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Numero do processo: 19311.720015/2012-54
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu May 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Jul 10 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2007,2008
AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE.
Não há que se cogitar de nulidade quando o auto de infração preenche os requisitos legais, o processo administrativo proporciona plenas condições à interessada de contestar o lançamento e inexiste qualquer indício de violação às determinações contidas no art. 142 do CTN ou nos artigos 10 e 59 do Decreto 70.235, de 1972.
SÓCIOS-ADMINISTRADORES. RESPONSABILIDADE PESSOAL. ATOS PRATICADOS. INFRAÇÃO Á LEI. ART. 135, III DO CTN.
São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poder ou infração de lei, contrato social ou estatutos, dentre outros, os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado (CTN, artigo 135, inciso III).
In casu, comprovado atos de extinção não regular da pessoa jurídica e de evidente infrações às leis tributárias.
Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Ano-calendário: 2007,2008
IPI. NOTAS FISCAIS. SAÍDAS SEM DESTAQUE DO IMPOSTO. VENDAS COM SUSPENSÃO. LEI Nº 10.637/2002.
As saídas de mercadorias de estabelecimento industrial ou equiparado devem ser tributadas pelo IPI, exceto quando amparadas por situação excludente da incidência, exceção que não restou comprovada.
As declarações dos adquirentes de que atendem a todos os requisitos estabelecidos pela Lei nº 10.637/2002 à empresa vendedora é exigência para a as saídas com suspensão do IPI. Não cumprida esta exigência, os produtos devem sair com o destaque do imposto.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3201-002.864
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos negar provimento ao recurso voluntário. Votou pelas conclusões o Conselheiro Pedro Rinaldi de Oliveira Lima. Ficou de apresentar declaração de voto o Conselheiro Pedro Rinaldi de Oliveira Lima]
Winderley Morais Pereira - Presidente Substituto.
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira, Mércia Helena Trajano DAmorim, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, José Luiz Feistauer de Oliveira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade..
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2007,2008 AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. Não há que se cogitar de nulidade quando o auto de infração preenche os requisitos legais, o processo administrativo proporciona plenas condições à interessada de contestar o lançamento e inexiste qualquer indício de violação às determinações contidas no art. 142 do CTN ou nos artigos 10 e 59 do Decreto 70.235, de 1972. SÓCIOS-ADMINISTRADORES. RESPONSABILIDADE PESSOAL. ATOS PRATICADOS. INFRAÇÃO Á LEI. ART. 135, III DO CTN. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poder ou infração de lei, contrato social ou estatutos, dentre outros, os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado (CTN, artigo 135, inciso III). In casu, comprovado atos de extinção não regular da pessoa jurídica e de evidente infrações às leis tributárias. Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Ano-calendário: 2007,2008 IPI. NOTAS FISCAIS. SAÍDAS SEM DESTAQUE DO IMPOSTO. VENDAS COM SUSPENSÃO. LEI Nº 10.637/2002. As saídas de mercadorias de estabelecimento industrial ou equiparado devem ser tributadas pelo IPI, exceto quando amparadas por situação excludente da incidência, exceção que não restou comprovada. As declarações dos adquirentes de que atendem a todos os requisitos estabelecidos pela Lei nº 10.637/2002 à empresa vendedora é exigência para a as saídas com suspensão do IPI. Não cumprida esta exigência, os produtos devem sair com o destaque do imposto. Recurso Voluntário Negado
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NULIDADE. Não há que se cogitar de nulidade quando o auto de infração preenche os requisitos legais, o processo administrativo proporciona plenas condições à interessada de contestar o lançamento e inexiste qualquer indício de violação às determinações contidas no art. 142 do CTN ou nos artigos 10 e 59 do Decreto 70.235, de 1972. SÓCIOSADMINISTRADORES. RESPONSABILIDADE PESSOAL. ATOS PRATICADOS. INFRAÇÃO Á LEI. ART. 135, III DO CTN. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poder ou infração de lei, contrato social ou estatutos, dentre outros, os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado (CTN, artigo 135, inciso III). In casu, comprovado atos de extinção não regular da pessoa jurídica e de evidente infrações às leis tributárias. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Anocalendário: 2007,2008 IPI. NOTAS FISCAIS. SAÍDAS SEM DESTAQUE DO IMPOSTO. VENDAS COM SUSPENSÃO. LEI Nº 10.637/2002. As saídas de mercadorias de estabelecimento industrial ou equiparado devem ser tributadas pelo IPI, exceto quando amparadas por situação excludente da incidência, exceção que não restou comprovada. As declarações dos adquirentes de que atendem a todos os requisitos estabelecidos pela Lei nº 10.637/2002 à empresa vendedora é exigência para AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 31 1. 72 00 15 /2 01 2- 54 Fl. 267DF CARF MF Processo nº 19311.720015/201254 Acórdão n.º 3201002.864 S3C2T1 Fl. 3 2 a as saídas com suspensão do IPI. Não cumprida esta exigência, os produtos devem sair com o destaque do imposto. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos negar provimento ao recurso voluntário. Votou pelas conclusões o Conselheiro Pedro Rinaldi de Oliveira Lima. Ficou de apresentar declaração de voto o Conselheiro Pedro Rinaldi de Oliveira Lima] Winderley Morais Pereira Presidente Substituto. Paulo Roberto Duarte Moreira Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira, Mércia Helena Trajano DAmorim, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, José Luiz Feistauer de Oliveira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade.. Relatório Tratase o presente processo de auto de infração, relativo a infrações ao Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, referentes aos anos de 2007 e 2008, no valor total de R$ R$ 69.137.036,18, incluídos multa e juros de mora. Impugnada a exigência a DRJ em Ribeirão Preto/SP proferiu o acórdão 14 37.949, em 14/06/2012, decidindo pela improcedência da impugnação. Submetida a julgamento nesta 1ª Turma, da 2ª Câmara, em 21/06/2016, decidiuse pela Conversão em Diligência, Resolução nº 3201000.697, com as razões que constam do voto que transcrevo: Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Relator. Conforme se verifica do seu campo “Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal”, o lançamento constitui crédito tributário decorrente do IPI em face do cometimento de duas infrações: a primeira é mero reflexo do IRPJ (créditos em conta corrente bancária sem origem comprovada); a segunda é própria da legislação do IPI e com aquela não se relaciona. A atual redação conferida pela Portaria MF nº 152, de 2016, ao art. 2º, inciso IV, do Anexo II do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria nº 343, de 9 de junho de 2015, atribuiu à Primeira Seção a competência para o julgamento dos litígios envolvendo o IPI quando reflexo do IRPJ. Já o art. 4º, inciso II, estabeleceu que, não sendo este o caso – ou seja, quando as infrações forem autônomas –, cabe à Terceira Seção julgálos: Fl. 268DF CARF MF Processo nº 19311.720015/201254 Acórdão n.º 3201002.864 S3C2T1 Fl. 4 3 Art. 2º À 1ª (primeira) Seção cabe processar e julgar recursos de ofício e voluntário de decisão de 1ª (primeira) instância que versem sobre aplicação da legislação relativa a: I Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ); II Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL); III Imposto sobre a Renda Retido na Fonte (IRRF), quando se tratar de antecipação do IRPJ; IV CSLL, IRRF, Contribuição para o PIS/Pasep ou Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), quando reflexos do IRPJ, formalizados com base nos mesmos elementos de prova em um mesmo Processo Administrativo Fiscal; IV CSLL, IRRF, Contribuição para o PIS/Pasep ou Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta (CPRB), quando reflexos do IRPJ, formalizados com base nos mesmos elementos de prova; (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) (...) Art. 4º À 3ª (terceira) Seção cabe processar e julgar recursos de ofício e voluntário de decisão de 1ª (primeira) instância que versem sobre aplicação da legislação referente a: I Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins, inclusive quando incidentes na importação de bens e serviços; II Contribuição para o Fundo de Investimento Social (FINSOCIAL); III Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI); (...) Temos, portanto, no presente lançamento, infrações a serem julgadas por duas Seções do CARF. Ocorre que, antes da modificação acima referida, o reconhecimento da competência da Primeira Seção de Julgamento – que, a propósito, não se afigurava obrigatório (a norma, como se verá, traz o verbo no futuro do presente) –, para julgar os processos que versavam sobre infração à legislação do IPI quando reflexa do IRPJ se dava unicamente pela aplicação do art. 6º, inciso II, do Anexo II do RICARF/2015, que trata dos processos denominados “vinculados” – no caso, quando dois ou mais processos foram formalizados num mesmo procedimento fiscal, com base nos mesmos elementos de prova, mas referentes a tributos distintos: Fl. 269DF CARF MF Processo nº 19311.720015/201254 Acórdão n.º 3201002.864 S3C2T1 Fl. 5 4 Art. 6º Os processos vinculados poderão ser distribuídos e julgados observandose a seguinte disciplina: §1º Os processos podem ser vinculados por: I conexão, constatada entre processos que tratam de exigência de crédito tributário ou pedido do contribuinte fundamentados em fato idêntico, incluindo aqueles formalizados em face de diferentes sujeitos passivos; II decorrência, constatada a partir de processos formalizados em razão de procedimento fiscal anterior ou de atos do sujeito passivo acerca de direito creditório ou de benefício fiscal, ainda que veiculem outras matérias autônomas; e III reflexo, constatado entre processos formalizados em um mesmo procedimento fiscal, com base nos mesmos elementos de prova, mas referentes a tributos distintos. Depois de modificado pela Portaria MF nº nº 152, de 2016, não há mais dúvida: na redação atual do RICARF/2015, a competência material para julgar o IPI reflexo é da Primeira Seção de Julgamento. Porém, como já antecipamos, o auto de infração em exame formalizou, além da infração à legislação do IPI que é mero reflexo do IRPJ, também crédito tributário decorrente de uma outra infração cuja competência para o julgamento é desta Terceira Seção. Nesse contexto, entendemos que o presente julgamento deva ser remetido para a unidade preparadora, a fim de que se formalize um novo processo administrativo, para o qual deverá ser transferido o crédito tributário decorrente apenas da infração 001 (PRODUTO SAÍDO DO ESTABELECIMENTO INDUSTRIAL OU EQUIPARADO SEM EMISSÃO DE NOTA FISCAL. VENDA SEM EMISSÃO DE NOTA FISCAL DEMAIS CASOS), devendo permanecer nos presentes autos a segunda infração à legislação do IPI e o crédito dela consequente. Ao término do procedimento, ambos os processos administrativos devem ser devolvidos a este Conselheiro para julgamento. Retornou da unidade de origem com as providências solicitadas: 1. Os créditos tributário relativos à "INFRAÇÃO 001" deste processo foram transferidos para o processo nº 10437.720859/201638, formalizado para este fim e encaminhado para a SERET/CEGAP/CARF para prosseguimento; 2. Os créditos tributário relativos à "INFRAÇÃO 002" mantiveramse neste processo, o qual foi devolvido para prosseguimento; Fl. 270DF CARF MF Processo nº 19311.720015/201254 Acórdão n.º 3201002.864 S3C2T1 Fl. 6 5 O conselheiro Relator original do Processo encontrase temporária e justificadamente ausente deste Colegiado, cabendo a mim, em razão de novo sorteio, a Relatoria para continuidade do julgamento. Apartadas as duas infrações apuradas pela fiscalização e restando nestes autos aquela relativa à "PRODUTO SAÍDO DO ESTABELECIMENTO INDUSTRIAL OU EQUIPARADO A INDUSTRIAL COM EMISSÃO DE NOTA FISCAL DESCUMPRIMENTO DAS CONDIÇÕES DA SUSPENSÃO PELO RECEBEDOR DO PRODUTO (OUTROS PRODUTOS)", número de ordem "002", o presente relatório adequase para exprimir os fatos pertinentes. 1. O procedimento fiscal iniciouse em face da empresa SOL Embalagens Plásticas Ltda, que em razão do encerramento das atividades, seus sócios administradores (José Sanchez Oller e Túlio Monte Azul Pereira de Mello) foram considerados responsáveis legais, nos termos dos arts. 121, II, e 135, III, CTN e de acordo com o Termo de Solidariedade; 2. A auditoria fiscal constatou que no ano de 2007 parte das vendas foi realizada sem destaque ou suspensão do IPI nas notas fiscais; 3. Os sócios impugnaram o lançamento, alegando: 3.1 A fiscalização implicoulhes a responsabilidade em decorrência da extinção da pessoa jurídica, sem que houvesse demonstração do encerramento irregular da empresa; 3.2 Não se apontou quais os atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos para a enquadramento no art. 135, III, do CTN; 3.3 A utilização do art. 121, parágrafo único, II, do CTN deuse apenas em razão da dissolução da empresa Sol Embalagens, sem demonstrar qual a conduta praticada que foi considerada ilícita; 3.4 Fragilidade do lançamento ante a incerteza da composição da base de cálculo, uma vez que se observa ter sido verificado por amostragem o cumprimento das obrigações, o que não se mostra suficiente para a determinação da base de cálculo de suposto IPI devido. 3.5 Nas notas fiscais em que há suspensão do IPI, consta expressamente o fundamento legal da suspensão, bem como os adquirentes; 3.6 A autoridade fiscal sequer circularizou os adquirentes para que estes informassem se efetivamente se enquadravam aos requisitos para a suspensão; 3.7 Nas notas fiscais em que há suspensão do IPI, consta expressamente o fundamento legal da suspensão (artigo 29 da Lei nº 10.637/02), bem como quem foram os adquirentes; 3.8 Protestouse por provar o alegado por todos os meios em direito admitidos, inclusive posterior juntada de documentos, solicitando a realização de perícia e diligência fiscal, em razão da não consideração dos documentos fiscais apresentados pela pessoa jurídica e notas fiscais. Fl. 271DF CARF MF Processo nº 19311.720015/201254 Acórdão n.º 3201002.864 S3C2T1 Fl. 7 6 A 8ª Turma da DRJ em Ribeirão Preto proferiu o Acórdãonº 14.37.949, de 14/06/2012, no qual julgou improcedente a impugnação, assim ementado (na parte que se relaciona a infração "002"): ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2007 NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. Não configura cerceamento do direito de defesa quando o conhecimento dos atos processuais pelo acusado e o seu direito de resposta ou de reação encontraram plenamente assegurados. PERÍCIA. REQUISITOS. Considerase não formulado o pedido de perícia ou diligência que deixe de atender os requisitos legais. DILIGÊNCIA. Incabível a diligência quando é ônus da contribuinte a apresentação de provas capazes de infirmar as conclusões fiscais RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. Os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado são pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes às obrigações tributárias se houve dissolução irregular da sociedade. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Anocalendário: 2007 LANÇAMENTO DE OFÍCIO. SUSPENSÃO. LEI Nº 10.637/2002. As declarações dos adquirentes de que atendem a todos os requisitos estabelecidos pela Lei nº 10.637/2002, são requisitos necessários para as saídas com suspensão da empresa fornecedora. Não cumprida esta exigência, os produtos devem sair com o destaque do imposto. Cientificados do Acórdão da decisão de 1ª Instância, somente o responsável solidário Jose Sanchez Oller interpôs recurso voluntário repisando todos os argumentos e matérias suscitadas em sua impugnação. Retorna aos autos o recorrente para arguir que o Auto de Infração que deu origem ao crédito tributário exigido neste processo decorre de procedimento fiscal relativo ao processo 19311.720014/201218 e, por conseguinte, pede o julgamento conjunto na 1ª Seção de Julgamento deste CARF. Fl. 272DF CARF MF Processo nº 19311.720015/201254 Acórdão n.º 3201002.864 S3C2T1 Fl. 8 7 Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira O pedido de julgamento conjunto com o processo nº 19311.720014/201218, em razão de conexão é inócuo, pois que a providência solicitada fora tomada relativamente à infração nº 001 a única com vínculo por reflexão em sede de julgamento na sessão de 21/06/2016, convertida em Diligência pela Resolução nº 3201000.697, para fins de julgamento na 1ª Seção. Reiterase que em razão da formalização de processo para transferência do crédito tributário relativo à infração "001", os tópicos do recurso voluntário indicados a seguir não serão enfrentados neste voto pois que específico ao processo nº 10437.720859/201638: a. "III. DO CERCEAMENTO AO AMPLO DIREITO DE DEFESA", no que diz respeito ao arbitramento das vendas, com base na movimentação financeira; b. "V. NÃO CUMPRIMENTO DAS CONDIÇÕES NECESSÁRIAS PARA A REQUISIÇÃO DE INFORMAÇÕES SOBRE A MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA"; c. "VI. QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO"; d. "VII. NULIDADE DECORRENTE DO DESCUMPRIMENTO DO ARTIGO 142 DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL"; e. "IX. PRODUTO SAÍDO DO ESTABELECIMENTO INDUSTRIAL OU EQUIPARADO SEM EMISSÃO DE NOTA FISCAL VENDA SEM EMISSÃO DE NOTA FISCAL."; f. "IX. DA CONEXÃO LANÇAMENTO DECORRENTE DA AUTUAÇÃO DISCUTIDA NO PROCESSO 19311.720014/201218". g. "X. PEDIDOS", quanto à realização de perícia e diligência, em razão da incorreta apuração da base de cálculo do imposto, no que se refere aos créditos relativos aos custos e ao arbitramento. Por outro lado, os fatos e constatações que constam do auto de infração e seu Relatório Fiscal, comum às infrações, serão aqui retratados. Preliminar de Nulidade Alega o recorrente que a auditoria fora realizada por amostragem, conforme indicado no Termo de Encerramento, o que gera grave insegurança quanto à base de cálculo apurada. Argúi também que os fatos não foram descritos em sua exatidão quanto à imputação de responsabilidade tributária, sob o fundamento do art. 135, III do CTN, uma vez que a responsabilidade pessoal do agente não restou comprovada. A descrição dos fatos no Auto de Infração e o Relatório Fiscal do Auto de Infração evidenciam que o procedimento fiscal foi realizado em face das notas fiscais de posse do recorrente e apresentadas em atendimento às intimações. Fl. 273DF CARF MF Processo nº 19311.720015/201254 Acórdão n.º 3201002.864 S3C2T1 Fl. 9 8 Quanto aos fundamentos para a imputação das responsabilização pessoal dos sócios administradores, ainda que sintetizadas no Relatório Fiscal, estão delineadas no Termo de Solidariedade nº 002 (fl. 851/852). Não se vislumbra qualquer mácula no auto de infração e demais termos que o integram. Os atos praticados no presente processo foram executados por pessoa competente (art. 59 do Decreto nº 70.235/72), observados seus requisitos de validade (art. 10 do Decreto nº 70.235/72) e sem preterição do direito de defesa. Verificase o fiel cumprimento do que dispõe o art. 142 do CTN, pois que os fatos foram adequadamente descritos e apurados pela autoridade administrativa e constam a fundamentação legal, matéria tributável, valores apurados e irregularidades motivadoras da autuação. Fora dado conhecimento ao contribuinte de todos os elementos da ação fiscal, propiciandolhe todos os meios para o exercício de sua defesa. Assim, não há que se cogitar de nulidade quando o auto de infração preenche os requisitos legais, o processo administrativo proporciona plenas condições à interessada de contestar o lançamento e inexiste qualquer indício de violação às determinações contidas no art. 142 do CTN ou nos artigos 10 e 59 do Decreto 70.235, de 1972. Suposta autuação por amostragem O recorrente comete certa confusão em relação à expressão "amostragem" utilizada pela fiscalização na análise e conclusões acerca das saídas de mercadorias sujeitas à incidência do IPI sem o destaque do imposto devido ou com sua suspensão sem o amparo legal. A descrição dos fatos no Auto de Infração e o Relatório Fiscal do Auto de Infração evidenciam que o procedimento fiscal foi realizado em face das notas fiscais de posse do recorrente e apresentadas em atendimento às intimações. Os excertos do relatório explicitam os fatos (fls. 18/20): 2.1 O presente relatório fiscal elaborado em decorrência da Auditoria Fiscal realizada na documentação apresentada (...) 3.1 A Auditoria Fiscal; iniciada em 11/02/2010; conforme Termo de Inicio do Procedimento Fiscal, e demais Termos de Intimação para apresentação de todas as notas fiscais emitidas, tendo efetuando uma analise preliminar dos documentos apresentados pelo contribuinte, constatou que muitas vendas foram realizadas sem destaque do IPI Imposto sobre Produtos Industrializados. Sendo então emitido Termo de Intimação e Esclarecimentos n° 0005 e posteriormente o Termo de Reintimação Fiscal n° 0007, para fins de esclarecimentos (...) Foram então, elaboradas as planilhas de n°s 01 a 12/2007 IPI DEVIDO (anexas ao presente relatório), aonde foram apurados valores devidos do IPI por nota fiscal de venda e por mês, que deixaram de ser calculados (neste caso nas notas fiscais sem destaque do imposto e nas notas fiscais com suspensão do Fl. 274DF CARF MF Processo nº 19311.720015/201254 Acórdão n.