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Numero do processo: 13804.004251/2005-72
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Aug 22 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 3201-001.002
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência.
Winderley Morais Pereira - Presidente Substituto
Paulo Roberto Duarte Moreira- Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Renato Vieira de Ávila.
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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Winderley Morais Pereira Presidente Substituto Paulo Roberto Duarte Moreira Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Renato Vieira de Ávila. Relatório Tratase o presente processo de pedido de ressarcimento de Cofins, relativo a receitas de exportação, referente a 10/2004 e 03, 04, 06, 07, 08, 09/2005. Por bem descrever os fatos ocorridos, até então, adoto o relatório da decisão recorrida, que transcrevo, a seguir: 4. O caso submetido à apreciação desta DRJ versa sobre declaração de compensação apresentada pela empresa Perdigão Agroindustrial S/A (incorporada posteriormente por BRF – Brasil Foods S/A), com o objetivo de compensar débitos próprios com supostos créditos de Cofins oriundos de operações de exportação, os quais teria apurado em outubro de 2004 e diversos meses de 2005 pelo regime não cumulativo e com fundamento no art. 6°, § 1°, da lei n° 10.833/2003. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 38 04 .0 04 25 1/ 20 05 -7 2 Fl. 3230DF CARF MF Processo nº 13804.004251/200572 Resolução nº 3201001.002 S3C2T1 Fl. 3 2 5. A declaração citada, apresentada em 04/11/2005, ocupa as fls. 1/8 dos autos. 6. Dada a complexidade da matéria e a necessidade de apurar a liquidez e certeza dos créditos informados pela requerente, a Divisão de Orientação e Análise Tributária (DIORT) da DERAT/SPO, em despacho de 22/08/2007 (fls. 74/75), determinou o envio do processo principal e seus apensos à DEFIS/SP para a realização de auditoria fiscal. 7. As autoridades tributárias incumbidas da diligência elaboraram em 22/07/2009 a informação fiscal anexa às fls. 88/90, na qual declaram em síntese que o sujeito passivo não apresentou a documentação mencionada no Termo de Início de Ação Fiscal (fls. 78/83), reiterado pelo Termo de Reintimação constante nas fls. 85/86, o que as impediu de analisar os créditos reivindicados. 8. Retornando os autos à DERAT/SP, a DIORT emitiu em 07/10/2009 o Parecer Decisório anexo às fls. 91/95, no qual se exprime nos seguintes termos: “Diante do exposto, indefiro o pedido de restituição e, como conseqüência, não homologo as compensações constantes das declarações de compensação vinculadas aos processos em tela, pela falta de comprovação dos créditos pleiteados, nos termos da legislação tributária vigente.” (fl. 94) 9. Intimado da decisão por via postal em 10/12/2009 (fl. 96 – v.), a interessada apresentou em 30/12/2009 a manifestação de inconformidade anexa às fls. 107/125, cujo teor resumo a seguir, acompanhada de diversos documentos (fls. 126/181). Resumo I. Apresenta inicialmente um quadro demonstrativo na fl. 108, no qual expõe minuciosamente o conteúdo da declaração de compensação ora examinada, informando a natureza dos débitos, bem como os respectivos valores, códigos e períodos de apuração. II. Afirma que o “histórico do objeto” emitido pelos Correios e anexo à fl. 84 indica meramente a data de entrega do Termo de Início de Fiscalização, não contendo o aviso de recebimento com o nome e assinatura do recebedor. Acrescenta que o setor responsável da empresa não recebeu o aludido documento, o que a levou a solicitar aos Correios informações acerca do nome do recebedor no intuito de averiguar se teria havido extravio no interior de suas dependências. III. Assevera que, ao receber o Termo de Reintimação, entrou em contato com os auditores fiscais por intermédio de seu patrono, a fim de obter cópia do Termo de Início de Fiscalização e solicitar prorrogação do prazo de 5 dias concedido para a entrega dos arquivos magnéticos, tendo em vista que o art. 2o da IN SRF n° 86/2001 lhe facultava prazo de 20 dias para cumprir tal exigência. IV. Observando que, além de indeferir o pedido de prorrogação, os auditores fiscais não aceitaram os arquivos magnéticos que lhes foram Fl. 3231DF CARF MF Processo nº 13804.004251/200572 Resolução nº 3201001.002 S3C2T1 Fl. 4 3 apresentados após o decurso do prazo de 5 dias, assinala que o prazo de atendimento da segunda intimação também deveria ser de 20 dias, visto que, embora possuam discricionariedade para decidir se devem reintimar ou não o contribuinte, não podem as ditas autoridades fixar o prazo a ser cumprido, quando este se encontra previsto em diploma legal. Entende portanto que a fixação do referido prazo constitui ato vinculado, diferentemente do envio de nova intimação, a seu ver ato discricionário da autoridade administrativa. V. Ressalta ademais ser desnecessária a verificação dos arquivos magnéticos pertinentes à contabilidade da empresa, alegando que, para atestar a existência e a validade dos créditos de Cofins apurados, bastaria analisar seus documentos fiscais, que sempre estiveram à disposição do Fisco, consistindo basicamente em DIPJ, DCTF, DACON, notas fiscais, livros de registro de entradas e saídas, etc. VI. Salienta a impossibilidade de apresentar no exíguo prazo de 5 dias os documentos requisitados, em virtude de seu volume expressivo, o qual se deve à quantidade de informações solicitadas e de lançamentos correspondentes. VII. No tocante ao item “6” do Termo de Início de Fiscalização, afirma que as notas fiscais de entrada e saída nele mencionadas sempre estiveram à disposição do Fisco e continuam a sua disposição. VIII. Esclarece que os créditos de cofins pleiteados, como consta no demonstrativo anexo à fl. 2, provêm de custos, despesas e encargos vinculados a receitas de exportação e que os apurou na forma da lei n° 10.833/2003, declarandoos devidamente na DIPJ e no DACON IX. Ressalta que as autoridades fiscais, além de não abordar nenhum aspecto relativo à inexistência do direito creditório ou do seu quantum, não comprovaram que ele seja ficto ou inventado. X. Voltando a mencionar o DACON, o demonstrativo de créditos de Cofins anexo à fl. 2, a DCTF e a DIPJ, assinala que os auditores fiscais não lhes questionaram a veracidade ou validade. XI. Declara que, ao não apreciar os arquivos magnéticos, a DIPJ (fichas 24 e 25), o DACON, a DCTF, as notas fiscais de saída e de entrada e os livros fiscais, que sempre estiveram à disposição do Fisco, o autor do parecer decisório impugnado feriu os princípios da instrumentalidade processual e da verdade material. XII. Afirma haver juntado aos autos 1 DVD contendo os arquivos magnéticos solicitados, assim como cópia física dos seguintes documentos: DACON, Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais — DACON e Demonstrativo do Crédito de Cofins (“Anexo 2”). XIII. Finalmente, estribada em diversos julgados do Conselho de Contribuintes transcritos nas fls. 115/124, requer que — na linha desses precedentes e em nome do princípio da verdade material — este órgão judicante anule o presente processo a partir do despacho decisório e determine que a autoridade a quo analise o pedido de restituição à luz dos documentos e arquivos magnéticos trazidos aos autos, “deferindose, por conseguinte, o pedido de restituição e Fl. 3232DF CARF MF Processo nº 13804.004251/200572 Resolução nº 3201001.002 S3C2T1 Fl. 5 4 homologandose as compensações declaradas vinculadas ao presente processo” (fl. 125). 10. É o relatório. O pleito foi indeferido no julgamento de primeira instância, nos termos do acórdão 1625.463 de 27/05/2010, proferida pelos membros da 6ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo/SP, cuja ementa dispõe, verbis: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2004, 2005 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. A falta de comprovação do crédito informado não permite a homologação das compensações declaradas. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Inconformada, a recorrente apresentou recurso voluntário, tempestivamente, onde repisou os argumentos anteriormente apresentados. Submetido a julgamento nesta Turma Ordinária, em preliminar, fora suscitada dúvida quanto à regularidade da ciência ao contribuinte do Mandado de Procedimento Fiscal e do Termo de Início de Ação Fiscal, realizada por via postal (Correios, com AR). Por conseguinte, com unanimidade de votos, a Turma decidiu pela conversão do julgamento em DILIGÊNCIA, através da Resolução de n° 3201000.573, de 25/01/2016 (fls. 3.114/3.119) para que a unidade de origem anexasse aos autos cópias do AR, nos termos abaixo: Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Relator. O recurso atende a todos os requisitos de admissibilidade previstos em lei, razão pela qual dele se conhece. O litígio versa sobre pedido de compensação de débito próprio com crédito da Cofins apurada sob o regime não cumulativo oriundo de operações de exportação de mercadorias para o exterior. Indeferido o pleito e mantida a decisão pela instância a quo, a Recorrente comparece a este Colegiado Administrativo alegando, preliminarmente, a nulidade do Despacho Decisório, ao fundamento de cerceamento ao seu direito de defesa. Argumenta que, através do Termo de Início de Ação Fiscal de fls. 85/90, teria sido intimada a apresentar, no prazo de 5 (cinco) dias, uma série de documentos e arquivos magnéticos referentes a compensações de débitos seus com créditos de PIS/Cofins, solicitação que, no entanto, sustenta jamais ter chegado ao seu conhecimento, embora conste nos autos extrato dos Correios indicando que a entrega se deu em 17/04/2009 (fl. 91). Posteriormente, em 29/05/2009, foi Fl. 3233DF CARF MF Processo nº 13804.004251/200572 Resolução nº 3201001.002 S3C2T1 Fl. 6 5 reintimada a apresentar, também no prazo de 5 (cinco) dias, os documentos e arquivos antes solicitados (Termo de Reintimação de fls. 92/93), que foi recebido em 24/06/2009, conforme cópia do Aviso de Recebimento AR de fls. 94. Assevera que, em face do exíguo prazo para a apresentação dos documentos e arquivos magnéticos, o que estaria em desacordo com o disposto no art. 2° da Instrução Normativa – IN SRF n° 86, de 2001, solicitou a dilação de prazo à fiscalização, pedido que, todavia, foi indeferido, “não tendo sido aceita a apresentação de qualquer documento à fiscalização após 29 de junho de 2009 (5 dias após o recebimento do Termo de Reintimação)”. Em seguida, a unidade de origem prolatou a sua decisão, negando, por falta de comprovação do crédito vindicado, o pedido formulado pela Recorrente. Pois bem. De início, verificamos existir uma irregularidade na intimação que teria ocorrido por meio do primeiro Termo de Início de Ação Fiscal: não há nos autos prova de que tenha sido recebido no endereço cadastral da Recorrente, uma vez que não anexado aos autos o AR correspondente, mas apenas informação unilateral, extraída do site dos Correios, de que a entrega teria ocorrido em 17/04/2009. A lei processual, contudo, exige a prova do recebimento, vale dizer, a assinatura do recebedor, que não necessariamente precisa ser o representante legal do contribuinte, sendo perfeitamente válida a intimação mesmo que o AR tenha sido firmado por membro de sua família ou pelo porteiro do prédio onde mora ou onde funciona o seu estabelecimento. É o que estabelece o art. 23 do Decreto nº 70.235, de 1972, na redação dada pelo Redação dada pelo art. 67 da Lei n.º 9.532/1997: Art. 23. Farseá a intimação: (...) II por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo;” (g.n.) Considerar, tal como considerou a decisão recorrida, que o simples histórico da entrega do AR, extraído do sítio eletrônico dos Correios, constituiria documento oficial dotado de fé pública, demandando, para que se o infirme, prova em contrário, significa exigir da Recorrente apresentar prova negativa do fato da intimação, algo absolutamente impossível de ser realizado. Ante o exposto, voto por CONVERTER O JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA, a fim de que a unidade de origem anexe aos autos cópia do AR correspondente à primeira intimação cuja data de realização consta do extrato dos Correios de fl. 91. Ao término do procedimento, devem os autos retornar a este Colegiado para julgamento. É como voto. Charles Mayer de Castro Souza Fl. 3234DF CARF MF Processo nº 13804.004251/200572 Resolução nº 3201001.002 S3C2T1 Fl. 7 6 Retornou da unidade de origem com a juntada dos seguintes documentos: a) Cópia do Ofício 101/2016, de 04/05/2016 (fl. 3.127) – RFB/Delex encaminhado aos Correios (GENCO). b) Cópia do Ofício 8449/2016, de 11/05/2016 (fl. 3.129/3.131) – GENCO/SPM – GMRO01/DEOPE/VIENC encaminhado à RFB. O Ofício 101/2016 fora encaminhado à Genco – Gerência de Encomendas da Diretoria São Paulo Metropolitana dos Correios, que é setor dos correios responsável por manter informações sobre as encomendas, solicitando a 2ª via do AR nº SX604609249BR A resposta dos Correios deuse por intermédio do Ofício 8449/2016 que, em síntese, afirmou não mais dispor do documento, e informou que o Sr. Josué Mendes da Silva é quem havia recebido a correspondência (Termo de Início) cujo AR é o de nº SX604609249BR . Submetido a novo julgamento, na sessão de 25/01/2017, este relator propôs nova conversão em diligência em razão da ausência de ciência do resultado da diligência à interessada. Assim, por intermédio da Resolução nº 3201000.772 a Turma decidiu determinar o retorno dos autos à Unidade de Origem para suprir a deficiência processual. A interessada foi cientificada e se manifesta (fls. 3.212/3.226) quanto ao resultado da diligência e documentos acostados, que em síntese aduz: a. Resta evidenciada a nulidade do procedimento de fiscalização em razão da intimação revelarse inválida e irregular; b. Não fora cumprida a determinação deste CARF para anexar cópia do AR, com a comprovação da entrega do objeto (Termo de Início de Ação Fiscal); c. A fiscalização da RFB tivera oportunidade para sanar o vício da intimação, contudo sem fazêla; d. O Ofício expedido por setor dos Correios não supre a ausência de comprovação do recebimento da regular intimação no domicílio tributário eleito pelo contribuinte, como preceitua o inciso II, do art. 23 do Decreto nº 70.235/1972; e. A conclusão é que jamais ocorrera sua intimação no Termo de Início de Ação Fiscal lavrado em 14/04/2009; f. A jurisprudência do CARF é pacífica em afirmar a necessidade da comprovação da intimação mediante a apresentação do AR assinado e datado (cita acórdãos); Finaliza suas razões com o pedido de reconhecimento de nulidade de todos os atos processuais posteriores à irregular intimação do Termo de Início de Ação Fiscal. O processo foi redistribuído e encaminhado a este Conselheiro para prosseguimento, de forma regimental. É o relatório. Voto Fl. 3235DF CARF MF Processo nº 13804.004251/200572 Resolução nº 3201001.002 S3C2T1 Fl. 8 7 Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator. O recurso voluntário fora recebido como tempestivo, razão pela qual esta Turma apreciouo em julgamento anterior e dele tomou conhecimento. A conversão do julgamento em diligência teve o claro escopo de verificar a existência de comprovante de entrega da intimação por intermédio de AR, com data e assinatura do recebedor, pois do contrário evidenciaria irregularidade na intimação. Com o devido respeito ao entendimento exarado pela Turma no julgamento de 23/02/2016, penso despiciendo enfrentar questão relativa à ciência do Termo de Início de Ação Fiscal, de 14/04/2009 (fls. 85/90). Eis as razões. A uma, a contribuinte não nega seu recebimento, mas tão somente alega que o Termo não fora recebido pelo setor responsável pelo atendimento à Fiscalização (fl. 122), com os excertos reproduzidos; a duas, a Fiscalização diligentemente procedeu à reintimação da recorrente, mediante o envio pelos Correios do Termo de Reintimação, de 29/05/2009 (fls. 92/93), entregue no domicílio da contribuinte, em 24/06/2009, conforme AR (fl. 94). Assim, entendo inexistência da alegada falta de intimação do conteúdo do Termo de Início de Ação Fiscal, pois restou suprido pelo Termo de Reintimação do qual a recorrente mostrou ter pleno conhecimento em suas peças recursais. Conquanto a complementação das alegações da recorrente e a correspondente documentação comprobatória terem sido apresentadas após Despacho Decisório, o que, em tese, estaria atingida pela preclusão consumativa, o entendimento predominante deste Colegiado é no sentido da prevalência da verdade material, mormente quando a Turma de Julgamento de primeira instância manteve a decisão denegatória da compensação, com base no argumento de que não foram apresentadas as provas adequadas e suficientes à comprovação do crédito compensado, quando tal questão não fora abordada no âmbito do Despacho Decisório guerreado. Há ainda questão relevante acerca do diminuto prazo concedido para a apresentação de substancioso conjunto de documentos e providências comprobatórias do alegado direito creditório, que por certo demandaria prazo superior aos 05 (cinco) dias concedidos pela fiscalização. Vejo sob esta ótica mais uma vertente do princípio da verdade material que rege o processo administrativo, pois que na instauração do contencioso foram apresentados pelos contribuinte argumentos e indícios que apontam para um direito seu perante o Fisco, assim, mister se faz a mitigação da preclusão na apresentação de provas. Pois bem. O Termo de Início de Ação Fiscal e o Termo de Reintimação tiveram por escopo intimar a contribuinte a comprovar seu direito creditório declarado em PER/DCOMP. Coube o procedimento à Delegacia de Fiscalização de São Paulo DEFIS/SP em face da complexidade da matéria e a necessidade de apurar a liquidez e certeza dos créditos, como apontado (fl. 81): Tendo em vista a complexidade que advém da análise desse incentivo fiscal, bem como a necessidade de comprovação da liquidez e certeza do crédito pretendido, o presente deve ser encaminhado ao Órgão Fl. 3236DF CARF MF Processo nº 13804.004251/200572 Resolução nº 3201001.002 S3C2T1 Fl. 9 8 competente a fim de que seja realizada auditoria fiscal para apurar a exatidão das informações prestadas pelo contribuinte, em conformidade com o artigo 24 da Instrução Normativa n° 600/2005 da Secretaria da Receita Federal (...) Entendeu a fiscalização que seriam necessários documentos normalmente possuídos pela contribuinte (declarações de entrega à RFB DIPJ, DCTF, DACON, notas fiscais, Livros fiscais e contábeis), além de arquivos digitais e planilhas de dados a serem elaboradas conforme ato normativo da Receita Federal e/ou "layout" especificado pela autoridade solicitante. O prazo para atendimento de intimação fiscal para apresentação de arquivos digitais é regido pela Lei nº 8.218/91, com a redação alterada pela Medida Provisória nº 2.158 35/2001: Art. 11 As pessoas jurídicas que utilizarem sistemas de processamento eletrônico de dados para registrar negócios e atividades econômicas ou financeiras, escriturar livros ou elaborar documentos de natureza contábil ou fiscal, ficam obrigadas a manter, à disposição da Secretaria da Receita Federal, os respectivos arquivos digitais e sistemas, pelo prazo decadencial previsto na legislação tributária. .(Redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001). (...) § 3º A Secretaria da Receita Federal expedirá os atos necessários para estabelecer a forma e o prazo em que os arquivos digitais e sistemas deverão ser apresentados. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001). § 4º Os atos a que se refere o § 3º poderão ser expedidos por autoridade designada pelo Secretário da Receita Federal. Atendendo a essa determinação, a Receita Federal editou a Instrução Normativa nº 86, de 2001, que dispõe, textualmente: O SECRETÁRIO DA RECEITA FEDERAL, no uso da atribuição que lhe confere o inciso III do art. 209 do Regimento Interno da Secretaria da Receita Federal, aprovado pela Portaria MF Nº 259, de 24 de agosto de 2001, e tendo em vista o disposto no art. 11 da Lei Nº 8.218, de 29 de agosto de 1991, alterado pela Lei Nº 8.383, de 30 de dezembro de 1991, com a redação dada pelo art. 72 da Medida Provisória Nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001, resolve: Art. 1º. As pessoas jurídicas que utilizarem sistemas de processamento eletrônico de dados para registrar negócios e atividades econômicas ou financeiras, escriturar livros ou elaborar documentos de natureza contábil ou fiscal ficam obrigadas a manter, à disposição da Secretaria da Receita Federal (SRF), os respectivos arquivos digitais e sistemas, pelo prazo decadencial previsto na legislação tributária. (...) Art. 2º. As pessoas jurídicas especificadas no art. 1º, quando intimadas pelos AuditoresFiscais da Receita Federal, apresentarão, no prazo de vinte dias, os arquivos digitais e sistemas contendo informações relativas aos seus negócios e atividades econômicas ou financeiras. Fl. 3237DF CARF MF Processo nº 13804.004251/200572 Resolução nº 3201001.002 S3C2T1 Fl. 10 9 Há ainda a previsão legal para se intimar concedendo o mesmo prazo de vinte dias e, em situação específica, o prazo de cinco dias úteis, prevista no art. 71, da MP nº 2.15835, de 2001, que alterou a redação do artigos 19 da Lei nº 3.470/1958, conforme abaixo destacado: Art. 71. O art. 19 da Lei nº 3.470, de 28 de novembro de 1958, passa a vigorar com as seguintes alterações: Art. 19. O processo de lançamento de ofício será iniciado pela intimação ao sujeito passivo para, no prazo de vinte dias, apresentar as informações e documentos necessários ao procedimento fiscal, ou efetuar o recolhimento do crédito tributário constituído. § 1º Nas situações em que as informações e documentos solicitados digam respeito a fatos que devam estar registrados na escrituração contábil ou fiscal do sujeito passivo, ou em declarações apresentadas à administração tributária, o prazo a que se refere o caput será de cinco dias úteis. Assim, temse prazos distintos para a intimações que visam a entrega de arquivos digitais e informações/documentos necessários ao procedimento fiscal vinte dias; e aquele em que as informações e documentos referemse a fatos que devam estar registrados na escrituração contábil ou fiscal cinco dias úteis. Na situação presente, vislumbrase apresentação de arquivos, documentos e informações necessários aos procedimento fiscal e aqueles que devam estar registrados na escrituração contábil/fiscal. Portanto, razoável seria que a intimação concedesse o prazo único de cumprimento de 20 (vinte dias) a todas às solicitações. Por outro lado, a exigência de apresentação de arquivos digitais e planilhas no prazo de cinco dias encontrase em desacordo com o que determina a legislação que rege o tema. Tal fato, ao meu sentir torna perfeitamente razoável e necessária a flexibilização das regras de preclusão estabelecidas no § 4º, do art. 16 do Decreto nº 70.235/72 para que se analise todos os documentos apresentados, relacionados nos Anexos da Manifestação de Inconformidade e em sede de Recurso Voluntário, dentre eles: a. Cópia do Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais DACON; b. Cópia da Ficha 25 da DIPJ onde consta a base de cálculo da Cofíns Regime Nãocumulativo Incidência Total ou parcial; c. Cópia da Ficha 24 da DIPJ onde consta a Apuração dos Créditos da Cofíns Regime nãocumulativo, cujas informações conferem com o DACON; d. Planilhas informando a composição dos valores constante da DACON (linha a linha), indicando as contas contábeis lançadas; e. Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais DACON; e Demonstrativo do crédito da COFINS; Fl. 3238DF CARF MF Processo nº 13804.004251/200572 Resolução nº 3201001.002 S3C2T1 Fl. 11 10 f. Planilha Excel contendo as informações das DACONs conforme leiaute previsto na intimação, com seu respectivo hash code (recibo SVA em conjunto); g. Livros de registro de Entradas e Saídas do ano calendário de 2004/2005 (item 7 do Termo de Intimação); h. Arquivos magnéticos 4.1.1, 4.1.2, 4.3.1, 4.3.2, 4.3.3. 4.3.4, 4.3.5, 4.3.6, 4.4.1, 4.5.2 (individual para cada início e fim de mês), 4.6.1, 4.7.1, 4.9.1, 4.9.2, 4.9.5, conforme "layout" definido pela IN SRF 86/2001, do ano calendário de 2004/2005 (item 7 do Termo de Intimação); i. Planilha em Excel com a identificação dos produtos utilizados pela empresa referente a Combustíveis e Energia Elétrica nos arquivos 4.3.4 (arquivo de itens de mercadorias/Serviços (entradas) Emitidas por Terceiros). Ressaltase que este entendimento coadunase com aquele expresso por este Colegiado no julgamento do processo nº 13804.000470/200582, da mesma recorrente e com semelhança fática: Nesse sentido, não tendo sido apreciado quaisquer documentos juntados aos autos em detrimento da Verdade Material, proponho a conversão do julgamento em diligência, para que o processo retorne à autoridade preparadora, para serem apreciados os documentos trazidos aos autos, e outros, que se entendam necessários, nesse caso dandose o prazo de 30 dias, para que referida documentação seja apresentada pela Recorrente. Analisados os documentos e elaborado o relatório de diligência, intimese a Recorrente e a Procuradoria da Fazenda Nacional, para que, desejando, manifestemse. Após, retornem os autos a esse Turma Julgadora, para prosseguimento do julgamento. (Resolução 3201 000.645, sessão de 23/02/2016, Cons. Relatora Conselheira Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo) Assim, pactuo com a decisão exarada em processo semelhante da mesma recorrente e voto para a CONVERSÃO DO JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA, nos mesmos termos da Resolução nº 3201000.645, para a análise dos documentos "a" a "i", antes mencionados, dandose às partes o prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável uma única vez por igual, para a manifestação ao relatório de diligência. É como voto. Paulo Roberto Duarte Moreira. Fl. 3239DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19558.720210/2012-91
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 21 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jul 23 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Importação - II
Ano-calendário: 2011
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. EXISTÊNCIA.
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. DANO AO ERÁRIO. FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO. DESPACHO ADUANEIRO DE IMPORTAÇÃO. PROVA DE DANO AO ERÁRIO. DESNECESSIDADE.
Caracterizada a omissão no enfrentamento da matéria suscitada pelo sujeito passivo, integra-se o voto embargado para explicitar os fundamentos fáticos e legais, consistentes a amparar a demonstração do ilícito.
Prescinde de comprovação o dano ao erário para aplicar a pena prevista no § 1º, do art. 23 do Decreto-Lei nº 1.455/76, caso que se inclui a constatação de falsificação de documento necessário ao desembaraço aduaneiro de importação (art. 105, VI do DL 37/66).
