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Numero do processo: 19558.720210/2012-91
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 21 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jul 23 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Importação - II
Ano-calendário: 2011
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. EXISTÊNCIA.
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. DANO AO ERÁRIO. FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO. DESPACHO ADUANEIRO DE IMPORTAÇÃO. PROVA DE DANO AO ERÁRIO. DESNECESSIDADE.
Caracterizada a omissão no enfrentamento da matéria suscitada pelo sujeito passivo, integra-se o voto embargado para explicitar os fundamentos fáticos e legais, consistentes a amparar a demonstração do ilícito.
Prescinde de comprovação o dano ao erário para aplicar a pena prevista no § 1º, do art. 23 do Decreto-Lei nº 1.455/76, caso que se inclui a constatação de falsificação de documento necessário ao desembaraço aduaneiro de importação (art. 105, VI do DL 37/66).
Numero da decisão: 3201-004.009
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em acolher os embargos de declaração, sem efeitos infringentes, para assentar a tese da prescindibilidade da comprovação do dano ao erário para a aplicação da pena prevista no art. 23 do Decreto-Lei nº 1.455/76, no caso de falsificação de documento necessário ao desembaraço aduaneiro de importação. Vencido o conselheiro Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, que entendeu pelo não conhecimento dos embargos
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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OMISSÃO. EXISTÊNCIA. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. DANO AO ERÁRIO. FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO. DESPACHO ADUANEIRO DE IMPORTAÇÃO. PROVA DE DANO AO ERÁRIO. DESNECESSIDADE. Caracterizada a omissão no enfrentamento da matéria suscitada pelo sujeito passivo, integrase o voto embargado para explicitar os fundamentos fáticos e legais, consistentes a amparar a demonstração do ilícito. Prescinde de comprovação o dano ao erário para aplicar a pena prevista no § 1º, do art. 23 do DecretoLei nº 1.455/76, caso que se inclui a constatação de falsificação de documento necessário ao desembaraço aduaneiro de importação (art. 105, VI do DL 37/66). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em acolher os embargos de declaração, sem efeitos infringentes, para assentar a tese da prescindibilidade da comprovação do dano ao erário para a aplicação da pena prevista no art. 23 do DecretoLei nº 1.455/76, no caso de falsificação de documento necessário ao desembaraço aduaneiro de importação. Vencido o conselheiro Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, que entendeu pelo não conhecimento dos embargos (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 55 8. 72 02 10 /2 01 2- 91 Fl. 457DF CARF MF Processo nº 19558.720210/201291 Acórdão n.º 3201004.009 S3C2T1 Fl. 458 2 Paulo Roberto Duarte Moreira Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório Trata o presente processo de embargos de declaração opostos pelo sujeito passivo, em face do Acórdão 3201003.086, prolatado por esta Turma na sessão de 29/08/2017. O acórdão embargado negou provimento ao Recurso Voluntário, cuja ementa foi assim redigida: Assunto: Imposto sobre a Importação II Anocalendário: 2011 DANO AO ERÁRIO. PERDIMENTO DA MERCADORIA. MULTA SUBSTITUTIVA. Conjunto probatório colhido de forma direita e indiciária demonstra a prática de atos que à luz da legislação aduaneira configuram infrações consideradas dano ao erário, sancionadas com a multa substitutiva da pena de perdimento, com fundamento nos arts. 105, VI do DL 37/66 e 23, §§ 1º e 3º do DL 1455/76. FALSIDADE DOCUMENTAL. PROVA INDICIÁRIA. Não demonstrada a regularidade dos preços declarados, a veracidade da documentação apresentada frente à análise merceológica do produto e à ausência de documentos (conhecimento de carga) instrutivos do despacho aduaneiro, e diante de provas irrefutáveis obtidas no curso do procedimento fiscal, legítima a acusação de falsificação material e ideológica das faturas comerciais e das declarações de importação. SUBFATURAMENTO. ARBITRAMENTO Legítimo o procedimento de arbitramento dos preços das mercadorias importadas, realizado com fundamento no art. 88 da MP 2.15835/01, após a constatação do subfaturamento, lastreado na utilização de faturas ideologicamente falsas na instrução do despacho. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. ARTS. 124 E 135, II CTN. PRÁTICA ILICITUDE. BENEFÍCIOS AUFERIDOS. Atribuise a responsabilidade tributária, nos termos do art. 124 e 135, II do CTN, à pessoa física detentora de instrumento público que lhe confere amplos e ilimitados poderes de gestão de empresa estabelecida em sua própria residência, conquanto não Fl. 458DF CARF MF Processo nº 19558.720210/201291 Acórdão n.º 3201004.009 S3C2T1 Fl. 459 3 figura no quadro societário, mas que comanda operações ilícitas de comércio exterior. DESCUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO DE MANUTENÇÃO DOS DOCUMENTOS INSTRUTIVOS DO DESPACHO. MULTA. O descumprimento da obrigação de manter em boa ordem e guarda os documentos instrutivos do despacho enseja a aplicação de multa de 5% do valor da transação. Tendo o autuado, regularmente intimado, descumprido a obrigação de apresentar os conhecimentos marítimos (BLs) referentes a operações de importação fiscalizadas, cabe a aplicação da sanção. Recurso Voluntário Negado. Cientificado da decisão, o sujeito passivo interpôs embargos de declaração, sustentando que a decisão recorrida contém omissões ao deixar de se manifestar acerca de "pontos" (argumentos) de defesa apresentados em recurso voluntário, os quais reputa essenciais ao julgamento do feito. Em síntese aduz: (i) Omissão quanto à fundamentação da ocorrência de dano ao Erário; (ii) Omissão quanto aos fundamentos da declaração de falsidade dos documentos fiscais apresentados e seu enfrentamento à luz do princípio da legalidade; (iii) Omissão quanto à análise de informações e circunstância que denotariam a idoneidade dos preços praticados; (iv) Omissão quanto à responsabilidade pessoal à luz dos artigos 134 e 135 do CTN; (v) Omissão quanto à análise dos documentos que comprovariam a duplicidade da autuação. No despacho de admissibilidade (fls. 447/450), atestouse a tempestividade da peça e, no mérito da análise, acolheu em parte os embargos, apenas em relação à omissão por ausência de apreciação de seus argumentos quanto à ausência de fundamentação da ocorrência de dano ao Erário, uma vez que somente em relação a tal matéria mostrouse procedente a alegação de omissão, restando improcedentes as demais arguições da embargante. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator Admitidos os embargos por decisão do Presidente da Turma, o processo foi a mim distribuído, o qual incluí em pauta de julgamento. Fl. 459DF CARF MF Processo nº 19558.720210/201291 Acórdão n.º 3201004.009 S3C2T1 Fl. 460 4 Conforme relatado, os embargos foram acolhidos exclusivamente em face da constatação de omissão na decisão recorrida quanto às razões de decidir para manter aos autuados a imputação de infração considerada dano ao erário que, segundo a embargante, não houve fundamentação da ocorrência do dano. Nos termos do art. 65 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009 (RICARF), cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual deveria pronunciarse a Turma. Em sede de embargos de declaração o sujeito passivo vem aduzir ausência de fundamentos para a caracterização do dano ao erário, não levados em consideração na decisão. Alega que não foi indicado na decisão recorrida os fundamentos que persuadiram o Redator designado à lavra do voto vencedor a concluir que a contribuinte incorreu em ato ilícito do qual resultou dano ao erário. Também pende a acusação de que não se esclareceu ou detalhou os motivos da incidência da respectiva sanção ao caso concreto, conforme explicitado no excerto do embargo: Presente esse contexto, impõese desse Órgão Julgador, sob pena de nulidade do acórdão por vício de fundamentação, que esclareça, pormenorizadamente, em que medida a conduta da aqui peticionante configurou danos ao erário e quais as tais provas irrefutáveis que corroboram e autorizam essa inferência. Cabe esclarecer inicialmente que o litígio apresentado a este Colegiado delimitouse à acusação de subfaturamento dos preços nas importações realizadas pela contribuinteimportadora, mediante a utilização/instrução no/do despacho aduaneiro de documentos eivados de falsidade material e ideológica, em especial, as próprias declarações de importação DIs, e as faturas comerciais, infração esta considerada dano ao erário, com fundamento no inciso VI, do art. 105 do DecretoLei nº 37/66. A embargante indaga "em que medida a conduta da aqui peticionante configurou danos ao erário". O fundamento para a caracterização do dano ao erário é legal e de tipificação cerrada. Uma vez demonstrada na autuação fiscal as práticas ilícitas, dentre as quais a falsificação material e ideológica do principal documento de apresentação obrigatória no despacho aduaneiro a fatura comercial, bem como da própria declaração de importação por conter informações inverídicas, temse, por decorrência jurídica, a subsunção do fato à norma. Ou seja, a lei considera dano ao erário a infração relativa à mercadoria estrangeira, na importação, se qualquer documento necessário ao seu embarque ou desembaraço tiver sido falsificado ou adulterado. Reproduzo os textos legais: DecretoLei nº 37/1966: Fl. 460DF CARF MF Processo nº 19558.720210/201291 Acórdão n.º 3201004.009 S3C2T1 Fl. 461 5 Art.105 Aplicase a pena de perda da mercadoria: (...) VI estrangeira ou nacional, na importação ou na exportação, se qualquer documento necessário ao seu embarque ou desembaraço tiver sido falsificado ou adulterado; DecretoLei nº 1.455/1976: Art 23. Consideramse dano ao Erário as infrações relativas às mercadorias: (...) IV enquadradas nas hipóteses previstas nas alíneas " a " e " b " do parágrafo único do artigo 104 e nos incisos I a XIX do artigo 105, do Decretolei número 37, de 18 de novembro de 1966. (...) § 1o O dano ao erário decorrente das infrações previstas no caput deste artigo será punido com a pena de perdimento das mercadorias. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) Estes fundamentos encontramse abordados no voto vencedor do acórdão às folhas 402 e 403, os quais reproduzo excerto (grifei): Dos elementos apontados acima, podese concluir que não merecem fé as declarações prestadas pela Brazex e seu fornecedor Ideal Food (Yoyo), pois todas as constatações apresentadas e indícios levantados pela fiscalização refutam o preço praticado. O importador não demonstrou capacidade operacional e negocial para obter preços vantajosos com as reduções substanciais, vez que restou comprovado não possuir estrutura operacional, bem como não realizou compras expressivas em relação a outros importadores. Sua sede está localizada em um prédio de apartamento cujo morador é pessoa com amplos poderes para exercer a representação e sequer era sócio no período das importações auditadas. O conjunto de provas diretas e indiciárias não deixam dúvidas da falsidade material das faturas comerciais e do subfaturamento de preço, configurando fraude, nos termos do art. 72 da lei nº 4.502/64. Refutase a afirmação de que a autuação baseouse em mera estatísticas ou média de preços. Assentado nas fortes e irrefutáveis provas, legítima a acusação de falsificação material das faturas comerciais e do documento formal de importação a DI, ilícito caracterizado dano ao erário nos termos do art. 105, VI do DecretoLei nº 37/66 e sancionado com a pena de perdimento, nos termos do art. 23, §§ 1º e 3º do DecretoLei nº 1.455/76. Fl. 461DF CARF MF Processo nº 19558.720210/201291 Acórdão n.º 3201004.009 S3C2T1 Fl. 462 6 O enunciado da ementa sintetiza em um só parágrafo os fundamentos fáticos e legais para a caracterização do ilícito considerado dano ao erário: DANO AO ERÁRIO. PERDIMENTO DA MERCADORIA. MULTA SUBSTITUTIVA. Conjunto probatório colhido de forma direita e indiciária demonstra a prática de atos que à luz da legislação aduaneira configuram infrações consideradas dano ao erário, sancionadas com a multa substitutiva da pena de perdimento, com fundamento nos arts. 105, VI do DL 37/66 e 23, §§ 1º e 3º do DL 1455/76. Por fim, indaga também a embargante " quais as tais provas irrefutáveis que corroboram e autorizam essa inferência". Pois bem. Nas folhas 400 a 402 do voto vencedor foram enumerados 24 (vinte e quatro) elementos comprobatórios, diretos ou indiciários, nos quais a fiscalização sustentou suas conclusões, os quais a maioria vencedora entendeu consistentes a amparar os ilícitos apontados. Transcrevo o excerto que alude e esclarece as provas colacionadas pela autoridade fiscal: "O conjunto probatório levantado pela fiscalização referese à operações comerciais de alho no mercado mundial, no país, e entre a recorrente e seu fornecedor; ao potencial comercial da recorrente e seu procurador; aos concorrentes; aos preços do alho chinês; e aos documentos, colhidos no despacho aduaneiro e outros obtidos (importadores). Seguem os elementos apresentados pela fiscalização que se constituem o suporte fático de suas conclusões que constam do presente processo, que entendo consistentes a amparar os ilícitos desnudados: 1. O valor declarado pelo impugnante, em torno de usd 250,00, representa apenas 35% do valor médio das importações brasileiras de alho chinês no de 2011: usd 708,58 (média anual das importações); 2. As transações ocorridas no mesmo mês da operação sob suspeição, teve valor declarado 40% do valor médio declarado no mês usd 617.44: 3. Três empresas responderam por 90% das importações, conforme tabelas apresentadas às fls. 56 e seguintes; 4. O peço médio praticado pela Brazex representa cerca de 31% do preço médio regional. 5. A Brasex não é o maior importador regional, este identificado como empresa "C" na tabela comparativa nas importações regionais por quantidade; 6. Os preços baixos declarados pela Brazex teriam sido observados também em suas importações junto a outros fornecedores chineses; Fl. 462DF CARF MF Processo nº 19558.720210/201291 Acórdão n.º 3201004.009 S3C2T1 Fl. 463 7 7. A empresa funciona na residência de seu administrador, em bairro de classe média alta na cidade de Fortaleza/CE, e não possui depósito próprio para armazenagem de estoques; 8. Das 29 transações da Brazex, entre 29/05/08 a 30/12/2011, o preço médio praticado foi de usd 311/ton, com desvio padrão de usd 24, tendo sido a única empresa a jamais experimentar qualquer variação sazonal no preço do produto, não obstante as profundas oscilações de preço verificadas no período; 9. No segundo semestre de 2010, período em que teriam sido praticados preços excepcionalmente altos no mercado internacional, em razão de quebra de safra na China, a Brazex registrou transações envolvendo três fornecedores distintos, com valores declarados de usd 325/ton, o que equivalia a menos de 15% do preço FOB médio do período. O menor valor FOB declarado por outros importadores do fornecedor Ideal Food nesse período foi de usd 2.200/ton; 10. O Certificado de Classificação do alho, emitido sob a égide normativa do Ministério da Agricultura Pecuária e do Abastecimento (MAPA), classificou o produto como EXTRA, tipo ROXO, subgrupo Nobre, 100% CLASSE 7, ou seja, tratavase de alho de qualidade superior; 11. Nas folhas 270/280 demonstramse substanciais diferenças na forma e no conteúdo das invoices emitidas pelo mesmo exportador para Brazex e a empresa "Verde", sendo relevante quanto ao padrão de impressão gráfica, à identificação da Ideal Food, aos valores praticados, à assinatura, ao formato de data adotado; 12. Em curto período de tempo 19 a 23 de junho de 2011 ou seja dos dois dias que antecederam o embarque até os dois dias seguintes, foram localizadas no Siscomex 54 exportações de alho para o Brasil com embarque no mesmo porto de Qingdao. O valor médio do alho embarcado seria de usd 900 ton. com desvio padrão de usd 204 ton. sendo o valor declarado pela Brazex o menor em todos os embarques: 13. No período de 11 a 15 de julho de 2011 (considerandose os dois dias que antecederam ao embarque da mercadoria e os dois dias seguintes), foram localizadas 94 operações de exportação de alho para o Brasil, ao preço médio de usd 661/ton, com desvio padrão de usd 225/ton. Destacase que o valor informado pela Brazex pareceu imune à sazonalidade do produto (diferentemente do que se observou nas transações dos demais importadores), e novamente, foi o menor valor observado nos registros do Siscomex; 14. As faturas objeto de comparação teriam sido emitidas na mesma data, pelo mesmo exportador, relativas ao mesmo produto (normal white garlic 6cm up), transacionado na mesma quantidade, com diferença de preço de 100% e 260 %, respectivamente; 15. Pessoa representante da Ideal Food Yoyo informou à empresa "Verde" que o preço do alho, na data de 09/01/2012, seria de usd 620/ton, acrescentando que o tipo de mercadoria e embalagem seria o mesmo transacionado pela Brazex. Informou ainda que a condição de pagamento seria 20% adiantados e o restante após 25 dias da data de emissão do BL, ou na entrega dos documentos originais (DP – Documents against Payment). Yoyo apontou que possuiria cinco clientes no Brasil que poderiam atestar a qualidade de seu produto; Fl. 463DF CARF MF Processo nº 19558.720210/201291 Acórdão n.º 3201004.009 S3C2T1 Fl. 464 8 16. A Brazex por sua vez informa que o pagamento fora integral antecipado, prática pouco comum em transações de comércio internacional, face aos riscos envolvidos; 17. As duas informações são contraditórias, ao menos uma delas é inverídica, colocando sob suspeita tanto Brazex como Yoyo/Ideal Food; 18. O preço informado pela Ideal Food (usd 620) seria compatível com o preço médio verificado no último quadrimestre de 20111 (usd 656/ton), próximo ao preço médio do mês de dezembro de 2011 (usd 617,44/ton); 19. Acrescentou a autoridade fiscal que em pesquisa na internet, o site http: chnagarhc.biz chinesegarlicprice., forneceria cotações de 90% das regiões produtoras de alho da China, e na data de 19/10/2011 o preço do alho (normal white garlic 6cm UP) seria de USS 700/ton. Nos outros dias de outubro o preço do alho teria variado entre usd 655 tnl e Usd 735/ton; 20. Na mesma data de embarque da Brazex, grande rede de supermercados do Nordeste embarcara o produto usd 905,96/ton, sendo o valor médio praticado no período (excluída a Brazex) de usd 657,09/ton, com desvio padrão de usd 118,80. Observase ainda que o menor valor declarado (excluída a Brazex) seria de usd 481,35/ton, ou seja, quase o dobro do declarado pela autuada; 21. No cotejamento das faturas apresentadas pela Brazex e aquelas fornecidas no momento do despacho aduaneiro, que deveriam ser as mesmas, há divergência quanto ao layout, preenchimentos e assinaturas. A comparação entre as faturas da empresa "Verde" também revelam diferenças; 22. Intimada a apresentar cópias das declarações de exportação do fornecedor, originais dos BLs a Brazex, não o fez; 23. O reconhecimento da assinatura do exportador foi por semelhança e por pessoa diversa da autorizada – Consul ou vicecônsul; 24. A declaração produzida pelo exportador afirma a veracidade dos preços, sem a comprovação com os documentos solicitados e em contradição da realidade dos preços praticados pela exportadora com outros importadores brasileiros; Cabe registrar que todos os esclarecimentos prestados pela autuada, no curso do procedimento fiscal, com vistas a demonstrar a regularidade dos preços declarados e a higidez da documentação apresentada foram rechaçados pela autoridade fiscal no Relatório Fiscal." Entendo que em verdade a dita omissão cingese à ausência de comprovação do dano como requisito para a aplicação da pena de perdimento não encontra esteio no texto legal. O caput do art. 23 aponta para as situações que são consideradas dano ao erário e estipula a sanção o perdimento das mercadorias , e o texto não demanda condição ou demonstração da ocorrência e qual a natureza do dano. Ou seja, há um silogismo lógico que implica raciocinar como segue: (i) as infrações relacionadas nos incisos do art. 23 são Fl. 464DF CARF MF Processo nº 19558.720210/201291 Acórdão n.º 3201004.009 S3C2T1 Fl. 465 9 consideradas dano ao erário, e (ii) o dano é punível com o perdimento, (iii) logo, a prática de situação descrita no art. 23 implica o perdimento. Assim, ocorrendo a situação fática prevista no inciso IV do art. 23 do DL nº 1.455/76 inarredável está a caracterização do dano ao Erário. No caso dos autos, a fiscalização entendeu comprovada a situação fática de falsificação dos documentos do despacho aduaneiro de importação (inciso VI do art. 105, do DL nº 37/66), infração esta que se aplica a pena de perdimento (§ 1º, art. 23, do DL 1.455/76). Conclusão Caracterizada a omissão no enfrentamento da matéria suscitada pelo sujeito passivo, integrase o voto embargado para explicitar os fundamentos fáticos e legal, bem como para assentar a tese da prescindibilidade da comprovação do dano ao erário, para aplicar a pena prevista no art. 23 do DecretoLei nº 1.455/76, no caso falsificação de documento necessário ao desembaraço aduaneiro de importação. Por todo exposto, voto por acolher os Embargos de Declaração interpostos, sem efeitos infringentes. (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Fl. 465DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10380.904130/2011-19
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Nov 29 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jan 08 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 3201-001.545
Decisão: Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do Recurso em diligência.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Orlando Rutigliani Berri (suplente convocado para substituir o conselheiro Leonardo Correia Lima Macedo), Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
Relatório
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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decisao_txt : Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do Recurso em diligência. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza - Presidente (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Orlando Rutigliani Berri (suplente convocado para substituir o conselheiro Leonardo Correia Lima Macedo), Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1508; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C2T1 Fl. 193 1 192 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10380.904130/201119 Recurso nº Voluntário Resolução nº 3201001.545 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Data 29 de novembro de 2018 Assunto SOLICITAÇÃO DE DILIGÊNCIA Recorrente NORSA REFRIGERANTES LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do Recurso em diligência. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Orlando Rutigliani Berri (suplente convocado para substituir o conselheiro Leonardo Correia Lima Macedo), Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório O interessado acima identificado recorre a este Conselho, de decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Ribeirão Preto/SP. Para bem relatar os fatos, transcrevese o relatório da decisão proferida pela autoridade a quo: Trata o presente processo de Manifestação de Inconformidade interposta pela empresa NORSA REFRIGERANTES LTDA, CNPJ nº 07.196.033/000106, em contrariedade ao Despacho Decisório de fl. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 03 80 .9 04 13 0/ 20 11 -1 9 Fl. 4584DF CARF MF Processo nº 10380.904130/201119 Resolução nº 3201001.545 S3C2T1 Fl. 194 2 3983 e 3984, que não homologou o PER/DCOMP nº 29017.28381.240108.1.1.01.6975, relativo a crédito de ressarcimento de Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI do 4º Trimestre/2007. Tal Despacho Decisório é decorrente do MPF nº 0310100.2011.00310 0, o qual abrangeu os períodos a seguir relacionados, para os quais a manifestante solicita reunião dos processos. De acordo com o Despacho Decisório de fl. 3983 e 3984, o valor do crédito reconhecido foi inferior ao solicitado/utilizado em razão do(s) seguinte(s) motivo(s): a) saldo credor passível de ressarcimento inferior ao valor pleiteado. Por sua vez, a(s) glosa(s) decorreu(ram)da(s) situação(ões) a seguir: Constatação de que o saldo credor passível de ressarcimento é inferior ao valor pleiteado; Ocorrência de créditos considerados indevidos, em procedimento fiscal. Esclareçase que o Despacho Decisório foi instruído com os demonstrativos de apuração e da Informação Fiscal de fls. 4026 a 4036. A base legal do lançamento encontrase nos autos. Em 15/05/2012 (fl. 3985), a interessada foi cientificada do Despacho Decisório e, em 13/06/2012, apresentou manifestação de inconformidade (fls. 3986/4000), acompanhada dos documentos de fls. 4001/4504, na qual alega, em síntese, o quanto segue: ∙ Solicita a reunião para julgamento dos processos, abrangidos pelo MPF nº 0310100.2011.003100, relativos aos períodos 1º, 2º, 3º e 4º Trimestres/2007 e 1º, 2º e 3 Trimestres/2008; ∙ falta de fundamentação e detalhamento legal, bem como da descrição dos fatos , ausência do principio de motivação dos seus atos, motivos pelos os quais, solicita nulidade; ∙ a existência de saldo credor passível de ressarcimento, conforme RAIPI juntado aos autos, que a glosa decorreu em razão da fiscalização, ter erroneamente se utilizado de saldos incompreensíveis, requerendo todos os meios de prova, inclusive perícia e diligência; ∙ homologação tácita de compensações atreladas ao presente processo, em razão de decurso de prazo de 5 anos, do envio das DCOMPs originais; Fl. 4585DF CARF MF Processo nº 10380.904130/201119 Resolução nº 3201001.545 S3C2T1 Fl. 195 3 A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto/SP por intermédio da 8ª Turma, no Acórdão nº 1459.902, sessão de 06/04/2016, julgou improcedente a impugnação do contribuinte. A decisão foi assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/10/2007 a 31/12/2007 NULIDADE. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. Não configura cerceamento do direito de defesa quando o conhecimento dos atos processuais pelo acusado e o seu direito de resposta ou de reação encontraramse plenamente assegurados. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA POR DECURSO DE PRAZO As compensações vinculadas à PER/DCOMP original, de pleito de ressarcimento, tem como inicio da contagem prazo quinquenal a data da transmissão do PER/DECOMP do pleito de compensação, portanto, temos a inocorrência de da homologação tácita por decadência. IPI. RESSARCIMENTO. DESPACHO ELETRÔNICO. É de se manter intacto o montante deferido no despacho decisório quando a manifestação de inconformidade não logra êxito em demonstrar qualquer inconsistência no processamento eletrônico do PER DCOMP. RESSARCIMENTO DE CRÉDITOS DE IPI. SALDO CREDOR O valor do ressarcimento limitase ao menor saldo credor apurado entre o encerramento do trimestre e o período de apuração anterior ao da protocolização do pedido. ÔNUS DA PROVA. Cabe à defesa o ônus da prova dos fatos modificativos, impeditivos ou extintivos da pretensão fazendária. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Inconformada a contribuinte, apresentou recurso voluntário reiterando as mesmas matérias versadas em manifestação de inconformidade para reforma da decisão recorrida no sentido de reconhecer a nulidade do despacho decisório e o direito ao ressarcimento do saldo credor do IPI no trimestre em questão. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator Fl. 4586DF CARF MF Processo nº 10380.904130/201119 Resolução nº 3201001.545 S3C2T1 Fl. 196 4 O Recurso Voluntário atende aos requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. Consta dos autos que o litígio versa sobre o valor reconhecido do crédito ressarcível de IPI no período de apuração, que fora inferior ao solicitado. A autoridade fiscal apontou dois fundamentos para a conclusão de que consta no despacho decisório: (i) a constatação de que o saldo credor passível de ressarcimento é inferior ao pleiteado na PER/DCOMP, e (ii) a constatação, em procedimento fiscal, de créditos considerados indevidos. Todavia, a recorrente suscita em preliminar a nulidade do despacho decisório em razão de não identificar (a) a origem do saldo credor inicial do 1º Trimestre de 2007 obtido pela fiscalização, transportado do trimestre anterior, e (b) o motivo e valores das glosas, assim exposto: A Recorrente suscitou e demonstrou minuciosamente na defesa inicial que, por mais esforço que tenha feito, não conseguiu descobrir o motivo de dois fatos que alteraram consideravelmente a apuração dos saldos credores em cheque: primeiro não conseguiu identificar como a fiscalização chegou no saldo credor inicial do 1º Trimestre de 2007 (transportado do 4º Trimestre de 2006); segundo não conseguiu identificar a razão das glosas, embora tenha feito diversas tentativas oportunamente demonstradas. Aduz que neste ponto é nula igualmente a decisão recorrida pois fundamentou a higidez do despacho decisório na ausência de incompetência da autoridade administrativa e de preterição do direito de defesa, pois lhe fora assegurado tal direito. Insiste a recorrente que o cerceamento do direito de defesa não é afastado tãosó pela possibilidade recursal, mas sim no conhecimento dos cálculos dos créditos glosados e dos exatos motivos que implicaram a negativa do pleito. A recorrente relata em seu recurso as "tentativas" em elucidar os motivos da glosa ao analisar as informações que constam dos Termo de Constatação nº 01 e Termo de Informação Fiscal nº 04 e Termo de Intimação nº 04. Conclui que as glosas realizadas não foram justificadas e o saldo credor do trimestre anterior transportado para o período auditado não fora esclarecido. Pois bem, vejamos se procedentes as alegações. O saldo credor inicial do trimestre, transportado do trimestre imediatamente anterior, está informado no "Demonstrativo de Apuração do Saldo Credor Ressarcível" (demonstrativo de detalhamento do crédito anexo ao despacho decisório), coluna "b", cuja legenda esclarece que "Para o primeiro período de apuração, será igual ao Saldo Credor apurado ao final do trimestrecalendário anterior, ajustado pelos valores dos créditos reconhecidos em PERDCOMP de trimestres anteriores. Esse saldo (saldo credor inicial) não é passível de ressarcimento." Assim, o valor consignado é de R$ 2.820.233,94 que deveria corresponder aos ajustes do valor original do saldo credor no Livro de Apuração do IPI, de R$ 6.261.422,69. Fl. 4587DF CARF MF Processo nº 10380.904130/201119 Resolução nº 3201001.545 S3C2T1 Fl. 197 5 Ademais, afirma a contribuinte que no PAF 10380.903166/201177 foi reconhecido o pedido de ressarcimento de R$ 2.247.609,66 no 3º decêndio de janeiro/2007, devendo, assim, o estorno parcial ser considerado corretamente neste período. Não consta dos autos a ciência ao contribuinte de tais ajustes, bem como sua demonstração. Quanto ao desconhecimento dos motivos da glosa de créditos, a leitura do Termo de Constatação nº 01 (fls. 4.026/4.028) explicita apenas que a apuração dos créditos ressarcíveis foram obtidos das notas fiscais com código CFOP 1101 e 2101. Mais uma vez, permanece a dúvida quanto à ciência da contribuinte no tocante aos motivos e fundamentos das glosas. Por último, aduz ainda a contribuinte que em todos os trimestres havia saldo credor disponível e não houve utilização em período seguinte, o que levaria ao reconhecimento do crédito e homologação das compensações. Os pontos suscitados pela recorrente devem ser esclarecidos para a correta apreciação dos fatos à luz do direito creditório Desse modo, proponho a conversão do feito em diligência para que a Autoridade Preparadora, em face dos argumentos apresentados em sede de Recurso Voluntário, providencie o que se pede: 1. Demonstre a ciência da contribuinte no procedimento fiscal de apuração do saldo credor inicial do trimestre e das glosas de créditos efetuadas; 2. Apresente os demonstrativos de apuração do saldo credor do trimestre com os ajustes realizados; 3. Apresente os demonstrativos de glosa dos créditos no trimestre, com os motivos e seus fundamentos; 4. Houve saldo credor final de IPI apurado pelo Contribuinte no trimestre anterior? 5. Por fim, a partir das respostas anteriores e possíveis ajustes (saldo credor inicial do trimestre e/ou créditos glosados) decorrentes de acolhimento dos argumentos suscitados pela contribuinte, esclareça se no presente Processo Administrativo remanescem débitos não compensados por insuficiência de crédito. Se positivo, quais e em qual valor? A Autoridade Fiscal poderá intimar o contribuinte para apresentar documentos ou esclarecimentos que entenda necessários para o cumprimento da diligência. Após, concedase o prazo de 30 (trinta) dias ao contribuinte para se manifestar quanto ao resultado da diligência. Cumpridas as providências indicadas, deve o processo retornar ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF para prosseguimento do julgamento. (assinado digitalmente) Fl. 4588DF CARF MF Processo nº 10380.904130/201119 Resolução nº 3201001.545 S3C2T1 Fl. 198 6 Paulo Roberto Duarte Moreira Fl. 4589DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16561.720066/2011-65
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 30 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Mar 08 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/01/2007 a 30/11/2007
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. EXISTÊNCIA.
