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Turma Camara- Primeira Câmara (48)
Numero do processo: 13807.011313/2001-49
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 23 00:00:00 UTC 2010
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA - 1RPF
Exercício: 2000
MATÉRIA SOB APRECIAÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO. CONCOMITÂNCIA DAS INSTÂNCIAS JUDICIAL E ADMINISTRATIVA. IMPOSSIBILIDADE.
O litigante não pode discutir a mesma matéria em processo judicial e em administrativo. Havendo coincidência de objetos nos dois processos, deve-se trancar a via administrativa, já que, em nosso sistema de direito prevalece a solução dada ao litígio pela via judicial. Inteligência do enunciado sumular CARF nº 1 (DOU de 22/1212009), verbis: "Importa renúncia às instâncias
administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de oficio, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial",
Recurso não conhecido.
Numero da decisão: 2102-000.851
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não
conhecer do recurso, por concomitância das instâncias judicial e administrativa, nos termos do voto do Relator. Declarou-se impedida a Conselheira Núbia Matos Moura que participou do julgamento de primeira instância.
Matéria: IRPF- ação fiscal - omis. de rendimentos - PF/PJ e Exterior
Nome do relator: GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS
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CONCOMITÂNCIA DAS INSTANCIAS JUDICIAL E ADMINISTRATIVA. IMPOSSIBILIDADE. O litigante não pode discutir a mesma matéria em processo judicial e errr administrativo . Havendo coincidência de objetos nos dois processos, deve-se trancar a via administrativa, já que, em nosso sistema de direito prevalece a solução dada ao litígio pela via judicial. Inteligência do enunciado sumular CARF if 1 (DOU de 22/1212009), verbis: "Importa renúncia às instâncias administrativas a propositwa pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de oficio, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas apreciação, pelo árglio de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial", Recurso não conhecido. Vistos, relatados e dis tidos os • resentes autos. Acordam os mep , ros do C. a giado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso, por concor ancia das in judicial . e ad nistrativa, nos termos do voto do Relator. Declarou-se wedida a C g, a Naia os Moura que participou do julgamento de primeira instán a. GIOVAN I CHRIS TIA. MPOS - Relator e Presidente EDITADO EM: 03111/2010 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Rubens Mauricio Carvalho, Carlos André Rodrigues Pereira Lima, Acacia Sayuri Wakasugi, Vanessa Pereira Rodrigues Domene e Giovanni Cluistian Nunes Campos. Relatório Em face da contribuinte IRACY LOURDES DA CRUZ SANTANA, CPF/MF n° 655,674.048-91, já qualificada neste processo, foi lavrado, em 30/07/2001, auto de infração (fls. 2 a 6), a partir da revisão de sua declaração de ajuste anual do exercício 2000. Abaixo, discrimina-se o crédito tributário constituído pelo auto de infração antes informado, que sofre a incidência de juros de mora a partir do mês seguinte ao do vencimento do crédito: IMPOSTO R$ 365,11 MULTA DE OFÍCIO R$ 273,83 contribuinte foi imputada uma omissão de rendimentos tributáveis, consubstanciada na transferência de R$ 39365,80 dos rendimentos isentos, provenientes de resgate de previdência privada, para rendimentos tributáveis, com a colação no ajuste do IRRF que incidiu no recebimento desse valor. Eis a justificativa exarada pela autoridade fiscal para perpetrar a presente revisão: OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS A TITULO DE RESGATE DE CONTRIBUIÇÕES DE PREVIDÊNCIA PRIVADA JUNTO A FUNDAÇÃO DO BANCO CENTRAL. CENTRUS CNRI 00.580,571/0001-42 CONSIDERADA ISENTA PELO CONTRIBUINTE CONFORME PROCESSO 199834000001461 CUJA SEGURANÇA FOI DENEGADA EM 14/11/2000 PELA 3A. TURMA DO TRF DA PRIMEIRA REGIÃO. Inconformada com a autuação, a contribuinte apresentou impugnação ao lançamento, dirigida à Delegacia da Receita Federal de Julgamento, na qual, em essência, infbrma que a omissão de rendirnentos em foco se encontra sub judice, combatida no bojo dos mandados de segurança 199834.00.000146-1 e 1999.34.00.012940-5, ambos impetrados pelo Sindicato Nacional dos Servidores Federais Autárquicos nos Entes de Formulação, Promoção e Fiscalização da Política de Moeda e do Crédito A 1 3 Turma da DRJ/F'OR, por unanimidade de votos, julgou procedente o lançamento, em decisão consubstanciada no Acórdão n° 08-9.354, 23 de outubro de 2006 (fis. '71 a '73), que foi assim ementado: OMISSÃO DE RENDIMENTOS. RESGATE DE PREVIDÊNCIA PRIVADA. Cabível o lançamento quando inexiste medida judicial impeditiva de se proceder ao lançamento em consonância com as disposições legais vigentes,. A Conselheira NAbia Matos Moura participou do julgamento acima. 2 Processo n" 13807.011313/2001-49 S2-CIT2 AcôrdLo ri 2102-00..851 Fl 90 A contribuinte foi intimada da decisão a quo em 24/01/2008.. Inesignada, interpás recurso voluntário em 15/02/2008. No voluntário, a recorrente alega: 1)A incidência do recolhilne1210 ainda encontra-se ern discussão, através do processo 199834000001461, da 14" VF/DF, impetrado pelo SINAL-Sindicato dos Funcionários do Banco Central do Brasil, conforme súmula anexa (/ls, 2/5) 2) Ainda que a decisão seja pela incidência de imposto sobre as parcelas recebidas, volto a infirmar que do valor recebido, já foi retido na fonte o valor referente ao imposto de renda, cuja guia do depósito judicial efetuado encontra-se anexa ao processo anteriormente citado. 3) Houve um outro processo também impetrado pelo SINAI, Sindicato dos Funcionários do Banco Central do Brasil, de n° 1999340000129405, já encerrado, cuja súmula também se encontra em anexo (fl. 06), no qual foi recomendado que a Receita se abstivesse de penalizar os contribuintes constantes do processo de inicio referido (199834000001461) Por estas razões, solicito que se aguarde o encerramento do processo 199834000001461, pois, no caso de decisão pelo recolhimento, os valores depositados em juizo serão transferidos aos cofres da receita, o que poderia caiwcterizar bi-tributação, se ora recolhido conforme a intimação recebida. o relatório. Voto Conselheiro Giovanni Christian Nunes Campos, Relator Declara-se a tempestividade do apelo, já que interposto dentro do trintidio legal. Dessa forma, atendidos os demais requisitos legais, passa-se a apreciá-lo. Informa a recorrente que a controvérsia deduzida nestes autos se encontra sob apreciação do judiciário, no bojo do mandado de segurança 1998.34.00,000146-1, impetrado pelo Sindicato Nacional dos Servidores Federais Autárquicos nos Entes de Formulação, Promoção e Fiscalização da Política de Moeda e do Credito — SINAL, sem solução definitiva na instância judicial. V8-se que a pretensão aqui deduzida pela recorrente não pode ser julgada nesta instância administrativa, pois somente cabe a Administração se submeter ao decidido pelo Poder Judiciário, no bojo da Ação judicial acima citada. Considerando a unicidade de jurisdição que tern vigência no Brasil, com supremacia do direito dito pelo Poder Judiciário, somente cabe a esta Segunda Turma da Primeira Camara da Segunda Seção do CARP reconhecer a concomitância das instâncias, e, em analogia corn o determinado pelo parágrafo único do art. 38 da Lei n° 6,830/80, declarar, neste ponto, que a recorrente desistiu tacitamente do recurso interposto na esfera administrativa. E de se evidenciar que recentemente o Supremo Tribunal Federal declarou a constitucionalidade do parágrafo único do art, 38 da Lei n° 6.830/80, ou seja, a propositura de demanda judicial com o mesmo objeto da lide administrativa implica em renúncia a esta última instancia. Assim, nessa questão, veja-se a transcrição do informativo STF no 476, de 22 agosto de 2007, verbis: Em conclusão de julgamento, o Tribunal, por maioria, negou provimento a recurso extraordinário em que se discutia a constitucionalidade do parágrafo :inky) do art. 38 da Lei 6.830/80 ("Art 38. A discussão judicial da Divida Ativa da Fazenda Pública só é admissivel em execução, na . forma desta Lei, salvo as hipóteses de mandado de segurança, ação de repetição do indébito ou ação anulatór ia do ato declarativo da divida, esta precedida do depósito preparatório do valor do débito, monetariamente corrigido e acrescido dos juros e multa de mora e demais encargos. Parágrafo único, A propositura, pelo contribuinte, da ação prevista neste artiqo importa em renúncia ao pacr de recorrer na esfera administrativa e desistência do recurso acaso interposto.'). Tratava-se, na espécie, de recurso interposto contra acórdão do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, que negara provimento apelação da recorrente e confirmara sentença que indeferira mandado de segurança preventivo por ela impetrado, sob o fimdamento de impossibilidade da utilização simultânea das vias administrativa e judicial para discussdo da mesma matéria — v Informativos 349 e 387. Entendeu-Se que o art. 38, da Lei 6.830/80 apenas veio a conferir mera alternativa de escolha de uma das vias processuais. Nesta assentada, o Min Sepulveda Pertence, em voto-vista, acompanhou a divergência, no sentido de negar provimento ao recurso. Asseverou que a presunção de renúncia ao poder de recorrer ou de desistência do recurso na esfera administrativa não afronta à zarantia constitucional da jurisdição, uma vez que o efeito coercivo que o dispositivo questionado possa conter apenas se efetiva se e quando o contribuinte previa o acolhimento de sua pretensão na esfera administrativa. Assim, somente haven't receio de provocar o Judiciário e ter extinto o processo administrativo, se este se mostrar mais eficiente que aquele. Neste caso, se houver uma solução administrativa imprevista ou contrária a seus interesses, ainda ai estará resguardado o direito de provocar o Judiciário. Por °taro lado, na situação inversa, se o contribuinte não esperar resultado positivo do processo administrativo, não hesitará em provocar o Judiciário tão logo possa, e já não se interessará mais pelo que se vier a decidir na esfera administrativa, salvo no caso de eventual sucumbência jurisdicional. Afastou, também, a alegada ofensa ao di/ eito de petição, uma vez que este já teria sido exercido pelo contribuinte, tanto que haveria um processo administrativo em curso. Concluiu que o dispositivo atacado encerra preceito de economia processual que reze tanto a processo judicial quanto o administrativo. Por fim, registrou que já se admitia, no campo do processo civil, que a prática de atos incompatíveis- com vontade de recorrer implica renúncia a esse direito de recorrer ou prejuízo do recurso interposto, a teor do que dispõe o art, 4 Processo ri" 13807011313/2001-49 S2-C1T2 Acendao ri" 2102-00.851 Fl. 91 503, captt, e parágrafo único, do CPC, nunca lendo se levantado qualquer dúvida acerca da constitucionalidade dessas norms. Vencidos os Ministros Marco Autélio, relator, e Carlos Britto que davam provimento ao recurso para declarar a incongitucionalidade do dispositivo em análise, por vislumbrarem ofensa ao direito de livre acesso ao Judiciário e ao direito de petição. RE 23358.21RJ; rel. orig. Min. Marco Aurélio, ret p/ o acórdão Min Joaquim Barbosa, 16.8.2007. (RE-233.582)— grifou-se Por fim, no caso ora em debate, também incide a inteligência da Súmula CARF N° 1: "Importa renúncia ás instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de oficio, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial", e, com espeque no art. 72, caput e § 4", do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais do Ministério da Fazenda', aprovado pela Portaria MF no 256, de 22 de junho de 2009 (DOU de 23 de junho de 2009), deve-se ressaltar que os enunciados sumulares, dos Conselhos de Contribuintes e do CART, são de aplicação obrigatória nos julgamentos de 2' grau. Ante o exposto, voto no sentido de reconhecer que o objeto do presente feito administrativo esta sendo discu a via judicial, o que implica no não conhecimento deste recurso voluntário. Gio es Campo I Art 72. As decisbes um • es do CARF serão consubstanciadas em súmula de observância obrigatória pelos membros • ARF. § I' a §30 Omissis. § 40 As sumulas aprovadas pelos Primeiro, Segundo e Conselhos de Contribuintes são de adoção obrigatória pelos membros do CARF. Terceiro 5
score : 1.0
Numero do processo: 16095.000014/2005-74
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri May 13 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Fri May 13 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF
Exercício: 1994
REVISÃO DE OFÍCIO DO LANÇAMENTO. VÍCIO FORMAL. ATO A SER PRATICADO ENQUANTO NÃO EXTINTO O DIREITO DE CRÉDITO DA FAZENDA NACIONAL. A revisão do lançamento só pode ser iniciada enquanto não extinto o direito da Fazenda Pública.
Recurso provido.
Numero da decisão: 2102-001.313
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, DAR
provimento ao recurso.
Matéria: IRPF- ação fiscal - omis. de rendimentos - PF/PJ e Exterior
Nome do relator: GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS
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VÍCIO FORMAL. ATO A SER PRATICADO ENQUANTO NÃO EXTINTO O DIREITO DE CRÉDITO DA FAZENDA NACIONAL. A revisão do lançamento só pode ser iniciada enquanto não extinto o direito da Fazenda Pública. Recurso provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, DAR provimento ao recurso Assinado digitalmente GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS Relator e Presidente. EDITADO EM: 25/05/2011 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Núbia Matos Moura, Atílio Pitarelli, Rubens Maurício Carvalho, Carlos André Rodrigues Pereira Lima, Acácia Sayuri Wakasugi e Giovanni Christian Nunes Campos. Relatório Fl. 1DF CARF MF Emitido em 03/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 25/05/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO Assinado digitalmente em 25/05/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO 2 Em face do contribuinte PEDRO HANS JONAS, CPF/MF nº 039.708.178 20, já qualificado neste processo, foi lavrado, em 29/06/2005, auto de infração (fls. 01 a 39), com ciência postal em 12/07/2005 (fl. 42). Abaixo, discriminase o crédito tributário constituído pelo auto de infração, que sofre a incidência de juros de mora a partir do mês seguinte ao do vencimento do crédito: IMPOSTO R$ 4.521,47 MULTA DE OFÍCIO R$ 3.391,10 Ao contribuinte foi imputada uma omissão de rendimentos percebidos de pessoa jurídica, no montante de 26.400,73 UFIRs, e uma glosa de IRRF de 2.081,20 UFIRs, no anocalendário 1993. Pelo que se apreende dos autos, as infrações acima tinham sido originalmente apuradas em notificação emitida em 10/03/1995, sem assinatura da autoridade autuante (fl. 04), tombada no processo administrativo nº 10875.003435/9597, o que motivou a declaração de nulidade dessa notificação por vício formal, conforme Decisão DRF/GUA/SESIT N° 27, de 02 de março de 2001, notificada ao contribuinte em 20/03/2001 (fls. 20 a 23). Inconformado com a autuação, o contribuinte apresentou impugnação ao lançamento, dirigida à Delegacia da Receita Federal de Julgamento, alegando, dentre outros argumentos, uma prefacial de decadência e prescrição. A 3ª Turma da DRJ/CGE, por unanimidade de votos, julgou procedente o lançamento, em decisão consubstanciada no Acórdão n° 0415.059, de 20 de agosto de 2008 (fls. 61 a 70). A decisão acima assim afastou a prefacial de decadência e prescrição suscitada pelo impugnante: PRELIMINAR PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA O impugnante alega a ocorrência de prescrição. Esclarecese que antes do lançamento incide o prazo decadencial. O prazo prescricional só passa a fluir após a constituição definitiva do crédito tributário, nos termos do art. 174 do CTN, que ocorre com a decisão administrativa definitiva, conforme já assentou o Supremo Tribunal Federal (RE 94.4621, rel. Moreira Alves, casoparadigma para essa matéria desde então). Portanto, o que há para se discutir na presente fase processual é apenas a decadência, o que se passa a fazer. A decadência, no âmbito da relação tributária, é o fato que extingue o crédito tributário (art. 156 V do CTN) e ocorre com o decurso do prazo de cinco anos contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado ou da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado, nos termos do art. 173 do CTN: (...) No caso, o primeiro lançamento foi efetuado em 10/03/1995 (f. 05) por meio do processo n° 10875.003435/9597. Aplicando Fl. 2DF CARF MF Emitido em 03/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 25/05/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO Assinado digitalmente em 25/05/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO Processo nº 16095.000014/200574 Acórdão n.º 210201.313 S2C1T2 Fl. 2 3 selhe a regra estabelecida no art. 173, inc. I do CTN, concluise que foi realizado dentro do prazo decadencial. É que o crédito tributário relativo ao anocalendário de 1993 poderia ser constituído de 1° de janeiro de 1995 até 31 de dezembro de 2004, considerando o prazo de 5 anos contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o imposto poderia ser lançado (no caso, exercício 1994). Ocorre que, em 23/02/2001, o lançamento n° 10875.003435/95 97 foi decretado nulo por vício formal, em sede administrativa, sendo que da decisão o interessado teve ciência em 20/03/2001 (f. 23). Em substituição ao ato anulado, foi realizado o presente lançamento, com ciência ao sujeito passivo em 12/07/2005. Conforme visto, o fato jurídico da nulidade do lançamento por vício formal tem o condão de alterar o termo inicial do prazo decadencial, que passa a fluir a partir da data da decisão e não mais a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ser efetuado. Em razão disso, o prazo decadencial, no presente caso, iniciouse em 23/02/2001 e encerrouse cinco anos depois, em 23/02/2006. Por conseguinte, em 12/07/2005, data da ciência do lançamento, pelo interessado, não havia operado a decadência. O contribuinte foi intimado da decisão a quo em 16/09/2008 (fl. 76). Irresignado, interpôs recurso voluntário em 15/10/2008 (fls. 88 e 89). No voluntário, o recorrente alega, em síntese, que: I. considerando que o processo administrativo nº 10875.003435/9597 foi autuado em 06/12/2005, a Fazenda Nacional somente poderia cobrar o crédito tributário até dezembro de 2000, prazo que fluiu em branco, estando prescrita qualquer direito do ente estatal, não mais sendo possível rever o lançamento após o prazo acima, na forma do parágrafo único do art. 149 do CTN; II. não teve qualquer responsabilidade pela informação dos rendimentos e retenção do IRRF, tudo a cargo do seu antigo empregador (Goodyear do Brasil Produtos de Borracha Ltda). O recorrente apenas transcreveu os dados informados pela Goodyear em sua declaração de ajuste anual, não podendo sobre penalidade por equívoco que não deu causa; III. a demora de mais de 10 anos da Administração Fiscal para encaminhar uma solução definitiva para este processo administrativo fiscal agravou sobremaneira o recorrente, com imputação de juros de mora e multa de ofício abusivos e inaceitáveis. É o relatório. Fl. 3DF CARF MF Emitido em 03/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 25/05/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO Assinado digitalmente em 25/05/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO 4 Voto Conselheiro Giovanni Christian Nunes Campos, Relator Declarase a tempestividade do apelo, já que o contribuinte foi intimado da decisão recorrida em 16/09/2008 (fl. 76), terçafeira, e interpôs o recurso voluntário em 15/10/2008 (fls. 88 e 89), dentro do trintídio legal, este que teve seu termo final em 16/10/2008, quintafeira. Dessa forma, atendidos os demais requisitos legais, passase a apreciar o apelo, como discriminado no relatório. Está absolutamente claro que o crédito tributário primevo, aquele da notificação e que foi anulado pela Decisão DRF/GUA/SESIT N° 27, de 02 de março de 2001, notificada ao contribuinte em 20/03/2001 (fls. 20 a 23), foi constituído definitivamente no ano de 2005, até porque o processo nº 10875.003435/9597 (apensado), que também controlava a solicitação de revisão de lançamento, foi protocolizado em 06/12/1995. Compulsando o processo 10875.003435/9597, vêse que o contribuinte apresentou uma solicitação de retificação de lançamento em 28/03/1995 (fl. 3 do apensado), autuada em processo em 06/12/1995, somente havendo duas intimações, solicitando o comparecimento do contribuinte à repartição fiscal (fl. 32 do apensado) e a apresentação de declaração retificadora do anobase 1994, sendo a primeira datada de 25/04/1996 e segunda de 1º/07/1996, com um AR juntado de 10/05/1996, e daí em diante somente tem a Decisão DRF/GUA/SESIT N° 27, de 02 de março de 2001, notificada ao contribuinte em 20/03/2001 (fls. 35 a 39 do apensado). Assim, considerando que não há qualquer ato de cobrança da administração do crédito lançado em face do contribuinte (observese que até a intimação para apresentar a declaração retificadora se refere ao anobase 1994 – fl. 33 do apensado, quando o ano calendário ora controvertido em 1993), não se pode considerar que o contribuinte foi intimado a pagar ou mesmo que tenha reconhecido a dívida (ao revés, o contribuinte combateu a dívida pela solicitação de retificação de lançamento), sendo forçoso reconhecer que a administração ficou mais de 05 anos sem tomar qualquer providência nestes autos (do momento da notificação, em 10/03/1995 – fl. 4 do apensado , até a decisão DRF/GUA/SESIT N° 27, de 02 de março de 2001), não havendo qualquer ato que pudesse interromper a fluência do lapso prescricional, na forma do art. 174 do CTN, abaixo transcrito: Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em cinco anos, contados da data da sua constituição definitiva. Parágrafo único. A prescrição se interrompe: I pela citação pessoal feita ao devedor; II pelo protesto judicial; III por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor; IV por qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que importe em reconhecimento do débito pelo devedor. Ainda, também não há qualquer ato que suspendesse a exigibilidade do crédito tributário, com igual efeito no prazo prescricional, pois a solicitação de retificação de lançamento não pode ser considerada como instauração de litígio no âmbito do processo Fl. 4DF CARF MF Emitido em 03/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 25/05/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO Assinado digitalmente em 25/05/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO Processo nº 16095.000014/200574 Acórdão n.º 210201.313 S2C1T2 Fl. 3 5 administrativo fiscal PAF, meio hábil para suspender a fluência do prazo prescricional, até porque foi decidida pela Delegacia da Receita Federal de Guarulhos (SP) e não pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento. No caso vertente, não há qualquer ato de interrupção ou suspensão da prescrição nestes autos, pois a própria autoridade lançadora anulou o lançamento primitivo por vício formal, sendo forçoso reconhecer que o crédito tributário da primeva notificação foi extinto pela prescrição no anocalendário 2000, no final do qüinqüênio previsto no art. 174 do CTN. Ora, extinto o crédito tributário pela prescrição (art. 156, V, do CTN), fica claro que a Fazenda Nacional não poderia rever de ofício o lançamento já em 2001, pela Decisão DRF/GUA/SESIT N° 27, de 02 de março de 2001, notificada ao contribuinte em 20/03/2001 (fls. 20 a 23), pois tal revisão somente poderia ser feita enquanto não extinto o direito da Fazenda Pública (art. 149, parágrafo único, do CTN). Aqui se repise que não há falar em suspensão da exigibilidade do crédito tributário por qualquer petição tombada no processo nº 10875.003435/9597 ou no apensado, pois não houve instauração de contencioso administrativo, sendo que a própria Delegacia da Receita Federal de Guarulhos fez a revisão, de ofício, do lançamento primitivo, anulandoo. Assim, quando a Fazenda Pública anulou o lançamento por vício formal, em março de 2001, já estava extinto o direito de crédito, pela prescrição. Ante o exposto, voto no sentido de DAR provimento ao recurso. Assinado digitalmente Giovanni Christian Nunes Campos Fl. 5DF CARF MF Emitido em 03/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 25/05/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO Assinado digitalmente em 25/05/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO
score : 1.0
Numero do processo: 10820.000992/00-30
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 09 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Wed Feb 09 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF
Exercício: 1996, 1997, 1998, 1999
NULIDADE. LANÇAMENTO. INOCORRÊNCIA. Hígido o lançamento
fiscal consubstanciado em auto de infração, lavrado por autoridade competente, o Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil, na repartição fiscal, sem termo de início do procedimento, desde que ela detenha os elementos probatórios para tanto.
DESPESAS MÉDICAS. LONGO CONJUNTO DE INDÍCIOS QUE DENUNCIAM A INEXISTÊNCIA DA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO.
MANUTENÇÃO DAS GLOSAS E DO LANÇAMENTO. Acostados aos autos um largo conjunto de prova indiciária vasta que denuncia a não
prestação do serviço, como a contratação de serviços por preços exorbitantes junto a profissionais recém-formados, junto a profissionais ligados por parentesco civil, a execução de serviços no mesmo dia em diversos profissionais, somente a comprovação do efetivo pagamento pode manter a dedução de tais despesas.
Recurso negado.
Numero da decisão: 2102-001.055
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em AFASTAR as preliminares e, no mérito, em NEGAR provimento ao recurso.
