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Turma- Primeira Turma Ordinária (186)
- Segunda Câmara (186)
- 2019 (186)
Numero do processo: 13886.000649/2006-58
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Nov 21 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri Dec 06 00:00:00 UTC 2019
Ementa: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO
Período de apuração: 01/02/1999 a 31/10/2000
REPETIÇÃO DE INDÉBITO. PRAZO PRESCRICIONAL.
Somente ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplica-se o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador. Súmula CARF nº 91.
Numero da decisão: 3201-006.192
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Paulo Roberto Duarte Moreira, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Hélcio Lafetá Reis e Laercio Cruz Uliana Junior. Ausente o conselheiro Leonardo Correia Lima Macedo.
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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PRAZO PRESCRICIONAL. Somente ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplica-se o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador. Súmula CARF nº 91. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza - Presidente (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Paulo Roberto Duarte Moreira, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Hélcio Lafetá Reis e Laercio Cruz Uliana Junior. Ausente o conselheiro Leonardo Correia Lima Macedo. Relatório O interessado acima identificado recorre a este Conselho, de decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Ribeirão Preto/SP. Para bem relatar os fatos, transcreve-se o relatório da decisão proferida pela autoridade a quo: AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 6. 00 06 49 /2 00 6- 58 Fl. 75DF CARF MF Fl. 2 do Acórdão n.º 3201-006.192 - 3ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 13886.000649/2006-58 Trata o presente processo de pedido de restituição de créditos da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), referentes ao período entre fevereiro de 1999 e outubro de 2000, no valor de R$ 64.730,50, sob a alegação de que, o Supremo Tribunal Federal (STF) considerou inconstitucional a inclusão das receitas financeiras na base de cálculo da contribuição, conforme pedido de fl. 2. A DRF/Piracicaba, por meio do despacho decisório de fls. 14/19, indeferiu a solicitação da contribuinte, sob a alegação de que os recolhimentos já foram atingidos pela decadência, haja vista que transcorreram mais de cinco anos entre os pagamentos e a formalização do pedido, a teor do art. 168 do Código Tributário Nacional (CTN) e art. 3º da Lei Complementar (LC) nº 118, de 2005. Em relação ao mérito, indeferiu o pedido, em resumo, porquanto considerou que o faturamento abrange todas as receitas obtidas pela pessoa jurídica e que com a edição da Emenda Constitucional (EC) nº 20, de 1998, a polêmica acerca do conceito de faturamento não tem mais sentido. Quanto à decisão do Supremo, alega que esta foi prolatada no controle difuso da constitucionalidade, assim não possui efeitos erga omnes. Cientificada do despacho e inconformada com o indeferimento de seu pedido, a interessada apresentou a manifestação de inconformidade às fls. 23/29, alegando, em resumo, que a ampliação da base de cálculo da contribuição, prevista no § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718, de 1998, foi declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento do Recurso Extraordinário (RE) nº 346.084/PR. Assim, somente seriam tributáveis as receitas provenientes da venda de bens e serviços, o faturamento propriamente dito, sendo excluídos os valores recebidos a título de receitas financeiras e outras receitas. Argúi que a EC nº 20, de 1998, não teria o condão de admitir a incidência das demais receitas no conceito de faturamento, haja vista que foram incluídas por lei pretérita. Tanto é assim que o referido § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718, de 1998, foi revogado pelo art. 79 da Lei nº 11.941, de 2009. Argumenta também que o Conselho de Contribuintes vem decidindo nesse sentido, conforme julgados cujas ementas transcreve. Quanto ao prazo para se postular a restituição, alega que a LC nº 118, de 2005, somente teria vigência prospectiva, assim somente produziria efeitos a partir de 09/06/2005, e que antes dessa data prevalece o prazo de dez anos a contar do fato gerador, conforme entendimento do Superior Tribunal de Justiça (STJ) em Recurso Especial, do qual transcreve a ementa. Conclui requerendo a reforma da decisão combatida com o conseqüente deferimento do pedido de restituição da parcela da contribuição indevidamente paga A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto, por intermédio da 4ª Turma, no Acórdão nº 14-38.249, sessão de 05/07/2012, julgou improcedente a manifestação de inconformidade do contribuinte, para não reconhecer o direito creditório e não homologar a compensação. A decisão foi assim ementada: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/02/1999 a 31/10/2000 RESTITUIÇÃO. INDEFERIMENTO. DECADÊNCIA. Fl. 76DF CARF MF Fl. 3 do Acórdão n.º 3201-006.192 - 3ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 13886.000649/2006-58 O direito de pleitear a restituição/compensação extingue-se com o decurso do prazo de cinco anos contados da data de extinção do crédito tributário, assim entendido o pagamento antecipado, nos casos de lançamento por homologação. CONSTITUCIONALIDADE. DECISÃO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. A decisão do Supremo Tribunal Federal, prolatada em Recurso Extraordinário, não possui efeitos erga omnes. CONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA. A instância administrativa não possui competência para se manifestar sobre a constitucionalidade das leis.. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido. Irresignado, o contribuinte interpôs recurso voluntário no qual solicita a reforma da decisão recorrida para que lhe seja reconhecido o direito à restituição pleiteada. Para tanto, repisa os argumentos suscitados em 1ª instância. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator O Recurso Voluntário atende aos requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. O litígio posto em julgamento reclama como matéria preliminar a prescrição (decadência, no entendimento da DRF e DRJ) do direito à restituição das parcelas da Cofins que a contribuinte entende indevida e, no mérito, o enfrentamento da incidência da Contribuição para o PIS e Cofins sobre as receitas auferidas pela pessoa jurídica, em face do alcance da declaração de inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/1998. Preliminar de prescrição O contribuinte formulou pedido de restituição de Cofins (tributo sujeito à homologação) de parcelas que alega indevidas no período de 02/1999 a 10/2000. O formulário foi protocolado em Unidade da Receita na data de 05 de outubro de 2006. O pedido foi analisada autoridade administrativa que o indeferiu sob o fundamento de que na data da sua formalização o direito da interessada repetir os indébitos reclamados encontrava-se alcançado pela decadência, nos termos dos art. 168, I, do CTN, Parecer PGFN/CAT nº 1.538/99, do AD SRF nº 26/99 e art. 3º da Lei complementar nº Fl. 77DF CARF MF Fl. 4 do Acórdão n.º 3201-006.192 - 3ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 13886.000649/2006-58 118/2005 1 . Firmou-se então o Fisco na tese de que o pedido de restituição deve se dar dentro do prazo de 5 anos do pagamento indevido ou a maior. A DRJ corroborou o entendimento do Fisco, acrescentando outros fundamentos e rechaçando interpretação do STJ em relação ao art. 3º da referida Lei Complementar em razão da ausência de uma decisão com efeitos erga omnes. Os fundamentos da Receita Federal e de suas Delegacias de Julgamento encontram-se superados por decisões do STJ e do STF, na sistemática de repercussão geral, e por súmula do CARF. Entretanto não há razão á contribuinte, como se explicitará. O STJ firmou entendimento de que o preceito da parte final do art. 4º da LC nº 118/2005, encontra-se maculado por vício de inconstitucionalidade, não se cogitando na aplicabilidade retroativa do disposto no artigo 3°, consoante esculpido Recurso Especial nº 1.002.932/SP. Em síntese, posicionou-se aquele Tribunal no sentido de que, no caso de repetição de indébito de tributo sujeito ao lançamento por homologação, o prazo prescricional para protocolizar o pedido, após o advento da LC n° 118/05, conta-se da seguinte forma: 1) Pedidos efetuados antes da LC 118/2005 (até 08/06/2005) – Prazo de 10 (dez) anos – tese dos "5 + 5", contados da ocorrência do fato gerador, limitado ao período máximo de cinco anos a contar da vigência da lei nova; 2) Pedidos realizados após a vigência da LC 118 (09/06/2005) – Prazo de 05 (cinco) anos a contar da data do pagamento indevido; Corroborando a posição do STJ, o Supremo Tribunal Federal, pacificou a matéria, ratificando a inconstitucionalidade da parte final do artigo 4° da LC n° 118/2005, mantendo, portanto, o prazo prescricional com base na tese dos 5 + 5 para nos casos de recolhimentos indevidos ocorridos anteriormente à vigência do aludido diploma legal. Sua decisão foi exarada no Recurso Extraordinário n° 566.621/RS, julgado sob a sistemática do rito previsto no artigo 543-B do antigo Código de Processo Civil. A ressalva imposta pelo STF foi de que a LC nº 118/05 poderá ser aplicado às "ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005." Aos julgadores do CARF impõe-se a aplicação do que restar decidido pelo STJ e STF na sistemática do arts. 543-B e 543-C, do antigo CPC, a teor do que prescreve o disposto no caput do art. 62 da Portaria MF nº 343/2015 - RICARF 2 1 Art. 3º Para efeito de interpretação do inciso I do art. 168 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional, a extinção do crédito tributário ocorre, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento do pagamento antecipado de que trata o § 1o do art. 150 da referida Lei. Art. 4º Esta Lei entra em vigor 120 (cento e vinte) dias após sua publicação, observado, quanto ao art. 3o, o disposto no art. 106, inciso I, da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional. 2 Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: Fl. 78DF CARF MF Fl. 5 do Acórdão n.º 3201-006.192 - 3ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 13886.000649/2006-58 Quanto à aplicação das decisões dos Tribunais Superiores apenas às ações judiciais, excluindo-se dos pedidos administrativos, tem a Câmara Superior de Recursos Fiscais decidido a favor do contribuinte, a exemplo do Acórdão nº 9303-003.313, decidido por unanimidade de votos, de lavra do Cons. Henrique Pinheiro Torres, no processo nº 13766.000694/99-24, Sessão de 10 de dezembro de 2015. Segue excerto do voto: [...] Essa decisão não deixa margem a dúvida de que o artigo 3º da Lei Complementar nº 118/2005 só produziram efeitos a partir de 9 de junho de 2005. Com isso, quem ajuizou ação judicial de repetição de indébito, em período anterior a essa data, gozava do prazo decenal (tese dos 5 + 5) para repetição de indébito, contado a partir do fato gerador da obrigação tributária. Ademais, não se pode olvidar que a Constituição é aquilo que o Supremo Tribunal Federal diz que ela é. Com isso, em matéria de controle de constitucionalidade, a última palavra é do STF. Por conseguinte, deve todos os demais tribunais e órgãos administrativos observarem suas decisões. De outro lado, não se alegue que predita decisão seria inaplicável ao CARF, já que o acórdão do STF teria vedado a aplicação retroativa da lei aos casos de ação judicial impetradas até o início da vigência da lei interpretativa, pois o fundamento para declarar a inconstitucionalidade da segunda parte do art. 4º acima citado, foi justamente a ofensa ao princípio da segurança jurídica e da confiança, o que se aplica, de igual modo, aos pedidos administrativos, não havendo qualquer motivo, nesse quesito – segurança jurídica – para diferenciá-los dos pedidos judiciais. De todo o exposto, tem-se que aos pedidos administrativos de repetição de indébito, formalizados até 8 de junho de 2005, aplica-se o prazo decenal. Assim, no caso sob exame, na data em que protocolado o pedido de repetição (22/07/1999), os créditos a ele pertinentes não haviam sido alcançados pela prescrição. [...] Nesse mesmo sentido, recentes decisões da CSRF tem aplicado aos pedidos administrativos de restituição e compensação de tributos pagos indevidamente ao a maior as teses assentadas pelo STJ e STF. Cite-se os acórdãos nºs. 9303-005.488 (27/07/2017) e 9900- 001.015 (11/12/2017), este do Pleno. A matéria encontra-se pacificada com a edição da Súmula CARF nº 91: "Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplica-se o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador." Aplicando a norma e considerando o Pedido de Restituição pleiteado em 05/10/2006, tem-se que, relativamente a fatos geradores ocorridos anteriormente à data de 05/10/2001, encontram-se prescritos o direito à restituição, o que inclui o período pleiteado - fevereiro/1999 e outubro/2000, referentes a Cofins. (...) II - que fundamente crédito tributário objeto de: (...) b) Decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543-B e 543-C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 - Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária; (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) Fl. 79DF CARF MF Fl. 6 do Acórdão n.º 3201-006.192 - 3ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 13886.000649/2006-58 Assim, não ultrapassada a preliminar de prescrição que fulminou o direito à restituição pretendido, resta prejudicado o enfrentamento do mérito do litígio quanto à inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98. Dispositivo Diante do exposto, VOTO PARA NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, em razão da prescrição do direito à restituição da Cofins no período de 02/1999 a 10/1999. (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Fl. 80DF CARF MF
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Numero do processo: 18471.002646/2002-11
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Nov 21 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri Dec 06 00:00:00 UTC 2019
Ementa: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL
Período de apuração: 01/03/1999 a 31/05/1999, 01/05/2000 a 31/12/2000, 01/09/2001 a 30/09/2001
RECURSO DE OFÍCIO NÃO CONHECIDO. VALOR DE ALÇADA. PORTARIA MF Nº 63 DE 09 DE FEVEREIRO DE 2017.
O Recurso de Ofício não alcança o limite de R$2.500.000,00 (dois milhões e meio de reais) ampliado pela Portaria MF nº 63 de 09 de fevereiro de 2017 e, portanto, não deve ser conhecido.
SÚMULA CARF Nº 103: Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplica-se o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância.
Numero da decisão: 3201-006.191
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso de Ofício.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Paulo Roberto Duarte Moreira, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Hélcio Lafetá Reis e Laercio Cruz Uliana Junior. Ausente o conselheiro Leonardo Correia Lima Macedo.
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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VALOR DE ALÇADA. PORTARIA MF Nº 63 DE 09 DE FEVEREIRO DE 2017. O Recurso de Ofício não alcança o limite de R$2.500.000,00 (dois milhões e meio de reais) ampliado pela Portaria MF nº 63 de 09 de fevereiro de 2017 e, portanto, não deve ser conhecido. SÚMULA CARF Nº 103: Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplica-se o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância”. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso de Ofício. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza - Presidente (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Paulo Roberto Duarte Moreira, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Hélcio Lafetá Reis e Laercio Cruz Uliana Junior. Ausente o conselheiro Leonardo Correia Lima Macedo. Relatório O interessado acima identificado recorre a este Conselho, de decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento no Rio de Janeiro II. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 18 47 1. 00 26 46 /2 00 2- 11 Fl. 1589DF CARF MF Fl. 2 do Acórdão n.º 3201-006.191 - 3ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 18471.002646/2002-11 Para bem relatar os fatos, transcreve-se o relatório da decisão proferida pela autoridade a quo: Trata o presente processo de auto de infração lavrado contra o contribuinte acima identificado, relativo à falta de recolhimento da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social — COFINS, abrangendo os períodos de apuração 03/99 a 05/99, 06/00 a 12/00 e 09/01 (fls. 360 a 367), no valor de R$ 518.909,41, acrescido de multa de oficio de 75%, no valor de R$ 389.182,03, e juros de mora, calculados até 31/10/02, no valor de R$ 185.360,83, totalizando um crédito tributário apurado de R$ 1.093.452,27, em decorrência de ação fiscal levada a efeito pela Defic/Rio de Janeiro, conforme Termo de Inicio de Ação Fiscal As fls. 04. 2. No Termo de Verificação (fls. 352/353), o AFRF autuante informa que: • Da análise das informações prestadas pelo contribuinte, foram apuradas diferenças, sendo a empresa intimada a justificá-las, fornecendo novas planilhas e solicitando a substituição de parte delas em virtude de erros no preenchimento; • A empresa apresentou cópias dos livros e, de sua análise, foram apuradas, ainda, algumas diferenças entre os valores devidos e os declarados em DCTF; • O contribuinte foi intimado a regularizar os períodos onde havia recolhimentos superiores aos declarados, sendo que as diferenças entre estes e os devidos seriam motivo de lançamento em auto de infração; • Não foi apresentada a regularização daqueles períodos, sendo autuado relativamente aos mesmos; • Em relação A COFINS, foram apuradas, além das anteriores mencionadas, diferenças entre os valores declarados em DCTF e os devidos, apurados na escrituração fornecida pelo contribuinte, relativamente aos períodos 06/00 a 12/00; • Da análise da documentação fornecida observou-se que havia valores, possivelmente relativos a discussão judicial, escriturados a conta 33143.000.00300 (COFINS "MANDATO" DE SEGURANÇA) que não foram declarados em DCTF, contudo constavam devidamente escriturados; • A empresa informou que não possuía qualquer medida judicial, provisória ou definitiva, que a amparasse para não efetuar o recolhimento da COFINS; • Os valores ora exigidos, bem como aqueles apurados na contabilidade do contribuinte, encontram-se nas planilhas de apuração. 3. 0 enquadramento legal da presente autuação foi: artigo 77-III do Decreto-Lei n° 5.844/43; artigo 149 da Lei n° 5.172/66; artigo 1° da Lei Complementar n° 70/91; artigos 2°, 3° e 8° da Lei n° 9.718/98, com as alterações das Medidas Provisórias nºs 1.807/99 e 1.858/99, e suas reedições. A base legal da multa de oficio e dos juros de mora exigidos consta às fls. 366 e 367. 4. Após tomar ciência da autuação em 25/11/02 (fls. 360), a empresa autuada, inconformada, apresentou a impugnação anexada às fls. 381 a 383 em 26/12/02, com as alegações abaixo resumidas: 4.1. Em relação aos meses de junho a dezembro de 2000 e setembro de 2001, a impugnante, à época da lavratura do auto, possuía em seu favor decisão judicial proferida em sede de liminar em mandado de segurança, que lhe autorizava a depositar judicialmente os valores correspondentes à diferença de 1% da COFINS incidente sobre sua receita bruta mensal (fls. 411 a431); Fl. 1590DF CARF MF Fl. 3 do Acórdão n.º 3201-006.191 - 3ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 18471.002646/2002-11 4.2. A empresa efetuou os depósitos, conforme comprovantes (fls. 441 a 449); 4.3. Por equivoco, os valores depositados, bem como daquele processo judicial (99.00055489) não foram informados na DCTF correspondente; 4.4. Os valores informados a titulo de receita bruta, tanto na DIPJ como nas DCTF, foram exatamente aqueles registrados em seus livros contábeis e fiscais; 4.5. Assim, dos valores apurados pela empresa a titulo de COFINS, parte foi paga em DARF e parte foi depositada judicialmente no referido mandado de segurança; 4.6. Com o advento da Medida Provisória n° 66/2002, a autuada optou por desistir daquele feito, nos termos do artigo 21, § 1°, daquela norma, requerendo que os valores depositados fossem convertidos em renda da Unido (fls. 450 a 454); 4.7. Em relação aos meses de março a maio de 1999 a conclusão não é diferente, pois, em relação a março e abril, os valores exigidos foram recolhidos nos seus respectivos vencimentos; • 4.8. Em relação a maio, a base de cálculo apurada pela impugnante está de acordo não apenas com seus registros contábeis, mas também com a receita bruta informada tanto na DCTF como na DIRPJ; 4.9. Assim, também em relação a tais períodos nada deve ser exigido da impugnante; 4.10. A prova produzida pela Fiscalização milita em favor da impugnante, em relação, por exemplo, aos valores referentes aos meses de junho a dezembro de 2000, pois foram considerados valores lançados em conta de despesa (33143.000.00300) como receita tributável pela COFINS, o que, por si só, já torna a exigência fiscal improcedente nesta parte; 4.11. Diante disso, a única conclusão que se impõe é a de que o presente auto não se sustenta, pois inexistem diferenças de COFINS a serem exigidas da empresa; 4.12. Face ao exposto, requer a impugnante seja julgado improcedente o auto de infração. 5. As fls. 476/477 consta diligência solicitada por esta DRJ/RJO-II, objetivando esclarecer divergências constatadas na apuração realizada pela autoridade lançadora, considerando os recolhimentos constantes do sistema SINAL no ano de 1999 (fls. 456), os registros contábeis relativos aos valores depositados judicialmente (fls. 164) e as guias de depósito apresentadas (fls. 441/449). 6. Em resposta, a autoridade lançadora elaborou o relatório de fls. 525 a 527, com as seguintes informações: • O contribuinte foi intimado a informar se havia decisão judicial, provisória ou definitiva, que o beneficiasse, respondendo, por escrito, que não possuía qualquer decisão judicial (fls. 17); • Na impugnação mencionou a existência de decisão liminar proferida em mandado de segurança, autorizando-o a depositar judicialmente os valores correspondentes diferença de 1% da COFINS incidente sobre sua receita bruta mensal; • As duas afirmações foram prestadas pelo mesmo advogado, sendo que a liminar data de 1999, tempo mais do que necessário para a empresa ter noção de que a possuía; • Quanto ao ano de 1999, a planilha elaborada, de fato, pode ter causado interpretação equivocada sobre os valores lançados, razão pela qual foi elaborada nova planilha (fls. Fl. 1591DF CARF MF Fl. 4 do Acórdão n.º 3201-006.191 - 3ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 18471.002646/2002-11 522), informando que os valores foram apurados na escrituração do contribuinte, à conta 40180-Cofins (fls. 38, 40 e 42); • Quanto aos recolhimentos considerados, temos a relatar que, junto ao dossiê da empresa a ser fiscalizada, nos é enviado disquete contendo todos os valores declarados em DCTF, bem como os créditos do sistema SINAL, os quais encontram-se relacionados na planilha de fls. 354, existindo diferença apenas no mês de abril/99; • Os valores de fls. 456 foram consultados em 2004 e a autuação ocorreu em 2002, sendo impossível, face ao lapso de tempo entre as duas datas, fazer qualquer avaliação sobre o fato; • Em relação ao ano de 2000, houve erro na transcrição da planilha, razão pela qual foi elaborada nova planilha (fls. 523), com os valores alocados nos períodos de apuração correspondentes, tendo sido solicitada programação para que sejam efetuados os lançamentos relativos aos períodos onde foram apurados valores maiores que os lançados, uma vez que o contribuinte desistiu do processo judicial, e não houve qualquer correção nas DCTF apresentadas até a presente data. Também foi elaborada a planilha de fls. 524, com as diferenças a serem lançadas após a verificação; • No Razão apresentado para o ano de 2001 (fls. 319), e observando a seqüência das contas, a conta 33142.000.00300 (Cofins Produtos Revenda) é seguida pela 33151.000.00300 (Pis Produtos). Pela seqüência lógica e observando a boa prática contábil e a própria escrituração do contribuinte, a conta 33143.000.00300 deveria, caso existisse ou exista, estar inserida entre as contas citadas, o que não se verifica na documentação apresentada; • Quanto à informação de que houve depósito judicial, nada foi informado ou apresentado pela empresa à época da fiscalização, havendo evidente descompasso entre a resposta A intimação e o citado na impugnação; 7. Em decorrência do acima relatado, a autoridade fiscal lavrou novo auto de infração, (fls. 585 a 588), complementar ao original. No entanto, conforme despacho as fls. 590, informa que, na formalização da diferença apurada na diligência, laborou em erro, registrando no fato gerador, como matéria tributável, os valores das diferenças apontadas, quando estas já se constituem no valor da contribuição a ser cobrada, ocasionando auto com valor inferior ao efetivamente devido. 8. Em decorrência, foi proferida a decisão de fls. 591/592, na qual o Delegado da Defic/RJO-Adjunto cancela o auto de infração complementar lavrado, para que seja refeito na boa e devida forma. Tal decisão foi cientificada ao contribuinte em 24/10/06. 9. Em conseqüência, foi lavrado novo auto complementar (fls. 594 a 597), relativo aos PA 04/99, 05/00, 06/00, 08/00, 09/00 e 11/00, no valor de R$ 91.068,72, acrescido de multa de oficio de 75%, no valor de R$ 68.301,52, e juros de mora, calculados até 29/09/06, no valor de R$ 97.624,98, totalizando um crédito apurado de COFINS no valor de R$ 256.995,22; 10. Após tomar ciência da autuação complementar em 24/10/06 (fls. 594), a empresa autuada apresentou a impugnação anexada as fls. 600 a 602 em 22/11/06, com as mesmas alegações já trazidas na impugnação original (fls. 381 a 383), não apresentando qualquer questão nova, ou documentação diversa daquelas anteriormente apresentadas. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento Porto Alegre, por intermédio da 5ª Turma, no Acórdão nº 13-15.926, sessão de 27/04/2007, julgou improcedente o lançamento complementar de Cofins, e procedente em parte a o lançamento original, para excluir os valores lançados de Cofins nos períodos 03/99 a 05/99 e reduzir os valores a pagar nos períodos 06/00 a 12/00 e 09/01. A decisão foi assim ementada: Fl. 1592DF CARF MF Fl. 5 do Acórdão n.º 3201-006.191 - 3ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 18471.002646/2002-11 ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/03/1999 a 31/05/1999, 01/05/2000 a 31/12/2000, 01/09/2001 a 30/09/2001 CRÉDITO TRIBUTÁRIO - EXTINÇÃO - AÇÃO JUDICIAL - A decisão judicial passada em julgado, favorável ao contribuinte, extingue o crédito tributário exonerado, devendo a autoridade administrativa obedecer a seus termos. COFINS - VALORES DECLARADOS EM DCTF OU RECOLHIDOS - Os valores de COFINS declarados em DCTF ou recolhidos pelo contribuinte, em data anterior ao inicio do procedimento Fiscal, devem ser excluídos daqueles apurados no lançamento. Lançamento Procedente em Parte. A DRJ determinou à Unidade de Origem o acompanhamento do Mandado de Segurança nº 99.0005548-9, em relação aos valores depositados naqueles autos. Da referida exoneração, recorreu-se de ofício nos termos da Portaria MF nº 333/97. Os valores exonerados encontram-se no demonstrativo do processo (fl. 1.525): Dessa forma, manteve-se a autuação no valores demonstrado (fl. 1.524): Cientificado do Acórdão nº 13-15.926, em 04/06/2007 (fl. 1.529), o contribuinte procedeu ao pagamento dos valores mantidos na decisão da DRJ, em 04/07/2007, composto por Fl. 1593DF CARF MF Fl. 6 do Acórdão n.º 3201-006.191 - 3ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 18471.002646/2002-11 R$ 22.855,05 (principal), R$ 11.998,87 (multa de ofício com redução de 30%) e R$ 33.176,74 (juros moratórios), conforme DARF de fl. 1533. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator O contribuinte não recorreu da decisão da DRJ, porém, pagou o crédito tributário integralmente. Restou, portanto, apenas o recurso de ofício que exonerou integralmente os lançamentos relativos aos períodos 03/99, 04/99 e 05/99 e reduziu os valores dos períodos 06/00 a 12/00 e 09/01, cuja total de redução foi de R$ 1.027.465,34 (tributo = R$ 587.123,08 e multa = R$ 440.342,26), valores que se demonstram: AI nº 0718000 2007 6137286 AI nº 0718000 2007 6137291 Tributo = R$ 609.978,13 (R$ 91.068,72 + R$ 518.909,41) Multa de Ofício = R$ 457.483,55 (R$ 68.301,52 + R$ 389.182,03) Os valores do principal e multa de ofício que permaneceram exigidos totalizaram R$ 39.996,34 (R$ 22.855,05 + R$ 17.141,29). A diferença entre valores autuados e recolhidos corresponde ao valor exonerado, de principal (Cofins) e multa de Ofício que resulta em R$ 1.027.465,34 (R$ 1.067.461,68 – R$ 39.996,34). Os valores exonerados não atingem o valor de alçada estipulado em R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais) no art. 1º da Portaria MF nº 63, de 10/02/2017: Art. 1º O Presidente de Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) recorrerá de ofício sempre que a decisão exonerar sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais). Assim, com supedâneo na Súmula CARF nº 103: "Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplica-se o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância.", o recurso de ofício não deve ser conhecido. Fl. 1594DF CARF MF Fl. 7 do Acórdão n.º 3201-006.191 - 3ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 18471.002646/2002-11 Conclusão Diante do exposto, voto por não conhecer do recurso de ofício. (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Fl. 1595DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16095.720137/2016-88
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 29 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu Mar 28 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/12/2011 a 31/12/2012
PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO ABUSIVO E ILEGAL. INTERPOSIÇÃO DE PESSOA JURÍDICA INTERDEPENDENTE. PRÁTICA DE ATO FRAUDULENTO. REDUÇÃO ARTIFICIAL DA BASE DE CÁLCULO.
A introdução de pessoa jurídica, na condição de comercial-atacadista exclusiva, interdependente de uma outra fabricante de produtos sujeitos à incidência concentrada das Contribuições para o PIS e Cofins, para que se interponha entre o fabricante-vendedor e o cliente, que se revela desnecessária, prescindível e sem comprovação de redução de custos e despesas na etapa de fabricação-venda, com redução artificIal da receita bruta da industrial, mediante a prática de simulação e subfaturamento, revela planejamento tributário abusivo e ilícito cuja finalidade é a redução fraudulenta da base de cálculo dos tributos devidos.
RECURSO VOLUNTÁRIO. MULTA QUALIFICADA. INEXISTÊNCIA DE DOLO.
Não é viável a qualificação da multa de ofício quando inexistir dolo por parte do contribuinte, mas mera divergência quanto à interpretação da legislação tributária.
RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA PASSIVA SOLIDÁRIA. SÓCIOS ADMINISTRADORES. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO E INDIVIDUALIZAÇÃO DO DOLO.
Não basta para caracterizar a responsabilidade tributária solidária dos sócios, que estes meramente estejam exercendo função sócio-administrativa na pessoa jurídica autuada. A conduta dolosa deve ser evidenciada e identificado quem a praticou para que tal seja responsabilizado solidariamente.
DILIGÊNCIA. PEDIDO INDEFERIDO.
Indefere-se o pedido de diligência quando seu objeto consubstancia-se elemento de prova cujo ônus é do contribuinte, que não o exerceu em momento regularmente previsto (arts. 12 a 17 do Decreto nº 70.235/72), mormente quando intimado pela autoridade fiscal e manteve-se inerte.
Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/12/2011 a 31/12/2012
PIS. LANÇAMENTO DECORRENTE DA MESMA MATÉRIA FÁTICA.
Aplica-se ao lançamento da Contribuição para o PIS/Pasep o decidido em relação à COFINS lançada a partir da mesma matéria fática.
Numero da decisão: 3201-004.699
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, nos termos seguintes: a) Por maioria de votos, negou-se a realização de diligência suscitada pelo conselheiro Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, acompanhado pelo conselheiro Leonardo Vinicius Toledo de Andrade; b) Por unanimidade de votos, afastou-se a responsabilidade solidária das pessoas físicas; e c) Por maioria de votos, reduziu-se a multa de ofício aplicada para o percentual de 75%. Vencidos, no ponto, os conselheiros Paulo Roberto Duarte Moreira, relator, Marcelo Giovani Vieira e Charles Mayer de Castro Souza, que mantinham a multa no percentual lançado. Designada para redigir o voto vencedor, quanto a esta matéria, a conselheira Tatiana Josefovicz Belisário. Vencidos os conselheiros Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, que lhe deram provimento ao Recurso Voluntário. Manifestaram intenção de apresentar declaração de voto os conselheiros Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Tatiana Josefovicz Belisário..
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente.