º 3201002.864 S3C2T1 Fl. 10 9 imposto). Ao final de cada planilha foi elaborado um demonstrativo, apurando o imposto devido. A "amostragem" a que se refere a fiscalização no Termo de Encerramento e Relatório Fiscal é a demonstração nos autos, com a colação das cópias de algumas das notas fiscais utilizadas no procedimento fiscal, das irregularidades em relação ao IPI apuradas em todas as notas fiscais apresentadas à fiscalização. Daí que a autoridade fiscal explicitou o fato, com o seguinte texto (fl. 19): Encontramse também, anexadas ao presente relatório, a título de amostragem, cópias das Nfs n° 14586, 14618, 14651, 14760, 17026, 17105, 17188 e 17265, como comprovantes das praticas acima descritas. Por fim, todas as notas fiscais auditadas, entregues à fiscalização em 13/07/2010 (fl. 45) para as quais apurouse irregularidade na ausência de destaque ou suspensão do IPI encontramse devidamente identificadas e relacionadas nas planilhas 01 a 11/2007 (fls. 25/57), não deixando margem à dúvida de que não se trata de um lançamento de tributo por amostragem. Em relação ao mês 12/2007, em que não foram entregues as notas fiscais, o lançamento realizouse com base na escrituração do Livro de Apuração do IPI (fl. 59). Contudo em sua peça recursal o recorrente não traz qualquer alegação quanto ao método de apuração, limitando seus argumentos aos requisitos legais para emissão com suspensão do IPI nos atermos do art. 29, da Lei nº 10.637/2002, que será analisado em sequência. Ad argumentandum tantum, o procedimento estaria maculado na hipótese de a fiscalização tomar apenas algumas notas com irregularidades quanto ao IPI e, por presunção, admitir que todas as demais, não verificadas, estivessem igualmente irregulares. Contudo, como demonstrado, não é esta a situação nos autos. Vendas sem o destaque do IPI nas notas fiscais Consta do Relatório Fiscal do Auto de Infração que a fiscalização apurou a inexistência do cálculo e destaque do IPI em notas fiscais de venda relacionadas nas planilhas de fls. 25/59 e solicitou as justificativas por meio do Termo de Intimação e esclarecimentos nº 0005 e Termo de Reintimação n° 0007. Não houve resposta em atendimento à solicitação fiscal. No recurso voluntário, que repete os mesmos argumentos da impugnação, o recorrente alegou tãosó a imputação sumária quanto ao lançamento referente ao IPI não destacado (bem como o suspenso, a ser tratado em outro tópico) nas notas fiscais, o que seria inadmissível e que faltou à autoridade fiscal proceder à verificação da natureza dos produtos vendidos. Como se vê, há refutação genérica da acusação fiscal nesta matéria, sem apresentação de provas que elida o lançamento, sequer argumentos razoáveis a seu favor não se dignou o recorrente a oferecer. Fl. 275DF CARF MF Processo nº 19311.720015/201254 Acórdão n.º 3201002.864 S3C2T1 Fl. 11 10 Diante da apuração de que notas fiscais foram emitidas sem o devido destaque do IPI e não amparadas por situação de nãoincidência, correto lançamento com o cálculo do imposto devido. Vendas com a suspensão do IPI nas notas fiscais A fiscalização também apurou a emissão de notas fiscais de vendas (relacionadas nas planilhas de fls. 25/59) que consignaram saídas com suspensão do IPI, ao amparo do art. 29, da Lei nº 10.637/2002, sem que o recorrente, no curso do procedimento fiscal, apresentasse provas do atendimento aos requisitos exigidos para o gozo do benefício no citado dispositivo legal. Solicitou as justificativas por meio do Termo de Intimação e esclarecimentos nº 0005 e Termo de Reintimação n° 0007, contudo, não houve resposta em atendimento à solicitação fiscal. Em sede de recurso voluntário, repisa os mesmos argumentos oferecidos na impugnação, ou seja, aduz que é ônus da fiscalização, e não do vendedor (a Sol Embalagens), a exigência para que o adquirente comprove enquadrarse nas condições para adquirir mercadorias de industrial com a suspensão do IPI. Alega que o art. 29 da Lei nº 10.637/02, regulamentada pela IN SRF nº 296/2003, ampara sua conclusão de que na hipótese do adquirente não preencher os requisitos legais para a utilização da suspensão, caberia à autoridade fiscal demonstrar o fato. Pois bem. Vejamos os dispositivos legais: Lei nº 10.637/2002 Art. 29. As matériasprimas, os produtos intermediários e os materiais de embalagem, destinados a estabelecimento que se dedique, preponderantemente, à elaboração de produtos classificados nos Capítulos 2, 3, 4, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 23 (exceto códigos 2309.10.00 e 2309.90.30 e Ex01 no código 2309.90.90), 28, 29, 30, 31 e 64, no código 2209.00.00 e 2501.00.00, e nas posições 21.01 a 21.05.00, da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados TIPI, inclusive aqueles a que corresponde a notação NT (não tributados), sairão do estabelecimento industrial com suspensão do referido imposto. (Redação dada pela Lei nº 10.684, de 30.5.2003) (...) § 6º Nas notas fiscais relativas às saídas referidas no § 5º, deverá constar a expressão "Saída com suspensão do IPI", com a especificação do dispositivo legal correspondente, vedado o registro do imposto nas referidas notas. § 7º Para os fins do disposto neste artigo, as empresas adquirentes deverão: I atender aos termos e às condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal; Fl. 276DF CARF MF Processo nº 19311.720015/201254 Acórdão n.º 3201002.864 S3C2T1 Fl. 12 11 II declarar ao vendedor, de forma expressa e sob as penas da lei, que atende a todos os requisitos estabelecidos. (g.m) (...) IN SRF 296/2003 Art. 17. Sairão do estabelecimento industrial com suspensão do IPI as MP, PI e ME destinados a estabelecimento que se dedique, preponderantemente, à elaboração de produtos classificados nos Capítulos 2 a 4, 7 a 12, 15 a 20, 23 (exceto códigos 2309.10.00 e 2309.90.30 e Ex01 no código 2309.90.90), 28 a 31 e 64, no código 2209.00.00 e 2501.00, e nas posições 21.01 a 2105.00 da Tipi, inclusive aqueles a que corresponde a notação NT (nãotributados). § 1o Para fins do disposto neste artigo, as empresas adquirentes deverão declarar ao vendedor, de forma expressa e sob as penas da lei, que atendem a todos os requisitos estabelecidos. (. . .) Art. 21. Nas notas fiscais relativas às saídas de que trata esta Instrução Normativa deverá constar a expressão "Saída com suspensão do IPI" com a especificação do dispositivo legal correspondente, vedado o registro do imposto nas referidas notas. Art. 22. Na hipótese de destinação dos produtos adquiridos ou importados com suspensão do IPI distinta da prevista na legislação aplicável, a saída dos mesmos do estabelecimento industrial adquirente ou importador darseá com incidência do imposto. A leitura atenta dos dispositivos acima demonstra a incorreção no raciocínio do recorrente, pois que resta cristalino o comando do inciso II, do § 7º, do art. 29, da Lei nº 10.637/2002: "as empresas adquirentes deverão declarar ao vendedor, de forma expressa (...) que atende aos requisitos estabelecidos". Como assentado na decisão recorrida, correta a autuação, pois se trata de benefício fiscal cuja interpretação deve ser restritiva, nos exatos termos previsto na lei: Como se vê, tratase de benefício fiscal, pelo qual devese respeitar rigorosamente o que a lei dispõe. Para tanto, foi solicitado pelo fisco, que a contribuinte apresentasse as declarações das empresas adquirentes com a informação de que atendem a legislação em referência ou justificativas do porque não houve calculo ou destaque de IPI. A empresa não apresentou qualquer justificativa ou documentos. Ora, como pode a empresa vender seus produtos com suspensão do imposto se não sabe se a empresa que compra está beneficiada pela lei? Como sabe se seus clientes produzem os produtos elencados pela lei, se os insumos que vende são aplicados nesses produtos ou se, no anocalendário anterior ao Fl. 277DF CARF MF Processo nº 19311.720015/201254 Acórdão n.º 3201002.864 S3C2T1 Fl. 13 12 da aquisição, o adquirente auferiu, pela venda destes produtos, 60% (sessenta por cento) de sua receita bruta total, sem que estes lhes tenham fornecido a declaração de que exige a lei? As declarações exigidas são requisitos necessários para se proceder as saídas com suspensão. Não cumprida esta exigência, os produtos devem sair com o destaque do imposto. Portanto, correta a autuação. Assim, uma vez que o Recorrente não comprovou o atendimento dos requisitos legais necessários à fruição da suspensão, é devido o IPI sobre as operações indevidamente cursadas sob o amparo da suspensão e, por conseguinte, correto o lançamento de ofício do IPI. Responsabilização pessoal dos sóciosadministradores pelo crédito tributário No Termo de Início de 11/02/2010 a fiscalização constatou que a empresa não se encontrava no endereço cadastral informado à Receita Federal. E não se trata de simples alteração de endereço, mas na verdade, a incerteza quanto à continuidade das atividades empresariais, ainda mais que perante à RFB restava pendente de providências quanto à sua regular extinção, como bem pontuou seu procurador em resposta ao Termo de Constatação e Intimação nº 0006 (fl. 65). Destarte, o endereçamento das correspondências mais precisamente os Termos de Intimação aos sócios administradores é mera consequência da não localização da pessoa jurídica por quem respondem por todos os atos de gestão, inclusive a decisão quanto ao local da realização das atividades empresariais e providências da regular extinção da sociedade. O recorrente suscita que a fiscalização imputoulhe a responsabilização pelo crédito tributário lançado no auto de infração em razão da extinção da pessoa jurídica, sem que houvesse demonstração do encerramento irregular da empresa. Ademais, aduz que não se apontou quais os atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos para a enquadramento no art. 135, III, do CTN. E, quanto ao enquadramento no art. 121, parágrafo único, II, do CTN, deuse apenas em razão da dissolução da empresa Sol Embalagens Plásticas Ltda, sem demonstrar qual a conduta praticada que foi considerada ilícita. O Termo de Solidariedade lavrado identifica três motivos para a imputação da responsabilização dos sócios quanto ao crédito tributário lançado no auto de infração, nos termos dos arts. 121, parágrafo único, II e 135, III, do CTN. (i) A extinção da sociedade; (ii) A inexistência de bens da empresa, passíveis de garantir o crédito tributário lançado; (iii) A constituição do crédito tributário lançado no Auto de Infração Fl. 278DF CARF MF Processo nº 19311.720015/201254 Acórdão n.º 3201002.864 S3C2T1 Fl. 14 13 Conquanto a responsabilização pessoal dos sócios houvesse por fundamento somente a extinção da sociedade, os fatos apurados apontam que acertou a DRJ em sua decisão, com a qual pactuo, que se encontra nos seguintes termos: Cabe pontuar que a dissolução da sociedade constitui um conjunto de atos visando à extinção da pessoa jurídica, como a dissolução da sociedade (distrato social, baixa no CNPJ, inscrições estadual ou municipal, etc.), a liquidação (em que são levantados os valores que compõem o patrimônio da sociedade – ativo e passivo), o pagamento das dívidas e a partilha do resultado líquido final, que, se for positivo, será distribuído entre os sócios (finalização). No entanto, ao contrário do que seria o caminho para o conjunto desses atos, a empresa manteve o CNPJ ativo mesmo após ter registrado o distrato social na Junta Comercial, em 18/12/2008, e de ter entregue, em 2009, a DIPJ do anocalendário de 2008 informando sua extinção, e apresentou, em 10/03/2011, declaração como inativa, não providenciando, até a presente data, o cancelamento de sua inscrição no CNPJ. Constatase, assim, que a empresa não se encontrava e nem se encontra extinta, perante a RFB, sendo sua dissolução irregular aos olhos da entidade, dada a inexistência física do domicílio fiscal constante do cadastro do CNPJ, e a falta de baixa daquele cadastro perante a RFB. Além disso, a empresa omitiu rendimentos auferidos enquanto estava em atividade, infringindo a lei tributária. A 1ª Seção no julgamento do ERESP 716.412/PR, de 22/09/2008, estabeleceu que: O sóciogerente que deixa de manter atualizados os registros empresariais e comerciais, em especial quanto à localização da empresa e à sua dissolução, viola a lei (arts. 1.150 e 1.151, do CC, e arts. 1º, 2º e 3º da Lei nº 8.934/1994, entre outros). A não localização da empresa, em tais hipóteses, gera legítima presunção juris tantum de dissolução irregular e, portanto, responsabilidade do gestor, nos termos do art. 135, III, do CNT, ressaltado o direito de contradita em Embargos à Execução. Tratase de uma presunção legal, que somente pode ser questionada quando se comprove, por documentação hábil, que houve, por parte dos sóciosadministradores, a comunicação, perante a RFB, da dissolução da sociedade e o pedido de baixa no CNPJ. Dessa forma, restando caracterizada a dissolução irregular com infração à lei, é permitido transferir a responsabilidade do credito tributário ao sóciosadministradores da pessoa jurídica já citados, conforme rezam os arts. 135, III, e 124, II, do CTN, e art. 210, VI, do RIR, de 1999. Não obstante, não se pode perder de vista que a motivação para a lavratura do termo de Solidariedade não se resume à extinção da pessoa jurídica e a inexistência de bens da empresa, cinge também todos os fatos apurados ao longo da fiscalização, ressaltandose como Fl. 279DF CARF MF Processo nº 19311.720015/201254 Acórdão n.º 3201002.864 S3C2T1 Fl. 15 14 mais evidente a expressiva movimentação financeira em instituições bancárias, sem registros na contabilidade e a saída de mercadorias sem o destaque do IPI devido ou com sua suspensão sem amparo legal, que constituem as infrações apurados no presente Processo. Ao tratar da diferença apurada entre os valores transacionados em contas bancárias e o que se contabilizou no ano de 2007, o relatório fiscal explicita a constatação das autoridades fiscais (fl. 20). (...) E que a diferença acima citada, corresponde na realidade uma movimentação de recursos em contas bancárias da empresa e não contabilizadas , sem que haja uma efetiva comprovação de tal origem. Entendo a responsabilização pessoal dos sóciosadministradores decorrente de determinação legal de que trata o art. 135 do CTN c/c art. 1.016 do Código Civil é aplicável a ao caso. Veja que para essa tipificação a lei exige a prática de atos com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos. Essa responsabilidade tributária deve ser atribuída aos sóciosadministradores, sócios de fato e mandatários da sociedade, se restar comprovado que tais pessoas exorbitaram as suas atribuições estatutárias ou limites legais, e que dos atos assim praticados tenham resultado obrigações tributárias. Os atos praticados pelos acusados (sr. José Sanches Oller e sr. Túlio Monte Azul Pereira de Mello) e relatados pela fiscalização, a meu ver, são decorrentes de evidente gestão financeira, comercial e administrativa, assim discriminados: (i) Expressiva movimentação financeira em instituições bancárias à margem da escrituração, que apontam para ilícitos tributários; (ii) Notas fiscais de venda para empresas que notadamente não são industriais, mas sim supermercados, empresas comerciais e revendedores de embalagens; (iii) Notas fiscais de venda sem destaque o IPI. Resta evidente o liame entre os atos apontados e as infrações às leis tributárias, com o objetivo claro de redução dos tributos federais. Ao meu ver andou bem a fiscalização e a decisão de 1ª instância ao imputar aos sóciosadministradores da sociedade Sol Embalagens Plásticas Ltda a responsabilidade pessoal pelos tributos lançados em decorrência da extinção não regular da pessoa jurídica e de evidente atos de infrações às lei tributárias. Paulo Roberto Duarte Moreira Relator Fl. 280DF CARF MF Processo nº 19311.720015/201254 Acórdão n.º 3201002.864 S3C2T1 Fl. 16 15 Declaração de Voto Conselheiro – Pedro Rinaldi de Oliveira Lima Conforme as provas, documentos e petições juntados aos autos deste procedimento administrativo e, no exercício dos trabalhos e atribuições profissionais concedidas aos Conselheiros, conforme portaria de condução e Regimento Interno, apresenta se esta declaração de voto. Com respeito e admiração às colocações do nobre colega Conselheiro Relator, venho por meio desta declaração de voto expressar entendimento adicional, sem nenhuma divergência pela negação do provimento aos Recursos Voluntários. Este entendimento adicional é uma preocupação do conselheiro que ora declara seu voto, assim como é uma preocupação de muitos operadores do direito no que diz respeito a delimitação do julgamento de âmbito administrativo que concretiza a constituição definitiva do crédito e a consequente persecução penal, quando diante de alegações de ocorrência de crime tributário. O entendimento adicional se afunila ainda mais ao tratar este caso da responsabilidade do Sr. José Sanchez Oller, reconhecida neste âmbito administrativo de recursos fiscais com fundamento legal no disposto no Art. 135 do Código Tributário Nacional, transcrito a seguir: "Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos: I as pessoas referidas no artigo anterior; II os mandatários, prepostos e empregados; III os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado." Feita esta breve introdução, é necessário tratar de posição doutrinária com relação a responsabilidade tributária e penal, que reforça o entendimento adicional ora apresentado com relação a delimitação da constituição definitiva do crédito em âmbito administrativo. É de conhecimento que tanto o Direito Tributário quanto o Direito Penal possuem caráter disciplinar e sancionatório, com arcabouço legislativo proveniente de princípios em comum. Contudo, de forma pragmática, verificase que o procedimento administrativo não possui o mesmo rigor do processo penal, talvez em razão de não haver um Código de Processo Administrativo como existe no Direito Penal o Código de Processo Penal. Fl. 281DF CARF MF Processo nº 19311.720015/201254 Acórdão n.º 3201002.864 S3C2T1 Fl. 17 16 Logo, desta constatação surge a preocupação de que, em processo penais, os Juízes de Direito possam se utilizar da constituição definitiva do crédito para concluir que há materialidade e autoria. Em se tratando de justiça, não há nada mais perigoso e injusto para a sociedade e para o contribuinte do que a condenação “automática” de cidadãos e contribuintes, visto que, em regra, a responsabilidade no âmbito judicial penal não é objetiva, como no Direito Tributário. É sobre o tema em litígio que o nobre doutrinador, Juiz Federal aposentado, Doutor Hugo de Brito Machado, lançou o livre “Crime Contra a Ordem Tributária”. Verifica se inclusive na contra capa de seu livro que o autor identificou uma lacuna no conhecimento jurídico, o fato de que “... os penalistas geralmente pouco conhecem do Direito Tributário, e os tributaristas quase nada sabem do Direito Penal”. Com algumas ressalvas às generalizações feitas pelo autor em desfavor às autoridades fiscais, porque muitas autoridades realizam seu trabalho com ética e qualidade, cito a preocupação do nobre autor em fls. 21 desta mencionada obra, no sub capitulo “O Direito Penal e o combate ao crime”, conforme segue: “O melhor instrumento para o combate ao crime, no que concerne especificamente aos crimes contra a ordem tributária, é o respeito ao contribuinte. Respeito que começa pela redução da enorme carga tributária a ele imposta. Passa pelo atendimento desatencioso e absolutamente inadequado e insuficiente a ele dispensado nas repartições da Administração Tributária. Vai até mesmo às interpretações inteiramente inadmissíveis, visivelmente distorcidas, das normas da legislação tributária, tendentes a lhes negar os direitos mais elementares. Enfim, a total falta de respeito na relação tributária, que induz no contribuinte o sentimento de que a lei só existe contra ele, ou pelo menos só é aplicada contra ele, posto que as disposições a ele favoráveis são sempre ignoradas pelas autoridades da Administração tributária. A pretensão de arrecadar tributos indevidos somada às ameaças levianas do uso da lei penal contra contribuintes somente degradam a relação tributária e terminam por banalizar o Direito Penal. E não obstante seja o Direito Penal de grande importância como elemento de controle social, realmente a sua utilização não poder ser banalizada. Na medida em que ilícitos de menor importância social, e sobretudo aqueles que menos afetam os sentimentos éticos das pessoas, e por isto mesmo despertam menor censura da opinião pública, são definidos como crime, o Direito Penal se banaliza e perde a eficácia.” Diante do exposto, com fundamento no princípio da separação dos poderes, por mais que pareça óbvio, entendese que é necessário reforçar a delimitação e alcance deste julgamento, para que fique claro que seu efeito atinge somente este âmbito administrativo de recursos fiscais. Conselheiro Pedro Rinaldi de Oliveira Lima. Fl. 282DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13804.003167/2005-31
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu May 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Jun 21 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/04/2005 a 30/04/2005
CONTAGEM DE PRAZO. EXPEDIENTE EM UNIDADE DA RECEITA FEDERAL COM HORÁRIO REDUZIDO. MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE TEMPESTIVA. SUPRESSÃO DA PRIMEIRA INSTÂNCIA DE JULGAMENTO
Comprovado que o horário de expediente na unidade da Receita Federal foi reduzido na data final do prazo para manifestação de inconformidade, desloca-se o termo final para próximo dia com horário normal.
Para que não se configure cerceamento ao direito de defesa pela supressão de instância administrativa, os autos devem retornar à DRJ competente para a prolação de decisão acerca das matérias suscitadas na peça recursal.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 3201-002.865
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. Declarou-se impedida a Conselheira Tatiana Josefovicz Belisário.
Winderley Morais Pereira - Presidente Substituto.
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira, Mércia Helena Trajano DAmorim, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, José Luiz Feistauer de Oliveira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Paulo Roberto Duarte Moreira e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade.
