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Numero do processo: 15771.724570/2012-87
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 30 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Sep 25 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 09/05/2012
CONCOMITÂNCIA. NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO VOLUNTÁRIO. APLICAÇÃO DA SÚMULA CARF Nº 1. NULIDADES
Não se conhece da lide administrativa quando houver a propositura de ação judicial pelo sujeito passivo com o mesmo objeto do processo administrativo. Aplicação da Súmula CARF nº 1.
A concomitância entre processos administrativo e judicial não constitui motivo para decretação administrativa da nulidade do auto de infração ou do processo administrativo fiscal.
In casu, a imunidade de impostos e a incidência de contribuições para o PIS e Cofins, vinculados à importação, e a classificação fiscal versaram nos processos administrativo e judicial.
LANÇAMENTO. PREVENÇÃO DE DECADÊNCIA. MULTA DE OFÍCIO. ART. 63 E § 1º DA LEI Nº 9.430/1996
A concessão de provimento judicial que assegura a suspensão da exigibilidade do crédito tributário antes do início de procedimento fiscal relativo à sua apuração impede a aplicação de multa de ofício.
Numero da decisão: 3201-004.205
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer em parte do Recurso em razão da concomitância, para, na parte conhecida, rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, excluir a multa de ofício aplicada sobre o II e IPI.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Data do fato gerador: 09/05/2012 CONCOMITÂNCIA. NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO VOLUNTÁRIO. APLICAÇÃO DA SÚMULA CARF Nº 1. NULIDADES Não se conhece da lide administrativa quando houver a propositura de ação judicial pelo sujeito passivo com o mesmo objeto do processo administrativo. Aplicação da Súmula CARF nº 1. A concomitância entre processos administrativo e judicial não constitui motivo para decretação administrativa da nulidade do auto de infração ou do processo administrativo fiscal. In casu, a imunidade de impostos e a incidência de contribuições para o PIS e Cofins, vinculados à importação, e a classificação fiscal versaram nos processos administrativo e judicial. LANÇAMENTO. PREVENÇÃO DE DECADÊNCIA. MULTA DE OFÍCIO. ART. 63 E § 1º DA LEI Nº 9.430/1996 A concessão de provimento judicial que assegura a suspensão da exigibilidade do crédito tributário antes do início de procedimento fiscal relativo à sua apuração impede a aplicação de multa de ofício.
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NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO VOLUNTÁRIO. APLICAÇÃO DA SÚMULA CARF Nº 1. NULIDADES Não se conhece da lide administrativa quando houver a propositura de ação judicial pelo sujeito passivo com o mesmo objeto do processo administrativo. Aplicação da Súmula CARF nº 1. A concomitância entre processos administrativo e judicial não constitui motivo para decretação administrativa da nulidade do auto de infração ou do processo administrativo fiscal. In casu, a imunidade de impostos e a incidência de contribuições para o PIS e Cofins, vinculados à importação, e a classificação fiscal versaram nos processos administrativo e judicial. LANÇAMENTO. PREVENÇÃO DE DECADÊNCIA. MULTA DE OFÍCIO. ART. 63 E § 1º DA LEI Nº 9.430/1996 A concessão de provimento judicial que assegura a suspensão da exigibilidade do crédito tributário antes do início de procedimento fiscal relativo à sua apuração impede a aplicação de multa de ofício. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer em parte do Recurso em razão da concomitância, para, na parte conhecida, rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, excluir a multa de ofício aplicada sobre o II e IPI. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 77 1. 72 45 70 /2 01 2- 87 Fl. 259DF CARF MF Processo nº 15771.724570/201287 Acórdão n.º 3201004.205 S3C2T1 Fl. 260 2 (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório Para bem relatar os fatos, transcrevese o relatório da decisão proferida pela autoridade a quo, com as correções pertinentes: Trata o presente processo de autos de infração lavrados para exigência de créditos tributários no valor de R$93.524,07, referente a Imposto de Importação, IPI, CofinsImportação e Pis/PasepImportação, acompanhados de multa de ofício e juros de mora. Depreendese da descrição dos fatos dos autos de infração que a interessada registrou a Declaração de Importação n.º 12/09387680, em 23/05/2012, para amparar a importação de mercadorias classificadas na NCM 4901.99.00, relativa a "Outros Livros, Brochuras e Impressos Semelhantes", quando o correto, segundo a fiscalização, seria na NCM 9504.40.00 por tratarse de cartas de jogar para crianças. A interessada impetrou a Ação Ordinária n.º 001151446.2009.403.6100 [em 15/05/2009] para ver declarado o seu direito a imunidade das mercadorias importadas. Foi proferida sentença favorável à interessada a fim de reconhecer o direito à imunidade constitucional. A Apelação interposta pela União foi julgada improcedente, mantendo a decisão de 1.ª instância. A fiscalização, após análise da importação, concluindo que as mercadorias classificavamse na NCM 9504.40.00, lavrou o auto de infração em apreço para a constituição do crédito tributário relativo aos tributos devidos na importação realizada pela interessada. Intimada da autuação, a interessada alega que o auto é nulo, haja vista a decisão judicial que declara a imunidade dos “cards magic”. Além da sentença de 1.ª Instância e do acórdão do Tribunal favoráveis ao seu pleito, ainda declara que a decisão já transitou em julgado em 27/11/2012 confirmando a imunidade das mercadorias em questão. Junta às fls. 131 o extrato do acompanhamento processual da ação citada. Encaminhado o processo a esta Delegacia de Julgamento foi proferido o Acórdão n.º 0733.126 dando procedência à impugnação, cancelando o crédito tributário constituído. Fl. 260DF CARF MF Processo nº 15771.724570/201287 Acórdão n.º 3201004.205 S3C2T1 Fl. 261 3 De volta à unidade preparadora, a autoridade fiscal constatou que o provimento jurisdicional obtido pela contribuinte nos autos da Ação Ordinária supramencionada apenas confere imunidade referente aos impostos. Esta interpretação, inclusive, foi dada nos embargos de declaração opostos naquela ação nos seguintes termos: Isto porque a sentença julgou procedente o pedido, para reconhecer o direito à imunidade constitucional, prevista no artigo 150, inciso VI, alínea 'd' da Constituição Federal, ou seja, a imunidade concedida se aplica somente aos impostos. E o PIS/COFINS exigidos pela Receita Federal são contribuições. Por esta razão a autoridade a quo devolveu o processo a esta Delegacia de Julgamento para que revisasse o acórdão já proferido. É o relatório. O relatório da decisão a quo deve ser complementado. O registro da DI nº 12/09387680, em 23/05/2012, e a lavratura do auto de infração (12/11/2012) para a exigência dos tributos (impostos e contribuições sociais) na importação de cards pela DEVIR são posteriores ao Acórdão no RE nº 656.203 (15/09/2011), interposto na União, em face da sentença na AO nº 2009.61.00.0115142, de 22/03/2010, confirmada em sede de Apelação no TRF/3ª Região (27/01/2011), na qual a contribuinte teve seu pedido deferido (imunidade dos livros (e cards) aos impostos art. 150, VI, "d"). Na impugnação, a DEVIR afirma que o Agravo Regimental interposto pela União no RE 656.203 (07/11/2011) não possui efeito suspensivo e por ser a sentença obtida em 1º Grau declaratória, prescinde de execução e deve ser cumprida de imediato, pois a decisão judicial "já definiu a matéria ora tratada". A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Florianópolis/SC por intermédio da 1ª Turma, no Acórdão nº 0734.056, sessão de 12/02/2014, julgou improcedente a impugnação e manteve o crédito tributário lançado. A decisão foi assim ementada: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 23/05/2012 EXTINÇÃO DE CRÉDITO TRIBUTÁRIO. LANÇAMENTO IMPROCEDENTE É improcedente o lançamento de crédito tributário extinto por decisão judicial passada em julgado. Impugnação Não Conhecida Crédito Tributário Mantido Inconformada a contribuinte, apresentou recurso voluntário (fls. 167/174 e complementado às fls. 247/256) no qual aduz: Fl. 261DF CARF MF Processo nº 15771.724570/201287 Acórdão n.º 3201004.205 S3C2T1 Fl. 262 4 Propôs a Ação Declaratória, n° 002004060.2013.4.03.6100 (31/12/2013), para obter o reconhecimento da correção da classificação das mercadorias na NCM 4901.99.00, para ser aplicada a incidência de ALÍQUOTA ZERO sobre o recolhimento das contribuições sobre produtos equiparados ou complemento de Livros; Na data de interposição do recurso voluntário, a referida ação declaratória encontravase em fase de Apelação no TRF/ 3ª Região desde 07/01/2014. A Lei nº 10.865/2004 nos arts. 8º, inciso XII e 28, inciso VI assegura a alíquota zero de PIS e Cofins, na importação e revenda no mercado interno, para livros e produtos equiparados ou seus complementos; A classificação dos cards no código tarifário 4901.99.00 da TEC/TIPI está confirmada nas decisões judiciais e a expressão "NT" não tributada (na TIPI) garante sua imunidade tributária (além da alíquota zero na Lei nº 10.865/04); Por fim, requer que a insubsistência da decisão recorrida e a declaração de nulidade do presente processo É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator O Recurso Voluntário atende ao requisito de tempestividade. Nulidade Preliminarmente, a recorrente aduz a nulidade do auto de infração e do presente processo administrativo sob o fundamento de que a matéria foi decidida pelo Poder Judiciário. A vedação à lavratura de auto de infração ou a decretação de sua nulidade no âmbito das decisões judiciais devem ser cumpridas pela autoridade administrativa independente de julgamento ou manifestação dos julgadores administrativos. Assim, não é o caso deste CARF decretar nulidade de auto de infração sob o fundamento de decisão judicial com provimento do mérito favorável ao contribuinte. As hipóteses de nulidade são aquelas determinadas no Decreto nº 70.235/72 que rege o processo administrativo fiscal (art.59): Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Fl. 262DF CARF MF Processo nº 15771.724570/201287 Acórdão n.º 3201004.205 S3C2T1 Fl. 263 5 Nos autos não se tem presente situações que demonstram lançamento realizado em desatendimento a formalidades legais ou que incorreu em cerceamento de direito de defesa ao contribuinte. Mérito O cerne do litígio é a exigência de tributos (impostos e contribuições) vinculados à importação de bens, que no caso da recorrente tratase de cards ou "figurinhas" que entende estar albergada na definição de livros, e estes imunes a impostos e com alíquota zero, nas contribuições para o PIS e Cofins. Tais tributos tem regramentos distintos e foram objetos de diferentes ações judiciais. Ação Ordinária (declaratória) n° 2009.61.00.0115142 Imunidade do art. 150, VI, "d" da CF/88 (impostos) Esta ação foi proposta pela contribuinte em 15/09/2009 enquanto permaneciam retidas mercadorias em unidades de despacho aduaneiro. Teve como pedido a declaração e reconhecimento da imunidade prevista no art. 150, incisos VI, alínea "d", da CF/88, ou seja, requereu a imunidade para o imposto de importação II e para o Imposto sobre Produtos Industrializados IPIimportação. O pedido foi julgado procedente pela 26ª Vara da JF/SP (22/03/2010), confirmada no TRF da 3ª Região (27/01/2011) que negou provimento à apelação da União, que interpôs Recurso Extraordinário. Foi proferido despacho pelo titular da 26ª Vara da JF/SP para manifestação da União acerca do cumprimento da sentença na referida Ação, pois seu seguimento aos tribunais superiores deramse sem efeitos suspensivos, ou seja, implicava o cumprimento imediato por se tratar de ação declaratória de direito à contribuinte. A seguir excerto da sentença, com o pedido da DEVIR: A decisão, prolatada em 22/03/2011, foi assim redigida: Fl. 263DF CARF MF Processo nº 15771.724570/201287 Acórdão n.º 3201004.205 S3C2T1 Fl. 264 6 A DI nº 12/09387680 foi registrada (23/05/2012) e o auto de infração foi lavrado (12/11/2012) para a exigência de tributos (II, IPI, PIS e Cofins) enquanto pendia o trânsito em julgado da Ação, pronunciado em 27/11/2012. Antes mesmo da autuação fiscal fora intentada a Ação Ordinária nº 2009.61.00.0115142 com fins à imunidade de impostos na importação II e IPI_importação de cards/figurinhas. Depreendese dos autos que a exigência desses impostos deuse com a incidência de multa de ofício. A decisão recorrida assinalou que o crédito tributário foi constituído com a finalidade de prevenir a decadência, conquanto este fato não foi explicitado no auto de infração, mas decorreu da Ação Ordinária, conforme descrito pela autoridade autuante. Contudo, entendo que há de se excluir a multa de ofício, em razão da aplicação do disposto no art. 63 e § 1º da Lei nº 9.430/96: Art. 63. Na constituição de crédito tributário destinada a prevenir a decadência, relativo a tributo de competência da União, cuja exigibilidade houver sido suspensa na forma dos incisos IV e V do art. 151 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, não caberá lançamento de multa de ofício. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) § 1º O disposto neste artigo aplicase, exclusivamente, aos casos em que a suspensão da exigibilidade do débito tenha ocorrido antes do início de qualquer procedimento de ofício a ele relativo Dessa forma quanto ao II e IPIimportação, com fundamento na existência simultânea da Ação Ordinária nº 2009.61.00.0115142 e do referido processo o recurso deve ser conhecido parcialmente, apenas para excluir as multas impostas. Ação Ordinária (declaratória) n° 002004060.2013.4.03.6100 contribuições para PIS e Cofins e classificação fiscal Impende ressaltar que a tributação das contribuições para o PIS e para a Cofins não foi objeto da Ação Ordinária nº 2009.61.00.0115142. A consulta da movimentação processual da JF/SP, realizada pela unidade preparadora nos autos do processo nº 10880.720103/201065, indicou a rejeição dos embargos de declaração interpostos pela União e a decisão/despacho daquele Juízo delimitou a sentença à imunidade concedida apenas aos impostos, conforme imagem: Fl. 264DF CARF MF Processo nº 15771.724570/201287 Acórdão n.º 3201004.205 S3C2T1 Fl. 265 7 Dessa forma, a contribuinte sentiuse impelida a buscar provimento judicial para ter afastada a exigência de Pis e Cofins vinculados às importações de cards, uma vez que a imunidade dos livros alcança apenas os impostos. A Ação Ordinária n° 002004060.2013.4.03.6100 buscou o Judiciário para ver declarada a inexistência de relação jurídica quanto à incidência tributária no tocante à importação de cards, além do direito à classificação no código tarifário 4901.99.00 e à aplicação da alíquota zero do PIS e Cofins, na importação e revenda no mercado interno, prevista nos arts. 8º, inciso XII e 28, inciso VI, ambos da Lei nº 10.865/2004. Da petição inicial (fls. 247/280 do PAF nº 15771.721467/201285 ) consta: Fl. 265DF CARF MF Processo nº 15771.724570/201287 Acórdão n.º 3201004.205 S3C2T1 Fl. 266 8 E o "Pedido" ao seu final: Quanto à correta classificação fiscal, manifesteime no voto do processo nº 10880.720103/201065 o entendimento que o enfrentamento da matéria restou igualmente prejudicado em decorrência da concomitância. Isto porque, a classificação pretendida para os cards o faz igualar aos livros e este é o tema central do litígio cuja decisão final é prerrogativa única do Poder Judiciário e, portanto, prejudicada sua análise naqueles autos. Como se vê, na ação ordinária tratada neste tópico é expressamente requerido o provimento quanto á classificação fiscal equivalente aos livros. Não restam dúvidas que na Ação Ordinária n° 002004060.2013.4.03.6100 os objetos, partes e pedidos são idênticos ao litigados nestes autos, do que decorre a concomitância entre referidos processos, atraindo a aplicação da Súmula CARF nº 1: Fl. 266DF CARF MF Processo nº 15771.724570/201287 Acórdão n.º 3201004.205 S3C2T1 Fl. 267 9 Súmula CARF nº 1: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Relativamente à multa de ofício incidentes sobre o PISimportação e Cofins importação exigidos, a situação dos autos não permite aplicação da excludente prevista no art. 63 c/c § 1º da Lei nº 9.430/96, ou seja, na lavratura do auto de infração, em 01/03/2012, sequer havia a interposição de Ação Judicial com a discussão da incidência de PIS e Cofins vinculados à importação de cards, que fora protocolada em 31/10/2013 e, portanto, nenhuma medida que impusesse a suspensão da exigibilidade do crédito tributário na forma dos incisos IV e V do art. 151 do CTN. Conclusão Pelo exposto, rejeito a preliminar de nulidade do auto de infração e do presente processo administrativo e, no mérito, voto para conhecer parcialmente o recurso voluntário para excluir a multa de ofício aplicada sobre o II e IPI, e não conhecêlo, em razão da concomitância, relativamente (i) à exigência de II, IPIimportação, PISimportação e Cofinsimportação e (ii) à classificação fiscal dos cards importados na NCM 4901.99.00, por aplicação da Súmula CARF nº 1. (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Fl. 267DF CARF MF
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Numero do processo: 19515.004385/2007-97
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 29 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon May 08 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 3201-000.843
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos da presente Resolução.
Winderley Morais Pereira - Presidente Substituto
Paulo Roberto Duarte Moreira- Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira, Mércia Helena Trajano DAmorim, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, José Luiz Feistauer de Oliveira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário e Cássio Schappo.
Relatório
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1827; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C2T1 Fl. 2 1 1 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 19515.004385/200797 Recurso nº De Ofício e Voluntário Resolução nº 3201000.843 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Data 29 de março de 2017 Assunto Solicitação de Diligência Recorrente GALDERMA BRASIL LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos da presente Resolução. Winderley Morais Pereira Presidente Substituto Paulo Roberto Duarte Moreira Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira, Mércia Helena Trajano DAmorim, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, José Luiz Feistauer de Oliveira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário e Cássio Schappo. Relatório O interessado acima identificado recorre a este Conselho, de decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Campinas/SP. Por bem descrever os fatos ocorridos, até então, adoto o relatório da decisão recorrida, que transcrevo, a seguir: Tratase de exigência do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), formalizada no auto de infração de fls. 333/343, lavrado em 28/12/2007, com ciência da contribuinte na mesma data, totalizando o crédito tributário de R$ 5.748.544,40. Segundo a descrição dos fatos de fls. 335/343 e o termo de verificação fiscal de fls. 316/322, no período de janeiro a dezembro de 2002, houve falta de lançamento de IPI, por ter o estabelecimento promovido a saída de produtos tributados com erro de classificação fiscal e alíquota menor do imposto. Foram constatadas as seguintes irregularidades: RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 95 15 .0 04 38 5/ 20 07 -9 7 Fl. 1136DF CARF MF Processo nº 19515.004385/200797 Resolução nº 3201000.843 S3C2T1 Fl. 3 2 1. Os produtos Cetaphil Sabonete Líquido e Soapex Cremoso tiveram sua alíquota de IPI alterada de 5% para 10% pelo Decreto nº 4.070 de 28/12/2001, porém, a empresa efetuou a mudança de alíquota nas saídas dos produtos somente a partir de 01/02/2002, o que gerou falta de lançamento de IPI durante o mês de janeiro de 2002; 2. A contribuinte, no período de janeiro a dezembro de 2002, adota classificação fiscal incorreta para os produtos Proderm Emulsão, Nutraplus Creme e Nutraplus Loção, classificados no código 3004.90.99 da TIPI, alíquota de 0%, destinada a outros medicamentos, e para os produtos Lactrex Creme e Lactrex Loção, classificados no código 3004.90.26, alíquota de 0%, destinada a outros medicamentos contendo ácido láctico, seus sais ou seus ésteres, ácido diiodofenilocético, ácido fumárico, seus sais ou seus ésteres, ou fenofibrato; tais produtos caracterizamse como preparações cosméticas/cremes hidratantes, destinados aos cuidados da pele, e classificamse no código 3304.99.10, alíquota de 20%, com base da Nota 1 d) do Capítulo 30 e Nota 3 do Capítulo 33 da TIPI. Considerandose que houve insuficiência de lançamento de IPI, por ter o estabelecimento promovido a saída de produtos tributados com alíquotas inferiores devido a erros de classificação fiscal, foi lavrado o competente auto de infração. Por já haver consulta sobre a classificação fiscal de outro produto semelhante fabricado pela própria autuada, o produto Nutraderm, que concluiu pela classificação no código 3304.99.10, a fiscalização entendeu que houve erro deliberado com o intuito de redução do tributo, o que resultou na aplicação da multa qualificada de 150%. Inconformada com a autuação, a contribuinte, por intermédio de seu representante legal, protocolizou impugnação de fls. 346/423, aduzindo em sua defesa as seguintes razões: 1. O auto de infração é nulo for falta de motivação, já que o autuante não esclareceu o que o levou a concluir pela ausência de finalidades profilática, terapêutica ou paliativa dos produtos, que levaria a classificação fiscal para a posição 3004; tal fato impediu a impugnante de exercer plenamente o seu direito de defesa; 2. O auto de infração é nulo por vício de motivação pela inconsistência da fundamentação; 3. Os produtos Proderm, Lactrex e Nutraplus possuem as propriedades profiláticas e curativas que atendem a definição de medicamento estabelecida pelo art. 4º, inciso II, da Lei nº 5.991/73; 4. A ANVISA reconheceu que o produto Proderm Emulsão possui finalidades profiláticas ou terapêuticas, certificando, em 24/04/1985, que deve ser considerado um medicamento e não um cosmético; além disso, de forma rotineira, a ANVISA tem classificado como medicamento produtos que possuam o triclosano, como é o caso do Proderm; 5. Apresenta Parecer de fls. 475/481 sobre o Proderm, elaborado pela Profa. Dra Maria Valéria Robles Velasco, membro da Câmara Técnica Fl. 1137DF CARF MF Processo nº 19515.004385/200797 Resolução nº 3201000.843 S3C2T1 Fl. 4 3 de Cosméticos da ANVISA que conclui que o produto é um medicamento a ser classificado no Capítulo 3004 (sic) da TIPI; 6. O mesmo entendimento deve ser aplicado aos produtos Lactrex Creme e Lactrex Loção conforme Resolução da ANVISA e Parecer de fls. 482/495 elaborado pela mesma Profa. Dra. Maria Valéria Robles Velasco; 7. A mesma conclusão serve para os produtos Nutraplus Creme e Nutraplus Loção de acordo com o Relatório Técnico de fls. 496/507, que considerou os produtos como medicamentos classificáveis na posição 3003.90.99; 8. Caso os produtos possam ser classificados em duas ou mais posições, deve prevalecer a posição mais específica, com prescreve a Regra Geral de Interpretação do Sistema Harmonizado 3 a); 9. Classificar os produtos na posição 3304.99.90 da TIPI implica em violar o princípio da seletividade aplicável ao IPI, tributando produtos de inegável importância à alíquota de 20%; 10. Não tendo a autuada agido com dolo, operouse a decadência, com a conseqüente extinção dos créditos tributários, em conformidade com a regra prevista no art. 150, parágrafo 4º, do Código Tributário Nacional; 11. Em relação à diferença de alíquota para os produtos Cetaphil Sabonete Líquido e Soapex Cremoso no mês de janeiro de 2002, o lançamento também foi atingido pela decadência, e para esta parte do lançamento não há qualquer alegação de prática de fraude ou dolo pela autuada; 12. Não fica comprovado o dolo por parte da impugnante para fraudar o fisco, uma vez que a própria contribuinte forneceu todos os dados que foram utilizados pela fiscalização para a lavratura do auto de infração; não havendo dolo, o prazo decadencial deve ser contado a partir do fato gerador, e a multa aplicada deve ser reduzida para 75%; 13. O fisco vem acolhendo de forma tácita e expressa a classificação fiscal adotada pela impugnante há mais de cinco anos, e a mudança de critério jurídico tem que respeitar o disposto no art. 146 do Código Tributário Nacional; 14. É vedado ao fisco exigir a multa e os juros de mora em razão do art. 100, inciso III e parágrafo único, do CTN, 15. Falece competência à Delegacia de Julgamento para alterar os fundamentos fáticos ou de direito constantes do auto de infração, sendo necessário reconhecer os vícios e anular o auto de infração. Por fim, requer que as publicações sejam realizadas em nome do advogado. O pleito foi parcialmente deferido no julgamento de primeira instância, nos termos do acórdão 1419.707 de 02/07/2008, proferida pelos membros da 2ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Ribeirão Preto/SP, cuja ementa dispõe, verbis: Fl. 1138DF CARF MF Processo nº 19515.004385/200797 Resolução nº 3201000.843 S3C2T1 Fl. 5 4 ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS PERÍODO DE APURAÇÃO: 01/01/2002 a 20/12/2002 NULIDADE. CERCEAMENTO DE DEFESA. Não há ofensa à garantia constitucional do contraditório e da ampla defesa quando todos os fatos estão descritos e juridicamente embasados, possibilitando à contribuinte impugnar todas razões de fato e de direito elencadas no auto de infração. DECADÊNCIA. Inexistindo o lançamento por homologação, o prazo de decadência para o lançamento de ofício deve ser contado pela regra do art. 173, I do CTN. CLASSIFICAÇÃO FISCAL. PRODERM EMULSÃO. O Proderm Emulsão, produto hidratante para evitar a irritação da pele do bebê, caracterizase como preparação para os cuidados da pele, com propriedades profiláticas, classificandose no código 3304.99.10 da TIPI, pela aplicação da Regra Geral para Interpretação do Sistema Harmonizado nº 1, combinada com a Nota 1 d) do Capítulo 30 da TIPI. CLASSIFICAÇÃO FISCAL. NUTRAPLUS CREME E NUTRAPLUS LOÇÃO. Os produtos Nutraplus Creme e Nutraplus Loção, hidratantes indicados para peles ásperas e secas, caracterizamse como preparações para os cuidados da pele, com propriedades profiláticas, classificandose no código 3304.99.10 da TIPI, pela aplicação da Regra Geral para Interpretação do Sistema Harmonizado nº 1, combinada com a Nota 1 d) do Capítulo 30 da TIPI. CLASSIFICAÇÃO FISCAL. LACTREX CREME E LACTREX LOÇÃO. Os produtos Lactrex Creme e Lactrex Loção, hidratantes indicados para peles ásperas e secas, caracterizamse como preparações para os cuidados da pele, com propriedades profiláticas, classificandose no código 3304.99.10 da TIPI, pela aplicação da Regra Geral para Interpretação do Sistema Harmonizado nº 1, combinada com a Nota 1 d) do Capítulo 30 da TIPI. LANÇAMENTO. ERRO CLASSIFICAÇÃO FISCAL. A falta de pagamento do imposto, por erro de classificação fiscal/alíquota inferior à devida, justifica o lançamento de ofício do IPI, com os acréscimos legais cabíveis. MULTA DE 150%. IMPROCEDÊNCIA. Inexistindo motivação expressa para a multa por infração qualificada, infligese a multa de 75% pela mera falta de lançamento ou recolhimento. Lançamento Procedente em Parte Fl. 1139DF CARF MF Processo nº 19515.004385/200797 Resolução nº 3201000.843 S3C2T1 Fl. 6 5 Referida decisão afastou a aplicação da multa qualificada e apresenta recurso de ofício nos termos do art. 34 do Decreto nº 70.235/72. Submetido à neste Colegiado, no enfrentamento de preliminar de decadência suscitada pela recorrente, o processo foi convertido EM DILIGÊNCIA, através da Resolução de n° 3201000.681, de 28/04/2016 (fls. 1.03/1.035), nos termos abaixo: A Recorrente alega extinto, pela decadência, o direito do Fisco. No caso em exame, os períodos de apuração do imposto vão de janeiro a dezembro de 2002. Tratase de IPI lançado em face da saída, do estabelecimento industrial, de produtos fabricados e comercializados pela Recorrente com alíquota inferior às devidas. Segundo a própria fiscalização consignou no Termo de Verificação Fiscal, houve lançamento do IPI quanto aos produtos Cetaphil Sabonete Líquido e Soapex Cremoso, mas não se atestou se houve recolhimentos do imposto nos períodos de apuração mencionados. Esse dado, como se sabe, é fundamental para o deslinde da questão. Ante o exposto, voto por CONVERTER O JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA, a fim de que a unidade de origem ateste se houve recolhimentos de IPI nos períodos de apuração a que se referem os autos. Encerrada a instrução processual, a interessada deverá ser intimada para manifestarse no prazo de 30 (trinta) dias, antes da devolução do processo para julgamento. Salientese, entretanto, que a sua manifestação devese restringir ao resultado da diligência, não sendo cabível revolver questões de defesa já suscitadas quando do oferecimento do recurso voluntário. Ao término do procedimento, devem os autos retornar a este Colegiado para julgamento. É como voto. Charles Mayer de Castro Souza Realizada a diligência, a Unidade de Origem emitiu o Relatório (fls. 1.109/1.111) inserindo o resultado da consulta obtida nos sistemas informatizados da RFB, com a identificação dos recolhimentos de IPI, no período de apuração relativo ao ano de 2002, com os extratos de pagamento individualizados (fls. 1.037/1.108). Cientificada da diligência, a contribuinte veio aos autos e aduziu restar comprovado a existência de pagamentos integrais relativos ao IPI nos períodos de apuração objeto de autuação fiscal. Por oportuno, ratificou seu pedido de reconhecimento de decadência do crédito tributário relativo ao período de 10/01/2002 a 20/12/2002, com fundamento no art.150, § 4º, do CTN. O conselheiro Relator original do Processo encontrase temporária e justificadamente ausente deste Colegiado, cabendo a mim, em razão de novo sorteio, a Relatoria para prosseguimento do julgamento. Fl. 1140DF CARF MF Processo nº 19515.004385/200797 Resolução nº 3201000.843 S3C2T1 Fl. 7 6 É o Relatório. Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator A diligência realizada não exauriu totalmente seu objeto, qual seja, a informação de existência ou não de pagamentos antecipados de IPI em todos os decênios em que houvera lançamento do imposto. Evidenciado no julgamento em que se converteu em diligência a imprescindibilidade de tal informação para o deslinde da questão, entendo como necessário o enfrentamento dessa matéria (pagamentos antecipados) antes de julgar a preliminar e o recurso de ofício. A recorrente defende que na data da ciência do auto de infração (28/12/2007) já teria decaído o direito de constituir o crédito tributário em relação aos fatos geradores ocorridos anteriormente a 28/12/2002. O lançamento referese ao período de apuração entre 01/01/2002 e 20/12/2002. Fundamenta seus argumentos na inexistência de ação com dolo, fraude ou simulação, como reconheceu o julgamento de 1ª instância, o que acarreta a aplicação do § 4º, do art. 150 do CTN para a contagem do prazo de decadência, para todos os valores lançados. Em breve apanhado há de se analisar a decadência como fato extintivo do direito do Fisco lançar, ainda que este Colegiado não venha decidila neste momento. Regra geral, a decadência do direito do fisco lançar, nos casos de lançamento por homologação, é contado a partir da data do pagamento, ainda que parcial, ao qual o contribuinte está obrigado nesta modalidade segundo o preceito do art. 150, § 4º do CTN. A exceção, que implica a aplicação da regra estabelecida no art. 173, I, faz deslocar o prazo inicial de decadência para o primeiro dia do exercício seguinte aquele em que poderia o fisco lançar. Operase diante de duas situações fáticas: (i) a inexistência absoluta da antecipação do pagamento (nada fora pago), e (ii) a prática pelo contribuinte de dolo, fraude ou simulação da qual resulte o desconhecimento pelo Fisco da ocorrência do fato gerador. As duas situações são independentes, porém, passíveis de ocorrerem simultaneamente. A eventual prática de dolo, fraude ou simulação, que acarretaria a aplicação da regra estabelecido no art. 173, I, foi afastada no julgamento a quo. Resta, portanto, a verificação da outra condição, qual seja, a existência de pagamento, ainda que parcial, relativamente aos fatos que ensejaram lançamento de ofício. Tal verificação motivou o Colegiado, na sessão de 28/04/2016, a converter o julgamento em diligência para a Unidade da RFB atestar a existência de recolhimento do IPI nos períodos de apuração a que se referem os autos. A sistemática de apuração do IPI permite que seja considerado pagamento "a dedução dos débitos, no período de apuração do imposto, dos créditos admitidos, sem resultar Fl. 1141DF CARF MF Processo nº 19515.004385/200797 Resolução nº 3201000.843 S3C2T1 Fl. 8 7 saldo a recolher". É o que prescreve o art 111, parágrafo único, inciso III, do Regulamento do IPI de 1998 (Decreto nº 2.637/1998), vigente à época, in verbis: Art. 111. Os atos de iniciativa do sujeito passivo, no lançamento por homologação, aperfeiçoamse com o pagamento do imposto ou com a compensação do mesmo, nos termos dos arts. 190 e 191 e efetuados antes de qualquer procedimento de ofício da autoridade administrativa (Lei nº 5.172, de 966, art. 150 e § 1º, e Lei nº 9.430, de 1996, arts. 73 e 74). Parágrafo único. Considerase pagamento: I o recolhimento do saldo devedor, após serem deduzidos os créditos admitidos dos débitos, no período de apuração do imposto; II o recolhimento do imposto não sujeito a apuração por períodos, haja ou não créditos a deduzir; III a dedução dos débitos, no período de apuração do imposto, dos créditos admitidos, sem resultar saldo a recolher. No relatório elaborado pela Delegacia da RFB constam informações (fls. 1.109/1.111), e extratos de DARF (1.037/1.108), que foram identificados recolhimentos de IPI, relativos a alguns períodos decendiais de apuração no ano de 2002, sob os códigos de receita 1097 (que à época correspondia ao IPI de todos os produtos, exceto automóveis, bebidas e alguns tipos de cigarro) e 1038 (correspondente à importação de bens e produtos). Somente o código 1097 referese ao imposto sobre produtos industrializados no estabelecimento da contribuinte; este, portanto, será objeto de análise. A Ficha 22 Apuração do Saldo do IPI da DIPJ/2003 (fls. 87/88) traz consignado a apuração do IPI, em cada um dos três decênios, nos meses do ano de 2002. A verificação quanto à existência ou não de pagamento (efetivo) fazse por meio do confronto do saldo do IPI (Ficha 22 da DIPJ), apurado por período (decênio), com o respectivo recolhimento que consta do Relatório de diligência no código 1097, na hipótese de saldo devedor. De outro modo, a apuração de saldo credor em algum período será considerada pagamento, por aplicação do art. 111, parágrafo único, inciso III do RIPI/98. A tabela construída apresenta em suas colunas o saldo decendial apurado (devedor ou credor), pagamento no código 1097, se houver, na hipótese de saldo devedor apurado e os valores lançados de ofício. Decênio Período apuração Saldo apurado devedor credor Pagamento Data arrecadação Lançamento produtos A Lançamentos produtos B 1º /Jan_2002 10/01/2002 11.997,23 credor sd credor 336,46 2º /Jan_2002 20/01/2002 13.707,09 credor sd credor 730,72 3.431,90 3º /Jan_2002 31/01/2002 71.078,47 devedor 71.078,47 08/02/2002 3.301,68 44.302,38 1º /Fev_2002 10/02/2002 9.040,47 credor sd credor 4.552,97 2º /Fev_2002 20/02/2002 26.751,15 devedor 26.751,15 28/02/2002 17.516,32 3º /Fev_2002 28/02/2002 76.150,52 devedor 76.150,52 08/03/2002 66.914,37 1º /Mar_2002 10/03/2002 8.694,74 devedor 8.694,74 20/03/2002 6.618,72 2.821,30 2º /Mar_2002 20/03/2002 42.633,81 devedor 39.812,51 28/03/2002 40.879,58 3º /Mar_2002 31/03/2002 97.711,73 devedor 97.711,73 10/04/2002 69.663,37 1º /Abr_2002 10/04/2002 7.496,22 credor sd credor 20.114,76 Fl. 1142DF CARF MF Processo nº 19515.004385/200797 Resolução nº 3201000.843 S3C2T1 Fl. 9 8 Decênio Período apuração Saldo apurado devedor credor Pagamento Data arrecadação Lançamento produtos A Lançamentos produtos B 2º /Abr_2002 20/04/2002 23.121,75 devedor zero 43.362,97 3º /Abr_2002 30/04/2002 80.394,88 devedor 80.394,88 10/05/2002 80.419,96 1º /Maio_2002 10/05/2002 28.083,24 devedor 28.083,24 20/05/2002 34.013,77 2º /Maio_2002 20/05/2002 35.055,25 devedor 35.055,25 31/05/2002 44.446,23 3º /Maio_2002 31/05/2001 102.931,19 devedor 102.931,19 10/06/2002 93.377,25 1º /Jun_2002 10/06/2002 29.467,64 devedor 29.467,64 20/06/2002 55.350,45 2º /Jun_2002 20/06/2002 52.798,68 devedor 52.798,68 28/06/2002 57.191,20 3º /Jun_2002 30/06/2002 135.148,50 devedor 135.148,50 10/07/2002 110.108,58 1º /Jul_2002 10/07/2002 192,25 devedor 192,25 19/07/2002 18.111,96 2º /Jul_2002 20/07/2002 124.141,67 devedor 124.141,67 31/07/2002 70.185,71 3º /Jul_2002 31/07/2002 166.205,91 devedor 166.205,91 09/08/2002 70.626,29 1º /Ago_2002 10/08/2002 44.221,33 devedor 44.221,33 20/08/2002 33.682,09 2º /Ago_2002 20/08/2002 80.681,43 devedor 80.681,43 30/08/2002 37.227,31 3º /Ago_2002 31/08/2002 164.554,82 devedor 164.554,82 10/09/2002 76.087,44 1º /Set_2002 10/09/2002 44.029,97 devedor 44.029,97 20/09/2002 37.765,00 2º /Set_2002 20/09/2002 91.996,54 devedor 91.996,54 30/09/2002 72.559,01 3º /Set_2002 30/09/2002 118.852,52 devedor 118.852,52 10/10/2002 53.707,54 1º /Out_2002 10/10/2002 51.672,37 devedor 51.672,37 18/10/2002 34.966,91 2º /Out_2002 20/10/2002 86.124,65 devedor 86.124,55 31/10/2002 37.923,07 3º /Out_2002 31/10/2002 145.287,34 devedor 145.287,34 08/11/2002 69.050,23 1º /Nov_2002 10/11/2002 113.674,55 devedor 113.674,55 20/11/2002 58.954,63 2º /Nov_2002 20/11/2002 225.669,00 devedor 225.669,00 29/11/2002 50.168,96 3º /Nov_2002 30/11/2002 51.756,48 devedor 51.756,48 10/12/2002 83.396,96 1º /Dez_2002 10/12/2002 102.243,76 devedor 102.243,76 20/12/2002 61.442,30 2º /Dez_2002 20/12/2002 152.718,00 devedor 152.718,00 30/12/2002 49.560,89 3º /Dez_2002 31/12/2002 433,43 devedor 433,43 10/01/2003 1.708.017,89 Produtos A Cetaphil Sabonete Líquido e Soapex Cremoso Produtos B Proderm Emulsão, Nutraplus Creme, Nutraplus ou Mutraplus Loção, Lactex Loção e Lactex Creme Analisando o quadro constatase a inexistência de pagamento no 2º decênio de abril/2002, apuração em 20/04/2002, que apresentou saldo devedor no valor de R$ 23.121,75. Tal se deve em razão do Relatório de diligência não indicar pagamento no período, corroborado pela ausência do "extrato de pagamento" extraídos dos sistemas informatizados da RFB. Contudo, tal constatação revelase precária. A recorrente apresentou cópias dos DARFs de pagamento do IPI nos periodos decendiais de 2002 (fls. 977/1.002) juntamente com seu recurso voluntário em 18/09/2009 (fl. 837) e, dentre eles, se encontra o referente ao 2º decênio de abril de 2002, no valor de R$ 23.121,75, recolhido em 30/04/2002, segundo sua autenticação mecânica, conforme cópia da imagem: Fl. 1143DF CARF MF Processo nº 19515.004385/200797 Resolução nº 3201000.843 S3C2T1 Fl. 10 9 Assim, em homenagem ao princípio da verdade material resta indispensável a confirmação do recolhimento do valor apontado no DARF nos sistemas de pagamento da RFB. Ante todo o exposto, voto no sentido de converter o julgamento em nova diligência para que a Unidade de Origem: 1. Realize os procedimentos destinados a confirmar o pagamento consignado no DARF em referência, nos termos da legislação vigente, em especial da Portaria CODAC nº 89, de 19/07/2013, inclusive com as providências de que trata o art. 8º na hipótese da necessária verificação física da via original do DARF, precedida da intimação ao contribuinte para sua apresentação; 2. Concluída a diligência, elabore relatório acompanhado dos documentos que confirmem ou não o pagamento; 3. Cientifique a interessada quanto ao resultado da diligência para, desejando, manifestarse no prazo de 30 (trinta) dias, exclusivamente em relação ao resultado da diligência, não sendo cabível revolver questões de defesa já suscitadas quando do oferecimento do recurso voluntário. Ao término do procedimento, devem os autos retornar a este Colegiado para julgamento. É como voto. Paulo Roberto Duarte Moreira Relator Fl. 1144DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11080.722581/2014-11
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 26 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Nov 06 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/01/2009 a 30/11/2013
EMBARGOS INOMINADOS. INEXATIDÃO MATERIAL. CORREÇÃO.
