Busca Facetada
Turma Camara- Segunda Câmara (1,871)
- Quarta Câmara (1)
- Terceira Câmara (1)
- Terceira Seção De Julgame (1,871)
- Primeira Seção de Julgame (2)
- PAULO ROBERTO DUARTE MORE (1,875)
- da (1,875)
- de (1,875)
- julgamento (1,875)
- lima (1,875)
- oliveira (1,875)
- os (1,875)
- participaram (1,875)
- pedro (1,875)
- por (1,875)
- presidente (1,875)
- rinaldi (1,875)
- do (1,872)
- colegiado (1,871)
- membros (1,871)
- conselheiros (1,869)
Numero do processo: 19311.720355/2017-90
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu May 23 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed Jun 12 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 3201-002.103
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do Recurso em diligência.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Paulo Roberto Duarte Moreira Tatiana Josefovicz Belisario, Leonardo Correia Lima Macedo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Larissa Nunes Girard (suplente convocada), Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
Relatório
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201905
camara_s : Segunda Câmara
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Jun 12 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 19311.720355/2017-90
anomes_publicacao_s : 201906
conteudo_id_s : 6020388
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Jun 12 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 3201-002.103
nome_arquivo_s : Decisao_19311720355201790.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
nome_arquivo_pdf_s : 19311720355201790_6020388.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do Recurso em diligência. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza - Presidente (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Paulo Roberto Duarte Moreira Tatiana Josefovicz Belisario, Leonardo Correia Lima Macedo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Larissa Nunes Girard (suplente convocada), Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório
dt_sessao_tdt : Thu May 23 00:00:00 UTC 2019
id : 7781329
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:47:14 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713052120250318848
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 15; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1466; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C2T1 Fl. 869 1 868 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 19311.720355/201790 Recurso nº Voluntário Resolução nº 3201002.103 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Data 23 de maio de 2019 Assunto SOLICITAÇÃO DE DILIGÊNCIA Recorrente PIRELLI PNEUS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do Recurso em diligência. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Paulo Roberto Duarte Moreira Tatiana Josefovicz Belisario, Leonardo Correia Lima Macedo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Larissa Nunes Girard (suplente convocada), Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório O interessado acima identificado recorre a este Conselho, de decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Recife/PE. Trata o presente de Auto de Infração de fls. 02/09, lavrado contra o contribuinte para exigir, com relação a fatos geradores ocorridos entre janeiro e dezembro de 2013, R$ 12.984.184,57 de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), R$ 6.348.853,44 de juros de RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 93 11 .7 20 35 5/ 20 17 -9 0 Fl. 1067DF CARF MF Processo nº 19311.720355/201790 Resolução nº 3201002.103 S3C2T1 Fl. 870 2 mora calculados até novembro de 2017 e R$ 9.738.138,38 de multa proporcional ao valor do imposto, representando um crédito tributário total consolidado de R$ 29.071.176,39. De acordo com o que consta do referido Auto de Infração, o lançamento foi efetuado por ter sido constatado que o autuado "deu saída a produto(s) tributado(s), sem lançamento do imposto, por erro de classificação fiscal e/ou erro na alíquota do imposto". A PIRELLI fabricou e/ou importou pneus das linhas CHRONO e SCORPION para utilização em vans, pick ups, utilitários, carga leve e SUVs. Os pneus foram classificados pela recorrente na posição NCM 4011.20.90 – Outros (Dos tipos usados em ônibus ou caminhões) com a aplicação das Regras Interpretativas 3a e 4 e das Notas Explicativas do Sistema Harmonizado (“NESH”), tributados pelo IPI à alíquota de 2%, conforme disposições da Tabela de Incidência do IPI (“TIPI”) anexa ao Decreto nº 7.212/10. Segundo seu entendimento tais Regras determinam a adoção de posição mais específica e, na ausência de descrição específica, adotase o código que descreva produto mais semelhante. No curso do procedimento de auditoria, concluiu a autoridade fiscal que a classificação adotada pela PIRELLI foi equivocadamente efetuada na NCM 4011.20.90 infringindo a 1ª Regra Geral de Interpretação do Sistema Harmonizado (SH), com desrespeito ao princípio da seletividade característico do IPI. A Fiscalização entendeu que a classificação fiscal adotada pela Recorrente estaria equivocado e deveriam ser adotados (1) o NCM “40.11.99.90 – Outros” para as vans para transporte de carga ou de passageiros, pickups e utilitários e (2) o NCM “40.11.10.00 – Dos tipos utilizados em automóveis de passageiros (incluindo os veículos de uso misto (station wagons) e os automóveis de corrida)” para as SUVs. Os fundamentos da reclassificação estão descritos no Relatório Fiscal. Inicialmente a Fiscalização cuidou de apontar a correta aplicação das Regras de interpretação do Sistema Harmonizado para afastar a classificação de todos os pneus no código 4011.20.90, utilizados em ônibus e caminhões, pois não se destinam a veículos dessa natureza, como segue: 6.2 DA CLASSIFICAÇÃO FISCAL DOS PRODUTOS De antemão devese destacar que a principal regra para a classificação é a RGI/SH nº1, ou seja, a classificação deve orientarse pelos textos das posições, subposições e das Notas de Seção e de Capítulo. As regras seguintes apenas são aplicáveis desde que as suas aplicações não rendam ensejo a classificação que contrarie o texto das posições, das subposições e das Notas das Seções, dos Subcapítulos, das Posições e das Subposições. (...) Ora, o texto da Posição 4011 se refere a “Pneumáticos novos, de borracha” e o texto da Subposição 4011.20, consigna “Dos tipos utilizados em ônibus e caminhões”. Logo, incabível a classificação de pneus outros que não dos tipos utilizados em ônibus e caminhões Fl. 1068DF CARF MF Processo nº 19311.720355/201790 Resolução nº 3201002.103 S3C2T1 Fl. 871 3 em quaisquer dos subitens da subposição 4011.20, sequer mediante esforço interpretativo a partir das Regras 3a e 4 (...) pois, repiso, a aplicação das demais regras não pode ofender o texto da posição nem da subposição. O argumento que o contribuinte empreendeu – de que não apenas os pneus usados em ônibus e caminhões, mas também de características similares, diante da expressão “tipos” da subposição 4011.20 , não tem qualquer sentido, pois, na realidade, a expressão é sinônimo de “modelos”. (...) Saliento, que a resistência e durabilidade do pneu não é, de acordo com a lógica do sistema harmonizado, elemento de definição da classificação fiscal do produto, delineada pelo veículo em que ele é utilizado. Daí porque não teve essa autoridade fiscal como escapar de definir a classificação fiscal dos veículos em que os pneumáticos são comumente empregados. Descartada a possibilidade de classificação na subposição 4011.20 (Dos tipos utilizados em ônibus e caminhões) – e, sendo incontroversa a possibilidade de enquadramento nas subposições (...) – apenas restaram, para classificar os pneus analisados, as posições 4011.10 (Dos tipos utilizados em automóveis de passageiros (incluídos os veículos de uso misto (“station wagons”) e os automóveis de corrida) e 4011.99.90 (Outros). A seguir, a Fiscalização abordou a classificação dos pneus segundo o tipo de veículo: vans, para transporte de passageiros (microônibus) ou cargas (furgões); 6.2.1 CLASSIFICAÇÃO FISCAL DOS PNEUS PARA VANS As Vans são veículos que podem ser usados para transportar passageiros ou cargas – sendo, nesta hipótese, conhecida como furgões. As vans para passageiros disponíveis no mercado nacional – em alguns casos referidas como microônibus, mas nunca como ônibus – possuem, em sua quase totalidade, capacidade de 09 a 19 passageiros, podendo assim, totalizar, com o motorista, até 20 ocupantes; logo, como os veículos com capacidade para 10 ou mais pessoas devem ser classificados na posição 8702, da TIPI, concluise que os pneus destinados as vans que realizam transporte de passageiros não podem ser classificados na subposição 4011.10, referente, segundo seu texto, a pneumáticos utilizados em veículos classificados na posição 8703. (...) (...) De modo semelhante, como as vans para transporte de cargas (furgões) se classificam no Ex 01 dos desdobramentos das subposições de nível 8704.21, seus pneus não podem ser classificados na subposição 4011.10. (...) Dessa forma, por exclusão, os pneumáticos utilizados em vans – tanto de passageiros quanto de cargas – devem ser classificados no código 4011.99.90 “Outros”. Fl. 1069DF CARF MF Processo nº 19311.720355/201790 Resolução nº 3201002.103 S3C2T1 Fl. 872 4 6.2.2 CLASSIFICAÇÃO FISCAL DOS PNEUS PARA PICKUP E PARA UTILITÁRIOS Da mesma forma que as vans para transporte de cargas, as Pickups e Utilitários classificamse no Ex01 dos desdobramentos da subposição 8704.21. Assim, os pneus destinados a esses veículos não podem ser classificados na subposição 4011.10, reservada a pneus para automóveis de passageiros (posição 8703) e, assim, como não se tratam de ônibus nem de caminhões, para estes veículos apenas restou, por exclusão, o enquadramento no código 4011.99.90 “Outros” . 6.2.3 CLASSIFICAÇÃO FISCAL DOS PNEUS PARA SUV Os veículos conhecidos por SUV (Sport Utility Vehicle) são veículos mistos, que se destinam ao transporte de passageiros, mas apresentam uma capacidade de carga superior aos demais automóveis. A NESH da posição 8703 da TIPI (Automóveis de passageiros e outros veículos automóveis principalmente concebidos para transporte de pessoas (exceto os da posição 87.02), incluídos os veículos de uso misto "station wagons" e os automóveis de corrida) define que: “Entendemse por veículos de uso misto (break ou station wagons), na acepção da presente posição, os veículos com nove lugares sentados no máximo (incluído o do motorista), cujo interior pode ser utilizado, sem modificação da estrutura, tanto para o transporte de pessoas como para o de mercadorias.” Como se vê, para fins de Nomenclatura, os veículos SUV se enquadram no conceito de veículo misto e devem ser classificados na posição 8703 (vide quadro 5 abaixo). Assim, os pneumáticos destinados a esses veículos devem ser classificados no código 4011.10.00 (...) 6.2.4 CLASSIFICAÇÃO DOS PNEUS UTILIZADOS SIMULTANEAMENTE EM PICKUP E SUV Em resposta ao Termo de Reintimação Fiscal nº 01, a empresa PIRELLI informou que alguns tipos de pneus eram de uso simultâneo em Pickups e SUVs. Dessa forma, tais pneus poderiam ser classificados na NCM 4011.10.00 ou na NCM 4011.99.90. Essa possibilidade de dupla classificação não se coaduna com a diretriz do Sistema Harmonizado (SH) a qual cada produto deve ter um único código inequívoco. A fim de obter maiores esclarecimentos, no dia 30/10/2017 foi emitido o Termo de Intimação Fiscal nº 4, solicitando que a empresa indicasse em qual veículo cada pneumático era predominantemente utilizado. No dia 06/11/2017 a PIRELLI continuou a informar o duplo uso em Pickup e em SUV. Para alguns apenas informou “Changeover”. (...) Como não podíamos utilizar a Regra Geral nº 01 para resolver tal questão, utilizamos as Regras Gerais seguintes de forma sucessiva, que se adequassem ao caso. Para sanear essa aparente duplicidade de classificação, utilizamos a Regra Geral 3a do SH, que determina: Fl. 1070DF CARF MF Processo nº 19311.720355/201790 Resolução nº 3201002.103 S3C2T1 Fl. 873 5 (...)3. Quando pareça que a mercadoria pode classificarse em duas ou mais posições por aplicação da Regra 2 b) ou por qualquer outra razão, a classificação deve efetuar se da forma seguinte: a) A posição mais específica prevalece sobre as mais genéricas.(...) Assim, essa fiscalização, para pneumáticos indicados como utilizados em Pick ups e em SUVs foram classificados na NCM 4011.10.00, classificação para pneus utilizados em SUV (Sport Utility Vehicle) , veículos mistos , por ser a mais específica. A classificação dos pneus utilizados em Pickups (NCM 4011.99.90 –Outros) é a mais genérica de todas e utilizada por exclusão de todos os outros códigos da posição 4011, conforme explicado acima. 6.2.5 CLASSIFICAÇÃO DOS PNEUS 175/65R14C90T CHRONO e 185/75R16C104R CHRONO Conforme resposta ao Termo de Reintimação Fiscal nº 01, a PIRELLI fez remissão aos processos 11065.722023/201525 e 10830721798/201764 para consulta dos argumentos e informações já debatidas naqueles procedimentos fiscais, também relativos a classificação de pneus. Após análise detalhada das respostas dadas às outras fiscalizações, observouse que consta na página 471 do processo 11065.722023/201525, como resposta ao Termo de Início de Fiscalização, no Anexo I, a classificação dos pneus 175/65R14C90T CHRONO e 185/75R16C104R CHRONO, (...) (...) Para o pneu 175/65R14C90T CHRONO ora a empresa classifica apenas como utilizado em Pickup, ora classifica como utilizado em Pickup e em Van. Para o pneu 185/75R16C104R CHRONO obtivemos 3 respostas diferentes. Para o processo 11065.722023/2015 25, a empresa indicou que tal pneu não era utilizado no Brasil. No processo 10830721798/201764, já indica os veículos nos quais são utilizados e classifica tal pneu como utilizado em VAN. Por fim, na atual fiscalização, indica duplo uso para tais pneus (VAN/Pickup) e não exemplifica em quais veículos seriam utilizados. Ora, se uma empresa do porte da PIRELLI não sabe dizer em qual veículo um pneu é utilizado ou se responde de forma tão divergente, é de suspeitar se a empresa não estaria agindo para dificultar o trabalho da Receita Federal do Brasil na busca da correta classificação de tais pneumáticos e para ulterior determinação da alíquota do IPI incidente na saída do produto do estabelecimento. Como forma de harmonizar tal divergência, essa autoridade fiscal fará a classificação do pneu 175/65R14C90T CHRONO como utilizado em Pickup, conforme vem sendo o entendimento das outras fiscalizações. E para o pneu 185/75R16C104R CHRONO, como utilizado em VAN, também seguindo o uniforme entendimento da Receita Federal até aqui. 6.2.6 CLASSIFICAÇÃO FISCAL DOS PNEUS E PRINCÍPIO DA SELETIVIDADE NA TRIBUTAÇÃO Fl. 1071DF CARF MF Processo nº 19311.720355/201790 Resolução nº 3201002.103 S3C2T1 Fl. 874 6 Relembro que o IPI é seletivo em função da essencialidade do produto. Nisto, não seria razoável adotar uma linha de interpretação para a classificação fiscal de produtos da qual resulte a tributação de pneus para veículos como SUV, Vans, Pickup e utilitários (que são veículos tributados às alíquotas de 8% e 10% “Ex 01 dos NCMs 8704.21.10, 8704.21.20, 8704.21.30 e 8704.21.90) a uma mesma alíquota que os pneus para caminhões, veículos em regra submetidos à alíquota de 5% (Ex 01 dos NCMs 8704.31.10, 8704.31.20, 8704.31.30 e 8704.31.90) e para ônibus, sobre os quais pode até recair alíquota zero (Ex 02 do NCM 8702.90.90). Seriam os pneus usados por SUV, vans, pickup e utilitários mais essenciais que os veículos em si? Não me parece razoável entender dessa forma; mas, se o legislador, eventualmente, tivesse este pensamento, deveria fazer constar isto expressamente na norma aplicável. É totalmente inconcebível que esforços interpretativos possam ensejar o maltrato ao princípio da seletividade. 6.2.7 CLASSIFICAÇÃO FISCAL DOS PNEUS IMPORTADOS E OCORRÊNCIAS ADUANEIRAS DA EMPRESA PIRELLI Para uma visão mais ampla da divergência de classificação utilizada pela empresa e a determinada pela Receita Federal, essa autoridade tributária fez pesquisas nos sistemas da Receita Federal do Brasil e constatou que desde 2010 também a Aduana tem feito a reclassificação dos pneus importados com NCM 4011.20.90 para NCM 4011.10.00 ou para NCM 4011.99.90, conforme os casos que serão a seguir narrados. (...) Dessa forma, se vê que também na área aduaneira o entendimento da correta classificação é uniforme com a classificação adotada pelos Auditoresfiscais que fiscalizam o tributo interno IPI, ou seja, pneus que não são utilizados em ônibus e não são utilizados em caminhões NÃO PODEM SER CLASSIFICADOS NA NCM 4011.20.90. Cientificada do auto de infração, a contribuinte apresentou impugnação na qual suscitou, em síntese: nulidade do auto de infração, em razão da precariedade do procedimento de fiscalização (a Fiscalização considerou as marcas e os modelos dos veículos em vez de considerar as características técnicas dos pneus; a Fiscalização desconsiderou as regras de interpretação do Sistema Harmonizado, imprescindíveis para a classificação fiscal de mercadorias e desconsiderou as informações prestadas pela Recorrente ao longo do procedimento de investigação, sem ter apresentado sequer um fundamento para tanto); o código NCM adotado pela Recorrente para classificar os pneus está correto, em conformidade com as regras de interpretação 3a e 4 do Sistema Harmonizado (similaridade com os pneus descritos no NCM 4011.20.90, pela maior durabilidade e resistência dos pneus) e de acordo com a classificação técnica validada pelo INMETRO; a reclassificação fiscal proposta pela Fiscalização é ilegítima e deve ser afastada, pois contraria a classificação exigida e validada pelo INMETRO e também as regras internacionais de interpretação do Sistema Harmonizado; indevida alteração do critério jurídico de lançamento, na medida em que para os produtos importados, a classificação fiscal adotada pela Recorrente foi confirmada quando do desembaraço e agora, nesse segundo momento, estão sendo contestadas; Fl. 1072DF CARF MF Processo nº 19311.720355/201790 Resolução nº 3201002.103 S3C2T1 Fl. 875 7 a própria RFB confirmou a legitimidade do procedimento de classificação adotado pela Recorrente, tendo em vista a expedição da Solução de Consulta nº 348/1997 (8ª Região) vinculada à própria Recorrente; a necessidade de cancelamento da autuação em relação aos produtos objeto de saídas para a Área de Livre Comércio de Macapá e Santana, visto que sujeitas às regras de isenção e, por fim excesso na constituição do crédito tributário, a saber: (i) a indevida exigência de IPI na revenda de produtos importados; (ii) a ilegítima exigência de multa e juros; e, (iii) a incorreta aplicação de juros sobre multa. Como afirmado linhas acima, a Recorrente fez a juntada do laudo técnico pericial, elaborado pelo Instituto Nacional de Tecnologia – “INT”, no qual os engenheiros, após análise das características dos pneus para utilitários, vans, SUVs e pickup objeto da autuação concluiram que os pneus das linhas Chrono e Scorpion para vans, pick ups, utilitários, carga leve e SUVs – são semelhantes aos pneus dos tipos usados em ônibus ou caminhões, pois possuem características técnicas que os distanciam dos pneus utilizados em veículos leves e os aproxima daqueles pneus utilizados em veículos de transporte de cargas (do “tipo” caminhões/caminhonetas) e de transporte de passageiros (do “tipo” ônibus, vans e micro ônibus). A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Recife/PE, por intermédio da 2ª Turma, no Acórdão nº 1159.648, sessão de 25/04/2018, julgou parcialmente procedente a impugnação do contribuinte. A decisão foi assim ementada: ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Período de apuração: 01/01/2013 a 31/12/2013 PNEUMÁTICOS NOVOS, DE BORRACHA, PARA VANS, PARA PICKUP E PARA UTILITÁRIOS. CLASSIFICAÇÃO FISCAL. Pneumáticos novos, de borracha, para vans, para pickup e para utilitários se classificam no código 4011.99.90 da Nomenclatura Comum do Mercosul NCM. PNEUMÁTICOS NOVOS, DE BORRACHA, PARA SUV. CLASSIFICAÇÃO FISCAL. Pneumáticos novos, de borracha, para SUV (Sport Utility Vehicle), que detenha características de veículo de uso misto, classificamse no código 4011.10.00 da Nomenclatura Comum do Mercosul NCM. CLASSIFICAÇÃO FISCAL. LAUDOS PERICIAIS. Os laudos periciais devem se ater aos aspectos técnicos, sendo que a classificação fiscal não é assim considerada. A competência administrativa para considerar correta, em caso concreto, a classificação fiscal de produto específico pertence às autoridades fiscais do quadro da RFB. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/2013 a 31/12/2013 PRODUTO IMPORTADO. REVENDA NO TERRITÓRIO NACIONAL. INCIDÊNCIA DO IMPOSTO. Fl. 1073DF CARF MF Processo nº 19311.720355/201790 Resolução nº 3201002.103 S3C2T1 Fl. 876 8 Na revenda no território nacional, incide o imposto sobre o produto importado, mesmo quando internamente não submetido a nova industrialização. ISENÇÃO. REQUISITOS. LANÇAMENTO. DESCABIMENTO. Descabe lançamento de ofício do imposto quando não demonstrado o descumprimento dos requisitos materiais para gozo de isenção. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2013 a 31/12/2013 PRODUTO IMPORTADO. RECLASSIFICAÇÃO APÓS O DESPACHO ADUANEIRO. POSSIBILIDADE. É possível a reclassificação fiscal de produto importado após a conclusão do despacho aduaneiro e a correspondente formalização dos tributos devidos no mercado interno. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2013 a 31/12/2013 CLASSIFICAÇÃO FISCAL. CONSULTA SOBRE PRODUTO ESPECÍFICO. EFEITOS SOBRE PRODUTOS DISTINTOS. INEXISTÊNCIA. A consulta sobre classificação fiscal de determinado produto específico não tem efeitos em relação a produtos distintos. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte A decisão foi nos seguintes termos: A Delegacia de Julgamento adotou no voto os fundamentos do Acórdão proferido no processo nº 11065.722023/201525, que versa fatos semelhantes da mesma contribuinte, para não acatar as alegações da impugnante, dando razão às razões à Fiscalização quanto à classificação fiscal empreendida. Argumentou que, de fato, van, pickup, utilitário e SUV não são ônibus nem caminhões. Em relação à diferenciação entre vans para transporte de passageiros e ônibus, bem esclareceu a autoridade fiscal que “a TIPI não apresenta elementos que permitam identificar com precisão o que é um ônibus, cabe utilizarse do sentido da palavra na língua portuguesa e na sua utilização merceológica. Assim, vans não são sinônimo de ônibus (...)”. A classificação prescrita pela COANA no ADE nº 023/2014 (8702.10.00 Ex02), referese a ‘Veículos automóveis para transporte de dez pessoas ou mais, incluindo o motorista Ex 02 Com volume interno de habitáculo, destinado a passageiros e motorista, igual ou superior a 9 m³. Portanto o fato de um veículo se enquadrar nessa classificação não significa que ele é um ônibus. De fato, nessa classificação se enquadram tanto as vans (quer sejam merceologicamente denominadas microônibus ou não) quanto os ônibus. No caso em tela, o próprio ADE identificou as vans como sendo microônibus (de teto alto ou teto baixo) e não como ônibus”. Quanto às vans destinadas ao transporte de cargas (furgões), pickup e utilitários, também comungo do entendimento da autoridade fiscal, que a requerente não consegue infirmar, de que “a diferenciação entre caminhões e furgões/pickup/ utilitários é expressa na Fl. 1074DF CARF MF Processo nº 19311.720355/201790 Resolução nº 3201002.103 S3C2T1 Fl. 877 9 Nomenclatura. Todos desdobramentos da subposição 8704.21 (Veículos para transporte de carga, com carga máxima não superior a 5 toneladas) apresentam um EX01 para “Camionetas, furgões, pickups e semelhantes”. As NESH da posição 8704 discriminam dois tipos de veículos ali classificáveis: os caminhões e os chamados “veículos polivalentes” e dá, como exemplo destes veículos, justamente os furgões, as pickup e certos veículos utilitários esportivos – o que evidencia a diferenciação, para fins do SH, entre estes veículos polivalentes e os caminhões. Para fins de Nomenclatura do SH, os veículos SUV, que têm função mista (transporte de passageiros e maior capacidade de carga), devem ser considerados mistos. A conclusão acima não resta prejudicada nas hipóteses em que a SUV tenha características de “light truck” quando atendidas as condições da NESH da Posição 8703. Verificase na imagem abaixo, capturada no site da Pirelli, que o Pneu Scorpion ATR é usado em SUV. Resta claro que o Hummer é um veículo misto, pois tem uma maior capacidade de carga (daí porque requer a utilização de pneus mais resistentes), mas mantém relevante função de transporte de passageiros, o que resta evidenciado pelo claro conforto e sofisticação que o veículo apresenta. Os pneus objeto da fiscalização foram certificados na Categoria 3, o que vem apenas reforçar que não se tratam de pneumáticos usados por ônibus e caminhões, que devem ser certificados em Categoria distinta. Quanto à pretensão da aplicação ao caso do conteúdo da SC, a DRJ refutou pois que o objeto daquela consulta eram pneus utilizados indistintamente em caminhões, ônibus e demais veículos comerciais, ao passo que no presente autos não são usados por caminhões nem por ônibus, razão pela qual é totalmente inaplicável o entendimento da enfocada Decisão. Em relação à alegação de impossibilidade de alteração da classificação fiscal após despacho aduaneiro assentou que revela impertinente o entendimento de que o desembaraço aduaneiro e a liberação da mercadoria importaria a homologação do pagamento realizado em relação à mercadoria importada. Com fundamento na decisão do STJ julgada no rito dos recursos repetitivos forma afastadas os argumentos da contribuinte quanto à impossibilidade de exigência de IPI sobre produtos importados que não foram submetidos, no território nacional, a processo de industrialização. Por fim, mantevese a incidência de juros e multa de mora e a cobrança de juros sobre a multa e apenas exonerou a exigência do IPI em relação aos produtos nacionais ou nacionalizados entrados na ALCMS pois cumpridos os requisitos para fruição da isenção de que trata os arts. 116 e 117 do RIPI/2010. Em resumo, a decisão de 1ª instância: (i) não tomou conhecimento do questionamento de juros sobre multa de ofício; (ii) indeferiu o pedido de realização de perícia; (iii) rejeitou a preliminar de nulidade da autuação; (iv) exonerou a parcela do crédito tributário correspondente ao lançamento das saídas de produtos com alíquota zero para a ALCMS; e (v) manteve a reclassificação laborada Fl. 1075DF CARF MF Processo nº 19311.720355/201790 Resolução nº 3201002.103 S3C2T1 Fl. 878 10 pela fiscalização por considerar que nenhum dos pneus fabricados ou importados destinavam se à utilização em caminhões ou ônibus. Inconformada a contribuinte, apresentou recurso voluntário reiterando os mesmos argumentos versados em impugnação e contesta os fundamentos da decisão recorrida que manteve a reclassificação que constou da autuação fiscal. Expôs seus argumentos e pedidos manifestados nos tópicos: 1. Preliminares: 1.1 Nulidade da decisão recorrida, por ausência de fundamentação; 1.2. Nulidade da decisão recorrida, em razão da desconsideração do laudo juntado e o indeferimento imotivado da prova pericial; 1.3. Nulidade do auto de infração e da decisão recorrida, porque se basearam nas propriedades dos veículos e não dos pneus e ignoraram as regras do sistema harmonizado; 1.4. Nulidade do auto de infração, em razão da precariedade do processo de investigação fiscal, por violação ao artigo 142, CTN. 2. Mérito: 2.1. Considerações acerca das Regras Gerais para a classificação fiscal, do sistema Harmonizado. das Regras Gerais de Interpretação; 2.2. As características técnicas dos pneus, a nomenclatura internacional utilizada e a classificação fiscal 2.3. A natureza e categoria dos pneus objeto da autuação e o entendimento do INMETRO e da ALAPA 2.4. A classificação defendida pela recorrente quanto aos pneus destinados a vans/microônibus, pickups (caminhonetes), SUV e utilitários; 2.5 A Solução de Consulta nº 348/1997 da 8ª Região Fiscal; 2.6 Alteração do critério jurídico adotado em despachos aduaneiros; 2.7. Ilegitimidade da cobrança de IPI na saída de produtos objeto de importação; 2.8. Ilegitimidade da cobrança de juros e de multa (artigo 100 CTN); 2.9. Ilegitimidade da incidência de juros de mora sobre multa. Finaliza seu recurso com os Pedidos, nos seguintes termos: Diante de tudo o quanto exposto acima, requerse que o presente Recurso Voluntário seja provido para que este E. Conselho Administrativo de Recursos Fiscais se digne a anular a r. decisão recorrida, considerando todos os fundamentos trazidos no ITEM IV. 562. Ainda que assim não se entenda, o que se admite apenas a título de argumentação, requerse a reforma da r. decisão recorrida, conforme argumentos expostos nos ITENS V.l a V.5 acima, para determinar o cancelamento integral da autuação. Fl. 1076DF CARF MF Processo nº 19311.720355/201790 Resolução nº 3201002.103 S3C2T1 Fl. 879 11 563. Subsidiariamente, requerse o reconhecimento do excesso da constituição do crédito tributário, conforme argumentos apresentados nos ITENS V.6 e V.7 acima, determinandose, ao menos, a redução do montante exigido. 564. A Recorrente protesta pela sustentação oral do presente recurso, nos termos do Regimento Interno do E. CARF, requerendo seja previamente intimada nas pessoas dos seus representantes legais a seguir relacionados: RAQUEL CRISTINA RIBEIRO NOVAIS, OAB/SP n° 76.649, MARCO ANTÔNIO GOMES BEHRNDT, OAB/SP n° 173.362, e DANIELLA ZAGARI GONÇALVES, OAB/SP n° 116.343, respectivamente, com escritório localizado na Av. Brigadeiro Faria Lima, 3144, 11° andar. São Paulo. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator A primeira e principal matéria a ser enfrentada trata da classificação fiscal de pneus fabricados e/ou importados pela recorrente e destinados ao uso nos veículos mencionados. Fundamentos da classificação da PIRELLI: Nos autos constam que os pneus objeto da autuação são, conforme informação da PIRELLI, utilizados em veículos que se prestam a transporte de cargas e passageiros identificados como vans/microônibus, pickup, utilitários e SUVs. A recorrente classificou seus pneus no mesmo código tarifário daqueles utilizados em ônibus e caminhões NCM/Tipi 4011.20.90 e tomou por base a classificação indicada na Solução de Consulta nº 348/97, em que foi a própria consulente. Em verdade, a PIRELLI não afirma que os veículos em que serão utilizados seus pneus são ônibus e caminhões, apenas advoga a mesma classificação dos pneus utilizados nesses veículos com fundamento nas características (construção e capacidade de carga) que os aproxima de ônibus/caminhões e os afasta dos códigos destinados à veículos de passeio. Postula/Entende a recorrente que a inexistência de uma classificação específica que descreva expressamente a utilização dos pneus em vans/microônibus, pickup, utilitários e SUVs a fez aplicar as Regras "3a" e "4" da RGI, segundo o critério de semelhança dos pneus desses veículos com os de ônibus/caminhões. Fundamentos da classificação do Fisco: A fiscalização entende que somente os pneus exclusivamente utilizados em ônibus ou caminhões podem ser classificados no código pretendido pela recorrente 4011.20, Fl. 1077DF CARF MF Processo nº 19311.720355/201790 Resolução nº 3201002.103 S3C2T1 Fl. 880 12 que consigna os pneus "Dos tipos utilizados em ônibus e caminhões". Assim, assevera que qualquer outro pneu sem tal destinação terá classificação fiscal diferente da 4011.20. A aplicação das RGI "3a" e "4" são contrárias à RGI "1" o que impossibilita suas utilizações. Aduz que o argumento que o contribuinte empreendeu – de que não apenas os pneus usados em ônibus e caminhões, mas também de características similares, diante da expressão “tipos” da subposição 4011.20 , não tem qualquer sentido, pois, na realidade, a expressão é sinônimo de “modelos”. Salienta, que a resistência e durabilidade do pneu não é, de acordo com a lógica do sistema harmonizado, elemento de definição da classificação fiscal do produto, delineada pelo veículo em que ele é utilizado. Daí porque não teve essa autoridade fiscal como escapar de definir a classificação fiscal dos veículos em que os pneumáticos são comumente empregados. Conclui que, descartada a possibilidade de classificação na subposição 4011.20 (Dos tipos utilizados em ônibus e caminhões) – e, sendo incontroversa a possibilidade de enquadramento nas subposições – apenas restaram, para classificar os pneus analisados, as posições 4011.10 (Dos tipos utilizados em automóveis de passageiros (incluídos os veículos de uso misto (“station wagons”) e os automóveis de corrida) e 4011.99.90 (Outros). Pois bem, cumpre colacionar os textos e códigos da classificação tarifária dos pneumáticos: 40.11 Pneumáticos novos, de borracha 4011.10.00 Dos tipos utilizados em automóveis de passageiros (incluídos os veículos de uso misto (“station wagons”) e os automóveis de corrida) 4011.20 Dos tipos utilizados em ônibus ou caminhões 4011.30 Dos tipos utilizados em veículos aéreos 4011.40 Dos tipos utilizados em motocicletas 4011.50 Dos tipos utilizados em bicicletas 4011.6 Outros, com bandas de rodagem em forma de "espinha de peixe" e semelhantes 4011.9 Outros 4011.92 Dos tipos utilizados em veículos e máquinas agrícolas ou florestais 4011.93.00 Dos tipos utilizados em veículos e máquinas próprios para construções ou manutenção industrial, para aros de diâmetro inferior ou igual a 61cm 4011.94 Dos tipos utilizados em veículos e máquinas próprios para construções ou manutenção industrial, para aros de diâmetro superior a 61cm 4011.99 Outros Fl. 1078DF CARF MF Processo nº 19311.720355/201790 Resolução nº 3201002.103 S3C2T1 Fl. 881 13 4011.99.10 Com seção de largura superior ou igual a 1.143mm (45”), para aros de diâmetro superior ou igual a 1.143mm (45”) 4011.99.90 Outros Os textos das posições, notas de Seção ou Capitulo não fazem qualquer referência a informações ou características técnicas de construção, formato da banda de rodagem (exceto para a posição 4011.6) e capacidade de cargas, como as apontadas em Laudo ou Manual para determinar a classificação de pneus. Sequer há notas explicativas do Sistema Harmonizado contemplem as classificações dos pneus. Depreendese que os textos das posições 4011 remetem a aplicação do pneus a determinadas categorias de veículos, a saber: caminhões e ônibus, automóveis, aeronaves, motocicletas, bicicletas, to tipo "espinha de peixe", máquinas agrícolas e, residualmente, outros. Firmado na premissa de que o Sistema Harmonizado (SH) não traz o código tarifário específico para pneus de vans/furgões, microônibus, pickup (caminhonetes), utilitários (camionetas) e SUVs impende verificar se conforme as disposições do próprio SH, além das normas técnicas que dispõem acerca de veículos e da legislação da Receita Federal, tais veículos podem ou não ser considerados caminhões/ônibus. A dificuldade se impõe quando se constata que o SH não define tais veículos de forma a diferenciálos de caminhões ou ônibus. Esta Turma analisou a classificação dos pneus utilizados em alguns desses veículos, utilizados no transporte de carga, em duas oportunidades1, com a manifestação de seus Conselheiros, por unanimidade de votos, que furgões/vans e caminhonetes incluemse na espécie de caminhões, conforme a adoção dos fundamentos do voto condutor no acórdão DRJ/Florianópolis/SC nº 730.385/2013, da lavra do AuditorFiscal Orlando Rutigliani Berri, cujos excertos reproduzo no que interessa à classificação dos veículos abordados neste tópico: "Dos trechos reproduzidos da posição 8704 podemos deduzir que a exceção tarifária “Ex 01 De camionetas, furgões, “pickups” e semelhantes” está inserida apenas na subposição composta 8704.21, que comporta os veículos automotores destinados ao transporte de mercadorias, concebidos com motor de pistão, de ignição por compressão (diesel ou semidiesel), de peso em carga máxima inferior a 5 toneladas, evidenciando também que os veículos denominados merceologicamente como camionetas, furgões, “pickups” e similares são uma espécie de caminhão cuja carga máxima em peso não pode superar 5 toneladas. Ademais, as Nesh dessa posição igualmente determinam que a classificação desses tipos de veículos é determinada em função de algumas características que indicam ser concebidos para o transporte de mercadorias e não de pessoas, especialmente quando se trata de informar a classificação daqueles veículos cuja carga em peso bruto é inferior a 5 toneladas, o que nos permite concluir que nessa categoria de veículos automotores estão compreendidos os conhecidos também como polivalentes, ou seja, os furgões, picapes e até certos utilitários esportivos. 1 Acórdãos nºs 3201002.874, de 26/06/2017 e 3201004.254, de 26/09/2018. Fl. 1079DF CARF MF Processo nº 19311.720355/201790 Resolução nº 3201002.103 S3C2T1 Fl. 882 14 Demais disso, corroborando com as Nesh, o material técnico que especifica os veículos que utilizam os pneus em apreço cabe destacar as seguintes características básicas: possuem componentes mecânicos, carroçaria com capacidade de carga superior a 1.500 kg e são compatíveis com o transporte de mercadorias em curtas, médias e longas distâncias." [...] Não bastasse o acima colacionado, a norma TB 152/1978 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), alterada para NBR 6067 após registro no IMETRO, Somente para pontuar, [...] convém observar também que a transcrita norma técnica não exige carroçaria do tipo plataforma nem separação dessa carroçaria da cabina do condutor para que se considere um determinado veículo como sendo um “caminhão”, destacando, em especial, sua capacidade de transporte de carga. A Administração Tributária também já se manifestou quando dispôs sobre o conceito de caminhão chassi e de caminhão monobloco. É o que evidencia a Instrução Normativa SRF nº 237/2002 (DOU 06.11.2002), vejamos: O SECRETÁRIO DA RECEITA FEDERAL, no uso da atribuição que lhe confere o inciso III do art. 209 do Regimento Interno da Secretaria da Receita Federal, aprovado pela Portaria MF nº 259, de 24 de agosto de 2001, e tendo em vista o disposto no § 2º, inciso I, do art. 1º da Lei nº 10.485, de 3 de julho de 2002, resolve: Art. 1º Para fins do disposto no § 2º, inciso I, do art. 1º da Lei nº 10.485, de 3 de julho de 2002, entendese: I caminhões chassi, como os veículos de capacidade de carga útil igual ou superior a 1.800 kg, classificados na posição 87.04 da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados TIPI, aprovada pelo Decreto nº 4.070, de 28 de dezembro de 2001, providos de chassi com motor e de cabina justaposta ao compartimento de carga; II caminhões monobloco, como os veículos de capacidade de carga útil igual ou superior a 1.500 kg, classificados na posição 87.04 da TIPI, com cabina e compartimento de carga inseparáveis, constituindo um corpo único, tal como projetado e concebido; III carga útil, como o peso da carga máxima prevista para o veículo, considerado o peso do condutor, do passageiro e do reservatório de combustível cheio. (...). Diante do entendimento exarado acima, entendo necessário identificar os veículos para transporte de cargas a que se destinam os pneumáticos submetidos à análise de classificação tarifária, com os parâmetros que se extraem dos incisos do art. 1º da IN SRF 237/2002. Dessa forma, a solução é a conversão do julgamento em diligência para que a Unidade de Origem intime o contribuinte a apresentar, em relação aos veículos de transporte de carga (ainda que não prioritariamente), quadro/planilha de correlação entre o pneumático e o(s) Fl. 1080DF CARF MF Processo nº 19311.720355/201790 Resolução nº 3201002.103 S3C2T1 Fl. 883 15 veículo(s) a(aos) que(quais) se destina com as características técnicas (do veículo) que permita aferir o atendimento às especificações do inciso I ou II do art. 1º da IN SRF nº237/2002, comprovandose com documento (catálogo ou equivalente) do fabricante do veículo. Ressaltase dispensável, para efeitos da proposta de diligência, a análise em relação aos veículos microônibus uma vez que não contemplados nas definições da referida Instrução Normativa. Conclusão Diante do exposto, voto para que o julgamento do presente processo seja convertido em diligência com a remessa dos autos à Unidade de Origem para as seguintes providências, em relação aos pneumáticos utilizados em veículos de carga: 1. Intime o contribuinte para que no prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual período, podendo a autoridade fiscal acrescentar solicitações de informações ou elementos que julgar pertinentes ou relevantes à solução da lide, a: 1.1 Elaborar quadro/planilha que correlacione os pneumáticos submetidos à reclassificação fiscal com os veículos a que se destinam, e estes (veículos) sejam identificados com as especificações técnicas do fabricante, observando as definições de que tratam os incisos I e II do art. 1º da IN SRF nº 237/2002; 1.2 Apresentar documentação técnica demonstrando objetivamente as informações consignadas no quadro/planilha a ser elaborado; 2. Elabore relatório conclusivo quanto ao atendimento da intimação; 3. Dê ciência ao contribuinte e a oportunidade para se manifestar no prazo improrrogável de 30 (trinta) dias. Encerrada a instrução processual, devem os autos serem devolvidos a este Colegiado para continuidade do julgamento. (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Fl. 1081DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10611.720885/2017-89
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 19 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri Jul 12 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Importação - II
Período de apuração: 21/11/2011 a 31/03/2016
SUBFATURAMENTO. COMPROVAÇÃO DE FRAUDE.
A comprovação de subfaturamento depende da desconstituição da fatura comercial que instruiu o despacho, ou seja, depende da prova de que o real valor transacionado difere do valor declarado. Não existente a prova da falsidade da fatura, não fica caracterizado o subfaturamento e, por esta razão, fica afastada aplicação da pena de perdimento e sua respectiva multa substitutiva.
Numero da decisão: 3201-005.482
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso de Ofício.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Paulo Roberto Duarte Moreira, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Leonardo Correia Lima Macedo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Larissa Nunes Girard (suplente convocada), Tatiana Josefovicz Belisario, e Laercio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201906
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Importação - II Período de apuração: 21/11/2011 a 31/03/2016 SUBFATURAMENTO. COMPROVAÇÃO DE FRAUDE. A comprovação de subfaturamento depende da desconstituição da fatura comercial que instruiu o despacho, ou seja, depende da prova de que o real valor transacionado difere do valor declarado. Não existente a prova da falsidade da fatura, não fica caracterizado o subfaturamento e, por esta razão, fica afastada aplicação da pena de perdimento e sua respectiva multa substitutiva.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Fri Jul 12 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 10611.720885/2017-89
anomes_publicacao_s : 201907
conteudo_id_s : 6031988
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Jul 12 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 3201-005.482
nome_arquivo_s : Decisao_10611720885201789.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
nome_arquivo_pdf_s : 10611720885201789_6031988.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso de Ofício. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza - Presidente (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Paulo Roberto Duarte Moreira, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Leonardo Correia Lima Macedo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Larissa Nunes Girard (suplente convocada), Tatiana Josefovicz Belisario, e Laercio Cruz Uliana Junior.
