizado. Nesse sentido, a simples substituição dos relatórios não determina a irregularidade do lançamento. Rejeito a preliminar, portanto. 1.2 Perícia Nos termos do art. 29 do Decreto nº 70.235/1972, a autoridade julgadora, na apreciação das provas, formará livremente sua convicção, podendo indeferir o pedido de perícia/diligência que entender desnecessário. Desta forma, não considero pertinente o pedido de Diligência pois todos os elementos de prova acostados aos autos já foram analisados no transcurso do processo administrativo tributário. Portanto, não merece acolhimento o pleito do contribuinte. 1.3 Das inconstitucionalidades Não assiste razão à Recorrente pois o previsto no ordenamento legal não pode ser anulado na instância administrativa por alegações de inconstitucionalidade, já que tais questões são reservadas à competência, constitucional e legal, do Poder Judiciário. Neste sentido, o art. 26A, caput do Decreto 70.235/1972, que dispõe sobre o processo administrativo fiscal, e dá outras providências: “Art. 26A No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar Fl. 1192DF CARF MF Processo nº 10120.006011/200775 Acórdão n.º 2202004.471 S2C2T2 Fl. 7 11 de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade." Além do mais, salvo casos excepcionais, é vedado a órgão administrativo declarar inconstitucionalidade de norma vigente e eficaz. Nessa linha de entendimento, dispõe o enunciado de súmula, abaixo reproduzido, o qual foi divulgado pela Portaria CARF n.º 106, de 21/12/2009 (DOU 22/12/2009): Súmula CARF Nº 2 O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Essa súmula é de observância obrigatória, nos termos do “caput” do art. 72 do Regimento Interno do CARF, inserto no Anexo II da Portaria MF n.º 343, de 09/06/2015. Como se vê, este Colegiado falece de competência para se pronunciar sobre a alegação de inconstitucionalidade da multa aplicada, uma vez que o fisco tão somente utilizou os instrumentos legais de que dispunha para efetuar o lançamento. 1.4 Nulidade do lançamento O crédito previdenciário se refere às contribuições previdenciárias destinadas à Seguridade Social correspondente às parcelas devidas pela empresa, incluindo o financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho SAT/ RAT, à parte dos segurados empregados e as destinadas a Terceiros outras entidades e fundos, lançado na competência 09/2006. De acordo com o Relatório Fiscal, lis. 98/109, o lançamento foi arbitrado mediante aferição indireta da área construída na obra denominada Residencial Arezzo, matricula CET é 39.380.00370/70, correspondendo a 8.712,49 m². Registrouse que por contrato de empreitada global, a responsabilidade pela execução da obra da empresa notificada é de 84%, correspondendo a 7.318,49 m². Desta forma, conforme o artigo 37 da Lei n° 8.212/91, foi lavrada Notificação Fiscal de Lançamento de Débito NFLD que, conforme definido no inciso IV do artigo 633 da IN MPS/SRP n° 03/2005, é o documento constitutivo de crédito relativo às contribuições devidas à Previdência Social e a outras importâncias arrecadadas pela SRP, apuradas mediante procedimento fiscal: Lei n° 8.212/91 Art. 37. Constatado o atraso total ou parcial no recolhimento de contribuições tratadas nesta Lei, ou em caso de falta de pagamento de beneficio reembolsado, a fiscalização lavrará notificação de débito, com discriminação clara e precisa dos fatos geradores, das contribuições devidas e dos períodos a que Fl. 1193DF CARF MF 12 se referem, conforme dispuser o regulamento. IN MPS/SRP n° 03/2005. Art. 633. São documentos de constituição do crédito tributário, no âmbito da SRP: IV Notificação Fiscal de Lançamento de Débito NFLD, que é o documento constitutivo de crédito relativo às contribuições devidas à Previdência Social e a outras importâncias arrecadadas pela SRP, apuradas mediante procedimento fiscal; Não obstante a argumentação da Recorrente, não confiro razão à Recorrente pois, de plano, notase que o procedimento fiscal atendeu a todas as determinações legais, com a clara discriminação de cada débito apurado e dos acréscimos legais incidentes, não havendo, pois, nulidade por vício insanável e tampouco cerceamento de defesa. Podese elencar as etapas necessárias à realização do procedimento: A autorização por meio da emissão do Mandado de Procedimento Fiscal – MPFF, com a competente designação do AuditorFiscal responsável pelo cumprimento do procedimento; A intimação para a apresentação dos documentos conforme Termo de Intimação para Apresentação de Documentos – TIAD, intimando o contribuinte para que apresentasse todos os documentos capazes de comprovar o cumprimento da legislação previdenciária; A autuação dentro do prazo autorizado pelo referido Mandado, com a apresentação ao contribuinte dos fatos geradores e fundamentação legal que constituíram a lavratura do auto de infração ora contestado, com as informações necessárias para que o autuado pudesse efetuar as impugnações que considerasse pertinentes: a. IPC Instruções para o Contribuinte (que tem a finalidade de comunicar ao contribuinte como regularizar seu débito, como apresentar defesa e outras informações); b. DAD – Discriminativo Analítico do Débito (que discrimina os valores originários das contribuições devidas pelo contribuinte, abatidos os valores já recolhidos e as deduções legais); c. DSD Discriminativo Sintético do Débito (que apresenta os valores devidos em cada competência, referentes aos levantamentos indicados agrupados por estabelecimento); d. RL – Relatório de Lançamentos (que relaciona os lançamentos efetuados nos sistemas específicos para apuração dos valores devidos pelo sujeito passivo); e. FLD – Fundamentos Legais do Débito (que indica os dispositivos legais que autorizam o lançamento e a cobrança das contribuições exigidas, de acordo com a legislação vigente à época do respectivo fato gerador); f. REPLEG Relatório de Representantes Legais; Fl. 1194DF CARF MF Processo nº 10120.006011/200775 Acórdão n.º 2202004.471 S2C2T2 Fl. 8 13 g. VÍNCULOS – Relatório de Vínculos (que lista todas as pessoas físicas ou jurídicas em razão de seu vínculo com o sujeito passivo, indicando o tipo de vínculo existente e o período); h. REFISC – Relatório Fiscal. Cumprenos esclarecer ainda, que o lançamento fiscal foi elaborado nos termos do artigo 142 do Código Tributário Nacional, especialmente a verificação da efetiva ocorrência do fato gerador tributário, a matéria sujeita ao tributo, bem como o montante individualizado do tributo devido. De plano, o art. 142, CTN, estabelece que: Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. Ademais, não compete ao AuditorFiscal agir de forma discricionária no exercício de suas atribuições. Desta forma, em constatando a falta de recolhimento, face a ocorrência do fato gerador, cumprilhe lavrar de imediato a notificação fiscal de lançamento de débito de forma vinculada, constituindo o crédito previdenciário. O art. 243 do Decreto 3.048/99, assim dispõe neste sentido: Art.243. Constatada a falta de recolhimento de qualquer contribuição ou outra importância devida nos termos deste Regulamento, a fiscalização lavrará, de imediato, notificação fiscal de lançamento com discriminação clara e precisa dos fatos geradores, das contribuições devidas e dos períodos a que se referem, de acordo com as normas estabelecidas pelos órgãos competentes. Desta forma, o procedimento fiscal atendeu todas as determinações legais, não havendo, pois, nulidade por cerceamento por preterição aos direitos de defesa, pela ausência de fundamentação legal. 1.5 Nulidade da decisão de 1ª instância A recorrente alega que a decisão de primeira instância deixou de apreciar a alegação de que o entendimento da junta fiscal contraria o entendimento de todos os outros fiscais que fiscalizaram a recorrente, portanto devese decretar a sua nulidade. Não obstante o entendimento da Recorrente, não há como aderir a tal porque a AuditoriaFiscal não está vinculada a Fl. 1195DF CARF MF 14 posicionamento de outra AuditoriaFiscal que tenha realizado procedimento de fiscalização anterior no contribuinte. Ademais, o art. 6o , I, a da na Lei 10.593/2002 dispõe acerca das atribuições dos ocupantes do cargo de AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil no exercício da competência da Secretaria da Receita Federal do Brasil, dentre as quais constituir, mediante lançamento, o crédito tributário e de contribuições: Art. 6º São atribuições dos ocupantes do cargo de AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil: (Redação dada pela Lei nº 11.457, de 2007) I no exercício da competência da Secretaria da Receita Federal do Brasil e em caráter privativo:(Redação dada pela Lei nº 11.457, de 2007) a) constituir, mediante lançamento, o crédito tributário e de contribuições; (Redação dada pela Lei nº 11.457, de 2007) b) elaborar e proferir decisões ou delas participar em processo administrativofiscal, bem como em processos de consulta, restituição ou compensação de tributos e contribuições e de reconhecimento de benefícios fiscais; (Redação dada pela Lei nº 11.457, de 2007) Além do mais, o órgão julgador não está obrigado a se manifestar sobre todos os argumentos expostos pelas partes, mormente quando já encontrou motivos suficientes e relevantes para fundamentar a decisão. Portanto, afasto a preliminar. 2. Mérito 2.1 Contabilização por centro de custo A contribuinte aduz que a interpretação dos fatos que levaram os auditoresfiscais a desconsiderarem a contabilidade da recorrente não se consubstancia em situações materiais efetivas. Alega que, uma a uma, todas as circunstâncias narradas pela junta fiscal para desconsiderar a contabilidade da recorrente foram rebatidas nas impugnações. No entanto, somente os argumentos da junta fiscal foram acatados incondicionalmente; já os argumentos, justificativas e explicações da recorrente só foram mencionados no relatório. Argumenta que a circunstância da junta fiscal identificar as obras realizadas pela recorrente, assim como todos os outros fiscais que lhe examinaram a contabilidade, mostra que os fatos contábeis e todos, os fatos geradores de contribuições previdenciárias relativos às obras são registrados; em contas individualizadas. Sustenta que os agentes do fisco afirmam relatório fiscal anexo à NFLD que "os indícios levam ao entendimento de que obras ou serviços foram executados sem os devidos registros contábeis". Indícios, Senhores julgadores, indícios. A presunção de legitimidade dos atos do fisco é limitada, relativa, não é Fl. 1196DF CARF MF Processo nº 10120.006011/200775 Acórdão n.º 2202004.471 S2C2T2 Fl. 9 15 absoluta. Indícios no Direito Tributário não são figuras aptas a produzir resultados. Pois bem. Conforme relatado pela autoridade fiscal, a própria empresa procurou corrigir algumas das faltas apresentadas (ausência de contabilização por centro de custo), contudo, não logrou êxito em assim proceder, haja vista ter utilizado procedimento inadequado, em desconformidade com o ato normativo do Departamento de Contabilidade, que exige a correção no exercício em que se constatou o erro, e não a mera substituição, tal como informado pela fiscalização. Nesse ponto, foi anexada a Instrução Normativa n° 102, do Departamento Nacional de Registro do Comércio, que orienta o procedimento ao ser adotado nos casos de retificação dos livros contábeis, norma desconsiderada pela impugnante. Verificando e analisando o Relatório Fiscal da Infração vislumbrase que o Auditor apresenta com clareza os fatos que ocorreram durante a ação fiscal, caracterizando diversas obrigações acessórias descumpridas, qual seja: escrituração contábil não identificada por centros de custo; não apresentação de documentos (folhas de pagamentos) requisitados pela autoridade, notas fiscais não contabilizadas. Ora, diante das provas colacionadas nos autos, não prospera a argumentação da recorrente, razão pela qual mantenho o entendimento da decisão de primeira instância. 2.2 Bis in idem, bitributação, imparcialidade e notas fiscais Insurgese, sob a complacência da DRJ, a corrigir o erro de lançar duas vezes a contribuição de terceiros com base em notas fiscais de prestação de serviços em obras cuja contribuição total foi lançada em NFLD das próprias obras e também lançadas em NFLD's utilizando como artifício para enganar métodos diferentes de aferição indireta. O bis in idem teria ocorrida, segundo a contribuinte, porque toda a contribuição previdenciária devida, seja própria ou de terceiros, relativa a esta obra, identificada no centro de custos, foi lançada em NFLD. No entanto, ainda assim, valores de notas fiscais de serviços prestados por terceiros a esta obra também foram utilizados como base de cálculo da contribuição previdenciária lançada nas NFLD's. Tal argumentação da recorrente se circunscreve a valoração de prova fática, posto devese verificar se houve ou não o lançamento duplicado de contribuição de terceiros com base em notas fiscais de prestação de serviços em obras cuja contribuição total foi lançada em NFLD das próprias obras e também lançadas em outras três NFLD. Fl. 1197DF CARF MF 16 Para melhor entendimento do procedimento fiscal adotado, foi consta nos autos planilha contendo detalhamento das notas fiscais os valores apropriados como mãodeobra empregada, conforme define a legislação previdenciária, a serem convertidos em área regularizada para retificação do débito. A mesma planilha detalha os documentos não considerados, bem como seus respectivos motivos. No caso sob análise, não ocorreu o bis in idem, pois todas as notas fiscais que estavam inequivocamente vinculadas à obra objeto do presente lançamento, conforme determina a Instrução Normativa SRP n" 03, de 2005, foram consideradas para efeito de redução do lançamento, conforme atestado pela autoridade fiscal e verificado por este órgão julgador. Dessa forma, não se verifica a bitributação nem tão pouco qualquer ausência de prejuízo em desfavor da impugnante no sentido de não ter sido efetuado algum credito eventual de alguma retenção. Em verdade, todas as notas fiscais e respectivas guias de recolhimento da previdência social que puderam ser vinculadas a cada uma das obras para aproveitadas pela autoridade lançadora. Observase que não houve afronta ao princípio da imparcialidade, bem como não houve bis in idem, uma vez que fora observado os requisitos legais. Assim, não prospera a argumentação da contribuinte. 2.3 Ausência de motivação O item 8 da Manifestação aos esclarecimentos "Enquanto a junta fiscal não entregar os arquivos digitais com as planilhas da ação fiscal, restará configurado inadmissível cerceamento de defesa, pois impede que as impugnações sejam realizadas com a precisão e os meios necessários", não foi apreciado no voto, teria sido somente citado no relatório. Esperase, sempre, que o órgão julgador exerça o controle da legalidade e legitimidade dos lançamentos e profira suas decisões motivadas de acordo com sua convicção, formada a partir da subsunção dos fatos à lei, com independência, imparcialidade e responsabilidade, sob condição de justificar a própria existência. O fundamento da obrigação da Administração motivar seus atos, dentre eles o ato de lançamento e as decisões, está previsto no art. 50 da Lei 9.784/99, que determina que os atos administrativos deverão ser motivados de modo explicito, claro e congruente (§ 1°); assim como no art. 31 do Decreto 70.235/72, ignorados pelo órgão administrativo de julgamento de primeira instância apenas imbuído de preservar o lançamento fiscal, abdicandose de sua função precípua de controle da legalidade do lançamento. Passamos a análise. A controvérsia está centrada na ausência da apreciação da entrega dos arquivos digitais da recorrente Fl. 1198DF CARF MF Processo nº 10120.006011/200775 Acórdão n.º 2202004.471 S2C2T2 Fl. 10 17 No decorrer da ação fiscal, por várias vezes, a empresa foi informada da necessidade de apresentação de tais documentos (Notas Fiscais, GI'S e GFIP) para verificação da mãodeobra tomada de prestadores de serviços (terceirizados). Não tendo a empresa atendido as solicitações da fiscalização, não foi possível à época da ação fiscal, apurar todos os valores relativos aos créditos das obras de construção civil. As dificuldades impostas pela empresa durante todo o período que envolveu a ação fiscal, foram desenvolvidos esforços para que a empresa apresentasse na integralidade documentação necessária ao completo e normal processo de auditoria fiscal. Tendo em vista a morosa e deficiente apresentação dos documentos solicitados, foram necessárias as lavraturas de diversos autos de infração, especialmente, os que registraram o descumprimento de obrigações acessórias, previstas em Lei, que tratam da falta de apresentação de documentos tais como, folhas de pagamento e notas fiscais de prestadores de serviços, bem como dos arquivos digitais. Não é difícil o entendimento que documentos como folhas de pagamento são imprescindíveis no trabalho de fiscalização das contribuições previdenciárias. Portanto, nego provimento neste tópico. 2.4 Inversão do ônus da prova Explicita que, mesmo quando. se trata de arbitramento, o fisco tem a obrigação e o dever de produzir as provas, as razões de fato e de direito que justificam o crédito lançado, assim como os cálculos, raciocínios e fundamentos legais da apuração da quantia devida. Ausentes esses pressupostos, o direito de defesa está comprometido. Registrese que não há dúvidas de que a legislação previdenciária, no caso sob análise, dadas as condições fáticas ocorridas durante o procedimento fiscal, autoriza a fiscalização a promover o arbitramento da base de cálculo das contribuições previdenciárias, conforme previsão, inclusive do artigo 148 do Código Tributário Nacional, in verbis: Art. 148. Quando o cálculo do tributo tenha por base, ou tome em consideração, o valor ou preço de bens, direitos, serviços ou atos jurídicos, a autoridade lançadora, mediante processo regular, arbitrará aquele valor ou preço, sempre que sejam omissos ou não mereçam fé as declarações ou os esclarecimentos prestados, ou os documentos expedidos pelo sujeito passivo ou pelo terceiro legalmente obrigado, ressalvada, em caso de contestação, avaliação contraditória, administrativa ou judicial. Assim, a conseqüência jurídica disso, portanto, nos termos dos parágrafos 3°, 4° e 6° do art. 33, é a imediata e consequente inversão do ônus da prova. Tal circunstância determina que a simples manifestação de contrariedade do impugnante não tem o Fl. 1199DF CARF MF 18 condão de afastar o ato administrativo dotado de presunção de legitimidade, legalidade e veracidade. Em que pese a contribuinte ter apresentado inúmeras cópias de guias de recolhimento e notas fiscais, observase, conforme manifestado pela autoridade lançadora, , muitos documentos foram repetidos, outros não possuem vinculação com a obra e outros não foram acompanhadas pelas GFIP's dos prestadores, conforme determina o art. 425 da Instrução Normativa n° 03, de 2005. Pelo exposto, não acolho o pleito da recorrente. 2.5 Aplicação retroativa da legislação Indaga quanto à aplicação da IN 3, a recorrente não escreveu em lugar algum que ela foi revogada. Então, porque a transcrição do art. 48 da Lei 11.457/2007? A recorrente se posiciona quanto ao âmbito de aplicação das instruções normativas e vigência. É isso, Senhores Julgadores do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, à falta de argumentos jurídicos lógicos, racionais para enfrentar de frente as questões postas a deslinde, o órgão julgador de primeira instância tergiversa. Inicialmente, a Lei nº 11.457, de 2007, que criou a Receita Federal do Brasil assim disciplinou, em seu artigo 48: Art. 48. Fica mantida, enquanto não modificados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, a vigência dos convênios celebrados e dos atos normativos e administrativos editados: I pela Secretaria da Receita Previdenciária; II pelo Ministério da Previdência Social e pelo INSS relativos a administração das contribuições a que se refere os arts. 2° e 3° desta Lei. III pelo Ministério da Fazenda relativos à administração dos tributos e contribuições de competência da Secretaria da Receita Federal do Brasil; 1V pela Secretaria da Receita Federal. Sendo assim, verificase que foi mantida a vigência dos atos normativos da extinta Secretaria da Receita Previdenciária, a Instrução Normativa da SRP n" 03/05, vigente época da feitura do presente lançamento, não contendo, portanto, qualquer vicissitude em sua aplicação, razão pela qual as orientações e determinações nela contidas devem ser observadas, lendo cm vista, conforme já manifestado, o lançamento ser procedimento vinculado. Nessa esteira, ressaltese o inciso I do art. 100 do Código Tributário Nacional, que determina a complementaridade dos atos normativos expedidos velas autoridades administrativas, razão pela qual, em momento algum, tanto a autoridade lançadora quanto Os administrados (contribuintes e responsáveis tributários) podem deixar de obedecêlos. No caso sob analise, não se tem a aplicação retroativa da legislação. Em Fl. 1200DF CARF MF Processo nº 10120.006011/200775 Acórdão n.º 2202004.471 S2C2T2 Fl. 11 19 verdade, a lei aplicável ao lançamento, em relação aos fatos geradores é a 8.212/91, plenamente vigente à época dos fatos geradores, nos moldes do art. 144, caput, do CTN. Art. 144. 0 lançamento reportase a data da ocorrência do fato gerador da obrigação e regese pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. Dessa forma, agiu com acerto a fiscalização na medida em que, ao promover o lançamento tributário em relação ao cálculo da remuneração paga à mãodeobra utilizada na construção da. obra objeto da notificação, valeuse dos critérios instituídos pela Instrução Normativa n° 03, de 2005, vigente no momento do lançamento. Nesse sentido, todos os requisitos e condições presentes no referido ato normativo foram obedecidos, bem como deveriam ter sido observados pela recorrente. 2.6 Não aplicação do art. 448, inciso I da IN nº 03/2005 Afirma que a dicção do artigo acima e seu inciso não é no sentido de que somente será aproveitada remuneração contida em NFLD ou LDC com base em folha de pagamento ou por responsabilidade solidária. A expressão do inciso "quer seja apurado"não tem caráter restritivo, mas exemplificativo, não é numerus clausus. Vejamos o que diz o inciso I do artigo 448 da IN 03 de 2005: Art. 448. Será, ainda, convertida em área regularizada a remuneração: I contida em NFLD ou LDC, relativos à obra, quer seja apurado com base em folha de pagamento ou resultante de eventual lançamento de débito por responsabilidade solidária; Como a recorrente repisa as mesma alegações da impugnação, não trazendo nenhum novo elemento, peço vênia para transcrever excerto da decisão a quo, adotando como razão de decidir: Por sua vez, eventuais valores contidos em Notificação Fiscal de Lançamento de Débito (NFLD) ou LDC, relativos A obra, de acordo com o inciso I do art. 448 da Instrução Normativa SRF nº 3, de 2005, somente são convertidos em área regularizada, em relação aos valores apurados com base em folhas de pagamento ou resultante de eventual lançamento de débito por responsabilidade solidária. Nesse sentido, considerando que as NFLD que se referem a lançamentos relacionados à retenção, isto é, obrigação principal do contratante na qualidade de responsável tributário, novamente resta demonstrada a insubsistência do pedido do contribuinte. Pelas razões encimadas, nego provimento neste tocante. 2.7 Aplicação do art. 474 da IN 03/2005 Fl. 1201DF CARF MF 20 A contribuinte, mais uma vez, repete a mesma argumentação utilizada em sede de Impugnação sem acrescentar qualquer novo elemento de prova capaz de suportar tais alegações. Portanto, acompanho integralmente o posicionamento da decisão de primeira instância pelas razões expostas a seguir: Quanto à aplicação dos dispositivos contidos no art. 474 da IN 03/2005, estes devem ser compreendidos em harmonia com o restante da normalização, isto é, todas as notas fiscais que se submetem ao regime jurídico da retenção devem estar inequivocamente vinculadas à obra sob análise, bem como ter a copia da GFIP apresentada pelo prestador, condições essas que não foram atendidas durante a ação fiscal pela empresa notificada. Além disso, registrese que o art. 474 trata, especificamente da segmentação em relação aos fatos geradores, determinando que haja lançamentos distintos, conforme a sua natureza. Dessa forma, serão lavrados documentos separados para as contribuições referentes à aferição da mãodeobra total; as referentes à remuneração da mãodeobra própria da empresa fiscalizada as apuradas por responsabilidade solidária e retenção. De acordo com o §2° do art. 474, no lançamento da base de cálculo da aferição indireta da mãodeobra total, devem ser deduzidos os lançamentos das bases de cálculo referente As contribuições de mão de obra própria, bem como solidariedade e retenção. Diante do exposto, não prospera a argumentação da Recorrente. 2.8 Excesso de exação A contribuinte relata que o excesso de exação está caracterizado nos resultados do procedimento fiscal raivoso encetado contra a recorrente. Diz que A junta fiscal sabia ou deveria saber que é necessário verificar a existência de áreas com percentuais de redução no cálculo do tributo. Deveria saber que quando se lança as contribuições de uma obra por aferição indireta com base na área construída, a remuneração da mãodeobra total despendida é apurada, nada mais resta para se lançar. Entretanto três outros lançamentos foram efetuados com base em notas fiscais de serviços prestados nas obras. A desconsideração a contabilidade com base em indícios. Não há espaço aqui para continuar a enumerar as incongruências resultantes do procedimento fiscal e inteiramente apoiadas, sustentadas pela DRJ de origem. Este ponto já foi debatido em sede de decisão de primeira instância na qual se conclui que a autoridade fiscal fez o que a Administração Tributária esperava dele, conforme prevê o art. 37 da Lei n° 8.212, de 1991, ou seja, ao constatar o atraso total ou parcial no recolhimento de contribuições previdenciárias, a fiscalização lavrará notificação de débito, com discriminação clara e precisados fatos geradores, das contribuições devidas e dos períodos a que se referem: Em relação ao cometimento em tese de ilícito penal pelas autoridades lançadoras e considerando o dever de oficio, verificase que a alegação de que a fiscalização cometeu excesso Fl. 1202DF CARF MF Processo nº 10120.006011/200775 Acórdão n.º 2202004.471 S2C2T2 Fl. 12 21 de exação é improcedente insubsistente, circunstância que implica em tese, o cometimento de crime de calúnia, em que pese não ser a autoridade administrativa para declarar tais circunstâncias. De acordo com o § 1° do art. 316 do Código Penal Brasileiro, o excesso de exação é caracterizado pela exigência de tributo ou contribuição social, praticada por servidor público, sendo que este sabe, ou deveria saber, que tal cobrança é indevida, ou, se devida, foi empregado, na cobrança, meio vexatório ; ou gravoso, que a lei não autoriza. A insubsistência da alegação fica demonstrada pelo fato de, conforme até o momento se pode observar pelo teor do presente acórdão (mas ao contrário do que afirma a impugnaste) a cobrança da contribuição previdenciária está amparada pelos requisitos legais que estabelecem os procedimentos da fiscalização, demonstrando, sem qualquer sombra de dúvida que os valores lançados são devidos pelo simples fato de o contribuinte ter descumprido as obrigações principais relacionadas às contribuições previdenciárias. É dizer, a autoridade fiscal fez o que a Administração Tributária esperava dele, conforme prevê o art. 37 da Lei n° 8.212, de 1991, ou seja, ao constatar o atraso total ou parcial no recolhimento de contribuições previdenciárias, a fiscalização lavrará notificação de débito, com discriminação clara e precisados fatos geradores, das contribuições devidas e dos períodos a que se referem. Nesse sentido, agiu com acerto a autoridade fiscal, sem qualquer sombra de dúvida que possa cogitar excesso de exação. Ora, o contribuinte repete a mesma argumentação utilizada em sede de Impugnação sem acrescentar qualquer novo elemento de prova capaz de suportar tais alegações. Ademais, em tópico encimado, concluímos que o procedimento fiscal atendeu todas as determinações legais, não havendo, pois, nulidade por cerceamento por preterição aos direitos de defesa, pela ausência de fundamentação legal. Diante do exposto, não prospera a argumentação da Recorrente. 2.9 Retificações Requer, portanto, seja alterada a retificação do débito obedecendose as regras instituídas pelo próprio fisco (art. 466, IN 3/2005), utilizandose os mesmos critérios e métodos para a sua apuração. Pois bem. Conforme informação fiscal as autoridades fiscais realizaram a conferencia de todos os levantamentos efetuados, considerando tanto os documentos apresentados na defesa, quanto outros verificados posteriormente pela auditoria. Fl. 1203DF CARF MF 22 Alem disso, também foi aplicado o instituto da decadência quinquenal, conforme determinado na última diligencia, tendo sido realizada nova apuração dos débitos previdenciários, de acordo com a informação prestada aos autos. Dessa forma, considerouse como base de cálculo para os "salários de contribuição" informados no DISO os documentos (valores) relativos a prestadores de serviço (Planilha Levantamento Prestadores de Serviços), tendo sido todos os levantamentos e respectivos lançamentos instruídos de acordo com o disposto no capitulo IV da IN/SRP n° 03/2005, que regulamenta a regularização de obra por aferição indireta com base na área construída e no padrão de construção. Da leitura da informação fiscal prestada pela autoridade lançadora, observase que a retificação parcial do valor do débito resultou da aplicação do principio da verdade material, tendo cm vista que, durante a ação fiscal, a empresa notificada, em diversas oportunidades faltou com seu dever de colaboração, circunstância que, entre outras conseqüências, determinou o arbitramento, bem como a maior complexidade na conclusão do procedimento fiscal. Como pode ser observado nas planilhas anexadas aos autos, dentre os documentos apresentados pelo contribuinte, não foram considerados, para efeito de retificação, apenas as notas fiscais sem vinculação inequívoca à obra. Alem disso, também foram consideradas as notas fiscais, a partir da competência 09/2002, desacompanhadas das MP's dos prestadores, conforme exige o inciso 11 do art. 447 da Instrução Normativa n° 03, de 2005. Ressaltese que mio tocante aos valores relacionados em planilha elaborada pela defendente, não foram apresentados quaisquer comprovantes de recolhimentos das retenções, nem as MP's tendo sido observado que estes valores e aqueles representados pelas cópias de notas fiscais e guias apresentadas na impugnação não constam dos lançamentos efetuados nas NFLD's. Foram aplicados os percentuais de redução de 50%, tendo em vista a recorrente ter apresentado parcialmente os documentos que permitiram à fiscalização analisar as áreas para as quais estes percentuais deveriam ser aplicados. Portanto, sem razão a contribuinte. Conclusão. Ante o exposto, voto por rejeitar as preliminares e, no mérito, negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Martin da Silva Gesto Relator" Nesse contexto, pelas razões de fato e de Direito ora expendidas, voto por CONHECER do recurso voluntário, REJEITAR as preliminares suscitadas e, no mérito, NEGARLHE provimento. Fl. 1204DF CARF MF Processo nº 10120.006011/200775 Acórdão n.º 2202004.471 S2C2T2 Fl. 13 23 (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Fl. 1205DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13971.721476/2012-94
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 11 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Oct 05 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 07/07/2007 a 31/12/2008
EMBARGOS. OMISSÃO.