Matéria: IRPF- ação fiscal - omis. de rendimentos - PF/PJ e Exterior
Nome do relator: GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS
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LANÇAMENTO. INOCORRÊNCIA. Hígido o lançamento fiscal consubstanciado em auto de infração, lavrado por autoridade competente, o AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil, na repartição fiscal, sem termo de início do procedimento, desde que ela detenha os elementos probatórios para tanto. DESPESAS MÉDICAS. LONGO CONJUNTO DE INDÍCIOS QUE DENUNCIAM A INEXISTÊNCIA DA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. MANUTENÇÃO DAS GLOSAS E DO LANÇAMENTO. Acostados aos autos um largo conjunto de prova indiciária vasta que denuncia a não prestação do serviço, como a contratação de serviços por preços exorbitantes junto a profissionais recémformados, junto a profissionais ligados por parentesco civil, a execução de serviços no mesmo dia em diversos profissionais, somente a comprovação do efetivo pagamento pode manter a dedução de tais despesas. Recurso negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em AFASTAR as preliminares e, no mérito, em NEGAR provimento ao recurso. Assinado digitalmente GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS Relator e Presidente. EDITADO EM: 04/04/2011 Fl. 1DF CARF MF Emitido em 23/05/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 04/04/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO Assinado digitalmente em 04/04/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Núbia Matos Moura, Vanessa Pereira Rodrigues Domene, Rubens Maurício Carvalho, Carlos André Rodrigues Pereira Lima, Acácia Sayuri Wakasugi e Giovanni Christian Nunes Campos. Relatório Em face do contribuinte ALVIMAR LIMA DE CASTRO, CPF/MF nº 476.284.13820, já qualificado neste processo, foi lavrado, em 30/06/2000, auto de infração (fls. 03 a 10), com ciência postal em 04/07/2000 (fl. 158), a partir de ação fiscal iniciada em 12/04/2000 (fl. 39). Abaixo, discriminase o crédito tributário constituído pelo auto de infração antes informado, que sofre a incidência de juros de mora a partir do mês seguinte ao do vencimento do crédito: IMPOSTO R$ 18.642,50 MULTA DE OFÍCIO R$ 13.981,87 Ao contribuinte foi imputada uma glosa de despesas médicas, nos montantes de R$ 5.000,00, R$ 9.450,00, R$ 27.900,00 e R$ 29.000,00, nos anoscalendário 1995, 1996, 1997 e 1998, respectivamente. Ao imposto lançado foi vinculado uma multa de ofício de 75%. Abaixo se transcrevem a motivação da autuação e as defesas apresentadas na impugnação, conforme excerto do relatório da decisão da Delegacia de Julgamento (fls. 293 a 299), verbis: De acordo com informações contidas no Termo de Verificação Fiscal de fls. 11/21, através de intimação fiscal datada de 10/04/2000, recebida pelo contribuinte em 14/04/2000, teve início o procedimento fiscal em exame. Foram solicitados documentos probatórios devidamente acompanhados dos comprovantes de pagamentos (cópias de cheques, extratos bancários, etc.) a respeito das despesas médicas informadas nas declarações de rendimentos anoscalendário 1995 a 1998. Em 03/05/2000 o contribuinte apresentou sua resposta à intimação fiscal. Analisando a documentação apresentada pelo contribuinte, a Fiscalização constatou inicialmente que: 1) A maior parte dos recibos apresentados não informava o endereço do prestador de serviço, conforme determina a alínea "c" do §1° do artigo 11 da Lei n.° 8.383/1991; 2) A maior parte dos recibos não especificava de forma precisa a que se referia o correspondente pagamento; 3) Havia casos em que os recibos foram emitidos em uma mesma data, pela mesma pessoa, inclusive, aparentemente, com a utilização da mesma caneta (mesmo tipo de recito, caligrafia e aparentemente de tinta); 4) Os tratamentos geralmente envolvem valores elevados, se comparados a valores de mercado, só para se ter uma idéia o contribuinte teria gasto de 1995 a 1998 um valor equivalente a Fl. 2DF CARF MF Emitido em 23/05/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 04/04/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO Assinado digitalmente em 04/04/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO Processo nº 10820.000992/0030 Acórdão n.º 210201.055 S2C1T2 Fl. 2 3 R$ 50.350,00 somente a título de tratamento dentário, e ainda R$ 21.000,00 a título de tratamento psicológico; 5) Não foi apresentada comprovação quanto ao efetivo pagamento dos tratamentos, em nenhum dos casos; 6) Comparando as informações prestadas, com as informações da base de dados da SRF (CPF/CONS, IRPF/CONS, etc), foi possível constatar que: os prestadores de serviços, ou eram "omissos" quanto a apresentação de declaração de rendimentos PF, ou apresentavam rendimentos tributáveis em valores inferiores aos limites das tabelas de IR; os valores dos serviços geralmente representavam a grande maioria dos rendimentos declarados pelos prestadores de serviços, havendo casos que representassem 100% dos rendimentos; observando a idade dos prestadores de serviços era possível constatar que se tratava sempre de profissionais recémformados, obviamente sem experiência; muitos dos prestadores de serviços tinham endereço em cidades distantes de Araçatuba. Cumpre observar que os extratos de consultas nos sistemas da SRF relativos aos terceiros envolvidos e citados no presente termo estão no dossiê do contribuinte e não serão juntados ao processo administrativo em razão do sigilo fiscal. Diante das conclusões iniciais da Fiscalização da SRF, atual Receita Federal do Brasil, para que se pudesse afastar a presunção de ilegitimidade, e conferir caráter probatório aos recibos apresentados pelo contribuinte, foi feita nova intimação fiscal, datada de 04/05/2000, sendo solicitado pelo Sr. Auditor Fiscal: a) a comprovação do efetivo pagamento das referidas despesas, através de cópias de cheques, extratos bancários, etc (já solicitados na primeira intimação fiscal, e não apresentados pelo contribuinte); b) o endereço dos consultórios dos prestadores de serviço, conforme determina a alínea "c" do §1° do artigo da Lei n.° 8.383/1991; c) informação em quem foram realizados os tratamentos e quais os tipos de tratamento foram realizados; d) apresentação de elementos que possam vir a confirmar as informações correspondentes aos recibos, como p.ex.: receitas prescritas, laudos, radiografias, solicitação de exames, etc. Foi providenciada pela Fiscalização circularização em todos os prestadores de serviços, conforme se constata na documentação juntada às fls. 88 a 199 do presente processo administrativo fiscal. Em 22/05/2000, o contribuinte apresentou sua resposta à intimação fiscal, conforme documentação juntada às fls. 52/87 do presente processo administrativo fiscal, sendo que a Fiscalização verificou que não restaram comprovadas, na sua Fl. 3DF CARF MF Emitido em 23/05/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 04/04/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO Assinado digitalmente em 04/04/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO 4 totalidade, as deduções efetuadas, mediante apresentação de documentação hábil e idônea, motivo pelo qual, procedeuse à glosa de dedução de despesas médicas dos prestadores de serviços abaixo relacionados, conforme razões discriminadas às fls. 13/20 do Termo de Constatação Fiscal: a) Recibos emitidos pela Dra. Ana Paula Afonso, de 1995 a 1998, nos valores de R$ 5.000,00, R$ 3.600,00, R$ 3.000,00 e R$ 8.000,00, respectivamente, relativo a tratamento dentário no próprio contribuinte; b) Recibos emitidos pela Dra. Mag Wadamori, em 1996 e 1997, nos valores de R$ 4.650,00 e R$ 2.650,00, relativamente a tratamento dentário no filho do contribuinte, Armando Franco Lima de Castro; c) Recibos emitidos pelo Dr. Fernando César Franco, em 1996 e 1997, nos valores de R$ 1.000,00 e R$ 1.250,00, respectivamente, relativamente a tratamento dentário na mãe do contribuinte, Sra. Albina Pelói Castro; d) Recibos emitidos pelo Dr. Marcelo Zuanassi Macari, em 1997, no valor de R$ 5.000,00, relativamente a tratamento odontológico no próprio contribuinte e na sua esposa; e) Recibos emitidos pela Dra. Karina Silva Moreira, em 1997, no valor R$ 6.000,00, relativamente a tratamento odontológico na filha do contribuinte; f) Recibos emitidos pelo Dr. José Giroldo Júnior, em 1998, no valor de R$ 10.000,00, relativamente a tratamento odontológico no contribuinte e na sua esposa; g) Recibos emitidos pela Dra. Thelma Cristina de Almeida Delfini, em 1997, no valor de R$ 10.000,00, relativamente a tratamento psicológico realizado no filho, na filha e na mãe do contribuinte; h) Recibos emitidos pela Dra. Valéria Barrote Ricoy, em 1998, no valor de R$ 11.000,00, relativamente a tratamento psicológico realizados no contribuinte; Ainda de acordo com o citado Termo de Verificação Fiscal, a Fiscalização concluiu que restou amplamente demonstrado que não foram prestadas as comprovações necessárias para respaldar as despesas realizadas. Não há somente um fator, isoladamente, que demonstra as incoerências nas operações praticadas pelo contribuinte, mas, um conjunto de fatores, que faz prova, em favor da Fazenda Pública. Menciona a Fiscalização ainda que o contribuinte não conseguiu comprovar nem mesmo um dos pagamentos realizados, entre tantos e tantos, sendo que causou estranheza que com relação ao Dr. Winneton Coelho Lima, um simples pagamento no valor de R$ 120,00 (fls. 46), o contribuinte apresentou para comprovação cópia do canhoto de seu talão de cheques. Nos dias 08/02/1997 e 15/02/1997 o contribuinte Fl. 4DF CARF MF Emitido em 23/05/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 04/04/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO Assinado digitalmente em 04/04/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO Processo nº 10820.000992/0030 Acórdão n.º 210201.055 S2C1T2 Fl. 3 5 estaria em tratamento com a Dra. Ana Paula em São Joaquim da Barra e com o Dr. Marcelo em Barretos; ainda nos mesmos dias 08/02/1997, 15/02/1997, 22/02/1997 e 15/03/1997 a filha do contribuinte (Maria) estaria em tratamento com a Dra. Karina em Barretos e com a Dra. Thelma em Catanduva, para citar alguns exemplos. No período de 1995 a 1998, o contribuinte teria gasto um valor equivalente a R$ 50.350,00 somente a título de tratamento dentário, e ainda, R$ 21.000,00 a título de tratamento psicológico, sendo que este alegou que todos os pagamentos foram realizados em dinheiro, em pequenas quantias. Diante do exposto, foram glosadas as despesas médicas nos seguintes valores conforme abaixo: • 1995 — R$ 5.000,00; • 1996 — R$ 9.450,00; • 1997 — R$ 27.900,00; • 1998 — R$ 29.000,00; Da Impugnação Transcorrido o prazo regulamentar para apresentação de defesa ou pagamento do débito em epígrafe, o contribuinte apresentou manifestação tempestiva às fls. 162/201 através de advogado constituído, juntando procuração ad judicia et extra às fls. 201, anexando documentos às fls. 203/225, alegando em síntese que: • O crédito tributário foi constituído sob premissas que o próprio Fiscal tem como não esclarecidas. Boa parte dos documentos originais requeridos pertence a arquivo dos prestadores de serviços, e portanto, não poderiam as vias originais ser apresentada por terceiros, no caso impugnante, a menos que os donos dos documentos com iss concordassem. Todavia, o Sr. Fiscal nem determinou ao reclamante que procurasse apresentar as vias originais desses comprovante, tampouco ele próprio intimou os prestadores de serviços; • A exigência foi formalizada por meio de auto de infração, instrumento utilizável exclusivamente em lançamento tributário decorrente de diligências efetuadas no endereço do contribuinte. No entanto o procedimento levado a efeito contra o impugnante foi de revisão interna de declaração de rendimentos, ou declarações de ajuste anual, e portanto, dele só seria possível resultar lançamento de ofício, a ser efetuado pelo chefe do órgão que administra o tributo, ou por servidor a quem este houver delegado poderes. O lançamento só poderia ter sido constituído pelo Sr. chefe da repartição fiscal, nos termos do parágrafo único do artigo 11 do Decreto n.° 70.235/72, que não é o Sr. Fiscal Autuante. Por isso, este não tinha competência para constituir o crédito tributário; Fl. 5DF CARF MF Emitido em 23/05/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 04/04/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO Assinado digitalmente em 04/04/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO 6 • O lançamento é nulo por ausência do termo de início de fiscalização, uma vez que o mesmo é indispensável, uma segurança imposta em lei complementar em favor tanto do Fisco como do contribuinte. Sua ausência implica em nulidade dos atos que lhe deviam seguir, porque dependem desse primeiro ato; • Quanto às distâncias entre Araçatuba e os consultórios de alguns profissionais que prestaram os serviços, o pouco tempo de exercício profissional deles, sua renda ainda incipiente, tudo isso está ligado à necessidade que tinha o impugnante de administrar os seus problemas e saúde e os conseqüentes problemas financeiros. O fato de serem formados recentemente não impede que eles fossem desde então excelentes profissionais. Foram escolhidos por serem recentemente formados, por serem bons no que fazem, e por serem exalunos ou pessoas das relações do autuado, que precisava de profissionais competentes, que não fossem cobrar o que ele não poderia pagar; • Quanto ao fato de não pagar com cheque, como está exigindo o Sr. Fiscal, esclarece o contribuinte que ia pagando aos poucos, como lhe era possível fazer, às vezes com dinheiro tomado de empréstimo de pessoa da família, que muito o ajudaram nesse período. Se a RFB considera tão importante a realização do pagamento mediante cheque nominal, deveria estabelecer isso como condição de validade da dedução, orientando o contribuintes nesse sentido; • Os recibos apresentados explicitam com exatidão o nome, o CPF e o endereço profissional do emitente, tendo sido outras informações complementares sido encaminhadas à repartição fiscal. Outros dados específicos a cada tratamento estão claramente demonstrados nos originais de 13 fichas clinicas de dentistas, que estão sendo anexado (docs. 13/25); • Os recibos emitidos em uma mesma data referemse a um mesmo tratamento, embora os pagamentos tenham sido efetuados nas datas indicadas nos recibos, estes foram todos emitidos na data final do atendimento, dentro do ano calendário de tratamento, sendo que em caso de dúvida, seria o caso de solicitar perícia grafotécnica nos mesmos; • O contribuinte concorda que o gasto é elevado, porém esse tipo de despesa não depende da vontade do mesmo. A respeito da censura quanto a profissionais apresentarem rendimento tributário em valor inferior ao limite das tabelas do IR, essa questão não é afeta ao contribuinte, e deve ser resolvida pelo Fisco diretamente com os prestadores de serviços; • A Dra. Ana Paula possuía registro provisório junto ao CRO antes do registro definitivo, sendo que para efeitos de imposto de renda não está escrito que não se pode tratar de dentes com profissional que venha posteriormente a contrariar núpcias com o cunhado do contribuinte. A opinião do servidor sobre a qualificação profissional da prestadora de serviços representa opinião pessoal, e não coincide com a do autuado; Fl. 6DF CARF MF Emitido em 23/05/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 04/04/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO Assinado digitalmente em 04/04/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO Processo nº 10820.000992/0030 Acórdão n.º 210201.055 S2C1T2 Fl. 4 7 • O consultório da Dra. Mag Wadamore era em Araçatuba, e agora é na cidade vizinha, em Coroados. Não há problema do contribuinte haver sido professor da profissional em 1987 e seu filho ser tratado por ela 10 anos depois. Não é problema do contribuinte se quase 50% dos rendimentos da profissional é proveniente do tratamento realizado no filho do contribuinte; • Anexa as fichas clínicas originais para análise do Sr. Fiscal do tratamento realizado com o Dr. Fernando. Os tratamentos referentes a este profissional foram realizados na cidade de São Joaquim da Barra porque lá se situa o consultório profissional em questão; • Anexa as fichas clínicas do consultório do Dr. Marcelo, fotocopiadas, autenticadas e entregues na repartição fiscal em 22.05.2000. Este profissional possuía registro provisório logo após a conclusão de seu curso de nível superior, sendo que este poderá ser solicitado ao CRO pelo Fisco, já que o contribuinte não tem esse direito; • No tocante aos recibos emitidos pelo prestador de serviços Dr. José Giroldo, há de se salientar que o recibo mensal constitui a soma das diferentes parcelas pagas no mês, e não necessariamente a um único pagamento. O mesmo é um dos poucos dentistas que fazem parte do corpo clínico de um hospital de renome internacional, o Hospital do Câncer de Barretos; • Com relação ao pagamento realizado mediante cheque no valor de R$ 120,00, o Sr. Fiscal desconhece que o impugnante só pagou com cheque nominal porque a conta do anestesista foi cobrada por terceira pessoa, que disse ser mulher do médico, e não forneceu recibo. O pagamento em cheque visou garantir o direito à dedução da despesa; • Barretos e Catanduva são cidades próximas a São Joaquim da Barra, onde moram os pais da mulher do impugnante, motivo pelo qual é possível diversos atendimentos não só em duas, mas até nas es idades vizinhas de familiares do autuado. Anexa documentos que comprovam de que os pais da mulher do impugnante moram em São Joaquim da Barra; • Como o Sr. Fiscal colocou em dúvida a veracidade dos tratamentos odontológicos e psicoterápicos a que o impugnante e seus familiares tiveram que se submeter a partir de 1994, requerse com fundamento no artigo 16, inciso IV, do Decreto n.° 70.235/72 a realização de perícia com vistas a comprovar se houve ou não esses tratamentos, indicando como perito profissional qualificado às fls. 197, e formulando quesitos às fls. 198/199; • Requer o cancelamento do lançamento em tela, posto que baseado em presunções inadmissíveis, a incompetência da autoridade lançadora para tal mister bem como pelo instrumento inadequado aplicado, pela ausência de termo de inicio de fiscalização, e as questões de fato articuladas na manifestação apresentada; Fl. 7DF CARF MF Emitido em 23/05/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 04/04/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO Assinado digitalmente em 04/04/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO 8 Inconformado com a autuação, o contribuinte apresentou impugnação ao lançamento, dirigida à Delegacia da Receita Federal de Julgamento. A 8ª Turma de Julgamento da DRJSão Paulo II (SP), por unanimidade de votos, julgou procedente o lançamento, em decisão consubstanciada no Acórdão n° 1725.096, de 19 de maio de 2008 (fls. 292 a 307). O procurador e o próprio contribuinte foram intimados da decisão a quo em 10/06/2008 (fls. 311 e 312). Irresignado, interpôs recurso voluntário em 10/07/2008 (fl. 315). No voluntário, o recorrente alega, em apertada síntese, que: I. o lançamento é nulo, primeiro porque sustentado em presunções inadmissíveis, como demonstrou o então impugnante, ponto que sequer foi enfrentado pela decisão recorrida, o que inquina esta também de nulidade, por cerceamento do direito de defesa; segundo, porque levado a termo por autoridade incompetente – auditorfiscal e mediante instrumento inadequado auto de infração, este somente utilizado para concretizar o crédito tributário pelo auditorfiscal a partir de diligências externas, no domicílio do sujeito passivo, o que não se amolda ao caso presente, pois aqui ocorreu uma revisão de declaração e, como tal, o instrumento a ser utilizado deveria ser a notificação de lançamento, manejada pelo Chefe da Repartição lançadora; e terceiro, porque executado sem termo de início do procedimento fiscal. E aqui já se rebate o surrado argumento de que as nulidades seriam somente aquelas do art. 59 do Decreto nº 70.235/72, pois esse artigo não abrange todas as hipóteses de nulidade do lançamento; II. passou por graves problemas de saúde física e psíquica a partir de 1994, impedindo inclusive que desenvolvesse sua profissão de professor junto à Unesp, levandoo a dificuldades financeiras, somente superadas com a ajuda de amigos e parentes, bem como de exalunos que se prontificaram a executar procedimentos médico odontológicos com baixo custo, com pagamentos fracionados à medida que o contribuinte ia auferindo sua renda (além das ajudas citadas), situação que poderia ser confirmada com a perícia pedida na impugnação e indeferida pela autoridade julgadora a quo; III. é inadmissível que as glosas estejam lastreadas na ausência de meros cumprimentos formais do recibo (endereço ou diferenças de grafia/tipos de canetas no preenchimento dos recibos) ou mesma na ausência da comprovação do efetivo pagamento, pois a legislação não obriga o pagamento em cheque e os requisitos formais poderiam ser supridos pela própria fiscalização, nos cadastros da RFB. Ademais, aqui se deve lembrar que era ônus da autoridade fiscal demonstrar a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária, colacionando aos autos um conjunto probatório que denunciasse as infrações, na forma do art. 142 do CTN, não se podendo invocar subsidiariamente ao PAF o art. 333 do CPC, como o fez a autoridade julgadora de primeira instância, para inverter o ônus da prova no caso vertente, até porque a dicção integral desse artigo assevera que o ônus da prova é do autor, no caso a autoridade lançadora; Fl. 8DF CARF MF Emitido em 23/05/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 04/04/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO Assinado digitalmente em 04/04/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO Processo nº 10820.000992/0030 Acórdão n.º 210201.055 S2C1T2 Fl. 5 9 IV. em relação às despesas, em si mesmas, asseverou na impugnação (e agora repisa neste recurso) que: a. juntou treze fichas clínicas dentárias que comprovam a prestação dos serviços; b. não pode ser responsabilizado pelo fato de os prestadores de serviço terem apenas declarado valores irrisórios ao fiscos; c. juntou recibos que comprovam a prestação do serviço, na forma exigida pela legislação de regência da matéria, a qual não exige pagamentos em cheques como exigido pela autoridade autuante e julgadora de primeira instância; d. especificamente no tocante ao serviço prestado pela Dra. Ana Paula Afonso (recibos emitidos em 1.995, 1.996, 1.997 e 1.998 nos valores de R$5.000,00, R$3.600,00, R$3.000,00 e R$8.000,00, respectivamente, relativamente a tratamento dentário no próprio contribuinte), igualmente trouxe os recibos da prestação do serviço, agora em original, não podendo se manter essa glosa em decorrência dos pagamentos em espécie, do vínculo familiar do tomador com o prestador do serviço (cunhados), de eventual falta de experiência dessa profissional ou de realização do serviço em cidade diversa do domicílio do contribuinte fiscalizado. A uma porque o fiscalizado é um antigo professor de disciplinas da área de odontologia e bem sabe a quem entregar sua boca; a duas porque juntou aos autos cópias dos prontuários descrevendo os serviços feitos; a três porque os recibos comprovam a efetiva prestação do serviço; a quatro porque a profissional tem escritório em cidade de residência dos pais da esposa do recorrente, o que permitiu conciliar o tratamento odontológico em finais de semana e visitas aos familiares citados; a cinco porque a legislação não veda a prestação de serviço entre pessoas com vínculos familiares; e. especificamente no tocante ao serviço prestado pela Dra. Mag Wadamore (Recibos emitidos pela Dra. Mag Wadamore, em 1.996 e 1.997, nos valores de R$4.850,00 e R$2.650,00, relativamente a tratamento dentário no filho do contribuinte, Armando Franco Lima de Castro), as despesas também restaram comprovadas. Entretanto, como a autoridade fiscal lançou suspeição sobre as fichas de tratamento dentário, ao argumento de que a ficha não seria original, importante para o presente caso, e que "aparentemente o tipo da tinta é o mesmo de 09/02/96 a 04/11/97 (podese observar na cópia que o tipo de escrita não escurece ou clareia)”, deveria ter intimado a profissional a prestar os esclarecimentos devidos, o que aqui não ocorreu. Ademais, ao contribuinte não pode ser imputado a responsabilidade pelo fato de a prestadora somente ter declarados rendimentos que representaram duas vezes o montante despendido pelo fiscalizado Fl. 9DF CARF MF Emitido em 23/05/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 04/04/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO Assinado digitalmente em 04/04/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO 10 com o tratamento de seu filho. E, por fim, nada há de estranho no fato de a prestadora ter sido aluna do fiscalizado dez anos antes do tratamento, pois este é professor de odontologia, como já dito; f. no caso dos prestadores Fernando César Franco (cunhado fiscalizado Recibos emitidos em 1.996 e 1.997, nos valores de R$1.000,00 e R$1.250,00, respectivamente, relativamente a tratamento dentário na mãe do contribuinte, Sra. Albina Pelói Castro), Marcelo Zuanassi Macari (recibos emitidos em 1.997, no valor de R$5.000,00, relativamente a tratamento odontológico no próprio contribuinte e na sua esposa), Karina Silva Moreira (recibos emitidos em 1.997, no valor de R$6.000,00, relativamente a tratamento odontológico na filha do contribuinte) e José Giroldo Júnior (recibos emitidos em 1.998, no valor de R$10.000,00, relativamente a tratamento odontológico no contribuinte e na sua esposa), as despesas igualmente restaram comprovadas e agora junta ficha dentária, a qual não fora antes pedida pela autoridade autuante [aqui o recorrente deduz argumentações similares às feitas no caso da Dra. Ana Paula Afonso e da Dra. Mag Wadamore (as razões da Dra. Mag foram repisadas em parte para o caso da Dra. Karina, pois em ambos houve suspeição sobre a tinta utilizada no preenchimento dos recibos e fichas), registrando que os três últimos profissionais acima também eram recém formados]. Ainda, o recorrente registra que o fato da movimentação bancária anual do Dr. Giroldo ser inferior ao total dos recibos emitidos (R$ 10.000,00) e dele basicamente ter declarado um montante de rendimentos ligeiramente superior ao valor transcrito é assunto estranho ao fiscalizado, sendo certo que tal profissional é um dos poucos dentistas que fazem parte do corpo clínico de um hospital de renome internacional, o Hospital do Câncer de Barretos (SP); g. o recorrente também rebate cada uma das argumentações da autoridade autuante para glosar as despesas decorrentes dos recibos emitidos pela Dra. Thelma Cristina de Almeida Delfini (psicóloga – recibos emitidos de R$ 10.000,00, no anocalendário 1997), em tudo semelhante ao caso dos odontólogos acima, enfatizando que, diferentemente do asseverado pela autoridade autuante (que afirmou que a profissional somente teria atendido o contribuinte e familiares, a vista dos rendimentos confessados na declaração de imposto de renda), sempre havia outros clientes em seu consultório, quando da visita do contribuinte fiscalizado. Na mesma linha, assim procede em relação à psicóloga Valéria Barrote Ricoy (recibos emitidos em 1.998, no valor de R$11.000,00, relativamente a tratamento psicológico realizados no contribuinte), não podendo ser desnaturada tal despesas pelo fato da ausência da comprovação do efetivo pagamento ou pela ligação familiar entre o prestador e tomador (a prestadora é esposa do sobrinho do contribuinte), já que nada há na legislação que impeça a prestação de tal serviço. Fl. 10DF CARF MF Emitido em 23/05/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 04/04/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO Assinado digitalmente em 04/04/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO Processo nº 10820.000992/0030 Acórdão n.º 210201.055 S2C1T2 Fl. 6 11 Alfim, o recorrente repisa a necessidade de uma perícia, registrando novamente os quesitos deduzidos na impugnação, para esclarecimento das matérias de fato controvertidas. É o relatório. Voto Conselheiro Giovanni Christian Nunes Campos, Relator Declarase a tempestividade do apelo, já que o contribuinte foi intimado da decisão recorrida em 10/06/2008 (fls. 311 e 312), terçafeira, e interpôs o recurso voluntário em 10/07/2008 (fl. 315), dentro do trintídio legal, este que teve seu termo final em 10/07/2008, quintafeira. Dessa forma, atendidos os demais requisitos legais, passase a apreciar o apelo, como discriminado no relatório. Inicialmente rejeitase o pedido de perícia, pois as provas dos autos são suficientes para este relator firmar sua convicção sobre a higidez, ou não, das despesas glosadas pela autoridade autuante, como se demonstrará a seguir. Ainda, não há quaisquer das demais nulidades, pois a autoridade simplesmente levantou um largo conjunto indiciário de eventos, entendendo que a maior parcela das despesas médicas do recorrente deveria ser glosada, sendo que a decisão recorrida apreciou a inconformidade no tocante às nulidades, como se vê nas fls. 299 a 302. Ademais, não há que falar em tributação por presunção, mas apenas se entendeu que o contribuinte não conseguiu comprovar adequadamente as despesas que objetiva deduzir da base de cálculo do IRPF, e lançamento poderia ser feito sem prévia intimação ao sujeito passivo, desde que a autoridade lançadora detenha os elementos para concretizar a autuação, entendimento que restou cristalizado na Súmula CARF nº 46: O lançamento de ofício pode ser realizado sem prévia intimação ao sujeito passivo, nos casos em que o Fisco dispuser de elementos suficientes à constituição do crédito tributário. Por último, a autoridade autuante (AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil) é competente para efetuar o lançamento, na forma do então vigente art. 6º, I, “a”, da Medida Provisória nº 2.17529, de 24 de agosto de 2001 (hoje o art. 6º, I, “a”, da Lei nº 10.590/2002), e o veículo que o consubstanciou, o auto de infração, é idôneo, como se vê no art. 9º do Decreto nº 70.235/72, desde que manejado pela autoridade competente, o Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil, ou seja, não há qualquer mandamento legal que impeça o AuditorFiscal, em procedimento interno à repartição, de aperfeiçoar o lançamento na via do auto de infração. Na verdade, é pacífico que o AuditorFiscal pode utilizar o auto de infração para apurar infrações do sujeito passivo, dentro ou fora da repartição, a partir de revisão de declarações ou em procedimentos outros de auditoria. Essa, inclusive, é a inteligência da Súmula CARF nº 6: É legítima a lavratura de auto de infração no local em que foi constatada a infração, ainda que fora do estabelecimento do contribuinte. Agora, passase ao mérito. Fl. 11DF CARF MF Emitido em 23/05/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 04/04/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO Assinado digitalmente em 04/04/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO 12 Como regra, os recibos médicos são o meio idôneo para comprovar as despesas médicas dedutíveis do imposto de renda, na forma do art. 8º, § 2º, III, da Lei nº 9.250/96. Entretanto, esta não é uma prova absoluta, cedendo que se demonstrar a inviabilidade da despesas médicas, por todos os meios de prova, mesmo indiciária, permitido em direito. Compulsando os autos, abaixo se vê as despesas médicas declaradas e glosadas: Anocalendário Despesa declarada Despesa glosada (fl. 21) 1995 R$ 6.388,33 R$ 5.000,00 1996 R$ 12.387,80 R$ 9.450,00 1997 R$ 29.915.751 R$27.900,00 1998 R$ 31.883,32 R$ 29.000,00 Realmente, causa espécie que o montante das despesas glosadas, vultosas, tenha sido toda paga em espécie, não tendo o contribuinte uma única comprovação bancária da liquidação de tais obrigações, havendo, ressaltese, recibos de valores elevados (R$ 5.000,00 – fl.40; R$ 3.600,00 – fl. 41; R$ 4.850,00 – fl. 41; R$ 5.000,00 – fl. 42; R$ 10.000,00 – fl. 44; R$ 3.000,00 – fl. 44; R$ 2.650,00 – fl. 44; R$ 10.000,00 – fl. 46; R$ 8.000,00 – fl. 47; R$ 11.000,00 – fl. 47), não parecendo plausível que tais obrigações tenham sido liquidadas sem qualquer comprovação bancária. Ainda, chamou a atenção deste julgador a contratação de profissionais recémformados em odontologia, quando se sabe que o fiscalizado era professor universitário nessa especialização, havendo valores excessivos em alguns procedimentos, como uma aplicação de flúor de R$ 600,00 ou um orçamento e consulta clínica de R$ 450,00 (fl. 13), valores que são excessivos ainda nos tempos atuais (vejase que os serviços foram prestados na segunda metade da década de 90 do século passado). A autoridade fiscal ainda apontou a coincidência de tratamento no mesmo dia, como se pode ver na transcrição abaixo, a indicar a ausência de verossimilhança de que os tratamentos realmente ocorreram (fl. 20), verbis: Apenas para ressaltar mais algumas incoerências, pois eu não comparei todas as situações, nos mesmos dias 08/02/97 e 15/02/97 o contribuinte estaria em tratamento com a Dra. Ana Paula em São Joaquim da Barra e com o Dr. Marcelo em Barretos; ainda nos mesmos dias 08/02/97, 15/02/97, 22/02/97 e 15/03/97 a filha do contribuinte (Maria) estaria em tratamento com a Dra. Karina em Barretos e com a Dra. Thelma em Catanduva, isso só para citar alguns exemplos, pois não tive o trabalho de comparar todos os casos. Outro ponto que enfraquece a defesa do contribuinte é a execução de procedimentos com pessoas ligadas por vínculo de parentesco civil, recémformados, inclusive para tratamento psicológico no contribuinte e sua família, como se viu com a Dra. Valéria Barrote, nora do irmão do fiscalizado. Não se compreende como o contribuinte poderia se submeter a um tratamento psicológico com a nora de seu irmão (dispêndio de R$ 11.000,00, no anocalendário 1998), sem que isso pudesse concretizar um conflito de natureza profissional. De fato, como bem lançado na descrição da infração pela autoridade autuante (fls. 11 a 21), há um longo conjunto de indícios, apenas alguns acima evidenciados, que Fl. 12DF CARF MF Emitido em 23/05/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 04/04/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO Assinado digitalmente em 04/04/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO Processo nº 10820.000992/0030 Acórdão n.º 210201.055 S2C1T2 Fl. 7 13 demonstram a impossibilidade de se acatar as despesas médicas, sem uma comprovação cabal do pagamento de tais despesas. A leitura do relatório e das razões do contribuinte, que não logrou trazer qualquer comprovação da liquidação financeira de tão vultosas despesas médicas, não deixam dúvidas que tais despesas não foram concretizadas, aqui não sendo necessário rebater um a um as defesas expendidas para cada profissional, pois as considerações acima, mutatis mutandis, aplicamse a todos. Com as breves considerações acima, firmo a convicção da procedência do lançamento, rechaçando a possibilidade da dedução das despesas médicas glosadas. Ante o exposto, voto no sentido de AFASTAR as preliminares e, no mérito, NEGAR provimento ao recurso. Assinado digitalmente Giovanni Christian Nunes Campos Fl. 13DF CARF MF Emitido em 23/05/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 04/04/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO Assinado digitalmente em 04/04/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO
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Numero do processo: 11516.002605/2003-01
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 01 00:00:00 UTC 2010
Data da publicação: Wed Dec 01 00:00:00 UTC 2010
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA - IRPF
Exercício: 1999
AÇÃO TRABALHISTA. FONTE PAGADORA OBRIGADA A RECOLHER O IRRF. SITUAÇÃO A SER CONSIDERADA PELO LANÇAMENTO. SITUAÇÃO NÃO OBSERVADA.
Havendo determinação de manutenção da parcela do IRRF em conta de
depósito judicial, tal montante deve ser considerado no lançamento fiscal, isso a despeito de o contribuinte tê-lo levantado, quando se manteve o ônus da fonte pagadora efetuar o recolhimento do IRRF aos cofres públicos, partindo esta, então, para executar o reclamante em relação aos valores levantados a maior.
Recurso provido.
Numero da decisão: 2102-000.978
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em DAR
provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator.