Constatada omissão no acórdão, acolhem-se os embargos de declaração, sem efeitos infringentes, para que seja sanado o vício apontado, mantendo-se a decisão embargada que conheceu do recurso apenas na parte que versa sobre a incidência dos juros de mora, para dar-lhe provimento e integrar o voto para acrescentar-lhe que os valores exigidos na presente autuação relacionam-se com o objeto do Mandado de Segurança nº 2004.61.00.020839-0.
Embargos Acolhidos
Numero da decisão: 3201-003.309
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, acolher os embargos declaratórios.
Winderley Morais Pereira - Presidente Substituto.
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade.
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/01/2007 a 30/11/2007 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. EXISTÊNCIA. Constatada omissão no acórdão, acolhem-se os embargos de declaração, sem efeitos infringentes, para que seja sanado o vício apontado, mantendo-se a decisão embargada que conheceu do recurso apenas na parte que versa sobre a incidência dos juros de mora, para dar-lhe provimento e integrar o voto para acrescentar-lhe que os valores exigidos na presente autuação relacionam-se com o objeto do Mandado de Segurança nº 2004.61.00.020839-0. Embargos Acolhidos
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decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, acolher os embargos declaratórios. Winderley Morais Pereira - Presidente Substituto. Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade.
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OMISSÃO. EXISTÊNCIA. Constatada omissão no acórdão, acolhemse os embargos de declaração, sem efeitos infringentes, para que seja sanado o vício apontado, mantendose a decisão embargada que conheceu do recurso apenas na parte que versa sobre a incidência dos juros de mora, para darlhe provimento e integrar o voto para acrescentarlhe que os valores exigidos na presente autuação relacionamse com o objeto do Mandado de Segurança nº 2004.61.00.0208390. Embargos Acolhidos Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, acolher os embargos declaratórios. Winderley Morais Pereira Presidente Substituto. Paulo Roberto Duarte Moreira Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade. Relatório Trata o presente processo de embargos de declaração opostos pelo sujeito passivo, em face do Acórdão 3201002.100, prolatado por esta Turma na sessão de 16/03/2016. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 56 1. 72 00 66 /2 01 1- 65 Fl. 1726DF CARF MF Processo nº 16561.720066/201165 Acórdão n.º 3201003.309 S3C2T1 Fl. 3 2 O acórdão embargado conheceu em parte o Recurso Voluntário e, na parte conhecida, deulhe provimento, cuja ementa foi assim redigida: CONCOMITÂNCIA ENTRE PROCESSO ADMINISTRATIVO E JUDICIAL Constatado que o processo administrativo guarda relação de identidade com o processo judicial partes, causa de pedir e pedido caracterizada a concomitância, com a consequente prevalência do processo judicial em relação ao administrativo. Aplicação da Súmula CARF n. 1. DEPÓSITO JUDICIAL DO MONTANTE INTEGRAL DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. NÃO INCIDÊNCIA DE JUROS DE MORA. Não incide juros de mora na hipótese de existência do depósito judicial do montante integral do crédito tributário em discussão. Aplicação da Súmula CARF n. 5. Cientificado da decisão, o sujeito passivo interpôs embargos de declaração, sustentando que a decisão recorrida contém contradição, como expôs: “(...) embora a Relatora tenha acertado ao mencionar que “A presente controvérsia versa sobre a incidência sobre remessas a título de pagamento por prestação de serviços da Recorrente, à sua matriz na Alemanha”, tal menção é frontalmente contraditória à decisão de afastamento das nulidades levantadas pela Embargante, pois, ao contrário da afirmação contida no voto da Relatora de que “a Recorrente ingressou com dois mandados de segurança, de n. 2010.61.00.0075961 e 2009.61.00.0232110, referentes à discussão de incidência da CIDE sobre as operações de remessa, e outro para tenha o direito de pagar o IRRF à alíquota de 15%, para efetuar o depósito judicial, sendo que com relação à ação judicial de discussão da CIDE, constatouse que vem sendo feitos os depósitos judiciais, do montante integral do crédito tributário em discussão”, a verdade material subjacente aos fatos em discussão no presente processo é que a incidência da CIDE sobre pagamentos de serviços feitos pela Embargante em favor da empresa alemã SAP AG é objeto única e exclusivamente do Mandado de Segurança nº 2004.61.00.0208390, conforme evidenciam os documentos juntados ao caso como docs. nº 4 a 6 da impugnação protocolada em 24.1.2012. A perpetuação de tal equívoco poderá gerar diversos problemas e,inconvenientes à Embargante no futuro.” No despacho de admissibilidade (fls. 1.713/1.716), atestouse a tempestividade da peça e, no mérito da análise, não se vislumbrou a propagada contradição. Contudo, constatouse o vício da omissão, pois a decisão embargada não enfrentou a arguição de nulidade da autuação em razão da errônea indicação do mandado de segurança em relação ao qual havia a concomitância. Fl. 1727DF CARF MF Processo nº 16561.720066/201165 Acórdão n.º 3201003.309 S3C2T1 Fl. 4 3 Assim, constatado que o julgado deixou de analisar questão relevante ao deslinde da do litígio, acolheuse os embargos para que o vício da omissão seja sanado. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator. Admitidos os embargos por decisão do Presidente da Turma, o processo foi a mim distribuído, o qual incluí em pauta de julgamento. Conforme relatado, os embargos foram admitidos em decorrência da omissão da decisão por não ter enfrentado a alegação de nulidade da autuação em razão da indicação errônea do mandado de segurança em relação ao qual haveria a concomitância. Nos termos do art. 65 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009 (RICARF), cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual deveria pronunciarse a Turma. O mandado de segurança nº. 2004.61.00.0208390, sobre o qual repousa a concomitância entre a ação judicial e o presente processo administrativofiscal, e alegado como sendo o correto pela contribuinte, não foi citado na decisão. Reconhece a embargante que o cerne do litígio é a concomitância entre processos judicial e administrativo cujo objeto é a incidência sobre remessas a título de pagamento por prestação de serviços da SAP Brasil, à sua matriz na Alemanha SAP AG. O vício apontado é quanto à identificação correta da medida judicial em que foram realizados os depósitos judiciais que garantem a suspensão da exigibilidade da presente autuação. Alega a embargante que o processo judicial no qual se discute a incidência da CIDE e os depósitos realizados tratase do Mandado de Segurança nº 2004.61.00.0208390, e não os Mandados de Segurança nº 2009.61.00.0232110 e 2010.61.00.0075961, como apontado pela Fiscalização na autuação. Seguindo neste raciocínio a embargante assevera que não se trata de mero equívoco fiscal, mas de vício material na autuação que ensejaria sua nulidade, pois conforme argui, "obrigou a ora Embargante a exercer seu direito de defesa sem mesmo ter a certeza dos fatos que estão sendo alegados em seu desfavor." Não vejo motivação para se decretar a nulidade do auto de infração, todavia, é certo que não houve o enfrentamento da matéria suscitada nas peças de defesa. Primeiro, ainda que se alegue a incerteza da autuação quanto aos valores lançados, a própria SAP Brasil demonstra conhecimento dos fatos e exerce em plenitude o seu direito de defesa. Fl. 1728DF CARF MF Processo nº 16561.720066/201165 Acórdão n.º 3201003.309 S3C2T1 Fl. 5 4 No Termo de Verificação Fiscal estão consignados os demonstrativos e referências às planilhas que serviram de cálculo à atuação, e a ausência de menção ao MS nº 2004.61.00.0208390 não macula o procedimento de nulidade, eis que os valores apurados encontramse calculados e apontados pela fiscalização nas planilhas às folhas 366/605, com base em elementos fornecidos pela contribuinte, a saber: planilhas discriminando remessas ao exterior, contatos de câmbio, contratos de serviço, certidões de objeto e pé, guia de depósitos. Ou seja, a partir dos documentos de propriedade da interessada foram extraídas as informações para a lavratura do auto de infração para prevenção de decadência, revelandose incompatível alegações de cerceamento de direito de defesa motivado por incerteza na alegação dos fatos afirmados pelo Fisco. Segundo, a jurisprudência deste CARF tem se manifestado no sentido que a nulidade a ser proferida necessariamente deve impor prejuízo à parte, e neste aspecto a embargante não deduz objetivamente qual a natureza do prejuízo, tãosomente exercita a possibilidade de "gerar diversos problemas e inconvenientes à Embargante no futuro" Entendo que a preocupação é com o desfecho das ações judiciais nominadas nestes autos que, na hipótese de decisões finais conflitantes e desfavoráveis, poderia acarretar prejuízo na liquidação dos valores devidos; todavia, novamente, repisase, não se configuram vícios materiais que maculam de nulidade o auto de infração. Conclusão Dessa forma, não se apresentam vícios que ensejam a nulidade suscitada, contudo devese aclarar a decisão para constar que os valores exigidos na presente autuação não guardam relação com a discussão travada nos Mandados de Segurança nº 2009.61.00.0232110 e 2010.61.00.0075961, mas sim com a discussão judicial existente no Mandado de Segurança nº 2004.61.00.0208390. Por todo exposto, voto por acolher os embargos de declaração interpostos, sem efeitos infringentes, para (i) integrar o voto acrescentandolhe que os valores exigidos na presente autuação relacionamse com o objeto do Mandado de Segurança nº 2004.61.00.0208390. Paulo Roberto Duarte Moreira Fl. 1729DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13888.004186/2009-26
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 30 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Feb 26 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2007
CRÉDITO BÁSICO. PRODUTOS INTERMEDIÁRIOS. UTILIZADOS E CONSUMIDOS DIRETAMENTE NO PROCESSO DE PRODUÇÃO. VIDA ÚTIL INFERIOR A UM ANO.
Constituem-se produtos intermediários com direito ao crédito básico do IPI os materiais utilizados e consumidos, em prazo inferior a uma ano, em razão do contato direito com o produto em elaboração e que não se identificam como partes e peças de máquinas.
Legítimo o aproveitamento do crédito básico do IPI na aquisição e utilização de telas e feltros no processo produtivo de papel, conforme Laudo Técnico, que, objetivamente, identificou a natureza e finalidade dos materiais.
Recurso Voluntário Provido
Numero da decisão: 3201-003.314
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário.
Winderley Morais Pereira - Presidente Substituto.
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade.
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2007 CRÉDITO BÁSICO. PRODUTOS INTERMEDIÁRIOS. UTILIZADOS E CONSUMIDOS DIRETAMENTE NO PROCESSO DE PRODUÇÃO. VIDA ÚTIL INFERIOR A UM ANO. Constituemse produtos intermediários com direito ao crédito básico do IPI os materiais utilizados e consumidos, em prazo inferior a uma ano, em razão do contato direito com o produto em elaboração e que não se identificam como partes e peças de máquinas. Legítimo o aproveitamento do crédito básico do IPI na aquisição e utilização de telas e feltros no processo produtivo de papel, conforme Laudo Técnico, que, objetivamente, identificou a natureza e finalidade dos materiais. Recurso Voluntário Provido Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário. Winderley Morais Pereira Presidente Substituto. Paulo Roberto Duarte Moreira Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 8. 00 41 86 /2 00 9- 26 Fl. 759DF CARF MF Processo nº 13888.004186/200926 Acórdão n.º 3201003.314 S3C2T1 Fl. 3 2 O interessado acima identificado recorre a este Conselho, de decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Ribeirão Preto/SP. Após interposição de recurso voluntário e a conversão de seu julgamento em diligência, no acórdão nº 3202000.090, sessão de 19/03/2013, para a elaboração de laudo técnico acerca da utilização de insumos no processo produtivo, a contribuinte requereu desistência parcial de seu recurso. Desse forma, este relato, e o julgamento, abrangerá tãosomente a matéria cuja parcela resta litigiosa. Por bem descrever os fatos ocorridos, até então, adoto o relatório da decisão recorrida, que transcrevo, a seguir: Tratase de exigência do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), formalizada no auto de infração de fls. 13/19, lavrado em 30/12/2009, com ciência da contribuinte na mesma data, totalizando o crédito tributário de R$ 19.888.674,70. De acordo com a descrição dos fatos de fls. 16/19 e o relatório fiscal de lançamento de fls. 22/27, houve falta de recolhimento de IPI, no período de janeiro de 2005 a dezembro de 2007, em razão das seguintes infrações constatadas: (...) 2. A contribuinte se creditou indevidamente de IPI sobre aquisições de “telas” e “feltros”, materiais que não se enquadram no conceito de insumos. Como resultado, foi reconstituída a escrita fiscal e realizado o lançamento. Inconformada com a autuação, a contribuinte protocolizou impugnação de fls. 175/200, aduzindo em sua defesa as seguintes razões: (...) 6. As telas e feltros se enquadram no conceito de insumo porque se consomem diretamente no processo produtivo, onde perdem suas qualidades físicas, pelo atrito constante e ininterrupto com o produto em fabricação; além disso, não compõe o ativo fixo, ante sua vida útil reduzida; juntou Laudo Técnico. Por fim, requer o cancelamento do auto de infração. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto/SP por intermédio da 2ª Turma, no Acórdão nº 1428.301, sessão de 07/04/2010, julgou improcedente a impugnação do contribuinte. A decisão foi assim ementada: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados IPI Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2007 Fl. 760DF CARF MF Processo nº 13888.004186/200926 Acórdão n.º 3201003.314 S3C2T1 Fl. 4 3 (...) Para que os materiais consumidos ou utilizados no processo de produção sejam caracterizados como matériaprima ou produto intermediário, fazse necessário o consumo, o desgaste ou a alteração do material, em função de ação direta exercida sobre o produto em fabricação, ou viceversa. Entendase "consumo" como decorrência de um contato físico exercido pelo material sobre o produto em fabricação ou deste sobre aquele. Inconformada com a decisão, a contribuinte apresenta recurso voluntário (fls. 554/557), no qual repisa os argumentos trazidos em sua impugnação. O recurso foi submetido a apreciação de Turma deste CARF, já extinta, que na sessão de 19/03/2013 por entender subsistir dúvidas acerca da finalidade e utilização das "telas" e dos "feltros" no processo produtivo da empresa, decidiu converter o julgamento em diligência para a realização de perícia técnica a fim de esclarecer quesitos e manifestações das partes, como segue: 1º Identificar detalhadamente as “telas” e “feltros” objeto do litígio fiscal, informando suas características técnicas, modelo, fabricante, etc... 2º Qual a finalidade das “telas” e “feltros” no processo produtivo da Recorrente?Explicar e justificar. 3º Como as “telas” e os “feltros” são utilizados no processo produtivo da Recorrente? Explicar e justificar. 4º Os dois componentes (“telas” e “feltros”) integram o produto resultante do processo produtivo? Os dois componentes são consumidos no processo produtivo? Explicar e justificar. 5º Há contato físico dos dois componentes (“telas” e “feltros”) com o produto em fabricação? Explicar e justificar. 6º O que leva ao desgaste os dois componentes (“telas” e “feltros”) e qual o tempo para que isso ocorra durante o processo produtivo (vida útil média)? Explicar e justificar. 7º Juntar fotos e catálogos técnicos dos componentes. As partes (Fisco e Recorrente), caso entendam conveniente, podem apresentar quesitos adicionais a serem respondidos pelos peritos. Desta forma, a autoridade fiscal da DRFPIRACICABA (SP) deverá intimar a Recorrente para contratar instituição de renomada reputação para realização do Laudo Técnico. Caso entenda necessário, ao término da perícia, a fiscalização poderá manifestarse sobre o Laudo Técnico elaborado. Encerrada a instrução processual a Interessada deverá ser intimada para manifestarse no prazo de 30 (trinta) dias, antes da devolução do processo para julgamento. Fl. 761DF CARF MF Processo nº 13888.004186/200926 Acórdão n.º 3201003.314 S3C2T1 Fl. 5 4 O Instituto de Pesquisa Tecnológicas IPT elaborou o Relatório Técnico nº 133 857205, datado de 30/07/2013 e subscrito por diretora e por corpo técnico (químicas) que se encontra juntado a este processo às folhas 641/698. Da leitura do laudo se extrai as informações: a. A unidade industrial da Klabin fabrica 03 (três) tipos de papel utilizados na confecção de caixas (de papelão); b. As matériasprimas (MP) são todas do tipo "aparas" ou subprodutos de papel; c. O processo constitui de fases em que há espécies de tratamentos mecânicos e térmico das MP utilizandose de variadas técnicas; d. A MP (i) sofre desagregação em água para separar fibras resultando em uma polpa que possui impurezas, (ii) é depurada em processo mecânico resultando na fibra celulósica. Esta (iii) é então refinada na etapa de fibrilação, com o objetivo de dar resistência mecânica ao papel; e. A fibra é introduzida na máquina de papel onde é distribuída sobre telas para obter forma (folha), segue para a seção de prensa, que em contato com feltros ocorre a eliminação de água e, em seguida, secada e aquecida, por meio de telas secadoras. Por fim, a folha é enrolada em forma de bobina. O laudo forneceu respostas aos quesitos elaborados pelo CARF, as quais sintetizo para apontar o que importa ao deslinde do litígio: Quesito 1: Identificação das "telas" e feltros"? "... Cada um desses componentes tem função bem definida no processo de fabricação de papel (ver resposta do próximo item) ..." Quesito 2: Qual a finalidade das "telas" e feltros" no processo produtivo? "Na máquina de papel de mesa plana do tipo usado pela Klabin Piracicaba, há telas formadoras, telas secadoras e feltros. "As telas formadoras se encontram na seção de formação da máquina de papel e, mesmo em diferentes modelos, têm como finalidade: receber a suspensão de fibras celulósicas numa consistência de cerca de 1% e promover seu desaguamento formando a folha de papel no estado úmido. Os feltros se encontram na seção de prensas da máquina de papel e, mesmo em diferentes modelos, têm como finalidade: promover a remoção de grande parte da água presente na folha úmida. A telas secadoras se encontram na seção de secagem da máquina de papel e, mesmo em diferentes modelos, têm como finalidade: auxiliar o contato da folha de papel com o cilindro secador promovendo a secagem da folha." Quesito 3: Como as "telas" e feltros" são utilizadas no processo produtivo? Fl. 762DF CARF MF Processo nº 13888.004186/200926 Acórdão n.º 3201003.314 S3C2T1 Fl. 6 5 "... Nas telas formadoras, ocorrem drenagem da água contida na suspensão de fibras e formação da folha com dupla camada ... As telas formadoras (...) promover a formação de uma folha de boa qualidade e retenção de fibras e de outros materiais adicionados à suspensão de fibras. (...) "... No processo de prensagem a remoção de água ocorre quando a folha entre dois feltros é pressionada entre os rolos superior e inferior. No setor de prensas, os fatores principais que afetam a remoção da água da folha formada são: as características dos feltros (...) (...) As propriedades técnicas dos feltros que têm influência na formação do papel são gramatura. espessura; rigidez; resistência à tração; compressibilidade; permeabilidade: resistência ao fluxo; e rigidez. (...) A folha é mantida em contato íntimo com a superfície dos cilindros por meio de telas secadoras. A máquina de papel (...) possui quarenta e três cilindros secadores, reunidos em quatro grupos (...) sendo que cada grupo possuí uma tela secadora própria. As telas secadoras melhoram o contato entre a folha de papel e a superfície do secador (...). Entre as propriedades técnicas principais das telas secadoras, estão: permeabilidade; lisura condizente com o tipo de papel produzido: resistência para suportar as tensões aplicadas; superfície e espessura tais que favoreçam a transmissão de calor; estabilidade dimensional adequada composição e estrutura capaz de resistir às condições de calor, umidade e químicas de trabalho, por um período economicamente viável de uso." Quesito 4: As "telas" e feltros" integram o produto resultante? Entendendo "integrar" como "fazer parte", então, "telas" e " feltros" não integram o produto resultante do processo produtivo, ou seja, não estão incorporados ao papel fabricado pela Klabin Piracicaba Entendendo "consumir" como "usar até o desgaste total" então os componentes "telas" e " feltros" não são consumidos no processo de fabricação de papel da Klabin Piracicaba "Telas" e "feltros" são trocados de tempos em tempos porque perdem suas características funcionais, principalmente devido a deformações na trama, surgimento de obstruções, rasgos e furos e modificações de sua superfície, principalmente na direção transversal da máquina de papel" Quesito 5: Há contato físico das "telas" e feltros" com o produto em fabricação? Fl. 763DF CARF MF Processo nº 13888.004186/200926 Acórdão n.º 3201003.314 S3C2T1 Fl. 7 6 "Há contato físico direto das "telas" e "feltros" com o produto em fabricação." Quesito 6: O que leva ao desgaste de "telas" e feltros" e qual o tempo para que isso ocorra durante o processo produtivo (vida útil média)? "Com o tempo, as telas formadora e secadora e os feltros perdem suas características funcionais, o que leva à perda de produção e afeta a qualidade do papel fabricado. Exemplos de problemas que determinam o fim da vida útil desses componentes são deformação da trama, aparecimento de furos e/ou rasgos, entupimento devido a obstruções e modificação da superfície, principalmente direção transversal da máquina de papel. A título de ilustração (...) No Quadro 3, é mostrado o número de trocas de "telas" e feltros" efetuado pela Klabin Piracicaba nos últimos anos. O Relatório do IPT também atendeu aos questionamento adicionais elaborados pela unidade de origem responsável pelo cumprimento da diligência, formulados no Termo de Intimação (fls. 631/633): b1. Detalhar a etapa do processo de produção especificando os produtos obtidos, antes e depois de passar pelos dois componentes ("telas" e "feltros") Fl. 764DF CARF MF Processo nº 13888.004186/200926 Acórdão n.º 3201003.314 S3C2T1 Fl. 8 7 b2. Se os dois componentes ("telas" e '"feltros") são partes, peças e acessórios de máquinas, especificando o tipo de máquina e sua operação. "A máquina de papel é um equipamento que, juntamente com as telas formadoras, os feltros e as telas secadoras compõe um conjunto que possibilita a fabricação do papel. A falta de qualquer elemento desse conjunto inviabiliza a fabricação do papel. Há empresas especializadas na fabricação de máquina de papel e há empresas especializadas na fabricação de "telas" e "feltros, sendo elas normalmente independentes. Se for entendido "máquina de papel" como um equipamento, então, "telas" e "feltros não são parte da máquina (entendendo como parte um elemento ou porção da máquina), não são peça da máquina (entendendo como peça um pedaço de um todo indiviso da máquina) e não acessórios da máquina (entendendo como acessório algo que se acrescenta a uma coisa, mas não é fundamental). Se for entendido "máquina de papel" como um conjunto de elementos que permite a feitura de papel, então podese dizer que "telas" e "feltros" são parte da máquina de papel, pois fazem parte do conjunto de elementos que se integram no processo de fabricação do papel." A DRF em Piracicaba/SP pronunciouse acerca do Laudo do IPT por meio do Termo de Constatação e Intimação Fiscal (fls. 699/700) manifestandose, conforme excerto transcrito: (...) Analisando o Relatório apresentado, verificamos que foram atendidas as solicitações. Fl. 765DF CARF MF Processo nº 13888.004186/200926 Acórdão n.º 3201003.314 S3C2T1 Fl. 9 8 Porém, a fiscalização mantém o seu entendimento que os materiais Telas e Feltros não se enquadram no conceito de Produtos Intermediários, conforme previsto no RIPI/2002, Art. 164, Inc I e no RIPI/2010, Art226. Inc I. Transcrevemos a seguir, parte, do Parecer Normativo CST n° 260, de 1971, que embora trate da questão de materiais refratários, espelha o pensamento sobre o caso: (...) A manifestação da recorrente encontrase às folhas 701/716, com excertos transcritos: (...) Das etapas do processo produtivo, simplificadas e relacionadas nos itens acima, cumpre destacar a 4a etapa, por ser o momento de utilização da máquina, denominada de "máquina de papel de mesa plana". Isso porque é justamente nessa 4a etapa, no âmbito da utilização da referida máquina, em que as "telas" e "feltros" são utilizados para a produção do papel. Conforme consta no item "d", essa 4a etapa é formada pelas seguintes fases: (i) formação, (ii) prensagem, e (iii) secagem. De acordo com o laudo analisado, a Requerente utiliza a "tela" do tipo "formadora" na fase (i), que possui a função de "formar a folha de papel no estado úmido"; o "feltro" na fase (ii), que possui a função de remover "grande parte da água presente na folha úmida"; e a "tela" do tipo "secadora" na fase (iii), que possui a função de "auxiliar o contato da folha de papel com o cilindro secador promovendo a secagem da folha". Ademais, o Laudo em questão atesta que as "telas" e "feltros" são substituídas ao longo do tempo em razão do desgaste sofrido Fl. 766DF CARF MF Processo nº 13888.004186/200926 Acórdão n.