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Numero do processo: 13888.901108/2014-39
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 11 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Jul 04 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2009
DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA.
Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa.
Numero da decisão: 1402-003.070
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar de nulidade do Acórdão a quo e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário, mantendo a decisão recorrida, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Paulo Mateus Ciccone Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogério Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Edgar Bragança Bazhuni, Leonardo Luis Pagano Goncalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Paulo Mateus Ciccone (presidente).
Nome do relator: PAULO MATEUS CICCONE
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2009 DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar de nulidade do Acórdão a quo e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário, mantendo a decisão recorrida, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone – Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogério Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Edgar Bragança Bazhuni, Leonardo Luis Pagano Goncalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Paulo Mateus Ciccone (presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 8. 90 11 08 /2 01 4- 39 Fl. 47DF CARF MF Processo nº 13888.901108/201439 Acórdão n.º 1402003.070 S1C4T2 Fl. 3 2 Relatório A origem do litígio aqui presente remonta ao Despacho Decisório exarado em relação ao pedido original da contribuinte expresso em PER/DCOMP apresentado perante a Autoridade Tributária de sua jurisdição e no qual buscou ver reconhecido seu direito creditório e consequente compensação com débitos de sua responsabilidade. O requerido foi indeferido sob entendimento do DD de que "a partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP". Irresignada, a contribuinte interpôs manifestação de inconformidade que, apreciada em 1ª Instância pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento (fls. nos autos), foi julgada improcedente, não reconhecendo o direito creditório pleiteado. Discordando do r. decisum, a contribuinte interpôs recurso voluntário tempestivo no qual reafirma a correção de seu procedimento e requer a reforma da decisão de 1º Piso de forma a reconhecer o direito creditório buscado e homologar a compensação requerida, aduzindo, em síntese, os seguintes argumentos: PRELIMINARMENTE 1. que, “a r. decisão primitiva sequer detalhou ou especificou por quais razões o contribuinte ora recorrente não possuiria o crédito que alega possuir, eis que haviam vários outros elementos que poderiam, e deveriam, ser analisados, e se os fossem, certamente permitiriam inferirse de modo diverso, análise esta que era condição sine qua non para alicerçar as razões de decidir do despacho decisório”; 2. que, “em outras palavras, foi dificultado ao recorrente repelir, amplamente, a decisão do julgador de primeiro grau, o que é direito constitucionalmente assegurado. A falta destes elementos concretos, fundamentos embasados na legislação, e de dados que pudessem permitir ao contribuinte contra razoar o r. despacho rescisório implicam na anulação do mesmo, pois ao não garantir o amplo direito de defesa à recorrente, o r. despacho decisório avilta também, conseqüentemente, o princípio do devido processo legal”; 3. que, “na falta de elementos que confiram ao contribuinte chance de defenderse amplamente da r. decisão do órgão fiscal originário, o presente processo administrativo não terá seu deslinde normal, razão pela contrariouse o consagrado devido processo legal”; 4. que, “ante à ausência de fundamentos legais imprescindíveis, desde o momento em que foi exarado o r. despacho decisório o curso deste processo administrativo foi atingido por uma nulidade, o que somente poderá ser sanada Fl. 48DF CARF MF Processo nº 13888.901108/201439 Acórdão n.º 1402003.070 S1C4T2 Fl. 4 3 através da integral anulação do processo administrativo desde o início, inclusive do V. Acórdão recorrido que manteve o despacho decisório”; 5. que, “requerse que estes Ínclitos Julgadores em sede prelibatória anulem este processo administrativo desde o r. despacho decisório de origem, determinando o retorno dos autos à origem para que seja preferida decisão compatível com os princípios que norteiam os processos administrativos”. NO MÉRITO Depois de fazer breve histórico da COFINS e do PIS, aponta para decisão prolatada pelo STF acerca da inclusão do ICMS na base de cálculo naquelas contribuições. Literalmente: “Recentemente a matéria foi definitivamente arraigada pelo C. Supremo Tribunal Federal quando do julgamento do Recurso Extraordinário nº 240.7852 MG, onde o contribuinte se consagrou vencedor e foi definitivamente julgada a questão no sentido de que se deve excluir o ICMS da base de cálculo do PIS e COFINS. Oportuno ressaltar os ensinamentos do Min. Marco Aurélio que nos autos do aludido julgamento cravou: (...) Assim, somente se pode concluir que o valor do ICMS não pode ser incluído na base de cálculo da COFINS e do PIS, por não ser incluído no conceito de "faturamento", mas mero "ingresso" na escrituração contábil das empresas, razão pela qual por todas as razões aqui expendidas, bem assim pelo quanto retro sustentado, é que se faz de solar clareza a necessidade de reformar a r. decisão guerreada e homologar as compensações levadas a termo através das PERDCOMPs cotejadas. Reiterese, porque se cuida de decisão recente e nova no mundo tributário, posto que o Supremo Tribunal Federal decidiu definitivamente que o ICMS não entra na base de cálculo da Cofins e do PIS (Recurso Extraordinário nº 240.7852 MG), de modo que a inclusão do ICMS na base de cálculo das Contribuições ao PIS e à Cofins é ilegítima e inconstitucional, pois fere o princípio da estrita legalidade previsto no artigo 150, I da CF/88 e 97 do CTN, o artigo 195, I, “b” da CF/88 e o art. 110 do CTN, porque receita e faturamento são conceitos de direito privado que não podem ser alterados, pois a Constituição Federal os utilizou expressamente para definir competência tributária, pelo que resta evidente o crédito da Recorrente e se requer a reforma do V. Acórdão neste particular para que sejam definitivamente homologadas as compensações levadas a termo pelo contribuinte recorrente”. DO DIREITO DO CONTRIBUINTE À COMPENSAÇÃO Prossegue argumentando ter direito à compensação em face da exclusão do ICMS das bases de cálculo do PIS e da COFINS e que, por este motivo, “caberia à Autoridade recorrida verificar o crédito do Recorrente, para aferir pela sua procedência ou não, sendo certo que se assim o fizesse a autoridade administrativa singular, certamente homologaria a compensação em Fl. 49DF CARF MF Processo nº 13888.901108/201439 Acórdão n.º 1402003.070 S1C4T2 Fl. 5 4 apreço, sendo que de tudo quanto exposto, somente se pode inferir que o V. Acórdão em questão deve mesmo ser reformado, o que se requer adiante”. DO PEDIDO E conclui requerendo “o regular processamento, ulterior apreciação, concessão de efeito suspensivo e PROVIMENTO TOTAL ao presente RECURSO VOLUNTÁRIO, para o fim de reformar o V. Acórdão exarado pela instância a quo, para que, preliminarmente, seja reformado o V. Acórdão recorrido para que seja anulado o vertente processo administrativo, nos moldes da fundamentação supra, tendo em vista a ofensa ao princípio do contraditório e do devido processo legal, e para que, no seu mérito, seja reformado o V. Acórdão recorrido para que sejam homologadas as almejadas compensações e finalmente reconhecido o crédito da Recorrente”. É o relatório do essencial, em apertada síntese. Voto Conselheiro Paulo Mateus Ciccone Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1402003.018, de 11/04/2018, proferido no julgamento do Processo nº 13888.901078/2014 61, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1402003.018): "O Recurso Voluntário é tempestivo e dotado dos pressupostos para sua admissibilidade, pelo que o recebo e dele conheço. Afasto, de plano, a preliminar de nulidade do acórdão a quo, tendo em vista não presentes quaisquer fatos que pudessem levar a esta decisão. De fato, o que se observa é a irresignação da recorrente em razão da decisão de 1º Piso lhe ter sido desfavorável e não porque tenha o aresto qualquer ponto ou item que afronte a legislação ou atos processuais e possa levar à sua anulação. Digase, o acórdão foi prolatado em estrita obediência às normas legais e regimentais, foram apreciadas todas as provas e Fl. 50DF CARF MF Processo nº 13888.901108/201439 Acórdão n.º 1402003.070 S1C4T2 Fl. 6 5 documentos acostados aos autos e analisada a manifestação da contribuinte. Se o decidido lhe foi desfavorável não significa nulidade. Só entendimento da Turma Julgadora. Preliminar rejeitada. Passo ao mérito. Sabidamente, o ônus da prova cabe ao autor quanto ao fato constitutivo do seu direito (Código do Processo Civil – CPC/1973, art. 333, I; atual CPC, artigo 373, I). No caso de pedidos de ressarcimento ou restituição, o interessado deve trazer provas de que possui direito líquido e certo contra a Fazenda Pública e assim deve ser repetido tributariamente para recompor o patrimônio subtraído por pagamento de um tributo de forma indevida. Não o fazendo, suas alegações ficam meramente neste terreno e seu direito se perde. Em outro dizer, a existência de crédito líquido e certo é requisito legal para a concessão da compensação (CTN, art. 170). Pelo princípio da Indisponibilidade do Interesse Público e pela vinculação da função pública, é inadmissível que a RFB aceite a extinção do tributo por compensação com crédito que não seja comprovadamente certo nem possa ser quantificado. Concretamente, se o DARF indicado como crédito foi utilizado para pagamento de um tributo declarado pelo próprio contribuinte, a decisão da RFB de indeferir o pedido de restituição ou de não homologar a compensação está correta. No caso, o DARF foi utilizado para pagamento do tributo confessado na Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF), informação da lavra da própria contribuinte. É certo que este quadro pode ser alterado. Mas isso exige prova concreta por parte da contribuinte, afinal é ela a autora e para modificar o ato administrativo cabelhe demonstrar onde está o erro no valor declarado ou nos cálculos efetuados pela RFB. Não o fazendo – como não o fez , o indeferimento permanece. Acresçase que, concretamente, a contribuinte não acostou um documento sequer, nem escrituração contábil ou fiscal que possa mostrar o direito que alega ter. Sua linha de argumento limitase em afirmar que a Suprema Corte (em decisão ainda sem efeito erga omnes) teria decidido pela exclusão do ICMS da base de cálculo das contribuições sociais (PIS e COFINS), sem sequer quantificar o reflexo disso em seus demonstrativos contábeis. Fl. 51DF CARF MF Processo nº 13888.901108/201439 Acórdão n.º 1402003.070 S1C4T2 Fl. 7 6 Ou seja, meras alegações sem que tenham vindo aos autos quaisquer provas, cálculos ou decisão que lhe aproveitasse. Sabidamente, a base de cálculo das Contribuições para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público PIS/PASEP e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS é o faturamento. E que só pode ser mudado por via legislativa ou decisão judicial, esta que aproveite individualmente a recorrente ou que seja prolatada com efeito erga omnes. Não há, no caso, nem um nem outro. Desse modo, especificamente quanto ao Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação – ICMS, somente podem ser excluídos da receita (base de cálculo do PIS e da COFINS) o ICMS, quando cobrado pelo vendedor dos bens ou prestador dos serviços na condição de substituto tributário, no regime cumulativo, e a receita decorrente da transferência onerosa a outros contribuintes do ICMS de créditos de ICMS originados de operações de exportação em ambos os regimes. Admitir qualquer outra exclusão equivaleria a afastar a aplicação da lei, o que é vedado na esfera administrativa. Portanto, essa discussão é estéril em sede de julgamento administrativo. Finalmente, como bem observado pela decisão de 1º Piso, a recorrente transmitiu inúmeras declarações de compensação informando como crédito passível de compensação um único DARF e nos pedidos de compensação formalizados pela recorrente, os débitos que intenta compensar ultrapassam – e muito o valor desse suposto crédito. Por fim, não se olvide, só se permite compensação com a utilização de créditos dotados de liquidez e certeza (art. 170, do CTN): Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. (Vide Decreto nº 7.212, de 2010) E valores incomprovados não possuem estes requisitos. A jurisprudência administrativa é pacífica em torno do tema: PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. ÔNUS DA PROVA. A prova do indébito tributário, fato jurídico a dar fundamento ao direito de repetição ou à compensação, compete ao sujeito passivo que teria efetuado o Fl. 52DF CARF MF Processo nº 13888.901108/201439 Acórdão n.º 1402003.070 S1C4T2 Fl. 8 7 pagamento indevido ou maior que o devido. (Acórdão nº 10323579, sessão de 18/09/2008) Por todo o exposto, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário, mantendo a decisão recorrida.' Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, rejeito a preliminar de nulidade do Acórdão a quo e, no mérito, nego provimento ao recurso voluntário mantendo a decisão recorrida. (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone Fl. 53DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11080.912686/2012-07
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 08 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jun 19 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Ano-calendário: 2009
DECLARAÇÃO RETIFICADORA. PROVA INSUFICIENTE PARA COMPROVAR EXISTÊNCIA DE CRÉDITO DECORRENTE DE PAGAMENTO A MAIOR.
Para se comprovar a existência de crédito decorrente de pagamento a maior, comparativamente com o valor do débito devido a menor, é imprescindível que seja demonstrado na escrituração contábil-fiscal, baseada em documentos hábeis e idôneos, a diminuição do valor do débito correspondente a cada período de apuração. A simples entrega de declaração retificadora, por si só, não tem o condão de comprovar a existência de pagamento indevido ou a maior.
DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA.
Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e a existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa.
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. INEXISTÊNCIA DE CRÉDITO.
A restituição de créditos tributários só pode ser efetuada com crédito líquido e certo do sujeito passivo; no caso, o crédito pleiteado é inexistente.
Numero da decisão: 1001-000.482
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Lizandro Rodrigues de Sousa - Presidente.
(assinado digitalmente)
Edgar Bragança Bazhuni - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Lizandro Rodrigues de Sousa (presidente), Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues e Jose Roberto Adelino da Silva.
Nome do relator: EDGAR BRAGANCA BAZHUNI
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ementa_s : Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL Ano-calendário: 2009 DECLARAÇÃO RETIFICADORA. PROVA INSUFICIENTE PARA COMPROVAR EXISTÊNCIA DE CRÉDITO DECORRENTE DE PAGAMENTO A MAIOR. Para se comprovar a existência de crédito decorrente de pagamento a maior, comparativamente com o valor do débito devido a menor, é imprescindível que seja demonstrado na escrituração contábil-fiscal, baseada em documentos hábeis e idôneos, a diminuição do valor do débito correspondente a cada período de apuração. A simples entrega de declaração retificadora, por si só, não tem o condão de comprovar a existência de pagamento indevido ou a maior. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e a existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. INEXISTÊNCIA DE CRÉDITO. A restituição de créditos tributários só pode ser efetuada com crédito líquido e certo do sujeito passivo; no caso, o crédito pleiteado é inexistente.
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PROVA INSUFICIENTE PARA COMPROVAR EXISTÊNCIA DE CRÉDITO DECORRENTE DE PAGAMENTO A MAIOR. Para se comprovar a existência de crédito decorrente de pagamento a maior, comparativamente com o valor do débito devido a menor, é imprescindível que seja demonstrado na escrituração contábilfiscal, baseada em documentos hábeis e idôneos, a diminuição do valor do débito correspondente a cada período de apuração. A simples entrega de declaração retificadora, por si só, não tem o condão de comprovar a existência de pagamento indevido ou a maior. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e a existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. INEXISTÊNCIA DE CRÉDITO. A restituição de créditos tributários só pode ser efetuada com crédito líquido e certo do sujeito passivo; no caso, o crédito pleiteado é inexistente. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 91 26 86 /2 01 2- 07 Fl. 166DF CARF MF Processo nº 11080.912686/201207 Acórdão n.º 1001000.482 S1C0T1 Fl. 167 2 Lizandro Rodrigues de Sousa Presidente. (assinado digitalmente) Edgar Bragança Bazhuni Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Lizandro Rodrigues de Sousa (presidente), Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues e Jose Roberto Adelino da Silva. Relatório Tratase de pedido de reconhecimento de direito creditório interposto pela recorrente em face de decisão proferida pela 4ª Turma da DRJ/Brasília (DF), mediante o Acórdão nº 0356.250, de 17/10/2013 (efls. 40/44), objetivando a reforma do referido julgado. Em 21/06/2010, a contribuinte transmitiu pela internet, através do programa PER/DCOMP, o Pedido de Restituição nº 00579.44091.210610.1.2.040015 (efls. 35/37), no valor de R$ 1.572,26 (valor original), devido ao Pagamento Indevido ou a Maior da CSLL. O DARF informado apresenta as seguintes características: PERÍODO DE APURAÇÃO CÓDIGO DE RECEITA VALOR PRINCIPAL VALOR TOTAL DATA DE ARRECADAÇÃO 30/06/2009 2372 63.852,73 63.852,73 31/07/2009 Em 05/12/2012, a DRF/Porto Alegre emitiu Despacho Decisório (eletrônico), efl. 31, denegando o direito creditório pleiteado, com a seguinte fundamentação: A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para restituição. A contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade (efls. 02/03), juntando ainda documentos, cujas razões, em resumo, que teria ocorrido erro de preenchimento na DCTF original e que teria retificado a declaração no intuito de comprovar a existência do crédito pleiteado, relata fatos e solicita a revisão do Despacho, bem como a suspensão da cobrança do crédito tributário. Ciente da decisão da DRJ de Brasília, que julgou a manifestação de inconformidade improcedente, em 25/10/2013, por Aviso de Recebimento –AR (efl. 46), a contribuinte apresentou Recurso Voluntário de efls. 48/50, em 14/11/2013, juntando ainda documentos e reiterando as razões já suscitadas na manifestação de inconformidade na instância a quo, porém acrescentou: Fl. 167DF CARF MF Processo nº 11080.912686/201207 Acórdão n.º 1001000.482 S1C0T1 Fl. 168 3 que discorda da decisão recorrida, no que concerne à não apresentação de documentos hábeis e idôneos que pudessem comprovar a CSLL devida no PA 2º trimestre/2009 e o pagamento a maior ou indevido; que no anocalendário 2009 os resultados foram submetidos à tributação pelo lucro presumido trimestral, pelo regime de caixa; que a base de cálculo da CSLL são os valores efetivamente recebidos no período, mais as receitas financeiras, informações constante da DACON; que durante o anocalendário 2009 prestou informações, mensalmente, à RFB, acerca da apuração das contribuições sociais na DACON; que, ademais, no anocalendário 2009, foi intimada pela RFB e passou a ter condição de Acompanhamento Econômico –Tributário Diferenciado, sendo que entregou ao fisco, entre outros, toda a sua escrituração contábil em meio magnético (Portaria RFB nº 11.211/2007, revogada pela Portaria RFB nº 2.356/2010) – efl. 53; que, dessa forma, os documentos hábeis e idôneos não só foram registrados pela empresa em seus livros societários, mas também sempre estiveram à disposição da RFB; que, outrossim, juntou ao Recurso Voluntário cópia dos livros Diário nºs 39, 40, 41 e 42 da Matriz; nº 08 da filial de Caxias do Sul; nº 04 da filial de Brasília; nº 02 da filial de Florianópolis e nº 10 da filial de Parobé, todos do anocalendário 2009, devidamente registrados nas respectivas Juntas Comerciais; que pelos registros existentes na DACON, além dos dados informados através do Acompanhamento Econômico –Tributário Diferenciado e nos livros Diário e Razão, estarrrria claro ou evidente que os valores recebidos pela empresa mensalmente serviram de base de cálculo para apuração da CSLL devida; que, com base nessas razões, a recorrente pediu reforma da decisão recorrida, ou seja, provimento integral ao recurso. Em 25/11/2014, os membros do colegiado da 2ª Turma Especial do CARF, mediante Resolução nº 1802000.582, resolvem, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, cujas considerações do Relator, que propôs a diligência, transcrevo a seguir: A DCTF retificadora, que reduziu o débito informado/confessado na DCTF primitiva, é posterior à data de ciência do despacho decisório. Vale dizer, a DCTF retificadora, para ser aceita, é necessário comprovar, primeiro, o alegado erro de fato no preenchimento da DCTF primitiva (CTN, art. 147, § 1º). A divergência de apuração, quanto ao valor da CSLL a pagar entre a DCTF primitiva e a DIPJ, não se resolve pela mera apresentação de DCTF retificadora. Tornase necessário a contribuinte comprovar o alegado erro de fato de preenchimento da DCTF primitiva, mediante apresentação/juntada aos autos de cópia da escrituração contábil (livro Caixa, Razão, Diário) do anocalendário 2009. Fl. 168DF CARF MF Processo nº 11080.912686/201207 Acórdão n.º 1001000.482 S1C0T1 Fl. 169 4 Compulsando os autos, observase a existência falhas na instrução do processo e que não permitem a formação da convicção julgador quanto ao mérito da lide, ou seja, não possibilitam a aferição da certeza e liquidez do crédito pleiteado, pois: a) sequer consta dos autos cópia da DIPJ do anocalendário 2009; b) sequer consta dos autos cópia da DCTF primitiva atinente ao PA 2º trimestre/2009; c) sequer consta cópia dos darf de pagamento das três quotas da CSLL do 2º trimestre/2009. Ou seja, não há prova de pagamento integral do débito da CSLL confessado na DCTF primitiva, quanto PA 2º (segundo) trimestre/2009; d) falta confirmação de que houve recolhimento/pagamento das três quotas da CSLL do 2º (segundo) trimestre do anocalendário 2009; e) além disso, a recorrente informou nas razões do recurso que juntara aos autos cópia de sua escrituração contábil do anocalendário 2009, juntamente com a peça recursal; porém, essa prova foi retirada dos autos, conforme consta narrado no documento Adendo à defesa, apresentado em 28/11/2013 de efls. 56 e 71, in verbis: ADENDO À INTIMAÇÃO DRF/POA/SEORT/ COMPENSAÇÃO 2372/2013 DCSNET Comunicações Ltda, empresa com sede em Porto Alegre RS, (...) vem, respeitosamente, à presença de V.Sa. por seu procurador apresentar adendo à defesa protocolada em 14 de Novembro de 2013 sob número 10101004, referente aos processos 11080.912686/201207, 11080.912688/201298, 11080.912690/201267, 11080.912707/201286, 11080.912709/201275, 11080.912711/201244 e 11080.912729/201246. 1 Retiramse dos processos os Livros Diários n° 39, 40, 41 e 42 da Matriz, n° 8 da filial de Caxias do Sul, n° 4 da filial de Brasília, n° 2 da filial de Florianópolis e n° 1 0 da filial de Parobé, todos do ano de 2009, devidamente registrados nas respectivas Juntas Comerciais. 2 Anexase ao processo os arquivos validados pela SVA no código 4ca91fe8c2f18799e54eac8dc2e15f43 em 27/11. 3 A troca dos Livros Diários pelo arquivo em meio magnético foi solicitação da funcionária Giovana Pedrini Martins ATRFB SIAPECAD 1213794, conforme Portaria MF 527 de 09/11/2010. 4 Ressaltamos, todavia, que os Livros Diários encontramse a disposição do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, estando arquivados na sede da empresa, podendo ser anexados ao presente processo a qualquer tempo. (...) Assim, diversamente do informado pela recorrente, não consta dos autos (e processo) o arquivo magnético ou digitalização da escrituração contábil da recorrente, quanto ao anocalendário 2009. Como visto, há necessidade de saneamento do processo. Fl. 169DF CARF MF Processo nº 11080.912686/201207 Acórdão n.º 1001000.482 S1C0T1 Fl. 170 5 Para evitar prejuízo à ampla defesa e ao contraditório e atento ao princípio da verdade material, propugno pela realização de instrução complementar, ou seja, baixar os autos do processo à unidade de origem da RFB, no caso DRF/Porto Alegre a fim de que a fiscalização: a) intime a contribuinte para, à luz da escrituração contábil, comprovar o alegado erro de fato no preenchimento da DCTF primitiva do PA objeto dos autos (eventual divergência dos dados dessa DCTF e a DIPJ 2010, anocalendário 2009), no sentido de justificar a DCTF retificadora apresentada, transmitida em 20/12/2012 (efls. 08/20) e o pleito de restituição do alegado pagamento a maior; b) intime a contribuinte a comprovar pagamentos/recolhimentos das três quotas da CSLL do 2º (segundo) trimestre/2009, quanto ao débito confessado na DCTF primitiva; c) junte cópia da DIPJ 2010, anocalendário 2009; d) junte cópia da DCTF primitiva do PA 2º trimestre/2009; e) confirme os pagamentos/recolhimentos. f) elabore, ao final do procedimento de diligência, relatório circunstanciado, pormenorizado, dos resultados da diligência em relação ao direito creditório pleiteado nos presentes autos (se o crédito demandado existe, ou não, e se está ou disponível para restituição); g) intime a contribuinte do relatório de diligência (resultado da diligência), abrindo prazo de 30 (trinta) dias a partir da ciência para manifestação nos autos, caso queira. Decorrido o prazo com ou sem manifestação da contribuinte, retornem os autos ao CARF para julgamento da lide. Com o objetivo de obter os esclarecimentos necessários ao saneamento do processo, o Serviço de Orientação Tributária da DRF de Porto Alegre/RS (SEORT/DRF/POA) promoveu a diligência fiscal e emitiu, em 08/08/2007, relatório circunstanciado (efls. 159/160). É o Relatório. Voto Conselheiro Edgar Bragança Bazhuni, Relator Com o objetivo de delimitar as questões de mérito a serem analisadas, transcrevo as palavras da relatora do voto de Resolução de Diligência da Turma a quo, às quais me alio: "O exame do mérito, no caso em tela, implica exame da efetividade e suficiência do alegado direito creditório para efeitos da pretendida restituição, não se limitando, portanto, à análise de consistência de declarações". Transcrevo, a seguir, a informação fiscal, resultado da Diligência, emitido pela DRF de Porto Alegre/RS: Fl. 170DF CARF MF Processo nº 11080.912686/201207 Acórdão n.º 1001000.482 S1C0T1 Fl. 171 6 O presente processo foi encaminhado em diligência pela 2ª Turma Especial da Primeira Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF (fls. 79 a 85) para que esta Delegacia intimasse o sujeito passivo a comprovar, por meio de documentos de seus assentamentos contábeis/fiscais, a efetividade do crédito informado no PER 00579.44091.210610.1.2.040015 (crédito de R$ 1.572,26 pagamento indevido/a maior código de receita 2372, DARF no valor total de R$ 64.491,25, período de apuração 30/06/2009 e data de arrecadação 31/07/2009), juntando também as declarações DIPJ e DCTF e todos os recolhimentos efetuados na quitação da CSLL apurada no 2º trimestre do ano calendário (AC) 2009, com ciência à contribuinte e reabertura de prazo de 30 (trinta) dias para manifestação. 2. Para fins de subsídio à analise do crédito pretendido foram juntadas ao presente processo as declarações originais/retificadoras das DCTF’s (fls. 139 a 147) e DIPJ’s (fls. 87 a 138), os DARF’s recolhidos relativos à CSLL devida para 2º trimestre do AC 2009 (fls. 153 a 155), assim como a DIRF resumo entregue pelas fontes pagadoras (fls. 148 a 152), onde foi verificado que: a) na declaração DCTF original de junho/2009 (entregue em 03/08/2009) a requerente não declarou CSLL devida para o 2º trimestre, mas nas retificadoras entregues em 22/12/2009 e 04/04/2011 já constava débito declarado no valor de R$ 186.841,40, com saldo a pagar em quotas. Já em relação à forma de quitação das quotas de CSLL (informadas na DCTF de setembro/2009), constava na DCTF original (entregue em 04/11/2009) débito no montante de R$ 191.558,19 (três quotas de R$ 63.852,73), e na DCTF retificadora entregue em 20/12/2012 (após a ciência do Despacho Decisório de fls. 31 e 38) constava débito no montante R$ 186.841,40 (três quotas de R$ 62.280,47); b) tanto na declaração DIPJ original quanto retificadora, entregues respectivamente em 29/06/2010 (fls. 87 a 132) e 02/08/2010 (fls. 133 a 139), não houve alteração em relação à base de cálculo da receita bruta sujeita ao percentual de 32% (R$ 6.374.076,07) e dos rendimentos e ganhos líquidos em aplicações de renda fixa/variável (R$ 88.720,02), sendo que, da CSLL apurada à alíquota de 9% (R$ 191.558,19) não houve dedução de CSLL retida na fonte, chegandose à CSLL A PAGAR no montante de R$ 191.558,19; e c) há o recolhimento de 03(três) DARF’s para a quitação em quotas da CSLL devida para o 2º trimestre do AC 2009: a primeira recolhida em 31/07/2009 (principal de R$ 63.852,73), a segunda recolhida em 31/08/2009 (principal de R$ 63.852,73 e juros SELIC de R$ 638,52), e a terceira recolhida em 30/09/2009 (principal de R$ 63.852,73 e juros SELIC de R$ 1.079,11), conforme extratos dos sistema SIEF juntados às fls. 153 a 155. 