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Numero do processo: 19311.720015/2012-54
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu May 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Jul 10 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2007,2008
AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE.
Não há que se cogitar de nulidade quando o auto de infração preenche os requisitos legais, o processo administrativo proporciona plenas condições à interessada de contestar o lançamento e inexiste qualquer indício de violação às determinações contidas no art. 142 do CTN ou nos artigos 10 e 59 do Decreto 70.235, de 1972.
SÓCIOS-ADMINISTRADORES. RESPONSABILIDADE PESSOAL. ATOS PRATICADOS. INFRAÇÃO Á LEI. ART. 135, III DO CTN.
São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poder ou infração de lei, contrato social ou estatutos, dentre outros, os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado (CTN, artigo 135, inciso III).
In casu, comprovado atos de extinção não regular da pessoa jurídica e de evidente infrações às leis tributárias.
Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Ano-calendário: 2007,2008
IPI. NOTAS FISCAIS. SAÍDAS SEM DESTAQUE DO IMPOSTO. VENDAS COM SUSPENSÃO. LEI Nº 10.637/2002.
As saídas de mercadorias de estabelecimento industrial ou equiparado devem ser tributadas pelo IPI, exceto quando amparadas por situação excludente da incidência, exceção que não restou comprovada.
As declarações dos adquirentes de que atendem a todos os requisitos estabelecidos pela Lei nº 10.637/2002 à empresa vendedora é exigência para a as saídas com suspensão do IPI. Não cumprida esta exigência, os produtos devem sair com o destaque do imposto.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3201-002.864
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos negar provimento ao recurso voluntário. Votou pelas conclusões o Conselheiro Pedro Rinaldi de Oliveira Lima. Ficou de apresentar declaração de voto o Conselheiro Pedro Rinaldi de Oliveira Lima]
Winderley Morais Pereira - Presidente Substituto.
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira, Mércia Helena Trajano DAmorim, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, José Luiz Feistauer de Oliveira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade..
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2007,2008 AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. Não há que se cogitar de nulidade quando o auto de infração preenche os requisitos legais, o processo administrativo proporciona plenas condições à interessada de contestar o lançamento e inexiste qualquer indício de violação às determinações contidas no art. 142 do CTN ou nos artigos 10 e 59 do Decreto 70.235, de 1972. SÓCIOS-ADMINISTRADORES. RESPONSABILIDADE PESSOAL. ATOS PRATICADOS. INFRAÇÃO Á LEI. ART. 135, III DO CTN. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poder ou infração de lei, contrato social ou estatutos, dentre outros, os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado (CTN, artigo 135, inciso III). In casu, comprovado atos de extinção não regular da pessoa jurídica e de evidente infrações às leis tributárias. Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Ano-calendário: 2007,2008 IPI. NOTAS FISCAIS. SAÍDAS SEM DESTAQUE DO IMPOSTO. VENDAS COM SUSPENSÃO. LEI Nº 10.637/2002. As saídas de mercadorias de estabelecimento industrial ou equiparado devem ser tributadas pelo IPI, exceto quando amparadas por situação excludente da incidência, exceção que não restou comprovada. As declarações dos adquirentes de que atendem a todos os requisitos estabelecidos pela Lei nº 10.637/2002 à empresa vendedora é exigência para a as saídas com suspensão do IPI. Não cumprida esta exigência, os produtos devem sair com o destaque do imposto. Recurso Voluntário Negado
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NULIDADE. Não há que se cogitar de nulidade quando o auto de infração preenche os requisitos legais, o processo administrativo proporciona plenas condições à interessada de contestar o lançamento e inexiste qualquer indício de violação às determinações contidas no art. 142 do CTN ou nos artigos 10 e 59 do Decreto 70.235, de 1972. SÓCIOSADMINISTRADORES. RESPONSABILIDADE PESSOAL. ATOS PRATICADOS. INFRAÇÃO Á LEI. ART. 135, III DO CTN. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poder ou infração de lei, contrato social ou estatutos, dentre outros, os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado (CTN, artigo 135, inciso III). In casu, comprovado atos de extinção não regular da pessoa jurídica e de evidente infrações às leis tributárias. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Anocalendário: 2007,2008 IPI. NOTAS FISCAIS. SAÍDAS SEM DESTAQUE DO IMPOSTO. VENDAS COM SUSPENSÃO. LEI Nº 10.637/2002. As saídas de mercadorias de estabelecimento industrial ou equiparado devem ser tributadas pelo IPI, exceto quando amparadas por situação excludente da incidência, exceção que não restou comprovada. As declarações dos adquirentes de que atendem a todos os requisitos estabelecidos pela Lei nº 10.637/2002 à empresa vendedora é exigência para AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 31 1. 72 00 15 /2 01 2- 54 Fl. 267DF CARF MF Processo nº 19311.720015/201254 Acórdão n.º 3201002.864 S3C2T1 Fl. 3 2 a as saídas com suspensão do IPI. Não cumprida esta exigência, os produtos devem sair com o destaque do imposto. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos negar provimento ao recurso voluntário. Votou pelas conclusões o Conselheiro Pedro Rinaldi de Oliveira Lima. Ficou de apresentar declaração de voto o Conselheiro Pedro Rinaldi de Oliveira Lima] Winderley Morais Pereira Presidente Substituto. Paulo Roberto Duarte Moreira Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira, Mércia Helena Trajano DAmorim, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, José Luiz Feistauer de Oliveira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade.. Relatório Tratase o presente processo de auto de infração, relativo a infrações ao Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, referentes aos anos de 2007 e 2008, no valor total de R$ R$ 69.137.036,18, incluídos multa e juros de mora. Impugnada a exigência a DRJ em Ribeirão Preto/SP proferiu o acórdão 14 37.949, em 14/06/2012, decidindo pela improcedência da impugnação. Submetida a julgamento nesta 1ª Turma, da 2ª Câmara, em 21/06/2016, decidiuse pela Conversão em Diligência, Resolução nº 3201000.697, com as razões que constam do voto que transcrevo: Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Relator. Conforme se verifica do seu campo “Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal”, o lançamento constitui crédito tributário decorrente do IPI em face do cometimento de duas infrações: a primeira é mero reflexo do IRPJ (créditos em conta corrente bancária sem origem comprovada); a segunda é própria da legislação do IPI e com aquela não se relaciona. A atual redação conferida pela Portaria MF nº 152, de 2016, ao art. 2º, inciso IV, do Anexo II do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria nº 343, de 9 de junho de 2015, atribuiu à Primeira Seção a competência para o julgamento dos litígios envolvendo o IPI quando reflexo do IRPJ. Já o art. 4º, inciso II, estabeleceu que, não sendo este o caso – ou seja, quando as infrações forem autônomas –, cabe à Terceira Seção julgálos: Fl. 268DF CARF MF Processo nº 19311.720015/201254 Acórdão n.º 3201002.864 S3C2T1 Fl. 4 3 Art. 2º À 1ª (primeira) Seção cabe processar e julgar recursos de ofício e voluntário de decisão de 1ª (primeira) instância que versem sobre aplicação da legislação relativa a: I Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ); II Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL); III Imposto sobre a Renda Retido na Fonte (IRRF), quando se tratar de antecipação do IRPJ; IV CSLL, IRRF, Contribuição para o PIS/Pasep ou Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), quando reflexos do IRPJ, formalizados com base nos mesmos elementos de prova em um mesmo Processo Administrativo Fiscal; IV CSLL, IRRF, Contribuição para o PIS/Pasep ou Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Contribuição Previdenciária sobre a Receita Bruta (CPRB), quando reflexos do IRPJ, formalizados com base nos mesmos elementos de prova; (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) (...) Art. 4º À 3ª (terceira) Seção cabe processar e julgar recursos de ofício e voluntário de decisão de 1ª (primeira) instância que versem sobre aplicação da legislação referente a: I Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins, inclusive quando incidentes na importação de bens e serviços; II Contribuição para o Fundo de Investimento Social (FINSOCIAL); III Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI); (...) Temos, portanto, no presente lançamento, infrações a serem julgadas por duas Seções do CARF. Ocorre que, antes da modificação acima referida, o reconhecimento da competência da Primeira Seção de Julgamento – que, a propósito, não se afigurava obrigatório (a norma, como se verá, traz o verbo no futuro do presente) –, para julgar os processos que versavam sobre infração à legislação do IPI quando reflexa do IRPJ se dava unicamente pela aplicação do art. 6º, inciso II, do Anexo II do RICARF/2015, que trata dos processos denominados “vinculados” – no caso, quando dois ou mais processos foram formalizados num mesmo procedimento fiscal, com base nos mesmos elementos de prova, mas referentes a tributos distintos: Fl. 269DF CARF MF Processo nº 19311.720015/201254 Acórdão n.º 3201002.864 S3C2T1 Fl. 5 4 Art. 6º Os processos vinculados poderão ser distribuídos e julgados observandose a seguinte disciplina: §1º Os processos podem ser vinculados por: I conexão, constatada entre processos que tratam de exigência de crédito tributário ou pedido do contribuinte fundamentados em fato idêntico, incluindo aqueles formalizados em face de diferentes sujeitos passivos; II decorrência, constatada a partir de processos formalizados em razão de procedimento fiscal anterior ou de atos do sujeito passivo acerca de direito creditório ou de benefício fiscal, ainda que veiculem outras matérias autônomas; e III reflexo, constatado entre processos formalizados em um mesmo procedimento fiscal, com base nos mesmos elementos de prova, mas referentes a tributos distintos. Depois de modificado pela Portaria MF nº nº 152, de 2016, não há mais dúvida: na redação atual do RICARF/2015, a competência material para julgar o IPI reflexo é da Primeira Seção de Julgamento. Porém, como já antecipamos, o auto de infração em exame formalizou, além da infração à legislação do IPI que é mero reflexo do IRPJ, também crédito tributário decorrente de uma outra infração cuja competência para o julgamento é desta Terceira Seção. Nesse contexto, entendemos que o presente julgamento deva ser remetido para a unidade preparadora, a fim de que se formalize um novo processo administrativo, para o qual deverá ser transferido o crédito tributário decorrente apenas da infração 001 (PRODUTO SAÍDO DO ESTABELECIMENTO INDUSTRIAL OU EQUIPARADO SEM EMISSÃO DE NOTA FISCAL. VENDA SEM EMISSÃO DE NOTA FISCAL DEMAIS CASOS), devendo permanecer nos presentes autos a segunda infração à legislação do IPI e o crédito dela consequente. Ao término do procedimento, ambos os processos administrativos devem ser devolvidos a este Conselheiro para julgamento. Retornou da unidade de origem com as providências solicitadas: 1. Os créditos tributário relativos à "INFRAÇÃO 001" deste processo foram transferidos para o processo nº 10437.720859/201638, formalizado para este fim e encaminhado para a SERET/CEGAP/CARF para prosseguimento; 2. Os créditos tributário relativos à "INFRAÇÃO 002" mantiveramse neste processo, o qual foi devolvido para prosseguimento; Fl. 270DF CARF MF Processo nº 19311.720015/201254 Acórdão n.º 3201002.864 S3C2T1 Fl. 6 5 O conselheiro Relator original do Processo encontrase temporária e justificadamente ausente deste Colegiado, cabendo a mim, em razão de novo sorteio, a Relatoria para continuidade do julgamento. Apartadas as duas infrações apuradas pela fiscalização e restando nestes autos aquela relativa à "PRODUTO SAÍDO DO ESTABELECIMENTO INDUSTRIAL OU EQUIPARADO A INDUSTRIAL COM EMISSÃO DE NOTA FISCAL DESCUMPRIMENTO DAS CONDIÇÕES DA SUSPENSÃO PELO RECEBEDOR DO PRODUTO (OUTROS PRODUTOS)", número de ordem "002", o presente relatório adequase para exprimir os fatos pertinentes. 1. O procedimento fiscal iniciouse em face da empresa SOL Embalagens Plásticas Ltda, que em razão do encerramento das atividades, seus sócios administradores (José Sanchez Oller e Túlio Monte Azul Pereira de Mello) foram considerados responsáveis legais, nos termos dos arts. 121, II, e 135, III, CTN e de acordo com o Termo de Solidariedade; 2. A auditoria fiscal constatou que no ano de 2007 parte das vendas foi realizada sem destaque ou suspensão do IPI nas notas fiscais; 3. Os sócios impugnaram o lançamento, alegando: 3.1 A fiscalização implicoulhes a responsabilidade em decorrência da extinção da pessoa jurídica, sem que houvesse demonstração do encerramento irregular da empresa; 3.2 Não se apontou quais os atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos para a enquadramento no art. 135, III, do CTN; 3.3 A utilização do art. 121, parágrafo único, II, do CTN deuse apenas em razão da dissolução da empresa Sol Embalagens, sem demonstrar qual a conduta praticada que foi considerada ilícita; 3.4 Fragilidade do lançamento ante a incerteza da composição da base de cálculo, uma vez que se observa ter sido verificado por amostragem o cumprimento das obrigações, o que não se mostra suficiente para a determinação da base de cálculo de suposto IPI devido. 3.5 Nas notas fiscais em que há suspensão do IPI, consta expressamente o fundamento legal da suspensão, bem como os adquirentes; 3.6 A autoridade fiscal sequer circularizou os adquirentes para que estes informassem se efetivamente se enquadravam aos requisitos para a suspensão; 3.7 Nas notas fiscais em que há suspensão do IPI, consta expressamente o fundamento legal da suspensão (artigo 29 da Lei nº 10.637/02), bem como quem foram os adquirentes; 3.8 Protestouse por provar o alegado por todos os meios em direito admitidos, inclusive posterior juntada de documentos, solicitando a realização de perícia e diligência fiscal, em razão da não consideração dos documentos fiscais apresentados pela pessoa jurídica e notas fiscais. Fl. 271DF CARF MF Processo nº 19311.720015/201254 Acórdão n.º 3201002.864 S3C2T1 Fl. 7 6 A 8ª Turma da DRJ em Ribeirão Preto proferiu o Acórdãonº 14.37.949, de 14/06/2012, no qual julgou improcedente a impugnação, assim ementado (na parte que se relaciona a infração "002"): ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2007 NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. Não configura cerceamento do direito de defesa quando o conhecimento dos atos processuais pelo acusado e o seu direito de resposta ou de reação encontraram plenamente assegurados. PERÍCIA. REQUISITOS. Considerase não formulado o pedido de perícia ou diligência que deixe de atender os requisitos legais. DILIGÊNCIA. Incabível a diligência quando é ônus da contribuinte a apresentação de provas capazes de infirmar as conclusões fiscais RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. Os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado são pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes às obrigações tributárias se houve dissolução irregular da sociedade. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Anocalendário: 2007 LANÇAMENTO DE OFÍCIO. SUSPENSÃO. LEI Nº 10.637/2002. As declarações dos adquirentes de que atendem a todos os requisitos estabelecidos pela Lei nº 10.637/2002, são requisitos necessários para as saídas com suspensão da empresa fornecedora. Não cumprida esta exigência, os produtos devem sair com o destaque do imposto. Cientificados do Acórdão da decisão de 1ª Instância, somente o responsável solidário Jose Sanchez Oller interpôs recurso voluntário repisando todos os argumentos e matérias suscitadas em sua impugnação. Retorna aos autos o recorrente para arguir que o Auto de Infração que deu origem ao crédito tributário exigido neste processo decorre de procedimento fiscal relativo ao processo 19311.720014/201218 e, por conseguinte, pede o julgamento conjunto na 1ª Seção de Julgamento deste CARF. Fl. 272DF CARF MF Processo nº 19311.720015/201254 Acórdão n.º 3201002.864 S3C2T1 Fl. 8 7 Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira O pedido de julgamento conjunto com o processo nº 19311.720014/201218, em razão de conexão é inócuo, pois que a providência solicitada fora tomada relativamente à infração nº 001 a única com vínculo por reflexão em sede de julgamento na sessão de 21/06/2016, convertida em Diligência pela Resolução nº 3201000.697, para fins de julgamento na 1ª Seção. Reiterase que em razão da formalização de processo para transferência do crédito tributário relativo à infração "001", os tópicos do recurso voluntário indicados a seguir não serão enfrentados neste voto pois que específico ao processo nº 10437.720859/201638: a. "III. DO CERCEAMENTO AO AMPLO DIREITO DE DEFESA", no que diz respeito ao arbitramento das vendas, com base na movimentação financeira; b. "V. NÃO CUMPRIMENTO DAS CONDIÇÕES NECESSÁRIAS PARA A REQUISIÇÃO DE INFORMAÇÕES SOBRE A MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA"; c. "VI. QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO"; d. "VII. NULIDADE DECORRENTE DO DESCUMPRIMENTO DO ARTIGO 142 DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL"; e. "IX. PRODUTO SAÍDO DO ESTABELECIMENTO INDUSTRIAL OU EQUIPARADO SEM EMISSÃO DE NOTA FISCAL VENDA SEM EMISSÃO DE NOTA FISCAL."; f. "IX. DA CONEXÃO LANÇAMENTO DECORRENTE DA AUTUAÇÃO DISCUTIDA NO PROCESSO 19311.720014/201218". g. "X. PEDIDOS", quanto à realização de perícia e diligência, em razão da incorreta apuração da base de cálculo do imposto, no que se refere aos créditos relativos aos custos e ao arbitramento. Por outro lado, os fatos e constatações que constam do auto de infração e seu Relatório Fiscal, comum às infrações, serão aqui retratados. Preliminar de Nulidade Alega o recorrente que a auditoria fora realizada por amostragem, conforme indicado no Termo de Encerramento, o que gera grave insegurança quanto à base de cálculo apurada. Argúi também que os fatos não foram descritos em sua exatidão quanto à imputação de responsabilidade tributária, sob o fundamento do art. 135, III do CTN, uma vez que a responsabilidade pessoal do agente não restou comprovada. A descrição dos fatos no Auto de Infração e o Relatório Fiscal do Auto de Infração evidenciam que o procedimento fiscal foi realizado em face das notas fiscais de posse do recorrente e apresentadas em atendimento às intimações. Fl. 273DF CARF MF Processo nº 19311.720015/201254 Acórdão n.º 3201002.864 S3C2T1 Fl. 9 8 Quanto aos fundamentos para a imputação das responsabilização pessoal dos sócios administradores, ainda que sintetizadas no Relatório Fiscal, estão delineadas no Termo de Solidariedade nº 002 (fl. 851/852). Não se vislumbra qualquer mácula no auto de infração e demais termos que o integram. Os atos praticados no presente processo foram executados por pessoa competente (art. 59 do Decreto nº 70.235/72), observados seus requisitos de validade (art. 10 do Decreto nº 70.235/72) e sem preterição do direito de defesa. Verificase o fiel cumprimento do que dispõe o art. 142 do CTN, pois que os fatos foram adequadamente descritos e apurados pela autoridade administrativa e constam a fundamentação legal, matéria tributável, valores apurados e irregularidades motivadoras da autuação. Fora dado conhecimento ao contribuinte de todos os elementos da ação fiscal, propiciandolhe todos os meios para o exercício de sua defesa. Assim, não há que se cogitar de nulidade quando o auto de infração preenche os requisitos legais, o processo administrativo proporciona plenas condições à interessada de contestar o lançamento e inexiste qualquer indício de violação às determinações contidas no art. 142 do CTN ou nos artigos 10 e 59 do Decreto 70.235, de 1972. Suposta autuação por amostragem O recorrente comete certa confusão em relação à expressão "amostragem" utilizada pela fiscalização na análise e conclusões acerca das saídas de mercadorias sujeitas à incidência do IPI sem o destaque do imposto devido ou com sua suspensão sem o amparo legal. A descrição dos fatos no Auto de Infração e o Relatório Fiscal do Auto de Infração evidenciam que o procedimento fiscal foi realizado em face das notas fiscais de posse do recorrente e apresentadas em atendimento às intimações. Os excertos do relatório explicitam os fatos (fls. 18/20): 2.1 O presente relatório fiscal elaborado em decorrência da Auditoria Fiscal realizada na documentação apresentada (...) 3.1 A Auditoria Fiscal; iniciada em 11/02/2010; conforme Termo de Inicio do Procedimento Fiscal, e demais Termos de Intimação para apresentação de todas as notas fiscais emitidas, tendo efetuando uma analise preliminar dos documentos apresentados pelo contribuinte, constatou que muitas vendas foram realizadas sem destaque do IPI Imposto sobre Produtos Industrializados. Sendo então emitido Termo de Intimação e Esclarecimentos n° 0005 e posteriormente o Termo de Reintimação Fiscal n° 0007, para fins de esclarecimentos (...) Foram então, elaboradas as planilhas de n°s 01 a 12/2007 IPI DEVIDO (anexas ao presente relatório), aonde foram apurados valores devidos do IPI por nota fiscal de venda e por mês, que deixaram de ser calculados (neste caso nas notas fiscais sem destaque do imposto e nas notas fiscais com suspensão do Fl. 274DF CARF MF Processo nº 19311.720015/201254 Acórdão n.º 3201002.864 S3C2T1 Fl. 10 9 imposto). Ao final de cada planilha foi elaborado um demonstrativo, apurando o imposto devido. A "amostragem" a que se refere a fiscalização no Termo de Encerramento e Relatório Fiscal é a demonstração nos autos, com a colação das cópias de algumas das notas fiscais utilizadas no procedimento fiscal, das irregularidades em relação ao IPI apuradas em todas as notas fiscais apresentadas à fiscalização. Daí que a autoridade fiscal explicitou o fato, com o seguinte texto (fl. 19): Encontramse também, anexadas ao presente relatório, a título de amostragem, cópias das Nfs n° 14586, 14618, 14651, 14760, 17026, 17105, 17188 e 17265, como comprovantes das praticas acima descritas. Por fim, todas as notas fiscais auditadas, entregues à fiscalização em 13/07/2010 (fl. 45) para as quais apurouse irregularidade na ausência de destaque ou suspensão do IPI encontramse devidamente identificadas e relacionadas nas planilhas 01 a 11/2007 (fls. 25/57), não deixando margem à dúvida de que não se trata de um lançamento de tributo por amostragem. Em relação ao mês 12/2007, em que não foram entregues as notas fiscais, o lançamento realizouse com base na escrituração do Livro de Apuração do IPI (fl. 59). Contudo em sua peça recursal o recorrente não traz qualquer alegação quanto ao método de apuração, limitando seus argumentos aos requisitos legais para emissão com suspensão do IPI nos atermos do art. 29, da Lei nº 10.637/2002, que será analisado em sequência. Ad argumentandum tantum, o procedimento estaria maculado na hipótese de a fiscalização tomar apenas algumas notas com irregularidades quanto ao IPI e, por presunção, admitir que todas as demais, não verificadas, estivessem igualmente irregulares. Contudo, como demonstrado, não é esta a situação nos autos. Vendas sem o destaque do IPI nas notas fiscais Consta do Relatório Fiscal do Auto de Infração que a fiscalização apurou a inexistência do cálculo e destaque do IPI em notas fiscais de venda relacionadas nas planilhas de fls. 25/59 e solicitou as justificativas por meio do Termo de Intimação e esclarecimentos nº 0005 e Termo de Reintimação n° 0007. Não houve resposta em atendimento à solicitação fiscal. No recurso voluntário, que repete os mesmos argumentos da impugnação, o recorrente alegou tãosó a imputação sumária quanto ao lançamento referente ao IPI não destacado (bem como o suspenso, a ser tratado em outro tópico) nas notas fiscais, o que seria inadmissível e que faltou à autoridade fiscal proceder à verificação da natureza dos produtos vendidos. Como se vê, há refutação genérica da acusação fiscal nesta matéria, sem apresentação de provas que elida o lançamento, sequer argumentos razoáveis a seu favor não se dignou o recorrente a oferecer. Fl. 275DF CARF MF Processo nº 19311.720015/201254 Acórdão n.º 3201002.864 S3C2T1 Fl. 11 10 Diante da apuração de que notas fiscais foram emitidas sem o devido destaque do IPI e não amparadas por situação de nãoincidência, correto lançamento com o cálculo do imposto devido. Vendas com a suspensão do IPI nas notas fiscais A fiscalização também apurou a emissão de notas fiscais de vendas (relacionadas nas planilhas de fls. 25/59) que consignaram saídas com suspensão do IPI, ao amparo do art. 29, da Lei nº 10.637/2002, sem que o recorrente, no curso do procedimento fiscal, apresentasse provas do atendimento aos requisitos exigidos para o gozo do benefício no citado dispositivo legal. Solicitou as justificativas por meio do Termo de Intimação e esclarecimentos nº 0005 e Termo de Reintimação n° 0007, contudo, não houve resposta em atendimento à solicitação fiscal. Em sede de recurso voluntário, repisa os mesmos argumentos oferecidos na impugnação, ou seja, aduz que é ônus da fiscalização, e não do vendedor (a Sol Embalagens), a exigência para que o adquirente comprove enquadrarse nas condições para adquirir mercadorias de industrial com a suspensão do IPI. Alega que o art. 29 da Lei nº 10.637/02, regulamentada pela IN SRF nº 296/2003, ampara sua conclusão de que na hipótese do adquirente não preencher os requisitos legais para a utilização da suspensão, caberia à autoridade fiscal demonstrar o fato. Pois bem. Vejamos os dispositivos legais: Lei nº 10.637/2002 Art. 29. As matériasprimas, os produtos intermediários e os materiais de embalagem, destinados a estabelecimento que se dedique, preponderantemente, à elaboração de produtos classificados nos Capítulos 2, 3, 4, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 23 (exceto códigos 2309.10.00 e 2309.90.30 e Ex01 no código 2309.90.90), 28, 29, 30, 31 e 64, no código 2209.00.00 e 2501.00.00, e nas posições 21.01 a 21.05.00, da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados TIPI, inclusive aqueles a que corresponde a notação NT (não tributados), sairão do estabelecimento industrial com suspensão do referido imposto. (Redação dada pela Lei nº 10.684, de 30.5.2003) (...) § 6º Nas notas fiscais relativas às saídas referidas no § 5º, deverá constar a expressão "Saída com suspensão do IPI", com a especificação do dispositivo legal correspondente, vedado o registro do imposto nas referidas notas. § 7º Para os fins do disposto neste artigo, as empresas adquirentes deverão: I atender aos termos e às condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal; Fl. 276DF CARF MF Processo nº 19311.720015/201254 Acórdão n.º 3201002.864 S3C2T1 Fl. 12 11 II declarar ao vendedor, de forma expressa e sob as penas da lei, que atende a todos os requisitos estabelecidos. (g.m) (...) IN SRF 296/2003 Art. 17. Sairão do estabelecimento industrial com suspensão do IPI as MP, PI e ME destinados a estabelecimento que se dedique, preponderantemente, à elaboração de produtos classificados nos Capítulos 2 a 4, 7 a 12, 15 a 20, 23 (exceto códigos 2309.10.00 e 2309.90.30 e Ex01 no código 2309.90.90), 28 a 31 e 64, no código 2209.00.00 e 2501.00, e nas posições 21.01 a 2105.00 da Tipi, inclusive aqueles a que corresponde a notação NT (nãotributados). § 1o Para fins do disposto neste artigo, as empresas adquirentes deverão declarar ao vendedor, de forma expressa e sob as penas da lei, que atendem a todos os requisitos estabelecidos. (. . .) Art. 21. Nas notas fiscais relativas às saídas de que trata esta Instrução Normativa deverá constar a expressão "Saída com suspensão do IPI" com a especificação do dispositivo legal correspondente, vedado o registro do imposto nas referidas notas. Art. 22. Na hipótese de destinação dos produtos adquiridos ou importados com suspensão do IPI distinta da prevista na legislação aplicável, a saída dos mesmos do estabelecimento industrial adquirente ou importador darseá com incidência do imposto. A leitura atenta dos dispositivos acima demonstra a incorreção no raciocínio do recorrente, pois que resta cristalino o comando do inciso II, do § 7º, do art. 29, da Lei nº 10.637/2002: "as empresas adquirentes deverão declarar ao vendedor, de forma expressa (...) que atende aos requisitos estabelecidos". Como assentado na decisão recorrida, correta a autuação, pois se trata de benefício fiscal cuja interpretação deve ser restritiva, nos exatos termos previsto na lei: Como se vê, tratase de benefício fiscal, pelo qual devese respeitar rigorosamente o que a lei dispõe. Para tanto, foi solicitado pelo fisco, que a contribuinte apresentasse as declarações das empresas adquirentes com a informação de que atendem a legislação em referência ou justificativas do porque não houve calculo ou destaque de IPI. A empresa não apresentou qualquer justificativa ou documentos. Ora, como pode a empresa vender seus produtos com suspensão do imposto se não sabe se a empresa que compra está beneficiada pela lei? Como sabe se seus clientes produzem os produtos elencados pela lei, se os insumos que vende são aplicados nesses produtos ou se, no anocalendário anterior ao Fl. 277DF CARF MF Processo nº 19311.720015/201254 Acórdão n.