Numero da decisão: 3201-004.009
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em acolher os embargos de declaração, sem efeitos infringentes, para assentar a tese da prescindibilidade da comprovação do dano ao erário para a aplicação da pena prevista no art. 23 do Decreto-Lei nº 1.455/76, no caso de falsificação de documento necessário ao desembaraço aduaneiro de importação. Vencido o conselheiro Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, que entendeu pelo não conhecimento dos embargos
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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OMISSÃO. EXISTÊNCIA. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. DANO AO ERÁRIO. FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO. DESPACHO ADUANEIRO DE IMPORTAÇÃO. PROVA DE DANO AO ERÁRIO. DESNECESSIDADE. Caracterizada a omissão no enfrentamento da matéria suscitada pelo sujeito passivo, integrase o voto embargado para explicitar os fundamentos fáticos e legais, consistentes a amparar a demonstração do ilícito. Prescinde de comprovação o dano ao erário para aplicar a pena prevista no § 1º, do art. 23 do DecretoLei nº 1.455/76, caso que se inclui a constatação de falsificação de documento necessário ao desembaraço aduaneiro de importação (art. 105, VI do DL 37/66). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em acolher os embargos de declaração, sem efeitos infringentes, para assentar a tese da prescindibilidade da comprovação do dano ao erário para a aplicação da pena prevista no art. 23 do DecretoLei nº 1.455/76, no caso de falsificação de documento necessário ao desembaraço aduaneiro de importação. Vencido o conselheiro Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, que entendeu pelo não conhecimento dos embargos (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 55 8. 72 02 10 /2 01 2- 91 Fl. 457DF CARF MF Processo nº 19558.720210/201291 Acórdão n.º 3201004.009 S3C2T1 Fl. 458 2 Paulo Roberto Duarte Moreira Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório Trata o presente processo de embargos de declaração opostos pelo sujeito passivo, em face do Acórdão 3201003.086, prolatado por esta Turma na sessão de 29/08/2017. O acórdão embargado negou provimento ao Recurso Voluntário, cuja ementa foi assim redigida: Assunto: Imposto sobre a Importação II Anocalendário: 2011 DANO AO ERÁRIO. PERDIMENTO DA MERCADORIA. MULTA SUBSTITUTIVA. Conjunto probatório colhido de forma direita e indiciária demonstra a prática de atos que à luz da legislação aduaneira configuram infrações consideradas dano ao erário, sancionadas com a multa substitutiva da pena de perdimento, com fundamento nos arts. 105, VI do DL 37/66 e 23, §§ 1º e 3º do DL 1455/76. FALSIDADE DOCUMENTAL. PROVA INDICIÁRIA. Não demonstrada a regularidade dos preços declarados, a veracidade da documentação apresentada frente à análise merceológica do produto e à ausência de documentos (conhecimento de carga) instrutivos do despacho aduaneiro, e diante de provas irrefutáveis obtidas no curso do procedimento fiscal, legítima a acusação de falsificação material e ideológica das faturas comerciais e das declarações de importação. SUBFATURAMENTO. ARBITRAMENTO Legítimo o procedimento de arbitramento dos preços das mercadorias importadas, realizado com fundamento no art. 88 da MP 2.15835/01, após a constatação do subfaturamento, lastreado na utilização de faturas ideologicamente falsas na instrução do despacho. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. ARTS. 124 E 135, II CTN. PRÁTICA ILICITUDE. BENEFÍCIOS AUFERIDOS. Atribuise a responsabilidade tributária, nos termos do art. 124 e 135, II do CTN, à pessoa física detentora de instrumento público que lhe confere amplos e ilimitados poderes de gestão de empresa estabelecida em sua própria residência, conquanto não Fl. 458DF CARF MF Processo nº 19558.720210/201291 Acórdão n.º 3201004.009 S3C2T1 Fl. 459 3 figura no quadro societário, mas que comanda operações ilícitas de comércio exterior. DESCUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO DE MANUTENÇÃO DOS DOCUMENTOS INSTRUTIVOS DO DESPACHO. MULTA. O descumprimento da obrigação de manter em boa ordem e guarda os documentos instrutivos do despacho enseja a aplicação de multa de 5% do valor da transação. Tendo o autuado, regularmente intimado, descumprido a obrigação de apresentar os conhecimentos marítimos (BLs) referentes a operações de importação fiscalizadas, cabe a aplicação da sanção. Recurso Voluntário Negado. Cientificado da decisão, o sujeito passivo interpôs embargos de declaração, sustentando que a decisão recorrida contém omissões ao deixar de se manifestar acerca de "pontos" (argumentos) de defesa apresentados em recurso voluntário, os quais reputa essenciais ao julgamento do feito. Em síntese aduz: (i) Omissão quanto à fundamentação da ocorrência de dano ao Erário; (ii) Omissão quanto aos fundamentos da declaração de falsidade dos documentos fiscais apresentados e seu enfrentamento à luz do princípio da legalidade; (iii) Omissão quanto à análise de informações e circunstância que denotariam a idoneidade dos preços praticados; (iv) Omissão quanto à responsabilidade pessoal à luz dos artigos 134 e 135 do CTN; (v) Omissão quanto à análise dos documentos que comprovariam a duplicidade da autuação. No despacho de admissibilidade (fls. 447/450), atestouse a tempestividade da peça e, no mérito da análise, acolheu em parte os embargos, apenas em relação à omissão por ausência de apreciação de seus argumentos quanto à ausência de fundamentação da ocorrência de dano ao Erário, uma vez que somente em relação a tal matéria mostrouse procedente a alegação de omissão, restando improcedentes as demais arguições da embargante. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator Admitidos os embargos por decisão do Presidente da Turma, o processo foi a mim distribuído, o qual incluí em pauta de julgamento. Fl. 459DF CARF MF Processo nº 19558.720210/201291 Acórdão n.º 3201004.009 S3C2T1 Fl. 460 4 Conforme relatado, os embargos foram acolhidos exclusivamente em face da constatação de omissão na decisão recorrida quanto às razões de decidir para manter aos autuados a imputação de infração considerada dano ao erário que, segundo a embargante, não houve fundamentação da ocorrência do dano. Nos termos do art. 65 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009 (RICARF), cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual deveria pronunciarse a Turma. Em sede de embargos de declaração o sujeito passivo vem aduzir ausência de fundamentos para a caracterização do dano ao erário, não levados em consideração na decisão. Alega que não foi indicado na decisão recorrida os fundamentos que persuadiram o Redator designado à lavra do voto vencedor a concluir que a contribuinte incorreu em ato ilícito do qual resultou dano ao erário. Também pende a acusação de que não se esclareceu ou detalhou os motivos da incidência da respectiva sanção ao caso concreto, conforme explicitado no excerto do embargo: Presente esse contexto, impõese desse Órgão Julgador, sob pena de nulidade do acórdão por vício de fundamentação, que esclareça, pormenorizadamente, em que medida a conduta da aqui peticionante configurou danos ao erário e quais as tais provas irrefutáveis que corroboram e autorizam essa inferência. Cabe esclarecer inicialmente que o litígio apresentado a este Colegiado delimitouse à acusação de subfaturamento dos preços nas importações realizadas pela contribuinteimportadora, mediante a utilização/instrução no/do despacho aduaneiro de documentos eivados de falsidade material e ideológica, em especial, as próprias declarações de importação DIs, e as faturas comerciais, infração esta considerada dano ao erário, com fundamento no inciso VI, do art. 105 do DecretoLei nº 37/66. A embargante indaga "em que medida a conduta da aqui peticionante configurou danos ao erário". O fundamento para a caracterização do dano ao erário é legal e de tipificação cerrada. Uma vez demonstrada na autuação fiscal as práticas ilícitas, dentre as quais a falsificação material e ideológica do principal documento de apresentação obrigatória no despacho aduaneiro a fatura comercial, bem como da própria declaração de importação por conter informações inverídicas, temse, por decorrência jurídica, a subsunção do fato à norma. Ou seja, a lei considera dano ao erário a infração relativa à mercadoria estrangeira, na importação, se qualquer documento necessário ao seu embarque ou desembaraço tiver sido falsificado ou adulterado. Reproduzo os textos legais: DecretoLei nº 37/1966: Fl. 460DF CARF MF Processo nº 19558.720210/201291 Acórdão n.º 3201004.009 S3C2T1 Fl. 461 5 Art.105 Aplicase a pena de perda da mercadoria: (...) VI estrangeira ou nacional, na importação ou na exportação, se qualquer documento necessário ao seu embarque ou desembaraço tiver sido falsificado ou adulterado; DecretoLei nº 1.455/1976: Art 23. Consideramse dano ao Erário as infrações relativas às mercadorias: (...) IV enquadradas nas hipóteses previstas nas alíneas " a " e " b " do parágrafo único do artigo 104 e nos incisos I a XIX do artigo 105, do Decretolei número 37, de 18 de novembro de 1966. (...) § 1o O dano ao erário decorrente das infrações previstas no caput deste artigo será punido com a pena de perdimento das mercadorias. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) Estes fundamentos encontramse abordados no voto vencedor do acórdão às folhas 402 e 403, os quais reproduzo excerto (grifei): Dos elementos apontados acima, podese concluir que não merecem fé as declarações prestadas pela Brazex e seu fornecedor Ideal Food (Yoyo), pois todas as constatações apresentadas e indícios levantados pela fiscalização refutam o preço praticado. O importador não demonstrou capacidade operacional e negocial para obter preços vantajosos com as reduções substanciais, vez que restou comprovado não possuir estrutura operacional, bem como não realizou compras expressivas em relação a outros importadores. Sua sede está localizada em um prédio de apartamento cujo morador é pessoa com amplos poderes para exercer a representação e sequer era sócio no período das importações auditadas. O conjunto de provas diretas e indiciárias não deixam dúvidas da falsidade material das faturas comerciais e do subfaturamento de preço, configurando fraude, nos termos do art. 72 da lei nº 4.502/64. Refutase a afirmação de que a autuação baseouse em mera estatísticas ou média de preços. Assentado nas fortes e irrefutáveis provas, legítima a acusação de falsificação material das faturas comerciais e do documento formal de importação a DI, ilícito caracterizado dano ao erário nos termos do art. 105, VI do DecretoLei nº 37/66 e sancionado com a pena de perdimento, nos termos do art. 23, §§ 1º e 3º do DecretoLei nº 1.455/76. Fl. 461DF CARF MF Processo nº 19558.720210/201291 Acórdão n.º 3201004.009 S3C2T1 Fl. 462 6 O enunciado da ementa sintetiza em um só parágrafo os fundamentos fáticos e legais para a caracterização do ilícito considerado dano ao erário: DANO AO ERÁRIO. PERDIMENTO DA MERCADORIA. MULTA SUBSTITUTIVA. Conjunto probatório colhido de forma direita e indiciária demonstra a prática de atos que à luz da legislação aduaneira configuram infrações consideradas dano ao erário, sancionadas com a multa substitutiva da pena de perdimento, com fundamento nos arts. 105, VI do DL 37/66 e 23, §§ 1º e 3º do DL 1455/76. Por fim, indaga também a embargante " quais as tais provas irrefutáveis que corroboram e autorizam essa inferência". Pois bem. Nas folhas 400 a 402 do voto vencedor foram enumerados 24 (vinte e quatro) elementos comprobatórios, diretos ou indiciários, nos quais a fiscalização sustentou suas conclusões, os quais a maioria vencedora entendeu consistentes a amparar os ilícitos apontados. Transcrevo o excerto que alude e esclarece as provas colacionadas pela autoridade fiscal: "O conjunto probatório levantado pela fiscalização referese à operações comerciais de alho no mercado mundial, no país, e entre a recorrente e seu fornecedor; ao potencial comercial da recorrente e seu procurador; aos concorrentes; aos preços do alho chinês; e aos documentos, colhidos no despacho aduaneiro e outros obtidos (importadores). Seguem os elementos apresentados pela fiscalização que se constituem o suporte fático de suas conclusões que constam do presente processo, que entendo consistentes a amparar os ilícitos desnudados: 1. O valor declarado pelo impugnante, em torno de usd 250,00, representa apenas 35% do valor médio das importações brasileiras de alho chinês no de 2011: usd 708,58 (média anual das importações); 2. As transações ocorridas no mesmo mês da operação sob suspeição, teve valor declarado 40% do valor médio declarado no mês usd 617.44: 3. Três empresas responderam por 90% das importações, conforme tabelas apresentadas às fls. 56 e seguintes; 4. O peço médio praticado pela Brazex representa cerca de 31% do preço médio regional. 5. A Brasex não é o maior importador regional, este identificado como empresa "C" na tabela comparativa nas importações regionais por quantidade; 6. Os preços baixos declarados pela Brazex teriam sido observados também em suas importações junto a outros fornecedores chineses; Fl. 462DF CARF MF Processo nº 19558.720210/201291 Acórdão n.º 3201004.009 S3C2T1 Fl. 463 7 7. A empresa funciona na residência de seu administrador, em bairro de classe média alta na cidade de Fortaleza/CE, e não possui depósito próprio para armazenagem de estoques; 8. Das 29 transações da Brazex, entre 29/05/08 a 30/12/2011, o preço médio praticado foi de usd 311/ton, com desvio padrão de usd 24, tendo sido a única empresa a jamais experimentar qualquer variação sazonal no preço do produto, não obstante as profundas oscilações de preço verificadas no período; 9. No segundo semestre de 2010, período em que teriam sido praticados preços excepcionalmente altos no mercado internacional, em razão de quebra de safra na China, a Brazex registrou transações envolvendo três fornecedores distintos, com valores declarados de usd 325/ton, o que equivalia a menos de 15% do preço FOB médio do período. O menor valor FOB declarado por outros importadores do fornecedor Ideal Food nesse período foi de usd 2.200/ton; 10. O Certificado de Classificação do alho, emitido sob a égide normativa do Ministério da Agricultura Pecuária e do Abastecimento (MAPA), classificou o produto como EXTRA, tipo ROXO, subgrupo Nobre, 100% CLASSE 7, ou seja, tratavase de alho de qualidade superior; 11. Nas folhas 270/280 demonstramse substanciais diferenças na forma e no conteúdo das invoices emitidas pelo mesmo exportador para Brazex e a empresa "Verde", sendo relevante quanto ao padrão de impressão gráfica, à identificação da Ideal Food, aos valores praticados, à assinatura, ao formato de data adotado; 12. Em curto período de tempo 19 a 23 de junho de 2011 ou seja dos dois dias que antecederam o embarque até os dois dias seguintes, foram localizadas no Siscomex 54 exportações de alho para o Brasil com embarque no mesmo porto de Qingdao. O valor médio do alho embarcado seria de usd 900 ton. com desvio padrão de usd 204 ton. sendo o valor declarado pela Brazex o menor em todos os embarques: 13. No período de 11 a 15 de julho de 2011 (considerandose os dois dias que antecederam ao embarque da mercadoria e os dois dias seguintes), foram localizadas 94 operações de exportação de alho para o Brasil, ao preço médio de usd 661/ton, com desvio padrão de usd 225/ton. Destacase que o valor informado pela Brazex pareceu imune à sazonalidade do produto (diferentemente do que se observou nas transações dos demais importadores), e novamente, foi o menor valor observado nos registros do Siscomex; 14. As faturas objeto de comparação teriam sido emitidas na mesma data, pelo mesmo exportador, relativas ao mesmo produto (normal white garlic 6cm up), transacionado na mesma quantidade, com diferença de preço de 100% e 260 %, respectivamente; 15. Pessoa representante da Ideal Food Yoyo informou à empresa "Verde" que o preço do alho, na data de 09/01/2012, seria de usd 620/ton, acrescentando que o tipo de mercadoria e embalagem seria o mesmo transacionado pela Brazex. Informou ainda que a condição de pagamento seria 20% adiantados e o restante após 25 dias da data de emissão do BL, ou na entrega dos documentos originais (DP – Documents against Payment). Yoyo apontou que possuiria cinco clientes no Brasil que poderiam atestar a qualidade de seu produto; Fl. 463DF CARF MF Processo nº 19558.720210/201291 Acórdão n.º 3201004.009 S3C2T1 Fl. 464 8 16. A Brazex por sua vez informa que o pagamento fora integral antecipado, prática pouco comum em transações de comércio internacional, face aos riscos envolvidos; 17. As duas informações são contraditórias, ao menos uma delas é inverídica, colocando sob suspeita tanto Brazex como Yoyo/Ideal Food; 18. O preço informado pela Ideal Food (usd 620) seria compatível com o preço médio verificado no último quadrimestre de 20111 (usd 656/ton), próximo ao preço médio do mês de dezembro de 2011 (usd 617,44/ton); 19. Acrescentou a autoridade fiscal que em pesquisa na internet, o site http: chnagarhc.biz chinesegarlicprice., forneceria cotações de 90% das regiões produtoras de alho da China, e na data de 19/10/2011 o preço do alho (normal white garlic 6cm UP) seria de USS 700/ton. Nos outros dias de outubro o preço do alho teria variado entre usd 655 tnl e Usd 735/ton; 20. Na mesma data de embarque da Brazex, grande rede de supermercados do Nordeste embarcara o produto usd 905,96/ton, sendo o valor médio praticado no período (excluída a Brazex) de usd 657,09/ton, com desvio padrão de usd 118,80. Observase ainda que o menor valor declarado (excluída a Brazex) seria de usd 481,35/ton, ou seja, quase o dobro do declarado pela autuada; 21. No cotejamento das faturas apresentadas pela Brazex e aquelas fornecidas no momento do despacho aduaneiro, que deveriam ser as mesmas, há divergência quanto ao layout, preenchimentos e assinaturas. A comparação entre as faturas da empresa "Verde" também revelam diferenças; 22. Intimada a apresentar cópias das declarações de exportação do fornecedor, originais dos BLs a Brazex, não o fez; 23. O reconhecimento da assinatura do exportador foi por semelhança e por pessoa diversa da autorizada – Consul ou vicecônsul; 24. A declaração produzida pelo exportador afirma a veracidade dos preços, sem a comprovação com os documentos solicitados e em contradição da realidade dos preços praticados pela exportadora com outros importadores brasileiros; Cabe registrar que todos os esclarecimentos prestados pela autuada, no curso do procedimento fiscal, com vistas a demonstrar a regularidade dos preços declarados e a higidez da documentação apresentada foram rechaçados pela autoridade fiscal no Relatório Fiscal." Entendo que em verdade a dita omissão cingese à ausência de comprovação do dano como requisito para a aplicação da pena de perdimento não encontra esteio no texto legal. O caput do art. 23 aponta para as situações que são consideradas dano ao erário e estipula a sanção o perdimento das mercadorias , e o texto não demanda condição ou demonstração da ocorrência e qual a natureza do dano. Ou seja, há um silogismo lógico que implica raciocinar como segue: (i) as infrações relacionadas nos incisos do art. 23 são Fl. 464DF CARF MF Processo nº 19558.720210/201291 Acórdão n.º 3201004.009 S3C2T1 Fl. 465 9 consideradas dano ao erário, e (ii) o dano é punível com o perdimento, (iii) logo, a prática de situação descrita no art. 23 implica o perdimento. Assim, ocorrendo a situação fática prevista no inciso IV do art. 23 do DL nº 1.455/76 inarredável está a caracterização do dano ao Erário. No caso dos autos, a fiscalização entendeu comprovada a situação fática de falsificação dos documentos do despacho aduaneiro de importação (inciso VI do art. 105, do DL nº 37/66), infração esta que se aplica a pena de perdimento (§ 1º, art. 23, do DL 1.455/76). Conclusão Caracterizada a omissão no enfrentamento da matéria suscitada pelo sujeito passivo, integrase o voto embargado para explicitar os fundamentos fáticos e legal, bem como para assentar a tese da prescindibilidade da comprovação do dano ao erário, para aplicar a pena prevista no art. 23 do DecretoLei nº 1.455/76, no caso falsificação de documento necessário ao desembaraço aduaneiro de importação. Por todo exposto, voto por acolher os Embargos de Declaração interpostos, sem efeitos infringentes. (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Fl. 465DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10380.904130/2011-19
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Nov 29 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jan 08 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 3201-001.545
Decisão: Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do Recurso em diligência.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Orlando Rutigliani Berri (suplente convocado para substituir o conselheiro Leonardo Correia Lima Macedo), Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
Relatório
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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decisao_txt : Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do Recurso em diligência. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza - Presidente (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Orlando Rutigliani Berri (suplente convocado para substituir o conselheiro Leonardo Correia Lima Macedo), Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1508; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C2T1 Fl. 193 1 192 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10380.904130/201119 Recurso nº Voluntário Resolução nº 3201001.545 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Data 29 de novembro de 2018 Assunto SOLICITAÇÃO DE DILIGÊNCIA Recorrente NORSA REFRIGERANTES LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do Recurso em diligência. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Orlando Rutigliani Berri (suplente convocado para substituir o conselheiro Leonardo Correia Lima Macedo), Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório O interessado acima identificado recorre a este Conselho, de decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Ribeirão Preto/SP. Para bem relatar os fatos, transcrevese o relatório da decisão proferida pela autoridade a quo: Trata o presente processo de Manifestação de Inconformidade interposta pela empresa NORSA REFRIGERANTES LTDA, CNPJ nº 07.196.033/000106, em contrariedade ao Despacho Decisório de fl. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 03 80 .9 04 13 0/ 20 11 -1 9 Fl. 4584DF CARF MF Processo nº 10380.904130/201119 Resolução nº 3201001.545 S3C2T1 Fl. 194 2 3983 e 3984, que não homologou o PER/DCOMP nº 29017.28381.240108.1.1.01.6975, relativo a crédito de ressarcimento de Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI do 4º Trimestre/2007. Tal Despacho Decisório é decorrente do MPF nº 0310100.2011.00310 0, o qual abrangeu os períodos a seguir relacionados, para os quais a manifestante solicita reunião dos processos. De acordo com o Despacho Decisório de fl. 3983 e 3984, o valor do crédito reconhecido foi inferior ao solicitado/utilizado em razão do(s) seguinte(s) motivo(s): a) saldo credor passível de ressarcimento inferior ao valor pleiteado. Por sua vez, a(s) glosa(s) decorreu(ram)da(s) situação(ões) a seguir: Constatação de que o saldo credor passível de ressarcimento é inferior ao valor pleiteado; Ocorrência de créditos considerados indevidos, em procedimento fiscal. Esclareçase que o Despacho Decisório foi instruído com os demonstrativos de apuração e da Informação Fiscal de fls. 4026 a 4036. A base legal do lançamento encontrase nos autos. Em 15/05/2012 (fl. 3985), a interessada foi cientificada do Despacho Decisório e, em 13/06/2012, apresentou manifestação de inconformidade (fls. 3986/4000), acompanhada dos documentos de fls. 4001/4504, na qual alega, em síntese, o quanto segue: ∙ Solicita a reunião para julgamento dos processos, abrangidos pelo MPF nº 0310100.2011.003100, relativos aos períodos 1º, 2º, 3º e 4º Trimestres/2007 e 1º, 2º e 3 Trimestres/2008; ∙ falta de fundamentação e detalhamento legal, bem como da descrição dos fatos , ausência do principio de motivação dos seus atos, motivos pelos os quais, solicita nulidade; ∙ a existência de saldo credor passível de ressarcimento, conforme RAIPI juntado aos autos, que a glosa decorreu em razão da fiscalização, ter erroneamente se utilizado de saldos incompreensíveis, requerendo todos os meios de prova, inclusive perícia e diligência; ∙ homologação tácita de compensações atreladas ao presente processo, em razão de decurso de prazo de 5 anos, do envio das DCOMPs originais; Fl. 4585DF CARF MF Processo nº 10380.904130/201119 Resolução nº 3201001.545 S3C2T1 Fl. 195 3 A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto/SP por intermédio da 8ª Turma, no Acórdão nº 1459.902, sessão de 06/04/2016, julgou improcedente a impugnação do contribuinte. A decisão foi assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/10/2007 a 31/12/2007 NULIDADE. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. Não configura cerceamento do direito de defesa quando o conhecimento dos atos processuais pelo acusado e o seu direito de resposta ou de reação encontraramse plenamente assegurados. HOMOLOGAÇÃO TÁCITA POR DECURSO DE PRAZO As compensações vinculadas à PER/DCOMP original, de pleito de ressarcimento, tem como inicio da contagem prazo quinquenal a data da transmissão do PER/DECOMP do pleito de compensação, portanto, temos a inocorrência de da homologação tácita por decadência. IPI. RESSARCIMENTO. DESPACHO ELETRÔNICO. É de se manter intacto o montante deferido no despacho decisório quando a manifestação de inconformidade não logra êxito em demonstrar qualquer inconsistência no processamento eletrônico do PER DCOMP. RESSARCIMENTO DE CRÉDITOS DE IPI. SALDO CREDOR O valor do ressarcimento limitase ao menor saldo credor apurado entre o encerramento do trimestre e o período de apuração anterior ao da protocolização do pedido. ÔNUS DA PROVA. Cabe à defesa o ônus da prova dos fatos modificativos, impeditivos ou extintivos da pretensão fazendária. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Inconformada a contribuinte, apresentou recurso voluntário reiterando as mesmas matérias versadas em manifestação de inconformidade para reforma da decisão recorrida no sentido de reconhecer a nulidade do despacho decisório e o direito ao ressarcimento do saldo credor do IPI no trimestre em questão. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator Fl. 4586DF CARF MF Processo nº 10380.904130/201119 Resolução nº 3201001.545 S3C2T1 Fl. 196 4 O Recurso Voluntário atende aos requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. Consta dos autos que o litígio versa sobre o valor reconhecido do crédito ressarcível de IPI no período de apuração, que fora inferior ao solicitado. A autoridade fiscal apontou dois fundamentos para a conclusão de que consta no despacho decisório: (i) a constatação de que o saldo credor passível de ressarcimento é inferior ao pleiteado na PER/DCOMP, e (ii) a constatação, em procedimento fiscal, de créditos considerados indevidos. Todavia, a recorrente suscita em preliminar a nulidade do despacho decisório em razão de não identificar (a) a origem do saldo credor inicial do 1º Trimestre de 2007 obtido pela fiscalização, transportado do trimestre anterior, e (b) o motivo e valores das glosas, assim exposto: A Recorrente suscitou e demonstrou minuciosamente na defesa inicial que, por mais esforço que tenha feito, não conseguiu descobrir o motivo de dois fatos que alteraram consideravelmente a apuração dos saldos credores em cheque: primeiro não conseguiu identificar como a fiscalização chegou no saldo credor inicial do 1º Trimestre de 2007 (transportado do 4º Trimestre de 2006); segundo não conseguiu identificar a razão das glosas, embora tenha feito diversas tentativas oportunamente demonstradas. Aduz que neste ponto é nula igualmente a decisão recorrida pois fundamentou a higidez do despacho decisório na ausência de incompetência da autoridade administrativa e de preterição do direito de defesa, pois lhe fora assegurado tal direito. Insiste a recorrente que o cerceamento do direito de defesa não é afastado tãosó pela possibilidade recursal, mas sim no conhecimento dos cálculos dos créditos glosados e dos exatos motivos que implicaram a negativa do pleito. A recorrente relata em seu recurso as "tentativas" em elucidar os motivos da glosa ao analisar as informações que constam dos Termo de Constatação nº 01 e Termo de Informação Fiscal nº 04 e Termo de Intimação nº 04. Conclui que as glosas realizadas não foram justificadas e o saldo credor do trimestre anterior transportado para o período auditado não fora esclarecido. Pois bem, vejamos se procedentes as alegações. O saldo credor inicial do trimestre, transportado do trimestre imediatamente anterior, está informado no "Demonstrativo de Apuração do Saldo Credor Ressarcível" (demonstrativo de detalhamento do crédito anexo ao despacho decisório), coluna "b", cuja legenda esclarece que "Para o primeiro período de apuração, será igual ao Saldo Credor apurado ao final do trimestrecalendário anterior, ajustado pelos valores dos créditos reconhecidos em PERDCOMP de trimestres anteriores. Esse saldo (saldo credor inicial) não é passível de ressarcimento." Assim, o valor consignado é de R$ 2.820.233,94 que deveria corresponder aos ajustes do valor original do saldo credor no Livro de Apuração do IPI, de R$ 6.261.422,69. Fl. 4587DF CARF MF Processo nº 10380.904130/201119 Resolução nº 3201001.545 S3C2T1 Fl. 197 5 Ademais, afirma a contribuinte que no PAF 10380.903166/201177 foi reconhecido o pedido de ressarcimento de R$ 2.247.609,66 no 3º decêndio de janeiro/2007, devendo, assim, o estorno parcial ser considerado corretamente neste período. Não consta dos autos a ciência ao contribuinte de tais ajustes, bem como sua demonstração. Quanto ao desconhecimento dos motivos da glosa de créditos, a leitura do Termo de Constatação nº 01 (fls. 4.026/4.028) explicita apenas que a apuração dos créditos ressarcíveis foram obtidos das notas fiscais com código CFOP 1101 e 2101. Mais uma vez, permanece a dúvida quanto à ciência da contribuinte no tocante aos motivos e fundamentos das glosas. Por último, aduz ainda a contribuinte que em todos os trimestres havia saldo credor disponível e não houve utilização em período seguinte, o que levaria ao reconhecimento do crédito e homologação das compensações. Os pontos suscitados pela recorrente devem ser esclarecidos para a correta apreciação dos fatos à luz do direito creditório Desse modo, proponho a conversão do feito em diligência para que a Autoridade Preparadora, em face dos argumentos apresentados em sede de Recurso Voluntário, providencie o que se pede: 1. Demonstre a ciência da contribuinte no procedimento fiscal de apuração do saldo credor inicial do trimestre e das glosas de créditos efetuadas; 2. Apresente os demonstrativos de apuração do saldo credor do trimestre com os ajustes realizados; 3. Apresente os demonstrativos de glosa dos créditos no trimestre, com os motivos e seus fundamentos; 4. Houve saldo credor final de IPI apurado pelo Contribuinte no trimestre anterior? 5. Por fim, a partir das respostas anteriores e possíveis ajustes (saldo credor inicial do trimestre e/ou créditos glosados) decorrentes de acolhimento dos argumentos suscitados pela contribuinte, esclareça se no presente Processo Administrativo remanescem débitos não compensados por insuficiência de crédito. Se positivo, quais e em qual valor? A Autoridade Fiscal poderá intimar o contribuinte para apresentar documentos ou esclarecimentos que entenda necessários para o cumprimento da diligência. Após, concedase o prazo de 30 (trinta) dias ao contribuinte para se manifestar quanto ao resultado da diligência. Cumpridas as providências indicadas, deve o processo retornar ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF para prosseguimento do julgamento. (assinado digitalmente) Fl. 4588DF CARF MF Processo nº 10380.904130/201119 Resolução nº 3201001.545 S3C2T1 Fl. 198 6 Paulo Roberto Duarte Moreira Fl. 4589DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16561.720066/2011-65
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 30 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Mar 08 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/01/2007 a 30/11/2007
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. EXISTÊNCIA.
Constatada omissão no acórdão, acolhem-se os embargos de declaração, sem efeitos infringentes, para que seja sanado o vício apontado, mantendo-se a decisão embargada que conheceu do recurso apenas na parte que versa sobre a incidência dos juros de mora, para dar-lhe provimento e integrar o voto para acrescentar-lhe que os valores exigidos na presente autuação relacionam-se com o objeto do Mandado de Segurança nº 2004.61.00.020839-0.
Embargos Acolhidos
Numero da decisão: 3201-003.309
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, acolher os embargos declaratórios.
Winderley Morais Pereira - Presidente Substituto.
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade.