dt_sessao_tdt : Wed Jun 19 00:00:00 UTC 2019
id : 7819977
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:49:02 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713052121738248192
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 18; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1609; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C2T1 Fl. 1.492 1 1.491 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10611.720885/201789 Recurso nº De Ofício Acórdão nº 3201005.482 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 19 de junho de 2019 Matéria INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA MULTAS ADUANEIRAS Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado XCMG BRASIL INDUSTRIA LTDA ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Período de apuração: 21/11/2011 a 31/03/2016 SUBFATURAMENTO. COMPROVAÇÃO DE FRAUDE. A comprovação de subfaturamento depende da desconstituição da fatura comercial que instruiu o despacho, ou seja, depende da prova de que o real valor transacionado difere do valor declarado. Não existente a prova da falsidade da fatura, não fica caracterizado o subfaturamento e, por esta razão, fica afastada aplicação da pena de perdimento e sua respectiva multa substitutiva. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso de Ofício. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Paulo Roberto Duarte Moreira, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Leonardo Correia Lima Macedo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Larissa Nunes Girard (suplente convocada), Tatiana Josefovicz Belisario, e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 61 1. 72 08 85 /2 01 7- 89 Fl. 1492DF CARF MF Processo nº 10611.720885/201789 Acórdão n.º 3201005.482 S3C2T1 Fl. 1.493 2 Para bem relatar os fatos, transcrevese o relatório da decisão proferida pela autoridade a quo no Acórdão nº 1682.872: Versa o presente processo sobre Auto de Infração (fls. 02 a 31) lavrado contra a empresa em epígrafe, com vistas à constituição de crédito tributário no valor de R$ 25.468.380,32, referente à aplicação de multa equivalente ao valor aduaneiro das mercadorias, caso as mesmas não tenham sido localizadas ou tenham sido consumidas (100,00 % art. 23, § 3º do DecretoLei nº 1.455/76, com a redação dada pelo art. 59 da Lei nº 10.637/02 combinado com art. 81, inciso III da Lei nº 10.833/030 e art. 689 do Decreto 6.759/2009). Segundo relata a fiscalização, em análise nos sistemas informatizados da Receita Federal apurouse os valores constantes nas Declarações de Importação registradas pela empresa XCMG (03 modelos de caminhões: modelo QY100KI, modelo QY25K5I e modelo QY75KN), e para análise, os valores importados por outras empresas atuantes no mercado como forma de parâmetro. Com base nos resultados das análises empreendidas chegouse às conclusões: Todas as Declarações de Importação analisadas tiveram como exportadores as seguintes empresas: a) XCMG INTERNATIONAL TRADING CORPORATION HK LIMITED; b) XUZHOU CONSTRUCTION MACHINERY GROUP IMP & EXP CO. LTD; c) XUZHOU CONSTRUCTION MACHINERY BONDED CO. LTD. No decorrer do procedimento ficou circunstanciado que todas as exportadoras listadas estão vinculadas com a empresa fiscalizada, pertencendo todas ao mesmo grupo econômico. Segundo a Autoridade Autuante, da comparação dos valores CIF das Declarações de Importação registradas em nome da XCMG e das registradas por outras empresas percebese claramente que os valores relativos às importações da XCMG são significativamente menores do que os das outras empresas (fls. 09 a 11). Destaca que o comparativo analisou equipamentos iguais e que, em várias Declarações de Importação, mas não em todas, continham o mesmo quantitativo negociado e foram desembaraçadas, praticamente, no mesmo período. Relata que de 2012 a 2014, a XCMG importou 74 caminhões modelo QY25K5I e, em todas essas importações, o valor CIF declarado foi da ordem de grandeza de USD$ 108.000,00 (cento e oito mil dólares americanos). Já em março de 2016 importou o Fl. 1493DF CARF MF Processo nº 10611.720885/201789 Acórdão n.º 3201005.482 S3C2T1 Fl. 1.494 3 mesmo modelo, em um total de 10 (dez) unidades, todas declaradas pelo valor CIF de USD$ 78.376, 91 (setenta e oito mil, trezentos e setenta e seis dólares americanos e noventa e um centavos de dólar). Acrescenta ainda que se os valores CIF de USD$ 108.000,00 (cento e oito mil dólares americanos) declarados nas importações do modelo QY25K5I já se mostravam destoantes dos valores praticados por outras empresas, os valores de USD 78.376, 91 (setenta e oito mil, trezentos e setenta e seis dólares americanos e noventa e um centavos de dólar) se mostram ainda mais destoantes, com os valores praticados pelas outras empresas e também destoantes dos valores anteriormente praticados pela própria XCMG. A XCMG efetuou a nacionalização de máquinas que se encontravam entrepostadas por duas empresas: ÊXITO IMPORTADORA E EXPORTADORA S.A. e TARGET TRADING S.A. Verificouse também que, até o ano de 2014, a XCMG efetuava tais nacionalizações, pelo mesmo valor que as mercadorias haviam sido entrepostadas pelas duas empresas acima citadas. Já em 2016 a XCMG reduziu drasticamente os valores das Declarações de Importação de nacionalização de máquinas. Como exemplo, na DI 14/0147950 efetuou a admissão em entreposto aduaneiro no valor CIF/Unidade de USD$ 134.228,93 (cento e trinta e quatro mil, duzentos e vinte e oito dólares americanos e noventa e três centavos de dólar). Já a DI 16/04000653 efetuou a nacionalização dessas mesmas máquinas no valor CIF/unidade de USD$ 78.376, 91 (setenta e oito mil, trezentos e setenta e seis dólares americanos e noventa e um centavos). Como várias das importações efetuadas em nome da XCMG continham máquinas que se encontravam entrepostas pela ÊXITO IMPORTADORA E EXPORTADORA S/A (CNPJ 07.391.673/000401), foi efetuada pesquisa no sistema de processos digitais da Receita Federal do Brasil. Foram encontrados diversos processos com a solicitação de prorrogação de prazo de Declarações de Admissão em Entreposto Aduaneiro (nºs processos listados à fl. 13). Relata que como algumas declarações de importação ficaram “deslocadas” no tempo, entendeuse que seria interessante verificar se houve alguma variação atípica na cotação entre a moeda chinesa, o Yuan, e o dólar americano. O Yuan foi utilizado como referência pois todas as importações registradas em nome da XCMG são provenientes da China, bem como também são provenientes da China todas as importações utilizadas como referência de comparação no presente estudo. Apresenta gráfico (fls. 20) que ilustra a variação cambial entre o Yuan e o dólar americano, de 01/01/2012 a 01/07/2016 (Fonte:http://economia.uol.com.br/cotacoes). Destaca que no gráfico, pôdese constatar que a variação entre as duas moedas não foi significativa a ponto de explicar Fl. 1494DF CARF MF Processo nº 10611.720885/201789 Acórdão n.º 3201005.482 S3C2T1 Fl. 1.495 4 as variações de preços nas Declarações de Importação registradas pela XCMG no ano de 2016. De acordo com o relatório fiscal (fls. 20 a 21), o importador foi cientificado da justificativa do procedimento fiscal e intimado a apresentar fatos e argumentos (Termo de Início de Ação Fiscal e de Intimação 01, fls. 51 a 55), que entendesse pertinente, caso não concordasse com o entendimento, prima facie, esposado pela Autoridade Tributária. Neste passo, aduz a fiscalização ter o contribuinte solicitado dilação de prazo para de mais 20 (vinte) dias para a “juntada dos demais documentos necessários”. Tal prazo foi deferido no Termo de Intimação Fiscal 02 (fls. 851 a 853). Acrescenta ainda que, o contribuinte, apesar de entender que deveria juntar mais documentos necessários, se manteve silente, não promovendo a juntada de mais nenhum documento até a data da lavratura do Auto de Infração. No mencionado Relatório de Fiscalização, esclarece, ainda, a Autoridade Autuante que, pela análise dos fatos e argumentos observados no procedimento fiscal, juntamente com a resposta apresentada pelo contribuinte, forma convicção de que a empresa XCMG efetuou a importação de máquinas modelos QY25K5I, QY75KN e QY100KI por valores bastante inferiores aos praticados por outras empresas, e também pela própria XCMG. A presença de vinculação comercial, por pertencer ao mesmo grupo econômico, entre a fiscalizada e as empresas exportadores, acaba por formar forte presunção de manipulação de valor. Ato contínuo conclui: "...Sendo assim, pelos indícios coletados, e pela vinculação entre a XCMG e os exportadores das citadas máquinas, conforme apurado neste Relatório Fiscal, concluise que houve a inserção de valores ideologicamente falsos em relação aos produtos importados nas Declarações de Importação abaixo listadas." ( fls. 23 a 25). Segundo a fiscalização, os fatos apurados no procedimento fiscal enquadramse na aplicação da pena de perdimento das mercadorias importadas, ou na aplicação de multa equivalente ao valor aduaneiro das mesmas, caso as mercadorias não tenham sido localizadas ou tenham sido consumidas. Foi questionado ao contribuinte se as mercadorias importadas nas adições das Declarações de Importação listadas haviam sido consumidas na atividade comercial da empresa, ou continuavam em seu estoque. Informou o contribuinte que, à exceção das mercadorias listadas às fls. 26 (do Auto de Infração), todas as demais haviam sido consumidas. As mercadorias listadas a fl. 26 do Auto de Infração, deverão ser objeto de processo de perdimento próprio, e deverão ser tratadas em processo administrativo fiscal distinto. Fl. 1495DF CARF MF Processo nº 10611.720885/201789 Acórdão n.º 3201005.482 S3C2T1 Fl. 1.496 5 Em relação as mercadorias importadas objeto do procedimento fiscal e que foram revendidas durante a atividade comercial da fiscalizada, foi lançada em substituição multa administrativa baseada no valor aduaneiro das mercadorias. Assim, para o cálculo da respectiva multa foram levantados os dados do valor aduaneiro das mercadorias importadas, à exceção das listadas ás fls. 26. Por fim, acrescenta (fls. 25 e 26) que a aplicação da penalidade encontra supedâneo, em especial, nas legislações abaixo listadas. Decreto 6.759/2009: Art. 689. Aplicase a pena de perdimento da mercadoria nas seguintes hipóteses, por configurarem dano ao Erário (Decreto Lei nº 37, de 1966, art. 105; e DecretoLei nº 1.455, de 1976, art. 23, caput e § 1º, este com a redação dada pela Lei no 10.637, de 2002, art. 59): ... VI Estrangeira ou nacional, na importação ou na exportação, se qualquer documento necessário ao seu embarque ou desembaraço tiver sido falsificado ou adulterado; ... § 3ºA. O disposto no inciso VI do caput inclui os casos de falsidade material ou ideológica. Lei nº 1.455/1976: Art 23. Consideramse dano ao Erário as infrações relativas às mercadorias: IV enquadradas nas hipóteses previstas nas alíneas " a " e " b " do parágrafo único do artigo 104 e nos incisos I a XIX do artigo 105, do Decretolei número 37, de 18 de novembro de 1966. 3o As infrações previstas no caput serão punidas com multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria, na importação, ou ao preço constante da respectiva nota fiscal ou documento equivalente, na exportação, quando a mercadoria não for localizada, ou tiver sido consumida ou revendida, observados o rito e as competências estabelecidos no Decreto no 70.235, de 6 de março de 1972. (Redação dada pela Lei nº 12.350, de 2010) A autuada foi cientificada da lavratura em 27/12/2017 (fl. 36), tendo apresentado impugnação e documentos em 25/01/2018 (fls. 861 a 928 e docs), alegando: farseá necessário apontar, antes de adentrar no mérito, circunstância que fará por compelir à declaração de nulidade do Auto de Infração Fiscal em epígrafe, mormente consubstanciado no cerceamento da defesa, haja vistas que o Fl. 1496DF CARF MF Processo nº 10611.720885/201789 Acórdão n.º 3201005.482 S3C2T1 Fl. 1.497 6 Sr. AuditorFiscal Federal do Brasil não se desincumbiu do mister de apresentar os detalhes e documentos necessários à correta identificação de todos os elementos da autuação de sorte a justificar a imposição de penalidade, em detrimento da legislação de regência; o Auto de Infração Fiscal em comento não delimitou, de forma clara e objetiva, a descrição dos fatos e a disposição legal supostamente infringida pela IMPUGNANTE, o que, repisase, prejudica sobremaneira o exercício do contraditório e da ampla defesa, em patente cerceamento de defesa; aos 12 dias do mês de outubro do ano de 2017, o Sr. Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil encaminhou correspondência postal à IMPUGNANTE, cujo teor solicitava o envio de documentos sobre determinadas operações de importação. Esclareçase, no entanto, que a referida intimação não se prestou a justificar a finalidade para qual se destinava os documentos, tampouco noticiou a existência de outras importações com condições comerciais desfavoráveis e destoantes (Doc. 01 Intimação RFB); a priori, a IMPUGNANTE reputou imprescindível a prorrogação do prazo para apresentação dos documentos formulados e outros que, porventura, entendesse necessário; contudo, convicta de que não existe qualquer irregularidade e, sobretudo, por não ter sido cientificado do motivo para apresentação dos documentos, a IMPUGNANTE deuse por satisfeita com a juntada apenas dos documentos solicitados (Doc. 02 Resposta à Intimação); aos 27 dias do mês de dezembro do ano de 2017, a IMPUGNANTE foi literalmente surpreendida com a comunicação da lavratura do Auto de Infração Fiscal em epígrafe, cujo o Sr. AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil concluiu no Procedimento Fiscal pela suposta prática de inserção de valores ideologicamente falsos dos produtos importados por valores inferiores aos praticados por outras empresas, diante da presunção de manipulação de valor entre a IMPUGNANTE e as exportadoras, por pertencerem ao mesmo grupo econômico; no entanto, que o Auto de Infração Fiscal foi lavrado sob frágeis argumentos de subfaturamento, tendo como fundamento precípuo a comparação dos valores CIF das Declarações de Importação registradas em nome da IMPUGNANTE e de outras 03 (três) empresas que supostamente também registraram diversas Declarações de Importações dos mesmos produtos em lapso temporal ínfimo; não é juridicamente plausível e implica em violação aos princípios constitucionais impor uma penalidade pela pratica de um suposto ato infracionário, fundamentandoo tão somente na comparação de Declarações de Importações realizadas, sem comprovar documentalmente que as condições comerciais que Fl. 1497DF CARF MF Processo nº 10611.720885/201789 Acórdão n.º 3201005.482 S3C2T1 Fl. 1.498 7 originaram os negócios são as mesmas ou que tenha sido pago uma diferença entre o suposto valor real da operação e o valor, em tese, subfaturado. É o que ocorre com o Auto de Infração ora impugnado; ora, é de comum sabença que os produtos investigados possuem valores agregados de difícil quantificação, de modo que seus preços variam de acordo com a capacidade comercial do adquirente, ou forma e condições de pagamento, ou por excesso momentâneo de oferta no mercado, ou por uso de estoques de mercadorias de modelos antigos, dentre outras variantes. Neste contexto, a ausência de indicação das empresas que supostamente importaram os mesmos produtos, bem como das condições comerciais destas, implica em notório cerceamento de defesa, porquanto possui o condão de tolher o direito da IMPUGNANTE de comprovar que a suposta diferença de preço emerge, por exemplo, de condições comerciais distintas, dentre outros; em que pese a imposição legal conferida à Administração para que aplique sanções aos contribuintes que, porventura, tenham praticado infração tributária, deve aterse aos limites do devido processo legal, com especial observância ao contraditório e à ampla defesa, em homenagem aos princípios administrativos da legalidade, da razoabilidade e, sobretudo, da segurança das relações jurídicas; não bastasse a ilegalidade adrede arguida, o Sr. AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil equivocouse no enquadramento da suposta irregularidade e da penalidade aplicada à IMPUGNANTE, isto porque, a todo sentir, tratase de hipótese de ‘subvaloração’, especificadamente pelo fato do preço, em tese, inferior ao praticado em operações idênticas no mercado se fundamentar no Procedimento Fiscal sob o número 0615100 2017000566 pela transação comercial entre partes relacionadas, sem, contudo, restar demonstrado a presença de fraude ou conluio. O que evidencia a nulidade do Auto, por vício material; é cediço que a valoração aduaneira se encontra disciplinada pelo Regulamento Aduaneiro, em seus artigos 75 a 83. Pelas regras estabelecidas no AVA/Gatt, a valoração aduaneira pode ser apurada em seis métodos, sendo que o primeiro método: o valor de transação; desse procedimento fiscal, pode resultar que se identifique apenas a prática de subvaloração, por discordar tão somente do preço informado na Declaração Importação, sem, contudo, identificar ocorrência de fraude, simulação ou conluio, aplicandose, nestes casos, um dos métodos substitutivos, com exigência da diferença do tributo acrescida de juros de mora e, em caso de lançamento de ofício, de multa de 75% (Lei nº 9.430/1996, art. 42, I); há, em relação à valoração aduaneira, duas espécies infracionais: Subvaloração e Subfaturamento, cada qual com Fl. 1498DF CARF MF Processo nº 10611.720885/201789 Acórdão n.º 3201005.482 S3C2T1 Fl. 1.499 8 sua particularidade, destacandose o fato de que, diversamente do subfaturamento, na subvaloração não se verifica a presença de fraude, sonegação ou conluio, estando, portanto, sujeitas a sanções distintas. Cita extensa jurisprudência; analisandose os autos do presente processo, extraise dos elementos trazidos pelo Sr. AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil, especialmente no Procedimento Fiscal que instrui o Auto de Infração Fiscal, que não há configuração de fraude, simulação (dolo) ou conluio, em relação a quaisquer dos motivos que fundamentam o referido Auto. Sequer há declaração de inidoneidade à fatura comercial; com mais de 70 anos de experiência, a XCMG é líder no setor de fabricação de maquinário para construção civil e içamento na China e ocupa a quinta posição no ramo a nível mundial, sendo sinônimo de vanguarda na indústria de maquinários pesados por possuir mais de 2.500 patentes registradas. O que, destacase, a credencia como um dos maiores, mais importantes e mais competitivos grupos da China. Cita breve histórico do Grupo XCMG, fls. 22 22 e ss.; a XCMG faturou centenas de máquinas para a ÊXITO, porém esta não honrou com suas obrigações contratuais, revelandose devedora contumaz. Portanto, diante da inidoneidade do parceiro comercial e da, à época, promissora expansão no mercado latinoamericano, a XCMG investiu milhões de dólares para a Construção de sua unidade fabril no Brasil, mormente situada no município de Pouso Alegre, Estado de Minas Gerais, mediante a adesão ao Protocolo de Intenções do Estado, através do qual o Governo de Minas Gerais buscava investimentos econômicos e tecnológicos para incentivar e incrementar o setor industrial no Sul do Estado; a intervenção direta da XCMG no mercado brasileiro ocasionou desavença comercial na relação com a ÊXITO, cujo originouse numa milionária disputa arbitral entre a ÊXITO e as empresas do Grupo XCMG. O Processo Arbitral foi ajuizado pela ÊXITO perante a Câmara de Arbitragem e Mediação BrasilCanadá, especificadamente registrada sob o número 77/2013. (Doc. 05 Alegações iniciais Processo Arbitral CAM CCBC 77/2013); à época, a ÊXITO reconheceu a inadimplência perante a XCMG em mais de USD$ 39.000.000,00 (trinta e nove milhões de dólares americanos), equivalentes a mais de R$ 120.000.000,00 (cento e vinte milhões de reais); ocorre, porém, que dezenas de milhões de dólares em equipamentos ainda se encontravam em poder da ÊXITO, mormente entrepostados no Porto de Recife, Estado de Pernambuco, aguardando serem vendidas para só então nacionalizar o produto e, via de regra, fluir o prazo para pagamento à XCMG. Dado o litígio já instaurado, no ano de 2016 a ÊXITO anuiu com a devolução dos equipamentos entrepostados; Fl. 1499DF CARF MF Processo nº 10611.720885/201789 Acórdão n.º 3201005.482 S3C2T1 Fl. 1.500 9 com advento desta devolução, a IMPUGNANTE efetuou levantamento dos equipamentos que se encontravam no Porto de Recife, Estado de Pernambuco, concluindo que estes se encontravam armazenados no tempo, expostos a corrosão, sem manutenção, sem troca de óleo, sem funcionamento a quase três anos, conforme reconhecido pelo próprio Sr. AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil no Procedimento Fiscal; não obstante, tratavamse de modelos antigos, que já haviam sido mecanicamente atualizados para o mercado mundial, exigindo da IMPUGNANTE um dispêndio de alto custo para sua adaptação técnica ao mercado brasileiro; devidamente acompanhada por despachante aduaneiro, a IMPUGNANTE requereu à Receita Federal do Brasil a aplicação de um deságio sobre o valor declarado pela ÊXITO na entrepostagem, dado a desvalorização e as condições precárias em que se encontravam os equipamentos (reiterase: tratavamse de equipamentos antigos armazenado no tempo por aproximadamente 03 anos, portanto, exposto a corrosão, sem manutenção e, sobretudo, com tecnologia desatualizado), razão pelo qual, após ser confirmado a possibilidade da operação pelo Sr. Fiscal da Receita Federal do Brasil, a IMPUGNANTE presentou CIF com valores atualizados (aplicouse o deságio) nas Declarações de Importação dos equipamentos “devolvidos” no ano de 2016, operação está equivocadamente interpretada pelo Sr. AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil como sendo indícios de ‘subfaturamento’; a IMPUGNANTE foi legalmente constituída no Brasil e operou em instalação provisória nos anos de 2012 a 2013, período em que não dispunha de tecnologias para fabricar os equipamentos no país (repisase, a unidade fabril foi oficialmente inaugurada apenas no ano de 2014), razão pelo qual realizou operações de importação de Caminhões Guindaste, modelos QY25K5I, QY75KN e QY100KI, sempre observando e respeitando a legislação de regência (Doc. 06 – Documentos apresentados para desembaraço aduaneiro); esclareçase, desde logo, que a IMPUGNANTE apresentou à Receita Federal do Brasil toda a documentação referente às operações comerciais sub judice, exibindo, inclusive, as ‘invoices’, ‘bill of land’ e ‘packlist’, restando de sobejo comprovado a legitimidade dos preços praticados pelo exportador (Doc. 06 – Conhecimento de Carga; Fatura Comercial; Romaneio de Carga); embora o Sr. AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil não tenha indicado os nomes das empresas utilizadas na comparação e, neste particular, implicar em notório cerceamento de defesa, porquanto possui o condão de tolher o direito da IMPUGNANTE de comprovar que a suposta diferença de preço emerge, por exemplo, de condições comerciais distintas, não é preciso empreender grandes esforços para concluir, com esteio nos dados apresentados Fl. 1500DF CARF MF Processo nº 10611.720885/201789 Acórdão n.º 3201005.482 S3C2T1 Fl. 1.501 10 pelo próprio Sr. AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil, que a suposta divergência encontrase dentro da margem de mercado razoável e aceitável pelo tipo de operação; o Auditor Fiscal que lançou o crédito tributário esta a mais de 2.000 km de distância do Auditor Fiscal que aceitou a aplicação de um deságio por estarem as máquinas de fato depreciadas no Porto de RecifePE. Autuar do alto de sua sala sem conhecer a realidade dos fatos é fácil, difícil é acompanhar a realidade dos fatos e suportar um prejuízo milionário conforme o suportado pelo GRUPO no Brasil; o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais sedimentou entendimento de que ‘o simples fato de um preço ser inferior aos preços correntes de mercado para mercadorias idênticas não é motivo para sua rejeição’; igualmente, o Comitê Técnico de Valoração Aduaneira (“OMC”), ao analisar sobre a aceitabilidade de um preço inferior aos preços correntes de mercadorias idênticas, entendeu que a suposta divergência de preço não é motivo suficiente para sua rejeição. No ensejo, foi aprovado a Opinião Consultiva 2.1, mormente constante na Instrução Normativa número 318/2003; o Sr. AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil não encontrou qualquer elemento hábil a desconstituir a idoneidade dos documentos apresentados pela IMPUGNANTE; contudo, concluiu forçosamente pelos indícios de prática de inserção de valores ideologicamente falsos, mormente embasado em premissas insustentáveis e equivocadas, conforme passase a refutálos: já há o reconhecimento jurisprudencial e administrativo da PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA NACIONAL quanto a inaplicabilidade da pena de perdimento para as hipóteses de subfaturamento, cujo ato infracionário esteja comprovado de forma robusta, quiçá para este Auto de Infração onde o ato foi reconhecidamente presumido pelo Auditor Fiscal; requer seja acolhida a preliminar arguida declarando a nulidade do Auto de Infração Fiscal impugnado com o respectivo cancelamento do débito tributário determinando, ainda, a liberação das mercadorias apreendidas, ante a violação dos princípios constitucionais da legalidade, da segurança jurídica, do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa, sob pena de violação expressa aos incisos III e IV, do artigo 10, do Decreto número 70.235/72 cumulado com artigos 2º e 50, da Lei número 9.784/99 e incisos XXXVII, LIII, LIV, LV e LVI, do artigo 5º e artigo 37, ambos da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988; seja reconhecida e aplicada a decadência, segundo o que dispõe o art. 139 do Decreto Lei 37 de 1966, por ter Fl. 1501DF CARF MF Processo nº 10611.720885/201789 Acórdão n.º 3201005.482 S3C2T1 Fl. 1.502 11 ultrapassado o prazo de 05 anos para aplicação de penalidade nas adições 1221769962001, 1223654836001, 1223659757001, 1223664327001 e 1223667695001 cuja data de registro das Declarações de Importação está devidamente indicadas nas razões desta impugnação; seja julgado totalmente improcedente o lançamento tributário objeto do auto de infração impugnado, seguindo os termos adrede arrazoados, com o respectivo cancelamento do débito tributário, determinando, ainda, a imediata liberação das mercadorias apreendidas, reconhecendo a existência de SUBVALORAÇÃO dos valores aduaneiros, ante a inexistência de dolo, conluio ou fraude; seja dada total procedência a esta impugnação, para determinar a improcedência do lançamento, bem como a redução das multas lançadas em decorrência dos referidos lançamentos, sob pena de se infringir a legislação vigente. A Impugnante cita farta jurisprudência a seu favor e apresentou os documentos citados na impugnação. [...] A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo/SP, por intermédio da 20ª Turma, no Acórdão nº 1682.872, sessão de 18/06/2018, por unanimidade de votos, julgou procedente a impugnação do contribuinte, com a ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Período de apuração: 21/11/2012 a 15/03/2016 SUBFATURAMENTO. COMPROVAÇÃO DE FRAUDE. A comprovação de subfaturamento depende da desconstituição da fatura comercial que instruiu o despacho, ou seja, depende da prova de que o real valor transacionado difere do valor declarado. Não existente a prova da falsidade da fatura, não fica caracterizado o subfaturamento e, por esta razão, fica afastada aplicação da pena de perdimento e sua respectiva multa substitutiva. No tocante às operações fraudulentas, seja por subfaturamento, conluio ou outras fraudes, há o procedimento de arbitramento previsto no artigo 88 da Medida Provisória nº 2.15835. Impugnação Procedente Crédito Tributário Exonerado Em síntese, os julgadores a quo entenderam que a autoridade fiscal não comprovou o subfaturamento de preços na importação de caminhões guindastes pela XCMG e tampouco a afetação desses preços decorrentes do vínculo entre exportador e importador. Fl. 1502DF CARF MF Processo nº 10611.720885/201789 Acórdão n.º 3201005.482 S3C2T1 Fl. 1.503 12 Concluiu o voto da DRJ que a autuação teve por fundamento simples constatação de divergência de preços nas operações, o que não autoriza a aplicação de perdimento ou sua conversão em multa nos termos da legislação de regência. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator O recurso de ofício atende ao requisito de admissibilidade previsto no art. 1º da Portaria MF nº 63, de 10/02/20171, pois exonerou crédito tributário no montante de R$ 25.468.380,32. Tratam os autos do valores aduaneiros declarados pela XCMG nas importações de caminhões guindaste, modelos QY25K5I, QY75KN e QY100KI, adquiridos da China, que o Fisco entendeu estarem subfaturados. A premissa da fiscalização para concluir pelo subfaturamento de preços nas importações dos equipamentos está fundada em indícios dos valores destoantes das nacionalizações das mercadorias entrepostadas no período de 2012 e 2016 e no vínculo entre importador e exportador. Acrescenta ainda que oportunizado ao contribuinte manifestação para que justificasse os preços "destoantes", este nada apresentou além dos documentos instrutivos do despacho aduaneiro (fatura comercial, conhecimento de carga e packing list). O contribuinte rebateu as conclusões afirmando que as importações referem se a caminhões guindastes que permaneceram por longos períodos de meses em Regime de Admissão Aduaneira sofrendo desgastes, obsolescências e falta de manutenção que resultaram em procedimento de "deságio" nos valores declarados enquanto submetidos ao regime aduaneiro especial para fins de declaração de importação. Esclarece, quanto ao vínculo, não haver influência nos preços mesmo porque alguns dos valores obtidos pelo Fisco em importações de outras empresas brasileiras são semelhantes aos seus. Os julgadores da DRJ acolheram os argumentos do contribuinte para afastar a exigência da multa substitutiva do perdimento pois entenderam não restar comprovado pela autoridade fiscal o subfaturamento de preço nas importações de caminhões guindastes. Com razão o contribuinte e a decisão de 1º instância que exonerou o lançamento. O subfaturamento de preço na importação exige a comprovação da prática de falsificação ou adulteração de documento necessário à instrução do despacho aduaneiro, a saber a fatura comercial (invoice). 1 Art. 1º O Presidente de Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) recorrerá de ofício sempre que a decisão exonerar sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais). Fl. 1503DF CARF MF Processo nº 10611.720885/201789 Acórdão n.º 3201005.482 S3C2T1 Fl. 1.504 13 A autoridade fiscal não logrou êxito em demonstrar que material ou ideologicamente alguma fatura comercial fora emitida com qualquer falsidade na declaração dos preços das mercadorias importadas. Ao contrário, o fundamento constituiuse em meros indícios de preços inferiores ao comparar com outras importações, sem levar em consideração a natureza da operação comercial e possíveis variações no estado ou características diferenciadoras dos equipamentos ainda de mesmo modelo e ano de fabricação. Ademais, não há qualquer elemento que objetivamente demonstra que o vínculo entre exportador e importador influenciou o preço. Depreendese da leitura do Relatório Fiscal que no caso dos três caminhões guindastes a conclusão pelo subfaturamento teve por base a análise empreendida na comparação de preços nos sistemas informatizados da Receita Federal, que se revelaram destoantes entre aquele declarado pela XCMG e de outros importadores. Não se pode concordar com a autoridade fiscal. A prova do subfaturamento de preço não é a diferença de valor de uma mesma mercadoria obtida em diferentes importações, que sequer demonstrou apta a ser comparada sem qualquer avaliação ou análise de suas características ou particularidades. A diferença de preço é apenas o ponto de partida para aprofundamento da análise de provável subfaturamento, que juntamente com outros elementos podem resultar um conjunto probatório robusto e suficiente a comprovar a fraude; daí porque é de se falar que se trata de mero indício. Não merece prosperar o argumento fiscal de que o silêncio do contribuinte importa assentir com as conclusões expostas nos Termos de intimação ou constatações no tocante ao subfaturamento e a influência do vínculo empresarial sobre os preços. O sistema jurídicoprocessual baseiase em várias formas de comprovação de fatos, contudo, a ausência de prova material, quanto à inidoneidade documental, não é superada ou substituída pelo silêncio do acusado. No caso, em se tratando de procedimento de lançamento fiscal para apurar infração à legislação tributária, nos termos do art. 142 do CTN, incumbe à autoridade autuante o ônus probatório do fato constitutivo do direito do Fisco, conforme dispõe o art. 373 da Lei nº 13.105/2015 (CPC) 2. Outrossim, nitidamente, a autoridade fiscal diante de possível situação de subvaloração de preços declarados, deulhe tratamento de subfaturamento, o que importaria a comprovação de uma falsidade na declaração de preço, mediante a prova de que o verdadeiro valor pago ou a pagar seria outro e à margem dos documentos fiscais e dos controles fiscais e cambiais. 2 Lei nº 13.105/2015 CPC: Art. 373. O ônus da prova incumbe: I — ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; (...) Fl. 1504DF CARF MF Processo nº 10611.720885/201789 Acórdão n.º 3201005.482 S3C2T1 Fl. 1.505 14 Nesse ponto por concordar em parte com o voto proferido pelo Relator do Acórdão nº 1682.872, reproduzo alguns excertos para fazêlos fundamentos complementares de decidir: "Nesse contexto, fazse necessário entender a diferença entre o fato da fiscalização suspeitar do valor declarado pelo importador e o poder da mesma em descaracterizar este valor. Não é preciso motivação especial para o Fisco investigar. Mas é preciso motivação para descaracterizar o valor de transação ou outro método utilizado pelo importador, mediante prova, mesmo que indiciária. Na atividade de verificação e adoção de novo valor aduaneiro por parte da fiscalização, devem ser realizados dois procedimentos diferentes, porém em conjunto: 1) a descaracterização do valor de transação declarado pelo importador, mediante prova; 2) a determinação do correto valor aduaneiro nos termos dos Decretos 92.930/86 e 1.355/94; Resumindo o disposto no texto do GATT94, em especial os artigos 1º e 8º, a fiscalização pode valerse de cinco hipóteses que, uma vez comprovadas, descaracterizam o valor de transação declarado pelo importador: a) fraude na documentação apresentada; b) vinculação entre o importador e o exportador que tenha influência no preço; c) quando houver restrições à cessão ou à utilização das mercadorias pelo comprador que afetem substancialmente o valor das mercadorias; d) quando o vendedor se beneficie de parte da revenda ou quando a venda estiver sujeita a contraprestações ou condições; e) valor de transação não ajustado mediante o disposto no artigo 8º, quando necessário; Neste passo, vale lembrar que, no que concerne a comparar preços e descaracterizar um valor mais baixo em uma dada DI, a opinião consultiva 2.1 do Comitê Técnico de Valoração Aduaneira da Organização Mundial de Aduanas esclarece o seguinte: OPINIÃO CONSULTIVA 2.1 ACEITABILIDADE DE UM PREÇO INFERIOR AOS PREÇOS CORRENTES DE MERCADO PARA MERCADORIAS IDÊNTICAS 1. Foi formulada a questão acerca da aceitabilidade de um preço inferior aos preços correntes de mercadorias idênticas quando da aplicação do Artigo 1 do Acordo sobre a Fl. 1505DF CARF MF Processo nº 10611.720885/201789 Acórdão n.º 3201005.482 S3C2T1 Fl. 1.506 15 Implementação do Artigo VII do Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio. 2. O Comitê Técnico de Valoração Aduaneira examinou esta questão e concluiu que o simples fato de um preço ser inferior aos preços correntes de mercado para mercadorias idênticas não poderia ser motivo para sua rejeição para os fins do Artigo 1, sem prejuízo, no entanto, do estabelecido no Artigo 17 do Acordo. (negritei) Referida opinião consultiva consta no Anexo Único da IN SRF nº 318, de 4 de abril de 2003, dentre as diretrizes a serem observadas pela autoridade administrativa na apuração do valor aduaneiro de mercadorias importadas, a teor do disposto no art. 1º da citada norma complementar, abaixo reproduzido ipsis litteris: Art. 1º Na apuração do valor aduaneiro serão observadas as Decisões 3.1, 4.1 e 6.1 do Comitê de Valoração Aduaneira, da Organização Mundial de Comércio (OMC); o parágrafo 8.3 das Questões e Interesses Relacionados à Implementação do Artigo VII do GATT de 1994, emanado da IV Conferência Ministerial da OMC; e as Notas Explicativas, Comentários, Opiniões Consultivas, Estudos e Estudos de Caso, emanados do Comitê Técnico de Valoração Aduaneira, da Organização Mundial de Aduanas (OMA), constantes do Anexo a esta Instrução Normativa. Isto é, se o fato de o preço declarado pelo importador ser inferior aos preços correntes de mercado para mercadorias idênticas não é motivo suficiente para rejeitar este preço, nos termos do AVAGATT e das normas complementares que o disciplinam, então, da mesma forma, a inferioridade deste preço em relação àquele que a fiscalização apenas presume ser o mínimo aceitável, com base em um custo mínimo de fabricação também estimado, tampouco é motivo suficiente para descartar o valor de transação declarado pelo importador e, muito menos, constitui, a meu ver, prova de subfaturamento. Viuse que a fiscalização imputa que a vinculação entre exportador e o importador tenha afetado o preço. Tal conclusão, entretanto, deveria estar amparada em argumentos fundamentados que ensejassem a improcedência dos esclarecimentos apresentados pela empresa fiscalizada (em atendimento à Termo de Início de Ação Fiscal e de Intimação 01, fls. 51 a 55). Nesse sentido, a decisão 6.1 do Comitê de Valoração Aduaneira (regulamentada pelo artigo 82 do Decreto nº 6.759/2009) estabelece que a fiscalização aduaneira tem o ônus de fundamentar a rejeição do valor de transação declarado. Citase o texto do Acordo de Valoração Aduaneira pertinente ao primeiro método (ou método do valor de transação): “Artigo 1 Fl. 1506DF CARF MF Processo nº 10611.720885/201789 Acórdão n.º 3201005.482 S3C2T1 Fl. 1.507 16 1. O valor aduaneiro de mercadorias importadas será o valor de transação, isto é, o preço efetivamente pago ou a pagar pelas mercadorias em uma venda para exportação para o país de importação, ajustado de acordo com as disposições do Artigo 8, desde que: (d) não haja vinculação entre o comprador e o vendedor ou, se houver, que o valor de transação seja aceitável para fins aduaneiros, conforme as disposições do parágrafo 2 deste Artigo. 2. (a) Ao se determinar se o valor de transação é aceitável para os fins do parágrafo 1, o fato de haver vinculação entre comprador e vendedor, nos termos do Artigo 15, não constituirá, por si só, motivo suficiente para se considerar o valor de transação inaceitável. Neste caso, as circunstâncias da venda serão examinadas e o valor de transação será aceito, desde que a vinculação não tenha influenciado o preço. Se a administração aduaneira, com base em informações prestadas pelo importador ou por outros meios, tiver motivos para considerar que a vinculação influenciou o preço, deverá comunicar tais motivos ao importador, a quem dará oportunidade razoável para contestar. Havendo solicitação do importador, os motivos lhe serão comunicados por escrito (b) no caso de venda entre pessoas vinculadas, o valor de transação será aceito e as mercadorias serão valoradas segundo as disposições do parágrafo 1, sempre que o importador demonstrar que tal valor se aproxima muito de um dos seguintes, vigentes ao mesmo tempo ou aproximadamente ao mesmo tempo: (i) o valor de transação em vendas a compradores não vinculados de mercadorias idênticas ou similares, destinadas a exportação para o mesmo país de importação; (ii) O valor aduaneiro de mercadorias idênticas ou similares, tal como determinado com base nas disposições do Artigo 5; (iii) o valor aduaneiro de mercadorias idênticas ou similares, tal como determinado com base nas disposições do Artigo 6; Na aplicação dos critérios anteriores, deverão ser levadas na devida conta as diferenças comprovadas nos níveis comerciais e nas quantidades, os elementos enumerados no Artigo 8 e os custos suportados pelo vendedor, em vendas nas quais ele e o comprador não sejam vinculados, e que não são suportados pelo vendedor em vendas nas quais ele e o comprador não sejam vinculados, e que não são suportados pelo vendedor em vendas nas quais ele o comprador sejam vinculados; (c) Os critérios estabelecidos no parágrafo 2 (b) devem ler utilizados por iniciativa do importador, e exclusivamente para fins de comparação. Valores substitutivos não poderão ser estabelecidos com base nas disposições do parágrafo 2 (b).” Fl. 1507DF CARF MF Processo nº 10611.720885/201789 Acórdão n.º 3201005.482 S3C2T1 Fl. 1.508 17 Se os argumentos e documentos apresentados pelos interessados não são convincentes, deveria obrigatoriamente a fiscalização ter aduzido os porquês. Seriam tais documentos falsos e inidôneos? Compete à parte produzir as provas que contraditem as produzidas pela parte contrária. Não há prova conclusiva de que tenha havido fraude de valor, consubstanciada na produção de uma fatura ideologicamente falsa. Não basta a fiscalização aduaneira alegar a existência de suspeita de infração cuja penalidade aplicada seja a pena de perdimento ou sua conversão em multa, deve, ainda, indicar quais os indícios, documentos e fatos que induziram a tal conclusão, sob pena de tolher o direito constitucionalmente garantido ao contribuinte, qual seja, o contraditório e da ampla defesa. O ordenamento jurídico do Processo Administrativo Fiscal (Decreto nº 70.235/1972) exige que o auto de infração seja instruído com a “descrição dos fatos” e com as respectivas provas. Vejase o texto do Decreto nº 70.235/1972 (destaques meus): “Art. 9º A exigência do crédito tributário, a retificação de prejuízo fiscal e a aplicação de penalidade isolada serão formalizadas em autos de infração ou notificações de lançamento, distintos para cada imposto, contribuição ou penalidade, os quais deverão estar instruídos com todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito.” (...) Desse modo, concluise que é dever da autoridade fiscal apresentar “por escrito” os motivos que fundamentam sua decisão de que a vinculação entre comprador e vendedor tenha influenciado o preço (ou seja, que o valor de transação é inaceitável). Pelo fato de o importador não ter encaminhado documentação necessária a comprovação dos preços declarados e não oferecer nenhuma justificativa, a fiscalização concluiu pela falsidade de documentos necessários ao despacho das mercadorias. Não há fundamento legal para se aplicar a pena de perdimento da mercadoria ou sua conversão em multa pela simples constatação de divergência de preço na operação, ainda que se queira forçar a tipificação legal do art. 689, inciso VI do Regulamento Aduaneiro. (...) De qualquer forma, a autuação está prejudicada em sua origem no que tange a não comprovação da falsidade da fatura na operação de importação em tela, sendo indevida, portanto, a multa equivalente ao valor aduaneiro (100% do V.A.)." Dessa forma, não há reparos a fazer na decisão que afastou a qualificação da multa de ofício. Fl. 1508DF CARF MF Processo nº 10611.720885/201789 Acórdão n.º 3201005.482 S3C2T1 Fl. 1.509 18 Conclusão Diante do exposto, voto para negar provimento ao Recurso de Ofício que cancelou o lançamento fiscal. (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Fl. 1509DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.720103/2010-65
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 30 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Sep 25 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 26/08/2008
CONCOMITÂNCIA. NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO VOLUNTÁRIO. APLICAÇÃO DA SÚMULA CARF Nº 1.
Não se conhece da lide administrativa quando houver a propositura de ação judicial pelo sujeito passivo com o mesmo objeto do processo administrativo. Aplicação da Súmula CARF nº 1.
A concomitância entre processos administrativo e judicial não constitui motivo para decretação administrativa da nulidade do auto de infração ou do processo administrativo fiscal.
In casu, a imunidade de impostos, a incidência de contribuições para o PIS e Cofins, vinculados à importação, e a classificação fiscal versaram nos processos administrativo e judicial.
Numero da decisão: 3201-004.200
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer em parte do Recurso em razão da concomitância, para, na parte conhecida, rejeitar a preliminar de nulidade.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201808
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Data do fato gerador: 26/08/2008 CONCOMITÂNCIA. NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO VOLUNTÁRIO. APLICAÇÃO DA SÚMULA CARF Nº 1. Não se conhece da lide administrativa quando houver a propositura de ação judicial pelo sujeito passivo com o mesmo objeto do processo administrativo. Aplicação da Súmula CARF nº 1. A concomitância entre processos administrativo e judicial não constitui motivo para decretação administrativa da nulidade do auto de infração ou do processo administrativo fiscal. In casu, a imunidade de impostos, a incidência de contribuições para o PIS e Cofins, vinculados à importação, e a classificação fiscal versaram nos processos administrativo e judicial.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Sep 25 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 10880.720103/2010-65
anomes_publicacao_s : 201809
conteudo_id_s : 5911588
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Oct 04 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 3201-004.200
nome_arquivo_s : Decisao_10880720103201065.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
nome_arquivo_pdf_s : 10880720103201065_5911588.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer em parte do Recurso em razão da concomitância, para, na parte conhecida, rejeitar a preliminar de nulidade. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza - Presidente (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
dt_sessao_tdt : Thu Aug 30 00:00:00 UTC 2018
id : 7438235
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:27:33 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050869241479168
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1522; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C2T1 Fl. 686 1 685 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10880.720103/201065 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3201004.200 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 30 de agosto de 2018 Matéria II AUTO DE INFRAÇÃO Recorrente DEVIR LIVRARIA LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 26/08/2008 CONCOMITÂNCIA. NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO VOLUNTÁRIO. APLICAÇÃO DA SÚMULA CARF Nº 1. Não se conhece da lide administrativa quando houver a propositura de ação judicial pelo sujeito passivo com o mesmo objeto do processo administrativo. Aplicação da Súmula CARF nº 1. A concomitância entre processos administrativo e judicial não constitui motivo para decretação administrativa da nulidade do auto de infração ou do processo administrativo fiscal. In casu, a imunidade de impostos, a incidência de contribuições para o PIS e Cofins, vinculados à importação, e a classificação fiscal versaram nos processos administrativo e judicial. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer em parte do Recurso em razão da concomitância, para, na parte conhecida, rejeitar a preliminar de nulidade. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 72 01 03 /2 01 0- 65 Fl. 686DF CARF MF Processo nº 10880.720103/201065 Acórdão n.º 3201004.200 S3C2T1 Fl. 687 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório Para bem relatar os fatos, transcrevese o relatório da decisão proferida pela autoridade a quo, com as correções pertinentes: Trata o presente processo de autos de infração lavrados para exigência de créditos tributários no valor de R$52.953,99, referente a Imposto de Importação, IPI, CofinsImportação e Pis/PasepImportação, multas por falta de licenciamento de importação e por erro de classificação fiscal, acompanhados de multa de ofício e juros de mora. Depreendese da descrição dos fatos dos autos de infração que a interessada registrou a Declaração de Importação n.º 08/09610528, em 26/08/2008, para amparar a importação de mercadorias classificadas na NCM 4901.99.00, relativa a "Outros Livros, Brochuras e Impressos Semelhantes", quando o correto, segundo a fiscalização, seria na NCM 9504.40.00 por tratarse de cartas de jogar para crianças. A interessada impetrou o Mandado de Segurança n.º 2008.61.00.0210390 [2008.61.05.126507] e posteriormente a Ação Ordinária n.º 2009.61.00.0093687 [2009.61.00.0115142] para ver declarado o seu direito a classificar as mercadorias importadas na NCM 4901.99.00. A liminar foi indeferida e a segurança não foi concedida [na AO 2009.61.00.0115142, a Juíza da 26ª VF de SP julgou procedente o pedido]. A fiscalização, após análise da importação, concluindo que as mercadorias classificavamse na NCM 9504.40.00, no destaque 001, cuja importação estava sujeita a anuência da SECEX, conforme tabela de controle administrativo do Siscomex, com texto dado pelo Comunicado DECEX 23/1998, lavrou o auto de infração em apreço para a constituição do crédito tributário relativo aos tributos e multas devidos na importação realizada pela interessada, bem como das multas por falta de licenciamento de importação prevista no art. 633, II, a, do Decreto n° 4.543/2002, combinado com o art. 77 da Lei n° 10.833/2003 e por erro de classificação fiscal nos termos da art. 636, I do Decreto n° 4.543/2002, combinado com o art. 69 da Lei n° 10.833/2003. Intimada da autuação, a interessada defendeu a classificação adotada com base nos conceitos de cards (o objeto do presente processo referese à cards POKÉMON, também conhecidos como figurinhas) e na imunidade constitucional para tais cartões. Cita jurisprudência administrativa e precedentes do STF quanto a este tipo de mercadoria. Fl. 687DF CARF MF Processo nº 10880.720103/201065 Acórdão n.º 3201004.200 S3C2T1 Fl. 688 3 Relata o ingresso das ações judiciais onde discute a matéria em questão e que até o momento as decisões não transitaram em julgado. Constam no processos cópias de documentos que instruíram o referido mandado de segurança que demonstram a matéria tratada neste processo. É o relatório A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Florianópolis/SC por intermédio da 1ª Turma, no Acórdão nº 0733.043, sessão de 16/10/2013, não conheceu a impugnação do contribuinte em razão da concomitância de objeto com ações promovidas no Poder Judiciário. A decisão foi assim ementada: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 26/08/2008 AÇÃO JUDICIAL. EFEITOS. A propositura de qualquer ação judicial anterior, concomitante ou posterior a procedimento fiscal, com o mesmo objeto do lançamento, importa em renúncia ou desistência à apreciação da mesma matéria na esfera administrativa. Assim, o apelo interposto pelo sujeito passivo não deve ser conhecido no âmbito administrativo. Impugnação Não Conhecida Crédito Tributário Mantido Inconformada, a contribuinte apresentou recurso voluntário reiterando os mesmos argumentos de que os cards ("figurinhas") importados estão contemplados por decisões judiciais que declararam a imunidade dos impressos ilustrados e, portanto, o auto de infração e o processo administrativo de exigência dos tributos devem ser declarados nulos. Constam dos autos que a Unidade Preparadora à vista da decisão da DRJ (não conhecimento da impugnação em razão de concomitância) e do trânsito em julgado da Ação Ordinária nº 2009.61.00.0115142, que reconheceu o direito da contribuinte à imunidade constitucional, prevista no artigo 150, inciso VI, alínea 'd', da Constituição Federal para as mercadorias importadas, encaminhou carta de cobrança relativa exclusivamente às contribuições sociais constituídas no auto de infração (fls. 647/654). Ciente da cartacobrança e os fundamentos para a exigência que restou mantida, a contribuinte informou a interposição de recurso voluntário "no qual se requerer não só o reconhecimento da imunidade tributária mediante decisão transitada cm julgado, como também a aplicação da alíquota zero incidente sobre Contribuição Sociais, dando por certa a classificação das mercadorias na NCM 4901.99.00". O processo foi então encaminhado para este Conselho para julgamento do recurso voluntário, fazendose acompanhado de despacho da Unidade de Origem para, no entender de seus signatário, prosseguimento quanto à matéria diferenciada da abrangida na ação judicial, pois observado o disposto na letra "b" do ADN/COSIT nº 3, de 14/02/1996. É o relatório. Fl. 688DF CARF MF Processo nº 10880.720103/201065 Acórdão n.º 3201004.200 S3C2T1 Fl. 689 4 Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator O Recurso Voluntário atende ao requisito de tempestividade. O Mandado de Segurança nº 2008.61.05.126507 foi impetrado (03/12/2008) para a contribuinte ver mantida a classificação fiscal pretendida e a liberação da carga; todavia, a liminar foi indeferida, a segurança denegada e o pedido julgado improcedente. O recurso de apelação impetrado no TRF3ª Região foi recebido sem efeito suspensivo. Nulidade Preliminarmente, a recorrente aduz a nulidade do auto de infração sob o fundamento de que a matéria foi decidida pelo Poder Judiciário. A vedação à lavratura de auto de infração ou a decretação de sua nulidade no âmbito das decisões judiciais devem ser cumpridas pela autoridade administrativa independente de julgamento ou manifestação dos julgadores administrativos. Assim, não é o caso deste CARF decretar nulidade de auto de infração sob o fundamento de decisão judicial com provimento do mérito favorável ao contribuinte. As hipóteses de nulidade são aquelas determinadas no Decreto nº 70.235/72 que rege o processo administrativo fiscal (art.59). Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Nos autos não se tem presente situações que demonstram lançamento realizado em desatendimento a formalidades legais ou que incorreu em cerceamento de direito de defesa ao contribuinte. Mérito Depreendese do relatório, inconteste a ação judicial interposta pela DEVIR para ver declarada e reconhecida a imunidade de impostos, de que trata o art. 150, VI, "d" da CF/88, sobre a importação de bens que considera livros e tenha o mesmo tratamento tributário deste. Simultaneamente ao julgamento deste processo, há outros sete que tratam de exigência de impostos e contribuições vinculados à importação, com a situação peculiar que nestes, mais recentes, vieram aos autos o conhecimento da Ação Ordinária n° 0020040 60.2013.4.03.6100, proposta pela contribuinte em que se discute a tributação das contribuições para PIS e Cofins e classificação fiscal dos cards. Fl. 689DF CARF MF Processo nº 10880.720103/201065 Acórdão n.º 3201004.200 S3C2T1 Fl. 690 5 Na impugnação (fls.143/160) não há inconformismo da contribuinte quanto à exigência das contribuições para o PIS/Pasep e para a Cofins, vinculados à importação. Apenas contesta que a (re)classificação laborada pelo Fisco é incorreta, afirma que a mercadoria está alcançada pela indigitada imunidade constitucional e aponta para a Ação Ordinária nº 2009.61.00.0115142. A matéria redução a zero das alíquotas de PIS e Cofins na importação de livros e sobre a receita bruta decorrente de sua revenda no mercado interno (arts. 8ª, § 12º, XII e 28, VI da Lei nº 10.865/2004) somente foi suscitada em sede de recurso voluntário. Eis a razão para os julgadores não enfrentarem naquele julgamento, ainda que para tãosó reconhecer ou não a concomitância. Portanto, referida matéria estaria alcançada pela preclusão nos termos dos art. 14 a 17 do Decreto nº 70.235/72 PAF, uma vez que não impugnada no momento legalmente previsto e não comprovado qualquer dos requisitos do art. 16, § 4º do PAF que autorize a excepcionalidade temporal. Contudo, adoto a posição externada pela maioria dos demais Conselheiros desta Turma durante os debates na sessão de julgamento para que seja apreciada a concomitância, também em relação às contribuições e à classificação fiscal. Assim, este julgamento cingese a verificar os exatos termos e extensão das matérias com coincidência de objetos entre as ações judicial e administrativa, para decidir quanto à concomitância, eis que a teor da Súmula CARF nº 1 seus efeitos independem da interposição da ação judicial em relação à data do lançamento de ofício. Passemos ao enfrentamento da concomitância. Ação Ordinária (declaratória) n° 2009.61.00.0115142 Imunidade do art. 150, VI, "d" da CF/88 (impostos) Esta ação foi proposta pela contribuinte em 15/09/2009 enquanto permaneciam retidas mercadorias em unidades de despacho aduaneiro. Teve como pedido a declaração e reconhecimento da imunidade prevista no art. 150, incisos VI, alínea "d", da CF/88, ou seja, requereu a imunidade para o imposto de importação II e para o Imposto sobre Produtos Industrializados IPIimportação. O acórdão recorrido, conquanto possa ter se equivocado quanto à identificação da mercadoria importada entendeu tratarse de "cards pokemon" e não "cards magic" e ao contrário do que aduz a recorrente, abordou, também, Ação Ordinária que versou o direito à imunidade constitucional prevista no art. 150, VI, "d". Dessa forma, importa observar que a decisão recorrida deixou de conhecer a impugnação apresentada por verificar a existência de concomitância de objeto das matérias em discussão judicial e administrativa travada pelo contribuinte. A concomitância de objeto tratado neste processo administrativa há de exsurgir na petição inicial e/ou na sentença ou acórdão que resolve a ação judicial. Fl. 690DF CARF MF Processo nº 10880.720103/201065 Acórdão n.º 3201004.200 S3C2T1 Fl. 691 6 A DEVIR assinalou em sua impugnação que a medida pretendida no Judiciário foi a imunidade constitucional, disposta no art. 150, inciso VI, alínea "d" da CF/881 (fl. 159), portanto, delimitada apenas aos impostos. No relatório da Ação Ordinária, temse o resumo do pedido (fl. 548): Na sentença manifestouse o magistrado (fl. 550): A decisão, prolatada em 22/03/2011, foi assim redigida (fl. 554): Dessa forma quanto ao II e IPIimportação, com fundamento na existência simultânea da Ação Ordinária nº 2009.61.00.0115142 resta caracterizada a concomitância e, portanto, nesta parte o recurso não deve ser conhecido. Ação Ordinária (declaratória) n° 002004060.2013.4.03.6100 contribuições para PIS e Cofins e classificação fiscal Impende ressaltar que a tributação das contribuições para o PIS e para a Cofins não foi objeto da Ação Ordinária nº 2009.61.00.0115142. 1 Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: [...] VI instituir impostos sobre: [...] d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. Fl. 691DF CARF MF Processo nº 10880.720103/201065 Acórdão n.º 3201004.200 S3C2T1 Fl. 692 7 A consulta da movimentação processual da JF/SP, realizada pela unidade preparadora nos autos do processo nº 10880.720103/201065, indicou a rejeição dos embargos de declaração interpostos pela União e a decisão/despacho daquele Juízo delimitou a sentença à imunidade concedida apenas aos impostos, conforme imagem: Dessa forma, a contribuinte sentiuse impelida a buscar provimento judicial para ter afastada a exigência de Pis e Cofins vinculados às importações de cards, uma vez que a imunidade dos livros alcança apenas os impostos. A Ação Ordinária n° 002004060.2013.4.03.6100 buscou o Judiciário para ver declarada a inexistência de relação jurídica quanto à incidência tributária no tocante à importação de cards, além do direito à classificação no código tarifário 4901.99.00 e à aplicação da alíquota zero do PIS e Cofins, na importação e revenda no mercado interno, prevista nos arts. 8º, inciso XII e 28, inciso VI, ambos da Lei nº 10.865/2004. Da petição inicial (fls. 228/261) consta: Fl. 692DF CARF MF Processo nº 10880.720103/201065 Acórdão n.º 3201004.200 S3C2T1 Fl. 693 8 E o "Pedido" ao seu final: Fl. 693DF CARF MF Processo nº 10880.720103/201065 Acórdão n.º 3201004.200 S3C2T1 Fl. 694 9 Como se vê, na ação ordinária tratada neste tópico é expressamente requerido o provimento quanto à aplicação da alíquota zero do PIS e Cofins, na importação e revenda no mercado interno, prevista nos arts. 8º, inciso XII e 28, inciso VI, ambos da Lei nº 10.865/2004 e à classificação fiscal equivalente aos livros. Não restam dúvidas que na Ação Ordinária n° 002004060.2013.4.03.6100 os objetos, partes e pedidos são idênticos ao litigados nestes autos, do que decorre a concomitância entre referidos processos, atraindo a aplicação da Súmula CARF nº 1: Súmula CARF nº 1: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Conclusão Destarte, inegável a concomitância da matéria discutida em sede de Impugnação e reiterada em Recurso Voluntário com aquelas discutidas em Ações Ordinárias, aplicandose ao caso o enunciado da Súmula CARF nº 1: Súmula CARF nº 1: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Pelo exposto, rejeito a preliminar de nulidade do auto de infração e, no mérito, voto por não conhecer do recurso interposto pela contribuinte quanto à incidência de impostos e contribuições para o PIS/Pasep e Cofins vinculados à importação de mercadorias e à classificação fiscal dos "cards", em razão da concomitância, aplicandose a Súmula CARF nº 1. (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Fl. 694DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15771.721467/2012-85
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 30 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Sep 25 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 19/03/2012, 27/03/2012
CONCOMITÂNCIA. NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO VOLUNTÁRIO. APLICAÇÃO DA SÚMULA CARF Nº 1. NULIDADES
Não se conhece da lide administrativa quando houver a propositura de ação judicial pelo sujeito passivo com o mesmo objeto do processo administrativo. Aplicação da Súmula CARF nº 1.
A concomitância entre processos administrativo e judicial não constitui motivo para decretação administrativa da nulidade do auto de infração ou do processo administrativo fiscal.
In casu, a imunidade de impostos e a incidência de contribuições para o PIS e Cofins, vinculados à importação, e a classificação fiscal versaram nos processos administrativo e judicial
LANÇAMENTO. PREVENÇÃO DE DECADÊNCIA. MULTA DE OFÍCIO. ART. 63 E § 1º DA LEI Nº 9.430/1996
A concessão de provimento judicial que assegura a suspensão da exigibilidade do crédito tributário antes do início de procedimento fiscal relativo à sua apuração impede a aplicação de multa de ofício.
Numero da decisão: 3201-004.202
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer em parte do Recurso em razão da concomitância, para, na parte conhecida, rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, excluir a multa de ofício aplicada sobre o II e IPI.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201808
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Data do fato gerador: 19/03/2012, 27/03/2012 CONCOMITÂNCIA. NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO VOLUNTÁRIO. APLICAÇÃO DA SÚMULA CARF Nº 1. NULIDADES Não se conhece da lide administrativa quando houver a propositura de ação judicial pelo sujeito passivo com o mesmo objeto do processo administrativo. Aplicação da Súmula CARF nº 1. A concomitância entre processos administrativo e judicial não constitui motivo para decretação administrativa da nulidade do auto de infração ou do processo administrativo fiscal. In casu, a imunidade de impostos e a incidência de contribuições para o PIS e Cofins, vinculados à importação, e a classificação fiscal versaram nos processos administrativo e judicial LANÇAMENTO. PREVENÇÃO DE DECADÊNCIA. MULTA DE OFÍCIO. ART. 63 E § 1º DA LEI Nº 9.430/1996 A concessão de provimento judicial que assegura a suspensão da exigibilidade do crédito tributário antes do início de procedimento fiscal relativo à sua apuração impede a aplicação de multa de ofício.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Sep 25 00:00:00 UTC 2018
numero_processo_s : 15771.721467/2012-85
anomes_publicacao_s : 201809
conteudo_id_s : 5911590
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Oct 04 00:00:00 UTC 2018
numero_decisao_s : 3201-004.202
nome_arquivo_s : Decisao_15771721467201285.PDF
ano_publicacao_s : 2018
nome_relator_s : PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
nome_arquivo_pdf_s : 15771721467201285_5911590.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer em parte do Recurso em razão da concomitância, para, na parte conhecida, rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, excluir a multa de ofício aplicada sobre o II e IPI. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza - Presidente (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
dt_sessao_tdt : Thu Aug 30 00:00:00 UTC 2018
id : 7438240
ano_sessao_s : 2018
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:27:33 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713050873047810048
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1839; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C2T1 Fl. 283 1 282 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 15771.721467/201285 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3201004.202 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 30 de agosto de 2018 Matéria II AUTO DE INFRAÇÃO Recorrente DEVIR LIVRARIA LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 19/03/2012, 27/03/2012 CONCOMITÂNCIA. NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO VOLUNTÁRIO. APLICAÇÃO DA SÚMULA CARF Nº 1. NULIDADES Não se conhece da lide administrativa quando houver a propositura de ação judicial pelo sujeito passivo com o mesmo objeto do processo administrativo. Aplicação da Súmula CARF nº 1. A concomitância entre processos administrativo e judicial não constitui motivo para decretação administrativa da nulidade do auto de infração ou do processo administrativo fiscal. In casu, a imunidade de impostos e a incidência de contribuições para o PIS e Cofins, vinculados à importação, e a classificação fiscal versaram nos processos administrativo e judicial LANÇAMENTO. PREVENÇÃO DE DECADÊNCIA. MULTA DE OFÍCIO. ART. 63 E § 1º DA LEI Nº 9.430/1996 A concessão de provimento judicial que assegura a suspensão da exigibilidade do crédito tributário antes do início de procedimento fiscal relativo à sua apuração impede a aplicação de multa de ofício. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer em parte do Recurso em razão da concomitância, para, na parte conhecida, rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, excluir a multa de ofício aplicada sobre o II e IPI. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 77 1. 72 14 67 /2 01 2- 85 Fl. 283DF CARF MF Processo nº 15771.721467/201285 Acórdão n.º 3201004.202 S3C2T1 Fl. 284 2 (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório Para bem relatar os fatos, transcrevese o relatório da decisão proferida pela autoridade a quo, com as correções pertinentes: Trata o presente processo de autos de infração lavrados para exigência de créditos tributários no valor de R$309.036,09, referente a Imposto de Importação, IPI, CofinsImportação e Pis/PasepImportação, acompanhados dos juros moratórios. Depreendese da descrição dos fatos dos autos de infração que a interessada registrou a Declaração de Importação n.º 12/05590228 e 12/05093712, em [27/03/2012 e 19/03/2012,respectivamente], para amparar a importação de mercadorias classificadas na NCM 4901.99.00, relativa a "Outros Livros, Brochuras e Impressos Semelhantes", quando o correto, segundo a fiscalização, seria na NCM 9504.40.00 por tratarse de cartas de jogar para crianças. A interessada impetrou ação Declaratória n.º 001151446.2009.4.03.6100 [em 15/05/2009] para ver declarada a imunidade das mercadorias denominadas “cards magic”, obtendo execução de sentença favorável à interessada no processo n.º 001086428.2011.403.6100. A fiscalização, após análise da importação, concluindo que as mercadorias classificavamse na NCM 9504.40.00, lavrou o auto de infração em apreço para a constituição do crédito tributário relativo aos tributos devidos na importação realizada pela interessada. Não consta nos autos a suspensão da exigibilidade em vista da decisão judicial favorável à autuada [a suspensão da exigibilidade do crédito tributário consta do extrato de consulta da JF/SP juntado no processo nº 10880.720103/201065] . Devidamente cientificada da autuação, a interessada apresentou impugnação para requerer a nulidade dos autos de infração, tendo em vista a existência de ação judicial com decisão favorável que declara a imunidade das mercadorias importadas (“cards magic”). O relatório da decisão a quo deve ser complementado. O registro das DIs (19/03/2012 e 27/03/2012) e a lavratura do auto de infração (04/04/2012) para a exigência dos tributos (impostos e contribuições sociais) na Fl. 284DF CARF MF Processo nº 15771.721467/201285 Acórdão n.º 3201004.202 S3C2T1 Fl. 285 3 importação de cards pela DEVIR são posteriores ao Acórdão no RE nº 656.203 (15/09/2011), interposto pela União, em face da sentença na AO nº 2009.61.00.0115142, de 22/03/2010, confirmada em sede de Apelação no TRF/3ª Região (27/01/2011), na qual a contribuinte teve seu pedido deferido (imunidade dos livros (e cards) aos impostos art. 150, VI, "d"). Na impugnação, a DEVIR afirma que o Agravo Regimental interposto pela União no RE 656.203 (07/11/2011) não possui efeito suspensivo e por ser a sentença obtida em 1º Grau declaratória, prescinde de execução e deve ser cumprida de imediato, pois a decisão judicial "já definiu a matéria ora tratada". A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Florianópolis/SC por intermédio da 1ª Turma, no Acórdão nº 0733.404, sessão de 27/11/2013, julgou improcedente a impugnação e manteve o crédito tributário lançado. A decisão foi assim ementada: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 27/03/2012, 19/03/2012 CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. AÇÃO JUDICIAL. DECISÃO DEFINITIVA. A existência de ação judicial que discuta a mesma matéria objeto de auto de infração, mesmo com decisão favorável ao impetrante não transitada em julgado, não afasta a constituição do mesmo através de auto de infração ou lançamento, tendo em vista a prevenção da decadência. Impugnação Não Conhecida Crédito Tributário Mantido Inconformada a contribuinte, apresentou recurso voluntário no qual aduz: Propôs a Ação Declaratória, n° 002004060.2013.4.03.6100 (31/12/2013), para obter o reconhecimento da correção da classificação das mercadorias na NCM 4901.99.00, para ser aplicada a incidência de ALÍQUOTA ZERO sobre o recolhimento das contribuições sobre produtos equiparados ou complemento de Livros; Na data de interposição do recurso voluntário, a referida ação declaratória encontravase em fase de Apelação no TRF/ 3ª Região desde 07/01/2014. A Lei nº 10.865/2004 nos arts. 8º, inciso XII e 28, inciso VI assegura a alíquota zero de PIS e Cofins, na importação e revenda no mercado interno, para livros e produtos equiparados ou seus complementos; A classificação dos cards no código tarifário 4901.99.00 da TEC/TIPI está confirmada nas decisões judiciais e a expressão "NT" não tributada (na TIPI) garante sua imunidade tributária (além da alíquota zero na Lei nº 10.865/04); Por fim, requer que a insubsistência da decisão recorrida e a declaração de nulidade do presente processo É o relatório. Fl. 285DF CARF MF Processo nº 15771.721467/201285 Acórdão n.º 3201004.202 S3C2T1 Fl. 286 4 Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator O Recurso Voluntário atende ao requisito de tempestividade. Nulidade Preliminarmente, a recorrente aduz a nulidade do auto de infração sob o fundamento de que a matéria foi decidida pelo Poder Judiciário. A vedação à lavratura de auto de infração ou a decretação de sua nulidade no âmbito das decisões judiciais devem ser cumpridas pela autoridade administrativa independente de julgamento ou manifestação dos julgadores administrativos. Assim, não é o caso deste CARF decretar nulidade de auto de infração sob o fundamento de decisão judicial com provimento do mérito favorável ao contribuinte. As hipóteses de nulidade são aquelas determinadas no Decreto nº 70.235/72 que rege o processo administrativo fiscal (art.59). Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Nos autos não se tem presente situações que demonstram lançamento realizado em desatendimento a formalidades legais ou que incorreu em cerceamento de direito de defesa ao contribuinte. Mérito O cerne do litígio é a exigência de tributos (impostos e contribuições) vinculados à importação de bens, que no caso da recorrente tratase de cards ou "figurinhas" que entende estar albergada na definição de livros, e estes imunes a impostos e com alíquota zero, nas contribuições para o PIS e Cofins. Tais tributos tem regramentos distintos e foram objetos de diferentes ações judiciais. Ação Ordinária (declaratória) n° 2009.61.00.0115142 Imunidade do art. 150, VI, "d" da CF/88 (impostos) Esta ação foi proposta pela contribuinte em 15/09/2009 enquanto permaneciam retidas mercadorias em unidades de despacho aduaneiro. Teve como pedido a declaração e reconhecimento da imunidade prevista no art. 150, incisos VI, alínea "d", da CF/88, ou seja, requereu a imunidade para o imposto de importação II e para o Imposto sobre Produtos Industrializados IPIimportação. Fl. 286DF CARF MF Processo nº 15771.721467/201285 Acórdão n.º 3201004.202 S3C2T1 Fl. 287 5 O pedido foi julgado procedente pela 26ª Vara da JF/SP (22/03/2010), confirmada no TRF da 3ª Região (27/01/2011) que negou provimento à apelação da União, que interpôs Recurso Extraordinário. Foi proferido despacho pelo titular da 26ª Vara da JF/SP para manifestação da União acerca do cumprimento da sentença na referida Ação, pois seu seguimento aos tribunais superiores deramse sem efeitos suspensivos, ou seja, implicava o cumprimento imediato por se tratar de ação declaratória de direito à contribuinte. A seguir excerto da sentença, com o pedido da DEVIR: A decisão, prolatada em 22/03/2011, foi assim redigida: As DIs 12/05093712 e 12/05590228 foram registradas (19/03/2012 e 27/03/2012, respectivamente) e o auto de infração foi lavrado (04/04/2012) para a exigência de tributos (II, IPI, PIS e Cofins) enquanto pendia o trânsito em julgado da Ação, pronunciado em 27/11/2012. Está evidente a concomitância entre as ações judicial e administrativa, pois têm em comum partes, objeto e pedido. Antes mesmo da autuação fiscal fora intentada a Ação Ordinária nº 2009.61.00.0115142 com fins à imunidade de impostos na importação II e IPI_importação de cards/figurinhas. Depreendese dos autos que a exigência desses impostos deuse com a incidência de multa de ofício. A decisão recorrida assinalou que o crédito tributário foi constituído com a finalidade de prevenir a decadência, conquanto este fato não foi explicitado no auto de infração, mas decorreu da Ação Ordinária, conforme descrito pela autoridade autuante. Contudo, entendo que há de se excluir a multa de ofício, em razão da aplicação do disposto no art. 63 e § 1º da Lei nº 9.430/96: Art. 63. Na constituição de crédito tributário destinada a prevenir a decadência, relativo a tributo de competência da União, cuja exigibilidade houver sido suspensa na forma dos Fl. 287DF CARF MF Processo nº 15771.721467/201285 Acórdão n.º 3201004.202 S3C2T1 Fl. 288 6 incisos IV e V do art. 151 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, não caberá lançamento de multa de ofício. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) § 1º O disposto neste artigo aplicase, exclusivamente, aos casos em que a suspensão da exigibilidade do débito tenha ocorrido antes do início de qualquer procedimento de ofício a ele relativo Dessa forma quanto ao II e IPIimportação, com fundamento na existência simultânea da Ação Ordinária nº 2009.61.00.0115142 e do referido processo o recurso deve ser conhecido parcialmente, apenas para excluir as multas impostas. Ação Ordinária (declaratória) n° 002004060.2013.4.03.6100 contribuições para PIS e Cofins e classificação fiscal Impende ressaltar que a tributação das contribuições para o PIS e para a Cofins não foi objeto da Ação Ordinária nº 2009.61.00.0115142. A consulta da movimentação processual da JF/SP, realizada pela unidade preparadora nos autos do processo nº 10880.720103/201065, indicou a rejeição dos embargos de declaração interpostos pela União e a decisão/despacho daquele Juízo delimitou a sentença à imunidade concedida apenas aos impostos, conforme imagem: Fl. 288DF CARF MF Processo nº 15771.721467/201285 Acórdão n.º 3201004.202 S3C2T1 Fl. 289 7 Dessa forma, a contribuinte sentiuse impelida a buscar provimento judicial para ter afastada a exigência de Pis e Cofins vinculados às importações de cards, uma vez que a imunidade dos livros alcança apenas os impostos. A Ação Ordinária n° 002004060.2013.4.03.6100 buscou o Judiciário para ver declarada a inexistência de relação jurídica quanto à incidência tributária no tocante à importação de cards, além do direito à classificação no código tarifário 4901.99.00 e à aplicação da alíquota zero do PIS e Cofins, na importação e revenda no mercado interno, prevista nos arts. 8º, inciso XII e 28, inciso VI, ambos da Lei nº 10.865/2004. Da petição inicial (fls. 247/280) consta: E o "Pedido" ao seu final: Fl. 289DF CARF MF Processo nº 15771.721467/201285 Acórdão n.º 3201004.202 S3C2T1 Fl. 290 8 Quanto à correta classificação fiscal, manifesteime no voto do processo nº 10880.720103/201065 o entendimento que o enfrentamento da matéria restou igualmente prejudicado em decorrência da concomitância. Isto porque, a classificação pretendida para os cards o faz igualar aos livros e este é o tema central do litígio cuja decisão final é prerrogativa única do Poder Judiciário e, portanto, prejudicada sua análise naqueles autos. Como se vê, na ação ordinária tratada neste tópico é expressamente requerido o provimento quanto á classificação fiscal equivalente aos livros. Não restam dúvidas que na Ação Ordinária n° 002004060.2013.4.03.6100 os objetos, partes e pedidos são idênticos ao litigados nestes autos, do que decorre a concomitância entre referidos processos, atraindo a aplicação da Súmula CARF nº 1: Súmula CARF nº 1: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Relativamente à multa de ofício incidentes sobre o PISimportação e Cofins importação exigidos, a situação dos autos não permite aplicação da excludente prevista no art. 63 c/c § 1º da Lei nº 9.430/96, ou seja, na lavratura do auto de infração, em 01/03/2012, sequer havia a interposição de Ação Judicial com a discussão da incidência de PIS e Cofins vinculados à importação de cards, que fora protocolada em 31/10/2013 e, portanto, nenhuma medida que impusesse a suspensão da exigibilidade do crédito tributário na forma dos incisos IV e V do art. 151 do CTN. Fl. 290DF CARF MF Processo nº 15771.721467/201285 Acórdão n.º 3201004.202 S3C2T1 Fl. 291 9 Conclusão Pelo exposto, rejeito a preliminar de nulidade do auto de infração e do presente processo administrativo e, no mérito, voto para conhecer parcialmente o recurso voluntário para excluir a multa de ofício aplicada sobre o II e IPI, e não conhecêlo, em razão da concomitância, relativamente (i) à exigência de II, IPIimportação, PISimportação e Cofinsimportação e (ii) à classificação fiscal dos cards importados na NCM 4901.99.00, por aplicação da Súmula CARF nº 1. (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Fl. 291DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10410.901849/2013-57
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 25 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri May 17 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/10/2009 a 31/12/2009
NÃO-CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. CONCEITO DE INSUMOS
O alcance do conceito de insumo, segundo o regime da não-cumulatividade do PIS Pasep e da COFINS é aquele em que o os bens e serviços cumulativamente atenda aos requisitos de (i) essencialidade ou relevância com/ao processo produtivo ou prestação de serviço; e sua (ii) aferição, por meio do cotejo entre os elementos (bens e serviços) e a atividade desenvolvida pela empresa.