º 3201002.864 S3C2T1 Fl. 13 12 da aquisição, o adquirente auferiu, pela venda destes produtos, 60% (sessenta por cento) de sua receita bruta total, sem que estes lhes tenham fornecido a declaração de que exige a lei? As declarações exigidas são requisitos necessários para se proceder as saídas com suspensão. Não cumprida esta exigência, os produtos devem sair com o destaque do imposto. Portanto, correta a autuação. Assim, uma vez que o Recorrente não comprovou o atendimento dos requisitos legais necessários à fruição da suspensão, é devido o IPI sobre as operações indevidamente cursadas sob o amparo da suspensão e, por conseguinte, correto o lançamento de ofício do IPI. Responsabilização pessoal dos sóciosadministradores pelo crédito tributário No Termo de Início de 11/02/2010 a fiscalização constatou que a empresa não se encontrava no endereço cadastral informado à Receita Federal. E não se trata de simples alteração de endereço, mas na verdade, a incerteza quanto à continuidade das atividades empresariais, ainda mais que perante à RFB restava pendente de providências quanto à sua regular extinção, como bem pontuou seu procurador em resposta ao Termo de Constatação e Intimação nº 0006 (fl. 65). Destarte, o endereçamento das correspondências mais precisamente os Termos de Intimação aos sócios administradores é mera consequência da não localização da pessoa jurídica por quem respondem por todos os atos de gestão, inclusive a decisão quanto ao local da realização das atividades empresariais e providências da regular extinção da sociedade. O recorrente suscita que a fiscalização imputoulhe a responsabilização pelo crédito tributário lançado no auto de infração em razão da extinção da pessoa jurídica, sem que houvesse demonstração do encerramento irregular da empresa. Ademais, aduz que não se apontou quais os atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos para a enquadramento no art. 135, III, do CTN. E, quanto ao enquadramento no art. 121, parágrafo único, II, do CTN, deuse apenas em razão da dissolução da empresa Sol Embalagens Plásticas Ltda, sem demonstrar qual a conduta praticada que foi considerada ilícita. O Termo de Solidariedade lavrado identifica três motivos para a imputação da responsabilização dos sócios quanto ao crédito tributário lançado no auto de infração, nos termos dos arts. 121, parágrafo único, II e 135, III, do CTN. (i) A extinção da sociedade; (ii) A inexistência de bens da empresa, passíveis de garantir o crédito tributário lançado; (iii) A constituição do crédito tributário lançado no Auto de Infração Fl. 278DF CARF MF Processo nº 19311.720015/201254 Acórdão n.º 3201002.864 S3C2T1 Fl. 14 13 Conquanto a responsabilização pessoal dos sócios houvesse por fundamento somente a extinção da sociedade, os fatos apurados apontam que acertou a DRJ em sua decisão, com a qual pactuo, que se encontra nos seguintes termos: Cabe pontuar que a dissolução da sociedade constitui um conjunto de atos visando à extinção da pessoa jurídica, como a dissolução da sociedade (distrato social, baixa no CNPJ, inscrições estadual ou municipal, etc.), a liquidação (em que são levantados os valores que compõem o patrimônio da sociedade – ativo e passivo), o pagamento das dívidas e a partilha do resultado líquido final, que, se for positivo, será distribuído entre os sócios (finalização). No entanto, ao contrário do que seria o caminho para o conjunto desses atos, a empresa manteve o CNPJ ativo mesmo após ter registrado o distrato social na Junta Comercial, em 18/12/2008, e de ter entregue, em 2009, a DIPJ do anocalendário de 2008 informando sua extinção, e apresentou, em 10/03/2011, declaração como inativa, não providenciando, até a presente data, o cancelamento de sua inscrição no CNPJ. Constatase, assim, que a empresa não se encontrava e nem se encontra extinta, perante a RFB, sendo sua dissolução irregular aos olhos da entidade, dada a inexistência física do domicílio fiscal constante do cadastro do CNPJ, e a falta de baixa daquele cadastro perante a RFB. Além disso, a empresa omitiu rendimentos auferidos enquanto estava em atividade, infringindo a lei tributária. A 1ª Seção no julgamento do ERESP 716.412/PR, de 22/09/2008, estabeleceu que: O sóciogerente que deixa de manter atualizados os registros empresariais e comerciais, em especial quanto à localização da empresa e à sua dissolução, viola a lei (arts. 1.150 e 1.151, do CC, e arts. 1º, 2º e 3º da Lei nº 8.934/1994, entre outros). A não localização da empresa, em tais hipóteses, gera legítima presunção juris tantum de dissolução irregular e, portanto, responsabilidade do gestor, nos termos do art. 135, III, do CNT, ressaltado o direito de contradita em Embargos à Execução. Tratase de uma presunção legal, que somente pode ser questionada quando se comprove, por documentação hábil, que houve, por parte dos sóciosadministradores, a comunicação, perante a RFB, da dissolução da sociedade e o pedido de baixa no CNPJ. Dessa forma, restando caracterizada a dissolução irregular com infração à lei, é permitido transferir a responsabilidade do credito tributário ao sóciosadministradores da pessoa jurídica já citados, conforme rezam os arts. 135, III, e 124, II, do CTN, e art. 210, VI, do RIR, de 1999. Não obstante, não se pode perder de vista que a motivação para a lavratura do termo de Solidariedade não se resume à extinção da pessoa jurídica e a inexistência de bens da empresa, cinge também todos os fatos apurados ao longo da fiscalização, ressaltandose como Fl. 279DF CARF MF Processo nº 19311.720015/201254 Acórdão n.º 3201002.864 S3C2T1 Fl. 15 14 mais evidente a expressiva movimentação financeira em instituições bancárias, sem registros na contabilidade e a saída de mercadorias sem o destaque do IPI devido ou com sua suspensão sem amparo legal, que constituem as infrações apurados no presente Processo. Ao tratar da diferença apurada entre os valores transacionados em contas bancárias e o que se contabilizou no ano de 2007, o relatório fiscal explicita a constatação das autoridades fiscais (fl. 20). (...) E que a diferença acima citada, corresponde na realidade uma movimentação de recursos em contas bancárias da empresa e não contabilizadas , sem que haja uma efetiva comprovação de tal origem. Entendo a responsabilização pessoal dos sóciosadministradores decorrente de determinação legal de que trata o art. 135 do CTN c/c art. 1.016 do Código Civil é aplicável a ao caso. Veja que para essa tipificação a lei exige a prática de atos com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos. Essa responsabilidade tributária deve ser atribuída aos sóciosadministradores, sócios de fato e mandatários da sociedade, se restar comprovado que tais pessoas exorbitaram as suas atribuições estatutárias ou limites legais, e que dos atos assim praticados tenham resultado obrigações tributárias. Os atos praticados pelos acusados (sr. José Sanches Oller e sr. Túlio Monte Azul Pereira de Mello) e relatados pela fiscalização, a meu ver, são decorrentes de evidente gestão financeira, comercial e administrativa, assim discriminados: (i) Expressiva movimentação financeira em instituições bancárias à margem da escrituração, que apontam para ilícitos tributários; (ii) Notas fiscais de venda para empresas que notadamente não são industriais, mas sim supermercados, empresas comerciais e revendedores de embalagens; (iii) Notas fiscais de venda sem destaque o IPI. Resta evidente o liame entre os atos apontados e as infrações às leis tributárias, com o objetivo claro de redução dos tributos federais. Ao meu ver andou bem a fiscalização e a decisão de 1ª instância ao imputar aos sóciosadministradores da sociedade Sol Embalagens Plásticas Ltda a responsabilidade pessoal pelos tributos lançados em decorrência da extinção não regular da pessoa jurídica e de evidente atos de infrações às lei tributárias. Paulo Roberto Duarte Moreira Relator Fl. 280DF CARF MF Processo nº 19311.720015/201254 Acórdão n.º 3201002.864 S3C2T1 Fl. 16 15 Declaração de Voto Conselheiro – Pedro Rinaldi de Oliveira Lima Conforme as provas, documentos e petições juntados aos autos deste procedimento administrativo e, no exercício dos trabalhos e atribuições profissionais concedidas aos Conselheiros, conforme portaria de condução e Regimento Interno, apresenta se esta declaração de voto. Com respeito e admiração às colocações do nobre colega Conselheiro Relator, venho por meio desta declaração de voto expressar entendimento adicional, sem nenhuma divergência pela negação do provimento aos Recursos Voluntários. Este entendimento adicional é uma preocupação do conselheiro que ora declara seu voto, assim como é uma preocupação de muitos operadores do direito no que diz respeito a delimitação do julgamento de âmbito administrativo que concretiza a constituição definitiva do crédito e a consequente persecução penal, quando diante de alegações de ocorrência de crime tributário. O entendimento adicional se afunila ainda mais ao tratar este caso da responsabilidade do Sr. José Sanchez Oller, reconhecida neste âmbito administrativo de recursos fiscais com fundamento legal no disposto no Art. 135 do Código Tributário Nacional, transcrito a seguir: "Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos: I as pessoas referidas no artigo anterior; II os mandatários, prepostos e empregados; III os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado." Feita esta breve introdução, é necessário tratar de posição doutrinária com relação a responsabilidade tributária e penal, que reforça o entendimento adicional ora apresentado com relação a delimitação da constituição definitiva do crédito em âmbito administrativo. É de conhecimento que tanto o Direito Tributário quanto o Direito Penal possuem caráter disciplinar e sancionatório, com arcabouço legislativo proveniente de princípios em comum. Contudo, de forma pragmática, verificase que o procedimento administrativo não possui o mesmo rigor do processo penal, talvez em razão de não haver um Código de Processo Administrativo como existe no Direito Penal o Código de Processo Penal. Fl. 281DF CARF MF Processo nº 19311.720015/201254 Acórdão n.º 3201002.864 S3C2T1 Fl. 17 16 Logo, desta constatação surge a preocupação de que, em processo penais, os Juízes de Direito possam se utilizar da constituição definitiva do crédito para concluir que há materialidade e autoria. Em se tratando de justiça, não há nada mais perigoso e injusto para a sociedade e para o contribuinte do que a condenação “automática” de cidadãos e contribuintes, visto que, em regra, a responsabilidade no âmbito judicial penal não é objetiva, como no Direito Tributário. É sobre o tema em litígio que o nobre doutrinador, Juiz Federal aposentado, Doutor Hugo de Brito Machado, lançou o livre “Crime Contra a Ordem Tributária”. Verifica se inclusive na contra capa de seu livro que o autor identificou uma lacuna no conhecimento jurídico, o fato de que “... os penalistas geralmente pouco conhecem do Direito Tributário, e os tributaristas quase nada sabem do Direito Penal”. Com algumas ressalvas às generalizações feitas pelo autor em desfavor às autoridades fiscais, porque muitas autoridades realizam seu trabalho com ética e qualidade, cito a preocupação do nobre autor em fls. 21 desta mencionada obra, no sub capitulo “O Direito Penal e o combate ao crime”, conforme segue: “O melhor instrumento para o combate ao crime, no que concerne especificamente aos crimes contra a ordem tributária, é o respeito ao contribuinte. Respeito que começa pela redução da enorme carga tributária a ele imposta. Passa pelo atendimento desatencioso e absolutamente inadequado e insuficiente a ele dispensado nas repartições da Administração Tributária. Vai até mesmo às interpretações inteiramente inadmissíveis, visivelmente distorcidas, das normas da legislação tributária, tendentes a lhes negar os direitos mais elementares. Enfim, a total falta de respeito na relação tributária, que induz no contribuinte o sentimento de que a lei só existe contra ele, ou pelo menos só é aplicada contra ele, posto que as disposições a ele favoráveis são sempre ignoradas pelas autoridades da Administração tributária. A pretensão de arrecadar tributos indevidos somada às ameaças levianas do uso da lei penal contra contribuintes somente degradam a relação tributária e terminam por banalizar o Direito Penal. E não obstante seja o Direito Penal de grande importância como elemento de controle social, realmente a sua utilização não poder ser banalizada. Na medida em que ilícitos de menor importância social, e sobretudo aqueles que menos afetam os sentimentos éticos das pessoas, e por isto mesmo despertam menor censura da opinião pública, são definidos como crime, o Direito Penal se banaliza e perde a eficácia.” Diante do exposto, com fundamento no princípio da separação dos poderes, por mais que pareça óbvio, entendese que é necessário reforçar a delimitação e alcance deste julgamento, para que fique claro que seu efeito atinge somente este âmbito administrativo de recursos fiscais. Conselheiro Pedro Rinaldi de Oliveira Lima. Fl. 282DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13804.003167/2005-31
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu May 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Jun 21 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/04/2005 a 30/04/2005
CONTAGEM DE PRAZO. EXPEDIENTE EM UNIDADE DA RECEITA FEDERAL COM HORÁRIO REDUZIDO. MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE TEMPESTIVA. SUPRESSÃO DA PRIMEIRA INSTÂNCIA DE JULGAMENTO
Comprovado que o horário de expediente na unidade da Receita Federal foi reduzido na data final do prazo para manifestação de inconformidade, desloca-se o termo final para próximo dia com horário normal.
Para que não se configure cerceamento ao direito de defesa pela supressão de instância administrativa, os autos devem retornar à DRJ competente para a prolação de decisão acerca das matérias suscitadas na peça recursal.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 3201-002.865
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. Declarou-se impedida a Conselheira Tatiana Josefovicz Belisário.
Winderley Morais Pereira - Presidente Substituto.
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira, Mércia Helena Trajano DAmorim, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, José Luiz Feistauer de Oliveira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Paulo Roberto Duarte Moreira e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade.
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/04/2005 a 30/04/2005 CONTAGEM DE PRAZO. EXPEDIENTE EM UNIDADE DA RECEITA FEDERAL COM HORÁRIO REDUZIDO. MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE TEMPESTIVA. SUPRESSÃO DA PRIMEIRA INSTÂNCIA DE JULGAMENTO Comprovado que o horário de expediente na unidade da Receita Federal foi reduzido na data final do prazo para manifestação de inconformidade, desloca-se o termo final para próximo dia com horário normal. Para que não se configure cerceamento ao direito de defesa pela supressão de instância administrativa, os autos devem retornar à DRJ competente para a prolação de decisão acerca das matérias suscitadas na peça recursal. Recurso Voluntário Provido em Parte
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EXPEDIENTE EM UNIDADE DA RECEITA FEDERAL COM HORÁRIO REDUZIDO. MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE TEMPESTIVA. SUPRESSÃO DA PRIMEIRA INSTÂNCIA DE JULGAMENTO Comprovado que o horário de expediente na unidade da Receita Federal foi reduzido na data final do prazo para manifestação de inconformidade, deslocase o termo final para próximo dia com horário normal. Para que não se configure cerceamento ao direito de defesa pela supressão de instância administrativa, os autos devem retornar à DRJ competente para a prolação de decisão acerca das matérias suscitadas na peça recursal. Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. Declarouse impedida a Conselheira Tatiana Josefovicz Belisário. Winderley Morais Pereira Presidente Substituto. Paulo Roberto Duarte Moreira Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira, Mércia Helena Trajano DAmorim, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, José Luiz Feistauer de Oliveira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Paulo Roberto Duarte Moreira e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 80 4. 00 31 67 /2 00 5- 31 Fl. 470DF CARF MF Processo nº 13804.003167/200531 Acórdão n.º 3201002.865 S3C2T1 Fl. 3 2 Relatório Tratase o presente processo de pedido de compensação de débito próprio com crédito da Contribuição para o Programa de Financiamento da Seguridade Social Cofins apurado no regime não cumulativo, com origem em abril de 2005. Indeferido o pleito e impugnada a decisão, a DRJ/SP1 não conheceu da manifestação de inconformidade, por considerála intempestiva (despacho de fls. 188/189). Cientificada, a contribuinte apresentou recurso voluntário (fls. 199/215), por meio da qual, entre outros argumentos, defende a tempestividade da primeira peça de defesa, ao fundamento de que não houve expediente normal na repartição no último dia de sua apresentação. Anexou cópia simples de documento que menciona o fato (fl. 261) Submetido a julgamento nesta Turma Ordinária, em preliminar, fora suscitada dúvida quanto (i) à intempestividade da manifestação de inconformidade, à luz de documento colacionado dando conta do encerramento antecipado do expediente normal na unidade da Receita Federal, e (ii) à regularidade da ciência ao contribuinte do Mandado de Procedimento Fiscal e do Termo de Início de Ação Fiscal, realizada por via postal (Correios, com AR). Por conseguinte, com unanimidade de votos, a Turma decidiu pela conversão do julgamento em DILIGÊNCIA, através da Resolução de n° 3201000.579, de 25/01/2016 (fls. 328/329) para que a unidade de origem (i) confirmasse a veracidade da informação de expediente com horário reduzido no CAC da Lapa, em São Paulo/SP e (ii) anexasse aos autos cópias do AR, nos termos do voto: O recurso atende a todos os requisitos de admissibilidade previstos em lei, razão pela qual dele se conhece. Como relatado, a Recorrente assevera que a manifestação de inconformidade foi, sim, apresentada dentro do trintídio legal, uma vez que não teria havido expediente normal na repartição no último dia de sua apresentação, conforme atestaria o documento de fl. 261, segundo o qual o expediente na CAC LAPA, no dia 18/12/2009, uma sextafeira, teria sido encerrado às 12 h, fato que autorizaria, em conformidade com o disposto no parágrafo único do art. 5º do Decreto nº 70.235, de 1972, a sua entrega no primeiro dia útil seguinte, qual seja, 21/12/2009, data de sua apresentação. Com efeito, se, de fato, o expediente da repartição fazendária encerrouse mais cedo do que o normal, a manifestação de inconformidade deve ser considerada tempestiva. Daí que se faz necessário que os autos sejam enviados à repartição de origem para confirmar a informação encartada no documento de fl. 261. Ante o exposto, voto por CONVERTER O JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA, a fim de que a unidade de origem ateste a veracidade da informação registrada no mencionado documento, bem como anexe cópia do AR correspondente à primeira Fl. 471DF CARF MF Processo nº 13804.003167/200531 Acórdão n.º 3201002.865 S3C2T1 Fl. 4 3 intimação cuja data de realização consta do extrato dos Correios de fl. 32. Ao término do procedimento, deve a autoridade preparadora elaborar Relatório Fiscal sobre os fatos apurados na diligência, sendolhe oportunizado manifestarse sobre a existência de outras informações e/ou observações que julgar pertinentes para esclarecer os fatos. Encerrada a instrução processual, a interessada deverá ser intimada para manifestarse no prazo de 30 (trinta) dias, antes da devolução do processo para julgamento. Salientese, entretanto, que a sua manifestação devese restringir ao resultado da diligência, não sendo cabível revolver questões de defesa já suscitadas quando do oferecimento do recurso voluntário. É como voto. Retornou da unidade de origem com o TERMO DE INÍCIO E INFORMAÇÃO FISCAL da DELEX/SÃO PAULO/SP (fls. 405/408) em cumprimento à diligência determinada pela Turma, com as informações: 3. Da Diligência. 3.1 Cabe observar que, na época da análise das declarações de compensação, já havíamos solicitado a 2ª via do AR (Aviso de Recebimento) que comprovava a ciência da empresa do Termo de Início do Procedimento Fiscal. Ocorre que os correios não encaminharam a 2ª via do AR. 3.2 Após programação das diligências fiscais tratadas aqui nesta Informação Fiscal, em consulta ao site dos correios, verificamos que as informações sobre postagem de objetos somente ficam disponíveis no site no prazo máximo de 180 dias após a data da postagem. 3.3 Após essa constatação, deslocamonos até o Centro de Distribuição responsável pela entrega do Termo de Início à empresa Perdigão Agroindustrial, qual seja, CDE/Correios Jaguaré, em São Paulo/SP, com objetivo de solicitar cópia do livro (dos correios) em que constariam as informações do responsável pelo recebimento da correspondência. Entretanto, fomos informados que os arquivos físicos dos Correios somente guardavam documentos no prazo máximo de 5 anos, e que tal livro já estaria destruído, em razão de se tratar de documento de 2009. Por outro lado, fomos orientados a encaminhar ofício à Genco – Gerência de Encomendas da Diretoria São Paulo Metropolitana dos Correios, que é setor dos correios responsável por manter informações sobre as encomendas. 3.4 Como resposta ao Ofício encaminhado, a Genco apresentou as informações necessárias para darmos cumprimento à requisição do CARF, a qual (Genco), apesar de não apresentar a 2ª via do AR, informou que o Sr. Josué Mendes da Silva é quem Fl. 472DF CARF MF Processo nº 13804.003167/200531 Acórdão n.º 3201002.865 S3C2T1 Fl. 5 4 havia recebido a correspondência (Termo de Início) cujo AR é o de nº SX604609249BR. 3.5 Diante disso, esta fiscalização entende que está comprovado, com base em documento oficial dos correios que reproduz fé pública , que a empresa recebeu o Termo de Início de Ação Fiscal que trata de todos os processos de compensação aqui já citados. 4. Dos Documentos Anexados 4.1 Anexamos os seguintes documentos à presente Informação Fiscal: a) Cópia do Ofício 101/2016 – RFB/Delex encaminhado aos Correios (GENCO). b) Cópia do Ofício 8449/2016 – GENCO/SPM – GMRO 01/DEOPE/VIENC encaminhado à RFB. 4.2 Os documentos acima serão encaminhados juntamente com esta Informação Fiscal à empresa Brasil Foods S/A, para que se manifeste acerca do teor do resultado da diligência, se assim entender. 5. Conclusão Nestes termos, proponho seja encaminhada esta Informação Fiscal para a 1ª Turma da 2ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento do CARF, para as providências cabíveis, após cientificar a empresa para apresentar manifestação sobre esta Informação Fiscal, nos termos do artigo 44, da Lei 9.784, de 29/01/1999, no prazo de 30 (trinta) dias contados da ciência desta Informação Fiscal e dos documentos que seguem anexos, juntando tal manifestação aos processos 13804.003656/200593, 13804.003655/200549, 13804.008887/200411, 13804.003167/200531 e 13804.000472/200571, via eCAC (de preferência) ou protocolando na Av. Celso Garcia, nº 3.580, 5º andar, São Paulo SP, aos cuidados deste auditor fiscal, caso a empresa a apresente. (grifado no original) A interessada foi cientificada e se manifesta (fls. 413/427) quanto ao relatório na Informação Fiscal, que em síntese aduz: a. Resta evidenciada a nulidade do procedimento de fiscalização em razão da intimação revelarse inválida e irregular; b. Não fora cumprida a determinação deste CARF para anexar cópia do AR, com a comprovação da entrega do objeto (Termo de Início de Ação Fiscal); c. A fiscalização da RFB tivera oportunidade para sanar o vício da intimação, contudo sem fazêlo; d. O Ofício expedido por setor dos Correios não supre a ausência de comprovação do recebimento da regular intimação no domicílio tributário eleito pelo contribuinte, como preceitua o inciso II, do art. 23 do Decreto nº 70.235/1972; Fl. 473DF CARF MF Processo nº 13804.003167/200531 Acórdão n.º 3201002.865 S3C2T1 Fl. 6 5 e. A conclusão é que jamais ocorrera sua intimação no Termo de Início de Ação Fiscal lavrado em 14/04/2009; f. A jurisprudência do CARF é pacífica em afirmar a necessidade da comprovação da intimação mediante a apresentação do AR assinado e datado (cita acórdãos); g. A unidade de origem omitiuse no cumprimento da Resolução da Turma quanto à incumbência de atestar a veracidade da informação acerca do expediente no CAC/LAPA no dia 18/12/2009, data em que se deu a entrega da manifestação de inconformidade; h. Resta comprovada a tempestividade da manifestação de inconformidade, nos termos do art. 5º do Decreto nº 70.235/72; i. A necessidade de se reiterar a Resolução para que se reconheça a tempestividade de sua manifestação de inconformidade e seja proferida nova decisão de primeira instância. Finaliza suas razões com o pedido de reconhecimento de nulidade de todos os atos processuais posteriores à irregular intimação do Termo de Início de Ação Fiscal e reiteração da diligência para suprir omissão quanto à comprovação da tempestividade da manifestação de inconformidade. Na sessão de 25/01/2017, por intermédio da Resolução nº 3201000.769, decidiu a Turma converter o julgamento em nova DILIGÊNCIA para que a Unidade de Origem informasse acerca do expediente no CAC/LAPA de São Paulo/SP, na data de 18/12/2009, juntando documento oficial comprobatório da situação. O processo retornou com a informação juntada às fl. 461 confirmando o expediente com horário reduzido na data de 18/12/2009, no período entre 07h e 12h, em virtude da realização de procedimentos internos; assim, não houve atendimento ao público no período da tarde. Não houve ciência à contribuinte acerca da informação prestada pelo CAC LAPA/SP. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira Os requisitos de admissibilidade da peça recursal já foram atestados por ocasião da sua inclusão na pauta anterior. A DRJ/São Paulo I não conheceu da Manifestação de Inconformidade em face do despacho decisório sob o fundamento de preclusão temporal, uma vez que a sua apresentação deuse após o prazo legal de 30 dias. Fl. 474DF CARF MF Processo nº 13804.003167/200531 Acórdão n.º 3201002.865 S3C2T1 Fl. 7 6 No recurso voluntário, aduziu a recorrente que no último dia do prazo para sua manifestação 18/12/2009, sextafeira dirigiuse ao CAC LAPA/SP encontrandoo fechado. Retornou no dia útil subsequente 21/12/2009, segundafeira, e protocolou sua peça. Como abordado no relatório, a última diligência justificouse para aferir a tempestividade da manifestação de inconformidade apresentada no dia 21/12/2009 (fl. 48), exatamente trinta e três dias após ciência de despacho decisório, no dia 18/11/2009 (fl. 34). Confirmado o expediente com horário reduzido na data em que a contribuinte pretendeu apresentar manifestação de inconformidade dirigida à Delegacia de Julgamento, coincidente com o prazo final para sua interposição, deslocase o termo final para a data imediatamente posterior em que o expediente seja normal, nos termos do art. 5º e seu parágrafo único, do Decreto nº 70.235/72, in verbis: Art. 5º Os prazos serão contínuos, excluindose na sua contagem o dia do início e incluindose o do vencimento. Parágrafo único. Os prazos só se iniciam ou vencem no dia de expediente normal no órgão em que corra o processo ou deva ser praticado o ato Com razão a contribuinte; sua manifestação de inconformidade foi interposta no prazo legal. A arguição da tempestividade da manifestação de inconformidade é matéria preliminar que precede qualquer outra veiculada no recurso voluntário. Isto porque o não conhecimento da peça inaugural do contencioso, interposta segundo os requisitos legais, implicaria o cerceamento do direito de defesa pela supressão da primeira instância de julgamento. Ante ao exposto, CONHEÇO da preliminar de tempestividade da manifestação de inconformidade e VOTO para dar PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO VOLUNTÁRIO e determinar o retorno dos autos à DRJ SÃO PAULO I para prolação de decisão, com apreciação do mérito, nos termos das peças de defesa. Paulo Roberto Duarte Moreira Relator Fl. 475DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13804.004499/2005-33
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Aug 22 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 3201-001.003
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência.
Winderley Morais Pereira - Presidente Substituto
Paulo Roberto Duarte Moreira- Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Renato Vieira de Ávila.