Matéria: IRPF- ação fiscal - omis. de rendimentos - PF/PJ e Exterior
Nome do relator: GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS
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FONTE PAGADORA OBRIGADA A RECOLHER O IRRF. SITUAÇÃO A SER CONSIDERADA PELO LANÇAMENTO. SITUAÇÃO NÃO OBSERVADA. Havendo determinação de manutenção da parcela do IRRF em conta de depósito judicial, tal montante deve ser considerado no lançamento fiscal, isso a despeito de o contribuinte tê-lo levantado, quando se manteve o ônus da fonte pagadora efetuar o recolhimento do IRRF aos cofres públicos, partindo esta, então, para executar o reclamante em relação aos valores levantados a maior. Recurso provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em DAR provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator. Assinado digitalmente GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS - Relator e Presidente. EDITADO EM: 31/12/2010 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Núbia Matos Moura, Vanessa Pereira Rodrigues Domene, Rubens Maurício Carvalho, Carlos André Rodrigues Pereira Lima, Acácia Sayuri Wakasugi e Giovanni Christian Nunes Campos. Relatório Fl. 1DF CARF MF Emitido em 04/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 31/12/2010 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO Assinado digitalmente em 31/12/2010 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO 2 Em face do contribuinte ALAÔ ROBSON CAVALCANTE DE PAIVA, CPF/MF nº 155.599.204-87, já qualificado neste processo, foi lavrado, em 23/10/2003, auto de infração (fls. 210 a 220), com ciência postal em 03/11/2003 (fl. 223), a partir de ação fiscal iniciada em 28/03/2003 (fl. 02). Aqui, discrimina-se o crédito tributário constituído pelo auto de infração antes informado: Imposto = R$ 31.353,73; Multa de Ofício: R$ 23.515,29. Ao contribuinte foram imputadas as seguintes infrações, todas no ano- calendário 1998, com multa de ofício vinculada ao imposto de 75%: (1) omissão de rendimentos recebidos no ano-calendário 1998, no bojo de uma ação trabalhista proposta em desfavor da Celesc, no montante de R$ 114.458,11; (2) dedução indevida de pensão judicial; e (3) dedução indevida de despesa de instrução. Aqui não se fará quaisquer considerações adicionais sobre as infrações dos itens 2 e 3, acima, pois o contribuinte já se conformou com elas desde a impugnação. O foco da controvérsia é a infração do item 1, a qual abaixo será descrita a partir de excerto do relatório de encerramento da ação fiscal (fls. 211 e 212), verbis: (...) Fl. 2DF CARF MF Emitido em 04/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 31/12/2010 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO Assinado digitalmente em 31/12/2010 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO Processo nº 11516.002605/2003-01 Acórdão n.º 2102-00.978 S2-C1T2 Fl. 278 3 Inconformado com a autuação, o contribuinte apresentou impugnação ao lançamento, dirigida à Delegacia da Receita Federal de Julgamento. Como ponto fulcral de sua defesa, o impugnante assevera que o rendimento acima foi recebido líquido do imposto de renda, tendo o magistrado determinado que remanescessem na conta de depósito judicial as verbas fiscais, conforme despacho que segue (fl. 39): A 6ª Turma de Julgamento da DRJ-Florianópolis (SC), por unanimidade de votos, julgou procedente o lançamento, em decisão consubstanciada no Acórdão n° 07-13.617, 29 de agosto de 2008 (fls. 253 a 256). O contribuinte foi intimado da decisão a quo em 19/09/2008 (fl. 260). Irresignado, interpôs recurso voluntário em 1º/10/2008 (fl. 261). No voluntário, o recorrente alega, em síntese, que: I. a fonte pagadora (Celesc) seria responsável tributária pela retenção do imposto de renda que deveria incidir sobre os valores pagos ao recorrente na reclamatória trabalhista, não havendo falar em responsabilidade solidária do reclamante, aqui autuado; Fl. 3DF CARF MF Emitido em 04/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 31/12/2010 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO Assinado digitalmente em 31/12/2010 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO 4 II. a fonte pagadora apresentou, mesmo que a destempo, a comprovação do recolhimento do imposto, não podendo subsistir, assim, a multa imputada ao contribuinte. Ademais, a fonte não comunicou tal retenção ao contribuinte, o que impediu a declaração dos valores na declaração de ajuste anual pertinente. Por último, o recorrente juntou aos autos uma cópia do DARF do imposto de renda retido na fonte complementar recolhido extemporaneamente pela fonte pagadora, em 26/04/2004, no bojo da reclamatória trabalhista AT nº 522/93, da 4ª Vara de Florianópolis (SC). É o relatório. Voto Conselheiro Giovanni Christian Nunes Campos, Relator Declara-se a tempestividade do apelo, já que o contribuinte foi intimado da decisão recorrida em 19/09/2008 (fl. 260), sexta-feira, e interpôs o recurso voluntário em 1º/10/2008 (fl. 261), dentro do trintídio legal, este que teve seu termo final em 21/10/2008, terça-feira. Dessa forma, atendidos os demais requisitos legais, passa-se a apreciar o apelo, como discriminado no relatório. De plano, aqui se deve registrar que a apreensão da tributação no caso em debate foi de difícil compreensão, decorrente da ausência do inteiro teor dos autos judiciais trabalhistas, da liberação de diversos alvarás de levantamento em anos diferentes, bem como em face da controvérsia atual sobre a pertinência da tributação dos rendimentos recebidos acumuladamente pelo regime de caixa ou de competência. Em todo caso, a perícia contábil de fls. 189 a 199 esclarece os pontos essenciais da controvérsia e, com base nela, conduziremos o presente voto, sem necessidade de qualquer consideração sobre a pertinência do regime de tributação, por caixa ou competência. Explica-se. No processo de execução da demanda trabalhista já informada, vê-se que o contribuinte executou os períodos de julho de 1990 a junho de 1996, julho de 1997 a julho de 1998 e agosto de 1998 a fevereiro de 1999, logrando obter diferenças salariais em todos eles. Para o primeiro período acima, o contribuinte recebeu um alvará de R$ 301.856,13, em 13/08/1996, e outro de R$ 3.684,85, em 20/08/1996, havendo uma retenção de IRRF de R$ 79.091,41 (fl. 71), recolhida em 30/08/1996. Sobre tal rendimento, a autoridade fiscal asseverou que haveria uma diferença de imposto a cobrar, porém a decadência já teria fulminado o direito desse crédito da Fazenda Nacional. Para o segundo período, o contribuinte recebeu um alvará de R$ 123.359,76, quando a autoridade judiciária determinou que permanecesse na conta de depósito judicial o montante suficiente para fazer frente aos encargos fiscais. Contra tal decisão foram manejados recursos, tendo, ao final, o Tribunal Superior do Trabalho ratificado a decisão do juízo monocrático, para fazer incidir o imposto de renda sobre tal montante. Fl. 4DF CARF MF Emitido em 04/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 31/12/2010 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO Assinado digitalmente em 31/12/2010 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO Processo nº 11516.002605/2003-01 Acórdão n.º 2102-00.978 S2-C1T2 Fl. 279 5 Como se pode ver do quadro de fl. 192, o reclamante aqui autuado voltou a se beneficiar de novos alvarás de levantamento de parte dos depósitos a partir de 2002, primeiramente no valor de R$ 62.952,54 (fls. 118 e 192), e depois no valor de R$ 147.527,66 (fls. 120 e 182), isso em decorrência das verbas salariais do terceiro período de execução, bem como de diferenças do primeiro e segundo períodos de execução. Ocorre que os alvarás de 2002 emitidos em favor do recorrente reclamante terminaram deferindo direitos além dos devidos, implicando que o contribuinte terminou por se assenhorear de valores reservados aos encargos fiscais (e do próprio reclamado). Assim se vê na fl. 192 que o reclamante terminou se apropriando de um montante de R$ 169.647,17, sendo que a maior parte se referia ao imposto de renda (R$ 148.077,95). Parece claro que o contribuinte somente estava autorizado a levantar os valores líquidos, mantendo o depósito dos valores do imposto renda, como se vê no despacho de fl. 39 (e como ocorreu em relação aos alvarás de 1996, quando o juízo determinou a retenção de parte dos valores na conta de depósito judicial para fazer frente aos encargos fiscais). Ocorre que, apesar de haver a manutenção de valores para fazer frente aos encargos fiscais na conta de depósito judicial, caberia a fonte pagadora efetuar o recolhimento do IRRF aos cofres públicos, pugnando, posteriormente, pela emissão de alvará de levantamento dos valores que ficaram retidos na conta de depósito. Esse era o procedimento ordinário na justiça laboral, como inclusive se vê no pagamento dos encargos fiscais referentes ao alvará de 1996 (fls. 68 a 72), quando a fonte pagadora acostou ao processo as guias recolhidas, a despeito da manutenção de valores na conta de depósito judicial referente aos encargos, estes que deveriam ser posteriormente levantados pelo reclamado. Dessa forma, independentemente de o contribuinte ter se assenhoreado de valores acima além do que seria devido na reclamatória, isso não desobrigou o reclamado de recolher diretamente os encargos fiscais aos cofres públicos. Não por outra razão, vê-se que, no laudo pericial citado (fls. 193 e 194), o montante a ser restituído à conta de depósito pelo reclamado, aqui autuado, referente ao IRRF seria de R$ 148.077,95, isso apesar de o débito efetivo do imposto de renda ser de apenas R$ 39.848,46, em 14/08/2002, derivado da diferença entre o montante total de R$ 148.077,95, acima, e o montante já recolhido em 1996 (R$ 79.091,41, que corrigido para 14/08/2002, montou R$ 108.239,48). Ainda, no próprio laudo consta que o reclamante, aqui autuado, deverá restituir à parte ré, reclamada, o montante de R$ 169.647,17 (fl. 195, in fine), o que culminou com a inversão no pólo da execução, com a Celesc passando a ser a exeqüente (fls. 133 e 143). Apesar do despacho judicial de fl. 204 parecer indicar que o reclamante executado deveria devolver os valores para a conta de depósito judicial, para posterior repasse aos cofres públicos, deve-se perceber que o reclamante não devia o valor assinalado de IRRF à Fazenda Nacional, a demonstrar que os valores depositados deveriam ser levantados pela Celesc, isso depois dela efetuar os recolhimentos devidos aos cofres públicos, na condição de fonte pagadora. A corroborar o raciocínio acima, a reclamada Celesc terminou recolhendo as diferenças de IRRF (R$ 42.373,14) e contribuição previdenciária, em 16/04/2004, como demonstrado pelo recorrente (fls. 272 a 274). Com as considerações acima, a despeito de o contador judicial ter utilizado o regime de competência, como anotado pela autoridade autuante, parece claro que houve o recolhimento do valor total do imposto de renda apurado na justiça laboral (fls. 194 e 272), Fl. 5DF CARF MF Emitido em 04/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 31/12/2010 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO Assinado digitalmente em 31/12/2010 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO 6 ônus atribuído à reclamada pelo Poder Judiciário, e, dessa forma, qualquer lançamento deveria considerar essas vicissitudes. É verdade que o lançamento ora em debate foi concluído em 2003, no ano anterior ao recolhimento da diferença de IRRF pela fonte pagadora, mas também não se pode negar que o ônus da retenção e recolhimento sempre esteve a cargo da reclamada, e tal situação teria que ser considerada pela autoridade autuante, o que contamina a certeza do lançamento ora efetuado, quando restou demonstrado que a fonte pagadora, obrigada à retenção, fez o recolhimento do imposto aos cofres públicos. Ante o exposto, voto no sentido de DAR provimento ao recurso. Giovanni Christian Nunes Campos Fl. 6DF CARF MF Emitido em 04/03/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 31/12/2010 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO Assinado digitalmente em 31/12/2010 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO
score : 1.0
Numero do processo: 11610.003214/2001-65
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 22 00:00:00 UTC 2010
Ementa: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 1998
Ementa: DEPENDENTES. DEDUÇÃO DA BASE DE CÁLCULO DO IMPOSTO DE RENDA. HIGIDEZ.
Comprovada a relação de dependência do contribuinte e dos dependentes para fins de imposto de renda, deve-se deduzir a despesa correspondente da base de cálculo do IRPF.
Recurso provido.
Numero da decisão: 2102-000.836
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em DAR provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator.
Matéria: IRPF- ação fiscal - omis. de rendimentos - PF/PJ e Exterior
Nome do relator: GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS
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DEDUÇÃO DA BASE DE CÁLCULO DO IMPOSTO DE RENDA. HIGIDEZ. Comprovada a relação de dependência do contribuinte e dos dependentes para fins de imposto de renda, deve-se deduzir a despesa correspondente da base de cálculo do IRPF. Recurso provido, Vistos, relatados e disculida os presentes autos. Acordam os meniKros do Colegiada, por unanimidade de votos, em DAR 'FLart-itiDaram do pOsente julgamento os Conselheiros Núbia Matos Moura, Rubens Maurício Carvalho, Carlos !André Rodrigues Pereira Lima, Acácia Sayuri Wakasugi, Vanessa Pereira Rodrigues Domene e Giovanni Christian Nunes Campos. IMPOSTO R$ 405,68 MULTA DE OFICIO R$ 304,26 Relatório Em face do contribuinte MIGUEL HENRIQUE RODRIGUES MACHADO, CPF/MF n° 845.740,207-25, já qualificado neste processo, foi lavrado, em 14/05/2001, auto de infração (fls. 03 a 08), oriundo da revisão de sua declaração de ajuste anual do exercício 1998. Abaixo, discrimina-se o crédito tributário constituído, que sofre a incidência de juros de mora a partir do mês seguinte ao do vencimento do crédito: Abaixo, transcreve-se a infração imputada ao contribuinte: OMISSÃO DE RENDIMENTOS RECEBIDOS DE PESSOA JURÍDICA OU FÍSICA, DECORRENTES DE TRABALHO COM VINCULO EMPREGATÍCIO, PAGADORIA DA MARINHA, R$. 13,616,25 E II?P'` DE R$ 16,75 ENQUADRAMENTO LEGAL, ARTS 1 A 3 E PARÁ Gl?AFOS, E ART 6 DA LEI 7. 713/88; ARTS 1 A 3 DA LEI 8.134/90; ARTS, 1,3,5,6,11 E 32 DA LEI 9. 250/95;ARTS. 43 E 44 DO DECRETO 3.000/99 - RIR/1999. Inconformado com a autuação, o contribuinte apresentou impugnação ao lançamento, dirigida à Delegacia da Receita Federal de Julgamento, na qual, em essência, informa a existência de despesas dedutíveis. A 5' Turma da DRJ/SPOII, por unanimidade de votos, julgou procedente o lançamento, em decisão consubstanciada no Acórdão n° 17-17.419, de 07 de fevereiro de 2007 (fis. 37 a 39), que restou assim ementado: impugnante: MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. Quando não há contestação da inclusão de rendimentos por parte do contribuinte, tal matéria é considerada como não impugnada e o lançamento é lançado como definitivo. AS DEDUÇÕES PLEITEADAS A TITULO DE DESPESAS COM DEPENDENTES, INSTRUÇÃO E COM DESPESAS MÉDICAS DEVEM ESTAR DEVIDAMENTE COMPROVADAS NOS AUTOS. A legislação exige que as deduções pleiteadas a titulo de dependentes, de despesas médicas e despesas com instrução estejam devidamente acompanhadas de documentação comprobatória da efetividade das deduções correspondentes. A decisão recorrida assim fundamentou a rejeição da pretensão do então O impugnante requer tão-somente a consideração de deduções a titulo de dependentes, com instrução e com despesas médicas que não foram pleiteadas em sua declaração de ajuste e que poderiam-ser deduzidas dos rendimentos tributáveis. 2 Processo n° 11610 003214/2001-65 S2-C1T2 Acórdão n " 2102-00.836 Fl 2 Cabe ressaltar que a pretensão do impugnante em ver consideradas as deduções que não foram pleiteadas em sua declaração de ajuste anual não pode ser acolhida, uma vez que nos autos não existe nenhuma prova concreta da relação de dependência do interessado com as pessoas mencionadas em sua defesa, dada a ausência de documentação comprobatória como preceitua a legislação pertinente, tais como certidões de nascimento dos filhos e certidão de casamento, além do termo de guarda judicial para comprovar que a enteada era dependente, Assim, inexistindo tais comprovações, fica afastada a pretensão .formulada. O contribuinte foi intimado da decisão a quo em 17/12/2007. Irresignado, interpôs recurso voluntário em 09/01/2008. No voluntário, o recorrente traz cópia de certidão de casamento e de nascimento de seus dependentes, pugnando pela dedução de tais despesas, alegando, ainda, que o crédito lançado, do ano-calendário 1997, já estaria prescrito, à luz do art. 174 do Código Tributário Nacional. É. o relatório. Voto Conselheiro Giovanni Christian Nunes Campos, Relator Declara-se a tempestividade do apelo, já que o contribuinte foi intimado da decisão recorrida em 17/12/2007, e interpôs o recurso voluntário em 09/01/2008, dentro do trintídio legal, este que teve seu termo final em 16/01/2008, quarta-feira, Dessa forma, atendidos os demais requisitos legais, passa-se a apreciar o apelo, como discriminado no relatório. Inicialmente não se apreciará a preliminar de prescrição intercorrente, pois, como se verá, assiste razão ao contribuinte no mérito. Apesar de a pretensão de dedução de despesa na declaração de ajuste anual do contribuinte ser urna faculdade, a qual deve ser exercida quando da entrega da declaração de ajuste, como se pode deduzir dos arts, 4° e 35 da Lei n° 9,250/96, não parece razoável auditar uma declaração apresentada com os campos zerados, simplesmente colacionando os rendimentos omitidos, sem dar urna chance ao contribuinte de pugnar por alguma dedução legal, notadamente quando se percebe o diminuto montante dos rendimentos totais tributáveis, corno se vê no caso em debate (R$ 13.616,25), situação que normalmente colocaria o contribuinte fora do campo de incidência do imposto de renda. Em uma situação dessa espécie, entendo que a fiscalização deveria intimar o contribuinte a apresentar os rendimentos e as eventuais deduções, não podendo simplesmente autuar direto o fiscalizado, sem intimação, colacionando apenas os rendimentos omitidos. etembrode 201; ISa O Sala das Sessõ Pelo menos em relação aos filhos Veluma Patrícia de Almeida Machado e Caio Lucas de Almeida Machado e a esposa Sonia Patrícia Alves Almeida restou comprovada a dependência em face do imposto de renda, como se pode ver pelas certidões de nascimento e casamento de fls, 49 e 51. Reconhecidos esses dependentes, na forma do art. 8°, 11, "c", da Lei n° 9.250/95, em sua redação original, a base de cálculo da infração deve ser reduzida em R$ 1.080,00 por dependente, ou seja, a base de cálculo somente atinge R$ 10376,25, abaixo do limite de isenção anual então vigente de R$ 10.800,00 (art. 11 da Lei n° 9.250/95), o que faz soçobrar o lançamento. Ante o exposto, voto no sentido de DAR provimento ao recurso. 4
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Numero do processo: 13971.003140/2007-89
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 24 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Wed Aug 24 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF
Exercício: 2003, 2004
NORMA DO ART. 24 DA LEI Nº 11.457/2007. NORMA PROGRAMÁTICA. DECADÊNCIA. INOCORRÊNCIA. A norma do artigo acima citado (É obrigatório que seja proferida decisão administrativa no
prazo máximo de 360 (trezentos e sessenta dias) a contar do protocolo de petições, defesas ou recursos administrativos do contribuinte) é meramente programática, não havendo cominação de qualquer sanção em decorrência de seu descumprimento por parte da Administração Fiscal, sendo certo inclusive que se encontra topologicamente em capítulo referente à organização da
Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (capítulo II) e não no capítulo referente ao Processo Administrativo Fiscal PAF
(capítulo III), ou seja, há fundada dúvida sobre sua aplicação, mesmo programática, ao PAF. Mesmo que se considere sua aplicação ao PAF, trata-se, apenas, de um apelo feito pelo legislador ao julgador administrativo para implementar o ditame do
inciso LXXVIII do art. 5º da Constituição da República (a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação), pois o legislador não impôs sanção pelo descumprimento de tal norma. Por óbvio, não estabelecida
a sanção na lei, não cabe ao julgador administrativo usurpar a atividade do legislador, criando sanção não prevista em lei. Ademais, no caso concreto, a administração tributária, pela Turma da Delegacia de Julgamento, proferiu decisão em prazo extremamente razoável, um pouco acima de um ano.
IRPF. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRAZO DECADENCIAL ORDINÁRIO REGIDO PELO ART. 150, § 4º, DO CTN, DESDE QUE HAJA PAGAMENTO ANTECIPADO. NA AUSÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO, APLICA-SE
A REGRA DECADENCIAL DO ART. 173, I, DO CTN. ENTENDIMENTO DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA.
REPRODUÇÃO NOS JULGAMENTOS DO CARF, CONFORME ART. 62-A, DO ANEXO II, DO RICARF. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) conta-se
do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008;
AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial rege-se
pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o
lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelando-se inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos
artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência
e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). Reprodução da ementa do leading case Recurso Especial nº 973.733 SC (2007/01769940), julgado em 12 de agosto de 2009, relator o Ministro Luiz Fux, que teve o acórdão submetido ao regime do artigo 543-C, do CPC e da Resolução STJ 08/2008 (regime dos recursos repetitivos).
IRPF. REMUNERAÇÃO PELO EXERCÍCIO DE PROFISSÃO, ATIVIDADE OU PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE NATUREZA NÃO COMERCIAL. PRESTAÇÃO DE SERVIÇO EM CARÁTER INDIVIDUAL. DESEMPENHO DE PROFISSÃO REGULAMENTADA.
TRIBUTAÇÃO NA PESSOA FÍSICA. Dentro da nova tipologia do direito
da empresa do Novo Código Civil, vê-se que a recorrente sequer poderia ser considerada “empresário”, constituída como empresa individual (firma individual), nos limites do art. 966, parágrafo único, do Código Civil, pois exerce profissão de natureza artística, não restando comprovado nos autos a presença do elemento de empresa. Ao revés, percebe-se que a contribuinte
desempenha atividade de modelo, em caráter individual, devendo os
rendimentos auferidos na atividade serem tributados como pessoa física, na forma do art. 150, § 2º, I e II, do Decreto nº 3.000/99.
ART. 129 DA LEI Nº 11.196/2005. DISPOSITIVO QUE INSTITUI UM
NOVO REGIME DE TRIBUTAÇÃO PARA SOCIEDADES DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO. IMPOSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO RETROATIVA A FATO GERADOR OCORRIDO ANTERIORMENTE À EDIÇÃO DE TAL LEI. IMPOSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO ÀS EMPRESAS INDIVIDUAIS. O art. 129 da Lei nº 11.196/2005 (Para fins fiscais e previdenciários, a prestação de serviços intelectuais, inclusive os de natureza científica, artística ou cultural, em caráter personalíssimo ou não,
com ou sem a designação de quaisquer obrigações a sócios ou empregados da sociedade prestadora de serviços, quando por esta realizada, se sujeita tão somente à legislação aplicável às pessoas jurídicas, sem prejuízo da observância do disposto no art. 50 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 Código
Civil) sequer está voltado para a empresa individual (ou, como
queira, firma individual), mas apenas às sociedades, situação última que não se amolda ao caso em debate. Ainda, caso se pretenda aplicar a norma acima ao empresário individual, prestador de serviço de profissão regulamentada, não se pode retroagir tal norma, pois a legislação do imposto de renda impede
a equiparação da tributação da empresa individual de profissão
regulamentada à tributação da pessoa jurídica.
MULTA QUALIFICADA. CONTA BANCÁRIA MANTIDA NO ESTRANGEIRO. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. AUSÊNCIA DA COMPROVAÇÃO DO EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE. Não se pode negar que a exasperação da multa de ofício na área tributária indica a ocorrência de algum dos tipos previstos na Lei nº 8.137/90, que expressamente regula os crimes contra a ordem tributária. Ora, sempre que a autoridade fiscal perceber, em tese, a vulneração de tal subsistema jurídico, deve qualificar a multa de ofício, confeccionando a competente representação
fiscal para fins penais. Na prática, passa-se a ter uma pena administrativa pecuniária majorada e, eventualmente, uma pena no juízo criminal. Nessa linha, soa estranho imaginar que uma vulneração da ordem financeira ou cambial, para a qual há sanções administrativas que serão aplicadas pelo Banco Central do Brasil e penas previstas na Lei nº 7.492/86 a serem aplicadas pelo juízo criminal, possa também implicar em sanções administrativas exasperadas no âmbito tributário. Ademais, mesmo no tipo
do art. 22, parágrafo único, in fine, da Lei nº 7.492/86 (Incorre na mesma pena quem, a qualquer título, promove, sem autorização legal, a saída de moeda ou divisa para o exterior, ou nele mantiver depósitos não declarados à repartição federal competente), como no caso destes autos, há fundada dúvida se a repartição competente a ser notificada para o caso do contribuinte ter depósitos no exterior é a Receita Federal, o Banco Central ou quiçá ambos. Em essência, no âmbito tributário, não há diferença entre um depósito de origem comprovada a partir de conta bancária mantida no Brasil ou no exterior, ambas a partir de contas bancárias não declaradas ao fisco, sendo
certo que não se qualificada a multa sobre o imposto decorrente da omissão de rendimentos provenientes de conta bancária omitida existente no País, exceto se a conta for movimentada por interposta pessoa, aberta com documento fraudulento ou que se tenha perpetrado uma fraude adicional, hipóteses não comprovadas no caso da conta bancária mantida no estrangeiro e em debate nestes autos.
VULNERAÇÃO AOS PRINCÍPIOS DO ART. 2º DA LEI Nº 9.784/99.
INOCORRÊNCIA. A ação fiscal transcorreu dentro de um rito de absoluta normalidade, na qual, simplesmente, a autoridade fiscal discordou da forma de tributação utilizada pela contribuinte autuada. Não houve qualquer vulneração aos princípios da administração previstos no art. 2º da Lei nº 9.784/99, mas, ao revés, vê-se um procedimento fiscal bem conduzido, no
qual a contribuinte foi seguidamente intimada a comprovar fatos e situações, que culminou na autuação em discussão.
Recurso parcialmente provido.
Numero da decisão: 2102-001.490
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em
REJEITAR as preliminares e, no mérito, em DAR provimento parcial ao recurso para reconhecer o direito à compensação dos valores pagos na empresa individual Mariana Mueller Weickert-ME com o imposto lançado nestes autos e para reduzir a multa de ofício do
percentual de 150% para 75%.
Matéria: IRPF- ação fiscal - omis. de rendimentos - PF/PJ e Exterior
Nome do relator: GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS
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Mesmo que se considere sua aplicação ao PAF, trata-se, apenas, de um apelo feito pelo legislador ao julgador administrativo para implementar o ditame do inciso LXXVIII do art. 5º da Constituição da República (a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação), pois o legislador não impôs sanção pelo descumprimento de tal norma. Por óbvio, não estabelecida a sanção na lei, não cabe ao julgador administrativo usurpar a atividade do legislador, criando sanção não prevista em lei. Ademais, no caso concreto, a administração tributária, pela Turma da Delegacia de Julgamento, proferiu decisão em prazo extremamente razoável, um pouco acima de um ano. IRPF. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRAZO DECADENCIAL ORDINÁRIO REGIDO PELO ART. 150, § 4º, DO CTN, DESDE QUE HAJA PAGAMENTO ANTECIPADO. NA AUSÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO, APLICA-SE A REGRA DECADENCIAL DO ART. 173, I, DO CTN. ENTENDIMENTO DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. REPRODUÇÃO NOS JULGAMENTOS DO CARF, CONFORME ART. 62-A, DO ANEXO II, DO RICARF. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) conta-se do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial rege-se pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelando-se inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). Reprodução da ementa do leading case Recurso Especial nº 973.733 SC (2007/01769940), julgado em 12 de agosto de 2009, relator o Ministro Luiz Fux, que teve o acórdão submetido ao regime do artigo 543-C, do CPC e da Resolução STJ 08/2008 (regime dos recursos repetitivos). IRPF. REMUNERAÇÃO PELO EXERCÍCIO DE PROFISSÃO, ATIVIDADE OU PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE NATUREZA NÃO COMERCIAL. PRESTAÇÃO DE SERVIÇO EM CARÁTER INDIVIDUAL. DESEMPENHO DE PROFISSÃO REGULAMENTADA. TRIBUTAÇÃO NA PESSOA FÍSICA. Dentro da nova tipologia do direito da empresa do Novo Código Civil, vê-se que a recorrente sequer poderia ser considerada “empresário”, constituída como empresa individual (firma individual), nos limites do art. 966, parágrafo único, do Código Civil, pois exerce profissão de natureza artística, não restando comprovado nos autos a presença do elemento de empresa. Ao revés, percebe-se que a contribuinte desempenha atividade de modelo, em caráter individual, devendo os rendimentos auferidos na atividade serem tributados como pessoa física, na forma do art. 150, § 2º, I e II, do Decreto nº 3.000/99. ART. 129 DA LEI Nº 11.196/2005. DISPOSITIVO QUE INSTITUI UM NOVO REGIME DE TRIBUTAÇÃO PARA SOCIEDADES DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO. IMPOSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO RETROATIVA A FATO GERADOR OCORRIDO ANTERIORMENTE À EDIÇÃO DE TAL LEI. IMPOSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO ÀS EMPRESAS INDIVIDUAIS. O art. 129 da Lei nº 11.196/2005 (Para fins fiscais e previdenciários, a prestação de serviços intelectuais, inclusive os de natureza científica, artística ou cultural, em caráter personalíssimo ou não, com ou sem a designação de quaisquer obrigações a sócios ou empregados da sociedade prestadora de serviços, quando por esta realizada, se sujeita tão somente à legislação aplicável às pessoas jurídicas, sem prejuízo da observância do disposto no art. 50 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 Código Civil) sequer está voltado para a empresa individual (ou, como queira, firma individual), mas apenas às sociedades, situação última que não se amolda ao caso em debate. Ainda, caso se pretenda aplicar a norma acima ao empresário individual, prestador de serviço de profissão regulamentada, não se pode retroagir tal norma, pois a legislação do imposto de renda impede a equiparação da tributação da empresa individual de profissão regulamentada à tributação da pessoa jurídica. MULTA QUALIFICADA. CONTA BANCÁRIA MANTIDA NO ESTRANGEIRO. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. AUSÊNCIA DA COMPROVAÇÃO DO EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE. Não se pode negar que a exasperação da multa de ofício na área tributária indica a ocorrência de algum dos tipos previstos na Lei nº 8.137/90, que expressamente regula os crimes contra a ordem tributária. Ora, sempre que a autoridade fiscal perceber, em tese, a vulneração de tal subsistema jurídico, deve qualificar a multa de ofício, confeccionando a competente representação fiscal para fins penais. Na prática, passa-se a ter uma pena administrativa pecuniária majorada e, eventualmente, uma pena no juízo criminal. Nessa linha, soa estranho imaginar que uma vulneração da ordem financeira ou cambial, para a qual há sanções administrativas que serão aplicadas pelo Banco Central do Brasil e penas previstas na Lei nº 7.492/86 a serem aplicadas pelo juízo criminal, possa também implicar em sanções administrativas exasperadas no âmbito tributário. Ademais, mesmo no tipo do art. 22, parágrafo único, in fine, da Lei nº 7.492/86 (Incorre na mesma pena quem, a qualquer título, promove, sem autorização legal, a saída de moeda ou divisa para o exterior, ou nele mantiver depósitos não declarados à repartição federal competente), como no caso destes autos, há fundada dúvida se a repartição competente a ser notificada para o caso do contribuinte ter depósitos no exterior é a Receita Federal, o Banco Central ou quiçá ambos. Em essência, no âmbito tributário, não há diferença entre um depósito de origem comprovada a partir de conta bancária mantida no Brasil ou no exterior, ambas a partir de contas bancárias não declaradas ao fisco, sendo certo que não se qualificada a multa sobre o imposto decorrente da omissão de rendimentos provenientes de conta bancária omitida existente no País, exceto se a conta for movimentada por interposta pessoa, aberta com documento fraudulento ou que se tenha perpetrado uma fraude adicional, hipóteses não comprovadas no caso da conta bancária mantida no estrangeiro e em debate nestes autos. VULNERAÇÃO AOS PRINCÍPIOS DO ART. 2º DA LEI Nº 9.784/99. INOCORRÊNCIA. A ação fiscal transcorreu dentro de um rito de absoluta normalidade, na qual, simplesmente, a autoridade fiscal discordou da forma de tributação utilizada pela contribuinte autuada. Não houve qualquer vulneração aos princípios da administração previstos no art. 2º da Lei nº 9.784/99, mas, ao revés, vê-se um procedimento fiscal bem conduzido, no qual a contribuinte foi seguidamente intimada a comprovar fatos e situações, que culminou na autuação em discussão. Recurso parcialmente provido.