PROCESSO PRODUTIVO. PRODUÇÃO DE AÇÚCAR E ÁLCOOL. ETAPA AGRÍCOLA. CUSTOS. CRÉDITO
Os custos incorridos com bens e serviços aplicados no cultivo da cana de açúcar guardam estreita relação de relevância e essencialidade com o processo produtivo das variadas formas e composição do álcool e do açúcar e configuram custo de produção, razão pela qual integram a base de cálculo do crédito das contribuições não-cumulativas.
REGIME NÃO CUMULATIVO. GASTOS COM FRETE. TRANSPORTE DE BENS COM DIREITO A CRÉDITO. DIREITO À APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO NA DESPESA DE FRETE.
No âmbito do regime não cumulativo da Cofins, a despesa com transporte de bens utilizado como insumos na produção/industrialização de bens destinados à venda, suportado pelo comprador, e devida à pessoa jurídica, propicia a dedução de crédito se incluído no custo de aquisição dos bens.
CRÉDITOS DE INSUMOS. CONTRIBUIÇÕES NÃO-CUMULATIVAS. SERVIÇOS E PEÇAS DE MANUTENÇÃO DE VEÍCULOS, MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NO PROCESSO PRODUTIVO.
Os serviços e bens utilizados na manutenção de veículos, máquinas e equipamentos utilizados no processo produtivo geram direito a crédito das contribuições para o PIS e a COFINS não-cumulativos.
VEÍCULOS, MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. CRÉDITO SOBRE DEPRECIAÇÃO. UTILIZAÇÃO EM ETAPAS DO PROCESSO PRODUTIVO E DE INDUSTRIALIZAÇÃO.
A pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados sobre encargos de depreciação em relação a veículos, máquinas e equipamentos adquiridos e utilizados em etapas pertinentes e essenciais à produção e à fabricação de produtos destinados à venda, conforme disciplinado pela Secretaria da Receita Federal em sua legislação (IN SRF nº 457/2004).
REGIME NÃO-CUMULATIVO. DESPESAS COM ARMAZENAGEM E FRETES NA OPERAÇÃO DE VENDA.
Concede-se direito à apuração de crédito às despesas de armazenagem e frete contratado relacionado a operações de venda, desde que amparado em documentos fiscal e o ônus tenha sido suportado pela pessoa jurídica vendedor e pago à pessoa jurídica beneficiária domiciliada no País.
Numero da decisão: 3201-005.295
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, apenas para conceder o crédito das contribuições para o PIS/Cofins, revertendo-se as glosas efetuadas, atendidos os demais requisitos dos §§ 2º e 3º dos arts. 3º das Leis nºs. 10.637/2002 e 10.833/2003 e legislação pertinente à matéria: I - Serviços utilizados como insumos na fase agrícola: (item 1.1) Serviços de Terceiros-Equipamentos Agrícolas: serviços de manutenção e solda em equipamentos agrícolas e de irrigação, e serviços de "lavagem de roupas-herbicidas"; (item 1.2) Manutenção e Reparo de Equipamentos Agrícolas: peças aplicadas por terceiros na manutenção de implementos agrícolas e irrigação; (item 1.3) Fretes de compra (apenas para os valores comprovados através da apresentação de Conhecimento de Carga); e (item 1.4) Transporte de cana (bens aplicados em veículos próprios, utilizados no transporte de cana); II - Bens utilizados como insumos na fase agrícola (item "1.2"): Óleo Diesel, Material Lubrificante, Pneus e Câmaras, Material de Manutenção, utilizados em veículos empregados especificamente na movimentação e transporte da cana-de-açúcar e nos centros de custos relacionados à fase agrícola, tais como: Adutoras, Pivôs, Carregadeiras, Grades, Fazendas, Tratores, Sulcador, Aplicação de Herbicidas, Produção de Mudas; III - Bens e serviços utilizados na fase industrial de fabricação de açúcar e álcool (itens "4.1" e "4.2") - transporte de resíduos industriais; serviços de dedetização, desde que nas instalações das atividades produtivas; produtos químicos, desde que utilizados na limpeza de instalações industriais; e produtos químicos específicos para tratamento de águas; IV - Encargos de depreciação de bens utilizados na fase agrícola: tratores, colheitadeiras, caminhões, reboques e outros bens utilizados na agricultura ou transporte da cana; e V - Despesas com armazenagem e fretes nas operações de vendas.
(assinado digitalmente)
Paulo Roberto Duarte Moreira - Presidente em Exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Giovani Vieira, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Leonardo Correia Lima Macedo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Marcos Roberto da Silva (suplente convocado em substituição ao conselheiro Charles Mayer de Castro Souza), Tatiana Josefovicz Belisario, Laercio Cruz Uliana Junior e Paulo Roberto Duarte Moreira (Presidente em Exercício). Ausente o conselheiro Charles Mayer de Castro Souza.
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201904
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/10/2009 a 31/12/2009 NÃO-CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. CONCEITO DE INSUMOS O alcance do conceito de insumo, segundo o regime da não-cumulatividade do PIS Pasep e da COFINS é aquele em que o os bens e serviços cumulativamente atenda aos requisitos de (i) essencialidade ou relevância com/ao processo produtivo ou prestação de serviço; e sua (ii) aferição, por meio do cotejo entre os elementos (bens e serviços) e a atividade desenvolvida pela empresa. PROCESSO PRODUTIVO. PRODUÇÃO DE AÇÚCAR E ÁLCOOL. ETAPA AGRÍCOLA. CUSTOS. CRÉDITO Os custos incorridos com bens e serviços aplicados no cultivo da cana de açúcar guardam estreita relação de relevância e essencialidade com o processo produtivo das variadas formas e composição do álcool e do açúcar e configuram custo de produção, razão pela qual integram a base de cálculo do crédito das contribuições não-cumulativas. REGIME NÃO CUMULATIVO. GASTOS COM FRETE. TRANSPORTE DE BENS COM DIREITO A CRÉDITO. DIREITO À APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO NA DESPESA DE FRETE. No âmbito do regime não cumulativo da Cofins, a despesa com transporte de bens utilizado como insumos na produção/industrialização de bens destinados à venda, suportado pelo comprador, e devida à pessoa jurídica, propicia a dedução de crédito se incluído no custo de aquisição dos bens. CRÉDITOS DE INSUMOS. CONTRIBUIÇÕES NÃO-CUMULATIVAS. SERVIÇOS E PEÇAS DE MANUTENÇÃO DE VEÍCULOS, MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NO PROCESSO PRODUTIVO. Os serviços e bens utilizados na manutenção de veículos, máquinas e equipamentos utilizados no processo produtivo geram direito a crédito das contribuições para o PIS e a COFINS não-cumulativos. VEÍCULOS, MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. CRÉDITO SOBRE DEPRECIAÇÃO. UTILIZAÇÃO EM ETAPAS DO PROCESSO PRODUTIVO E DE INDUSTRIALIZAÇÃO. A pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados sobre encargos de depreciação em relação a veículos, máquinas e equipamentos adquiridos e utilizados em etapas pertinentes e essenciais à produção e à fabricação de produtos destinados à venda, conforme disciplinado pela Secretaria da Receita Federal em sua legislação (IN SRF nº 457/2004). REGIME NÃO-CUMULATIVO. DESPESAS COM ARMAZENAGEM E FRETES NA OPERAÇÃO DE VENDA. Concede-se direito à apuração de crédito às despesas de armazenagem e frete contratado relacionado a operações de venda, desde que amparado em documentos fiscal e o ônus tenha sido suportado pela pessoa jurídica vendedor e pago à pessoa jurídica beneficiária domiciliada no País.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Fri May 17 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 10410.901849/2013-57
anomes_publicacao_s : 201905
conteudo_id_s : 6008121
dt_registro_atualizacao_tdt : Sat May 18 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 3201-005.295
nome_arquivo_s : Decisao_10410901849201357.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
nome_arquivo_pdf_s : 10410901849201357_6008121.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, apenas para conceder o crédito das contribuições para o PIS/Cofins, revertendo-se as glosas efetuadas, atendidos os demais requisitos dos §§ 2º e 3º dos arts. 3º das Leis nºs. 10.637/2002 e 10.833/2003 e legislação pertinente à matéria: I - Serviços utilizados como insumos na fase agrícola: (item 1.1) Serviços de Terceiros-Equipamentos Agrícolas: serviços de manutenção e solda em equipamentos agrícolas e de irrigação, e serviços de "lavagem de roupas-herbicidas"; (item 1.2) Manutenção e Reparo de Equipamentos Agrícolas: peças aplicadas por terceiros na manutenção de implementos agrícolas e irrigação; (item 1.3) Fretes de compra (apenas para os valores comprovados através da apresentação de Conhecimento de Carga); e (item 1.4) Transporte de cana (bens aplicados em veículos próprios, utilizados no transporte de cana); II - Bens utilizados como insumos na fase agrícola (item "1.2"): Óleo Diesel, Material Lubrificante, Pneus e Câmaras, Material de Manutenção, utilizados em veículos empregados especificamente na movimentação e transporte da cana-de-açúcar e nos centros de custos relacionados à fase agrícola, tais como: Adutoras, Pivôs, Carregadeiras, Grades, Fazendas, Tratores, Sulcador, Aplicação de Herbicidas, Produção de Mudas; III - Bens e serviços utilizados na fase industrial de fabricação de açúcar e álcool (itens "4.1" e "4.2") - transporte de resíduos industriais; serviços de dedetização, desde que nas instalações das atividades produtivas; produtos químicos, desde que utilizados na limpeza de instalações industriais; e produtos químicos específicos para tratamento de águas; IV - Encargos de depreciação de bens utilizados na fase agrícola: tratores, colheitadeiras, caminhões, reboques e outros bens utilizados na agricultura ou transporte da cana; e V - Despesas com armazenagem e fretes nas operações de vendas. (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira - Presidente em Exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Giovani Vieira, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Leonardo Correia Lima Macedo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Marcos Roberto da Silva (suplente convocado em substituição ao conselheiro Charles Mayer de Castro Souza), Tatiana Josefovicz Belisario, Laercio Cruz Uliana Junior e Paulo Roberto Duarte Moreira (Presidente em Exercício). Ausente o conselheiro Charles Mayer de Castro Souza.
dt_sessao_tdt : Thu Apr 25 00:00:00 UTC 2019
id : 7745125
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:44:45 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051907654680576
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 30; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2028; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C2T1 Fl. 1.850 1 1.849 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10410.901849/201357 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3201005.295 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 25 de abril de 2019 Matéria COFINS NÃO CUMULATIVO PEDIDO DE RESSARCIMENTO Recorrente TRIUNFO AGROINDUSTRIAL LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/10/2009 a 31/12/2009 NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. CONCEITO DE INSUMOS O alcance do conceito de insumo, segundo o regime da nãocumulatividade do PIS Pasep e da COFINS é aquele em que o os bens e serviços cumulativamente atenda aos requisitos de (i) essencialidade ou relevância com/ao processo produtivo ou prestação de serviço; e sua (ii) aferição, por meio do cotejo entre os elementos (bens e serviços) e a atividade desenvolvida pela empresa. PROCESSO PRODUTIVO. PRODUÇÃO DE AÇÚCAR E ÁLCOOL. ETAPA AGRÍCOLA. CUSTOS. CRÉDITO Os custos incorridos com bens e serviços aplicados no cultivo da cana de açúcar guardam estreita relação de relevância e essencialidade com o processo produtivo das variadas formas e composição do álcool e do açúcar e configuram custo de produção, razão pela qual integram a base de cálculo do crédito das contribuições nãocumulativas. REGIME NÃO CUMULATIVO. GASTOS COM FRETE. TRANSPORTE DE BENS COM DIREITO A CRÉDITO. DIREITO À APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO NA DESPESA DE FRETE. No âmbito do regime não cumulativo da Cofins, a despesa com transporte de bens utilizado como insumos na produção/industrialização de bens destinados à venda, suportado pelo comprador, e devida à pessoa jurídica, propicia a dedução de crédito se incluído no custo de aquisição dos bens. CRÉDITOS DE INSUMOS. CONTRIBUIÇÕES NÃOCUMULATIVAS. SERVIÇOS E PEÇAS DE MANUTENÇÃO DE VEÍCULOS, MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NO PROCESSO PRODUTIVO. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 41 0. 90 18 49 /2 01 3- 57 Fl. 1850DF CARF MF Processo nº 10410.901849/201357 Acórdão n.º 3201005.295 S3C2T1 Fl. 1.851 2 Os serviços e bens utilizados na manutenção de veículos, máquinas e equipamentos utilizados no processo produtivo geram direito a crédito das contribuições para o PIS e a COFINS nãocumulativos. VEÍCULOS, MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. CRÉDITO SOBRE DEPRECIAÇÃO. UTILIZAÇÃO EM ETAPAS DO PROCESSO PRODUTIVO E DE INDUSTRIALIZAÇÃO. A pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados sobre encargos de depreciação em relação a veículos, máquinas e equipamentos adquiridos e utilizados em etapas pertinentes e essenciais à produção e à fabricação de produtos destinados à venda, conforme disciplinado pela Secretaria da Receita Federal em sua legislação (IN SRF nº 457/2004). REGIME NÃOCUMULATIVO. DESPESAS COM ARMAZENAGEM E FRETES NA OPERAÇÃO DE VENDA. Concedese direito à apuração de crédito às despesas de armazenagem e frete contratado relacionado a operações de venda, desde que amparado em documentos fiscal e o ônus tenha sido suportado pela pessoa jurídica vendedor e pago à pessoa jurídica beneficiária domiciliada no País. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, apenas para conceder o crédito das contribuições para o PIS/Cofins, revertendose as glosas efetuadas, atendidos os demais requisitos dos §§ 2º e 3º dos arts. 3º das Leis nºs. 10.637/2002 e 10.833/2003 e legislação pertinente à matéria: I Serviços utilizados como insumos na fase agrícola: (item 1.1) Serviços de Terceiros Equipamentos Agrícolas: serviços de manutenção e solda em equipamentos agrícolas e de irrigação, e serviços de "lavagem de roupasherbicidas"; (item 1.2) Manutenção e Reparo de Equipamentos Agrícolas: peças aplicadas por terceiros na manutenção de implementos agrícolas e irrigação; (item 1.3) Fretes de compra (apenas para os valores comprovados através da apresentação de Conhecimento de Carga); e (item 1.4) Transporte de cana (bens aplicados em veículos próprios, utilizados no transporte de cana); II Bens utilizados como insumos na fase agrícola (item "1.2"): Óleo Diesel, Material Lubrificante, Pneus e Câmaras, Material de Manutenção, utilizados em veículos empregados especificamente na movimentação e transporte da canadeaçúcar e nos centros de custos relacionados à fase agrícola, tais como: Adutoras, Pivôs, Carregadeiras, Grades, Fazendas, Tratores, Sulcador, Aplicação de Herbicidas, Produção de Mudas; III Bens e serviços utilizados na fase industrial de fabricação de açúcar e álcool (itens "4.1" e "4.2") transporte de resíduos industriais; serviços de dedetização, desde que nas instalações das atividades produtivas; produtos químicos, desde que utilizados na limpeza de instalações industriais; e produtos químicos específicos para tratamento de águas; IV Encargos de depreciação de bens utilizados na fase agrícola: tratores, colheitadeiras, caminhões, reboques e outros bens utilizados na agricultura ou transporte da cana; e V Despesas com armazenagem e fretes nas operações de vendas. (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Presidente em Exercício e Relator Fl. 1851DF CARF MF Processo nº 10410.901849/201357 Acórdão n.º 3201005.295 S3C2T1 Fl. 1.852 3 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Giovani Vieira, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Leonardo Correia Lima Macedo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Marcos Roberto da Silva (suplente convocado em substituição ao conselheiro Charles Mayer de Castro Souza), Tatiana Josefovicz Belisario, Laercio Cruz Uliana Junior e Paulo Roberto Duarte Moreira (Presidente em Exercício). Ausente o conselheiro Charles Mayer de Castro Souza. Relatório Para bem relatar os fatos, transcrevese o relatório da decisão proferida pela autoridade a quo no Acórdão nº 1464.821: Tratase de Pedido de Ressarcimento de créditos da Cofins não cumulativa do 4º Trimestre de 2009, relativos a despesas vinculadas a receitas de exportação, no importe de R$ 993.427,26, formalizado por meio do PER/DCOMP nº 41811.26700.200510.1.1.09 2907 (fls. 34/41), ao qual a contribuinte vinculou declarações de compensação nas quais procurou extinguir débitos próprios, relativos a tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil – RFB. Analisada a pretensão, foi emitido o Despacho Decisório nº de Rastreamento 095447330 (fl. 42), tendo o direito creditório sido reconhecido parcialmente, disso resultando declaração de compensação homologada parcialmente e declarações de compensação não homologadas, além de inexistência de saldo a ser ressarcido. Os fundamentos da decisão estão no Relatório Fiscal de fls. 982/1018, no qual a autoridade fiscal se manifestou pelo deferimento parcial do pedido, e expôs os motivos de seu entendimento, conforme segue. Inicia esclarecendo que: a empresa dedicase à produção e comercialização de açúcar e álcool utilizando como matéria prima básica a canadeaçúcar obtida mediante produção própria ou adquirida de terceiros; como a maioria das empresas deste ramo, tem produção sazonal, normalmente ocorrendo o período de safra/produção entre os meses de setembro a março; a comercialização é feita tanto no mercado interno como no externo, sendo que o açúcar é predominantemente exportado e o álcool é majoritariamente comercializado no mercado interno. Passa a tratar dos créditos glosados informando inicialmente que o conceito de insumo, para fins de apuração de créditos da não cumulatividade do PIS e da Cofins está regido em legislação própria e não pode ser confundido nem interpretado à luz da legislação do IRPJ. Relata que em atendimento ao Termo de Início de Ação Fiscal, a contribuinte apresentou planilhas detalhadas em que demonstrava a memória de cálculo dos valores de crédito que Fl. 1852DF CARF MF Processo nº 10410.901849/201357 Acórdão n.º 3201005.295 S3C2T1 Fl. 1.853 4 informou no DACON e que embasaram seus Pedidos de Ressarcimento. Informa ainda que estas planilhas apresentavam os insumos “que foram utilizados para compor os créditos discriminados por utilização em AGRICULTURA ou INDÚSTRIA”. Diz ainda que, na AGRICULTURA, a contribuinte incluiu também “as despesas (serviços, fretes, peças de veículos...) com o transporte e movimentação de canade açúcar, tanto a cana adquirida de terceiros como também a cana produzida em suas diversas fazendas até a unidade fabril”. Ressalta (os destaques são do original): Ora, em relação aos gastos ocorridos na Agricultura, tais aquisições não poderiam gerar direito aos créditos pleiteados por tratarse de ciclos produtivos diferentes: um, a atividade rural de cultivo da canadeaçúcar e outro, a produção de álcool e açúcar. A contribuinte fabrica açúcar e álcool, e além disso, cultiva parte da canadeaçúcar que utiliza na própria atividade industrial. Entende a Receita Federal que a fabricação de açúcar e álcool e a produção de canadeaçúcar são dois processos diferentes e que não se confundem para fins de apuração de PIS e Cofins no regime nãocumulativo. Além disso, não representam gastos com insumos utilizados na produção de produtos destinados à venda e sim gastos/insumos utilizados na obtenção de matérias prima para o próprio consumo. Registra que este entendimento está expresso em diversas Soluções de Consulta, das quais transcreve trechos, e ainda, que o mesmo entendimento se aplica a outras atividades do segmento agroindustrial como, por exemplo, siderúrgicas com produção própria de carvão vegetal, indústria de papel com produção própria de eucaliptos, e acrescenta: E não é só. Mesmo na absurda hipótese de creditamento de bens e serviços aplicados na área agrícola, nem assim os supostos créditos seriam integrais, uma vez que a maioria das atividades agrícolas (entre as quais se inclui a produção de cana...), está sujeita a que parte dos seus custos com preparo e plantio seja imobilizada através da EXAUSTÃO e, ao contrário da depreciação e da amortização, não existe qualquer previsão legal para o creditamento de quotas de exaustão. (...) (destaques no original) Apresenta, em nota de rodapé, a seguinte observação: A empresa apresentou uma planilha denominada Serviços de TerceirosAgrícola na qual relacionava todos os serviços de manutenção, frete de cana, solda, diversos,....efetuados na área agrícola. Para fins de melhor visualização, a ação fiscal "quebrou" esta planilha em várias outras de acordo com o tipo do serviço prestado: Frete de Cana, Serviços de Terceiros manutenção e solda de equipamentos agrícolas, Serviços Diversos e Serviços de Terceirosmanutenção e solda de veículos e equipamentos de transporte. A mesma "quebra" foi efetuada na Planilha Manutenção e Reparos, que foi dividida em Equipamentos Agrícolas e Transporte. Convém acrescentar que a Fl. 1853DF CARF MF Processo nº 10410.901849/201357 Acórdão n.º 3201005.295 S3C2T1 Fl. 1.854 5 "quebra" não implicou alteração nos valores totais, que, de qualquer forma e independentemente da divisão adotada, seriam glosados, uma vez que referemse a atividades que não ensejam creditamento. Passa então a informar as glosas efetuadas, relativas a aquisições para a área agrícola: 1.1 SERVIÇOS UTILIZADOS COMO INSUMOS ÁREA AGRÍCOLA Do valor total de Serviços Utilizados como Insumos foram glosados os seguintes créditos referentes a agricultura: • Serviços de TerceirosEquipamentos Agrícolas: serviços de manutenção e solda em equipamentos agrícolas e de irrigação; • Serviços Diversos: outros créditos de serviços na área agrícola, de natureza indireta e administrativa, tais como Consultoria Agrícola, Consultoria em Meio Ambiente, Lavagem de Roupa Herbicidas e Manutenção de Programas de Computador. • Manutenção e Reparo de Equipamentos Agrícolas: peças aplicadas por terceiros na manutenção de implementos agrícolas e irrigação. Os valores glosados estão demonstrados abaixo e também nas Planilhas “Apuração dos Valores de Serviços utilizados como Insumos” e “Serviços de Terceiros Prestados na Agricultura Creditamentos Glosados”, Anexo 04. (...) 1. 2 BENS UTILIZADOS COMO INSUMOS ÁREA AGRÍCOLA Conforme exposto anteriormente, em suas planilhas apresentadas a empresa englobou como “Agricultura” as despesas referentes à aquisição de bens utilizados em automóveis e veículos para a movimentação e transporte da cana de açúcar. Além disso, apresentou todas as aquisições em uma única planilha (“Bens Insumos”), sem separação por tipo ou natureza do bem. Com o objetivo de melhor apresentação e visualização dos créditos glosados, a ação fiscal separou os bens nas planilhas da empresa, utilizando a mesma classificação existente na Contabilidade (SPED ContábilReq. 1dffe5fa2f9348db9308 3175c5a3a827, Anexo 01), ou seja, Óleo Diesel, Material Lubrificante, Pneus e Câmaras, Material de Manutenção. A seguir, a empresa foi intimada a identificar centros de custos (item 2 do Termo de Intimação n° 03) e, com base nas informações recebidas (Respostas Apresentadas pela Empresa Anexo 03) e com base nas informações contábeis que identificavam o centro de custo para o qual o material foi requisitado, foram separados aqueles gastos específicos da agricultura ( bens utilizados em tratores, colheitadeiras, Fl. 1854DF CARF MF Processo nº 10410.901849/201357 Acórdão n.º 3201005.295 S3C2T1 Fl. 1.855 6 equipamentos de irrigação,...) daqueles mais específicos do transporte (caminhões, automóveis, motos,..). Em Agricultura foram considerados centros de custos tais como, Adutoras, Pivôs, Carregadeiras, Grades, Fazendas, Tratores, Sulcador, Aplicação de Herbicidas, Produção de Mudas,.... Em Transportes foram classificados os centros de custos Toyota Hillux, Fiat Uno, Ford Cargo, Caminhão MBB, Moto Honda, Pajero TR4, Reboques,... Os valores contábeis foram separados por Agricultura e Transporte e os percentuais obtidos aplicados sobre as aquisições constantes nas planilhas da empresa: Óleo Diesel, Lubrificantes, Pneus e Câmaras e Material de Manutenção. Os valores glosados estão relacionados abaixo e também nas Planilhas da Ação Fiscal “Apuração do Rateio entre Bens Utilizados na Área Agrícola e no Transporte de Cana” e “Apuração dos Valores de Bens Utilizados como Insumos” (Anexo 05). 1. 3 OUTRAS GLOSAS DE CRÉDITOS EFETUADAS NA ÁREA AGRÍCOLA Outros créditos também foram glosados na área Agrícola, tais como o Frete de Compras, Transporte de Cana, Transporte de Pessoal e Aluguéis de Veículos, os quais se encontram apresentados em tópicos específicos, a seguir. Discorre então sobre os fretes de compras, salientando a inexistência de previsão legal para a apuração de créditos sobre tais despesas. Depois, justifica as glosas relativas a “Frete de Compras na Aquisição de Bens” e, a seguir, as glosas relativas a “Frete de Compras na Aquisição de CanadeAçúcar de Terceiros”. Na sequência, trata dos créditos glosados no transporte de cana: A empresa possui diversas fazendas onde planta canadeaçúcar que é utilizada para consumo próprio em sua unidade fabril. Uma vez colhida esta cana é transportada de seus estabelecimentos agrícolas até a sua unidade fabril. Neste processo de movimentação da matériaprima, a empresa tanto utiliza sua frota própria de caminhões e reboques como também pode utilizar serviços de terceiros. Nos dois casos tratase da mesma situação, que é o comumente chamado “frete interno”, ou seja, o transporte de matériaprima, produto em elaboração ou produtos acabados entre estabelecimentos de uma mesma empresa. E o crédito para tal tipo de transporte é totalmente vedado pela legislação e por inúmeras Soluções de Consulta e Julgamento. Confiramse algumas: Cita soluções de consulta, bem como acórdãos de diversas DRJ, e conclui: Fl. 1855DF CARF MF Processo nº 10410.901849/201357 Acórdão n.º 3201005.295 S3C2T1 Fl. 1.856 7 Abaixo e também nas Planilhas “Apuração dos Valores de Bens Utilizados como Insumos” (Anexo 05) e “Apuração dos Valores de Serviços Utilizados como Insumos”, “Serviços com Creditamento Glosado” e “Detalhamento da Apuração das Glosas em Frete de Cana: Própria e Adquirida de Terceiros” (Anexo 04) estão demonstrados os valores glosados. Prossegue (destaques no original): Em Bens Aplicados em Equipamentos e Veículos de Transporte de Cana: Óleo Diesel, Lubrificantes, Pneus e Câmaras, Material de Manutenção, Os critérios utilizados na segregação destes créditos foram os já expostos no item 1.2 – Bens utilizados como Insumos – Área Agrícola. (...) Em Serviços Aplicados em Equipamentos e Veículos para o Transporte de Cana: Serviços de TerceirosCaminhões, Motos e Automóveis, Manutenção e Reparo de Veículos e Equipamentos de Transporte e Frete de Cana. (...) A seguir, o AuditorFiscal discorre sobre os créditos glosados na indústria. Sustenta (os destaques são do original): Como já exposto anteriormente, enseja o creditamento a utilização de insumos na atividade de “prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda” (lei 10.833/03, art. 3o, II), que, no caso da empresa, é a fabricação de açúcar e álcool. No entanto, no processo de análise dos bens e serviços que a empresa considerou em sua apuração, foram identificados diversos grupos de bens e serviços que não se enquadram no conceito de insumo da legislação do PIS/COFINS. São eles: 4.1 SERVIÇOS DE DEDETIZAÇÃO E TRANSPORTE DE RESÍDUOS Foram glosados dispêndios com Dedetização e Transporte de Resíduos, abaixo demonstrados e também nas Planilhas “Apuração dos Valores de Serviços Utilizados como Insumos” e “Serviços com Creditamento Glosado” (Anexo 04). (...) 4.2 DESINCRUSTANTES E PRODUTOS DE LIMPEZA E TRATAMENTO DE ÁGUAS A empresa utiliza diversos produtos químicos na limpeza de suas instalações, com o objetivo de remover incrustações tais como a soda cáustica (desincrustante geral) e dispersolubizante (desincrustante para sistema de geração de vapor). São também utilizados produtos químicos específicos para tratamento de águas, tais como P70 e algicidas. Seguem abaixo trechos de algumas Soluções de Consulta sobre o assunto: Fl. 1856DF CARF MF Processo nº 10410.901849/201357 Acórdão n.º 3201005.295 S3C2T1 Fl. 1.857 8 (...) Os valores glosados estão abaixo demonstrados e também nas Planilhas “Apuração dos Valores de Bens Utilizados como Insumos” e “Bens com Creditamento Glosado” (Anexo 05). (...) 4.3 – BENS E SERVIÇOS C/NATUREZA DE ATIVO FIXO É praxe nas Usinas de Açúcar, como também na maioria das indústrias sujeitas à sazonalidade, aproveitar o período de entressafra para a reforma e recuperação de máquinas e equipamentos. Estas reformas envolvem tanto a substituição de partes e peças como também serviços gerais de recuperação, ambos objetivando o aumento da vida útil destes bens, evitando novas aquisições. Neste processo de recuperação e na análise dos bens que compuseram o crédito pleiteado pela empresa, foi constatada a existência de partes e peças utilizadas no processo de recuperação, de alto valor unitário e com nítida natureza de ativo fixo, principalmente partes e peças de uso nas moendas, como foi o caso das bagaceiras, camisas de moedas, buchas, casquilhos e outros. A bagaceira, por exemplo, é uma peça enorme, de metros de comprimento, geralmente em ferro fundido, preço em torno de R$ 6.000,00 e vida útil bem superior a uma safra. De acordo com o art. 346 do Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999 (Regulamento do Imposto de Renda – RIR), deverão ser capitalizadas partes e peças, cuja substituição resultar aumento de vida útil superior a um ano da máquina ou equipamento ao qual serão integrados: “Art. 346. Serão admitidas, como custo ou despesa operacional, as despesas com reparos e conservação de bens e instalações destinadas a mantêlos em condições eficientes de operação (Lei nº 4.506, de 1964, art. 48). § 1º Se dos reparos, da conservação ou da substituição de partes e peças resultar aumento da vida útil prevista no ato de aquisição do respectivo bem, as despesas correspondentes, quando aquele aumento for superior a um ano, deverão ser capitalizadas, a fim de servirem de base a depreciações futuras (Lei nº 4.506, de 1964, art. 48, parágrafo único).” Sobre o assunto convém destacar parte da Solução de Consulta 204: (...) Ora, é evidente que, se tratando de partes e peças significativas em um equipamento, a sua substituição irá aumentar a vida útil deste equipamento. É o caso, por exemplo, da substituição ou retífica de um bloco de motor de automóvel ou de um rotor em uma bomba. Desta forma a ação fiscal buscou identificar bens de alto valor unitário, significativos e relevantes na máquina ou Fl. 1857DF CARF MF Processo nº 10410.901849/201357 Acórdão n.º 3201005.295 S3C2T1 Fl. 1.858 9 equipamento e que não tenham sido novamente requisitados pelo menos nos dois anos seguintes. Os valores glosados estão abaixo demonstrados e também nas Planilhas “Apuração dos Valores de Bens Utilizados como Insumos” e “Bens com Creditamento Glosado” (Anexo 05). (...) 4.4 OUTROS BENS Foram também glosadas aquisições diversas, tais como lâmpadas, fechaduras para porta, peças para arcondicionado, ferramentas, graxa e outros. Em relação ao material de construção glosado, convém ressaltar que a legislação não veda seu creditamento desde que incorporado ao bem ou instalação, onde passa a ter seu credito efetuado indiretamente através da depreciação. Sobre a graxa, que representou a glosa mais significativa, segue abaixo parte do Acórdão DRJ 02 42.382 sobre o assunto: Acórdão DRJ N° 0242.382 de 04 de fevereiro de 2013. GASTOS COM GRAXA Assim, não procede a alegação de que estaria revisto o entendimento contido na Solução de Divergência COSIT n° 12/2007, com a publicação da Solução de Divergência COSIT nº 15/2008, uma vez que, conforme acima demonstrado, ambas tratam de questões específicas diversas e, portanto, convivem perfeitamente, sem nenhuma contradição entre si. Por conseguinte, a justificativa para enquadramento da graxa como insumo, para efeito de aproveitamento de crédito por se constituir produto indispensável à realização de suas atividades cai por terra, uma vez que a citada Solução de Divergência COSIT n° 12/2007 já abordou profundamente essa questão, conforme transcrito abaixo: 18.3) Em termos técnicos, as graxas são diferentes dos óleos lubrificantes, visto que elas são tidas como uma combinação de um fluido com um espessante, resultando em um produto homogêneo com qualidades lubrificantes. Segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), enquanto lubrificante ou óleo lubrificante é líquido obtido por destilação do petróleo bruto, utilizados para reduzir o atrito e o desgaste de engrenagens e peças, desde o delicado mecanismo de relógio até os pesados mancais de navios e máquinas industriais, a graxa é lubrificante fluido espessado por adição de outros agentes, formando uma consistência de 'gel' e tem a mesma função do óleo lubrificante, mas com consistência semisólida para reduzir a tendência do lubrificante a fluir ou vazar. Não fosse a disposição literal que se encontra no art. 3° Leis nº 10.637, de 2002, e nº 10.833, de 2003 (“bens utilizados como insumo ... na produção ou fabricação de bens ou produtos Fl. 1858DF CARF MF Processo nº 10410.901849/201357 Acórdão n.º 3201005.295 S3C2T1 Fl. 1.859 10 destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes...”), as graxas com certeza poderiam ser aqui incluídas. Entretanto, o referido artigo não contém o termo graxa e, por isso, não se pode desonerar a base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep e a Cofins. Tal ocorre porque: 18.3.1) Interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre a exclusão do crédito tributário (art. 111 do CTN), de forma que o termo graxa deverá estar contemplado na lei; 18.5) Os combustíveis e lubrificantes geram direito ao creditamento não porque sejam insumos diretos de produção, mas apenas por disposição legal. (...) 19.2) Graxas. Tratase, mesmo no contexto produtivo da interessada, de insumo indireto de produção. Embora seja uma mercadoria com propriedades lubrificantes, difere dos lubrificantes, também ditos óleos lubrificantes e, por isso, deveriam constar literalmente da legislação em tela. Como tal não ocorre, também aqui se constata que não geram direito a crédito da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins; Os valores glosados estão abaixo demonstrados e também nas Planilhas “Apuração dos Valores de Bens Utilizados como Insumos” e “Bens com Creditamento Glosado” (Anexo 05). O Auditor Fiscal abre então um tópico intitulado “OUTROS VALORES GLOSADOS”, que divide em vários subitens, conforme segue: 5.1 – SERVIÇOS DE TRANSPORTE DE PESSOAL A empresa contrata serviços de transporte tanto para os funcionários de sua área agrícola como também para funcionários da indústria. Apesar de ser um gasto de inegável alcance social e ser aceito na legislação do imposto de renda (evidentemente se não se revestir de liberalidade...), tal dispêndio não é considerado insumo para a legislação do PIS/COFINS, pelo fato de não se aplicar diretamente ao processo produtivo. Pese ainda o fato da maior parte deste dispêndio estar relacionada à área agrícola. Sobre o assunto convém destacar as seguintes Soluções de Divergência: (...) Foram os seguintes os valores glosados, também demonstrados nas Planilhas e também nas Planilhas “Apuração dos Valores de Serviços Utilizados como Insumos” e “Serviços com Creditamento Glosado” (Anexo 4): Fl. 1859DF CARF MF Processo nº 10410.901849/201357 Acórdão n.º 3201005.295 S3C2T1 Fl. 1.860 11 (...) 5.2 – ALUGUEL DE VEÍCULOS A legislação permite o creditamento de Aluguéis de Prédios, Máquinas e Equipamentos, conforme Lei 10.833/03, art. 3º, IV: (...) Notese que neste caso a própria Lei usa o termo “atividades da empresa” ao contrário de outras disposições em que vincula o crédito à prestação de serviços e à produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda. Desta forma a ação fiscal aceitou todos os valores apresentados pela empresa em sua Planilha de Serviços/Aluguel de Máquinas e Equipamentos. Inclusive aqueles relacionados à Agricultura, uma vez que, repetimos, para este tipo de dispêndio a Lei não restringiu o creditamento à produção ou fabricação de produtos destinados à venda. No entanto, e embora tivesse sido englobado no valor dos Aluguéis de Prédios, Máquinas e Equipamentos informado no DACON, foram glosados os dispêndios com aluguel de automóveis e aeronaves, os quais, a própria empresa separou e discriminou em planilhas próprias e separadas das planilhas de Aluguéis de Máquinas e Equipamentos. Foram os seguintes os valores glosados, também demonstrados nas Planilhas “Apuração dos Valores de Aluguéis de Máquinas e Despesas de Armazenagem e Frete de Vendas” e Relatório Despesas de Aluguéis de Máquinas e Equipamentos Locados de Pessoas Jurídicas, Anexo 06: (...) 5.3 –DEPRECIAÇÃO A legislação do PIS/COFINS vincula o direito ao creditamento de encargos de depreciação à utilização dos bens na prestação de serviços ou na produção de bens destinados à venda. Confirase o art. 3o da lei 10.833/03: (...) Desta forma encargos de depreciação de bens não utilizados na fabricação de produtos destinados à venda não ensejam aproveitamento de crédito. É o caso de tratores, colheitadeiras, caminhões, reboques e outros bens utilizados na agricultura ou transporte da cana, conforme já exposto em itens anteriores. Convém ressaltar que, mesmo na absurda hipótese de concessão de crédito para agricultura e transporte de cana, nem assim os valores apresentados pela empresa poderiam ser integralmente acatados, uma vez que a empresa incluiu bens do tipo “Nissan Livina”, “Mitsubshi L 200”, “Pajero TR 4” e outros, que nem com muita boa vontade, poderiam ser considerados integrantes de um processo produtivo de fabricação de açúcar e álcool. Fl. 1860DF CARF MF Processo nº 10410.901849/201357 Acórdão n.º 3201005.295 S3C2T1 Fl. 1.861 12 Mesmo no processo de fabricação do açúcar e do álcool também foram encontrados bens que, que embora alocados fisicamente na área industrial, não se enquadram no conceito de utilização na fabricação de bens destinados à venda, como por exemplo, bomba centrífuga na casa de hóspedes, quadro de distribuição de energia do banheiro industrial, roupeiro em aço, águas residuais, betoneira, ferramentas manuais, splits, ar condicionado, escadas, e outros. (...)O detalhamento dos itens glosados está demonstrado na Planilha “Apuração das Glosas em Depreciação” e “Apuração dos Valores de Encargos de Depreciação e Ajustes Negativos”, Anexo 06. 5.4. DUPLICIDADE NO APROVEITAMENTO DE CRÉDITOS A empresa adquire partes e peças para uso normal em máquinas, equipamentos e instalações de seu processo produtivo. É o caso de fusíveis, parafusos, material elétrico, perfis, contatores, tubos, etc... Tais materiais ensejam direito a crédito e são normalmente creditados quando de sua aquisição. No entanto estas mesmas peças também podem ser requisitadas do Almoxarifado para o Ativo Imobilizado, geralmente em grandes reformas ou recuperações na conta 142010990002 Obras em Andamento. Ao se analisar os registros contábeis desta conta foram observadas inúmeras contabilizações de grupos de contas (Material Elétrico e Material de Manutenção) que tem seu crédito apropriado quando da aquisição. No Termo de Intimação n° 04 a empresa foi intimada a apresentar dados dos materiais requisitados para essa conta e constatouse que para os Grupos Material Elétrico e Material de Manutenção, a maioria dos materiais requisitados, constava nas Planilhas de BensInsumos apresentadas pela empresa, ou seja, tiveram seu crédito apropriado no momento da aquisição. O problema é que, quando termina a recuperação ou reforma, o valor registrado em Obras em Andamento é creditado e debitado à conta específica do bem no Ativo Imobilizado. E, a partir do momento em que a reforma ou instalação é ativada, a mesma peça que teve seu crédito apropriado quando de sua aquisição, passa a ser novamente creditada, através da depreciação do bem no qual foi empregada. Em resumo, uma clara (e ilegal) situação de duplicidade na apropriação de créditos. Como é muito difícil definir o destino de uma peça de uso geral, o procedimento correto seria o de apropriar a totalidade do crédito na aquisição, porém efetuando o estorno proporcional quando de uma eventual e posterior destinação ao Ativo Imobilizado. Para tal a empresa poderia ter utilizado a Linha Fl. 1861DF CARF MF Processo nº 10410.901849/201357 Acórdão n.º 3201005.295 S3C2T1 Fl. 1.862 13 do DACON de “Ajustes Negativos de Crédito”. No entanto os valores que a empresa registrou nesta linha referemse apenas a devoluções de compra. No Termo de Intimação N° 9 a empresa foi então intimada a apresentar, em arquivo magnético, os materiais requisitados para Obras em Andamento. No arquivo apresentado a ação fiscal desconsiderou da apuração aqueles materiais que não foram objeto de creditamento na entrada, tais como tintas, eletrodos, cimento e outros. Também foram desconsiderados os materiais que já tinham sido glosados por não se enquadrarem no conceito de insumos, tais como lâmpadas e tomadas. Abaixo e nas planilhas “Glosa de Bens Utilizados como Insumos Duplicidade na Apuração do Crédito Bens com Creditamento na Aquisição Requisitados para o Ativo Fixo” e “Apuração dos Créditos de Depreciação dos Bens do Ativo Imobilizado e Ajustes Negativos”, Anexo 06, estão demonstrados os valores apurados: (...) 5. 5. DOCUMENTAÇÃO COMPROBATÓRIA NÃO APRESENTADA Através do item 2 do Termo de Intimação N° 07, a empresa foi intimada a apresentar documentação comprobatória (conhecimentos de transporte) de dispêndios registrados em suas planilhas de apuração como “Frete de Cana”, os quais ainda se encontravam pendentes de apresentação. No entanto ao se analisar os documentos apresentados (Anexo 03) verificouse que o documento apresentado pela empresa foi uma simples “Autorização de Fornecimento”, enquanto que o documento solicitado pela ação fiscal foi o “Conhecimento de Transporte”, que é o documento hábil e legal para se comprovar um transporte de mercadorias. Desta forma, a solicitada apresentação de documentação comprobatória para estes lançamentos de transporte foi considerada não atendida e os créditos a ela relacionados foram glosados. (...) No entanto, como a totalidade do Frete de Cana já tinha sido glosada, tal glosa acabou não tendo efeitos. 5. 6. DESPESAS DE ARMAZENAGEM E FRETE DE VENDAS A maior parte da produção de açúcar da empresa é destinada e transferida para os armazéns da CRPAAALCooperativa Regional dos Produtores de Açúcar e Álcool de Alagoas, onde fica armazenada aguardando uma futura venda. Esta situação ficou evidenciada através da Diligência efetuada na CRPAAAL, em que esta foi intimada a apresentar os recebimentos de açúcar Fl. 1862DF CARF MF Processo nº 10410.901849/201357 Acórdão n.º 3201005.295 S3C2T1 Fl. 1.863 14 da Usina Triunfo (Anexo 1 Termos da Ação Fiscal). Na resposta apresentada (Anexo 3 Cartas e Respostas da Empresa e Diligências) , vêse claramente que a maior parte do açúcar foi destinada aos armazéns da Cooperativa. Mesmo boa parte do açúcar destinado à exportação também não foi transferida diretamente ao Porto de Maceió, mas sim a um armazém da Cooperativa em Marechal Deodoro, onde ficou armazenada até o seu transporte ao Porto. Para confirmar esta situação, o Porto de Maceió, através da EMPATEmpresa Alagoana de Terminais Ltda, também foi diligenciado no sentido de informar os recebimentos de açúcar para exportação da Usina Triunfo. Na resposta apresentada (Anexo 3 Cartas e Respostas da Empresa e Diligências), a EMPAT discriminou todos os recebimentos de açúcar, datas, quantidades e transportadora. Constatouse que a maior parte do açúcar foi transportado através da “Transportadora Padre Cícero” que nem sequer foi relacionada dentre os Fretes de Venda com direito a crédito informados na Planilha apresentada pela Usina Triunfo (Anexo 2 Planilhas Apresentadas pela Empresa Serviços). Ou seja, açúcar transportado dos armazéns da Cooperativa para o Terminal da EMPAT. Nesta situação fica claro que não existe nenhuma vinculação entre o frete e a venda. Tanto assim, que não há, no Conhecimento de Transporte, nenhuma indicação de quem seja o cliente da mercadoria. Na realidade tratase de “frete interno” ou “frete logístico”, ou ainda “frete para formação de estoque”, o qual não apresenta qualquer relação com a efetiva operação de venda. Sobre o assunto já foram emanadas diversas Soluções de Consulta, cujos trechos de maior interesse abaixo transcrevemos: (...) E mesmo para os demais fretes de vendas, ao cotejar a Planilha de Fretes de Venda apresentada pela empresa com as informações recebidas nas Diligências, constatouse ainda que: • A Usina Triunfo se creditou de fretes de transportadoras que não foram relacionadas dentre as transportadoras que entregaram o açúcar no Terminal da EMPAT, como por exemplo, A J B Transportes e Sandoval F de Moraes. • E mesmo dentre as transportadoras relacionadas, foram verificadas discrepâncias, como por exemplo o fato de a Usina Triunfo ter se creditado de fretes da “R de Oliveira Transportes” desde início de 2009 quando, de acordo com informações da EMPAT, tal empresa só começou a realizar entregas no Porto a partir de Setembro de 2009. Também foram verificados alguns fretes de transportadoras dos quais a Usina Triunfo se apropriou de créditos, não compatíveis com as informações de datas e quantidades fornecidas pela EMPAT/CRPAAA. Fl. 1863DF CARF MF Processo nº 10410.901849/201357 Acórdão n.º 3201005.295 S3C2T1 Fl. 1.864 15 Foram os seguintes os valores glosados, também demonstrados nas Planilhas “Apuração dos Valores de Aluguéis de Máquinas e Despesas de Armazenagem e Frete de Vendas” e Relatório Despesas de Armazenagem e Frete de Vendas Creditamentos Glosados, Anexo 06: (...) O AuditorFiscal apresenta então um tópico intitulado “APURAÇÃO DOS VALORES DO CRÉDITO”, no qual esclarece: Como resultado das glosas efetuadas foram apurados novos valores de crédito, demonstrados na Planilha “Resumo da Apuração dos Créditos” e “Apuração dos Valores dos Créditos Passíveis de Ressarcimento”, Anexo 07. (...) O valor correto apurado para o Pedido de Ressarcimento em questão totalizou R$ 435.628,92 (quatrocentos e trinta e cinco mil seiscentos e vinte e oito reais e noventa e dois centavos). As glosas de crédito totalizaram R$ 429.989,40 (quatrocentos e vinte e nove mil novecentos e oitenta e nove reais e quarenta centavos) correspondente ao somatório dos valores indevidamente solicitados. Por fim, apresenta uma “Relação de Anexos”. Cientificada do Despacho Decisório em 16/06/2014, conforme o Termo de Intimação de fl. 243, no dia 15/07/2014 a contribuinte apresentou a manifestação de inconformidade de fls. 258/264. Após breve resumo do objeto da manifestação de inconformidade, a contribuinte alega “decadência”. Neste sentido, transcreve o at. 74, caput, e § 5º, da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, e sustenta: Conforme se infere do presente processo, o pedido eletrônico formulado pelo contribuinte foi protocolizado em 17.04.2009. A negativa da Secretaria da Receita Federal do Brasil, contudo, somente se deu em 16.06.2014, quando ultrapassado o qüinqüênio legal. Assim, resta claramente demonstrado que se operou a decadência do poder de não homologar o crédito, restando definitiva a compensação declarada pela contribuinte. Transcreve então o caput e o inciso II do art. 3º da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, e passa a contestar as glosas efetuadas. Sustenta: É claro o dispositivo em comento ao prever a possibilidade de utilização pelo contribuinte de créditos calculados sobre os bens e serviços utilizados como insumos da produção de bens. Fl. 1864DF CARF MF Processo nº 10410.901849/201357 Acórdão n.