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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Winderley Morais Pereira Presidente Substituto Paulo Roberto Duarte Moreira Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Renato Vieira de Ávila. Relatório Tratase o presente processo de pedido de ressarcimento de Cofins, relativo a receitas de exportação, referente a outubro de 2005. Por bem descrever os fatos ocorridos, até então, adoto o relatório da decisão recorrida, que transcrevo, a seguir: 4. O caso submetido à apreciação desta DRJ versa sobre duas declarações de compensação apresentadas pela empresa Perdigão Agroindustrial S/A (incorporada posteriormente por BRF – Brasil Foods S/A), com o objetivo de compensar débitos próprios com supostos créditos de Cofins oriundos de operações de exportação, os quais teria apurado no mês de outubro de 2005 pelo regime não cumulativo e com fundamento no art. 6°, § 1°, da lei n° 10.833/2003. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 38 04 .0 04 49 9/ 20 05 -3 3 Fl. 760DF CARF MF Processo nº 13804.004499/200533 Resolução nº 3201001.003 S3C2T1 Fl. 3 2 5. A primeira declaração, apresentada em 30/11/2005, deu origem ao processo em exame e a segunda, entregue em data posterior, ao processo apenso (13804.001978/200689). Ambas as declarações ocupam as duas primeiras folhas dos respectivos autos. 6. Dada a complexidade da matéria e a necessidade de apurar a liquidez e certeza dos créditos informados pela requerente, a Divisão de Orientação e Análise Tributária (DIORT) da DERAT/SPO, em despacho de 22/08/2007 (fls. 21/22), determinou o envio do processo principal e seu apenso à DEFIS/SP para a realização de auditoria fiscal. 7. As autoridades tributárias incumbidas da diligência elaboraram em 22/07/2009 a informação fiscal anexa às fls. 35/37, na qual declaram em síntese que o sujeito passivo não apresentou a documentação mencionada no Termo de Início de Ação Fiscal (fls. 25/30), reiterado pelo Termo de Reintimação constante nas fls. 32/33, o que as impediu de analisar os créditos reivindicados. 8. Retornando os autos à DERAT/SP, a DIORT emitiu em 29/10/2009 o Parecer Decisório anexo às fls. 39/42, no qual se exprime nos seguintes termos: “Diante do exposto, indefiro o pedido de restituição e, como conseqüência, não homologo as compensações constantes das declarações de compensação vinculadas aos processos em tela, pela falta de comprovação dos créditos pleiteados, nos termos da legislação tributária vigente.” (fl. 42) 9. Intimado da decisão por via postal em 02/12/2009 (fl. 43 – v.), a interessada apresentou em 30/12/2009 a manifestação de inconformidade anexa às fls. 56/74, cujo teor resumo a seguir, acompanhada de diversos documentos (fls. 75/126). Resumo I. Apresenta inicialmente um quadro demonstrativo na fl. 57, no qual expõe minuciosamente o conteúdo da declaração de compensação ora examinada, informando a natureza dos débitos, bem como os respectivos valores, códigos e períodos de apuração. II. Afirma que o “histórico do objeto” emitido pelos Correios e anexo à fl. 31 indica meramente a data de entrega do Termo de Início de Fiscalização, não contendo o aviso de recebimento com o nome e assinatura do recebedor. Acrescenta que o setor responsável da empresa não recebeu o aludido documento, o que a levou a solicitar aos Correios informações acerca do nome do recebedor no intuito de averiguar se teria havido extravio no interior de suas dependências. III. Assevera que, ao receber o Termo de Reintimação, entrou em contato com os auditores fiscais por intermédio de seu patrono, a fim de obter cópia do Termo de Início de Fiscalização e solicitar prorrogação do prazo de 5 dias concedido para a entrega dos arquivos magnéticos, tendo em vista que o art. 2o da IN SRF n° 86/2001 lhe facultava prazo de 20 dias para cumprir tal exigência. Fl. 761DF CARF MF Processo nº 13804.004499/200533 Resolução nº 3201001.003 S3C2T1 Fl. 4 3 IV. Observando que, além de indeferir o pedido de prorrogação, os auditores fiscais não aceitaram os arquivos magnéticos que lhes foram apresentados após o decurso do prazo de 5 dias, assinala que o prazo de atendimento da segunda intimação também deveria ser de 20 dias, visto que, embora possuam discricionariedade para decidir se devem reintimar ou não o contribuinte, não podem as ditas autoridades fixar o prazo a ser cumprido, quando este se encontra previsto em diploma legal. Entende portanto que a fixação do referido prazo constitui ato vinculado, diferentemente do envio de nova intimação, a seu ver ato discricionário da autoridade administrativa. V. Ressalta ademais ser desnecessária a verificação dos arquivos magnéticos pertinentes à contabilidade da empresa, alegando que, para atestar a existência e a validade dos créditos de Cofins apurados, bastaria analisar seus documentos fiscais, que sempre estiveram à disposição do Fisco, consistindo basicamente em DIPJ, DCTF, DACON, notas fiscais, livros de registro de entradas e saídas, etc. VI. Salienta a impossibilidade de apresentar no exíguo prazo de 5 dias os documentos requisitados, em virtude de seu volume expressivo, o qual se deve à quantidade de informações solicitadas e de lançamentos correspondentes. VII. No tocante ao item “6” do Termo de Início de Fiscalização, afirma que as notas fiscais de entrada e saída nele mencionadas sempre estiveram à disposição do Fisco e continuam a sua disposição. VIII. Esclarece que os créditos de cofins pleiteados, como consta no demonstrativo anexo à fl. 2, provêm de custos, despesas e encargos vinculados a receitas de exportação e que os apurou na forma da lei n° 10.833/2003, declarandoos devidamente na DIPJ e no DACON IX. Ressalta que as autoridades fiscais, além de não abordar nenhum aspecto relativo à inexistência do direito creditório ou do seu quantum, não comprovaram que ele seja ficto ou inventado. X. Voltando a mencionar o DACON, o demonstrativo de créditos de Cofins anexo à fl. 2, a DCTF e a DIPJ, assinala que os auditores fiscais não lhes questionaram a veracidade ou validade. XI. Declara que, ao não apreciar os arquivos magnéticos, a DIPJ (fichas 24 e 25), o DACON, a DCTF, as notas fiscais de saída e de entrada e os livros fiscais, que sempre estiveram à disposição do Fisco, o autor do parecer decisório impugnado feriu os princípios da instrumentalidade processual e da verdade material. XII. Afirma haver juntado aos autos 1 DVD contendo os arquivos magnéticos solicitados, assim como cópia física dos seguintes documentos: DACON, Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais — DACON e Demonstrativo do Crédito de Cofins (“Anexo 2”). XIII. Finalmente, estribada em diversos julgados do Conselho de Contribuintes transcritos nas fls. 63/73, requer que — na linha desses precedentes e em nome do princípio da verdade material — este órgão judicante anule o presente processo a partir do despacho decisório e determine que a autoridade a quo analise o pedido de restituição à luz Fl. 762DF CARF MF Processo nº 13804.004499/200533 Resolução nº 3201001.003 S3C2T1 Fl. 5 4 dos documentos e arquivos magnéticos trazidos aos autos, “deferindo se, por conseguinte, o pedido de restituição e homologandose as compensações declaradas vinculadas ao presente processo” (fl. 74). 10. É o relatório. O pleito foi indeferido no julgamento de primeira instância, nos termos do acórdão 1625.644 de 10/06/2010, proferida pelos membros da 6ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo/SP, cuja ementa dispõe, verbis: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2005 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. A falta de comprovação do crédito informado não permite a homologação das compensações declaradas. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Inconformada, a recorrente apresentou recurso voluntário, tempestivamente, onde repisou os argumentos anteriormente apresentados. Submetido a julgamento nesta Turma Ordinária, em preliminar, fora suscitada dúvida quanto à regularidade da ciência ao contribuinte do Mandado de Procedimento Fiscal e do Termo de Início de Ação Fiscal, realizada por via postal (Correios, com AR). Por conseguinte, com unanimidade de votos, a Turma decidiu pela conversão do julgamento em DILIGÊNCIA, através da Resolução de n° 3201000.576, de 25/01/2016 (fls. 633/638) para que a unidade de origem anexasse aos autos cópias do AR, nos termos abaixo: Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Relator. O recurso atende a todos os requisitos de admissibilidade previstos em lei, razão pela qual dele se conhece. O litígio versa sobre pedido de compensação de débito próprio com crédito da Cofins apurada sob o regime não cumulativo oriundo de operações de exportação de mercadorias para o exterior. Indeferido o pleito e mantida a decisão pela instância a quo, a Recorrente comparece a este Colegiado Administrativo alegando, preliminarmente, a nulidade do Despacho Decisório, ao fundamento de cerceamento ao seu direito de defesa. Argumenta que, através do Termo de Início de Ação Fiscal de fls. 27/28, teria sido intimada a apresentar, no prazo de 5 (cinco) dias, uma série de documentos e arquivos magnéticos referentes a compensações de débitos seus com créditos de PIS/Cofins, solicitação que, no entanto, sustenta jamais ter chegado ao seu conhecimento, embora conste nos autos extrato dos Correios indicando que a entrega se deu em 17/04/2009 (fl. 33). Posteriormente, em 29/05/2009, foi Fl. 763DF CARF MF Processo nº 13804.004499/200533 Resolução nº 3201001.003 S3C2T1 Fl. 6 5 reintimada a apresentar, também no prazo de 5 (cinco) dias, os documentos e arquivos antes solicitados (Termo de Reintimação de fls. 34/35), que foi recebido em 24/06/2009, conforme cópia do Aviso de Recebimento AR de fls. 36. Assevera que, em face do exíguo prazo para a apresentação dos documentos e arquivos magnéticos, o que estaria em desacordo com o disposto no art. 2° da Instrução Normativa – IN SRF n° 86, de 2001, solicitou a dilação de prazo à fiscalização, pedido que, todavia, foi indeferido, “não tendo sido aceita a apresentação de qualquer documento à fiscalização após 29 de junho de 2009 (5 dias após o recebimento do Termo de Reintimação)”. Em seguida, a unidade de origem prolatou a sua decisão, negando, por falta de comprovação do crédito vindicado, o pedido formulado pela Recorrente. Pois bem. De início, verificamos existir uma irregularidade na intimação que teria ocorrido por meio do primeiro Termo de Início de Ação Fiscal: não há nos autos prova de que tenha sido recebido no endereço cadastral da Recorrente, uma vez que não anexado aos autos o AR correspondente, mas apenas informação unilateral, extraída do site dos Correios, de que a entrega teria ocorrido em 17/04/2009. A lei processual, contudo, exige a prova do recebimento, vale dizer, a assinatura do recebedor, que não necessariamente precisa ser o representante legal do contribuinte, sendo perfeitamente válida a intimação mesmo que o AR tenha sido firmado por membro de sua família ou pelo porteiro do prédio onde mora ou onde funciona o seu estabelecimento. É o que estabelece o art. 23 do Decreto nº 70.235, de 1972, na redação dada pelo Redação dada pelo art. 67 da Lei n.º 9.532/1997: Art. 23. Farseá a intimação: (...) II por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo;” (g.n.) Considerar, tal como considerou a decisão recorrida, que o simples histórico da entrega do AR, extraído do sítio eletrônico dos Correios, constituiria documento oficial dotado de fé pública, demandando, para que se o infirme, prova em contrário, significa exigir da Recorrente apresentar prova negativa do fato da intimação, algo absolutamente impossível de ser realizado. Ante o exposto, voto por CONVERTER O JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA, a fim de que a unidade de origem anexe aos autos cópia do AR correspondente à primeira intimação cuja data de realização consta do extrato dos Correios de fl. 33. Ao término do procedimento, devem os autos retornar a este Colegiado para julgamento. É como voto. Charles Mayer de Castro Souza Fl. 764DF CARF MF Processo nº 13804.004499/200533 Resolução nº 3201001.003 S3C2T1 Fl. 7 6 Retornou da unidade de origem com a juntada dos seguintes documentos: a) Cópia do Ofício 101/2016, de 04/05/2016 (fl. 646) – RFB/Delex encaminhado aos Correios (GENCO). b) Cópia do Ofício 8449/2016, de 11/05/2016 (fls. 648/650) – GENCO/SPM – GMRO01/DEOPE/VIENC encaminhado à RFB. O Ofício 101/2016 fora encaminhado à Genco – Gerência de Encomendas da Diretoria São Paulo Metropolitana dos Correios, que é setor dos correios responsável por manter informações sobre as encomendas, solicitando a 2ª via do AR nº SX604609249BR A resposta dos Correios deuse por intermédio do Ofício 8449/2016 que, em síntese, afirmou não mais dispor do documento, e informou que o Sr. Josué Mendes da Silva é quem havia recebido a correspondência (Termo de Início) cujo AR é o de nº SX604609249BR O processo foi redistribuído e encaminhado a este Conselheiro para prosseguimento, de forma regimental. Submetido a novo julgamento, na sessão de 25/01/2017, este relator propôs nova conversão em diligência em razão da ausência de ciência do resultado da diligência à interessada. Assim, por intermédio da Resolução nº 3201000.773 a Turma decidiu determinar o retorno dos autos à Unidade de Origem para suprir a deficiência processual. A interessada foi cientificada e se manifesta (fls. 731/745) quanto ao resultado da diligência e documentos acostados, que em síntese aduz: a. Resta evidenciada a nulidade do procedimento de fiscalização em razão da intimação revelarse inválida e irregular; b. Não fora cumprida a determinação deste CARF para anexar cópia do AR, com a comprovação da entrega do objeto (Termo de Início de Ação Fiscal); c. A fiscalização da RFB tivera oportunidade para sanar o vício da intimação, contudo sem fazêla; d. O Ofício expedido por setor dos Correios não supre a ausência de comprovação do recebimento da regular intimação no domicílio tributário eleito pelo contribuinte, como preceitua o inciso II, do art. 23 do Decreto nº 70.235/1972; e. A conclusão é que jamais ocorrera sua intimação no Termo de Início de Ação Fiscal lavrado em 14/04/2009; f. A jurisprudência do CARF é pacífica em afirmar a necessidade da comprovação da intimação mediante a apresentação do AR assinado e datado (cita acórdãos); Finaliza suas razões com o pedido de reconhecimento de nulidade de todos os atos processuais posteriores à irregular intimação do Termo de Início de Ação Fiscal. O processo foi redistribuído e encaminhado a este Conselheiro para prosseguimento, de forma regimental. É o relatório. Voto Fl. 765DF CARF MF Processo nº 13804.004499/200533 Resolução nº 3201001.003 S3C2T1 Fl. 8 7 Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator. O recurso voluntário fora recebido como tempestivo, razão pela qual esta Turma apreciouo em julgamento anterior e dele tomou conhecimento. A conversão do julgamento em diligência teve o claro escopo de verificar a existência de comprovante de entrega da intimação por intermédio de AR, com data e assinatura do recebedor, pois do contrário evidenciaria irregularidade na intimação. Com o devido respeito ao entendimento exarado pela Turma no julgamento de 23/02/2016, penso despiciendo enfrentar questão relativa à ciência do Termo de Início de Ação Fiscal, de 14/04/2009 (fls. 27/32). Eis as razões. A uma, a contribuinte não nega seu recebimento, mas tão somente alega que o Termo não fora recebido pelo setor responsável pelo atendimento à Fiscalização (fl. 63), com os excertos reproduzidos; a duas, a Fiscalização diligentemente procedeu à reintimação da recorrente, mediante o envio pelos Correios do Termo de Reintimação, de 29/05/2009 (fls. 34/35), entregue no domicílio da contribuinte, em 24/06/2009, conforme AR (fl. 36). Assim, entendo inexistência da alegada falta de intimação do conteúdo do Termo de Início de Ação Fiscal, pois restou suprido pelo Termo de Reintimação do qual a recorrente mostrou ter pleno conhecimento em suas peças recursais. Conquanto a complementação das alegações da recorrente e a correspondente documentação comprobatória terem sido apresentadas após Despacho Decisório, o que, em tese, estaria atingida pela preclusão consumativa, o entendimento predominante deste Colegiado é no sentido da prevalência da verdade material, mormente quando a Turma de Julgamento de primeira instância manteve a decisão denegatória da compensação, com base no argumento de que não foram apresentadas as provas adequadas e suficientes à comprovação do crédito compensado, quando tal questão não fora abordada no âmbito do Despacho Decisório guerreado. Há ainda questão relevante acerca do diminuto prazo concedido para a apresentação de substancioso conjunto de documentos e providências comprobatórias do alegado direito creditório, que por certo demandaria prazo superior aos 05 (cinco) dias concedidos pela fiscalização. Vejo sob esta ótica mais uma vertente do princípio da verdade material que rege o processo administrativo, pois que na instauração do contencioso foram apresentados pelos contribuinte argumentos e indícios que apontam para um direito seu perante o Fisco, assim, mister se faz a mitigação da preclusão na apresentação de provas. Pois bem. O Termo de Início de Ação Fiscal e o Termo de Reintimação tiveram por escopo intimar a contribuinte a comprovar seu direito creditório declarado em PER/DCOMP. Coube o procedimento à Delegacia de Fiscalização de São Paulo DEFIS/SP em face da complexidade da matéria e a necessidade de apurar a liquidez e certeza dos créditos, como apontado (fl. 162): Tendo em vista a complexidade que advém da análise desse incentivo fiscal, bem como a necessidade de comprovação da liquidez e certeza do crédito pretendido, o presente deve ser encaminhado ao Órgão Fl. 766DF CARF MF Processo nº 13804.004499/200533 Resolução nº 3201001.003 S3C2T1 Fl. 9 8 competente a fim de que seja realizada auditoria fiscal para apurar a exatidão das informações prestadas pelo contribuinte, em conformidade com o artigo 24 da Instrução Normativa n° 600/2005 da Secretaria da Receita Federal (...) Entendeu a fiscalização que seriam necessários documentos normalmente possuídos pela contribuinte (declarações de entrega à RFB DIPJ, DCTF, DACON, notas fiscais, Livros fiscais e contábeis), além de arquivos digitais e planilhas de dados a serem elaboradas conforme ato normativo da Receita Federal e/ou "layout" especificado pela autoridade solicitante. O prazo para atendimento de intimação fiscal para apresentação de arquivos digitais é regido pela Lei nº 8.218/91, com a redação alterada pela Medida Provisória nº 2.158 35/2001: Art. 11 As pessoas jurídicas que utilizarem sistemas de processamento eletrônico de dados para registrar negócios e atividades econômicas ou financeiras, escriturar livros ou elaborar documentos de natureza contábil ou fiscal, ficam obrigadas a manter, à disposição da Secretaria da Receita Federal, os respectivos arquivos digitais e sistemas, pelo prazo decadencial previsto na legislação tributária. .(Redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001). (...) § 3º A Secretaria da Receita Federal expedirá os atos necessários para estabelecer a forma e o prazo em que os arquivos digitais e sistemas deverão ser apresentados. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001). § 4º Os atos a que se refere o § 3º poderão ser expedidos por autoridade designada pelo Secretário da Receita Federal. Atendendo a essa determinação, a Receita Federal editou a Instrução Normativa nº 86, de 2001, que dispõe, textualmente: O SECRETÁRIO DA RECEITA FEDERAL, no uso da atribuição que lhe confere o inciso III do art. 209 do Regimento Interno da Secretaria da Receita Federal, aprovado pela Portaria MF Nº 259, de 24 de agosto de 2001, e tendo em vista o disposto no art. 11 da Lei Nº 8.218, de 29 de agosto de 1991, alterado pela Lei Nº 8.383, de 30 de dezembro de 1991, com a redação dada pelo art. 72 da Medida Provisória Nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001, resolve: Art. 1º. As pessoas jurídicas que utilizarem sistemas de processamento eletrônico de dados para registrar negócios e atividades econômicas ou financeiras, escriturar livros ou elaborar documentos de natureza contábil ou fiscal ficam obrigadas a manter, à disposição da Secretaria da Receita Federal (SRF), os respectivos arquivos digitais e sistemas, pelo prazo decadencial previsto na legislação tributária. (...) Art. 2º. As pessoas jurídicas especificadas no art. 1º, quando intimadas pelos AuditoresFiscais da Receita Federal, apresentarão, no prazo de vinte dias, os arquivos digitais e sistemas contendo informações relativas aos seus negócios e atividades econômicas ou financeiras. Fl. 767DF CARF MF Processo nº 13804.004499/200533 Resolução nº 3201001.003 S3C2T1 Fl. 10 9 Há ainda a previsão legal para se intimar concedendo o mesmo prazo de vinte dias e, em situação específica, o prazo de cinco dias úteis, prevista no art. 71, da MP nº 2.15835, de 2001, que alterou a redação do artigos 19 da Lei nº 3.470/1958, conforme abaixo destacado: Art. 71. O art. 19 da Lei nº 3.470, de 28 de novembro de 1958, passa a vigorar com as seguintes alterações: Art. 19. O processo de lançamento de ofício será iniciado pela intimação ao sujeito passivo para, no prazo de vinte dias, apresentar as informações e documentos necessários ao procedimento fiscal, ou efetuar o recolhimento do crédito tributário constituído. § 1º Nas situações em que as informações e documentos solicitados digam respeito a fatos que devam estar registrados na escrituração contábil ou fiscal do sujeito passivo, ou em declarações apresentadas à administração tributária, o prazo a que se refere o caput será de cinco dias úteis. Assim, temse prazos distintos para a intimações que visam a entrega de arquivos digitais e informações/documentos necessários ao procedimento fiscal vinte dias; e aquele em que as informações e documentos referemse a fatos que devam estar registrados na escrituração contábil ou fiscal cinco dias úteis. Na situação presente, vislumbrase apresentação de arquivos, documentos e informações necessários aos procedimento fiscal e aqueles que devam estar registrados na escrituração contábil/fiscal. Portanto, razoável seria que a intimação concedesse o prazo único de cumprimento de 20 (vinte dias) a todas às solicitações. Por outro lado, a exigência de apresentação de arquivos digitais e planilhas no prazo de cinco dias encontrase em desacordo com o que determina a legislação que rege o tema. Tal fato, ao meu sentir torna perfeitamente razoável e necessária a flexibilização das regras de preclusão estabelecidas no § 4º, do art. 16 do Decreto nº 70.235/72 para que se analise todos os documentos apresentados, relacionados nos Anexos da Manifestação de Inconformidade e em sede de Recurso Voluntário, dentre eles: a. Cópia do Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais DACON; b. Cópia da Ficha 25 da DIPJ onde consta a base de cálculo da Cofíns Regime Nãocumulativo Incidência Total ou parcial; c. Cópia da Ficha 24 da DIPJ 2005 AnoCalendário onde consta a Apuração dos Créditos da Cofíns Regime nãocumulativo, cujas informações conferem com o DACON; d. Planilhas informando a composição dos valores constante da DACON (linha a linha), indicando as contas contábeis lançadas; e. Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais DACON; e Demonstrativo do crédito da COFINS; Fl. 768DF CARF MF Processo nº 13804.004499/200533 Resolução nº 3201001.003 S3C2T1 Fl. 11 10 f. Planilha Excel contendo as informações das DACONs conforme leiaute previsto na intimação, com seu respectivo hash code (recibo SVA em conjunto); g. Livros de registro de Entradas e Saídas do ano calendário de 2005 (item 7 do Termo de Intimação); h. Arquivos magnéticos 4.1.1, 4.1.2, 4.3.1, 4.3.2, 4.3.3. 4.3.4, 4.3.5, 4.3.6, 4.4.1, 4.5.2 (individual para cada início e fim de mês), 4.6.1, 4.7.1, 4.9.1, 4.9.2, 4.9.5, conforme "layout" definido pela IN SRF 86/2001, do ano calendário de 2005 (item 7 do Termo de Intimação); i. Planilha em Excel com a identificação dos produtos utilizados pela empresa referente a Combustíveis e Energia Elétrica nos arquivos 4.3.4 (arquivo de itens de mercadorias/Serviços (entradas) Emitidas por Terceiros). Ressaltase que este entendimento coadunase com aquele expresso por este Colegiado no julgamento do processo nº 13804.000470/200582, da mesma recorrente e com semelhança fática: Nesse sentido, não tendo sido apreciado quaisquer documentos juntados aos autos em detrimento da Verdade Material, proponho a conversão do julgamento em diligência, para que o processo retorne à autoridade preparadora, para serem apreciados os documentos trazidos aos autos, e outros, que se entendam necessários, nesse caso dandose o prazo de 30 dias, para que referida documentação seja apresentada pela Recorrente. Analisados os documentos e elaborado o relatório de diligência, intimese a Recorrente e a Procuradoria da Fazenda Nacional, para que, desejando, manifestemse. Após, retornem os autos a esse Turma Julgadora, para prosseguimento do julgamento. (Resolução 3201 000.645, sessão de 23/02/2016, Cons. Relatora Conselheira Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo) Assim, pactuo com a decisão exarada em processo semelhante da mesma recorrente e voto para a CONVERSÃO DO JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA, nos mesmos termos da Resolução nº 3201000.645, para a análise dos documentos "a" a "i", antes mencionados, dandose às partes o prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável uma única vez por igual, para a manifestação ao relatório de diligência. É como voto. Paulo Roberto Duarte Moreira. Fl. 769DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15586.000423/2007-48
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Oct 23 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/01/2002 a 31/12/2006
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO INTEMPESTIVO. IMPOSSIBILIDADE DE CONHECIMENTO.
Não se conhece do recurso interposto após o decurso do prazo de 30 (trinta) dias, a contar da data em que se considera o sujeito passivo intimado de decisão, na forma disposta no art. 5º, parágrafo único c/c art. 33, do Decreto nº 70.235/72.
Recurso Voluntário Não Conhecido.
Numero da decisão: 3201-003.156
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso voluntário, em razão da sua intempestividade.
Winderley Morais Pereira - Presidente Substituto.
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade.
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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RECURSO INTEMPESTIVO. IMPOSSIBILIDADE DE CONHECIMENTO. Não se conhece do recurso interposto após o decurso do prazo de 30 (trinta) dias, a contar da data em que se considera o sujeito passivo intimado de decisão, na forma disposta no art. 5º, parágrafo único c/c art. 33, do Decreto nº 70.235/72. Recurso Voluntário Não Conhecido. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso voluntário, em razão da sua intempestividade. Winderley Morais Pereira Presidente Substituto. Paulo Roberto Duarte Moreira Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade. Relatório O interessado acima identificado recorre a este Conselho, de decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento Rio de Janeiro II/RJ. Por bem descrever os fatos ocorridos, até então, adoto o relatório da decisão recorrida, que transcrevo, a seguir: AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 58 6. 00 04 23 /2 00 7- 48 Fl. 5061DF CARF MF Processo nº 15586.000423/200748 Acórdão n.º 3201003.156 S3C2T1 Fl. 3 2 O presente processo foi formalizado em decorrência da lavratura dos autos de infração de PIS e de Cofins, fls. 4615/4632 e 4633/4650 respectivamente, em virtude da apuração de falta/insuficiência de recolhimento nos períodos de apuração 01/2002 a 12/2006. Exigese, para o PIS, principal de R$ 729.878,36, que acrescido de multa de ofício e juros de mora perfaz R$ 1.573.812,77 e, no caso da Cofins, contribuição de R$ 3.605.520,19, totalizando, com multa de ofício e juros moratórios, R$ 7.756.604,68. Integra o auto de infração o “Termo de Encerramento de Ação Fiscal” de folhas 4595 a 4614 do qual consta que: De acordo com o descrito em seu Contrato Social, a pessoa jurídica VIDA SAUDÁVEL S/C LTDA "tem por objeto social operar planos privados de assistência à saúde, mediante a cobertura de custos assistenciais com a finalidade de garantir a assistência à saúde médica, hospitalar, ambulatorial e odontológica, prestada exclusivamente por terceiros"; Examinando os Demonstrativos de Apuração elaborados pela interessada e a escrituração contábil e fiscal apresentada, verificouse que a pessoa jurídica VIDA SAUDÁVEL S/C LTDA apurou as bases de cálculo do PIS e da COFINS, devidos no período de janeiro/2002 a dezembro/2006, utilizando exclusões não previstas na legislação vigente, o que resultou em desoneração parcial do pagamento de tributos no período; Tais exclusões, referemse a indenizações de eventos ocorridos e efetivamente pagos e correspondem a custos e/ou despesas realizados em usuários da própria operadora de plano de assistência à saúde ora fiscalizada. De acordo com os demonstrativos de fls. 179/183, a pessoa jurídica VIDA SAUDÁVEL S/C LTDA excluiu das bases de cálculo do PIS e da COFINS devidos no período de janeiro/2002 a dezembro/2006, além dos custos com usuários de outras operadoras de planos de assistência à saúde, também os custos com seus próprios usuários, quais sejam: assistência odontológica a pacientes (COIFE ODONTO), compra de medicamentos por pacientes (PREVSAÚDE), hospitais, clinicas, laboratórios, consultas, honorários médicos e demais despesas de assistência da rede conveniada a pacientes (CUSTO MÉDICO), bem como o INSS descontado sobre os honorários pagos a médicos; Ao excluir das bases de cálculo do PIS e da COFINS todos os eventos ocorridos e efetivamente pagos, independente de estarem estes vinculados a usuários de outras operadoras de planos de assistência à saúde, a fiscalizada VIDA SAUDÁVEL S/C Ltda infringiu a norma tributária prevista no parágrafo 9 °, inciso III do artigo 3 ° da Lei n ° 9.718/1998, com redação dada pelo artigo 2 ° da Medida Provisória n ° 2.15835/2001; Face ao exposto, foram glosadas as exclusões realizadas pela pessoa jurídica VIDA SAUDÁVEL S/C LTDA, na parte relativa Fl. 5062DF CARF MF Processo nº 15586.000423/200748 Acórdão n.º 3201003.156 S3C2T1 Fl. 4 3 aos custos e/ou despesas pagos em decorrência de eventos realizados em seus próprios usuários, e apuradas as bases de cálculo do PIS e da COFINS, conforme demonstrativos de folhas 4600/4602. Cientificada em 23/08/2007 a interessada apresentou em 24/09/2007 as impugnações de folhas 4656/4700 e 4921/4959, nas quais alega, em síntese, que: O auto de infração deve ser lavrado no local em que for constatada a falta ou infração, o que não ocorreu in casu, já que, apesar de ter averiguado a suposta falta cometida pela Autuada ainda no estabelecimento, onde foram entregues seus documentos, a Ilma. AuditoraFiscal apenas lavrou o auto de infração ao final da ação fiscalizadora, em local diverso do determinado no art. 10 do Decreto 70.235/72. Prova do exposto é que o auto de infração foi impresso em 22/08/2007 (apesar da ação fiscal ter se iniciado muito antes) e dele somente foi dado ciência à Autuada no dia seguinte, aos 23/08/2007; A Agente autuante menciona que a empresa Autuada estaria a infringir, exatamente, a norma tributária prevista no parágrafo 9º , inciso III, do art. 3º da Lei n°. 9.718/1998. Ora, D. Julgadores, como poderia a autuada infringir o dispositivo legal citado se o mesmo autoriza as exclusões feitas pela empresa Autuada para a apuração da base de cálculo da COFINS?; Ocorre que o dispositivo legal em questão não restringe as exclusões das indenizações de eventos ocorridos e efetivamente pagos relativos aos usuários de outras operadoras, como não poderia, já que as indenizações de eventos ocorridos, efetivamente pagos, referentes aos usuários próprios, têm a mesma natureza daquelas, ou seja, ambas nada mais são do que receitas de terceiros, ou melhor, valores devidos aos hospitais, clinicas, médicos etc, pelos serviços por eles prestados aos usuários próprios da empresa Autuada ou aos usuários de outras operadoras; Mesmo que o inciso III do §9° do art. 3° da Lei n°. 9.718, de 27/11/98, não tivesse autorizado expressamente a exclusão, para fins de apuração da base de cálculo do PIS e da COFINS, do valor referente às indenizações correspondentes aos eventos ocorridos, efetivamente pago, o que se admite apenas e tão somente para efeitos de argumentação, tal dedução poderia ser feita pela empresa Autuada, por se tratar de receita/faturamento de terceiros, e não de receita ou faturamento da Autuada; Verificase, pois, do contrato social da Autuada que a mesma tem por objeto social operar planos privados de assistência à saúde, visando garantir aos seus usuários (clientes) a assistência à saúde médica, hospitalar, ambulatorial, laboratorial e odontológica, prestada exclusivamente por terceiros; Resta clarividente, pois, que parte dos valores que a Autuada recebe de seus usuários é para pagamentos aos prestadores de serviços de saúde, por conta e ordem do consumidor, de forma Fl. 5063DF CARF MF Processo nº 15586.000423/200748 Acórdão n.º 3201003.156 S3C2T1 Fl. 5 4 que essa parte dos valores, na verdade, nada mais é do que receita dos próprios prestadores de serviços de saúde, de modo que o valor dos serviços prestados pela Autuada referese à administração/intermediação por ela exercida. Como já demonstrado, o valor referente às indenizações correspondentes aos eventos ocorridos, efetivamente pago, constitui receita de terceiros e, dessa forma, não integra a base de cálculo do PIS e da COFINS devida pela Autuada. Na ação fiscal que culminou com a lavratura deste auto de infração, a Ilma. Agente Fiscal, ao considerar base de cálculo diversa da considerada pela Autuada para apuração da COFINS, entendeu que não teria havido depósito do montante integral do tributo a ensejar a suspensão da sua exigibilidade, do que lhe ocorreu, então, numa interpretação totalmente distorcida do art. 151, inciso II, do Código Tributário Nacional, que deveria ignorar/desconsiderar os depósitos judiciais e, com isso, promover o lançamento com a incidência de multa e de juros sobre a integralidade da contribuição e não apenas sobre a diferença que supostamente haveria sido depositada a menor; Como já pacificado pelo CONSELHO DE CONTRIBUINTES, a multa e os juros de mora somente podem incidir sobre a diferença supostamente depositada a menor, pois o depósito judicial suspende a exigibilidade do crédito tributário até o limite do valor efetivamente depositado; E tanto sabe a Ilma. AuditoraFiscal que os depósitos judiciais devem ser levados em consideração, até o limite do que foi depositado, que ela própria formalizou o processo administrativo de representação fiscal n° 15586.000473/200725 (instruindoo com cópia da ação, dos recursos interpostos, das decisões judiciais, de certidão de objetoepé obtida junto ao Poder Judiciário e comprovantes dos depósitos judiciais) para que seja providenciada a conversão dos depósitos judiciais em renda da União (vide cópia em anexo). Face ao exposto requer que seja julgada procedente a presente impugnação a fim de que seja declarada totalmente insubsistente a autuação, ante à correta determinação da base de cálculo pela Autuada (e não pelo Fisco). A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, julgou a impugnação parcialmente procedente, exonerando os lançamentos de PIS e Cofins relativos aos meses de janeiro a julho de 2002, por decadência. A decisão foi assim ementada: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/01/2002 a 31/12/2006 AUTO DE INFRAÇÃO LOCAL DA LAVRATURA. Não é nulo o auto de infração lavrado fora do estabelecimento do contribuinte, uma vez que a Fiscalização dispunha dos Fl. 5064DF CARF MF Processo nº 15586.000423/200748 Acórdão n.º 3201003.156 S3C2T1 Fl. 6 5 elementos necessários e suficientes para a caracterização e formalização do lançamento. DECADÊNCIA. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS É de cinco anos o prazo decadencial para constituição das contribuições sociais, consoante Súmula Vinculante nº 8, que declarou inconstitucional o art. 45 da Lei 8.212/91. BASE DE CÁLCULO. OPERADORAS DE PLANOS DE ASSISTÊNCIA A SAÚDE. O inciso III do § 9º do art. 3º da Lei nº 9.718, de 1998, somente autoriza as operadoras de planos de assistência à saúde a deduzirem da base de cálculo da Cofins o valor correspondente às indenizações efetivamente pagas por uma operadora, referente aos atendimentos médicos efetuados em beneficiários (clientes) pertencentes à outra operadora de plano de assistência à saúde, deduzido das importâncias recebidas a título de transferência de responsabilidade. Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/01/2002 a 31/12/2006 AUTO DE INFRAÇÃO LOCAL DA LAVRATURA. Não é nulo o auto de infração lavrado fora do estabelecimento do contribuinte, uma vez que a Fiscalização dispunha dos elementos necessários e suficientes para a caracterização e formalização do lançamento. DECADÊNCIA. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS É de cinco anos o prazo decadencial para constituição das contribuições sociais, consoante Súmula Vinculante nº 8, que declarou inconstitucional o art. 45 da Lei 8.212/91. BASE DE CÁLCULO. OPERADORAS DE PLANOS DE ASSISTÊNCIA A SAÚDE. O inciso III do § 9º do art. 3º da Lei nº 9.718, de 1998, somente autoriza as operadoras de planos de assistência à saúde a deduzirem da base de cálculo do PIS o valor correspondente às indenizações efetivamente pagas por uma operadora, referente aos atendimentos médicos efetuados em beneficiários (clientes) pertencentes à outra operadora de plano de assistência à saúde, deduzido das importâncias recebidas a título de transferência de responsabilidade. Impugnação Improcedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Constou do dispositivo do voto: Fl. 5065DF CARF MF Processo nº 15586.000423/200748 Acórdão n.º 3201003.156 S3C2T1 Fl. 7 6 Diante do exposto, o presente voto é no sentido de julgar a impugnação PROCEDENTE EM PARTE devendose exonerar os lançamentos de PIS e Cofins relativos aos meses de janeiro a julho de 2002, por decadência. A Recorrente foi intimada da decisão da Delegacia de Julgamento pela via Postal, recebendo o Aviso de Recebimento AR nº RM 127821625BR em 03 de fevereiro de 2012 (fl. 5.032). Inconformada com a decisão da DRJ, foi interposto o Recurso Voluntário (fls. 5.034/5.042), juntandoo ao processo por meio de protocolo, na Agência da Receita Federal em Serra/ES, em 08 de março de 2012 (fl. 5.034). A recorrente não suscita qualquer matéria em sede de preliminar. No mérito, repisa alguns pontos da impugnação merecendo destaque os argumentos relativos à: 1. Estrita observância da legislação na dedução da base de cálculo das contribuições as rubricas mencionadas no inciso III, do § 9º, do art. 3º da Lei nº 9.718/98; 2. Legitimidade das deduções da base de cálculo tendo em vista a equiparação `das operadoras de planos privados de assistência à saúde com as seguradoras; 3. Legitimidade da dedução das provisões de que trata o inciso II, do § 2º do art. 3º da Lei nº 9.718/98. É o Relatório. Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator Admissibilidade do Recurso Consta dos autos que a Recorrente foi intimada da decisão da Delegacia de Julgamento em 03 de fevereiro de 2012 uma sextafeira, e somente interpôs o presente Recurso Voluntário em 08 de março do mesmo ano uma quintafeira, conforme atesta o carimbo de protocolo de fls. 5.034. O prazo para a interposição de recurso é de trinta dias, nos termos do art. 33 do Decreto nº 70.235/721. O mesmo diploma legal preconiza em seu art. 5º e parágrafo único2 que a contagem dos prazos na esfera administrativa será contínua, excluindose o dia do início e incluindose o do vencimento. 1 Art. 33. Da decisão caberá recurso voluntário, total ou parcial, com efeito suspensivo, dentro dos trinta dias seguintes à ciência da decisão. 2 Art. 5º Os prazos serão contínuos, excluindose na sua contagem o dia do início e incluindose o do vencimento. Parágrafo único. Os prazos só se iniciam ou vencem no dia de expediente normal no órgão em que corra o processo ou deva ser praticado o ato. Fl. 5066DF CARF MF Processo nº 15586.000423/200748 Acórdão n.º 3201003.156 S3C2T1 Fl. 8 7 Assim, a contagem do prazo de trinta dias para interposição do recurso teve início em 06/02/2012, segundafeira, e encerrouse em 06/03/2012, terçafeira. Contudo, o Recurso Voluntário foi apresentado apenas em 08/03/2012, ou seja, após transcorrido trinta e dois dias entre a data de início do prazo da interposição da peça recursal e sua efetiva apresentação. Destarte, é de rigor declarar a intempestividade do recurso, restando prejudicada qualquer possibilidade relativa à sua apreciação, por força da preclusão. Isto posto, voto por NÃO CONHECER do recurso voluntário em razão da sua intempestividade. Paulo Roberto Duarte Moreira. Fl. 5067DF CARF MF
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Numero do processo: 10508.720571/2014-11
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Nov 24 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 3201-001.075
Decisão: Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência.