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/04/2005 a 30/04/2005 CONTAGEM DE PRAZO. EXPEDIENTE EM UNIDADE DA RECEITA FEDERAL COM HORÁRIO REDUZIDO. MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE TEMPESTIVA. SUPRESSÃO DA PRIMEIRA INSTÂNCIA DE JULGAMENTO Comprovado que o horário de expediente na unidade da Receita Federal foi reduzido na data final do prazo para manifestação de inconformidade, desloca-se o termo final para próximo dia com horário normal. Para que não se configure cerceamento ao direito de defesa pela supressão de instância administrativa, os autos devem retornar à DRJ competente para a prolação de decisão acerca das matérias suscitadas na peça recursal. Recurso Voluntário Provido em Parte
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EXPEDIENTE EM UNIDADE DA RECEITA FEDERAL COM HORÁRIO REDUZIDO. MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE TEMPESTIVA. SUPRESSÃO DA PRIMEIRA INSTÂNCIA DE JULGAMENTO Comprovado que o horário de expediente na unidade da Receita Federal foi reduzido na data final do prazo para manifestação de inconformidade, deslocase o termo final para próximo dia com horário normal. Para que não se configure cerceamento ao direito de defesa pela supressão de instância administrativa, os autos devem retornar à DRJ competente para a prolação de decisão acerca das matérias suscitadas na peça recursal. Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. Declarouse impedida a Conselheira Tatiana Josefovicz Belisário. Winderley Morais Pereira Presidente Substituto. Paulo Roberto Duarte Moreira Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira, Mércia Helena Trajano DAmorim, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, José Luiz Feistauer de Oliveira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Paulo Roberto Duarte Moreira e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 80 4. 00 31 67 /2 00 5- 31 Fl. 470DF CARF MF Processo nº 13804.003167/200531 Acórdão n.º 3201002.865 S3C2T1 Fl. 3 2 Relatório Tratase o presente processo de pedido de compensação de débito próprio com crédito da Contribuição para o Programa de Financiamento da Seguridade Social Cofins apurado no regime não cumulativo, com origem em abril de 2005. Indeferido o pleito e impugnada a decisão, a DRJ/SP1 não conheceu da manifestação de inconformidade, por considerála intempestiva (despacho de fls. 188/189). Cientificada, a contribuinte apresentou recurso voluntário (fls. 199/215), por meio da qual, entre outros argumentos, defende a tempestividade da primeira peça de defesa, ao fundamento de que não houve expediente normal na repartição no último dia de sua apresentação. Anexou cópia simples de documento que menciona o fato (fl. 261) Submetido a julgamento nesta Turma Ordinária, em preliminar, fora suscitada dúvida quanto (i) à intempestividade da manifestação de inconformidade, à luz de documento colacionado dando conta do encerramento antecipado do expediente normal na unidade da Receita Federal, e (ii) à regularidade da ciência ao contribuinte do Mandado de Procedimento Fiscal e do Termo de Início de Ação Fiscal, realizada por via postal (Correios, com AR). Por conseguinte, com unanimidade de votos, a Turma decidiu pela conversão do julgamento em DILIGÊNCIA, através da Resolução de n° 3201000.579, de 25/01/2016 (fls. 328/329) para que a unidade de origem (i) confirmasse a veracidade da informação de expediente com horário reduzido no CAC da Lapa, em São Paulo/SP e (ii) anexasse aos autos cópias do AR, nos termos do voto: O recurso atende a todos os requisitos de admissibilidade previstos em lei, razão pela qual dele se conhece. Como relatado, a Recorrente assevera que a manifestação de inconformidade foi, sim, apresentada dentro do trintídio legal, uma vez que não teria havido expediente normal na repartição no último dia de sua apresentação, conforme atestaria o documento de fl. 261, segundo o qual o expediente na CAC LAPA, no dia 18/12/2009, uma sextafeira, teria sido encerrado às 12 h, fato que autorizaria, em conformidade com o disposto no parágrafo único do art. 5º do Decreto nº 70.235, de 1972, a sua entrega no primeiro dia útil seguinte, qual seja, 21/12/2009, data de sua apresentação. Com efeito, se, de fato, o expediente da repartição fazendária encerrouse mais cedo do que o normal, a manifestação de inconformidade deve ser considerada tempestiva. Daí que se faz necessário que os autos sejam enviados à repartição de origem para confirmar a informação encartada no documento de fl. 261. Ante o exposto, voto por CONVERTER O JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA, a fim de que a unidade de origem ateste a veracidade da informação registrada no mencionado documento, bem como anexe cópia do AR correspondente à primeira Fl. 471DF CARF MF Processo nº 13804.003167/200531 Acórdão n.º 3201002.865 S3C2T1 Fl. 4 3 intimação cuja data de realização consta do extrato dos Correios de fl. 32. Ao término do procedimento, deve a autoridade preparadora elaborar Relatório Fiscal sobre os fatos apurados na diligência, sendolhe oportunizado manifestarse sobre a existência de outras informações e/ou observações que julgar pertinentes para esclarecer os fatos. Encerrada a instrução processual, a interessada deverá ser intimada para manifestarse no prazo de 30 (trinta) dias, antes da devolução do processo para julgamento. Salientese, entretanto, que a sua manifestação devese restringir ao resultado da diligência, não sendo cabível revolver questões de defesa já suscitadas quando do oferecimento do recurso voluntário. É como voto. Retornou da unidade de origem com o TERMO DE INÍCIO E INFORMAÇÃO FISCAL da DELEX/SÃO PAULO/SP (fls. 405/408) em cumprimento à diligência determinada pela Turma, com as informações: 3. Da Diligência. 3.1 Cabe observar que, na época da análise das declarações de compensação, já havíamos solicitado a 2ª via do AR (Aviso de Recebimento) que comprovava a ciência da empresa do Termo de Início do Procedimento Fiscal. Ocorre que os correios não encaminharam a 2ª via do AR. 3.2 Após programação das diligências fiscais tratadas aqui nesta Informação Fiscal, em consulta ao site dos correios, verificamos que as informações sobre postagem de objetos somente ficam disponíveis no site no prazo máximo de 180 dias após a data da postagem. 3.3 Após essa constatação, deslocamonos até o Centro de Distribuição responsável pela entrega do Termo de Início à empresa Perdigão Agroindustrial, qual seja, CDE/Correios Jaguaré, em São Paulo/SP, com objetivo de solicitar cópia do livro (dos correios) em que constariam as informações do responsável pelo recebimento da correspondência. Entretanto, fomos informados que os arquivos físicos dos Correios somente guardavam documentos no prazo máximo de 5 anos, e que tal livro já estaria destruído, em razão de se tratar de documento de 2009. Por outro lado, fomos orientados a encaminhar ofício à Genco – Gerência de Encomendas da Diretoria São Paulo Metropolitana dos Correios, que é setor dos correios responsável por manter informações sobre as encomendas. 3.4 Como resposta ao Ofício encaminhado, a Genco apresentou as informações necessárias para darmos cumprimento à requisição do CARF, a qual (Genco), apesar de não apresentar a 2ª via do AR, informou que o Sr. Josué Mendes da Silva é quem Fl. 472DF CARF MF Processo nº 13804.003167/200531 Acórdão n.º 3201002.865 S3C2T1 Fl. 5 4 havia recebido a correspondência (Termo de Início) cujo AR é o de nº SX604609249BR. 3.5 Diante disso, esta fiscalização entende que está comprovado, com base em documento oficial dos correios que reproduz fé pública , que a empresa recebeu o Termo de Início de Ação Fiscal que trata de todos os processos de compensação aqui já citados. 4. Dos Documentos Anexados 4.1 Anexamos os seguintes documentos à presente Informação Fiscal: a) Cópia do Ofício 101/2016 – RFB/Delex encaminhado aos Correios (GENCO). b) Cópia do Ofício 8449/2016 – GENCO/SPM – GMRO 01/DEOPE/VIENC encaminhado à RFB. 4.2 Os documentos acima serão encaminhados juntamente com esta Informação Fiscal à empresa Brasil Foods S/A, para que se manifeste acerca do teor do resultado da diligência, se assim entender. 5. Conclusão Nestes termos, proponho seja encaminhada esta Informação Fiscal para a 1ª Turma da 2ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento do CARF, para as providências cabíveis, após cientificar a empresa para apresentar manifestação sobre esta Informação Fiscal, nos termos do artigo 44, da Lei 9.784, de 29/01/1999, no prazo de 30 (trinta) dias contados da ciência desta Informação Fiscal e dos documentos que seguem anexos, juntando tal manifestação aos processos 13804.003656/200593, 13804.003655/200549, 13804.008887/200411, 13804.003167/200531 e 13804.000472/200571, via eCAC (de preferência) ou protocolando na Av. Celso Garcia, nº 3.580, 5º andar, São Paulo SP, aos cuidados deste auditor fiscal, caso a empresa a apresente. (grifado no original) A interessada foi cientificada e se manifesta (fls. 413/427) quanto ao relatório na Informação Fiscal, que em síntese aduz: a. Resta evidenciada a nulidade do procedimento de fiscalização em razão da intimação revelarse inválida e irregular; b. Não fora cumprida a determinação deste CARF para anexar cópia do AR, com a comprovação da entrega do objeto (Termo de Início de Ação Fiscal); c. A fiscalização da RFB tivera oportunidade para sanar o vício da intimação, contudo sem fazêlo; d. O Ofício expedido por setor dos Correios não supre a ausência de comprovação do recebimento da regular intimação no domicílio tributário eleito pelo contribuinte, como preceitua o inciso II, do art. 23 do Decreto nº 70.235/1972; Fl. 473DF CARF MF Processo nº 13804.003167/200531 Acórdão n.º 3201002.865 S3C2T1 Fl. 6 5 e. A conclusão é que jamais ocorrera sua intimação no Termo de Início de Ação Fiscal lavrado em 14/04/2009; f. A jurisprudência do CARF é pacífica em afirmar a necessidade da comprovação da intimação mediante a apresentação do AR assinado e datado (cita acórdãos); g. A unidade de origem omitiuse no cumprimento da Resolução da Turma quanto à incumbência de atestar a veracidade da informação acerca do expediente no CAC/LAPA no dia 18/12/2009, data em que se deu a entrega da manifestação de inconformidade; h. Resta comprovada a tempestividade da manifestação de inconformidade, nos termos do art. 5º do Decreto nº 70.235/72; i. A necessidade de se reiterar a Resolução para que se reconheça a tempestividade de sua manifestação de inconformidade e seja proferida nova decisão de primeira instância. Finaliza suas razões com o pedido de reconhecimento de nulidade de todos os atos processuais posteriores à irregular intimação do Termo de Início de Ação Fiscal e reiteração da diligência para suprir omissão quanto à comprovação da tempestividade da manifestação de inconformidade. Na sessão de 25/01/2017, por intermédio da Resolução nº 3201000.769, decidiu a Turma converter o julgamento em nova DILIGÊNCIA para que a Unidade de Origem informasse acerca do expediente no CAC/LAPA de São Paulo/SP, na data de 18/12/2009, juntando documento oficial comprobatório da situação. O processo retornou com a informação juntada às fl. 461 confirmando o expediente com horário reduzido na data de 18/12/2009, no período entre 07h e 12h, em virtude da realização de procedimentos internos; assim, não houve atendimento ao público no período da tarde. Não houve ciência à contribuinte acerca da informação prestada pelo CAC LAPA/SP. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira Os requisitos de admissibilidade da peça recursal já foram atestados por ocasião da sua inclusão na pauta anterior. A DRJ/São Paulo I não conheceu da Manifestação de Inconformidade em face do despacho decisório sob o fundamento de preclusão temporal, uma vez que a sua apresentação deuse após o prazo legal de 30 dias. Fl. 474DF CARF MF Processo nº 13804.003167/200531 Acórdão n.º 3201002.865 S3C2T1 Fl. 7 6 No recurso voluntário, aduziu a recorrente que no último dia do prazo para sua manifestação 18/12/2009, sextafeira dirigiuse ao CAC LAPA/SP encontrandoo fechado. Retornou no dia útil subsequente 21/12/2009, segundafeira, e protocolou sua peça. Como abordado no relatório, a última diligência justificouse para aferir a tempestividade da manifestação de inconformidade apresentada no dia 21/12/2009 (fl. 48), exatamente trinta e três dias após ciência de despacho decisório, no dia 18/11/2009 (fl. 34). Confirmado o expediente com horário reduzido na data em que a contribuinte pretendeu apresentar manifestação de inconformidade dirigida à Delegacia de Julgamento, coincidente com o prazo final para sua interposição, deslocase o termo final para a data imediatamente posterior em que o expediente seja normal, nos termos do art. 5º e seu parágrafo único, do Decreto nº 70.235/72, in verbis: Art. 5º Os prazos serão contínuos, excluindose na sua contagem o dia do início e incluindose o do vencimento. Parágrafo único. Os prazos só se iniciam ou vencem no dia de expediente normal no órgão em que corra o processo ou deva ser praticado o ato Com razão a contribuinte; sua manifestação de inconformidade foi interposta no prazo legal. A arguição da tempestividade da manifestação de inconformidade é matéria preliminar que precede qualquer outra veiculada no recurso voluntário. Isto porque o não conhecimento da peça inaugural do contencioso, interposta segundo os requisitos legais, implicaria o cerceamento do direito de defesa pela supressão da primeira instância de julgamento. Ante ao exposto, CONHEÇO da preliminar de tempestividade da manifestação de inconformidade e VOTO para dar PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO VOLUNTÁRIO e determinar o retorno dos autos à DRJ SÃO PAULO I para prolação de decisão, com apreciação do mérito, nos termos das peças de defesa. Paulo Roberto Duarte Moreira Relator Fl. 475DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10380.912738/2009-94
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu May 24 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Jun 21 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 31/01/2009
MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE. MATÉRIAS NÃO ALEGADAS. APRESENTAÇÃO DE PROVAS. PRECLUSÃO. MOMENTO PROCESSUAL
A prova documental deve ser produzida até o momento processual da reclamação, precluindo o direito da parte de fazê-lo posteriormente, salvo prova da ocorrência de qualquer das hipóteses que justifiquem sua apresentação tardia.
Consideram-se preclusas as alegações não submetidas ao julgamento de primeira instância, apresentadas somente na fase recursal.
DCTF. CONFISSÃO DE DÍVIDA. RETIFICAÇÃO. DESPACHO DECISÓRIO. DIREITO CREDITÓRIO
A DCTF é instrumento formal de confissão de dívida, e sua retificação, posterior à emissão de despacho decisório, exige comprovação material a sustentar direito creditório alegado.
VERDADE MATERIAL. ÔNUS DA PROVA.
As alegações de verdade material devem ser acompanhadas dos respectivos elementos de prova. O ônus de prova é de quem alega. A busca da verdade material não se presta a suprir a inércia do contribuinte que tenha deixado de apresentar, no momento processual apropriado, as provas necessárias à comprovação do crédito alegado.
Numero da decisão: 3201-003.713
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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MATÉRIAS NÃO ALEGADAS. APRESENTAÇÃO DE PROVAS. PRECLUSÃO. MOMENTO PROCESSUAL A prova documental deve ser produzida até o momento processual da reclamação, precluindo o direito da parte de fazêlo posteriormente, salvo prova da ocorrência de qualquer das hipóteses que justifiquem sua apresentação tardia. Consideramse preclusas as alegações não submetidas ao julgamento de primeira instância, apresentadas somente na fase recursal. DCTF. CONFISSÃO DE DÍVIDA. RETIFICAÇÃO. DESPACHO DECISÓRIO. DIREITO CREDITÓRIO A DCTF é instrumento formal de confissão de dívida, e sua retificação, posterior à emissão de despacho decisório, exige comprovação material a sustentar direito creditório alegado. VERDADE MATERIAL. ÔNUS DA PROVA. As alegações de verdade material devem ser acompanhadas dos respectivos elementos de prova. O ônus de prova é de quem alega. A busca da verdade material não se presta a suprir a inércia do contribuinte que tenha deixado de apresentar, no momento processual apropriado, as provas necessárias à comprovação do crédito alegado. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 38 0. 91 27 38 /2 00 9- 94 Fl. 170DF CARF MF Processo nº 10380.912738/200994 Acórdão n.º 3201003.713 S3C2T1 Fl. 171 2 Charles Mayer de Castro Souza Presidente (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório Para bem relatar os fatos, transcrevese o relatório da decisão proferida pela autoridade a quo: Consoante Despacho Decisório de imagem reproduzida à fl. 7, emitido eletronicamente em 07/10/2009, a autoridade tributária competente não homologou a compensação efetuada pela contribuinte acima identificada por meio do PER/DCOMP nº 11496.97818.030609.1.3.048977, transmitido em 03/06//2009, por não ter sido confirmado o crédito utilizado proveniente de pagamento indevido ou a maior no valor original de R$ 119.999,00, relativo ao período de apuração de 31/01/2009, efetuado através de DARF pago em 04/02/2009, sob o código de receita 1150 (IOF), na quantia de R$ 1.431.956,68. Cientificada do despacho denegatório por via postal em 20/10/2009 (fl. 42), a interessada apresentou em 18/11/2009 a manifestação de inconformidade acostada às fls. 09/10, alegando, em síntese, que cometeu erro no preenchimento da DCTF, na qual o débito relativo ao período teria sido informado indevidamente, e, para corrigir a falha, providenciou a transmissão de DCTF retificadora, em 27/10/2009, informando corretamente a apuração do débito de IOF relativo ao 3º decêndio de janeiro de 2009. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Brasília/DF, por intermédio da 2ª Turma, no Acórdão nº 0358453, sessão de 17/01/2014, julgou improcedente a manifestação de inconformidade do contribuinte. A decisão foi assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CRÉDITO, CÂMBIO E SEGUROS OU RELATIVAS A TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS IOF Data do fato gerador: 31/01/2009 DCTF. RETIFICAÇÃO. APÓS DECISÃO DE NÃOHOMOLOGAÇÃO. INEFICÁCIA. DCTF retificada após ciência da decisão, que não homologa compensação declarada, não é causa para sua reforma, pois a Fl. 171DF CARF MF Processo nº 10380.912738/200994 Acórdão n.º 3201003.713 S3C2T1 Fl. 172 3 comprovação da disponibilidade de crédito é aferida no momento da decisão exarada pela autoridade competente. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido A decisão a quo manteve a não homologação da compensação sob o fundamento de que em sede de manifestação de inconformidade não foi apresentada prova documental que desse respaldo à DCTF retificadora, transmitida após a ciência no despacho decisório. Irresignado, o contribuinte interpôs recurso voluntário no qual apresentou fatos e documentos não suscitados/apresentados em sede de manifestação de inconformidade, a saber: 1. Unidade da instituição bancária realizou operação de crédito em que o cliente efetuou o pagamento do IOF no valor de R$ 1.199,99, contudo, por equívoco, foi contabilizada a retenção no valor de R$ 119.999,00, conforme "Ficha Financeira da Operação de Crédito" (doc. 10); 2. O valor de R$ 119.999,00 foi recolhido em 04/02/2009, juntamente com outras retenções do período, em DARF no valor de R$ 1.431.956,68; 3. Para regularizar o equívoco, em 28/05/2009 estornou o valor de R$ 119.999,00 e comandou a retenção no valor de R$ 1.199,99, recolhendoa, em 29/05/2009, com acréscimos de juros e multa de mora, perfazendo o valor de R$ 1.473,69, conforme "Relatório de Lançamento de Sistema de Recolhimento de Tributos Federais" (doc. 14); Prossegue o recurso voluntário com os "fundamentos jurídicos" para ver reformada a decisão da DRJ, no qual alega: 4. O indeferimento da manifestação de inconformidade sustentouse na impossibilidade de aceitação da DCTF retificadora após ciência do despacho decisório; 5. A DRJ não analisou a DCTF retificadora como meio probatório da certeza e liquidez do crédito; 6. A DRJ não o notificou a apresentar provas "complementares" do crédito, tampouco realizou diligência; 7. A IN RFB nº 900/2008 não condicionava a apresentação de PER/DCOMP ao oferecimento de provas da existência do direito creditório pleiteado; 8. A autoridade fiscal poderia requerer os documentos comprobatórios do crédito e determinar diligências para constatar a veracidade das informações consignadas no PER/DCOMP; 9. A DCTF pode ser retificada a qualquer fase do processo de restituição/compensação, e inexiste quaisquer das hipóteses legais que impeçam sua aceitação como válida; Fl. 172DF CARF MF Processo nº 10380.912738/200994 Acórdão n.º 3201003.713 S3C2T1 Fl. 173 4 10. Menciona acórdãos deste Conselho para sustentar o provimento do recurso; Ao final, pede: 11. A reforma do acórdão recorrido, pois entende comprovado o direito objeto do pedido; 12. Subsidiariamente, a análise pela Unidade de Origem da DCTF retificadora, em conjunto com os documentos anexados em sede de recurso voluntário. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator. O Recurso Voluntário atende aos requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. O contribuinte permeia seu recurso voluntário com a premissa equivocada de que a motivação para negativa de homologação de seu pedido de restituição/compensação fora tãosó o entendimento dos julgadores da DRJ da inaceitabilidade da DCTF retificadora apresentada após ciência no despacho decisório. Não é o que se extrai dos autos. Para aclarar, vejamos excertos do voto em que se explicitam os argumentos e fundamentos que antecederam seu dispositivo final: (... Dessa forma, em situações tais como a ora analisada, somente a apresentação de documentos, integrantes da escrituração contábil e fiscal da empresa, poderiam atestar ou comprovar que o IOF devido no período de apuração relativo ao terceiro decêndio de janeiro de 2009 seria de R$ 1.314.960,94, e não R$ 1.433.061,00 como originalmente declarado, e que, dessa forma, daria ao sujeito passivo crédito passível, no montante de R$ 119.999,00, de ser compensado com outro débito de IOF, conforme declarado no PER/DCOMP nº 11496.97818.030609.1.3.048977. Assim, a fim de comprovar a certeza e liquidez, a impugnante, obrigatoriamente, deveria ter instruído sua manifestação de inconformidade com documentos que respaldassem seu direito, uma vez que a Administração demonstrou que o crédito resultante do pagamento a maior é insuficiente para quitar a compensação pretendida.) (...) Fl. 173DF CARF MF Processo nº 10380.912738/200994 Acórdão n.