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Numero do processo: 15771.724570/2012-87
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 30 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Sep 25 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 09/05/2012
CONCOMITÂNCIA. NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO VOLUNTÁRIO. APLICAÇÃO DA SÚMULA CARF Nº 1. NULIDADES
Não se conhece da lide administrativa quando houver a propositura de ação judicial pelo sujeito passivo com o mesmo objeto do processo administrativo. Aplicação da Súmula CARF nº 1.
A concomitância entre processos administrativo e judicial não constitui motivo para decretação administrativa da nulidade do auto de infração ou do processo administrativo fiscal.
In casu, a imunidade de impostos e a incidência de contribuições para o PIS e Cofins, vinculados à importação, e a classificação fiscal versaram nos processos administrativo e judicial.
LANÇAMENTO. PREVENÇÃO DE DECADÊNCIA. MULTA DE OFÍCIO. ART. 63 E § 1º DA LEI Nº 9.430/1996
A concessão de provimento judicial que assegura a suspensão da exigibilidade do crédito tributário antes do início de procedimento fiscal relativo à sua apuração impede a aplicação de multa de ofício.
Numero da decisão: 3201-004.205
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer em parte do Recurso em razão da concomitância, para, na parte conhecida, rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, excluir a multa de ofício aplicada sobre o II e IPI.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Data do fato gerador: 09/05/2012 CONCOMITÂNCIA. NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO VOLUNTÁRIO. APLICAÇÃO DA SÚMULA CARF Nº 1. NULIDADES Não se conhece da lide administrativa quando houver a propositura de ação judicial pelo sujeito passivo com o mesmo objeto do processo administrativo. Aplicação da Súmula CARF nº 1. A concomitância entre processos administrativo e judicial não constitui motivo para decretação administrativa da nulidade do auto de infração ou do processo administrativo fiscal. In casu, a imunidade de impostos e a incidência de contribuições para o PIS e Cofins, vinculados à importação, e a classificação fiscal versaram nos processos administrativo e judicial. LANÇAMENTO. PREVENÇÃO DE DECADÊNCIA. MULTA DE OFÍCIO. ART. 63 E § 1º DA LEI Nº 9.430/1996 A concessão de provimento judicial que assegura a suspensão da exigibilidade do crédito tributário antes do início de procedimento fiscal relativo à sua apuração impede a aplicação de multa de ofício.
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NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO VOLUNTÁRIO. APLICAÇÃO DA SÚMULA CARF Nº 1. NULIDADES Não se conhece da lide administrativa quando houver a propositura de ação judicial pelo sujeito passivo com o mesmo objeto do processo administrativo. Aplicação da Súmula CARF nº 1. A concomitância entre processos administrativo e judicial não constitui motivo para decretação administrativa da nulidade do auto de infração ou do processo administrativo fiscal. In casu, a imunidade de impostos e a incidência de contribuições para o PIS e Cofins, vinculados à importação, e a classificação fiscal versaram nos processos administrativo e judicial. LANÇAMENTO. PREVENÇÃO DE DECADÊNCIA. MULTA DE OFÍCIO. ART. 63 E § 1º DA LEI Nº 9.430/1996 A concessão de provimento judicial que assegura a suspensão da exigibilidade do crédito tributário antes do início de procedimento fiscal relativo à sua apuração impede a aplicação de multa de ofício. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer em parte do Recurso em razão da concomitância, para, na parte conhecida, rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, excluir a multa de ofício aplicada sobre o II e IPI. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 77 1. 72 45 70 /2 01 2- 87 Fl. 259DF CARF MF Processo nº 15771.724570/201287 Acórdão n.º 3201004.205 S3C2T1 Fl. 260 2 (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório Para bem relatar os fatos, transcrevese o relatório da decisão proferida pela autoridade a quo, com as correções pertinentes: Trata o presente processo de autos de infração lavrados para exigência de créditos tributários no valor de R$93.524,07, referente a Imposto de Importação, IPI, CofinsImportação e Pis/PasepImportação, acompanhados de multa de ofício e juros de mora. Depreendese da descrição dos fatos dos autos de infração que a interessada registrou a Declaração de Importação n.º 12/09387680, em 23/05/2012, para amparar a importação de mercadorias classificadas na NCM 4901.99.00, relativa a "Outros Livros, Brochuras e Impressos Semelhantes", quando o correto, segundo a fiscalização, seria na NCM 9504.40.00 por tratarse de cartas de jogar para crianças. A interessada impetrou a Ação Ordinária n.º 001151446.2009.403.6100 [em 15/05/2009] para ver declarado o seu direito a imunidade das mercadorias importadas. Foi proferida sentença favorável à interessada a fim de reconhecer o direito à imunidade constitucional. A Apelação interposta pela União foi julgada improcedente, mantendo a decisão de 1.ª instância. A fiscalização, após análise da importação, concluindo que as mercadorias classificavamse na NCM 9504.40.00, lavrou o auto de infração em apreço para a constituição do crédito tributário relativo aos tributos devidos na importação realizada pela interessada. Intimada da autuação, a interessada alega que o auto é nulo, haja vista a decisão judicial que declara a imunidade dos “cards magic”. Além da sentença de 1.ª Instância e do acórdão do Tribunal favoráveis ao seu pleito, ainda declara que a decisão já transitou em julgado em 27/11/2012 confirmando a imunidade das mercadorias em questão. Junta às fls. 131 o extrato do acompanhamento processual da ação citada. Encaminhado o processo a esta Delegacia de Julgamento foi proferido o Acórdão n.º 0733.126 dando procedência à impugnação, cancelando o crédito tributário constituído. Fl. 260DF CARF MF Processo nº 15771.724570/201287 Acórdão n.º 3201004.205 S3C2T1 Fl. 261 3 De volta à unidade preparadora, a autoridade fiscal constatou que o provimento jurisdicional obtido pela contribuinte nos autos da Ação Ordinária supramencionada apenas confere imunidade referente aos impostos. Esta interpretação, inclusive, foi dada nos embargos de declaração opostos naquela ação nos seguintes termos: Isto porque a sentença julgou procedente o pedido, para reconhecer o direito à imunidade constitucional, prevista no artigo 150, inciso VI, alínea 'd' da Constituição Federal, ou seja, a imunidade concedida se aplica somente aos impostos. E o PIS/COFINS exigidos pela Receita Federal são contribuições. Por esta razão a autoridade a quo devolveu o processo a esta Delegacia de Julgamento para que revisasse o acórdão já proferido. É o relatório. O relatório da decisão a quo deve ser complementado. O registro da DI nº 12/09387680, em 23/05/2012, e a lavratura do auto de infração (12/11/2012) para a exigência dos tributos (impostos e contribuições sociais) na importação de cards pela DEVIR são posteriores ao Acórdão no RE nº 656.203 (15/09/2011), interposto na União, em face da sentença na AO nº 2009.61.00.0115142, de 22/03/2010, confirmada em sede de Apelação no TRF/3ª Região (27/01/2011), na qual a contribuinte teve seu pedido deferido (imunidade dos livros (e cards) aos impostos art. 150, VI, "d"). Na impugnação, a DEVIR afirma que o Agravo Regimental interposto pela União no RE 656.203 (07/11/2011) não possui efeito suspensivo e por ser a sentença obtida em 1º Grau declaratória, prescinde de execução e deve ser cumprida de imediato, pois a decisão judicial "já definiu a matéria ora tratada". A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Florianópolis/SC por intermédio da 1ª Turma, no Acórdão nº 0734.056, sessão de 12/02/2014, julgou improcedente a impugnação e manteve o crédito tributário lançado. A decisão foi assim ementada: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 23/05/2012 EXTINÇÃO DE CRÉDITO TRIBUTÁRIO. LANÇAMENTO IMPROCEDENTE É improcedente o lançamento de crédito tributário extinto por decisão judicial passada em julgado. Impugnação Não Conhecida Crédito Tributário Mantido Inconformada a contribuinte, apresentou recurso voluntário (fls. 167/174 e complementado às fls. 247/256) no qual aduz: Fl. 261DF CARF MF Processo nº 15771.724570/201287 Acórdão n.º 3201004.205 S3C2T1 Fl. 262 4 Propôs a Ação Declaratória, n° 002004060.2013.4.03.6100 (31/12/2013), para obter o reconhecimento da correção da classificação das mercadorias na NCM 4901.99.00, para ser aplicada a incidência de ALÍQUOTA ZERO sobre o recolhimento das contribuições sobre produtos equiparados ou complemento de Livros; Na data de interposição do recurso voluntário, a referida ação declaratória encontravase em fase de Apelação no TRF/ 3ª Região desde 07/01/2014. A Lei nº 10.865/2004 nos arts. 8º, inciso XII e 28, inciso VI assegura a alíquota zero de PIS e Cofins, na importação e revenda no mercado interno, para livros e produtos equiparados ou seus complementos; A classificação dos cards no código tarifário 4901.99.00 da TEC/TIPI está confirmada nas decisões judiciais e a expressão "NT" não tributada (na TIPI) garante sua imunidade tributária (além da alíquota zero na Lei nº 10.865/04); Por fim, requer que a insubsistência da decisão recorrida e a declaração de nulidade do presente processo É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator O Recurso Voluntário atende ao requisito de tempestividade. Nulidade Preliminarmente, a recorrente aduz a nulidade do auto de infração e do presente processo administrativo sob o fundamento de que a matéria foi decidida pelo Poder Judiciário. A vedação à lavratura de auto de infração ou a decretação de sua nulidade no âmbito das decisões judiciais devem ser cumpridas pela autoridade administrativa independente de julgamento ou manifestação dos julgadores administrativos. Assim, não é o caso deste CARF decretar nulidade de auto de infração sob o fundamento de decisão judicial com provimento do mérito favorável ao contribuinte. As hipóteses de nulidade são aquelas determinadas no Decreto nº 70.235/72 que rege o processo administrativo fiscal (art.59): Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Fl. 262DF CARF MF Processo nº 15771.724570/201287 Acórdão n.º 3201004.205 S3C2T1 Fl. 263 5 Nos autos não se tem presente situações que demonstram lançamento realizado em desatendimento a formalidades legais ou que incorreu em cerceamento de direito de defesa ao contribuinte. Mérito O cerne do litígio é a exigência de tributos (impostos e contribuições) vinculados à importação de bens, que no caso da recorrente tratase de cards ou "figurinhas" que entende estar albergada na definição de livros, e estes imunes a impostos e com alíquota zero, nas contribuições para o PIS e Cofins. Tais tributos tem regramentos distintos e foram objetos de diferentes ações judiciais. Ação Ordinária (declaratória) n° 2009.61.00.0115142 Imunidade do art. 150, VI, "d" da CF/88 (impostos) Esta ação foi proposta pela contribuinte em 15/09/2009 enquanto permaneciam retidas mercadorias em unidades de despacho aduaneiro. Teve como pedido a declaração e reconhecimento da imunidade prevista no art. 150, incisos VI, alínea "d", da CF/88, ou seja, requereu a imunidade para o imposto de importação II e para o Imposto sobre Produtos Industrializados IPIimportação. O pedido foi julgado procedente pela 26ª Vara da JF/SP (22/03/2010), confirmada no TRF da 3ª Região (27/01/2011) que negou provimento à apelação da União, que interpôs Recurso Extraordinário. Foi proferido despacho pelo titular da 26ª Vara da JF/SP para manifestação da União acerca do cumprimento da sentença na referida Ação, pois seu seguimento aos tribunais superiores deramse sem efeitos suspensivos, ou seja, implicava o cumprimento imediato por se tratar de ação declaratória de direito à contribuinte. A seguir excerto da sentença, com o pedido da DEVIR: A decisão, prolatada em 22/03/2011, foi assim redigida: Fl. 263DF CARF MF Processo nº 15771.724570/201287 Acórdão n.º 3201004.205 S3C2T1 Fl. 264 6 A DI nº 12/09387680 foi registrada (23/05/2012) e o auto de infração foi lavrado (12/11/2012) para a exigência de tributos (II, IPI, PIS e Cofins) enquanto pendia o trânsito em julgado da Ação, pronunciado em 27/11/2012. Antes mesmo da autuação fiscal fora intentada a Ação Ordinária nº 2009.61.00.0115142 com fins à imunidade de impostos na importação II e IPI_importação de cards/figurinhas. Depreendese dos autos que a exigência desses impostos deuse com a incidência de multa de ofício. A decisão recorrida assinalou que o crédito tributário foi constituído com a finalidade de prevenir a decadência, conquanto este fato não foi explicitado no auto de infração, mas decorreu da Ação Ordinária, conforme descrito pela autoridade autuante. Contudo, entendo que há de se excluir a multa de ofício, em razão da aplicação do disposto no art. 63 e § 1º da Lei nº 9.430/96: Art. 63. Na constituição de crédito tributário destinada a prevenir a decadência, relativo a tributo de competência da União, cuja exigibilidade houver sido suspensa na forma dos incisos IV e V do art. 151 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, não caberá lançamento de multa de ofício. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) § 1º O disposto neste artigo aplicase, exclusivamente, aos casos em que a suspensão da exigibilidade do débito tenha ocorrido antes do início de qualquer procedimento de ofício a ele relativo Dessa forma quanto ao II e IPIimportação, com fundamento na existência simultânea da Ação Ordinária nº 2009.61.00.0115142 e do referido processo o recurso deve ser conhecido parcialmente, apenas para excluir as multas impostas. Ação Ordinária (declaratória) n° 002004060.2013.4.03.6100 contribuições para PIS e Cofins e classificação fiscal Impende ressaltar que a tributação das contribuições para o PIS e para a Cofins não foi objeto da Ação Ordinária nº 2009.61.00.0115142. A consulta da movimentação processual da JF/SP, realizada pela unidade preparadora nos autos do processo nº 10880.720103/201065, indicou a rejeição dos embargos de declaração interpostos pela União e a decisão/despacho daquele Juízo delimitou a sentença à imunidade concedida apenas aos impostos, conforme imagem: Fl. 264DF CARF MF Processo nº 15771.724570/201287 Acórdão n.º 3201004.205 S3C2T1 Fl. 265 7 Dessa forma, a contribuinte sentiuse impelida a buscar provimento judicial para ter afastada a exigência de Pis e Cofins vinculados às importações de cards, uma vez que a imunidade dos livros alcança apenas os impostos. A Ação Ordinária n° 002004060.2013.4.03.6100 buscou o Judiciário para ver declarada a inexistência de relação jurídica quanto à incidência tributária no tocante à importação de cards, além do direito à classificação no código tarifário 4901.99.00 e à aplicação da alíquota zero do PIS e Cofins, na importação e revenda no mercado interno, prevista nos arts. 8º, inciso XII e 28, inciso VI, ambos da Lei nº 10.865/2004. Da petição inicial (fls. 247/280 do PAF nº 15771.721467/201285 ) consta: Fl. 265DF CARF MF Processo nº 15771.724570/201287 Acórdão n.º 3201004.205 S3C2T1 Fl. 266 8 E o "Pedido" ao seu final: Quanto à correta classificação fiscal, manifesteime no voto do processo nº 10880.720103/201065 o entendimento que o enfrentamento da matéria restou igualmente prejudicado em decorrência da concomitância. Isto porque, a classificação pretendida para os cards o faz igualar aos livros e este é o tema central do litígio cuja decisão final é prerrogativa única do Poder Judiciário e, portanto, prejudicada sua análise naqueles autos. Como se vê, na ação ordinária tratada neste tópico é expressamente requerido o provimento quanto á classificação fiscal equivalente aos livros. Não restam dúvidas que na Ação Ordinária n° 002004060.2013.4.03.6100 os objetos, partes e pedidos são idênticos ao litigados nestes autos, do que decorre a concomitância entre referidos processos, atraindo a aplicação da Súmula CARF nº 1: Fl. 266DF CARF MF Processo nº 15771.724570/201287 Acórdão n.º 3201004.205 S3C2T1 Fl. 267 9 Súmula CARF nº 1: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Relativamente à multa de ofício incidentes sobre o PISimportação e Cofins importação exigidos, a situação dos autos não permite aplicação da excludente prevista no art. 63 c/c § 1º da Lei nº 9.430/96, ou seja, na lavratura do auto de infração, em 01/03/2012, sequer havia a interposição de Ação Judicial com a discussão da incidência de PIS e Cofins vinculados à importação de cards, que fora protocolada em 31/10/2013 e, portanto, nenhuma medida que impusesse a suspensão da exigibilidade do crédito tributário na forma dos incisos IV e V do art. 151 do CTN. Conclusão Pelo exposto, rejeito a preliminar de nulidade do auto de infração e do presente processo administrativo e, no mérito, voto para conhecer parcialmente o recurso voluntário para excluir a multa de ofício aplicada sobre o II e IPI, e não conhecêlo, em razão da concomitância, relativamente (i) à exigência de II, IPIimportação, PISimportação e Cofinsimportação e (ii) à classificação fiscal dos cards importados na NCM 4901.99.00, por aplicação da Súmula CARF nº 1. (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Fl. 267DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11080.722581/2014-11
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 26 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Nov 06 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/01/2009 a 30/11/2013
EMBARGOS INOMINADOS. INEXATIDÃO MATERIAL. CORREÇÃO.
Verificada inexatidão material devida a lapso manifesto no acórdão embargado, estes deverão ser recebidos como inominados.
Corrige-se o erro manifesto a fim de que o enunciado da ementa reflita a decisão exarada no julgamento.
Numero da decisão: 3201-004.247
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos inominados, sem efeitos infringentes, para suprir o erro manifesto e manter a decisão exarada no Acórdão nº 3201-002.836, que negou provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/01/2009 a 30/11/2013 EMBARGOS INOMINADOS. INEXATIDÃO MATERIAL. CORREÇÃO. Verificada inexatidão material devida a lapso manifesto no acórdão embargado, estes deverão ser recebidos como inominados. Corrige-se o erro manifesto a fim de que o enunciado da ementa reflita a decisão exarada no julgamento.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos inominados, sem efeitos infringentes, para suprir o erro manifesto e manter a decisão exarada no Acórdão nº 3201-002.836, que negou provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza - Presidente (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
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INEXATIDÃO MATERIAL. CORREÇÃO. Verificada inexatidão material devida a lapso manifesto no acórdão embargado, estes deverão ser recebidos como inominados. Corrigese o erro manifesto a fim de que o enunciado da ementa reflita a decisão exarada no julgamento. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos inominados, sem efeitos infringentes, para suprir o erro manifesto e manter a decisão exarada no Acórdão nº 3201002.836, que negou provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 72 25 81 /2 01 4- 11 Fl. 903DF CARF MF Processo nº 11080.722581/201411 Acórdão n.º 3201004.247 S3C2T1 Fl. 904 2 Trata o presente processo de embargos inominados opostos pela DRF em Porto Alegre/RS em face do Acórdão 3201002.836, prolatado por esta Turma na sessão de 22/05/2017, cuja ementa foi assim redigida: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/2009 a 30/11/2013 VÍCIO NO ATO ADMINISTRATIVO. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO. A motivação e finalidade do ato administrativo são supridas quando da elaboração do relatório fiscal que detalham as conclusões do trabalho fiscal e as provas dos fatos constatados. As discordâncias quanto às conclusões do trabalho fiscal são matérias inerentes ao Processo Administrativo Fiscal e a existência de vícios no auto de infração deve apresentarse comprovada no processo. IPI. VENDAS. ENTRADAS. DEVOLUÇÕES. INIDONEIDADE. Apurada a condição de inidôneas das supostas entradas relativas à aquisição de insumos ou devolução de vendas operadas por meio da deliberada e sistemática emissão fraudulenta de notas fiscais de entrada, de se efetuar a glosa dos créditos indevidos e constituir o crédito tributário respectivo. MULTA DE OFÍCIO. QUALIFICAÇÃO. Caracterizada a ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido, a evitar ou diferir o seu pagamento a que se reporta o art. 72 da Lei n. 4.502, de 1964, imperiosa a qualificação da multa de ofício de que cuida o art. 569, §6o, II, do Decreto n. 7.212, de 2010. INCONSTITUCIONALIDADE DE NORMAS TRIBUTÁRIAS. INCOMPETÊNCIA. APLICAÇÃO DA SÚMULA Nº 2 DO CARF. Este Colegiado é incompetente para apreciar questões que versem sobre constitucionalidade das leis tributárias. Recurso Voluntário Provido Parcialmente. Ciente da decisão, a Unidade de Origem interpôs embargos inominados, sustentando erro manifesto no Acórdão, pois sua ementa indicara provimento parcial ao Recurso Voluntário, em desacordo com a decisão que constou na Ata da Sessão e o dispositivo do voto, que negara provimento. Fl. 904DF CARF MF Processo nº 11080.722581/201411 Acórdão n.º 3201004.247 S3C2T1 Fl. 905 3 No despacho de admissibilidade (fls. 901/902), constatouse o alegado erro, uma vez que consta na ementa do acórdão o provimento parcial ao recurso voluntário; contudo, na decisão e no voto condutor do acórdão e na Ata da Sessão, está expresso o improvimento ao recurso voluntário, configurando erro manifesto da ementa do Acórdão. Cientificada, a contribuinte não se manifestou nos autos. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator Admitidos os embargos por decisão do Presidente da Turma, o processo foi a mim distribuído, o qual incluí em pauta de julgamento. Nos termos do art. 65 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009 – RICARF, cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual deveria pronunciarse a Turma. No art. 66 do RICARF há disposição quanto à possibilidade da correção das inexatidões materiais devido a lapso manifesto e erros de escrita ou de cálculo existentes na decisão: Art. 66. As alegações de inexatidões materiais devidas a lapso manifesto e os erros de escrita ou de cálculo existentes na decisão, provocados pelos legitimados para opor embargos, deverão ser recebidos como embargos inominados para correção, mediante a prolação de um novo acórdão. Verificase contradição quando as proposições ou porções da decisão se tornam inconciliáveis, ainda que em parte. Caracterizase por uma evidente colisão entre enunciados de mesma parte ou não do julgamento (relatório, fundamentos e dispositivo). Erro material é o engano ou inexatidão da decisão na manifestação da expressa ou transmissão de palavras, que se percebe pela simples leitura do texto em que se insere. Caracterizase pela contradição entre o real conteúdo dos autos e o que resultou da transmissão do ato decisório. Em verdade, temse uma contradição decorrente do erro material entre o que constou na parte dispositiva da ementa "Recurso Voluntário Provido Parcialmente" , e a proclamação do resultado do julgamento, que sintetiza o voto condutor do acórdão, para negar, por unanimidade de votos, provimento ao recurso do contribuinte. O voto do Relator caminhou no sentido de afastar cada uma das pretensões do contribuinte para cancelamento das exigências contidas no auto de infração, e ao final proferiu sua decisão: "Diante do exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário." Fl. 905DF CARF MF Processo nº 11080.722581/201411 Acórdão n.º 3201004.247 S3C2T1 Fl. 906 4 Assim, é de se corrigir a ementa do Acórdão nº 3201002.836 para consignar a decisão unânime da Turma em negar provimento ao recurso voluntário. Conclusão Diante do exposto, voto por acolher os embargos inominados, sem efeitos infringentes, para suprir o erro manifesto e manter a decisão exarada no Acórdão nº 3201 002.836 que negou provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Fl. 906DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.003139/2006-37
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 26 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Nov 16 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2004, 2005, 2006
LANÇAMENTO DE OFÍCIO. CONTESTAÇÃO. ÔNUS DA PROVA. VERDADE MATERIAL.
Cabe à autoridade lançadora provar a ocorrência do fato constitutivo do direito de lançar do fisco. Comprovado o direito de lançar, cabe ao sujeito passivo comprovar suas alegações, de forma cabal e cristalina, de fatos impeditivos, modificativos ou extintivos.
As alegações de verdade material devem ser acompanhadas dos respectivos elementos de prova. O ônus de prova é de quem alega. A busca da verdade material não se presta a suprir a inércia do contribuinte que tenha deixado de apresentar, no momento processual apropriado, as provas necessárias à comprovação do crédito alegado.
JUROS DE MORA. TAXA SELIC. SÚMULA CARF Nº 04.
A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais.
Aplicação da Súmula CARF nº 04.
Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Ano-calendário: 2004, 2005, 2006
RECEITAS FINANCEIRAS. ALÍQUOTA ZERO.
O Decreto nº 5.164/2004 reduziu a zero as alíquotas do PIS e da Cofins incidentes sobre as receitas financeiras auferidas pelas pessoas jurídicas sujeitas ao regime de incidência não-cumulativa das referidas contribuições, mas produziu efeitos a partir de 2 de agosto de 2004, não se aplicando, todavia, às receitas financeiras oriundas de juros sobre capital próprio e as decorrentes de operações de hedge.
HEDGE. ALÍQUOTA ZERO A PARTIR DE 1º DE ABRIL DE 2005.
O Decreto no 5.442/2005 reduziu a zero as alíquotas da Contribuição para o PIS/Pasep e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins incidentes sobre as receitas financeiras, inclusive decorrentes de operações realizadas para fins de hedge, auferidas pelas pessoas jurídicas sujeitas ao regime de incidência não-cumulativa das referidas contribuições, mas produziu efeitos a partir de 1º de abril de 2005, não se aplicando, ademais, aos juros sobre o capital próprio.
IMUNIDADE. RECEITAS DECORRENTES DE EXPORTAÇÕES PARA O EXTERIOR, EM SENTIDO ESTRITO.
A limitação da competência tributária para a instituição de contribuições sociais prevista no inciso I do § 2º do art. 149 da Constituição Federal (inciso este incluído pela Emenda nº 33/2001) somente atinge as receitas decorrentes de exportações para o exterior, stricto sensu, não comportando a norma imunizante interpretação extensiva.
VENDAS NO MERCADO INTERNO PARA A ZONA FRANCA DE MANAUS. EQUIPARAÇÃO A EXPORTAÇÕES PARA O EXTERIOR. EFEITOS FISCAIS DEPENDENTES DE LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA VIGENTE.
O art. 4º do Decreto-Lei nº 288/67 não diz que se considera, para qualquer fim, que as vendas no mercado interno para a Zona Franca de Manaus equivalem a uma exportação para o estrangeiro, restringindo os efeitos fiscais desta equiparação aos constantes da legislação em vigor, o mesmo ocorrendo com o art. 40 do ADCT, que prorrogou, de forma genérica, o tratamento diferenciado dado àquela região, mas quando fala em incentivos fiscais, a mesma Constituição estabelece, em seu art. 150, § 6º, que, no caso da União, somente poderá ser concedido mediante lei específica, ainda mais com interpretação restritiva e sem efeito pró-ativo, ou seja, não extensível a tributos instituídos posteriormente à sua concessão (arts. 111 e 177, II, do CTN).
RECEITAS DECORRENTES DE VENDAS DE MERCADORIAS A EMPRESAS SITUADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INEXISTÊNCIA DE NORMA ISENTIVA. REDUÇÃO DA ALÍQUOTA A ZERO A PARTIR DE 16/12/2004.
Não se encontra, no ordenamento jurídico, norma que isente as vendas de mercadorias a empresas estabelecidas na Zona Franca de Manaus de forma indiscriminada, tendo somente havido a redução a zero da alíquota a partir de 16/12/2004, com a vigência do art. 2º da Lei nº 10.996/2004, regulamentada pelo Decreto nº 5.310/2004.