º 3201003.314 S3C2T1 Fl. 10 9 durante o processo produtivo e que a vida útil desses elementos não atinge 1 ano, prazo necessário para ativação. Cumpre ressaltar ainda que o Laudo apresenta a relação de respostas aos quesitos formulados e que revelamse suficientes para elucidas as dúvidas surgidas no âmbito do julgamento do PAF n° 13888.004186/200926. Por fim, o Laudo conclui que as "telas" e os "feltros" são "componentes que têm características funcionais no processo de fabricação de papel, portanto, são imprescindíveis. Eles devem ser trocados quando perdem essas características". Cabe, nesse momento, ressaltar que as "telas" e "feltros" são caracterizados como insumos do tipo produtos intermediários. Isso porque são utilizados no curso do processo produtivo e não compõem o material industrializado, como é o caso da matéria prima. Uma vez constatado que "telas" e "feltros" são produtos intermediários no contexto de produção de papel fabricado pela Requerente, passase a analisar, à luz estritamente do disposto no retro aludido Parecer Normativo CST n° 65/79, se esses insumos são passíveis de creditamento pelo IPI. A seguir argumenta a recorrente com base das respostas do laudo que todos os requisitos prescritos no Parecer Normativo CST nº 65/79 encontramse satisfeitos para que "telas" e "feltros" sejam considerados produtos intermediários consumidos no processo produtivo de obtenção de papel para fazer jus ao crédito básico do IPI nas aquisições, no tocante a: (i) não são itens do ativo imobilizado; (ii) estabelecem contato direto com o material produzido no processo; (iii) consomemse no processo produtivo; e (iv) não se caracterizam como parte ou peças de máquinas. Por fim, colacionada excertos de julgados do conselho de Contribuintes e do CARF com decisões favoráveis à concessão de crédito de IPI no tocante a insumos que se consomem ou se desgastam no processo produtivo. Manifestouse também a Fazenda Nacional por intermédio de sua Procuradoria que ao analisar as respostas do Laudo do IPT aos quesitos elaborados pelo CARF teceu suas considerações quanto às conclusões que se revelam desfavoráveis às pretensões da contribuinte: 1. Entende que a resposta ao quesito "4" foi taxativa no sentido de que " nem as telas nem os feltros se integram ao produto final e, tampouco, são consumidos no processo produtivo"; 2. O Laudo deixou de esclarecer qual é a causa do desgaste das telas e dos feltros, pois focaram apenas nas consequências do uso prolongado desses materiais; 3. O primeiro Laudo, trazido pelo contribuinte, informa ocorrer o contato físico com outros elementos do processo produtivo, mas não com os produtos em elaboração; Fl. 767DF CARF MF Processo nº 13888.004186/200926 Acórdão n.º 3201003.314 S3C2T1 Fl. 11 10 4. Depreende das informações acerca da forma de fabricação do papel, bem como da função desempenhada pelas telas e feltros que, efetivamente, constituemse partes e peças de máquinas; 5. Concluiu que as telas e feltros utilizados no processo produtivo da empresa autuada não podem ser considerados como insumos, estando correta a glosa efetuada pela fiscalização. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira Relator O Recurso Voluntário atende aos requisitos de admissibilidade razão pela qual dele tomo conhecimento. A única matéria a ser decidida é o direito à apropriação do crédito do IPI das aquisições de "telas" e "feltros" utilizados no processo produtivo de obtenção de papel pela recorrente. Para a finalidade específica de delimitar as matériasprimas, os produtos intermediários e os materiais de embalagem cujas aquisições são passíveis de integrar a base de cálculo do crédito básico do IPI, impõese a observância de sua legislação, o art. 164, inciso I, do Decreto nº 4.544/02 RIPI/02, cuja matriz legal é o art. 25 da Lei n° 4.502/1964, reproduzido: Art. 164. Os estabelecimentos industriais, e os que lhes são equiparados, poderão creditarse (Lei nº 4.502, de 1964, art. 25): I do imposto relativo a MP, PI e ME , adquiridos para emprego na industrialização de produtos tributados, incluindose, entre as matériasprimas e produtos intermediários, aqueles que, embora não se integrando ao novo produto, forem consumidos no processo de industrialização, salvo se compreendidos entre os bens do ativo permanente; O direito ao crédito é conferido apenas às aquisições de matériaprima, produto intermediário e material de embalagem, explicitandose que matériaprima e produto intermediário são bens que se integram ao produto final e, também, bens que, embora não integrem esse produto, são consumidos no processo de industrialização, desde que não pertençam ao ativo permanente. Verificase, portanto, que o dispositivo legal, em sua primeira parte, alcança apenas as matériasprimas, os produtos intermediários e os materiais de embalagem e não quaisquer insumos. No caso em questão, os bens objeto do litígio não são matériaprima ou produto intermediário que integram o produto final, tampouco se trata de material de embalagem. Necessário então verificar se, na condição de matériaprima ou produto Fl. 768DF CARF MF Processo nº 13888.004186/200926 Acórdão n.º 3201003.314 S3C2T1 Fl. 12 11 intermediário, tais bens atendem a segunda parte do dispositivo (inciso I), quais sejam, preenchem três condições cumulativas, no processo de industrialização: a) sofrer desgaste ou dano; b) decorrer esse desgaste ou dano do contato direto com o produto em fabricação, que, no caso, é o papel (ainda que em forma primária submetida às transformações); e c) não seja parte ou peça de máquina integrante do ativo permanente. No laudo realizado pelo IPT, as telas e os feltros foram plenamente identificados quanto à natureza e descrição de suas finalidades no processo produtivo de elaboração do papel. Apontouse, objetivamente, a forma em que esses materiais entram em contato físico com o produto em elaboração, neles se desgastam e o tempo de duração (vida útil) até que se tornam emprestáveis ao processo. Conquanto em algumas passagens do relatório possa aparentar certa dubiedade nas assertivas ou respostas aos quesitos, em razão da utilização de termos técnicos sem o rigor da precisão semântica de sentido, normalmente atribuído pelo direito ou da própria legislação, entendo que em todo o contexto o Laudo mantevese claro, preciso, coerente e objetivo ao caracterizar individualmente os materiais e sua utilidade no processo produtivo da recorrente. Tenho por convencido que as respostas ao quesitos e demais informações inseridas no Relatório Técnico elaborado pelo IPT dão razão aos argumentos da recorrente de que lhe assiste o direito ao crédito de IPI nas aquisições de telas e feltros utilizados no processo produtivo de obtenção do papel. Em apertada síntese do processo produtivo e utilização de telas e feltros, compreendo que esses materiais participam desde o início da produção, pois a matériaprima, após as etapas de desagregação, depuração e fibrilação é introduzida na máquina de papel onde é disposta sobre telas para se obter a forma de folha de papel, e a seguir segue para a seção de prensa, que em contato com feltros ocorre a eliminação de água e o aquecimento por meio de telas secadoras. Verificase que, com efeito, as telas e feltros sofrem desgaste no processo de industrialização do papel e trabalham em contato direto com o produto em fabricação, podendo dizer, portanto, que esse desgaste decorre do contato direto com o papel em fabricação. Cumpre também ao requisito de não se tratar de peça ou parte de máquinas, vez que telas e feltros são independentes das máquinas, seja na fabricação ou na aquisição. O quadro (fl. 659) que informa o número de trocas das telas e feltros em mais de 3 (anos) é objetivo ao indicar que a duração dos materiais é seguramente inferior ao prazo de um ano. Conclusão Diante de todo o exposto, concernente à descrição do processo produtivo da recorrente, a utilização, o contato físico direito com o produto em elaboração, e o desgaste que Fl. 769DF CARF MF Processo nº 13888.004186/200926 Acórdão n.º 3201003.314 S3C2T1 Fl. 13 12 se dá em prazo inferior a um ano, das telas e feltros, materiais esses que não se caracterizam como parte e peças de máquinas, podem ser apropriados como produtos intermediários com direito ao crédito básico do IPI na produção de papel. Portanto, voto para DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. Paulo Roberto Duarte Moreira Relator Fl. 770DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10580.727981/2013-39
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 18 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed May 16 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Ano-calendário: 2009
MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. ATO DE CONTROLE.
O Mandado de Procedimento Fiscal manifesta-se como elemento de controle interno da administração tributária e não influi na validade do lançamento, que é pautado pelos requisitos do artigo 142 do Código Tributário Nacional. Eventuais omissões ou incorreções do MPF não são causa de nulidade do auto de infração.
A ciência do sujeito passivo ao MPF e suas prorrogações se dá mediante consulta na página da RFB na Internet, com a utilização do código de acesso informado ao contribuinte no termo inicial da ação fiscal.
MATÉRIA NÃO IMPUGNADA.
Limitando-se a impugnação a questionar matéria preliminar, considera-se não impugnada a matéria de mérito que constitui o objeto do lançamento.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3201-003.657
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer em parte do recurso, apenas quanto à preliminar de nulidade por vício no Mandado de Procedimento Fiscal e, na parte conhecida, em negar-lhe provimento. Processo julgado em sessão de julgamento do dia 19/04/2018, no período da tarde.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Winderley Morais Pereira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Marcelo Giovani Vieira, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Cássio Schappo (suplente convocado).
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2009 MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. ATO DE CONTROLE. O Mandado de Procedimento Fiscal manifestase como elemento de controle interno da administração tributária e não influi na validade do lançamento, que é pautado pelos requisitos do artigo 142 do Código Tributário Nacional. Eventuais omissões ou incorreções do MPF não são causa de nulidade do auto de infração. A ciência do sujeito passivo ao MPF e suas prorrogações se dá mediante consulta na página da RFB na Internet, com a utilização do código de acesso informado ao contribuinte no termo inicial da ação fiscal. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. Limitandose a impugnação a questionar matéria preliminar, considerase não impugnada a matéria de mérito que constitui o objeto do lançamento. Recurso Voluntário Negado Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer em parte do recurso, apenas quanto à preliminar de nulidade por vício no Mandado de Procedimento Fiscal e, na parte conhecida, em negarlhe provimento. Processo julgado em sessão de julgamento do dia 19/04/2018, no período da tarde. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 72 79 81 /2 01 3- 39 Fl. 172DF CARF MF Processo nº 10580.727981/201339 Acórdão n.º 3201003.657 S3C2T1 Fl. 94 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Winderley Morais Pereira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Marcelo Giovani Vieira, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Cássio Schappo (suplente convocado). Relatório Para bem relatar os fatos, transcrevese o relatório da decisão proferida pela autoridade a quo: Contra a contribuinte identificada no preâmbulo foram lavrados os autos de infração às fls. 02/15, formalizando lançamento de ofício do crédito tributário discriminado, relativo aos períodos de apuração de 31/01 a 31/122009, incluindo juros de mora e multa proporcional, totalizando R$ 705.183,81: Segundo a descrição dos fatos dos autos de infração, que remete ao Termo de Verificação Fiscal integrante das peças acusatórias (fls. 16/20), os lançamentos decorrem de procedimento fiscal que constatou falta de declaração/recolhimento de Cofins e contribuição para o PIS sobre a receita de prestação de serviços escriturada e comprovada no documentário da empresa. Cientificada pessoalmente das exigências em 02/09/2013, a contribuinte apresentou em 30/09/2013 a petição impugnativa acostada às fls. 109/116, impugnando o feito fiscal argumentando que a fiscalização iniciada em 03/02/2012 foi concluída em 30/08/2013, após 578 dias, sem que o MPF fosse prorrogado e o contribuinte tivesse ciência formal de sua prorrogação, o que implica nulidade dos autos de infração. O argumento tem como sustentação os arts. 12, 13 e 15 da Portaria RFB nº. 4.066, de 2007, acrescentando que, a desobediência aos prazos fixados na norma posta atropela o art. 145, § 1º., da CF/88, o art. 196 do CTN e os arts. 1º e 2º da Lei nº. 9.784, de 1999, citando, ainda, em defesa de sua tese, Acórdão do então Conselho de Contribuintes que decidiu por declarar nulo o lançamento cientificado após o prazo de validade do MPFF correspondente. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Brasília/DF por intermédio da 2ª Turma, no Acórdão nº 0358.918, sessão de 31/12/2014, julgou improcedente a impugnação do contribuinte. A decisão foi assim ementada: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 31/01/2009 a 31/12/2009 Fl. 173DF CARF MF Processo nº 10580.727981/201339 Acórdão n.º 3201003.657 S3C2T1 Fl. 95 3 MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. Limitandose a impugnação a questionar questão preliminar, considerase não impugnada a matéria de mérito que constitui o objeto do lançamento. MPF. PRORROGAÇÕES. CIÊNCIA AO SUJEITO PASSIVO. A ciência do sujeito passivo ao MPF e suas prorrogações se dá mediante consulta na página da RFB na Internet, com a utilização do código de acesso informado ao contribuinte no termo inicial da ação fiscal. PIS. IMPUGNAÇÃO COMUM. Em se tratando de impugnação comum, aplicase ao lançamento da contribuição para o PIS o decidido em relação ao lançamento da Cofins. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Inconformada a contribuinte, apresentou recurso voluntário repisando os argumentos de nulidade do auto de infração decorrentes de supostas irregularidades nas alteração do MPF. Acrescentase que inovou com uma única matéria de mérito, sob o título " 2.1 DA APURAÇÃO E REVISÃO DOS CÁLCULOS APURADOS EM RELAÇÃO AO PIS E COFINS". É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator O Recurso Voluntário atende aos requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. A matéria passível de apreciação neste voto cingese apenas à questão preliminar, relativa à validade do MPF e anteriormente suscitada na impugnação, ante a impossibilidade de se analisar questões de mérito eventualmente trazidas em recurso, já fulminadas pela preclusão, como bem destacado na decisão recorrida. Conforme anteriormente relatado, a autuada pugna pela nulidade dos autos de infração impugnados, sob a alegação de que a feitura dos instrumentos desrespeitou requisito essencial à sua validade, determinado pela Portaria RFB nº. 4.066, de 2007. Limitandose à defesa a esta questão preliminar, sem atacar a matéria objeto dos lançamentos, o mérito da autuação constitui matéria incontroversa, por não haver sido expressamente Fl. 174DF CARF MF Processo nº 10580.727981/201339 Acórdão n.º 3201003.657 S3C2T1 Fl. 96 4 contestada, tornandose matéria preclusa, insuscetível de questionamento em eventual recurso voluntário, à luz do que prescreve o art. 17 do Dec. nº. 70.235, de 1972, com a redação da Lei nº. 9.532, de 1997, verbis: Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. A recorrente protesta contra a decisão recorrida de que não impugnou a matéria de mérito da autuação, a saber, o lançamento do PIS e Cofins. Os argumentos para refutar a preclusão consubstanciamse na refutação genérica da integralidade do lançamento e na ausência de concordância com os valores apurados pela fiscalização. Vejase excertos de seu recurso (fls. 148/149): 2 DO MÉRITO A recorrente discorda plenamente, o relato da pag. 3 no segundo parágrafo do acórdão, que a empresa limitouse a defesa na questão preliminar conforme premissas abaixo: (...) b) A Empresa impugnou tempestivamente o processo como um todo, de forma global, com suas argumentações lógicas e cabíveis, uma vez que o crédito tributário, consequente do ato norma de lançamento tributário, para ser alterado requer outra norma individual e concreta que invalide a norma original instituidora do crédito. Segundo o art. 145 do CTN , o lançamento regularmente notificado ao contribuinte so pode ser alterado em virtude de: "I impugnação do sujeito passivo; II recurso de ofício; III iniciativa de oficio da autoridade administrativa, nos casos previstos no art. 149. (...) d) A empresa no seu requerimento, constante na defesa inicial, requer o cancelamento do lançamento tributário, na SUA TOTALIDADE, não há em nenhum momento o reconhecimento dos valores supostamente apurados. tornando assim a matéria [sic] preculsa, a qual reproduzimos assim este significado: (...) Como se vê, a recorrente reconhece que o mérito não foi impugnado expressamente, eis que refutado no todo e genericamente, sob argumento de discordância com o valor autuado. A teor do art. 17 do PAF acima reproduzido, a matéria deve ser impugnada expressamente, precluindo o direito de fazêla em momento posterior. Facilmente constatase a ausência de contestação do mérito. Basta verificar as matérias aduzidas em impugnação e aquelas inovadas em sede de recurso voluntário. Na impugnação desenvolveu os tópicos de defesa: Fl. 175DF CARF MF Processo nº 10580.727981/201339 Acórdão n.º 3201003.657 S3C2T1 Fl. 97 5 "2. PRELIMINARES DE NULIDADES DO AUTO DE INFRAÇÃO 2.1 Extrapolado o prazo máximo para a conclusão dos trabalhos 2.2 Questões preliminares, prejudiciais c meritórias 2.3 Invocação de preliminares de nulidades absolutas (Terminativas) No requerimento final, postulou: Diante do exposto, requerse seja julgada procedente a presente impugnação ao A.I do PIS e COFINS, cancelando totalmente o presente Auto de Infração, para fins de reconhecer: 5.1 A nulidade ab initio do auto de infração, acolhendose as preliminares arguidas: a) A atuação não foi conduzida segundo padrões éticos de probidade, decoro e boafé, observando a lei e o direito, fato que venho requer a nulidade do auto de infração por flagrante desrespeito aos direitos do contribuinte, conforme exposto no item 2.1; Diante do exposto, requerse seja provida o presente impugnação, para fins de e reconhecer a ocorrência da nulidade, bem como a improcedência pelas razões de fato e de direito, do Auto de Infração da Receita Federal quanto ao direito de constituir o crédito tributário relativo ao ano base 2009. Comparando, temse que no recurso voluntário aduziu as questões: " 1 RESUMO DOS FATOS E FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA" no qual repisou os argumentos de nulidade do auto de infração decorrente das irregularidades do MPF. "2.1 DA APURAÇÃO E REVISÃO DOS CÁLCULOS APURADOS EM RELAÇÃO AO PIS E COFINS.", expondo os argumentos para o cancelamento do auto de infração de PIS/Cfins. "3. DO PEDIDO", assim enunciados: Em face às razões expendidas, requer a Recorrente que seja conhecido e processado regularmente o presente Recurso Voluntário pela competente Câmara de Julgamento desse CARF. objetivando o provimento do seu pedido, no sentido de que seja reformado o acórdão 2a Turma DRJ/BSB no. 0358.919, no sentido de reconhecer a NULIDADE e/ou improcedência do auto de infração, referente ao PIS E COFINS. Requer que seja deferida caso seja necessário, uma perícia, e que seja encaminhado administrativamente á PROCURADORIA, no sentido de que seja feita, visando dirimir dúvidas sobre tudo o quanto alegado neste Recurso, nomeadamente quanto à infração Fl. 176DF CARF MF Processo nº 10580.727981/201339 Acórdão n.º 3201003.657 S3C2T1 Fl. 98 6 do PIS e COFINS para emitir parecer opinativo, face ás argumentações e provas acostadas. Outrossim, requer no julgamento do presente recurso que seja intimado o contribuinte para que efetue sua SUSTENTAÇÃO ORAL, através de seus Profissionais, Contador e Advogado, visando dirimir dúvidas sobre tudo o quanto alegado neste Recurso. Observando as matérias e argumentos de defesa, temse que na impugnação não houve qualquer contestação expressa com razões de mérito, caracterizandose a preclusão; no recurso voluntário, o tópico "2.1" inova com os fundamentos de mérito. Destarte, reconheço a preclusão da matéria de mérito inovada em sede de recurso voluntária. Passo ao enfrentamento da única matéria suscitada em impugnação para a qual houve recurso voluntário. Nulidade do Auto de Infração irregularidade no MPF Em sede de impugnação a contribuinte alega a nulidade do auto de infração em razão de irregularidade na prorrogação e validade temporal do MPF nº 05.01.002011 008410, emitido em 03/02/2012. Continua sua argumentação sustentando que a teor do art. 9º da Portaria RFB nº 3.014/2014, que regula o Procedimento Fiscal, as alterações no Mandado decorrentes de prorrogação devem ser cientificadas ao contribuinte nos termos do parágrafo único do art. 4º da mesma Portaria. Reproduzse o dispositivos: Art. 4 º O MPF será emitido exclusivamente na forma eletrônica e assinado pela autoridade emitente, mediante a utilização de certificado digital válido, conforme modelos constantes dos Anexos de I a III desta Portaria. Parágrafo único. A ciência do MPF pelo sujeito passivo darseá no sítio da RFB na Internet, no endereço < http://www.receita.fazenda.gov.br >, com a utilização de código de acesso consignado no termo que formalizar o início do procedimento fiscal. De pronto, de se ver que não assiste qualquer razão à recorrente. A ciência não é formal, mas sim mediante consulta com o código acesso no sítio da Receita Federal, no endereço eletrônico informado no próprio dispositivo. Não se exige qualquer procedimentos fiscal para cientificar o contribuinte acerca do MPF; é providência a cargo do interessado. Igualmente, inexiste irregularidade nas prorrogações de forma que pretensamente restaria o procedimento fiscal desamparado de MPF. Fl. 177DF CARF MF Processo nº 10580.727981/201339 Acórdão n.º 3201003.657 S3C2T1 Fl. 99 7 No procedimento fiscal, o MPF foi regularmente prorrogado (fl. 131) estando vigente até a data de ciência no auto de infração (03/09/2013), conforme imagem: Ressaltase, conquanto houvesse irregularidade na prorrogação do MPF não estaria maculado o auto de infração. É pacífico nas Turmas deste Conselho que eventuais irregularidades formais ou materiais no MPF não são passíveis de nulidade do procedimento fiscal ou auto de infração, mormente em virtude de ausência de prejuízo à parte. Fl. 178DF CARF MF Processo nº 10580.727981/201339 Acórdão n.º 3201003.657 S3C2T1 Fl. 100 8 Ademais, o MPF é instrumento de controle interno de procedimentos fiscais e em nenhum momento limita ou condiciona o lançamento efetuado pela autoridade fiscal, desde que atendidos os pressupostos de validade do art. 142 do CTN. Nesta turma, o entendimento é unânime, como exarado no acórdão nº 3201 003.146, sessão de 25/09/2017, de relatoria do conselheiro Windereley Morais Pereira: MPF. AUSÊNCIA DE NULIDADE. O Mandado de Procedimento Fiscal MPF é instrumento de controle administrativo e de informação ao contribuinte. Eventuais omissões ou incorreções do MPF não são causa de nulidade do auto de infração. A discussão acerca do MPF de que trata estes autos foi enfrentada por Turma deste CARF em processo que decorreu de mesmo procedimento fiscal em face de ISOREL LOCACAO E SERVICOS LTDA.. Tratase do PAF nº 10580.727986/201361, julgado em 21/01/2016, acórdão nº 1201001.289, que recebeu a seguinte ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária Anocalendário: 2009 Ementa: MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. ATO DE CONTROLE. O Mandado de Procedimento Fiscal manifestase como elemento de controle interno da administração tributária e não influi na validade do lançamento, que é pautado pelos requisitos do artigo 142 do Código Tributário Nacional. Na ocasião a Turma decidiu por unanimidade de voto negar provimento ao recurso voluntário afastandose "todas as alegações de nulidade suscitadas pela Recorrente, com fundamento na invalidade dos lançamentos por supostos vícios decorrentes do Mandado de Procedimento Fiscal mencionado neste processo, restando também prejudicadas eventuais questões de mérito, por força do disposto no artigo 17 do Decreto n. 70.235/72." Conclusão Diante de todo o exposto, VOTO para conhecer do recurso exclusivamente quanto à preliminar de nulidade por vício no Mandado de Procedimento Fiscal e NEGARLHE PROVIMENTO. Paulo Roberto Duarte Moreira Fl. 179DF CARF MF Processo nº 10580.727981/201339 Acórdão n.º 3201003.657 S3C2T1 Fl. 101 9 Fl. 180DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10875.001926/00-97
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu May 24 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jun 25 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/01/1990 a 31/01/1992
FINSOCIAL. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. TERMO INICIAL DO PRAZO PARA REPETIÇÃO DE INDÉBITO. PAGAMENTO. LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005.