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/01/2007 a 30/11/2007 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. EXISTÊNCIA. Constatada omissão no acórdão, acolhem-se os embargos de declaração, sem efeitos infringentes, para que seja sanado o vício apontado, mantendo-se a decisão embargada que conheceu do recurso apenas na parte que versa sobre a incidência dos juros de mora, para dar-lhe provimento e integrar o voto para acrescentar-lhe que os valores exigidos na presente autuação relacionam-se com o objeto do Mandado de Segurança nº 2004.61.00.020839-0. Embargos Acolhidos
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decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, acolher os embargos declaratórios. Winderley Morais Pereira - Presidente Substituto. Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade.
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OMISSÃO. EXISTÊNCIA. Constatada omissão no acórdão, acolhemse os embargos de declaração, sem efeitos infringentes, para que seja sanado o vício apontado, mantendose a decisão embargada que conheceu do recurso apenas na parte que versa sobre a incidência dos juros de mora, para darlhe provimento e integrar o voto para acrescentarlhe que os valores exigidos na presente autuação relacionamse com o objeto do Mandado de Segurança nº 2004.61.00.0208390. Embargos Acolhidos Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, acolher os embargos declaratórios. Winderley Morais Pereira Presidente Substituto. Paulo Roberto Duarte Moreira Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade. Relatório Trata o presente processo de embargos de declaração opostos pelo sujeito passivo, em face do Acórdão 3201002.100, prolatado por esta Turma na sessão de 16/03/2016. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 56 1. 72 00 66 /2 01 1- 65 Fl. 1726DF CARF MF Processo nº 16561.720066/201165 Acórdão n.º 3201003.309 S3C2T1 Fl. 3 2 O acórdão embargado conheceu em parte o Recurso Voluntário e, na parte conhecida, deulhe provimento, cuja ementa foi assim redigida: CONCOMITÂNCIA ENTRE PROCESSO ADMINISTRATIVO E JUDICIAL Constatado que o processo administrativo guarda relação de identidade com o processo judicial partes, causa de pedir e pedido caracterizada a concomitância, com a consequente prevalência do processo judicial em relação ao administrativo. Aplicação da Súmula CARF n. 1. DEPÓSITO JUDICIAL DO MONTANTE INTEGRAL DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. NÃO INCIDÊNCIA DE JUROS DE MORA. Não incide juros de mora na hipótese de existência do depósito judicial do montante integral do crédito tributário em discussão. Aplicação da Súmula CARF n. 5. Cientificado da decisão, o sujeito passivo interpôs embargos de declaração, sustentando que a decisão recorrida contém contradição, como expôs: “(...) embora a Relatora tenha acertado ao mencionar que “A presente controvérsia versa sobre a incidência sobre remessas a título de pagamento por prestação de serviços da Recorrente, à sua matriz na Alemanha”, tal menção é frontalmente contraditória à decisão de afastamento das nulidades levantadas pela Embargante, pois, ao contrário da afirmação contida no voto da Relatora de que “a Recorrente ingressou com dois mandados de segurança, de n. 2010.61.00.0075961 e 2009.61.00.0232110, referentes à discussão de incidência da CIDE sobre as operações de remessa, e outro para tenha o direito de pagar o IRRF à alíquota de 15%, para efetuar o depósito judicial, sendo que com relação à ação judicial de discussão da CIDE, constatouse que vem sendo feitos os depósitos judiciais, do montante integral do crédito tributário em discussão”, a verdade material subjacente aos fatos em discussão no presente processo é que a incidência da CIDE sobre pagamentos de serviços feitos pela Embargante em favor da empresa alemã SAP AG é objeto única e exclusivamente do Mandado de Segurança nº 2004.61.00.0208390, conforme evidenciam os documentos juntados ao caso como docs. nº 4 a 6 da impugnação protocolada em 24.1.2012. A perpetuação de tal equívoco poderá gerar diversos problemas e,inconvenientes à Embargante no futuro.” No despacho de admissibilidade (fls. 1.713/1.716), atestouse a tempestividade da peça e, no mérito da análise, não se vislumbrou a propagada contradição. Contudo, constatouse o vício da omissão, pois a decisão embargada não enfrentou a arguição de nulidade da autuação em razão da errônea indicação do mandado de segurança em relação ao qual havia a concomitância. Fl. 1727DF CARF MF Processo nº 16561.720066/201165 Acórdão n.º 3201003.309 S3C2T1 Fl. 4 3 Assim, constatado que o julgado deixou de analisar questão relevante ao deslinde da do litígio, acolheuse os embargos para que o vício da omissão seja sanado. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator. Admitidos os embargos por decisão do Presidente da Turma, o processo foi a mim distribuído, o qual incluí em pauta de julgamento. Conforme relatado, os embargos foram admitidos em decorrência da omissão da decisão por não ter enfrentado a alegação de nulidade da autuação em razão da indicação errônea do mandado de segurança em relação ao qual haveria a concomitância. Nos termos do art. 65 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009 (RICARF), cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual deveria pronunciarse a Turma. O mandado de segurança nº. 2004.61.00.0208390, sobre o qual repousa a concomitância entre a ação judicial e o presente processo administrativofiscal, e alegado como sendo o correto pela contribuinte, não foi citado na decisão. Reconhece a embargante que o cerne do litígio é a concomitância entre processos judicial e administrativo cujo objeto é a incidência sobre remessas a título de pagamento por prestação de serviços da SAP Brasil, à sua matriz na Alemanha SAP AG. O vício apontado é quanto à identificação correta da medida judicial em que foram realizados os depósitos judiciais que garantem a suspensão da exigibilidade da presente autuação. Alega a embargante que o processo judicial no qual se discute a incidência da CIDE e os depósitos realizados tratase do Mandado de Segurança nº 2004.61.00.0208390, e não os Mandados de Segurança nº 2009.61.00.0232110 e 2010.61.00.0075961, como apontado pela Fiscalização na autuação. Seguindo neste raciocínio a embargante assevera que não se trata de mero equívoco fiscal, mas de vício material na autuação que ensejaria sua nulidade, pois conforme argui, "obrigou a ora Embargante a exercer seu direito de defesa sem mesmo ter a certeza dos fatos que estão sendo alegados em seu desfavor." Não vejo motivação para se decretar a nulidade do auto de infração, todavia, é certo que não houve o enfrentamento da matéria suscitada nas peças de defesa. Primeiro, ainda que se alegue a incerteza da autuação quanto aos valores lançados, a própria SAP Brasil demonstra conhecimento dos fatos e exerce em plenitude o seu direito de defesa. Fl. 1728DF CARF MF Processo nº 16561.720066/201165 Acórdão n.º 3201003.309 S3C2T1 Fl. 5 4 No Termo de Verificação Fiscal estão consignados os demonstrativos e referências às planilhas que serviram de cálculo à atuação, e a ausência de menção ao MS nº 2004.61.00.0208390 não macula o procedimento de nulidade, eis que os valores apurados encontramse calculados e apontados pela fiscalização nas planilhas às folhas 366/605, com base em elementos fornecidos pela contribuinte, a saber: planilhas discriminando remessas ao exterior, contatos de câmbio, contratos de serviço, certidões de objeto e pé, guia de depósitos. Ou seja, a partir dos documentos de propriedade da interessada foram extraídas as informações para a lavratura do auto de infração para prevenção de decadência, revelandose incompatível alegações de cerceamento de direito de defesa motivado por incerteza na alegação dos fatos afirmados pelo Fisco. Segundo, a jurisprudência deste CARF tem se manifestado no sentido que a nulidade a ser proferida necessariamente deve impor prejuízo à parte, e neste aspecto a embargante não deduz objetivamente qual a natureza do prejuízo, tãosomente exercita a possibilidade de "gerar diversos problemas e inconvenientes à Embargante no futuro" Entendo que a preocupação é com o desfecho das ações judiciais nominadas nestes autos que, na hipótese de decisões finais conflitantes e desfavoráveis, poderia acarretar prejuízo na liquidação dos valores devidos; todavia, novamente, repisase, não se configuram vícios materiais que maculam de nulidade o auto de infração. Conclusão Dessa forma, não se apresentam vícios que ensejam a nulidade suscitada, contudo devese aclarar a decisão para constar que os valores exigidos na presente autuação não guardam relação com a discussão travada nos Mandados de Segurança nº 2009.61.00.0232110 e 2010.61.00.0075961, mas sim com a discussão judicial existente no Mandado de Segurança nº 2004.61.00.0208390. Por todo exposto, voto por acolher os embargos de declaração interpostos, sem efeitos infringentes, para (i) integrar o voto acrescentandolhe que os valores exigidos na presente autuação relacionamse com o objeto do Mandado de Segurança nº 2004.61.00.0208390. Paulo Roberto Duarte Moreira Fl. 1729DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13888.004186/2009-26
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 30 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Feb 26 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2007
CRÉDITO BÁSICO. PRODUTOS INTERMEDIÁRIOS. UTILIZADOS E CONSUMIDOS DIRETAMENTE NO PROCESSO DE PRODUÇÃO. VIDA ÚTIL INFERIOR A UM ANO.
Constituem-se produtos intermediários com direito ao crédito básico do IPI os materiais utilizados e consumidos, em prazo inferior a uma ano, em razão do contato direito com o produto em elaboração e que não se identificam como partes e peças de máquinas.
Legítimo o aproveitamento do crédito básico do IPI na aquisição e utilização de telas e feltros no processo produtivo de papel, conforme Laudo Técnico, que, objetivamente, identificou a natureza e finalidade dos materiais.
Recurso Voluntário Provido
Numero da decisão: 3201-003.314
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário.
Winderley Morais Pereira - Presidente Substituto.
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade.
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2007 CRÉDITO BÁSICO. PRODUTOS INTERMEDIÁRIOS. UTILIZADOS E CONSUMIDOS DIRETAMENTE NO PROCESSO DE PRODUÇÃO. VIDA ÚTIL INFERIOR A UM ANO. Constituemse produtos intermediários com direito ao crédito básico do IPI os materiais utilizados e consumidos, em prazo inferior a uma ano, em razão do contato direito com o produto em elaboração e que não se identificam como partes e peças de máquinas. Legítimo o aproveitamento do crédito básico do IPI na aquisição e utilização de telas e feltros no processo produtivo de papel, conforme Laudo Técnico, que, objetivamente, identificou a natureza e finalidade dos materiais. Recurso Voluntário Provido Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário. Winderley Morais Pereira Presidente Substituto. Paulo Roberto Duarte Moreira Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 8. 00 41 86 /2 00 9- 26 Fl. 759DF CARF MF Processo nº 13888.004186/200926 Acórdão n.º 3201003.314 S3C2T1 Fl. 3 2 O interessado acima identificado recorre a este Conselho, de decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Ribeirão Preto/SP. Após interposição de recurso voluntário e a conversão de seu julgamento em diligência, no acórdão nº 3202000.090, sessão de 19/03/2013, para a elaboração de laudo técnico acerca da utilização de insumos no processo produtivo, a contribuinte requereu desistência parcial de seu recurso. Desse forma, este relato, e o julgamento, abrangerá tãosomente a matéria cuja parcela resta litigiosa. Por bem descrever os fatos ocorridos, até então, adoto o relatório da decisão recorrida, que transcrevo, a seguir: Tratase de exigência do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), formalizada no auto de infração de fls. 13/19, lavrado em 30/12/2009, com ciência da contribuinte na mesma data, totalizando o crédito tributário de R$ 19.888.674,70. De acordo com a descrição dos fatos de fls. 16/19 e o relatório fiscal de lançamento de fls. 22/27, houve falta de recolhimento de IPI, no período de janeiro de 2005 a dezembro de 2007, em razão das seguintes infrações constatadas: (...) 2. A contribuinte se creditou indevidamente de IPI sobre aquisições de “telas” e “feltros”, materiais que não se enquadram no conceito de insumos. Como resultado, foi reconstituída a escrita fiscal e realizado o lançamento. Inconformada com a autuação, a contribuinte protocolizou impugnação de fls. 175/200, aduzindo em sua defesa as seguintes razões: (...) 6. As telas e feltros se enquadram no conceito de insumo porque se consomem diretamente no processo produtivo, onde perdem suas qualidades físicas, pelo atrito constante e ininterrupto com o produto em fabricação; além disso, não compõe o ativo fixo, ante sua vida útil reduzida; juntou Laudo Técnico. Por fim, requer o cancelamento do auto de infração. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto/SP por intermédio da 2ª Turma, no Acórdão nº 1428.301, sessão de 07/04/2010, julgou improcedente a impugnação do contribuinte. A decisão foi assim ementada: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados IPI Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2007 Fl. 760DF CARF MF Processo nº 13888.004186/200926 Acórdão n.º 3201003.314 S3C2T1 Fl. 4 3 (...) Para que os materiais consumidos ou utilizados no processo de produção sejam caracterizados como matériaprima ou produto intermediário, fazse necessário o consumo, o desgaste ou a alteração do material, em função de ação direta exercida sobre o produto em fabricação, ou viceversa. Entendase "consumo" como decorrência de um contato físico exercido pelo material sobre o produto em fabricação ou deste sobre aquele. Inconformada com a decisão, a contribuinte apresenta recurso voluntário (fls. 554/557), no qual repisa os argumentos trazidos em sua impugnação. O recurso foi submetido a apreciação de Turma deste CARF, já extinta, que na sessão de 19/03/2013 por entender subsistir dúvidas acerca da finalidade e utilização das "telas" e dos "feltros" no processo produtivo da empresa, decidiu converter o julgamento em diligência para a realização de perícia técnica a fim de esclarecer quesitos e manifestações das partes, como segue: 1º Identificar detalhadamente as “telas” e “feltros” objeto do litígio fiscal, informando suas características técnicas, modelo, fabricante, etc... 2º Qual a finalidade das “telas” e “feltros” no processo produtivo da Recorrente?Explicar e justificar. 3º Como as “telas” e os “feltros” são utilizados no processo produtivo da Recorrente? Explicar e justificar. 4º Os dois componentes (“telas” e “feltros”) integram o produto resultante do processo produtivo? Os dois componentes são consumidos no processo produtivo? Explicar e justificar. 5º Há contato físico dos dois componentes (“telas” e “feltros”) com o produto em fabricação? Explicar e justificar. 6º O que leva ao desgaste os dois componentes (“telas” e “feltros”) e qual o tempo para que isso ocorra durante o processo produtivo (vida útil média)? Explicar e justificar. 7º Juntar fotos e catálogos técnicos dos componentes. As partes (Fisco e Recorrente), caso entendam conveniente, podem apresentar quesitos adicionais a serem respondidos pelos peritos. Desta forma, a autoridade fiscal da DRFPIRACICABA (SP) deverá intimar a Recorrente para contratar instituição de renomada reputação para realização do Laudo Técnico. Caso entenda necessário, ao término da perícia, a fiscalização poderá manifestarse sobre o Laudo Técnico elaborado. Encerrada a instrução processual a Interessada deverá ser intimada para manifestarse no prazo de 30 (trinta) dias, antes da devolução do processo para julgamento. Fl. 761DF CARF MF Processo nº 13888.004186/200926 Acórdão n.º 3201003.314 S3C2T1 Fl. 5 4 O Instituto de Pesquisa Tecnológicas IPT elaborou o Relatório Técnico nº 133 857205, datado de 30/07/2013 e subscrito por diretora e por corpo técnico (químicas) que se encontra juntado a este processo às folhas 641/698. Da leitura do laudo se extrai as informações: a. A unidade industrial da Klabin fabrica 03 (três) tipos de papel utilizados na confecção de caixas (de papelão); b. As matériasprimas (MP) são todas do tipo "aparas" ou subprodutos de papel; c. O processo constitui de fases em que há espécies de tratamentos mecânicos e térmico das MP utilizandose de variadas técnicas; d. A MP (i) sofre desagregação em água para separar fibras resultando em uma polpa que possui impurezas, (ii) é depurada em processo mecânico resultando na fibra celulósica. Esta (iii) é então refinada na etapa de fibrilação, com o objetivo de dar resistência mecânica ao papel; e. A fibra é introduzida na máquina de papel onde é distribuída sobre telas para obter forma (folha), segue para a seção de prensa, que em contato com feltros ocorre a eliminação de água e, em seguida, secada e aquecida, por meio de telas secadoras. Por fim, a folha é enrolada em forma de bobina. O laudo forneceu respostas aos quesitos elaborados pelo CARF, as quais sintetizo para apontar o que importa ao deslinde do litígio: Quesito 1: Identificação das "telas" e feltros"? "... Cada um desses componentes tem função bem definida no processo de fabricação de papel (ver resposta do próximo item) ..." Quesito 2: Qual a finalidade das "telas" e feltros" no processo produtivo? "Na máquina de papel de mesa plana do tipo usado pela Klabin Piracicaba, há telas formadoras, telas secadoras e feltros. "As telas formadoras se encontram na seção de formação da máquina de papel e, mesmo em diferentes modelos, têm como finalidade: receber a suspensão de fibras celulósicas numa consistência de cerca de 1% e promover seu desaguamento formando a folha de papel no estado úmido. Os feltros se encontram na seção de prensas da máquina de papel e, mesmo em diferentes modelos, têm como finalidade: promover a remoção de grande parte da água presente na folha úmida. A telas secadoras se encontram na seção de secagem da máquina de papel e, mesmo em diferentes modelos, têm como finalidade: auxiliar o contato da folha de papel com o cilindro secador promovendo a secagem da folha." Quesito 3: Como as "telas" e feltros" são utilizadas no processo produtivo? Fl. 762DF CARF MF Processo nº 13888.004186/200926 Acórdão n.º 3201003.314 S3C2T1 Fl. 6 5 "... Nas telas formadoras, ocorrem drenagem da água contida na suspensão de fibras e formação da folha com dupla camada ... As telas formadoras (...) promover a formação de uma folha de boa qualidade e retenção de fibras e de outros materiais adicionados à suspensão de fibras. (...) "... No processo de prensagem a remoção de água ocorre quando a folha entre dois feltros é pressionada entre os rolos superior e inferior. No setor de prensas, os fatores principais que afetam a remoção da água da folha formada são: as características dos feltros (...) (...) As propriedades técnicas dos feltros que têm influência na formação do papel são gramatura. espessura; rigidez; resistência à tração; compressibilidade; permeabilidade: resistência ao fluxo; e rigidez. (...) A folha é mantida em contato íntimo com a superfície dos cilindros por meio de telas secadoras. A máquina de papel (...) possui quarenta e três cilindros secadores, reunidos em quatro grupos (...) sendo que cada grupo possuí uma tela secadora própria. As telas secadoras melhoram o contato entre a folha de papel e a superfície do secador (...). Entre as propriedades técnicas principais das telas secadoras, estão: permeabilidade; lisura condizente com o tipo de papel produzido: resistência para suportar as tensões aplicadas; superfície e espessura tais que favoreçam a transmissão de calor; estabilidade dimensional adequada composição e estrutura capaz de resistir às condições de calor, umidade e químicas de trabalho, por um período economicamente viável de uso." Quesito 4: As "telas" e feltros" integram o produto resultante? Entendendo "integrar" como "fazer parte", então, "telas" e " feltros" não integram o produto resultante do processo produtivo, ou seja, não estão incorporados ao papel fabricado pela Klabin Piracicaba Entendendo "consumir" como "usar até o desgaste total" então os componentes "telas" e " feltros" não são consumidos no processo de fabricação de papel da Klabin Piracicaba "Telas" e "feltros" são trocados de tempos em tempos porque perdem suas características funcionais, principalmente devido a deformações na trama, surgimento de obstruções, rasgos e furos e modificações de sua superfície, principalmente na direção transversal da máquina de papel" Quesito 5: Há contato físico das "telas" e feltros" com o produto em fabricação? Fl. 763DF CARF MF Processo nº 13888.004186/200926 Acórdão n.º 3201003.314 S3C2T1 Fl. 7 6 "Há contato físico direto das "telas" e "feltros" com o produto em fabricação." Quesito 6: O que leva ao desgaste de "telas" e feltros" e qual o tempo para que isso ocorra durante o processo produtivo (vida útil média)? "Com o tempo, as telas formadora e secadora e os feltros perdem suas características funcionais, o que leva à perda de produção e afeta a qualidade do papel fabricado. Exemplos de problemas que determinam o fim da vida útil desses componentes são deformação da trama, aparecimento de furos e/ou rasgos, entupimento devido a obstruções e modificação da superfície, principalmente direção transversal da máquina de papel. A título de ilustração (...) No Quadro 3, é mostrado o número de trocas de "telas" e feltros" efetuado pela Klabin Piracicaba nos últimos anos. O Relatório do IPT também atendeu aos questionamento adicionais elaborados pela unidade de origem responsável pelo cumprimento da diligência, formulados no Termo de Intimação (fls. 631/633): b1. Detalhar a etapa do processo de produção especificando os produtos obtidos, antes e depois de passar pelos dois componentes ("telas" e "feltros") Fl. 764DF CARF MF Processo nº 13888.004186/200926 Acórdão n.º 3201003.314 S3C2T1 Fl. 8 7 b2. Se os dois componentes ("telas" e '"feltros") são partes, peças e acessórios de máquinas, especificando o tipo de máquina e sua operação. "A máquina de papel é um equipamento que, juntamente com as telas formadoras, os feltros e as telas secadoras compõe um conjunto que possibilita a fabricação do papel. A falta de qualquer elemento desse conjunto inviabiliza a fabricação do papel. Há empresas especializadas na fabricação de máquina de papel e há empresas especializadas na fabricação de "telas" e "feltros, sendo elas normalmente independentes. Se for entendido "máquina de papel" como um equipamento, então, "telas" e "feltros não são parte da máquina (entendendo como parte um elemento ou porção da máquina), não são peça da máquina (entendendo como peça um pedaço de um todo indiviso da máquina) e não acessórios da máquina (entendendo como acessório algo que se acrescenta a uma coisa, mas não é fundamental). Se for entendido "máquina de papel" como um conjunto de elementos que permite a feitura de papel, então podese dizer que "telas" e "feltros" são parte da máquina de papel, pois fazem parte do conjunto de elementos que se integram no processo de fabricação do papel." A DRF em Piracicaba/SP pronunciouse acerca do Laudo do IPT por meio do Termo de Constatação e Intimação Fiscal (fls. 699/700) manifestandose, conforme excerto transcrito: (...) Analisando o Relatório apresentado, verificamos que foram atendidas as solicitações. Fl. 765DF CARF MF Processo nº 13888.004186/200926 Acórdão n.º 3201003.314 S3C2T1 Fl. 9 8 Porém, a fiscalização mantém o seu entendimento que os materiais Telas e Feltros não se enquadram no conceito de Produtos Intermediários, conforme previsto no RIPI/2002, Art. 164, Inc I e no RIPI/2010, Art226. Inc I. Transcrevemos a seguir, parte, do Parecer Normativo CST n° 260, de 1971, que embora trate da questão de materiais refratários, espelha o pensamento sobre o caso: (...) A manifestação da recorrente encontrase às folhas 701/716, com excertos transcritos: (...) Das etapas do processo produtivo, simplificadas e relacionadas nos itens acima, cumpre destacar a 4a etapa, por ser o momento de utilização da máquina, denominada de "máquina de papel de mesa plana". Isso porque é justamente nessa 4a etapa, no âmbito da utilização da referida máquina, em que as "telas" e "feltros" são utilizados para a produção do papel. Conforme consta no item "d", essa 4a etapa é formada pelas seguintes fases: (i) formação, (ii) prensagem, e (iii) secagem. De acordo com o laudo analisado, a Requerente utiliza a "tela" do tipo "formadora" na fase (i), que possui a função de "formar a folha de papel no estado úmido"; o "feltro" na fase (ii), que possui a função de remover "grande parte da água presente na folha úmida"; e a "tela" do tipo "secadora" na fase (iii), que possui a função de "auxiliar o contato da folha de papel com o cilindro secador promovendo a secagem da folha". Ademais, o Laudo em questão atesta que as "telas" e "feltros" são substituídas ao longo do tempo em razão do desgaste sofrido Fl. 766DF CARF MF Processo nº 13888.004186/200926 Acórdão n.º 3201003.314 S3C2T1 Fl. 10 9 durante o processo produtivo e que a vida útil desses elementos não atinge 1 ano, prazo necessário para ativação. Cumpre ressaltar ainda que o Laudo apresenta a relação de respostas aos quesitos formulados e que revelamse suficientes para elucidas as dúvidas surgidas no âmbito do julgamento do PAF n° 13888.004186/200926. Por fim, o Laudo conclui que as "telas" e os "feltros" são "componentes que têm características funcionais no processo de fabricação de papel, portanto, são imprescindíveis. Eles devem ser trocados quando perdem essas características". Cabe, nesse momento, ressaltar que as "telas" e "feltros" são caracterizados como insumos do tipo produtos intermediários. Isso porque são utilizados no curso do processo produtivo e não compõem o material industrializado, como é o caso da matéria prima. Uma vez constatado que "telas" e "feltros" são produtos intermediários no contexto de produção de papel fabricado pela Requerente, passase a analisar, à luz estritamente do disposto no retro aludido Parecer Normativo CST n° 65/79, se esses insumos são passíveis de creditamento pelo IPI. A seguir argumenta a recorrente com base das respostas do laudo que todos os requisitos prescritos no Parecer Normativo CST nº 65/79 encontramse satisfeitos para que "telas" e "feltros" sejam considerados produtos intermediários consumidos no processo produtivo de obtenção de papel para fazer jus ao crédito básico do IPI nas aquisições, no tocante a: (i) não são itens do ativo imobilizado; (ii) estabelecem contato direto com o material produzido no processo; (iii) consomemse no processo produtivo; e (iv) não se caracterizam como parte ou peças de máquinas. Por fim, colacionada excertos de julgados do conselho de Contribuintes e do CARF com decisões favoráveis à concessão de crédito de IPI no tocante a insumos que se consomem ou se desgastam no processo produtivo. Manifestouse também a Fazenda Nacional por intermédio de sua Procuradoria que ao analisar as respostas do Laudo do IPT aos quesitos elaborados pelo CARF teceu suas considerações quanto às conclusões que se revelam desfavoráveis às pretensões da contribuinte: 1. Entende que a resposta ao quesito "4" foi taxativa no sentido de que " nem as telas nem os feltros se integram ao produto final e, tampouco, são consumidos no processo produtivo"; 2. O Laudo deixou de esclarecer qual é a causa do desgaste das telas e dos feltros, pois focaram apenas nas consequências do uso prolongado desses materiais; 3. O primeiro Laudo, trazido pelo contribuinte, informa ocorrer o contato físico com outros elementos do processo produtivo, mas não com os produtos em elaboração; Fl. 767DF CARF MF Processo nº 13888.004186/200926 Acórdão n.º 3201003.314 S3C2T1 Fl. 11 10 4. Depreende das informações acerca da forma de fabricação do papel, bem como da função desempenhada pelas telas e feltros que, efetivamente, constituemse partes e peças de máquinas; 5. Concluiu que as telas e feltros utilizados no processo produtivo da empresa autuada não podem ser considerados como insumos, estando correta a glosa efetuada pela fiscalização. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira Relator O Recurso Voluntário atende aos requisitos de admissibilidade razão pela qual dele tomo conhecimento. A única matéria a ser decidida é o direito à apropriação do crédito do IPI das aquisições de "telas" e "feltros" utilizados no processo produtivo de obtenção de papel pela recorrente. Para a finalidade específica de delimitar as matériasprimas, os produtos intermediários e os materiais de embalagem cujas aquisições são passíveis de integrar a base de cálculo do crédito básico do IPI, impõese a observância de sua legislação, o art. 164, inciso I, do Decreto nº 4.544/02 RIPI/02, cuja matriz legal é o art. 25 da Lei n° 4.502/1964, reproduzido: Art. 164. Os estabelecimentos industriais, e os que lhes são equiparados, poderão creditarse (Lei nº 4.502, de 1964, art. 25): I do imposto relativo a MP, PI e ME , adquiridos para emprego na industrialização de produtos tributados, incluindose, entre as matériasprimas e produtos intermediários, aqueles que, embora não se integrando ao novo produto, forem consumidos no processo de industrialização, salvo se compreendidos entre os bens do ativo permanente; O direito ao crédito é conferido apenas às aquisições de matériaprima, produto intermediário e material de embalagem, explicitandose que matériaprima e produto intermediário são bens que se integram ao produto final e, também, bens que, embora não integrem esse produto, são consumidos no processo de industrialização, desde que não pertençam ao ativo permanente. Verificase, portanto, que o dispositivo legal, em sua primeira parte, alcança apenas as matériasprimas, os produtos intermediários e os materiais de embalagem e não quaisquer insumos. No caso em questão, os bens objeto do litígio não são matériaprima ou produto intermediário que integram o produto final, tampouco se trata de material de embalagem. Necessário então verificar se, na condição de matériaprima ou produto Fl. 768DF CARF MF Processo nº 13888.004186/200926 Acórdão n.º 3201003.314 S3C2T1 Fl. 12 11 intermediário, tais bens atendem a segunda parte do dispositivo (inciso I), quais sejam, preenchem três condições cumulativas, no processo de industrialização: a) sofrer desgaste ou dano; b) decorrer esse desgaste ou dano do contato direto com o produto em fabricação, que, no caso, é o papel (ainda que em forma primária submetida às transformações); e c) não seja parte ou peça de máquina integrante do ativo permanente. No laudo realizado pelo IPT, as telas e os feltros foram plenamente identificados quanto à natureza e descrição de suas finalidades no processo produtivo de elaboração do papel. Apontouse, objetivamente, a forma em que esses materiais entram em contato físico com o produto em elaboração, neles se desgastam e o tempo de duração (vida útil) até que se tornam emprestáveis ao processo. Conquanto em algumas passagens do relatório possa aparentar certa dubiedade nas assertivas ou respostas aos quesitos, em razão da utilização de termos técnicos sem o rigor da precisão semântica de sentido, normalmente atribuído pelo direito ou da própria legislação, entendo que em todo o contexto o Laudo mantevese claro, preciso, coerente e objetivo ao caracterizar individualmente os materiais e sua utilidade no processo produtivo da recorrente. Tenho por convencido que as respostas ao quesitos e demais informações inseridas no Relatório Técnico elaborado pelo IPT dão razão aos argumentos da recorrente de que lhe assiste o direito ao crédito de IPI nas aquisições de telas e feltros utilizados no processo produtivo de obtenção do papel. Em apertada síntese do processo produtivo e utilização de telas e feltros, compreendo que esses materiais participam desde o início da produção, pois a matériaprima, após as etapas de desagregação, depuração e fibrilação é introduzida na máquina de papel onde é disposta sobre telas para se obter a forma de folha de papel, e a seguir segue para a seção de prensa, que em contato com feltros ocorre a eliminação de água e o aquecimento por meio de telas secadoras. Verificase que, com efeito, as telas e feltros sofrem desgaste no processo de industrialização do papel e trabalham em contato direto com o produto em fabricação, podendo dizer, portanto, que esse desgaste decorre do contato direto com o papel em fabricação. Cumpre também ao requisito de não se tratar de peça ou parte de máquinas, vez que telas e feltros são independentes das máquinas, seja na fabricação ou na aquisição. O quadro (fl. 659) que informa o número de trocas das telas e feltros em mais de 3 (anos) é objetivo ao indicar que a duração dos materiais é seguramente inferior ao prazo de um ano. Conclusão Diante de todo o exposto, concernente à descrição do processo produtivo da recorrente, a utilização, o contato físico direito com o produto em elaboração, e o desgaste que Fl. 769DF CARF MF Processo nº 13888.004186/200926 Acórdão n.º 3201003.314 S3C2T1 Fl. 13 12 se dá em prazo inferior a um ano, das telas e feltros, materiais esses que não se caracterizam como parte e peças de máquinas, podem ser apropriados como produtos intermediários com direito ao crédito básico do IPI na produção de papel. Portanto, voto para DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. Paulo Roberto Duarte Moreira Relator Fl. 770DF CARF MF
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Numero do processo: 10410.901857/2013-01
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 25 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri May 17 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/04/2011 a 30/04/2011
NÃO-CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. CONCEITO DE INSUMOS
O alcance do conceito de insumo, segundo o regime da não-cumulatividade do PIS Pasep e da COFINS é aquele em que o os bens e serviços cumulativamente atenda aos requisitos de (i) essencialidade ou relevância com/ao processo produtivo ou prestação de serviço; e sua (ii) aferição, por meio do cotejo entre os elementos (bens e serviços) e a atividade desenvolvida pela empresa.