Winderley Morais Pereira - Presidente Substituto
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade.
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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Winderley Morais Pereira Presidente Substituto Paulo Roberto Duarte Moreira Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade. Relatório O interessado acima identificado recorre a este Conselho de decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Fortaleza/CE. Por bem descrever os fatos ocorridos, até então, adoto o relatório da decisão recorrida, que transcrevo, a seguir: Tratase de autos de infrações de PIS (fls. 3/35) e Cofins (fls. 37/67), referentes a fatos geradores dos anos calendários 2010 e 2011, nos valores de respectivamente R$ 3.464.613,90 e R$ 15.198.315,58, totalizando na data do lançamento a importância de R$ 18.662.929,48, já incluídos multas e juros de mora, conforme valores discriminados no demonstrativo de fl. 2. O procedimento de fiscalização teve inicio na pessoa jurídica Delfi Cacau Brasil LTDA, CNPJ 05.750.853/000164, posteriormente incorporada pela Barry Callebaut Brasil Indústria e Comércio de RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 05 08 .7 20 57 1/ 20 14 -1 1 Fl. 3170DF CARF MF Processo nº 10508.720571/201411 Resolução nº 3201001.075 S3C2T1 Fl. 3 2 Produtos Alimentícios Ltda, em nome de quem forram lavrados os presentes autos de infração, na qualidade de sucessora. A infração imputada ao contribuinte foi insuficiência de recolhimento das contribuições do PIS e Cofins, decorrente da apropriação indevida de créditos básicos, às alíquotas de respectivamente 1,65% e 7,6%, na aquisição de amêndoas de cacau (código NCM 18.01), saídas com suspensão nos termos do inciso I, “b”, do art. 2º da IN SRF nº 660/06, quando a apropriação correta seria a dos créditos presumidos de que trata o art. 8º da Lei nº 10.925/2004, às aliquotas de respectivamente 0,5775% e 2,66%. O detalhamento dos fundamentos da infração e a apuração das bases de cálculo constam do Relatório Fiscal de fls. 69 a 94. Ciente do lançamento em 18/12/2014 (fl. 2851), o contribuinte apresentou em 17/12/2014 (fl. 2861) as impugnações de fls. 2.890 a 2.898 (PIS) e 2.926 a 2.934 (Cofins), ambas alegando em síntese que: o lançamento é nulo por ausência de assinatura do chefe do Auditor Fiscal autuante, em desatendimento ao requisito formal de validade previsto no art. 11, inciso IV, do Decreto nº 70.235/72; nenhuma das premissas em que se baseou o Auditor Fiscal para realizar o lançamento está presente no caso concreto. Vale dizer: o fornecedor do cacau não é cerealista, o cacau circula em amêndoas e não in natura; a mercadoria produzida pela impugnante não se destina à alimentação humana ou animal; alguns fornecedores são microempresas (Simples Nacional) e, portanto, não tem o que suspender, e nem estes e nem os outros fornecedores se enquadram no conceito de cerealistas; o cacau em amêndoa sai da fazenda pronto para a industrialização, o cacau in natura jamais deixa a fazenda em que é colhido, sendo o comerciante mero especulador comercial; a impugnante não produz mercadorias destinadas à alimentação humana ou animal, sendo mera fornecedora da indústria alimentícia; mesmo admitindo que a aquisição se desse de cerealistas, ainda assim a venda não poderia ser feita com suspensão, já que a Impugnante não se enquadra na condição de produtora de mercadoria destinada à alimentação humana ou animal; como estamos diante de favor fiscal se lhe aplica as disposições do artigo 111 do CTN, que nos impede de uma interpretação além do que explicitamente escrito na lei, então como não produzimos bens destinados à alimentação humana e/ou animal, estamos impedidos, de adquirir produtos com suspensão; por fim, invoca em seu favor a Solução de Consulta SRRF 5ª RF nº 73/2013, segundo a qual não se aplica a suspensão na venda de cacau in natura por cerealista a pessoa jurídica que não utilizará os produtos como insumos na produção de mercadorias destinadas à alimentação humana. Fl. 3171DF CARF MF Processo nº 10508.720571/201411 Resolução nº 3201001.075 S3C2T1 Fl. 4 3 A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Fortaleza/CE, por intermédio da 5ª Turma, no Acórdão nº 08035.748, sessão de 10/05/2016, julgou improcedente a impugnação do contribuinte. A decisão foi assim ementada: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Anocalendário: 2010, 2011 PIS. COFINS. CRÉDITO PRESUMIDO. SAÍDAS COM SUSPENSÃO. AQUISIÇÃO DE PRODUTOS IN NATURA DE CEREALISTA. As aquisições de produtos in natura de cerealistas não sujeitas ao pagamento das contribuições não gera para o adquirente direito a créditos básicos de de PIS e Cofins às aliquotas de 1,65% e 7,6% respectivamente, mas ao crédito presumido previsto no art. 8º da Lei nº 10.925/2004, às alíquotas respectivas de 0,5775% e 2,66%. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Inconformada com a decisão, a contribuinte apresenta recurso voluntário. Inaugura sua peça invocando nulidades do acórdão recorrido e do auto de infração. Os argumentos de nulidades são os seguintes: 1. Do auto de infração: 1.1 Erro na identificação do sujeito passivo; 1.2 Desrespeito ao contraditório e à ampla defesa, pois formalizado na mesma data em que foi aberto o MPF. 2. Do acórdão da DRJ: 2.1 Não se manifestou sobre aspectos do aditamento à impugnação, protocolado em 16/06/2015, em função do "novo auto de infração" No mérito insurgese em quanto aos seguintes temas: 1. Impossibilidade de aplicação de penalidade à recorrente pelos fatos anteriores à incorporação da empresa objeto do procedimento fiscal que resultou no lançamento tributário. Sustenta que incorporada e incorporadora não pertencem ao mesmo grupo econômico; 2. Ausência de enfrentamento pela DRJ de pedido para inclusão das aquisições realizadas de pessoa física; 3. Precariedade nas informações obtidas junto a seus fornecedores pois alcançou um universo de apenas cerca de 6% de sua totalidade, o que implicou o critério estatístico por amostragem para a autuação; 4. Interpretação incorreta da fiscalização e dos julgadores de 1ª instância quanto ao art. 8º da Lei nº 10.925/2004 pois outro é o comando legal (art. 9º) que trata da suspensão da qual resultaria o impedimento à apropriação dos créditos básicos do PIs e da Cofins; 5. Ausentes os requisitos para as saídas de produtos com suspensão dos fornecedores bem como para aquisição pela recorrente; 6. Direito ao crédito básico nas aquisições e não ao crédito presumido fundado nas premissas de que a recorrente (i) não produz bens destinados à alimentação humana ou Fl. 3172DF CARF MF Processo nº 10508.720571/201411 Resolução nº 3201001.075 S3C2T1 Fl. 5 4 animal, (ii) não adquire produto com suspensão, o que faz prova as notas fiscais sem tal informação, e (iii) os fornecedores não são cerealistas. 7. O procedimento de apropriação de créditos básicos das Contribuições estão amparados pela Solução de Consulta nº 73/13 da 5ª Região Fiscal. Posteriormente, em 22/06/2016, a contribuinte aditou seu recurso voluntário com a peça de folhas 3.080 a 3.119, para que sejam analisados seus argumentos para refutar os autos de infração nºs. 10508.720501/201462 e 10508.720571/201411, lavrados, respectivamente, em face da Delfi Cacau Brasil Ltda (incorporada) e Barry Callebaut Brasil Indústria e Comércio de Produtos Alimentícios Ltda (incorporadora), na qual repisa os tópicos do recurso voluntário, aduzindo ainda: a. Impossibilidade de "retificação" do auto de infração, ou lavratura de auto complementar com a mudança do critério jurídico, em face dos comandos dos arts. 145, 146 e 149 do CTN; b. O auto formalizado no processo nº. 10508.720501/201462 teve como origem procedimento fiscal distinto e as provas neste colhidas são inservíveis; c. A mudança no critério jurídico de lançamento para a exigência de juros e multa e, quanto a esta, sua aplicação foi posterior à incorporação da empresa que praticou os fatos geradores das obrigações exigidas; d. A penalidade (multa de ofício) não pode ser exigida do sucessor, dado que incorporada e incorporadora pertencem a grupos econômicos distintos. Daí a inaplicabilidade da Súmula CARF nº 47; e. A necessidade de se realizar diligência para a exclusão dos saldos glosados nas aquisições de produtos de pessoas físicas. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator O Recurso Voluntário da contribuinte (fls. 3.033/3.053), e seu aditamento (fls. 3.080/3.119), atendem aos requisitos de admissibilidade, razão pela qual deles tomo conhecimento. Trata o presente processo de exigência de PIS e Cofins recolhidos a menor em decorrência da apropriação indevida de créditos básicos na aquisição de amêndoas de cacau, saídas dos estabelecimentos fornecedores com suspensão nos termos do inciso I, “b”, do art. 2º da IN SRF nº 660/06, quando, segundo a fiscalização, a apropriação correta seria a dos créditos presumidos de que trata o art. 8º da Lei nº 10.925/2004, às alíquotas de 0,5775% e 2,66%, respectivamente. Conforme apontado pela autoridade fiscal em seu Relatório, o procedimento de fiscalização teve inicio na pessoa jurídica Delfi Cacau Brasil LTDA, CNPJ 05.750.853/0001 64, posteriormente incorporada pela Barry Callebaut Brasil Indústria e Comércio de Produtos Fl. 3173DF CARF MF Processo nº 10508.720571/201411 Resolução nº 3201001.075 S3C2T1 Fl. 6 5 Alimentícios Ltda, em nome de quem forram lavrados os presentes autos de infração, na qualidade de sucessora. Duas são as questões a serem dirimidas no mérito: (i) o crédito de PIS e Cofins a que tem direito a recorrente, se o básico ou o presumido, em razão dos produtos que adquire e sua destinação (utilização); e (ii) a possibilidade de responsabilização pelo crédito tributário lançado em nome da recorrenteincorporadora decorrentes dos fatos geradores praticados pela incorporada. Aquisições de produtos agropecuários: crédito básico ou presumido O Fisco glosou os créditos básicos de PIS e Cofins nas aquisições de amêndoas de cacau, produto classificado no código NCM 18.01 da TIPI, sujeitos à suspensão das Contribuições nos termos do art. 9º da Lei nº 10.925/2004 e art. 2º, I, "b" da IN SRF nº 660/2006 e exigiu as diferenças dos valores recolhidos a menor, deduzindoos dos créditos presumidos de que trata o art. 8º da Lei nº 10.925/2004 e arts. 5º e 7º da IN SRF nº 660/2006. A recorrente sustenta a legitimidade de se apropriar do crédito básico das Contribuições nas aquisições dos produtos classificados no código 18.01 com fundamento na ausência dos requisitos para a apuração do crédito presumidos, que em seu entender são: (i) os fornecedores não são cerealisatas; (ii) as amêndoas de cacau não se consideram produtos in natura, e (iii) o produto por ela fornecido não se destina diretamente ao consumo humano. Os dispositivos legais que permitem a análise da matéria são reproduzidos a seguir. Lei nº 10.925/2004: Art. 8º As pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal, classificadas (...) nos códigos (...) 18.01, (...), todos da NCM, destinadas à alimentação humana ou animal, poderão deduzir da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do caput do art. 3º das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física. (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) § 1º O disposto no caput deste artigo aplicase também às aquisições efetuadas de: I cerealista que exerça cumulativamente as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar os produtos in natura de origem vegetal, classificados nos códigos (...) e 18.01, todos da NCM; (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) (...) III pessoa jurídica que exerça atividade agropecuária e cooperativa de produção agropecuária.(Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) (...) Fl. 3174DF CARF MF Processo nº 10508.720571/201411 Resolução nº 3201001.075 S3C2T1 Fl. 7 6 Art. 9º A incidência da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins fica suspensa no caso de venda: (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) I de produtos de que trata o inciso I do § 1o do art. 8º desta Lei, quando efetuada por pessoas jurídicas referidas no mencionado inciso; (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) (...) III de insumos destinados à produção das mercadorias referidas no caput do art. 8o desta Lei, quando efetuada por pessoa jurídica ou cooperativa referidas no inciso III do § 1o do mencionado artigo. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) § 1º O disposto neste artigo: (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) I aplicase somente na hipótese de vendas efetuadas à pessoa jurídica tributada com base no lucro real; e (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) (...) Instrução Normativa SRF nº 660/2006: Art. 1º Esta Instrução Normativa disciplina a comercialização de produtos agropecuários na forma dos arts. 8º, 9º e 15 da Lei nº 10.925, de 2004. DA SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DAS CONTRIBUIÇÕES DOS PRODUTOS VENDIDOS COM SUSPENSÃO Art. 2º Fica suspensa a exigibilidade da Contribuição para o PIS/Pasep e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) incidentes sobre a receita bruta decorrente da venda: I de produtos in natura de origem vegetal, classificados na Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) nos códigos: (...) b) (...) e 18.01; (...) IV de produtos agropecuários a serem utilizados como insumo na fabricação dos produtos relacionados no inciso I do art. 5º. § 1º Para a aplicação da suspensão de que trata o caput, devem ser observadas as disposições dos arts. 3º e 4º. (...) DAS PESSOAS JURÍDICAS QUE EFETUAM VENDAS COM SUSPENSÃO Art. 3º A suspensão de exigibilidade das contribuições, na forma do art. 2º, alcança somente as vendas efetuadas por pessoa jurídica: I cerealista, no caso dos produtos referidos no inciso I do art. 2º; Fl. 3175DF CARF MF Processo nº 10508.720571/201411 Resolução nº 3201001.075 S3C2T1 Fl. 8 7 (...) III que exerça atividade agropecuária ou por cooperativa de produção agropecuária, no caso dos produtos de que tratam os incisos III e IV do art. 2º. § 1º Para os efeitos deste artigo, entendese por: I cerealista, a pessoa jurídica que exerça cumulativamente as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar produtos in natura de origem vegetal relacionados no inciso I do art. 2º; II atividade agropecuária, a atividade econômica de cultivo da terra e/ou de criação de peixes, aves e outros animais, nos termos do art. 2º da Lei nº 8.023, de 12 de abril de 1990; e III cooperativa de produção agropecuária, a sociedade cooperativa que exerça a atividade de comercialização da produção de seus associados, podendo também realizar o beneficiamento dessa produção. (...) DA APLICAÇÃO DA SUSPENSÃO (REDAÇÃO DADA PELO(A) INSTRUÇÃO NORMATIVA RFB Nº 977, DE 14 DE DEZEMBRO DE 2009) Art. 4º Aplicase a suspensão de que trata o art. 2º somente na hipótese de, cumulativamente, o adquirente: I apurar o imposto de renda com base no lucro real; II exercer atividade agroindustrial na forma do art. 6º; e III utilizar o produto adquirido com suspensão como insumo na fabricação de produtos de que tratam os incisos I e II do art. 5º. (...) § 3º É vedada a suspensão quando a aquisição for destinada à revenda. (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 977, de 14 de dezembro de 2009) DO CRÉDITO PRESUMIDO DO DIREITO AO DESCONTO DE CRÉDITOS PRESUMIDOS Art. 5º A pessoa jurídica que exerça atividade agroindustrial, na determinação do valor da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins a pagar no regime de não cumulatividade, pode descontar créditos presumidos calculados sobre o valor dos produtos agropecuários utilizados como insumos na fabricação de produtos: I destinados à alimentação humana ou animal, classificados na NCM: (...) e) nos códigos (...) 18.01, 18.03, 1804.00.00, 1805.00.00 (...); (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1223, de 23 de dezembro de 2011) (...) Fl. 3176DF CARF MF Processo nº 10508.720571/201411 Resolução nº 3201001.075 S3C2T1 Fl. 9 8 DA ATIVIDADE AGROINDUSTRIAL Art. 6º Para os efeitos desta Instrução Normativa, entendese por atividade agroindustrial: I a atividade econômica de produção das mercadorias relacionadas no caput do art. 5º, excetuadas as atividades relacionadas no art. 2º da Lei nº 8.023, de 1990; e (...) DOS INSUMOS QUE GERAM CRÉDITO PRESUMIDO Art. 7º Geram direito ao desconto de créditos presumidos na forma do art. 5º, os produtos agropecuários: (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 977, de 14 de dezembro de 2009) I adquiridos de pessoa jurídica domiciliada no País, com suspensão da exigibilidade das contribuições na forma do art. 2º; (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 977, de 14 de dezembro de 2009) II adquiridos de pessoa física residente no País; ou III recebidos de cooperado, pessoa física ou jurídica, residente ou domiciliada no País. (...) DAS DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 10. A aquisição dos produtos agropecuários de que trata o art. 7º desta Instrução Normativa, por ser efetuada de pessoa física ou com suspensão, não gera direito ao desconto de créditos calculados na forma do art. 3º da Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e do art. 3º da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, conforme disposição do inciso II do § 2º do art. 3º Lei nº 10.637, de 2002, e do inciso II do § 2º do art. 3º da Lei nº 10.833, de 2003. (...) Os artigos 8º e 9º da Lei nº 10.925/2004 estabelecem regras atinentes a dois institutos do direito tributário aplicados às Contribuições para o PIS e Cofins: o crédito presumido e a suspensão na saída. Ocorre que em ambos institutos a fruição ou imposição da tributação das contribuições dependem da natureza do vendedor/remetente da amêndoa de cacau ao estabelecimento da Delfi que podem ser: pessoas físicas, pessoa física cooperada, cerealista, pessoa jurídica que exerça atividade agropecuária ou cooperativa de produção agropecuária. Conquanto possa haver neste Colegiado entendimentos conflitantes quanto à natureza do crédito a ser apropriado pela recorrente, se básico ou presumido, é inconteste que a condição do vendedor será relevante ou decisiva ao tipo de crédito. Nos autos, conquanto haja menção de relação dos fornecedores da DELFI, inclusive com discussão acerca de sua representatividade numérica no universo das aquisições, a fiscalização, e tampouco a recorrente, identificaram tais pessoas jurídicas em sua totalidade. O Fisco demonstrou que alguns fornecedores da DELFI responderam intimações com declarações que atestam suas condições de cerealistas nos termos da Lei nº 10.925/2004 e, portanto, suas vendas são, necessariamente, com suspensão das Contribuições, tendo por consequência a vedação ao crédito básico pelo adquirente a DELFI. Fl. 3177DF CARF MF Processo nº 10508.720571/201411 Resolução nº 3201001.075 S3C2T1 Fl. 10 9 Contudo, o Fisco não obteve resposta da totalidade dos fornecedores e, de outra banda, não intimou a todos. Assim, mister a identificação dos demais fornecedores da Delfi e, objetivamente, verificar as atividades desenvolvidas com fins à natureza do crédito a ser apropriado. Diante do exposto, voto para que o julgamento seja convertido em diligência para que a unidade de origem providencie: 1. Intimação à recorrente para, no prazo de 30 (trinta) dias prorrogável uma única vez, apresentar planilha demonstrativa da totalidade dos fornecedores de mercadorias de que tratam os artigos 8º e 9º da Lei nº 10.925/2004, que efetuaram vendas nos anos de 2010 e 2011, e a natureza dos créditos de PIS e Cofins apurados, se básicos ou presumidos, juntando se cópias das notas fiscais relativas às aquisições; 2. De posse das informações verificar se os fornecedores encontramse ou não na situação que os excluem da obrigatoriedade de vendas à DELFI com suspensão do PIS e Cofins nos termos da Lei nº 10.925/2004. Ressaltase que na eventual inexistência ou impossibilidade de se atestar a situação do fornecedor em decorrência de sua não localização, poderá a Unidade instruir os autos com informações obtidas dos sistemas informatizados da Receita Federal ou outro órgão (CNAE, por exemplo); 3. Elabore relatório conclusivo e cientifique a interessada quanto ao resultado da diligência para, desejando, manifestarse no prazo de 30 (trinta) dias, exclusivamente em relação ao resultado da diligência. 4. Ao término do procedimento devem os autos, acompanhados dos documentos colhidos, retornar a este Colegiado para julgamento. É como voto. Paulo Roberto Duarte Moreira Fl. 3178DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13804.003656/2005-93
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Feb 17 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 3201-000.771
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator.
Winderley Morais Pereira - Presidente Substituto
Paulo Roberto Duarte Moreira- Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira, Mércia Helena Trajano DAmorim, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, José Luiz Feistauer de Oliveira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário e Cássio Schappo.