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NORMA PROGRAMÁTICA. DECADÊNCIA. INOCORRÊNCIA. A norma do artigo acima citado (É obrigatório que seja proferida decisão administrativa no prazo máximo de 360 (trezentos e sessenta dias) a contar do protocolo de petições, defesas ou recursos administrativos do contribuinte) é meramente programática, não havendo cominação de qualquer sanção em decorrência de seu descumprimento por parte da Administração Fiscal, sendo certo inclusive que se encontra topologicamente em capítulo referente à organização da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (capítulo II) e não no capítulo referente ao Processo Administrativo Fiscal PAF (capítulo III), ou seja, há fundada dúvida sobre sua aplicação, mesmo programática, ao PAF. Mesmo que se considere sua aplicação ao PAF, tratase, apenas, de um apelo feito pelo legislador ao julgador administrativo para implementar o ditame do inciso LXXVIII do art. 5º da Constituição da República (a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação), pois o legislador não impôs sanção pelo descumprimento de tal norma. Por óbvio, não estabelecida a sanção na lei, não cabe ao julgador administrativo usurpar a atividade do legislador, criando sanção não prevista em lei. Ademais, no caso concreto, a administração tributária, pela Turma da Delegacia de Julgamento, proferiu decisão em prazo extremamente razoável, um pouco acima de um ano. IRPF. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRAZO DECADENCIAL ORDINÁRIO REGIDO PELO ART. 150, § 4º, DO CTN, DESDE QUE HAJA PAGAMENTO ANTECIPADO. NA AUSÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO, APLICASE A REGRA DECADENCIAL DO ART. 173, I, DO CTN. ENTENDIMENTO DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. REPRODUÇÃO NOS JULGAMENTOS DO CARF, CONFORME ART. 62A, DO ANEXO II, DO RICARF. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fl. 1DF CARF MF Emitido em 04/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/09/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO, Assinado digitalmente em 09/09/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO 2 Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). Reprodução da ementa do leading case Recurso Especial nº 973.733 SC (2007/01769940), julgado em 12 de agosto de 2009, relator o Ministro Luiz Fux, que teve o acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC e da Resolução STJ 08/2008 (regime dos recursos repetitivos). IRPF. REMUNERAÇÃO PELO EXERCÍCIO DE PROFISSÃO, ATIVIDADE OU PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE NATUREZA NÃO COMERCIAL. PRESTAÇÃO DE SERVIÇO EM CARÁTER INDIVIDUAL. DESEMPENHO DE PROFISSÃO REGULAMENTADA. TRIBUTAÇÃO NA PESSOA FÍSICA. Dentro da nova tipologia do direito da empresa do Novo Código Civil, vêse que a recorrente sequer poderia ser considerada “empresário”, constituída como empresa individual (firma individual), nos limites do art. 966, parágrafo único, do Código Civil, pois exerce profissão de natureza artística, não restando comprovado nos autos a presença do elemento de empresa. Ao revés, percebese que a contribuinte desempenha atividade de modelo, em caráter individual, devendo os rendimentos auferidos na atividade serem tributados como pessoa física, na forma do art. 150, § 2º, I e II, do Decreto nº 3.000/99. ART. 129 DA LEI Nº 11.196/2005. DISPOSITIVO QUE INSTITUI UM NOVO REGIME DE TRIBUTAÇÃO PARA SOCIEDADES DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO. IMPOSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO RETROATIVA A FATO GERADOR OCORRIDO ANTERIORMENTE À EDIÇÃO DE TAL LEI. IMPOSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO ÀS EMPRESAS INDIVIDUAIS. O art. 129 da Lei nº 11.196/2005 (Para fins fiscais e previdenciários, a prestação de serviços intelectuais, inclusive os de natureza científica, artística ou cultural, em caráter personalíssimo ou não, com ou sem a designação de quaisquer obrigações a sócios ou empregados da sociedade prestadora de serviços, quando por esta realizada, se sujeita tãosomente à legislação aplicável às pessoas jurídicas, sem prejuízo da observância do disposto no art. 50 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de Fl. 2DF CARF MF Emitido em 04/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/09/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO, Assinado digitalmente em 09/09/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO Processo nº 13971.003140/200789 Acórdão n.º 210201.490 S2C1T2 Fl. 2 3 2002 Código Civil) sequer está voltado para a empresa individual (ou, como queira, firma individual), mas apenas às sociedades, situação última que não se amolda ao caso em debate. Ainda, caso se pretenda aplicar a norma acima ao empresário individual, prestador de serviço de profissão regulamentada, não se pode retroagir tal norma, pois a legislação do imposto de renda impede a equiparação da tributação da empresa individual de profissão regulamentada à tributação da pessoa jurídica. MULTA QUALIFICADA. CONTA BANCÁRIA MANTIDA NO ESTRANGEIRO. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. AUSÊNCIA DA COMPROVAÇÃO DO EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE. Não se pode negar que a exasperação da multa de ofício na área tributária indica a ocorrência de algum dos tipos previstos na Lei nº 8.137/90, que expressamente regula os crimes contra a ordem tributária. Ora, sempre que a autoridade fiscal perceber, em tese, a vulneração de tal subsistema jurídico, deve qualificar a multa de ofício, confeccionando a competente representação fiscal para fins penais. Na prática, passase a ter uma pena administrativa pecuniária majorada e, eventualmente, uma pena no juízo criminal. Nessa linha, soa estranho imaginar que uma vulneração da ordem financeira ou cambial, para a qual há sanções administrativas que serão aplicadas pelo Banco Central do Brasil e penas previstas na Lei nº 7.492/86 a serem aplicadas pelo juízo criminal, possa também implicar em sanções administrativas exasperadas no âmbito tributário. Ademais, mesmo no tipo do art. 22, parágrafo único, in fine, da Lei nº 7.492/86 (Incorre na mesma pena quem, a qualquer título, promove, sem autorização legal, a saída de moeda ou divisa para o exterior, ou nele mantiver depósitos não declarados à repartição federal competente), como no caso destes autos, há fundada dúvida se a repartição competente a ser notificada para o caso do contribuinte ter depósitos no exterior é a Receita Federal, o Banco Central ou quiçá ambos. Em essência, no âmbito tributário, não há diferença entre um depósito de origem comprovada a partir de conta bancária mantida no Brasil ou no exterior, ambas a partir de contas bancárias não declaradas ao fisco, sendo certo que não se qualificada a multa sobre o imposto decorrente da omissão de rendimentos provenientes de conta bancária omitida existente no País, exceto se a conta for movimentada por interposta pessoa, aberta com documento fraudulento ou que se tenha perpetrado uma fraude adicional, hipóteses não comprovadas no caso da conta bancária mantida no estrangeiro e em debate nestes autos. VULNERAÇÃO AOS PRINCÍPIOS DO ART. 2º DA LEI Nº 9.784/99. INOCORRÊNCIA. A ação fiscal transcorreu dentro de um rito de absoluta normalidade, na qual, simplesmente, a autoridade fiscal discordou da forma de tributação utilizada pela contribuinte autuada. Não houve qualquer vulneração aos princípios da administração previstos no art. 2º da Lei nº 9.784/99, mas, ao revés, vêse um procedimento fiscal bem conduzido, no qual a contribuinte foi seguidamente intimada a comprovar fatos e situações, que culminou na autuação em discussão. Recurso parcialmente provido. Fl. 3DF CARF MF Emitido em 04/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/09/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO, Assinado digitalmente em 09/09/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO 4 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em REJEITAR as preliminares e, no mérito, em DAR provimento parcial ao recurso para reconhecer o direito à compensação dos valores pagos na empresa individual Mariana Mueller WeickertME com o imposto lançado nestes autos e para reduzir a multa de ofício do percentual de 150% para 75%. Assinado digitalmente GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS Relator e Presidente. EDITADO EM: 09/09/2011 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Atilio Pitarelli, Carlos André Rodrigues Pereira Lima, Giovanni Christian Nunes Campos, Núbia Matos Moura, Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti e Rubens Maurício Carvalho. Relatório Em face da contribuinte Mariana Mueller Weickert, CPF/MF nº 037.887.919 77, já qualificada neste processo, foi lavrado, em 29/11/2007, auto de infração (fls. 308 a 316), com ciência postal em 11/12/2007 (fl. 347). Abaixo, discriminase o crédito tributário constituído pelo auto de infração, que sofre a incidência de juros de mora a partir do mês seguinte ao do vencimento do crédito: IMPOSTO R$ 66.805,69 MULTA DE OFÍCIO R$ 69.551,79 À contribuinte foram imputadas as seguintes infrações: 1. omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica, nos anos calendário 2002 (R$ 41.302,69) e 2003 (R$ 107.336,03), conduta essa apenada com multa de ofício de no percentual de 75% sobre o imposto lançado, com a seguinte motivação (fls. 326 a 328): (...) 26. A contribuinte é titular de firma individual, especificamente MARIANA MUELLER WEICKERT ME., CNPJ 04.956.174/000183, cuja atividade econômica informada (CNAE FISCAL) prescreve "Outras atividades de serviços pessoais não especificadas anteriormente". (doc. 13) 27. Esta fiscalização intimou a referida firma individual a indicar objetivamente a atividade econômica desenvolvida, descrevendoa minuciosamente. (doc. 14) 28. Em resposta (doc. 15), a contribuinte fiscalizada, titular da firma individual, respondeu literalmente que "a respeito de sua atividade Fl. 4DF CARF MF Emitido em 04/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/09/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO, Assinado digitalmente em 09/09/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO Processo nº 13971.003140/200789 Acórdão n.º 210201.490 S2C1T2 Fl. 3 5 econômica, temos a dizer que trabalha como modelo profissional, atuando em desfiles de moda e também em campanhas publicitárias em geral". 29. Ora, as atividades da empresa, descritas pela fiscalizada, são atividades de caráter personalíssimo da sua titular, ou_ seja, não podem ser prestadas senão por ela própria. A própria fiscalizada, ao descrever a atividade da empresa parece estar a descrever a sua atividade própria. 30. Na verdade, o que há é a contratação da modelo profissional Mariana Mueller Weickert, e não da empresa MARIANA MUELLER WEICKERT ME. Tratase de obrigação de fazer do tipo personalíssimo, lá do Direito Civil, em que se contrata uma pessoa específica para fazer algo, sendo que esta pessoa contratada é insubstituível. 31. Quem contrata Mariana Weickert para um desfile, por exemplo, através de sua firma individual, não aceitará que a empresa a substitua, lhe mande outra modelo no lugar. O contrato, embora de direito seja com a firma individual, de fato é com a modelo Mariana Weickert. 32. Cópias das notas fiscais emitidas pela firma individual referida comprovam a natureza personalíssima do serviço prestado. (doc. 21) 33. Ali aparecem, por exemplo, referências a desfiles e fotos realizados para a internacionalmente conhecida agência de modelos FORD MODELS BRASIL LTDA., para a também conhecida marca ELLUS IND. E COM. LTDA., além de serviços prestados principalmente a uma empresa denominada TECNOBLU LTDA., CNPJ 00.056.633/000111, com sede em BlumenauSC e atividade informada de produção de aviamentos para costura, mas que pesquisa no seu site www.tecnoblu.com.br mostra ser bastante conhecida e reconhecida no mundo da moda, participando de feiras e eventos. 34. O artigo 3°, § 4°, da Lei n° 7.713, de 1988 lei que dispõe sobre a tributação pelo imposto de renda dos rendimentos da pessoa física estabelece que "A tributação independe da denominação dos rendimentos, títulos ou direitos, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem dos bens produtores da renda, e da forma de percepção das rendas ou proventos, bastando, para a incidência do imposto, o benefício do contribuinte por qualquer forma e a qualquer título". 35. E o artigo 123 do Código Tributário Nacional determina que "Salvo disposições de lei em contrário, as convenções particulares, relativas à responsabilidade pelo pagamento de tributos, não podem ser opostas à Fazenda Pública, para modificar a definição legal do sujeito passivo das obrigações tributárias correspondentes". 36. Portanto os contratos celebrados pela contribuinte não podem modificar a definição legal do sujeito passivo, que no caso é a pessoa física, pois os contratos envolvem a prestação individual e personalíssima de serviços ou a cessão de direitos autorais pela utilização de nome, marca e/ou imagem. 37. Por esta razão, os rendimentos reportados como tendo sido auferidos pela firma individual MARIANA MUELLER WEICKERT ME., CNPJ 04.956.174/000183, anoscalendário 2002 e 2003, consubstanciamse, de Fl. 5DF CARF MF Emitido em 04/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/09/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO, Assinado digitalmente em 09/09/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO 6 fato e de direito, rendimentos da pessoa física de Mariana Mueller Weickert, e como tal devem ser tributados. 2. omissão de rendimentos recebidos de fontes do exterior, nos anos calendário 2002 (R$ 101.842,85) e 2003 (R$ 22.491,15), conduta essa apenada com multa de ofício qualificada no percentual de 150% sobre o imposto lançado, com a seguinte motivação (fl. 328 e 329): 38. Conforme descrito nos parágrafos 17 e 25, a contribuinte reconheceu a titularidade da conta n° OVS00827912, do Banco Prudential Securities, Nova Iorque, assim como dos recursos ali depositados conforme datas e valores constantes do quadro do parágrafo 22, abaixo reproduzido: DATA HISTÓRICO CRÉDITO U$ 08/01/2002 FEDERAL FUNDS RCVD VALLEY NATIONAL BANKW 6.300,00 23/04/2002 CHIPS FUNDS RCVD BANK OF TOKIO MITSUBI 36.895,00 18/12/2003 BOOK TRANSFER FROM CHASE 7.647,45 TOTAL 50.842,45 39. Afirmou que estes recursos são pagamentos que recebeu por trabalhos de modelo profissional que efetuou naquelas datas. 40. Em que pese o fato de que não apresentou documentação comprobatória destes pagamentos, confirmando a sua condição profissional, é público e notório que a contribuinte fiscalizada é modelo profissional. 41. Sua mãe, Anamaria Weickert, além de também afirmar o fato, trouxe a esta fiscalização fotos que o sustentam. (doc. 02) 42. Cópias de seus passaportes no período mostram que viajava constantemente ao Estados Unidos da América , além de outros países. (docs. 02 e 08) 43. Além disso, uma singela pesquisa no site de busca "google", sob argumento "Mariana Weickert", evidencia a publicidade e notoriedade de sua atividade profissional. 44. De modo que esta fiscalização está convencida de que os recursos de fato são oriundos da atividade de modelo profissional da contribuinte fiscalizada. (...) 45. Estes recursos, a par do fato da contribuinte não ter apresentado documentação que pudesse esclarecer a natureza da relação com os seus contratantes a informação prestada por ela é de que os "recursos foram recebidos por agências regularmente estabelecidos em seus países de origem", são rendimentos tributáveis, a teor do disposto nos arts. 43, I, IV, V, X e XIII, "e"; 45, I, II, III e VII; 52, III, 53, I a III e 55, VII do RIR/99, combinados com os arts. 43, 45, 114, 116, 118, 121 e 123 do Código Tributário Nacional, instituído pela Lei n°5.172, de 25 de outubro de 1966. 46. A contribuinte nada comprovou acerca da tributação destes recursos no estrangeiro, de modo que estes recursos devem ser tributados no Brasil. Fl. 6DF CARF MF Emitido em 04/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/09/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO, Assinado digitalmente em 09/09/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO Processo nº 13971.003140/200789 Acórdão n.º 210201.490 S2C1T2 Fl. 4 7 Ainda, na descrição das infrações, assim acrescenta a autoridade fiscal (fls. 330 e 331): 51. Não há, nas respectivas DIRPFs, nenhum valor declarado a título de rendimentos tributáveis recebidos do exterior. Tampouco há menção à existência de conta bancária em instituição sediada no exterior. 52. Os valores de rendimentos isentos e não tributáveis referem se a distribuição de lucros efetuada pela firma individual da contribuinte: MARIANA MUELLER WEICKERT ME., CNPJ 04.956.174/000183. 53. A mesma firma individual é indicada como fonte pagadora dos rendimentos tributáveis informados. 54. Constatado, portanto, que a contribuinte ora fiscalizada não ofereceu à tributação os rendimentos auferidos no exterior, decorrentes de sua atividade de modelo profissional, em suas DIRPFs relativas aos anoscalendário 2002 e 2003. 55. Resta saber, ainda, se estes rendimentos não foram declarados como receita de sua firma individual, posto que, como vimos acima, tinha por objeto a prestação de serviços personalíssimos de sua titular. 56. Entretanto, análise das cópias de todas as notas fiscais de prestação de serviços, emitidas em 2002 e 2003, não consignam nenhuma prestação de serviço de modelo profissional a cliente no exterior. 57. Destarte, não pode ser outra a conclusão desta fiscalização no sentido de que os rendimentos auferidos no exterior, anos de 2002 e 2003, decorrentes da atividade de modelo profissional da contribuinte ora fiscalizada, Mariana Mueller Weickert, constituem omissão de receita. 58. Referidos valores, indicados na tabela constante do parágrafo 48, foram levados ao Auto de Infração para constituição do tributo correspondente Imposto de Renda. (...) 90. Os valores dos tributos recolhidos pela firma individual, equiparada à pessoa jurídica, não foram compensados com o tributo apurado por não se tratarem de recolhimentos havidos nos termos dos artigos 11 e 12, V da Lei n° 9.250, de 26 de dezembro de 1995. A multa de ofício no tocante aos rendimentos recebidos no exterior foi qualificada com a seguinte motivação (fls. 333 a 335) 63. Devemos verificar se os fatos anteriormente narrados, que detalham a conduta da contribuinte fiscalizada, se encaixam em uma das definições de evidente intuito de fraude, estampadas nos arts. 71,72 e 73, acima transcritos. A conduta a ser analisada no Fl. 7DF CARF MF Emitido em 04/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/09/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO, Assinado digitalmente em 09/09/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO 8 presente caso é: manter contacorrente bancária em país estrangeiro, sob titularidade de outrem, destinada a receber rendimentos decorrentes de prestação de serviços no exterior, omitindo do fisco tanto a existência da contacorrente como os recursos ali creditados. 64. Numa análise objetiva dos fatos aqui apurados frente aos dispositivos legais em comento, não há como não deixar de enquadrar a manutenção da conta bancária no estrangeiro, sob titularidade de outrem, destinada a receber rendimentos decorrentes de prestação de serviços no exterior, omitindo do fisco tanto a existência da contacorrente como os recursos ali creditados na definição de sonegação contida no art. 71 da Lei 4.502/64, já transcrito. (...) 67. A alegação da fiscalizada de que os recursos eram recebidos líquidos, ou seja, que as agências contratantes de seus serviços pagavam todas as taxas, impostos e despesas absolutamente não se sustenta. 68. Se assim fosse, se os rendimentos de fato já houvessem sido tributados no país de origem, por que razão não informar a existência da conta bancária e os rendimentos, haja vista que, dependendo do país, existem acordos internacionais que evitam a bitributação? 69. Ressaltese que estamos no final de 2007, e que os rendimentos referemse aos anos de 2000, 2002 e 2003. Não fosse a circunstância da fiscalização relativa à sua mãe, Anamaria Weickert, que identificou transferências de recursos da conta do exterior em nome dela mas de titularidade de fato da fiscalizada, e estes fatos teriam passado ao largo do conhecimento do órgão fiscal brasileiro. 70. Nenhuma iniciativa demonstrou a fiscalizada, nestes anos todos, no sentido de apresentar ao fisco a verdade sobre seus rendimentos e patrimônio no exterior. É presumível que assim se mantivesse, silente, pois que a economia no pagamento de tributos era certamente compensadora. 71. Ainda que redundante, rememoremos: a contribuinte assumiu a titularidade de conta bancária em instituição sediada em Nova Iorque, Estados Unidos da América, reconheceu como decorrente de suas atividades profissionais os créditos financeiros ali havidos e manteve todas estas informações à margem do fisco brasileiro, tudo isto durante 07 anos! 72. Não há que se falar em equívoco ou esquecimento. Esta hipótese até poderia ser plausível se se referisse a um ano, mas quando a conduta é permanente, uniforme, durante vários anos, não se é possível considerála. Tratase, na verdade, de ação dolosa no sentido de impedir o conhecimento do fisco da ocorrência do fato gerador, que é exatamente o que denota a intenção de sonegar, prevista no art. 71 da Lei 4.502/64. 73. A consideração dos créditos bancários como receita omitida é, portanto, imposição legal. Fl. 8DF CARF MF Emitido em 04/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/09/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO, Assinado digitalmente em 09/09/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO Processo nº 13971.003140/200789 Acórdão n.º 210201.490 S2C1T2 Fl. 5 9 Inconformada com a autuação, a contribuinte apresentou impugnação ao lançamento, dirigida à Delegacia da Receita Federal de Julgamento. Dentre a documentação anexada à impugnação, a contribuinte trouxe atestado do Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões no Estado de São Paulo, qualificandoa como artista (função manequim e modelo) à luz do art. 7º, III, da Lei nº 6.533/78 (fl. 235), bem como recolhimentos de tributos na sistemática de pagamento do Simples Federal (fls. 436 a 445). A 4ª Turma da DRJ/FNS, por unanimidade de votos, julgou procedente o lançamento, em decisão consubstanciada no Acórdão n° 0715.049, de 06 de fevereiro de 2009 (fls. 448 a 462). A contribuinte foi intimada da decisão a quo em 10/03/2009 (fl. 465). Irresignada, interpôs recurso voluntário em 08/04/2009 (fl. 472). No voluntário, a recorrente alega, em síntese, que: I. nos termos do art. 24 da Lei nº 11.457/2007, a administração fiscal deve proferir decisão no prazo máximo de um ano a contar da protocolização do recurso. No caso dos autos, a então impugnante apresentou reclamação em 03/01/2008 e a Turma de Julgamento da DRJ somente prolatou decisão em 06/02/2009, sendo de rigor decretar a decadência do direito de constituir o crédito tributário em face da inocorrência de decisão tempestiva da autoridade administrativa; II. a decadência, contada na forma do art. 150, § 4º, do CTN, extinguiu os créditos tributários lançados há mais de cinco anos da ciência do lançamento, considerando os fatos geradores com periodicidade mensal; III. “Conforme se pode verificar em fls. 140141 dos autos, a Recorrente é titular de Firma individual MARIANA MUELLER WEICKERT ME, CNPJ 04.956.174/000183. Tratase de micro, optante do SIMPLES, e que se encontra em situação regular junto aos órgãos fazendários. Tem como atividade econômica "CNAE: 9609299 Outras atividades de serviços pessoais não especificadas anteriormente" (fls. 141). A Recorrente, sendo modelo profissional (atividade devidamente regulamentada nos termos da Lei n° 6.533, de 24.05.78) e devidamente inscrita no Sindicato da sua classe profissional (Doc. 04 da Impugnação fls. 430/431), atua através da Firma Individual MARIANA MUELLER WEICKERT ME (Doc. 05 da Impugnação fls. 433/434) em atividades relacionadas a campanhas publicitárias em geral e desfiles de moda, conforme esclareceu em fls. 148. Ou seja, exerce de forma habitual, através da Firma Individual organizada, atividade econômica de natureza civil e comercial a venda a terceiros de serviços, com o fim especulativo de lucro” (fl. 477 – transcrição do recurso voluntário); IV. labora em grave equívoco a decisão recorrida e a autoridade lançadora, pois as empresas individuais, como a firma individual Fl. 9DF CARF MF Emitido em 04/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/09/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO, Assinado digitalmente em 09/09/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO 10 Mariana Mueller Weickert ME, CNPJ 04.956.174/00183, são equiparadas à tributação da pessoa jurídica; por força dos arts. 146 a 150 do Decreto nº 3.000/99; V. “... mesmo que se admita que a atividade da Recorrente é a prestação de serviços de natureza intelectual, in casu de natureza cultural e artística, em caráter personalíssimo, o entendimento do acórdão recorrido encontrase superado pelo artigo 129 da lei nº 11.196, de 21.11.2005, não havendo que falarse em sua inaplicabilidade...” (fl. 480 – transcrição do recurso voluntário), norma de caráter interpretativo; VI. acaso não acatado a linha defensiva acima, devese deferir a compensação dos tributos pagos na firma individual, como comprovado nestes autos, com o imposto aqui combatido, sob pena de configuração de um inaceitável enriquecimento sem causa do ente tributante. Devese salientar que o fisco fez uma reclassificação de rendimentos da empresa individual para a pessoa física, devendo, por óbvio, considerar os pagamentos feitos na PJ, conforme pacífica jurisprudência do Primeiro Conselho de Contribuintes, e, ainda, outorgar o pagamento das diferenças sem multa de ofício, visto que não houve a manifesta intenção do agente de sonegar; VII. os recursos recebidos no exterior foram líquidos de imposto e demais comissões, pagos pelas agências que contratavam a recorrente, estando diligenciando para comprovar tal situação, o que impediria a autoridade fiscal de encerrar o feito, sob pena de cerceamento do direito de defesa da contribuinte. Ademais, tais valores não poderiam ser considerados rendimentos omitidos, pois caberia ao fisco comprovar seu consumo, evidenciando os sinais exteriores de riqueza, sempre lembrando que depósitos lastreados em extratos bancários não constituem, por si só, rendimentos, conforme remansosa jurisprudência; VIII. a qualificação da multa de ofício deve ser cancelada, pois se utilizou um fundamento legal (art. 44, II, da Lei nº 9.430/96) que remete à multa de ofício no percentual de 50%, com violação ao princípio da tipicidade e da legalidade. Ademais, no mérito dessa imputação, não se comprovou que a contribuinte tenha agido com evidente intuito de fraude, praticando uma das condutas dos arts. 71 a 73 da Lei nº 4.502/64, bem como tal multa tem caráter claramente confiscatório; IX. a autuação vulnerou os princípios do art. 2º da Lei nº 9.784/1999, especificamente os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, pois não se demonstrou a riqueza auferida pela fiscalizada com os rendimentos omitidos. É o relatório. Voto Fl. 10DF CARF MF Emitido em 04/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/09/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO, Assinado digitalmente em 09/09/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO Processo nº 13971.003140/200789 Acórdão n.º 210201.490 S2C1T2 Fl. 6 11 Conselheiro Giovanni Christian Nunes Campos, Relator Declarase a tempestividade do apelo, já que o contribuinte foi intimado da decisão recorrida em 10/03/2009 (fl. 465), terçafeira, e interpôs o recurso voluntário em 08/04/2009 (fl. 472), dentro do trintídio legal, este que teve seu termo final em 09/04/2009, quintafeira. Dessa forma, atendidos os demais requisitos legais, passase a apreciar o apelo, como discriminado no relatório. Passase a debater o item I da defesa (decadência do crédito tributário em decorrência da violação do art. 24 da Lei nº 11.457/2007). A norma do artigo acima citado (É obrigatório que seja proferida decisão administrativa no prazo máximo de 360 (trezentos e sessenta) dias a contar do protocolo de petições, defesas ou recursos administrativos do contribuinte) é meramente programática, não havendo cominação de qualquer sanção em decorrência de seu descumprimento por parte da Administração Fiscal, sendo certo inclusive que se encontra topologicamente em capítulo referente à organização da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (capítulo II) e não no capítulo referente ao Processo Administrativo Fiscal PAF (capítulo III), ou seja, há fundada dúvida sobre sua aplicação, mesmo programática, ao PAF. Mesmo que se considere sua aplicação ao PAF, tratase, apenas, de um apelo feito pelo legislador ao julgador administrativo para implementar o ditame do inciso LXXVIII do art. 5º da Constituição da República (a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação), pois o legislador não impôs sanção pelo descumprimento da norma programática. Por óbvio, não estabelecida a sanção na lei, não cabe ao julgador administrativo usurpar a atividade do legislador, criando sanção não prevista em lei. Ademais, no caso concreto, a administração tributária, pela Turma da Delegacia de Julgamento, proferiu decisão em prazo extremamente razoável, um pouco acima de um ano. No ponto, sem razão ao recorrente. Passase à defesa do item II (decadência). Primeiramente, fazse breve menção à tradicional jurisprudência dos Conselhos de Contribuintes e do CARF sobre a matéria. Entendiase que a regra de incidência de cada tributo era que definia a sistemática de seu lançamento. Se a legislação atribuísse ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, o tributo amoldarseia à sistemática de lançamento denominada de homologação, onde a contagem do prazo decadencial darseia na forma disciplinada no art. 150, § 4º, do CTN, sendo irrelevante a existência, ou não, do pagamento, e, no caso de dolo, fraude ou simulação, a regra decadencial tinha assento no art. 173, I, do CTN . Este era o entendimento aplicado ao lançamento do imposto de renda da pessoa física e da pessoa jurídica sujeito ao ajuste anual. Assim era pacífico no âmbito do antigo Primeiro Conselho de Contribuintes que a contagem do prazo decadencial do imposto de renda da pessoa física e jurídica sujeito ao ajuste anual amoldarseia à dicção do art. 150, § 4º, do Código Tributário Nacional, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, quando a contagem passa a ser feita na Fl. 11DF CARF MF Emitido em 04/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/09/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO, Assinado digitalmente em 09/09/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO 12 forma do art. 173, I, do Código Tributário Nacional. Como exemplo dessa jurisprudência, citamse os acórdãos nºs: 10195.026, relatora a Conselheira Sandra Maria Faroni, sessão de 16/06/2005; 10246.936, relator o Conselheiro Romeu Bueno de Camargo, sessão de 07/07/2005; 10323.170, relator o Conselheiro Leonardo de Andrade Couto, sessão de 10/08/2007; 10422.523, relator o Conselheiro Nelson Mallmann, sessão de 14 de junho de 2007; 10615.958, relatora a Conselheira Ana Neyle Olímpio Holanda, sessão de 08/11/2006. O entendimento acima também veio a ser acolhido pelo CARF a partir de 2009, quando este Órgão substituiu os Conselhos de Contribuintes. Entretanto, veio a lume uma alteração no Regimento Interno deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, através de alteração promovida pela Portaria do Ministro da Fazenda n.º 586, de 21.12.2010 (Publicada no DOU em 22.12.2010), que passou a fazer expressa previsão no sentido de que “As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF” (Art. 62A do anexo II do RICARF). E o Superior Tribunal de Justiça, no rito dos recursos repetitivos (art. 543C do CPC), confessou uma tese na matéria decadencial diversa do CARF, como abaixo se vê, sendo de rigor aplicála nos julgamentos da segunda instância administrativa. Assim, no que diz respeito a decadência dos tributos lançados por homologação, tivemos o Recurso Especial nº 973.733 SC (2007/01769940), julgado em 12 de agosto de 2009, sendo relator o Ministro Luiz Fux, que teve o acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC e da Resolução STJ 08/2008 (regime dos recursos repetitivos), assim ementado: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL .ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, Fl. 12DF CARF MF Emitido em 04/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/09/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO, Assinado digitalmente em 09/09/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO Processo nº 13971.003140/200789 Acórdão n.º 210201.490 S2C1T2 Fl. 7 13 consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deuse em 26.03.2001. 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial qüinqüenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. No precedente acima do Superior Tribunal de Justiça, a existência, ou não, do pagamento passou a ser relevante para definir a regra decadencial. Para a hipótese de inocorrência de dolo, fraude ou simulação, a existência de pagamento antecipado leva a regra para as balizas do art. 150, § 4º, do CTN; já a inexistência, para o art. 173, I, do CTN. Ainda, todas as infrações imputadas à contribuinte impactam o imposto apurado no ajuste anual, sendo de rigor asseverar que todos os fatos geradores ocorreram em 31/12 de cada anocalendário, ou seja, as eventuais infrações dos anoscalendário 2002 e 2003 interfeririam no fato gerador do imposto de renda apurado em 31/12/2002 e 31/12/2003, daí contandose o prazo decadencial, que, para esses anoscalendário informados, teria termo final decadencial em 31/12/2007 e 31/12/2008 (isso considerando a regra mais benéfica para o contribuinte na contagem do prazo decadencial, qual seja, a do art. 150, § 4º, do CTN), Fl. 13DF CARF MF Emitido em 04/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/09/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO, Assinado digitalmente em 09/09/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO 14 momento posterior à ciência do lançamento (11/12/2007 fl. 347), e, assim, não haveria falar em decadência para as infrações dos anoscalendário 2002 e 2003. O entendimento acima, no tocante ao aperfeiçoamento do fato gerador do imposto de renda apurado no ajuste anual em 31/12 de cada anocalendário, está em linha com a inteligência da Súmula CARF nº 38: “O fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativo à omissão de rendimentos apurada a partir de depósitos bancários de origem não comprovada, ocorre no dia 31 de dezembro do anocalendário”. Por tudo, sem razão à recorrente. Agora se passa ao cerne da controvérsia, estampada nas defesas dos itens III a VI, nas quais a contribuinte vergasta a reclassificação dos rendimentos da empresa individual MARIANA MUELLER WEICKERT ME para a pessoa física MARIANA MUELLER WEICKERT. Antes de tudo, devese observar que a empresa individual acima tributava suas rendas como pessoa jurídica, na sistemática, favorecida e diferenciada, de pagamento do Simples Federal (Lei nº 9.317/96), como se viu pelas guias de recolhimento juntadas aos autos (fls. 436 a 445). E, pelo art. 9º, XIII, da Lei nº 9.317/96 (Não poderá optar pelo SIMPLES, a pessoa jurídica: que preste serviços profissionais de corretor, representante comercial, despachante, ator, empresário, diretor ou produtor de espetáculos, cantor, músico, dançarino, médico, dentista, enfermeiro, veterinário, engenheiro, arquiteto, físico, químico, economista, contador, auditor, consultor, estatístico, administrador, programador, analista de sistema, advogado, psicólogo, professor, jornalista, publicitário, fisicultor, ou assemelhados; e de qualquer outra profissão cujo exercício dependa de habilitação profissional legalmente exigida), a empresa individual MARIANA MUELLER WEICKERT ME, que desempenha atividade regulada pela Lei nº 6.533/78 (Dispõe sobre a regulamentação das profissões de Artistas e de técnico em Espetáculos de Diversões, e dá outras providências), como se vê pelo atestado de fl. 235, sequer poderia fazêlo, pois se trata de profissão (Artista – função modelo e manequim) cujo exercício depende de habilitação profissional legalmente exigida, hipótese com vedação à adesão ao Simples Federal, como se vê pelos excertos acima destacados. E aqui se deve lembrar que o Supremo Tribunal Federal, na ADI 1.643DF, proposta pela Confederação Nacional das Profissões Liberais, na relatoria do Ministro Maurício Corrêa, em sessão de 05 de dezembro de 2002, assentou a constitucionalidade do art. 9º, XIII, da Lei nº 9.317/96. Porém o debate central aqui não se volta para as modalidades de tributação como pessoa jurídica que a empresa individual MARIANA MUELLER WEICKERT ME poderia fazêlo, mas se essa poderia ser equiparada à pessoa jurídica para fins do imposto de renda. Caso positivo, eventual enquadramento indevido nos regimes tributários da pessoa jurídica seria corrigido, porém se mantendo a tributação como ente abstrato. Caso contrário, as rendas da empresa individual teriam que ser tributadas como pessoa física. Para uma perfeita compreensão do assunto ora em debate, fazse necessário fazer um breve apanhado da tipologia societária existente no decaído Código Civil de 1916 (empresa individual, sociedade civil de profissão legalmente regulamentada e sociedades mercantis) e no novo Código Civil1 (empresário individual, sociedade empresária e sociedade simples). 