(assinado digitalmente)
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator
(assinado digitalmente)
Tatiana Josefovicz Belisário - Redatora Designada.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, nos termos seguintes: a) Por maioria de votos, negou-se a realização de diligência suscitada pelo conselheiro Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, acompanhado pelo conselheiro Leonardo Vinicius Toledo de Andrade; b) Por unanimidade de votos, afastou-se a responsabilidade solidária das pessoas físicas; e c) Por maioria de votos, reduziu-se a multa de ofício aplicada para o percentual de 75%. Vencidos, no ponto, os conselheiros Paulo Roberto Duarte Moreira, relator, Marcelo Giovani Vieira e Charles Mayer de Castro Souza, que mantinham a multa no percentual lançado. Designada para redigir o voto vencedor, quanto a esta matéria, a conselheira Tatiana Josefovicz Belisário. Vencidos os conselheiros Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, que lhe deram provimento ao Recurso Voluntário. Manifestaram intenção de apresentar declaração de voto os conselheiros Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Tatiana Josefovicz Belisário.. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza - Presidente. (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator (assinado digitalmente) Tatiana Josefovicz Belisário - Redatora Designada. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
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INTERPOSIÇÃO DE PESSOA JURÍDICA INTERDEPENDENTE. PRÁTICA DE ATO FRAUDULENTO. REDUÇÃO ARTIFICIAL DA BASE DE CÁLCULO. A introdução de pessoa jurídica, na condição de comercialatacadista exclusiva, interdependente de uma outra fabricante de produtos sujeitos à incidência concentrada das Contribuições para o PIS e Cofins, para que se interponha entre o fabricantevendedor e o cliente, que se revela desnecessária, prescindível e sem comprovação de redução de custos e despesas na etapa de fabricaçãovenda, com redução artificIal da receita bruta da industrial, mediante a prática de simulação e subfaturamento, revela planejamento tributário abusivo e ilícito cuja finalidade é a redução fraudulenta da base de cálculo dos tributos devidos. RECURSO VOLUNTÁRIO. MULTA QUALIFICADA. INEXISTÊNCIA DE DOLO. Não é viável a qualificação da multa de ofício quando inexistir dolo por parte do contribuinte, mas mera divergência quanto à interpretação da legislação tributária. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA PASSIVA SOLIDÁRIA. SÓCIOS ADMINISTRADORES. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO E INDIVIDUALIZAÇÃO DO DOLO. Não basta para caracterizar a responsabilidade tributária solidária dos sócios, que estes meramente estejam exercendo função sócioadministrativa na pessoa jurídica autuada. A conduta dolosa deve ser evidenciada e identificado quem a praticou para que tal seja responsabilizado solidariamente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 09 5. 72 01 37 /2 01 6- 88 Fl. 3197DF CARF MF Processo nº 16095.720137/201688 Acórdão n.º 3201004.699 S3C2T1 Fl. 3.198 2 DILIGÊNCIA. PEDIDO INDEFERIDO. Indeferese o pedido de diligência quando seu objeto consubstanciase elemento de prova cujo ônus é do contribuinte, que não o exerceu em momento regularmente previsto (arts. 12 a 17 do Decreto nº 70.235/72), mormente quando intimado pela autoridade fiscal e mantevese inerte. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/12/2011 a 31/12/2012 PIS. LANÇAMENTO DECORRENTE DA MESMA MATÉRIA FÁTICA. Aplicase ao lançamento da Contribuição para o PIS/Pasep o decidido em relação à COFINS lançada a partir da mesma matéria fática. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, nos termos seguintes: a) Por maioria de votos, negouse a realização de diligência suscitada pelo conselheiro Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, acompanhado pelo conselheiro Leonardo Vinicius Toledo de Andrade; b) Por unanimidade de votos, afastouse a responsabilidade solidária das pessoas físicas; e c) Por maioria de votos, reduziuse a multa de ofício aplicada para o percentual de 75%. Vencidos, no ponto, os conselheiros Paulo Roberto Duarte Moreira, relator, Marcelo Giovani Vieira e Charles Mayer de Castro Souza, que mantinham a multa no percentual lançado. Designada para redigir o voto vencedor, quanto a esta matéria, a conselheira Tatiana Josefovicz Belisário. Vencidos os conselheiros Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, que lhe deram provimento ao Recurso Voluntário. Manifestaram intenção de apresentar declaração de voto os conselheiros Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Tatiana Josefovicz Belisário.. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente. (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Relator (assinado digitalmente) Tatiana Josefovicz Belisário Redatora Designada. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório Fl. 3198DF CARF MF Processo nº 16095.720137/201688 Acórdão n.º 3201004.699 S3C2T1 Fl. 3.199 3 O interessado acima identificado recorre a este Conselho, de decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Porto Alegre/ RS. Para bem relatar os fatos, transcrevese o relatório da decisão proferida pela autoridade a quo: Tratase de impugnação contra os Autos de Infração (fls. 2.490 a 2.546) 1 relativos às contribuições de PIS (lançamento de R$ 14.985.548,61) e de Cofins (lançamento de R$ 70.208.266,97) totalizando um crédito tributário de R$ 85.193.815,58, com multa e juros 2. Os períodos abrangidos foram de dezembro de 2011 a dezembro de 2012. A fiscalização começou em 25/03/2014, através do Termo de Início de Procedimento Fiscal das fls. 2 a 3. De acordo com os autos, o impugnante foi intimado pela fiscalização a apresentar vasta documentação contábil e fiscal, a seguir discriminada: contrato social e alterações; memória de cálculo para demonstrar os débitos apurados nos DACONs; receitas auferidas no mercado interno e externo; balancetes mensais e demonstrativos para todas as receitas apuradas nos DACONs; relação de todos os produtos fabricados pelo estabelecimento, contendo código da mercadoria, descrição, classificação fiscal e alíquota; demonstrativo identificando todos os produtos vendidos e os respectivos adquirentes; a utilização de serviços de armazenagem e logística; consultas realizadas junto à RFB; ações judiciais envolvendo IPI, PIS e Cofins; nome do responsável da empresa para o presente procedimento fiscal; justificativas e comprovações pela utilização de preços unitários de venda diferentes e inferiores para a empresa GLAXOSMITHKLNE (GSK) em relação aos demais clientes; apresentar planilha demonstrando para cada produto produzido a composição dos preços unitários de venda, segregando os custos de fabricação e financeiros; relação de medicamentos; lista de preços de medicamentos; informação do critério utilizado para a composição dos preços de venda de produtos a GSK; entre outros. Foram juntados aos autos os seguintes documentos: planilha com os preços praticados para GSK (fls. 31 a 39); planilha com os preços praticados para os demais clientes (fls. 40 a 46); contratos entre a Stiefel e a GSK (fls. 47 a 62); forma como os pedidos de compra da GSK são recebidos pela Stiefel (fls. 63 a 65); pedidos da GSK (fls. 66 a 69); DACONs (fls. 118 a 546); Termo de Declaração da GSK (fls. 550 a 552); contrato sobre aquisição da Stiefel pela GSK (fls. 566 a 589); contrato de comodato de imóvel (fls. 590 a 600); instrumentos particulares com alterações contratuais, fornecimentos e distribuições (fls. 601 a 790); notas fiscais de serviço (fls. 791 a 824); listagem de pagamentos da GSK para a Stiefel (fls. 825 a 836); relação de funcionários da GSK (fl.s 837 a 842); fotos da Stiefel e GSK (fl. 843); notas fiscais de remessa da Stiefel para GSK (fls. 844 a 849); notas fiscais de retorno de mercadoria do depósito fechado Fl. 3199DF CARF MF Processo nº 16095.720137/201688 Acórdão n.º 3201004.699 S3C2T1 Fl. 3.200 4 da GSK (fls. 850 a 902); planilha de vendas da Stiefel (fls. 903 a 986); planilha de vendas GSK – Stiefel (fls. 987 a 999); notas fiscais de vendas de produtos monofásicos (fls. 1.000 a 2.396); comparativo de vendas da Stiefel para com a GSK e para com terceiros (fls. 2.397 a 2.400); valores médios de vendas da Stiefel para outras empresas não ligadas (fls. 2.401 a 2.402); valores médios de vendas feitas pela GSK (fls. 2.403 a 2.424); demonstrativo de apuração de diferenças de PIS e de Cofins (fls. 2.472 a 2.489); entre outros. Com base nessa relação de informações prestadas pelo contribuinte a fiscalização teria detectado irregularidades fiscais as quais foram consignadas no Termo de Verificação e Constatação de Irregularidades Fiscais das fls. 2.425 a 2.471. De acordo com esse Relatório Fiscal não teriam restado dúvidas de uma arquitetura de operações implementada pelo Grupo Stiefel/GSK (vendas de produtos industrializados pela Stiefel por valores subfaturados a GSK), configurando ato ilícito por ser abusivo e ilegal. Essa prática de fraude estaria reduzindo indevidamente as bases de cálculo das contribuições. A tributação monofásica concentraria, por seu próprio conceito, a tributação de toda a fase produtiva, sendo que através de práticas de simulação estabelecidas por esse grupo econômico fraudouse esse sistema através dos referidos subfaturamentos. Foi lavrado Termo de Sujeição Passiva Solidária entre os Laboratórios Stiefel Ltda. e a Glaxosmithkline do Brasil Ltda. (GSK), conforme fls. 2.549 a 2.554. Foram também considerados sujeitos passivos solidários: a) Artur Pedro Lemos da Fonseca (fls. 2.557 a 2.562), o qual atuava como Diretor Financeiro da GSK; b) César Martin Rengifo Dussan, o qual era DiretorPresidente da GSK (fls. 2.566 a 2.572); c) Gilberto Francisco Ugalde Chacon, o qual era Diretor VicePresidente da Unidade de Consumo da GSK (fls. 2.574 a 2.580); d) João Márcio Alves Ferreira, o qual era Diretor de Recursos Humanos e Administrativo da GSK (fls. 2.582 a 2.588); e) Milton de Oliveira, o qual era Diretor Industrial da GSK (fls. 2.590 a 2.596); f) Waldir Allan Kardec Bonetti, o qual era Diretor Industrial da Laboratórios Stiefel (fls. 2.599 a 2.605). As ciências para todos os sujeitos passivos solidários se encontram juntadas aos autos através dos Avisos de Recebimentos do Correio. Apensouse a esses autos o processo de nº 16095.720142/201691, em 13/01/2017, o qual trata da Representação Fiscal para Fins Penais de todos os envolvidos (fl. 2.608). Cabe esclarecer que diante da gravidade das Fl. 3200DF CARF MF Processo nº 16095.720137/201688 Acórdão n.º 3201004.699 S3C2T1 Fl. 3.201 5 irregularidades constatadas aplicouse a multa qualificada de 150 % para os períodos lançados. O contribuinte e todos os sujeitos passivos solidários arrolados apresentaram a impugnação conjuntamente das fls. 2.611 a 2.660, em 23/01/2017, (conforme Termo de Solicitação de Juntada da fl. 2.610), fazendo, em síntese, as seguintes ponderações: QUE os lançamentos de ofício se basearam na alegação de planejamento tributário abusivo no processo de integração de atividade da Stiefel Brasil e GSK, as quais comporiam um grupo econômico, pela prática de subfaturamento nas vendas de produtos industrializados de uma para outra, produtos esses sob tributação monofásica. QUE seriam necessários alguns esclarecimentos iniciais sobre o procedimento de aquisição global dos Laboratórios Stiefel pelo Grupo GSK, e de sua organização de atividades no Brasil. A GSK adquiriu a totalidade do capital da Stiefel em 22/07/2009. É feito um longo detalhamento do processo de integração dessas atividades. Em que pese a aquisição da totalidade da empresa, é informado que teria ocorrido a opção apenas pela integração das atividades comerciais. QUE sobre a presunção de subfaturamento não tem fundamento nas provas apresentadas, nem existem ilícitos a ensejar a tributação da forma pretendida na autuação, visto que a autoridade fiscal não cumpriu seu ônus de comprova efetivamente a ocorrência de tal subfaturamento. QUE a comparação de vendas feitas pela GSK com vendas feitas pra terceiros seria impraticável, pois essas vendas seriam distintas em suas funções e riscos. Além disso, no período objeto da autuação fiscal, a Stieffel não teria vendido um mesmo produto para a GSK e terceiros ao mesmo tempo. QUE a comparação feita com os preços praticados pela GSK na revenda para terceiros não pode ser considerada, pois as atividades comerciais de promoção, venda e distribuições foram concentradas na GSK. QUE a redução ocorrida na receita bruta da Stieffel decorreu da atividade que a Stiefel passou a desenvolver, o que implicou na sua redução de despesas. Cita decisões do CARF. QUE houve insuficiência de fundamentação legal no tocante à alegação do planejamento tributário abusivo e ilegal, ou seja, não teria ocorrido o devido enquadramento legal. Menciona o princípio da legalidade tributária específica. Diz que para a autoridade administrativa desconsiderar atos ou negócios juridicamente válidos e eficazes, sob alegação de alteração ou dissimulação, teria que observar procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária. Até o presente Fl. 3201DF CARF MF Processo nº 16095.720137/201688 Acórdão n.º 3201004.699 S3C2T1 Fl. 3.202 6 momento o referido dispositivo legal não teria sido devidamente regulamentado pelo poder legislativo. Diz que não poderia ser utilizado o art. 116, parágrafo único, do Código Tributário Nacional. Da mesma forma não poderia se fundamentar no art. 187, do Código Civil, pois os mesmos não seriam suficientes para caracterizar o suposto ilícito. O fiscal teria cometido um erro material inescusável ao afirmar que haveria um desequilíbrio na livre concorrência desse setor econômico. Deve ser cancelada a autuação no tocante à alegação de existência de planejamento tributário ilegal por completa insuficiência de fundamentação legal. QUE se observa inexistência de ato contrário a lei, tendo em vista que não existe exigência de um preço mínimo a ser praticado entre empresas interligadas. Cita acórdãos do CARF. Complementa a defesa que as margens de lucro praticadas pela Stiefel são equivalentes ou até mesmo superiores a outras empresas (apresenta um relatório de auditoria da KPMG). QUE não se pode considerar existente planejamento tributário ilegal quando a GSK, após uma aquisição mundial do maior laboratório privado de produtos dermatológicos, decidiu implementar um modelo gradual de união de atividades. Além disso, a autoridade fiscal em nenhum momento aponta que as empresas Stiefel e GSK não existiram de fato. QUE não se pode considerar existente planejamento tributário ilegal quando a GSK, após uma aquisição mundial do maior laboratório privado de produtos dermatológicos, decidiu implementar um modelo gradual de união de atividades. Além disso, a autoridade fiscal em nenhum momento aponta que as empresas Stiefel e GSK não existiram de fato. QUE ocorreu ausência e erro na quantificação das bases de cálculo, visto a inexistência de dispositivo legal que autorize a utilização da base de cálculo adotada pelo fiscal. Isso porque o fiscal autuante tomo como base de cálculo o preço bruto médio de venda dos produtos praticados pela GSK Brasil. Diz que a Stiefel apresentou toda a documentação fiscal e contábil não autorizando a técnica do arbitramento. E, ainda assim, deveria praticar como critério de arbitramento o preço praticado pelas empresas manufatureiras para as distribuidoras, e não destas para o consumidor final. Não teria sido considerada a dedução dos descontos incondicionais, vendas canceladas, IPI e ICMS ST, ao se considerar o preço bruto médio de venda. Também não teriam sido considerados produtos que não teriam a incidência concentrada/monofásica, sob a alegação de que o intuito da operação era apenas reduzir a carga tributária. Cita produtos que não poderiam ser objeto da presente autuação (fl. 2.638). Diz, ainda, que não teriam sido considerado no preço efetivo cobrado as amostras que industrializa e vende para a GSK, visto que essas sequer são vendidas pela empresa ao público. Fl. 3202DF CARF MF Processo nº 16095.720137/201688 Acórdão n.º 3201004.699 S3C2T1 Fl. 3.203 7 QUE houve presença de propósito negocial, regulatório e econômico, sendo que em nenhum momento o fiscal teria questionado a composição dos preços praticados pela Stiefel com a GSK. O fiscal teria simplesmente feito uma relação entre a queda drástica no lucro líquido e na receita líquida. Diz que ele teria ignorado que a Stiefel mudara o seu escopo, deixando de ser uma empresa que atuava da fabricação até a venda final de seus produtos no mercado em geral. As atividades comerciais de promoção, venda e distribuição foram transferidas para a GSK Brasil. A Stiefel teria tido uma sensível redução da sua matriz de riscos, migrada para a GSK. Como parte dessa integração 187 funcionários da Stiefel foram transferidos para a GSK. Mesmo após a alteração de escopo a Stiefel teria mantido uma margem de lucro absolutamente compatível com as demais empresas. Ressalta que a Stiefel atuaria apenas na industrialização por encomenda para diversas empresas com margem de lucro inferior ao com a GSK. QUE as alterações contratuais da Stiefel e GSK não traz elementos probatórios que suportem as acusações feitas pela fiscalização. A filial da GSK não teve nenhuma acusação do fiscal de que seria uma empresa “fantasma” ou que inexistisse de fato. O fato da Stiefel e a GSK funcionarem no mesmo endereço não significa ilegalidade, pois duas ou mais empresas podem compartilhar as mesmas estruturas comuns, ainda mais quando do mesmo grupo econômico. Cita acórdão do CARF. A diligência fiscal realizada também não teria sido suficiente para comprovar as acusações fiscais. QUE se verifica a inexistência de fraude penal, afastandose a multa agravada, devendo ser afastado a agravamento para 150 %. Isso porque não foi comprovada a acusação de planejamento tributário abusivo. Repete os motivos já narrados da inexistência de subfaturamento. Comenta que a mera discordância da autoridade fiscal em relação ao modelo adotado pelo contribuinte não é razão por si só suficiente para justificar a apontada fraude. Cita jurisprudência administrativa. QUE deve ser afastada a responsabilização tributária dos diretores pessoas físicas pelas razões comentadas anteriormente e também pelo afastamento da responsabilização tratada no art. 135, do CTN. Nesse ponto o Auto de Infração é completamente genérico, responsabilizando as pessoas responsáveis pela administração das empresas à época dos fatos geradores. A responsabilização dos diretores exige a vinculação direta e a participação efetiva nos atos, não podendo se responsabilizar pela suposta ausência de recolhimento de tributos. Cita a Súmula nº 430 do STJ. Diz que caberia à fiscalização o ônus de provar que os atos dos representante se enquadrariam nas hipóteses do art. 135. Menciona julgamento do art. 13 da Lei nº 8.620/93. Aponta que o STF teria interpretado que o representante da empresa somente responderia por dívidas tributárias decorrentes de descumprimentos de obrigações próprias suas. Defende que o atingimento do patrimônio de pessoas físicas em decorrência de dívidas empresariais fere a Fl. 3203DF CARF MF Processo nº 16095.720137/201688 Acórdão n.º 3201004.699 S3C2T1 Fl. 3.204 8 legislação ordinária, inibe a atividade empresarial e afronta a Constituição que estabelece o livre exercício da profissão e da atividade econômica. Por fim, entendem que restou amplamente demonstrado que a presente autuação não se sustenta, seja pelos vícios preliminares que evidenciam a nulidade material do lançamento, seja pelo próprio mérito no qual defende que restou demonstrado pelas provas apresentadas que as acusações da fiscalização não correspondem à verdade dos fatos. Complementam dizendo que se comprovou a imperiosa exclusão dos administradores do polo passivo da presente autuação, em face da inexistência de comprovação de forma específica e pormenorizada de que estes atuaram com infração à lei, ao estatuto, contrato social ou excesso de poderes, como exige o art. 135 do CTN, tratandose a acusação fiscal de verdadeira situação de responsabilização objetiva dos diretores por suposta ausência de recolhimento de tributos, o que é rechaçado pelo entendimento do STJ, do STF e também do CARF. Requerem que seja reconhecida a nulidade material dos Autos de Infração, objeto do processo em epígrafe ou, caso assim não se entenda, que seja reconhecida a improcedência integral da autuação, em face da ausência de comprovação, bem como da inexistência do apontado subfaturamento, assim como do alegado planejamento tributário abusivo ou ilegal, cancelandose a exigência em sua totalidade. Caso não acolhido o pedido antecedente, requerem que seja afastada a multa agravada em face da inexistência de fraude à lei e de conduta dolosa por parte do sujeito passivo e que sejam desconstituídos os vínculos de responsabilidade dos diretores pessoas físicas em virtude da ausência de comprovação das situações descritas no artigo 135 do CTN. Ademais, pugnam pela realização de todas as diligências necessárias à comprovação das suas razões de defesa. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Porto Alegre/RS por intermédio da 2ª Turma, no Acórdão nº 10058.954, sessão de 25/05/201, indeferiu as preliminares de nulidades e pedido de perícia, e julgou improcedente a impugnação, mantendo o crédito tributário lançado e a responsabilidade solidária dos arrolados nos Termos de Sujeição Passiva. A decisão foi assim ementada: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/12/2011 a 31/12/2012 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO ABUSIVO E ILEGAL. AUSÊNCIA DE PROPÓSITO NEGOCIAL. SUBFATURAMENTO. Para se aferir o limite para as Fl. 3204DF CARF MF Processo nº 16095.720137/201688 Acórdão n.º 3201004.699 S3C2T1 Fl. 3.205 9 operações de planejamento tributário é preciso indagar se existe motivo extratributário para a realização do ato ou negócio jurídico, ou seja, se há propósito negocial. Constata se aqui a ausência de propósito negocial, sendo o objetivo único a redução considerável da tributação de PIS e de Cofins, mediante venda simulada subfaturada pela indústria para empresa comercial ligadas ao mesmo grupo econômico, visando reduzir apenas a base de cálculo sujeita à incidência monofásica daquelas contribuições. MULTA DE OFÍCIO. QUALIFICAÇÃO. FRAUDE. O planejamento tributário abusivo e ilegal praticado pelo grupo econômico evidencia a conduta dolosa de impedir o conhecimento da real base de cálculo dos tributos, ensejando, pois, a qualificação da multa de ofício aplicada. DILIGÊNCIA. PEDIDO INDEFERIDO. Indeferese o pedido de diligência quando as informações necessárias se encontram nos autos e não é demonstrada sua real necessidade para a solução do litígio, visto o pedido ser feito de forma genérica. Ainda mais quando o lançamento do crédito tributário está todo baseado em documentação do próprio contribuinte. ADMINISTRADORES. RESPONSABILIZAÇÃO TRIBUTÁRIA. Os administradores da empresa – diretores, gerentes ou representantes, que praticam, de forma comissiva ou omissiva, conjuntamente com o contribuinte as condutas tipificadas nos arts. 71 a 73 da Lei n° 4.502/64, respondem pelo crédito tributário de forma solidária, nos termos do art. 124 combinado com o art. 135 do Código Tributário Nacional. Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/12/2011 a 31/12/2012 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO ABUSIVO E ILEGAL. AUSÊNCIA DE PROPÓSITO NEGOCIAL. SUBFATURAMENTO. Para se aferir o limite para as operações de planejamento tributário é preciso indagar se existe motivo extratributário para a realização do ato ou negócio jurídico, ou seja, se há propósito negocial. Constatase aqui a ausência de propósito negocial, sendo o objetivo único a redução considerável da tributação de PIS e de Cofins, mediante venda simulada subfaturada pela indústria para empresa comercial ligadas ao mesmo grupo econômico, visando reduzir apenas a base de cálculo sujeita à incidência monofásica daquelas contribuições. MULTA DE OFÍCIO. QUALIFICAÇÃO. FRAUDE. O planejamento tributário abusivo e ilegal praticado pelo grupo econômico evidencia a conduta dolosa de impedir o Fl. 3205DF CARF MF Processo nº 16095.720137/201688 Acórdão n.º 3201004.699 S3C2T1 Fl. 3.206 10 conhecimento da real base de cálculo dos tributos, ensejando, pois, a qualificação da multa de ofício aplicada. DILIGÊNCIA. PEDIDO INDEFERIDO. Indeferese o pedido de diligência quando as informações necessárias se encontram nos autos e não é demonstrada sua real necessidade para a solução do litígio, visto o pedido ser feito de forma genérica. Ainda mais quando o lançamento do crédito tributário está todo baseado em documentação do próprio contribuinte. ADMINISTRADORES. RESPONSABILIZAÇÃO TRIBUTÁRIA. Os administradores da empresa – diretores, gerentes ou representantes, que praticam, de forma comissiva ou omissiva, conjuntamente com o contribuinte as condutas tipificadas nos arts. 71 a 73 da Lei n° 4.502/64, respondem pelo crédito tributário de forma solidária, nos termos do art. 124 combinado com o art. 135 do Código Tributário Nacional. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Inconformada a contribuinte, apresentou recurso voluntário reiterando as mesmas matérias versadas em impugnação para reforma da decisão recorrida no sentido de, em preliminar, anular o auto de infração e, no mérito, pugna pelo cancelamento do crédito tributário exigido. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator O Recurso Voluntário, que foi interposto empeça única em nome do contribuinte e demais pessoas que compõem o polo passivo na condição de responsáveis solidários, atende aos requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. O cerne do litígio é o inconformismo dos autuados em face do lançamento de ofício baseado na acusação de planejamento tributário abusivo no processo de integração de atividade do Laboratório Stiefel STIEFEL, e a Glaxosmithkline do Brasil GSK, as quais comporiam um mesmo grupo econômico, tendo a fiscalização afirmado ter constatado a prática de subfaturamento nas vendas de produtos industrializados de uma para outra, produtos esses sob o sistema de tributação monofásica (Lei nº 10.147/2000). As matérias suscitas na preliminar: "Presunção de Subfaturamento"; "Insuficiência de Fundamentação legal no tocante à alegação de planejamento tributário abusivo e ilegal"; e "Inexistência de ato contrário a Lei", como apontaram as recorrentes seriam nulidades materiais e não descumprimento dos requisitos de que tratam os arts. 10 e 59 do Decreto nº 70.235/72. Essas matérias confundemse com o próprio mérito do recurso; assim, serão enfrentadas em tópicos próprios. Fl. 3206DF CARF MF Processo nº 16095.720137/201688 Acórdão n.º 3201004.699 S3C2T1 Fl. 3.207 11 1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS: A incidência concentrada de PIS e Cofins de determinados produtos e a reorganização dos negócios das pessoas jurídicas desse ramo de atividade. É recorrente neste Conselho, julgamentos de matéria análoga ao presente litígio e que merece considerações iniciais para a perfeita elucidação e enfrentamento do contencioso no presente processo. A receita bruta das pessoas jurídicas estava sujeita à incidência das contribuições sociais para o PIS/Pasep e para a Cofins, a teor do art. 3º da Lei nº 9.718, de 27/11/1998, não havendo qualquer limitação da tributação quanto às etapas da cadeia econômica (produção e comercialização). A Lei nº 10.147/2000, de 21/12/2000, com efeitos somente aos fatos geradores a partir de 01/05/20011, instituiu em seu art. 1º2 a incidência monofásica na tributação de PIS e Cofins para a pessoa jurídica que industrializa ou importa determinados produtos farmacêuticos, de perfumaria, de toucador ou de higiene pessoal, com alíquotas substancialmente superiores (2,02% para o PIS, e 10,3% para a Cofins) à tributação normal do regime nãocumulativo. Para essa gama de produtos, determinou o art. 2º dessa mesma Lei 3 que a incidência sobre a receita bruta da pessoa jurídica industrial/importadora é única (concentrada), e expressamente reduziu a zero as alíquotas de PIS e Cofins nas receitas com a revenda efetuadas pelas pessoas jurídicas adquirentes do fabricante/importador: Em síntese, até 30/04/2001 o PIS e a Cofins sobre a receita bruta na venda ou revenda de determinados produtos farmacêuticos de perfumaria, de toucador ou de higiene pessoal alcançavam todas as pessoas jurídicas. A partir de 01/05/2001, essas contribuições passaram a incidir apenas sobre a receita bruta da pessoa jurídica fabricante ou importadora de referidos produtos. A etapa de revenda deixou de ser tributada (alíquota zero) pelas Contribuições. Como consequência da novel tributação no setor, grupos econômicos passaram a reestruturar seus negócios de forma que o padrão de operação tradicional, que 1 Art. 7o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, produzindo efeitos em relação aos fatos geradores ocorridos a partir de 1º de maio de 2001, ressalvado o disposto no art. 4o. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) 2 Art. 1º A contribuição para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público PIS/Pasep e a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins, devidas pelas pessoas jurídicas que procedam à industrialização ou à importação dos produtos classificados nas posições 30.01, 30.03, exceto no código 3003.90.56, 30.04, exceto no código 3004.90.46 e 3303.00 a 33.07, nos itens 3002.10.1, 3002.10.2, 3002.10.3, 3002.20.1, 3002.20.2, 3006.30.1 e 3006.30.2 e nos códigos 3002.90.20, 3002.90.92, 3002.90.99, 3005.10.10, 3006.60.00, 3401.11.90, 3401.20.10 e 9603.21.00, todos da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados TIPI, aprovada pelo Decreto nº 4.070, de 28 de dezembro de 2001, serão calculadas, respectivamente, com base nas seguintes alíquotas: [...] 3 Art. 2o São reduzidas a zero as alíquotas da contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins incidentes sobre a receita bruta decorrente da venda dos produtos tributados na forma do inciso I do art. 1o, pelas pessoas jurídicas não enquadradas na condição de industrial ou de importador. Fl. 3207DF CARF MF Processo nº 16095.720137/201688 Acórdão n.º 3201004.699 S3C2T1 Fl. 3.208 12 compreendia a industrialização e venda efetuada pelo fabricante a seus clientes, foi substancialmente modificado. A partir de então, pessoa jurídica, do mesmo grupo econômico, (já existente, recém constituída ou com alteração substancial de seu instrumento social com adequação para o fim proposto, com a peculiaridade de ser desprovida de depósitos de armazenagem próprios e compartilhar as mesmas instalações e serviços do fabricante) passa a exercer, com exclusividade, a atividade de comercialatacadista ou simplesmente revendedora na aquisição e revenda dos produtos monofásicos da indústria aos mesmo clientes desta. Assim, o fabricante não mais efetua venda direta de sua produção a clientes (terceiros não vinculados), mas é impelido (contratualmente) a fazêla à pessoa jurídica do grupo ao qual pertence por valores substancialmente reduzidos, que os revende aos mesmos clientes que outrora adquiriam esses produtos diretamente do fabricante, por preços que se aproxima daqueles praticados quando da venda indústriacliente. O efeito imediato desse modelo de negócio foi a redução expressiva na receita bruta da industrial e a consequente redução dos tributos que incidem na operação PIS/Pasep, Cofins e IPI, além do efeito no IRPJ e CSLL. Por outro lado, na revenda da comercialatacadista para o cliente, em que a receita bruta é expressivamente maior em relação à da industrial, não há incidência de PIS/Pasep e de Cofins, a teor do mencionado art. 2º da Lei nº 10.147/2000. É de se presumir que a introdução de uma etapa de operação de revenda realizada por uma pessoa jurídica, que até então não participava da operação de industrializaçãovenda direta a clientes, não traz ganhos operacionais ou econômicos ou redução de custos, pelo simples fato desse acréscimo implicar novos gastos, antes inexistentes, tais como: financeiros, operacionais, trabalhistas, administrativos, armazenamento e logísticos, e outros tantos mais. As fiscalizações setoriais realizadas pela Receita Federal tem concluído amiúde que a citada reorganização dos negócios de grupos econômicos que se dedicam às atividades empresariais com produtos sujeitos à tributação concentrada consubstanciamse em planejamento tributário por vezes abusivos e/ou ilegais e eivadas de conduta fraudulenta que visam à sonegação fiscal, mediante simulação e o subfaturamento de preços praticados nas operações de "vendas" da indústria para a comercialatacadista, pertencentes ao grupo. A acusação fiscal de simulação e subfaturamento recai normalmente no conjunto probatório de ausência de fundamento econômico e financeiro do acréscimo da etapa realizada pela comercialatacadista, sem ganho econômico, no qual a finalidade, via de regra, é exclusivamente a redução do tributo na cadeia de comercialização de produtos de incidência concentrada, e a redução artificial de preços o subfaturamento na operação intragrupo (venda da industrial para a comercial), ao passo que o preço praticado na operação de revenda, da comercialatacadista para o cliente, mantém na mesma faixa que antes era praticado pela industrial. Apresentado o panorama geral das operações de comercialização de produtos sujeitos à tributação estabelecida pela Lei nº 10.147/2000, realizadas antes e após os efeitos de sua vigência, e as adaptações de cunho organizacional de grupos econômicos sujeitos a essa modalidade de tributação, da qual resultou em diminuição da receita bruta na etapa industrial e Fl. 3208DF CARF MF Processo nº 16095.720137/201688 Acórdão n.º 3201004.699 S3C2T1 Fl. 3.209 13 consequente redução de PIS/Pasep e Cofins, mantendose a lucratividade na venda a terceiros, cumpre analisar os fatos que permeiam a situação dos autos. Entendo ser indiscutível que a matéria central posta em julgamento é fática, e não de direito. Isto porque incontroverso que o recorrente sujeitase à tributação de que trata a Lei nº 10.147/2000. O Fisco acusou o grupo que compõe a STIEFEL e GSK de alterar o modo de negócio da primeira, que passou a se dedicar à industrialização de medicamentos e/ou produtos farmacêuticos e sua venda com exclusividade a GSK, com a redução artificial de preço, caracterizandose o subfaturamento, por meio de um planejamento tributário abusivo, mediante a simulação da operação de revenda da GSK para os clientes da STIEFEL, sendo que a verdadeira operação permaneceu como anteriormente da STIEFEL a seus clientes. Assim, as matérias submetidas a julgamento neste Colegiado cingemse à comprovação da (i) existência de um planejamento tributário abusivo (ii) mediante a simulação de operações de venda entre SIETEL e GKS, (iii) cujos preços são subfaturados, cujo efeito foi a redução ilegal da base de cálculo das contribuições. 2. PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO ABUSIVO E SIMULAÇÃO Antes de passar aos subtópicos pontuais da matéria, analisamse as considerações gerais da fiscalização para afastar o planejamento tributário no tocante ao objeto do procedimento de auditoria e as contestações dos recorrentes A autoridade fiscal asseverou que o “planejamento tributário” realizado, teve como razão única a diminuição do ônus dos tributos e contribuições incidentes nas operações do grupo econômico, sendo certo que não houve propósito negocial ou razões econômicas que justificassem a venda, para a GSK, de produtos a preços subfaturados. Expõe entendimentos doutrinário e jurisprudencial, no tocante aos limites do poder de autoorganizarse, assentados no princípio de que a essência deve prevalecer sobre a forma e conclui pelo abuso de direito, quanto ao modo do seu exercício cuja finalidade única foi de pagar menos tributo, e afronta aos princípios constitucionais da boafé, dos bons costumes, e do fim econômico e social. Dessa forma, diante das ilicitude constatadas, o Fisco recusou os efeitos da reorganização das atividades do Grupo STIEFEL/GSK, no âmbito tributário, tratando a situação concreta como "planejamento tributário" abusivo e ilegal. Os argumentos e fundamentos do Fisco foram rebatidos pelos recorrentes que sustentaram que o planejamento realizado inserese no modelo de negócio efetivado após a aquisição mundial da STIEFEL pela GSK, não podendo ser considerado abusivo e ilegal. Há evidente propósito negocial, regulatório e econômico na reorganização das pessoas jurídicas e de suas atividades. Passo a enfrentar as situações fáticas em que residem os fundamentos das partes e os pontos de discordâncias em sustentar suas posições. São elas: (i) aquisição global dos Laboratórios Stiefel pelo Grupo GSK e da sua organização de atividades; (ii) alterações Fl. 3209DF CARF MF Processo nº 16095.720137/201688 Acórdão n.º 3201004.699 S3C2T1 Fl. 3.210 14 contratuais da Stiefel e GSK; (iii) ausência de propósito negocial, regulatório e econômico; e (iv) simulação. O subfaturamento, enquanto elemento essencial do planejamento tributário abusivo e ilícito, será enfrentado em tópico próprio. 2.1 Aquisição global dos Laboratórios Stiefel pelo Grupo GSK e da sua organização de atividades A narrativa fiscal dá conta de que embora a aquisição da STIEFEL pelo Grupo GSK, as operações no Brasil limitaramse à integração das atividades comerciais que passaram a ser realizadas exclusivamente pela GSK, a teor do contrato de prestação de serviços compartilhados, datado de 30/04/2010. Esse fato caminha no sentido de ser indício de que a finalidade da reorganização foi o de planejar a interrupção da venda direta da STIEFEL para seus clientes de forma que somente a GSK realizasse tal operação. O efeito, como explanado alhures, foi a redução da receita bruta apenas da Sitefel, que fora transferida para a GSK, para que esta não se submetesse à tributação das Contribuições e os valores apurados e recolhidos pela Sitefel sofressem sensível redução. 2.2 As alterações contratuais da Stiefel e GSK Alegam os recorrentes que as alterações contratuais entre a Stiefel e a GSK não trariam elementos probatórios que dessem suporte às acusações feitas pelo Fisco, visto que as empresas existiam de fato. O mesmo endereço da Stiefel e da GSK não significaria ilegalidade, pois duas ou mais empresas podem compartilhar as mesmas estruturas, ainda mais quando do mesmo grupo econômico. De outro lado, a diligência realizada não teria sido suficiente para comprovar as acusações fiscais. Cita acórdão do CARF. O modelo de negócio praticado após a transferência da atividade comercial da STIEFEL para a GSK está amparado em documentos formalmente regulares. Certamente revela uma estrutura de negócios que fora meticulosamente reorganizada para se alcançar o objetivo de redução da tributação por intermédio de planejamento tributário abusivo que, todavia, não coincide com a realidade fática revelada na autuação fiscal o planejamento abusivo/ilegal e o subfaturamento de preços, que se demonstrará a frente. Dessa forma, o compartilhamento da localização física, e dos demais elementos da estrutura empresarial da STIEFEL com a GSK, ambas interdependentes, é apenas um dos componentes do rearranjo da atividade de produção e venda a clientes de produtos sujeitos à tributação concentrada com a finalidade precípua de redução ilícita de tributos. A existência física e jurídica de ambas não afasta a realidade da incompatibilidade entre o negócio declarado e aquele revelado no procedimento fiscal eis que parte da simulação , que ao final permitiu a autoridade fiscal concluir acertadamente pela ilicitude do planejamento tributário empreendido pela contribuinte. 2.3 Propósito negocial, regulatório e econômico Fl. 3210DF CARF MF Processo nº 16095.720137/201688 Acórdão n.º 3201004.699 S3C2T1 Fl. 3.211 15 Na matéria, insurgemse os recorrente quanto à acusação fiscal de inexistência de propósito negocial no modelo de negócio que passou a ser empreendido pelo Grupo STIELFEL/GSK. Rebatem as acusações com a afirmação de quer a STIEFEL transferiu funcionários à GSK e ainda manteve margem de lucro compatível em relação às demais empresas. A contribuinte justifica a redução da margem de lucro da Stiefel na diminuição de suas despesas que foram "transferidas" para a GSK. Essa redução de despesas não fora demonstrada nem comprovada. A decisão recorrida discorreu acerca das constatações da autoridade fiscal e os fundamentos que sustentam a ausência de propósito negocial no novo modelo de negócio do Grupo. Procedem os argumentos do Fisco e os fundamentos da DRJ para considerarem inexistentes motivos econômicos e financeiros que excederiam a mera redução da carga tributária, de modo a justificar o novo modelo de negócio que trouxe redução da receita bruta e a consequente queda na margem de lucro. Entendo que a justificativa para tal redução não se encontra na diminuição das despesas, pois que, matematicamente, a redução simultânea de receita e despesa tende a manter a mesma margem de lucro líquido, a menos que a redução da receita bruta seja extremamente superior à redução das despesas para resultar em redução da lucratividade na ordem de 71,83% para 32,57%, comparandose os anos de 2011 (vendas Sitefelclientes) e 2012 (vendas StiefelGSK). Ao meu ver, os fatos apontam para sensível redução na receita bruta da STIEFEL decorrente da redução dos preços praticados entre esta e a comercialatacadista, interdependentes, que não foi proporcionalmente afetada pela redução de custos e despesas. Tratase, em verdade, de arranjo que visa não a prolatada eficiência econômicafinanceira, mas, sobretudo, economia tributária, que no presente caso resultou de prática de atos considerados fraudulento, por meio de simulação e subfaturamento. Não é crível que a inserção de uma comercial atacadista entre a industrial e os clientes (grandes redes de drogarias) tenha resultado maior receita e lucratividade nas vendas totais do Grupo Sitefel/GSK. Vislumbrase que o negócio é extremamente lucrativo para o Grupo não pela redução de custos de "intermediação" da GSK, mas sim pela sensível alteração da receita bruta na venda da industria e na revenda pela comercial, com redução expressiva na primeira e aumento vertiginoso na segunda, cuja explicação reside no planejamento abusivo, simulado, fraudulento e no subfaturamento de preços para reduzir ilicitamente a base de cálculo das Contribuições. Desnecessária maior expertise em negócio e finanças para concluir que a venda direta da STIEFEL para seu cliente final reduziria os custos e despesas incorridos na etapa de transferência para GSK e desta para o cliente. São custos e despesas com pessoal, instalações, ativos, logística e outras mais que certamente incorrerem em ambas. Contudo, é exatamente a inclusão dessa etapa, ao meu ver injustificável, que permite a venda majorada em cerca de até 5 vezes em relação aos custos de produção. Fl. 3211DF CARF MF Processo nº 16095.720137/201688 Acórdão n.º 3201004.699 S3C2T1 Fl. 3.212 16 Eis ai o despropósito da venda intermediária da STIEF para GSK. O resultado da operação com produtos de incidência concentrada é que a STIEFEL reduz sua receita e tributação de PIS e Cofins, a GSK nada paga dessas Contribuições e ainda pratica os mesmos preços na venda aos clientes da STIEFEL. 2.4 A simulação É indiscutível a liberalidade de empresas realizarem reorganizações de negócio com fins ao desmembramento de atividades econômicas, pois respaldada em princípios constitucionais, como o da livre iniciativa. Todavia, a legislação pátria não ampara negócios realizados artificialmente mediante fraude, simulação e sonegação fiscal. Plácido e Silva conceitua simulação como “o artifício ou o fingimento na prática ou na execução de um ato, ou contrato, com a intenção de enganar ou de mostrar o irreal como verdadeiro, ou lhe dando aparência que não possui (...) No sentido jurídico, sem fugir ao sentido normal, é o ato jurídico aparentado enganosamente ou com fingimento, para esconder a real intenção ou para subversão da verdade. Na simulação, pois, visam sempre os simuladores a fins ocultos para engano e prejuízo de terceiros” (Silva, De Plácido e. Vocabulário Jurídico. Ed. Forense, 1990). Luciano Amaro complementa que “a simulação seria reconhecida pela falta de correspondência entre o negócio que as partes realmente estão praticando e aquele que elas formalizam.” (Amaro, Luciano. Direito Tributário Brasileiro. 13ª Ed. Ed Saraiva, 2007, p. 231) Simulação corresponde, portanto, a realização de atos ou negócios jurídicos através de forma prescrita ou não defesa em lei, mas de modo que a vontade formalmente declarada no instrumento oculte deliberadamente a vontade real dos sujeitos da relação jurídica. O ato existe apenas aparentemente; é um ato fictício, uma declaração enganosa da vontade, visando produzir efeito diverso do ostensivamente indicado. Em geral, devido a sua própria natureza, a simulação é de difícil comprovação documental. Há a presença de dois atos, o ato simulado, do qual há documento ostensivo, e o ato dissimulado que é o que se intenta esconder. Assim, visto que sua ação é dissimulada sob forma diversa, fica muito difícil que se encontre a chamada prova cabal da sua ocorrência, pois esconder o ato dissimulado é da própria natureza da simulação, sendo assim se faz necessário perquirirse a real intenção dos agentes no momento da prática do ato. Para sua demonstração, devese lançar mão de provas indiciárias e presuntivas. No discorrer de seu relatório, fiscalização trilhou este caminho ao descrever os indícios que apontavam para formas de operação e rearranjo societário que no somatório e conjunção das provas coligidas permitiram afirmar que se tratava de atos e negócios que conferiam certa aparência que, entretanto, não correspondiam à realidade. No Relatório Fiscal a autoridade relata a aparência formal dos atos praticados pela STIEFEL/GSK e a sua realidade material que se consubstanciaram em inúmeras alterações sociais promovidas em estabelecimento da GSK, que estrategicamente fora inserido nas instalações físicas da STIEFEL e dela se utilizou de depósitos, de mãodeobra e de outros Fl. 3212DF CARF MF Processo nº 16095.720137/201688 Acórdão n.º 3201004.699 S3C2T1 Fl. 3.213 17 elementos de infraestrutura próprios de uma pessoa jurídica que se dedica ao comércio atacadista. Com a adequação formal ao modelo de negócio proposto, no dia 29/12/2011, os estoques de mercadorias da STIEFEL foram "transferidos" para os depósitos da GSK4, conforme afirmativa expressa do próprio contribuinte em seu recurso voluntário (fl. 3.010). Portanto, não houve venda, mas sim uma mera "transferência" de produtos acabados cujo preço unitário consignado em notas fiscais foram em cerca de 26,94% do efetivo preço médio de venda praticado no período (fl. 2.449). A partir de então, a STIEFEL deixou formalmente de realizar vendas diretamente a seus clientes, em razão da obrigação contratual de fornecer toda a sua produção à GSK, sendo remunerada pelo custo de fabricação, acrescido dos tributos e markup, que se mostrou inexistente para 54 dos produtos com incidência concentrada de PIS e Cofins, de um total de 78 negociados no período (como se verá no tópico "3. Subfaturamento" desde voto). A economia tributária por intermédio de transações simuladas revelouse a real motivação da cisão de uma única operação de industrialização e venda de produtos (STIEFELcliente) para outro formato de negócio, com a inserção de uma etapa de revenda (GSKcliente) que inevitavelmente haveria de acrescentar custos e despesas relevantes ao Grupo. Todavia, mediante a redução artificiosa dos preços na etapa de (re)venda do produto industrializado, realizada entre empresas interdependentes, proporcionouse a redução dos tributos incidentes sobre produtos destacados pela Lei para sofrer incidência concentrada unicamente na venda pelo estabelecimento industrial e redução a zero nas etapas de comercialização posteriores. Assim demonstrada a simulação nas alterações societárias da GSK com a adequação necessária para interporse entre a indústria e clientes do Grupo, com o propósito de redução da carga tributária na venda de produtos sujeitos à incidência concentrada de PIS e Cofins. A simulação é o elemento fundamental no planejamento tributário abusivo e no subfaturamento dos preços para a evasão tributária aqui comprovada pelo Fisco. Conclusões do planejamento tributário abusivo e ilegal com a prática de atos simulados A comprovação do planejamento abusivo mediante simulação e subfaturamento, pode ser extraída do próprio recurso voluntário quando afirma que a STIEFEL não vendeu, apenas transferiu seus estoques para a GSK, que após todo o rearranjo passou ser "revendedora" exclusiva dos produtos fabricados pela STIEFEL para os clientes desta, sem o pagamento de PIS e Cofins, no tocante à incidência concentrada. Ora, se a remessa da STIEFEL para a GSK caracterizouse transferência de estoques, com a peculiaridade de que a GSK não dispunha de local próprio para armazenagem 4 Operação que não demandou qualquer logística complexa uma vez que o depósito da GSK, conforme revelado em diligência fiscal, resumese apenas a espaço físico dentro do depósito da STIEFEL separado unicamente por grades. Fl. 3213DF CARF MF Processo nº 16095.720137/201688 Acórdão n.º 3201004.699 S3C2T1 Fl. 3.214 18 pois compartilhava de espaço do depósito fechado da STIEFEL, a saída desses estoques, promovida apenas no ano de 2012, em operação de venda a clientes, não pode ser atribuída à GSK, uma vez que não era sua propriedade, mas tãosó da STIEFEL. A análise mais detalhada dos contratos celebrados (fls. 738 e ss) entre as pessoas jurídicas do Grupo, permitir afirmar que a STIEFEL deixou de exercer a liberalidade negocial que detinha para vender seus produtos diretamente aos seus clientes ao preço por si definido. Constam das cláusulas "2.6" e "5.1" do contrato a obrigação da STIEFEL fornecer à ordem da GSK os produtos fabricados e nos volumes requeridos. Ora tal disposição não se coaduna com a liberdade em seus negócios, mormente quando a realidade dos preços praticados entre STIEFEL e GSK no ano de 2012 denotavam vendas abaixo dos custos de transferências de estoque em dezembro/2011 em 69% dos produtos (54 de um total de 78), conforme demonstra no tópico de subfaturamento. Dessarte, confirmase a conclusão fiscal, pois que havendo a deliberação da pessoa jurídica de reduzir a tributação de determinadas mercadorias sujeitas ao PIS e Cofins, fezse necessário um planejamento tributário, abusivo e ilícito, por meio de simulação de uma operação desnecessária e prescindível no seio de um grupo econômico, com a prática simultânea de redução artificial de preços nessa operação intragrupo. 3. SUBFATURAMENTO Defendemse os recorrentes que a autoridade fiscal não comprovou o alegado subfaturamento, dada a impossibilidade de se comparar as vendas realizadas da STIEFEL para a GSK com as efetivadas com terceiros, pois de natureza distintas. Alega a inexistência de vendas simultâneas de mesmo produtos e tempo para a GSK e terceiros. Sustenta que um dos componentes da redução da receita na industria foi a correspondente redução de despesas. A DRJ afirma a existência de um conjunto probatório contundente da existência do subfaturamento. Impende identificar exatamente em que se funda e quais as provas apresentadas pelo Fisco para acusar que as vendas da STIEFELGSK são subfaturadas. Primeiramente, o subfaturamento aqui analisado difere daquele comumente constatado nas operações de comércio exterior no qual uma fatura comercial consigna um valor para a mercadoria importada, cujo contrato de câmbio e sua efetiva liquidação expressam exatamente esse mesmo valor, contudo, outro pagamento, à margem das declarações formais aos órgãos de controle, é efetuado (por meios legais ou não) para complementar o verdadeiro valor acordado entre as partes. O subfaturamento no comércio exterior não exige a interdependência entre exportador e importador e se revela por uma simples omissão do preço efetivamente pago ou a pagar por uma mercadoria. Fl. 3214DF CARF MF Processo nº 16095.720137/201688 Acórdão n.º 3201004.699 S3C2T1 Fl. 3.215 19 No presente autos, tratase de outro tipo de subfaturamento que só tem em comum com o descrito acima a intenção de reduzir tributo; a forma e os meios de se alcançar tal objetivo divergem substancialmente. A acusação fiscal foi de que havendo a deliberação da pessoa jurídica de reduzir a tributação de determinadas mercadorias sujeitas ao PIS e Cofins, fezse necessário um planejamento tributário abusivo e ilícito para que, por meio de simulação de uma operação entre empresas do mesmo grupo econômico e, simultaneamente, uma redução artificial de preços praticados o subfaturamento , a venda do produto fabricado aos seus clientes não mais fosse realizado pela pessoa jurídica industrial, mas doravante pela comercial atacadista, antes inexistente ou com arranjo societário para tal fim. De forma alguma o subfaturamento constatado pela fiscalização implicou pagamento a menor que o consignado nas notas fiscais; e esta não foi a acusação. De outra banda, também, o subfaturamento no novo modelo de negócio a introdução de uma operação de venda entre STIEFEL e GSK, antes da venda ao cliente do Grupo não teve por fundamento a redução da margem de lucro da STIEFEL. Esta diminuição foi consequência da redução artificial de preço na venda da STIFELGSK em comparação com a venda STIEFELcliente. Pois bem; no Termo de Verificação (fls. 2.449/2.451) encontrase o fundamento do subfaturamento constatado pelo Fisco, a saber, as vendas da STIEFEL para a GSK foram feitas muito abaixo dos valores de mercado dos produtos. Entendo que a expressão "mercado" aqui utilizada é com referência às vendas aos clientes da STIEFEL, pois a autoridade fiscal ressalta a desproporção entre as vendas para a GSK e as vendas efetuadas para os demais clientes no mês de dezembro/2011, sintetizado à folha 2.4495. Em seguida, para o ano de 2012, o Relatório Fiscal demonstra a continuidade da mesma sistemática de preços: vendas STIEFELGSK equivalem, em média, cerca de 22% do valor na venda GSKclientes. Importa pontuar que em dezembro de 2011 houve a alteração dos negócios, porquanto até esse mês a STIEFEL realizou vendas diretas a terceiro e, simultaneamente, iniciou as vendas para GSK, que a partir de janeiro/2012 revelaramse exclusivas. É exatamente o comparativo dos preços de vendas deste período que revela o subfaturamento através do artifício de reduzir os preços dos produtos destinados à GSK, em média para 26,94% daquele praticado na venda para clientes não interdependentes. A defesa traz suas alegações também para refutar que a evidente diminuição dos preços de venda da fabricante tem outras explicações que não o subfaturamento. 5 Ou seja, apuramos que o preço dos produtos vendidos à GSK em 12/2011 equivale à cerca de 26 % (VINTE E SEIS POR CENTO) do preço praticado pela STIEFEL nas vendas a terceiros (outros clientes da Stiefel). Portanto, as vendas da Stiefel para a GSK foram feitas por valores subfaturados. Portanto, o valor que a STIEFEL pratica em relação a terceiros é cerca de 370% (TREZENTOS E SETENTA) maior do que o praticado com a GSK Fl. 3215DF CARF MF Processo nº 16095.720137/201688 Acórdão n.º 3201004.699 S3C2T1 Fl. 3.216 20 A indicação do art. 187 do Código Civil não foi fundamento para caracterizar o subfaturamento, mas para circunscrever a prática fraudulenta do planejamento tributário abusivo, a simulação e o subfaturamento como atos ilícitos. Além do mais, as condutas ilícitas narradas nesses autos estão todas descritas na legislação do PIS e Cofins, no Código Tributário Nacional e demais legislação federal mencionadas pela autoridade fiscal e que prevê a observância obrigatório de seus regramentos e as sanções em face de descumprimento. Nos autos não se encontram quaisquer demonstração de que as operações da STIEFEL para com a GSK em comparação com terceiros encontra justificativa de extrema diferença de preços na distinções de "funções e riscos". Na verdade, quando se trata de industrialização por encomenda de terceiros, com inexpressiva participação na receita bruta da STIEFEL, temse uma operação cuja natureza é de prestação de serviço, e não de venda, e estão segregadas daquelas que originou a autuação, segundo o código de operação fiscal (CFOP). Conquanto tratado em tópico anterior , a contestação quanto à inexistência de venda simultânea para clientes e GSK no mês de dezembro/2011, sob a expressa afirmação no recurso voluntário que em verdade "o que houve foi uma transferência de estoque, ao final o mês" (fl. 3.010) não macula nem desnatura as conclusões fiscais, pois a comparação foi plenamente possibilitada com a identificação de produto comum a essas duas operações de venda (STIEFELclientes e STIEFELGSK) e a constatação de drástica redução dos preços (tema desenvolvido no Relatório Fiscal fls. 2.451/2.456 e demonstrada na planilha comparativa fls. 2.397/2.399) . Em outro ponto do recurso há menção à redução de despesas, riscos e funções desempenhadas pela STIEFEL o que resultou em redução da receita bruta. As alegações não vieram acompanhada de prova da redução de despesas que implicou consequente redução na receita bruta. Será verificado em tópico deste voto que o resultado foi a severa redução de margem de lucro da indústria do Grupo o que é incompatível com redução simultânea de receita bruta e despesas. A recorrente colaciona excertos do Acórdão nº 3401003.266, de 29/09/2016, e aponta para trecho em que seu Relator constata que inexistem nos autos prova do subfaturamento pois o Fisco não efetuou qualquer verificação individualizada da prática de preços diferenciados e a demonstração de proximidade entre preço de custo e de produção. Segue o trecho transcrito: [...] Não foi feita qualquer verificação, individualizada por produtos, da prática de preços diferenciados ou por comparação de preços, ao menos, apontando indícios mais robustos, por meio de histórico de transações e cotações nos mercados, ou ainda, demonstrando a proximidade entre o preço de venda e o custo de produção. [...] As afirmativas e conclusões naquele processo não se aplicam aqui: a uma, o Fisco fez análise detalhada e apresentou demonstrativo comparativo dos preço individualizado praticados antes e após a interposição da GSK nas vendas entre STIEFEL e seus cliente, a duas, em mais de uma oportunidade a autoridade fiscal intimou a contribuinte apresentar a Fl. 3216DF CARF MF Processo nº 16095.720137/201688 Acórdão n.º 3201004.699 S3C2T1 Fl. 3.217 21 composição do preço de custo de seus produtos; a três, não constam dos autos o atendimento às intimações ou mesmo em fase recursal a demonstração desses custos e sequer da propalada redução de despesas. A seguir a imagem do item do Termo de Intimação (fls. 27/28) em que é solicitado a demonstração individualizada da composição do preço de venda dos produtos: A contribuinte não apresentou o que lhe fora solicitado, apenas a planilha do preço de venda apontando os valores dos tributos devidos na operação. A análise fiscal quanto ao subfaturamento, embora sucinta, é contundente ao expor as diferenças de preços praticadas pela STIEFEL antes e após a inserção da GSK nas operações com clientes. Os demonstrativos apresentados são objetivos e diretos ao desnudar a prática do subfaturamento. Cumpre também asseverar ser irrelevante a comparação de preços de venda de mesmos produtos sujeitos à incidência concentrada das Contribuições em uma mesma data pela STIEFEL a clientes e à GSK. Basta ter o conhecimento do preço praticado entre STIEFELcliente em dezembro/2011 e STIEFELGSK no ano de 2012 e comparálo, apenas considerando, por força de contrato, um markup sobre o preço de custo na "venda" STIEFEL GSK e que essas vendas somente são reajustadas a cada 12 meses. A seguir apresento o quadro, em maior extensão ao exibido no Relatório Fiscal (fls. 2.449. 2.450 e 2.451) e nos demonstrativos elaborados pela fiscalização (fls. 2.397/2.399) onde se comparam os preços nas operações STIEFELclientes, STIEFELGSK e GSKclientes, em dezembro/2011 e no decorrer de 2012, considerando apenas os produtos de incidência concentrada comercializado em ambos os períodos. dez/2011 2012 Código (1) Descrição (2) Stiefel cliente (3) Stiefel GSK (4) Stiefel GSK (5) GSK Cliente (6) SietelGSK: 2012 / dez11 (7) 6B132328500 AcneAid Wash 60g 19,83 5,16 5,25 24,42 1,7% 59 A113928500 Acnesoap Sabonete I00g 14,24 3,72 3,16 17,24 15,1% A44A132327400 ANSOLAR DAILY USE FPS 30 60G 46,19 12,12 11,90 52,83 1,8% A44A190527400 Ansolar Daily Use FPS30 Cap OR 43,75 15,30 8,49 47,00 44,5% 302844 ANSOLAR FLUID 60ML OR 49,70 13,23 11,96 57,65 9,6% 890A132327400 ANSOLAR LOTION FPS 60 OR 60G 46,24 12,29 10,62 53,54 13,6% 302572 BABIX SAB 100G 12,27 3,30 3,02 14,78 8,5% A38A151828500 BABIX XAMPU INFANTIL OR 25,18 6,54 3,48 30,39 46,8% 970A130628500 Clariderm Clear OR 27,84 7,05 8,06 45,28 14,3% 520C122328500 Claripel Acquagel 30g 37,49 9,74 9,74 36,85 0,0% 3A126328500 CLINAGEL 45G 29,49 7,66 5,51 29,09 28,1% 516C159328500 Clindoxyl 30g 29,48 7,66 6,53 29,24 14,8% Fl. 3217DF CARF MF Processo nº 16095.720137/201688 Acórdão n.º 3201004.699 S3C2T1 Fl. 3.218 22 dez/2011 2012 Código (1) Descrição (2) Stiefel cliente (3) Stiefel GSK (4) Stiefel GSK (5) GSK Cliente (6) SietelGSK: 2012 / dez11 (7) 687A370928500 DermaVite comp cf 30 54,26 14,10 13,77 53,59 2,3% 5A152028500 Duofilm 15ml 19,70 5,13 4,76 19,44 7,2% 36A128032800 DUOFILM PLANTAR 20G 29,98 7,80 6,25 29,66 19,9% 523A1306315DC Fisiogel Al cr 3Cg 36,72 9,47 9,22 52,72 2,6% 304763 Fisiogel Al Ic cremo 240 ml OR 55,28 14,37 16,51 83,71 14,9% 304764 FISIOGEL CLEANSER 250ML OR 32,58 8,41 8,15 44,71 3,1% 477B132331500 FISIOGEL CR60GBIL 29,67 7,74 8,85 44,84 14,3% 522A151731500 Fisiogel ic cremo 120ml 36,39 9,40 10,01 53,26 6,5% 522A155731500 Fisiogel Ic cremo 240ml BIL 44,16 11,58 12,81 66,74 10,6% 304766 FISIOGEL SHAMPOO 250ML OR 36,05 9,22 8,52 46,77 7,6% A41A122327400 Hidrafil AntiAging 30g 27,43 6,91 6,65 43,25 3,8% 304211 HIDRAFIL CR ANTIAGING PI MAOS 50G OR 15,49 5,17 4,10 23,63 20,7% 441F127828500 HIDRAFIL EYECARE 15G 27,38 6,91 9,91 42,62 43,4% 1B151628500 HIDRAFIL GEL 60ML 26,90 7,04 7,04 30,64 0,0% 39D151732800 HIDRAFIL LC CREMO 120 ML 46,98 12,59 11,31 53,72 10,2% 39D151632800 HIDRAFIL LC CREMO 60ML 25,34 6,66 6,66 28,07 0,0% 8C113928500 Hidrafil sab 100g 14,75 3,84 3,57 17,63 7,0% 304218 HIDRAFIL SAB HIDRATANTE FACIAL 60ML OR 12,70 3,28 3,97 16,22 21,0% 304224 HIDRAFIL TÓNICO HIDRATANTE 200ML OR 14,41 3,62 3,81 22,17 5,2% 409D151728500 HIDRAPEL PLUS LC 120ML 23,63 6,13 6,49 23,33 5,9% 304931 KIT REVALESKIN (EYE E NIGHT) 83,80 21,52 30,15 137,34 40,1% 49A151732800 LactiCare lc cremo 120ml 38,33 10,01 13,21 56,88 32,0% 45A126328500 MICOSTYL CR 45G 12,34 3,21 3,21 12,29 0,0% 46A151628500 MICOSTYL LC 60ML 13,65 3,56 3,56 13,97 0,0% 77B151628500 Nedax lc cremosa 60ml 23,70 6,16 5,90 23,60 4,2% 291A1518285D7 OILATUM JR OLEO P/BANHO 200ML 25,10 6,34 6,34 33,21 0,0% 946A1139285X Oilatum Junior Sab 100g 9,51 2,45 3,13 11,07 27,8% 27D151728500 OILATUM LOCAO CREMOSA 120ML 24,80 6,19 6,71 33,14 8,4% 41A113932800 OILATUM SAB 100G 11,40 3,03 2,95 13,79 2,6% 53A145728500 Panoxyl 10 45g 16,34 4,24 4,24 16,33 0,0% 52A145728500 PanOxyl gel 5 45g 15,63 4,06 4,06 15,64 0,0% 10A151728500 POLYTAR SH120ML 19,15 4,93 4,93 21,60 0,0% 10A151828500 POLYTAR SH 200ML 28,06 7,19 7,19 32,42 0,0% 81C151731500 Prurix lc 120ml 8IL 23,79 5,81 5,10 32,99 12,2% 302223 REVALESKIN 15 ML EYE THRPY SPPRT 72,08 24,08 12,81 105,42 46,8% 302224 REVALESKIN 30 ML INTENSE RCVRY SPPRT 80,74 27,40 17,11 120,9 37,6% 301378 Revaleskin Day Cream 77,97 29,42 32,15 111,15 9,3% 301185 Revaleskin Facial Cleanser 39,50 23,71 23,71 48,88 0,0% 35A145732800 SOLUGEL 4% 45G 37,07 9,63 8,07 36,57 16,2% 399A1457323DC SOLUGEL PLUS 45G 40,41 10,50 9,99 39,89 4,9% 305587 SPECTRABAN FPS 30 ULTRA 120ML OR 31,78 8,29 9,09 34,79 9,7% 305501 SPECTRABAN FPS 30 ULTRA 60G OR 24,55 6,62 6,08 27,79 8,2% 304190 SPECTRABAN FPS 50 60G OR 27,76 7,31 6,94 30,52 5,1% 304174 SPECTRABAN T BASE FL BG EXTRACLARO OP 31,64 8,36 8,23 36,55 1,6% 304182 SPECTRABAN T BASE FL TRANSLUCIDA 60G O 31,67 8,36 7,62 36,56 8,9% 966A132328500 SPECTRABAN T COL BASE FL BEGEM 32,05 8,36 7,38 36,53 11,7% 302968 SPECTRABAN T COMPACTA BEGE MEDIO OR 48,33 12,56 11,44 56,81 8,9% Fl. 3218DF CARF MF Processo nº 16095.720137/201688 Acórdão n.º 3201004.699 S3C2T1 Fl. 3.219 23 dez/2011 2012 Código (1) Descrição (2) Stiefel cliente (3) Stiefel GSK (4) Stiefel GSK (5) GSK Cliente (6) SietelGSK: 2012 / dez11 (7) 82A151628500 Stiefcortil capilar 60ml 21,87 5,66 5,66 22,13 0,0% 80A122328500 Stiefcortil cr 1 % 30g 15,38 4,00 3,76 15,17 6,0% 369A122328500 STIEFCORTIL POM 1% 30G 16,94 4,40 4,40 16,68 0,0% 32A145028500 STIEMYCIN GEL 2% 60G 17,53 4,56 4,32 17,28 5,3% 19A134028500 STIEMYCIN SOL TOP 2% 120ML 20,12 5,21 5,21 19,86 0,0% 305364 STIPROXAL SH 120ML 39,28 10,28 9,70 45,64 5,6% 555B151628500 SUNMAX AcquaGel FPS 20 60ml 26,63 7,35 7,14 32,00 2,9% 302973 SUNMAX COLOR SENSE BEGE CLARO OR 40,46 10,83 9,47 48,75 12,6% 302978 SUNMAX COLOR SENSE BEGE MEDIO OR 41,41 10,83 9,36 48,62 13,6% 484A132328500 SUNMAX CR FPS 60 60G 43,19 11,76 10,24 50,81 12,9% 303516 SUNMAX FLUID FPS 60 120ML OR 47,29 12,49 13,28 54,42 6,3% 302569 SUNMAX FLUID FPS 60 60ML OR 29,64 7,66 8,02 33,27 4,7% 302507 SUNMAX INTENSE FPS 60 GEL CREME 60G 43,39 11,76 10,53 50,75 10,5% 818A132328500 SUNMAX Sensitive OR gel/cr 42,18 11,02 8,87 47,66 19,5% 303307 UREMOL CREME OR 16,33 4,03 4,94 23,80 22,6% 303300 UREMOL FLUID OR 19,01 4,77 5,79 27,06 21,4% 390A423228500 WARTEC CREAM 5G 70,00 18,20 21,55 72,27 18,4% 304924 ZN SHAMPOO 120ML OR 27,28 7,10 5,99 32,98 15,6% 304926 ZN SHAMPOO 200ML OR 38,32 10,04 8,36 46,65 16,7% coluna 1: código do produto fabricado, utilizado tanto pela STIEFEL como pela GSK; coluna 2: descrição do produto coluna 3: preço médio, no mês 12/2011, na venda da STIEFEL para clientes coluna 4: preço médio, no mês 12/2011, na venda da STIEFEL para GSK, em que em recurso voluntário afirmou tratarse de transferência de estoques coluna 5: preço médio, no ano de 2012, de "venda" da STIEFEL para a GSK coluna 6: preço médio no de 2012, de venda da GSK para clientes coluna 7: variação percentual nos preços de venda da STIEFEL para GSK, em 2012 (coluna 5), em comparação com os preços de venda/transferência de estoque da STIEFEL para GSK, em 12/2011 (coluna 4). Os valores da "coluna 7" expressam o comportamento do preço de venda STIEFELGSK, comparandoos no ano de 2012 e em dezembro/2011, ou seja, aponta se houve coerência na variação de preços em razão de redução de custos e despesas na STIEFEL, conforme afirmado pelos recorrentes; se esses preços tiveram o mesmo índice percentual de variação e ainda, se a variação foi no mesmo sentido: aumento ou diminuição, ou sem alteração. Antecipase que os valores de "venda" da STIEFEL para a GSK, a partir de 2012, deveria refletir um mesmo padrão de variação para todos os produtos pois que no Fl. 3219DF CARF MF Processo nº 16095.720137/201688 Acórdão n.º 3201004.699 S3C2T1 Fl. 3.220 24 contrato celebrado entre ambas, o valor de "venda" seria composto pelo custo fiscal FOB dos produtos, acrescido dos tributos e remuneração, expresso nas cláusulas 7 do Instrumento Particular de Fornecimento e Distribuição" (fls. 745/751). Não é o que se constatou, conforme se demonstra a seguir da análise sobre a variação dos preços. Em dezembro/2011 na venda/transferência de estoques para a GSK os produtos estavam acabados e, portanto, era conhecido seus custos, dessa forma o preço da 4ª coluna reflete o preço da referida venda/transferência. Comparando o preço do produto vendido/transferido em dezembro/2011 com o preço do mesmo período no ano de 2012 constatase de um total de 78 produtos: a. 21 deles tiveram aumento de preço em até 43,4%, ou seja foi acrescentado margem de lucro à STIEFEL em apenas 27% dos produtos; b. 13 deles não tiveram qualquer alteração de preço, ou seja, não foi acrescentada nenhuma margem de lucro à STIEFEL; e c. 44 deles tiveram redução de preços em até 46,8%, ou seja, a STIEFEL vendeu com prejuízo em 56% dos produtos Esses números revelam total incompatibilidade com a referida cláusula do contrato, pois no período de 12 meses em que os preços não seriam reajustados e os tributos não se alteraram, o markup apresentou uma variação, entre um extremo negativo de 46,8% (prejuízo) e o outro extremo positivo 43,4% (lucro), contrariando todos os argumentos de que o modelo de negócio permitiu a ambas pessoas jurídicas apropriados níveis de lucratividade. Relevante observar que o procedimento adotado pelo Grupo, em uma visão isolada para cada uma das empresas, denota enorme desvantagem financeira à STIEFEL; ao passo que na "etapa" de venda GSK aos clientes, dos 78 produtos analisados, em 61 deles os preços aumentarem em até 63,9% (na venda do produto "KIT REVALESKIN (EYE E NIGHT"), em relação às vendas realizada pela STIEFEL ate dezembro/2011. Outro dado notável é que na categoria de alguns produtos não se observa nenhuma coerência no padrão de comportamento de preços, pois se constata expressivos aumentos e diminuições em itens de uma mesma categoria. São eles: Fisiogel, Hidrafil, Spectraban, Stiefcortil, Stiemycin e Sunmax. A conclusão é que o planejamento fiscal engendrado impôs redução na receita bruta e lucratividade à STIEFEL, permitindolhe reduzir drasticamente o PIS e Cofins nos produtos com incidência concentrada; e concedeu considerável aumento na receita bruta e lucratividade à GSK, na qual (receita bruta) nenhum pagamento de PIS e Cofins é exigido nas vendas dessa mesma categoria de produtos. Assim, o planejamento fiscal objetivado, mediante a prática dolosa e fraudulenta de simulação e subfaturamento, proporcionou ao Grupo STIEFEL/GSK reduzir seus tributos e, simultaneamente, aumentar sua receita e lucratividade na venda a terceiros dos produtos fabricados pela STIEFEL, contudo, vendido pela GSK Fl. 3220DF CARF MF Processo nº 16095.720137/201688 Acórdão n.