Verificada inexatidão material devida a lapso manifesto no acórdão embargado, estes deverão ser recebidos como inominados.
Corrige-se o erro manifesto a fim de que o enunciado da ementa reflita a decisão exarada no julgamento.
Numero da decisão: 3201-004.247
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos inominados, sem efeitos infringentes, para suprir o erro manifesto e manter a decisão exarada no Acórdão nº 3201-002.836, que negou provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/01/2009 a 30/11/2013 EMBARGOS INOMINADOS. INEXATIDÃO MATERIAL. CORREÇÃO. Verificada inexatidão material devida a lapso manifesto no acórdão embargado, estes deverão ser recebidos como inominados. Corrige-se o erro manifesto a fim de que o enunciado da ementa reflita a decisão exarada no julgamento.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos inominados, sem efeitos infringentes, para suprir o erro manifesto e manter a decisão exarada no Acórdão nº 3201-002.836, que negou provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza - Presidente (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
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INEXATIDÃO MATERIAL. CORREÇÃO. Verificada inexatidão material devida a lapso manifesto no acórdão embargado, estes deverão ser recebidos como inominados. Corrigese o erro manifesto a fim de que o enunciado da ementa reflita a decisão exarada no julgamento. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos inominados, sem efeitos infringentes, para suprir o erro manifesto e manter a decisão exarada no Acórdão nº 3201002.836, que negou provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 72 25 81 /2 01 4- 11 Fl. 903DF CARF MF Processo nº 11080.722581/201411 Acórdão n.º 3201004.247 S3C2T1 Fl. 904 2 Trata o presente processo de embargos inominados opostos pela DRF em Porto Alegre/RS em face do Acórdão 3201002.836, prolatado por esta Turma na sessão de 22/05/2017, cuja ementa foi assim redigida: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/2009 a 30/11/2013 VÍCIO NO ATO ADMINISTRATIVO. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO. A motivação e finalidade do ato administrativo são supridas quando da elaboração do relatório fiscal que detalham as conclusões do trabalho fiscal e as provas dos fatos constatados. As discordâncias quanto às conclusões do trabalho fiscal são matérias inerentes ao Processo Administrativo Fiscal e a existência de vícios no auto de infração deve apresentarse comprovada no processo. IPI. VENDAS. ENTRADAS. DEVOLUÇÕES. INIDONEIDADE. Apurada a condição de inidôneas das supostas entradas relativas à aquisição de insumos ou devolução de vendas operadas por meio da deliberada e sistemática emissão fraudulenta de notas fiscais de entrada, de se efetuar a glosa dos créditos indevidos e constituir o crédito tributário respectivo. MULTA DE OFÍCIO. QUALIFICAÇÃO. Caracterizada a ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido, a evitar ou diferir o seu pagamento a que se reporta o art. 72 da Lei n. 4.502, de 1964, imperiosa a qualificação da multa de ofício de que cuida o art. 569, §6o, II, do Decreto n. 7.212, de 2010. INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMAS TRIBUTÁRIAS. INCOMPETÊNCIA. APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 2 DO CARF. Este Colegiado é incompetente para apreciar questões que versem sobre constitucionalidade das leis tributárias. Recurso Voluntário Provido Parcialmente. Ciente da decisão, a Unidade de Origem interpôs embargos inominados, sustentando erro manifesto no Acórdão, pois sua ementa indicara provimento parcial ao Recurso Voluntário, em desacordo com a decisão que constou na Ata da Sessão e o dispositivo do voto, que negara provimento. Fl. 904DF CARF MF Processo nº 11080.722581/201411 Acórdão n.º 3201004.247 S3C2T1 Fl. 905 3 No despacho de admissibilidade (fls. 901/902), constatouse o alegado erro, uma vez que consta na ementa do acórdão o provimento parcial ao recurso voluntário; contudo, na decisão e no voto condutor do acórdão e na Ata da Sessão, está expresso o improvimento ao recurso voluntário, configurando erro manifesto da ementa do Acórdão. Cientificada, a contribuinte não se manifestou nos autos. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator Admitidos os embargos por decisão do Presidente da Turma, o processo foi a mim distribuído, o qual incluí em pauta de julgamento. Nos termos do art. 65 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009 – RICARF, cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual deveria pronunciarse a Turma. No art. 66 do RICARF há disposição quanto à possibilidade da correção das inexatidões materiais devido a lapso manifesto e erros de escrita ou de cálculo existentes na decisão: Art. 66. As alegações de inexatidões materiais devidas a lapso manifesto e os erros de escrita ou de cálculo existentes na decisão, provocados pelos legitimados para opor embargos, deverão ser recebidos como embargos inominados para correção, mediante a prolação de um novo acórdão. Verificase contradição quando as proposições ou porções da decisão se tornam inconciliáveis, ainda que em parte. Caracterizase por uma evidente colisão entre enunciados de mesma parte ou não do julgamento (relatório, fundamentos e dispositivo). Erro material é o engano ou inexatidão da decisão na manifestação da expressa ou transmissão de palavras, que se percebe pela simples leitura do texto em que se insere. Caracterizase pela contradição entre o real conteúdo dos autos e o que resultou da transmissão do ato decisório. Em verdade, temse uma contradição decorrente do erro material entre o que constou na parte dispositiva da ementa "Recurso Voluntário Provido Parcialmente" , e a proclamação do resultado do julgamento, que sintetiza o voto condutor do acórdão, para negar, por unanimidade de votos, provimento ao recurso do contribuinte. O voto do Relator caminhou no sentido de afastar cada uma das pretensões do contribuinte para cancelamento das exigências contidas no auto de infração, e ao final proferiu sua decisão: "Diante do exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário." Fl. 905DF CARF MF Processo nº 11080.722581/201411 Acórdão n.º 3201004.247 S3C2T1 Fl. 906 4 Assim, é de se corrigir a ementa do Acórdão nº 3201002.836 para consignar a decisão unânime da Turma em negar provimento ao recurso voluntário. Conclusão Diante do exposto, voto por acolher os embargos inominados, sem efeitos infringentes, para suprir o erro manifesto e manter a decisão exarada no Acórdão nº 3201 002.836 que negou provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Fl. 906DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10380.904133/2011-44
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Nov 29 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jan 08 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 3201-001.547
Decisão: Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do Recurso em diligência.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Orlando Rutigliani Berri (suplente convocado para substituir o conselheiro Leonardo Correia Lima Macedo), Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
Relatório
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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(assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Orlando Rutigliani Berri (suplente convocado para substituir o conselheiro Leonardo Correia Lima Macedo), Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório O interessado acima identificado recorre a este Conselho, de decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Ribeirão Preto/SP. Para bem relatar os fatos, transcrevese o relatório da decisão proferida pela autoridade a quo: Trata o presente processo de Manifestação de Inconformidade interposta pela empresa NORSA REFRIGERANTES LTDA, CNPJ nº 07.196.033/000106, em contrariedade ao Despacho Decisório de fl. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 03 80 .9 04 13 3/ 20 11 -4 4 Fl. 4046DF CARF MF Processo nº 10380.904133/201144 Resolução nº 3201001.547 S3C2T1 Fl. 194 2 3446 a 3447, que não homologou o PER/DCOMP nº 33639.10143.210909.1.5.01.4193, relativo a crédito de ressarcimento de Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI do 3º Trimestre/2008. Tal Despacho Decisório é decorrente do MPF nº 0310100.2011.00310 0, o qual abrangeu os períodos a seguir relacionados, para os quais a manifestante solicita reunião dos processos. De acordo com o Despacho Decisório de fl. 3446 e 3447, o valor do crédito reconhecido foi inferior ao solicitado/utilizado em razão do(s) seguinte(s) motivo(s): a) saldo credor passível de ressarcimento inferior ao valor pleiteado. Por sua vez, a(s) glosa(s) decorreu(ram)da(s) situação(ões) a seguir: Constatação de que o saldo credor passível de ressarcimento é inferior ao valor pleiteado; Ocorrência de créditos considerados indevidos, em procedimento fiscal. Esclareçase que o Despacho Decisório foi instruído com os demonstrativos de apuração e da Informação Fiscal de fls. 3493 a 3499. A base legal do lançamento encontrase nos autos. Em 18/05/2013 (fl. 3448), a interessada foi cientificada do Despacho Decisório e, em 13/06/2013, apresentou manifestação de inconformidade (fls. 3449/3463), acompanhada dos documentos de fls. 3464/3968, na qual alega, em síntese, o quanto segue: ∙ Solicita a reunião para julgamento dos processos, abrangidos pelo MPF nº 0310100.2011.003100, relativos aos períodos 1º, 2º, 3º e 4º Trimestres/2007 e 1º, 2º e 3 Trimestres/2008; ∙ falta de fundamentação e detalhamento legal, bem como da descrição dos fatos , ausência do principio de motivação dos seus atos, motivos pelos os quais, solicita nulidade; ∙ a existência de saldo credor passível de ressarcimento, conforme RAIPI juntado aos autos, que a glosa decorreu em razão da fiscalização, ter erroneamente se utilizado de saldos incompreensíveis, requerendo todos os meios de prova, inclusive perícia e diligência; ∙ homologação tácita de compensações atreladas ao presente processo, em razão de decurso de prazo de 5 anos, do envio das DCOMPs originais; Fl. 4047DF CARF MF Processo nº 10380.904133/201144 Resolução nº 3201001.547 S3C2T1 Fl. 195 3 A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto/SP por intermédio da 8ª Turma, no Acórdão nº 1459.905, sessão de 06/04/2016, julgou improcedente a impugnação do contribuinte. A decisão foi assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/07/2008 a 30/09/2008 NULIDADE. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. Não configura cerceamento do direito de defesa quando o conhecimento dos atos processuais pelo acusado e o seu direito de resposta ou de reação encontraramse plenamente assegurados. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA POR DECURSO DE PRAZO As compensações vinculadas à PER/DCOMP original, de pleito de ressarcimento, tem como inicio da contagem prazo quinquenal a data da transmissão do PER/DECOMP do pleito de compensação, portanto, temos a inocorrência de da homologação tácita por decadência. IPI. RESSARCIMENTO. DESPACHO ELETRÔNICO. É de se manter intacto o montante deferido no despacho decisório quando a manifestação de inconformidade não logra êxito em demonstrar qualquer inconsistência no processamento eletrônico do PER DCOMP. RESSARCIMENTO DE CRÉDITOS DE IPI. SALDO CREDOR O valor do ressarcimento limitase ao menor saldo credor apurado entre o encerramento do trimestre e o período de apuração anterior ao da protocolização do pedido. ÔNUS DA PROVA. Cabe à defesa o ônus da prova dos fatos modificativos, impeditivos ou extintivos da pretensão fazendária. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Inconformada a contribuinte, apresentou recurso voluntário reiterando as mesmas matérias versadas em manifestação de inconformidade para reforma da decisão recorrida no sentido de reconhecer a nulidade do despacho decisório e o direito ao ressarcimento do saldo credor do IPI no trimestre em questão. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator Fl. 4048DF CARF MF Processo nº 10380.904133/201144 Resolução nº 3201001.547 S3C2T1 Fl. 196 4 O Recurso Voluntário atende aos requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. Consta dos autos que o litígio versa sobre o valor reconhecido do crédito ressarcível de IPI no período de apuração, que fora inferior ao solicitado. A autoridade fiscal apontou dois fundamentos para a conclusão de que consta no despacho decisório: (i) a constatação de que o saldo credor passível de ressarcimento é inferior ao pleiteado na PER/DCOMP, e (ii) a constatação, em procedimento fiscal, de créditos considerados indevidos. Todavia, a recorrente suscita em preliminar a nulidade do despacho decisório em razão de não identificar (a) a origem do saldo credor inicial do 1º Trimestre de 2007 obtido pela fiscalização, transportado do trimestre anterior, e (b) o motivo e valores das glosas, assim exposto: A Recorrente suscitou e demonstrou minuciosamente na defesa inicial que, por mais esforço que tenha feito, não conseguiu descobrir o motivo de dois fatos que alteraram consideravelmente a apuração dos saldos credores em cheque: primeiro não conseguiu identificar como a fiscalização chegou no saldo credor inicial do 1º Trimestre de 2007 (transportado do 4º Trimestre de 2006); segundo não conseguiu identificar a razão das glosas, embora tenha feito diversas tentativas oportunamente demonstradas. Aduz que neste ponto é nula igualmente a decisão recorrida pois fundamentou a higidez do despacho decisório na ausência de incompetência da autoridade administrativa e de preterição do direito de defesa, pois lhe fora assegurado tal direito. Insiste a recorrente que o cerceamento do direito de defesa não é afastado tãosó pela possibilidade recursal, mas sim no conhecimento dos cálculos dos créditos glosados e dos exatos motivos que implicaram a negativa do pleito. A recorrente relata em seu recurso as "tentativas" em elucidar os motivos da glosa ao analisar as informações que constam dos Termo de Constatação nº 01 e Termo de Informação Fiscal nº 04 e Termo de Intimação nº 04. Conclui que as glosas realizadas não foram justificadas e o saldo credor do trimestre anterior transportado para o período auditado não fora esclarecido. Pois bem, vejamos se procedentes as alegações. O saldo credor inicial do trimestre, transportado do trimestre imediatamente anterior, está informado no "Demonstrativo de Apuração do Saldo Credor Ressarcível" (demonstrativo de detalhamento do crédito anexo ao despacho decisório), coluna "b", cuja legenda esclarece que "Para o primeiro período de apuração, será igual ao Saldo Credor apurado ao final do trimestrecalendário anterior, ajustado pelos valores dos créditos reconhecidos em PERDCOMP de trimestres anteriores. Esse saldo (saldo credor inicial) não é passível de ressarcimento." Assim, o valor consignado é de R$ 2.820.233,94 que deveria corresponder aos ajustes do valor original do saldo credor no Livro de Apuração do IPI, de R$ 6.261.422,69. Fl. 4049DF CARF MF Processo nº 10380.904133/201144 Resolução nº 3201001.547 S3C2T1 Fl. 197 5 Ademais, afirma a contribuinte que no PAF 10380.903166/201177 foi reconhecido o pedido de ressarcimento de R$ 2.247.609,66 no 3º decêndio de janeiro/2007, devendo, assim, o estorno parcial ser considerado corretamente neste período. Não consta dos autos a ciência ao contribuinte de tais ajustes, bem como sua demonstração. Quanto ao desconhecimento dos motivos da glosa de créditos, a leitura do Termo de Constatação nº 01 (fls. 3.489/3.491) explicita apenas que a apuração dos créditos ressarcíveis foram obtidos das notas fiscais com código CFOP 1101 e 2101. Mais uma vez, permanece a dúvida quanto à ciência da contribuinte no tocante aos motivos e fundamentos das glosas. Por último, aduz ainda a contribuinte que em todos os trimestres havia saldo credor disponível e não houve utilização em período seguinte, o que levaria ao reconhecimento do crédito e homologação das compensações. Os pontos suscitados pela recorrente devem ser esclarecidos para a correta apreciação dos fatos à luz do direito creditório Desse modo, proponho a conversão do feito em diligência para que a Autoridade Preparadora, em face dos argumentos apresentados em sede de Recurso Voluntário, providencie o que se pede: 1. Demonstre a ciência da contribuinte no procedimento fiscal de apuração do saldo credor inicial do trimestre e das glosas de créditos efetuadas; 2. Apresente os demonstrativos de apuração do saldo credor do trimestre com os ajustes realizados; 3. Apresente os demonstrativos de glosa dos créditos no trimestre, com os motivos e seus fundamentos; 4. Houve saldo credor final de IPI apurado pelo Contribuinte no trimestre anterior? 5. Por fim, a partir das respostas anteriores e possíveis ajustes (saldo credor inicial do trimestre e/ou créditos glosados) decorrentes de acolhimento dos argumentos suscitados pela contribuinte, esclareça se no presente Processo Administrativo remanescem débitos não compensados por insuficiência de crédito. Se positivo, quais e em qual valor? A Autoridade Fiscal poderá intimar o contribuinte para apresentar documentos ou esclarecimentos que entenda necessários para o cumprimento da diligência. Após, concedase o prazo de 30 (trinta) dias ao contribuinte para se manifestar quanto ao resultado da diligência. Cumpridas as providências indicadas, deve o processo retornar ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF para prosseguimento do julgamento. Fl. 4050DF CARF MF Processo nº 10380.904133/201144 Resolução nº 3201001.547 S3C2T1 Fl. 198 6 (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Fl. 4051DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.003139/2006-37
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 26 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Nov 16 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2004, 2005, 2006
LANÇAMENTO DE OFÍCIO. CONTESTAÇÃO. ÔNUS DA PROVA. VERDADE MATERIAL.
Cabe à autoridade lançadora provar a ocorrência do fato constitutivo do direito de lançar do fisco. Comprovado o direito de lançar, cabe ao sujeito passivo comprovar suas alegações, de forma cabal e cristalina, de fatos impeditivos, modificativos ou extintivos.
As alegações de verdade material devem ser acompanhadas dos respectivos elementos de prova. O ônus de prova é de quem alega. A busca da verdade material não se presta a suprir a inércia do contribuinte que tenha deixado de apresentar, no momento processual apropriado, as provas necessárias à comprovação do crédito alegado.
JUROS DE MORA. TAXA SELIC. SÚMULA CARF Nº 04.
A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais.
Aplicação da Súmula CARF nº 04.
Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Ano-calendário: 2004, 2005, 2006
RECEITAS FINANCEIRAS. ALÍQUOTA ZERO.
O Decreto nº 5.164/2004 reduziu a zero as alíquotas do PIS e da Cofins incidentes sobre as receitas financeiras auferidas pelas pessoas jurídicas sujeitas ao regime de incidência não-cumulativa das referidas contribuições, mas produziu efeitos a partir de 2 de agosto de 2004, não se aplicando, todavia, às receitas financeiras oriundas de juros sobre capital próprio e as decorrentes de operações de hedge.
HEDGE. ALÍQUOTA ZERO A PARTIR DE 1º DE ABRIL DE 2005.
O Decreto no 5.442/2005 reduziu a zero as alíquotas da Contribuição para o PIS/Pasep e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins incidentes sobre as receitas financeiras, inclusive decorrentes de operações realizadas para fins de hedge, auferidas pelas pessoas jurídicas sujeitas ao regime de incidência não-cumulativa das referidas contribuições, mas produziu efeitos a partir de 1º de abril de 2005, não se aplicando, ademais, aos juros sobre o capital próprio.
IMUNIDADE. RECEITAS DECORRENTES DE EXPORTAÇÕES PARA O EXTERIOR, EM SENTIDO ESTRITO.
A limitação da competência tributária para a instituição de contribuições sociais prevista no inciso I do § 2º do art. 149 da Constituição Federal (inciso este incluído pela Emenda nº 33/2001) somente atinge as receitas decorrentes de exportações para o exterior, stricto sensu, não comportando a norma imunizante interpretação extensiva.
VENDAS NO MERCADO INTERNO PARA A ZONA FRANCA DE MANAUS. EQUIPARAÇÃO A EXPORTAÇÕES PARA O EXTERIOR. EFEITOS FISCAIS DEPENDENTES DE LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA VIGENTE.
O art. 4º do Decreto-Lei nº 288/67 não diz que se considera, para qualquer fim, que as vendas no mercado interno para a Zona Franca de Manaus equivalem a uma exportação para o estrangeiro, restringindo os efeitos fiscais desta equiparação aos constantes da legislação em vigor, o mesmo ocorrendo com o art. 40 do ADCT, que prorrogou, de forma genérica, o tratamento diferenciado dado àquela região, mas quando fala em incentivos fiscais, a mesma Constituição estabelece, em seu art. 150, § 6º, que, no caso da União, somente poderá ser concedido mediante lei específica, ainda mais com interpretação restritiva e sem efeito pró-ativo, ou seja, não extensível a tributos instituídos posteriormente à sua concessão (arts. 111 e 177, II, do CTN).
RECEITAS DECORRENTES DE VENDAS DE MERCADORIAS A EMPRESAS SITUADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INEXISTÊNCIA DE NORMA ISENTIVA. REDUÇÃO DA ALÍQUOTA A ZERO A PARTIR DE 16/12/2004.
Não se encontra, no ordenamento jurídico, norma que isente as vendas de mercadorias a empresas estabelecidas na Zona Franca de Manaus de forma indiscriminada, tendo somente havido a redução a zero da alíquota a partir de 16/12/2004, com a vigência do art. 2º da Lei nº 10.996/2004, regulamentada pelo Decreto nº 5.310/2004.
Numero da decisão: 3201-004.249
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso de Ofício. E em negar provimento ao Recurso Voluntário, nos termos seguintes: A) pelo voto de qualidade, quanto à imunidade das receitas oriundas de vendas à ZFM. Vencidos os conselheiros Tatiana Josefovicz Belisario, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Rodolfo Tsuboi (conselheiro suplente) e Laercio Cruz Uliana Junior, que, no ponto, lhe davam provimento; b) por unanimidade de votos, quanto às demais matérias tratadas no voto. O conselheiro Leonardo Vinicius Toledo de Andrade declarou-se impedido, tendo sido substituído pelo conselheiro suplente Rodolfo Tsuboi.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Rodolfo Tsuboi (suplente convocado em substituição ao Conselheiro Leonardo Vinicius Toledo de Andrade) e Laercio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2004, 2005, 2006 LANÇAMENTO DE OFÍCIO. CONTESTAÇÃO. ÔNUS DA PROVA. VERDADE MATERIAL. Cabe à autoridade lançadora provar a ocorrência do fato constitutivo do direito de lançar do fisco. Comprovado o direito de lançar, cabe ao sujeito passivo comprovar suas alegações, de forma cabal e cristalina, de fatos impeditivos, modificativos ou extintivos. As alegações de verdade material devem ser acompanhadas dos respectivos elementos de prova. O ônus de prova é de quem alega. A busca da verdade material não se presta a suprir a inércia do contribuinte que tenha deixado de apresentar, no momento processual apropriado, as provas necessárias à comprovação do crédito alegado. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. SÚMULA CARF Nº 04. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Aplicação da Súmula CARF nº 04. Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Ano-calendário: 2004, 2005, 2006 RECEITAS FINANCEIRAS. ALÍQUOTA ZERO. O Decreto nº 5.164/2004 reduziu a zero as alíquotas do PIS e da Cofins incidentes sobre as receitas financeiras auferidas pelas pessoas jurídicas sujeitas ao regime de incidência não-cumulativa das referidas contribuições, mas produziu efeitos a partir de 2 de agosto de 2004, não se aplicando, todavia, às receitas financeiras oriundas de juros sobre capital próprio e as decorrentes de operações de hedge. HEDGE. ALÍQUOTA ZERO A PARTIR DE 1º DE ABRIL DE 2005. O Decreto no 5.442/2005 reduziu a zero as alíquotas da Contribuição para o PIS/Pasep e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins incidentes sobre as receitas financeiras, inclusive decorrentes de operações realizadas para fins de hedge, auferidas pelas pessoas jurídicas sujeitas ao regime de incidência não-cumulativa das referidas contribuições, mas produziu efeitos a partir de 1º de abril de 2005, não se aplicando, ademais, aos juros sobre o capital próprio. IMUNIDADE. RECEITAS DECORRENTES DE EXPORTAÇÕES PARA O EXTERIOR, EM SENTIDO ESTRITO. A limitação da competência tributária para a instituição de contribuições sociais prevista no inciso I do § 2º do art. 149 da Constituição Federal (inciso este incluído pela Emenda nº 33/2001) somente atinge as receitas decorrentes de exportações para o exterior, stricto sensu, não comportando a norma imunizante interpretação extensiva. VENDAS NO MERCADO INTERNO PARA A ZONA FRANCA DE MANAUS. EQUIPARAÇÃO A EXPORTAÇÕES PARA O EXTERIOR. EFEITOS FISCAIS DEPENDENTES DE LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA VIGENTE. O art. 4º do Decreto-Lei nº 288/67 não diz que se considera, para qualquer fim, que as vendas no mercado interno para a Zona Franca de Manaus equivalem a uma exportação para o estrangeiro, restringindo os efeitos fiscais desta equiparação aos constantes da legislação em vigor, o mesmo ocorrendo com o art. 40 do ADCT, que prorrogou, de forma genérica, o tratamento diferenciado dado àquela região, mas quando fala em incentivos fiscais, a mesma Constituição estabelece, em seu art. 150, § 6º, que, no caso da União, somente poderá ser concedido mediante lei específica, ainda mais com interpretação restritiva e sem efeito pró-ativo, ou seja, não extensível a tributos instituídos posteriormente à sua concessão (arts. 111 e 177, II, do CTN). RECEITAS DECORRENTES DE VENDAS DE MERCADORIAS A EMPRESAS SITUADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INEXISTÊNCIA DE NORMA ISENTIVA. REDUÇÃO DA ALÍQUOTA A ZERO A PARTIR DE 16/12/2004. Não se encontra, no ordenamento jurídico, norma que isente as vendas de mercadorias a empresas estabelecidas na Zona Franca de Manaus de forma indiscriminada, tendo somente havido a redução a zero da alíquota a partir de 16/12/2004, com a vigência do art. 2º da Lei nº 10.996/2004, regulamentada pelo Decreto nº 5.310/2004.