3. Diante das inconsistências verificadas entre os valores dos débitos de CSLL declarados em DIPJ e DCTF para o 2º trimestre do AC 2009 (R$ 191.558,19 X 186.841,40), e em atendimento ao determinado na Resolução de Diligência nº 1802 000.582 (fls. 79 a 85), a contribuinte foi intimada (Intimação Nº 020/2017/DRF/POA/SEORT – ciência em 11/05/2017 fls. 156 a 158), a apresentar os documentos abaixo relacionados, os quais não foram entregues pela contribuinte até a presente data. “Demonstrar analiticamente, por matriz e filiais, as bases de cálculo de IRPJ e CSLL, e detalhar as contas contábeis que compuseram as linhas de preenchimento 07 (Receita Bruta Sujeita ao Percentual de 32%) e 10 (Rendimentos e Ganhos Líquidos Aplicações Renda Fixa/Renda Variável) da Ficha 14A (Apuração do Imposto de Fl. 171DF CARF MF Processo nº 11080.912686/201207 Acórdão n.º 1001000.482 S1C0T1 Fl. 172 7 Renda sobre o Lucro Presumido), declaradas em DIPJ para o 2º trimestre do anocalendário 2009. Em relação ao IRRF deduzido do IRPJ apurado no 2º trimestre (linha 29 da ficha 14A – R$ 95.612,45), detalhar analiticamente os créditos que o compõem, apresentar documentação suporte (Comprovantes de Rendimentos, DARF, etc...), e especificar as contas em que constam os registros contábeis da retenção sofrida e/ou da antecipação do devido pelo recolhimento; Informar o regime de reconhecimento das receitas para fins de tributação no anocalendário 2009 (caixa ou competência) e apresentar cópias dos balancetes de verificação (antes do encerramento das contas de resultado) e das contas do Razão (matriz e filiais) que registram a movimentação contábil das contas CAIXA/BANCOS, CLIENTES, IR RETIDO NA FONTE/ANTECIPAÇÃO DE IRPJ A COMPENSAR, e de RECEITAS FATURADAS NA APURAÇÃO DO RESULTADO, bem como de outras contas porventura relacionadas pela contribuinte em resposta ao item anterior, relativamente às operações ocorridas no 2º trimestre do anocalendário 2009; Justificar a origem dos créditos de IRPJ e CSLL pleiteados para o 2º trimestre do anocalendário 2009 (montantes respectivos de R$ 10.645,51 e R$ 4.716,79), bem como esclarecer por que na DIPJ retificadora entregue em 02/08/2010 (isto é, após a formalização de todos os Pedidos de Restituição – 21/06/2010) foram declarados IRPJ e CSLL A PAGAR nos mesmos montantes recolhidos (R$ 430.493,64 e R$ 191.558,19, respectivamente). Apresentar cópia autenticada dos Livros Diário e Razão em que consta o reconhecimento daqueles créditos no curso do ano calendário 2010.” Vejamos a conclusão do AuditorFiscal ao final do Relatório: 4. Em face do acima exposto, não dispondo das bases de cálculo com a demonstração analítica das contas contábeis que integram as contas de resultado, tampouco dos registros contábeis do 2º trimestre acima solicitados, não há elementos de prova suficientes para confirmar o crédito pleiteado no valor de R$ 1.572,26, relativo à parte do DARF recolhido em 31/07/2009 (período de apuração 2º trimestre AC 2009), no valor total de R$ 63.852,73. Como depreendese dos fatos narrados acima, mesmo após a tentativa de se complementar a instrução processual, nenhum elemento de prova foi acrescentado aos autos pela recorrente, para que efetivasse a comprovação do seu pleito, tendo a informação fiscal e a ausência provas, esta por si só, enfrentados, assim, as alegações acrescentadas pela recorrente no seu recurso voluntário. Neste sentido, com base no §3º do art. 57 do RICARF e no disposto no § 1º do art. 50 da Lei nº 9.784/1999, por concordar com todos os seus termos e conclusões, adoto as razões de decidir do colegiado de primeira instância, cujos excertos do voto transcrevo a seguir: Nos termos do inciso I do art. 165 do Código Tributário Nacional (CTN), o sujeito passivo tem direito à restituição total ou parcial do tributo, no caso de Fl. 172DF CARF MF Processo nº 11080.912686/201207 Acórdão n.º 1001000.482 S1C0T1 Fl. 173 8 “cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o devido em face da legislação tributária aplicável, ou da natureza ou circunstâncias materiais do fato gerador efetivamente ocorrido”. O reconhecimento de direito creditório contra a Fazenda Nacional exige averiguação da liquidez e certeza do suposto pagamento a maior de tributo. A fim de comprovar a certeza e liquidez do crédito, a interessada deve, sob pena de preclusão, instruir sua manifestação de inconformidade com documentos que respaldem suas afirmações, considerando o disposto no artigo 16 do Decreto nº 70.235/1972: Art. 16. A impugnação mencionará: (...) III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) (...) § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) b) refirase a fato ou a direito superveniente; (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) Faz prova a favor do sujeito passivo a escrituração mantida com observância das disposições legais, contudo deve estar embasada em documentos hábeis, segundo sua natureza, no caso, o contribuinte deveria fundamentar seus lançamentos contábeis com o comprovante da retenção emitido em seu nome pela fonte pagadora. Vejase o Decreto 7.574/2011, artigos 26 a 27, transcrito a seguir: Art. 26. A escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor do sujeito passivo dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais (DecretoLei no 1.598, de 26 de dezembro de 1977, art. 9º, § 1º) Parágrafo único. Cabe à autoridade fiscal a prova da inveracidade dos fatos registrados com observância do disposto no caput (DecretoLei no 1.598, de 1977, art. 9º, § 2º). Art. 27. O disposto no parágrafo único do art. 26 não se aplica aos casos em que a lei, por disposição especial, atribua ao sujeito passivo o ônus da prova de fatos registrados na sua escrituração (DecretoLei no 1.598, de 1977, art. 9o, § 3º). Fl. 173DF CARF MF Processo nº 11080.912686/201207 Acórdão n.º 1001000.482 S1C0T1 Fl. 174 9 No caso em análise, em síntese, a contribuinte alega teria pago valor a maior do imposto apurado no período e que teria retificado a DCTF, no intuito de comprovar suas alegações. Notase, então, que o direito creditório que a interessada alega possuir seria decorrente de apuração de valor devido a menor, apurado em data posterior à época da entrega das declarações originais. A declaração do contribuinte em DCTF é instrumento de confissão de dívida e constituição definitiva do crédito tributário, conforme dispões a legislação tributária (art. 5º do Decreto Lei nº 2.124, de 13 de junho de 1984, e demais atos normativos da RFB pertinentes a DCTF). Nos termos do § 1º do art. 147 do Código Tributário Nacional – CTN, a retificação de declaração por iniciativa do próprio declarante, no intuito de reduzir ou excluir tributo, somente é admissível mediante a comprovação do erro em que se funde, e antes de notificação do ato fiscal ou qualquer procedimento administrativo. Art. 147. O lançamento é efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou de terceiro, quando um ou outro, na forma da legislação tributária, presta à autoridade administrativa informações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação. § 1º A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a reduzir ou a excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e antes de notificado o lançamento. § 2º Os erros contidos na declaração e apuráveis pelo seu exame serão retificados de ofício pela autoridade administrativa a que competir a revisão daquela. Assim, neste momento processual, para se comprovar a liquidez e certeza do crédito informado no pedido de restituição é imprescindível que seja demonstrada na escrituração contábilfiscal da contribuinte, baseada em documentos hábeis e idôneos, a diminuição do valor do débito correspondente a cada período de apuração. Ainda, neste caso, o ônus da prova recai sobre a contribuinte interessada, que deve trazer aos autos elementos que não deixem nenhuma dúvida quanto ao fato questionado. A respeito do tema, dispõe o Código de Processo Civil, em seu art. 333: Art. 333. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Logo, a simples entrega de declarações retificadoras, por si só, não tem o condão de comprovar a existência de pagamento a maior, que teria originado o crédito pleiteado pela contribuinte em seu Pedido de Restituição. Na hipótese de ter ocorrido erro no valor do débito confessado na DCTF, esta circunstância deveria ter sido documentalmente provada pela interessada por ocasião Fl. 174DF CARF MF Processo nº 11080.912686/201207 Acórdão n.º 1001000.482 S1C0T1 Fl. 175 10 da apresentação da manifestação de inconformidade, o que não aconteceu em concreto. A respeito do requerimento da impugnante acerca da suspensão da exigibilidade dos débitos de sua responsabilidade – que são objeto do presente pleito compensatório – tratase de medida desnecessária, já que tal efeito decorre de expressa disposição legal, independentemente de manifestação desta instância administrativa. Assim, uma vez não comprovada nos autos a existência de direito creditório líquido e certo do contribuinte contra a Fazenda Pública passível de restituição, não há o que ser reconsiderado na decisão dada pela autoridade administrativa. Ante o exposto, voto por NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Edgar Bragança Bazhuni Fl. 175DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10746.904178/2012-11
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 20 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Apr 26 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2007
EXIGÊNCIAS DA FISCALIZAÇÃO QUANTO À FORMA DE APRESENTAÇÃO DA DOCUMENTAÇÃO VERDADE MATERIAL. EXAME DOS DOCUMENTOS APRESENTADOS. CABÍVEL.
A busca da verdade material justifica o exame dos documentos apresentados, ainda que não cumpridas as exigências da fiscalização quanto à forma de apresentação, registrando-se que a norma faculta a apresentação destes em papel.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 3301-004.279
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
José Henrique Mauri - Presidente
(assinado digitalmente)
Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho - Relator
(assinado digitalmente)
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Henrique Mauri (Presidente Substituto), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Suplente convocada), Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
Nome do relator: ANTONIO CARLOS DA COSTA CAVALCANTI FILHO
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2007 EXIGÊNCIAS DA FISCALIZAÇÃO QUANTO À FORMA DE APRESENTAÇÃO DA DOCUMENTAÇÃO VERDADE MATERIAL. EXAME DOS DOCUMENTOS APRESENTADOS. CABÍVEL. A busca da verdade material justifica o exame dos documentos apresentados, ainda que não cumpridas as exigências da fiscalização quanto à forma de apresentação, registrando-se que a norma faculta a apresentação destes em papel. Recurso Voluntário Provido em Parte
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. José Henrique Mauri - Presidente (assinado digitalmente) Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho - Relator (assinado digitalmente) Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Henrique Mauri (Presidente Substituto), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Suplente convocada), Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
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EXAME DOS DOCUMENTOS APRESENTADOS. CABÍVEL. A busca da verdade material justifica o exame dos documentos apresentados, ainda que não cumpridas as exigências da fiscalização quanto à forma de apresentação, registrandose que a norma faculta a apresentação destes em papel. Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. José Henrique Mauri Presidente (assinado digitalmente) Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho Relator (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 74 6. 90 41 78 /2 01 2- 11 Fl. 954DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Henrique Mauri (Presidente Substituto), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Suplente convocada), Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra o Acórdão nº 0352.827, proferido pela 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Brasília. Encaminhado o processo para julgamento por este Carf, a 3ª Turma Especial desta Terceira Sessão decidiu pela conversão daquele em diligência, por meio da Resolução 3803000.552. Por bem descrever os fatos, adoto o relatório constante dessa Resolução, em parte: Por meio de Despacho Decisório foi indeferido o pleito constante do Per/DComp transmitido pela contribuinte, em razão da realização de pagamento a maior. A fiscalização contrapondose ao alegado pela parte interessada, constatou a existência de um ou mais débitos, havendo o crédito declarado sido integralmente utilizado para a liquidação desses débitos, resultando na insuficiência de saldo credor o suficiente para a realização da compensação pretendida. Manifestando a sua inconformidade, consubstanciada no art. 165, I, do CTN, a contribuinte deduziu a sua discordância ao despacho decisório, de acordo com as seguintes razões de defesa: (a) o despacho decisório foi emitido antes da retificação da DCTF e da DACON; (b) a partir da retificação desses documentos tornouse possível a Receita localizar o crédito alegado; e (c) demonstrado a existência do crédito aludido nos moldes de planilha contida na exordial, restou o direito à restituição correspondente. A título de comprovação de direito alegado fez colação aos autos das DCTF e DACON, bem assim de suas respectivas retificadoras e da cópia do DARF pago a maior, para postular pelo acolhimento de sua manifestação e pela insubsistência do aludido despacho. Concluso (sic) foram os autos para pronunciamento pela 4ª Turma da DRJ/BSB, que por meio do Acórdão nº 0352.827, em 27/06/2013, julgou improcedente a manifestação de inconformidade e não reconheceu o direito creditório, nos termos da ementa transcrita a seguir: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Fl. 955DF CARF MF Processo nº 10746.904178/201211 Acórdão n.º 3301004.279 S3C3T1 Fl. 955 3 Ano Calendário: 2007 APRESENTAÇÃO DE PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PROVA INSUFICIENTE PARA COMPROVAR EXISTÊNCIA DE CRÉDITO DECORRENTE DE PAGAMENTO A MAIOR. Para se comprovar a existência de crédito decorrente de pagamento a maior, comparativamente com o valor do débito devido a menor, é imprescindível que seja demonstrado na escrituração contábil fiscal, baseada em documentos hábeis e idôneos, a diminuição do valor do débito correspondente a cada período de apuração. A simples entrega de declaração retificadora, por si só, não tem o condão de comprovar a existência de pagamento indevido ou a maior. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e a existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. INEXISTÊNCIA DE CRÉDITO. A restituição de créditos tributários só pode ser efetuada com crédito líquido e certo do sujeito passivo; no caso, o crédito pleiteado é inexistente. Em apertada síntese, a título de esclarecimento, menciona o relator que o direito à isenção alegado pela contribuinte na comercialização de seus produtos (sucos) e não aproveitado do benefício quando da apuração das contribuições, o que levaria ao recolhimento a maior que o devido, se referiu à tributação monofásica, que reduz a 0% as alíquotas do PIS e da Cofins em relação às receitas auferidas por comerciantes atacadistas e varejistas, decorrentes da venda dos produtos especificados nos arts. 58A e 58B, da Lei nº 10.833/03. Assim o direito creditório que a contribuinte alegou possuir seria proveniente de apuração de valor devido a menor, apurado em data posterior à época da entrega das declarações originais. Concluiu o voto condutor que a simples entrega de declarações retificadoras, por si só, não tem o condão de comprovar a existência de pagamento efetuado a maior, que teria originado o crédito pleiteado pela contribuinte em seu pedido de restituição; que tais retificações deveriam ter ocorrido anteriormente a qualquer procedimento administrativo ou notificação de lançamento, conforme dispõem o parágrafo único do art. 39 e o § 1º do art. 147, ambos do CTN; e que não comprovada a liquidez e certeza de direito creditório contra a Fazenda Nacional passível de restituição, não há o que ser reconsiderado na decisão contida no despacho decisório. Fl. 956DF CARF MF 4 Após ser cientificado do decidido no Acórdão nº (sic), por meio de AR, conforme subscrição em 11/11/13, contra o mesmo se insurgindo a contribuinte protocolou o seu recurso voluntário na repartição preparadora em 20/12/13, aduzindo sucintamente: Verificou que um de seus produtos vendidos (bebida: refresco e energético) pertenciam à sistemática monofásica de PIS e Cofins, enquadradas no sistema NBH/SH 22.02, e na NCM 2202.10.00 e NCM 22012.90.00, como também que recolheu a maior valores atinentes a essas contribuições, razão pela qual transmitiu a Per/DComp em 30/12/10, pleiteando a restituição que entendeu lhe era devida (PAF 10746.904200/201215). Em razão do indeferimento de sua manifestação de inconformidade e, para demonstrar o seu direito ao direito alegado, colacionou aos autos prova documental qual seja: Livri (sic) Diário anos 2007 a 2010, Livro Razão anos 2007 a 2010, Livros Fiscais ( Entrada, Saída e Apuração de ICMS dos anos de 2007 a 2010), Notas Fiscais de entrada dos anos 2007 a 2010, Blocos fiscais dos anos 2007 a 2010, Livro de Registros de Inventário correspondente aos anos de 2007 a 2010 e Notas Fiscais Eletrônicas de Saída dos anos 2007 a 2010. No que atine ao mérito reiterou os termos expendidos na exordial para requerer pelo provimento do seu recurso. Consta dos autos despacho proferido por autoridade administrativa da SAORT/DRFB em Palmas/TO, mencionando que a contribuinte apresentou o recurso voluntário acompanhado dos documentos acima descritos em 05/12/2013 e que ante a impossibilidade de juntar aos autos digitais os originais dos documentos entregues, foi o mesmo intimado TIF SAORT nº 180/2013 para apresentação dos itens discriminados no TIF em mídia eletrônica (arquivo digital), ou alternativamente, juntamente com os originais, cópia de cada um dos documentos a serem protocolados. Consta ainda desse despacho as seguintes informações: Em 17/01/2014, em resposta ao termo de intimação, o interessado apresentou um DVDR contendo vários arquivos, os quais não possuem as características necessárias ao processamento no ambiente do Sistema do Processo Digital da RFB (alguns arquivos de tamanho superior a 15 megabytes). Além disso, não foram entregues os relatórios/recibos do Sistema de Validação e Autenticação de Arquivos Digitais, conforme orientação constante do Anexo I do termo de Intimação Fiscal SAORT nº 108/2013. Portanto, em princípio, os arquivos não foram gerados com o auxílio do SVA o que torna impossível a validação e a autenticação dos mesmos. Assim, não obstante ter sido devidamente orientado, o interessado não atendeu os termos da intimação. Dessa forma, proponho que os autos sejam encaminhados ao CARF sem os elementos apresentados em mídia digital (arquivos constantes do DVDR) para análise do recurso. Fl. 957DF CARF MF Processo nº 10746.904178/201211 Acórdão n.º 3301004.279 S3C3T1 Fl. 956 5 Complemento o relato, com trechos do voto da Resolução, na qual se decidiu pela diligência, apoiandose na busca pela verdade material: A regra geral contida no art. 16 do Dec. nº 70.235/72 informa que o momento de apresentação das provas atinentes ao direito alegado é o mesmo da formalização da manifestação de inconformidade/impugnação. Destarte o dispositivo no § 4º deste mandamus, c/c o art. 38 e §§, da Lei nº 9.784/99, veio a propiciar à modulação dos efeitos dessa regra, sinalizando com a possibilidade da apresentação de prova noutro momento processual. Este também é o entendimento pacífico cristalizado por meio da jurisprudência administrativa emanada do CARF, notadamente quando a prova, mesmo que juntada a destempo é imprescindível para o deslinde da querela, [...] Portanto não há se falar em preclusão temporal neste caso. Ao contrário, os exemplos mencionados servem para demonstrar a possibilidade de se imprimir maior celeridade ao julgamento do feito, com a oportunidade criada a partir da colação desses documentos aos autos, a permitir que dúvidas por ventura existentes possam ser sanadas, sem a necessidade de remessa dos autos à repartição preparadora. Até mesmo por ser a opção pelo acolhimento da prova apresentada a destempo, uma discricionariedade do julgador, notadamente o relator dos autos, como auxílio para firmar a sua convicção pessoal ao caso sob análise. No caso vertente a recorrente trouxe aos autos na fase recursal novos elementos materiais de prova, dando conhecimento à autoridade administrativa de sua iniciativa. Essa autoridade limitouse a alegar a impossibilidade de juntar aos autos digitais os originais dos documentos que lhe foram entregues, intimando a Recorrente a reapresentar os documentos, desta feita na forma de arquivo digital, por meio de mídia eletrônica, concedendolhe o prazo de 20 dias para o cumprimento do desiderato. Em atenção à intimação que lhe fora endereçada a contribuinte em 17/01/2014 apresentou um DVDR contendo vários arquivos, que segundo a fiscalização, não possuem as características necessárias ao processamento no ambiente do sistema de Processo Digital da RFB, além de não haver sido entregue os relatórios/recibos do Sistema de Validação e /autenticação de Arquivos Digitais, conforme orientação constante do Anexo I do Termo de Intimação Fiscal SAORT nº 180/2013, endereçado à ora Recorrente. Conclui a autoridade administrativa que os arquivos não foram gerados com o auxílio do SVA o que torna impossível a validação e a autenticação dos mesmos. Mister esclarecer que a Recorrente não se furtou de reapresentar os documentos em meio magnético, entretanto em plataforma diversa daquela orientada pela fiscalização. Fl. 958DF CARF MF 6 Igualmente ao apresentar na repartição preparadora os documentos originais para protocolo (cópia de cada documento), a recorrente o fez sob amparo da regra contida no § 7º do art. 2º e art. 8º da Portaria MF nº 527/2010, que autoriza a formalização de recursos mediante a apresentação de documentos em papel, como sendo uma opção do contribuinte. A persecução da verdade material no âmbito do processo administrativo tributário, como dito, deve funcionar para ambos os lados, portanto, pugno pela conversão deste julgamento em diligência à repartição de origem, para que sejam analisados todos os documentos indicados pela Recorrente no recurso voluntário, com vistas à apuração e pronunciamento acerca da existência de direito creditório, e se o mesmo é o bastante suficiente para a liquidação dos débitos indicados no Per/DComp transmitido para, posteriormente facultarlhe a oportunidade , mediante a concessão de tempo razoável, para comparecer aos autos se assim lhe aprouver. Por fim, reproduzo trecho da informação emanada da dita diligência: 1. [...]No Quadro 01, estão as informações relativas ao PER transmitido pela interessada. [...] 8. Conforme legislação explanada no item 7 (sobretudo, art. 58B da Lei 10.833, de 2003, combinado com os arts. 58A e 58V, do mesmo diploma legal) e considerando a vigência dos atos nela inserida, os comerciantes varejistas e atacadistas dos produtos classificados nos códigos 21.06.90.10 Ex 02, 22.01, 22.02, exceto os Ex 01 e Ex 02 do código 22.02.90.00, e 22.03 da Tabela de Impostos sobre Produtos Industrializados TIPI (Quadro 02) podem aplicar a alíquota reduzida a zero sobre a receita de tais vendas. Fl. 959DF CARF MF Processo nº 10746.904178/201211 Acórdão n.º 3301004.279 S3C3T1 Fl. 957 7 9. Consoante documentos fiscais (notas fiscais de saída e levantamento digital de dados) acostados ao processo administrativo fiscal em comento, a interessada planilhou as suas mercadorias vendidas em cada período de apuração, identificandoas no tocante à descrição da NCM/TIPI. Para explicitar o batimento entre as informações constantes no DACON e as decorrentes dos documentos fiscais supracitados, ambas vinculadas ao PER constante no Quadro 01, optouse por expor tais informações nos Quadros 03, 04 e 05. Fl. 960DF CARF MF 8 CONCLUSÃO 10. Diante dos fatos expostos e dos autos constantes no processo epigrafado, considerando QUE a contribuinte está sujeita às penas da Lei nº 4.729, de 14 de julho de 1965, e da Lei nº 8.137, de 27 de dezembro de 1990, caso as informações prestadas em seu PER e na resposta à Intimação Fiscal não correspondam à expressão da verdade, QUE foi observado o prazo prescricional de extinção do direito creditório (inciso I do artigo 168 do CTN), QUE foi realizado o confronto entre as informações provenientes de Declarações da requerente armazenadas nos sistemas de controle da RFB e as constantes nos documentos fiscais apresentados (planilhas e notas fiscais), a autoridade fiscal, in fine subscrita, propõe, perante o CARF, o deferimento parcial do PER sob nº 01179.52590.291210.1.2.046407, reconhecendo o direito creditório em favor da requerente no montante original de R$ 14,76 (quatorze reais e setenta e seis centavos). (Grifos do original). Cientificada do resultado da diligência, a contribuinte veio "declarar que está de acordo com os valores propostos pela autoridade fiscal perante o CARF, conforme Informação Fiscal SAORT/DRF/PAL/TO, onde propôs o deferimento parcial do Pedido de Restituição, reconhecendo assim o direito creditório em favor do requerente". Foime distribuído o presente processo para relatar e pautar. É o relatório. Fl. 961DF CARF MF Processo nº 10746.904178/201211 Acórdão n.º 3301004.279 S3C3T1 Fl. 958 9 Voto Conselheiro Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Relator. A recorrente bem coloca a discussão, no recurso voluntário que apresentou: A Delegacia de Julgamento julgou improcedente a manifestação de inconformidade por entender que, para se comprovar a existência de crédito supostamente decorrente de pagamento a maior, a simples entrega de declarações retificadoras não é bastante e que "é imprescindível que seja demonstrado na escrituração contábil fiscal, baseada em documentos hábeis e idôneos, a diminuição do valor do débito correspondente a cada período de apuração", ônus este, da contribuinte. Em seu recurso a esta decisão de primeira instância, a contribuinte juntou livros contábeis e fiscais, além de notas fiscais. Sucederamse então exigências da fiscalização quanto à forma de apresentação da documentação. Registrese que a norma faculta a apresentação desta em papel. Tal questão fora ultrapassada por resolução de Turma desta CARF, a qual determinou que se baixassem os autos em diligência, em apreço ao princípio da verdade material, "com vistas à apuração e pronunciamento acerca da existência de direito creditório, e se o mesmo é o bastante suficiente (sic) para a liquidação dos débitos indicados no Per/DComp transmitido", o que fez acertadamente, a meu ver. A norma em pauta, Lei nº 10.833/03, artigos 58A e 58B (revogados em 2015, mas vigentes à época dos fatos), de fato, dá direito à redução 0% as alíquotas do PIS e da Cofins em relação às receitas auferidas por comerciantes atacadistas e varejistas, decorrentes da venda dos produtos lá especificados, o que fora verificado em sede de diligência A recorrente traz indevidamente tal questão como preliminar. Seguem os dispositivos legais referidos: Fl. 962DF CARF MF 10 Por fim, ultrapassada a relatada questão da apresentação de documentos, o resultado da diligência demonstrou o acerto parcial dos valores que a contribuinte pretende ter como crédito, propondo "deferimento parcial do PER sob nº 01179.52590.291210.1.2.04 6407, reconhecendo o direito creditório em favor da requerente no montante original de R$ 14,76" (grifos do original), com o que concordo. Assim, por todo o exposto, voto por dar provimento parcial ao recurso voluntário. Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho Relator (assinado digitalmente) Fl. 963DF CARF MF Processo nº 10746.904178/201211 Acórdão n.º 3301004.279 S3C3T1 Fl. 959 11 Fl. 964DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11060.721896/2016-41
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 15 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Jun 27 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Simples Nacional
Ano-calendário: 2012, 2013, 2014
EXCLUSÃO. DESPESAS SUPERIORES EM VINTE POR CENTO EM RELAÇÃO AOS INGRESSOS DE RECURSOS.