Numero da decisão: 3201-004.249
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso de Ofício. E em negar provimento ao Recurso Voluntário, nos termos seguintes: A) pelo voto de qualidade, quanto à imunidade das receitas oriundas de vendas à ZFM. Vencidos os conselheiros Tatiana Josefovicz Belisario, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Rodolfo Tsuboi (conselheiro suplente) e Laercio Cruz Uliana Junior, que, no ponto, lhe davam provimento; b) por unanimidade de votos, quanto às demais matérias tratadas no voto. O conselheiro Leonardo Vinicius Toledo de Andrade declarou-se impedido, tendo sido substituído pelo conselheiro suplente Rodolfo Tsuboi.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Rodolfo Tsuboi (suplente convocado em substituição ao Conselheiro Leonardo Vinicius Toledo de Andrade) e Laercio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2004, 2005, 2006 LANÇAMENTO DE OFÍCIO. CONTESTAÇÃO. ÔNUS DA PROVA. VERDADE MATERIAL. Cabe à autoridade lançadora provar a ocorrência do fato constitutivo do direito de lançar do fisco. Comprovado o direito de lançar, cabe ao sujeito passivo comprovar suas alegações, de forma cabal e cristalina, de fatos impeditivos, modificativos ou extintivos. As alegações de verdade material devem ser acompanhadas dos respectivos elementos de prova. O ônus de prova é de quem alega. A busca da verdade material não se presta a suprir a inércia do contribuinte que tenha deixado de apresentar, no momento processual apropriado, as provas necessárias à comprovação do crédito alegado. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. SÚMULA CARF Nº 04. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Aplicação da Súmula CARF nº 04. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário: 2004, 2005, 2006 RECEITAS FINANCEIRAS. ALÍQUOTA ZERO. O Decreto nº 5.164/2004 reduziu a zero as alíquotas do PIS e da Cofins incidentes sobre as receitas financeiras auferidas pelas pessoas jurídicas sujeitas ao regime de incidência nãocumulativa das referidas contribuições, mas produziu efeitos a partir de 2 de agosto de 2004, não se aplicando, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 31 39 /2 00 6- 37 Fl. 2053DF CARF MF Processo nº 19515.003139/200637 Acórdão n.º 3201004.249 S3C2T1 Fl. 2.054 2 todavia, às receitas financeiras oriundas de juros sobre capital próprio e as decorrentes de operações de hedge. HEDGE. ALÍQUOTA ZERO A PARTIR DE 1º DE ABRIL DE 2005. O Decreto no 5.442/2005 reduziu a zero as alíquotas da Contribuição para o PIS/Pasep e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins incidentes sobre as receitas financeiras, inclusive decorrentes de operações realizadas para fins de hedge, auferidas pelas pessoas jurídicas sujeitas ao regime de incidência nãocumulativa das referidas contribuições, mas produziu efeitos a partir de 1º de abril de 2005, não se aplicando, ademais, aos juros sobre o capital próprio. IMUNIDADE. RECEITAS DECORRENTES DE EXPORTAÇÕES PARA O EXTERIOR, EM SENTIDO ESTRITO. A limitação da competência tributária para a instituição de contribuições sociais prevista no inciso I do § 2º do art. 149 da Constituição Federal (inciso este incluído pela Emenda nº 33/2001) somente atinge as receitas decorrentes de exportações para o exterior, stricto sensu, não comportando a norma imunizante interpretação extensiva. VENDAS NO MERCADO INTERNO PARA A ZONA FRANCA DE MANAUS. EQUIPARAÇÃO A EXPORTAÇÕES PARA O EXTERIOR. EFEITOS FISCAIS DEPENDENTES DE LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA VIGENTE. O art. 4º do DecretoLei nº 288/67 não diz que se considera, para qualquer fim, que as vendas no mercado interno para a Zona Franca de Manaus equivalem a uma exportação para o estrangeiro, restringindo os efeitos fiscais desta equiparação aos “constantes da legislação em vigor”, o mesmo ocorrendo com o art. 40 do ADCT, que prorrogou, de forma genérica, o tratamento diferenciado dado àquela região, mas quando fala em “incentivos fiscais”, a mesma Constituição estabelece, em seu art. 150, § 6º, que, no caso da União, somente poderá ser concedido mediante lei específica, ainda mais com interpretação restritiva e sem efeito próativo, ou seja, não extensível a tributos instituídos posteriormente à sua concessão (arts. 111 e 177, II, do CTN). RECEITAS DECORRENTES DE VENDAS DE MERCADORIAS A EMPRESAS SITUADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INEXISTÊNCIA DE NORMA ISENTIVA. REDUÇÃO DA ALÍQUOTA A ZERO A PARTIR DE 16/12/2004. Não se encontra, no ordenamento jurídico, norma que isente as vendas de mercadorias a empresas estabelecidas na Zona Franca de Manaus de forma indiscriminada, tendo somente havido a redução a zero da alíquota a partir de 16/12/2004, com a vigência do art. 2º da Lei nº 10.996/2004, regulamentada pelo Decreto nº 5.310/2004. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 2054DF CARF MF Processo nº 19515.003139/200637 Acórdão n.º 3201004.249 S3C2T1 Fl. 2.055 3 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso de Ofício. E em negar provimento ao Recurso Voluntário, nos termos seguintes: A) pelo voto de qualidade, quanto à imunidade das receitas oriundas de vendas à ZFM. Vencidos os conselheiros Tatiana Josefovicz Belisario, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Rodolfo Tsuboi (conselheiro suplente) e Laercio Cruz Uliana Junior, que, no ponto, lhe davam provimento; b) por unanimidade de votos, quanto às demais matérias tratadas no voto. O conselheiro Leonardo Vinicius Toledo de Andrade declarouse impedido, tendo sido substituído pelo conselheiro suplente Rodolfo Tsuboi. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Rodolfo Tsuboi (suplente convocado em substituição ao Conselheiro Leonardo Vinicius Toledo de Andrade) e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório O interessado acima identificado recorre a este Conselho, de decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo I. Por bem descrever os fatos ocorridos, até então, adoto o relatório elaborado no acórdão nº 3201000.711 que decidiu converter o julgamento em diligência, que transcrevo, a seguir: Referese o presente processo a auto de infração para a cobrança de PIS. Para bem relatar os fatos, transcrevese o relatório da decisão proferida pela autoridade a quo: Trata o presente processo de ação fiscal levada a efeito com relação Contribuinte em epígrafe, a qual resultou em Lançamento, consubstanciado no "Auto de Infração" de fls. 194/196, da Contribuição para o Programa de Integração Social — PIS no que tange aos anoscalendário de 2003, 2004, 2005, 2006. O Auto de Infração em apreço decorre da constatação de "divergências entre o valores declarados e os valores escriturados" (fl. 195). Contra o Auto de Infração foi apresentada a impugnação de fls. 207/219, onde se alega, em síntese, no sentido: de que, especificamente quanto aos fatos geradores de janeiro e fevereiro de 2003, o PIS efetivamente declarado e pago é superior ao considerado pela Autoridade Fiscalizadora, sendo Fl. 2055DF CARF MF Processo nº 19515.003139/200637 Acórdão n.º 3201004.249 S3C2T1 Fl. 2.056 4 que a importância apurada pela Fiscalização em relação a fevereiro corresponde ao valor efetivamente declarado pela Contribuinte no que tange a janeiro; de que a Fiscalização deixou de levar em conta certas receitas (juros sobre o capital próprio, receita de comissão, receitas diversas e receitas de aluguel); de que valores de variação cambial ativa, correção monetária pósfixada, outras receitas financeiras e receitas decorrentes de operações de hedge foram computados na base de cálculo da contribuição, contrariando os Decretos 5.164/2004 e 5.442/2005; de que, "embora as receitas financeiras se enquadrem no campo da incidência tributária do PIS, tiveram a sua aliquota reduzida a zero a partir de 2.8.2004, com base nos Decretos n° 5.164/2004 e 5.442/2005" (fl. 211); de que as receitas decorrentes das vendas efetuadas para a Zona Franca de Manaus ZFM integraram indevidamente a base de cálculo da contribuição, pois tais receitas "são imunes ao PIS nos termos do artigo 149, § 20, inciso I, da CF/88" (fl. 213), por conta — em conformidade com o Decretolei 288/67 e ADCT, art. 40 — de sua equiparação à exportação; e de que, caso não seja acatado o entendimento acima, a aliquota relativa as receitas decorrentes de vendas para a ZFM foi reduzida a zero pelo Decreto 5.310/2004, vigorando "a partir da data de sua publicação (15.12.2004)" (fl. 217) e, "Com efeito, a partir de 16.12.2004, as receitas decorrentes da venda destinadas a ZFM passaram a ser tributas a aliquota zero" (fl. 217). Pelo Memorando 1/2009 desta 9º Turma de Julgamento, os autos do processo 19515.003138/200692 foram requisitados para a extração de cópias, que foram anexadas ao presente (fls. 396/419). Examinando o referido processo 19515.003138/200692, verificase dele constar o acórdão 20.311 veiculando o que segue (fls. 397/408): "Trata o presente processo de ação fiscal levada a efeito com relação à Contribuinte em epígrafe, a qual resultou em Lançamento, consubstanciado no "Auto de Infração" de fls. 193/195, da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social — Cofins no que tange aos anoscalendário de 2004, 2005, 2006. O Auto de Infração em apreço decorre da constatação de "divergências entre os valores declarados e os valores ( escriturados" (f/. 194). Contra o Auto de Infração foi apresentada a impugnação de fls. 206/216, onde se alega, em síntese, no sentido: de que a Fiscalização deixou de levar em conta certas receitas Ouros sobre o capital próprio, receita de comissão, receitas diversas e receitas de aluguel); de que valores de variação cambial ativa, correção monetária pósfixada, outras receitas financeiras e receitas decorrentes de operações de hedge foram computados na base de cálculo da contribuição, contrariando os Decretos 5.164/2004 e 5.442/2005; de que, "embora as receitas Fl. 2056DF CARF MF Processo nº 19515.003139/200637 Acórdão n.º 3201004.249 S3C2T1 Fl. 2.057 5 financeiras se enquadrem no campo da incidência tributária da COFINS, tiveram sua alíquota reduzida a zero a partir de 2.8.2004, com base nos Decretos n° 5.164/2004 e 5.442/2005" (fi. 209); de que as receitas decorrentes das vendas efetuadas para a Zona Franca de Manaus ZFM integraram indevidamente a base de cálculo da contribuição, pois tais receitas "são imunes A exação, nos termos dos artigos 149, § 2°, inciso I, da CF/88 e 6°, inciso I, da Lei n° 10.833/2003" (fl. 216), por conta, em conformidade com o Decretolei 288/67 e ADCT, art. 40, de sua equiparação a exportação; e de que, caso não seja acatado o entendimento acima, a alíquota relativa as receitas decorrentes de vendas para a ZFM foi reduzida a zero pelo Decreto 5.310/2004, vigorando "a partir da data de sua publicação (15.12.2004)" (11. 215) e, "Com efeito, a partir de 16.12.2004, as receitas decorrentes da venda destinadas A ZFM passaram a ser tributas A alíquota zero"(fl. 215); Após exames preliminares nesta DRJ, os autos foram enviados a DELEGACIA DA RECEITA FEDERAL DE FISCALIZAÇÃO/SÃO PAULO (DEFIC), conforme proposta de fls. 420/424, objetivando o agravamento da exigência, se fosse o caso, e/ou um novo levantamento das bases de cálculo. Pelo Relatório Fiscal de fl. 427 entendeu a Autoridade Lançadora que "dentre os levantamentos citados, o que cabe esclarecer, e aquele que dentro do grupo contábil 431, Outras Receitas Operacionais, são efetuados lançamentos referentes a estorno das provisões contabilizadas em momento anterior, acarretando no resultado presente um estorno de despesas. Tais contas não são computadas na base de calculo do PIS e COFINS, por não representarem ingresso de receitas para a empresa, e tem como base o disposto no II do parágrafo 2°, artigo 3° da Lei 9.718/98 e do artigo 1°, parágrafo 3°, inciso V, alínea b da Lei 10.637/02. E também a conta equivalência patrimonial não entra na base de cálculo do PIS/COFINS (..). Portanto são esses valores que foram reduzidos do item Outras Receitas Auferidas (..)" (fl. 427). Concluiu a Autoridade Lançadora pela reafirmação do que consta "no Termo de Verificação Fiscal (fls 191 a 192)" (jl. 427). Pela manifestação de fls. 430/431, a Contribuinte se pôs em • "concordância com o relatório fiscal" (fl. 431). 0 presente processo novamente foi baixado em diligência,notandose na ocasião que "descartou a Fiscalização a possibilidade de agravamento da exigência" N. 438), mas que permanecia "a questão relativa ao novo levantamento do crédito tributário por conta da aplicação dos Decretos 5.164/2004, 5.442/2005, 5.310/2004 e/ou demais diplomas pertinentes em relação aos valores de variação cambial ativa, correção monetária pós fixada, outras receitas financeiras e receitas decorrentes de operações de hedge, bem como em relação As receitas decorrentes das vendas efetuadas para a ZFM" al. 438). Pelo relatório de fls. 446/447, a Fiscalização recalculou as bases de cálculo da contribuição, conforme planilha de fls. 448, Fl. 2057DF CARF MF Processo nº 19515.003139/200637 Acórdão n.º 3201004.249 S3C2T1 Fl. 2.058 6 "com as exclusões das receitas financeiras discriminadas As fls. 74 a 76 e das vendas A zona franca de Manaus discriminadas As fls. 280 e 324, das bases de cálculo do Auto de Infração, a partir das datas de vigência dos Decretos" N. 446), referindose aos Decretos 5.164/2004 e 5.310/2004. Registrou ainda a Fiscalização: "Quanto As operações de hedge, cuja aliquota relacionada com o COFINS foi reduzida a zero por força do Decreto n.° 5442, de 09/05/2005, não se aplica no presente caso, pois somente houve tal situação no mês de março de 2005 (fls. 280), antes da vigência do Decreto" (/1. 446). A mencionada planilha de fls. 448 apresenta novas bases de cálculo relativas aos meses de agosto, setembro, outubro e novembro de 2004, assim como ao mês de janeiro de 2005, com a seguinte observação: "Ficam reduzidas a zero, como o mês de nov/04, as bases de cálculo de fey/OS a out/06, pois as bases de cálculo apuradas no AI (fls. 187 a 189) são menores que a soma das Receitas Financeiras (fls. 74 a 76) com as Vendas para a Zona Franca de Manaus (fls. 280 e 324)". Pela manifestação de fls. 450/454, a Contribuinte se pay em concordância parcial com a Fiscalização, entendendo: que também as receitas relativas a vendas para a ZFM, auferidas em períodos de apuração anteriores a janeiro de 2005 não sofrem a tributação imposta porque "as referidas receitas se equiparam a receitas de exportação e, assim, são imunes A incidência da COFINS " (fis. 451); e que em relação ao período de janeiro de 2005 há indevida incidência sobre receitas relativas "a venda de mercadorias que já haviam sido tributadas em dezembro de 2004" (11. 452), bem como indevida desconsideração de créditos do sujeito passivo "oriundos de mercadorias devolvidas em dezembro/2004" (fl. 452)." A Delegacia de Julgamento julgou procedente em parte a impugnação, em decisão assim ementada: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA 0 PIS/PASEP Ano calendário: 2003, 2004, 2005, 2006 TRANSPOSIÇÃO DOS VALORES. Havendo equivoco da Fiscalização em transposição de valores declarados pela Contribuinte, cabível a exoneração do crédito tributário decorrente do engano. RECEITAS FINANCEIRAS. ALÍQUOTA ZERO. O Decreto 5.164/2004 reduziu a zero as aliquotas do PIS e da Cofins incidentes sobre as receitas financeiras auferidas pelas pessoas jurídicas sujeitas ao regime de incidência nãocumulativa das referidas contribuições, o qual produziu efeitos a partir de 2 de agosto de 2004, não se aplicando, todavia, às receitas financeiras oriundas de juros sobre capital próprio e as decorrentes de operações de hedge. Fl. 2058DF CARF MF Processo nº 19515.003139/200637 Acórdão n.º 3201004.249 S3C2T1 Fl. 2.059 7 HEDGE. ALÍQUOTA ZERO A PARTIR DE 1o DE ABRIL DE 2005. 0 Decreto 5.442/2005 reduziu a zero as aliquotas da Contribuição para o PIS/PASEP e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS incidentes sobre as receitas financeiras, inclusive decorrentes de operações realizadas para fins de hedge, auferidas pelas pessoas jurídicas sujeitas ao regime de incidência nãocumulativa das referidas contribuições, o qual produziu efeitos a partir de 1' de abril de 2005, não se aplicando, ademais, aos juros sobre o capital próprio. ZONA FRANCA DE MANAUS ZFM. Estabeleceu o Decreto 5.310, de 15 de dezembro de 2004, que as aliquotas da Contribuição para o PIS/PASEP e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS incidentes sobre a receita bruta auferida com a venda de mercadorias destinadas a consumo ou industrialização na Zona Franca de Manaus ZFM, por pessoa jurídica estabelecida fora dela, são de zero por cento, não havendo que se falar,no caso, em suposta imunidade. CONTESTAÇÃO As LEIS/NORMAS JURÍDICAS. A autoridade administrativa não dispõe de competência para apreciar suposta inconstitucionalidade e/ou ilegalidade de norma inserida no ordenamento jurídico nacional, traduzindose tal ausência de competência na impossibilidade de o Julgador administrativo afastar a aplicação de norma supostamente inconstitucional e/ou ilegal. Lançamento Procedente em Parte Na decisão recorrida, em síntese, exonerouse parte dos valores, pela constatação de equívoco da Fiscalização na transposição dos valores declarados pela ora Recorrente e, considerando "que as importâncias efetivamente declaradas de R$ 592.514,38 (fl. 79), no que tange a Janeiro/2003, e R$ 634.519,97 (fl. 79), no que tange a fevereiro/2003, são superiores àquelas consideradas pela Autoridade Fiscal — respectivamente R$ 577.169,49 (fl. 187) e R$ 616.994,97 (fl. 187) —, o crédito tributário lançado de tais meses deve ser exonerado". Observandose que a mesma situação deuse em relação ao lançamento de Cofins, para os mesmo fatos geradores, lançados no processo 19515.003138/200692. Quanto à alegação de que valores de variação cambial ativa, correção monetária pósfixada, outras receitas financeiras e receitas decorrentes de operações de hedge foram computados na base de cálculo da contribuição, contrariando os Decretos 5.164/2004 e 5.442/2005, o Decreto 5.164/2004 reduziu a zero as aliquotas do PIS e da Cofins incidentes sobre as receitas financeiras auferidas pelas pessoas jurídicas sujeitas ao regime de incidência nãocumulativa das referidas contribuições, o qual Fl. 2059DF CARF MF Processo nº 19515.003139/200637 Acórdão n.º 3201004.249 S3C2T1 Fl. 2.060 8 produziu efeitos a partir de 2 de agosto de 2004, não se aplicando, todavia, as receitas financeiras oriundas de juros sobre capital próprio e as decorrentes de operações de hedge. Por outro lado, em maio de 2005, o Decreto 5.442/2005 reduziu a zero as alíquotas da Contribuição para o PIS/PASEP e COFINS incidentes sobre as receitas financeiras, inclusive decorrentes de operações de hedge, auferidas pelas pessoas jurídicas sujeitas ao regime de incidência nãocumulativa das referidas contribuições, o qual produziu efeitos a partir de lo de abril de 2005, não se aplicando, aos juros sobre o capital próprio. Assim, foram recalculados os valores, exonerandose parte do crédito tributário. Sobre a Zona Franca de Manaus, embora a Recorrente defendesse a imunidade das operações, a decisão recorrida afirmou que Decreto 5.310, de 15 de dezembro de 2004, cuida de alíquota zero aplicável em vendas à ZFM, reconhecendo, assim, a nãoimunidade. Assim, com base na argumentação e recálculo dos valores, foi exonerado grande parte do crédito tributário exigido. Em sede de recurso voluntário, quanto à parte remanescente da autuação, reiterou os argumentos de imunidade para produtos voltados para ZFM, além de que afirma que para os períodos de apuração de agosto, setembro e outubro de 2004, houve redução a zero da aliquota do PIS e da COFINS incidentes sobre a receita bruta auferida com a venda de mercadorias destinadas a consumo ou industrialização na Zona Franca de Manaus, por meio do artigo 20 da Medida Provisória (MP) no 202, publicada em 26.7.2004. No tocante ao débito de PIS referente ao período de apuração de janeiro de 2005, embora o acórdão recorrido, adotando os fundamentos do Acórdão proferido no processo administrativo n. 19515.003138/200692, entendeu que os fundamentos relacionados indevida tributação de receitas referentes a venda de mercadorias que já haviam sido tributadas em dezembro de 2004, bem como à não consideração, no cálculo da COFINS, de créditos oriundos de mercadorias devolvidas em dezembro/2004, supostamente não poderiam ser apreciados, pois não teriam sido oportunamente abordados pela Recorrente, afirmou que foram detalhadamente rechaçados em sua impugnação, inclusive com elaboração de planilhas. Finalmente, quanto à taxa SELIC, a Recorrente afirmou que a mesma não pode ser aplicada no cálculo de créditos tributários, sob pena de violação aos artigos 50, inciso II e 150, inciso I, da CF/88, uma vez que não teria sido criada por lei para fins tributários; e não possui caráter moratório, na medida em que é calculada e divulgada unilateralmente pelo BACEN, com base na variação do custo do dinheiro e na flutuação desse custo no mercado financeiro, o que lhe confere nítida natureza remuneratória do capital alheio. Fl. 2060DF CARF MF Processo nº 19515.003139/200637 Acórdão n.º 3201004.249 S3C2T1 Fl. 2.061 9 É o relatório Submetido a julgamento por este mesmo Colegiado, na sessão de 25/08/2016, Resolução nº 3201000.711, de relatoria da Conselheira Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, decidiram seus Conselheiros, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência. Ponderou a Relatora que um dos itens remanescentes da exigência inicial e que foi impugnado pela Recorrente, diz respeito ao período de apuração de janeiro de 2005, sobre a indevida tributação de receitas referentes a venda de mercadorias que já haviam sido tributadas em dezembro de 2004, bem como à não consideração, no cálculo da contribuição, de créditos oriundos de mercadorias devolvidas em dezembro/2004, que não foram apreciados, por preclusão. Todavia, explicitouse que a contribuinte em sua impugnação apresentou planilhas (fls. 294, 319, 327 e 336) e cópias de seus Livros Razão (fls. 320/326 e 328/335) como "doc. no 6" da Impugnação. Foram demonstradas, assim, quais receitas não podem ser incluídas na base de cálculo do PIS pelas autoridades administrativas, bem como foram indicados os valores dos créditos a titulo de devoluções que devem ser computados na apuração da referida contribuição. Compulsado os autos, verificouse que procede as alegações da contribuinte em relação à juntada de planilhas bem como da alegação efetuada, em face da determinação da diligência pela DRJ. Dessa forma, por entender não restar preclusa as alegações acerca da matéria em referência, o voto foi encaminhado para a conversão do julgamento em diligência nos seguintes termos (fls. 1.148): Em face do exposto, por não se entender preclusa a alegação da matéria em referência, pela observância do Princípio da Verdade Material e porque não foi apreciada anteriormente a questão, voto pela conversão do julgamento em diligência, para que a autoridade preparadora analise a inexigibilidade do PIS para o período de apuração de janeiro de 2005, relativo a indevida tributação de receitas referentes a venda de mercadorias que já haviam sido tributadas em dezembro de 2004, bem como a não consideração, no cálculo da contribuição, de créditos oriundos de mercadorias devolvidas em dezembro/2004. Após a conclusão do relatório, devem ser dada ciência para que a Recorrente manifestese no prazo de 30 dias, prorrogáveis por mais 30, ara que retornem à turma, para prosseguimento do julgamento. Retornou da diligência, tendo a unidade origem elaborada a Informação Fiscal (fls. 1.932/1.981), na qual narra o procedimento e suas conclusões, a seguir sintetizadas. 1 Com o objetivo de coletar as informações foram expedidos termos de intimação para a apresentação de documentos e esclarecimentos, notadamente : Fl. 2061DF CARF MF Processo nº 19515.003139/200637 Acórdão n.º 3201004.249 S3C2T1 Fl. 2.062 10 1.1 a escrituração em meio magnético no formato especificado em atos da Receita Federal que demonstrassem contabilmente, de forma inequívoca, a existência de diferença da base de cálculo nos períodos de apuração; 1.2 arquivos de lançamentos contábeis, de saldos mensais, tabela de Plano de contas, tabelas de centro de custo/despesa, de natureza da operação e de mercadorias/serviços; 1.3 esclarecimentos, justificativas, bem como relatórios de controle interno e demais documentos necessários à comprovação hábil dos valores de devolução e de mercadorias nas transportadoras; 1.4 memória de cálculo e esclarecimentos relativamente aos cálculos da apuração do PIS, referente aos períodos de DEZ/04 e JAN/05, que deixassem devidamente comprovados a matéria neste processo discutida; 1.5 PLANILHA EXCEL contendo a relação das Notas Fiscais (separadamente para cada mês e por estabelecimento) que discriminem as citadas “DEVOLUÇÕES” e " "MERCADORIAS NAS TRANSPORTADORAS" nos períodos sob exame; 1.6 Mídia digital do tipo PEN DRIVE, contendo os documentos solicitados, devidamente digitalizados, com respectivo Hash Code, onde constassem todos os arquivos tipo Adobe Acrobat document Adobe Reader (PDF) solicitados; 2. A contribuinte cumpriu parcialmente ao solicitado nos termos de intimação, tendo a autoridade fiscal consignado as inconsistências e omissões, como descrito: 2.1 Os arquivos digitais não puderam ser abertos pelos sistemas da RFB, por não atenderem às especificações e formatos prescritos nos atos normativos; 2.2 No tocante aos documentos, esclarecimentos, justificativas e relatórios e demais documentos que comprovassem cabalmente os valores relativos às "devoluções" e "mercadorias nas transportadoras", a contribuinte limitouse a reproduzir texto apresentado nos autos (recurso voluntário); 2.3 A contribuinte não apresentou as planilhas excel contendo a relação das notas fiscais que discriminassem as "devoluções" e "mercadorias nas transportadoras" no período sob diligência, com o argumento de que "tendo em vista o remoto período abarcado, não foi possível entrar no detalhe sugerido" (grifei) 3. A conclusão da fiscalização foi no sentido de que a recorrente não apresentou os documentos mínimos necessários que permitissem a análise contábil dos valores de mercadorias na transportadoras e de devoluções de vendas, do período. Em verdade, limitouse a reproduzir o que já havia suscitado em sede de recurso voluntário. 4. Ressalta ainda a autoridade fiscal que a ausência da contabilidade completa impediu a análise de informações lançadas em livros auxiliares ou mesmo em anotações manuscritas nas cópias de livros e informativos (planilha) apresentados. 5. Finaliza a informação fiscal com as conclusões, das quais ressaltase o transcrito a seguir: Fl. 2062DF CARF MF Processo nº 19515.003139/200637 Acórdão n.º 3201004.249 S3C2T1 Fl. 2.063 11 Conforme detalhadamente exposto, fica relatado e demonstrado que os documentos juntados pelo contribuinte, em atendimento ao exame realizado por esta fiscalização (sendo parte delas cópias dos documentos anteriormente juntados ao presente processo administrativo, no Recurso Voluntário) limitamse a justificar a origem dos valores discutidos mas nada comprovam. Importante salientar que em caso de litígio fiscal somente “a escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor do contribuinte dos fatos nela registrados e comprovados por DOCUMENTOS HÁBEIS , segundo sua natureza ou assim definidos em preceitos legais”. [...] Assim, concluímos que resultou infrutífera esta diligência, posto que nenhuma comprovação hábil foi apresentada pelo contribuinte, que possibilitasse o atendimento do despacho de fls. 1.148. Cientificada da informação fiscal (fl 1.938) a recorrente aduz que a autoridade fiscal encarregada da diligência não analisou a documentação apresentada e limitou se a demonstrar seu descontentamento com a realização da diligência. Alega que a autoridade fiscal exigiu documentos e informações "impossíveis de serem prestados" em razão de ter ultrapassado mais de 15 anos do fato gerador. Na sequência reapresenta quadros demonstrativos dos valores relativos às devoluções de vendas e de mercadorias remetidas às transportadoras para afirmar que se tratam de elementos suficientes para o cancelamento da exigência fiscal. Conclui que fora comprovada a improcedência dos débitos de PIS objeto de lançamento fiscal, requer seu cancelamento e que seja dado provimento integral ao seu recurso voluntário. O processo foi encaminhado ao CARF e redistribuído a este Conselheiro. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator Restam em litígios as seguintes matérias/argumentos suscitados no recurso voluntário (889/992): 1. Débitos de PIS dos períodos de apuração de agosto, setembro e outubro de 2004: imunidade das receitas decorrentes de vendas à Zona Franca de Manaus, por se equipararem a receitas decorrentes de exportação; Fl. 2063DF CARF MF Processo nº 19515.003139/200637 Acórdão n.º 3201004.249 S3C2T1 Fl. 2.064 12 2. Débito de PIS do período de apuração de janeiro de 2005: impossibilidade de incidência do PIS sobre receitas tributadas em dezembro de 2004, e a necessidade de serem considerados créditos oriundos de mercadorias devolvidas em dezembro/2004; 3. A indevida exigência de juros à Taxa SELIC; 4. Pedido de diligência e/ou perícia e apresentação de novos documentos. A. RECURSO VOLUNTÁRIO O Recurso Voluntário atende aos requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. Apuração do PIS em janeiro de 2005 receita tributada em dez/04 e crédito sobre devolução de venda realizada em dez/04 Passo a enfrentar primeiramente a matéria que fora objeto de diligência a exigibilidade de PIS referente às receitas de janeiro/2005. A fiscalização lançou valores de PIS em janeiro/2005 referentes a receitas de vendas que entendeu não incluídas na base de cálculo das Contribuições. Na impugnação a recorrente apontou em planilhas duas rubricas cujos valores alega indevidamente tributadas, que foram contabilizados no Livro Razão Auxiliar: (i) mercadorias vendidas em dezembro/2004, e tributada neste mesmo período (apurada em 12/2004), e remetidas às transportadoras em janeiro/2005, para entrega a seus cliente; e (ii) em razão da não consideração, no cálculo do PIS não cumulativo devido, dos créditos oriundos de mercadorias devolvidas em dezembro/ 2004, contabilizadas em janeiro/2005. A DRJ não enfrentou a matéria litigiosa sob o fundamento da preclusão, pois não fora expressamente impugnada em sua peça de defesa. Afastada a preclusão, o primeiro julgamento nesta Turma foi convertido em resolução para que a unidade de origem analisasse a inexigibilidade do PIS para o período de 2005, relativamente aos dois tópicos/rubricas suscitados pela contribuinte. De fato, os valores das receitas e devoluções em discussão foram informados em planilhas e Razão Auxiliar, ainda em sede de impugnação. Todavia, revestese o litígio em infirmar a acusação fiscal de que valores de receitas não foram oferecidos à tributação do PIS, no período de apuração 01/2005, assim como os créditos com devoluções relativas a dezembro/2004 e tomados em janeiro/2005 não foram considerados na apuração. As alegações que somente vieram após a impugnação e as indicações em planilhas e Razão Auxiliar foram produzidas pela contribuinte e as provas desses fatos são de sua exclusiva propriedade, do que decorre que lhe incumbia a apresentação das notas fiscais e demais documentos que corroborassem essas informações prestadas. Fl. 2064DF CARF MF Processo nº 19515.003139/200637 Acórdão n.º 3201004.249 S3C2T1 Fl. 2.065 13 A simples informação, em planilhas, livros auxiliares da contabilidade não satisfaz a verdade material. Deveria a contribuinte comprovar suas alegações de forma cabal com a exata e inconteste correlação dos valores informados (planilha, Razão Auxiliar) com as notas fiscais. Pois bem; vêse na Informação Fiscal da diligência que foram especificamente solicitados documentos em formato exigido pela RFB, e simultaneamente em arquivo do tipo "pdf", mas também oportunizou à contribuinte a apresentação de documentos e informações que se julgasse suficiente à comprovação de forma hábil e idônea das "devoluções" e "mercadorias nas transportadoras" nos períodos em discussão (dez/2004 e jan/2005). Verificase que elementos essenciais, tais como notas fiscais e registros contábeis, permaneceram, e ainda permanecem, ausentes na comprovação dos valores de devoluções e de mercadorias remetidas às transportadoras que seriam deduzidas (na forma de crédito) ou excluídas da base de cálculo das Contribuições, ainda que admitida a simples relação em arquivo em "pdf". Portanto, não há respaldo à arguição de que foram solicitados documentos em formatos de arquivos com base em atos normativos que a contribuinte não se obriga a atender. Arquivos em "pdf" são facilmente obtidos e manuseáveis. Asseverou a fiscalização que os únicos arquivos novos apresentados contém informações do Plano de Contas e memória de cálculo. Estes, isoladamente, ou seja, sem as respectivas notas fiscais que lhes dão suporte, não tem o condão de comprovar as alegações e informações de que os valores referentes às mercadorias nas transportadoras foram tributadas em dezembro/2004 e que os valores relativos a parte das devoluções de dezembro/2004 somente foram contabilizados em janeiro/2005. Essa providência é simples e seu cumprimento é singelo; todavia, a contribuinte não o fez. Bastaria comprovar que o somatório dos valores de determinadas notas fiscais de venda, realizadas em dezembro de 2004, cujas mercadorias foram transferidas às transportadoras, foram tributados como receita naquele período (dez/2004) e que corresponderiam exatamente às receitas que a fiscalização lançou em janeiro de 2005. A indicação de valores em planilhas e no Razão auxiliar, e mesmo em Dacon (ainda que não suscitado nesses autos), sem o suporte probatório da exibição das cópias das notas fiscais ou mesmo sua consolidação com todos os dados necessários em planilha ou arquivo, tal como oportunizado sua realização pela fiscalização não possui o conteúdo probatório hábil a afastar o lançamento fiscal. Mesmo raciocínio quanto às devoluções de vendas que alega ter utilizado créditos de parcelas em dezembro/2004, em janeiro/2005 e ainda restar saldo que afirma ter optado por ainda não utilizálos. Nada foi comprovado documentalmente; apenas informações consignadas. Ademais, se a recorrente insiste na irresignação quanto à matéria desde o julgamento de 1ª instância, não poderia justificar a desobrigação de apresentar os documentos comprobatórios com o argumento de que houvera ultrapassado o prazo legal para sua guarda. Justamente na oportunidade em que este Órgão Julgador afasta a preclusão e reconhece o direito da contribuinte de ver analisada sua pretensão, faltaram as provas das alegações e informações prestadas. Fl. 2065DF CARF MF Processo nº 19515.003139/200637 Acórdão n.º 3201004.249 S3C2T1 Fl. 2.066 14 Diante da inexistência de tal comprovação não há como afastar o lançamento e a glosa fiscal. Imunidade das receitas decorrentes de vendas A Zona Franca de Manaus receitas de exportação por equiparação Suscita a contribuinte que com relação aos períodos de apuração de agosto, setembro e outubro de 2004, as receitas decorrentes de venda para a Zona Franca de Manaus não podem ser incluídas na base de cálculo do PIS. Entende que tais receitas equiparamse àquelas de exportação, nos termos do DL nº 288/67, razão pela qual são imunes à exação, nos termos dos artigos 149, § 2°, inciso I, da CF/88 e 50, inciso I, da Lei n° 10.637/2002, e consoante já decidido pelos Tribunais Superiores e pelo antigo Conselho de Contribuintes. Alega, ainda, ter demonstrado que, a partir de 26/07/2004, a alíquota do PIS e da COFINS foi reduzida à zero em relação às receitas decorrentes de venda destinadas à Zona Franca de Manaus, nos termos da MP nº 202/2004 (posteriormente convertida na Lei nº 10.996/2004), de aparente inconstitucionalidade e ilegalidade. A imunidade das receitas de vendas efetuada a adquirente na Zona Franca de Manaus e a pretensa equiparação à receita de exportação foi decidida pela Câmara Superior no julgamento de recurso especial do mesmo contribuinte envolvendo a Cofins, no processo nº 19515.003138/200692, de relatoria de seu Presidente, Rodrigo da Costa Pôssas, no acórdão nº 9303005.787, de 20/09/2017. Naquele julgamento assentouse o entendimento de que a (i) limitação constitucional para instituição de contribuições sociais somente atinge as receitas decorrentes de exportação para o exterior, não abarcando as saídas para ZFM; (ii) o art. 4º do DL nº 288/97 não permite concluir que se considera as vendas no mercado interno para a ZFM equivalem a uma exportação para o estrangeiro e; (iii) inexiste norma que isente as vendas de mercadorias a empresas estabelecidas na Zona Franca de Manuas de forma indiscriminada, tendo somente havido a redução a zero da alíquota a partir de 16/12/2004, com a vigência do art. 2º da Lei nº 10.996/2004, regulamentada pelo Decreto nº 5.310/2004. Por concordar com os fundamentos do voto condutor do acórdão adotoo como minhas razões de decidir, reproduzindo seus excertos: Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator Para mim, é decisiva a mera transcrição do art. 4º do DecretoLei nº 288/67: Art 4º A exportação de mercadorias de origem nacional para consumo ou industrialização na Zona Franca de Manaus, ou reexportação para o estrangeiro, será para todos os efeitos fiscais, constantes da legislação em vigor, equivalente a uma exportação brasileira para o estrangeiro. Vejamos agora o dispositivo que estabeleceu a imunidade em discussão das contribuições sociais nas exportações (e, vejase Fl. 2066DF CARF MF Processo nº 19515.003139/200637 Acórdão n.º 3201004.249 S3C2T1 Fl. 2.067 15 bem, atingindo somente as receitas de exportação para o exterior stricto sensu, e resultante de uma Emenda de 2011, ou seja, treze anos depois da promulgação da Constituição): Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos arts. 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no art. 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo. (...) § 2º As contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico de que trata o caput deste artigo: I não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001) Assim, quando foi editado o DecretoLei nº 288/67 e, mesmo quando foram prorrogados os benefícios dados à ZFM pelo ADCT, nem se cogitava em imunidade para as contribuições sociais. Aliás, vejamos também o que diz o art. 40 do ADCT: Art. 40. É mantida a Zona Franca de Manaus, com suas características de área livre de comércio, de exportação e importação, e de incentivos fiscais, pelo prazo de vinte e cinco anos, a partir da promulgação da Constituição. Mas esta questão temporal, obviamente em nada influenciaria se os citados dispositivos relativos à ZFM falassem em imunidade. Ocorre, no entanto, que imunidade é limitação da competência tributária, por definição, constitucional. Incentivo fiscal, como a isenção, é dado por lei, ainda mais específica (art. 150, § 6º, da Constituição Federal), com interpretação da mais restritiva (art. 111, II, do CTN), e não extensiva aos tributos instituídos posteriormente à sua concessão (art. 177, II, também do CTN). Afastada a alegação de imunidade, passemos à análise do que historicamente diz a legislação a respeito da vendas no mercado interno para a ZFM (o que inclui também os Decretos, a teor do art. 96 do CTN e que, salvo em algumas exceções – nos quais o presente caso não se enquadra – devem ser observados pelos Conselheiros do CARF, conforme preceitua nosso Regimento). Ao contrário do que pretende levar a crer a recorrente, houve muitas exclusões expressas das vendas à Zona Franca de Manaus nos casos de isenções para exportações para o exterior que atingissem as contribuições, e isto tem como principal razão de ser que estas exações (antes nem consideradas tributos) terem a finalidade precípua de financiar a seguridade social, o que, como enfatizado na Constituição, deve ser feito por toda a sociedade. Fl. 2067DF CARF MF Processo nº 19515.003139/200637 Acórdão n.º 3201004.249 S3C2T1 Fl. 2.068 16 No caso do IPI, por exemplo, sempre houve a isenção, inclusive regulada por Decreto (mas, com restrições a diversos produtos, o que seria inconcebível em uma imunidade “generalizada”, sendo ainda mais incoerente buscar um tratamento “homogêneo” para todo e qualquer tributo – e isto está, repito, claríssimo no art 4º do DecretoLei nº 288/67, quando fala em “efeitos fiscais, constantes da legislação em vigor”). Então, o que importa, é a legislação em vigor na época da ocorrência dos fatos geradores. Há que se reconhecer que as várias mudanças havidas – especialmente por Medidas Provisórias, inclusive atingidas por decisões do STF (ainda que de forma temporária) – trazem alguma dificuldade para o intérprete, mas a PGFN, em suas Contrarrazões, fez um análise mais que detalhada, concluindo “pela inexistência de norma geral de isenção de PIS e Cofins acobertando, de forma indiscriminada, as vendas de mercadorias a empresas situadas na Zona Franca de Manaus”. O que efetivamente deve ser tomado como base é o art. 2º da Lei nº 10.996/2004: Art. 2º Ficam reduzidas a 0 (zero) as alíquotas da Contribuição para o PIS/PASEP e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS incidentes sobre as receitas de vendas de mercadorias destinadas ao consumo ou à industrialização na Zona Franca de Manaus – ZFM, por pessoa jurídica estabelecida fora da ZFM. (Vide Lei nº 13.137, de 2015) (Vigência) Não faria qualquer sentido esta redução a zero da alíquota ser inserida no ordenamento jurídico se já houvesse a isenção, ou, mais injustificadamente ainda, a imunidade (isto sem falar que este dispositivo sofreu restrições pelo art. 21 da Lei nº 13.137/2015, que excluiu vários produtos do benefício, remetendo aos listados no art. 14 da Lei nº 13.097/2015). E esta lei, conforme reza seu art. 6º, entrou em vigor na data de sua publicação, que se deu 16/12/2004, mesma data em que passou a ter eficácia o seu Decreto regulamentador (nº 5.310/2004), devidamente aplicado pela Fiscalização em recálculo feito em procedimento de Diligência, procedimento acatado pela Instância de Piso e no Acórdão Recorrido. Ex positis, voto por negar provimento ao Recurso Especial interposto pelo contribuinte Ademais a alegação de " aparente inconstitucionalidade e ilegalidade" deve ser rechaçada com a Súmula CARF nº 02, segundo a qual o: " CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária". Fl. 2068DF CARF MF Processo nº 19515.003139/200637 Acórdão n.º 3201004.249 S3C2T1 Fl. 2.069 17 Exigência de juros à Taxa SELIC Alega a recorrente que a aplicação da taxa Selic ao crédito tributário viola os arts. 5º, II e 150, I da CF/88 pois não foi criada para fins tributários e não possui caráter moratório. Sem razão a recorrente. Os juros de mora equivalentes à taxa do Sistema Especial de Liquidação e Custódia, Selic, são devidos e calculados sobre o crédito tributário não pagos no vencimento, por expressa previsão legal do art. 161 do CTN: Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. O crédito tributário não pago no respectivo vencimento fica sujeito à incidência de juros moratórios, calculados à taxa Selic, a partir do primeiro dia do mês subsequente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento, conforme a Súmula CARF nº 04: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Pedido de diligência e/ou perícia e apresentação de novos documentos A contribuinte roga por realização de diligência, perícia e apresentação de novos documentos. A perícia pressupõe a pesquisa de fatos por pessoas de reconhecido saber, habilidade e experiência, que permitam o esclarecimento de certas dúvidas surgidas com o processo, e somente se faz necessária quando o simples exame dos autos pelo julgador não seja suficiente, exigindose o pronunciamento por parte de técnico especializado no assunto. O Processo Administrativo Fiscal Decreto nº 70.235/72 em seu art. 16, IV e §1º, alterado pela Lei nº 8.748/1993, determina que todo pedido de perícia deve indicar os motivos que o justifiquem e o perito do sujeito passivo. Caso contrário, o pedido deve ser considerado não formulado. Portanto, não tem efeito o pedido de perícia da recorrente. Assim, desnecessária providências de diligência e perícia pois os fundamentos antecedentes são suficientes para decidir a controvérsia. Não há dúvidas intransponíveis nos autos que necessitam de serem completadas para decidir o litígio. A apresentação de documentos probatórios tem seu momento adequado, segundo prescreve o Processo Administrativo Fiscal: Fl. 2069DF CARF MF Processo nº 19515.003139/200637 Acórdão n.º 3201004.249 S3C2T1 Fl. 2.070 18 Decreto n° 70.235, de 1972: Art. 14. A impugnação da exigência instaura a fase litigiosa do procedimento. Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. [...] § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) b) refirase a fato ou a direito superveniente; (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) Destarte, omitindose a contribuinte em apresentar suas provas em momento adequado, ou comprovar situação ou fato impeditivo de fazêla tempestivamente, precluso estará seu direito B. RECURSO DE OFÍCIO A decisão recorrida exonerou valores de PIS do período de apuração janeiro e fevereiro de 2003, agosto a novembro de 2004, e janeiro a fevereiro de 2006; portanto, três períodos, mas com apenas dois fundamentos diferentes. No primeiro período exonerado, janeiro a fevereiro de 2003, o motivo foi o pagamento efetivamente maior que o lançado, em decorrência de equívoco da autoridade fiscal na transposição de valores declarados pela contribuinte, exposto nos seguintes termos: Havendo a Unidade Preparadora do processo dado os autos para prosseguimento, calha observar de inicio neste voto, quanto A alegação de que em relação aos fatos geradores de janeiro e fevereiro de 2003 o PIS efetivamente declarado e pago é superior ao considerado pela Autoridade Fiscalizadora, que: a) o PIS de janeiro de 2003 que teria sido declarado pela Contribuinte segundo o Demonstrativo de Situação Fiscal Apurada, no montante de R$ 532.247,40 (fl. 187), corresponde a Imposto de Renda Retido na Fonte — IRRF declarado pela Contribuinte em DCTF (fl. 79); Fl. 2070DF CARF MF Processo nº 19515.003139/200637 Acórdão n.º 3201004.249 S3C2T1 Fl. 2.071 19 b) o PIS de fevereiro de 2003 que teria sido declarado pela Contribuinte segundo o Demonstrativo de Situação Fiscal Apurada, no montante de R$ 592.514,38 (fl. 187), corresponde ao PIS de janeiro de 2003 declarado pela Contribuinte em DCTF (fl. 79). Tais fatos indicam equivoco da Fiscalização na transposição dos valores declarados pela Contribuinte e, considerando que as importâncias efetivamente declaradas de R$ 592.514,38 (fl. 79), no que tange a Janeiro/2003, e R$ 634.519,97 (fl. 79), no que tange a fevereiro/2003, são superiores àquelas consideradas pela Autoridade Fiscal respectivamente R$ 577.169,49 (fl. 187) e R$ 616.994,97 (fl. 187) , o crédito tributário lançado de tais meses deve ser exonerado. Portanto, em se tratando de mero equívoco material é de se reconhecer o acerto da decisão a quo em exonerar o lançamento no período em referência. Quanto aos outros dois períodos (ago a nov/2004 e jan/05 a fev/06) a decisão dos julgadores de 1ª instância teve como fundamento a aplicação da legislação que tratou em dois momentos distintos da isenção das Contribuições sobre determinadas receitas financeiras. Com base em relatório fiscal em atendimento à diligência solicitada pela DRJ, a autoridade fiscal reconheceu a aplicação das regras introduzidas nos Decretos nºs. 5.310/2004 e 5.442/2005 que implicou a exclusão parcial das Contribuições, conforme seu despacho às efls. 504 do processo 19515.003138/200692, de exigência de Cofins sobre os mesmos fatos e períodos deste processo, de PIS, com a imagem a seguir: Fl. 2071DF CARF MF Processo nº 19515.003139/200637 Acórdão n.º 3201004.249 S3C2T1 Fl. 2.072 20 Dessa forma, com esteio no Despacho reproduzido e no recálculo das bases de cálculo das Contribuições, consoante nos referidos Decretos, a DRJ acertadamente exonerou parcialmente o crédito tributário lançado. Assim, é de se negar provimento ao recurso de ofício. Conclusão Por tudo ante exposto, voto para negar provimento aos recursos de ofício e voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Fl. 2072DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10650.901213/2010-30
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 20 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Apr 24 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/01/2006 a 31/03/2006
COMPENSAÇÃO. PRAZO PARA HOMOLOGAÇÃO.