O prazo para repetição de indébito, para pedidos formulados até 08 de junho de 2005, é de 10 anos, contados da ocorrência do fato gerador do tributo pago indevidamente ou a maior que o devido (tese dos 5 + 5), conforme jurisprudência pacífica do STJ e STF, com a inconstitucionalidade parcial do art. 4º da LC nº 118/2005.
Assunto: Outros Tributos ou Contribuições
Período de apuração: 01/01/1990 a 31/01/1992
FINSOCIAL. RESTITUIÇÃO. COMPROVAÇÃO. DARF E GUIAS DE DEPÓSITO JUDICIAL. TRANSITO EM JULGADO DE AÇÃO JUDICIAL. ÔNUS DO CONTRIBUINTE
Vedada a restituição de indébito cujo provimento judicial favorável não restar comprovado com as peças judiciais e o trânsito em julgado de respectivas ações.
É ônus do contribuinte comprovar o direito creditório informado em pedidos de restituição suportados em DARFs e Guias de Depósitos Judiciais.
Numero da decisão: 3201-003.724
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/01/1990 a 31/01/1992 FINSOCIAL. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. TERMO INICIAL DO PRAZO PARA REPETIÇÃO DE INDÉBITO. PAGAMENTO. LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005. O prazo para repetição de indébito, para pedidos formulados até 08 de junho de 2005, é de 10 anos, contados da ocorrência do fato gerador do tributo pago indevidamente ou a maior que o devido (tese dos 5 + 5), conforme jurisprudência pacífica do STJ e STF, com a inconstitucionalidade parcial do art. 4º da LC nº 118/2005. Assunto: Outros Tributos ou Contribuições Período de apuração: 01/01/1990 a 31/01/1992 FINSOCIAL. RESTITUIÇÃO. COMPROVAÇÃO. DARF E GUIAS DE DEPÓSITO JUDICIAL. TRANSITO EM JULGADO DE AÇÃO JUDICIAL. ÔNUS DO CONTRIBUINTE Vedada a restituição de indébito cujo provimento judicial favorável não restar comprovado com as peças judiciais e o trânsito em julgado de respectivas ações. É ônus do contribuinte comprovar o direito creditório informado em pedidos de restituição suportados em DARFs e Guias de Depósitos Judiciais.
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PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. TERMO INICIAL DO PRAZO PARA REPETIÇÃO DE INDÉBITO. PAGAMENTO. LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005. O prazo para repetição de indébito, para pedidos formulados até 08 de junho de 2005, é de 10 anos, contados da ocorrência do fato gerador do tributo pago indevidamente ou a maior que o devido (tese dos 5 + 5), conforme jurisprudência pacífica do STJ e STF, com a inconstitucionalidade parcial do art. 4º da LC nº 118/2005. ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Período de apuração: 01/01/1990 a 31/01/1992 FINSOCIAL. RESTITUIÇÃO. COMPROVAÇÃO. DARF E GUIAS DE DEPÓSITO JUDICIAL. TRANSITO EM JULGADO DE AÇÃO JUDICIAL. ÔNUS DO CONTRIBUINTE Vedada a restituição de indébito cujo provimento judicial favorável não restar comprovado com as peças judiciais e o trânsito em julgado de respectivas ações. É ônus do contribuinte comprovar o direito creditório informado em pedidos de restituição suportados em DARFs e Guias de Depósitos Judiciais. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 87 5. 00 19 26 /0 0- 97 Fl. 259DF CARF MF Processo nº 10875.001926/0097 Acórdão n.º 3201003.724 S3C2T1 Fl. 260 2 (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório O interessado acima identificado recorre a este Conselho, de decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Campinas/SP. Por bem descrever os fatos ocorridos, até então, adoto o relatório da decisão recorrida, que transcrevo, a seguir: Em 15/06/2000 a contribuinte em epígrafe protocolou o pedido de fl. 01, pelo qual pleiteia a restituição de R$ 2.750.262,77 relativos ao Finsocial apurado no período de janeiro de 1990 a janeiro de 1992, conforme planilha de fl. 07. Cópias dos DARFs que subsidiam o pedido foram juntadas às fls. 08/28, assim como comprovantes de depósitos judiciais de fls. 29/32. Na peça que acompanha o Pedido, fls. 02/03, a contribuinte requer a restituição e compensação do FINSOCIAL com COFINS, vencido, caso haja em época, e com COFINS a pagar, por se tratar de empresa comercial, de acordo com seu objetivo social, conforme consta em cópia anexa do Contrato Social [...] tendo em vista tratarse de matéria transitada em julgado e de acordo com o acórdão, o acréscimo que excede 0,5 do FINSOCIAL, no período de 01/90 a 03/92, é plenamente compensável e tratase de matéria normatizada pela IN/SRF 032/97, solicita o imediato aproveitamento do crédito através de compensação e o reconhecimento dos cálculos ora apresentados. No curso do exame do pedido, o chefe do Serviço de Controle e Acompanhamento Tributário (Secat) da Delegacia de origem, em expediente de fl. 122, anota que pesquisa no TRF da 3ª Região (fls. 105/121), apontou que a interessada figura como pólo ativo em vários processos referentes ao Finsocial. Mediante a intimação de fls. 124, datada de 11/05/2005, solicitouse da contribuinte a apresentação, no prazo de dez dias, da documentação relacionada à demanda judicial (cópias de sentença, votos, acórdãos, trânsito em julgado e certidão de objeto e pé). A interessada, em 13/06/2005, solicitou prazo adicional de trinta dias para cumprir o solicitado. Em 22/10/2005, o chefe do Seort da Delegacia local, acatando parecer de fls. 127/130, decidiu pelo não reconhecimento do direito creditório pleiteado. Como fundamento ao indeferimento do pedido, a autoridade relacionou (i) a expiração do prazo Fl. 260DF CARF MF Processo nº 10875.001926/0097 Acórdão n.º 3201003.724 S3C2T1 Fl. 261 3 para a formulação do pleito de restituição em razão do transcurso de mais de cinco anos da data dos pagamentos supostamente indevidos; (ii) a renúncia à discussão da matéria na esfera administrativa em razão da instauração de ação judicial e (iii) a ausência de documentação que comprove o trânsito em julgado do crédito em favor do sujeito passivo, condição para o reconhecimento de direito creditório ou efetivação de compensação na esfera administrativa. Cientificada da decisão em 29/12/2005, em 23/01/2006 a contribuinte protocolou a Manifestação de Inconformidade de fls. 135/144, na qual alega, em suma, que o pleito de restituição foi formalizado dentro do prazo de cinco anos contados dos atos administrativos que reconheceram o caráter indevido do Finsocial cobrado com excesso de alíquota, a saber, a Instrução Normativa SRF nº 31, de 1997 e nº 006, de 2000. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Campinas/SP, por intermédio da 3ª Turma, no Acórdão nº 0519.425, sessão de 24/09/2007, julgou improcedente a manifestação de inconformidade do contribuinte. A decisão foi assim ementada: ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Período de apuração: 01/01/1990 a 31/01/1992 RESTITUIÇÃO DE INDÉBITO. EXTINÇÃO DO DIREITO. AD SRF 96/99. VINCULAÇÃO. Consoante Ato Declaratório SRF 96/99, que vincula este órgão, o direito de o contribuinte pleitear a restituição de tributo ou contribuição pago indevidamente extinguese após o transcurso do prazo de cinco anos, contados da data do pagamento, inclusive nos casos de tributos sujeito à homologação ou de declaração de inconstitucionalidade. RESTITUIÇÃO. GUIAS DE DEPÓSITO JUDICIAL. Depósitos judiciais são valores administrados pela Justiça Federal e somente o juízo competente pode cogitar da sua destinação como renda da União ou autorizar o levantamento pelo depositante. O acórdão recorrido enfrentou a única matéria de defesa versada na manifestação de inconformidade para ao final não reconhecer o direito creditório, indeferindo o pedido de restituição do Finsocial, por estar extinto o direito em razão do transcurso de prazo de mais de 5 (cinco) anos entre as datas do recolhimento e do pedido. Quanto às guias de depósitos judiciais (fls. 29/32) o voto condutor sustentou a falta de competência para o Colegiado se pronunciar pois são atinentes à esfera Judicial e não passíveis de restituição ou compensação. Cientificada da decisão de primeira instância, a contribuinte interpôs Recurso Voluntário no qual repisa o mesmo texto de sua impugnação, acrescentando tãosó argumento no sentido de que não há que se invocar a Lei Complementar nº 118/2005 para advogar o Fl. 261DF CARF MF Processo nº 10875.001926/0097 Acórdão n.º 3201003.724 S3C2T1 Fl. 262 4 entendimento de que o prazo de restituição seria de 5 anos (e não "5 mais 5") após o pagamento. De se atentar que a matéria prescrição do prazo para repetição do indébito fora a única suscitada no recurso voluntário, nenhum argumento de defesa foi desenvolvido acerca das ações judiciais. Submetido a julgamento, em Turma extinta deste CARF, na sessão de 21/05/2009, decidiu seus conselheiros em converter o julgamento em diligência para que a Unidade de Origem intimasse a contribuinte a apresentar cópias das iniciais, decisões prolatadas, certidões de trânsito em julgado e narratórias dos processos judiciais possuídas sobre o tema. O relator fundamentou sua proposta por entender a imprescindibilidade dos documentos à vista de guias de depósitos judiciais apresentados para os quais se pleiteiam o crédito a ser restituído e que, até aquele momento, conquanto intimada, a contribuinte quedou se inerte. Cumprida a diligência na Unidade de Origem, a recorrente apresentou apenas cópias de extrato de consulta processual na página da internet da Justiça Federal de 1º grau de São Paulo, a qual, com os argumentos de pesquisa fornecidos, o resultado não apresentou qualquer ação judicial cujo assunto seja "FINSOCIAL". O resultado encontrase às folhas 239 a 254. No requerimento de apresentação dos extratos de consulta processual, a recorrente assim se manifestou (fl. 231): Vale dizer, nada obstante a informação do Fisco sobre os referidos processos judiciais, em realidade esses indigitados feitos, e com a devida vênia, não constam dos registros da Intimada, muito menos na base de dados do Tribunal Federal (docs. 04/05). Neste desenrolar a diligência fiscal resta despicienda, devendo ser reenviada ao Conselho para posterior julgamento do Recurso, não sem antes certificarse que não existe qualquer prejudicialidade à instância administrativa por inexistência de concomitância de ação judicial a este processo. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator O Recurso Voluntário atende aos requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. No seu recurso, a contribuinte repisa sua impugnação contestando apenas a manutenção do despacho decisório no tocante à caducidade de seu direito à repetição do indébito. Fl. 262DF CARF MF Processo nº 10875.001926/0097 Acórdão n.º 3201003.724 S3C2T1 Fl. 263 5 Mais a mais, como bem apontado na decisão da DRJ, a contribuinte não contestou os dois outros fundamentos de indeferimento do Pedido de Restituição, a saber, (a) a renúncia à discussão na esfera administrativa em razão de impetração de ação judicial e (b) falta de comprovação do trânsito em julgado de decisão que confirmasse o crédito do sujeito passivo frente à Fazenda Pública. Importa inicialmente fixar algumas premissas: 1. Embora no requerimento inicial fazse referência à compensação com débitos de Cofins, não se trata de tal pedido, apenas de restituição, uma vez que não há requerimento formalizado em tal sentido com a indicação dos débitos a serem quitados com o pretenso direito creditório. 2. Ainda na esteira do exposto anteriormente, não se tem notícia nos autos de que a contribuinte tenha efetuada a compensação nos termos previsto no art. 66 da lei nº 8.383/1991 e preconizada no art. 14 da IN SRF nº 21/1997, a qual permitia a compensação independentemente de requerimento autocompensação escritural , cumpridas as demais exigências e limitações ao procedimento. 3. O direito creditório tem por fundamento a inconstitucionalidade da majoração de alíquota do FINSOCIAL superior a 0,5%, para as empresas comerciais e mistas, que foi declarada, ainda que em controle difuso, pelo STF no RE nº 150.764/PE, decisão publicada em 16/02/1993, e reconhecida pela Administração na edição da MP nº 1.110/95, publicada a 31/08/1995, conferindo, assim, efeito erga omnes à decisão da Suprema Corte exarada em sede de Recurso Extraordinário, com efeito inter partes. Com essa introdução, entendo que o litígio versaria apenas quanto à matéria decadência (ou prescrição, para outros) do direito à repetição do indébito. Contudo não se pode ignorar o julgamento anterior em que o colegiado, por unanimidade de votos, decidiu convertêlo em diligência justamente para conceder uma nova oportunidade ao contribuinte a trazer aos autos as peças processuais de suas Ações Judiciais no tocante ao Finsocial para comprovar seu direito creditório ou demonstrar inexistência de óbice, tendo em vista estar patente a existência de tais Ações. Assim, em homenagem ao princípio da verdade material, pois inconteste a existência de ações judiciais acerca de Finsocial em que a contribuinte seja parte, o presente voto enfrentará duas matérias: (i) a decadência (ou prescrição, para outros) do direito à repetição do indébito, e (ii) a natureza das ações judiciais apontadas nos autos, que versam sobre o Finsocial e que implicariam a concomitância de objeto entre os processos judicial e administrativo e/ou comprovariam ou não o direito ao crédito. Prescrição do pedido de restituição O pedido de restituição foi inicialmente analisado pela DRF em Guarulhos/SP que o indeferiu sob o fundamento de que na data da sua formalização o direito da interessada repetir os indébitos reclamados encontravase alcançado pela decadência, nos termos dos arts. 150 § 4º, 165, I e 168, I, do CTN observado o disposto no Ato Declaratório SRF n° 96/1999, conforme consta do Despacho Decisório nº 319/2005 (fls. 117/120). Firmou se então o Fisco na tese de que o pedido de restituição deve se dar dentro do prazo de 5 anos do pagamento indevido ou a maior. Fl. 263DF CARF MF Processo nº 10875.001926/0097 Acórdão n.º 3201003.724 S3C2T1 Fl. 264 6 A manifestação de inconformidade interposta contra aquela decisão foi julgada improcedente pela DRJ, sob o mesmo fundamento legal no qual a DRF exarou o despacho decisório recorrido, ou seja, o indébito estava alcançado pela decadência. Irresignada, a contribuinte interpôs recurso voluntário, requerendo a reforma da decisão a quo, para que lhe fosse deferida a restituição dos valores pleiteados sob fundamento de que o pedido foi formalizado dentro do prazo de 5 (cinco) anos contados do ato administrativo que reconheceu o caráter indevido de Finsocial, outrossim, não se aplicaria o entendimento esposado de que a Lei Complementar nº 118/2005 determinou o prazo de restituição em 5 anos (e não "5 mais 5") após o pagamento. A tese da contribuinte é pois que o direito à repetição do indébito é de 5 anos a contar do ato estatal de reconhecimento da inconstitucionalidade (no caso, entende ser as INs 31/97 e 06/00). A matéria gerou ampla controvérsia na jurisprudência do Poder Judiciário e deste Conselho. As teses defendidas pelo fiscalização/DRJ e pelo contribuinte eram acolhidas na doutrina e em decisões administrativas e judiciais; todavia, atualmente, encontrase pacificada em ambas as esferas e as duas teses superadas. É verdade que prevalecera fortemente a tese de que o termo inicial do prazo para a repetição do indébito era a data do pagamento do tributo, sobretudo após a edição da Lei complementar nº 118/2005, verbis: Art. 3º Para efeito de interpretação do inciso I do art. 168 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional, a extinção do crédito tributário ocorre, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento do pagamento antecipado de que trata o § 1o do art. 150 da referida Lei. Art. 4º Esta Lei entra em vigor 120 (cento e vinte) dias após sua publicação, observado, quanto ao art. 3o, o disposto no art. 106, inciso I, da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional. No entanto, o STJ firmou entendimento de que o preceito da parte final do art. 4º da LC nº 118/2005, encontrase maculado por vício de inconstitucionalidade, não se cogitando na aplicabilidade retroativa do disposto no artigo 3°, consoante esculpido Recurso Especial nº 1.002.932/SP. Em síntese, posicionouse aquele Tribunal no sentido de que, no caso de repetição de indébito de tributo sujeito ao lançamento por homologação, o prazo prescricional para protocolizar o pedido, após o advento da LC n° 118/05, contase da seguinte forma: 1) Pedidos efetuados antes da LC 118/2005 (até 08/06/2005) – Prazo de 10 (dez) anos – tese dos "5 + 5", contados da ocorrência do fato gerador, limitado ao período máximo de cinco anos a contar da vigência da lei nova; 2) Pedidos realizados após a vigência da LC 118 (09/06/2005) – Prazo de 05 (cinco) anos a contar da data do pagamento indevido; Corroborando a posição do STJ, o Supremo Tribunal Federal, pacificou a matéria, ratificando a inconstitucionalidade da parte final do artigo 4° da LC n° 118/2005, Fl. 264DF CARF MF Processo nº 10875.001926/0097 Acórdão n.º 3201003.724 S3C2T1 Fl. 265 7 mantendo, portanto, o prazo prescricional com base na tese dos 5 + 5 para nos casos de recolhimentos indevidos ocorridos anteriormente à vigência do aludido diploma legal. Sua decisão foi exarada no Recurso Extraordinário n° 566.621/RS, julgado sob a sistemática do rito previsto no artigo 543B do antigo Código de Processo Civil. A ressalva imposta pelo STF foi de que a LC nº 118/05 poderá ser aplicado às "ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005." Aos julgadores do CARF impõese a aplicação do que restar decidido pelo STJ e STF na sistemática do arts. 543B e 543C, do antigo CPC, a teor do que prescreve o disposto no caput do art. 62 da Portaria MF nº 343/2015 RICARF1 Com base nesse entendimento, tendo em vista os recolhimentos antes da vigência da Lei Complementar n° 118/2005, e considerando que o Pedido de Restituição foi apresentado em 15/06/2000, temse que, relativamente a fatos geradores ocorridos no período de junho/1990 a janeiro/1992, a título de Contribuição para o FINSOCIAL, não foram alcançados pela prescrição, portanto, se confirmado o recolhimento a maior, os valores apurados são passíveis de restituição ou compensação. Outra sorte não goza os recolhimentos pertinentes aos fatos geradores ocorridos entre janeiro/1990 a maio/1990, pois ultrapassado o prazo decenal para o exercício do direito à repetição do indébito. Ações Judiciais Finsocial A existência de ações judiciais em que a recorrente seja parte e versam sobre o Finsocial é inconteste, conquanto a contribuinte neguea. O primeiro documento colacionado aos autos que dão conta de Ação Judicial acerca do Finsocial foi da própria contribuinte. Tratase de uma cópia de petição endereçada ao Juiz da 20ª Vara Federal em São Paulo, com referência ao processo 9107208677 (fl. 22), com requerimento de juntada de demonstrativo de faturamento do mês de janeiro de 1992, período este cujo pretenso valor recolhido ou depositado integra a planilha demonstrativa dos valores que se pede restituição. Nos autos, em dois momentos a contribuinte nega peremptoriamente a existência desta e quaisquer outras Ações Judiciais sobre Finsocial: (i) à folha 09 consta "DECLARAÇÃO" assinada por diretor comercial declarando em relação ao Pedido de Restituição "... que o respectivo valor não foi restituído e nem será formulado pedido de 1 Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: (...) II que fundamente crédito tributário objeto de: (...) b) Decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária; (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) Fl. 265DF CARF MF Processo nº 10875.001926/0097 Acórdão n.º 3201003.724 S3C2T1 Fl. 266 8 restituição, e ainda, que o mesmo não está sendo questionado administrativamente e nem encontrando sob judice."; posteriormente, (ii) na resposta à intimação para atender à diligência informa "... Vale dizer, nada obstante a informação do Fisco sobre os referidos processos judiciais, em realidade esses indigitados feitos, e com a devida vênia, não constam dos registros da Intimada, muito menos na base de dados do Tribunal Federal (docs. 04/05)." Na tentativa de "comprovar" a inexistência de ações judiciais sobre Finsocial, a contribuinte traz em atendimento à diligência cópias de extrato de consulta também efetuada na JF/SP, mas que em razão do argumento de pesquisa informado estranhamente, o do número do CPF (de quem?) e de autor , o resultado fora 3 ações com objetos distintos de Finsocial. Outra pesquisa, também com o argumento "CPF" e na condição de autor ou réu, retornou 29 processos, dos quais 16 referemse à execução fiscal, e os 13 restantes de assuntos diversos, porém, nenhum acerca do Finsocial. Com tais informações, a recorrente entende por comprovado a inexistência de quaisquer ações judiciais da qual seja parte que verse sobre Finsocial Verificase da Planilha demonstrativa dos valores que a recorrente pede restituição a indicação dos períodos de nov/91, dez/91 e jan/92, com as respectivas Guias de Depósitos Judiciais (fls. 29/31), como pretensa prova de recolhimento indevido para restituição. Pois bem, em que pese a declaração firmada (fl. 09) "sob as penas previstas em Lei" no tocante ao compromisso de que nenhum dos valores consignados no Pedido não seriam, nem foram, objeto de restituição em pedido distinto, tampouco de questionamento administrativo ou judicial, a situação fática e verdadeira é outra: esses mesmos períodos/valores foram objeto de pedido análogo de restituição formalizado no processo nº 10875.004023/0002, no qual formalizou Pedido de Restituição, protocolizado em 27/11/2000, com planilha (fl. 09) e Guias de Depósito Judiciais (fls. 10/15) de idênticos valores e todos com mesma petição endereçadas ao Juiz da 20ª Vara Federal/SP, no mesmo processo nº 91 07208677. Como se vê, resta comprovado a existência de Ações Judiciais cujo pedido imediato é a restituição do indébito do Finsocial até o mês de janeiro/1992, que para efeitos de possível restituição em processo administrativo carece da comprovação do reconhecimento e a concessão do direito creditório por meio da prolação de sentença/acórdão do Poder Judiciário, com o atributo de definitividade, ou seja, com seu trânsito em julgado. In casu, a recorrente não comprovou a concessão do direito creditório, nem o trânsito em julgado das Ações Judiciais pertinentes que tratam de restituição de valor supostamente pago a maior tal como ressaltado alhures que em resumo, ônus do qual não se desincumbiu. Conclusão A ausência das peças judiciais requeridas e não apresentadas na baixa para diligência são suficientes à negativa de provimento ao recurso voluntário, assim como a constatação da autoridade administrativa prolatora do despacho decisório caracterizouse fundamento ao indeferimento do Pedido de Restituição. Fl. 266DF CARF MF Processo nº 10875.001926/0097 Acórdão n.º 3201003.724 S3C2T1 Fl. 267 9 Ademais e ao final, irrelevante ao deslinde do litígio a decisão proposta em relação à prescrição dos indébitos do Finsocial pois superada pela falta de comprovação do trânsito em julgado de decisão que confirmasse o crédito do sujeito passivo frente à Fazenda Pública. Por tudo ante exposto, voto para NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário em razão da falta de comprovação da concessão do direito creditório, bem como o trânsito em julgado das Ações Judiciais pertinentes. Paulo Roberto Duarte Moreira Fl. 267DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15586.720190/2016-94
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu May 24 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jun 25 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/06/2013 a 31/12/2014
REDUÇÃO DE ALÍQUOTA. SERVIÇOS REGULARES DE TRANSPORTE COLETIVO RODOVIÁRIO DE PASSAGEIROS.
A redução a zero da alíquota da Contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS restringe-se às receitas decorrentes dos serviços regulares de transporte coletivo municipal rodoviário de passageiros e também intermunicipais quando esses serviços últimos forem prestados no território de região metropolitana regularmente constituída, ou, a partir da Lei 13.042, de 13/11/2014 (DOU 14/11/2014), quando se tratar de transporte público coletivo intermunicipal de caráter urbano, assim considerado o serviço de transporte público coletivo entre Municípios que tenham contiguidade nos seus perímetros urbanos.
O benefício fiscal não alcança, assim, as receitas derivadas de linhas de transporte coletivo intermunicipal que não atenda tais condições, ainda que utilizados veículos com características de transporte urbano definidas em Lei Estadual ou ainda que sirva a usuários em trechos intermediários, menores do que a distância entre os pontos inicial e final em municípios distintos.
Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/06/2013 a 31/12/2014
REDUÇÃO DE ALÍQUOTA. SERVIÇOS REGULARES DE TRANSPORTE COLETIVO RODOVIÁRIO DE PASSAGEIROS.
Aplica-se ao lançamento da Contribuição para COFINS o decidido em relação ao PIS/Pasep lançada a partir da mesma matéria fática.