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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Winderley Morais Pereira Presidente Substituto Paulo Roberto Duarte Moreira Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira, Mércia Helena Trajano DAmorim, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, José Luiz Feistauer de Oliveira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário e Cássio Schappo. Relatório Tratase o presente processo de pedido de ressarcimento de Cofins, relativo a receitas de exportação, referente a junho de 2005. Por bem descrever os fatos ocorridos, até então, adoto o relatório da decisão recorrida, que transcrevo, a seguir: 4. O caso submetido à apreciação desta DRJ versa sobre declaração de compensação apresentada pela empresa Perdigão Agroindustrial S/A (incorporada posteriormente por BRF – Brasil Foods S/A), com o objetivo de compensar débitos próprios com supostos créditos de Cofins oriundos de operações de exportação, os quais teria apurado em junho de 2005 pelo regime nãocumulativo e com fundamento no art. 6°, § 1°, da lei n° 10.833/2003. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 38 04 .0 03 65 6/ 20 05 -9 3 Fl. 630DF CARF MF Processo nº 13804.003656/200593 Resolução nº 3201000.771 S3C2T1 Fl. 3 2 5. A declaração citada foi apresentada em 30/08/2005, ocupando as fls. 1/2 dos autos. 6. Dada a complexidade da matéria e a necessidade de apurar a liquidez e certeza dos créditos informados pela requerente, a Divisão de Orientação e Análise Tributária (DIORT) da DERAT/SPO, em despacho de 22/08/2007 (fls. 21/22), determinou o envio do processo à DEFIS/SP para a realização de auditoria fiscal. 7. As autoridades tributárias incumbidas da diligência elaboraram em 22/07/2009 a informação fiscal anexa às fls. 35/37, na qual declaram em síntese que o sujeito passivo não apresentou a documentação mencionada no Termo de Início de Ação Fiscal (fls. 25/30), reiterado pelo Termo de Reintimação constante nas fls. 32/33, o que as impediu de analisar os créditos reivindicados. 8. Retornando os autos à DERAT/SP, a DIORT emitiu em 04/11/2009 o Parecer Decisório anexo às fls. 38/41, no qual se exprime nos seguintes termos: “Diante do exposto, indefiro o pedido de restituição e, como conseqüência, não homologo as compensações constantes das declarações de compensação vinculadas aos processos em tela, pela falta de comprovação dos créditos pleiteados, nos termos da legislação tributária vigente.” (fl. 41) 9. Intimado da decisão por via postal em 02/12/2009 (fl. 42 – v.), a interessada apresentou em 30/12/2009 a manifestação de inconformidade anexa às fls. 46/64, cujo teor resumo a seguir, acompanhada de diversos documentos (fls. 65/118). Resumo I. Apresenta inicialmente um quadro demonstrativo na fl. 47, no qual expõe minuciosamente o conteúdo da declaração de compensação ora examinada, informando a natureza dos débitos, bem como os respectivos valores, códigos e períodos de apuração. II. Afirma que o “histórico do objeto” emitido pelos Correios e anexo à fl. 31 indica meramente a data de entrega do Termo de Início de Fiscalização, não contendo o aviso de recebimento com o nome e assinatura do recebedor. Acrescenta que o setor responsável da empresa não recebeu o aludido documento, o que a levou a solicitar aos Correios informações acerca do nome do recebedor no intuito de averiguar se teria havido extravio no interior de suas dependências. III. Assevera que, ao receber o Termo de Reintimação, entrou em contato com os auditores fiscais por intermédio de seu patrono, a fim de obter cópia do Termo de Início de Fiscalização e solicitar prorrogação do prazo de 5 dias concedido para a entrega dos arquivos magnéticos, tendo em vista que o art. 2o da IN SRF n° 86/2001 lhe facultava prazo de 20 dias para cumprir tal exigência. IV. Observando que, além de indeferir o pedido de prorrogação, os auditores fiscais não aceitaram os arquivos magnéticos que lhes foram apresentados após o decurso do prazo de 5 dias, assinala que o prazo Fl. 631DF CARF MF Processo nº 13804.003656/200593 Resolução nº 3201000.771 S3C2T1 Fl. 4 3 de atendimento da segunda intimação também deveria ser de 20 dias, visto que, embora possuam discricionariedade para decidir se devem reintimar ou não o contribuinte, não podem as ditas autoridades fixar o prazo a ser cumprido, quando este se encontra previsto em diploma legal. Entende portanto que a fixação do referido prazo constitui ato vinculado, diferentemente do envio de nova intimação, a seu ver ato discricionário da autoridade administrativa. V. Ressalta ademais ser desnecessária a verificação dos arquivos magnéticos pertinentes à contabilidade da empresa, alegando que, para atestar a existência e a validade dos créditos de Cofins apurados, bastaria analisar seus documentos fiscais, que sempre estiveram à disposição do Fisco, consistindo basicamente em DIPJ, DCTF, DACON, notas fiscais, livros de registro de entradas e saídas, etc. VI. Salienta a impossibilidade de apresentar no exíguo prazo de 5 dias os documentos requisitados, em virtude de seu volume expressivo, o qual se deve à quantidade de informações solicitadas e de lançamentos correspondentes. VII. No tocante ao item “6” do Termo de Início de Fiscalização, afirma que as notas fiscais de entrada e saída nele mencionadas sempre estiveram à disposição do Fisco e continuam a sua disposição. VIII. Esclarece que os créditos de cofins pleiteados, como consta no demonstrativo anexo à fl. 2, provêm de custos, despesas e encargos vinculados a receitas de exportação e que os apurou na forma da lei n° 10.833/2003, declarandoos devidamente na DIPJ e no DACON. IX. Ressalta que as autoridades fiscais, além de não abordar nenhum aspecto relativo à inexistência do direito creditório ou do seu quantum, não comprovaram que ele seja ficto ou inventado. X. Voltando a mencionar o DACON, o demonstrativo de créditos de cofins anexo à fl. 2, a DCTF e a DIPJ, assinala que os auditores fiscais não lhes questionaram a veracidade ou validade. XI. Declara que, ao não apreciar os arquivos magnéticos, a DIPJ (fichas 24 e 25), o DACON, a DCTF, as notas fiscais de saída e de entrada e os livros fiscais, que sempre estiveram à disposição do Fisco, o autor do parecer decisório impugnado feriu os princípios da instrumentalidade processual e da verdade material. XII. Afirma haver juntado aos autos 1 DVD contendo os arquivos magnéticos solicitados, assim como cópia física dos seguintes documentos: DACON, Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais — DACON e Demonstrativo do Crédito de Cofins (“Anexo 2”). XIII. Finalmente, estribada em diversos julgados do Conselho de Contribuintes transcritos nas fls. 53/63, requer que — na linha desses precedentes e em nome do princípio da verdade material — este órgão judicante anule o presente processo a partir do despacho decisório e determine que a autoridade a quo analise o pedido de restituição à luz dos documentos e arquivos magnéticos trazidos aos autos, “deferindo se, por conseguinte, o pedido de restituição e homologandose as compensações declaradas vinculadas ao presente processo” (fl. 64). Fl. 632DF CARF MF Processo nº 13804.003656/200593 Resolução nº 3201000.771 S3C2T1 Fl. 5 4 10. É o relatório. O pleito foi indeferido no julgamento de primeira instância, nos termos do acórdão 1625.466 de 27/05/2010, proferida pelos membros da 6ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo/SP, cuja ementa dispõe, verbis: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2005 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. A falta de comprovação do crédito informado não permite a homologação das compensações declaradas. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Inconformada, a recorrente apresentou recurso voluntário, tempestivamente, onde repisou os argumentos anteriormente apresentados. Submetido a julgamento nesta Turma Ordinária, em preliminar, fora suscitada dúvida quanto à regularidade da ciência ao contribuinte do Mandado de Procedimento Fiscal e do Termo de Início de Ação Fiscal, realizada por via postal (Correios, com AR). Por conseguinte, com unanimidade de votos, a Turma decidiu pela conversão do julgamento em DILIGÊNCIA, através da Resolução de n° 3201000.574, de 25/01/2016 (fls. 520/525) para que a unidade de origem anexasse aos autos cópias do AR, nos termos abaixo: Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Relator. O recurso atende a todos os requisitos de admissibilidade previstos em lei, razão pela qual dele se conhece. O litígio versa sobre pedido de compensação de débito próprio com crédito da Cofins apurada sob o regime não cumulativo oriundo de operações de exportação de mercadorias para o exterior. Indeferido o pleito e mantida a decisão pela instância a quo, a Recorrente comparece a este Colegiado Administrativo alegando, preliminarmente, a nulidade do Despacho Decisório, ao fundamento de cerceamento ao seu direito de defesa. Argumenta que, através do Termo de Início de Ação Fiscal de fls. 28/33, teria sido intimada a apresentar, no prazo de 5 (cinco) dias, uma série de documentos e arquivos magnéticos referentes a compensações de débitos seus com créditos de PIS/Cofins, solicitação que, no entanto, sustenta jamais ter chegado ao seu conhecimento, embora conste nos autos extrato dos Correios indicando que a entrega se deu em 17/04/2009 (fl. 34). Posteriormente, em 29/05/2009, foi reintimada a apresentar, também no prazo de 5 (cinco) dias, os documentos e arquivos antes solicitados (Termo de Reintimação de fls. 35/36), que foi recebido em 24/06/2009, conforme cópia do Aviso de Recebimento AR de fls. 37. Fl. 633DF CARF MF Processo nº 13804.003656/200593 Resolução nº 3201000.771 S3C2T1 Fl. 6 5 Assevera que, em face do exíguo prazo para a apresentação dos documentos e arquivos magnéticos, o que estaria em desacordo com o disposto no art. 2° da Instrução Normativa – IN SRF n° 86, de 2001, solicitou a dilação de prazo à fiscalização, pedido que, todavia, foi indeferido, “não tendo sido aceita a apresentação de qualquer documento à fiscalização após 29 de junho de 2009 (5 dias após o recebimento do Termo de Reintimação)”. Em seguida, a unidade de origem prolatou a sua decisão, negando, por falta de comprovação do crédito vindicado, o pedido formulado pela Recorrente. Pois bem. De início, verificamos existir uma irregularidade na intimação que teria ocorrido por meio do primeiro Termo de Início de Ação Fiscal: não há nos autos prova de que tenha sido recebido no endereço cadastral da Recorrente, uma vez que não anexado aos autos o AR correspondente, mas apenas informação unilateral, extraída do site dos Correios, de que a entrega teria ocorrido em 17/04/2009. A lei processual, contudo, exige a prova do recebimento, vale dizer, a assinatura do recebedor, que não necessariamente precisa ser o representante legal do contribuinte, sendo perfeitamente válida a intimação mesmo que o AR tenha sido firmado por membro de sua família ou pelo porteiro do prédio onde mora ou onde funciona o seu estabelecimento. É o que estabelece o art. 23 do Decreto nº 70.235, de 1972, na redação dada pelo Redação dada pelo art. 67 da Lei n.º 9.532/1997: Art. 23. Farseá a intimação: (...) II por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo;” (g.n.) Considerar, tal como considerou a decisão recorrida, que o simples histórico da entrega do AR, extraído do sítio eletrônico dos Correios, constituiria documento oficial dotado de fé pública, demandando, para que se o infirme, prova em contrário, significa exigir da Recorrente apresentar prova negativa do fato da intimação, algo absolutamente impossível de ser realizado. Ante o exposto, voto por CONVERTER O JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA, a fim de que a unidade de origem anexe aos autos cópia do AR correspondente à primeira intimação cuja data de realização consta do extrato dos Correios de fl. 34. Ao término do procedimento, devem os autos retornar a este Colegiado para julgamento. É como voto. Charles Mayer de Castro Souza Retornou da unidade de origem com o TERMO DE INÍCIO E INFORMAÇÃO FISCAL da DELEX/SÃO PAULO/SP (fls. 540/543), em cumprimento à diligência determinada pela Turma, com as informações: Fl. 634DF CARF MF Processo nº 13804.003656/200593 Resolução nº 3201000.771 S3C2T1 Fl. 7 6 3. Da Diligência. 3.1 Cabe observar que, na época da análise das declarações de compensação, já havíamos solicitado a 2ª via do AR (Aviso de Recebimento) que comprovava a ciência da empresa do Termo de Início do Procedimento Fiscal. Ocorre que os correios não encaminharam a 2ª via do AR. 3.2 Após programação das diligências fiscais tratadas aqui nesta Informação Fiscal, em consulta ao site dos correios, verificamos que as informações sobre postagem de objetos somente ficam disponíveis no site no prazo máximo de 180 dias após a data da postagem. 3.3 Após essa constatação, deslocamonos até o Centro de Distribuição responsável pela entrega do Termo de Início à empresa Perdigão Agroindustrial, qual seja, CDE/Correios Jaguaré, em São Paulo/SP, com objetivo de solicitar cópia do livro (dos correios) em que constariam as informações do responsável pelo recebimento da correspondência. Entretanto, fomos informados que os arquivos físicos dos Correios somente guardavam documentos no prazo máximo de 5 anos, e que tal livro já estaria destruído, em razão de se tratar de documento de 2009. Por outro lado, fomos orientados a encaminhar ofício à Genco – Gerência de Encomendas da Diretoria São Paulo Metropolitana dos Correios, que é setor dos correios responsável por manter informações sobre as encomendas. 3.4 Como resposta ao Ofício encaminhado, a Genco apresentou as informações necessárias para darmos cumprimento à requisição do CARF, a qual (Genco), apesar de não apresentar a 2ª via do AR, informou que o Sr. Josué Mendes da Silva é quem havia recebido a correspondência (Termo de Início) cujo AR é o de nº SX604609249BR. 3.5 Diante disso, esta fiscalização entende que está comprovado, com base em documento oficial dos correios que reproduz fé pública , que a empresa recebeu o Termo de Início de Ação Fiscal que trata de todos os processos de compensação aqui já citados. 4. Dos Documentos Anexados 4.1 Anexamos os seguintes documentos à presente Informação Fiscal: a) Cópia do Ofício 101/2016 – RFB/Delex encaminhado aos Correios (GENCO). b) Cópia do Ofício 8449/2016 – GENCO/SPM – GMRO 01/DEOPE/VIENC encaminhado à RFB. 4.2 Os documentos acima serão encaminhados juntamente com esta Informação Fiscal à empresa Brasil Foods S/A, para que se manifeste acerca do teor do resultado da diligência, se assim entender. 5. Conclusão Nestes termos, proponho seja encaminhada esta Informação Fiscal para a 1ª Turma da 2ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento do CARF, para as providências cabíveis, após cientificar a empresa para apresentar manifestação sobre esta Informação Fiscal, nos termos do Fl. 635DF CARF MF Processo nº 13804.003656/200593 Resolução nº 3201000.771 S3C2T1 Fl. 8 7 artigo 44, da Lei 9.784, de 29/01/1999, no prazo de 30 (trinta) dias contados da ciência desta Informação Fiscal e dos documentos que seguem anexos, juntando tal manifestação aos processos 13804.003656/200593, 13804.003655/200549, 13804.008887/2004 11, 13804.003167/200531 e 13804.000472/200571, via eCAC (de preferência) ou protocolando na Av. Celso Garcia, nº 3.580, 5º andar, São Paulo SP, aos cuidados deste auditor fiscal, caso a empresa a apresente.(grifado no original) A interessada foi cientificada e se manifesta (fls. 548/560) quanto ao relatório na Informação Fiscal, que em síntese aduz: a. Resta evidenciada a nulidade do procedimento de fiscalização em razão da intimação revelarse inválida e irregular; b. Não fora cumprida a determinação deste CARF para anexar cópia do AR, com a comprovação da entrega do objeto (Termo de Início de Ação Fiscal); c. A fiscalização da RFB tivera oportunidade para sanar o vício da intimação, contudo sem fazêla; d. O Ofício expedido por setor dos Correios não supre a ausência de comprovação do recebimento da regular intimação no domicílio tributário eleito pelo contribuinte, como preceitua o inciso II, do art. 23 do Decreto nº 70.235/1972; e. A conclusão é que jamais ocorrera sua intimação no Termo de Início de Ação Fiscal lavrado em 14/04/2009; f. A jurisprudência do CARF é pacífica em afirmar a necessidade da comprovação da intimação mediante a apresentação do AR assinado e datado (cita acórdãos); Finaliza suas razões com o pedido de reconhecimento de nulidade de todos os atos processuais posteriores à irregular intimação do Termo de Início de Ação Fiscal. O processo foi redistribuído e encaminhado a este Conselheiro para prosseguimento, de forma regimental. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator. O recurso voluntário fora recebido como tempestivo, razão pela qual esta Turma apreciouo em julgamento anterior e dele tomou conhecimento. O recurso voluntário fora recebido como tempestivo, razão pela qual esta Turma apreciouo em julgamento anterior e dele tomou conhecimento. A conversão do julgamento em diligência teve o claro escopo de verificar a existência de comprovante de entrega da intimação por intermédio de AR, com data e assinatura do recebedor, pois do contrário evidenciaria irregularidade na intimação. Fl. 636DF CARF MF Processo nº 13804.003656/200593 Resolução nº 3201000.771 S3C2T1 Fl. 9 8 Com o devido respeito ao entendimento exarado pela Turma no julgamento de 23/02/2016, penso despiciendo enfrentar questão relativa à ciência do Termo de Início de Ação Fiscal, de 14/04/2009 (fls. 28/32). Eis as razões. A uma, a contribuinte não nega seu recebimento, mas tão somente alega que o Termo não fora recebido pelo setor responsável pelo atendimento à Fiscalização (fls. 54/55), com os excertos reproduzidos; a duas, a Fiscalização diligentemente procedeu à reintimação da recorrente, mediante o envio pelos Correios do Termo de Reintimação, de 29/05/2009 (fls. 35/36), entregue no domicílio da contribuinte, em 24/06/2009, conforme AR (fl. 37). Assim, entendo inexistência da alegada falta de intimação do conteúdo do Termo de Início de Ação Fiscal, pois restou suprido pelo Termo de Reintimação do qual a recorrente mostrou ter pleno conhecimento em suas peças recursais. Conquanto a complementação das alegações da recorrente e a correspondente documentação comprobatória terem sido apresentadas após Despacho Decisório, o que, em tese, estaria atingida pela preclusão consumativa, o entendimento predominante deste Colegiado é no sentido da prevalência da verdade material, mormente quando a Turma de Julgamento de primeira instância manteve a decisão denegatória da compensação, com base no argumento de que não foram apresentadas as provas adequadas e suficientes à comprovação do crédito compensado, quando tal questão não fora abordada no âmbito do Despacho Decisório guerreado. Há ainda questão relevante acerca do diminuto prazo concedido para a apresentação de substancioso conjunto de documentos e providências comprobatórias do alegado direito creditório, que por certo demandaria prazo superior aos 05 (cinco) dias concedidos pela fiscalização. Vejo sob esta ótica mais uma vertente do princípio da verdade material que rege o processo administrativo, pois que na instauração do contencioso foram apresentados pelos contribuinte argumentos e indícios que apontam para um direito seu perante o Fisco, assim, mister se faz a mitigação da preclusão na apresentação de provas. Pois bem. O Termo de Início de Ação Fiscal e o Termo de Reintimação tiveram por escopo intimar a contribuinte a comprovar seu direito creditório declarado em PER/DCOMP. Coube o procedimento à Delegacia de Fiscalização de São Paulo DEFIS/SP em face da complexidade da matéria e a necessidade de apurar a liquidez e certeza dos créditos, como apontado (fl. 26): Tendo em vista a complexidade que advém da análise desse incentivo fiscal, bem como a necessidade de comprovação da liquidez e certeza do crédito pretendido, o presente deve ser encaminhado ao Órgão competente a fim de que seja realizada auditoria fiscal para apurar a exatidão das informações prestadas pelo contribuinte, em conformidade com o artigo 24 da Instrução Normativa n° 600/2005 da Secretaria da Receita Federal (...) Entendeu a fiscalização que seriam necessários documentos normalmente possuídos pela contribuinte (declarações de entrega à RFB DIPJ, DCTF, DACON, notas fiscais, Livros fiscais e contábeis), além de arquivos digitais e planilhas de dados a serem elaboradas conforme ato normativo da Receita Federal e/ou "layout" especificado pela autoridade solicitante. Fl. 637DF CARF MF Processo nº 13804.003656/200593 Resolução nº 3201000.771 S3C2T1 Fl. 10 9 O prazo para atendimento de intimação fiscal para apresentação de arquivos digitais é regido pela Lei nº 8.218/91, com a redação alterada pela Medida Provisória nº 2.158 35/2001: Art. 11 As pessoas jurídicas que utilizarem sistemas de processamento eletrônico de dados para registrar negócios e atividades econômicas ou financeiras, escriturar livros ou elaborar documentos de natureza contábil ou fiscal, ficam obrigadas a manter, à disposição da Secretaria da Receita Federal, os respectivos arquivos digitais e sistemas, pelo prazo decadencial previsto na legislação tributária. .(Redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001). (...) § 3º A Secretaria da Receita Federal expedirá os atos necessários para estabelecer a forma e o prazo em que os arquivos digitais e sistemas deverão ser apresentados. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001). § 4º Os atos a que se refere o § 3º poderão ser expedidos por autoridade designada pelo Secretário da Receita Federal. Atendendo a essa determinação, a Receita Federal editou a Instrução Normativa nº 86, de 2001, que dispõe, textualmente: O SECRETÁRIO DA RECEITA FEDERAL, no uso da atribuição que lhe confere o inciso III do art. 209 do Regimento Interno da Secretaria da Receita Federal, aprovado pela Portaria MF Nº 259, de 24 de agosto de 2001, e tendo em vista o disposto no art. 11 da Lei Nº 8.218, de 29 de agosto de 1991, alterado pela Lei Nº 8.383, de 30 de dezembro de 1991, com a redação dada pelo art. 72 da Medida Provisória Nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001, resolve: Art. 1º. As pessoas jurídicas que utilizarem sistemas de processamento eletrônico de dados para registrar negócios e atividades econômicas ou financeiras, escriturar livros ou elaborar documentos de natureza contábil ou fiscal ficam obrigadas a manter, à disposição da Secretaria da Receita Federal (SRF), os respectivos arquivos digitais e sistemas, pelo prazo decadencial previsto na legislação tributária. (...) Art. 2º. As pessoas jurídicas especificadas no art. 1º, quando intimadas pelos AuditoresFiscais da Receita Federal, apresentarão, no prazo de vinte dias, os arquivos digitais e sistemas contendo informações relativas aos seus negócios e atividades econômicas ou financeiras. Há ainda a previsão legal para se intimar concedendo o mesmo prazo de vinte dias e, em situação específica, o prazo de cinco dias úteis, prevista no art. 71, da MP nº 2.15835, de 2001, que alterou a redação do artigos 19 da Lei nº 3.470/1958, conforme abaixo destacado: Art. 71. O art. 19 da Lei nº 3.470, de 28 de novembro de 1958, passa a vigorar com as seguintes alterações: Art. 19. O processo de lançamento de ofício será iniciado pela intimação ao sujeito passivo para, no prazo de vinte dias, apresentar as Fl. 638DF CARF MF Processo nº 13804.003656/200593 Resolução nº 3201000.771 S3C2T1 Fl. 11 10 informações e documentos necessários ao procedimento fiscal, ou efetuar o recolhimento do crédito tributário constituído. § 1º Nas situações em que as informações e documentos solicitados digam respeito a fatos que devam estar registrados na escrituração contábil ou fiscal do sujeito passivo, ou em declarações apresentadas à administração tributária, o prazo a que se refere o caput será de cinco dias úteis. Assim, temse prazos distintos para a intimações que visam a entrega de arquivos digitais e informações/documentos necessários ao procedimento fiscal vinte dias; e aquele em que as informações e documentos referemse a fatos que devam estar registrados na escrituração contábil ou fiscal cinco dias úteis. Na situação presente, vislumbrase apresentação de arquivos, documentos e informações necessários aos procedimento fiscal e aqueles que devam estar registrados na escrituração contábil/fiscal. Portanto, razoável seria que a intimação concedesse o prazo único de cumprimento de 20 (vinte dias) a todas às solicitações. Por outro lado, a exigência de apresentação de arquivos digitais e planilhas no prazo de cinco dias encontrase em desacordo com o que determina a legislação que rege o tema. Tal fato, ao meu sentir torna perfeitamente razoável e necessária a flexibilização das regras de preclusão estabelecidas no § 4º, do art. 16 do Decreto nº 70.235/72 para que se analise todos os documentos apresentados, relacionados nos Anexos da Manifestação de Inconformidade e em sede de Recurso Voluntário, dentre eles: a. Cópia do Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais DACON; b. Cópia da Ficha 25 da DIPJ onde consta a base de cálculo da Cofíns Regime Nãocumulativo Incidência Total ou parcial; c. Cópia da Ficha 24 da DIPJ 2005 AnoCalendario onde consta a Apuração dos Créditos da Cofíns Regime nãocumulativo, cujas informações conferem com o DACON; d. Planilhas informando a composição dos valores constante da DACON (linha a linha), indicando as contas contábeis lançadas; e. Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais DACON; e Demonstrativo do crédito da COFINS; f. Planilha Excel em mídia eletrônica com o respectivo Hash Code, informando a composição dos valores constante da DACON (linha a linha), do mês de julho/2004, indicando as contas contábeis lançadas (item 1 do termo de Intimação); g. Livros de registro de Entradas e Saídas do ano calendário de 2004 (item 7 do Termo de Intimação); h. Arquivos magnéticos 4.1.1, 4.1.2, 4.3.1, 4.3.2, 4.3.3. 4.3.4, 4.3.5, 4.3.6, 4.4.1, 4.5.2 (individual para cada início e fim de mês), 4.6.1, 4.7.1, 4.9.1, 4.9.2, 4.9.5, conforme Fl. 639DF CARF MF Processo nº 13804.003656/200593 Resolução nº 3201000.771 S3C2T1 Fl. 12 11 "layout" definido pela IN SRF 86/2001, do ano calendário de 2004 (item 7 do Termo de Intimação); i. Planilha em Excel com a identificação dos produtos utilizados pela empresa referente a Combustíveis e Energia Elétrica nos arquivos 4.3.4 (arquivo de itens de mercadorias/Serviços (entradas) Emitidas por Terceiros). Ressaltase que este entendimento coadunase com aquele expresso por este Colegiado no julgamento do processo nº 13804.000470/200582, da mesma recorrente e com semelhança fática: Nesse sentido, não tendo sido apreciado quaisquer documentos juntados aos autos em detrimento da Verdade Material, proponho a conversão do julgamento em diligência, para que o processo retorne à autoridade preparadora, para serem apreciados os documentos trazidos aos autos, e outros, que se entendam necessários, nesse caso dandose o prazo de 30 dias, para que referida documentação seja apresentada pela Recorrente. Analisados os documentos e elaborado o relatório de diligência, intimese a Recorrente e a Procuradoria da Fazenda Nacional, para que, desejando, manifestemse. Após, retornem os autos a esse Turma Julgadora, para prosseguimento do julgamento. (Resolução 3201 000.645, sessão de 23/02/2016, Cons. Relatora Conselheira Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo) Assim, pactuo com a decisão exarada em processo semelhante da mesma recorrente e voto para a CONVERSÃO DO JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA, nos mesmos termos da Resolução nº 3201000.645, para a análise dos documentos "a" a "i", antes mencionados, dandose às partes o prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável uma única vez por igual, para a manifestação ao relatório de diligência. Paulo Roberto Duarte Moreira. Fl. 640DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10865.720478/2015-28
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Nov 24 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/07/2011 a 30/09/2011
EXCLUSÃO DO CONCEITO DE INDUSTRIALIZAÇÃO. RECAPAGEM, RESTAURAÇÃO OU RECONDICIONAMENTO DE PNEUS USADOS. INOCORRÊNCIA DO FATO GERADOR DO IPI.
Não caracteriza operação de industrialização para fins de incidência do IPI, a recapagem, ou atividade assemelhada de restauração ou recondicionamento, realizada em pneus usados para atender encomenda de terceiro não comerciante do produto. Exclusão do conceito de industrialização por força do art. 5º, XI do RIPI/2010.
Não há direito ao ressarcimento de que trata o art. 11 da Lei nº 9.779/99, tendo em vista tratar-se de pedidos formulados por pessoa jurídica não contribuinte desse imposto quanto à atividade de recapagem de pneus usados.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3201-003.217
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário.
Winderley Morais Pereira - Presidente Substituto.
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade.