1 E agora, com a Lei nº 12.441/2011, com vigência a partir de 180 dias após a publicação dela (12/07/2011), virá a lume a empresa individual de responsabilidade limitada. Fl. 14DF CARF MF Emitido em 04/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/09/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO, Assinado digitalmente em 09/09/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO Processo nº 13971.003140/200789 Acórdão n.º 210201.490 S2C1T2 Fl. 8 15 Primeiramente, passase a apreciar o quadro normativo societário (e tributário) vigente no decaído Código Civil de 1916. No regime do Código Civil de 1916 e legislação superveniente, as sociedades de prestação de serviço de profissão legalmente regulamentada eram incorporadas como sociedades civis (art. 16, I, do Código Civil de 1916). A par das sociedades civis, tinhamse as sociedades mercantis e empresas individuais, tríduo essencial para ação do empreendedor na atividade econômica, com organização dos fatores de produção, para produzir e fazer circular bens e serviços, com fim especulativo de lucro. A sociedade mercantil não oferecia maiores dúvidas, existindo quando duas ou mais pessoas, ligadas pela affectio societatis, efetuavam contrato de sociedade entre si, objetivando a produção e venda a terceiros de bens ou serviços, com o fim especulativo de lucro. Já a empresa individual era aquela de titularidade unipessoal, igualmente com o fim de organizar os fatores de produção (capital, mãodeobra, insumos e tecnologia), para promover a produção e circulação de bens e serviços. Em termos de direito tributário (art. 150 do Decreto nº 3.000/99), as empresas individuais (firmas individuais; as pessoas físicas que, em nome individual, explorem, habitual e profissionalmente, qualquer atividade econômica de natureza civil ou comercial, com o fim especulativo de lucro, mediante venda a terceiros de bens ou serviços; as pessoas físicas que promoverem a incorporação de prédios em condomínio ou loteamento de terrenos) são equiparadas à tributação das pessoas jurídicas para os efeitos do imposto de renda. Entretanto, algumas pessoas físicas que, individualmente, exercem determinadas atividades profissionais legalmente regulamentadas, ou não2, com o mesmo objetivo antes citado, jamais podem ser equiparadas à tributação da pessoa jurídica, devendo ser tributadas como pessoa física. Dessa forma, a empresa individual, desde que pudesse ser equiparada à pessoa jurídica, fruindo das normas da tributação da pessoa coletiva, e não incidisse em alguma das atividades vedadas pelos regimes tributários diferenciados das microempresas e empresas de pequeno porte, poderiam aderir a quaisquer dos regimes tributários das pessoas jurídicas (lucro real, presumido, arbitrado ou Simples Federal). Esse era o quadro normativo, societário e fiscal, vigente antes do Novo Código Civil. E pelo quadro acima, no tocante ao primeiro ano da autuação destes autos (anocalendário 2002), vigente ainda o Código Civil de 1916, vêse que a atividade desenvolvida pela contribuinte (Artista – função manequim e modelo), enquadrase na vedação 2 Atividades descritas no Art. 150, § 2º, do Decreto nº 3.000/99 – Atividades de médico, engenheiro, advogado, dentista, veterinário, professor, economista, contador, jornalista, pintor, escritor, escultor e de outras que lhes possam ser assemelhadas; profissões, ocupações e prestação de serviços não comerciais; agentes, representantes e outras pessoas sem vínculo empregatício que, tomando parte em atos de comércio, não os pratiquem, todavia, por conta própria; serventuários da justiça, como tabeliães, notários, oficiais públicos e outros; corretores, leiloeiros e despachantes, seus prepostos e adjuntos; exploração individual de contratos de empreitada unicamente de lavor, qualquer que seja a natureza, quer se trate de trabalhos arquitetônicos, topográficos, terraplenagem, construções de alvenaria e outras congêneres, quer de serviços de utilidade pública, tanto de estudos como de construções; e exploração de obras artísticas, didáticas, científicas, urbanísticas, projetos técnicos de construção, instalações ou equipamentos, salvo quando não explorados diretamente pelo autor ou criador do bem ou da obra. Fl. 15DF CARF MF Emitido em 04/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/09/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO, Assinado digitalmente em 09/09/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO 16 da equiparação à tributação da pessoa jurídica, prevista no art. 150, § 2º, I e II, do Decreto nº 3.000/99, aqui registrando que não há qualquer diferença entre empresa individual e firma individual3, ou seja, alguns tipos de empreendimentos individuais não podem ser equiparadas à tributação da pessoa jurídica, como ocorre com a atividade da recorrente. Vejase a legislação de regência abaixo, que claramente veda a equiparação da pessoa física à tributação da pessoa jurídica, no caso do exercício de profissões reguladas por lei, como ocorreu com o caso vertente: Art.150.As empresas individuais, para os efeitos do imposto de renda, são equiparadas às pessoas jurídicas (DecretoLei nº 1.706, de 23 de outubro de 1979, art. 2º). §1ºSão empresas individuais: Ias firmas individuais (Lei nº 4.506, de 1964, art. 41, §1º, alínea "a"); IIas pessoas físicas que, em nome individual, explorem, habitual e profissionalmente, qualquer atividade econômica de natureza civil ou comercial, com o fim especulativo de lucro, mediante venda a terceiros de bens ou serviços (Lei nº 4.506, de 1964, art. 41, §1º, alínea "b"); (...) §2ºO disposto no inciso II do parágrafo anterior não se aplica às pessoas físicas que, individualmente, exerçam as profissões ou explorem as atividades de: Imédico, engenheiro, advogado, dentista, veterinário, professor, economista, contador, jornalista, pintor, escritor, escultor e de outras que lhes possam ser assemelhadas (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 6º, alínea "a", e Lei nº 4.480, de 14 de novembro de 1964, art. 3º); IIprofissões, ocupações e prestação de serviços não comerciais (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 6º, alínea "b"); (grifouse) Em essência, o objetivo básico da legislação do imposto de renda era impedir que pessoas físicas que prestavam serviço de profissões legalmente regulamentadas, travestidas de pessoa jurídica, pudessem aderir aos regimes tributários das pessoas jurídicas, inclusive o Simples Federal (tais pessoas físicas caso, em nome individual, explorassem, habitual e profissionalmente, qualquer atividade econômica de prestação de serviço de profissão legalmente regulamentada – médico, engenheiro, advogado, dentista, veterinário, professor, economista, contador, jornalista, pintor, escritor, escultor e de outras que lhes possam ser assemelhadas – com o fim especulativo de lucro, mediante venda a terceiros de serviços, deveriam tributar seus rendimentos como pessoas físicas, na forma do art. 150, § 2º, I, do Decreto nº 3.000/99). 3 Nesse ponto, devese observar que há em paralelo o conceito de firma individual, utilizado na legislação do imposto de renda, como uma das espécies de empresa individual (art. 150 do Decreto nº 3.000/99). Na prática, há uma confusão terminológica entre firma individual e empresa individual, não sendo possível apreender uma diferença entre elas, como se pode ver em ANDRADE FILHO, Edmar Oliveira. Análise Estrutural e Teleológica do Enunciado do Art. 129 da Lei nº 11.196/05. In ANAN JR., Pedro & PEIXOTO, Marcelo Magalhães (org.). Prestação de Serviços Intelectuais por Pessoas Jurídicas: Aspectos Legais, Econômicos e Tributários. São Paulo: MP Editora, 2008, p. 485 a 504. Fl. 16DF CARF MF Emitido em 04/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/09/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO, Assinado digitalmente em 09/09/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO Processo nº 13971.003140/200789 Acórdão n.º 210201.490 S2C1T2 Fl. 9 17 Já com a publicação do Novo Código Civil, adotando a teoria da empresa, houve uma alteração da tipologia acima citada, surgindo a figura do empresário individual, aquele que profissionalmente desenvolve atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços (art. 966 do Código Civil), em todo assemelhado à antiga empresa individual4; a sociedade empresária, quando pessoas celebram contrato de sociedade que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados (arts. 966, 982 e 983 do Código Civil); e a sociedade simples ou não empresária (arts. 982 e 983 do Código Civil). O conceito de atividade empresária, elemento essencial para distinguir as sociedades, empresária e simples, veio apenas informado no art. 966 do Código Civil, no denominado elemento de empresa, verbis: Art. 966. Considerase empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa. Leslie Amendolara (A Sociedade Intelectual no Código Civil. In ANAN JR., Pedro & PEIXOTO, Marcelo Magalhães (org.). Prestação de Serviços Intelectuais por Pessoas Jurídicas: Aspectos Legais, Econômicos e Tributários. São Paulo: MP Editora, 2008, p. 74) assim detalha o elemento de empresa: A doutrina tem considerado, embora sem estabelecer uma definição clara, que seriam elementos de empresa: a profissionalização, organicidade e economicidade. A profissionalização caracterizase pela presença, na sociedade, de um quadro de profissionais especializados, exercendo suas atividades com permanência dentro de uma hierarquia. A organicidade, como salienta Adalberto Simão Filho, ‘põe em funcionamento um fundo de comércio que vincula, através de empresário individual ou societário, ente personalizado, cuja missão é representar juridicamente a empresa no mundo de negócios e cujos atos são praticados repetidamente, em série orgânica, e são sempre comerciais, pela sua própria natureza’. A economicidade decorre da atividade empresarial na produção e circulação de bens e serviços. Na economia de mercador, ela se manifesta pela interação de compradores e vendedores, que ditarão o preço das mercadorias ou dos serviços, sem interferência de cartéis ou do Estado. Outro aspecto fundamental é a perseguição do lucro, condição para sua sobrevivência e desenvolvimento, remuneração e geração de riqueza para os sócios. 4 E agora, com a Lei nº 12.441/2011, com vigência a partir de 180 dias após a publicação (12/07/2011), a empresa individual de responsabilidade limitada, a qual não será debatida nestes autos, já que essa Lei não se encontra ainda vigente. Fl. 17DF CARF MF Emitido em 04/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/09/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO, Assinado digitalmente em 09/09/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO 18 Manoel Ignácio Torres Monteiro (Análise Estrutural e Teleológica do Enunciado do Art. 129 da Lei nº 11.196/05. In ANAN JR., Pedro & PEIXOTO, Marcelo Magalhães (org.). Prestação de Serviços Intelectuais por Pessoas Jurídicas: Aspectos Legais, Econômicos e Tributários. São Paulo: MP Editora, 2008, p. 53 e 54) assim estrema sociedade empresária e simples, com foco no elemento de empresa: A expressão elemento de empresa referese a situações em que a atividade profissional intelectual, científica, literária ou artística é absorvida pela atividade empresarial, da qual se tornaria um mero elemento. Segundo a doutrina predominante, para que essas sociedades sejam consideradas empresárias, seria necessária a existência de uma estrutura empresarial, na qual terceiros nãosócios ou empregados concorram para a execução da atividade fim, e, de outro lado, os sócios exerçam também atividades de coordenação dos fatores de produção. Esse conceito pode ser melhor entendido com base nos seguintes Enunciados da III Jornada de Direito civil do Conselho de Justiça Federal: 194 – Os profissionais liberais não são considerados empresários, salvo se a organização dos fatores de produção for mais importante que a atividade pessoal desenvolvida. 195 – A expressão elemento de empresa demanda interpretação econômica, devendo ser analisada sob égide da absorção da atividade intelectual, de natureza científica, literária ou artística, como um dos fatores da organização empresarial. Nessa ordem de idéias, devese reconhecer que, às vezes, há uma enorme dificuldade em distinguir a existência, ou não, de um elemento de empresa no exercício de uma atividade profissional, o que justifica a existência, ou não, de um empresário ou sociedade empresária. Assim, por exemplo, não há dúvida de que um advogado que contrate uma secretária para apoiar seu mister não pode ser encarado como empresário individual (empresa individual). Simplesmente é uma pessoa física, que desempenha uma profissão liberal, devendo oferecer seus rendimentos à tributação no regime das pessoas físicas. Porém, suponha dois médicos que operem uma clínica, em sociedade, com contratação de empregados. Se tais médicos não contratarem outros médicos ou profissionais de profissão regulamentada, surge a dúvida quanto à existência de um elemento de empresa, pois a prestação do serviço pelos profissionais sócios médicos se assemelha à prestação individual de cada um deles, ou seja, no máximo poderseia permitir que houvesse a constituição do empreendimento como sociedade simples. Porém se houver a contratação de outros profissionais médicos, parece claro a existência de um elemento de empresa, podendo tratar essa entidade como uma sociedade empresária, com tributação como tal, e não como pessoa física ou como sociedade simples (regime geral das demais empresas). E a questão que aqui se coloca é se a nova tipologia societária trazida pelo Novo Código Civil, de alguma forma, teria o condão de alterar a legislação do imposto de renda no tocante a uma empresa que exerça, individualmente, profissões de atividades legalmente habilitadas. Para o caso em debate, dentro da nova tipologia do direito da empresa do Novo Código Civil, vêse que a recorrente sequer poderia ser considerada “empresário”, constituída como empresa individual (firma individual), nos limites do art. 966, parágrafo Fl. 18DF CARF MF Emitido em 04/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/09/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO, Assinado digitalmente em 09/09/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO Processo nº 13971.003140/200789 Acórdão n.º 210201.490 S2C1T2 Fl. 10 19 único, do Código Civil, nas partes abaixo destacadas, pois exerce profissão de natureza artística, desenvolvendo ela mesmo a atividade profissional, em caráter personalíssimo, não restando comprovado nos autos a presença do elemento de empresa, que seria aquele estrutura empresarial que visa movimentar fatores de produção – trabalho, capital, tecnologia etc., quando a atividade personalíssima da recorrente (artista/modelo) seria absorvida pela atividade empresarial (aqui não se nega que uma empresa individual/empresário individual possa contratar pessoas, instalações, outros profissionais, inclusive de profissões regulamentadas idênticas ao do titular da empresa individual, tudo a concretizar o elemento de empresa, naquela situação que a atividade empresarial do titular é absorvida pela gestão do negócio, situação, entretanto, que não se viu nestes autos): Art. 966 do Código Civil. Considerase empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa. (grifouse) Ademais, continuam vigentes as mesmas normas do art. 150 do Decreto nº 3.000/99, que impede que uma atividade de profissão regulamentada, com exercício profissional individual, como se viu nestes autos, possa ter as rendas dela tributadas de forma equiparada à pessoa jurídica. Por fim, o art. 129 da Lei nº 11.196/2005 (Para fins fiscais e previdenciários, a prestação de serviços intelectuais, inclusive os de natureza científica, artística ou cultural, em caráter personalíssimo ou não, com ou sem a designação de quaisquer obrigações a sócios ou empregados da sociedade prestadora de serviços, quando por esta realizada, se sujeita tão somente à legislação aplicável às pessoas jurídicas, sem prejuízo da observância do disposto no art. 50 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 Código Civil) sequer está voltado para a empresa individual (ou, como queira, firma individual), mas apenas às sociedades, situação última que não se amolda ao caso aqui em debate. Ainda, caso se pretenda aplicar a norma acima ao empresário individual, prestador de serviço de profissão regulamentada, não se pode retroagir tal norma, pois a legislação anterior do imposto de renda, como se viu, impedia a equiparação da tributação à da pessoa jurídica. Já no tocante ao pedido de compensação, entendo que assiste razão à recorrente, até em razão de um paralelismo de procedimento, em obediência ao princípio da moralidade administrativa, já que soaria desarrazoado reclassificar as receitas da empresa individual para rendimentos da pessoa física, mantendo lá os tributos pagos, obrigando que a pessoa física/empresa individual solicitasse uma restituição, para compensação posterior, sofrendo o ônus de eventual decadência do direito creditório ou mesmo da imposição global da multa de ofício aqui lançada, quando se sabe que, contemporaneamente ao fato gerador do imposto referente às receitas reclassificadas, houve pagamento parcial dos tributos sobre tais receitas/rendimentos reclassificados. Fl. 19DF CARF MF Emitido em 04/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/09/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO, Assinado digitalmente em 09/09/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO 20 É de se observar que a exação total paga no âmbito do Simples Federal pela empresa individual deve ser corrigida pela Taxa Selic, como pagamento indevido, até o vencimento do imposto de renda da pessoa física lançado (30/04/2003 e 30/04/2004 – fl. 316), aí efetuando a compensação. Do imposto remanescente, incidirá juros de mora a partir do mês seguinte ao vencimento, agregado da multa de ofício no percentual de 75% sobre o imposto remanescente, não sendo aqui possível acatar o pleito de exoneração da multa de ofício feito pela recorrente, já que se detectou imposto a pagar em procedimento de ofício, sendo de rigor aplicar a cominação legal sobre o imposto remanescente, na forma do art. 44 da Lei nº 9.430/96. Por tudo, aqui se registra que esse Conselheiro relator já confessou entendimento em todo similar ao presente caso, como se viu no Acórdão nº 10617.147, sessão de 05 de novembro de 2008, que restou assim ementado: IRPF REMUNERAÇÃO PELO EXERCÍCIO DE PROFISSÃO, ATIVIDADE OU PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE NATUREZA NÃO COMERCIAL PRESTAÇÃO DE SERVIÇO DE NATUREZA PERSONALÍSSIMA TRIBUTAÇÃO NA PESSOA FÍSICA. Não há plausibilidade jurídica em defender a regularidade da constituição de empresa de prestação de serviço, detentora de um único ativo vinculado à imagem de um tenista profissional, para comercialização dos desdobramentos patrimoniais do direito de imagem, quando a empresa centrase unicamente na figura do tenista, o qual é o responsável principal pela execução (ou inexecução) dos contratos geradores de renda, e não meramente um anuente. Claramente seria uma sociedade cujo affectio societatis se resumiria à redução do pagamento dos tributos incidentes sobre os rendimentos do trabalho percebidos unicamente por um dos sócios, e não uma atividade econômica específica, que pudesse alavancar a carreira ou os negócios do anuente agenciado. O que une os sócios dessa sociedade não é o desenvolvimento de uma atividade econômica, mas uma pretensa redução de carga tributária, já que todo o ônus (e bônus) da prestação dos serviços está vinculado ao desempenho personalíssimo de um dos sócios. Assim, deve ser tributada como rendimento de pessoa física a remuneração por serviços prestados, de natureza personalíssima, sem vínculo empregatício, independentemente da denominação que lhe seja atribuída. ART. 129 DA LEI Nº 11.196/2005 DISPOSITIVO QUE INSTITUI UM NOVO REGIME DE TRIBUTAÇÃO IMPOSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO RETROATIVA A FATO GERADOR OCORRIDO ANTERIORMENTE À EDIÇÃO DE TAL LEI. Dispositivo que institui uma nova modalidade de tributação não pode ser encarado como norma interpretativa, a retroagir seus efeitos para fatos geradores anteriores a sua edição. RECLASSIFICAÇÃO DE RECEITAS DE PESSOA JURÍDICA PARA RENDIMENTOS DE PESSOA FÍSICA DO SÓCIO COMPENSAÇÃO DOS TRIBUTOS PAGOS NA PESSOA JURÍDICA COM AQUELE LANÇADO NA PESSOA FÍSICA EM Fl. 20DF CARF MF Emitido em 04/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/09/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO, Assinado digitalmente em 09/09/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO Processo nº 13971.003140/200789 Acórdão n.º 210201.490 S2C1T2 Fl. 11 21 DECORRÊNCIA DOS RENDIMENTOS/RECEITAS RECLASSIFICADOS HIGIDEZ. Em respeito ao princípio da moralidade administrativa, uma vez que foram reclassificados os rendimentos da pessoa jurídica para a pessoa física do sócio, devese adotar o mesmo procedimento em relação aos tributos pagos na pessoa jurídica vinculados aos rendimentos/receitas reclassificados, ou seja, apurado o imposto na pessoa física, deste devemse abater os tributos pagos na pessoa jurídica, antes dos acréscimos legais de ofício. IMPOSTO PAGO NO EXTERIOR ACORDO RECIPROCIDADE DE TRATAMENTO COMPENSAÇÃO As pessoas físicas que recebam rendimentos provenientes de fontes situadas no exterior poderão deduzir do imposto apurado na declaração de ajuste, o cobrado pela nação de origem daqueles rendimentos desde que haja previsão para tanto em acordo ou convenção internacional fixada com o país de origem dos rendimentos, ou que haja reciprocidade de tratamento em relação aos rendimentos produzidos no Brasil. O acordo, ou a lei que estabeleça a reciprocidade, têm que estar em vigor no anocalendário para o qual a compensação é pleiteada, sob pena de a mesma não ser permitida. Ademais, caberá ao contribuinte comprovar, através da documentação pertinente, a data e o montante do imposto recolhido. MULTA ISOLADA E DE OFÍCIO CONCOMITÂNCIA MESMA BASE DE CÁLCULO. Não pode prevalecer a exigência da multa isolada pela falta de recolhimento do IRPF devido a título de carnêleão, na hipótese em que cumulada com a multa de ofício incidente sobre a omissão de rendimentos recebidos de fontes situadas no exterior, quando as bases de cálculo de tais penalidades são idênticas. Multa excluída. Recurso parcialmente provido. Agora se passa à defesa do item VII (os recursos recebidos no exterior foram líquidos de imposto e demais comissões, pagos pelas agências que contratavam a recorrente, estando diligenciando para comprovar tal situação, o que impediria a autoridade fiscal de encerrar o feito, sob pena de cerceamento do direito de defesa da contribuinte. Ademais, tais valores não poderiam ser considerados rendimentos omitidos, pois caberia ao fisco comprovar seu consumo, evidenciando os sinais exteriores de riqueza, sempre lembrando que depósitos lastreados em extratos bancários não constituem, por si só, rendimentos, conforme remansosa jurisprudência). Restou comprovado à saciedade nos autos, inclusive com confissão da própria recorrente (fl. 234), que os recursos acima são pagamentos que recebeu por trabalhos de modelo profissional que efetuou no exterior, sendo rendimentos de trabalho não assalariado, nos quais incide o imposto de renda. Fl. 21DF CARF MF Emitido em 04/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/09/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO, Assinado digitalmente em 09/09/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO 22 Toda a discussão sobre sinais exteriores de riqueza ou tributação sobre depósitos bancários é inaplicável ao caso em debate, pois não se tratou de omissão de rendimentos caracterizada por depósitos de origem não comprovada, mas se identificou a origem dos depósitos bancários, a partir de confissão da própria contribuinte, que reconheceu, como já dito, que se tratava de rendimentos de trabalho, omitidos do pagamento de imposto de renda no País. Ainda, a contribuinte não comprovou qualquer incidência de imposto sobre os valores recebidos no exterior até a presente data, sendo desarrazoada a pretensão de que a autoridade fiscal estaria impedida de encerrar o procedimento fiscal. Ora, imputada a omissão de rendimentos percebidos no exterior, caberia a contribuinte, na impugnação, demonstrar que os valores recebidos alhures tinham sido tributados, para que, na instância administrativa, se fosse o caso, reconhecerse a compensação do imposto apurado no Brasil com o pago no estrangeiro. Ocorre que até a presente data a contribuinte não comprovou tal fato, o que demonstra a ausência de razoabilidade da tese defensiva. Finalizando, a recorrente não pleiteou como razão de defesa que os valores recebidos no exterior fossem tributados na firma individual MARIANA MUELLER WEICKERT ME, pois se esta fosse uma realidade jurídica plausível, certamente a recorrente teria aventado a possibilidade da tributação dos valores recebidos no estrangeiro na empresa individual. Isso simplesmente é mais um indício a demonstrar que a empresa individual citada foi uma cortina de fumaça, utilizada unicamente para permitir um pagamento extremamente minorado de tributos no país, ao abrigo indevido do Simples Federal, como já se viu. Passase à defesa do item VIII (qualificação da multa de ofício). Como se viu no relato deste voto, a autoridade autuante especificou detalhadamente a conduta que considerou qualificada, entendendo haver demonstrado a conduta de sonegar, razão suficiente para exasperar a multa de ofício. Obviamente que eventual equívoco na fundamentação legal da multa qualificada, mormente quando essa tinha sede primitiva no próprio art. 44, II, da Lei nº 9.430/96, não pode ser causa de nulidade do lançamento, pois o contribuinte devese defender do fato a ele imputado e não de eventual equívoco no registro da base legal da qualificação no auto de infração (fl. 316). E o fato qualificado, na visão da autoridade autuante, está bem delineado e descrito, não havendo qualquer nulidade a ser aqui declarada. Na preliminar, sem razão a recorrente. A conduta que levou a autoridade fiscal a qualificar a multa de ofício vinculada ao imposto incidente sobre os rendimentos auferidos no exterior foi a que abaixo se descreve (fl. 333): 63. Devemos verificar se os fatos anteriormente narrados, que detalham a conduta da contribuinte fiscalizada, se encaixam em uma das definições de evidente intuito de fraude, estampadas nos arts. 71,72 e 73, acima transcritos. A conduta a ser analisada no presente caso é: manter contacorrente bancária em país estrangeiro, sob titularidade de outrem, destinada a receber rendimentos decorrentes de prestação de serviços no exterior, omitindo do fisco tanto a existência da contacorrente como os recursos ali creditados. 64. Numa análise objetiva dos fatos aqui apurados frente aos dispositivos legais em comento, não há como não deixar de enquadrar a manutenção da conta bancária no estrangeiro, sob Fl. 22DF CARF MF Emitido em 04/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/09/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO, Assinado digitalmente em 09/09/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO Processo nº 13971.003140/200789 Acórdão n.º 210201.490 S2C1T2 Fl. 12 23 titularidade de outrem, destinada a receber rendimentos decorrentes de prestação de serviços no exterior, omitindo do fisco tanto a existência da contacorrente como os recursos ali creditados na definição de sonegação contida no art. 71 da Lei 4.502/64, já transcrito. (...) Não me parece que a conta em nome da mãe da recorrente tenha sido um veículo para esconder as informações fiscais da Receita Federal. É de conhecimento geral que jovens brasileiras são contratadas como manequins no mundo inteiro, sendo que muitas vezes os pais (ou a mãe) acompanham a profissional, gerindo suas finanças, muitas vezes abrindo conta bancárias no exterior, que são repositórios dos recursos do trabalho da manequim. No caso vertente, quer parecer que sendo a conta aberta em nome da mãe da recorrente ou desta própria, os valores não seriam ofertados à tributação no Brasil, a partir de uma falsa percepção de que uma eventual tributação nos Estados Unidos seria suficiente. Quanto a não declaração da conta estrangeira às autoridades fiscais e cambiais brasileiras, aqui se poderia ter a ocorrência do crime de manter depósitos não declarados à repartição federal competente (art. 22, parágrafo único, última figura, da Lei nº 7.492/86), mas não me parece que seria o caso de qualificação da multa no âmbito tributário, a gerar um ilícito penal também na área tributária. Pessoalmente, já tive a oportunidade de confessar entendimento similar ao da autoridade autuante, quando da prolação do Acórdão nº 10617.054, sessão de 11/09/2008, em que, relator do feito, restei vencido pela douta maioria da então Sexta Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, que então desqualificou a multa de ofício, reduzindoa para o percentual de 75% sobre o imposto lançado, já que entendeu, a maioria, que a questão tratada no art. 22, parágrafo único, da Lei nº 7.492/86 era estranha à lide tributária, já que se tratava de um crime contra o sistema financeiro e não contra a ordem tributária. Desde então, melhor ponderando sobre essa controvérsia, passei a acompanhar o entendimento da maioria que se formou naquele julgado, como se viu no Acórdão 210200.432, sessão de 03 de dezembro de 2009, deste colegiado, pelas razões abaixo descritas. Inicialmente, não se pode negar que a exasperação da multa de ofício na área tributária indica a ocorrência de algum dos tipos previstos na Lei nº 8.137/90, que expressamente regula os crimes contra a ordem tributária. Ora, sempre que a autoridade fiscal perceber, em tese, a vulneração de tal subsistema jurídico, deve qualificar a multa de ofício. Na prática, passase a ter uma pena administrativa pecuniária majorada e, eventualmente, uma pena no juízo criminal. Na linha acima, soa estranho imaginar que uma vulneração da ordem financeira ou cambial, para a qual há sanções administrativas que serão aplicadas pelo Banco Central do Brasil e penas previstas na Lei nº 7.492/86 a serem aplicadas pelo juízo criminal, possa também implicar em sanções administrativas exasperadas no âmbito tributário. Ademais, mesmo no tipo do art. 22, parágrafo único, in fine, da Lei nº 7.492/86 (Incorre na mesma pena quem, a qualquer título, promove, sem autorização legal, a saída de moeda ou divisa para o exterior, ou nele mantiver depósitos não declarados à repartição federal competente), há fundada dúvida se a repartição competente a ser notificada para o caso do contribuinte ter depósitos no exterior é a Receita Federal, o Banco Central ou quiçá ambos. Em essência, no Fl. 23DF CARF MF Emitido em 04/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/09/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO, Assinado digitalmente em 09/09/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO 24 âmbito tributário, não há diferença entre um depósito de origem comprovada a partir de conta bancária mantida no Brasil ou no exterior, ambas a partir de contas não declaradas ao fisco, sendo certo que não se qualificada a multa sobre o imposto decorrente da omissão de rendimentos provenientes de conta bancária omitida existente no País, exceto se a conta for movimentada por interposta pessoa, aberta com documento fraudulento ou que se tenha perpetrado uma fraude adicional, hipóteses não comprovadas no caso da conta bancária mantida no estrangeiro e em debate nestes autos. Com as considerações acima, aqui se entende que ocorreu uma simples omissão de rendimentos auferidos no exterior, devendo essa conduta ser apenada com multa ordinária de ofício de 75% sobre o imposto lançado. Por fim, passase à defesa do item IX (a autuação vulnerou os princípios do art. 2º da Lei nº 9.784/1999, especificamente os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, pois não se demonstrou a riqueza auferida pela fiscalizada com os rendimentos omitidos). A tese acima é destituída de qualquer razoabilidade, pois a ação fiscal transcorreu dentro de um rito de absoluta normalidade, na qual, simplesmente, a autoridade fiscal discordou da forma de tributação utilizada pela recorrente Mariana Mueller Weickert para tributar seus ganhos no país e no exterior. Não houve qualquer vulneração aos princípios da administração previstos no art. 2º da Lei nº 9.784/99, mas, ao revés, vêse um procedimento fiscal bem conduzido, no qual a contribuinte foi seguidamente intimada a comprovar fatos e situações, que culminou na autuação ora em debate. Assim, no ponto, sem razão a recorrente. Ante o exposto, voto no sentido de REJEITAR as preliminares e, no mérito, DAR provimento parcial ao recurso para reconhecer o direito à compensação dos valores pagos na empresa individual Mariana Mueller WeickertME com o imposto lançado nestes autos e para reduzir a multa de ofício do percentual de 150% para 75%. Assinado digitalmente Giovanni Christian Nunes Campos Fl. 24DF CARF MF Emitido em 04/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/09/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO, Assinado digitalmente em 09/09/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO Processo nº 13971.003140/200789 Acórdão n.º 210201.490 S2C1T2 Fl. 13 25 Fl. 25DF CARF MF Emitido em 04/10/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 09/09/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO, Assinado digitalmente em 09/09/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO
score : 1.0
Numero do processo: 15983.001349/2008-85
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Jan 20 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Fri Jan 20 00:00:00 UTC 2012
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF
Exercício: 2005, 2006, 2007
CONCOMITÂNCIA DAS INSTÂNCIAS JUDICIAL E ADMINISTRATIVA RECONHECIDA NA DECISÃO RECORRIDA. INSURGÊNCIA RECURSAL. DISCUSSÃO SOBRE A ISENÇÃO DO ART. 9º, § ÚNICO, DA LEI Nº 10.559/2002 NAS VIAS ADMINISTRATIVA E JUDICIAL. MESMO OBJETO NAS DUAS
INSTÂNCIAS. HIGIDEZ DA DECISÃO RECORRIDA.
O objeto do mandado de segurança acostado aos autos versa iniludivelmente sobre a tributação de rendimentos recebidos por anistiados políticos, aposentados ou pensionistas, os quais objetivam constranger a fonte pagadora, no caso o INSS, a não fazer a retenção do imposto de renda sobre tais rendimentos, ao argumento de que eles estão albergados pela regra isentiva do art. 9º, parágrafo único, da Lei nº 10.559/2002 (Os valores pagos
a título de indenização a anistiados políticos são isentos do Imposto de Renda). Em um cenário dessa natureza, não se tem como negar que o objeto discutido na via judicial é idêntico ao em debate nesta via administrativa, sendo límpido que a autoridade fiscal concretizou a autuação, não lançou a multa de ofício, na forma do art. 63 da Lei nº 9.430/96, exatamente porque
havia uma medida judicial suspensiva da exigibilidade do crédito tributário, deferida no writ nº 2002.34.000134347DF,
que afastava da tributação os rendimentos recebidos por aposentados e pensionistas, a título de anistiados
políticos. O fato do mandamus ter sido interposto antes da lavratura do presente auto de infração não desnatura a concomitância da controvérsia discutida na via administrativa e judicial, pois a decisão que vier a transitar em julgado na via judicial necessariamente espraiará seus efeitos para este
processo administrativo fiscal, levando a manutenção ou cancelamento da exação ora lançada, ou seja, somente cabe à Administração Fiscal se submeter ao decidido no processo judicial. Não pode a Administração Fiscal, por seu contencioso administrativo, imiscuir-se em matéria que deverá ser decidida pelo Poder Judiciário, pois cabe a este tutelar a Administração, e não o inverso.