º 3201004.699 S3C2T1 Fl. 3.221 25 Por fim, destacase que em momento algum no tópico do subfaturamento a fiscalização menciona as alterações na margem de lucro da STIEFEL como fundamento ou sua prova. As considerações acerca da redução da margem de lucro somente são apresentadas no tópico em que o Fisco assevera a ausência de propósito negocial (fls. 2.457/2.458); ali sim, referida redução é a demonstrada como distorção na obtenção de lucro no comparativo dos anos 2011 e 2012. Vejase com clareza o que consignou o Relatório (fls. 2.457 e 2.461): Já relatamos que a margem bruta mede a capacidade de a empresa gerar lucro uma vez descontado o custo do produto vendido. Deveriam ser semelhantes de um ano a outro em razão de estruturas de custos parecidas. Todavia, verificamos que as vendas subfaturadas efetuadas pela STIEFEL distorceu completamente a margem bruta, no ano de 2012. [...] Cumpre esclarecer que a margem bruta mede a capacidade de a empresa gerar lucro uma vez descontado o custo do produto vendido. Deveriam ser semelhantes de um ano para outro, em razão de estruturas de custos parecidas. Todavia, verificamos que as vendas subfaturadas, efetuadas pela STIEFEL para a GSK, no ano de 2012, distorceu completamente a margem bruta, caindo de 71,83% para 32,57%. Ou seja, é notória a redução da margem bruta da STIEFEL, conseqüência da venda de produtos por valores subfaturados. Portanto, não há propósito negocial nas operações entre a STIEFEL e a GSK, pois estas transações não seguem os padrões e critérios de mercado, mormente no tocante à obtenção de lucros. (grifei) A diminuição simultânea de receita bruta e da lucratividade da STIEFEL sob o fundamento de que reduziram seus custos e despesas em razão de menor riscos não poderia alterar significativamente a margem de lucro bruto uma vez que esta é resultado da razão "receita bruta/custos". O contribuinte não coligiu nenhuma demonstração ou comprovação da redução de despesas; assim a expressiva diminuição da lucratividade somente pode ser atribuída, conforme demonstrado pelo Fisco, à também expressiva queda de receita bruta, o que mostra incompatível com o objetivo de qualquer pessoa jurídica empresarial, a menos que a tal redução tenha finalidade outra a evasão fiscal, como revelada no presente caso. Por tudo que se constatou e demonstrou, entendo irrefutável a comprovação do subfaturamento dos preços das "vendas" dos produtos da STIEFEL para a GSK aqui tratados. 4. Da acusação de erro de matéria inescusável e insuficiência de fundamentação legal no tocante à alegação do planejamento tributário abusivo e ilegal Das várias acusações e alegações dos recorrentes, há de se rechaçar que atribui erro de matéria inescusável por parte do fiscal quando o mesmo menciona desequilíbrio Fl. 3221DF CARF MF Processo nº 16095.720137/201688 Acórdão n.º 3201004.699 S3C2T1 Fl. 3.222 26 econômico em relação a concorrência. Não se trata de erro mas de uma consequência decorrente da conduta da pessoa jurídica em reduzir indevidamente os tributos, pois assim procedendo fica em situação privilegiada em relação a outras empresas que recolhem corretamente esses mesmos tributos. Não há insuficiência de fundamentação legal do planejamento abusivo, que inserese na conduta do contribuinte em conhecendo os dispositivos legais de incidência concentrada trilhou o caminho da simulação, da fraude e do subfaturamento para conferir aparência de novo modelo de negócio inserindo artificiosamente operações praticadas pela GSK unicamente com a finalidade de reduzir a base de cálculo das Contribuições. Assim, entendo bastar o correto fundamento e enquadramento legal do planejamento abusivo nos textos da Lei nº 10.147/2000 e nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502/64. Todos os demais dispositivos de Lei (art. 187 do CC, arts. 3º, 5º, 145, 146A, 150, 173 da CF/88) apontados na decisão recorrida apenas corroboram a conduta dolosa que visou a evasão de tributos. 5. Da alegação de inexistência de atos contrários a lei Na matéria, o arrazoado do contribuinte quanto a inexistência de prática de atos contrários à lei aborda a ausência de exigência de preço mínimo a ser praticado entre empresas interligadas, e de comprovação pela fiscalização de que as pessoas jurídicas envolvidas são existentes de fato. O contribuinte argumenta que apresentou relatório de auditoria (laudo KMPG) em que se demonstra a venda de produtos assemelhados por outras empresas com preços que se equiparam aos seus. Afastamse os argumentos pois de nenhuma valia a comparação de preços entre produtos que se mostraram diferentes. A comparação entre empresas do setor recai no planejamento tributário adotado por muitas delas e que igualmente submeteramse a procedimentos de fiscalização como mesmo escopo deste. A fiscalização não fundamentou a autuação na exigência de preço mínimo a ser praticado nas operações da STIEFEL para com a GSK, conceito legal adstrito à legislação do IPI e não foi aplicada na apuração da receita bruta. De fato, o Fisco rechaçou os valores declarados na suposta venda da STIEFEL para a GSK e ao fazêlo adotou os preços da verdadeira operação de venda que fora simulada, a saber, o preços de venda da GSK para os clientes da STIEFEL/GSK. Dessa forma, hígido o lançamento e a decisão recorrida nas matérias aqui arguidas pelos recorrentes. 6. Da alegação de ausência de erro na quantificação das bases de cálculo Os recorrentes sustentam a correta apuração da base de cálculo das Contribuições, isto é, defendem a veracidade da receita bruta auferida pela STIEFEL e por consequência o arbitramento de preço foi indevido. A análise da questão não se realiza sob o aspecto formal do conteúdo dos documentos e escrituração do contribuinte. Fl. 3222DF CARF MF Processo nº 16095.720137/201688 Acórdão n.º 3201004.699 S3C2T1 Fl. 3.223 27 Nesse ponto, considerase irrefutável o conjunto probatório de que o planejamento tributário foi abusivo com o fim específico de redução indevida da base de cálculo do PIS e Cofins, mediante simulação de operações factualmente inexistente entre STIEFEL e GSK e correspondente subfaturamento dos preços efetivamente praticados na venda a terceiros de produtos fabricados, o que caracteriza a fraude. Desnecessário delongarse nos motivos que conduziram a fiscalização a rechaçar o preço de "venda" declarado nas notas fiscais de venda da STIEFEL para a GSK e a própria operação. Basta rever linhas acima as constatações e fatos que desnudaram o planejamento tributário abusivo e a reorganização dos negócios do Grupo sem que houvesse justificativa de sua eficiência econômica e financeira, mediante a prática de simulação e subfaturamento. Entendo que fora evidenciado a desconsideração da operação simulada, qual seja, a da venda de produtos sujeitos à sistemática de tributação concentrada do PIS e Cofins da STIEFEL para a GSK. A decisão recorrida aponta para 31 (trinta e um) motivos ou situações fáticas constatadas nos autos que permitiram ao Fisco concluir pelo planejamento abusivo e ilícito com a prática de simulação e subfaturamento. Diante de fatos desnudados, a fiscalização desconsiderou a venda realizada entre a STIEFEL e GSK, tomando por verdadeira apenas como transferência documental da industrial para a comercialatacadista, no qual os produtos permanecia em depósito da STIEFEL (compartilhado com a GSK), e somente davam saídas para entrega ao terceiro adquirente do Grupo. Assim, a efetiva operação de venda mantevese como anteriormente praticada, entre a STIEFEL e clientes, sem a interposição formal da GSK. Frisese que os recorrentes no recurso voluntário afirmaram que as vendas da STIEFEL para a GSK em dezembro de 2011 foi em verdade uma transferência de estoques; fato que impõe a conclusão de que a natureza da operação da saída desses estoques para terceiros foi de venda da STIEFEL, e não da GSK. Além disso, a margem de lucro nas venda aos cliente, seja pela STIEFEL (até 2011) ou pela (GSK (a partir de 2012) sempre mantiveram índices expressivos expressiva, sem que os recorrentes comprovassem as reduções de custos e despesas na empresa industrial. Desse modo, desconsiderouse, também, os preços consignados nas NFs de "venda" da STIEFEL para a GSK, que se revelou simulada, pois exsurgiu como verdadeiro negócio da indústria a venda da GSK para aos clientes, com os preços informados nessas operações. À vista do relatado, temse que não se tratou os autos de desconsideração de personalidade jurídica da STIEFEL ou da GSK, mas, repisase, desconsiderouse a pretensa venda da STIEFEL para a GSK, pois apenas formal, fictícia, simulada e subfaturada. Assim, inexistindo a realidade da venda da STIEFEL para a GSK, prevalece a venda efetuada da GSK para seus cliente, e por conseguinte, o preço dos produtos, do qual se apura a receita bruta a ser considerada base de cálculo das contribuições para o PIS e Cofins, é o consignado nas NFs de venda GSKclientes. Fl. 3223DF CARF MF Processo nº 16095.720137/201688 Acórdão n.º 3201004.699 S3C2T1 Fl. 3.224 28 Destarte, é de se concluir a inexistência de uma arbitramento de preço como entendimento exarado pela contribuinte e admitido no voto da Relatora. Arbitramento é procedimento extremo quando não é conhecido ou não se tem em exatidão os valores de determinada base de cálculo a ser oferecida à tributação, o que não é o caso dos autos, pois aos valores da verdadeira operação de venda GSKcliente é plenamente conhecido e corresponde exatamente àquele consignado nas NFs que respaldam tais operações. A efetiva receita bruta de venda da STIEFEL com produtos sujeitos à tributação concentrada é, portanto, aquela informada pela GSK nas venda aos clientes, mediante a utilização do preço médio de venda dos produtos praticado no mercado interno. Incabível, pois, a acusação de arbitramento sem respaldo na Lei ou efetuado em inobservância dos disposto nos arts. 142 e 148 do CTN ou na Lei nº 10.147/2001. Afirma ainda no recurso que não se considerou os vários descontos ou parcelas admitidas na dedução da receita bruta, além de incluir produtos não sujeitos à tributação concentrado e desconsiderar as amostras, que apenas são remetidas para a GSK que não as revende. Essas afirmações foram enfrentadas na decisão recorrida e ali restou consignado, cujos fundamentos acolho, que a apuração da receita bruta teve como esteio as notas fiscais baixadas do ambiente SPED (Escrituração Digital), o qual é informado pelo próprio contribuinte. Portanto, os valores que existiam nessa escrituração digital levaram em conta descontos condicionais, vendas canceladas, IPI, ICMSST, produtos sem incidência monofásica e amostras, de acordo com a própria contabilidade do contribuinte (fl. 2.429). Ademais, os produtos sujeitos à tributação monofásica são identificados com o código de operação CFOP 5401 e 6401, conforme constou do Relatório Fiscal (fl. 2.448). Concluo pela regularidade da apuração da base de cálculo do PIS e Cofins uma vez que obtida do valor efetivo da verdadeira operação de venda a ser tributada aquela entre a GSK e seus clientes. 7. MULTA QUALIFICADA A multa de ofício nos caso de lançamento de ofício será aplicada no percentual de 150% quando constatada situações caracterizadoras de sonegação, fraude e conluio, a teor do § 1º, do art. 44 da Lei nº 9.430/966 . A fiscalização demonstrou a ocorrência de fraude nos atos praticados após a reorganização dos negócios do Grupo STIEFEL/GSK, mediante a simulação e subfaturamento 6 Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; ... § 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. Fl. 3224DF CARF MF Processo nº 16095.720137/201688 Acórdão n.º 3201004.699 S3C2T1 Fl. 3.225 29 de preços, evidenciando a ação dolosa de redução artificial a base de cálculo das Contribuições para o PIS e para Cofins, o que configura o ilícito previsto no art. 72 da Lei nº 4.502/64: Art. 72. Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido, ou a evitar ou diferir o seu pagamento. Não é demasiado repisar o que restou constatado e comprovado no procedimento fiscal, como bem resumiu a decisão recorrida o que como razão para fundamentar a comprovação a fraude. "A constatação da ocorrência de subfaturamento ficou amplamente provada nos autos por diversos elementos probatórios: mesmo grupo econômico; mesmo endereço dos interessados; serviços utilizados de forma compartilhada; contrato de comodato a título gratuito; mesmo depósito de armazenamento; diligência constando in loco o planejamento engendrado pelo grupo econômico; funcionários de uma empresa prestando serviços para a outra empresa nas mais diversas funções; entrada das empresas e portaria compartilhada, inclusive, com os mesmos funcionários responsáveis; compartilhamento das áreas de portaria, refeitório, segurança patrimonial, segurança do trabalho, limpeza e manutenção; burla do sistema de tributação monofásico passando a maior parte dos valores de venda para a etapa seguinte que se sujeitava a alíquota zero; preços de venda de produtos praticados pela Stiefel para a GSK imensamente inferiores aos praticados para terceiros no ano de 2011; valores de vendas para terceiros 370 % maior do que o valor de venda para a GSK desses mesmos produtos; demonstrativo realizado pela fiscalização apontando o favorecimento para o parceiro do grupo econômico com o objetivo de fraudar a fiscalização; passagem do subfaturamento parcial para o subfaturamento total com celebração de contrato de exclusividade entre a Stiefel e a GSK; cobrança com preços de vendas da Stiefel antes do contrato de exclusividade superiores aos cobrados para GSK para os mesmos clientes a partir dessa data; valores de venda dos produtos pela GSK para terceiros passaram a ser 458,92 % maiores que os cobrados pela Stiefel nas vendas para a GSK; mesmo com toda a produção e industrialização permanecendo a cargo da Stiefel, e a GSK apenas os revendendo para grande parte dos clientes já existentes, sem a necessidade de divulgação e publicidade, seus valores eram quase 5 vezes maiores dos cobrados pela Stiefel; falta de propósito negocial para a Stiefel nas vendas subfaturadas para a GSK, pois teve todos os seus índices econômicos e financeiros decaindo; queda vertiginosa do Lucro Bruto, da Receita Líquida e da Margem Líquida da Stiefel; planejamento abusivo deixando de recolher milhões aos cofres públicos; realização de operações anormais que destoavam das demais padrões do mercado; afronta aos princípios da capacidade contributiva, solidariedade, livre concorrência e da neutralidade da tributação; ocorrência da chamada elusão, ou seja, situação que procurava dar uma aparência de legal, mas que violava as normas jurídicas; e abuso de direito consignado no art. 187 do Código Civil." Destarte, comprovado a prática de atos eivados de fraude com o fim de reduzir dolosamente o PIS/Pasep e Cofins devido, é de se manter a multa qualificada por expressa previsão legal. 8. SOLIDARIEDADE Fl. 3225DF CARF MF Processo nº 16095.720137/201688 Acórdão n.º 3201004.699 S3C2T1 Fl. 3.226 30 A autoridade fiscal incluiu como responsáveis solidários pelo crédito tributário apurado a pessoa jurídica GSK e as físicas ocupantes de cargos de administradores (diretores) na STIEFEL e na GSK, responsabilizandoas pela prática de todos os atos necessários ou convenientes à administração dos negócios da companhia. O fundamento legal para as responsabilizações foram os arts. 124, I do CTN, quanto à pessoa jurídica, e 135, III do CTN, em relação aos administradores, pessoas físicas. Os recorrentes afirmam que o Auto de Infração, na matéria, é completamente genérico e aponta a responsabilidade dos diretores simplesmente por estes serem, à época dos fatos geradores, as pessoas responsáveis pela administração. Sustentam que a responsabilização tributária dos diretores das pessoas jurídicas exige a comprovação não apenas de um ilícito penal, como também a vinculação direta e participação efetiva da pessoa supostamente envolvida, com descrição detalhada e comprovação de sua participação. E, por fim, apontam para a Súmula STJ nº 4307, pois entendem que a responsabilização objetiva dos sócios e administradores decorrente de simples não recolhimento de tributos. Primeiramente, pontuase que a responsabilização solidária das pessoas arroladas não decorre da ausência de pagamento de tributo lançado em auto de infração e formalizado no presente processo, mas, segundo a fiscalização, da efetiva prática de atos de gestão que se revelaram fraudulento, mediante simulação e subfaturamento. Quanto à responsabilidade solidária da GSK entendo restar patente, pois que a acusação de planejamento tributário abusivo e ilícito, a simulação e subfaturamento somente tem sentido a partir da efetiva participação da GSK, na condição de pessoa jurídica interdependente, no novel modelo de negócio que resultou na redução indevida das Contribuições sujeitas à incidência concentrada. É de ressaltar que o período de autuação coincide com a vigência do modus operandi comandado pela adquirente da STIEFEL a GSK; antes de dezembro/2011, não há nos autos relato de operações fraudulenta cometida sem a GSK como sócia nos quadro social da STIEFEL. Portanto, no tocante à GSK, mantémse a responsabilização solidária pois teve participação efetiva nos atos eivados de fraude, mediante simulação e subfaturamento, que resultaram no planejamento tributário abusivo e ilícito que culminou em redução artificial da base de cálculo de PIS e Cofins nas operações da indústria do Grupo STIEFELGSK. Em relação à responsabilidade solidária das pessoas físicas, administradoras da STIEFEL/GSK, pelo crédito tributário há razão aos recorrentes. A fiscalização arrolou tais pessoas no polo passivo da autuação pelo simples fato de exercerem a administração sem que, em relação a cada um desses administradores/diretores, reunisse elementos ou apontasse conduta apta a aferir a participação individual nos atos de infração ou contrato social. 7 Súmula nº 430/STJ O inadimplemento da obrigação tributária pela sociedade não gera, por si só, a responsabilidade solidária do sóciogerente. Fl. 3226DF CARF MF Processo nº 16095.720137/201688 Acórdão n.º 3201004.699 S3C2T1 Fl. 3.227 31 Contudo, entendo que não basta para caracterizar a responsabilidade tributária solidária dos sócios, que estes meramente estejam exercendo função sócio administrativa na pessoa jurídica autuada. O dolo evidente de infringir a lei ou estatuto empresarial deve restar robustamente comprovado nos autos para que tal responsabilização surta efeitos justos. É certo que a qualificação da multa de ofício permite inferir o dolo do sujeito passivo, praticado sempre por um agente, pessoa física, todavia a solidariedade somente é aplicada quando restar demonstrada, individualizada e atribuída a conduta a determinada pessoa física (isto é, quem fez o que?), e salvo melhor juízo, neste caso isto não aconteceu. Do exposto, é de se afastar a responsabilidade das pessoas físicas neste caso concreto. 9. PEDIDO DE DILIGÊNCIA Os recorrentes encerram a peça de defesa com o pedido de diligência para que sejam apurados os custos envolvidos na produção e comercialização dos produtos em questão. Acertadamente a decisão recorrida indeferiu o pedido. Demonstrado nos autos que a fiscalização intimou a contribuinte a apresentar exatamente o que se pede para apurar em diligência: os custo e despesas de fabricação após a interposição da GSK entre a STIEFEL e seus clientes Causa estranheza o pedido, pois derrui o argumentos da contribuinte de que a reorganização dos negócios do Grupo proporcionou redução de custos e despesas, sem prejudicar a lucratividade das pessoas jurídicas. Ora, os demonstrativos dos custos e despesas, que os recorrentes admitem inexistentes, poderiam ser a prova do contribuinte de que a redução da receita bruta da STIEFEL de fato possui fundamento na reorganização dos negócios. Neste momento, o pedido revelase protelatório e a apresentação de provas preclusa, conforme regramento do PAF, devendo o julgamento realizarse com os elementos coligidos nos autos. Negase o pedido de diligência. Conclusão Por todo o exposto, voto para dar parcial provimento ao recurso voluntário, apenas para afastar a responsabilidade solidária das pessoas físicas. (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Fl. 3227DF CARF MF Processo nº 16095.720137/201688 Acórdão n.º 3201004.699 S3C2T1 Fl. 3.228 32 Voto Vencedor Conselheira Tatiana Josefovicz Belisário Redatora Designada Em que pese o bem fundamentado voto do d. Relator, manifesto discordância parcial quanto ao que restou decidido acerca da qualificação de multa de ofício aplicada. prevista no §1º do art. 44 da Lei nº 9.430/96: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas:(Vide Lei nº 10.892, de 2004) (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata;(Vide Lei nº 10.892, de 2004)(Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) § 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis.(Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) Com efeito, entendo que assiste razão ao Contribuinte. Entendo não ter ocorrido a necessária tipificação das condutas exigidas, quais sejam aquelas condutas tipificadas nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no4.502/64: Art . 71. Sonegação é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Art . 72. Fraude é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do impôsto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. Art . 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos arts. 71 e 72. Veja que qualquer uma das condutas tipificadas nos dispositivos legais acima exige o dolo por parte do contribuinte, ou seja, a vontade deliberada de cometer o ilícito. Fl. 3228DF CARF MF Processo nº 16095.720137/201688 Acórdão n.º 3201004.699 S3C2T1 Fl. 3.229 33 Notase, contudo, que todas as operações autuadas foram devidamente registradas, contabilizadas e declaradas à Fiscalização. Em nenhum momento se questionou a legitimidade de qualquer um desses documentos ou declarações. O Recorrente atuou com boa fé durante toda a fiscalização, apresentando ampla documentação e diversos esclarecimentos durante todo o curso da ação fiscal. O que fez a Fiscalização foi refutar a forma aplicação da legislação tributária pelas Contribuintes. Ademais, o Contribuinte declarou e recolheu os tributos na forma que entendiam devidas, consoante a regra legal aplicada. Ainda que a Fiscalização pretenda questionar as operações realizadas e a conclusão obtida venha a prevalecer o próprio fato de existirem diversas decisões deste Conselho com posicionamento diametralmente opostos e nenhuma delas proferida à unanimidade, demonstra se tratar de efetiva divergência quanto à interpretação da legislação tributária. Nesse sentido, cito jurisprudência da Câmara Superior de Recursos Fiscais, no acordão n° 9101003.365, de 18/01/2018: MULTA QUALIFICADA. A acusação de artificialismo de uma operação baseada na ausência de seu propósito negocial revelada pela geração de ágio interno e com uso de empresa veículo, sem a demonstração cabal de invalidades efetivas e do intuito de fraudar, sonegar ou atuar em conluio do sujeito passivo, com a devida subsunção aos artigos 71, 72 e 73 da Lei n. 4502/64 não autoriza a qualificação da multa de ofício, independentemente do posicionamento que se tenha quanto à dedutibilidade do ágio na questão. E também, o acórdão n° 910101.404 de 17/07/2012: MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. INAPLICABILIDADE. INOCORRÊNCIA DE FRAUDE. Nos lançamentos de ofício para constituição de diferenças de tributos devidos, não pagos ou não declarados, via de regra, é aplicada a multa proporcional de 75%, nos termos do art. 44, inciso I, da Lei 9.430/1996. A qualificação da multa para aplicação do percentual de 150%, depende não só da intenção do agente, como também da prova fiscal da ocorrência da fraude ou do evidente intuito desta, caracterizada pela prática de ação ou omissão dolosa com esse fim. Na situação versada nos autos não restou cabalmente comprovado o dolo por parte do contribuinte para fins tributário, logo incabível a aplicação da multa qualificada. Pelo exposto, por entender não restar configurada conduta dolosa por parte do Contribuinte, tratandose de típica hipótese de mera divergência quanto à interpretação da legislação tributária, deve ser afastada a multa qualificada. Tatiana Josefovicz Belisário Declaração de Voto Fl. 3229DF CARF MF Processo nº 16095.720137/201688 Acórdão n.º 3201004.699 S3C2T1 Fl. 3.230 34 Conselheira Tatiana Josefovicz Belisário A presente Declaração de Voto tem por intuito esclarecer o posicionamento por mim adotado relativamente à análise dos fatos ensejadores da desqualificação fiscal, bem como do conjunto probatório apresentado pelo contribuinte no intuito de legitimar a prática adotada. Em se tratando de operações de "planejamento tributário", por vezes é tênue o limite entre a liberdade negocial do contribuinte e o chamado abuso de forma, que deve ser rechaçado. Desse modo, a instrução probatória, tanto a acusatória como a defensiva, deve ser robusta. É certo que a pretensão de redução de despesas fiscais não é, em absoluto, prática reprovável. É imperioso à boa governança que o administrador empresarial otimize seus custos e busque, sim, a ampliação de receitas e lucro. Desse modo, o compartilhamento de atividades administrativas entre empresas do mesmo grupo ou a especialização de atividades, por exemplo, jamais poderão ser reprimidas sob a justificativa de perda de identidade ou de "propósito negocial". Pois bem. Na hipótese dos autos, é incontroverso que após a unificação das empresas fornecedora e adquirente, com o início da exclusividade nas operações de compra e venda, houve expressiva redução do preço de venda por parte da industrial. São fatos expostos nos autos, que independem de qualquer interpretação. É também certo que, em razão da sistemática de apuração do PIS e COFINS monofásicos, tal alteração acarreta significativa redução da base de cálculo dos tributos. A Recorrente, em sua defesa, apresenta de forma consistente o seu desenho operacional e busca justificar a redução de preços pelo industrial. Contudo, não o faz de modo a demonstrar de que forma compõe o seu preço de venda (custos industriais, gerenciais, administrativos, etc), mas alega que tais preços seriam compatíveis com aqueles praticados por seus concorrentes. Pois bem. Ao se examinar os dados apresentados aos autos, constatase que a contribuinte apresenta comparativo com valores extraídos ou praticados no mercado internacional, especialmente europeu e norteamericano (EUA). Com a devida vênia, não vejo como admitir tais dados como comprobatórios de que os valores praticados no Brasil são compatíveis como o efetivo custo de industrialização dos bens (base de cálculo do PIS e COFINS monofásicos). Com efeito, não há como se pretender equiparar "preços de mercado" praticados em países diferentes, com sistemas tributários absolutamente distintos e nos quais os custos empresariais/ comerciais não possuem qualquer paralelo entre si. Assim, em que pese o esforço probatório empreendido pelo contribuinte no sentido de demonstrar uma suposta coerência econômica nos valores de venda praticados pelo estabelecimento industrial, tal prova não é capaz de afastar a demonstração fiscal no sentido de que não há causa fática ou jurídica a justificar a brusca redução de preços que se verificou no estabelecimento industrial no momento em que houve a sua reunião empresarial ao estabelecimento comercial. Ainda no que se refere ao aspecto probatório, é preciso assinalar que foi oportunizado ao contribuinte, durante o processo fiscalizatório, que este apresentasse a forma de composição do preço de venda praticado pelo industrial. Esta demonstração, de forma objetiva, seria suficiente para comprovar que a base de cálculo do PIS e COFINS monofásicos Fl. 3230DF CARF MF Processo nº 16095.720137/201688 Acórdão n.º 3201004.699 S3C2T1 Fl. 3.231 35 (faturamento da pessoa jurídica industrial) estaria sendo corretamente composta pelo contribuinte. Assim, aderindo, nesse ponto, ao bem fundamentado voto proferido pelo Relator, acrescento as presentes razões de me meu convencimento. (assinado digitalmente) Conselheira Tatiana Josefovicz Belisário. Conselheiro Pedro Rinaldi de Oliveira Lima. Possuo muitos entendimentos convergentes com o do nobre colega relator, mas neste caso em concreto, venho por meio desta breve declaração de voto apresentar entendimento divergente com relação à necessidade de busca à verdade material e também com relação ao mérito. A livre iniciativa, a partir do Art. 170 da CF 88 e disposições infra constitucionais decorrentes, permite que as atividades de indústria e comércio sejam segregadas. Na mesma linha, não há qualquer legislação que proíba a segregação de atividades industriais e comerciais. Inclusive, esta linha de entendimento possui diversos precedentes neste conselho, como nos seguintes: 301002.921 e 3302003.138, por exemplo. A conseqüência das segregações de atividades pode ser a redução de alguns fatos geradores de tributos, o que não implica em sonegação. Se o contribuinte pagou menos tributo, isto não significa que reduziu ou suprimiu os tributos que deveria pagar. Pagar menos tributo não é crime tributário quando isto é decorrência de um mero e legal planejamento tributário. Para a desconstituição da legalidade do planejamento tributário, conforme previsto no Art. 116 do CTN, para verificar se o planejamento tributário foi abusivo ou não, o lançamento deveria ter comprovado a disparidade com os preços de mercado, tanto da indústria para o cliente final quanto da indústria para a empresa comerciante e, no presente lançamento, esse procedimento não foi realizado. Conforme disposto no Art. 142 do CTN e no Decreto 70.235/72 (PAF) e inúmeros precedentes neste conselho, o ônus da prova é da fiscalização nos casos de lançamento. Logicamente, durante a fiscalização, a autoridade de origem deveria ter ao menos oportunizado a demonstração dos preços praticados no mercado, de modo mais especifico, para busca da verdade material (de importância pacificamente reconhecida em diversos precedentes neste conselho e prevista no CTN e Decreto 70.235/72). Fl. 3231DF CARF MF Processo nº 16095.720137/201688 Acórdão n.º 3201004.699 S3C2T1 Fl. 3.232 36 É a partir desta constatação que verificase que, nem mesmo durante o devido processo legal e decorrer do processo, a busca da verdade material foi prestigiada neste caso. No mínimo, uma diligência é necessária para a averiguação dos preços praticados. O setor em que o contribuinte atua possui cálculos específicos e complexos que devem ser considerados. Por isso, se a empresa comercial vendeu para o cliente final por um preço 2 ou 4 vezes maior, isso pode não configurar subfaturamento se, para este setor em específico, tais proporções forem razoáveis. Cada setor tem um markup específico que, no presente processo, não foi considerado. Não é fraude segregar atividade e pagar menos tributo. Se a empresa obteve lucro alto, inclusive, não há como considerar que houve subfaturamento. Diante do exposto, votase para DAR PROVIMENTO aos Recursos Voluntários. Declaração de voto proferida. (assinado digitalmente) Pedro Rinaldi de Oliveira Lima. Fl. 3232DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19679.007156/2003-28
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 28 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Apr 15 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Ano-calendário: 1998
DCTF. CONFISSÃO DE DÍVIDA. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. IMPOSSIBILIDADE. IN SRF 77/1998
Despiciendo o lançamento de ofício para exigência de saldo a pagar de tributo regularmente confessado em DCTF.
A DCTF constitui meio hábil e suficiente para cobrança executiva dos débitos confessados, dispensando o lançamento de ofício realizado em conformidade com o disposto no art. 142 do CTN.
MULTA DE MORA. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. SÚMULA 360 STJ. APLICAÇÃO DO ARTIGO 62A DO RICARF. MATÉRIA JULGADA NA SISTEMÁTICA DE RECURSO REPETITIVO PELO STJ.
O Egrégio Superior Tribunal de Justiça, em julgamento realizado na sistemática do artigo 543C do Código de Processo Civil, acolheu a tese de que a denúncia espontânea não resta caracterizada, com a conseqüente exclusão da multa moratória, nos casos de tributos sujeitos a lançamento por homologação declarados pelo contribuinte e recolhidos fora do prazo de vencimento, à vista ou parceladamente, ainda que anteriormente a qualquer procedimento do Fisco (Súmula360/STJ).
Numero da decisão: 3201-005.207
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, para manter a exigência apenas da multa de mora sobre o débito pago em atraso.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Ano-calendário: 1998 DCTF. CONFISSÃO DE DÍVIDA. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. IMPOSSIBILIDADE. IN SRF 77/1998 Despiciendo o lançamento de ofício para exigência de saldo a pagar de tributo regularmente confessado em DCTF. A DCTF constitui meio hábil e suficiente para cobrança executiva dos débitos confessados, dispensando o lançamento de ofício realizado em conformidade com o disposto no art. 142 do CTN. MULTA DE MORA. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. SÚMULA 360 STJ. APLICAÇÃO DO ARTIGO 62A DO RICARF. MATÉRIA JULGADA NA SISTEMÁTICA DE RECURSO REPETITIVO PELO STJ. O Egrégio Superior Tribunal de Justiça, em julgamento realizado na sistemática do artigo 543C do Código de Processo Civil, acolheu a tese de que a denúncia espontânea não resta caracterizada, com a conseqüente exclusão da multa moratória, nos casos de tributos sujeitos a lançamento por homologação declarados pelo contribuinte e recolhidos fora do prazo de vencimento, à vista ou parceladamente, ainda que anteriormente a qualquer procedimento do Fisco (Súmula360/STJ).