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FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2004, 2005, 2006 LANÇAMENTO DE OFÍCIO. CONTESTAÇÃO. ÔNUS DA PROVA. VERDADE MATERIAL. Cabe à autoridade lançadora provar a ocorrência do fato constitutivo do direito de lançar do fisco. Comprovado o direito de lançar, cabe ao sujeito passivo comprovar suas alegações, de forma cabal e cristalina, de fatos impeditivos, modificativos ou extintivos. As alegações de verdade material devem ser acompanhadas dos respectivos elementos de prova. O ônus de prova é de quem alega. A busca da verdade material não se presta a suprir a inércia do contribuinte que tenha deixado de apresentar, no momento processual apropriado, as provas necessárias à comprovação do crédito alegado. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. SÚMULA CARF Nº 04. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Aplicação da Súmula CARF nº 04. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário: 2004, 2005, 2006 RECEITAS FINANCEIRAS. ALÍQUOTA ZERO. O Decreto nº 5.164/2004 reduziu a zero as alíquotas do PIS e da Cofins incidentes sobre as receitas financeiras auferidas pelas pessoas jurídicas sujeitas ao regime de incidência nãocumulativa das referidas contribuições, mas produziu efeitos a partir de 2 de agosto de 2004, não se aplicando, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 31 39 /2 00 6- 37 Fl. 2053DF CARF MF Processo nº 19515.003139/200637 Acórdão n.º 3201004.249 S3C2T1 Fl. 2.054 2 todavia, às receitas financeiras oriundas de juros sobre capital próprio e as decorrentes de operações de hedge. HEDGE. ALÍQUOTA ZERO A PARTIR DE 1º DE ABRIL DE 2005. O Decreto no 5.442/2005 reduziu a zero as alíquotas da Contribuição para o PIS/Pasep e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins incidentes sobre as receitas financeiras, inclusive decorrentes de operações realizadas para fins de hedge, auferidas pelas pessoas jurídicas sujeitas ao regime de incidência nãocumulativa das referidas contribuições, mas produziu efeitos a partir de 1º de abril de 2005, não se aplicando, ademais, aos juros sobre o capital próprio. IMUNIDADE. RECEITAS DECORRENTES DE EXPORTAÇÕES PARA O EXTERIOR, EM SENTIDO ESTRITO. A limitação da competência tributária para a instituição de contribuições sociais prevista no inciso I do § 2º do art. 149 da Constituição Federal (inciso este incluído pela Emenda nº 33/2001) somente atinge as receitas decorrentes de exportações para o exterior, stricto sensu, não comportando a norma imunizante interpretação extensiva. VENDAS NO MERCADO INTERNO PARA A ZONA FRANCA DE MANAUS. EQUIPARAÇÃO A EXPORTAÇÕES PARA O EXTERIOR. EFEITOS FISCAIS DEPENDENTES DE LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA VIGENTE. O art. 4º do DecretoLei nº 288/67 não diz que se considera, para qualquer fim, que as vendas no mercado interno para a Zona Franca de Manaus equivalem a uma exportação para o estrangeiro, restringindo os efeitos fiscais desta equiparação aos “constantes da legislação em vigor”, o mesmo ocorrendo com o art. 40 do ADCT, que prorrogou, de forma genérica, o tratamento diferenciado dado àquela região, mas quando fala em “incentivos fiscais”, a mesma Constituição estabelece, em seu art. 150, § 6º, que, no caso da União, somente poderá ser concedido mediante lei específica, ainda mais com interpretação restritiva e sem efeito próativo, ou seja, não extensível a tributos instituídos posteriormente à sua concessão (arts. 111 e 177, II, do CTN). RECEITAS DECORRENTES DE VENDAS DE MERCADORIAS A EMPRESAS SITUADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INEXISTÊNCIA DE NORMA ISENTIVA. REDUÇÃO DA ALÍQUOTA A ZERO A PARTIR DE 16/12/2004. Não se encontra, no ordenamento jurídico, norma que isente as vendas de mercadorias a empresas estabelecidas na Zona Franca de Manaus de forma indiscriminada, tendo somente havido a redução a zero da alíquota a partir de 16/12/2004, com a vigência do art. 2º da Lei nº 10.996/2004, regulamentada pelo Decreto nº 5.310/2004. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 2054DF CARF MF Processo nº 19515.003139/200637 Acórdão n.º 3201004.249 S3C2T1 Fl. 2.055 3 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso de Ofício. E em negar provimento ao Recurso Voluntário, nos termos seguintes: A) pelo voto de qualidade, quanto à imunidade das receitas oriundas de vendas à ZFM. Vencidos os conselheiros Tatiana Josefovicz Belisario, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Rodolfo Tsuboi (conselheiro suplente) e Laercio Cruz Uliana Junior, que, no ponto, lhe davam provimento; b) por unanimidade de votos, quanto às demais matérias tratadas no voto. O conselheiro Leonardo Vinicius Toledo de Andrade declarouse impedido, tendo sido substituído pelo conselheiro suplente Rodolfo Tsuboi. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Rodolfo Tsuboi (suplente convocado em substituição ao Conselheiro Leonardo Vinicius Toledo de Andrade) e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório O interessado acima identificado recorre a este Conselho, de decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo I. Por bem descrever os fatos ocorridos, até então, adoto o relatório elaborado no acórdão nº 3201000.711 que decidiu converter o julgamento em diligência, que transcrevo, a seguir: Referese o presente processo a auto de infração para a cobrança de PIS. Para bem relatar os fatos, transcrevese o relatório da decisão proferida pela autoridade a quo: Trata o presente processo de ação fiscal levada a efeito com relação Contribuinte em epígrafe, a qual resultou em Lançamento, consubstanciado no "Auto de Infração" de fls. 194/196, da Contribuição para o Programa de Integração Social — PIS no que tange aos anoscalendário de 2003, 2004, 2005, 2006. O Auto de Infração em apreço decorre da constatação de "divergências entre o valores declarados e os valores escriturados" (fl. 195). Contra o Auto de Infração foi apresentada a impugnação de fls. 207/219, onde se alega, em síntese, no sentido: de que, especificamente quanto aos fatos geradores de janeiro e fevereiro de 2003, o PIS efetivamente declarado e pago é superior ao considerado pela Autoridade Fiscalizadora, sendo Fl. 2055DF CARF MF Processo nº 19515.003139/200637 Acórdão n.º 3201004.249 S3C2T1 Fl. 2.056 4 que a importância apurada pela Fiscalização em relação a fevereiro corresponde ao valor efetivamente declarado pela Contribuinte no que tange a janeiro; de que a Fiscalização deixou de levar em conta certas receitas (juros sobre o capital próprio, receita de comissão, receitas diversas e receitas de aluguel); de que valores de variação cambial ativa, correção monetária pósfixada, outras receitas financeiras e receitas decorrentes de operações de hedge foram computados na base de cálculo da contribuição, contrariando os Decretos 5.164/2004 e 5.442/2005; de que, "embora as receitas financeiras se enquadrem no campo da incidência tributária do PIS, tiveram a sua aliquota reduzida a zero a partir de 2.8.2004, com base nos Decretos n° 5.164/2004 e 5.442/2005" (fl. 211); de que as receitas decorrentes das vendas efetuadas para a Zona Franca de Manaus ZFM integraram indevidamente a base de cálculo da contribuição, pois tais receitas "são imunes ao PIS nos termos do artigo 149, § 20, inciso I, da CF/88" (fl. 213), por conta — em conformidade com o Decretolei 288/67 e ADCT, art. 40 — de sua equiparação à exportação; e de que, caso não seja acatado o entendimento acima, a aliquota relativa as receitas decorrentes de vendas para a ZFM foi reduzida a zero pelo Decreto 5.310/2004, vigorando "a partir da data de sua publicação (15.12.2004)" (fl. 217) e, "Com efeito, a partir de 16.12.2004, as receitas decorrentes da venda destinadas a ZFM passaram a ser tributas a aliquota zero" (fl. 217). Pelo Memorando 1/2009 desta 9º Turma de Julgamento, os autos do processo 19515.003138/200692 foram requisitados para a extração de cópias, que foram anexadas ao presente (fls. 396/419). Examinando o referido processo 19515.003138/200692, verificase dele constar o acórdão 20.311 veiculando o que segue (fls. 397/408): "Trata o presente processo de ação fiscal levada a efeito com relação à Contribuinte em epígrafe, a qual resultou em Lançamento, consubstanciado no "Auto de Infração" de fls. 193/195, da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social — Cofins no que tange aos anoscalendário de 2004, 2005, 2006. O Auto de Infração em apreço decorre da constatação de "divergências entre os valores declarados e os valores ( escriturados" (f/. 194). Contra o Auto de Infração foi apresentada a impugnação de fls. 206/216, onde se alega, em síntese, no sentido: de que a Fiscalização deixou de levar em conta certas receitas Ouros sobre o capital próprio, receita de comissão, receitas diversas e receitas de aluguel); de que valores de variação cambial ativa, correção monetária pósfixada, outras receitas financeiras e receitas decorrentes de operações de hedge foram computados na base de cálculo da contribuição, contrariando os Decretos 5.164/2004 e 5.442/2005; de que, "embora as receitas Fl. 2056DF CARF MF Processo nº 19515.003139/200637 Acórdão n.º 3201004.249 S3C2T1 Fl. 2.057 5 financeiras se enquadrem no campo da incidência tributária da COFINS, tiveram sua alíquota reduzida a zero a partir de 2.8.2004, com base nos Decretos n° 5.164/2004 e 5.442/2005" (fi. 209); de que as receitas decorrentes das vendas efetuadas para a Zona Franca de Manaus ZFM integraram indevidamente a base de cálculo da contribuição, pois tais receitas "são imunes A exação, nos termos dos artigos 149, § 2°, inciso I, da CF/88 e 6°, inciso I, da Lei n° 10.833/2003" (fl. 216), por conta, em conformidade com o Decretolei 288/67 e ADCT, art. 40, de sua equiparação a exportação; e de que, caso não seja acatado o entendimento acima, a alíquota relativa as receitas decorrentes de vendas para a ZFM foi reduzida a zero pelo Decreto 5.310/2004, vigorando "a partir da data de sua publicação (15.12.2004)" (11. 215) e, "Com efeito, a partir de 16.12.2004, as receitas decorrentes da venda destinadas A ZFM passaram a ser tributas A alíquota zero"(fl. 215); Após exames preliminares nesta DRJ, os autos foram enviados a DELEGACIA DA RECEITA FEDERAL DE FISCALIZAÇÃO/SÃO PAULO (DEFIC), conforme proposta de fls. 420/424, objetivando o agravamento da exigência, se fosse o caso, e/ou um novo levantamento das bases de cálculo. Pelo Relatório Fiscal de fl. 427 entendeu a Autoridade Lançadora que "dentre os levantamentos citados, o que cabe esclarecer, e aquele que dentro do grupo contábil 431, Outras Receitas Operacionais, são efetuados lançamentos referentes a estorno das provisões contabilizadas em momento anterior, acarretando no resultado presente um estorno de despesas. Tais contas não são computadas na base de calculo do PIS e COFINS, por não representarem ingresso de receitas para a empresa, e tem como base o disposto no II do parágrafo 2°, artigo 3° da Lei 9.718/98 e do artigo 1°, parágrafo 3°, inciso V, alínea b da Lei 10.637/02. E também a conta equivalência patrimonial não entra na base de cálculo do PIS/COFINS (..). Portanto são esses valores que foram reduzidos do item Outras Receitas Auferidas (..)" (fl. 427). Concluiu a Autoridade Lançadora pela reafirmação do que consta "no Termo de Verificação Fiscal (fls 191 a 192)" (jl. 427). Pela manifestação de fls. 430/431, a Contribuinte se pôs em • "concordância com o relatório fiscal" (fl. 431). 0 presente processo novamente foi baixado em diligência,notandose na ocasião que "descartou a Fiscalização a possibilidade de agravamento da exigência" N. 438), mas que permanecia "a questão relativa ao novo levantamento do crédito tributário por conta da aplicação dos Decretos 5.164/2004, 5.442/2005, 5.310/2004 e/ou demais diplomas pertinentes em relação aos valores de variação cambial ativa, correção monetária pós fixada, outras receitas financeiras e receitas decorrentes de operações de hedge, bem como em relação As receitas decorrentes das vendas efetuadas para a ZFM" al. 438). Pelo relatório de fls. 446/447, a Fiscalização recalculou as bases de cálculo da contribuição, conforme planilha de fls. 448, Fl. 2057DF CARF MF Processo nº 19515.003139/200637 Acórdão n.º 3201004.249 S3C2T1 Fl. 2.058 6 "com as exclusões das receitas financeiras discriminadas As fls. 74 a 76 e das vendas A zona franca de Manaus discriminadas As fls. 280 e 324, das bases de cálculo do Auto de Infração, a partir das datas de vigência dos Decretos" N. 446), referindose aos Decretos 5.164/2004 e 5.310/2004. Registrou ainda a Fiscalização: "Quanto As operações de hedge, cuja aliquota relacionada com o COFINS foi reduzida a zero por força do Decreto n.° 5442, de 09/05/2005, não se aplica no presente caso, pois somente houve tal situação no mês de março de 2005 (fls. 280), antes da vigência do Decreto" (/1. 446). A mencionada planilha de fls. 448 apresenta novas bases de cálculo relativas aos meses de agosto, setembro, outubro e novembro de 2004, assim como ao mês de janeiro de 2005, com a seguinte observação: "Ficam reduzidas a zero, como o mês de nov/04, as bases de cálculo de fey/OS a out/06, pois as bases de cálculo apuradas no AI (fls. 187 a 189) são menores que a soma das Receitas Financeiras (fls. 74 a 76) com as Vendas para a Zona Franca de Manaus (fls. 280 e 324)". Pela manifestação de fls. 450/454, a Contribuinte se pay em concordância parcial com a Fiscalização, entendendo: que também as receitas relativas a vendas para a ZFM, auferidas em períodos de apuração anteriores a janeiro de 2005 não sofrem a tributação imposta porque "as referidas receitas se equiparam a receitas de exportação e, assim, são imunes A incidência da COFINS " (fis. 451); e que em relação ao período de janeiro de 2005 há indevida incidência sobre receitas relativas "a venda de mercadorias que já haviam sido tributadas em dezembro de 2004" (11. 452), bem como indevida desconsideração de créditos do sujeito passivo "oriundos de mercadorias devolvidas em dezembro/2004" (fl. 452)." A Delegacia de Julgamento julgou procedente em parte a impugnação, em decisão assim ementada: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA 0 PIS/PASEP Ano calendário: 2003, 2004, 2005, 2006 TRANSPOSIÇÃO DOS VALORES. Havendo equivoco da Fiscalização em transposição de valores declarados pela Contribuinte, cabível a exoneração do crédito tributário decorrente do engano. RECEITAS FINANCEIRAS. ALÍQUOTA ZERO. O Decreto 5.164/2004 reduziu a zero as aliquotas do PIS e da Cofins incidentes sobre as receitas financeiras auferidas pelas pessoas jurídicas sujeitas ao regime de incidência nãocumulativa das referidas contribuições, o qual produziu efeitos a partir de 2 de agosto de 2004, não se aplicando, todavia, às receitas financeiras oriundas de juros sobre capital próprio e as decorrentes de operações de hedge. Fl. 2058DF CARF MF Processo nº 19515.003139/200637 Acórdão n.º 3201004.249 S3C2T1 Fl. 2.059 7 HEDGE. ALÍQUOTA ZERO A PARTIR DE 1o DE ABRIL DE 2005. 0 Decreto 5.442/2005 reduziu a zero as aliquotas da Contribuição para o PIS/PASEP e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS incidentes sobre as receitas financeiras, inclusive decorrentes de operações realizadas para fins de hedge, auferidas pelas pessoas jurídicas sujeitas ao regime de incidência nãocumulativa das referidas contribuições, o qual produziu efeitos a partir de 1' de abril de 2005, não se aplicando, ademais, aos juros sobre o capital próprio. ZONA FRANCA DE MANAUS ZFM. Estabeleceu o Decreto 5.310, de 15 de dezembro de 2004, que as aliquotas da Contribuição para o PIS/PASEP e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS incidentes sobre a receita bruta auferida com a venda de mercadorias destinadas a consumo ou industrialização na Zona Franca de Manaus ZFM, por pessoa jurídica estabelecida fora dela, são de zero por cento, não havendo que se falar,no caso, em suposta imunidade. CONTESTAÇÃO As LEIS/NORMAS JURÍDICAS. A autoridade administrativa não dispõe de competência para apreciar suposta inconstitucionalidade e/ou ilegalidade de norma inserida no ordenamento jurídico nacional, traduzindose tal ausência de competência na impossibilidade de o Julgador administrativo afastar a aplicação de norma supostamente inconstitucional e/ou ilegal. Lançamento Procedente em Parte Na decisão recorrida, em síntese, exonerouse parte dos valores, pela constatação de equívoco da Fiscalização na transposição dos valores declarados pela ora Recorrente e, considerando "que as importâncias efetivamente declaradas de R$ 592.514,38 (fl. 79), no que tange a Janeiro/2003, e R$ 634.519,97 (fl. 79), no que tange a fevereiro/2003, são superiores àquelas consideradas pela Autoridade Fiscal — respectivamente R$ 577.169,49 (fl. 187) e R$ 616.994,97 (fl. 187) —, o crédito tributário lançado de tais meses deve ser exonerado". Observandose que a mesma situação deuse em relação ao lançamento de Cofins, para os mesmo fatos geradores, lançados no processo 19515.003138/200692. Quanto à alegação de que valores de variação cambial ativa, correção monetária pósfixada, outras receitas financeiras e receitas decorrentes de operações de hedge foram computados na base de cálculo da contribuição, contrariando os Decretos 5.164/2004 e 5.442/2005, o Decreto 5.164/2004 reduziu a zero as aliquotas do PIS e da Cofins incidentes sobre as receitas financeiras auferidas pelas pessoas jurídicas sujeitas ao regime de incidência nãocumulativa das referidas contribuições, o qual Fl. 2059DF CARF MF Processo nº 19515.003139/200637 Acórdão n.º 3201004.249 S3C2T1 Fl. 2.060 8 produziu efeitos a partir de 2 de agosto de 2004, não se aplicando, todavia, as receitas financeiras oriundas de juros sobre capital próprio e as decorrentes de operações de hedge. Por outro lado, em maio de 2005, o Decreto 5.442/2005 reduziu a zero as alíquotas da Contribuição para o PIS/PASEP e COFINS incidentes sobre as receitas financeiras, inclusive decorrentes de operações de hedge, auferidas pelas pessoas jurídicas sujeitas ao regime de incidência nãocumulativa das referidas contribuições, o qual produziu efeitos a partir de lo de abril de 2005, não se aplicando, aos juros sobre o capital próprio. Assim, foram recalculados os valores, exonerandose parte do crédito tributário. Sobre a Zona Franca de Manaus, embora a Recorrente defendesse a imunidade das operações, a decisão recorrida afirmou que Decreto 5.310, de 15 de dezembro de 2004, cuida de alíquota zero aplicável em vendas à ZFM, reconhecendo, assim, a nãoimunidade. Assim, com base na argumentação e recálculo dos valores, foi exonerado grande parte do crédito tributário exigido. Em sede de recurso voluntário, quanto à parte remanescente da autuação, reiterou os argumentos de imunidade para produtos voltados para ZFM, além de que afirma que para os períodos de apuração de agosto, setembro e outubro de 2004, houve redução a zero da aliquota do PIS e da COFINS incidentes sobre a receita bruta auferida com a venda de mercadorias destinadas a consumo ou industrialização na Zona Franca de Manaus, por meio do artigo 20 da Medida Provisória (MP) no 202, publicada em 26.7.2004. No tocante ao débito de PIS referente ao período de apuração de janeiro de 2005, embora o acórdão recorrido, adotando os fundamentos do Acórdão proferido no processo administrativo n. 19515.003138/200692, entendeu que os fundamentos relacionados indevida tributação de receitas referentes a venda de mercadorias que já haviam sido tributadas em dezembro de 2004, bem como à não consideração, no cálculo da COFINS, de créditos oriundos de mercadorias devolvidas em dezembro/2004, supostamente não poderiam ser apreciados, pois não teriam sido oportunamente abordados pela Recorrente, afirmou que foram detalhadamente rechaçados em sua impugnação, inclusive com elaboração de planilhas. Finalmente, quanto à taxa SELIC, a Recorrente afirmou que a mesma não pode ser aplicada no cálculo de créditos tributários, sob pena de violação aos artigos 50, inciso II e 150, inciso I, da CF/88, uma vez que não teria sido criada por lei para fins tributários; e não possui caráter moratório, na medida em que é calculada e divulgada unilateralmente pelo BACEN, com base na variação do custo do dinheiro e na flutuação desse custo no mercado financeiro, o que lhe confere nítida natureza remuneratória do capital alheio. Fl. 2060DF CARF MF Processo nº 19515.003139/200637 Acórdão n.º 3201004.249 S3C2T1 Fl. 2.061 9 É o relatório Submetido a julgamento por este mesmo Colegiado, na sessão de 25/08/2016, Resolução nº 3201000.711, de relatoria da Conselheira Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, decidiram seus Conselheiros, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência. Ponderou a Relatora que um dos itens remanescentes da exigência inicial e que foi impugnado pela Recorrente, diz respeito ao período de apuração de janeiro de 2005, sobre a indevida tributação de receitas referentes a venda de mercadorias que já haviam sido tributadas em dezembro de 2004, bem como à não consideração, no cálculo da contribuição, de créditos oriundos de mercadorias devolvidas em dezembro/2004, que não foram apreciados, por preclusão. Todavia, explicitouse que a contribuinte em sua impugnação apresentou planilhas (fls. 294, 319, 327 e 336) e cópias de seus Livros Razão (fls. 320/326 e 328/335) como "doc. no 6" da Impugnação. Foram demonstradas, assim, quais receitas não podem ser incluídas na base de cálculo do PIS pelas autoridades administrativas, bem como foram indicados os valores dos créditos a titulo de devoluções que devem ser computados na apuração da referida contribuição. Compulsado os autos, verificouse que procede as alegações da contribuinte em relação à juntada de planilhas bem como da alegação efetuada, em face da determinação da diligência pela DRJ. Dessa forma, por entender não restar preclusa as alegações acerca da matéria em referência, o voto foi encaminhado para a conversão do julgamento em diligência nos seguintes termos (fls. 1.148): Em face do exposto, por não se entender preclusa a alegação da matéria em referência, pela observância do Princípio da Verdade Material e porque não foi apreciada anteriormente a questão, voto pela conversão do julgamento em diligência, para que a autoridade preparadora analise a inexigibilidade do PIS para o período de apuração de janeiro de 2005, relativo a indevida tributação de receitas referentes a venda de mercadorias que já haviam sido tributadas em dezembro de 2004, bem como a não consideração, no cálculo da contribuição, de créditos oriundos de mercadorias devolvidas em dezembro/2004. Após a conclusão do relatório, devem ser dada ciência para que a Recorrente manifestese no prazo de 30 dias, prorrogáveis por mais 30, ara que retornem à turma, para prosseguimento do julgamento. Retornou da diligência, tendo a unidade origem elaborada a Informação Fiscal (fls. 1.932/1.981), na qual narra o procedimento e suas conclusões, a seguir sintetizadas. 1 Com o objetivo de coletar as informações foram expedidos termos de intimação para a apresentação de documentos e esclarecimentos, notadamente : Fl. 2061DF CARF MF Processo nº 19515.003139/200637 Acórdão n.º 3201004.249 S3C2T1 Fl. 2.062 10 1.1 a escrituração em meio magnético no formato especificado em atos da Receita Federal que demonstrassem contabilmente, de forma inequívoca, a existência de diferença da base de cálculo nos períodos de apuração; 1.2 arquivos de lançamentos contábeis, de saldos mensais, tabela de Plano de contas, tabelas de centro de custo/despesa, de natureza da operação e de mercadorias/serviços; 1.3 esclarecimentos, justificativas, bem como relatórios de controle interno e demais documentos necessários à comprovação hábil dos valores de devolução e de mercadorias nas transportadoras; 1.4 memória de cálculo e esclarecimentos relativamente aos cálculos da apuração do PIS, referente aos períodos de DEZ/04 e JAN/05, que deixassem devidamente comprovados a matéria neste processo discutida; 1.5 PLANILHA EXCEL contendo a relação das Notas Fiscais (separadamente para cada mês e por estabelecimento) que discriminem as citadas “DEVOLUÇÕES” e " "MERCADORIAS NAS TRANSPORTADORAS" nos períodos sob exame; 1.6 Mídia digital do tipo PEN DRIVE, contendo os documentos solicitados, devidamente digitalizados, com respectivo Hash Code, onde constassem todos os arquivos tipo Adobe Acrobat document Adobe Reader (PDF) solicitados; 2. A contribuinte cumpriu parcialmente ao solicitado nos termos de intimação, tendo a autoridade fiscal consignado as inconsistências e omissões, como descrito: 2.1 Os arquivos digitais não puderam ser abertos pelos sistemas da RFB, por não atenderem às especificações e formatos prescritos nos atos normativos; 2.2 No tocante aos documentos, esclarecimentos, justificativas e relatórios e demais documentos que comprovassem cabalmente os valores relativos às "devoluções" e "mercadorias nas transportadoras", a contribuinte limitouse a reproduzir texto apresentado nos autos (recurso voluntário); 2.3 A contribuinte não apresentou as planilhas excel contendo a relação das notas fiscais que discriminassem as "devoluções" e "mercadorias nas transportadoras" no período sob diligência, com o argumento de que "tendo em vista o remoto período abarcado, não foi possível entrar no detalhe sugerido" (grifei) 3. A conclusão da fiscalização foi no sentido de que a recorrente não apresentou os documentos mínimos necessários que permitissem a análise contábil dos valores de mercadorias na transportadoras e de devoluções de vendas, do período. Em verdade, limitouse a reproduzir o que já havia suscitado em sede de recurso voluntário. 4. Ressalta ainda a autoridade fiscal que a ausência da contabilidade completa impediu a análise de informações lançadas em livros auxiliares ou mesmo em anotações manuscritas nas cópias de livros e informativos (planilha) apresentados. 5. Finaliza a informação fiscal com as conclusões, das quais ressaltase o transcrito a seguir: Fl. 2062DF CARF MF Processo nº 19515.003139/200637 Acórdão n.º 3201004.249 S3C2T1 Fl. 2.063 11 Conforme detalhadamente exposto, fica relatado e demonstrado que os documentos juntados pelo contribuinte, em atendimento ao exame realizado por esta fiscalização (sendo parte delas cópias dos documentos anteriormente juntados ao presente processo administrativo, no Recurso Voluntário) limitamse a justificar a origem dos valores discutidos mas nada comprovam. Importante salientar que em caso de litígio fiscal somente “a escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor do contribuinte dos fatos nela registrados e comprovados por DOCUMENTOS HÁBEIS , segundo sua natureza ou assim definidos em preceitos legais”. [...] Assim, concluímos que resultou infrutífera esta diligência, posto que nenhuma comprovação hábil foi apresentada pelo contribuinte, que possibilitasse o atendimento do despacho de fls. 1.148. Cientificada da informação fiscal (fl 1.938) a recorrente aduz que a autoridade fiscal encarregada da diligência não analisou a documentação apresentada e limitou se a demonstrar seu descontentamento com a realização da diligência. Alega que a autoridade fiscal exigiu documentos e informações "impossíveis de serem prestados" em razão de ter ultrapassado mais de 15 anos do fato gerador. Na sequência reapresenta quadros demonstrativos dos valores relativos às devoluções de vendas e de mercadorias remetidas às transportadoras para afirmar que se tratam de elementos suficientes para o cancelamento da exigência fiscal. Conclui que fora comprovada a improcedência dos débitos de PIS objeto de lançamento fiscal, requer seu cancelamento e que seja dado provimento integral ao seu recurso voluntário. O processo foi encaminhado ao CARF e redistribuído a este Conselheiro. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator Restam em litígios as seguintes matérias/argumentos suscitados no recurso voluntário (889/992): 1. Débitos de PIS dos períodos de apuração de agosto, setembro e outubro de 2004: imunidade das receitas decorrentes de vendas à Zona Franca de Manaus, por se equipararem a receitas decorrentes de exportação; Fl. 2063DF CARF MF Processo nº 19515.003139/200637 Acórdão n.º 3201004.249 S3C2T1 Fl. 2.064 12 2. Débito de PIS do período de apuração de janeiro de 2005: impossibilidade de incidência do PIS sobre receitas tributadas em dezembro de 2004, e a necessidade de serem considerados créditos oriundos de mercadorias devolvidas em dezembro/2004; 3. A indevida exigência de juros à Taxa SELIC; 4. Pedido de diligência e/ou perícia e apresentação de novos documentos. A. RECURSO VOLUNTÁRIO O Recurso Voluntário atende aos requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. Apuração do PIS em janeiro de 2005 receita tributada em dez/04 e crédito sobre devolução de venda realizada em dez/04 Passo a enfrentar primeiramente a matéria que fora objeto de diligência a exigibilidade de PIS referente às receitas de janeiro/2005. A fiscalização lançou valores de PIS em janeiro/2005 referentes a receitas de vendas que entendeu não incluídas na base de cálculo das Contribuições. Na impugnação a recorrente apontou em planilhas duas rubricas cujos valores alega indevidamente tributadas, que foram contabilizados no Livro Razão Auxiliar: (i) mercadorias vendidas em dezembro/2004, e tributada neste mesmo período (apurada em 12/2004), e remetidas às transportadoras em janeiro/2005, para entrega a seus cliente; e (ii) em razão da não consideração, no cálculo do PIS não cumulativo devido, dos créditos oriundos de mercadorias devolvidas em dezembro/ 2004, contabilizadas em janeiro/2005. A DRJ não enfrentou a matéria litigiosa sob o fundamento da preclusão, pois não fora expressamente impugnada em sua peça de defesa. Afastada a preclusão, o primeiro julgamento nesta Turma foi convertido em resolução para que a unidade de origem analisasse a inexigibilidade do PIS para o período de 2005, relativamente aos dois tópicos/rubricas suscitados pela contribuinte. De fato, os valores das receitas e devoluções em discussão foram informados em planilhas e Razão Auxiliar, ainda em sede de impugnação. Todavia, revestese o litígio em infirmar a acusação fiscal de que valores de receitas não foram oferecidos à tributação do PIS, no período de apuração 01/2005, assim como os créditos com devoluções relativas a dezembro/2004 e tomados em janeiro/2005 não foram considerados na apuração. As alegações que somente vieram após a impugnação e as indicações em planilhas e Razão Auxiliar foram produzidas pela contribuinte e as provas desses fatos são de sua exclusiva propriedade, do que decorre que lhe incumbia a apresentação das notas fiscais e demais documentos que corroborassem essas informações prestadas. Fl. 2064DF CARF MF Processo nº 19515.003139/200637 Acórdão n.º 3201004.249 S3C2T1 Fl. 2.065 13 A simples informação, em planilhas, livros auxiliares da contabilidade não satisfaz a verdade material. Deveria a contribuinte comprovar suas alegações de forma cabal com a exata e inconteste correlação dos valores informados (planilha, Razão Auxiliar) com as notas fiscais. Pois bem; vêse na Informação Fiscal da diligência que foram especificamente solicitados documentos em formato exigido pela RFB, e simultaneamente em arquivo do tipo "pdf", mas também oportunizou à contribuinte a apresentação de documentos e informações que se julgasse suficiente à comprovação de forma hábil e idônea das "devoluções" e "mercadorias nas transportadoras" nos períodos em discussão (dez/2004 e jan/2005). Verificase que elementos essenciais, tais como notas fiscais e registros contábeis, permaneceram, e ainda permanecem, ausentes na comprovação dos valores de devoluções e de mercadorias remetidas às transportadoras que seriam deduzidas (na forma de crédito) ou excluídas da base de cálculo das Contribuições, ainda que admitida a simples relação em arquivo em "pdf". Portanto, não há respaldo à arguição de que foram solicitados documentos em formatos de arquivos com base em atos normativos que a contribuinte não se obriga a atender. Arquivos em "pdf" são facilmente obtidos e manuseáveis. Asseverou a fiscalização que os únicos arquivos novos apresentados contém informações do Plano de Contas e memória de cálculo. Estes, isoladamente, ou seja, sem as respectivas notas fiscais que lhes dão suporte, não tem o condão de comprovar as alegações e informações de que os valores referentes às mercadorias nas transportadoras foram tributadas em dezembro/2004 e que os valores relativos a parte das devoluções de dezembro/2004 somente foram contabilizados em janeiro/2005. Essa providência é simples e seu cumprimento é singelo; todavia, a contribuinte não o fez. Bastaria comprovar que o somatório dos valores de determinadas notas fiscais de venda, realizadas em dezembro de 2004, cujas mercadorias foram transferidas às transportadoras, foram tributados como receita naquele período (dez/2004) e que corresponderiam exatamente às receitas que a fiscalização lançou em janeiro de 2005. A indicação de valores em planilhas e no Razão auxiliar, e mesmo em Dacon (ainda que não suscitado nesses autos), sem o suporte probatório da exibição das cópias das notas fiscais ou mesmo sua consolidação com todos os dados necessários em planilha ou arquivo, tal como oportunizado sua realização pela fiscalização não possui o conteúdo probatório hábil a afastar o lançamento fiscal. Mesmo raciocínio quanto às devoluções de vendas que alega ter utilizado créditos de parcelas em dezembro/2004, em janeiro/2005 e ainda restar saldo que afirma ter optado por ainda não utilizálos. Nada foi comprovado documentalmente; apenas informações consignadas. Ademais, se a recorrente insiste na irresignação quanto à matéria desde o julgamento de 1ª instância, não poderia justificar a desobrigação de apresentar os documentos comprobatórios com o argumento de que houvera ultrapassado o prazo legal para sua guarda. Justamente na oportunidade em que este Órgão Julgador afasta a preclusão e reconhece o direito da contribuinte de ver analisada sua pretensão, faltaram as provas das alegações e informações prestadas. Fl. 2065DF CARF MF Processo nº 19515.003139/200637 Acórdão n.º 3201004.249 S3C2T1 Fl. 2.066 14 Diante da inexistência de tal comprovação não há como afastar o lançamento e a glosa fiscal. Imunidade das receitas decorrentes de vendas A Zona Franca de Manaus receitas de exportação por equiparação Suscita a contribuinte que com relação aos períodos de apuração de agosto, setembro e outubro de 2004, as receitas decorrentes de venda para a Zona Franca de Manaus não podem ser incluídas na base de cálculo do PIS. Entende que tais receitas equiparamse àquelas de exportação, nos termos do DL nº 288/67, razão pela qual são imunes à exação, nos termos dos artigos 149, § 2°, inciso I, da CF/88 e 50, inciso I, da Lei n° 10.637/2002, e consoante já decidido pelos Tribunais Superiores e pelo antigo Conselho de Contribuintes. Alega, ainda, ter demonstrado que, a partir de 26/07/2004, a alíquota do PIS e da COFINS foi reduzida à zero em relação às receitas decorrentes de venda destinadas à Zona Franca de Manaus, nos termos da MP nº 202/2004 (posteriormente convertida na Lei nº 10.996/2004), de aparente inconstitucionalidade e ilegalidade. A imunidade das receitas de vendas efetuada a adquirente na Zona Franca de Manaus e a pretensa equiparação à receita de exportação foi decidida pela Câmara Superior no julgamento de recurso especial do mesmo contribuinte envolvendo a Cofins, no processo nº 19515.003138/200692, de relatoria de seu Presidente, Rodrigo da Costa Pôssas, no acórdão nº 9303005.787, de 20/09/2017. Naquele julgamento assentouse o entendimento de que a (i) limitação constitucional para instituição de contribuições sociais somente atinge as receitas decorrentes de exportação para o exterior, não abarcando as saídas para ZFM; (ii) o art. 4º do DL nº 288/97 não permite concluir que se considera as vendas no mercado interno para a ZFM equivalem a uma exportação para o estrangeiro e; (iii) inexiste norma que isente as vendas de mercadorias a empresas estabelecidas na Zona Franca de Manuas de forma indiscriminada, tendo somente havido a redução a zero da alíquota a partir de 16/12/2004, com a vigência do art. 2º da Lei nº 10.996/2004, regulamentada pelo Decreto nº 5.310/2004. Por concordar com os fundamentos do voto condutor do acórdão adotoo como minhas razões de decidir, reproduzindo seus excertos: Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator Para mim, é decisiva a mera transcrição do art. 4º do DecretoLei nº 288/67: Art 4º A exportação de mercadorias de origem nacional para consumo ou industrialização na Zona Franca de Manaus, ou reexportação para o estrangeiro, será para todos os efeitos fiscais, constantes da legislação em vigor, equivalente a uma exportação brasileira para o estrangeiro. Vejamos agora o dispositivo que estabeleceu a imunidade em discussão das contribuições sociais nas exportações (e, vejase Fl. 2066DF CARF MF Processo nº 19515.003139/200637 Acórdão n.