º 3201005.295 S3C2T1 Fl. 1.865 16 No caso em questão, resta incontroverso que a Manifestante exerce atividade agroindustrial, consistente no cultivo da cana de açúcar e sua transformação em açúcar e álcool. Assim, os gastos com a aquisição de bens e as despesas incorridas no processo produtivo da Manifestante geram o direito à apropriação do crédito a título de COFINS não cumulativa. Analisandose o despacho decisório ora combatido, observase que a decisão combatida, ao glosar diversos créditos utilizados pela Manifestante, ignorou as especificidades da atividade agroindustrial por ela desenvolvidas, cindindo, de forma absurda, as atividades agrícolas e industriais, com o único propósito de impedir a plena fruição dos créditos que a legislação tributária assegura ao contribuinte. Com efeito, a grande controvérsia estabelecida no Despacho Decisório está em saber se a Manifestante poderia apropriarse de créditos a título de COFINS não cumulativa pelas despesas relacionadas a insumos pertinentes à etapa de cultivo da cana de açúcar que será utilizada como matéria prima no processo de industrialização. A resposta, por óbvio, só pode ser positiva. Mas não se consegue chegar à resposta sem a exata compreensão do que seja atividade agroindustrial. E foi esse o equívoco em que incorreu o despacho decisório aqui impugnado. Passa então a discorrer sobre “atividade agroindustrial”. Além de invocar, neste sentido, o art. 22A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, e o art. 6º da Instrução Normativa SRF nº 660, de 17 de julho 2006, salienta que “a própria Receita Federal, em seus atos normativos, reconhece que a atividade desenvolvida pela Manifestante se enquadra na categoria de ‘agroindustrial’, não se confundindo com a atividade agropecuária nem com a atividade industrial em sentido estrito”. Prossegue (os destaques são do original): Resta demonstrado, portanto, que a pessoa jurídica, como sucede com a Manifestante, "cuja atividade econômica seja a industrialização de produção própria ou de produção própria e adquirida de terceiros" enquadrase no conceito de agroindústria. Essa premissa é fundamental para que se compreenda o direito creditório da Manifestante, que foi absurdamente glosado no despacho decisório aqui impugnado. A atividade agroindustrial, por imposição da definição dada pelo art. 22A, caput, da Lei n° 8.212/91, abrange a industrialização da produção própria ou de terceiros. Portanto, tratandose de produção própria, as despesas incorridas na lavoura, plantio, conservação, aplicação de herbicidas, adubação, além de outras geram direito ao crédito da COFINS não cumulativa, de que trata o art. 3o da Lei n. 10.833/03. Fl. 1865DF CARF MF Processo nº 10410.901849/201357 Acórdão n.º 3201005.295 S3C2T1 Fl. 1.866 17 Alega que o entendimento adotado pela fiscalização criaria uma situação antiisonômica, pois a aquisição de matéria prima, no caso, canadeaçúcar, de terceiros daria origem ao crédito presumido da Cofins, enquanto a produção da matériaprima pela própria industrializadora não seria beneficiada com o creditamento. Acrescenta: Assim, usinas de açúcar que predominantemente adquirissem canas de açúcar através de terceiros (fornecedores) gozariam de uma situação fiscal muito mais favorecida (em razão do crédito presumido gerado nessa aquisição) em relação às usinas que optassem por investir na produção própria da matériaprima (as quais não teriam direito ao crédito de insumos, segundo o despacho decisório ora questionado). Revelase, também por esse motivo, inaceitável a glosa efetuada no despacho decisório ora questionado. A subdivisão ilegal (porque colide frontalmente com o disposto no art. 22A, caput, da Lei n. 8.212/91) promovida pelo despacho decisório entre a fase agrícola e a fase industrial de uma agroindústria, como se pudessem ser seccionadas para fins de apropriação das despesas da Manifestante, gerou a glosa equivocada. Todas as despesas que integram a fase agrícola, envolvendo aí, mas não somente: o tratamento do solo, plantio, manejo e colheita representam insumos para o processo fabril do açúcar e do álcool. Não há como a empresa Manifestante produzir açúcar e álcool sem promover os tratos culturais, plantio e demais trabalhos sobre a lavoura da canadeaçúcar, que é sua matéria prima fundamental. Essas etapas integram o seu processo produtivo e não poderiam ser seccionadas, como equivocadamente o fizera o despacho decisório em questão, exclusivamente com o propósito de glosar os créditos fiscais que a Lei n. 10.833/03, em seu art. 3o, já assegura ao contribuinte. Depois a contribuinte passa a alegar o direito à apuração de créditos sobre todas as suas despesas incorridas na área agrícola, bem como com transporte de pessoal, transporte de matériaprima, etc, uma vez que se trata de atividades essenciais ao seu processo produtivo: O mesmo sucede em relação aos custos com frete, serviços de transporte de pessoal, serviços de dedetização, transporte de resíduos, serviços de manutenção e reparo dos equipamentos agrícolas, e todos os demais serviços utilizados como insumos na área agrícola pela empresa. De fato, seria inimaginável que a Manifestante cultivasse a matériaprima fundamental por ela produzida (canadeaçúcar) e deixasse de realizar o transporte do que foi colhido para as suas caldeiras, a fim de iniciar o processamento fabril. Fl. 1866DF CARF MF Processo nº 10410.901849/201357 Acórdão n.º 3201005.295 S3C2T1 Fl. 1.867 18 As diversas despesas com transporte (aí incluindo o transporte dos trabalhadores que precisam ser deslocados entre as diversas fazendas onde se situam os canaviais, assim como o transporte do produto colhido do campo para a indústria) são essenciais ao processo produtivo e integram a base de cálculo do crédito previsto no art. 3o da Lei n. 10.833/03. Não se pode supor que esses custos seriam supostamente "indiretos", isto é, não integrariam o processo produtivo, pois, como visto, a premissa equivocada de que se partiu no despacho decisório para glosa dos créditos informados nas declarações de compensação foi a de que os custos incorridos na fase agrícola seriam desprezíveis. Afirma ainda: Como se demonstrou, o despacho decisório partiu da premissa de que a Manifestante exerceria atividade industrial, quando, na verdade, exerce atividade agroindustrial! A atividade do contribuinte deve ser vista como um todo único e indivisível, segundo a própria definição extraída do art. 22A, caput, da Lei n. 8.212/91. Notese que uma simples interpretação literal do art. 3o, II, da Lei n° 10.833/03, que alude a insumos aplicados na “produção ou fabricação” de bens e serviços destinados à venda, fica claro que a lei contemplou com o direito de crédito tanto a “produção” quanto a “fabricação”. Por fim, a contribuinte conclui: Diante das considerações acima aduzidas, vem a Manifestante, respeitosamente, à presença de V. Exa, requerer seja reformado o despacho decisório exarado nos autos do processo n. 10410.901.843/201380, reconhecendo em favor da Manifestante a totalidade dos créditos informados no PER 27624.49566.170409.1.05.092959(sic) e nas DCOMP’s a ele correspondentes. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto/SP por intermédio da 11ª Turma, no Acórdão nº 1464.821, sessão de 23/03/2017, julgou improcedente a manifestação de inconformidade do contribuinte e não reconheceu o direito creditório. A decisão foi assim ementada: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/10/2009 a 31/12/2009 NÃOCUMULATIVIDADE. INSUMOS. CRÉDITOS. No cálculo da Cofins nãocumulativa somente podem ser descontados créditos calculados sobre valores correspondentes a insumos, assim entendidos os bens Fl. 1867DF CARF MF Processo nº 10410.901849/201357 Acórdão n.º 3201005.295 S3C2T1 Fl. 1.868 19 aplicados ou consumidos diretamente na produção ou fabricação de bens destinados à venda, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado ou, ainda, sobre os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto. Bens e serviços empregados no cultivo de canadeaçúcar não se classificam como insumos na fabricação de álcool ou de açúcar, por se tratarem de processos produtivos diversos. As despesas com aqueles itens não geram direito à apuração de créditos na determinação da contribuição devida sobre as receitas auferidas com vendas de açúcar e de álcool produzidos. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Inconformada a contribuinte, apresentou recurso voluntário no qual repisa os mesmos argumentos para pleitear o deferimento integral dos valores que constam do pedido de ressarcimento e homologação de todas as declarações de compensações. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator O Recurso Voluntário atende aos requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. Considerações Iniciais No mérito, consta dos autos que o litígio versa sobre o inconformismo do contribuinte em face do despacho decisório, mantido hígido na decisão a quo, que não concedeu o ressarcimento da integralidade de saldo credor da Contribuição nãocumulativa, apurado no trimestre em referência e vinculados às receitas de vendas para o mercado externo, em razão de glosa de créditos com bens e serviços não considerados insumos e outros dispêndios. A recorrente é uma agroindustrial que se dedica às atividades de plantio, cultivo e colheita de canadeaçúcar com fins à produção de álcool e açúcar, este destinado principalmente à exportação. Dessa forma, consoante às Leis que instituíram a sistemática de apuração não cumulativa para o PIS/Pasep e para a Cofins é permitida à pessoa jurídica que se dedica à atividade industrial a tomada de créditos nas aquisições de bens e serviços considerados Fl. 1868DF CARF MF Processo nº 10410.901849/201357 Acórdão n.º 3201005.295 S3C2T1 Fl. 1.869 20 insumos na produção e prestação de serviços, e de despesas específicas, a teor do art. 3º das Leis nº 10.637/02 e 10.833/03. A autoridade julgadora de 1ª instância entendeu que a contribuinte limitouse apenas à contestação das glosas como um todo, sem apresentar nenhum questionamento quanto aos cálculos apresentados pela autoridade fiscal. De fato, na manifestação de inconformidade e agora em recurso voluntário, a contribuinte, no mérito, insurgese quanto ao procedimento fiscal que glosou os créditos apropriados com os dispêndios relacionados aos insumos da fase agrícola, e mais; para a recorrente, todas as despesas incorridas e sua atividade econômica geram crédito a serem descontados das contribuições. Não se trata de uma contestação genérica. A recorrente pretende o reconhecimento dos créditos de insumos na fase agrícola, tal como a fiscalização concedera na atividade de produção de açúcar/álcool (desde que obedecidos os requisitos legais). Outrossim, resta claro nos autos que se pretende créditos com todas as despesas incorridas no âmbito de sua atividade econômica. Assim, incumbe a este Colegiado decidir acerca da possibilidade da recorrente apropriarse dos créditos nas aquisições de bens e serviços vinculados à atividade agrícola plantio, cultivo e colheita da principal matériaprima (canadeaçúcar) dos produtos fabricados e destinados à venda. De outra banda, devese decidir no tocante à extensão dos dispêndios que a legislação de regência permite a apropriação dos créditos da não cumulatividade do PIS/Pasep e da Cofins. Os dispositivos dos incisos e parágrafos do art. 3º da Lei nºs 10.637/03 (PIS/Pasep) e da Lei 10.833/03 (Cofins) são suficientes para decidir o litígio. De ressaltar, contudo, que este voto devese ater apenas aos elementos que constam nos autos com fins à confrontação da descrição do dispêndio, sua correlação com o centro de custo relacionado à natureza da atividade e o motivo da glosa efetuada pela autoridade fiscal. Passemos às matérias em litígio. Conceito de insumos para créditos de PIS e Cofins Este Conselho, incluindo esta Turma, entende que o conceito de insumo é mais elástico que o adotado pela fiscalização e julgadores da DRJ nas suas Instruções Normativas n°s. 247/2002 e 404/2004, mas não alcança a amplitude de dedutibilidade utilizado pela legislação do Imposto de Renda, como requer a recorrente. Isto posto, há de se fixar os contornos jurídicos para delimitar os dispêndios (gastos) que são considerados insumos com direito ao crédito das contribuições sociais, quer no processo produtivo ou na prestação de serviço. Fl. 1869DF CARF MF Processo nº 10410.901849/201357 Acórdão n.º 3201005.295 S3C2T1 Fl. 1.870 21 Ressalto que este Relator vinha acolhendo e adotando o conceito estabelecido pelo Ministro do STJ Mauro Campbell Marques no voto condutor do REsp nº 1.246.317MG, no qual se firmara o entendimento no tripé de que (i) o bem ou serviço tenha sido adquirido para ser utilizado na prestação do serviço ou na produção, ou para viabilizálos em síntese, tenha pertinência ao processo produtivo; (ii) a produção ou prestação do serviço dependa daquela aquisição a essencialidade ao processo produtivo; e (iii) não se faz necessário o consumo do bem ou a prestação do serviço em contato direto com o produto que exprime a possibilidade de emprego indireto no processo produtivo. Recentemente os Ministros do STJ reviram seu posicionamento mantendose a decisão intermediária para concessão do crédito considerandose a essencialidade ou relevância do bem ou serviço no processo produtivo, conforme o REsp nº 1.221.170/PR, julgamento de 22/02/2018, Relatoria do Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, com a ementa: TRIBUTÁRIO. PIS E COFINS. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. NÃOCUMULATIVIDADE. CREDITAMENTO. CONCEITO DE INSUMOS. DEFINIÇÃO ADMINISTRATIVA PELAS INSTRUÇÕES NORMATIVAS 247/2002 E 404/2004, DA SRF, QUE TRADUZ PROPÓSITO RESTRITIVO E DESVIRTUADOR DO SEU ALCANCE LEGAL. DESCABIMENTO. DEFINIÇÃO DO CONCEITO DE INSUMOS À LUZ DOS CRITÉRIOS DA ESSENCIALIDADE OU RELEVÂNCIA. RECURSO ESPECIAL DA CONTRIBUINTE PARCIALMENTE CONHECIDO, E, NESTA EXTENSÃO, PARCIALMENTE PROVIDO, SOB O RITO DO ART. 543C DO CPC/1973 (ARTS. 1.036 E SEGUINTES DO CPC/2015). 1. Para efeito do creditamento relativo às contribuições denominadas PIS e COFINS, a definição restritiva da compreensão de insumo, proposta na IN 247/2002 e na IN 404/2004, ambas da SRF, efetivamente desrespeita o comando contido no art. 3o., II, da Lei 10.637/2002 e da Lei 10.833/2003, que contém rol exemplificativo. 2. O conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios da essencialidade ou relevância, vale dizer, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de determinado item – bem ou serviço – para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte. 3. Recurso Especial representativo da controvérsia parcialmente conhecido e, nesta extensão, parcialmente provido, para determinar o retorno dos autos à instância de origem, a fim de que se aprecie, em cotejo com o objeto social da empresa, a possibilidade de dedução dos créditos [sic] realtivos a custo e despesas com: água, combustíveis e lubrificantes, materiais e exames laboratoriais, materiais de limpeza e equipamentos de proteção individualEPI. 4. Sob o rito do art. 543C do CPC/1973 (arts. 1.036 e seguintes do CPC/2015), assentamse as seguintes teses: (a) é ilegal a disciplina de creditamento prevista nas Instruções Normativas da SRF ns. 247/2002 e 404/2004, porquanto compromete a eficácia do sistema de nãocumulatividade da contribuição ao Fl. 1870DF CARF MF Processo nº 10410.901849/201357 Acórdão n.º 3201005.295 S3C2T1 Fl. 1.871 22 PIS e da COFINS, tal como definido nas Leis 10.637/2002 e 10.833/2003; e (b) o conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios de essencialidade ou relevância, ou seja, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de terminado item bem ou serviço para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo Contribuinte. Este novo entendimento, que na verdade não conduz à divergência em relação à decisão no REsp indigitado, insere outros fundamentos para a delimitação dos elementos que geram crédito assentado na essencialidade ou relevância a ser aferida no cotejo (desses elementos) com o processo produtivo ou a atividade desenvolvida pela empresa. A seguir os excertos do voto vista proferido pela Ministra Regina Helena Costa que acabou por pautar o entendimento exarado no voto condutor do Ministro Relator que considero relevantes para demonstrar o entendimento daquele Tribunal e adotálos neste voto: [...] Nesse cenário, penso seja possível extrair das leis disciplinadoras dessas contribuições o conceito de insumo segundo os critérios da essencialidade ou relevância, vale dizer, considerandose a importância de determinado item – bem ou serviço – para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte, tal como já expressei, no TRF da 3ª Região, no julgamento das Apelações Cíveis em Mandado de Segurança ns. 001235252.2010.4.03.6100/SP e 0005469 26.2009.4.03.6100/SP, respectivamente em 15.12.2011 e 31.05.2012. [...] Marco Aurélio Greco, ao dissertar sobre a questão, pondera: De fato, serão as circunstâncias de cada atividade, de cada empreendimento e, mais, até mesmo de cada produto a ser vendido que determinarão a dimensão temporal dentro da qual reconhecer os bens e serviços utilizados como respectivos insumos [...] O critério a ser aplicado, portanto, apóiase na inerência do bem ou serviço à atividade econômica desenvolvida pelo contribuinte (por decisão sua e/ou por delineamento legal) e o grau de relevância que apresenta para ela. Se o bem adquirido integra o desempenho da atividade, ainda que em fase anterior à obtenção do produto final a ser vendido, e assume a importância de algo necessário à sua existência ou útil para que possua determinada qualidade, então o bem estará sendo utilizado como insumo daquela atividade (de produção, fabricação), pois desde o momento de sua aquisição já se encontra em andamento a atividade econômica que – vista global e unitariamente – desembocará num produto final a ser vendido. (Conceito de insumo à luz da legislação de PIS/COFINS , in Revista Fórum de Fl. 1871DF CARF MF Processo nº 10410.901849/201357 Acórdão n.º 3201005.295 S3C2T1 Fl. 1.872 23 Direito Tributário RFDT, Belo Horizonte, n. 34, jul./ago. 2008, p. 6) [...] Demarcadas tais premissas, temse que o critério da essencialidade diz com o item do qual dependa, intrínseca e fundamentalmente, o produto ou o serviço, constituindo elemento estrutural e inseparável do processo produtivo ou da execução do serviço, ou, quando menos, a sua falta lhes prive de qualidade, quantidade e/ou suficiência. Por sua vez, a relevância, considerada como critério definidor de insumo, é identificável no item cuja finalidade, embora não indispensável à elaboração do próprio produto ou à prestação do serviço, integre o processo de produção, seja pelas singularidades de cada cadeia produtiva (v.g., o papel da água na fabricação de fogos de artifício difere daquele desempenhado na agroindústria), seja por imposição legal (v.g., equipamento de proteção individual EPI), distanciandose, nessa medida, da acepção de pertinência, caracterizada, nos termos propostos, pelo emprego da aquisição na produção ou na execução do serviço.Desse modo, sob essa perspectiva, o critério da relevância revelase mais abrangente do que o da pertinência. [...] Como visto, consoante os critérios da essencialidade e relevância, acolhidos pela jurisprudência desta Corte e adotados pelo CARF, há que se analisar, casuisticamente, se o que se pretende seja considerado insumo é essencial ou de relevância para o processo produtivo ou à atividade desenvolvida pela empresa. Observandose essas premissas, penso que as despesas referentes ao pagamento de despesas com água, combustíveis e lubrificantes, materiais e exames laboratoriais, materiais de limpeza e equipamentos de proteção individual EPI, em princípio, inseremse no conceito de insumo para efeito de creditamento, assim compreendido num sistema de não cumulatividade cuja técnica há de ser a de "base sobre base". Todavia, a aferição da essencialidade ou da relevância daqueles elementos na cadeia produtiva impõe análise casuística, porquanto sensivelmente dependente de instrução probatória, providência essa, como sabido, incompatível com a via especial. Logo, mostrase necessário o retorno dos autos à origem, a fim de que a Corte a quo, observadas as balizas dogmáticas aqui delineadas, aprecie, em cotejo com o objeto social da empresa, a possibilidade de dedução dos créditos relativos a custos e despesas com:água, combustíveis e lubrificantes, materiais e exames laboratoriais, materiais de limpeza e equipamentos de proteção individual EPI. [...] Fl. 1872DF CARF MF Processo nº 10410.901849/201357 Acórdão n.º 3201005.295 S3C2T1 Fl. 1.873 24 Firmado nos fundamentos assentados, quanto ao alcance do conceito de insumo, segundo o regime da nãocumulatividade do PIS Pasep e da COFINS, entendo que a acepção correta é aquela em que o os bens e serviços cumulativamente atenda aos requisitos de: 1. essencialidade ou relevância, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de determinado item – bem ou serviço – para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte; 2. aferição casuística da essencialidade ou relevância, por meio do cotejo entre os elementos (bens e serviços) e o processo produtivo ou a atividade desenvolvida pela empresa; Assim, há de se verificar se o recorrente comprova a utilização dos insumos no contexto da atividade fabricação, produção ou prestação de serviço de forma a demonstrar que o gasto incorrido guarda relação de pertinência com o processo produtivo/prestação de serviço, mediante seu emprego, ainda que indireto, de forma que sua subtração implique ao menos redução da qualidade. Passo à análise da possibilidade de apropriação de créditos das contribuições nas despesas com bens e serviços na fase agrícola (plantio e cultivo), em que se inicia o processo industrial da agroindústria, como é o caso da contribuinte. Créditos com insumos na fase agrícola Na linha de raciocínio assentada, depreendese que o processo produtivo considera todo o ciclo de produção e compõe o objeto de uma única pessoa jurídica, sendo indevido interpretálo como etapas distintas que se completam, e o direito ao crédito é concedido àquela em que se pressupõe uma industrialização mais efetiva ou a que resulta no bem final destinado à venda. Não há fundamento para tal, sequer autorização nos textos legais. As leis que regem a não cumulatividade atribuem o direito de crédito em relação ao custo de bens e serviços aplicados na "produção ou fabricação" de bens destinados à venda, inexistindo amparo legal para secção do processo produtivo da sociedade empresária agroindustrial em cultivo de matériaprima para consumo próprio e em industrialização propriamente dita, a fim de expurgar do cálculo do crédito os custos incorridos na fase agrícola da produção. Os custos incorridos com bens e serviços aplicados no plantio, cultivo e colheita da canadeaçúcar guardam estreita relação de emprego, relevância e essencialidade com o processo produtivo do açúcar e do álcool e configuram custo de produção, razão pela qual integram a base de cálculo do crédito das contribuições nãocumulativas. Com base nesses fundamentos entendo pela possibilidade da contribuinte apropriarse dos créditos de PIS e Cofins decorrentes das despesas com bens e serviços utilizados como insumos na etapa agrícola, do plantio à colheita da canadeaçúcar, aplicados no processo industrial da pessoa jurídica, e atendidos todos os demais requisitos da Lei nº 10.637/2002 e 10.833/2003 pertinentes à matéria e que não incorram nas vedações previstas nos referidos textos. Fl. 1873DF CARF MF Processo nº 10410.901849/201357 Acórdão n.º 3201005.295 S3C2T1 Fl. 1.874 25 Análise das glosas na fase agrícola A fabricação de açúcar e álcool e a produção de canadeaçúcar são processos indissociáveis de forma que os custos e despesas com a cultura de canadeaçúcar e seu transporte até a unidade de fabricação do açúcar e do álcool enquadramse no conceito legal de insumo desta fabricação. A autoridade fiscal glosou créditos lançados pela contribuinte e relacionados ao cultivo da canadeaçúcar que, posteriormente, serviria à produção própria de açúcar e álcool. Segundo a autoridade fiscal, tais créditos foram apurados indevidamente por não terem sido, os bens e serviços, diretamente empregados na fabricação do açúcar e do álcool. Nenhum outro fundamento foi assentado para glosa. A posição adotada por este Colegiado para considerar custos e despesas geradoras do direito creditório como aquelas em que o bem/serviço participa do processo produtivo (fase agrícola) de forma essencial e necessária implica reconhecer os dispêndios com aquisições de bens e serviços, com a observação a seguir. Dessa forma revertemse as glosas de créditos com custos e/ou despesas nos itens a seguir relacionados, atendidos aos demais requisitos da legislação das Contribuições não cumulativas, em especial dos §§ 2º e 3º do art. 3º das Leis nºs. 10.637/2002 e 10.833/2003, com a observação adicional de que, em se tratando de bens/serviços cujos dispêndios são incorporados ao Ativo Imobilizado, os créditos concedidos limitamse ao valor da depreciação (e não de despesas), conforme as regras contábeis, e art. 3º, inciso VII do caput, e inciso III o §1º, das Leis 10.833/2003 e 10.637/2002: Tópico "1.1 SERVIÇOS UTILIZADOS COMO INSUMOS ÁREA AGRÍCOLA" Serviços de TerceirosEquipamentos Agrícolas: serviços de manutenção e solda em equipamentos agrícolas e de irrigação. Serviços de Lavagem de RoupaHerbicidas. Manutenção e Reparo de Equipamentos Agrícolas: peças aplicadas por terceiros na manutenção de implementos agrícolas e irrigação. Tópico "1. 2 BENS UTILIZADOS COMO INSUMOS ÁREA AGRÍCOLA" Aquisição de bens (Óleo Diesel, Material Lubrificante, Pneus e Câmaras, Material de Manutenção) utilizados em veículos empregados especificamente na movimentação e transporte da canadeaçúcar e nos centros de custos relacionados à fase agrícola, tais como Adutoras, Pivôs, Carregadeiras, Grades, Fazendas, Tratores, Sulcador, Aplicação de Herbicidas, Produção de Mudas Fl. 1874DF CARF MF Processo nº 10410.901849/201357 Acórdão n.º 3201005.295 S3C2T1 Fl. 1.875 26 Fretes na fase agrícola Na atividade industrial, conquanto não haja expressa previsão legal à tomada de crédito nas despesas com frete na aquisição de insumos, a interpretação que se dá ao art. 3º, I e § 1º, I das Leis 10.637/02 e 10.833/03 cumulada com o art. 290 do RIR/1999 possibilita o entendimento de que é legítima a apropriação dos créditos do PIS e das Cofins, calculados sobre o valor do frete relativo ao serviço de bens a serem utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda. Os textos legais: Lei 10.833/2003: Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...) II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, (...); (...) § 1o Observado o disposto no § 15 deste artigo, o crédito será determinado mediante a aplicação da alíquota prevista no caput do art. 2ª desta Lei sobre o valor: I dos itens mencionados nos incisos I e II do caput, adquiridos no mês; (...) Art. 290. O custo de produção dos bens ou serviços vendidos compreenderá, obrigatoriamente (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 13, §1º): I o custo de aquisição de matériasprimas e quaisquer outros bens ou serviços aplicados ou consumidos na produção, observado o disposto no artigo anterior; (...) De acordo com os referidos preceitos legais, inferese que a parcela do valor do frete, relativo ao transporte de bens a serem utilizados como insumos de produção ou fabricação de bens destinados à venda, integra o custo de aquisição dos referidos bens e somente nesta condição compõe a base cálculo dos créditos das mencionadas contribuições. Assim, sendo o bem transportado um insumo com direito a credito, também o será o gasto com transporte, se suportado pelo adquirente e pago à pessoa jurídica. Portanto, revertemse as glosas do Tópico "1. 3 OUTRAS GLOSAS DE CRÉDITOS EFETUADAS NA ÁREA AGRÍCOLA" relacionadas: Fretes de compra (apenas para os valores comprovados através da apresentação de Conhecimento de Carga) Fl. 1875DF CARF MF Processo nº 10410.901849/201357 Acórdão n.º 3201005.295 S3C2T1 Fl. 1.876 27 Transporte de cana (bens aplicados em veículos próprios, utilizados no transporte de cana) Análise das glosas na fase industrial (produção de açúcar e álcool) As glosas de gastos com bens e serviços descritos a partir do item "4.1" a "4.4" do Relatório Fiscal tiveram fundamento na ausência de enquadramento no conceito de insumo. Como relatado linhas acima, a contribuinte não questiona o conceito de insumo empregado pelo Fisco e tampouco asseverou seu próprio entendimento, apenas pretende crédito de todos os gastos incorridos em sua atividade empresarial. Nada obstante, a descrição de alguns dos dispêndios permite concluir pela sua essencialidade ou relevância face à atividade industrial desenvolvida. Dessa forma revertemse as glosas relativas a: Transporte de resíduo industriais Serviço de dedetização, desde que nas instalações da atividade produtiva; Produtos químicos, desde que utilizados na limpeza de instalações industriais; Produtos químicos específicos para tratamento de águas. Outros bens e serviços pretensamente utilizados nas atividades industriais carecem de comprovação, ônus do qual não se desincumbiu a recorrente. Glosas de Despesas Os dispêndios com serviços de transporte de pessoal carecem de previsão legal para o aproveitamento do crédito. Quanto aos automóveis e aeronaves alugados não se tem comprovação de uso como equipamento nas atividades da empresa, mantendose a glosa com base no art. 3º da Lei nº 10.833/03. Encargos de depreciação Os mesmos fundamentos para a reversão das glosas de gastos com bens utilizados na etapa agrícola são válidos para a manutenção do crédito com encargos de Fl. 1876DF CARF MF Processo nº 10410.901849/201357 Acórdão n.º 3201005.295 S3C2T1 Fl. 1.877 28 depreciação de tratores, colheitadeiras, caminhões, reboques e outros bens utilizados na agricultura ou transporte da cana. Mantémse as glosas de créditos dos demais encargos de depreciação de veículos e bens não utilizados nas etapas produtivas e de fabricação. Produtos acabados Armazenagem e frete na venda A fiscalização glosou os créditos com despesas de armazenagem e frete pois entendeu restar descaracterizada a operação de venda a cliente. Segundo a autoridade fiscal, a inexistência de informação do clienteadquirente nos documentos fiscais bem como a entrega do açúcar fabricado em locais que não identificam a venda/exportação, no caso o porto de embarque, revelam uma mera operação de “frete interno” ou “frete logístico”, ou ainda “frete para formação de estoque”, o qual não apresenta qualquer relação com a efetiva operação de venda. Discordo do entendimento fiscal. A legislação referente ao PIS/PASEP (Lei nº 10.637/2004) e a COFINS (Lei nº 10.833/2003) tratam da possibilidade de creditamento do frete como insumo no processo produtivo e na operação de venda (suas etapas) quando o ônus for suportado pelo vendedor, como dispõe: Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...) II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da Tipi; [...] IX armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda, nos casos dos incisos I e II, quando o ônus for suportado pelo vendedor. A operação de venda não se revela simplesmente pela saída do produto acabado do estabelecimento industrial diretamente ao adquirente ou embarque para exportação. No caso, a operação de venda comporta uma logística de transporte e armazenagem do açúcar fabricado, caracterizandose necessários à atividade final de venda. Dessa forma, não se pode admitir que as transferências do produto fabricado restringemse a uma mera opção de logística ou comercial, mas essencial e necessários à preservação dos produtos até que se complete a atividade final de venda. Fl. 1877DF CARF MF Processo nº 10410.901849/201357 Acórdão n.º 3201005.295 S3C2T1 Fl. 1.878 29 Neste sentido é o entendimento deste Colegiado no Acórdão nº 3201 004.279, sessão de 23/10/2018, cujo voto vencedor na matéria é de lavra do Conselheiro Marcelo Giovani Vieira, que transcrevo na parte que interessa a este julgamento: [...] No caso dos gastos logísticos na venda, entendo que estão abrangidos pela expressão “armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda”, conforme consta no inciso IX do artigo 3º das Leis 10.833/2003 e 10.637/2002. Entendo que são termos cuja semântica abrange a movimentação das cargas na operação de venda.. Assim, tais dispêndios logísticos estão inseridos no direito de crédito, respeitados os demais requisitos da Lei, como, por exemplo, que o serviço seja feito por pessoas jurídicas tributadas pelo Pis e Cofins. Outrossim, as discrepâncias entre quantidades e datas nos conhecimentos de transporte ou documentos do armazenador não desnaturam a operação como de armazenagem e frete de venda, com direito ao aproveitamento do crédito a teor do inciso IX, do art. 3º da Lei nº 10.833/03. Com essas considerações, concedese o creditamento dos fretes de produtos acabados, em que o ônus é suportado pelo vendedor e pago à pessoa jurídica beneficiária domiciliada no País à vista de documento fiscal hábil e idôneo. Por fim, a ausência de refutação específica as todas os demais dispêndios (insumos ou despesas) glosados e mormente o afastamento da acusação fiscal de duplicidade no aproveitamento de créditos (item "5.4") mantémse as glosas efetivadas pela autoridade fiscal. Conclusão Diante de todo o exposto, voto para DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso voluntário para conceder o crédito das contribuições para o PIS/Cofins, revertendose as glosas efetuadas, atendidas os demais requisitos dos §§ 2º e 3º dos arts. 3º das Leis nºs. 10.637/2002 e 10.833/2003 e legislação pertinente à matéria, exclusivamente quanto a: 1. Serviços utilizados como insumos na fase agrícola (itens "1.1" e "1.3") 1.1 Serviços de TerceirosEquipamentos Agrícolas: serviços de manutenção e solda em equipamentos agrícolas e de irrigação, e serviços de lavagem “roupasherbicidas”; 1.2 Manutenção e Reparo de Equipamentos Agrícolas: peças aplicadas por terceiros na manutenção de implementos agrícolas e irrigação; 1.3 Fretes de compras (apenas para os valores comprovados através da apresentação de Conhecimento de Carga); 1.4 Transporte de cana (bens aplicados em veículos próprios, utilizados no transporte de cana) Fl. 1878DF CARF MF Processo nº 10410.901849/201357 Acórdão n.º 3201005.295 S3C2T1 Fl. 1.879 30 2. Bens utilizados como insumos na fase agrícola (item "1.2") 2.1 Óleo Diesel, Material Lubrificante, Pneus e Câmaras, Material de Manutenção, utilizados em veículos empregados especificamente na movimentação e transporte da canadeaçúcar e nos centros de custos relacionados à fase agrícola, tais como: Adutoras, Pivôs, Carregadeiras, Grades, Fazendas, Tratores, Sulcador, Aplicação de Herbicidas, Produção de Mudas. 3. Bens e serviços utilizados na fase industrial de fabricação de açúcar e álcool (itens "4.1" e "4.2") 3.1 Transporte de resíduos industriais; 3.2 Serviços de dedetização, desde que nas instalações da atividade produtiva; 3.3 Produtos químicos, desde que utilizados na limpeza de instalações industriais; e 3.4 Produtos químicos específicos para tratamento de águas. 4. Encargos de depreciação de bens utilizados na fase agrícola: tratores, colheitadeiras, caminhões, reboques e outros bens utilizados na agricultura ou transporte da cana; e 5. Despesas com armazenagem e fretes nas operações de vendas (à vista de documento fiscal hábil e idôneo). (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Fl. 1879DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10410.901867/2013-39
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 25 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri May 17 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/10/2013 a 31/12/2013
NÃO-CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. CONCEITO DE INSUMOS
O alcance do conceito de insumo, segundo o regime da não-cumulatividade do PIS Pasep e da COFINS é aquele em que o os bens e serviços cumulativamente atenda aos requisitos de (i) essencialidade ou relevância com/ao processo produtivo ou prestação de serviço; e sua (ii) aferição, por meio do cotejo entre os elementos (bens e serviços) e a atividade desenvolvida pela empresa.
PROCESSO PRODUTIVO. PRODUÇÃO DE AÇÚCAR E ÁLCOOL. ETAPA AGRÍCOLA. CUSTOS. CRÉDITO
Os custos incorridos com bens e serviços aplicados no cultivo da cana de açúcar guardam estreita relação de relevância e essencialidade com o processo produtivo das variadas formas e composição do álcool e do açúcar e configuram custo de produção, razão pela qual integram a base de cálculo do crédito das contribuições não-cumulativas.
REGIME NÃO CUMULATIVO. GASTOS COM FRETE. TRANSPORTE DE BENS COM DIREITO A CRÉDITO. DIREITO À APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO NA DESPESA DE FRETE.
No âmbito do regime não cumulativo da Cofins, a despesa com transporte de bens utilizado como insumos na produção/industrialização de bens destinados à venda, suportado pelo comprador, e devida à pessoa jurídica, propicia a dedução de crédito se incluído no custo de aquisição dos bens.
CRÉDITOS DE INSUMOS. CONTRIBUIÇÕES NÃO-CUMULATIVAS. SERVIÇOS E PEÇAS DE MANUTENÇÃO DE VEÍCULOS, MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NO PROCESSO PRODUTIVO.
Os serviços e bens utilizados na manutenção de veículos, máquinas e equipamentos utilizados no processo produtivo geram direito a crédito das contribuições para o PIS e a COFINS não-cumulativos.
VEÍCULOS, MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. CRÉDITO SOBRE DEPRECIAÇÃO. UTILIZAÇÃO EM ETAPAS DO PROCESSO PRODUTIVO E DE INDUSTRIALIZAÇÃO.
A pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados sobre encargos de depreciação em relação a veículos, máquinas e equipamentos adquiridos e utilizados em etapas pertinentes e essenciais à produção e à fabricação de produtos destinados à venda, conforme disciplinado pela Secretaria da Receita Federal em sua legislação (IN SRF nº 457/2004).
REGIME NÃO-CUMULATIVO. DESPESAS COM ARMAZENAGEM E FRETES NA OPERAÇÃO DE VENDA.
Concede-se direito à apuração de crédito às despesas de armazenagem e frete contratado relacionado a operações de venda, desde que amparado em documentos fiscal e o ônus tenha sido suportado pela pessoa jurídica vendedor e pago à pessoa jurídica beneficiária domiciliada no País.
Numero da decisão: 3201-005.304
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, apenas para conceder o crédito das contribuições para o PIS/Cofins, revertendo-se as glosas efetuadas, atendidos os demais requisitos dos §§ 2º e 3º dos arts. 3º das Leis nºs. 10.637/2002 e 10.833/2003 e legislação pertinente à matéria: I - Serviços utilizados como insumos na fase agrícola: (item 1.1) Serviços de Terceiros-Equipamentos Agrícolas: serviços de manutenção e solda em equipamentos agrícolas e de irrigação, e serviços de "lavagem de roupas-herbicidas"; (item 1.2) Manutenção e Reparo de Equipamentos Agrícolas: peças aplicadas por terceiros na manutenção de implementos agrícolas e irrigação; (item 1.3) Fretes de compra (apenas para os valores comprovados através da apresentação de Conhecimento de Carga); e (item 1.4) Transporte de cana (bens aplicados em veículos próprios, utilizados no transporte de cana); II - Bens utilizados como insumos na fase agrícola (item "1.2"): Óleo Diesel, Material Lubrificante, Pneus e Câmaras, Material de Manutenção, utilizados em veículos empregados especificamente na movimentação e transporte da cana-de-açúcar e nos centros de custos relacionados à fase agrícola, tais como: Adutoras, Pivôs, Carregadeiras, Grades, Fazendas, Tratores, Sulcador, Aplicação de Herbicidas, Produção de Mudas; III - Bens e serviços utilizados na fase industrial de fabricação de açúcar e álcool (itens "4.1" e "4.2") - transporte de resíduos industriais; serviços de dedetização, desde que nas instalações das atividades produtivas; produtos químicos, desde que utilizados na limpeza de instalações industriais; e produtos químicos específicos para tratamento de águas; IV - Encargos de depreciação de bens utilizados na fase agrícola: tratores, colheitadeiras, caminhões, reboques e outros bens utilizados na agricultura ou transporte da cana; e V - Despesas com armazenagem e fretes nas operações de vendas.
(assinado digitalmente)
Paulo Roberto Duarte Moreira - Presidente em Exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Giovani Vieira, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Leonardo Correia Lima Macedo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Marcos Roberto da Silva (suplente convocado em substituição ao conselheiro Charles Mayer de Castro Souza), Tatiana Josefovicz Belisario, Laercio Cruz Uliana Junior e Paulo Roberto Duarte Moreira (Presidente em Exercício). Ausente o conselheiro Charles Mayer de Castro Souza.
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201904
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/10/2013 a 31/12/2013 NÃO-CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. CONCEITO DE INSUMOS O alcance do conceito de insumo, segundo o regime da não-cumulatividade do PIS Pasep e da COFINS é aquele em que o os bens e serviços cumulativamente atenda aos requisitos de (i) essencialidade ou relevância com/ao processo produtivo ou prestação de serviço; e sua (ii) aferição, por meio do cotejo entre os elementos (bens e serviços) e a atividade desenvolvida pela empresa. PROCESSO PRODUTIVO. PRODUÇÃO DE AÇÚCAR E ÁLCOOL. ETAPA AGRÍCOLA. CUSTOS. CRÉDITO Os custos incorridos com bens e serviços aplicados no cultivo da cana de açúcar guardam estreita relação de relevância e essencialidade com o processo produtivo das variadas formas e composição do álcool e do açúcar e configuram custo de produção, razão pela qual integram a base de cálculo do crédito das contribuições não-cumulativas. REGIME NÃO CUMULATIVO. GASTOS COM FRETE. TRANSPORTE DE BENS COM DIREITO A CRÉDITO. DIREITO À APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO NA DESPESA DE FRETE. No âmbito do regime não cumulativo da Cofins, a despesa com transporte de bens utilizado como insumos na produção/industrialização de bens destinados à venda, suportado pelo comprador, e devida à pessoa jurídica, propicia a dedução de crédito se incluído no custo de aquisição dos bens. CRÉDITOS DE INSUMOS. CONTRIBUIÇÕES NÃO-CUMULATIVAS. SERVIÇOS E PEÇAS DE MANUTENÇÃO DE VEÍCULOS, MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NO PROCESSO PRODUTIVO. Os serviços e bens utilizados na manutenção de veículos, máquinas e equipamentos utilizados no processo produtivo geram direito a crédito das contribuições para o PIS e a COFINS não-cumulativos. VEÍCULOS, MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. CRÉDITO SOBRE DEPRECIAÇÃO. UTILIZAÇÃO EM ETAPAS DO PROCESSO PRODUTIVO E DE INDUSTRIALIZAÇÃO. A pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados sobre encargos de depreciação em relação a veículos, máquinas e equipamentos adquiridos e utilizados em etapas pertinentes e essenciais à produção e à fabricação de produtos destinados à venda, conforme disciplinado pela Secretaria da Receita Federal em sua legislação (IN SRF nº 457/2004). REGIME NÃO-CUMULATIVO. DESPESAS COM ARMAZENAGEM E FRETES NA OPERAÇÃO DE VENDA. Concede-se direito à apuração de crédito às despesas de armazenagem e frete contratado relacionado a operações de venda, desde que amparado em documentos fiscal e o ônus tenha sido suportado pela pessoa jurídica vendedor e pago à pessoa jurídica beneficiária domiciliada no País.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Fri May 17 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 10410.901867/2013-39
anomes_publicacao_s : 201905
conteudo_id_s : 6008139
dt_registro_atualizacao_tdt : Sat May 18 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 3201-005.304
nome_arquivo_s : Decisao_10410901867201339.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
nome_arquivo_pdf_s : 10410901867201339_6008139.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, apenas para conceder o crédito das contribuições para o PIS/Cofins, revertendo-se as glosas efetuadas, atendidos os demais requisitos dos §§ 2º e 3º dos arts. 3º das Leis nºs. 10.637/2002 e 10.833/2003 e legislação pertinente à matéria: I - Serviços utilizados como insumos na fase agrícola: (item 1.1) Serviços de Terceiros-Equipamentos Agrícolas: serviços de manutenção e solda em equipamentos agrícolas e de irrigação, e serviços de "lavagem de roupas-herbicidas"; (item 1.2) Manutenção e Reparo de Equipamentos Agrícolas: peças aplicadas por terceiros na manutenção de implementos agrícolas e irrigação; (item 1.3) Fretes de compra (apenas para os valores comprovados através da apresentação de Conhecimento de Carga); e (item 1.4) Transporte de cana (bens aplicados em veículos próprios, utilizados no transporte de cana); II - Bens utilizados como insumos na fase agrícola (item "1.2"): Óleo Diesel, Material Lubrificante, Pneus e Câmaras, Material de Manutenção, utilizados em veículos empregados especificamente na movimentação e transporte da cana-de-açúcar e nos centros de custos relacionados à fase agrícola, tais como: Adutoras, Pivôs, Carregadeiras, Grades, Fazendas, Tratores, Sulcador, Aplicação de Herbicidas, Produção de Mudas; III - Bens e serviços utilizados na fase industrial de fabricação de açúcar e álcool (itens "4.1" e "4.2") - transporte de resíduos industriais; serviços de dedetização, desde que nas instalações das atividades produtivas; produtos químicos, desde que utilizados na limpeza de instalações industriais; e produtos químicos específicos para tratamento de águas; IV - Encargos de depreciação de bens utilizados na fase agrícola: tratores, colheitadeiras, caminhões, reboques e outros bens utilizados na agricultura ou transporte da cana; e V - Despesas com armazenagem e fretes nas operações de vendas. (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira - Presidente em Exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Giovani Vieira, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Leonardo Correia Lima Macedo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Marcos Roberto da Silva (suplente convocado em substituição ao conselheiro Charles Mayer de Castro Souza), Tatiana Josefovicz Belisario, Laercio Cruz Uliana Junior e Paulo Roberto Duarte Moreira (Presidente em Exercício). Ausente o conselheiro Charles Mayer de Castro Souza.