Numero da decisão: 2102-001.771
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR
provimento ao recurso, determinando a autoridade executora deste acórdão que acompanhe a sorte do mandado de segurança nº 2002.34.00013434-7-DF, aplicando neste lançamento o que vier lá a ser decidido.
Matéria: IRPF- ação fiscal - omis. de rendimentos - PF/PJ e Exterior
Nome do relator: GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS
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INSURGÊNCIA RECURSAL. DISCUSSÃO SOBRE A ISENÇÃO DO ART. 9º, § ÚNICO, DA LEI Nº 10.559/2002 NAS VIAS ADMINISTRATIVA E JUDICIAL. MESMO OBJETO NAS DUAS INSTÂNCIAS. HIGIDEZ DA DECISÃO RECORRIDA. O objeto do mandado de segurança acostado aos autos versa iniludivelmente sobre a tributação de rendimentos recebidos por anistiados políticos, aposentados ou pensionistas, os quais objetivam constranger a fonte pagadora, no caso o INSS, a não fazer a retenção do imposto de renda sobre tais rendimentos, ao argumento de que eles estão albergados pela regra isentiva do art. 9º, parágrafo único, da Lei nº 10.559/2002 (Os valores pagos a título de indenização a anistiados políticos são isentos do Imposto de Renda). Em um cenário dessa natureza, não se tem como negar que o objeto discutido na via judicial é idêntico ao em debate nesta via administrativa, sendo límpido que a autoridade fiscal concretizou a autuação, não lançou a multa de ofício, na forma do art. 63 da Lei nº 9.430/96, exatamente porque havia uma medida judicial suspensiva da exigibilidade do crédito tributário, deferida no writ nº 2002.34.000134347DF, que afastava da tributação os rendimentos recebidos por aposentados e pensionistas, a título de anistiados políticos. O fato do mandamus ter sido interposto antes da lavratura do presente auto de infração não desnatura a concomitância da controvérsia discutida na via administrativa e judicial, pois a decisão que vier a transitar em julgado na via judicial necessariamente espraiará seus efeitos para este processo administrativo fiscal, levando a manutenção ou cancelamento da exação ora lançada, ou seja, somente cabe à Administração Fiscal se submeter ao decidido no processo judicial. Não pode a Administração Fiscal, por seu contencioso administrativo, imiscuirse em matéria que deverá ser Fl. 97DF CARF MF Impresso em 17/04/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS, Assinado digitalmente em 06/02/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS 2 decidida pelo Poder Judiciário, pois cabe a este tutelar a Administração, e não o inverso. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR provimento ao recurso, determinando a autoridade executora deste acórdão que acompanhe a sorte do mandado de segurança nº 2002.34.000134347DF, aplicando neste lançamento o que vier lá a ser decidido. Assinado digitalmente GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS Relator e Presidente. EDITADO EM: 06/02/2012 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Atilio Pitarelli, Carlos André Rodrigues Pereira Lima, Giovanni Christian Nunes Campos, Núbia Matos Moura e Rubens Maurício Carvalho. Ausente justificadamente a Conselheira Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti. Relatório Em face do contribuinte ELENI CARDOSO LOPES, CPF/MF nº 307.881.82846, já qualificado neste processo, foi lavrado, em 13/11/2008, auto de infração (fls. 02 a 09), com ciência pessoal em 27/11/2008. Abaixo, discriminase o crédito tributário constituído pelo auto de infração, que sofre a incidência de juros de mora a partir do mês seguinte ao do vencimento do crédito: IMPOSTO R$ 66.684,93 À contribuinte foi imputada uma reclassificação de rendimentos declarados na DIRPF, nos anoscalendário 2004 a 2006, sem imputação de multa de ofício, pois o crédito tributário lançado estava com exigibilidade suspensa, nos termos abaixo (fl. 4): O sujeito passivo classificou 1 indevidamente na Declaração de Ajuste os rendimentos recebidos de pessoa jurídica, decorrentes de Pensão por Morte de Anistiado Político, como rendimento isento, conforme descrito no Termo de Constatação Fiscal, que é parte integrante do Auto de Infração, nos anos calendário de 2004, 2005 e 2006. 0 CRÉDITO TRIBUTÁRIO DECORRENTE DESTE AUTO DE INFRAÇÃO ENCONTRASE COM EXIGIBILIDADE SUSPENSA. Fl. 98DF CARF MF Impresso em 17/04/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS, Assinado digitalmente em 06/02/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS Processo nº 15983.001349/200885 Acórdão n.º 210201.771 S2C1T2 Fl. 2 3 Como se vê do Termo de encerramento da ação fiscal, “A presente ação fiscal teve origem através do processo fiscal n° 10166.003.898/200390 que trata do Mandado de Segurança n ° 2002.34.000134347 da 8ª Vara Federal de Brasília, determinando a isenção do Imposto de Renda Pessoa Física sobre os proventos de anistiados, abrangendo o período de 01/01/2004 a 31/12/2006” (fl. 10). Inconformado com a autuação, o contribuinte apresentou impugnação ao lançamento, dirigida à Delegacia da Receita Federal de Julgamento, com os seguintes fundamentos (fls. 81 e 82 – transcrição do relatório do Acórdão recorrido): 1 o auto de infração, objeto desta impugnação está eivado de nulidade pela inocorrência do fato gerador do tributo; 2 os dispositivos legais que deram suporte a constituição do crédito tributário na lavratura do auto de infração não se aplicam no caso; 3 o impugnante recebeu no período considerado rendimentos que não devem ser computados como rendimentos tributáveis, tendo em vista, o regime jurídico que ampara os anistiados políticos; 4 os rendimentos foram recebidos na qualidade de anistiado político, conforme resolveu o Ministério do Trabalho, considerando o art 9°, da Lei 6.683, de 1979, regulamentada pelo Decreto 84.143, de 31 de outubro de 1979; 5 a aposentadoria excepcional de anistiado, por suas características, se constitui em indenização vitalícia conferida pelo Poder Público, para reparação dos prejuízos ocasionados aos cidadãos punidos por suas convicções políticas; 6 de forma a dirimir qualquer dúvida sobre o caráter indenizatório do preceito contido no art. 8°, do ADCT, o Executivo baixou a MP 2.1513, de 24 de agosto de 2001, em que estabelece a reparação econômica de caráter indenizatório; 7 qualquer tributação nas atuais verbas indenizatórias é ilegítima e inconstitucional, caracterizando verdadeiro confisco em favor da Receita Federal do Brasil Federal do Brasil, visto que a aludida indenização é feita a título de reparação; 8 a indenização nestas condições não se erige em renda, nem aumento de patrimônio, pois corresponde a verdadeiro ressarcimento pelos prejuízos sofridos pelos anistiados, 9 a questão de isenção dos valores recebidos a título de aposentadoria de anistiado político restou esclarecido com a edição da Lei 10.559/2002. A 3ª Turma da DRJ/SPOII, por unanimidade de votos, não conheceu da impugnação, em decisão consubstanciada no Acórdão n° 1730.262, de 04 de março de 2009 (fls. 80 e seguintes), em decisão assim ementada: PROCESSOS ADMINISTRATIVO E JUDICIAL. CONCOMITÂNCIA. Fl. 99DF CARF MF Impresso em 17/04/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS, Assinado digitalmente em 06/02/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS 4 A propositura pela contribuinte , contra a Fazenda, de ação judicial, antes ou posteriormente à autuação, como mesmo objeto, importa renúncia às instâncias administrativas. O contribuinte foi intimado da decisão a quo em 23/03/2009 (fl. 86). Irresignado, interpôs recurso voluntário em 22/04/2009 (fl. 87). No voluntário, o recorrente alega, em síntese, que os rendimentos em debate foram auferidos em decorrência de anistia política, estando isentos do imposto de renda, na forma do art. 9º, parágrafo único, da Lei nº 10.559/2002. Ademais, não houve desistência desta discussão administrativa, nos termos que seguem (fls. 80 e 81 – transcrição do recurso voluntário), verbis: 10. Ora, como se observa, não houve renúncia à esfera administrativa, visto que a medida judicial foi ajuizada antes da autuação que originou o processo administrativo. Ademais, não houve opção pela via judicial em detrimento da via administrativa, primeiro porque o MS foi impetrado contra o INSS e o Gerente Executivo da Autarquia, autoridade responsável pela retenção do indigitado tributo, por segundo não está se discutindo na medida judicial se o rendimento é tributável, isto porque essa questão está superada consoante a Lei 10.559/02 e o Decreto n° 4897/03. No caso o recorrente impugnou o Auto de Infração porque o i. AFRFB não observou a legislação pertinente, usando expedientes para criar receita fictícia alegando que o recorrente omitiu os rendimentos de aposentadorias ou pensão excepcional efetuado pelo INSS a anistiado político. Que RENDIMENTO? Se a Lei isenta o pagamento da aposentadoria e pensão excepcional aos já anistiados políticos, que vem sendo efetuado pelo INSS anistiados político. É o relatório. Voto Conselheiro Giovanni Christian Nunes Campos, Relator Declarase a tempestividade do apelo, já que o contribuinte foi intimado da decisão recorrida em 23/03/2009 (fl. 86), segundafeira, e interpôs o recurso voluntário em 22/04/2009 (fl. 87), dentro do trintídio legal, este que teve seu termo final em 22/04/2009, quartafeira. Dessa forma, atendidos os demais requisitos legais, passase a apreciar o apelo, como discriminado no relatório. Apreciando recurso interposto pelo contribuinte HELIO RUBENS PAVESI, primeiro impetrante do mandado de segurança nº 2002.34.0.0.0134347/DF, em matéria em tudo idêntica a discutida nestes autos, esta Turma de Julgamento prolatou o Acórdão nº 2102 01.285, sessão de 12 de maio de 2011, deduzindo lá razões (abaixo, em itálico) que aqui tomo como fundamento para decidir, verbis: De plano, as decisões do writ nº 2002.34.0.0.0134347/DF, impetrado em desfavor do Secretário da Receita Federal, ainda sem registro de trânsito em julgado, como se vê no acompanhamento processual do site do Egrégio Tribunal Regional Federal da 1ª Região, tendo atualmente lá sido julgadas as apelações e a remessa necessária Fl. 100DF CARF MF Impresso em 17/04/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS, Assinado digitalmente em 06/02/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS Processo nº 15983.001349/200885 Acórdão n.º 210201.771 S2C1T2 Fl. 3 5 (APELAÇÃO/REEXAME NECESSÁRIO N 001340725.2002.4.01.3400– disponível em http://www.trf1.jus.br/Processos/ProcessosTRF/ctrf1proc/ctrf1proc.php?UF=&proc=0013407 2520024013400. Acesso em 25 de abril de 2011), com julgado assim ementado: TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. PRESCRIÇÃO. PROVENTOS DECORRENTES DE APOSENTADORIA EXCEPCIONAL RECEBIDA POR ANISTIADO POLÍTICO. NÃO INCIDÊNCIA. 1. Aplicase a teoria da encampação, uma vez que a autoridade impetrada ao prestar informações, além de suscitar a questão da ilegitimidade, defendeu o mérito do ato impugnado, atraindo para si a legitimidade passiva ad causam. 2. Na repetição de indébito de tributos sujeitos a lançamento por homologação, aplicável a tese dos cinco mais cinco, como consagrada no STJ. A Corte Especial deste Tribunal declarou inconstitucional a segunda parte do art. 4º da LC 118/2005 (ArgInc 2006.35.02.0015150/GO). 3. É indevida a incidência do imposto de renda sobre proventos decorrentes de aposentadoria excepcional recebida pelos anistiados políticos, dado o caráter indenizatório da verba, seja o seu pagamento efetuado sob a forma de prestação única ou sob a modalidade de prestação mensal continuada. 4. A não incidência do imposto de renda sobre proventos de aposentadoria de anistiados políticos não viola o princípio da isonomia, uma vez que não se trata de situações jurídicas idênticas, mas claramente distintas, na medida em que não se pode igualar a condição do anistiado político e à do trabalhador aposentado por tempo de serviço, que não se submeteu a constrangimento. 5. O Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento segundo o qual a não incidência do imposto de renda em relação aos proventos de aposentadoria excepcional aos anistiados políticos aplicase, igualmente, aos casos de anistia anteriores à edição da Lei 10.599/2002 e do Decreto 4.897/2003. 6. Remessa oficial e apelação da União a que se nega provimento. (grifouse) O objeto do madamus acima versa iniludivelmente sobre a tributação de rendimentos recebidos por anistiados políticos, aposentados ou pensionistas, buscando afastá lo da tributação do imposto de renda da pessoa física, ao argumento de que eles estão albergados pela regra isentiva do art. 9º, parágrafo único, da Lei nº 10.559/2002 (Os valores pagos a título de indenização a anistiados políticos são isentos do Imposto de Renda). Em um cenário dessa natureza, não se tem como negar que o objeto discutido na via judicial é idêntico ao em debate nesta via administrativa, sendo límpido que a autoridade fiscal concretizou a autuação, não lançou a multa de ofício, na forma do art. 63 da Fl. 101DF CARF MF Impresso em 17/04/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS, Assinado digitalmente em 06/02/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS 6 Lei nº 9.430/96, exatamente porque havia uma medida judicial suspensiva da exigibilidade do crédito tributário, deferida no writ nº 2002.34.000134347DF, que afastava da tributação os rendimentos recebidos por aposentados e pensionistas, a título de anistiados políticos. O fato do mandamus ter sido interposto antes da lavratura do presente auto de infração não desnatura a concomitância da controvérsia discutida na via administrativa e judicial, pois a decisão que vier a transitar em julgado na via judicial necessariamente espraiará seus efeitos para este processo administrativo fiscal, levando a manutenção ou cancelamento da exação ora lançada, ou seja, somente cabe à Administração Fiscal se submeter ao decidido no processo judicial. Não pode a Administração Fiscal, por seu contencioso administrativo, imiscuirse em matéria que deverá ser decidida pelo Poder Judiciário, pois cabe a este tutelar a Administração, e não o inverso. Dessa forma, acertada a decisão recorrida que reconheceu a concomitância das instâncias judicial e administrativa, no caso vertente. Antes o exposto, voto no sentido de NEGAR provimento ao recurso, determinando a autoridade executora deste acórdão acompanhe a sorte do mandado de segurança nº 2002.34.000134347DF, aplicando neste lançamento o que vier lá a ser decidido. Ante o exposto, voto no sentido de NEGAR provimento ao recurso, determinando a autoridade executora deste acórdão que acompanhe a sorte do mandado de segurança nº 2002.34.000134347DF, aplicando neste lançamento o que vier lá a ser decidido. Assinado digitalmente Giovanni Christian Nunes Campos Fl. 102DF CARF MF Impresso em 17/04/2012 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/02/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS, Assinado digitalmente em 06/02/2012 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS
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Numero do processo: 14120.000345/2008-77
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu May 12 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Thu May 12 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF
Exercício: 2006
MULTA ISOLADA DE OFÍCIO. AUSÊNCIA DO PAGAMENTO DO CARNÊ-LEÃO.
INCIDÊNCIA CONCOMITANTE COM A MULTA DE OFÍCIO VINCULADA AO IMPOSTO LANÇADO NO AJUSTE ANUAL.
IMPOSSIBILIDADE. Mansamente assentada na jurisprudência dos
Conselhos de Contribuintes e da Câmara Superior de Recursos Fiscais que a multa isolada do carnê-leão não pode ser cobrada concomitantemente com a multa de ofício que incidiu sobre o imposto lançado no ajuste anual, este em decorrência da colação no ajuste anual do rendimento que deveria ter sido submetido ao recolhimento mensal obrigatório, pois ambas têm a mesma base
de cálculo.
Recurso provido.
Numero da decisão: 2102-001.297
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, DAR provimento ao recurso para cancelar a multa isolada do carnê-leão,
nos termos do voto do relator. Vencida a Conselheira Núbia Matos Moura que negava provimento.
Matéria: IRPF- ação fiscal - omis. de rendimentos - PF/PJ e Exterior
Nome do relator: GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS
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AUSÊNCIA DO PAGAMENTO DO CARNÊLEÃO. INCIDÊNCIA CONCOMITANTE COM A MULTA DE OFÍCIO VINCULADA AO IMPOSTO LANÇADO NO AJUSTE ANUAL. IMPOSSIBILIDADE. Mansamente assentada na jurisprudência dos Conselhos de Contribuintes e da Câmara Superior de Recursos Fiscais que a multa isolada do carnêleão não pode ser cobrada concomitantemente com a multa de ofício que incidiu sobre o imposto lançado no ajuste anual, este em decorrência da colação no ajuste anual do rendimento que deveria ter sido submetido ao recolhimento mensal obrigatório, pois ambas têm a mesma base de cálculo. Recurso provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, DAR provimento ao recurso para cancelar a multa isolada do carnêleão, nos termos do voto do relator. Vencida a Conselheira Núbia Matos Moura que negava provimento. Assinado digitalmente GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS Relator e Presidente. EDITADO EM: 25/05/2011 Fl. 1DF CARF MF Emitido em 03/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 25/05/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO Assinado digitalmente em 25/05/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Núbia Matos Moura, Atílio Pitarelli, Rubens Maurício Carvalho, Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti, Acácia Sayuri Wakasugi e Giovanni Christian Nunes Campos. Relatório Em face da contribuinte Myrian Glória Lima de Cevallos, CPF/MF nº 425.703.52004, já qualificada neste processo, foi lavrado, em 05/09/2008, auto de infração (fls. 02 a 08), com ciência postal em 11/09/2008 (fl. 127). Abaixo, discriminase o crédito tributário constituído pelo auto de infração, que sofre a incidência de juros de mora a partir do mês seguinte ao do vencimento do crédito: IMPOSTO R$ 22.622,28 MULTA DE OFÍCIO R$ 33.933,42 MULTA DE OFÍCIO EXIGIDA ISOLADAMENTE R$ 12.209,23 À contribuinte foram imputadas duas infrações, no anocalendário 2005, a saber: 1. glosa de despesa com livro caixa, no montante de R$ 102.569,02, conduta essa apenada com multa de ofício vinculada ao imposto lançado, no percentual qualificado de 150%; 2. falta do recolhimento do IRPF devido a título de carnêleão, conduta essa apenada com multa de ofício de 50%. Inconformada com a autuação, a contribuinte apresentou impugnação ao lançamento, dirigida à Delegacia da Receita Federal de Julgamento, deduzindo os seguintes argumentos (fl. 158 – transcrição do relatório da decisão recorrida): Intimada em 11/09/2008 (AR, fls. 127), a contribuinte apresentou impugnação parcial em 13/10/2008 (fls. 138141), alegando, em síntese, apenas quanto à multa isolada, que após o término do período base e sendo constatada a ausência de recolhimento de tributo, a única multa cabível é aquela descrita no inciso I do art. 44 da Lei n° 9.430/1996, que prevê a aplicação da penalidade, juntamente com o tributo ou a contribuição que não houver sido anteriormente recolhida, pois a multa haverá de ser efetivamente isolada quando colhida a infração antes do término do períodobase, conforme entendimento pacificado nos Conselhos de Contribuintes. Portanto improcede a imposição da multa isolada cumulada com a multa de oficio, sendo improcedente a ação fiscal a esse respeito. A 2ª Turma da DRJ/CGE, por unanimidade de votos, julgou procedente o lançamento, em decisão consubstanciada no Acórdão n° 0416.181, de 5 de dezembro de 2008 (fls. 157 a 159), que restou assim ementado: MULTA ISOLADA (CARNÊLEÃO). Fl. 2DF CARF MF Emitido em 03/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 25/05/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO Assinado digitalmente em 25/05/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO Processo nº 14120.000345/200877 Acórdão n.º 210201.297 S2C1T2 Fl. 2 3 É devida multa isolada por falta de recolhimento mensal do imposto de renda pessoa física (carnêleão), que não se confunde com a multa de oficio que incide em razão da falta de recolhimento do imposto suplementar. A contribuinte foi intimada da decisão a quo em 29/01/2009 (fl. 168). Irresignada, interpôs recurso voluntário em 02/03/2009 (fl. 171). No voluntário, a recorrente repisa a argumentação da impugnação. É o relatório. Voto Conselheiro Giovanni Christian Nunes Campos, Relator Declarase a tempestividade do apelo, já que a contribuinte foi intimada da decisão recorrida em 29/01/2009 (fl. 168), quintafeira, e interpôs o recurso voluntário em 02/03/2009 (fl. 171), dentro do trintídio legal, este que teve seu termo final em 02/03/2009, segundafeira. Dessa forma, atendidos os demais requisitos legais, passase a apreciar o apelo, como discriminado no relatório. A lide versa apenas sobre a possibilidade da existência concomitante da multa isolada pela falta de recolhimento do IRPF a título de carnêleão e a multa vinculada ao imposto apurado no ajuste anual, quando os rendimentos recebidos de pessoa física dão azo ao lançamento das multas isolada (dentro do anocalendário) e vinculada. Entendo que assiste razão à contribuinte. No caso em que os rendimentos sujeitos ao carnêleão são colacionados pela autoridade fiscal no ajuste anual, a jurisprudência administrativa assentouse no sentido da impossibilidade da imputação de uma dupla penalidade pecuniária ao autuado pela omissão dos rendimentos recebidos de pessoa física (ou de fonte do exterior), uma vinculada ao imposto devido (a multa de ofício vinculada ao imposto devido no ajuste anual, no percentual de 75% do imposto) e outra pelo não recolhimento do carnêleão (multa de ofício isolada, tendo como base de cálculo o imposto não antecipado mensalmente – carnêleão), ao fundamento de que a omissão dos rendimentos recebidos de pessoa física (ou de fonte do exterior) seria a base de cálculo para a apuração do imposto anual e daquele que deveria ter sido antecipado dentro do anocalendário, com as multas no percentual de 75% incidentes sobre cada um dos impostos apurados – o que deveria ter sido antecipado e o do ajuste anual (ou mesmo no percentual de 50%, no caso da multa isolada do carnêleão, como no caso vertente). Em essência, uma mesma conduta (omissão de rendimentos percebidos de pessoa física ou de fonte do exterior), levaria a uma dupla penalidade, o que não seria admitido em nosso ordenamento jurídico. Para tanto, vejamse as seguintes ementas: Fl. 3DF CARF MF Emitido em 03/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 25/05/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO Assinado digitalmente em 25/05/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO 4 Acórdão nº CSRF/0104.987, sessão de 15 de junho de 2004, relatora a conselheira Leila Maria Scherrer Leitão MULTA ISOLADA E MULTA DE OFÍCIO – CONCOMITÂNCIA –MESMA BASE DE CÁLCULO – A aplicação concomitante da multa isolada (inciso III, do § 1º, do art. 44, da Lei nº 9.430, de 1996) e da multa de ofício (incisos I e II, do art. 44, da Lei n 9.430, de 1996) não é legítima quando incide sobre uma mesma base de cálculo. Acórdão nº 10248.216, sessão de 26 de janeiro de 2007, relator o conselheiro Antonio José Praga de Sousa PRESTAÇÃO DE SERVIÇO POR NACIONAIS JUNTO AO PNUD TRIBUTAÇÃO – São tributáveis os rendimentos decorrentes da prestação de serviço junto ao Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento –PNUD, quando recebidos por nacionais contratados no País, por faltarlhes a condição de funcionário de organismos internacionais, este detentor de privilégios e imunidades em matéria civil, penal e tributária. (Acórdão CSRF 0400.024 de 21/04/2005). MULTA ISOLADA E MULTA DE OFÍCIO CONCOMITÂNCIA MESMA BASE DE CÁLULO A aplicação concomitante da multa isolada e da multa de oficio não é legítima quando incide sobre uma mesma base de cálculo (Acórdão CSRF nº 0104.987 de 15/06/2004). Acórdão nº 10422.058, sessão de 06 de dezembro de 2006, relator o conselheiro Nelson Mallmann RENDIMENTOS RECEBIDOS DE ORGANISMOS INTERNACIONAIS UNESCO/ONU A isenção de imposto de renda sobre rendimentos pagos pelos organismos internacionais é privilégio exclusivo dos funcionários que satisfaçam as condições previstas na Convenção sobre Privilégio e Imunidades das Nações Unidas, recepcionada no direito pátrio pelo Decreto nº. 22.784, de 1950 e pela Convenção sobre Privilégios e Imunidades das Agências Especializadas da Organização das Nações Unidas, aprovada pela Assembléia Geral do Organismo em 21 de novembro de 1947, ratificada pelo Governo Brasileiro por via do Decreto Legislativo nº. 10, de 1959, promulgada pelo Decreto nº. 52.288, de 1963. Não estão albergados pela isenção os rendimentos recebidos pelos técnicos a serviço da Organização, residentes no Brasil, sejam eles contratados por hora, por tarefa ou mesmo com vínculo contratual permanente. LEGITIMIDADE PASSIVA Os Organismos Internacionais que possuem imunidade de jurisdição não se submetem à legislação interna brasileira, portanto deles não se pode exigir a retenção e o recolhimento do imposto de renda sobre valores pagos às pessoas físicas. Estas têm seus rendimentos sujeitos à tributação mensal, na forma de carnêleão. MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO E MULTA ISOLADA CONCOMITÂNCIA É incabível, por expressa disposição legal, a aplicação concomitante de multa de lançamento de ofício exigida com o tributo ou contribuição, com multa de lançamento Fl. 4DF CARF MF Emitido em 03/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 25/05/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO Assinado digitalmente em 25/05/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO Processo nº 14120.000345/200877 Acórdão n.º 210201.297 S2C1T2 Fl. 3 5 de ofício exigida isoladamente. (Artigo 44, inciso I, § 1º, itens II e III, da Lei nº. 9.430, de 1996). Acórdão nº 10616.124, sessão de 28 de fevereiro de 2007, relator o conselheiro José Ribamar Barros Penha IMPOSTO DE RENDA PESSOA FÍSICA. REMUNERAÇÃO AUFERIDA POR NACIONAIS JUNTO AO PNUD. TRIBUTAÇÃO – Estão sujeitos a tributação do Imposto de Renda os rendimentos auferidos junto ao Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD em contraprestação de serviço contratados em território nacional, uma vez não preenchida a condição de funcionário do organismo internacional. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. MULTA ISOLADA CONCOMITANTE – É de ser afastada a aplicação de multa isolada concomitantemente com multa de ofício tendo ambas a mesma base de cálculo. No ponto, é de se afastar a multa isolada de 50% que incidiu sobre o recolhimento mensal obrigatório (carnêleão) não pago, com provimento do recurso voluntário. Ante o exposto, voto no sentido de DAR provimento ao recurso. Assinado digitalmente Giovanni Christian Nunes Campos Fl. 5DF CARF MF Emitido em 03/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 25/05/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO Assinado digitalmente em 25/05/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPO
score : 1.0
Numero do processo: 19515.001907/2003-75
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 19 00:00:00 UTC 2010
Data da publicação: Tue Oct 19 00:00:00 UTC 2010
Ementa: Imposto sabre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 1999
Ementa: OMISSA.- 0 DE RENDIMENTOS CARACTERIZADA POR DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA.
CONTAS BANCARIAS COM CO-TITULARES. AUSÊNCIA DA INTIMAÇÃO DE TODOS OS CO-TITULARES PARA COMPROVAREM A ORIGEM DOS DEPÓSITOS BANCÁRIOS. NÃO APERFEIÇOAMENTO DA PRESUNÇÃO DA OMISSÃO DE
RENDIMENTOS DO ART. 42 DA LEI N° 9.430/96. NULIDADE.
A partir da interpretação da cabeça do art. 42 da Lei n° 9.430/96, a jurisprudência do CARF entendeu que é imperiosa a intimação de todos os co-titulares das contas de depósitos, para aperfeiçoamento da presunção da omissão de rendimentos do art. 42 da Lei n° 9.430/96. Assim não procedendo a autoridade fiscal, o lançamento deve ser declarado nulo. Este entendimento foi cristalizado na Súmula CARF n° 29, assim vazada: 'Todos os co -titulares da conta bancária devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase que precede à lavratura do auto de infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, sob pena de nulidade do lançamento".
Recurso provido.
Numero da decisão: 2102-000.923
Decisão: ACORDAM os Membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em DAR
provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator.