Verificada omissão no julgado face a não manifestação acerca de parte da pretensão recursal, cabe a correspondente integração via embargos.
SIMULAÇÃO. RECOLHIMENTOS SIMPLES. APROVEITAMENTO. POSSIBILIDADE.
Revelada terceira empresa como mera interposta de pessoa jurídica que se aproveita de expediente simulatório, esta pode se utilizar dos recolhimentos efetuados sob o regime simplificado por aquela, respeitados os percentuais legais, na quitação das contribuições previdenciárias por ela devidas.
Numero da decisão: 2202-004.759
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os Embargos de Declaração para fins de suprir a omissão verificada no Acórdão nº 2302-003.649, de modo a determinar que a parcela recolhida na sistemática do Simples Nacional pela empresa ARM Confecções Ltda, correspondente à contribuição previdenciária patronal, seja aproveitada para abatimento do valor do débito lançado via DEBCAD nº 37.360.619-2 e não pago, nos períodos compreendidos entre 07/2007 a 13/2008.
(assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros Ronnie Soares Anderson, Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto, José Ricardo Moreira (suplente convocado), Júnia Roberta Gouveia Sampaio e Dilson Jatahy Fonseca Neto.
Nome do relator: RONNIE SOARES ANDERSON
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SIMPLES. Embargante OBJETO BRASIL CONFECÇÕES LTDA Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 07/07/2007 a 31/12/2008 EMBARGOS. OMISSÃO. Verificada omissão no julgado face a não manifestação acerca de parte da pretensão recursal, cabe a correspondente integração via embargos. SIMULAÇÃO. RECOLHIMENTOS SIMPLES. APROVEITAMENTO. POSSIBILIDADE. Revelada terceira empresa como mera interposta de pessoa jurídica que se aproveita de expediente simulatório, esta pode se utilizar dos recolhimentos efetuados sob o regime simplificado por aquela, respeitados os percentuais legais, na quitação das contribuições previdenciárias por ela devidas. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os Embargos de Declaração para fins de suprir a omissão verificada no Acórdão nº 2302003.649, de modo a determinar que a parcela recolhida na sistemática do Simples Nacional pela empresa ARM Confecções Ltda, correspondente à contribuição previdenciária patronal, seja aproveitada para abatimento do valor do débito lançado via DEBCAD nº 37.360.6192 e não pago, nos períodos compreendidos entre 07/2007 a 13/2008. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Presidente e Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 97 1. 72 14 76 /2 01 2- 94 Fl. 985DF CARF MF 2 Participaram do presente julgamento os conselheiros Ronnie Soares Anderson, Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto, José Ricardo Moreira (suplente convocado), Júnia Roberta Gouveia Sampaio e Dilson Jatahy Fonseca Neto. Relatório Versa o presente processo sobre lançamentos de contribuições previdenciárias (fls. 6/69) incidentes sobre a folha de pagamentos e demais rendimentos pagos ou creditados à pessoa física que presta serviços a pessoa jurídica, havendo sido constituídos autos de infração relativos à cota patronal (DEBCAD nº 37.360.6192), destinados a outras entidades (DEBCAD nº 37.360.6206), além de multa por descumprimento de obrigação acessória (DEBCAD nº 37.360.6184). Conforme narrado pela fiscalização (fls. 30/69), o autuado manteve empregados alocados em empresa distinta (ARM Confecções Ltda.), constituída em separado para fins de ser optante pelo Simples, com o objetivo de afastar a incidência de contribuições patronais, dado que o contribuinte foi tributado pelo Lucro Real no anocalendário 2007 e pelo Lucro Presumido nos anoscalendário 2008 a 2010. Afirmou o Fisco que os empregados registrados formalmente na empresa ARM Confecções Ltda. executavam sua atividades com empregados do contribuinte, utilizando veículos, instalações, máquinas e equipamentos a ele pertencentes, caracterizando assim aquela pessoa jurídica como empresa de fachada, criada com o fito precípuo de que o faturamento se enquadrasse nos limites do regime simplificado. Impugnada a exigência (fls. 381/410), foi ela mantida no julgamento de primeiro grau (fls. 566/585), sendo que depois da interposição do recurso voluntário (fls. 591/678), o sujeito passivo apresentou uma série de pedidos de desistência do litígio em razão de parcelamento e/ou pagamento (fls. 679/781), sendo tal desistência total no que concerne aos DEBCAD nos 37.360.6206 e 37.360.6184, e parcial quanto ao DEBCAD nº 37.360.6192. A 2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 2ª Seção exarou o Acórdão nº 2302 003.649 em 12/02/2015 (fls. 801/815), dando parcial provimento ao recurso voluntário, conforme ementa a seguir transcrita: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 07/07/2007 a 31/12/2008 DESISTÊNCIA DO RECURSO. PARCELAMENTO. A desistência do recurso ocorreu por força da imposição normativa estabelecida na Portaria PGFN/RFB nº 13/2014 cujo art. 8º estabelece que a para pagamento à vista ou inclusão no parcelamento de débitos objeto de discussão administrativa o sujeito passivo deverá desistir de forma irrevogável de impugnação ou recurso administrativos e, cumulativamente, renunciar a quaisquer alegações de direito sobre as quais se fundam os processos administrativos. APROVEITAMENTO DOS VALORES PAGOS PELA EMPRESA CONTRATADA (ATO SIMULADO). SIMPLES NACIONAL. Fl. 986DF CARF MF Processo nº 13971.721476/201294 Acórdão n.º 2202004.759 S2C2T2 Fl. 986 3 Reputo válido o pleito do contribuinte no sentido de possibilitar o aproveitamento da parcela recolhida na sistemática do SIMPLES pela contratada (ato simulado), correspondente à contribuição previdenciária patronal, para abatimento do valor do débito lançado (cota patronal). O contribuinte interpôs embargos de declaração (fls. 911/918) os quais foram aceitos via Despacho de Admissibilidade (fls. 981/983) para fins de que fosse sanada omissão do vergastado, o qual acatou a pretensão de aproveitamento da parcela recolhida na sistemática do Simples para abatimento do valor lançado nas competências de 11 a 13/2008, mas não se pronunciou quanto à questão no que tange às competências 07/2007 a 10/2008. Registrese, como fecho, que foi também interposto recurso especial da Fazenda Nacional (fls. 817/825), e oferecidas as correspondentes contrarrazões pelo contribuinte (fls. 923/929), o qual apresentou, ainda, petição (fls. 963/964) solicitando o julgamento dos embargos antes do prosseguimento do trâmite do recurso especial. É o relatório. Voto Conselheiro Ronnie Soares Anderson, Relator Dado que o contribuinte foi cientificado do acórdão de recurso voluntário em 07/10/2015 (fl. 909), constatase a tempestividade dos embargos, nos termos do RICARF, Anexo II, art. 65, § 1º, haja vista terem sido apresentados em 13/10/2015 (fls. 911 e ss). A relatora do recurso voluntário assim se pronunciou sobre a matéria focada (fls. 814/815): (...) Em relação ao Auto de Infração nº AI 37.360.6192 (cota patronal), aduz o contribuinte às fls. 755/761 que após a edição da Lei nº 12.996/14, a empresa pagou parcialmente os débitos correspondentes às competências de 11/2008, 12/2008 e 13/2008 com os descontos concedidos pela respectiva legislação, permanecendo em aberto, neste período, tão somente a parcela correspondente ao valor pago pela empresa ARM CONFECÇÕES LTDA EPP (contratada – ato simulado) no âmbito do SIMPLES NACIONAL. Neste toar, pretende o contribuinte o abatimento do valor lançado e não pago, nas competências 11/2008, 12/2008 e 13/2008, com o montante recolhido pela empresa ARM CONFECÇÕES LTDA EPP, ficando, com isso, a discussão administrativa restrita a este período e ao aproveitamento do respectivo valor. Daí porquê pleiteou a desistência parcial do Recurso Voluntário. A auditoria realizada na empresa Objeto Brasil Confecções Ltda. EPP constatou a simulação na contratação de empregados por interposta pessoa jurídica. Por causa disso, procedeu à apuração da contribuição previdenciária patronal incidente sobre a folha de pagamento dos empregados que estavam formalmente Fl. 987DF CARF MF 4 registrados através da empresa ARM CONFECÇÕES LTDA EPP, mas que trabalhavam para a empresa OBJETO BRASIL CONFECÇÕES LTDA EPP. Isto posto, em decorrência das remunerações discriminadas na folha de pagamento da empresa ARM CONFECÇÕES LTDA EPP terem dado origem a apuração do valor lançado, reputo válido o pleito do contribuinte (OBJETO BRASIL CONFECÇÕES LTDA EPP) no sentido de possibilitar o aproveitamento da parcela recolhida na sistemática do SIMPLES pela contratada (ARM CONFECÇÕES LTDA EPP). Sem embargo de seus argumentos, eles seriam, a priori, igualmente aplicáveis ao período compreendido entre 07/2007 e 10/2008, que não foi abordado no voto. A omissão deuse, provavelmente, pelo fato de não ter se apercebido de que, às fls. 680 e ss, o contribuinte já havia, apresentando os documentos pertinentes, se manifestado no sentido de que: 4. De outra parte, com relação ao AI nº 37.360.6192, débitos vencidos até 30/11/2008, a contribuinte permanece com a discussão administrativa apenas no tocante aos abatimentos decorrentes dos pagamentos implementados pela terceira empresa no âmbito do SIMPLES. Todas as demais pendências vencidas até 30/11/2008 foram pagas à vista, conforme anexos (docs. anexos). Tal equívoco deve ter se verificado em razão de ter sido juntado posteriormente outro pedido de desistência (fls. 755/761), este sim referente às competências 11 a 13/2008, correspondendo ao contexto refletido na decisão embargada. Assim, com relação a todo o período abrangido pela autuação havia o contribuinte pleiteado o aproveitamento das parcelas paga pela terceira empresa no âmbito do Simples. Pois bem, não dissinto do entendimento do acórdão embargado no sentido de acatar a postulação por tal aproveitamento, respeitados, evidentemente, os percentuais legais do recolhimento simplificado correspondentes à contribuições em comento. De fato, o inciso VI do art. 13 da Lei Complementar nº 126/06 preconiza que o recolhimento mensal do Simples abrange a contribuição patronal previdenciária de que trata o art. 22 da Lei nº 8.212/91. E, em casos similares ao ora enfrentado, devem ser aproveitados os tributos já pagos pela pessoa jurídica reconhecida como sendo mera interposta pessoa da empresa que é a verdadeira titular da capacidade contributiva, e responsável pelo recolhimento das contribuições previdenciárias devidas fade à contratação de prestadores de serviços. Com efeito, o deslocamento artificial da responsabilidade tributária via expediente simulatório não é eficaz perante o Fisco, conclusão essa que deu azo, inclusive, ao lançamento guerreado. Por seu turno, constituiriase incoerência lógica intrínseca, em desvelar se a simulação, mas não possibilitar que os tributos pagos pela empresa de fachada sejam aproveitados pelo titular material das atividades exercidas e responsável pelos tributos delas decorrentes. Tendo em vista tais constatações, a não consideração dos tributos já pagos pela pessoa interposta, ainda que sob o regime de recolhimento simplificado, como compensáveis com os débitos lançados, constituiriase em locupletamento indevido da Fazenda Pública, caso simplesmente denegada, ou possivelmente implicaria violação aos princípios constitucionais da eficiência e da duração razoável do processo, se condicionada à posterior formulação de pedido de restituição. Fl. 988DF CARF MF Processo nº 13971.721476/201294 Acórdão n.º 2202004.759 S2C2T2 Fl. 987 5 Sendo assim, voto no sentido de acolher os Embargos de Declaração para fins de suprir a omissão verificada no Acórdão nº 2302003.649, de modo que a parcela recolhida na sistemática do Simples Nacional pela empresa ARM Confecções Ltda, correspondente à contribuição previdenciária patronal, seja aproveitada para abatimento do valor do débito lançado via DEBCAD nº 37.360.6192 e não pago, nos períodos compreendidos entre 07/2007 a 13/2008. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Fl. 989DF CARF MF
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Numero do processo: 10120.005843/2007-74
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu May 10 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Sep 24 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/09/2006 a 30/09/2006
DECADÊNCIA. INOCORRÊNCIA.
Serão considerados decaídos os créditos tributários lançados com base no artigo 45 da Lei n° 8.212/91, que determinava o prazo decadencial de dez anos para as contribuições previdenciárias, por ter sido este artigo considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, nos termos da Súmula Vinculante n° 8, publicada no DOU em 20/06/2008. Não configurada a decadência no caso concreto.
PREVIDENCIÁRIO. CUSTEIO. IRREGULARIDADE NA LAVRATURA DA NFLD. INOCORRÊNCIA.
Tendo o fiscal autuante demonstrado de forma clara e precisa os fatos que suportaram o lançamento, oportunizando ao contribuinte o direito de defesa e do contraditório, bem como em observância aos pressupostos formais e materiais do ato administrativo, nos termos da legislação de regência, especialmente artigo 142 do CTN, não há que se falar em nulidade do lançamento.
NULIDADE. OFENSA AO CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA. INOCORRÊNCIA.
O exercício do contraditório e da ampla defesa foi assegurado mediante intimação válida, ao sujeito passivo, do lançamento devidamente instruído cote relatório fiscal contendo descrição clara e precisa dos fatos geradores, dos fundamentos legais, das contribuições devidas e do período.
NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA.
Preterição do direito de defesa decorre de despachos ou decisões e não da lavratura do ato ou termo como se materializa a feitura do auto de infração sendo incabível a alegação de cerceamento de defesa se nos autos existem os elementos de provas necessários à solução do litígio e a infração está perfeitamente demonstrada e tipificada.
PERÍCIA. INDEFERIMENTO.
Afastada a hipótese de necessidade de realização de perícia quando os autos elementos de prova presentes nos autos permitem a formação de convicção do órgão julgador.
PREVIDENCIÁRIO. CUSTEIO. AFERIÇÃO INDIRETA.
Ocorrendo recusa ou sonegação de qualquer documento ou informação, ou sua apresentação deficiente, o Fisco pode, sem prejuízo da penalidade cabível, inscrever de ofício importância que reputar devida, utilizando o critério proporcional à área construída para apuração dos valores devidos a título de mão de obra.
SERVIÇOS TERCEIRIZADOS. RECOLHIMENTOS. APROVEITAMENTO.
A partir de 02/1999, somente serão convertidos em área regularizada os recolhimentos feitos por terceirizados referentes a remunerações por serviços prestados em obra de construção civil que estejam declaradas em GFIP.
PRINCÍPIO DA LEGITIMIDADE. ÔNUS DA PROVA.
O ato administrativo se presume legítimo, cabendo à parte que alegar o contrário a prova correspondente. A simples alegação contrária a ato da administração, sem carrear aos autos provas documentais, não desconstitui o lançamento.
VERDADE MATERIAL E TIPICIDADE.
A busca da verdade material pressupõe a observância, pelo sujeito passivo, do seu dever de colaboração para com a Fiscalização no sentido de lhe proporcionar condições de apurar a verdade dos fatos. O lançamento de acordo com as normas vigentes e regentes do tributo exigido atende integralmente o requisito da tipicidade da tributação.
ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. SÚMULA 02 DO CARF.
A Súmula nº 02 do CARF, publicada no D.O.U. em 22/12/2009, que expressamente veda ao CARF se pronunciar acerca da inconstitucionalidade de lei tributária.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 2202-004.466
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares e, no mérito, em negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto, Waltir de Carvalho, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Fabia Marcilia Ferreira Campelo (suplente convocada), Dilson Jatahy Fonseca Neto, Virgilio Cansino Gil (suplente convocado) e Ronnie Soares Anderson.