Numero da decisão: 3201-003.729
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. Votou pelas conclusões o conselheiro Leonardo Vinicius Toledo de Andrade. Manifestou intenção de apresentar declaração de voto o conselheiro Pedro Rinaldi de Oliveira Lima.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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SERVIÇOS REGULARES DE TRANSPORTE COLETIVO RODOVIÁRIO DE PASSAGEIROS. A redução a zero da alíquota da Contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS restringese às receitas decorrentes dos serviços regulares de transporte coletivo municipal rodoviário de passageiros e também intermunicipais quando esses serviços últimos forem prestados no território de região metropolitana regularmente constituída, ou, a partir da Lei 13.042, de 13/11/2014 (DOU 14/11/2014), quando se tratar de transporte público coletivo intermunicipal de caráter urbano, assim considerado o serviço de transporte público coletivo entre Municípios que tenham contiguidade nos seus perímetros urbanos. O benefício fiscal não alcança, assim, as receitas derivadas de linhas de transporte coletivo intermunicipal que não atenda tais condições, ainda que utilizados veículos com características de transporte urbano definidas em Lei Estadual ou ainda que sirva a usuários em trechos intermediários, menores do que a distância entre os pontos inicial e final em municípios distintos. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/06/2013 a 31/12/2014 REDUÇÃO DE ALÍQUOTA. SERVIÇOS REGULARES DE TRANSPORTE COLETIVO RODOVIÁRIO DE PASSAGEIROS. Aplicase ao lançamento da Contribuição para COFINS o decidido em relação ao PIS/Pasep lançada a partir da mesma matéria fática. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 58 6. 72 01 90 /2 01 6- 94 Fl. 919DF CARF MF Processo nº 15586.720190/201694 Acórdão n.º 3201003.729 S3C2T1 Fl. 920 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. Votou pelas conclusões o conselheiro Leonardo Vinicius Toledo de Andrade. Manifestou intenção de apresentar declaração de voto o conselheiro Pedro Rinaldi de Oliveira Lima. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório Para bem relatar os fatos, transcrevese o relatório da decisão proferida pela autoridade a quo: Trata o presente processo de Autos de Infração à legislação da Contribuição para o PIS (fl. 742) e da COFINS (fl. 753), lavrados em 26/04/2016, constituindo crédito tributário nos valores totais respectivamente de R$ 482.199,81 e 2.298.618,67 (fl. 763), aí incluídos principal, multa de ofício de 75% e juros de mora calculados até abril de 2016. A autuação abrange fatos geradores de 2012 a 2014 e decorre de insuficiência de recolhimento das contribuições apuradas na sistemática cumulativa, como descrito às fls. 743 e 754. As irregularidades que ensejaram a exigência foram contextualizadas no Termo de Verificação Fiscal de fls. 730/741 em que inicia a Fiscalização expondo que a empresa em seu contrato social e alterações e dados cadastrados na Receita Federal do Brasil, apresenta como objeto social o transporte rodoviário coletivo de passageiros com itinerário fixo, intermunicipal, exceto em região metropolitana (CNAE 49221 01) e que transmitiu DIPJ para os anoscalendário de 2012, 2013 e 2014 pelo lucro real. Justifica a inclusão da empresa em programa de fiscalização (por recolher e declarar em DCTF valores inferiores aos devidos) e passa a descrever as irregularidades apuradas. No item 3.1 de seu Termo aborda, como primeira infração a falta de recolhimento de PIS e Cofins em decorrência da redução da Base de Cálculo dessas contribuições em períodos mensais de 2012. Reportase a intimações formalizadas e respostas Fl. 920DF CARF MF Processo nº 15586.720190/201694 Acórdão n.º 3201003.729 S3C2T1 Fl. 921 3 recebidas e expõe ter constatado que as receitas de serviços contabilizadas no Livro Razão em 2012, no total de R$ 21.120.880,05, guarda similaridade com o total desta informado na DIPJ para cálculo do Imposto de Renda, no mesmo período, no total de R$ 21.119.897,3.3. (...) (...) Expõe que de acordo com a legislação vigente as receitas decorrentes das operações de prestação de transporte coletivo rodoviário, continua sujeita ao regime de apuração cumulativa de PIS e Cofins e submetemse às normas anteriores à Lei n° 10.637, de 2002 e à Lei n° 10.833, de 2003. E apresenta as diferenças apuradas nos períodos mensais de 2012 entre (1) os valores apurados como devidos e (2) os valores declarados em DCTF e pagos. No item 3.2 descreve, como segunda infração, a falta de recolhimento de PIS e COFINS incidentes sobre receitas de serviços de transportes públicos coletivos intermunicipais. Descreve as intimações formalizadas e respostas recebidas e, a título de conclusão, reportase aos arts. 1º e 4º da Lei nº 12.860, de 11 de setembro de 2013, e aos arts. 80 e 81 da Lei nº 13.043, de 13 de novembro de 2014 (...) (...) E expõe que: verificase que a norma aplicável ao assunto é enumerativa, indica as situações cabíveis, uma a uma, e estabelece as condições que deve pautar a contribuinte para fazer jus ao benefício de redução de alíquotas 0 (zero) de PIS e COFINS, a partir da edição da Lei nº 12.860/2013 e alterações, mas nos documentos e informações apresentadas pela contribuinte nota se que tais situações não foram cumpridas. em resposta à intimação a que foi submetida apresentou planilha das receitas de prestação de serviços decorrentes de transporte público coletivo rodoviário, auferidas em 2013 e 2014 separadas em três grupos com os seguintes nomes: URBANAS MUNICIPAIS; INTERMUNICIPAIS DE CARACTERÍSTICA URBANA e INTERMUNICIPAL; Cabe inicialmente informar que na região sudeste do Estado do Espírito Santo onde a contribuinte opera e administra as linhas de ônibus que compõem os grupos acima mencionados não existe região metropolitana regularmente constituída, nem áreas urbanas contíguas em municípios diferentes. o benefício de alíquota 0 (zero) de PIS e COFINS determinada pela Lei nº 12.860, de 11 de setembro de 2013, alcança somente as receitas de prestação de serviços de transporte das seguintes atividades: Fl. 921DF CARF MF Processo nº 15586.720190/201694 Acórdão n.º 3201003.729 S3C2T1 Fl. 922 4 a) 49213/01 – Transporte rodoviário coletivo de passageiro, com itinerário fixo, municipal; e b) 49213/02 – Transporte rodoviário coletivo de passageiros, com itinerário fixo, intermunicipal em região metropolitana regularmente constituída Após mapear, via internet, a origem e o destino das linhas de ônibus que compõe, os grupos INTERMUNICIPAIS DE CARACTERÍSTICA URBANA e INTERMUNICIPAL (cópia anexa) constatamos que: a) as linhas de ônibus intermunicipais de curtas e longas distâncias não estão localizadas em região metropolitana regularmente constituída; b) as linhas de ônibus intermunicipais de curtas e longas distâncias não possuem contiguidade nos seus períodos urbanos; c) as linhas de ônibus intermunicipais de curtas e longas distâncias sofrem descontinuidade de zonas urbanas no decorrer da rota entre um município e outro. Para dar cumprimento ao que determina a legislação acima e, também, para salvaguardar os direitos da Fazenda Nacional, lançamos em autos de infração os créditos tributários em favor do PIS e da Cofins decorrentes das receitas de serviços de transporte público coletivo intermunicipais auferidas em 2013 e 2014 (...) (...) E conclui pela formalização do Auto de Infração para exigência dos valores apontados. Dada ciência dos Autos de Infração em 03/05/2016 (AR de fls. 765), foram apresentados, em 02/06/2016, pedidos de parcelamento/desmembramento dos valores referentes a 2012 objeto da infração 1 (fls. 767/771) e peças de impugnação de fls. 773/787 e 788/802, acompanhadas dos documentos de fls. 803/824, com as razões a seguir sintetizadas. A Impugnante registra, de início, a tempestividade de sua defesa e a consequente suspensão da exigibilidade dos valores lançados. Ao sintetizar os fatos, referese a pedido de parcelamento dos valores lançados para os períodos de 2012 e sua discordância com a exigência das contribuições nos anos de 2013 e 2014, sob alegação de que neste período sobreveio benefício fiscal para a empresa autuada. No mérito, defende a “desoneração tributária por redução da alíquota a “zero” da contribuição a partir de junho de 2013 até dezembro de 2014 no que tange ao serviço de transporte público coletivo intermunicipal com característica urbana”. Reportase à Medida Provisória nº 617/2013, posteriormente convertida na Lei nº 12.860/2013 com a qual entende que a Fl. 922DF CARF MF Processo nº 15586.720190/201694 Acórdão n.º 3201003.729 S3C2T1 Fl. 923 5 receita da atividade de transporte coletivo de passageiros na modalidade exercida pela ora autuada restou beneficiada com a redução a zero das alíquotas do PIS e também da Cofins, ou seja, que houve a sua desoneração quanto a estes tributos. E alega que: apesar da referida disposição normativa aludir em seu caput apenas a transporte “coletivo municipal de passageiros”, certo é que o parágrafo único do art. 1º da Lei nº 12.860/2013, em comento, ampliou a referida desoneração para alcançar também as hipóteses de serviços que se enquadrem na definição do inciso XI do art. 4º da Lei nº 12.587/2012 (...) (...) não resta dúvida alguma de que a desoneração tributária no que tange ao PIS e a Cofins se faz incidente não somente sobre o transporte municipal, mas também há a desoneração sobre o “transporte público coletivo intermunicipal de caráter urbano”, conforme assim determinou expressamente a lei federal. Assevera que: é equivocado o entendimento fiscal de que a atividade da Impugnante se restringe a “transporte rodoviário coletivo de passageiros com itinerário fixo, intermunicipal, pois olvidouse a Fiscalização que a empresa autuada exerce também atividades de “49.21301 – Transporte rodoviário coletivo de passageiros, com itinerário fixo, municipal” e “49.21302 – Transporte rodoviário coletivo de passageiros, com intinerário fixo, intermunicipal em região metropolitana”, conforme consta descrito em seu cadastro na Receita Federal do Brasil; a empresa autuada está habilitada e efetivamente opera “linhas urbanas municipais”, “linhas intermunicipais de característica urbana” e, ainda “linhas intermunicipais”, inclusive transitando sim pela região metropolitana que abarca o município de Guarapari – ES (Lei Complementar nº 204/201), conforme inclusive informou anteriormente a esse órgão da RFB. acertou a Fiscalização ao reconhecer a desoneração tributária nas linhas urbanas municipais operadas pela empresa autuada, mas não acertou quando entendeu que as “linhas intermunicipais de característica urbana” não estariam resguardadas pela desoneração a que alude a Lei nº 12.860/2013, porque está sim acobertado pela desoneração tributária o “transporte público coletivo intermunicipal de caráter urbano” (parágrafo único do art. 1º da Lei nº 12.860/2013 c/c inc. XI do art. 4º da Lei nº 12.587/2012). o equívoco fiscal consistiu na interpretação analógica levada a efeito pelo agente autuante no que tange à expressão “contiguidade” contida na lei nº 12.587/2012, o que encerra Fl. 923DF CARF MF Processo nº 15586.720190/201694 Acórdão n.º 3201003.729 S3C2T1 Fl. 924 6 comportamento expressamente vedado com o fito justamente de pretender a imputação de tributo. Invoca a determinação de que o emprego da analogia não poderá resultar na exigência de tributo não previsto em lei, contida no parágrafo 1º do art. 108 do CTN e alega que: a lei não definiu o que seria “contiguidade” e por isso tal expressão traz consigo indeterminação no sentido de que não poderia, jamais, ter sido complementada analogicamente pelo agente autuante justamente com o propósito de alargar a hipótese de incidência...; nem mesmo a norma tributária pode alterar a definição, conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas dos demais ramos do direito, a teor do art. 110 do CTN. Cita entendimento doutrinário e continua: sequer era de se cogitar e muito menos de se admitir no caso em apreço o exercício da interpretação analógica levada a efeito pelo agente autuante no que tange à expressão “contiguidade” inserida na definição de “transporte público coletivo intermunicipal de caráter urbano” (parágrafo único do art. 1º da Lei nº 12.860/2013 c/c inc. XI do art. 4º da Lei nº 12.587/2012); não havia espaço para integração alguma, pois as leis aplicáveis à circunstância analisada não continham lacuna alguma que pudesse autorizar a dita interpretação analógica. Transcreve doutrina acerca do instituto da analogia e assevera que: no caso concreto temos de um lado o parágrafo único do art. 1º da Lei nº 12.860/2013 juntamente com o inciso XI do art. 4º da Lei nº 12.587/2012 que asseveram a norma desoneradora tributária de que o “transporte público coletivo intermunicipal de caráter urbano” é abrangido pela alíquota zero de PIS e Cofins. E, de outro lado, temos que a legislação que regulamenta o serviço prestado pela empresa autuada já o definiu como “linha intermunicipal de característica urbana”, inexiste espaço para interpretação alguma, devendo ser reconhecida a desoneração tributária por meio da aplicação da alíquota zero também às linhas intermunicipais de características urbanas operadas pela empresa autuada. Objetivando demonstrar que as linhas operadas pela empresa são intermunicipais de características urbanas, reportase ao Decreto nº 3.288N/1992 que regulamenta o sistema de transporte intermunicipal de passageiros do Estado do Espírito Santo (...) (...) Fl. 924DF CARF MF Processo nº 15586.720190/201694 Acórdão n.º 3201003.729 S3C2T1 Fl. 925 7 E para demonstrar que se trata sim de serviço urbano, cita também a Instrução de Serviço nº 002N, de 21 de janeiro de 2009, emitida pelo Departamento de Estradas de Rodagem do Estado do Espírito Santo DER/ES (...) Apresenta fotografias de ônibus da empresa (fls. 780/781) e informa serem, segundo a descrição da legislação aplicável, classificados como urbanos e por isso afetos ao serviço de transporte urbano. A título de resumo reafirma enquadrarse na alíquota zero e expõe: não há que se investigar a alegada “contiguidade” diante da expressa definição legal de que são linhas “intermunicipais de características urbanas” as operadas pela empresa autuada, sendo ainda relevante que mesmo os ônibus autorizados para o referido transporte também foram definidos pela legislação aplicável como de características urbana; se prevalecer a conclusão interpretativa do agente autuante como constante do TVF, teremos então a violação direta da legislação estadual que regulamenta o sistema de transporte intermunicipal de passageiros do Estado do Espírito Santo, o que não se pode admitir. Defende também a desoneração tributária por redução da alíquota a “zero” da contribuição a partir de junho de 2013 até dezembro de 2014 no que tange ao serviço de transporte público coletivo “intermunicipal” e alega: também em relação a essas linhas, não há que se cogitar de lançamento da contribuição de Pis e Cofins; mesmo na operação de linhas tidas apenas como “intermunicipais” o que se verifica ... na prática, é a execução de serviço de característica e natureza eminentemente urbana, visando viabilizar o serviço de transporte local dos municípios atendidos; os veículos utilizados pela empresa autuada são, em sua grande maioria, de características urbanas, que menciona e contemplam inclusive gratuidade para idosos que sabidamente é prevista justamente apenas para os serviços de transporte coletivo urbano conforme prevê a Lei nº 10.741/2003 – Estatuto do Idoso. (...) os serviços realizados pela empresa visam atender as necessidades de deslocamentos dos munícipes, de modo que apesar de formalmente se utilizar da nomenclatura “intermunicipal” o serviço prestado é essencial e materialmente municipal e de característica urbana, hipótese contemplada com a aplicação da alíquota zero desde o ano de 2013; Fl. 925DF CARF MF Processo nº 15586.720190/201694 Acórdão n.º 3201003.729 S3C2T1 Fl. 926 8 o maior número de bilhetes emitidos para as viagens realizadas nestas linhas tidasformalmente como “intermunicipais”, em verdade, compreendem a prestação de serviços detransporte com início e término para o usuário dentro da mesma circunscrição municipal, caracterizando, portanto, um serviço de transporte verdadeiramente “municipal” Cita exemplos de trajetos dentro de um mesmo município e expõe: materialmente o serviço é essencialmente municipal e de característica urbana não se configurando o fato gerador da obrigação tributária, ou não se aperfeiçoando o fenômeno da incidência tributária no caso concreto. Transcreve excerto doutrinário e conclui imporse o reconhecimento de que a desoneração da contribuição para o PIS alcança inclusive as linhas tidas por “intermunicipais”, haja vista que assim o são apenas formalmente, pois em verdade contemplam serviço tipicamente municipal segundo verificação no plano fático, da vida real, atraindo portanto a inteligência da Lei nº 12.860/2013 e impondo o cancelamento do débito tributário correspondente. No tópico 3.3 de sua defesa a Impugnante alega equívoco na fixação da base de cálculo, reiterando que mesmo as linhas tidas como formalmente “intermunicipais” têm sua receita composta por vendagem de bilhetes de passagens que são afetas a seccionamentos de viagem que correspondem a serviços de transporte estritamente municipais, pois executados para o usuário desde o seu início (embarque) até o seu fim (desembarque) na circunscrição de um mesmo município. Em consequência, entende que: devese desconsiderar na autuação, a receita da linha como um todo e, realizadas as apurações e indispensável instrução probatória complementar, inclusive pericial, se restringir à receita que for equivalente a eventuais serviços efetivamente prestados com caráter intermunicipal, isto é, a usuários que realmente tenha contratado viagem com seu início (embarque) em um município e com o seu fim (desembarque) na circunscrição de outro município distinto daquele. Formula requerimento de prova reportandose ao art. 5º, incisos LIV e LV, da Constituição Federal, e art. 16, IV, do Decreto nº 70.235/72 para perscrutar o quantitativo da receita de cada uma de suas linhas que eventualmente se entender por tributar (linhas intermunicipais de características urbanas e/ou linhas intermunicipais) que se refere a serviço prestado exclusivamente na circunscrição de um mesmo município (transporte municipal) e o que se refere a serviço prestado com a transposição de municípios diversos (transporte intermunicipal), de modo a se apurar a correta base de cálculo para a eventual incidência da exação, sendo estes justamente os quesitos a serem respondidos. Indica seu perito e conclui formulando pedido de: Suspensão da exigibilidade do crédito tributário nos termos do art. 151, III, do CTN; Fl. 926DF CARF MF Processo nº 15586.720190/201694 Acórdão n.º 3201003.729 S3C2T1 Fl. 927 9 reconhecimento que a desoneração de PIS e COFINS abarca também as linhas intermunicipais de características urbanas operadas pela empresa autuada; reconhecimento que a desoneração de PIS e COFINS alcança inclusive as linhas tidas por intermunicipais, por assim o serem apenas formalmente e contemplarem, em verdade, serviço tipicamente municipal, atraindo a inteligência da Lei nº 12.860/2013; se prevalecer a exação, que se determine a modificação da base de cálculo utilizada, restringindose a exigência tributária à receita tributável que for equivalente a eventuais serviços efetivamente prestados com caráter intermunicipal, isto é a usuários que embarcaram e desembaraçaram em municípios distintos. provar o alegado por todos os meios de prova, especialmente com a realização de perícia técnica. De fls. 788/ 802 consta peça de impugnação específica para a Cofins com razões de defesa no mesmo sentido daquelas apresentadas para a contribuição ao PIS, acima resumidas. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto/SP por intermédio da 11ª Turma, no Acórdão nº 1464.177, sessão de 16/02/2017, julgou improcedente a impugnação do contribuinte. A decisão foi assim ementada: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/06/2013 a 31/12/2014 PERÍCIA. Indeferese o pedido de perícia ou de diligência quando, além de prescindível no caso, se trata de matéria passível de prova documental a ser apresentada no momento da Impugnação. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/06/2013 a 31/12/2014 REDUÇÃO DE ALÍQUOTA. SERVIÇOS REGULARES DE TRANSPORTE COLETIVO RODOVIÁRIO DE PASSAGEIROS. A redução a zero da alíquota da Contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS restringese às receitas decorrentes dos serviços regulares de transporte coletivo municipal rodoviário de passageiros e também intermunicipais quando esses serviços últimos forem prestados no território de região metropolitana regularmente constituída, ou, a partir da Lei 13.042, de 13/11/2014 (DOU 14/11/2014), quando se tratar de transporte público coletivo intermunicipal de caráter urbano assim considerado o serviço de transporte público coletivo entre Municípios que tenham contiguidade nos seus perímetros urbanos. O benefício fiscal não alcança, assim, as receitas derivadas de linhas de transporte coletivo intermunicipal que Fl. 927DF CARF MF Processo nº 15586.720190/201694 Acórdão n.º 3201003.729 S3C2T1 Fl. 928 10 não atenda tais condições, ainda que utilizados veículos com características de transporte urbano definidas em Lei Estadual ou ainda que sirva a usuários em trechos intermediários, menores do que a distância entre os pontos inicial e final em municípios distintos. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/06/2013 a 31/12/2014 REDUÇÃO DE ALÍQUOTA. SERVIÇOS REGULARES DE TRANSPORTE COLETIVO RODOVIÁRIO DE PASSAGEIROS. A redução a zero da alíquota da Contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS restringese às receitas decorrentes dos serviços regulares de transporte coletivo municipal rodoviário de passageiros e também intermunicipais, quando esses serviços forem prestados no território de região metropolitana regularmente constituída, ou, a partir da Lei 13.042, de 13/11/2014 (DOU 14/11/2014), quando se tratar de transporte público coletivo intermunicipal de caráter urbano assim considerado o serviço de transporte público coletivo entre Municípios que tenham contiguidade nos seus perímetros urbanos. O benefício fiscal não alcança, assim, as receitas derivadas de linhas de transporte coletivo intermunicipal que não atenda tais condições, ainda que utilizados veículos com características de transporte urbano definidas em Lei Estadual ou ainda que sirva a usuários em trechos intermediários, menores do que a distância entre os pontos inicial e final em municípios distintos. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Inconformada a contribuinte, apresentou recurso voluntário repisando os argumentos de nulidade do auto de infração decorrentes de supostas irregularidades nas alteração do MPF. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator O Recurso Voluntário atende aos requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. O litígio está delimitado tãosomente à exigência de PIS e Cofins, nos períodos de junho/2013 a dezembro/2014, incidentes sobre as receitas de serviços de Fl. 928DF CARF MF Processo nº 15586.720190/201694 Acórdão n.º 3201003.729 S3C2T1 Fl. 929 11 transportes coletivos intermunicipais, vez que o modal municipal está amparado pela isenção das Contribuição e não fora autuado, conforme folhas 739/740 do Termo de Verificação Fiscal. Cumpre transcrever a legislação que trata da matéria para a análise do recurso voluntário: Medida Provisório nº 617, de 31/05/2013 (DOU 31/05/2013), com vigência até 27/09/2013: Art.1º Ficam reduzidas a zero as alíquotas da Contribuição para o PIS/PASEP e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS incidentes sobre a receita decorrente da prestação de serviços regulares de transporte coletivo municipal rodoviário, metroviário e ferroviário de passageiros. Parágrafo único. O disposto no caput alcança também as receitas decorrentes da prestação dos referidos serviços no território de região metropolitana regularmente constituída. Lei nº 12.860, de 11/09/2013 (DOU 12/09/2013): Art. 1º Ficam reduzidas a 0% (zero por cento) as alíquotas da Contribuição para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público PIS/PASEP e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS incidentes sobre a receita decorrente da prestação de serviços regulares de transporte coletivo municipal rodoviário, metroviário, ferroviário e aquaviário de passageiros. Parágrafo único. O disposto no caput alcança também as receitas decorrentes da prestação dos referidos serviços no território de região metropolitana regularmente constituída. Lei nº 13.043, de 13/11/2014 (DOU 14/11/2014): Art. 81. O art. 1o da Lei no 12.860, de 11 de setembro de 2013, passa a vigorar com a seguinte redação: “Art. 1o Ficam reduzidas a 0 (zero) as alíquotas da Contribuição para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público PIS/Pasep e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS incidentes sobre a receita decorrente da prestação de serviços de transporte público coletivo municipal de passageiros, por meio rodoviário, metroviário, ferroviário e aquaviário. Parágrafo único. A desoneração de que trata o caput alcança também as receitas decorrentes da prestação dos serviços nele referidos no território de região metropolitana regularmente constituída e da prestação dos serviços definidos nos incisos XI a XIII do art. 4o da Lei no 12.587, de 3 de janeiro de 2012, por qualquer dos meios citados no caput.” (NR) Fl. 929DF CARF MF Processo nº 15586.720190/201694 Acórdão n.º 3201003.729 S3C2T1 Fl. 930 12 [...] Art. 113. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação (...): Lei nº 12.587, de 03/01/2012 (DOU 04/01/2012) [...] Art. 4o Para os fins desta Lei, considerase: I transporte urbano: conjunto dos modos e serviços de transporte público e privado utilizados para o deslocamento de pessoas e cargas nas cidades integrantes da Política Nacional de Mobilidade Urbana; II mobilidade urbana: condição em que se realizam os deslocamentos de pessoas e cargas no espaço urbano; [...] VI transporte público coletivo: serviço público de transporte de passageiros acessível a toda a população mediante pagamento individualizado, com itinerários e preços fixados pelo poder público; [...] XI transporte público coletivo intermunicipal de caráter urbano: serviço de transporte público coletivo entre Municípios que tenham contiguidade nos seus perímetros urbanos; XII transporte público coletivo interestadual de caráter urbano: serviço de transporte público coletivo entre Municípios de diferentes Estados que mantenham contiguidade nos seus perímetros urbanos; e XIII transporte público coletivo internacional de caráter urbano: serviço de transporte coletivo entre Municípios localizados em regiões de fronteira cujas cidades são definidas como cidades gêmeas. Aplicandose os dispositivos legais à situação dos autos, inferese a existência de 3 (três) modais de transporte público rodoviário coletivo de passageiros cujas receitas são alcançadas pela redução a zero das alíquotas de PIS e Cofins, quando prestado (i) no município, (ii) no território de região metropolitana regularmente constituída, e (iii) entre municípios que tenham contiguidade nos seus perímetros urbanos. A primeira modalidade "no município" dispensa exercício de interpretação, eis que se refere ao transporte na região delimitada pela área geográfica do município e não foi objeto de autuação. Fl. 930DF CARF MF Processo nº 15586.720190/201694 Acórdão n.º 3201003.729 S3C2T1 Fl. 931 13 O benefício de alíquota zero alcança o transporte realizado nos limites do território da região metropolitana, assim constituída por Lei Complementar Estadual, nos termos prescritos pela Constituição Federal1. Por último, a redução a zero das alíquotas de PIS e Cofins aplicase ao transporte público rodoviário coletivo de passageiros entre municípios cujos perímetro urbanos são continuados, ou seja, não há interrupção geográfica das respectivas zonas urbanas entre os municípios, fato que a lei atribui a denominação de "transporte público coletivo intermunicipal de caráter urbano". Não se pode olvidar a exatidão dos termos assentados pelo legislador, que a meu sentir não comporta outra interpretação senão aquela obtida da simples literalidade dos vocábulos que compõe a norma e espanca qualquer vagueza, ambiguidade ou imprecisão de conteúdo semântico. Arrematase com a impossibilidade de ampliar os sentidos das normas estampadas na legislação alhures vez que se está diante da outorga de redução a zero de tributos, o que invoca a observância art. 111 do CTN. Firme nesses fundamentos, não há amparo às pretensões e inconformismos da contribuinte. Os serviços de transporte prestados para os quais houve lançamento de PIS e Cofins sobre suas receitas não atendem aos requisitos da redução de alíquota. A fiscalização, mediante informação prestada pelo contribuinte acerca da natureza das linhas de transportes operadas, identificou que a prestação não se dá em território de região metropolitana e nem em municípios que tenham contiguidade nos seus perímetros urbanos. Esse fatos não foram infirmados nas peças de defesa; ademais, reprisase, foram obtidos em respostas do contribuinte e consultas realizadas pela autoridade fiscal. A recorrente alega que o serviço prestado o faz conferir uma "característica urbana" por transitar pelo território de vários municípios e ser realizado conforme as exigências legais do Estado/municípios concernentes aos veículos. Ora, a Lei não prescreve o transporte com "características urbanas", pois, além de vagueza no termo, o inciso XI do art. 4º da Lei nº 12.587/2012 define exatamente o que é transporte público coletivo intermunicipal de caráter urbano, a saber: o serviço de transporte público coletivo entre Municípios que tenham contiguidade nos seus perímetros urbanos, este com o benefício legal. Como se vê a recorrente não rebate a acusação fiscal de não atender aos requisitos de modalidade de transporte beneficiado com a redução tributária, apenas emprega interpretação que alarga, em seu benefício, modalidade não prevista nos dispositivos legais que concedem a redução de alíquota de PIS/Cofins. 1 Art. 25. Os Estados organizamse e regemse pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição. [...] § 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum. Fl. 931DF CARF MF Processo nº 15586.720190/201694 Acórdão n.º 3201003.729 S3C2T1 Fl. 932 14 A decisão recorrida bem apontou que a recorrente defende que a desoneração tributária se estende a todo e qualquer transporte intermunicipal de característica urbana, sob o fundamento de que o veículo segue adaptação exigida em legislação local para o tipo de transporte realizado e o serviço se dá nos termos prescritos pelos entes públicos estadual e municipal. A regulamentação do transporte coletivo urbano no âmbito do Estado ou municípios do Espírito Santo apenas disciplina os meios e requisitos da prestação do serviço público, impondo as características dos veículos, forma de cobrança e outras situações. A legislação estadual ou municipal jamais poderá alterar, limitando ou ampliando, os requisitos e condições imposta por Lei Federal à fruição de benefício de tributo de competência constitucional da União. No recurso voluntário, a contribuinte inova quanto a argumento acerca de modalidade de transporte de caráter urbano para afirmar que uma de suas linhas preenche tal característica e, portanto, faria jus ao benefício. O tópico em que defende o direito à redução a zero das alíquotas das Contribuições (item 4.1, mais precisamente entre as folhas 878 e 880), em razão das características urbanas do veículo e tipo de linha de transporte praticada, é reprise dos argumentos suscitados em impugnação, com a inovação, agora em recurso voluntário, de que o serviço é intermunicipal de caráter urbano, nos termos previsto no inciso XI, do art. 4º da Lei nº 12.587/2012. A afirmativa de que há linha regular entre Marataízes e Itapemirim, municípios com perímetros urbanos contíguos, não fora acompanhada de comprovação. No curso do procedimento fiscal a recorrente sustentou o direito ao benefício sob o fundamento de que suas linhas são de "características urbanas" (veículo apropriado às características de transporte coletivo urbano), não de caráter urbano como prevê o dispositivo legal. Além da inexistência de qualquer comprovação do que se alega em recurso voluntário seria necessário o ato legal que reconhece/define trataremse de municípios com áreas urbanas contíguas , uma simples verificação em mapas do Estado do Espírito Santo, em consulta na internet, permite inferir que tais municípios não possuem perímetros urbanos contíguos. A distância entre seus centros é de cerca de 22 km, devendo ser realizada por rodovia, atravessandose áreas rurais, utilizandose em toda a extensão do percurso a rodovia ES490. Quanto à prática de tarifa diferenciada para os trechos intramunicipais no modal intermunicipal, não há qualquer justificativa de segregação dessas receita para fins de fruição da redução de alíquota. Tal situação não se encontra prevista dentre as que confere o benefício legal. E sob este fundamento, rejeitase o pedido de diligência ou perícia técnica com o objetivo de segregação das receitas tributadas e nãotributadas, como requer a recorrente; importando ainda asseverar que não há matéria técnica de difícil compreensão pelos julgadores administrativos para que se recorra à trabalho técnico profissional para o deslinde da questão. A acusação de uso da analogia para a exigência fiscal é improcedente à vista do que se demonstrou no acerto da fiscalização em fundamentar o lançamento em preceitos legais com perfeita regramento ao art. 142 do CTN. Em momento algum houve interpretação extensiva dos ditames legais para tributar materialidade não prevista em Lei. A fiscalização Fl. 932DF CARF MF Processo nº 15586.720190/201694 Acórdão n.º 3201003.729 S3C2T1 Fl. 933 15 exclui da tributação o modal municipal e lançou as modalidades intermunicipais pois que não se caracterizam as situações que amparam a redução da alíquota de PIS/Cofins. Por fim, de se registrar que a suspensão da exigibilidade do crédito tributário constituído mediante lançamento de ofício, quando objeto regular contencioso administrativo (impugnação e recurso voluntário), é expressamente determinada pela legislação de regência (CTN, art. 151, III). Conclusão Assim, hígido o lançamento fiscal para a exigência de PIS e Cofins incidentes sobre as receitas com a prestação de serviços de transporte público coletivo de passageiro, na modalidade intermunicipal, realizada no período de junho/2013 a dezembro/2014, nos termos descritos no Termo de Verificação Fiscal. Sem reparos na decisão da DRJ. Diante de todo o exposto, VOTO NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. Paulo Roberto Duarte Moreira Declaração de Voto Conselheiro, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima Conforme o Direito Tributário, a legislação, os fatos, as provas, documentos e petições apresentados aos autos deste procedimento administrativo e, no exercício dos trabalhos e atribuições profissionais concedidas aos Conselheiros, conforme Portaria de condução e Regimento Interno, apresentase este voto. Ao analisar e tratar do caso em sessão de julgamento, verificouse que o contribuinte não comprovou a contigüidade dos municípios em seus perímetros urbanos, para proveito do benefício fiscal. Situação que poderia ter sido revertida se o contribuinte juntasse aos autos o zoneamentos das cidades e demonstrasse a contigüidade dos municípios em seus perímetros urbanos. Em razão da ausência destas provas, acompanhei o relator. Pedro Rinaldi de Oliveira Lima Fl. 933DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16832.000866/2009-12
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 18 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed May 16 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Ano-calendário: 2008
COMPENSAÇÃO NÃO DECLARADA. DÉBITOS NÃO CONFESSADOS.