Matéria: IRPF- ação fiscal - omis. de rendimentos - PF/PJ e Exterior
Nome do relator: GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS
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ES C OS - Relator e Presidente S2-C1T2 Fl I MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo n° 19515.001907/2003-75 Recurso 174_449 Voluntário Acórdão n° 2102-00.923 — In Cfimara / 2 Turma Ordinária Sessão de 19 de outubro de 2010 Matéria IRPF - DEPÓSITOS BANCÁRIOS Recorrente JOÃO FRANCISCO MOYSES PACHECO ALVES Recorrida FAZENDA NACIONAL Assunto: Imposto sabre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 1999 Ementa: OMISSA.- 0 DE RENDIMENTOS CARACTERIZADA POR DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. CONTAS BANCARIAS COM CO-TITULARES. AUSÊNCIA DA INTIMAÇÃO DE TODOS OS CO-TITULARES PARA COMPROVAREM A ORIGEM DOS DEPÓSITOS BANCÁRIOS. NÃO APERFEIÇOAMENTO DA PRESUNÇÃO DA OMISSÃO DE RENDIMENTOS DO ART. 42 DA LEI N° 9.430/96. NULIDADE. A partir da interpretação da cabeça do art. 42 da Lei n° 9.4.30/96, a jurisprudéncia do CARP entendeu que é imperiosa a intimação de todos os co-titulares das contas de depósitos, para aperfeiçoamento da presunção da omissão de rendimentos do art. 42 da Lei n° 9.430/96. Assim não procedendo a autoridade fiscal, o lançamento deve ser declarado nulo. Este entendimento foi cristalizado na Súmula CARF n° 29, assim vazada: 'Todos os co -titulares da conta bancária devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase que precede à law-atura do auto de infração coin base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, sob pena de nulidade do lançamento". Recurso provido. Vistos, relatados e resentes autos. EDITADO EM: 30/11/2010 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Nábia Matos Moura, Vanessa Pereira Rodrigues Domene, Rubens Mauricio Carvalho, Carlos André Rodrigues Pereira de Lima, Acácia Sayuri Wakasugi e Giovanni Christian Nunes Campos. Relatório Em face do contribuinte João Francisco Moyses Pacheco Alves, CPF/MF no° 034.571.418-00, já qualificado neste processo, foi lavrado, em 12/05/2003, auto de infração, imputando-lhe uma omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada, no ano-calendário 1998, no montante de R$ 546.483,20, conduta essa apenada com multa de oficio de 75%, com crédito tributário constituído no montante abaixo: IMPOSTO R$ 148.514,95 MULTA DE OFÍCIO R$ 111.386,21 0 Term de Inicio da Ação Fiscal foi recebido pelo fiscalizado em 27/06/2002 (fl. 11), e a ação fiscal foi concluída em 12/05/2003 (fl. 120). Abaixo, segue uma transcrição da infração imputada ao contribuinte, extraída do termo de encerramento da ação fiscal, verbis: No exercício regular das funções de Auditor Fiscal da Receita Federal, e com fundamento no que dispõem os artigos 7° da Lei 5171/66, 123 do DL 5844/43 e 2° do DL 1718/79, regulamentados pelos artigos 904, 911, 927 e 928, do Regulamento de Imposto de Renda, aprovado pelo Decreto n 3 000, de 26 de março de 1999, procedemos à fiscalização do contribuinte acima identi ficado, relativamente ao Imposto de Renda de Pessoa Física do Exercido de 1999, ano calendário de 1998, com base na Operação 3714 - Movimentação Financeira Incompatível X Rendimentos Declarados, conforme previsto no MPF-F 0819000 2002 02932 3 0 presente procedimento foi instaurado tendo por base as informações relativas à movimentação financeira do contribuinte, sujeita a incidência da CPMF, prestadas à Secretaria da Receita Federal, pelas instituições financeiras, de acordo com o Art. 11, § 2°, da Lei 9.311, de 24.1096 Estas informações foram confiontadas com os dados constantes da Declaração de Rendimentos do contribuinte, relativamente ao ano-calendário de 1998 No presente caso, o contribuinte apresentou Declaração IRPF/1.999, informando Rendimentos Tributáveis no valor de RS 13.315,34 para o referido ano- calendário, porém as instituições financeiras Banco Nossa Caixa S/A, Rail S/A e Bradesco S/A. informaram que os valores das movimentações bancárias para o ano de 1998, foram de R$ 38 887,70, R$ 791 234,96 e R$ 100 296,54, respectivamente, totalizando o valor de RS 930.419,20, este incompatível com o rendimento declarado pelo contribuinte 0 contribuinte foi intimado em 24/0612002, através do Ter mo de Inicio de Fiscalizaciio, a apresentar os extratos bancários relativos As contas bancárias que deram origem Li movimentação financeira e ,também, purr comprovar a origem dos recursos depositados nestas contas Referido Termo de Inicio de liscalizacão foi recebido no dia 27/06/2002, conforme aviso de recebimento O contribuinte não atendeu as intimações do Termo de Inicio, portanto ern 02/08/2002, através de RMF (Requisição de Informações sobre Movimentação Financeira) solicitamos o fornecimento de dados e os extratos bancários referentes ao contribuinte As instituições financeiras acima referidas Baseados nos dados fornecidos pelos bancos Bradesco S/A, had S/A e Nossa Caixa S/A elaboramos a relação de créditos e depósitos e Intimamos em 21/11/2002 para que comprove a origem dos recursos que ensejaram estes créditos e depósitos/créditos bancários, relacionados ern 9 folhas, conforme abaixo resumidos: DEMONSTRATIVO MENSAL DOS CRÉDITOS/DEPÓSITOS DE ORIGENS DOS RECURSOS A COMPROVAR 2 Processo n° 19515,001907/2003-75 S2-C1T2 Acórao n ° 2102-00.923 . Fl. 2 TERMO DE VERIFICAÇÃO FISCAL BANCOS BRADESCO BRADESCO !TAO SIA NOSSA S/A S/A CAIXA S/A AGÊNCIAS 515 515 593 384 C/C 19044 1000748 6051 757914 1998 TOTAL GERAL as, 1.31 R$ I3t JANEIRO 8.865,06 68,38 10.749,77 0,00 19.683,21 FEVEREIR 9.939,16 73,22 22.350,23 0,00 32.362,61 MARÇO 1.673,41 0,00 19.812,51 1.500,00 22.985,92 ABRIL 3.830,00 0,00 14.900,12 1.500,00 20.230,12 MAIO 4.507,20 0,00 94.672,65 7.000,00 106.179,85 JUNHO 338,50 0,00 10.213,81 0,00 10.552,31 JULHO 0,00 0,00 17.365,69 1.690,00 19.055,69 AGOSTO 7.961,59 0,00 127.056,95 2.482,24 137.500,78 SETEMBRO 3.358,70 0,00 6.816,53 400,00 9.575,23 OUTUBRO 15.680,37 0,00 103.409,29 0,00 119.089,66 NOVEMBRO 12.376,83 1.395,00 17.049,65 0,00 30.821,48 DEZEMBRO 5.951,93 542,40 11.952,01 0,00 18.446 34 TOTAL 74.482,75 2.079,00 455.349,21 14.572,24 546.483,20 No dia 23/12/2002, o contribuinte solicitou a prorrogação de prazo, ate 26/02/2003 para o atendimento da intimação, alegando o motivo de sua saúde e de sua mãe, que foi aceito pela fiscalização. Ern 26/02/2003, o mesmo solicitou, novamente, a prorrogação de prazo, até 15/03/2003 Tendo em vista que o contribuinte não apresentou nenhum documento ou justificativa, referente à intimação datada de 21/11/2002, no dia 27/03/2003, lavramos o Termo de Reintimacfio, repetindo o mesmo pedido da intimação anterior, para que comprove a oi igem dos recursos que ensejaram os depósitos/créditos bancários, nos bancos acima citados, o qual foi enviado por meio de AR (Aviso de Recepção) e recebido pelo contribuinte em 09/04/2003 Tendo se esgotado o prazo estipulado no Termo de Reintimaeão de 09/04/2003 , já, mencionado, sem que o contribuinte tivesse apresentado qualquer documento que comprove a origem dos recursos creditados/depositados nas contas 19044 da Agencia 515 e 1000748 da Agencia 515 do Banco Bradesco S/A, 6051 da Agencia 593 do Banco Hail S/A e 757914 da Agencia 384 do Banco Nossa Caixa S/A, lavramos o presente Termo de Verificacão Fiscal, que deverá fazer parte integrante do Auto de Infração a ser emitido com o objetivo de constituir o crédito tributário correspondente ao IRPF calculado com base nos créditos registrados na conta corrente acima mencionado, cujas origens não foram comprovadas, já descontados de transferências e devoluções efetuadas entre suas contas Corn as considerações acima, a autoridade fiscal imputou o montante de R$ 546.483,20 ao autuado como uma omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada . Compulsando a documentação juntada aos autos, vê-se que autoridade competente emitiu as RMFs Requisição de Informações sobre Movimentação Financeira em desfavor das instituições financeiras depositárias dos ecursos do fiscalizado, de onde se extraem os seguintes dados: 3 o Banco Nossa Caixa trouxe aos autos a ficha de cadastro do depositante da conta corrente, aliado aos extratos desta e de 04 contas poupanças (fls. 29 a 40). A conta corrente n° 757.914, agência n° 0384-1, aberta em 07/02/1997 tinha como segundo titular o cônjuge do fiscalizado, Sra. Lidice Ramos Costa Guanaes Pacheco Alves (fl. 25); o Banco Bradesco trouxe aos autos a ficha de cadastro de cada conta mantida pelo fiscalizado nessa instituição, informando que as contas eram solidárias, não apresentando os dados do co-titular em decorrência de não ter sido instaurado processo administrativo fiscal em desfavor do segundo titular (fls. 41 a 48); • o Banco Itaú juntou aos autos cópias da ficha cadastral da conta bancária auditada (n° 0593-6051-00), agregado de cartão de autógrafo em que consta o autuado e seu cônjuge como responsáveis pela movimentação, isoladamente, da conta bancária (fl. 62). Deve-se anotar que somente o autuado foi intimado a comprovar a origem dos depósitos das contas bancárias autuadas (fls. 10 e 93) e sempre esteve a alegar que os créditos nelas ocorridos eram de terceiros em sua maior parte, clientes em reclamatórias trabalhistas, patrocinadas pelo fiscalizado, tendo feito sucessivos pedidos de prorrogação de prazo para atender as intimações, motivados por problemas de saúde em si e em sua família (fl. 105 e 108), sem, entretanto, lograr comprovar o alegado. • Não comprovadas as origens dos depósitos bancários, a autoridade autuante encerrou o procedimento fiscal, autuando o contribuinte com fulcro no art. 42 da Lei n° 9.430/96. Inconformado com a autuação, o contribuinte apresentou impugnação ao lançamento, dirigida à Delegacia da Receita Federal de Julgamento, na qual, em essência, alegou que não fez a prova do seu direito em decorrência de problemas de saúde que passou, aliado à grave enfermidade de sua mãe, a qual veio a falecer em 19 de maio de 2003, como faz prova o atestado de óbito agora juntado aos autos (fl. 137). Ainda, como preliminar, pugnou pela inaplicabilidade da Lei Complementar n° 105/2001 ao caso presente, pois tal Lei não poderia r etroagir. A 4a Turma de Julgamento da DRJ-Brasilia (DP), por unanimidade de votos, julgou procedente o lançamento, em decisão consubstanciada no Acórdão If 03-21.803, de 31 de julho de 2007 (fls. 145 a 153). 0 contribuinte foi intimado da decisão a quo eni 31/07/2008 (fl. 159). Irresignado, interpôs recurso voluntário em 26/08/2009 (fl. 160). No voluntário, o recorrente alega, em síntese, que: houve a quebra irregular de seu sigilo bancário, sendo certo que a autoridade fiscalizadora não poderia instaurar procedimento fiscal com base no art. 11, § 3 0, da Lei n° 9.311/96, esta que somente foi alterada pela Lei n° 10.174/2001, pois a Lei Ultima não poderia retroagir seus efeitos para os anos-calendário anteriores a sua publicação. Ademais, os problemas de saúde que o acometeram, aliado ao óbito de sua genitora, impediram-no de prestar 4 Não juntou qualquer documentação de suporte do acima alegado. 5 Processo IV 19515.001907/2003-75 S2-C1T2 Acórdão n.° 2102-00.923 . 1;1 3 esclarecimentos ao fisco, porém repisa que a parcela mais expressiva da omissão apontada pertence a terceiros, clientes em reclamatórias trabalhistas, com os valores auferidos nas demandas judiciais apenas transitando nas contas bancárias do recorrente; u. é ilegítimo a constituição do crédito tributário apenas a partir de extratos bancários, ex vi da Súmula 182 do TFR, devendo ser comprovado o consumo ou o beneficio auferido pelo contribuinte com os créditos; IlL corno já dito, parcela expressiva dos depósitos foram repassados aos clientes reclamantes, como se vê pela tabela abaixo: MININViii,10,1!!IIMil!OPIN1 1.1! "'"g6IgNia o ..a.66.isi*.- ''' r-1144,1. ii..' 46444 s ,' , ..,P.tWi: 01 Claudia Kutudflan Banco Bradesco,SA. Liq.repassado ..31:' 98Q0 . 09.02.1998 02 Maria Aparecida SantaCasa de Liq.Repassado — 0, ' VA 10.02.1998 Ranieri Misericórdia '' 03 Edson Luiz Braga do Banco Bradesco, SA. Llq.repassado . '32 768 .: 12.05.1998 Carmo .';:4,• 04 Antonio de Oliveira Elevadores Otis, SA. Liq.repassado 76000,00 05.08.1998 :' 63.. 05 Almir Lulz de Nardi Bolsa de Valores de Liq.repassado 2 . 623,58 05.08.1998 Veloso e Lucitéla S.Paulo Secanechia : ... Banco Bradesco, SA... 06 Marisa de Fátima Liq.Repassado .. co p,. O10.1998 Z Ferreira Novaes 07 Jose Diolindo da Silva Elevadores Otis SA. Liq.Repassado - 6 870 ,QQ1 20.10.1998 08 Edmir Martins Leite Elevadores Otis, SA. Liq.Repassado 14.08.1998 1.573,54 09 Florian° Gonçalves Sao Jorge Liq.Repassado 3.545,00 03.11.1998 Filho Empreendimentos, Lt. itligNeMialti:1, I :.•., t .,....'!..r4i !li; 1 .i "CHM 'i_2ii9 - l ' ... vor IV. devem ser excluídos os valores que são meras transferências entre contas correntes de mesma titularidade. Em anexo ao recurso acima, o contribuinte detalhou o número de cada reclamatória trabalhista acima descritas, discriminando o valor depositado (R$ 318.180,11), repassado (R$ 219.646,73) e os honorários advocaticios (R$ 98.533,38). Ainda, pugnou pela exclusão de 3/4 dos aluguéis recebidos de um imóvel em Santo Amaro-São Paulo (SP), no valor total de R$ 18.012,00, pois a maior parcela pertenceria às irmãs LA Guanaes Barata (1/3), Thais Ramos Costa Guanaes (1/3) e Gilka Volusia Guanaes de Campos (1/3), bem como pela exclusão do beneficio percebido do INSS por sua esposa Lidice Ramos Costa Guanaes Pacheco Alves, no montante de R$ 7.830,89. Por fim, discriminou uma série de valores, como tendo origem em transferências para conta de poupança ou depósitos em cheque. Em 29/09/2008, juntou nova petição, aduzindo um pedido de dilação temporal para produzir a prova de seu direito, pois, mesmo enfermo, estava trabalhando com um contabilista para comprovar a origem dos depósitos bancários. Em 10/10/2008, o recorrente, escudando-se no art. 16, § 4°, "a", do Decreto n° 70.235/72 (A prova documental serei apresentada na impugnação, preeluindo o direito de o impugnante fazê-lo em outro momento processual, a menos quer a) fique demonstrada impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior), pois seria portador de moléstias psiquiátricas (conforme laudos juntados), que impediram a produção probatória, trouxe argumentos e fatos que abaixo se transcrevem V. da omissão de rendimentos proveniente dos créditos na conta bancária do Banco flair (R$ 455349,21), devem ser abatidos os valores repassados aos clientes das reclamatórias trabalhistas (R$ 220.023,49), repassados As herdeiras do imóvel de Santo Amaro São Paulo (SP), no montante de R$ 13.500,00, a pensão de seu cônjuge, Lidice Ramos Costa Guanaes Pacheco Alves, no montante de R$ 7.830,89, um empréstimo tomado junto ao nail de R$ 6.000,00, em 22/07/1998, um credito de venda de ações de R$ 6.084,34, em 31/03/98, as transferências da conta poupança para a conta corrente, no montante de R$ 11.716,00 (R$ 3.793,00, em 02/01/98; R$ 2.313,33, em 19/01/98; R$ 1.500,00, em 12/06/98; R$ 500,00, em 12/06/98; R$ 550,00, em 12/06/98; R$ 1.500,00, em 12/06/98; R$ 1.560,00, em 30/12/98), a aposentadoria do recorrente, no importe anual de R$ 10.774,01, remanescendo, ao final, uma omissão de R$ 179.420,48. Ainda, caso se aprecie os valores dentro de cada mês, chega-se a uma omissão de apenas R$ 173.827,59, sendo a diferença entre esses dois últimos valores decorrente, provavelmente, oriunda de eventuais remessas de clientes para o advogado pagar recursos trabalhistas; • VI. da omissão decorrente dos créditos levados a efeito no Banco Bradesco (R$ 74.482,75), devem ser excluídos R$ 19.900,00, oriundos de depósitos em cheques sacados contra o Banco Itaú, como abaixo se demonstra: DATA DOS DEPÓSITOS NO BCO. BBADESCO,SA. N°. no,cii:EQTrti DO BANCO ITAIT SA 05 01 1998 420.812 1 000,00 06 01 1998 420.753 1 000,00 19 01.1998 420.832 1 000,00 23.01.1998 785 110 700,00 12 02 1998 420.754 1 000,00 06 04 1998 186 899 200,00 16 04.1998 186 913 1 300,00 04 05,1998 186.934 4700,00 14.05 1998 650.628 4 000,00 06 08 1998 333 584 5.000,00 Total dos Vrs. Transferidos p/o Boo Bradesco, SA. IO:OCOOd VII. da omissão acima, ainda deve ser abatido um montante aproximado de R$ 14.400,00, oriundo de aulas dadas em faculdades de direito no 6 Processo n° 19515.001907/2003-75 S2-C1T2 Acórdão n • ° 2102-00.923 Fl 4 período autuado, sendo que o valor remanescente da omissão é oriundo da conta do Banco hair, devendo ser totalmente excluído, sob pena de tributar duplamente tais valores; VIII, da omissão de rendimentos oriunda dos créditos no Banco Nossa Caixa, os valores eram provenientes de honorários mensais de serviços de advocacia prestados a empresa Itamaraty S/A (R$ 3.000,00), valores depositados por essa empresa para pagamento de eventuais perdas em ações cíveis e trabalhistas (R$ 7.000,00), honorários mensais da dita empresa, acrescidos de despesas do processo pagos pelo recorrente advogado e reembolso de despesas gastas antecipadamente de clientes (R$ 4.572,24). IX. deve ser excluído o montante de R$ 13.315,45 do importe total da omissão de rendimentos apurada, valor esse ofertado à tributação em sua declaração de ajuste anual; X. Alfim, protestando pela juntada de provas novas que forem necessárias para comprovar o seu direito, juntou a seguinte documentação: cópia de alvará: judicial trabalhista de levantamento no montante original de R$ 12.658,33, reclamante Cláudia Kutudjian, tendo como patrono a advogada Lidice Ramos Costa Guanaes Pacheco Alves (ft 229), com credito DOC na conta bancária do Banco nail da advogada de R$ 13.318,75 (fl. 230— conta bancária 6051-0) e recibo de R$ 9.989,00, emitido pela reclamante em favor da advogada, datado de 13/02/1998, com firma reconhecida em 23/09/2008; cópia de alvará judicial trabalhista de levantamento no montante original de R$ 79.782,64, reclamante Edson Luiz Braga do Carmo, tendo como patrono a advogada Lidice Rarrios Costa Guanaes Pacheco Alves (fl. 232), com crédito DOC na conta bancária do Banco hall da advogada de R$ 81.640,47 (fl. 230 — conta bancária 6051-0) e recibo de R$ 60.232,68, emitido pelo reclamante em favor da advogada, datado de 22/05/1998, com firma reconhecida em 23/09/2008; a cópia de alvarás judiciais trabalhistas de levantamento nos montantes originais de R$ 88.825,02 e R$ 3.379,90, reclamante Antonio de Oliveira, tendo como patrono a advogada Lidice Ramos Costa Guanaes Pacheco Alves (fl. 235 e 236), com crédito DOC na conta bancária do Banco hail da advogada de R$ 118.942,83 (conta bancária 6051-0) e recibo de R$ 76;000,00, emitido pelo reclamante em favor da advogada, datado de 14/08/1998, com firma reconhecida ern 23/09/2008; cópia de alvará judicial de levantamento no montante de R$ 2.269,33, reclamante Edmir Martins Leite, tendo como patrono advogada Lidice Ramos Costa Guanaes Pácheco Alves, co crédito DOC na conta bancária do Banco nail da advogada de R$ 2.254,33 (conta bancária 6051-0) e recibo de R$ 1,588,53, emitido pela reclamante em favor da advogada, datado de 20/08/1998, com firma reconhecida em 23/09/2008; • cópia de alvará judicial trabalhista de levantamento no montante original de R$ 4.113,09, reclamante Eduardo da Silva Mello, tendo como patrono a advogada Lidice Ramos Costa Guanaes Pacheco Alves, com crédito DOC na conta bancária do Banco [tail da advogada de R$ 4.211,51 (conta bancária 6051-0) e recibo de R$ 2.950,00, emitido pela reclamante em favor da advogada, datado de 24103/1999, com firma reconhecida em 23/09/2008; • cópia de alvará judicial trabalhista de levantamento no montante original de R$ 71.061,85, reclamante Matiza de Fátima Ferreira Novaes, tendo como patrono a advogada Lidice Ramos Costa Guanaes Pacheco Alves, com crédito DOC na conta bancária do Banco nail da advogada de R$ 77.824,87 (conta bancária 6051-0) e recibo de R$ 55.000,00, emitido pela reclamante em favor da advogada, datado de 15/10/1998, com firma reconhecida em 23109/2008; • cópia de alvará judicial trabalhista de levantamento no montante original de R$ 8.147,91, reclamante Jose Diolindo da Silva, tendo como patrono a advogada Lidice Ramos Costa Guanaes Pacheco Alves, com crédito DOC na conta bancária do Banco lima da advogada de R$ 9.937,11 (conta bancária 6051-0) e recibo de R$ 6.870,00, emitido pela reclamante em favor da advogada, datado de 09/11/1998, com firma reconhecida em 23/09/2008; • cópia de alvará judicial trabalhista de levantamento no montante original de R$ 5.000,00, reclamante Florian° Gonçalves Filho, tendo como patrono o advogado João Francisco M Pacheco Alves, com crédito DOC na conta bancária do Banco hall do advogado de R$ 5.065,34 (conta bancária 6051-0) e recibo de R$ 5.250,00, emitido pela reclamante em favor do advogado, datado de 16/12/1998, com firma reconhecida em 23/09/2608; ▪ atestados médicos atestando as moléstias psiquiátricas do recorrente; ▪ declaração do advogado Arnaldo Taleisnik, que asseverou ter entregado a um Auditor da Receita Federal documentação oriunda das reclamatórias trabalhistas, tão logo o recorrente tinha sido autuado (fl. 279). Voto o relatório. a Processo n° 19515,001907/2003-75 S2-C1T2 Acár4:15o n .° 2102-00.923 Fl . 5 Conselheiro Giovanni Christian Nunes Campos, Relator Declara-se a tempestividade do apelo, já que o contribuinte foi intimado da decisão recorrida em 31/07/2008, quinta-feira (fl. 159), e interpôs o recurso voluntário em 26/08/2008 (fl. 160), dentro do trintidio legal, este que teve seu termo final em 1 0/09/2008, segunda-feira. Dessa forma, atendidos os demais requisitos legais, passa-se a apreciar o apelo, corno discriminado no relatório. Antes de apreciar as razões recursais, as quais apontam forte plausibilidade no direito invocado pelo recorrente, com parcela expressiva dos depósitos bancários oriunda das demandas trabalhistas patrocinadas pelo autuado, percebe-se uma nulidade no procedimento fiscal que deve ser aqui reconhecida. Explica-se. A jurisprudência do Primeiro Conselho de Contribuintes e da Camara Superior de Recursos Fiscais cristalizou o entendimento de que todos os titulares das contas de depósitos deveriam ser intimados a comprovar a origem dos depósitos bancários, pela interpretação da cabeça do art. 42 da Lei n° 9.430/96 (Caracterizam-se tambám omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa fisica ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operaçães), e não somente alguns dos titulares, ou seja, a intimação de todos os co-titulares seria um procedimento obrigatório por parte da autoridade fiscal, sob pena de nulidade do lançamento. Na linha acima, o Pleno da "Camara Superior de Recursos Fiscais terminou aprovando a SUmula CARE n° 29, ern dezembro de 2009, assim vazada: 'Todos as co-titulares da conta bancária devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase que precede a lavratura do auto de infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, sob pena de nulidade do langamento". Compulsando a documentação bancária das contas auditadas, vê-se que as contas auditadas são titularizadas por mais de urna pessoa física, como se descreve abaixo: • o Banco Nossa Caixa trouxe aos autos a ficha de cadastro do depositante da conta corrente, aliado aos extratos desta e de 04 contas poupanças (fls. 29 a 40). A conta corrente n° 757.914, agência n° 0384-1, aberta em 07/02/1997 tinha como segundo titular o cônjuge do fiscalizado, Sra. Lidice Ramos Costa Guanaes Pacheco Alves (fl. 25); • o Banco Bradesco trouxe aos autos a ficha de cadastro de cada conta mantida pelo fiscalizado nessa instituição, informando que as contas eram solidárias, não apresentando . os dados do co-titular em decorrência de não ter sido instaurado processo administrativo fiscal em desfavor do segundo titular (fls. 41 a 48); • o Banco hail juntou aos autos copias da ficha cadastral da conta bancária auditada (n° 0593-6051-00), agregado de cartão de autografo em que consta o autuado e seu cônjuge como responsáveis pela movimentação, isoladamente, da conta bancária (fl. 62). Em relação a essa conta, na qual remanesceu a maior parte da movimentação financeira imputada ao contribuinte, não resta dúvida de que há a co- titularidade com o cônjuge do recorrente, como se vê pelos DOCS de fls. 229, 233, 236, 240, 243 e 246, no qual o cônjuge do autuado figura beneficiário dos depósitos, estes considerados de origem não comprovada. Ocorre que somente o autuado foi intimado a comprovar a origem dos depósitos das contas bancárias auditadas (fls. 10 e 93) e sempre esteve a alegar que os créditos nelas eram de terceiros em sua maior parte, clientes em reclamatórias trabalhistas, patrocinadas pelo fiscalizado. Claramente vê-se que autoridade fiscal não intimou a co-titular a comprovar a origem dos depósitos bancários, incorrendo, o procedimento, em nulidade insanável. Apesar de pessoalmente guardar forte resistência à inteligência da Súmula CARP n° 29, notadamente em um caso como o da espécie, em que o segundo titular (pelo menos das contas bancárias da Nossa Caixa e do harp é o cônjuge do recorrente, sendo cediço que o patrimônio dos casais terminam por formar uma universalidade indissolúvel, o que implica que a intimação a um dos cônjuges termina sendo compartilhada, mesmo que informalmente, ao outro, tudo agravado no caso vertente pela ausência de suscitação dessa nulidade pelo próprio recorrente, mesmo assim entendo que é impossível superar o enunciado sumular CARP n° 29, que estampa uma nulidade de caráter material, e assim de ordem pública, a qual deve ser acolhida pelo relator, até de oficio. No caso vertente, não remanesce qualquer dúvida sobre a co-titularidade das contas de depósitos, sendo cogente a intimação de cada titular para comprovar a origem dos depósitos bancários, sob pena de não se aperfeiçoar a presunção de omissão de rendimentos do art. 42 da Lei n° 9.430/96, situação que terminou ocorrendo no caso destes autos. Assim não procedendo neste julgamento, parece-me que o julgador estaria incorrendo em grave deslealdade processual, deixando de declarar uma nulidade que se apresenta patente, ictu oculi, o que não pode ser aceito, E, apenas para argumentar, aponta-se outro equivoco no procedimento fiscal. Ainda que se superasse a nulidade citada, deve-se perceber que o Termo de Inicio da Ação Fiscal foi recebido pelo fiscalizado em 27/06/2002 (fl. 11), e a ação fiscal foi concluida em 12/05/2003 (fl. 120), ou seja, quando já tinha vindo a lume a dicção do art. 42, § 6°, da Lei no 9.430/96, introduzida pelo Medida Provisória n° 66, de 29 de agosto de 2002, que expressamente determinava que, ern caso da espécie, havendo a intimação de ambos os co- titulares de contas de depósitos com apresentação de declaração em separado, a omissão de rendimentos deveria ser imputada mediante divisão a cada co-titular, o que se amolda ao caso presente, pois o autuado apresentou declaração no modelo simplificado, sem ser em conjunto (fl. 14), ou seja, jamais a autoridade autuante poderia deixar de aplicar a regrar do art. 42, § 6°, da Lei n° 9.430/96 ao caso em debate, o que já reduziria a omissão h. metade. Em todo caso, aqui se deve aplicar a Súmula CARF no 29, declarando a nulidade material do lançamento perpetrado em desfavor do contribuinte, pois a ausência de intimação da co-titular das contas bancárias auditadas terminou por impedir o aperfeiçoamento da presunção de omissão de 'en . 42 da Lei n°9.430/96. An e D R provimento ao recurso. 1 0
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Numero do processo: 15956.000076/2008-89
Turma: Segunda Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Jul 29 00:00:00 UTC 2011
Data da publicação: Fri Jul 29 00:00:00 UTC 2011
Ementa: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF
Exercício: 2003, 2004, 2005, 2006
Ementa: NULIDADE DO LANÇAMENTO. OMISSÃO DE RENDIMENTOS PERCEBIDOS DE PESSOA FÍSICA POR PROFISSIONAL LIBERAL. AUSÊNCIA DE DISCRIMINAÇÃO DOS TOMADORES DOS SERVIÇOS. INOCORRÊNCIA. Considerando que foi o próprio contribuinte autuado que trouxe aos autos o rol de tomadores de seus serviços, instrumentalizando a apuração da omissão de rendimentos percebidos de pessoa física por parte da autoridade fiscal, inviável a nulidade vindicada.
IRPF. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRAZO DECADENCIAL ORDINÁRIO REGIDO PELO ART. 150, § 4º, DO CTN, DESDE QUE HAJA PAGAMENTO ANTECIPADO. NA AUSÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO, APLICA-SE
A REGRA DECADENCIAL DO ART. 173, I, DO CTN. ENTENDIMENTO DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA.
REPRODUÇÃO NOS JULGAMENTOS DO CARF, CONFORME ART. 62-A, DO ANEXO II, DO RICARF. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) conta-se
do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008;
AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial rege-se
pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao
primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelando-se inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de
desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência
e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). Reprodução da ementa do leading case Recurso Especial nº 973.733 SC (2007/01769940), julgado em 12 de agosto de 2009, relator o Ministro Luiz Fux, que teve o acórdão submetido ao regime do artigo 543-C, do CPC e da Resolução STJ 08/2008 (regime dos recursos repetitivos).
MULTA ISOLADA DE OFÍCIO. CARNÊ-LEÃO.
INCIDÊNCIA
CONCOMITANTE COM A MULTA DE OFÍCIO CONSECTÁRIA DO IMPOSTO LANÇADO NO AJUSTE ANUAL EM DECORRÊNCIA DA COLAÇÃO DO RENDIMENTO QUE NÃO FOI OBJETO DO RECOLHIMENTO MENSAL OBRIGATÓRIO. IMPOSSIBILIDADE.
Mansamente assentada na jurisprudência dos Conselhos de Contribuintes e da Câmara Superior de Recursos Fiscais que a multa isolada do carnê-leão não pode ser cobrada concomitantemente com a multa de ofício que incidiu sobre
o imposto lançado, em decorrência da colação no ajuste anual do rendimento que deveria ter sido submetido ao recolhimento mensal obrigatório, pois ambas têm a mesma base de cálculo, implicando em uma dupla penalidade em decorrência da omissão de um mesmo rendimento, conduta vedada em nosso ordenamento.
JUROS DE MORA. ATUALIZAÇÃO DE CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS PELA TAXA SELIC. POSSIBILIDADE. No âmbito dos Conselhos de Contribuintes e agora do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF,
pacífica a utilização da taxa Selic, quer como juros de mora a incidir sobre crédito tributário em atraso, quer para atualizar os indébitos do contribuinte em face da Fazenda Federal. Entendimento em linha com o enunciado da Súmula 1º CC nº 4: “A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à
taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais”. Ainda, com espeque no art. 72, caput e § 4º, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais do Ministério da Fazenda, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009 (DOU de 23 de junho de 2009), deve-se ressaltar que os enunciados sumulares dos Conselhos de Contribuintes e do CARF são de aplicação obrigatória nos
julgamentos de 2º grau.
MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA NO PERCENTUAL DE 150% SOBRE O IMPOSTO LANÇADO. AUSÊNCIA DE MOTIVAÇÃO.
CANCELAMENTO. IMPOSSIBILIDADE DA APLICAÇÃO DA MULTA MORATÓRIA DE 20%. APLICAÇÃO DA MULTA DE OFÍCIO DE 75% SOBRE O IMPOSTO LANÇADO. No momento em que a autoridade fiscal não motivou a qualificação da multa de ofício, soçobrou o percentual exasperado, pois necessariamente a autoridade deveria ter demonstrado a
ocorrência do dolo, da fraude ou da simulação. Isso não ocorrendo, o imposto deve ser apenado com multa de ofício ordinária no percentual de 75% sobre o imposto lançado. Por óbvio, aqui não se acata a pretensão de reduzir a multa de ofício para o percentual de 20%, pois, apontadas uma omissão de
rendimentos ou glosadas despesas, a multa a ser aplicada é aquela regulada pelo art. 44, I, da Lei nº 9.430/96 (multa de ofício no percentual de 75% sobre o imposto lançado). Acatar a pretensão do contribuinte seria declarar de modo incidental a inconstitucionalidade do inciso legal citado, o que, como é
cediço, é vedado ao julgador administrativo.
MULTA DE OFÍCIO. CARÁTER CONFISCATÓRIO. PRINCÍPIOS
CONSTITUCIONAIS. PRINCÍPIOS QUE OBJETIVAM A DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI TRIBUTÁRIA. IMPOSSIBILIDADE. Os princípios constitucionais são dirigidos ao legislador, ou mesmo ao órgão judicial competente, não podendo se dizer que estejam direcionados à Administração Tributária, pois essa se submete ao princípio da legalidade, não podendo se furtar em aplicar a lei.
Não pode a autoridade lançadora e julgadora administrativa, por exemplo, invocando o princípio do não confisco, afastar a aplicação da lei tributária.
Isso ocorrendo, significaria declarar, incidenter tantum, a
inconstitucionalidade da lei tributária que funcionou como base legal do lançamento (imposto e multa de ofício). Ora, é cediço que somente os órgãos judiciais, o TCU e as cúpulas dos poderes executivo e legislativo têm esse poder. E, no caso específico do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, tem aplicação o art. 62 de seu Regimento Interno, que veda expressamente a declaração de inconstitucionalidade de leis, tratados, acordos internacionais ou decreto, norma regimental que tem sede no art. 26-A do Decreto nº 70.235/72, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009, que foi objeto do verbete sumular CARF nº 2 (DOU de 22/12/2009), verbis: “O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária”.