Nome do relator: RONNIE SOARES ANDERSON
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INOCORRÊNCIA. Serão considerados decaídos os créditos tributários lançados com base no artigo 45 da Lei n° 8.212/91, que determinava o prazo decadencial de dez anos para as contribuições previdenciárias, por ter sido este artigo considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, nos termos da Súmula Vinculante n° 8, publicada no DOU em 20/06/2008. Não configurada a decadência no caso concreto. PREVIDENCIÁRIO. CUSTEIO. IRREGULARIDADE NA LAVRATURA DA NFLD. INOCORRÊNCIA. Tendo o fiscal autuante demonstrado de forma clara e precisa os fatos que suportaram o lançamento, oportunizando ao contribuinte o direito de defesa e do contraditório, bem como em observância aos pressupostos formais e materiais do ato administrativo, nos termos da legislação de regência, especialmente artigo 142 do CTN, não há que se falar em nulidade do lançamento. NULIDADE. OFENSA AO CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA. INOCORRÊNCIA. O exercício do contraditório e da ampla defesa foi assegurado mediante intimação válida, ao sujeito passivo, do lançamento devidamente instruído cote relatório fiscal contendo descrição clara e precisa dos fatos geradores, dos fundamentos legais, das contribuições devidas e do período. NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Preterição do direito de defesa decorre de despachos ou decisões e não da lavratura do ato ou termo como se materializa a feitura do auto de infração sendo incabível a alegação de cerceamento de defesa se nos autos existem os AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 12 0. 00 58 43 /2 00 7- 74 Fl. 2069DF CARF MF Processo nº 10120.005843/200774 Acórdão n.º 2202004.466 S2C2T2 Fl. 3 2 elementos de provas necessários à solução do litígio e a infração está perfeitamente demonstrada e tipificada. PERÍCIA. INDEFERIMENTO. Afastada a hipótese de necessidade de realização de perícia quando os autos elementos de prova presentes nos autos permitem a formação de convicção do órgão julgador. PREVIDENCIÁRIO. CUSTEIO. AFERIÇÃO INDIRETA. Ocorrendo recusa ou sonegação de qualquer documento ou informação, ou sua apresentação deficiente, o Fisco pode, sem prejuízo da penalidade cabível, inscrever de ofício importância que reputar devida, utilizando o critério proporcional à área construída para apuração dos valores devidos a título de mão de obra. SERVIÇOS TERCEIRIZADOS. RECOLHIMENTOS. APROVEITAMENTO. A partir de 02/1999, somente serão convertidos em área regularizada os recolhimentos feitos por terceirizados referentes a remunerações por serviços prestados em obra de construção civil que estejam declaradas em GFIP. PRINCÍPIO DA LEGITIMIDADE. ÔNUS DA PROVA. O ato administrativo se presume legítimo, cabendo à parte que alegar o contrário a prova correspondente. A simples alegação contrária a ato da administração, sem carrear aos autos provas documentais, não desconstitui o lançamento. VERDADE MATERIAL E TIPICIDADE. A busca da verdade material pressupõe a observância, pelo sujeito passivo, do seu dever de colaboração para com a Fiscalização no sentido de lhe proporcionar condições de apurar a verdade dos fatos. O lançamento de acordo com as normas vigentes e regentes do tributo exigido atende integralmente o requisito da tipicidade da tributação. ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. SÚMULA 02 DO CARF. A Súmula nº 02 do CARF, publicada no D.O.U. em 22/12/2009, que expressamente veda ao CARF se pronunciar acerca da inconstitucionalidade de lei tributária. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares e, no mérito, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson – Presidente e Relator. Fl. 2070DF CARF MF Processo nº 10120.005843/200774 Acórdão n.º 2202004.466 S2C2T2 Fl. 4 3 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto, Waltir de Carvalho, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Fabia Marcilia Ferreira Campelo (suplente convocada), Dilson Jatahy Fonseca Neto, Virgilio Cansino Gil (suplente convocado) e Ronnie Soares Anderson. Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática dos Recursos Repetitivos prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do Acórdão nº 2202004.460 2ª Câmara/2ª Turma Ordinária, de 09 de maio de 2018, proferido no âmbito do processo n° 10120.005592/200728, paradigma deste julgamento. Acórdão nº 2202004.460 2ª Câmara/2ª Turma Ordinária "Tratase de Recurso Voluntário interposto nos autos deste processo administrativo fiscal, em face do acórdão julgado por Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento. Tratase de lançamento efetuado contra a empresa em epígrafe, por meio de Notificação Fiscal de Lançamento de Débito, relacionado às contribuições destinadas à Seguridade Social referentes às parcelas devidas pela empresa, incluindo o financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho, à parte dos segurados empregados e às destinadas a outras entidades e fundos, lançadas na competência 09/2006. De acordo com o Relatório Fiscal, o lançamento foi arbitrado mediante aferição indireta da área construída em obra. Uma vez constatadas as irregularidades apontadas, a autoridade lançadora, considerando que tais procedimentos comprometeram a avaliação da real movimentação da remuneração paga aos segurados empregados, aferiu a base de cálculo das contribuições de acordo com a previsão legal contida no § 4° do art. 33 da Lei n° 8.212, de 1991, bem como o § 3°e 6°. Assim, o critério adotado pela Fiscalização para aferição da base de cálculo foi o cálculo proporcional à área construída da obra objeto da fiscalização. A notificada apresentou defesa administrativa tempestiva, referindose aos itens do relatório fiscal da NFLD, sendo julgada improcedente a impugnação pela DRJ de origem. A contribuinte, inconformada com o resultado do julgamento, apresentou recurso voluntário, onde apresenta os seguintes argumentos: Fl. 2071DF CARF MF Processo nº 10120.005843/200774 Acórdão n.º 2202004.466 S2C2T2 Fl. 5 4 (i) Requer a nulidade do Acórdão Argumenta que a decisão de primeira instância deixou de apreciar a alegação de que o entendimento da junta fiscal contraria o entendimento de todos os outros fiscais que fiscalizaram a recorrente. (ii) Cerceamento de defesa Reafirma o cerceamento de defesa, pois o fato de pessoas ligadas à impugnante terem acompanhado parte da atividade de investigação da junta fiscal, não a exime de informar, em relatório, a discriminação clara, precisa dos fatos geradores (art. 37, da lei n.8.212/91), e circunstanciada e transparente fundamentação legal, correta subsunção dos fatos à norma e lógica na apuração da base de cálculo. (iii) Contabilização por centro de custo Entende a contribuinte que a interpretação dos fatos que levaram os nobres auditores a desconsiderarem a contabilidade da recorrente não se consubstancia em situações materiais efetivas. Aduz a contribuinte que uma a uma, todas as circunstâncias narradas pela junta fiscal para desconsiderar a contabilidade da recorrente, foram, no entender da contribuinte, rebatidas em impugnação. No entanto, somente os argumentos da junta fiscal foram acatados incondicionalmente, já os argumentos, justificativas e explicações da recorrente só foram mencionados no relatório. Sustenta que a circunstância da junta fiscal identificar as obras realizadas pela recorrente, assim como todos os outros fiscais que examinaramlhe a contabilidade, mostra que os fatos contábeis e todos,,os fatos geradores de contribuições previdenciárias relativos às obras são registrados; em contas individualizadas. (iv) Princípio da imparcialidade Para a contribuinte resistiram, sob a complacência da DRJ de origem, a corrigir o erro de lançar duas vezes a contribuição de terceiros com base em notas fiscais de prestação de serviços em obras cuja contribuição total foi lançada em NFLD das próprias obras e também lançadas em outras NFLDs utilizando como artifício para enganar métodos diferentes de aferição indireta. Aduz a contribuinte que os autos de infração citados pelo relator como procedentes foram julgados apenas na primeira instância, ainda não foram avaliados por este Colendo Conselho cuja imparcialidade é reconhecida. Questiona ela por que o órgão julgador de primeira instância administrativa não julga importante registrar os diversos erros cometidos pela junta fiscal, que fizeram com que os autos fossem baixados em diligência mais de uma vez, e o crédito lançado Fl. 2072DF CARF MF Processo nº 10120.005843/200774 Acórdão n.º 2202004.466 S2C2T2 Fl. 6 5 retificado várias vezes? Responde dizendo que o órgão julgador não observa, o princípio da imparcialidade. Sustenta que a junta fiscal errou quando não cumpriu o que determina o art. 449 da IN 3, não reduzindo as áreas, mas isso não e importante para a DRJ/BSA registrar. Aliás, foi registrado como erro da recorrente: no relatório fiscal afirmam que evidenciando a utilização de empregados, sem contudo, haver registro de escrituração de folhas de pagamento. O registro de pequenas obras — conta DPOGR, existe exatamente para registrar, dentre outros fatos menores, quantificados em função do porte da empresa, serviços de curto prazo prestados por empregados a terceiros sem que se complete o ciclo mensal, especificamente em serviços realizados em obras e que terminam muito ante do final do mês. Em outras palavras: prestam serviços a várias obras dentro do mês. Essa mão de obra, conforme art. 162 de IN 3, abaixo transcrito, é escriturada na folha de pagamento da Administração, pois não há como registrar estes serviços em folhas específicas, como quer entes do fisco. (v) Arquivos digitais da ação fiscal — Ausência de Motivação Sustenta a recorrente que o item 8 da Manifestação aos esclarecimentos "Enquanto a junta fiscal não entregar os arquivos digitais com as planilhas da ação fiscal, restará configurado inadmissível cerceamento de defesa, pois impede que as impugnações sejam realizadas com a precisão e os meios necessários; não foi apreciado no voto. Foi somente citado no relatório. Argui a contribuinte que esperase, sempre, que o órgão julgador exerça o controle da legalidade e legitimidade dos lançamentos e profira suas decisões motivadas de acordo com sua convicção, formada a partir da subsunção dos fatos à lei, com independência, imparcialidade e responsabilidade, sob condição de justificar a própria existência. Entende que a não entrega dos arquivos digitais contendo a planilha com dados e informações sobre a apuração de valores que dizem respeito à recorrente é outra prova contundente do evidente cerceamento de defesa. O fisco cria normas obrigando o contribuinte a entregar arquivos digitais de seu interesse, mas esquece das normas que obrigam todos os servidores públicos (art. 116, Lei 8.112/90) e Princípios constitucionais, dentre eles o da Moralidade. (vi) Inversão do ônus da prova: dever da prova Trata a contribuinte a previsão legal de arbitrar o crédito não dispensa o dever do fisco de produzir prova e não cria presunção de onipotência. A regra, tanto no processo judicial quanto no administrativo é a de que o autor tem o ônus de provar o fato constitutivo Assim, mesmo quando. se trata de arbitramento, o fisco tem a obrigação e o dever de produzir as provas, as razões de fato e de direito que justificam o crédito Fl. 2073DF CARF MF Processo nº 10120.005843/200774 Acórdão n.º 2202004.466 S2C2T2 Fl. 7 6 lançado, assim como os cálculos, raciocínios e fundamentos legais da apuração da quantia devida. Entende que ausentes esses pressupostos, o direito de defesa está comprometido. (vii) Princípio da ampla competência decisória apreciação de inconstitucionalidades Sustenta que sobre as diversas alegações de afronta às leis e à Constituição é sempre bom lembrar que todo aquele que exerce função pública está subordinado a concretizar os valores jurídicos fundamentais e deve nortear seus atos segundo esse postulado. (viii) Aplicação Retroativa da Legislação Tributária Princípio da Segurança Jurídica Quanto à aplicação da IN 3, a recorrente aduz que não escreveu em lugar algum que ela foi revogada. Então, porque a transcrição do art. 48 da Lei 11.457/2007? A recorrente se posiciona quanto ao âmbito de aplicação das instruções normativas e vigência. É isso, Senhores Julgadores do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, à falta de argumentos jurídicos lógicos racionais para enfrentar de frente as questões postas a deslinde, o órgão julgador de primeira instância tergiversa. ix) Bis in idem A contribuinte inicia com a informação de período que a obra foi executada. Após digressões, onde se comenta que a IN 03/05 tem "o intuito de reguLamentar a lei que a construção civil "sempre apresentou inúmeras dificuldades...; fazse ensinamentos de como "deva submeterse ao regime de aferição indireta, citação e transcrição de dispositivos da IN 03, escrevese que "Conforme pode ser observado na legislação aplicável, no período de 02/11/1999 a 09/12/2002, os critérios para que o valor eventualmente recolhido a título de retenção pudesse se aproveitado e deduzido no arbitramento da são:...". Para a contribuinte, a leitura do trecho de onde se extraiu as pérolas acima e outros trechos do acórdão reocrrido, deixa a impressão de que se trata de mais um complemento ao Relatório Fiscal Anexo a NFLD e não de uma decisão. Defende que de acordo com o órgão julgador administrativo de primeira instância (DRJ) uma instrução normativa do fisco tem o intuito de regulamentar a lei! Que lei uma instrução normativa regula? Em nosso ordenamento jurídico a competência para regulamentar lei é privativa do Presidente da Republica mediante a edição de Decreto (art. 84, IV, da CF). Para ela, a primeira questão é a que configura inadmissível bis in idem quanto às contribuições de terceiros, relativas a esta, obra quê também foram lançadas em NFLD's. A segunda Fl. 2074DF CARF MF Processo nº 10120.005843/200774 Acórdão n.º 2202004.466 S2C2T2 Fl. 8 7 questão seria a do aproveitamento de recolhimentos efetuado por terceiros para a obra e seus requisitos impostos por norma infralegal (instrução normativa). Sustenta que em um momento o acórdão se refere à conversão em área regularizada e seus critérios (art.447 da IN3), para depois, copiando a junta fiscal, afirmar que "em relação às notificações relacionadas a retenção dos 11% destacado na emissão das notas fiscais dos prestadores em NFLD's , todas as notas fiscais e quaisquer documentos que puderam ser vinculados a quaisquer das obras analisadas durante o procedimento fiscal, foram deduzidas daquela notificação". A qual notificação se refere o julgador? Quais notas fiscais? Quais documentos? De qualquer forma não foi deduzido nesta NFLD nenhum dos valores lançados nas três NFLD por retenção. Destaca, ainda, que a legislação aplicável no período de 05/1999 a 09/2003, na interpretação da DRJ/BSA, é a IN 3 de 2005, que, segundo o relator, além do poder de regulamentar uma lei, tem o poder de retroagir e ;criar obrigações acessórias e fixar critérios para que o valores lançados em dobro possam ser corrigidos. Argumenta que o bis in idem ocorreu porque toda a contribuição previdenciária devida, seja própria ou de terceiros, relativa a esta obra, identificada no centro de custos como CAIPE, foi lançada em NFLD. No entanto, ainda assim, valores de notas fiscais de serviços prestados por terceiros a esta obra também foram utilizados co base de cálculo da contribuição previdenciária lançada em NFLD's (x) Notas fiscais com guias de recolhimento Aduz a contribuinte que a DRJ também se recusa a retificar o crédito tributário até mesmo quando se apresenta guias de recolhimento que comprovam o recolhimento da retenção. Defende que as notas fiscais envolvendo período a partir de outubro de 2002, com vinculação inequívoca à obra, não foram consideradas para efeito de retificação do valor da notificação. Argumenta ser absurdo e afrontoso à inteligência esse procedimento abusivo, inconstitucional de se manter, em lançamento, tributo que já foi recolhido, ao condicionar a regularização ao cumprimento de obrigação acessória de responsabilidade do prestador de serviço originariamente contribuinte. Requer a recorrente seja dado às competências a partir de outubro o mesmo tratamento dado às competências anteriores convertendo em área regularizada a remuneração recolhida relativa à mão de obra terceirizada, com vinculação inequívoca à obra. (xi) Não aplicação do inciso I do art. 448 da IN 3/05 Fl. 2075DF CARF MF Processo nº 10120.005843/200774 Acórdão n.º 2202004.466 S2C2T2 Fl. 9 8 Sustenta a contribuinte que a DRJ lê e interpreta os dispositivos legais a seu talante sem compromisso com o sentido e significado das palavras ou finalidade da norma. A palavra somente colocada no texto do acórdão, não existe no inciso. Somente existe na forte e inabalável vontade de prestigiar o trabalho dos colegas da junta fiscal. (xii) Aplicação do art. 474 da IN 03/05 Argumenta a contribuinte que de novo que há interpretação fora do texto da norma, pois m lugar algum da IN 3 está escrito que todas as notas fiscais que se submetem ao regime jurídico da retenção devem estar. Defende que não é recomendável em redação de texto legal este tipo rasteiro de generalização, pois o tema em debate não é nota fiscal, não é recolhimento, é bis in idem: cobrança de tributo em duplicidade. (xiii) Bitributação Argumenta a contribuinte que afirmações desconexas com a realidade é a moda do acórdão da DRJ/BSA. A cada tópico se depara com frase deste tipo: "não ocorreu o bis in idem, pois as notas fiscais que estavam inequivocamente vinculadas à obra (..) foram consideradas para efeito de redução do lançamento(...)". Para ela repetese o bis in idem existe porque todas as contribuições (próprias e de terceiros) relativas às obras foram lançadas por aferição indireta com base na área construída e CUB. Aduz que, ainda assim, por outros métodos iníquos de aferição indireta, com base em mão de obra de terceiros contidas em notas fiscais das obras, foram lançadas novamente as contribuições de terceiros. Nada a ver com nota fiscal vinculada à obra. Defende que a junta fiscal ao contrário, atesta taxativamente que não. O relatório do acórdão reproduz, a informação da junta fiscal, que não contesta o bis in idem, porém justifica que os levantamentos representados pelas NFLD não foram aproveitados porque as circunstâncias necessárias não ocorrem. Finaliza este tópico, argumentando que os levantamentos representados pelas NFLD somente poderiam ser aproveitados para reduzir o lançamento da presente notificação mediante a comprovação do recolhimento da retenção incidente sobre os serviços prestados mediante cessão de mão de obra, bem como da vinculação inequívoca com a obra executada e a remuneração constante das GFIP dos prestadores de serviços a cada obra, a serem comprovados nos autos, circunstâncias que não ocorrerem. (xiv) Perícia Fl. 2076DF CARF MF Processo nº 10120.005843/200774 Acórdão n.º 2202004.466 S2C2T2 Fl. 10 9 Defende a recorrente que a contabilidade da empresa apor mais de vinte anos foi considerada regular e correta por agentes fiscais dos: fiscos federal, estadual e municipal, em interpretação sem explicação plausível, foi desconsiderada. Esta situação, conforme já alegado e esmiuçado nas impugnações, impõe que peritos façam uma avaliação para dirimir com quem está a razão. (xv) Caracterização de excesso de exação Argumenta a contribuinte o excesso de exação está caracterizado nos resultados do procedimento fiscal raivoso encetado contra a recorrente. Foram lançados créditos tributários na ordem de 27 milhões de reais já retificados para 12 milhões. A junta fiscal sabia ou deveria saber que é necessário verificar a existência de áreas com percentuais de redução no cálculo do tributo. Aduz ela que deveria saber que quando se lança as contribuições de uma obra por aferição indireta com base na área construída, a remuneração da mão de obra total despendida é apurada, nada mais resta para se lançar (xvi) Competências maio e junho de 2002 devem ser excluídas. A recorrente sustenta que o reconhecimento de "que parte do crédito previdenciário lançado"decaiu está incorreto porque as competências maio e junho de 2002, alcançadas pela decadência, não foram consideradas na retificação. (xvii) Retificação inaceitável Traz a contribuinte a alegação de que a retificação não obedeceu ao mesmo critério de apuração do tributo por deficiência do fisco que não providenciou a adaptação e atualização de seus programas quanto à determinação de súmula vinculante é estarrecedora, inaceitável, quase inacreditável. Para a recorrente, as deficiências do fisco não podem prejudicar o contribuinte, nem justifica a alteração da realidade dos fatos. A obra não foi realizada em um único mês. Chama, a contribuinte, a atenção o fato de o acórdão informar várias vezes que o período de execução da obra e está é a realidade dos fatos. Requer, portanto, seja alterada a retificação do débito obedecendose as regras instituídas pelo próprio fisco (art. 466, IN 3/2005), utilizandose os mesmos critérios e métodos para a sua apuração. Por fim, requer o conhecimento e provimento do seu recurso, para decretar a decadência e nulidade do lançamento, tornando o sem efeito e, no mérito, a sua absoluta improcedência. É o relatório." Fl. 2077DF CARF MF Processo nº 10120.005843/200774 Acórdão n.º 2202004.466 S2C2T2 Fl. 11 10 Voto Conselheiro Ronnie Soares Anderson – Relator. Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 2202004.460 2ª Câmara/2ª Turma Ordinária, de 09 de maio de 2018, proferido no julgamento do processo n° 10120.005592/200728, paradigma ao qual o presente processo encontrase vinculado. Transcrevese, a seguir, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o inteiro teor do voto condutor proferido pelo Conselheiro Martin da Silva Gesto, digno relator da susodita decisão paradigma, reprisese, Acórdão nº 2202004.460 2ª Câmara/2ª Turma Ordinária, de 09 de maio de 2018: Acórdão nº 2202004.460 2ª Câmara/2ª Turma Ordinária "O recurso voluntário foi apresentado dentro do prazo legal, reunindo, ainda, os demais requisitos de admissibilidade. Portanto, dele conheço. 1. Preliminares 1.1 Decadência das competências até junho/2002 Aduz está decadente as competência até junho de 2002. Nesse aspecto não assiste razão ao impugnante, pois, o fato de ter sido reaberto o prazo pela substituição dos documentos, não implica em nova notificação, sendo certo que a data inicial a ser considerada para efeito da contagem do período decadencial é a da primeira notificação regular ao sujeito passivo, uma vez que o lançamento foi ali perfectibilizado. Nesse sentido, a simples substituição dos relatórios não determina a irregularidade do lançamento. Rejeito a preliminar, portanto. 1.2 Perícia Nos termos do art. 29 do Decreto nº 70.235/1972, a autoridade julgadora, na apreciação das provas, formará livremente sua convicção, podendo indeferir o pedido de perícia/diligência que entender desnecessário. Desta forma, não considero pertinente o pedido de Diligência pois todos os elementos de prova acostados aos autos já foram analisados no transcurso do processo administrativo tributário. Portanto, não merece acolhimento o pleito do contribuinte. 1.3 Das inconstitucionalidades Fl. 2078DF CARF MF Processo nº 10120.005843/200774 Acórdão n.º 2202004.466 S2C2T2 Fl. 12 11 Não assiste razão à Recorrente pois o previsto no ordenamento legal não pode ser anulado na instância administrativa por alegações de inconstitucionalidade, já que tais questões são reservadas à competência, constitucional e legal, do Poder Judiciário. Neste sentido, o art. 26A, caput do Decreto 70.235/1972, que dispõe sobre o processo administrativo fiscal, e dá outras providências: “Art. 26A No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade." Além do mais, salvo casos excepcionais, é vedado a órgão administrativo declarar inconstitucionalidade de norma vigente e eficaz. Nessa linha de entendimento, dispõe o enunciado de súmula, abaixo reproduzido, o qual foi divulgado pela Portaria CARF n.º 106, de 21/12/2009 (DOU 22/12/2009): Súmula CARF Nº 2 O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Essa súmula é de observância obrigatória, nos termos do “caput” do art. 72 do Regimento Interno do CARF, inserto no Anexo II da Portaria MF n.º 343, de 09/06/2015. Como se vê, este Colegiado falece de competência para se pronunciar sobre a alegação de inconstitucionalidade da multa aplicada, uma vez que o fisco tão somente utilizou os instrumentos legais de que dispunha para efetuar o lançamento. 1.4 Nulidade do lançamento O crédito previdenciário se refere às contribuições previdenciárias destinadas à Seguridade Social correspondente às parcelas devidas pela empresa, incluindo o financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho SAT/ RAT, à parte dos segurados empregados e as destinadas a Terceiros outras entidades e fundos, lançado na competência 09/2006. De acordo com o Relatório Fiscal, lis. 98/109, o lançamento foi arbitrado mediante aferição indireta da área construída na obra denominada Residencial Arezzo, matricula CET é 39.380.00370/70, correspondendo a 8.712,49 m². Registrouse que por contrato de empreitada global, a responsabilidade pela execução da obra da empresa notificada é de 84%, correspondendo a 7.318,49 m². Desta forma, conforme o artigo 37 da Lei n° 8.212/91, foi lavrada Notificação Fiscal de Lançamento de Débito NFLD que, conforme definido no inciso IV do artigo 633 da IN MPS/SRP n° 03/2005, é o documento constitutivo de crédito relativo às Fl. 2079DF CARF MF Processo nº 10120.005843/200774 Acórdão n.º 2202004.466 S2C2T2 Fl. 13 12 contribuições devidas à Previdência Social e a outras importâncias arrecadadas pela SRP, apuradas mediante procedimento fiscal: Lei n° 8.212/91 Art. 37. Constatado o atraso total ou parcial no recolhimento de contribuições tratadas nesta Lei, ou em caso de falta de pagamento de beneficio reembolsado, a fiscalização lavrará notificação de débito, com discriminação clara e precisa dos fatos geradores, das contribuições devidas e dos períodos a que se referem, conforme dispuser o regulamento. IN MPS/SRP n° 03/2005. Art. 633. São documentos de constituição do crédito tributário, no âmbito da SRP: IV Notificação Fiscal de Lançamento de Débito NFLD, que é o documento constitutivo de crédito relativo às contribuições devidas à Previdência Social e a outras importâncias arrecadadas pela SRP, apuradas mediante procedimento fiscal; Não obstante a argumentação da Recorrente, não confiro razão à Recorrente pois, de plano, notase que o procedimento fiscal atendeu a todas as determinações legais, com a clara discriminação de cada débito apurado e dos acréscimos legais incidentes, não havendo, pois, nulidade por vício insanável e tampouco cerceamento de defesa. Podese elencar as etapas necessárias à realização do procedimento: A autorização por meio da emissão do Mandado de Procedimento Fiscal – MPFF, com a competente designação do AuditorFiscal responsável pelo cumprimento do procedimento; A intimação para a apresentação dos documentos conforme Termo de Intimação para Apresentação de Documentos – TIAD, intimando o contribuinte para que apresentasse todos os documentos capazes de comprovar o cumprimento da legislação previdenciária; A autuação dentro do prazo autorizado pelo referido Mandado, com a apresentação ao contribuinte dos fatos geradores e fundamentação legal que constituíram a lavratura do auto de infração ora contestado, com as informações necessárias para que o autuado pudesse efetuar as impugnações que considerasse pertinentes: a. IPC Instruções para o Contribuinte (que tem a finalidade de comunicar ao contribuinte como regularizar seu débito, como apresentar defesa e outras informações); b. DAD – Discriminativo Analítico do Débito (que discrimina os valores originários das contribuições devidas pelo contribuinte, abatidos os valores já recolhidos e as deduções legais); Fl. 2080DF CARF MF Processo nº 10120.005843/200774 Acórdão n.