PROCESSO PRODUTIVO. PRODUÇÃO DE AÇÚCAR E ÁLCOOL. ETAPA AGRÍCOLA. CUSTOS. CRÉDITO
Os custos incorridos com bens e serviços aplicados no cultivo da cana de açúcar guardam estreita relação de relevância e essencialidade com o processo produtivo das variadas formas e composição do álcool e do açúcar e configuram custo de produção, razão pela qual integram a base de cálculo do crédito das contribuições não-cumulativas.
REGIME NÃO CUMULATIVO. GASTOS COM FRETE. TRANSPORTE DE BENS COM DIREITO A CRÉDITO. DIREITO À APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO NA DESPESA DE FRETE.
No âmbito do regime não cumulativo da Cofins, a despesa com transporte de bens utilizado como insumos na produção/industrialização de bens destinados à venda, suportado pelo comprador, e devida à pessoa jurídica, propicia a dedução de crédito se incluído no custo de aquisição dos bens.
CRÉDITOS DE INSUMOS. CONTRIBUIÇÕES NÃO-CUMULATIVAS. SERVIÇOS E PEÇAS DE MANUTENÇÃO DE VEÍCULOS, MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NO PROCESSO PRODUTIVO.
Os serviços e bens utilizados na manutenção de veículos, máquinas e equipamentos utilizados no processo produtivo geram direito a crédito das contribuições para o PIS e a COFINS não-cumulativos.
VEÍCULOS, MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. CRÉDITO SOBRE DEPRECIAÇÃO. UTILIZAÇÃO EM ETAPAS DO PROCESSO PRODUTIVO E DE INDUSTRIALIZAÇÃO.
A pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados sobre encargos de depreciação em relação a veículos, máquinas e equipamentos adquiridos e utilizados em etapas pertinentes e essenciais à produção e à fabricação de produtos destinados à venda, conforme disciplinado pela Secretaria da Receita Federal em sua legislação (IN SRF nº 457/2004).
REGIME NÃO-CUMULATIVO. DESPESAS COM ARMAZENAGEM E FRETES NA OPERAÇÃO DE VENDA.
Concede-se direito à apuração de crédito às despesas de armazenagem e frete contratado relacionado a operações de venda, desde que amparado em documentos fiscal e o ônus tenha sido suportado pela pessoa jurídica vendedor e pago à pessoa jurídica beneficiária domiciliada no País.
Numero da decisão: 3201-005.300
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, apenas para conceder o crédito das contribuições para o PIS/Cofins, revertendo-se as glosas efetuadas, atendidos os demais requisitos dos §§ 2º e 3º dos arts. 3º das Leis nºs. 10.637/2002 e 10.833/2003 e legislação pertinente à matéria: I - Serviços utilizados como insumos na fase agrícola: (item 1.1) Serviços de Terceiros-Equipamentos Agrícolas: serviços de manutenção e solda em equipamentos agrícolas e de irrigação, e serviços de "lavagem de roupas-herbicidas"; (item 1.2) Manutenção e Reparo de Equipamentos Agrícolas: peças aplicadas por terceiros na manutenção de implementos agrícolas e irrigação; (item 1.3) Fretes de compra (apenas para os valores comprovados através da apresentação de Conhecimento de Carga); e (item 1.4) Transporte de cana (bens aplicados em veículos próprios, utilizados no transporte de cana); II - Bens utilizados como insumos na fase agrícola (item "1.2"): Óleo Diesel, Material Lubrificante, Pneus e Câmaras, Material de Manutenção, utilizados em veículos empregados especificamente na movimentação e transporte da cana-de-açúcar e nos centros de custos relacionados à fase agrícola, tais como: Adutoras, Pivôs, Carregadeiras, Grades, Fazendas, Tratores, Sulcador, Aplicação de Herbicidas, Produção de Mudas; III - Bens e serviços utilizados na fase industrial de fabricação de açúcar e álcool (itens "4.1" e "4.2") - transporte de resíduos industriais; serviços de dedetização, desde que nas instalações das atividades produtivas; produtos químicos, desde que utilizados na limpeza de instalações industriais; e produtos químicos específicos para tratamento de águas; IV - Encargos de depreciação de bens utilizados na fase agrícola: tratores, colheitadeiras, caminhões, reboques e outros bens utilizados na agricultura ou transporte da cana; e V - Despesas com armazenagem e fretes nas operações de vendas.
(assinado digitalmente)
Paulo Roberto Duarte Moreira - Presidente em Exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Giovani Vieira, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Leonardo Correia Lima Macedo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Marcos Roberto da Silva (suplente convocado em substituição ao conselheiro Charles Mayer de Castro Souza), Tatiana Josefovicz Belisario, Laercio Cruz Uliana Junior e Paulo Roberto Duarte Moreira (Presidente em Exercício). Ausente o conselheiro Charles Mayer de Castro Souza.
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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CRÉDITOS. CONCEITO DE INSUMOS O alcance do conceito de insumo, segundo o regime da nãocumulatividade do PIS Pasep e da COFINS é aquele em que o os bens e serviços cumulativamente atenda aos requisitos de (i) essencialidade ou relevância com/ao processo produtivo ou prestação de serviço; e sua (ii) aferição, por meio do cotejo entre os elementos (bens e serviços) e a atividade desenvolvida pela empresa. PROCESSO PRODUTIVO. PRODUÇÃO DE AÇÚCAR E ÁLCOOL. ETAPA AGRÍCOLA. CUSTOS. CRÉDITO Os custos incorridos com bens e serviços aplicados no cultivo da cana de açúcar guardam estreita relação de relevância e essencialidade com o processo produtivo das variadas formas e composição do álcool e do açúcar e configuram custo de produção, razão pela qual integram a base de cálculo do crédito das contribuições nãocumulativas. REGIME NÃO CUMULATIVO. GASTOS COM FRETE. TRANSPORTE DE BENS COM DIREITO A CRÉDITO. DIREITO À APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO NA DESPESA DE FRETE. No âmbito do regime não cumulativo da Cofins, a despesa com transporte de bens utilizado como insumos na produção/industrialização de bens destinados à venda, suportado pelo comprador, e devida à pessoa jurídica, propicia a dedução de crédito se incluído no custo de aquisição dos bens. CRÉDITOS DE INSUMOS. CONTRIBUIÇÕES NÃOCUMULATIVAS. SERVIÇOS E PEÇAS DE MANUTENÇÃO DE VEÍCULOS, MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NO PROCESSO PRODUTIVO. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 41 0. 90 18 57 /2 01 3- 01 Fl. 1825DF CARF MF Processo nº 10410.901857/201301 Acórdão n.º 3201005.300 S3C2T1 Fl. 1.826 2 Os serviços e bens utilizados na manutenção de veículos, máquinas e equipamentos utilizados no processo produtivo geram direito a crédito das contribuições para o PIS e a COFINS nãocumulativos. VEÍCULOS, MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. CRÉDITO SOBRE DEPRECIAÇÃO. UTILIZAÇÃO EM ETAPAS DO PROCESSO PRODUTIVO E DE INDUSTRIALIZAÇÃO. A pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados sobre encargos de depreciação em relação a veículos, máquinas e equipamentos adquiridos e utilizados em etapas pertinentes e essenciais à produção e à fabricação de produtos destinados à venda, conforme disciplinado pela Secretaria da Receita Federal em sua legislação (IN SRF nº 457/2004). REGIME NÃOCUMULATIVO. DESPESAS COM ARMAZENAGEM E FRETES NA OPERAÇÃO DE VENDA. Concedese direito à apuração de crédito às despesas de armazenagem e frete contratado relacionado a operações de venda, desde que amparado em documentos fiscal e o ônus tenha sido suportado pela pessoa jurídica vendedor e pago à pessoa jurídica beneficiária domiciliada no País. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, apenas para conceder o crédito das contribuições para o PIS/Cofins, revertendose as glosas efetuadas, atendidos os demais requisitos dos §§ 2º e 3º dos arts. 3º das Leis nºs. 10.637/2002 e 10.833/2003 e legislação pertinente à matéria: I Serviços utilizados como insumos na fase agrícola: (item 1.1) Serviços de Terceiros Equipamentos Agrícolas: serviços de manutenção e solda em equipamentos agrícolas e de irrigação, e serviços de "lavagem de roupasherbicidas"; (item 1.2) Manutenção e Reparo de Equipamentos Agrícolas: peças aplicadas por terceiros na manutenção de implementos agrícolas e irrigação; (item 1.3) Fretes de compra (apenas para os valores comprovados através da apresentação de Conhecimento de Carga); e (item 1.4) Transporte de cana (bens aplicados em veículos próprios, utilizados no transporte de cana); II Bens utilizados como insumos na fase agrícola (item "1.2"): Óleo Diesel, Material Lubrificante, Pneus e Câmaras, Material de Manutenção, utilizados em veículos empregados especificamente na movimentação e transporte da canadeaçúcar e nos centros de custos relacionados à fase agrícola, tais como: Adutoras, Pivôs, Carregadeiras, Grades, Fazendas, Tratores, Sulcador, Aplicação de Herbicidas, Produção de Mudas; III Bens e serviços utilizados na fase industrial de fabricação de açúcar e álcool (itens "4.1" e "4.2") transporte de resíduos industriais; serviços de dedetização, desde que nas instalações das atividades produtivas; produtos químicos, desde que utilizados na limpeza de instalações industriais; e produtos químicos específicos para tratamento de águas; IV Encargos de depreciação de bens utilizados na fase agrícola: tratores, colheitadeiras, caminhões, reboques e outros bens utilizados na agricultura ou transporte da cana; e V Despesas com armazenagem e fretes nas operações de vendas. (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Presidente em Exercício e Relator Fl. 1826DF CARF MF Processo nº 10410.901857/201301 Acórdão n.º 3201005.300 S3C2T1 Fl. 1.827 3 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Giovani Vieira, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Leonardo Correia Lima Macedo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Marcos Roberto da Silva (suplente convocado em substituição ao conselheiro Charles Mayer de Castro Souza), Tatiana Josefovicz Belisario, Laercio Cruz Uliana Junior e Paulo Roberto Duarte Moreira (Presidente em Exercício). Ausente o conselheiro Charles Mayer de Castro Souza. Relatório Para bem relatar os fatos, transcrevese o relatório da decisão proferida pela autoridade a quo no Acórdão nº 1464.829: Tratase de Pedido de Ressarcimento de créditos da Cofins não cumulativa do 2º Trimestre de 2011, no importe de R$ 274.511,97, formalizado por meio do PER/DCOMP nº 19133.62962.050912.1.5.095452 (fls. 34/41), ao qual a contribuinte vinculou declarações de compensação nas quais procurou extinguir débitos próprios, relativos a tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil – RFB. Analisada a pretensão, foi emitido o Despacho Decisório nº de Rastreamento 095447414 (fl. 42), no qual o direito creditório foi reconhecido parcialmente, disso resultando declaração de compensação homologada parcialmente e declarações de compensação não homologadas, além de inexistência de saldo a ser ressarcido. Os fundamentos da decisão estão no Relatório Fiscal de fls. 1319/1355, no qual a autoridade fiscal se manifestou pelo deferimento parcial do pedido, e expôs os motivos de seu entendimento, conforme segue. Inicia esclarecendo que: a empresa dedicase à produção e comercialização de açúcar e álcool utilizando como matéria prima básica a canadeaçúcar obtida mediante produção própria ou adquirida de terceiros; como a maioria das empresas deste ramo, tem produção sazonal, normalmente ocorrendo o período de safra/produção entre os meses de setembro a março; a comercialização é feita tanto no mercado interno como no externo, sendo que o açúcar é predominantemente exportado e o álcool é majoritariamente comercializado no mercado interno. Passa a tratar dos créditos glosados informando inicialmente que o conceito de insumo, para fins de apuração de créditos da não cumulatividade do PIS e da Cofins está regido em legislação própria e não pode ser confundido nem interpretado à luz da legislação do IRPJ. Relata que em atendimento ao Termo de Início de Ação Fiscal, a contribuinte apresentou planilhas detalhadas em que demonstrava a memória de cálculo dos valores de crédito que informou no DACON e que embasaram seus Pedidos de Fl. 1827DF CARF MF Processo nº 10410.901857/201301 Acórdão n.º 3201005.300 S3C2T1 Fl. 1.828 4 Ressarcimento. Informa ainda que estas planilhas apresentavam os insumos “que foram utilizados para compor os créditos discriminados por utilização em AGRICULTURA ou INDÚSTRIA”. Diz ainda que, na AGRICULTURA, a contribuinte incluiu também “as despesas (serviços, fretes, peças de veículos...) com o transporte e movimentação de canade açúcar, tanto a cana adquirida de terceiros como também a cana produzida em suas diversas fazendas até a unidade fabril”. Ressalta (os destaques são do original): Ora, em relação aos gastos ocorridos na Agricultura, tais aquisições não poderiam gerar direito aos créditos pleiteados por tratarse de ciclos produtivos diferentes: um, a atividade rural de cultivo da canadeaçúcar e outro, a produção de álcool e açúcar. A contribuinte fabrica açúcar e álcool, e além disso, cultiva parte da canadeaçúcar que utiliza na própria atividade industrial. Entende a Receita Federal que a fabricação de açúcar e álcool e a produção de canadeaçúcar são dois processos diferentes e que não se confundem para fins de apuração de PIS e Cofins no regime nãocumulativo. Além disso, não representam gastos com insumos utilizados na produção de produtos destinados à venda e sim gastos/insumos utilizados na obtenção de matérias prima para o próprio consumo. Notese que a empresa não vende cana e sim açúcar e álcool e a legislação do PIS/COFINS é clara quando restringe o direito ao crédito apenas a insumos utilizados na produção ou fabricação de produtos destinados à venda. Registra que este entendimento está expresso em diversas Soluções de Consulta, das quais transcreve trechos, e ainda, que o mesmo entendimento se aplica a outras atividades do segmento agroindustrial como, por exemplo, siderúrgicas com produção própria de carvão vegetal, indústria de papel com produção própria de eucaliptos, e acrescenta: E não é só. Mesmo na absurda hipótese de creditamento de bens e serviços aplicados na área agrícola, nem assim os supostos créditos seriam integrais, uma vez que a maioria das atividades agrícolas (entre as quais se inclui a produção de cana...), está sujeita a que parte dos seus custos com preparo e plantio seja imobilizada através da EXAUSTÃO e, ao contrário da depreciação e da amortização, não existe qualquer previsão legal para o creditamento de quotas de exaustão. (...) (destaques no original) Apresenta, em nota de rodapé, a seguinte observação: A empresa apresentou uma planilha denominada Serviços de TerceirosAgrícola na qual relacionava todos os serviços de manutenção, frete de cana, solda, diversos,....efetuados na área agrícola. Para fins de melhor visualização, a ação fiscal "quebrou" esta planilha em várias outras de acordo com o tipo do serviço prestado: Frete de Cana, Serviços de Terceiros manutenção e solda de equipamentos agrícolas, Serviços Fl. 1828DF CARF MF Processo nº 10410.901857/201301 Acórdão n.º 3201005.300 S3C2T1 Fl. 1.829 5 Diversos e Serviços de Terceirosmanutenção e solda de veículos e equipamentos de transporte. A mesma "quebra" foi efetuada na Planilha Manutenção e Reparos, que foi dividida em Equipamentos Agrícolas e Transporte. Convém acrescentar que a "quebra" não implicou alteração nos valores totais, que, de qualquer forma e independentemente da divisão adotada, seriam glosados, uma vez que referemse a atividades que não ensejam creditamento. Passa então a informar as glosas efetuadas, relativas a aquisições para a área agrícola: 1.1 SERVIÇOS UTILIZADOS COMO INSUMOS ÁREA AGRÍCOLA Do valor total de Serviços Utilizados como Insumos foram glosados os seguintes créditos referentes a agricultura: • Serviços de TerceirosEquipamentos Agrícolas: serviços de manutenção e solda em equipamentos agrícolas e de irrigação; • Serviços Diversos: outros créditos de serviços na área agrícola, de natureza indireta e administrativa, tais como Consultoria Agrícola, Consultoria em Meio Ambiente, Lavagem de Roupa Herbicidas e Manutenção de Programas de Computador. • Manutenção e Reparo de Equipamentos Agrícolas: peças aplicadas por terceiros na manutenção de implementos agrícolas e irrigação. Os valores glosados estão demonstrados abaixo e também nas Planilhas “Apuração dos Valores de Serviços utilizados como Insumos” e “Serviços de Terceiros Prestados na Agricultura Creditamentos Glosados”, Anexo 04. (...) 1. 2 BENS UTILIZADOS COMO INSUMOS ÁREA AGRÍCOLA Conforme exposto anteriormente, em suas planilhas apresentadas a empresa englobou como “Agricultura” as despesas referentes à aquisição de bens utilizados em automóveis e veículos para a movimentação e transporte da cana de açúcar. Além disso, apresentou todas as aquisições em uma única planilha (“Bens Insumos”), sem separação por tipo ou natureza do bem. Com o objetivo de melhor apresentação e visualização dos créditos glosados, a ação fiscal separou os bens nas planilhas da empresa, utilizando a mesma classificação existente na Contabilidade (SPED ContábilReq. 1dffe5fa2f9348db9308 3175c5a3a827, Anexo 01), ou seja, Óleo Diesel, Material Lubrificante, Pneus e Câmaras, Material de Manutenção. A seguir, a empresa foi intimada a identificar centros de custos (item 2 do Termo de Intimação n° 03) e, com base nas informações recebidas (Respostas Apresentadas pela Empresa Fl. 1829DF CARF MF Processo nº 10410.901857/201301 Acórdão n.º 3201005.300 S3C2T1 Fl. 1.830 6 Anexo 03) e com base nas informações contábeis que identificavam o centro de custo para o qual o material foi requisitado, foram separados aqueles gastos específicos da agricultura ( bens utilizados em tratores, colheitadeiras, equipamentos de irrigação,...) daqueles mais específicos do transporte (caminhões, automóveis, motos,..). Em Agricultura foram considerados centros de custos tais como, Adutoras, Pivôs, Carregadeiras, Grades, Fazendas, Tratores, Sulcador, Aplicação de Herbicidas, Produção de Mudas,.... Em Transportes foram classificados os centros de custos Toyota Hillux, Fiat Uno, Ford Cargo, Caminhão MBB, Moto Honda, Pajero TR4, Reboques,... Os valores contábeis foram separados por Agricultura e Transporte e os percentuais obtidos aplicados sobre as aquisições constantes nas planilhas da empresa: Óleo Diesel, Lubrificantes, Pneus e Câmaras e Material de Manutenção. Os valores glosados estão relacionados abaixo e também nas Planilhas da Ação Fiscal “Apuração do Rateio entre Bens Utilizados na Área Agrícola e no Transporte de Cana” e “Apuração dos Valores de Bens Utilizados como Insumos” (Anexo 05). 1. 3 OUTRAS GLOSAS DE CRÉDITOS EFETUADAS NA ÁREA AGRÍCOLA Outros créditos também foram glosados na área Agrícola, tais como o Frete de Compras, Transporte de Cana, Transporte de Pessoal e Aluguéis de Veículos, os quais se encontram apresentados em tópicos específicos, a seguir. Discorre então sobre os fretes de compras, salientando a inexistência de previsão legal para a apuração de créditos sobre tais despesas. Depois, justifica as glosas relativas a “Frete de Compras na Aquisição de Bens” e, a seguir, as glosas relativas a “Frete de Compras na Aquisição de CanadeAçúcar de Terceiros”. Na sequência, trata dos créditos glosados no transporte de cana: A empresa possui diversas fazendas onde planta canadeaçúcar que é utilizada para consumo próprio em sua unidade fabril. Uma vez colhida esta cana é transportada de seus estabelecimentos agrícolas até a sua unidade fabril. Neste processo de movimentação da matériaprima, a empresa tanto utiliza sua frota própria de caminhões e reboques como também pode utilizar serviços de terceiros. Nos dois casos tratase da mesma situação, que é o comumente chamado “frete interno”, ou seja, o transporte de matériaprima, produto em elaboração ou produtos acabados entre estabelecimentos de uma mesma empresa. E o crédito para tal tipo de transporte é totalmente vedado pela legislação e por Fl. 1830DF CARF MF Processo nº 10410.901857/201301 Acórdão n.º 3201005.300 S3C2T1 Fl. 1.831 7 inúmeras Soluções de Consulta e Julgamento. Confiramse algumas: Cita soluções de consulta, bem como acórdãos de diversas DRJ, e conclui: Abaixo e também nas Planilhas “Apuração dos Valores de Bens Utilizados como Insumos” (Anexo 05) e “Apuração dos Valores de Serviços Utilizados como Insumos”, “Serviços com Creditamento Glosado” e “Detalhamento da Apuração das Glosas em Frete de Cana: Própria e Adquirida de Terceiros” (Anexo 04) estão demonstrados os valores glosados. Prossegue (destaques no original): Em Bens Aplicados em Equipamentos e Veículos de Transporte de Cana: Óleo Diesel, Lubrificantes, Pneus e Câmaras, Material de Manutenção, Os critérios utilizados na segregação destes créditos foram os já expostos no item 1.2 – Bens utilizados como Insumos – Área Agrícola. (...) Em Serviços Aplicados em Equipamentos e Veículos para o Transporte de Cana: Serviços de TerceirosCaminhões, Motos e Automóveis, Manutenção e Reparo de Veículos e Equipamentos de Transporte e Frete de Cana. (...) A seguir, o AuditorFiscal discorre sobre os créditos glosados na indústria. Sustenta (os destaques são do original): Como já exposto anteriormente, enseja o creditamento a utilização de insumos na atividade de “prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda” (lei 10.833/03, art. 3o, II), que, no caso da empresa, é a fabricação de açúcar e álcool. No entanto, no processo de análise dos bens e serviços que a empresa considerou em sua apuração, foram identificados diversos grupos de bens e serviços que não se enquadram no conceito de insumo da legislação do PIS/COFINS. São eles: 4.1 SERVIÇOS DE DEDETIZAÇÃO E TRANSPORTE DE RESÍDUOS Foram glosados dispêndios com Dedetização e Transporte de Resíduos, abaixo demonstrados e também nas Planilhas “Apuração dos Valores de Serviços Utilizados como Insumos” e “Serviços com Creditamento Glosado” (Anexo 04). (...) 4.2 DESINCRUSTANTES E PRODUTOS DE LIMPEZA E TRATAMENTO DE ÁGUAS Fl. 1831DF CARF MF Processo nº 10410.901857/201301 Acórdão n.º 3201005.300 S3C2T1 Fl. 1.832 8 A empresa utiliza diversos produtos químicos na limpeza de suas instalações, com o objetivo de remover incrustações tais como a soda cáustica (desincrustante geral) e dispersolubizante (desincrustante para sistema de geração de vapor). São também utilizados produtos químicos específicos para tratamento de águas, tais como P70 e algicidas. Seguem abaixo trechos de algumas Soluções de Consulta sobre o assunto: (...) Os valores glosados estão abaixo demonstrados e também nas Planilhas “Apuração dos Valores de Bens Utilizados como Insumos” e “Bens com Creditamento Glosado” (Anexo 05). (...) 4.3 – BENS E SERVIÇOS C/NATUREZA DE ATIVO FIXO Na análise dos bens que compuseram o crédito pleiteado pela empresa, foi constatada a existência de bens de alto valor unitário e com nítida natureza de ativo fixo. De acordo com o art. 346 do Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999 (Regulamento do Imposto de Renda – RIR), deverão ser capitalizadas partes e peças, cuja substituição resultar aumento de vida útil superior a um ano da máquina ou equipamento ao qual serão integrados: “Art. 346. Serão admitidas, como custo ou despesa operacional, as despesas com reparos e conservação de bens e instalações destinadas a mantêlos em condições eficientes de operação (Lei nº 4.506, de 1964, art. 48). § 1º Se dos reparos, da conservação ou da substituição de partes e peças resultar aumento da vida útil prevista no ato de aquisição do respectivo bem, as despesas correspondentes, quando aquele aumento for superior a um ano, deverão ser capitalizadas, a fim de servirem de base a depreciações futuras (Lei nº 4.506, de 1964, art. 48, parágrafo único).” Sobre o assunto convém destacar parte da Solução de Consulta 204: (...) Ora, é evidente que, se tratando de partes e peças significativas em um equipamento, a sua substituição irá aumentar a vida útil deste equipamento. É o caso, por exemplo, da substituição ou retífica de um bloco de motor de automóvel ou de um rotor em uma bomba. Desta forma a ação fiscal buscou identificar bens de alto valor unitário, significativos e relevantes na máquina ou equipamento e que não tenham sido novamente requisitados pelo menos nos dois anos seguintes. Os valores glosados estão abaixo demonstrados e também nas Planilhas “Apuração dos Valores de Bens Utilizados como Insumos” e “Bens com Creditamento Glosado” (Anexo 05). Fl. 1832DF CARF MF Processo nº 10410.901857/201301 Acórdão n.º 3201005.300 S3C2T1 Fl. 1.833 9 (...) 