º 3201004.249 S3C2T1 Fl. 2.067 15 bem, atingindo somente as receitas de exportação para o exterior stricto sensu, e resultante de uma Emenda de 2011, ou seja, treze anos depois da promulgação da Constituição): Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo. (...) § 2º As contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico de que trata o caput deste artigo: I não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001) Assim, quando foi editado o DecretoLei nº 288/67 e, mesmo quando foram prorrogados os benefícios dados à ZFM pelo ADCT, nem se cogitava em imunidade para as contribuições sociais. Aliás, vejamos também o que diz o art. 40 do ADCT: Art. 40. É mantida a Zona Franca de Manaus, com suas características de área livre de comércio, de exportação e importação, e de incentivos fiscais, pelo prazo de vinte e cinco anos, a partir da promulgação da Constituição. Mas esta questão temporal, obviamente em nada influenciaria se os citados dispositivos relativos à ZFM falassem em imunidade. Ocorre, no entanto, que imunidade é limitação da competência tributária, por definição, constitucional. Incentivo fiscal, como a isenção, é dado por lei, ainda mais específica (art. 150, § 6º, da Constituição Federal), com interpretação da mais restritiva (art. 111, II, do CTN), e não extensiva aos tributos instituídos posteriormente à sua concessão (art. 177, II, também do CTN). Afastada a alegação de imunidade, passemos à análise do que historicamente diz a legislação a respeito da vendas no mercado interno para a ZFM (o que inclui também os Decretos, a teor do art. 96 do CTN e que, salvo em algumas exceções – nos quais o presente caso não se enquadra – devem ser observados pelos Conselheiros do CARF, conforme preceitua nosso Regimento). Ao contrário do que pretende levar a crer a recorrente, houve muitas exclusões expressas das vendas à Zona Franca de Manaus nos casos de isenções para exportações para o exterior que atingissem as contribuições, e isto tem como principal razão de ser que estas exações (antes nem consideradas tributos) terem a finalidade precípua de financiar a seguridade social, o que, como enfatizado na Constituição, deve ser feito por toda a sociedade. Fl. 2067DF CARF MF Processo nº 19515.003139/200637 Acórdão n.º 3201004.249 S3C2T1 Fl. 2.068 16 No caso do IPI, por exemplo, sempre houve a isenção, inclusive regulada por Decreto (mas, com restrições a diversos produtos, o que seria inconcebível em uma imunidade “generalizada”, sendo ainda mais incoerente buscar um tratamento “homogêneo” para todo e qualquer tributo – e isto está, repito, claríssimo no art 4º do DecretoLei nº 288/67, quando fala em “efeitos fiscais, constantes da legislação em vigor”). Então, o que importa, é a legislação em vigor na época da ocorrência dos fatos geradores. Há que se reconhecer que as várias mudanças havidas – especialmente por Medidas Provisórias, inclusive atingidas por decisões do STF (ainda que de forma temporária) – trazem alguma dificuldade para o intérprete, mas a PGFN, em suas Contrarrazões, fez um análise mais que detalhada, concluindo “pela inexistência de norma geral de isenção de PIS e Cofins acobertando, de forma indiscriminada, as vendas de mercadorias a empresas situadas na Zona Franca de Manaus”. O que efetivamente deve ser tomado como base é o art. 2º da Lei nº 10.996/2004: Art. 2º Ficam reduzidas a 0 (zero) as alíquotas da Contribuição para o PIS/PASEP e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS incidentes sobre as receitas de vendas de mercadorias destinadas ao consumo ou à industrialização na Zona Franca de Manaus – ZFM, por pessoa jurídica estabelecida fora da ZFM. (Vide Lei nº 13.137, de 2015) (Vigência) Não faria qualquer sentido esta redução a zero da alíquota ser inserida no ordenamento jurídico se já houvesse a isenção, ou, mais injustificadamente ainda, a imunidade (isto sem falar que este dispositivo sofreu restrições pelo art. 21 da Lei nº 13.137/2015, que excluiu vários produtos do benefício, remetendo aos listados no art. 14 da Lei nº 13.097/2015). E esta lei, conforme reza seu art. 6º, entrou em vigor na data de sua publicação, que se deu 16/12/2004, mesma data em que passou a ter eficácia o seu Decreto regulamentador (nº 5.310/2004), devidamente aplicado pela Fiscalização em recálculo feito em procedimento de Diligência, procedimento acatado pela Instância de Piso e no Acórdão Recorrido. Ex positis, voto por negar provimento ao Recurso Especial interposto pelo contribuinte Ademais a alegação de " aparente inconstitucionalidade e ilegalidade" deve ser rechaçada com a Súmula CARF nº 02, segundo a qual o: " CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária". Fl. 2068DF CARF MF Processo nº 19515.003139/200637 Acórdão n.º 3201004.249 S3C2T1 Fl. 2.069 17 Exigência de juros à Taxa SELIC Alega a recorrente que a aplicação da taxa Selic ao crédito tributário viola os arts. 5º, II e 150, I da CF/88 pois não foi criada para fins tributários e não possui caráter moratório. Sem razão a recorrente. Os juros de mora equivalentes à taxa do Sistema Especial de Liquidação e Custódia, Selic, são devidos e calculados sobre o crédito tributário não pagos no vencimento, por expressa previsão legal do art. 161 do CTN: Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. O crédito tributário não pago no respectivo vencimento fica sujeito à incidência de juros moratórios, calculados à taxa Selic, a partir do primeiro dia do mês subsequente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento, conforme a Súmula CARF nº 04: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Pedido de diligência e/ou perícia e apresentação de novos documentos A contribuinte roga por realização de diligência, perícia e apresentação de novos documentos. A perícia pressupõe a pesquisa de fatos por pessoas de reconhecido saber, habilidade e experiência, que permitam o esclarecimento de certas dúvidas surgidas com o processo, e somente se faz necessária quando o simples exame dos autos pelo julgador não seja suficiente, exigindose o pronunciamento por parte de técnico especializado no assunto. O Processo Administrativo Fiscal Decreto nº 70.235/72 em seu art. 16, IV e §1º, alterado pela Lei nº 8.748/1993, determina que todo pedido de perícia deve indicar os motivos que o justifiquem e o perito do sujeito passivo. Caso contrário, o pedido deve ser considerado não formulado. Portanto, não tem efeito o pedido de perícia da recorrente. Assim, desnecessária providências de diligência e perícia pois os fundamentos antecedentes são suficientes para decidir a controvérsia. Não há dúvidas intransponíveis nos autos que necessitam de serem completadas para decidir o litígio. A apresentação de documentos probatórios tem seu momento adequado, segundo prescreve o Processo Administrativo Fiscal: Fl. 2069DF CARF MF Processo nº 19515.003139/200637 Acórdão n.º 3201004.249 S3C2T1 Fl. 2.070 18 Decreto n° 70.235, de 1972: Art. 14. A impugnação da exigência instaura a fase litigiosa do procedimento. Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. [...] § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) b) refirase a fato ou a direito superveniente; (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) Destarte, omitindose a contribuinte em apresentar suas provas em momento adequado, ou comprovar situação ou fato impeditivo de fazêla tempestivamente, precluso estará seu direito B. RECURSO DE OFÍCIO A decisão recorrida exonerou valores de PIS do período de apuração janeiro e fevereiro de 2003, agosto a novembro de 2004, e janeiro a fevereiro de 2006; portanto, três períodos, mas com apenas dois fundamentos diferentes. No primeiro período exonerado, janeiro a fevereiro de 2003, o motivo foi o pagamento efetivamente maior que o lançado, em decorrência de equívoco da autoridade fiscal na transposição de valores declarados pela contribuinte, exposto nos seguintes termos: Havendo a Unidade Preparadora do processo dado os autos para prosseguimento, calha observar de inicio neste voto, quanto A alegação de que em relação aos fatos geradores de janeiro e fevereiro de 2003 o PIS efetivamente declarado e pago é superior ao considerado pela Autoridade Fiscalizadora, que: a) o PIS de janeiro de 2003 que teria sido declarado pela Contribuinte segundo o Demonstrativo de Situação Fiscal Apurada, no montante de R$ 532.247,40 (fl. 187), corresponde a Imposto de Renda Retido na Fonte — IRRF declarado pela Contribuinte em DCTF (fl. 79); Fl. 2070DF CARF MF Processo nº 19515.003139/200637 Acórdão n.º 3201004.249 S3C2T1 Fl. 2.071 19 b) o PIS de fevereiro de 2003 que teria sido declarado pela Contribuinte segundo o Demonstrativo de Situação Fiscal Apurada, no montante de R$ 592.514,38 (fl. 187), corresponde ao PIS de janeiro de 2003 declarado pela Contribuinte em DCTF (fl. 79). Tais fatos indicam equivoco da Fiscalização na transposição dos valores declarados pela Contribuinte e, considerando que as importâncias efetivamente declaradas de R$ 592.514,38 (fl. 79), no que tange a Janeiro/2003, e R$ 634.519,97 (fl. 79), no que tange a fevereiro/2003, são superiores àquelas consideradas pela Autoridade Fiscal respectivamente R$ 577.169,49 (fl. 187) e R$ 616.994,97 (fl. 187) , o crédito tributário lançado de tais meses deve ser exonerado. Portanto, em se tratando de mero equívoco material é de se reconhecer o acerto da decisão a quo em exonerar o lançamento no período em referência. Quanto aos outros dois períodos (ago a nov/2004 e jan/05 a fev/06) a decisão dos julgadores de 1ª instância teve como fundamento a aplicação da legislação que tratou em dois momentos distintos da isenção das Contribuições sobre determinadas receitas financeiras. Com base em relatório fiscal em atendimento à diligência solicitada pela DRJ, a autoridade fiscal reconheceu a aplicação das regras introduzidas nos Decretos nºs. 5.310/2004 e 5.442/2005 que implicou a exclusão parcial das Contribuições, conforme seu despacho às efls. 504 do processo 19515.003138/200692, de exigência de Cofins sobre os mesmos fatos e períodos deste processo, de PIS, com a imagem a seguir: Fl. 2071DF CARF MF Processo nº 19515.003139/200637 Acórdão n.º 3201004.249 S3C2T1 Fl. 2.072 20 Dessa forma, com esteio no Despacho reproduzido e no recálculo das bases de cálculo das Contribuições, consoante nos referidos Decretos, a DRJ acertadamente exonerou parcialmente o crédito tributário lançado. Assim, é de se negar provimento ao recurso de ofício. Conclusão Por tudo ante exposto, voto para negar provimento aos recursos de ofício e voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Fl. 2072DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10650.901213/2010-30
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 20 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Apr 24 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/01/2006 a 31/03/2006
COMPENSAÇÃO. PRAZO PARA HOMOLOGAÇÃO.
É de 5 (cinco) anos o prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo, contado da data da entrega da declaração de compensação.
NÃO-CUMULATIVIDADE. CESSÃO DE CRÉDITOS DE ICMS ACUMULADOS DECORRENTES DE EXPORTAÇÕES. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO POR FORÇA DE DECISÃO JUDICIAL VINCULANTE, NA FORMA REGIMENTAL.
Havendo decisão definitiva do STF, com repercussão geral, no sentido da não incidência da Contribuição para o PIS e da Cofins na cessão onerosa para terceiros de créditos de ICMS acumulados, originados de operações de exportação, ela deverá ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, por força regimental.
NÃO-CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. CONCEITO DE INSUMOS
O alcance do conceito de insumo, segundo o regime da não-cumulatividade do PIS Pasep e da COFINS é aquele em que o os bens e serviços cumulativamente atenda aos requisitos de (i) pertinência ao processo produtivo ou prestação de serviço; (ii) emprego direto ou indireto no processo produtivo ou prestação de serviço; e (iii) essencialidade em que a subtração importa a impossibilidade da produção ou prestação de serviço ou implique substancial perda de qualidade (do produto ou serviço resultante).
COMBUSTÍVEIS. GLP E ÓLEO DIESEL
Os gastos com combustíveis e lubrificantes geram créditos a serem utilizados na apuração do PIS e da COFINS, nos termos do art. 3º, II da Lei nº 10.833/2003.
DESPESAS COM ALUGUEL DE MAQUINAS, EQUIPAMENTOS E VEÍCULOS. DESCONTO DE CRÉDITOS. POSSIBILIDADE.
Se o disposto no art. 3º, IV, da Lei 10.833/2003, não restringiu o desconto de créditos da Cofins apenas às despesas de aluguéis de máquinas e equipamentos ao processo produtivo da empresa, não cabe ao intérprete restringir a utilização de créditos somente aos alugueis de máquinas e equipamentos utilizados no processo produtivo.
Concede-se o crédito na locação de veículos utilizados na movimentação de bens relacionados à atividades produtivas da pessoa jurídica.
MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. CRÉDITO SOBRE DEPRECIAÇÃO. UTILIZAÇÃO EM ETAPAS DO PROCESSO PRODUTIVO. ÁGUA E ENERGIA ELÉTRICA.
A pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados sobre encargos de depreciação em relação às máquinas e aos equipamentos adquiridos e utilizados em etapas pertinentes e essenciais à fabricação de produtos destinados à venda, incluindo-se salas de controle e monitoramento do processo produtivo, conforme disciplinado pela Secretaria da Receita Federal em sua legislação (IN SRF nº 457/2004).
Mantêm-se os créditos com encargos de depreciação dos bens imobilizados utilizados em unidades de abastecimento e tratamento de água e de energia elétrica na atividade mineradora por serem essenciais e pertinentes ao processo produtivo.
MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. CRÉDITO. AQUISIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. DEPRECIAÇÃO.
A aquisição de máquinas e equipamentos do ativo imobilizado, utilizados no processo produtivo de bens destinados à venda, não permite a tomada do crédito das Contribuições, o que somente é permitido quanto aos encargos de depreciação.
SERVIÇOS DE INSTALAÇÕES. MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS.
Concede-se o direito ao crédito às despesas com instalações de máquinas e equipamentos do processo produtivo desde que o dispêndio não deva ser capitalizado ao valor do bem.
CREDITAMENTO. ENCARGOS DE DEPRECIAÇÃO. ART. 31, LEI Nº 10.865/2004.
Vedado o creditamento relativo a encargos de depreciação de bens adquiridos antes de 30 de abril de 2004. Disposição expressa do art. 31 da Lei nº 10.865/2004.
Recurso Voluntário Parcialmente Provido
Numero da decisão: 3201-003.570
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos dar parcial provimento ao recurso voluntário. Vencida a Conselheira Tatiana Josefovicz Belisário, que também dava provimento para as despesas de despacho aduaneiro. Os Conselheiros Marcelo Giovani Vieira e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade votaram pelas conclusões.
Winderley Morais Pereira - Presidente Substituto
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade.
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/01/2006 a 31/03/2006 COMPENSAÇÃO. PRAZO PARA HOMOLOGAÇÃO. É de 5 (cinco) anos o prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo, contado da data da entrega da declaração de compensação. NÃO-CUMULATIVIDADE. CESSÃO DE CRÉDITOS DE ICMS ACUMULADOS DECORRENTES DE EXPORTAÇÕES. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO POR FORÇA DE DECISÃO JUDICIAL VINCULANTE, NA FORMA REGIMENTAL. Havendo decisão definitiva do STF, com repercussão geral, no sentido da não incidência da Contribuição para o PIS e da Cofins na cessão onerosa para terceiros de créditos de ICMS acumulados, originados de operações de exportação, ela deverá ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, por força regimental. NÃO-CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. CONCEITO DE INSUMOS O alcance do conceito de insumo, segundo o regime da não-cumulatividade do PIS Pasep e da COFINS é aquele em que o os bens e serviços cumulativamente atenda aos requisitos de (i) pertinência ao processo produtivo ou prestação de serviço; (ii) emprego direto ou indireto no processo produtivo ou prestação de serviço; e (iii) essencialidade em que a subtração importa a impossibilidade da produção ou prestação de serviço ou implique substancial perda de qualidade (do produto ou serviço resultante). COMBUSTÍVEIS. GLP E ÓLEO DIESEL Os gastos com combustíveis e lubrificantes geram créditos a serem utilizados na apuração do PIS e da COFINS, nos termos do art. 3º, II da Lei nº 10.833/2003. DESPESAS COM ALUGUEL DE MAQUINAS, EQUIPAMENTOS E VEÍCULOS. DESCONTO DE CRÉDITOS. POSSIBILIDADE. Se o disposto no art. 3º, IV, da Lei 10.833/2003, não restringiu o desconto de créditos da Cofins apenas às despesas de aluguéis de máquinas e equipamentos ao processo produtivo da empresa, não cabe ao intérprete restringir a utilização de créditos somente aos alugueis de máquinas e equipamentos utilizados no processo produtivo. Concede-se o crédito na locação de veículos utilizados na movimentação de bens relacionados à atividades produtivas da pessoa jurídica. MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. CRÉDITO SOBRE DEPRECIAÇÃO. UTILIZAÇÃO EM ETAPAS DO PROCESSO PRODUTIVO. ÁGUA E ENERGIA ELÉTRICA. A pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados sobre encargos de depreciação em relação às máquinas e aos equipamentos adquiridos e utilizados em etapas pertinentes e essenciais à fabricação de produtos destinados à venda, incluindo-se salas de controle e monitoramento do processo produtivo, conforme disciplinado pela Secretaria da Receita Federal em sua legislação (IN SRF nº 457/2004). Mantêm-se os créditos com encargos de depreciação dos bens imobilizados utilizados em unidades de abastecimento e tratamento de água e de energia elétrica na atividade mineradora por serem essenciais e pertinentes ao processo produtivo. MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. CRÉDITO. AQUISIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. DEPRECIAÇÃO. A aquisição de máquinas e equipamentos do ativo imobilizado, utilizados no processo produtivo de bens destinados à venda, não permite a tomada do crédito das Contribuições, o que somente é permitido quanto aos encargos de depreciação. SERVIÇOS DE INSTALAÇÕES. MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. Concede-se o direito ao crédito às despesas com instalações de máquinas e equipamentos do processo produtivo desde que o dispêndio não deva ser capitalizado ao valor do bem. CREDITAMENTO. ENCARGOS DE DEPRECIAÇÃO. ART. 31, LEI Nº 10.865/2004. Vedado o creditamento relativo a encargos de depreciação de bens adquiridos antes de 30 de abril de 2004. Disposição expressa do art. 31 da Lei nº 10.865/2004. Recurso Voluntário Parcialmente Provido
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PRAZO PARA HOMOLOGAÇÃO. É de 5 (cinco) anos o prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo, contado da data da entrega da declaração de compensação. NÃOCUMULATIVIDADE. CESSÃO DE CRÉDITOS DE ICMS ACUMULADOS DECORRENTES DE EXPORTAÇÕES. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO POR FORÇA DE DECISÃO JUDICIAL VINCULANTE, NA FORMA REGIMENTAL. Havendo decisão definitiva do STF, com repercussão geral, no sentido da não incidência da Contribuição para o PIS e da Cofins na cessão onerosa para terceiros de créditos de ICMS acumulados, originados de operações de exportação, ela deverá ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, por força regimental. NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. CONCEITO DE INSUMOS O alcance do conceito de insumo, segundo o regime da nãocumulatividade do PIS Pasep e da COFINS é aquele em que o os bens e serviços cumulativamente atenda aos requisitos de (i) pertinência ao processo produtivo ou prestação de serviço; (ii) emprego direto ou indireto no processo produtivo ou prestação de serviço; e (iii) essencialidade em que a subtração importa a impossibilidade da produção ou prestação de serviço ou implique substancial perda de qualidade (do produto ou serviço resultante). COMBUSTÍVEIS. GLP E ÓLEO DIESEL Os gastos com combustíveis e lubrificantes geram créditos a serem utilizados na apuração do PIS e da COFINS, nos termos do art. 3º, II da Lei nº 10.833/2003. DESPESAS COM ALUGUEL DE MAQUINAS, EQUIPAMENTOS E VEÍCULOS. DESCONTO DE CRÉDITOS. POSSIBILIDADE. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 65 0. 90 12 13 /2 01 0- 30 Fl. 617DF CARF MF Processo nº 10650.901213/201030 Acórdão n.º 3201003.570 S3C2T1 Fl. 3 2 Se o disposto no art. 3º, IV, da Lei 10.833/2003, não restringiu o desconto de créditos da Cofins apenas às despesas de aluguéis de máquinas e equipamentos ao processo produtivo da empresa, não cabe ao intérprete restringir a utilização de créditos somente aos alugueis de máquinas e equipamentos utilizados no processo produtivo. Concedese o crédito na locação de veículos utilizados na movimentação de bens relacionados à atividades produtivas da pessoa jurídica. MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. CRÉDITO SOBRE DEPRECIAÇÃO. UTILIZAÇÃO EM ETAPAS DO PROCESSO PRODUTIVO. ÁGUA E ENERGIA ELÉTRICA. A pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados sobre encargos de depreciação em relação às máquinas e aos equipamentos adquiridos e utilizados em etapas pertinentes e essenciais à fabricação de produtos destinados à venda, incluindose salas de controle e monitoramento do processo produtivo, conforme disciplinado pela Secretaria da Receita Federal em sua legislação (IN SRF nº 457/2004). Mantêmse os créditos com encargos de depreciação dos bens imobilizados utilizados em unidades de abastecimento e tratamento de água e de energia elétrica na atividade mineradora por serem essenciais e pertinentes ao processo produtivo. MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. CRÉDITO. AQUISIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. DEPRECIAÇÃO. A aquisição de máquinas e equipamentos do ativo imobilizado, utilizados no processo produtivo de bens destinados à venda, não permite a tomada do crédito das Contribuições, o que somente é permitido quanto aos encargos de depreciação. SERVIÇOS DE INSTALAÇÕES. MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. Concedese o direito ao crédito às despesas com instalações de máquinas e equipamentos do processo produtivo desde que o dispêndio não deva ser capitalizado ao valor do bem. CREDITAMENTO. ENCARGOS DE DEPRECIAÇÃO. ART. 31, LEI Nº 10.865/2004. Vedado o creditamento relativo a encargos de depreciação de bens adquiridos antes de 30 de abril de 2004. Disposição expressa do art. 31 da Lei nº 10.865/2004. Recurso Voluntário Parcialmente Provido Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos dar parcial provimento ao recurso voluntário. Vencida a Conselheira Tatiana Josefovicz Belisário, que também dava provimento para as despesas de despacho aduaneiro. Os Conselheiros Marcelo Giovani Vieira e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade votaram pelas conclusões. Fl. 618DF CARF MF Processo nº 10650.901213/201030 Acórdão n.º 3201003.570 S3C2T1 Fl. 4 3 Winderley Morais Pereira Presidente Substituto Paulo Roberto Duarte Moreira Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade. Relatório O interessado acima identificado recorre a este Conselho, de decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Juiz de Fora/MG. Por bem descrever os fatos ocorridos, até então, adoto o relatório da decisão recorrida, que transcrevo, a seguir: Trata o presente das Declarações de Compensação – Dcomp nºs 05594.64679.220206.1.3.082302, 21463.33797.270306.1.3.086144, 02763.83250.100406.1.3.080640 e 42394.11550.250406.1.3.080920, baixadas para tratamento manual, recebendo o número 10650.720165/201161, objetivando a compensação dos débitos nelas declarados, no montante de R$1.189.681,66, com crédito do Pis/Pasep – regime não cumulativo, relativo ao 1º trimestre de 2006. As Declarações de compensação nºs 02763.83250.100406.1.3.080640 e 42394.11550.250406.1.3.08 0920, referentes ao mês de março/2006, foram precedidas do Pedido de Ressarcimento n° 12707.79027.100406.1.1.086617, que também foi baixado para tratamento manual, recebendo o n° 10650.901213/201030. Os processos 10650.901213/201030 e 10650.720165/201161, foram analisados em conjunto, por constituírem objeto de crédito tributário do PIS não cumulativo do 1º trimestre/2006. Da verificação da legitimidade do crédito solicitado resultou o Relatório Fiscal (fls. 7 a 68) e o Relatório Fiscal Final, referente ao 1º trimestre (fls. 98 a 109), do qual se extrai as seguintes glosas: bens utilizados como insumos (gás liquefeito do petróleo GLP e óleo diesel, produtos adquiridos sujeitos à alíquota zero); duplicidade de aproveitamento de crédito, no momento da aquisição e nos encargos de depreciação; encargos de depreciação de bens do ativo imobilizado: (i) sobre máquinas e equipamentos nos centros de custos AGU – Abastecimento e Tratamento de Água e ENE – Subestação de Energia Elétrica por não afetarem a produção diretamente; (ii) móveis e equipamentos não utilizados na fabricação dos produtos vendidos; (iii) equipamentos formados por aquisições de peças e serviços antes de 30/04/2004; Fl. 619DF CARF MF Processo nº 10650.901213/201030 Acórdão n.º 3201003.570 S3C2T1 Fl. 5 4 ajuste negativo do crédito (aumento da base de cálculo da contribuição, adicionando valores relativos à cessão de créditos de ICMS). A DRFUberaba/MG emitiu Despacho Decisório, no qual homologa parcialmente a compensação pleiteada, até onde as contas se encontrarem, fls. 110 a 118, nos seguintes termos: Conforme os fundamentos acima e com base na Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, DECIDO: 1. RECONHECER O DIREITO CREDITÓRIO no valor de R$1.130.922,03 (Hum milhão, cento e trinta mil, novecentos e vinte e dois reais e três centavos), sendo R$423.108,13(quatrocentos e vinte e três mil, cento e oito reais e treze centavos) no mês de janeiro/2006; R$290.747,47(duzentos e noventa mil, setecentos e quarenta e sete reais e quarenta e sete centavos) no mês de fevereiro/2006 e R$417.066,43(quatrocentos e dezessete mil, sessenta e seis reais e quarenta e três centavos) no mês de março/2006; 2) HOMOLOGAR PARCIALMENTE as compensações realizadas, respeitada as vinculações dos respectivos períodos de apuração até onde as contas se encontrarem; 3) EXIGIR os débitos indevidamente nelas compensados, com base no § 6° do art 74 da Lei n° 9.430 de 1996 e § 4° do art 34 da IN RFB n° 900 de 2008. Fica a empresa ciente que deverá executar em seus livros fiscais e contábeis, a adequação de seus registros e de suas informações prestadas à Receita Federal do Brasil, através dos sistemas informatizados disponíveis, em decorrência dos valores apurados em diligência fiscal e da parte do crédito pleiteado que foi objeto de glosa e/ou reconhecimento de ofício. [...] A empresa apresentou manifestação de inconformidade (fls. 127 a 162), na qual após as alegações deduzidas, requer: Por todo o exposto, seja com base nas preliminares, seja com fundamento nas razões de mérito, concluise que deve o r. despacho decisório ser modificado "in totum", para o fim de (i) cancelar as glosas realizadas na apuração dos créditos da contribuição ao PIS; (ii) determinar a exclusão dos montantes recebidos em contrapartida à cessão dos créditos do ICMS, da base de cálculo daquela exação; (iii) homologar integralmente as compensações realizadas pela requerente, nos autos dos processos n. 10650.901213/201030 e 10650.720165/201161; e (iv) cancelar as respectivas Cartas Cobrança. Protesta a requerente provar o alegado por todos os meios de prova admitidos, especialmente a produção de perícia e a juntada de documentos. Fl. 620DF CARF MF Processo nº 10650.901213/201030 Acórdão n.º 3201003.570 S3C2T1 Fl. 6 5 Em atendimento ao disposto no inciso V do art. 16 do Decreto n. 70235, de 6.3.1972, a requerente informa que a matéria objeto desta manifestação de inconformidade não foi submetida à apreciação judicial. É o relatório. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Juiz de Fora por intermédio da 1ª Turma, no Acórdão nº 0937.520, sessão de 28/10/2011, julgou improcedente a manifestação de inconformidade da contribuinte. A decisão foi assim ementada: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2006 a 31/03/2006 PRODUÇÃO DE NOVAS PROVAS. PEDIDO DE DILIGÊNCIA. Não atendidos os requisitos legais de admissibilidade, indefere se pedido de juntada de novas provas e, uma vez que os elementos contidos nos autos são suficientes para o deslinde da questão, é prescindível a realização de perícia ou diligência. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2006 a 31/03/2006 NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. BENS NÃO SUJEITOS AO PAGAMENTO DA CONTRIBUIÇÃO. Não dará direito a crédito o valor da aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição, inclusive no caso de isenção, esse último quando revendidos ou utilizados como insumo em produtos ou serviços sujeitos à alíquota zero, isentos ou não alcançados pela contribuição. SERVIÇOS. CRÉDITO SOBRE INSUMOS. Somente os serviços aplicados ou consumidos na produção de bens destinados à venda são considerados insumos e dão direito ao crédito. MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. CRÉDITO SOBRE DEPRECIAÇÃO. A pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados sobre encargos de depreciação, somente em relação às máquinas e aos equipamentos adquiridos para utilização na fabricação de produtos destinados à venda. CESSÃO DE ICMS. INCIDÊNCIA DO PIS/Pasep. A cessão de direitos de ICMS compõe a receita do contribuinte, sendo base de cálculo para a contribuição. No voto, os julgadores de 1ª instancia delimitaram o litígio conforme as matérias expressamente contestadas pela contribuinte, como se vê: Fl. 621DF CARF MF Processo nº 10650.901213/201030 Acórdão n.º 3201003.570 S3C2T1 Fl. 7 6 Cumpre ressaltar que relativamente ao 1º trimestre de 2006, a fiscalização excluiu da apuração dos créditos valores correspondentes a: bens utilizados como insumos (GLP e óleo diesel), despesas com aluguéis de máquinas e equipamentos locados de pessoa jurídica e encargos de depreciação de determinados itens do ativo imobilizado. Desse modo, fica prejudicado o exame das argumentações, contidas na peça impugnatória, relativamente aos itens: “2.2.4. Conservação Patrimonial, Segurança, Meio Ambiente”, “2.2.5. Pesquisas, Melhorias, Experiências”, “2.2.6. Bens Não Consumidos Nem Aplicados no Processo Produtivo”, “2.2.7 Gastos ativados inseridos nos serviços utilizados como insumos”, “2.2.8 Conservação patrimonial e melhoria de processos”, correspondentes aos itens 1.2, 1.3, 1.4, 2.1 e 2.2 do Relatório Fiscal, já que não houve glosa sob referidas rubricas. A seguir, após dissertar acerca do conceito de insumos no entendimento daqueles julgadores, mormente consubstanciado nas INs 247/2002 e 404/2004, estabeleceu as rubricas que a contribuinte incorreu em gastos para os quais a Fiscalização glosou os créditos da não cumulatividade do PIS/Cofins, a saber: I Decadência II Aumento da base de cálculo do PIS em procedimento de análise de direito creditório III Inclusão dos ingresso decorrente de cessão de crédito do ICMS na base de cálculo para apuração do crédito de PIS. IV Glosa de créditos quanto a encargos com aquisição de/para: a) GLP e óleo diesel: b) Alugueis de máquinas e equipamentos locados de pessoa jurídica; c) Depreciação de bens do ativo imobilizado, nos seguintes centro de custo: (i) AGU (Abastecimento e Tratamento de Água), “ENE” (Subestação de energia elétrica); (ii) Móveis e equipamentos alocados em centro de custos produtivos; e (iii) Bem do ativo imobilizado adquirido antes de 30/04/2004, relacionados nos quadros demonstrativos do item 6.1 do relatório fiscal (fls. 33 a 35). Inconformada com a decisão, a contribuinte apresenta recurso voluntário (fls. 335/380), no qual repisa os argumentos trazidos em sua impugnação, explicitando sua atividade extrativa/industrial e a utilização de cada um dos bens ou serviços em seu processo, cujos gastos tiveram créditos das contribuições glosados. Submetido à julgamento em Colegiado desta 3ª Seção, na sessão de 26/06/2013, após conhecer do recurso voluntário decidiuse convertêlo em diligência para elaboração de laudo que demonstrasse a vinculação dos bens e serviços ao processo produtivo, Fl. 622DF CARF MF Processo nº 10650.901213/201030 Acórdão n.º 3201003.570 S3C2T1 Fl. 8 7 por entende a Turma tratarse de informação essencial para a análise de qualquer pleito de reconhecimento de PIS e de Cofins não cumulativos. Os termos da diligência determinada na resolução nº 3202000.105 (fls. 423/432): Para o deslinde da questão entendo necessária a diligência para se determinar se os insumos objeto de glosa pela fiscalização relacionamse ou não ao processo produtivo da Recorrente. Diante disso, converto o julgamento em diligência para que unidade preparadora jurisdicionante do domicílio fiscal da Recorrente providencie o que segue: 1) Intime a Recorrente a apresentar laudo de renomada instituição que descreva detalhadamente o seu processo processo produtivo, apontando a utilização dos insumos ora glosados na produção de bens destinados à venda, ou na prestação de serviços; e 2) Após a juntada do laudo, promova diligência fiscal in loco, para verificar as conclusões do laudo pericial, elaborando Relatório conclusivo e sucintoacerca da utilização ou não dos insumos ora glosados no processo produtivo da Recorrente. Após a realização da diligência, é mister que seja dado o prazo de trinta dias para que a Recorrente e a fiscalização se manifestem acerca do tema. A contribuinte elaborou Laudo (fls. 440/510) por meio de seu corpo técnico no qual descreve seu processo produtivo que se materializa no desenvolvimento de atividade de lavra, extração e produção de minérios utilizados na fabricação de produtos da indústria metalúrgica e siderúrgica. O insumo, minério de pirocloro, no qual é encontrado sob a forma do composto óxido de nióbio (Nb2O5), utilizado na produção de nióbio, e de outros produtos derivados, é explorado pela CBMM de seu próprio depósito minerário, e de outro, em forma de concessão, de propriedade da CODEMIG, que juntas otimizam a exploração do minério por intermédio da COMIPA que os vende, exclusivamente, à CBMM. A COMIPA é pois a responsável pela operação de lavra e transporte do minério até as instalações da CBMM. As máquinas e equipamentos necessários à extração são de propriedade da CBMM que os aluga à COMIPA, por disposição contratual. O minério adquirido pela CBMM é submetido a sucessivos processos de separação dos demais minerais até a obtenção do produto final o nióbio. Esse processo de separação consiste em etapas de concentração, sinterização, desfosforação, metalurgia, britagem e embalagem. Em termos de controle contábil, cada uma das etapas do processo de produção do nióbio constituise um centro de custo. Fl. 623DF CARF MF Processo nº 10650.901213/201030 Acórdão n.