É de 5 (cinco) anos o prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo, contado da data da entrega da declaração de compensação.
NÃO-CUMULATIVIDADE. CESSÃO DE CRÉDITOS DE ICMS ACUMULADOS DECORRENTES DE EXPORTAÇÕES. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO POR FORÇA DE DECISÃO JUDICIAL VINCULANTE, NA FORMA REGIMENTAL.
Havendo decisão definitiva do STF, com repercussão geral, no sentido da não incidência da Contribuição para o PIS e da Cofins na cessão onerosa para terceiros de créditos de ICMS acumulados, originados de operações de exportação, ela deverá ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, por força regimental.
NÃO-CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. CONCEITO DE INSUMOS
O alcance do conceito de insumo, segundo o regime da não-cumulatividade do PIS Pasep e da COFINS é aquele em que o os bens e serviços cumulativamente atenda aos requisitos de (i) pertinência ao processo produtivo ou prestação de serviço; (ii) emprego direto ou indireto no processo produtivo ou prestação de serviço; e (iii) essencialidade em que a subtração importa a impossibilidade da produção ou prestação de serviço ou implique substancial perda de qualidade (do produto ou serviço resultante).
COMBUSTÍVEIS. GLP E ÓLEO DIESEL
Os gastos com combustíveis e lubrificantes geram créditos a serem utilizados na apuração do PIS e da COFINS, nos termos do art. 3º, II da Lei nº 10.833/2003.
DESPESAS COM ALUGUEL DE MAQUINAS, EQUIPAMENTOS E VEÍCULOS. DESCONTO DE CRÉDITOS. POSSIBILIDADE.
Se o disposto no art. 3º, IV, da Lei 10.833/2003, não restringiu o desconto de créditos da Cofins apenas às despesas de aluguéis de máquinas e equipamentos ao processo produtivo da empresa, não cabe ao intérprete restringir a utilização de créditos somente aos alugueis de máquinas e equipamentos utilizados no processo produtivo.
Concede-se o crédito na locação de veículos utilizados na movimentação de bens relacionados à atividades produtivas da pessoa jurídica.
MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. CRÉDITO SOBRE DEPRECIAÇÃO. UTILIZAÇÃO EM ETAPAS DO PROCESSO PRODUTIVO. ÁGUA E ENERGIA ELÉTRICA.
A pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados sobre encargos de depreciação em relação às máquinas e aos equipamentos adquiridos e utilizados em etapas pertinentes e essenciais à fabricação de produtos destinados à venda, incluindo-se salas de controle e monitoramento do processo produtivo, conforme disciplinado pela Secretaria da Receita Federal em sua legislação (IN SRF nº 457/2004).
Mantêm-se os créditos com encargos de depreciação dos bens imobilizados utilizados em unidades de abastecimento e tratamento de água e de energia elétrica na atividade mineradora por serem essenciais e pertinentes ao processo produtivo.
MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. CRÉDITO. AQUISIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. DEPRECIAÇÃO.
A aquisição de máquinas e equipamentos do ativo imobilizado, utilizados no processo produtivo de bens destinados à venda, não permite a tomada do crédito das Contribuições, o que somente é permitido quanto aos encargos de depreciação.
SERVIÇOS DE INSTALAÇÕES. MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS.
Concede-se o direito ao crédito às despesas com instalações de máquinas e equipamentos do processo produtivo desde que o dispêndio não deva ser capitalizado ao valor do bem.
CREDITAMENTO. ENCARGOS DE DEPRECIAÇÃO. ART. 31, LEI Nº 10.865/2004.
Vedado o creditamento relativo a encargos de depreciação de bens adquiridos antes de 30 de abril de 2004. Disposição expressa do art. 31 da Lei nº 10.865/2004.
Recurso Voluntário Parcialmente Provido
Numero da decisão: 3201-003.570
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos dar parcial provimento ao recurso voluntário. Vencida a Conselheira Tatiana Josefovicz Belisário, que também dava provimento para as despesas de despacho aduaneiro. Os Conselheiros Marcelo Giovani Vieira e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade votaram pelas conclusões.
Winderley Morais Pereira - Presidente Substituto
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade.
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/01/2006 a 31/03/2006 COMPENSAÇÃO. PRAZO PARA HOMOLOGAÇÃO. É de 5 (cinco) anos o prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo, contado da data da entrega da declaração de compensação. NÃO-CUMULATIVIDADE. CESSÃO DE CRÉDITOS DE ICMS ACUMULADOS DECORRENTES DE EXPORTAÇÕES. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO POR FORÇA DE DECISÃO JUDICIAL VINCULANTE, NA FORMA REGIMENTAL. Havendo decisão definitiva do STF, com repercussão geral, no sentido da não incidência da Contribuição para o PIS e da Cofins na cessão onerosa para terceiros de créditos de ICMS acumulados, originados de operações de exportação, ela deverá ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, por força regimental. NÃO-CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. CONCEITO DE INSUMOS O alcance do conceito de insumo, segundo o regime da não-cumulatividade do PIS Pasep e da COFINS é aquele em que o os bens e serviços cumulativamente atenda aos requisitos de (i) pertinência ao processo produtivo ou prestação de serviço; (ii) emprego direto ou indireto no processo produtivo ou prestação de serviço; e (iii) essencialidade em que a subtração importa a impossibilidade da produção ou prestação de serviço ou implique substancial perda de qualidade (do produto ou serviço resultante). COMBUSTÍVEIS. GLP E ÓLEO DIESEL Os gastos com combustíveis e lubrificantes geram créditos a serem utilizados na apuração do PIS e da COFINS, nos termos do art. 3º, II da Lei nº 10.833/2003. DESPESAS COM ALUGUEL DE MAQUINAS, EQUIPAMENTOS E VEÍCULOS. DESCONTO DE CRÉDITOS. POSSIBILIDADE. Se o disposto no art. 3º, IV, da Lei 10.833/2003, não restringiu o desconto de créditos da Cofins apenas às despesas de aluguéis de máquinas e equipamentos ao processo produtivo da empresa, não cabe ao intérprete restringir a utilização de créditos somente aos alugueis de máquinas e equipamentos utilizados no processo produtivo. Concede-se o crédito na locação de veículos utilizados na movimentação de bens relacionados à atividades produtivas da pessoa jurídica. MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. CRÉDITO SOBRE DEPRECIAÇÃO. UTILIZAÇÃO EM ETAPAS DO PROCESSO PRODUTIVO. ÁGUA E ENERGIA ELÉTRICA. A pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados sobre encargos de depreciação em relação às máquinas e aos equipamentos adquiridos e utilizados em etapas pertinentes e essenciais à fabricação de produtos destinados à venda, incluindo-se salas de controle e monitoramento do processo produtivo, conforme disciplinado pela Secretaria da Receita Federal em sua legislação (IN SRF nº 457/2004). Mantêm-se os créditos com encargos de depreciação dos bens imobilizados utilizados em unidades de abastecimento e tratamento de água e de energia elétrica na atividade mineradora por serem essenciais e pertinentes ao processo produtivo. MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. CRÉDITO. AQUISIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. DEPRECIAÇÃO. A aquisição de máquinas e equipamentos do ativo imobilizado, utilizados no processo produtivo de bens destinados à venda, não permite a tomada do crédito das Contribuições, o que somente é permitido quanto aos encargos de depreciação. SERVIÇOS DE INSTALAÇÕES. MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. Concede-se o direito ao crédito às despesas com instalações de máquinas e equipamentos do processo produtivo desde que o dispêndio não deva ser capitalizado ao valor do bem. CREDITAMENTO. ENCARGOS DE DEPRECIAÇÃO. ART. 31, LEI Nº 10.865/2004. Vedado o creditamento relativo a encargos de depreciação de bens adquiridos antes de 30 de abril de 2004. Disposição expressa do art. 31 da Lei nº 10.865/2004. Recurso Voluntário Parcialmente Provido
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PRAZO PARA HOMOLOGAÇÃO. É de 5 (cinco) anos o prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo, contado da data da entrega da declaração de compensação. NÃOCUMULATIVIDADE. CESSÃO DE CRÉDITOS DE ICMS ACUMULADOS DECORRENTES DE EXPORTAÇÕES. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO POR FORÇA DE DECISÃO JUDICIAL VINCULANTE, NA FORMA REGIMENTAL. Havendo decisão definitiva do STF, com repercussão geral, no sentido da não incidência da Contribuição para o PIS e da Cofins na cessão onerosa para terceiros de créditos de ICMS acumulados, originados de operações de exportação, ela deverá ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, por força regimental. NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. CONCEITO DE INSUMOS O alcance do conceito de insumo, segundo o regime da nãocumulatividade do PIS Pasep e da COFINS é aquele em que o os bens e serviços cumulativamente atenda aos requisitos de (i) pertinência ao processo produtivo ou prestação de serviço; (ii) emprego direto ou indireto no processo produtivo ou prestação de serviço; e (iii) essencialidade em que a subtração importa a impossibilidade da produção ou prestação de serviço ou implique substancial perda de qualidade (do produto ou serviço resultante). COMBUSTÍVEIS. GLP E ÓLEO DIESEL Os gastos com combustíveis e lubrificantes geram créditos a serem utilizados na apuração do PIS e da COFINS, nos termos do art. 3º, II da Lei nº 10.833/2003. DESPESAS COM ALUGUEL DE MAQUINAS, EQUIPAMENTOS E VEÍCULOS. DESCONTO DE CRÉDITOS. POSSIBILIDADE. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 65 0. 90 12 13 /2 01 0- 30 Fl. 617DF CARF MF Processo nº 10650.901213/201030 Acórdão n.º 3201003.570 S3C2T1 Fl. 3 2 Se o disposto no art. 3º, IV, da Lei 10.833/2003, não restringiu o desconto de créditos da Cofins apenas às despesas de aluguéis de máquinas e equipamentos ao processo produtivo da empresa, não cabe ao intérprete restringir a utilização de créditos somente aos alugueis de máquinas e equipamentos utilizados no processo produtivo. Concedese o crédito na locação de veículos utilizados na movimentação de bens relacionados à atividades produtivas da pessoa jurídica. MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. CRÉDITO SOBRE DEPRECIAÇÃO. UTILIZAÇÃO EM ETAPAS DO PROCESSO PRODUTIVO. ÁGUA E ENERGIA ELÉTRICA. A pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados sobre encargos de depreciação em relação às máquinas e aos equipamentos adquiridos e utilizados em etapas pertinentes e essenciais à fabricação de produtos destinados à venda, incluindose salas de controle e monitoramento do processo produtivo, conforme disciplinado pela Secretaria da Receita Federal em sua legislação (IN SRF nº 457/2004). Mantêmse os créditos com encargos de depreciação dos bens imobilizados utilizados em unidades de abastecimento e tratamento de água e de energia elétrica na atividade mineradora por serem essenciais e pertinentes ao processo produtivo. MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. CRÉDITO. AQUISIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. DEPRECIAÇÃO. A aquisição de máquinas e equipamentos do ativo imobilizado, utilizados no processo produtivo de bens destinados à venda, não permite a tomada do crédito das Contribuições, o que somente é permitido quanto aos encargos de depreciação. SERVIÇOS DE INSTALAÇÕES. MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. Concedese o direito ao crédito às despesas com instalações de máquinas e equipamentos do processo produtivo desde que o dispêndio não deva ser capitalizado ao valor do bem. CREDITAMENTO. ENCARGOS DE DEPRECIAÇÃO. ART. 31, LEI Nº 10.865/2004. Vedado o creditamento relativo a encargos de depreciação de bens adquiridos antes de 30 de abril de 2004. Disposição expressa do art. 31 da Lei nº 10.865/2004. Recurso Voluntário Parcialmente Provido Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos dar parcial provimento ao recurso voluntário. Vencida a Conselheira Tatiana Josefovicz Belisário, que também dava provimento para as despesas de despacho aduaneiro. Os Conselheiros Marcelo Giovani Vieira e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade votaram pelas conclusões. Fl. 618DF CARF MF Processo nº 10650.901213/201030 Acórdão n.º 3201003.570 S3C2T1 Fl. 4 3 Winderley Morais Pereira Presidente Substituto Paulo Roberto Duarte Moreira Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade. Relatório O interessado acima identificado recorre a este Conselho, de decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Juiz de Fora/MG. Por bem descrever os fatos ocorridos, até então, adoto o relatório da decisão recorrida, que transcrevo, a seguir: Trata o presente das Declarações de Compensação – Dcomp nºs 05594.64679.220206.1.3.082302, 21463.33797.270306.1.3.086144, 02763.83250.100406.1.3.080640 e 42394.11550.250406.1.3.080920, baixadas para tratamento manual, recebendo o número 10650.720165/201161, objetivando a compensação dos débitos nelas declarados, no montante de R$1.189.681,66, com crédito do Pis/Pasep – regime não cumulativo, relativo ao 1º trimestre de 2006. As Declarações de compensação nºs 02763.83250.100406.1.3.080640 e 42394.11550.250406.1.3.08 0920, referentes ao mês de março/2006, foram precedidas do Pedido de Ressarcimento n° 12707.79027.100406.1.1.086617, que também foi baixado para tratamento manual, recebendo o n° 10650.901213/201030. Os processos 10650.901213/201030 e 10650.720165/201161, foram analisados em conjunto, por constituírem objeto de crédito tributário do PIS não cumulativo do 1º trimestre/2006. Da verificação da legitimidade do crédito solicitado resultou o Relatório Fiscal (fls. 7 a 68) e o Relatório Fiscal Final, referente ao 1º trimestre (fls. 98 a 109), do qual se extrai as seguintes glosas: bens utilizados como insumos (gás liquefeito do petróleo GLP e óleo diesel, produtos adquiridos sujeitos à alíquota zero); duplicidade de aproveitamento de crédito, no momento da aquisição e nos encargos de depreciação; encargos de depreciação de bens do ativo imobilizado: (i) sobre máquinas e equipamentos nos centros de custos AGU – Abastecimento e Tratamento de Água e ENE – Subestação de Energia Elétrica por não afetarem a produção diretamente; (ii) móveis e equipamentos não utilizados na fabricação dos produtos vendidos; (iii) equipamentos formados por aquisições de peças e serviços antes de 30/04/2004; Fl. 619DF CARF MF Processo nº 10650.901213/201030 Acórdão n.º 3201003.570 S3C2T1 Fl. 5 4 ajuste negativo do crédito (aumento da base de cálculo da contribuição, adicionando valores relativos à cessão de créditos de ICMS). A DRFUberaba/MG emitiu Despacho Decisório, no qual homologa parcialmente a compensação pleiteada, até onde as contas se encontrarem, fls. 110 a 118, nos seguintes termos: Conforme os fundamentos acima e com base na Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, DECIDO: 1. RECONHECER O DIREITO CREDITÓRIO no valor de R$1.130.922,03 (Hum milhão, cento e trinta mil, novecentos e vinte e dois reais e três centavos), sendo R$423.108,13(quatrocentos e vinte e três mil, cento e oito reais e treze centavos) no mês de janeiro/2006; R$290.747,47(duzentos e noventa mil, setecentos e quarenta e sete reais e quarenta e sete centavos) no mês de fevereiro/2006 e R$417.066,43(quatrocentos e dezessete mil, sessenta e seis reais e quarenta e três centavos) no mês de março/2006; 2) HOMOLOGAR PARCIALMENTE as compensações realizadas, respeitada as vinculações dos respectivos períodos de apuração até onde as contas se encontrarem; 3) EXIGIR os débitos indevidamente nelas compensados, com base no § 6° do art 74 da Lei n° 9.430 de 1996 e § 4° do art 34 da IN RFB n° 900 de 2008. Fica a empresa ciente que deverá executar em seus livros fiscais e contábeis, a adequação de seus registros e de suas informações prestadas à Receita Federal do Brasil, através dos sistemas informatizados disponíveis, em decorrência dos valores apurados em diligência fiscal e da parte do crédito pleiteado que foi objeto de glosa e/ou reconhecimento de ofício. [...] A empresa apresentou manifestação de inconformidade (fls. 127 a 162), na qual após as alegações deduzidas, requer: Por todo o exposto, seja com base nas preliminares, seja com fundamento nas razões de mérito, concluise que deve o r. despacho decisório ser modificado "in totum", para o fim de (i) cancelar as glosas realizadas na apuração dos créditos da contribuição ao PIS; (ii) determinar a exclusão dos montantes recebidos em contrapartida à cessão dos créditos do ICMS, da base de cálculo daquela exação; (iii) homologar integralmente as compensações realizadas pela requerente, nos autos dos processos n. 10650.901213/201030 e 10650.720165/201161; e (iv) cancelar as respectivas Cartas Cobrança. Protesta a requerente provar o alegado por todos os meios de prova admitidos, especialmente a produção de perícia e a juntada de documentos. Fl. 620DF CARF MF Processo nº 10650.901213/201030 Acórdão n.º 3201003.570 S3C2T1 Fl. 6 5 Em atendimento ao disposto no inciso V do art. 16 do Decreto n. 70235, de 6.3.1972, a requerente informa que a matéria objeto desta manifestação de inconformidade não foi submetida à apreciação judicial. É o relatório. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Juiz de Fora por intermédio da 1ª Turma, no Acórdão nº 0937.520, sessão de 28/10/2011, julgou improcedente a manifestação de inconformidade da contribuinte. A decisão foi assim ementada: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2006 a 31/03/2006 PRODUÇÃO DE NOVAS PROVAS. PEDIDO DE DILIGÊNCIA. Não atendidos os requisitos legais de admissibilidade, indefere se pedido de juntada de novas provas e, uma vez que os elementos contidos nos autos são suficientes para o deslinde da questão, é prescindível a realização de perícia ou diligência. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2006 a 31/03/2006 NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. BENS NÃO SUJEITOS AO PAGAMENTO DA CONTRIBUIÇÃO. Não dará direito a crédito o valor da aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição, inclusive no caso de isenção, esse último quando revendidos ou utilizados como insumo em produtos ou serviços sujeitos à alíquota zero, isentos ou não alcançados pela contribuição. SERVIÇOS. CRÉDITO SOBRE INSUMOS. Somente os serviços aplicados ou consumidos na produção de bens destinados à venda são considerados insumos e dão direito ao crédito. MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. CRÉDITO SOBRE DEPRECIAÇÃO. A pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados sobre encargos de depreciação, somente em relação às máquinas e aos equipamentos adquiridos para utilização na fabricação de produtos destinados à venda. CESSÃO DE ICMS. INCIDÊNCIA DO PIS/Pasep. A cessão de direitos de ICMS compõe a receita do contribuinte, sendo base de cálculo para a contribuição. No voto, os julgadores de 1ª instancia delimitaram o litígio conforme as matérias expressamente contestadas pela contribuinte, como se vê: Fl. 621DF CARF MF Processo nº 10650.901213/201030 Acórdão n.º 3201003.570 S3C2T1 Fl. 7 6 Cumpre ressaltar que relativamente ao 1º trimestre de 2006, a fiscalização excluiu da apuração dos créditos valores correspondentes a: bens utilizados como insumos (GLP e óleo diesel), despesas com aluguéis de máquinas e equipamentos locados de pessoa jurídica e encargos de depreciação de determinados itens do ativo imobilizado. Desse modo, fica prejudicado o exame das argumentações, contidas na peça impugnatória, relativamente aos itens: “2.2.4. Conservação Patrimonial, Segurança, Meio Ambiente”, “2.2.5. Pesquisas, Melhorias, Experiências”, “2.2.6. Bens Não Consumidos Nem Aplicados no Processo Produtivo”, “2.2.7 Gastos ativados inseridos nos serviços utilizados como insumos”, “2.2.8 Conservação patrimonial e melhoria de processos”, correspondentes aos itens 1.2, 1.3, 1.4, 2.1 e 2.2 do Relatório Fiscal, já que não houve glosa sob referidas rubricas. A seguir, após dissertar acerca do conceito de insumos no entendimento daqueles julgadores, mormente consubstanciado nas INs 247/2002 e 404/2004, estabeleceu as rubricas que a contribuinte incorreu em gastos para os quais a Fiscalização glosou os créditos da não cumulatividade do PIS/Cofins, a saber: I Decadência II Aumento da base de cálculo do PIS em procedimento de análise de direito creditório III Inclusão dos ingresso decorrente de cessão de crédito do ICMS na base de cálculo para apuração do crédito de PIS. IV Glosa de créditos quanto a encargos com aquisição de/para: a) GLP e óleo diesel: b) Alugueis de máquinas e equipamentos locados de pessoa jurídica; c) Depreciação de bens do ativo imobilizado, nos seguintes centro de custo: (i) AGU (Abastecimento e Tratamento de Água), “ENE” (Subestação de energia elétrica); (ii) Móveis e equipamentos alocados em centro de custos produtivos; e (iii) Bem do ativo imobilizado adquirido antes de 30/04/2004, relacionados nos quadros demonstrativos do item 6.1 do relatório fiscal (fls. 33 a 35). Inconformada com a decisão, a contribuinte apresenta recurso voluntário (fls. 335/380), no qual repisa os argumentos trazidos em sua impugnação, explicitando sua atividade extrativa/industrial e a utilização de cada um dos bens ou serviços em seu processo, cujos gastos tiveram créditos das contribuições glosados. Submetido à julgamento em Colegiado desta 3ª Seção, na sessão de 26/06/2013, após conhecer do recurso voluntário decidiuse convertêlo em diligência para elaboração de laudo que demonstrasse a vinculação dos bens e serviços ao processo produtivo, Fl. 622DF CARF MF Processo nº 10650.901213/201030 Acórdão n.º 3201003.570 S3C2T1 Fl. 8 7 por entende a Turma tratarse de informação essencial para a análise de qualquer pleito de reconhecimento de PIS e de Cofins não cumulativos. Os termos da diligência determinada na resolução nº 3202000.105 (fls. 423/432): Para o deslinde da questão entendo necessária a diligência para se determinar se os insumos objeto de glosa pela fiscalização relacionamse ou não ao processo produtivo da Recorrente. Diante disso, converto o julgamento em diligência para que unidade preparadora jurisdicionante do domicílio fiscal da Recorrente providencie o que segue: 1) Intime a Recorrente a apresentar laudo de renomada instituição que descreva detalhadamente o seu processo processo produtivo, apontando a utilização dos insumos ora glosados na produção de bens destinados à venda, ou na prestação de serviços; e 2) Após a juntada do laudo, promova diligência fiscal in loco, para verificar as conclusões do laudo pericial, elaborando Relatório conclusivo e sucintoacerca da utilização ou não dos insumos ora glosados no processo produtivo da Recorrente. Após a realização da diligência, é mister que seja dado o prazo de trinta dias para que a Recorrente e a fiscalização se manifestem acerca do tema. A contribuinte elaborou Laudo (fls. 440/510) por meio de seu corpo técnico no qual descreve seu processo produtivo que se materializa no desenvolvimento de atividade de lavra, extração e produção de minérios utilizados na fabricação de produtos da indústria metalúrgica e siderúrgica. O insumo, minério de pirocloro, no qual é encontrado sob a forma do composto óxido de nióbio (Nb2O5), utilizado na produção de nióbio, e de outros produtos derivados, é explorado pela CBMM de seu próprio depósito minerário, e de outro, em forma de concessão, de propriedade da CODEMIG, que juntas otimizam a exploração do minério por intermédio da COMIPA que os vende, exclusivamente, à CBMM. A COMIPA é pois a responsável pela operação de lavra e transporte do minério até as instalações da CBMM. As máquinas e equipamentos necessários à extração são de propriedade da CBMM que os aluga à COMIPA, por disposição contratual. O minério adquirido pela CBMM é submetido a sucessivos processos de separação dos demais minerais até a obtenção do produto final o nióbio. Esse processo de separação consiste em etapas de concentração, sinterização, desfosforação, metalurgia, britagem e embalagem. Em termos de controle contábil, cada uma das etapas do processo de produção do nióbio constituise um centro de custo. Fl. 623DF CARF MF Processo nº 10650.901213/201030 Acórdão n.º 3201003.570 S3C2T1 Fl. 9 8 Finda a caracterização de seu processo produtivo, a CBMM passa a discorrer sobre as despesas incorridas com as várias rubricas apropriadas na tomada de créditos das Contribuições para Pis/Cofins nãocumulativas. A Unidade de Origem produziu o relatório de diligência em que, objetivamente, analisou as glosas efetuadas na autuação fiscal comparando as despesas incorridas nas rubricas mencionadas relacionandoas ao processo produtivo descrito. Segue a síntese da manifestação da autoridade fiscal quanto aos itens glosados, que permanecem em litígios. GLP/Óleo diesel O GLP foi utilizado pelos fornos, equipamentos da produção. Contudo, a glosa ocorreu por outra razão: insumos adquiridos sem o pagamento da contribuição, conforme Relatório Fiscal. Despesas de Alugueis de Máquinas e Equipamentos Não se trata de alugueis, locação, mas de serviços prestados com máquinas e equipamentos nas obras, conforme afirmam os Laudos nas folhas 18. Tratase de despesas apropriadas na conta do ativo imobilizado: 13210001 Obras, portanto, ativadas, cujo crédito foi apurado em duplicidade. Há fotografias dos equipamentos no Anexo VIII, do Laudo. Depreciação de bens do Ativo Imobilizado Os bens do centro de custo AGU Abastecimento de Água não foram usados na produção, mas no bombeamento, tratamento, e reaproveitamento da água que circula nas plantas industriais. Os bens do centro de custo ENE Energia Elétrica distribuem, convertem, adaptam a energia às necessidades das unidades, suprem de energia elétrica toda a empresa essas são suas funções. Eles não atuam na produção e, em consequência, os seus desgastes não decorrem da fabricação dos produtos. Os bens que constam da tabela do item 9, exceto o de número 17, não se desgastaram ou danificaram na fabricação dos produtos. São necessários para viabilizar as atividades de qualquer empresa. Não foram adquiridos para fabricar os produtos da Contribuinte. Contudo, o Detector de radiação G606/650 é um separador magnético escória/produto, que se desgasta ou danificase no processo produtivo e, portanto, o crédito sobre ele deve ser admitido. Quanto aos serviços, que constam da referida tabela do item 9, não foram aplicados ou consumidos na fabricação dos produtos destinados à venda. Assim, não se admite crédito sobre suas cotas de depreciação. É o relatório. Fl. 624DF CARF MF Processo nº 10650.901213/201030 Acórdão n.º 3201003.570 S3C2T1 Fl. 10 9 Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator Conforme se verifica nos autos, a lide está vinculada à (i) decadência para a homologação da declaração de compensação; (ii) à possibilidade de alteração da base de cálculo do PIS de ofício; (iii) inclusão na base de cálculo do PIS dos valores relativos à cessão de crédito de ICMS e (iv) às glosas realizadas na apuração dos créditos da contribuição relacionadas às despesas com bens e serviços utilizados pela recorrente nas atividades de lavra, extração e produção de nióbio. Decadência Suscita a recorrente que o prazo para o fisco homologar declaração de compensação é de cinco anos a contar da data do fato gerador, pois entende que a regra do § 5º do art. 74 da Lei nº 9.430/96 não afasta a contagem do prazo determinada no art. 150, § 4º do CTN. Reforça tal tese o entendimento de que os ajustes de créditos decorrente da inclusão na receita total da cessão onerosa de ICMS, por se tratar de um procedimento fiscal já não restava permitido em razão de ultrapassado cinco anos do fato gerador. Dessa forma, estaria configurada a decadência do direito de proceder os ajustes da base de cálculo do PIS/Pasep relativa aos meses de janeiro e fevereiro de 2006. A tese da contribuinte não pode prosperar. A compensação, é uma modalidade de extinção do crédito tributário, prevista no artigo 170 do CTN, aprovado pela Lei n° 5172/66, o qual remete a lei ordinária a disciplina da matéria. O CTN assim dispõe sobre a compensação: Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda Pública." Desta forma, a compensação é um dos meios de extinção do crédito tributário e se concretiza pelo encontro de contas entre a Fazenda Nacional e o sujeito passivo. Deste modo, o art. 74 da Lei n° 9.430/96 (e alterações) disciplina o regime de compensação no âmbito federal. Art, 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com transito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele órgão. Por seu turno, o § 5° deste dispositivo legal estabelece o prazo para a homologação da compensação: Fl. 625DF CARF MF Processo nº 10650.901213/201030 Acórdão n.º 3201003.570 S3C2T1 Fl. 11 10 O prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo será de 5 (cinco) anos, contado da data da entrega da declaração de compensação. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) ('grifouse,) Destarte, o prazo de cinco anos contase da data da entrega das declarações de compensação. No caso presente, constatase que as declarações de compensação foram entregues a partir de 22/06/2006. Em razão do parágrafo 5º, acima transcrito, a autoridade administrativa teria o prazo até 22/06/2011 para proceder a homologação ou não das compensações declaradas. Como a interessada teve ciência do Despacho Decisório, que homologou as compensações até o limite do crédito reconhecido, em 03/03/2006, operouse a homologação somente para as compensações entregues antes desta data. Contudo, a única Dcomp nessa situação encontrase homologada em razão do crédito reconhecido. Para as demais não há que se falar em homologação tácita. Como visto, na compensação a autoridade tem por obrigação legal, no prazo acima referido, verificar se os créditos são líquidos e certos, ou seja, a exatidão dos créditos do PIS/Pasep apurados e declarados pelo sujeito passivo. Diferentemente do alegado pela recorrente, o art. 150, §4° do CTN trata do prazo que a Fazenda Nacional tem para verificar a exatidão do pagamento efetuado. Esse prazo não se aplica à análise dos créditos que podem ser descontados do PIS sob o regime da não cumulatividade. Assim, não se configurou a decadência para a autoridade administrativa proceder à análise das declarações de compensação transmitidas após 03/03/2006. Aumento da base de cálculo do PIS em procedimento de análise de direito creditório Argui a recorrente que a fiscalização não poderia proceder o aumento da base de cálculo do PIS devida em apuração de créditos da Contribuição. Entende que eventuais ajustes na base de cálculo para exigência de tributo ou cálculo do rateio dos créditos somente poderiam ser feitos por meio de lançamento de oficio e que a interpretação da decisão recorrida ao mencionar o art. 9º, § 4º do Decreto 70.235/72, com a redação dada pela Medida Provisória n° 44/08, é equivocada. O enfrentamento da matéria é despiciendo, pois o aumento suscitado decorreu da inclusão como receita de valores provenientes da cessão de crédito de ICMS, que será analisada em tópico próprio, e goza de decisão definitiva em sede de repercussão geral, com a reprodução obrigatória da decisão do STJ nos julgamentos deste CARF. Desta forma, se não configura receita não há que se falar em aumento da base de cálculo por meio de lançamento de oficio. Cessão onerosa de crédito de ICMS Este mesmo contribuinte teve julgamento desta matéria em Turma do CARF em que se atestou o acúmulo de créditos de ICMS decorrentes de sua condição de exportador, conforme excerto do voto no acórdão nº 3301003.209, prolatado em 21/02/2017, cuja decisão foi o afastamento da exigência por unanimidade: Fl. 626DF CARF MF Processo nº 10650.901213/201030 Acórdão n.º 3201003.570 S3C2T1 Fl. 12 11 (...) Percebese, quando da leitura da Ata de Assembléia Geral Extraordinária da Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração, de 30 de junho de 2008, que dispõe sobre a reforma integral do estatuto social da Companhia, que tem por objeto social (fls. 417): (i) a indústria, o comércio, a importação e a exportação de minérios, produtos químicos, fertilizantes e produtos metalúrgicos, e a exploração e o aproveitamento de jazidas minerais no território nacional; (ii) a representação de outras sociedades, nacionais ou estrangeiras; e; (iii) a participação em outras sociedades, como sócia ou acionista; e (iv) o desenvolvimento de outras atividades correlatas, de interesse da Companhia. (grifouse). Neste sentido, como o Contribuinte desenvolve a atividade de exportação de minérios e requer a retirada da base de cálculo da cessão de créditos do ICMS (...) A inclusão como receita de PIS e de Cofins da cessão onerosa de crédito de ICMS, acumulados em razão de exportação para o exterior, foi definitivamente afastada pelo STJ no julgamento do RE nº 606.107/RS, na sistemática de repercussão geral prevista no art. 543B do antigo CPC, não sendo mais passível de discussão no CARF, que deverá reproduzir no julgamento, frente ao comando do § 2º do art. 62 da Portaria nº 343/2015 RICARF, redação dada pela Portaria MF nº 152/2016. Eis a reprodução do julgado no STF, de relatoria da Ministra Rosa Weber, na sessão do Pleno de 22/05/2013: EMENTA RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE. HERMENÊUTICA. CONTRIBUIÇÃO AO PIS E COFINS. NÃO INCIDÊNCIA. TELEOLOGIA DA NORMA. EMPRESA EXPORTADORA. CRÉDITOS DE ICMS TRANSFERIDOS A TERCEIROS. I Esta Suprema Corte, nas inúmeras oportunidades em que debatida a questão da hermenêutica constitucional aplicada ao tema das imunidades, adotou a interpretação teleológica do instituto, a emprestarlhe abrangência maior, com escopo de assegurar à norma supralegal máxima efetividade. II A interpretação dos conceitos utilizados pela Carta da República para outorgar competências impositivas (entre os quais se insere o conceito de “receita” constante do seu art. 195, I, “b”) não está sujeita, por óbvio, à prévia edição de lei. Tampouco está condicionada à lei a exegese dos dispositivos que estabelecem imunidades tributárias, como aqueles que fundamentaram o acórdão de origem (arts. 149, § 2º, I, e 155, § 2º, X , “a”, da CF) . Em ambos os casos, trata+se de interpretação da Lei Maior voltada a desvelar o alcance de regras tipicamente constitucionais, com absoluta independência da atuação do legislador tributário. Fl. 627DF CARF MF Processo nº 10650.901213/201030 Acórdão n.º 3201003.570 S3C2T1 Fl. 13 12 III – A apropriação de créditos de ICMS na aquisição de mercadorias tem suporte na técnica da não cumulatividade, imposta para tal tributo pelo art. 155, § 2º, I, da Lei Maior, a fim de evitar que a sua incidência em cascata onere demasiadamente a atividade econômica e gere distorções concorrenciais. IV O art. 155, § 2º, X, “a”, da CF – cuja finalidade é o incentivo às exportações, desonerando as mercadorias nacionais do seu ônus econômico, de modo a permitir que as empresas brasileiras exportem produtos, e não tributos , imuniza as operações de exportação e assegura “a manutenção e o aproveitamento do montante do imposto cobrado nas operações e prestações anteriores”. Não incidem, pois, a COFINS e a contribuição ao PIS sobre os créditos de ICMS cedidos a terceiros, sob pena de frontal violação do preceito constitucional. V – O conceito de receita, acolhido pelo art. 195, I, “b”, da Constituição Federal, não se confunde com o conceito contábil. Entendimento, aliás, expresso nas Leis 10.637/02 (art. 1º) e Lei 10.833/03 (art. 1º), que determinam a incidência da contribuição ao PIS/PASEP e da COFINS não cumulativas sobre o total das receitas, “independentemente de sua denominação ou classificação contábil”. Ainda que a contabilidade elaborada para fins de informação ao mercado, gestão e planejamento das empresas possa ser tomada pela lei como ponto de partida para a determinação das bases de cálculo de diversos tributos, de modo algum subordina a tributação. A contabilidade constitui ferramenta utilizada também para fins tributários, mas moldada nesta seara pelos princípios e regras próprios do Direito Tributário. Sob o específico prisma constitucional, receita bruta pode ser definida como o ingresso financeiro que se integra no patrimônio na condição de elemento novo e positivo, sem reservas ou condições. VI O aproveitamento dos créditos de ICMS por ocasião da saída imune para o exterior não gera receita tributável. Cuidase de mera recuperação do ônus econômico advindo do ICMS, assegurada expressamente pelo art. 155, § 2º, X, “a”, da Constituição Federal. VII Adquirida a mercadoria, a empresa exportadora pode creditarse do ICMS anteriormente pago, mas somente poderá transferir a terceiros o saldo credor acumulado após a saída da mercadoria com destino ao exterior (art. 25, § 1º, da LC 87/1996). Porquanto só se viabiliza a cessão do crédito em função da exportação, além de vocacionada a desonerar as empresas exportadoras do ônus econômico do ICMS, as verbas respectivas qualificamse como decorrentes da exportação para efeito da imunidade do art. 149, § 2º, I, da Constituição Federal. VIII Assenta esta Suprema Corte a tese da inconstitucionalidade da incidência da contribuição ao PIS e da COFINS não cumulativas sobre os valores auferidos por empresa exportadora em razão da transferência a terceiros de créditos de ICMS. Fl. 628DF CARF MF Processo nº 10650.901213/201030 Acórdão n.