dt_sessao_tdt : Thu Apr 25 00:00:00 UTC 2019
id : 7745166
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:44:46 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051908759879680
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 28; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2028; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C2T1 Fl. 1.821 1 1.820 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10410.901867/201339 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3201005.304 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 25 de abril de 2019 Matéria COFINS NÃO CUMULATIVO PEDIDO DE RESSARCIMENTO Recorrente TRIUNFO AGROINDUSTRIAL LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/10/2013 a 31/12/2013 NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. CONCEITO DE INSUMOS O alcance do conceito de insumo, segundo o regime da nãocumulatividade do PIS Pasep e da COFINS é aquele em que o os bens e serviços cumulativamente atenda aos requisitos de (i) essencialidade ou relevância com/ao processo produtivo ou prestação de serviço; e sua (ii) aferição, por meio do cotejo entre os elementos (bens e serviços) e a atividade desenvolvida pela empresa. PROCESSO PRODUTIVO. PRODUÇÃO DE AÇÚCAR E ÁLCOOL. ETAPA AGRÍCOLA. CUSTOS. CRÉDITO Os custos incorridos com bens e serviços aplicados no cultivo da cana de açúcar guardam estreita relação de relevância e essencialidade com o processo produtivo das variadas formas e composição do álcool e do açúcar e configuram custo de produção, razão pela qual integram a base de cálculo do crédito das contribuições nãocumulativas. REGIME NÃO CUMULATIVO. GASTOS COM FRETE. TRANSPORTE DE BENS COM DIREITO A CRÉDITO. DIREITO À APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO NA DESPESA DE FRETE. No âmbito do regime não cumulativo da Cofins, a despesa com transporte de bens utilizado como insumos na produção/industrialização de bens destinados à venda, suportado pelo comprador, e devida à pessoa jurídica, propicia a dedução de crédito se incluído no custo de aquisição dos bens. CRÉDITOS DE INSUMOS. CONTRIBUIÇÕES NÃOCUMULATIVAS. SERVIÇOS E PEÇAS DE MANUTENÇÃO DE VEÍCULOS, MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NO PROCESSO PRODUTIVO. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 41 0. 90 18 67 /2 01 3- 39 Fl. 1821DF CARF MF Processo nº 10410.901867/201339 Acórdão n.º 3201005.304 S3C2T1 Fl. 1.822 2 Os serviços e bens utilizados na manutenção de veículos, máquinas e equipamentos utilizados no processo produtivo geram direito a crédito das contribuições para o PIS e a COFINS nãocumulativos. VEÍCULOS, MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. CRÉDITO SOBRE DEPRECIAÇÃO. UTILIZAÇÃO EM ETAPAS DO PROCESSO PRODUTIVO E DE INDUSTRIALIZAÇÃO. A pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados sobre encargos de depreciação em relação a veículos, máquinas e equipamentos adquiridos e utilizados em etapas pertinentes e essenciais à produção e à fabricação de produtos destinados à venda, conforme disciplinado pela Secretaria da Receita Federal em sua legislação (IN SRF nº 457/2004). REGIME NÃOCUMULATIVO. DESPESAS COM ARMAZENAGEM E FRETES NA OPERAÇÃO DE VENDA. Concedese direito à apuração de crédito às despesas de armazenagem e frete contratado relacionado a operações de venda, desde que amparado em documentos fiscal e o ônus tenha sido suportado pela pessoa jurídica vendedor e pago à pessoa jurídica beneficiária domiciliada no País. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, apenas para conceder o crédito das contribuições para o PIS/Cofins, revertendose as glosas efetuadas, atendidos os demais requisitos dos §§ 2º e 3º dos arts. 3º das Leis nºs. 10.637/2002 e 10.833/2003 e legislação pertinente à matéria: I Serviços utilizados como insumos na fase agrícola: (item 1.1) Serviços de Terceiros Equipamentos Agrícolas: serviços de manutenção e solda em equipamentos agrícolas e de irrigação, e serviços de "lavagem de roupasherbicidas"; (item 1.2) Manutenção e Reparo de Equipamentos Agrícolas: peças aplicadas por terceiros na manutenção de implementos agrícolas e irrigação; (item 1.3) Fretes de compra (apenas para os valores comprovados através da apresentação de Conhecimento de Carga); e (item 1.4) Transporte de cana (bens aplicados em veículos próprios, utilizados no transporte de cana); II Bens utilizados como insumos na fase agrícola (item "1.2"): Óleo Diesel, Material Lubrificante, Pneus e Câmaras, Material de Manutenção, utilizados em veículos empregados especificamente na movimentação e transporte da canadeaçúcar e nos centros de custos relacionados à fase agrícola, tais como: Adutoras, Pivôs, Carregadeiras, Grades, Fazendas, Tratores, Sulcador, Aplicação de Herbicidas, Produção de Mudas; III Bens e serviços utilizados na fase industrial de fabricação de açúcar e álcool (itens "4.1" e "4.2") transporte de resíduos industriais; serviços de dedetização, desde que nas instalações das atividades produtivas; produtos químicos, desde que utilizados na limpeza de instalações industriais; e produtos químicos específicos para tratamento de águas; IV Encargos de depreciação de bens utilizados na fase agrícola: tratores, colheitadeiras, caminhões, reboques e outros bens utilizados na agricultura ou transporte da cana; e V Despesas com armazenagem e fretes nas operações de vendas. (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Presidente em Exercício e Relator Fl. 1822DF CARF MF Processo nº 10410.901867/201339 Acórdão n.º 3201005.304 S3C2T1 Fl. 1.823 3 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Giovani Vieira, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Leonardo Correia Lima Macedo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Marcos Roberto da Silva (suplente convocado em substituição ao conselheiro Charles Mayer de Castro Souza), Tatiana Josefovicz Belisario, Laercio Cruz Uliana Junior e Paulo Roberto Duarte Moreira (Presidente em Exercício). Ausente o conselheiro Charles Mayer de Castro Souza. Relatório Para bem relatar os fatos, transcrevese o relatório da decisão proferida pela autoridade a quo no Acórdão nº 1464.838: Tratase de Pedido de Ressarcimento de créditos da Cofins não cumulativa do 1º Trimestre de 2013, no importe de R$ 509.093,93, formalizado por meio do PER/DCOMP nº 28088.14896.160813.1.5.090034 (fls. 34/41), ao qual a contribuinte vinculou declarações de compensação nas quais procurou extinguir débitos próprios, relativos a tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil – RFB. Analisada a pretensão, foi emitido o Despacho Decisório nº de Rastreamento 095447533 (fl. 42), no qual o direito creditório foi reconhecido parcialmente, disso resultando declaração de compensação homologada parcialmente e inexistência de saldo a ser ressarcido. Os fundamentos da decisão estão no Relatório Fiscal de fls. 1282/1315, no qual a autoridade fiscal se manifestou pelo deferimento parcial do pedido e expôs os motivos de seu entendimento, conforme segue. Inicia esclarecendo que: a empresa dedicase à produção e comercialização de açúcar e álcool utilizando como matéria prima básica a canadeaçúcar obtida mediante produção própria ou adquirida de terceiros; como a maioria das empresas deste ramo, tem produção sazonal, normalmente ocorrendo o período de safra/produção entre os meses de setembro a março; a comercialização é feita tanto no mercado interno como no externo, sendo que o açúcar é predominantemente exportado e o álcool é majoritariamente comercializado no mercado interno. Passa a tratar dos créditos glosados informando inicialmente que o conceito de insumo, para fins de apuração de créditos da não cumulatividade do PIS e da Cofins está regido em legislação própria e não pode ser confundido nem interpretado à luz da legislação do IRPJ. Relata que em atendimento ao Termo de Início de Ação Fiscal, a contribuinte apresentou planilhas detalhadas em que demonstrava a memória de cálculo dos valores de crédito que informou no DACON e que embasaram seus Pedidos de Ressarcimento. Informa ainda que estas planilhas apresentavam Fl. 1823DF CARF MF Processo nº 10410.901867/201339 Acórdão n.º 3201005.304 S3C2T1 Fl. 1.824 4 os insumos “que foram utilizados para compor os créditos discriminados por utilização em AGRICULTURA ou INDÚSTRIA”. Diz ainda que, na AGRICULTURA, a contribuinte incluiu também “as despesas (serviços, fretes, peças de veículos...) com o transporte e movimentação de canade açúcar, tanto a cana adquirida de terceiros como também a cana produzida em suas diversas fazendas até a unidade fabril”. Ressalta (os destaques são do original): Ora, em relação aos gastos ocorridos na Agricultura, tais aquisições não poderiam gerar direito aos créditos pleiteados por tratarse de ciclos produtivos diferentes: um, a atividade rural de cultivo da canadeaçúcar e outro, a produção de álcool e açúcar. A contribuinte fabrica açúcar e álcool, e além disso, cultiva parte da canadeaçúcar que utiliza na própria atividade industrial. Entende a Receita Federal que a fabricação de açúcar e álcool e a produção de canadeaçúcar são dois processos diferentes e que não se confundem para fins de apuração de PIS e Cofins no regime nãocumulativo. Além disso, não representam gastos com insumos utilizados na produção de produtos destinados à venda e sim gastos/insumos utilizados na obtenção de matérias prima para o próprio consumo. Notese que a empresa não vende cana e sim açúcar e álcool e a legislação do PIS/COFINS é clara quando restringe o direito ao crédito apenas a insumos utilizados na produção ou fabricação de produtos destinados à venda. Registra que este entendimento está expresso em diversas Soluções de Consulta, das quais transcreve trechos, e ainda, que o mesmo entendimento se aplica a outras atividades do segmento agroindustrial como, por exemplo, siderúrgicas com produção própria de carvão vegetal, indústria de papel com produção própria de eucaliptos, e acrescenta: E não é só. Mesmo na absurda hipótese de creditamento de bens e serviços aplicados na área agrícola, nem assim os supostos créditos seriam integrais, uma vez que a maioria das atividades agrícolas (entre as quais se inclui a produção de cana...), está sujeita a que parte dos seus custos com preparo e plantio seja imobilizada através da EXAUSTÃO e, ao contrário da depreciação e da amortização, não existe qualquer previsão legal para o creditamento de quotas de exaustão. (...) (destaques no original) Apresenta, em nota de rodapé, a seguinte observação: A empresa apresentou uma planilha denominada Serviços de TerceirosAgrícola na qual relacionava todos os serviços de manutenção, frete de cana, solda, diversos,....efetuados na área agrícola. Para fins de melhor visualização, a ação fiscal "quebrou" esta planilha em várias outras de acordo com o tipo do serviço prestado: Frete de Cana, Serviços de Terceiros manutenção e solda de equipamentos agrícolas, Serviços Diversos e Serviços de Terceirosmanutenção e solda de veículos Fl. 1824DF CARF MF Processo nº 10410.901867/201339 Acórdão n.º 3201005.304 S3C2T1 Fl. 1.825 5 e equipamentos de transporte. A mesma "quebra" foi efetuada na Planilha Manutenção e Reparos, que foi dividida em Equipamentos Agrícolas e Transporte. Convém acrescentar que a "quebra" não implicou alteração nos valores totais, que, de qualquer forma e independentemente da divisão adotada, seriam glosados, uma vez que referemse a atividades que não ensejam creditamento. Passa então a informar as glosas efetuadas, relativas a aquisições para a área agrícola: 1.1 SERVIÇOS UTILIZADOS COMO INSUMOS ÁREA AGRÍCOLA Do valor total de Serviços Utilizados como Insumos foram glosados os seguintes créditos referentes a agricultura: • Serviços de TerceirosEquipamentos Agrícolas: serviços de manutenção e solda em equipamentos agrícolas e de irrigação; • Serviços Diversos: outros créditos de serviços na área agrícola, de natureza indireta e administrativa, tais como Consultoria Agrícola, Consultoria em Meio Ambiente, Lavagem de Roupa Herbicidas e Manutenção de Programas de Computador. • Manutenção e Reparo de Equipamentos Agrícolas: peças aplicadas por terceiros na manutenção de implementos agrícolas e irrigação. Os valores glosados estão demonstrados abaixo e também nas Planilhas “Apuração dos Valores de Serviços utilizados como Insumos” e “Serviços de Terceiros Prestados na Agricultura Creditamentos Glosados”, Anexo 04. (...) 1. 2 BENS UTILIZADOS COMO INSUMOS ÁREA AGRÍCOLA Conforme exposto anteriormente, em suas planilhas apresentadas a empresa englobou como “Agricultura” as despesas referentes à aquisição de bens utilizados em automóveis e veículos para a movimentação e transporte da cana de açúcar. Além disso, apresentou todas as aquisições em uma única planilha (“Bens Insumos”), sem separação por tipo ou natureza do bem. Com o objetivo de melhor apresentação e visualização dos créditos glosados, a ação fiscal separou os bens nas planilhas da empresa, utilizando a mesma classificação existente na Contabilidade (SPED ContábilReq. 1dffe5fa2f9348db9308 3175c5a3a827, Anexo 01), ou seja, Óleo Diesel, Material Lubrificante, Pneus e Câmaras, Material de Manutenção. A seguir, a empresa foi intimada a identificar centros de custos (item 2 do Termo de Intimação n° 03) e, com base nas informações recebidas (Respostas Apresentadas pela Empresa Anexo 03) e com base nas informações contábeis que Fl. 1825DF CARF MF Processo nº 10410.901867/201339 Acórdão n.º 3201005.304 S3C2T1 Fl. 1.826 6 identificavam o centro de custo para o qual o material foi requisitado, foram separados aqueles gastos específicos da agricultura ( bens utilizados em tratores, colheitadeiras, equipamentos de irrigação,...) daqueles mais específicos do transporte (caminhões, automóveis, motos,..). Em Agricultura foram considerados centros de custos tais como, Adutoras, Pivôs, Carregadeiras, Grades, Fazendas, Tratores, Sulcador, Aplicação de Herbicidas, Produção de Mudas,.... Em Transportes foram classificados os centros de custos Toyota Hillux, Fiat Uno, Ford Cargo, Caminhão MBB, Moto Honda, Pajero TR4, Reboques,... Os valores contábeis foram separados por Agricultura e Transporte e os percentuais obtidos aplicados sobre as aquisições constantes nas planilhas da empresa: Óleo Diesel, Lubrificantes, Pneus e Câmaras e Material de Manutenção. Os valores glosados estão relacionados abaixo e também nas Planilhas da Ação Fiscal “Apuração do Rateio entre Bens Utilizados na Área Agrícola e no Transporte de Cana” e “Apuração dos Valores de Bens Utilizados como Insumos” (Anexo 05). 1. 3 OUTRAS GLOSAS DE CRÉDITOS EFETUADAS NA ÁREA AGRÍCOLA Outros créditos também foram glosados na área Agrícola, tais como o Frete de Compras, Transporte de Cana, Transporte de Pessoal e Aluguéis de Veículos, os quais se encontram apresentados em tópicos específicos, a seguir. Discorre então sobre os fretes de compras, salientando a inexistência de previsão legal para a apuração de créditos sobre tais despesas. Depois, justifica as glosas relativas a “Frete de Compras na Aquisição de Bens” e, a seguir, as glosas relativas a “Frete de Compras na Aquisição de CanadeAçúcar de Terceiros”. Na sequência, trata dos créditos glosados no transporte de cana: A empresa possui diversas fazendas onde planta canadeaçúcar que é utilizada para consumo próprio em sua unidade fabril. Uma vez colhida esta cana é transportada de seus estabelecimentos agrícolas até a sua unidade fabril. Neste processo de movimentação da matériaprima, a empresa tanto utiliza sua frota própria de caminhões e reboques como também pode utilizar serviços de terceiros. Nos dois casos tratase da mesma situação, que é o comumente chamado “frete interno”, ou seja, o transporte de matériaprima, produto em elaboração ou produtos acabados entre estabelecimentos de uma mesma empresa. E o crédito para tal tipo de transporte é totalmente vedado pela legislação e por inúmeras Soluções de Consulta e Julgamento. Confiramse algumas: Fl. 1826DF CARF MF Processo nº 10410.901867/201339 Acórdão n.º 3201005.304 S3C2T1 Fl. 1.827 7 Cita soluções de consulta, bem como acórdãos de diversas DRJ, e conclui: Abaixo e também nas Planilhas “Apuração dos Valores de Bens Utilizados como Insumos” (Anexo 05) e “Apuração dos Valores de Serviços Utilizados como Insumos”, “Serviços com Creditamento Glosado” e “Detalhamento da Apuração das Glosas em Frete de Cana: Própria e Adquirida de Terceiros” (Anexo 04) estão demonstrados os valores glosados. Prossegue (destaques no original): Em Bens Aplicados em Equipamentos e Veículos de Transporte de Cana: Óleo Diesel, Lubrificantes, Pneus e Câmaras, Material de Manutenção, Os critérios utilizados na segregação destes créditos foram os já expostos no item 1.2 – Bens utilizados como Insumos – Área Agrícola. (...) Em Serviços Aplicados em Equipamentos e Veículos para o Transporte de Cana: Serviços de TerceirosCaminhões, Motos e Automóveis, Manutenção e Reparo de Veículos e Equipamentos de Transporte e Frete de Cana. (...) A seguir, o AuditorFiscal discorre sobre os créditos glosados na indústria. Sustenta (os destaques são do original): Como já exposto anteriormente, enseja o creditamento a utilização de insumos na atividade de “prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda” (lei 10.833/03, art. 3o, II), que, no caso da empresa, é a fabricação de açúcar e álcool. No entanto, no processo de análise dos bens e serviços que a empresa considerou em sua apuração, foram identificados diversos grupos de bens e serviços que não se enquadram no conceito de insumo da legislação do PIS/COFINS. São eles: 4.1 SERVIÇOS DE DEDETIZAÇÃO E TRANSPORTE DE RESÍDUOS Foram glosados dispêndios com Dedetização e Transporte de Resíduos, abaixo demonstrados e também nas Planilhas “Apuração dos Valores de Serviços Utilizados como Insumos” e “Serviços com Creditamento Glosado” (Anexo 04). (...) 4.2 DESINCRUSTANTES E PRODUTOS DE LIMPEZA E TRATAMENTO DE ÁGUAS A empresa utiliza diversos produtos químicos na limpeza de suas instalações, com o objetivo de remover incrustações tais como a soda cáustica (desincrustante geral) e dispersolubizante (desincrustante para sistema de geração de vapor). São também Fl. 1827DF CARF MF Processo nº 10410.901867/201339 Acórdão n.º 3201005.304 S3C2T1 Fl. 1.828 8 utilizados produtos químicos específicos para tratamento de águas, tais como P70 e algicidas. Seguem abaixo trechos de algumas Soluções de Consulta sobre o assunto: (...) Os valores glosados estão abaixo demonstrados e também nas Planilhas “Apuração dos Valores de Bens Utilizados como Insumos” e “Bens com Creditamento Glosado” (Anexo 05). (...) 4.3 – BENS E SERVIÇOS C/NATUREZA DE ATIVO FIXO Na análise dos bens que compuseram o crédito pleiteado pela empresa, foi constatada a existência de bens de alto valor unitário e com nítida natureza de ativo fixo. De acordo com o art. 346 do Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999 (Regulamento do Imposto de Renda – RIR), deverão ser capitalizadas partes e peças, cuja substituição resultar aumento de vida útil superior a um ano da máquina ou equipamento ao qual serão integrados: “Art. 346. Serão admitidas, como custo ou despesa operacional, as despesas com reparos e conservação de bens e instalações destinadas a mantêlos em condições eficientes de operação (Lei nº 4.506, de 1964, art. 48). § 1º Se dos reparos, da conservação ou da substituição de partes e peças resultar aumento da vida útil prevista no ato de aquisição do respectivo bem, as despesas correspondentes, quando aquele aumento for superior a um ano, deverão ser capitalizadas, a fim de servirem de base a depreciações futuras (Lei nº 4.506, de 1964, art. 48, parágrafo único).” Sobre o assunto convém destacar parte da Solução de Consulta 204: (...) Ora, é evidente que, se tratando de partes e peças significativas em um equipamento, a sua substituição irá aumentar a vida útil deste equipamento. É o caso, por exemplo, da substituição ou retífica de um bloco de motor de automóvel ou de um rotor em uma bomba. Desta forma a ação fiscal buscou identificar bens de alto valor unitário, significativos e relevantes na máquina ou equipamento e que não tenham sido novamente requisitados pelo menos nos dois anos seguintes. Os valores glosados estão abaixo demonstrados e também nas Planilhas “Apuração dos Valores de Bens Utilizados como Insumos” e “Bens com Creditamento Glosado” (Anexo 05). (...) 4.4 OUTROS BENS DIVERSOS Fl. 1828DF CARF MF Processo nº 10410.901867/201339 Acórdão n.º 3201005.304 S3C2T1 Fl. 1.829 9 Foram também glosadas aquisições diversas, tais como lâmpadas, fechaduras para porta, peças para arcondicionado, ferramentas, graxa e outros. Em relação ao material de construção glosado, convém ressaltar que a legislação não veda seu creditamento desde que incorporado ao bem ou instalação, onde passa a ter seu credito efetuado indiretamente através da depreciação. Sobre a graxa, que representou a glosa mais significativa, segue abaixo parte do Acórdão DRJ 02 42.382 sobre o assunto: Acórdão DRJ N° 0242.382 de 04 de fevereiro de 2013. GASTOS COM GRAXA Assim, não procede a alegação de que estaria revisto o entendimento contido na Solução de Divergência COSIT n° 12/2007, com a publicação da Solução de Divergência COSIT nº 15/2008, uma vez que, conforme acima demonstrado, ambas tratam de questões específicas diversas e, portanto, convivem perfeitamente, sem nenhuma contradição entre si. Por conseguinte, a justificativa para enquadramento da graxa como insumo, para efeito de aproveitamento de crédito por se constituir produto indispensável à realização de suas atividades cai por terra, uma vez que a citada Solução de Divergência COSIT n° 12/2007 já abordou profundamente essa questão, conforme transcrito abaixo: 18.3) Em termos técnicos, as graxas são diferentes dos óleos lubrificantes, visto que elas são tidas como uma combinação de um fluido com um espessante, resultando em um produto homogêneo com qualidades lubrificantes. Segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), enquanto lubrificante ou óleo lubrificante é líquido obtido por destilação do petróleo bruto, utilizados para reduzir o atrito e o desgaste de engrenagens e peças, desde o delicado mecanismo de relógio até os pesados mancais de navios e máquinas industriais, a graxa é lubrificante fluido espessado por adição de outros agentes, formando uma consistência de 'gel' e tem a mesma função do óleo lubrificante, mas com consistência semisólida para reduzir a tendência do lubrificante a fluir ou vazar. Não fosse a disposição literal que se encontra no art. 3° Leis nº 10.637, de 2002, e nº 10.833, de 2003 (“bens utilizados como insumo ... na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes...”), as graxas com certeza poderiam ser aqui incluídas. Entretanto, o referido artigo não contém o termo graxa e, por isso, não se pode desonerar a base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep e a Cofins. Tal ocorre porque: 18.3.1) Interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre a exclusão do crédito tributário (art. 111 do CTN), de forma que o termo graxa deverá estar contemplado na lei; Fl. 1829DF CARF MF Processo nº 10410.901867/201339 Acórdão n.º 3201005.304 S3C2T1 Fl. 1.830 10 18.5) Os combustíveis e lubrificantes geram direito ao creditamento não porque sejam insumos diretos de produção, mas apenas por disposição legal. (...) 19.2) Graxas. Tratase, mesmo no contexto produtivo da interessada, de insumo indireto de produção. Embora seja uma mercadoria com propriedades lubrificantes, difere dos lubrificantes, também ditos óleos lubrificantes e, por isso, deveriam constar literalmente da legislação em tela. Como tal não ocorre, também aqui se constata que não geram direito a crédito da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins; Os valores glosados estão abaixo demonstrados e também nas Planilhas “Apuração dos Valores de Bens Utilizados como Insumos” e “Bens com Creditamento Glosado” (Anexo 05). O Auditor Fiscal abre então um tópico intitulado “OUTROS VALORES GLOSADOS”, que divide em vários subitens, conforme segue: 5.1 – SERVIÇOS DE TRANSPORTE DE PESSOAL A empresa contrata serviços de transporte tanto para os funcionários de sua área agrícola como também para funcionários da indústria. Apesar de ser um gasto de inegável alcance social e ser aceito na legislação do imposto de renda (evidentemente se não se revestir de liberalidade...), tal dispêndio não é considerado insumo para a legislação do PIS/COFINS, pelo fato de não se aplicar diretamente ao processo produtivo. Pese ainda o fato da maior parte deste dispêndio estar relacionada à área agrícola. Sobre o assunto convém destacar as seguintes Soluções de Divergência: (...) Foram os seguintes os valores glosados, também demonstrados nas Planilhas e também nas Planilhas “Apuração dos Valores de Serviços Utilizados como Insumos” e “Serviços com Creditamento Glosado” (Anexo 4): (...) 5.2 – SERVIÇOS DE ALUGUEL DE VEÍCULOS A legislação permite o creditamento de Aluguéis de Prédios, Máquinas e Equipamentos, conforme Lei 10.833/03, art. 3º, IV: (...) Notese que neste caso a própria Lei usa o termo “atividades da empresa” ao contrário de outras disposições em que vincula o Fl. 1830DF CARF MF Processo nº 10410.901867/201339 Acórdão n.º 3201005.304 S3C2T1 Fl. 1.831 11 crédito à prestação de serviços e à produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda. Desta forma a ação fiscal aceitou todos os valores apresentados pela empresa em sua Planilha de Serviços/Aluguel de Máquinas e Equipamentos. Inclusive aqueles relacionados à Agricultura, uma vez que, repetimos, para este tipo de dispêndio a Lei não restringiu o creditamento à produção ou fabricação de produtos destinados à venda. No entanto, e embora tivesse sido englobado no valor dos Aluguéis de Prédios, Máquinas e Equipamentos informado no DACON, foram glosados os dispêndios com aluguel de automóveis e aeronaves, os quais, a própria empresa separou e discriminou em planilhas próprias e separadas das planilhas de Aluguéis de Máquinas e Equipamentos. Foram os seguintes os valores glosados, também demonstrados nas Planilhas “Apuração dos Valores de Aluguéis de Máquinas e Despesas de Armazenagem e Frete de Vendas” e Relatório Despesas de Aluguéis de Máquinas e Equipamentos Locados de Pessoas Jurídicas, Anexo 06: (...) 5.3 –DEPRECIAÇÃO A legislação do PIS/COFINS vincula o direito ao creditamento de encargos de depreciação à utilização dos bens na prestação de serviços ou na produção de bens destinados à venda. Confirase o art. 3o da lei 10.833/03: (...) Desta forma encargos de depreciação de bens não utilizados na fabricação de produtos destinados à venda não ensejam aproveitamento de crédito. É o caso de tratores, colheitadeiras, caminhões, reboques e outros bens utilizados na agricultura ou transporte da cana, conforme já exposto em itens anteriores. Convém ressaltar que, mesmo na absurda hipótese de concessão de crédito para agricultura e transporte de cana, nem assim os valores apresentados pela empresa poderiam ser integralmente acatados, uma vez que a empresa incluiu bens do tipo “Nissan Livina”, “Mitsubshi L 200”, “Pajero TR 4” e outros, que nem com muita boa vontade, poderiam ser considerados integrantes de um processo produtivo de fabricação de açúcar e álcool. Mesmo no processo de fabricação do açúcar e do álcool também foram encontrados bens que, que embora alocados fisicamente na área industrial, não se enquadram no conceito de utilização na fabricação de bens destinados à venda, como por exemplo, bomba centrífuga na casa de hóspedes, quadro de distribuição de energia do banheiro industrial, roupeiro em aço, águas residuais, betoneira, ferramentas manuais, splits, ar condicionado, escadas, e outros. Fl. 1831DF CARF MF Processo nº 10410.901867/201339 Acórdão n.º 3201005.304 S3C2T1 Fl. 1.832 12 (...)O detalhamento dos itens glosados está demonstrado na Planilha “Apuração das Glosas em Depreciação” e “Apuração dos Valores de Encargos de Depreciação e Ajustes Negativos”, Anexo 06. 5. 4. DESPESAS DE ARMAZENAGEM E FRETE DE VENDAS A maior parte da produção de açúcar da empresa é destinada e transferida para os armazéns da CRPAAALCooperativa Regional dos Produtores de Açúcar e Álcool de Alagoas, onde fica armazenada aguardando uma futura venda. Esta situação ficou evidenciada através da Diligência efetuada na CRPAAAL, em que esta foi intimada a apresentar os recebimentos de açúcar da Usina Triunfo (Anexo 1 Termos da Ação Fiscal). Na resposta apresentada (Anexo 3 Cartas e Respostas da Empresa e Diligências) , vêse claramente que a maior parte do açúcar foi destinada aos armazéns da Cooperativa. Mesmo boa parte do açúcar destinado à exportação também não foi transferida diretamente ao Porto de Maceió, mas sim a um armazém da Cooperativa em Marechal Deodoro, onde ficou armazenada até o seu transporte ao Porto. Para confirmar esta situação, o Porto de Maceió, através da EMPATEmpresa Alagoana de Terminais Ltda, também foi diligenciado no sentido de informar os recebimentos de açúcar para exportação da Usina Triunfo. Na resposta apresentada (Anexo 3 Cartas e Respostas da Empresa e Diligências), a EMPAT discriminou todos os recebimentos de açúcar, datas, quantidades e transportadora. Constatouse que a maior parte do açúcar foi transportado através da “Transportadora Padre Cícero” que nem sequer foi relacionada dentre os Fretes de Venda com direito a crédito informados na Planilha apresentada pela Usina Triunfo (Anexo 2 Planilhas Apresentadas pela Empresa Serviços). Ou seja, açúcar transportado dos armazéns da Cooperativa para o Terminal da EMPAT. Nesta situação fica claro que não existe nenhuma vinculação entre o frete e a venda. Tanto assim, que não há, no Conhecimento de Transporte, nenhuma indicação de quem seja o cliente da mercadoria. Na realidade tratase de “frete interno” ou “frete logístico”, ou ainda “frete para formação de estoque”, o qual não apresenta qualquer relação com a efetiva operação de venda. Sobre o assunto já foram emanadas diversas Soluções de Consulta, cujos trechos de maior interesse abaixo transcrevemos: (...) E mesmo para os demais fretes de vendas, ao cotejar a Planilha de Fretes de Venda apresentada pela empresa com as informações recebidas nas Diligências, constatouse ainda que: Fl. 1832DF CARF MF Processo nº 10410.901867/201339 Acórdão n.º 3201005.304 S3C2T1 Fl. 1.833 13 • A Usina Triunfo se creditou de fretes de transportadoras que não foram relacionadas dentre as transportadoras que entregaram o açúcar no Terminal da EMPAT, como por exemplo, A J B Transportes e Sandoval F de Moraes. • E mesmo dentre as transportadoras relacionadas, foram verificadas discrepâncias, como por exemplo o fato de a Usina Triunfo ter se creditado de fretes da “R de Oliveira Transportes” desde início de 2009 quando, de acordo com informações da EMPAT, tal empresa só começou a realizar entregas no Porto a partir de Setembro de 2009. Também foram verificados alguns fretes de transportadoras dos quais a Usina Triunfo se apropriou de créditos, não compatíveis com as informações de datas e quantidades fornecidas pela EMPAT/CRPAAA. Foram os seguintes os valores glosados, também demonstrados nas Planilhas “Apuração dos Valores de Aluguéis de Máquinas e Despesas de Armazenagem e Frete de Vendas” e Relatório Despesas de Armazenagem e Frete de Vendas Creditamentos Glosados, Anexo 06: (...) O AuditorFiscal apresenta então um tópico intitulado “APURAÇÃO DOS VALORES DO CRÉDITO”, no qual esclarece: Como resultado das glosas efetuadas foram apurados novos valores de crédito, demonstrados na Planilha “Resumo da Apuração dos Créditos” e “Apuração dos Valores dos Créditos Passíveis de Ressarcimento”, Anexo 06. (...) O valor correto apurado para o Pedido de Ressarcimento em questão totalizou R$ 161.133,39 (cento e sessenta e um mil cento e trinta e três reais e trinta e nove centavos). As glosas de crédito totalizaram R$ 347.960,54 (trezentos e quarenta e sete mil novecentos e sessenta reais e cinquenta e quatro centavos) correspondente ao somatório dos valores indevidamente solicitados. Por fim, apresenta uma “Relação de Anexos”. Cientificada do Despacho Decisório por via postal em 15/12/2014, conforme Aviso de Recebimento – AR de fl. 45, no dia 09/01/2015 a contribuinte apresentou a manifestação de inconformidade de fls. 02/07. Após breve resumo do objeto da manifestação de inconformidade, a contribuinte passa a contestar as glosas efetuadas alegando, inicialmente, que a autoridade fiscal teria se equivocado na glosa dos créditos. Transcreve o caput e o inciso II do art. 3º da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, e sustenta: Fl. 1833DF CARF MF Processo nº 10410.901867/201339 Acórdão n.º 3201005.304 S3C2T1 Fl. 1.834 14 É claro o dispositivo em comento ao prever a possibilidade de utilização pelo contribuinte de créditos calculados sobre os bens e serviços utilizados como insumos da produção de bens. No caso em questão, resta incontroverso que a Manifestante exerce atividade agroindustrial, consistente no cultivo da cana de açúcar e sua transformação em açúcar e álcool. Assim, os gastos com a aquisição de bens e as despesas incorridas no processo produtivo da Manifestante geram o direito à apropriação do crédito a título de COFINS não cumulativa. Analisandose o despacho decisório ora combatido, observase que a decisão combatida, ao glosar diversos créditos utilizados pela Manifestante, ignorou as especificidades da atividade agroindustrial por ela desenvolvidas, cindindo, de forma absurda, as atividades agrícolas e industriais, com o único propósito de impedir a plena fruição dos créditos que a legislação tributária assegura ao contribuinte. Com efeito, a grande controvérsia estabelecida no Despacho Decisório está em saber se a Manifestante poderia apropriarse de créditos a título de COFINS não cumulativa pelas despesas relacionadas a insumos pertinentes à etapa de cultivo da cana de açúcar que será utilizada como matéria prima no processo de industrialização. A resposta, por óbvio, só pode ser positiva. Mas não se consegue chegar à resposta sem a exata compreensão do que seja atividade agroindustrial. E foi esse o equívoco em que incorreu o despacho decisório aqui impugnado. Passa então a discorrer sobre “atividade agroindustrial”. Além de invocar, neste sentido, o art. 22A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, e o art. 6º da Instrução Normativa SRF nº 660, de 17 de julho 2006, salienta que “a própria Receita Federal, em seus atos normativos, reconhece que a atividade desenvolvida pela Manifestante se enquadra na categoria de ‘agroindustrial’, não se confundindo com a atividade agropecuária nem com a atividade industrial em sentido estrito”. Prossegue (os destaques são do original): Resta demonstrado, portanto, que a pessoa jurídica, como sucede com a Manifestante, "cuja atividade econômica seja a industrialização de produção própria ou de produção própria e adquirida de terceiros" enquadrase no conceito de agroindústria. Essa premissa é fundamental para que se compreenda o direito creditório da Manifestante, que foi absurdamente glosado no despacho decisório aqui impugnado. A atividade agroindustrial, por imposição da definição dada pelo art. 22A, caput, da Lei n° 8.212/91, abrange a industrialização da produção própria ou de terceiros. Fl. 1834DF CARF MF Processo nº 10410.901867/201339 Acórdão n.º 3201005.304 S3C2T1 Fl. 1.835 15 Portanto, tratandose de produção própria, as despesas incorridas na lavoura, plantio, conservação, aplicação de herbicidas, adubação, além de outras geram direito ao crédito da COFINS não cumulativa, de que trata o art. 3o da Lei n. 10.833/03. Alega que o entendimento adotado pela fiscalização criaria uma situação antiisonômica, pois a aquisição de matéria prima, no caso, canadeaçúcar, de terceiros daria origem ao crédito presumido da Cofins, enquanto a produção da matériaprima pela própria industrializadora não seria beneficiada com o creditamento. Acrescenta: Assim, usinas de açúcar que predominantemente adquirissem canas de açúcar através de terceiros (fornecedores) gozariam de uma situação fiscal muito mais favorecida (em razão do crédito presumido gerado nessa aquisição) em relação às usinas que optassem por investir na produção própria da matériaprima (as quais não teriam direito ao crédito de insumos, segundo o despacho decisório ora questionado). Revelase, também por esse motivo, inaceitável a glosa efetuada no despacho decisório ora questionado. A subdivisão ilegal (porque colide frontalmente com o disposto no art. 22A, caput, da Lei n. 8.212/91) promovida pelo despacho decisório entre a fase agrícola e a fase industrial de uma agroindústria, como se pudessem ser seccionadas para fins de apropriação das despesas da Manifestante, gerou a glosa equivocada. Todas as despesas que integram a fase agrícola, envolvendo aí, mas não somente: o tratamento do solo, plantio, manejo e colheita representam insumos para o processo fabril do açúcar e do álcool. Não há como a empresa Manifestante produzir açúcar e álcool sem promover os tratos culturais, plantio e demais trabalhos sobre a lavoura da canadeaçúcar, que é sua matéria prima fundamental. Essas etapas integram o seu processo produtivo e não poderiam ser seccionadas, como equivocadamente o fizera o despacho decisório em questão, exclusivamente com o propósito de glosar os créditos fiscais que a Lei n. 10.833/03, em seu art. 3o, já assegura ao contribuinte. Depois a contribuinte passa a alegar o direito à apuração de créditos sobre todas as suas despesas incorridas na área agrícola, bem como com transporte de pessoal, transporte de matériaprima, etc, uma vez que se trata de atividades essenciais ao seu processo produtivo: O mesmo sucede em relação aos custos com frete, serviços de transporte de pessoal, serviços de dedetização, transporte de resíduos, serviços de manutenção e reparo dos equipamentos agrícolas, e todos os demais serviços utilizados como insumos na área agrícola pela empresa. Fl. 1835DF CARF MF Processo nº 10410.901867/201339 Acórdão n.º 3201005.304 S3C2T1 Fl. 1.836 16 De fato, seria inimaginável que a Manifestante cultivasse a matériaprima fundamental por ela produzida (canadeaçúcar) e deixasse de realizar o transporte do que foi colhido para as suas caldeiras, a fim de iniciar o processamento fabril. As diversas despesas com transporte (aí incluindo o transporte dos trabalhadores que precisam ser deslocados entre as diversas fazendas onde se situam os canaviais, assim como o transporte do produto colhido do campo para a indústria) são essenciais ao processo produtivo e integram a base de cálculo do crédito previsto no art. 3o da Lei n. 10.833/03. Não se pode supor que esses custos seriam supostamente "indiretos", isto é, não integrariam o processo produtivo, pois, como visto, a premissa equivocada de que se partiu no despacho decisório para glosa dos créditos informados nas declarações de compensação foi a de que os custos incorridos na fase agrícola seriam desprezíveis. Afirma ainda: Como se demonstrou, o despacho decisório partiu da premissa de que a Manifestante exerceria atividade industrial, quando, na verdade, exerce atividade agroindustrial! A atividade do contribuinte deve ser vista como um todo único e indivisível, segundo a própria definição extraída do art. 22A, caput, da Lei n. 8.212/91. Notese que uma simples interpretação literal do art. 3o, II, da Lei n° 10.833/03, que alude a insumos aplicados na “produção ou fabricação” de bens e serviços destinados à venda, fica claro que a lei contemplou com o direito de crédito tanto a “produção” quanto a “fabricação”. Por fim, a contribuinte conclui: Diante das considerações acima aduzidas, vem a Manifestante, respeitosamente, à presença de V. Exa, requerer seja reformado o despacho decisório exarado nos autos do processo n. 10410.901.867/201339, reconhecendo em favor da Manifestante a totalidade dos créditos informados no PER 28088.14896.160813.1.5.090034 e nas DCOMP’s a ele correspondentes. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto/SP por intermédio da 11ª Turma, no Acórdão nº 1464.838, sessão de 23/03/2017, julgou improcedente a manifestação de inconformidade do contribuinte e não reconheceu o direito creditório. A decisão foi assim ementada: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/10/2013 a 31/12/2013 NÃOCUMULATIVIDADE. INSUMOS. CRÉDITOS. Fl. 1836DF CARF MF Processo nº 10410.901867/201339 Acórdão n.º 3201005.304 S3C2T1 Fl. 1.837 17 No cálculo da Cofins nãocumulativa somente podem ser descontados créditos calculados sobre valores correspondentes a insumos, assim entendidos os bens aplicados ou consumidos diretamente na produção ou fabricação de bens destinados à venda, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado ou, ainda, sobre os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto. Bens e serviços empregados no cultivo de canadeaçúcar não se classificam como insumos na fabricação de álcool ou de açúcar, por se tratarem de processos produtivos diversos. As despesas com aqueles itens não geram direito à apuração de créditos na determinação da contribuição devida sobre as receitas auferidas com vendas de açúcar e de álcool produzidos. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Inconformada a contribuinte, apresentou recurso voluntário no qual repisa os mesmos argumentos para pleitear o deferimento integral dos valores que constam do pedido de ressarcimento e homologação de todas as declarações de compensações. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator O Recurso Voluntário atende aos requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. Considerações Iniciais No mérito, consta dos autos que o litígio versa sobre o inconformismo do contribuinte em face do despacho decisório, mantido hígido na decisão a quo, que não concedeu o ressarcimento da integralidade de saldo credor da Contribuição nãocumulativa, apurado no trimestre em referência e vinculados às receitas de vendas para o mercado externo, em razão de glosa de créditos com bens e serviços não considerados insumos e outros dispêndios. A recorrente é uma agroindustrial que se dedica às atividades de plantio, cultivo e colheita de canadeaçúcar com fins à produção de álcool e açúcar, este destinado principalmente à exportação. Fl. 1837DF CARF MF Processo nº 10410.901867/201339 Acórdão n.º 3201005.304 S3C2T1 Fl. 1.838 18 Dessa forma, consoante às Leis que instituíram a sistemática de apuração não cumulativa para o PIS/Pasep e para a Cofins é permitida à pessoa jurídica que se dedica à atividade industrial a tomada de créditos nas aquisições de bens e serviços considerados insumos na produção e prestação de serviços, e de despesas específicas, a teor do art. 3º das Leis nº 10.637/02 e 10.833/03. A autoridade julgadora de 1ª instância entendeu que a contribuinte limitouse apenas à contestação das glosas como um todo, sem apresentar nenhum questionamento quanto aos cálculos apresentados pela autoridade fiscal. De fato, na manifestação de inconformidade e agora em recurso voluntário, a contribuinte, no mérito, insurgese quanto ao procedimento fiscal que glosou os créditos apropriados com os dispêndios relacionados aos insumos da fase agrícola, e mais; para a recorrente, todas as despesas incorridas e sua atividade econômica geram crédito a serem descontados das contribuições. Não se trata de uma contestação genérica. A recorrente pretende o reconhecimento dos créditos de insumos na fase agrícola, tal como a fiscalização concedera na atividade de produção de açúcar/álcool (desde que obedecidos os requisitos legais). Outrossim, resta claro nos autos que se pretende créditos com todas as despesas incorridas no âmbito de sua atividade econômica. Assim, incumbe a este Colegiado decidir acerca da possibilidade da recorrente apropriarse dos créditos nas aquisições de bens e serviços vinculados à atividade agrícola plantio, cultivo e colheita da principal matériaprima (canadeaçúcar) dos produtos fabricados e destinados à venda. De outra banda, devese decidir no tocante à extensão dos dispêndios que a legislação de regência permite a apropriação dos créditos da não cumulatividade do PIS/Pasep e da Cofins. Os dispositivos dos incisos e parágrafos do art. 3º da Lei nºs 10.637/03 (PIS/Pasep) e da Lei 10.833/03 (Cofins) são suficientes para decidir o litígio. De ressaltar, contudo, que este voto devese ater apenas aos elementos que constam nos autos com fins à confrontação da descrição do dispêndio, sua correlação com o centro de custo relacionado à natureza da atividade e o motivo da glosa efetuada pela autoridade fiscal. Passemos às matérias em litígio. Conceito de insumos para créditos de PIS e Cofins Este Conselho, incluindo esta Turma, entende que o conceito de insumo é mais elástico que o adotado pela fiscalização e julgadores da DRJ nas suas Instruções Normativas n°s. 247/2002 e 404/2004, mas não alcança a amplitude de dedutibilidade utilizado pela legislação do Imposto de Renda, como requer a recorrente. Fl. 1838DF CARF MF Processo nº 10410.901867/201339 Acórdão n.º 3201005.304 S3C2T1 Fl. 1.839 19 Isto posto, há de se fixar os contornos jurídicos para delimitar os dispêndios (gastos) que são considerados insumos com direito ao crédito das contribuições sociais, quer no processo produtivo ou na prestação de serviço. Ressalto que este Relator vinha acolhendo e adotando o conceito estabelecido pelo Ministro do STJ Mauro Campbell Marques no voto condutor do REsp nº 1.246.317MG, no qual se firmara o entendimento no tripé de que (i) o bem ou serviço tenha sido adquirido para ser utilizado na prestação do serviço ou na produção, ou para viabilizálos em síntese, tenha pertinência ao processo produtivo; (ii) a produção ou prestação do serviço dependa daquela aquisição a essencialidade ao processo produtivo; e (iii) não se faz necessário o consumo do bem ou a prestação do serviço em contato direto com o produto que exprime a possibilidade de emprego indireto no processo produtivo. Recentemente os Ministros do STJ reviram seu posicionamento mantendose a decisão intermediária para concessão do crédito considerandose a essencialidade ou relevância do bem ou serviço no processo produtivo, conforme o REsp nº 1.221.170/PR, julgamento de 22/02/2018, Relatoria do Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, com a ementa: TRIBUTÁRIO. PIS E COFINS. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. NÃOCUMULATIVIDADE. CREDITAMENTO. CONCEITO DE INSUMOS. DEFINIÇÃO ADMINISTRATIVA PELAS INSTRUÇÕES NORMATIVAS 247/2002 E 404/2004, DA SRF, QUE TRADUZ PROPÓSITO RESTRITIVO E DESVIRTUADOR DO SEU ALCANCE LEGAL. DESCABIMENTO. DEFINIÇÃO DO CONCEITO DE INSUMOS À LUZ DOS CRITÉRIOS DA ESSENCIALIDADE OU RELEVÂNCIA. RECURSO ESPECIAL DA CONTRIBUINTE PARCIALMENTE CONHECIDO, E, NESTA EXTENSÃO, PARCIALMENTE PROVIDO, SOB O RITO DO ART. 543C DO CPC/1973 (ARTS. 1.036 E SEGUINTES DO CPC/2015). 1. Para efeito do creditamento relativo às contribuições denominadas PIS e COFINS, a definição restritiva da compreensão de insumo, proposta na IN 247/2002 e na IN 404/2004, ambas da SRF, efetivamente desrespeita o comando contido no art. 3o., II, da Lei 10.637/2002 e da Lei 10.833/2003, que contém rol exemplificativo. 2. O conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios da essencialidade ou relevância, vale dizer, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de determinado item – bem ou serviço – para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte. 3. Recurso Especial representativo da controvérsia parcialmente conhecido e, nesta extensão, parcialmente provido, para determinar o retorno dos autos à instância de origem, a fim de que se aprecie, em cotejo com o objeto social da empresa, a possibilidade de dedução dos créditos [sic] realtivos a custo e despesas com: água, combustíveis e lubrificantes, materiais e exames laboratoriais, materiais de limpeza e equipamentos de proteção individualEPI. Fl. 1839DF CARF MF Processo nº 10410.901867/201339 Acórdão n.º 3201005.304 S3C2T1 Fl. 1.840 20 4. Sob o rito do art. 543C do CPC/1973 (arts. 1.036 e seguintes do CPC/2015), assentamse as seguintes teses: (a) é ilegal a disciplina de creditamento prevista nas Instruções Normativas da SRF ns. 247/2002 e 404/2004, porquanto compromete a eficácia do sistema de nãocumulatividade da contribuição ao PIS e da COFINS, tal como definido nas Leis 10.637/2002 e 10.833/2003; e (b) o conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios de essencialidade ou relevância, ou seja, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de terminado item bem ou serviço para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo Contribuinte. Este novo entendimento, que na verdade não conduz à divergência em relação à decisão no REsp indigitado, insere outros fundamentos para a delimitação dos elementos que geram crédito assentado na essencialidade ou relevância a ser aferida no cotejo (desses elementos) com o processo produtivo ou a atividade desenvolvida pela empresa. A seguir os excertos do voto vista proferido pela Ministra Regina Helena Costa que acabou por pautar o entendimento exarado no voto condutor do Ministro Relator que considero relevantes para demonstrar o entendimento daquele Tribunal e adotálos neste voto: [...] Nesse cenário, penso seja possível extrair das leis disciplinadoras dessas contribuições o conceito de insumo segundo os critérios da essencialidade ou relevância, vale dizer, considerandose a importância de determinado item – bem ou serviço – para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte, tal como já expressei, no TRF da 3ª Região, no julgamento das Apelações Cíveis em Mandado de Segurança ns. 001235252.2010.4.03.6100/SP e 0005469 26.2009.4.03.6100/SP, respectivamente em 15.12.2011 e 31.05.2012. [...] Marco Aurélio Greco, ao dissertar sobre a questão, pondera: De fato, serão as circunstâncias de cada atividade, de cada empreendimento e, mais, até mesmo de cada produto a ser vendido que determinarão a dimensão temporal dentro da qual reconhecer os bens e serviços utilizados como respectivos insumos [...] O critério a ser aplicado, portanto, apóiase na inerência do bem ou serviço à atividade econômica desenvolvida pelo contribuinte (por decisão sua e/ou por delineamento legal) e o grau de relevância que apresenta para ela. Se o bem adquirido integra o desempenho da atividade, ainda que em fase anterior à obtenção do produto final a ser vendido, e assume a importância de algo necessário à sua existência ou útil para que possua determinada qualidade, então o bem estará sendo utilizado como insumo daquela atividade (de produção, fabricação), pois desde o Fl. 1840DF CARF MF Processo nº 10410.901867/201339 Acórdão n.º 3201005.304 S3C2T1 Fl. 1.841 21 momento de sua aquisição já se encontra em andamento a atividade econômica que – vista global e unitariamente – desembocará num produto final a ser vendido. (Conceito de insumo à luz da legislação de PIS/COFINS , in Revista Fórum de Direito Tributário RFDT, Belo Horizonte, n. 34, jul./ago. 2008, p. 6) [...] Demarcadas tais premissas, temse que o critério da essencialidade diz com o item do qual dependa, intrínseca e fundamentalmente, o produto ou o serviço, constituindo elemento estrutural e inseparável do processo produtivo ou da execução do serviço, ou, quando menos, a sua falta lhes prive de qualidade, quantidade e/ou suficiência. Por sua vez, a relevância, considerada como critério definidor de insumo, é identificável no item cuja finalidade, embora não indispensável à elaboração do próprio produto ou à prestação do serviço, integre o processo de produção, seja pelas singularidades de cada cadeia produtiva (v.g., o papel da água na fabricação de fogos de artifício difere daquele desempenhado na agroindústria), seja por imposição legal (v.g., equipamento de proteção individual EPI), distanciandose, nessa medida, da acepção de pertinência, caracterizada, nos termos propostos, pelo emprego da aquisição na produção ou na execução do serviço.Desse modo, sob essa perspectiva, o critério da relevância revelase mais abrangente do que o da pertinência. [...] Como visto, consoante os critérios da essencialidade e relevância, acolhidos pela jurisprudência desta Corte e adotados pelo CARF, há que se analisar, casuisticamente, se o que se pretende seja considerado insumo é essencial ou de relevância para o processo produtivo ou à atividade desenvolvida pela empresa. Observandose essas premissas, penso que as despesas referentes ao pagamento de despesas com água, combustíveis e lubrificantes, materiais e exames laboratoriais, materiais de limpeza e equipamentos de proteção individual EPI, em princípio, inseremse no conceito de insumo para efeito de creditamento, assim compreendido num sistema de não cumulatividade cuja técnica há de ser a de "base sobre base". Todavia, a aferição da essencialidade ou da relevância daqueles elementos na cadeia produtiva impõe análise casuística, porquanto sensivelmente dependente de instrução probatória, providência essa, como sabido, incompatível com a via especial. Logo, mostrase necessário o retorno dos autos à origem, a fim de que a Corte a quo, observadas as balizas dogmáticas aqui delineadas, aprecie, em cotejo com o objeto social da empresa, a possibilidade de dedução dos créditos relativos a custos e despesas com:água, combustíveis e lubrificantes, materiais e Fl. 1841DF CARF MF Processo nº 10410.901867/201339 Acórdão n.º 3201005.304 S3C2T1 Fl. 1.842 22 exames laboratoriais, materiais de limpeza e equipamentos de proteção individual EPI. [...] Firmado nos fundamentos assentados, quanto ao alcance do conceito de insumo, segundo o regime da nãocumulatividade do PIS Pasep e da COFINS, entendo que a acepção correta é aquela em que o os bens e serviços cumulativamente atenda aos requisitos de: 1. essencialidade ou relevância, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de determinado item – bem ou serviço – para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte; 2. aferição casuística da essencialidade ou relevância, por meio do cotejo entre os elementos (bens e serviços) e o processo produtivo ou a atividade desenvolvida pela empresa; Assim, há de se verificar se o recorrente comprova a utilização dos insumos no contexto da atividade fabricação, produção ou prestação de serviço de forma a demonstrar que o gasto incorrido guarda relação de pertinência com o processo produtivo/prestação de serviço, mediante seu emprego, ainda que indireto, de forma que sua subtração implique ao menos redução da qualidade. Passo à análise da possibilidade de apropriação de créditos das contribuições nas despesas com bens e serviços na fase agrícola (plantio e cultivo), em que se inicia o processo industrial da agroindústria, como é o caso da contribuinte. Créditos com insumos na fase agrícola Na linha de raciocínio assentada, depreendese que o processo produtivo considera todo o ciclo de produção e compõe o objeto de uma única pessoa jurídica, sendo indevido interpretálo como etapas distintas que se completam, e o direito ao crédito é concedido àquela em que se pressupõe uma industrialização mais efetiva ou a que resulta no bem final destinado à venda. Não há fundamento para tal, sequer autorização nos textos legais. As leis que regem a não cumulatividade atribuem o direito de crédito em relação ao custo de bens e serviços aplicados na "produção ou fabricação" de bens destinados à venda, inexistindo amparo legal para secção do processo produtivo da sociedade empresária agroindustrial em cultivo de matériaprima para consumo próprio e em industrialização propriamente dita, a fim de expurgar do cálculo do crédito os custos incorridos na fase agrícola da produção. Os custos incorridos com bens e serviços aplicados no plantio, cultivo e colheita da canadeaçúcar guardam estreita relação de emprego, relevância e essencialidade com o processo produtivo do açúcar e do álcool e configuram custo de produção, razão pela qual integram a base de cálculo do crédito das contribuições nãocumulativas. Com base nesses fundamentos entendo pela possibilidade da contribuinte apropriarse dos créditos de PIS e Cofins decorrentes das despesas com bens e serviços Fl. 1842DF CARF MF Processo nº 10410.901867/201339 Acórdão n.º 3201005.304 S3C2T1 Fl. 1.843 23 utilizados como insumos na etapa agrícola, do plantio à colheita da canadeaçúcar, aplicados no processo industrial da pessoa jurídica, e atendidos todos os demais requisitos da Lei nº 10.637/2002 e 10.833/2003 pertinentes à matéria e que não incorram nas vedações previstas nos referidos textos. Análise das glosas na fase agrícola A fabricação de açúcar e álcool e a produção de canadeaçúcar são processos indissociáveis de forma que os custos e despesas com a cultura de canadeaçúcar e seu transporte até a unidade de fabricação do açúcar e do álcool enquadramse no conceito legal de insumo desta fabricação. A autoridade fiscal glosou créditos lançados pela contribuinte e relacionados ao cultivo da canadeaçúcar que, posteriormente, serviria à produção própria de açúcar e álcool. Segundo a autoridade fiscal, tais créditos foram apurados indevidamente por não terem sido, os bens e serviços, diretamente empregados na fabricação do açúcar e do álcool. Nenhum outro fundamento foi assentado para glosa. A posição adotada por este Colegiado para considerar custos e despesas geradoras do direito creditório como aquelas em que o bem/serviço participa do processo produtivo (fase agrícola) de forma essencial e necessária implica reconhecer os dispêndios com aquisições de bens e serviços, com a observação a seguir. Dessa forma revertemse as glosas de créditos com custos e/ou despesas nos itens a seguir relacionados, atendidos aos demais requisitos da legislação das Contribuições não cumulativas, em especial dos §§ 2º e 3º do art. 3º das Leis nºs. 10.637/2002 e 10.833/2003, com a observação adicional de que, em se tratando de bens/serviços cujos dispêndios são incorporados ao Ativo Imobilizado, os créditos concedidos limitamse ao valor da depreciação (e não de despesas), conforme as regras contábeis, e art. 3º, inciso VII do caput, e inciso III o §1º, das Leis 10.833/2003 e 10.637/2002: Tópico "1.1 SERVIÇOS UTILIZADOS COMO INSUMOS ÁREA AGRÍCOLA" Serviços de TerceirosEquipamentos Agrícolas: serviços de manutenção e solda em equipamentos agrícolas e de irrigação. Serviços de Lavagem de RoupaHerbicidas Manutenção e Reparo de Equipamentos Agrícolas: peças aplicadas por terceiros na manutenção de implementos agrícolas e irrigação. . Tópico "1. 2 BENS UTILIZADOS COMO INSUMOS ÁREA AGRÍCOLA" Fl. 1843DF CARF MF Processo nº 10410.901867/201339 Acórdão n.º 3201005.304 S3C2T1 Fl. 1.844 24 Aquisição de bens (Óleo Diesel, Material Lubrificante, Pneus e Câmaras, Material de Manutenção) utilizados em veículos empregados especificamente na movimentação e transporte da canadeaçúcar e nos centros de custos relacionados à fase agrícola, tais como Adutoras, Pivôs, Carregadeiras, Grades, Fazendas, Tratores, Sulcador, Aplicação de Herbicidas, Produção de Mudas Fretes na fase agrícola Na atividade industrial, conquanto não haja expressa previsão legal à tomada de crédito nas despesas com frete na aquisição de insumos, a interpretação que se dá ao art. 3º, I e § 1º, I das Leis 10.637/02 e 10.833/03 cumulada com o art. 290 do RIR/1999 possibilita o entendimento de que é legítima a apropriação dos créditos do PIS e das Cofins, calculados sobre o valor do frete relativo ao serviço de bens a serem utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda. Os textos legais: Lei 10.833/2003: Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...) II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, (...); (...) § 1o Observado o disposto no § 15 deste artigo, o crédito será determinado mediante a aplicação da alíquota prevista no caput do art. 2ª desta Lei sobre o valor: I dos itens mencionados nos incisos I e II do caput, adquiridos no mês; (...) Art. 290. O custo de produção dos bens ou serviços vendidos compreenderá, obrigatoriamente (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 13, §1º): I o custo de aquisição de matériasprimas e quaisquer outros bens ou serviços aplicados ou consumidos na produção, observado o disposto no artigo anterior; (...) De acordo com os referidos preceitos legais, inferese que a parcela do valor do frete, relativo ao transporte de bens a serem utilizados como insumos de produção ou fabricação de bens destinados à venda, integra o custo de aquisição dos referidos bens e somente nesta condição compõe a base cálculo dos créditos das mencionadas contribuições. Fl. 1844DF CARF MF Processo nº 10410.901867/201339 Acórdão n.º 3201005.304 S3C2T1 Fl. 1.845 25 Assim, sendo o bem transportado um insumo com direito a credito, também o será o gasto com transporte, se suportado pelo adquirente e pago à pessoa jurídica. Portanto, revertemse as glosas do Tópico "1. 3 OUTRAS GLOSAS DE CRÉDITOS EFETUADAS NA ÁREA AGRÍCOLA" relacionadas: Fretes de compra (apenas para os valores comprovados através da apresentação de Conhecimento de Carga) Transporte de cana (bens aplicados em veículos próprios, utilizados no transporte de cana) Análise das glosas na fase industrial (produção de açúcar e álcool) As glosas de gastos com bens e serviços descritos a partir do item "4.1" a "4.4" do Relatório Fiscal tiveram fundamento na ausência de enquadramento no conceito de insumo. Como relatado linhas acima, a contribuinte não questiona o conceito de insumo empregado pelo Fisco e tampouco asseverou seu próprio entendimento, apenas pretende crédito de todos os gastos incorridos em sua atividade empresarial. Nada obstante, a descrição de alguns dos dispêndios permite concluir pela sua essencialidade ou relevância face à atividade industrial desenvolvida. Dessa forma revertemse as glosas relativas a: Transporte de resíduo industriais Serviço de dedetização, desde que nas instalações da atividade produtiva; Produtos químicos, desde que utilizados na limpeza de instalações industriais; Produtos químicos específicos para tratamento de águas. Outros bens e serviços pretensamente utilizados nas atividades industriais carecem de comprovação, ônus do qual não se desincumbiu a recorrente. Glosas de Despesas Os dispêndios com serviços de transporte de pessoal carecem de previsão legal para o aproveitamento do crédito. Fl. 1845DF CARF MF Processo nº 10410.901867/201339 Acórdão n.º 3201005.304 S3C2T1 Fl. 1.846 26 Quanto aos automóveis e aeronaves alugados não se tem comprovação de uso como equipamento nas atividades da empresa, mantendose a glosa com base no art. 3º da Lei nº 10.833/03. Encargos de depreciação Os mesmos fundamentos para a reversão das glosas de gastos com bens utilizados na etapa agrícola são válidos para a manutenção do crédito com encargos de depreciação de tratores, colheitadeiras, caminhões, reboques e outros bens utilizados na agricultura ou transporte da cana. Mantémse as glosas de créditos dos demais encargos de depreciação de veículos e bens não utilizados nas etapas produtivas e de fabricação. Produtos acabados Armazenagem e frete na venda A fiscalização glosou os créditos com despesas de armazenagem e frete pois entendeu restar descaracterizada a operação de venda a cliente. Segundo a autoridade fiscal, a inexistência de informação do clienteadquirente nos documentos fiscais bem como a entrega do açúcar fabricado em locais que não identificam a venda/exportação, no caso o porto de embarque, revelam uma mera operação de “frete interno” ou “frete logístico”, ou ainda “frete para formação de estoque”, o qual não apresenta qualquer relação com a efetiva operação de venda. Discordo do entendimento fiscal. A legislação referente ao PIS/PASEP (Lei nº 10.637/2004) e a COFINS (Lei nº 10.833/2003) tratam da possibilidade de creditamento do frete como insumo no processo produtivo e na operação de venda (suas etapas) quando o ônus for suportado pelo vendedor, como dispõe: Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...) II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da Tipi; [...] IX armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda, nos casos dos incisos I e II, quando o ônus for suportado pelo vendedor. Fl. 1846DF CARF MF Processo nº 10410.901867/201339 Acórdão n.º 3201005.304 S3C2T1 Fl. 1.847 27 A operação de venda não se revela simplesmente pela saída do produto acabado do estabelecimento industrial diretamente ao adquirente ou embarque para exportação. No caso, a operação de venda comporta uma logística de transporte e armazenagem do açúcar fabricado, caracterizandose necessários à atividade final de venda. Dessa forma, não se pode admitir que as transferências do produto fabricado restringemse a uma mera opção de logística ou comercial, mas essencial e necessários à preservação dos produtos até que se complete a atividade final de venda. Neste sentido é o entendimento deste Colegiado no Acórdão nº 3201 004.279, sessão de 23/10/2018, cujo voto vencedor na matéria é de lavra do Conselheiro Marcelo Giovani Vieira, que transcrevo na parte que interessa a este julgamento: [...] No caso dos gastos logísticos na venda, entendo que estão abrangidos pela expressão “armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda”, conforme consta no inciso IX do artigo 3º das Leis 10.833/2003 e 10.637/2002. Entendo que são termos cuja semântica abrange a movimentação das cargas na operação de venda.. Assim, tais dispêndios logísticos estão inseridos no direito de crédito, respeitados os demais requisitos da Lei, como, por exemplo, que o serviço seja feito por pessoas jurídicas tributadas pelo Pis e Cofins. Outrossim, as discrepâncias entre quantidades e datas nos conhecimentos de transporte ou documentos do armazenador não desnaturam a operação como de armazenagem e frete de venda, com direito ao aproveitamento do crédito a teor do inciso IX, do art. 3º da Lei nº 10.833/03. Com essas considerações, concedese o creditamento dos fretes de produtos acabados, em que o ônus é suportado pelo vendedor e pago à pessoa jurídica beneficiária domiciliada no País à vista de documento fiscal hábil e idôneo. Por fim, a ausência de refutação específica as todas os demais dispêndios (insumos ou despesas) glosados e diante da não apresentação de documentação comprobatória, mantémse as glosas efetivadas pela autoridade fiscal. Conclusão Diante de todo o exposto, voto para DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso voluntário para conceder o crédito das contribuições para o PIS/Cofins, revertendose as glosas efetuadas, atendidas os demais requisitos dos §§ 2º e 3º dos arts. 3º das Leis nºs. 10.637/2002 e 10.833/2003 e legislação pertinente à matéria, exclusivamente quanto a: 1. Serviços utilizados como insumos na fase agrícola (itens "1.1" e "1.3") 1.1 Serviços de TerceirosEquipamentos Agrícolas: serviços de manutenção e solda em equipamentos agrícolas e de irrigação, e serviços de lavagem “roupasHerbicidas”; Fl. 1847DF CARF MF Processo nº 10410.901867/201339 Acórdão n.º 3201005.304 S3C2T1 Fl. 1.848 28 1.2 Manutenção e Reparo de Equipamentos Agrícolas: peças aplicadas por terceiros na manutenção de implementos agrícolas e irrigação; 1.3 Fretes de compras (apenas para os valores comprovados através da apresentação de Conhecimento de Carga); 1.4 Transporte de cana (bens aplicados em veículos próprios, utilizados no transporte de cana) 2. Bens utilizados como insumos na fase agrícola (item "1.2") 2.1 Óleo Diesel, Material Lubrificante, Pneus e Câmaras, Material de Manutenção, utilizados em veículos empregados especificamente na movimentação e transporte da canadeaçúcar e nos centros de custos relacionados à fase agrícola, tais como: Adutoras, Pivôs, Carregadeiras, Grades, Fazendas, Tratores, Sulcador, Aplicação de Herbicidas, Produção de Mudas. 3. Bens e serviços utilizados na fase industrial de fabricação de açúcar e álcool (itens "4.1" e "4.2") 3.1 Transporte de resíduos industriais; 3.2 Serviços de dedetização, desde que nas instalações da atividade produtiva; 3.3 Produtos químicos, desde que utilizados na limpeza de instalações industriais; e 3.4 Produtos químicos específicos para tratamento de águas. 4. Encargos de depreciação de bens utilizados na fase agrícola: tratores, colheitadeiras, caminhões, reboques e outros bens utilizados na agricultura ou transporte da cana; e 5. Despesas com armazenagem e fretes nas operações de vendas (à vista de documento fiscal hábil e idôneo). (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Fl. 1848DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10410.901866/2013-94
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 25 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri May 17 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/10/2012 a 31/12/2012
NÃO-CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. CONCEITO DE INSUMOS
O alcance do conceito de insumo, segundo o regime da não-cumulatividade do PIS Pasep e da COFINS é aquele em que o os bens e serviços cumulativamente atenda aos requisitos de (i) essencialidade ou relevância com/ao processo produtivo ou prestação de serviço; e sua (ii) aferição, por meio do cotejo entre os elementos (bens e serviços) e a atividade desenvolvida pela empresa.
PROCESSO PRODUTIVO. PRODUÇÃO DE AÇÚCAR E ÁLCOOL. ETAPA AGRÍCOLA. CUSTOS. CRÉDITO
Os custos incorridos com bens e serviços aplicados no cultivo da cana de açúcar guardam estreita relação de relevância e essencialidade com o processo produtivo das variadas formas e composição do álcool e do açúcar e configuram custo de produção, razão pela qual integram a base de cálculo do crédito das contribuições não-cumulativas.
REGIME NÃO CUMULATIVO. GASTOS COM FRETE. TRANSPORTE DE BENS COM DIREITO A CRÉDITO. DIREITO À APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO NA DESPESA DE FRETE.
No âmbito do regime não cumulativo da Cofins, a despesa com transporte de bens utilizado como insumos na produção/industrialização de bens destinados à venda, suportado pelo comprador, e devida à pessoa jurídica, propicia a dedução de crédito se incluído no custo de aquisição dos bens.
CRÉDITOS DE INSUMOS. CONTRIBUIÇÕES NÃO-CUMULATIVAS. SERVIÇOS E PEÇAS DE MANUTENÇÃO DE VEÍCULOS, MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NO PROCESSO PRODUTIVO.
Os serviços e bens utilizados na manutenção de veículos, máquinas e equipamentos utilizados no processo produtivo geram direito a crédito das contribuições para o PIS e a COFINS não-cumulativos.
VEÍCULOS, MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. CRÉDITO SOBRE DEPRECIAÇÃO. UTILIZAÇÃO EM ETAPAS DO PROCESSO PRODUTIVO E DE INDUSTRIALIZAÇÃO.
A pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados sobre encargos de depreciação em relação a veículos, máquinas e equipamentos adquiridos e utilizados em etapas pertinentes e essenciais à produção e à fabricação de produtos destinados à venda, conforme disciplinado pela Secretaria da Receita Federal em sua legislação (IN SRF nº 457/2004).
REGIME NÃO-CUMULATIVO. DESPESAS COM ARMAZENAGEM E FRETES NA OPERAÇÃO DE VENDA.
Concede-se direito à apuração de crédito às despesas de armazenagem e frete contratado relacionado a operações de venda, desde que amparado em documentos fiscal e o ônus tenha sido suportado pela pessoa jurídica vendedor e pago à pessoa jurídica beneficiária domiciliada no País.
Numero da decisão: 3201-005.303
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, apenas para conceder o crédito das contribuições para o PIS/Cofins, revertendo-se as glosas efetuadas, atendidos os demais requisitos dos §§ 2º e 3º dos arts. 3º das Leis nºs. 10.637/2002 e 10.833/2003 e legislação pertinente à matéria: I - Serviços utilizados como insumos na fase agrícola: (item 1.1) Serviços de Terceiros-Equipamentos Agrícolas: serviços de manutenção e solda em equipamentos agrícolas e de irrigação, e serviços de "lavagem de roupas-herbicidas"; (item 1.2) Manutenção e Reparo de Equipamentos Agrícolas: peças aplicadas por terceiros na manutenção de implementos agrícolas e irrigação; (item 1.3) Fretes de compra (apenas para os valores comprovados através da apresentação de Conhecimento de Carga); e (item 1.4) Transporte de cana (bens aplicados em veículos próprios, utilizados no transporte de cana); II - Bens utilizados como insumos na fase agrícola (item "1.2"): Óleo Diesel, Material Lubrificante, Pneus e Câmaras, Material de Manutenção, utilizados em veículos empregados especificamente na movimentação e transporte da cana-de-açúcar e nos centros de custos relacionados à fase agrícola, tais como: Adutoras, Pivôs, Carregadeiras, Grades, Fazendas, Tratores, Sulcador, Aplicação de Herbicidas, Produção de Mudas; III - Bens e serviços utilizados na fase industrial de fabricação de açúcar e álcool (itens "4.1" e "4.2") - transporte de resíduos industriais; serviços de dedetização, desde que nas instalações das atividades produtivas; produtos químicos, desde que utilizados na limpeza de instalações industriais; e produtos químicos específicos para tratamento de águas; IV - Encargos de depreciação de bens utilizados na fase agrícola: tratores, colheitadeiras, caminhões, reboques e outros bens utilizados na agricultura ou transporte da cana; e V - Despesas com armazenagem e fretes nas operações de vendas.