º 3201003.570 S3C2T1 Fl. 9 8 Finda a caracterização de seu processo produtivo, a CBMM passa a discorrer sobre as despesas incorridas com as várias rubricas apropriadas na tomada de créditos das Contribuições para Pis/Cofins nãocumulativas. A Unidade de Origem produziu o relatório de diligência em que, objetivamente, analisou as glosas efetuadas na autuação fiscal comparando as despesas incorridas nas rubricas mencionadas relacionandoas ao processo produtivo descrito. Segue a síntese da manifestação da autoridade fiscal quanto aos itens glosados, que permanecem em litígios. GLP/Óleo diesel O GLP foi utilizado pelos fornos, equipamentos da produção. Contudo, a glosa ocorreu por outra razão: insumos adquiridos sem o pagamento da contribuição, conforme Relatório Fiscal. Despesas de Alugueis de Máquinas e Equipamentos Não se trata de alugueis, locação, mas de serviços prestados com máquinas e equipamentos nas obras, conforme afirmam os Laudos nas folhas 18. Tratase de despesas apropriadas na conta do ativo imobilizado: 13210001 Obras, portanto, ativadas, cujo crédito foi apurado em duplicidade. Há fotografias dos equipamentos no Anexo VIII, do Laudo. Depreciação de bens do Ativo Imobilizado Os bens do centro de custo AGU Abastecimento de Água não foram usados na produção, mas no bombeamento, tratamento, e reaproveitamento da água que circula nas plantas industriais. Os bens do centro de custo ENE Energia Elétrica distribuem, convertem, adaptam a energia às necessidades das unidades, suprem de energia elétrica toda a empresa essas são suas funções. Eles não atuam na produção e, em consequência, os seus desgastes não decorrem da fabricação dos produtos. Os bens que constam da tabela do item 9, exceto o de número 17, não se desgastaram ou danificaram na fabricação dos produtos. São necessários para viabilizar as atividades de qualquer empresa. Não foram adquiridos para fabricar os produtos da Contribuinte. Contudo, o Detector de radiação G606/650 é um separador magnético escória/produto, que se desgasta ou danificase no processo produtivo e, portanto, o crédito sobre ele deve ser admitido. Quanto aos serviços, que constam da referida tabela do item 9, não foram aplicados ou consumidos na fabricação dos produtos destinados à venda. Assim, não se admite crédito sobre suas cotas de depreciação. É o relatório. Fl. 624DF CARF MF Processo nº 10650.901213/201030 Acórdão n.º 3201003.570 S3C2T1 Fl. 10 9 Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator Conforme se verifica nos autos, a lide está vinculada à (i) decadência para a homologação da declaração de compensação; (ii) à possibilidade de alteração da base de cálculo do PIS de ofício; (iii) inclusão na base de cálculo do PIS dos valores relativos à cessão de crédito de ICMS e (iv) às glosas realizadas na apuração dos créditos da contribuição relacionadas às despesas com bens e serviços utilizados pela recorrente nas atividades de lavra, extração e produção de nióbio. Decadência Suscita a recorrente que o prazo para o fisco homologar declaração de compensação é de cinco anos a contar da data do fato gerador, pois entende que a regra do § 5º do art. 74 da Lei nº 9.430/96 não afasta a contagem do prazo determinada no art. 150, § 4º do CTN. Reforça tal tese o entendimento de que os ajustes de créditos decorrente da inclusão na receita total da cessão onerosa de ICMS, por se tratar de um procedimento fiscal já não restava permitido em razão de ultrapassado cinco anos do fato gerador. Dessa forma, estaria configurada a decadência do direito de proceder os ajustes da base de cálculo do PIS/Pasep relativa aos meses de janeiro e fevereiro de 2006. A tese da contribuinte não pode prosperar. A compensação, é uma modalidade de extinção do crédito tributário, prevista no artigo 170 do CTN, aprovado pela Lei n° 5172/66, o qual remete a lei ordinária a disciplina da matéria. O CTN assim dispõe sobre a compensação: Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda Pública." Desta forma, a compensação é um dos meios de extinção do crédito tributário e se concretiza pelo encontro de contas entre a Fazenda Nacional e o sujeito passivo. Deste modo, o art. 74 da Lei n° 9.430/96 (e alterações) disciplina o regime de compensação no âmbito federal. Art, 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com transito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele órgão. Por seu turno, o § 5° deste dispositivo legal estabelece o prazo para a homologação da compensação: Fl. 625DF CARF MF Processo nº 10650.901213/201030 Acórdão n.º 3201003.570 S3C2T1 Fl. 11 10 O prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo será de 5 (cinco) anos, contado da data da entrega da declaração de compensação. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) ('grifouse,) Destarte, o prazo de cinco anos contase da data da entrega das declarações de compensação. No caso presente, constatase que as declarações de compensação foram entregues a partir de 22/06/2006. Em razão do parágrafo 5º, acima transcrito, a autoridade administrativa teria o prazo até 22/06/2011 para proceder a homologação ou não das compensações declaradas. Como a interessada teve ciência do Despacho Decisório, que homologou as compensações até o limite do crédito reconhecido, em 03/03/2006, operouse a homologação somente para as compensações entregues antes desta data. Contudo, a única Dcomp nessa situação encontrase homologada em razão do crédito reconhecido. Para as demais não há que se falar em homologação tácita. Como visto, na compensação a autoridade tem por obrigação legal, no prazo acima referido, verificar se os créditos são líquidos e certos, ou seja, a exatidão dos créditos do PIS/Pasep apurados e declarados pelo sujeito passivo. Diferentemente do alegado pela recorrente, o art. 150, §4° do CTN trata do prazo que a Fazenda Nacional tem para verificar a exatidão do pagamento efetuado. Esse prazo não se aplica à análise dos créditos que podem ser descontados do PIS sob o regime da não cumulatividade. Assim, não se configurou a decadência para a autoridade administrativa proceder à análise das declarações de compensação transmitidas após 03/03/2006. Aumento da base de cálculo do PIS em procedimento de análise de direito creditório Argui a recorrente que a fiscalização não poderia proceder o aumento da base de cálculo do PIS devida em apuração de créditos da Contribuição. Entende que eventuais ajustes na base de cálculo para exigência de tributo ou cálculo do rateio dos créditos somente poderiam ser feitos por meio de lançamento de oficio e que a interpretação da decisão recorrida ao mencionar o art. 9º, § 4º do Decreto 70.235/72, com a redação dada pela Medida Provisória n° 44/08, é equivocada. O enfrentamento da matéria é despiciendo, pois o aumento suscitado decorreu da inclusão como receita de valores provenientes da cessão de crédito de ICMS, que será analisada em tópico próprio, e goza de decisão definitiva em sede de repercussão geral, com a reprodução obrigatória da decisão do STJ nos julgamentos deste CARF. Desta forma, se não configura receita não há que se falar em aumento da base de cálculo por meio de lançamento de oficio. Cessão onerosa de crédito de ICMS Este mesmo contribuinte teve julgamento desta matéria em Turma do CARF em que se atestou o acúmulo de créditos de ICMS decorrentes de sua condição de exportador, conforme excerto do voto no acórdão nº 3301003.209, prolatado em 21/02/2017, cuja decisão foi o afastamento da exigência por unanimidade: Fl. 626DF CARF MF Processo nº 10650.901213/201030 Acórdão n.º 3201003.570 S3C2T1 Fl. 12 11 (...) Percebese, quando da leitura da Ata de Assembléia Geral Extraordinária da Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração, de 30 de junho de 2008, que dispõe sobre a reforma integral do estatuto social da Companhia, que tem por objeto social (fls. 417): (i) a indústria, o comércio, a importação e a exportação de minérios, produtos químicos, fertilizantes e produtos metalúrgicos, e a exploração e o aproveitamento de jazidas minerais no território nacional; (ii) a representação de outras sociedades, nacionais ou estrangeiras; e; (iii) a participação em outras sociedades, como sócia ou acionista; e (iv) o desenvolvimento de outras atividades correlatas, de interesse da Companhia. (grifouse). Neste sentido, como o Contribuinte desenvolve a atividade de exportação de minérios e requer a retirada da base de cálculo da cessão de créditos do ICMS (...) A inclusão como receita de PIS e de Cofins da cessão onerosa de crédito de ICMS, acumulados em razão de exportação para o exterior, foi definitivamente afastada pelo STJ no julgamento do RE nº 606.107/RS, na sistemática de repercussão geral prevista no art. 543B do antigo CPC, não sendo mais passível de discussão no CARF, que deverá reproduzir no julgamento, frente ao comando do § 2º do art. 62 da Portaria nº 343/2015 RICARF, redação dada pela Portaria MF nº 152/2016. Eis a reprodução do julgado no STF, de relatoria da Ministra Rosa Weber, na sessão do Pleno de 22/05/2013: EMENTA RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE. HERMENÊUTICA. CONTRIBUIÇÃO AO PIS E COFINS. NÃO INCIDÊNCIA. TELEOLOGIA DA NORMA. EMPRESA EXPORTADORA. CRÉDITOS DE ICMS TRANSFERIDOS A TERCEIROS. I Esta Suprema Corte, nas inúmeras oportunidades em que debatida a questão da hermenêutica constitucional aplicada ao tema das imunidades, adotou a interpretação teleológica do instituto, a emprestarlhe abrangência maior, com escopo de assegurar à norma supralegal máxima efetividade. II A interpretação dos conceitos utilizados pela Carta da República para outorgar competências impositivas (entre os quais se insere o conceito de “receita” constante do seu art. 195, I, “b”) não está sujeita, por óbvio, à prévia edição de lei. Tampouco está condicionada à lei a exegese dos dispositivos que estabelecem imunidades tributárias, como aqueles que fundamentaram o acórdão de origem (arts. 149, § 2º, I, e 155, § 2º, X , “a”, da CF) . Em ambos os casos, trata+se de interpretação da Lei Maior voltada a desvelar o alcance de regras tipicamente constitucionais, com absoluta independência da atuação do legislador tributário. Fl. 627DF CARF MF Processo nº 10650.901213/201030 Acórdão n.º 3201003.570 S3C2T1 Fl. 13 12 III – A apropriação de créditos de ICMS na aquisição de mercadorias tem suporte na técnica da não cumulatividade, imposta para tal tributo pelo art. 155, § 2º, I, da Lei Maior, a fim de evitar que a sua incidência em cascata onere demasiadamente a atividade econômica e gere distorções concorrenciais. IV O art. 155, § 2º, X, “a”, da CF – cuja finalidade é o incentivo às exportações, desonerando as mercadorias nacionais do seu ônus econômico, de modo a permitir que as empresas brasileiras exportem produtos, e não tributos , imuniza as operações de exportação e assegura “a manutenção e o aproveitamento do montante do imposto cobrado nas operações e prestações anteriores”. Não incidem, pois, a COFINS e a contribuição ao PIS sobre os créditos de ICMS cedidos a terceiros, sob pena de frontal violação do preceito constitucional. V – O conceito de receita, acolhido pelo art. 195, I, “b”, da Constituição Federal, não se confunde com o conceito contábil. Entendimento, aliás, expresso nas Leis 10.637/02 (art. 1º) e Lei 10.833/03 (art. 1º), que determinam a incidência da contribuição ao PIS/PASEP e da COFINS não cumulativas sobre o total das receitas, “independentemente de sua denominação ou classificação contábil”. Ainda que a contabilidade elaborada para fins de informação ao mercado, gestão e planejamento das empresas possa ser tomada pela lei como ponto de partida para a determinação das bases de cálculo de diversos tributos, de modo algum subordina a tributação. A contabilidade constitui ferramenta utilizada também para fins tributários, mas moldada nesta seara pelos princípios e regras próprios do Direito Tributário. Sob o específico prisma constitucional, receita bruta pode ser definida como o ingresso financeiro que se integra no patrimônio na condição de elemento novo e positivo, sem reservas ou condições. VI O aproveitamento dos créditos de ICMS por ocasião da saída imune para o exterior não gera receita tributável. Cuidase de mera recuperação do ônus econômico advindo do ICMS, assegurada expressamente pelo art. 155, § 2º, X, “a”, da Constituição Federal. VII Adquirida a mercadoria, a empresa exportadora pode creditarse do ICMS anteriormente pago, mas somente poderá transferir a terceiros o saldo credor acumulado após a saída da mercadoria com destino ao exterior (art. 25, § 1º, da LC 87/1996). Porquanto só se viabiliza a cessão do crédito em função da exportação, além de vocacionada a desonerar as empresas exportadoras do ônus econômico do ICMS, as verbas respectivas qualificamse como decorrentes da exportação para efeito da imunidade do art. 149, § 2º, I, da Constituição Federal. VIII Assenta esta Suprema Corte a tese da inconstitucionalidade da incidência da contribuição ao PIS e da COFINS não cumulativas sobre os valores auferidos por empresa exportadora em razão da transferência a terceiros de créditos de ICMS. Fl. 628DF CARF MF Processo nº 10650.901213/201030 Acórdão n.º 3201003.570 S3C2T1 Fl. 14 13 IX Ausência de afronta aos arts. 155, § 2º, X, 149, § 2º, I, 150, § 6º, e 195, caput e inciso I, “b”, da Constituição Federal. Recurso extraordinário conhecido e não provido, aplicandose aos recursos sobrestados, que versem sobre o tema decidido, o art. 543B, § 3º, do CPC. E o comando do § 2º do art. 62 do RICARF: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (...) § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) Assim sendo, de acordo com a legislação e a jurisprudência aplicável ao tema, voto devese afastar da base de cálculo da contribuição o ingresso oriundo da cessão de créditos do ICMS. Glosa de créditos O recurso voluntário apresentado nestes autos, em relação às matérias abordadas na autuação, assemelhase em relação aos demais processos de glosa de créditos de bens e serviços que a fiscalização entendeu não relacionaremse com o processo produtivo da CBMM. Assim, antes de se proceder à análise individualizada de cada item, mister assentar os fundamentos para a utilização do conceito de insumos que irão conduzir este voto. Conceito de insumos para créditos de PIS e Cofins Este Conselho, incluindo esta Turma, entende que o conceito de insumo é mais elástico que o adotado pela fiscalização e julgadores da DRJ nas suas Instruções Normativas n°s. 247/2002 e 404/2004, mas não alcança a amplitude de dedutibilidade utilizado pela legislação do Imposto de Renda, como requer a recorrente. Isto posto, há de se fixar os contornos jurídicos para delimitar os dispêndios (gastos) que são considerados insumos com direito ao crédito das contribuições sociais, quer no processo produtivo ou na prestação de serviço. Neste ponto acolho o conceito estabelecido pelo Ministro do STJ Mauro Campbell Marques no voto condutor do REsp nº 1.246.317MG, que fora sintetizado pelo Conselheiro relator ALEXANDRE KERN, no acórdão nº 3402002.663, sessão de 24/02/2015, o qual adoto neste voto e transcrevo: Fl. 629DF CARF MF Processo nº 10650.901213/201030 Acórdão n.º 3201003.570 S3C2T1 Fl. 15 14 Inclinome pelo conceito de insumo deduzido no voto condutor do REsp nº 1.246.317 MG (2011/00668193). Nele, o Ministro Mauro Campbell Marques interpreta que, da dicção do inc. II do art. 3º tanto da Lei nº 10.637, de 2002, quanto da Lei nº 10.833, de 2003, extraise que nem todos os bens ou serviços, utilizados na produção ou fabricação de bens geram o direito ao creditamento pretendido. É necessário que essa utilização se dê na qualidade de "insumo" ("utilizados como insumo"). Isto significa que a qualidade de "insumo" é algo a mais que a mera utilização na produção ou fabricação, o que também afasta a utilização dos conceitos de "Custos e Despesas Operacionais" inerentes ao IR. Não basta, portanto, que o bem ou serviço seja necessário ao processo produtivo, é preciso algo a mais, algo mais específico e íntimo ao processo produtivo. As leis, exemplificativamente, mencionam que se inserem no conceito de “insumos” para efeitos de creditamento: a) serviços utilizados na prestação de serviços; b) serviços utilizados na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda; c) bens utilizados na prestação de serviços; d) bens utilizados na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda; e) combustíveis e lubrificantes utilizados na prestação de serviços; f) combustíveis e lubrificantes utilizados na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda. O Min. Campbell Marques extrai o que há de nuclear da definição de “insumos” para efeito de creditamento e conclui: a) o bem ou serviço tenha sido adquirido para ser utilizado na prestação do serviço ou na produção, ou para viabilizálos pertinência ao processo produtivo; b) a produção ou prestação do serviço dependa daquela aquisição essencialidade ao processo produtivo; e c) não se faz necessário o consumo do bem ou a prestação do serviço em contato direto com o produto possibilidade de emprego indireto no processo produtivo. Explica ainda que, não basta, que o bem ou serviço tenha alguma utilidade no processo produtivo ou na prestação de serviço: é preciso que ele seja essencial. É preciso que a sua subtração importe na impossibilidade mesma da prestação do serviço ou da produção, isto é, obste a atividade da empresa, ou implique em substancial perda de qualidade do produto ou serviço daí resultante. (...) Fl. 630DF CARF MF Processo nº 10650.901213/201030 Acórdão n.º 3201003.570 S3C2T1 Fl. 16 15 Particularmente, entendo ainda mais apropriada a especificidade do conceito deduzido pelo Min. Mauro Campbell Marques, plasmado no REsp 1.246.317MG, segundo o qual (sublinhado no original): Insumos, para efeitos do art. 3º, II, da Lei n. 10.637/2002, e art. 3º, II, da Lei n. 10.833/2003 são todos aqueles bens e serviços pertinentes ao, ou que viabilizam o processo produtivo e a prestação de serviços, que neles possam ser direta ou indiretamente empregados e cuja subtração importa na impossibilidade mesma da prestação do serviço ou da produção, isto é, cuja subtração obsta a atividade da empresa, ou implica em substancial perda de qualidade do produto ou serviço daí resultantes. Portanto, ao contrário do que pretende o recorrente, não é todo e qualquer custo ou despesa necessária à atividade da empresa, nos termos da legislação do IRPJ. Há de se perquirir a pertinência e a essencialidade do gasto relativamente ao processo fabril ou de prestação de serviço para que se lhe possa atribuir a natureza de insumo. Firmado nos fundamentos assentados, quanto ao alcance do conceito de insumo, segundo o regime da nãocumulatividade do PIS Pasep e da COFINS, entendo que a acepção correta é aquela em que o os bens e serviços cumulativamente atenda aos requisitos de: 1. pertinência ao processo produtivo ou prestação de serviço; 2. emprego direto ou indireto no processo produtivo ou prestação de serviço; 3. essencialidade em que a subtração importa a impossibilidade da produção ou prestação de serviço ou implique substancial perda de qualidade (do produto ou serviço resultante). Assim, há de se verificar se o recorrente comprova a utilização dos insumos no contexto da atividade fabricação, produção ou prestação de serviço de forma a demonstrar que o gasto incorrido guarda relação de pertinência com o processo produtivo/prestação de serviço, mediante seu emprego, ainda que indireto, de forma que sua subtração implique ao menos redução da qualidade. Neste ponto, essencial que se conheça quais são os produtos finais elaborados com os insumos, ou o principal desses minério de pirocloro/óxido de nióbio , adquiridos da CEMIPA. A resposta se encontra às páginas 09/10 do Laudo (fls. 447/448): (i) ferronióbio, de alta pureza; (ii) óxido de nióbio (Nb2O5) de alta pureza; (iii) óxido de nióbio grau ótico; (iv) liga níquelnióbio (NiNb); e (v) nióbio metálico. Passo à análise da possibilidade de apropriação de créditos das contribuições nas despesas com bens e serviços discriminados no Laudo Técnico. GLP e óleo diesel Fl. 631DF CARF MF Processo nº 10650.901213/201030 Acórdão n.º 3201003.570 S3C2T1 Fl. 17 16 As despesas com óleo diesel e GLP foram glosadas pela aquisição dos referidos bens estar submetida à alíquota zero para o PIS e para a Cofins (art. 41, I da MP nº 2.15835/01), conforme vedação do art. 3º, § 2º, II das Leis nºs. 10.837/02 e 10.833/03. A recorrente, por sua vez, entende que o dispositivo não alcança os combustíveis com tributação na sistemática monofásica. Vejamos os dispositivos legais: Medida Provisória nº 2.15835/01 Art. 42. Ficam reduzidas a zero as alíquotas da contribuição para o PIS/PASEP e COFINS incidentes sobre a receita bruta decorrente da venda de: I gasolinas, exceto gasolina de aviação, óleo diesel e GLP, auferida por distribuidores e comerciantes varejistas; E o que dispõe a Lei nº 10.833, de 2003 e, em igual inciso, a Lei nº 10.637, de 2002: Art. 3° o valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...] “II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da Tipi; grifo nosso. [...] § 2° Não dará direito a crédito o valor: [...] II da aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição, inclusive no caso de isenção, esse último quando revendidos ou utilizados como insumo em produtos ou serviços sujeitos à aliquota 0 (zero), isentos ou não alcançados pela contribuição." [...] A leitura dos dispositivos acima revela que o legislador, ao permitir a apuração de créditos, inclusive de combustíveis e lubrificantes, expressamente excluiu o aproveitamento de créditos sobre valores de aquisições de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento das contribuições. Fl. 632DF CARF MF Processo nº 10650.901213/201030 Acórdão n.º 3201003.570 S3C2T1 Fl. 18 17 Conquanto este relator mantinha o entendimento de que os gastos com GLP e óleo diesel por pessoa jurídica consumidora não lhe conferia o direito ao crédito, uma vez que a aquisição fora tributada de forma concentrada, esta Turma tem decidido de forma contrária, com supedâneo no inciso II do art. 3º da Lei nº 10.833/2003, alinhada com recentes decisões da Câmara Superior de Recursos Fiscais, a exemplo dos Acórdãos nºs. 9303005.908 e 9303 005.623. Assim, tratandose de aquisições de GLP e óleo diesel, combustíveis utilizados no processo produtivo da recorrente, assistelhe razão, sendo possível sua pretensão em manter o crédito sobre tais rubricas. Despesas de alugueis de máquinas e equipamentos No relatório fiscal justificase a glosa com alugueis de máquinas e equipamentos com o fundamento de que as despesas foram escrituradas em conta de ativo, no momento da aquisição, e também na depreciação. Menciona as Fichas 06A e 16A, Linha 06, do Dacon, como comprovação. A fiscalização não comprovou que os bens alugados foram imobilizados de forma que tenha havido duplicidade de aproveitamento de crédito. Inexistem elementos nos autos que permitam inferir tal assertiva; ao contrário, na tabela apresentada no relatório fiscal há a indicação do equipamento, número de nota fiscal, data, fornecedor e valor correspondente da locação, o que não se confunde com aquisições. Nos Laudos constam informações do bem alugado e o local de sua utilização/aplicação nas atividades da empresa. O aproveitamento de crédito de PIS e Cofins com aluguel de bem está previsto no art. 3º, inciso IV da Lei nº 10.637/02, reproduzido na Lei nº 10.833/03: Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...) IV aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa; Conquanto tenha proferido voto no sentido de que a apropriação do crédito não alcança os veículos, esta Turma tem se manifestado que a determinação legal não restringiu a utilização dos créditos somente as máquinas e equipamentos utilizados no processo produtivo. A premissa legal é que os veículos, além de máquinas e equipamentos, sejam utilizados nas atividades da empresa. No presente caso, a descrição da função ou aplicação dos veículos e equipamentos revela claramente estarem relacionados às atividades produtivas, ou seja, a utilização é na movimentação e transporte de insumos, máquinas, equipamentos e prestação de serviços essenciais ao processo produtivo. Portanto, para esta matéria assiste razão aos argumentos da Recorrente, devendo ser afastada as glosas referentes as despesas com alugueis de máquinas, equipamentos e veículos utilizados nas atividades da pessoa jurídica e pagos a pessoa jurídica. Fl. 633DF CARF MF Processo nº 10650.901213/201030 Acórdão n.º 3201003.570 S3C2T1 Fl. 19 18 Encargos de depreciação de máquinas e equipamento do centro de custo AGU (Abastecimento e Tratamento de Água) A fiscalização entendeu que os bens deste centro de custo relacionados nos Anexo IV não foram usados na produção, mas no bombeamento, tratamento, e reaproveitamento da água que circula nas plantas industriais, do que decorre a impossibilidade de se apropriar dos créditos com encargos de depreciação. Por sua vez, a contribuinte demonstrou no laudo a existência de vinculação direta da utilidade (água) a etapas do processo de produção de óxidos de nióbio, metalurgia, concentração, calcinação, bem como em, outra oportunidade, na barragem de contenção de rejeitos direitos da produção. Desta forma, faço me valer da idêntica conclusão a que chegou a 1ª Turma Ordinária, da 3ª Câmara desta mesma Seção do CARF ao analisar esta matéria da mesma contribuinte no acórdão nº 3301003.209, de 21/02/2017, que por unanimidade reverte a glosa dos bens empregados no centro de custo AGU reproduzida: Entendese, com isso, que o Contribuinte não teria condições de processar os minérios para transformálos em produto final sem a utilização da água, fazendo com que esta seja indispensável no sistema produtivo realizado pelo Contribuinte. Tendo isto claro, respeitando o critério da essencialidade, visto que a água é elemento fundamental no processo produtivo do nióbio, e sem a água nas diversas fases do processo produtivo não é possível processar os minérios objeto da atividade do Contribuinte, voto no sentido de considerar que a depreciação das máquinas e os equipamentos utilizados no tratamento e abastecimento de água permitem o creditamento na contribuição ao PIS nãocumulativo, visto que são utilizados na produção de bens destinados à venda. Assim, com fundamento no art. 3º, VI c/c § 1º, III, e observado os demais requisitos dos §§ 2º e 3º do mesmo artigo, todos da Lei nº 10.637/02, reproduzidos na Lei nº 10.833/03, e também o que se encontra disciplinado na IN SRF nº 457/2004, relativamente aos limites dos encargos de depreciação, devem ser estornados as glosas de créditos com encargos de depreciação dos itens imobilizados que constam do Anexo IV, identificados como relacionados ao centro de custo CC AGU. Encargos de depreciação de máquinas e equipamento do centro de custo ENE (Subestação de Energia Elétrica) Consta do relatório de diligência que os bens do centro de custo ENE Subestação de Energia Elétrica distribuem, convertem, adaptam a energia às necessidades das unidades, suprem de energia elétrica toda a empresa , sendo assim, entende a fiscalização que não atuam na produção e, em consequência, os seus desgastes não decorrem da fabricação dos produtos. Fl. 634DF CARF MF Processo nº 10650.901213/201030 Acórdão n.º 3201003.570 S3C2T1 Fl. 20 19 Uma vez mais, peço vênia para adotar as conclusões e minhas razões de decidir o voto alhures mencionado no acórdão nº 3301003.209, que se identifica ao do presente processo: Como está claro nos autos a atividade de produção de nióbio pelo Contribuinte requer, além do sistema de abastecimento e tratamento de água, a existência de uma subestação de energia elétrica, visto que a energia elétrica recebida da concessionária CEMIG precisa, necessariamente, receber um processo de adequação da tensão para que possa ser aplicada aos equipamentos industriais. Observase ademais que no laudo elaborado pela requerente (fls. 657 a 711) se demonstra que 99% da energia consumida é destinada ao processo produtivo do Contribuinte e que menos de 1% destinase as atividades administrativas da indústria. Em conclusão, a água e a energia elétrica são indispensáveis as atividades de processamento do minério pelo Contribuinte, e, assim sendo, os equipamentos e as máquinas utilizados no tratamento desses insumos com o fito de tornar possível a sua utilização, pela adequação técnica que a atividade requer, devem ser considerados como itens utilizados no processo produtivo de acordo com o previsto na Lei n° 10.637/02, que assim dispõe: Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...) VI máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado,adquiridos ou fabricados para locação a terceiros ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços. Logo, respeitando o princípio da essencialidade, é cabível o creditamento dos valores relativos a depreciação do Centro de Custo ENE – Subestação Energia Elétrica, visto que está sendo diretamente utilizado, no sentido de necessário e essencial, ao sistema produtivo em discussão, portanto, voto em prover o Recurso Voluntário neste tema. Assim, com fundamento no art. 3º, VI c/c § 1º, III, e observado os demais requisitos dos §§ 2º e 3º do mesmo artigo, todos da Lei nº 10.637/02, reproduzidos na Lei nº 10.833/03, e também o que se encontra disciplinado na IN SRF nº 457/2004, relativamente aos limites dos encargos de depreciação, devem ser estornados as glosas de créditos com encargos de depreciação dos itens imobilizados que constam do Anexo IV, identificados como relacionados ao centro de custo ENE (Subestação de energia Elétrica). Móveis e equipamentos alocados em centro de custos produtivos Fl. 635DF CARF MF Processo nº 10650.901213/201030 Acórdão n.º 3201003.570 S3C2T1 Fl. 21 20 Aduz a fiscalização que se trata de bens que não se relacionam ao processo produtivo e estão descritos no subitem 6.2 do Relatório Fiscal e Anexo V do Laudo, conforme indicação da utilização na tabela elaborada: Entende o Fisco, quanto aos serviços relacionados, não foram aplicados ou consumidos na fabricação dos produtos destinados à venda. Assim, não se admitiu o crédito sobre suas cotas de depreciação. Exceção feita às glosas pela fiscalização, o item 17, "detector de radiação G606/650" separador magnético escória/produto que se desgasta ou danificase no processo produtivo e, portanto, o crédito fora admitido. A contribuinte postula a reversão das glosas asseverando que desempenham funções nos processos e nas operações das etapas produtivas. Aparelhos de ar condicionado, incluindo serviço de instalação, monitores de LCD, exclusivamente utilizado em sala de equipamentos de controle e monitoramento da produção ou em equipamento (veículo), tanques para armazenagem de água ou outra substância e motoserras, utilizados em etapa produtiva são essenciais ao processo produtivo devendose estornar as glosas. Quanto aos demais bens da tabela, sua utilização não tem relação de essencialidade às etapas de industrialização do produto destinado a venda, portanto, não autoriza o creditamento, eis que secundários ao processo industrial. É o caso de rádios comunicadores, móveis, utensílios e arcondicionado de salas de operadores. Fl. 636DF CARF MF Processo nº 10650.901213/201030 Acórdão n.º 3201003.570 S3C2T1 Fl. 22 21 Glosa de encargos de depreciação de itens do ativo imobilizado adquiridos antes de 30 de abril de 2004 A decisão recorrida manteve a glosa de créditos efetuadas pela fiscalização sobre quotas de depreciação sobre bens adquiridos antes de 30/04/2004, conforme determina o art. 31 da lei nº 10.865/04, que assim dispõe: Art. 31. É vedado, a partir do último dia do terceiro mês subseqüente ao da publicação desta Lei, o desconto de créditos apurados na forma do inciso III do § 1º do art. 3º das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, relativos à depreciação ou amortização de bens e direitos de ativos imobilizados adquiridos até 30 de abril de 2004. § 1º Poderão ser aproveitados os créditos referidos no inciso III do § 1º do art. 3º das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, apurados sobre a depreciação ou amortização de bens e direitos de ativo imobilizado adquiridos a partir de 1º de maio. De forma diversa entende o Contribuinte, que alega em seu Recurso Voluntário, que não se pode aplicar tal dispositivo por haver assim ofensa ao seu direito adquirido referente ao desconto dos créditos da Cofins calculados sobre os encargos de depreciação do ativo imobilizado acima mencionado. Suscita que não pode a norma do art. 31 da Lei n. 10865/04 ser aplicada retroativamente para alcançar os créditos relativos aos bens do ativo imobilizado, que tenham sido adquiridos antes de 30.4.2004, conforme reconhecido pela Corte Especial do Tribunal Regional Federal da 4a Região, no julgamento do Incidente de Arguição de Inconstitucionalidade na AMS n. 2005.70.00.0005940/ PR, em 26.6.2008. Apesar dos argumentos do Contribuinte não há como negar a clareza da norma em questão quando define que é vedado o desconto de créditos relativos a depreciação ou amortização de bens e direitos de ativos imobilizados adquiridos até a data de 30 de abril de 2004. Logo, não se trata de uma ofensa ao direito adquirido do Contribuinte, mas sim a simples e necessária aplicação da legislação pertinente a matéria discutida. Com isso, haja visto a legislação aplicável ao caso, voto no sentido de negar provimento ao pedido do Contribuinte referente a este ponto. Desse modo, não há como afastar a glosa relativa ao aproveitamento de crédito sobre encargos de depreciação referentes às aquisições de bens e serviços do ativo imobilizado, anteriores a 30/04/2004. Conclusão Diante de todo o exposto, voto para DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso voluntário para (i) afastar da base de cálculo da contribuição o ingresso oriundo da cessão de créditos do ICMS; (ii) conceder o crédito das contribuições para o PIS/Cofins, Fl. 637DF CARF MF Processo nº 10650.901213/201030 Acórdão n.º 3201003.570 S3C2T1 Fl. 23 22 revertendose as glosas efetuadas, atendidas os demais requisitos dos §§ 2º e 3º do art. 3º das Leis nºs. 10.637/2002 e 10.833/2003: 1. GLP e óleo diesel utilizados como combustíveis; 2. Despesas com aluguéis de máquinas, equipamentos e veículos utilizados em atividades da empresas relativas às etapas do processo produtivo, relacionados no Anexo VIII do Laudo; 3. Encargos de depreciação de: a. itens imobilizados que constam do Anexo IV identificados como relacionados aos centos de custos AGU e ENE; b. aparelhos de ar condicionado e monitores de LCD, exclusivamente utilizados em sala de equipamentos de controle e monitoramento da produção da etapa produtiva (Anexo V); c. tanques de líquidos e motoserras, utilizados no processo produtivo (Anexo V); 4. Serviço de instalação de ar condicionado em veículo utilizado em etapa do processo produtivo. É como voto. Paulo Roberto Duarte Moreira Fl. 638DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10680.904616/2016-79
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 20 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri May 04 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 28/02/2011
CRÉDITO INTEGRALMENTE RECONHECIDO E DEFERIDO EM PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. DISCORDÂNCIA QUANTO À COMPENSAÇÃO EM PROCEDIMENTO DE OFÍCIO.