º 3201003.713 S3C2T1 Fl. 174 5 Do referido ônus probatório não se desincumbiu a requerente. Desta forma, assiste razão, portanto, à Administração em não homologar a compensação declarada, pois a comprovação da disponibilidade do crédito somente pode ser aferida em relação à DCTF vigente no momento da decisão exarada pela autoridade competente. Portanto, no caso sob exame, não tendo o sujeito passivo, em sua manifestação de inconformidade, apresentado prova documental que desse respaldo à informação alterada na DCTF retificadora, e em consequência, confirmasse a ocorrência do alegado recolhimento a maior de IOF, é de se manter o despacho decisório guerreado. (...) A razão está com a decisão recorrida. Tratandose de direito creditório pleiteado, sem qualquer lastro documental a DCTF, a autoridade fiscal acertou em não homologálo. Iniciado então o contencioso com a manifestação de inconformidade era dever/ônus do contribuinte municiar sua defesa com os elementos de prova que suportassem as informações consignadas em sua DCTF retificadora, apresentadas em momento posterior ao procedimento de não homologação da compensação. Nada fora apresentado aos julgadores de 1ª instância, além de informações e cópias de PER/DCOMP e DCTFs, original e retificadora., com a narrativa cronológica de alegado pagamento a maior, sem esclarecer o motivo. O momento da apresentação da prova, sua ausência na instauração da fase litigiosa e o ônus probatório de quem alega os fatos constitutivos de seu direito possuem regramentos nos artigos 14 a 17, do Decreto n° 70.235, de 1972 (PAF), que regulamenta o processo administrativo fiscal no âmbito federal, e do artigo 373, da Lei nº 13.115/2015 (Código de Processo Civil), verbis: Decreto n° 70.235, de 1972: Art. 14. A impugnação da exigência instaura a fase litigiosa do procedimento. Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. [...] Art. 16. A impugnação mencionará: [...] III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir. Fl. 174DF CARF MF Processo nº 10380.912738/200994 Acórdão n.º 3201003.713 S3C2T1 Fl. 175 6 [...] § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) b) refirase a fato ou a direito superveniente; (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997). Lei nº 13.105/2015 CPC: "Art. 373. O ônus da prova incumbe: I — ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II — ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor." Cabe assinalar que à luz do art. 170 do CTN1, o reconhecimento de direito creditório contra a Fazenda Nacional exige a averiguação da liquidez e certeza do suposto pagamento indevido ou a maior de tributo, fazendose necessário verificar a exatidão das informações a ele referentes, confrontandoas com os registros contábeis e fiscais efetuados com base na documentação pertinente, com análise da situação fática, de modo a se conhecer qual seria o tributo devido e comparálo ao pagamento efetuado. A fim de comprovar a certeza e liquidez do crédito, o interessado deve, sob pena de preclusão, instruir sua manifestação de inconformidade com os motivos de fato e de direito que fundamentam sua pretensão, acompanhados dos documentos que respaldem suas afirmações, considerando o que dispõem os dispositivos legais transcritos. Os documentos juntados ao recurso voluntário, todos de emissão do contribuinte, estavam disponíveis à data da manifestação de inconformidade; dada essa circunstância, injustificável a não apresentação para análise e julgamento em sede primeira instância administrativa. No tópico "fundamentos jurídicos" do recurso há total inovação em relação à manifestação de inconformidade, concebendose razões para prover a reforma da decisão recorrida. Impera a norma do inciso III, do art. 16 cumulado com o art. 17 ambos do PAF de que as alegações versadas apenas em recurso voluntário, ou seja, não impugnadas em 1ª instância, são consideradas preclusas. 1 Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. Fl. 175DF CARF MF Processo nº 10380.912738/200994 Acórdão n.º 3201003.713 S3C2T1 Fl. 176 7 Outrossim, não há fato ou razão renovadas trazida aos autos pela DRJ. O voto tece considerações no sentido de que o contribuinte não se desincumbiu do ônus de comprovar com elementos hábeis seu direito. Afastase, portanto, as situações excepcionais e ensejadoras da apresentação extemporânea de elementos probatórios de que trata o § 4º do art. 16 do Decreto nº 70.235/76. Reconhecese na jurisprudência certo grau de atenuação dos rigores das normas processuais acerca da preclusão, isto é, afastase a preclusão em alguns casos excepcionais que notadamente referemse a fatos notórios ou incontroversos, no tocante a documentos que permitem o pronto convencimento do julgador. Logo, o direito da parte à produção de provas posteriores, até o momento da decisão administrativa comporta graduação e será determinado a critério da autoridade julgadora, com fulcro em seu juízo de valor acerca da utilidade e da necessidade, bem como à percepção de que efetivamente houve um esforço na busca de comprovar o direito alegado, que é ônus daquele que objetiva a restituição, ressarcimento e/ou compensação de tributos. No caso dos autos, evidenciase que o recorrente não o recorrente não se preocupou em produzir oportunamente os documentos que comprovariam suas alegações, ônus que lhe competia, segundo o sistema de distribuição da carga probatória adotado pelo Processo Administrativo Federal2, o PAF e o CPC. Quanto às alegações de que o princípio da verdade material impende a aceitação extemporânea de provas, suprimindo instância julgadora, é de se esclarecer que tal princípio destinase à busca da verdade que está para além dos fatos alegados pelas partes, mas isto num cenário dentro do qual as partes trabalharam proativamente no sentido do cumprimento do seu ônus probandi. A verdade material não se efetiva como um salvo conduto no qual o contribuinte aguarda pelo momento que melhor lhe convier a apresentação de suas provas. O ônus processual probatório é regido por dispositivos legais e se trata de um requisito de admissibilidade dos pleitos de natureza creditório, exigindo sua evidência desde a instauração do contencioso. Destarte, mão é aceitável que um pleito, onde se objetiva a restituição de um alegado crédito, seja proposto sem a devida e minuciosa demonstração e comprovação da efetiva existência do indébito e que posteriormente, também em sede de julgamento, se oportunize tais demonstração e comprovação. A busca pela verdade material não se presta a suprir a inércia do contribuinte que tenha deixado de apresentar, no momento processual apropriado, as provas necessárias à comprovação do crédito alegado. O processo administrativo fiscal, conquanto admita flexibilização na apresentação de provas, não se coaduna com a supressão de instância. Por fim, no tocante à jurisprudência trazida à colação pelo recorrente devese contrapor que se tratam de decisões isoladas, que não se enquadram ao caso em exame e nem vinculam o presente julgamento, podendo julgadores decidirem livremente, de acordo com 2 Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999, art. 36: Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no artigo 37 desta Lei. Fl. 176DF CARF MF Processo nº 10380.912738/200994 Acórdão n.º 3201003.713 S3C2T1 Fl. 177 8 suas convicções. Além disso, tratamse de precedentes que não constituem normas complementares, não têm força normativa, nem efeito vinculante para a administração tributária, pela inexistência de lei nesse sentido, conforme exige o art. 100, II, do CTN. Em verdade, alguns deles, sequer socorrem o pleito do recorrente pois condicionam a concessão do direito creditório, independentemente de apresentação de DCTF retificadora, à apresentação de provas contundentes. Cumpre salientar que esta Turma, em julgamento de situação análoga a apresentação de prova apenas em sede de recurso voluntário , por unanimidade de votos, negou provimento ao recurso do contribuinte. Tratase do Acórdão nº 3201002.316, sessão de 24 de agosto de 2016, de relatoria do Conselheiro José Luiz Feistauer de Oliveira, cuja ementa reproduzo: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário: 2004 COMPENSAÇÃO. REQUISITOS. É vedada a compensação de débitos com créditos desvestidos dos atributos de liquidez e certeza. ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO NO QUAL SE FUNDAMENTA A AÇÃO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. PROVA DOCUMENTAL. PRECLUSÃO A prova documental deve ser produzida até o momento processual da reclamação, precluindo o direito da parte de fazê lo posteriormente, salvo prova da ocorrência de qualquer das hipóteses que justifiquem sua apresentação tardia. PROVA DOCUMENTAL. PRINCÍPIO PROCESSUAL DA VERDADE MATERIAL. A busca da verdade real não se presta a suprir a inércia do contribuinte que tenha deixado de apresentar, no momento processual apropriado, as provas necessárias à comprovação dos créditos alegados. Desse modo, em homenagem aos princípios da preclusão probatória, do ônus probatório do direito creditório, à impossibilidade de supressão de instância, da impulsão oficial do processo e da celeridade, não vislumbro espaço para reanálise do despacho decisório, tampouco qualquer reforma na decisão recorrida. Conclusão Por todo o exposto, voto para NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. Paulo Roberto Duarte Moreira Fl. 177DF CARF MF Processo nº 10380.912738/200994 Acórdão n.º 3201003.713 S3C2T1 Fl. 178 9 Fl. 178DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10680.935234/2009-68
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu May 24 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jun 25 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3201-001.332
Decisão: Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, para determinar o retornar à Unidade Preparadora para proceder à reanálise do despacho decisório considerando a DCTF retificadora.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
Relatório
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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(assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório O interessado acima identificado recorre a este Conselho, de decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Belo Horizonte/MG. Trata o presente processo de pedido de restituição cumulado com declaração de compensação cujo crédito alegado é oriundo de pagamento a maior de IOF, relativo ao período de apuração de 30/11/2008. A DRF de jurisdição do contribuinte indeferiu o Pedido de Restituição e não homologou a compensação declarada sob o argumento de que o pagamento foi utilizado na quitação de débitos do contribuinte, não restando saldo creditório disponível. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 06 80 .9 35 23 4/ 20 09 -6 8 Fl. 51DF CARF MF Processo nº 10680.935234/200968 Resolução nº 3201001.332 S3C2T1 Fl. 52 2 O despacho decisório foi emitido, eletronicamente, em 07/10/2009 (fl. 04), e a ciência do contribuinte deuse em 20/10/2009 (fl. 14). Todavia, o contribuinte transmitiu DCTF retificadora em 08/06/2009, conforme relatado na decisão da DRJ (fl. 09), ou seja, em data anterior à emissão do despacho decisório que indeferiu o pleito e não homologou a compensação. A Unidade de origem encaminhou o processo para a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belo Horizonte/MG que, por intermédio da 1ª Turma, no Acórdão nº 0240.736, sessão de 01/10/2012, julgou improcedente a manifestação de inconformidade do contribuinte, não reconheceu o direito creditório postulado e não homologou a compensação. A decisão foi assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CRÉDITO, CÂMBIO E SEGUROS OU RELATIVAS A TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS IOF Data do fato gerador: 30/11/2008 COMPENSAÇÃO. AUSÊNCIA DE PROVAS DA EXISTÊNCIA DO CRÉDITO. Na ausência de provas, a DCTF retificadora não pode ser considerada instrumento hábil para conferir certeza e liquidez ao crédito indicado na declaração de compensação. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido A decisão recorrida fundamentouse no fato de que, inobstante a DCTF retificadora transmitida dentro do prazo legal, não houve apresentação de prova inequívoca de erro de fato no preenchimento da DCTF original, que demonstraria a certeza e liquidez do crédito alegado. Inconformada com a decisão, a contribuinte apresenta recurso voluntário, no qual aduz: 1. Diante do Pedido de Restituição/Compensação formulado e DCTF válida, a aferição quanto á certeza e liquidez do crédito pretendido tornase incumbência da Fazenda Pública; 2. Cometeu erro ao informar na DCTF valor incorreto do IOF devido, retificado em DCTF posterior; 3. Há espontaneidade na retificação da DCTF, não configurando nenhuma das hipóteses de sua vedação elencadas no art. 11 da IN RFB nº 903/2008; 4. O Fisco não lhe concedeu oportunidade para fazer prova do erro cometido no preenchimento da DCTF original; 5. Pede ao final, o provimento do recurso para que seja reconhecido seu direito e homologada a compensação. Fl. 52DF CARF MF Processo nº 10680.935234/200968 Resolução nº 3201001.332 S3C2T1 Fl. 53 3 É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator O Recurso Voluntário atende aos requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. Inferese do despacho decisório que a não homologação da compensação pleiteada decorreu da ausência de crédito para a quitação de débito vincendo no momento do encontro de contas o crédito decorrente de pagamento indevido em confronto com o débito confessado em DCTF. Consta no corpo do despacho decisório que o pagamento referente ao DARF indicado foi integralmente utilizado para quitação de débito, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados na PER/DCOMP. Ocorre que tal decisão não considerou a DCTF retificadora válida e eficaz nos termos do art. 11 da IN RFB nº 903/2008: Art. 11. A alteração das informações prestadas em DCTF será efetuada mediante apresentação de DCTF retificadora, elaborada com observância das mesmas normas estabelecidas para a declaração retificada. § 1º A DCTF retificadora terá a mesma natureza da declaração originariamente apresentada, substituindoa integralmente, e servirá para declarar novos débitos, aumentar ou reduzir os valores de débitos já informados ou efetivar qualquer alteração nos créditos vinculados. § 2º A retificação não produzirá efeitos quando tiver por objeto alterar os débitos relativos a impostos e contribuições: I cujos saldos a pagar já tenham sido enviados à ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN) para inscrição em DAU, nos casos em que importe alteração desses saldos; II cujos valores apurados em procedimentos de auditoria interna, relativos às informações indevidas ou não comprovadas prestadas na DCTF, sobre pagamento, parcelamento, compensação ou suspensão de exigibilidade, já tenham sido enviados à PGFN para inscrição em DAU; ou III em relação aos quais a pessoa jurídica tenha sido intimada de início de procedimento fiscal. No caso dos autos, não ha incidência de nenhuma das hipóteses de inadmissibilidade da DCTF retificadora. Ademais, a retificação da DCTF em questão operou se ao abrigado da espontaneidade, porquanto efetuada antes de qualquer procedimento do Fisco. A própria decisão recorrida afirmou a regularidade da declaração. Nessas circunstâncias, a DCTF retificadora apresentada alterou eficazmente a situação jurídica anterior; contudo, os efeitos da retificação da DCTF foram desconsiderados no despacho decisório. Fl. 53DF CARF MF Processo nº 10680.935234/200968 Resolução nº 3201001.332 S3C2T1 Fl. 54 4 A nova realidade estampada na DCTF retificadora tem de ser devidamente avaliada pela Autoridade Fiscal, quanto à sua liquidez e certeza. Somente após tal providência é que eventualmente poderá ser denegada a repetição e não homologada a compensação. Este entendimento é compartilhado por esta Turma em sua maioria e passo a aderilo. Em recente voto de minha relatoria, restei vencido pelos demais Conselheiros em situação análoga que se traduz na "impossibilidade de se considerar a inexistência de prova da certeza e liquidez do crédito para indeferir o pleito de restituição/compensação quando o Fisco sequer analisou DCTF retificadora válida e oportunizou ao contribuinte a comprovação de seu direito". A decisão a que me refiro foi prolatada na sessão de 30/01/2018, reproduzida na imagem: Conclusão Diante do exposto, voto para que o julgamento seja convertido em diligência para a que a Unidade de Origem promova a reanálise do despacho decisório considerando a DCTF retificadora. Paulo Roberto Duarte Moreira Fl. 54DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10935.001709/2003-96
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu May 24 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jun 25 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários - IOF
Período de apuração: 16/07/1998 a 27/08/2003
REPETIÇÃO DE INDÉBITO. PRAZO PRESCRICIONAL.
Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplica-se o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador. Súmula CARF nº 91.
IOF. OPERAÇÃO DE SEGURO RURAL. ISENÇÃO.
A isenção de IOF só se aplica às operações de seguro que forem enquadradas em uma das modalidades de seguro rural.
Numero da decisão: 3201-003.719
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários - IOF Período de apuração: 16/07/1998 a 27/08/2003 REPETIÇÃO DE INDÉBITO. PRAZO PRESCRICIONAL. Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplica-se o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador. Súmula CARF nº 91. IOF. OPERAÇÃO DE SEGURO RURAL. ISENÇÃO. A isenção de IOF só se aplica às operações de seguro que forem enquadradas em uma das modalidades de seguro rural.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1572; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C2T1 Fl. 328 1 327 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10935.001709/200396 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3201003.719 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 24 de maio de 2018 Matéria PEDIDO DE RESTITUIÇÃO Recorrente SPERAFICO AGROINDUSTRIAL LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CRÉDITO, CÂMBIO E SEGUROS OU RELATIVAS A TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS IOF Período de apuração: 16/07/1998 a 27/08/2003 REPETIÇÃO DE INDÉBITO. PRAZO PRESCRICIONAL. Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplicase o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador. Súmula CARF nº 91. IOF. OPERAÇÃO DE SEGURO RURAL. ISENÇÃO. A isenção de IOF só se aplica às operações de seguro que forem enquadradas em uma das modalidades de seguro rural. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 93 5. 00 17 09 /2 00 3- 96 Fl. 328DF CARF MF Processo nº 10935.001709/200396 Acórdão n.º 3201003.719 S3C2T1 Fl. 329 2 Relatório Para bem relatar os fatos, transcrevese o relatório da decisão proferida pela autoridade a quo: Tratase de Pedido de Restituição de IOF incidente sobre operações de seguros de bens (entrepostos, armazéns e caminhões), que supostamente se enquadrariam como seguro rural, estando assim albergados por isenção, conforme disposto no artigo 19 do Decretolei n° 73, de 21/11/1966, do artigo 22, §1° do Decreto n° 2.219, de 02/05/1997 e do artigo 23 do Decreto n° 4.494, de 03/12/2002. O montante pleiteado é de R$ 57.080,40, conforme informado pela manifestante, referente ao período de apuração 16/07/1998 a 27/08/2003, protocolado na DRFCascavel em 01 de setembro de 2003. Em 14 de dezembro de 2011, foi proferida decisão através do Despacho Decisório n° 423/2011, indeferindo o pedido da contribuinte. De modo preliminar, foi declarada a prescrição do direito de pleitear a restituição dos pagamentos anteriores a 01/09/1998, em conformidade ao artigo 168, do código tributário nacional. No mérito, decidiu a autoridade tributária que os contratos de seguro apresentados não atendiam aos requisitos das leis supramencionadas, que os enquadrariam na modalidade “seguro rural”, não fazendo assim jus à isenção do IOF concedida pela lei. Fl. 329DF CARF MF Processo nº 10935.001709/200396 Acórdão n.º 3201003.719 S3C2T1 Fl. 330 3 Irresignada com a decisão proferida, apresentou a contribuinte manifestação de inconformidade, contestando inicialmente a glosa de créditos para os quais a autoridade administrativa declarou a prescrição. Arguiu que a jurisprudência dos tribunais superiores estabeleceuse prazo prescricional de 10 (dez) anos para o direito de pleitear restituição de indébito tributário, através da chamada tese dos “cinco mais cinco”. No mérito, a defesa da manifestante gira em torno da maior abrangência do seguro rural, alegando que este deve ser estendido aos seus entrepostos e aos caminhões utilizados para o transporte dos produtos armazenados. No caso, a Manifestante pagou o IOF sobre o seguro contratado para cobertura da produção rural armazenada em seus entrepostos e dos caminhões utilizados para o transporte dos produtos armazenados. Sendo a finalidade da norma de isenção do IOF a redução do custo da cadeia agropecuária é certo que seu alcance contempla o seguro contratado para cobrir riscos dos produtos rurais armazenados nos entrepostos e dos caminhões utilizados no transporte. Cita ainda jurisprudência administrativa para apoiar suas alegações. Requer ao final a procedência da manifestação de inconformidade apresentada, bem como a reforma da decisão proferida por meio do Despacho Decisório, com reconhecimento do crédito de IOF incidente sobre as operações de seguros, acrescido da taxa Selic. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto/SP por intermédio da 14ª Turma, no Acórdão nº 1464.740, sessão de 1303/2017, julgou improcedente a impugnação do contribuinte. A decisão foi assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CRÉDITO, CÂMBIO E SEGUROS OU RELATIVAS A TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS IOF Período de apuração: 16/07/1998 a 27/08/2003 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PRESCRIÇÃO. A prescrição do direito de pleitear a restituição ocorre em cinco anos contados da extinção do crédito pelo pagamento para pedidos realizados após a entrada em vigor da Lei Complementar nº 118/05, de acordo com o RE 566.621/RS do STF. O prazo de 10 anos reconhecido pelo STF anterior a vigência dessa lei, conforme o Parecer PGFN/CRJ nº 1.528/2012 se aplica somente a ações ajuizadas anteriormente a 09/06/2005, não alcançando pedidos administrativos. Fl. 330DF CARF MF Processo nº 10935.001709/200396 Acórdão n.º 3201003.719 S3C2T1 Fl. 331 4 IOF. OPERAÇÃO DE SEGURO RURAL. ISENÇÃO. A isenção de IOF só se aplica às operações de seguro que forem enquadradas em uma das modalidades de seguro rural. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Inconformada a contribuinte, apresentou recurso voluntário reproduzindo os mesmos argumentos de sua impugnação. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator O Recurso Voluntário atende aos requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. O litígio versa acerca do prazo para formalização de pedido administrativo de restituição de tributo pago indevido/a maior e a isenção do IOF sobre os contratos de seguro que, segundo a recorrente, se enquadraria na modalidade "seguro rural", previsto no art. 19 do DecretoLei nº 73/1966. Prazo para pedido de restituição O pedido de restituição foi analisada pela DRF em Cascavel/PR que a indeferiu sob o fundamento de que na data da sua formalização o direito da interessada repetir os indébitos reclamados encontravase alcançado pela prescrição quinquenal, nos termos dos arts. 168, do CTN c/c o art. 3º da LC nº 118/2005, quanto aos pagamentos realizados antes de 01/09/1998, posto que se tratava de pedido apresentado em 01/09/2003. A manifestação de inconformidade interposta contra aquela decisão foi julgada improcedente pela DRJ, acrescentando aos fundamentos da DRF a inaplicabilidade do prazo de 10 anos em razão do Parecer PGFN/CRJ nº 1.528/2012 exarar o entendimento de que somente se aplica às ações ajuizadas anteriormente a 09/06/2005, não alcançando pedidos administrativos. Irresignada, a contribuinte arguiu que a jurisprudência dos tribunais superiores estabeleceuse prazo prescricional de 10 (dez) anos para o direito de pleitear restituição de indébito tributário, através da chamada tese dos “cinco mais cinco" A tese defendida pela fiscalização/DRJ era acolhida em decisões administrativas e judiciais; todavia, atualmente, encontrase pacificada e superada. É verdade que prevalecera fortemente a tese de que o termo inicial do prazo para a repetição do indébito era a data do pagamento do tributo, sobretudo após a edição da Lei complementar nº 118/2005, verbis: Fl. 331DF CARF MF Processo nº 10935.001709/200396 Acórdão n.º 3201003.719 S3C2T1 Fl. 332 5 Art. 3º Para efeito de interpretação do inciso I do art. 168 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional, a extinção do crédito tributário ocorre, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento do pagamento antecipado de que trata o § 1o do art. 150 da referida Lei. Art. 4º Esta Lei entra em vigor 120 (cento e vinte) dias após sua publicação, observado, quanto ao art. 3o, o disposto no art. 106, inciso I, da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional. No entanto, o STJ firmou entendimento de que o preceito da parte final do art. 4º da LC nº 118/2005, encontrase maculado por vício de inconstitucionalidade, não se cogitando na aplicabilidade retroativa do disposto no artigo 3°, consoante esculpido Recurso Especial nº 1.002.932/SP. Em síntese, posicionouse aquele Tribunal no sentido de que, no caso de repetição de indébito de tributo sujeito ao lançamento por homologação, o prazo prescricional para protocolizar o pedido, após o advento da LC n° 118/05, contase da seguinte forma: 1) Recolhimentos efetuados antes da LC 118/2005 (até 08/06/2005) – Prazo de 10 (dez) anos – tese dos "5 + 5", contados da ocorrência do fato gerador, limitado ao período máximo de cinco anos a contar da vigência da lei nova; 2) Recolhimentos realizados após a vigência da LC 118 (09/06/2005) – Prazo de 05 (cinco) anos a contar da data do pagamento indevido; Corroborando a posição do STJ, o Supremo Tribunal Federal, pacificou a matéria, ratificando a inconstitucionalidade da parte final do artigo 4° da LC n° 118/2005, mantendo, portanto, o prazo prescricional com base na tese dos 5 + 5 para nos casos de recolhimentos indevidos ocorridos anteriormente à vigência do aludido diploma legal. Sua decisão foi exarada no Recurso Extraordinário n° 566.621/RS, julgado sob a sistemática do rito previsto no artigo 543B do antigo Código de Processo Civil. A ressalva imposta pelo STF foi de que a LC nº 118/05 poderá ser aplicado às "ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005." Aos julgadores do CARF impõese a aplicação do que restar decidido pelo STJ e STF na sistemática do arts. 543B e 543C, do antigo CPC, a teor do que prescreve o disposto no caput do art. 62 da Portaria MF nº 343/2015 RICARF1. 1 Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: (...) II que fundamente crédito tributário objeto de: (...) b) Decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária; (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) Fl. 332DF CARF MF Processo nº 10935.001709/200396 Acórdão n.º 3201003.719 S3C2T1 Fl. 333 6 Quanto à aplicação das decisões dos Tribunais Superiores apenas às ações judiciais, excluindose dos pedidos administrativos, tem a Câmara Superior de Recursos Fiscais decidido a favor do contribuinte, a exemplo do Acórdão nº 9303003.313, decidido por unanimidade de votos, de lavra do Cons. Henrique Pinheiro Torres, no processo nº 13766.000694/9924, Sessão de 10 de dezembro de 2015. Segue excerto do voto: [...] Essa decisão não deixa margem a dúvida de que o artigo 3º da Lei Complementar nº 118/2005 só produziram efeitos a partir de 9 de junho de 2005. Com isso, quem ajuizou ação judicial de repetição de indébito, em período anterior a essa data, gozava do prazo decenal (tese dos 5 + 5) para repetição de indébito, contado a partir do fato gerador da obrigação tributária. Ademais, não se pode olvidar que a Constituição é aquilo que o Supremo Tribunal Federal diz que ela é. Com isso, em matéria de controle de constitucionalidade, a última palavra é do STF. Por conseguinte, deve todos os demais tribunais e órgãos administrativos observarem suas decisões. De outro lado, não se alegue que predita decisão seria inaplicável ao CARF, já que o acórdão do STF teria vedado a aplicação retroativa da lei aos casos de ação judicial impetradas até o início da vigência da lei interpretativa, pois o fundamento para declarar a inconstitucionalidade da segunda parte do art. 4º acima citado, foi justamente a ofensa ao princípio da segurança jurídica e da confiança, o que se aplica, de igual modo, aos pedidos administrativos, não havendo qualquer motivo, nesse quesito – segurança jurídica – para diferenciálos dos pedidos judiciais. De todo o exposto, temse que aos pedidos administrativos de repetição de indébito, formalizados até 8 de junho de 2005, aplicase o prazo decenal. Assim, no caso sob exame, na data em que protocolado o pedido de repetição (22/07/1999), os créditos a ele pertinentes não haviam sido alcançados pela prescrição. [...] Nesse mesmo sentido, recentes decisões da CSRF tem aplicado aos pedidos administrativos de restituição e compensação de tributos pagos indevidamente ao a maior as teses assentadas pelo STJ e STF. Citese os acórdãos nºs. 9303005.488 (27/07/2017) e 9900 001.015 (11/12/2017), este do Pleno. A matéria encontrase pacificada com a edição da Súmula CARF nº 91: "Ao pedido administrativamente antes de 9 de junho de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplicase o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador." Com base nesse entendimento, tendo em vista os recolhimentos e o pedido de restituição antes da vigência da Lei Complementar n° 118/2005, e considerando que o Pedido foi apresentado em 01/09/2003, temse que, relativamente a fatos geradores ocorridos no período de 16/07/1998 a 27/08/2003, a título de IOF, não foram alcançados pela prescrição. Fl. 333DF CARF MF Processo nº 10935.001709/200396 Acórdão n.º 3201003.719 S3C2T1 Fl. 334 7 Superada questão preliminar, resta decidir acerca do mérito, ou seja, se a recorrente detém o direito à isenção de IOF nas operações de "seguro rural" o que tornaria indevidos os pagamentos desse Imposto realizados. Isenção do IOF nas contratações de seguro rural o direito ao indébito Cumpre transcrever a legislação que trata da matéria para a análise do recurso voluntário: DecretoLei nº 73, de 21 de novembro de 1966: Dispõe sobre o Sistema Nacional de Seguros Privados, regula as operações de seguros e resseguros e dá outras providências. (...) Art 19. As operações de Seguro Rural gozam de isenção tributária irrestrita, de quaisquer impostos ou tributos federais. Resolução CNSP n° 46, de 12 de fevereiro de 2001, que dispõe acerca do Seguro Rural, definindoo em seu artigo 2º, e enumera suas modalidades: Capítulo I Do Objeto Art. 1°. O Seguro Rural e o Fundo de Estabilidade do Seguro Rural FESR, instituído pelos arts. 16 e 17 do DecretoLei n° 73, de 21 de novembro de 1966, com a finalidade de garantir a estabilidade das operações de Seguro Rural e atender à cobertura suplementar dos riscos de catástrofe, serão regidos, controlados e fiscalizados conforme o estabelecido na presente Resolução. Art. 2°. O Seguro Rural constitui ramo de seguro destinado à cobertura dos riscos peculiares às atividades agrícola, pecuária, aqüícola e florestal. Capítulo II Das Modalidades do Seguro Rural Art. 3° O Seguro Rural abrange as seguintes modalidades: I seguro agrícola; II seguro pecuário; III seguro aqüícola; IV seguro de florestas; V seguro de penhor rural instituições financeiras públicas; VI seguro de penhor rural instituições financeiras privadas; e VII seguro de benfeitorias e produtos agropecuários. Fl. 334DF CARF MF Processo nº 10935.001709/200396 Acórdão n.º 3201003.719 S3C2T1 Fl. 335 8 Além disso, o Relator da decisão recorrida colheu no site da Susep a descrição da cobertura de cada uma das modalidades de Seguro Rural. Reproduzo as que interessam à lide: Seguro Agrícola: Este seguro cobre as explorações agrícolas contra perdas decorrentes principalmente de fenômenos meteorológicos. Cobre basicamente a vida da planta, desde sua emergência até a colheita, contra a maioria dos riscos de origem externa, tais como, incêndio e raio, tromba d'água, ventos fortes, granizo, geada, chuvas excessivas, seca e variação excessiva de temperatura. (...) Seguro de Penhor Rural: O Seguro de Penhor Rural tem por objetivo cobrir perdas e/ou danos causados aos bens, diretamente relacionados às atividades agrícola, pecuária, aqüícola ou florestal, que tenham sido oferecidos em garantia de operações de crédito rural. Observada a natureza da instituição financeira, o Seguro de Penhor Rural se divide em dois ramos distintos: Penhor Rural – Instituições Financeiras Públicas e Penhor Rural – Instituições Financeiras Privadas. OBS.: Todas as operações dos seguros de bens diretamente relacionados às atividades agrícola, pecuária, aqüícola ou florestal devem ser comercializadas e contabilizadas nos ramos Penhor Rural (ramos 62 e 63) e Benfeitorias e Produtos Agropecuários (ramo 30), observadas as respectivas definições, sob pena de aplicação de penalidade, nos termos da legislação vigente. Seguro de Benfeitorias e Produtos Agropecuários: Este seguro tem por objetivo cobrir perdas e/ou danos causados aos bens, diretamente relacionados às atividades agrícola, pecuária, aqüícola ou florestal, que não tenham sido oferecidos em garantia de operações de crédito rural. Verificase dos autos que a fiscalização procedeu à análise do conteúdo das apólices de seguros apresentadas pela recorrente, contatando o que segue (fl. 255): As apólices de seguro juntadas às fls. 13/113 referemse a cobertura de veículos de carga e utilitários, bem como de instalações comerciais e industriais. Quanto ao seguro dos demais bens, melhor sorte não têm as apólices sobre as instalações comerciais e industriais. De acordo com o contrato social, o objeto social da empresa são serviços de transportes rodoviários de cargas, produção, beneficiamento e comércio de sementes selecionadas e cereais, comércio de corretivos, defensivos agrícolas, água mineral, produtos alimentícios, indústria e comércio de fertilizantes, indústria de óleo de soja, Fl. 335DF CARF MF Processo nº 10935.001709/200396 Acórdão n.º 3201003.719 S3C2T1 Fl. 336 9 armazenamento de cereais, representações comerciais, prestação de serviços fitossanitários, importação e exportação de produtos objeto do ramo social. Portanto, estes bens estão voltados para a atividade industrial e comercial e não estão vinculados diretamente à produção rural. Aduz a contribuinte em seu recurso voluntário que para se precaver de incidentes que coloquem em risco os produtos rurais com os quais cumpre seus objetivos sociais, mantém seguro dos entrepostos onde é armazenada a produção rural, bem como de seus bens móveis (caminhões) utilizados para o transporte dos produtos rurais. Sustenta ainda a recorrente que conforme prova o objeto social constante do seu estatuto social, é empresa que atua no meio rural através do comércio de produtos e insumos agrícolas, recepção e guarda de produtos rurais em armazéns gerais instalados em entrepostos e serviços de transporte rodoviário de cargas de produtos rurais (fl. 323). Como se vê, a contribuinte não se caracteriza como pessoa jurídica que exerce atividade agrícola, pecuária ou aquícola, pois como reconhece, sua atividade é comercial, industrial e de prestação de serviço, em especial rodoviário de cargas. Em síntese, não é produtora rural; apenas armazena, comercializa e transporta produtos de origem rural. As apólices de seguros que constam dos autos são todas concernentes a atividades posteriores à produção agrícola. Conclusão Assim, a isenção de tributos concedida no art. 19 do DL nº 73/1966 ao seguro rural é destinada à cobertura de riscos peculiares às atividades agrícola, pecuária, aqüícola e florestal, o que significa que não alcança as atividades da recorrente. Por todo o exposto, em que pese não restar prescrito os pedidos de restituição de IOF, no mérito não assiste direito à contribuinte à isenção do IOF relativamente aos contratos de seguros, por não configurarem modalidade de "seguro rural". Destarte, voto para NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. Paulo Roberto Duarte Moreira Fl. 336DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10540.900582/2008-38
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 18 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue May 15 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 31/05/2003
DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO APURADO EM DILIGÊNCIA.
Comprovado por diligência fiscal o direito creditório homologa-se a compensação até o limite do crédito reconhecido e disponível.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 3201-003.649
Decisão: Acordam os membros do colegiado, Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, para reconhecer o crédito até o limite disponível, apontado na informação fiscal que consta dos autos às fls. 158/160. Processo julgado em sessão de julgamento do dia 19/04/2018, no período da tarde.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Winderley Morais Pereira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Marcelo Giovani Vieira, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Cássio Schappo (suplente convocado).
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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DIREITO CREDITÓRIO APURADO EM DILIGÊNCIA. Comprovado por diligência fiscal o direito creditório homologase a compensação até o limite do crédito reconhecido e disponível. Recurso Voluntário Provido em Parte Acordam os membros do colegiado, Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, para reconhecer o crédito até o limite disponível, apontado na informação fiscal que consta dos autos às fls. 158/160. Processo julgado em sessão de julgamento do dia 19/04/2018, no período da tarde. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Winderley Morais Pereira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Marcelo Giovani Vieira, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Cássio Schappo (suplente convocado). Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 54 0. 90 05 82 /2 00 8- 38 Fl. 166DF CARF MF Processo nº 10540.900582/200838 Acórdão n.º 3201003.649 S3C2T1 Fl. 3 2 O interessado acima identificado recorre a este Conselho, de decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Salvador/BA. Por bem descrever os fatos ocorridos, até então, adoto o relatório da decisão recorrida, que transcrevo, a seguir: O estabelecimento acima identificado formalizou PERDCOMP eletrônica, fls. 09 a 13, visando compensar os débitos nele declarados com o crédito oriundo de pagamento indevido ou a maior, do tributo de código 6912 – PIS (Programa de Integração Social), referente ao PA de 31/05/2003. A DRF/Vitória da Conquista emitiu Despacho Decisório eletrônico, nº de rastreamento 791150704, de 24/04/2008, fl. 03, não homologando a compensação pleiteada, em face de que o pagamento foi integralmente utilizado na quitação de débitos da contribuinte, “não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP”. Cientificada do despacho decisório em 07/10/2008, conforme informação à fl. 24, a contribuinte apresentou manifestação de inconformidade em 13/10/2008, fls. 02 a 03, alegando que: ] efetuou pagamento a maior de valores devidos a título de PIS/Cofins, em face da não aplicação da Lei nº 10.637, de 2002; ] considerando as movimentações da empresa e com espeque na Lei nº 10.637, de 2002, art. 3º, o valor apurado do referido tributo fica limitado R$ 1.405,24. Assim, no período de apuração mencionado foi pago a maior o valor de R$ 5.630,71, que foi objeto deste PERDCOMP (13951.55134.14704.1.3.040000,) fls. 08 a 12, e ainda de outras duas PERDCOMP nº 08729.94857.160604.1.3.047034 e 07052.26558.10604.1.3.04 7603; ] requer, com base nos fatos relatados, o deferimento do processo de compensação. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Salvador/BA, por intermédio da 4ª Turma, no Acórdão nº 1520.263, sessão de 12/08/2009, julgou improcedente a manifestação de inconformidade do contribuinte. A decisão foi assim ementada: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Data do fato gerador: 31/05/2003 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. Incabível a compensação de débito informado em DCOMP com crédito de pagamento indevido ou a maior, por este já ter sido totalmente utilizado em outras DCOMP apresentadas pela contribuinte. Fl. 167DF CARF MF Processo nº 10540.900582/200838 Acórdão n.º 3201003.649 S3C2T1 Fl. 4 3 Cientificada da decisão de primeira instância, a contribuinte interpôs Recurso Voluntário (fls. 43/45) no qual repisa as alegações apresentadas na impugnação, reafirmando que não utilizou o seu direito de crédito quando da apuração do PIS, estando correto os valores informados na declaração de compensação, anexando no recurso, cópias do livro Razão, Livro Diário e planilha de cálculo. Submetido a julgamento, em Turma extinta deste CARF, na sessão de 02/06/2011, decidiu seus conselheiros em converter o julgamento em diligência para que a Unidade de Origem confirmar o direito creditório pleiteado, em razão da constatação que os valores informados pela Recorrente divergiam das informações de indeferimento do pedido de restituição. O relator fundamentou sua proposta conforme extraise do excerto: O presente processo não se encontra em condições de ser julgado por esse colegiado, tendo em vista a insuficiência de seu conjunto probatório. Segundo o julgador a quo, os créditos já foram utilizados noutras compensações. Já a Recorrente alega que efetuou pagamento a maior em face da não utilização da Lei 10.637/2002, e afirma ser credor de R$ 5.630,71 (fato gerador de 31 de maio de 2003, recolhimento a maior). Constatase que os valores indicados pela ora recorrente no quadro apresentado em seu recurso voluntário (fls.41) guardam conformidade com as respectivas PER/DCOMPS e aparentemente divergem, em grande escala, das informações que fundamentam o indeferimento do pedido de restituição. Diante disso, converto o julgamento do recurso voluntário em diligência para que a unidade de origem emita juízo de valor acerca das informações contidas no quadro da folha 41 dos autos deste processo administrativo. Em caso de discordância, juntar aos autos do processo as PER/DCOMP 08729.94857.160604.1.3 047034 e 07052.26586.160604.1.3.047603. Após a manifestação da DRF, deverá ser intimado o contribuinte para, querendo, manifestarse no prazo de 30 (trinta) dias, com posterior retorno dos autos para julgamento. A Unidade da Receita Federal procedeu a diligência, consubstanciado em Relatório Fiscal (fls. 158/160), confirmando parcialmente as alegações da Recorrente, que foram assim detalhados no relatório. Diante do exposto e em atenção ao solicitado na Resolução n° 3101000.152 – 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária, da Terceira Seção de Julgamento do CARF, podese afirmar que, após a homologação das Dcomps 08729.94857.160604.1.3.047034 e 07052.26558.160604.1.3.047603, remanesceu, ainda disponível, o valor de R$ 2.157,05 do crédito original deferido, valor esse Fl. 168DF CARF MF Processo nº 10540.900582/200838 Acórdão n.º 3201003.649 S3C2T1 Fl. 5 4 suficiente para homologar a Dcomp 13951.55134.140704.1.3.040000, objeto do processo administrativo 10540.900.582/200838. CONCLUSÃO Em atendimento ao solicitado na Resolução n° 31010 00.152 – 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária, da Terceira Seção de Julgamento do CARF, PROPONHO homologar a compensação pretendida neste processo administrativo (PerDcomp 13951.55134.140704.1.3.040000), até o limite do crédito reconhecido e disponível. (grifos no original) (...) Nos termos constantes da relatório fiscal, a Recorrente foi cientificada das conclusões da diligência e não se manifestou. Cumprida a diligência o processo retornou para este CARF e redistribuído em razão da extinção da turma em que se iniciou o julgamento. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator O Recurso Voluntário atende aos requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. O litígio que se afigura cingese tãosomente à questão fática da existência do direito creditório postulado pela recorrente. A unidade preparadora, em atendimento a diligência determinada pelo CARF, procedeu à verificação das compensações declaradas pelo contribuinte e em informação fiscal concluiu pela procedência parcial das alegações da Recorrente, conforme pode ser verificado na conclusão do relatório fiscal. A Recorrente cientificada das conclusões da diligência não se manifestou e portanto, não existe nenhuma alegação contra as conclusões da Fiscalização. Conclusão Diante do exposto, voto no sentido de dar parcial provimento ao recurso voluntário nos termos da informação fiscal às fls. 158/160. Paulo Roberto Duarte Moreira Fl. 169DF CARF MF Processo nº 10540.900582/200838 Acórdão n.º 3201003.649 S3C2T1 Fl. 6 5 Fl. 170DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10380.900681/2012-86
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu May 24 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Jun 21 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 03/07/2009
MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE. MATÉRIAS NÃO ALEGADAS. APRESENTAÇÃO DE PROVAS. PRECLUSÃO. MOMENTO PROCESSUAL
A prova documental deve ser produzida até o momento processual da reclamação, precluindo o direito da parte de fazê-lo posteriormente, salvo prova da ocorrência de qualquer das hipóteses que justifiquem sua apresentação tardia.
Consideram-se preclusas as alegações não submetidas ao julgamento de primeira instância, apresentadas somente na fase recursal.
DCTF. CONFISSÃO DE DÍVIDA. RETIFICAÇÃO. DESPACHO DECISÓRIO. DIREITO CREDITÓRIO
A DCTF é instrumento formal de confissão de dívida, e sua retificação, posterior à emissão de despacho decisório, exige comprovação material a sustentar direito creditório alegado.
VERDADE MATERIAL. ÔNUS DA PROVA.
As alegações de verdade material devem ser acompanhadas dos respectivos elementos de prova. O ônus de prova é de quem alega. A busca da verdade material não se presta a suprir a inércia do contribuinte que tenha deixado de apresentar, no momento processual apropriado, as provas necessárias à comprovação do crédito alegado.