Deve ser excluída a pessoa jurídica que, durante o ano-calendário, o valor das despesas pagas supere em 20% (vinte por cento) o valor de ingressos de recursos no mesmo período, excluído o ano de início de atividade. A exclusão produz efeitos a partir do próprio mês em que incorrido o excesso, impedindo a opção pelo Simples Nacional pelos 3 (três) anos-calendário seguintes.
Numero da decisão: 1301-003.010
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente
(assinado digitalmente)
José Eduardo Dornelas Souza - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros, Roberto Silva Junior, Jose Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Amelia Wakako Morishita Yamamoto e Fernando Brasil de Oliveira Pinto. Ausente, justificadamente, a Conselheira Bianca Felícia Rothschild.
Nome do relator: JOSE EDUARDO DORNELAS SOUZA
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ementa_s : Assunto: Simples Nacional Ano-calendário: 2012, 2013, 2014 EXCLUSÃO. DESPESAS SUPERIORES EM VINTE POR CENTO EM RELAÇÃO AOS INGRESSOS DE RECURSOS. Deve ser excluída a pessoa jurídica que, durante o ano-calendário, o valor das despesas pagas supere em 20% (vinte por cento) o valor de ingressos de recursos no mesmo período, excluído o ano de início de atividade. A exclusão produz efeitos a partir do próprio mês em que incorrido o excesso, impedindo a opção pelo Simples Nacional pelos 3 (três) anos-calendário seguintes.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente (assinado digitalmente) José Eduardo Dornelas Souza - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros, Roberto Silva Junior, Jose Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Amelia Wakako Morishita Yamamoto e Fernando Brasil de Oliveira Pinto. Ausente, justificadamente, a Conselheira Bianca Felícia Rothschild.
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DESPESAS SUPERIORES AOS INGRESSOS DE RECURSOS Recorrente FRIGORIFICO ESTRELA LTDA EPP Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: SIMPLES NACIONAL Anocalendário: 2012, 2013, 2014 EXCLUSÃO. DESPESAS SUPERIORES EM VINTE POR CENTO EM RELAÇÃO AOS INGRESSOS DE RECURSOS. Deve ser excluída a pessoa jurídica que, durante o anocalendário, o valor das despesas pagas supere em 20% (vinte por cento) o valor de ingressos de recursos no mesmo período, excluído o ano de início de atividade. A exclusão produz efeitos a partir do próprio mês em que incorrido o excesso, impedindo a opção pelo Simples Nacional pelos 3 (três) anoscalendário seguintes. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente (assinado digitalmente) José Eduardo Dornelas Souza Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 06 0. 72 18 96 /2 01 6- 41 Fl. 284DF CARF MF Processo nº 11060.721896/201641 Acórdão n.º 1301003.010 S1C3T1 Fl. 285 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros, Roberto Silva Junior, Jose Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Amelia Wakako Morishita Yamamoto e Fernando Brasil de Oliveira Pinto. Ausente, justificadamente, a Conselheira Bianca Felícia Rothschild. Relatório Tratase de Recurso Voluntário contra o acórdão nº 1155.799, proferido pela 5ª Turma da DRJ/REC, que, por unanimidade de votos, julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada. Por bem descrever o ocorrido, valhome do relatório elaborado por ocasião do julgamento do processo em primeira instância, a seguir transcrito: 1. Tratase de exclusão da sistemática de tributação do Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Simples Nacional), com efeitos a partir de 1º de janeiro de 2012, comunicado à pessoa jurídica acima identificada por meio de Termo de Exclusão do Simples Nacional de 06/07/2016 lavrado pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Santa Cruz do Sul – RS (DRF/SCS), em virtude da constatação de que durante o anocalendário o valor das despesas pagas superou em 20% (vinte por cento) o valor de ingressos de recursos no mesmo período, excluído o ano de início de atividade (fls. 190), conforme imagem abaixo: Fl. 285DF CARF MF Processo nº 11060.721896/201641 Acórdão n.º 1301003.010 S1C3T1 Fl. 286 3 2. A descrição dos fatos consta do Relatório Fiscal de Exclusão do SIMPLES Nacional (fls. 02/04), conforme excertos abaixo transcritos e colados: Fl. 286DF CARF MF Processo nº 11060.721896/201641 Acórdão n.º 1301003.010 S1C3T1 Fl. 287 4 3. A autoridade fiscal constatou a ocorrência da situação de exclusão de ofício durante a o cumprimento do Registro de Procedimento Fiscal n° 10.1.03.002016000391, de 29/03/2016. Procedimentos da Fiscalização 4. Ação fiscal determinada através do Registro de Procedimento Fiscal n° 10.1.03.00 2016000391, de 29/03/2016. 5. No Relatório Fiscal de Exclusão do SIMPLES Nacional (fls. 02/04) encontramos a descrição do procedimento fiscal realizado, conforme excertos abaixo transcritos: Fl. 287DF CARF MF Processo nº 11060.721896/201641 Acórdão n.º 1301003.010 S1C3T1 Fl. 288 5 6. Foi acostado ao Relatório Fiscal de Exclusão do SIMPLES Nacional: a) Alteração Contratual nº 21 da defendente (fls. 05/09); b) telas de consulta optantes do Portal do Simples Nacional (fls. 10/11); c) telas de consulta do PGDAS do Portal do Simples Nacional do período de 01/01/2012 a 31/12/2014 (fls. Fl. 288DF CARF MF Processo nº 11060.721896/201641 Acórdão n.º 1301003.010 S1C3T1 Fl. 289 6 012/119); d) telas de consulta do sistema da RFB GFIP Web do período de 01/01/2012 a 31/12/2014 (fls. 120/187). 7. O Contribuinte foi cientificado do Termo de Exclusão do Simples Nacional DRF/SCS de 06/07/2016 em 11/08/2016 (AR às fls. 197). 8. Apensado a este o processo nº 11060.721782/201600 referente a Auto de Infração dos tributos devidos em virtude da exclusão (fls. 201/255), em cumprimento ao disposto no art. 3°, inciso II da Portaria RFB n° 1.668, de 29/11/2016. Manifestação de Inconformidade (Impugnação) 9. A contribuinte não apresentou manifestação de inconformidade expressa ao Termo de Exclusão do Simples Nacional. Porém, em 09/09/2016, apresentou impugnação ao lançamento decorrente dos efeitos da exclusão, constante do processo apenso nº 11060.721782/201600 (fls. 205/210), a qual tomamos como manifestação de inconformidade, onde alega, em síntese, que: a) a atividade da defendente decorre de contrato de prestação de serviço firmado em 01 de julho de 2007 com COOPERATIVA AGROPECUARIA COOPSUL LTDA, e que as despesas utilizadas como base para relação de proporção com as receitas são de responsabilidade da empresa contratante (COOPSUL), anexa cópia do contrato e de demonstrações contábeis (fls. 220/255) ; b) "os valores ressarcidos de despesas nos anos calendários analisados foram devidamente reconhecidos na contabilidade da Impugnante não sendo considerados pela fiscalização, logo todos os valores das despesas ressarcidas deveriam ter sido abatidos do total de despesas"; c) "Importa frisar, também, de que ao determinar a exclusão da Impugnante não foi valorizado o conceito de receita bruta para a não consideração dos ressarcimentos de despesa, cabendo ser transcrito o conceitos de Receita Bruta."; d) por fim, requer a revisão da exclusão e manutenção no Simples Nacional. 10. É o relatório Na seqüência, foi proferido o Acórdão nº 1155.799, pela 5ª Turma da DRJ/REC, com o seguinte ementário: ASSUNTO: SIMPLES NACIONAL Anocalendário: 2012, 2013, 2014 EXCLUSÃO. DESPESAS SUPERIORES EM VINTE POR CENTO EM RELAÇÃO AOS INGRESSOS DE RECURSOS. Deve ser excluída a pessoa jurídica que, durante o ano calendário, o valor das despesas pagas supere em 20% (vinte por cento) o valor de ingressos de recursos no mesmo período, excluído o ano de início de atividade. A exclusão produz efeitos a partir do próprio mês em que incorrido excesso, impedindo a opção pelo Simples Nacional pelos 3 (três) anoscalendário seguintes. Fl. 289DF CARF MF Processo nº 11060.721896/201641 Acórdão n.º 1301003.010 S1C3T1 Fl. 290 7 Manifestação de Inconformidade Improcedente Sem Crédito em Litígio Após intimada (efls. 272), a autuada apresenta, tempestivamente, seu Recurso Voluntário, pugnando por seu provimento, onde apresenta argumentos que serão a seguir analisados. É o Relatório. Voto Conselheiro José Eduardo Dornelas Souza, Relator. O recurso apresentado pela empresa autuada é tempestivo e reúne os demais requisitos de admissibilidade previstos no Decreto nº 70.235/1972. Portanto, dele conheço. Como relatado, através do Termo de Exclusão, de 06 de julho de 2016, a recorrente foi excluída do regime simplificado de pagamentos de tributos denominado de Simples Nacional, com efeito a partir de 1º de janeiro de 2012, em virtude de ter sido constatado que durante o anocalendário o valor das despesas pagas superou em 20% (vinte por cento) o valor de ingressos de recursos no mesmo período, excluído o ano de início de atividade. A acusação fiscal é de que a empresa recorrente, nos anoscalendário de 2012, 2013 e 2014, período fiscalizado, teve despesas com a folha de pagamento, de seus empregados, declaradas pela mesma em suas GFIPs, um valor cujo montante é superior ao valor declarado de sua receita bruta, constante em suas Declarações do SIMPLES Nacional Documento de Arrecadação do SIMPLES Nacional DAS, em cada um dos anos calendários citados, ultrapassando, dessa forma, o limite determinado pela Lei 123/06, art. 29, inciso IX, conforme demonstrativo a seguir: Por seu turno, em sede de recurso, alega o contribuinte a existência de contrato de prestação de serviço, firmado em 01/julho/2007, com a COOPSUL, onde esta seria a responsável pela despesas, mediante ressarcimento, e, por isso, estas despesas não deveriam Fl. 290DF CARF MF Processo nº 11060.721896/201641 Acórdão n.º 1301003.010 S1C3T1 Fl. 291 8 ser consideradas no cômputo da relação percentual exigida pelo legislador. Como prova do que alega, a recorrente se reporta a juntada, em sede de impugnação, das cópias dos contratos de prestação de serviços firmados com a COOPSUL e demonstrações contábeis, que registram os lançamentos de ressarcimento de tais despesas. Em que pese suas ponderações, entendo que não lhe assiste razão. A legislação do Simples Nacional (Lei 123/06, art. 29, inciso IX), quanto ao tema aqui em discussão, assim dispõe: Lei Complementar nº 123/2006 (...) Art. 28. A exclusão do Simples Nacional será feita de ofício ou mediante comunicação das empresas optantes. Parágrafo único. As regras previstas nesta seção e o modo de sua implementação serão regulamentados pelo Comitê Gestor. Art. 29. A exclusão de ofício das empresas optantes pelo Simples Nacional darseá quando: (...) IX for constatado que durante o anocalendário o valor das despesas pagas supera em 20% (vinte por cento) o valor de ingressos de recursos no mesmo período, excluído o ano de início de atividade; (...) § 1o Nas hipóteses previstas nos incisos II a XII do caput deste artigo, a exclusão produzirá efeitos a partir do próprio mês em que incorridas, impedindo a opção pelo regime diferenciado e favorecido desta Lei Complementar pelos próximos 3 (três) anoscalendário seguintes. (...) Com efeito, a fiscalização apresentou diversos elementos convergentes que demonstram que do confronto da receita bruta declarada pelo contribuinte com as despesas com remuneração de seus empregados, igualmente devidamente declaradas em GFIP, encontrase percentual superior ao limite estabelecido em Lei. Embora argumente a recorrente que suas despesas com seus empregados não deveriam ser computadas, em face da existência de contrato de prestação de serviços celebrado com a COOPSUL, apontando que esta seria a responsável pelas citadas despesas e, ainda, que os respectivos lançamentos de ressarcimentos encontramse registrados em suas demonstrações contábeis (balancetes analíticos de verificação e Livro Razão – conta 3.1.1.1.3.1.01.02.01166 –Ressarcimento de Despesas) (fls. 231/255), tais alegações não afastam os efeitos do Termo de Exclusão contra ela emitido. De fato, o contrato de prestação de serviços (fls. 226/230) tem como contratante a COOPSUL e como contratada o Frigorífico Estrela. A cláusula que dispõe sobre Fl. 291DF CARF MF Processo nº 11060.721896/201641 Acórdão n.º 1301003.010 S1C3T1 Fl. 292 9 as obrigações acessórias é incisiva ao consignar que cabe à contratada a responsabilidade pelo pagamento das remunerações aos sues trabalhadores, além dos recolhimentos previdenciários e do FGTS respectivos, conforme excerto abaixo colacionado: Embora os lançamentos de ressarcimento de Despesas registrados em suas demonstrações contábeis existam, entendo que tal fato não possui o condão de descaracterizar a ocorrência das citadas despesas e do real responsável por elas, no caso a recorrente. Quanto à sua alegação acerca do conceito de receita bruta, distinguindo "ingressos" de "receita", penso que não se presta ao fim que se destina, pois, apenas por debate, acaso diminua o total da receita, por considerar que nem todos "ingressos" significaria "receita", estaria se reduzindo o montante das receitas, o que evidenciaria um percentual entre receita e despesa ainda maior do que apurado pela fiscalização. Desta forma, penso assistir razão à autoridade fiscal na constatação da situação motivadora da exclusão do Simples Nacional. Isso posto, voto por negar provimento ao recurso, mantendo a exclusão efetuada de ofício e consignada no Termo de Exclusão do Simples Nacional DRJ/SCS, de 06/07/2016, e os efeitos daí decorrentes. (assinado digitalmente) José Eduardo Dornelas Souza Fl. 292DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10580.727061/2009-34
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Jan 29 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed May 09 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2004, 2005, 2006
DIFERENÇAS DE URV. NATUREZA SALARIAL.
As diferenças de URV incidentes sobre verbas salariais integram a remuneração mensal percebida pelo contribuinte.
Numero da decisão: 9202-006.352
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidas as conselheiras Ana Paula Fernandes, Patrícia da Silva e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe deram provimento. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 10580.726609/2009-29, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.
(Assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício e Relator
EDITADO EM: 05/05/2018
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Ana Cecília Lustosa da Cruz (Suplente convocada).
Nome do relator: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2004, 2005, 2006 DIFERENÇAS DE URV. NATUREZA SALARIAL. As diferenças de URV incidentes sobre verbas salariais integram a remuneração mensal percebida pelo contribuinte.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidas as conselheiras Ana Paula Fernandes, Patrícia da Silva e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe deram provimento. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 10580.726609/2009-29, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (Assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício e Relator EDITADO EM: 05/05/2018 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Ana Cecília Lustosa da Cruz (Suplente convocada).
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NATUREZA SALARIAL. As diferenças de URV incidentes sobre verbas salariais integram a remuneração mensal percebida pelo contribuinte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencidas as conselheiras Ana Paula Fernandes, Patrícia da Silva e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe deram provimento. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplicase o decidido no julgamento do processo 10580.726609/200929, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (Assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos – Presidente em exercício e Relator EDITADO EM: 05/05/2018 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Ana Cecília Lustosa da Cruz (Suplente convocada). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 72 70 61 /2 00 9- 34 Fl. 304DF CARF MF 2 Relatório Tratase de lançamento, conforme Auto de Infração, para cobrança de Imposto de Renda de Pessoa Física, constituído em razão de ter sido apurada classificação indevida de rendimentos tributáveis na Declaração de Ajuste Anual como sendo rendimentos isentos e não tributáveis. Os rendimentos foram recebidos do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia a título de “Valores Indenizatórios de URV”, em decorrência da Lei Estadual da Bahia nº 8.730, de 08 de setembro de 2003. O acórdão recorrido manifestou o entendimento de que referida verba tem natureza tributável. Consoante despacho de exame de admissibilidade proferido pelo Presidente da 1ª Câmara da 2ª Seção do CARF, o recurso especial de divergência interposto pelo sujeito passivo, em face do acórdão recorrido, obteve seguimento parcial para que a divergência relacionada à natureza indenizatória da URV fosse apreciada pela Câmara Superior de Recursos Fiscais. A Fazenda Nacional apresentou contrarrazões, pugnando pela manutenção do acórdão recorrido, por seus próprios e jurídicos fundamentos. É o relatório. Voto Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9202006.334, de 29/01/2018, proferido no julgamento do processo 10580.726609/200929, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese como solução deste litígio, nos termos regimentais, o inteiro teor dos votos proferidos naquela decisão (Acórdão 9202006.334): Voto Vencido Conselheira Ana Paula Fernandes Relatora O Recurso Especial interposto pelo Contribuinte é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto, merece ser conhecido. Tratase de processo de Autuação, conforme Auto de Infração, para cobrança de Imposto de Renda de Pessoa Física, exercícios de 2005, 2006 e 2007, para exigência de crédito tributário no valor de R$ 178.526,73, incluída a multa de ofício no percentual de 75% (setenta e cinco por cento) e juros de mora, constituído em razão de ter sido apurada classificação indevida de rendimentos tributáveis na Declaração de Ajuste Anual como sendo rendimentos isentos e não tributáveis. Os rendimentos foram recebidos do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia a título de “Valores Indenizatórios de URV”, em 36 (trinta e seis) parcelas no período de janeiro de 2004 a dezembro de 2006, em decorrência da Lei Estadual da Bahia nº 8.730, de 08 de setembro de 2003. Fl. 305DF CARF MF Processo nº 10580.727061/200934 Acórdão n.º 9202006.352 CSRFT2 Fl. 3 3 O Acórdão recorrido deu parcial provimento ao Recurso Ordinário. O Recurso Especial apresentado pelo Contribuinte trouxe para análise a divergência jurisprudencial em relação à definição da natureza da verba URV. IMPOSTO SOBRE A RENDA E INDENIZAÇÕES Pois bem, como dito a problemática consiste na questão da natureza atribuída a verba recebida pelo contribuinte, e para melhor deslinde da questão mister se faz analisar o enquadramento das indenizações perante a legislação do imposto sobre a renda. A interpretação dada pela Fazenda Nacional é a de que na medida em que a legislação federal, prevê expressamente a isenção ou nãotributação de certas verbas indenizatórias (como as contempladas nos incisos IV e V do artigo 6° da Lei federal n. 7.713/88 ), então só estariam excluídas da incidência estas verbas; e por consequência, todas as demais verbas de caráter indenizatório não expressamente contempladas estariam sujeitas à tributação pelo imposto sobre a renda. Para os doutrinadores esta afirmação é incompatível com os dispositivos constitucionais e também as disposições do Código Tributário Nacional. Para Aliomar Baleeiro, " a renda se destaca da fonte sem empobrecêla", e Marco Aurélio Greco complementa: "indenizar é tornar" sem dano" aquele patrimônio; não é acrescêlo, é recompôlo ao que era antes do evento. Portanto, nestes casos, a indenização não é produto do capital e/ou do trabalho, nem acréscimo patrimonial, razão pela. qual está fora do âmbito de incidência do imposto sobre a renda". Isto significa que o fato de não haver na legislação federal regra expressa prevendo a não incidência de determinada indenização (com o perfil acima) não implica na sua tributação. Ao contrário, não há necessidade de regra neste sentido, pela singela razão de esta indenização não estar alcançada pela norma constitucional (art. 153, Ill). Por definição, está fora do âmbito material de incidência; logo, não precisa haver previsão neste sentido e as que existirem terão caráter explicitador, por vezes, resultantes de dúvidas surgidas quanto à natureza jurídica de determinada verba. O jurista citado ainda ensina que, "indenização que implique recomposição de patrimônio passado economicamente identificável (ou seja, sem haver acréscimo patrimonial), não configura hipótese de incidência do imposto sobre a renda. A verba paga é evento do mundo dos fatos que pode receber mais de uma qualificação jurídica a depender das circunstâncias que a cercam". A questão primordial a ser debatida aqui é saber a quem cabe afirmar a natureza jurídica de determinada verba para fins de enquadramento na legislação do imposto sobre a renda. Três situações podem ser identificadas: a) partes privadas (contratualmente ou por outro instrumento) qualificam determinada verba como de caráter indenizatório; b) o Poder Judiciário, no bojo da prestação jurisdicional, qualifica a verba como indenizatória; e c) a Lei qualifica a verba como indenizatória. Na medida em que a natureza jurídica é que determina a incidência ou não do imposto sobre a renda, importante compreender em quais hipóteses o Fisco Federal pode Fl. 306DF CARF MF 4 recusar a qualificação oriunda de qualquer das situações acima e afirmar a natureza não indenizatória da verba, de modo a deflagrar a incidência das regras do imposto. A terceira hipótese é a que nos importa no caso em tela, uma vez que o contribuinte em questão teve a natureza de sua verba declarada como indenizatória por meio de Lei Estadual. É de se destacar o fato de a qualificação indenizatória dada a verba foi editada pelo legislador através de uma lei específica. Toda lei goza de presunção de constitucionalidade. Caso se tratasse de uma lei federal, o Fisco também federal, não teria competência para afastar sua aplicabilidade, pois não lhe é dado substituirse ao legislador, nem tem competência para declarar a inconstitucionalidade de uma norma. Tratandose de lei estadual abrese o debate, pois a qualificação jurídica por ela veiculada tem o efeito de atribuir ao fato subjacente uma qualidade que por decorrência e em função do caráter de Direito de superposição de que se reveste o Direito Tributário repercute na aplicação da lei tributária federal, ao afastála no caso de indenizações (que não impliquem acréscimo patrimonial). Daí a pergunta, que responde toda a problemática aqui veiculada: pode a lei estadual interferir com a interpretação e aplicação da lei tributária federal? Embora pareça questão de fácil resolução, e a resposta pareça ser a simples alegação realizada pelo Fisco, de que não cabe a Lei estadual interferir nas hipóteses de incidência (fato gerador) de tributo federal, penso que a questão envolve outros institutos jurídicos e concepções tributárias. Para alguns juristas, nos quais novamente cito Marco Aurélio Greco, a pergunta envolve um falso problema. Pois a questão efetiva não é esta, obviamente os Estados não têm competência para legislar sobre imposto sobre a renda. A questão legítima aqui discutida é, se o Fisco Federal pode afastar a qualificação jurídica de determinada verba que tenha sido atribuída por lei estadual válida no ordenamento jurídico. E aqui neste ponto, sem dúvida a resposta é não, por força da presunção de constitucionalidade de que se reveste toda lei. Portanto, enquanto subsistir o preceito normativo, o Fisco federal não possui competência para afastar a qualificação jurídica ali contida. Para afastála é preciso, previamente, buscar a declaração da sua inconstitucionalidade, o que não pode ser realizado pelo Poder Executivo, sem a chancela do Poder Judiciário. Ainda que a alegação do fisco fosse de que o preceito nela contido é manifestamente inconstitucional, por dispor sobre matéria que não cabe ao Estado regular ou se seu conteúdo contiver disciplina inequivocamente conflitante com o ordenamento, a ponto de configurar aquilo que a jurisprudência denomina de "ato teratológico", não é o que ocorre no caso em tela, pois a disposição sobre a verba submetida ao regime estatutário é de plena competência do ente estadual. Assim, não há que se falar que a Lei Complementar n. 20/2003 ou a Lei n. 8.730/2003, possua qualificação jurídica teratológica que possa afastar de plano sua aplicabilidade. Assim, além da presunção de constitucionalidade de que se revestem as leis em referência, elas dispõem sobre matéria que compete aos Estados regular, por dizer respeito ao funcionamento das respectivas Instituições. Portanto, não é estranho que seja a lei a reconhecer a natureza jurídica de determinada verba, à luz do contexto do respectivo regime estatutário, conforme previsão expressa do § 11 do artigo 37, CF, que é explícito ao prever que: Fl. 307DF CARF MF Processo nº 10580.727061/200934 Acórdão n.