Não se conhece de recurso voluntário cujo direito creditório fora integralmente reconhecido e deferido em Pedido de Restituição.
A negativa da unidade de origem em efetuar compensação de crédito deferido em razão de débito pendentes de liquidação não se constitui matéria a ser apreciada pela instância julgadora.
Recurso Voluntário Não Conhecido
Numero da decisão: 3201-003.508
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos não conhecer do recurso voluntário. Votou pelas conclusões a Conselheira Tatiana Josefovicz Belisário. Ficou de apresentar declaração de voto os Conselheiros Tatiana Josefovicz Belisário e Pedro Rinaldi de Oliveira Lima.
Winderley Morais Pereira - Presidente Substituto
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade.
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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DISCORDÂNCIA QUANTO À COMPENSAÇÃO EM PROCEDIMENTO DE OFÍCIO. Não se conhece de recurso voluntário cujo direito creditório fora integralmente reconhecido e deferido em Pedido de Restituição. A negativa da unidade de origem em efetuar compensação de crédito deferido em razão de débito pendentes de liquidação não se constitui matéria a ser apreciada pela instância julgadora. Recurso Voluntário Não Conhecido Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos não conhecer do recurso voluntário. Votou pelas conclusões a Conselheira Tatiana Josefovicz Belisário. Ficou de apresentar declaração de voto os Conselheiros Tatiana Josefovicz Belisário e Pedro Rinaldi de Oliveira Lima. Winderley Morais Pereira Presidente Substituto Paulo Roberto Duarte Moreira Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 90 46 16 /2 01 6- 79 Fl. 75DF CARF MF Processo nº 10680.904616/201679 Acórdão n.º 3201003.508 S3C2T1 Fl. 3 2 O interessado acima identificado recorre a este Conselho, de decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Curitiba/PR. Por bem descrever os fatos ocorridos, até então, adoto o relatório da decisão recorrida, que transcrevo, a seguir: Tratase de Manifestação de Inconformidade apresentada em razão da não homologação da compensação declarada por meio do PER/Dcomp, de nº 15962.88346.230215.1.3.049255, contendo crédito decorrente do pagamento indevido ou a maior de COFINS, código 2172, do período de apuração de 31/01/2010, no valor originário de R$ 34,02 – com documento de arrecadação de valor total de R$ 100,73. Concluída a análise do PER/Dcomp, deuse a emissão do despacho decisório em 05/04/2016, formalizado no sentido da não homologação da compensação declarada, conforme adiante transcrito: A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. [...] Diante da inexistência do crédito, NÃO HOMOLOGO a compensação declarada. A ciência do Despacho Decisório se deu em 18/04/2016, tendo a contribuinte apresentado a Manifestação de Inconformidade tempestivamente. Esclarece a manifestante que em 31/03/2014 transmitiu o pedido de restituição nº 39452.15834.310314.1.2.044815 para garantir o direito ao crédito de pagamento a maior de R$ 100,73 realizado em 28/02/2011. Por sua vez, em 23/02/2015, transmitiu a presente Dcomp utilizando o crédito que havia solicitado no PER. Informa, ainda, que o número do PER não foi informado na Dcomp devido à incompatibilidade do programa gerador, conforme a tela copiada a seguir: Fl. 76DF CARF MF Processo nº 10680.904616/201679 Acórdão n.º 3201003.508 S3C2T1 Fl. 4 3 Diante do exposto, demonstrada a insubsistência e improcedência do presente despacho decisório, requer que esse seja desconsiderado, anulando assim a presente decisão para cancelar integralmente os valores cobrados e homologar a compensação efetuada e pleiteada. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Curitiba/PR julgou improcedente a manifestação de inconformidade do contribuinte, mantendose a não homologação da compensação declarada na referida Dcomp. A decisão foi assim ementada: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Data do fato gerador: 28/02/2011 DCOMP. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. NÃO HOMOLOGAÇÃO. CRÉDITO INTEGRALMENTE RECONHECIDO EM PER. DISCORDÂNCIA QUANTO À COMPENSAÇÃO EM PROCEDIMENTO DE OFÍCIO. Correto o despacho decisório que não homologou a declaração de compensação transmitida após a ciência do deferimento integral de pedido de restituição e a manifesta discordância do contribuinte quanto aos procedimentos de compensação de ofício, tendo em vista que o direito creditório reconhecido encontrase retido até que os débitos existentes em nome do contribuinte para com a Fazenda Pública sejam liquidados. Constatou a DRJ, em consulta aos sitemas da Receita Federal, que o crédito solicitado encontravase reconhecido administrativamente, contudo, tal crédito teria por objeto a liquidação de débitos do sujeito passivo para com a RFB. Procedida comunicação ao interessado para manifestação quanto à concordância com o procedimento de compensação de ofício, expressou sua disconrdância. Desse modo, a restituição permaneceria retida até a liquidação dos débitos, inexistindo saldo disponível para a compensação pretendida. Fl. 77DF CARF MF Processo nº 10680.904616/201679 Acórdão n.º 3201003.508 S3C2T1 Fl. 5 4 Inconformada com a decisão, a contribuinte apresenta recurso voluntário, no qual aduz: 1. Inicialmente entendera que a glosa de seu crédito se dera por ocorrência de erro operacional nos sistemas da RFB, fato esclarecido somente na decisão da DRJ; 2. A decisão recorrida sustentouse na premissa equivocada de que a não homologação do direito creditório decorreu da discordância da contribuinte no procedimento de compensação de ofício; 3. Colaciona excerto de julgado do STJ o REsp nº 1.213.082/PR , ao qual foi aplicada a sistemática de recursos repetitivos, cuja decisão foi no sentido de a compensação de ofício não alcança débitos que se encontrem com exigibilidade suspensa. 4. Conclui que a decisão do STJ deverá ser observada pelo CARF por força do art. 62 do Regimento. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator O Recurso Voluntário atende aos requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. Antes de adentrar ao exame do Recurso apresentado, cumpre esclarecer que o presente processo tramita na condição de paradigma, nos termos do art. 47 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015: Art. 47. Os processos serão sorteados eletronicamente às Turmas e destas, também eletronicamente, para os conselheiros, organizados em lotes, formados, preferencialmente, por processos conexos, decorrentes ou reflexos, de mesma matéria ou concentração temática, observando se a competência e a tramitação prevista no art. 46. § 1º Quando houver multiplicidade de recursos com fundamento em idêntica questão de direito, o Presidente de Turma para o qual os processos forem sorteados poderá sortear 1 (um) processo para definilo como paradigma, ficando os demais na carga da Turma. § 2º Quando o processo a que se refere o § 1º for sorteado e incluído em pauta, deverá haver indicação deste paradigma e, em nome do Presidente da Turma, dos demais processos aos quais será aplicado o mesmo resultado de julgamento. Nesse aspecto, é preciso esclarecer que cabe a este Conselheiro o relatório e voto apenas deste processo, ou seja, o entendimento a seguir externado terá por base exclusivamente a análise dos documentos, decisões e recurso anexados neste processo. Fl. 78DF CARF MF Processo nº 10680.904616/201679 Acórdão n.º 3201003.508 S3C2T1 Fl. 6 5 Feito tal esclarecimento, passase ao exame das razões de Recurso. Não há litígio a ser decidido nesta instância. A pretensão da contribuinte é ter reconhecido seu direito ao crédito informado em Pedido de Restituição. Ocorre que, conforme informado no voto da decisão recorrida, o crédito indicado já foi integralmente reconhecido e deferido no PER n° 39452.15834.310314.1.2.04 4815, tendo como resultado extraído da tela do Sief Processo: "DEFERIDO TOTALMENTE RDC AUTOMÁTICO". Ora, uma vez reconhecido e deferido o crédito não há o que se decidir quanto ao direito da contribuinte. A negativa da unidade de origem em efetuar a compensação, sob o fundamento de que o crédito está retido frente a débito pendente de liquidação, não se constitui matéria a ser apreciada pelo CARF, devendo negar conhecimento ao recurso da contribuinte. Conclusão Diante do exposto, voto para NÃO CONHECER do recurso voluntário interposto, uma vez que na origem o crédito fora reconhecido e deferido. Paulo Roberto Duarte Moreira. Declaração de Voto Conselheiro Pedro Rinaldi de Oliveira Lima. Conforme o Direito Tributário, a legislação, os fatos, as provas, documentos e petições apresentados aos autos deste procedimento administrativo e, no exercício dos trabalhos e atribuições profissionais concedidas aos Conselheiros, conforme Portaria de condução e Regimento Interno, apresentase esta declaração de voto. O relator possui razão na sua proposta de solução do litígio, contudo, entendo ser necessário esclarecer alguns pontos. Ao analisar os autos, verifiquei que o crédito existe e a compensação deveria perdurar homologada. Logo após o pedido de restituição e compensação (per/Dcomp), a Receita verificou que haviam outros débitos e informou que pretendia realizar uma compensação de ofício, ou seja, ela iria utilizar os créditos do contribuinte para quitar aqueles débitos que ela identificou, sem fazer a compensação que o contribuinte solicitou. Fl. 79DF CARF MF Processo nº 10680.904616/201679 Acórdão n.º 3201003.508 S3C2T1 Fl. 7 6 O problema é que não sabemos quais são esses débitos, se já decaíram ou não, se estão inscritos em dívida ativa ou não, e demais determinantes variáveis. Nos moldes de um precedente desta Turma de julgamento em um caso em que fui relator, propus uma diligência para entrar no mérito do pedido de compensação original e verificar que débitos estranhos são esses, se podem ser utilizados no cálculo ou não. O precedente foi realizado com fundamento no Art. 2.º da lei n. 9.784/99, Art. 165 e 170 do CTN, oportunidade em que determinouse diligência para fosse verificado se houve notificação da cobrança do débito utilizado na "compensação de ofício", assim como foi determinado, entre outros pontos, para que a autoridade de origem conferisse na diligência se os débitos utilizados para a mencionada "compensação de ofício" se encaixariam nas hipóteses permitidas ou não, conforme segue: É valor informado pelo sujeito passivo em Declaração de Compensação apresentada à RFB, a título de crédito para com a Fazenda Nacional, que não tenha sido reconhecido pela autoridade competente da RFB, ainda que a compensação se encontre pendente de decisão definitiva na esfera administrativa? É valor objeto de pedido de restituição ou de ressarcimento indeferido pela autoridade competente da RFB, ainda que o pedido se encontre pendente de decisão definitiva na esfera administrativa? É débito que já tenha sido encaminhado à ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN) para inscrição em Dívida Ativa da União? É débito consolidado em qualquer modalidade de parcelamento concedido pela RFB? É débito que já tenha sido objeto de compensação não homologada ou considerada não declarada, ainda que a compensação se encontre pendente de decisão definitiva na esfera administrativa? Em virtude da alegação de ocorrência da homologação tácita, apresentar coluna com os períodos dos débitos utilizados para a mencionada "compensação de ofício", apresentados em confronto com a data limite para cobrança ou lançamento e em confronto com a data em que a autoridade de origem realizou tal procedimento. Diante de tal explanação, durante o presente julgamento, esta Turma de julgamento decidiu por não conhecer o Recurso Voluntário, posição que também foi acatada pelo relator e que, da mesma forma, atende a minha análise e serve como solução, uma vez que o crédito do contribuinte já foi reconhecido e que a presente lide administrativa trata mesmo de uma questão de liquidação, rito processual divergente do permitido à este Conselho. Diante do exposto, voto para acompanhar o relator. Declaração de voto proferida. (assinatura digital) Conselheiro Relator Pedro Rinaldi de Oliveira Lima. Fl. 80DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10530.721565/2010-70
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu May 24 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jun 25 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2006
AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA
Legítimas as exigências em procedimento fiscal conduzido nos termos da legislação tributária federal, mormente as informações e documentos necessários à conclusão dos trabalhos.
O Auto de Infração lavrado por autoridade competente, com a indicação expressa das infrações imputadas ao sujeito passivo e das respectivas fundamentações, constitui instrumento legal e hábil à exigência do crédito tributário.
ALEGAÇÕES DE ILEGALIDADE E INCONSTITUCIONALIDADE. PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO AO CONFISCO
A autoridade administrativa não é competente para examinar alegações de ilegalidade/inconstitucionalidade de leis regularmente editadas, tarefa privativa do Poder Judiciário
O princípio da vedação ao confisco é dirigido ao legislador e ao controle jurisdicional da constitucionalidade. A multa legalmente prevista não pode ser afastada pela administração tributária por inconstitucionalidade.
Aplicação da Súmula Carf nº 2
Assunto: Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários - IOF
Ano-calendário: 2006
MÚTUO DE RECURSOS FINANCEIROS ENTRE EMPRESAS. INCIDÊNCIA DO IOF.
As operações de crédito correspondentes a mútuo de recursos financeiros entre pessoas jurídicas sujeitam-se à incidência do IOF segundo as mesmas normas aplicáveis às operações de financiamento e empréstimos praticadas pelas instituições financeiras.
In casu, corroboram a natureza de contrato de mútuo de recursos financeiros a escrituração do Livro Razão e a formalização dos Contratos de Abertura de Crédito em Conta Corrente que refletem o montante de recursos postos a disposição dos mutuários e a estipulação de prazo para liquidação.
Numero da decisão: 3201-003.722
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2006 AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA Legítimas as exigências em procedimento fiscal conduzido nos termos da legislação tributária federal, mormente as informações e documentos necessários à conclusão dos trabalhos. O Auto de Infração lavrado por autoridade competente, com a indicação expressa das infrações imputadas ao sujeito passivo e das respectivas fundamentações, constitui instrumento legal e hábil à exigência do crédito tributário. ALEGAÇÕES DE ILEGALIDADE E INCONSTITUCIONALIDADE. PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO AO CONFISCO A autoridade administrativa não é competente para examinar alegações de ilegalidade/inconstitucionalidade de leis regularmente editadas, tarefa privativa do Poder Judiciário O princípio da vedação ao confisco é dirigido ao legislador e ao controle jurisdicional da constitucionalidade. A multa legalmente prevista não pode ser afastada pela administração tributária por inconstitucionalidade. Aplicação da Súmula Carf nº 2 Assunto: Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários - IOF Ano-calendário: 2006 MÚTUO DE RECURSOS FINANCEIROS ENTRE EMPRESAS. INCIDÊNCIA DO IOF. As operações de crédito correspondentes a mútuo de recursos financeiros entre pessoas jurídicas sujeitam-se à incidência do IOF segundo as mesmas normas aplicáveis às operações de financiamento e empréstimos praticadas pelas instituições financeiras. In casu, corroboram a natureza de contrato de mútuo de recursos financeiros a escrituração do Livro Razão e a formalização dos Contratos de Abertura de Crédito em Conta Corrente que refletem o montante de recursos postos a disposição dos mutuários e a estipulação de prazo para liquidação.
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decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza - Presidente (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
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NULIDADE. INOCORRÊNCIA Legítimas as exigências em procedimento fiscal conduzido nos termos da legislação tributária federal, mormente as informações e documentos necessários à conclusão dos trabalhos. O Auto de Infração lavrado por autoridade competente, com a indicação expressa das infrações imputadas ao sujeito passivo e das respectivas fundamentações, constitui instrumento legal e hábil à exigência do crédito tributário. ALEGAÇÕES DE ILEGALIDADE E INCONSTITUCIONALIDADE. PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO AO CONFISCO A autoridade administrativa não é competente para examinar alegações de ilegalidade/inconstitucionalidade de leis regularmente editadas, tarefa privativa do Poder Judiciário O princípio da vedação ao confisco é dirigido ao legislador e ao controle jurisdicional da constitucionalidade. A multa legalmente prevista não pode ser afastada pela administração tributária por inconstitucionalidade. Aplicação da Súmula Carf nº 2 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CRÉDITO, CÂMBIO E SEGUROS OU RELATIVAS A TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS IOF Anocalendário: 2006 MÚTUO DE RECURSOS FINANCEIROS ENTRE EMPRESAS. INCIDÊNCIA DO IOF. As operações de crédito correspondentes a mútuo de recursos financeiros entre pessoas jurídicas sujeitamse à incidência do IOF segundo as mesmas AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 53 0. 72 15 65 /2 01 0- 70 Fl. 340DF CARF MF Processo nº 10530.721565/201070 Acórdão n.º 3201003.722 S3C2T1 Fl. 341 2 normas aplicáveis às operações de financiamento e empréstimos praticadas pelas instituições financeiras. In casu, corroboram a natureza de contrato de mútuo de recursos financeiros a escrituração do Livro Razão e a formalização dos Contratos de Abertura de Crédito em Conta Corrente que refletem o montante de recursos postos a disposição dos mutuários e a estipulação de prazo para liquidação. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório Para bem relatar os fatos, transcrevese o relatório da decisão proferida pela autoridade a quo: Tratase de processo de lançamento de oficio para exigência de crédito tributário relativo ao Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro no valor de R$ 220.937,53 (fl. 359), acrescido de multa de ofício proporcional, passível de redução, no valor de R$ 165.703,10 e de juros de mora, calculados até 31/03/2010, que perfaziam R$ 87.178,43. Da Descrição dos Fatos se extrai o que segue: “Ainda em atendimento a intimação fiscal, foram apresentados Contratos de Abertura de Crédito em Conta Corrente firmados entre a fiscalizada e as mencionadas mutuárias onde aquela abre em favor de cada uma destas um crédito rotativo de até 10.000.000,00, disponibilizados para retirada ou utilização à medida de suas conveniências, com liquidação em até 24 meses. Nos termos do Decreto nº 4.494, de 03 de dezembro de 2002, o IOF incide sobre operações de crédito realizadas entre pessoas jurídicas, tendo como fato gerador a entrega do montante ou do valor que constitua o objeto da obrigação, ou sua colocação à disposição do interessado, entendido ocorrido o fato gerador e devido o IOF sobre operação de crédito na data da efetiva Fl. 341DF CARF MF Processo nº 10530.721565/201070 Acórdão n.º 3201003.722 S3C2T1 Fl. 342 3 entrega, total ou parcial, do valor que constitua o objeto da obrigação ou sua colocação à disposição do interessado. A expressão "operações de crédito" compreende, inclusive, as operações de mútuo de recursos financeiros entre pessoas jurídicas, sendo responsabilidade da pessoa jurídica que conceder o crédito a cobrança do IOF no primeiro dia útil do mês subseqüente ao de apuração e pelo seu recolhimento ao Tesouro Nacional até o terceiro dia útil da semana subseqüente à cobrança. Desta forma, efetuase o lançamento de ofício conforme anexa planilha Demonstrativo de Cálculo do IOF Devido Mútuos 2006 e anexas planilhas Demonstrativo de Cálculo dos Saldos Diários Mútuo/ IOF 2006, partes integrantes e indissociáveis do presente auto de infração, cujos dados foram extraídos da supracitadas contas contábeis.” Intimada, a contribuinte apresentou a impugnação juntada às fls. 281/292, onde, preliminarmente, vem pugnando pela nulidade do lançamento sob o argumento que a autoridade fiscal teria deixado de observar a natureza jurídica das operações que não se qualificariam como financeiras, ensejadoras da incidência do IOF. Alega que por esse motivo não teria havido uma descrição precisa dos fatos, prejudicando seu direito de defesa. No mérito, após discorrer longamente sobre o que entende por operações financeiras a serem tributadas pelo IOF, vem trazendo a alegação de que o art. 13 da Lei nº 9.779/99 é formalmente inconstitucional por afrontar diretamente o art. 146 da Constituição. A seguir passa a atacar a multa aplicada, alegando ser confiscatório o percentual de 75%. Vem requerer a aplicação do princípio da equidade para que seja reduzida a multa para o patamar de 30%. Ao final veio requerendo a declaração da nulidade do lançamento ou, alternativamente, a sua improcedência total. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Juiz de Fora/MG por intermédio da 2ª Turma, no Acórdão nº 0946.533, sessão de 18/09/2013, julgou improcedente a impugnação do contribuinte. A decisão foi assim ementada: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2006 NULIDADE. Não procedem as arguições de nulidade quando não se vislumbra nos autos qualquer das hipóteses previstas no art. 59 do Decreto nº 70.235/72. VALIDADE DA LEI. COMPETÊNCIA. Fl. 342DF CARF MF Processo nº 10530.721565/201070 Acórdão n.º 3201003.722 S3C2T1 Fl. 343 4 Falece competência à autoridade julgadora de instância administrativa para a apreciação de aspectos relacionados com a validade de Lei, tarefa privativa do Poder Judiciário. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS. DOUTRINA E JURISPRUDÊNCIA. Não cabe apreciar questões relativas a ofensa a princípios constitucionais, tais como do não confisco ou da equidade, dentre outros, competindo, no âmbito administrativo, tão somente aplicar o direito tributário positivado. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Inconformada, a contribuinte apresentou recurso voluntário reproduzindo os mesmos argumentos de sua impugnação para combater a autuação acrescentando, em relação à decisão recorrida, o que se segue: 1. Na preliminar de nulidade, a DRJ não rechaçou os argumentos de cerceamento do direito de defesa pois assentouse na a tese de que a preliminar se confundia com o mérito; 2. No enfrentamento dos argumentos suscitados de improcedência da autuação por inocorrência do fato gerador do IOF, a DRJ trilhou seus fundamentos na impossibilidade de se manifestar quanto à validade da lei e deixou de analisar a existência dos fatos apontados como infração à legislação; 3. Em síntese, afirma que não houve a operação financeira apontada pelo órgão julgador como prova da materialidade da infração. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator O Recurso Voluntário atende aos requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. O litígio versa acerca da incidência do IOF sobre operações de empréstimos entre a recorrente e pessoas jurídicas, as quais a fiscalização entendeu caracterizarse operação de mútuo, sujeita à incidência do IOF, nos termos do art. 13 da Lei nº 9.779/1999, regulamentada no Decreto nº 4.494/2002 (RIOF/02). Impende colacionar os dispositivos legais que tratam do IOF pertinentes à solução da lide: Lei nº 9.779/1999: Fl. 343DF CARF MF Processo nº 10530.721565/201070 Acórdão n.º 3201003.722 S3C2T1 Fl. 344 5 Art. 13. As operações de crédito correspondentes a mútuo de recursos financeiros entre pessoas jurídicas ou entre pessoa jurídica e pessoa física sujeitamse à incidência do IOF segundo as mesmas normas aplicáveis às operações de financiamento e empréstimos praticadas pelas instituições financeiras. § 1o Considerase ocorrido o fato gerador do IOF, na hipótese deste artigo, na data da concessão do crédito. § 2o Responsável pela cobrança e recolhimento do IOF de que trata este artigo é a pessoa jurídica que conceder o crédito. Decreto nº 4.494/2002: Art. 2º O IOF incide sobre: I operações de crédito realizadas: c) entre pessoas jurídicas ou entre pessoa jurídica e pessoa física (Lei nº 9.779, de 19 de janeiro de 1999, art. 13). Art. 3º O fato gerador do IOF é a entrega do montante ou do valor que constitua o objeto da obrigação, ou sua colocação à disposição do interessado (Lei nº 5.172, de 1966, art. 63, inciso I). § 4º A expressão "operações de crédito" compreende as operações de: III mútuo de recursos financeiros entre pessoas jurídicas ou entre pessoa jurídica e pessoa física (Lei nº 9.779, de 1999, art. 13). Art. 5º São responsáveis pela cobrança do IOF e pelo seu recolhimento ao Tesouro Nacional: III a pessoa jurídica que conceder o crédito, nas operações de crédito correspondentes a mútuo de recursos financeiros (Lei nº 9.779, de 1999, art. 13, § 2º). Os fundamentos para reforma da decisão de primeira instância bem como para o cancelamento da autuação escoramse na nulidade do auto de infração em razão do cerceamento do direito de defesa; violação legal (CTN) e constitucional do art. 13 da Lei nº 9.779/1999, que estabeleceu tributação do IOF nos contratos de mútuo financeiro; na inocorrência do fato gerador do IOF; e no caráter confiscatório da multa de ofício. O deslinde do litígio cumpre, então, enfrentar as matérias suscitadas. Preliminar de nulidade do auto de infração A recorrente suscita a nulidade do auto de infração ao argumento de que não foram preenchidos alguns dos requisitos do art. 10 do Decreto nº 70.235/72, aplicandose então o art. 59 deste diploma. Fl. 344DF CARF MF Processo nº 10530.721565/201070 Acórdão n.º 3201003.722 S3C2T1 Fl. 345 6 A alegação é de que o autuante deixou de observar a natureza jurídica das operações de mútuo, que entende não se qualificarem como financeiras e ensejadoras do recolhimento do IOF. Suscitou ainda em seu recurso voluntário que a DRJ não rechaçou os argumentos de cerceamento do direito de defesa pois assentouse na a tese de que a preliminar se confundia com o mérito. Constatase in casu que o auto de infração contém seus elementos obrigatórios (incisos do art. 10 do PAF); além disso, não se verifica qualquer das hipóteses de nulidade elencadas no art. 59 do PAF, relativas à cerceamento do direito de defesa. Na descrição da infração no Auto (fl. 5), a fiscalização anotou que o Livro Razão e os Contratos de Abertura de Crédito em Conta Corrente apontam para a caracterização do mútuo financeiro celebrando entre a contribuinte e pessoas jurídicas, com plena subsunção dos fatos às normas do Decreto nº 4.494/2002, que regulamentou o art. 13 da Lei nº 9.779/1999, ambos relacionados no quadro de "descrição dos fatos e enquadramento legal". As peças de defesa impugnação e recurso voluntário foram elaboradas com aprofundamento nas questões de fato e de direito, próprias de quem tem conhecimento exato das acusações que lhes são imputadas. Não há se falar em impossibilidade de se compreender a infração imputada. Assim, hígido o auto de infração quanto aos fundamentos e enquadramento legal da exação e infrações impostas ao autuado, bem como escorreita a decisão recorrida. Na matéria, não assiste razão à recorrente. Inconstitucional e Ilegalidade do art. 13 da Lei nº 9.779/99 que estabeleceu tributação do IOF Insiste a recorrente em sede de recurso voluntário que a tributação de suas operações de mútuo com fundamento no art. 13 da Lei nº 9.779/99 ofende ao art. 63 do CTN e formalmente inconstitucional por afronta ao art. 146 da CF/88. O IOF foi instituído pela Lei nº 5.143/1966, tendo atualmente fundamento no art. 153, V da CF/88, que lhe trouxe aperfeiçoamentos e alterações por intermédio de diplomas legais, dentre os quais a Lei nº 9.779/1999 e o Decreto nº 4.494/2002, que regulamenta o Imposto, aplicáveis à época dos fatos De se apontar ainda que não se vislumbra qualquer incompatibilidade da tributação do IOF prevista no art. 13 da Lei nº 9.779/1999 e nos Decretos regulamentares com os preceito do CTN que tratam a matéria, entendimento que se coaduna com a decisão do STJ, em sede de Embargos de Declaração no Resp 1.239.101/RJ: PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL. TRIBUTÁRIO. IOF. TRIBUTAÇÃO DAS OPERAÇÕES DE CRÉDITO CORRESPONDENTES A MÚTUO DE RECURSOS FINANCEIROS ENTRE PESSOAS JURÍDICAS. ART. 13, DA LEI N. 9.779/99. AUSÊNCIA DE OMISSÃO OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OU ERRO MATERIAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO REJEITADOS. 1. Os Fl. 345DF CARF MF Processo nº 10530.721565/201070 Acórdão n.º 3201003.722 S3C2T1 Fl. 346 7 argumentos levantados pela embargante foram devidamente rechaçados quando esta Corte fez a melhor opção interpretativa pela incidência do IOF sobre as operações que disponibilizam créditos entre empresas de um mesmo grupo econômico. A interpretação prestigia a letra do art. 13, da Lei n. 9.779/99 (caracteriza como fato gerador do IOF a ocorrência de "operações de crédito correspondentes a mútuo de recursos financeiros entre pessoas jurídicas ") e a letra do art. 63, I, do CTN (caracteriza como operação de crédito a "sua colocação à disposição do interessado "). Inclusive com transcrição de jurisprudência. 2. Não havendo omissão, obscuridade, contradição ou erro material, merecem ser rejeitados os embargos declaratórios interpostos que têm o propósito infringente. 3. Embargos de declaração rejeitados. Quanto à vedação ao confisco,tratase de princípio constitucional que se dirige ao legislador e ao controle jurisdicional da constitucionalidade. A multa prevista em legislação não pode ser afastadas pelo Carf pois decorre de expressa disposição de Lei, conforme o art. 26A. “Art. 26A. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade.” A tributação realizada no presente processo atendeu aos regramentos vigentes, não podendo o autuante, tampouco os julgadores administrativos, afastar qualquer comando normativo, eis que disposto em Leis e Decretos plenamente vigentes no ordenamento jurídico. Ademais, qualquer pronunciamento quanto a inconstitucionalidade de lei é vedado aos membros deste Conselho, conforme enunciado da Súmula CARF nº 2, segundo o qual o “CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária." Operações de mútuos entre a recorrente e pessoas jurídicas ocorrência do fato gerador do IOF Afirma a recorrente que as operações de empréstimos suportados por Contratos de Abertura de Crédito em Conta Corrente e escrituradas no Livro Razão não possuem a natureza de operação de crédito ensejadora da tributação do IOF. Ou seja, em síntese, argui que não ocorreu o fato gerador do IOF descrito no caput do art. 13 da Lei nº 9.779/99, pois as operações realizadas não se qualificam como financeiras. Defende sua tese segundo o argumento de que não houve o intuito de realizar uma operação financeira, conforme colaciona o excerto do recurso (fls. 330/332) Fl. 346DF CARF MF Processo nº 10530.721565/201070 Acórdão n.º 3201003.722 S3C2T1 Fl. 347 8 Não assiste razão à recorrente. Suficiente para negarlhe provimento na matéria o disposto no caput do art. 13 da Lei nº 9.779/99, que impende reprisálo: Art. 13. As operações de crédito correspondentes a mútuo de recursos financeiros entre pessoas jurídicas ou entre pessoa jurídica e pessoa física sujeitamse à incidência do IOF segundo as mesmas normas aplicáveis às operações de financiamento e empréstimos praticadas pelas instituições financeiras. Como se depreende, o legislador acolheu como fato gerador do IOF as operações de crédito correspondentes a mútuo de recursos financeiros aplicandolhes as mesmas normas das operações de financiamento e empréstimos praticados pelas instituições financeiras. De fato, não se confunde o mútuo de recursos financeiros celebrados entre pessoas jurídicas e as operações de financiamento e empréstimos próprios das instituições financeiras; contudo, o legislador, por intermédio de lei válida e vigente, equiparou os efeitos da tributação ambos são fatos geradores do IOF e sujeitos às regras de tributação. O contrato de mútuo financeiro encontra sua definição no art. 586 do Código Civil1, sendo um negócio jurídico bilateral no qual o mutuário é obrigado a devolver ao mutuante o que dele recebeu em coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade. O mútuo caracterizase, portanto, como sendo o empréstimo de coisas fungíveis. Além disso, tem como função econômica permitir que o mutuário utilize temporariamente da coisa fungível com 1 Código Civil de 2002. Art. 586. O mútuo é o empréstimo de coisas fungíveis. O mutuário é obrigado a restituir ao mutuante o que dele recebeu em coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade. Fl. 347DF CARF MF Processo nº 10530.721565/201070 Acórdão n.º 3201003.722 S3C2T1 Fl. 348 9 obrigação de a restituir. Há, no contrato de mútuo, uma predeterminação das posições de credor e devedor, e do valor a restituir. Como já relatado, corroboram a natureza de mútuo de recursos financeiros a escrituração do Livro Razão e os Contratos de Abertura de Crédito em Conta Corrente, que refletem o montante de recursos postos a disposição dos mutuários. Tais Contratos refletem os montantes de recursos postos a disposição dos mutuários com estipulação de prazo para liquidação (24 meses), portanto, é uma clara operação de financiamento em que a recorrentemutuante disponibiliza às empresasmutuárias numerários para sua livre utilização. A verificação pura e simples da operação demonstra que se tratam de empréstimos realizados, com a configuração legal de um contrato de mútuo que tem como consequência atrair a incidência do IOF sobre a operação. Correta, pois, a atuação e a decisão recorrida em manter a cobrança do IOF nos termos exigidos pela autoridade fiscal. Conclusão Por todo o exposto, na preliminar rejeito a nulidade do auto de infração e, no mérito, voto para NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. Paulo Roberto Duarte Moreira Fl. 348DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19740.900037/2009-41
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jul 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Aug 21 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/08/2007 a 31/08/2007
DESPACHO DECISÓRIO. NULIDADE. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. DCTF RETIFICADORA. EFEITOS.