Numero da decisão: 3201-003.714
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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MATÉRIAS NÃO ALEGADAS. APRESENTAÇÃO DE PROVAS. PRECLUSÃO. MOMENTO PROCESSUAL A prova documental deve ser produzida até o momento processual da reclamação, precluindo o direito da parte de fazêlo posteriormente, salvo prova da ocorrência de qualquer das hipóteses que justifiquem sua apresentação tardia. Consideramse preclusas as alegações não submetidas ao julgamento de primeira instância, apresentadas somente na fase recursal. DCTF. CONFISSÃO DE DÍVIDA. RETIFICAÇÃO. DESPACHO DECISÓRIO. DIREITO CREDITÓRIO A DCTF é instrumento formal de confissão de dívida, e sua retificação, posterior à emissão de despacho decisório, exige comprovação material a sustentar direito creditório alegado. VERDADE MATERIAL. ÔNUS DA PROVA. As alegações de verdade material devem ser acompanhadas dos respectivos elementos de prova. O ônus de prova é de quem alega. A busca da verdade material não se presta a suprir a inércia do contribuinte que tenha deixado de apresentar, no momento processual apropriado, as provas necessárias à comprovação do crédito alegado. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 38 0. 90 06 81 /2 01 2- 86 Fl. 60DF CARF MF Processo nº 10380.900681/201286 Acórdão n.º 3201003.714 S3C2T1 Fl. 61 2 Charles Mayer de Castro Souza Presidente (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório Para bem relatar os fatos, transcrevese o relatório da decisão proferida pela autoridade a quo: Trata o presente processo sobre a PER/DCOMP Declaração de Compensação, transmitida, via internet, pelo contribuinte acima identificado, em 23/09/2009, tendo por base suposto pagamento indevido ou a maior de IOF Operações de crédito/Pessoa Jurídica (código receita 1150). Nos exatos termos do Despacho Decisório (Nº de Rastreamento): 019086887, emitido em 01/03/2012, a autoridade fiscal não homologou a compensação declarada no PER/DCOMP nº 23550.26454.230909.1.3.044640, sob o argumento de que a partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos Informados no PER/DCOMP. (...) Esclarece ainda, tal despacho, que o limite do crédito analisado, correspondente ao valor do crédito original na data de transmissão informado no PER/DCOMP é de R$ 9.883,00 (nove mil oitocentos e oitenta e três reais). Inconformada com a decisão administrativa, cuja ciência ocorreu em 16/03/2012, a Requerente protocolou, em 13/04/2012 sua manifestação de inconformidade, alegando, em síntese. Quando da elaboração da PER/Dcomp o banco não procedeu com a retificação da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF) de junho de 2009, gerando a pendência objeto do despacho decisório. Assim, em 23/03/2012 procedeu à retificação da DCTF a qual gera o crédito em cobrança. Assim, diante todo o exposto resta demonstrado que providenciou a regularização do Despacho Decisório, razão Fl. 61DF CARF MF Processo nº 10380.900681/201286 Acórdão n.º 3201003.714 S3C2T1 Fl. 62 3 pela qual requer a baixa do saldo devedor, bem como a homologação da compensação solicitada.. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Brasília/DF, por intermédio da 2ª Turma, no Acórdão nº 0359966, sessão de 21/03/2014, julgou improcedente a manifestação de inconformidade do contribuinte. A decisão foi assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CRÉDITO, CÂMBIO E SEGUROS OU RELATIVAS A TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS IOF Data do Fato Gerador: 03/07/2009 COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. ERRO. DCTF. Não deve ser reconhecido o direito creditório pleiteado pela contribuinte quando não comprovado, por documentos hábeis e idôneos, que houve equívoco no preenchimento da DCTF, se esse erro foi a causa do não reconhecimento do direito creditório no despacho decisório proferido pela autoridade a quo. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e a existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido A decisão a quo manteve a não homologação da compensação sob o fundamento de que em sede de manifestação de inconformidade não foi apresentada prova documental que desse respaldo à DCTF retificadora, transmitida após a ciência no despacho decisório. Irresignado, o contribuinte interpôs recurso voluntário no qual apresentou fatos e documentos não suscitados/apresentados em sede de manifestação de inconformidade, a saber: 1. A instituição bancária reteve o valor de R$ 2.032.271,87 referente ao IOF, conforme relatório "Sistema de Recolhimento" (doc. 10) e efetuou o pagamento do DARF em 03/07/2009, conforme documentos juntados ao recurso; 2. Em procedimento de revisão do recolhimento, percebeu pagamento a maior e estornou o valor retido a maior (docs. 15 e 16); 3. Entende que sanada a pendência de envio de DCTF retificadora fica comprovada a existência do crédito decorrente de pagamento indevido; Prossegue o recurso voluntário com os "fundamentos jurídicos" para ver reformada a decisão da DRJ, no qual alega: Fl. 62DF CARF MF Processo nº 10380.900681/201286 Acórdão n.º 3201003.714 S3C2T1 Fl. 63 4 4. O indeferimento da manifestação de inconformidade sustentouse na impossibilidade de aceitação da DCTF retificadora após ciência do despacho decisório; 5. A DRJ não analisou a DCTF retificadora como meio probatório da certeza e liquidez do crédito; 6. A DRJ não o notificou a apresentar provas "complementares" do crédito, tampouco realizou diligência; 7. A IN RFB nº 900/2008 não condicionava a apresentação de PER/DCOMP ao oferecimento de provas da existência do direito creditório pleiteado; 8. A autoridade fiscal poderia requerer os documentos comprobatórios do crédito e determinar diligências para constatar a veracidade das informações consignadas no PER/DCOMP; 9. A DCTF pode ser retificada a qualquer fase do processo de restituição/compensação, e inexiste quaisquer das hipóteses legais que impeçam sua aceitação como válida; 10. Menciona acórdãos deste Conselho para sustentar o provimento do recurso; Ao final, pede: 11. A reforma do acórdão recorrido, pois entende comprovado o direito objeto do pedido; 12. Subsidiariamente, a análise pela Unidade de Origem da DCTF retificadora, em conjunto com os documentos anexados em sede de recurso voluntário. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator O Recurso Voluntário atende aos requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. O contribuinte permeia seu recurso voluntário com a premissa equivocada de que a motivação para negativa de homologação de seu pedido de restituição/compensação fora tãosó o entendimento dos julgadores da DRJ da inaceitabilidade da DCTF retificadora apresentada após ciência no despacho decisório. Não é o que se extrai dos autos. Para aclarar, vejamos excertos do voto em que se explicitam os argumentos e fundamentos: (...) Fl. 63DF CARF MF Processo nº 10380.900681/201286 Acórdão n.º 3201003.714 S3C2T1 Fl. 64 5 Portanto, como a empresa sustenta a sua argumentação sem trazer aos autos quaisquer elementos probatórios, resta a este julgador negar o pleito, na medida em que não ficou demonstrada a certeza e liquidez do crédito. Não se trata aqui, de privilegiar o aspecto formal em detrimento da verdade material. Contudo, tendo em vista que a interessada pretende infirmar informações por ela própria prestadas, é necessário que a dita pretensão esteja calcada em provas documentais robustas. Destarte, no mérito, deveria a Requerente ter instruído sua peça de defesa com a documentação que com provasse o valor devido a título de IOF e que demonstrasse a certeza e a liquidez do suposto pagamento a maior. Portanto, faltando aos autos a comprovação da existência de pagamento indevido ou a maior, o direito creditório não pode ser admitido e a compensação que dele se aproveita não pode ser homologada, via de consequência, voto por considerar improcedente a manifestação de inconformidade, ratificando a não homologação da compensação efetuada. A razão está com a decisão recorrida. Tratandose de direito creditório pleiteado, sem qualquer lastro documental a DCTF, a autoridade fiscal acertou em não homologálo. Iniciado então o contencioso com a manifestação de inconformidade era dever/ônus do contribuinte municiar sua defesa com os elementos de prova que suportassem as informações consignadas em sua DCTF retificadora, apresentadas em momento posterior ao procedimento de não homologação da compensação. Nada fora apresentado aos julgadores de 1ª instância, além de informações e cópias de PER/DCOMP e DCTFs, original e retificadora., com a narrativa cronológica de alegado pagamento a maior, sem esclarecer o motivo. O momento da apresentação da prova, sua ausência na instauração da fase litigiosa e o ônus probatório de quem alega os fatos constitutivos de seu direito possuem regramentos nos artigos 14 a 17, do Decreto n° 70.235, de 1972 (PAF), que regulamenta o processo administrativo fiscal no âmbito federal, e do artigo 373, da Lei nº 13.115/2015 (Código de Processo Civil), verbis: Decreto n° 70.235, de 1972: Art. 14. A impugnação da exigência instaura a fase litigiosa do procedimento. Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. [...] Fl. 64DF CARF MF Processo nº 10380.900681/201286 Acórdão n.º 3201003.714 S3C2T1 Fl. 65 6 Art. 16. A impugnação mencionará: [...] III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir. [...] § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) b) refirase a fato ou a direito superveniente; (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997). Lei nº 13.105/2015 CPC: "Art. 373. O ônus da prova incumbe: I — ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II — ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor." Cabe assinalar que à luz do art. 170 do CTN1, o reconhecimento de direito creditório contra a Fazenda Nacional exige a averiguação da liquidez e certeza do suposto pagamento indevido ou a maior de tributo, fazendose necessário verificar a exatidão das informações a ele referentes, confrontandoas com os registros contábeis e fiscais efetuados com base na documentação pertinente, com análise da situação fática, de modo a se conhecer qual seria o tributo devido e comparálo ao pagamento efetuado. A fim de comprovar a certeza e liquidez do crédito, o interessado deve, sob pena de preclusão, instruir sua manifestação de inconformidade com os motivos de fato e de direito que fundamentam sua pretensão, acompanhados dos documentos que respaldem suas afirmações, considerando o que dispõem os dispositivos legais transcritos. Os documentos juntados ao recurso voluntário, todos de emissão do contribuinte, estavam disponíveis à data da manifestação de inconformidade; dada essa circunstância, injustificável a não apresentação para análise e julgamento em sede primeira instância administrativa. 1 Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. Fl. 65DF CARF MF Processo nº 10380.900681/201286 Acórdão n.º 3201003.714 S3C2T1 Fl. 66 7 No tópico "fundamentos jurídicos" do recurso há total inovação em relação à manifestação de inconformidade, concebendose razões para prover a reforma da decisão recorrida. Impera a norma do inciso III, do art. 16 cumulado com o art. 17 ambos do PAF de que as alegações versadas apenas em recurso voluntário, ou seja, não impugnadas em 1ª instância, são consideradas preclusas. Outrossim, não há fato ou razão renovadas trazida aos autos pela DRJ. O voto tece considerações no sentido de que o contribuinte não se desincumbiu do ônus de comprovar com elementos hábeis seu direito. Afastase, portanto, as situações excepcionais e ensejadoras da apresentação extemporânea de elementos probatórios de que trata o § 4º do art. 16 do Decreto nº 70.235/76. Reconhecese na jurisprudência certo grau de atenuação dos rigores das normas processuais acerca da preclusão, isto é, afastase a preclusão em alguns casos excepcionais que notadamente referemse a fatos notórios ou incontroversos, no tocante a documentos que permitem o pronto convencimento do julgador. Logo, o direito da parte à produção de provas posteriores, até o momento da decisão administrativa comporta graduação e será determinado a critério da autoridade julgadora, com fulcro em seu juízo de valor acerca da utilidade e da necessidade, bem como à percepção de que efetivamente houve um esforço na busca de comprovar o direito alegado, que é ônus daquele que objetiva a restituição, ressarcimento e/ou compensação de tributos. No caso dos autos, evidenciase que o recorrente não o recorrente não se preocupou em produzir oportunamente os documentos que comprovariam suas alegações, ônus que lhe competia, segundo o sistema de distribuição da carga probatória adotado pelo Processo Administrativo Federal2, o PAF e o CPC. Quanto às alegações de que o princípio da verdade material impende a aceitação extemporânea de provas, suprimindo instância julgadora, é de se esclarecer que tal princípio destinase à busca da verdade que está para além dos fatos alegados pelas partes, mas isto num cenário dentro do qual as partes trabalharam proativamente no sentido do cumprimento do seu ônus probandi. A verdade material não se efetiva como um salvo conduto no qual o contribuinte aguarda pelo momento que melhor lhe convier a apresentação de suas provas. O ônus processual probatório é regido por dispositivos legais e se trata de um requisito de admissibilidade dos pleitos de natureza creditório, exigindo sua evidência desde a instauração do contencioso. Destarte, mão é aceitável que um pleito, onde se objetiva a restituição de um alegado crédito, seja proposto sem a devida e minuciosa demonstração e comprovação da efetiva existência do indébito e que posteriormente, também em sede de julgamento, se oportunize tais demonstração e comprovação. A busca pela verdade material não se presta a suprir a inércia do contribuinte que tenha deixado de apresentar, no momento processual apropriado, as provas necessárias à 2 Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999, art. 36: Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no artigo 37 desta Lei. Fl. 66DF CARF MF Processo nº 10380.900681/201286 Acórdão n.º 3201003.714 S3C2T1 Fl. 67 8 comprovação do crédito alegado. O processo administrativo fiscal, conquanto admita flexibilização na apresentação de provas, não se coaduna com a supressão de instância. Por fim, no tocante à jurisprudência trazida à colação pelo recorrente devese contrapor que se tratam de decisões isoladas, que não se enquadram ao caso em exame e nem vinculam o presente julgamento, podendo julgadores decidirem livremente, de acordo com suas convicções. Além disso, tratamse de precedentes que não constituem normas complementares, não têm força normativa, nem efeito vinculante para a administração tributária, pela inexistência de lei nesse sentido, conforme exige o art. 100, II, do CTN. Em verdade, alguns deles, sequer socorrem o pleito do recorrente pois condicionam a concessão do direito creditório, independentemente de apresentação de DCTF retificadora, à apresentação de provas contundentes. Cumpre salientar que esta Turma, em julgamento de situação análoga a apresentação de prova apenas em sede de recurso voluntário , por unanimidade de votos, negou provimento ao recurso do contribuinte. Tratase do Acórdão nº 3201002.316, sessão de 24 de agosto de 2016, de relatoria do Conselheiro José Luiz Feistauer de Oliveira, cuja ementa reproduzo: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário: 2004 COMPENSAÇÃO. REQUISITOS. É vedada a compensação de débitos com créditos desvestidos dos atributos de liquidez e certeza. ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO NO QUAL SE FUNDAMENTA A AÇÃO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. PROVA DOCUMENTAL. PRECLUSÃO A prova documental deve ser produzida até o momento processual da reclamação, precluindo o direito da parte de fazê lo posteriormente, salvo prova da ocorrência de qualquer das hipóteses que justifiquem sua apresentação tardia. PROVA DOCUMENTAL. PRINCÍPIO PROCESSUAL DA VERDADE MATERIAL. A busca da verdade real não se presta a suprir a inércia do contribuinte que tenha deixado de apresentar, no momento processual apropriado, as provas necessárias à comprovação dos créditos alegados. Desse modo, em homenagem aos princípios da preclusão probatória, do ônus probatório do direito creditório, à impossibilidade de supressão de instância, da impulsão oficial do processo e da celeridade, não vislumbro espaço para reanálise do despacho decisório, tampouco qualquer reforma na decisão recorrida. Conclusão Fl. 67DF CARF MF Processo nº 10380.900681/201286 Acórdão n.º 3201003.714 S3C2T1 Fl. 68 9 Por todo o exposto, voto para NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. Paulo Roberto Duarte Moreira Fl. 68DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15771.724569/2012-52
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 30 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Sep 25 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 09/05/2012
CONCOMITÂNCIA. NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO VOLUNTÁRIO. APLICAÇÃO DA SÚMULA CARF Nº 1. NULIDADES
Não se conhece da lide administrativa quando houver a propositura de ação judicial pelo sujeito passivo com o mesmo objeto do processo administrativo. Aplicação da Súmula CARF nº 1.
A concomitância entre processos administrativo e judicial não constitui motivo para decretação administrativa da nulidade do auto de infração ou do processo administrativo fiscal.
In casu, a imunidade de impostos e a incidência de contribuições para o PIS e Cofins, vinculados à importação, e a classificação fiscal versaram nos processos administrativo e judicial.
LANÇAMENTO. PREVENÇÃO DE DECADÊNCIA. MULTA DE OFÍCIO. ART. 63 E § 1º DA LEI Nº 9.430/1996
A concessão de provimento judicial que assegura a suspensão da exigibilidade do crédito tributário antes do início de procedimento fiscal relativo à sua apuração impede a aplicação de multa de ofício.
Numero da decisão: 3201-004.204
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer em parte do Recurso em razão da concomitância, para, na parte conhecida, rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, excluir a multa de ofício aplicada sobre o II e IPI.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO VOLUNTÁRIO. APLICAÇÃO DA SÚMULA CARF Nº 1. NULIDADES Não se conhece da lide administrativa quando houver a propositura de ação judicial pelo sujeito passivo com o mesmo objeto do processo administrativo. Aplicação da Súmula CARF nº 1. A concomitância entre processos administrativo e judicial não constitui motivo para decretação administrativa da nulidade do auto de infração ou do processo administrativo fiscal. In casu, a imunidade de impostos e a incidência de contribuições para o PIS e Cofins, vinculados à importação, e a classificação fiscal versaram nos processos administrativo e judicial. LANÇAMENTO. PREVENÇÃO DE DECADÊNCIA. MULTA DE OFÍCIO. ART. 63 E § 1º DA LEI Nº 9.430/1996 A concessão de provimento judicial que assegura a suspensão da exigibilidade do crédito tributário antes do início de procedimento fiscal relativo à sua apuração impede a aplicação de multa de ofício. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer em parte do Recurso em razão da concomitância, para, na parte conhecida, rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, excluir a multa de ofício aplicada sobre o II e IPI. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 77 1. 72 45 69 /2 01 2- 52 Fl. 243DF CARF MF Processo nº 15771.724569/201252 Acórdão n.º 3201004.204 S3C2T1 Fl. 243 2 (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório Para bem relatar os fatos, transcrevese o relatório da decisão proferida pela autoridade a quo, com as correções pertinentes: Trata o presente processo de autos de infração lavrados para exigência de créditos tributários no valor de R$29.889,68, referente a Imposto de Importação, IPI, CofinsImportação e Pis/PasepImportação, acompanhados de multa de ofício e juros de mora. Depreendese da descrição dos fatos dos autos de infração que a interessada registrou a Declaração de Importação n.º 12/08421265, em 09/05/2012, para amparar a importação de mercadorias classificadas na NCM 4901.99.00, relativa a "Outros Livros, Brochuras e Impressos Semelhantes", quando o correto, segundo a fiscalização, seria na NCM 9504.40.00 por tratarse de cartas de jogar para crianças. A interessada impetrou a Ação Ordinária n.º 001151446.2009.403.6100 [em 15/05/2009] para ver declarado o seu direito a imunidade das mercadorias importadas. Foi proferida sentença favorável à interessada a fim de reconhecer o direito à imunidade constitucional. A Apelação interposta pela União foi julgada improcedente, mantendo a decisão de 1.ª instância. A fiscalização, após análise da importação, concluindo que as mercadorias classificavamse na NCM 9504.40.00, lavrou o auto de infração em apreço para a constituição do crédito tributário relativo aos tributos devidos na importação realizada pela interessada. Intimada da autuação, a interessada alega que o auto é nulo, haja vista a decisão judicial que declara a imunidade dos “cards magic”. Além da sentença de 1.ª Instância e do acórdão do Tribunal favoráveis ao seu pleito, ainda declara que a decisão já transitou em julgado em 27/11/2012 confirmando a imunidade das mercadorias em questão. Junta às fls. 125 o extrato do acompanhamento processual da ação citada. Encaminhado o processo a esta Delegacia de Julgamento foi proferido o Acórdão n.º 0733.125 dando procedência à impugnação, cancelando o crédito tributário constituído. Fl. 244DF CARF MF Processo nº 15771.724569/201252 Acórdão n.º 3201004.204 S3C2T1 Fl. 244 3 De volta à unidade preparadora, a autoridade fiscal constatou que o provimento jurisdicional obtido pela contribuinte nos autos da Ação Ordinária supramencionada apenas confere imunidade referente aos impostos. Esta interpretação, inclusive, foi dada nos embargos de declaração opostos naquela ação nos seguintes termos: Isto porque a sentença julgou procedente o pedido, para reconhecer o direito à imunidade constitucional, prevista no artigo 150, inciso VI, alínea 'd' da Constituição Federal, ou seja, a imunidade concedida se aplica somente aos impostos. E o PIS/COFINS exigidos pela Receita Federal são contribuições. Por esta razão a autoridade a quo devolveu o processo a esta Delegacia de Julgamento para que revisasse o acórdão já proferido. É o relatório. O relatório da decisão a quo deve ser complementado. O registro da DI nº 12/08421265, de 09/05/2012, e a lavratura do auto de infração (09/11/2012) para a exigência dos tributos (impostos e contribuições sociais) na importação de cards pela DEVIR são posteriores ao Acórdão no RE nº 656.203 (15/09/2011), interposto na União, em face da sentença na AO nº 2009.61.00.0115142, de 22/03/2010, confirmada em sede de Apelação no TRF/3ª Região (27/01/2011), na qual a contribuinte teve seu pedido deferido (imunidade dos livros (e cards) aos impostos art. 150, VI, "d"). Na impugnação, a DEVIR afirma que o Agravo Regimental interposto pela União no RE 656.203 (07/11/2011) não possui efeito suspensivo e por ser a sentença obtida em 1º Grau declaratória, prescinde de execução e deve ser cumprida de imediato, pois a decisão judicial "já definiu a matéria ora tratada". A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Florianópolis/SC por intermédio da 1ª Turma, no Acórdão nº 0734.055, sessão de 12/02/2014, julgou improcedente a impugnação e manteve o crédito tributário lançado. A decisão foi assim ementada: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 09/05/2012 EXTINÇÃO DE CRÉDITO TRIBUTÁRIO. LANÇAMENTO IMPROCEDENTE É improcedente o lançamento de crédito tributário extinto por decisão judicial passada em julgado. Impugnação Não Conhecida Crédito Tributário Mantido Inconformada a contribuinte, apresentou recurso voluntário (fls. 162/169 e complementado às fls. 232/241) no qual aduz: Fl. 245DF CARF MF Processo nº 15771.724569/201252 Acórdão n.