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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RECAPAGEM, RESTAURAÇÃO OU RECONDICIONAMENTO DE PNEUS USADOS. INOCORRÊNCIA DO FATO GERADOR DO IPI. Não caracteriza operação de industrialização para fins de incidência do IPI, a recapagem, ou atividade assemelhada de restauração ou recondicionamento, realizada em pneus usados para atender encomenda de terceiro não comerciante do produto. Exclusão do conceito de industrialização por força do art. 5º, XI do RIPI/2010. Não há direito ao ressarcimento de que trata o art. 11 da Lei nº 9.779/99, tendo em vista tratarse de pedidos formulados por pessoa jurídica não contribuinte desse imposto quanto à atividade de recapagem de pneus usados. Recurso Voluntário Negado Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. Winderley Morais Pereira Presidente Substituto. Paulo Roberto Duarte Moreira Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 86 5. 72 04 78 /2 01 5- 28 Fl. 308DF CARF MF Processo nº 10865.720478/201528 Acórdão n.º 3201003.217 S3C2T1 Fl. 3 2 O interessado acima identificado recorre a este Conselho, de decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Ribeirão Preto/SP. Por bem descrever os fatos ocorridos, até então, adoto o relatório da decisão recorrida, que transcrevo, a seguir: Trata o presente de Despacho Decisório, revisor de ofício do Despacho anteriormente emitido para a presente PERDCOMP, que não reconheceu o direito creditório apresentado na presente PERDCOMP e, conseqüentemente, não homologou as compensações declaradas. Fundamentouse a revisão de ofício em ação fiscal que teria constatado que o estabelecimento não era indústria, na medida que suas operações de restauração de pneus usados eram executadas por encomenda de terceiros não estabelecidos com o comércio de tais produtos, ou seja, as operações do interessado enquadravamse nas exclusões ao conceito de industrialização previstas no artigo 5º, inciso XI do RIPI/2010 (Lei nº 4.502/1964, art. 3º, parágrafo único, inciso I), conforme ilustrado pela Solução de Consulta nº 62/2009SRRF/6ª RF/DISIT, sendo que o artigo 254, inciso I, alínea “e’, do Regulamento citado determina que deve ser estornado o crédito decorrente das aquisições tributadas pelo IPI que foram empregadas nas operações de conserto, restauração, recondicionamento ou reparo previstas no inciso XI. Por conseguinte, considerando que o estabelecimento não seria industrial, ou equiparado a industrial, não há direito ao crédito relativo a aquisição do material empregado nas indigitadas operações. Tempestivamente, o contribuinte apresentou sua manifestação de inconformidade alegando, em síntese, que: 1. Preliminarmente, haveria divergência entre a Solução de Consulta nº 62/2009SRRF/6ª RF/DISIT, utilizada pela fiscalização, e as Soluções de Consulta nº 188/2008, 242/2007 e 245/2007 que considerariam como industrializadas as operações encomendadas ao contribuinte, na medida que tais atividade não se realizaram no âmbito da residência do preparador ou em oficina, conforme o art. 5º, inciso V, conjugado com o art. 7º, inciso II, alíneas “a” e “b”, todos do RIPI/2002. Conseqüentemente, entende que seria ato vinculado da administração a apresentação de Consulta sobre tal divergência à COSIT, sem o que não poderia fundamentar o Despacho Decisório, até porque foi reconhecido pela Receita Federal que o fato do serviço em questão ser tributado pelo ISS é irrelevante para determinar a incidência do IPI. 2. Também em preliminar, alega que a 1ª Declaração de Compensação apresentada foi devidamente fiscalizada por agente fiscal de rendas e as compensações expressamente homologadas, portanto, o presente Despacho Decisório Revisor Fl. 309DF CARF MF Processo nº 10865.720478/201528 Acórdão n.º 3201003.217 S3C2T1 Fl. 4 3 fere os princípios constitucionais da segurança jurídica, da irretroatividade tributária e do direito adquirido. 3. No mérito, inicia recordando a regra matriz do IPI, conforme princípios constitucionais, competência tributária, critérios estabelecidos pela legislação, tipos de industrialização segundo o RIPI e a exclusão do conceito de industrialização previsto no art. 5º, inciso V do citado Regulamento. 4. Entende que a fiscalização distorceu a aplicação da legislação, bem como das Soluções de Consulta, ao descaracterizar a industrialização exercida sobre produto usado, deteriorado ou inutilizadado, a ser renovado ou restaurado, pois, somente se descaracterizaria a industrialização se o interessado estivesse consertando pneus que ainda possui vida útil, como numa borracharia. Para isso demonstrar, aponta as diferenças técnicas entre pneu recachutado e, sobretudo, remoldado, conforme classificação na TIPI e descreve os processos de recapar, remoldar e recauchutar. 5. Além disso, demonstra que sua atividade industria, além de assim se caracterizar na escrituração fiscal, é reconhecida pelo IBAMA, CETESB, COAMA, RECEITA FEDERAL, SECRETARIA DA FAZENDA ESTADUAL DE SÃO PAULO e pelas diversas bandas de pneus, na medida que a recapagem altera sigficativamente o uso do pneu, portanto, aperfeiçoandoo para consumo, conforme artigo 46, parágrafo único. 6. Quanto à exclusão do conceito de industrialização previsto no art. 5º, inciso V, conjugado com o art. 7º, inciso II, alíneas “a” e “b”, todos do RIPI/2002, afirma que não se enquadra na definição legal de oficina, tanto pela quantidade de empregados, como pelo consumo de energia elétrica conforme documentos que junta. Encerrou requerendo a homologação das PERDCOMPs transmitidas, a suspensão da exigibilidade/devolução do numerário, provar o alegado por todos meios de prova admitidos em direito e que lhe seja dada a oportunidade de sustentação oral. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto/SP julgou improcedente a manifestação de inconformidade do contribuinte. A decisão foi assim ementada: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados IPI Período de apuração: 01/07/2011 a 30/09/2011 RESSARCIMENTO DO IPI. REVISÃO DO DESPACHO DECISÓRIO. O direito da Administração de revisar seus próprios atos administrativos, previsto no regramento do processo administrativo federal, aplicase ao despacho decisório de Fl. 310DF CARF MF Processo nº 10865.720478/201528 Acórdão n.º 3201003.217 S3C2T1 Fl. 5 4 pedido de ressarcimento e decai em cinco anos, contados da data do despacho. IPI. RENOVAÇÃO OU RECAUCHUTAGEM DE PNEUS SOB ENCOMENDA DE CONSUMIDOR FINAL. EXCLUSÃO DO CONCEITO DE INDUSTRIALIZAÇÃO. RESSARCIMENTO DE CRÉDITOS. IMPOSSIBILIDADE. O direito ao ressarcimento de que trata o art. 11 da Lei nº 9.779/99 decorre do saldo credor do IPI incidente na aquisição de MP, PI e ME aplicados na industrialização de produtos que estejam dentro do campo de incidência do imposto, o que não ocorre quando a atividade de recauchutagem ou regeneração de pneus é efetuada exclusivamente para consumo final do destinatário encomendante [excludente do conceito de industrialização, na forma do art. 5º, inciso XI, do RIPI/1998 ou do RIPI/2002], situação esta não afastada pela interessada, mediante apresentação de provas documentais. Inconformada com a decisão, a contribuinte apresenta recurso voluntário, no qual repisa os mesmos argumentos da peça impugnatória e suscita novos para rebater o despacho decisório e a decisão recorrida, com destaque aos tópicos: 1. Irrelevância do destinatário do produto para a incidência do IPI nos casos de recauchutagem; 2. A Regramatriz de incidência tributária do imposto sobre produtos industrializados; 3. O reconhecimento da atividade industrial da recorrente por outros órgãos governamentais; 4. Principio da isonomia: as diferenças técnicas entre o pneu recauchutado e e o remoldado; 5. Divergência entre as Soluções de Consulta da RFB: 38/2009, 22/2009, 188/2008. 242/2007 e 245/2007; 6. A industrialização por encomenda por usuário final. Consultas no âmbito da Fazenda Paulista: 562/2010 e 395/2009; 7. A atividade vinculada no âmbito da RFB e a necessidade de edição de Solução de Divergência; 8. O reconhecimento da RFB que recapagem é industrialização mesmo que encomendada por usuário final: Solução de Consulta Disit/SRRF 08 nº 14/2013; 9. O reconhecimento como indústria de recapagem independente de figurar na Lei Complementar n° 116: Parecer n° 18/2013; 10. Homologação expressa do PER/DCOMPs n°s 21075.74956.231209.1.1.018760 e 25529.47001.290811.1.5.019293. Fl. 311DF CARF MF Processo nº 10865.720478/201528 Acórdão n.º 3201003.217 S3C2T1 Fl. 6 5 É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator O Recurso Voluntário atende aos requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. Ressaltase que questão versada na manifestação de inconformidade e decidida no acórdão recorrido não fora repisada neste recurso recaindolhe, portanto, a preclusão, a saber: a legitimidade do procedimento de revisão de ofício que resultou no cancelamento da restituição indevida realizada no Pedido de Ressarcimento o Despacho Decisório do presente processo. De outra banda, matéria não questionada na manifestação de inconformidade e suscitada no recurso voluntário, à luz do que dispõe o art. 17 do Decreto nº 70.23572 (PAF), não será enfrentada, a saber, a irrelevância da natureza do encomendante da recapagem, se consumidor final ou usuário, para a incidência do IPI Em que pese a recorrente aduzir novas razões de defesa em sua peça recursal, a matéria cujo contraditório fora instaurado na manifestação de inconformidade cingese tão somente decidir quanto à adequação ao conceito de industrialização, para fins de tributação de IPI, e o corresponde direito ao crédito de que trata o art. 11 da lei nº 9.779/99, a atividade de recapagem de pneus usados, encomendados por pessoas jurídicas não comerciantes do produto. O ponto de divergência entre Fisco e contribuinte reside na fundamentação legal e em soluções de consulta no âmbito da RFB para afirmar ou infirmar a subsunção da atividade de recapagem de pneus usados ao conceito de industrialização. A legislação em que recai a discórdia é a Lei nº 4.502/1964, regulamentada à época dos fatos pelo Decreto nº 7.212/2010 RIPI/2010: Art.5o Não se considera industrialização: (...) V o preparo de produto, por encomenda direta do consumidor ou usuário, na residência do preparador ou em oficina, desde que, em qualquer caso, seja preponderante o trabalho profissional; (...) XI o conserto, a restauração e o recondicionamento de produtos usados, nos casos em que se destinem ao uso da própria empresa executora ou quando essas operações sejam executadas por encomenda de terceiros não estabelecidos com o comércio de tais produtos, bem como o preparo, pelo consertador, restaurador ou recondicionador, de partes ou peças empregadas exclusiva e especificamente naquelas operações(Lei nº 4.502, de 1964, art. 3º, parágrafo único, inciso I); Fl. 312DF CARF MF Processo nº 10865.720478/201528 Acórdão n.º 3201003.217 S3C2T1 Fl. 7 6 (...) Art. 7º Para os efeitos do art. 5º: (...) II nos casos dos seus incisos IV e V: a) oficina é o estabelecimento que empregar, no máximo, cinco operários e, caso utilize força motriz, não dispuser de potência superior a cinco quilowatts; e b) trabalho preponderante é o que contribuir no preparo do produto, para formação de seu valor, a título de mãodeobra, no mínimo com sessenta por cento. O Fisco que não se fundamenta na Solução de Consulta nº 62 SRRF/6ª Região, pois afirma que os argumentos nela expostos apenas corroboram os seus entende que a atividade exercida pela contribuinte encontrase fora do alcance da incidência do IPI por expressa exclusão do conceito prescrita no art. 3º, parágrafo único, inciso I da Lei nº 4.502/1964, reproduzido no art. 5º, inciso XI do Decreto nº 7.212/2010 RIPI/2010. Importa salientar que a fiscalização não afirmou que a atividade não se trata de industrialização, somente que a legislação do IPI não a considera para efeitos de sua tributação. Transcrevo o excerto que dirige o raciocínio da autoridade fiscal: 5 Em tese, se a atividade descrita em “4” se amoldasse puramente ao conceito de industrialização, o contribuinte estaria apto ao pedido de ressarcimento. Ocorre que há exceções à regra, e o contribuinte se enquadra perfeitamente à essas exceções (excludentes do conceito de “industrialização”) existentes na legislação que regulamenta o IPI, como veremos a seguir. 6 A solução de consulta nº 62/2009, da DISIT SRRF/6ª RF, cuja ementa, a seguir copiamos, vem corroborar nosso entendimento (...) A recorrente assevera que sua atividade exercida sobre os pneus usados é uma industrialização assim considerada à luz de toda a legislação do IPI, com supedâneo na Constituição Federal, transitando pelo CTN e Regulamentos e, inclusive, nas Soluções de Consultas da Receita Federal que menciona. No tocante às exclusões previstas nos incisos do art. 5º do RIPI, aduz que a descrição das características da operação preconizada no inciso V a faz permanecer compulsoriamente no campo de incidência do Imposto, pois que somente se aplica se cumulativamente atender ao disposto nas alíneas "a" e "b" do inciso II do art. 7º do RIPI/2010, o que não é o seu caso. Infrutífera toda a argumentação da recorrente no sentido de incluir sua operação no conceito de industrialização por entender que não atende aos requisitos de exclusão do conceito pertinente à situação descrita no inciso V do art. 5º do RIPI, exclusivamente em relação à segunda parte, que dispõe o local e quem realizará a atividade. A interpretação da recorrente é equivocada. Fl. 313DF CARF MF Processo nº 10865.720478/201528 Acórdão n.º 3201003.217 S3C2T1 Fl. 8 7 Primeiro, porque parte da premissa errônea de que a recapagem de pneus usados, e as atividades assemelhadas de recuperação ou remoldagem, é operação de industrialização a ser tributada pelo IPI e, segundo, por conceber que é tributada em razão de não reunir duas das condições de exclusão do conceito de industrialização, quais sejam, seu trabalho não é preponderantemente profissional nem realizado em oficina, como entende requerer a literalidade do inciso II do art. 7º do RIPI/2010. A operação de recapagem para encomendante consumidor ou usuário não se enquadra na exclusão do inciso V e o motivo não se deve ao local de realização residência ou oficina nem à inexistência de preponderância de trabalho profissional. Em verdade, o motivo primeiro e suficiente à referida exclusão devese à atividade de recapagem não se constituir um "preparo de produto", expressão que se encontra fora da materialidade do fato gerador do IPI. Conforme o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa1, preparo é o mesmo que preparação, esta definida como "medida ou ação preliminar para a efetuação de qualquer coisa". Em síntese, a primeira parte do inciso V do art. 5º do RIPI "o preparo de produto, por encomenda direta do consumidor ou usuário ..." caracterizase uma atividade preliminar efetuada em qualquer produto constituindose uma etapa antecedente à outra, posterior, que será executada (esta possivelmente tributada pelo IPI). Optou o legislador pela não incidência do IPI nesta etapa antecedente (o preparo), servindose de um inciso/artigo isolado na legislação o V do 5º do RIPI para disciplinála. Não por coincidência, impende analisar a aparição do termo "preparo" na legislação do IPI, em especial no trato das hipóteses de incidência e nãoincidência. Constata se que "preparo" não é utilizado em qualquer das ações/operações consideradas industrialização no RIPI (art. 4º e incisos), mas que exsurge 05 (cinco) ocorrências do termo no art. 5º que trata de atividades ou situações que estão fora do alcance da incidência, por exclusiva vontade do legislador: nos incisos I, II, III, V e XI (restrita a utilização em partes e peças) do art. 5º do RIPI. Firmado nesses fundamentos entendo que a recapagem de pneus usados encomendada por consumidor ou usuário final, à luz do art. 5º, incisos V do RIPI/2010 não se insere no campo de incidência do IPI. Contudo, e também corretamente aplicado pela fiscalização à situação dos autos, o dispositivo legal que retira a operação praticada pelo contribuinte da incidência do IPI é o inciso XI, do art. 5º do RIPI, em razão de sua especificidade e alcançar mais precisamente a atividade (restauração e o recondicionamento), o produto (pneu usado), a aplicação (destinado ao uso) e o beneficiário da operação (encomendante é terceiro que não comercializa o pneu usado). Neste mesmo sentido tenho por consolidada a posição deste Conselho acerca a exclusão do conceito de industrialização as operações que visam a recuperação de pneus usados por encomenda de consumidor final, não comerciante do produto. Eis os acórdãos: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI 1 HOUAISS, Antônio. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, 1ª ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. p. 2.289. Fl. 314DF CARF MF Processo nº 10865.720478/201528 Acórdão n.º 3201003.217 S3C2T1 Fl. 9 8 Período de apuração: 01/07/2002 a 30/09/2002 OPERAÇÃO DE INDUSTRIALIZAÇÃO. RECONDICIONAMENTO OU RENOVAÇÃO DE PRODUTOS USADOS. INOCORRÊNCIA. Na caracteriza operação de industrialização para fins de incidência do IPI, o recondicionamento ou a renovação de produtos usados, quando não se destinem à revenda pelo encomendante. INCIDÊNCIA DO IPI. RECAUCHUTAGEM DE PNEUS USADOS SOB ENCOMENDA POR CONSUMIDOR FINAL. IMPOSSIBILIDADE. A atividade de recauchutagem ou recapagem de pneus usados quando efetuada por encomenda direta do proprietário, na condição de consumidor final, não se enquadra na definição de operação de industrialização, o que a exclui do conceito de operação de industrialização e do campo de incidência do IPI. DIREITO DE CRÉDITO. ESTABELECIMENTO NÃO CONTRIBUINTE DO IPI. IMPOSSIBILIDADE. O estabelecimento não contribuinte do IPI, por não realizar operação de industrialização, não faz jus a crédito do imposto pago na aquisição de insumo tributado aplicado na industrialização de produto isento ou tributado à alíquota zero. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DO CRÉDITO. NÃO HOMOLOGAÇÃO DA COMPENSAÇÃO. CABIMENTO. A não comprovação da existência do crédito utilizado na compensação constitui motivo suficiente para não homologação do respectivo procedimento compensatório. Recurso Voluntário Negado. (Acórdão 3102002.240. Processo nº 13609.000614/200345. Sessão de 24/07/2014, decisão unânime. Rel. Cons. José Fernandes do Nascimento) ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/10/2001 a 31/12/2001 RECAUCHUTAGEM OU RECAPAGEM DE PNEUS PARA CONSUMO DE DESTINATÁRIO ENCOMENDANTE. EXCLUSÃO DO CONCEITO DE INDUSTRIALIZAÇÃO. IPI. Atividade de recauchutagem ou recapagem de pneus quando efetuada exclusivamente para consumo final do destinatário encomendante, temse como excludente do conceito de industrialização, inteligência do art. 5º, inciso XI, do RIPI/1998 ou do RIPI/2002. Fl. 315DF CARF MF Processo nº 10865.720478/201528 Acórdão n.º 3201003.217 S3C2T1 Fl. 10 9 Logo, não há direito ao ressarcimento de que trata o art. 11 da Lei nº 9.779/99, tendo em vista tratarse de pedidos formulados por pessoa jurídica não contribuinte desse imposto. O regime da nãocumulatividade do IPI permite o creditamento referente ao tributo incidente sobre as aquisições de matérias primas, produtos intermediários e materiais de embalagem que integram o produto ou sejam consumidos no processo de industrialização, o que não é o caso. Recurso Voluntário ao qual se nega. (Acórdão 3802002.878. Processo nº 13609.000536/200389. Sessão de 23/04/2014, decisão unânime. Rel. Cons. Mércia Helena Trajano D´Amorim) Consoante os argumentos ante expostos, percebese inócua a discussão sobre a prevalência de uma solução de consulta sobre outra, vez que as respostas aos consulentes têm fundamentos diferentes, umas com base no inciso V, outras no XI, ambos do art. 5º do RIPI/2010. Ainda em relação às soluções de consultas no âmbito da RFB nenhum efeito é produzido e conferido à recorrente pois não foi a consulente. As consultas no âmbito do fisco Estadual tratam do ICMS, matéria estranha à presente lide e, igualmente, não produz qualquer efeito na esfera dos tributos federais. As discussões atinentes à legislação do ISS que confrontam as materialidades do tributo municipal com as do IPI são periféricas e não resolvem a presente lide. Também despiciendos todos os demais argumentos de discussão para considerar tributadas pelo IPI a atividade realizada pela recorrente, pois assentada alhures os fundamentos para a sua exclusão do conceito de industrialização nos termos do art. 5º, inciso XI do RIPI/2010. Conclusão Por fim, se a recorrente não era contribuinte do IPI na operação, certamente, ela não podia se creditar do valor imposto pago na aquisição de insumos utilizados na atividade de recapagem de pneus usados com base no art. 11 da Lei 9.779/99, que se aplica apenas aos estabelecimento industriais ou equiparados que praticam fatos geradores do IPI, o que não era o seu caso. Por essas razões, acertada a decisão do Fisco em cancelar o ressarcimento do valor pago por intermédio do PER nº 2475423733.251011.1.1.016548, referente ao 3º Trimestre de 2011. Diante do exposto, voto para NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. Paulo Roberto Duarte Moreira Fl. 316DF CARF MF Processo nº 10865.720478/201528 Acórdão n.º 3201003.217 S3C2T1 Fl. 11 10 Fl. 317DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13804.000459/2005-12
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Aug 22 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 3201-000.902
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator. Fez sustentação oral pela Recorrente, o Advogado Flavio Eduardo S. de Carvalho, OAB/DF nº 20.720.
Winderley Morais Pereira - Presidente Substituto
Paulo Roberto Duarte Moreira- Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Orlando Rutigliani Berri, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Renato Vieira de Ávila
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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Fez sustentação oral pela Recorrente, o Advogado Flavio Eduardo S. de Carvalho, OAB/DF nº 20.720. Winderley Morais Pereira Presidente Substituto Paulo Roberto Duarte Moreira Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Orlando Rutigliani Berri, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Renato Vieira de Ávila Relatório Tratase o presente processo de pedido de ressarcimento de Cofins, relativo a receitas de exportação, referente a setembro de 2004. Por bem descrever os fatos ocorridos, até então, adoto o relatório da decisão recorrida, que transcrevo, a seguir: 4. O caso submetido à apreciação desta DRJ versa sobre diversas declarações de compensação apresentadas pela empresa Perdigão Agroindustrial S/A (incorporada posteriormente por BRF – Brasil Foods S/A), com o objetivo de compensar débitos próprios com supostos créditos de Cofins oriundos de operações de exportação, os quais teria apurado no mês de setembro de 2004 pelo regime não cumulativo e com fundamento no art. 6°, § 1°, da lei n° 10.833/2003. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 38 04 .0 00 45 9/ 20 05 -1 2 Fl. 822DF CARF MF Processo nº 13804.000459/200512 Resolução nº 3201000.902 S3C2T1 Fl. 3 2 5. A primeira declaração, apresentada em 31/01/2005, deu origem ao processo em exame e as demais, entregues em datas posteriores, aos processos apensos: 19679.012018/200522, 19679.012238/200556, 19679.012353/200521, 19679.012431/200597, 19679.012902/2005 67 e 13804.001979/200623. Todas as declarações ocupam as duas primeiras folhas dos respectivos autos. 6. Dada a complexidade da matéria e a necessidade de apurar a liquidez e certeza dos créditos informados pela requerente, a Divisão de Orientação e Análise Tributária (DIORT) da DERAT/SPO, em despacho de 22/08/2007 (fls. 22/23), determinou o envio do processo principal e seus apensos à DEFIS/SP para a realização de auditoria fiscal. 7. As autoridades tributárias incumbidas da diligência elaboraram em 22/07/2009 a informação fiscal anexa às fls. 36/38, na qual declaram em síntese que o sujeito passivo não apresentou a documentação mencionada no Termo de Início de Ação Fiscal (fls. 26/31), reiterado pelo Termo de Reintimação constante nas fls. 33/34, o que as impediu de analisar os créditos reivindicados. 8. Retornando os autos à DERAT/SP, a DIORT emitiu em 07/10/2009 o Parecer Decisório anexo às fls. 39/43, no qual se exprime nos seguintes termos: “Diante do exposto, indefiro o pedido de restituição e, como conseqüência, não homologo as compensações constantes das declarações de compensação vinculadas aos processos em tela, pela falta de comprovação dos créditos pleiteados, nos termos da legislação tributária vigente.” (fl. 43) 9. Intimado da decisão por via postal em 11/11/2009 (fl. 50 – v.), a interessada apresentou em 10/12/2009 a manifestação de inconformidade anexa às fls. 52/75, cujo teor resumo a seguir, acompanhada de diversos documentos (fls. 76/141). Resumo I. Apresenta inicialmente dois quadros demonstrativos nas fls. 53/54. No primeiro descreve a apuração do crédito de Cofins, relacionando algumas linhas do DACON (Demonstrativo de apuração de contribuições sociais) e mencionando as contas contábeis e valores correspondentes. No segundo, expõe minuciosamente o conteúdo das declarações de compensação ora examinadas, informando a natureza dos débitos, bem como os respectivos valores, códigos e períodos de apuração. II. Afirma que o “histórico do objeto” emitido pelos Correios e anexo à fl. 32 indica meramente a data de entrega do Termo de Início de Fiscalização, não contendo o aviso de recebimento com o nome e assinatura do recebedor. Acrescenta que o setor responsável da empresa não recebeu o aludido documento, o que a levou a solicitar aos Correios informações acerca do nome do recebedor no intuito de averiguar se teria havido extravio no interior de suas dependências. III. Assevera que, ao receber o Termo de Reintimação, entrou em contato com os auditores fiscais por intermédio de seu patrono, a fim de obter cópia do Termo de Início de Fiscalização e solicitar Fl. 823DF CARF MF Processo nº 13804.000459/200512 Resolução nº 3201000.902 S3C2T1 Fl. 4 3 prorrogação do prazo de 5 dias concedido para a entrega dos arquivos magnéticos, tendo em vista que o art. 2o da IN SRF n° 86/2001 lhe facultava prazo de 20 dias para cumprir tal exigência. IV. Observando que, além de indeferir o pedido de prorrogação, os auditores fiscais não aceitaram os arquivos magnéticos que lhes foram apresentados após o decurso do prazo de 5 dias, assinala que o prazo de atendimento da segunda intimação também deveria ser de 20 dias, visto que, embora possuam discricionariedade para decidir se devem reintimar ou não o contribuinte, não podem as ditas autoridades fixar o prazo a ser cumprido, quando este se encontra previsto em diploma legal. Entende portanto que a fixação do referido prazo constitui ato vinculado, diferentemente do envio de nova intimação, a seu ver ato discricionário da autoridade administrativa. V. Ressalta ademais ser desnecessária a verificação dos arquivos magnéticos pertinentes à contabilidade da empresa, alegando que, para atestar a existência e a validade dos créditos de Cofins apurados, bastaria analisar seus documentos fiscais, que sempre estiveram à disposição do Fisco, consistindo basicamente em DIPJ, DCTF, DACON, notas fiscais, livros de registro de entradas e saídas, etc. VI. Salienta a impossibilidade de apresentar no exíguo prazo de 5 dias os documentos requisitados, em virtude de seu volume expressivo, o qual se deve à quantidade de informações solicitadas e de lançamentos correspondentes. VII. No tocante ao item “6” do Termo de Início de Fiscalização, afirma que as notas fiscais de entrada e saída nele mencionadas sempre estiveram à disposição do Fisco e continuam a sua disposição. VIII. Esclarece que os créditos de Cofins pleiteados, como consta no demonstrativo anexo à fl. 2, provêm de custos, despesas e encargos vinculados a receitas de exportação e que os apurou na forma da lei n° 10.833/2003, declarandoos devidamente na DIPJ e no DACON, os quais reproduz em cópia simples no “Anexo 2” (fls. 115/132). IX. Ressalta que as autoridades fiscais, além de não abordar nenhum aspecto relativo à inexistência do direito creditório ou do seu quantum, não comprovaram que ele seja ficto ou inventado. X. Voltando a mencionar o DACON, o demonstrativo de créditos de Cofins anexo à fl. 2, a DCTF e a DIPJ, assinala que os auditores fiscais não lhes questionaram a veracidade ou validade. XI. Assinala que as informações contidas nas fichas 24 e 25 da DIPJ relativa ao exercício de 2005 conferem com aquelas exibidas pelo DACON, como mostram as cópias desses documentos incluídas nas fls. 59/61, e apresenta nas fls. 62/63 uma tabela intitulada “Demonstrativo do Crédito da Cofins (composição dos valores constantes do Dacon, com a indicação das contas contábeis lançadas)”. XII. Declara que, ao não apreciar os arquivos magnéticos, a DIPJ (fichas 24 e 25), o DACON, a DCTF, as notas fiscais de saída e de entrada e os livros fiscais, que sempre estiveram à disposição do Fisco, Fl. 824DF CARF MF Processo nº 13804.000459/200512 Resolução nº 3201000.902 S3C2T1 Fl. 5 4 o autor do parecer decisório impugnado feriu os princípios da instrumentalidade processual e da verdade material. XIII. Afirma haver juntado aos autos dois DVDs contendo os arquivos magnéticos solicitados (“Anexo 4”), assim como cópia física dos seguintes documentos: DACON, fichas 24 e 25 da DIPJ e demonstrativo do crédito da cofins (“Anexo 2”). XIV. Finalmente, estribada em diversos julgados do Conselho de Contribuintes transcritos nas fls. 65/74, requer que — na linha desses precedentes e em nome do princípio da verdade material — este órgão judicante anule o presente processo a partir do despacho decisório e determine que a autoridade a quo analise o pedido de restituição à luz dos documentos e arquivos magnéticos trazidos aos autos, “deferindo se, por conseguinte, o pedido de restituição e homologandose as compensações declaradas vinculadas ao presente processo” (fl. 75). 10. É o relatório. O pleito foi indeferido no julgamento de primeira instância, nos termos do acórdão 1625.459 de 27/05/2010, proferida pelos membros da 6ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo/SP, cuja ementa dispõe, verbis: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2004 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. A falta de comprovação do crédito informado não permite a homologação das compensações declaradas. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Inconformada, a recorrente apresentou recurso voluntário, tempestivamente, onde repisou os argumentos anteriormente apresentados. Submetido a julgamento nesta Turma Ordinária, em preliminar, fora suscitada dúvida quanto à regularidade da ciência ao contribuinte do Mandado de Procedimento Fiscal e do Termo de Início de Ação Fiscal, realizada por via postal (Correios, com AR). Por conseguinte, com unanimidade de votos, a Turma decidiu pela conversão do julgamento em DILIGÊNCIA, através da Resolução de n° 3201000.573, de 25/01/2016 (fls. 731/736) para que a unidade de origem anexasse aos autos cópias do AR, nos termos abaixo: Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Relator. O recurso atende a todos os requisitos de admissibilidade previstos em lei, razão pela qual dele se conhece. O litígio versa sobre pedido de compensação de débito próprio com crédito da Cofins apurada sob o regime não cumulativo oriundo de operações de exportação de mercadorias para o exterior. Indeferido o pleito e mantida a decisão pela instância a quo, a Recorrente comparece a este Colegiado Administrativo alegando, preliminarmente, a nulidade do Despacho Decisório, ao fundamento de cerceamento ao seu direito de defesa. Fl. 825DF CARF MF Processo nº 13804.000459/200512 Resolução nº 3201000.902 S3C2T1 Fl. 6 5 Argumenta que, através do Termo de Início de Ação Fiscal de fls. 28/33, teria sido intimada a apresentar, no prazo de 5 (cinco) dias, uma série de documentos e arquivos magnéticos referentes a compensações de débitos seus com créditos de PIS/Cofins, solicitação que, no entanto, sustenta jamais ter chegado ao seu conhecimento, embora conste nos autos extrato dos Correios indicando que a entrega se deu em 17/04/2009 (fl. 34). Posteriormente, em 29/05/2009, foi reintimada a apresentar, também no prazo de 5 (cinco) dias, os documentos e arquivos antes solicitados (Termo de Reintimação de fls. 35/36), que foi recebido em 24/06/2009, conforme cópia do Aviso de Recebimento AR de fls. 37. Assevera que, em face do exíguo prazo para a apresentação dos documentos e arquivos magnéticos, o que estaria em desacordo com o disposto no art. 2° da Instrução Normativa – IN SRF n° 86, de 2001, solicitou a dilação de prazo à fiscalização, pedido que, todavia, foi indeferido, “não tendo sido aceita a apresentação de qualquer documento à fiscalização após 29 de junho de 2009 (5 dias após o recebimento do Termo de Reintimação)”. Em seguida, a unidade de origem prolatou a sua decisão, negando, por falta de comprovação do crédito vindicado, o pedido formulado pela Recorrente. Pois bem. De início, verificamos existir uma irregularidade na intimação que teria ocorrido por meio do primeiro Termo de Início de Ação Fiscal: não há nos autos prova de que tenha sido recebido no endereço cadastral da Recorrente, uma vez que não anexado aos autos o AR correspondente, mas apenas informação unilateral, extraída do site dos Correios, de que a entrega teria ocorrido em 17/04/2009. A lei processual, contudo, exige a prova do recebimento, vale dizer, a assinatura do recebedor, que não necessariamente precisa ser o representante legal do contribuinte, sendo perfeitamente válida a intimação mesmo que o AR tenha sido firmado por membro de sua família ou pelo porteiro do prédio onde mora ou onde funciona o seu estabelecimento. É o que estabelece o art. 23 do Decreto nº 70.235, de 1972, na redação dada pelo Redação dada pelo art. 67 da Lei n.º 9.532/1997: Art. 23. Farseá a intimação: (...) II por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo;” (g.n.) Considerar, tal como considerou a decisão recorrida, que o simples histórico da entrega do AR, extraído do sítio eletrônico dos Correios, constituiria documento oficial dotado de fé pública, demandando, para que se o infirme, prova em contrário, significa exigir da Recorrente apresentar prova negativa do fato da intimação, algo absolutamente impossível de ser realizado. Ante o exposto, voto por CONVERTER O JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA, a fim de que a unidade de origem anexe aos autos Fl. 826DF CARF MF Processo nº 13804.000459/200512 Resolução nº 3201000.902 S3C2T1 Fl. 7 6 cópia do AR correspondente à primeira intimação cuja data de realização consta do extrato dos Correios de fl. 34. Ao término do procedimento, devem os autos retornar a este Colegiado para julgamento. É como voto. Charles Mayer de Castro Souza Retornou da unidade de origem com a juntada dos seguintes documentos: a) Cópia do Ofício 101/2016, de 04/05/2016 (fl. 745) – RFB/Delex encaminhado aos Correios (GENCO). b) Cópia do Ofício 8449/2016, de 11/05/2016 (fl. 747/749) – GENCO/SPM – GMRO01/DEOPE/VIENC encaminhado à RFB. O Ofício 101/2016 fora encaminhado à Genco – Gerência de Encomendas da Diretoria São Paulo Metropolitana dos Correios, que é setor dos correios responsável por manter informações sobre as encomendas, solicitando a 2ª via do AR nº SX604609249BR. A resposta dos Correios deuse por intermédio do Ofício 8449/2016 que, em síntese, afirmou não mais dispor do documento, e informou que o Sr. Josué Mendes da Silva é quem havia recebido a correspondência (Termo de Início) cujo AR é o de nº SX604609249BR. Submetido a novo julgamento, na sessão de 25/01/2017, este relator propôs nova conversão em diligência em razão da ausência de ciência do resultado da diligência à interessada. Assim, por intermédio da Resolução nº 3201000.767 a Turma decidiu determinar o retorno dos autos à Unidade de Origem para suprir a deficiência processual. A interessada foi cientificada e se manifesta (fls. 802/816) quanto ao resultado da diligência e documentos acostados, que em síntese aduz: a. Resta evidenciada a nulidade do procedimento de fiscalização em razão da intimação revelarse inválida e irregular; b. Não fora cumprida a determinação deste CARF para anexar cópia do AR, com a comprovação da entrega do objeto (Termo de Início de Ação Fiscal); c. A fiscalização da RFB tivera oportunidade para sanar o vício da intimação, contudo sem fazêla; d. O Ofício expedido por setor dos Correios não supre a ausência de comprovação do recebimento da regular intimação no domicílio tributário eleito pelo contribuinte, como preceitua o inciso II, do art. 23 do Decreto nº 70.235/1972; e. A conclusão é que jamais ocorrera sua intimação no Termo de Início de Ação Fiscal lavrado em 14/04/2009; f. A jurisprudência do CARF é pacífica em afirmar a necessidade da comprovação da intimação mediante a apresentação do AR assinado e datado (cita acórdãos); Fl. 827DF CARF MF Processo nº 13804.000459/200512 Resolução nº 3201000.902 S3C2T1 Fl. 8 7 Finaliza suas razões com o pedido de reconhecimento de nulidade de todos os atos processuais posteriores à irregular intimação do Termo de Início de Ação Fiscal. O processo foi redistribuído e encaminhado a este Conselheiro para prosseguimento, de forma regimental. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator. O recurso voluntário fora recebido como tempestivo, razão pela qual esta Turma apreciouo em julgamento anterior e dele tomou conhecimento. A conversão do julgamento em diligência (a primeira delas) teve o claro escopo de verificar a existência de comprovante de entrega da intimação por intermédio de AR, com data e assinatura do recebedor, pois do contrário evidenciaria irregularidade na intimação. Com o devido respeito ao entendimento exarado pela Turma no julgamento de 23/02/2016, penso despiciendo enfrentar questão relativa à ciência do Termo de Início de Ação Fiscal, de 14/04/2009 (fls. 28/33). Eis as razões. A uma, a contribuinte não nega seu recebimento, mas tão somente alega que o Termo não fora recebido pelo setor responsável pelo atendimento à Fiscalização (fl. 65), com os excertos reproduzidos; a duas, a Fiscalização diligentemente procedeu à reintimação da recorrente, mediante o envio pelos Correios do Termo de Reintimação, de 29/05/2009 (fls. 35/37), entregue no domicílio da contribuinte, em 24/06/2009, conforme AR (fl. 37). Assim, entendo inexistência da alegada falta de intimação do conteúdo do Termo de Início de Ação Fiscal, pois restou suprido pelo Termo de Reintimação do qual a recorrente mostrou ter pleno conhecimento em suas peças recursais. Conquanto a complementação das alegações da recorrente e a correspondente documentação comprobatória terem sido apresentadas após Despacho Decisório, o que, em tese, estaria atingida pela preclusão consumativa, o entendimento predominante deste Colegiado é no sentido da prevalência da verdade material, mormente quando a Turma de Julgamento de primeira instância manteve a decisão denegatória da compensação, com base no argumento de que não foram apresentadas as provas adequadas e suficientes à comprovação do crédito compensado, quando tal questão não fora abordada no âmbito do Despacho Decisório guerreado. Há ainda questão relevante acerca do diminuto prazo concedido para a apresentação de substancioso conjunto de documentos e providências comprobatórias do alegado direito creditório, que por certo demandaria prazo superior aos 05 (cinco) dias concedidos pela fiscalização. Vejo sob esta ótica mais uma vertente do princípio da verdade material que rege o processo administrativo, pois que na instauração do contencioso foram apresentados pelos contribuinte argumentos e indícios que apontam para um direito seu perante o Fisco, assim, mister se faz a mitigação da preclusão na apresentação de provas. Fl. 828DF CARF MF Processo nº 13804.000459/200512 Resolução nº 3201000.902 S3C2T1 Fl. 9 8 Pois bem. O Termo de Início de Ação Fiscal e o Termo de Reintimação tiveram por escopo intimar a contribuinte a comprovar seu direito creditório declarado em PER/DCOMP. Coube o procedimento à Delegacia de Fiscalização de São Paulo DEFIS/SP em face da complexidade da matéria e a necessidade de apurar a liquidez e certeza dos créditos, como apontado (fl. 26): Tendo em vista a complexidade que advém da análise desse incentivo fiscal, bem como a necessidade de comprovação da liquidez e certeza do crédito pretendido, o presente deve ser encaminhado ao Órgão competente a fim de que seja realizada auditoria fiscal para apurar a exatidão das informações prestadas pelo contribuinte, em conformidade com o artigo 24 da Instrução Normativa n° 600/2005 da Secretaria da Receita Federal (...) Entendeu a fiscalização que seriam necessários documentos normalmente possuídos pela contribuinte (declarações de entrega à RFB DIPJ, DCTF, DACON, notas fiscais, Livros fiscais e contábeis), além de arquivos digitais e planilhas de dados a serem elaboradas conforme ato normativo da Receita Federal e/ou "layout" especificado pela autoridade solicitante. O prazo para atendimento de intimação fiscal para apresentação de arquivos digitais é regido pela Lei nº 8.218/91, com a redação alterada pela Medida Provisória nº 2.158 35/2001: Art. 11 As pessoas jurídicas que utilizarem sistemas de processamento eletrônico de dados para registrar negócios e atividades econômicas ou financeiras, escriturar livros ou elaborar documentos de natureza contábil ou fiscal, ficam obrigadas a manter, à disposição da Secretaria da Receita Federal, os respectivos arquivos digitais e sistemas, pelo prazo decadencial previsto na legislação tributária. .(Redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001). (...) § 3º A Secretaria da Receita Federal expedirá os atos necessários para estabelecer a forma e o prazo em que os arquivos digitais e sistemas deverão ser apresentados. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001). § 4º Os atos a que se refere o § 3º poderão ser expedidos por autoridade designada pelo Secretário da Receita Federal. Atendendo a essa determinação, a Receita Federal editou a Instrução Normativa nº 86, de 2001, que dispõe, textualmente: O SECRETÁRIO DA RECEITA FEDERAL, no uso da atribuição que lhe confere o inciso III do art. 209 do Regimento Interno da Secretaria da Receita Federal, aprovado pela Portaria MF Nº 259, de 24 de agosto de 2001, e tendo em vista o disposto no art. 11 da Lei Nº 8.218, de 29 de agosto de 1991, alterado pela Lei Nº 8.383, de 30 de dezembro de 1991, com a redação dada pelo art. 72 da Medida Provisória Nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001, resolve: Art. 1º. As pessoas jurídicas que utilizarem sistemas de processamento eletrônico de dados para registrar negócios e atividades econômicas ou financeiras, escriturar livros ou elaborar documentos de natureza contábil ou fiscal ficam obrigadas a manter, à disposição da Secretaria Fl. 829DF CARF MF Processo nº 13804.000459/200512 Resolução nº 3201000.902 S3C2T1 Fl. 10 9 da Receita Federal (SRF), os respectivos arquivos digitais e sistemas, pelo prazo decadencial previsto na legislação tributária. (...) Art. 2º. As pessoas jurídicas especificadas no art. 1º, quando intimadas pelos AuditoresFiscais da Receita Federal, apresentarão, no prazo de vinte dias, os arquivos digitais e sistemas contendo informações relativas aos seus negócios e atividades econômicas ou financeiras. Há ainda a previsão legal para se intimar concedendo o mesmo prazo de vinte dias e, em situação específica, o prazo de cinco dias úteis, prevista no art. 71, da MP nº 2.15835, de 2001, que alterou a redação do artigos 19 da Lei nº 3.470/1958, conforme abaixo destacado: Art. 71. O art. 19 da Lei nº 3.470, de 28 de novembro de 1958, passa a vigorar com as seguintes alterações: Art. 19. O processo de lançamento de ofício será iniciado pela intimação ao sujeito passivo para, no prazo de vinte dias, apresentar as informações e documentos necessários ao procedimento fiscal, ou efetuar o recolhimento do crédito tributário constituído. § 1º Nas situações em que as informações e documentos solicitados digam respeito a fatos que devam estar registrados na escrituração contábil ou fiscal do sujeito passivo, ou em declarações apresentadas à administração tributária, o prazo a que se refere o caput será de cinco dias úteis. Assim, temse prazos distintos para a intimações que visam a entrega de arquivos digitais e informações/documentos necessários ao procedimento fiscal vinte dias; e aquele em que as informações e documentos referemse a fatos que devam estar registrados na escrituração contábil ou fiscal cinco dias úteis. Na situação presente, vislumbrase apresentação de arquivos, documentos e informações necessários aos procedimento fiscal e aqueles que devam estar registrados na escrituração contábil/fiscal. Portanto, razoável seria que a intimação concedesse o prazo único de cumprimento de 20 (vinte dias) a todas às solicitações. Por outro lado, a exigência de apresentação de arquivos digitais e planilhas no prazo de cinco dias encontrase em desacordo com o que determina a legislação que rege o tema. Tal fato, ao meu sentir torna perfeitamente razoável e necessária a flexibilização das regras de preclusão estabelecidas no § 4º, do art. 16 do Decreto nº 70.235/72 para que se analise todos os documentos apresentados, relacionados nos Anexos da Manifestação de Inconformidade e em sede de Recurso Voluntário, dentre eles: a. Cópia do Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais DACON; b. Cópia da Ficha 25 da DIPJ onde consta a base de cálculo da Cofíns Regime Nãocumulativo Incidência Total ou parcial; Fl. 830DF CARF MF Processo nº 13804.000459/200512 Resolução nº 3201000.902 S3C2T1 Fl. 11 10 c. Cópia da Ficha 24 da DIPJ 2005 AnoCalendario onde consta a Apuração dos Créditos da Cofíns Regime nãocumulativo, cujas informações conferem com o DACON; d. Planilhas informando a composição dos valores constante da DACON (linha a linha), indicando as contas contábeis lançadas; e. Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais DACON; e Demonstrativo do crédito da COFINS; f. Planilha Excel em mídia eletrônica com o respectivo Hash Code, informando a composição dos valores constante da DACON (linha a linha), do mês de setembro/2004, indicando as contas contábeis lançadas (item 1 do termo de Intimação); g. Livros de registro de Entradas e Saídas do ano calendário de 2004 (item 7 do Termo de Intimação); h. Arquivos magnéticos 4.1.1, 4.1.2, 4.3.1, 4.3.2, 4.3.3. 4.3.4, 4.3.5, 4.3.6, 4.4.1, 4.5.2 (individual para cada início e fim de mês), 4.6.1, 4.7.1, 4.9.1, 4.9.2, 4.9.5, conforme "layout" definido pela IN SRF 86/2001, do ano calendário de 2004 (item 7 do Termo de Intimação); i. Planilha em Excel com a identificação dos produtos utilizados pela empresa referente a Combustíveis e Energia Elétrica nos arquivos 4.3.4 (arquivo de itens de mercadorias/Serviços (entradas) Emitidas por Terceiros). Ressaltase que este entendimento coadunase com aquele expresso por este Colegiado no julgamento do processo nº 13804.000470/200582, da mesma recorrente e com semelhança fática: Nesse sentido, não tendo sido apreciado quaisquer documentos juntados aos autos em detrimento da Verdade Material, proponho a conversão do julgamento em diligência, para que o processo retorne à autoridade preparadora, para serem apreciados os documentos trazidos aos autos, e outros, que se entendam necessários, nesse caso dandose o prazo de 30 dias, para que referida documentação seja apresentada pela Recorrente. Analisados os documentos e elaborado o relatório de diligência, intimese a Recorrente e a Procuradoria da Fazenda Nacional, para que, desejando, manifestemse. Após, retornem os autos a esse Turma Julgadora, para prosseguimento do julgamento. (Resolução 3201 000.645, sessão de 23/02/2016, Cons. Relatora Conselheira Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo) Assim, pactuo com a decisão exarada em processo semelhante da mesma recorrente e voto para a CONVERSÃO DO JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA, nos mesmos termos da Resolução nº 3201000.645, para a análise dos documentos "a" a "i", antes mencionados, dandose às partes o prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável uma única vez por igual, para a manifestação ao relatório de diligência. Paulo Roberto Duarte Moreira. Fl. 831DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10580.720011/2013-11
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 29 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Sep 11 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/01/2008 a 31/03/2008
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO INTEMPESTIVO. IMPOSSIBILIDADE DE CONHECIMENTO.
Não se conhece do recurso interposto após o decurso do prazo de 30 (trinta) dias, a contar da data em que se considera o sujeito passivo intimado de decisão, na forma disposta no art. 23, III, "a" e § 2º, III, "a" c/c art. 33, do Decreto nº 70.235/72.
Recurso Voluntário Não Conhecido.
Numero da decisão: 3201-003.083
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos negar provimento ao recurso quanto à tempestividade e não conhecer do restante do recurso voluntário em razão da sua intempestividade.
Winderley Morais Pereira - Presidente.
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Orlando Rutigliani Berri, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Renato Vieira de Ávila.
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 11; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1507; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C2T1 Fl. 2 1 1 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10580.720011/201311 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3201003.083 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 29 de agosto de 2017 Matéria PIS/PASEP_COFINS Recorrente COOPERATIVA DE SAÚDE E SERVIÇOS CORRELATOS COOPERSAUDE Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2008 a 31/03/2008 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO INTEMPESTIVO. IMPOSSIBILIDADE DE CONHECIMENTO. Não se conhece do recurso interposto após o decurso do prazo de 30 (trinta) dias, a contar da data em que se considera o sujeito passivo intimado de decisão, na forma disposta no art. 23, III, "a" e § 2º, III, "a" c/c art. 33, do Decreto nº 70.235/72. Recurso Voluntário Não Conhecido. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos negar provimento ao recurso quanto à tempestividade e não conhecer do restante do recurso voluntário em razão da sua intempestividade. Winderley Morais Pereira Presidente. Paulo Roberto Duarte Moreira Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Orlando Rutigliani Berri, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Renato Vieira de Ávila. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 72 00 11 /2 01 3- 11 Fl. 3042DF CARF MF Processo nº 10580.720011/201311 Acórdão n.º 3201003.083 S3C2T1 Fl. 3 2 O interessado acima identificado recorre a este Conselho, de decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Porto Alegre/RS. Por bem descrever os fatos ocorridos, até então, adoto o relatório da decisão recorrida, que transcrevo, a seguir: Contra a cooperativa antes qualificada foram lavrados dois Autos de Infração, a saber: a) o primeiro formalizou a exigência de COFINS, com intimação para recolhimento do valor de R$ 200.204,04, referente aos fatos geradores 31/01/2008, 29/02/2008 e 31/03/2008. Esse valor (principal) foi acrescido de multa de ofício de 75% e juros de mora. Constou fundamentação legal. Houve ciência em 28/12/2012; b) o segundo formalizou a exigência de PIS, com intimação para recolhimento do valor de R$ 43.377,54, referente aos fatos geradores 31/01/2008, 29/02/2008 e 31/03/2008. Esse valor (principal) foi acrescido de multa de ofício de 75% e juros moratórios. Constou base legal. Houve ciência em 28/12/2012. Foi produzido Termo de Verificação Fiscal, onde ficou registrado (excertos): 4. A ação fiscal abrangeu o período de jan/2008 a dez/2009. 6. Foi declarado, por escrito, não possuir a COOPERSAÚDE processos judiciais ou administrativos concernentes a tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal; nem processos de consulta formulados. 7. A contribuinte declarou em DIPJ para o anocalendário 2008 (DIPJ ND 1641146), receita bruta de R$ 31.913.519,12 e entregou DACON e DCTF sem informação de débitos. 10. As DACON e DCTF também foram retificadas (em 13/11/2012 e 19/11/2012, respectivamente) passando a informar débitos de PIS e COFINS, conforme será detalhado adiante 12. (...) elaborou as planilhas reproduzidas abaixo que explicita a segregação das receitas em decorrentes de atos cooperados (que eram repassados a estes na proporção dos serviços prestados a terceiros) e as correspondentes taxas administrativas cobradas dos membros. Só sobre as últimas a contribuinte entende que havia incidência do PIS e da COFINS (...). 13. (...), a despeito de ter a fiscalizada registrado contabilmente tais obrigações, ela não as confessou em DCTF, mesmo as incidentes sobre as receitas decorrentes de atos não cooperados. Só apresentou DACONs e DCTFs retificadoras em 13 e em 19/11/2012, confessando dever as contribuições incidentes apenas sobre as receitas oriundas das taxas administrativas. Fl. 3043DF CARF MF Processo nº 10580.720011/201311 Acórdão n.º 3201003.083 S3C2T1 Fl. 4 3 14. (...), é interessante observar que nas DIPJs transmitidas, referentes aos anos de 2008, a contribuinte informa descontos de Cofins e Pis sobre o total das receitas de prestação de serviços auferidas, conforme se pode verificar (...). 23. (...), nem sobre as receitas de taxas administrativas, nem sobre as receitas dos serviços médicos prestados, a fiscalizada recolheu as devidas contribuições de COFINS e PIS 29. Constatase no rol apresentado acima que nenhuma das exclusões se aplicam à contribuinte fiscalizada. 30. Corroborando entendimento referente à base de cálculo do PIS e COFINS com alicerce no faturamento ou receita bruta, o artigo 4º da Instrução Normativa SRF n° 635 de 24 de março de 2006, determina que o fato gerador das contribuições citadas incidentes sobre o faturamento é o auferimento de receita. 31. Do todo acima exposto, constatase que a receita bruta da COOPERSAÚDE é representada pela soma dos ingressos dos atos cooperativos (conta 6101010000) e as taxas administrativas cobradas dos cooperados (código da conta 6101010000), conforme planilha disposta no parágrafo 21. 37. Do todo acima exposto constatase que a contribuinte, qualificada como cooperativa da área de saúde humana, conforme se depreende do Estatuto Social, é contribuinte da COFINS com base no faturamento mensal, ou receita bruta. 38. Da análise realizada nos documentos apresentados pela contribuinte, concluise que a receita bruta/faturamento mensal da COOPERSAUDE é representada pela soma dos ingressos dos atos cooperativos (conta 6101010000) e as taxas administrativas cobradas dos cooperados (código da conta 6101010000), conforme planilha disposta no parágrafo 21. Em 28/01/2013 a contribuinte apresentou, através de procuradores, arrazoado impugnatório referente aos lançamentos (PIS/COFINS) onde alegou (em síntese): Dos fatos · o Fisco reconheceu que a cooperativa, no desenvolvimento de seu objetivo social, pratica apenas atos cooperativos, não tendo sido detectada a prática de qualquer ato não cooperativo, à exceção daqueles cuja receita encontrase registrada contabilmente na conta 61101; · desde sua constituição, a cooperativa sempre atuou no intuito de atingir o bem comum dos cooperados. Dos valores recebidos pelos serviços médicos prestados pessoalmente pelos seus cooperados, uma parte era destinada ao custeio da estrutura administrativa, melhorias na estrutura física da sede e também na comunicação social da entidade, de forma a cumprir o seu objetivo social; Fl. 3044DF CARF MF Processo nº 10580.720011/201311 Acórdão n.º 3201003.083 S3C2T1 Fl. 5 4 · considerando que os valores recebidos dos tomadores de serviço, depois de descontado um percentual para o pagamento das despesas da cooperativa, são repassados diretamente aos cooperados em razão do trabalho desenvolvido por cada um deles e, considerando que eventual sobra dos valores destinados à administração da cooperativa e à realização do seu objeto social é devolvida aos cooperados também na proporção do seu trabalho, resta indubitável que a cooperativa cumpre um dos requisitos básicos da sociedade cooperativa, qual seja a não realização de lucro; · não restam dúvidas de que a negociação da prestação dos serviços de seus cooperados, incumbida à cooperativa, caracterizase como ato cooperativo típico, integralmente alinhado ao quanto preceituado na lei das cooperativas (Lei nº 5.764/1971), inclusive sem qualquer objetivo de lucro, vez que seu objeto social concerne, justamente, à aproximação de seus cooperados do mercado consumidor; · nos autos de infração não houve a descaracterização da sociedade cooperativa, nem a escrita fiscal foi desqualificada, de onde se assume ser fato incontroverso que os ingressos havidos em razão dos serviços prestados pessoalmente pelos cooperados e registrados na contabilidade decorrem unicamente da prática de atos cooperativos típicos. Da autuação · o Fisco considerou todos os ingressos da cooperativa como se faturamento fosse. Ocorre que tal exigência é inteiramente improcedente, pois os ingressos decorrentes da prática de atos cooperativos não podem ser classificados como faturamento, eis que por definição legal, não são atos mercantis. E não sendo atos de mercancia, os ingressos da cooperativa estão fora da hipótese de incidência do PIS/COFINS, em face do art. 79 da Lei nº 5.764/1971. Do direito · os atos cooperativos, tais quais os reconhecidamente praticados pela sociedade, não se constituem em atos mercantis, e por isso não se enquadram no conceito de faturamento. O ingresso de valores no caixa das cooperativas, quando da prática de atos cooperativos, não se confunde com faturamento nem com receitas próprias. Portanto, não incidem as contribuições sobre os atos cooperativos praticados pela sociedade; · os valores pagos pelas tomadoras de serviço, representam meros ingressos no caixa da cooperativa e não podem ser considerados como faturamento/receita, visto serem honorários dos médicos associados em razão da prática de atos cooperativos. Ato cooperativo. Atuação da cooperativa. Inexistência de receita Fl. 3045DF CARF MF Processo nº 10580.720011/201311 Acórdão n.º 3201003.083 S3C2T1 Fl. 6 5 · ato não cooperativo é aquele que nada diz respeito ao objeto de uma sociedade cooperativa, caracterizando uma atividade mercantil praticada pela pessoa jurídica. O resultado positivo auferido em razão da prática de tais atos, mesmo que praticados pela cooperativa, configura auferimento de receita, sendo, portanto, passível de tributação pelo IRPJ, CSLL, PIS e COFINS. Já ato cooperativo, ou ato cooperado, é aquele pelo qual a cooperativa realiza a sua finalidade social, qual seja a prestação de serviços aos seus associados. Conforme a Lei nº 5.764/1971 (parágrafo único do art. 79), os atos cooperados não implicam em operações mercantis, tampouco em contrato de compra e venda; · todos os ingressos contábeis verificados pelo Fisco são decorrentes e pertencem aos cooperados, em razão da prestação de serviços realizados de forma pessoal por estes, à exceção da taxa administrativa retida para o custeio da estrutura da sociedade. Tratase de ato cooperativo típico, concernente ao objetivo social da cooperativa, envolvendo esta e o cooperado; · não se pode dizer que, por ser um terceiro o tomador do serviço prestado pessoalmente pelos cooperados, restaria descaracterizado o ato cooperativo, já que se trata de um negócio feito pela cooperativa em nome dos cooperados e com o intento de que estes alcancem o mercado consumidor e aufiram renda. Não seria razoável pensar que os cooperados poderiam prestar serviços apenas a outros cooperados, o que inviabilizaria economicamente a atividade; · a intermediação da contratação dos serviços de seus cooperados, efetuada pela cooperativa, configura ato cooperativo típico. Tendo em vista que a cooperativa repassa os honorários auferidos aos cooperados, em razão direta dos serviços prestados por cada um, tais ingressos jamais poderiam ser considerados como receita/faturamento da cooperativa. Não incidência do PIS/COFINS sobre atos cooperados · o Fisco considerou como sendo faturamento todos os ingressos havidos pela cooperativa, inclusive as receitas decorrentes da prática de ato cooperativo típico. No entanto, a autuação é improcedente; · ao contrário do pretendido pelo órgão fiscalizatório, o conceito de faturamento não se amolda aos atos cooperados, havendo por isso a não incidência do PIS ou da COFINS sobre os referidos atos; · a análise do Relatório Fiscal leva à conclusão de que o Fisco considerou como receita e, por decorrência, como base de cálculo para a tributação pela COFINS e pelo PIS, o somatório do valor das notas fiscais emitidas no período fiscalizado. Ocorre que os ingressos no caixa dos honorários médicos, pela prática de atos cooperados, não se confundem com receitas da cooperativa. No caso concreto, o ingresso no caixa de valores Fl. 3046DF CARF MF Processo nº 10580.720011/201311 Acórdão n.º 3201003.083 S3C2T1 Fl. 7 6 decorrente de atos cooperados não se enquadra no conceito de faturamento/receita por não ser uma riqueza própria da Sociedade. Assim, no mérito, deve ser declarada a total improcedência dos autos de infração. Erros contábeis. Esclarecimentos · o Fisco apontou a existência de divergências contábeis. Cumpre esclarecer que os erros em questão são atribuíveis apenas e tão somente à equipe de contabilidade da cooperativa. Tais erros por si só não são capazes de criar fatos geradores, nem implicam em confissão de dívida. No Direito Tributário deve prevalecer, sempre, a verdade real, sendo que a verdade real é que tratase de uma cooperativa de trabalho médico e como tal, no exercício do seu mister, os ingressos decorrentes da prática de atos tipicamente cooperativos não podem ser considerados como sendo faturamento, daí porque não se submetem à incidência nem do PIS nem da COFINS. A cooperativa irá exigir dos responsáveis pelas declarações a reparação por perdas e danos que for cabível. Pedido · a cooperativa requer que seja reconhecida a total improcedência das autuações. Protesta por todos os meios de prova em direito admitidos, indicando, de logo, e em especial, a juntada posterior de documentos, pareceres, decisões dos Tribunais Administrativos e Judiciais, inclusive em contra prova, diligências, exames, vistorias, perícias e revisão do lançamento. A repartição preparadora atestou a tempestividade da peça de contestação. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, negou provimento a impugnação, mantendo integralmente o lançamento. A decisão foi assim ementada: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2008 a 31/03/2008 BASE DE CÁLCULO. SOCIEDADE COOPERATIVA. A partir de novembro de 1999 a base cálculo da COFINS é a receita bruta proveniente de atos cooperativos e não cooperativos, sendo permitidas somente as exclusões e deduções previstas em lei. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2008 a 31/03/2008 BASE DE CÁLCULO. SOCIEDADE COOPERATIVA. A partir de novembro de 1999, a base cálculo do PIS passou a ser a receita bruta proveniente de atos cooperativos e não Fl. 3047DF CARF MF Processo nº 10580.720011/201311 Acórdão n.º 3201003.083 S3C2T1 Fl. 8 7 cooperativos, sendo permitidas somente as exclusões e deduções previstas em lei. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido A Recorrente foi intimada da decisão da Delegacia de Julgamento por ciência eletrônica registrada em sua Caixa Postal, do Módulo eCAC do site da Receita Federal. Consta no Termo de Ciência por Decurso de Prazo (fl. 3.019) que o documento referente à ciência foi disponibilizado na Caixa Postal na data de 27/12/2013, sendo considerada data da ciência por decurso de prazo o dia 11/01/2014. O conhecimento do teor dos documentos referentes a decisão da Delegacia de Julgamento deuse na data de 20/03/2014, pela abertura dos arquivos correspondentes no Link Processo Digital, no Centro Virtual de Atendimento ao Contribuinte (Portal eCAC), conforme consta do Termo de Abertura de Documento (fl. 3.020). Inconformada com a decisão da DRJ, foi interposto o Recurso Voluntário (fls. 3.022/3.036), juntandoo ao processo por meio eletrônico, em 03/04/2014, no módulo do Processo Digital, conforme consta do Termo de Solicitação de Juntada (fl. 3.021) e confirmado pelo Termo de Análise de Solicitação de Juntada (fl. 3.037). Na preliminar, a recorrente alega a tempestividade do recurso voluntário, pois que interposto em prazo inferior a 30 dias, a contar de 20/03/2014, data em que considera realizada sua ciência. Cita a folha 3.020, onde consta o Termo de Abertura de Documento. Quanto ao mérito repisa os argumentos já apresentados na impugnação e enfrentados em sede de julgamento a quo. É o Relatório. Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator Ressaltase inicialmente que não há qualquer insurgência da contribuinte quanto à modalidade de ciência ou a prática de comunicação dos atos processuais por intermédio do Domicílio Tributário Eletrônico DTE, vez que desde a peça inaugural do litígio a impugnação do lançamento, as partes utilizaramse amplamente do meio eletrônico processual. Destarte, a lide cingese tão somente acerca da controvérsia quanto à data em que a recorrente foi cientificada da decisão da Delegacia de Julgamento que julgou improcedente sua impugnação. Consta dos autos a ciência da decisão da DRJ em 11/01/2014, conforme o documento " Termo de Ciência por Decurso de Prazo" à folha fl. 3.019. Fl. 3048DF CARF MF Processo nº 10580.720011/201311 Acórdão n.º 3201003.083 S3C2T1 Fl. 9 8 A recorrente, por sua vez, alega que a ciência ocorreu em 20/03/2014, conforme o documento " Termo de Abertura de Documento" à folha 3.020, data esta em que tomou conhecimento do teor da decisão da DRJ, por abertura dos documentos acostados na sua Caixa Postal. Por outro lado, é inconteste a data de interposição do recurso voluntário, que está expressa nos documentos " Termo de Solicitação de Juntada" e " Termo de Análise de Solicitação de Juntada" fls. 3.021 e 3.037, qual seja, o dia 03/04/2014. Assim, a questão a decidir circunscrevese à data a partir da qual foi a contribuinte cientificada do acórdão da DRJ para proceder à contagem do prazo final para interposição de recursos; se 11/01/2014 ou 20/03/2014. Tal decisão exige a análise da legislação que trata das formas e datas de ciência dos atos processuais Decreto nº 70.235/1972 e atos infralegais da Receita Federal e Ministério da Fazenda. Vejamos aquelas pertinentes à solução da lide: Decreto nº 70.235/1972: Art. 23. Farseá a intimação: (...) III por meio eletrônico, com prova de recebimento, mediante: a) envio ao domicílio tributário do sujeito passivo; ou (...) § 2° Considerase feita a intimação: (...) III se por meio eletrônico: a) 15 (quinze) dias contados da data registrada no comprovante de entrega no domicílio tributário do sujeito passivo; b) na data em que o sujeito passivo efetuar consulta no endereço eletrônico a ele atribuído pela administração tributária, se ocorrida antes do prazo previsto na alínea a; ou (...) § 4o Para fins de intimação, considerase domicílio tributário do sujeito passivo: II o endereço eletrônico a ele atribuído pela administração tributária, desde que autorizado pelo sujeito passivo. § 5o O endereço eletrônico de que trata este artigo somente será implementado com expresso consentimento do sujeito passivo, e a administração tributária informarlheá as normas e condições de sua utilização e manutenção. (...) Fl. 3049DF CARF MF Processo nº 10580.720011/201311 Acórdão n.º 3201003.083 S3C2T1 Fl. 10 9 Art. 33. Da decisão caberá recurso voluntário, total ou parcial, com efeito suspensivo, dentro dos trinta dias seguintes à ciência da decisão. Portaria SRF nº 259, de 13 de março de 2006: Art. 4º A intimação por meio eletrônico, com prova de recebimento, será efetuada pela RFB mediante: I envio ao domicílio tributário do sujeito passivo; ou II registro em meio magnético ou equivalente utilizado pelo sujeito passivo. § 1º Para efeito do disposto no inciso I, considerase domicílio tributário do sujeito passivo a Caixa Postal a ele atribuída pela administração tributária e disponibilizada no eCAC, desde que o sujeito passivo expressamente o autorize. § 2º A autorização a que se refere o § 1º darseá mediante envio pelo sujeito passivo à RFB de Termo de Opção, por meio do eCAC, sendolhe informadas as normas e condições de utilização e manutenção de seu endereço eletrônico. Portaria MF nº 527, de 09 de novembro de 2010: Art. 4º A intimação por meio eletrônico, com prova de recebimento, será efetuada pelo órgão competente do MF mediante: I envio ao domicílio tributário do sujeito passivo; ou II registro em meio magnético ou equivalente utilizado pelo sujeito passivo. § 1º Para efeito do disposto no inciso I, considerase domicílio tributário do sujeito passivo a caixa postal a ele atribuída pela Administração Tributária e disponibilizada no centro virtual na Internet, desde que o sujeito passivo expressamente autorize. § 2º A autorização a que se refere o § 1º darseá mediante envio pelo sujeito passivo aos órgãos competentes do MF de Termo de Opção, por meio do centro virtual, sendolhe informadas as normas e condições de utilização e manutenção de seu endereço eletrônico. A leitura conjugada do art. 23 do Decreto nº 70.235/72 permite concluir que a intimação realizada de forma eletrônica (art. 23, III) terá como prova de recebimento o envio ao domicílio tributário do contribuinte (art. 23, "a") e que a intimação será considerada realizada (art. 23, § 2º) em um dos seguintes momentos: (i) 15 (quinze) dias contados da data registrada no comprovante de entrega no domicílio tributário do sujeito passivo (art. 23, § 2º, III, "a"), ou Fl. 3050DF CARF MF Processo nº 10580.720011/201311 Acórdão n.º 3201003.083 S3C2T1 Fl. 11 10 (ii) na data em que o sujeito passivo efetuar consulta no endereço eletrônico a ele atribuído pela administração tributária, se ocorrida antes do prazo previsto na alínea a (art. 23, § 2º, III, "b"). Resta claro que a data da ciência mediante a abertura de mensagem, que equivale à "consulta no endereço eletrônico", somente prevalecerá como a data da intimação se este fato (a abertura do documento) ocorrer antes da fluência do prazo de 15 dias a contar da data de registro da disponibilização dos documentos pertinentes à ciência. Mostrase elementar a interpretação: na ciência eletrônica, por meio de envio de documentos à Caixa Postal, considerase intimado o sujeito passivo na data da abertura dos documentos, se ocorrer no prazo de até 14 (catorze) dias do envio; na hipótese de o interessado não abrir os documentos, terseá por intimado no décimoquinto dia a contar do envio. Atentase que em relação à autorização para envio de intimações por meio eletrônico (art. 23, §§ 4º, II e 5º do PAF), esta é efetivada com o envio pelo contribuinte do Termo de Opção (§ 2º, art. 4º das Portarias transcritas), que a partir do qual as comunicações serão por tal via. De fato, a análise das peças processuais apontam que, a partir da impugnação, os atos processuais são realizados por meio do Domicílio Tributário Eletrônico DTE. Retornando aos autos, os documentos de ciência foram disponibilizados na Caixa Postal da recorrente em 27/12/2013, cujo prazo de 15 dias expirou em 11/01/2014, sábado. Nos termos do art. 5º e parágrafo único do Decreto nº 70.235/721, esta data não é dia de expediente normal o que prorroga a ciência para o dia 13/01/2014, segundafeira, e a data de início para a contagem do trinídio legal para interposição do recurso foi o dia 14/01/2014, terçafeira, extinguindose o prazo no dia 13/02/2014, quartafeira. O recurso voluntário foi interposto em 03/04/2014, revelandose intempestivo, não atendendo os pressuposto de admissibilidade. Isto posto, VOTO POR NEGAR PROVIMENTO quanto à tempestividade e NÃO CONHECER DO RESTANTE DO RECURSO VOLUNTÁRIO em razão da sua intempestividade. Paulo Roberto Duarte Moreira 1 Art. 5º Os prazos serão contínuos, excluindose na sua contagem o dia do início e incluindose o do vencimento. Parágrafo único. Os prazos só se iniciam ou vencem no dia de expediente normal no órgão em que corra o processo ou deva ser praticado o ato. Fl. 3051DF CARF MF Processo nº 10580.720011/201311 Acórdão n.º 3201003.083 S3C2T1 Fl. 12 11 Fl. 3052DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13502.001382/2007-64
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Nov 30 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2004
NULIDADE DA DECISÃO DA DRJ. INEXISTÊNCIA. MATÉRIAS ENFRENTADAS.