º 2202004.466 S2C2T2 Fl. 14 13 c. DSD Discriminativo Sintético do Débito (que apresenta os valores devidos em cada competência, referentes aos levantamentos indicados agrupados por estabelecimento); d. RL – Relatório de Lançamentos (que relaciona os lançamentos efetuados nos sistemas específicos para apuração dos valores devidos pelo sujeito passivo); e. FLD – Fundamentos Legais do Débito (que indica os dispositivos legais que autorizam o lançamento e a cobrança das contribuições exigidas, de acordo com a legislação vigente à época do respectivo fato gerador); f. REPLEG Relatório de Representantes Legais; g. VÍNCULOS – Relatório de Vínculos (que lista todas as pessoas físicas ou jurídicas em razão de seu vínculo com o sujeito passivo, indicando o tipo de vínculo existente e o período); h. REFISC – Relatório Fiscal. Cumprenos esclarecer ainda, que o lançamento fiscal foi elaborado nos termos do artigo 142 do Código Tributário Nacional, especialmente a verificação da efetiva ocorrência do fato gerador tributário, a matéria sujeita ao tributo, bem como o montante individualizado do tributo devido. De plano, o art. 142, CTN, estabelece que: Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. Ademais, não compete ao AuditorFiscal agir de forma discricionária no exercício de suas atribuições. Desta forma, em constatando a falta de recolhimento, face a ocorrência do fato gerador, cumprilhe lavrar de imediato a notificação fiscal de lançamento de débito de forma vinculada, constituindo o crédito previdenciário. O art. 243 do Decreto 3.048/99, assim dispõe neste sentido: Art.243. Constatada a falta de recolhimento de qualquer contribuição ou outra importância devida nos termos deste Regulamento, a fiscalização lavrará, de imediato, notificação fiscal de lançamento com discriminação clara e precisa dos fatos geradores, das contribuições devidas e dos períodos a que se referem, de acordo com as normas estabelecidas pelos órgãos competentes. Fl. 2081DF CARF MF Processo nº 10120.005843/200774 Acórdão n.º 2202004.466 S2C2T2 Fl. 15 14 Desta forma, o procedimento fiscal atendeu todas as determinações legais, não havendo, pois, nulidade por cerceamento por preterição aos direitos de defesa, pela ausência de fundamentação legal. 1.5 Nulidade da decisão de 1ª instância A recorrente alega que a decisão de primeira instância deixou de apreciar a alegação de que o entendimento da junta fiscal contraria o entendimento de todos os outros fiscais que fiscalizaram a recorrente, portanto devese decretar a sua nulidade. Não obstante o entendimento da Recorrente, não há como aderir a tal porque a AuditoriaFiscal não está vinculada a posicionamento de outra AuditoriaFiscal que tenha realizado procedimento de fiscalização anterior no contribuinte. Ademais, o art. 6o , I, a da na Lei 10.593/2002 dispõe acerca das atribuições dos ocupantes do cargo de AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil no exercício da competência da Secretaria da Receita Federal do Brasil, dentre as quais constituir, mediante lançamento, o crédito tributário e de contribuições: Art. 6º São atribuições dos ocupantes do cargo de AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil: (Redação dada pela Lei nº 11.457, de 2007) I no exercício da competência da Secretaria da Receita Federal do Brasil e em caráter privativo:(Redação dada pela Lei nº 11.457, de 2007) a) constituir, mediante lançamento, o crédito tributário e de contribuições; (Redação dada pela Lei nº 11.457, de 2007) b) elaborar e proferir decisões ou delas participar em processo administrativofiscal, bem como em processos de consulta, restituição ou compensação de tributos e contribuições e de reconhecimento de benefícios fiscais; (Redação dada pela Lei nº 11.457, de 2007) Além do mais, o órgão julgador não está obrigado a se manifestar sobre todos os argumentos expostos pelas partes, mormente quando já encontrou motivos suficientes e relevantes para fundamentar a decisão. Portanto, afasto a preliminar. 2. Mérito 2.1 Contabilização por centro de custo A contribuinte aduz que a interpretação dos fatos que levaram os auditoresfiscais a desconsiderarem a contabilidade da recorrente não se consubstancia em situações materiais efetivas. Fl. 2082DF CARF MF Processo nº 10120.005843/200774 Acórdão n.º 2202004.466 S2C2T2 Fl. 16 15 Alega que, uma a uma, todas as circunstâncias narradas pela junta fiscal para desconsiderar a contabilidade da recorrente foram rebatidas nas impugnações. No entanto, somente os argumentos da junta fiscal foram acatados incondicionalmente; já os argumentos, justificativas e explicações da recorrente só foram mencionados no relatório. Argumenta que a circunstância da junta fiscal identificar as obras realizadas pela recorrente, assim como todos os outros fiscais que lhe examinaram a contabilidade, mostra que os fatos contábeis e todos, os fatos geradores de contribuições previdenciárias relativos às obras são registrados; em contas individualizadas. Sustenta que os agentes do fisco afirmam relatório fiscal anexo à NFLD que "os indícios levam ao entendimento de que obras ou serviços foram executados sem os devidos registros contábeis". Indícios, Senhores julgadores, indícios. A presunção de legitimidade dos atos do fisco é limitada, relativa, não é absoluta. Indícios no Direito Tributário não são figuras aptas a produzir resultados. Pois bem. Conforme relatado pela autoridade fiscal, a própria empresa procurou corrigir algumas das faltas apresentadas (ausência de contabilização por centro de custo), contudo, não logrou êxito em assim proceder, haja vista ter utilizado procedimento inadequado, em desconformidade com o ato normativo do Departamento de Contabilidade, que exige a correção no exercício em que se constatou o erro, e não a mera substituição, tal como informado pela fiscalização. Nesse ponto, foi anexada a Instrução Normativa n° 102, do Departamento Nacional de Registro do Comércio, que orienta o procedimento ao ser adotado nos casos de retificação dos livros contábeis, norma desconsiderada pela impugnante. Verificando e analisando o Relatório Fiscal da Infração vislumbrase que o Auditor apresenta com clareza os fatos que ocorreram durante a ação fiscal, caracterizando diversas obrigações acessórias descumpridas, qual seja: escrituração contábil não identificada por centros de custo; não apresentação de documentos (folhas de pagamentos) requisitados pela autoridade, notas fiscais não contabilizadas. Ora, diante das provas colacionadas nos autos, não prospera a argumentação da recorrente, razão pela qual mantenho o entendimento da decisão de primeira instância. 2.2 Bis in idem, bitributação, imparcialidade e notas fiscais Insurgese, sob a complacência da DRJ, a corrigir o erro de lançar duas vezes a contribuição de terceiros com base em notas fiscais de prestação de serviços em obras cuja contribuição total foi lançada em NFLD das próprias obras e também lançadas em Fl. 2083DF CARF MF Processo nº 10120.005843/200774 Acórdão n.º 2202004.466 S2C2T2 Fl. 17 16 NFLD's utilizando como artifício para enganar métodos diferentes de aferição indireta. O bis in idem teria ocorrida, segundo a contribuinte, porque toda a contribuição previdenciária devida, seja própria ou de terceiros, relativa a esta obra, identificada no centro de custos, foi lançada em NFLD. No entanto, ainda assim, valores de notas fiscais de serviços prestados por terceiros a esta obra também foram utilizados como base de cálculo da contribuição previdenciária lançada nas NFLD's. Tal argumentação da recorrente se circunscreve a valoração de prova fática, posto devese verificar se houve ou não o lançamento duplicado de contribuição de terceiros com base em notas fiscais de prestação de serviços em obras cuja contribuição total foi lançada em NFLD das próprias obras e também lançadas em outras três NFLD. Para melhor entendimento do procedimento fiscal adotado, foi consta nos autos planilha contendo detalhamento das notas fiscais os valores apropriados como mãodeobra empregada, conforme define a legislação previdenciária, a serem convertidos em área regularizada para retificação do débito. A mesma planilha detalha os documentos não considerados, bem como seus respectivos motivos. No caso sob análise, não ocorreu o bis in idem, pois todas as notas fiscais que estavam inequivocamente vinculadas à obra objeto do presente lançamento, conforme determina a Instrução Normativa SRP n" 03, de 2005, foram consideradas para efeito de redução do lançamento, conforme atestado pela autoridade fiscal e verificado por este órgão julgador. Dessa forma, não se verifica a bitributação nem tão pouco qualquer ausência de prejuízo em desfavor da impugnante no sentido de não ter sido efetuado algum credito eventual de alguma retenção. Em verdade, todas as notas fiscais e respectivas guias de recolhimento da previdência social que puderam ser vinculadas a cada uma das obras para aproveitadas pela autoridade lançadora. Observase que não houve afronta ao princípio da imparcialidade, bem como não houve bis in idem, uma vez que fora observado os requisitos legais. Assim, não prospera a argumentação da contribuinte. 2.3 Ausência de motivação O item 8 da Manifestação aos esclarecimentos "Enquanto a junta fiscal não entregar os arquivos digitais com as planilhas da ação fiscal, restará configurado inadmissível cerceamento de defesa, pois impede que as impugnações sejam realizadas com a precisão e os meios necessários", não foi apreciado no voto, teria sido somente citado no relatório. Fl. 2084DF CARF MF Processo nº 10120.005843/200774 Acórdão n.º 2202004.466 S2C2T2 Fl. 18 17 Esperase, sempre, que o órgão julgador exerça o controle da legalidade e legitimidade dos lançamentos e profira suas decisões motivadas de acordo com sua convicção, formada a partir da subsunção dos fatos à lei, com independência, imparcialidade e responsabilidade, sob condição de justificar a própria existência. O fundamento da obrigação da Administração motivar seus atos, dentre eles o ato de lançamento e as decisões, está previsto no art. 50 da Lei 9.784/99, que determina que os atos administrativos deverão ser motivados de modo explicito, claro e congruente (§ 1°); assim como no art. 31 do Decreto 70.235/72, ignorados pelo órgão administrativo de julgamento de primeira instância apenas imbuído de preservar o lançamento fiscal, abdicandose de sua função precípua de controle da legalidade do lançamento. Passamos a análise. A controvérsia está centrada na ausência da apreciação da entrega dos arquivos digitais da recorrente No decorrer da ação fiscal, por várias vezes, a empresa foi informada da necessidade de apresentação de tais documentos (Notas Fiscais, GI'S e GFIP) para verificação da mãodeobra tomada de prestadores de serviços (terceirizados). Não tendo a empresa atendido as solicitações da fiscalização, não foi possível à época da ação fiscal, apurar todos os valores relativos aos créditos das obras de construção civil. As dificuldades impostas pela empresa durante todo o período que envolveu a ação fiscal, foram desenvolvidos esforços para que a empresa apresentasse na integralidade documentação necessária ao completo e normal processo de auditoria fiscal. Tendo em vista a morosa e deficiente apresentação dos documentos solicitados, foram necessárias as lavraturas de diversos autos de infração, especialmente, os que registraram o descumprimento de obrigações acessórias, previstas em Lei, que tratam da falta de apresentação de documentos tais como, folhas de pagamento e notas fiscais de prestadores de serviços, bem como dos arquivos digitais. Não é difícil o entendimento que documentos como folhas de pagamento são imprescindíveis no trabalho de fiscalização das contribuições previdenciárias. Portanto, nego provimento neste tópico. 2.4 Inversão do ônus da prova Explicita que, mesmo quando. se trata de arbitramento, o fisco tem a obrigação e o dever de produzir as provas, as razões de fato e de direito que justificam o crédito lançado, assim como os cálculos, raciocínios e fundamentos legais da apuração da quantia devida. Ausentes esses pressupostos, o direito de defesa está comprometido. Fl. 2085DF CARF MF Processo nº 10120.005843/200774 Acórdão n.º 2202004.466 S2C2T2 Fl. 19 18 Registrese que não há dúvidas de que a legislação previdenciária, no caso sob análise, dadas as condições fáticas ocorridas durante o procedimento fiscal, autoriza a fiscalização a promover o arbitramento da base de cálculo das contribuições previdenciárias, conforme previsão, inclusive do artigo 148 do Código Tributário Nacional, in verbis: Art. 148. Quando o cálculo do tributo tenha por base, ou tome em consideração, o valor ou preço de bens, direitos, serviços ou atos jurídicos, a autoridade lançadora, mediante processo regular, arbitrará aquele valor ou preço, sempre que sejam omissos ou não mereçam fé as declarações ou os esclarecimentos prestados, ou os documentos expedidos pelo sujeito passivo ou pelo terceiro legalmente obrigado, ressalvada, em caso de contestação, avaliação contraditória, administrativa ou judicial. Assim, a conseqüência jurídica disso, portanto, nos termos dos parágrafos 3°, 4° e 6° do art. 33, é a imediata e consequente inversão do ônus da prova. Tal circunstância determina que a simples manifestação de contrariedade do impugnante não tem o condão de afastar o ato administrativo dotado de presunção de legitimidade, legalidade e veracidade. Em que pese a contribuinte ter apresentado inúmeras cópias de guias de recolhimento e notas fiscais, observase, conforme manifestado pela autoridade lançadora, , muitos documentos foram repetidos, outros não possuem vinculação com a obra e outros não foram acompanhadas pelas GFIP's dos prestadores, conforme determina o art. 425 da Instrução Normativa n° 03, de 2005. Pelo exposto, não acolho o pleito da recorrente. 2.5 Aplicação retroativa da legislação Indaga quanto à aplicação da IN 3, a recorrente não escreveu em lugar algum que ela foi revogada. Então, porque a transcrição do art. 48 da Lei 11.457/2007? A recorrente se posiciona quanto ao âmbito de aplicação das instruções normativas e vigência. É isso, Senhores Julgadores do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, à falta de argumentos jurídicos lógicos, racionais para enfrentar de frente as questões postas a deslinde, o órgão julgador de primeira instância tergiversa. Inicialmente, a Lei nº 11.457, de 2007, que criou a Receita Federal do Brasil assim disciplinou, em seu artigo 48: Art. 48. Fica mantida, enquanto não modificados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, a vigência dos convênios celebrados e dos atos normativos e administrativos editados: I pela Secretaria da Receita Previdenciária; Fl. 2086DF CARF MF Processo nº 10120.005843/200774 Acórdão n.º 2202004.466 S2C2T2 Fl. 20 19 II pelo Ministério da Previdência Social e pelo INSS relativos a administração das contribuições a que se refere os arts. 2° e 3° desta Lei. III pelo Ministério da Fazenda relativos à administração dos tributos e contribuições de competência da Secretaria da Receita Federal do Brasil; 1V pela Secretaria da Receita Federal. Sendo assim, verificase que foi mantida a vigência dos atos normativos da extinta Secretaria da Receita Previdenciária, a Instrução Normativa da SRP n" 03/05, vigente época da feitura do presente lançamento, não contendo, portanto, qualquer vicissitude em sua aplicação, razão pela qual as orientações e determinações nela contidas devem ser observadas, lendo cm vista, conforme já manifestado, o lançamento ser procedimento vinculado. Nessa esteira, ressaltese o inciso I do art. 100 do Código Tributário Nacional, que determina a complementaridade dos atos normativos expedidos velas autoridades administrativas, razão pela qual, em momento algum, tanto a autoridade lançadora quanto Os administrados (contribuintes e responsáveis tributários) podem deixar de obedecêlos. No caso sob analise, não se tem a aplicação retroativa da legislação. Em verdade, a lei aplicável ao lançamento, em relação aos fatos geradores é a 8.212/91, plenamente vigente à época dos fatos geradores, nos moldes do art. 144, caput, do CTN. Art. 144. 0 lançamento reportase a data da ocorrência do fato gerador da obrigação e regese pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. Dessa forma, agiu com acerto a fiscalização na medida em que, ao promover o lançamento tributário em relação ao cálculo da remuneração paga à mãodeobra utilizada na construção da. obra objeto da notificação, valeuse dos critérios instituídos pela Instrução Normativa n° 03, de 2005, vigente no momento do lançamento. Nesse sentido, todos os requisitos e condições presentes no referido ato normativo foram obedecidos, bem como deveriam ter sido observados pela recorrente. 2.6 Não aplicação do art. 448, inciso I da IN nº 03/2005 Afirma que a dicção do artigo acima e seu inciso não é no sentido de que somente será aproveitada remuneração contida em NFLD ou LDC com base em folha de pagamento ou por responsabilidade solidária. A expressão do inciso "quer seja apurado"não tem caráter restritivo, mas exemplificativo, não é numerus clausus. Vejamos o que diz o inciso I do artigo 448 da IN 03 de 2005: Art. 448. Será, ainda, convertida em área regularizada a remuneração: Fl. 2087DF CARF MF Processo nº 10120.005843/200774 Acórdão n.º 2202004.466 S2C2T2 Fl. 21 20 I contida em NFLD ou LDC, relativos à obra, quer seja apurado com base em folha de pagamento ou resultante de eventual lançamento de débito por responsabilidade solidária; Como a recorrente repisa as mesma alegações da impugnação, não trazendo nenhum novo elemento, peço vênia para transcrever excerto da decisão a quo, adotando como razão de decidir: Por sua vez, eventuais valores contidos em Notificação Fiscal de Lançamento de Débito (NFLD) ou LDC, relativos A obra, de acordo com o inciso I do art. 448 da Instrução Normativa SRF nº 3, de 2005, somente são convertidos em área regularizada, em relação aos valores apurados com base em folhas de pagamento ou resultante de eventual lançamento de débito por responsabilidade solidária. Nesse sentido, considerando que as NFLD que se referem a lançamentos relacionados à retenção, isto é, obrigação principal do contratante na qualidade de responsável tributário, novamente resta demonstrada a insubsistência do pedido do contribuinte. Pelas razões encimadas, nego provimento neste tocante. 2.7 Aplicação do art. 474 da IN 03/2005 A contribuinte, mais uma vez, repete a mesma argumentação utilizada em sede de Impugnação sem acrescentar qualquer novo elemento de prova capaz de suportar tais alegações. Portanto, acompanho integralmente o posicionamento da decisão de primeira instância pelas razões expostas a seguir: Quanto à aplicação dos dispositivos contidos no art. 474 da IN 03/2005, estes devem ser compreendidos em harmonia com o restante da normalização, isto é, todas as notas fiscais que se submetem ao regime jurídico da retenção devem estar inequivocamente vinculadas à obra sob análise, bem como ter a copia da GFIP apresentada pelo prestador, condições essas que não foram atendidas durante a ação fiscal pela empresa notificada. Além disso, registrese que o art. 474 trata, especificamente da segmentação em relação aos fatos geradores, determinando que haja lançamentos distintos, conforme a sua natureza. Dessa forma, serão lavrados documentos separados para as contribuições referentes à aferição da mãodeobra total; as referentes à remuneração da mãodeobra própria da empresa fiscalizada as apuradas por responsabilidade solidária e retenção. De acordo com o §2° do art. 474, no lançamento da base de cálculo da aferição indireta da mãodeobra total, devem ser deduzidos os lançamentos das bases de cálculo referente As contribuições de mão de obra própria, bem como solidariedade e retenção. Diante do exposto, não prospera a argumentação da Recorrente. Fl. 2088DF CARF MF Processo nº 10120.005843/200774 Acórdão n.º 2202004.466 S2C2T2 Fl. 22 21 2.8 Excesso de exação A contribuinte relata que o excesso de exação está caracterizado nos resultados do procedimento fiscal raivoso encetado contra a recorrente. Diz que A junta fiscal sabia ou deveria saber que é necessário verificar a existência de áreas com percentuais de redução no cálculo do tributo. Deveria saber que quando se lança as contribuições de uma obra por aferição indireta com base na área construída, a remuneração da mãodeobra total despendida é apurada, nada mais resta para se lançar. Entretanto três outros lançamentos foram efetuados com base em notas fiscais de serviços prestados nas obras. A desconsideração a contabilidade com base em indícios. Não há espaço aqui para continuar a enumerar as incongruências resultantes do procedimento fiscal e inteiramente apoiadas, sustentadas pela DRJ de origem. Este ponto já foi debatido em sede de decisão de primeira instância na qual se conclui que a autoridade fiscal fez o que a Administração Tributária esperava dele, conforme prevê o art. 37 da Lei n° 8.212, de 1991, ou seja, ao constatar o atraso total ou parcial no recolhimento de contribuições previdenciárias, a fiscalização lavrará notificação de débito, com discriminação clara e precisados fatos geradores, das contribuições devidas e dos períodos a que se referem: Em relação ao cometimento em tese de ilícito penal pelas autoridades lançadoras e considerando o dever de oficio, verificase que a alegação de que a fiscalização cometeu excesso de exação é improcedente insubsistente, circunstância que implica em tese, o cometimento de crime de calúnia, em que pese não ser a autoridade administrativa para declarar tais circunstâncias. De acordo com o § 1° do art. 316 do Código Penal Brasileiro, o excesso de exação é caracterizado pela exigência de tributo ou contribuição social, praticada por servidor público, sendo que este sabe, ou deveria saber, que tal cobrança é indevida, ou, se devida, foi empregado, na cobrança, meio vexatório ; ou gravoso, que a lei não autoriza. A insubsistência da alegação fica demonstrada pelo fato de, conforme até o momento se pode observar pelo teor do presente acórdão (mas ao contrário do que afirma a impugnaste) a cobrança da contribuição previdenciária está amparada pelos requisitos legais que estabelecem os procedimentos da fiscalização, demonstrando, sem qualquer sombra de dúvida que os valores lançados são devidos pelo simples fato de o contribuinte ter descumprido as obrigações principais relacionadas às contribuições previdenciárias. É dizer, a autoridade fiscal fez o que a Administração Tributária esperava dele, conforme prevê o art. 37 da Lei n° 8.212, de 1991, ou seja, ao constatar o atraso total ou parcial no recolhimento de contribuições previdenciárias, a fiscalização lavrará notificação de débito, com discriminação clara e Fl. 2089DF CARF MF Processo nº 10120.005843/200774 Acórdão n.º 2202004.466 S2C2T2 Fl. 23 22 precisados fatos geradores, das contribuições devidas e dos períodos a que se referem. Nesse sentido, agiu com acerto a autoridade fiscal, sem qualquer sombra de dúvida que possa cogitar excesso de exação. Ora, o contribuinte repete a mesma argumentação utilizada em sede de Impugnação sem acrescentar qualquer novo elemento de prova capaz de suportar tais alegações. Ademais, em tópico encimado, concluímos que o procedimento fiscal atendeu todas as determinações legais, não havendo, pois, nulidade por cerceamento por preterição aos direitos de defesa, pela ausência de fundamentação legal. Diante do exposto, não prospera a argumentação da Recorrente. 2.9 Retificações Requer, portanto, seja alterada a retificação do débito obedecendose as regras instituídas pelo próprio fisco (art. 466, IN 3/2005), utilizandose os mesmos critérios e métodos para a sua apuração. Pois bem. Conforme informação fiscal as autoridades fiscais realizaram a conferencia de todos os levantamentos efetuados, considerando tanto os documentos apresentados na defesa, quanto outros verificados posteriormente pela auditoria. Alem disso, também foi aplicado o instituto da decadência quinquenal, conforme determinado na última diligencia, tendo sido realizada nova apuração dos débitos previdenciários, de acordo com a informação prestada aos autos. Dessa forma, considerouse como base de cálculo para os "salários de contribuição" informados no DISO os documentos (valores) relativos a prestadores de serviço (Planilha Levantamento Prestadores de Serviços), tendo sido todos os levantamentos e respectivos lançamentos instruídos de acordo com o disposto no capitulo IV da IN/SRP n° 03/2005, que regulamenta a regularização de obra por aferição indireta com base na área construída e no padrão de construção. Da leitura da informação fiscal prestada pela autoridade lançadora, observase que a retificação parcial do valor do débito resultou da aplicação do principio da verdade material, tendo cm vista que, durante a ação fiscal, a empresa notificada, em diversas oportunidades faltou com seu dever de colaboração, circunstância que, entre outras conseqüências, determinou o arbitramento, bem como a maior complexidade na conclusão do procedimento fiscal. Como pode ser observado nas planilhas anexadas aos autos, dentre os documentos apresentados pelo contribuinte, não foram considerados, para efeito de retificação, apenas as notas fiscais Fl. 2090DF CARF MF Processo nº 10120.005843/200774 Acórdão n.º 2202004.466 S2C2T2 Fl. 24 23 sem vinculação inequívoca à obra. Alem disso, também foram consideradas as notas fiscais, a partir da competência 09/2002, desacompanhadas das MP's dos prestadores, conforme exige o inciso 11 do art. 447 da Instrução Normativa n° 03, de 2005. Ressaltese que mio tocante aos valores relacionados em planilha elaborada pela defendente, não foram apresentados quaisquer comprovantes de recolhimentos das retenções, nem as MP's tendo sido observado que estes valores e aqueles representados pelas cópias de notas fiscais e guias apresentadas na impugnação não constam dos lançamentos efetuados nas NFLD's. Foram aplicados os percentuais de redução de 50%, tendo em vista a recorrente ter apresentado parcialmente os documentos que permitiram à fiscalização analisar as áreas para as quais estes percentuais deveriam ser aplicados. Portanto, sem razão a contribuinte. Conclusão. Ante o exposto, voto por rejeitar as preliminares e, no mérito, negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Martin da Silva Gesto Relator" Nesse contexto, pelas razões de fato e de Direito ora expendidas, voto por CONHECER do recurso voluntário, REJEITAR as preliminares suscitadas e, no mérito, NEGARLHE provimento. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Fl. 2091DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 37307.000946/2006-35
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 04 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Oct 26 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/07/1997 a 30/06/2004
RESTITUIÇÃO PLEITEADA NA VIGÊNCIA DA LEI COMPLEMENTAR N° 118/2005. PRAZO QUINQUENAL.