4.4 OUTROS BENS DIVERSOS Foram também glosadas aquisições diversas, tais como lâmpadas, fechaduras para porta, peças para arcondicionado, ferramentas, graxa e outros. Em relação ao material de construção glosado, convém ressaltar que a legislação não veda seu creditamento desde que incorporado ao bem ou instalação, onde passa a ter seu credito efetuado indiretamente através da depreciação. Sobre a graxa, que representou a glosa mais significativa, segue abaixo parte do Acórdão DRJ 02 42.382 sobre o assunto: Acórdão DRJ N° 0242.382 de 04 de fevereiro de 2013. GASTOS COM GRAXA Assim, não procede a alegação de que estaria revisto o entendimento contido na Solução de Divergência COSIT n° 12/2007, com a publicação da Solução de Divergência COSIT nº 15/2008, uma vez que, conforme acima demonstrado, ambas tratam de questões específicas diversas e, portanto, convivem perfeitamente, sem nenhuma contradição entre si. Por conseguinte, a justificativa para enquadramento da graxa como insumo, para efeito de aproveitamento de crédito por se constituir produto indispensável à realização de suas atividades cai por terra, uma vez que a citada Solução de Divergência COSIT n° 12/2007 já abordou profundamente essa questão, conforme transcrito abaixo: 18.3) Em termos técnicos, as graxas são diferentes dos óleos lubrificantes, visto que elas são tidas como uma combinação de um fluido com um espessante, resultando em um produto homogêneo com qualidades lubrificantes. Segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), enquanto lubrificante ou óleo lubrificante é líquido obtido por destilação do petróleo bruto, utilizados para reduzir o atrito e o desgaste de engrenagens e peças, desde o delicado mecanismo de relógio até os pesados mancais de navios e máquinas industriais, a graxa é lubrificante fluido espessado por adição de outros agentes, formando uma consistência de 'gel' e tem a mesma função do óleo lubrificante, mas com consistência semisólida para reduzir a tendência do lubrificante a fluir ou vazar. Não fosse a disposição literal que se encontra no art. 3° Leis nº 10.637, de 2002, e nº 10.833, de 2003 (“bens utilizados como insumo ... na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes...”), as graxas com certeza poderiam ser aqui incluídas. Entretanto, o referido artigo não contém o termo graxa e, por isso, não se pode desonerar a base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep e a Cofins. Tal ocorre porque: Fl. 1833DF CARF MF Processo nº 10410.901857/201301 Acórdão n.º 3201005.300 S3C2T1 Fl. 1.834 10 18.3.1) Interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre a exclusão do crédito tributário (art. 111 do CTN), de forma que o termo graxa deverá estar contemplado na lei; 18.5) Os combustíveis e lubrificantes geram direito ao creditamento não porque sejam insumos diretos de produção, mas apenas por disposição legal. (...) 19.2) Graxas. Tratase, mesmo no contexto produtivo da interessada, de insumo indireto de produção. Embora seja uma mercadoria com propriedades lubrificantes, difere dos lubrificantes, também ditos óleos lubrificantes e, por isso, deveriam constar literalmente da legislação em tela. Como tal não ocorre, também aqui se constata que não geram direito a crédito da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins; Os valores glosados estão abaixo demonstrados e também nas Planilhas “Apuração dos Valores de Bens Utilizados como Insumos” e “Bens com Creditamento Glosado” (Anexo 05). O Auditor Fiscal abre então um tópico intitulado “OUTROS VALORES GLOSADOS”, que divide em vários subitens, conforme segue: 5.1 – SERVIÇOS DE TRANSPORTE DE PESSOAL A empresa contrata serviços de transporte tanto para os funcionários de sua área agrícola como também para funcionários da indústria. Apesar de ser um gasto de inegável alcance social e ser aceito na legislação do imposto de renda (evidentemente se não se revestir de liberalidade...), tal dispêndio não é considerado insumo para a legislação do PIS/COFINS, pelo fato de não se aplicar diretamente ao processo produtivo. Pese ainda o fato da maior parte deste dispêndio estar relacionada à área agrícola. Sobre o assunto convém destacar as seguintes Soluções de Divergência: (...) Foram os seguintes os valores glosados, também demonstrados nas Planilhas e também nas Planilhas “Apuração dos Valores de Serviços Utilizados como Insumos” e “Serviços com Creditamento Glosado” (Anexo 4): (...) 5.2 – SERVIÇOS DE ALUGUEL DE VEÍCULOS A legislação permite o creditamento de Aluguéis de Prédios, Máquinas e Equipamentos, conforme Lei 10.833/03, art. 3º, IV: Fl. 1834DF CARF MF Processo nº 10410.901857/201301 Acórdão n.º 3201005.300 S3C2T1 Fl. 1.835 11 (...) Notese que neste caso a própria Lei usa o termo “atividades da empresa” ao contrário de outras disposições em que vincula o crédito à prestação de serviços e à produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda. Desta forma a ação fiscal aceitou todos os valores apresentados pela empresa em sua Planilha de Serviços/Aluguel de Máquinas e Equipamentos. Inclusive aqueles relacionados à Agricultura, uma vez que, repetimos, para este tipo de dispêndio a Lei não restringiu o creditamento à produção ou fabricação de produtos destinados à venda. No entanto, e embora tivesse sido englobado no valor dos Aluguéis de Prédios, Máquinas e Equipamentos informado no DACON, foram glosados os dispêndios com aluguel de automóveis e aeronaves, os quais, a própria empresa separou e discriminou em planilhas próprias e separadas das planilhas de Aluguéis de Máquinas e Equipamentos. Foram os seguintes os valores glosados, também demonstrados nas Planilhas “Apuração dos Valores de Aluguéis de Máquinas e Despesas de Armazenagem e Frete de Vendas” e Relatório Despesas de Aluguéis de Máquinas e Equipamentos Locados de Pessoas Jurídicas, Anexo 06: (...) 5.3 –DEPRECIAÇÃO A legislação do PIS/COFINS vincula o direito ao creditamento de encargos de depreciação à utilização dos bens na prestação de serviços ou na produção de bens destinados à venda. Confirase o art. 3o da lei 10.833/03: (...) Desta forma encargos de depreciação de bens não utilizados na fabricação de produtos destinados à venda não ensejam aproveitamento de crédito. É o caso de tratores, colheitadeiras, caminhões, reboques e outros bens utilizados na agricultura ou transporte da cana, conforme já exposto em itens anteriores. Convém ressaltar que, mesmo na absurda hipótese de concessão de crédito para agricultura e transporte de cana, nem assim os valores apresentados pela empresa poderiam ser integralmente acatados, uma vez que a empresa incluiu bens do tipo “Nissan Livina”, “Mitsubshi L 200”, “Pajero TR 4” e outros, que nem com muita boa vontade, poderiam ser considerados integrantes de um processo produtivo de fabricação de açúcar e álcool. Mesmo no processo de fabricação do açúcar e do álcool também foram encontrados bens que, que embora alocados fisicamente na área industrial, não se enquadram no conceito de utilização na fabricação de bens destinados à venda, como por exemplo, bomba centrífuga na casa de hóspedes, quadro de distribuição de Fl. 1835DF CARF MF Processo nº 10410.901857/201301 Acórdão n.º 3201005.300 S3C2T1 Fl. 1.836 12 energia do banheiro industrial, roupeiro em aço, águas residuais, betoneira, ferramentas manuais, splits, ar condicionado, escadas, e outros. (...)O detalhamento dos itens glosados está demonstrado na Planilha “Apuração das Glosas em Depreciação” e “Apuração dos Valores de Encargos de Depreciação e Ajustes Negativos”, Anexo 06. 5. 4. DUPLICIDADE NO APROVEITAMENTO DE CRÉDITOS A empresa adquire partes e peças para uso normal em máquinas, equipamentos e instalações de seu processo produtivo. É o caso de fusíveis, parafusos, material elétrico, perfis, contatores, tubos, etc... Tais materiais ensejam direito a crédito e são normalmente creditados quando de sua aquisição. No entanto estas mesmas peças também podem ser requisitadas do Almoxarifado para o Ativo Imobilizado, geralmente em grandes reformas ou recuperações na conta 142010990002 Obras em Andamento. Ao se analisar os registros contábeis desta conta foram observadas inúmeras contabilizações de grupos de contas (Material Elétrico e Material de Manutenção) que tem seu crédito apropriado quando da aquisição. No Termo de Intimação n° 04 a empresa foi intimada a apresentar dados dos materiais requisitados para essa conta e constatouse que para os Grupos Material Elétrico e Material de Manutenção, a maioria dos materiais requisitados, constava nas Planilhas de BensInsumos apresentadas pela empresa, ou seja, tiveram seu crédito apropriado no momento da aquisição. O problema é que, quando termina a recuperação ou reforma, o valor registrado em Obras em Andamento é creditado e debitado à conta específica do bem no Ativo Imobilizado. E, a partir do momento em que a reforma ou instalação é ativada, a mesma peça que teve seu crédito apropriado quando de sua aquisição, passa a ser novamente creditada, através da depreciação do bem no qual foi empregada. Em resumo, uma clara (e ilegal) situação de duplicidade na apropriação de créditos. Como é muito difícil definir o destino de uma peça de uso geral, o procedimento correto seria o de apropriar a totalidade do crédito na aquisição, porém efetuando o estorno proporcional quando de uma eventual e posterior destinação ao Ativo Imobilizado. Para tal a empresa poderia ter utilizado a Linha do DACON de “Ajustes Negativos de Crédito”. No entanto os valores que a empresa registrou nesta linha referemse apenas a devoluções de compra. Fl. 1836DF CARF MF Processo nº 10410.901857/201301 Acórdão n.º 3201005.300 S3C2T1 Fl. 1.837 13 No Termo de Intimação N° 9 a empresa foi então intimada a apresentar, em arquivo magnético, os materiais requisitados para Obras em Andamento. No arquivo apresentado a ação fiscal desconsiderou da apuração aqueles materiais que não foram objeto de creditamento na entrada, tais como tintas, eletrodos, cimento e outros. Também foram desconsiderados os materiais que já tinham sido glosados por não se enquadrarem no conceito de insumos, tais como lâmpadas e tomadas. Abaixo e nas planilhas “Glosa de Bens Utilizados como Insumos Duplicidade na Apuração do Crédito Bens com Creditamento na Aquisição Requisitados para o Ativo Fixo” e “Apuração dos Créditos de Depreciação dos Bens do Ativo Imobilizado e Ajustes Negativos”, Anexo 06, estão demonstrados os valores apurados: (...) 5. 5. DESPESAS DE ARMAZENAGEM E FRETE DE VENDAS A maior parte da produção de açúcar da empresa é destinada e transferida para os armazéns da CRPAAALCooperativa Regional dos Produtores de Açúcar e Álcool de Alagoas, onde fica armazenada aguardando uma futura venda. Esta situação ficou evidenciada através da Diligência efetuada na CRPAAAL, em que esta foi intimada a apresentar os recebimentos de açúcar da Usina Triunfo (Anexo 1 Termos da Ação Fiscal). Na resposta apresentada (Anexo 3 Cartas e Respostas da Empresa e Diligências) , vêse claramente que a maior parte do açúcar foi destinada aos armazéns da Cooperativa. Mesmo boa parte do açúcar destinado à exportação também não foi transferida diretamente ao Porto de Maceió, mas sim a um armazém da Cooperativa em Marechal Deodoro, onde ficou armazenada até o seu transporte ao Porto. Para confirmar esta situação, o Porto de Maceió, através da EMPATEmpresa Alagoana de Terminais Ltda, também foi diligenciado no sentido de informar os recebimentos de açúcar para exportação da Usina Triunfo. Na resposta apresentada (Anexo 3 Cartas e Respostas da Empresa e Diligências), a EMPAT discriminou todos os recebimentos de açúcar, datas, quantidades e transportadora. Constatouse que a maior parte do açúcar foi transportado através da “Transportadora Padre Cícero” que nem sequer foi relacionada dentre os Fretes de Venda com direito a crédito informados na Planilha apresentada pela Usina Triunfo (Anexo 2 Planilhas Apresentadas pela Empresa Serviços). Ou seja, açúcar transportado dos armazéns da Cooperativa para o Terminal da EMPAT. Nesta situação fica claro que não existe nenhuma vinculação entre o frete e a venda. Tanto assim, que não há, no Conhecimento de Transporte, nenhuma indicação de quem seja o Fl. 1837DF CARF MF Processo nº 10410.901857/201301 Acórdão n.º 3201005.300 S3C2T1 Fl. 1.838 14 cliente da mercadoria. Na realidade tratase de “frete interno” ou “frete logístico”, ou ainda “frete para formação de estoque”, o qual não apresenta qualquer relação com a efetiva operação de venda. Sobre o assunto já foram emanadas diversas Soluções de Consulta, cujos trechos de maior interesse abaixo transcrevemos: (...) E mesmo para os demais fretes de vendas, ao cotejar a Planilha de Fretes de Venda apresentada pela empresa com as informações recebidas nas Diligências, constatouse ainda que: • A Usina Triunfo se creditou de fretes de transportadoras que não foram relacionadas dentre as transportadoras que entregaram o açúcar no Terminal da EMPAT, como por exemplo, A J B Transportes e Sandoval F de Moraes. • E mesmo dentre as transportadoras relacionadas, foram verificadas discrepâncias, como por exemplo o fato de a Usina Triunfo ter se creditado de fretes da “R de Oliveira Transportes” desde início de 2009 quando, de acordo com informações da EMPAT, tal empresa só começou a realizar entregas no Porto a partir de Setembro de 2009. Também foram verificados alguns fretes de transportadoras dos quais a Usina Triunfo se apropriou de créditos, não compatíveis com as informações de datas e quantidades fornecidas pela EMPAT/CRPAAA. Foram os seguintes os valores glosados, também demonstrados nas Planilhas “Apuração dos Valores de Aluguéis de Máquinas e Despesas de Armazenagem e Frete de Vendas” e Relatório Despesas de Armazenagem e Frete de Vendas Creditamentos Glosados, Anexo 06: (...) O AuditorFiscal apresenta então um tópico intitulado “APURAÇÃO DOS VALORES DO CRÉDITO”, no qual esclarece: Como resultado das glosas efetuadas foram apurados novos valores de crédito, demonstrados na Planilha “Resumo da Apuração dos Créditos” e “Apuração dos Valores dos Créditos Passíveis de Ressarcimento”, Anexo 06. (...) O valor correto apurado para o Pedido de Ressarcimento em questão totalizou R$ 117.537,94 (cento e dezessete mil quinhentos e trinta e sete reais e noventa e quatro centavos). As glosas de crédito totalizaram R$ 156.974,03 (cento e cinquenta e seis mil novecentos e setenta e quatro reais e três centavos) correspondente ao somatório dos valores indevidamente solicitados. Por fim, apresenta uma “Relação de Anexos”. Fl. 1838DF CARF MF Processo nº 10410.901857/201301 Acórdão n.º 3201005.300 S3C2T1 Fl. 1.839 15 Cientificada do Despacho Decisório por via postal em 15/12/2014, conforme Aviso de Recebimento – AR de fl. 46, no dia 09/01/2015 a contribuinte apresentou a manifestação de inconformidade de fls. 02/07. Após breve resumo do objeto da manifestação de inconformidade, a contribuinte passa a contestar as glosas efetuadas alegando, inicialmente, que a autoridade fiscal teria se equivocado na glosa dos créditos. Transcreve o caput e o inciso II do art. 3º da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, e sustenta: É claro o dispositivo em comento ao prever a possibilidade de utilização pelo contribuinte de créditos calculados sobre os bens e serviços utilizados como insumos da produção de bens. No caso em questão, resta incontroverso que a Manifestante exerce atividade agroindustrial, consistente no cultivo da cana de açúcar e sua transformação em açúcar e álcool. Assim, os gastos com a aquisição de bens e as despesas incorridas no processo produtivo da Manifestante geram o direito à apropriação do crédito a título de COFINS não cumulativa. Analisandose o despacho decisório ora combatido, observase que a decisão combatida, ao glosar diversos créditos utilizados pela Manifestante, ignorou as especificidades da atividade agroindustrial por ela desenvolvidas, cindindo, de forma absurda, as atividades agrícolas e industriais, com o único propósito de impedir a plena fruição dos créditos que a legislação tributária assegura ao contribuinte. Com efeito, a grande controvérsia estabelecida no Despacho Decisório está em saber se a Manifestante poderia apropriarse de créditos a título de COFINS não cumulativa pelas despesas relacionadas a insumos pertinentes à etapa de cultivo da cana de açúcar que será utilizada como matéria prima no processo de industrialização. A resposta, por óbvio, só pode ser positiva. Mas não se consegue chegar à resposta sem a exata compreensão do que seja atividade agroindustrial. E foi esse o equívoco em que incorreu o despacho decisório aqui impugnado. Passa então a discorrer sobre “atividade agroindustrial”. Além de invocar, neste sentido, o art. 22A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, e o art. 6º da Instrução Normativa SRF nº 660, de 17 de julho 2006, salienta que “a própria Receita Federal, em seus atos normativos, reconhece que a atividade desenvolvida pela Manifestante se enquadra na categoria de ‘agroindustrial’, não se confundindo com a atividade agropecuária nem com a atividade industrial em sentido estrito”. Prossegue (os destaques são do original): Fl. 1839DF CARF MF Processo nº 10410.901857/201301 Acórdão n.º 3201005.300 S3C2T1 Fl. 1.840 16 Resta demonstrado, portanto, que a pessoa jurídica, como sucede com a Manifestante, "cuja atividade econômica seja a industrialização de produção própria ou de produção própria e adquirida de terceiros" enquadrase no conceito de agroindústria. Essa premissa é fundamental para que se compreenda o direito creditório da Manifestante, que foi absurdamente glosado no despacho decisório aqui impugnado. A atividade agroindustrial, por imposição da definição dada pelo art. 22A, caput, da Lei n° 8.212/91, abrange a industrialização da produção própria ou de terceiros. Portanto, tratandose de produção própria, as despesas incorridas na lavoura, plantio, conservação, aplicação de herbicidas, adubação, além de outras geram direito ao crédito da COFINS não cumulativa, de que trata o art. 3o da Lei n. 10.833/03. Alega que o entendimento adotado pela fiscalização criaria uma situação antiisonômica, pois a aquisição de matéria prima, no caso, canadeaçúcar, de terceiros daria origem ao crédito presumido da Cofins, enquanto a produção da matériaprima pela própria industrializadora não seria beneficiada com o creditamento. Acrescenta: Assim, usinas de açúcar que predominantemente adquirissem canas de açúcar através de terceiros (fornecedores) gozariam de uma situação fiscal muito mais favorecida (em razão do crédito presumido gerado nessa aquisição) em relação às usinas que optassem por investir na produção própria da matériaprima (as quais não teriam direito ao crédito de insumos, segundo o despacho decisório ora questionado). Revelase, também por esse motivo, inaceitável a glosa efetuada no despacho decisório ora questionado. A subdivisão ilegal (porque colide frontalmente com o disposto no art. 22A, caput, da Lei n. 8.212/91) promovida pelo despacho decisório entre a fase agrícola e a fase industrial de uma agroindústria, como se pudessem ser seccionadas para fins de apropriação das despesas da Manifestante, gerou a glosa equivocada. Todas as despesas que integram a fase agrícola, envolvendo aí, mas não somente: o tratamento do solo, plantio, manejo e colheita representam insumos para o processo fabril do açúcar e do álcool. Não há como a empresa Manifestante produzir açúcar e álcool sem promover os tratos culturais, plantio e demais trabalhos sobre a lavoura da canadeaçúcar, que é sua matéria prima fundamental. Essas etapas integram o seu processo produtivo e não poderiam ser seccionadas, como equivocadamente o fizera o despacho decisório em questão, exclusivamente com o propósito Fl. 1840DF CARF MF Processo nº 10410.901857/201301 Acórdão n.º 3201005.300 S3C2T1 Fl. 1.841 17 de glosar os créditos fiscais que a Lei n. 10.833/03, em seu art. 3o, já assegura ao contribuinte. Depois a contribuinte passa a alegar o direito à apuração de créditos sobre todas as suas despesas incorridas na área agrícola, bem como com transporte de pessoal, transporte de matériaprima, etc, uma vez que se trata de atividades essenciais ao seu processo produtivo: O mesmo sucede em relação aos custos com frete, serviços de transporte de pessoal, serviços de dedetização, transporte de resíduos, serviços de manutenção e reparo dos equipamentos agrícolas, e todos os demais serviços utilizados como insumos na área agrícola pela empresa. De fato, seria inimaginável que a Manifestante cultivasse a matériaprima fundamental por ela produzida (canadeaçúcar) e deixasse de realizar o transporte do que foi colhido para as suas caldeiras, a fim de iniciar o processamento fabril. As diversas despesas com transporte (aí incluindo o transporte dos trabalhadores que precisam ser deslocados entre as diversas fazendas onde se situam os canaviais, assim como o transporte do produto colhido do campo para a indústria) são essenciais ao processo produtivo e integram a base de cálculo do crédito previsto no art. 3o da Lei n. 10.833/03. Não se pode supor que esses custos seriam supostamente "indiretos", isto é, não integrariam o processo produtivo, pois, como visto, a premissa equivocada de que se partiu no despacho decisório para glosa dos créditos informados nas declarações de compensação foi a de que os custos incorridos na fase agrícola seriam desprezíveis. Afirma ainda: Como se demonstrou, o despacho decisório partiu da premissa de que a Manifestante exerceria atividade industrial, quando, na verdade, exerce atividade agroindustrial! A atividade do contribuinte deve ser vista como um todo único e indivisível, segundo a própria definição extraída do art. 22A, caput, da Lei n. 8.212/91. Notese que uma simples interpretação literal do art. 3o, II, da Lei n° 10.833/03, que alude a insumos aplicados na “produção ou fabricação” de bens e serviços destinados à venda, fica claro que a lei contemplou com o direito de crédito tanto a “produção” quanto a “fabricação”. Por fim, a contribuinte conclui: Diante das considerações acima aduzidas, vem a Manifestante, respeitosamente, à presença de V. Exa, requerer seja reformado o despacho decisório exarado nos autos do processo n. 10410.901.857/201301, reconhecendo em favor da Manifestante a totalidade dos créditos informados no PER Fl. 1841DF CARF MF Processo nº 10410.901857/201301 Acórdão n.º 3201005.300 S3C2T1 Fl. 1.842 18 19133.62962.050912.1.5.095452 e nas DCOMP’s a ele correspondentes. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto/SP por intermédio da 11ª Turma, no Acórdão nº 1464.829, sessão de 23/03/2017, julgou improcedente a manifestação de inconformidade do contribuinte e não reconheceu o direito creditório. A decisão foi assim ementada: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/04/2011 a 30/06/2011 NÃOCUMULATIVIDADE. INSUMOS. CRÉDITOS. No cálculo da Cofins nãocumulativa somente podem ser descontados créditos calculados sobre valores correspondentes a insumos, assim entendidos os bens aplicados ou consumidos diretamente na produção ou fabricação de bens destinados à venda, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado ou, ainda, sobre os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto. Bens e serviços empregados no cultivo de canadeaçúcar não se classificam como insumos na fabricação de álcool ou de açúcar, por se tratarem de processos produtivos diversos. As despesas com aqueles itens não geram direito à apuração de créditos na determinação da contribuição devida sobre as receitas auferidas com vendas de açúcar e de álcool produzidos. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Inconformada a contribuinte, apresentou recurso voluntário no qual repisa os mesmos argumentos para pleitear o deferimento integral dos valores que constam do pedido de ressarcimento e homologação de todas as declarações de compensações. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator O Recurso Voluntário atende aos requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. Considerações Iniciais Fl. 1842DF CARF MF Processo nº 10410.901857/201301 Acórdão n.º 3201005.300 S3C2T1 Fl. 1.843 19 No mérito, consta dos autos que o litígio versa sobre o inconformismo do contribuinte em face do despacho decisório, mantido hígido na decisão a quo, que não concedeu o ressarcimento da integralidade de saldo credor da Contribuição nãocumulativa, apurado no trimestre em referência e vinculados às receitas de vendas para o mercado externo, em razão de glosa de créditos com bens e serviços não considerados insumos e outros dispêndios. A recorrente é uma agroindustrial que se dedica às atividades de plantio, cultivo e colheita de canadeaçúcar com fins à produção de álcool e açúcar, este destinado principalmente à exportação. Dessa forma, consoante às Leis que instituíram a sistemática de apuração não cumulativa para o PIS/Pasep e para a Cofins é permitida à pessoa jurídica que se dedica à atividade industrial a tomada de créditos nas aquisições de bens e serviços considerados insumos na produção e prestação de serviços, e de despesas específicas, a teor do art. 3º das Leis nº 10.637/02 e 10.833/03. A autoridade julgadora de 1ª instância entendeu que a contribuinte limitouse apenas à contestação das glosas como um todo, sem apresentar nenhum questionamento quanto aos cálculos apresentados pela autoridade fiscal. De fato, na manifestação de inconformidade e agora em recurso voluntário, a contribuinte, no mérito, insurgese quanto ao procedimento fiscal que glosou os créditos apropriados com os dispêndios relacionados aos insumos da fase agrícola, e mais; para a recorrente, todas as despesas incorridas e sua atividade econômica geram crédito a serem descontados das contribuições. Não se trata de uma contestação genérica. A recorrente pretende o reconhecimento dos créditos de insumos na fase agrícola, tal como a fiscalização concedera na atividade de produção de açúcar/álcool (desde que obedecidos os requisitos legais). Outrossim, resta claro nos autos que se pretende créditos com todas as despesas incorridas no âmbito de sua atividade econômica. Assim, incumbe a este Colegiado decidir acerca da possibilidade da recorrente apropriarse dos créditos nas aquisições de bens e serviços vinculados à atividade agrícola plantio, cultivo e colheita da principal matériaprima (canadeaçúcar) dos produtos fabricados e destinados à venda. De outra banda, devese decidir no tocante à extensão dos dispêndios que a legislação de regência permite a apropriação dos créditos da não cumulatividade do PIS/Pasep e da Cofins. Os dispositivos dos incisos e parágrafos do art. 3º da Lei nºs 10.637/03 (PIS/Pasep) e da Lei 10.833/03 (Cofins) são suficientes para decidir o litígio. De ressaltar, contudo, que este voto devese ater apenas aos elementos que constam nos autos com fins à confrontação da descrição do dispêndio, sua correlação com o centro de custo relacionado à natureza da atividade e o motivo da glosa efetuada pela autoridade fiscal. Fl. 1843DF CARF MF Processo nº 10410.901857/201301 Acórdão n.