º 9202006.352 CSRFT2 Fl. 4 5 “Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (...) XI a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da administração direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicandose como limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o subsídio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores Públicos; (...) § 11. Não serão computadas, para efeito dos limites remuneratórios de que trata o inciso XI do caput deste artigo, as parcelas de caráter indenizatório previstas em lei." (grifo nosso) Ou seja, podem existir pagamentos a agentes públicos que tenham caráter indenizatório, desde que as respectivas parcelas estejam previstas em lei. Ora, se tais parcelas podem existir, a própria lei também pode afirmar esse caráter, "especialmente" em relação a verba submetida ao regime estatutário. Ad argumentandum tantum, ainda há que se salientar que, sendo da competência dos Estados definir a natureza de tais verbas, ainda é também de sua competência a responsabilidade pela retenção do imposto na fonte e consequentemente é de sua titularidade o direito de cobrála. Contudo até o presente momento não vemos no Estado da Bahia nenhuma menção neste sentido. Assevera, Marco Aurélio Grecco, que a CF/88, a titularidade não é sobre o resultado material da atividade de reter, mas é sobre todo aquele imposto que de acordo com a legislação pertinente deva ser submetido ao regime de retenção na fonte. Esta titularidade é atribuída em caráter exclusivo ao Estado o que afasta qualquer interesse ou pretensão por parte da União. Vale dizer, se determinada verba, pela sua natureza, deve submeterse à retenção, o simples fato de esta ser a respectiva qualificação, afasta por si só a titularidade da União. Ou seja, a União não tem titularidade sobre a parcela do imposto sobre a renda na fonte que incidir (juridicamente) na fonte. A circunstância de haver ou não no plano fático a retenção não modifica esta qualificação jurídica da titularidade sobre esse montante, posto que a qualificação advém diretamente da CF/88 e a eventual inação do Estado em reter não configura transferência de titularidade à União; nem doação a seu favor de verba que pertence ao Estado, Daí a conclusão de que, em relação ao imposto incidente na fonte, a relação jurídica que se instaura é entre o contribuinte e Estado, diretamente, sem qualquer mediação da União. A União editou a lei que dispõe sobre o tratamento tributário das diversas verbas que o contribuinte pode auferir. Mas, em relação àquelas que, por sua natureza, devam se submeter à retenção na fonte, o respectivo imposto pertence integral e exclusivamente ao Estado. Por fim o julgamento do caso em tela implica na aplicação de princípio basilar do Direito Administrativo, qual seja o respeito a legalidade. Assim, enquanto a Administração Fl. 308DF CARF MF 6 Pública só pode fazer o que está previsto em lei, ao Administrado, no caso em tela Contribuinte, é possível fazer tudo aquilo que não é proibido. Ainda, para Hely Lopes Meirelles: Na Administração Pública não há liberdade nem vontade pessoal. Enquanto na administração particular é lícito fazer tudo que a lei não proíbe, na Administração Pública só é permitido fazer o que a lei autoriza” (MIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 30. Ed. São Paulo: Malheiros, 2005). A Legalidade é intrínseca a ideia de Estado de Direito, pensamento este que faz que ele próprio se submeta ao direito, fruto de sua criação, portanto esse é o motivo desse princípio ser tão importante, um dos pilares do ordenamento. É na legalidade que cada indivíduo encontra o fundamento das suas prerrogativas, assim como a fonte de seus deveres. A administração não tem fins próprios, mas busca na lei, assim como, em regra não tem liberdade, escrava que é do ordenamento. O Princípio da Legalidade é uma das maiores garantias para os gestores frente o Poder Público. Ele representa total subordinação do Poder Público à previsão legal, visto que, os agentes da Administração Pública devem atuar sempre conforme a lei. Assim, o administrador público não pode, mediante mero ato administrativo, conceder direitos, estabelecer obrigações ou impor proibições aos cidadãos. A criação de um novo tributo, por exemplo, dependerá de lei. Do mesmo modo, a limitação de direitos não poderá ser feita por via de interpretação mais gravosa que aquela propriamente estabelecida na norma. Na fiscalização, o Princípio da Legalidade possui atividade totalmente vinculada, ou seja, a falta de liberdade para a autoridade administrativa. A lei define as condições da atuação dos Agentes Administrativos, determinando as tarefas e impondo condições excludentes de escolhas pessoais ou subjetivas. Por fim, esse princípio é vital para o bom andamento da Administração Pública, sendo que ele coíbe a possibilidade do gestor público agir por conta própria, tendo sua eficácia através da execução jurídica dos atos de improbidade, evitando a falta de vinculação à norma e, principalmente, a corrupção no sistema. Essa preocupação se faz constante para que seja atingido o objetivo maior para o país, o interesse público, através da ordem e da justiça. No caso em tela, entendo que não houve por parte do Estado da Bahia uma intromissão quanto ao tributo federal de competência da União imposto de renda pessoa física. Mas que houve sim, uma natureza indenizatória dada a verbas oriundas do regime estatutário daquele Estado, as quais são de competência exclusiva do mesmo, responsável por gerir e organizar seu Regime Próprio de Trabalho e Previdência. A existência destas leis legitimou o agir do contribuinte, que exerceu direito que lhe foi conferido por lei. Lei esta emitida por Ente participante da Administração Pública, face ao pacto federativo constitucionalmente imposto. Desse modo, por melhor que seja a construção jurídica utilizada pela Receita Federal, afastar a legalidade ou a constitucionalidade de norma válida no ordenamento jurídico prescinde de um conjunto de medidas dispostas na Constituição Federal, as quais não contemplam a possibilidade do Fisco, ou até mesmo do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, negar validade ou aplicabilidade. Observo que o controle de constitucionalidade pode ser realizado de modo preventivo (antes de a lei entrar em vigor) pelo Poder Legislativo ou de modo repressivo (a lei já está em vigência e deve ser expulsa do ordenamento), em regra, no Brasil, é jurisdicional, logo pelo Poder Judiciário na modalidade concentrado ou difuso. Assim resume Zeno Veloso: (...) O controle jurisdicional da constitucionalidade, no Brasil, utiliza o método concentrado, sendo o controle abstrato, em tese, através de ação direta, a ser julgada pelo Supremo Tribunal Federa, tendo por objeto leis e atos normativos federais e estaduais, em confronto com a Constituição Federal, que nos Estadosmembros, compete aos Tribunais de Justiça, Fl. 309DF CARF MF Processo nº 10580.727061/200934 Acórdão n.º 9202006.352 CSRFT2 Fl. 5 7 tendo por objeto leis e atos normativos estaduais e municipais, em face da Constituição estadual. Servimonos, também, do controle difuso, concreto, incidenter tantum, exercido por qualquer órgão, singular ou coletivo, do Poder Judiciário. (VELOSO, Zeno. p. 35) Assim, resta evidente que no caso em apreço, ainda que fosse caso de não aplicar a natureza jurídica dada a verba por lei, esta seria de exclusiva competência do Poder Judiciário, pois por uma questão de competência constitucional, legal e regimental, este Tribunal Administrativo não pode afastar a constitucionalidade de Lei. Ressaltese aqui, a clara diferenciação entre o poder dever dos julgadores no âmbito judicial e administrativo. Enquanto o juiz é dotado de equidade, o conselheiro do Tribunal Administrativo é dotado de obediência ao princípio da legalidade. Contudo, compreendo que a melhor solução da questão não prescinde de Juízos de constitucionalidade, vez que conforme explanado acima, a natureza das verbas percebidas pelo contribuinte foram legitimamente declaradas indenizatórias por força de lei estadual, sendo que conforme previsão constitucional é da competência do Ente Federado responsável pelo Regime estatutário fazêlo, não usurpando assim competência da União para declarar as hipóteses de incidência do imposto de renda pessoa física, a quem coube determinar que o imposto era devido sobre verbas remuneratórias, excluindo as indenizatórias, sem no entanto, ser responsável por determinar quais verbas são de uma natureza ou de outra. Pelo exposto, voto no sentido de conhecer e dar provimento ao Recurso Especial do Contribuinte para afastar a incidência do imposto de renda sobre as parcelas pagas a Agentes Públicos Estaduais a Título de Diferença de URV, as quais tem natureza claramente indenizatória. Voto Vencedor Conselheira Ana Cecília Lustosa da Cruz Redatora Designada Em que pese o brilhantismo e a logicidade do voto da ilustre Relatora, ouso dela divergir, com a máxima vênia, quanto à incidência do imposto de renda sobre o valor recebido a título de diferenças da Unidade Real de Valor (URV). Argumenta o Recorrente, em síntese, a não incidência do imposto de renda sobre a diferença de URV, considerando a natureza indenizatória de tais verbas. A primeira apreciação a ser feita referese à natureza das verbas sob análise. E o segundo ponto a ser analisado é sobre a existência ou não de isenção relativa à URV. Entendo que os valores recebidos pelos contribuintes decorrem da compensação pela falta de correção no valor nominal do salário, oportunamente, quando da implantação da URV e, assim, constituem parte integrante de seus vencimentos. Não obstante o meu entendimento anteriormente destacado acerca da natureza salarial da diferença de URV, cabe ressaltar que, no caso do Ministério Público da Bahia, foi publicada uma Lei Estadual (LC 20/2003) que dispôs de modo diverso, tratando a verba como indenização. Tendo em vista que o imposto de renda é regido por legislação federal, tal dispositivo não possui efeito tributário para a análise do tributo em questão. Assim, estando a mencionada lei em plena vigência, prestase apenas ao fim por ela almejado, qual seja o pagamento de precatório, de forma especial. Fl. 310DF CARF MF 8 Cabe destacar que a inaplicabilidade da LC 20/2003 não decorre de um juízo de inconstitucionalidade, mas sim de uma interpretação sistemática das normas, em observância do princípio da legalidade, tendo em vista a ausência de lei isentiva, no presente caso. Sobre a aplicação da Resolução do Supremo Tribunal Federal (STF) 245/2002 pugnada pela recorrente, notase que foi conferida natureza jurídica indenizatória ao abono variável concedido à Magistratura Federal e ao Ministério Público da União, não se confundindo com as diferenças decorrentes de URV, ora analisadas. Desse modo, deve ser considerada a natureza salarial das diferenças sob apreciação. Ainda que fosse caracterizada como indenizatória a verba sob análise, ressaltase que a incidência do imposto de renda independe da denominação do rendimento, pois as indenizações não gozam de isenção indistintamente, mas tão somente as previstas em lei específica concessiva de isenção. Havendo, notadamente, acréscimo patrimonial, sob a forma de diferenças de vencimentos recebidos a destempo, resta evidente a incidência do imposto de renda, não havendo lei concessiva de isenção apta a afastar a tributação, nesse caso. Diante do exposto, voto por conhecer do Recurso Especial e, no mérito, negarlhe provimento. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, voto em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Fl. 311DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11080.928620/2009-25
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu May 17 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Jun 07 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2006
COMPENSAÇÃO. PAGAMENTOS INDEVIDOS DE ESTIMATIVA. AUTO DE INFRAÇÃO. LUCRO ARBITRADO. INEXISTÊNCIA DE DÉBITOS POR ESTIMATIVA. VALORES RECOLHIDOS COMPENSADOS NA AUTUAÇÃO.
Contatando-se que o período de apuração referente aos créditos solicitados foi objeto de desclassificação da escrita e arbitramento, não mais existem débitos devidos a título de estimativa.
Também não mais existem os créditos decorrentes de pagamentos a maior em razão de todos os pagamentos terem sido utilizados, durante a autuação, no abatimento dos tributos apurados pelo lucro arbitrado.
Numero da decisão: 1401-002.578
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente.
(assinado digitalmente)
Abel Nunes de Oliveira Neto- Relator.
Participaram do presente Julgamento os Conselheiros Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Lívia de Carli Germano, Abel Nunes de Oliveira Neto, Luciana Yoshihara Arcângelo Zanin, Cláudio de Andrade Camerano, Daniel Ribeiro Silva, Letícia Domingues Costa Braga, Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente)
Nome do relator: ABEL NUNES DE OLIVEIRA NETO
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PAGAMENTOS INDEVIDOS DE ESTIMATIVA. AUTO DE INFRAÇÃO. LUCRO ARBITRADO. INEXISTÊNCIA DE DÉBITOS POR ESTIMATIVA. VALORES RECOLHIDOS COMPENSADOS NA AUTUAÇÃO. Contatandose que o período de apuração referente aos créditos solicitados foi objeto de desclassificação da escrita e arbitramento, não mais existem débitos devidos a título de estimativa. Também não mais existem os créditos decorrentes de pagamentos a maior em razão de todos os pagamentos terem sido utilizados, durante a autuação, no abatimento dos tributos apurados pelo lucro arbitrado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente. (assinado digitalmente) Abel Nunes de Oliveira Neto Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 92 86 20 /2 00 9- 25 Fl. 113DF CARF MF 2 Participaram do presente Julgamento os Conselheiros Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Lívia de Carli Germano, Abel Nunes de Oliveira Neto, Luciana Yoshihara Arcângelo Zanin, Cláudio de Andrade Camerano, Daniel Ribeiro Silva, Letícia Domingues Costa Braga, Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente) Relatório Trata o presente processo de PER/DCOMP apresentado pela empresa no qual solicita a compensação de pretensos créditos relativos a pagamento a maior de CSLL devida por estimativa. A origem dos créditos, consoante informado pelo recorrente desde sua impugnação, baseiase na retificação dos valores de apuração que, após a retificação das DIPJ e DCTF da empresa, resultaram como pagos a maior. Com base nestes créditos a empresa, por meio do PER/DCOMP objeto deste processo, a empresa realizou a compensação com débito da mesma contribuição de períodos subseqüentes. Quando da análise do PER/DCOMP o sistema informatizado reconheceu a existência do crédito mas, no entanto, considerou improcedente a utilização do crédito posto que o art. 10 da IN RFB nº 600/2005, veda a possibilidade de utilização de créditos relativos a pagamentos a maior de estimativa para a quitação dos valores devidos por estimativa de meses subseqüentes. O contribuinte, irresignado apresentou manifestação de inconformidade alegando a existência do crédito. A Delegacia de Julgamento, na análise da manifestação, a considerou improcedente. Ainda inconformado o contribuinte apresentou recurso voluntário no qual entende que não é cabível o indeferimento do crédito com base no art. 10, da IN 600/2005, haja vista que, quando da prolação do despacho decisório de nãohomologação referida norma não mais estava em vigor. É o breve relatório. Voto Conselheiro Abel Nunes de Oliveira Neto Relator A análise do presente processo prendese, em síntese, à verificação da possibilidade de utilização de créditos relativos a pagamentos a maior da CSLL com débitos da Fl. 114DF CARF MF Processo nº 11080.928620/200925 Acórdão n.º 1401002.578 S1C4T1 Fl. 112 3 mesma contribuição de períodos subseqüentes e, ainda, a força impeditiva do art. 10, da IN RFB nº 600/2005. A norma questionada impedia a utilização, por parte do contribuinte, dos valores pagos a maior durante o anocalendário com outros débitos com base na justificativa de que os valores pagos a maior por estimativa deveriam ser levados ao ajuste do exercício, como se pagamentos por estimativas fossem, no sentido de que estes pagamentos a maior compusessem o saldo credor a vir ser apurado no exercício. Ocorre, no entanto, que referida norma impeditiva não encontra respaldo nos ditames da Lei nº 9.430/96, no que trata de restituição/compensação. Assim, se um pagamento foi realizado a maior em um determinado período. A existência do crédito relativo a este pagamento a maior exsurge desde a data do referido recolhimento, na forma do art, 170, do CTN, matriz legal de todas as normas de compensação. A limitação realizada pelo art. 10, da IN 600/2005 desborda dos limites impostos pela normas a ela superiores e, por isso, não pode produzir eficácia contra os direitos nestas inseridos. Em conformidade com este entendimento é que o CARF já se posicionou de forma consolidada, emitindo a Súmula nº 84, conforme abaixo transcrita e consoante os acórdão paradigmas precedentes que a justificaram. Súmula CARF nº 84: Pagamento indevido ou a maior a título de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento, sendo passível de restituição ou compensação. Acórdão nº 120100.404, de 23/2/2011 Acórdão nº 120200.458, de 24/1/2011 Acórdão nº 110100.330, de 09/7/2010 Acórdão nº 910100.406, de 02/10/2009 Acórdão nº 10515.943, de 17/8/2006. Verificado o teor da Súmula acima apresentada, há de se rever as decisões atacadas pelo recorrente. Assim decorreria este voto, quando da época de sua elaboração. Ocorre, no entanto, que iniciada a sessão de julgamento a representante do contribuinte informou acerca da existência de auto de infração lavrado por meio do processo nº 11080.732426/201161, pela sistemática do lucro arbitrado, no qual os pagamentos a maior de IRPJ e CSLL por estimativa realizados no ano e solicitados pela empresa em PER/DCOMP, para a compensação das estimativas devidas do mês de dezembro/2006. Verificase, pela consulta ao processo de auto de infração que para o ano de 2006 foi desconsiderada a escrituração fiscal da empresa e foi realizado o lançamento pelo lucro arbitrado trimestral. Da realização do lançamento foram utilizados os pagamentos por estimativa que não compuseram os saldos negativos já utilizados pela empresa (fls. 8831/8835 do processo nº 11080.732426/201161). Mais ainda, verificase que, sendo arbitrado o lucro, Fl. 115DF CARF MF 4 deixam de ser existentes os débitos por estimativa do ano de 2006, dada a modificação da sistemática de apuração do lucro. Ainda em consulta ao referido auto de infração constatamos que o mesmo já foi julgado em última instância por este CARF e mantido em definitivo os valores lavrados, já estando em fase de execução judicial (fls. 93232/93241 do processo nº 11080.732426/2011 61). À vista do exposto temos então que o PER/DCOMP objeto do presente processo, no qual são utilizados os pagamentos a maior de estimativas do ano de 2006 para a compensação com débitos de estimativa do mesmo ano, perdeu totalmente seu objeto, tanto pelo desaparecimento dos créditos, quanto dos débitos, em face da lavratura de auto de infração pelo lucro arbitrado já julgado em definitivo na esfera administrativa. Por estas razões, deixo de analisar o presente recurso apenas em relação às limitações que levaram ao indeferimento do pedido e, analisando o caso em vista da verdade material, verificandose que deixaram de existir os débitos declarados no PER/DCOMP objeto deste processo, havemos de julgar no sentido de deixar de reconhecer os créditos em face de sua atual inexistência e determinar o cancelamento dos débitos declarados no PER/DCOMP em razão de igualmente não mais existirem, tudo em razão da lavratura do auto de infração pelo lucro arbitrado que modificou integralmente a situação dos débitos e créditos objeto do presente processo. Neste sentido voto por dar provimento ao recurso para: 1) Deixar de analisar os créditos solicitados, relativos aos pagamentos a maior de estimativa em razão de os créditos terem deixado de existir em face da lavratura do auto de infração do mesmo ano, no qual os referidos pagamentos foram utilizados; 2) Determinar o cancelamento dos débitos compensados no presente processo, tendo em vista trataremse de débitos de estimativa do ano de 2006, em face, também, da lavratura de auto de infração que apurou o IRPJ pelo lucro arbitrado e por consequência desfaz qualquer obrigação de recolhimento por estimativa. (assinado digitalmente) Abel Nunes de Oliveira Neto Relator Fl. 116DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.004113/2008-78
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 03 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed May 23 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2005
AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. INEXISTÊNCIA.
1. A autuação está baseada no entendimento, da autoridade fiscal, de que o sujeito passivo, ao descumprir os termos da Lei da PLR, não seria "isento" do pagamento das contribuições devidas à seguridade social.
2. A acusação fiscal arrolou de forma clara todos os fatos e fundamentos que ensejaram a desconsideração dos acordos, tais como a alegada ausência de negociação dos planos, a falta de participação do sindicato, a inexistência de acordos prévios, etc, não tendo havido qualquer omissão quanto à busca da verdade real.
CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS A OUTRAS ENTIDADES E FUNDOS. DECADÊNCIA. RECOLHIMENTO ANTECIPADO. EXISTÊNCIA DIANTE DO RECOLHIMENTO DAS CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. ART. 150, § 4º, DO CTN.
1. O prazo decadencial para o lançamento é regido pelo art. 150, § 4º, do CTN, se, inexistindo dolo, fraude ou simulação, houver pagamento parcial.
2. O critério de determinação da regra decadencial (art. 150, § 4º ou art. 173, inc. I, do CTN) é a existência de pagamento antecipado do tributo, ainda que parcial, mesmo que não tenha sido incluída na sua base de cálculo a rubrica ou o levantamento específico apurado pela fiscalização.
3. Quanto às contribuições devidas a terceiros, que é o caso em discussão, o § 3º do art. 3º da Lei 11457/07 preleciona que elas se sujeitam aos mesmos prazos, condições e privilégios das contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 da Lei 8212/91, e das contribuições instituídas a título de substituição.
4. As contribuições de terceiros têm o mesmo fato gerador e a mesma base de cálculo das contribuições previdenciárias (o pagamento de remuneração).
CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. PLR. NORMA DE EFICÁCIA LIMITADA.
Como se conclui pela leitura do art. 7º, inc. XI, da Constituição Federal, a norma é de eficácia limitada, pois expressamente atribuiu à lei a competência para desvincular, da remuneração, a participação do trabalhador nos lucros ou resultados da empresa.
PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS PLR. REQUISITOS DA LEI Nº 10.101/2000. AUSÊNCIA DE FIXAÇÃO PRÉVIA DE CRITÉRIOS PARA RECEBIMENTO DO BENEFÍCIO. DESCONFORMIDADE COM A LEI REGULAMENTADORA. INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO.
Os valores auferidos por segurados obrigatórios do Regime Geral de Previdência Social a título de participação nos lucros ou resultados da empresa, quando pagos ou creditados em desconformidade com a lei específica, integram o conceito jurídico de Salário-de-Contribuição para todos os fins previstos na Lei de Custeio da Seguridade Social.
A ausência da estipulação entre as partes trabalhadora e patronal, de metas e objetivos previamente ao início do período aquisitivo do direito ao recebimento de participação nos lucros e resultados da empresa, caracteriza descumprimento da lei que rege a matéria. Decorre disso, a incidência de contribuição previdenciária sobre a verba.
CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. PLR. ACORDOS SEM AUTENTICAÇÃO.
A Lei 10.101/2000 não exige nenhuma outra formalidade especial, senão aquelas arroladas no seu art. 2º, dentre as quais não se encontra a necessidade de autenticação.
CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. PLR. ACORDO VIA COMISSÃO PARITÁRIA. NECESSIDADE DE PARTICIPAÇÃO DO SINDICATO.
A recorrente não demonstrou que a comissão escolhida pelas partes estava realmente integrada por um representante sindical, o que infringe o disposto no inc. I do art. 2ª da Lei 10101/2000, inclusive com a redação anterior à Lei 12823/2013.
CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. PLR. EXISTÊNCIA DE REGRAS CLARAS E OBJETIVAS.
1. A clareza e a objetividade têm que ser das regras, não havendo qualquer vedação quanto ao estabelecimento de critérios comportamentais, cuja avaliação não é necessariamente subjetiva.
2. A psicologia revela que comportamentos podem sim ser mensurados de acordo com critérios objetivos de análise.
CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. PLR. VERIFICAÇÃO DE CUMPRIMENTO DOS ACORDOS COLETIVOS.
O sujeito passivo anexou à sua defesa administrativa as planilhas demonstrativas da mensuração das regras da PLR, o que, em verdade, sequer foi objeto de análise pela Delegacia de Julgamento.
CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. GRATIFICAÇÕES ESPECIAIS. LANÇAMENTO EM OUTRO AUTO DE INFRAÇÃO.
Como esclarecido no relatório fiscal, as gratificações especiais foram objeto de lançamento em outro Auto de Infração.
Numero da decisão: 2402-006.074
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, afastar a preliminar de nulidade para, pelo voto de qualidade, afastar a decadência e negar provimento recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros João Victor Ribeiro Aldinucci (Relator), Jamed Abdul Nasser Feitoza, Renata Toratti Cassini e Gregorio Rechmann Junior que deram provimento parcial. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho.
(assinado digitalmente)
Mário Pereira de Pinho Filho - Presidente e Redator Designado
(assinado digitalmente)
João Victor Ribeiro Aldinucci - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mário Pereira de Pinho Filho, Ronnie Soares Anderson, João Victor Ribeiro Aldinucci, Mauricio Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregorio Rechmann Junior.