º 3201003.570 S3C2T1 Fl. 14 13 IX Ausência de afronta aos arts. 155, § 2º, X, 149, § 2º, I, 150, § 6º, e 195, caput e inciso I, “b”, da Constituição Federal. Recurso extraordinário conhecido e não provido, aplicandose aos recursos sobrestados, que versem sobre o tema decidido, o art. 543B, § 3º, do CPC. E o comando do § 2º do art. 62 do RICARF: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (...) § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) Assim sendo, de acordo com a legislação e a jurisprudência aplicável ao tema, voto devese afastar da base de cálculo da contribuição o ingresso oriundo da cessão de créditos do ICMS. Glosa de créditos O recurso voluntário apresentado nestes autos, em relação às matérias abordadas na autuação, assemelhase em relação aos demais processos de glosa de créditos de bens e serviços que a fiscalização entendeu não relacionaremse com o processo produtivo da CBMM. Assim, antes de se proceder à análise individualizada de cada item, mister assentar os fundamentos para a utilização do conceito de insumos que irão conduzir este voto. Conceito de insumos para créditos de PIS e Cofins Este Conselho, incluindo esta Turma, entende que o conceito de insumo é mais elástico que o adotado pela fiscalização e julgadores da DRJ nas suas Instruções Normativas n°s. 247/2002 e 404/2004, mas não alcança a amplitude de dedutibilidade utilizado pela legislação do Imposto de Renda, como requer a recorrente. Isto posto, há de se fixar os contornos jurídicos para delimitar os dispêndios (gastos) que são considerados insumos com direito ao crédito das contribuições sociais, quer no processo produtivo ou na prestação de serviço. Neste ponto acolho o conceito estabelecido pelo Ministro do STJ Mauro Campbell Marques no voto condutor do REsp nº 1.246.317MG, que fora sintetizado pelo Conselheiro relator ALEXANDRE KERN, no acórdão nº 3402002.663, sessão de 24/02/2015, o qual adoto neste voto e transcrevo: Fl. 629DF CARF MF Processo nº 10650.901213/201030 Acórdão n.º 3201003.570 S3C2T1 Fl. 15 14 Inclinome pelo conceito de insumo deduzido no voto condutor do REsp nº 1.246.317 MG (2011/00668193). Nele, o Ministro Mauro Campbell Marques interpreta que, da dicção do inc. II do art. 3º tanto da Lei nº 10.637, de 2002, quanto da Lei nº 10.833, de 2003, extraise que nem todos os bens ou serviços, utilizados na produção ou fabricação de bens geram o direito ao creditamento pretendido. É necessário que essa utilização se dê na qualidade de "insumo" ("utilizados como insumo"). Isto significa que a qualidade de "insumo" é algo a mais que a mera utilização na produção ou fabricação, o que também afasta a utilização dos conceitos de "Custos e Despesas Operacionais" inerentes ao IR. Não basta, portanto, que o bem ou serviço seja necessário ao processo produtivo, é preciso algo a mais, algo mais específico e íntimo ao processo produtivo. As leis, exemplificativamente, mencionam que se inserem no conceito de “insumos” para efeitos de creditamento: a) serviços utilizados na prestação de serviços; b) serviços utilizados na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda; c) bens utilizados na prestação de serviços; d) bens utilizados na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda; e) combustíveis e lubrificantes utilizados na prestação de serviços; f) combustíveis e lubrificantes utilizados na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda. O Min. Campbell Marques extrai o que há de nuclear da definição de “insumos” para efeito de creditamento e conclui: a) o bem ou serviço tenha sido adquirido para ser utilizado na prestação do serviço ou na produção, ou para viabilizálos pertinência ao processo produtivo; b) a produção ou prestação do serviço dependa daquela aquisição essencialidade ao processo produtivo; e c) não se faz necessário o consumo do bem ou a prestação do serviço em contato direto com o produto possibilidade de emprego indireto no processo produtivo. Explica ainda que, não basta, que o bem ou serviço tenha alguma utilidade no processo produtivo ou na prestação de serviço: é preciso que ele seja essencial. É preciso que a sua subtração importe na impossibilidade mesma da prestação do serviço ou da produção, isto é, obste a atividade da empresa, ou implique em substancial perda de qualidade do produto ou serviço daí resultante. (...) Fl. 630DF CARF MF Processo nº 10650.901213/201030 Acórdão n.º 3201003.570 S3C2T1 Fl. 16 15 Particularmente, entendo ainda mais apropriada a especificidade do conceito deduzido pelo Min. Mauro Campbell Marques, plasmado no REsp 1.246.317MG, segundo o qual (sublinhado no original): Insumos, para efeitos do art. 3º, II, da Lei n. 10.637/2002, e art. 3º, II, da Lei n. 10.833/2003 são todos aqueles bens e serviços pertinentes ao, ou que viabilizam o processo produtivo e a prestação de serviços, que neles possam ser direta ou indiretamente empregados e cuja subtração importa na impossibilidade mesma da prestação do serviço ou da produção, isto é, cuja subtração obsta a atividade da empresa, ou implica em substancial perda de qualidade do produto ou serviço daí resultantes. Portanto, ao contrário do que pretende o recorrente, não é todo e qualquer custo ou despesa necessária à atividade da empresa, nos termos da legislação do IRPJ. Há de se perquirir a pertinência e a essencialidade do gasto relativamente ao processo fabril ou de prestação de serviço para que se lhe possa atribuir a natureza de insumo. Firmado nos fundamentos assentados, quanto ao alcance do conceito de insumo, segundo o regime da nãocumulatividade do PIS Pasep e da COFINS, entendo que a acepção correta é aquela em que o os bens e serviços cumulativamente atenda aos requisitos de: 1. pertinência ao processo produtivo ou prestação de serviço; 2. emprego direto ou indireto no processo produtivo ou prestação de serviço; 3. essencialidade em que a subtração importa a impossibilidade da produção ou prestação de serviço ou implique substancial perda de qualidade (do produto ou serviço resultante). Assim, há de se verificar se o recorrente comprova a utilização dos insumos no contexto da atividade fabricação, produção ou prestação de serviço de forma a demonstrar que o gasto incorrido guarda relação de pertinência com o processo produtivo/prestação de serviço, mediante seu emprego, ainda que indireto, de forma que sua subtração implique ao menos redução da qualidade. Neste ponto, essencial que se conheça quais são os produtos finais elaborados com os insumos, ou o principal desses minério de pirocloro/óxido de nióbio , adquiridos da CEMIPA. A resposta se encontra às páginas 09/10 do Laudo (fls. 447/448): (i) ferronióbio, de alta pureza; (ii) óxido de nióbio (Nb2O5) de alta pureza; (iii) óxido de nióbio grau ótico; (iv) liga níquelnióbio (NiNb); e (v) nióbio metálico. Passo à análise da possibilidade de apropriação de créditos das contribuições nas despesas com bens e serviços discriminados no Laudo Técnico. GLP e óleo diesel Fl. 631DF CARF MF Processo nº 10650.901213/201030 Acórdão n.º 3201003.570 S3C2T1 Fl. 17 16 As despesas com óleo diesel e GLP foram glosadas pela aquisição dos referidos bens estar submetida à alíquota zero para o PIS e para a Cofins (art. 41, I da MP nº 2.15835/01), conforme vedação do art. 3º, § 2º, II das Leis nºs. 10.837/02 e 10.833/03. A recorrente, por sua vez, entende que o dispositivo não alcança os combustíveis com tributação na sistemática monofásica. Vejamos os dispositivos legais: Medida Provisória nº 2.15835/01 Art. 42. Ficam reduzidas a zero as alíquotas da contribuição para o PIS/PASEP e COFINS incidentes sobre a receita bruta decorrente da venda de: I gasolinas, exceto gasolina de aviação, óleo diesel e GLP, auferida por distribuidores e comerciantes varejistas; E o que dispõe a Lei nº 10.833, de 2003 e, em igual inciso, a Lei nº 10.637, de 2002: Art. 3° o valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...] “II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da Tipi; grifo nosso. [...] § 2° Não dará direito a crédito o valor: [...] II da aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição, inclusive no caso de isenção, esse último quando revendidos ou utilizados como insumo em produtos ou serviços sujeitos à aliquota 0 (zero), isentos ou não alcançados pela contribuição." [...] A leitura dos dispositivos acima revela que o legislador, ao permitir a apuração de créditos, inclusive de combustíveis e lubrificantes, expressamente excluiu o aproveitamento de créditos sobre valores de aquisições de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento das contribuições. Fl. 632DF CARF MF Processo nº 10650.901213/201030 Acórdão n.º 3201003.570 S3C2T1 Fl. 18 17 Conquanto este relator mantinha o entendimento de que os gastos com GLP e óleo diesel por pessoa jurídica consumidora não lhe conferia o direito ao crédito, uma vez que a aquisição fora tributada de forma concentrada, esta Turma tem decidido de forma contrária, com supedâneo no inciso II do art. 3º da Lei nº 10.833/2003, alinhada com recentes decisões da Câmara Superior de Recursos Fiscais, a exemplo dos Acórdãos nºs. 9303005.908 e 9303 005.623. Assim, tratandose de aquisições de GLP e óleo diesel, combustíveis utilizados no processo produtivo da recorrente, assistelhe razão, sendo possível sua pretensão em manter o crédito sobre tais rubricas. Despesas de alugueis de máquinas e equipamentos No relatório fiscal justificase a glosa com alugueis de máquinas e equipamentos com o fundamento de que as despesas foram escrituradas em conta de ativo, no momento da aquisição, e também na depreciação. Menciona as Fichas 06A e 16A, Linha 06, do Dacon, como comprovação. A fiscalização não comprovou que os bens alugados foram imobilizados de forma que tenha havido duplicidade de aproveitamento de crédito. Inexistem elementos nos autos que permitam inferir tal assertiva; ao contrário, na tabela apresentada no relatório fiscal há a indicação do equipamento, número de nota fiscal, data, fornecedor e valor correspondente da locação, o que não se confunde com aquisições. Nos Laudos constam informações do bem alugado e o local de sua utilização/aplicação nas atividades da empresa. O aproveitamento de crédito de PIS e Cofins com aluguel de bem está previsto no art. 3º, inciso IV da Lei nº 10.637/02, reproduzido na Lei nº 10.833/03: Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...) IV aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa; Conquanto tenha proferido voto no sentido de que a apropriação do crédito não alcança os veículos, esta Turma tem se manifestado que a determinação legal não restringiu a utilização dos créditos somente as máquinas e equipamentos utilizados no processo produtivo. A premissa legal é que os veículos, além de máquinas e equipamentos, sejam utilizados nas atividades da empresa. No presente caso, a descrição da função ou aplicação dos veículos e equipamentos revela claramente estarem relacionados às atividades produtivas, ou seja, a utilização é na movimentação e transporte de insumos, máquinas, equipamentos e prestação de serviços essenciais ao processo produtivo. Portanto, para esta matéria assiste razão aos argumentos da Recorrente, devendo ser afastada as glosas referentes as despesas com alugueis de máquinas, equipamentos e veículos utilizados nas atividades da pessoa jurídica e pagos a pessoa jurídica. Fl. 633DF CARF MF Processo nº 10650.901213/201030 Acórdão n.º 3201003.570 S3C2T1 Fl. 19 18 Encargos de depreciação de máquinas e equipamento do centro de custo AGU (Abastecimento e Tratamento de Água) A fiscalização entendeu que os bens deste centro de custo relacionados nos Anexo IV não foram usados na produção, mas no bombeamento, tratamento, e reaproveitamento da água que circula nas plantas industriais, do que decorre a impossibilidade de se apropriar dos créditos com encargos de depreciação. Por sua vez, a contribuinte demonstrou no laudo a existência de vinculação direta da utilidade (água) a etapas do processo de produção de óxidos de nióbio, metalurgia, concentração, calcinação, bem como em, outra oportunidade, na barragem de contenção de rejeitos direitos da produção. Desta forma, faço me valer da idêntica conclusão a que chegou a 1ª Turma Ordinária, da 3ª Câmara desta mesma Seção do CARF ao analisar esta matéria da mesma contribuinte no acórdão nº 3301003.209, de 21/02/2017, que por unanimidade reverte a glosa dos bens empregados no centro de custo AGU reproduzida: Entendese, com isso, que o Contribuinte não teria condições de processar os minérios para transformálos em produto final sem a utilização da água, fazendo com que esta seja indispensável no sistema produtivo realizado pelo Contribuinte. Tendo isto claro, respeitando o critério da essencialidade, visto que a água é elemento fundamental no processo produtivo do nióbio, e sem a água nas diversas fases do processo produtivo não é possível processar os minérios objeto da atividade do Contribuinte, voto no sentido de considerar que a depreciação das máquinas e os equipamentos utilizados no tratamento e abastecimento de água permitem o creditamento na contribuição ao PIS nãocumulativo, visto que são utilizados na produção de bens destinados à venda. Assim, com fundamento no art. 3º, VI c/c § 1º, III, e observado os demais requisitos dos §§ 2º e 3º do mesmo artigo, todos da Lei nº 10.637/02, reproduzidos na Lei nº 10.833/03, e também o que se encontra disciplinado na IN SRF nº 457/2004, relativamente aos limites dos encargos de depreciação, devem ser estornados as glosas de créditos com encargos de depreciação dos itens imobilizados que constam do Anexo IV, identificados como relacionados ao centro de custo CC AGU. Encargos de depreciação de máquinas e equipamento do centro de custo ENE (Subestação de Energia Elétrica) Consta do relatório de diligência que os bens do centro de custo ENE Subestação de Energia Elétrica distribuem, convertem, adaptam a energia às necessidades das unidades, suprem de energia elétrica toda a empresa , sendo assim, entende a fiscalização que não atuam na produção e, em consequência, os seus desgastes não decorrem da fabricação dos produtos. Fl. 634DF CARF MF Processo nº 10650.901213/201030 Acórdão n.º 3201003.570 S3C2T1 Fl. 20 19 Uma vez mais, peço vênia para adotar as conclusões e minhas razões de decidir o voto alhures mencionado no acórdão nº 3301003.209, que se identifica ao do presente processo: Como está claro nos autos a atividade de produção de nióbio pelo Contribuinte requer, além do sistema de abastecimento e tratamento de água, a existência de uma subestação de energia elétrica, visto que a energia elétrica recebida da concessionária CEMIG precisa, necessariamente, receber um processo de adequação da tensão para que possa ser aplicada aos equipamentos industriais. Observase ademais que no laudo elaborado pela requerente (fls. 657 a 711) se demonstra que 99% da energia consumida é destinada ao processo produtivo do Contribuinte e que menos de 1% destinase as atividades administrativas da indústria. Em conclusão, a água e a energia elétrica são indispensáveis as atividades de processamento do minério pelo Contribuinte, e, assim sendo, os equipamentos e as máquinas utilizados no tratamento desses insumos com o fito de tornar possível a sua utilização, pela adequação técnica que a atividade requer, devem ser considerados como itens utilizados no processo produtivo de acordo com o previsto na Lei n° 10.637/02, que assim dispõe: Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...) VI máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado,adquiridos ou fabricados para locação a terceiros ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços. Logo, respeitando o princípio da essencialidade, é cabível o creditamento dos valores relativos a depreciação do Centro de Custo ENE – Subestação Energia Elétrica, visto que está sendo diretamente utilizado, no sentido de necessário e essencial, ao sistema produtivo em discussão, portanto, voto em prover o Recurso Voluntário neste tema. Assim, com fundamento no art. 3º, VI c/c § 1º, III, e observado os demais requisitos dos §§ 2º e 3º do mesmo artigo, todos da Lei nº 10.637/02, reproduzidos na Lei nº 10.833/03, e também o que se encontra disciplinado na IN SRF nº 457/2004, relativamente aos limites dos encargos de depreciação, devem ser estornados as glosas de créditos com encargos de depreciação dos itens imobilizados que constam do Anexo IV, identificados como relacionados ao centro de custo ENE (Subestação de energia Elétrica). Móveis e equipamentos alocados em centro de custos produtivos Fl. 635DF CARF MF Processo nº 10650.901213/201030 Acórdão n.º 3201003.570 S3C2T1 Fl. 21 20 Aduz a fiscalização que se trata de bens que não se relacionam ao processo produtivo e estão descritos no subitem 6.2 do Relatório Fiscal e Anexo V do Laudo, conforme indicação da utilização na tabela elaborada: Entende o Fisco, quanto aos serviços relacionados, não foram aplicados ou consumidos na fabricação dos produtos destinados à venda. Assim, não se admitiu o crédito sobre suas cotas de depreciação. Exceção feita às glosas pela fiscalização, o item 17, "detector de radiação G606/650" separador magnético escória/produto que se desgasta ou danificase no processo produtivo e, portanto, o crédito fora admitido. A contribuinte postula a reversão das glosas asseverando que desempenham funções nos processos e nas operações das etapas produtivas. Aparelhos de ar condicionado, incluindo serviço de instalação, monitores de LCD, exclusivamente utilizado em sala de equipamentos de controle e monitoramento da produção ou em equipamento (veículo), tanques para armazenagem de água ou outra substância e motoserras, utilizados em etapa produtiva são essenciais ao processo produtivo devendose estornar as glosas. Quanto aos demais bens da tabela, sua utilização não tem relação de essencialidade às etapas de industrialização do produto destinado a venda, portanto, não autoriza o creditamento, eis que secundários ao processo industrial. É o caso de rádios comunicadores, móveis, utensílios e arcondicionado de salas de operadores. Fl. 636DF CARF MF Processo nº 10650.901213/201030 Acórdão n.º 3201003.570 S3C2T1 Fl. 22 21 Glosa de encargos de depreciação de itens do ativo imobilizado adquiridos antes de 30 de abril de 2004 A decisão recorrida manteve a glosa de créditos efetuadas pela fiscalização sobre quotas de depreciação sobre bens adquiridos antes de 30/04/2004, conforme determina o art. 31 da lei nº 10.865/04, que assim dispõe: Art. 31. É vedado, a partir do último dia do terceiro mês subseqüente ao da publicação desta Lei, o desconto de créditos apurados na forma do inciso III do § 1º do art. 3º das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, relativos à depreciação ou amortização de bens e direitos de ativos imobilizados adquiridos até 30 de abril de 2004. § 1º Poderão ser aproveitados os créditos referidos no inciso III do § 1º do art. 3º das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, apurados sobre a depreciação ou amortização de bens e direitos de ativo imobilizado adquiridos a partir de 1º de maio. De forma diversa entende o Contribuinte, que alega em seu Recurso Voluntário, que não se pode aplicar tal dispositivo por haver assim ofensa ao seu direito adquirido referente ao desconto dos créditos da Cofins calculados sobre os encargos de depreciação do ativo imobilizado acima mencionado. Suscita que não pode a norma do art. 31 da Lei n. 10865/04 ser aplicada retroativamente para alcançar os créditos relativos aos bens do ativo imobilizado, que tenham sido adquiridos antes de 30.4.2004, conforme reconhecido pela Corte Especial do Tribunal Regional Federal da 4a Região, no julgamento do Incidente de Arguição de Inconstitucionalidade na AMS n. 2005.70.00.0005940/ PR, em 26.6.2008. Apesar dos argumentos do Contribuinte não há como negar a clareza da norma em questão quando define que é vedado o desconto de créditos relativos a depreciação ou amortização de bens e direitos de ativos imobilizados adquiridos até a data de 30 de abril de 2004. Logo, não se trata de uma ofensa ao direito adquirido do Contribuinte, mas sim a simples e necessária aplicação da legislação pertinente a matéria discutida. Com isso, haja visto a legislação aplicável ao caso, voto no sentido de negar provimento ao pedido do Contribuinte referente a este ponto. Desse modo, não há como afastar a glosa relativa ao aproveitamento de crédito sobre encargos de depreciação referentes às aquisições de bens e serviços do ativo imobilizado, anteriores a 30/04/2004. Conclusão Diante de todo o exposto, voto para DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso voluntário para (i) afastar da base de cálculo da contribuição o ingresso oriundo da cessão de créditos do ICMS; (ii) conceder o crédito das contribuições para o PIS/Cofins, Fl. 637DF CARF MF Processo nº 10650.901213/201030 Acórdão n.º 3201003.570 S3C2T1 Fl. 23 22 revertendose as glosas efetuadas, atendidas os demais requisitos dos §§ 2º e 3º do art. 3º das Leis nºs. 10.637/2002 e 10.833/2003: 1. GLP e óleo diesel utilizados como combustíveis; 2. Despesas com aluguéis de máquinas, equipamentos e veículos utilizados em atividades da empresas relativas às etapas do processo produtivo, relacionados no Anexo VIII do Laudo; 3. Encargos de depreciação de: a. itens imobilizados que constam do Anexo IV identificados como relacionados aos centos de custos AGU e ENE; b. aparelhos de ar condicionado e monitores de LCD, exclusivamente utilizados em sala de equipamentos de controle e monitoramento da produção da etapa produtiva (Anexo V); c. tanques de líquidos e motoserras, utilizados no processo produtivo (Anexo V); 4. Serviço de instalação de ar condicionado em veículo utilizado em etapa do processo produtivo. É como voto. Paulo Roberto Duarte Moreira Fl. 638DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10680.904616/2016-79
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 20 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri May 04 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 28/02/2011
CRÉDITO INTEGRALMENTE RECONHECIDO E DEFERIDO EM PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. DISCORDÂNCIA QUANTO À COMPENSAÇÃO EM PROCEDIMENTO DE OFÍCIO.
Não se conhece de recurso voluntário cujo direito creditório fora integralmente reconhecido e deferido em Pedido de Restituição.
A negativa da unidade de origem em efetuar compensação de crédito deferido em razão de débito pendentes de liquidação não se constitui matéria a ser apreciada pela instância julgadora.
Recurso Voluntário Não Conhecido
Numero da decisão: 3201-003.508
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos não conhecer do recurso voluntário. Votou pelas conclusões a Conselheira Tatiana Josefovicz Belisário. Ficou de apresentar declaração de voto os Conselheiros Tatiana Josefovicz Belisário e Pedro Rinaldi de Oliveira Lima.
Winderley Morais Pereira - Presidente Substituto
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade.
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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DISCORDÂNCIA QUANTO À COMPENSAÇÃO EM PROCEDIMENTO DE OFÍCIO. Não se conhece de recurso voluntário cujo direito creditório fora integralmente reconhecido e deferido em Pedido de Restituição. A negativa da unidade de origem em efetuar compensação de crédito deferido em razão de débito pendentes de liquidação não se constitui matéria a ser apreciada pela instância julgadora. Recurso Voluntário Não Conhecido Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos não conhecer do recurso voluntário. Votou pelas conclusões a Conselheira Tatiana Josefovicz Belisário. Ficou de apresentar declaração de voto os Conselheiros Tatiana Josefovicz Belisário e Pedro Rinaldi de Oliveira Lima. Winderley Morais Pereira Presidente Substituto Paulo Roberto Duarte Moreira Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 90 46 16 /2 01 6- 79 Fl. 75DF CARF MF Processo nº 10680.904616/201679 Acórdão n.º 3201003.508 S3C2T1 Fl. 3 2 O interessado acima identificado recorre a este Conselho, de decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Curitiba/PR. Por bem descrever os fatos ocorridos, até então, adoto o relatório da decisão recorrida, que transcrevo, a seguir: Tratase de Manifestação de Inconformidade apresentada em razão da não homologação da compensação declarada por meio do PER/Dcomp, de nº 15962.88346.230215.1.3.049255, contendo crédito decorrente do pagamento indevido ou a maior de COFINS, código 2172, do período de apuração de 31/01/2010, no valor originário de R$ 34,02 – com documento de arrecadação de valor total de R$ 100,73. Concluída a análise do PER/Dcomp, deuse a emissão do despacho decisório em 05/04/2016, formalizado no sentido da não homologação da compensação declarada, conforme adiante transcrito: A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. [...] Diante da inexistência do crédito, NÃO HOMOLOGO a compensação declarada. A ciência do Despacho Decisório se deu em 18/04/2016, tendo a contribuinte apresentado a Manifestação de Inconformidade tempestivamente. Esclarece a manifestante que em 31/03/2014 transmitiu o pedido de restituição nº 39452.15834.310314.1.2.044815 para garantir o direito ao crédito de pagamento a maior de R$ 100,73 realizado em 28/02/2011. Por sua vez, em 23/02/2015, transmitiu a presente Dcomp utilizando o crédito que havia solicitado no PER. Informa, ainda, que o número do PER não foi informado na Dcomp devido à incompatibilidade do programa gerador, conforme a tela copiada a seguir: Fl. 76DF CARF MF Processo nº 10680.904616/201679 Acórdão n.º 3201003.508 S3C2T1 Fl. 4 3 Diante do exposto, demonstrada a insubsistência e improcedência do presente despacho decisório, requer que esse seja desconsiderado, anulando assim a presente decisão para cancelar integralmente os valores cobrados e homologar a compensação efetuada e pleiteada. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Curitiba/PR julgou improcedente a manifestação de inconformidade do contribuinte, mantendose a não homologação da compensação declarada na referida Dcomp. A decisão foi assim ementada: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Data do fato gerador: 28/02/2011 DCOMP. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. NÃO HOMOLOGAÇÃO. CRÉDITO INTEGRALMENTE RECONHECIDO EM PER. DISCORDÂNCIA QUANTO À COMPENSAÇÃO EM PROCEDIMENTO DE OFÍCIO. Correto o despacho decisório que não homologou a declaração de compensação transmitida após a ciência do deferimento integral de pedido de restituição e a manifesta discordância do contribuinte quanto aos procedimentos de compensação de ofício, tendo em vista que o direito creditório reconhecido encontrase retido até que os débitos existentes em nome do contribuinte para com a Fazenda Pública sejam liquidados. Constatou a DRJ, em consulta aos sitemas da Receita Federal, que o crédito solicitado encontravase reconhecido administrativamente, contudo, tal crédito teria por objeto a liquidação de débitos do sujeito passivo para com a RFB. Procedida comunicação ao interessado para manifestação quanto à concordância com o procedimento de compensação de ofício, expressou sua disconrdância. Desse modo, a restituição permaneceria retida até a liquidação dos débitos, inexistindo saldo disponível para a compensação pretendida. Fl. 77DF CARF MF Processo nº 10680.904616/201679 Acórdão n.º 3201003.508 S3C2T1 Fl. 5 4 Inconformada com a decisão, a contribuinte apresenta recurso voluntário, no qual aduz: 1. Inicialmente entendera que a glosa de seu crédito se dera por ocorrência de erro operacional nos sistemas da RFB, fato esclarecido somente na decisão da DRJ; 2. A decisão recorrida sustentouse na premissa equivocada de que a não homologação do direito creditório decorreu da discordância da contribuinte no procedimento de compensação de ofício; 3. Colaciona excerto de julgado do STJ o REsp nº 1.213.082/PR , ao qual foi aplicada a sistemática de recursos repetitivos, cuja decisão foi no sentido de a compensação de ofício não alcança débitos que se encontrem com exigibilidade suspensa. 4. Conclui que a decisão do STJ deverá ser observada pelo CARF por força do art. 62 do Regimento. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator O Recurso Voluntário atende aos requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. Antes de adentrar ao exame do Recurso apresentado, cumpre esclarecer que o presente processo tramita na condição de paradigma, nos termos do art. 47 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015: Art. 47. Os processos serão sorteados eletronicamente às Turmas e destas, também eletronicamente, para os conselheiros, organizados em lotes, formados, preferencialmente, por processos conexos, decorrentes ou reflexos, de mesma matéria ou concentração temática, observando se a competência e a tramitação prevista no art. 46. § 1º Quando houver multiplicidade de recursos com fundamento em idêntica questão de direito, o Presidente de Turma para o qual os processos forem sorteados poderá sortear 1 (um) processo para definilo como paradigma, ficando os demais na carga da Turma. § 2º Quando o processo a que se refere o § 1º for sorteado e incluído em pauta, deverá haver indicação deste paradigma e, em nome do Presidente da Turma, dos demais processos aos quais será aplicado o mesmo resultado de julgamento. Nesse aspecto, é preciso esclarecer que cabe a este Conselheiro o relatório e voto apenas deste processo, ou seja, o entendimento a seguir externado terá por base exclusivamente a análise dos documentos, decisões e recurso anexados neste processo. Fl. 78DF CARF MF Processo nº 10680.904616/201679 Acórdão n.º 3201003.508 S3C2T1 Fl. 6 5 Feito tal esclarecimento, passase ao exame das razões de Recurso. Não há litígio a ser decidido nesta instância. A pretensão da contribuinte é ter reconhecido seu direito ao crédito informado em Pedido de Restituição. Ocorre que, conforme informado no voto da decisão recorrida, o crédito indicado já foi integralmente reconhecido e deferido no PER n° 39452.15834.310314.1.2.04 4815, tendo como resultado extraído da tela do Sief Processo: "DEFERIDO TOTALMENTE RDC AUTOMÁTICO". Ora, uma vez reconhecido e deferido o crédito não há o que se decidir quanto ao direito da contribuinte. A negativa da unidade de origem em efetuar a compensação, sob o fundamento de que o crédito está retido frente a débito pendente de liquidação, não se constitui matéria a ser apreciada pelo CARF, devendo negar conhecimento ao recurso da contribuinte. Conclusão Diante do exposto, voto para NÃO CONHECER do recurso voluntário interposto, uma vez que na origem o crédito fora reconhecido e deferido. Paulo Roberto Duarte Moreira. Declaração de Voto Conselheiro Pedro Rinaldi de Oliveira Lima. Conforme o Direito Tributário, a legislação, os fatos, as provas, documentos e petições apresentados aos autos deste procedimento administrativo e, no exercício dos trabalhos e atribuições profissionais concedidas aos Conselheiros, conforme Portaria de condução e Regimento Interno, apresentase esta declaração de voto. O relator possui razão na sua proposta de solução do litígio, contudo, entendo ser necessário esclarecer alguns pontos. Ao analisar os autos, verifiquei que o crédito existe e a compensação deveria perdurar homologada. Logo após o pedido de restituição e compensação (per/Dcomp), a Receita verificou que haviam outros débitos e informou que pretendia realizar uma compensação de ofício, ou seja, ela iria utilizar os créditos do contribuinte para quitar aqueles débitos que ela identificou, sem fazer a compensação que o contribuinte solicitou. Fl. 79DF CARF MF Processo nº 10680.904616/201679 Acórdão n.º 3201003.508 S3C2T1 Fl. 7 6 O problema é que não sabemos quais são esses débitos, se já decaíram ou não, se estão inscritos em dívida ativa ou não, e demais determinantes variáveis. Nos moldes de um precedente desta Turma de julgamento em um caso em que fui relator, propus uma diligência para entrar no mérito do pedido de compensação original e verificar que débitos estranhos são esses, se podem ser utilizados no cálculo ou não. O precedente foi realizado com fundamento no Art. 2.º da lei n. 9.784/99, Art. 165 e 170 do CTN, oportunidade em que determinouse diligência para fosse verificado se houve notificação da cobrança do débito utilizado na "compensação de ofício", assim como foi determinado, entre outros pontos, para que a autoridade de origem conferisse na diligência se os débitos utilizados para a mencionada "compensação de ofício" se encaixariam nas hipóteses permitidas ou não, conforme segue: É valor informado pelo sujeito passivo em Declaração de Compensação apresentada à RFB, a título de crédito para com a Fazenda Nacional, que não tenha sido reconhecido pela autoridade competente da RFB, ainda que a compensação se encontre pendente de decisão definitiva na esfera administrativa? É valor objeto de pedido de restituição ou de ressarcimento indeferido pela autoridade competente da RFB, ainda que o pedido se encontre pendente de decisão definitiva na esfera administrativa? É débito que já tenha sido encaminhado à ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN) para inscrição em Dívida Ativa da União? É débito consolidado em qualquer modalidade de parcelamento concedido pela RFB? É débito que já tenha sido objeto de compensação não homologada ou considerada não declarada, ainda que a compensação se encontre pendente de decisão definitiva na esfera administrativa? Em virtude da alegação de ocorrência da homologação tácita, apresentar coluna com os períodos dos débitos utilizados para a mencionada "compensação de ofício", apresentados em confronto com a data limite para cobrança ou lançamento e em confronto com a data em que a autoridade de origem realizou tal procedimento. Diante de tal explanação, durante o presente julgamento, esta Turma de julgamento decidiu por não conhecer o Recurso Voluntário, posição que também foi acatada pelo relator e que, da mesma forma, atende a minha análise e serve como solução, uma vez que o crédito do contribuinte já foi reconhecido e que a presente lide administrativa trata mesmo de uma questão de liquidação, rito processual divergente do permitido à este Conselho. Diante do exposto, voto para acompanhar o relator. Declaração de voto proferida. (assinatura digital) Conselheiro Relator Pedro Rinaldi de Oliveira Lima. Fl. 80DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10530.721565/2010-70
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu May 24 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jun 25 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2006
AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA
Legítimas as exigências em procedimento fiscal conduzido nos termos da legislação tributária federal, mormente as informações e documentos necessários à conclusão dos trabalhos.