º 3201005.300 S3C2T1 Fl. 1.844 20 Passemos às matérias em litígio. Conceito de insumos para créditos de PIS e Cofins Este Conselho, incluindo esta Turma, entende que o conceito de insumo é mais elástico que o adotado pela fiscalização e julgadores da DRJ nas suas Instruções Normativas n°s. 247/2002 e 404/2004, mas não alcança a amplitude de dedutibilidade utilizado pela legislação do Imposto de Renda, como requer a recorrente. Isto posto, há de se fixar os contornos jurídicos para delimitar os dispêndios (gastos) que são considerados insumos com direito ao crédito das contribuições sociais, quer no processo produtivo ou na prestação de serviço. Ressalto que este Relator vinha acolhendo e adotando o conceito estabelecido pelo Ministro do STJ Mauro Campbell Marques no voto condutor do REsp nº 1.246.317MG, no qual se firmara o entendimento no tripé de que (i) o bem ou serviço tenha sido adquirido para ser utilizado na prestação do serviço ou na produção, ou para viabilizálos em síntese, tenha pertinência ao processo produtivo; (ii) a produção ou prestação do serviço dependa daquela aquisição a essencialidade ao processo produtivo; e (iii) não se faz necessário o consumo do bem ou a prestação do serviço em contato direto com o produto que exprime a possibilidade de emprego indireto no processo produtivo. Recentemente os Ministros do STJ reviram seu posicionamento mantendose a decisão intermediária para concessão do crédito considerandose a essencialidade ou relevância do bem ou serviço no processo produtivo, conforme o REsp nº 1.221.170/PR, julgamento de 22/02/2018, Relatoria do Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, com a ementa: TRIBUTÁRIO. PIS E COFINS. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. NÃOCUMULATIVIDADE. CREDITAMENTO. CONCEITO DE INSUMOS. DEFINIÇÃO ADMINISTRATIVA PELAS INSTRUÇÕES NORMATIVAS 247/2002 E 404/2004, DA SRF, QUE TRADUZ PROPÓSITO RESTRITIVO E DESVIRTUADOR DO SEU ALCANCE LEGAL. DESCABIMENTO. DEFINIÇÃO DO CONCEITO DE INSUMOS À LUZ DOS CRITÉRIOS DA ESSENCIALIDADE OU RELEVÂNCIA. RECURSO ESPECIAL DA CONTRIBUINTE PARCIALMENTE CONHECIDO, E, NESTA EXTENSÃO, PARCIALMENTE PROVIDO, SOB O RITO DO ART. 543C DO CPC/1973 (ARTS. 1.036 E SEGUINTES DO CPC/2015). 1. Para efeito do creditamento relativo às contribuições denominadas PIS e COFINS, a definição restritiva da compreensão de insumo, proposta na IN 247/2002 e na IN 404/2004, ambas da SRF, efetivamente desrespeita o comando contido no art. 3o., II, da Lei 10.637/2002 e da Lei 10.833/2003, que contém rol exemplificativo. 2. O conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios da essencialidade ou relevância, vale dizer, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de determinado item – bem ou serviço – para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte. Fl. 1844DF CARF MF Processo nº 10410.901857/201301 Acórdão n.º 3201005.300 S3C2T1 Fl. 1.845 21 3. Recurso Especial representativo da controvérsia parcialmente conhecido e, nesta extensão, parcialmente provido, para determinar o retorno dos autos à instância de origem, a fim de que se aprecie, em cotejo com o objeto social da empresa, a possibilidade de dedução dos créditos [sic] realtivos a custo e despesas com: água, combustíveis e lubrificantes, materiais e exames laboratoriais, materiais de limpeza e equipamentos de proteção individualEPI. 4. Sob o rito do art. 543C do CPC/1973 (arts. 1.036 e seguintes do CPC/2015), assentamse as seguintes teses: (a) é ilegal a disciplina de creditamento prevista nas Instruções Normativas da SRF ns. 247/2002 e 404/2004, porquanto compromete a eficácia do sistema de nãocumulatividade da contribuição ao PIS e da COFINS, tal como definido nas Leis 10.637/2002 e 10.833/2003; e (b) o conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios de essencialidade ou relevância, ou seja, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de terminado item bem ou serviço para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo Contribuinte. Este novo entendimento, que na verdade não conduz à divergência em relação à decisão no REsp indigitado, insere outros fundamentos para a delimitação dos elementos que geram crédito assentado na essencialidade ou relevância a ser aferida no cotejo (desses elementos) com o processo produtivo ou a atividade desenvolvida pela empresa. A seguir os excertos do voto vista proferido pela Ministra Regina Helena Costa que acabou por pautar o entendimento exarado no voto condutor do Ministro Relator que considero relevantes para demonstrar o entendimento daquele Tribunal e adotálos neste voto: [...] Nesse cenário, penso seja possível extrair das leis disciplinadoras dessas contribuições o conceito de insumo segundo os critérios da essencialidade ou relevância, vale dizer, considerandose a importância de determinado item – bem ou serviço – para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte, tal como já expressei, no TRF da 3ª Região, no julgamento das Apelações Cíveis em Mandado de Segurança ns. 001235252.2010.4.03.6100/SP e 0005469 26.2009.4.03.6100/SP, respectivamente em 15.12.2011 e 31.05.2012. [...] Marco Aurélio Greco, ao dissertar sobre a questão, pondera: De fato, serão as circunstâncias de cada atividade, de cada empreendimento e, mais, até mesmo de cada produto a ser vendido que determinarão a dimensão temporal dentro da qual reconhecer os bens e serviços utilizados como respectivos insumos [...] Fl. 1845DF CARF MF Processo nº 10410.901857/201301 Acórdão n.º 3201005.300 S3C2T1 Fl. 1.846 22 O critério a ser aplicado, portanto, apóiase na inerência do bem ou serviço à atividade econômica desenvolvida pelo contribuinte (por decisão sua e/ou por delineamento legal) e o grau de relevância que apresenta para ela. Se o bem adquirido integra o desempenho da atividade, ainda que em fase anterior à obtenção do produto final a ser vendido, e assume a importância de algo necessário à sua existência ou útil para que possua determinada qualidade, então o bem estará sendo utilizado como insumo daquela atividade (de produção, fabricação), pois desde o momento de sua aquisição já se encontra em andamento a atividade econômica que – vista global e unitariamente – desembocará num produto final a ser vendido. (Conceito de insumo à luz da legislação de PIS/COFINS , in Revista Fórum de Direito Tributário RFDT, Belo Horizonte, n. 34, jul./ago. 2008, p. 6) [...] Demarcadas tais premissas, temse que o critério da essencialidade diz com o item do qual dependa, intrínseca e fundamentalmente, o produto ou o serviço, constituindo elemento estrutural e inseparável do processo produtivo ou da execução do serviço, ou, quando menos, a sua falta lhes prive de qualidade, quantidade e/ou suficiência. Por sua vez, a relevância, considerada como critério definidor de insumo, é identificável no item cuja finalidade, embora não indispensável à elaboração do próprio produto ou à prestação do serviço, integre o processo de produção, seja pelas singularidades de cada cadeia produtiva (v.g., o papel da água na fabricação de fogos de artifício difere daquele desempenhado na agroindústria), seja por imposição legal (v.g., equipamento de proteção individual EPI), distanciandose, nessa medida, da acepção de pertinência, caracterizada, nos termos propostos, pelo emprego da aquisição na produção ou na execução do serviço.Desse modo, sob essa perspectiva, o critério da relevância revelase mais abrangente do que o da pertinência. [...] Como visto, consoante os critérios da essencialidade e relevância, acolhidos pela jurisprudência desta Corte e adotados pelo CARF, há que se analisar, casuisticamente, se o que se pretende seja considerado insumo é essencial ou de relevância para o processo produtivo ou à atividade desenvolvida pela empresa. Observandose essas premissas, penso que as despesas referentes ao pagamento de despesas com água, combustíveis e lubrificantes, materiais e exames laboratoriais, materiais de limpeza e equipamentos de proteção individual EPI, em princípio, inseremse no conceito de insumo para efeito de creditamento, assim compreendido num sistema de não cumulatividade cuja técnica há de ser a de "base sobre base". Fl. 1846DF CARF MF Processo nº 10410.901857/201301 Acórdão n.º 3201005.300 S3C2T1 Fl. 1.847 23 Todavia, a aferição da essencialidade ou da relevância daqueles elementos na cadeia produtiva impõe análise casuística, porquanto sensivelmente dependente de instrução probatória, providência essa, como sabido, incompatível com a via especial. Logo, mostrase necessário o retorno dos autos à origem, a fim de que a Corte a quo, observadas as balizas dogmáticas aqui delineadas, aprecie, em cotejo com o objeto social da empresa, a possibilidade de dedução dos créditos relativos a custos e despesas com:água, combustíveis e lubrificantes, materiais e exames laboratoriais, materiais de limpeza e equipamentos de proteção individual EPI. [...] Firmado nos fundamentos assentados, quanto ao alcance do conceito de insumo, segundo o regime da nãocumulatividade do PIS Pasep e da COFINS, entendo que a acepção correta é aquela em que o os bens e serviços cumulativamente atenda aos requisitos de: 1. essencialidade ou relevância, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de determinado item – bem ou serviço – para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte; 2. aferição casuística da essencialidade ou relevância, por meio do cotejo entre os elementos (bens e serviços) e o processo produtivo ou a atividade desenvolvida pela empresa; Assim, há de se verificar se o recorrente comprova a utilização dos insumos no contexto da atividade fabricação, produção ou prestação de serviço de forma a demonstrar que o gasto incorrido guarda relação de pertinência com o processo produtivo/prestação de serviço, mediante seu emprego, ainda que indireto, de forma que sua subtração implique ao menos redução da qualidade. Passo à análise da possibilidade de apropriação de créditos das contribuições nas despesas com bens e serviços na fase agrícola (plantio e cultivo), em que se inicia o processo industrial da agroindústria, como é o caso da contribuinte. Créditos com insumos na fase agrícola Na linha de raciocínio assentada, depreendese que o processo produtivo considera todo o ciclo de produção e compõe o objeto de uma única pessoa jurídica, sendo indevido interpretálo como etapas distintas que se completam, e o direito ao crédito é concedido àquela em que se pressupõe uma industrialização mais efetiva ou a que resulta no bem final destinado à venda. Não há fundamento para tal, sequer autorização nos textos legais. As leis que regem a não cumulatividade atribuem o direito de crédito em relação ao custo de bens e serviços aplicados na "produção ou fabricação" de bens destinados à venda, inexistindo amparo legal para secção do processo produtivo da sociedade empresária agroindustrial em cultivo de matériaprima para consumo próprio e em industrialização propriamente dita, a fim de expurgar do cálculo do crédito os custos incorridos na fase agrícola da produção. Fl. 1847DF CARF MF Processo nº 10410.901857/201301 Acórdão n.º 3201005.300 S3C2T1 Fl. 1.848 24 Os custos incorridos com bens e serviços aplicados no plantio, cultivo e colheita da canadeaçúcar guardam estreita relação de emprego, relevância e essencialidade com o processo produtivo do açúcar e do álcool e configuram custo de produção, razão pela qual integram a base de cálculo do crédito das contribuições nãocumulativas. Com base nesses fundamentos entendo pela possibilidade da contribuinte apropriarse dos créditos de PIS e Cofins decorrentes das despesas com bens e serviços utilizados como insumos na etapa agrícola, do plantio à colheita da canadeaçúcar, aplicados no processo industrial da pessoa jurídica, e atendidos todos os demais requisitos da Lei nº 10.637/2002 e 10.833/2003 pertinentes à matéria e que não incorram nas vedações previstas nos referidos textos. Análise das glosas na fase agrícola A fabricação de açúcar e álcool e a produção de canadeaçúcar são processos indissociáveis de forma que os custos e despesas com a cultura de canadeaçúcar e seu transporte até a unidade de fabricação do açúcar e do álcool enquadramse no conceito legal de insumo desta fabricação. A autoridade fiscal glosou créditos lançados pela contribuinte e relacionados ao cultivo da canadeaçúcar que, posteriormente, serviria à produção própria de açúcar e álcool. Segundo a autoridade fiscal, tais créditos foram apurados indevidamente por não terem sido, os bens e serviços, diretamente empregados na fabricação do açúcar e do álcool. Nenhum outro fundamento foi assentado para glosa. A posição adotada por este Colegiado para considerar custos e despesas geradoras do direito creditório como aquelas em que o bem/serviço participa do processo produtivo (fase agrícola) de forma essencial e necessária implica reconhecer os dispêndios com aquisições de bens e serviços, com a observação a seguir. Dessa forma revertemse as glosas de créditos com custos e/ou despesas nos itens a seguir relacionados, atendidos aos demais requisitos da legislação das Contribuições não cumulativas, em especial dos §§ 2º e 3º do art. 3º das Leis nºs. 10.637/2002 e 10.833/2003, com a observação adicional de que, em se tratando de bens/serviços cujos dispêndios são incorporados ao Ativo Imobilizado, os créditos concedidos limitamse ao valor da depreciação (e não de despesas), conforme as regras contábeis, e art. 3º, inciso VII do caput, e inciso III o §1º, das Leis 10.833/2003 e 10.637/2002: Tópico "1.1 SERVIÇOS UTILIZADOS COMO INSUMOS ÁREA AGRÍCOLA" Serviços de TerceirosEquipamentos Agrícolas: serviços de manutenção e solda em equipamentos agrícolas e de irrigação. Serviços de Lavagem de RoupaHerbicidas Manutenção e Reparo de Equipamentos Agrícolas: peças aplicadas por terceiros na manutenção de implementos agrícolas e irrigação. Tópico "1. 2 BENS UTILIZADOS COMO INSUMOS ÁREA AGRÍCOLA" Fl. 1848DF CARF MF Processo nº 10410.901857/201301 Acórdão n.º 3201005.300 S3C2T1 Fl. 1.849 25 Aquisição de bens (Óleo Diesel, Material Lubrificante, Pneus e Câmaras, Material de Manutenção) utilizados em veículos empregados especificamente na movimentação e transporte da canadeaçúcar e nos centros de custos relacionados à fase agrícola, tais como Adutoras, Pivôs, Carregadeiras, Grades, Fazendas, Tratores, Sulcador, Aplicação de Herbicidas, Produção de Mudas Fretes na fase agrícola Na atividade industrial, conquanto não haja expressa previsão legal à tomada de crédito nas despesas com frete na aquisição de insumos, a interpretação que se dá ao art. 3º, I e § 1º, I das Leis 10.637/02 e 10.833/03 cumulada com o art. 290 do RIR/1999 possibilita o entendimento de que é legítima a apropriação dos créditos do PIS e das Cofins, calculados sobre o valor do frete relativo ao serviço de bens a serem utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda. Os textos legais: Lei 10.833/2003: Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...) II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, (...); (...) § 1o Observado o disposto no § 15 deste artigo, o crédito será determinado mediante a aplicação da alíquota prevista no caput do art. 2ª desta Lei sobre o valor: I dos itens mencionados nos incisos I e II do caput, adquiridos no mês; (...) Art. 290. O custo de produção dos bens ou serviços vendidos compreenderá, obrigatoriamente (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 13, §1º): I o custo de aquisição de matériasprimas e quaisquer outros bens ou serviços aplicados ou consumidos na produção, observado o disposto no artigo anterior; (...) De acordo com os referidos preceitos legais, inferese que a parcela do valor do frete, relativo ao transporte de bens a serem utilizados como insumos de produção ou fabricação de bens destinados à venda, integra o custo de aquisição dos referidos bens e somente nesta condição compõe a base cálculo dos créditos das mencionadas contribuições. Assim, sendo o bem transportado um insumo com direito a credito, também o será o gasto com transporte, se suportado pelo adquirente e pago à pessoa jurídica. Fl. 1849DF CARF MF Processo nº 10410.901857/201301 Acórdão n.º 3201005.300 S3C2T1 Fl. 1.850 26 Portanto, revertemse as glosas do Tópico "1. 3 OUTRAS GLOSAS DE CRÉDITOS EFETUADAS NA ÁREA AGRÍCOLA" relacionadas: Fretes de compra (apenas para os valores comprovados através da apresentação de Conhecimento de Carga) Transporte de cana (bens aplicados em veículos próprios, utilizados no transporte de cana) Análise das glosas na fase industrial (produção de açúcar e álcool) As glosas de gastos com bens e serviços descritos a partir do item "4.1" a "4.4" do Relatório Fiscal tiveram fundamento na ausência de enquadramento no conceito de insumo. Como relatado linhas acima, a contribuinte não questiona o conceito de insumo empregado pelo Fisco e tampouco asseverou seu próprio entendimento, apenas pretende crédito de todos os gastos incorridos em sua atividade empresarial. Nada obstante, a descrição de alguns dos dispêndios permite concluir pela sua essencialidade ou relevância face à atividade industrial desenvolvida. Dessa forma revertemse as glosas relativas a: Transporte de resíduo industriais Serviço de dedetização, desde que nas instalações da atividade produtiva; Produtos químicos, desde que utilizados na limpeza de instalações industriais; Produtos químicos específicos para tratamento de águas. Outros bens e serviços pretensamente utilizados nas atividades industriais carecem de comprovação, ônus do qual não se desincumbiu a recorrente. Glosas de Despesas Os dispêndios com serviços de transporte de pessoal carecem de previsão legal para o aproveitamento do crédito. Quanto aos automóveis e aeronaves alugados não se tem comprovação de uso como equipamento nas atividades da empresa, mantendose a glosa com base no art. 3º da Lei nº 10.833/03. Encargos de depreciação Os mesmos fundamentos para a reversão das glosas de gastos com bens utilizados na etapa agrícola são válidos para a manutenção do crédito com encargos de depreciação de tratores, colheitadeiras, caminhões, reboques e outros bens utilizados na agricultura ou transporte da cana. Fl. 1850DF CARF MF Processo nº 10410.901857/201301 Acórdão n.º 3201005.300 S3C2T1 Fl. 1.851 27 Mantémse as glosas de créditos dos demais encargos de depreciação de veículos e bens não utilizados nas etapas produtivas e de fabricação. Produtos acabados Armazenagem e frete na venda A fiscalização glosou os créditos com despesas de armazenagem e frete pois entendeu restar descaracterizada a operação de venda a cliente. Segundo a autoridade fiscal, a inexistência de informação do clienteadquirente nos documentos fiscais bem como a entrega do açúcar fabricado em locais que não identificam a venda/exportação, no caso o porto de embarque, revelam uma mera operação de “frete interno” ou “frete logístico”, ou ainda “frete para formação de estoque”, o qual não apresenta qualquer relação com a efetiva operação de venda. Discordo do entendimento fiscal. A legislação referente ao PIS/PASEP (Lei nº 10.637/2004) e a COFINS (Lei nº 10.833/2003) tratam da possibilidade de creditamento do frete como insumo no processo produtivo e na operação de venda (suas etapas) quando o ônus for suportado pelo vendedor, como dispõe: Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...) II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da Tipi; [...] IX armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda, nos casos dos incisos I e II, quando o ônus for suportado pelo vendedor. A operação de venda não se revela simplesmente pela saída do produto acabado do estabelecimento industrial diretamente ao adquirente ou embarque para exportação. No caso, a operação de venda comporta uma logística de transporte e armazenagem do açúcar fabricado, caracterizandose necessários à atividade final de venda. Dessa forma, não se pode admitir que as transferências do produto fabricado restringemse a uma mera opção de logística ou comercial, mas essencial e necessários à preservação dos produtos até que se complete a atividade final de venda. Neste sentido é o entendimento deste Colegiado no Acórdão nº 3201 004.279, sessão de 23/10/2018, cujo voto vencedor na matéria é de lavra do Conselheiro Marcelo Giovani Vieira, que transcrevo na parte que interessa a este julgamento: [...] Fl. 1851DF CARF MF Processo nº 10410.901857/201301 Acórdão n.º 3201005.300 S3C2T1 Fl. 1.852 28 No caso dos gastos logísticos na venda, entendo que estão abrangidos pela expressão “armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda”, conforme consta no inciso IX do artigo 3º das Leis 10.833/2003 e 10.637/2002. Entendo que são termos cuja semântica abrange a movimentação das cargas na operação de venda.. Assim, tais dispêndios logísticos estão inseridos no direito de crédito, respeitados os demais requisitos da Lei, como, por exemplo, que o serviço seja feito por pessoas jurídicas tributadas pelo Pis e Cofins. Outrossim, as discrepâncias entre quantidades e datas nos conhecimentos de transporte ou documentos do armazenador não desnaturam a operação como de armazenagem e frete de venda, com direito ao aproveitamento do crédito a teor do inciso IX, do art. 3º da Lei nº 10.833/03. Com essas considerações, concedese o creditamento dos fretes de produtos acabados, em que o ônus é suportado pelo vendedor e pago à pessoa jurídica beneficiária domiciliada no País à vista de documento fiscal hábil e idôneo. Por fim, a ausência de refutação específica as todas os demais dispêndios (insumos ou despesas) glosados, além do não afastamento da acusação fiscal de duplicidade no aproveitamento de créditos (item "5.4") e não apresentação de documentação comprobatória, mantémse as glosas efetivadas pela autoridade fiscal. Conclusão Diante de todo o exposto, voto para DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso voluntário para conceder o crédito das contribuições para o PIS/Cofins, revertendose as glosas efetuadas, atendidas os demais requisitos dos §§ 2º e 3º dos arts. 3º das Leis nºs. 10.637/2002 e 10.833/2003 e legislação pertinente à matéria, exclusivamente quanto a: 1. Serviços utilizados como insumos na fase agrícola (itens "1.1" e "1.3") 1.1 Serviços de TerceirosEquipamentos Agrícolas: serviços de manutenção e solda em equipamentos agrícolas e de irrigação, e serviços de lavagem “roupasHerbicidas”; 1.2 Manutenção e Reparo de Equipamentos Agrícolas: peças aplicadas por terceiros na manutenção de implementos agrícolas e irrigação; 1.3 Fretes de compras (apenas para os valores comprovados através da apresentação de Conhecimento de Carga); 1.4 Transporte de cana (bens aplicados em veículos próprios, utilizados no transporte de cana) 2. Bens utilizados como insumos na fase agrícola (item "1.2") 2.1 Óleo Diesel, Material Lubrificante, Pneus e Câmaras, Material de Manutenção, utilizados em veículos empregados especificamente na movimentação e transporte da canadeaçúcar e nos centros de custos relacionados à fase agrícola, tais como: Fl. 1852DF CARF MF Processo nº 10410.901857/201301 Acórdão n.º 3201005.300 S3C2T1 Fl. 1.853 29 Adutoras, Pivôs, Carregadeiras, Grades, Fazendas, Tratores, Sulcador, Aplicação de Herbicidas, Produção de Mudas. 3. Bens e serviços utilizados na fase industrial de fabricação de açúcar e álcool (itens "4.1" e "4.2") 3.1 Transporte de resíduos industriais; 3.2 Serviços de dedetização, desde que nas instalações da atividade produtiva; 3.3 Produtos químicos, desde que utilizados na limpeza de instalações industriais; e 3.4 Produtos químicos específicos para tratamento de águas. 4. Encargos de depreciação de bens utilizados na fase agrícola: tratores, colheitadeiras, caminhões, reboques e outros bens utilizados na agricultura ou transporte da cana; e 5. Despesas com armazenagem e fretes nas operações de vendas (à vista de documento fiscal hábil e idôneo). (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Fl. 1853DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 18186.008202/2008-08
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 26 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu Mar 28 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários - IOF
Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2007
IOF APLICAÇÕES FINANCEIRAS / OPERAÇÕES DE CRÉDITO DE ENTIDADES DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. IMUNIDADE.
Consoante reiterada jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a proibição constante do art. 150, VI, c, da CF, veda a instituição e cobrança de impostos sobre o patrimônio, renda ou serviços das instituições de assistência social sem fins lucrativos, neste rol incluindo-se o IOF, seja em operações de crédito ou aplicações financeiras.