Nome do relator: JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI
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NULIDADE. INEXISTÊNCIA. 1. A autuação está baseada no entendimento, da autoridade fiscal, de que o sujeito passivo, ao descumprir os termos da Lei da PLR, não seria "isento" do pagamento das contribuições devidas à seguridade social. 2. A acusação fiscal arrolou de forma clara todos os fatos e fundamentos que ensejaram a desconsideração dos acordos, tais como a alegada ausência de negociação dos planos, a falta de participação do sindicato, a inexistência de acordos prévios, etc, não tendo havido qualquer omissão quanto à busca da verdade real. CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS A OUTRAS ENTIDADES E FUNDOS. DECADÊNCIA. RECOLHIMENTO ANTECIPADO. EXISTÊNCIA DIANTE DO RECOLHIMENTO DAS CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. ART. 150, § 4º, DO CTN. 1. O prazo decadencial para o lançamento é regido pelo art. 150, § 4º, do CTN, se, inexistindo dolo, fraude ou simulação, houver pagamento parcial. 2. O critério de determinação da regra decadencial (art. 150, § 4º ou art. 173, inc. I, do CTN) é a existência de pagamento antecipado do tributo, ainda que parcial, mesmo que não tenha sido incluída na sua base de cálculo a rubrica ou o levantamento específico apurado pela fiscalização. 3. Quanto às contribuições devidas a terceiros, que é o caso em discussão, o § 3º do art. 3º da Lei 11457/07 preleciona que elas se sujeitam aos mesmos prazos, condições e privilégios das contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 da Lei 8212/91, e das contribuições instituídas a título de substituição. 4. As contribuições de terceiros têm o mesmo fato gerador e a mesma base de cálculo das contribuições previdenciárias (o pagamento de remuneração). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 41 13 /2 00 8- 78 Fl. 518DF CARF MF 2 CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. PLR. NORMA DE EFICÁCIA LIMITADA. Como se conclui pela leitura do art. 7º, inc. XI, da Constituição Federal, a norma é de eficácia limitada, pois expressamente atribuiu à lei a competência para desvincular, da remuneração, a participação do trabalhador nos lucros ou resultados da empresa. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS PLR. REQUISITOS DA LEI Nº 10.101/2000. AUSÊNCIA DE FIXAÇÃO PRÉVIA DE CRITÉRIOS PARA RECEBIMENTO DO BENEFÍCIO. DESCONFORMIDADE COM A LEI REGULAMENTADORA. INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO. Os valores auferidos por segurados obrigatórios do Regime Geral de Previdência Social a título de participação nos lucros ou resultados da empresa, quando pagos ou creditados em desconformidade com a lei específica, integram o conceito jurídico de SaláriodeContribuição para todos os fins previstos na Lei de Custeio da Seguridade Social. A ausência da estipulação entre as partes trabalhadora e patronal, de metas e objetivos previamente ao início do período aquisitivo do direito ao recebimento de participação nos lucros e resultados da empresa, caracteriza descumprimento da lei que rege a matéria. Decorre disso, a incidência de contribuição previdenciária sobre a verba. CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. PLR. ACORDOS SEM AUTENTICAÇÃO. A Lei 10.101/2000 não exige nenhuma outra formalidade especial, senão aquelas arroladas no seu art. 2º, dentre as quais não se encontra a necessidade de autenticação. CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. PLR. ACORDO VIA COMISSÃO PARITÁRIA. NECESSIDADE DE PARTICIPAÇÃO DO SINDICATO. A recorrente não demonstrou que a comissão escolhida pelas partes estava realmente integrada por um representante sindical, o que infringe o disposto no inc. I do art. 2ª da Lei 10101/2000, inclusive com a redação anterior à Lei 12823/2013. CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. PLR. EXISTÊNCIA DE REGRAS CLARAS E OBJETIVAS. 1. A clareza e a objetividade têm que ser das regras, não havendo qualquer vedação quanto ao estabelecimento de critérios comportamentais, cuja avaliação não é necessariamente subjetiva. 2. A psicologia revela que comportamentos podem sim ser mensurados de acordo com critérios objetivos de análise. CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. PLR. VERIFICAÇÃO DE CUMPRIMENTO DOS ACORDOS COLETIVOS. O sujeito passivo anexou à sua defesa administrativa as planilhas demonstrativas da mensuração das regras da PLR, o que, em verdade, sequer foi objeto de análise pela Delegacia de Julgamento. Fl. 519DF CARF MF Processo nº 19515.004113/200878 Acórdão n.º 2402006.074 S2C4T2 Fl. 3 3 CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. GRATIFICAÇÕES ESPECIAIS. LANÇAMENTO EM OUTRO AUTO DE INFRAÇÃO. Como esclarecido no relatório fiscal, as gratificações especiais foram objeto de lançamento em outro Auto de Infração. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, afastar a preliminar de nulidade para, pelo voto de qualidade, afastar a decadência e negar provimento recurso voluntário. Vencidos os Conselheiros João Victor Ribeiro Aldinucci (Relator), Jamed Abdul Nasser Feitoza, Renata Toratti Cassini e Gregorio Rechmann Junior que deram provimento parcial. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Presidente e Redator Designado (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mário Pereira de Pinho Filho, Ronnie Soares Anderson, João Victor Ribeiro Aldinucci, Mauricio Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregorio Rechmann Junior. Fl. 520DF CARF MF 4 Relatório A fiscalização lavrou o seguinte Auto de Infração (AI) DEBCAD em face do sujeito passivo: (a) AI DEBCAD 37.159.2607, para a constituição das contribuições sociais do SalárioEducação, destinadas ao FNDE. O fato gerador das contribuições foi o pagamento de Participação nos Lucros ou Resultados PLR em desacordo com a lei. No transcorrer da fiscalização, o sujeito passivo apresentou dois diferentes acordos para duas categorias distintas: (a) Acordo de Participação nos Resultados Categorias Seniores, Executivos e Dirigentes; (b) Acordo Coletivo de Trabalho Categorias Horistas e Mensalistas. Em resumo, teriam sido descumpridos os seguintes requisitos legais: (a) Acordo de Participação nos Resultados Categorias Seniores, Executivos e Dirigentes não existe acordo para a PLR paga em 2005; o acordo de 2004 só tem as assinaturas de um representante da empresa e de um representante dos empregados; com exceção do acordo de 2003, os demais foram entregues sem autenticação; os acordos não foram objeto de negociação, uma vez que não foram apresentadas as atas de reuniões e de eleições das comissões de empregados; não houve a participação de um representante indicado pelo sindicato; não foi demonstrado que os acordos foram arquivados nos sindicatos, mas apenas que houve requerimento; os acordos foram assinados após o período de aferição dos resultados; os acordos não têm regras claras e objetivas; (b) Acordo Coletivo de Trabalho Categorias Horistas e Mensalistas o único acordo original foi do ano de 2005; o acordo de 2002, apresentado em duas cópias, contém uma versão com a data de julho de 2002, mas sem as assinaturas do sindicato e da comissão; a outra assinada, mas sem data; Fl. 521DF CARF MF Processo nº 19515.004113/200878 Acórdão n.º 2402006.074 S2C4T2 Fl. 4 5 o acordo de 2003 não está assinado pelo sindicato; o acordo de 2004 não está assinado pela comissão de negociação; apesar de o acordo ter estipulado regras objetivas, conforme determina a lei, não foi possível a verificação do cumprimento do acordado; alguns empregados receberam quantias acima do estipulado; todos os acordos foram assinados após o período de aferição. Desta forma, a fiscalização concluiu que as parcelas pagas a título de PLR não seriam "isentas". A existência de Gratificação Especial, contabilizada em conta de PLR, foi lançada no Auto de Infração 37.095.5650, que não integra este processo e nem os seus apensos. A contribuinte apresentou sua impugnação tempestivamente (cujos fundamentos são idênticos aos do seu recurso voluntário), a qual foi julgada improcedente pela DRJ em decisão assim ementada: DECADÊNCIA. INOCORRÊNCIA. Com o entendimento sumulado da Egrégia Corte (Súmula n° 08/2008) e do Parecer PGFN/CAT n° 1.617/2008, aprovado pelo Sr. Ministro de Estado da Fazenda em 18/08/2008, na contagem do prazo decadencial para constituição do crédito das contribuições devidas Seguridade Social, na hipótese de inexistência de pagamento utilizase a regra geral do art. 173 do CTN. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS: Integram o saláriodecontribuição pelo seu valor total o pagamento de verbas a titulo de participação nos lucros ou resultados, quando pagas em desacordo com a Lei n°10.101/2000. PEDIDO DE PERICIA. A perícia solicitada pela empresa deve expor os motivos que a justifique, com a formulação dos quesitos referente aos exames desejados, considerando não formulado o pedido que não preenche o disposto no art. 16, IV do Decreto 70.235/72. PEDIDO DE JUNTADA DE DOCUMENTOS. PRECLUSÃO TEMPORAL. A prova documental deve ser apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, salvo nas exceções do art.16, §4ºdo Decreto n° 70.235/72. INTIMAÇÃO DIRIGIDA EXCLUSIVAMENTE AO PATRONO DA EMPRESA NO ENDEREÇO DAQUELE. IMPOSSIBILIDADE. Ê descabida a pretensão de intimações, publicações ou notificações dirigidas ao Patrono da Impugnante em endereço diverso do domicilio fiscal do contribuinte tendo em vista o § 4º do art. 23 do Decreto 70.235/72. (como no original) Fl. 522DF CARF MF 6 Intimada da decisão em 08/06/2009, através de aviso de recebimento, a contribuinte interpôs recurso voluntário em 07/07/2009, no qual reafirmou as seguintes teses de defesa: (a) nulidade do Auto de Infração; (b) os PLRs estabelecidos para os períodos de 2002 a 2005 atendem plenamente a norma constitucional; (c) tendo em vista que os pagamentos efetuados a título de PLR gozam de imunidade constitucional, nem mesmo seria necessária a existência de acordo; (d) as empresas e os empregados têm a faculdade de se utilizar dos critérios legais para a confecção do plano (índices de produtividade, qualidade ou lucratividades; programas de metas, resultados e prazos); (e) não obstante, as regras foram devidamente cumpridas; (f) enumerou todos os requisitos legais que teriam sido observados; (g) a fiscalização e a DRJ incorreram em formalismo exacerbado e lesaram o espírito da norma; (h) as regras gerais foram acordadas entre a recorrente e seus empregados, ainda que não tenham sido formalizadas antes dos períodos aquisitivos; (i) os acordos foram firmados previamente aos pagamentos; (j) todos os acordos de PLR tiveram a participação e a anuência do sindicato, conforme doc. 05 da impugnação; (k) os PLRs relativos aos horistas e mensalistas foram firmados em papel timbrado do sindicato; (l) a lei não obriga a confecção de documentos tais como ata de eleição de comissão e ata da reunião de PLR; (m) juntamente com o pagamento de PLR, a recorrente efetuou o adimplemento de gratificação especial a certo empregados. Por equívoco, contabilizou tal procedimento como PLR, mas isso não significa que alguns funcionários tenham recebido valores maiores a título de participação. Alega, ainda, que efetuou o recolhimento de contribuições sobre as gratificações; (n) os pagamentos a título de PLR não se confundem com remuneração; (o) as empresas e os empregados podem tomar livremente por base ou referencial os critérios e elementos que quiserem para estabelecer, nos acordos coletivos, a participação dos empregados; (p) o prazo decadencial aplicável aos tributos sujeitos a lançamento por homologação é de cinco anos contados do fato gerador, de forma que, como o lançamento ocorreu em 25 de agosto de 2008, os créditos tributários Fl. 523DF CARF MF Processo nº 19515.004113/200878 Acórdão n.º 2402006.074 S2C4T2 Fl. 5 7 relativos aos fatos geradores compreendidos entre janeiro de 2003 e agosto de 2003 estão decaídos; (q) houve recolhimento parcial das contribuições devidas, o que pode ser facilmente verificado em consulta ao sistema da Receita. Em 29/03/2011, a recorrente requereu a juntada aos autos do Acordo de Participação nos Resultados do ano de 2004, assinado e ratificado pelas partes envolvidas. Em sessão de julgamento realizada em 19 de março de 2014, o julgamento do feito foi convertido em diligência, a fim de que a autoridade administrativa informasse se houve recolhimentos, ainda que parciais, de contribuições nos períodos de apuração em referência, ainda que não relativos às rubricas especificamente exigidas no Auto de Infração. Através de informação fiscal, a autoridade asseverou que não houve recolhimento das contribuições ao FNDE, que é o objeto desse débito. Intimada, a recorrente reafirmou a decadência dos créditos relativos aos fatos geradores anteriores a setembro de 2003. Sem contrarrazões. É o relatório. Fl. 524DF CARF MF 8 Voto Vencido Conselheiro João Victor Ribeiro Aldinucci Relator 1 Conhecimento O recurso voluntário é tempestivo e estão presentes os demais requisitos de admissibilidade, devendo, portanto, ser conhecido. 2 Da nulidade do Auto de Infração A recorrente afirma que o Auto de Infração seria nulo, porque a fiscalização teria falhado em seu dever de busca pela verdade material. Contudo, a autuação está baseada no entendimento, da autoridade fiscal, de que o sujeito passivo, ao descumprir os termos da Lei da PLR, não seria "isento" do pagamento das contribuições devidas à seguridade social. Segundo se depreende do relatório fiscal, a desvinculação da PLR da remuneração estaria atrelada à observância de requisitos específicos traçados na legislação, os quais teriam sido descumpridos, dando azo à exigibilidade das contribuições devidas à seguridade social, incidentes sobre as remunerações pagas àquele título. A acusação fiscal arrolou de forma clara todos os fatos e fundamentos que ensejaram a desconsideração dos acordos, tais como a alegada ausência de negociação dos planos, a falta de participação do sindicato, a inexistência de acordos prévios, etc, não tendo havido qualquer omissão quanto à busca da verdade real. Por outro lado, a ação fiscal foi conduzida por servidor competente, que concedeu à recorrente os prazos legais para a apresentação de documentos e prestação de esclarecimentos; a autuação foi devidamente motivada e foi concedido ao sujeito passivo o prazo legal para a formulação de impugnação; a autuação ainda contém clara descrição do fato gerador da obrigação, da matéria tributável, do montante do tributo devido, da identificação do sujeito passivo e da penalidade aplicável; não houve nenhum prejuízo para os direitos de defesa e do contraditório da recorrente, que puderam ser exercidos na forma e no prazo legal. Ou seja, a fiscalização transcorreu dentro da mais restrita legalidade e não houve qualquer inobservância ao direito de defesa da recorrente, rejeitandose, portanto, a preliminar de nulidade do lançamento. 3 Da decadência Ainda que ao final de seu recurso, a recorrente suscita outra tese de natureza preliminar (decadência parcial), a qual deve ser enfrentada antes do mérito (art. 938 do CPC). O critério de determinação da regra decadencial aplicável (art. 150, § 4º, ou art. 173, inc. I, ambos do Código Tributário Nacional) é a existência de pagamento antecipado do tributo, ainda que parcial, mesmo que não tenha sido incluída na sua base de cálculo a rubrica ou o levantamento específico apurado pela fiscalização. Fl. 525DF CARF MF Processo nº 19515.004113/200878 Acórdão n.º 2402006.074 S2C4T2 Fl. 6 9 Se o sujeito passivo antecipa o montante do tributo, mas em valor inferior ao efetivamente devido, o prazo para a autoridade administrativa manifestar se concorda ou não com o recolhimento tem início; em não havendo concordância, deve haver lançamento de ofício no prazo determinado pelo art. 150, § 4º, salvo a existência de dolo, fraude ou simulação, casos em que se aplica o art. 173, inc. I. Expirado o prazo, considerase realizada tacitamente a homologação pelo Fisco, de maneira que essa homologação tácita tem natureza decadencial. Eis o entendimento do STJ, em sede de recurso repetitivo: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial quinquenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs.. 163/210). 3. O dies a quo do prazo quinquenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos Fl. 526DF CARF MF 10 sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs.. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs.. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs.. 183/199). 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deuse em 26.03.2001. 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial quinquenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. (REsp 973.733/SC, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 12/08/2009, DJe 18/09/2009) (destacouse) Quanto às contribuições devidas a terceiros, que é o caso em discussão, o § 3º do art. 3º da Lei 11457/07 preleciona que elas se sujeitam aos mesmos prazos, condições e privilégios das contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 da Lei 8212/91, e das contribuições instituídas a título de substituição. Art. 3o As atribuições de que trata o art. 2o desta Lei se estendem às contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, na forma da legislação em vigor, aplicandose em relação a essas contribuições, no que couber, as disposições desta Lei. § 3o As contribuições de que trata o caput deste artigo sujeitam se aos mesmos prazos, condições, sanções e privilégios daquelas referidas no art. 2o desta Lei, inclusive no que diz respeito à cobrança judicial. Desta sorte, e por força de expressa disposição legal, se porventura tiver havido o recolhimento das contribuições devidas à seguridade social, ainda que parcialmente, a contagem do prazo decadencial se dará na forma do art. 150, § 4º. Seria mesmo um contrasenso legal, num determinado caso concreto, fazerse a contagem do prazo decadencial das contribuições previdenciárias na forma do art. 150, § 4º, e a contagem do prazo decadencial das contribuições de terceiros na forma do art. 173, inc. I, na medida em que há disposição legal expressa determinando a uniformidade no tratamento dos prazos, condições, sanções e privilégios. Fl. 527DF CARF MF Processo nº 19515.004113/200878 Acórdão n.º 2402006.074 S2C4T2 Fl. 7 11 Lembrese, por outro lado, que as contribuições de terceiros têm o mesmo fato gerador e a mesma base de cálculo das contribuições previdenciárias (o pagamento de remuneração e o seu valor, respectivamente). Nesse sentido, contandose o prazo decadencial das contribuições previdenciárias a partir do fato gerador, igualmente deve se contar o lustro decadencial das contribuições de terceiros desde o fato jurídico tributário, e não do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Por fim, deve ser lembrar que o recolhimento das contribuições previdenciárias propicia que o Fisco inicie a atividade de homologação do recolhimento ou a fiscalização para eventual lançamento de ofício, tanto das eventuais diferenças devidas, quanto das contribuições de terceiros integralmente não adimplidas. Neste caso concreto, e examinandose todos os lançamentos efetuados em face do sujeito passivo, é possível concluir que houve o recolhimento parcial das contribuições incidentes sobre a folha de salários. Logo, como o lançamento ocorreu em 27/08/2008 (vide Auto de Infração), estão decaídas as competências anteriores a agosto de 2003, ante o transcurso de prazo superior a cinco anos do fato gerador até o lançamento. 4 No mérito 4.1 DA NORMA DE EFICÁCIA LIMITADA Deve ser enfrentada, primeiramente, a tese segundo a qual, como os pagamentos efetuados a título de PLR gozam de imunidade constitucional, nem mesmo seria necessária a existência de acordo. Isso porque tal tese é prejudicial às demais. A não incidência das contribuições sobre a PLR é uma imunidade, vez que é uma norma de não tributação prevista na Constituição Federal. Ao estabelecer que tal verba está desvinculada da remuneração, a Lei Maior criou uma norma negativa de competência, impedindo o próprio exercício de atividade legislativa para criar imposição fiscal a ela atinente: Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: XI participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei; Como se conclui pela leitura do texto, a norma constitucional é de eficácia limitada, pois expressamente atribuiu à lei a competência para estabelecer os pressupostos dessa não vinculação. A própria execução da norma constitucional e o estabelecimento dos requisitos necessários para a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da Fl. 528DF CARF MF 12 empresa, e a sua consequente desvinculação da remuneração, indubitavelmente dependiam da regulamentação mediante lei. O STF e o STJ, a propósito, compartilham de igual entendimento, como se pode ver, respectivamente, no RE 505.597/RS e no AgRg no AREsp 95.339/PA. No plano infraconstitucional, a regulamentação atual está na Lei nº 10.101/2000, que “dispõe sobre a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa e dá outras providências”. Em seu art. 2º, a lei prevê que a PLR será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, através, conforme o caso, de comissão paritária escolhida pelas partes, convenção coletiva ou acordo coletivo. É inquestionável, pois, que a lei prevê que essa partipação será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, devendo sim ser objeto de acordo mediante comissão paritária, acordo coletivo ou convenção coletiva. Nesse quadro, equivocouse a recorrente. 4.2 DO ACORDO PRÉVIO Uma das acusações comuns a ambos os acordos (Categorias Seniores, Executivos e Dirigentes e Categorias Horistas e Mensalistas) e em todos os anos é a inexistência de acordo prévio ao período de aquisição. Como dito, em seu art. 2º, a lei prevê que a PLR será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, através, conforme o caso, de comissão paritária escolhida pelas partes, convenção coletiva ou acordo coletivo. É inquestionável, assim, que a lei prevê que essa partipação será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados: Art.2º. A participação nos lucros ou resultados será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, mediante um dos procedimentos a seguir descritos, escolhidos pelas partes de comum acordo: Todavia, a legislação realmente não estabeleceu uma data limite para a formalização dessa negociação. É compreensível que não o tenha feito, pois as normas de experiência comum demonstram que tais negociações não raramente levam meses para serem concluídas, sendo por vezes acirradas e conflituosas e envolvendo diversos sindicatos de diversas categorias. É óbvio, contudo, que os trabalhadores têm conhecimento das diretrizes gerais dos planos, pois participam direta ou indiretamente das negociações via comissão paritária ou sindicatos. No caso concreto, os acordos foram formalizados via comissão paritária (na qual há representantes de ambas as partes) e acordo coletivo, sendo falho o raciocínio segundo o qual os trabalhadores não teriam conhecimento das regras necessárias ao direito de participação nos lucros ou resultados. E não compete ao aplicador da lei criar prérequisito não previsto na norma, sobretudo para reduzir a eficácia de regra constitucional. Fl. 529DF CARF MF Processo nº 19515.004113/200878 Acórdão n.º 2402006.074 S2C4T2 Fl. 8 13 A interpretação criativa é vedada pela tripartição dos poderesdeveres prevista no art. 2º da Lei Maior, que se constitui em um verdadeiro princípio fundamental da República. Uma interpretação restritiva, com a criação de exigências não previstas legalmente, apenas tem o condão de dificultar a efetiva concretização do direito social do trabalhador à participação nos lucros ou resultados da empresa, inibindo a concessão dos planos, em conflito com as finalidades constitucionais. Como bem destacado pela recorrente, a propósito, a Constituição incentivou e estimulou as empresas a implementarem planos de tal natureza, como se observa textualmente no § 4º do art. 218 da Constituição. Isto é, a par do estímulo constante do art. 7º, a Lei Maior dedicou outro dispositivo ao tema: Art. 218. O Estado promoverá e incentivará o desenvolvimento científico, a pesquisa, a capacitação científica e tecnológica e a inovação. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 85, de 2015) § 4º A lei apoiará e estimulará as empresas que invistam em pesquisa, criação de tecnologia adequada ao País, formação e aperfeiçoamento de seus recursos humanos e que pratiquem sistemas de remuneração que assegurem ao empregado, desvinculada do salário, participação nos ganhos econômicos resultantes da produtividade de seu trabalho. (destacouse) Muito embora a lei regulamentadora pareça ter negligenciado a participação nos lucros ou resultados como um direito social, pois nem mesmo faz qualquer menção a esse respeito, fato é que a Constituição a outorgou como um efetivo direito daquela natureza, o que deve ser levado em consideração pelo aplicador da lei, na busca da máxima eficácia da norma constitucional. Os direitos sociais visam a criar as condições materiais necessárias ao alcance da igualdade real entre o dono do capital e o trabalhador. Segundo José Afonso da Silva, "são prestações positivas proporcionadas pelo Estado direta ou indiretamente, enunciadas em normas constitucionais, que possibilitam melhores condições de vida aos mais fracos, direitos que tendem a realizar a igualização de situações sociais desiguais"1. Buscando igualar o empregador e o trabalhador, a Constituição lhe outorgou o direito à participação nos lucros ou resultados e na própria gestão da empresa. Não fosse a Constituição e a consequente regra imunizante, o trabalhador não teria as condições materiais necessárias para participar dos lucros ou resultados, os quais, por consectário lógico, decorrem do capital do qual ele não é dono. Toda interpretação, portanto, deve ter como norte os direitos sociais. E diante de interpretações plausíveis e alternativas, o exegeta deve adotar aquela que se amolda à Lei Maior. 1 Curso de Direito Constitucional Positivo, 12ª ed., rev., Malheiros Editores, 1996, p. 277. Fl. 530DF CARF MF 14 O ministro Luís Roberto Barroso decompõe o princípio da interpretação conforme a Constituição nos seguintes termos: 1) Tratase da escolha de uma interpretação da norma legal que a mantenha em harmonia com a Constituição, em meio a outra ou outras possibilidades interpretativas que o preceito admita. 2) Tal interpretação busca encontrar um sentido possível para a norma, que não é o que mais evidentemente resulta da leitura de seu texto. 3) Além da eleição de uma linha de interpretação, procedese à exclusão expressa de outra ou outras interpretações possíveis, que conduziriam a resultado contrastante com a Constituição. 4) Por via de conseqüência, a interpretação conforme a Constituição não é mero preceito hermenêutico, mas, também, um mecanismo de controle de constitucionalidade pelo qual se declara ilegítima uma determinada leitura da norma legal. 2 Deve ser abandonado, pois, o rigor interpretativo e o eventual formalismo exacerbado, para compatibilizar a leitura da Lei nº 10.101/2000 com a Constituição, a qual, lembrese, visou a igualar materialmente o trabalhador e o empregador. Ainda que a primeira e rápida compreensão da lei infraconstitucional pudesse sugerir que o acordo devesse ser formalizado antes do início do período aquisitivo, como forma de incentivar a produtividade e o comprometimento dos trabalhadores, fato é que a Constituição trouxe como critério preponderante o direito social do lado mais fraco da relação empregatícia, e não o incremento da produtividade e o seu comprometimento. A interpretação de que o acordo deve ser formalizado antes do início do período aquisitivo, embora fosse até possível diante da Lei nº 10.101/2000, não é a mais legítima, vislumbrandose, ademais, outra interpretação igualmente legítima. Cria, também, um requisito formal não previsto (pois a lei menciona apenas a necessidade de negociação – “será objeto de negociação” –; e programas de metas, resultados e prazos, pactuados previamente, sem indicar previamente a qual marco temporal) e que está em descompasso com a realidade negocial, podendo até mesmo desestimular (como tem desestimulado) a concessão da PLR e, por conseguinte, a realização dos direitos sociais. Como se vê, não há qualquer necessidade de se declarar a inconstitucionalidade da Lei nº 10.101/2000, mas sim, dentre as várias interpretações possíveis, elegerse aquela mais adequada ao texto constitucional. A Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), antes da atual composição, vinha adotando entendimento semelhante, conforme se infere do acórdão nº 9202003.370: PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS DA EMPRESA PLR. IMUNIDADE. OBSERVÂNCIA À LEGISLAÇÃO DE REGÊNCIA. ACORDO PRÉVIO AO ANO BASE. DESNECESSIDADE. A Participação nos Lucros e Resultados PLR concedida pela empresa aos seus funcionários, como forma de integração entre capital e trabalho e ganho de produtividade, não integra a base de cálculo das contribuições 2 Interpretação e aplicação da constituição : fundamentos de uma dogmática constitucional transformadora. 3. ed. Saraiva, p. 181182. Fl. 531DF CARF MF Processo nº 19515.004113/200878 Acórdão n.