A compensação considerada não declarada implicará a constituição dos créditos tributários que ainda não tenham sido lançados de ofício nem confessados.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3201-003.654
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. Processo julgado em sessão de julgamento do dia 19/04/2018, no período da tarde.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Winderley Morais Pereira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Marcelo Giovani Vieira, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Cássio Schappo (suplente convocado).
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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DÉBITOS NÃO CONFESSADOS. A compensação considerada não declarada implicará a constituição dos créditos tributários que ainda não tenham sido lançados de ofício nem confessados. Recurso Voluntário Negado Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. Processo julgado em sessão de julgamento do dia 19/04/2018, no período da tarde. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Winderley Morais Pereira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Marcelo Giovani Vieira, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Cássio Schappo (suplente convocado). Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 83 2. 00 08 66 /2 00 9- 12 Fl. 204DF CARF MF Processo nº 16832.000866/200912 Acórdão n.º 3201003.654 S3C2T1 Fl. 3 2 O interessado acima identificado recorre a este Conselho, de decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Juiz de Fora/MG. Por bem descrever os fatos ocorridos, até então, adoto o relatório da decisão recorrida, que transcrevo, a seguir: Trata o presente processo de Auto de Infração lavrado para exigir o crédito tributário nele consubstanciado (fls. 24/28 PIS – total = R$ 31.144,02) da empresa acima qualificada, em virtude da constatação da insuficiência de recolhimento do PIS, tendo sido aplicada à infração constatada a multa de 75%. No Termo de Verificação e Constatação (fls. 22 e seguintes) a autoridade autuante narrou os fatos que motivaram o lançamento conforme a seguir transcrito: A emissão do MPF ... resultou do Parecer Conclusivo n° 308/2009, proferido pela DIORT no processo ... n° 10768.005394/200911, mediante o qual foi considerada não declarada a compensação ... informada ... por meio de DCOMP ... em papel, porquanto não comprovada a impossibilidade de utilização do programa eletrônico de PERD/COMP. Referido Parecer deu ensejo à Representação Fiscal ... processo ... n° 15374.001822/200983, em razão de ... divergência entre os débitos cujas compensações foram consideradas não declaradas na DCOMP, entregue em papel em 22/06/2009, e os constantes da DCTF / 2° semestre de 2008, ou seja, os informados na DCTF são inferiores aos constantes da DCOMP, sendo, portanto, programada a presente ação fiscal com o propósito de lançar as diferenças apuradas em relação aos seguintes tributos: IPI; COFINS; CSLL; PIS e IRPJ, períodos de apuração de novembro a dezembro de 2008, conforme tabela ... Ao ser notificado sobre a negativa a respeito das compensações por intermédio de formulário em papel da DCOMP, a Fiscalizada ingressou na Justiça Federal, direito de fazêlo, por meio de mandado de segurança, com pedido de liminar para que fosse reconhecido tal direito. ... a Fiscalizada retificou a DCTF/2° Semestre de 2008, nela registrando as compensações pelos valores idênticos aos constantes da DCOMP, ... No entanto, quando o procedimento fiscal se iniciou a fiscalizada não havia ainda confessado espontaneamente os débitos ... ... verifiquei que a Fiscalizada não obteve ainda junto à Justiça Federal a concessão de liminar no Mandado de Segurança ... Cientificada do Auto de Infração e do Termo de Verificação e Constatação, a empresa apresentou sua defesa alegando: 2. A FISCALIZAÇÃO 2.1. A Ação Fiscal Fl. 205DF CARF MF Processo nº 16832.000866/200912 Acórdão n.º 3201003.654 S3C2T1 Fl. 4 3 ... a diligência administrativa ... resultou do parecer conclusivo nº 308/2009 do DIORT e no processo de compensação no 10768.005394/200911. Eis a ementa e a fundamentação oriunda do dito processo: DCOMP entregue em papel. Compensação não declarada. Considerase não declarada a compensação de tributos informada por intermédio de DCOMP, quando não comprovada a impossibilidade de utilização do programa eletrônico de PERD/COMP. ... Assim, uma vez que a contribuinte não juntou qualquer prova de que não conseguiu utilizar o pragrama para o envio eletrônico da DCOMP, aplicase ao caso o disposto no artigo 39, §1º, da Instrução Normativa nº 900, de 2008, motivo pelo qual considerase não declarada a presente compensação. ... o mesmo parecer ainda desautorizou pudesse a Impugnante adotar o recurso inerente ao tema, qual seja, o da manifestação de inconformidade. 3. AS RAZÕES DA IMPUGNAÇÃO 3.1. Pródromos Essenciais O cerceamento de seu direito permitiu que a Recorrente ingressasse com a ação constitucional supramencionada, pretendendo remediar o ato considerado abusivo perpetrado pela digna Delegada da Receita Federal (DERAT/RJ), que sequer conheceu o pedido de compensação tributária. Para que não reste dúvida alguma à V. Sa. acerca do ocorrido, temse a esclarecer: valendose do parágrafo 1º , do artigo 74, da Lei no 9.430/96, a Impugnante intentou com o pleito de compensação, utilizando o formulário próprio gerado pelo site da Secretaria da Receita Federal, denominado DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO, constante do anexo VII ... ... a Autoridade Fiscal rejeitou o pedido ... sob a seguinte alegação "a contribuinte não juntou qualquer prova de que não conseguiu utilizar o programa para o envio eletrônico da DCOMP" , aplicando ao caso o disposto no artigo 39, §1º, da Instrução Normativa nº 900/2008, considerando não declarada a compensação; ... ato continuo, ... negou ... a utilização do recurso da manifestação de inconformidade ..., fechando os olhos, desta vez, aos princípios da especialidade e legalidade; ... ingressou a Recorrente com a ação mandamental, postulando a concessão de liminar, sendo esta recusada indevidamente, o que levoua a interpor o recurso do Agravo de Instrumento, que ainda ... não se viu julgado. Fl. 206DF CARF MF Processo nº 16832.000866/200912 Acórdão n.º 3201003.654 S3C2T1 Fl. 5 4 3.2. Da Ofensa ao Principio da Legalidade ... entende a Impugnante que competia a digna Autoridade Fiscal fazer a opção pela LEI e não pela INSTRUÇÃO NORMATIVA, esta carente de previsão legal. O parágrafo 1º, do artigo 32, da Instrução Normativa nº 900/2008, ... é ilegal 3.3. Da Subordinação da Instrução Normativa à Lei 4. DO PLEITO ... requer seja atribuído o efeito suspensivo quanto a exigibilidade dos créditos tributários gerados pelo auto de infração combatido, até que se tenha o provimento final do mandado de segurança de n° 2009.51.01.0208368, em curso pela 6ª Vara Federal do Rio de Janeiro, evitandose, assim, a ocupação desnecessária da máquina administrativa fiscal, posto que, mais a frente, se conhecerá o juizo do TRF da 2ª Região acerca do tema sob enfoque. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Juiz de Fora/MG, por intermédio da 2ª Turma, no Acórdão nº 0958.765, sessão de 23/12/2015 julgou improcedente a impugnação e manteve a exigência fiscal formalizada em auto de infração. O acórdão foi assim ementado: ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2008 COMPENSAÇÃO NÃO DECLARADA. DÉBITOS NÃO CONFESSADOS. A compensação considerada não declarada implicará a constituição dos créditos tributários que ainda não tenham sido lançados de oficio nem confessados. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2008 ATOS NORMATIVOS. LEGALIDADE. Não compete ao julgador administrativo a apreciação de questões que versem sobre a legalidade de atos normativos regularmente editados, sendo esta análise de competência exclusiva do Poder Judiciário. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Inconformada, a contribuinte interpôs recurso voluntário (fls. 168/170) no qual inova na matéria de defesa argumentando tão somente acerca da duplicidade da exação fiscal, que em síntese suscita: Fl. 207DF CARF MF Processo nº 16832.000866/200912 Acórdão n.º 3201003.654 S3C2T1 Fl. 6 5 Os débitos de PIS nos períodos 11 e 12/2008 seriam liquidados por compensação no processo nº 10768.005394/200911, porém, esta foi considerada não declarada por não ter sido comprovada a impossibilidade de utilização do programa eletrônico de PER/DCOMP; Emitiuse carta cobrança com esses débitos, transformada na CDA nº 7071100137374 que instruiu a execução fiscal no processo nº 051485651.2011.4.01.5101; A exigência de PIS dos períodos 11 e 12/2008 no auto de infração formalizado no presente processo consubstanciase cobrança em duplicidade. Pede a anulação do lançamento e declaração de ineficácia do auto de infração. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator O Recurso Voluntário atende aos requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. Noticiouse no relatório que a contribuinte suscita apenas a duplicidade de cobrança do PIS nos períodos de novembro e dezembro/2008, pois, conforme afirma, é objeto do auto de infração formalizado neste processo, ora combatido, e também em execução fiscal no processo nº 051485651.2011.4.01.5101, em sede de Vara de Execuções Fiscais no Rio de Janeiro/RJ. Conquanto a contribuinte não tenha arguida tal matéria em impugnação, não se pode proferir a preclusão pois que a CDA nº 7071100137374 teve sua formalização em 17/03/2011 (fl. 96 do PAF nº 18470.503542/201120), data esta posterior à interposição da peça inaugural do contencioso, configurandose a hipótese do art. 16, § 4º, "b", do Decreto nº 70.235/761 . A recorrente postula o cancelamento do auto de infração por suposta duplicidade de cobrança à vista da execução fiscal em curso na Justiça Federal. Inicialmente, é de se afirmar que nenhuma irregularidade na lavratura do auto de infração para a exigência da diferença dos valores de PIS nos períodos de 11 e 12/2008 entre o informado na DCOMP e na DCTF original. 1 Art. 16. A impugnação mencionará: (...) § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) (...) b) refirase a fato ou a direito superveniente; Fl. 208DF CARF MF Processo nº 16832.000866/200912 Acórdão n.º 3201003.654 S3C2T1 Fl. 7 6 Ao contrário; a constituição do crédito tributário via lançamento de ofício se mostrou necessária pois apurado pela autoridade fiscal débito de tributo não declarado em instrumento hábil de confissão de dívida a DCTF, que somente foi retificada, em 05/09/2009, data posterior ao início de procedimento fiscal em relação à matéria. Conforme o Termo de Verificação Fiscal, na data de sua lavratura 29/09/2009 os valores de PIS se apresentavam como informado no quadro: Tributo Apuração Valor DCOMP Valor DCTF Original Diferença Auto de Infração PIS8109 nov/08 7.982,84 50,00 7.932,84 PIS8109 dez/08 9.308,18 50,00 9.258,18 Quanto à CDA, compulsando os autos do processo nº 18470.503544/2011 19, constatase que sua inscrição deuse, possivelmente, com os valores consignados na DCTF nº 2008.2010.2050396464 transmitida em 2010; contudo, não coincidem com os valores apurados no Termo de Constatação Fiscal. Em tese, a solução passaria por confirmação da duplicidade de exigência de valores (auto de infração e CDA) em procedimento de diligência fiscal. Contudo, tal providência é despicienda em razão do Pedido de Revisão de Débitos Inscritos em Dívida Ativa requerido pela contribuinte, referendado em despacho da autoridade da unidade de origem e acatado pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional; como consta das folhas 146/156 do processo nº 18470.503542/201120, conforme excerto do despacho (fl. 147): Ao final, especificamente, em relação aos períodos de 11/2008 e 12/2008 os valores inscritos em Dívida Ativa foram integralmente excluídos ("zerados") do processo nº 18470.503542/201120. Assim, afastada a exigência dos valores no processo administrativo do qual decorreu a CDA, eliminaramse possíveis exigências em duplicidade de PIS nos períodos alegados, mantendose hígido o auto de infração constituído para cobrança das diferenças de PIS constatadas pela fiscalização. Conclusão Diante do exposto, VOTO para NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. Paulo Roberto Duarte Moreira Fl. 209DF CARF MF Processo nº 16832.000866/200912 Acórdão n.º 3201003.654 S3C2T1 Fl. 8 7 Fl. 210DF CARF MF
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Numero do processo: 10650.901214/2010-84
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 20 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Apr 24 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/04/2006 a 30/06/2006
NÃO-CUMULATIVIDADE. CESSÃO DE CRÉDITOS DE ICMS ACUMULADOS DECORRENTES DE EXPORTAÇÕES. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO POR FORÇA DE DECISÃO JUDICIAL VINCULANTE, NA FORMA REGIMENTAL.
Havendo decisão definitiva do STF, com repercussão geral, no sentido da não incidência da Contribuição para o PIS e da Cofins na cessão onerosa para terceiros de créditos de ICMS acumulados, originados de operações de exportação, ela deverá ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, por força regimental.
NÃO-CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. CONCEITO DE INSUMOS
O alcance do conceito de insumo, segundo o regime da não-cumulatividade do PIS Pasep e da COFINS é aquele em que o os bens e serviços cumulativamente atenda aos requisitos de (i) pertinência ao processo produtivo ou prestação de serviço; (ii) emprego direto ou indireto no processo produtivo ou prestação de serviço; e (iii) essencialidade em que a subtração importa a impossibilidade da produção ou prestação de serviço ou implique substancial perda de qualidade (do produto ou serviço resultante).
COMBUSTÍVEIS. GLP E ÓLEO DIESEL
Os gastos com combustíveis e lubrificantes geram créditos a serem utilizados na apuração do PIS e da COFINS, nos termos do art. 3º, II da Lei nº 10.833/2003.
DESPESAS COM ALUGUEL DE MAQUINAS, EQUIPAMENTOS E VEÍCULOS. DESCONTO DE CRÉDITOS. POSSIBILIDADE.
Se o disposto no art. 3º, IV, da Lei 10.833/2003, não restringiu o desconto de créditos da Cofins apenas às despesas de aluguéis de máquinas e equipamentos ao processo produtivo da empresa, não cabe ao intérprete restringir a utilização de créditos somente aos alugueis de máquinas e equipamentos utilizados no processo produtivo.
Concede-se o crédito na locação de veículos utilizados na movimentação de bens relacionados à atividades produtivas da pessoa jurídica.
MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. CRÉDITO SOBRE DEPRECIAÇÃO. UTILIZAÇÃO EM ETAPAS DO PROCESSO PRODUTIVO. ÁGUA E ENERGIA ELÉTRICA.
A pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados sobre encargos de depreciação em relação às máquinas e aos equipamentos adquiridos e utilizados em etapas pertinentes e essenciais à fabricação de produtos destinados à venda, incluindo-se salas de controle e monitoramento do processo produtivo, conforme disciplinado pela Secretaria da Receita Federal em sua legislação (IN SRF nº 457/2004).
Mantêm-se os créditos com encargos de depreciação dos bens imobilizados utilizados em unidades de abastecimento e tratamento de água e de energia elétrica na atividade mineradora por serem essenciais e pertinentes ao processo produtivo.
MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. CRÉDITO. AQUISIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. DEPRECIAÇÃO.
A aquisição de máquinas e equipamentos do ativo imobilizado, utilizados no processo produtivo de bens destinados à venda, não permite a tomada do crédito das Contribuições, o que somente é permitido quanto aos encargos de depreciação, e conforme disciplinado pela Secretaria da Receita Federal em sua legislação.
SERVIÇOS DE INSTALAÇÕES. MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS.
Concede-se o direito ao crédito às despesas com instalações de máquinas e equipamentos do processo produtivo desde que o dispêndio não deva ser capitalizado ao valor do bem.
CREDITAMENTO. ENCARGOS DE DEPRECIAÇÃO. ART. 31, LEI Nº 10.865/2004.
Vedado o creditamento relativo a encargos de depreciação de bens adquiridos antes de 30 de abril de 2004. Disposição expressa do art. 31 da Lei nº 10.865/2004.
Recurso Voluntário Parcialmente Provido
Numero da decisão: 3201-003.571
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos dar parcial provimento ao recurso voluntário. Vencida a Conselheira Tatiana Josefovicz Belisário, que também dava provimento para as despesas de despacho aduaneiro. Os Conselheiros Marcelo Giovani Vieira e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade votaram pelas conclusões.
Winderley Morais Pereira - Presidente Substituto
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade.