Inexiste cerceamento ao direito de defesa que macule de nulidade a decisão a quo em face do enfrentamento de todas as matérias suscitadas nas peças de defesa.
Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2004
REVOGAÇÃO DE ISENÇÃO. INCIDÊNCIA DA COFINS. BASE DE CÁLCULO. NEGÓCIOS JURÍDICOS REALIZADO ENTRE COOPERATIVA E TERCEIROS
Revogada a isenção da Cofins que beneficiava atos cooperativos, legítima sua incidência sobre as receitas auferidas pela cooperativa, recebidas de terceiros tomadores de serviços médicos.
Na espécie, a base de cálculo da Cofins, bem como as deduções autorizadas, que não se aplicam à situação da pessoa jurídica, tem por fundamento os arts. 2º, 3º e § 9º, da Lei nº 9.718/98 e 15 da MP nº 2.158-35/98.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3201-003.238
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos negar provimento ao recurso voluntário. Votou pelas conclusões o Conselheiro Pedro Rinaldi de Oliveira Lima..
Winderley Morais Pereira - Presidente Substituto.
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade.
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2004 NULIDADE DA DECISÃO DA DRJ. INEXISTÊNCIA. MATÉRIAS ENFRENTADAS. Inexiste cerceamento ao direito de defesa que macule de nulidade a decisão a quo em face do enfrentamento de todas as matérias suscitadas nas peças de defesa. Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2004 REVOGAÇÃO DE ISENÇÃO. INCIDÊNCIA DA COFINS. BASE DE CÁLCULO. NEGÓCIOS JURÍDICOS REALIZADO ENTRE COOPERATIVA E TERCEIROS Revogada a isenção da Cofins que beneficiava atos cooperativos, legítima sua incidência sobre as receitas auferidas pela cooperativa, recebidas de terceiros tomadores de serviços médicos. Na espécie, a base de cálculo da Cofins, bem como as deduções autorizadas, que não se aplicam à situação da pessoa jurídica, tem por fundamento os arts. 2º, 3º e § 9º, da Lei nº 9.718/98 e 15 da MP nº 2.158-35/98. Recurso Voluntário Negado
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INEXISTÊNCIA. MATÉRIAS ENFRENTADAS. Inexiste cerceamento ao direito de defesa que macule de nulidade a decisão a quo em face do enfrentamento de todas as matérias suscitadas nas peças de defesa. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2004 REVOGAÇÃO DE ISENÇÃO. INCIDÊNCIA DA COFINS. BASE DE CÁLCULO. NEGÓCIOS JURÍDICOS REALIZADO ENTRE COOPERATIVA E TERCEIROS Revogada a isenção da Cofins que beneficiava atos cooperativos, legítima sua incidência sobre as receitas auferidas pela cooperativa, recebidas de terceiros tomadores de serviços médicos. Na espécie, a base de cálculo da Cofins, bem como as deduções autorizadas, que não se aplicam à situação da pessoa jurídica, tem por fundamento os arts. 2º, 3º e § 9º, da Lei nº 9.718/98 e 15 da MP nº 2.15835/98. Recurso Voluntário Negado Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos negar provimento ao recurso voluntário. Votou pelas conclusões o Conselheiro Pedro Rinaldi de Oliveira Lima.. Winderley Morais Pereira Presidente Substituto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 50 2. 00 13 82 /2 00 7- 64 Fl. 1004DF CARF MF Processo nº 13502.001382/200764 Acórdão n.º 3201003.238 S3C2T1 Fl. 3 2 Paulo Roberto Duarte Moreira Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade. Relatório A interessada acima identificada recorre a este Conselho, de decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Salvador/BA. Por bem descrever os fatos ocorridos, até então, adoto o relatório da decisão recorrida, que transcrevo, a seguir: Tratase de Auto de Infração (fls. 04/33) lavrado contra a contribuinte acima identificada, pretendendo a cobrança da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – Cofins, relativa aos períodos de apuração de janeiro de 2003 a dezembro de 2004. Conforme apontado no Termo de Verificação Fiscal (08/11), que é parte integrante do Auto de Infração, foi constatada a falta/insuficiência de recolhimento da Cofins nos períodos verificados. A receita bruta da contribuinte, apurada na fiscalização, é apresentada pelo autuante nos demonstrativos integrantes do Auto de Infração. Cientificada da exigência fiscal em 20.12.07, a autuada apresenta em 21.01.08 a Impugnação (fls. 182/195), sendo essas as suas razões de defesa, em síntese: A isenção concedida às cooperativas no art. 6º da LC nº 70, de 1991, continua vigente, haja vista a impossibilidade da MP nº 2.15835, de 2001, têla revogado, pois esta possui caráter ordinário, não podendo revogar norma de jaez complementar, superior hierarquicamente; O conceito de faturamento previsto na Lei nº 9.718, de 1998, não se amolda aos atos cooperados, significando que, no caso concreto, há nãoincidência tributária ao teor do quanto disposto no art. 79 da Lei nº 5.764, de 1971; O ingresso no caixa de valores decorrentes de atos cooperados não se enquadra no conceito de faturamento/receita, por não ser uma “riqueza própria” da Sociedade; Protesta por todos os meios de prova em direito admitidos, inclusive perícias e diligências. É o relatório. A impugnação foi julgada improcedente em sede de julgamento de primeira instância, nos termos do acórdão 1522.021 de 18/12/2009, com decisão proferida pelos Fl. 1005DF CARF MF Processo nº 13502.001382/200764 Acórdão n.º 3201003.238 S3C2T1 Fl. 4 3 membros da 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Salvador/BA, cuja ementa dispõe, verbis Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2004 FALTA DE RECOLHIMENTO DA COFINS. COOPERATIVA DE SERVIÇOS MÉDICOS. A isenção da Cofins que beneficiava os atos cooperativos médicos, prevista na Lei Complementar 70, de 1991, foi revogada pela Medida Provisória nº 1.8586, de 29 de junho de 1999, e suas reedições. Segundo o Supremo Tribunal Federal, a Lei Complementar nº 70, de 1991, tem essa hierarquia apenas formalmente, podendo ser alterada por lei ordinária. Por força da revogação acima, a Cofins passou a incidir sobre toda a receita auferida pela cooperativa de trabalho médico, independentemente se advinda de ato cooperado ou não. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Inconformada, a recorrente apresentou recurso voluntário, tempestivamente, onde em sede de preliminar suscitou nulidade quanto às matérias que alega não enfrentadas: Não incidência da COFINS sobre atos cooperados, haja vista que tais atos não podem ser considerados como mercantis, à vista da Lei 5.764/71, conforme item 3.1.2 da peça defensiva; e Ilegitimidade passiva da ora Recorrente, pois ainda que se pudesse falar em faturamento, tais ingressos pertenceriam aos cooperados, e não à pessoa jurídica da cooperativa, daí porque esta se torna parte ilegítima do processo administrativo fiscal, conforme exposto no item 3.1.3 da peça defensiva. No mérito, repisou os seguintes argumentos anteriormente apresentados: A não incidência da Cofins sobre atos cooperados, com citação de doutrina e jurisprudência do STJ; A ilegitimidade passiva. Arremata seu recurso com pedido de: Anulação do acórdão recorrido em razão de cerceamento do direito de defesa; Anulação da exigência do crédito tributário em razão das nulidades suscitadas; Reforma da decisão de primeira instância e a consequente declaração de improcedência do auto de infração, em razão da não incidência da Cofins sobre atos cooperados; Fl. 1006DF CARF MF Processo nº 13502.001382/200764 Acórdão n.º 3201003.238 S3C2T1 Fl. 5 4 É o Relatório. Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator O recurso voluntário é tempestivo, razão pela qual dele tomo conhecimento. Preliminares Preliminarmente, alega a nulidade da decisão da Delegacia de Julgamento em razão da não apreciação de matérias suscitadas em sede de impugnação. Assevera a recorrente que fundamentou sua defesa em três argumentos, a saber: 1) Isenção das Cooperativas frente à COFINS (em razão da impossibilidade da MP 18587/99 alterar a Lei Complementar 70/91), conforme tópico 3.1.1 da peça defensiva; 2) Não incidência da COFINS sobre atos cooperados, haja vista que tais atos não podem ser considerados como mercantis, à vista da Lei 5764/71, conforme item 3.1.2 da peça defensiva; e 3) Ilegitimidade passiva da ora Recorrente, pois ainda que se pudesse falar em faturamento, tais ingressos pertenceriam aos cooperados, e não à pessoa jurídica da cooperativa, daí porque esta se torna parte ilegítima do processo administrativo fiscal, conforme exposto no item 3.1.3 da peça defensiva. A seguir, afirma que o acórdão recorrido apreciou apenas o primeiro dos três argumentos de sua peça, mantendose a turma silente quanto à "não incidência" e `"a legitimidade passiva" Não assiste razão à recorrente. Esclareço que não vislumbrei no decisum qualquer mácula que pudesse tornálo nulo. Prescreve o art. 59 do Decreto nº 70.235/72, com a redação dada pela Lei nº 8.748/93: Art. 59 São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa; A Delegacia de Julgamento e seus julgadores detêm a competência regimental para julgamento dos processos administrativos de exigência fiscal em primeira instância. Remanesce então verificar na decisão a preterição do direito de defesa, como acusado pela contribuinte. Fl. 1007DF CARF MF Processo nº 13502.001382/200764 Acórdão n.º 3201003.238 S3C2T1 Fl. 6 5 Os dois argumentos, "não incidência da Cofins sobre atos cooperados" e "ilegitimidade passiva" foram enfrentados no voto do relator, que após colacionar os dispositivos legais que tratam das matérias, assentou: A impugnante alega, ainda, que as receitas advindas de seu atos cooperados não sofreria tributação da Cofins, por força do artigo 79 da Lei n° 5.764, de 1971. Entretanto, como já visto, a partir da mencionada Medida Provisória n.° 1.8587, de 1999, as cooperativas de trabalho médico estão impedidas de excluir da base de cálculo da Cofins os valores repassados aos associados a qualquer título, incidindo a tributação sobre toda a receita auferida pela cooperativa, independentemente se advinda de ato cooperado ou não. Assim, está perfeitamente delimitado pela legislação o conceito de faturamento pelas cooperativas, sobre o qual deve recair a contribuição em debate. Importa destacar que na impugnação (fls. 187/200) os argumentos levantados quanto a pretensa ilegitimidade passiva foram no sentido de refutar, como faturamento da cooperativa, os valores relativos às contraprestações dos atos cooperados realizados pelos associados, pois entende que tais ingressos não se enquadram no conceito de faturamento e não são riqueza própria da sociedade. Contudo, esses argumentos foram enfrentados e rebatidos no voto condutor da decisão a quo, seguindo a mesma fundamentação antes transcrita. Ademais, os mesmos argumentos suscitados nesta preliminar são de fato questão de mérito plenamente abordadas no julgamento de primeira instância e em sede recursal, a seguir. Mérito A questão de mérito trazido à julgamento cingese à tributação ou não das receitas auferidas por cooperativa, decorrente de prestação de serviços médicos de seus cooperados a terceiros. De acordo com o Termo de Verificação Fiscal, parte integrante do auto de infração, o contribuinte foi autuado por deixar de recolher a Cofins relativa aos valores de suas receitas de prestação de serviços declarados no campo de isenções e exclusões, classificando os como "exclusões permitidas às sociedades cooperativas". A fiscalização analisou os documentos apresentados pela recorrente com fins à verificação da regularidade dos atos de filiação e associação dos cooperados, e das prestações de serviços aos hospitais e congêneres e concluiu ao final "não sendo detectado nenhum ato de não cooperado". Esclareceu ainda que a isenção da Cofins aos atos cooperados, fora revogada pela Medida Provisória 2.15835/2001, sujeitandose à tributação nos termos da Lei nº 9.718/98, o Decreto nº 4.524/2002 e a Instrução Normativa SRF nº 247/2002. Em síntese, a autuação fiscal tomou por base a legislação que trata da tributação da Cofins sobre as cooperativas, no caso de prestação de serviços médicos. Fl. 1008DF CARF MF Processo nº 13502.001382/200764 Acórdão n.º 3201003.238 S3C2T1 Fl. 7 6 A incidência de Cofins foi prevista na Lei Complementar nº 70/1991, com a peculiaridade de tornar isenta da contribuição os atos cooperativos próprios das finalidades da cooperativas. Quanto à isenção dispunha: Art. 6° São isentas da contribuição: I as sociedades cooperativas que observarem ao disposto na legislação específica, quanto aos atos cooperativos próprios de suas finalidades; (Revogado pela Medida Provisória nº 215835, de 24.8.2001) Nesse ponto, despiciendo distinguir atos cooperativos ou não, pois que aqueles outrora isentos deixaram tal situação por força do art. 35, inciso II, "a" da Medida Provisória nº 1.858/1999, atual art. 93, II, "a" da MP nº 2.15835/2001, e adentraram o campo de incidência tributária das contribuições. Descabe aqui tecer longa doutrina acerca da distinção entre o campo de incidência e da isenção que alcançam os fatos jurídicos tributáveis. Isenção, segundo a doutrina de Paulo de Barros de Carvalho, é preceito legal contido em norma jurídica que simultaneamente à aplicação da regramatriz de incidência tributária ao fato gerador atua uma supressão na esfera de abrangência de um dos critérios do antecedente ou consequente da regramatriz, impedindo a constituição da relação jurídico tributária cujo objeto é o pagamento do tributo. Por sua vez, afastada por lei a causa isentiva temse o fato sujeito à tributação, ou seja, retorna ao campo de incidência do tributo. Ora, é exatamente o que se deu com a edição da MP 215835/2001 (antiga MP 1.858/1999). Primeiro, retirou a isenção dos atos cooperativo próprios de tais sociedades (art. 93, II, "a") para então informar sua hipótese de incidência (art. 2º e 3º da Lei nº 9.718/1998), com os elementos de sua base de cálculo (as exclusões: art. 3º, § 9º da Lei 9.718/98 e art. 15, da MP nº 2.15835/2001). Portanto, a base legal da tributação, bem como as deduções autorizadas às operadoras de planos de assistência à saúde, são os art. 2º e 3º da Lei nº 9.718/98, transcritos abaixo: Art. 2º As contribuições para o PIS/PASEP e a COFINS, devidas pelas pessoas jurídicas de direito privado, serão calculadas com base no seu faturamento, observadas a legislação vigente e as alterações introduzidas por esta Lei. (Vide Medida Provisória nº 215835, de 2001) Art. 3º O faturamento a que se refere o artigo anterior corresponde à receita bruta da pessoa jurídica. (Vide Medida Provisória nº 215835, de 2001) § 1º (Revogado pela Lei nº 11.941, de 2009) § 2 Para fins de determinação da base de cálculo das contribuições a que se refere o art. 2º, excluemse da receita bruta: Fl. 1009DF CARF MF Processo nº 13502.001382/200764 Acórdão n.º 3201003.238 S3C2T1 Fl. 8 7 I as vendas canceladas, os descontos incondicionais concedidos, o Imposto sobre Produtos Industrializados IPI e o Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação ICMS, quando cobrado pelo vendedor dos bens ou prestador dos serviços na condição de substituto tributário; II as reversões de provisões e recuperações de créditos baixados como perda, que não representem ingresso de novas receitas, o resultado positivo da avaliação de investimentos pelo valor do patrimônio líquido e os lucros e dividendos derivados de investimentos avaliados pelo custo de aquisição, que tenham sido computados como receita; (Redação dada pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) (...) IV a receita decorrente da venda de bens do ativo permanente. (...) § 9° Na determinação da base de cálculo da contribuição para o PIS/PASEP e COFINS, as operadoras de planos de assistência à saúde poderão deduzir: (Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) I coresponsabilidades cedidas; (Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001); II a parcela das contraprestações pecuniárias destinada à constituição de provisões técnicas; (Incluído pela Medida Provisória nº 215835, de 2001); III o valor referente às indenizações correspondentes aos eventos ocorridos, efetivamente pago, deduzido das importâncias recebidas a título de transferência de responsabilidades.(incluído pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001). Quanto às exclusões, os incisos do art. 15 da MP nº 2.15835/01 estabelecem aquelas restritas à cooperativas de produção: Art. 15. As sociedades cooperativas poderão, observado o disposto nos arts. 2o e 3o da Lei no 9.718, de 1998, excluir da base de cálculo da COFINS e do PIS/PASEP: I os valores repassados aos associados, decorrentes da comercialização de produto por eles entregue à cooperativa; II as receitas de venda de bens e mercadorias a associados; III as receitas decorrentes da prestação, aos associados, de serviços especializados, aplicáveis na atividade rural, relativos a assistência técnica, extensão rural, formação profissional e assemelhadas; Fl. 1010DF CARF MF Processo nº 13502.001382/200764 Acórdão n.º 3201003.238 S3C2T1 Fl. 9 8 IV as receitas decorrentes do beneficiamento, armazenamento e industrialização de produção do associado; V as receitas financeiras decorrentes de repasse de empréstimos rurais contraídos junto a instituições financeiras, até o limite dos encargos a estas devidos. Depreendese da leitura dos dispositivos legais a incidência da Cofins aos atos cooperativos próprios das sociedades cooperativas, deduzindose as exclusões permitidas e, como se vê, não permitem a exclusão da base de cálculo dos valores relativos aos atos cooperados. Alega a recorrente conquanto afastada a isenção prevalece a não incidência da Cofins sobre os atos cooperados. Transcreve excertos da doutrina e da ementa do RESP 523.554MG para sustentar que o conceito de faturamento arts. 2º e 3º da Lei nº 9.718/98 não alberga os atos cooperados. Não obstante a lição do ilustre Roque Antônio Carraza, fundada no entendimento que faturamento é próprio das empresas no desempenho de suas atividades típicas e o simples ingresso ao caixa não basta para se considerar receita, tenho que a cooperativa celebra com terceiros contratos de prestação de serviços a serem executados por cooperados. Tratase de negócio jurídico pelo qual há contraprestação monetária auferida pela entidade. Assim, caracterizado está o faturamento. Em relação à indigitada decisão do STJ, temse que formalmente não tem a força de observância obrigatória pelos conselheiros do CARF, nos termos do art. 62, § 2º do RICARF. Carece do requisito prescrito no art. 543C do antigo CPC e vincula somente as partes naquele litígio. Ademais, sequer encontrase com seu trânsito em julgado pois interposto recurso extraordinário no STF, conforme consulta realizada, para o qual foi processada cuja situação é "Processo suspenso por Recurso Extraordinário com repercussão geral (TEMA 177 e 265)" . Contrário do alegado pela recorrente, o posicionamento recente do STF, na sistemática dos recursos com repercussão geral reconhecida, nos termos do art. 543B do antigo CPC, e com o trânsito em julgado em 25/11/2016, não deixa dúvidas quanto à tributação pelo PIS dos atos praticados entre cooperativas e terceiros, situação que se subsume à lide. Vejamos a ementa e excerto do voto no EMB.DECL. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 599.362/RJ, de relatoria do Ministro Dias Toffoli, de 18/08/2016 (grifos meu sublinhados e nos originais em negrito): EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. ARTIGO 146, III, C, DA CF/88. POSSIBILIDADE DE TRIBUTAÇÃO DO ATO COOPERATIVO. COOPERATIVA. CONTRIBUIÇÃO AO PIS. RECEITA OU FATURAMENTO. INCIDÊNCIA. FIXAÇÃO DE TESE RESTRITA AO CASO CONCRETO. EMBARGOS ACOLHIDOS SEM EFEITOS INFRINGENTES. 1. A norma do art. 146, III, c, da Constituição, que assegura o adequado tratamento tributário do ato cooperativo, é dirigida, Fl. 1011DF CARF MF Processo nº 13502.001382/200764 Acórdão n.º 3201003.238 S3C2T1 Fl. 10 9 objetivamente, ao ato cooperativo, e não, subjetivamente, à cooperativa. 2. O art. 146, III, c, da CF/88, não confere imunidade tributária, não outorga, por si só, direito subjetivo a isenções tributárias relativamente aos atos cooperativos, nem estabelece hipótese de não incidência de tributos, mas sim pressupõe a possibilidade de tributação do ato cooperativo, dispondo que lei complementar estabelecerá a forma adequada para tanto. 3. O tratamento tributário adequado ao ato cooperativo é uma questão política, devendo ser resolvido na esfera adequada e competente, ou seja, no Congresso Nacional. 4. No contexto das sociedades cooperativas, verificase a materialidade da contribuição ao PIS pela constatação da obtenção de receita ou faturamento pela cooperativa, consideradas suas atividades econômicas e seus objetos sociais, e não pelo fato de o ato do qual o faturamento se origina ser ou não qualificado como cooperativo. 5. Como, nos autos do RE nº 672.215/CE, Rel. Min. Roberto Barroso, o tema do adequado tratamento tributário do ato cooperativo será retomado, a fim de se dirimir controvérsia acerca da cobrança de contribuições sociais destinadas à Seguridade Social, incidentes, também, sobre outras materialidades, como o lucro, tendo como foco os conceitos constitucionais de “ato cooperativo”, “receita de atividade cooperativa” e “cooperado” e, ainda, a distinção entre “ato cooperado típico” e “ato cooperado atípico”, proponho a seguinte tese de repercussão geral para o tema 323, diante da preocupação externada por alguns Ministros no sentido de adotarmos, para o caso concreto, uma tese minimalista: “A receita ou o faturamento auferidos pelas Cooperativas de Trabalho decorrentes dos atos (negócios jurídicos) firmados com terceiros se inserem na materialidade da contribuição ao PIS/Pasep.” 6. Embargos de declaração acolhidos para prestar esses esclarecimentos, mas sem efeitos infringentes. (...) Voto Começo por reafirmar que a norma do art. 146, III, c, da Constituição, que assegura o adequado tratamento tributário do ato cooperativo é dirigida, objetivamente, ao ato cooperativo, e não, subjetivamente, à cooperativa. Ademais, na esteira da jurisprudência da Corte, observo que o texto constitucional não confere imunidade tributária, não estabelece hipótese de não incidência, nem outorga, por si só, direito subjetivo a isenções, mas sim pressupõe a possibilidade Fl. 1012DF CARF MF Processo nº 13502.001382/200764 Acórdão n.º 3201003.238 S3C2T1 Fl. 11 10 de tributação do ato cooperativo ao dispor que lei complementar estabelecerá a forma adequada para tanto. Como ressaltou o Ministro Teori Zavascki, “(...) a própria Constituição dispõe que darseá tratamento adequado ao ato cooperativo, mas que darseá um tratamento tributário. De modo que, se há o tratamento tributário, não é hipótese de não incidência”. O Ministro Luiz Fux também trouxe substanciosas lições: “Tratamento tributário adequado é fazer incidir o tributo em consonância com as peculiaridades estruturais, sociais e econômicas das cooperativas. Adequado, portanto, não é sinônimo de desonerado. Adequado é sinônimo de conforme, ou seja, correlato às peculiaridades que são próprias à modalidade societária. Significa que o sujeito passivo receberá do direito tributário um tratamento diferente, consentâneo com suas diferenças. Essencialmente, o que se busca impedir é que o direito tributário venha a punir o associativismo.” (...) A partir da exegese constitucional do que seja o adequado tratamento tributário do ato cooperativo, a Corte, para o caso concreto, firmou o entendimento de que a receita ou o faturamento auferidos pelas Cooperativas de Trabalho decorrentes dos negócios jurídicos praticados com terceiros se inserem na materialidade da contribuição ao PIS/Pasep. Considerando o objeto da impetração, concluiuse pelo provimento do recurso extraordinário da União para declarar a incidência da contribuição ao PIS/PASEP sobre a receita ou o faturamento decorrentes de atos (negócios jurídicos) praticados pela impetrante (cooperativa de trabalho) com terceiros tomadores de serviço, os quais foram tidos, no acórdão recorrido, como “atos cooperativos próprios”, resguardadas as exclusões e deduções legalmente previstas. Conquanto a decisão em repercussão geral seja expressa à contribuição para o PIS/Pasep não há como negar sua aplicação à Cofins, em razão de seus fundamentos, comuns às Contribuições. Por derradeiro, suscita a recorrente sua ilegitimidade passiva ao entender que os valores consignados nas notas fiscais emitidas não são receitas da entidade, mas dos profissionais cooperados. O extenso rol de notas fiscais emitidas pela recorrente aponta para prestação de serviços tomadas por terceiros que mantêm contrato dessa natureza com a própria recorrente, e não diretamente com seus cooperados. Resta claro que a cooperativa é entidade autônoma de seus cooperados e os valores recebidos constituemse obrigações contratuais firmadas entre si e os tomadores, caracterizadas pois por faturamento, eis que ínsito à natureza de seu objeto social. Fl. 1013DF CARF MF Processo nº 13502.001382/200764 Acórdão n.º 3201003.238 S3C2T1 Fl. 12 11 Neste mesmo sentido podese ver, além dos itens "1", "4" e "5" da ementa do ED. no RE. 599.362RJ, excertos do voto do Min. Dias Toffoli no julgado retro, o qual externa entendimento próprio e de seus pares (grifos meu sublinhado e originais em negrito): (...) Na espécie, portanto, esteve sempre em questão a possibilidade ou não de tributação do ato cooperativo. Com efeito, ficou esclarecida a desnecessidade de se investigarem as espécies de atos cooperativos, pois a questão da incidência da contribuição ao PIS não deve levar em consideração se o ato do qual a receita ou o faturamento se origina é qualificado como cooperativo ou não, mas sim se a sociedade tributada praticou o fato gerador dessa exação, se auferiu receita ou faturamento, tendo em conta suas atividades econômicas e seus objetos sociais. Cito trecho do voto do Ministro Luiz Fux: “A questão prejudicial a todo o demais é a efetiva percepção de receita pelas cooperativas. Fora da envergadura da hipótese de incidência não há necessidade sequer de investigar as espécies de atos cooperativos. Por óbvio, mediante a inocorrência do fato gerador, o resultado seria invariavelmente a não incidência. No intuito de atribuir a predicação correta aos valores percebidos pelas sociedades cooperativas no desempenho de suas atividades, mostrase importante não confundir a realização de uma finalidade social que opera com ingressos e despesas e a intenção finalística de obter lucro.” Esse ponto está bem esclarecido no voto proferido pelo Ministro Teori Zavascki quando ainda compunha o Superior Tribunal de Justiça, citado por mim e pelo Ministro Luiz Fux: “Em suma, se a cooperativa opera, ela possui despesa e se há despesa, tem que haver uma receita correspondente. E daí provém a seguinte conclusão: quem não tem receita não pode ter despesa. E quem opera tem despesa. A cooperativa opera, portanto, aufere receita. A ocorrência do fato imponível é inconteste.” Ante tudo exposto, resta caracterizado a legítima incidência da Cofins sobre as receitas obtidas pela recorrente, que decorreu da prestação de serviços de seus cooperados aos terceiros tomadores. Assim, voto para NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. Paulo Roberto Duarte Moreira. Fl. 1014DF CARF MF Processo nº 13502.001382/200764 Acórdão n.º 3201003.238 S3C2T1 Fl. 13 12 Fl. 1015DF CARF MF
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