Consoante jurisprudência vinculante firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal Federal, a partir da vigência da Lei Complementar n° 118/2005 o prazo para o contribuinte postular a restituição, no caso de tributos sujeitos ao lançamento por homologação, extingue-se com o decurso do prazo de cinco anos, contados da data do pagamento antecipado.
RESTITUIÇÃO. RECOLHIMENTOS DE CONTRIBUINTE INDIVIDUAL.
Estando suficientemente comprovado que o requerente não exercia atividade correspondente a contribuinte individual, devem ser restituídos os recolhimentos efetuados a esse título.
Numero da decisão: 2202-004.819
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, reconhecendo o direito do recorrente à restituição das contribuições previdenciárias pagas nas competências de março/2001 a junho/2004, vencida a conselheira Rosy Adriane da Silva Dias, que negava provimento.
(assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Ronnie Soares Anderson, Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto, Jorge Henrique Backes (suplente convocado), Júnia Roberta Gouveia Sampaio e José Alfredo Duarte Filho (suplente convocado).
Nome do relator: RONNIE SOARES ANDERSON
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PRAZO QUINQUENAL. Consoante jurisprudência vinculante firmada no âmbito do Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal Federal, a partir da vigência da Lei Complementar n° 118/2005 o prazo para o contribuinte postular a restituição, no caso de tributos sujeitos ao lançamento por homologação, extinguese com o decurso do prazo de cinco anos, contados da data do pagamento antecipado. RESTITUIÇÃO. RECOLHIMENTOS DE CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. Estando suficientemente comprovado que o requerente não exercia atividade correspondente a contribuinte individual, devem ser restituídos os recolhimentos efetuados a esse título. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, reconhecendo o direito do recorrente à restituição das contribuições previdenciárias pagas nas competências de março/2001 a junho/2004, vencida a conselheira Rosy Adriane da Silva Dias, que negava provimento. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Presidente e Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 37 30 7. 00 09 46 /2 00 6- 35 Fl. 108DF CARF MF 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Ronnie Soares Anderson, Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto, Jorge Henrique Backes (suplente convocado), Júnia Roberta Gouveia Sampaio e José Alfredo Duarte Filho (suplente convocado). Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Campinas (SP) DRJ/CPS, que ratificou o indeferimento de requerimento de restituição, não reconhecendo direito creditório sobre valores de contribuição recolhidos relativos ao período de jul/97 a jun/04. A controvérsia foi assim resumida pela instância de piso (fls. 72/73): A fl. 11 consta a JUSTIFICATIVA DO PEDIDO DE RESTITUIÇÃO, com as seguintes informações: • Em 26/01/2000 o segurado requereu a aposentadoria por tempo de contribuição, o que foi indeferido em 18/07/2000; • Recorreu administrativamente no mesmo ano, porém, como o recurso não foi julgado até 10/2002, houve por bem ingressar com ação judicial; • A ação foi julgada procedente e, em face da decisão judicial, a aposentadoria foi concedida em 22/11/2005, com tempo de contribuição apropriado até 04/09/1992 e a PBC compreendeu período de 08/1988 a 07/1991; • Recolheu como contribuinte facultativo no período de 07/1997 a 06/2004, para não perder a condição de segurado, caso lhe fosse negado o beneficio. Junta aos autos a sentença judicial e demais documentos para fazer valer sua tese. A soma das contribuições que constam do RRC, em valores originários, perfaz o valor de R$10.783,64 (dez mil, setecentos e oitenta e três reais e sessenta e quatro centavos). Em 13/05/2009, conforme documento de fls. 49 a 52, o pedido de restituição foi indeferido com base na verificação de que o segurado desde 15/07/1997 é contribuinte individual, com a ocupação de professor particular, e não providenciou o encerramento desta atividade. Irresignado, o segurado protocolou recurso, onde alega que o prazo de prescrição foi interrompido e deve ser retomado a partir do momento do trânsito em julgado da lide judicial. Ainda, que a autarquia deveria ter alterado a categoria do Sr. WOLNILSON, de autônomo para facultativo, uma vez que o mesmo não se enquadra na primeira categoria. Acrescenta que não possui inscrição nem mesmo na Prefeitura local ,portanto é devida a restituição pleiteada. Junta ao recurso, a informação de que a dita inscrição foi equivocada por nunca ter exercido atividade autônoma e a Certidão n° 58951, emitida pela Prefeitura Municipal de Santo André, em 28/05/2009, indicando que o Sr. WOLNILSON não se encontra cadastrado naquele órgão (fls 64/65). Fl. 109DF CARF MF Processo nº 37307.000946/200635 Acórdão n.º 2202004.819 S2C2T2 Fl. 109 3 Não prosperando a inconformidade do interessado em sede de julgamento de primeira instância (fls. 71/77), foi interposto recurso voluntário em 27/08/2010 (fls. 79/89), no qual foram repisados, em linhas gerais, os argumentos já vertidos quando do recurso contra a decisão do SEORT/DRF/SAE. É o relatório. Voto Conselheiro Ronnie Soares Anderson, Relator O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. De plano, constatase que deve ser enfrentada a prejudicial do direito do contribuinte de postular a restituição dos valores pretensamente recolhidos a maior de contribuições previdenciárias. A respeito dessa matéria, houve pronunciamento do STF em sede de repercussão geral no RE nº 566.621 (j. 04/08/2011), e do STJ sob o rito de recurso repetitivo nos REsp nº 1.002.932/SP (j. 25/11/2009) e nº 1.269.570/MG (j. 23/05/2012), julgados os quais deve este Colegiado observar, tendo em vista o disposto no art. 62 do Anexo II do Regimento do CARF (Portaria MF nº 343/15). O entendimento exarado por esses tribunais superiores é no sentido de que o prazo para o contribuinte pleitear restituição/compensação de tributos sujeitos ao lançamento por homologação, para os pedidos protocolizados antes da vigência da Lei Complementar nº 118/05, ou seja, antes de 09/06/2005, é de cinco anos, conforme o artigo 150, § 4º do CTN, somado ao prazo de cinco anos previsto no artigo 168, I desse Código. E, no REsp nº 1.269.570/MG, o STJ frisou que "para as ações ajuizadas a partir de 9.6.2005, aplicase o art. 3º, da Lei Complementar nº 118/2005, contandose o prazo prescricional dos tributos sujeitos a lançamento por homologação em cinco anos a partir do pagamento antecipado de que trata o art. 150, § 4º do CTN". Destarte, resta claro que para os pedidos de restituição realizados após 09/06/2005, seja em sede judicial, administrativa ou por iniciativa do interessado, deve ser observado o prazo de cinco anos, contados do pagamento antecipado. O prazo dito "prescricional" de 10 anos aplicase somente aos pedidos formulados anteriormente a essa data, como dispõe a Súmula CARF nº 91: Súmula CARF nº 91: Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplicase o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador. Na espécie, temse evidente que, quando formulado o pleito administrativo de restituição em 10/08/2006, estava decaído/prescrito conforme a corrente interpretativa Fl. 110DF CARF MF 4 doutrinária acerca do prazo para repetição de indébito que se adote o direito do contribuinte assim o proceder quanto aos pagamentos realizados entre 07/97 e 02/01, conforme constatado pelo Fisco. Registrese que o direito à repetição de indébito também estaria fenecido com relação aos fatos geradores ocorridos até jun/2001, porém como a decisão de piso atevese ao limite de fev/01, em respeito ao princípio da proibição do reformatio in pejus resta manter os termos daquela, quanto a esse aspecto da lide. Anotese, ainda, que a ação judicial proposta pelo contribuinte no intento de ver reconhecido tempo de contribuição em nada influencia na questão do prazo para repetição de indébito, por serem os direitos postulados em cada litígio bastante distintos. Noutro giro, temse que o contribuinte efetuou os recolhimentos em comento sob o código correspondente a contribuinte individual, constando ter efetuado a inscrição no NIT (Número de Identificação do Trabalhador) em jul/97 como autônomo sob a ocupação "professor particular" (fl. 39). A alegação do requerente é que assim procedeu por cautela, pois demandava reconhecimento de tempo de serviço em ação judicial perante a autarquia previdenciária, e queria manterse, via tais recolhimentos, na qualidade de segurado, caso fosse perdedor naquela ação. Acrescenta, ainda, que cometeu erro em não ter recolhido como facultativo, pois à época não trabalhava, estando a receber auxílioacidente, e não possuindo sequer inscrição como autônomo junto à prefeitura. Juntou documentos nesse sentido (fls. 68/69). O acórdão guerreado manteve o indeferimento do pleito de restituição considerando que dado que o contribuinte não solicitara a suspensão de sua inscrição no RGPS, vinculada a atividade de autônomo, quedou presumida a continuidade desta, nos termos dos arts. 53 e 54 da IN MPS/SRP nº 03, de 14/07/2005, vigente à ocasião em que formulado o pedido. Desse modo, sendo segurado obrigatório desse regime nos termos do § 4º do art. 12 da Lei nº 8.212/91, não se verificaria recolhimento indevido a justificar restituição, consoante regra o art. 89 dessa lei. Sem embargo, não parece sustentarse tal entendimento diante do contexto analisado. Vejase que de acordo com os arts. 44 e ss da IN MPS/SRP nº 03/05, tanto a inscrição quanto o encerramento da inscrição e/ou atividade do contribuinte individual são realizados com base em mera declaração da pessoa física interessada, acompanhada de documento de identificação. Então, na época da inscrição, bem como no decorrer do período em que efetuadas as contribuições em apreço, não foi fornecida à repartição previdenciária nenhum documento atestando o efetivo exercício da atividade de autônomo. Ante esse quadro, merece peso a declaração do contribuinte nos presentes autos de que não atuou como autônomo naquela época, e que estava a efetuar os recolhimentos em tela para manter a qualidade de segurado, visto possuir apenas a expectativa de que sua demanda perante a justiça fosse bem sucedida. E, ainda que a prova a ser produzida se aproximasse da chamada prova "diabólica" pois ele teria de comprovar fato negativo indeterminado, ou seja, que não Fl. 111DF CARF MF Processo nº 37307.000946/200635 Acórdão n.º 2202004.819 S2C2T2 Fl. 110 5 trabalhou como autônomo então esmerouse o contribuinte em buscar fazêlo na medida em que possível, ao atestar que estava recebendo auxílioacidente, e que não estava inscrito como autônomo junto ao município de residência. De sua parte, o Fisco poderia ter carreado prova de que o recorrente exercia atividade remunerada no período em questão, por exemplo, verificando que seu nome fora incluído por algum contratante em GFIP, o que não se verificou. Assim, do conjunto de elementos reunidos nos autos, entendese estar suficientemente comprovado ter o contribuinte recolhido indevidamente as contribuições não atingidas pela extinção de seu direito a repetir o indébito. Ante o exposto, voto por dar provimento parcial ao recurso voluntário, reconhecendo o direito do recorrente à restituição das contribuições previdenciárias pagas nas competências de março/2001 a junho/2004. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Fl. 112DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 14751.720202/2012-35
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 11 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Oct 05 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2010 a 31/12/2010
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONTRADIÇÃO.
Verificadas uma série de contradições na decisão, cabe admitir embargos de declaração para o seu enfrentamento.
ERRO MATERIAL. EXTENSÃO. NULIDADE ACÓRDÃO.
Padecendo o acórdão embargado de vícios em extensão tal que inviabilizem sua serventia para a apreciação da lide, deve ser reconhecida sua nulidade e realizado novo julgamento.
Numero da decisão: 2202-004.761
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os Embargos de Declaração para fins de decretar a nulidade do Acórdão nº 2803-003.177, sendo que, após a ciência desta decisão aos interessados, deverá ser redistribuído o feito para novo julgamento do recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros Ronnie Soares Anderson, Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto, José Ricardo Moreira (suplente convocado), Júnia Roberta Gouveia Sampaio e Dilson Jatahy Fonseca Neto.
Nome do relator: RONNIE SOARES ANDERSON
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Embargante DELEGACIA DA RECEITA FEDERAL EM JOÃO PESSOAPB Interessado CHURRASCARIA CABO BRANCO LTDA ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2010 a 31/12/2010 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONTRADIÇÃO. Verificadas uma série de contradições na decisão, cabe admitir embargos de declaração para o seu enfrentamento. ERRO MATERIAL. EXTENSÃO. NULIDADE ACÓRDÃO. Padecendo o acórdão embargado de vícios em extensão tal que inviabilizem sua serventia para a apreciação da lide, deve ser reconhecida sua nulidade e realizado novo julgamento. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os Embargos de Declaração para fins de decretar a nulidade do Acórdão nº 2803003.177, sendo que, após a ciência desta decisão aos interessados, deverá ser redistribuído o feito para novo julgamento do recurso voluntário. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros Ronnie Soares Anderson, Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto, José Ricardo Moreira (suplente convocado), Júnia Roberta Gouveia Sampaio e Dilson Jatahy Fonseca Neto. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 14 75 1. 72 02 02 /2 01 2- 35 Fl. 613DF CARF MF 2 A 3ª Turma Especial da 2ª Seção exarou o Acórdão nº 2803003.177, em 20/03/2014 (fls. 569/580), no qual foi dado parcial provimento ao recurso voluntário, conforme ementa a seguir transcrita: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2011 a 30/06/2011 LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INFRAÇÃO. GFIP. APRESENTAÇÃO COM INFORMAÇÕES INEXATAS, INCOMPLETAS OU OMISSAS. MULTA DE MORA. OBSERVÂNCIA DA NORMA MAIS BENÉFICA Constitui infração à legislação previdenciária a empresa apresentar GFIP com informações inexatas, incompletas ou omissas. A lei aplicase a ato ou fato pretérito quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática, art. 106 do CTN. Autos de infração referentes à GFIP, que foram lavrados antes da vigência da MP n° 449/1996, vislumbrase a possibilidade de, nos casos mais benéficos ao sujeito passivo, consoante o disposto no artigo 106 do CTN, reduzir a penalidade para adequála ao artigo 32A da Lei nº 8.212/91. A Delegacia da Receita Federal em João Pessoa/PB levantou (fls. 599/606) a existência de contradição na decisão, nos seguintes resumidos termos: 1. DA CONFUSÃO ENTRE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA ... Na análise do mérito, observase que o Relator, não obstante tenha iniciado sua exposição às fls. 575 afirmando que “devese manter o crédito previdenciário em relação à diferença de alíquotas aplicadas na rubrica RAT”(descumprimento de obrigação principal), passa, em seguida, a se referir à “superveniência de legislação mais benéfica no que se refere à penalidade por descumprimento de obrigação acessória. ... Analisando os artigos acima, percebese claramente que, em se tratando de Auto de Infração lavrado por falta de recolhimento de contribuições declaradas a menor, o único dispositivo aplicável na espécie para determinação da multa de ofício é o art. 35A da Lei nº 8.212/91 c/c art. 44 da Lei nº 9.430/96. Portanto se contradiz o Acórdão embargado ao analisar caso concreto de falta de recolhimento (descumprimento de obrigação principal) e vislumbrar possibilidade de aplicação de multa específica para descumprimento de obrigação acessória (art. 32A da Lei nº 8.212/91) ... 2. DO EQUÍVOCO QUANTO AO PERÍODO DE APURAÇÃO Fl. 614DF CARF MF Processo nº 14751.720202/201235 Acórdão n.º 2202004.761 S2C2T2 Fl. 614 3 Continuando sua análise às fls. 579, informa que “no que tange aos autos de infração referentes à GFIP, que foram lavrados antes da MP n°449/1996 (sic), importa que seja feita a análise quanto à aplicação do artigo106, inciso II, alínea “c” do CTN”, segundo o qual a lei se aplica a ato ou fato pretérito quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Em trecho da própria Ementa também se lê: “Autos de infração referentes à GFIP, que foram lavrados antes da vigência da MP n° 449/1996(...)”. Destaquese, por oportuno, mais uma vez, que o Auto de Infração em questão foi lavrado em 2012 e se refere a fatos geradores de 2010,(...) Face ao alegado, os embargos de declaração foram admitidos com esteio no art. 65 do Anexo II do RICARF, via Despacho de fls. 609/611. É o relatório. Voto Conselheiro Ronnie Soares Anderson, Relator Realizada a ciência da decisão em 17/08/2016 (fl. 598), os embargos foram tempestivamente opostos em 18/08/2016 (fl. 607), devendo ser, destarte, conhecidos. Com razão a embargante, ao levantar os vícios que permeiam o acórdão questionado. De antemão, necessário destacar quais são os objetos dos autos de infração veiculados neste processo administrativo, resumidos na tabela abaixo (ver também autos de infração e no relatório fiscal às fls. 02/68), cabendo registrar que só restou controverso, dada o pedido de parcelamento quanto aos demais e impugnação parcial (fls. 499/507 c/c fls. 508/511), parte do AI nº 51.028.3721, objeto da decisão embargada: Verificase, de pronto, estarem bastante equivocadas as referências constantes na ementa ao período de apuração como sendo fatos geradores do ano de 2011, tendo em vista ser o ano de relevo o ano de 2010. Fosse somente isso, contudo, seria mero erro material perfeitamente superável com a respectiva correção. Fl. 615DF CARF MF 4 Todavia, em sua fundamentação, o voto condutor passa a tecer considerações acerca da retroatividade da multa benigna, afirmando que o lançamento foi realizado em período anterior à MP nº 449/08. Vale transcrever novamente tal passagem (fl. 578): 13. Quanto à cobrança de multa nesses lançamentos, realizados no período anterior à MP n° 449/2008, entendo que não há como aplicar o artigo 35A, pois poderia haver retroatividade maléfica, o que é vedado; nem tampouco a nova redação do artigo 35. Ora, o lançamento foi cientificado em 24/11/2012 (fl. 424), e não antes da edição da MP nº 449/08; ademais, abarca períodos de apuração de 2010, também posteriores ao advento daquele diploma, não havendo retroatividade benigna relativa às infrações a operar na espécie, mas sim mera aplicação da legislação então vigente. Não bastasse o conjunto de relevantes impropriedades já mencionadas, a argumentação veiculada foca, reiteradamente, seu esforço de convencimento em desenvolver razões sobre as normas que regem as multas por falta de entrega de GFIP e omissão de fatos geradores, vide, ilustrativamente, alguns trechos do julgado (fls. 576 e 578): 8. Nesse momento, passo a examinar a natureza da multa aplicada com relação à GFIP, sejam nos casos de “falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo” ou “informações incorretas ou omitidas”. (...) 12. Resumindo, é possível concluir que para a aplicação de multas pelas infrações relacionadas à GFIP devem ser observadas as regras do artigo 32A, da Lei n° 8.212/1991, que regulam exaustivamente a matéria, sendo irrelevante a existência ou não pagamento/recolhimento e qual tenha sido a multa aplicada no documento de constituição do crédito relativo ao tributo devido. Sem embargo, tratamse de obrigações acessórias completamente alheias ao caso em tela, no qual a obrigação acessória constatada como descumprida, e com relação à qual houve desistência do recurso, diz respeito à elaboração da folha de pagamento sem identificação das bases de cálculo das contribuições previdenciárias relativas aos empregados de férias ou demitidos, dentre outras falhas CFL30, de embasamento legal distinto. Além disso, a lide remanescente é atinente a obrigação principal, e não a obrigação acessória, conforme bem observado pela embargante. A apreensão distorcida da realidade na fundamentação do voto culminou em ementa, reproduzida no relatório deste em sua completude, na qual se assevera que: (..) Autos de infração referentes à GFIP, que foram lavrados antes da vigência da MP n° 449/1996, vislumbrase a possibilidade de, nos casos mais benéficos ao sujeito passivo, consoante o disposto no artigo 106 do CTN, reduzir a penalidade para adequála ao artigo 32A da Lei nº 8.212/91. Em suma, julgouse, ao invés de obrigação principal, obrigação acessória, distinta inclusive da única veiculada nos autos, e partindose do pressuposto de que os fatos geradores e o lançamento se deram em momentos distintos do tempo em que efetivamente ocorreram. Fl. 616DF CARF MF Processo nº 14751.720202/201235 Acórdão n.º 2202004.761 S2C2T2 Fl. 615 5 Não possuindo serventia para a solução da controvérsia posta neste processo administrativo, deve assim o acórdão embargado, eivado dos vícios supra destacados, ser anulado, para que outro seja proferido na boa e devida forma, em observância ao disposto nos arts. 59 a 61 do Decreto nº 70.235/72, c/c os arts. 53 e 54 da Lei nº 9.784/99. Nesse sentido, é recorrente a jurisprudência do CARF, vide Acórdãos nº 2202003.175 (j. 16/2/2016), nº 1103000.872 (j. 24/10/2013), nº 02.03.253 (j. 30/6/2008), e nº 10423.275 (j. 25/6/2008), valendo transcrever deste último a respectiva ementa: EMBARGOS INOMINADOS Confirmado o erro material no acórdão embargado, é de se acolher os embargos inominados que o apontaram. ACÓRDÃO ERRO MATERIAL NULIDADE O descompasso entre as matérias objeto do processo e aquelas relatadas e enfrentadas no relatório e no voto condutor do acórdão embargado é vicio que compromete de forma irremediável o acórdão, impondo a sua anulação, para que outro seja proferido na boa e devida forma. Sendo assim, voto no sentido de acolher os Embargos de Declaração, para fins de decretar a nulidade do Acórdão nº 2803003.177, sendo que, após a ciência desta decisão aos interessados, deverá ser redistribuído o feito para novo julgamento do recurso voluntário. É o voto. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Fl. 617DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10120.006943/2010-13
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 11 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Oct 02 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/06/2007 a 31/12/2009
EMBARGOS. OMISSÃO.