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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CESSÃO DE CRÉDITOS DE ICMS ACUMULADOS DECORRENTES DE EXPORTAÇÕES. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO POR FORÇA DE DECISÃO JUDICIAL VINCULANTE, NA FORMA REGIMENTAL. Havendo decisão definitiva do STF, com repercussão geral, no sentido da não incidência da Contribuição para o PIS e da Cofins na cessão onerosa para terceiros de créditos de ICMS acumulados, originados de operações de exportação, ela deverá ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, por força regimental. NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. CONCEITO DE INSUMOS O alcance do conceito de insumo, segundo o regime da nãocumulatividade do PIS Pasep e da COFINS é aquele em que o os bens e serviços cumulativamente atenda aos requisitos de (i) pertinência ao processo produtivo ou prestação de serviço; (ii) emprego direto ou indireto no processo produtivo ou prestação de serviço; e (iii) essencialidade em que a subtração importa a impossibilidade da produção ou prestação de serviço ou implique substancial perda de qualidade (do produto ou serviço resultante). COMBUSTÍVEIS. GLP E ÓLEO DIESEL Os gastos com combustíveis e lubrificantes geram créditos a serem utilizados na apuração do PIS e da COFINS, nos termos do art. 3º, II da Lei nº 10.833/2003. DESPESAS COM ALUGUEL DE MAQUINAS, EQUIPAMENTOS E VEÍCULOS. DESCONTO DE CRÉDITOS. POSSIBILIDADE. Se o disposto no art. 3º, IV, da Lei 10.833/2003, não restringiu o desconto de créditos da Cofins apenas às despesas de aluguéis de máquinas e AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 65 0. 90 12 14 /2 01 0- 84 Fl. 571DF CARF MF Processo nº 10650.901214/201084 Acórdão n.º 3201003.571 S3C2T1 Fl. 3 2 equipamentos ao processo produtivo da empresa, não cabe ao intérprete restringir a utilização de créditos somente aos alugueis de máquinas e equipamentos utilizados no processo produtivo. Concedese o crédito na locação de veículos utilizados na movimentação de bens relacionados à atividades produtivas da pessoa jurídica. MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. CRÉDITO SOBRE DEPRECIAÇÃO. UTILIZAÇÃO EM ETAPAS DO PROCESSO PRODUTIVO. ÁGUA E ENERGIA ELÉTRICA. A pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados sobre encargos de depreciação em relação às máquinas e aos equipamentos adquiridos e utilizados em etapas pertinentes e essenciais à fabricação de produtos destinados à venda, incluindose salas de controle e monitoramento do processo produtivo, conforme disciplinado pela Secretaria da Receita Federal em sua legislação (IN SRF nº 457/2004). Mantêmse os créditos com encargos de depreciação dos bens imobilizados utilizados em unidades de abastecimento e tratamento de água e de energia elétrica na atividade mineradora por serem essenciais e pertinentes ao processo produtivo. MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. CRÉDITO. AQUISIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. DEPRECIAÇÃO. A aquisição de máquinas e equipamentos do ativo imobilizado, utilizados no processo produtivo de bens destinados à venda, não permite a tomada do crédito das Contribuições, o que somente é permitido quanto aos encargos de depreciação, e conforme disciplinado pela Secretaria da Receita Federal em sua legislação. SERVIÇOS DE INSTALAÇÕES. MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. Concedese o direito ao crédito às despesas com instalações de máquinas e equipamentos do processo produtivo desde que o dispêndio não deva ser capitalizado ao valor do bem. CREDITAMENTO. ENCARGOS DE DEPRECIAÇÃO. ART. 31, LEI Nº 10.865/2004. Vedado o creditamento relativo a encargos de depreciação de bens adquiridos antes de 30 de abril de 2004. Disposição expressa do art. 31 da Lei nº 10.865/2004. Recurso Voluntário Parcialmente Provido Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos dar parcial provimento ao recurso voluntário. Vencida a Conselheira Tatiana Josefovicz Belisário, que também dava provimento para as despesas de despacho aduaneiro. Os Conselheiros Marcelo Giovani Vieira e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade votaram pelas conclusões. Winderley Morais Pereira Presidente Substituto Paulo Roberto Duarte Moreira Relator Fl. 572DF CARF MF Processo nº 10650.901214/201084 Acórdão n.º 3201003.571 S3C2T1 Fl. 4 3 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade. Relatório O interessado acima identificado recorre a este Conselho, de decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Juiz de Fora/MG. Por bem descrever os fatos ocorridos, até então, adoto o relatório da decisão recorrida, que transcrevo, a seguir: Trata o presente do Pedido de Restituição PER nº 41037.96597.050706.1.1.090209 e das Declarações de Compensação – Dcomp nºs 35956.52915.100506.1.3.095409, 00430.22131.010606.1.3.093087, 09464.95026.080606.1.3.09 5219, 34485.55118.280606.1.3.092671, 16144.54218.050706.1.3.095951, 39206.60392.190706.1.3.09 0741, 09968.33314.310706.1.3.096793, 28447.58996.090806.1.3.093918, 00350.65626.161006.1.7.09 7418, 31118.20944.210808.1.7.093330, 41803.46611.010409.1.7.099800, objetivando a compensação dos débitos, nelas declarados, com crédito da Cofins – regime não cumulativo exportação, relativo ao 2º trimestre de 2006, no montante de R$6.743.754,86. Da verificação da legitimidade do crédito solicitado resultou o Relatório Fiscal Final PISCOFINS NÃO CUMULATIVO – 2º TRIMESTRE 2006, constante das Informações Complementares da Análise do Crédito, parte integrante do presente Despacho Decisório, do qual se extrai as seguintes glosas: bens utilizados como insumos (gás liquefeito do petróleo GLP e óleo diesel, produtos adquiridos sujeitos à alíquota zero); duplicidade de aproveitamento de crédito, no momento da aquisição e nos encargos de depreciação; encargos de depreciação de bens do ativo imobilizado: (i) sobre máquinas e equipamentos nos centros de custos AGU – Abastecimento e Tratamento de Água e ENE – Subestação de Energia Elétrica por não afetarem a produção diretamente; (ii) móveis e equipamentos não utilizados na fabricação dos produtos vendidos; (iii) equipamentos formados por aquisições de peças e serviços antes de 30/04/2004; créditos apurados sobre itens importados sem incidência das contribuições, pois foram objeto de exportação temporária; ajuste negativo do crédito (aumento da base de cálculo da contribuição, adicionando valores relativos à cessão de créditos de ICMS). Fl. 573DF CARF MF Processo nº 10650.901214/201084 Acórdão n.º 3201003.571 S3C2T1 Fl. 5 4 A DRFUberaba/MG emitiu Despacho Decisório de fl. 66, por meio do qual foi deferido o crédito no valor de R$6.242.683.23, insuficiente para compensação dos débitos informados pela requerente, razão pela qual foram homologadas parcialmente as de nºs 09464.95026.080606.1.3.095219 e 39206.60392.190706.1.3.090741 e não homologadas as de nºs 09968.33314.310706.1.3.096793, 28447.58996.090806.1.3.09 3918, 00350.65626.161006.1.7.097418. As demais Dcomp foram homologadas. Não houve crédito a ser ressarcido para o PER nº 41037.96597.050706.1.1.090209. A empresa apresenta manifestação de inconformidade (fls. 77 a 107), na qual após as alegações deduzidas, requer: Por todo o exposto, seja com base nas preliminares, seja com fundamento nas razões de mérito, concluise que deve o r. despacho decisório ser modificado "in totum", para o fim de (i) cancelar as glosas realizadas na apuração dos créditos da COFINS; (ii) determinar a exclusão dos montantes recebidos em contrapartida à cessão dos créditos do ICMS, da base de cálculo daquela exação; (iii) homologar integralmente as compensações realizadas pela requerente, nos autos dos processos n. 10650.901214/201084, 10650.900179/201167, 10650.900186/201117, 10650.900187/201111, 10650.900189/201111 e 10650.900188/201158; e (iv) cancelar as respectivas Cartas Cobrança. Protesta a requerente provar o alegado por todos os meios de prova admitidos, especialmente a produção de perícia e a juntada de documentos. Em atendimento ao disposto no inciso V do art. 16 do Decreto n. 70235, de 6.3.1972, a requerente informa que a matéria objeto desta manifestação de inconformidade não foi submetida à apreciação judicial. É o relatório. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Juiz de Fora por intermédio da 1ª Turma, no Acórdão nº 0937.521, sessão de 28/10/2011, julgou improcedente a manifestação de inconformidade da contribuinte. A decisão foi assim ementada: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/04/2006 a 30/06/2006 PRODUÇÃO DE NOVAS PROVAS. PEDIDO DE DILIGÊNCIA. Não atendidos os requisitos legais de admissibilidade, indefere se pedido de juntada de novas provas e, uma vez que os elementos contidos nos autos são suficientes para o deslinde da questão, é prescindível a realização de perícia ou diligência. Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Fl. 574DF CARF MF Processo nº 10650.901214/201084 Acórdão n.º 3201003.571 S3C2T1 Fl. 6 5 Período de apuração: 01/04/2006 a 30/06/2006 NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. BENS NÃO SUJEITOS AO PAGAMENTO DA CONTRIBUIÇÃO. Não dará direito a crédito o valor da aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição, inclusive no caso de isenção, esse último quando revendidos ou utilizados como insumo em produtos ou serviços sujeitos à alíquota zero, isentos ou não alcançados pela contribuição. SERVIÇOS. CRÉDITO SOBRE INSUMOS. Somente os serviços aplicados ou consumidos na produção de bens destinados à venda são considerados insumos e dão direito ao crédito. MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. CRÉDITO SOBRE DEPRECIAÇÃO. A pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados sobre encargos de depreciação, somente em relação às máquinas e aos equipamentos adquiridos para utilização na fabricação de produtos destinados à venda. CESSÃO DE ICMS. INCIDÊNCIA DA COFINS. A cessão de direitos de ICMS compõe a receita do contribuinte, sendo base de cálculo para a contribuição. A seguir, após dissertar acerca do conceito de insumos no entendimento daqueles julgadores, mormente consubstanciado nas INs 247/2002 e 404/2004, estabeleceu as rubricas que a contribuinte incorreu em gastos para os quais a Fiscalização glosou os créditos da não cumulatividade do PIS/Cofins, a saber: I Aumento da base de cálculo da Cofins em procedimento de análise de direito creditório III Inclusão dos ingresso decorrente de cessão de crédito do ICMS na base de cálculo para apuração do crédito de Cofins. IV Glosa de créditos quanto a encargos com aquisição de/para: a) GLP e óleo diesel: b) Alugueis de máquinas e equipamentos locados de pessoa jurídica; c) Depreciação de bens do ativo imobilizado, nos seguintes centro de custo: (i) AGU (Abastecimento e Tratamento de Água), “ENE” (Subestação de energia elétrica); (ii) Móveis e equipamentos alocados em centro de custos produtivos; e Fl. 575DF CARF MF Processo nº 10650.901214/201084 Acórdão n.º 3201003.571 S3C2T1 Fl. 7 6 (iii) Bem do ativo imobilizado adquirido antes de 30/04/2004, relacionados nos quadros demonstrativos do item 6.1 do relatório fiscal. Inconformada com a decisão, a contribuinte apresenta recurso voluntário (fls. 226/268), no qual repisa os argumentos trazidos em sua impugnação, explicitando sua atividade extrativa/industrial e a utilização de cada um dos bens ou serviços em seu processo, cujos gastos tiveram créditos das contribuições glosados. Submetido à julgamento em Colegiado desta 3ª Seção, na sessão de 26/06/2013, após conhecer do recurso voluntário decidiuse convertêlo em diligência para elaboração de laudo que demonstrasse a vinculação dos bens e serviços ao processo produtivo, por entende a Turma tratarse de informação essencial para a análise de qualquer pleito de reconhecimento de PIS e de Cofins não cumulativos. Os termos da diligência determinada na resolução nº 3202000.106 (fls. 312/320): Para o deslinde da questão entendo necessária a diligência para se determinar se os insumos objeto de glosa pela fiscalização relacionamse ou não ao processo produtivo da Recorrente. Diante disso, converto o julgamento em diligência para que unidade preparadora jurisdicionante do domicílio fiscal da Recorrente providencie o que segue: 1) Intime a Recorrente a apresentar laudo de renomada instituição que descreva detalhadamente o seu processo processo produtivo, apontando a utilização dos insumos ora glosados na produção de bens destinados à venda, ou na prestação de serviços; e 2) Após a juntada do laudo, promova diligência fiscal in loco, para verificar as conclusões do laudo pericial, elaborando Relatório conclusivo e sucintoacerca da utilização ou não dos insumos ora glosados no processo produtivo da Recorrente. Após a realização da diligência, é mister que seja dado o prazo de trinta dias para que a Recorrente e a fiscalização se manifestem acerca do tema. A contribuinte elaborou Laudo (fls. 320/396) por meio de seu corpo técnico no qual descreve seu processo produtivo que se materializa no desenvolvimento de atividade de lavra, extração e produção de minérios utilizados na fabricação de produtos da indústria metalúrgica e siderúrgica. O insumo, minério de pirocloro, no qual é encontrado sob a forma do composto óxido de nióbio (Nb2O5), utilizado na produção de nióbio, e de outros produtos derivados, é explorado pela CBMM de seu próprio depósito minerário, e de outro, em forma de concessão, de propriedade da CODEMIG, que juntas otimizam a exploração do minério por intermédio da COMIPA que os vende, exclusivamente, à CBMM. Fl. 576DF CARF MF Processo nº 10650.901214/201084 Acórdão n.º 3201003.571 S3C2T1 Fl. 8 7 A COMIPA é pois a responsável pela operação de lavra e transporte do minério até as instalações da CBMM. As máquinas e equipamentos necessários à extração são de propriedade da CBMM que os aluga à COMIPA, por disposição contratual. O minério adquirido pela CBMM é submetido a sucessivos processos de separação dos demais minerais até a obtenção do produto final o nióbio. Esse processo de separação consiste em etapas de concentração, sinterização, desfosforação, metalurgia, britagem e embalagem. Em termos de controle contábil, cada uma das etapas do processo de produção do nióbio constituise um centro de custo. Finda a caracterização de seu processo produtivo, a CBMM passa a discorrer sobre as despesas incorridas com as várias rubricas apropriadas na tomada de créditos das Contribuições para Pis/Cofins nãocumulativas. A Unidade de Origem produziu o relatório de diligência em que, objetivamente, analisou as glosas efetuadas na autuação fiscal comparando as despesas incorridas nas rubricas mencionadas relacionandoas ao processo produtivo descrito. Segue a síntese da manifestação da autoridade fiscal quanto aos itens glosados, que permanecem em litígios. GLP/Óleo diesel O GLP foi utilizado pelos fornos, equipamentos da produção. Contudo, a glosa ocorreu por outra razão: insumos adquiridos sem o pagamento da contribuição, conforme Relatório Fiscal. Despesas de Alugueis de Máquinas e Equipamentos Não se trata de alugueis, locação, mas de serviços prestados com máquinas e equipamentos nas obras, conforme afirmam os Laudos nas folhas 18. Tratase de despesas apropriadas na conta do ativo imobilizado: 13210001 Obras, portanto, ativadas, cujo crédito foi apurado em duplicidade. Há fotografias dos equipamentos no Anexo VIII, do Laudo. Depreciação de bens do Ativo Imobilizado Os bens do centro de custo AGU Abastecimento de Água não foram usados na produção, mas no bombeamento, tratamento, e reaproveitamento da água que circula nas plantas industriais. Os bens do centro de custo ENE Energia Elétrica distribuem, convertem, adaptam a energia às necessidades das unidades, suprem de energia elétrica toda a empresa essas são suas funções. Eles não atuam na produção e, em consequência, os seus desgastes não decorrem da fabricação dos produtos. Os bens que constam da tabela do item 9, exceto o de número 17, não se desgastaram ou danificaram na fabricação dos produtos. São necessários para viabilizar as atividades de qualquer Fl. 577DF CARF MF Processo nº 10650.901214/201084 Acórdão n.º 3201003.571 S3C2T1 Fl. 9 8 empresa. Não foram adquiridos para fabricar os produtos da Contribuinte. Contudo, o Detector de radiação G606/650 é um separador magnético escória/produto, que se desgasta ou danificase no processo produtivo e, portanto, o crédito sobre ele deve ser admitido. Quanto aos serviços, que constam da referida tabela do item 9, não foram aplicados ou consumidos na fabricação dos produtos destinados à venda. Assim, não se admite crédito sobre suas cotas de depreciação. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator Conforme se verifica nos autos, a lide está vinculada à (i) à possibilidade de alteração da base de cálculo de Cofins de ofício; (ii) inclusão na base de cálculo da Cofins dos valores relativos à cessão de crédito de ICMS; (iii) às glosas realizadas na apuração dos créditos da contribuição relacionadas às despesas com bens e serviços utilizados pela recorrente nas atividades de lavra, extração e produção de nióbio; e (iv) crédito com encargo de depreciação de bens do ativo imobilizado adquiridos antes de 30/04/2004. Aumento da base de cálculo da Cofins em procedimento de análise de direito creditório Argui a recorrente que a fiscalização não poderia proceder o aumento da base de cálculo da Cofins devida em apuração de créditos da Contribuição. Entende que eventuais ajustes na base de cálculo para exigência de tributo ou cálculo do rateio dos créditos somente poderiam ser feitos por meio de lançamento de oficio e que a interpretação da decisão recorrida ao mencionar o art. 9º, § 4º do Decreto 70.235/72, com a redação dada pela Medida Provisória n° 44/08, é equivocada. O enfrentamento da matéria é despiciendo, pois o aumento suscitado decorreu da inclusão como receita de valores provenientes da cessão de crédito de ICMS, que será analisada em tópico próprio, e goza de decisão definitiva em sede de repercussão geral, com a reprodução obrigatória da decisão do STJ nos julgamentos deste CARF. Desta forma, se não configura receita não há que se falar em aumento da base de cálculo por meio de lançamento de oficio. Cessão onerosa de crédito de ICMS Este mesmo contribuinte teve julgamento desta matéria em Turma do CARF em que se atestou o acúmulo de créditos de ICMS decorrentes de sua condição de exportador, conforme excerto do voto no acórdão nº 3301003.209, prolatado em 21/02/2017, cuja decisão foi o afastamento da exigência por unanimidade: (...) Fl. 578DF CARF MF Processo nº 10650.901214/201084 Acórdão n.º 3201003.571 S3C2T1 Fl. 10 9 Percebese, quando da leitura da Ata de Assembléia Geral Extraordinária da Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração, de 30 de junho de 2008, que dispõe sobre a reforma integral do estatuto social da Companhia, que tem por objeto social (fls. 417): (i) a indústria, o comércio, a importação e a exportação de minérios, produtos químicos, fertilizantes e produtos metalúrgicos, e a exploração e o aproveitamento de jazidas minerais no território nacional; (ii) a representação de outras sociedades, nacionais ou estrangeiras; e; (iii) a participação em outras sociedades, como sócia ou acionista; e (iv) o desenvolvimento de outras atividades correlatas, de interesse da Companhia. (grifouse). Neste sentido, como o Contribuinte desenvolve a atividade de exportação de minérios e requer a retirada da base de cálculo da cessão de créditos do ICMS (...) A inclusão como receita de PIS e de Cofins da cessão onerosa de crédito de ICMS, acumulados em razão de exportação para o exterior, foi definitivamente afastada pelo STJ no julgamento do RE nº 606.107/RS, na sistemática de repercussão geral prevista no art. 543B do antigo CPC, não sendo mais passível de discussão no CARF, que deverá reproduzir no julgamento, frente ao comando do § 2º do art. 62 da Portaria nº 343/2015 RICARF, redação dada pela Portaria MF nº 152/2016. Eis a reprodução do julgado no STF, de relatoria da Ministra Rosa Weber, na sessão do Pleno de 22/05/2013: EMENTA RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE. HERMENÊUTICA. CONTRIBUIÇÃO AO PIS E COFINS. NÃO INCIDÊNCIA. TELEOLOGIA DA NORMA. EMPRESA EXPORTADORA. CRÉDITOS DE ICMS TRANSFERIDOS A TERCEIROS. I Esta Suprema Corte, nas inúmeras oportunidades em que debatida a questão da hermenêutica constitucional aplicada ao tema das imunidades, adotou a interpretação teleológica do instituto, a emprestarlhe abrangência maior, com escopo de assegurar à norma supralegal máxima efetividade. II A interpretação dos conceitos utilizados pela Carta da República para outorgar competências impositivas (entre os quais se insere o conceito de “receita” constante do seu art. 195, I, “b”) não está sujeita, por óbvio, à prévia edição de lei. Tampouco está condicionada à lei a exegese dos dispositivos que estabelecem imunidades tributárias, como aqueles que fundamentaram o acórdão de origem (arts. 149, § 2º, I, e 155, § 2º, X , “a”, da CF) . Em ambos os casos, trata+se de interpretação da Lei Maior voltada a desvelar o alcance de regras tipicamente constitucionais, com absoluta independência da atuação do legislador tributário. Fl. 579DF CARF MF Processo nº 10650.901214/201084 Acórdão n.º 3201003.571 S3C2T1 Fl. 11 10 III – A apropriação de créditos de ICMS na aquisição de mercadorias tem suporte na técnica da não cumulatividade, imposta para tal tributo pelo art. 155, § 2º, I, da Lei Maior, a fim de evitar que a sua incidência em cascata onere demasiadamente a atividade econômica e gere distorções concorrenciais. IV O art. 155, § 2º, X, “a”, da CF – cuja finalidade é o incentivo às exportações, desonerando as mercadorias nacionais do seu ônus econômico, de modo a permitir que as empresas brasileiras exportem produtos, e não tributos , imuniza as operações de exportação e assegura “a manutenção e o aproveitamento do montante do imposto cobrado nas operações e prestações anteriores”. Não incidem, pois, a COFINS e a contribuição ao PIS sobre os créditos de ICMS cedidos a terceiros, sob pena de frontal violação do preceito constitucional. V – O conceito de receita, acolhido pelo art. 195, I, “b”, da Constituição Federal, não se confunde com o conceito contábil. Entendimento, aliás, expresso nas Leis 10.637/02 (art. 1º) e Lei 10.833/03 (art. 1º), que determinam a incidência da contribuição ao PIS/PASEP e da COFINS não cumulativas sobre o total das receitas, “independentemente de sua denominação ou classificação contábil”. Ainda que a contabilidade elaborada para fins de informação ao mercado, gestão e planejamento das empresas possa ser tomada pela lei como ponto de partida para a determinação das bases de cálculo de diversos tributos, de modo algum subordina a tributação. A contabilidade constitui ferramenta utilizada também para fins tributários, mas moldada nesta seara pelos princípios e regras próprios do Direito Tributário. Sob o específico prisma constitucional, receita bruta pode ser definida como o ingresso financeiro que se integra no patrimônio na condição de elemento novo e positivo, sem reservas ou condições. VI O aproveitamento dos créditos de ICMS por ocasião da saída imune para o exterior não gera receita tributável. Cuidase de mera recuperação do ônus econômico advindo do ICMS, assegurada expressamente pelo art. 155, § 2º, X, “a”, da Constituição Federal. VII Adquirida a mercadoria, a empresa exportadora pode creditarse do ICMS anteriormente pago, mas somente poderá transferir a terceiros o saldo credor acumulado após a saída da mercadoria com destino ao exterior (art. 25, § 1º, da LC 87/1996). Porquanto só se viabiliza a cessão do crédito em função da exportação, além de vocacionada a desonerar as empresas exportadoras do ônus econômico do ICMS, as verbas respectivas qualificamse como decorrentes da exportação para efeito da imunidade do art. 149, § 2º, I, da Constituição Federal. VIII Assenta esta Suprema Corte a tese da inconstitucionalidade da incidência da contribuição ao PIS e da COFINS não cumulativas sobre os valores auferidos por empresa exportadora em razão da transferência a terceiros de créditos de ICMS. Fl. 580DF CARF MF Processo nº 10650.901214/201084 Acórdão n.º 3201003.571 S3C2T1 Fl. 12 11 IX Ausência de afronta aos arts. 155, § 2º, X, 149, § 2º, I, 150, § 6º, e 195, caput e inciso I, “b”, da Constituição Federal. Recurso extraordinário conhecido e não provido, aplicandose aos recursos sobrestados, que versem sobre o tema decidido, o art. 543B, § 3º, do CPC. E o comando do § 2º do art. 62 do RICARF: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (...) § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) Assim sendo, de acordo com a legislação e a jurisprudência aplicável ao tema, voto devese afastar da base de cálculo da contribuição o ingresso oriundo da cessão de créditos do ICMS. Glosa de créditos O recurso voluntário apresentado nestes autos, em relação às matérias abordadas na autuação, assemelhase em relação aos demais processos de glosa de créditos de bens e serviços que a fiscalização entendeu não relacionaremse com o processo produtivo da CBMM. Assim, antes de se proceder à análise individualizada de cada item, mister assentar os fundamentos para a utilização do conceito de insumos que irão conduzir este voto. Conceito de insumos para créditos de PIS e Cofins Este Conselho, incluindo esta Turma, entende que o conceito de insumo é mais elástico que o adotado pela fiscalização e julgadores da DRJ nas suas Instruções Normativas n°s. 247/2002 e 404/2004, mas não alcança a amplitude de dedutibilidade utilizado pela legislação do Imposto de Renda, como requer a recorrente. Isto posto, há de se fixar os contornos jurídicos para delimitar os dispêndios (gastos) que são considerados insumos com direito ao crédito das contribuições sociais, quer no processo produtivo ou na prestação de serviço. Neste ponto acolho o conceito estabelecido pelo Ministro do STJ Mauro Campbell Marques no voto condutor do REsp nº 1.246.317MG, que fora sintetizado pelo Conselheiro relator ALEXANDRE KERN, no acórdão nº 3402002.663, sessão de 24/02/2015, o qual adoto neste voto e transcrevo: Fl. 581DF CARF MF Processo nº 10650.901214/201084 Acórdão n.º 3201003.571 S3C2T1 Fl. 13 12 Inclinome pelo conceito de insumo deduzido no voto condutor do REsp nº 1.246.317 MG (2011/00668193). Nele, o Ministro Mauro Campbell Marques interpreta que, da dicção do inc. II do art. 3º tanto da Lei nº 10.637, de 2002, quanto da Lei nº 10.833, de 2003, extraise que nem todos os bens ou serviços, utilizados na produção ou fabricação de bens geram o direito ao creditamento pretendido. É necessário que essa utilização se dê na qualidade de "insumo" ("utilizados como insumo"). Isto significa que a qualidade de "insumo" é algo a mais que a mera utilização na produção ou fabricação, o que também afasta a utilização dos conceitos de "Custos e Despesas Operacionais" inerentes ao IR. Não basta, portanto, que o bem ou serviço seja necessário ao processo produtivo, é preciso algo a mais, algo mais específico e íntimo ao processo produtivo. As leis, exemplificativamente, mencionam que se inserem no conceito de “insumos” para efeitos de creditamento: a) serviços utilizados na prestação de serviços; b) serviços utilizados na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda; c) bens utilizados na prestação de serviços; d) bens utilizados na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda; e) combustíveis e lubrificantes utilizados na prestação de serviços; f) combustíveis e lubrificantes utilizados na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda. O Min. Campbell Marques extrai o que há de nuclear da definição de “insumos” para efeito de creditamento e conclui: a) o bem ou serviço tenha sido adquirido para ser utilizado na prestação do serviço ou na produção, ou para viabilizálos pertinência ao processo produtivo; b) a produção ou prestação do serviço dependa daquela aquisição essencialidade ao processo produtivo; e c) não se faz necessário o consumo do bem ou a prestação do serviço em contato direto com o produto possibilidade de emprego indireto no processo produtivo. Explica ainda que, não basta, que o bem ou serviço tenha alguma utilidade no processo produtivo ou na prestação de serviço: é preciso que ele seja essencial. É preciso que a sua subtração importe na impossibilidade mesma da prestação do serviço ou da produção, isto é, obste a atividade da empresa, ou implique em substancial perda de qualidade do produto ou serviço daí resultante. (...) Fl. 582DF CARF MF Processo nº 10650.901214/201084 Acórdão n.º 3201003.571 S3C2T1 Fl. 14 13 Particularmente, entendo ainda mais apropriada a especificidade do conceito deduzido pelo Min. Mauro Campbell Marques, plasmado no REsp 1.246.317MG, segundo o qual (sublinhado no original): Insumos, para efeitos do art. 3º, II, da Lei n. 10.637/2002, e art. 3º, II, da Lei n. 10.833/2003 são todos aqueles bens e serviços pertinentes ao, ou que viabilizam o processo produtivo e a prestação de serviços, que neles possam ser direta ou indiretamente empregados e cuja subtração importa na impossibilidade mesma da prestação do serviço ou da produção, isto é, cuja subtração obsta a atividade da empresa, ou implica em substancial perda de qualidade do produto ou serviço daí resultantes. Portanto, ao contrário do que pretende o recorrente, não é todo e qualquer custo ou despesa necessária à atividade da empresa, nos termos da legislação do IRPJ. Há de se perquirir a pertinência e a essencialidade do gasto relativamente ao processo fabril ou de prestação de serviço para que se lhe possa atribuir a natureza de insumo. Firmado nos fundamentos assentados, quanto ao alcance do conceito de insumo, segundo o regime da nãocumulatividade do PIS Pasep e da COFINS, entendo que a acepção correta é aquela em que o os bens e serviços cumulativamente atenda aos requisitos de: 1. pertinência ao processo produtivo ou prestação de serviço; 2. emprego direto ou indireto no processo produtivo ou prestação de serviço; 3. essencialidade em que a subtração importa a impossibilidade da produção ou prestação de serviço ou implique substancial perda de qualidade (do produto ou serviço resultante). Assim, há de se verificar se o recorrente comprova a utilização dos insumos no contexto da atividade fabricação, produção ou prestação de serviço de forma a demonstrar que o gasto incorrido guarda relação de pertinência com o processo produtivo/prestação de serviço, mediante seu emprego, ainda que indireto, de forma que sua subtração implique ao menos redução da qualidade. Neste ponto, essencial que se conheça quais são os produtos finais elaborados com os insumos, ou o principal desses minério de pirocloro/óxido de nióbio , adquiridos da CEMIPA. A resposta se encontra às páginas 09/10 do Laudo (fls. 447/448): (i) ferronióbio, de alta pureza; (ii) óxido de nióbio (Nb2O5) de alta pureza; (iii) óxido de nióbio grau ótico; (iv) liga níquelnióbio (NiNb); e (v) nióbio metálico. Passo à análise da possibilidade de apropriação de créditos das contribuições nas despesas com bens e serviços discriminados no Laudo Técnico. GLP e óleo diesel Fl. 583DF CARF MF Processo nº 10650.901214/201084 Acórdão n.