(assinado digitalmente)
Paulo Roberto Duarte Moreira - Presidente em Exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Giovani Vieira, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Leonardo Correia Lima Macedo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Marcos Roberto da Silva (suplente convocado em substituição ao conselheiro Charles Mayer de Castro Souza), Tatiana Josefovicz Belisario, Laercio Cruz Uliana Junior e Paulo Roberto Duarte Moreira (Presidente em Exercício). Ausente o conselheiro Charles Mayer de Castro Souza.
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201904
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/10/2012 a 31/12/2012 NÃO-CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. CONCEITO DE INSUMOS O alcance do conceito de insumo, segundo o regime da não-cumulatividade do PIS Pasep e da COFINS é aquele em que o os bens e serviços cumulativamente atenda aos requisitos de (i) essencialidade ou relevância com/ao processo produtivo ou prestação de serviço; e sua (ii) aferição, por meio do cotejo entre os elementos (bens e serviços) e a atividade desenvolvida pela empresa. PROCESSO PRODUTIVO. PRODUÇÃO DE AÇÚCAR E ÁLCOOL. ETAPA AGRÍCOLA. CUSTOS. CRÉDITO Os custos incorridos com bens e serviços aplicados no cultivo da cana de açúcar guardam estreita relação de relevância e essencialidade com o processo produtivo das variadas formas e composição do álcool e do açúcar e configuram custo de produção, razão pela qual integram a base de cálculo do crédito das contribuições não-cumulativas. REGIME NÃO CUMULATIVO. GASTOS COM FRETE. TRANSPORTE DE BENS COM DIREITO A CRÉDITO. DIREITO À APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO NA DESPESA DE FRETE. No âmbito do regime não cumulativo da Cofins, a despesa com transporte de bens utilizado como insumos na produção/industrialização de bens destinados à venda, suportado pelo comprador, e devida à pessoa jurídica, propicia a dedução de crédito se incluído no custo de aquisição dos bens. CRÉDITOS DE INSUMOS. CONTRIBUIÇÕES NÃO-CUMULATIVAS. SERVIÇOS E PEÇAS DE MANUTENÇÃO DE VEÍCULOS, MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NO PROCESSO PRODUTIVO. Os serviços e bens utilizados na manutenção de veículos, máquinas e equipamentos utilizados no processo produtivo geram direito a crédito das contribuições para o PIS e a COFINS não-cumulativos. VEÍCULOS, MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. CRÉDITO SOBRE DEPRECIAÇÃO. UTILIZAÇÃO EM ETAPAS DO PROCESSO PRODUTIVO E DE INDUSTRIALIZAÇÃO. A pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados sobre encargos de depreciação em relação a veículos, máquinas e equipamentos adquiridos e utilizados em etapas pertinentes e essenciais à produção e à fabricação de produtos destinados à venda, conforme disciplinado pela Secretaria da Receita Federal em sua legislação (IN SRF nº 457/2004). REGIME NÃO-CUMULATIVO. DESPESAS COM ARMAZENAGEM E FRETES NA OPERAÇÃO DE VENDA. Concede-se direito à apuração de crédito às despesas de armazenagem e frete contratado relacionado a operações de venda, desde que amparado em documentos fiscal e o ônus tenha sido suportado pela pessoa jurídica vendedor e pago à pessoa jurídica beneficiária domiciliada no País.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Fri May 17 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 10410.901866/2013-94
anomes_publicacao_s : 201905
conteudo_id_s : 6008138
dt_registro_atualizacao_tdt : Sat May 18 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 3201-005.303
nome_arquivo_s : Decisao_10410901866201394.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
nome_arquivo_pdf_s : 10410901866201394_6008138.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, apenas para conceder o crédito das contribuições para o PIS/Cofins, revertendo-se as glosas efetuadas, atendidos os demais requisitos dos §§ 2º e 3º dos arts. 3º das Leis nºs. 10.637/2002 e 10.833/2003 e legislação pertinente à matéria: I - Serviços utilizados como insumos na fase agrícola: (item 1.1) Serviços de Terceiros-Equipamentos Agrícolas: serviços de manutenção e solda em equipamentos agrícolas e de irrigação, e serviços de "lavagem de roupas-herbicidas"; (item 1.2) Manutenção e Reparo de Equipamentos Agrícolas: peças aplicadas por terceiros na manutenção de implementos agrícolas e irrigação; (item 1.3) Fretes de compra (apenas para os valores comprovados através da apresentação de Conhecimento de Carga); e (item 1.4) Transporte de cana (bens aplicados em veículos próprios, utilizados no transporte de cana); II - Bens utilizados como insumos na fase agrícola (item "1.2"): Óleo Diesel, Material Lubrificante, Pneus e Câmaras, Material de Manutenção, utilizados em veículos empregados especificamente na movimentação e transporte da cana-de-açúcar e nos centros de custos relacionados à fase agrícola, tais como: Adutoras, Pivôs, Carregadeiras, Grades, Fazendas, Tratores, Sulcador, Aplicação de Herbicidas, Produção de Mudas; III - Bens e serviços utilizados na fase industrial de fabricação de açúcar e álcool (itens "4.1" e "4.2") - transporte de resíduos industriais; serviços de dedetização, desde que nas instalações das atividades produtivas; produtos químicos, desde que utilizados na limpeza de instalações industriais; e produtos químicos específicos para tratamento de águas; IV - Encargos de depreciação de bens utilizados na fase agrícola: tratores, colheitadeiras, caminhões, reboques e outros bens utilizados na agricultura ou transporte da cana; e V - Despesas com armazenagem e fretes nas operações de vendas. (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira - Presidente em Exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Giovani Vieira, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Leonardo Correia Lima Macedo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Marcos Roberto da Silva (suplente convocado em substituição ao conselheiro Charles Mayer de Castro Souza), Tatiana Josefovicz Belisario, Laercio Cruz Uliana Junior e Paulo Roberto Duarte Moreira (Presidente em Exercício). Ausente o conselheiro Charles Mayer de Castro Souza.
dt_sessao_tdt : Thu Apr 25 00:00:00 UTC 2019
id : 7745164
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:44:46 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051910039142400
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 29; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2028; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C2T1 Fl. 1.824 1 1.823 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10410.901866/201394 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3201005.303 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 25 de abril de 2019 Matéria COFINS NÃO CUMULATIVO PEDIDO DE RESSARCIMENTO Recorrente TRIUNFO AGROINDUSTRIAL LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/10/2012 a 31/12/2012 NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. CONCEITO DE INSUMOS O alcance do conceito de insumo, segundo o regime da nãocumulatividade do PIS Pasep e da COFINS é aquele em que o os bens e serviços cumulativamente atenda aos requisitos de (i) essencialidade ou relevância com/ao processo produtivo ou prestação de serviço; e sua (ii) aferição, por meio do cotejo entre os elementos (bens e serviços) e a atividade desenvolvida pela empresa. PROCESSO PRODUTIVO. PRODUÇÃO DE AÇÚCAR E ÁLCOOL. ETAPA AGRÍCOLA. CUSTOS. CRÉDITO Os custos incorridos com bens e serviços aplicados no cultivo da cana de açúcar guardam estreita relação de relevância e essencialidade com o processo produtivo das variadas formas e composição do álcool e do açúcar e configuram custo de produção, razão pela qual integram a base de cálculo do crédito das contribuições nãocumulativas. REGIME NÃO CUMULATIVO. GASTOS COM FRETE. TRANSPORTE DE BENS COM DIREITO A CRÉDITO. DIREITO À APROPRIAÇÃO DE CRÉDITO NA DESPESA DE FRETE. No âmbito do regime não cumulativo da Cofins, a despesa com transporte de bens utilizado como insumos na produção/industrialização de bens destinados à venda, suportado pelo comprador, e devida à pessoa jurídica, propicia a dedução de crédito se incluído no custo de aquisição dos bens. CRÉDITOS DE INSUMOS. CONTRIBUIÇÕES NÃOCUMULATIVAS. SERVIÇOS E PEÇAS DE MANUTENÇÃO DE VEÍCULOS, MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NO PROCESSO PRODUTIVO. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 41 0. 90 18 66 /2 01 3- 94 Fl. 1824DF CARF MF Processo nº 10410.901866/201394 Acórdão n.º 3201005.303 S3C2T1 Fl. 1.825 2 Os serviços e bens utilizados na manutenção de veículos, máquinas e equipamentos utilizados no processo produtivo geram direito a crédito das contribuições para o PIS e a COFINS nãocumulativos. VEÍCULOS, MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. CRÉDITO SOBRE DEPRECIAÇÃO. UTILIZAÇÃO EM ETAPAS DO PROCESSO PRODUTIVO E DE INDUSTRIALIZAÇÃO. A pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados sobre encargos de depreciação em relação a veículos, máquinas e equipamentos adquiridos e utilizados em etapas pertinentes e essenciais à produção e à fabricação de produtos destinados à venda, conforme disciplinado pela Secretaria da Receita Federal em sua legislação (IN SRF nº 457/2004). REGIME NÃOCUMULATIVO. DESPESAS COM ARMAZENAGEM E FRETES NA OPERAÇÃO DE VENDA. Concedese direito à apuração de crédito às despesas de armazenagem e frete contratado relacionado a operações de venda, desde que amparado em documentos fiscal e o ônus tenha sido suportado pela pessoa jurídica vendedor e pago à pessoa jurídica beneficiária domiciliada no País. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, apenas para conceder o crédito das contribuições para o PIS/Cofins, revertendose as glosas efetuadas, atendidos os demais requisitos dos §§ 2º e 3º dos arts. 3º das Leis nºs. 10.637/2002 e 10.833/2003 e legislação pertinente à matéria: I Serviços utilizados como insumos na fase agrícola: (item 1.1) Serviços de Terceiros Equipamentos Agrícolas: serviços de manutenção e solda em equipamentos agrícolas e de irrigação, e serviços de "lavagem de roupasherbicidas"; (item 1.2) Manutenção e Reparo de Equipamentos Agrícolas: peças aplicadas por terceiros na manutenção de implementos agrícolas e irrigação; (item 1.3) Fretes de compra (apenas para os valores comprovados através da apresentação de Conhecimento de Carga); e (item 1.4) Transporte de cana (bens aplicados em veículos próprios, utilizados no transporte de cana); II Bens utilizados como insumos na fase agrícola (item "1.2"): Óleo Diesel, Material Lubrificante, Pneus e Câmaras, Material de Manutenção, utilizados em veículos empregados especificamente na movimentação e transporte da canadeaçúcar e nos centros de custos relacionados à fase agrícola, tais como: Adutoras, Pivôs, Carregadeiras, Grades, Fazendas, Tratores, Sulcador, Aplicação de Herbicidas, Produção de Mudas; III Bens e serviços utilizados na fase industrial de fabricação de açúcar e álcool (itens "4.1" e "4.2") transporte de resíduos industriais; serviços de dedetização, desde que nas instalações das atividades produtivas; produtos químicos, desde que utilizados na limpeza de instalações industriais; e produtos químicos específicos para tratamento de águas; IV Encargos de depreciação de bens utilizados na fase agrícola: tratores, colheitadeiras, caminhões, reboques e outros bens utilizados na agricultura ou transporte da cana; e V Despesas com armazenagem e fretes nas operações de vendas. (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Presidente em Exercício e Relator Fl. 1825DF CARF MF Processo nº 10410.901866/201394 Acórdão n.º 3201005.303 S3C2T1 Fl. 1.826 3 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Giovani Vieira, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Leonardo Correia Lima Macedo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Marcos Roberto da Silva (suplente convocado em substituição ao conselheiro Charles Mayer de Castro Souza), Tatiana Josefovicz Belisario, Laercio Cruz Uliana Junior e Paulo Roberto Duarte Moreira (Presidente em Exercício). Ausente o conselheiro Charles Mayer de Castro Souza. Relatório Para bem relatar os fatos, transcrevese o relatório da decisão proferida pela autoridade a quo no Acórdão nº 1464.837: Tratase de Pedido de Ressarcimento de créditos da Cofins não cumulativa do 4º Trimestre de 2012, no importe de R$ 807.601,31, formalizado por meio do PER/DCOMP nº 31772.49577.130813.1.5.094069 (fls. 34/41), ao qual a contribuinte vinculou declarações de compensação nas quais procurou extinguir débitos próprios, relativos a tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil – RFB. Analisada a pretensão, foi emitido o Despacho Decisório nº de Rastreamento 095447520 (fl. 42), no qual o direito creditório foi reconhecido parcialmente, disso resultando declarações de compensação homologadas parcialmente e declarações de compensação não homologadas, além de inexistência de saldo a ser ressarcido. Os fundamentos da decisão estão no Relatório Fiscal de fls. 1245/1281, no qual a autoridade fiscal se manifestou pelo deferimento parcial do pedido e expôs os motivos de seu entendimento, conforme segue. Inicia esclarecendo que: a empresa dedicase à produção e comercialização de açúcar e álcool utilizando como matéria prima básica a canadeaçúcar obtida mediante produção própria ou adquirida de terceiros; como a maioria das empresas deste ramo, tem produção sazonal, normalmente ocorrendo o período de safra/produção entre os meses de setembro a março; a comercialização é feita tanto no mercado interno como no externo, sendo que o açúcar é predominantemente exportado e o álcool é majoritariamente comercializado no mercado interno. Passa a tratar dos créditos glosados informando inicialmente que o conceito de insumo, para fins de apuração de créditos da não cumulatividade do PIS e da Cofins está regido em legislação própria e não pode ser confundido nem interpretado à luz da legislação do IRPJ. Relata que em atendimento ao Termo de Início de Ação Fiscal, a contribuinte apresentou planilhas detalhadas em que demonstrava a memória de cálculo dos valores de crédito que informou no DACON e que embasaram seus Pedidos de Fl. 1826DF CARF MF Processo nº 10410.901866/201394 Acórdão n.º 3201005.303 S3C2T1 Fl. 1.827 4 Ressarcimento. Informa ainda que estas planilhas apresentavam os insumos “que foram utilizados para compor os créditos discriminados por utilização em AGRICULTURA ou INDÚSTRIA”. Diz ainda que, na AGRICULTURA, a contribuinte incluiu também “as despesas (serviços, fretes, peças de veículos...) com o transporte e movimentação de canade açúcar, tanto a cana adquirida de terceiros como também a cana produzida em suas diversas fazendas até a unidade fabril”. Ressalta (os destaques são do original): Ora, em relação aos gastos ocorridos na Agricultura, tais aquisições não poderiam gerar direito aos créditos pleiteados por tratarse de ciclos produtivos diferentes: um, a atividade rural de cultivo da canadeaçúcar e outro, a produção de álcool e açúcar. A contribuinte fabrica açúcar e álcool, e além disso, cultiva parte da canadeaçúcar que utiliza na própria atividade industrial. Entende a Receita Federal que a fabricação de açúcar e álcool e a produção de canadeaçúcar são dois processos diferentes e que não se confundem para fins de apuração de PIS e Cofins no regime nãocumulativo. Além disso, não representam gastos com insumos utilizados na produção de produtos destinados à venda e sim gastos/insumos utilizados na obtenção de matérias prima para o próprio consumo. Notese que a empresa não vende cana e sim açúcar e álcool e a legislação do PIS/COFINS é clara quando restringe o direito ao crédito apenas a insumos utilizados na produção ou fabricação de produtos destinados à venda. Registra que este entendimento está expresso em diversas Soluções de Consulta, das quais transcreve trechos, e ainda, que o mesmo entendimento se aplica a outras atividades do segmento agroindustrial como, por exemplo, siderúrgicas com produção própria de carvão vegetal, indústria de papel com produção própria de eucaliptos, e acrescenta: E não é só. Mesmo na absurda hipótese de creditamento de bens e serviços aplicados na área agrícola, nem assim os supostos créditos seriam integrais, uma vez que a maioria das atividades agrícolas (entre as quais se inclui a produção de cana...), está sujeita a que parte dos seus custos com preparo e plantio seja imobilizada através da EXAUSTÃO e, ao contrário da depreciação e da amortização, não existe qualquer previsão legal para o creditamento de quotas de exaustão. (...) (destaques no original) Apresenta, em nota de rodapé, a seguinte observação: A empresa apresentou uma planilha denominada Serviços de TerceirosAgrícola na qual relacionava todos os serviços de manutenção, frete de cana, solda, diversos,....efetuados na área agrícola. Para fins de melhor visualização, a ação fiscal "quebrou" esta planilha em várias outras de acordo com o tipo do serviço prestado: Frete de Cana, Serviços de Terceiros manutenção e solda de equipamentos agrícolas, Serviços Fl. 1827DF CARF MF Processo nº 10410.901866/201394 Acórdão n.º 3201005.303 S3C2T1 Fl. 1.828 5 Diversos e Serviços de Terceirosmanutenção e solda de veículos e equipamentos de transporte. A mesma "quebra" foi efetuada na Planilha Manutenção e Reparos, que foi dividida em Equipamentos Agrícolas e Transporte. Convém acrescentar que a "quebra" não implicou alteração nos valores totais, que, de qualquer forma e independentemente da divisão adotada, seriam glosados, uma vez que referemse a atividades que não ensejam creditamento. Passa então a informar as glosas efetuadas, relativas a aquisições para a área agrícola: 1.1 SERVIÇOS UTILIZADOS COMO INSUMOS ÁREA AGRÍCOLA Do valor total de Serviços Utilizados como Insumos foram glosados os seguintes créditos referentes a agricultura: • Serviços de TerceirosEquipamentos Agrícolas: serviços de manutenção e solda em equipamentos agrícolas e de irrigação; • Serviços Diversos: outros créditos de serviços na área agrícola, de natureza indireta e administrativa, tais como Consultoria Agrícola, Consultoria em Meio Ambiente, Lavagem de Roupa Herbicidas e Manutenção de Programas de Computador. • Manutenção e Reparo de Equipamentos Agrícolas: peças aplicadas por terceiros na manutenção de implementos agrícolas e irrigação. Os valores glosados estão demonstrados abaixo e também nas Planilhas “Apuração dos Valores de Serviços utilizados como Insumos” e “Serviços de Terceiros Prestados na Agricultura Creditamentos Glosados”, Anexo 04. (...) 1. 2 BENS UTILIZADOS COMO INSUMOS ÁREA AGRÍCOLA Conforme exposto anteriormente, em suas planilhas apresentadas a empresa englobou como “Agricultura” as despesas referentes à aquisição de bens utilizados em automóveis e veículos para a movimentação e transporte da cana de açúcar. Além disso, apresentou todas as aquisições em uma única planilha (“Bens Insumos”), sem separação por tipo ou natureza do bem. Com o objetivo de melhor apresentação e visualização dos créditos glosados, a ação fiscal separou os bens nas planilhas da empresa, utilizando a mesma classificação existente na Contabilidade (SPED ContábilReq. 1dffe5fa2f9348db9308 3175c5a3a827, Anexo 01), ou seja, Óleo Diesel, Material Lubrificante, Pneus e Câmaras, Material de Manutenção. A seguir, a empresa foi intimada a identificar centros de custos (item 2 do Termo de Intimação n° 03) e, com base nas informações recebidas (Respostas Apresentadas pela Empresa Fl. 1828DF CARF MF Processo nº 10410.901866/201394 Acórdão n.º 3201005.303 S3C2T1 Fl. 1.829 6 Anexo 03) e com base nas informações contábeis que identificavam o centro de custo para o qual o material foi requisitado, foram separados aqueles gastos específicos da agricultura ( bens utilizados em tratores, colheitadeiras, equipamentos de irrigação,...) daqueles mais específicos do transporte (caminhões, automóveis, motos,..). Em Agricultura foram considerados centros de custos tais como, Adutoras, Pivôs, Carregadeiras, Grades, Fazendas, Tratores, Sulcador, Aplicação de Herbicidas, Produção de Mudas,.... Em Transportes foram classificados os centros de custos Toyota Hillux, Fiat Uno, Ford Cargo, Caminhão MBB, Moto Honda, Pajero TR4, Reboques,... Os valores contábeis foram separados por Agricultura e Transporte e os percentuais obtidos aplicados sobre as aquisições constantes nas planilhas da empresa: Óleo Diesel, Lubrificantes, Pneus e Câmaras e Material de Manutenção. Os valores glosados estão relacionados abaixo e também nas Planilhas da Ação Fiscal “Apuração do Rateio entre Bens Utilizados na Área Agrícola e no Transporte de Cana” e “Apuração dos Valores de Bens Utilizados como Insumos” (Anexo 05). 1. 3 OUTRAS GLOSAS DE CRÉDITOS EFETUADAS NA ÁREA AGRÍCOLA Outros créditos também foram glosados na área Agrícola, tais como o Frete de Compras, Transporte de Cana, Transporte de Pessoal e Aluguéis de Veículos, os quais se encontram apresentados em tópicos específicos, a seguir. Discorre então sobre os fretes de compras, salientando a inexistência de previsão legal para a apuração de créditos sobre tais despesas. Depois, justifica as glosas relativas a “Frete de Compras na Aquisição de Bens” e, a seguir, as glosas relativas a “Frete de Compras na Aquisição de CanadeAçúcar de Terceiros”. Na sequência, trata dos créditos glosados no transporte de cana: A empresa possui diversas fazendas onde planta canadeaçúcar que é utilizada para consumo próprio em sua unidade fabril. Uma vez colhida esta cana é transportada de seus estabelecimentos agrícolas até a sua unidade fabril. Neste processo de movimentação da matériaprima, a empresa tanto utiliza sua frota própria de caminhões e reboques como também pode utilizar serviços de terceiros. Nos dois casos tratase da mesma situação, que é o comumente chamado “frete interno”, ou seja, o transporte de matériaprima, produto em elaboração ou produtos acabados entre estabelecimentos de uma mesma empresa. E o crédito para tal tipo de transporte é totalmente vedado pela legislação e por Fl. 1829DF CARF MF Processo nº 10410.901866/201394 Acórdão n.º 3201005.303 S3C2T1 Fl. 1.830 7 inúmeras Soluções de Consulta e Julgamento. Confiramse algumas: Cita soluções de consulta, bem como acórdãos de diversas DRJ, e conclui: Abaixo e também nas Planilhas “Apuração dos Valores de Bens Utilizados como Insumos” (Anexo 05) e “Apuração dos Valores de Serviços Utilizados como Insumos”, “Serviços com Creditamento Glosado” e “Detalhamento da Apuração das Glosas em Frete de Cana: Própria e Adquirida de Terceiros” (Anexo 04) estão demonstrados os valores glosados. Prossegue (destaques no original): Em Bens Aplicados em Equipamentos e Veículos de Transporte de Cana: Óleo Diesel, Lubrificantes, Pneus e Câmaras, Material de Manutenção, Os critérios utilizados na segregação destes créditos foram os já expostos no item 1.2 – Bens utilizados como Insumos – Área Agrícola. (...) Em Serviços Aplicados em Equipamentos e Veículos para o Transporte de Cana: Serviços de TerceirosCaminhões, Motos e Automóveis, Manutenção e Reparo de Veículos e Equipamentos de Transporte e Frete de Cana. (...) A seguir, o AuditorFiscal discorre sobre os créditos glosados na indústria. Sustenta (os destaques são do original): Como já exposto anteriormente, enseja o creditamento a utilização de insumos na atividade de “prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda” (lei 10.833/03, art. 3o, II), que, no caso da empresa, é a fabricação de açúcar e álcool. No entanto, no processo de análise dos bens e serviços que a empresa considerou em sua apuração, foram identificados diversos grupos de bens e serviços que não se enquadram no conceito de insumo da legislação do PIS/COFINS. São eles: 4.1 SERVIÇOS DE DEDETIZAÇÃO E TRANSPORTE DE RESÍDUOS Foram glosados dispêndios com Dedetização e Transporte de Resíduos, abaixo demonstrados e também nas Planilhas “Apuração dos Valores de Serviços Utilizados como Insumos” e “Serviços com Creditamento Glosado” (Anexo 04). (...) 4.2 DESINCRUSTANTES E PRODUTOS DE LIMPEZA E TRATAMENTO DE ÁGUAS Fl. 1830DF CARF MF Processo nº 10410.901866/201394 Acórdão n.º 3201005.303 S3C2T1 Fl. 1.831 8 A empresa utiliza diversos produtos químicos na limpeza de suas instalações, com o objetivo de remover incrustações tais como a soda cáustica (desincrustante geral) e dispersolubizante (desincrustante para sistema de geração de vapor). São também utilizados produtos químicos específicos para tratamento de águas, tais como P70 e algicidas. Seguem abaixo trechos de algumas Soluções de Consulta sobre o assunto: (...) Os valores glosados estão abaixo demonstrados e também nas Planilhas “Apuração dos Valores de Bens Utilizados como Insumos” e “Bens com Creditamento Glosado” (Anexo 05). (...) 4.3 – BENS E SERVIÇOS C/NATUREZA DE ATIVO FIXO Na análise dos bens que compuseram o crédito pleiteado pela empresa, foi constatada a existência de bens de alto valor unitário e com nítida natureza de ativo fixo. De acordo com o art. 346 do Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999 (Regulamento do Imposto de Renda – RIR), deverão ser capitalizadas partes e peças, cuja substituição resultar aumento de vida útil superior a um ano da máquina ou equipamento ao qual serão integrados: “Art. 346. Serão admitidas, como custo ou despesa operacional, as despesas com reparos e conservação de bens e instalações destinadas a mantêlos em condições eficientes de operação (Lei nº 4.506, de 1964, art. 48). § 1º Se dos reparos, da conservação ou da substituição de partes e peças resultar aumento da vida útil prevista no ato de aquisição do respectivo bem, as despesas correspondentes, quando aquele aumento for superior a um ano, deverão ser capitalizadas, a fim de servirem de base a depreciações futuras (Lei nº 4.506, de 1964, art. 48, parágrafo único).” Sobre o assunto convém destacar parte da Solução de Consulta 204: (...) Ora, é evidente que, se tratando de partes e peças significativas em um equipamento, a sua substituição irá aumentar a vida útil deste equipamento. É o caso, por exemplo, da substituição ou retífica de um bloco de motor de automóvel ou de um rotor em uma bomba. Desta forma a ação fiscal buscou identificar bens de alto valor unitário, significativos e relevantes na máquina ou equipamento e que não tenham sido novamente requisitados pelo menos nos dois anos seguintes. Os valores glosados estão abaixo demonstrados e também nas Planilhas “Apuração dos Valores de Bens Utilizados como Insumos” e “Bens com Creditamento Glosado” (Anexo 05). Fl. 1831DF CARF MF Processo nº 10410.901866/201394 Acórdão n.º 3201005.303 S3C2T1 Fl. 1.832 9 (...) 4.4 OUTROS BENS DIVERSOS Foram também glosadas aquisições diversas, tais como lâmpadas, fechaduras para porta, peças para arcondicionado, ferramentas, graxa e outros. Em relação ao material de construção glosado, convém ressaltar que a legislação não veda seu creditamento desde que incorporado ao bem ou instalação, onde passa a ter seu credito efetuado indiretamente através da depreciação. Sobre a graxa, que representou a glosa mais significativa, segue abaixo parte do Acórdão DRJ 02 42.382 sobre o assunto: Acórdão DRJ N° 0242.382 de 04 de fevereiro de 2013. GASTOS COM GRAXA Assim, não procede a alegação de que estaria revisto o entendimento contido na Solução de Divergência COSIT n° 12/2007, com a publicação da Solução de Divergência COSIT nº 15/2008, uma vez que, conforme acima demonstrado, ambas tratam de questões específicas diversas e, portanto, convivem perfeitamente, sem nenhuma contradição entre si. Por conseguinte, a justificativa para enquadramento da graxa como insumo, para efeito de aproveitamento de crédito por se constituir produto indispensável à realização de suas atividades cai por terra, uma vez que a citada Solução de Divergência COSIT n° 12/2007 já abordou profundamente essa questão, conforme transcrito abaixo: 18.3) Em termos técnicos, as graxas são diferentes dos óleos lubrificantes, visto que elas são tidas como uma combinação de um fluido com um espessante, resultando em um produto homogêneo com qualidades lubrificantes. Segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), enquanto lubrificante ou óleo lubrificante é líquido obtido por destilação do petróleo bruto, utilizados para reduzir o atrito e o desgaste de engrenagens e peças, desde o delicado mecanismo de relógio até os pesados mancais de navios e máquinas industriais, a graxa é lubrificante fluido espessado por adição de outros agentes, formando uma consistência de 'gel' e tem a mesma função do óleo lubrificante, mas com consistência semisólida para reduzir a tendência do lubrificante a fluir ou vazar. Não fosse a disposição literal que se encontra no art. 3° Leis nº 10.637, de 2002, e nº 10.833, de 2003 (“bens utilizados como insumo ... na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes...”), as graxas com certeza poderiam ser aqui incluídas. Entretanto, o referido artigo não contém o termo graxa e, por isso, não se pode desonerar a base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep e a Cofins. Tal ocorre porque: Fl. 1832DF CARF MF Processo nº 10410.901866/201394 Acórdão n.º 3201005.303 S3C2T1 Fl. 1.833 10 18.3.1) Interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre a exclusão do crédito tributário (art. 111 do CTN), de forma que o termo graxa deverá estar contemplado na lei; 18.5) Os combustíveis e lubrificantes geram direito ao creditamento não porque sejam insumos diretos de produção, mas apenas por disposição legal. (...) 19.2) Graxas. Tratase, mesmo no contexto produtivo da interessada, de insumo indireto de produção. Embora seja uma mercadoria com propriedades lubrificantes, difere dos lubrificantes, também ditos óleos lubrificantes e, por isso, deveriam constar literalmente da legislação em tela. Como tal não ocorre, também aqui se constata que não geram direito a crédito da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins; Os valores glosados estão abaixo demonstrados e também nas Planilhas “Apuração dos Valores de Bens Utilizados como Insumos” e “Bens com Creditamento Glosado” (Anexo 05). O Auditor Fiscal abre então um tópico intitulado “OUTROS VALORES GLOSADOS”, que divide em vários subitens, conforme segue: 5.1 – SERVIÇOS DE TRANSPORTE DE PESSOAL A empresa contrata serviços de transporte tanto para os funcionários de sua área agrícola como também para funcionários da indústria. Apesar de ser um gasto de inegável alcance social e ser aceito na legislação do imposto de renda (evidentemente se não se revestir de liberalidade...), tal dispêndio não é considerado insumo para a legislação do PIS/COFINS, pelo fato de não se aplicar diretamente ao processo produtivo. Pese ainda o fato da maior parte deste dispêndio estar relacionada à área agrícola. Sobre o assunto convém destacar as seguintes Soluções de Divergência: (...) Foram os seguintes os valores glosados, também demonstrados nas Planilhas e também nas Planilhas “Apuração dos Valores de Serviços Utilizados como Insumos” e “Serviços com Creditamento Glosado” (Anexo 4): (...) 5.2 – SERVIÇOS DE ALUGUEL DE VEÍCULOS A legislação permite o creditamento de Aluguéis de Prédios, Máquinas e Equipamentos, conforme Lei 10.833/03, art. 3º, IV: Fl. 1833DF CARF MF Processo nº 10410.901866/201394 Acórdão n.º 3201005.303 S3C2T1 Fl. 1.834 11 (...) Notese que neste caso a própria Lei usa o termo “atividades da empresa” ao contrário de outras disposições em que vincula o crédito à prestação de serviços e à produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda. Desta forma a ação fiscal aceitou todos os valores apresentados pela empresa em sua Planilha de Serviços/Aluguel de Máquinas e Equipamentos. Inclusive aqueles relacionados à Agricultura, uma vez que, repetimos, para este tipo de dispêndio a Lei não restringiu o creditamento à produção ou fabricação de produtos destinados à venda. No entanto, e embora tivesse sido englobado no valor dos Aluguéis de Prédios, Máquinas e Equipamentos informado no DACON, foram glosados os dispêndios com aluguel de automóveis e aeronaves, os quais, a própria empresa separou e discriminou em planilhas próprias e separadas das planilhas de Aluguéis de Máquinas e Equipamentos. Foram os seguintes os valores glosados, também demonstrados nas Planilhas “Apuração dos Valores de Aluguéis de Máquinas e Despesas de Armazenagem e Frete de Vendas” e Relatório Despesas de Aluguéis de Máquinas e Equipamentos Locados de Pessoas Jurídicas, Anexo 06: (...) 5.3 –DEPRECIAÇÃO A legislação do PIS/COFINS vincula o direito ao creditamento de encargos de depreciação à utilização dos bens na prestação de serviços ou na produção de bens destinados à venda. Confirase o art. 3o da lei 10.833/03: (...) Desta forma encargos de depreciação de bens não utilizados na fabricação de produtos destinados à venda não ensejam aproveitamento de crédito. É o caso de tratores, colheitadeiras, caminhões, reboques e outros bens utilizados na agricultura ou transporte da cana, conforme já exposto em itens anteriores. Convém ressaltar que, mesmo na absurda hipótese de concessão de crédito para agricultura e transporte de cana, nem assim os valores apresentados pela empresa poderiam ser integralmente acatados, uma vez que a empresa incluiu bens do tipo “Nissan Livina”, “Mitsubshi L 200”, “Pajero TR 4” e outros, que nem com muita boa vontade, poderiam ser considerados integrantes de um processo produtivo de fabricação de açúcar e álcool. Mesmo no processo de fabricação do açúcar e do álcool também foram encontrados bens que, que embora alocados fisicamente na área industrial, não se enquadram no conceito de utilização na fabricação de bens destinados à venda, como por exemplo, bomba centrífuga na casa de hóspedes, quadro de distribuição de Fl. 1834DF CARF MF Processo nº 10410.901866/201394 Acórdão n.º 3201005.303 S3C2T1 Fl. 1.835 12 energia do banheiro industrial, roupeiro em aço, águas residuais, betoneira, ferramentas manuais, splits, ar condicionado, escadas, e outros. (...)O detalhamento dos itens glosados está demonstrado na Planilha “Apuração das Glosas em Depreciação” e “Apuração dos Valores de Encargos de Depreciação e Ajustes Negativos”, Anexo 06. 5. 4. DUPLICIDADE NO APROVEITAMENTO DE CRÉDITOS A empresa adquire partes e peças para uso normal em máquinas, equipamentos e instalações de seu processo produtivo. É o caso de fusíveis, parafusos, material elétrico, perfis, contatores, tubos, etc... Tais materiais ensejam direito a crédito e são normalmente creditados quando de sua aquisição. No entanto estas mesmas peças também podem ser requisitadas do Almoxarifado para o Ativo Imobilizado, geralmente em grandes reformas ou recuperações na conta 142010990002 Obras em Andamento. Ao se analisar os registros contábeis desta conta foram observadas inúmeras contabilizações de grupos de contas (Material Elétrico e Material de Manutenção) que tem seu crédito apropriado quando da aquisição. No Termo de Intimação n° 04 a empresa foi intimada a apresentar dados dos materiais requisitados para essa conta e constatouse que para os Grupos Material Elétrico e Material de Manutenção, a maioria dos materiais requisitados, constava nas Planilhas de BensInsumos apresentadas pela empresa, ou seja, tiveram seu crédito apropriado no momento da aquisição. O problema é que, quando termina a recuperação ou reforma, o valor registrado em Obras em Andamento é creditado e debitado à conta específica do bem no Ativo Imobilizado. E, a partir do momento em que a reforma ou instalação é ativada, a mesma peça que teve seu crédito apropriado quando de sua aquisição, passa a ser novamente creditada, através da depreciação do bem no qual foi empregada. Em resumo, uma clara (e ilegal) situação de duplicidade na apropriação de créditos. Como é muito difícil definir o destino de uma peça de uso geral, o procedimento correto seria o de apropriar a totalidade do crédito na aquisição, porém efetuando o estorno proporcional quando de uma eventual e posterior destinação ao Ativo Imobilizado. Para tal a empresa poderia ter utilizado a Linha do DACON de “Ajustes Negativos de Crédito”. No entanto os valores que a empresa registrou nesta linha referemse apenas a devoluções de compra. Fl. 1835DF CARF MF Processo nº 10410.901866/201394 Acórdão n.º 3201005.303 S3C2T1 Fl. 1.836 13 No Termo de Intimação N° 9 a empresa foi então intimada a apresentar, em arquivo magnético, os materiais requisitados para Obras em Andamento. No arquivo apresentado a ação fiscal desconsiderou da apuração aqueles materiais que não foram objeto de creditamento na entrada, tais como tintas, eletrodos, cimento e outros. Também foram desconsiderados os materiais que já tinham sido glosados por não se enquadrarem no conceito de insumos, tais como lâmpadas e tomadas. Abaixo e nas planilhas “Glosa de Bens Utilizados como Insumos Duplicidade na Apuração do Crédito Bens com Creditamento na Aquisição Requisitados para o Ativo Fixo” e “Apuração dos Créditos de Depreciação dos Bens do Ativo Imobilizado e Ajustes Negativos”, Anexo 06, estão demonstrados os valores apurados: (...) 5. 5. DESPESAS DE ARMAZENAGEM E FRETE DE VENDAS A maior parte da produção de açúcar da empresa é destinada e transferida para os armazéns da CRPAAALCooperativa Regional dos Produtores de Açúcar e Álcool de Alagoas, onde fica armazenada aguardando uma futura venda. Esta situação ficou evidenciada através da Diligência efetuada na CRPAAAL, em que esta foi intimada a apresentar os recebimentos de açúcar da Usina Triunfo (Anexo 1 Termos da Ação Fiscal). Na resposta apresentada (Anexo 3 Cartas e Respostas da Empresa e Diligências) , vêse claramente que a maior parte do açúcar foi destinada aos armazéns da Cooperativa. Mesmo boa parte do açúcar destinado à exportação também não foi transferida diretamente ao Porto de Maceió, mas sim a um armazém da Cooperativa em Marechal Deodoro, onde ficou armazenada até o seu transporte ao Porto. Para confirmar esta situação, o Porto de Maceió, através da EMPATEmpresa Alagoana de Terminais Ltda, também foi diligenciado no sentido de informar os recebimentos de açúcar para exportação da Usina Triunfo. Na resposta apresentada (Anexo 3 Cartas e Respostas da Empresa e Diligências), a EMPAT discriminou todos os recebimentos de açúcar, datas, quantidades e transportadora. Constatouse que a maior parte do açúcar foi transportado através da “Transportadora Padre Cícero” que nem sequer foi relacionada dentre os Fretes de Venda com direito a crédito informados na Planilha apresentada pela Usina Triunfo (Anexo 2 Planilhas Apresentadas pela Empresa Serviços). Ou seja, açúcar transportado dos armazéns da Cooperativa para o Terminal da EMPAT. Nesta situação fica claro que não existe nenhuma vinculação entre o frete e a venda. Tanto assim, que não há, no Conhecimento de Transporte, nenhuma indicação de quem seja o Fl. 1836DF CARF MF Processo nº 10410.901866/201394 Acórdão n.º 3201005.303 S3C2T1 Fl. 1.837 14 cliente da mercadoria. Na realidade tratase de “frete interno” ou “frete logístico”, ou ainda “frete para formação de estoque”, o qual não apresenta qualquer relação com a efetiva operação de venda. Sobre o assunto já foram emanadas diversas Soluções de Consulta, cujos trechos de maior interesse abaixo transcrevemos: (...) E mesmo para os demais fretes de vendas, ao cotejar a Planilha de Fretes de Venda apresentada pela empresa com as informações recebidas nas Diligências, constatouse ainda que: • A Usina Triunfo se creditou de fretes de transportadoras que não foram relacionadas dentre as transportadoras que entregaram o açúcar no Terminal da EMPAT, como por exemplo, A J B Transportes e Sandoval F de Moraes. • E mesmo dentre as transportadoras relacionadas, foram verificadas discrepâncias, como por exemplo o fato de a Usina Triunfo ter se creditado de fretes da “R de Oliveira Transportes” desde início de 2009 quando, de acordo com informações da EMPAT, tal empresa só começou a realizar entregas no Porto a partir de Setembro de 2009. Também foram verificados alguns fretes de transportadoras dos quais a Usina Triunfo se apropriou de créditos, não compatíveis com as informações de datas e quantidades fornecidas pela EMPAT/CRPAAA. Foram os seguintes os valores glosados, também demonstrados nas Planilhas “Apuração dos Valores de Aluguéis de Máquinas e Despesas de Armazenagem e Frete de Vendas” e Relatório Despesas de Armazenagem e Frete de Vendas Creditamentos Glosados, Anexo 06: (...) O AuditorFiscal apresenta então um tópico intitulado “APURAÇÃO DOS VALORES DO CRÉDITO”, no qual esclarece: Como resultado das glosas efetuadas foram apurados novos valores de crédito, demonstrados na Planilha “Resumo da Apuração dos Créditos” e “Apuração dos Valores dos Créditos Passíveis de Ressarcimento”, Anexo 06. (...) O valor correto apurado para o Pedido de Ressarcimento em questão totalizou R$ 355.556,77 (trezentos e cinquenta e cinco mil quinhentos e cinquenta e seis reais e setenta e sete centavos). As glosas de crédito totalizaram R$ 709.390,04 (setecentos e nove mil trezentos e noventa reais e quatro centavos) correspondente ao somatório dos valores indevidamente solicitados. Por fim, apresenta uma “Relação de Anexos”. Fl. 1837DF CARF MF Processo nº 10410.901866/201394 Acórdão n.º 3201005.303 S3C2T1 Fl. 1.838 15 Cientificada do Despacho Decisório por via postal em 15/12/2014, conforme Aviso de Recebimento – AR de fl. 46, no dia 09/01/2015 a contribuinte apresentou a manifestação de inconformidade de fls. 02/07. Após breve resumo do objeto da manifestação de inconformidade, a contribuinte passa a contestar as glosas efetuadas alegando, inicialmente, que a autoridade fiscal teria se equivocado na glosa dos créditos. Transcreve o caput e o inciso II do art. 3º da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, e sustenta: É claro o dispositivo em comento ao prever a possibilidade de utilização pelo contribuinte de créditos calculados sobre os bens e serviços utilizados como insumos da produção de bens. No caso em questão, resta incontroverso que a Manifestante exerce atividade agroindustrial, consistente no cultivo da cana de açúcar e sua transformação em açúcar e álcool. Assim, os gastos com a aquisição de bens e as despesas incorridas no processo produtivo da Manifestante geram o direito à apropriação do crédito a título de COFINS não cumulativa. Analisandose o despacho decisório ora combatido, observase que a decisão combatida, ao glosar diversos créditos utilizados pela Manifestante, ignorou as especificidades da atividade agroindustrial por ela desenvolvidas, cindindo, de forma absurda, as atividades agrícolas e industriais, com o único propósito de impedir a plena fruição dos créditos que a legislação tributária assegura ao contribuinte. Com efeito, a grande controvérsia estabelecida no Despacho Decisório está em saber se a Manifestante poderia apropriarse de créditos a título de COFINS não cumulativa pelas despesas relacionadas a insumos pertinentes à etapa de cultivo da cana de açúcar que será utilizada como matéria prima no processo de industrialização. A resposta, por óbvio, só pode ser positiva. Mas não se consegue chegar à resposta sem a exata compreensão do que seja atividade agroindustrial. E foi esse o equívoco em que incorreu o despacho decisório aqui impugnado. Passa então a discorrer sobre “atividade agroindustrial”. Além de invocar, neste sentido, o art. 22A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, e o art. 6º da Instrução Normativa SRF nº 660, de 17 de julho 2006, salienta que “a própria Receita Federal, em seus atos normativos, reconhece que a atividade desenvolvida pela Manifestante se enquadra na categoria de ‘agroindustrial’, não se confundindo com a atividade agropecuária nem com a atividade industrial em sentido estrito”. Prossegue (os destaques são do original): Fl. 1838DF CARF MF Processo nº 10410.901866/201394 Acórdão n.º 3201005.303 S3C2T1 Fl. 1.839 16 Resta demonstrado, portanto, que a pessoa jurídica, como sucede com a Manifestante, "cuja atividade econômica seja a industrialização de produção própria ou de produção própria e adquirida de terceiros" enquadrase no conceito de agroindústria. Essa premissa é fundamental para que se compreenda o direito creditório da Manifestante, que foi absurdamente glosado no despacho decisório aqui impugnado. A atividade agroindustrial, por imposição da definição dada pelo art. 22A, caput, da Lei n° 8.212/91, abrange a industrialização da produção própria ou de terceiros. Portanto, tratandose de produção própria, as despesas incorridas na lavoura, plantio, conservação, aplicação de herbicidas, adubação, além de outras geram direito ao crédito da COFINS não cumulativa, de que trata o art. 3o da Lei n. 10.833/03. Alega que o entendimento adotado pela fiscalização criaria uma situação antiisonômica, pois a aquisição de matéria prima, no caso, canadeaçúcar, de terceiros daria origem ao crédito presumido da Cofins, enquanto a produção da matériaprima pela própria industrializadora não seria beneficiada com o creditamento. Acrescenta: Assim, usinas de açúcar que predominantemente adquirissem canas de açúcar através de terceiros (fornecedores) gozariam de uma situação fiscal muito mais favorecida (em razão do crédito presumido gerado nessa aquisição) em relação às usinas que optassem por investir na produção própria da matériaprima (as quais não teriam direito ao crédito de insumos, segundo o despacho decisório ora questionado). Revelase, também por esse motivo, inaceitável a glosa efetuada no despacho decisório ora questionado. A subdivisão ilegal (porque colide frontalmente com o disposto no art. 22A, caput, da Lei n. 8.212/91) promovida pelo despacho decisório entre a fase agrícola e a fase industrial de uma agroindústria, como se pudessem ser seccionadas para fins de apropriação das despesas da Manifestante, gerou a glosa equivocada. Todas as despesas que integram a fase agrícola, envolvendo aí, mas não somente: o tratamento do solo, plantio, manejo e colheita representam insumos para o processo fabril do açúcar e do álcool. Não há como a empresa Manifestante produzir açúcar e álcool sem promover os tratos culturais, plantio e demais trabalhos sobre a lavoura da canadeaçúcar, que é sua matéria prima fundamental. Essas etapas integram o seu processo produtivo e não poderiam ser seccionadas, como equivocadamente o fizera o despacho decisório em questão, exclusivamente com o propósito Fl. 1839DF CARF MF Processo nº 10410.901866/201394 Acórdão n.º 3201005.303 S3C2T1 Fl. 1.840 17 de glosar os créditos fiscais que a Lei n. 10.833/03, em seu art. 3o, já assegura ao contribuinte. Depois a contribuinte passa a alegar o direito à apuração de créditos sobre todas as suas despesas incorridas na área agrícola, bem como com transporte de pessoal, transporte de matériaprima, etc, uma vez que se trata de atividades essenciais ao seu processo produtivo: O mesmo sucede em relação aos custos com frete, serviços de transporte de pessoal, serviços de dedetização, transporte de resíduos, serviços de manutenção e reparo dos equipamentos agrícolas, e todos os demais serviços utilizados como insumos na área agrícola pela empresa. De fato, seria inimaginável que a Manifestante cultivasse a matériaprima fundamental por ela produzida (canadeaçúcar) e deixasse de realizar o transporte do que foi colhido para as suas caldeiras, a fim de iniciar o processamento fabril. As diversas despesas com transporte (aí incluindo o transporte dos trabalhadores que precisam ser deslocados entre as diversas fazendas onde se situam os canaviais, assim como o transporte do produto colhido do campo para a indústria) são essenciais ao processo produtivo e integram a base de cálculo do crédito previsto no art. 3o da Lei n. 10.833/03. Não se pode supor que esses custos seriam supostamente "indiretos", isto é, não integrariam o processo produtivo, pois, como visto, a premissa equivocada de que se partiu no despacho decisório para glosa dos créditos informados nas declarações de compensação foi a de que os custos incorridos na fase agrícola seriam desprezíveis. Afirma ainda: Como se demonstrou, o despacho decisório partiu da premissa de que a Manifestante exerceria atividade industrial, quando, na verdade, exerce atividade agroindustrial! A atividade do contribuinte deve ser vista como um todo único e indivisível, segundo a própria definição extraída do art. 22A, caput, da Lei n. 8.212/91. Notese que uma simples interpretação literal do art. 3o, II, da Lei n° 10.833/03, que alude a insumos aplicados na “produção ou fabricação” de bens e serviços destinados à venda, fica claro que a lei contemplou com o direito de crédito tanto a “produção” quanto a “fabricação”. Por fim, a contribuinte conclui: Diante das considerações acima aduzidas, vem a Manifestante, respeitosamente, à presença de V. Exa, requerer seja reformado o despacho decisório exarado nos autos do processo n. 10410.901.866/201394, reconhecendo em favor da Manifestante a totalidade dos créditos informados no PER Fl. 1840DF CARF MF Processo nº 10410.901866/201394 Acórdão n.º 3201005.303 S3C2T1 Fl. 1.841 18 31772.49577.130813.1.5.094069 e nas DCOMP’s a ele correspondentes. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto/SP por intermédio da 11ª Turma, no Acórdão nº 1464.837, sessão de 23/03/2017, julgou improcedente a manifestação de inconformidade do contribuinte e não reconheceu o direito creditório. A decisão foi assim ementada: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/10/2012 a 31/12/2012 NÃOCUMULATIVIDADE. INSUMOS. CRÉDITOS. No cálculo da Cofins nãocumulativa somente podem ser descontados créditos calculados sobre valores correspondentes a insumos, assim entendidos os bens aplicados ou consumidos diretamente na produção ou fabricação de bens destinados à venda, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado ou, ainda, sobre os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto. Bens e serviços empregados no cultivo de canadeaçúcar não se classificam como insumos na fabricação de álcool ou de açúcar, por se tratarem de processos produtivos diversos. As despesas com aqueles itens não geram direito à apuração de créditos na determinação da contribuição devida sobre as receitas auferidas com vendas de açúcar e de álcool produzidos. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Inconformada a contribuinte, apresentou recurso voluntário no qual repisa os mesmos argumentos para pleitear o deferimento integral dos valores que constam do pedido de ressarcimento e homologação de todas as declarações de compensações. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator O Recurso Voluntário atende aos requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. Fl. 1841DF CARF MF Processo nº 10410.901866/201394 Acórdão n.º 3201005.303 S3C2T1 Fl. 1.842 19 Considerações Iniciais No mérito, consta dos autos que o litígio versa sobre o inconformismo do contribuinte em face do despacho decisório, mantido hígido na decisão a quo, que não concedeu o ressarcimento da integralidade de saldo credor da Contribuição nãocumulativa, apurado no trimestre em referência e vinculados às receitas de vendas para o mercado externo, em razão de glosa de créditos com bens e serviços não considerados insumos e outros dispêndios. A recorrente é uma agroindustrial que se dedica às atividades de plantio, cultivo e colheita de canadeaçúcar com fins à produção de álcool e açúcar, este destinado principalmente à exportação. Dessa forma, consoante às Leis que instituíram a sistemática de apuração não cumulativa para o PIS/Pasep e para a Cofins é permitida à pessoa jurídica que se dedica à atividade industrial a tomada de créditos nas aquisições de bens e serviços considerados insumos na produção e prestação de serviços, e de despesas específicas, a teor do art. 3º das Leis nº 10.637/02 e 10.833/03. A autoridade julgadora de 1ª instância entendeu que a contribuinte limitouse apenas à contestação das glosas como um todo, sem apresentar nenhum questionamento quanto aos cálculos apresentados pela autoridade fiscal. De fato, na manifestação de inconformidade e agora em recurso voluntário, a contribuinte, no mérito, insurgese quanto ao procedimento fiscal que glosou os créditos apropriados com os dispêndios relacionados aos insumos da fase agrícola, e mais; para a recorrente, todas as despesas incorridas e sua atividade econômica geram crédito a serem descontados das contribuições. Não se trata de uma contestação genérica. A recorrente pretende o reconhecimento dos créditos de insumos na fase agrícola, tal como a fiscalização concedera na atividade de produção de açúcar/álcool (desde que obedecidos os requisitos legais). Outrossim, resta claro nos autos que se pretende créditos com todas as despesas incorridas no âmbito de sua atividade econômica. Assim, incumbe a este Colegiado decidir acerca da possibilidade da recorrente apropriarse dos créditos nas aquisições de bens e serviços vinculados à atividade agrícola plantio, cultivo e colheita da principal matériaprima (canadeaçúcar) dos produtos fabricados e destinados à venda. De outra banda, devese decidir no tocante à extensão dos dispêndios que a legislação de regência permite a apropriação dos créditos da não cumulatividade do PIS/Pasep e da Cofins. Os dispositivos dos incisos e parágrafos do art. 3º da Lei nºs 10.637/03 (PIS/Pasep) e da Lei 10.833/03 (Cofins) são suficientes para decidir o litígio. De ressaltar, contudo, que este voto devese ater apenas aos elementos que constam nos autos com fins à confrontação da descrição do dispêndio, sua correlação com o Fl. 1842DF CARF MF Processo nº 10410.901866/201394 Acórdão n.º 3201005.303 S3C2T1 Fl. 1.843 20 centro de custo relacionado à natureza da atividade e o motivo da glosa efetuada pela autoridade fiscal. Passemos às matérias em litígio. Conceito de insumos para créditos de PIS e Cofins Este Conselho, incluindo esta Turma, entende que o conceito de insumo é mais elástico que o adotado pela fiscalização e julgadores da DRJ nas suas Instruções Normativas n°s. 247/2002 e 404/2004, mas não alcança a amplitude de dedutibilidade utilizado pela legislação do Imposto de Renda, como requer a recorrente. Isto posto, há de se fixar os contornos jurídicos para delimitar os dispêndios (gastos) que são considerados insumos com direito ao crédito das contribuições sociais, quer no processo produtivo ou na prestação de serviço. Ressalto que este Relator vinha acolhendo e adotando o conceito estabelecido pelo Ministro do STJ Mauro Campbell Marques no voto condutor do REsp nº 1.246.317MG, no qual se firmara o entendimento no tripé de que (i) o bem ou serviço tenha sido adquirido para ser utilizado na prestação do serviço ou na produção, ou para viabilizálos em síntese, tenha pertinência ao processo produtivo; (ii) a produção ou prestação do serviço dependa daquela aquisição a essencialidade ao processo produtivo; e (iii) não se faz necessário o consumo do bem ou a prestação do serviço em contato direto com o produto que exprime a possibilidade de emprego indireto no processo produtivo. Recentemente os Ministros do STJ reviram seu posicionamento mantendose a decisão intermediária para concessão do crédito considerandose a essencialidade ou relevância do bem ou serviço no processo produtivo, conforme o REsp nº 1.221.170/PR, julgamento de 22/02/2018, Relatoria do Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, com a ementa: TRIBUTÁRIO. PIS E COFINS. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. NÃOCUMULATIVIDADE. CREDITAMENTO. CONCEITO DE INSUMOS. DEFINIÇÃO ADMINISTRATIVA PELAS INSTRUÇÕES NORMATIVAS 247/2002 E 404/2004, DA SRF, QUE TRADUZ PROPÓSITO RESTRITIVO E DESVIRTUADOR DO SEU ALCANCE LEGAL. DESCABIMENTO. DEFINIÇÃO DO CONCEITO DE INSUMOS À LUZ DOS CRITÉRIOS DA ESSENCIALIDADE OU RELEVÂNCIA. RECURSO ESPECIAL DA CONTRIBUINTE PARCIALMENTE CONHECIDO, E, NESTA EXTENSÃO, PARCIALMENTE PROVIDO, SOB O RITO DO ART. 543C DO CPC/1973 (ARTS. 1.036 E SEGUINTES DO CPC/2015). 1. Para efeito do creditamento relativo às contribuições denominadas PIS e COFINS, a definição restritiva da compreensão de insumo, proposta na IN 247/2002 e na IN 404/2004, ambas da SRF, efetivamente desrespeita o comando contido no art. 3o., II, da Lei 10.637/2002 e da Lei 10.833/2003, que contém rol exemplificativo. 2. O conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios da essencialidade ou relevância, vale dizer, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de determinado item – bem Fl. 1843DF CARF MF Processo nº 10410.901866/201394 Acórdão n.º 3201005.303 S3C2T1 Fl. 1.844 21 ou serviço – para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte. 3. Recurso Especial representativo da controvérsia parcialmente conhecido e, nesta extensão, parcialmente provido, para determinar o retorno dos autos à instância de origem, a fim de que se aprecie, em cotejo com o objeto social da empresa, a possibilidade de dedução dos créditos [sic] realtivos a custo e despesas com: água, combustíveis e lubrificantes, materiais e exames laboratoriais, materiais de limpeza e equipamentos de proteção individualEPI. 4. Sob o rito do art. 543C do CPC/1973 (arts. 1.036 e seguintes do CPC/2015), assentamse as seguintes teses: (a) é ilegal a disciplina de creditamento prevista nas Instruções Normativas da SRF ns. 247/2002 e 404/2004, porquanto compromete a eficácia do sistema de nãocumulatividade da contribuição ao PIS e da COFINS, tal como definido nas Leis 10.637/2002 e 10.833/2003; e (b) o conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios de essencialidade ou relevância, ou seja, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de terminado item bem ou serviço para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo Contribuinte. Este novo entendimento, que na verdade não conduz à divergência em relação à decisão no REsp indigitado, insere outros fundamentos para a delimitação dos elementos que geram crédito assentado na essencialidade ou relevância a ser aferida no cotejo (desses elementos) com o processo produtivo ou a atividade desenvolvida pela empresa. A seguir os excertos do voto vista proferido pela Ministra Regina Helena Costa que acabou por pautar o entendimento exarado no voto condutor do Ministro Relator que considero relevantes para demonstrar o entendimento daquele Tribunal e adotálos neste voto: [...] Nesse cenário, penso seja possível extrair das leis disciplinadoras dessas contribuições o conceito de insumo segundo os critérios da essencialidade ou relevância, vale dizer, considerandose a importância de determinado item – bem ou serviço – para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte, tal como já expressei, no TRF da 3ª Região, no julgamento das Apelações Cíveis em Mandado de Segurança ns. 001235252.2010.4.03.6100/SP e 0005469 26.2009.4.03.6100/SP, respectivamente em 15.12.2011 e 31.05.2012. [...] Marco Aurélio Greco, ao dissertar sobre a questão, pondera: De fato, serão as circunstâncias de cada atividade, de cada empreendimento e, mais, até mesmo de cada produto a ser vendido que determinarão a dimensão temporal dentro da qual reconhecer os bens e serviços utilizados como respectivos insumos Fl. 1844DF CARF MF Processo nº 10410.901866/201394 Acórdão n.