O Auto de Infração lavrado por autoridade competente, com a indicação expressa das infrações imputadas ao sujeito passivo e das respectivas fundamentações, constitui instrumento legal e hábil à exigência do crédito tributário.
ALEGAÇÕES DE ILEGALIDADE E INCONSTITUCIONALIDADE. PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO AO CONFISCO
A autoridade administrativa não é competente para examinar alegações de ilegalidade/inconstitucionalidade de leis regularmente editadas, tarefa privativa do Poder Judiciário
O princípio da vedação ao confisco é dirigido ao legislador e ao controle jurisdicional da constitucionalidade. A multa legalmente prevista não pode ser afastada pela administração tributária por inconstitucionalidade.
Aplicação da Súmula Carf nº 2
Assunto: Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários - IOF
Ano-calendário: 2006
MÚTUO DE RECURSOS FINANCEIROS ENTRE EMPRESAS. INCIDÊNCIA DO IOF.
As operações de crédito correspondentes a mútuo de recursos financeiros entre pessoas jurídicas sujeitam-se à incidência do IOF segundo as mesmas normas aplicáveis às operações de financiamento e empréstimos praticadas pelas instituições financeiras.
In casu, corroboram a natureza de contrato de mútuo de recursos financeiros a escrituração do Livro Razão e a formalização dos Contratos de Abertura de Crédito em Conta Corrente que refletem o montante de recursos postos a disposição dos mutuários e a estipulação de prazo para liquidação.
Numero da decisão: 3201-003.722
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2006 AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA Legítimas as exigências em procedimento fiscal conduzido nos termos da legislação tributária federal, mormente as informações e documentos necessários à conclusão dos trabalhos. O Auto de Infração lavrado por autoridade competente, com a indicação expressa das infrações imputadas ao sujeito passivo e das respectivas fundamentações, constitui instrumento legal e hábil à exigência do crédito tributário. ALEGAÇÕES DE ILEGALIDADE E INCONSTITUCIONALIDADE. PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO AO CONFISCO A autoridade administrativa não é competente para examinar alegações de ilegalidade/inconstitucionalidade de leis regularmente editadas, tarefa privativa do Poder Judiciário O princípio da vedação ao confisco é dirigido ao legislador e ao controle jurisdicional da constitucionalidade. A multa legalmente prevista não pode ser afastada pela administração tributária por inconstitucionalidade. Aplicação da Súmula Carf nº 2 Assunto: Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários - IOF Ano-calendário: 2006 MÚTUO DE RECURSOS FINANCEIROS ENTRE EMPRESAS. INCIDÊNCIA DO IOF. As operações de crédito correspondentes a mútuo de recursos financeiros entre pessoas jurídicas sujeitam-se à incidência do IOF segundo as mesmas normas aplicáveis às operações de financiamento e empréstimos praticadas pelas instituições financeiras. In casu, corroboram a natureza de contrato de mútuo de recursos financeiros a escrituração do Livro Razão e a formalização dos Contratos de Abertura de Crédito em Conta Corrente que refletem o montante de recursos postos a disposição dos mutuários e a estipulação de prazo para liquidação.
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decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza - Presidente (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
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NULIDADE. INOCORRÊNCIA Legítimas as exigências em procedimento fiscal conduzido nos termos da legislação tributária federal, mormente as informações e documentos necessários à conclusão dos trabalhos. O Auto de Infração lavrado por autoridade competente, com a indicação expressa das infrações imputadas ao sujeito passivo e das respectivas fundamentações, constitui instrumento legal e hábil à exigência do crédito tributário. ALEGAÇÕES DE ILEGALIDADE E INCONSTITUCIONALIDADE. PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO AO CONFISCO A autoridade administrativa não é competente para examinar alegações de ilegalidade/inconstitucionalidade de leis regularmente editadas, tarefa privativa do Poder Judiciário O princípio da vedação ao confisco é dirigido ao legislador e ao controle jurisdicional da constitucionalidade. A multa legalmente prevista não pode ser afastada pela administração tributária por inconstitucionalidade. Aplicação da Súmula Carf nº 2 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CRÉDITO, CÂMBIO E SEGUROS OU RELATIVAS A TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS IOF Anocalendário: 2006 MÚTUO DE RECURSOS FINANCEIROS ENTRE EMPRESAS. INCIDÊNCIA DO IOF. As operações de crédito correspondentes a mútuo de recursos financeiros entre pessoas jurídicas sujeitamse à incidência do IOF segundo as mesmas AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 53 0. 72 15 65 /2 01 0- 70 Fl. 340DF CARF MF Processo nº 10530.721565/201070 Acórdão n.º 3201003.722 S3C2T1 Fl. 341 2 normas aplicáveis às operações de financiamento e empréstimos praticadas pelas instituições financeiras. In casu, corroboram a natureza de contrato de mútuo de recursos financeiros a escrituração do Livro Razão e a formalização dos Contratos de Abertura de Crédito em Conta Corrente que refletem o montante de recursos postos a disposição dos mutuários e a estipulação de prazo para liquidação. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório Para bem relatar os fatos, transcrevese o relatório da decisão proferida pela autoridade a quo: Tratase de processo de lançamento de oficio para exigência de crédito tributário relativo ao Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro no valor de R$ 220.937,53 (fl. 359), acrescido de multa de ofício proporcional, passível de redução, no valor de R$ 165.703,10 e de juros de mora, calculados até 31/03/2010, que perfaziam R$ 87.178,43. Da Descrição dos Fatos se extrai o que segue: “Ainda em atendimento a intimação fiscal, foram apresentados Contratos de Abertura de Crédito em Conta Corrente firmados entre a fiscalizada e as mencionadas mutuárias onde aquela abre em favor de cada uma destas um crédito rotativo de até 10.000.000,00, disponibilizados para retirada ou utilização à medida de suas conveniências, com liquidação em até 24 meses. Nos termos do Decreto nº 4.494, de 03 de dezembro de 2002, o IOF incide sobre operações de crédito realizadas entre pessoas jurídicas, tendo como fato gerador a entrega do montante ou do valor que constitua o objeto da obrigação, ou sua colocação à disposição do interessado, entendido ocorrido o fato gerador e devido o IOF sobre operação de crédito na data da efetiva Fl. 341DF CARF MF Processo nº 10530.721565/201070 Acórdão n.º 3201003.722 S3C2T1 Fl. 342 3 entrega, total ou parcial, do valor que constitua o objeto da obrigação ou sua colocação à disposição do interessado. A expressão "operações de crédito" compreende, inclusive, as operações de mútuo de recursos financeiros entre pessoas jurídicas, sendo responsabilidade da pessoa jurídica que conceder o crédito a cobrança do IOF no primeiro dia útil do mês subseqüente ao de apuração e pelo seu recolhimento ao Tesouro Nacional até o terceiro dia útil da semana subseqüente à cobrança. Desta forma, efetuase o lançamento de ofício conforme anexa planilha Demonstrativo de Cálculo do IOF Devido Mútuos 2006 e anexas planilhas Demonstrativo de Cálculo dos Saldos Diários Mútuo/ IOF 2006, partes integrantes e indissociáveis do presente auto de infração, cujos dados foram extraídos da supracitadas contas contábeis.” Intimada, a contribuinte apresentou a impugnação juntada às fls. 281/292, onde, preliminarmente, vem pugnando pela nulidade do lançamento sob o argumento que a autoridade fiscal teria deixado de observar a natureza jurídica das operações que não se qualificariam como financeiras, ensejadoras da incidência do IOF. Alega que por esse motivo não teria havido uma descrição precisa dos fatos, prejudicando seu direito de defesa. No mérito, após discorrer longamente sobre o que entende por operações financeiras a serem tributadas pelo IOF, vem trazendo a alegação de que o art. 13 da Lei nº 9.779/99 é formalmente inconstitucional por afrontar diretamente o art. 146 da Constituição. A seguir passa a atacar a multa aplicada, alegando ser confiscatório o percentual de 75%. Vem requerer a aplicação do princípio da equidade para que seja reduzida a multa para o patamar de 30%. Ao final veio requerendo a declaração da nulidade do lançamento ou, alternativamente, a sua improcedência total. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Juiz de Fora/MG por intermédio da 2ª Turma, no Acórdão nº 0946.533, sessão de 18/09/2013, julgou improcedente a impugnação do contribuinte. A decisão foi assim ementada: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2006 NULIDADE. Não procedem as arguições de nulidade quando não se vislumbra nos autos qualquer das hipóteses previstas no art. 59 do Decreto nº 70.235/72. VALIDADE DA LEI. COMPETÊNCIA. Fl. 342DF CARF MF Processo nº 10530.721565/201070 Acórdão n.º 3201003.722 S3C2T1 Fl. 343 4 Falece competência à autoridade julgadora de instância administrativa para a apreciação de aspectos relacionados com a validade de Lei, tarefa privativa do Poder Judiciário. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS. DOUTRINA E JURISPRUDÊNCIA. Não cabe apreciar questões relativas a ofensa a princípios constitucionais, tais como do não confisco ou da equidade, dentre outros, competindo, no âmbito administrativo, tão somente aplicar o direito tributário positivado. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Inconformada, a contribuinte apresentou recurso voluntário reproduzindo os mesmos argumentos de sua impugnação para combater a autuação acrescentando, em relação à decisão recorrida, o que se segue: 1. Na preliminar de nulidade, a DRJ não rechaçou os argumentos de cerceamento do direito de defesa pois assentouse na a tese de que a preliminar se confundia com o mérito; 2. No enfrentamento dos argumentos suscitados de improcedência da autuação por inocorrência do fato gerador do IOF, a DRJ trilhou seus fundamentos na impossibilidade de se manifestar quanto à validade da lei e deixou de analisar a existência dos fatos apontados como infração à legislação; 3. Em síntese, afirma que não houve a operação financeira apontada pelo órgão julgador como prova da materialidade da infração. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator O Recurso Voluntário atende aos requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. O litígio versa acerca da incidência do IOF sobre operações de empréstimos entre a recorrente e pessoas jurídicas, as quais a fiscalização entendeu caracterizarse operação de mútuo, sujeita à incidência do IOF, nos termos do art. 13 da Lei nº 9.779/1999, regulamentada no Decreto nº 4.494/2002 (RIOF/02). Impende colacionar os dispositivos legais que tratam do IOF pertinentes à solução da lide: Lei nº 9.779/1999: Fl. 343DF CARF MF Processo nº 10530.721565/201070 Acórdão n.º 3201003.722 S3C2T1 Fl. 344 5 Art. 13. As operações de crédito correspondentes a mútuo de recursos financeiros entre pessoas jurídicas ou entre pessoa jurídica e pessoa física sujeitamse à incidência do IOF segundo as mesmas normas aplicáveis às operações de financiamento e empréstimos praticadas pelas instituições financeiras. § 1o Considerase ocorrido o fato gerador do IOF, na hipótese deste artigo, na data da concessão do crédito. § 2o Responsável pela cobrança e recolhimento do IOF de que trata este artigo é a pessoa jurídica que conceder o crédito. Decreto nº 4.494/2002: Art. 2º O IOF incide sobre: I operações de crédito realizadas: c) entre pessoas jurídicas ou entre pessoa jurídica e pessoa física (Lei nº 9.779, de 19 de janeiro de 1999, art. 13). Art. 3º O fato gerador do IOF é a entrega do montante ou do valor que constitua o objeto da obrigação, ou sua colocação à disposição do interessado (Lei nº 5.172, de 1966, art. 63, inciso I). § 4º A expressão "operações de crédito" compreende as operações de: III mútuo de recursos financeiros entre pessoas jurídicas ou entre pessoa jurídica e pessoa física (Lei nº 9.779, de 1999, art. 13). Art. 5º São responsáveis pela cobrança do IOF e pelo seu recolhimento ao Tesouro Nacional: III a pessoa jurídica que conceder o crédito, nas operações de crédito correspondentes a mútuo de recursos financeiros (Lei nº 9.779, de 1999, art. 13, § 2º). Os fundamentos para reforma da decisão de primeira instância bem como para o cancelamento da autuação escoramse na nulidade do auto de infração em razão do cerceamento do direito de defesa; violação legal (CTN) e constitucional do art. 13 da Lei nº 9.779/1999, que estabeleceu tributação do IOF nos contratos de mútuo financeiro; na inocorrência do fato gerador do IOF; e no caráter confiscatório da multa de ofício. O deslinde do litígio cumpre, então, enfrentar as matérias suscitadas. Preliminar de nulidade do auto de infração A recorrente suscita a nulidade do auto de infração ao argumento de que não foram preenchidos alguns dos requisitos do art. 10 do Decreto nº 70.235/72, aplicandose então o art. 59 deste diploma. Fl. 344DF CARF MF Processo nº 10530.721565/201070 Acórdão n.º 3201003.722 S3C2T1 Fl. 345 6 A alegação é de que o autuante deixou de observar a natureza jurídica das operações de mútuo, que entende não se qualificarem como financeiras e ensejadoras do recolhimento do IOF. Suscitou ainda em seu recurso voluntário que a DRJ não rechaçou os argumentos de cerceamento do direito de defesa pois assentouse na a tese de que a preliminar se confundia com o mérito. Constatase in casu que o auto de infração contém seus elementos obrigatórios (incisos do art. 10 do PAF); além disso, não se verifica qualquer das hipóteses de nulidade elencadas no art. 59 do PAF, relativas à cerceamento do direito de defesa. Na descrição da infração no Auto (fl. 5), a fiscalização anotou que o Livro Razão e os Contratos de Abertura de Crédito em Conta Corrente apontam para a caracterização do mútuo financeiro celebrando entre a contribuinte e pessoas jurídicas, com plena subsunção dos fatos às normas do Decreto nº 4.494/2002, que regulamentou o art. 13 da Lei nº 9.779/1999, ambos relacionados no quadro de "descrição dos fatos e enquadramento legal". As peças de defesa impugnação e recurso voluntário foram elaboradas com aprofundamento nas questões de fato e de direito, próprias de quem tem conhecimento exato das acusações que lhes são imputadas. Não há se falar em impossibilidade de se compreender a infração imputada. Assim, hígido o auto de infração quanto aos fundamentos e enquadramento legal da exação e infrações impostas ao autuado, bem como escorreita a decisão recorrida. Na matéria, não assiste razão à recorrente. Inconstitucional e Ilegalidade do art. 13 da Lei nº 9.779/99 que estabeleceu tributação do IOF Insiste a recorrente em sede de recurso voluntário que a tributação de suas operações de mútuo com fundamento no art. 13 da Lei nº 9.779/99 ofende ao art. 63 do CTN e formalmente inconstitucional por afronta ao art. 146 da CF/88. O IOF foi instituído pela Lei nº 5.143/1966, tendo atualmente fundamento no art. 153, V da CF/88, que lhe trouxe aperfeiçoamentos e alterações por intermédio de diplomas legais, dentre os quais a Lei nº 9.779/1999 e o Decreto nº 4.494/2002, que regulamenta o Imposto, aplicáveis à época dos fatos De se apontar ainda que não se vislumbra qualquer incompatibilidade da tributação do IOF prevista no art. 13 da Lei nº 9.779/1999 e nos Decretos regulamentares com os preceito do CTN que tratam a matéria, entendimento que se coaduna com a decisão do STJ, em sede de Embargos de Declaração no Resp 1.239.101/RJ: PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL. TRIBUTÁRIO. IOF. TRIBUTAÇÃO DAS OPERAÇÕES DE CRÉDITO CORRESPONDENTES A MÚTUO DE RECURSOS FINANCEIROS ENTRE PESSOAS JURÍDICAS. ART. 13, DA LEI N. 9.779/99. AUSÊNCIA DE OMISSÃO OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OU ERRO MATERIAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO REJEITADOS. 1. Os Fl. 345DF CARF MF Processo nº 10530.721565/201070 Acórdão n.º 3201003.722 S3C2T1 Fl. 346 7 argumentos levantados pela embargante foram devidamente rechaçados quando esta Corte fez a melhor opção interpretativa pela incidência do IOF sobre as operações que disponibilizam créditos entre empresas de um mesmo grupo econômico. A interpretação prestigia a letra do art. 13, da Lei n. 9.779/99 (caracteriza como fato gerador do IOF a ocorrência de "operações de crédito correspondentes a mútuo de recursos financeiros entre pessoas jurídicas ") e a letra do art. 63, I, do CTN (caracteriza como operação de crédito a "sua colocação à disposição do interessado "). Inclusive com transcrição de jurisprudência. 2. Não havendo omissão, obscuridade, contradição ou erro material, merecem ser rejeitados os embargos declaratórios interpostos que têm o propósito infringente. 3. Embargos de declaração rejeitados. Quanto à vedação ao confisco,tratase de princípio constitucional que se dirige ao legislador e ao controle jurisdicional da constitucionalidade. A multa prevista em legislação não pode ser afastadas pelo Carf pois decorre de expressa disposição de Lei, conforme o art. 26A. “Art. 26A. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade.” A tributação realizada no presente processo atendeu aos regramentos vigentes, não podendo o autuante, tampouco os julgadores administrativos, afastar qualquer comando normativo, eis que disposto em Leis e Decretos plenamente vigentes no ordenamento jurídico. Ademais, qualquer pronunciamento quanto a inconstitucionalidade de lei é vedado aos membros deste Conselho, conforme enunciado da Súmula CARF nº 2, segundo o qual o “CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária." Operações de mútuos entre a recorrente e pessoas jurídicas ocorrência do fato gerador do IOF Afirma a recorrente que as operações de empréstimos suportados por Contratos de Abertura de Crédito em Conta Corrente e escrituradas no Livro Razão não possuem a natureza de operação de crédito ensejadora da tributação do IOF. Ou seja, em síntese, argui que não ocorreu o fato gerador do IOF descrito no caput do art. 13 da Lei nº 9.779/99, pois as operações realizadas não se qualificam como financeiras. Defende sua tese segundo o argumento de que não houve o intuito de realizar uma operação financeira, conforme colaciona o excerto do recurso (fls. 330/332) Fl. 346DF CARF MF Processo nº 10530.721565/201070 Acórdão n.º 3201003.722 S3C2T1 Fl. 347 8 Não assiste razão à recorrente. Suficiente para negarlhe provimento na matéria o disposto no caput do art. 13 da Lei nº 9.779/99, que impende reprisálo: Art. 13. As operações de crédito correspondentes a mútuo de recursos financeiros entre pessoas jurídicas ou entre pessoa jurídica e pessoa física sujeitamse à incidência do IOF segundo as mesmas normas aplicáveis às operações de financiamento e empréstimos praticadas pelas instituições financeiras. Como se depreende, o legislador acolheu como fato gerador do IOF as operações de crédito correspondentes a mútuo de recursos financeiros aplicandolhes as mesmas normas das operações de financiamento e empréstimos praticados pelas instituições financeiras. De fato, não se confunde o mútuo de recursos financeiros celebrados entre pessoas jurídicas e as operações de financiamento e empréstimos próprios das instituições financeiras; contudo, o legislador, por intermédio de lei válida e vigente, equiparou os efeitos da tributação ambos são fatos geradores do IOF e sujeitos às regras de tributação. O contrato de mútuo financeiro encontra sua definição no art. 586 do Código Civil1, sendo um negócio jurídico bilateral no qual o mutuário é obrigado a devolver ao mutuante o que dele recebeu em coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade. O mútuo caracterizase, portanto, como sendo o empréstimo de coisas fungíveis. Além disso, tem como função econômica permitir que o mutuário utilize temporariamente da coisa fungível com 1 Código Civil de 2002. Art. 586. O mútuo é o empréstimo de coisas fungíveis. O mutuário é obrigado a restituir ao mutuante o que dele recebeu em coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade. Fl. 347DF CARF MF Processo nº 10530.721565/201070 Acórdão n.º 3201003.722 S3C2T1 Fl. 348 9 obrigação de a restituir. Há, no contrato de mútuo, uma predeterminação das posições de credor e devedor, e do valor a restituir. Como já relatado, corroboram a natureza de mútuo de recursos financeiros a escrituração do Livro Razão e os Contratos de Abertura de Crédito em Conta Corrente, que refletem o montante de recursos postos a disposição dos mutuários. Tais Contratos refletem os montantes de recursos postos a disposição dos mutuários com estipulação de prazo para liquidação (24 meses), portanto, é uma clara operação de financiamento em que a recorrentemutuante disponibiliza às empresasmutuárias numerários para sua livre utilização. A verificação pura e simples da operação demonstra que se tratam de empréstimos realizados, com a configuração legal de um contrato de mútuo que tem como consequência atrair a incidência do IOF sobre a operação. Correta, pois, a atuação e a decisão recorrida em manter a cobrança do IOF nos termos exigidos pela autoridade fiscal. Conclusão Por todo o exposto, na preliminar rejeito a nulidade do auto de infração e, no mérito, voto para NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. Paulo Roberto Duarte Moreira Fl. 348DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13646.000133/2010-12
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 20 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Apr 24 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2005
NÃO-CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. CONCEITO DE INSUMOS
O alcance do conceito de insumo, segundo o regime da não-cumulatividade do PIS Pasep e da COFINS é aquele em que o os bens e serviços cumulativamente atenda aos requisitos de (i) pertinência ao processo produtivo ou prestação de serviço; (ii) emprego direto ou indireto no processo produtivo ou prestação de serviço; e (iii) essencialidade em que a subtração importa a impossibilidade da produção ou prestação de serviço ou implique substancial perda de qualidade (do produto ou serviço resultante).
BENS E SERVIÇOS. ATIVIDADES EM LABORATÓRIOS. CONTROLE DE QUALIDADE. INSUMOS E PRODUTOS FINAIS. DIREITO AO CRÉDITO
Despesas com bens e serviços destinados às atividades laboratoriais na indústria de beneficiamento de minério são essenciais e pertinentes ao processo produtivo, permitindo a tomada do crédito de PIS/Cofins, exceto quando ativáveis.
SERVIÇOS E PEÇAS DE MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NO PROCESSO PRODUTIVO. CRÉDITO
Despesas com serviços e bens empregados na manutenção de máquinas e equipamentos utilizados em etapas que mantêm relação de pertinência e essencialidade com o processo produtivo geram direito a crédito das contribuições para o PIS e a COFINS não-cumulativos, exceto quando ativáveis.
MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. CRÉDITO. AQUISIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. DEPRECIAÇÃO.
A aquisição de máquinas e equipamentos do ativo imobilizado, utilizados no processo produtivo de bens destinados à venda não permite a tomada do crédito das Contribuições, o que somente é permitido quanto aos encargos de depreciação, e conforme disciplinado pela Secretaria da Receita Federal em sua legislação.
COMBUSTÍVEIS. GLP E ÓLEO DIESEL
Os gastos com combustíveis e lubrificantes geram créditos a serem utilizados na apuração do PIS e da COFINS, nos termos do art. 3º, II da Lei nº 10.833/2003.
Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2005
PIS. LANÇAMENTO DECORRENTE DA MESMA MATÉRIA FÁTICA.
Aplica-se ao lançamento da Contribuição para o PIS/Pasep o decidido em relação à COFINS lançada a partir da mesma matéria fática.
Recurso Voluntário Parcialmente Provido
Numero da decisão: 3201-003.575
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos dar parcial provimento ao recurso voluntário. Vencida a Conselheira Tatiana Josefovicz Belisário, que também dava provimento para as despesas de despacho aduaneiro. Os Conselheiros Marcelo Giovani Vieira e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade votaram pelas conclusões.
Winderley Morais Pereira - Presidente Substituto
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade.