º 2402006.074 S2C4T2 Fl. 9 15 previdenciárias, por força do disposto no artigo 7º, inciso XI, da CF, sobretudo por não se revestir da natureza salarial, estando ausentes os requisitos da habitualidade e contraprestação pelo trabalho. Somente nas hipóteses em que o pagamento da verba intitulada de PLR não observar os requisitos legais insculpidos na legislação específica, notadamente artigo 28, § 9º, alínea j, da Lei nº 8.212/91, bem como MP nº 794/1994 e reedições, c/c Lei nº 10.101/2000, é que incidirão contribuições previdenciárias sobre tais importâncias, em face de sua descaracterização como Participação nos Lucros e Resultados. A exigência de outros pressupostos, não inscritos objetivamente/literalmente na legislação de regência, como a necessidade de formalização de acordo prévio ao ano base, é de cunho subjetivo do aplicador/intérprete da lei, extrapolando os limites das normas específicas em total afronta à própria essência do benefício, o qual, na condição de verdadeira imunidade, deve ser interpretado de maneira ampla e não restritiva. Recurso especial negado. (CSRF, 2ª Turma, Relator(a) RYCARDO HENRIQUE MAGALHÃES DE OLIVEIRA, sessão de 17 de setembro de 2014) Esta Turma também vinha trilhando esse mesmo caminho, conforme se vê no acórdão nº 2402005.262, de minha relatoria. Logo, entendese que o fato isolado de os acordos terem sido formalizados no transcorrer do período aquisitivo não é suficiente para descaracterizar os planos, mormente porque (i) sendo o produto das negociações entre a empresa e seus empregados, por comissão paritária ou por sindicatos, os planos obviamente são objeto de tratativas diversas, as quais também criam previsibilidade quanto às regras pertinentes ao cumprimento do acordado; (ii) ao imunizar os pagamentos a título de PLR, a Constituição visou a incentivar a sua concessão pelas empresas, propiciando a partipação do trabalhador num crédito (lucros ou resultados) a que ele naturalmente não teria direito; e criando as condições materiais necessárias ao alcance da isonomia entre o dono do capital e o empregado; (iii) a lei ordinária não prevê, de forma extreme de dúvidas, que o plano deve ser formalizado antes do período aquisitivo; (iv) a criação de exigências exacerbadas apenas tem o condão de desestimular a concessão dos planos, o que contraria as finalidades constitucionais. A propósito, caso fosse possível adotarse o raciocínio da fiscalização, terse ia que considerar como irregular o acordo de fls. 251/259 do PAF 19515.004118/200809, o qual, relativo ao ano de 2003, foi assinado já em 02 de janeiro daquele ano, o que indubitavelmente contraria a razoabilidade. Em sendo assim, serão examinados os demais requisitos legais que, no entender do agente autuante, a recorrente teria descumprido. 4.3 DO ACORDO DE PARTICIPAÇÃO NOS RESULTADOS CATEGORIAS SENIORES, EXECUTIVOS E DIRIGENTES Serão analisadas abaixo as demais infrações alegadamente cometidas pela empresa, que ensejaram a descaracterização dos planos relativos às categorias seniores, executivos e dirigentes. Fl. 532DF CARF MF 16 4.3.1 Da inexistência de acordo para o ano de 2005 A inexistência de acordo para o ano de 2005 é expressamente admitida pela recorrente em sede de impugnação e recurso (PAF 19515.004118/200809, fls. 463 e 1071), sendo que a tese recursal, nesse ponto, é que a Constituição não teria exigido a apresentação de acordo. Tal tese, todavia, já foi decidida e rechaçada em tópico específico ("Da norma de eficácia limitada"), negandose provimento ao recurso voluntário a esse respeito. 4.3.2 Do acordo de 2004 De acordo com a autoridade fiscal, o acordo de 2004 só tem as assinaturas de um representante da empresa e de um representante dos empregados. Ocorre que, já em sede de impugnação (PAF 19515.004118/200809, fls. 554/561), a recorrente trouxe aos autos o acordo do ano de 2004, idêntico àquele juntado no transcorrer da fiscalização, mas devidamente assinado pelos representantes da empresa e de todos os empregados. Em sendo assim, a acusação fiscal é improcedente neste ponto. 4.3.3 Dos acordos sem autenticação Segundo a autoridade autuante, com exceção do acordo de 2003, os demais foram entregues sem autenticação. Na dicção do art. 212 do Código Civil, salvo o negócio a que se impõe forma especial, o fato jurídico pode ser provado mediante confissão, documento, testemunha, presunção ou perícia. A participação nos lucros ou resultados, por expressa previsão da Lei 10101, deve ser provada mediante documento (o que exclui, a princípio, os outros meios probatórios relacionados no Código Civil), uma vez que o seu art. 2º, § 1º, expressamente alude aos "instrumentos decorrentes da negociação", os quais, ainda, deverão contar com regras claras e objetivas quanto aos direitos substantivos e adjetivos. Igualmente se estabelece, demonstrandose a indubitável necessidade de produção documental, que o instrumento de acordo será arquivado na entidade sindical dos trabalhadores. Ocorre que a Lei 10101 não exige nenhuma outra formalidade especial, senão aquelas arroladas no seu art. 2º, dentre as quais não se encontra a necessidade de autenticação. Portanto, é aplicável ao caso a norma do art. 107 do Código Civil, segundo a qual a validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir. Corroborando esse entendimento, o art. 219 do Código preleciona que as declarações constantes de documentos assinados presumemse verdadeiras em relação aos signatários, o que decorre do próprio princípio da boafé objetiva. Significa dizer que os acordos devidamente assinados pelas partes provam, efetivamente, e até demonstração em contrário, a participação dos trabalhadores nos lucros ou Fl. 533DF CARF MF Processo nº 19515.004113/200878 Acórdão n.º 2402006.074 S2C4T2 Fl. 10 17 resultados, de maneira que a eventual falta de autenticação dos documentos não poderia prejudicar nem a citada participação e nem os efeitos tributários dela decorrentes. Expressandose de outra forma, e na dicção legal, o fato jurídico participação nos lucros ou resultados foi provado através dos documentos juntados pelo sujeito passivo, para todos os fins e efeitos de direito, de modo que a eventual desclassificação da verba dependeria do eventual descumprimento de outros requisitos legais. De toda forma, os acordos juntados na impugnação (fls. 499 e seguintes) e aquele juntado às fls. 1125/1128 do PAF 19515.004118/200809 estão autenticados. 4.3.4 Da inexistência de negociação No entender do agente fiscal, os acordos não foram objeto de negociação, uma vez que não foram apresentadas as atas de reuniões e de eleições das comissões de empregados. Como anteriormente alegado, entretanto, sendo o produto ou o resultado das negociações entre a empresa e seus empregados, seja por comissão paritária, seja por sindicatos, os planos obviamente são objeto de tratativas, as quais também criam previsibilidade quanto às regras pertinentes ao cumprimento do acordado. Noutro giro verbal, os acordos são as materializações das negociações entre as partes; e a exigência das atas de reuniões e de eleições ignoram a circunstância de que qualquer negócio jurídico é justamente um acordo entre duas ou mais pessoas com o fim de criar, modificar ou extinguir uma relação jurídica predominantemente patrimonial. Isto é, a manifestação de vontade das partes envolvidas é um pressuposto de existência do próprio negócio jurídico (não é nem requisito de sua validade, pois os requisitos de validade são aqueles estabelecidos no art. 104 do Código Civil), de forma que não se pode alegar que os acordos não foram objeto de negociação. Improcede, pois, a acusação fiscal nesse tocante. 4.3.5 Da participação de um representante indicado pelo sindicato De acordo com o relatório fiscal, não houve a participação de um representante indicado pelo sindicato. A esse respeito, a recorrente se arvora no suposto doc. 5 da defesa, que seria uma declaração firmada pela entidade, confirmando a sua participação. Todavia, e como destacado no acórdão recorrido, não consta a referida declaração nos autos. A par disso, os instrumentos não estão assinados por um representante indicado pelo sindicato e sequer contêm a sua qualificação ou aludem à sua participação. Em sendo assim, a recorrente não demonstrou que a comissão escolhida pelas partes estava realmente integrada por um representante sindical, o que infringe o disposto no inc. I do art. 2ª da Lei, inclusive com a redação anterior à Lei 12823/2013. E a infringência cometida pelo sujeito passivo não é meramente formal, pois, como destacado pelo recorrente, a participação sindical tem a finalidade de proteger os trabalhadores de eventuais negociações desfavoráveis. Fl. 534DF CARF MF 18 Diante disso, deve ser negado provimento ao recurso voluntário, o que implica a manutenção do Auto de Infração quanto ao lançamento das contribuições incidentes sobre os valores pagos às categorias seniores, executivos e dirigentes. Como este relator poderá ser vencido neste ponto, serão enfrentadas as demais teses recursais. 4.3.6 Da inexistência de regras claras e objetivas No entender do agente autuante, os acordos não têm regras claras e objetivas. A DRJ compactuou do mesmo entendimento, afirmando que os documentos anexados pela empresa revelariam que os critérios comportamentais seriam de avaliação subjetiva. No entanto, a clareza e a objetividade têm que ser das regras, não havendo qualquer vedação quanto ao estabelecimento de critérios de comportamento, cuja avaliação não é necessariamente subjetiva. Analisandose o caso concreto, o melhoramento contínuo, a assunção de responsabilidade e risco, o impacto econômico, a integração e mesmo o comprometimento pessoal podem, sim, ser aferidos de forma objetiva, ainda que dependam do sacrifício pessoal do avaliado. Situando a questão fora do caso vertente, vale citar que os famosos testes de avaliação do quoeficiente de inteligência, tais como a Escala de Inteligência Wechsler para Adultos (WAIS Wechsler Adult Intelligence Scale) e a Escala de Inteligência Wechsler para Crianças (WISC Wechsler Intelligence Scale for Children), consistem justamente numa bateria prédeterminadas de testes e subtestes para a avaliação clínica da capacidade intelectual dos indivíduos, dentro de parâmetros objetivos anteriormente definidos nas escalas. A par das escalas de avaliações cognitivas, também existem, exemplificativamente, escalas de avaliações comportamentais para identificação de habilidades sociais, de dificuldades comportamentais, de sintomas de transtornos psiquiátricos e psicológicos, de competências acadêmicas, etc, que igualmente fornecem dados quantitativos, qualitativos e objetivos a respeito das competências comportamentais das pessoas3. Muitas empresas adotam um sistema de avaliação por competências, havendo inúmeros artigos acadêmicos a esse respeito disponíveis na internet4. Isto é, a psicologia revela que comportamentos podem sim ser mensurados de acordo com critérios objetivos de análise, a exemplo das escalas acima mencionadas e da avaliação por competências. A eventual subjetividade do comportamento não exclui a objetividade de sua mensuração e avaliação, inclusive para efeito de fixação das regras da PLR. Isso equivaleria a ignorar a ampla experiência da psicologia comportamental e da neuropsicologia sobre o assunto, bem como a gestão de recursos humanos no cotidiano das empresas. 3 http://www.scielo.br/pdf/ptp/v25n2/a16v25n2, acesso em 16 de outubro de 2017. 4 https://scholar.google.com.br/scholar?q=avalia%C3%A7%C3%A3o+por+competencias&hl=pt BR&as_sdt=0&as_vis=1&oi=scholart&sa=X&ved=0ahUKEwj64CEifXWAhULIZAKHeZrArcQgQMILjAA, acesso em 16 de outubro de 2017. Fl. 535DF CARF MF Processo nº 19515.004113/200878 Acórdão n.º 2402006.074 S2C4T2 Fl. 11 19 Examinandose os documentos anexados aos autos, observase que as regras eram sim claras e objetivas, além de serem simples e de fácil mensuração. Os documentos de fls. 615 e seguintes do PAF 19515.004118/200809 ainda demonstram que tais comportamentos foram constantemente avaliados por um superior, denotando, nesse ponto, a seriedade e o cumprimento das normas do programa. O cumprimento de prazos, a atenção aos custos, a eficiência no trabalho, dentre outras regras ali estabelecidas, são dotadas de objetividade e clareza. E mais, além de critérios comportamentais, igualmente foram adotados outros critérios de mensuração e avaliação, com diferentes atribuições de pesos. Em suma, as regras eram sim claras e objetivas. 4.4 DA CONCLUSÃO SOBRE OS ACORDOS DE PARTICIPAÇÃO NOS RESULTADOS CATEGORIAS SENIORES, EXECUTIVOS E DIRIGENTES Em suma, a recorrente não demonstrou que a comissão escolhida pelas partes estaria integrada por um representante sindical, de forma que, muito embora tenham sido cumpridos os demais requisitos legais, deve ser negado provimento ao recurso voluntário, o que implica a manutenção do Auto de Infração quanto ao lançamento das contribuições incidentes sobre os valores pagos a essas categorias. 4.5 DO ACORDO COLETIVO DE TRABALHO CATEGORIAS HORISTAS E MENSALISTAS 4.5.1 Da inexistência de acordo original Tal acusação nem mesmo foi analisada pela DRJ e o fato é que, à exceção do acordo coletivo de 2003, todos os demais estão autenticados. De toda forma, e como afirmado e demonstrado em tópico anterior, a autenticação nem é mesmo necessária, improcedendo a acusação fiscal a esse respeito. 4.5.2 Do acordo de 2002 A acusação fiscal, mantida pela DRJ, é de que o acordo de 2002, apresentado em duas cópias, contém uma versão com a data de julho de 2002, mas sem as assinaturas do sindicato e da comissão; e a outra assinada, mas sem data. Entendese, entretanto, que a inexistência da data de assinatura do acordo coletivo de fls. 271/279 do PAF 19515.004118/200809, o qual está assinado por todas as partes envolvidas, inclusive pelo sindicato e pela comissão, está sanada pela cópia de fls. 281/289, a qual está devidamente datada. Não há nenhuma circunstância nos autos que possa descredibilizar tais documentos, maculandoos, por exemplo, de inidoneidade ou de máfé, de forma que, no entender deste relator, eles devem ser aceitos como prova da pactuação da PLR. Fl. 536DF CARF MF 20 4.5.3 Do acordo de 2003 A acusação de que o acordo coletivo de 2003 não estaria assinado pelo sindicato nem mesmo foi objeto de decisão pela DRJ, uma vez que o acordo juntado na impugnação está sim firmado pela referida entidade, não havendo qualquer infringência nesse tocante. 4.5.4 Do acordo de 2004 Da mesma forma que o acordo de 2003, o acordo de 2004 está firmado por todas as partes legitimadas, não subsistindo qualquer ilegalidade. 4.5.5 Da inexistência de verificação do cumprimento do acordado Nos dizeres do relatório fiscal, apesar de os acordos terem estipulado regras objetivas, conforme determina a lei, não foi possível a verificação do cumprimento do acordado. O mesmo entendimento foi seguido pela instância julgadora de primeira instância. No entanto, vejase que o sujeito passivo anexou à sua defesa administrativa (PAF 19515.004118/200809, fls. 562 e seguintes) as planilhas demonstrativas da mensuração das regras da PLR, o que, em verdade, sequer foi objeto de análise pela Delegacia de Julgamento. Em sendo assim, igualmente improcede a acusação fiscal. 4.5.6 Do recebimento de quantias em valores acima do estipulado Por fim, e segundo o agente autuante, alguns empregados receberam quantias acima do que teria sido estipulado nos acordos. No entender da DRJ, tal circunstância desvirtuaria a PLR. Ocorre que o adimplemento de valores excedentes a alguns empregados não pode desnaturar todos os planos, mas sim implicar a desconsideração, como lucros ou resultados, apenas dos montantes em excesso. Dito de outra forma, as quantias pagas em conformidade com os acordos são lucros ou resultados, não se podendo descaracterizar toda a participação em decorrência de irregularidades isoladas. É óbvio que, se a autoridade administrativa tivesse demonstrado que os programas teriam a finalidade de mascarar o pagamento de remuneração, concluirseia de maneira diversa (vide art. 3º da Lei 10101). Mas afastar toda a participação com base em irregularidades esparsas é um rigorismo incompatível com a Constituição, a qual visa a incentivar a concessão de planos de tal natureza. E nem mesmo a lei regulamentadora contém qualquer disposição que chancele o entendimento da DRJ, devendo ser provido o recurso nesse particular. Fl. 537DF CARF MF Processo nº 19515.004113/200878 Acórdão n.º 2402006.074 S2C4T2 Fl. 12 21 4.6 DA CONCLUSÃO SOBRE OS ACORDOS COLETIVOS DE TRABALHO CATEGORIAS HORISTAS E MENSALISTAS Em suma, os pagamentos efetuados em consonância com os acordos coletivos não devem compor a base de cálculo do lançamento, de forma que o recurso deve ser provido nesse tocante. 4.7 DAS GRATIFICAÇÕES ESPECIAIS Segundo a recorrente, ao efetuar os pagamentos das referidas gratificações, ela teria lançado tais valores como PLR, razão pela qual pareceria que alguns funcionários teriam recebido valores maiores do que o previamente acordado a este título. Contudo, e como esclarecido no relatório fiscal, tais gratificações foram objeto de lançamento em outro Auto de Infração. Desta forma, os recebimentos de quantias superiores ao estabelecido a título de PLR não o foram a título de gratificações especiais, as quais, por sua vez, compuseram a base de cálculo de outro lançamento. Não havendo qualquer prova, por parte do sujeito passivo, de que a fiscalização teria feito incidir, neste auto, contribuições sobre as tais rubricas, deve ser negado provimento ao recurso neste tópico. 5 Conclusão Diante do exposto, votase no sentido de CONHECER do recurso voluntário, para REJEITAR as preliminares de nulidade do lançamento e de decadência; e DARLHE PARCIAL provimento, a fim de excluir do lançamento os pagamentos efetuados em consonância com os acordos coletivos de trabalho. (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci Fl. 538DF CARF MF 22 Voto Vencedor Conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho – Redator designado Não obstante as razões aduzidas no voto do i. Relator, com relação à Participação nos Lucros ou Resultados – PLR, sobretudo no que diz respeito aos acordos coletivos de trabalho das categorias horistas e mensalistas, entendo que a análise da legislação afeta ao tema deve conduzir a conclusão diversa. A respeito das demais matérias objeto da lide, acompanho o entendimento consignado no voto vencido. De se ressalvar que aqui não será feita qualquer análise a respeito das categorias seniores, executivos e dirigentes visto não haver discordância quanto as conclusões advindas do voto vencido que negou provimento ao recurso voluntário, mantendo o lançamento no que se refere à incidência das contribuições lançadas sobre os valores pagos a título de PLR a tais categorias. O exame aqui empreendido se deterá à PLR atribuída às categorias horistas e mensalistas. A alínea “j” do § 9º do art. 28 da Lei nº 8.212/1991 excluiu da base de incidência das contribuições previdenciárias as importâncias pagas a título de PLR, desde que em observância ao disposto em norma especificamente editada para regular a matéria. Vejamos: Art. 28 [...] § 9º Não integram o saláriodecontribuição: [...] j) a participação nos lucros ou resultados da empresa, quando paga ou creditada de acordo com lei específica [...] (Grifouse) Nos termos do caput e do § 1º do art. 1º da Lei nº 10.101/2000, norma que disciplina o pagamento da PLR, temse que: Art. 2º A participação nos lucros ou resultados será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, mediante um dos procedimentos a seguir descritos, escolhidos pelas partes de comum acordo: I comissão escolhida pelas partes, integrada, também, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria; II convenção ou acordo coletivo. §1º Dos instrumentos decorrentes da negociação deverão constar regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos substantivos da participação e das regras adjetivas, inclusive mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado, periodicidade da distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo, podendo Fl. 539DF CARF MF Processo nº 19515.004113/200878 Acórdão n.º 2402006.074 S2C4T2 Fl. 13 23 ser considerados, entre outros, os seguintes critérios e condições: I índices de produtividade, qualidade ou lucratividade da empresa; II programas de metas, resultados e prazos, pactuados previamente. Vale mencionar, de início, que a participação nos lucros ou resultados, como instrumento de integração entre capital e trabalho, tem por escopo o incentivo à produtividade dos trabalhadores. Assim, como forma de incrementar seus resultados, a empresa oferece uma retribuição pecuniária com finalidade de estimular o aumento do desempenho de seus empregados. Nos termos da legislação em espeque, para que os valores pagos a título de PLR não sejam alcançados pelas exações previdenciárias os instrumentos decorrentes das negociações havidas entre patrões e empregados devem, dentre outros, conter: a) regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos dos trabalhadores; b) mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado; c) periodicidade de distribuição; d) período de vigência; e e) prazos para revisão do acordo. De outra parte, da leitura dos incisos I e II do §1º do art. 2º da Lei nº 10.101/2000 constatase que a norma infraconstitucional não buscou detalhar as características dos acordos a serem celebrados, atribuindo essa tarefa às partes envolvidas no processo negocial. Exemplificativamente foram indicados como parâmetros para o pagamento de PLR: a) a estipulação de índices de produtividade, qualidade ou lucratividade da empresa; e b) programas de metas, resultados e prazos. Impende ressaltar que esses parâmetros são facultativos, ou seja, para a definição dos direitos substantivos da PLR e das regras adjetivas há de prevalecer a livre negociação, sendo que as regras estabelecidas devem, de conformidade com a lei, ser claras e objetivas. Vejase que os atores envolvidos gozam de certa liberdade para a estipulação dos critérios e condições para o pagamento da PLR. Contudo, a objetividade e clareza exigida pelo § 1° do art. 2° da Lei n° 10.101/2000 além de se apresentarem como forma de viabilizar a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa, garantindo que não haja dúvidas tendentes a dificultar ou impossibilitar cumprimento do que fora acordado, inibem o pagamento de valores denominados inadequadamente de participação nos lucros ou resultados em substituição à remuneração de empregados. Todas essas razões evidenciam a imprescindibilidade de pactuação prévia, visto não se vislumbrar a hipótese de que os trabalhadores possam despender esforços adicionais para alcançar determinados objetivos com vista à percepção da parcela paga a título de PLR sem conhecer os índices de produtividade, qualidade ou lucratividade, os programas de Fl. 540DF CARF MF 24 metas, resultados e prazos ou outros critérios que possam vir a ser estabelecidos para a percepção da dessa vantagem pecuniária. Aliás, é exatamente nesse sentido o entendimento que vem prevalecendo na Câmara Superior de Recursos Fiscais, conforme se pode extrair do Acórdão nº 9202006.218, de 28/11/2017: E por isso, a importância da pactuação prévia, eis que somente ciente do que deve ser alcançado como objetivo para que receba o bônus do seu empenho é que vai implementar o esforço necessário para tanto. A inexistência de regramento claro e objetivo desvirtua a natureza da rubrica. A Lei n° 10.101/2000 exige que do acordo constem os “mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado", de modo a assegurar aos empregados a transparência nas informações por parte da empresa, o fornecimento dos dados necessários à definição das metas, a adoção de indicadores de produtividade, qualidade ou lucratividade que sejam compreendidos por todos, a possibilidade de fiscalização do regular cumprimento das regras pactuadas e o acompanhamento progressivo da constituição do direito em debate por parte do empregado Na seqüência do raciocínio, por óbvio, as condições pertinentes ao plano de PLR, devem estar concluídas e ser cientificadas aos trabalhadores em período prévio à apuração dos objetivos pactuados entre as partes, de maneira que o empregado tenha o conhecimento daquilo que precisa fazer, de como precisa fazer, do quanto e quando precisa fazer, de como serão mensurados e avaliados os objetivos estabelecidos pela empresa e de como o empregado será avaliado para fazer jus ao ganho anunciado na negociação coletiva. (Grifouse) Asseverese que o entendimento aqui exarado nem de longe tem relação com interpretação criativa e muito menos representa a instituição de prérequisito não previsto em lei. Tratase de conclusão por demais evidente de que não há como se despender energia para alcançar um objetivo do qual não se tem conhecimento. Pareceme deveras óbvio que embora a lei não tenha estabelecido uma data limite para a formalização das negociações relacionadas à PLR, não há como se considerar que os instrumentos destinados ao pagamento desse benefício possam ser pactuados após o início do período destinado a aquisição do direito. Do mesmo modo, não é razoável se supor que, por participarem direta ou indiretamente do processo de negociação, os trabalhadores possam ter conhecimento das diretrizes gerais dos planos antes mesmo da celebração dos acordos respectivos. De se observar que, ao possibilitar a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresas, a Constituição Federal não instituiu um direito em detrimento de outros. Admitir a hipótese de pagamento de PLR sem que as regras para tal sequer estejam previamente estabelecidas significaria possibilitar a substituição do salário do trabalhador por valores pagos a esse título em detrimento de inúmeros outros direitos sociais e previdenciários previstos no art. 7º da CF/1988, uma vez que a participação nos lucros ou resultados é desvinculada da remuneração que é a base sobre a qual incidem esses outros direitos constitucionalmente estabelecidos. Quanto a disposição contida no § 4º do art. 218 da CF/1988 sobre o apoio e estimulo legal que se deve dar as empresas que pratiquem “remuneração que assegure[m] ao empregado, desvinculada do salário, participação nos ganhos econômicos resultantes da Fl. 541DF CARF MF Processo nº 19515.004113/200878 Acórdão n.º 2402006.074 S2C4T2 Fl. 14 25 produtividade de seu trabalho”, cabe ressaltar que referido dispositivo não veicula imunidade de quaisquer espécies tributárias, além de depender de lei para sua regulamentação. E mais, a alínea “j” do § 9º do art. 28 da Lei nº 8.212/1991 estimula essa forma de remuneração, desde que o pagamento seja feito de acordo com a lei que trata especificamente da PLR, o que não se observa no caso concreto. Dito isso, entendo que a ausência de pactuação prévia, por si só, afasta a incidência da regra isentiva inserta na Lei de Custeio da Seguridade Social, o que impõe o pagamento de contribuições previdenciárias em relação valores pagos a título de PLR sem a observância desse requisito. No que se refere aos acordos coletivos de trabalho relativos às categorias horistas e mensalistas, o Relatório Fiscal esclarece que todos aqueles abrangidos no lançamento em questão apresentam datas de assinatura muito posterior ao início do período de aferição. Nos termos do relato Fiscal: 30. Outra questão observada foi a data de assinatura dos acordos da PLR. O período de apuração dos resultados está compreendido entre os meses de janeiro e dezembro, mas os acordos foram assinados após o início do período de aferição dos resultados, em data próxima ao estipulado no acordo para pagamento da primeira parcela do PLR, como segue: PLR 2002: assinado em 01/07/2002 – 1ª parcela a ser paga até 30/07/2002 PLR 2003: assinado em 06/06/2003 – 1ª parcela a ser paga até 15/07/2003 PLR 2004: assinado em 22/07/2004 – 1ª parcela a ser paga até 23/07/2004 PLR 2005: assinado em 22/07/2005 – 1ª parcela a ser paga até 29/07/2005 Conforme restou consignado acima, a inobservância desse requisito (pactuação prévia) vai de encontro ao regramento contido na Lei nº 10.101/2000 e impõe a incidência de contribuições previdenciárias sobre as verbas pagas sob a denominação de PLR. Nesse ponto, verificase acertado o entendimento da autoridade autuante segundo o qual: 31 Desta forma fica evidente que os empregados desconheciam as regras para concessão da PLR durante os primeiros meses de vigência do acordo. O pagamento de participação nos lucros ou resultados tem como essência a retribuição pela colaboração do empregado na obtenção de um lucro ou na realização de um resultado previamente pactuado. O seu objetivo é estimular o empenho dos trabalhadores para a geração de resultados previamente estabelecidos. Ora, se o empregado não sabe de antemão se terá direito à participação no lucro ou resultado, desconhece as metas e os mecanismos de aferição, o pagamento destes valores não lhe proporciona comprometimento com a empresa e a percepção de que seu trabalho contribui diretamente para o resultado por ela alcançado. Fl. 542DF CARF MF 26 32. Por todo o exposto, concluímos que as parcelas pagas aos empregados ocupantes das categorias seniores, executivos e dirigentes e para as categorias horistas e mensalistas a título de PLR no período de 01/2003 a 12/2005, não estão isentas do pagamento de contribuições previdenciárias, pois não foram seguidas as exigências da Lei 10.101/2000. CONCLUSÃO Em razão do exposto voto no sentido de afastar as preliminares e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Fl. 543DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15555.000155/2008-11
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 07 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Jul 04 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Data do fato gerador: 15/03/2007
RELEVAÇÃO DE MULTA POR FALTA DE APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS. REGULARIZAÇÃO APÓS O PRAZO LEGAL. IMPOSSIBILIDADE.
O parágrafo primeiro do artigo 291 do decreto nº 3.048/99 não autoriza a relevação da multa aplicada pela falta de apresentação de documentos quando o infrator corrige a falta após o prazo de impugnação.
Numero da decisão: 1002-000.235
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e Voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Aílton Neves da Silva - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Aílton Neves da Silva (Presidente), Breno do Carmo Moreira Vieira, Leonam Rocha de Medeiros e Ângelo Abrantes Nunes.
Nome do relator: 05751001842 - CPF não encontrado.