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CONFISSÃO DE DÍVIDA. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. IMPOSSIBILIDADE. IN SRF 77/1998 Despiciendo o lançamento de ofício para exigência de saldo a pagar de tributo regularmente confessado em DCTF. A DCTF constitui meio hábil e suficiente para cobrança executiva dos débitos confessados, dispensando o lançamento de ofício realizado em conformidade com o disposto no art. 142 do CTN. MULTA DE MORA. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. SÚMULA 360 STJ. APLICAÇÃO DO ARTIGO 62A DO RICARF. MATÉRIA JULGADA NA SISTEMÁTICA DE RECURSO REPETITIVO PELO STJ. O Egrégio Superior Tribunal de Justiça, em julgamento realizado na sistemática do artigo 543C do Código de Processo Civil, acolheu a tese de que a denúncia espontânea não resta caracterizada, com a conseqüente exclusão da multa moratória, nos casos de tributos sujeitos a lançamento por homologação declarados pelo contribuinte e recolhidos fora do prazo de vencimento, à vista ou parceladamente, ainda que anteriormente a qualquer procedimento do Fisco (Súmula360/STJ). Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, para manter a exigência apenas da multa de mora sobre o débito pago em atraso. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 67 9. 00 71 56 /2 00 3- 28 Fl. 196DF CARF MF Processo nº 19679.007156/200328 Acórdão n.º 3201005.207 S3C2T1 Fl. 197 2 (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório Para bem relatar os fatos, transcrevese o relatório da decisão proferida pela autoridade a quo no Acórdão nº 12089232: Trata o presente processo do auto de infração de fls. 29 e ss, através do qual fora consubstanciada exigência relativa à contribuição ao programa de integração social (PIS), ano calendário 1998, no valor de RS 47 820,31, mais multa de ofício e juros de mora. O lançamento, realizado eletronicamente, fundouse na inexistência e/ou insuficiência de pagamentos informados em DCTF. O enquadramento legal é o que consta do auto de infração. Cientificada do lançamento, em 11/08/2003 (fls. 155), a interessada interpôs, em 08/09/2003, a impugnação de fls. 03 e ss, alegando, em síntese, que extinguiu os débitos exigidos por compensação, em parte parcelados, em parte pagos com atraso. Para o segundo caso, defendeuse contra a cobrança da multa moratória, alegando espontaneidade fundada no artigo 138 do CTN. Recebida a impugnação, o lançamento foi revisto de ofício (fls. 154), concluindo a autoridade preparadora pelo não parcelamento de débito autuado no pp. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento Rio de Janeiro, por intermédio da 15ª Turma, no Acórdão nº 12089232, sessão de 05/07/2017, julgou improcedente a impugnação, assim ementada: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Anocalendário: 1998 Ementa: PAGAMENTO. INSUFICIÊNCIA. EXIGÊNCIA DE OFÍCIO. Comprovados o não pagamento ou o pagamento a menor de tributo, revelase cabível a exigência de ofício. DARF. PAGAMENTO EM ATRASO. MULTA DE MORA. INCIDÊNCIA. Fl. 197DF CARF MF Processo nº 19679.007156/200328 Acórdão n.º 3201005.207 S3C2T1 Fl. 198 3 Aplicase a multa de mora aos pagamentos efetuados em atraso, não se prestando para o afastamento dessa pela penalidade a tese da espontaneidade prevista no artigo 138 do CTN. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Irresignada, a contribuinte interpôs recurso voluntário no qual solicita a reforma da decisão recorrida para que seja cancelado o auto de infração, afastandose a exigência do crédito tributário. Insiste nas matérias arguidas em impugnação: 1. A improcedência da autuação fiscal por impossibilidade de haver lançamento de ofício de débitos regularmente declarados em DCTF; 2. A responsabilidade por infração é ilidida pela denúncia espontânea nos termos do art. 138 do CTN; e 3. A extinção do débito do período 09/1998 por intermédio de parcelamento em nome da sucessora. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator O Recurso Voluntário atende aos requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. Consta dos autos que o litígio versa sobre o inconformismo da contribuinte em face do auto de infração lavrado para a exigência de PIS do período 1998, acrescido de multa de ofício e juros de mora, declarado em DCTF cujo pagamento não foi confirmado em procedimento de auditoria eletrônica. Na impugnação, a contribuinte afirma que extinguiu o débito por meio de compensação, com pagamento em atraso, e em parcelamento. Alega a espontaneidade da extinção do crédito tributário o que implica a inexigibilidade da multa de mora incidente sobre a parcela compensada a destempo. Sustenta a decisão da DRJ que não fora identificado parcelamento do débito permanecendo inadimplido. Quanto à multa de mora, o pagamento em atraso exige sua cobrança. Exigência em auto de infração de saldo declarado em DCTF Fl. 198DF CARF MF Processo nº 19679.007156/200328 Acórdão n.º 3201005.207 S3C2T1 Fl. 199 4 Depreendese dos autos que o lançamento teve origem na ausência de pagamento de saldo devedor de PIS informado em DCTF. A contribuinte contesta a possibilidade de exigência em auto de infração de valores declarados em DCTF, uma vez que a informação tem a natureza de confissão de dívida, cujo atributo impõe providências para a inscrição em dívida ativa. Com razão a contribuinte. A exigência em auto de infração de débito confessado em DCTF deve ser afastada para que não ocorra a exigência em duplicidade. A confissão do débito por meio de Declaração, foi tratado no art. 5º do DecretoLei nº 2.124/84. Art. 5º O Ministro da Fazenda poderá eliminar ou instituir obrigações acessórias relativas a tributos federais administrados pela Secretária da Receita Federal. § 1º. O documento que formaliza o cumprimento da obrigação acessória, comunicando a existência de crédito tributário, constituirá confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para exigência do referido crédito. O Ministro da Fazenda, por meio da Portaria MF nº 118/1984, delegou a competência ao Secretário da Receita Federal para eliminar ou instituir obrigações acessórias, relativas a tributos federais que, com base nessa competência, editou a Instrução Normativa SRF 077/1998, cujo art. 1º definiu que os débitos tributários da declaração do ITR e da DCTF, seriam possíveis de execução por parte da Procuradoria da Fazenda Nacional. Art. 1º. Os saldos a pagar, relativos a tributos e contribuições, constantes das declarações de rendimentos das pessoas físicas e jurídicas e da declaração do ITR, quando não quitados nos prazos estabelecidas na legislação, e da DCTF, serão comunicados à Procuradoria da Fazenda Nacional para fins de inscrição como dívida Ativa da União. Posteriormente, sobreveio a IN SRF nº 14/2000, que alterou as declarações possíveis de inscrição em Dívida Ativa da União, alterando as declarações que constituem em dívida mantendo, porém, a DCTF como instrumento hábil. Art. 1º. O art. 1º, da Instrução Normativa SRF nº 077, de 24 de julho de 1998, passa a vigorar com a seguinte redação: Art. 1º. Os saldos a pagar, relativos a tributos e contribuições, constantes da declaração do ITR, quando não quitados nos prazos estabelecidos na legislação, e da DCTF, serão comunicados à Procuradoria da Fazenda Nacional para fins de inscrição como Dívida Ativa da União. Fl. 199DF CARF MF Processo nº 19679.007156/200328 Acórdão n.º 3201005.207 S3C2T1 Fl. 200 5 Apenas os débitos apurados nos procedimentos de auditoria decorrentes de verificação dos dados informados em DCTF é que seriam lançados em auto de infração. Em outras palavras, o lançamento seria de rigor na hipótese de apurar diferenças entre o confessado em DCTF em confronto com outros documentos (DIPJ, Dacon) ou Livros, consoante a legislação vigente à época IN SRF nºs. 45/98 e 77/98. Dada essa condição, os saldos a pagar dos tributos federais informados na DCTF, induvidosamente, não são passíveis de lançamento de ofício, pois a declaração/confissão dos saldos dos débitos, inequivocamente, constitui meio hábil e suficiente para cobrança executiva dos débitos confessados, dispensando o lançamento de ofício realizado em conformidade com o disposto no art. 142 do CTN. Extinção do débito do período 09/1998 por intermédio de parcelamento em nome da sucessora O débito de PIS (código 8109) apurado no 3º Trimestre de 1998 e declarado como quitado no processo de parcelamento nº 13807002.239/9821, mas não confirmado pela Fiscalização, é o demonstrado no auto de infração (fl. 31): A recorrente afirma que o processo de parcelamento, que encontrase totalmente quitado, foi formalizado no CNPJ nº 51.468.791/000110, da pessoa jurídica Ripasa S A Celulose e Papel, adquirente. Os extratos de folhas 151 e 152, nada obstante à informação fiscal de folha 154, confirmam as alegações no tocante à quitação do débito de PIS relativo a setembro/1998 no valor de R$ 47.820,31. A Ripasa S A Celulose e Papel, CNPJ nº 51.468.791/000110, de fato é a adquirente por incorporação da ora recorrente e teve o processo de parcelamento encerrado por quitação, no qual consta o débito de PIS (cód. 8109) do PA 09/1998 quitado, consoante as informações prestadas desde sua impugnação. Fl. 200DF CARF MF Processo nº 19679.007156/200328 Acórdão n.º 3201005.207 S3C2T1 Fl. 201 6 Afastamento da multa de mora (art. 138, CTN) em pagamento em atraso Consta dos autos o pagamento extemporâneo do débito do período de apuração dezembro/1998 para o qual a contribuinte alega beneficiarse do instituto da denúncia espontânea em razão de sua confissão em DCTF e inexistência de procedimento fiscal. O STJ, em sede de recurso repetitivo, confirma que a denúncia espontânea não se opera nos casos de tributos sujeitos ao lançamento por homologação declarados e não pagos no vencimento, conforme o julgado: RECURSO ESPECIAL Nº 1.149.022 SP RELATOR : MINISTRO LUIZ FUX EMENTA PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO Fl. 201DF CARF MF Processo nº 19679.007156/200328 Acórdão n.º 3201005.207 S3C2T1 Fl. 202 7 CPC. TRIBUTÁRIO. IRPJ E CSLL. TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DECLARAÇÃO PARCIAL DE DÉBITO TRIBUTÁRIO ACOMPANHADO DO PAGAMENTO INTEGRAL. POSTERIOR RETIFICAÇÃO DA DIFERENÇA A MAIOR COM A RESPECTIVA QUITAÇÃO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. EXCLUSÃO DA MULTA MORATÓRIA. CABIMENTO. 1. A denúncia espontânea resta configurada na hipótese em que o contribuinte, após efetuar a declaração parcial do débito tributário (sujeito a lançamento por homologação) acompanhado do respectivo pagamento integral, retificaa (antes de qualquer procedimento da Administração Tributária), noticiando a existência de diferença a maior, cuja quitação se dá concomitantemente. 2. Deveras, a denúncia espontânea não resta caracterizada, com a consequente exclusão da multa moratória, nos casos de tributos sujeitos a lançamento por homologação declarados pelo contribuinte e recolhidos fora do prazo de vencimento, à vista ou parceladamente, ainda que anteriormente a qualquer procedimento do Fisco (Súmula 360/STJ) (Precedentes da Primeira Seção submetidos ao rito do artigo 543C, do CPC: REsp 886.462/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.10.2008, DJe 28.10.2008; e REsp 962.379/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.10.2008, DJe 28.10.2008). 3. É que "a declaração do contribuinte elide a necessidade da constituição formal do crédito, podendo este ser imediatamente inscrito em dívida ativa, tornandose exigível, independentemente de qualquer procedimento administrativo ou de notificação ao contribuinte" (REsp 850.423/SP, Rel. Ministro Castro Meira, Primeira Seção, julgado em 28.11.2007, DJ 07.02.2008). 4. Destarte, quando o contribuinte procede à retificação do valor declarado a menor (integralmente recolhido), elide a necessidade de o Fisco constituir o crédito tributário atinente à parte não declarada (e quitada à época da retificação), razão pela qual aplicável o benefício previsto no artigo 138, do CTN. 5. In casu, consoante consta da decisão que admitiu o recurso especial na origem (fls. 127/138): ‘No caso dos autos, a impetrante em 1996 apurou diferenças de recolhimento do Imposto de Renda Pessoa Jurídica e Contribuição Social sobre o Lucro, anobase 1995 e prontamente recolheu esse montante devido, sendo que agora, pretende ver reconhecida a denúncia espontânea em razão do recolhimento do tributo em atraso, antes da ocorrência de qualquer procedimento fiscalizatório. Assim, não houve a declaração prévia e pagamento em atraso, mas uma verdadeira confissão de dívida e pagamento integral, de forma que resta configurada a denúncia espontânea, nos termos do disposto no artigo 138, do Código Tributário Nacional’. Fl. 202DF CARF MF Processo nº 19679.007156/200328 Acórdão n.º 3201005.207 S3C2T1 Fl. 203 8 6. Consequentemente, merece reforma o acórdão regional, tendo em vista a configuração da denúncia espontânea na hipótese sub examine. 7. Outrossim, forçoso consignar que a sanção premial contida no instituto da denúncia espontânea exclui as penalidades pecuniárias, ou seja, as multas de caráter eminentemente punitivo, nas quais se incluem as multas moratórias, decorrentes da impontualidade do contribuinte. 8. Recurso especial provido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. Destarte, diante de uma confissão de dívida e com o pagamento extemporâneo do débito, entendo aplicável o enunciado da Súmula nº 360 do STJ no sentido de que o benefício da denúncia espontânea não se aplica aos tributos sujeitos a lançamento por homologação regularmente declarados, mas pagos a destempo. Conclusão Diante de todo o exposto, voto para dar parcial provimento ao recurso voluntário, apenas para manter a multa de mora sobre o débito pago em atraso. (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Fl. 203DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10380.007334/2005-53
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 28 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Apr 15 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 3201-001.948
Decisão: Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do Recurso em diligência.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
Relatório
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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(assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório Para bem relatar os fatos, transcrevese o relatório da decisão proferida pela autoridade a quo no Acórdão nº 0819.123: Trata o presente processo de Pedido de Compensação/Ressarcimento protocolado em 25 de agosto de 2005, relativo a valores de COFINS referentes aos 3o e 4o trimestres de 2004 e 1o e 2o trimestres de 2005. totalizando o montante de RS 2.791.302,60, conforme folhas 01/07 e 27/32, posteriormente retificado, tendo sido excluído o período de apuração referente aos 1o e 2o trimestres de 2005 (fls. 41). RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 03 80 .0 07 33 4/ 20 05 -5 3 Fl. 163DF CARF MF Processo nº 10380.007334/200553 Resolução nº 3201001.948 S3C2T1 Fl. 164 2 Irresignada com o não reconhecimento do crédito e a não homologação das compensações pela instância "a quo' a interessada oferece manifestação de inconformidade às folhas 97/112, alegando, em síntese, que: • DA AUSÊNCIA DE ANÁLISE QUANTO À POSSIBILIDADE DE TOMADAS DE CRÉDITOS CALCULADOS SOBRE DESPESAS COM FRETE SOBRE VENDAS, DESPESAS DE ALUGUÉIS A PESSOAS JURÍDICAS, DESPESAS COM ARRENDAMENTO MERCANTIL, DESPESAS E CUSTOS COM ENERGIA, ALÉM DE OUTROS CRÉDITOS. "O pedido de ressarcimento/compensação pleiteado pela Requerente abrange créditos de COFINS calculados sobre bens adquiridos para revenda, despesas com frete sobre vendas, despesas de aluguéis a pessoas jurídicas, despesas com arrendamento mercantil, despesas e custos com energia, além de outros créditos, tais quais discriminados no 'DACON Demonstrativo de Apuração das Contribuições Sociais', acostados às fls. 76/81 dos presentes autos. Ocorre que ao analisar o direito envolvido no referido processo, o Ilmo. Sr. Auditor Fiscal apenas atevese à impossibilidade de desconto de créditos calculados sobre bens adquiridos para revenda enquanto sujeitos à tributação monofásica da Contribuição para a COFINS, olvidando a análise dos demais créditos apresentados. Não há dúvidas quanto à possibilidade do reconhecimento do direito ao crédito relativo aos demais itens elencados no DACON, conforme preceitua art. 3º da Lei n°. 10.833/2003. Assim, requer sejam apreciados por esse Douto Órgão, os demais itens apresentados pela Requerente, com a homologação do pedido de ressarcimento quanto aos créditos de COFINS calculados sobre demais bens adquiridos para revenda, despesas com frete sobre vendas, despesas de aluguéis a pessoas jurídicas, despesas com arrendamento mercantil, despesas e custos com energia, além de outros créditos, tais quais discriminados no 'DACON'. • DA SEDE CONSTITUCIONAL DO REGIME NÃOCUMULATIVO DA CONTRIBUIÇÃO PARA O P1S/PASEP E COFINS. Uma vez instituída pelo legislador ordinário para um setor de atividade econômica, a nãocumulatividade, por ter sede constitucional, deve ser entendida na sua amplitude constitucionalmente delimitada. E o que ocorre com o setor em questão (medicamentos): uma vez incluídos no regime nãocumulativo os produtos chamados 'monofásicos' (a partir de agosto de 2004), devese considerar que o objetivo (constitucional) da técnica (constitucional) da não cumulatividade é neutralizar a incidência em cascata do tributo. Destarte, a instituição da técnica pelo legislador pressupõe a garantia do uso do crédito da entrada tributada de modo que a incidência tributária total após as sucessivas operações tributáveis chegue ao consumidor final, necessariamente, apenas sobre o valor agregado. Fl. 164DF CARF MF Processo nº 10380.007334/200553 Resolução nº 3201001.948 S3C2T1 Fl. 165 3 O critério quantitativo do PIS/PASEP e COFINS diz respeito à "totalidade das receitas auferidas", que é fenômeno relacionado ao contribuinte (pessoa jurídica), não possuindo qualquer identidade com algum fenômeno circulatório, traço característico originário do IPI e do ICMS. No caso das contribuições em exame, estas incidem sobre o faturamento ou receita, diferindo dos moldes do IPI e do ICMS, que incidem sobre uma cadeia econômica. A nãocumulatividade do PIS/PASEP e COFINS é operada mediante redução da base de cálculo, com a respectiva dedução de créditos relativos às contribuições que foram recolhidas sobre bens e/ou serviços objeto de faturamentos em etapas anteriores. Ressaltese que, a nãocumulatividade ora tratada, difere da existente para o IPI e o ICMS, em função de suas matrizes constitucionais de incidência destes com a do PIS/PASEP e COFINS. De qualquer sorte, a nãocumulatividade deve se compatibilizar com o pressuposto de fato eleito para deflagrar a incidência da espécie tributária. (...) Como outrora afirmado, as pessoas jurídicas fabricantes e as importadoras dós produtos comercializados pela Impetrante estão sujeitas à incidência monofásica das referidas contribuições, que consiste na concentração da tributação de toda a cadeia de circulação econômica do produto na etapa do produtor / importador, mediante aplicação de alíquotas majoradas, atribuindose aos distribuidores e varejistas (tal qual a Impetrante) alíquota zero. Contudo, por sofrerem tributação majorada na primeira etapa da cadeia, os fabricantes e importadores embutem no preço de venda os valores pagos a título da Contribuição para o PIS/PASEP e COFINS, majorandoos, custo este que é repassado aos adquirentes de tais produtos, como os comerciantes atacadistas e varejistas, resultando na excessiva tributação ao longo da cadeia, até o consumidor final. Assim, não se pode negar o direito ao desconto de créditos calculados em relação aos bens adquiridos para revenda aos comerciantes atacadistas e varejistas, sob pena de contrariar o desiderato constitucional da nãocumulatividade prevista para o PIS/PASEP e COFINS, sobretudo se tal vedação decorre de norma infraconstitucional. " • DA INCLUSÃO DOS SETORES SUJEITOS À TRIBUTAÇÃO MONOFÁSICA NO REGIME NÃOCUMULATIVO DA CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP E COFINS. Aduz que a nãocumulatividade da Contribuição para a COFINS teve origem em 1o de fevereiro de 2004, como resultado da edição da Medida Provisória n° 135/2003, posteriormente convertida na Lei n° 10.833/03. No art. 10 da Lei n° 10.833/03 encontramse relacionadas as hipóteses de exclusão da sistemática nãocumulativa da apuração da referida Contribuição, as quais permaneceriam sujeitas às normas da legislação anterior. Fl. 165DF CARF MF Processo nº 10380.007334/200553 Resolução nº 3201001.948 S3C2T1 Fl. 166 4 Inicialmente, constavam no rol destes dispositivos os produtos sujeitos à tributação monofásica, como é o caso dos produtos comercializados pela Impetrante (relacionados na Lei n°. 10.147, de 21 de dezembro de 2000, alterada pela Lei 10.548, de 13 de novembro de 2002), os quais ficaram de início excluídos do regime de tributação nãocumulativo. Até agosto de 2004, o inciso IV do §3° do art 1o das Leis supracitadas cuidava dos produtos sujeitos à tributação monofásica, sendo vedada, portanto, a introdução da sistemática nãocumulativa para os mesmos, e, conseqüentemente, a possibilidade de desconto de créditos. A modificação introduzida pela Lei n° 10.865/2004, no inciso IV do § 3o do art. 1o da Lei n° 10.833/2003, cujos efeitos se deram a partir de 1o de agosto de 2004, substituiu o texto original quando tratou de produtos monofásicos, para tratar apenas da venda de álcool para fins carburantes. Como o art. 10, inciso V, alínea 'a', da Lei n° 10.833/2003, reportava se à vedação da inclusão na sistemática nãocumulativa das receitas decorrentes de operações com produtos constantes do inciso IV do § 3o do art. 1o, com a alteração legislativa decorrente da Lei n° 10.865/04, a vedação passou a ser apenas para as receitas decorrentes da venda de álcool para fins carburantes, e não mais para a totalidade dos produtos chamados 'monofásicos'. A partir dessas alterações foi permitido que as empresas sujeitas à tributação monofásica optassem, de forma antecipada, pelo regime nãocumulativo de apuração das contribuições, sendo que a partir de agosto/2004 foi viabilizado às pessoas jurídicas tributadas pelo lucro real a tomada de créditos para abater as contribuições devidas no regime monofásico. Desse modo, com essa nova alteração legislativa, restou permitido ao setor farmacêutico trabalhar com o regime monofásico e não cumulativo da contribuição para o PIS e da Cofins, podendo descontar das contribuições devidas os créditos calculados com base nos arts. 3o da Lei 10.637/2002 e 10.833/2003, bem como, art. 15 da Lei 10.865/2004. Dessa forma, após a alteração legislativa de agosto de 2004, não houve previsão quanto à exclusão das receitas decorrentes dos produtos que estivessem sob a incidência monofásica do regime de apuração nãocumulativo das referidas Contribuições Sociais. • DA INTERPRETAÇÃO EQUIVOCADA DA AUTORIDADE COATORA: NÃO APLICAÇÃO DAS NORMAS AOS COMERCIANTES ATACADISTAS E VAREJISTAS. REFERÊNCIA APENAS AOS BENS VENDIDOS POR IMPORTADORES E PRODUTORES. Prossegue afirmando que as receitas decorrentes das operações com produtos monofásicos passaram a ser incluídas no regime não cumulativo da Contribuição para o PIS/PASEP e COFINS, quando da modificação introduzida pela Lei n° 10.865/2004, inciso IV do § 3o do art. 1º das Leis n°s 10.637/2002 e 10.833/2003. Fl. 166DF CARF MF Processo nº 10380.007334/200553 Resolução nº 3201001.948 S3C2T1 Fl. 167 5 A autoridade Coatora vedou o aproveitamento de tais créditos, alegando o impedimento previsto no art. 3o inciso I, alínea 'b' da Lei n° 10.833/2003, com redação alterada pela Lei n° 10.865/2004. Entretanto, a norma contida no art. 3o, inciso I, alínea 'b' da Lei n° 10.833/03, segunda a qual não poderiam ser descontados créditos com relação aos bens adquiridos para revenda previsto no § 1o do art. 2° da referida Lei, é destinada somente a produtores ou importadores, não se aplicando aos comerciantes distribuidores, atacadistas e varejistas, de sorte que a suposta vedação alegada pela Autoridade Coatora não se aplica à Impetrante. Isto porque o art. 3o, inciso I, alínea V da Lei n° 10.637/2002, com igual redação para a Lei n° 10.833/2003, disciplina que a pessoa jurídica não poderá descontar créditos calculados em relação a bens adquiridos para revenda, referidos no § 1o do art. 2o das mencionadas Leis, que, por sua vez, referemse à "receita bruta auferida pelos produtores ou importadores", senão vejase: Art. 2o Para determinação do valor da COFINS aplicarseá. sobre a base de cálculo apurada conforme o disposto no art. 1o, a alíquota de 7,6% (sete inteiros e seis décimos por cento). § 1o Excetuase do disposto no caput deste artigo a receita bruta auferida pelos produtores ou importadores, que devem aplicar as alíquotas previstas: [...] Tratandose, portanto, de receita bruta auferida por produtores ou importadores, não pode ser dada interpretação extensiva para abranger a vedação aos créditos decorrentes das receitas dos comerciantes varejistas e atacadistas, que revendem os produtos elencados pela Lei. Destarte, a norma que supostamente vedaria a manutenção do crédito trata apenas de produtores e importadores e não de distribuidores, a exemplo da Impetrante. • DA REVOGAÇÃO DO ART. 3°, INCISO I, ALÍNEA 'B' DAS LEIS N°S 10.637/02 E 10.833/03 PELO ART. 16 DA MEDIDA PROVISÓRIA Nº 206/04, CONVERTIDA NA LEI NO 11.033/2004. A decisão ora combatida resta apoiada em premissa equivocada, pois se existisse qualquer vedação imposta pelo art. 3o, inciso I, alínea V das Leis n°s 10.637/02 e 10.833/03, esta deixou de existir com a autorização prevista no art. 16 da Medida Provisória n° 206, de 06 de agosto de 2004. posteriormente, convertida na Lei n° 11.033, de 21 de dezembro de 2004, ao contrário do que expôs o nobre Auditor. Nesta linha de pensamento, no artigo "Créditos do PIS/COFÍNS Monofásico", da coletânea "Fundamentos do PIS e da COFINS", publicada pela editora MP, o Doutor em legislação tributária Helenilson Cunha Pontes comenta este tipo de posicionamento do Fisco, asseverando que: "O "entendimento oficial é manifestamente ilegal, podendo ser desafiado junto ao Poder Judiciário [...] por todos os contribuintes que auferem receitas com a venda dos produtos submetidos ao regime monofásico esclarecendo em seguida que "a razão da ilegalidade está Fl. 167DF CARF MF Processo nº 10380.007334/200553 Resolução nº 3201001.948 S3C2T1 Fl. 168 6 em que o art. 17 da Lei n° 11.033/04 claramente confere aos contribuintes que vendem produtos submetidos á alíquota zero de PIS/Cofins o direito de manutenção dos créditos relativos à aquisição destes produtos [...] Diante da clareza do art. 17 da Lei n° 11.033/04 não há como negar aos contribuintes atacadistas ou varejistas de qualquer dos produtos sujeitos à tributação monofásica (combustíveis, medicamentos, automóveis, autopeças, etc.) o direito ao crédito relativo à aquisição destes produtos ", para arrematar a questão afirmando que "o art. 17 da Lei nº 11.033/04, a claras luzes, por ser norma posterior, regulando a mesma matéria — alcance do direito de crédito — revogou o comando do art. 3o, I, b, da Lei n° 10.833/03, que negava o aludido direito ao crédito ". Aliandose ao tema, sobre a plena vigência do art. 17 da Lei 11.033/04, temse a decisão emanada nos autos do Recurso de Agravo de Instrumento nº 2007.03.00.0961053, cuja Relatora Desembargadora Federal Regina Costa, da Sexta Turma do Tribunal Regional Federal da 3a Região, publicada em 07.12.2007, consignou o seguinte: "Tal dispositivo [art. 17 da Lei n° 11.033/04], ao menos numa primeira análise, confere à Agravante o alegado direito ao aproveitamento dos respectivos créditos. Com efeito, no regime apontado [monofásico], todos os demais elos da cadeia produtiva, à exceção do produtor ou importador que são responsáveis pelo recolhimento do tributo à uma alíquota mais gravosa ficam desobrigados do recolhimento porque, sobre a receita por eles auferida, aplicase a alíquota zero. Ora, o fato de tal receita estar submetida à alíquota zero, não obsta que tais contribuintes mantenham os créditos de todas as aquisições por eles efetuadas, como expressamente assegura o art. 17 da Lei n. 11.033/04. " Vale observar que no caso em tela, não se trata apenas de revogação de norma anterior, mas sim da promulgação de disposição que autoriza o aproveitamento do crédito, ora reclamado. Neste sentido as vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações. Ora, a partir de 1o de agosto de 2004, como visto, restou possibilitada a tomada de créditos decorrentes da aferição de receita pela comercialização de produtos monofásicos, incluídos na sistemática nãocumulativa. Corroborando com esse entendimento, foi editada a Medida Provisória n° 206, de 06 de agosto de 2004, posteriormente, convertida na Lei n° 11.033, de 21 de dezembro de 2004, a qual em seu art. 16 (art. 17 da referida Lei) concedeu, expressamente, amplo direito ao creditamento, relativo às saídas com alíquota zero da Contribuição para o PIS/PASEP e COFINS: Art. 16. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações. Fl. 168DF CARF MF Processo nº 10380.007334/200553 Resolução nº 3201001.948 S3C2T1 Fl. 169 7 A Lei n° 11.033/2004, resultado da conversão da MP 206/2004, portanto, é norma de igual hierarquia às Leis n°s 10.637/2002 e 10.833/2003. Como foi editada posteriormente, prevalece sobre estas, confirmando, portanto, o direito à manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados às operações de vendas com suspensão, isenção, alíquota zero ou não incidência das Contribuições Sociais em comento. Aplicase ao presente caso, em relação ao conflito de normas, o §1° do art. 2o da L1CC (Lei de Introdução ao Código Civil), no tocante ao Princípio da Posterioridade: Art. 2º Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a ' modifique ou revogue. § 1º A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. [...] Com efeito, se a primeira norma (art. 3o, inciso 1, alínea 'b' das Leis n°s 10.637/02 e 10.833/03) supostamente vedou o crédito por entradas de produtos sujeitos à tributação monofásica — sistemática na qual as saídas do distribuidor e do varejista estão sujeitas à alíquota zero (considerandose o entendimento da Autoridade Coatora), a segunda (art. 16 da MP 206/04, convertido no art. 17 da Lei n° 11.033/04) concede, sem restrições, a todo e qualquer contribuinte que tem saídas com alíquota zero o direito ao crédito pelas suas entradas. Assim, aplicase o critério cronológico, concluindose que a norma posterior revogou a norma anterior com ela incompatível. Recorrese, pois, aos sólidos argumentos da hermenêutica jurídica e da Lei de Introdução ao Código Civil, segundo os quais a lei posterior revoga a anterior quando há incompatibilidade entre as suas disposições e as da lei nova ou, quando esta regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. O critério lex posterior derosat legi priori significa que, se duas normas são antinômicas e de mesma hierarquia, a mais recente deverá prevalecer sobre a mais antiga; disso se concluí que a determinação expressa do art. 17 da Lei n° 11.033/04 culminou por revogar a suposta vedação estabelecida no art. 3º, inciso I, alínea 'b' das Leis n°s 10.637/02 e 10.833/03. Por fim mencionese que esta revogação, aliás, coadunase com o novo contexto de inclusão do setor no regime de incidência não cumulativa das contribuições, posto que não faria qualquer sentido o legislador inovar colocando o setor no regime nãocumulativo, e, por outro lado, estabelecendo que seus integrantes não teriam direito ao crédito pelas suas entradas. Assim, do confronto das sucessivas alterações legislativas verificase que não há mais qualquer vedação legal ao desconto de créditos por parte dos revendedores, dos valores recolhidos a título de PIS/COFINS pelos fabricantes e/ou importadores na operação anterior, ainda que os comerciantes não estejam sujeitos ao recolhimento dos tributos mencionados nas operações de alienação ao consumidor por força de beneficio fiscal (alíquota zero). Fl. 169DF CARF MF Processo nº 10380.007334/200553 Resolução nº 3201001.948 S3C2T1 Fl. 170 8 Portanto, resta inteiramente aplicável à espécie o art. 17, da Lei n° 11.033/04 (art. 16, da MP n. 206, de 06.08.2004), bem assim a disposição contida no art. 16, "caput", da Lei nº 11.116/05. Concluise, portanto, que desde agosto de 2004, a Impetrante possui pleno direito ao desconto de créditos quando da aquisição de bens para revenda, dentro da sistemática da nãocumulatividade, já que (a) a receita submetida à incidência monofásica, decorrente das vendas de produtos comercializados pela Impetrante, fora incluída no regime de incidência nãocumulativa da Contribuição para o PIS/PASEP e COFINS, através da modificação introduzida pela Lei n° 10.865/2004, ao inciso IV do § 3o do art. l1º das Leis n°s 10.637/2002 e 10.833/2003, e (b) foilhe concedido, expressamente, o direito ao creditamento pelo art. 16 da MP n° 206/04, convertido no art. 17 da Lei n° 11.033/04. • DA CONFIRMAÇÃO DA INTENÇÃO DO LEGISLADOR; EDIÇÃO DA LEI Nº 11.116/2005, QUE ESTABELECEU O MODO DE APROVEITAMENTO DO SALDO CREDOR DECORRENTE DA LEI N° 11.033/04. A confirmação de que passou a vigorar um novo regime de creditamento a partir da vigência da MP 206/04, veio com a edição da Lei n° 11.116, de 18 de maio de 2005, ao disciplinar o modo de aproveitamento do saldo credor de PIS/PASEP e COFINS por essa reconhecido: Art 16. O saldo credor da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins apurado na forma do art. 3º das Leis nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, e do art. 15 da Lei n° 10.865, de 30 de abril de 2004, acumulado ao final de cada trimestre do anocalendário em virtude do disposto no art. 17 da Lei n° 11.033, de 21 de dezembro de 2004, poderá ser objeto de; I compensação com débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, observada a legislação específica aplicável à matéria; ou II pedido de ressarcimento em dinheiro, observada a legislação específica aplicável à matéria. Parágrafo único. Relativamente ao saldo credor acumulado a partir de 9 de agosto de 2004 até o último trimestrecalendario anterior ao de publicação desta Lei, a compensação ou pedido de ressarcimento poderá ser efetuado a partir da promulgação desta Lei. • DA EDIÇÃO DA INSTRUÇÃO NORMATIVA N° 594, DE 26 DE DEZEMBRO DE 2005 VIOLAÇÃO A OS PRINCÍPIOS DA LEGALIDADE E DA HIERARQUIA DAS NORMAS. A Receita Federal editou a Instrução Normativa n° 594, publicada no DOU de 30 de dezembro de 2005, que dispôs: Art. 26. Na determinação da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofms a pagar no regime de nãocumulatividade, a pessoa jurídica pode descontar, do valor das contribuições decorrente de suas vendas, créditos relativos a: (...) Fl. 170DF CARF MF Processo nº 10380.007334/200553 Resolução nº 3201001.948 S3C2T1 Fl. 171 9 § 5o Não gera direito a créditos o valor: (...) IV da aquisição no mercado interno, para revenda, dos produtos relacionados no art 1º, ressalvado o disposto no art. 27. O art 1o dessa mesma Instrução trata justamente dos produtos sujeitos à incidência monofásica da Contribuição para o PIS/PASEP e COFINS. A IN SRF 594/05 trouxe uma restrição não contida na legislação pertinente, em ofensa ao Principio da Legalidade, insculpido no inciso II, do art. 5o e no inciso I do art. 150 da Constituição Federal de 1988, bem como ao Princípio da Hierarquia das Normas, uma vez que os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas prestam se para complementar as leis, não podendo ir de encontro a elas, nos termos do art. 100 do CTN — de modo que não pode ser óbice ao direito à manutenção de créditos pela Impetrante. • DA EDIÇÃO DA MEDIDA PROVISÓRIA N° 413/2008 E SUA CONVERSÃO NA LEI Nº 11. 727/2008. Em 03 de janeiro de 2008 foi editada a Medida Provisória n° 413. introduzindo em seus arts. 14 e 15 os §§ 14 e 22 ao art. 3o das Leis n°s 10.637/2002 e 10.833/2003, respectivamente, determinando que aos distribuidores e aos comerciantes atacadistas e varejistas das mercadorias e produtos com incidência monofásica, em relação aos custos, despesas e encargos vinculados a essas receitas, não se aplicaría à manutenção de créditos de que trata o art. 17 da Lei n° 11.033, de 21 de dezembro de 2004. As modificações introduzidas, cujos efeitos passaram a ser produzidos a partir do primeiro dia do quarto mês subseqüente ao da publicação da supra referida Medida Provisória, ou seja, a partir de 1o de maio de 2008, apenas reafirmam que, até essa data, era plenamente possível a tomada de créditos pelos distribuidores e comerciantes atacadistas e varejistas das mercadorias e produtos sujeitos à tributação monofásica, posto que, antes da edição dessa MP, vigorava o entendimento manifestado pelo art. 16 da MP n° 206/2004, convertido no art. 17 da Lei n° 11.033/2004, segundo o qual as vendas efetuadas com alíquota 0 (zero) não impediriam a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações. Vejase, pois, que a novel legislação inovou no plano jurídico impondo vedação que antes não existia, motivo pelo qual não pode ser aplicada retroativamente, no sentido de impedir a tomada de créditos no caso em comento, por obediência ao Princípio da Irretroatividade das Leis, previsto no art. 6o da LICC (Lei de Introdução ao Código Civil), e no art. 5o, inciso XXXVI c/c art. 150, inciso III da Constituição Federal. • DO APROVEITAMENTO DOS CRÉDITOS DE PIS/PASEP E COFINS. No que concerne ao modo de aproveitamento dos créditos decorrentes de operações com mercadorias e produtos sujeitos à incidência monofásica da Contribuição para o PIS/PASEP e COFINS, disciplina a legislação de regência, sobre a sistemática da nãocumulatividade Fl. 171DF CARF MF Processo nº 10380.007334/200553 Resolução nº 3201001.948 S3C2T1 Fl. 172 10 (Leis 10.687/2002 e 10.833/2003), que do valor apurado das referidas Contribuições, relativamente à aplicação das alíquotas de 7,6% e 1,65% sobre o faturamento, poderá a pessoa jurídica descontar créditos calculados em relação aos bens adquiridos para revenda, reduzindo o montante a pagar, procedimento este, efetivado dentro da sua própria contabilidade. O valor apurado é informado no 'DACON Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais', onde consta o 'saldo de créditos' e o valor das Contribuições a pagar, após as deduções dos mencionados créditos, campo este transportado para a 'DCTF Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais'. Dessa forma, em sendo reconhecido o direito ao cálculo de créditos em relação aos bens adquiridos para revenda de produtos sujeitos à incidência monofásica da Contribuição para o PIS/PASEP e COFINS, não poderá haver qualquer impedimento à sua utilização quando da apuração das Contribuições devidas. Quanto à possibilidade de aproveitamento do saldo credor, remanescente da apuração acima, para os casos em que o valor dos créditos é superior ao valor a pagar, restou demonstrada a possibilidade de aproveitamento sob a forma de compensação ou restituição, a teor do que disciplina o art. 16 da Lei n° 11.116/2005. Por fim, em face de todo o exposto, requer a reforma do Despacho Decisório para reconhecer o direito ao ressarcimento dos valores a título de Cofins, referentes ao 3o e 4o trimestres de 2004 e 1o e 2o trimestres de 2005, homologando as compensações pleiteadas. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Fortaleza/CE, por intermédio da 3ª Turma, no Acórdão nº 0819.123, sessão de 22/10/2010, julgou improcedente a manifestação de inconformidade do contribuinte e indeferiu o pedido, assim ementada: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/07/2004 a 31/12/2004 RESSARCIMENTO/COMPENSAÇÃO CRÉDITOS DE PIS E COFINS IMPOSSIBILIDADE As receitas auferidas pelos comerciantes varejistas de produtos farmacêuticos, os quais são submetidos à alíquota zero da Cofins, não gera direito ao aproveitamento de créditos em relação às aquisições desses bens. ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Período de apuração: 01/07/2004 a 31/12/2004 CONSTITUCIONALIDADE DE LEI. A autoridade administrativa não tem competência para decidir sobre a constitucionalidade de leis e o contencioso administrativo não é o foro próprio para discussões dessa natureza, haja vista que a apreciação e Fl. 172DF CARF MF Processo nº 10380.007334/200553 Resolução nº 3201001.948 S3C2T1 Fl. 173 11 a decisão de questões que versarem sobre inconstitucionalidade dos atos legais é de competência do Supremo Tribunal Federal. Manifestação de Inconformidade Improcedente Crédito Tributário Mantido Inconformada, a contribuinte interpôs recurso voluntário no qual solicita a reforma da decisão recorrida para que lhe seja reconhecido o direito pleiteado e a homologação da compensação. Em síntese repisa as matérias e seus fundamentos suscitados em manifestação de inconformidade acerca da possibilidade de creditamento/manutenção de crédito (i) nas aquisições de mercadorias para revenda e sujeitas à tributação monofásica de que trata a Lei nº 10.147/2001; e (ii) na realização de despesas vinculadas às suas atividades comerciais, previstas nos incisos III a XI do art. 3º da Lei nº 10.833/2003. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator O Recurso Voluntário atende aos requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. A contribuinte exerce atividade de revenda de produtos hospitalares cuja aquisição do industrial/importador é tributada na sistemática monofásica e a saída sujeitase à alíquota zero nos termos do art. 2º da Lei nº 10.147/20011. Entende a recorrente que a alteração promovida no regime nãocumulativo das Contribuições ( Leis nºs 10.637/02 e 10.833/03) pela Lei nº 10.865/042, que passou a surtir efeitos em 01/05/2004, e também em razão do art. 17 da Lei nº 10.033/043 foilhe permitido apurar e manter créditos a serem descontados do PIS e Cofins sobre sua receita bruta, em relação aos produtos submetidos à tributação monofásica e às despesas vinculadas à sua atividade empresarial, conquanto as saídas tenham alíquota reduzidas a zero, o que equivale a não tributação. Fundada nessa concepção a contribuinte formalizou pedido de ressarcimento/compensação de saldos credores de Cofins apurados no regime da não cumulatividade. 1 Art. 2º São reduzidas a zero as alíquotas da contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins incidentes sobre a receita bruta decorrente da venda dos produtos tributados na forma do inciso I do art. 1º, pelas pessoas jurídicas não enquadradas na condição de industrial ou de importador. 