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2005 NÃO-CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. CONCEITO DE INSUMOS O alcance do conceito de insumo, segundo o regime da não-cumulatividade do PIS Pasep e da COFINS é aquele em que o os bens e serviços cumulativamente atenda aos requisitos de (i) pertinência ao processo produtivo ou prestação de serviço; (ii) emprego direto ou indireto no processo produtivo ou prestação de serviço; e (iii) essencialidade em que a subtração importa a impossibilidade da produção ou prestação de serviço ou implique substancial perda de qualidade (do produto ou serviço resultante). BENS E SERVIÇOS. ATIVIDADES EM LABORATÓRIOS. CONTROLE DE QUALIDADE. INSUMOS E PRODUTOS FINAIS. DIREITO AO CRÉDITO Despesas com bens e serviços destinados às atividades laboratoriais na indústria de beneficiamento de minério são essenciais e pertinentes ao processo produtivo, permitindo a tomada do crédito de PIS/Cofins, exceto quando ativáveis. SERVIÇOS E PEÇAS DE MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NO PROCESSO PRODUTIVO. CRÉDITO Despesas com serviços e bens empregados na manutenção de máquinas e equipamentos utilizados em etapas que mantêm relação de pertinência e essencialidade com o processo produtivo geram direito a crédito das contribuições para o PIS e a COFINS não-cumulativos, exceto quando ativáveis. MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. CRÉDITO. AQUISIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. DEPRECIAÇÃO. A aquisição de máquinas e equipamentos do ativo imobilizado, utilizados no processo produtivo de bens destinados à venda não permite a tomada do crédito das Contribuições, o que somente é permitido quanto aos encargos de depreciação, e conforme disciplinado pela Secretaria da Receita Federal em sua legislação. COMBUSTÍVEIS. GLP E ÓLEO DIESEL Os gastos com combustíveis e lubrificantes geram créditos a serem utilizados na apuração do PIS e da COFINS, nos termos do art. 3º, II da Lei nº 10.833/2003. Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2005 PIS. LANÇAMENTO DECORRENTE DA MESMA MATÉRIA FÁTICA. Aplica-se ao lançamento da Contribuição para o PIS/Pasep o decidido em relação à COFINS lançada a partir da mesma matéria fática. Recurso Voluntário Parcialmente Provido
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decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos dar parcial provimento ao recurso voluntário. Vencida a Conselheira Tatiana Josefovicz Belisário, que também dava provimento para as despesas de despacho aduaneiro. Os Conselheiros Marcelo Giovani Vieira e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade votaram pelas conclusões. Winderley Morais Pereira - Presidente Substituto Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 16; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1970; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C2T1 Fl. 2 1 1 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13646.000133/201012 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3201003.575 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 20 de março de 2018 Matéria PIS_COFINS_NÃO CUMULATIVOS AUTO DE INFRAÇÃO Recorrente COMPANHIA BRASILEIRA DE METALURGIA E MINERACAO Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2005 NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. CONCEITO DE INSUMOS O alcance do conceito de insumo, segundo o regime da nãocumulatividade do PIS Pasep e da COFINS é aquele em que o os bens e serviços cumulativamente atenda aos requisitos de (i) pertinência ao processo produtivo ou prestação de serviço; (ii) emprego direto ou indireto no processo produtivo ou prestação de serviço; e (iii) essencialidade em que a subtração importa a impossibilidade da produção ou prestação de serviço ou implique substancial perda de qualidade (do produto ou serviço resultante). BENS E SERVIÇOS. ATIVIDADES EM LABORATÓRIOS. CONTROLE DE QUALIDADE. INSUMOS E PRODUTOS FINAIS. DIREITO AO CRÉDITO Despesas com bens e serviços destinados às atividades laboratoriais na indústria de beneficiamento de minério são essenciais e pertinentes ao processo produtivo, permitindo a tomada do crédito de PIS/Cofins, exceto quando ativáveis. SERVIÇOS E PEÇAS DE MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NO PROCESSO PRODUTIVO. CRÉDITO Despesas com serviços e bens empregados na manutenção de máquinas e equipamentos utilizados em etapas que mantêm relação de pertinência e essencialidade com o processo produtivo geram direito a crédito das contribuições para o PIS e a COFINS nãocumulativos, exceto quando ativáveis. MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. CRÉDITO. AQUISIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. DEPRECIAÇÃO. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 64 6. 00 01 33 /2 01 0- 12 Fl. 934DF CARF MF Processo nº 13646.000133/201012 Acórdão n.º 3201003.575 S3C2T1 Fl. 3 2 A aquisição de máquinas e equipamentos do ativo imobilizado, utilizados no processo produtivo de bens destinados à venda não permite a tomada do crédito das Contribuições, o que somente é permitido quanto aos encargos de depreciação, e conforme disciplinado pela Secretaria da Receita Federal em sua legislação. COMBUSTÍVEIS. GLP E ÓLEO DIESEL Os gastos com combustíveis e lubrificantes geram créditos a serem utilizados na apuração do PIS e da COFINS, nos termos do art. 3º, II da Lei nº 10.833/2003. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2005 PIS. LANÇAMENTO DECORRENTE DA MESMA MATÉRIA FÁTICA. Aplicase ao lançamento da Contribuição para o PIS/Pasep o decidido em relação à COFINS lançada a partir da mesma matéria fática. Recurso Voluntário Parcialmente Provido Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos dar parcial provimento ao recurso voluntário. Vencida a Conselheira Tatiana Josefovicz Belisário, que também dava provimento para as despesas de despacho aduaneiro. Os Conselheiros Marcelo Giovani Vieira e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade votaram pelas conclusões. Winderley Morais Pereira Presidente Substituto Paulo Roberto Duarte Moreira Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade. Relatório O interessado acima identificado recorre a este Conselho, de decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Juiz de Fora/MG. Por bem descrever os fatos ocorridos, até então, adoto o relatório da decisão recorrida, que transcrevo, a seguir: Tratase o presente de Autos de Infração do PIS/Pasep, fls. 99 a 103, e da Cofins, fls. 104 a 108, que resultaram no ajuste das bases de cálculo dos créditos das respectivas contribuições sob o regime nãocumulativo, referente ao período de janeiro a dezembro de 2005, e não gerou apuração de crédito tributário. Conforme destacado no item “III – CRÉDITOS APURADOS INDEVIDAMENTE” do Auto de Infração, a fiscalização discriminou a apuração indevida dos créditos de PIS e da Fl. 935DF CARF MF Processo nº 13646.000133/201012 Acórdão n.º 3201003.575 S3C2T1 Fl. 4 3 Cofins, de 2005, apropriados em 12/2006 e 03/2008, nos Relatórios Fiscais Parciais “Crédito Extemporâneo I” e “Crédito Extemporâneo II”, respectivamente, cujas glosas foram assim resumidas: Crédito Extemporâneo I de 2005 – PIS/COFINS Resumo da Glosa Item Vr Contábil B Cálculo PIS Cofins 1 Itens duplicados 25.219,92 25.219,92 416,13 1.916,71 2 Itens estornados 24.644,00 24.644,00 406,63 1.872,94 3 Conservação Patrimonial, Segurança e Meio Ambiente 575.552,17 575.552,17 9.496,61 43.741,96 4 Pesquisas, Melhorias, Experiências 1.781.396,77 1.781.396,77 29.393,05 135.386,15 5 Investimentos Ativados 1.855.503,93 1.855.503,93 30.615,81 141.018,30 6 Itens não consumidos nem aplicados no proc produtivo 507.878,95 507.878,95 8.380,00 38.598,80 7 Bens Ativáveis 187.773,19 187.773,19 3.098,26 14.270,76 Total 4.957.968,93 4.957.968,93 81.806,49 376.805,64 Crédito Extemporâneo II de 2005 – PIS/COFINS Resumo da Glosa Item Vr Contábil B Cálculo PIS Cofins 1 Conservação Patrimonial, Segurança, Meio Ambiente, Alfândega 302.181,20 302.181,20 4.985,99 22.965,77 2 Pesquisas, Melhorias, Experiências 3.261.967,61 3.261.967,61 53.822,47 247.909,54 3 Investimentos Ativados 4.201.175,33 4.201.175,33 69.319,39 319.289,33 4 Bens não sujeitos ao pagamento das Contribuições 8.481.446,40 8.481.446,40 139.943,87 644.589,93 6 Itens não consumidos nem aplicados 237.901,39 237.901,39 3.925,37 18.080,51 Fl. 936DF CARF MF Processo nº 13646.000133/201012 Acórdão n.º 3201003.575 S3C2T1 Fl. 5 4 no proc. produtivo Total 16.484.671,93 16.484.671,93 271.997,09 1.252.835,07 Cientificada da autuação em 07/07/2010, (fls. 103 e 108), a interessada apresentou a impugnação de fls. 113 a 134, na qual: após breve relato dos fatos, esclarece que os créditos da contribuição ao PIS e da Cofins, embora referentes ao período de janeiro a dezembro de 2005, foram apurados extemporâneamente, tendo sido lançados nos Demonstrativos de Apuração das Contribuições Sociais – Dacon dos meses de dezembro de 2006 e março de 2008; destaca as diferenças entre as sistemática da não cumulatividade das contribuições ao PIS e da Cofins e do IPI e a ausência de dispositivo determinando, para fins de apuração dos créditos das referidas contribuições, a aplicação subsidiaria da legislação do IPI; alega que não encontra amparo legal a diretriz das Instruções Normativas SRF nº 247, de 2002, e 404, de 2003, no sentido de que somente são insumos as matériasprimas, os produtos intermediários, as embalagens e quaisquer outros bens que sofram alteração, durante o processo produtivo dos bens da pessoa jurídica. passa aos argumentos específicos acerca das glosas efetuadas. Ao final, requer a improcedência dos autos de infração e protesta por provar o alegado por todos os meios de prova admitidos, especialmente a realização de diligências e a juntada de documentos. É o relatório. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Juiz de Fora por intermédio da 1ª Turma, no Acórdão nº 0937.365, sessão de 20/10/2011, julgou improcedente a impugnação do contribuinte. A decisão foi assim ementada: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2005 PRODUÇÃO DE NOVAS PROVAS. PEDIDO DE DILIGÊNCIA. Não atendidos os requisitos legais de admissibilidade, indefere se pedido de juntada de novas provas e, uma vez que os elementos contidos nos autos são suficientes para o deslinde da questão, é prescindível a realização de perícia ou diligência. Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2005 Fl. 937DF CARF MF Processo nº 13646.000133/201012 Acórdão n.º 3201003.575 S3C2T1 Fl. 6 5 INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. BASE DE CÁLCULO. CRÉDITOS. INSUMOS. O sujeito passivo poderá descontar da contribuição apurada no regime nãocumulativo, créditos calculados sobre valores correspondentes a insumos, assim entendidos as matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação. NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. BENS NÃO SUJEITOS AO PAGAMENTO DA CONTRIBUIÇÃO. Não dará direito a crédito o valor da aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição, inclusive no caso de isenção, esse último quando revendidos ou utilizados como insumo em produtos ou serviços sujeitos à alíquota zero, isentos ou não alcançados pela contribuição. MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. CRÉDITO SOBRE DEPRECIAÇÃO. A pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados sobre encargos de depreciação, somente em relação às máquinas e aos equipamentos adquiridos para utilização na fabricação de produtos destinados à venda. Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2005 INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. BASE DE CÁLCULO. CRÉDITOS. INSUMOS. O sujeito passivo poderá descontar da contribuição apurada no regime nãocumulativo, créditos calculados sobre valores correspondentes a insumos, assim entendidos as matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação. NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. BENS NÃO SUJEITOS AO PAGAMENTO DA CONTRIBUIÇÃO. Não dará direito a crédito o valor da aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição, inclusive no caso de isenção, esse último quando revendidos ou utilizados como insumo em produtos ou serviços sujeitos à alíquota zero, isentos ou não alcançados pela contribuição. MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. CRÉDITO SOBRE DEPRECIAÇÃO. Fl. 938DF CARF MF Processo nº 13646.000133/201012 Acórdão n.º 3201003.575 S3C2T1 Fl. 7 6 A pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados sobre encargos de depreciação, somente em relação às máquinas e aos equipamentos adquiridos para utilização na fabricação de produtos destinados à venda. No voto, os julgadores de 1ª instancia delimitaram o litígio conforme as matérias expressamente contestadas pela contribuinte, como se vê: A impugnante destaca que relativamente às glosas do relatório “Crédito Extemporâneo I”, não haverá contestação quanto aos itens “1”, “2”, e parte do item “5” (referente à conta nº 13210001Obras e parte da conta nº 13201005Máquinas e Equipamentos, concernente às aquisições junto aos fornecedores Scan Automação Ltda., Gevisa S.A., e Toshiba do Brasil S.A.), sendo parcial a impugnação do item “6”. Quanto ao relatório “Crédito Extemporâneo II”, reconhece a procedência da glosa relacionada à conta nº 31101411Parques e Jardins, inserida no item “1”, informa que não haverá questionamento para o item “3” e, quanto ao item “5”, a impugnação será parcial. Desse modo, sobre tais matérias não foi instaurado litígio, tornando definitiva na esfera administrativa as glosas correspondentes. A seguir, após dissertar acerca do conceito de insumos no entendimento daqueles julgadores, mormente consubstanciado nas INs 247/2002 e 404/2004, estabeleceu as rubricas que a contribuinte incorreu em gastos para os quais a Fiscalização glosou os créditos da não cumulatividade do PIS/Cofins, a saber: Conservação Patrimonial – Segurança Meio Ambiente Alfândega; Pesquisas – Melhorias Experiências (projetos, centros de pesquisa); Investimentos Ativados; Itens não consumidos nem aplicados no processo produtivo; Bens Ativáveis; Bens não sujeitos ao pagamento das Contribuições (GLP e óleo diesel); Inconformada com a decisão, a contribuinte apresenta recurso voluntário (fls. 279/311), no qual repisa os argumentos trazidos em sua impugnação, explicitando sua atividade extrativa/industrial e a utilização de cada um dos bens ou serviços em seu processo, cujos gastos tiveram créditos das contribuições glosados. Submetido à julgamento neste Colegiado, na sessão de 26/11/2013 decidiuse convertêlo em diligência para elaboração de laudo, por renomada instituição, que descrevesse detalhadamente o processo produtivo da Recorrente, por entende a Turma tratarse de informação essencial para a análise de qualquer pleito de reconhecimento de PIS e de Cofins não cumulativos. Os termos da diligência determinada na resolução nº 3201000.443 (fls. 353/356): Fl. 939DF CARF MF Processo nº 13646.000133/201012 Acórdão n.º 3201003.575 S3C2T1 Fl. 8 7 Em análise dos autos, constatase a necessidade da realização de diligência, com a finalidade de verificar se as aquisições e despesas cujos créditos foram glosados pela fiscalização relacionamse ou não ao processo produtivo da recorrente. Diante do exposto, voto por converter o julgamento em diligência para que unidade preparadora jurisdicionante do domicílio fiscal da recorrente providencie o que segue: 1) Intime a recorrente a apresentar laudo de renomada instituição que descreva detalhadamente o seu processo produtivo, apontando a utilização dos itens cujos créditos foram glosados na produção de bens destinados à venda, ou na prestação de serviços; e 2) Após a juntada do laudo, promova diligência fiscal in loco, para verificar as conclusões do laudo pericial, elaborando Relatório conclusivo e sucinto acerca da utilização ou não dos itens cujos créditos foram glosados no processo produtivo da Recorrente. Após a realização da diligência, deve ser concedido o prazo de trinta dias para que a recorrente e a PGFN se manifestem acerca do tema. A contribuinte elaborou o "Laudo de Funcionalidade" (fls. 549/824) por meio de seu corpo técnico no qual descreve seu processo produtivo que se materializa no desenvolvimento de atividade de lavra, extração e produção de minérios utilizados na fabricação de produtos da indústria metalúrgica e siderúrgica. O insumo, minério de pirocloro, no qual é encontrado sob a forma do composto óxido de nióbio (Nb2O5), utilizado na produção de nióbio, e de outros produtos derivados, é explorado pela CBMM de seu próprio depósito minerário, e de outro, em forma de concessão, de propriedade da CODEMIG, que juntas otimizam a exploração do minério por intermédio da COMIPA que os vende, exclusivamente, à CBMM. A COMIPA é pois a responsável pela operação de lavra e transporte do minério até as instalações da CBMM. As máquinas e equipamentos necessários à extração são de propriedade da CBMM que os aluga à COMIPA, por disposição contratual. O minério adquirido pela CBMM é submetido a sucessivos processos de separação dos demais minerais até a obtenção do produto final o nióbio. Esse processo de separação consiste em etapas de concentração, sinterização, desfosforação, metalurgia, britagem e embalagem. Em termos de controle contábil, cada uma das etapas do processo de produção do nióbio constituise um centro de custo. Finda a caracterização de seu processo produtivo, a CBMM passa a discorrer sobre as despesas incorridas com as várias rubricas apropriadas na tomada de créditos das Contribuições para Pis/Cofins nãocumulativas. Fl. 940DF CARF MF Processo nº 13646.000133/201012 Acórdão n.º 3201003.575 S3C2T1 Fl. 9 8 A Unidade de Origem produziu o relatório de diligência em que, objetivamente, analisou as glosas efetuadas na autuação fiscal comparando as despesas incorridas nas rubricas mencionadas relacionandoas ao processo produtivo descrito. Assim se manifestou a autoridade fiscal quanto aos itens glosados: Conservação Patrimonial, Segurança, Meio Ambiente e Investimentos em Pesquisas, Melhorias, Experiências Os bens não foram aplicados em atividades específicas, conforme as contas contábeis, portanto, são alheios ao processo produtivo. Projetos – Serviços Profissionais de PJ Os serviços de engenharia, projeto e consultoria associados às instalações industriais, em nada se relacionam a serviços aplicados ou consumidos na fabricação dos produtos destinados a venda. Centro de Pesquisas São bens utilizados em laboratório que se destinam a estudos, pesquisas, análises, informações, e não ao processo produtivo. Investimentos Ativados Tratamse de investimentos, registrados corretamente em contas patrimoniais, não se caracterizam despesas Utilização de GLP e Óleo Diesel na CBMM Os gastos com GLP e óleo diesel não foram devidamente discriminados e apontados a quais equipamentos/veículos foram utilizados Itens não Consumidos nem Aplicados ao Processo Produtivo São itens que se relacionam às despesas com edificações, instalações, tubulações, manutenções elétrica e hidráulica, e a utilização destes componentes é inerente às atividades industriais e sua reposição decorre de desgaste natural relativo à sua vida útil e não pela ação do produto em fabricação. Bens Ativáveis São partes e peças aplicados em máquinas e equipamentos com vida útil superior a doze meses. Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator O Recurso Voluntário atende aos requisitos de admissibilidade razão pela qual dele tomo conhecimento. Conforme se verifica nos autos, a lide está vinculada às glosas realizadas na apuração dos créditos da contribuição relacionadas às despesas com bens e serviços utilizados pela recorrente nas atividades de lavra, extração e produção de nióbio. Antes que se proceda à análise individualizada de cada item mister assentar os fundamentos para a utilização do conceito de insumos que irão conduzir este voto. Este Conselho, incluindo esta Turma, entende que o conceito de insumo é mais elástico que o adotado pela fiscalização e julgadores da DRJ nas suas Instruções Fl. 941DF CARF MF Processo nº 13646.000133/201012 Acórdão n.º 3201003.575 S3C2T1 Fl. 10 9 Normativas n°s. 247/2002 e 404/2004, mas não alcança a amplitude de dedutibilidade utilizado pela legislação do Imposto de Renda, como requer a recorrente. Isto posto, há de se fixar os contornos jurídicos para delimitar os dispêndios (gastos) que são considerados insumos com direito ao crédito das contribuições sociais, quer no processo produtivo ou na prestação de serviço. Neste ponto acolho o conceito estabelecido pelo Ministro do STJ Mauro Campbell Marques no voto condutor do REsp nº 1.246.317MG, que fora sintetizado pelo Conselheiro relator ALEXANDRE KERN, no acórdão nº 3402002.663, sessão de 24/02/2015, o qual adoto neste voto e transcrevo: Inclinome pelo conceito de insumo deduzido no voto condutor do REsp nº 1.246.317 MG (2011/00668193). Nele, o Ministro Mauro Campbell Marques interpreta que, da dicção do inc. II do art. 3º tanto da Lei nº 10.637, de 2002, quanto da Lei nº 10.833, de 2003, extraise que nem todos os bens ou serviços, utilizados na produção ou fabricação de bens geram o direito ao creditamento pretendido. É necessário que essa utilização se dê na qualidade de "insumo" ("utilizados como insumo"). Isto significa que a qualidade de "insumo" é algo a mais que a mera utilização na produção ou fabricação, o que também afasta a utilização dos conceitos de "Custos e Despesas Operacionais" inerentes ao IR. Não basta, portanto, que o bem ou serviço seja necessário ao processo produtivo, é preciso algo a mais, algo mais específico e íntimo ao processo produtivo. As leis, exemplificativamente, mencionam que se inserem no conceito de “insumos” para efeitos de creditamento: a) serviços utilizados na prestação de serviços; b) serviços utilizados na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda; c) bens utilizados na prestação de serviços; d) bens utilizados na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda; e) combustíveis e lubrificantes utilizados na prestação de serviços; f) combustíveis e lubrificantes utilizados na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda. O Min. Campbell Marques extrai o que há de nuclear da definição de “insumos” para efeito de creditamento e conclui: a) o bem ou serviço tenha sido adquirido para ser utilizado na prestação do serviço ou na produção, ou para viabilizálos pertinência ao processo produtivo; Fl. 942DF CARF MF Processo nº 13646.000133/201012 Acórdão n.º 3201003.575 S3C2T1 Fl. 11 10 b) a produção ou prestação do serviço dependa daquela aquisição essencialidade ao processo produtivo; e c) não se faz necessário o consumo do bem ou a prestação do serviço em contato direto com o produto possibilidade de emprego indireto no processo produtivo. Explica ainda que, não basta, que o bem ou serviço tenha alguma utilidade no processo produtivo ou na prestação de serviço: é preciso que ele seja essencial. É preciso que a sua subtração importe na impossibilidade mesma da prestação do serviço ou da produção, isto é, obste a atividade da empresa, ou implique em substancial perda de qualidade do produto ou serviço daí resultante. (...) Particularmente, entendo ainda mais apropriada a especificidade do conceito deduzido pelo Min. Mauro Campbell Marques, plasmado no REsp 1.246.317MG, segundo o qual (sublinhado no original): Insumos, para efeitos do art. 3º, II, da Lei n. 10.637/2002, e art. 3º, II, da Lei n. 10.833/2003 são todos aqueles bens e serviços pertinentes ao, ou que viabilizam o processo produtivo e a prestação de serviços, que neles possam ser direta ou indiretamente empregados e cuja subtração importa na impossibilidade mesma da prestação do serviço ou da produção, isto é, cuja subtração obsta a atividade da empresa, ou implica em substancial perda de qualidade do produto ou serviço daí resultantes. Portanto, ao contrário do que pretende o recorrente, não é todo e qualquer custo ou despesa necessária à atividade da empresa, nos termos da legislação do IRPJ. Há de se perquirir a pertinência e a essencialidade do gasto relativamente ao processo fabril ou de prestação de serviço para que se lhe possa atribuir a natureza de insumo. Firmado nos fundamentos assentados, quanto ao alcance do conceito de insumo, segundo o regime da nãocumulatividade do PIS Pasep e da COFINS, entendo que a acepção correta é aquela em que o os bens e serviços cumulativamente atenda aos requisitos de: 1. pertinência ao processo produtivo ou prestação de serviço; 2. emprego direto ou indireto no processo produtivo ou prestação de serviço; 3. essencialidade em que a subtração importa a impossibilidade da produção ou prestação de serviço ou implique substancial perda de qualidade (do produto ou serviço resultante). Assim, há de se verificar se o recorrente comprova a utilização dos insumos no contexto da atividade fabricação, produção ou prestação de serviço de forma a Fl. 943DF CARF MF Processo nº 13646.000133/201012 Acórdão n.º 3201003.575 S3C2T1 Fl. 12 11 demonstrar que o gasto incorrido guarda relação de pertinência com o processo produtivo/prestação de serviço, mediante seu emprego, ainda que indireto, de forma que sua subtração implique ao menos redução da qualidade. Neste ponto, essencial que se conheça quais são os produtos finais elaborados com os insumos, ou o principal desses minério de pirocloro/óxido de nióbio , adquiridos da CEMIPA. A resposta se encontra às páginas 09/10 do Laudo (fls. 447/448): (i) ferronióbio, de alta pureza; (ii) óxido de nióbio (Nb2O5) de alta pureza; (iii) óxido de nióbio grau ótico; (iv) liga níquelnióbio (NiNb); e (v) nióbio metálico. Passo à análise da possibilidade de apropriação de créditos das contribuições nas despesas com bens e serviços discriminados no Laudo Técnico. 1. DESPESAS COM CONSERVAÇÃO PATRIMONIAL, SEGURANÇA E MEIO AMBIENTE As contas associadas à este tópico de despesas são: 31101301 Manutenção Civil, 31101302 Pintura de Prédios, 31101304 Pintura de Equipamentos, 31101412 Limpeza Geral, 31101411 Parques e Jardins, 31101204 Material de Segurança, 31101210 Material Tratamento Efluentes, 31101315 Melhorias em Segurança, 31101309 Melhoria, Recup. Monit. Área Ambiental, 31101314 Manutenção de Barragem e 31204002 Despesas Alfandegárias (Inspeção). A recorrente alega que as despesas relacionadas a essas contas são com bens e serviços utilizados na manutenção de máquinas, equipamentos e instalações referentes às etapas do processo produtivo e à barragem de depósito de rejeitos industriais, e de água a ser reutilizada na planta industrial. Concernente às peças de manutenção de máquinas e equipamentos, no caso utilizados na atividade mineração, o direito ao crédito somente é autorizado pela legislação do PIS/Cofins na hipótese da não capitalização ao valor do bem em manutenção (ativo imobilizado), ou seja, a peça não deverá ser contabilizada com vida útil superior a doze meses. Nos autos, não há discussão quanto à capitalização ou não do valor dos bens empregados na manutenção das máquinas e equipamentos utilizados diretamente na atividade de produção. Assim, serão estornadas as glosas a seguir enumeradas, conforme denominações dos bens utilizadas e empregados nas atividades produtivas descritas nos Anexos III e IV do Laudo: (i) tubulação, transporte e recirculação de água e rejeitos (subproduto da atividade produtiva); (ii) fornos industriais; (iii) fornos, instalações e equipamentos sujeitos a efeitos dos agentes químicos e de temperaturas. Os gastos com serviços de manutenção mencionados neste tópico (enumerados a seguir) terão seus créditos mantidos, pois que prestados nas atividades e equipamentos relacionados à etapa do processo produtivo para os quais não houve comprovação pela fiscalização de que tais gastos são ativáveis ao integrarem ao custo de equipamento. Assim, serão estornados as glosas de serviços descritos nos Anexos III e IV no Laudo relacionadas às (i) atividades de produção (NFs: 786, 1399, 1402, 642, 21802, 2379, 239, 1127 e 3902) e (ii) limpeza relacionada com etapa de sinterização (NF 686). No tocante aos itens relacionados à segurança, contas: (“Melhorias em Segurança”, “Material de Segurança”; “Segurança do Trabalho e Patrimonial”), entendo Fl. 944DF CARF MF Processo nº 13646.000133/201012 Acórdão n.º 3201003.575 S3C2T1 Fl. 13 12 correta as glosas dos créditos com essas despesas, pois que suas naturezas revelam não haver pertinência nem relação de essencialidade com o processo produtivo. Com razão a fiscalização, mantémse as glosas. As contas de “Material de Tratamento de Efluentes” e “Melhoria, Recuperação e Monitoramento de Área Ambiental”, assevera o próprio Laudo, relacionaramse a despesas com atividades, compromissos e deveres ambientais da CBMM. Assim, igualmente, entendo correta as glosas dos créditos com essas despesas, pois que suas naturezas revelam não haver pertinência nem relação de essencialidade com o processo produtivo. Com razão a fiscalização, mantémse as glosas. 2. DESPESAS EM PESQUISAS, MELHORIAS DE PROCESSOS, EXPERIÊNCIAS E PROJETOS As contas associadas à este tópico de despesas são: 31101423 Pesquisa e Desenvolvimento de Processos, 31101310 Melhoria de Processos, e 31101206 Material p/ Experiência, 31101442 – Projeto Óxidos Especiais. Argumenta a recorrente que conquanto a descrição das contas leva ao entendimento de que se trata de atividades relativas a pesquisas, projetos e desenvolvimento tecnológico, em verdade, são relacionados a rotina produtiva de alguns produtos de nióbio, bem como manutenção e substituição de itens objeto de desgastes. As substituições de máquinas e equipamentos para outro de maior capacidade produtiva, de vazão ou processamento, poderia supor de que se tratam de novos equipamentos do ativo imobilizado. Contudo, nos autos não há informação quanto à capitalização ou não do valor desses bens. Milita ainda a favor da recorrente que, contrariamente à manifestação fiscal no relatório de diligência, esses bens estão discriminados nos Anexos V e VI do Laudo, inclusive com a indicação da aplicação/finalidade e o centro de custo (atividade produtiva) onde o bem fora efetivamente utilizado. Assim, bens ou serviços, relacionados nos Anexos V e VI, cujas descrições de "Aplicação/Finalidade" indicam a utilização em determinado equipamento do processo produtivo, discriminando a etapa ou produto deve ser mantido o crédito. 3. CENTRO DE PESQUISAS Descrevese a atividade de laboratório com a realização de análises químicas e físicas que auxiliam (i) o monitoramento da qualidade dos insumos, amostras de processos, produtos em desenvolvimento e finais, e (ii) o monitoramento ambiental (qualidade das águas, efluentes e emissões atmosféricas da CBMM), de modo a verificar o atendimento de seus requisitos e especificações. A glosa teve por fundamento de que as atividades de pesquisas e testes laboratoriais não se tratam de processo produtivo, portanto, sem direito ao crédito. Fl. 945DF CARF MF Processo nº 13646.000133/201012 Acórdão n.º 3201003.575 S3C2T1 Fl. 14 13 A natureza da atividade da mineração, mormente tratandose de produto (nióbio) cuja característica essencial é proporcionar elevado grau de resistência em produto no qual será utilizado como insumo (aço), é imprescindível o controle de qualidade a ser efetivado a partir do insumo e todas as demais etapas relacionadas ao processo produtivo até a obtenção do produto final. Tal controle envolve pesquisas, testes, ensaios e atividades similares desenvolvidas em laboratórios. Destarte, as despesas com bens e serviços destinados às atividades laboratoriais na indústria de beneficiamento de minério são essenciais e pertinentes ao processo produtivo, permitindo a tomada do crédito de PIS/Cofins. Assim, concedese o crédito às despesas com bens e serviços, exclusivamente relacionados às atividades desenvolvidas em laboratório com insumos, produtos finais e subprodutos (resíduos e rejeitos) relacionados nos Anexos VII e VIII do Laudo. Todavia, os bens adquiridos, em especial equipamentos, instrumentos e aparelhos, que se revelam ativo imobilizado, bem como peças de reposição ativáveis não geram direito ao crédito, mantendose a glosa efetuada. 4. INVESTIMENTOS ATIVADOS: OBRAS, MÁQUINAS/EQUIPAMENTOS E VEÍCULOS Nenhum detalhamento ou explicação foi trazido no Laudo quanto a este item, tãosomente indicouse que as despesas relacionadas encontramse no Anexo IX. No relatório fiscal de diligência, informa a fiscalização que "as despesas alocadas nas contas 13210001 – Obras, 13201005 – Máquinas e Equipamentos e 13201013 – Veículos registram os investimentos em obras, máquinas, equipamentos e veículos que contribuem para o resultado de vários exercícios, depois de imobilizados, portanto não representam despesas do exercício." O fundamento da glosa do crédito é extraído do art. 3º, inciso VI c/c § 1º, inciso III das Leis nºs. 10.637/02 e 10.833/03. O direito ao crédito restringese à despesa de depreciação do bem imobilizado, e conforme disciplinado pela Secretaria da Receita Federal em sua legislação (IN SRF nº 457/2004), não à sua aquisição. Com razão a fiscalização, mantémse as glosas. 5. ITENS NÃO CONSUMIDOS NEM APLICADOS NO PROCESSO PRODUTIVO No presente tópico, a fiscalização sustenta que os bens e serviços relacionados não são insumos; representam despesas sem nenhuma relação com a produção ou a fabricação dos produtos destinados à venda. Não são peças ou partes de equipamentos ou instalações que se desgastaram ou danificaram no processo produtivo. Aduz ainda o fisco que são materiais destinados à construção de novas instalações e redes elétricas ou adequação das existentes. Há ferro para construção, vergalhões, grades em barra chata e muito cabo de cobre. Há ainda serviços de jateamento de equipamentos, terraplanagem e topografia, nenhum deles relacionado com a produção. No Laudo, a recorrente afirma que de fato alguns itens foram empregados nas atividades e finalidades descritas pela fiscalização, não relacionado ao processo produtivo, e descreve as contas em questão alocadas as despesas: abastecimento de água; geologia e meio Fl. 946DF CARF MF Processo nº 13646.000133/201012 Acórdão n.º 3201003.575 S3C2T1 Fl. 15 14 ambiente; materiais e transportes; manutenção mecânica e manutenção elétrica, com discriminação nos Anexos X e XI. Dos bens e serviços listados nos Anexos X e XI entendo dar direito ao crédito somente os componente utilizado no vazamento e tamponamento dos cadinhos dos fornos elétricos nas plantas metalúrgicas e de desfosforação, aplicados em bens de algumas das etapas da atividade produtiva. Os demais, caracterizamse, pela descrição, com materiais que se integram às máquinas e equipamentos acrescentandoos melhorias ou tempo de vida útil e não são pertinentes ao processo produtivo. Para estes, mantémse a glosa dos créditos. 6. BENS ATIVÁVEIS São itens que constam do Anexos XIII do Laudo, que em razão da natureza de suas descrições constituemse em equipamentos destinados às atividades produtivas e com tempo de vida útil superior a doze meses e, portanto, bens do ativo imobilizado. Conforme constatado pela auditoria fiscal, são itens que tiveram correspondentes imobilizações em anos anteriores confirmando sua natureza duradoura e permanente no desenvolvimento das atividades do contribuinte no decorrer dos anos. Com razão a fiscalização, mantémse as glosas. 7. UTILIZAÇÃO DE GLP E ÓLEO DIESEL As despesas com óleo diesel e GLP foram glosadas pela aquisição dos referidos bens estar submetida à alíquota zero para o PIS e para a Cofins (art. 41, I da MP nº 2.15835/01), conforme vedação do art. 3º, § 2º, II das Leis nºs. 10.837/02 e 10.833/03. A recorrente, por sua vez, entende que o dispositivo não alcança os combustíveis com tributação na sistemática monofásica. Vejamos os dispositivos legais: Medida Provisória nº 2.15835/01 Art. 42. Ficam reduzidas a zero as alíquotas da contribuição para o PIS/PASEP e COFINS incidentes sobre a receita bruta decorrente da venda de: I gasolinas, exceto gasolina de aviação, óleo diesel e GLP, auferida por distribuidores e comerciantes varejistas; E o que dispõe a Lei nº 10.833, de 2003 e, em igual inciso, a Lei nº 10.637, de 2002: Art. 3° o valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...] Fl. 947DF CARF MF Processo nº 13646.000133/201012 Acórdão n.º 3201003.575 S3C2T1 Fl. 16 15 “II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da Tipi; grifo nosso. [...] § 2° Não dará direito a crédito o valor: [...] II da aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição, inclusive no caso de isenção, esse último quando revendidos ou utilizados como insumo em produtos ou serviços sujeitos à aliquota 0 (zero), isentos ou não alcançados pela contribuição." [...] A leitura dos dispositivos acima revela que o legislador, ao permitir a apuração de créditos, inclusive de combustíveis e lubrificantes, expressamente excluiu o aproveitamento de créditos sobre valores de aquisições de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento das contribuições. Conquanto este relator mantinha o entendimento de que os gastos com GLP e óleo diesel por pessoa jurídica consumidora não lhe conferia o direito ao crédito, uma vez que a aquisição fora tributada de forma concentrada, esta Turma tem decidido de forma contrária, com supedâneo no inciso II do art. 3º da Lei nº 10.833/2003, alinhada com recentes decisões da Câmara Superior de Recursos Fiscais, a exemplo dos Acórdãos nºs. 9303005.908 e 9303 005.623. Assim, tratandose de aquisições de GLP e óleo diesel, combustíveis utilizados no processo produtivo da recorrente, assistelhe razão, sendo possível sua pretensão em manter o crédito sobre tais rubricas. Conclusão Diante de todo o exposto, voto para DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso voluntário para conceder o crédito das contribuições para o PIS/Cofins, revertendose as glosas efetuadas, atendidas os demais requisitos dos §§ 2º e 3º dos arts. 3º das Leis nºs. 10.637/2002 e 10.833/2003: 1. Bens utilizadas e empregados nas atividades produtivas descritas nos Anexos III e IV do Laudo: (i) tubulação, transporte e recirculação de água e rejeitos (subproduto da atividade produtiva); (ii) fornos industriais; (iii) fornos, instalações e equipamentos sujeitos a efeitos dos agentes químicos e de temperaturas; Fl. 948DF CARF MF Processo nº 13646.000133/201012 Acórdão n.º 3201003.575 S3C2T1 Fl. 17 16 2. Serviços de manutenção relativos às máquinas e equipamentos, relacionados nos Anexos III e IV do Laudo utilizados nas atividades de (i) produção (NFs: 786, 1399, 1402, 642, 21802, 2379, 239, 1127 e 3902) e (ii) limpeza relacionada com etapa de sinterização (NF 686); 3. Bens ou serviços, relacionados nos Anexos V e VI do Laudo, cujas descrições de "Aplicação/Finalidade" indicam a utilização em determinado equipamento do processo produtivo, discriminando a etapa ou produto; 4. Despesas com bens e serviços, exclusivamente relacionados às atividades desenvolvidas em laboratório com insumos, produtos finais e subprodutos (resíduos e rejeitos) relacionados nos Anexos VII e VIII do Laudo; 5. GLP e óleo diesel utilizados como combustíveis; 6. Componente utilizado no vazamento e tamponamento dos cadinhos dos fornos elétricos nas plantas metalúrgicas e de desfosforação, aplicados em bens de etapas da atividade produtiva, listados nos Anexos X e XI do Laudo. É como voto. Paulo Roberto Duarte Moreira Fl. 949DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10650.901212/2010-95
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 20 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Apr 24 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/01/2006 a 31/03/2006
COMPENSAÇÃO. PRAZO PARA HOMOLOGAÇÃO.
É de 5 (cinco) anos o prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo, contado da data da entrega da declaração de compensação.
NÃO-CUMULATIVIDADE. CESSÃO DE CRÉDITOS DE ICMS ACUMULADOS DECORRENTES DE EXPORTAÇÕES. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO POR FORÇA DE DECISÃO JUDICIAL VINCULANTE, NA FORMA REGIMENTAL.
Havendo decisão definitiva do STF, com repercussão geral, no sentido da não incidência da Contribuição para o PIS e da Cofins na cessão onerosa para terceiros de créditos de ICMS acumulados, originados de operações de exportação, ela deverá ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, por força regimental.
NÃO-CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. CONCEITO DE INSUMOS
O alcance do conceito de insumo, segundo o regime da não-cumulatividade do PIS Pasep e da COFINS é aquele em que o os bens e serviços cumulativamente atenda aos requisitos de (i) pertinência ao processo produtivo ou prestação de serviço; (ii) emprego direto ou indireto no processo produtivo ou prestação de serviço; e (iii) essencialidade em que a subtração importa a impossibilidade da produção ou prestação de serviço ou implique substancial perda de qualidade (do produto ou serviço resultante).
COMBUSTÍVEIS. GLP E ÓLEO DIESEL
Os gastos com combustíveis e lubrificantes geram créditos a serem utilizados na apuração do PIS e da COFINS, nos termos do art. 3º, II da Lei nº 10.833/2003.
DESPESAS COM ALUGUEL DE MAQUINAS, EQUIPAMENTOS E VEÍCULOS. DESCONTO DE CRÉDITOS. POSSIBILIDADE.
Se o disposto no art. 3º, IV, da Lei 10.833/2003, não restringiu o desconto de créditos da Cofins apenas às despesas de aluguéis de máquinas e equipamentos ao processo produtivo da empresa, não cabe ao intérprete restringir a utilização de créditos somente aos alugueis de máquinas e equipamentos utilizados no processo produtivo.
Concede-se o crédito na locação de veículos utilizados na movimentação de bens relacionados à atividades produtivas da pessoa jurídica.
MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. CRÉDITO SOBRE DEPRECIAÇÃO. UTILIZAÇÃO EM ETAPAS DO PROCESSO PRODUTIVO. ÁGUA E ENERGIA ELÉTRICA.
A pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados sobre encargos de depreciação em relação às máquinas e aos equipamentos adquiridos e utilizados em etapas pertinentes e essenciais à fabricação de produtos destinados à venda, incluindo-se salas de controle e monitoramento do processo produtivo, conforme disciplinado pela Secretaria da Receita Federal em sua legislação (IN SRF nº 457/2004).
Mantêm-se os créditos com encargos de depreciação dos bens imobilizados utilizados em unidades de abastecimento e tratamento de água e de energia elétrica na atividade mineradora por serem essenciais e pertinentes ao processo produtivo.
SERVIÇOS DE INSTALAÇÕES. MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS.
Concede-se o direito ao crédito às despesas com instalações de máquinas e equipamentos do processo produtivo desde que o dispêndio não deva ser capitalizado ao valor do bem.
MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. CRÉDITO. AQUISIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. DEPRECIAÇÃO.
A aquisição de máquinas e equipamentos do ativo imobilizado, utilizados no processo produtivo de bens destinados à venda, não permite a tomada do crédito das Contribuições, o que somente é permitido quanto aos encargos de depreciação, e conforme disciplinado pela Secretaria da Receita Federal em sua legislação.
CREDITAMENTO. ENCARGOS DE DEPRECIAÇÃO. ART. 31, LEI Nº 10.865/2004.
Vedado o creditamento relativo a encargos de depreciação de bens adquiridos antes de 30 de abril de 2004. Disposição expressa do art. 31 da Lei nº 10.865/2004.