º 3201004.204 S3C2T1 Fl. 245 4 Propôs a Ação Declaratória, n° 002004060.2013.4.03.6100 (31/12/2013), para obter o reconhecimento da correção da classificação das mercadorias na NCM 4901.99.00, para ser aplicada a incidência de ALÍQUOTA ZERO sobre o recolhimento das contribuições sobre produtos equiparados ou complemento de Livros; Na data de interposição do recurso voluntário, a referida ação declaratória encontravase em fase de Apelação no TRF/ 3ª Região desde 07/01/2014. A Lei nº 10.865/2004 nos arts. 8º, inciso XII e 28, inciso VI assegura a alíquota zero de PIS e Cofins, na importação e revenda no mercado interno, para livros e produtos equiparados ou seus complementos; A classificação dos cards no código tarifário 4901.99.00 da TEC/TIPI está confirmada nas decisões judiciais e a expressão "NT" não tributada (na TIPI) garante sua imunidade tributária (além da alíquota zero na Lei nº 10.865/04); Por fim, requer que a insubsistência da decisão recorrida e a declaração de nulidade do presente processo É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator O Recurso Voluntário atende ao requisito de tempestividade. Nulidade Preliminarmente, a recorrente aduz a nulidade do auto de infração e do presente processo administrativo sob o fundamento de que a matéria foi decidida pelo Poder Judiciário. A vedação à lavratura de auto de infração ou a decretação de sua nulidade no âmbito das decisões judiciais devem ser cumpridas pela autoridade administrativa independente de julgamento ou manifestação dos julgadores administrativos. Assim, não é o caso deste CARF decretar nulidade de auto de infração sob o fundamento de decisão judicial com provimento do mérito favorável ao contribuinte. As hipóteses de nulidade são aquelas determinadas no Decreto nº 70.235/72 que rege o processo administrativo fiscal (art.59). Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Fl. 246DF CARF MF Processo nº 15771.724569/201252 Acórdão n.º 3201004.204 S3C2T1 Fl. 246 5 Nos autos não se tem presente situações que demonstram lançamento realizado em desatendimento a formalidades legais ou que incorreu em cerceamento de direito de defesa ao contribuinte. Mérito O cerne do litígio é a exigência de tributos (impostos e contribuições) vinculados à importação de bens, que no caso da recorrente tratase de cards ou "figurinhas" que entende estar albergada na definição de livros, e estes imunes a impostos e com alíquota zero, nas contribuições para o PIS e Cofins. Tais tributos tem regramentos distintos e foram objetos de diferentes ações judiciais. Ação Ordinária (declaratória) n° 2009.61.00.0115142 Imunidade do art. 150, VI, "d" da CF/88 (impostos) Esta ação foi proposta pela contribuinte em 15/09/2009 enquanto permaneciam retidas mercadorias em unidades de despacho aduaneiro. Teve como pedido a declaração e reconhecimento da imunidade prevista no art. 150, incisos VI, alínea "d", da CF/88, ou seja, requereu a imunidade para o imposto de importação II e para o Imposto sobre Produtos Industrializados IPIimportação. O pedido foi julgado procedente pela 26ª Vara da JF/SP (22/03/2010), confirmada no TRF da 3ª Região (27/01/2011) que negou provimento à apelação da União, que interpôs Recurso Extraordinário. Foi proferido despacho pelo titular da 26ª Vara da JF/SP para manifestação da União acerca do cumprimento da sentença na referida Ação, pois seu seguimento aos tribunais superiores deramse sem efeitos suspensivos, ou seja, implicava o cumprimento imediato por se tratar de ação declaratória de direito à contribuinte. A seguir excerto da sentença, com o pedido da DEVIR: A decisão, prolatada em 22/03/2011, foi assim redigida: Fl. 247DF CARF MF Processo nº 15771.724569/201252 Acórdão n.º 3201004.204 S3C2T1 Fl. 247 6 A DI nº 12/08421265 foi registrada (09/05/2012) e o auto de infração foi lavrado (09/11/2012) para a exigência de tributos (II, IPI, PIS e Cofins) enquanto pendia o trânsito em julgado da Ação, pronunciado em 27/11/2012. Antes mesmo da autuação fiscal fora intentada a Ação Ordinária nº 2009.61.00.0115142 com fins à imunidade de impostos na importação II e IPI_importação de cards/figurinhas. Depreendese dos autos que a exigência desses impostos deuse com a incidência de multa de ofício. A decisão recorrida assinalou que o crédito tributário foi constituído com a finalidade de prevenir a decadência, conquanto este fato não foi explicitado no auto de infração, mas decorreu da Ação Ordinária, conforme descrito pela autoridade autuante. Contudo, entendo que há de se excluir a multa de ofício, em razão da aplicação do disposto no art. 63 e § 1º da Lei nº 9.430/96: Art. 63. Na constituição de crédito tributário destinada a prevenir a decadência, relativo a tributo de competência da União, cuja exigibilidade houver sido suspensa na forma dos incisos IV e V do art. 151 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, não caberá lançamento de multa de ofício. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) § 1º O disposto neste artigo aplicase, exclusivamente, aos casos em que a suspensão da exigibilidade do débito tenha ocorrido antes do início de qualquer procedimento de ofício a ele relativo Dessa forma quanto ao II e IPIimportação, com fundamento na existência simultânea da Ação Ordinária nº 2009.61.00.0115142 e do referido processo o recurso deve ser conhecido parcialmente, apenas para excluir as multas impostas. Ação Ordinária (declaratória) n° 002004060.2013.4.03.6100 contribuições para PIS e Cofins e classificação fiscal Impende ressaltar que a tributação das contribuições para o PIS e para a Cofins não foi objeto da Ação Ordinária nº 2009.61.00.0115142. A consulta da movimentação processual da JF/SP, realizada pela unidade preparadora nos autos do processo nº 10880.720103/201065, indicou a rejeição dos embargos de declaração interpostos pela União e a decisão/despacho daquele Juízo delimitou a sentença à imunidade concedida apenas aos impostos, conforme imagem: Fl. 248DF CARF MF Processo nº 15771.724569/201252 Acórdão n.º 3201004.204 S3C2T1 Fl. 248 7 Dessa forma, a contribuinte sentiuse impelida a buscar provimento judicial para ter afastada a exigência de Pis e Cofins vinculados às importações de cards, uma vez que a imunidade dos livros alcança apenas os impostos. A Ação Ordinária n° 002004060.2013.4.03.6100 buscou o Judiciário para ver declarada a inexistência de relação jurídica quanto à incidência tributária no tocante à importação de cards, além do direito à classificação no código tarifário 4901.99.00 e à aplicação da alíquota zero do PIS e Cofins, na importação e revenda no mercado interno, prevista nos arts. 8º, inciso XII e 28, inciso VI, ambos da Lei nº 10.865/2004. Da petição inicial (fls. 247/280 do PAF nº 15771.721467/201285 ) consta: Fl. 249DF CARF MF Processo nº 15771.724569/201252 Acórdão n.º 3201004.204 S3C2T1 Fl. 249 8 E o "Pedido" ao seu final: Quanto à correta classificação fiscal, manifesteime no voto do processo nº 10880.720103/201065 o entendimento que o enfrentamento da matéria restou igualmente prejudicado em decorrência da concomitância. Isto porque, a classificação pretendida para os cards o faz igualar aos livros e este é o tema central do litígio cuja decisão final é prerrogativa única do Poder Judiciário e, portanto, prejudicada sua análise naqueles autos. Como se vê, na ação ordinária tratada neste tópico é expressamente requerido o provimento quanto á classificação fiscal equivalente aos livros. Não restam dúvidas que na Ação Ordinária n° 002004060.2013.4.03.6100 os objetos, partes e pedidos são idênticos ao litigados nestes autos, do que decorre a concomitância entre referidos processos, atraindo a aplicação da Súmula CARF nº 1: Fl. 250DF CARF MF Processo nº 15771.724569/201252 Acórdão n.º 3201004.204 S3C2T1 Fl. 250 9 Súmula CARF nº 1: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Relativamente à multa de ofício incidentes sobre o PISimportação e Cofins importação exigidos, a situação dos autos não permite aplicação da excludente prevista no art. 63 c/c § 1º da Lei nº 9.430/96, ou seja, na lavratura do auto de infração, em 01/03/2012, sequer havia a interposição de Ação Judicial com a discussão da incidência de PIS e Cofins vinculados à importação de cards, que fora protocolada em 31/10/2013 e, portanto, nenhuma medida que impusesse a suspensão da exigibilidade do crédito tributário na forma dos incisos IV e V do art. 151 do CTN. Conclusão Pelo exposto, rejeito a preliminar de nulidade do auto de infração e do presente processo administrativo e, no mérito, voto para conhecer parcialmente o recurso voluntário para excluir a multa de ofício aplicada sobre o II e IPI, e não conhecêlo, em razão da concomitância, relativamente (i) à exigência de II, IPIimportação, PISimportação e Cofinsimportação e (ii) à classificação fiscal dos cards importados na NCM 4901.99.00, por aplicação da Súmula CARF nº 1. (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Fl. 251DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10380.904127/2011-97
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Nov 29 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jan 08 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 3201-001.542
Decisão: Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do Recurso em diligência.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Orlando Rutigliani Berri (suplente convocado para substituir o conselheiro Leonardo Correia Lima Macedo), Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
Relatório
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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decisao_txt : Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do Recurso em diligência. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza - Presidente (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Orlando Rutigliani Berri (suplente convocado para substituir o conselheiro Leonardo Correia Lima Macedo), Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório
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(assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Orlando Rutigliani Berri (suplente convocado para substituir o conselheiro Leonardo Correia Lima Macedo), Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório O interessado acima identificado recorre a este Conselho, de decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Ribeirão Preto/SP. Para bem relatar os fatos, transcrevese o relatório da decisão proferida pela autoridade a quo: Trata o presente processo de Manifestação de Inconformidade interposta pela empresa NORSA REFRIGERANTES LTDA, CNPJ nº 07.196.033/000106, em contrariedade ao Despacho Decisório de fl. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 03 80 .9 04 12 7/ 20 11 -9 7 Fl. 812DF CARF MF Processo nº 10380.904127/201197 Resolução nº 3201001.542 S3C2T1 Fl. 194 2 163 e 164, que não homologou o PER/DCOMP nº 18422.05337.300407.1.1.01.5284, relativo a crédito de ressarcimento de Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI do 1º Trimestre/2007. Tal Despacho Decisório é decorrente do MPF nº 0310100.2011.00310 0, o qual abrangeu os períodos a seguir relacionados, para os quais a manifestante solicita reunião dos processos. De acordo com o Despacho Decisório de fl. 163 e 164, o valor do crédito reconhecido foi inferior ao solicitado/utilizado em razão do(s) seguinte(s) motivo(s): a) saldo credor passível de ressarcimento inferior ao valor pleiteado. Por sua vez, a(s) glosa(s) decorreu(ram)da(s) situação(ões) a seguir: Constatação de que o saldo credor passível de ressarcimento é inferior ao valor pleiteado; Ocorrência de créditos considerados indevidos, em procedimento fiscal. Esclareçase que o Despacho Decisório foi instruído com os demonstrativos de apuração e da Informação Fiscal de fls. 165 a 170. A base legal do lançamento encontrase nos autos. Em 15/05/2012 (fl. 173), a interessada foi cientificada do Despacho Decisório e, em 13/06/2012, apresentou manifestação de inconformidade (fls. 174/188), acompanhada dos documentos de fls. 189/695, na qual alega, em síntese, o quanto segue: ∙ Solicita a reunião para julgamento dos processos, abrangidos pelo MPF nº 0310100.2011.003100, relativos aos períodos 1º, 2º, 3º e 4º Trimestres/2007 e 1º, 2º e 3 Trimestres/2008; ∙ falta de fundamentação e detalhamento legal, bem como da descrição dos fatos , ausência do principio de motivação dos seus atos, motivos pelos os quais, solicita nulidade; ∙ a existência de saldo credor passível de ressarcimento, conforme RAIPI juntado aos autos, que a glosa decorreu em razão da fiscalização, ter erroneamente se utilizado de saldos incompreensíveis, requerendo todos os meios de prova, inclusive perícia e diligência; ∙ homologação tácita de compensações atreladas ao presente processo, em razão de decurso de prazo de 5 anos, do envio das DCOMPs originais; Fl. 813DF CARF MF Processo nº 10380.904127/201197 Resolução nº 3201001.542 S3C2T1 Fl. 195 3 A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto/SP por intermédio da 8ª Turma, no Acórdão nº 1459.899, sessão de 06/04/2016, julgou improcedente a impugnação do contribuinte. A decisão foi assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2007 NULIDADE. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. Não configura cerceamento do direito de defesa quando o conhecimento dos atos processuais pelo acusado e o seu direito de resposta ou de reação encontraramse plenamente assegurados. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA POR DECURSO DE PRAZO As compensações vinculadas à PER/DCOMP original, de pleito de ressarcimento, tem como inicio da contagem prazo quinquenal a data da transmissão do PER/DECOMP do pleito de compensação, portanto, temos a inocorrência de da homologação tácita por decadência. IPI. RESSARCIMENTO. DESPACHO ELETRÔNICO. É de se manter intacto o montante deferido no despacho decisório quando a manifestação de inconformidade não logra êxito em demonstrar qualquer inconsistência no processamento eletrônico do PER DCOMP. RESSARCIMENTO DE CRÉDITOS DE IPI. SALDO CREDOR O valor do ressarcimento limitase ao menor saldo credor apurado entre o encerramento do trimestre e o período de apuração anterior ao da protocolização do pedido. ÔNUS DA PROVA. Cabe à defesa o ônus da prova dos fatos modificativos, impeditivos ou extintivos da pretensão fazendária. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Inconformada a contribuinte, apresentou recurso voluntário reiterando as mesmas matérias versadas em manifestação de inconformidade para reforma da decisão recorrida no sentido de reconhecer a nulidade do despacho decisório e o direito ao ressarcimento do saldo credor do IPI no trimestre em questão. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator Fl. 814DF CARF MF Processo nº 10380.904127/201197 Resolução nº 3201001.542 S3C2T1 Fl. 196 4 O Recurso Voluntário atende aos requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. Consta dos autos que o litígio versa sobre o valor reconhecido do crédito ressarcível de IPI no período de apuração, que fora inferior ao solicitado. A autoridade fiscal apontou dois fundamentos para a conclusão de que consta no despacho decisório: (i) a constatação de que o saldo credor passível de ressarcimento é inferior ao pleiteado na PER/DCOMP, e (ii) a constatação, em procedimento fiscal, de créditos considerados indevidos. Todavia, a recorrente suscita em preliminar a nulidade do despacho decisório em razão de não identificar (a) a origem do saldo credor inicial do 1º Trimestre de 2007 obtido pela fiscalização, transportado do trimestre anterior, e (b) o motivo e valores das glosas, assim exposto: A Recorrente suscitou e demonstrou minuciosamente na defesa inicial que, por mais esforço que tenha feito, não conseguiu descobrir o motivo de dois fatos que alteraram consideravelmente a apuração dos saldos credores em cheque: primeiro não conseguiu identificar como a fiscalização chegou no saldo credor inicial do 1º Trimestre de 2007 (transportado do 4º Trimestre de 2006); segundo não conseguiu identificar a razão das glosas, embora tenha feito diversas tentativas oportunamente demonstradas. Aduz que neste ponto é nula igualmente a decisão recorrida pois fundamentou a higidez do despacho decisório na ausência de incompetência da autoridade administrativa e de preterição do direito de defesa, pois lhe fora assegurado tal direito. Insiste a recorrente que o cerceamento do direito de defesa não é afastado tãosó pela possibilidade recursal, mas sim no conhecimento dos cálculos dos créditos glosados e dos exatos motivos que implicaram a negativa do pleito. A recorrente relata em seu recurso as "tentativas" em elucidar os motivos da glosa ao analisar as informações que constam dos Termo de Constatação nº 01 e Termo de Informação Fiscal nº 04 e Termo de Intimação nº 04. Conclui que as glosas realizadas não foram justificadas e o saldo credor do trimestre anterior transportado para o período auditado não fora esclarecido. Pois bem, vejamos se procedentes as alegações. O saldo credor inicial do trimestre, transportado do trimestre imediatamente anterior, está informado no "Demonstrativo de Apuração do Saldo Credor Ressarcível" (demonstrativo de detalhamento do crédito anexo ao despacho decisório), coluna "b", cuja legenda esclarece que "Para o primeiro período de apuração, será igual ao Saldo Credor apurado ao final do trimestrecalendário anterior, ajustado pelos valores dos créditos reconhecidos em PERDCOMP de trimestres anteriores. Esse saldo (saldo credor inicial) não é passível de ressarcimento." Assim, o valor consignado é de R$ 2.820.233,94 que deveria corresponder aos ajustes do valor original do saldo credor no Livro de Apuração do IPI, de R$ 6.261.422,69. Fl. 815DF CARF MF Processo nº 10380.904127/201197 Resolução nº 3201001.542 S3C2T1 Fl. 197 5 Ademais, afirma a contribuinte que no PAF 10380.903166/201177 foi reconhecido o pedido de ressarcimento de R$ 2.247.609,66 no 3º decêndio de janeiro/2007, devendo, assim, o estorno parcial ser considerado corretamente neste período. Não consta dos autos a ciência ao contribuinte de tais ajustes, bem como sua demonstração. Quanto ao desconhecimento dos motivos da glosa de créditos, a leitura do Termo de Constatação nº 01 (fls. 214/216) explicita apenas que a apuração dos créditos ressarcíveis foram obtidos das notas fiscais com código CFOP 1101 e 2101. Mais uma vez, permanece a dúvida quanto à ciência da contribuinte no tocante aos motivos e fundamentos das glosas. Por último, aduz ainda a contribuinte que em todos os trimestres havia saldo credor disponível e não houve utilização em período seguinte, o que levaria ao reconhecimento do crédito e homologação das compensações. Os pontos suscitados pela recorrente devem ser esclarecidos para a correta apreciação dos fatos à luz do direito creditório Desse modo, proponho a conversão do feito em diligência para que a Autoridade Preparadora, em face dos argumentos apresentados em sede de Recurso Voluntário, providencie o que se pede: 1. Demonstre a ciência da contribuinte no procedimento fiscal de apuração do saldo credor inicial do 1º Trimestre/2007 (final no 4º T/2006) e das glosas de créditos efetuadas; 2. Apresente os demonstrativos de apuração do saldo credor do 1º Trimestre/2007 com os ajustes realizados; 3. Apresente os demonstrativos de glosa dos créditos no 1º Trimestre/2007, com os motivos e seus fundamentos; 4. Houve saldo credor final de IPI apurado pelo Contribuinte no 4ª Trim/2006 que fora objeto de Pedido(s) de Ressarcimento(s) e/ou vinculados a Declarações de Compensação? Qual a situação atual de tais débitos (por exemplo, extintos por compensação, objeto de processo administrativo fiscal, etc)? 5. Por fim, a partir das respostas anteriores e possíveis ajustes (saldo credor inicial do trimestre e/ou créditos glosados) decorrentes de acolhimento dos argumentos suscitados pela contribuinte, esclareça se no presente Processo Administrativo remanescem débitos não compensados por insuficiência de crédito. Se positivo, quais e em qual valor? A Autoridade Fiscal poderá intimar o contribuinte para apresentar documentos ou esclarecimentos que entenda necessários para o cumprimento da diligência. Após, concedase o prazo de 30 (trinta) dias ao contribuinte para se manifestar quanto ao resultado da diligência. Fl. 816DF CARF MF Processo nº 10380.904127/201197 Resolução nº 3201001.542 S3C2T1 Fl. 198 6 Cumpridas as providências indicadas, deve o processo retornar ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF para prosseguimento do julgamento. (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Fl. 817DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10980.923463/2009-55
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 24 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Nov 19 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 21/02/2006 a 28/02/2006
COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA. DIREITO CREDITÓRIO INCOMPROVADO. NÃO-HOMOLOGAÇÃO. DESPACHO DECISÓRIO. PROCEDÊNCIA.
A compensação, nos termos em que definida pelo artigo 170 do CTN só poderá ser homologada se o crédito do contribuinte em relação à Fazenda Pública estiver revestido dos atributos de liquidez e certeza.
Procede o despacho decisório que não-homologa a compensação de débitos com suposto direito creditório incomprovado pelo sujeito passivo.
DCTF. CONFISSÃO DE DÍVIDA. CRÉDITO TRIBUTÁRIO. CONSTITUIÇÃO.
A entrega de declaração pelo contribuinte reconhecendo débito fiscal, a exemplo da DCTF, constitui o crédito tributário, dispensada qualquer outra providência por parte do Fisco (Inteligência da Súmula STJ nº 436).
Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 21/02/2006 a 28/02/2006
DESPACHO DECISÓRIO. NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA.
Estando o ato administrativo revestido de suas formalidades essenciais e não tendo restado comprovada a ocorrência de preterição do direito de defesa ou de qualquer outra hipótese de nulidade prevista na legislação, não há que se decretá-la.
MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE. PROVAS ADICIONAIS. PRECLUSÃO TEMPORAL.
Tendo em vista a superveniência da preclusão temporal, é rejeitado o pedido de apresentação de provas suplementares, documentais ou periciais, pois o momento propício para a defesa cabal é o da oferta da peça de defesa.