º 3201003.571 S3C2T1 Fl. 15 14 As despesas com óleo diesel e GLP foram glosadas pela aquisição dos referidos bens estar submetida à alíquota zero para o PIS e para a Cofins (art. 41, I da MP nº 2.15835/01), conforme vedação do art. 3º, § 2º, II das Leis nºs. 10.837/02 e 10.833/03. A recorrente, por sua vez, entende que o dispositivo não alcança os combustíveis com tributação na sistemática monofásica. Vejamos os dispositivos legais: Medida Provisória nº 2.15835/01 Art. 42. Ficam reduzidas a zero as alíquotas da contribuição para o PIS/PASEP e COFINS incidentes sobre a receita bruta decorrente da venda de: I gasolinas, exceto gasolina de aviação, óleo diesel e GLP, auferida por distribuidores e comerciantes varejistas; E o que dispõe a Lei nº 10.833, de 2003 e, em igual inciso, a Lei nº 10.637, de 2002: Art. 3° o valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...] “II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da Tipi; grifo nosso. [...] § 2° Não dará direito a crédito o valor: [...] II da aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição, inclusive no caso de isenção, esse último quando revendidos ou utilizados como insumo em produtos ou serviços sujeitos à aliquota 0 (zero), isentos ou não alcançados pela contribuição." [...] A leitura dos dispositivos acima revela que o legislador, ao permitir a apuração de créditos, inclusive de combustíveis e lubrificantes, expressamente excluiu o aproveitamento de créditos sobre valores de aquisições de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento das contribuições. Fl. 584DF CARF MF Processo nº 10650.901214/201084 Acórdão n.º 3201003.571 S3C2T1 Fl. 16 15 Conquanto este relator mantinha o entendimento de que os gastos com GLP e óleo diesel por pessoa jurídica consumidora não lhe conferia o direito ao crédito, uma vez que a aquisição fora tributada de forma concentrada, esta Turma tem decidido de forma contrária, com supedâneo no inciso II do art. 3º da Lei nº 10.833/2003, alinhada com recentes decisões da Câmara Superior de Recursos Fiscais, a exemplo dos Acórdãos nºs. 9303005.908 e 9303 005.623. Assim, tratandose de aquisições de GLP e óleo diesel, combustíveis utilizados no processo produtivo da recorrente, assistelhe razão, sendo possível sua pretensão em manter o crédito sobre tais rubricas. Despesas de alugueis de máquinas e equipamentos No relatório fiscal justificase a glosa com alugueis de máquinas e equipamentos com o fundamento de que as despesas foram escrituradas em conta de ativo, no momento da aquisição, e também na depreciação. Menciona as Fichas 06A e 16A, Linha 06, do Dacon, como comprovação. A fiscalização não comprovou que os bens alugados foram imobilizados de forma que tenha havido duplicidade de aproveitamento de crédito. Inexistem elementos nos autos que permitam inferir tal assertiva; ao contrário, na tabela apresentada no relatório fiscal há a indicação do equipamento, número de nota fiscal, data, fornecedor e valor correspondente da locação, o que não se confunde com aquisições. Nos Laudos constam informações do bem alugado e o local de sua utilização/aplicação nas atividades da empresa. O aproveitamento de crédito de PIS e Cofins com aluguel de bem está previsto no art. 3º, inciso IV da Lei nº 10.637/02, reproduzido na Lei nº 10.833/03: Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...) IV aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa; Conquanto tenha proferido voto no sentido de que a apropriação do crédito não alcança os veículos, esta Turma tem se manifestado que a determinação legal não restringiu a utilização dos créditos somente as máquinas e equipamentos utilizados no processo produtivo. A premissa legal é que os veículos, além de máquinas e equipamentos, sejam utilizados nas atividades da empresa. No presente caso, a descrição da função ou aplicação dos veículos e equipamentos revela claramente estarem relacionados às atividades produtivas, ou seja, a utilização é na movimentação e transporte de insumos, máquinas, equipamentos e prestação de serviços essenciais ao processo produtivo. Portanto, para esta matéria assiste razão aos argumentos da Recorrente, devendo ser afastada as glosas referentes as despesas com alugueis de máquinas, equipamentos e veículos utilizados nas atividades da pessoa jurídica e pagos a pessoa jurídica. Fl. 585DF CARF MF Processo nº 10650.901214/201084 Acórdão n.º 3201003.571 S3C2T1 Fl. 17 16 Encargos de depreciação de máquinas e equipamento do centro de custo AGU (Abastecimento e Tratamento de Água) A fiscalização entendeu que os bens deste centro de custo relacionados nos Anexo IV não foram usados na produção, mas no bombeamento, tratamento, e reaproveitamento da água que circula nas plantas industriais, do que decorre a impossibilidade de se apropriar dos créditos com encargos de depreciação. Por sua vez, a contribuinte demonstrou no laudo a existência de vinculação direta da utilidade (água) a etapas do processo de produção de óxidos de nióbio, metalurgia, concentração, calcinação, bem como em, outra oportunidade, na barragem de contenção de rejeitos direitos da produção. Desta forma, faço me valer da idêntica conclusão a que chegou a 1ª Turma Ordinária, da 3ª Câmara desta mesma Seção do CARF ao analisar esta matéria da mesma contribuinte no acórdão nº 3301003.209, de 21/02/2017, que por unanimidade reverte a glosa dos bens empregados no centro de custo AGU reproduzida: Entendese, com isso, que o Contribuinte não teria condições de processar os minérios para transformálos em produto final sem a utilização da água, fazendo com que esta seja indispensável no sistema produtivo realizado pelo Contribuinte. Tendo isto claro, respeitando o critério da essencialidade, visto que a água é elemento fundamental no processo produtivo do nióbio, e sem a água nas diversas fases do processo produtivo não é possível processar os minérios objeto da atividade do Contribuinte, voto no sentido de considerar que a depreciação das máquinas e os equipamentos utilizados no tratamento e abastecimento de água permitem o creditamento na contribuição ao PIS nãocumulativo, visto que são utilizados na produção de bens destinados à venda. Assim, com fundamento no art. 3º, VI c/c § 1º, III, e observado os demais requisitos dos §§ 2º e 3º do mesmo artigo, todos da Lei nº 10.637/02, reproduzidos na Lei nº 10.833/03, e também o que se encontra disciplinado na IN SRF nº 457/2004, relativamente aos limites dos encargos de depreciação, devem ser estornados as glosas de créditos com encargos de depreciação dos itens imobilizados que constam do Anexo IV, identificados como relacionados ao centro de custo CC AGU. Encargos de depreciação de máquinas e equipamento do centro de custo ENE (Subestação de Energia Elétrica) Consta do relatório de diligência que os bens do centro de custo ENE Subestação de Energia Elétrica distribuem, convertem, adaptam a energia às necessidades das unidades, suprem de energia elétrica toda a empresa , sendo assim, entende a fiscalização que não atuam na produção e, em consequência, os seus desgastes não decorrem da fabricação dos produtos. Fl. 586DF CARF MF Processo nº 10650.901214/201084 Acórdão n.º 3201003.571 S3C2T1 Fl. 18 17 Uma vez mais, peço vênia para adotar as conclusões e minhas razões de decidir o voto alhures mencionado no acórdão nº 3301003.209, que se identifica ao do presente processo: Como está claro nos autos a atividade de produção de nióbio pelo Contribuinte requer, além do sistema de abastecimento e tratamento de água, a existência de uma subestação de energia elétrica, visto que a energia elétrica recebida da concessionária CEMIG precisa, necessariamente, receber um processo de adequação da tensão para que possa ser aplicada aos equipamentos industriais. Observase ademais que no laudo elaborado pela requerente (fls. 657 a 711) se demonstra que 99% da energia consumida é destinada ao processo produtivo do Contribuinte e que menos de 1% destinase as atividades administrativas da indústria. Em conclusão, a água e a energia elétrica são indispensáveis as atividades de processamento do minério pelo Contribuinte, e, assim sendo, os equipamentos e as máquinas utilizados no tratamento desses insumos com o fito de tornar possível a sua utilização, pela adequação técnica que a atividade requer, devem ser considerados como itens utilizados no processo produtivo de acordo com o previsto na Lei n° 10.637/02, que assim dispõe: Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...) VI máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado,adquiridos ou fabricados para locação a terceiros ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços. Logo, respeitando o princípio da essencialidade, é cabível o creditamento dos valores relativos a depreciação do Centro de Custo ENE – Subestação Energia Elétrica, visto que está sendo diretamente utilizado, no sentido de necessário e essencial, ao sistema produtivo em discussão, portanto, voto em prover o Recurso Voluntário neste tema. Assim, com fundamento no art. 3º, VI c/c § 1º, III, e observado os demais requisitos dos §§ 2º e 3º do mesmo artigo, todos da Lei nº 10.637/02, reproduzidos na Lei nº 10.833/03, e também o que se encontra disciplinado na IN SRF nº 457/2004, relativamente aos limites dos encargos de depreciação, devem ser estornados as glosas de créditos com encargos de depreciação dos itens imobilizados que constam do Anexo IV, identificados como relacionados ao centro de custo ENE (Subestação de energia Elétrica). Móveis e equipamentos alocados em centro de custos produtivos Fl. 587DF CARF MF Processo nº 10650.901214/201084 Acórdão n.º 3201003.571 S3C2T1 Fl. 19 18 Aduz a fiscalização que se trata de bens que não se relacionam ao processo produtivo e estão descritos no subitem 6.2 do Relatório Fiscal e Anexo V do Laudo, conforme indicação da utilização na tabela elaborada: Entende o Fisco, quanto aos serviços relacionados, não foram aplicados ou consumidos na fabricação dos produtos destinados à venda. Assim, não se admitiu o crédito sobre suas cotas de depreciação. Exceção feita às glosas pela fiscalização, o item 17, "detector de radiação G606/650" separador magnético escória/produto que se desgasta ou danificase no processo produtivo e, portanto, o crédito fora admitido. A contribuinte postula a reversão das glosas asseverando que desempenham funções nos processos e nas operações das etapas produtivas. Aparelhos de ar condicionado, incluindo serviço de instalação, monitores de LCD, exclusivamente utilizado em sala de equipamentos de controle e monitoramento da produção ou em equipamento (veículo), tanques para armazenagem de água ou outra substância e motoserras, utilizados em etapa produtiva são essenciais ao processo produtivo devendose estornar as glosas. Quanto aos demais bens da tabela, sua utilização não tem relação de essencialidade às etapas de industrialização do produto destinado a venda, portanto, não autoriza o creditamento, eis que secundários ao processo industrial. É o caso de rádios comunicadores, móveis, utensílios e arcondicionado de salas de operadores, enceradeira industrial. Fl. 588DF CARF MF Processo nº 10650.901214/201084 Acórdão n.º 3201003.571 S3C2T1 Fl. 20 19 Glosa de encargos de depreciação de itens do ativo imobilizado adquiridos antes de 30 de abril de 2004 A decisão recorrida manteve a glosa de créditos efetuadas pela fiscalização sobre quotas de depreciação sobre bens adquiridos antes de 30/04/2004, conforme determina o art. 31 da lei nº 10.865/04, que assim dispõe: Art. 31. É vedado, a partir do último dia do terceiro mês subseqüente ao da publicação desta Lei, o desconto de créditos apurados na forma do inciso III do § 1º do art. 3º das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, relativos à depreciação ou amortização de bens e direitos de ativos imobilizados adquiridos até 30 de abril de 2004. § 1º Poderão ser aproveitados os créditos referidos no inciso III do § 1º do art. 3º das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, apurados sobre a depreciação ou amortização de bens e direitos de ativo imobilizado adquiridos a partir de 1º de maio. De forma diversa entende o Contribuinte, que alega em seu Recurso Voluntário, que não se pode aplicar tal dispositivo por haver assim ofensa ao seu direito adquirido referente ao desconto dos créditos da Cofins calculados sobre os encargos de depreciação do ativo imobilizado acima mencionado. Suscita que não pode a norma do art. 31 da Lei n. 10865/04 ser aplicada retroativamente para alcançar os créditos relativos aos bens do ativo imobilizado, que tenham sido adquiridos antes de 30.4.2004, conforme reconhecido pela Corte Especial do Tribunal Regional Federal da 4a Região, no julgamento do Incidente de Arguição de Inconstitucionalidade na AMS n. 2005.70.00.0005940/ PR, em 26.6.2008. Apesar dos argumentos do Contribuinte não há como negar a clareza da norma em questão quando define que é vedado o desconto de créditos relativos a depreciação ou amortização de bens e direitos de ativos imobilizados adquiridos até a data de 30 de abril de 2004. Logo, não se trata de uma ofensa ao direito adquirido do Contribuinte, mas sim a simples e necessária aplicação da legislação pertinente a matéria discutida. Com isso, haja visto a legislação aplicável ao caso, voto no sentido de negar provimento ao pedido do Contribuinte referente a este ponto. Desse modo, não há como afastar a glosa relativa ao aproveitamento de crédito sobre encargos de depreciação referentes às aquisições de bens e serviços do ativo imobilizado, anteriores a 30/04/2004. Conclusão Diante de todo o exposto, voto para DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso voluntário para (i) afastar da base de cálculo da contribuição o ingresso oriundo da cessão de créditos do ICMS; (ii) conceder o crédito das contribuições para o PIS/Cofins, revertendose as glosas efetuadas, atendidas os demais requisitos dos §§ 2º e 3º do art. 3º das Leis nºs. 10.637/2002 e 10.833/2003: Fl. 589DF CARF MF Processo nº 10650.901214/201084 Acórdão n.º 3201003.571 S3C2T1 Fl. 21 20 1. GLP e óleo diesel utilizados como combustíveis; 2. Despesas com aluguéis de máquinas, equipamentos e veículos utilizados em atividades da empresas relativas às etapas do processo produtivo, relacionados no Anexo VIII do Laudo; 3. Encargos de depreciação de: a. itens imobilizados que constam do Anexo IV identificados como relacionados aos centos de custos AGU e ENE; b. aparelhos de ar condicionado e monitores de LCD, exclusivamente utilizados em sala de equipamentos de controle e monitoramento da produção da etapa produtiva (Anexo V); c. tanques de líquidos e motoserras, utilizados no processo produtivo (Anexo V); 4. Serviço de instalação de ar condicionado em veículo utilizado em etapa do processo produtivo. É como voto. Paulo Roberto Duarte Moreira Fl. 590DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10283.900009/2013-70
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu May 24 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Jun 21 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 03/10/2012
DIREITO CREDITÓRIO. PROVA. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO
O reconhecimento do direito creditório pleiteado requer a prova de sua existência e montante, sem o que não pode ser restituído ou utilizado em compensação. Faltando ao conjunto probatório carreado aos autos pela interessada elemento que permita a verificação da existência de pagamento indevido ou a maior frente à legislação tributária, o direito creditório não pode ser admitido.
DCTF. CONFISSÃO DE DÍVIDA. RETIFICAÇÃO. DESPACHO DECISÓRIO. DIREITO CREDITÓRIO
A DCTF é instrumento formal de confissão de dívida, e sua retificação, posterior à emissão de despacho decisório, exige comprovação material a sustentar direito creditório alegado.
VERDADE MATERIAL. ÔNUS DA PROVA.
As alegações de verdade material devem ser acompanhadas dos respectivos elementos de prova. O ônus de prova é de quem alega. A busca da verdade material não se presta a suprir a inércia do contribuinte que tenha deixado de apresentar, no momento processual apropriado, as provas necessárias à comprovação do crédito alegado.
Numero da decisão: 3201-003.717
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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PROVA. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO O reconhecimento do direito creditório pleiteado requer a prova de sua existência e montante, sem o que não pode ser restituído ou utilizado em compensação. Faltando ao conjunto probatório carreado aos autos pela interessada elemento que permita a verificação da existência de pagamento indevido ou a maior frente à legislação tributária, o direito creditório não pode ser admitido. DCTF. CONFISSÃO DE DÍVIDA. RETIFICAÇÃO. DESPACHO DECISÓRIO. DIREITO CREDITÓRIO A DCTF é instrumento formal de confissão de dívida, e sua retificação, posterior à emissão de despacho decisório, exige comprovação material a sustentar direito creditório alegado. VERDADE MATERIAL. ÔNUS DA PROVA. As alegações de verdade material devem ser acompanhadas dos respectivos elementos de prova. O ônus de prova é de quem alega. A busca da verdade material não se presta a suprir a inércia do contribuinte que tenha deixado de apresentar, no momento processual apropriado, as provas necessárias à comprovação do crédito alegado. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 3. 90 00 09 /2 01 3- 70 Fl. 286DF CARF MF Processo nº 10283.900009/201370 Acórdão n.º 3201003.717 S3C2T1 Fl. 286 2 (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório Para bem relatar os fatos, transcrevese o relatório da decisão proferida pela autoridade a quo: Tratase de Despacho Decisório que não homologou Pedido de Restituição eletrônico. Na fundamentação do ato, consta: A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para restituição (...) Diante da inexistência do crédito, INDEFIRO o Pedido de Restituição. Cientificada, a interessada apresentou Manifestação de Inconformidade alegando, em síntese, que: O crédito em comento decorreu do recolhimento em duplicidade do IOF devido sobre o saldo devedor dos contratos de mútuo (...) (doc. 06) (...). Nesse sentido, considerando que em 31.08.2012 o saldo devedor total dos referidos contratos era de R$ 142.703.000,00, em 05.09.2012, a Requerente efetuou recolhimento de IOF no montante de R$ 181.375,51. Essa obrigação foi devidamente declarada na DCTF (...) no código 115002 (Doc. 07) e recolhida aos cofres públicos conforme comprovante de pagamento anexo (Doc. 08). Ocorre que, por equívoco, em 03.10.2012 a Requerente acabou por efetuar novo recolhimento referente ao mesmo período de apuração. Nessa ocasião, a Requerente acresceu multa e juros ao montante principal de R$ 181.375,51, o que totalizou um recolhimento de R$ 199.948,35, como resta demonstrado no comprovante em anexo (Doc. 09). Fl. 287DF CARF MF Processo nº 10283.900009/201370 Acórdão n.º 3201003.717 S3C2T1 Fl. 287 3 Em face do pagamento indevido, a Requerente buscou a restituição desta quantia em sua plenitude através da PER/DCOMP nº 37483.52347.211112.1.2.047499 (Doc. 10) e, posteriormente, pleiteou compensação parcial desta quantia através da PER/DCOMP de nº 26364.48299.211112.1.3.042534 (Doc. 11). ... Alegase no Despacho Decisório, em suma, que o valor DARF discriminado no PER/DCOMP como gerador do crédito passível de compensação foi utilizado em sua maior parte para quitação de outros débitos da Requerente. Mais especificamente, do crédito total de R$ 199.948,35 a RFB alega ter confirmado um crédito disponível de apenas R$ 4.788,31. A falta de confirmação do valor total do crédito certamente se deu em razão de outro equívoco cometido pela Requerente: após o recolhimento em duplicidade do IOF, a contabilidade da Requerente, de forma errônea, retificou a DCTF do período para aumentar o valor do débito supostamente devido, de R$ 181.375,51 para R$ 362.751,02. (...). Ocorre que, como demonstra o anexo relatório gerencial (Doc. 13), o saldo devedor dos empréstimos em comento em 31.07.2012 era efetivamente de R$ 142.703.000,00, de forma que o IOF devido em agosto de 2012 era de apenas R$ 181.375,51, como segue: R$ 142.703.000,00 x 0,0041% x 31 dias=R$181.375,51. Evidentemente, o conjunto probatório ora trazido aos autos deve prevalecer sobre as informações equivocadamente prestadas em DCTF, sob pena de afronta à verdade material e de exigência de tributo maior que o devido em face da legislação vigente. (...). Diante disso, há que ser reconhecido o crédito de IOF no montante total R$ 199.948,35 e, em consequencia, a necessidade de homologação integral da compensação discutida nestes autos. Ao final da manifestação de inconformidade pede a contribuinte pela produção de provas, "notadamente pela juntada posterior de novos documentos contábeis que corroborem o saldo devedor dos empréstimos sobre o qual incidiu o IOF". A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto/SP, por intermédio da 14ª Turma, no Acórdão nº 1455.076, sessão de 24/11/2014, julgou improcedente a manifestação de inconformidade do contribuinte. A decisão foi assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CRÉDITO, CÂMBIO E SEGUROS OU RELATIVAS A TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS IOF Data do fato gerador: 03/10/2012 Fl. 288DF CARF MF Processo nº 10283.900009/201370 Acórdão n.º 3201003.717 S3C2T1 Fl. 288 4 DIREITO CREDITÓRIO. PROVA. O reconhecimento do direito creditório pleiteado requer a prova de sua existência e montante, sem o que não pode ser restituído ou utilizado em compensação. Faltando ao conjunto probatório carreado aos autos pela interessada elemento que permita a verificação da existência de pagamento indevido ou a maior frente à legislação tributária, o direito creditório não pode ser admitido. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido A decisão a quo manteve a não homologação da compensação sob o fundamento de que em sede de manifestação de inconformidade não foi apresentada prova documental que desse respaldo à DCTF retificadora, transmitida após a ciência no despacho decisório. Irresignado, o contribuinte interpôs recurso voluntário no qual reprisa seus argumentos e fundamentos arguidos primeira instância, reapresentando os mesmos documentos. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator O Recurso Voluntário atende aos requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. Não assiste razão ao recorrente. Tratandose de direito creditório pleiteado sem qualquer comprovação documental de que a escrita contábil da contribuinte dera suporte fático às três retificações de DCTF, para que fosse alegado equívocos nos preenchimentos e recolhimentos em duplicidade do IOF devido em 31/08/2012, a decisão recorrida foi acertada. Iniciado então o contencioso com a manifestação de inconformidade era dever/ônus do contribuinte municiar sua defesa com os elementos de prova que suportassem as informações consignadas em sua última DCTF retificadora, apresentada em momento posterior à ciência no procedimento de não homologação da compensação. Do ponto de vista formal (documental), observase nos autos tanto em manifestação de inconformidade como e recurso voluntário que a contribuinte não traz qualquer elemento comprobatório que sustente suas alegações no sentido de que a DCTF foi retificada para refletir o suposto direito creditório decorrente de pagamento indevido de IOF. Pressupõese à evidência do pedido final da recorrente em sua manifestação de inconformidade de que haveria documentos contábeis a comprovar e sustentar o alegado pagamento em duplicidade, mas nada fora apresentado em sede recursal a este Conselho. Fl. 289DF CARF MF Processo nº 10283.900009/201370 Acórdão n.º 3201003.717 S3C2T1 Fl. 289 5 Ora é de se presumir que a comprovação de um efetivo pagamento em duplicidade é deveras elementar: bastaria comprovar que os valores originais pagos em DARF corresponderiam a um mesmo período de apuração e de vencimento, conforme os registros contábeis efetuados nas contas envolvidas A ausência da prova viola a regra jurídica adotada pelo direito pátrio de que a prova compete à pessoa que alega o fato, conforme se depreende do abaixo transcrito artigo 16, caput, III, do Decreto n° 70.235, de 1972 (PAF), que regulamenta o processo administrativo fiscal no âmbito federal, e do artigo 373, da Lei nº 13.115/2015 (Código de Processo Civil), verbis: Decreto n° 70.235, de 1972: Art. 16. A impugnação mencionará: III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir. § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) b) refirase a fato ou a direito superveniente; (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) Lei nº 13.105/2015 CPC "Art. 373. 0 ônus da prova incumbe: I — ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II — ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor." Cabe assinalar que o reconhecimento de direito creditório contra a Fazenda Nacional exige a averiguação da liquidez e certeza do suposto pagamento indevido ou a maior de tributo, fazendose necessário verificar a exatidão das informações a ele referentes, confrontandoas com os registros contábeis e fiscais efetuados com base na documentação pertinente, com análise da situação fática, de modo a se conhecer qual seria o tributo devido e comparálo ao pagamento efetuado. A fim de comprovar a certeza e liquidez do crédito, o interessado deve, sob pena de preclusão, instruir sua manifestação de inconformidade com documentos que respaldem suas afirmações, considerando o que dispõem os dispositivos legais transcritos. E mais, conquanto o direito não restasse cabalmente comprovado em sede julgamento em primeira instância, mas caso houvesse, documentalmente, fortes indícios do Fl. 290DF CARF MF Processo nº 10283.900009/201370 Acórdão n.º 3201003.717 S3C2T1 Fl. 290 6 alegado equívoco e desde que acompanhado da escrita contábil regular caberia uma reanálise do pretendido direito. O voto na decisão recorrida explicitou que havia "uma inconsistência nos documentos trazidos aos autos, inconsistência essa que somente o recurso à contabilidade do sujeito passivo poderia resolver. No entanto, tal elemento de prova não foi juntado pela interessada. Com efeito, os documentos juntados, contratos e um demonstrativo do que seriam os saldos diários, não conseguem dar conta da necessária comprovação do saldo real dos contratos de mútuo mantidos pela interessada e, por conseguinte, o valor efetivo do tributo devido no período. Sem essa comprovação, a duplicidade do pagamento não se evidencia a ponto de levar ao reconhecimento da tese da contribuinte". Por outro lado, as situações em que se permitem a apresentação extemporânea de elementos probatórios encontramse bem delineados nas letras "a" a "c" do § 4º do art. 16 do PAF e não há demonstração nos autos de qualquer situação fática ou jurídica para superação da preclusão processual. Outrossim, não há fato ou razão renovadas trazida aos autos pela DRJ. O voto tece considerações no sentido de que o contribuinte não se desincumbiu do ônus de comprovar com elementos hábeis seu direito. Afastamse, portanto, as situações excepcionais e ensejadoras da apresentação extemporânea de elementos probatórios de que trata o § 4º do art. 16 do Decreto nº 70.235/76. Reconhecese na jurisprudência certo grau de atenuação dos rigores das normas processuais acerca da preclusão, isto é, afastase a preclusão em alguns casos excepcionais que notadamente referemse a fatos notórios ou incontroversos, no tocante a documentos que permitem o pronto convencimento do julgador. Logo, o direito da parte à produção de provas posteriores, até o momento da decisão administrativa comporta graduação e será determinado a critério da autoridade julgadora, com fulcro em seu juízo de valor acerca da utilidade e da necessidade, bem como à percepção de que efetivamente houve um esforço na busca de comprovar o direito alegado, que é ônus daquele que objetiva a restituição, ressarcimento e/ou compensação de tributos. No caso dos autos, evidenciase que o recorrente não se preocupou em produzir oportunamente os documentos que comprovariam suas alegações, ônus que lhe competia, segundo o sistema de distribuição da carga probatória adotado pelo Processo Administrativo Federal1, o PAF e o CPC. O princípio da verdade real (material) destinase à busca da verdade que está para além dos fatos alegados pelas partes, mas isto num cenário dentro do qual as partes trabalharam proativamente no sentido do cumprimento do seu ônus probandi. A verdade material não se efetiva como um salvo conduto no qual o contribuinte aguarda pelo momento que melhor lhe convier a apresentação de suas provas. O ônus processual probatório é regido por dispositivos legais e se trata de um requisito de 1 Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999, art. 36: Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no artigo 37 desta Lei. Fl. 291DF CARF MF Processo nº 10283.900009/201370 Acórdão n.º 3201003.717 S3C2T1 Fl. 291 7 admissibilidade dos pleitos de natureza creditório, exigindo sua evidência desde a instauração do contencioso. Destarte, mão é aceitável que um pleito, onde se objetiva a restituição de um alegado crédito, seja proposto sem a devida e minuciosa demonstração e comprovação da efetiva existência do indébito e que posteriormente, também em sede de julgamento, se oportunize tais demonstração e comprovação. A busca pela verdade material não se presta a suprir a inércia do contribuinte que tenha deixado de apresentar, no momento processual apropriado, as provas necessárias à comprovação do crédito alegado. O processo administrativo fiscal, conquanto admita flexibilização na apresentação de provas, não se coaduna com a supressão de instância. Desse modo, em homenagem aos princípios da preclusão probatória, do ônus probatório do direito creditório, à impossibilidade de supressão de instância, da impulsão oficial do processo e da celeridade, não vislumbro espaço para reanálise do despacho decisório, tampouco qualquer reforma na decisão recorrida. Conclusão Por todo o exposto, voto para NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. Paulo Roberto Duarte Moreira Fl. 292DF CARF MF
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