Recurso Voluntário Parcialmente Provido
Numero da decisão: 3201-003.569
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos dar parcial provimento ao recurso voluntário. Vencida a Conselheira Tatiana Josefovicz Belisário, que também dava provimento para as despesas de despacho aduaneiro. Os Conselheiros Marcelo Giovani Vieira e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade votaram pelas conclusões.
Winderley Morais Pereira - Presidente Substituto
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade.
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/01/2006 a 31/03/2006 COMPENSAÇÃO. PRAZO PARA HOMOLOGAÇÃO. É de 5 (cinco) anos o prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo, contado da data da entrega da declaração de compensação. NÃO-CUMULATIVIDADE. CESSÃO DE CRÉDITOS DE ICMS ACUMULADOS DECORRENTES DE EXPORTAÇÕES. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO POR FORÇA DE DECISÃO JUDICIAL VINCULANTE, NA FORMA REGIMENTAL. Havendo decisão definitiva do STF, com repercussão geral, no sentido da não incidência da Contribuição para o PIS e da Cofins na cessão onerosa para terceiros de créditos de ICMS acumulados, originados de operações de exportação, ela deverá ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, por força regimental. NÃO-CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. CONCEITO DE INSUMOS O alcance do conceito de insumo, segundo o regime da não-cumulatividade do PIS Pasep e da COFINS é aquele em que o os bens e serviços cumulativamente atenda aos requisitos de (i) pertinência ao processo produtivo ou prestação de serviço; (ii) emprego direto ou indireto no processo produtivo ou prestação de serviço; e (iii) essencialidade em que a subtração importa a impossibilidade da produção ou prestação de serviço ou implique substancial perda de qualidade (do produto ou serviço resultante). COMBUSTÍVEIS. GLP E ÓLEO DIESEL Os gastos com combustíveis e lubrificantes geram créditos a serem utilizados na apuração do PIS e da COFINS, nos termos do art. 3º, II da Lei nº 10.833/2003. DESPESAS COM ALUGUEL DE MAQUINAS, EQUIPAMENTOS E VEÍCULOS. DESCONTO DE CRÉDITOS. POSSIBILIDADE. Se o disposto no art. 3º, IV, da Lei 10.833/2003, não restringiu o desconto de créditos da Cofins apenas às despesas de aluguéis de máquinas e equipamentos ao processo produtivo da empresa, não cabe ao intérprete restringir a utilização de créditos somente aos alugueis de máquinas e equipamentos utilizados no processo produtivo. Concede-se o crédito na locação de veículos utilizados na movimentação de bens relacionados à atividades produtivas da pessoa jurídica. MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. CRÉDITO SOBRE DEPRECIAÇÃO. UTILIZAÇÃO EM ETAPAS DO PROCESSO PRODUTIVO. ÁGUA E ENERGIA ELÉTRICA. A pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados sobre encargos de depreciação em relação às máquinas e aos equipamentos adquiridos e utilizados em etapas pertinentes e essenciais à fabricação de produtos destinados à venda, incluindo-se salas de controle e monitoramento do processo produtivo, conforme disciplinado pela Secretaria da Receita Federal em sua legislação (IN SRF nº 457/2004). Mantêm-se os créditos com encargos de depreciação dos bens imobilizados utilizados em unidades de abastecimento e tratamento de água e de energia elétrica na atividade mineradora por serem essenciais e pertinentes ao processo produtivo. SERVIÇOS DE INSTALAÇÕES. MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. Concede-se o direito ao crédito às despesas com instalações de máquinas e equipamentos do processo produtivo desde que o dispêndio não deva ser capitalizado ao valor do bem. MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. CRÉDITO. AQUISIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. DEPRECIAÇÃO. A aquisição de máquinas e equipamentos do ativo imobilizado, utilizados no processo produtivo de bens destinados à venda, não permite a tomada do crédito das Contribuições, o que somente é permitido quanto aos encargos de depreciação, e conforme disciplinado pela Secretaria da Receita Federal em sua legislação. CREDITAMENTO. ENCARGOS DE DEPRECIAÇÃO. ART. 31, LEI Nº 10.865/2004. Vedado o creditamento relativo a encargos de depreciação de bens adquiridos antes de 30 de abril de 2004. Disposição expressa do art. 31 da Lei nº 10.865/2004. Recurso Voluntário Parcialmente Provido
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PRAZO PARA HOMOLOGAÇÃO. É de 5 (cinco) anos o prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo, contado da data da entrega da declaração de compensação. NÃOCUMULATIVIDADE. CESSÃO DE CRÉDITOS DE ICMS ACUMULADOS DECORRENTES DE EXPORTAÇÕES. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO POR FORÇA DE DECISÃO JUDICIAL VINCULANTE, NA FORMA REGIMENTAL. Havendo decisão definitiva do STF, com repercussão geral, no sentido da não incidência da Contribuição para o PIS e da Cofins na cessão onerosa para terceiros de créditos de ICMS acumulados, originados de operações de exportação, ela deverá ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, por força regimental. NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. CONCEITO DE INSUMOS O alcance do conceito de insumo, segundo o regime da nãocumulatividade do PIS Pasep e da COFINS é aquele em que o os bens e serviços cumulativamente atenda aos requisitos de (i) pertinência ao processo produtivo ou prestação de serviço; (ii) emprego direto ou indireto no processo produtivo ou prestação de serviço; e (iii) essencialidade em que a subtração importa a impossibilidade da produção ou prestação de serviço ou implique substancial perda de qualidade (do produto ou serviço resultante). COMBUSTÍVEIS. GLP E ÓLEO DIESEL Os gastos com combustíveis e lubrificantes geram créditos a serem utilizados na apuração do PIS e da COFINS, nos termos do art. 3º, II da Lei nº 10.833/2003. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 65 0. 90 12 12 /2 01 0- 95 Fl. 628DF CARF MF Processo nº 10650.901212/201095 Acórdão n.º 3201003.569 S3C2T1 Fl. 3 2 DESPESAS COM ALUGUEL DE MAQUINAS, EQUIPAMENTOS E VEÍCULOS. DESCONTO DE CRÉDITOS. POSSIBILIDADE. Se o disposto no art. 3º, IV, da Lei 10.833/2003, não restringiu o desconto de créditos da Cofins apenas às despesas de aluguéis de máquinas e equipamentos ao processo produtivo da empresa, não cabe ao intérprete restringir a utilização de créditos somente aos alugueis de máquinas e equipamentos utilizados no processo produtivo. Concedese o crédito na locação de veículos utilizados na movimentação de bens relacionados à atividades produtivas da pessoa jurídica. MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. CRÉDITO SOBRE DEPRECIAÇÃO. UTILIZAÇÃO EM ETAPAS DO PROCESSO PRODUTIVO. ÁGUA E ENERGIA ELÉTRICA. A pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados sobre encargos de depreciação em relação às máquinas e aos equipamentos adquiridos e utilizados em etapas pertinentes e essenciais à fabricação de produtos destinados à venda, incluindose salas de controle e monitoramento do processo produtivo, conforme disciplinado pela Secretaria da Receita Federal em sua legislação (IN SRF nº 457/2004). Mantêmse os créditos com encargos de depreciação dos bens imobilizados utilizados em unidades de abastecimento e tratamento de água e de energia elétrica na atividade mineradora por serem essenciais e pertinentes ao processo produtivo. SERVIÇOS DE INSTALAÇÕES. MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. Concedese o direito ao crédito às despesas com instalações de máquinas e equipamentos do processo produtivo desde que o dispêndio não deva ser capitalizado ao valor do bem. MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. CRÉDITO. AQUISIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. DEPRECIAÇÃO. A aquisição de máquinas e equipamentos do ativo imobilizado, utilizados no processo produtivo de bens destinados à venda, não permite a tomada do crédito das Contribuições, o que somente é permitido quanto aos encargos de depreciação, e conforme disciplinado pela Secretaria da Receita Federal em sua legislação. CREDITAMENTO. ENCARGOS DE DEPRECIAÇÃO. ART. 31, LEI Nº 10.865/2004. Vedado o creditamento relativo a encargos de depreciação de bens adquiridos antes de 30 de abril de 2004. Disposição expressa do art. 31 da Lei nº 10.865/2004. Recurso Voluntário Parcialmente Provido Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos dar parcial provimento ao recurso voluntário. Vencida a Conselheira Tatiana Josefovicz Belisário, que Fl. 629DF CARF MF Processo nº 10650.901212/201095 Acórdão n.º 3201003.569 S3C2T1 Fl. 4 3 também dava provimento para as despesas de despacho aduaneiro. Os Conselheiros Marcelo Giovani Vieira e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade votaram pelas conclusões. Winderley Morais Pereira Presidente Substituto Paulo Roberto Duarte Moreira Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade. Relatório O interessado acima identificado recorre a este Conselho, de decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Juiz de Fora/MG. Por bem descrever os fatos ocorridos, até então, adoto o relatório da decisão recorrida, que transcrevo, a seguir: Trata o presente das Declarações de Compensação – Dcomp nºs 10961.42045.220206.1.3.094109, 24680.03105.090306.1.3.09 5185, 33016.64418.270306.1.3.090540, 36733.43020.270306.1.3.093904, 15904.74168.100406.1.3.09 0260, 41393.32986.250406.1.3.099907, 10327.54048.100506.1.3.094699, baixadas para tratamento manual, recebendo o número 10650.720164/201117, objetivando a compensação dos débitos nelas declarados, no montante de R$5.479.733,41, com crédito da Cofins – regime não cumulativo, relativo ao 1º trimestre de 2006. As Declarações de compensação 41393.32986.250406.1.3.09 9907; 10327.54048.100506.1.3.094699 e 15904.74168.100406.1.3.090260, referentes aos meses de março/2006 e abril/2006, foram precedidas do Pedido de Ressarcimento n° 35387.35620.100406.1.1.090261, que também foi baixado para tratamento manual, recebendo o n° 10650.901212/201095. Os processos 10650.901212/201095 e 10650.720164/201117, foram analisados em conjunto, por constituírem objeto de crédito tributário do PIS não cumulativo do 1º trimestre/2006. Da verificação da legitimidade do crédito solicitado resultaram o Relatório Fiscal (fls. 8 a 69) e o Relatório Fiscal Final, referente ao 1º trimestre (fls. 99 a 110), do qual se extrai as seguintes glosas: bens utilizados como insumos (gás liquefeito do petróleo GLP e óleo diesel, produtos adquiridos sujeitos à alíquota zero); duplicidade de aproveitamento de crédito, no momento da aquisição e nos encargos de depreciação; Fl. 630DF CARF MF Processo nº 10650.901212/201095 Acórdão n.º 3201003.569 S3C2T1 Fl. 5 4 encargos de depreciação de bens do ativo imobilizado: (i) sobre máquinas e equipamentos nos centros de custos AGU – Abastecimento e Tratamento de Água e ENE – Subestação de Energia Elétrica por não afetarem a produção diretamente; (ii) móveis e equipamentos não utilizados na fabricação dos produtos vendidos; (iii) equipamentos formados por aquisições de peças e serviços antes de 30/04/2004; ajuste negativo do crédito (aumento da base de cálculo da contribuição, adicionando valores relativos à cessão de créditos de ICMS). A DRFUberaba/MG emitiu Despacho Decisório, no qual homologa parcialmente a compensação pleiteada, até onde as contas se encontrarem, fls. 111 a 120, nos seguintes termos: Conforme os fundamentos acima e com base na Lei n2 10.833, de 29 de dezembro de 2003, DECIDO: 1) RECONHECER O DIREITO CREDITÓRIO no valor de R$5.209.080,45(cinco milhões, duzentos e nove mil, oitenta reais e quarenta e cinco centavos); sendo R$1.948.846,65(hum milhão, novecentos e quarenta e oito mil, oitocentos e quarenta e seis reais e sessenta e cinco centavos) no mês de janeiro/2006; R$1.339.200,52(hum milhão, trezentos e trinta e nove mil, duzentos reais e cinquenta e dois centavos) para o mês de fevereiro/2006 e R$1.921.033,28(hum milhão, novecentos e vinte e um mil, trinta e três reais e vinte e oito centavos) para o mês de março/2006. 2) HOMOLOGAR PARCIALMENTE as compensações realizadas, respeitada as vinculações dos respectivos períodos de apuração até onde as contas se encontrarem; 3) EXIGIR os débitos indevidamente nelas compensados, com base no § 6° do art 74 da Lei n° 9.430 de 1996 e § 4° do art 34 da IN RFB n° 900 de 2008. Fica a empresa ciente que deverá executar em seus livros fiscais e contábeis, a adequação de seus registros e de suas informações prestadas à Receita Federal do Brasil, através dos sistemas informatizados disponíveis, em decorrência dos valores apurados em diligência fiscal e da parte do crédito pleiteado que foi objeto de glosa.[...] A empresa apresenta manifestação de inconformidade (fls. 129 a 164), na qual após as alegações deduzidas, requer: Por todo o exposto, seja com base nas preliminares, seja com fundamento nas razões de mérito, concluise que deve o r. despacho decisório ser modificado "in totum", para o fim de (i) cancelar as glosas realizadas na apuração dos créditos da COFINS; (ii) determinar a exclusão dos montantes recebidos em contrapartida à cessão dos créditos do ICMS, da base de cálculo daquela exação; (iii) homologar integralmente as compensações realizadas pela requerente, nos autos dos processos n. Fl. 631DF CARF MF Processo nº 10650.901212/201095 Acórdão n.º 3201003.569 S3C2T1 Fl. 6 5 10650.901212/201095 e 10650.720164/201117; e (iv) cancelaras respectivas Cartas Cobrança. Protesta a requerente provar o alegado por todos os meios de prova admitidos, especialmente a produção de perícia e a juntada de documentos. Em atendimento ao disposto no inciso V do art. 16 do Decreto n. 70235, de 6.3.1972, a requerente informa que a matéria objeto desta manifestação de inconformidade não foi submetida à apreciação judicial. É o relatório. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Juiz de Fora por intermédio da 1ª Turma, no Acórdão nº 0937.519, sessão de 28/10/2011, julgou improcedente a manifestação de inconformidade da contribuinte. A decisão foi assim ementada: Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/01/2006 a 31/03/2006 PRODUÇÃO DE NOVAS PROVAS. PEDIDO DE DILIGÊNCIA. Não atendidos os requisitos legais de admissibilidade, indefere se pedido de juntada de novas provas e, uma vez que os elementos contidos nos autos são suficientes para o deslinde da questão, é prescindível a realização de perícia ou diligência. Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/01/2006 a 31/03/2006 NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. BENS NÃO SUJEITOS AO PAGAMENTO DA CONTRIBUIÇÃO. Não dará direito a crédito o valor da aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição, inclusive no caso de isenção, esse último quando revendidos ou utilizados como insumo em produtos ou serviços sujeitos à alíquota zero, isentos ou não alcançados pela contribuição. SERVIÇOS. CRÉDITO SOBRE INSUMOS. Somente os serviços aplicados ou consumidos na produção de bens destinados à venda são considerados insumos e dão direito ao crédito. MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. CRÉDITO SOBRE DEPRECIAÇÃO. A pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados sobre encargos de depreciação, somente em relação às máquinas e aos equipamentos adquiridos para utilização na fabricação de produtos destinados à venda. Fl. 632DF CARF MF Processo nº 10650.901212/201095 Acórdão n.º 3201003.569 S3C2T1 Fl. 7 6 CESSÃO DE ICMS. INCIDÊNCIA DA COFINS. A cessão de direitos de ICMS compõe a receita do contribuinte, sendo base de cálculo para a contribuição. No voto, os julgadores de 1ª instancia delimitaram o litígio conforme as matérias expressamente contestadas pela contribuinte, como se vê: Cumpre ressaltar que relativamente ao 1º trimestre de 2006, a fiscalização excluiu da apuração dos créditos valores correspondentes a: bens utilizados como insumos (GLP e óleo diesel), despesas com aluguéis de máquinas e equipamentos locados de pessoa jurídica e encargos de depreciação de determinados itens do ativo imobilizado. Desse modo, fica prejudicado o exame das argumentações, contidas na peça impugnatória, relativamente aos itens: “2.2.4. Conservação Patrimonial, Segurança, Meio Ambiente”, “2.2.5. Pesquisas, Melhorias, Experiências”, “2.2.6. Bens Não Consumidos Nem Aplicados no Processo Produtivo”, “2.2.7 Gastos ativados inseridos nos serviços utilizados como insumos”, “2.2.8 Conservação patrimonial e melhoria de processos”, correspondentes aos itens 1.2, 1.3, 1.4, 2.1 e 2.2 do Relatório Fiscal, já que não houve glosa sob referidas rubricas. A seguir, após dissertar acerca do conceito de insumos no entendimento daqueles julgadores, mormente consubstanciado nas INs 247/2002 e 404/2004, estabeleceu as rubricas que a contribuinte incorreu em gastos para os quais a Fiscalização glosou os créditos da não cumulatividade do PIS/Cofins, a saber: I Decadência II Aumento da base de cálculo da Cofins em procedimento de análise de direito creditório III Inclusão dos ingresso decorrente de cessão de crédito do ICMS na base de cálculo para apuração do crédito de Cofins. IV Glosa de créditos quanto a encargos com aquisição de/para: a) GLP e óleo diesel: b) Alugueis de máquinas e equipamentos locados de pessoa jurídica; c) Depreciação de bens do ativo imobilizado, nos seguintes centro de custo: (i) AGU (Abastecimento e Tratamento de Água), “ENE” (Subestação de energia elétrica); (ii) Móveis e equipamentos alocados em centro de custos produtivos; e (iii) Bem do ativo imobilizado adquirido antes de 30/04/2004, relacionados nos quadros demonstrativos do item 6.1 do relatório fiscal (fls. 33 a 35). Fl. 633DF CARF MF Processo nº 10650.901212/201095 Acórdão n.º 3201003.569 S3C2T1 Fl. 8 7 Inconformada com a decisão, a contribuinte apresenta recurso voluntário (fls. 335/380), no qual repisa os argumentos trazidos em sua impugnação, explicitando sua atividade extrativa/industrial e a utilização de cada um dos bens ou serviços em seu processo, cujos gastos tiveram créditos das contribuições glosados. Submetido à julgamento em Colegiado desta 3ª Seção, na sessão de 26/06/2013, após conhecer do recurso voluntário decidiuse convertêlo em diligência para elaboração de laudo que demonstrasse a vinculação dos bens e serviços ao processo produtivo, por entende a Turma tratarse de informação essencial para a análise de qualquer pleito de reconhecimento de PIS e de Cofins não cumulativos. Os termos da diligência determinada na resolução nº 3202000.104 (fls. 436/445): Para o deslinde da questão entendo necessária a diligência para se determinar se os insumos objeto de glosa pela fiscalização relacionamse ou não ao processo produtivo da Recorrente. Diante disso, converto o julgamento em diligência para que unidade preparadora jurisdicionante do domicílio fiscal da Recorrente providencie o que segue: 1) Intime a Recorrente a apresentar laudo de renomada instituição que descreva detalhadamente o seu processo processo produtivo, apontando a utilização dos insumos ora glosados na produção de bens destinados à venda, ou na prestação de serviços; e 2) Após a juntada do laudo, promova diligência fiscal in loco, para verificar as conclusões do laudo pericial, elaborando Relatório conclusivo e sucintoacerca da utilização ou não dos insumos ora glosados no processo produtivo da Recorrente. Após a realização da diligência, é mister que seja dado o prazo de trinta dias para que a Recorrente e a fiscalização se manifestem acerca do tema. A contribuinte elaborou Laudo (fls. 453/523) por meio de seu corpo técnico no qual descreve seu processo produtivo que se materializa no desenvolvimento de atividade de lavra, extração e produção de minérios utilizados na fabricação de produtos da indústria metalúrgica e siderúrgica. O insumo, minério de pirocloro, no qual é encontrado sob a forma do composto óxido de nióbio (Nb2O5), utilizado na produção de nióbio, e de outros produtos derivados, é explorado pela CBMM de seu próprio depósito minerário, e de outro, em forma de concessão, de propriedade da CODEMIG, que juntas otimizam a exploração do minério por intermédio da COMIPA que os vende, exclusivamente, à CBMM. A COMIPA é pois a responsável pela operação de lavra e transporte do minério até as instalações da CBMM. As máquinas e equipamentos necessários à extração são de propriedade da CBMM que os aluga à COMIPA, por disposição contratual. Fl. 634DF CARF MF Processo nº 10650.901212/201095 Acórdão n.º 3201003.569 S3C2T1 Fl. 9 8 O minério adquirido pela CBMM é submetido a sucessivos processos de separação dos demais minerais até a obtenção do produto final o nióbio. Esse processo de separação consiste em etapas de concentração, sinterização, desfosforação, metalurgia, britagem e embalagem. Em termos de controle contábil, cada uma das etapas do processo de produção do nióbio constituise um centro de custo. Finda a caracterização de seu processo produtivo, a CBMM passa a discorrer sobre as despesas incorridas com as várias rubricas apropriadas na tomada de créditos das Contribuições para Pis/Cofins nãocumulativas. A Unidade de Origem produziu o relatório de diligência em que, objetivamente, analisou as glosas efetuadas na autuação fiscal comparando as despesas incorridas nas rubricas mencionadas relacionandoas ao processo produtivo descrito. Segue a síntese da manifestação da autoridade fiscal quanto aos itens glosados, que permanecem em litígios. GLP/Óleo diesel O GLP foi utilizado pelos fornos, equipamentos da produção. Contudo, a glosa ocorreu por outra razão: insumos adquiridos sem o pagamento da contribuição, conforme Relatório Fiscal. Despesas de Alugueis de Máquinas e Equipamentos Não se trata de alugueis, locação, mas de serviços prestados com máquinas e equipamentos nas obras, conforme afirmam os Laudos nas folhas 18. Tratase de despesas apropriadas na conta do ativo imobilizado: 13210001 Obras, portanto, ativadas, cujo crédito foi apurado em duplicidade. Há fotografias dos equipamentos no Anexo VIII, do Laudo. Depreciação de bens do Ativo Imobilizado Os bens do centro de custo AGU Abastecimento de Água não foram usados na produção, mas no bombeamento, tratamento, e reaproveitamento da água que circula nas plantas industriais. Os bens do centro de custo ENE Energia Elétrica distribuem, convertem, adaptam a energia às necessidades das unidades, suprem de energia elétrica toda a empresa essas são suas funções. Eles não atuam na produção e, em consequência, os seus desgastes não decorrem da fabricação dos produtos. Os bens que constam da tabela do item 9, exceto o de número 17, não se desgastaram ou danificaram na fabricação dos produtos. São necessários para viabilizar as atividades de qualquer empresa. Não foram adquiridos para fabricar os produtos da Contribuinte. Contudo, o Detector de radiação G606/650 é um separador magnético escória/produto, que se desgasta ou danificase no Fl. 635DF CARF MF Processo nº 10650.901212/201095 Acórdão n.º 3201003.569 S3C2T1 Fl. 10 9 processo produtivo e, portanto, o crédito sobre ele deve ser admitido. Quanto aos serviços, que constam da referida tabela do item 9, não foram aplicados ou consumidos na fabricação dos produtos destinados à venda. Assim, não se admite crédito sobre suas cotas de depreciação. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator Conforme se verifica nos autos, a lide está vinculada à (i) decadência para a homologação da declaração de compensação; (ii) à possibilidade de alteração da base de cálculo de Cofins de ofício; (iii) inclusão na base de cálculo da Cofins dos valores relativos à cessão de crédito de ICMS e (iv) às glosas realizadas na apuração dos créditos da contribuição relacionadas às despesas com bens e serviços utilizados pela recorrente nas atividades de lavra, extração e produção de nióbio. Decadência Suscita a recorrente que o prazo para o fisco homologar declaração de compensação é de cinco anos a contar da data do fato gerador, pois entende que a regra do § 5º do art. 74 da Lei nº 9.430/96 não afasta a contagem do prazo determinada no art. 150, § 4º do CTN. Reforça tal tese o entendimento de que os ajustes de créditos decorrente da inclusão na receita total da cessão onerosa de ICMS, por se tratar de um procedimento fiscal já não restava permitido em razão de ultrapassado cinco anos do fato gerador. Dessa forma, estaria configurada a decadência do direito de proceder os ajustes da base de cálculo da Cofins relativa aos meses de janeiro e fevereiro de 2006. A tese da contribuinte não pode prosperar. A compensação, é uma modalidade de extinção do crédito tributário, prevista no artigo 170 do CTN, aprovado pela Lei n° 5172/66, o qual remete a lei ordinária a disciplina da matéria. O CTN assim dispõe sobre a compensação: Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda Pública." Desta forma, a compensação é um dos meios de extinção do crédito tributário e se concretiza pelo encontro de contas entre a Fazenda Nacional e o sujeito passivo. Deste modo, o art. 74 da Lei n° 9.430/96 (e alterações) disciplina o regime de compensação no âmbito federal. Fl. 636DF CARF MF Processo nº 10650.901212/201095 Acórdão n.º 3201003.569 S3C2T1 Fl. 11 10 Art, 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com transito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele órgão. Por seu turno, o § 5° deste dispositivo legal estabelece o prazo para a homologação da compensação: O prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo será de 5 (cinco) anos, contado da data da entrega da declaração de compensação. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) ('grifouse,) Destarte, o prazo de cinco anos contase da data da entrega das declarações de compensação. No caso presente, constatase que as declarações de compensação foram entregues a partir de 22/06/2006. Em razão do parágrafo 5º, acima transcrito, a autoridade administrativa teria o prazo até 22/06/2011 para proceder a homologação ou não das compensações declaradas. Como a interessada teve ciência do Despacho Decisório, que homologou as compensações até o limite do crédito reconhecido, em 03/03/2006, operouse a homologação somente para as compensações entregues antes desta data. Contudo, a única Dcomp nessa situação encontrase homologada em razão do crédito reconhecido. Para as demais não há que se falar em homologação tácita. Como visto, na compensação a autoridade tem por obrigação legal, no prazo acima referido, verificar se os créditos são líquidos e certos, ou seja, a exatidão dos créditos da Cofins apurados e declarados pelo sujeito passivo. Diferentemente do alegado pela recorrente, o art. 150, §4° do CTN trata do prazo que a Fazenda Nacional tem para verificar a exatidão do pagamento efetuado. Esse prazo não se aplica à análise dos créditos que podem ser descontados da Cofins sob o regime da não cumulatividade. Assim, não se configurou a decadência para a autoridade administrativa proceder à análise das declarações de compensação transmitidas após 03/03/2006. Aumento da base de cálculo da Cofins em procedimento de análise de direito creditório Argui a recorrente que a fiscalização não poderia proceder o aumento da base de cálculo da Cofins devida em apuração de créditos da Contribuição. Entende que eventuais ajustes na base de cálculo para exigência de tributo ou cálculo do rateio dos créditos somente poderiam ser feitos por meio de lançamento de oficio e que a interpretação da decisão recorrida ao mencionar o art. 9º, § 4º do Decreto 70.235/72, com a redação dada pela Medida Provisória n° 44/08, é equivocada. O enfrentamento da matéria é despiciendo, pois o aumento suscitado decorreu da inclusão como receita de valores provenientes da cessão de crédito de ICMS, que será analisada em tópico próprio, e goza de decisão definitiva em sede de repercussão geral, com a reprodução obrigatória da decisão do STJ nos julgamentos deste CARF. Fl. 637DF CARF MF Processo nº 10650.901212/201095 Acórdão n.º 3201003.569 S3C2T1 Fl. 12 11 Desta forma, se não configura receita não há que se falar em aumento da base de cálculo por meio de lançamento de oficio. Cessão onerosa de crédito de ICMS Este mesmo contribuinte teve julgamento desta matéria em Turma do CARF em que se atestou o acúmulo de créditos de ICMS decorrentes de sua condição de exportador, conforme excerto do voto no acórdão nº 3301003.209, prolatado em 21/02/2017, cuja decisão foi o afastamento da exigência por unanimidade: (...) Percebese, quando da leitura da Ata de Assembléia Geral Extraordinária da Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração, de 30 de junho de 2008, que dispõe sobre a reforma integral do estatuto social da Companhia, que tem por objeto social (fls. 417): (i) a indústria, o comércio, a importação e a exportação de minérios, produtos químicos, fertilizantes e produtos metalúrgicos, e a exploração e o aproveitamento de jazidas minerais no território nacional; (ii) a representação de outras sociedades, nacionais ou estrangeiras; e; (iii) a participação em outras sociedades, como sócia ou acionista; e (iv) o desenvolvimento de outras atividades correlatas, de interesse da Companhia. (grifouse). Neste sentido, como o Contribuinte desenvolve a atividade de exportação de minérios e requer a retirada da base de cálculo da cessão de créditos do ICMS (...) A inclusão como receita de PIS e de Cofins da cessão onerosa de crédito de ICMS, acumulados em razão de exportação para o exterior, foi definitivamente afastada pelo STJ no julgamento do RE nº 606.107/RS, na sistemática de repercussão geral prevista no art. 543B do antigo CPC, não sendo mais passível de discussão no CARF, que deverá reproduzir no julgamento, frente ao comando do § 2º do art. 62 da Portaria nº 343/2015 RICARF, redação dada pela Portaria MF nº 152/2016. Eis a reprodução do julgado no STF, de relatoria da Ministra Rosa Weber, na sessão do Pleno de 22/05/2013: EMENTA RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE. HERMENÊUTICA. CONTRIBUIÇÃO AO PIS E COFINS. NÃO INCIDÊNCIA. TELEOLOGIA DA NORMA. EMPRESA EXPORTADORA. CRÉDITOS DE ICMS TRANSFERIDOS A TERCEIROS. I Esta Suprema Corte, nas inúmeras oportunidades em que debatida a questão da hermenêutica constitucional aplicada ao tema das imunidades, adotou a interpretação teleológica do instituto, a emprestarlhe abrangência maior, com escopo de assegurar à norma supralegal máxima efetividade. II A interpretação dos conceitos utilizados pela Carta da República para outorgar competências impositivas (entre os Fl. 638DF CARF MF Processo nº 10650.901212/201095 Acórdão n.º 3201003.569 S3C2T1 Fl. 13 12 quais se insere o conceito de “receita” constante do seu art. 195, I, “b”) não está sujeita, por óbvio, à prévia edição de lei. Tampouco está condicionada à lei a exegese dos dispositivos que estabelecem imunidades tributárias, como aqueles que fundamentaram o acórdão de origem (arts. 149, § 2º, I, e 155, § 2º, X , “a”, da CF) . Em ambos os casos, trata+se de interpretação da Lei Maior voltada a desvelar o alcance de regras tipicamente constitucionais, com absoluta independência da atuação do legislador tributário. III – A apropriação de créditos de ICMS na aquisição de mercadorias tem suporte na técnica da não cumulatividade, imposta para tal tributo pelo art. 155, § 2º, I, da Lei Maior, a fim de evitar que a sua incidência em cascata onere demasiadamente a atividade econômica e gere distorções concorrenciais. IV O art. 155, § 2º, X, “a”, da CF – cuja finalidade é o incentivo às exportações, desonerando as mercadorias nacionais do seu ônus econômico, de modo a permitir que as empresas brasileiras exportem produtos, e não tributos , imuniza as operações de exportação e assegura “a manutenção e o aproveitamento do montante do imposto cobrado nas operações e prestações anteriores”. Não incidem, pois, a COFINS e a contribuição ao PIS sobre os créditos de ICMS cedidos a terceiros, sob pena de frontal violação do preceito constitucional. V – O conceito de receita, acolhido pelo art. 195, I, “b”, da Constituição Federal, não se confunde com o conceito contábil. Entendimento, aliás, expresso nas Leis 10.637/02 (art. 1º) e Lei 10.833/03 (art. 1º), que determinam a incidência da contribuição ao PIS/PASEP e da COFINS não cumulativas sobre o total das receitas, “independentemente de sua denominação ou classificação contábil”. Ainda que a contabilidade elaborada para fins de informação ao mercado, gestão e planejamento das empresas possa ser tomada pela lei como ponto de partida para a determinação das bases de cálculo de diversos tributos, de modo algum subordina a tributação. A contabilidade constitui ferramenta utilizada também para fins tributários, mas moldada nesta seara pelos princípios e regras próprios do Direito Tributário. Sob o específico prisma constitucional, receita bruta pode ser definida como o ingresso financeiro que se integra no patrimônio na condição de elemento novo e positivo, sem reservas ou condições. VI O aproveitamento dos créditos de ICMS por ocasião da saída imune para o exterior não gera receita tributável. Cuidase de mera recuperação do ônus econômico advindo do ICMS, assegurada expressamente pelo art. 155, § 2º, X, “a”, da Constituição Federal. VII Adquirida a mercadoria, a empresa exportadora pode creditarse do ICMS anteriormente pago, mas somente poderá transferir a terceiros o saldo credor acumulado após a saída da mercadoria com destino ao exterior (art. 25, § 1º, da LC 87/1996). Porquanto só se viabiliza a cessão do crédito em Fl. 639DF CARF MF Processo nº 10650.901212/201095 Acórdão n.º 3201003.569 S3C2T1 Fl. 14 13 função da exportação, além de vocacionada a desonerar as empresas exportadoras do ônus econômico do ICMS, as verbas respectivas qualificamse como decorrentes da exportação para efeito da imunidade do art. 149, § 2º, I, da Constituição Federal. VIII Assenta esta Suprema Corte a tese da inconstitucionalidade da incidência da contribuição ao PIS e da COFINS não cumulativas sobre os valores auferidos por empresa exportadora em razão da transferência a terceiros de créditos de ICMS. IX Ausência de afronta aos arts. 155, § 2º, X, 149, § 2º, I, 150, § 6º, e 195, caput e inciso I, “b”, da Constituição Federal. Recurso extraordinário conhecido e não provido, aplicandose aos recursos sobrestados, que versem sobre o tema decidido, o art. 543B, § 3º, do CPC. E o comando do § 2º do art. 62 do RICARF: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (...) § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) Assim sendo, de acordo com a legislação e a jurisprudência aplicável ao tema, voto devese afastar da base de cálculo da contribuição o ingresso oriundo da cessão de créditos do ICMS. Glosa de créditos O recurso voluntário apresentado nestes autos, em relação às matérias abordadas na autuação, assemelhase em relação aos demais processos de glosa de créditos de bens e serviços que a fiscalização entendeu não relacionaremse com o processo produtivo da CBMM. Assim, antes de se proceder à análise individualizada de cada item, mister assentar os fundamentos para a utilização do conceito de insumos que irão conduzir este voto. Conceito de insumos para créditos de PIS e Cofins Este Conselho, incluindo esta Turma, entende que o conceito de insumo é mais elástico que o adotado pela fiscalização e julgadores da DRJ nas suas Instruções Normativas n°s. 247/2002 e 404/2004, mas não alcança a amplitude de dedutibilidade utilizado pela legislação do Imposto de Renda, como requer a recorrente. Fl. 640DF CARF MF Processo nº 10650.901212/201095 Acórdão n.