2 Art. 21. Os arts. 1o, 2o, 3o, 6o, 10, 12, 15, 25, 27, 32, 34, 49, 50, 51, 52, 53, 56 e 90 da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, passam a vigorar com a seguinte redação: 3 Art. 17. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações. Fl. 173DF CARF MF Processo nº 10380.007334/200553 Resolução nº 3201001.948 S3C2T1 Fl. 174 12 A Unidade de Jurisdição da RFB analisou o pleito considerando apenas os créditos decorrentes da aquisição de produtos para revenda submetidos à tributação monofásica e deixou de proceder qualquer exame quanto aos créditos decorrentes das despesas da pessoa jurídica (incisos III a XI da Lei nº 10.833/03). Assim, a proposta para o indeferimento do ressarcimento e não homologação da compensação não emitiu qualquer juízo de admissibilidade no tocante aos créditos não relacionados aos produtos monofásicos. De igual modo, a decisão recorrida relevou o enfrentamento da matéria apenas com o argumento de que a legislação não permite tais créditos. Conquanto não se entre no mérito acerca da possibilidade das pessoas jurídicas revendedoras de produtos tributados pela monofasia apropriaremse dos créditos das Contribuições previstos no art. 3º, incisos III e XI da Lei nº 10.833/03, entendo que a RFB tem se posicionado que as alterações promovidas pela Lei nº 10.865/04 são no sentido de admitir essa modalidade de crédito. Tal posicionamento é expresso em diversas Soluções de Consultas: 218/2014, 64/2016, 02/2017 (Solução de Divergência), 265/2017, 299/2017, 311/2017 329/2017, 481/2017, 496/2017, 9.128/2017 e 78/2018. Como exemplo transcrevo três delas: Solução de Consulta Cosit nº 64/2016, de 19/05/2016: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS A SUJEIÇÃO AO REGIME DE APURAÇÃO NÃO CUMULATIVA EM RELAÇÃO ÀS RECEITAS AUFERIDAS PELA REVENDEDORA DE PRODUTOS SUJEITOS Â TRIBUTAÇÃO CONCENTRADA É CONDICIONADA À APURAÇÃO DO IMPOSTO SOBRE A RENDA DAS PESSOAS JURÍDICAS (IRPJ) COM BASE NO LUCRO REAL. A partir de 1o de maio de 2004, as receitas decorrentes da venda de produtos sujeitos à tributação concentrada, tais como a gasolina ou o diesel, incluemse no regime de apuração não cumulativa sempre que o contribuinte apurar o IRPJ pelo lucro real, salvo as exceções previstas no art. 10 da Lei n°10.833, de 2003. CRÉDITOS DA NÃO CUMULATIVIDADE. RECEITAS AUFERIDAS PELA REVENDEDORA DE PRODUTOS SUJEITOS À TRIBUTAÇÃO CONCENTRADA. CUSTOS. ENCARGOS OU DESPESAS, EXCETO REFERENTES A PRODUTOS ADQUIRIDOS PARA REVENDA SUJEITOS AO REGIME DE TRIBUTAÇÃO CONCENTRADA. POSSIBILIDADE. Desde 1° de maio de 2004, não há mais vedação ao desconto de créditos da Cofins, em relação a custos, encargos ou despesas vinculados a receitas auferidas pela revendedora de produtos sujeitos á tributação concentrada no regime não cumulativo, exceto aqueles decorrentes da aquisição de produtos para revenda sujeitos à tributação concentrada, atendido o disposto nos incisos II a XI e §§ do art. 3o da Lei n° 10.833. de 2003. MANUTENÇÃO DE CRÉDITOS. VENDAS COM SUSPENSÃO, ISENÇÃO OU ALÍQUOTA ZERO. POSSIBILIDADE. Fl. 174DF CARF MF Processo nº 10380.007334/200553 Resolução nº 3201001.948 S3C2T1 Fl. 175 13 A regra geral esculpida no art. 17 da Lei n° 11.033, de 2004, autoriza que os créditos devidamente apurados porventura existentes sejam mantidos, mesmo após a venda com suspensão, isenção ou alíquota 0 (zero), não autorizando o aproveitamento de créditos cuja apuração seja vedada. Dispositivos Legais: Lei n° 9.718. de 1998, art. 4o; Medida Provisória n° 2.15835, de 2001, art. 42, inciso I; Lei n° 10.833. de 2003, art. 3o, inciso I alínea "b" e art. 10. incisos II e III; Lei n° 10.865, de 2004, art. 21 c/c art. 53; Lei n° 11.033, de 2004, art. 17. Solução de Consulta Cosit nº 265, de 29/05/2017 Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins BEBIDAS FRIAS. COMÉRCIO ATACADISTA. TRIBUTAÇÃO CONCENTRADA. APURAÇÃO DE CRÉDITOS. RESSARCIMENTO. COMPENSAÇÃO. POSSIBILIDADE. A partir de 1º de agosto de 2004, com a entrada em vigor dos arts. 21 e 37 da Lei nº 10.865, de 30 de abril de 2004, desde que cumpridos os requisitos legais, é possível a apuração de créditos da não cumulatividade da Cofins (art. 3º da Lei nº 10.833, de 2003) em relação a dispêndios vinculados a receitas submetidas ao regime de apuração não cumulativa decorrentes da revenda de produtos sujeitos à tributação concentrada, exceto em relação a dispêndios decorrentes da aquisição de produtos sujeitos à tributação concentrada para revenda. Todavia, entre 1º de maio de 2008 e 23 de junho de 2008 e entre 1º de abril de 2009 e 4 de junho de 2009, esteve vedada a possibilidade de apuração, por comerciantes atacadistas e varejistas, de créditos em relação a custos, despesas e encargos vinculados a receitas decorrentes da revenda de mercadorias submetidas à incidência concentrada ou monofásica da Cofins. Dispositivos legais: Lei nº 10.833, de 2003; Lei nº 13.097, de 2015; Lei nº 11.033, de 2004, art. 17; Lei nº 11.116, de 2005, art. 16. Solução de Consulta Cosit nº 78/2018, de 26/06/2018: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP RECEITA DA VENDA DE ÁLCOOL. PRODUTOR. TRIBUTAÇÃO CONCENTRADA. NÃO CUMULATIVIDADE. REGIME ESPECIAL. ALÍQUOTA ESPECÍFICA (AD REM). CRÉDITO. O sistema de tributação monofásica não se confunde com os regimes de apuração cumulativa e não cumulativa das contribuições. O enquadramento de uma pessoa jurídica que se dedique à venda de produtos sujeitos à tributação monofásica, ao Fl. 175DF CARF MF Processo nº 10380.007334/200553 Resolução nº 3201001.948 S3C2T1 Fl. 176 14 regime de apuração cumulativa ou não cumulativa, segue as mesmas regras a que se sujeitam as pessoas jurídicas que não comercializem produtos monofásicos. Caso a pessoa jurídica esteja submetida à sistemática de apuração não cumulativa da Contribuição para o PIS/Pasep, os produtos sujeitos à tributação monofásica também estarão a ela submetidos, permitindo à pessoa jurídica o aproveitamento de créditos, de acordo com a regra geral. (...) Dispositivos Legais: Lei nº 11.727, de 2008, arts. 7º e 42, III, “c” e “d”; Lei nº 10.637, de 2002, com alterações, arts. 1º, 2º, 3º e 8º; Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, com alterações, arts. 3º e 15; Lei nº 9.718, de 1998, art. 5º, com alterações; Decreto nº 6.573, de 2008; Decreto nº 7.997, de 2013. Depreendese da leitura dos atos normativos emanados da Receita Federal a evidência de que aos produtos sujeitos à tributação monofásica, a partir da vigência dos dispositivos da Lei nº 10.865/04, tornouse possível a apropriação de créditos da não cumulatividade, observado os limites e requisitos legais. Dessa forma, impende à Unidade de Origem, uma vez superada a vedação de apropriação de créditos no regime geral da nãocumulatividade (art. 3º, incisos III a XI da Lei nº 10.833/03), analise e se manifeste quanto aos dispêndios vinculados a receitas submetidas ao regime de apuração não cumulativa decorrentes da revenda de produtos sujeitos à tributação concentrada, exceto em relação a dispêndios decorrentes da aquisição de produtos sujeitos à tributação concentrada para revenda, informados em sua Dacon (fls. 77/82). Diante do exposto, em homenagem ao princípio da verdade material que norteia o processo administrativo fiscal, voto para a conversão do presente julgamento em diligência para que: a) A unidade de origem proceda à intimação da contribuinte para que, no prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual período, comprove pelos meios que a autoridade fiscal julgar conveniente, as despesas de/com: a1) Energia elétrica consumida nos estabelecimentos da pessoa jurídica; a2) Aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades comerciais da empresa; a3) Contraprestações de operações de arrendamento mercantil de pessoa jurídica; a4) Armazenagem de mercadoria adquiridas para revenda e frete na operação de venda, cujo ônus seja suportado pela recorrente; b) A unidade de origem manifestese sobre os documentos apresentados pela Contribuinte, com a elaboração de relatório, podendo, inclusive, realizar diligências. Fl. 176DF CARF MF Processo nº 10380.007334/200553 Resolução nº 3201001.948 S3C2T1 Fl. 177 15 c) Cientifique a recorrente sobre o resultado do relatório da fiscalização, para que, se assim desejar, apresente no prazo legal de 30 (trinta) dias, improrrogável, manifestação. Cumpridas as providências indicadas, deve o processo retornar ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF para prosseguimento do julgamento. (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Fl. 177DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13896.720975/2016-38
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 28 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Apr 15 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 3201-001.853
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do Recurso em diligência.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
Relatório
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do Recurso em diligência. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório Para bem relatar os fatos, transcrevese o relatório da decisão proferida pela autoridade a quo no Acórdão nº 0659.537: Trata o processo de manifestação de inconformidade apresentada em face da não homologação da compensação declarada por meio do Per/Dcomp nº 03979.24978.280815.1.3.044084, nos termos do despacho decisório emitido em 13/04/2016 pela DRFBRE – Delegacia da Receita Federal do Brasil em Barueri. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 38 96 .7 20 97 5/ 20 16 -3 8 Fl. 1064DF CARF MF Processo nº 13896.720975/201638 Resolução nº 3201001.853 S3C2T1 Fl. 1.065 2 Segundo o despacho decisório, cientificado em 18/04/2016, as compensações não foram homologadas em razão de não ter sido apurada a existência de direito creditório. Tais conclusões, ao que consta, encontram amparo no Termo de Verificação Fiscal TVF de fls. 22/28. No aludido TVF, emitido em decorrência da necessidade de análise das DCTF retificadoras apresentadas e, também, dos esclarecimentos que posteriormente foram prestados pela contribuinte, consta que “as receitas auferidas pela CATHO, decorrentes de sua atividade fim, não se enquadram na exceção prevista no inciso XXV do artigo 10 da Lei nº 10.833/2003, estando sujeitas, portanto, ao regime NÃO CUMULATIVO de apuração do PIS e do COFINS.” Consta, portanto, que as DCTF retificadoras não deveriam ser homologadas e que, por não existirem, os créditos não deveriam ser reconhecidos. Na manifestação de inconformidade apresentada, a contribuinte, após resumo dos fatos, esclarece que houve mudança no controle acionário da empresa e que, em razão disso, foi submetida a uma profunda revisão de políticas e procedimentos. Em decorrência, diz que teria identificado que suas atividades vinham sendo indevidamente qualificadas para fins de PIS e de Cofins, sendo necessário, portanto, a retificação das DCTF. A seguir, após breve transcrição de trechos do despacho decisório, discorre sobre a sua atividade. Afirma que os serviços prestados não abrangem promessa de emprego ou obrigação presente ou futura de recolocação ou obtenção de emprego para seus clientes. Aduz, ainda, que o seu site na internet “é somente uma ferramenta online que permite ao assinante consultar vagas, enviar currículos e acessar demais conteúdos aí disponibilizados” sem “qualquer garantia de colocação profissional” nem “qualquer cobrança relacionada a essas atividades.” Em suma, conforme afirma, “simplesmente disponibiliza conteúdo na Internet aos Assinantes e não desenvolve qualquer atividade de intermediação.” Salienta que se qualifica como empresa de Internet, com atividade de portal ou empresa provedora de conteúdo e de informações (Tabela CNAE 2.0, divisão J, Código 63), e que sua atividade vem descrita na Norma 004/95, aprovada pela Portaria nº 148, de 1995, item 3, letras ‘e’ e ‘f’ do Ministério das Comunicações. Objetivando o acesso às informações especializadas que são disponibilizadas, afirma que desenvolveu ferramenta própria (software), “cujo uso é liberado/cedido para seus clientes, os Assinantes.” Insiste que não promove a intermediação de contratação de mão de obra. Aduz que “sua tarefa se esgota em permitir o acesso à informação que integra seus bancos de dados: currículos e vagas.” Fl. 1065DF CARF MF Processo nº 13896.720975/201638 Resolução nº 3201001.853 S3C2T1 Fl. 1.066 3 No subitem seguinte (2.3. Reflexos tributários da atividade de acesso/provimento de conteúdo) chama a atenção para o contido no inc. XXV do art. 10 da Lei nº 10.833, de 2003 e diz que conforme Solução de Consulta nº 309, de 2011, “a RFB confirmou, expressamente, que, para o contribuinte aplicar o regime cumulativo dessas contribuições sociais, basta exercer apenas uma das atividades mencionadas no inciso XXV citado anteriormente.” Na seqüência, diz que (subitem 3 – Impossibilidade de análise dos pedidos de restituição e declarações de compensação fundamentada no dossiê n. 10010.014822/0216 04) se deve destacar “que a simples não homologação das declarações retificadoras não é fato que, por si só, é capaz de fundamentar a não homologação das compensações realizadas.” Afirma que o despacho decisório que não homologou as DCTF retificadoras “não abarcou a análise do período de apuração de agosto a novembro de 2012, objeto do presente processo administrativo.” Segundo afirma, o TVF é cristalino em “afirmar que o procedimento fiscal supracitado tinha por finalidade analisar as retificações de DCTFs realizadas pela Requerente e contidas em malha DCTF.” Entende ser incabível a utilização do TVF para o indeferimento e pede o cancelamento do despacho decisório. No tópico seguinte (4. Impossibilidade de revisão de ofício em se tratando de erro de direito), diz ser incabível a revisão de ofício da homologação pois ela não teria ocorrido por erro “mas sim pelo correto enquadramento legal da situação ora analisada”. Se houve erro, aduz, ele teria ocorrido com a revisão. Reclama, ainda, que não existe base legal para a revisão de ofício. Insiste na necessidade de cancelamento do despacho decisório. Ao final, requer a reforma do despacho decisório e a homologação das compensações. Subsidiariamente requer o cancelamento do despacho decisório em face da impossibilidade de revisão de ofício no caso de erro de direito. Protesta pelo direito de provar o alegado por todos os meios de prova e informa que “não está questionando judicialmente a matéria discutida nestes autos.” É o relatório. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Curitiba/PR por intermédio da 3ª Turma, no Acórdão nº 0659.537, sessão de 28/06/2017, julgou improcedente a manifestação de inconformidade do contribuinte e não reconheceu o direito creditório. A decisão foi assim ementada: ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Data do fato gerador: 28/08/2015 Fl. 1066DF CARF MF Processo nº 13896.720975/201638 Resolução nº 3201001.853 S3C2T1 Fl. 1.067 4 PER/DCOMP. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO OU DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. CUMULATIVIDADE DO PIS/PASEP E DA COFINS. PROVAS. NECESSIDADE. As receitas auferidas por empresas de serviços de informática, decorrentes das atividades de desenvolvimento de software e o seu licenciamento ou cessão de direito de uso, bem como de análise, programação, instalação, configuração, assessoria, consultoria, suporte técnico e manutenção ou atualização de software, compreendidas ainda como softwares as páginas eletrônicas, quando existentes, somente estão sujeitas ao regime de apuração cumulativa do PIS/Pasep e da Cofins se efetivamente comprovadas, implicando, na hipótese contrária, o indeferimento do pedido de restituição ou a não homologação da compensação, conforme o caso. DCTF. RETIFICADORAS. AUDITORIA. Todos os valores informados em DCTF, inclusive em suas retificadoras, devem ser objeto de procedimento de auditoria interna. REVISÃO DE OFÍCIO. DIREITO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. A Administração Pública tem o direito de rever os próprios atos, mormente quando, no presente caso, e em momento posterior, restar evidenciada a inexistência de qualquer direito creditório em face da contribuinte. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Inconformada a contribuinte, apresentou recurso voluntário no qual repisa mesmos argumentos pleiteados em manifestação de inconformidade para o deferimento integral dos valores que constam do pedido de restituição. Suscita em seu pedido: i. Seja declarada a nulidade do v. acórdão recorrido, com o retorno dos autos à origem, para que (a) nova decisão seja proferida, com adstrição aos limites objetivos da lide fixados no Termo de Verificação Fiscal e na manifestação de inconformidade; ou (b) subsidiariamente, para que seja devolvido à recorrente o prazo para manifestação, garantindo lhe o exercício do direito de defesa em relação aos pontos novos suscitados pelo v. acórdão, tudo sob pena de contrariedade e negativa de vigência aos arts. 16, 17 e 18, parágrafo 3o, do Decreto n. 70.235, à luz do art. 5o, inciso LIV e LV, da Constituição de 1988; ii. Na eventualidade da superação da preliminar acima, seja reformado o v. acórdão, com o integral cancelamento das exigências fiscais, em razão da declaração: a. da nulidade do r. despacho decisório, por ter configurado revisão de ofício de lançamento, por erro de direito, com violação aos arts. 145 e 149 do CTN; Fl. 1067DF CARF MF Processo nº 13896.720975/201638 Resolução nº 3201001.853 S3C2T1 Fl. 1.068 5 b. da nulidade do r. despacho decisório, por carência de motivação, por ter se baseado em termo de verificação fiscal que não analisou o direito creditório discutido nestes autos, com violação ao art. 9o do Decreto n. 70,235; c. da improcedência do r. despacho decisório, tendo em vista a legitimidade da inclusão das receitas da recorrente no regime cumulativo de apuração da contribuição ao PIS e da COFINS, com a consequente homologação da declaração de compensação, sob pena de contrariedade e negativa de vigência aos arts. 10, inciso XXV e 15, inciso V, da Lei n. 10.833; d. eventualmente, caso se entenda que a requerente se encontra submetida ao regime não cumulativo das contribuições, seja reconhecida a inexistência de crédito tributário passível de cobrança, sob pena de bis in idem. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator O Recurso Voluntário atende aos requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. Antes de adentrar ao exame do Recurso apresentado, cumpre esclarecer que o presente processo tramita na condição de paradigma, nos termos do art. 47 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015: Art. 47. Os processos serão sorteados eletronicamente às Turmas e destas, também eletronicamente, para os conselheiros, organizados em lotes, formados, preferencialmente, por processos conexos, decorrentes ou reflexos, de mesma matéria ou concentração temática, observando se a competência e a tramitação prevista no art. 46. § 1º Quando houver multiplicidade de recursos com fundamento em idêntica questão de direito, o Presidente de Turma para o qual os processos forem sorteados poderá sortear 1 (um) processo para defini lo como paradigma, ficando os demais na carga da Turma. § 2º Quando o processo a que se refere o § 1º for sorteado e incluído em pauta, deverá haver indicação deste paradigma e, em nome do Presidente da Turma, dos demais processos aos quais será aplicado o mesmo resultado de julgamento. Nesse aspecto, é preciso esclarecer que cabe a este Conselheiro o relatório e voto apenas deste processo, ou seja, o entendimento a seguir externado terá por base exclusivamente a análise dos documentos, decisões e recurso anexados neste processo. Feito tal esclarecimento, passase ao exame das razões de Recurso. Fl. 1068DF CARF MF Processo nº 13896.720975/201638 Resolução nº 3201001.853 S3C2T1 Fl. 1.069 6 A pretensão da contribuinte de requalificar a natureza jurídica de seus serviço, de intermediação para atividades de internet, enquadrando as receitas auferidas no regime cumulativo foi indeferido no despacho decisório proferido com base nas conclusões do TVF que consta do dossiê nº 10010.014822/021604, formalizado para análise das DCTFs retificadoras transmitidas para espelharem o procedimento de requalificação. De fato, concluiu o procedimento fiscal que os serviços prestados pelo contribuinte não poderiam ser qualificados como serviços de internet (art. 10, XXV e art. 15, V, da Lei nº 10.833/03), mas sim de intermediação, mantendoos no regime de apuração não cumulativo. A principal matéria em litígio envolve a rejeição pela autoridade fiscal em sede de despacho decisório da requalificação das atividades da recorrente e a mudança para o regime cumulativo de apuração da Contribuição para o PIS e para a Cofins. Os argumentos da fiscalização são no sentido de que o regime a que se submete as receitas das atividades desenvolvidas pela Catho para apuração e recolhimento continuava a ser o da não cumulatividade, pois não se tratam de serviços de informática (desenvolvimento de software ou de páginas eletrônicas) nos termos do art. 10, XXV, da Lei nº 10.833/03 uma vez que a atividade seria a prestação de serviços de intermediação ao profissional que busca se posicionar no mercado de trabalho. Nada obstante, o TVF assevera que para que a receita auferida subsumase à sistemática da apuração cumulativa devese comprovar que esta (receita) advenha da prestação de alguns dos serviços listados no referido dispositivo da Lei 10.833/03. Pois bem, compulsando os autos, em especial os termos e demais peças que constam do dossiê nº 10010.014822/021604 verificase que em momento algum a contribuinte fora intimada a comprovar a natureza de suas receitas. Ao contrário, a intimação limitouse a solicitar esclarecimentos e informações que resultaram na requalificação das receitas, como se vê: De ressaltar, contudo, que o fundamento para o indeferimento do pleito creditório é a natureza da receitas das atividades prestadas pela Catho conforme descritos nos autos, que não se qualificam como sujeitas à apuração cumulativa. O acórdão da DRJ trilha o mesmo fundamento de indeferimento e não homologação das compensações exarados no despacho decisório. Evidenciouse naquela decisão que o sítio da internet da Catho é uma mera ferramenta para quer o assinante consulte vagas de trabalho, envie currículos e acesse outros conteúdos. Fl. 1069DF CARF MF Processo nº 13896.720975/201638 Resolução nº 3201001.853 S3C2T1 Fl. 1.070 7 Poderseia concordar com os argumentos daqueles julgadores conquanto não trouxessem argumento subsidiário no qual reconhecem a possibilidade da contribuinte fazer prova de que determinadas atividades auferem receitas cuja apuração se dá no regime cumulativo. Vejase o excerto do voto condutor do acórdão recorrido: É possível concluir, portanto, que algumas de suas receitas podem estar sujeitas à apuração cumulativa das contribuições, ensejando, assim, a real possibilidade de enquadramento da empresa na modalidade de apuração mista das contribuições (circunstância que, sendo eficazmente comprovada, pode evidenciar um possível erro no preenchimento da DCTF original). A forma como a existência de tal erro – que deve ser corrigido via DCTF retificadora – pode vir a ser acatado administrativamente irá depender da apresentação de provas (conforme estabelece o §1º do art. 147 do CTN), baseadas na escrituração contábil/fiscal do período analisado, ou seja, da apresentação de provas capazes de demonstrar, sem possibilidade de dúvida, quais receitas foram efetivamente auferidas nos períodos sob análise e a que tipo de serviço/atividade elas se vinculam. Ressaltese que, para fazer jus à apuração cumulativa, devese comprovar que as receitas advêm efetivamente da prestação de serviços, no caso, de informática (tal como listado no inc. XXV do art. 10 da Lei nº 10.833, de 2003, já transcrito). Evidentemente, as receitas assim enquadradas, devem ser passíveis de segregação, com vistas à correta tributação. Sem que tais comprovações existam nos autos, inviável será o deferimento do pleito. Resta claro que no mérito a decisão recorrida reconheceu a possibilidade do contribuinte fazer prova a seu favor, providência esta até então não determinada pela autoridade fiscal e se insere nas situações que o art. 16 do Decreto nº 70.235/72 PAF prevê regra de exceção para a apresentação extemporânea de conjunto probatório após a impugnação (manifestação de inconformidade): Decreto n° 70.235, de 1972: Art. 14. A impugnação da exigência instaura a fase litigiosa do procedimento. Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. [...]Art. 16. A impugnação mencionará: [...]III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir. [...]§ 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) Fl. 1070DF CARF MF Processo nº 13896.720975/201638 Resolução nº 3201001.853 S3C2T1 Fl. 1.071 8 b) refirase a fato ou a direito superveniente; (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) Assim, entendo que os autos devam retornar à unidade preparadora para apreciação do Laudo Técnico apresentado pela Recorrente. Ante o exposto, voto no sentido de CONVERTER O JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA, a fim de que a autoridade preparadora analise o Laudo Técnico colacionado aos autos pela Recorrente e identifique as atividades cujas receitas inseremse no regime de apuração cumulativa nos termos do inciso XXV do art. 10 e inciso V do art. 15, ambos da Lei nº 10.833/03. Se entender necessário, deverá intimar a Recorrente para, ainda no curso da diligência, apresentar outros documentos e/ou esclarecimentos a respeito do litígio. Ao término do procedimento, deve elaborar Relatório Fiscal sobre os fatos apurados na diligência, sendolhe oportunizado manifestarse sobre a existência de outras informações e/ou observações que julgar pertinentes ao esclarecimento dos fatos. Encerrada a instrução processual, a Recorrente deverá ser intimada para manifestarse no prazo de 30 (trinta) dias, findo o qual, sem ou com apresentação de manifestação, devem os autos serem devolvidos a este Colegiado para continuidade do julgamento. (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Fl. 1071DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10940.905579/2011-01
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 26 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu Mar 28 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2007
NÃO-CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. CONCEITO DE INSUMOS
O alcance do conceito de insumo, segundo o regime da não-cumulatividade do PIS Pasep e da COFINS é aquele em que o os bens e serviços cumulativamente atenda aos requisitos de (i) essencialidade ou relevância com/ao processo produtivo ou prestação de serviço; e sua (ii) aferição, por meio do cotejo entre os elementos (bens e serviços) e a atividade desenvolvida pela empresa.
PROCESSO PRODUTIVO. FABRICAÇÃO DE DERIVADOS DE MADEIRA. CUSTOS. CRÉDITO
Os custos incorridos com bens e serviços aplicados no plantio, reflorestamento e corte de madeira guardam estreita relação de relevância e essencialidade com o processo produtivo dos derivados de madeira e configuram custo de produção, razão pela qual integram a base de cálculo do crédito das contribuições não-cumulativas
COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES.
Os gastos com combustíveis e lubrificantes geram créditos a serem utilizados na apuração do PIS e da COFINS, nos termos do art. 3º, II da Lei nº 10.833/2003.
CRÉDITOS DE INSUMOS. CONTRIBUIÇÕES NÃO-CUMULATIVAS. SERVIÇOS E PEÇAS DE MANUTENÇÃO DE VEÍCULOS, MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NO PROCESSO PRODUTIVO.
Os serviços e bens utilizados na manutenção de veículos, máquinas e equipamentos utilizados no processo produtivo geram direito a crédito das contribuições para o PIS e a COFINS não-cumulativos.
VEÍCULOS, MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. CRÉDITO SOBRE DEPRECIAÇÃO. UTILIZAÇÃO EM ETAPAS DO PROCESSO PRODUTIVO E DE INDUSTRIALIZAÇÃO.
A pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados sobre encargos de depreciação em relação a veículos, máquinas e equipamentos adquiridos e utilizados em etapas pertinentes e essenciais à produção e à fabricação de produtos destinados à venda, conforme disciplinado pela Secretaria da Receita Federal em sua legislação (IN SRF nº 457/2004).
Mantêm-se os créditos com encargos de depreciação dos bens imobilizados utilizados em atividades de plantio, reflorestamento, corte e industrialização de produtos derivados de madeira.
SERVIÇOS NÃO ESSENCIAIS AO PROCESSO PRODUTIVO. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE
Serviços não essenciais ou não aplicados em etapa do processo produtivo e aqueles desprovidos de autorização legal de que trata o art. 3º da Lei nº 10.833/03 não geram direito ao crédito da Cofins não-cumulativa.
SERVIÇOS RELACIONADOS À CONSTRUÇÃO CIVIL E SUA MANUTENÇÃO. CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE
Não geram direito a crédito a ser descontado diretamente da contribuição apurada de forma não-cumulativa os gastos com serviços empregados na construção civil e sua manutenção, mas apenas os encargos de depreciação dos imóveis em que foram empregados, devendo ser comprovada cada parcela deduzida.
PEDÁGIO. CREDITAMENTO. IMPOSSIBILIDADE.
As despesas com o pagamento de pedágios não ensejam o creditamento da Cofins no regime não cumulativo.
Numero da decisão: 3201-005.016
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, para conceder o crédito das contribuições para o PIS/Cofins, revertendo-se as glosas efetuadas, atendidas os demais requisitos dos §§ 2º e 3º dos arts. 3º das Leis nºs. 10.637/2002 e 10.833/2003 e legislação pertinente à matéria: 1. Bens e serviços utilizados na manutenção de veículos, máquinas e equipamentos aplicados nas etapas de produção agrícola e de fabricação de derivados de madeira, quando não inseridos no valor contábil do ativo imobilizado; a. Materiais de manutenção de veículos, empregados nas atividades de produção e industrialização; b. Material utilizado em manutenção de maquinário da produção e fabricação; c. Material elétrico utilizado em manutenção de maquinário da produção e fabricação; d. Serviços de manutenção de veículo e maquinário da produção e fabricação (despesas com corte de madeira). 2. Combustíveis e lubrificantes, utilizados em máquinas, veículos e equipamentos da produção e industrialização; 3. Material de consumo do processo produtivo ou industrial (resina, farinha de trigo industrial, farinha de côco, massa matex acrílica, lixa, tinta); 4. Material de embalagem utilizado para armazenagem ou transporte do produto acabado (embalagens plásticas, fitas de aço, cantoneiras plásticas); 5. Encargos de depreciação de veículos, máquinas e equipamentos utilizados nas etapas de produção agrícola e de fabricação de derivados de madeira, conforme regras de contabilização. Vencidos os conselheiros Tatiana Josefovicz Belisario, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior, que deram provimento em maior extensão, para também conferir o crédito sobre as despesas de pedágio.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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CRÉDITOS. CONCEITO DE INSUMOS O alcance do conceito de insumo, segundo o regime da nãocumulatividade do PIS Pasep e da COFINS é aquele em que o os bens e serviços cumulativamente atenda aos requisitos de (i) essencialidade ou relevância com/ao processo produtivo ou prestação de serviço; e sua (ii) aferição, por meio do cotejo entre os elementos (bens e serviços) e a atividade desenvolvida pela empresa. PROCESSO PRODUTIVO. FABRICAÇÃO DE DERIVADOS DE MADEIRA. CUSTOS. CRÉDITO Os custos incorridos com bens e serviços aplicados no plantio, reflorestamento e corte de madeira guardam estreita relação de relevância e essencialidade com o processo produtivo dos derivados de madeira e configuram custo de produção, razão pela qual integram a base de cálculo do crédito das contribuições nãocumulativas COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES. Os gastos com combustíveis e lubrificantes geram créditos a serem utilizados na apuração do PIS e da COFINS, nos termos do art. 3º, II da Lei nº 10.833/2003. CRÉDITOS DE INSUMOS. CONTRIBUIÇÕES NÃOCUMULATIVAS. SERVIÇOS E PEÇAS DE MANUTENÇÃO DE VEÍCULOS, MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NO PROCESSO PRODUTIVO. Os serviços e bens utilizados na manutenção de veículos, máquinas e equipamentos utilizados no processo produtivo geram direito a crédito das contribuições para o PIS e a COFINS nãocumulativos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 94 0. 90 55 79 /2 01 1- 01 Fl. 544DF CARF MF Processo nº 10940.905579/201101 Acórdão n.º 3201005.016 S3C2T1 Fl. 545 2 VEÍCULOS, MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. CRÉDITO SOBRE DEPRECIAÇÃO. UTILIZAÇÃO EM ETAPAS DO PROCESSO PRODUTIVO E DE INDUSTRIALIZAÇÃO. A pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados sobre encargos de depreciação em relação a veículos, máquinas e equipamentos adquiridos e utilizados em etapas pertinentes e essenciais à produção e à fabricação de produtos destinados à venda, conforme disciplinado pela Secretaria da Receita Federal em sua legislação (IN SRF nº 457/2004). Mantêmse os créditos com encargos de depreciação dos bens imobilizados utilizados em atividades de plantio, reflorestamento, corte e industrialização de produtos derivados de madeira. SERVIÇOS NÃO ESSENCIAIS AO PROCESSO PRODUTIVO. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE Serviços não essenciais ou não aplicados em etapa do processo produtivo e aqueles desprovidos de autorização legal de que trata o art. 3º da Lei nº 10.833/03 não geram direito ao crédito da Cofins nãocumulativa. SERVIÇOS RELACIONADOS À CONSTRUÇÃO CIVIL E SUA MANUTENÇÃO. CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE Não geram direito a crédito a ser descontado diretamente da contribuição apurada de forma nãocumulativa os gastos com serviços empregados na construção civil e sua manutenção, mas apenas os encargos de depreciação dos imóveis em que foram empregados, devendo ser comprovada cada parcela deduzida. PEDÁGIO. CREDITAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. As despesas com o pagamento de pedágios não ensejam o creditamento da Cofins no regime não cumulativo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, para conceder o crédito das contribuições para o PIS/Cofins, revertendose as glosas efetuadas, atendidas os demais requisitos dos §§ 2º e 3º dos arts. 3º das Leis nºs. 10.637/2002 e 10.833/2003 e legislação pertinente à matéria: 1. Bens e serviços utilizados na manutenção de veículos, máquinas e equipamentos aplicados nas etapas de produção agrícola e de fabricação de derivados de madeira, quando não inseridos no valor contábil do ativo imobilizado; a. Materiais de manutenção de veículos, empregados nas atividades de produção e industrialização; b. Material utilizado em manutenção de maquinário da produção e fabricação; c. Material elétrico utilizado em manutenção de maquinário da produção e fabricação; d. Serviços de manutenção de veículo e maquinário da produção e fabricação (despesas com corte de madeira). 2. Combustíveis e lubrificantes, utilizados em máquinas, veículos e equipamentos da produção e industrialização; 3. Material de consumo do processo produtivo ou industrial (resina, farinha de trigo industrial, farinha de côco, massa matex acrílica, lixa, tinta); 4. Material de embalagem utilizado para armazenagem ou transporte do produto acabado (embalagens plásticas, fitas de aço, cantoneiras plásticas); 5. Encargos de depreciação de veículos, máquinas e equipamentos utilizados nas etapas de produção agrícola e Fl. 545DF CARF MF Processo nº 10940.905579/201101 Acórdão n.º 3201005.016 S3C2T1 Fl. 546 3 de fabricação de derivados de madeira, conforme regras de contabilização. Vencidos os conselheiros Tatiana Josefovicz Belisario, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior, que deram provimento em maior extensão, para também conferir o crédito sobre as despesas de pedágio. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório O interessado acima identificado recorre a este Conselho, de decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Juiz de Fora/MG. Para bem relatar os fatos, transcrevese o relatório da decisão proferida pela autoridade a quo: O interessado transmitiu a Dcomp nº 31203.33965.270407.1.1.088458, visando compensar os débitos nela declarados, com crédito oriundo de PIS/Pasep não cumulativo, referente ao 1º trimestre de 2007; A DRFPonta Grossa/PR emitiu Despacho Decisório nº 024 2012, no qual reconhece parcialmente o direito creditório e homologa as compensações pleiteadas até o limite do crédito reconhecido; A empresa apresenta manifestação de inconformidade, na qual alega, em síntese, que: a) A ORIGEM DO CRÉDITO: a.1) Previsão legal sobre o conceito de "insumo". Possibilidade de tomada dos créditos dos bens e serviços utilizados como insumos; a.2) Locação de mãodeobra e a possibilidade de creditamento de PIS e COFINS; a.3) Crédito proveniente dos encargos de depreciação de bens do Ativo Imobilizado; a.4) Despesas de armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda. Pedágio; Fl. 546DF CARF MF Processo nº 10940.905579/201101 Acórdão n.º 3201005.016 S3C2T1 Fl. 547 4 a.5) Locação de máquinas e equipamentos de pessoa jurídica; b) DO PEDIDO DE RESTITUIÇÃO E DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO; c) DA NECESSIDADE DE REALIZAÇÃO DE PERÍCIA; d) PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL NO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL; É o breve relatório. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Juiz de Fora/MG por intermédio da 2ª Turma, no Acórdão nº 0956.976, sessão de 04/03/2015, julgou improcedente a manifestação de inconformidade do contribuinte e não reconheceu o direito creditório. A decisão foi assim ementada: ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2007 PIS/PASEP E COFINS. INSUMOS. BENS E SERVIÇOS. O conceito de insumos para fins de crédito de PIS/Pasep e COFINS é o previsto no § 5º do artigo 66 da Instrução Normativa SRF 247/2002, que se repetiu na IN 404/2004. PIS/PASEP E COFINS. CRÉDITO. VALEPEDÁGIO. O valor do valepedágio não integra o valor do frete, portanto, não pode compor a base de cálculo dos créditos das contribuições. COMPENSAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Constatada a inexistência do direito creditório por meio de informações prestadas pelo interessado à época da transmissão da Declaração de Compensação, cabe a este o ônus de comprovar que o crédito pretendido já existia naquela ocasião. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Inconformada a contribuinte, apresentou recurso voluntário no qual repisa os argumentos para o deferimento do pedido de ressarcimento, em menor extensão em relação à manifestação de conformidade, versando quanto: (i) à possibilidade de tomada dos créditos dos bens e serviços utilizados como insumos; (ii) aos créditos nas despesas de armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda e valepedágio; e (iii) ao crédito proveniente dos encargos de depreciação de bens do Ativo Imobilizado. É o relatório. Fl. 547DF CARF MF Processo nº 10940.905579/201101 Acórdão n.º 3201005.016 S3C2T1 Fl. 548 5 Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator O Recurso Voluntário atende aos requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. Consta dos autos que o litígio versa sobre o inconformismo do contribuinte em face do despacho decisório, mantido hígido na decisão a quo, que não concedeu o ressarcimento de saldo credor da Contribuição nãocumulativa, apurado no trimestre em referência e vinculados às receitas de vendas para o mercado externo, em razão de glosa de créditos com bens e serviços não considerados insumos e outros dispêndios. A recorrente é uma agroindustrial que se dedica às atividades de plantio, reflorestamento e industrialização da madeira colhida beneficiandoa com fins à obtenção de produto final (laminados, compensados, aglomerados e plastificados) destinado principalmente à exportação. Dessa forma, consoante às Leis que instituíram a sistemática de apuração não cumulativa para o PIS/Pasep e para a Cofins é permitida à pessoa jurídica que se dedica à atividade industrial a tomada de créditos nas aquisições de bens e serviços considerados insumos na produção e prestação de serviços, e de despesas específicas, a teor do art. 3º das Leis nº 10.637/02 e 10.833/03. Passemos às matérias em litígio. Glosa de créditos com bens e serviços não considerados insumos Conceito de insumos para créditos de PIS e Cofins Este Conselho, incluindo esta Turma, entende que o conceito de insumo é mais elástico que o adotado pela fiscalização e julgadores da DRJ nas suas Instruções Normativas n°s. 247/2002 e 404/2004, mas não alcança a amplitude de dedutibilidade utilizado pela legislação do Imposto de Renda, como requer a recorrente. Isto posto, há de se fixar os contornos jurídicos para delimitar os dispêndios (gastos) que são considerados insumos com direito ao crédito das contribuições sociais, quer no processo produtivo ou na prestação de serviço. Ressalto que este Relator vinha acolhendo e adotando o conceito estabelecido pelo Ministro do STJ Mauro Campbell Marques no voto condutor do REsp nº 1.246.317MG, no qual se firmara o entendimento no tripé de que (i) o bem ou serviço tenha sido adquirido para ser utilizado na prestação do serviço ou na produção, ou para viabilizálos em síntese, tenha pertinência ao processo produtivo; (ii) a produção ou prestação do serviço dependa daquela aquisição a essencialidade ao processo produtivo; e (iii) não se faz necessário o consumo do bem ou a prestação do serviço em contato direto com o produto que exprime a possibilidade de emprego indireto no processo produtivo. Fl. 548DF CARF MF Processo nº 10940.905579/201101 Acórdão n.º 3201005.016 S3C2T1 Fl. 549 6 Recentemente os Ministros do STJ reviram seu posicionamento mantendose a decisão intermediária para concessão do crédito considerandose a essencialidade ou relevância do bem ou serviço no processo produtivo, conforme o REsp nº 1.221.170/PR, julgamento de 22/02/2018, Relatoria do Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, com a ementa: TRIBUTÁRIO. PIS E COFINS. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. NÃOCUMULATIVIDADE. CREDITAMENTO. CONCEITO DE INSUMOS. DEFINIÇÃO ADMINISTRATIVA PELAS INSTRUÇÕES NORMATIVAS 247/2002 E 404/2004, DA SRF, QUE TRADUZ PROPÓSITO RESTRITIVO E DESVIRTUADOR DO SEU ALCANCE LEGAL. DESCABIMENTO. DEFINIÇÃO DO CONCEITO DE INSUMOS À LUZ DOS CRITÉRIOS DA ESSENCIALIDADE OU RELEVÂNCIA. RECURSO ESPECIAL DA CONTRIBUINTE PARCIALMENTE CONHECIDO, E, NESTA EXTENSÃO, PARCIALMENTE PROVIDO, SOB O RITO DO ART. 543C DO CPC/1973 (ARTS. 1.036 E SEGUINTES DO CPC/2015). 1. Para efeito do creditamento relativo às contribuições denominadas PIS e COFINS, a definição restritiva da compreensão de insumo, proposta na IN 247/2002 e na IN 404/2004, ambas da SRF, efetivamente desrespeita o comando contido no art. 3o., II, da Lei 10.637/2002 e da Lei 10.833/2003, que contém rol exemplificativo. 2. O conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios da essencialidade ou relevância, vale dizer, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de determinado item – bem ou serviço – para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte. 3. Recurso Especial representativo da controvérsia parcialmente conhecido e, nesta extensão, parcialmente provido, para determinar o retorno dos autos à instância de origem, a fim de que se aprecie, em cotejo com o objeto social da empresa, a possibilidade de dedução dos créditos [sic] realtivos a custo e despesas com: água, combustíveis e lubrificantes, materiais e exames laboratoriais, materiais de limpeza e equipamentos de proteção individualEPI. 4. Sob o rito do art. 543C do CPC/1973 (arts. 1.036 e seguintes do CPC/2015), assentamse as seguintes teses: (a) é ilegal a disciplina de creditamento prevista nas Instruções Normativas da SRF ns. 247/2002 e 404/2004, porquanto compromete a eficácia do sistema de nãocumulatividade da contribuição ao PIS e da COFINS, tal como definido nas Leis 10.637/2002 e 10.833/2003; e (b) o conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios de essencialidade ou relevância, ou seja, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de terminado item bem ou serviço para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo Contribuinte. Este novo entendimento, que na verdade não conduz à divergência em relação à decisão no REsp indigitado, insere outros fundamentos para a delimitação dos Fl. 549DF CARF MF Processo nº 10940.905579/201101 Acórdão n.º 3201005.016 S3C2T1 Fl. 550 7 elementos que geram crédito assentado na essencialidade ou relevância a ser aferida no cotejo (desses elementos) com o processo produtivo ou a atividade desenvolvida pela empresa. A seguir os excertos do voto vista proferido pela Ministra Regina Helena Costa que acabou por pautar o entendimento exarado no voto condutor do Ministro Relator que considero relevantes para demonstrar o entendimento daquele Tribunal e adotálos neste voto: [...] Nesse cenário, penso seja possível extrair das leis disciplinadoras dessas contribuições o conceito de insumo segundo os critérios da essencialidade ou relevância, vale dizer, considerandose a importância de determinado item – bem ou serviço – para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte, tal como já expressei, no TRF da 3ª Região, no julgamento das Apelações Cíveis em Mandado de Segurança ns. 001235252.2010.4.03.6100/SP e 0005469 26.2009.4.03.6100/SP, respectivamente em 15.12.2011 e 31.05.2012. [...] Marco Aurélio Greco, ao dissertar sobre a questão, pondera: De fato, serão as circunstâncias de cada atividade, de cada empreendimento e, mais, até mesmo de cada produto a ser vendido que determinarão a dimensão temporal dentro da qual reconhecer os bens e serviços utilizados como respectivos insumos [...] O critério a ser aplicado, portanto, apóiase na inerência do bem ou serviço à atividade econômica desenvolvida pelo contribuinte (por decisão sua e/ou por delineamento legal) e o grau de relevância que apresenta para ela. Se o bem adquirido integra o desempenho da atividade, ainda que em fase anterior à obtenção do produto final a ser vendido, e assume a importância de algo necessário à sua existência ou útil para que possua determinada qualidade, então o bem estará sendo utilizado como insumo daquela atividade (de produção, fabricação), pois desde o momento de sua aquisição já se encontra em andamento a atividade econômica que – vista global e unitariamente – desembocará num produto final a ser vendido. (Conceito de insumo à luz da legislação de PIS/COFINS , in Revista Fórum de Direito Tributário RFDT, Belo Horizonte, n. 34, jul./ago. 2008, p. 6) [...] Demarcadas tais premissas, temse que o critério da essencialidade diz com o item do qual dependa, intrínseca e fundamentalmente, o produto ou o serviço, constituindo elemento estrutural e inseparável do processo produtivo ou da execução do serviço, ou, quando menos, a sua falta lhes prive de qualidade, quantidade e/ou suficiência. Fl. 550DF CARF MF Processo nº 10940.905579/201101 Acórdão n.º 3201005.016 S3C2T1 Fl. 551 8 Por sua vez, a relevância, considerada como critério definidor de insumo, é identificável no item cuja finalidade, embora não indispensável à elaboração do próprio produto ou à prestação do serviço, integre o processo de produção, seja pelas singularidades de cada cadeia produtiva (v.g., o papel da água na fabricação de fogos de artifício difere daquele desempenhado na agroindústria), seja por imposição legal (v.g., equipamento de proteção individual EPI), distanciandose, nessa medida, da acepção de pertinência, caracterizada, nos termos propostos, pelo emprego da aquisição na produção ou na execução do serviço.Desse modo, sob essa perspectiva, o critério da relevância revelase mais abrangente do que o da pertinência. [...] Como visto, consoante os critérios da essencialidade e relevância, acolhidos pela jurisprudência desta Corte e adotados pelo CARF, há que se analisar, casuisticamente, se o que se pretende seja considerado insumo é essencial ou de relevância para o processo produtivo ou à atividade desenvolvida pela empresa. Observandose essas premissas, penso que as despesas referentes ao pagamento de despesas com água, combustíveis e lubrificantes, materiais e exames laboratoriais, materiais de limpeza e equipamentos de proteção individual EPI, em princípio, inseremse no conceito de insumo para efeito de creditamento, assim compreendido num sistema de não cumulatividade cuja técnica há de ser a de "base sobre base". Todavia, a aferição da essencialidade ou da relevância daqueles elementos na cadeia produtiva impõe análise casuística, porquanto sensivelmente dependente de instrução probatória, providência essa, como sabido, incompatível com a via especial. Logo, mostrase necessário o retorno dos autos à origem, a fim de que a Corte a quo, observadas as balizas dogmáticas aqui delineadas, aprecie, em cotejo com o objeto social da empresa, a possibilidade de dedução dos créditos relativos a custos e despesas com:água, combustíveis e lubrificantes, materiais e exames laboratoriais, materiais de limpeza e equipamentos de proteção individual EPI. [...] Firmado nos fundamentos assentados, quanto ao alcance do conceito de insumo, segundo o regime da nãocumulatividade do PIS Pasep e da COFINS, entendo que a acepção correta é aquela em que o os bens e serviços cumulativamente atenda aos requisitos de: 1. essencialidade ou relevância, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de determinado item – bem ou serviço – para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte; Fl. 551DF CARF MF Processo nº 10940.905579/201101 Acórdão n.º 3201005.016 S3C2T1 Fl. 552 9 2. aferição casuística da essencialidade ou relevância, por meio do cotejo entre os elementos (bens e serviços) e o processo produtivo ou a atividade desenvolvida pela empresa; Assim, há de se verificar se o recorrente comprova a utilização dos insumos no contexto da atividade fabricação, produção ou prestação de serviço de forma a demonstrar que o gasto incorrido guarda relação de pertinência com o processo produtivo/prestação de serviço, mediante seu emprego, ainda que indireto, de forma que sua subtração implique ao menos redução da qualidade. Passo à análise da possibilidade de apropriação de créditos das contribuições nas despesas com bens e serviços na fase agrícola (plantio e cultivo), em que se inicia o processo industrial da agroindústria, como é o caso da contribuinte. Na linha de raciocínio assentada, depreendese que o processo produtivo considera todo o ciclo de produção e compõe o objeto de uma única pessoa jurídica, sendo indevido interpretálo como etapas distintas que se completam, e o direito ao crédito é concedido àquela em que se pressupõe uma industrialização mais efetiva ou a que resulta no bem final destinado à venda. Não há fundamento para tal, sequer autorização nos textos legais. As leis que regem a não cumulatividade atribuem o direito de crédito em relação ao custo de bens e serviços aplicados na "produção ou fabricação" de bens destinados à venda, inexistindo amparo legal para secção do processo produtivo da sociedade empresária agroindustrial em cultivo de matériaprima para consumo próprio e em industrialização propriamente dita, a fim de expurgar do cálculo do crédito os custos incorridos na fase agrícola da produção. Os custos incorridos com bens e serviços aplicados no reflorestamento e cultivo de madeira guardam estreita relação de emprego, relevância e essencialidade com o processo produtivo em suas variadas formas (aglomerados, compensados e laminados, e outros) e configuram custo de produção, razão pela qual integram a base de cálculo do crédito das contribuições nãocumulativas. Com base nesses fundamentos entendo pela possibilidade da contribuinte apropriarse dos créditos de PIS e Cofins decorrentes das despesas com peças e serviços empregados em caminhões, máquinas e implementos utilizados exclusivamente na etapa agrícola, do plantio à colheita da madeira, aplicados no processo industrial da pessoa jurídica, e atendidos todos os demais requisitos da Lei nº 10.637/2002 e 10.833/2003 pertinentes à matéria e que não incorram nas vedações previstas nos referidos textos. Análise das glosas A fiscalização, por amostragem de apenas alguns exemplares de notas fiscais, glosou créditos apropriados em relação a determinados bens e serviços por entender que são despesas gerais e não se tratam de itens que sofrem alterações, ou são aplicados ou consumidos na fabricação dos produtos da pessoa jurídica. A DRJ corroborou integralmente o procedimento de glosa, validando os argumentos da fiscalização no tocante aos bens e serviços que não os consideram insumos. Fl. 552DF CARF MF Processo nº 10940.905579/201101 Acórdão n.º 3201005.016 S3C2T1 Fl. 553 10 A seguir o resumo que se encontra no despacho decisório (fl. 325) dos itens não considerados insumos: Constatase que, além da análise restringirse a amostras, os bens e serviços agrupados em contas contábeis contêm rubricas de dispêndios associados à máquinas ou equipamentos de etapa do processo produtivo (fase agrícola ou de fabricação), mormente quando se depara com descrições de materiais ou serviços de "manutenção de veículo", "combustíveis e lubrificantes", "material de consumo", "material de embalagem". A recorrente contesta a justificativa da autoridade fiscal com argumentos de que os bens e serviços que tomou crédito são aplicados no processo produtivo e fabril e se encontram perfeitamente enquadrados no conceito de insumos e de custos e despesas autorizados pela legislação do Imposto de Renda. Os julgadores da primeira instância decidiram negar os créditos com os bens e serviços listados fundados no argumento de que suas descrições indicam não se tratarem de insumos empregados no processo produtivo, pois não atendem a exigência de aplicação direita ou consumo na fabricação dos bens destinados à venda. A posição intermediária adotada pela Turma para considerar despesas geradoras do direito creditório como aquelas em que o bem/serviço participa do processo produtivo de forma essencial e necessária exige a demonstração pela interessada. Da análise conjunta da relação dos itens glosados e da síntese das contas contábeis que relacionam os dispêndios, apresentadas pela recorrente em atendimento à intimação fiscal, evidenciamse os itens que segundo as balizas assentadas neste voto são considerados insumos do processo produtivo e de fabricação do produto destinado a venda, ou empregados em veículos, máquinas e equipamentos do processo produtivo e/ou industrial. Fl. 553DF CARF MF Processo nº 10940.905579/201101 Acórdão n.º 3201005.016 S3C2T1 Fl. 554 11 Dessa forma revertemse as glosas de créditos com despesas nos itens a seguir relacionados, atendidos aos demais requisitos da legislação das Contribuições não cumulativas, em especial dos §§ 2º e 3º do art. 3º das Leis nºs. 10.637/2002 e 10.833/2003, com a observação adicional de que, em se tratando de bens/serviços cujos dispêndios são incorporados ao Ativo Imobilizado, os créditos concedidos limitamse ao valor do encargo de depreciação (e não de despesas na aquisição), conforme as regras contábeis, e art. 3º, inciso VII do caput, e inciso III o §1º, das Leis 10.833/2003 e 10.637/2002: 1. Materiais de manutenção de veículos, empregados nas atividades de produção e industrialização; 2. Combustíveis e lubrificantes, utilizados em máquinas, veículos e equipamentos da produção e industrialização; 3. Material utilizado em manutenção de maquinário da produção e fabricação; 4. Material elétrico utilizado em manutenção de maquinário da produção e fabricação; 5. Material de consumo do processo produtivo ou industrial (resina, farinha de trigo industrial, farinha de côco, massa matex acrílica, lixa, tinta); 6. Material de embalagem utilizado para armazenagem ou transporte do produto acabado (embalagens plásticas, fitas de aço, cantoneiras plásticas); 7. Serviços de manutenção de veículo e maquinário da produção e fabricação (despesas com corte de madeira). De outra banda, itens de manutenção não relacionados a veículos, máquinas e equipamentos das etapas de produção e fabricação, por ausência de previsão legal e/ou não essenciais ou relevantes à produção/fabricação, não admitem o crédito de seus dispêndios. As despesas efetuadas com serviços relacionados à manutenção e construções de estradas, edificações e instalações prediais são custos necessários e inerentes ao exercício da atividade do Contribuinte, mas que de acordo com a legislação não permitem o aproveitamento do crédito decorrente destas despesas, mas sim relativas aos encargos com a depreciação do ativo imobilizado, quando comprovados e na forma prevista na legislação. Dessa forma, não há como a empresa creditarse diretamente da contribuição incidente sobre tais gastos, devendo ser observada a legislação vigente quanto às regras atinentes à depreciação. Assim, não se permite crédito com dispêndios de (i) material de uso geral, manutenção de instalações prediais, conservação e limpeza; e (ii) bens e serviços da etapa de reflorestamento/colheita (abertura de estradas com tratores e maquinários específicos, construção de bueiros, pontilhões para acesso dos veículos). Os créditos provenientes de encargos de depreciação de bens do ativo imobilizado foram glosados no tocante àqueles da etapa de plantio, reflorestamento e colheita. Fl. 554DF CARF MF Processo nº 10940.905579/201101 Acórdão n.º 3201005.016 S3C2T1 Fl. 555 12 Revertemse tais glosas, pois que tal etapa inseremse na atividade industrial, assim considerada em seu todo, com assentado alhures. Exceção aos bens não efetivamente utilizados no plantio, reflorestamento e corte (como é o caso, por exemplo, de veículos que não se destinam ao corte e transporte de madeira) e os que não atendam aos demais requisitos da legislação, concernentes às Contribuições e às regras de depreciação. Por fim, em relação ao valepedágio, com razão a decisão recorrida. As despesas com o pagamento de pedágios não são insumos, serviços e nem se configura frete na operação de venda. Tratase de mera retribuição, pelo direito de passagem, mediante taxa ou tarifa (preço público), a uma autarquia ou uma concessionária de bem público. São ainda desprovidas de autorização em dispositivos legais para o creditamento. Conclusão Diante de todo o exposto, voto para DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso voluntário para conceder o crédito das contribuições para o PIS/Cofins, revertendose as glosas efetuadas, atendidas os demais requisitos dos §§ 2º e 3º dos arts. 3º das Leis nºs. 10.637/2002 e 10.833/2003 e legislação pertinente à matéria: 1. Bens e serviços utilizados na manutenção de veículos, máquinas e equipamentos aplicados nas etapas de produção agrícola e de fabricação de derivados de madeira, quando não inseridos no valor contábil do ativo imobilizado; a. Materiais de manutenção de veículos, empregados nas atividades de produção e industrialização; b. Material utilizado em manutenção de maquinário da produção e fabricação; c. Material elétrico utilizado em manutenção de maquinário da produção e fabricação; d. Serviços de manutenção de veículo e maquinário da produção e fabricação (despesas com corte de madeira). 2. Combustíveis e lubrificantes, utilizados em máquinas, veículos e equipamentos da produção e industrialização; 3. Material de consumo do processo produtivo ou industrial (resina, farinha de trigo industrial, farinha de côco, massa matex acrílica, lixa, tinta); 4. Material de embalagem utilizado para armazenagem ou transporte do produto acabado (embalagens plásticas, fitas de aço, cantoneiras plásticas); 5. Encargos de depreciação de veículos, máquinas e equipamentos utilizados nas etapas de produção agrícola e de fabricação de derivados de madeira, conforme regras de contabilização. (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Fl. 555DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10923.720007/2015-88
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 26 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Oct 15 00:00:00 UTC 2019
Ementa: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL
Período de apuração: 25/10/2010 a 25/04/2011
LANÇAMENTO. REALIZAÇÃO EM DUPLICIDADE. CANCELAMENTO.
Cancela-se o lançamento de multa isolada realizado em duplicidade, para a mesma penalidade, por intermédio de outro anteriormente formalizado.
Numero da decisão: 3201-005.790
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso de Ofício.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Leonardo Correia Lima Macedo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Hélcio Lafetá Reis, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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conteudo_txt : Metadados => date: 2019-10-12T14:33:42Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.5; xmp:CreatorTool: Microsoft® Word 2010; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; language: pt-BR; dcterms:created: 2019-10-12T14:33:42Z; Last-Modified: 2019-10-12T14:33:42Z; dcterms:modified: 2019-10-12T14:33:42Z; dc:format: application/pdf; version=1.5; Last-Save-Date: 2019-10-12T14:33:42Z; pdf:docinfo:creator_tool: Microsoft® Word 2010; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2019-10-12T14:33:42Z; meta:save-date: 2019-10-12T14:33:42Z; pdf:encrypted: true; modified: 2019-10-12T14:33:42Z; Content-Type: application/pdf; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; dc:language: pt-BR; meta:creation-date: 2019-10-12T14:33:42Z; created: 2019-10-12T14:33:42Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; Creation-Date: 2019-10-12T14:33:42Z; pdf:charsPerPage: 1824; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; pdf:docinfo:created: 2019-10-12T14:33:42Z | Conteúdo => S3-C 2T1 MINISTÉRIO DA ECONOMIA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10923.720007/2015-88 Recurso nº De Ofício Acórdão nº 3201-005.790 – 3ª Seção de Julgamento / 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 26 de setembro de 2019 Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado FORD MOTOR COMPANY BRASIL LTDA ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 25/10/2010 a 25/04/2011 LANÇAMENTO. REALIZAÇÃO EM DUPLICIDADE. CANCELAMENTO. Cancela-se o lançamento de multa isolada realizado em duplicidade, para a mesma penalidade, por intermédio de outro anteriormente formalizado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso de Ofício. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza - Presidente (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Leonardo Correia Lima Macedo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Hélcio Lafetá Reis, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório Para bem relatar os fatos, transcreve-se o relatório da decisão proferida pela autoridade a quo no Acórdão nº 11-51.269: Trata-se de Impugnações, fls. 68/81 e 112/125 (protocolizadas aos 14/05/2015 e 15/05/2015, respectivamente), de idênticos teores e interpostas contra o Auto de Infração de fls. 54/61, do qual a contribuinte tomou conhecimento aos 17/04/2015 (fls. 63/64), por intermédio qual é exigida multa em razão de “COMPENSAÇÃO INDEVIDA EFETUADA EM DECLARAÇÃO PRESTADA PELO SUJEITO PASSIVO”, no valor total de R$ 19.516.165,66. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 3. 72 00 07 /2 01 5- 88 Fl. 228DF CARF MF Fl. 2 do Acórdão n.º 3201-005.790 - 3ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10923.720007/2015-88 2. Expõe o Termo de Verificação Fiscal – TVF de fls. 51/53 que “O presente procedimento fiscal teve origem nos Pedidos de ressarcimento de IPI, nº 13819- 904.873/2012-62, 13819.904.874/2012-15 e 13819.904.875/2012-51, referentes ao primeiro, segundo e terceiro trimestres de 2010, e pleitearam créditos no montante de R$ 82.857.584,47; R$ 49.310.650,56 e R$ 39.032.331,32 respectivamente. Nos referidos processos foram proferidos os Despachos Decisórios DRF/Camacari n°076091956 de 07/02/2014, nº 074916134 de 13/01/2014 e nº 074916148 de 13/01/2014 respectivamente, os quais não homologaram totalmente as compensações transmitidas à RFB pela não comprovação do crédito pleiteado” e que “A não homologação das compensações acima (Dcomps) enseja o lançamento de multa isolada”. 3. O mencionado TVF, após transcrever o art. 74, §17, da Lei nº 9.430/96, pondera que “A base de cálculo para a aplicação da multa também resta clara na dicção do § 17 do Art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, acima transcrito, qual seja o ‘o valor do débito objeto de declaração de compensação não homologada’. Quanto ao percentual de multa a ser aplicado, será de 50% conforme dispõe o mesmo dispositivo legal”. 4. Comenta que as declarações de compensação transmitidas a partir de 14/06/2010 (data da publicação da Lei 12.249 de 2010) que restarem não homologadas estarão sujeitas ao lançamento de multa isolada. 5. A tabela contida na terceira lauda, do TVF, evidencia que, no presente processo administrativo, a multa isolada se relaciona à não homologação da compensação tratada no processo administrativo nº 13819.904875/2012-5 e que o valor total aqui exigido é de R$ 19.516.165,66. 6. No documento de fl. 62 há o detalhamento, por período autuado (25/10/2010 e 25/04/2011) de quais compensações não homologadas ensejaram a autuação. 7. Nos recursos interpostos, a contribuinte alega, inicialmente, duplicidade da autuação em relação àquela objeto do processo administrativo n° 10580.722358/2015-04. 8. Na sequencia, articula que, como os débitos cujas compensações foram não homologadas estão sendo exigidos com multa de mora ao percentual de 20%, a multa cobrada nos presentes autos estaria sendo cobrada de modo cumulativo sobre a mesma infração, o que não admite o ordenamento jurídico brasileiro. 9. Pondera que, apesar de a multa punitiva, relacionada a certas condutas dolosas do agente, distinguir-se da mora, vinculada à coação por inadimplência, aqui ambas teriam caráter punitivo, pois quando compensado débito no seu prazo recolhimento, há adimplemento a termo e inexiste mora, mas, não homologada a compensação, passar a ser exigida a multa de mora, que deixa de ter caráter de adimplemento e passa ao de penalidade (sanção). 10. Conjectura que, neste contexto, a aplicação da multa de mora decorre da não- homologação da compensação, assim como ocorre em relação à multa isolada, pelo que seria patente a ocorrência de “bis in idem”, o que conduziria à improcedência da autuação. 11. Reproduz ementas de decisões do CARF para amparar suas alegações. 12. Após, articula que a Lei nº 12.249, de 11/06/2010, previu originariamente, ao incluir os §§15 a 17 ao art. 74, da Lei nº 9.430/96, que “Será aplicada multa isolada de 50% (cinquenta por cento) sobre o valor do crédito objeto de pedido de ressarcimento indeferido ou indevido” e que “Aplica-se a multa prevista no § 15, também, sobre o valor do crédito objeto de declaração de compensação não homologada, salvo no caso de falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo” – e, na compreensão da Fl. 229DF CARF MF Fl. 3 do Acórdão n.º 3201-005.790 - 3ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10923.720007/2015-88 recorrente, a intenção do legislador foi a de apenar, especificamente, o pedido de restituição em si, caso ele fosse considerado indevido, e de estender a sanção para as hipóteses de compensação não homologada. 13. Advoga que, como só há compensação se houver reconhecimento de direito a crédito, a legislação ampliou, subsidiariamente, a aplicação da multa para alcançar as DCOMP. 14. Sustenta, assim, que a conduta típica inicialmente prevista como passível de apenação é o pedido de restituição de crédito indevido ou indeferido, sendo que, desde a edição da Medida Provisória nº 656, de 07/10/2014, foi revogado, ao que alega a impugnante em razão de inconstitucionalidade, o §15, do art. 74, da Lei nº 9.430/96, pelo que a multa deixou de ser aplicada aos pedidos de restituição. Critica que, apesar do §17 decorrer, única e expressamente, da previsão do §15 (dada a expressão “também”), aquele parágrafo não fora revogado, mas teve sua redação alterada para retirar a locução. 15. Aduz que da revogação do §15, do art. 74, da Lei nº 9.430/96, decorreria a revogação de todas as penalidades dali decorrentes, não sendo razoável a revogação da penalidade apenas para o pedido de ressarcimento e sua manutenção no tangente ao ‘pedido de compensação” (sic), eis que a intenção do legislador fora, sempre, punir “o pedido indevido”. E adita: o fato típico da conduta punível era o de requerer crédito ao qual não se detinha direito. 16. Diz que, ao ser retirada a expressão “também” do §17, teria sido alterado o tipo penal, que deixou de ser o pedido de reconhecimento de direito creditório e passou a ser a realização, em si, da compensação, desvirtuando-se a intenção do legislador. 17. Reflete que “manter a multa apenas para os casos de Pedidos de Compensação não homologados, nada mais é do que manter a tipicidade, manter o enquadramento legal de um e excluir-lhe para outro, mesmo em se tratando de casos idênticos”. 18. Fala que a compensação é consequencia do pedido de restituição e, se o pedido de reconhecimento a crédito deixou de ser considerado conduta típica, não se pode desvirtuar a tipicidade da multa sem lei específica que considere a compensação conduta punível. 19. Assim, por mais esta razão, reputa improcedente a autuação. 20. Avante, alega que a questionada multa desrespeitaria os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, pois a aplicação indiscriminada de multa de 50% a todo e qualquer compensação não homologada enseja enorme insegurança jurídica aos contribuintes de boa-fé, submetidos à penalidade sempre que a compensação não for acatada, o que, por vias transversas, conduziria à extinção das compensações, pois o contribuinte, receoso da absurda e desproporcional multa, passaria a somente solicitar restituição e, apenas depois de reconhecido seu direito creditório, poderiam efetuar compensação, situação que a impugnante reputa ofensiva aos art. 74, da Lei nº 9.430/96, e ao art. 170, do CTN, 21. Outrossim, ventila violação aos constitucionais direitos de petição, do devido processo legal e do contraditório e da ampla defesa e sustenta que a multa em altercação apenas poderia ser exigida quando comprovada má-fé do sujeito passivo. 22. Ampara suas alegações em precedente do TRF da 4ª Região. 23. Finalizando, a contribuinte requereu, mesmo que mantida a glosa após o julgamento do processo administrativo nº 13819.904875/2012-51, que o lançamento em testilha fosse julgado improcedente. Fl. 230DF CARF MF Fl. 4 do Acórdão n.º 3201-005.790 - 3ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10923.720007/2015-88 A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Recife/PE, por intermédio da 2ª Turma, no Acórdão nº 11-51.269, sessão de 21/10/2015, por unanimidade de votos, julgou procedente a impugnação do contribuinte, com a ementa: ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Período de apuração: 25/10/2010 a 25/04/2011 LANÇAMENTO. REALIZAÇÃO EM DUPLICIDADE. CANCELAMENTO. Cancela-se o lançamento de multa isolada realizado em duplicidade, para a mesma penalidade, por intermédio de outro anteriormente formalizado. Impugnação Procedente Crédito Tributário Exonerado É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator O recurso de ofício atende ao requisito de admissibilidade previsto no art. 1º da Portaria MF nº 63, de 10/02/2017 1 , pois exonerou crédito tributário no montante de R$ 19.516.165,66. Tratam os autos do exigência de multa isolada prevista no § 17 do art. 74, da Lei nº 9.430/1996 em decorrência da não homologação de compensação versada no processo nº 13819.904875/2012-51. Sem reparos na decisão de 1ª Instância. Corretamente, os julgadores a quo acolheram o argumento da contribuinte no tocante à duplicidade de autuação fiscal em relação a um mesmo objeto: o lançamento da multa isolada em decorrência da não homologação de compensação de que trata o processo nº 13819.904875/2012-51, no valor de R$ 19.516.165,66 tanto neste processo nº 10923.720007/2015-88, bem como no de nº 10580.722359/2015-04. E a razão do cancelamento do auto de infração formalizado neste processo nº 10923.720007/2015-88 (e a consequente manutenção do auto de infração no PAF nº 10580.722359/2015-04, lavrado em 31/03/2015) é a sua data de sua lavratura - 14/04/2015, às 12:00 (fl. 54) quando já anteriormente formalizado auto de infração de igual teor. Ou seja, acertadamente, diante de dois autos de infração, de mesmo objeto, cancelou-se o lavrado em data posterior ao do primeiro. 1 Art. 1º O Presidente de Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) recorrerá de ofício sempre que a decisão exonerar sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais). Fl. 231DF CARF MF Fl. 5 do Acórdão n.º 3201-005.790 - 3ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10923.720007/2015-88 Dispositivo Diante do exposto, voto para negar provimento ao Recurso de Ofício que cancelou o lançamento fiscal. (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Fl. 232DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10783.916867/2009-19
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 22 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri Sep 06 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 3201-002.299
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do Recurso em diligência, para que a Unidade Preparadora promova a análise do crédito pleiteado e a manifestação do Fisco, quanto ao erro de preenchimento do Dacon (original) e DCTF (retificada), em face dos elementos acostados ao Recurso Voluntário e de outras provas que entender pertinentes e cabíveis.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Paulo Roberto Duarte Moreira, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Leonardo Correia Lima Macedo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Hélcio Lafetá Reis, Tatiana Josefovicz Belisario e Laercio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do Recurso em diligência, para que a Unidade Preparadora promova a análise do crédito pleiteado e a manifestação do Fisco, quanto ao erro de preenchimento do Dacon (original) e DCTF (retificada), em face dos elementos acostados ao Recurso Voluntário e de outras provas que entender pertinentes e cabíveis. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza - Presidente (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Paulo Roberto Duarte Moreira, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Leonardo Correia Lima Macedo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Hélcio Lafetá Reis, Tatiana Josefovicz Belisario e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório O interessado acima identificado recorre a este Conselho, de decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Ribeirão Preto/SP. Para bem relatar os fatos, transcreve-se o relatório da decisão proferida pela autoridade a quo: Trata o presente processo de Declaração de Compensação de crédito de Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins, referente a pagamento efetuado indevidamente ou ao maior no período de apuração outubro RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 07 83 .9 16 86 7/ 20 09 -1 9 Fl. 119DF CARF MF Fl. 2 da Resolução n.º 3201-002.299 - 3ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10783.916867/2009-19 de 2004, no valor de R$ 65.604,90, transmitido através do PER/Dcomp nº 13593.19726.291107.1.3.04-2025. A DRF/Vitória não homologou a compensação por meio do despacho decisório eletrônico de fl. 5, já que pagamento indicado na Dcomp teria sido integralmente utilizado para quitar débito do contribuinte. Cientificado do despacho em 20/10/2009 (fl. 37), o recorrente apresentou a manifestação de inconformidade de fls. 02/04, em 19/11/2009, para alegar que teria recolhido a maior a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins devida em outubro de 2004. Para se aproveitar de tal saldo de pagamento, teria transmitido o PER/Dcomp nº 13593.19726.291107.1.3.04-2025. O recorrente teria retificado a DCTF, somente após a ciência do despacho decisório, para excluir tal débito, já que o valor correto seria zero. Alegou que o montante devido estaria correto no Dacon. Concluiu para requerer a reforma do despacho decisório e a homologação do PER/Dcomp. É o relatório. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto julgou improcedente a manifestação de inconformidade do contribuinte e não homologou sua compensação. A decisão foi assim ementada: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL - COFINS Data do fato gerador: 31/10/2004 RETIFICAÇÃO DA DCTF. REDUÇÃO DO VALOR DO DÉBITO. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DO ERRO. A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a reduzir tributo, só é admissível mediante a comprovação do erro em que se funde (art. 147, § 1º, do CTN). DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e a existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Inconformada a contribuinte, apresentou recurso voluntário que visa a reforma da decisão recorrida para que lhe seja reconhecido o direito creditório e homologada sua compensação. Repisa o que suscitou em manifestação de inconformidade, ou seja, de que o pagamento indevido restou demonstrado com a apresentação do Dacon original que consignava saldo credor da Contribuição no período e da DCTF que fora retificada para justamente espelhar o Dacon. Fl. 120DF CARF MF Fl. 3 da Resolução n.º 3201-002.299 - 3ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10783.916867/2009-19 Dessa forma, aduz que houve erro material de transcrição dos valores do Dacon para a DCTF, original e ativa na data da transmissão do PER/Dcomp, e que, portanto, deveria prevalecer o Dacon sobre a DCTF original, que fora posteriormente retificada No Recurso Voluntário, alegar apresentar a demonstração detalhada do erro cometido e aduz a certeza do direito, uma vez que independentemente da retificação da DCTF, o saldo credor no Dacon já era suficiente para a quitação do PIS/Cofins que se revelou indevido. Junta no recurso cópias de: extratos de Dacon original e DCTF originais e retificadores, DARF e PERDCOMP. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator Infere-se do despacho decisório que a não homologação da compensação pleiteada decorreu da ausência de crédito para a quitação de débito vincendo/vencido no momento do encontro de contas - o crédito decorrente de pagamento indevido em confronto com o débito confessado em DCTF. Consta no corpo do despacho decisório que o pagamento referente ao DARF indicado foi integralmente utilizado para quitação de débito, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados na PER/DCOMP. A decisão considerou a DCTF originalmente transmitida e não a sua retificadora, transmitida somente após a ciência no despacho decisório. Contudo, conforme aduz a contribuinte, o pagamento que se alega indevido é decorrente não de uma apuração incorreta, mas sim de erro material na transcrição dos saldos das Contribuições apurados no período para a DCTF. Ocorre que os valor do débito da Contribuição informado em Dacon, conquanto original, não corresponde àquele lançado em DCTF (original, não retificada) e não prevalece sobre este (DCTF) pois a Declaração 1 tem efeito jurídico de confissão de dívida e o Demonstrativo 2 apenas de informação. Assim, o encontro de contas (crédito x débitos), no que 1 IN SRF nº 14/2000 Art. 1º. O art. 1º, da Instrução Normativa SRF nº 077, de 24 de julho de 1998, passa a vigorar com a seguinte redação: “Art. 1º. Os saldos a pagar, relativos a tributos e contribuições, constantes da declaração do ITR, quando não quitados nos prazos estabelecidos na legislação, e da DCTF, serão comunicados à Procuradoria da Fazenda Nacional para fins de inscrição como Dívida Ativa da União 2 Solução de Consulta Interna nº 48 DIPJ e DACON. NATUREZA JURÍDICA. A Dipj e o Dacon tem caráter informativo. Estes documentos não estão enumerados como típicos de confissão de dívida, para efeito de inscrição do saldo a pagar em Dívida Ativa, pelos art. 1° da IN SRF n° 77, de 1998 e § 4°, art, 1°, da IN RFB n° 767, de 2007, nem por outro ato normativo. Fl. 121DF CARF MF Fl. 4 da Resolução n.º 3201-002.299 - 3ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10783.916867/2009-19 concerne ao pretenso crédito, foi realizado com base em valores divergentes de débitos de PIS/Cofins consignados no Dacon e a DCTF, originais. A decisão recorrida denegou o pedido sob o fundamento de que a DCTF retificadora não pode ser aceita pois que apresentada no curso de um procedimento fiscal e não fora acompanhada dos documentos comprobatórios. A recorrente alegou, ainda em manifestação de inconformidade, que o pagamento indevido de PIS/Cofins decorreu de erro material no preenchimento da DCTF que não espelhou os saldos credores das Contribuições informados no Dacon original. Também não prevalece o entendimento da DRJ de que a DCTF não poderia ter aceita sua retificação, pois a transmissão de um PER/DCOMP não corresponde a um procedimento fiscal de que trata o art. 11, § 2º, III da IN RFB nº 903/2008. Nota-se que o Parecer Normativo Cosit nº 02/2015 admite a retificação da DCTF após a transmissão de PERD/COMP. Este Colegiado tem flexibilizada o entendimento quanto à exigibilidade de retificação da DCTF para comprovação do direito creditório antes da prolação do despacho decisório, nas situações em que o tratamento do Perdcomp tenha sido apenas eletrônico/automático, desde que haja na instauração do contencioso (manifestação de inconformidade) elementos indiciários que indubitavelmente já apontavam para a provável veracidade da pretensão creditória - é o que se denomina "prova mínima" ou "início de prova". Toma-se como premissa que a singela retificação de DCTF, isoladamente considerada, não ampara o direito à restituição de indébito, e de outra banda, também não pode, por si só, ser obstáculo à sua devolução. In casu, há indício de provas nos argumentos da recorrente, qual seja, o Dacon que se manteve ativo (não retificado) aponta para saldos credores das Contribuições para o PIS e Cofins no período de apuração em que a pessoa jurídica sustenta o pagamento indevido. Não se corrobora a exatidão dos valores do Dacon apresentado, que como já explicitado linhas acima não prevalece sobre o Dacon. Contudo, o fato de haver divergência entre o Dacon, utilizado como instrumento informativo, e a DCTF preenchida com as informações prestadas no Demonstrativo, é no mínimo situação que seria analisada pela autoridade fiscal acaso o PER/DCOMP tivesse sido "baixado" para análise fiscal. O ponto que importa à solução da lide, com arrimo no princípio da verdade material, é se os valores consignados no Dacon original e na DCTF retificadora correspondem com a apuração das Contribuições, com respaldo em documentos fiscais e na contabilidade do contribuinte. Assim, para se fazer prevalecer o princípio da verdade material, proponho a conversão do julgamento em diligência e o retorno dos autos à Unidade de Origem para a análise do crédito pleiteado e manifestação do Fisco, quanto ao erro de preenchimento do Dacon (original) e DCTF (retificada) em face dos elementos do recurso voluntário e outras provas que o Fisco entender pertinentes e cabíveis. Fl. 122DF CARF MF Fl. 5 da Resolução n.º 3201-002.299 - 3ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10783.916867/2009-19 Do resultado da diligência, dê-se ciência à contribuinte, com cópias dos elementos coligidos aos autos, concedendo-lhe o prazo, improrrogável, de 30 (trinta) dias para manifestação, se assim desejar. Cumpridas as providências indicadas, deve o processo retornar ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - CARF para prosseguimento do julgamento. (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Fl. 123DF CARF MF
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Numero do processo: 15165.722670/2015-60
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 24 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed Aug 07 00:00:00 UTC 2019
Ementa: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO
Data do fato gerador: 09/12/2011
MULTA SUBSTITUTIVA DO PERDIMENTO - ART. 23, V, §§ 1º E 3º, DL Nº 1.455/76. MULTA POR CESSÃO DE NOME EM OPERAÇÕES DE COMÉRCIO EXTERIOR - ART. 33, LEI Nº 11.488/2007. TUTELA DE BENS JURÍDICOS DISTINTOS. BIS IN IDEN. INEXISTÊNCIA.