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REGULARIZAÇÃO APÓS O PRAZO LEGAL. IMPOSSIBILIDADE. O parágrafo primeiro do artigo 291 do decreto nº 3.048/99 não autoriza a relevação da multa aplicada pela falta de apresentação de documentos quando o infrator corrige a falta após o prazo de impugnação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e Voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Aílton Neves da Silva Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Aílton Neves da Silva (Presidente), Breno do Carmo Moreira Vieira, Leonam Rocha de Medeiros e Ângelo Abrantes Nunes. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 55 5. 00 01 55 /2 00 8- 11 Fl. 92DF CARF MF 2 Relatório Por economia processual, adoto parte do relatório produzido pela DRJ/Rio de Janeiro II (RJ): Tratase de AutodeInfração AI (DEBCAD 37.044.1311) encaminhado para a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento Rio de Janeiro II, cuja competência para julgamento dos processos das unidades da Receita Federal do Brasil situadas no município de Nova Iguaçu e suas jurisdicionadas foi estabelecida pela Portaria RFB n° 283, de 21/02/2008. 2. A autuação tem fundamento nos §§ 2° e 3°, do artigo 33, da Lei 8.212/91 c/com artigos 232 e 233, parágrafo único, do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto 3048/99. 3. De acordo com o Relatório Fiscal da Infração, de fls. 06 , em fiscalização na Câmara Municipal de Japeri, não foram apresentadas as Declarações de Imposto de Renda Retido na Fonte — DIRF dos anos bases de 2001 a 2005, solicitadas por meio do Termo de Intimação para Apresentação de Documentos —TIAD. 4. Informa o Relatório Fiscal da Multa Aplicada, de fls. 07, que a penalidade foi aplicada em nome do Diretor de Recursos Humanos e Patrimônio, Vagner Trajano Alves, uma vez que a Resolução n° 004/2005 da Câmara Municipal de Japeri determinou que uma das tarefas dessa diretoria é zelar pelo cumprimento de pessoal e guarda de documentos pertinentes. 5. A multa de R$ 11.569,42 (onze mil quinhentos e sessenta e nove reais e quarenta e dois centavos) foi apurada conforme previsto nos arts. 92 e 102 da Lei 8212/91 e no artigo 283, inciso II, alínea "j", e art. 373 do RPS, aprovado pelo Decreto 3.048/99, sem a ocorrência das circunstâncias agravantes, como informado no referido relatório. 6. A autuação foi efetuada em 15/03/2007, dentro do lapso temporal determinado pelo Mandado de Procedimento Fiscal, de fls. 16, compatível com o período de fiscalização e com a devida ciência do contribuinte. A exigência tributária foi impugnada pelo contribuinte e julgada improcedente pela DRJ/RJ II, conforme acórdão n. 1320.887 da 7ª Turma (efl. 77), que recebeu a seguinte ementa: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 15/03/2007 Matricula CEI: 42.970.00427/02 NÃO APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS. Fl. 93DF CARF MF Processo nº 15555.000155/200811 Acórdão n.º 1002000.235 S1C0T2 Fl. 3 3 O contribuinte que não apresenta os documentos solicitados pela fiscalização descumpre a obrigação acessória prevista no art. 33, §§ 2° e 3° da Lei 8212/91, constituindose um crédito decorrente da multa. Inconformado com a decisão de primeira instância, o Recorrente apresentou recurso voluntário (efl. 84) no qual, faz as seguintes alegações (in verbis): 11.1 PRELIMINAR O comprovante de entrega das DIRFs na Receita Federal e os dados do sistema de folha de pagamento foram entregues ao auditor, porém o mesmo solicitou os arquivos enviados a Receita Federal na época e nos orientou a solicitar cópia a Receita Federal dos que estavam faltando. Tal orientação foi seguida e as DIRFs de 2003, 2004 e 2005 que já estavam no órgão na época da auditoria e o protocolo da solicitação feita a Receita Federal dos anos faltantes foi remetido através do oficio n° 039/2007 datado em 09 de Abril de 2007, ou seja,somente os anos de 2001 e 2002 ficaram faltando. No dia 20 de Abril de 2007, onze dias depois, foi remetido os arquivos de 2001 e 2002 através do oficio n° 043/2007 que estavam faltando, ficando assim sanada a pendência da entrega dos arquivos. II. 2 MÉRITO Portanto, estou enviando cópia dos ofícios que comprovam as referidas entregas das DIRFs dos anos de 2001 à 2005, devidamente protocolado junto a Secretaria da Receita Previdenciária, cópia do oficio enviado pelo Delegado da Receita Federal remetendo os dados solicitados pela Câmara Municipal, na esperança de que este recurso seja acatado e a multa aplicada seja relevada. É o Relatório. Voto Conselheiro Aílton Neves da Silva Relator O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. O Recorrente não contesta qualquer dos fundamentos exarados no acórdão de impugnação da DRJ/RJ II. Simplesmente afirma que as DIRFs faltantes exigidas pela fiscalização e correspondentes aos anoscalendário de 2001 e 2002, foram apresentadas no dia 20/04/2007, o que, no seu entendimento, sanaria a irregularidade apontada e permitiria a relevação da multa aplicada. Não assiste razão ao Recorrente. Fl. 94DF CARF MF 4 Isso porque a relevação da multa só é admitida pelo artigo parágrafo 1° do 291 do Decreto nº 3.048/99 na hipótese de o infrator corrigir a falta dentro do prazo de impugnação e desde que observadas certas condicionantes. Esta matéria foi alvo de percuciente análise no acórdão exarado pela DRJ/RJ II, motivo pelo qual peço vênia para extrair trechos daquela decisão onde estão consignados os fundamentos para indeferimento do pleito do contribuinte, os quais, com base no §1º do art. 50, da Lei nº 9.784/1999 e no §3º do art. 57, do RICARF, também adoto como razões de decidir (grifos do original): 8. Para fazer jus à relevação da multa, o sujeito passivo tem que cumprir as determinações contidas no art. 291, §1°, do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto 3048/99, que assim dispõe: Art.291. §1º A multa será relevada se o infrator formular pedido e corrigir a falta, dentro do prazo de impugnação , ainda que não contestada a infração, desde que seja o infrator primário e não tenha ocorrido nenhuma circunstância agravante. (Redação dada pelo Decreto n° 6.032, de 01/02/07) (grifos nossos) 9. Cabe ressaltar que os requisitos expressos no artigo reproduzido são cumulativos e devem ser integralmente cumpridos. No caso em análise, o contribuinte requereu a relevação da multa aplicada no AutodeInfração AI no prazo de defesa, além de ser primário, conforme consta no sistema informatizado da Receita Federal do Brasil e não ter ocorrido nenhuma circunstância agravante da penalidade, no entanto, o requisito da correção da falta não foi observado. 10. O sujeito passivo trouxe em sua defesa apenas as DIRF dos anos calendários 2003 a 2005, quando a autuação se deu pela não apresentação destes documentos do período de 2001 a 2005, não podendo ser acatada correção parcial da falta para fins de relevação da penalidade. Assim, considerando que o auto de infração foi lavrado em 15/03/2007 (efls. 4) e que só houve a apresentação dos documentos faltantes exigidos pela fiscalização no dia 20/04/2007, conforme afirmado acima pelo próprio Recorrente, claro está que não faz jus à relevação da multa prevista no parágrafo 1° do artigo 291 do Decreto nº 3.048/99, eis que a correção da falta ocorreu após o dia 16/04/2007, data de vencimento do prazo de impugnação da multa. Ante o exposto, voto por NEGAR PROVIMENTO ao recurso. (assinado digitalmente) Aílton Neves da Silva Fl. 95DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 14367.720002/2013-05
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 13 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon May 07 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 1301-000.579
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente
(assinado digitalmente)
Bianca Felícia Rothschild - Relatora
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Roberto Silva Júnior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Fernando Brasil de Oliveira Pinto e Bianca Felícia Rothschild.
Relatório
Nome do relator: BIANCA FELICIA ROTHSCHILD
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente (assinado digitalmente) Bianca Felícia Rothschild Relatora Participaram do presente julgamento os conselheiros: Roberto Silva Júnior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Fernando Brasil de Oliveira Pinto e Bianca Felícia Rothschild. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 43 67 .7 20 00 2/ 20 13 -0 5 Fl. 839DF CARF MF Processo nº 14367.720002/201305 Resolução nº 1301000.579 S1C3T1 Fl. 828 2 Relatório Inicialmente, adotase o relatório da decisão recorrida, o qual bem retrata os fatos ocorridos e os fundamentos adotados até então: Versa o presente processo sobre o(s) Auto(s) de Infração relativo(s) ao Imposto de Renda Pessoa Jurídica/IRPJ e Contribuição Social Sobre o Lucro Liquido/CSLL, ano calendário 2008, com crédito total apurado no valor de R$ 211.621.148,73. incluindo o principal, a multa de oficio e os juros de mora. De acordo com a Descrição dos Fatos do(s) Auto(s) de Infração, o contribuinte incorreu na(s) seguinte(s) infração(ões): Falta de adição da parcela dos custos de bens adquiridos no exterior que excede ao preço parâmetro de transferência. Assevera a Autoridade Lançadora que a Interessada utilizou o método de cálculo Preço de Revenda Menos Lucro de 60% (PRL60) no ajuste do preço de transferência, sem adotar, todavia, a sistemática de cálculo prevista na IN SRF 243/2002. Razão porque os ajustes calculados pela fiscalização, com base nas informações fornecidas em arquivos magnéticos pelo próprio sujeito passivo, foram superiores aos apurados por este, resultando no lançamento. O contribuinte apresentou sua impugnação ao(s) lançamento(s) na qual alegou em síntese que: Da ilegalidade da IN/SRF 243/2006 A Lei nr 9.959/2000 permitiu a aplicação do método PRL para bens importado aplicados à produção. utilizando uma margem de lucro de 60%, calculada sobre o preço de revenda, diminuído das deduções previstas na Lei n°9.430/96 e do valor agregado no país; As IN SRF 113/2000 e 32/2001 determinavam que o método PRL deveria ser calculado com base no preço de venda do bem produzido, e que este valor deveria ser tomado em seu valor absoluto. Com base neste valor, seriam feitas as deduções previstas em lei e diretamente calculada a margem de lucro. Finalmente a margem de lucro seria diretamente diminuída do preço liquido de venda para apuração do preço parâmetro, sem qualquer adicional; IN SRF 243/2002 modificou a estrutura do PRL 60 ao introduzir no cálculo elementos que não estavam previstos no art. 18, II, da Lei n°9.430/96 (Incisos II,III, IV e V do § 11 do art 12 da IN SRF 243/2002), tornadoo mais oneroso ao contribuinte. A alteração promovida pela IN SRF 243/2002 afeta diretamente a base de cálculo do IRPJ e da CSLL, o que não se pode admitir, já que não se pode aumentar a carga tributária através de simples Instruções Normativas, como se verá em detalhes a seguir. O PREÇO PRATICADO NA IMPORTAÇÃO A D. Fiscalização entendeu que a Requerente deveria ter adicionado os valores de frete, seguro e imposto de importação ao preço FOB para efeito de apuração do PRL 60; ou seja, entendeu que deveria ter sido aplicado o preço CIF. Fl. 840DF CARF MF Processo nº 14367.720002/201305 Resolução nº 1301000.579 S1C3T1 Fl. 829 3 A aplicação do preço CIF pretendida pela D. Fiscalização resulta em ajuste a maior do que o verificado pela Requerente com base no preço FOB. O artigo 18 da Lei 9.430/96 contém as normas gerais de aplicação das regras de preços de transferência na importação de bens, serviços ou direitos. O seu parágrafo 6o estabelece a inclusão do valor do frete, seguro e tributos na importação no custo dedutível dos bens importados, como segue: " ( . . . ) § 6o Integram o custo, para efeito de dedutibilidade, o valor do frete e do seguro, cujo ônus tenha sido do importador e os tributos incidentes na importação. (...)"O texto transcrito esclarece que, dentre os diversos "custos" possivelmente envolvidos na aplicação das regras de preços de transferência e.g., efetivo custo de aquisição, custo de aquisição para comparação com preço parâmetro etc., o custo dedutível é o eleito pela legislação e, portanto, o custo ao qual tais valores deverão ser somados. Por sua vez, os parágrafos 4o e 5o , do artigo 4o , da IN 243/02 estabelecem tratamentos distintos para a inclusão dos valores de frete, seguro e tributos não recuperáveis na aplicação dos métodos PIC, CPL e PRL. Da multa A multa de 75% ultrapassa os limites da razoabilidade e proporcionalidade, devendo ser prontamente reduzida.. Impossibilidade de exigência de multa da sucessora Entretanto, em relação às hipóteses de incorporação de sociedades, existe norma específica, contida no artigo 132 do CTN que estabelece que "a pessoa jurídica que resultar de fusão, transformação ou incorporação de outra ou em outra é responsável pelos tributos devidos até a data do ato pelas pessoas jurídicas de direito privado fusionadas, transformadas ou incorporadas". Os juros SELIC No que se refere aos juros de mora, cabe lembrar que a jurisprudência tem reconhecido a inaplicabilidade da taxa SELIC aos créditos tributários, uma vez que essa taxa não foi criada por lei para fins tributários. Confirase, a esse propósito, a decisão proferida pelo SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, nos autos do Recurso Especial n° 450.422/PR. A impossibilidade de incidência de juros SELIC sobre a multa de ofício Ainda que os juros de mora incidam apenas sobre o valor dos tributos lançados, a Requerente, para assegurar que diante de um futuro resultado desfavorável a atualização do débito não será feita com a incidência de juros pela taxa SELIC sobre a multa aplicada, vem esclarecer o quanto segue. A Lei n° 9.250, de 26.12.1995 ("Lei 9.250/95"), que instituiu a taxa SELIC como parâmetro para correção de débitos tributários, somente é aplicável ao valor principal, isto é, tributos e contribuições propriamente ditos. A multa aplicada não é débito decorrente de tributos e contribuições a possibilitar a aplicação da norma legal. Repita se: multa é penalidade e, como tal, não há lei que autorize sua correção pela taxa SELIC. A Requerente protesta ainda pela juntada posterior de documentos, nos termos do artigo 16, § 4o, alínea "a" do Decreto 70.235/72, bem como do princípio da verdade material que orienta o processo administrativo fiscal. A DRJ/BRASILIA apreciando a lide, julgou improcedente a impugnação (Acórdão 03 59.624, de 28/02/2014), tendo sido lavrado a seguinte ementa: Fl. 841DF CARF MF Processo nº 14367.720002/201305 Resolução nº 1301000.579 S1C3T1 Fl. 830 4 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Ano calendário: 2008 PREÇOS DE TRANSFERÊNCIA. MÉTODO PRL60. AJUSTE, IN/SRF 243/2002. ILEGALIDADE. INEXISTÊNCIA. Descabe a arguição de ilegalidade na IN SRF n° 243/2002 cuja metodologia busca proporcionalizar o preço parâmetro ao bem importado aplicado na produção. Assim, a margem de lucro não é calculada sobre a diferença entre o preço líquido de venda do produto final e o valor agregado no País, mas sobre a participação do insumo importado no preço de venda do produto final, o que viabiliza a apuração do preço parâmetro do bem importado com maior exatidão, em consonância ao objetivo do método PRL 60 e à finalidade do controle dos preços de transferência. MULTA SUCESSORA Cabível a imputação da multa de ofício à sucessora, por infração cometida pela sucedida, quando provado que as sociedades estavam sob controle comum ou pertenciam ao mesmo grupo econômico. JUROS SELIC A partir de 1° de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. CABIMENTO. É cabível a aplicação de juros de mora sobre multa de ofício, pois a teor do art. 161 do Código Tributário Nacional sobre o crédito tributário não pago correm juros de mora, como a multa de ofício também constitui o crédito tributário sobre ela também necessariamente incide os juros de mora na medida em que também não é paga no vencimento. Em sessão de 05 de maio de 2016, decidiu esta mesma turma converter o processo em diligencia, através da Resolução nº 1301000.339, para que a unidade de origem determine, por meio de verificação da documentação subsidiária juntados à impugnação e ao recurso voluntário, sejam apresentados esclarecimentos complementares, em relatório fundamentado, relativamente aos cálculos do preço parâmetro total calculado pela fiscalização, se, de fato, conforme alegado pelo contribuinte utilizouse da quantidade de produtos acabados em detrimento da quantidade de insumos conforme determina a IN/SRF n° 213/2002. Em observância à Resolução CARF nº 1301000.339, foi apresentado Relatório de Diligencia (fl. 682) e, uma vez cientificado, o contribuinte se manifestou em relação ao referido relatório (fl. 716). É o relatório. Fl. 842DF CARF MF Processo nº 14367.720002/201305 Resolução nº 1301000.579 S1C3T1 Fl. 831 5 Voto Conselheira Bianca Felícia Rothschild Relatora Admissibilidade O exame de admissibilidade do Recurso Voluntário já foi realizado por este Colegiado, motivo pelo qual se passa a analisar seus argumentos. Diligência Em analise ao Relatório de Diligencia Fiscal, em que pese este ter reformado os cálculos originalmente realizados pela Fiscalização, adotando e reconhecendo os erros apontados pela contribuinte em sede recursal, observase que ainda há vícios em relação aos cálculos apresentados. Conforme bem observado pela Manifestação da contribuinte ao Relatório de Diligencia Fiscal, temos que: (i) a Fiscalização majorou, sem justificativa, as "quantidades importadas" de insumos no anocalendário de 2008 (refletindo no cálculo da "quantidade consumida"), para diversos itens objeto da autuação, o que resultou em redução do preço parâmetro do PRL 60 e aumento dos ajustes de preços de transferência que deveriam ser observados, conforme as premissas consideradas no lançamento original; e (ii) a Fiscalização, embora tenha refeito os cálculos conforme diretrizes da Resolução n° 1301000.339 para 6 dos 35 insumos, deixou de refazer, sem justificativa, os cálculos para 29 dos 35 insumos, ficando pendente o refazimento dos cálculos para os demais insumos. Neste sentido, voto por converter novamente o processo em diligencia para que a autoridade fiscalizadora refaça os cálculos considerando: (i) todos os itens (35 amostras) e (ii) as quantidades de mercadorias importadas considerando dados efetivos relativos aos estoques de acordo com a documentação acostada aos autos pelo contribuinte. Que conste justificativa caso tais quantidades de mercadorias difiram das originalmente consideradas no auto de infração. Caso tais medidas não sejam possíveis ou resultem em valores idênticos ao Relatório de Diligencia emitido, que eventuais esclarecimentos relativos sejam oferecidos de forma a ofertar a este colegiado todos os elementos necessários ao julgamento da lide. Fl. 843DF CARF MF Processo nº 14367.720002/201305 Resolução nº 1301000.579 S1C3T1 Fl. 832 6 Concluída a diligência, a contribuinte deverá ser cientificada de seu resultado, abrindose prazo de 30 dias para que, querendo, manifestese sobre seu conteúdo (art. 35, parágrafo único, do Decreto nº 7.574/2011). Na seqüência, o processo deverá retornar ao CARF para prosseguimento do julgamento, sendo distribuído a este Conselheiro independentemente de sorteio. (assinado digitalmente) Bianca Felícia Rothschild. Fl. 844DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15586.720036/2011-16
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 20 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue May 08 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2007
SUDENE - BENEFÍCIO DE REDUÇÃO DO IRPJ
Conforme Decreto nº 4.213/2002, a revogação do benefício de redução do IRPJ no âmbito da SUDENE não alcança as parcelas reduzidas no período do gozo do incentivo tacitamente deferido pela inércia da administração ao não decidir, em até 120 (cento e vinte) dias, acerca do requerimento formulado.
GLOSA DE EXPURGO INFLACIONÁRIO
Provimento judicial que defere aumento do índice inflacionário resulta o aumento das despesas de baixa de itens do ativo permanente, pois estes mesmos itens terão aumentado de valor. Este aumento pode também resultar em lucro inflacionário, mas um efeito não está necessariamente atrelado ao outro. O que o contribuinte pleiteou na ação judicial foi a atualização do seu balanço para fins de apropriar as despesas com as baixas do ativo permanente nos anos vindouros e isso foi reconhecido pela decisão passada em julgado e mesmo que a decisão tivesse os efeitos pretendidos pela autoridade fazendária, caberia a esta lançar o eventual lucro inflacionário e não glosar as despesas de baixa do ativo. Por outros termos, não é condição para a apropriação das despesas de baixa do ativo que a correção monetária destes tenha sido oferecida à tributação nos anos anteriores.
Numero da decisão: 1401-002.186
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso de ofício e dar provimento ao recurso voluntário. Declarou-se impedida a Conselheira Letícia Domingues Costa Braga.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente.
(assinado digitalmente)
Guilherme Adolfo dos Santos Mendes - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Goncalves (Presidente), Lívia De Carli Germano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Daniel Ribeiro Silva, Abel Nunes de Oliveira Neto, Breno do Carmo Moreira Vieira, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa.
Nome do relator: GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES
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GLOSA DE EXPURGO INFLACIONÁRIO Provimento judicial que defere aumento do índice inflacionário resulta o aumento das despesas de baixa de itens do ativo permanente, pois estes mesmos itens terão aumentado de valor. Este aumento pode também resultar em lucro inflacionário, mas um efeito não está necessariamente atrelado ao outro. O que o contribuinte pleiteou na ação judicial foi a atualização do seu balanço para fins de apropriar as despesas com as baixas do ativo permanente nos anos vindouros e isso foi reconhecido pela decisão passada em julgado e mesmo que a decisão tivesse os efeitos pretendidos pela autoridade fazendária, caberia a esta lançar o eventual lucro inflacionário e não glosar as despesas de baixa do ativo. Por outros termos, não é condição para a apropriação das despesas de baixa do ativo que a correção monetária destes tenha sido oferecida à tributação nos anos anteriores. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso de ofício e dar provimento ao recurso voluntário. Declarouse impedida a Conselheira Letícia Domingues Costa Braga. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 58 6. 72 00 36 /2 01 1- 16 Fl. 1531DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente. (assinado digitalmente) Guilherme Adolfo dos Santos Mendes Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Augusto de Souza Goncalves (Presidente), Lívia De Carli Germano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Daniel Ribeiro Silva, Abel Nunes de Oliveira Neto, Breno do Carmo Moreira Vieira, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa. Relatório O presente feito já foi enfrentado neste colegiado, ocasião em que foi baixado em diligência pela resolução nº 1401000.312 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária, de 29 de julho de 2014 (fls. 1.2281.234, eprocesso como as demais numerações desta decisão). Naquela oportunidade, assim se relatou: Cuidase de Recursos de Ofício e Voluntário interpostos em face do acórdão de n° 1240.669, da 6ª Turma da DRJ/RJ, proferido em sessão de 21 de setembro de 2011. Tratase de Autos de Infração Complementares para o IRPJ (fls. 556/564) e CSLL (fls. 565/570), para a exigência de supostos débitos dos referidos tributos referentes aos 03 (três) primeiros trimestres do períodobase de 2007, no montante de, respectivamente, R$ 304.989.399,05 e R$ 9.935.374,68, acrescidos de multa de 75% e juros de mora. Em 27 de dezembro de 2007, o contribuinte foi intimado do acórdão de n° 1217.330, da 2ª Turma da DRJ/RJ, nos autos do Processo Administrativo de n° 13770.000305/200301, que cancelou benefício fiscal de que gozava. Como resultado de tal cancelamento, foi lavrado Auto de Infração que deu origem ao Processo Administrativo de n° 15578.000407/200754 para a cobrança de supostos débitos de IRPJ referentes aos períodosbase de 20032006. O presente processo, de n° 15586.720036/2011 16, versa somente sobre o Auto de Infração Complementar, lavrado para a cobrança de IRPJ e CSLL dos 03 (três) primeiros trimestres do período de 2007. As infrações atribuídas à Recorrente foram as seguintes: Utilização indevida do benefício de redução do IRPJ e adicional, calculados sobre o lucro da exploração, concedido a empresas situadas na área da antiga SUDENE; e Redução indevida das bases de cálculo do IRPJ e CSLL. Glosa de Ajustes realizados a título de correção monetária do balanço – diferença IPC/BTNF (Expurgo do Plano Verão de 1989). O contribuinte apresentou Impugnação às fls. 600/673 na qual aduziu em sua defesa, dentre outros, os seguintes pontos em relação à utilização do benefício fiscal: O direito de ter o IRPJ e adicionais não restituíveis reduzidos em 75% sobre os lucros tributáveis decorrentes da modernização total e diversificação de sua unidade produtiva foi reconhecido não somente pela Inventariança da extinta SUDENE, mas também pela Delegacia da Receita Federal em Vitória, por despacho decisório, e posteriormente ratificado pela própria Advocacia Geral da União, em atuação junto à Autarquia. Portanto, não podem prosperar as conclusões e efeitos do acórdão de n° 1217.330, que negou o direito ao benefício. Somente em novembro de 2003 o Consultor Jurídico do Ministério da Integração foi requisitado a se manifestar acerca da possibilidade de concessão de benefícios fiscais no Estado do Espírito Santo, em relação a municípios que não se localizavam originariamente na área da extinta SUDENE. Fl. 1532DF CARF MF Processo nº 15586.720036/201116 Acórdão n.º 1401002.186 S1C4T1 Fl. 1.532 3 Como conseqüência, em dezembro de 2003, foi emitido parecer pelo qual o Sr. Consultor Jurídico do Ministério da Integração Nacional, revendo o seu entendimento anterior e em evidente alteração de critério jurídico (vedada pelo Código Tributário Nacional), formalizou novo entendimento quanto à extensão e alcance da norma que concedia o benefício. Em 20 de janeiro de 2004, por meio do Ofício de n° 1405/2003, o contribuinte foi notificado da cassação de seus laudos constitutivos, em razão de alteração dos critérios interpretativos. Ainda que aplicada a norma geral de correção monetária do balanço, como pretende a fiscalização, em detrimento da norma individual e concreta decorrente da coisa julgada, não é possível ignorar os efeitos que seriam produzidos nos períodos seguintes em função da realização dos encargos de depreciação, amortização e baixas do ativo permanente corrigido, que acabam por anular a suposta falta de tributação da diferença de saldo credor da correção monetária. Eventuais ganhos apurados em decorrência da correção monetária deveriam ter sido lançados conforme legislação aplicável. A existência desses ganhos não legitima a glosa das exclusões realizadas. De acordo com a fiscalização, a dedução dos efeitos do expurgo do Plano Verão sobre as depreciações, amortizações e baixas do ativo permanente deveria gerar prejuízos fiscais, cuja compensação estaria limitada a 30% do lucro real. Ademais, qualquer compensação realizada a maior geraria postergação. Sobreveio o acórdão de n° 1240.669, da 6ª Turma da DRJ/RJ1 que, por unanimidade de votos, deu provimento parcial à impugnação, em decisão que restou assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2007 MATÉRIA DEFINITIVAMENTE JULGADA. NOVO JULGAMENTO. Na ausência de vícios que justifiquem eventual nulidade, incabível nova análise de matéria já definitivamente julgada na esfera administrativa. ISENÇÃO EM CARÁTER INDIVIDUAL. CANCELAMENTO. DIFERENÇAS DEVIDAS. MULTA DE OFÍCIO. Cancelada a isenção concedida em caráter individual, em virtude de apurarse que a beneficiária não atendia, de fato, às condições impostas, cabível a cobrança das diferenças devidas até então, sem a incidência de multa de ofício. CORREÇÃO MONETÁRIA. PLANO VERÃO. O provimento obtido com o trânsito em julgado é definido pelos limites firmados na decisão que se torna definitiva. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte. O acórdão prolatado, no que tange à 1ª infração utilização indevida do benefício fiscal fundamentouse no fato de que o cancelamento do benefício de que usufruía o contribuinte foi definitivamente apreciado na esfera administrativa, uma vez que do acórdão de n° 1217.330/2007, não mais caberia recurso. Logo, consoante artigos 179 e 155 do Código Tributário Nacional, seriam exigíveis do contribuinte as diferenças devidas pela utilização do benefício, acrescidas dos juros de mora, uma vez que a isenção concedida em caráter individual foi cancelada. Quanto à 2ª infração – indexação pelo IPC fundamentou o acórdão recorrido que o provimento jurisdicional obtido, apesar de garantir à interessada a indexação de suas contas de natureza credora, também lhe obrigava a corrigir as contas de natureza devedora. Considerando a correção das contas devedoras, o resultado de correção monetária do ano de 1989 seria credor, não havendo que se falar em dedução após o trânsito em julgado da ação. Irresignado, o contribuinte apresentou recurso voluntário (fls. 1054/1129), no qual reiterou as razões de sua impugnação quanto à impossibilidade de cobrança do IR e adicionais não restituíveis em período no qual estava em pleno gozo de redução tributária. Quanto à primeira infração, enfatiza que não se está objetivando rever decisão transitada em julgado (AC n° 1217.330/2007), mas sim, os limites da eficácia do julgado que não considerou as disposições do Dec. 4213/02 e da IN n° 267/02, que vedam a exigibilidade retroativa do tributo. Quanto à segunda infração, reafirma o reconhecimento de seu direito de realizar a correção, pelos índices de 42,72% (janeiro de 1989) e 10,14% (fevereiro de 1989) para fins fiscais, e não para fins contábeis, de sorte que não há saldo credor. Ainda, reiterou que os efeitos da aplicação dos índices expurgados sobre o saldo do ativo permanente em janeiro de 1989 concederam ao contribuinte inegável direito à dedução das parcelas de depreciação, amortização e baixas, tanto em consonância com a decisão judicial transitada em julgado (Ação Ordinária 95.0087464), quanto por força das normas gerais de correção monetária de balanço, ignoradas pela fiscalização. A Fazenda Nacional, às fls. 1.202, apresentou contrarrazões ao recurso voluntário, insurgindose apenas quanto à inobservância do requisito geográficoespacial para fruição de benefício fiscal. Fl. 1533DF CARF MF 4 Argumentou que no caso vertente não houve mera revogação de ato concessivo, mas sim, anulação dos laudos em que se fundou o Despacho Decisório que deferiu o benefício, o que em última instância teria levado à anulação deste. Ainda, sustentou que seriam inócuas as alegações do contribuinte ao pleitear o reconhecimento de seu direito à fruição do benefício, uma vez que transitou em julgado a decisão administrativa da DRF de Vitória que cancelou o benefício. Em relação ao relatório acima transcrito, cumpre aditálo para consignar que houve recurso de ofício em razão de a DRJ ter exonerado a multa de ofício relativa à parte da autuação decorrente da revogação do benefício fiscal da SUDENE. O teor da resolução citada pode ser aferido pelo voto condutor, o qual transcrevo na integralidade em face de não ser extenso: O Recurso Voluntário do contribuinte insurgese contra dois pontos: (i) a cobrança de IRPJ e adicionais decorrentes de revogação de benefício fiscal concedido a empresas situadas na área da antiga SUDENE e, (ii) contra a glosa de Ajustes realizados a título de correção monetária do balanço – diferença IPC/BTNF (Expurgo do Plano Verão de 1989). Em sessão, a despeito de ter proferido meu entendimento sobre o Recurso de Ofício e também sobre o primeiro item do Recurso Voluntário (a exigência do IRPJ sobre a revogação do benefício fiscal), quando da discussão do segundo item do Recurso glosa de ajustes realizados a título de correção monetária de balanço – a Turma entendeu que seria necessária a conversão do julgamento em diligência, antes que as demais questões de mérito fossem apreciadas, dada a impossibilidade de segregação do julgamento. Assim, deixo de me manifestar sobre os mencionados itens, para esclarecer a controvérsia sobre a qual deve recair a diligência (glosa de ajustes decorrentes da correção monetária). Quanto à segunda infração, a controvérsia residiu em compreender a extensão do provimento jurisdicional obtido pelo contribuinte na Ação Ordinária 95.0087464. A Delegacia de Julgamento da Receita Federal conclui que o contribuinte jamais teria obtido permissão para corrigir, exclusivamente, as suas despesas com depreciação, amortização e baixas, uma vez que o provimento jurisdicional não teria sido integralmente favorável ao contribuinte. Teria sim sido reconhecido o direito de corrigir a integralidade (e não parte) das demonstrações financeiras pela diferença IPC/BTNF, o que até lhe seria, segundo a fiscalização, desfavorável. Nessa linha, a conclusão alcançada seria de que o saldo de correção monetária do ano de 1989 foi credor, não havendo, portanto, diferenças a serem deduzidas de bases tributáveis posteriores ao trânsito em julgado da ação. Durante o julgamento, o debate se deu quanto aos efeitos da correção monetária das demonstrações e o alcance do provimento jurisdicional, se seria favorável à Recorrente, uma vez que o saldo credor de correção monetária de um ano acresceria o patrimônio da empresa, de forma que o efeito se anularia nos exercícios seguintes. De fato, conforme afirma a fiscalização, da coisa julgada interpretase que “o provimento jurisdicional obtido autorizou a indexar, utilizando os índices referidos na sentença, a integralidade das demonstrações financeiras, e não apenas as contas de natureza credora”. Por essa razão e tendo em vista que o lançamento se reporta a pedido posterior (2007) ao ano referência (1989) para a correção monetária, posto que aguardouse o trânsito em julgado da decisão judicial, a Turma entendeu oportuno averiguar os efeitos do provimento jurisdicional por meio dos seguintes quesitos, formulados à d. fiscalização: Apurar os efeitos da correção monetária de balanço no ano de 1989, conforme decisão do TRF, complementadas pela decisão do STJ, que deferiu a correção da diferença do IPC/BTNF. Projetar os efeitos dessa correção monetária nos anos seguintes até 2007, inclusive considerando a receita de lucro inflacionário diferido em relação a esses expurgos. Limitar a glosa ao montante do reflexo da correção monetária de 1989 em 2007. Após realizada a diligência e elaborado relatório, encaminhar para ciência da Procuradoria e do contribuinte. O resultado da diligência consta das fls. 1.2521.253, cujo teor abaixo transcrevo: Tendo em vista a solicitação de diligência pelo CARF, conforme resolução nº 1401000.312, com o objetivo de elucidar alguns questionamentos, os quais detalhamos abaixo: Fl. 1534DF CARF MF Processo nº 15586.720036/201116 Acórdão n.º 1401002.186 S1C4T1 Fl. 1.533 5 1. Apurar os efeitos da correção monetária de balanço no ano de 1989, conforme decisão do TRF, complementadas pela decisão do STJ, que deferiu a correção da diferença do IPC/BTNF. Resposta: O acórdão do Tribunal Regional da 1a Região Fiscal, informa: “I – Em conformidade com o entendimento do Supremo Tribunal Federal, em tema relativo a expurgos inflacionários, as demonstrações financeiras de 1990, anobase 1989, devem ser corrigidas de acordo com o IPC de janeiro de 1989, o qual restou definido pelo Superior Tribunal de Justiça em 42,72% II – Apelação da autora parcialmente provida.” O acórdão do Superior Tribunal de Justiça – STJ, informa: “1 – Este tribunal, através da Corte Especial, ao reduzir o IPC de janeiro de 1989 de 70,28% para 42,72%, acolheu o entendimento de que o IPC do mês de fevereiro seguinte deve ser fixado no percentual de 10,41%. 2 – Recurso especial provido.” Da leitura do Balanço Patrimonial consolidado em 31/12/1998 (fls. 341e 342) e da Declaração de Imposto de Renda relativa ao exercício de 1990 (fls. 443 a 536), observase que o Ativo Permanente, cuja correção monetária gera receita passível de tributação, totaliza Cz$ 1.831.511.337.133,60 e o Patrimônio Líquido, cuja correção monetária gera despesa dedutível, totaliza Cz$ 1.581.013.583.114,94. Abaixo apresentamos a tabela com os efeitos da correção monetária pelo IPC/BTNF no ano de 1989: Data Índice (%) Ativo Permanente (1) Patrimônio Líquido (2) Saldo Credor de C.M. (1) – (2) 31.12.1988 Cz$ 1.831.511.337.133,60 Cz$ 1.581.013.583.114,94 Cz$ 250.497.754.018,66 31.01.1989 42,72% NCz$ 2.613.932.980,38 NCz$ 2.256.422.585,82 NCz$ 357.510.394,53 31.02.1989 10,14% NCz$ 2.878.985.784,59 NCz$ 2.485.223.836,02 NCz$ 393.761.948,5 Obs: Em janeiro de 1989 houve alteração da moeda Cruzado (Cz$) para Cruzado Novo (NCz$), dividindoa por 1.000. 2. Projetar os efeitos dessa correção monetária nos anos seguintes até 2007, inclusive considerando a receita de lucro inflacionário em relação a esses expurgos: Resposta: Para correção monetária dos valores do Ativo Permanente, Patrimônio Líquido e Saldo Credor da Correção Monetária (Lucro Inflacionário), utilizamos a tabela “Anexo I – Atualização Monetária”, conforme legislação pertinente descrita no anexo. Resumo da Atualização Monetária: Período Moeda Ativo Permanente Patrimônio Líquido Saldo Credor C.M. Dez/88 Cz$ 1.831.511.337.133,60 1.581.013.583.114,94 250.497.754.018,66 Dez/07 R$ 30.335.527.623,07 26.186.505.237,85 4.149.022.385,22 3. Limitar a glosa ao montante do reflexo da correção monetária de 1989 em 2007 Resposta: A glosa efetuada pela fiscalização se refere aos valores deduzidos como “outras exclusões – Exclusão dos efeitos decorrentes de ação judicial Plano Verão”, informados pelo contribuinte (fls. 40, 44 e 66) em resposta aos Termos de Intimação Fiscal. A glosa realizada está correta segundo, conforme determina o artigo 185 da Lei nº 6.404/76, portanto não há que se falar em limite, pois tratase de exclusões indevidas, tendo em vista que o contribuinte apenas havia realizado a correção monetária do Patrimônio Líquido em 1988, deixando de realizar a mesma para o Ativo Permanente. Diante desta situação, ao considerarmos a correção monetária do Ativo Permanente, chegamos a um saldo credor de correção monetária, em 31.12.1988, no valor de Cz$ 250.497.754.018,66 (cruzados), de forma que o contribuinte não possui direito às exclusões solicitadas. Venho ainda informar que existem processos neste CARF que versam sobre o mesmo assunto, são eles os processos 15578.000407/200757 (IRPJ) e 15578.000406/200718 (CSLL). Ambas as partes foram intimadas e se manifestaram nos autos acerca da diligência. Fl. 1535DF CARF MF 6 O contribuinte apresentou a peça de fls. 1.2621.277, que pode ser assim sintetizada: A fiscalização não teria respondido a contento nenhum dos quesitos da diligência, de modo que se obrigada a tecer suas próprias respostas e apresentar os documentos que as comprovam. Com relação ao primeiro quesito (Apurar os efeitos da correção monetária de balanço no ano de 1989, conforme decisão do TRF, complementadas pela decisão do STJ, que deferiu a correção da diferença do IPC/BTNF), não teria sido respondido pela fiscalização, uma vez que a fiscalização teria recalculado os saldos do ativo permanente e do patrimônio líquido sem se ater a situações específicas. A primeira delas diz respeito a itens do ativo permanente que não se submetiam à correção monetária, como terrenos e ativos diferidos; a segunda é relativa à necessidade de se subtrair do saldo utilizado as contas devedoras (depreciações e amortizações acumuladas em 1988). Ademais, discorreu sobre um suposto equivoco na conversão de valores. Abaixo, reproduzo a parte pertinente: Então apresentou o quadro. Seguiu ao aduzir que tributou (não diferiu, portanto) a tributação do saldo credor da correção monetária original, o que estaria comprovado pela DIPJ e LALUR apresentados (Anexo II). Assim, a fiscalização teria duas opções: (i) apurar o diferimento do novo saldo credor da correção monetária, ou (ii) tributar de imediato, mas respeitandose a decadência e os saldos controlados pelo LALUR na época, especialmente, os prejuízos fiscais. Desse modo, ainda que o índice expurgado alcançasse todo o balanço e não apenas o ativo permanente como pedido na inicial, não haveria tributo a ser pago, uma vez que os prejuízos registrados no LALUR 1989 eram suficientes para compensar a diferença. Apresenta no Anexo IV como entende que se daria a compensação com o saldo de prejuízos fiscais. Fl. 1536DF CARF MF Processo nº 15586.720036/201116 Acórdão n.º 1401002.186 S1C4T1 Fl. 1.534 7 Segue ainda com as considerações abaixo reproduzidas: Com relação ao segundo quesito (Projetar os efeitos dessa correção monetária nos anos seguintes até 2007, inclusive considerando a receita de lucro inflacionário em relação a esses expurgos), aduz que os cálculos apresentados pela autoridade fiscal estão errados pelos seguintes motivos: (i) não aplicou a diferença IPC/BNFF, (ii) aplicou índices posteriores à extinção da UFIR. Passa então a explanar o que deveria ter sido apurado acerca dos efeitos da correção monetária do balanço para 2007: a) se houvesse saldo credor a ser tributado em 1989, este seria compensado com prejuízos fiscais ou seria convertido em lucro inflacionário a ser tributado na medida da realização dos itens do ativo permanente; b) deveria ter sido apurado toda a movimentação (depreciação, por exemplo) dos bens existentes no ativo permanente de 1989 com base na decisão judicial; c) o eventual saldo credor ou lucro inflacionário deveria ser recalculado e deduzido, ano a ano, com direitos e créditos fiscais existentes no LALUR e, posteriormente, com as despesas de depreciação, amortização e baixas decorrentes da decisão judicial transitada em julgado; d) essa movimentação demonstraria se, em 2007, a correção monetária determinada pela decisão passada em julgado produziria efeitos positivos ou negativos; Aduz, então, o valor a que teria direito a depreciar. Com relação ao terceiro quesito (Limitar a glosa ao montante do reflexo da correção monetária de 1989 em 2007), contesta a conclusão da autoridade fiscal e entende que deixou de cumprir o que determinava a resolução de diligência. Passa então a discorrer sobre como apurar o efeito líquido entre a tributação do saldo credor apurado em 1989 e a dedução de despesas de depreciação, amortização e baixas entre 1989 e 2007. A manifestação da PFN foi apresentada na peça de fls. 13771388, cujos razões são as que se seguem. A PFN parte do seguinte pressuposto: Fl. 1537DF CARF MF 8 Não há controvérsia acerca dos índices aplicáveis. Não há tampouco, lide sobre os valores envolvidos na autuação. O interessado não nega que tenha feito, em 2007, as deduções glosadas, referentes a saldo negativo de correção monetária do ano de 1989, confirmando, ainda, que este saldo resultou da indexação, tão somente, de suas contas credoras. Assim, discorre sobre os efeitos da decisão judicial na ação ordinária de nº 95.00087464, cujos principais trechos valem ser colacionados: Portanto, contrariamente ao que afirma todo o tempo o interessado, ele jamais obteve permissão para corrigir, unicamente, suas despesas com depreciação, amortização, baixas e prejuízos fiscais. O que ele conseguiu foi uma decisão que, ao final, lhe foi desfavorável, já que lhe concedeu o direito de corrigir “as demonstrações financeiras” pelo IPC. E daí ele teria, na correção do balanço, saldo credor (RECEITA) a oferecer à tributação, através de adição ao lucro líquido, conforme se pode precisar dos valores do ativo permanente e do patrimônio líquido informados em sua DIRPJ e através das planilhas de folhas 443 a 536 (...) (...) Noutros termos, seja por meio das informações prestadas pelo próprio interessado, seja em virtude da análise dos termos do provimento judicial, seja pela conclusão externada no Relatório Fiscal sob análise, constatase que, em qualquer dos períodos acima (objeto da ação do IPC), ele teria saldos a adicionar ao lucro líquido, e não direito a deduções deste, QUANDO DA APURAÇÃO DO LUCRO REAL, razão pela qual a decisão de primeira instância não merece reparos nesse ponto. É o relatório. Fl. 1538DF CARF MF Processo nº 15586.720036/201116 Acórdão n.º 1401002.186 S1C4T1 Fl. 1.535 9 Voto Conselheiro Guilherme Adolfo dos Santos Mendes Relator RECURSO DE OFÍCIO A autoridade julgadora de primeiro grau exonerou a multa de ofício relativa à autuação decorrente do benefício fiscal anulado. Assim fundamentou essa parte: Por fim, ressalto que, por força dos arts. 179 e 155 do CTN, não cabe a incidência de multa de ofício relativamente aos fatos geradores anteriores a dezembro de 2007, data da ciência da decisão administrativa final que revogou o benefício. Deve, portanto, ser integralmente exonerada a parcela do lançamento concernente à multa de ofício, já que os fatos geradores tributados correspondem aos três primeiros trimestres do ano de 2007. Os artigos citados possuem a seguinte redação: Art. 155. A concessão da moratória em caráter individual não gera direito adquirido e será revogado de ofício, sempre que se apure que o beneficiado não satisfazia ou deixou de satisfazer as condições ou não cumprira ou deixou de cumprir os requisitos para a concessão do favor, cobrandose o crédito acrescido de juros de mora: I com imposição da penalidade cabível, nos casos de dolo ou simulação do beneficiado, ou de terceiro em benefício daquele; II sem imposição de penalidade, nos demais casos. Parágrafo único. No caso do inciso I deste artigo, o tempo decorrido entre a concessão da moratória e sua revogação não se computa para efeito da prescrição do direito à cobrança do crédito; no caso do inciso II deste artigo, a revogação só pode ocorrer antes de prescrito o referido direito. (...) Art. 179. A isenção, quando não concedida em caráter geral, é efetivada, em cada caso, por despacho da autoridade administrativa, em requerimento com o qual o interessado faça prova do preenchimento das condições e do cumprimento dos requisitos previstos em lei ou contrato para sua concessão. § 1º Tratandose de tributo lançado por período certo de tempo, o despacho referido neste artigo será renovado antes da expiração de cada período, cessando automaticamente os seus efeitos a partir do primeiro dia do período para o qual o interessado deixar de promover a continuidade do reconhecimento da isenção. § 2º O despacho referido neste artigo não gera direito adquirido, aplicandose, quando cabível, o disposto no artigo 155. De fato, os dispositivos são claros pela exoneração da multa no caso. Deve, pois, ser negado provimento ao recurso de ofício. RECURSO VOLUNTÁRIO Glosa de incentivo fiscal Fl. 1539DF CARF MF 10 O benefício foi cancelado por meio do processo administrativo nº 13770.000305/200301. Houve idêntica autuação para períodos anteriores no processo administrativo nº 15578.000407/200754. Naquele feito, a Primeira Turma da Segunda Câmara deu provimento ao recurso voluntário por meio do Acórdão 1201000.736, em 8 de agosto de 2012. O voto condutor assim se posicionou: A segunda questão diz respeito à retroatividade ou não do despacho que cancelou o benefício da SUDENE. Segundo o entendimento da Receita Federal, o ato jurídico que concedeu o benefício da SUDENE era contrário à lei que o regulamentava. E, por dispor de maneira antagônica, foi corretamente declarado a sua nulidade. Sendo que, uma vez declarado nulo, o ato não pode produzir efeitos no mundo jurídico, desde o momento da sua formação. Dessa forma, os efeitos da nulidade devem retroagir à data da concessão, produzindo efeitos ex tunc. Ocorre que, para o deslinde da questão é indispensável a análise do Decreto 4.213/2002, o qual regulamenta o benefício da redução do imposto de renda para os empreendimentos prioritários nas áreas de atuação da extinta Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste – SUDENE. De acordo com o artigo 3º do decreto supracitado, o direito ao benefício da redução do imposto de renda será reconhecido pela unidade da Secretaria da Receita Federal do Ministério da Fazenda a que estiver jurisdicionada a pessoa jurídica, sendo que, o chefe da unidade decidirá sobre o pedido no prazo de cento e vinte dias contados da apresentação do requerimento à repartição fiscal competente. Aduz, os parágrafos do artigo 3º que expirado o prazo de cento e vinte dias, sem que a requerente tenha sido notificada de decisão contrária ao seu pedido e enquanto não sobrevier decisão irrecorrível, considerarseá a interessada automaticamente em pleno gozo da redução pretendida. E, em caso de decisão posterior que denegue o pedido, as parcelas correspondentes às reduções feitas durante o período em que a pessoa jurídica interessada esteve em pleno gozo da redução não poderão ser objeto cobrança. Art. 3º O direito à redução do imposto sobre a renda das pessoas jurídicas e adicionais nãorestituíveis incidentes sobre o lucro da exploração, na área de atuação da extinta SUDENE será reconhecido pela unidade da Secretaria da Receita Federal do Ministério da Fazenda a que estiver jurisdicionada a pessoa jurídica, instruído com o laudo expedido pelo Ministério da Integração Nacional. § 1o O chefe da unidade da Secretaria da Receita Federal decidirá sobre o pedido em cento e vinte dias contados da respectiva apresentação do requerimento à repartição fiscal competente. § 2o Expirado o prazo indicado no § 1o, sem que a requerente tenha sido notificada da decisão contrária ao pedido e enquanto não sobrevier decisão irrecorrível, considerarseá a interessada automaticamente no pleno gozo da redução pretendida. Fl. 1540DF CARF MF Processo nº 15586.720036/201116 Acórdão n.º 1401002.186 S1C4T1 Fl. 1.536 11 § 3o Do despacho que denegar, parcial ou totalmente, o pedido da requerente, caberá impugnação para a Delegacia da Receita Federal de Julgamento, dentro do prazo de trinta dias, a contar da ciência do despacho denegatório. § 4o Tornase irrecorrível, na esfera administrativa, a decisão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento que denegar o pedido. § 5o Na hipótese do § 4o, a repartição competente procederá ao lançamento das importâncias que, até então, tenham sido reduzidas do imposto devido, efetuandose a cobrança do débito. § 6o A cobrança prevista no § 5o não alcançará as parcelas correspondentes às reduções feitas durante o período em que a pessoa jurídica interessada esteja em pleno gozo da redução de que trata o § 2o. Analisando a legislação acima se verifica que a autoridade fiscal tem o prazo de cento e vinte dias para apreciar o pedido e, caso esse prazo seja extrapolado, a requerente estará em pleno gozo do benefício até decisão contrária irrecorrível de seu pedido. Sendo que, as parcelas dos benefícios que foram utilizadas durante o período de gozo não poderão ser cobradas. No caso em tela, o pedido foi protocolado pela empresa em 27/05/2003, sendo que, em 31/07/2003, foi publicado o despacho decisório fundamentando o parecer SEORT nº 1.007/2003, reconhecendo o direito da empresa usufruir o benefício da redução do IRPJ e adicionais. Em 05/03/2004, foi publicado o despacho decisório nº 342/2004 cancelando a concessão do benefício anteriormente reconhecido pela autoridade fiscal. A empresa foi intimada no dia 12/04/2004, tomando conhecimento do prazo de 10 dias para manifestação. Após todos os trâmites administrativos, em 13/07/2007, sobreveio a decisão irrecorrível da Delegacia da Receita Federal através do Parecer SEORT 714/2007 determinando o cancelamento do despacho Decisório que resultou no Parecer SEORT 1.007/2003. Assim, ainda que se utilizássemos o raciocínio exarado pela própria Receita Federal de que o ato nulo deve ser extraído do mundo jurídico sem produzir efeitos, temos que a empresa enquadrase na regra geral do Decreto 4.213/2002. Ou seja, se a empresa protocolou seu pedido em 27/05/2003, a autoridade administrativa teria que manifestarse contrariamente ao pedido até o dia 24/09/2003 e não o fez. Dessa forma, a partir de 25/09/2003 a empresa legitimou se a utilizar o benefício fiscal pleiteado até a notificação de decisão contrária e irrecorrível. Decisão esta, que ocorreu apenas em 13/07/2007. Dessa forma, temos que a cobrança não se aplica às parcelas de imposto reduzidas até 13/07/2007, data em que sobreveio a decisão definitiva do benefício, pela regra estampada no artigo 3º, §§ 2º e 6º do Decreto 4.213/2002. Concordo com a referida decisão, exceto quanto a um ponto. Como consignou a DRJ em seu voto, a ciência da decisão administrativa que revogou o benefício ocorreu em dezembro de 2007. Logo, a autuação é indevida para os três primeiros trimestres do ano de 2007. Fl. 1541DF CARF MF 12 Glosa de expurgo inflacionário No próprio termo de verificação fiscal (fls. 587), a autoridade fiscal assim consigna: Através da ação ordinária 9500087464, o contribuinte requereu o direito de deduzir fiscalmente as despesas de depreciação, amortização e baixas, computandose a variação de 70,28%, referente ao IPC de janeiro de 1989, substituindose a OTN de Ncz$ 6,92 pela de Ncz$ 10,51 ou outro índice que a juíza julgasse adequado, na base de cálculo do Imposto de Renda e da Contribuição Social sobre o Lucro, como se fosse ajuste de exercícios anteriores, com todos os efeitos daí decorrentes, tais como a correção dos prejuízos fiscais, ou ainda, como pedido sucessivo, compensar o imposto pago indevidamente nos últimos 5 (cinco) anos, em função do expurgo ocorrido na formação da despesa de depreciação, amortização e baixas, com os efeitos decorrentes de correção de prejuízos fiscais. Depois aduziu que a autora modificou seu pedido inicial no recurso com base no seguinte trecho da apelação: A Autora propôs a presente ação ordinária visando ao reconhecimento de seu direito constitucional de utilizar, em suas demonstrações financeiras e para efeitos de apuração do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro, um índice de correção monetária que efetivamente, correspondesse à realidade da variação econômica no período ...” A seguir reproduziu partes do provimento final do STJ: “Em sua petição inicial a Recorrente pediu a declaração do seu direito de deduzir fiscalmente as despesas de depreciação, amortização e baixas, computandose a variação do IPC ..... ................................... A ação foi julgada improcedente em 1ª instância e parcialmente procedente no Egrégio TRF, que reconheceu o direito da Recorrente apenas à aplicação do índice de 42,72%, de janeiro deste ano.” .................................. ... A Recorrente requer a reforma do r. acórdão recorrido, para que seja reconhecido o seu direito à aplicação, na correção monetária de suas demonstrações financeiras ...” Daí conclui: E daí ele teria, na correção do balanço, saldo credor (RECEITA) a oferecer à tributação, através de adição ao lucro líquido, conforme se pode precisar dos valores do ativo permanente e do patrimônio líquido e através das planilhas, apresentadas quando das respostas aos termos de intimação, (...) O Julgador de primeira instância, a PFN e, pelos termos do voto condutor da diligência que foi baixada seguiram pela mesma linha. Nada obstante e com a devida vênia a todos, as premissas estão equivocadas em função da confusão entre dois itens de resultado. Uma coisa é o resultado da correção monetária do balanço de um determinado ano, que poderá ser credor e, portanto, aumentar o resultado tributável do período em questão (no caso dos autos, o anocalendário de 1989) ou devedor e, assim, reduzir o Fl. 1542DF CARF MF Processo nº 15586.720036/201116 Acórdão n.º 1401002.186 S1C4T1 Fl. 1.537 13 referido resultado. Em termos genéricos, o saldo é credor quando o ativo permanente é maior que o patrimônio líquido, e é devedor quando ocorre o contrário. Outra coisa é a apropriação ao resultado de exercícios posteriores da redução dos itens do ativo permanente por depreciação, amortização, exaustão e simples baixa. Pois bem, ao se aumentar, como foi feito pela decisão judicial, o índice de correção monetária do período em questão (1989), o resultado da correção monetária do balanço e, conseguintemente, do chamado lucro inflacionário pode ser credor ou devedor. Isso dependerá da composição do balanço da interessada. No entanto, o provimento judicial que deferiu o aumento do índice inflacionário sempre resultará num aumento das despesas de baixa de itens do ativo permanente, pois estes mesmos itens terão aumentado de valor. Claro que este aumento poderia resultar num lucro inflacionário, mas um efeito não está necessariamente atrelado ao outro. O que o contribuinte pleiteou na ação judicial foi a atualização do seu balanço para fins de apropriar as despesas com as baixas do ativo permanente nos anos vindouros e isso foi reconhecido pela decisão passada em julgado. Ademais, mesmo que a decisão tivesse os efeitos pretendidos pela autoridade fazendária, caberia a esta lançar o eventual lucro inflacionário e não glosar as despesas de baixa do ativo. Por outros termos, não é condição para a apropriação das despesas de baixa do ativo que a correção monetária destes tenha sido oferecida à tributação nos anos anteriores. A autuação, pois, também não merece prosperar quanto ao presente item. Conclusão Por todo o exposto, voto para negar provimento ao recurso de ofício e para dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Guilherme Adolfo dos Santos Mendes Fl. 1543DF CARF MF
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