º 3201005.303 S3C2T1 Fl. 1.845 22 [...] O critério a ser aplicado, portanto, apóiase na inerência do bem ou serviço à atividade econômica desenvolvida pelo contribuinte (por decisão sua e/ou por delineamento legal) e o grau de relevância que apresenta para ela. Se o bem adquirido integra o desempenho da atividade, ainda que em fase anterior à obtenção do produto final a ser vendido, e assume a importância de algo necessário à sua existência ou útil para que possua determinada qualidade, então o bem estará sendo utilizado como insumo daquela atividade (de produção, fabricação), pois desde o momento de sua aquisição já se encontra em andamento a atividade econômica que – vista global e unitariamente – desembocará num produto final a ser vendido. (Conceito de insumo à luz da legislação de PIS/COFINS , in Revista Fórum de Direito Tributário RFDT, Belo Horizonte, n. 34, jul./ago. 2008, p. 6) [...] Demarcadas tais premissas, temse que o critério da essencialidade diz com o item do qual dependa, intrínseca e fundamentalmente, o produto ou o serviço, constituindo elemento estrutural e inseparável do processo produtivo ou da execução do serviço, ou, quando menos, a sua falta lhes prive de qualidade, quantidade e/ou suficiência. Por sua vez, a relevância, considerada como critério definidor de insumo, é identificável no item cuja finalidade, embora não indispensável à elaboração do próprio produto ou à prestação do serviço, integre o processo de produção, seja pelas singularidades de cada cadeia produtiva (v.g., o papel da água na fabricação de fogos de artifício difere daquele desempenhado na agroindústria), seja por imposição legal (v.g., equipamento de proteção individual EPI), distanciandose, nessa medida, da acepção de pertinência, caracterizada, nos termos propostos, pelo emprego da aquisição na produção ou na execução do serviço.Desse modo, sob essa perspectiva, o critério da relevância revelase mais abrangente do que o da pertinência. [...] Como visto, consoante os critérios da essencialidade e relevância, acolhidos pela jurisprudência desta Corte e adotados pelo CARF, há que se analisar, casuisticamente, se o que se pretende seja considerado insumo é essencial ou de relevância para o processo produtivo ou à atividade desenvolvida pela empresa. Observandose essas premissas, penso que as despesas referentes ao pagamento de despesas com água, combustíveis e lubrificantes, materiais e exames laboratoriais, materiais de limpeza e equipamentos de proteção individual EPI, em princípio, inseremse no conceito de insumo para efeito de creditamento, assim compreendido num sistema de não cumulatividade cuja técnica há de ser a de "base sobre base". Fl. 1845DF CARF MF Processo nº 10410.901866/201394 Acórdão n.º 3201005.303 S3C2T1 Fl. 1.846 23 Todavia, a aferição da essencialidade ou da relevância daqueles elementos na cadeia produtiva impõe análise casuística, porquanto sensivelmente dependente de instrução probatória, providência essa, como sabido, incompatível com a via especial. Logo, mostrase necessário o retorno dos autos à origem, a fim de que a Corte a quo, observadas as balizas dogmáticas aqui delineadas, aprecie, em cotejo com o objeto social da empresa, a possibilidade de dedução dos créditos relativos a custos e despesas com:água, combustíveis e lubrificantes, materiais e exames laboratoriais, materiais de limpeza e equipamentos de proteção individual EPI. [...] Firmado nos fundamentos assentados, quanto ao alcance do conceito de insumo, segundo o regime da nãocumulatividade do PIS Pasep e da COFINS, entendo que a acepção correta é aquela em que o os bens e serviços cumulativamente atenda aos requisitos de: 1. essencialidade ou relevância, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de determinado item – bem ou serviço – para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte; 2. aferição casuística da essencialidade ou relevância, por meio do cotejo entre os elementos (bens e serviços) e o processo produtivo ou a atividade desenvolvida pela empresa; Assim, há de se verificar se o recorrente comprova a utilização dos insumos no contexto da atividade fabricação, produção ou prestação de serviço de forma a demonstrar que o gasto incorrido guarda relação de pertinência com o processo produtivo/prestação de serviço, mediante seu emprego, ainda que indireto, de forma que sua subtração implique ao menos redução da qualidade. Passo à análise da possibilidade de apropriação de créditos das contribuições nas despesas com bens e serviços na fase agrícola (plantio e cultivo), em que se inicia o processo industrial da agroindústria, como é o caso da contribuinte. Créditos com insumos na fase agrícola Na linha de raciocínio assentada, depreendese que o processo produtivo considera todo o ciclo de produção e compõe o objeto de uma única pessoa jurídica, sendo indevido interpretálo como etapas distintas que se completam, e o direito ao crédito é concedido àquela em que se pressupõe uma industrialização mais efetiva ou a que resulta no bem final destinado à venda. Não há fundamento para tal, sequer autorização nos textos legais. As leis que regem a não cumulatividade atribuem o direito de crédito em relação ao custo de bens e serviços aplicados na "produção ou fabricação" de bens destinados à venda, inexistindo amparo legal para secção do processo produtivo da sociedade empresária agroindustrial em cultivo de matériaprima para consumo próprio e em industrialização propriamente dita, a fim de expurgar do cálculo do crédito os custos incorridos na fase agrícola da produção. Fl. 1846DF CARF MF Processo nº 10410.901866/201394 Acórdão n.º 3201005.303 S3C2T1 Fl. 1.847 24 Os custos incorridos com bens e serviços aplicados no plantio, cultivo e colheita da canadeaçúcar guardam estreita relação de emprego, relevância e essencialidade com o processo produtivo do açúcar e do álcool e configuram custo de produção, razão pela qual integram a base de cálculo do crédito das contribuições nãocumulativas. Com base nesses fundamentos entendo pela possibilidade da contribuinte apropriarse dos créditos de PIS e Cofins decorrentes das despesas com bens e serviços utilizados como insumos na etapa agrícola, do plantio à colheita da canadeaçúcar, aplicados no processo industrial da pessoa jurídica, e atendidos todos os demais requisitos da Lei nº 10.637/2002 e 10.833/2003 pertinentes à matéria e que não incorram nas vedações previstas nos referidos textos. Análise das glosas na fase agrícola A fabricação de açúcar e álcool e a produção de canadeaçúcar são processos indissociáveis de forma que os custos e despesas com a cultura de canadeaçúcar e seu transporte até a unidade de fabricação do açúcar e do álcool enquadramse no conceito legal de insumo desta fabricação. A autoridade fiscal glosou créditos lançados pela contribuinte e relacionados ao cultivo da canadeaçúcar que, posteriormente, serviria à produção própria de açúcar e álcool. Segundo a autoridade fiscal, tais créditos foram apurados indevidamente por não terem sido, os bens e serviços, diretamente empregados na fabricação do açúcar e do álcool. Nenhum outro fundamento foi assentado para glosa. A posição adotada por este Colegiado para considerar custos e despesas geradoras do direito creditório como aquelas em que o bem/serviço participa do processo produtivo (fase agrícola) de forma essencial e necessária implica reconhecer os dispêndios com aquisições de bens e serviços, com a observação a seguir. Dessa forma revertemse as glosas de créditos com custos e/ou despesas nos itens a seguir relacionados, atendidos aos demais requisitos da legislação das Contribuições não cumulativas, em especial dos §§ 2º e 3º do art. 3º das Leis nºs. 10.637/2002 e 10.833/2003, com a observação adicional de que, em se tratando de bens/serviços cujos dispêndios são incorporados ao Ativo Imobilizado, os créditos concedidos limitamse ao valor da depreciação (e não de despesas), conforme as regras contábeis, e art. 3º, inciso VII do caput, e inciso III o §1º, das Leis 10.833/2003 e 10.637/2002: Tópico "1.1 SERVIÇOS UTILIZADOS COMO INSUMOS ÁREA AGRÍCOLA" Serviços de TerceirosEquipamentos Agrícolas: serviços de manutenção e solda em equipamentos agrícolas e de irrigação. Serviços de Lavagem de RoupaHerbicidas Manutenção e Reparo de Equipamentos Agrícolas: peças aplicadas por terceiros na manutenção de implementos agrícolas e irrigação. Tópico "1. 2 BENS UTILIZADOS COMO INSUMOS ÁREA AGRÍCOLA" Fl. 1847DF CARF MF Processo nº 10410.901866/201394 Acórdão n.º 3201005.303 S3C2T1 Fl. 1.848 25 Aquisição de bens (Óleo Diesel, Material Lubrificante, Pneus e Câmaras, Material de Manutenção) utilizados em veículos empregados especificamente na movimentação e transporte da canadeaçúcar e nos centros de custos relacionados à fase agrícola, tais como Adutoras, Pivôs, Carregadeiras, Grades, Fazendas, Tratores, Sulcador, Aplicação de Herbicidas, Produção de Mudas Fretes na fase agrícola Na atividade industrial, conquanto não haja expressa previsão legal à tomada de crédito nas despesas com frete na aquisição de insumos, a interpretação que se dá ao art. 3º, I e § 1º, I das Leis 10.637/02 e 10.833/03 cumulada com o art. 290 do RIR/1999 possibilita o entendimento de que é legítima a apropriação dos créditos do PIS e das Cofins, calculados sobre o valor do frete relativo ao serviço de bens a serem utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda. Os textos legais: Lei 10.833/2003: Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...) II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, (...); (...) § 1o Observado o disposto no § 15 deste artigo, o crédito será determinado mediante a aplicação da alíquota prevista no caput do art. 2ª desta Lei sobre o valor: I dos itens mencionados nos incisos I e II do caput, adquiridos no mês; (...) Art. 290. O custo de produção dos bens ou serviços vendidos compreenderá, obrigatoriamente (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 13, §1º): I o custo de aquisição de matériasprimas e quaisquer outros bens ou serviços aplicados ou consumidos na produção, observado o disposto no artigo anterior; (...) De acordo com os referidos preceitos legais, inferese que a parcela do valor do frete, relativo ao transporte de bens a serem utilizados como insumos de produção ou fabricação de bens destinados à venda, integra o custo de aquisição dos referidos bens e somente nesta condição compõe a base cálculo dos créditos das mencionadas contribuições. Assim, sendo o bem transportado um insumo com direito a credito, também o será o gasto com transporte, se suportado pelo adquirente e pago à pessoa jurídica. Fl. 1848DF CARF MF Processo nº 10410.901866/201394 Acórdão n.º 3201005.303 S3C2T1 Fl. 1.849 26 Portanto, revertemse as glosas do Tópico "1. 3 OUTRAS GLOSAS DE CRÉDITOS EFETUADAS NA ÁREA AGRÍCOLA" relacionadas: Fretes de compra (apenas para os valores comprovados através da apresentação de Conhecimento de Carga) Transporte de cana (bens aplicados em veículos próprios, utilizados no transporte de cana) Análise das glosas na fase industrial (produção de açúcar e álcool) As glosas de gastos com bens e serviços descritos a partir do item "4.1" a "4.4" do Relatório Fiscal tiveram fundamento na ausência de enquadramento no conceito de insumo. Como relatado linhas acima, a contribuinte não questiona o conceito de insumo empregado pelo Fisco e tampouco asseverou seu próprio entendimento, apenas pretende crédito de todos os gastos incorridos em sua atividade empresarial. Nada obstante, a descrição de alguns dos dispêndios permite concluir pela sua essencialidade ou relevância face à atividade industrial desenvolvida. Dessa forma revertemse as glosas relativas a: Transporte de resíduo industriais Serviço de dedetização, desde que nas instalações da atividade produtiva; Produtos químicos, desde que utilizados na limpeza de instalações industriais; Produtos químicos específicos para tratamento de águas. Outros bens e serviços pretensamente utilizados nas atividades industriais carecem de comprovação, ônus do qual não se desincumbiu a recorrente. Glosas de Despesas Os dispêndios com serviços de transporte de pessoal carecem de previsão legal para o aproveitamento do crédito. Quanto aos automóveis e aeronaves alugados não se tem comprovação de uso como equipamento nas atividades da empresa, mantendose a glosa com base no art. 3º da Lei nº 10.833/03. Encargos de depreciação Os mesmos fundamentos para a reversão das glosas de gastos com bens utilizados na etapa agrícola são válidos para a manutenção do crédito com encargos de depreciação de tratores, colheitadeiras, caminhões, reboques e outros bens utilizados na agricultura ou transporte da cana. Fl. 1849DF CARF MF Processo nº 10410.901866/201394 Acórdão n.º 3201005.303 S3C2T1 Fl. 1.850 27 Mantémse as glosas de créditos dos demais encargos de depreciação de veículos e bens não utilizados nas etapas produtivas e de fabricação. Produtos acabados Armazenagem e frete na venda A fiscalização glosou os créditos com despesas de armazenagem e frete pois entendeu restar descaracterizada a operação de venda a cliente. Segundo a autoridade fiscal, a inexistência de informação do clienteadquirente nos documentos fiscais bem como a entrega do açúcar fabricado em locais que não identificam a venda/exportação, no caso o porto de embarque, revelam uma mera operação de “frete interno” ou “frete logístico”, ou ainda “frete para formação de estoque”, o qual não apresenta qualquer relação com a efetiva operação de venda. Discordo do entendimento fiscal. A legislação referente ao PIS/PASEP (Lei nº 10.637/2004) e a COFINS (Lei nº 10.833/2003) tratam da possibilidade de creditamento do frete como insumo no processo produtivo e na operação de venda (suas etapas) quando o ônus for suportado pelo vendedor, como dispõe: Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...) II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da Tipi; [...] IX armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda, nos casos dos incisos I e II, quando o ônus for suportado pelo vendedor. A operação de venda não se revela simplesmente pela saída do produto acabado do estabelecimento industrial diretamente ao adquirente ou embarque para exportação. No caso, a operação de venda comporta uma logística de transporte e armazenagem do açúcar fabricado, caracterizandose necessários à atividade final de venda. Dessa forma, não se pode admitir que as transferências do produto fabricado restringemse a uma mera opção de logística ou comercial, mas essencial e necessários à preservação dos produtos até que se complete a atividade final de venda. Neste sentido é o entendimento deste Colegiado no Acórdão nº 3201 004.279, sessão de 23/10/2018, cujo voto vencedor na matéria é de lavra do Conselheiro Marcelo Giovani Vieira, que transcrevo na parte que interessa a este julgamento: [...] Fl. 1850DF CARF MF Processo nº 10410.901866/201394 Acórdão n.º 3201005.303 S3C2T1 Fl. 1.851 28 No caso dos gastos logísticos na venda, entendo que estão abrangidos pela expressão “armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda”, conforme consta no inciso IX do artigo 3º das Leis 10.833/2003 e 10.637/2002. Entendo que são termos cuja semântica abrange a movimentação das cargas na operação de venda.. Assim, tais dispêndios logísticos estão inseridos no direito de crédito, respeitados os demais requisitos da Lei, como, por exemplo, que o serviço seja feito por pessoas jurídicas tributadas pelo Pis e Cofins. Outrossim, as discrepâncias entre quantidades e datas nos conhecimentos de transporte ou documentos do armazenador não desnaturam a operação como de armazenagem e frete de venda, com direito ao aproveitamento do crédito a teor do inciso IX, do art. 3º da Lei nº 10.833/03. Com essas considerações, concedese o creditamento dos fretes de produtos acabados, em que o ônus é suportado pelo vendedor e pago à pessoa jurídica beneficiária domiciliada no País à vista de documento fiscal hábil e idôneo. Por fim, a ausência de refutação específica as todas os demais dispêndios (insumos ou despesas) glosados, além do não afastamento da acusação fiscal de duplicidade no aproveitamento de créditos (item "5.4") e não apresentação de documentação comprobatória, mantémse as glosas efetivadas pela autoridade fiscal. Conclusão Diante de todo o exposto, voto para DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso voluntário para conceder o crédito das contribuições para o PIS/Cofins, revertendose as glosas efetuadas, atendidas os demais requisitos dos §§ 2º e 3º dos arts. 3º das Leis nºs. 10.637/2002 e 10.833/2003 e legislação pertinente à matéria, exclusivamente quanto a: 1. Serviços utilizados como insumos na fase agrícola (itens "1.1" e "1.3") 1.1 Serviços de TerceirosEquipamentos Agrícolas: serviços de manutenção e solda em equipamentos agrícolas e de irrigação, e serviços de lavagem “roupasHerbicidas”; 1.2 Manutenção e Reparo de Equipamentos Agrícolas: peças aplicadas por terceiros na manutenção de implementos agrícolas e irrigação; 1.3 Fretes de compras (apenas para os valores comprovados através da apresentação de Conhecimento de Carga); 1.4 Transporte de cana (bens aplicados em veículos próprios, utilizados no transporte de cana) 2. Bens utilizados como insumos na fase agrícola (item "1.2") 2.1 Óleo Diesel, Material Lubrificante, Pneus e Câmaras, Material de Manutenção, utilizados em veículos empregados especificamente na movimentação e transporte da canadeaçúcar e nos centros de custos relacionados à fase agrícola, tais como: Fl. 1851DF CARF MF Processo nº 10410.901866/201394 Acórdão n.º 3201005.303 S3C2T1 Fl. 1.852 29 Adutoras, Pivôs, Carregadeiras, Grades, Fazendas, Tratores, Sulcador, Aplicação de Herbicidas, Produção de Mudas. 3. Bens e serviços utilizados na fase industrial de fabricação de açúcar e álcool (itens "4.1" e "4.2") 3.1 Transporte de resíduos industriais; 3.2 Serviços de dedetização, desde que nas instalações da atividade produtiva; 3.3 Produtos químicos, desde que utilizados na limpeza de instalações industriais; e 3.4 Produtos químicos específicos para tratamento de águas. 4. Encargos de depreciação de bens utilizados na fase agrícola: tratores, colheitadeiras, caminhões, reboques e outros bens utilizados na agricultura ou transporte da cana; e 5. Despesas com armazenagem e fretes nas operações de vendas (à vista de documento fiscal hábil e idôneo). (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Fl. 1852DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10940.905580/2011-28
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 26 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu Mar 28 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2007
NÃO-CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. CONCEITO DE INSUMOS
O alcance do conceito de insumo, segundo o regime da não-cumulatividade do PIS Pasep e da COFINS é aquele em que o os bens e serviços cumulativamente atenda aos requisitos de (i) essencialidade ou relevância com/ao processo produtivo ou prestação de serviço; e sua (ii) aferição, por meio do cotejo entre os elementos (bens e serviços) e a atividade desenvolvida pela empresa.
PROCESSO PRODUTIVO. FABRICAÇÃO DE DERIVADOS DE MADEIRA. CUSTOS. CRÉDITO
Os custos incorridos com bens e serviços aplicados no plantio, reflorestamento e corte de madeira guardam estreita relação de relevância e essencialidade com o processo produtivo dos derivados de madeira e configuram custo de produção, razão pela qual integram a base de cálculo do crédito das contribuições não-cumulativas
COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES.
Os gastos com combustíveis e lubrificantes geram créditos a serem utilizados na apuração do PIS e da COFINS, nos termos do art. 3º, II da Lei nº 10.833/2003.
CRÉDITOS DE INSUMOS. CONTRIBUIÇÕES NÃO-CUMULATIVAS. SERVIÇOS E PEÇAS DE MANUTENÇÃO DE VEÍCULOS, MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NO PROCESSO PRODUTIVO.
Os serviços e bens utilizados na manutenção de veículos, máquinas e equipamentos utilizados no processo produtivo geram direito a crédito das contribuições para o PIS e a COFINS não-cumulativos.
VEÍCULOS, MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. CRÉDITO SOBRE DEPRECIAÇÃO. UTILIZAÇÃO EM ETAPAS DO PROCESSO PRODUTIVO E DE INDUSTRIALIZAÇÃO.
A pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados sobre encargos de depreciação em relação a veículos, máquinas e equipamentos adquiridos e utilizados em etapas pertinentes e essenciais à produção e à fabricação de produtos destinados à venda, conforme disciplinado pela Secretaria da Receita Federal em sua legislação (IN SRF nº 457/2004).
Mantêm-se os créditos com encargos de depreciação dos bens imobilizados utilizados em atividades de plantio, reflorestamento, corte e industrialização de produtos derivados de madeira.
SERVIÇOS NÃO ESSENCIAIS AO PROCESSO PRODUTIVO. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE
Serviços não essenciais ou não aplicados em etapa do processo produtivo e aqueles desprovidos de autorização legal de que trata o art. 3º da Lei nº 10.833/03 não geram direito ao crédito da Cofins não-cumulativa.
SERVIÇOS RELACIONADOS À CONSTRUÇÃO CIVIL E SUA MANUTENÇÃO. CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE
Não geram direito a crédito a ser descontado diretamente da contribuição apurada de forma não-cumulativa os gastos com serviços empregados na construção civil e sua manutenção, mas apenas os encargos de depreciação dos imóveis em que foram empregados, devendo ser comprovada cada parcela deduzida.
PEDÁGIO. CREDITAMENTO. IMPOSSIBILIDADE.
As despesas com o pagamento de pedágios não ensejam o creditamento da Cofins no regime não cumulativo.
Numero da decisão: 3201-005.008
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, para conceder o crédito das contribuições para o PIS/Cofins, revertendo-se as glosas efetuadas, atendidas os demais requisitos dos §§ 2º e 3º dos arts. 3º das Leis nºs. 10.637/2002 e 10.833/2003 e legislação pertinente à matéria: 1. Bens e serviços utilizados na manutenção de veículos, máquinas e equipamentos aplicados nas etapas de produção agrícola e de fabricação de derivados de madeira, quando não inseridos no valor contábil do ativo imobilizado; a. Materiais de manutenção de veículos, empregados nas atividades de produção e industrialização; b. Material utilizado em manutenção de maquinário da produção e fabricação; c. Material elétrico utilizado em manutenção de maquinário da produção e fabricação; d. Serviços de manutenção de veículo e maquinário da produção e fabricação (despesas com corte de madeira). 2. Combustíveis e lubrificantes, utilizados em máquinas, veículos e equipamentos da produção e industrialização; 3. Material de consumo do processo produtivo ou industrial (resina, farinha de trigo industrial, farinha de côco, massa matex acrílica, lixa, tinta); 4. Material de embalagem utilizado para armazenagem ou transporte do produto acabado (embalagens plásticas, fitas de aço, cantoneiras plásticas); 5. Encargos de depreciação de veículos, máquinas e equipamentos utilizados nas etapas de produção agrícola e de fabricação de derivados de madeira, conforme regras de contabilização. Vencidos os conselheiros Tatiana Josefovicz Belisario, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior, que deram provimento em maior extensão, para também conferir o crédito sobre as despesas de pedágio.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201902
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2007 NÃO-CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. CONCEITO DE INSUMOS O alcance do conceito de insumo, segundo o regime da não-cumulatividade do PIS Pasep e da COFINS é aquele em que o os bens e serviços cumulativamente atenda aos requisitos de (i) essencialidade ou relevância com/ao processo produtivo ou prestação de serviço; e sua (ii) aferição, por meio do cotejo entre os elementos (bens e serviços) e a atividade desenvolvida pela empresa. PROCESSO PRODUTIVO. FABRICAÇÃO DE DERIVADOS DE MADEIRA. CUSTOS. CRÉDITO Os custos incorridos com bens e serviços aplicados no plantio, reflorestamento e corte de madeira guardam estreita relação de relevância e essencialidade com o processo produtivo dos derivados de madeira e configuram custo de produção, razão pela qual integram a base de cálculo do crédito das contribuições não-cumulativas COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES. Os gastos com combustíveis e lubrificantes geram créditos a serem utilizados na apuração do PIS e da COFINS, nos termos do art. 3º, II da Lei nº 10.833/2003. CRÉDITOS DE INSUMOS. CONTRIBUIÇÕES NÃO-CUMULATIVAS. SERVIÇOS E PEÇAS DE MANUTENÇÃO DE VEÍCULOS, MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NO PROCESSO PRODUTIVO. Os serviços e bens utilizados na manutenção de veículos, máquinas e equipamentos utilizados no processo produtivo geram direito a crédito das contribuições para o PIS e a COFINS não-cumulativos. VEÍCULOS, MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. CRÉDITO SOBRE DEPRECIAÇÃO. UTILIZAÇÃO EM ETAPAS DO PROCESSO PRODUTIVO E DE INDUSTRIALIZAÇÃO. A pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados sobre encargos de depreciação em relação a veículos, máquinas e equipamentos adquiridos e utilizados em etapas pertinentes e essenciais à produção e à fabricação de produtos destinados à venda, conforme disciplinado pela Secretaria da Receita Federal em sua legislação (IN SRF nº 457/2004). Mantêm-se os créditos com encargos de depreciação dos bens imobilizados utilizados em atividades de plantio, reflorestamento, corte e industrialização de produtos derivados de madeira. SERVIÇOS NÃO ESSENCIAIS AO PROCESSO PRODUTIVO. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE Serviços não essenciais ou não aplicados em etapa do processo produtivo e aqueles desprovidos de autorização legal de que trata o art. 3º da Lei nº 10.833/03 não geram direito ao crédito da Cofins não-cumulativa. SERVIÇOS RELACIONADOS À CONSTRUÇÃO CIVIL E SUA MANUTENÇÃO. CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE Não geram direito a crédito a ser descontado diretamente da contribuição apurada de forma não-cumulativa os gastos com serviços empregados na construção civil e sua manutenção, mas apenas os encargos de depreciação dos imóveis em que foram empregados, devendo ser comprovada cada parcela deduzida. PEDÁGIO. CREDITAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. As despesas com o pagamento de pedágios não ensejam o creditamento da Cofins no regime não cumulativo.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Mar 28 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 10940.905580/2011-28
anomes_publicacao_s : 201903
conteudo_id_s : 5978304
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Mar 28 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 3201-005.008
nome_arquivo_s : Decisao_10940905580201128.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
nome_arquivo_pdf_s : 10940905580201128_5978304.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, para conceder o crédito das contribuições para o PIS/Cofins, revertendo-se as glosas efetuadas, atendidas os demais requisitos dos §§ 2º e 3º dos arts. 3º das Leis nºs. 10.637/2002 e 10.833/2003 e legislação pertinente à matéria: 1. Bens e serviços utilizados na manutenção de veículos, máquinas e equipamentos aplicados nas etapas de produção agrícola e de fabricação de derivados de madeira, quando não inseridos no valor contábil do ativo imobilizado; a. Materiais de manutenção de veículos, empregados nas atividades de produção e industrialização; b. Material utilizado em manutenção de maquinário da produção e fabricação; c. Material elétrico utilizado em manutenção de maquinário da produção e fabricação; d. Serviços de manutenção de veículo e maquinário da produção e fabricação (despesas com corte de madeira). 2. Combustíveis e lubrificantes, utilizados em máquinas, veículos e equipamentos da produção e industrialização; 3. Material de consumo do processo produtivo ou industrial (resina, farinha de trigo industrial, farinha de côco, massa matex acrílica, lixa, tinta); 4. Material de embalagem utilizado para armazenagem ou transporte do produto acabado (embalagens plásticas, fitas de aço, cantoneiras plásticas); 5. Encargos de depreciação de veículos, máquinas e equipamentos utilizados nas etapas de produção agrícola e de fabricação de derivados de madeira, conforme regras de contabilização. Vencidos os conselheiros Tatiana Josefovicz Belisario, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior, que deram provimento em maior extensão, para também conferir o crédito sobre as despesas de pedágio. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza - Presidente (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
dt_sessao_tdt : Tue Feb 26 00:00:00 UTC 2019
id : 7670508
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:40:36 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051659962155008
conteudo_txt : Metadados => date: 2019-03-08T02:10:07Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.5; xmp:CreatorTool: pdfsam-console (Ver. 2.4.3e); access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; dcterms:created: 2019-03-08T02:10:07Z; Last-Modified: 2019-03-08T02:10:07Z; dcterms:modified: 2019-03-08T02:10:07Z; dc:format: application/pdf; version=1.5; Last-Save-Date: 2019-03-08T02:10:07Z; pdf:docinfo:creator_tool: pdfsam-console (Ver. 2.4.3e); access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2019-03-08T02:10:07Z; meta:save-date: 2019-03-08T02:10:07Z; pdf:encrypted: true; modified: 2019-03-08T02:10:07Z; Content-Type: application/pdf; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; meta:creation-date: 2019-03-08T02:10:07Z; created: 2019-03-08T02:10:07Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 12; Creation-Date: 2019-03-08T02:10:07Z; pdf:charsPerPage: 1987; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; pdf:docinfo:created: 2019-03-08T02:10:07Z | Conteúdo => S3C2T1 Fl. 545 1 544 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10940.905580/201128 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3201005.008 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 26 de fevereiro de 2019 Matéria COFINS NÃO CUMULATIVO PEDIDO DE RESSARCIMENTO Recorrente REPINHO REFLORESTADORA MADEIRAS E COMPENSADOS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2007 a 31/03/2007 NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. CONCEITO DE INSUMOS O alcance do conceito de insumo, segundo o regime da nãocumulatividade do PIS Pasep e da COFINS é aquele em que o os bens e serviços cumulativamente atenda aos requisitos de (i) essencialidade ou relevância com/ao processo produtivo ou prestação de serviço; e sua (ii) aferição, por meio do cotejo entre os elementos (bens e serviços) e a atividade desenvolvida pela empresa. PROCESSO PRODUTIVO. FABRICAÇÃO DE DERIVADOS DE MADEIRA. CUSTOS. CRÉDITO Os custos incorridos com bens e serviços aplicados no plantio, reflorestamento e corte de madeira guardam estreita relação de relevância e essencialidade com o processo produtivo dos derivados de madeira e configuram custo de produção, razão pela qual integram a base de cálculo do crédito das contribuições nãocumulativas COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES. Os gastos com combustíveis e lubrificantes geram créditos a serem utilizados na apuração do PIS e da COFINS, nos termos do art. 3º, II da Lei nº 10.833/2003. CRÉDITOS DE INSUMOS. CONTRIBUIÇÕES NÃOCUMULATIVAS. SERVIÇOS E PEÇAS DE MANUTENÇÃO DE VEÍCULOS, MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NO PROCESSO PRODUTIVO. Os serviços e bens utilizados na manutenção de veículos, máquinas e equipamentos utilizados no processo produtivo geram direito a crédito das contribuições para o PIS e a COFINS nãocumulativos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 94 0. 90 55 80 /2 01 1- 28 Fl. 545DF CARF MF Processo nº 10940.905580/201128 Acórdão n.º 3201005.008 S3C2T1 Fl. 546 2 VEÍCULOS, MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. CRÉDITO SOBRE DEPRECIAÇÃO. UTILIZAÇÃO EM ETAPAS DO PROCESSO PRODUTIVO E DE INDUSTRIALIZAÇÃO. A pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados sobre encargos de depreciação em relação a veículos, máquinas e equipamentos adquiridos e utilizados em etapas pertinentes e essenciais à produção e à fabricação de produtos destinados à venda, conforme disciplinado pela Secretaria da Receita Federal em sua legislação (IN SRF nº 457/2004). Mantêmse os créditos com encargos de depreciação dos bens imobilizados utilizados em atividades de plantio, reflorestamento, corte e industrialização de produtos derivados de madeira. SERVIÇOS NÃO ESSENCIAIS AO PROCESSO PRODUTIVO. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE Serviços não essenciais ou não aplicados em etapa do processo produtivo e aqueles desprovidos de autorização legal de que trata o art. 3º da Lei nº 10.833/03 não geram direito ao crédito da Cofins nãocumulativa. SERVIÇOS RELACIONADOS À CONSTRUÇÃO CIVIL E SUA MANUTENÇÃO. CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE Não geram direito a crédito a ser descontado diretamente da contribuição apurada de forma nãocumulativa os gastos com serviços empregados na construção civil e sua manutenção, mas apenas os encargos de depreciação dos imóveis em que foram empregados, devendo ser comprovada cada parcela deduzida. PEDÁGIO. CREDITAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. As despesas com o pagamento de pedágios não ensejam o creditamento da Cofins no regime não cumulativo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, para conceder o crédito das contribuições para o PIS/Cofins, revertendose as glosas efetuadas, atendidas os demais requisitos dos §§ 2º e 3º dos arts. 3º das Leis nºs. 10.637/2002 e 10.833/2003 e legislação pertinente à matéria: 1. Bens e serviços utilizados na manutenção de veículos, máquinas e equipamentos aplicados nas etapas de produção agrícola e de fabricação de derivados de madeira, quando não inseridos no valor contábil do ativo imobilizado; a. Materiais de manutenção de veículos, empregados nas atividades de produção e industrialização; b. Material utilizado em manutenção de maquinário da produção e fabricação; c. Material elétrico utilizado em manutenção de maquinário da produção e fabricação; d. Serviços de manutenção de veículo e maquinário da produção e fabricação (despesas com corte de madeira). 2. Combustíveis e lubrificantes, utilizados em máquinas, veículos e equipamentos da produção e industrialização; 3. Material de consumo do processo produtivo ou industrial (resina, farinha de trigo industrial, farinha de côco, massa matex acrílica, lixa, tinta); 4. Material de embalagem utilizado para armazenagem ou transporte do produto acabado (embalagens plásticas, fitas de aço, cantoneiras plásticas); 5. Encargos de depreciação de veículos, máquinas e equipamentos utilizados nas etapas de produção agrícola e Fl. 546DF CARF MF Processo nº 10940.905580/201128 Acórdão n.º 3201005.008 S3C2T1 Fl. 547 3 de fabricação de derivados de madeira, conforme regras de contabilização. Vencidos os conselheiros Tatiana Josefovicz Belisario, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior, que deram provimento em maior extensão, para também conferir o crédito sobre as despesas de pedágio. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório O interessado acima identificado recorre a este Conselho, de decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Juiz de Fora/MG. Para bem relatar os fatos, transcrevese o relatório da decisão proferida pela autoridade a quo: O interessado transmitiu a Dcomp nº 19409.03296.270407.1.1.096343, visando compensar os débitos nela declarados, com crédito oriundo de Cofins não cumulativa, referente ao 1º trimestre de 2007; A DRFPonta Grossa/PR emitiu Despacho Decisório nº 023 2012, no qual reconhece parcialmente o direito creditório e homologa as compensações pleiteadas até o limite do crédito reconhecido; A empresa apresenta manifestação de inconformidade, na qual alega, em síntese, que: a) A ORIGEM DO CRÉDITO: a.1) Previsão legal sobre o conceito de "insumo". Possibilidade de tomada dos créditos dos bens e serviços utilizados como insumos; a.2) Locação de mãodeobra e a possibilidade de creditamento de PIS e COFINS; a.3) Crédito proveniente dos encargos de depreciação de bens do Ativo Imobilizado; a.4) Despesas de armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda. Pedágio; Fl. 547DF CARF MF Processo nº 10940.905580/201128 Acórdão n.º 3201005.008 S3C2T1 Fl. 548 4 a.5) Locação de máquinas e equipamentos de pessoa jurídica; b) DO PEDIDO DE RESTITUIÇÃO E DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO; c) DA NECESSIDADE DE REALIZAÇÃO DE PERÍCIA; d) PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL NO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL; É o breve relatório. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Juiz de Fora/MG por intermédio da 2ª Turma, no Acórdão nº 0956.977, sessão de 04/03/2015, julgou improcedente a manifestação de inconformidade do contribuinte e não reconheceu o direito creditório. A decisão foi assim ementada: ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2007 PIS/PASEP E COFINS. INSUMOS. BENS E SERVIÇOS. O conceito de insumos para fins de crédito de PIS/Pasep e COFINS é o previsto no § 5º do artigo 66 da Instrução Normativa SRF 247/2002, que se repetiu na IN 404/2004. PIS/PASEP E COFINS. CRÉDITO. VALEPEDÁGIO. O valor do valepedágio não integra o valor do frete, portanto, não pode compor a base de cálculo dos créditos das contribuições. COMPENSAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Constatada a inexistência do direito creditório por meio de informações prestadas pelo interessado à época da transmissão da Declaração de Compensação, cabe a este o ônus de comprovar que o crédito pretendido já existia naquela ocasião. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Inconformada a contribuinte, apresentou recurso voluntário no qual repisa os argumentos para o deferimento do pedido de ressarcimento, em menor extensão em relação à manifestação de conformidade, versando quanto: (i) à possibilidade de tomada dos créditos dos bens e serviços utilizados como insumos; (ii) aos créditos nas despesas de armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda e valepedágio; e (iii) ao crédito proveniente dos encargos de depreciação de bens do Ativo Imobilizado. É o relatório. Fl. 548DF CARF MF Processo nº 10940.905580/201128 Acórdão n.º 3201005.008 S3C2T1 Fl. 549 5 Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator O Recurso Voluntário atende aos requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. Consta dos autos que o litígio versa sobre o inconformismo do contribuinte em face do despacho decisório, mantido hígido na decisão a quo, que não concedeu o ressarcimento de saldo credor da Contribuição nãocumulativa, apurado no trimestre em referência e vinculados às receitas de vendas para o mercado externo, em razão de glosa de créditos com bens e serviços não considerados insumos e outros dispêndios. A recorrente é uma agroindustrial que se dedica às atividades de plantio, reflorestamento e industrialização da madeira colhida beneficiandoa com fins à obtenção de produto final (laminados, compensados, aglomerados e plastificados) destinado principalmente à exportação. Dessa forma, consoante às Leis que instituíram a sistemática de apuração não cumulativa para o PIS/Pasep e para a Cofins é permitida à pessoa jurídica que se dedica à atividade industrial a tomada de créditos nas aquisições de bens e serviços considerados insumos na produção e prestação de serviços, e de despesas específicas, a teor do art. 3º das Leis nº 10.637/02 e 10.833/03. Passemos às matérias em litígio. Glosa de créditos com bens e serviços não considerados insumos Conceito de insumos para créditos de PIS e Cofins Este Conselho, incluindo esta Turma, entende que o conceito de insumo é mais elástico que o adotado pela fiscalização e julgadores da DRJ nas suas Instruções Normativas n°s. 247/2002 e 404/2004, mas não alcança a amplitude de dedutibilidade utilizado pela legislação do Imposto de Renda, como requer a recorrente. Isto posto, há de se fixar os contornos jurídicos para delimitar os dispêndios (gastos) que são considerados insumos com direito ao crédito das contribuições sociais, quer no processo produtivo ou na prestação de serviço. Ressalto que este Relator vinha acolhendo e adotando o conceito estabelecido pelo Ministro do STJ Mauro Campbell Marques no voto condutor do REsp nº 1.246.317MG, no qual se firmara o entendimento no tripé de que (i) o bem ou serviço tenha sido adquirido para ser utilizado na prestação do serviço ou na produção, ou para viabilizálos em síntese, tenha pertinência ao processo produtivo; (ii) a produção ou prestação do serviço dependa daquela aquisição a essencialidade ao processo produtivo; e (iii) não se faz necessário o consumo do bem ou a prestação do serviço em contato direto com o produto que exprime a possibilidade de emprego indireto no processo produtivo. Fl. 549DF CARF MF Processo nº 10940.905580/201128 Acórdão n.º 3201005.008 S3C2T1 Fl. 550 6 Recentemente os Ministros do STJ reviram seu posicionamento mantendose a decisão intermediária para concessão do crédito considerandose a essencialidade ou relevância do bem ou serviço no processo produtivo, conforme o REsp nº 1.221.170/PR, julgamento de 22/02/2018, Relatoria do Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, com a ementa: TRIBUTÁRIO. PIS E COFINS. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. NÃOCUMULATIVIDADE. CREDITAMENTO. CONCEITO DE INSUMOS. DEFINIÇÃO ADMINISTRATIVA PELAS INSTRUÇÕES NORMATIVAS 247/2002 E 404/2004, DA SRF, QUE TRADUZ PROPÓSITO RESTRITIVO E DESVIRTUADOR DO SEU ALCANCE LEGAL. DESCABIMENTO. DEFINIÇÃO DO CONCEITO DE INSUMOS À LUZ DOS CRITÉRIOS DA ESSENCIALIDADE OU RELEVÂNCIA. RECURSO ESPECIAL DA CONTRIBUINTE PARCIALMENTE CONHECIDO, E, NESTA EXTENSÃO, PARCIALMENTE PROVIDO, SOB O RITO DO ART. 543C DO CPC/1973 (ARTS. 1.036 E SEGUINTES DO CPC/2015). 1. Para efeito do creditamento relativo às contribuições denominadas PIS e COFINS, a definição restritiva da compreensão de insumo, proposta na IN 247/2002 e na IN 404/2004, ambas da SRF, efetivamente desrespeita o comando contido no art. 3o., II, da Lei 10.637/2002 e da Lei 10.833/2003, que contém rol exemplificativo. 2. O conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios da essencialidade ou relevância, vale dizer, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de determinado item – bem ou serviço – para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte. 3. Recurso Especial representativo da controvérsia parcialmente conhecido e, nesta extensão, parcialmente provido, para determinar o retorno dos autos à instância de origem, a fim de que se aprecie, em cotejo com o objeto social da empresa, a possibilidade de dedução dos créditos [sic] realtivos a custo e despesas com: água, combustíveis e lubrificantes, materiais e exames laboratoriais, materiais de limpeza e equipamentos de proteção individualEPI. 4. Sob o rito do art. 543C do CPC/1973 (arts. 1.036 e seguintes do CPC/2015), assentamse as seguintes teses: (a) é ilegal a disciplina de creditamento prevista nas Instruções Normativas da SRF ns. 247/2002 e 404/2004, porquanto compromete a eficácia do sistema de nãocumulatividade da contribuição ao PIS e da COFINS, tal como definido nas Leis 10.637/2002 e 10.833/2003; e (b) o conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios de essencialidade ou relevância, ou seja, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de terminado item bem ou serviço para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo Contribuinte. Este novo entendimento, que na verdade não conduz à divergência em relação à decisão no REsp indigitado, insere outros fundamentos para a delimitação dos Fl. 550DF CARF MF Processo nº 10940.905580/201128 Acórdão n.º 3201005.008 S3C2T1 Fl. 551 7 elementos que geram crédito assentado na essencialidade ou relevância a ser aferida no cotejo (desses elementos) com o processo produtivo ou a atividade desenvolvida pela empresa. A seguir os excertos do voto vista proferido pela Ministra Regina Helena Costa que acabou por pautar o entendimento exarado no voto condutor do Ministro Relator que considero relevantes para demonstrar o entendimento daquele Tribunal e adotálos neste voto: [...] Nesse cenário, penso seja possível extrair das leis disciplinadoras dessas contribuições o conceito de insumo segundo os critérios da essencialidade ou relevância, vale dizer, considerandose a importância de determinado item – bem ou serviço – para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte, tal como já expressei, no TRF da 3ª Região, no julgamento das Apelações Cíveis em Mandado de Segurança ns. 001235252.2010.4.03.6100/SP e 0005469 26.2009.4.03.6100/SP, respectivamente em 15.12.2011 e 31.05.2012. [...] Marco Aurélio Greco, ao dissertar sobre a questão, pondera: De fato, serão as circunstâncias de cada atividade, de cada empreendimento e, mais, até mesmo de cada produto a ser vendido que determinarão a dimensão temporal dentro da qual reconhecer os bens e serviços utilizados como respectivos insumos [...] O critério a ser aplicado, portanto, apóiase na inerência do bem ou serviço à atividade econômica desenvolvida pelo contribuinte (por decisão sua e/ou por delineamento legal) e o grau de relevância que apresenta para ela. Se o bem adquirido integra o desempenho da atividade, ainda que em fase anterior à obtenção do produto final a ser vendido, e assume a importância de algo necessário à sua existência ou útil para que possua determinada qualidade, então o bem estará sendo utilizado como insumo daquela atividade (de produção, fabricação), pois desde o momento de sua aquisição já se encontra em andamento a atividade econômica que – vista global e unitariamente – desembocará num produto final a ser vendido. (Conceito de insumo à luz da legislação de PIS/COFINS , in Revista Fórum de Direito Tributário RFDT, Belo Horizonte, n. 34, jul./ago. 2008, p. 6) [...] Demarcadas tais premissas, temse que o critério da essencialidade diz com o item do qual dependa, intrínseca e fundamentalmente, o produto ou o serviço, constituindo elemento estrutural e inseparável do processo produtivo ou da execução do serviço, ou, quando menos, a sua falta lhes prive de qualidade, quantidade e/ou suficiência. Fl. 551DF CARF MF Processo nº 10940.905580/201128 Acórdão n.º 3201005.008 S3C2T1 Fl. 552 8 Por sua vez, a relevância, considerada como critério definidor de insumo, é identificável no item cuja finalidade, embora não indispensável à elaboração do próprio produto ou à prestação do serviço, integre o processo de produção, seja pelas singularidades de cada cadeia produtiva (v.g., o papel da água na fabricação de fogos de artifício difere daquele desempenhado na agroindústria), seja por imposição legal (v.g., equipamento de proteção individual EPI), distanciandose, nessa medida, da acepção de pertinência, caracterizada, nos termos propostos, pelo emprego da aquisição na produção ou na execução do serviço.Desse modo, sob essa perspectiva, o critério da relevância revelase mais abrangente do que o da pertinência. [...] Como visto, consoante os critérios da essencialidade e relevância, acolhidos pela jurisprudência desta Corte e adotados pelo CARF, há que se analisar, casuisticamente, se o que se pretende seja considerado insumo é essencial ou de relevância para o processo produtivo ou à atividade desenvolvida pela empresa. Observandose essas premissas, penso que as despesas referentes ao pagamento de despesas com água, combustíveis e lubrificantes, materiais e exames laboratoriais, materiais de limpeza e equipamentos de proteção individual EPI, em princípio, inseremse no conceito de insumo para efeito de creditamento, assim compreendido num sistema de não cumulatividade cuja técnica há de ser a de "base sobre base". Todavia, a aferição da essencialidade ou da relevância daqueles elementos na cadeia produtiva impõe análise casuística, porquanto sensivelmente dependente de instrução probatória, providência essa, como sabido, incompatível com a via especial. Logo, mostrase necessário o retorno dos autos à origem, a fim de que a Corte a quo, observadas as balizas dogmáticas aqui delineadas, aprecie, em cotejo com o objeto social da empresa, a possibilidade de dedução dos créditos relativos a custos e despesas com:água, combustíveis e lubrificantes, materiais e exames laboratoriais, materiais de limpeza e equipamentos de proteção individual EPI. [...] Firmado nos fundamentos assentados, quanto ao alcance do conceito de insumo, segundo o regime da nãocumulatividade do PIS Pasep e da COFINS, entendo que a acepção correta é aquela em que o os bens e serviços cumulativamente atenda aos requisitos de: 1. essencialidade ou relevância, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de determinado item – bem ou serviço – para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte; Fl. 552DF CARF MF Processo nº 10940.905580/201128 Acórdão n.º 3201005.008 S3C2T1 Fl. 553 9 2. aferição casuística da essencialidade ou relevância, por meio do cotejo entre os elementos (bens e serviços) e o processo produtivo ou a atividade desenvolvida pela empresa; Assim, há de se verificar se o recorrente comprova a utilização dos insumos no contexto da atividade fabricação, produção ou prestação de serviço de forma a demonstrar que o gasto incorrido guarda relação de pertinência com o processo produtivo/prestação de serviço, mediante seu emprego, ainda que indireto, de forma que sua subtração implique ao menos redução da qualidade. Passo à análise da possibilidade de apropriação de créditos das contribuições nas despesas com bens e serviços na fase agrícola (plantio e cultivo), em que se inicia o processo industrial da agroindústria, como é o caso da contribuinte. Na linha de raciocínio assentada, depreendese que o processo produtivo considera todo o ciclo de produção e compõe o objeto de uma única pessoa jurídica, sendo indevido interpretálo como etapas distintas que se completam, e o direito ao crédito é concedido àquela em que se pressupõe uma industrialização mais efetiva ou a que resulta no bem final destinado à venda. Não há fundamento para tal, sequer autorização nos textos legais. As leis que regem a não cumulatividade atribuem o direito de crédito em relação ao custo de bens e serviços aplicados na "produção ou fabricação" de bens destinados à venda, inexistindo amparo legal para secção do processo produtivo da sociedade empresária agroindustrial em cultivo de matériaprima para consumo próprio e em industrialização propriamente dita, a fim de expurgar do cálculo do crédito os custos incorridos na fase agrícola da produção. Os custos incorridos com bens e serviços aplicados no reflorestamento e cultivo de madeira guardam estreita relação de emprego, relevância e essencialidade com o processo produtivo em suas variadas formas (aglomerados, compensados e laminados, e outros) e configuram custo de produção, razão pela qual integram a base de cálculo do crédito das contribuições nãocumulativas. Com base nesses fundamentos entendo pela possibilidade da contribuinte apropriarse dos créditos de PIS e Cofins decorrentes das despesas com peças e serviços empregados em caminhões, máquinas e implementos utilizados exclusivamente na etapa agrícola, do plantio à colheita da madeira, aplicados no processo industrial da pessoa jurídica, e atendidos todos os demais requisitos da Lei nº 10.637/2002 e 10.833/2003 pertinentes à matéria e que não incorram nas vedações previstas nos referidos textos. Análise das glosas A fiscalização, por amostragem de apenas alguns exemplares de notas fiscais, glosou créditos apropriados em relação a determinados bens e serviços por entender que são despesas gerais e não se tratam de itens que sofrem alterações, ou são aplicados ou consumidos na fabricação dos produtos da pessoa jurídica. A DRJ corroborou integralmente o procedimento de glosa, validando os argumentos da fiscalização no tocante aos bens e serviços que não os consideram insumos. Fl. 553DF CARF MF Processo nº 10940.905580/201128 Acórdão n.º 3201005.008 S3C2T1 Fl. 554 10 A seguir o resumo que se encontra no despacho decisório (fl. 325) dos itens não considerados insumos: Constatase que, além da análise restringirse a amostras, os bens e serviços agrupados em contas contábeis contêm rubricas de dispêndios associados à máquinas ou equipamentos de etapa do processo produtivo (fase agrícola ou de fabricação), mormente quando se depara com descrições de materiais ou serviços de "manutenção de veículo", "combustíveis e lubrificantes", "material de consumo", "material de embalagem". A recorrente contesta a justificativa da autoridade fiscal com argumentos de que os bens e serviços que tomou crédito são aplicados no processo produtivo e fabril e se encontram perfeitamente enquadrados no conceito de insumos e de custos e despesas autorizados pela legislação do Imposto de Renda. Os julgadores da primeira instância decidiram negar os créditos com os bens e serviços listados fundados no argumento de que suas descrições indicam não se tratarem de insumos empregados no processo produtivo, pois não atendem a exigência de aplicação direita ou consumo na fabricação dos bens destinados à venda. A posição intermediária adotada pela Turma para considerar despesas geradoras do direito creditório como aquelas em que o bem/serviço participa do processo produtivo de forma essencial e necessária exige a demonstração pela interessada. Da análise conjunta da relação dos itens glosados e da síntese das contas contábeis que relacionam os dispêndios, apresentadas pela recorrente em atendimento à intimação fiscal, evidenciamse os itens que segundo as balizas assentadas neste voto são considerados insumos do processo produtivo e de fabricação do produto destinado a venda, ou empregados em veículos, máquinas e equipamentos do processo produtivo e/ou industrial. Fl. 554DF CARF MF Processo nº 10940.905580/201128 Acórdão n.º 3201005.008 S3C2T1 Fl. 555 11 Dessa forma revertemse as glosas de créditos com despesas nos itens a seguir relacionados, atendidos aos demais requisitos da legislação das Contribuições não cumulativas, em especial dos §§ 2º e 3º do art. 3º das Leis nºs. 10.637/2002 e 10.833/2003, com a observação adicional de que, em se tratando de bens/serviços cujos dispêndios são incorporados ao Ativo Imobilizado, os créditos concedidos limitamse ao valor do encargo de depreciação (e não de despesas na aquisição), conforme as regras contábeis, e art. 3º, inciso VII do caput, e inciso III o §1º, das Leis 10.833/2003 e 10.637/2002: 1. Materiais de manutenção de veículos, empregados nas atividades de produção e industrialização; 2. Combustíveis e lubrificantes, utilizados em máquinas, veículos e equipamentos da produção e industrialização; 3. Material utilizado em manutenção de maquinário da produção e fabricação; 4. Material elétrico utilizado em manutenção de maquinário da produção e fabricação; 5. Material de consumo do processo produtivo ou industrial (resina, farinha de trigo industrial, farinha de côco, massa matex acrílica, lixa, tinta); 6. Material de embalagem utilizado para armazenagem ou transporte do produto acabado (embalagens plásticas, fitas de aço, cantoneiras plásticas); 7. Serviços de manutenção de veículo e maquinário da produção e fabricação (despesas com corte de madeira). De outra banda, itens de manutenção não relacionados a veículos, máquinas e equipamentos das etapas de produção e fabricação, por ausência de previsão legal e/ou não essenciais ou relevantes à produção/fabricação, não admitem o crédito de seus dispêndios. As despesas efetuadas com serviços relacionados à manutenção e construções de estradas, edificações e instalações prediais são custos necessários e inerentes ao exercício da atividade do Contribuinte, mas que de acordo com a legislação não permitem o aproveitamento do crédito decorrente destas despesas, mas sim relativas aos encargos com a depreciação do ativo imobilizado, quando comprovados e na forma prevista na legislação. Dessa forma, não há como a empresa creditarse diretamente da contribuição incidente sobre tais gastos, devendo ser observada a legislação vigente quanto às regras atinentes à depreciação. Assim, não se permite crédito com dispêndios de (i) material de uso geral, manutenção de instalações prediais, conservação e limpeza; e (ii) bens e serviços da etapa de reflorestamento/colheita (abertura de estradas com tratores e maquinários específicos, construção de bueiros, pontilhões para acesso dos veículos). Os créditos provenientes de encargos de depreciação de bens do ativo imobilizado foram glosados no tocante àqueles da etapa de plantio, reflorestamento e colheita. Fl. 555DF CARF MF Processo nº 10940.905580/201128 Acórdão n.º 3201005.008 S3C2T1 Fl. 556 12 Revertemse tais glosas, pois que tal etapa inseremse na atividade industrial, assim considerada em seu todo, com assentado alhures. Exceção aos bens não efetivamente utilizados no plantio, reflorestamento e corte (como é o caso, por exemplo, de veículos que não se destinam ao corte e transporte de madeira) e os que não atendam aos demais requisitos da legislação, concernentes às Contribuições e às regras de depreciação. Por fim, em relação ao valepedágio, com razão a decisão recorrida. As despesas com o pagamento de pedágios não são insumos, serviços e nem se configura frete na operação de venda. Tratase de mera retribuição, pelo direito de passagem, mediante taxa ou tarifa (preço público), a uma autarquia ou uma concessionária de bem público. São ainda desprovidas de autorização em dispositivos legais para o creditamento. Conclusão Diante de todo o exposto, voto para DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso voluntário para conceder o crédito das contribuições para o PIS/Cofins, revertendose as glosas efetuadas, atendidas os demais requisitos dos §§ 2º e 3º dos arts. 3º das Leis nºs. 10.637/2002 e 10.833/2003 e legislação pertinente à matéria: 1. Bens e serviços utilizados na manutenção de veículos, máquinas e equipamentos aplicados nas etapas de produção agrícola e de fabricação de derivados de madeira, quando não inseridos no valor contábil do ativo imobilizado; a. Materiais de manutenção de veículos, empregados nas atividades de produção e industrialização; b. Material utilizado em manutenção de maquinário da produção e fabricação; c. Material elétrico utilizado em manutenção de maquinário da produção e fabricação; d. Serviços de manutenção de veículo e maquinário da produção e fabricação (despesas com corte de madeira). 2. Combustíveis e lubrificantes, utilizados em máquinas, veículos e equipamentos da produção e industrialização; 3. Material de consumo do processo produtivo ou industrial (resina, farinha de trigo industrial, farinha de côco, massa matex acrílica, lixa, tinta); 4. Material de embalagem utilizado para armazenagem ou transporte do produto acabado (embalagens plásticas, fitas de aço, cantoneiras plásticas); 5. Encargos de depreciação de veículos, máquinas e equipamentos utilizados nas etapas de produção agrícola e de fabricação de derivados de madeira, conforme regras de contabilização. (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Fl. 556DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 12571.000344/2010-11
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 26 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu Mar 28 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/07/2006 a 30/09/2006
NÃO-CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. CONCEITO DE INSUMOS
O alcance do conceito de insumo, segundo o regime da não-cumulatividade do PIS Pasep e da COFINS é aquele em que o os bens e serviços cumulativamente atenda aos requisitos de (i) essencialidade ou relevância com/ao processo produtivo ou prestação de serviço; e sua (ii) aferição, por meio do cotejo entre os elementos (bens e serviços) e a atividade desenvolvida pela empresa.