Numero da decisão: 3201-004.351
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 21/02/2006 a 28/02/2006 COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA. DIREITO CREDITÓRIO INCOMPROVADO. NÃO-HOMOLOGAÇÃO. DESPACHO DECISÓRIO. PROCEDÊNCIA. A compensação, nos termos em que definida pelo artigo 170 do CTN só poderá ser homologada se o crédito do contribuinte em relação à Fazenda Pública estiver revestido dos atributos de liquidez e certeza. Procede o despacho decisório que não-homologa a compensação de débitos com suposto direito creditório incomprovado pelo sujeito passivo. DCTF. CONFISSÃO DE DÍVIDA. CRÉDITO TRIBUTÁRIO. CONSTITUIÇÃO. A entrega de declaração pelo contribuinte reconhecendo débito fiscal, a exemplo da DCTF, constitui o crédito tributário, dispensada qualquer outra providência por parte do Fisco (Inteligência da Súmula STJ nº 436). Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 21/02/2006 a 28/02/2006 DESPACHO DECISÓRIO. NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. Estando o ato administrativo revestido de suas formalidades essenciais e não tendo restado comprovada a ocorrência de preterição do direito de defesa ou de qualquer outra hipótese de nulidade prevista na legislação, não há que se decretá-la. MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE. PROVAS ADICIONAIS. PRECLUSÃO TEMPORAL. Tendo em vista a superveniência da preclusão temporal, é rejeitado o pedido de apresentação de provas suplementares, documentais ou periciais, pois o momento propício para a defesa cabal é o da oferta da peça de defesa.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza - Presidente (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
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conteudo_txt : Metadados => date: 2018-11-05T01:38:48Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.5; xmp:CreatorTool: pdfsam-console (Ver. 2.4.3e); access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; dcterms:created: 2018-11-05T01:38:48Z; Last-Modified: 2018-11-05T01:38:48Z; dcterms:modified: 2018-11-05T01:38:48Z; dc:format: application/pdf; version=1.5; Last-Save-Date: 2018-11-05T01:38:48Z; pdf:docinfo:creator_tool: pdfsam-console (Ver. 2.4.3e); access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2018-11-05T01:38:48Z; meta:save-date: 2018-11-05T01:38:48Z; pdf:encrypted: true; modified: 2018-11-05T01:38:48Z; Content-Type: application/pdf; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; meta:creation-date: 2018-11-05T01:38:48Z; created: 2018-11-05T01:38:48Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 11; Creation-Date: 2018-11-05T01:38:48Z; pdf:charsPerPage: 1754; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; pdf:docinfo:created: 2018-11-05T01:38:48Z | Conteúdo => S3C2T1 Fl. 134 1 133 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10980.923463/200955 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3201004.351 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 24 de outubro de 2018 Matéria IPI PEDIDO DE RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO Recorrente MONDELEZ BRASIL LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 21/02/2006 a 28/02/2006 COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA. DIREITO CREDITÓRIO INCOMPROVADO. NÃOHOMOLOGAÇÃO. DESPACHO DECISÓRIO. PROCEDÊNCIA. A compensação, nos termos em que definida pelo artigo 170 do CTN só poderá ser homologada se o crédito do contribuinte em relação à Fazenda Pública estiver revestido dos atributos de liquidez e certeza. Procede o despacho decisório que nãohomologa a compensação de débitos com suposto direito creditório incomprovado pelo sujeito passivo. DCTF. CONFISSÃO DE DÍVIDA. CRÉDITO TRIBUTÁRIO. CONSTITUIÇÃO. A entrega de declaração pelo contribuinte reconhecendo débito fiscal, a exemplo da DCTF, constitui o crédito tributário, dispensada qualquer outra providência por parte do Fisco (Inteligência da Súmula STJ nº 436). ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 21/02/2006 a 28/02/2006 DESPACHO DECISÓRIO. NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. Estando o ato administrativo revestido de suas formalidades essenciais e não tendo restado comprovada a ocorrência de preterição do direito de defesa ou de qualquer outra hipótese de nulidade prevista na legislação, não há que se decretála. MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE. PROVAS ADICIONAIS. PRECLUSÃO TEMPORAL. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 92 34 63 /2 00 9- 55 Fl. 134DF CARF MF Processo nº 10980.923463/200955 Acórdão n.º 3201004.351 S3C2T1 Fl. 135 2 Tendo em vista a superveniência da preclusão temporal, é rejeitado o pedido de apresentação de provas suplementares, documentais ou periciais, pois o momento propício para a defesa cabal é o da oferta da peça de defesa. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório Para bem relatar os fatos, transcrevese o relatório da decisão proferida pela autoridade a quo: Trata o presente processo de PER/DCOMP transmitido em 15/08/2006, através do qual foi efetivada a compensação de débito do contribuinte acima identificado com suposto crédito de IPI indicado como sendo correspondente a pagamento indevido ou a maior, no valor original de R$ 48.848,24.. A DRF/Curitiba, através de despacho decisório eletrônico (fl. 021), emitido em 19/04/2010, negou o direito creditório pleiteado e não homologou a compensação declarada, em virtude de o pagamento apontado (cód. Receita: 5123), correspondente ao terceiro decêndio de fevereiro de 2006, haver sido integralmente utilizado na quitação de débito da empresa. Devidamente cientificado, em 26/04/2010 (fl. 03), o interessado apresentou, tempestivamente, em 26/05/2010, manifestação de inconformidade (fls. 05/23) na qual, em síntese, apresenta as seguintes considerações: a) Preliminarmente, defende a nulidade da decisão denegatória, alegando que houve ausência de motivação no ato administrativo exarado, por não terem sido explicitados, em toda sua amplitude, os fundamentos que nortearam a citada decisão. Fl. 135DF CARF MF Processo nº 10980.923463/200955 Acórdão n.º 3201004.351 S3C2T1 Fl. 136 3 b) Prossegue, alegando, com base no princípio constitucional da ampla defesa, que não existe prova material nos autos em relação à suposta inexistência do crédito pleiteado. Nesse sentido, argumenta que no âmbito do procedimento administrativo tributário a prova haveria que ser feita em toda a sua extensão, consoante esquemas rígidos de aplicação das regras pertinentes. Fundamenta seus argumentos em transcrições doutrinárias e em ementa de Acórdão do Conselho de Contribuintes. c) No mérito, aduz haver cometido erro atinente ao valor do débito de IPI declarado e providenciado (após ciência do despacho decisório) a apresentação de DCTF retificadora. Assevera ainda que o valor do crédito originalmente utilizado (R$ 48.848,24), devidamente atualizado, seria suficiente para extinguir o débito indicado para compensação e que eventual equívoco no preenchimento da DCTF, tal qual o ocorrido, deveria ser superado pelas autoridades fiscais e a compensação declarada homologada. Mais uma vez, lança mão de excertos doutrinários e de decisão do Conselho de Contribuintes. d) Passa a sustentar que, mesmo que se admitisse a impossibilidade de “salvabilidade” dos dados informados nas compensações, restaria, ainda, o dever da Administração Pública de proceder à pesquisa de possíveis créditos anteriores que tivessem sido utilizados em outras compensações. Diz que, em não sendo respeitado esse pressuposto, estarseia frente a enriquecimento ilícito da Administração Pública, configurado pela dupla tributação, em vista de que não estariam sendo levadas em consideração compensações validamente efetivadas. Transcreve ementa de julgado do Conselho de Contribuintes e fragmento doutrinário. Por fim, requer o reconhecimento das preliminares arguidas, ou, alternativamente, que seja reformada a decisão proferida com a consequente homologação da compensação pleiteada, postulando ainda a produção de todas as provas em direito admitidas, especialmente a documental e pericial. É o que importa relatar. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Recife/PE, por intermédio da 2ª Turma, no Acórdão nº 1140.316, sessão de 28/03/2013, julgou improcedente a manifestação de inconformidade do contribuinte. A decisão foi assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 21/02/2006 a 28/02/2006 COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA. DIREITO CREDITÓRIO INCOMPROVADO. NÃOHOMOLOGAÇÃO. DESPACHO DECISÓRIO. PROCEDÊNCIA. Fl. 136DF CARF MF Processo nº 10980.923463/200955 Acórdão n.º 3201004.351 S3C2T1 Fl. 137 4 A compensação, nos termos em que definida pelo artigo 170 do CTN só poderá ser homologada se o crédito do contribuinte em relação à Fazenda Pública estiver revestido dos atributos de liquidez e certeza. Procede o despacho decisório que nãohomologa a compensação de débitos com suposto direito creditório incomprovado pelo sujeito passivo. DCTF. CONFISSÃO DE DÍVIDA. CRÉDITO TRIBUTÁRIO. CONSTITUIÇÃO. A entrega de declaração pelo contribuinte reconhecendo débito fiscal, a exemplo da DCTF, constitui o crédito tributário, dispensada qualquer outra providência por parte do Fisco (Inteligência da Súmula STJ nº 436). ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 21/02/2006 a 28/02/2006 DESPACHO DECISÓRIO. NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. Estando o ato administrativo revestido de suas formalidades essenciais e não tendo restado comprovada a ocorrência de preterição do direito de defesa ou de qualquer outra hipótese de nulidade prevista na legislação, não há que se decretála. MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE. PROVAS ADICIONAIS. PRECLUSÃO TEMPORAL. Tendo em vista a superveniência da preclusão temporal, é rejeitado o pedido de apresentação de provas suplementares, documentais ou periciais, pois o momento propício para a defesa cabal é o da oferta da peça de defesa. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido A decisão a quo manteve a não homologação da compensação sob o fundamento de que a simples retificação da DCTF para diminuir débito confessado em declaração anterior, sem qualquer lastro probatório em documento ou escrita fiscal não é suficiente para caracterizar o pagamento indevido ou a maior que o devido. Deveria a contribuinte, além de retificar as informações prestadas, demonstrar que o pagamento foi, de fato, efetuado a maior ou indevidamente. Asseverou ainda o Relator que não as alterações da apuração do IPI efetuadas por meio de DCTF retificadora não torna irregular o despacho decisório proferido com base Fl. 137DF CARF MF Processo nº 10980.923463/200955 Acórdão n.º 3201004.351 S3C2T1 Fl. 138 5 nas informações anteriormente prestadas pela contribuinte, em documento de confissão de dívida. Irresignada, a contribuinte interpôs recurso voluntário repisando os argumentos suscitados, reproduzindo o mesmo texto. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator O Recurso Voluntário atende aos requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. Cumpre assinalar que em sede de segunda instância administrativa federal o objeto de julgamento é o recurso voluntário e não a impugnação ou manifestação de inconformidade. Assim, o que se enfrenta nesta instância é o inconformismo do contribuinte em face do que restou decidido na Delegacia Regional de Julgamento. No presente caso, a contribuinte combateu em sede de manifestação de inconformidade o despacho decisório que não homologou o PER/DCOMP.. Irresignouse contra a decisão de não homologação suscitando, em preliminar, a (i) nulidade do ato administrativo por ausência de motivação e (ii) a inexistência de prova material contra a contribuinte. No mérito, contesta (iii) a não homologação da Decomp à vista da retificação da DCTF na qual foi reduzido o valor de IPI devido no 3º decêndio de fevereiro/2006, e (iv) o dever da fiscalização de proceder as compensações de ofício quando da existência de créditos dos contribuintes. Verificase nos autos, que a contribuinte limitouse, em sede de Recurso Voluntário, a reescrever integralmente a impugnação apresentada no tocante às matérias versadas em manifestação de inconformidade, repisando os mesmos fundamentos e argumentos com a transcrição literal de seu texto. Dispõe o § 3º do art 57 do RICARF, com redação dada pela Portaria MF nº 329, de 2017: Art. 57. Em cada sessão de julgamento será observada a seguinte ordem: [...] § 1º A ementa, relatório e voto deverão ser disponibilizados exclusivamente aos conselheiros do colegiado, previamente ao início de cada sessão de julgamento correspondente, em meio eletrônico. [...] § 3º A exigência do § 1º pode ser atendida com a transcrição da decisão de primeira instância, se o relator registrar que as Fl. 138DF CARF MF Processo nº 10980.923463/200955 Acórdão n.º 3201004.351 S3C2T1 Fl. 139 6 partes não apresentaram novas razões de defesa perante a segunda instância e propuser a confirmação e adoção da decisão recorrida. (Redação dada pela Portaria MF nº 329, de 2017) Dessa forma, diante da ausência de novas razões de defesa capazes de alterar meu entendimento quanto às matérias em litígio e por concordar plenamente com os fundamentos e posição dos julgadores da DRJ/Recife, proponho a confirmação e adoção da decisão exarada no Acórdão nº 1140.316, com fulcro no dispositivo acima transcrito. Transcrição da decisão no Acórdão nº 1140.316: Voto Inicialmente, impende contraditar a arguição do contribuinte quanto à vulneração do direito de defesa por falta de motivação do ato decisório fustigado. Consoante o disposto no art. 59, inciso II, do Decreto nº 70.235/72 (PAF), dúvidas não pairam de que o cerceamento do direito de defesa é sim causa de nulidade do ato administrativo. Todavia, é de se ressaltar que o referido cerceamento se dá pela criação de embaraços ao conhecimento dos fatos e das razões de direito à parte contrária, circunstância que não se configurou na espécie. Com efeito, o Despacho Decisório de fl. 02, além de conter a fundamentação legal e os dados relativos ao DARF correspondente ao pagamento realizado, indica que o indeferimento ocorreu porque houve a constatação de que “A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP”. Tais informações, indubitavelmente, são suficientes para o interessado ter conhecimento de que forma o crédito foi utilizado e o motivo para a denegação do pleito formulado. Tanto é assim, que o reclamante, em 07/05/2010, após a ciência do Despacho Decisório, retificou sua DCTF com o intuito de corrigir o suposto equívoco que sustenta ter cometido e, dessa forma, justificar a compensação pleiteada. Evidentemente, não teria o contribuinte assim procedido se não houvesse percebido, com clareza, que sua compensação não foi homologada simplesmente porque todo o pagamento estava alocado a um débito por ele mesmo confessado. Tampouco, traria ao cerne da discussão de mérito a alegação de que eventual equívoco no preenchimento da DCTF não deveria ser considerado como obstáculo à homologação da compensação declarada. Fl. 139DF CARF MF Processo nº 10980.923463/200955 Acórdão n.º 3201004.351 S3C2T1 Fl. 140 7 Dessa forma, rejeitase a preliminar de nulidade do despacho decisório, em face da inexistência de ofensa aos princípios do contraditório e da ampla defesa. Quanto às razões de mérito, cumpre consignar que o art. 142 do CTN, ao afirmar que o lançamento é de competência privativa da autoridade administrativa, não está atribuindo ao Fisco a exclusividade de constituir o crédito tributário, nem está erigindo o lançamento, nas suas diversas espécies, como única forma para a sua constituição. A exclusividade a que se refere o dispositivo diz respeito apenas ao lançamento, mas não à constituição do crédito. Ou seja: somente o Fisco pode promover o procedimento administrativo de lançar, o que não é o mesmo que atribuir ao Fisco a exclusividade de constituir o crédito ou de identificar no lançamento o único modo para constituílo. Nesse particular, é precisa a observação de Denise Lucena Cavalcante2, que escreveu: “Ao limitarse à análise restritiva do art. 142 do Código Tributário Nacional, poderseá cair no mesmo equívoco que muitos doutrinadores vêm repetindo ao afirmar que o crédito tributário sempre é constituído pelo lançamento. É preciso alertar que o art. 142 do Código Tributário Nacional referese tãosomente à constituição do crédito tributário pelo lançamento, e, sendo o lançamento uma categoria de direito positivo, não se discute, aqui, a literalidade do texto, que não permite outra interpretação que não seja a de que o lançamento é ato exclusivo da autoridade fazendária. Reconhecendo à base experimental, que é o ordenamento jurídico no seu sentido mais amplo, verseá que outros dispositivos legais determinam que o crédito tributário seja diretamente constituído pelo cidadãocontribuinte, não se contrapondo, assim, à situação do art. 142 do Código Tributário Nacional, que é somente uma das formas de constituição de crédito. (...) O fato de o cidadãocontribuinte não poder efetuar o lançamento não significa que ele não possa constituir o crédito tributário” . Nessa esteira de raciocínio, vale destacar o entendimento do E. STJ que editou a Súmula nº 436, com a seguinte redação: “A entrega de declaração pelo contribuinte reconhecendo débito fiscal constitui o crédito tributário, dispensada qualquer outra providência por parte do fisco.” No caso em análise, a constituição em comento deuse, portanto, por meio da apresentação da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais – DCTF pela empresa, sendo esta declaração confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a cobrança imediata do Fl. 140DF CARF MF Processo nº 10980.923463/200955 Acórdão n.º 3201004.351 S3C2T1 Fl. 141 8 débito confessado, nos termos do § 1º do art. 5º do Decretolei nº 2.124, de 19843. Logo, a desconstituição do crédito tributário advindo da confissão de dívida ocorrida através da apresentação da DCTF passa a depender de comprovação inequívoca, por meio de documentos hábeis e idôneos, de que o débito confessado é inexistente. É que, para ilidir a presunção de legitimidade do crédito tributário nascido, não se mostra suficiente que o contribuinte limitese a alegar erros ou a retificar, após ciência de decisão administrativa denegatória, informações atinentes a débito confessado, fazendose necessário que demonstre de forma irrefutável que a obrigação tributária principal é indevida. Ocorre que o contribuinte não trouxe aos autos documentos de suporte capazes de indicar o quantum do tributo efetivamente devido, caracterizando o erro de haver confessado e pago um débito inexistente ou mesmo superior ao que afirma ser o real, resultando notória a impossibilidade de ser acolhida sua pretensão. Como cediço, a teor do que estabelece o art. 170 do CTN, a compensação só poderá ser homologada se o crédito do contribuinte em oposição à Fazenda Nacional estiver revestido dos atributos de liquidez e certeza. In casu, no momento em que requerida a compensação, o valor relativo ao direito creditório pleiteado, em conformidade com a correspondente DCTF, encontravase vinculado a um débito confessado, não atendendo aos requisitos da liquidez e certeza. Forçoso, portanto, reconhecerse que o ato administrativo da autoridade jurisdicionante foi legítimo e pautado em declaração formulada pelo próprio contribuinte. Por outro lado, as modificações efetuadas por meio da DCTF retificadora, quanto às informações antes prestadas, não têm o condão de tornar irregular a decisão administrativa que se pretende ver reformada. Com efeito, o suposto direito creditório do requerente, ainda que existisse, não se mostrava disponível na data de transmissão do PER/DCOMP, o que por si só é causa de não homologação da compensação porventura pleiteada. Acresçase ainda que eventuais créditos do sujeito passivo, ainda que comprovadamente líquidos e certos, não podem ser utilizados na compensação do débito cadastrado na DCOMP em litígio neste processo (objeto de compensação não homologada), Fl. 141DF CARF MF Processo nº 10980.923463/200955 Acórdão n.º 3201004.351 S3C2T1 Fl. 142 9 mediante ato provocado pelo contribuinte, por expressa vedação legal. Confirase, in verbis: Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. (Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002) (Vide Decreto nº 7.212, de 2010) (Vide Medida Provisória nº 608, de 2013) (...) § 3o Além das hipóteses previstas nas leis específicas de cada tributo ou contribuição, não poderão ser objeto de compensação mediante entrega, pelo sujeito passivo, da declaração referida no § 1o: (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) (...) V o débito que já tenha sido objeto de compensação não homologada, ainda que a compensação se encontre pendente de decisão definitiva na esfera administrativa; e (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) (...) Como se observa, a utilização de créditos do sujeito passivo na compensação de débitos administrados pela RFB, em função da manifestação do contribuinte, somente pode ser protocolizada através de DCOMP. Na hipótese vertente (compensação não homologada), este procedimento é defeso pelo inciso V do § 3º do art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996. Por outro lado, na hipótese de “pedido de restituição” do indébito, pode ocorrer a compensação exoffício, que obedece à ordem própria, determinada pelo Código Tributário Nacional (CTN), em seu art. 163. Neste caso, o procedimento é executado pela autoridade administrativa competente, independentemente de provocação do sujeito passivo, que tãosomente é solicitado a manifestarse quanto à sua aquiescência. Por conseguinte, não há de fato como “salvar” o ato praticado pelo contribuinte, tampouco se falar em enriquecimento indevido por parte da Administração Pública. No que tange à postulação pela produção de provas, cumpre consignar que o processo administrativofiscal é informado pelo princípio da concentração das provas na contestação, com o condão de mitigar a aplicação do princípio da verdade material, ou seja, uma vez que não há a previsão para a realização de uma audiência de instrução, como ocorre no âmbito do processo civil, as provas de fato modificativo, impeditivo ou extintivo da pretensão fazendária e as alegações pertinentes à defesa devem ser oferecidas pelo sujeito passivo quando da apresentação da Fl. 142DF CARF MF Processo nº 10980.923463/200955 Acórdão n.º 3201004.351 S3C2T1 Fl. 143 10 impugnação ou da manifestação de inconformidade, conforme o caso. Da seguinte maneira discorre o PAF, em seu artigo 16, acerca dos requisitos da impugnação, disposições aplicáveis também quando da formulação de manifestações de inconformidade, em face do que dispõe o § 11 do art. 74 da Lei nº 9.430/964: “Art. 16. A impugnação mencionará: (...) III – os motivos de fato e de direito em que se fundamente, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (redação dada pelo art. 1° da Lei n° 8.748, de 09/12/93) (...) § 4.º. A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente; c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidos aos autos. (Acrescido pelo art. 67 da Lei n.º 9.532/1997)” Concluise que, apenas quando demonstrada a ocorrência das situações elencadas no parágrafo 4º acima transcrito, o que não se configurou no caso dos autos, é que existe a possibilidade de apresentação de provas em momento posterior, do contrário ocorre a preclusão temporal e o contribuinte não pode carrear aos autos provas ou alegações suplementares. O momento processual propício para a defesa cabal do sujeito passivo é o da apresentação da peça impugnatória. Portanto, pedidos genéricos e vagos ao final da impugnação pela produção de provas ou apresentação de documentos a posteriori, sem que tenham sido preenchidos os requisitos estabelecidos pela legislação, como visto, não têm como ser deferidos. Consequentemente, deve ser indeferido o pedido do contribuinte de dilação probatória documental e pericial. Em relação aos julgados administrativos aos quais se reporta a defesa, vale salientar que a autoridade julgadora de primeira instância não está vinculada ao entendimento emanado pelos Acórdãos proferidos pelo então Conselho de Contribuintes (atual Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF). Já no que concerne à jurisprudência do Poder Judiciário da qual também se socorreu o defendente, impende lembrar que as decisões judiciais, ainda que versem especificamente sobre a Fl. 143DF CARF MF Processo nº 10980.923463/200955 Acórdão n.º 3201004.351 S3C2T1 Fl. 144 11 matéria dos autos, produzem efeitos restritos às partes litigantes e com estrita observância do conteúdo dos julgados, somente alcançando terceiros nas hipóteses previstas no Decreto nº 2.346, de 10 de outubro de 1997, o que não se configurou na espécie. Por derradeiro, com relação aos excertos doutrinários trazidos à colação, registrese que, não obstante a manifesta importância da doutrina como fonte secundária do Direito, compete à autoridade administrativa tão somente a aplicação do direito tributário positivo, em face de sua atividade vinculada (art. 142 do CTN). Ante o exposto, VOTO pela improcedência da Manifestação de Inconformidade apresentada e pelo não reconhecimento do direito creditório pleiteado. Sala das Sessões/Recife – PE, 28 de março de 2013. (Assinado por certificação digital) Nelson Barbosa Caldas Junior Auditorfiscal Mat. 13.470" Conclusão 1. Inexiste nulidade do despacho decisório por vício de motivação pois há descrição das razões da não homologação integral das compensações. 2. Rejeitase a alegação de "inexistência de prova material para o indeferimento do pedido de restituição" pois é ônus da contribuinte fazer prova da certeza e liquidez de seu direito creditório. 3. A recorrente não se desincumbiu do ônus de provar o alegado direito líquido e certo, decorrente de suposto pagamento indevido de IPI, fato que por si só impende negar provimento ao seu recurso. 4. É dever do contribuinte em procedimento de compensação demonstrar a certeza e liquidez de seu crédito; incabível a inversão desse ônus. Diante do exposto, rejeito as preliminares de nulidade e, no mérito, voto para negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Fl. 144DF CARF MF
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