Verificada omissão no julgado face a não manifestação acerca de arguição recursal, cabe a correspondente integração via embargos.
INOVAÇÃO DA CAUSA DE PEDIR. PRECLUSÃO.
Não cabe conhecer de argumentação não veiculada quando da impugnação, na ausência de fato impeditivo para tanto, sendo vedado à parte inovar no pedido ou na causa de pedir quando do julgamento de segundo grau administrativo.
Numero da decisão: 2202-004.758
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os Embargos de Declaração para fins de suprir a omissão verificada no Acórdão nº 2403-002.589, de modo que nessa decisão conste o não conhecimento do tema relativo a alegadas incorreções nos NITs utilizados pela fiscalização, rerratificando-se o julgado quanto aos demais aspectos.
(assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros Ronnie Soares Anderson, Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto, José Ricardo Moreira (suplente convocado), Júnia Roberta Gouveia Sampaio e Dilson Jatahy Fonseca Neto.
Nome do relator: RONNIE SOARES ANDERSON
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/06/2007 a 31/12/2009 EMBARGOS. OMISSÃO. Verificada omissão no julgado face a não manifestação acerca de arguição recursal, cabe a correspondente integração via embargos. INOVAÇÃO DA CAUSA DE PEDIR. PRECLUSÃO. Não cabe conhecer de argumentação não veiculada quando da impugnação, na ausência de fato impeditivo para tanto, sendo vedado à parte inovar no pedido ou na causa de pedir quando do julgamento de segundo grau administrativo.
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Embargante META LIMPEZA E E CONSERVAÇÃO LTDA. Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/06/2007 a 31/12/2009 EMBARGOS. OMISSÃO. Verificada omissão no julgado face a não manifestação acerca de arguição recursal, cabe a correspondente integração via embargos. INOVAÇÃO DA CAUSA DE PEDIR. PRECLUSÃO. Não cabe conhecer de argumentação não veiculada quando da impugnação, na ausência de fato impeditivo para tanto, sendo vedado à parte inovar no pedido ou na causa de pedir quando do julgamento de segundo grau administrativo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os Embargos de Declaração para fins de suprir a omissão verificada no Acórdão nº 2403002.589, de modo que nessa decisão conste o não conhecimento do tema relativo a alegadas incorreções nos NITs utilizados pela fiscalização, rerratificandose o julgado quanto aos demais aspectos. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros Ronnie Soares Anderson, Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto, José Ricardo Moreira (suplente convocado), Júnia Roberta Gouveia Sampaio e Dilson Jatahy Fonseca Neto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 12 0. 00 69 43 /2 01 0- 13 Fl. 26670DF CARF MF 2 Relatório A 3ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 2ª Seção exarou o Acórdão nº 2403 002.589 em 16/04/2014 (efls. 26604/26621), dando parcial provimento ao recurso voluntário, conforme ementa a seguir transcrita: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/06/2007 a 31/12/2009 ALIMENTAÇÃO EM PECÚNIA. CARÁTER INDENIZATÓRIO. NÃO INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. De acordo com o entendimento do STJ, não incide contribuição previdenciária sobre os valores pagos ao empregado a título de alimentação, eis que, independente da forma como tal benefício é ofertado, não há como desqualificar o seu caráter indenizatório. SALÁRIOMATERNIDADE.INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. O STJ, nos autos do REsp 1.230.957, proferiu decisão, submetida à sistemática do art. 543C do CPC, no sentido de ratificar a incidência de contribuição previdenciária sobre o saláriomaternidade, vinculando este Conselho à sua reprodução obrigatória, nos termos do art. 62A do RICARF. AJUDA DE CUSTO/LOCOMOÇÃO. REEMBOLSO DE DESPESAS. NÃO COMPROVAÇÃO. INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. Não há que se falar em reembolso de despesas quando os valores pagos a título de ajuda de custo/locomoção eram pagos aos segurados sob um valor fixo, o que desnatura o caráter indenizatório, posto que não se tratou de efetivo ressarcimento. MULTA. RECÁLCULO. MP 449/08. LEI 11.941/09. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. RETROATIVIDADE BENIGNA. Antes do advento da Lei 11.941/09, não se punia a falta de espontaneidade, mas tão somente o atraso no pagamento a mora. No que diz respeito à multa de mora aplicada até 12/2008, com base no artigo 35 da Lei nº 8.212/91, tendo em vista que o artigo 106 do CTN determina a aplicação do princípio da retroatividade benigna, impõese o cálculo da multa com base no artigo 61 da Lei nº 9.430/96, que estabelece multa de 0,33% ao dia, limitada a 20%, em comparativo com a multa aplicada com base na redação anterior do artigo 35 da Lei 8.212/91, para determinação e prevalência da multa mais benéfica, no momento do pagamento. O contribuinte interpôs embargos de declaração (efls. 26656/26662) os quais foram aceitos via Despacho de Admissibilidade (efls. 26667/26668) para fins de que fosse sanada omissão do vergastado acerca de questionamento efetuado no recurso voluntário sobre os NITs considerados pela fiscalização, a respeito dos quais a embargante alega estarem Fl. 26671DF CARF MF Processo nº 10120.006943/201013 Acórdão n.º 2202004.758 S2C2T2 Fl. 26.771 3 incorretos, propondo a exclusão de valores "comprovadamente recolhidos nos NIT's" com base em tabelas de sua lavra. Voto Conselheiro Ronnie Soares Anderson, Relator Dado que o contribuinte foi cientificado do acórdão de recurso voluntário em 24/06/2015 (efl. 26654), constatase a tempestividade dos embargos, nos termos do RICARF, Anexo II, art. 65, § 1º, haja vista terem sido apresentados em 29/06/2015 (efl. 266655). Pois bem, conforme observado no Despacho de Admissibilidade, não houve qualquer abordagem do tema relativo à incorreção dos NITs, suscitado no recurso voluntário, na fundamentação do acórdão embargado, ainda que tenha constado referência à questão no seu relatório. Necessário destacar, entretanto, que argumentos aduzidos tão somente em sede de recurso voluntário não devem ser conhecidos, em respeito às normas que regem o processo administrativo fiscal. Nesse rumo, o cotejo entre a impugnação (efls. 337/365) e o recurso voluntário (efls. 19733/19758) revela que, quando da impugnação, o contribuinte em nenhum momento arguiu, naquela primeira oportunidade, que os NITs considerados pela fiscalização em seu levantamento estão incorretos. Mister notar que o recorrente não pode modificar o pedido ou invocar outra causa petendi (causa de pedir) nesta fase do contencioso, sob pena de violação dos princípios da congruência, estabilização da demanda e do duplo grau de jurisdição administrativa, em ofensa aos arts. 14 a 17 do Decreto nº 70.235/72 (em especial o § 4º do art. 16), bem como aos arts. 141, 223, 329 e 492 do Código de Processo Civil (CPC), mormente quando não há motivo para só agora aduzir os questionamentos referidos. Diante dessas cogentes normas, parece buscar o recorrente, por via tortuosa, guarida para sua pretensão, ao aludir ao princípio da verdade material e a estar, supostamente, se contrapondo a razões do julgamento de primeira instância. Ora, o princípio da verdade material no processo administrativo fiscal é voltado para a autoridade julgadora, a qual possui uma maior liberdade na busca das provas necessárias para a sua convicção1; nessa linha, não tem como destinatário a atuação das partes na produção das provas que lhes competem no curso do contencioso, nem pode preponderar sobre as regras expressas de preclusão consumativa insculpidas no Decreto nº 70.235/72, tanto mais quando se consideram os princípios constitucionais da eficiência e da duração razoável do processo, dentre outros. Noutro giro, e almejando embasar seu argumento de que estaria se contrapondo à razões do julgamento de piso, afirma o contribuinte que "No penúltimo item do 1 Neder, Marcos Vinicius e López, Maria Teresa Martinez. Processo administrativo fiscal federal. 3ª ediçao: São Paulo. Dialética, 2010, p.210. Fl. 26672DF CARF MF 4 acórdão recorrido alegações não comprovadas o Relator aduz que possíveis alegações estariam desprovidas dos respectivos documentos comprobatórios". Aludese nesse ponto, à evidência, à ementa do acórdão (não a 'item'), na qual constam, efetivamente, tais expressões. Esse trecho da ementa, contudo, referese na verdade a tópico da fundamentação denominado "Estagiários constantes na folha de pagamento" (fl. 19721). Nessa parte do voto o relator ressaltou que o contribuinte arguiu que algumas pessoas incluídas na base de cálculo das contribuições eram estagiários, mas não carreou provas hábeis a dar respaldo a suas alegações. Destarte, o trecho "pinçado" da ementa a que remete o embargante não diz respeito nem sequer de modo tangencial à controvérsia sobre eventual incorreção dos NITs utilizados na autuação. Revelase, portanto, que a adução recursal em específico, não antes levantada no curso do contencioso, tem fins precipuamente procrastinatórios, não merecendo ser conhecida, à míngua de amparo normativo para tanto. Sendo assim, voto no sentido de acolher os Embargos de Declaração para fins de suprir a omissão verificada no Acórdão nº 2403002.589, de modo que nesta decisão conste o não conhecimento do tema relativo a alegadas incorreções nos NITs utilizados pela fiscalização, rerratificandose o julgado quanto aos demais aspectos. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Fl. 26673DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16327.720550/2014-18
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 07 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Nov 20 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/09/2009 a 31/10/2009, 01/01/2010 a 31/03/2010, 01/06/2010 a 30/06/2010, 01/08/2010 a 31/08/2010, 01/10/2010 a 31/12/2010
NÃO CONHECIMENTO DE APLICABILIDADE DE INOVAÇÃO LEGAL SUPERVENIENTE À INTERPOSIÇÃO DO RECURSO POR AUSÊNCIA DE PERTINÊNCIA COM O CONTENCIOSO TRIBUTÁRIO.
Ainda que seja possível conhecer de postulação superveniente ao recurso voluntário, fundada em posterior inovação legislativa, impõe-se o seu não conhecimento quando tal inovação não possui reflexos no processo administrativo fiscal federal, o qual possui regramento bem estabelecido em lei complementar específica, inclusive nos pontos com relação aos quais, pretensamente, poderia se cogitar de aplicação da inovação legal aludida.
PERIODICIDADE DOS PAGAMENTOS SUPERIOR À PREVISÃO LEGAL. INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS.
Constatado ter sido pago PLR aos empregados em periodicidade inferior a um semestre civil, ou em mais de duas vezes no mesmo ano civil, em violação ao disposto no § 2º do art. 3º da Lei nº 10.101/00, incide a contribuição previdenciária sobre a totalidade da verba paga ao empregado a esse título.
BÔNUS DE CONTRATAÇÃO. INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÕES.
Os bônus de contratação (hiring bonus) têm natureza salarial por representarem parcelas pagas como antecipação pecuniária para manutenção do empregado prestando serviços na empresa por um período de tempo preestabelecido, não se verificando no caso a ocorrência de pagamento eventual.
JUROS DE MORA E MULTA DE OFÍCIO. SÚMULA CARF Nº 108.
A incidência de juros de mora sobre a multa de ofício encontra fulcro legal em diversos dispositivos do CTN e da legislação tributária federal, sendo acolhida também nas decisões do STJ a respeito do tema. É tema, ainda, da Súmula CARF nº 108: "Incidem juros moratórios, calculados à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia -SELIC, sobre o valor correspondente à multa de ofício".
Numero da decisão: 2202-004.830
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em não conhecer da aplicação da Lei nº 13.655/2018 ao julgamento, vencidos os conselheiros Martin da Silva Gesto e Ludmila Mara Monteiro de Oliveira, que conheceram mas negaram provimento nesse ponto. Acordam ainda, quanto ao mérito, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso, vencidos os conselheiros Martin da Silva Gesto e Ludmila Mara Monteiro de Oliveira, que deram provimento parcial no que diz respeito ao PLR, restando vencido o conselheiro Martin da Silva Gesto também no que se refere ao bônus de contratação, matéria em que deu provimento.
(assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto, Marcelo de Sousa Sateles, Ludmila Mara Monteiro de Oliveira, Andrea de Moraes Chieregatto e Ronnie Soares Anderson.
Nome do relator: RONNIE SOARES ANDERSON
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BÔNUS DE CONTRATAÇÃO. Recorrente ITAU UNIBANCO S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/09/2009 a 31/10/2009, 01/01/2010 a 31/03/2010, 01/06/2010 a 30/06/2010, 01/08/2010 a 31/08/2010, 01/10/2010 a 31/12/2010 NÃO CONHECIMENTO DE APLICABILIDADE DE INOVAÇÃO LEGAL SUPERVENIENTE À INTERPOSIÇÃO DO RECURSO POR AUSÊNCIA DE PERTINÊNCIA COM O CONTENCIOSO TRIBUTÁRIO. Ainda que seja possível conhecer de postulação superveniente ao recurso voluntário, fundada em posterior inovação legislativa, impõese o seu não conhecimento quando tal inovação não possui reflexos no processo administrativo fiscal federal, o qual possui regramento bem estabelecido em lei complementar específica, inclusive nos pontos com relação aos quais, pretensamente, poderia se cogitar de aplicação da inovação legal aludida. PERIODICIDADE DOS PAGAMENTOS SUPERIOR À PREVISÃO LEGAL. INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. Constatado ter sido pago PLR aos empregados em periodicidade inferior a um semestre civil, ou em mais de duas vezes no mesmo ano civil, em violação ao disposto no § 2º do art. 3º da Lei nº 10.101/00, incide a contribuição previdenciária sobre a totalidade da verba paga ao empregado a esse título. BÔNUS DE CONTRATAÇÃO. INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÕES. Os bônus de contratação (hiring bonus) têm natureza salarial por representarem parcelas pagas como antecipação pecuniária para manutenção do empregado prestando serviços na empresa por um período de tempo preestabelecido, não se verificando no caso a ocorrência de pagamento eventual. JUROS DE MORA E MULTA DE OFÍCIO. SÚMULA CARF Nº 108. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 72 05 50 /2 01 4- 18 Fl. 324DF CARF MF 2 A incidência de juros de mora sobre a multa de ofício encontra fulcro legal em diversos dispositivos do CTN e da legislação tributária federal, sendo acolhida também nas decisões do STJ a respeito do tema. É tema, ainda, da Súmula CARF nº 108: "Incidem juros moratórios, calculados à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC, sobre o valor correspondente à multa de ofício". Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em não conhecer da aplicação da Lei nº 13.655/2018 ao julgamento, vencidos os conselheiros Martin da Silva Gesto e Ludmila Mara Monteiro de Oliveira, que conheceram mas negaram provimento nesse ponto. Acordam ainda, quanto ao mérito, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso, vencidos os conselheiros Martin da Silva Gesto e Ludmila Mara Monteiro de Oliveira, que deram provimento parcial no que diz respeito ao PLR, restando vencido o conselheiro Martin da Silva Gesto também no que se refere ao bônus de contratação, matéria em que deu provimento. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto, Marcelo de Sousa Sateles, Ludmila Mara Monteiro de Oliveira, Andrea de Moraes Chieregatto e Ronnie Soares Anderson. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento no Rio de Janeiro I (RJ) DRJ/RJ1, que julgou procedente autos de infração referente às contribuições previdenciárias, incidentes sobre os valores pagos a segurados empregados a título de Participação nos Lucros ou Resultados (PLR) nas competências 02/2009, 03/2009, 09/2009, 10/2009, 02/2010, 06/2010, 08/2010 e 10/2010, e a título de bônus de contratação a empregados contratados no anos de 2010, em desacordo com a legislação previdenciária. Em razão do procedimento fiscal, foram lavrados os DEBCAD 51.039.8413 (parte da empresa e RAT) e DEBCAD nº 51.065.0791 (contribuições a terceiros e outras entidades). A instância de piso assim resume a impugnação: 3. A Impugnante apresentou a defesa parcial, de fls. 92/101, em 28/07/2014, aduzindo: 3.1. que a Fiscalização aponta um suposto não atendimento à redação original do § 2º, do art. 3º, da Lei 10.101/2000, o que impedia o pagamento de participação Fl. 325DF CARF MF Processo nº 16327.720550/201418 Acórdão n.º 2202004.830 S2C2T2 Fl. 325 3 nos lucros ou resultados em periodicidade inferior a um semestre civil ou mais de duas vezes no mesmo ano civil; 3.2. que a parcela de pagamentos efetuada acima da periodicidade fixada em lei decorre de peculiaridades que buscam possibilitar a correta quitação de tais valores, em cumprimento da legislação vigente, sendo decorrente de mero ajuste nos pagamentos efetuados aos empregados; 3.3. que o pagamento do sobredito ajuste não altera a natureza dos valores pagos a título de PLR, nem traduz ofensa ao art. 3º, § 2º, da Lei 10.101/2000, conforme entendimento exarado pelo TST, em situação análoga; 3.4. que também o CARF já decidiu que eventual ajuste decorrente do cumprimento da legislação ou de imposição sindical não desnatura a natureza da verba paga a título de PLR; 3.5. que no curso da Fiscalização, restou atestada a natureza do pagamento efetuado, uma vez que os programas de Participação nos Lucros e Resultados mantidos pelo Impugnante foram validados pela Autoridade Fiscal, que reconheceu a existência de regras claras e objetivas, a negociação prévia e a participação dos empregados e empregadores, o que, por si só, afastaria o caráter salarial da verba; 3.6. que o suposto não atendimento ao interregno previsto na legislação, mas que foi negociado entre as partes, não poderia descaracterizar por completo os pagamentos realizados pelo Impugnante; 3.7. que, no máximo, poderia fazer incidir a contribuição sobre os pagamentos efetuados dentro daquele intervalo; 3.8. que apenas no intuito de melhor resguardar o interesse do Impugnante, salientese que tais parcelas que ultrapassariam o limite de duas vezes ao ano e que deixaram de observar a semestralidade, alcançariam em média 20% do valor autuado; 3.9. que independentemente de qualquer aspecto, grande parte dos valores pagos a título de PLR, nos anos de 2009 e 2010, observaram a semestralidade e limite de duas vezes ao ano e, ao menos em relação a estes, deve ser cancelada a exigência fiscal, conforme já decidiu o CARF em processo semelhante; 3.10. que na hipótese de não ser reformada a autuação neste posto, deve ser mantida apenas sobre os pagamentos que excederam a periodicidade mencionada; 3.11. que se impõe o cancelamento da presente autuação também no que se refere à cobrança de contribuições previdenciárias sobre os valores pagos a título de bônus de contratação ou “hiring bônus”, eis que tal verba não tem natureza jurídica remuneratória e só integraria o saláriodecontribuição do empregado se fosse pago pela retribuição de trabalho já prestado ou posto à disposição do empregador; 3.12. que mesmo que fosse considerado como remuneração decorrente do trabalho, por não ser um pagamento habitual, tendo ocorrido uma única vez, o “hiring bônus” pago pela impugnante não integraria o saláriodecontribuição, por força do art. 28, § 9º, alínea “e”, item 7, da Lei 8.212/1991; 3.13. a inaplicabilidade dos juros de mora sobre a multa de ofício, consoante entendimento firmado pela 2ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais do CARF e também pela interpretação das normas dos arts. 61, caput e § 3º, da Lei 9.430/1996, arts. 161 e 164, do CTN; Fl. 326DF CARF MF 4 3.14. que caso fossem cabíveis juros sobre a multa, seriam aplicáveis juros moratórios à taxa SELIC, limitados a 1%; 3.15. ao final requer o cancelamento integral da exigência fiscal, por ser absolutamente improcedente. A exigência foi mantida no julgamento de primeiro grau (fls. 181/191), ensejando a interposição de recurso voluntário em 15/12/14 (fls. 199/208), no qual foram repisados os argumentos da impugnação, face ao qual a foram apresentadas contrarrazões pela PGFN (fls. 258/270). Mediante a prolação da Resolução nº 2202000.694, em 14/06/16 (fls. 287/294), esta Turma determinou a conversão do julgamento em diligência, demandando que a unidade de origem: a) manifestese expressamente sobre a base de cálculo empregada no lançamento relativo à PLR que aqui se discute no sentido de esclarecer se foram considerados todos os pagamentos feitos pela empresa, a título de PLR, no período em análise, ou se foram considerados apenas os pagamentos feitos ao grupo de empregados onde se constatou pagamentos mais de duas vezes ao ano e, no segundo caso, se foram consideradas todas as parcelas pagas a esse grupo ou apenas a partir da terceira parcela. b) caso entenda que de fato existe impropriedade entre a base considerada pela DRJ (como esclarecido neste voto) e a base efetivamente lançada, elaborar planilha corretiva, com o novo valor de lançamento. c) dar ciência ao contribuinte do teor desta resolução e do resultado da diligência para, querendo, manifestarse no prazo de trinta dias. Foi cumprida a diligência, com a elaboração do decorrente relatório fiscal (fls. 296/297), não apresentando o recorrente manifestação posterior. Em sede de sustentação oral, o contribuinte postulou a aplicação da Lei nº 13.655/2018 ao julgamento, o que defendeu, também, em petição juntada aos autos dia 05/11/2018. É o relatório. Voto Conselheiro Ronnie Soares Anderson, Relator O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço, com a ressalva do não conhecimento da aplicação da Lei nº 13.655/18, ao presente julgamento. Essa não admissão não se dá pela apresentação do argumento após o prazo legal para interposição do recurso voluntário, posto tratarse de inovação legislativa posterior a tal data. Com efeito, o que ocorre é que comungase com o entendimento exarado no Acórdão nº 9202007.147 (julgamento por maioria em 29/08/2018), cabendo transcrever o respectivo trecho de interesse, o qual passa a integrar, como a devida vênia, esta fundamentação: Fl. 327DF CARF MF Processo nº 16327.720550/201418 Acórdão n.