Despacho decisório proferido com fundamento em discordância às informações de DCTF retificadora, entregue a tempo de se proceder regular auditoria de procedimentos é nulo por vício material.
Nos termos do art. 11 da IN RFB nº 903/2008 a DCTF retificadora admitida tem a mesma natureza e efeitos da declaração original.
Recurso Voluntário Provido
Numero da decisão: 3201-003.072
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos dar provimento ao recurso voluntário.
Winderley Morais Pereira - Presidente Substituto.
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Orlando Rutigliani Berri, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Renato Vieira de Ávila.
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/08/2007 a 31/08/2007 DESPACHO DECISÓRIO. NULIDADE. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. DCTF RETIFICADORA. EFEITOS. Despacho decisório proferido com fundamento em discordância às informações de DCTF retificadora, entregue a tempo de se proceder regular auditoria de procedimentos é nulo por vício material. Nos termos do art. 11 da IN RFB nº 903/2008 a DCTF retificadora admitida tem a mesma natureza e efeitos da declaração original. Recurso Voluntário Provido
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decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos dar provimento ao recurso voluntário. Winderley Morais Pereira - Presidente Substituto. Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Orlando Rutigliani Berri, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Renato Vieira de Ávila.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1596; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C2T1 Fl. 2 1 1 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 19740.900037/200941 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3201003.072 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 27 de julho de 2017 Matéria Compensação Recorrente SUL AMERICA COMPANHIA DE SEGURO SAUDE Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/08/2007 a 31/08/2007 DESPACHO DECISÓRIO. NULIDADE. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. DCTF RETIFICADORA. EFEITOS. Despacho decisório proferido com fundamento em discordância às informações de DCTF retificadora, entregue a tempo de se proceder regular auditoria de procedimentos é nulo por vício material. Nos termos do art. 11 da IN RFB nº 903/2008 a DCTF retificadora admitida tem a mesma natureza e efeitos da declaração original. Recurso Voluntário Provido Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos dar provimento ao recurso voluntário. Winderley Morais Pereira Presidente Substituto. Paulo Roberto Duarte Moreira Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Orlando Rutigliani Berri, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Renato Vieira de Ávila. Relatório O interessado acima identificado recorre a este Conselho, de decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Curitiba/PR. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 74 0. 90 00 37 /2 00 9- 41 Fl. 141DF CARF MF Processo nº 19740.900037/200941 Acórdão n.º 3201003.072 S3C2T1 Fl. 3 2 Por bem descrever os fatos ocorridos, até então, adoto o relatório da decisão recorrida, que transcrevo, a seguir: Trata o presente processo da Declaração de Compensação – Dcomp nº 16328.37073.200209.1.3.040340, por meio da qual a contribuinte em epígrafe realizou a compensação de débitos tributários próprios utilizandose do crédito no valor de R$ 185.468,61, relativo ao DARF de Cofins de Entidades Financeiras e Equiparadas (código 7987), recolhido em 20/09/2007, no valor R$ 742.384,06. Em 07/10/2009, a Delegacia Especial de Instituições Financeiras no Rio de Janeiro – Deinf/RJ emitiu o despacho decisório de nãohomologação da compensação (rastreamento nº 848606578), pelo fato de que o DARF discriminado na DCOMP acima identificada estava integralmente utilizado para quitação do débito de Cofins (código 7987) do período de apuração de agosto de 2007, não restando saldo de crédito disponível para a compensação do débito informado na DCOMP acima citada. A contribuinte foi cientificada do despacho decisório em 20/10/2009 e apresentou, em 19/11/2009, manifestação de inconformidade por meio da qual sustenta a existência do crédito informado na Dcomp. Alega que “em 22/09/2003, impetrou o Mandado de Segurança nº 2003.61.000268000 (doc. 03), postulando o reconhecimento do seu direito de não se submeter à majoração da alíquota de COFINS imposta pelo artigo 18 da Lei nº 16.684/2003, posteriormente reiterada pelo inciso I do artigo 10 da Lei nº 10.833/2003, tendo depositado os valores em discussão em conta vinculada àquele feito.” Argumenta, também, que na DCTF retificadora apresentada em 18/09/2009 (antes da emissão do despacho decisório contestado) a Cofins do período de apuração de agosto de 2007 foi declarada no valor total de R$ 928.221,12 da seguinte forma: R$ 371.305,67, suspenso por depósito judicial efetuado em conta vinculada ao MS citado; e R$ 556.915,45, liquidado com o DARF recolhido em 20/09/2007, no valor total de R$ 742.384,06. Diz que recolheu indevidamente (por meio do DARF) a quantia de R$ 185.468,61 e que referido crédito consta demonstrado em planilha elaborada pelo contador responsável, na qual é envidenciada a base de cálculo da contribuição, e, também, em sua escrituração contábil (Livro Razão e Balancete). Pede, à vista do exposto, o reconhecimento do seu direito creditório e a homologação da compensação efetuada. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Curitiba/PR, por intermédio da 3ª Turma, no Acórdão nº 0649.601, sessão de 22/10/2014, julgou improcedente a manifestação de inconformidade da contribuinte. A decisão foi assim ementada: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/08/2007 a 31/08/2007 Fl. 142DF CARF MF Processo nº 19740.900037/200941 Acórdão n.º 3201003.072 S3C2T1 Fl. 4 3 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. INEXISTÊNCIA DO DIREITO CREDITÓRIO INFORMADO NO PER/DCOMP. Inexistindo o direito creditório informado no PER/Dcomp, é de se considerar nãohomologada a compensação declarada. ERRO DE FATO. RETIFICAÇÃO DE DCTF. CONDIÇÕES. A retificação de declaração já apresentada à RFB somente é válida quando acompanhada dos elementos de prova que demonstrem a ocorrência de erro de fato no preenchimento da declaração original (art. 147, § 1º, do CTN). Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Inconformada a contribuinte apresenta recurso voluntário com argumentos que repisam mesmo conteúdo da sua impugnação e outros que combatem a decisão recorrido. Em síntese suscita: A decisão da Delegacia de Julgamento é nula, pois indeferiu o direito creditório sob o único fundamento de que o DARF recolhido, do qual decorria pagamento a maior, tinha sido integralmente alocado em DCTF [a original]; Antes da prolação do despacho decisório [07/10/2009] procedeu à retificação da DCTF [18/09/2009] informando o débito da Cofins de agosto/2007, que confrontando com a originalmente transmitida revela um valor a menor, de R$ 928.221,12, que caracteriza seu direito creditório; Anexou à manifestação de inconformidade (i) demonstrativo da base de cálculo da Cofins de agosto/2007, assinada pelo contabilista responsável pela escrituração, (ii) cópias de folhas do livro Razão com a demonstração da "reversão de provisão" e lançamento a crédito de conta do ativo da parcela a compensar da Cofins decorrente dessa reversão, e (iii) parte do balancete que espelhava o saldo das contas; No acórdão, a DRJ limitouse a asseverar que a contribuinte não comprovou materialmente o indébito bem como a base de cálculo do débito da Cofins; Os julgadores reconheceram a existência de documentos que indicavam a contabilização do alegado indébito, contudo, se lhes restavam dúvidas quanto à validade da DCTF retificadora e dos documentos acostados aos autos, deveriam converter o julgamento em diligência; Requer que a nulidade da decisão da DRJ não seja pronunciada, pois entende que seu direito creditório é "fulgurante"; Materialmente, o direito creditório advém das exclusões permitidas de que trata o inciso II, do § 6º do art. 3º da Lei nº 9.718/98 e que, relativamente ao mês agosto/2007, deduziu da base de cálculo a título de "sinistros efetivamente pagos" quantia menor que a assegurada pelo dispositivo legal, o que ocasionou o preenchimento incorreto da DCTF, elevando o valor a pagar da Cofins; Fl. 143DF CARF MF Processo nº 19740.900037/200941 Acórdão n.º 3201003.072 S3C2T1 Fl. 5 4 Após as correções, resultou que os "pagamentos de indenizações por sinistros" no mês [sic] julho/2007 foram maiores, o que reduziu a Cofins devida de R$ 1.175.512,60 para R$ 928.221,12, do qual apurou valor de Cofins a maior, na quantia de R$ 185.468,61, tendo transmitindo a DCTF retificadora Demonstrara na impugnação, e também neste recurso, o erro em não adotar o valor correto da base de cálculo dos créditos das Contribuições, relativas ao ano de 2012, fato que importa a nulidade do lançamento; A comprovação da apuração descrita fazse por meio de balancete (fls. 132/137), elaborado conforme Resolução Normativa ANS nº 14/2007. A ausência de retificação do Dacon em nada fragiliza o direito creditório, vez que se trata de documento meramente informativo. O processo foi distribuído e encaminhado a este Conselheiro para prosseguimento, de forma regimental. Cumpre observar que em sede de manifestação de inconformidade não foi suscitada a nulidade do despacho decisório. É o Relatório. Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos requisitos de admissibilidade devendo, portanto, ser conhecido. Preliminar Nulidade do acórdão recorrido A recorrente argumenta que a decisão da Delegacia de Julgamento é nula pois indeferiu o direito creditório sob um único fundamento: o DARF recolhido, do qual decorria pagamento a maior, tinha sido integralmente alocado na DCTF original. Não assiste razão à recorrente quanto á nulidade da decisão, no termos requerido, conforme denotase dos excertos do seu voto: No caso, a compensação não foi reconhecida (homologada) porque o crédito indicado na DCOMP não existia, ou seja, na DCTF utilizada para a emissão do despacho decisório o DARF de Cofins (recolhido em 20/09/2007) indicado como origem do crédito para compensação estava totalmente utilizado para a quitação de um débito que foi validamente declarado em DCTF. Em contrapartida, na manifestação a contribuinte alega que o débito de Cofins de agosto de 2007 é menor do que aquele que foi inicialmente declarado. Inicialmente a o referido débito havia sido declarado no valor de R$ 1.175.512,60 (com o valor de R$ 433.128,54 vinculado à ação judicial e com o depósito efetuado) Fl. 144DF CARF MF Processo nº 19740.900037/200941 Acórdão n.º 3201003.072 S3C2T1 Fl. 6 5 e a interessada afirma que ele é de R$ 928.221,12 (com o valor de R$ 371.305,67 vinculado ao depósito judicial), de forma que o valor incontroverso foi reduzido de R$ 742.384,06 (R$ 1.175.512,60 – R$ 433.128,54) para R$ 556.915,45 (R$ 928.221,12 – R$ 371.305,67), resultando em um suposto crédito de R$ 185.468,61 (R$ 742.384,06 – R$ 556.915,45). Em que pese a existência de DCTF retificadora em 18/09/2009 (antes da emissão do despacho decisório contestado) o fato é que a contribuinte não logrou êxito em comprovar materialmente o indébito tributário alegado e nem tampouco a base de cálculo do referido débito de Cofins, nos termos em que previstos no art. 147, § 1º, do Código Tributário Nacional CTN . É bem verdade que a interessada juntou ao processo uma planilha demonstrativa da base de cálculo da contribuição e algumas fichas do Livro Razão que indicam a contabilização do indébito alegado. No entanto, referidos documentos, não comprovam por si sós o crédito alegado, uma vez que a interessada não apresentou os documentos contábeis que evidenciam o valor efetivo da base de cálculo da contribuição em discussão. Em adição, e corroborando a necessidade de evidenciação do valor devido da contribuição, a ser realizado com base nos documentos contábeis da empresa, anotese que o único Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais – Dacon do período (entregue em 05/10/2007) contradiz a tese da interessada, uma vez que em citado demonstrativo a Cofins de agosto de 2007 consta declarado no exato valor de R$ 1.175.512,60. Ressaltese que, no presente caso, o ônus da prova cabe à contribuinte, pois a legislação pátria adotou o princípio de que a prova compete ou cabe à pessoa que alega o fato constitutivo, impeditivo ou modificativo do direito. Citada interpretação pode ser depreendida da leitura do artigo 16, III, do Decreto n° 70.235/72, que regulamenta o processo administrativo fiscal no âmbito federal, e cujo rito processual deve ser adotado para a situação de fato (conforme previsão contida no § 11 do art. 74 da Lei 9.430/96, com as modificações da Lei 10.833/2003), e do artigo 333, do Código de Processo Civil (...) Constatase no entendimento do relator que, em realidade, o voto aponta para o motivo da não homologação da compensação expresso no despacho decisório, qual seja, o crédito indicado não existia, pois o DARF encontravase totalmente utilizado para quitação de débito declarado, não restando valor com direito a compensar. Os fundamentos eram a DCTF original. As razões de decidir dos julgadores a quo fundamentaramse na inexistência de conjunto probatório, ainda que se considerasse a DCTF retificadora, que ficou aclarada no enunciado da ementa ao expressar que "a retificação de declaração já apresentada à RFB somente é válida quando acompanhada dos elementos de prova que demonstrem a ocorrência de erro de fato no preenchimento da declaração original (art. 147, § 1º, do CTN)". Fl. 145DF CARF MF Processo nº 19740.900037/200941 Acórdão n.º 3201003.072 S3C2T1 Fl. 7 6 Assim, para a decisão recorrida, a recorrente apresentou duas declarações, em que a segunda DCTF retificadora substituiu a original. Daí decorre que há divergência material de valores informados pela contribuinte que somente poderiam ser aceitos se restassem plenamente comprovados por documentos hábeis acostados nos autos que sustentassem os demonstrativos e cópias do livro Razão. Ademais, tratandose de direito creditório, inconteste que a prova era da contribuinte que alegara direito creditório. Acerca das nulidades, cumpre transcrever os dispositivos que regem a matéria no processo administrativo fiscal, o art. 59 do Decreto nº 70.235/72: Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Com efeito, nulo seria o ato administrativo se praticado por pessoa incompetente ou com preterição do direito de defesa, situação que não se caracteriza nos autos. Não se colocou em dúvida a competência dos julgadores, não houve preterição do direito de defesa, vez que os julgadores enfrentaram todos os argumentos da manifestação de inconformidade da contribuinte capacitandoa a se defender plenamente através do presente recurso voluntário. Assim, não merece prosperar a alegação de nulidade, uma vez que foram cumpridos requisitos legais apontados, não se enquadrando, portanto, em nenhum daqueles citado art. 59 do Decreto nº 70.235/72. Ademais, os fatos suscitados que ensejam a nulidade serão enfrentados com mais profundidade no mérito, a seguir. Com essas considerações, rejeito a preliminar de nulidade da decisão recorrida. Mérito O cerne da questão é em verdade o valor apurado da Cofins no mês maio/2007, cujo montante incontroverso apontado na DCTF original era de R$ 742.384,06 e reduziuse a R$ 556.915,45, na DCTF retificadora, transmitida em 18/09/2009. Da diferença decorre o valor alegado como crédito a ser compensado, de R$ 185.468,61, demonstrado no quadro: COFINS DCOMP Documento DCTF Paga (DARF) Pago a maior Crédito declarado direito creditório Despacho decisório (DCTF original) 742.384,06 742.384,06 zero 185.468,61 não há Despacho decisório (DCTF retificadora) 556.915,45 742.384,06 185.468,61 185.468,61 185.468,61 Com efeito, com base na DCTF original não haveria pagamento a maior de Cofins e, por conseguinte, nenhum direito creditório, o que demonstraria o acerto do despacho Fl. 146DF CARF MF Processo nº 19740.900037/200941 Acórdão n.º 3201003.072 S3C2T1 Fl. 8 7 decisório original, proferido em 07/10/2009. Ocorre que antes da prolação do despacho decisório, a recorrente após correção e ajustes informados em seu recurso, transmitiu DCTF retificadora, em 18/09/2009, portanto, em data anterior ao término da análise de sua DCOMP. No ponto, importa decidir se o despacho decisório deveria ser proferido em observância à DCTF retificadora que constava na base de dados da Secretaria da Receita Federal RFB; e mais, questão fundamental é saber se a recorrente, na eminência da prolação de despacho decisório, eralhe permitido retificar a DCTF para reduzir valor de tributo devido, que corresponderia ao direito ao crédito do valor pago a maior. Depreendese do despacho decisório que a unidade de origem decidiu por não homologar a compensação, sob o fundamento de que o pagamento informado já havia sido integralmente utilizado para quitação de débito da titularidade do contribuinte. Este procedimento, eletrônico digase de passagem, é efetuado segundo os princípios da compensação, que nada mais é que o encontro de contas entre débito e crédito, este caracterizado pelo pagamento a maior ou indevido, consubstanciado, no caso em apreço, em um DARF. Quanto ao débito, é o valor extraído do documento hábil no qual o contribuinte confessa sua dívida tributária, qual seja, a DCTF válida que consta da base de dados da RFB. Assim, uma vez que no presente caso a não homologação da compensação declarada decorrera apenas da vinculação do pagamento ao débito informado na DCTF original, deve ser aceita como prova a DCTF retificadora transmitida antes da emissão do despacho decisório, desde que não haja impedimento normativo à sua utilização. À época dos fatos vigia a IN RFB nº 903/2008 que dispunha do Capítulo V para tratar da retificação de declarações. Seu art. 11 rezava: Art. 11. A alteração das informações prestadas em DCTF será efetuada mediante apresentação de DCTF retificadora, elaborada com observância das mesmas normas estabelecidas para a declaração retificada. § 1º A DCTF retificadora terá a mesma natureza da declaração originariamente apresentada, substituindoa integralmente, e servirá para declarar novos débitos, aumentar ou reduzir os valores de débitos já informados ou efetivar qualquer alteração nos créditos vinculados. § 2º A retificação não produzirá efeitos quando tiver por objeto alterar os débitos relativos a impostos e contribuições: I cujos saldos a pagar já tenham sido enviados à ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN) para inscrição em DAU, nos casos em que importe alteração desses saldos; II cujos valores apurados em procedimentos de auditoria interna, relativos às informações indevidas ou não comprovadas prestadas na DCTF, sobre pagamento, parcelamento, compensação ou suspensão de exigibilidade, já tenham sido enviados à PGFN para inscrição em DAU; ou Fl. 147DF CARF MF Processo nº 19740.900037/200941 Acórdão n.º 3201003.072 S3C2T1 Fl. 9 8 III em relação aos quais a pessoa jurídica tenha sido intimada de início de procedimento fiscal. Os dispositivos não carecem de maiores interpretações. A DCTF retificadora, quando admitida, tem a mesma natureza e efeitos da declaração original. De acordo com a IN citada acima não se admitem retificações de DCTF tendentes reduzir tributo previamente confessado cobrança já tenha sido enviada à ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional ou tenha sido objeto de exame em procedimento de fiscalização. No caso dos autos, não ha incidência de nenhuma das hipóteses de inadmissibilidade da DCTF retificadora. Ademais, a retificação da DCTF em questão operou se ao abrigado da espontaneidade, porquanto efetuada antes de qualquer procedimento do Fisco. Nessas circunstâncias, a DCTF retificadora apresentada alterou eficazmente a situação jurídica anterior; contudo, os efeitos da retificação da DCTF foram solenemente desconsiderados no despacho decisório. A nova realidade estampada na DCTF retificadora tem de ser devidamente avaliada pela Autoridade Fiscal, quanto à sua liquidez e certeza. Somente após tal providência é que eventualmente poderá ser denegada a repetição e não homologada a compensação. Quanto ao pedido da recorrente de não declarar a nulidade na hipótese do mérito lhe ser favorável, entendo não ser a melhor solução à lide. Isto porque possível enfrentamento do mérito pela Turma somente se efetivaria diante de elementos carreados aos autos que permitissem decidir o direito, e tais elementos não prescindiriam de diligência à unidade de origem, providência que julgo menos eficiente que novo despacho decisório. Ademais, não pode o CARF suprir deficiência instrutória ainda que em sede de compensação, pois à luz do art. 10 da IN RFB nº 903/2008: " Os valores informados na DCTF serão objeto de procedimento de auditoria interna". De se observar que procedimento algum fora realizado em relação à apuração dos valores da compensação, sejam débitos ou créditos. Não podem as autoridades administrativas omitiremse de analisar a materialidade dos débitos e créditos em compensação, eis que do contrário comprometem a regularidade do processo administrativo de restituição e compensação de tributos, cuja implicação é a manifesta nulidade nos termos do art. 59, II do PAF. Nesse sentido, decisão do STJ: Quando o poder conferido a um determinado órgão ou entidade é distribuído pelas autoridades que o integram, sob o critério de hierarquia, nenhuma delas, seja a de grau inferior, seja a de grau superior, pode realizar ato válido na esfera de competência da outra, se inexiste lei que autorize a atividade de que se trata. A competência administrativa, sendo um requisito de ordem pública, é intransferível e improrrogável ad nutum do Fl. 148DF CARF MF Processo nº 19740.900037/200941 Acórdão n.º 3201003.072 S3C2T1 Fl. 10 9 administrador, só podendo ser delegada ou avocada de acordo com a lei regulamentadora da administração." (cf. Ac. do STF Pleno no MS n° 21.1172DF, em sessão de 28/05/92, Rei. Min. limar Galvão, publ. in DJU de 14/10/94 e in JSTF/LexVol. 195, pág. 135) Conclusão Diante do exposto, em respeito aos princípios da ampla defesa e do contraditório, voto no sentido de DAR PROVIMENTO ao recurso, para cancelar o despacho decisório, por vício material. Paulo Roberto Duarte Moreira. Fl. 149DF CARF MF
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Numero do processo: 16682.720556/2014-38
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jul 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Aug 21 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 31/07/2009 a 31/12/2011
TRIBUTO RETIDO NA FONTE. ART. 64, § 3º LEI 9.430/96. COMPROVAÇÃO. DIREITO AO APROVEITAMENTO. LANÇAMENTO IMPROCEDENTE.
Retenções de tributos em decorrência de pagamentos efetuados por entes públicos à pessoa jurídica, nos termos do disposto no art. 64, § 3º da Lei nº 9.430/1996, consubstanciam-se em créditos a serem aproveitados pelo recebedor pois tem natureza de antecipação dos valores devidos. Improcedente o lançamento de tais valores.
Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 31/07/2009 a 31/12/2011
TRIBUTO RETIDO NA FONTE. ART. 64, § 3º LEI 9.430/96. COMPROVAÇÃO. DIREITO AO APROVEITAMENTO. LANÇAMENTO IMPROCEDENTE.
Retenções de tributos em decorrência de pagamentos efetuados por entes públicos à pessoa jurídica, nos termos do disposto no art. 64, § 3º da Lei nº 9.430/1996, consubstanciam-se em créditos a serem aproveitados pelo recebedor pois tem natureza de antecipação dos valores devidos. Improcedente o lançamento de tais valores.
Recurso de Ofício Negado.
Numero da decisão: 3201-003.068
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, conhecer o recurso de ofício. Vencidos os Conselheiros Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisário, Orlando Rutigliani Berri e Renato Vieira Ávila que não conheciam do recurso. No mérito por unanimidade de votos negou-se provimento ao recurso de ofício. Ficou de apresentar declaração de voto o Conselheiro Orlando Rutigliani Berri.
Windereley Morais Pereira - Presidente Substituto.
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Renato Vieira de Ávila.