Numero da decisão: 3201-005.020
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário, para reconhecer o direito creditório quanto ao período compreendido entre julho/2003 a dezembro/2007.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário, para reconhecer o direito creditório quanto ao período compreendido entre julho/2003 a dezembro/2007. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza - Presidente (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
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IMUNIDADE. Consoante reiterada jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a proibição constante do art. 150, VI, “c”, da CF, veda a instituição e cobrança de impostos sobre o patrimônio, renda ou serviços das instituições de assistência social sem fins lucrativos, neste rol incluindose o IOF, seja em operações de crédito ou aplicações financeiras. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário, para reconhecer o direito creditório quanto ao período compreendido entre julho/2003 a dezembro/2007. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 18 18 6. 00 82 02 /2 00 8- 08 Fl. 1419DF CARF MF Processo nº 18186.008202/200808 Acórdão n.º 3201005.020 S3C2T1 Fl. 1.420 2 Relatório Trata o presente processo de pedido de restituição cumulado com declarações de compensação referente ao IOF retido do contribuinte por instituições bancárias no período de janeiro de 2003 a dezembro 2007. A DIORT/DERAT/SP indeferiu o Pedido de Restituição e não homologou as compensações declaradas. Para bem relatar os fatos, transcrevese o relatório da decisão proferida pela autoridade a quo no Acórdão nº 0540.403: Em 08/07/2008 a interessada, já identificada, protocolou o pedido de restituição de fl. 1 (a numeração referese sempre à da versão digitalizada dos autos) pelo qual pretender reaver a cifra de R$ 45.051,07 referente ao IOF retido por instituições bancárias no período de janeiro de 2003 a dezembro de 2007. Na peça que acompanha o pleito (fls. 02/11), a contribuinte se identifica como entidade beneficente de assistência social e invoca a imunidade ao imposto nos termos do art. 150, VI, “c” da Constituição Federal de 1988. Ao direito creditório pleiteado, a interessada vinculou Declarações de Compensação. Em despacho decisório de fls. 66/71, a Divisão de Orientação e Análise Tributária da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Administração Tributária em São Paulo indeferiu o Pedido de Restituição e não homologou as compensações declaradas. Como fundamento à decisão, a unidade local mencionou que o IOF não está entre os tributos incidentes sobre patrimônio, renda e serviços, mencionados art. 150, VI, “c” da Constituição, sendo classificado pelo CTN entre os tributos incidentes sobre produtos industrializados, circulação de mercadorias, operações financeiras e serviços (arts. 46 a 73), de forma que não seria aplicável a imunidade tributária invocada. O despacho menciona ainda que, mesmo admitida a imunidade, não haveria a comprovação do cumprimento dos requisitos para o aproveitamento do benefício, conforme seria a conclusão exposta no acórdão nº 1626.868, da 14ª Turma da DRJ/SP1 proferido nos autos do processo 36266.000026/200688 (fls. 52/65). O processo tem como objeto pleito de restituição de valores recolhidos ao INSS no período de 07/1994 a 06/2003 a título de Seguro de Acidente de Trabalho (SAT) formulado pela mesma instituição. A autoridade que examinou o pleito adiciona também aos motivos do indeferimento, a falta de apresentação de documentação que comprovasse a movimentação financeira da instituição. Por fim, lembra que o direito de pleitear a restituição Fl. 1420DF CARF MF Processo nº 18186.008202/200808 Acórdão n.º 3201005.020 S3C2T1 Fl. 1.421 3 dos valores do imposto anteriores a 09/07/2003, à data da protocolização do pedido (08/07/2008) já havia sido extinto com o transcurso do prazo de cinco anos contados das datas em que os valores do IOF foram cobrados. Notificada do despacho em 21/12/2010, em 20/01/2011 a interessada apresentou a manifestação de inconformidade de fls. 138/196 na qual reitera sua imunidade à contribuição nos seguintes termos: a) é entidade beneficente de assistência social assim certificada pelo Conselho Nacional de Assistência Social – CNAS; b) é considerada entidade de utilidade pública federal, estadual e municipal; c) é inscrita no Conselho Municipal de Assistência Social do município de São Paulo e no Conselho Estadual de Assistência Social do Estado de São Paulo; d) tais certificados e títulos não deixam dúvidas de que a entidade pratica a assistência social estando apta a usufruir da imunidade ao IOF, prevista no art. 150, VI, “c” da CF de 1988; e) a negativa do pedido em foco baseouse na alegação de não cumprimento das disposições da Lei nº 8.212, de 1991, tendo em vista decisão proferida pela 14ª Turma de Julgamento da DRJ em São Paulo que indeferiu outro pedido de restituição da interessada por entender que a requerente não teria comprovado seu direito à imunidade ao Seguro de Acidente de Trabalho (SAT); f) contudo, decisão proferida pela administração tributária em outro processo relativo a outro tributo entendendo que a interessada não cumpria requisitos da Lei nº 8.212, de 1991, não pode vincular o presente feito pois a citada decisão encontrase pendente de decisão final; g) não obstante, a citada decisão parte da premissa de que a instituição teria deixado de apresentar, à auditoria que se instaurou à época, a documentação que comprovasse o cumprimento do disposto no art. 55 da Lei nº 8.212, de 1991; mais especificamente, entendeu a fiscalização que a instituição não teria apresentado os documentos que comprovassem a gratuidade assistencial, não obstante tivesse a contribuinte exibido os protocolos de entrega dos relatórios de atividades, metas do exercício e planos de ação exigidos pela administração do INSS para fins de manutenção da isenção à quota patronal; h) assim, não se sustentaria a decisão na qual se baseou o autor do despacho decisório sob exame já que não existiriam nos autos que trataram do pedido de restituição do SAT qualquer indício de descumprimento dos requisitos para fruição do benefício; i) Tendo em vista que a autoridade fiscal apropriouse de decisão estranha aos presentes para subsidiar seu Fl. 1421DF CARF MF Processo nº 18186.008202/200808 Acórdão n.º 3201005.020 S3C2T1 Fl. 1.422 4 posicionamento, decisão inclusive ainda pendente de julgamento final, o despacho decisório em combate deve ser anulado. j) Para o gozo da imunidade prevista no inciso 150, VI, “c” não seria, ademais, necessária a comprovação de que a instituição se constituiria como beneficente de assistência social, bastando apenas ser entidade educacional sem fins lucrativos, condição da qual não se pode duvidar em relação à interessada; ainda, a lei reguladora da imunidade prevista no art. 150, VI, c, da Constituição Federal seria o CTN em seu art. 14 e não art. 55 da Lei nº 8.212, de 1991; a interessada cumpre todos os requisitos do citado art. 14 do CTN, assim como cumpre as exigências do art. 55 da Lei nº 8.212, e 1991, como atestariam os diversos certificados mencionados, cujas regras de concessão apenas espelham tais dispositivos legais; k) O IOF é alcançado pela citada imunidade uma vez que o rendimento auferido de aplicações financeiras ou o crédito tomado constituem renda da instituição ou representam recursos que serão utilizados na manutenção ou fortalecimento do patrimônio da instituição, como atestariam doutrina e jurisprudência; nota que o Decreto nº 6.306, de 2007, traz em seu art. 2º comando que trata da não incidência do IOF, em todas as suas modalidades, operações de crédito, seguro, câmbio e relativa a título ou valores mobiliários, sobre as operações praticadas pelas instituições de educação e assistência social, sem fins lucrativos, desde que relacionadas às finalidades essenciais, atendidos os requisitos da lei; l) Ademais, o art. 8º do Decreto nº 4.494, de 2002, regulamentador do IOF no período alvo do pedido, estabelecia a alíquota zero do imposto no caso de operações de crédito em que o tomador fosse instituição de educação e de assistência social sem fins lucrativos; assim, ainda que a imunidade não fosse reconhecida, não era devido o tributo, cabendo sua restituição; sobre esse assunto deixou de se manifestar a autoridade cabendo a anulação do despacho decisório em foco; m) Menciona ter ingressado com ação judicial que lhe teria garantido o direito (fls. 139/140) à imunidade sobre o IOF incidente sobre o rendimento das aplicações financeiras que é vertido para o patrimônio da própria entidade (processo nº 9800043845); n) Não houve expiração do prazo para a formulação do pleito de restituição tendo em vista que este só se finda depois de cinco anos contados da homologação do pagamento, fato que ocorreu tacitamente depois de cinco anos da extinção do crédito (tese dos cinco anos para homologar mais cinco anos para restituir); argumenta que o prazo de cinco anos contados da extinção do crédito somente pode ser aplicado a partir de 09/06/2005, data a partir da qual teve eficácia a Lei Complementar nº 118, de 2005; não haveria assim, período colhido pela expiração de prazo. Fl. 1422DF CARF MF Processo nº 18186.008202/200808 Acórdão n.º 3201005.020 S3C2T1 Fl. 1.423 5 A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento Campinas/SP, por intermédio da 3ª Turma, no Acórdão nº 0540.403, sessão de 18/03/2013, julgou parcialmente procedente a manifestação de inconformidade do contribuinte, assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CRÉDITO, CÂMBIO E SEGUROS OU RELATIVAS A TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS IOF Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2007 RESTITUIÇÃO DE INDÉBITO. EXTINÇÃO DO DIREITO. O direito de o contribuinte pleitear a restituição de tributo ou contribuição pago indevidamente extinguese após o transcurso do prazo de cinco anos contados da data do pagamento. Negase o direito sobre parcelas atingidas pela expiração desse prazo. IMUNIDADE. INSTITUIÇÕES DE EDUCAÇÃO E DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. A imunidade prevista no art. 150, VI, “c”, da Constituição Federal, não abrange o IOF, visto que não se trata de imposto incidente sobre patrimônio, renda ou serviços. ALÍQUOTA ZERO. TOMADA DE CRÉDITO. ENTIDADE DE EDUCAÇÃO E DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. Nas operações de crédito em que o tomador dos recursos é uma entidade de assistência social, sem fins lucrativos e que atenda aos requisitos da lei, a alíquota do IOF é zero. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido A decisão foi no sentido de negar o direito à restituição do IOF com supedâneo no art. 150, VI, "c" da CF/88, por entender que os impostos ali mencionados sobre patrimônio, renda e serviços da entidade não alcançam o IOF; declarar a prescrição do direito à repetição do indébito aos pedidos formalizados antes de 08/07/2003, e reconhecer o direito pleiteado em relação ao IOF retido nas operações de crédito em que a contribuinte figurou como tomadora (aquelas com a notação "IOC" nas planilha à folha 50 e ss), com base na redução a zero concedida pelo art. 8, inciso XV, do Decreto nº 4.494/2002. Dessa forma, a 1ª instância de julgamento manteve o IOF no tocante às operações relativas a títulos ou valores mobiliários (com notação "IOF" na planilha de fls. 50 e ss) de que trata o § 2º do art. 25 do referido Decreto. O contribuinte foi cientificado da decisão em 13/05/2013 (AR fl. 1.103) e interpôs Recurso Voluntário, tempestivo, em 12/06/2013 (fls. 1.104/1.162). Retornou o processo à DERAT/SP que constatou divergência entre o enunciado da ementa e a conclusão do voto no acórdão 0504.403. Na sequência e por intermédio de despacho datado 25/06/2015 (fl. 1.280) o processo foi encaminhado à DRJ para providências. Fl. 1423DF CARF MF Processo nº 18186.008202/200808 Acórdão n.º 3201005.020 S3C2T1 Fl. 1.424 6 Na DRJ em Ribeirão Preto/SP, por intermédio da 14ª Turma, em sessão realizada em 25 de abril de 2016 revisouse o acórdão nº 0540.403, de 18/03/2013, prolatandose o Acórdão nº 1460.243, com a decisão: Vistos, relatados e discutidos os autos do processo, acordam os julgadores da 14 Turma da DRJ em Ribeirão Preto, por unanimidade de votos: conhecer do Despacho de Encaminhamento redigido pelo DIORT/DERAT/São Paulo como demonstração da existência de inexatidão material devida por lapso manifesto no Acórdão DRJ/CPS nº 0540.413, de 2013; retificar o texto do Acórdão DRJ/CPS de nº 0540.413, de 2013, alterando seu rótulo que passa a ser o seguinte: Manifestação de Inconformidade Procedente em Parte Direito Creditório Reconhecido em Parte O Acórdão recebeu a seguinte ementa: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2007 JULGAMENTO ADMINISTRATIVO. INEXATIDÕES MATERIAIS. CORREÇÃO. As inexatidões materiais devidas a lapso manifesto e os erros de escrita ou de cálculos existentes na decisão poderão ser corrigidos de ofício ou a requerimento do sujeito passivo, mediante prolação de novo acórdão. Manifestação de Inconformidade Procedente em Parte Direito Creditório Reconhecido em Parte O processo foi então encaminhado ao CARF para distribuição e julgamento do Recurso Voluntário interposto em face do Acórdão nº 0540.403, sessão de 18/03/2013. Submetido a julgamento, constatouse que desse segundo Acórdão da DRJ a contribuinte não foi cientificada, do que resultou na conversão do julgamento em diligência para determinar o retornar à Unidade Preparadora para cientificar o contribuinte do Acórdão nº 1460.243, de 26/04/2016, concedendolhe o prazo de 30 (trinta) dias para a interposição de novo recurso voluntário ou a ratificação do anteriormente interposto. Em seu novo recurso, repisa os argumentos já lançados em peça anterior e corrobora os pedidos para se reconhecer o direito creditório com base na inconstitucionalidade do IOF retido por instituição financeira/crédito sobre as operações de crédito, e a redução a zero da alíquota do IOF sobre todas suas operações no período aquele abrangido pelos pagamentos efetuados entre julho/2003 e dezembro/2007. É o relatório. Fl. 1424DF CARF MF Processo nº 18186.008202/200808 Acórdão n.º 3201005.020 S3C2T1 Fl. 1.425 7 Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator O Recurso Voluntário atende aos requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. O litígio que se afigura após o julgamento da DRJ versa acerca do inconformismo da contribuinte quanto à decisão que não reconheceu o direito à restituição do IOF retido por instituição financeira, limitado ao período de 07/2003 a 12/2007. A recorrente ampara seu pedido em 2 fundamentos: a imunidade tributária prevista no art. 150, VI, "c" da CF/88, que entende alcançar o IOF e a redução a zero da alíquota do IOF sobre operações de crédito realizadas. Questões superadas no acórdão recorrido Ressaltase que a recorrente não se insurge em sede de recurso voluntário quanto ao período em que pleiteia o indébito, conformandose ao que restou decidido no acórdão recorrido, ou seja, entre 07/2003 e 12/2007, vez que períodos anteriores restaram prescritos conforme o acórdão da DRJ. Na autuação fora suscitado ausência no atendimento aos requisitos legais a que a recorrente uma instituição beneficente de assistência social estaria obrigada para a fruição de benefícios legais. A DRJ enfrentou a matéria e concluiu que nos autos consta que a recorrente é detentora do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social CEBAS o que implica atender aos requisitos do art. 14 do CTN para a fruição de benefícios legais. Imunidade tributária prevista no art. 150, inciso VI, alínea "c" da CF/88 A recorrente argui que a imunidade prevista no art. 150, VI, "c" da CF/88 abrange todos os impostos incidentes sobre aplicação financeira. A decisão recorrida negou o direito à imunidade de que trata o dispositivo constitucional à luz da interpretação de que o benefício tributário ali concedido circunscrevese tãosó aos impostos incidentes sobre patrimônio, renda e serviços das pessoas jurídicas mencionadas, o que não alcança o IOF por ser de natureza distinta. Sustenta aquela decisão que o IOF está inserido dentre os impostos sobre a produção e a circulação (Livro Primeiro, Título III, Capítulo IV, Seção, do CTN). Sem razão à decisão recorrida, pois que a classificação econômica dos impostos adotada pelo CTN não pode restringir a aplicação da imunidade trazida no bojo da atual Carta Magna, até mesmo em atendimento do princípio da hierarquia das normas. Destarte, entendo que assiste razão à recorrente, com amparo nos pronunciamentos do STF acerca da matéria. Várias são as decisões do STF no sentido de que o IOF incidente as operações financeiras das entidades beneficentes não desnatura tal atuação, pois que o Fl. 1425DF CARF MF Processo nº 18186.008202/200808 Acórdão n.º 3201005.020 S3C2T1 Fl. 1.426 8 investimento de seu capital configura uma forma de manutenção a atividade filantrópica/assistencial. RE nº 241.0988SP Relator Ministro Moreira Alves: EMENTA: Recurso Extraordinário. Entidade de assistência social. IOF. Imunidade tributária. Art. 150, VI, “c”. No tocante às entidades de assistência social, que atendam aos requisitos atendidos pela ora recorrida, esta Corte tem reconhecido em favor delas a imunidade tributária prevista no artigo 150, VI, “c”, sendo que, especificamente quanto ao IOF, a Segunda Turma, no AGRRE 232.080, relator o eminente Ministro Nelson Jobim, reconheceu a aplicação dessa imunidade, citando inclusive, a decisão tomada nos EDAGRE 183.216, onde se salientou que “...o fato de a entidade proceder à aplicação de recursos não significa atuação fora do que previsto no ato de sua constituição”. RE 228.5244, Relator Ministro Carlos Velloso: EMENTA: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA. ENTIDADES ASSISTENCIAIS. IOF. – A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é no sentido de que a imunidade tributária do art. 150, VI, c, da CF estendese às entidades assistenciais relativamente ao IOF. II. – Agravo não provido. RE nº 219.4771/ CE, relator Ministro Gilmar Mendes: EMENTA: Recurso extraordinário. Agravo regimental. Imunidade Tributária. Art. 150, VI, “c”, da CF. IOF. Entidade de assistência social. Agravo regimental a que se nega provimento. E ainda o excerto do voto proferido pelo Ministro Joaquim Barbosa, quando no julgamento do RE 454753/CE: Esta Corte já definiu que a imunidade tributária (art. 150, VI, c da Constituição) também se aplica ao imposto previsto no art. 153, V, comumente chamado de “Imposto sobre Operações Financeiras – IOF”. (...) Ademais, a manutenção de investimentos pode ser instrumento útil para a formação de recursos destinados às atividades Fl. 1426DF CARF MF Processo nº 18186.008202/200808 Acórdão n.º 3201005.020 S3C2T1 Fl. 1.427 9 filantrópicas. Desde que respeitados os limites da imunidade (não privilegiar atividade privada econômica lucrativa e não afetar a livre iniciativa), a imunidade tributária será aplicável ao produto das operações financeiras. (...) Observase que as decisões transcritas não foram prolatadas na sistemática de repercussão geral, todavia, a PGFN por meio da Nota SEI nº 57/2018/CRJ/PGACET/PGFN MF, e a Receita Federal, na Nota Cosit nº 190, de 09/08/2018, consideram pacificado o tema "imunidade do IOF sobre as aplicações financeiras das entidades de educação e assistência social", desde que não haja questionamento acerca do preenchimento dos requisitos legais. Transcrevo a ementa da Nota SEI 57/2018: Documento público. Ausência de sigilo. Tributário. Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro, ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários IOF. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal reconheceu a imunidade tributária do art. 150, VI, alínea “c”, da Constituição Federal, para as instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, desde que haja o atendimento aos requisitos constitucionais e legais, no tocante ao Imposto sobre Operação FinanceiraIOF, incidente sobre as aplicações financeiras realizadas pelas instituições citadas, cujo resultado é destinado aos objetivos das próprias entidades, relacionados às finalidades essenciais destas instituições. Interpretação do § 3º, III, do art. 2º, do Decreto n. 6.306/2007. Aplicação da aludida imunidade às entidades sindicais de trabalhadores e aos partidos políticos, inclusive suas fundações. Jurisprudência pacífica do Supremo Tribunal Federal. Ausência de necessidade da edição de ato declaratório pelo Procurador Geral da Fazenda Nacional. Processo SEI nº 10951.102127/201812 Excertos da Nota Cosit nº 190/2018: Tratase da Nota SEI nº 35/2018/CRJ/PGACET/PGFNMF, de 2018, elaborada pela ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN), e enviada à CoordenaçãoGeral de Tributação (Cosit) para análise e parecer sobre a possibilidade de edição de ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional referente à imunidade do Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários (IOF) em aplicações financeiras efetuadas por instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos. A PGFN solicita, ainda, esclarecimentos sobre o posicionamento da Receita Federal do Brasil (RFB) com relação à incidência do tributo quando as aplicações financeiras são realizadas por entidades sindicais de trabalhadores. Fl. 1427DF CARF MF Processo nº 18186.008202/200808 Acórdão n.º 3201005.020 S3C2T1 Fl. 1.428 10 2. No que se refere às instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, a PGFN afirma que o Supremo Tribunal Federal assentou firme entendimento no sentido de que a imunidade tributária prevista no art. 150, VI, “c”, da Constituição Federal estendese a essas instituições, relativamente ao imposto sobre operações financeiras – IOF, desde que os rendimentos decorrentes das aplicações financeiras sejam vertidos aos objetivos das próprias entidades (...) e sejam atendidos os requisitos constitucionais e legais. Diante disso, propõe a edição de ato declaratório do Procurador Geral da Fazenda Nacional, a ser aprovado pelo Ministro da Fazenda, com o específico objetivo de vincular a Receita Federal do Brasil – RFB ao entendimento. (...) 4. Cabe informar que a RFB publicou, em razão de decisões do Supremo Tribunal Federal (Recursos Extraordinários nº 196.415/PR e 196.820/PR) que declararam a inconstitucionalidade da cobrança do IOF incidente sobre aplicações de Prefeituras Municipais em ativos financeiros, a Instrução Normativa (IN) SRF nº 211, de 2 de outubro de 2002, a qual determinou a revisão de crédito tributário e o cancelamento de lançamento para cobrança do imposto nessas operações. 5. Posteriormente, quando da publicação do Decreto nº 6.306, de 14 de dezembro de 2007, que regulamenta o IOF, foi adicionado o § 3º ao art. 2º para reconhecer a imunidade tributária das pessoas jurídicas relacionadas no art. 150 da Constituição Federal, incluindo as entidades sindicais, e encerrar, desse modo, uma longa discussão judicial: (...) 6. Diante do exposto, informese à PGFN que esta Coordenação Geral não vê necessidade de edição de ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional para vincular a atuação da RFB. Assim, diante do acima exposto, considerando que a jurisprudência assentada pelo Supremo Tribunal Federal é de que a imunidade de que trata o art. 150, VI, “c”, da Constituição Federal alcança todos os impostos, independentemente da classificação econômica que lhes tenha sido dada pelo Código Tributário Nacional, encaminho meu voto no sentido de dar provimento ao recurso voluntário para que os valores retidos de IOF, no período entre julho/2003 a dezembro/2007, em aplicações financeiras e/ou operações de crédito sejam repetidos. E uma vez decidido o litígio em favor da contribuinte, despiciendo o enfrentamento de tese sucessiva o alcance da redução a zero da alíquota do IOF sobre as operações relativas a títulos ou valores mobiliários (art. 25, § 2º do Decreto nº 4.494/2002). Conclusão Fl. 1428DF CARF MF Processo nº 18186.008202/200808 Acórdão n.º 3201005.020 S3C2T1 Fl. 1.429 11 Diante do exposto, voto para dar provimento ao recurso voluntário, para reconhecer o direito creditório no período compreendido entre julho/2003 a dezembro/2007. (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Fl. 1429DF CARF MF
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Numero do processo: 14041.000460/2005-89
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 26 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Oct 15 00:00:00 UTC 2019
Ementa: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS
Período de apuração: 01/07/2002 a 03/09/2002, 01/01/2003 a 31/03/2003, 01/04/2003 a 30/06/2003, 01/01/2004 a 31/03/2004, 01/04/2004 a 30/06/2004
MULTA POR FALTA DE ENTREGA DA DIF PAPEL IMUNE. PREVISÃO LEGAL.
É cabível a aplicação da multa por ausência da entrega da chamada DIF Papel Imune, pois esta encontra fundamento legal no art. 16 da Lei nº 9.779/99 e no art. 57 da MP nº 2.15835/ 2001, regulamentados pelos arts. 1º, 11 e 12 da IN SRF n° 71/2001.
VALOR A SER APLICADO A TÍTULO DE MULTA POR ATRASO OU FALTA DA ENTREGA DA DIF PAPEL IMUNE.
Com a vigência do art. 1º da Lei nº 11.945/2009, a multa pela falta ou atraso na apresentação da DIF Papel Imune deve ser cominada em valor único por declaração não apresentada no prazo trimestral, e não mais por mês calendário, conforme anteriormente estabelecido no art. 57 da MP nº 2.15835/ 2001.
RETROATIVIDADE BENIGNA. APLICAÇÃO. MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA.
Por força da alínea c, inciso II do art. 106 do CTN, há que se aplicar a retroatividade benigna aos processos pendentes de julgamento quando a nova lei comina penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da ocorrência do fato.
ALEGAÇÕES DE ILEGALIDADE E INCONSTITUCIONALIDADE. LEIS, DECRETOS, E INSTRUÇÕES NORMATIVAS. SÚMULA 2 DO CARF. APLICAÇÃO.
A autoridade administrativa não é competente para examinar alegações de ilegalidade/inconstitucionalidade de leis regularmente editadas, tarefa privativa do Poder Judiciário.
Aplicação da Súmula Carf nº 2
Numero da decisão: 3201-005.787
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, para que a multa seja adequada ao que dispõe o texto da Lei n° 11.945, de 4 de junho de 2009, perfazendo o valor total de R$ 10.100,00 (dez mil e cem reais).
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Leonardo Correia Lima Macedo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Hélcio Lafetá Reis, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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PREVISÃO LEGAL. É cabível a aplicação da multa por ausência da entrega da chamada “DIF Papel Imune”, pois esta encontra fundamento legal no art. 16 da Lei nº 9.779/99 e no art. 57 da MP nº 2.15835/ 2001, regulamentados pelos arts. 1º, 11 e 12 da IN SRF n° 71/2001. VALOR A SER APLICADO A TÍTULO DE MULTA POR ATRASO OU FALTA DA ENTREGA DA “DIF PAPEL IMUNE”. Com a vigência do art. 1º da Lei nº 11.945/2009, a multa pela falta ou atraso na apresentação da “DIF Papel Imune” deve ser cominada em valor único por declaração não apresentada no prazo trimestral, e não mais por mês calendário, conforme anteriormente estabelecido no art. 57 da MP nº 2.15835/ 2001. RETROATIVIDADE BENIGNA. APLICAÇÃO. MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA. Por força da alínea “c”, inciso II do art. 106 do CTN, há que se aplicar a retroatividade benigna aos processos pendentes de julgamento quando a nova lei comina penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da ocorrência do fato. ALEGAÇÕES DE ILEGALIDADE E INCONSTITUCIONALIDADE. LEIS, DECRETOS, E INSTRUÇÕES NORMATIVAS. SÚMULA 2 DO CARF. APLICAÇÃO. A autoridade administrativa não é competente para examinar alegações de ilegalidade/inconstitucionalidade de leis regularmente editadas, tarefa privativa do Poder Judiciário. Aplicação da Súmula Carf nº 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 14 04 1. 00 04 60 /2 00 5- 89 Fl. 125DF CARF MF Fl. 2 do Acórdão n.º 3201-005.787 - 3ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 14041.000460/2005-89 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, para que a multa seja adequada ao que dispõe o texto da Lei n° 11.945, de 4 de junho de 2009, perfazendo o valor total de R$ 10.100,00 (dez mil e cem reais). (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza - Presidente (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Leonardo Correia Lima Macedo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Hélcio Lafetá Reis, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório O interessado acima identificado recorre a este Conselho, de decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Juiz de Fora/MG. Para bem relatar os fatos, transcreve-se o relatório da decisão proferida pela autoridade a quo no Acórdão nº 09-15.732: Contra a contribuinte retro qualificada foi lavrado o Auto de Infração de fls. 04/10 para exigência de Multa no valor de R$ 151.500,00, decorrente da falta ou atraso na entrega da Declaração Especial de Informações Relativas ao Controle do Papel Imune (DIF- Papel Imune), relativamente aos trimestres 3°/2002, 1° e 2°/2003; 1° e 2°/2004. o lançamento foi amparado nos dispositivos legais relacionados na Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal do Auto de Infração (fl. 06), merecendo destaque o art. 16 da Lei 9.779/99, o art. 57, I da MP 2.158-35/2001, os arts. 212 e 505 do Decreto 4.544/2002 (RIPI/2002) e a Instrução Normativa SRF nº 71/2001, artigos 1° e 10. Após ciência do Auto de Infração por via postal, em 13/06/2005 (fl. 10-v) e inconformada com o lançamento, apresentou a contribuinte, em 05/07/2005, a impugnação de fls. 14/19, na qual, em síntese: 1°) inicialmente afirma que as declarações a que se refere o auto de infração como omissas, foram devidamente entregues em 31/01/2005 e 01/02/2005, portanto, antes da lavratura do auto de infração (que ocorrera em 30/05/2005) cientificado em 13/06/2005; 2°) alega que a multa aplicada é excessiva, desproporcional e confiscatória; 3°) manifesta seu entendimento no sentido de que seja aplicado o princípio da igualdade na fixação da multa, prescrevendo a imposição da multa aplicável à DACON, a qual foi criada pelo mesmo dispositivo legal e foi posteriormente reduzida; 4°) por fim, pleiteia a acolhida da impugnação. É como relato. Fl. 126DF CARF MF Fl. 3 do Acórdão n.º 3201-005.787 - 3ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 14041.000460/2005-89 A Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Juiz de Fora/MG, por intermédio da 3ª Turma, no Acórdão nº 09-15.732, sessão de 07/03/2007, por unanimidade de votos, julgou parcialmente procedente a Impugnação para exigir da contribuinte o recolhimento da multa pelo atraso na entrega das DIF-PAPEL IMUNE no valor de R$ 130.500,00 e eximir o valor de R$ 21.000,00, prolatando a ementa: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 01/07/2002 a 30/09/2002, 01/01/2003 a 31/03/2003, 01/04/2003 a 30/06/2003, 01/01/2004 a 31/03/2004,01/04/2004 a 30/06/2004 DIF-PAPEL IMUNE. FALTA OU ATRASO NA ENTREGA DA DECLARAÇÃO. A não-apresentação, ou a apresentação da DIF-Papel Imune após os prazos estabelecidos para a entrega dessa declaração, sujeita o contribuinte à imposição da multa prevista no artigo 57 da MP 2.158-34 (e reedição posterior). LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA. LEGALIDADE E CONSTITUCIONALIDADE. As normas e determinações previstas na legislação tributária presumem-se revestidas do caráter de legalidade e constitucionalidade, contando com validade e eficácia, não cabendo à esfera administrativa questioná-las ou negar- lhes aplicação. Lançamento Procedente em Parte Inconformada com a decisão, a contribuinte apresenta recurso voluntário que em síntese aduz: a exigência do registro especial para o papel imune está eivada de vícios de formalidade, pois instituída com base em lei específica para os fabricantes de cigarro, que nada tem a ver com papel imune; b) a instituição da DIF-PAPEL IMUNE, por ser uma obrigação acessória, tem que ser criada por lei, e não mediante Instrução Normativa, consoante jurisprudências colacionadas neste recurso voluntário; c) a Secretaria da Receita Federal não tem competência para instituir obrigação acessória, via Instrução Normativa, porque a competência tributária é indelegável; d) a cominação de sanções ou penalidades por descumprimento de obrigação acessória exige tipificação em lei específica, e não em leis genéricas, muito menos em Instrução Normativa; e) a penalidade pelo descumprimento de obrigação acessória não pode ter efeito de confisco. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator Fl. 127DF CARF MF Fl. 4 do Acórdão n.º 3201-005.787 - 3ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 14041.000460/2005-89 O Recurso Voluntário atende aos requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. A DRJ refutou todos os argumentos do contribuinte para a exoneração total ou redução das multas aplicadas e manteve parte do lançamento. Aquele julgado teve por fundamento legal o art. 57, I c/c seu parágrafo único da MP nº 2.158-34/2001, para aplicar a multa de R$ 1.500,00 (redução de 30% do valor estatuído por se tratar de empresa optante do SIMPLES) multiplicada pelo número de meses-calendário em atraso, e não até o mês da lavratura do auto de infração, conforme o lançamento. Ao final, o valor fora reduzido para R$ 130.500,00, conforme o quadro: Em sede de recurso voluntário, a contribuinte suscita apenas a ilegalidade na instituição da DIF-papel por intermédio de Instrução Normativa e ofensa aos princípios da legalidade, tipicidade, capacidade contributiva e não-confisco. A multa em apreço trata do descumprimento de obrigação acessória e sua aplicação tem supedâneo legal no art. 113 do CTN, art. 16 da Lei nº 9.779/99, art. 57 da MP nº 2.158-34/01, Decreto nº 4.544/02 (RIPI/2002), e arts 10, 11 e 12 da IN SRF nº 71/01. A CSRF e o STJ igualmente confirmaram a legalidade de sua exigência: Acórdão nº 9303001.456, de 31/05/2011: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Data do fato gerador: 31/07/2002, 31/10/2002, 31/01/2003, 30/04/2003, 31/07/2003, 31/10/2003, 31/01/2004, 30/04/2004, 31/07/2004 DECLARAÇÕES ESPECIAIS DE INFRAÇÕES FISCAIS RELATIVAS AO CONTROLE DE PAPEL IMUNE (DIF PAPEL IMUNE). MULTA POR ATRASO OU FALTA NA ENTREGA. LEGALIDADE DA EXIGÊNCIA. DIF Papel imune é obrigação acessória amparada no artigo 16 da Lei 9.779, de 19 de janeiro de 1999. O atraso na entrega da declaração sujeita ao infrator à pena cominada no 505 no RIPI/2002 (cfr. artigo 57 da Medida Provisória 2.15834, de 27 de julho de 2001) c/c artigo 12 da IN SRF 71, de 24 de agosto de 2001, com a retroatividade benigna do artigo 12, inciso II e parágrafo único da IN SRF 976/2009. Recurso Especial do Procurador Provido em Parte" (Processo 10830.001378/200613; Acórdão 9303001.456; Relatora Conselheira Nanci Gama; sessão de 31/05/2011) REsp 1222143/RS, de 22/02/2011: Fl. 128DF CARF MF Fl. 5 do Acórdão n.