PROCESSO PRODUTIVO. FABRICAÇÃO DE DERIVADOS DE MADEIRA. CUSTOS. CRÉDITO
Os custos incorridos com bens e serviços aplicados no plantio, reflorestamento e corte de madeira guardam estreita relação de relevância e essencialidade com o processo produtivo dos derivados de madeira e configuram custo de produção, razão pela qual integram a base de cálculo do crédito das contribuições não-cumulativas
COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES.
Os gastos com combustíveis e lubrificantes geram créditos a serem utilizados na apuração do PIS e da COFINS, nos termos do art. 3º, II da Lei nº 10.833/2003.
CRÉDITOS DE INSUMOS. CONTRIBUIÇÕES NÃO-CUMULATIVAS. SERVIÇOS E PEÇAS DE MANUTENÇÃO DE VEÍCULOS, MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NO PROCESSO PRODUTIVO.
Os serviços e bens utilizados na manutenção de veículos, máquinas e equipamentos utilizados no processo produtivo geram direito a crédito das contribuições para o PIS e a COFINS não-cumulativos.
VEÍCULOS, MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. CRÉDITO SOBRE DEPRECIAÇÃO. UTILIZAÇÃO EM ETAPAS DO PROCESSO PRODUTIVO E DE INDUSTRIALIZAÇÃO.
A pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados sobre encargos de depreciação em relação a veículos, máquinas e equipamentos adquiridos e utilizados em etapas pertinentes e essenciais à produção e à fabricação de produtos destinados à venda, conforme disciplinado pela Secretaria da Receita Federal em sua legislação (IN SRF nº 457/2004).
Mantêm-se os créditos com encargos de depreciação dos bens imobilizados utilizados em atividades de plantio, reflorestamento, corte e industrialização de produtos derivados de madeira.
SERVIÇOS NÃO ESSENCIAIS AO PROCESSO PRODUTIVO. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE
Serviços não essenciais ou não aplicados em etapa do processo produtivo e aqueles desprovidos de autorização legal de que trata o art. 3º da Lei nº 10.833/03 não geram direito ao crédito da Cofins não-cumulativa.
SERVIÇOS RELACIONADOS À CONSTRUÇÃO CIVIL E SUA MANUTENÇÃO. CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE
Não geram direito a crédito a ser descontado diretamente da contribuição apurada de forma não-cumulativa os gastos com serviços empregados na construção civil e sua manutenção, mas apenas os encargos de depreciação dos imóveis em que foram empregados, devendo ser comprovada cada parcela deduzida.
PEDÁGIO. CREDITAMENTO. IMPOSSIBILIDADE.
As despesas com o pagamento de pedágios não ensejam o creditamento da Cofins no regime não cumulativo.
Numero da decisão: 3201-005.006
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, para conceder o crédito das contribuições para o PIS/Cofins, revertendo-se as glosas efetuadas, atendidas os demais requisitos dos §§ 2º e 3º dos arts. 3º das Leis nºs. 10.637/2002 e 10.833/2003 e legislação pertinente à matéria: 1. Bens e serviços utilizados na manutenção de veículos, máquinas e equipamentos aplicados nas etapas de produção agrícola e de fabricação de derivados de madeira, quando não inseridos no valor contábil do ativo imobilizado; a. Materiais de manutenção de veículos, empregados nas atividades de produção e industrialização; b. Material utilizado em manutenção de maquinário da produção e fabricação; c. Material elétrico utilizado em manutenção de maquinário da produção e fabricação; d. Serviços de manutenção de veículo e maquinário da produção e fabricação (despesas com corte de madeira). 2. Combustíveis e lubrificantes, utilizados em máquinas, veículos e equipamentos da produção e industrialização; 3. Material de consumo do processo produtivo ou industrial (resina, farinha de trigo industrial, farinha de côco, massa matex acrílica, lixa, tinta); 4. Material de embalagem utilizado para armazenagem ou transporte do produto acabado (embalagens plásticas, fitas de aço, cantoneiras plásticas); 5. Encargos de depreciação de veículos, máquinas e equipamentos utilizados nas etapas de produção agrícola e de fabricação de derivados de madeira, conforme regras de contabilização. Vencidos os conselheiros Tatiana Josefovicz Belisario, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior, que deram provimento em maior extensão, para também conferir o crédito sobre as despesas de pedágio.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201902
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/07/2006 a 30/09/2006 NÃO-CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. CONCEITO DE INSUMOS O alcance do conceito de insumo, segundo o regime da não-cumulatividade do PIS Pasep e da COFINS é aquele em que o os bens e serviços cumulativamente atenda aos requisitos de (i) essencialidade ou relevância com/ao processo produtivo ou prestação de serviço; e sua (ii) aferição, por meio do cotejo entre os elementos (bens e serviços) e a atividade desenvolvida pela empresa. PROCESSO PRODUTIVO. FABRICAÇÃO DE DERIVADOS DE MADEIRA. CUSTOS. CRÉDITO Os custos incorridos com bens e serviços aplicados no plantio, reflorestamento e corte de madeira guardam estreita relação de relevância e essencialidade com o processo produtivo dos derivados de madeira e configuram custo de produção, razão pela qual integram a base de cálculo do crédito das contribuições não-cumulativas COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES. Os gastos com combustíveis e lubrificantes geram créditos a serem utilizados na apuração do PIS e da COFINS, nos termos do art. 3º, II da Lei nº 10.833/2003. CRÉDITOS DE INSUMOS. CONTRIBUIÇÕES NÃO-CUMULATIVAS. SERVIÇOS E PEÇAS DE MANUTENÇÃO DE VEÍCULOS, MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NO PROCESSO PRODUTIVO. Os serviços e bens utilizados na manutenção de veículos, máquinas e equipamentos utilizados no processo produtivo geram direito a crédito das contribuições para o PIS e a COFINS não-cumulativos. VEÍCULOS, MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. CRÉDITO SOBRE DEPRECIAÇÃO. UTILIZAÇÃO EM ETAPAS DO PROCESSO PRODUTIVO E DE INDUSTRIALIZAÇÃO. A pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados sobre encargos de depreciação em relação a veículos, máquinas e equipamentos adquiridos e utilizados em etapas pertinentes e essenciais à produção e à fabricação de produtos destinados à venda, conforme disciplinado pela Secretaria da Receita Federal em sua legislação (IN SRF nº 457/2004). Mantêm-se os créditos com encargos de depreciação dos bens imobilizados utilizados em atividades de plantio, reflorestamento, corte e industrialização de produtos derivados de madeira. SERVIÇOS NÃO ESSENCIAIS AO PROCESSO PRODUTIVO. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE Serviços não essenciais ou não aplicados em etapa do processo produtivo e aqueles desprovidos de autorização legal de que trata o art. 3º da Lei nº 10.833/03 não geram direito ao crédito da Cofins não-cumulativa. SERVIÇOS RELACIONADOS À CONSTRUÇÃO CIVIL E SUA MANUTENÇÃO. CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE Não geram direito a crédito a ser descontado diretamente da contribuição apurada de forma não-cumulativa os gastos com serviços empregados na construção civil e sua manutenção, mas apenas os encargos de depreciação dos imóveis em que foram empregados, devendo ser comprovada cada parcela deduzida. PEDÁGIO. CREDITAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. As despesas com o pagamento de pedágios não ensejam o creditamento da Cofins no regime não cumulativo.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Mar 28 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 12571.000344/2010-11
anomes_publicacao_s : 201903
conteudo_id_s : 5978308
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Mar 28 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 3201-005.006
nome_arquivo_s : Decisao_12571000344201011.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
nome_arquivo_pdf_s : 12571000344201011_5978308.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, para conceder o crédito das contribuições para o PIS/Cofins, revertendo-se as glosas efetuadas, atendidas os demais requisitos dos §§ 2º e 3º dos arts. 3º das Leis nºs. 10.637/2002 e 10.833/2003 e legislação pertinente à matéria: 1. Bens e serviços utilizados na manutenção de veículos, máquinas e equipamentos aplicados nas etapas de produção agrícola e de fabricação de derivados de madeira, quando não inseridos no valor contábil do ativo imobilizado; a. Materiais de manutenção de veículos, empregados nas atividades de produção e industrialização; b. Material utilizado em manutenção de maquinário da produção e fabricação; c. Material elétrico utilizado em manutenção de maquinário da produção e fabricação; d. Serviços de manutenção de veículo e maquinário da produção e fabricação (despesas com corte de madeira). 2. Combustíveis e lubrificantes, utilizados em máquinas, veículos e equipamentos da produção e industrialização; 3. Material de consumo do processo produtivo ou industrial (resina, farinha de trigo industrial, farinha de côco, massa matex acrílica, lixa, tinta); 4. Material de embalagem utilizado para armazenagem ou transporte do produto acabado (embalagens plásticas, fitas de aço, cantoneiras plásticas); 5. Encargos de depreciação de veículos, máquinas e equipamentos utilizados nas etapas de produção agrícola e de fabricação de derivados de madeira, conforme regras de contabilização. Vencidos os conselheiros Tatiana Josefovicz Belisario, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior, que deram provimento em maior extensão, para também conferir o crédito sobre as despesas de pedágio. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza - Presidente (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
dt_sessao_tdt : Tue Feb 26 00:00:00 UTC 2019
id : 7670516
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:40:36 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051659995709440
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 13; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1987; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C2T1 Fl. 736 1 735 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 12571.000344/201011 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3201005.006 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 26 de fevereiro de 2019 Matéria COFINS NÃO CUMULATIVO PEDIDO DE RESSARCIMENTO Recorrente REPINHO REFLORESTADORA MADEIRAS E COMPENSADOS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/07/2006 a 30/09/2006 NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. CONCEITO DE INSUMOS O alcance do conceito de insumo, segundo o regime da nãocumulatividade do PIS Pasep e da COFINS é aquele em que o os bens e serviços cumulativamente atenda aos requisitos de (i) essencialidade ou relevância com/ao processo produtivo ou prestação de serviço; e sua (ii) aferição, por meio do cotejo entre os elementos (bens e serviços) e a atividade desenvolvida pela empresa. PROCESSO PRODUTIVO. FABRICAÇÃO DE DERIVADOS DE MADEIRA. CUSTOS. CRÉDITO Os custos incorridos com bens e serviços aplicados no plantio, reflorestamento e corte de madeira guardam estreita relação de relevância e essencialidade com o processo produtivo dos derivados de madeira e configuram custo de produção, razão pela qual integram a base de cálculo do crédito das contribuições nãocumulativas COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES. Os gastos com combustíveis e lubrificantes geram créditos a serem utilizados na apuração do PIS e da COFINS, nos termos do art. 3º, II da Lei nº 10.833/2003. CRÉDITOS DE INSUMOS. CONTRIBUIÇÕES NÃOCUMULATIVAS. SERVIÇOS E PEÇAS DE MANUTENÇÃO DE VEÍCULOS, MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NO PROCESSO PRODUTIVO. Os serviços e bens utilizados na manutenção de veículos, máquinas e equipamentos utilizados no processo produtivo geram direito a crédito das contribuições para o PIS e a COFINS nãocumulativos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 57 1. 00 03 44 /2 01 0- 11 Fl. 736DF CARF MF Processo nº 12571.000344/201011 Acórdão n.º 3201005.006 S3C2T1 Fl. 737 2 VEÍCULOS, MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. CRÉDITO SOBRE DEPRECIAÇÃO. UTILIZAÇÃO EM ETAPAS DO PROCESSO PRODUTIVO E DE INDUSTRIALIZAÇÃO. A pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados sobre encargos de depreciação em relação a veículos, máquinas e equipamentos adquiridos e utilizados em etapas pertinentes e essenciais à produção e à fabricação de produtos destinados à venda, conforme disciplinado pela Secretaria da Receita Federal em sua legislação (IN SRF nº 457/2004). Mantêmse os créditos com encargos de depreciação dos bens imobilizados utilizados em atividades de plantio, reflorestamento, corte e industrialização de produtos derivados de madeira. SERVIÇOS NÃO ESSENCIAIS AO PROCESSO PRODUTIVO. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE Serviços não essenciais ou não aplicados em etapa do processo produtivo e aqueles desprovidos de autorização legal de que trata o art. 3º da Lei nº 10.833/03 não geram direito ao crédito da Cofins nãocumulativa. SERVIÇOS RELACIONADOS À CONSTRUÇÃO CIVIL E SUA MANUTENÇÃO. CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE Não geram direito a crédito a ser descontado diretamente da contribuição apurada de forma nãocumulativa os gastos com serviços empregados na construção civil e sua manutenção, mas apenas os encargos de depreciação dos imóveis em que foram empregados, devendo ser comprovada cada parcela deduzida. PEDÁGIO. CREDITAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. As despesas com o pagamento de pedágios não ensejam o creditamento da Cofins no regime não cumulativo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao Recurso Voluntário, para conceder o crédito das contribuições para o PIS/Cofins, revertendose as glosas efetuadas, atendidas os demais requisitos dos §§ 2º e 3º dos arts. 3º das Leis nºs. 10.637/2002 e 10.833/2003 e legislação pertinente à matéria: 1. Bens e serviços utilizados na manutenção de veículos, máquinas e equipamentos aplicados nas etapas de produção agrícola e de fabricação de derivados de madeira, quando não inseridos no valor contábil do ativo imobilizado; a. Materiais de manutenção de veículos, empregados nas atividades de produção e industrialização; b. Material utilizado em manutenção de maquinário da produção e fabricação; c. Material elétrico utilizado em manutenção de maquinário da produção e fabricação; d. Serviços de manutenção de veículo e maquinário da produção e fabricação (despesas com corte de madeira). 2. Combustíveis e lubrificantes, utilizados em máquinas, veículos e equipamentos da produção e industrialização; 3. Material de consumo do processo produtivo ou industrial (resina, farinha de trigo industrial, farinha de côco, massa matex acrílica, lixa, tinta); 4. Material de embalagem utilizado para armazenagem ou transporte do produto acabado (embalagens plásticas, fitas de aço, cantoneiras plásticas); 5. Encargos de depreciação de veículos, máquinas e equipamentos utilizados nas etapas de produção agrícola e Fl. 737DF CARF MF Processo nº 12571.000344/201011 Acórdão n.º 3201005.006 S3C2T1 Fl. 738 3 de fabricação de derivados de madeira, conforme regras de contabilização. Vencidos os conselheiros Tatiana Josefovicz Belisario, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior, que deram provimento em maior extensão, para também conferir o crédito sobre as despesas de pedágio. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório O interessado acima identificado recorre a este Conselho, de decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Juiz de Fora/MG. Para bem relatar os fatos, transcrevese o relatório da decisão proferida pela autoridade a quo: O interessado transmitiu a Dcomp nº 37475.12131.301006.1.1.097027, visando compensar os débitos nela declarados, com crédito oriundo de Cofins não cumulativa, referente ao 3º trimestre de 2006; A DRFPonta Grossa/PR emitiu Despacho Decisório nº 023 2011, no qual reconhece parcialmente o direito creditório e homologa as compensações pleiteadas até o limite do crédito reconhecido; A empresa apresenta manifestação de inconformidade, na qual alega, em síntese, que: a) A ORIGEM DO CRÉDITO: a.1) Previsão legal sobre o conceito de "insumo". Possibilidade de tomada dos créditos dos bens e serviços utilizados como insumos; a.2) Locação de mãodeobra e a possibilidade de creditamento de PIS e COFINS; a.3) Crédito proveniente dos encargos de depreciação de bens do Ativo Imobilizado; a.4) Despesas de armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda. Pedágio; Fl. 738DF CARF MF Processo nº 12571.000344/201011 Acórdão n.º 3201005.006 S3C2T1 Fl. 739 4 a.5) Locação de máquinas e equipamentos de pessoa jurídica; b) DO PEDIDO DE RESTITUIÇÃO E DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO; c) DA NECESSIDADE DE REALIZAÇÃO DE PERÍCIA; d) PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL NO PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL; É o breve relatório. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Juiz de Fora/MG por intermédio da 2ª Turma, no Acórdão nº 0956.986, sessão de 04/03/2015, julgou improcedente a manifestação de inconformidade do contribuinte e não reconheceu o direito creditório. A decisão foi assim ementada: ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2006 PIS/PASEP E COFINS. INSUMOS. BENS E SERVIÇOS. O conceito de insumos para fins de crédito de PIS/Pasep e COFINS é o previsto no § 5º do artigo 66 da Instrução Normativa SRF 247/2002, que se repetiu na IN 404/2004. PIS/PASEP E COFINS. CRÉDITO. VALEPEDÁGIO. O valor do valepedágio não integra o valor do frete, portanto, não pode compor a base de cálculo dos créditos das contribuições. COMPENSAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Constatada a inexistência do direito creditório por meio de informações prestadas pelo interessado à época da transmissão da Declaração de Compensação, cabe a este o ônus de comprovar que o crédito pretendido já existia naquela ocasião. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Inconformada a contribuinte, apresentou recurso voluntário no qual repisa os argumentos para o deferimento do pedido de ressarcimento, em menor extensão em relação à manifestação de conformidade, versando quanto: (i) à possibilidade de tomada dos créditos dos bens e serviços utilizados como insumos; (ii) aos créditos nas despesas de armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda e valepedágio; e (iii) ao crédito proveniente dos encargos de depreciação de bens do Ativo Imobilizado. É o relatório. Fl. 739DF CARF MF Processo nº 12571.000344/201011 Acórdão n.º 3201005.006 S3C2T1 Fl. 740 5 Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator O Recurso Voluntário atende aos requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. Consta dos autos que o litígio versa sobre o inconformismo do contribuinte em face do despacho decisório, mantido hígido na decisão a quo, que não concedeu o ressarcimento de saldo credor da Contribuição nãocumulativa, apurado no trimestre em referência e vinculados às receitas de vendas para o mercado externo, em razão de glosa de créditos com bens e serviços não considerados insumos e outros dispêndios. A recorrente é uma agroindustrial que se dedica às atividades de plantio, reflorestamento e industrialização da madeira colhida beneficiandoa com fins à obtenção de produto final (laminados, compensados, aglomerados e plastificados) destinado principalmente à exportação. Dessa forma revertemse as glosas de créditos com despesas nos itens a seguir relacionados, atendidos aos demais requisitos da legislação das Contribuições não cumulativas, em especial dos §§ 2º e 3º do art. 3º das Leis nºs. 10.637/2002 e 10.833/2003, com a observação adicional de que, em se tratando de bens/serviços cujos dispêndios são incorporados ao Ativo Imobilizado, os créditos concedidos limitamse ao valor do encargo de depreciação (e não de despesas na aquisição), conforme as regras contábeis, e art. 3º, inciso VII do caput, e inciso III o §1º, das Leis 10.833/2003 e 10.637/2002. Passemos às matérias em litígio. Glosa de créditos com bens e serviços não considerados insumos Conceito de insumos para créditos de PIS e Cofins Este Conselho, incluindo esta Turma, entende que o conceito de insumo é mais elástico que o adotado pela fiscalização e julgadores da DRJ nas suas Instruções Normativas n°s. 247/2002 e 404/2004, mas não alcança a amplitude de dedutibilidade utilizado pela legislação do Imposto de Renda, como requer a recorrente. Isto posto, há de se fixar os contornos jurídicos para delimitar os dispêndios (gastos) que são considerados insumos com direito ao crédito das contribuições sociais, quer no processo produtivo ou na prestação de serviço. Ressalto que este Relator vinha acolhendo e adotando o conceito estabelecido pelo Ministro do STJ Mauro Campbell Marques no voto condutor do REsp nº 1.246.317MG, no qual se firmara o entendimento no tripé de que (i) o bem ou serviço tenha sido adquirido para ser utilizado na prestação do serviço ou na produção, ou para viabilizálos em síntese, tenha pertinência ao processo produtivo; (ii) a produção ou prestação do serviço dependa daquela aquisição a essencialidade ao processo produtivo; e (iii) não se faz necessário o consumo do bem ou a prestação do serviço em contato direto com o produto que exprime a possibilidade de emprego indireto no processo produtivo. Fl. 740DF CARF MF Processo nº 12571.000344/201011 Acórdão n.º 3201005.006 S3C2T1 Fl. 741 6 Recentemente os Ministros do STJ reviram seu posicionamento mantendose a decisão intermediária para concessão do crédito considerandose a essencialidade ou relevância do bem ou serviço no processo produtivo, conforme o REsp nº 1.221.170/PR, julgamento de 22/02/2018, Relatoria do Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, com a ementa: TRIBUTÁRIO. PIS E COFINS. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. NÃOCUMULATIVIDADE. CREDITAMENTO. CONCEITO DE INSUMOS. DEFINIÇÃO ADMINISTRATIVA PELAS INSTRUÇÕES NORMATIVAS 247/2002 E 404/2004, DA SRF, QUE TRADUZ PROPÓSITO RESTRITIVO E DESVIRTUADOR DO SEU ALCANCE LEGAL. DESCABIMENTO. DEFINIÇÃO DO CONCEITO DE INSUMOS À LUZ DOS CRITÉRIOS DA ESSENCIALIDADE OU RELEVÂNCIA. RECURSO ESPECIAL DA CONTRIBUINTE PARCIALMENTE CONHECIDO, E, NESTA EXTENSÃO, PARCIALMENTE PROVIDO, SOB O RITO DO ART. 543C DO CPC/1973 (ARTS. 1.036 E SEGUINTES DO CPC/2015). 1. Para efeito do creditamento relativo às contribuições denominadas PIS e COFINS, a definição restritiva da compreensão de insumo, proposta na IN 247/2002 e na IN 404/2004, ambas da SRF, efetivamente desrespeita o comando contido no art. 3o., II, da Lei 10.637/2002 e da Lei 10.833/2003, que contém rol exemplificativo. 2. O conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios da essencialidade ou relevância, vale dizer, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de determinado item – bem ou serviço – para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte. 3. Recurso Especial representativo da controvérsia parcialmente conhecido e, nesta extensão, parcialmente provido, para determinar o retorno dos autos à instância de origem, a fim de que se aprecie, em cotejo com o objeto social da empresa, a possibilidade de dedução dos créditos [sic] realtivos a custo e despesas com: água, combustíveis e lubrificantes, materiais e exames laboratoriais, materiais de limpeza e equipamentos de proteção individualEPI. 4. Sob o rito do art. 543C do CPC/1973 (arts. 1.036 e seguintes do CPC/2015), assentamse as seguintes teses: (a) é ilegal a disciplina de creditamento prevista nas Instruções Normativas da SRF ns. 247/2002 e 404/2004, porquanto compromete a eficácia do sistema de nãocumulatividade da contribuição ao PIS e da COFINS, tal como definido nas Leis 10.637/2002 e 10.833/2003; e (b) o conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios de essencialidade ou relevância, ou seja, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de terminado item bem ou serviço para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo Contribuinte. Este novo entendimento, que na verdade não conduz à divergência em relação à decisão no REsp indigitado, insere outros fundamentos para a delimitação dos Fl. 741DF CARF MF Processo nº 12571.000344/201011 Acórdão n.º 3201005.006 S3C2T1 Fl. 742 7 elementos que geram crédito assentado na essencialidade ou relevância a ser aferida no cotejo (desses elementos) com o processo produtivo ou a atividade desenvolvida pela empresa. A seguir os excertos do voto vista proferido pela Ministra Regina Helena Costa que acabou por pautar o entendimento exarado no voto condutor do Ministro Relator que considero relevantes para demonstrar o entendimento daquele Tribunal e adotálos neste voto: [...] Nesse cenário, penso seja possível extrair das leis disciplinadoras dessas contribuições o conceito de insumo segundo os critérios da essencialidade ou relevância, vale dizer, considerandose a importância de determinado item – bem ou serviço – para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte, tal como já expressei, no TRF da 3ª Região, no julgamento das Apelações Cíveis em Mandado de Segurança ns. 001235252.2010.4.03.6100/SP e 0005469 26.2009.4.03.6100/SP, respectivamente em 15.12.2011 e 31.05.2012. [...] Marco Aurélio Greco, ao dissertar sobre a questão, pondera: De fato, serão as circunstâncias de cada atividade, de cada empreendimento e, mais, até mesmo de cada produto a ser vendido que determinarão a dimensão temporal dentro da qual reconhecer os bens e serviços utilizados como respectivos insumos [...] O critério a ser aplicado, portanto, apóiase na inerência do bem ou serviço à atividade econômica desenvolvida pelo contribuinte (por decisão sua e/ou por delineamento legal) e o grau de relevância que apresenta para ela. Se o bem adquirido integra o desempenho da atividade, ainda que em fase anterior à obtenção do produto final a ser vendido, e assume a importância de algo necessário à sua existência ou útil para que possua determinada qualidade, então o bem estará sendo utilizado como insumo daquela atividade (de produção, fabricação), pois desde o momento de sua aquisição já se encontra em andamento a atividade econômica que – vista global e unitariamente – desembocará num produto final a ser vendido. (Conceito de insumo à luz da legislação de PIS/COFINS , in Revista Fórum de Direito Tributário RFDT, Belo Horizonte, n. 34, jul./ago. 2008, p. 6) [...] Demarcadas tais premissas, temse que o critério da essencialidade diz com o item do qual dependa, intrínseca e fundamentalmente, o produto ou o serviço, constituindo elemento estrutural e inseparável do processo produtivo ou da execução do serviço, ou, quando menos, a sua falta lhes prive de qualidade, quantidade e/ou suficiência. Fl. 742DF CARF MF Processo nº 12571.000344/201011 Acórdão n.º 3201005.006 S3C2T1 Fl. 743 8 Por sua vez, a relevância, considerada como critério definidor de insumo, é identificável no item cuja finalidade, embora não indispensável à elaboração do próprio produto ou à prestação do serviço, integre o processo de produção, seja pelas singularidades de cada cadeia produtiva (v.g., o papel da água na fabricação de fogos de artifício difere daquele desempenhado na agroindústria), seja por imposição legal (v.g., equipamento de proteção individual EPI), distanciandose, nessa medida, da acepção de pertinência, caracterizada, nos termos propostos, pelo emprego da aquisição na produção ou na execução do serviço.Desse modo, sob essa perspectiva, o critério da relevância revelase mais abrangente do que o da pertinência. [...] Como visto, consoante os critérios da essencialidade e relevância, acolhidos pela jurisprudência desta Corte e adotados pelo CARF, há que se analisar, casuisticamente, se o que se pretende seja considerado insumo é essencial ou de relevância para o processo produtivo ou à atividade desenvolvida pela empresa. Observandose essas premissas, penso que as despesas referentes ao pagamento de despesas com água, combustíveis e lubrificantes, materiais e exames laboratoriais, materiais de limpeza e equipamentos de proteção individual EPI, em princípio, inseremse no conceito de insumo para efeito de creditamento, assim compreendido num sistema de não cumulatividade cuja técnica há de ser a de "base sobre base". Todavia, a aferição da essencialidade ou da relevância daqueles elementos na cadeia produtiva impõe análise casuística, porquanto sensivelmente dependente de instrução probatória, providência essa, como sabido, incompatível com a via especial. Logo, mostrase necessário o retorno dos autos à origem, a fim de que a Corte a quo, observadas as balizas dogmáticas aqui delineadas, aprecie, em cotejo com o objeto social da empresa, a possibilidade de dedução dos créditos relativos a custos e despesas com:água, combustíveis e lubrificantes, materiais e exames laboratoriais, materiais de limpeza e equipamentos de proteção individual EPI. [...] Firmado nos fundamentos assentados, quanto ao alcance do conceito de insumo, segundo o regime da nãocumulatividade do PIS Pasep e da COFINS, entendo que a acepção correta é aquela em que o os bens e serviços cumulativamente atenda aos requisitos de: 1. essencialidade ou relevância, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de determinado item – bem ou serviço – para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte; Fl. 743DF CARF MF Processo nº 12571.000344/201011 Acórdão n.º 3201005.006 S3C2T1 Fl. 744 9 2. aferição casuística da essencialidade ou relevância, por meio do cotejo entre os elementos (bens e serviços) e o processo produtivo ou a atividade desenvolvida pela empresa; Assim, há de se verificar se o recorrente comprova a utilização dos insumos no contexto da atividade fabricação, produção ou prestação de serviço de forma a demonstrar que o gasto incorrido guarda relação de pertinência com o processo produtivo/prestação de serviço, mediante seu emprego, ainda que indireto, de forma que sua subtração implique ao menos redução da qualidade. Passo à análise da possibilidade de apropriação de créditos das contribuições nas despesas com bens e serviços na fase agrícola (plantio e cultivo), em que se inicia o processo industrial da agroindústria, como é o caso da contribuinte. Na linha de raciocínio assentada, depreendese que o processo produtivo considera todo o ciclo de produção e compõe o objeto de uma única pessoa jurídica, sendo indevido interpretálo como etapas distintas que se completam, e o direito ao crédito é concedido àquela em que se pressupõe uma industrialização mais efetiva ou a que resulta no bem final destinado à venda. Não há fundamento para tal, sequer autorização nos textos legais. As leis que regem a não cumulatividade atribuem o direito de crédito em relação ao custo de bens e serviços aplicados na "produção ou fabricação" de bens destinados à venda, inexistindo amparo legal para secção do processo produtivo da sociedade empresária agroindustrial em cultivo de matériaprima para consumo próprio e em industrialização propriamente dita, a fim de expurgar do cálculo do crédito os custos incorridos na fase agrícola da produção. Os custos incorridos com bens e serviços aplicados no reflorestamento e cultivo de madeira guardam estreita relação de emprego, relevância e essencialidade com o processo produtivo em suas variadas formas (aglomerados, compensados e laminados, e outros) e configuram custo de produção, razão pela qual integram a base de cálculo do crédito das contribuições nãocumulativas. Com base nesses fundamentos entendo pela possibilidade da contribuinte apropriarse dos créditos de PIS e Cofins decorrentes das despesas com peças e serviços empregados em caminhões, máquinas e implementos utilizados exclusivamente na etapa agrícola, do plantio à colheita da madeira, aplicados no processo industrial da pessoa jurídica, e atendidos todos os demais requisitos da Lei nº 10.637/2002 e 10.833/2003 pertinentes à matéria e que não incorram nas vedações previstas nos referidos textos. Análise das glosas O processo produtivo, inclusive com a indicação de bens e serviços que a contribuinte entende trataremse de insumos, foi descrito às folhas 13/14. A fiscalização, por amostragem de apenas alguns exemplares de notas fiscais, glosou créditos apropriados em relação a determinados bens e serviços por entender que são despesas gerais e não se tratam de itens que sofrem alterações, ou são aplicados ou consumidos na fabricação dos produtos da pessoa jurídica. Fl. 744DF CARF MF Processo nº 12571.000344/201011 Acórdão n.º 3201005.006 S3C2T1 Fl. 745 10 A DRJ corroborou integralmente o procedimento de glosa, validando os argumentos da fiscalização no tocante aos bens e serviços que não os consideram insumos. A seguir o resumo que se encontra no despacho decisório (fl. 533) dos itens não considerados insumos: Constatase que, além da análise restringirse a amostras, os bens e serviços agrupados em contas contábeis contêm rubricas de dispêndios associados à máquinas ou equipamentos de etapa do processo produtivo (fase agrícola ou de fabricação), mormente quando se depara com descrições de materiais ou serviços de "manutenção de veículo", "combustíveis e lubrificantes", "material de consumo", "material de embalagem". A recorrente contesta a justificativa da autoridade fiscal com argumentos de que os bens e serviços que tomou crédito são aplicados na processo produtivo e fabril e se encontram perfeitamente enquadrados no conceito de insumos e de custos e despesas autorizados pela legislação do Imposto de Renda. Fl. 745DF CARF MF Processo nº 12571.000344/201011 Acórdão n.º 3201005.006 S3C2T1 Fl. 746 11 Os julgadores da primeira instância decidiram negar os créditos com os bens e serviços listados fundados no argumento de que suas descrições indicam não se tratarem de insumos empregados no processo produtivo, pois não atendem a exigência de aplicação direita ou consumo na fabricação dos bens destinados à venda. A posição intermediária adotada pela Turma para considerar despesas geradoras do direito creditório como aquelas em que o bem/serviço participa do processo produtivo de forma essencial e necessária exige a demonstração pela interessada. Por um lado, a contribuinte descreveu as etapas de plantio à fabricação de seus produtos, indicando os dispêndios com bens e serviços; de outro, a fiscalização não suscitou qualquer insuficiência probatória, vez que fundamentou seu despacho decisório de glosas na impossibilidade de conceder crédito quando bem ou serviço não integrar o processo de fabricação. Da análise conjunta da relação dos itens glosados e da síntese das contas contábeis que relacionam os dispêndios, apresentadas pela recorrente em atendimento à intimação fiscal, evidenciamse os itens que segundo as balizas assentadas neste voto são considerados insumos do processo produtivo e de fabricação do produto destinado a venda, ou empregados em veículos, máquinas e equipamentos do processo produtivo e/ou industrial. Dessa forma revertemse as glosas de créditos com despesas nos itens a seguir relacionados, atendidos aos demais requisitos da legislação das Contribuições não cumulativas, em especial dos §§ 2º e 3º do art. 3º das Leis nºs. 10.637/2002 e 10.833/2003, com a observação adicional de que, em se tratando de bens/serviços cujos dispêndios são incorporados ao Ativo Imobilizado, os créditos concedidos limitamse ao valor da depreciação (e não de despesas), conforme as regras contábeis, e art. 3º, inciso VII do caput, e inciso III o §1º, das Leis 10.833/2003 e 10.637/2002: 1. Materiais de manutenção de veículos, empregados nas atividades de produção e industrialização; 2. Combustíveis e lubrificantes, utilizados em máquinas, veículos e equipamentos da produção e industrialização; 3. Material utilizado em manutenção de maquinário da produção e fabricação; 4. Material elétrico utilizado em manutenção de maquinário e instalações da produção e fabricação; 5. Material de consumo do processo produtivo ou industrial (resina, farinha de trigo industrial, farinha de côco, massa matex acrílica, lixa, tinta); 6. Material de embalagem utilizado para armazenagem ou transporte do produto acabado (embalagens plásticas, fitas de aço, cantoneiras plásticas); 7. Serviços de manutenção de veículo e maquinário da produção e fabricação (despesas com corte de madeira). Fl. 746DF CARF MF Processo nº 12571.000344/201011 Acórdão n.º 3201005.006 S3C2T1 Fl. 747 12 De outra banda, itens de manutenção não relacionados a veículos, máquinas e equipamentos das etapas de produção e fabricação, por ausência de previsão legal e/ou não essenciais ou relevantes à produção/fabricação, não admitem o crédito de seus dispêndios. As despesas efetuadas com serviços relacionados à manutenção e construções de estradas, edificações e instalações prediais são custos necessários e inerentes ao exercício da atividade do Contribuinte, mas que de acordo com a legislação não permitem o aproveitamento do crédito decorrente destas despesas, mas sim relativas aos encargos com a depreciação do ativo imobilizado, quando comprovados e na forma prevista na legislação. Dessa forma, não há como a empresa creditarse diretamente da contribuição incidente sobre tais gastos, devendo ser observada a legislação vigente quanto às regras atinentes à depreciação. Assim, não se permite crédito com dispêndios de (i) material de uso geral, manutenção de instalações prediais, conservação e limpeza; e (ii) bens e serviços da etapa de reflorestamento/colheita (abertura de estradas com tratores e maquinários específicos, construção de bueiros, pontilhões para acesso dos veículos). Os créditos provenientes de encargos de depreciação de bens do ativo imobilizado foram glosados no tocante àqueles da etapa de plantio, reflorestamento e colheita. Revertemse tais glosas, pois que tal etapa inseremse na atividade industrial, assim considerada em seu todo, com assentado alhures. Exceção aos bens não efetivamente utilizados no plantio, reflorestamento e corte (como é o caso, por exemplo, de veículos que não se destinam ao corte e transporte de madeira) e os que não atendam aos demais requisitos da legislação, concernentes às Contribuições e às regras de depreciação. Por fim, em relação ao valepedágio, com razão a decisão recorrida. As despesas com o pagamento de pedágios não são insumos, serviços e nem se configura frete na operação de venda. Tratase de mera retribuição, pelo direito de passagem, mediante taxa ou tarifa (preço público), a uma autarquia ou uma concessionária de bem público. São ainda desprovidas de autorização em dispositivos legais para o creditamento. Conclusão Diante de todo o exposto, voto para DAR PARCIAL PROVIMENTO ao recurso voluntário para conceder o crédito das contribuições para o PIS/Cofins, revertendose as glosas efetuadas, atendidas os demais requisitos dos §§ 2º e 3º dos arts. 3º das Leis nºs. 10.637/2002 e 10.833/2003 e legislação pertinente à matéria: 1. Bens e serviços utilizados na manutenção de veículos, máquinas e equipamentos aplicados nas etapas de produção agrícola e de fabricação de derivados de madeira, quando não inseridos no valor contábil do ativo imobilizado; a. Materiais de manutenção de veículos, empregados nas atividades de produção e industrialização; b. Material utilizado em manutenção de maquinário da produção e fabricação; Fl. 747DF CARF MF Processo nº 12571.000344/201011 Acórdão n.º 3201005.006 S3C2T1 Fl. 748 13 c. Material elétrico utilizado em manutenção de maquinário da produção e fabricação; d. Serviços de manutenção de veículo e maquinário da produção e fabricação (despesas com corte de madeira). 2. Combustíveis e lubrificantes, utilizados em máquinas, veículos e equipamentos da produção e industrialização; 3. Material de consumo do processo produtivo ou industrial (resina, farinha de trigo industrial, farinha de côco, massa matex acrílica, lixa, tinta); 4. Material de embalagem utilizado para armazenagem ou transporte do produto acabado (embalagens plásticas, fitas de aço, cantoneiras plásticas); 5. Encargos de depreciação de veículos, máquinas e equipamentos utilizados nas etapas de produção agrícola e de fabricação de derivados de madeira, conforme regras de contabilização. (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Fl. 748DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10708.000243/2006-38
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 28 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Apr 15 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2004, 2005, 2006
APRESENTAÇÃO DE PEDIDO DE RESTITUIÇÃO EM FORMULÁRIO (PAPEL). VEDAÇÃO, EM REGRA, POR NORMA INFRALEGAL. LEGITIMIDADE. NÃO CONHECIMENTO DA MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE E DE RECURSO VOLUNTÁRIO.
As Instruções Normativas da Receita Federal, como o fez a de nº 600/2005, podem condicionar a tramitação dos Pedidos de Restituição/Ressarcimento e Declarações de Compensação à sua transmissão por meio eletrônico (via Programa PER/DCOMP), não acatando, salvo em situações muito específicas, a apresentação em formulário (papel), sob pena de considerar o pedido não formulado, do que decorre sua não apreciação no âmbito das DRJs e do CARF por ausência de previsão no Processo Administrativo Fiscal.
Numero da decisão: 3201-005.210
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201903
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2004, 2005, 2006 APRESENTAÇÃO DE PEDIDO DE RESTITUIÇÃO EM FORMULÁRIO (PAPEL). VEDAÇÃO, EM REGRA, POR NORMA INFRALEGAL. LEGITIMIDADE. NÃO CONHECIMENTO DA MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE E DE RECURSO VOLUNTÁRIO. As Instruções Normativas da Receita Federal, como o fez a de nº 600/2005, podem condicionar a tramitação dos Pedidos de Restituição/Ressarcimento e Declarações de Compensação à sua transmissão por meio eletrônico (via Programa PER/DCOMP), não acatando, salvo em situações muito específicas, a apresentação em formulário (papel), sob pena de considerar o pedido não formulado, do que decorre sua não apreciação no âmbito das DRJs e do CARF por ausência de previsão no Processo Administrativo Fiscal.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Apr 15 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 10708.000243/2006-38
anomes_publicacao_s : 201904
conteudo_id_s : 5988136
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Apr 15 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 3201-005.210
nome_arquivo_s : Decisao_10708000243200638.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
nome_arquivo_pdf_s : 10708000243200638_5988136.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza - Presidente (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
dt_sessao_tdt : Thu Mar 28 00:00:00 UTC 2019
id : 7697202
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:42:06 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051660107907072
conteudo_txt : Metadados => date: 2019-04-09T17:13:53Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.5; xmp:CreatorTool: pdfsam-console (Ver. 2.4.3e); access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; dcterms:created: 2019-04-09T17:13:53Z; Last-Modified: 2019-04-09T17:13:53Z; dcterms:modified: 2019-04-09T17:13:53Z; dc:format: application/pdf; version=1.5; Last-Save-Date: 2019-04-09T17:13:53Z; pdf:docinfo:creator_tool: pdfsam-console (Ver. 2.4.3e); access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2019-04-09T17:13:53Z; meta:save-date: 2019-04-09T17:13:53Z; pdf:encrypted: true; modified: 2019-04-09T17:13:53Z; Content-Type: application/pdf; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; meta:creation-date: 2019-04-09T17:13:53Z; created: 2019-04-09T17:13:53Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; Creation-Date: 2019-04-09T17:13:53Z; pdf:charsPerPage: 1681; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; pdf:docinfo:created: 2019-04-09T17:13:53Z | Conteúdo => S3C2T1 Fl. 263 1 262 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10708.000243/200638 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3201005.210 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 28 de março de 2019 Matéria PIS_COFINS CUMULATIVO PEDIDO DE RESTITUIÇÃO Recorrente VATOA HOTELS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2004, 2005, 2006 APRESENTAÇÃO DE PEDIDO DE RESTITUIÇÃO EM FORMULÁRIO (PAPEL). VEDAÇÃO, EM REGRA, POR NORMA INFRALEGAL. LEGITIMIDADE. NÃO CONHECIMENTO DA MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE E DE RECURSO VOLUNTÁRIO. As Instruções Normativas da Receita Federal, como o fez a de nº 600/2005, podem condicionar a tramitação dos Pedidos de Restituição/Ressarcimento e Declarações de Compensação à sua transmissão por meio eletrônico (via Programa PER/DCOMP), não acatando, salvo em situações muito específicas, a apresentação em formulário (papel), sob pena de considerar o pedido não formulado, do que decorre sua não apreciação no âmbito das DRJs e do CARF por ausência de previsão no Processo Administrativo Fiscal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 70 8. 00 02 43 /2 00 6- 38 Fl. 263DF CARF MF Processo nº 10708.000243/200638 Acórdão n.º 3201005.210 S3C2T1 Fl. 264 2 Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório Para bem relatar os fatos, transcrevese o relatório da decisão proferida pela autoridade a quo no Acórdão nº 1338.471: Tratase de pedido de restituição de pagamentos a maior de COF1NS e PIS, no valor total de R$ 138.709,26, apresentado à Receita Federal em 10/10/2006, utilizando o formulário de que trata a IN SRF n° 600/2005 (fls. 01). Para fundamentar seu pedido, a interessada apresentou, entre outros documentos, a petição de fls. 51/57, uma planilha relacionada com os pagamentos a maior de COFINS e respectivos documentos de arrecadação DARF (fls. 02/26) e uma planilha relacionada com os pagamentos a maior de PIS e respectivos documentos de arrecadação DARF (fls. 27/50). Posteriormente à formalização do pedido de restituição, a interessada vinculou ao crédito pleiteado as seguintes declarações de compensação eletrônicas de n° (fls. 84/197): 26155.94489.139306.1.3.045406, 27080.92435.141106.1.3.041216, 37044.32844.151206.1.3.040351, 34651.78277.150107.1.3.047124, 22077.15932.140207.1.3.040544, 16315.23722.200307.1.3.041103, 32463.97636.200407.1.3.049631, 02094.60782.170507.1.3.040480, 26274.17262.200607.1.3.044599, 10865.12146.200707.1.3.044324, 31099.40175.200807.1.3.041327, 41454.91373.200907.1.3.041098, 17904.47551.191007.1.3.046012, 18833.30698.161107.1.3.047748, 04310.22470.201207.1.3.045605, 38771.85757.180108.1.3.042640, 01254.65398.240108.1.3.042302, 28507.50592.190208.1.3.049919, 18296.98734.190308.1.3.044936. Em 18/03/2009, por meio do Despacho Decisório de fls. 200/201 a Delegada da DRF Volta Redonda considerou como não formulado o pedido de restituição e não homologadas as compensações objetos das declarações de compensação. Do Parecer que amparou o despacho decisório, transcrevese o seguinte trecho: “... O pedido de restituição, conforme relatado, foi apresentado em formulário de papel em 10/10/2006. Porém, desde Fl. 264DF CARF MF Processo nº 10708.000243/200638 Acórdão n.º 3201005.210 S3C2T1 Fl. 265 3 28/05/2003, início da vigência da IN SRF n° 323, de 24 de abril de 2003, que alterou dispositivos da Instrução Normativa SRF n° 210, de 30 de setembro de 2002, não se admite, em requerimentos dessa natureza, a sua formalização mediante o preenchimento de formulário em papel, sendo por meio eletrônico a via adequada, mediante o uso do programa PER/DCOMP, salvo nas hipóteses em que a restituição do crédito para com a Fazenda Nacional, embora admitida pela legislação federal, não possa ser requerida à Receita Federal mediante utilização do programa PER/DCOMP. O descumprimento dessa regra resulta em considerar o pedido de restituição como não formulado, a não ser que se comprove a impossibilidade de utilização do programa PER/DCOMP, consoante art. 76, §§ 2º a 4º, da IN SRF n° 600, de 28 de dezembro de 2005, então vigente à época da apresentação do pedido, o que não ocorreu. Por consequência, o pedido de restituição deve ser considerado como não formulado, nos termos do art. 31 da SRF n° 600/2005, o que não obsta que a interessada apresente novo pedido de restituição, desde que utilize a via eletrônica, mediante o programa PER/DCOMP. Em decorrência da inexistência no âmbito do presente processo do crédito pleiteado, as compensações declaradas não devem ser homologadas. Diante do exposto, proponho que o pedido de restituição apresentado seja considerado como não formulado e que as compensações objeto das declarações de compensação não sejam homologadas, adotandose as providências inerentes aos ajustes pertinentes nos sistemas de controle da RFB, à cobrança dos débitos não compensados e à ciência do inteiro teor deste despacho decisório ao interessado...” Cientificada, a Interessada, inconformada, ingressou com a manifestação de inconformidade de fls. 208/215, na qual requer, em síntese, que: 1. Sejam anulados o Comunicado 351/2011 e o Despacho Decisório do Processo Administrativo, uma vez desprovidos de base legal. 2. Seja considerado formulado o Pedido de Restituição, pois foram cumpridas as regras da Instrução Normativa n° 600/2008 ao anexar ao pedido toda documentação comprobatória do direito creditório, entre outros documentos, conforme exceção prevista em lei. 3. Seja reconhecido o direito creditório e homologado o crédito constante no Pedido de Restituição referenciado, pelas razões e fundamentos expostos. 4. Sejam homologadas as compensações objeto das Declarações de Compensações efetuadas relativas ao referido PA. Fl. 265DF CARF MF Processo nº 10708.000243/200638 Acórdão n.º 3201005.210 S3C2T1 Fl. 266 4 5. Seja anulada a exigibilidade do crédito tributário em epígrafe. 6. Seja, alternativamente, suspensa a exigibilidade do crédito tributário nos termos do inciso III, do art. 151, do Código Tributário Nacional, até decisão final administrativa. 7. No caso de indeferimento da presente manifestação de inconformidade, contenha os fatos e fundamentos jurídicos da decisão da Autoridade Administrativa, em todos os tópicos até aqui expendidos e de acordo com os preceitos da nossa Carta Magna, da legislação especial de regência da matéria, da legislação tributária vigente e em conformidade com os preceitos contidos na Lei n° 9.784/99. É o relatório. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro I por intermédio da 4ª Turma, no Acórdão nº 1338.471, sessão de 23/11/2011, não conheceu da manifestação de inconformidade e não reconheceu o direito creditório da contribuinte. A decisão foi assim ementada: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Exercício: 2004, 2005, 2006 RESTITUIÇÃO. PEDIDO NÃO FORMULADO. Deixase de analisar as alegações, haja vista não existir autorização normativa para utilização do rito previsto no Decreto 70.235/72 (PAF) em casos tais quais o presente. Manifestação de Inconformidade Não Conhecida Direito Creditório Não Reconhecido Inconformada a contribuinte, apresentou recurso voluntário no qual repisa os mesmos argumentos para pleitear o reconhecimento do direito creditório e a homologação das declarações de compensações. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, Relator O litígio cingese à decisão da Unidade de Origem ao considerar o pedido de restituição não formulado em razão de sua apresentação em formulário papel, sem que houvesse justificativa da impossibilidade de utilização do PER/DCOMP eletrônico e, por conseguinte, não homologou as compensações declaradas. A DRJ recebeu a manifestação de inconformidade somente como petição, nos termos do art. 5º, XXXIV, "a" da CF/88, e como tal não a apreciou pois entendeu que sua Fl. 266DF CARF MF Processo nº 10708.000243/200638 Acórdão n.º 3201005.210 S3C2T1 Fl. 267 5 natureza é de recurso hierárquico a teor do art. 56 da Lei 9.784/991. Explicitou que conforme o § 9º do art. 74 da Lei nº 9.430/96 e art. 66 da IN RFB nº 900/2012 a manifestação de inconformidade é cabível nos casos de indeferimento de pedido de restituição e/ou não homologação da compensação, mas não diante de decisão que considera não formulado o pedido de restituição ou não declarada a compensação. O art. 74 da Lei nº 9.430/96: Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. (Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002) [...] § 7o Não homologada a compensação, a autoridade administrativa deverá cientificar o sujeito passivo e intimálo a efetuar, no prazo de 30 (trinta) dias, contado da ciência do ato que não a homologou, o pagamento dos débitos indevidamente compensados.(Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) [...] § 9o É facultado ao sujeito passivo, no prazo referido no § 7o, apresentar manifestação de inconformidade contra a não homologação da compensação. § 10. Da decisão que julgar improcedente a manifestação de inconformidade caberá recurso ao Conselho de Contribuintes. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) § 11. A manifestação de inconformidade e o recurso de que tratam os §§ 9o e 10 obedecerão ao rito processual do Decreto no 70.235, de 6 de março de 1972, e enquadramse no disposto no inciso III do art. 151 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional, relativamente ao débito objeto da compensação. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) O art. 66 da IN RFB nº 900/2012: Art. 66. É facultado ao sujeito passivo, no prazo de 30 (trinta) dias, contados da data da ciência da decisão que indeferiu seu 1 Art. 56. Das decisões administrativas cabe recurso, em face de razões de legalidade e de mérito. § 1º O recurso será dirigido à autoridade que proferiu a decisão, a qual, se não a reconsiderar no prazo de cinco dias, o encaminhará à autoridade superior. § 2º Salvo exigência legal, a interposição de recurso administrativo independe de caução. § 3º Se o recorrente alegar que a decisão administrativa contraria enunciado da súmula vinculante, caberá à autoridade prolatora da decisão impugnada, se não a reconsiderar, explicitar, antes de encaminhar o recurso à autoridade superior, as razões da aplicabilidade ou inaplicabilidade da súmula, conforme o caso. (Incluído pela Lei nº 11.417, de 2006). Fl. 267DF CARF MF Processo nº 10708.000243/200638 Acórdão n.º 3201005.210 S3C2T1 Fl. 268 6 pedido de restituição, ressarcimento ou reembolso ou, ainda, da data da ciência do despacho que não homologou a compensação por ele efetuada, apresentar manifestação de inconformidade contra o não reconhecimento do direito creditório ou a não homologação da compensação. [...] § 8º Não cabe manifestação de inconformidade contra a decisão que considerou não declarada a compensação ou não formulado o pedido de restituição, ressarcimento ou reembolso, bem como da decisão que não admitiu a retificação de que tratam os arts. 76 a 79 ou indeferiu o pedido de cancelamento de que trata o art. 82. Ora, se não cabe pedido de manifestação de inconformidade contra decisão que considerou não formulado o pedido de restituição, pela mesma razão não se conhece de recurso voluntário por inexistência de objeto – uma decisão que tenha julgado um pedido de restituição e das declarações de compensações vinculadas. O Decreto nº 7.574, que regulamenta o PAF, apenas prevê a possibilidade de interposição de recursos contra a não homologação de compensação e o indeferimento de pedido de restituição, in verbis: Art. 119. É facultado ao sujeito passivo, no prazo referido no art. 110, apresentar manifestação de inconformidade contra a não homologação da compensação (Lei no 9.430, de 1996, art. 74, § 9o, incluído pela Lei no 10.833, de 2003, art. 17). § 1o Da decisão que julgar improcedente a manifestação de inconformidade caberá recurso ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Lei no 9.430, de 1996, art. 74, § 10, incluído pela Lei no 10.833, de 2003, art. 17; Decreto no 70.235, de 1972, art. 25, inciso II, com a redação dada pela Lei no 11.941, de 2009, art. 25). § 2o A manifestação de inconformidade e o recurso de que tratam o caput e o § 1o obedecerão ao rito processual do Decreto no 70.235, de 1972 (Título II deste Regulamento), e enquadramse no disposto no inciso III do art. 151 da Lei nº 5.172, de 1966 Código Tributário Nacional, relativamente ao débito objeto da compensação (Lei no 9.430, de 1996, art. 74, § 11, incluído pela Lei no 10.833, de 2003, art. 17). [...] Art. 120. É facultado ao sujeito passivo, no prazo de trinta dias, contados da data da ciência da decisão que indeferiu seu pedido de restituição, ressarcimento ou reembolso, apresentar manifestação de inconformidade, junto à Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento competente, contra o não reconhecimento do direito creditório (Lei no 8.748, de 1993, art. 3o, inciso II; Lei no 9.019, de 1995, art. 7o, §§ 1o e 5o). Fl. 268DF CARF MF Processo nº 10708.000243/200638 Acórdão n.º 3201005.210 S3C2T1 Fl. 269 7 Parágrafo único. Da decisão que julgar improcedente a manifestação de inconformidade, caberá recurso ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Como se vê da leitura dos dispositivos o recurso voluntário somente é cabível quando houver decisão que julgar improcedente a manifestação de inconformidade contra não homologação de compensação (§ 1º, art. 119) e de indeferimento de pedido de restituição (parágrafo único do art. 120). Ademais, conquanto apenas introduzido pelo Decreto nº 8.853/2016, o art. 119A, prevê recursos contra decisão que considerar a compensação não declarada a serem julgados no âmbito da Receita Federal: Subseção IA (Incluído pelo Decreto nº 8.8 53, de 2016) Dos Recursos Contra a Decisão que Considerar a Compensação Não Declarada Art. 119A. É facultado ao sujeito passivo, nos termos do art. 56 ao art. 65 da Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999, apresentar recurso, no prazo de dez dias, contado da data da ciência, contra a decisão que considerar a compensação não declarada. (Incluído pelo Decreto nº 8.853, de 2016) Parágrafo único. O recurso de que trata o caput: (Incluído pelo Decreto nº 8.853, de 2016) [...] II será decidido em última instância pelo titular da Superintendência Regional da Receita Federal do Brasil, com jurisdição sobre o domicílio tributário do recorrente. (Incluído pelo Decreto nº 8.853, de 2016) Dessa forma, por absoluta falta de previsão para apreciações de pedidos de crédito e de declarações de compensação considerados não formulados/declaradas, não se conheçe do recurso voluntário. Conclusão Ante o exposto, voto para não conhecer do recurso voluntário interposto. (assinado digitalmente) Paulo Roberto Duarte Moreira Fl. 269DF CARF MF
score : 1.0