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 31/07/2009 a 31/12/2011 TRIBUTO RETIDO NA FONTE. ART. 64, § 3º LEI 9.430/96. COMPROVAÇÃO. DIREITO AO APROVEITAMENTO. LANÇAMENTO IMPROCEDENTE. Retenções de tributos em decorrência de pagamentos efetuados por entes públicos à pessoa jurídica, nos termos do disposto no art. 64, § 3º da Lei nº 9.430/1996, consubstanciam-se em créditos a serem aproveitados pelo recebedor pois tem natureza de antecipação dos valores devidos. Improcedente o lançamento de tais valores. Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 31/07/2009 a 31/12/2011 TRIBUTO RETIDO NA FONTE. ART. 64, § 3º LEI 9.430/96. COMPROVAÇÃO. DIREITO AO APROVEITAMENTO. LANÇAMENTO IMPROCEDENTE. Retenções de tributos em decorrência de pagamentos efetuados por entes públicos à pessoa jurídica, nos termos do disposto no art. 64, § 3º da Lei nº 9.430/1996, consubstanciam-se em créditos a serem aproveitados pelo recebedor pois tem natureza de antecipação dos valores devidos. Improcedente o lançamento de tais valores. Recurso de Ofício Negado.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 17; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1817; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C2T1 Fl. 2 1 1 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 16682.720556/201438 Recurso nº De Ofício Acórdão nº 3201003.068 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 27 de julho de 2017 Matéria PIS/PASEP_COFINS Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado SUL AMERICA COMPANHIA DE SEGURO SAUDE ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 31/07/2009 a 31/12/2011 TRIBUTO RETIDO NA FONTE. ART. 64, § 3º LEI 9.430/96. COMPROVAÇÃO. DIREITO AO APROVEITAMENTO. LANÇAMENTO IMPROCEDENTE. Retenções de tributos em decorrência de pagamentos efetuados por entes públicos à pessoa jurídica, nos termos do disposto no art. 64, § 3º da Lei nº 9.430/1996, consubstanciamse em créditos a serem aproveitados pelo recebedor pois tem natureza de antecipação dos valores devidos. Improcedente o lançamento de tais valores. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 31/07/2009 a 31/12/2011 TRIBUTO RETIDO NA FONTE. ART. 64, § 3º LEI 9.430/96. COMPROVAÇÃO. DIREITO AO APROVEITAMENTO. LANÇAMENTO IMPROCEDENTE. Retenções de tributos em decorrência de pagamentos efetuados por entes públicos à pessoa jurídica, nos termos do disposto no art. 64, § 3º da Lei nº 9.430/1996, consubstanciamse em créditos a serem aproveitados pelo recebedor pois tem natureza de antecipação dos valores devidos. Improcedente o lançamento de tais valores. Recurso de Ofício Negado. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, conhecer o recurso de ofício. Vencidos os Conselheiros Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisário, Orlando Rutigliani Berri e Renato Vieira Ávila que não conheciam do recurso. No AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 68 2. 72 05 56 /2 01 4- 38 Fl. 449DF CARF MF Processo nº 16682.720556/201438 Acórdão n.º 3201003.068 S3C2T1 Fl. 3 2 mérito por unanimidade de votos negouse provimento ao recurso de ofício. Ficou de apresentar declaração de voto o Conselheiro Orlando Rutigliani Berri. Windereley Morais Pereira Presidente Substituto. Paulo Roberto Duarte Moreira Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Renato Vieira de Ávila. Relatório O interessado acima identificado recorre a este Conselho, de decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Brasília/DF. Por bem descrever os fatos ocorridos, até então, adoto o relatório da decisão recorrida, que transcrevo, a seguir: DA AUTUAÇÃO Este processo trata de autos de infração lavrados para a constituição de créditos tributários referentes à Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – Cofins e à Contribuição para o Programa de Integração Social – PIS dos períodos de apuração compreendidos entre 31/07/2009 e 31/12/2011 da contribuinte Sul América Companhia de Seguro Saúde, CNPJ 01.685.053/000156. O crédito tributário ora constituído, incluindo juros de mora e multa proporcional, importa no valor total de R$ 11.776.831,67 (onze milhões setecentos e setenta e seis mil oitocentos e trinta e um reais e sessenta e sete centavos). A fiscalização relata, no termo de verificação fiscal (fls. 55 a 62), que o procedimento realizado foi instaurado a partir de inferência, através dos sistemas da Receita Federal do Brasil e de diligência fiscal, de indícios de distorções na apuração e recolhimento de PIS e Cofins nos anoscalendário de 2009, 2010 e 2011. A fiscalização sustenta que a “Receita Financeira Proveniente dos Bens Garantidores de Provisões Técnicas” deve ser adicionada à base de cálculo do PIS e da Cofins, pois não se trata de ampliação do conceito de faturamento ou tributação de receitas que não correspondam à receita bruta, mas, advinda de investimentos decorrentes de operações inerentes às atividades das sociedades seguradoras, partes constituintes de seu objeto social, conforme fica claro na Solução de Consulta nº 91 – SRRF08/Disit, de 02 de abril de 2012. Fl. 450DF CARF MF Processo nº 16682.720556/201438 Acórdão n.º 3201003.068 S3C2T1 Fl. 4 3 Informa a fiscalização a existência de divergências no batimento comparativo entre os valores declarados em DCTF e os valores apresentados pelo contribuinte nas planilhas de apuração do PIS e da Cofins, havendo alguns períodos onde os valores apurados pelo próprio contribuinte são superiores aos valores declarados em DCTF. DA IMPUGNAÇÃO Cientificada pessoalmente das autuações em 24/07/2014, a contribuinte apresentou em 22/08/2014 a impugnação de fls. 111 a 136. Segundo a Impugnante, o procedimento fiscal contraria às leis de regência das contribuições em questão, desrespeitando, inclusive, os entendimentos da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional estampado no Parecer PGFN/CAT n° 2.773/2007 e da própria Secretaria da Receita Federal do Brasil, consubstanciados no subitem 6.2 da Nota Técnica COSIT n° 21/2006. Desrespeita também o Parecer exarado pela Delegacia Especial de Instituições Financeiras no Rio de Janeiro DEINF/RJO nos autos do processo administrativo n° 10768013845/9914. Abstrai o conceito de receita bruta que habita o artigo 12 do Decretolei n° 1.598/77, com as modificações introduzidas pela MP n° 627/2013, convertida na Lei n° 12.973/2014. DAS DIFERENÇAS NA DCTF Neste momento, a Impugnante reconhece como devidas apenas as diferenças relativas aos meses de setembro, novembro e dezembro de 2010 e marco, abril e setembro de 2011, para os quais providenciou a devido recolhimento (anexa os DARF). Para os demais períodos presta os seguintes esclarecimentos. Nos meses de julho, agosto, outubro, novembro e dezembro de 2009, agosto de 2010, bem como maio, junho e agosto de 2011 a fiscalização não considerou os valores dessas contribuições retidos na fonte por órgãos públicos, na forma do artigo 64 da Lei n° 9.430/96, assim discriminados Fl. 451DF CARF MF Processo nº 16682.720556/201438 Acórdão n.º 3201003.068 S3C2T1 Fl. 5 4 No intuito de provar o seu alegado colaciona aos autos os Dacon originais para os períodos de julho, agosto, outubro, novembro e dezembro de 2009, agosto de 2010, nos quais as importâncias retidas na fonte por órgãos públicos estão devidamente apontadas nas linhas 10 (Deduções) das fichas 15A e 25A e na Ficha 30 (demonstrativo do PIS e da COFINS Retidos na Fonte), devidamente acompanhados dos respectivos comprovantes de retenção. Apresenta também o Dacon retificado para os períodos de maio, junho e agosto de 2011, pois, apesar das quantias retidas na fonte por órgãos públicos estarem devidamente apontadas na Ficha 30 (demonstrativo do PIS e da COFINS Retidos na Fonte) deixou de informálas nas linhas 10 (Deduções) das fichas 15A e 25A, tudo acompanhado dos devidos comprovantes de retenção e planilha de utilização. Em relação aos meses de novembro e dezembro de 2011 houve erro na apuração das exclusões relacionadas a “premio não ganho” comprovado pela apresentação do livro razão, assim, tais exclusões (expressas no art. 3º, § 2º, inc. II) importam no montante de R$ 115.603,349.69 em novembro e R$ 107.579.772.98 em dezembro. DAS RECEITAS FINANCEIRAS DOS BENS GARANTIDORES DE PROVISÕES TÉCNICAS Neste ponto, começa a Impugnante narrando que impetrou preventivamente o Mandado de Segurança n° 1999.61.00.0211433, com o escopo de assegurar o seu direito líquido e certo de calcular e recolher a contribuição para o PIS de acordo com a sistemática prevista para as seguradoras na Lei Complementar n° 7/70, deixando, assim, de atender às disposições contidas no artigo 72, inciso V, do ADCT, na Lei n° 9.701/98 (DOU de 18.11.98) e na Lei n° 9.718/98 (DOU de 28.11.98). Fl. 452DF CARF MF Processo nº 16682.720556/201438 Acórdão n.º 3201003.068 S3C2T1 Fl. 6 5 A sentença proferida, em 2008, pela 19ª Vara Federal da Seção Judiciária de São Paulo, julgou parcialmente procedente o pedido e encontrase em sede de Recurso de Apelação. Contudo, ante a decisão favorável em parte, a Impugnante passou a calcular e recolher o PIS sobre os prêmios de seguro sem a inclusão de qualquer receita financeira, pois estranhas ao conceito de faturamento. Argumenta que o STF, no julgamento dos recursos extraordinários de números 346.084/PR, 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, declarou a inconstitucionalidade do §1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, restringindo a incidência do PIS e da Cofins ao faturamento. Sustenta que as receitas financeiras auferidas pelas sociedades seguradoras não se incluem no faturamento, visto que, além de não se caracterizarem como receitas decorrentes da venda de mercadorias ou da prestação de serviços, são receitas acessórias. Acrescenta que a RFB e a PGFN já manifestaram essa posição nos seguintes documentos: a) Nota Técnica Cosit nº 21/2006 – “no caso de instituições regulamentadas pela Superintendência de Seguros Privados, não devem ser consideradas as receitas referentes às aplicações financeiras de recursos próprios”; b) Parecer PGFN/CAT/Nº 2773/2007 – conclui que, no caso de sociedades seguradoras, o prêmio é computado nas bases de cálculo dessas contribuições, mas as receitas decorrentes de aplicações financeiras não; c) Despacho proferido pela Deinf/RJO no processo administrativo nº 10768.013845/9914 relativo a outra empresa do grupo Sul América – “conforme informado no despacho de fls. 1546, o Gabinete desta Delegacia se posicionou com relação à interpretação da matéria do julgado em tela, tendose decidido pelo entendimento descrito às fls. 1545, onde em breve síntese a base de cálculo da contribuição litigada deve ser composta pelas atividades empresariais típicas, excluindose na espécie as receitas financeiras”. Defende a impugnante que esses pronunciamentos materializam critério jurídico adotado pela Administração Tributária, produzindo os efeitos previstos no art. 146 do CTN e no art. 2º, parágrafo único, inciso XIII, da Lei nº 9.784/99, impedindo que interpretação diversa alcance fatos geradores anteriores, como pretende a fiscalização. A impugnante alega que a própria União reconheceu a ilegitimidade da pretensão de exigir PIS e Cofins sobre receitas operacionais acessórias com base na Lei nº 9.718/98, tendo revogado expressamente o §1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, com a edição da Lei nº 11.941/2009. Fl. 453DF CARF MF Processo nº 16682.720556/201438 Acórdão n.º 3201003.068 S3C2T1 Fl. 7 6 Acrescenta que, mais recentemente, a União publicou a Medida Provisória nº 627/2013, que alterou a redação do caput do art. 3º da Lei nº 9.718/98 e do art. 12 do Decretolei nº 1.598/77, a fim de incorporar ao conceito de receita bruta outros valores além dos decorrentes da venda de bens e serviços. A impugnante argumenta que esse novo conceito de receita bruta, além de vigorar apenas a partir de 2015, também não abrange as receitas financeiras auferidas pelas seguradoras, por não advirem da atividade nem do objeto principal dessas companhias, já que são de natureza acessória. A impugnante alega que as sociedades seguradoras são obrigadas a constituir provisões técnicas, a fim de honrar indenizações pelas quais poderão ser responsáveis. Acrescenta que a escolha dos bens vinculados às reservas técnicas é feita discricionariamente pela seguradora, sendo comum que uma aplicação vinculada às provisões técnicas em um mês não o seja no mês seguinte, pois assim permite a Circular Susep nº 284/2005. Sustenta que as seguradoras, como qualquer outra pessoa jurídica, realizam aplicações financeiras com seus recursos ociosos de caixa, auferindo assim receitas financeiras. Argumenta que as receitas das aplicações financeiras vinculadas pelas seguradoras em determinado mês a provisões técnicas não possuem natureza jurídica distinta das receitas de aplicações financeiras não indicadas como lastro dessas provisões, nem das receitas de aplicações financeiras auferidas por pessoas jurídicas dedicadas à indústria, ao comércio ou à prestação de serviços. A impugnante alega que o Parecer Susep/Decon/Geaco nº 32/2009 não tratou da receita bruta das companhias seguradoras, discorrendo apenas sobre as receitas operacionais, que abrangem, além da receita bruta, as receitas acessórias auferidas por qualquer sociedade, as quais não decorrem da exploração do núcleo do objeto social das seguradoras. Acrescenta que o conceito de receita bruta das pessoas jurídicas está consagrado há muito tempo como sinônimo da parcela das receitas operacionais auferidas com a venda de mercadorias, de serviços ou de mercadorias e serviços (Leis Complementares nº 7/70 e nº 70/91, art. 187 da Lei das SA), não se podendo admitir a inclusão das receitas financeiras nesse conceito. A impugnante alega ser incabível a imposição de multa de ofício no lançamento relativo ao PIS nos termos do art. 63 da Lei nº 9.430/96, visto que, na data do lançamento, não era exigível o crédito tributário em litígio, tendo em vista a sentença proferida no mandado de segurança n° 1999.61.00.0211433, conforme comprovado no subitem 3.1.2 desta petição. Por todo o exposto, requer seja julgada procedente a impugnação, exonerandose os créditos tributários lançados. Fl. 454DF CARF MF Processo nº 16682.720556/201438 Acórdão n.º 3201003.068 S3C2T1 Fl. 8 7 A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Brasília/DF, por intermédio da 2ª Turma, no Acórdão nº 0368.487, sessão de 29/05/2015, julgou parcialmente procedente a impugnação do contribuinte e recorreu de ofício da parte exonerada. A decisão foi assim ementada: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 31/07/2009 a 31/12/2011 DIFERENÇAS ENTRE TRIBUTO APURADO E DECLARADO. LANÇAMENTO DE OFICIO. RETENÇÃO NA FONTE. APROVEITAMENTO. COMPROVAÇÃO. Constatadas diferenças entre o tributo apurado e declarado surge para o Fisco o dever de proceder ao lançamento de ofício, momento em que, as retenções na fonte devem ser aproveitadas, pois se tratam de antecipações do devido, pelo contribuinte, em relação às mesmas contribuições. Entretando, o lançamento deve ser mantido quando a empresa não comprova a inexistência de tais diferenças. REGIME CUMULATIVO. SOCIEDADES SEGURADORAS. RECEITAS FINANCEIRAS RELATIVAS A APLICAÇÕES VINCULADAS A PROVISÕES TÉCNICAS. As receitas financeiras integram a base de cálculo da Cofins, quando decorrentes de investimentos compulsórios realizados pela empresa, por disposição legal, para garantir suas obrigações, porque compõem o conjunto dos negócios ou operações desenvolvidas por essas empresas no desempenho de suas atividades econômicas peculiares. PIS. LANÇAMENTO DECORRENTE DA MESMA MATÉRIA FÁTICA. Aplicase ao lançamento da contribuição para o PIS/Pasep o decidido em relação à Cofins lançada a partir da mesma matéria fática. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte No dispositivo do Acórdão firmou: Acordam os membros da 2ª Turma de Julgamento, por unanimidade de votos, julgar procedente em parte a impugnação, mantendo parte do crédito tributário exigido (...) Submetase à apreciação do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, de acordo com o art. 34 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, e alterações introduzidas pela Lei nº 9.532, de 10 de dezembro de1997, e Portaria MF nº 3, de 3 de janeiro de 2008, por força de recurso necessário. A exoneração Fl. 455DF CARF MF Processo nº 16682.720556/201438 Acórdão n.º 3201003.068 S3C2T1 Fl. 9 8 do crédito procedida por este acórdão só será definitiva após o julgamento em segunda instância Certificouse a Turma que restara comprovada a antecipação dos valores devidos de PIS e Cofins por meio de retenção e, por estarem também lançados na autuação, exonerouos desta. A Recorrente foi intimada da decisão da Delegacia de Julgamento por ciência eletrônica registrada em sua Caixa Postal, do Módulo eCAC do site da Receita Federal. Consta no Termo de Ciência por Abertura de Mensagem (fl. 415) que o destinatário teve ciência da "Intimação de Resultado de Julgamento" e "Demonstrativos de Débitos" por meio de sua Caixa Postal na data de 09/06/2015 às 14:37h. O conhecimento do teor dos documentos referentes a decisão da Delegacia de Julgamento deuse na data de 13/08/2015 às 8:57h, pela abertura dos arquivos digitais correspondentes no Link Processo Digital, no Centro Virtual de Atendimento ao Contribuinte (Portal eCAC), conforme consta do Termo de Abertura de Documento (fl. 426). Portanto, resta comprovada não só a ciência do Acórdão DRJ nº 0368.487, como também do teor dos documentos que o acompanharam, à vista da mensagem de registro da abertura dos documentos Todavia, não consta dos autos interposição de recurso voluntário pela contribuinte, caracterizandose desta forma a preclusão temporal por ausência de impulso processual à continuidade do contencioso neste Conselho. Destarte, à vista unicamente de interposição de recurso de ofício pela autoridade julgadora de 1ª instância administrativa, sobre este serão analisados os requisitos de admissibilidade e, se caso admitido, julgado pela Turma. É o Relatório. Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator Recurso de Ofício O conhecimento do recurso de ofício que exonera crédito lançado sujeitase ao limite de alçada, como previsto na Portaria MF nº 63, publicada no D.O.U. de 10 de fevereiro de 2017, in verbis: Art. 1º O Presidente de Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) recorrerá de ofício sempre que a decisão exonerar sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais). Fl. 456DF CARF MF Processo nº 16682.720556/201438 Acórdão n.º 3201003.068 S3C2T1 Fl. 10 9 A turma da DRJ em Brasília/DF constatou que os valores lançados relativos à retenção das Contribuições para o PIS e Cofins, efetuados nos termos do art. 64, § 3º da Lei nº 9.430/1996, uma vez comprovada a efetiva antecipação devem ser exonerados. O quadro a seguir, demonstra os valores exonerados: Cofins Valores exonerados R$ PIS Valores exonerados R$ Período Principal Multa Juros Mora Principal Multa Juros Mora jul/09 48.370,14 36.277,61 21.858,47 10.481,20 7.860,90 4.736,45 ago/09 48.013,38 36.010,04 21.365,95 10.402,90 7.802,18 4.629,29 out/09 95.437,46 71.578,10 41.181,26 20.678,12 15.508,59 8.922,61 nov/09 47.601,16 35.700,87 20.192,41 10.313,58 7.735,19 4.375,02 dez/09 51.107,84 38.330,88 21.342,63 11.073,36 8.305,02 4.624,24 ago/10 233.368,87 175.026,65 83.079,32 50.563,25 37.922,44 18.000,52 mai/11 366.520,25 274.890,19 101.306,20 79.412,70 59.559,53 21.949,67 jun/11 115.282,56 86.461,92 30.745,86 24.969,37 18.727,03 6.659,33 ago/11 101.846,39 76.384,79 25.115,32 22.066,73 16.550,05 5.441,66 Soma 1.107.548,05 830.661,04 366.187,42 239.961,21 179.970,91 79.338,78 Crédito tributário exonerado R$ 2.803.667,41 Assim, os valores dos débitos lançados principal, multa de ofício e juros moratórios que totalizaram R$ 2.803.667,41, exonerados na decisão recorrida são superiores ao novo limite de alçada estipulado, que implica o conhecimento do recurso de ofício e o enfrentamento de seu mérito. De fato, retenções de tributos em decorrência de pagamentos efetuados por entes públicos à pessoa jurídica, nos termos do disposto no art. 64, § 3º da Lei nº 9.430/1996, consubstanciamse em créditos a serem aproveitados pelo recebedor pois tem natureza de antecipação dos valores devidos. Constatou ainda os julgadores a quo inexistência de aproveitamento desses créditos em declaração de compensação. Acertada a decisão recorrida que exonerou os valores lançados de PIS e Cofins, acrescidos de multa de ofício e juros de mora, nos meses de julho, agosto, outubro, novembro e dezembro de 2009; agosto de 2010; maio, junho e agosto de 2011. Conclusão Diante do exposto, CONHEÇO DO RECURSO DE OFÍCIO E VOTO PARA NEGARLHE PROVIMENTO. Paulo Roberto Duarte Moreira. Fl. 457DF CARF MF Processo nº 16682.720556/201438 Acórdão n.º 3201003.068 S3C2T1 Fl. 11 10 Declaração de Voto Conselheiro, Orlando Rutigliani Berri. Ab initio, peço vênia ao ilustre Conselheiro Relator e aos demais ilustres Conselheiros que conheceram o presente recurso de ofício em face de entenderem que os juros moratórios constante do lançamento tributário efetuado para exigir, de ofício, do sujeito passivo crédito tributário, deve integrar o montante exonerado em decisão de primeira instância (DRJ's), a fim de aferir se a autoridade competente está obrigada, em face do limite de alçada, a recorrer de ofício para a segunda instância, in casu, o Carf. Esclareço, desde logo, que não comungo com referido entendimento. Com o devido máximo respeito aos que dele divergem, exporei minhas razões. Para tanto, inicio esta breve digressão citando o Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, publicado originalmente no Diário Oficial da União Seção 1, de 07.03.1972, Página 1923, verbis: DECRETO Nº 70.235, DE 6 DE MARÇO DE 1972 Dispõe sobre o processo administrativo fiscal e dá outras providências. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando das atribuições que lhe confere o artigo 81, item III, da Constituição e tendo em vista o disposto no artigo 2º do Decretolei nº 822, de 5 de setembro de 1969, DECRETA: DISPOSIÇÃO PRELIMINAR Art. 1º. Este Decreto rege o processo administrativo de determinação e exigência dos créditos tributários da União e o de consulta sobre a aplicação da legislação tributária federal. (...) Art. 34. A autoridade de primeira instância recorrerá de ofício sempre que a decisão: I Exonerar o sujeito passivo do pagamento de tributo ou de multa de valor originário, não corrigido monetariamente, superior a vinte vezes o maior saláriomínimo vigente no País; II Deixar de aplicar pena de perda de mercadorias ou outros bens cominada à infração denunciada na formalização da exigência. § 1º. O recurso será interposto mediante declaração na própria decisão. Fl. 458DF CARF MF Processo nº 16682.720556/201438 Acórdão n.º 3201003.068 S3C2T1 Fl. 12 11 § 2º. Não sendo interposto o recurso, o servidor que verificar o fato representará à autoridade julgadora, por intermédio de seu chefe imediato, no sentido de que seja observada aquela formalidade. (...) Em sua redação original, a norma insculpida no artigo 34 do referenciado diploma legal, acima reproduzida, é textual ao afirmar que a autoridade de primeira instância recorrerá de ofício sempre que a decisão exonerar o sujeito passivo do pagamento de tributo ou de multa de valor originário, não corrigido monetariamente. De se ver que o legislador originário, posto de referido decreto foi recepcionado com força de lei ordinária, em face de os Atos Institucionais nº 5 e 12 terem legitimada a edição do DecretoLei nº 822, de 1969, que delegou ao Poder Executivo, em pleno regime militar, competência para regrar o processo administrativo fiscal, ao prescrever a regra ínsita em seu artigo 34, em momento algum considerou a hipótese da inserção dos juros de mora. Pelo contrário, este foi taxativo em afirmar que nenhuma parcela concernente a correção monetária do crédito tributário exonerado deveria compor o cálculo do montante a ser apurado para fins de impor à autoridade de primeira instância o dever de recorrer de ofício sempre que sua decisão exonerar determinado valor. Com a edição da Medida Provisória nº 1.602, de 14 de novembro de 1997, convertida na Lei nº 9.532, de 10 de dezembro de 1997, publicado no DOU de 11.12.1997, que proporcionou inúmeras alterações na legislação tributária federal, dentre tantas algumas no referido Decreto nº 70.235, de 1972, verbis: Art. 67. O Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, que, por delegação do DecretoLei nº 822, de 5 de setembro de 1969, regula o processo administrativo de determinação e exigência de créditos tributários da União, passa a vigorar com as seguintes alterações: "Art. 16. (...) § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente; c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. § 5º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior. § 6º Caso já tenha sido proferida a decisão, os documentos apresentados permanecerão nos autos para, se for interposto Fl. 459DF CARF MF Processo nº 16682.720556/201438 Acórdão n.º 3201003.068 S3C2T1 Fl. 13 12 recurso, serem apreciados pela autoridade julgadora de segunda instância." "Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante." "Art. 23. (...) I pessoal, pelo autor do procedimento ou por agente do órgão preparador, na repartição ou fora dela, provada com a assinatura do sujeito passivo, seu mandatário ou preposto, ou, no caso de recusa, com declaração escrita de quem o intimar; II por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo. (...) § 2º........................................................................ II no caso do inciso II do caput deste artigo, na data do recebimento ou, se omitida, quinze dias após a data da expedição da intimação; III quinze dias após a publicação ou afixação do edital, se este for o meio utilizado. § 3º Os meios de intimação previstos nos incisos I e II deste artigo não estão sujeitos a ordem de preferência. § 4º Considerase domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo o do endereço postal, eletrônico ou de fax, por ele fornecido, para fins cadastrais, à Secretaria da Receita Federal." "Art. 27. Os processos remetidos para apreciação da autoridade julgadora de primeira instância deverão ser qualificados e identificados, tendo prioridade no julgamento aqueles em que estiverem presentes as circunstâncias de crime contra a ordem tributária ou de elevado valor, este definido em ato do Ministro de Estado da Fazenda. Parágrafo único. Os processos serão julgados na ordem e nos prazos estabelecidos em ato do Secretário da Receita Federal, observada a prioridade de que trata o caput deste artigo." "Art. 30. (...) § 3º Atribuirseá eficácia aos laudos e pareceres técnicos sobre produtos, exarados em outros processos administrativos fiscais e transladados mediante certidão de inteiro teor ou cópia fiel, nos seguintes casos: a) quando tratarem de produtos originários do mesmo fabricante, com igual denominação, marca e especificação; Fl. 460DF CARF MF Processo nº 16682.720556/201438 Acórdão n.º 3201003.068 S3C2T1 Fl. 14 13 b) quando tratarem de máquinas, aparelhos, equipamentos, veículos e outros produtos complexos de fabricação em série, do mesmo fabricante, com iguais especificações, marca e modelo." "Art. 34. (...) I exonerar o sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa de valor total (lançamento principal e decorrentes) a ser fixado em ato do Ministro de Estado da Fazenda." (grifos não pertencem ao original) De se ver que o artigo 67 da Lei nº 9.532, de 1997, ao alterar a redação original do artigo 34 do decreto regulador em comento (Decreto nº 70.235, de 1972), traz somente uma inovação, qual seja, a de delegar ao Ministro de Estado da Fazenda a competência para fixar o montante segundo o qual passa a vigorar a regra impositiva para a autoridade de primeira instância recorrer de ofício sempre que sua decisão exonerar o sujeito passivo autuado de tributo e/ou multa. Para que não paire dúvida, esclareço, por oportuno, que a expressão entre parênteses "lançamento principal e decorrentes", trazida também na nova redação do artigo 34 do Decreto nº 70.235, de 1972, pela Lei nº 9.532, de 1997, tem natureza meramente elucidativa. Explico. É que referida normal legal, por versar sobre a alteração de diversos tributos federais, entendeu o legislador por bem deixar explícito que em havendo o lançamento principal e decorrentes, hipótese segundo a qual a motivação e os elementos de prova de um tributo ou de um sujeito passivo acaba por irradiar a exigência de outros tributos e para sujeitos passivos, o cálculo do montante exonerado deverá considerar tais circunstâncias. Portanto, entendo que não há que se falar que mencionada expressão estaria contemplando os juros moratórios, no cálculo do citado montante exonerativo, isto porque, em meu raciocínio, esta nunca foi e continua não sendo a intenção da citada norma impositiva (artigo 34 do Decreto nº 70.235, de 1972). A título exemplificativo, vejamos como se procede nos casos de recolhimento espontâneo do crédito tributário, melhor dizendo, quais os acréscimos legais que incidirão no caso de pagamento espontâneo de imposto ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, após seu respectivo prazo de vencimento? Resposta: os débitos para com a União, decorrentes de impostos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, cujos fatos geradores ocorreram a partir de 01.01.1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, devem ser acrescidos de: a) multa de mora: calculada à taxa de 0,33 % (trinta e três centésimos por cento), por dia de atraso, até o limite máximo de 20 % (vinte por cento). A multa deve ser calculada a partir do primeiro dia subsequente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento; b) juros de mora: calculados à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia Selic, instituída pela Lei nº 9.250, de 1995, acumulada mensalmente, a partir do primeiro dia do mês subsequente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento, e de 1% (um por Fl. 461DF CARF MF Processo nº 16682.720556/201438 Acórdão n.º 3201003.068 S3C2T1 Fl. 15 14 cento) no mês do pagamento (artigo 61 da Lei nº 9.430, de 1996; artigo 35 da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pelo art. 26 da Lei nº 11.941, de 2009; e ADN Cosit nº 1, de 1997). Demais disso, o próprio Superior Tribunal de Justiça STJ tem consolidado o entendimento de que, na ausência de estipulação sobre juros moratórios, devese aplicar a Taxa SELIC para a mora ocorrida a partir da entrada em vigor do Código Civil de 2002 CC, considerandose que a Taxa SELIC contém tanto juros como correção monetária. Isto porque a taxa Selic ora tem a conotação de juros moratórios, ora de remuneratórios, a par de neutralizar os efeitos da inflação, constituindose em correção monetária por vias oblíquas. Tanto a correção monetária como os juros, em matéria tributária, devem ser estipulados em lei, sem olvidar que os juros remuneratórios visam a remunerar o próprio capital ou o valor principal. Nesse sentido, no caso sob exame, por referirse a lançamento de ofício, não faz sentido, repito, a meu ver, atribuir aos juros de mora a mesma natureza do tributo e da multa, esta última, sempre de ofício, pois do contrário estarseia desnaturando sua natureza, que é simplesmente de recompor, notadamente com a inserção da taxa Selic, o valor monetário do tributo e, eventualmente, da multa, lançados de ofício. Razão pela qual não há como interpretar que a expressão "lançamento principal e decorrentes" deve abranger também os juros moratórios constantes do auto de infração lavrado para constituir, pelo lançamento, o crédito tributário exigido de ofício. Na esteira do permissivo legal, promovido pela alteração do artigo 34 do Decreto nº 70.235, de 1972, pelo artigo 67 da Lei nº 9.532, de 1997, foram editadas as seguintes normas infralegais, verbis: Portaria MF nº 333, de 11 de dezembro de 1997 (Publicada no DOU de 12.12.1997, seção, pág. 29560), que "Estabelece limite para interposição de recurso de ofício pelos Delegados de Julgamento da Receita Federal." O MINISTRO DE ESTADO DA FAZENDA, no uso da atribuição prevista no art. 87, parágrafo único, inciso II, da Constituição, e tendo em vista o disposto no art. 34, inciso I, do Decreto n° 70.235, de 6 de março de 1972, com a redação que lhe foi dada pelo art. 62 da Medida Provisória n° 1.602, de 14 de novembro de 1997, resolve: Art. 1º Os Delegados de Julgamento da Receita Federal recorrerão de ofício sempre que a decisão exonerar o sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa de valor total (lançamento principal e decorrentes) superior a R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais). Parágrafo único. Na hipótese de quantia lançada em UFIR, será convertida em real na data da decisão, para fins de verificação do valor a que alude o "caput" deste artigo. Art. 2º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação. Portaria MF nº 375, de 07 de dezembro de 2001 (Publicada no DOU de 10.12.2001, seção, pág. 22), Acrescenta parágrafo único ao artigo 8º da Portaria MF nº 258, de 24 de agosto de 2001, e estabelece limite para interposição de recurso de ofício pelas Fl. 462DF CARF MF Processo nº 16682.720556/201438 Acórdão n.º 3201003.068 S3C2T1 Fl. 16 15 turmas de julgamento das Delegacias da Receita Federal de Julgamento. O MINISTRO DE ESTADO DA FAZENDA, no uso de suas atribuições, e tendo em vista o disposto no Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, com as alterações da Lei nº 8.748, de 9 de dezembro de 1993 e da Medida Provisória nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001, resolve: Art. 1º Acrescentar parágrafo único ao art. 8º da Portaria MF nº 258, de 24 de gosto de 2001: "Parágrafo único. A concessão de férias a julgadores, em desacordo com o disposto no caput, fica condicionada ao quorum mínimo para realização das sessões". Art. 2º O Presidente da turma de julgamento das DRJ deve recorrer de ofício sempre que a decisão exonerar o sujeito passivo do pagamento do tributo e encargos de multa de valor total (lançamento principal e decorrentes) superior a R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais). Art. 3º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação. Art. 4º Fica revogada a Portaria MF nº 333, de 11 de dezembro de 1997. Portaria MF nº 3, de 03 de janeiro de 2008 (Publicada no DOU de 07.01.2008, seção, pág. 8) Estabelece limite para interposição de recurso de ofício pelas Turmas de Julgamento das Delegacias da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ). O MINISTRO DE ESTADO DA FAZENDA, no uso da atribuição que lhe confere o inciso II do parágrafo único do art. 87 da Constituição Federal e tendo em vista o disposto no inciso I do art. 34 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, com a redação dada pelo art. 67 da Lei nº 9.532, de 10 de dezembro de 1997, e no § 3º do art. 366 do Decreto nº 3.048, de 6 de maio de 1999, com a redação dada pelo art. 1º do Decreto nº 6.224, de 4 de outubro de 2007, resolve: Art. 1º O Presidente de Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) recorrerá de ofício sempre que a decisão exonerar o sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais). Parágrafo único. O valor da exoneração de que trata o caput deverá ser verificado por processo. Art. 2º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação. Art. 3º Fica revogada a Portaria MF nº 375, de 7 de dezembro de 2001. Fl. 463DF CARF MF Processo nº 16682.720556/201438 Acórdão n.º 3201003.068 S3C2T1 Fl. 17 16 Portaria MF nº 63, de 09 de fevereiro de 2017 (Publicada no DOU de 10.02.2017, seção 1, pág. 12) Estabelece limite para interposição de recurso de ofício pelas Turmas de Julgamento das Delegacias da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ). O MINISTRO DE ESTADO DA FAZENDA, no uso da atribuição que lhe confere o inciso II do parágrafo único do art. 87 da Constituição Federal e tendo em vista o disposto no inciso I do art. 34 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, resolve: Art. 1º O Presidente de Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) recorrerá de ofício sempre que a decisão exonerar sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais). § 1º O valor da exoneração deverá ser verificado por processo. § 2º Aplicase o disposto no caput quando a decisão excluir sujeito passivo da lide, ainda que mantida a totalidade da exigência do crédito tributário. Art. 2º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação no Diário Oficial da União. Art. 3º Fica revogada a Portaria MF nº 3, de 3 de janeiro de 2008. (grifos não pertencem ao original) Finalmente, se eventual dúvida por ventura ainda pairasse com a edição da Portaria MF nº 333, de 1997 e da Portaria MF nº 375, de 2001, por conta de que estas reproduziram o texto legal referente à expressão "lançamento principal e decorrentes", tal dubiedade ou incerteza desvaneceuse com a edição da Portaria MF nº 63, de 2017, que revogou a Portaria MF nº 3, de 2008, na medida em que determina, em seu artigo 1º que o "Presidente de Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) recorrerá de ofício sempre que a decisão exonerar sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais)", ou seja, exclui a eventual dúbia expressão "lançamento principal e decorrentes", referindose textualmente à exoneração do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 2.500.000,00. Isto posto, por este prisma normativo e por entender não haver mais motivo para eventual dúvida, conquanto a norma em vigor é textual em determinar que no cômputo do montante exonerado devese considerar tão somente a importância relativa a tributo e multa de ofício, concluo que no caso destes autos PAF nº 16682.720556/201438, por se tratar do julgamento do Recurso de Ofício em que a Recorrida SUL AMÉRICA COMPANHIA DE SEGURO DE SAÚDE foi exonerada pela primeira instância de julgamento da quantia de R$ 2.358.141,21, não há como conhecer do feito. Ante o exposto, solicito que esta declaração de voto seja juntada nos autos, e faça parte integrante do Acórdão de julgamento, nos termos do Regimento Interno desta Corte. Fl. 464DF CARF MF Processo nº 16682.720556/201438 Acórdão n.º 3201003.068 S3C2T1 Fl. 18 17 É a minha declaração de Voto. assinado digitalmente Orlando Rutigliani Berri Conselheiro Suplente 1ª TO / 2ª Câmara / 3ª SeJul CARF Fl. 465DF CARF MF
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