º 2202004.830 S2C2T2 Fl. 326 5 Conforme tenho me manifestado em outras oportunidades, tratase de diploma legal que promoveu alterações na atuação dos órgãos de controle da Administração Pública, principalmente do Tribunal de Contas da União (TCU), de sorte que não se vislumbra qual seria a aplicação de dita lei a julgamento levado a cabo na Câmara Superior de Recursos Fiscais do CARF. A lei em tela tratou da inclusão, no DecretoLei nº 4.657, de 1942 (Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro LINDB), dos artigos 20 a 30, tendentes a conferir segurança jurídica à área administrativa do Estado Brasileiro, com ênfase nos controles externo e interno. A natureza dessa nova lei está clara na Justificativa que acompanhou o Projeto de Lei, que a seguir se transcreve: "JUSTIFICATIVA Como fruto da consolidação da democracia e da crescente institucionalização do Poder Público, o Brasil desenvolveu, com o passar dos anos, ampla legislação administrativa que regula o funcionamento, a atuação dos mais diversos órgãos do Estado, bem como viabiliza o controle externo e interno do seu desempenho. Ocorre que, quanto mais se avança na produção dessa legislação, mais se retrocede em termos de segurança jurídica. O aumento de regras sobre processos e controle da administração têm provocado aumento da incerteza e da imprevisibilidade e esse efeito deletério pode colocar em risco os ganhos de estabilidade institucional. Em razão disso, os professores Carlos Ari Sundfeld e Floriano de Azevedo Marques Neto elaboraram projeto de lei, que ora é acolhido, fruto de projetos de pesquisa mais amplos desenvolvidos por pesquisadores da Sociedade Brasileira de Direito Público em parceria com a Escola de Direito de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas. O resultado desse trabalho foi publicado na obra “Contratações Públicas e Seu Controle”, pela Editora Malheiros, ano 2013. " Não resta dúvida acerca dos destinatários desses dispositivos, que são os administradores públicos e os órgãos de controle da Administração Pública, inclusive do Judiciário. Com efeito, em nenhum momento a lei em tela sinaliza que seria dirigido à atividade judicante administrativa, como é o caso do CARF. Quando muito, a aplicação desta lei no CARF restringirseia às atividades essencialmente administrativas, afetas à sua SecretariaExecutiva, quanto a eventuais contratos, convênios e atos congêneres, inerentes ao próprio funcionamento do órgão. Registrese que o Código Tributário Nacional (Lei nº 5.172, de 1966), com força de Lei Complementar, específica para a matéria tributária, há décadas já estabelece as regras de lançamento dos tributos e contribuições, bem como fixa as possibilidades de revisão, definindo inclusive o que deve ser considerado como legislação tributária. Destarte, seja pela absoluta inaplicabilidade da Lei nº 13.655, de 2018, à atividade judicante do CARF, seja pela fase em que se encontra o julgamento do presente Recurso Especial, não como sequer conhecer da preliminar. De fato, o ponto que parece mais contundente e de difícil refutação dessa bem elaborada análise, é o de que o CTN, lei complementar (o aspecto hierárquico) e específica para a tributação (aspecto especialidade) já possui toda uma sistemática própria bem definida regrando a revisão do ato administrativo do lançamento, bem as alterações de Fl. 328DF CARF MF 6 interpretação levada a efeito em decisões administrativas ou judiciais, não carecendo de lacuna normativa apta a respaldar sua integração via recurso a novel Lei nº 13.655/18. E, não obstante partilharse, ao menos nessa primeira apreciação do tema, do posicionamento supra reproduzido, merece ser observado que mesmo que se pudesse conhecer da matéria, o art. 24 da Lei nº 13.655/18 careceria de pressuposto de fato que deveria estar bem firmado para sua aplicação, ou seja, a existência de orientação geral na época da ocorrência dos fatos geradores, consubstanciada em jurisprudência administrativa majoritária em prol da atuação de determinado contribuinte, que depois se cogite de revisar no mesmo âmbito. Teriam assim de ser levantados todos os acórdãos do CARF sobre a matéria examinada, exarados no período pertinente, e verificado se existia, efetivamente, maioria de julgamentos em favor daquela determinada tese. Teria também de ser ponderado o que é majoritário. Se é o que se baseia na maioria, que tipo de maioria seria essa, apta a atrair a observância cogente por parte da atuação administrativa, sob o prisma judicante, posterior? Maioria simples? Ou maioria qualificada? E como se daria tal eventual qualificação? Essas são apenas algumas dúvidas que surgem quando se debruça sobre o art. 24 e demais inovações trazidas pela Lei nº 13.655/18, causadas pelo uso excessivo de conceitos indeterminados e expressões de caráter ambíguo na redação das modificações realizadas na LINDB. Há que se rejeitar, frente ao quadro exposto, o pleito do contribuinte no particular, não se conhecendo da arguição em questão. Da participação nos lucros ou resultados Reza o art. 2º da Lei nº 10.101/00 (edição vigente à época dos fatos geradores): Art.2oA participação nos lucros ou resultados será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, mediante um dos procedimentos a seguir descritos, escolhidos pelas partes de comum acordo: I comissão escolhida pelas partes, integrada, também, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria; II convenção ou acordo coletivo. (...) Art.3oA participação de que trata o art. 2onão substitui ou complementa a remuneração devida a qualquer empregado, nem constitui base de incidência de qualquer encargo trabalhista, não se lhe aplicando o princípio da habitualidade. (...) §2oÉ vedado o pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de valores a título de participação nos lucros ou resultados da empresa em periodicidade inferior a um semestre civil, ou mais de duas vezes no mesmo ano civil. Fl. 329DF CARF MF Processo nº 16327.720550/201418 Acórdão n.º 2202004.830 S2C2T2 Fl. 327 7 Na espécie, como relatado, a fiscalização apurou haverem sido efetuados pagamentos, com base em diversos instrumentos negociais convenções e acordos coletivos de trabalho a empregados da instituição financeira em epígrafe, sendo que parte deles recebeu pagamentos de participação de lucros em mais de 2 (duas) parcelas no ano, consoante sumarizado nas Tabelas abaixo (fls. 82/83): 2009 2010 Vale ressaltar que, na aferição do cumprimentos das regras de periodicidade, devem ser examinados todos os pagamentos efetuados a título de PLR, como bem firmado no § 2º do art. 3º da Lei nº 10.101/00, independentemente do instrumento que eventualmente tenha lhes lastreado. A alegação genérica da recorrente no sentido de que os pagamentos que superaram a periodicidade legal se tratariam de meros ajustes decorrentes das convenções e planos não lhe socorre, a uma, pois não é apontada qualquer cláusula contratual específica que desse amparo a tais ajustes, complementações, antecipações, ou seja qual for o título que lhes for atribuído. Fl. 330DF CARF MF 8 A duas, e a despeito de eventual previsão em acordo, o critério claro e objetivo, contido na lei e que não pode ser afastado por vontade das partes é que, sendo verificado terem sido efetuados mais de dois pagamentos de PLR em dado ano civil, ou com periodicidade inferior a um semestre, como no caso em apreço, não há falar em aplicação da norma em tela, com relação ao empregado beneficiado. Incide para esse empregado, assim, a contribuição previdenciária sobre todas as parcelas pagas a título de participação nos lucros, ainda que os outros requisitos estabelecidos na norma em comento tenham sido atendidos. Como bem observado no seguinte trecho de decisão da Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), no Acórdão nº 9202004.342 (j. 24/08/2016): (...) não estamos tratando de limite de verba não tributada, mas sim de condição para fixação de sua natureza. Ora, o pagamento em menor periodicidade do que aquela definida em lei, tem o condão de dar natureza de complementação salarial à verba pretensamente paga a título de PLR. Nesse rumo vem trilhando a jurisprudência daquela Câmara, vide recentes Acórdãos de nos 9202006.214 (j. 28/11/17) e 9202005.978 (j. 26/09/17), dentre outros. Por fim, cabe anotar que a fiscalização reiterou, em sede de resposta à diligência determinada por esta Turma, que "foram considerados apenas os valores pagos ao grupo de empregados aos quais se constatou pagamentos mais de duas vezes ao ano, conforme planilha apresentada pelo contribuinte e revisada". Acrescentese que o contribuinte não trouxe qualquer demonstração de que teria a autuação abrangido casos em que o empregado não recebera mais de dois pagamentos de PLR no ano analisado, não havendo então como acatar tal alusão, à míngua de respaldo probatório. Em síntese, não há reparos a fazer no lançamento quanto ao tópico PLR. Dos bônus de contratação A respeito da matéria, de início extraio o seguinte excerto do Acórdão nº 2402005.392 (j. 13/07/2016) em julgamento do qual este Conselheiro participou por comungar com o entendimento nele veiculado, o qual bem se aplica ao caso examinado: Na minha visão, para esse caso específico o bônus de contratação assemelha se a um adiantamento de remuneração, o qual vai se incorporando ao salário do segurado ao longo do seu tempo de prestação de serviço. Analisemos o que dispõe o inciso I do art. 28 da Lei n.° 8.212/1991, que trata da base de cálculo da contribuição incidente sobre a remuneração do empregado: "Art. 28. Entendese por saláriodecontribuição: I para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa; Fl. 331DF CARF MF Processo nº 16327.720550/201418 Acórdão n.º 2202004.830 S2C2T2 Fl. 328 9 (...) De se concluir que esse tipo de pagamento, independente da nomenclatura utilizada, subsumese ao conceito de saláriodecontribuição acima reproduzido, posto que é um rendimento pago como forma de atrair o empregado e que, malgrado seja disponibilizada ao beneficiário em parcela única, há a necessidade da prestação de serviço para que o valor incorporese totalmente ao seu patrimônio, posto que, caso não cumpra o prazo de permanência mínima na empresa estabelecido contratualmente, terá que devolver total ou parcialmente o valor transferido. Não há dúvida de que a configuração fática revela não uma verba de natureza indenizatória, mas um pagamento que é efetuado como antecipação salarial pelo tempo que o segurado deve permanecer vinculado à empresa, o que revela sua feição nitidamente remuneratória. Ora, o fato de ficar claro no acordo do pagamento do hiring bonus que tais valores são um adiantamento pelo período futuro em que o empregado deverá ficar vinculado à empresa, já demonstra forte indício de que existe uma vinculação do seu pagamento à contraprestação pelo serviço. No presente caso vêse sem dúvida uma remuneração antecipada. A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), em seu art. 457, prescreve que compõe o salário toda contraprestação pelo trabalho do empregado. Tal premissa nos leva a indagar a que título o bônus de contratação é pago. A contratante paga um bônus de contratação (no caso denominado hiring bônus) para atrair e manter por um período em seus quadros um profissional reconhecidamente competente no seu ramo. Pretende dispor do trabalho do profissional por um tempo e comprometese a pagar uma quantia adicional em relação ao salário contratado. Portanto, de um lado temos a empresa oferecendo uma quantia ao trabalhador e de outro temos o empregado que deverá ficar vinculado à nova contratante por um período. Dessa configuração emerge a natureza contraprestacional do bônus. Esse entendimento tem sido também adotado nas cortes trabalhistas, onde se entende que os pagamentos em questão se assemelham as luvas do atleta profissional, que não têm natureza de indenização, mas de pagamento vinculado à performance do trabalhador no cumprimento do seu contrato de trabalho. Vale a pena trazer à colação as seguintes decisões do TST: "INTEGRAÇÃO DOS VALORES PAGOS A TÍTULO DE EMPRÉSTIMOLUVAS .NATUREZA SALARIAL. Evidenciada a figura equiparada às luvas do atleta profissional, paga pelo empregador com o objetivo de tornar mais atraente o ingresso da Reclamante em seu quadro funcional, é de se concluir que as parcelas concedidas ostentam nítida natureza salarial, razão pela qual devem integrar o salário para todos os efeitos legais. Nesse sentido, precedentes desta Corte. Recurso de Revista conhecido e provido, no particular. (TSTRR 5674138.2003.5.04.0028, 4ª Turma, Rel. Min. Maria de Assis Calsing, DEJT 01.4.2011)" " RECURSO DE REVISTA. INTEGRAÇÃO DOS VALORES PAGOS A TÍTULO DE LUVAS NATUREZA SALARIAL. Evidenciada a figura equiparada às luvas do atleta profissional, paga pelo empregador com o objetivo de tornar mais atraente o ingresso do Reclamante em seu quadro funcional, é de se concluir que as parcelas concedidas ostentam nítida natureza salarial, razão pela qual devem integrar o salário para todos os efeitos legais. Nesse sentido, precedentes desta Fl. 332DF CARF MF 10 Corte. Recurso de Revista não conhecido. (RR 15260058.2009.5.15.0095, 4ª Turma, Relatora Ministra Maria de Assis Calsing, DJ de 19.04.2013)" " RECURSO DE REVISTA. DIFERENÇAS SALARIAIS. ABONO PAGO NO MOMENTO DA CONTRATAÇÃO. "LUVAS". NATUREZA JURÍDICA. O valor pago a título de empréstimo, formalizado por meio de contrato de mútuo, com a finalidade de tornar mais atrativa a contratação de empregado bancário, equipara se às luvas pagas aos atletas profissionais, razão por que tem nítida natureza salarial e, não obstante o pagamento ter ocorrido uma única vez, a parcela deve integrar a remuneração da autora para todos os efeitos. Recurso de revista conhecido e provido (PROCESSO Nº TSTRR1336 98.2012.5.03.0005, 6ª Turma, Relator Ministro Aloysio Correia da Veiga, DJ de 16.04.2014)" Também não deve ser aceita a afirmação de que os ganhos seriam eventuais e, por esse motivo, excluídos do saláriodecontribuição, conforme dispõe o art. 28, § 9.º, alínea "e", item 7, da Lei n.º 8.212/1991. A eventualidade, como elemento caracterizador da isenção prevista no dispositivo citado, significa que as vantagens para o segurado decorram de importâncias recebidas a títulos de ganhos eventuais, digam respeito à ocorrência de caso fortuito. Como se pode ver da pesquisa efetuada no Dicionário Michaelis: Eventual 1 Dependente de acontecimento incerto. 2 Casual, fortuito. 3 Variável. Não encontro qualquer traço de eventualidade no pagamento de bônus de contratação , haja vista que estes decorrem de contrato firmado entre empresa e empregado para manutenção do trabalhador a serviço do empregador por um tempo previamente ajustado. Acrescentese que o fato de haver previsão contratual de devolução dos valores em caso de pedido de abandono ou pedido de demissão, antes do prazo estabelecido no momento da avença (ver os trechos de "aditivo ao contrato individual de trabalho" ilustrativos às fls. 85/86), além de se tratar de acerto privado que não influencia a incidência de contribuições previdenciárias, desvela, de modo claro, que a percepção dessas quantias tem como pressuposto necessário a realização da prestação de serviço durante determinado período, possuindo daí nítida natureza retributiva. Importa registrar que a Lei de Custeio exigiu o requisito de habitualidade somente para as utilidades. E, de sua parte, a obrigatoriedade de prestação de serviços por determinado período de tempo, sob pena de devolução do montante em questão, aponta para a ausência de caráter gracioso ou eventual do pagamento, e para a existência de uma gratificação ajustada antecipadamente, vinculada à prestação de serviço a ser efetuada. Ou seja, ao invés de receber mês a mês tal valor, o beneficiário recebe previamente a remuneração estabelecida, de acordo com as expectativas incorporadas no texto da proposta de contratação. Reiterese que, quanto à pretensa eventualidade a atrair a incidência do disposto no item 7 da alínea 'e' do § 9º do art. 28 da Lei nº 8.212/91, não verifica ela na espécie, pois como bem frisado pela decisão de piso, há conhecimento prévio de que tal pagamento será realizado quando implementada a condição estabelecida para o seu recebimento, a prestação de serviços para o empregador durante dado período. Vale registrar que os hiring bonus, também chamados de signing bonus em alguns países, são usualmente reconhecidos pelas legislações tributárias estrangeiras como formas suplementares de salário, ensejando sua natural tributação, como o faz o fisco Fl. 333DF CARF MF Processo nº 16327.720550/201418 Acórdão n.º 2202004.830 S2C2T2 Fl. 329 11 americano (IRS International Revenue Service), por exemplo vide nesse sentido, as orientações da Seção 7 da IRS Publication 15, 2018, Employer's Tax Guide (vide o link "https://www.irs.gov/publications/p15#en_US_2018_publink1000202352", acesso em 19/09/2018). E, ainda que a experiência de outros países tenha de ser analisada com cuidado, face a sua integração com sistemas jurídicos bastante diversos, não pode ser descartada de pronto como fundamento argumentativo, pois tais hiring bonus, ainda que de certa maneira recentes no cenário brasileiro, são, como a própria grafia da expressão revela, instrumentos não convencionais de remuneração já há bastante tempo sedimentados na seara transnacional, da qual são oriundos. Por seu turno, a jurisprudência recente do CARF vem caminhando nessa senda, como atestam os Acórdãos nº 2401003.708 (j. 07/10/2014), nº 2402005.274 (j. 11/05/2016) e nº 2202003.438 (j. 14/06/2016). Cumpre destacar, ao final, recente decisão da CSRF sobre o tema Acórdão nº 9202005.156, j. 25/01/2017 no qual o voto vencedor aborda com lucidez o conceito de ganho eventual: Entendo que somente os pagamentos que não guardam relação com o contrato de trabalho podem ser tidos por ganhos eventuais desvinculados, devendo decorrer de condições específicas de um trabalhador, como por exemplo destinação de valores em eventos de doença e outros sinistros fortuitos, sem relação direta ou indireta pela prestação de serviços. Não há dúvida de que o pagamento de bônus de contratação Hiring bônus, ou mesmo, gratificação em razão da admissão do empregado (utilizados por algumas empresas) tem relação direta com o vínculo contratual estabelecido entre as partes, e o seu principal objetivo é atrair profissionais para o quadro funcional da empresa, representando, a bem da verdade, um pagamento antecipado pela futura prestação de serviço do trabalhador. Nesses termos, deve ser também negado provimento ao recurso, no particular. Dos juros sobre a multa de ofício O caput do art. 161 do CTN assim dispõe: Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. Na sistemática do CTN, a obrigação tributária principal é de ínsita natureza pecuniária, sendo composta por tributo e multa, nos termos do seu art. 113 e §§. Os arts. 139 e 142 do Código deixam claro que o crédito tributário tem a mesma natureza da obrigação principal, podendo ser assim, composto tanto por tributo quanto por multa. Destarte, o art. 161 supra, quando trata do crédito tributário, está tratando da obrigação principal revestida de exigibilidade, a qual, não paga no vencimento, está sujeita a juros de mora. Portanto, a incidência dos juros em apreço sobre as multas que porventura componham o crédito tributário é preceito estabelecido no CTN. O legislador ordinário Fl. 334DF CARF MF 12 respeitou os parâmetros da lei complementar, ao regrar no art. 61 da Lei nº 9.430/96, que os débitos decorrentes de tributos e contribuições sofrem incidência de juros de mora. A saber, o termo"decorrente" significa consequente, ou seja, além do tributo propriamente dito, os débitos que lhe dele são resultantes, ainda que não necessariamente, tais como as multas de ofício proporcionais, as quais também deverão ser acrescidas dos juros. Em consonância com esse entendimento, vale lembrar que o § 8º do art. 84 da Lei nº 8.981/95, reza que os juros de mora se aplicam aos demais créditos da Fazenda Nacional, cuja inscrição e cobrança como Dívida Ativa da União seja de competência da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional, categoria na qual se incluem, logicamente, as multas de ofício, sejam proporcionais ou lançadas isoladamente. A jurisprudência do STJ consolidouse nesse sentido, conforme se depreende da leitura da ementa do acórdão do AgRg no REspnº 1.335.688/PR (1ª Turma, Rel. Min. Benedito Gonçalves, DJe de 10/12/2012) : PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. MANDADO DE SEGURANÇA. JUROS DE MORA SOBRE MULTA. INCIDÊNCIA. PRECEDENTES DE AMBAS AS TURMA QUE COMPÕEM A PRIMEIRA SEÇÃO DO STJ. 1. Entendimento de ambas as Turmas que compõem a Primeira Seção do STJ no sentido de que: "É legítima a incidência de juros de mora sobre multa fiscal punitiva, a qual integra o crédito tributário." (REsp 1.129.990/PR, Rel. Min. Castro Meira, DJ de 14/9/2009). De igual modo: REsp 834.681/MG, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 2/6/2010. 2. Agravo regimental não provido. (grifei) Do REsp nº 1.129.990/PR (2ª Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJe de 14/9/2009) convém colacionar o seguinte trecho do Voto condutor, aclarando a questão: De maneira simplificada, os juros de mora são devidos para compensar a demora no pagamento. Verificado o inadimplemento do tributo, advém a aplicação da multa punitiva que passa a integrar o crédito fiscal, ou seja, o montante que o contribuinte deve recolher ao Fisco. Se ainda assim há atraso na quitação da dívida, os juros de mora devem incidir sobre a totalidade do débito, inclusive a multa que, neste momento, constitui crédito titularizado pela Fazenda Pública, não se distinguindo da exação em si para efeitos de recompensar o credor pela demora no pagamento. A Súmula CARF nº 108, de observância obrigatória para os membros deste Colegiado, nos termos do art. 72 do Anexo II do RICARF, firmou o entendimento do órgão acerca do tema: Súmula CARF nº 108: Incidem juros moratórios, calculados à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC, sobre o valor correspondente à multa de ofício. Em suma, o crédito tributário compreende a multa pecuniária, o que legitima a incidência de juros moratórios sobre a totalidade da dívida. Fl. 335DF CARF MF Processo nº 16327.720550/201418 Acórdão n.º 2202004.830 S2C2T2 Fl. 330 13 Ante o exposto, voto por não conhecer da aplicação da Lei nº 13.655/2018 ao julgamento, e, no mérito, por negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Fl. 336DF CARF MF
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Numero do processo: 15374.901734/2008-01
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 10 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue May 07 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Ano-calendário: 1999
IRRF. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. CRÉDITO. LIQUIDEZ E CERTEZA. AUSÊNCIA.
Compete ao contribuinte o ônus da prova do fato constitutivo do seu direito, cabendo a este demonstrar, mediante documentos, a liquidez e a certeza do crédito. Uma vez não comprovada a sua pretensão, não se homologam as compensações requeridas.
IRRF. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. CRÉDITO PLEITEADO. UTILIZAÇÃO INTEGRAL. VINCULADO DEBITO. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA.
Mantém-se o despacho decisório que não homologou a compensação requerida, quando se verifica que o crédito pleiteado já foi integralmente utilizado na quitação de outro débito confessado pela contribuinte.
PROVAS. MOMENTO PROCESSUAL OPORTUNO. NÃO APRESENTAÇÃO. PRECLUSÃO.
A prova documental deve ser produzida no início da fase litigiosa, considerado o momento processual oportuno, precluindo o direito do sujeito passivo de fazê-lo posteriormente, salvo a ocorrência de qualquer das hipóteses que justifiquem sua apresentação posterior.
VERDADE MATERIAL. SITUAÇÃO EXCEPCIONAL. NÃO OCORRÊNCIA. PROVA EXTEMPORÂNEA. IMPOSSIBILIDADE.
A busca da verdade material, em situações excepcionais, confere ao julgador a aceitação extemporânea de provas, todavia não permite ao julgador conceder novo prazo para a contribuinte apresentar todas provas que não foram apresentadas no início da fase litigiosa. Ressalvando as hipóteses previstas no § 4º do art. 16 do Decreto nº 70.235/72.
PERÍCIA. CONHECIMENTO TÉCNICO ESPECIALIZADO. SUBSTITUIR PROVA DOCUMENTAL. NÃO SE APLICA. PRESCINDÍVEL. INDEFERIMENTO.
A perícia, pela sua especificidade, não tem a faculdade de substituir provas que poderiam ser produzidas pela contribuinte com a juntada de documentos ao autos no momento oportuno. Assim, o pedido de perícia será indeferido se o fato a ser provado não necessitar de conhecimento técnico especializado, fora do campo de atuação do julgador.