º 3201003.569 S3C2T1 Fl. 15 14 Isto posto, há de se fixar os contornos jurídicos para delimitar os dispêndios (gastos) que são considerados insumos com direito ao crédito das contribuições sociais, quer no processo produtivo ou na prestação de serviço. Neste ponto acolho o conceito estabelecido pelo Ministro do STJ Mauro Campbell Marques no voto condutor do REsp nº 1.246.317MG, que fora sintetizado pelo Conselheiro relator ALEXANDRE KERN, no acórdão nº 3402002.663, sessão de 24/02/2015, o qual adoto neste voto e transcrevo: Inclinome pelo conceito de insumo deduzido no voto condutor do REsp nº 1.246.317 MG (2011/00668193). Nele, o Ministro Mauro Campbell Marques interpreta que, da dicção do inc. II do art. 3º tanto da Lei nº 10.637, de 2002, quanto da Lei nº 10.833, de 2003, extraise que nem todos os bens ou serviços, utilizados na produção ou fabricação de bens geram o direito ao creditamento pretendido. É necessário que essa utilização se dê na qualidade de "insumo" ("utilizados como insumo"). Isto significa que a qualidade de "insumo" é algo a mais que a mera utilização na produção ou fabricação, o que também afasta a utilização dos conceitos de "Custos e Despesas Operacionais" inerentes ao IR. Não basta, portanto, que o bem ou serviço seja necessário ao processo produtivo, é preciso algo a mais, algo mais específico e íntimo ao processo produtivo. As leis, exemplificativamente, mencionam que se inserem no conceito de “insumos” para efeitos de creditamento: a) serviços utilizados na prestação de serviços; b) serviços utilizados na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda; c) bens utilizados na prestação de serviços; d) bens utilizados na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda; e) combustíveis e lubrificantes utilizados na prestação de serviços; f) combustíveis e lubrificantes utilizados na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda. O Min. Campbell Marques extrai o que há de nuclear da definição de “insumos” para efeito de creditamento e conclui: a) o bem ou serviço tenha sido adquirido para ser utilizado na prestação do serviço ou na produção, ou para viabilizálos pertinência ao processo produtivo; b) a produção ou prestação do serviço dependa daquela aquisição essencialidade ao processo produtivo; e c) não se faz necessário o consumo do bem ou a prestação do serviço em contato direto com o produto possibilidade de emprego indireto no processo produtivo. Fl. 641DF CARF MF Processo nº 10650.901212/201095 Acórdão n.º 3201003.569 S3C2T1 Fl. 16 15 Explica ainda que, não basta, que o bem ou serviço tenha alguma utilidade no processo produtivo ou na prestação de serviço: é preciso que ele seja essencial. É preciso que a sua subtração importe na impossibilidade mesma da prestação do serviço ou da produção, isto é, obste a atividade da empresa, ou implique em substancial perda de qualidade do produto ou serviço daí resultante. (...) Particularmente, entendo ainda mais apropriada a especificidade do conceito deduzido pelo Min. Mauro Campbell Marques, plasmado no REsp 1.246.317MG, segundo o qual (sublinhado no original): Insumos, para efeitos do art. 3º, II, da Lei n. 10.637/2002, e art. 3º, II, da Lei n. 10.833/2003 são todos aqueles bens e serviços pertinentes ao, ou que viabilizam o processo produtivo e a prestação de serviços, que neles possam ser direta ou indiretamente empregados e cuja subtração importa na impossibilidade mesma da prestação do serviço ou da produção, isto é, cuja subtração obsta a atividade da empresa, ou implica em substancial perda de qualidade do produto ou serviço daí resultantes. Portanto, ao contrário do que pretende o recorrente, não é todo e qualquer custo ou despesa necessária à atividade da empresa, nos termos da legislação do IRPJ. Há de se perquirir a pertinência e a essencialidade do gasto relativamente ao processo fabril ou de prestação de serviço para que se lhe possa atribuir a natureza de insumo. Firmado nos fundamentos assentados, quanto ao alcance do conceito de insumo, segundo o regime da nãocumulatividade do PIS Pasep e da COFINS, entendo que a acepção correta é aquela em que o os bens e serviços cumulativamente atenda aos requisitos de: 1. pertinência ao processo produtivo ou prestação de serviço; 2. emprego direto ou indireto no processo produtivo ou prestação de serviço; 3. essencialidade em que a subtração importa a impossibilidade da produção ou prestação de serviço ou implique substancial perda de qualidade (do produto ou serviço resultante). Assim, há de se verificar se o recorrente comprova a utilização dos insumos no contexto da atividade fabricação, produção ou prestação de serviço de forma a demonstrar que o gasto incorrido guarda relação de pertinência com o processo produtivo/prestação de serviço, mediante seu emprego, ainda que indireto, de forma que sua subtração implique ao menos redução da qualidade. Neste ponto, essencial que se conheça quais são os produtos finais elaborados com os insumos, ou o principal desses minério de pirocloro/óxido de nióbio , adquiridos da Fl. 642DF CARF MF Processo nº 10650.901212/201095 Acórdão n.º 3201003.569 S3C2T1 Fl. 17 16 CEMIPA. A resposta se encontra às páginas 09/10 do Laudo (fls. 447/448): (i) ferronióbio, de alta pureza; (ii) óxido de nióbio (Nb2O5) de alta pureza; (iii) óxido de nióbio grau ótico; (iv) liga níquelnióbio (NiNb); e (v) nióbio metálico. Passo à análise da possibilidade de apropriação de créditos das contribuições nas despesas com bens e serviços discriminados no Laudo Técnico. GLP e óleo diesel As despesas com óleo diesel e GLP foram glosadas pela aquisição dos referidos bens estar submetida à alíquota zero para o PIS e para a Cofins (art. 41, I da MP nº 2.15835/01), conforme vedação do art. 3º, § 2º, II das Leis nºs. 10.837/02 e 10.833/03. A recorrente, por sua vez, entende que o dispositivo não alcança os combustíveis com tributação na sistemática monofásica. Vejamos os dispositivos legais: Medida Provisória nº 2.15835/01 Art. 42. Ficam reduzidas a zero as alíquotas da contribuição para o PIS/PASEP e COFINS incidentes sobre a receita bruta decorrente da venda de: I gasolinas, exceto gasolina de aviação, óleo diesel e GLP, auferida por distribuidores e comerciantes varejistas; E o que dispõe a Lei nº 10.833, de 2003 e, em igual inciso, a Lei nº 10.637, de 2002: Art. 3° o valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...] “II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da Tipi; grifo nosso. [...] § 2° Não dará direito a crédito o valor: [...] II da aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição, inclusive no caso de isenção, esse último quando revendidos ou utilizados como insumo em produtos ou serviços sujeitos à aliquota 0 (zero), isentos ou não alcançados pela contribuição." Fl. 643DF CARF MF Processo nº 10650.901212/201095 Acórdão n.º 3201003.569 S3C2T1 Fl. 18 17 [...] A leitura dos dispositivos acima revela que o legislador, ao permitir a apuração de créditos, inclusive de combustíveis e lubrificantes, expressamente excluiu o aproveitamento de créditos sobre valores de aquisições de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento das contribuições. Conquanto este relator mantinha o entendimento de que os gastos com GLP e óleo diesel por pessoa jurídica consumidora não lhe conferia o direito ao crédito, uma vez que a aquisição fora tributada de forma concentrada, esta Turma tem decidido de forma contrária, com supedâneo no inciso II do art. 3º da Lei nº 10.833/2003, alinhada com recentes decisões da Câmara Superior de Recursos Fiscais, a exemplo dos Acórdãos nºs. 9303005.908 e 9303 005.623. Assim, tratandose de aquisições de GLP e óleo diesel, combustíveis utilizados no processo produtivo da recorrente, assistelhe razão, sendo possível sua pretensão em manter o crédito sobre tais rubricas. Despesas de alugueis de máquinas e equipamentos No relatório fiscal justificase a glosa com alugueis de máquinas e equipamentos com o fundamento de que as despesas foram escrituradas em conta de ativo, no momento da aquisição, e também na depreciação. Menciona as Fichas 06A e 16A, Linha 06, do Dacon, como comprovação. A fiscalização não comprovou que os bens alugados foram imobilizados de forma que tenha havido duplicidade de aproveitamento de crédito. Inexistem elementos nos autos que permitam inferir tal assertiva; ao contrário, na tabela apresentada no relatório fiscal há a indicação do equipamento, número de nota fiscal, data, fornecedor e valor correspondente da locação, o que não se confunde com aquisições. Nos Laudos constam informações do bem alugado e o local de sua utilização/aplicação nas atividades da empresa. O aproveitamento de crédito de PIS e Cofins com aluguel de bem está previsto no art. 3º, inciso IV da Lei nº 10.637/02, reproduzido na Lei nº 10.833/03: Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...) IV aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa; Conquanto tenha proferido voto no sentido de que a apropriação do crédito não alcança os veículos, esta Turma tem se manifestado que a determinação legal não restringiu a utilização dos créditos somente as máquinas e equipamentos utilizados no processo produtivo. A premissa legal é que os veículos, além de máquinas e equipamentos, sejam utilizados nas atividades da empresa. Fl. 644DF CARF MF Processo nº 10650.901212/201095 Acórdão n.º 3201003.569 S3C2T1 Fl. 19 18 No presente caso, a descrição da função ou aplicação dos veículos e equipamentos revela claramente estarem relacionados às atividades produtivas, ou seja, a utilização é na movimentação e transporte de insumos, máquinas, equipamentos e prestação de serviços essenciais ao processo produtivo. Portanto, para esta matéria assiste razão aos argumentos da Recorrente, devendo ser afastada as glosas referentes as despesas com alugueis de máquinas, equipamentos e veículos utilizados nas atividades da pessoa jurídica e pagos a pessoa jurídica. Encargos de depreciação de máquinas e equipamento do centro de custo AGU (Abastecimento e Tratamento de Água) A fiscalização entendeu que os bens deste centro de custo relacionados nos Anexo IV não foram usados na produção, mas no bombeamento, tratamento, e reaproveitamento da água que circula nas plantas industriais, do que decorre a impossibilidade de se apropriar dos créditos com encargos de depreciação. Por sua vez, a contribuinte demonstrou no laudo a existência de vinculação direta da utilidade (água) a etapas do processo de produção de óxidos de nióbio, metalurgia, concentração, calcinação, bem como em, outra oportunidade, na barragem de contenção de rejeitos direitos da produção. Desta forma, faço me valer da idêntica conclusão a que chegou a 1ª Turma Ordinária, da 3ª Câmara desta mesma Seção do CARF ao analisar esta matéria da mesma contribuinte no acórdão nº 3301003.209, de 21/02/2017, que por unanimidade reverte a glosa dos bens empregados no centro de custo AGU reproduzida: Entendese, com isso, que o Contribuinte não teria condições de processar os minérios para transformálos em produto final sem a utilização da água, fazendo com que esta seja indispensável no sistema produtivo realizado pelo Contribuinte. Tendo isto claro, respeitando o critério da essencialidade, visto que a água é elemento fundamental no processo produtivo do nióbio, e sem a água nas diversas fases do processo produtivo não é possível processar os minérios objeto da atividade do Contribuinte, voto no sentido de considerar que a depreciação das máquinas e os equipamentos utilizados no tratamento e abastecimento de água permitem o creditamento na contribuição ao PIS nãocumulativo, visto que são utilizados na produção de bens destinados à venda. Assim, com fundamento no art. 3º, VI c/c § 1º, III, e observado os demais requisitos dos §§ 2º e 3º do mesmo artigo, todos da Lei nº 10.637/02, reproduzidos na Lei nº 10.833/03, e também o que se encontra disciplinado na IN SRF nº 457/2004, relativamente aos limites dos encargos de depreciação, devem ser estornados as glosas de créditos com encargos de depreciação dos itens imobilizados que constam do Anexo IV, identificados como relacionados ao centro de custo CC AGU. Fl. 645DF CARF MF Processo nº 10650.901212/201095 Acórdão n.º 3201003.569 S3C2T1 Fl. 20 19 Encargos de depreciação de máquinas e equipamento do centro de custo ENE (Subestação de Energia Elétrica) Consta do relatório de diligência que os bens do centro de custo ENE Subestação de Energia Elétrica distribuem, convertem, adaptam a energia às necessidades das unidades, suprem de energia elétrica toda a empresa , sendo assim, entende a fiscalização que não atuam na produção e, em consequência, os seus desgastes não decorrem da fabricação dos produtos. Uma vez mais, peço vênia para adotar as conclusões e minhas razões de decidir o voto alhures mencionado no acórdão nº 3301003.209, que se identifica ao do presente processo: Como está claro nos autos a atividade de produção de nióbio pelo Contribuinte requer, além do sistema de abastecimento e tratamento de água, a existência de uma subestação de energia elétrica, visto que a energia elétrica recebida da concessionária CEMIG precisa, necessariamente, receber um processo de adequação da tensão para que possa ser aplicada aos equipamentos industriais. Observase ademais que no laudo elaborado pela requerente (fls. 657 a 711) se demonstra que 99% da energia consumida é destinada ao processo produtivo do Contribuinte e que menos de 1% destinase as atividades administrativas da indústria. Em conclusão, a água e a energia elétrica são indispensáveis as atividades de processamento do minério pelo Contribuinte, e, assim sendo, os equipamentos e as máquinas utilizados no tratamento desses insumos com o fito de tornar possível a sua utilização, pela adequação técnica que a atividade requer, devem ser considerados como itens utilizados no processo produtivo de acordo com o previsto na Lei n° 10.637/02, que assim dispõe: Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...) VI máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado,adquiridos ou fabricados para locação a terceiros ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços. Logo, respeitando o princípio da essencialidade, é cabível o creditamento dos valores relativos a depreciação do Centro de Custo ENE – Subestação Energia Elétrica, visto que está sendo diretamente utilizado, no sentido de necessário e essencial, ao sistema produtivo em discussão, portanto, voto em prover o Recurso Voluntário neste tema. Fl. 646DF CARF MF Processo nº 10650.901212/201095 Acórdão n.º 3201003.569 S3C2T1 Fl. 21 20 Assim, com fundamento no art. 3º, VI c/c § 1º, III, e observado os demais requisitos dos §§ 2º e 3º do mesmo artigo, todos da Lei nº 10.637/02, reproduzidos na Lei nº 10.833/03, e também o que se encontra disciplinado na IN SRF nº 457/2004, relativamente aos limites dos encargos de depreciação, devem ser estornados as glosas de créditos com encargos de depreciação dos itens imobilizados que constam do Anexo IV, identificados como relacionados ao centro de custo ENE (Subestação de energia Elétrica). Móveis e equipamentos alocados em centro de custos produtivos Aduz a fiscalização que se trata de bens que não se relacionam ao processo produtivo e estão descritos no subitem 6.2 do Relatório Fiscal e Anexo V do Laudo, conforme indicação da utilização na tabela elaborada: Entende o Fisco, quanto aos serviços relacionados, não foram aplicados ou consumidos na fabricação dos produtos destinados à venda. Assim, não se admitiu o crédito sobre suas cotas de depreciação. Exceção feita às glosas pela fiscalização, o item 17, "detector de radiação G606/650" separador magnético escória/produto que se desgasta ou danificase no processo produtivo e, portanto, o crédito fora admitido. A contribuinte postula a reversão das glosas asseverando que desempenham funções nos processos e nas operações das etapas produtivas. Aparelhos de ar condicionado e monitores de LCD, exclusivamente utilizado em sala de equipamentos de controle e monitoramento da produção, tanques para armazenagem de água ou outra substância e motoserras, utilizados em etapa produtiva são Fl. 647DF CARF MF Processo nº 10650.901212/201095 Acórdão n.º 3201003.569 S3C2T1 Fl. 22 21 essenciais ao processo produtivo devendose estornar as glosas. Inclui serviço de instalação de ar condicionado em veículo. Quanto aos demais bens da tabela, sua utilização não tem relação de essencialidade às etapas de industrialização do produto destinado a venda, portanto, não autoriza o creditamento, eis que secundários ao processo industrial. É o caso de rádios comunicadores, móveis, utensílios e arcondicionado de salas de operadores. Glosa de encargos de depreciação de itens do ativo imobilizado adquiridos antes de 30 de abril de 2004 A decisão recorrida manteve a glosa de créditos efetuadas pela fiscalização sobre quotas de depreciação sobre bens adquiridos antes de 30/04/2004, conforme determina o art. 31 da lei nº 10.865/04, que assim dispõe: Art. 31. É vedado, a partir do último dia do terceiro mês subseqüente ao da publicação desta Lei, o desconto de créditos apurados na forma do inciso III do § 1º do art. 3º das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, relativos à depreciação ou amortização de bens e direitos de ativos imobilizados adquiridos até 30 de abril de 2004. § 1º Poderão ser aproveitados os créditos referidos no inciso III do § 1º do art. 3º das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, apurados sobre a depreciação ou amortização de bens e direitos de ativo imobilizado adquiridos a partir de 1º de maio. De forma diversa entende o Contribuinte, que alega em seu Recurso Voluntário, que não se pode aplicar tal dispositivo por haver assim ofensa ao seu direito adquirido referente ao desconto dos créditos da Cofins calculados sobre os encargos de depreciação do ativo imobilizado acima mencionado. Suscita que não pode a norma do art. 31 da Lei n. 10865/04 ser aplicada retroativamente para alcançar os créditos relativos aos bens do ativo imobilizado, que tenham sido adquiridos antes de 30.4.2004, conforme reconhecido pela Corte Especial do Tribunal Regional Federal da 4a Região, no julgamento do Incidente de Arguição de Inconstitucionalidade na AMS n. 2005.70.00.0005940/ PR, em 26.6.2008. Apesar dos argumentos do Contribuinte não há como negar a clareza da norma em questão quando define que é vedado o desconto de créditos relativos a depreciação ou amortização de bens e direitos de ativos imobilizados adquiridos até a data de 30 de abril de 2004. Logo, não se trata de uma ofensa ao direito adquirido do Contribuinte, mas sim a simples e necessária aplicação da legislação pertinente a matéria discutida. Com isso, haja visto a legislação aplicável ao caso, voto no sentido de negar provimento ao pedido do Contribuinte referente a este ponto. Desse modo, não há como afastar a glosa relativa ao aproveitamento de crédito sobre encargos de depreciação referentes às aquisições de bens e serviços do ativo imobilizado, anteriores a 30/04/2004. Fl. 648DF CARF MF Processo nº 10650.901212/201095 Acórdão n.º 3201003.569 S3C2T1 Fl. 23 22 Conclusão Diante de todo o exposto, voto para DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso voluntário para (i) afastar da base de cálculo da contribuição o ingresso oriundo da cessão de créditos do ICMS; (ii) conceder o crédito das contribuições para o PIS/Cofins, revertendose as glosas efetuadas, atendidas os demais requisitos dos §§ 2º e 3º do art. 3º das Leis nºs. 10.637/2002 e 10.833/2003: 1. GLP e óleo diesel utilizados como combustíveis; 2. Despesas com aluguéis de máquinas, equipamentos e veículos utilizados em atividades da empresas relativas às etapas do processo produtivo, relacionados no Anexo VIII do Laudo; 3. Encargos de depreciação de: a. itens imobilizados que constam do Anexo IV identificados como relacionados aos centos de custos AGU e ENE; b. aparelhos de ar condicionado e monitores de LCD, exclusivamente utilizados em sala de equipamentos de controle e monitoramento da produção da etapa produtiva (Anexo V); c. tanques de líquidos e motoserras, utilizados no processo produtivo (Anexo V). 4. Serviço de instalação de ar condicionado em veículo utilizado em etapa do processo produtivo. É como voto. Paulo Roberto Duarte Moreira Fl. 649DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10680.933379/2009-24
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu May 24 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Jun 21 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3201-001.333
Decisão: Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, para determinar o retornar à Unidade Preparadora para proceder à reanálise do despacho decisório considerando a DCTF retificadora.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
Relatório
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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decisao_txt : Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, para determinar o retornar à Unidade Preparadora para proceder à reanálise do despacho decisório considerando a DCTF retificadora. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza - Presidente (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1711; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C2T1 Fl. 49 1 48 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10680.933379/200924 Recurso nº Voluntário Resolução nº 3201001.333 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Data 24 de maio de 2018 Assunto SOLICITAÇÃO DE DILIGÊNCIA Recorrente CONSTRUTORA ANDRADE GUTIERREZ SA Recorrida FAZENDA NACIONAL Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, para determinar o retornar à Unidade Preparadora para proceder à reanálise do despacho decisório considerando a DCTF retificadora. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório O interessado acima identificado recorre a este Conselho, de decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Belo Horizonte/MG. Trata o presente processo de pedido de restituição cumulado com declaração de compensação cujo crédito alegado é oriundo de pagamento a maior de IOF, relativo ao período de apuração de 30/01/2008. A DRF de jurisdição do contribuinte indeferiu o Pedido de Restituição e não homologou a compensação declarada sob o argumento de que o pagamento foi utilizado na quitação de débitos do contribuinte, não restando saldo creditório disponível. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 06 80 .9 33 37 9/ 20 09 -2 4 Fl. 49DF CARF MF Processo nº 10680.933379/200924 Resolução nº 3201001.333 S3C2T1 Fl. 50 2 O despacho decisório foi emitido, eletronicamente, em 07/10/2009 (fl. 04), e a ciência do contribuinte deuse em 20/10/2009 (fl. 14). Todavia, o contribuinte transmitiu DCTF retificadora em 24/08/2009, conforme relatado na decisão da DRJ (fl. 17), ou seja, em data anterior à emissão do despacho decisório que indeferiu o pleito e não homologou a compensação. A Unidade de origem encaminhou o processo para a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belo Horizonte/MG que, por intermédio da 1ª Turma, no Acórdão nº 0240.734, sessão de 01/10/2012, julgou improcedente a manifestação de inconformidade do contribuinte, não reconheceu o direito creditório postulado e não homologou a compensação. A decisão foi assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CRÉDITO, CÂMBIO E SEGUROS OU RELATIVAS A TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS IOF Data do fato gerador: 30/01/2008 COMPENSAÇÃO. AUSÊNCIA DE PROVAS DA EXISTÊNCIA DO CRÉDITO. Na ausência de provas, a DCTF retificadora não pode ser considerada instrumento hábil para conferir certeza e liquidez ao crédito indicado na declaração de compensação. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido A decisão recorrida fundamentouse no fato de que, inobstante a DCTF retificadora transmitida dentro do prazo legal, não houve apresentação de prova inequívoca de erro de fato no preenchimento da DCTF original, que demonstraria a certeza e liquidez do crédito alegado. Inconformada com a decisão, a contribuinte apresenta recurso voluntário, no qual aduz: 1. Diante do Pedido de Restituição/Compensação formulado e DCTF válida, a aferição quanto á certeza e liquidez do crédito pretendido tornase incumbência da Fazenda Pública; 2. Cometeu erro ao informar na DCTF valor incorreto do IOF devido, retificado em DCTF posterior; 3. Há espontaneidade na retificação da DCTF, não configurando nenhuma das hipóteses de sua vedação elencadas no art. 11 da IN RFB nº 903/2008; 4. O Fisco não lhe concedeu oportunidade para fazer prova do erro cometido no preenchimento da DCTF original; 5. Pede ao final, o provimento do recurso para que seja reconhecido seu direito e homologada a compensação. Fl. 50DF CARF MF Processo nº 10680.933379/200924 Resolução nº 3201001.333 S3C2T1 Fl. 51 3 É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator O Recurso Voluntário atende aos requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. Inferese do despacho decisório que a não homologação da compensação pleiteada decorreu da ausência de crédito para a quitação de débito vincendo no momento do encontro de contas o crédito decorrente de pagamento indevido em confronto com o débito confessado em DCTF. Consta no corpo do despacho decisório que o pagamento referente ao DARF indicado foi integralmente utilizado para quitação de débito, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados na PER/DCOMP. Ocorre que tal decisão não considerou a DCTF retificadora válida e eficaz nos termos do art. 11 da IN RFB nº 903/2008: Art. 11. A alteração das informações prestadas em DCTF será efetuada mediante apresentação de DCTF retificadora, elaborada com observância das mesmas normas estabelecidas para a declaração retificada. § 1º A DCTF retificadora terá a mesma natureza da declaração originariamente apresentada, substituindoa integralmente, e servirá para declarar novos débitos, aumentar ou reduzir os valores de débitos já informados ou efetivar qualquer alteração nos créditos vinculados. § 2º A retificação não produzirá efeitos quando tiver por objeto alterar os débitos relativos a impostos e contribuições: I cujos saldos a pagar já tenham sido enviados à ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN) para inscrição em DAU, nos casos em que importe alteração desses saldos; II cujos valores apurados em procedimentos de auditoria interna, relativos às informações indevidas ou não comprovadas prestadas na DCTF, sobre pagamento, parcelamento, compensação ou suspensão de exigibilidade, já tenham sido enviados à PGFN para inscrição em DAU; ou III em relação aos quais a pessoa jurídica tenha sido intimada de início de procedimento fiscal. No caso dos autos, não ha incidência de nenhuma das hipóteses de inadmissibilidade da DCTF retificadora. Ademais, a retificação da DCTF em questão operou se ao abrigado da espontaneidade, porquanto efetuada antes de qualquer procedimento do Fisco. A própria decisão recorrida afirmou a regularidade da declaração. Nessas circunstâncias, a DCTF retificadora apresentada alterou eficazmente a situação jurídica anterior; contudo, os efeitos da retificação da DCTF foram desconsiderados no despacho decisório. Fl. 51DF CARF MF Processo nº 10680.933379/200924 Resolução nº 3201001.333 S3C2T1 Fl. 52 4 A nova realidade estampada na DCTF retificadora tem de ser devidamente avaliada pela Autoridade Fiscal, quanto à sua liquidez e certeza. Somente após tal providência é que eventualmente poderá ser denegada a repetição e não homologada a compensação. Este entendimento é compartilhado por esta Turma em sua maioria e passo a aderilo. Em recente voto de minha relatoria, restei vencido pelos demais Conselheiros em situação análoga que se traduz na "impossibilidade de se considerar a inexistência de prova da certeza e liquidez do crédito para indeferir o pleito de restituição/compensação quando o Fisco sequer analisou DCTF retificadora válida e oportunizou ao contribuinte a comprovação de seu direito". A decisão a que me refiro foi prolatada na sessão de 30/01/2018, reproduzida na imagem: Conclusão Diante do exposto, voto para que o julgamento seja convertido em diligência para a que a Unidade de Origem promova a reanálise do despacho decisório considerando a DCTF retificadora. Paulo Roberto Duarte Moreira Fl. 52DF CARF MF
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Numero do processo: 10665.720142/2013-50
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jul 26 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Sep 12 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2008
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONTRADIÇÃO. EXISTÊNCIA. OMISSÃO. SUPERADA NA CORREÇÃO DA CONTRADIÇÃO.
Constatada contradição no interior e na conclusão do voto, e entre este e o resultado do julgamento, acolhem-se os embargos de declaração, com efeitos infringentes, para que seja sanado o vício apontado, retificando-se o resultado do julgamento para negar provimento ao recurso voluntário.
Corrigida a contradição no acórdão, resta superado o vício de omissão.
DECADÊNCIA. TRIBUTOS LANÇADOS POR HOMOLOGAÇÃO. MATÉRIA DECIDIDA NO STJ NA SISTEMÁTICA DOS RECURSOS REPETITIVOS.
De acordo com a regra do REsp nº 973.733 SC, decidido na sistemática dos recursos repetitivos, apenas se conta do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos termos do art. 173, I do CTN, relativamente aos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo não ocorre.
In casu, a ocorrência do pagamento, implica a aplicação da regra do § 4º do art. 150 do CTN para início da contagem do prazo decadencial.
Numero da decisão: 3201-004.149
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os Embargos de Declaração, com efeitos infringentes, para retificar o resultado do julgamento do Acórdão nº 3201-002.842 e consignar a decisão da Turma em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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CONTRADIÇÃO. EXISTÊNCIA. OMISSÃO. SUPERADA NA CORREÇÃO DA CONTRADIÇÃO. Constatada contradição no interior e na conclusão do voto, e entre este e o resultado do julgamento, acolhemse os embargos de declaração, com efeitos infringentes, para que seja sanado o vício apontado, retificandose o resultado do julgamento para negar provimento ao recurso voluntário. Corrigida a contradição no acórdão, resta superado o vício de omissão. DECADÊNCIA. TRIBUTOS LANÇADOS POR HOMOLOGAÇÃO. MATÉRIA DECIDIDA NO STJ NA SISTEMÁTICA DOS RECURSOS REPETITIVOS. De acordo com a regra do REsp nº 973.733 SC, decidido na sistemática dos recursos repetitivos, apenas se conta do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos termos do art. 173, I do CTN, relativamente aos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo não ocorre. In casu, a ocorrência do pagamento, implica a aplicação da regra do § 4º do art. 150 do CTN para início da contagem do prazo decadencial. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os Embargos de Declaração, com efeitos infringentes, para retificar o resultado do julgamento do Acórdão nº 3201002.842 e consignar a decisão da Turma em negar provimento ao Recurso Voluntário. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 66 5. 72 01 42 /2 01 3- 50 Fl. 2505DF CARF MF Processo nº 10665.720142/201350 Acórdão n.º 3201004.149 S3C2T1 Fl. 2.506 2 (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório Trata o presente processo de embargos de declaração opostos pela Fazenda Nacional, em face do Acórdão 3201002.842, prolatado por esta Turma na sessão de 23/05/2017. O acórdão embargado deu parcial provimento ao recurso voluntário, cuja ementa foi assim redigida: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2008 PIS E COFINS. DECADÊNCIA. TRIBUTOS LANÇADOS POR HOMOLOGAÇÃO. MATÉRIA DECIDIDA NO STJ NA SISTEMÁTICA DOS RECURSOS REPETITIVOS. De acordo com a regra do REsp nº 973.733 SC, decidido na sistemática dos recursos repetitivos, apenas se conta do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos termos do art. 173, I do CTN, relativamente aos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo não ocorre. PIS E COFINS NÃOCUMULATIVOS. GLOSA DE CRÉDITOS Deve ser mantido o lançamento, quando o valor lançado pela fiscalização é extraído dos arquivos magnéticos do contribuinte e esse não traz argumentos aptos a ilidilos. Cientificado da decisão, a Fazenda Nacional, por intermédio de sua Procuradoria, interpôs embargos de declaração sustentando que a decisão recorrida contém omissão por ausência de indicação da competência (período de apuração) sobre o qual foi supostamente alcançado pela decadência, e contradição decorrente de equívoco na contagem do prazo decadencial. Fl. 2506DF CARF MF Processo nº 10665.720142/201350 Acórdão n.º 3201004.149 S3C2T1 Fl. 2.507 3 No despacho de admissibilidade (fls. 2.492/2.495), atestouse a tempestividade da peça e, no mérito da análise, acolheuse os embargos, uma vez que evidenciados os vícios apontados do acórdão. A contribuinte foi cientificada por meio de Edital em razão de frustrada a tentativa pelos Correios (retorno do AR com a indicação "mudouse"), e não apresentou qualquer manifestação (fls. 2.499/2.502). É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator Admitidos os embargos por decisão do Presidente da Turma, o processo foi a mim distribuído, o qual incluí em pauta de julgamento. Conforme relatado, os embargos foram acolhidos em face da constatação de omissão e contradição na decisão recorrida quanto ao período de apuração das Contribuições para o PIS e para a Cofins alcançados pela decadência e ao equívoco na correta contagem do prazo decadencial, em face dos fundamentos de direito e fáticos adotados pelos julgadores. Nos termos do art. 65 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09/06/2015 (RICARF), cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual deveria pronunciarse a Turma. O vício de omissão se dá quando a decisão deixar de apreciar ponto relevante para a solução do litígio. Caracterizase no silêncio do julgador frente à matéria, fato ou direito, invocado pelas partes ou que deva se pronunciar de ofício. Verificase contradição quando as proposições ou porções da decisão se tornam inconciliáveis, ainda que em parte. Caracterizase por uma evidente colisão entre enunciados de mesma parte ou não do julgamento (relatório, fundamentos e dispositivo). A jurisprudência preconiza que a "omissão e a contradição que autorizam a oposição de embargos de declaração têm conotação precisa: a primeira ocorre quando, devendo se pronunciar sobre determinado ponto, o julgado deixa de fazêlo, e a segunda, quando o acórdão manifesta incoerência interna, prejudicandolhe a racionalidade. Não constitui omissão o modo como, do ponto de vista da parte, o acórdão deveria ter decidido, nem contradição o que, no julgado, lhe contraria os interesses.” [Edcl em REsp 56.201BA, Rel. Min. Ari Pargendler, DJU de 09.09.96, p. 32346]. De fato, há ponto não enfrentado na decisão, que no entendimento da embargante é relevante à solução do litígio a ausência na indicação dos períodos de autuação decaídos. De outra banda, constatase a desconformidade interna na decisão relativamente à aos fundamentos do voto e a decisão em face das premissas fáticas e de direito acolhidas pela Turma ao decidir a decadência. Fl. 2507DF CARF MF Processo nº 10665.720142/201350 Acórdão n.º 3201004.149 S3C2T1 Fl. 2.508 4 Passemos à análise. Inicialmente, impende asseverar que a decisão recorrida assentouse em dois fundamentos: (i) na aplicação do entendimento sufragado pelo STJ no Resp 973.733, decidido na sistemática dos recursos repetitivos, para a aplicação da regra de início de contagem do prazo decadencial para o Fiscal lançar, no qual se conta a partir do fato gerador, na hipótese de pagamento; e (ii) na premissa fática de que houve pagamento das Contribuições nos períodos auditados. Dessa forma, evidenciase que os julgadores entenderam pela aplicação da regra de decadência do § 4º do art. 150 do CTN o prazo contase a partir da data do fato gerador do PIS e da Cofins. Contudo, a conclusão do voto foi no sentido de que, ao considerar a ciência do contribuinte no auto de infração em 25/01/2013, houve decadência de parte do crédito tributário, sem indicar quais período de apuração/pagamento restaram alcançados. A omissão quanto à indicação do período decaído é superada pelo enfrentamento da contradição. Os períodos compreendidos pela autuação fiscal são os meses do ano de 2008 01/2008 a 12/2008 (PIS) e 07/2008 a 12/2008 (Cofins). As Contribuições para o PIS e Cofins são calculadas a partir da receita bruta, que se apura ao término de cada mêscalendário. Assim, a apuração de 01/2008, deuse em 31/01/2008, data em ocorreram os fatos geradores das Contribuições. Tomandose o primeiro e mais antigo período de autuação 01/2008, a contagem do prazo decadencial a partir da data do fato gerador (31/01/2008) implica afirmar que estariam decaídos os créditos tributários lançados de ofício cuja ciência ao contribuinte tenha se dado após 30/01/2013. A ciência ocorreu efetivamente em 25/01/2013, data em que nenhum dos períodos autuados estavam alcançados pela decadência. Dessa forma, há de se acolher os embargos de declaração interpostos, conferindolhes efeitos infringentes, para sanar a contradição apontada no interior e na conclusão do voto, e entre este e o resultado do julgamento, retificandoo para negar provimento ao recurso voluntário. Conclusão Por todo exposto, voto por ACOLHER os Embargos de Declaração interpostos, com efeitos infringentes, por existência de contradição, retificandose o resultado do julgamento do Acórdão nº 3201002.842, para consignar a decisão da Turma em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Fl. 2508DF CARF MF
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