º 3201-005.787 - 3ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 14041.000460/2005-89 PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA ACESSÓRIA. DIF PAPEL IMUNE. NÃO-APRESENTAÇÃO NO PRAZO LEGAL. PENALIDADES. IN/SRF N. 71/2001. ART. 57 DA MEDIDA PROVISÓRIA 2.158/2001. 1. A Fundação Universidade de Passo Fundo ajuizou ação ordinária com vista à repetição de indébito de valores referentes ao pagamento de multa imposta com base no art. 57, I, da Medida Provisória 2.15834/ 2001, por descumprimento da obrigação acessória de apresentar a Declaração Especial de Informações Relativas ao Controle do Papel Imune (DIF -Papel Imune). (...) 4. A legislação tributária não deixa dúvidas de que a Fundação recorrente estava obrigada à apresentação da "DIF-Papel Imune", independentemente de qualquer notificação por parte da Receita Federal, sob pena de sujeitar-se à aplicação da penalidade pecuniária. Assim, ao descumprir a referida obrigação acessória, a recorrente ficou à mercê das sanções dispostas no art. 57 da MP 2.15834/ 2001. 5. O art. 57, I, da MP 2.15834/ 2001 estabeleceu a multa por descumprimento de obrigações acessórias em R$ 5.000,00 por mês-calendário. 6. Na hipótese dos autos, tem aplicação a Instrução Normativa da SRF 71/2007, que instituiu obrigação tributária acessória consistente na apresentação da DIF-Papel Imune à Secretaria da Receita Federal, que deverá ser feita até o último dia útil dos meses de janeiro, abril, julho e outubro, em relação aos trimestres civis imediatamente anteriores. (...) (REsp 1222143/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 22/02/2011, DJe 16/03/2011) Além da legalidade das disposições contidas em Instruções Normativas da Receita Federal reconhecida pelo Superior Tribunal de Justiça, é de se rechaçar ofensas a princípios constitucionais ou do direito. A razão é que vedado aos julgadores do CARF qualquer pronunciamento quanto a inconstitucionalidade de lei, conforme enunciado da Súmula CARF nº 2, segundo o qual o “CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária." No tocante à quantificação da multa, vê-se que tanto o lançamento fiscal bem como o julgamento de 1ª instância tiveram fundamentos legais vigentes à época da formalização dos respectivos atos administrativos. Nada obstante, o fato gerador da multa alterou-se pela introdução de novel legislação, tornando a multa mais branda o que impende a aplicação da retroação benéfica à situações dos autos nos termos do art. 106, II, “c” do CTN. A matéria foi abordada de forma concisa e acurada no voto do Conselheiro Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, no julgamento de processo nº 0183.001303/200604, com decisão unânime do colegiado, sessão de 25/07/2018, com a prolação do Acórdão nº 3201- 004.121, inclusive apontado como precedente para edição de proposta de súmula na matéria. Dessa forma, reproduzo os fundamentos jurídicos exarados no voto citado: Ocorre que, sobreveio a Lei n° 11.945, de 4 de junho de 2009, resultado da conversão da Medida Provisória n° 451/2008, que tratou da matéria nos seguintes termos: "Art. 1° Deve manter o Registro Especial na Secretaria da Receita Federal do Brasil a pessoa jurídica que: Fl. 129DF CARF MF Fl. 6 do Acórdão n.º 3201-005.787 - 3ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 14041.000460/2005-89 I - exercer as atividades de comercialização e importação de papel destinado à impressão de livros, jornais e periódicos, a que se refere a alínea d do inciso VI do art. 150 da Constituição Federal; e II - adquirir o papel a que se refere a alínea d do inciso VI do art. 150 da Constituição Federal para a utilização na impressão de livros, jornais e periódicos. § 1° A comercialização do papel a detentores do Registro Especial de que trata o caput deste artigo faz prova da regularidade da sua destinação, sem prejuízo da responsabilidade, pelos tributos devidos, da pessoa jurídica que, tendo adquirido o papel beneficiado com imunidade, desviar sua finalidade constitucional. § 2° O disposto no § 1° deste artigo aplica-se também para efeito do disposto no § 2° do art. 2° da Lei n° 10.637, de 30 de dezembro de 2002, no § 2° do art. 2° e no § 15 do art. 3° da Lei n° 10.833, de 29 de dezembro de 2003, e no § 10 do art. 8° da Lei n° 10.865, de 30 de abril de 2004. § 3° Fica atribuída à Secretaria da Receita Federal do Brasil competência para: I - expedir normas complementares relativas ao Registro Especial e ao cumprimento das exigências a que estão sujeitas as pessoas jurídicas para sua concessão; II - estabelecer a periodicidade e a forma de comprovação da correta destinação do papel beneficiado com imunidade, inclusive mediante a instituição de obrigação acessória destinada ao controle da sua comercialização e importação. § 4° O não cumprimento da obrigação prevista no inciso II do § 3° deste artigo sujeitará a pessoa jurídica às seguintes penalidades: I - 5% (cinco por cento), não inferior a R$ 100,00 (cem reais) e não superior a R$ 5.000,00 (cinco mil reais), do valor das operações com papel imune omitidas ou apresentadas de forma inexata ou incompleta; e II - de R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais) para micro e pequenas empresas e de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) para as demais, independentemente da sanção prevista no inciso I deste artigo, se as informações não forem apresentadas no prazo estabelecido. § 5° Apresentada a informação fora do prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício, a multa de que trata o inciso II do § 4° deste artigo será reduzida à metade." Assim, tem-se que a nova legislação estipulou penalidade mais benéfica ao contribuinte. O Código Tributário Nacional CTN, em seu artigo 106, inciso II, alínea c, dispõe, expressamente, que "Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratando-se de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de defini-lo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática." O dispositivo aplica-se ao caso concreto, em razão de se tratar de norma mais benigna ao contribuinte, em matéria de penalidade. Anteriormente, a multa aplicada equivalia ao número de meses-calendário em atraso, o que resultava na aplicação de multa Fl. 130DF CARF MF Fl. 7 do Acórdão n.º 3201-005.787 - 3ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 14041.000460/2005-89 (penalidade) por demais gravosa ao contribuinte, a depender, inclusive, da demora, por parte do Fisco, em aplica-la. Com a superveniência da Lei n° 11.945/2009, a penalidade passou a ser exigida levando-se em conta cada obrigação acessória isolada, e não mais a quantidade de meses em atraso. Por se tratar de penalidade, é evidente e cristalina a sua natureza de matéria de ordem pública, fato que torna possível a sua apreciação por este órgão de julgamento, sendo lícita e legítima a aplicação do novo texto legal à hipótese versada, ainda que não instada a tanto. [...] Nestes termos, tem decidido o CARF, através da Câmara Superior de Recursos Fiscais, conforme decisões a seguir colacionadas: "ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 31/10/2002, 31/10/2003, 31/01/2004, 30/04/2004, 31/07/2004 MULTA POR FALTA DE ENTREGA DA “DIFPAPEL IMUNE”. PREVISÃO LEGAL. É cabível a aplicação da multa por ausência da entrega da chamada “DIF Papel Imune”, pois esta encontra fundamento legal nos seguintes comandos normativos: art. 16 da Lei nº 9.779/99; art. 57 da MP nº. 2.15835/ 2001; arts. 1º, 11 e 12 da IN SRF n° 71/2001. VALOR A SER APLICADO A TÍTULO DE MULTA POR ATRASO OU FALTA DA ENTREGA DA “DIF-PAPEL IMUNE”. Com a vigência do art. 1º da Lei nº 11.945/2009, a partir de 16/12/2008 a multa pela falta ou atraso na apresentação da “DIF Papel Imune” deve ser cominada em valor único por declaração não apresentada no prazo trimestral, e não mais por mês calendário, conforme anteriormente estabelecido no art. 57 da MP nº 2.15835/ 2001. RETROATIVIDADE BENIGNA. APLICAÇÃO. Por força da alínea “c”, inciso II do art. 106 do CTN, há que se aplicar a retroatividade benigna aos processos pendentes de julgamento quando a nova lei comina penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da ocorrência do fato. Recurso Especial do Procurador negado." (Processo 11080.001057/200601; Acórdão 9303005.273; Relator Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza; sessão de 21/06/2017) "ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 31/01/2003, 30/04/2003, 31/07/2003, 31/10/2003, 30/01/2004, 30/04/2004, 30/07/2004, 31/10/2004, 10/02/2005 MULTA POR FALTA DE ENTREGA DA “DIF PAPEL IMUNE”. PREVISÃO LEGAL. É cabível a aplicação da multa por ausência da entrega da chamada “DIF Papel Imune”, pois esta encontra fundamento legal no art. 16 da Lei nº 9.779/99 e no art. 57 da MP nº 2.15835/ 2001, regulamentados pelos arts. 1º, 11 e 12 da IN SRF n° 71/2001. Fl. 131DF CARF MF Fl. 8 do Acórdão n.º 3201-005.787 - 3ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 14041.000460/2005-89 VALOR A SER APLICADO A TÍTULO DE MULTA POR ATRASO OU FALTA DA ENTREGA DA “DIF PAPEL IMUNE”. Com a vigência do art. 1º da Lei nº 11.945/2009, a partir de 16/12/2008 a multa pela falta ou atraso na apresentação da “DIF Papel Imune” deve ser cominada em valor único por declaração não apresentada no prazo trimestral, e não mais por mês calendário, conforme anteriormente estabelecido no art. 57 da MP nº 2.15835/ 2001. RETROATIVIDADE BENIGNA. APLICAÇÃO. Por força da alínea “c”, inciso II do art. 106 do CTN, há que se aplicar a retroatividade benigna aos processos pendentes de julgamento quando a nova lei comina penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da ocorrência do fato. Recurso Especial do Procurador Provido em Parte." (Processo 19515.000759/200533; Acórdão 9303004.953; Relator Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas; sessão de 10/04/2017) [...] No caso desses autos, com a sistemática mais benéfica estabelecida pela Lei n° 11.945/2009, a multa prevista no § 4º do art. 1º da Lei nº 11.495/09 deverá ser ajustada em razão da natureza da infração nos termos dos incisos I e II do referido § 4º. De pronto, afasta-se a redução estabelecida no § 5º, uma vez que as DIFs apresentadas foram em data posterior (31/01/2005 e 01/02/2005) ao início da ação fiscal (25/01/2005 – fl. 19). Consta nos autos, e não fora contestado pelo contribuinte, a falta de apresentação da DIF referente ao 3ºT/2002, atraindo a aplicação do inciso I, do § 4º do art. 1º da Lei nº 11.495/09 (“5% (cinco por cento), não inferior a R$ 100,00 (cem reais) e não superior a R$ 5.000,00 (cinco mil reais), do valor das operações com papel imune omitidas ou apresentadas de forma inexata ou incompleta”). Verifica-se que a autoridade fiscal e nem a DRJ apontam qual o valor das operações com papel imune omitidas no trimestre em análise; assim, é de se aplicar o valor mínimo da multa na importância de R$ 100,00 (ressalta-se que os valores de faturamento informado pela contribuinte não permite presumir que se tratam de operações com papel imune). Em relação aos trimestres 1º/2003, 2º/2003, 1º/2004 e 2º/2004 aplica-se a multa de R$ 2.500,00, para cada DIF entregue em atraso, nos termos do inciso II, do § 4º do art. 1º da Lei nº 11.495/09, por se tratar de pessoa jurídica optante pelo SIMPLES, que equivale a R$ 10.000,00 (dez mil reais, resultado de 4 trimestres x R$ 2.500,00). No total, portanto, a multa que deverá incidir, conforme o exposto, será no valor de R$ 10.100,00 (dez mil e cem reais), sendo R$ 100,00 correspondente à DIF omissa do 3ºT/2002 e R$ 10.000,00 correspondente à 04 (quatro) DIFs (1º/2003, 2º/2003, 1º/2004 e 2º/2004) entregues em atraso, após o início da ação fiscal. Fl. 132DF CARF MF Fl. 9 do Acórdão n.º 3201-005.787 - 3ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 14041.000460/2005-89 Dispositivo Diante do exposto, voto para dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, para que a multa seja adequada ao que dispõe o texto da Lei n° 11.945, de 4 de junho de 2009, perfazendo o valor total de R$ 10.100,00 (dez mil e cem reais). (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Fl. 133DF CARF MF
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Numero do processo: 10783.916864/2009-85
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 22 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri Sep 06 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 3201-002.296
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do Recurso em diligência, para que a Unidade Preparadora promova a análise do crédito pleiteado e a manifestação do Fisco, quanto ao erro de preenchimento do Dacon (original) e DCTF (retificada), em face dos elementos acostados ao Recurso Voluntário e de outras provas que entender pertinentes e cabíveis.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Paulo Roberto Duarte Moreira, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Leonardo Correia Lima Macedo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Hélcio Lafetá Reis, Tatiana Josefovicz Belisario e Laercio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do Recurso em diligência, para que a Unidade Preparadora promova a análise do crédito pleiteado e a manifestação do Fisco, quanto ao erro de preenchimento do Dacon (original) e DCTF (retificada), em face dos elementos acostados ao Recurso Voluntário e de outras provas que entender pertinentes e cabíveis. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza - Presidente (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Paulo Roberto Duarte Moreira, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Leonardo Correia Lima Macedo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Hélcio Lafetá Reis, Tatiana Josefovicz Belisario e Laercio Cruz Uliana Junior.
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conteudo_txt : Metadados => date: 2019-09-02T02:09:41Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.5; xmp:CreatorTool: Microsoft® Word 2010; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; language: pt-BR; dcterms:created: 2019-09-02T02:09:41Z; Last-Modified: 2019-09-02T02:09:41Z; dcterms:modified: 2019-09-02T02:09:41Z; dc:format: application/pdf; version=1.5; Last-Save-Date: 2019-09-02T02:09:41Z; pdf:docinfo:creator_tool: Microsoft® Word 2010; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2019-09-02T02:09:41Z; meta:save-date: 2019-09-02T02:09:41Z; pdf:encrypted: true; modified: 2019-09-02T02:09:41Z; Content-Type: application/pdf; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; dc:language: pt-BR; meta:creation-date: 2019-09-02T02:09:41Z; created: 2019-09-02T02:09:41Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; Creation-Date: 2019-09-02T02:09:41Z; pdf:charsPerPage: 1741; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; pdf:docinfo:created: 2019-09-02T02:09:41Z | Conteúdo => 0 S3-C 2T1 MINISTÉRIO DA ECONOMIA Conselho Administrativo de Recursos Fiscais Processo nº 10783.916864/2009-85 Recurso Voluntário Resolução nº 3201-002.296 – 3ª Seção de Julgamento / 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 22 de agosto de 2019 Assunto SOLICITAÇÃO DE DILIGÊNCIA Recorrente COLUMBIA TRADING S/A Interessado FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do Recurso em diligência, para que a Unidade Preparadora promova a análise do crédito pleiteado e a manifestação do Fisco, quanto ao erro de preenchimento do Dacon (original) e DCTF (retificada), em face dos elementos acostados ao Recurso Voluntário e de outras provas que entender pertinentes e cabíveis. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza - Presidente (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Paulo Roberto Duarte Moreira, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Leonardo Correia Lima Macedo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Hélcio Lafetá Reis, Tatiana Josefovicz Belisario e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório O interessado acima identificado recorre a este Conselho, de decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Ribeirão Preto/SP. Para bem relatar os fatos, transcreve-se o relatório da decisão proferida pela autoridade a quo: Trata o presente processo de Declaração de Compensação de crédito de Contribuição para o PIS/Pasep, referente a pagamento efetuado indevidamente ou ao maior no período de apuração novembro de 2004, RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 07 83 .9 16 86 4/ 20 09 -8 5 Fl. 121DF CARF MF Fl. 2 da Resolução n.º 3201-002.296 - 3ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10783.916864/2009-85 no valor de R$ 29.352,90, transmitido através do PER/Dcomp nº 05820.64271.291107.1.3.04-6945. A DRF/Vitória não homologou a compensação por meio do despacho decisório eletrônico de fl. 5, já que pagamento indicado na Dcomp teria sido integralmente utilizado para quitar débito do contribuinte. Cientificado do despacho em 20/10/2009 (fl. 38), o recorrente apresentou a manifestação de inconformidade de fls. 02/04, em 19/11/2009, para alegar que teria recolhido a maior a Contribuição para o PIS/Pasep devida em novembro de 2004. Para se aproveitar de tal saldo de pagamento, teria transmitido o PER/Dcomp nº 05820.64271.291107.1.3.04-6945. O recorrente teria retificado a DCTF, somente após a ciência do despacho decisório, para corrigir o valor débito. Alegou que o montante devido estaria correto no Dacon. Concluiu para requerer a reforma do despacho decisório e a homologação do PER/Dcomp. É o relatório. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto julgou improcedente a manifestação de inconformidade do contribuinte e não homologou sua compensação. A decisão foi assim ementada: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 30/11/2004 RETIFICAÇÃO DA DCTF. REDUÇÃO DO VALOR DO DÉBITO. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DO ERRO. A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a reduzir tributo, só é admissível mediante a comprovação do erro em que se funde (art. 147, § 1º, do CTN). DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e a existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Inconformada a contribuinte, apresentou recurso voluntário que visa a reforma da decisão recorrida para que lhe seja reconhecido o direito creditório e homologada sua compensação. Repisa o que suscitou em manifestação de inconformidade, ou seja, de que o pagamento a maior restou demonstrado com a apresentação do Dacon original que consignava o valor de R$ 25.428,90 de PIS no PA 11/2004 e da DCTF que fora retificada para justamente Fl. 122DF CARF MF Fl. 3 da Resolução n.º 3201-002.296 - 3ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10783.916864/2009-85 espelhar o Dacon, ao passo que efetivamente recolheu a importância de R$ 97.788,38, informada na DCTF original Dessa forma, aduz que houve erro material de transcrição dos valores do Dacon para a DCTF, original e ativa na data da transmissão do PER/Dcomp, e que, portanto, deveria prevalecer o Dacon sobre a DCTF original, que fora posteriormente retificada No Recurso Voluntário, alega ter apresentado em manifestação de inconformidade a demonstração detalhada do erro cometido e aduz a certeza do direito, uma vez que independentemente da retificação da DCTF o valor devido efetivamente (R$ 25.428,90) era inferior ao que recolheu por DARF (R$ 97.788,38). É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator Infere-se do despacho decisório que a não homologação da compensação pleiteada decorreu da ausência de crédito para a quitação de débito vincendo/vencido no momento do encontro de contas - o crédito decorrente de pagamento indevido em confronto com o débito confessado em DCTF. Consta no corpo do despacho decisório que o pagamento referente ao DARF indicado foi integralmente utilizado para quitação de débito, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados na PER/DCOMP. A decisão considerou a DCTF originalmente transmitida e não a sua retificadora, transmitida somente após a ciência no despacho decisório. Contudo, conforme aduz a contribuinte, o pagamento que se alega indevido é decorrente não de uma apuração incorreta, mas sim de erro material na transcrição dos saldos das Contribuições apurados no período para a DCTF. Ocorre que os valor do débito da Contribuição informado em Dacon, conquanto original, não corresponde àquele lançado em DCTF (original, não retificada) e não prevalece sobre este (DCTF) pois a Declaração 1 tem efeito jurídico de confissão de dívida e o Demonstrativo 2 apenas de informação. Assim, o encontro de contas (crédito x débitos), no que 1 IN SRF nº 14/2000 Art. 1º. O art. 1º, da Instrução Normativa SRF nº 077, de 24 de julho de 1998, passa a vigorar com a seguinte redação: “Art. 1º. Os saldos a pagar, relativos a tributos e contribuições, constantes da declaração do ITR, quando não quitados nos prazos estabelecidos na legislação, e da DCTF, serão comunicados à Procuradoria da Fazenda Nacional para fins de inscrição como Dívida Ativa da União 2 Solução de Consulta Interna nº 48 DIPJ e DACON. NATUREZA JURÍDICA. A Dipj e o Dacon tem caráter informativo. Estes documentos não estão enumerados como típicos de confissão de dívida, para efeito de inscrição do saldo a pagar em Dívida Ativa, pelos art. 1° da IN SRF n° 77, de 1998 e § 4°, art, 1°, da IN RFB n° 767, de 2007, nem por outro ato normativo. Fl. 123DF CARF MF Fl. 4 da Resolução n.º 3201-002.296 - 3ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10783.916864/2009-85 concerne ao pretenso crédito, foi realizado com base em valores divergentes de débitos de PIS/Cofins consignados no Dacon e a DCTF, originais. A decisão recorrida denegou o pedido sob o fundamento de que a DCTF retificadora não pode ser aceita pois que apresentada no curso de um procedimento fiscal e não fora acompanhada dos documentos comprobatórios. A recorrente alegou, ainda em manifestação de inconformidade, que o pagamento indevido de PIS/Cofins decorreu de erro material no preenchimento da DCTF que não espelhou os saldos credores das Contribuições informados no Dacon original. Também não prevalece o entendimento da DRJ de que a DCTF não poderia ter aceita sua retificação, pois a transmissão de um PER/DCOMP não corresponde a um procedimento fiscal de que trata o art. 11, § 2º, III da IN RFB nº 903/2008. Nota-se que o Parecer Normativo Cosit nº 02/2015 admite a retificação da DCTF após a transmissão de PERD/COMP. Este Colegiado tem flexibilizada o entendimento quanto à exigibilidade de retificação da DCTF para comprovação do direito creditório antes da prolação do despacho decisório, nas situações em que o tratamento do Perdcomp tenha sido apenas eletrônico/automático, desde que haja na instauração do contencioso (manifestação de inconformidade) elementos indiciários que indubitavelmente já apontavam para a provável veracidade da pretensão creditória - é o que se denomina "prova mínima" ou "início de prova". Toma-se como premissa que a singela retificação de DCTF, isoladamente considerada, não ampara o direito à restituição de indébito, e de outra banda, também não pode, por si só, ser obstáculo à sua devolução. In casu, há indício de provas nos argumentos da recorrente, qual seja, o Dacon que se manteve ativo (não retificado) aponta para saldos credores das Contribuições para o PIS e Cofins no período de apuração em que a pessoa jurídica sustenta o pagamento indevido. Não se corrobora a exatidão dos valores do Dacon apresentado, que como já explicitado linhas acima não prevalece sobre o Dacon. Contudo, o fato de haver divergência entre o Dacon, utilizado como instrumento informativo, e a DCTF preenchida com as informações prestadas no Demonstrativo, é no mínimo situação que seria analisada pela autoridade fiscal acaso o PER/DCOMP tivesse sido "baixado" para análise fiscal. O ponto que importa à solução da lide, com arrimo no princípio da verdade material, é se os valores consignados no Dacon original e na DCTF retificadora correspondem com a apuração das Contribuições, com respaldo em documentos fiscais e na contabilidade do contribuinte. Assim, para se fazer prevalecer o princípio da verdade material, proponho a conversão do julgamento em diligência e o retorno dos autos à Unidade de Origem para a análise do crédito pleiteado e manifestação do Fisco, quanto ao erro de preenchimento do Dacon (original) e DCTF (retificada) em face dos elementos do recurso voluntário e outras provas que o Fisco entender pertinentes e cabíveis. Fl. 124DF CARF MF Fl. 5 da Resolução n.º 3201-002.296 - 3ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10783.916864/2009-85 Do resultado da diligência, dê-se ciência à contribuinte, com cópias dos elementos coligidos aos autos, concedendo-lhe o prazo, improrrogável, de 30 (trinta) dias para manifestação, se assim desejar. Cumpridas as providências indicadas, deve o processo retornar ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - CARF para prosseguimento do julgamento. (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreir Fl. 125DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10240.901524/2012-92
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 18 00:00:00 UTC 2020
Data da publicação: Wed Mar 04 00:00:00 UTC 2020
Ementa: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL
Data do fato gerador: 23/03/2012
DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO NÃO ANALISADO. SUPERAÇÃO DO FUNDAMENTO JURÍDICO PARA ANÁLISE DE MÉRITO. NECESSIDADE DE REANÁLISE DA EXISTÊNCIA DO CRÉDITO.
Superado fundamento jurídico para análise de mérito da declaração de compensação devem os autos retornar à unidade de origem para que se proceda ao reexame do despacho decisório, com a apuração do indébito tributário.
Numero da decisão: 3201-006.658
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, para determinar o retorno dos autos à unidade preparadora para que realize os procedimentos que julgar necessários à análise do mérito do direito creditório pleiteado, em face dos elementos coligidos aos autos. .
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Paulo Roberto Duarte Moreira, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Leonardo Correia Lima Macedo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Hélcio Lafetá Reis, Sabrina Coutinho Barbosa (suplente convocada) e Laercio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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DIREITO CREDITÓRIO NÃO ANALISADO. SUPERAÇÃO DO FUNDAMENTO JURÍDICO PARA ANÁLISE DE MÉRITO. NECESSIDADE DE REANÁLISE DA EXISTÊNCIA DO CRÉDITO. Superado fundamento jurídico para análise de mérito da declaração de compensação devem os autos retornar à unidade de origem para que se proceda ao reexame do despacho decisório, com a apuração do indébito tributário. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, para determinar o retorno dos autos à unidade preparadora para que realize os procedimentos que julgar necessários à análise do mérito do direito creditório pleiteado, em face dos elementos coligidos aos autos. . (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza - Presidente (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Paulo Roberto Duarte Moreira, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Leonardo Correia Lima Macedo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Hélcio Lafetá Reis, Sabrina Coutinho Barbosa (suplente convocada) e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório O interessado acima identificado recorre a este Conselho, de decisão proferida por Delegacia da Receita Federal de Julgamento. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 24 0. 90 15 24 /2 01 2- 92 Fl. 156DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 2 do Acórdão n.º 3201-006.658 - 3ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10240.901524/2012-92 O presente processo trata de PER/DCOMP, pelo qual o contribuinte pretende aproveitar alegado crédito de pagamento indevido ou a maior de Cofins para quitação de tributos próprios. O despacho decisório, emitido eletronicamente, indeferiu o pleito e não homologou a compensação declaradas, sob o fundamento de o DARF de pagamento, embora localizado, foi utilizado para liquidação de débito declarado. Após ciência, o contribuinte apresentou manifestação de inconformidade alegando que o pagamento foi indevido, conforme DCTF retificadora, transmitida em data posterior à da emissão do despacho decisório. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Juiz de Fora/MG julgou improcedente a manifestação de inconformidade do contribuinte. A decisão foi assim ementada: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 23/03/2012 DÉBITO INFORMADO EM DCTF. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DO ERRO. A simples retificação de declarações, desacompanhada de documentação hábil e idônea, não pode ser admitida para modificar Despacho Decisório que denegou o direito creditório pleiteado. COMPENSAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Constatada a inexistência do direito creditório por meio de informações prestadas pelo interessado à época da transmissão da Declaração de Compensação, cabe a este o ônus de comprovar que o crédito pretendido já existia naquela ocasião. Consta da decisão recorrida que o fundamento para não reconhecer o direito creditório é que a simples retificação de DCTF, após a ciência no despacho decisório, e desacompanhada de documentação hábil e idônea não pode ser admitida para modificar o despacho decisório que denegou o direito creditório pleiteado. Ademais, não houve comprovação material do direito creditório que o contribuinte pretendeu utilizar na compensação. Inconformado, o contribuinte interpôs recurso voluntário no qual aduz suas razões em que funda sua pretensão, que sintetizo: - O pagamento indevido decorreu de incorreção na apuração do PIS e Cofins do período, detectada após revisões internas; - A retificação da DCTF confirma a existência do crédito e o direito à compensação; - Apresenta Planilha de cálculo das apurações de PIS e Cofins no período; cópia de DARF; Razão contábil dos créditos permitidos e de apuração da Contribuição. É o relatório. Fl. 157DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 3 do Acórdão n.º 3201-006.658 - 3ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10240.901524/2012-92 Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator Infere-se do despacho decisório que a não homologação da compensação pleiteada decorreu da ausência de crédito para a quitação de débito vincendo/vencido no momento do encontro de contas - o crédito decorrente de pagamento indevido em confronto com o débito confessado em DCTF. A decisão foi proferida eletronicamente, ou seja, sem qualquer análise de mérito das informações nele prestadas ou baixa para tratamento manual e intimação do sujeito passivo para prestar esclarecimentos e documentos. De fato, a recorrente tão-só explicou na manifestação de inconformidade as razões em que se funda seu direito colacionando DCTFs e PERDCOMPs. A decisão considerou a DCTF original e não a sua retificadora, transmitida somente após a ciência no despacho decisório. Assim, o direito ao crédito e as compensações não foram homologadas sob o fundamento de que a simples entrega da DCTF retificadora não acompanhada dos documentos comprobatórios não é suficiente para o reconhecimento do pleito. Em sede de Recurso, a contribuinte aduz que o pagamento que se alega indevido é decorrente de incorreções na apuração original, detectada após revisão interna. Colaciona documentos que entende comprovar seu direito: planilha de cálculo das apurações de PIS e Cofins no período, razão contábil dos créditos permitidos e de apuração da contribuição devida, cópia de DARF. Este Colegiado tem flexibilizada o entendimento quanto à exigibilidade de retificação da DCTF para comprovação do direito creditório antes da prolação do despacho decisório, nas situações em que o tratamento do Perdcomp tenha sido apenas eletrônico/automático, desde que haja na instauração do contencioso (manifestação de inconformidade) elementos indiciários que indubitavelmente já apontavam para a provável veracidade da pretensão creditória ou que os fundamentos do direito venham melhor assentados apenas na decisão de primeira instância. Toma-se como premissa que a singela retificação de DCTF, isoladamente considerada, não ampara o direito à restituição de indébito, e de outra banda, também não pode, por si só, ser obstáculo à sua devolução. In casu, o contribuinte entendeu que a mera retificação da DCTF seria suficiente paras a análise e reconhecimento do seu pleito e somente na decisão recorrida assentaram-se as razões do indeferimento do crédito e a exigência de prova material. A interessada, em sede de recurso voluntário, agora entendendo as razões do indeferimento, providenciou documentos e melhor elucidação dos fatos e seus fundamentos de direito para a pretensão creditória. Não se corrobora a exatidão dos valores e explicações apresentadas. Contudo, o fato de explicitada as razões para a reapuração da base de cálculo da Contribuição e retificada a declaração necessária que espelha os fatos evocados como corretos, é no mínimo situação que seria analisada pela autoridade fiscal acaso o PER/DCOMP tivesse sido "baixado" para análise fiscal. Fl. 158DF CARF MF Documento nato-digital Fl. 4 do Acórdão n.º 3201-006.658 - 3ª Sejul/2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Processo nº 10240.901524/2012-92 O ponto que importa à solução da lide, com arrimo no princípio da verdade material, é se os valores consignado no PER/Dcomp e no DCTF retificado correspondem com a apuração das Contribuições, com respaldo em documentos fiscais e na contabilidade do contribuinte. Dessa forma, em face das provas e esclarecimentos carreados aos autos, deverá o presente processo retornar à Origem para que a autoridade preparadora realize a análise do mérito do direito creditório, podendo solicitar elementos complementares. Dispositivo Diante do exposto, VOTO PARA DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso voluntário para determinar o retorno dos autos à unidade de preparadora para que realize os procedimentos que julgar necessários à análise do mérito do direito creditório pleiteado, em face dos elementos coligidos aos autos. (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Fl. 159DF CARF MF Documento nato-digital
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