Numero da decisão: 2202-005.115
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em rejeitar proposta de realização de diligência, vencido o conselheiro Thiago Duca Amoni, que encaminhou a proposta. Acordam ainda, quanto ao mérito, em negar provimento ao recurso. Votaram pelas conclusões os conselheiros Martin da Silva Gesto, Thiago Duca Amoni e Leonam Rocha de Medeiros.
(assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros Marcelo de Sousa Sáteles, Martin da Silva Gesto, Ricardo Chiavegatto de Lima, Ludmila Mara Monteiro de Oliveira, Rorildo Barbosa Correa, Leonam Rocha de Medeiros, Thiago Duca Amoni (suplente convocado) e Ronnie Soares Anderson. Ausente a conselheira Andréa de Moraes Chieregatto.
Nome do relator: RONNIE SOARES ANDERSON
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF Ano-calendário: 1999 IRRF. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. CRÉDITO. LIQUIDEZ E CERTEZA. AUSÊNCIA. Compete ao contribuinte o ônus da prova do fato constitutivo do seu direito, cabendo a este demonstrar, mediante documentos, a liquidez e a certeza do crédito. Uma vez não comprovada a sua pretensão, não se homologam as compensações requeridas. IRRF. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. CRÉDITO PLEITEADO. UTILIZAÇÃO INTEGRAL. VINCULADO DEBITO. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. Mantém-se o despacho decisório que não homologou a compensação requerida, quando se verifica que o crédito pleiteado já foi integralmente utilizado na quitação de outro débito confessado pela contribuinte. PROVAS. MOMENTO PROCESSUAL OPORTUNO. NÃO APRESENTAÇÃO. PRECLUSÃO. A prova documental deve ser produzida no início da fase litigiosa, considerado o momento processual oportuno, precluindo o direito do sujeito passivo de fazê-lo posteriormente, salvo a ocorrência de qualquer das hipóteses que justifiquem sua apresentação posterior. VERDADE MATERIAL. SITUAÇÃO EXCEPCIONAL. NÃO OCORRÊNCIA. PROVA EXTEMPORÂNEA. IMPOSSIBILIDADE. A busca da verdade material, em situações excepcionais, confere ao julgador a aceitação extemporânea de provas, todavia não permite ao julgador conceder novo prazo para a contribuinte apresentar todas provas que não foram apresentadas no início da fase litigiosa. Ressalvando as hipóteses previstas no § 4º do art. 16 do Decreto nº 70.235/72. PERÍCIA. CONHECIMENTO TÉCNICO ESPECIALIZADO. SUBSTITUIR PROVA DOCUMENTAL. NÃO SE APLICA. PRESCINDÍVEL. INDEFERIMENTO. A perícia, pela sua especificidade, não tem a faculdade de substituir provas que poderiam ser produzidas pela contribuinte com a juntada de documentos ao autos no momento oportuno. Assim, o pedido de perícia será indeferido se o fato a ser provado não necessitar de conhecimento técnico especializado, fora do campo de atuação do julgador.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em rejeitar proposta de realização de diligência, vencido o conselheiro Thiago Duca Amoni, que encaminhou a proposta. Acordam ainda, quanto ao mérito, em negar provimento ao recurso. Votaram pelas conclusões os conselheiros Martin da Silva Gesto, Thiago Duca Amoni e Leonam Rocha de Medeiros. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson - Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros Marcelo de Sousa Sáteles, Martin da Silva Gesto, Ricardo Chiavegatto de Lima, Ludmila Mara Monteiro de Oliveira, Rorildo Barbosa Correa, Leonam Rocha de Medeiros, Thiago Duca Amoni (suplente convocado) e Ronnie Soares Anderson. Ausente a conselheira Andréa de Moraes Chieregatto.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Anocalendário: 1999 IRRF. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. CRÉDITO. LIQUIDEZ E CERTEZA. AUSÊNCIA. Compete ao contribuinte o ônus da prova do fato constitutivo do seu direito, cabendo a este demonstrar, mediante documentos, a liquidez e a certeza do crédito. Uma vez não comprovada a sua pretensão, não se homologam as compensações requeridas. IRRF. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. CRÉDITO PLEITEADO. UTILIZAÇÃO INTEGRAL. VINCULADO DEBITO. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. Mantémse o despacho decisório que não homologou a compensação requerida, quando se verifica que o crédito pleiteado já foi integralmente utilizado na quitação de outro débito confessado pela contribuinte. PROVAS. MOMENTO PROCESSUAL OPORTUNO. NÃO APRESENTAÇÃO. PRECLUSÃO. A prova documental deve ser produzida no início da fase litigiosa, considerado o momento processual oportuno, precluindo o direito do sujeito passivo de fazêlo posteriormente, salvo a ocorrência de qualquer das hipóteses que justifiquem sua apresentação posterior. VERDADE MATERIAL. SITUAÇÃO EXCEPCIONAL. NÃO OCORRÊNCIA. PROVA EXTEMPORÂNEA. IMPOSSIBILIDADE. A busca da verdade material, em situações excepcionais, confere ao julgador a aceitação extemporânea de provas, todavia não permite ao julgador conceder novo prazo para a contribuinte apresentar todas provas que não foram apresentadas no início da fase litigiosa. Ressalvando as hipóteses previstas no § 4º do art. 16 do Decreto nº 70.235/72. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 37 4. 90 17 34 /2 00 8- 01 Fl. 183DF CARF MF Processo nº 15374.901734/200801 Acórdão n.º 2202005.115 S2C2T2 Fl. 3 2 PERÍCIA. CONHECIMENTO TÉCNICO ESPECIALIZADO. SUBSTITUIR PROVA DOCUMENTAL. NÃO SE APLICA. PRESCINDÍVEL. INDEFERIMENTO. A perícia, pela sua especificidade, não tem a faculdade de substituir provas que poderiam ser produzidas pela contribuinte com a juntada de documentos ao autos no momento oportuno. Assim, o pedido de perícia será indeferido se o fato a ser provado não necessitar de conhecimento técnico especializado, fora do campo de atuação do julgador. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em rejeitar proposta de realização de diligência, vencido o conselheiro Thiago Duca Amoni, que encaminhou a proposta. Acordam ainda, quanto ao mérito, em negar provimento ao recurso. Votaram pelas conclusões os conselheiros Martin da Silva Gesto, Thiago Duca Amoni e Leonam Rocha de Medeiros. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros Marcelo de Sousa Sáteles, Martin da Silva Gesto, Ricardo Chiavegatto de Lima, Ludmila Mara Monteiro de Oliveira, Rorildo Barbosa Correa, Leonam Rocha de Medeiros, Thiago Duca Amoni (suplente convocado) e Ronnie Soares Anderson. Ausente a conselheira Andréa de Moraes Chieregatto. Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do Acórdão nº 2202005.099, de 10 de abril de 2019 2ª Câmara/2ª Turma Ordinária, proferido no âmbito do processo n° 15374.901804/200812, paradigma deste julgamento. "Acórdão nº 2202005.099 2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Tratase de Recurso Voluntário interposto contra Acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento DRJ, a qual julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade e não homologou o pedido de compensação. Do Pedido de Compensação O pedido de compensação tratase de processo referente ao PER/DCOMP eletrônico no qual a Soft Consultoria Ltda pretende aproveitar o crédito de IRRF que teria sido recolhido indevidamente. Fl. 184DF CARF MF Processo nº 15374.901734/200801 Acórdão n.º 2202005.115 S2C2T2 Fl. 4 3 Da Análise do PER/DCOMP De acordo com o Despacho Decisório eletrônico, a compensação não foi homologada, pois o direito creditório pleiteado não foi reconhecido, uma vez que o recolhimento realizado pelo DARF indicado no PER/DCOMP foi integralmente utilizado para quitação de outros débitos declarados pela contribuinte, não restando crédito disponível para compensação do débito requerido no pedido de compensação (PER/DCOMP): A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP Regularmente intimada do Despacho Decisório com a não homologação da compensação declarada, a contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade, alegando que: Do direito ao crédito de imposto de renda retido na fonte sobre royalties remessa ao exterior. Logo, diante dos fundamentos apresentados, entende a Manifestante que os valores referentes ao IRRF pagos por ela sobre remessas para pagamento de importações de "softwares" de prateleira são passíveis de pedido de indébito e por isso a impossibilidade de se manter o indeferimento em tela. Por fim, outro argumento deve ser realçado pela ora Manifestante, é a necessidade expressa de se realizar perícia a fim de se apurar o tipo de software comercializado pela empresa no presente processo. A Manifestação de Inconformidade foi julgada improcedente pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento. Da Decisão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento Quando da análise do presente caso, a Delegacia da Receita Federal de Julgamento apreciou a Manifestação de Inconformidade, proferiu o Acórdão negandolhe provimento, mantendo o Despacho Decisório e não homologando o PER/DCOMP. Do Recurso Voluntário A Soft Consultoria, devidamente intimada da decisão da DRJ, conforme aviso de recebimento, apresentou recurso voluntário. Em sede de recurso voluntário, a Recorrente se insurgiu contra a decisão da DRJ, alegando que: Concessa maxima venia, cabe ao Contribuinte eleger o meio de prova que julga adequado à demonstração dos fatos. Na espécie, dada a natureza da matéria sub examine, entendeu ser a prova pericial. A própria norma reguladora da matéria é clara ao determinar tal possibilidade. Nos termos postos, a defesa do Contribuinte fica inviabilizada, vez que não carreou aos autos a prova apontada pelo nobre relator, a saber, embalagens dos softwares "de prateleira" e respectivos documentos de importação. Fl. 185DF CARF MF Processo nº 15374.901734/200801 Acórdão n.º 2202005.115 S2C2T2 Fl. 5 4 Paralelamente, além de indeferir o pedido formulado, o julgador administrativo também não oportunizou ao contribuinte a possibilidade de trazer aos autos as provas apontadas. Alegou também a necessidade de se observar o Princípio da Verdade Material, afirmou que em decorrência do princípio da legalidade, a autoridade administrativa tem o dever de buscar a verdade material e que a referida verdade material é um princípio específico do processo administrativo, contrapondose ao princípio do dispositivo, próprio do processo civil, bem como alegou ainda que: Nesse diapasão, a produção de prova documental no processo administrativo tributário federal não se limita ao momento da impugnação. É que em nome dos princípios da ampla defesa, legalidade, oficialidade e verdade material, dentre outros, não se pode negar ao Administrado a produção de prova em outra fase. Não poderia ser de outra forma, vez que, o órgão judicante, ao afastar a prova pretendida pelo Contribuinte, não poderia negarlhe a possibilidade de apresentar, em outra oportunidade, a prova que ele mesmo julgou conveniente. Ademais, pelo Princípio da Informalidade Moderada, que é a mais adequado ao autocontrole da legalidade pela Administração Pública e mais aberta à busca da verdade material (base de todo sistema), poderia, sem qualquer violação, o julgador administrativo ter determinado exofício a juntada dos documentos que julgou conveniente. Do Pedido Ao final, a Recorrente requer que seja reformado o acórdão e analisados os documentos acostados junto ao recurso: 1 A reforma do v. acórdão fustigado, com o conseqüente deferimento do pedido de produção de prova pericial; conforme formulado da Manifestação de Inconformidade, ou, caso assim não entendam Vs.Sas., 2 Seja, com base nos princípios apontados e na economia processual, analisada a documentação ora acostada, a qual corresponde aos meios de prova apontados pelos julgadores a quo, com o conseqüente deferimento do PER/DCOMP versado na aludida Manifestação de Inconformidade. É o relatório." Fl. 186DF CARF MF Processo nº 15374.901734/200801 Acórdão n.º 2202005.115 S2C2T2 Fl. 6 5 Voto Ronnie Soares Anderson Relator Este processo foi julgado na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 2202005.099, de 10 de abril de 2019 2ª Câmara/2ª Turma Ordinária, proferido no âmbito do processo n° 15374.901804/200812, paradigma deste julgamento. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido na susodita decisão paradigma, a saber, Acórdão nº 2202005.099, de 10 de abril de 2019 2ª Câmara/2ª Turma Ordinária: Acórdão nº 2202005.0992 2ª Câmara/2ª Turma Ordinária "O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. Preliminar Da Apresentação De Provas e Da Verdade Material A Recorrente questionou, invocando a necessidade de observância ao Princípio da Verdade Material, que a produção de prova documental no processo administrativo tributário federal não se limita ao momento da impugnação. No mesmo sentido, a Recorrente ainda questionou a decisão de primeira instância alegando que o julgador administrativo poderia ter determinado exofício a juntada dos documentos que julgou conveniente. Além disso, a Recorrente, quando da apresentação do recurso voluntário, solicitou a juntada de diversos documentos com o objetivo de comprovar suas alegações. No que diz respeito ao pedido da recorrente, entendo que não merece acolhimento, uma vez que, a partir da Manifestação de Inconformidade, início da fase litigiosa, era dever da contribuinte municiar sua defesa com os elementos de prova que suportassem as informações consignadas no seu pedido de compensação. Neste contexto, cabe registrar que a fim de comprovar a certeza e liquidez do crédito, a contribuinte deveria, sob pena de preclusão, instruir sua Manifestação de Inconformidade apresentando junto com os motivos de fato e de direito que fundamentaram sua pretensão, os documentos que respaldassem suas afirmações, conforme disciplina os dispositivos legais pertinentes à matéria, os artigos 15 e 16 do Decreto nº 70.235/72, bem como o disposto no inciso I, do art. 373 do Código de Processo Civil (Lei nº 13.105/2015) aplicável subsidiariamente ao processo administrativo fiscal: Art. 373. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; Fl. 187DF CARF MF Processo nº 15374.901734/200801 Acórdão n.º 2202005.115 S2C2T2 Fl. 7 6 (...) Assim, como não apresentou elementos necessárias para comprovar suas alegações, apenas requereu a realização de perícia, a autoridade julgadora de primeira instância apreciou a Manifestação de Inconformidade, negandolhe provimento, pois verificou a inexistência de elementos probantes, dessa forma indeferiu o pedido de perícia e não homologou a compensação declarada, confirmando as razões do despacho decisório. No tocante as novas provas apresentadas, entendo que, além de extemporâneas, estão ausentes os requisitos que autorizariam o afastamento da preclusão de que trata as alíneas do § 4º do art. 16 do Decreto nº 70.235/72. Do mesmo modo, observo não há fato ou razão renovada trazida aos autos pela DRJ, porquanto o voto proferido pelos julgadores daquela DRJ, apresentou considerações no sentido de que tais provas independem de perícia, pois poderiam ter sido produzidas por meio de documentos. Todavia, ao fazer estas considerações, entendo que a DRJ estava demonstrando que a contribuinte perdeu a oportunidade legal de apresentar os documentos que, em tese, poderiam comprovar o seu pleito. Inclusive, no que diz respeito a apresentação de prova apenas em sede de recurso voluntário, compartilho o entendimento apresentado no Acórdão nº 3201 004.710, sessão de 29 de janeiro de 2019, proferido pela 2ª Câmara da 1ª Turma Ordinária, que em situação semelhante negou provimento ao recurso do contribuinte. Com base no citado Acórdão, observo o entendimento de que a jurisprudência apresenta certo grau de atenuação dos rigores das normas processuais acerca da preclusão, afastandoa em alguns casos referentes a fatos notórios ou incontroversos que podem permitir o pronto convencimento do julgador. No mesmo sentido, entendo que o direito da parte produzir provas posteriores, até o momento da decisão administrativa, comporta graduação e será determinado a critério da autoridade julgadora, com fundamento em seu juízo de valor, acerca da utilidade e da necessidade, bem como à percepção de que efetivamente houve um esforço na busca de comprovar o direito alegado, que no caso é de responsabilidade da contribuinte. No caso dos autos, notase que a Recorrente não produziu oportunamente os documentos que poderiam justificar as suas alegações, responsabilidade esta que lhe competia, segundo o sistema de distribuição da carga probatória adotado pelo Decreto nº 70.235/72 e, de forma subsidiária, pela Lei nº 13.105/2015 (CPC). Neste contexto, observase que o princípio da verdade material confere ao julgador administrativo maior liberdade na apreciação das provas, podendo coletar provas ou determinar a produção de provas não produzidas pelas partes, se assim for necessário para o seu convencimento diante das provas já apresentadas. Contudo, não permite ao julgador conceder novo prazo para a contribuinte apresentar todas provas que não foram apresentadas no início da fase litigiosa. Desse modo, não é aceitável que um pleito, onde se objetiva a compensação para extinção de crédito tributário, seja proposto sem a devida e minuciosa demonstração e comprovação da efetiva existência do indébito e que posteriormente, também, em sede de julgamento se oportunize tais demonstração e comprovação, pois a busca pela verdade material não se presta a suprir a inércia da contribuinte que tenha deixado de apresentar, no momento processual apropriado, as provas Fl. 188DF CARF MF Processo nº 15374.901734/200801 Acórdão n.º 2202005.115 S2C2T2 Fl. 8 7 necessárias a possível comprovação do crédito alegado, bem como não permite a supressão de instância. Isto posto, rejeito, preliminarmente, o pedido para acatar os documentos apresentados após a decisão de primeira instância administrativa. Da Perícia Na peça de defesa inicial, a contribuinte requereu a realização de perícia com o objetivo de comprovar os seus argumentos, todavia, quando apreciou a Manifestação de Inconformidade, a DRJ indeferiu o pedido de realização de perícia, porque entendeu desnecessária, uma vez que a pretensão da contribuinte poderia ser comprovada por meio de prova documental. Dessa forma, percebese que a contribuinte optou por não apresentar documentos que pudessem comprovar suas alegações, pois, no seu entendimento, poderia eleger o meio de prova que julgasse adequado e neste caso, devido a natureza da matéria em exame, a empresa optou pelo pedido de prova pericial, que a seu ver seria a mais adequada. Neste aspecto, observo que não podem prosperar os argumentos e os questionamentos apresentados, pois entendo que a Recorrente ao invés de apresentar oportunamente os documentos que, em tese, poderiam comprovar suas alegações, optou por substituir sua incumbência probatória com providências a cargo do Fisco ou do perito técnico, por meio de realização de perícia. Ademais, a prova pericial, além do caráter específico, não depende exclusivamente da vontade das partes, mas sim de circunstâncias que justifiquem a necessidade de apreciações técnicas, por especialistas com conhecimento específico em determinadas matérias, com o intuito de esclarecer aspectos controvertidos, para quando o julgador, diante de indícios ou elementos incipientes de prova, pudesse melhor elucidar os fatos para formar sua convicção. À vista disso, entendo que seja prescindível a realização da perícia, tendo em vista que a mesma se destinava a suprir prova que poderia ser produzida pela contribuinte com a juntada de documentos carreados aos autos no momento oportuno. Esclarecendo ainda que a contribuinte tem a obrigação jurídica de manter os meios probatório de seu interesse. Assim sendo, indefiro o pedido de perícia, por considerálo desnecessário à produção das provas pretendidas pela empresa Soft Consultoria Ltda, nos termos do art. 29 do Decreto nº 70.235/1972, que permite a autoridade julgadora, na apreciação das provas, formar livremente sua convicção, podendo indeferir o pedido de perícia/diligência que entender desnecessário. Da Defesa Inviabilizada No tocante a alegação da Recorrente de que a sua defesa ficou inviabilizada, porque o julgador administrativo não oportunizou à contribuinte a possibilidade de trazer aos autos as provas apontadas, também não merece acolhida, pois a recorrente teve oportunidade de apresentar tempestivamente a documentação pertinente relativo aos fatos, mas não o fez. Além do mais, cabe registrar que nos pedidos de compensação/restituição o ônus da prova cabe ao sujeito passivo, como pode ser observado no disposto do art. 373, inciso I, do Código de Processo Civil, aplicável subsidiariamente ao processo administrativo fiscal, disciplinando que o ônus da prova incumbe ao autor, enquanto Fl. 189DF CARF MF Processo nº 15374.901734/200801 Acórdão n.º 2202005.115 S2C2T2 Fl. 9 8 que o art. 36 da Lei nº 9.784, de 29/01/99, impõe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. No mesmo sentido, dispõe o Decreto nº 70.235, de 1972, que, regendo as compensações por força do art. 74, § 11, da Lei 9.430/96, determina em seu art. 15 que as impugnações administrativas já devem trazer os elementos de prova: Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. Dessa forma, entendo que não caberia ao julgador de primeira instância oportunizar ao contribuinte a possibilidade de trazer aos autos as provas apontadas, pois as provas já deveriam ser apresentadas no momento da contestação por meio da Manifestação de Inconformidade, conforme disciplina o art. 15 do Decreto nº 70.235/72, uma vez que caberia à contribuinte, ao ofertar a sua defesa, produzir a prova em contrário, por meio de documentação hábil e idônea. Como não o fez, o seu pedido de compensação não foi homologado, conforme decisão proferida no Acórdão de primeira instância que manteve o Despacho Decisório. Por tudo aqui exposto, rejeito o argumento da contribuinte de que a sua defesa ficou inviabilizada, porque o julgador administrativo não oportunizou à contribuinte a possibilidade de trazer aos autos as provas apontadas. Da Ausência de Comprovação da Liquidez e Certeza do Crédito De acordo com os autos, percebese que a Recorrente alegou que houve recolhimento indevido de tributo e por este motivo requereu, mediante apresentação de PER/DCOMP, compensação destes valores. No entanto, quando da análise do seu pedido de compensação, o direito creditório pleiteado não foi reconhecido, pois o crédito indicado no PER/DCOMP já havia sido integralmente utilizado para quitar outros débitos, motivo pelo qual se fundamentou a não homologação da compensação declarada, conforme o Despacho Decisório. Além disso, quando apresentou a sua Manifestação de Inconformidade, a contribuinte não apresentou documentos que pudessem comprovar que houve recolhimento indevido bem como se o valor pleiteado estaria disponível, demonstrando a existência da liquidez e certeza do crédito. Isto posto, cabe esclarecer que o ponto chave para atender pedido de compensação diz respeito a necessidade de comprovar que o crédito aludido estivesse disponível para ser utilizado na quitação do débito indicado no PER/DCOMP. Dessa forma, caberia a contribuinte demonstrar a existência da liquidez e certeza do suposto pagamento indevido ou a maior de tributo, para um análise da situação fática, de modo a se conhecer qual seria o tributo devido, o montante e comparálo ao pagamento efetuado, nos termos do art. 1701 do CTN, que estabelece as condições para o reconhecimento de direito creditório contra a Fazenda Nacional. 1 Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. Fl. 190DF CARF MF Processo nº 15374.901734/200801 Acórdão n.º 2202005.115 S2C2T2 Fl. 10 9 Por fim, percebese que a contribuinte não logrou êxito em comprovar a liquidez e certeza do crédito e, dessa forma, entendo como correto o resultado exarado no Despacho Decisório eletrônico bem com na decisão proferida pelo Acórdão de primeira instância administrativa que negou provimento à Manifestação de Inconformidade e não homologou a compensação declarada, tendo em vista que o crédito indicado na DCOMP já havia sido integralmente utilizado para quitar outros débitos declarados pela contribuinte. Destarte, com base em tudo que foi exposto, entendo que não há espaço para reanálise do despacho decisório e nem qualquer reforma na decisão recorrida. No tocante ao pedido de realização de perícia, entendo desnecessária. Decisão Diante do exposto, voto por negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Rorildo Barbosa Correia" Diante do exposto, voto por negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Parágrafo único. Sendo vincendo o crédito do sujeito passivo, a lei determinará, para os efeitos deste artigo, a apuração do seu montante, não podendo, porém, cominar redução maior que a correspondente ao juro de 1% (um por cento) ao mês pelo tempo a decorrer entre a data da compensação e a do vencimento. Fl. 191DF CARF MF
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