A aplicação da multa de 10% do valor da operação, por cessão do nome, nos termos do art. 33 da Lei nº 11.488/2007, não prejudica a aplicação da multa equivalente ao valor aduaneiro das mercadorias, pela conversão da pena de perdimento dos bens, prevista no art. 23, inciso V, do Decreto-Lei nº 1.455/76. A multa do art. 33 da Lei nº 11.488/2007 substitui a pena não pecuniária de declaração de inaptidão, nos termos do parágrafo único do art.81 da Lei n° 9.430/96, e não a pena de perdimento.
Portanto, caracterizam infrações que tutelam bens jurídicos distintos.
IMPORTAÇÃO. MULTA POR CESSÃO DE NOME. APLICAÇÃO. PESSOAS FÍSICAS. IMPOSSIBILIDADE.
A penalidade prevista no art. 33 da Lei no 11.488/2007, por acobertamento de reais intervenientes ou beneficiários em operações de importação, aplica-se, conforme o próprio texto legal, somente a pessoas jurídicas.
IMPORTAÇÃO. MULTA POR ACOBERTAMENTO DE INTERVENIENTE. MULTA SUBSTITUTIVA DO PERDIMENTO. BIS IN IDEM. INEXISTÊNCIA.
A penalidade prevista no art. 33 da Lei no 11.488/2007, por acobertamento de reais intervenientes ou beneficiários em operações de importação, não prejudica a aplicação da pena de perdimento às mercadorias relativas à operação.
Numero da decisão: 3201-005.524
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento aos Recursos Voluntários apresentados por Gustavo Scabello Milazzo e por Cristiane de Fátima Leal Milazzo, para afastar a sua responsabilização solidária pelo crédito tributário lançado, e negar provimento ao Recurso Voluntário apresentado por GMC TRADE Importação e Exportação de Madeiras Ltda. Declarou-se suspeito o conselheiro Laercio Cruz Uliana Junior, substituído pelo conselheiro Rodolfo Tsuboi (suplente convocado).
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Paulo Roberto Duarte Moreira Tatiana Josefovicz Belisario, Leonardo Correia Lima Macedo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Hélcio Lafetá Reis, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Rodolfo Tsuboi (suplente convocado).
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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MULTA POR CESSÃO DE NOME EM OPERAÇÕES DE COMÉRCIO EXTERIOR - ART. 33, LEI Nº 11.488/2007. TUTELA DE BENS JURÍDICOS DISTINTOS. BIS IN IDEN. INEXISTÊNCIA. A aplicação da multa de 10% do valor da operação, por cessão do nome, nos termos do art. 33 da Lei nº 11.488/2007, não prejudica a aplicação da multa equivalente ao valor aduaneiro das mercadorias, pela conversão da pena de perdimento dos bens, prevista no art. 23, inciso V, do Decreto-Lei nº 1.455/76. A multa do art. 33 da Lei nº 11.488/2007 substitui a pena não pecuniária de declaração de inaptidão, nos termos do parágrafo único do art.81 da Lei n° 9.430/96, e não a pena de perdimento. Portanto, caracterizam infrações que tutelam bens jurídicos distintos. IMPORTAÇÃO. MULTA POR CESSÃO DE NOME. APLICAÇÃO. PESSOAS FÍSICAS. IMPOSSIBILIDADE. A penalidade prevista no art. 33 da Lei no 11.488/2007, por acobertamento de reais intervenientes ou beneficiários em operações de importação, aplica-se, conforme o próprio texto legal, somente a pessoas jurídicas. IMPORTAÇÃO. MULTA POR ACOBERTAMENTO DE INTERVENIENTE. MULTA SUBSTITUTIVA DO PERDIMENTO. BIS IN IDEM. INEXISTÊNCIA. A penalidade prevista no art. 33 da Lei no 11.488/2007, por acobertamento de reais intervenientes ou beneficiários em operações de importação, não prejudica a aplicação da pena de perdimento às mercadorias relativas à operação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento aos Recursos Voluntários apresentados por Gustavo Scabello Milazzo e por Cristiane de Fátima Leal Milazzo, para afastar a sua responsabilização solidária pelo crédito tributário lançado, e negar provimento ao Recurso Voluntário apresentado por GMC TRADE – AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 16 5. 72 26 70 /2 01 5- 60 Fl. 431DF CARF MF Fl. 2 do Acórdão n.º 3201-005.524 - 3ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15165.722670/2015-60 Importação e Exportação de Madeiras Ltda. Declarou-se suspeito o conselheiro Laercio Cruz Uliana Junior, substituído pelo conselheiro Rodolfo Tsuboi (suplente convocado). (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza - Presidente (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Paulo Roberto Duarte Moreira Tatiana Josefovicz Belisario, Leonardo Correia Lima Macedo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Hélcio Lafetá Reis, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Rodolfo Tsuboi (suplente convocado). Relatório Para bem relatar os fatos, transcreve-se o relatório da decisão proferida pela autoridade a quo no Acórdão nº 16-071.545: Trata o presente processo de auto de infração, lavrado em 13/11/2015, em face do contribuinte em epígrafe, formalizando a exigência de multa proporcional ao valor aduaneiro (10% do V.A.), no valor de R$ 18.739,25, em virtude dos fatos a seguir descritos. A fiscalização apurou que a empresa em epígrafe não é a real adquirente das mercadorias importadas e que a mesma operava como interposta pessoa em comércio exterior, praticando assim infração de cessão de nome para a realização de operações de comércio exterior. Face ao que determina o art. 33 da Lei 11.488/07, foi lavrado o presente Auto de Infração para a aplicação de multa proporcional ao valor aduaneiro das mercadorias importadas.. Foram também autuados: · Gustavo Scabello Milazzo; · Cristiane de Fátima Leal Milazzo; O Sr. Gustavo Scabello Milazzo foi cientificado do presente Auto de Infração, via Aviso de Recebimento, em 23/11/2015 (folhas 151). A Sra. Cristiane de Fátima Leal Milazzo foi cientificada do presente Auto de Infração, via Aviso de Recebimento, em 23/11/2015 (folhas 155). A empresa GMC TRADE – IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO DE MADEIRAS LTDA foi cientificada do presente Auto de Infração, via Aviso de Recebimento, em 20/11/2015 (folhas 76). O Sr. Gustavo Scabello Milazzo apresentou impugnação em 18/12/2015, de folhas 161 à 170. O impugnante alegou que: Fl. 432DF CARF MF Fl. 3 do Acórdão n.º 3201-005.524 - 3ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15165.722670/2015-60 A responsabilização do Impugnante neste caso, decorreu única e exclusivamente da sua qualidade de sócio da CGM, não tendo sido ele quem cedeu o seu nome para promover as operações infracionais, tão pouco foi o real destinatário das mercadorias. Ou seja, mesmo a fiscalização imputando à CGM Trade a autoria da conduta de ocultação fraudulenta na operação e o impugnante apenas ser sócio sociedade empresária, este foi responsabilizado solidariamente por supostamente ter se beneficiado indiretamente desse suposto ato infracional, mesmo inexistindo prova neste sentido. Ocorre que o direito brasileiro não comporta a responsabilização por interpretação extensiva, imputada tão somente para abarcar a maior quantidade de sujeitos passivos para o pagamento do débito. Prova disso é que inexistência de demonstração concisa de que houve interesse direto do impugnante na prática da conduta infracional. Para que a responsabilidade possa ser aplicada, é necessário que fique comprovada, além da ocorrência da conduta pressuposto da obrigação, a ocorrência da conduta pressuposto da responsabilização. Ausente demonstração de que houve a conduta que implica na responsabilização, não há falar em responsabilidade solidária. Em se tratando de atos ilícitos, deve haver a consonância entre a prática do ato ilícito e o pressuposto da responsabilização, por exemplo: deixar de emitir notas fiscais é conduta infracional que pode ensejar a responsabilidade dos sócios mediante a demonstração de que tal prática consubstanciou lucro que foi distribuído indevidamente a eles. Veja-se que há consonância entre a hipótese infracional e a hipótese da responsabilidade. No caso vertente, entretanto, não se pode falar que há consonância entre a hipótese da infração e a hipótese de responsabilização. Transcreve o inciso V, do artigo 23 do Decreto Lei n° 1.455/76. Transcreve o artigo 95 do Decreto-Lei n° 37/66. Por outro lado, a hipótese do inciso I também não se aplica ao caso, porquanto somente poderia ser aplicada na hipótese de o impugnante concorrer para a prática da infração através de participação pessoal na operação ou dela se beneficiasse, o que demandaria a prova da participação ou do benefício obtido. No caso em concreto quem unicamente concorreu para a prática da infração foi a CGM e não os seus sócios, visto que não foram eles os intervenientes na operação e sim a empresa adquirente das mercadorias. De outro lado, ainda que se admita que houve benefício no caso em concreto, inexistem provas de que ele tenha sido direcionado aos sócios, aliado ainda a circunstância de que o favorecimento foi verdadeiramente da CLAMOM, que utilizou-se da CGM para promover as importações. Ausentes os requisitos da responsabilidade do art. 95 do Decreto Lei 37/66, é inelutável concluir pela incongruência da responsabilização do impugnante pela conduta que tem por pressuposto a "cessão de nome", o que foi promovido exclusivamente pela CGM e não por seus sócios. ⊙ DA INAPLICABILIDADE DA RESPONSABILIDADE. AUSÊNCIA DE INTERESSE COMUM. AUSÊNCIA DE LEI COMPLEMENTAR. No caso em voga, a autoridade fiscal imputou ao Recorrente à responsabilidade com lastro no art. 95,I e V do Decreto-Lei 37/66, recepcionado pela Constituição Federal de 1988, com caráter de Lei Ordinária. Fl. 433DF CARF MF Fl. 4 do Acórdão n.º 3201-005.524 - 3ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15165.722670/2015-60 Diante desse cenário impende a analisar se o dispositivo alocado no Decreto-Lei 37/66 é formalmente competente para lidar com a matéria relativa à sujeição passiva. E a resposta é que, sob a égide da Constituição Federal de 1988, não pode o citado dispositivo eleger a responsabilidade. A eleição do referido dispositivo pela autoridade fiscal foi equivocada, porquanto a Lei Complementar que cumpre o desiderato de eleger os sujeitos passivos tributários é a Lei 5.172/64, o Código Tributário Nacional, esse sim, recepcionado com status de Lei Complementar. Somente nessa hipótese é que poderia a autoridade administrativa ter imputado a responsabilidade solidária aos sócios da pessoa jurídica. Tal imputação, entretanto, ainda demandaria a demonstração de interesse comum na situação que constitua o antecedente da norma que prevê penalidade, ou seja, seria imprescindível demonstrar que no seio do fato que ensejou a prática da infração, houve comunhão de interesses dos sócios e da empresa não bastando a mera informação de que houve interesse econômico. ⊙ INEXISTÊNCIA DE CONDUTA CONTRIBUTIVA PARA A PRÁTICA DA INFRAÇÃO. Se persistir o entendimento de que o dispositivo eleito pela fiscalização para imputar a responsabilidade ao impugnante é constitucional, a medida fiscal não prosperará, também, simplesmente e pela não ocorrência no plano fático da hipótese de incidência do dispositivo que regulamenta a responsabilidade solidária. A hipótese de incidência da responsabilização é aquela contida no art. 95,1, do Decreto Lei 37/66, que consiste basicamente na participação do agente na prática que incorreu no ilícito, se a pela sua atuação propriamente dita ou pelo recebimento de benefícios dela provenientes. Neste sentido, para que a atribuição de responsabilidade seja legitima e legal, há que se demonstrar no que consistiu a contribuição, a participação, ou benefício do agente na referida conduta. Com efeito, a fiscalização não logrou trazer aos autos qualquer prova que evidencie uma conduta do Impugnante para a prática do ilícito, ou seja, não há demonstração de que houve, no caso concreto, o agir do impugnante nos moldes hipotéticos previstos na norma insculpida no art. 95,1 do Decreto-Lei 37/66. Muito ao avesso, o que há nos autos são provas, de que as operações foram entabuladas única a exclusivamente entre a CGM e a CLAMOM, não havendo nada mais por parte da fiscalização, demonstrando que houve participação direta e pessoal do impugnante na prática da infração. ⊙ DOS PEDIDOS Diante do que foi exposto, respeitosamente requer-se: a) Seja afastada a responsabilização do Impugnante pela ausência de comprovação de participação da conduta infracional ou prova de que houve benefício em seu favor, distanciando se assim da hipótese de incidência do art. 95,1 e V do Decreto-Lei 37/66; b) Seja também afastada a responsabilidade por inconstitucionalidade, tendo em vista que a matéria atinente a responsabilidade solidária somente pode ser regulada por Lei Complementar, consoante disposto no art. 143, III, "a" da Constituição Federal, sendo portanto o art. 95, I e V do Decreto- Lei 37/66 instrumento inválido de responsabilização; Fl. 434DF CARF MF Fl. 5 do Acórdão n.º 3201-005.524 - 3ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15165.722670/2015-60 c) Requer ainda que os presentes autos sejam julgados em conjunto com aqueles apresentados pelo PAF nº 15165.722670/2015-60, eis que possuem idêntico substrato fático. A Sra. Cristiane de Fátima Leal Milazzo apresentou impugnação em 18/12/2015, de folhas 205 à 214. Foram apresentadas as mesmas alegações. A empresa GMC TRADE – IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO DE MADEIRAS LTDA apresentou impugnação em 1912/2015, de folhas 235 à 244. Foram apresentadas alegações no sentido de que a infração por "cessão de nome" substituiu a pena de perdimento na infração de ocultação do sujeito passivo e a ocorrência de bis in idem, em função da aplicação de duas penalidades sobre o mesmo fato. Foram desconhecidas as demais impugnações apresentadas, já que seus autores não ocupam o pólo passivo da presente autuação. É o Relatório. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo por intermédio da 23ª Turma, no Acórdão nº 16-071.545, sessão de 31/03/2016, julgou improcedente a impugnação, mantendo o lançamento fiscal constituído em auto de infração . A decisão foi assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO - II Data do fato gerador: 09/12/2011 A infração por "cessão de nome" é um sucedâneo da prática efetiva de interposição fraudulenta de terceiros. Cessão de nome. Ocultação do verdadeiro interessado nas importações, mediante o uso de interposta pessoa. A conduta tipificada do importador de direito (INTERPOSTO) é de “ceder o nome” agindo em descompasso em relação à higidez do Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido No voto o julgador entendeu que os pontos controvertidos no litígio eram: - A prática da infração por "cessão de nome"; - A ausência de interesse comum entre a empresa GMC TRADE e a empresa CLAMON; - A responsabilidade dos Sócios; - A necessidade de Lei Complementar para a responsabilização dos sócios; - A inexistência de conduta contributiva para a prática da infração; Fl. 435DF CARF MF Fl. 6 do Acórdão n.º 3201-005.524 - 3ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15165.722670/2015-60 - A substituição da pena de perdimento pela infração por "cessão de nome". - A ocorrência de bis in idem Dessa forma, a decisão, repisando o que restou assentado no processo de aplicação da multa substitutiva do perdimento (PAF nº 15165.722669/2015-35) enfrentou cada uma das matérias e ao final conclui que a GCM TRADE agiu como interposta importadora ocultando a CLAMOM, caracterizada como a real adquirente das mercadorias estrangeiras, emprestando-lhe nome, documentos e sua habilitação perante o Siscomex para operar no comércio exterior, fatos que subsumem-se à infração tipificada no art. 33 da Lei nº 11.488/2007, que manteve a atuação fiscal em relação à GCM TRADE e seus sócios. As empresas GMC TRADE – Importação e Exportação de Madeiras Ltda e CLAMON Ind. de Móveis Ltda, e as pessoas físicas Gustavo Scabello Milazzo e Cristiane de Fátima Leal Milazzo, Izabel Fortunato e João Mario Fortunato, apresentaram seus recursos individualizados. GCM TRADE: - Erro de sujeição passiva: pena de perdimento deve ter como sujeito passivo o adquirente e não o importador - Existência de "bis in idem": a impossibilidade de dupla penalidade ao sujeito passivo por um único fato (multa substitutiva do perdimento x multa por cessão de nome). CLAMOM: - Inaplicabilidade da responsabilidade em razão da ausência de interesse comum e a sua incompatibilidade com as normas do CTN. Gustavo Scabello Milazzo, João Mario Fortunato, Cristiane de Fátima Leal Milazzo e Izabel Fortunato suscitaram as mesmas matérias: - Impossibilidade de responsabilização dos sócios pela infração de cessão do nome; - Inaplicabilidade da responsabilidade por ausência de interesse comum e de lei complementar; - Inexistência de conduta contributiva para prática da infração; Pedidos: i) Seja afastada a responsabilização dos Recorrentes pela ausência de comprovação de participação na conduta infracional ou prova de que houve benefício em seu favor, distanciando-se assim da hipótese de incidência do art. 95,I e V do Decreto-Lei 37/66 (requerido apenas por Gustavo Scabello Milazzo e João Mario Fortunato - sócios administradores); Fl. 436DF CARF MF Fl. 7 do Acórdão n.º 3201-005.524 - 3ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15165.722670/2015-60 ii) Seja afastada a responsabilização das Recorrentes, tendo em vista que não tinham poderes de gestão da sociedade, fato comprovado pela higidez do contrato social apresentado a fiscalização (requerido apenas por Cristiane de Fátima Leal Milazzo e Izabel Fortunato); ii) Seja também afastada a responsabilidade por inconstitucionalidade, tendo em vista que a matéria atinente a responsabilidade solidária somente pode ser regulada por Lei Complementar, consoante disposto no art. 143, III, "a" da Constituição Federal, sendo portanto o art. 95, I e V do Decreto-Lei 37/66 instrumento inválido de responsabilização; c) Requer ainda que os presentes autos sejam julgados em conjunto com aqueles apresentados pelo PAF 15165.722669/2015-35, eis que possuem idêntico substrato fático. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator Os solidários CLAMON Ind. de Móveis Ltda, e seus sócios Izabel Fortunato e João Mario Fortunato (administrador) não foram autuados; assim, seus recursos não serão conhecidos por falta de interesse processual. Os recursos voluntários da GCM TRADE e seus sócios são tempestivos e atendem aos requisitos de admissibilidade, razão pela qual deles tomo conhecimento. 1. Recurso Voluntário da GCM TRADE A GCM TRADE desenvolveu dois tópicos em seus recurso: "III DO ERRO DE SUJEIÇÃO PASSIVA: PENA DE PERDIMENTO DEVE TER COMO SUJEITO PASSIVO O ADQUIRENTE E NÃO O IMPORTADOR" e "DA EXISTÊNCIA DE "BIS IN IDEM": IMPOSSIBILIDADE DE PREVALÊNCIA DE DUPLA PENALIDADE, A UM SUJEITO, POR ÚNICO FATO" No primeiro, discute-se sua eleição no polo passivo da autuação relacionada à pena de perdimento e sua substituição pela multa equivalente a 100% do valor aduaneiro da mercadoria importada prevista no art. 23, V e §§ 1º e 3º do DL nº 1.455/76. Entende que a referida multa substitutiva seria aplicável tão somente ao real adquirente - CLAMON. A matéria é estranha ao presente processo que trata exclusivamente da aplicação da multa de 10% do valor da operação no caso em que a pessoa jurídica acoberta outra mediante a cessão de nome e documentos para a realização de importação. Dessa forma, não se conhece do primeiro tópico versado no recurso voluntário da GCM TRADE. Fl. 437DF CARF MF Fl. 8 do Acórdão n.º 3201-005.524 - 3ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15165.722670/2015-60 Na segunda matéria recursal, a GCM TRADE não contesta a aplicação da multa de 10%, pois entende que acobertou a CLAMON nas operações tratadas pelo Fisco. Apenas sustenta que a multa substitutiva do perdimento deveria ser aplicada à CLAMOM e conforma-se com a imposição contra si da multa de 10% por cessão de nome. Os excertos do recurso a seguir transcritos demonstram a GCM TRADE reconhecendo o acerto do procedimento fiscal em caracterizar a ocultação fraudulenta da CLAMOM, mediante o acobertamento das operações de importações que realizou como se fosse em seu nome e ordem: 3. Com efeito, ao longo da fiscalização restou comprovado que a Recorrente teria oculta a participação de terceira empresa (CLAMOM INDÚSTRIA DE MÓVEIS LTDA.) a qual teria figurado como real adquirente das mercadorias importadas sob as Dl's nº 11/2331930-0 e 11/2157253-6. 4. Munida da movimentação bancária e contábil, no bojo da qual se caracterizou a antecipação de recursos necessários ao suporte financeiro da operação, aliado a outras circunstâncias indiciária tais como a etiquetagem das embalagens de transporte, os documentos de embarque das mercadorias etc, a fiscalização logrou constituir um quadro de interposição fraudulenta, por ocultação do real adquirente, nas operações em epígrafe. 5. Quadro fático este que permite concluir que a presente autuação não se deu por presunção (...) mas por extenso cabedal probatório que permitiu à fiscalização identificar perfeitamente todos os atuantes do negócio. . 6. Com efeito, restou perfeitamente caracterizado, no Termo de Verificação Fiscal, a participação da GCM como TRADING (pessoa que se apresenta como importador da mercadoria) e da CLAMOM como REAL ADQUIRENTE (pessoa para quem a estava destinada). 7. Tal cenário foi perfeitamente identificado pela fiscalização, a qual, foi enfática ao tecer a conclusão do Termo de Verificação Fiscal (...). (...) 8. Resta evidenciado, portanto, o pleno domínio dos fatos por parte da fiscalização, a qual, por prova direta, foi capaz de perfeitamente qualificar a participação de cada uma das partes na operação. (...) 19. Portanto, com a superveniência do artigo 33 da Lei 11.488/2007 o legislador, buscando sopesar a aplicação das penalidades aduaneiras em razão da gravidade dos atos praticados, determinou que àquele que cede o nome para terceiros realizarem importações, estaria sujeito à multa de 10% do valor da operação desencadeada, enquanto que ao real adquirente/encomendante, a penalidade aplicável é a pena de perdimento. 20. Referido dispositivo narra, textualmente a hipótese de "a pessoa jurídica que ceder seu nome, inclusive mediante a disponibilização de documentos próprios, para a realização de operações de comércio exterior de terceiros com vistas no acobertamento de seus reais intervenientes", o que,equivale em tudo e por tudo à atuação da CGM (sujeito passivo eleito em ambos os autos de infração) nas operações autuadas. (...) Fl. 438DF CARF MF Fl. 9 do Acórdão n.º 3201-005.524 - 3ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15165.722670/2015-60 24. Do exposto, a multa do artigo 33 da Lei nº 11.488/2007 é aplicável ao importador [que] fez a cessão de seu nome para terceiros com o intuito de acobertar o real adquirente da mercadoria importada. Ou seja, a multa de 10% está adequadamente aplicada, eis que alveja a GCM (...) 26. Assim, segundo as regras jurídicas trazidas à tona, o sujeito passivo da pena de perdimento deveria ter sido as CLAMOM e não a GCM como pretendeu a medida fiscal. (...) 34. É bem verdade que ambas as penalidades podem coexistir. Porém com sujeitos distintos. A pena de perdimento aplica-se ao adquirente/encomendante e a multa de 10% deve ser imposta em face do importador (aquele que cede o nome para encabeçar a operação). Ou seja, embora sejam penalidades aplicáveis a sujeitos diferentes, no caso foram inegavelmente atribuídas a um só sujeito: CGM. Por fim, crucial examinar o pedido no qual não requer a exclusão da multa de 10% por cessão de nome, mas apenas que se afaste a multa equivalente ao perdimento: Destarte, o ponto em litígio é aplicação da multa prevista no art. 33 da Lei nº 11.488/2007 cumulada com a do art. 23, V, §§ 1º e 3º do DL nº 1.455/76. A matéria foi enfrentada no processo nº 15165.722669/2015-35 e aponto para os fundamentos daquele voto. A GCM TRADE sustenta a impossibilidade de dupla penalidade ao sujeito passivo por um único fato: a multa substitutiva do perdimento, prevista no art. 23, V, §§ 1º e 3º do DL nº 1.455/76, cumulada com a multa de 10% por cessão de nome, prevista no art. 33 da Lei nº 11.488/2007, formalizada no processo nº 15165.722670/2015-60. Afirma que a manutenção das multas implica a existência de "bis in idem", pois que a mesma conduta foi fundamento para dois lançamentos. Não merece prosperar o entendimento da recorrente GCM TRADE. Os fundamentos legais das multas em apreço são distintos, pois tutelam bens jurídicos diversos. Cumpre transcrever os dispositivos legais que tratam das multas: Decreto-Lei nº 1.455/1976: Fl. 439DF CARF MF Fl. 10 do Acórdão n.º 3201-005.524 - 3ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15165.722670/2015-60 Art 23. Consideram-se dano ao Erário as infrações relativas às mercadorias: (...) V - estrangeiras ou nacionais, na importação ou na exportação, na hipótese de ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) § 1o O dano ao erário decorrente das infrações previstas no caput deste artigo será punido com a pena de perdimento das mercadorias. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) [...] § 3o As infrações previstas no caput serão punidas com multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria, na importação, ou ao preço constante da respectiva nota fiscal ou documento equivalente, na exportação, quando a mercadoria não for localizada, ou tiver sido consumida ou revendida, observados o rito e as competências estabelecidos no Decreto no 70.235, de 6 de março de 1972. (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010) Lei nº 11.488/2007: Art. 33. A pessoa jurídica que ceder seu nome, inclusive mediante a disponibilização de documentos próprios, para a realização de operações de comércio exterior de terceiros com vistas no acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários fica sujeita a multa de 10% (dez por cento) do valor da operação acobertada, não podendo ser inferior a R$ 5.000,00 (cinco mil reais). Verifica-se que a multa substitutiva do perdimento tutela o Erário, mais especificamente o controle aduaneiro em suas múltiplas faces (proteção da fronteira, combate ao crime organizado e à lavagem de dinheiro, a ordem e segurança nacional, dentre outro). De outra banda, o histórico legislativo demonstra que a multa para o "empresta nome" na operação de comércio exterior, que outrora implicava a inaptidão do CNPJ, passou a contemplar uma multa de 10% sobre o valor das importações, nunca inferior a R$ 5.000,00, assim tal multa tutela a higidez do Cadastro dos Contribuintes perante a Receita Federal - o CNPJ. Fulmina qualquer pretensão da GCM TRADE a introdução da regra do art. 33 da Lei nº 11.488/2007 no § 3º, do art. 727 do Decreto nº 6.759/2009 - RA/2009-, que se aplica à hipótese de conversão do perdimento em multa, nas situações de consumo/não localização da mercadoria importada: Art. 727. Aplica-se a multa de dez por cento do valor da operação à pessoa jurídica que ceder seu nome, inclusive mediante a disponibilização de documentos próprios, para a realização de operações de comércio exterior de terceiros com vistas ao acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários (Lei nº 11.488, de 2007, art. 33, caput). [...] § 3o A multa de que trata este artigo não prejudica a aplicação da pena de perdimento às mercadorias importadas ou exportadas. Esse entendimento tem sido reiteradamente assentado nas decisões da CSRF: Fl. 440DF CARF MF Fl. 11 do Acórdão n.º 3201-005.524 - 3ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15165.722670/2015-60 Acórdão nº 9303-006.509, de 14/03/2018, voto vencedor do Cons. Andrada Marcio Canuto Natal: DANO AO ERÁRIO. INFRAÇÃO. PENA DE PERDIMENTO. CONVERSÃO EM MULTA. VALOR DA MERCADORIA. LEI 10.637/02. CESSÃO DE NOME. INFRAÇÃO. MULTA. DEZ POR CENTO DO VALOR DA OPERAÇÃO. LEI 11.488/07. RETROATIVIDADE BENIGNA. IMPOSSIBILIDADE. Na hipótese de aplicação da multa de dez por cento do valor da operação, pela cessão do nome, nos termo do art. 33 da Lei nº 11.488/2007, não será declarada a inaptidão da pessoa jurídica prevista no art. 81 da Lei 9.430/96. A imposição da multa não prejudica a aplicação da multa equivalente ao valor aduaneiro das mercadorias, pela conversão da pena de perdimento dos bens, prevista no art. 23, inciso V, do Decreto-Lei nº 1.455/76. Acórdão nº 9303-007.693, de 21/11/2018, relator Cons. Demes Brito: CESSÃO DE NOME. INFRAÇÃO. MULTA. DEZ POR CENTO DO VALOR DA OPERAÇÃO. ART. 33 DA LEI 11.488/07. RETROATIVIDADE BENIGNA. IMPOSSIBILIDADE. A aplicação da multa de 10% do valor da operação, por cessão do nome, nos termos do art. 33 da Lei nº 11.488/2007, não prejudica a aplicação da multa equivalente ao valor aduaneiro das mercadorias, pela conversão da pena de perdimento dos bens, prevista no art. 23, inciso V, do Decreto-Lei nº 1.455/76. A multa do art. 33 da Lei nº 11.488/2007 substitui a pena não pecuniária de declaração de inaptidão, nos termos do parágrafo único do art.81 da Lei n° 9.430/96, e não a pena de perdimento. Acórdão nº 9303-007.706, de 22/11/2018, relator Cons. Luiz Eduardo de Oliveira Santos: CUMULATIVIDADE DA MULTA DO ART. 33 DA LEI Nº 11.488/07 E DO PERDIMENTO DA MERCADORIA. RETROATIVIDADE BENIGNA DA LEI Nº 11.488/2007. IMPOSSIBILIDADE A multa do art. 33 da Lei n.º 11.488/07 veio para substituir a pena de inaptidão do CNPJ da pessoa jurídica, quando houver cessão de nome para a realização de operações de comércio exterior de terceiros com vistas no acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários, e não prejudica a incidência da hipótese de dano ao erário, por ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, prevista no art. 23, V, do Decreto-Lei n.º 1.455/76, apenada com perdimento da mercadoria. Desta maneira, descartada hipótese de aplicação da retroação benigna prevista no artigo 106, II, “c”, do Código Tributário Nacional por se tratarem de penalidades distintas. Contudo há de ser analisada mais detidamente a possibilidade de aplicação de ambas as multas à pessoa do importador ostensivo. E a resposta é afirmativa, com a interpretação do dispositivo legal contido no art. 95 do Decreto-Lei nº 67/66 que trata da responsabilização por infrações aduaneiras: Art.95 Respondem pela infração: I conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para sua prática, ou dela se beneficie; Uma vez comprovada a ocultação (acobertamento) em uma operação de importação, aplica-se a pena de perdimento à mercadoria (ou a multa que a substitui), com Fl. 441DF CARF MF Fl. 12 do Acórdão n.º 3201-005.524 - 3ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15165.722670/2015-60 fundamento no art. 23, V do Decreto-Lei no 1.455/1976 (e em seu § 3o). A penalidade de perdimento afeta materialmente tanto o acobertado como também o acobertante, de forma conjunta ou isolada, pois é o que estabelece o art. 95 do Decreto-Lei no 37/1966. Dessa forma, legítima a autuação em que atribui a condição de contribuinte ou de responsável tributário pelo crédito tributário lançado ao importador ostensivo que tenha ocultado o real adquirente. O entendimento é corroborado pela Solução de Consulta Interna Cosit nº 9, de 22/04/2014: ASSUNTO: IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO – II EMENTA: Qualificação dos sujeitos passivos na importação realizada com interposição fraudulenta de terceiros. Na importação realizada com interposição fraudulenta de terceiro, em que for identificado o real adquirente da mercadoria, tanto o importador oculto como o ostensivo podem ser qualificados como contribuintes dos tributos e penalidades incidentes na operação, exceto em relação à multa por cessão do nome, que é específica da interposta pessoa. Eventual erro na qualificação dos sujeitos passivos solidários não implica a nulidade do lançamento, salvo se ficar demonstrada a ocorrência de prejuízo para as partes. No tocante à infração capitulada no art. 33 da Lei nº 11.488/2007, a multa por acobertamento ali prevista afeta somente o acobertante, em razão da conduta de acobertar o verdadeiro adquirente da mercadoria importada. O texto do caput do art. 33 apresenta tipo infracional especifico, com uma conduta precisa (ceder o nome) e destinatário certo (pessoa jurídica), do que se conclui que não pode ser praticada por terceiros. 2. Recurso voluntário de Gustavo Scabello Milazzo e de Cristiane de Fátima Leal Milazzo A interpretação acima soluciona a questão da responsabilidade dos sócios pessoas físicas da GCM TRADE arguidas em seus recursos. Ora, se a infração comporta como destinatário certo da conduta a pessoa jurídica, resta excluído do polo passivo da atuação as pessoas físicas, por absoluta carência de fundamentação legal para a imposição da penalidade. Outrossim, a SCI Cosit nº 9/2014, acima transcrita, é expressa em determinar que a atuação em relação à multa por cessão de nome é específica da interposta pessoa, que não é física, mas jurídica. Dessa forma, afasto a responsabilização dos dos sócios pela infração de cessão do nome e perde objeto o enfrentamento das demais matérias suscitadas pelos recorrentes pessoas físicas (a inaplicabilidade da responsabilidade por ausência de interesse comum e de lei complementar e a inexistência de conduta contributiva para prática da infração). Fl. 442DF CARF MF Fl. 13 do Acórdão n.º 3201-005.524 - 3ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 15165.722670/2015-60 Dispositivo Diante do exposto, voto para dar provimento aos Recursos de Gustavo Scabello Milazzo e de Cristiane de Fátima Leal Milazzo para excluir a responsabilidade solidária de ambos, na aplicação da multa por cessão de nome, e negar provimento ao recurso de GMC TRADE – Importação e Exportação de Madeiras Ltda. (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Fl. 443DF CARF MF
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