Recurso provido em parte.
Numero da decisão: 2102-001.433
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, REJEITAR a
preliminar de nulidade aventada e, no mérito, DAR parcial provimento ao recurso para reconhecer que a decadência extinguiu o crédito tributário do ano-calendário 2002, cancelar a multa isolada do carnê-leão e reduzir a multa de ofício exasperada do percentual de 150% para 75%. Vencida a Conselheira Núbia Matos Moura que dava provimento em menor extensão para manter a multa isolada.
Matéria: IRPF- ação fiscal - omis. de rendimentos - PF/PJ e Exterior
Nome do relator: GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS
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decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, REJEITAR a preliminar de nulidade aventada e, no mérito, DAR parcial provimento ao recurso para reconhecer que a decadência extinguiu o crédito tributário do ano-calendário 2002, cancelar a multa isolada do carnê-leão e reduzir a multa de ofício exasperada do percentual de 150% para 75%. Vencida a Conselheira Núbia Matos Moura que dava provimento em menor extensão para manter a multa isolada.
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ementa_s : Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Exercício: 2003, 2004, 2005, 2006 Ementa: NULIDADE DO LANÇAMENTO. OMISSÃO DE RENDIMENTOS PERCEBIDOS DE PESSOA FÍSICA POR PROFISSIONAL LIBERAL. AUSÊNCIA DE DISCRIMINAÇÃO DOS TOMADORES DOS SERVIÇOS. INOCORRÊNCIA. Considerando que foi o próprio contribuinte autuado que trouxe aos autos o rol de tomadores de seus serviços, instrumentalizando a apuração da omissão de rendimentos percebidos de pessoa física por parte da autoridade fiscal, inviável a nulidade vindicada. IRPF. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRAZO DECADENCIAL ORDINÁRIO REGIDO PELO ART. 150, § 4º, DO CTN, DESDE QUE HAJA PAGAMENTO ANTECIPADO. NA AUSÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO, APLICA-SE A REGRA DECADENCIAL DO ART. 173, I, DO CTN. ENTENDIMENTO DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. REPRODUÇÃO NOS JULGAMENTOS DO CARF, CONFORME ART. 62-A, DO ANEXO II, DO RICARF. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) conta-se do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial rege-se pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelando-se inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). Reprodução da ementa do leading case Recurso Especial nº 973.733 SC (2007/01769940), julgado em 12 de agosto de 2009, relator o Ministro Luiz Fux, que teve o acórdão submetido ao regime do artigo 543-C, do CPC e da Resolução STJ 08/2008 (regime dos recursos repetitivos). MULTA ISOLADA DE OFÍCIO. CARNÊ-LEÃO. INCIDÊNCIA CONCOMITANTE COM A MULTA DE OFÍCIO CONSECTÁRIA DO IMPOSTO LANÇADO NO AJUSTE ANUAL EM DECORRÊNCIA DA COLAÇÃO DO RENDIMENTO QUE NÃO FOI OBJETO DO RECOLHIMENTO MENSAL OBRIGATÓRIO. IMPOSSIBILIDADE. Mansamente assentada na jurisprudência dos Conselhos de Contribuintes e da Câmara Superior de Recursos Fiscais que a multa isolada do carnê-leão não pode ser cobrada concomitantemente com a multa de ofício que incidiu sobre o imposto lançado, em decorrência da colação no ajuste anual do rendimento que deveria ter sido submetido ao recolhimento mensal obrigatório, pois ambas têm a mesma base de cálculo, implicando em uma dupla penalidade em decorrência da omissão de um mesmo rendimento, conduta vedada em nosso ordenamento. JUROS DE MORA. ATUALIZAÇÃO DE CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS PELA TAXA SELIC. POSSIBILIDADE. No âmbito dos Conselhos de Contribuintes e agora do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, pacífica a utilização da taxa Selic, quer como juros de mora a incidir sobre crédito tributário em atraso, quer para atualizar os indébitos do contribuinte em face da Fazenda Federal. Entendimento em linha com o enunciado da Súmula 1º CC nº 4: “A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais”. Ainda, com espeque no art. 72, caput e § 4º, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais do Ministério da Fazenda, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009 (DOU de 23 de junho de 2009), deve-se ressaltar que os enunciados sumulares dos Conselhos de Contribuintes e do CARF são de aplicação obrigatória nos julgamentos de 2º grau. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA NO PERCENTUAL DE 150% SOBRE O IMPOSTO LANÇADO. AUSÊNCIA DE MOTIVAÇÃO. CANCELAMENTO. IMPOSSIBILIDADE DA APLICAÇÃO DA MULTA MORATÓRIA DE 20%. APLICAÇÃO DA MULTA DE OFÍCIO DE 75% SOBRE O IMPOSTO LANÇADO. No momento em que a autoridade fiscal não motivou a qualificação da multa de ofício, soçobrou o percentual exasperado, pois necessariamente a autoridade deveria ter demonstrado a ocorrência do dolo, da fraude ou da simulação. Isso não ocorrendo, o imposto deve ser apenado com multa de ofício ordinária no percentual de 75% sobre o imposto lançado. Por óbvio, aqui não se acata a pretensão de reduzir a multa de ofício para o percentual de 20%, pois, apontadas uma omissão de rendimentos ou glosadas despesas, a multa a ser aplicada é aquela regulada pelo art. 44, I, da Lei nº 9.430/96 (multa de ofício no percentual de 75% sobre o imposto lançado). Acatar a pretensão do contribuinte seria declarar de modo incidental a inconstitucionalidade do inciso legal citado, o que, como é cediço, é vedado ao julgador administrativo. MULTA DE OFÍCIO. CARÁTER CONFISCATÓRIO. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS. PRINCÍPIOS QUE OBJETIVAM A DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI TRIBUTÁRIA. IMPOSSIBILIDADE. Os princípios constitucionais são dirigidos ao legislador, ou mesmo ao órgão judicial competente, não podendo se dizer que estejam direcionados à Administração Tributária, pois essa se submete ao princípio da legalidade, não podendo se furtar em aplicar a lei. Não pode a autoridade lançadora e julgadora administrativa, por exemplo, invocando o princípio do não confisco, afastar a aplicação da lei tributária. Isso ocorrendo, significaria declarar, incidenter tantum, a inconstitucionalidade da lei tributária que funcionou como base legal do lançamento (imposto e multa de ofício). Ora, é cediço que somente os órgãos judiciais, o TCU e as cúpulas dos poderes executivo e legislativo têm esse poder. E, no caso específico do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, tem aplicação o art. 62 de seu Regimento Interno, que veda expressamente a declaração de inconstitucionalidade de leis, tratados, acordos internacionais ou decreto, norma regimental que tem sede no art. 26-A do Decreto nº 70.235/72, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009, que foi objeto do verbete sumular CARF nº 2 (DOU de 22/12/2009), verbis: “O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária”. Recurso provido em parte.
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OMISSÃO DE RENDIMENTOS PERCEBIDOS DE PESSOA FÍSICA POR PROFISSIONAL LIBERAL. AUSÊNCIA DE DISCRIMINAÇÃO DOS TOMADORES DOS SERVIÇOS. INOCORRÊNCIA. Considerando que foi o próprio contribuinte autuado que trouxe aos autos o rol de tomadores de seus serviços, instrumentalizando a apuração da omissão de rendimentos percebidos de pessoa física por parte da autoridade fiscal, inviável a nulidade vindicada. IRPF. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRAZO DECADENCIAL ORDINÁRIO REGIDO PELO ART. 150, § 4º, DO CTN, DESDE QUE HAJA PAGAMENTO ANTECIPADO. NA AUSÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO, APLICASE A REGRA DECADENCIAL DO ART. 173, I, DO CTN. ENTENDIMENTO DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. REPRODUÇÃO NOS JULGAMENTOS DO CARF, CONFORME ART. 62A, DO ANEXO II, DO RICARF. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que Fl. 1DF CARF MF Emitido em 17/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 16/08/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS Assinado digitalmente em 16/08/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS 2 se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). Reprodução da ementa do leading case Recurso Especial nº 973.733 SC (2007/01769940), julgado em 12 de agosto de 2009, relator o Ministro Luiz Fux, que teve o acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC e da Resolução STJ 08/2008 (regime dos recursos repetitivos). MULTA ISOLADA DE OFÍCIO. CARNÊLEÃO. INCIDÊNCIA CONCOMITANTE COM A MULTA DE OFÍCIO CONSECTÁRIA DO IMPOSTO LANÇADO NO AJUSTE ANUAL EM DECORRÊNCIA DA COLAÇÃO DO RENDIMENTO QUE NÃO FOI OBJETO DO RECOLHIMENTO MENSAL OBRIGATÓRIO. IMPOSSIBILIDADE. Mansamente assentada na jurisprudência dos Conselhos de Contribuintes e da Câmara Superior de Recursos Fiscais que a multa isolada do carnêleão não pode ser cobrada concomitantemente com a multa de ofício que incidiu sobre o imposto lançado, em decorrência da colação no ajuste anual do rendimento que deveria ter sido submetido ao recolhimento mensal obrigatório, pois ambas têm a mesma base de cálculo, implicando em uma dupla penalidade em decorrência da omissão de um mesmo rendimento, conduta vedada em nosso ordenamento. JUROS DE MORA. ATUALIZAÇÃO DE CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS PELA TAXA SELIC. POSSIBILIDADE. No âmbito dos Conselhos de Contribuintes e agora do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, pacífica a utilização da taxa Selic, quer como juros de mora a incidir sobre crédito tributário em atraso, quer para atualizar os indébitos do contribuinte em face da Fazenda Federal. Entendimento em linha com o enunciado da Súmula 1º CC nº 4: “A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais”. Ainda, com espeque no art. 72, caput e § 4º, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais do Ministério da Fazenda, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009 (DOU de 23 de junho de 2009), devese ressaltar que os enunciados sumulares dos Conselhos de Contribuintes e do CARF são de aplicação obrigatória nos julgamentos de 2º grau. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA NO PERCENTUAL DE 150% SOBRE O IMPOSTO LANÇADO. AUSÊNCIA DE MOTIVAÇÃO. CANCELAMENTO. IMPOSSIBILIDADE DA APLICAÇÃO DA MULTA MORATÓRIA DE 20%. APLICAÇÃO DA MULTA DE OFÍCIO DE 75% SOBRE O IMPOSTO LANÇADO. No momento em que a autoridade fiscal não motivou a qualificação da multa de ofício, soçobrou o percentual exasperado, pois necessariamente a autoridade deveria ter demonstrado a ocorrência do dolo, da fraude ou da simulação. Isso não ocorrendo, o imposto deve ser apenado com multa de ofício ordinária no percentual de 75% sobre o imposto lançado. Por óbvio, aqui não se acata a pretensão de reduzir a multa Fl. 2DF CARF MF Emitido em 17/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 16/08/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS Assinado digitalmente em 16/08/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS Processo nº 15956.000076/200889 Acórdão n.º 2102001.433 S2C1T2 Fl. 2 3 de ofício para o percentual de 20%, pois, apontadas uma omissão de rendimentos ou glosadas despesas, a multa a ser aplicada é aquela regulada pelo art. 44, I, da Lei nº 9.430/96 (multa de ofício no percentual de 75% sobre o imposto lançado). Acatar a pretensão do contribuinte seria declarar de modo incidental a inconstitucionalidade do inciso legal citado, o que, como é cediço, é vedado ao julgador administrativo. MULTA DE OFÍCIO. CARÁTER CONFISCATÓRIO. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS. PRINCÍPIOS QUE OBJETIVAM A DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI TRIBUTÁRIA. IMPOSSIBILIDADE. Os princípios constitucionais são dirigidos ao legislador, ou mesmo ao órgão judicial competente, não podendo se dizer que estejam direcionados à Administração Tributária, pois essa se submete ao princípio da legalidade, não podendo se furtar em aplicar a lei. Não pode a autoridade lançadora e julgadora administrativa, por exemplo, invocando o princípio do nãoconfisco, afastar a aplicação da lei tributária. Isso ocorrendo, significaria declarar, incidenter tantum, a inconstitucionalidade da lei tributária que funcionou como base legal do lançamento (imposto e multa de ofício). Ora, é cediço que somente os órgãos judiciais, o TCU e as cúpulas dos poderes executivo e legislativo têm esse poder. E, no caso específico do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, tem aplicação o art. 62 de seu Regimento Interno, que veda expressamente a declaração de inconstitucionalidade de leis, tratados, acordos internacionais ou decreto, norma regimental que tem sede no art. 26 A do Decreto nº 70.235/72, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009, que foi objeto do verbete sumular CARF nº 2 (DOU de 22/12/2009), verbis: “O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária”. Recurso provido em parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, REJEITAR a preliminar de nulidade aventada e, no mérito, DAR parcial provimento ao recurso para reconhecer que a decadência extinguiu o crédito tributário do anocalendário 2002, cancelar a multa isolada do carnêleão e reduzir a multa de ofício exasperada do percentual de 150% para 75%. Vencida a Conselheira Núbia Matos Moura que dava provimento em menor extensão para manter a multa isolada. Assinado digitalmente GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS Relator e Presidente. EDITADO EM: 16/08/2011 Fl. 3DF CARF MF Emitido em 17/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 16/08/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS Assinado digitalmente em 16/08/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS 4 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Atilio Pitarelli, Carlos André Rodrigues Pereira Lima, Giovanni Christian Nunes Campos, Núbia Matos Moura e Rubens Maurício Carvalho. Ausente justificadamente a Conselheira Roberta de Azeredo Ferreira Pagetti. Relatório Em face do contribuinte JOSE CARLOS PEREIRA AMPARADO, CPF/MF nº 533.178.15604, já qualificado neste processo, foi lavrado, em 07/03/2008, auto de infração (fls. 03 a 25), com ciência pessoal em 10/03/2008 (fl. 04). Abaixo, discriminase o crédito tributário constituído pelo auto de infração, que sofre a incidência de juros de mora a partir do mês seguinte ao do vencimento do crédito: IMPOSTO R$ 19.004,45 MULTA DE OFÍCIO VINCULADA R$ 26.092,59 MULTA DE OFÍCIO ISOLADA R$ 11.879,99 Ao contribuinte foram imputadas as seguintes infrações: § omissão de rendimentos recebidos de pessoa física, nos anos calendário 2003, 2004 e 2005, conduta essa apenada com multa de ofício de 75% sobre o imposto lançado no primeiro ano e 150% nos dois últimos anos; § dedução indevida com a previdência oficial, nos anoscalendário 2004 e 2005, conduta essa apenada com multa de ofício de 75% sobre o imposto lançado; § dedução indevida com despesas médicas, nos anoscalendário 2003 (R$ 2.855,00), 2004 (R$ 2.946,26) e 2005 (R$ 782,55), conduta essa apenada com multa de ofício de 75% sobre o imposto lançado; § dedução indevida com despesa de instrução (R$ 1.998,00), no ano calendário 2002, conduta essa apenada com multa de ofício de 75% sobre o imposto lançado; § multa isolada pelo não recolhimento ou recolhimento a menor de carnêleão, nos anoscalendário 2002 a 2005, no percentual de 50% sobre o imposto não antecipado, conduta essa apenada com multa de ofício de 75% sobre o imposto lançado. No caso da omissão de rendimentos percebidos de pessoas físicas nos anos calendário 2004 e 2005, a multa de ofício foi exasperada para o percentual de 150% com a seguinte motivação (fl. 31): Nos casos em que houve indícios de fraude, nos termos da Lei 4.502/64, artigos 71 a 73, esta fiscalização efetuou o lançamento do imposto com multa de ofício qualificada. Fl. 4DF CARF MF Emitido em 17/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 16/08/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS Assinado digitalmente em 16/08/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS Processo nº 15956.000076/200889 Acórdão n.º 2102001.433 S2C1T2 Fl. 3 5 Será formalizada Representação Fiscal para fins penais, definido pelos artigos 1° e 2° da Lei 8.137/90, acompanhada dos respectivos elementos de prova, em cumprimento ao disposto no artigo 1° do Decreto n° 982, de 12 de novembro de 1993, e Portaria SRF n°.326 de 15/03/05. Inconformado com a autuação, o contribuinte apresentou impugnação ao lançamento, dirigida à Delegacia da Receita Federal de Julgamento. A 4ª Turma da DRJ/SPOII, por unanimidade de votos, julgou procedente o lançamento, em decisão consubstanciada no Acórdão n° 1728.621, de 11 de novembro de 2008 (fls. 500 a 511). O contribuinte foi intimado da decisão a quo em 27/11/2008 (fl. 514). Irresignado, interpôs recurso voluntário em 19/12/2008 (fl. 516). No voluntário, o recorrente alega, em síntese, que: I. “No presente caso, há cerceamento de defesa da Recorrente; com conseqüente violação ao devido processo legal administrativo, uma vez que o ‘ auto de infração nos termos lavrado; sem explicitação de quem foram os contribuintes que efetuaram os pagamentos, consideradas como omitidos pelo Recorrente, limitandose a apenas a apresentação os valores; impossibilitando, o pleno exercício do direito de defesa da Recorrente. Há verdadeira descrição insuficiente dos fundamentos de fato e de direito, uma vez que não houve a lavratura ou, ao menos, a entrega, ao contribuinte do termo de verificação fiscal, onde caberia à fiscalização relatar quem foram os contribuintes que efetuaram os pagamentos ao Recorrente, que foram considerados como omitidos, não apenas a apresentação dos valores. Sem a explicitação de todos os elementos que serviram de fundamento, em especial, fático, para .a realização do lançamento sob alegação de omissão de rendimentos,.é impossível ao contribuinte ter plena ciência, do que, realmente, motivou a suposta alegação de omissão, de tributo. Ora, o simples auto de infração com a citação dos dispositivos legais e a apresentação dos valores supostamente omitidos, como fez o presente lançamento, não possibilita a plena e lídima defesa da Recorrente, caracterizando clarividente cerceamento de defesa em detrimento, assim, do devido processo legal administrativo” (fls. 523 e 524 – transcrição do recurso voluntário); II. a decadência extinguiu o crédito tributário do anocalendário 2002, pois, considerando a ciência do lançamento por parte do contribuinte em 10/03/2008 (fl. 04), fluiu o qüinqüênio decadencial, contado na forma do art. 150, § 4º, do CTN; III. deve ser restabelecida a despesa de instrução; IV. pede o afastamento da multa isolada do carnêleão, que não pode conviver concomitantemente com a multa de ofício vinculada; Fl. 5DF CARF MF Emitido em 17/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 16/08/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS Assinado digitalmente em 16/08/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS 6 V. “O caráter estritamente remuneratório da TAXA SELIC NÃO PERMITE SUA UTILIZAÇÃO para qualquer outra finalidade que não seja remunerar o capital alheio, não se prestando para a indenização objetivada nos juros moratórios” (fl. 535 – transcrição do recurso voluntário). Por tal razão, além de outros registrados no recurso, pedese aqui o afastamento desse consectário legal; VI. a multa de ofício qualificada lançada tem caráter marcantemente confiscatório, devendo ser reduzida para o patamar da multa moratória (20%), ainda ressaltando que não se demonstrou qualquer conduta a justificar o exasperamento. É o relatório. Voto Conselheiro Giovanni Christian Nunes Campos, Relator Declarase a tempestividade do apelo, já que o contribuinte foi intimado da decisão recorrida em 27/11/2008 (fl. 514), quintafeira, e interpôs o recurso voluntário em 19/12/2008 (fl. 516), dentro do trintídio legal, este que teve seu termo final em 29/12/2008, segundafeira. Dessa forma, atendidos os demais requisitos legais, passase a apreciar o apelo, como discriminado no relatório. Passase a apreciar a nulidade do item I (nulidade em decorrência da demonstração insuficiente da omissão de rendimentos recebidos de pessoas físicas). Não assiste qualquer razão ao contribuinte neste ponto. A relação de tomadores de serviço dos anoscalendário 2002 a 2005 foi informada pelo próprio contribuinte, conforme planilha de fls. 327 a 330. Assim, a fiscalização simplesmente confrontou os rendimentos informados nessa planilha com aqueles confessados nas declarações de ajuste anual respectivas (fls. 457 a 469), apurando as omissões de rendimentos percebidos de pessoa física. Todo o detalhamento do trabalho fiscal para apuração das bases de cálculo omitidas está nas planilhas de fls. 29 a 31. Vejase um exemplo. No mês de setembro de 2004, a fiscalização imputou uma omissão de rendimentos ao fiscalizado de R$ 5.255,00 (fl. 07). Isso decorreu de rendimentos percebidos de pessoas físicas no montante de R$ 12.270,00 (fl. 329 – informação prestada pelo contribuinte), daí abatendose as deduções permitidas (livro caixa no importe de R$ 4.628,64 – fl. 464 c/c a fl. 29; outras despesas acatadas pela fiscalização no importe de R$ 215,00 – fl. 29; deduções legais no importe de R$ 362,00 – fl. 464 c/c fl. 29), chegandose à base de cálculo mensal apurada de R$ 7.064,36 (fl. 29). Ocorre que o contribuinte somente havia ofertado à tributação R$ 6.800,00, daí apurando uma base de cálculo mensal confessada na Declaração de ajuste anual DIRPF de R$ 1.809,36 (fl. 464). Ora, a diferença entre a base de cálculo apurada pela fiscalização (R$ 7.064,36 fl. 29) e a confessada pelo contribuinte na DIRPF (R$ 1.809,36 fl. 464) é exatamente R$ 5.255,00, que foi o valor da omissão de rendimentos lançada no mês de setembro de 2004. Fl. 6DF CARF MF Emitido em 17/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 16/08/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS Assinado digitalmente em 16/08/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS Processo nº 15956.000076/200889 Acórdão n.º 2102001.433 S2C1T2 Fl. 4 7 Claramente, sem razão o recorrente. Passase à defesa do item II (decadência). Primeiramente, fazse breve menção à tradicional jurisprudência dos Conselhos de Contribuintes e do CARF sobre a matéria. Entendiase que a regra de incidência de cada tributo era que definia a sistemática de seu lançamento. Se a legislação atribuísse ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, o tributo amoldarseia à sistemática de lançamento denominada de homologação, onde a contagem do prazo decadencial darseia na forma disciplinada no art. 150, § 4º, do CTN, sendo irrelevante a existência, ou não, do pagamento, e, no caso de dolo, fraude ou simulação, a regra decadencial tinha assento no art. 173, I, do CTN . Este era o entendimento aplicado ao lançamento do imposto de renda da pessoa física e da pessoa jurídica sujeito ao ajuste anual. Assim era pacífico no âmbito do antigo Primeiro Conselho de Contribuintes que a contagem do prazo decadencial do imposto de renda da pessoa física e jurídica sujeito ao ajuste anual amoldarseia à dicção do art. 150, § 4º, do Código Tributário Nacional, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, quando a contagem passa a ser feita na forma do art. 173, I, do Código Tributário Nacional. Como exemplo dessa jurisprudência, citamse os acórdãos nºs: 10195.026, relatora a Conselheira Sandra Maria Faroni, sessão de 16/06/2005; 10246.936, relator o Conselheiro Romeu Bueno de Camargo, sessão de 07/07/2005; 10323.170, relator o Conselheiro Leonardo de Andrade Couto, sessão de 10/08/2007; 10422.523, relator o Conselheiro Nelson Mallmann, sessão de 14 de junho de 2007; 10615.958, relatora a Conselheira Ana Neyle Olímpio Holanda, sessão de 08/11/2006. O entendimento acima também veio a ser acolhido pelo CARF a partir de 2009, quando este Órgão substituiu os Conselhos de Contribuintes. Entretanto, veio a lume uma alteração no Regimento Interno deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, através de alteração promovida pela Portaria do Ministro da Fazenda n.º 586, de 21.12.2010 (Publicada no DOU em 22.12.2010), que passou a fazer expressa previsão no sentido de que “As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF” (Art. 62A do anexo II do RICARF). E o Superior Tribunal de Justiça, no rito dos recursos repetitivos (art. 543C do CPC), confessa uma tese na matéria decadencial diversa do CARF, como abaixo se vê, sendo de rigor aplicála nos julgamentos da segunda instância administrativa. Assim, no que diz respeito à decadência dos tributos lançados por homologação, tivemos o Recurso Especial nº 973.733 SC (2007/01769940), julgado em 12 de agosto de 2009, sendo relator o Ministro Luiz Fux, que teve o acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC e da Resolução STJ 08/2008 (regime dos recursos repetitivos), assim ementado: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO Fl. 7DF CARF MF Emitido em 17/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 16/08/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS Assinado digitalmente em 16/08/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS 8 POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL .ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deuse em 26.03.2001. Fl. 8DF CARF MF Emitido em 17/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 16/08/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS Assinado digitalmente em 16/08/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS Processo nº 15956.000076/200889 Acórdão n.º 2102001.433 S2C1T2 Fl. 5 9 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial qüinqüenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. No precedente acima do Superior Tribunal de Justiça, a existência, ou não, do pagamento passou a ser relevante para definir a regra decadencial. Para a hipótese de inocorrência de dolo, fraude ou simulação, a existência de pagamento antecipado leva a regra para as balizas do art. 150, § 4º, do CTN; já a inexistência, para o art. 173, I, do CTN. No caso destes autos, para o anocalendário 2002, há pagamento antecipado, como se vê no saldo do imposto a pagar na declaração de ajuste do exercício 2003 (fl. 457), com aplicação de multa de oficio ordinária de 75% sobre o imposto do anocalendário 2002, já que não se imputou a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, sendo forçoso aplicar a regra decadencial do art. 150, § 4º, do CTN, ou seja, como o fato gerador desse exercício se aperfeiçoou em 31/12/2002, a Fazenda Nacional poderia concretizar o lançamento até 31/12/2007. Ocorre que o lançamento somente foi cientificado ao contribuinte em 10/03/2008 (fl. 04), implicando que o crédito tributário do anocalendário 2002 foi extinto pela decadência. No tocante à defesa do item III (deve ser restabelecida a despesa de instrução), tratase de insurgência contra glosa de despesas do anocalendário 2002 (fl. 08 e 09), que, como se viu acima, teve o imposto alcançado pela decadência (item II), ficando prejudicado qualquer discussão sobre a pertinência da despesa, pois o imposto do ano calendário 2002 foi cancelado neste voto. Passase à defesa do item IV do relatório (pede o afastamento da multa isolada do carnêleão, que não pode conviver concomitantemente com a multa de ofício vinculada). No caso em que os rendimentos sujeitos ao carnêleão são colacionados pela autoridade fiscal no ajuste anual, a jurisprudência administrativa de há muito tempo assentou se na impossibilidade da imputação de uma dupla penalidade pecuniária ao autuado pela omissão dos rendimentos recebidos de pessoa física, uma vinculada ao imposto devido (a multa de ofício vinculada ao imposto devido no ajuste anual, no percentual de 75% do imposto) e outra pelo não recolhimento do carnêleão (multa de ofício isolada, tendo como base de cálculo o imposto não antecipado mensalmente – carnêleão), ao fundamento de que a omissão dos rendimentos recebidos de pessoa física seria a base de cálculo para a apuração de imposto anual e daquele que deveria ter sido antecipado, com a multa de 75% incidente sobre cada uma das bases anteriores (ou mesmo 50%, no caso da multa isolada do carnêleão, como no caso vertente). Em essência, uma mesma conduta (omissão de rendimentos percebidos de pessoa física), levaria a uma dupla penalidade, o que não é admitido em nosso sistema jurídico. Para tanto, vejamse as seguintes ementas: Acórdão nº CSRF/0104.987, sessão de 15 de junho de 2004, relatora a conselheira Leila Maria Scherrer Leitão Fl. 9DF CARF MF Emitido em 17/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 16/08/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS Assinado digitalmente em 16/08/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS 10 MULTA ISOLADA E MULTA DE OFÍCIO – CONCOMITÂNCIA –MESMA BASE DE CÁLCULO – A aplicação concomitante da multa isolada (inciso III, do § 1º, do art. 44, da Lei nº 9.430, de 1996) e da multa de ofício (incisos I e II, do art. 44, da Lei n 9.430, de 1996) não é legítima quando incide sobre uma mesma base de cálculo. Acórdão nº 10248.216, sessão de 26 de janeiro de 2007, relator o conselheiro Antonio José Praga de Sousa PRESTAÇÃO DE SERVIÇO POR NACIONAIS JUNTO AO PNUD TRIBUTAÇÃO – São tributáveis os rendimentos decorrentes da prestação de serviço junto ao Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento –PNUD, quando recebidos por nacionais contratados no País, por faltarlhes a condição de funcionário de organismos internacionais, este detentor de privilégios e imunidades em matéria civil, penal e tributária. (Acórdão CSRF 0400.024 de 21/04/2005). MULTA ISOLADA E MULTA DE OFÍCIO CONCOMITÂNCIA MESMA BASE DE CÁLCULO A aplicação concomitante da multa isolada e da multa de oficio não é legítima quando incide sobre uma mesma base de cálculo (Acórdão CSRF nº 0104.987 de 15/06/2004). Acórdão nº 10422.058, sessão de 06 de dezembro de 2006, relator o conselheiro Nelson Mallmann RENDIMENTOS RECEBIDOS DE ORGANISMOS INTERNACIONAIS UNESCO/ONU A isenção de imposto de renda sobre rendimentos pagos pelos organismos internacionais é privilégio exclusivo dos funcionários que satisfaçam as condições previstas na Convenção sobre Privilégio e Imunidades das Nações Unidas, recepcionada no direito pátrio pelo Decreto nº. 22.784, de 1950 e pela Convenção sobre Privilégios e Imunidades das Agências Especializadas da Organização das Nações Unidas, aprovada pela Assembléia Geral do Organismo em 21 de novembro de 1947, ratificada pelo Governo Brasileiro por via do Decreto Legislativo nº. 10, de 1959, promulgada pelo Decreto nº. 52.288, de 1963. Não estão albergados pela isenção os rendimentos recebidos pelos técnicos a serviço da Organização, residentes no Brasil, sejam eles contratados por hora, por tarefa ou mesmo com vínculo contratual permanente. LEGITIMIDADE PASSIVA Os Organismos Internacionais que possuem imunidade de jurisdição não se submetem à legislação interna brasileira, portanto deles não se pode exigir a retenção e o recolhimento do imposto de renda sobre valores pagos às pessoas físicas. Estas têm seus rendimentos sujeitos à tributação mensal, na forma de carnêleão. MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO E MULTA ISOLADA CONCOMITÂNCIA É incabível, por expressa disposição legal, a aplicação concomitante de multa de lançamento de ofício exigida com o tributo ou contribuição, com multa de lançamento de ofício exigida isoladamente. (Artigo 44, inciso I, § 1º, itens II e III, da Lei nº. 9.430, de 1996). Fl. 10DF CARF MF Emitido em 17/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 16/08/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS Assinado digitalmente em 16/08/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS Processo nº 15956.000076/200889 Acórdão n.º 2102001.433 S2C1T2 Fl. 6 11 Acórdão nº 10616.124, sessão de 28 de fevereiro de 2007, relator o conselheiro José Ribamar Barros Penha IMPOSTO DE RENDA PESSOA FÍSICA. REMUNERAÇÃO AUFERIDA POR NACIONAIS JUNTO AO PNUD. TRIBUTAÇÃO – Estão sujeitos a tributação do Imposto de Renda os rendimentos auferidos junto ao Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD em contraprestação de serviço contratados em território nacional, uma vez não preenchida a condição de funcionário do organismo internacional. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. MULTA ISOLADA CONCOMITANTE – É de ser afastada a aplicação de multa isolada concomitantemente com multa de ofício tendo ambas a mesma base de cálculo. No ponto, é de se afastar a multa isolada de 50% que incidiu sobre o recolhimento mensal obrigatório (carnêleão) não pago. Passase ao item V da defesa (insurgência contra os juros de mora à taxa Selic). A aplicação dos juros de mora, à taxa Selic, é matéria pacificada no âmbito do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, objeto, inclusive, do enunciado Sumular CARF nº 4 (DOU de 22/12/2009): “A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais”. Ainda, com espeque no art. 72, caput e § 4º, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais do Ministério da Fazenda, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009 (DOU de 23 de junho de 2009), devese ressaltar que os enunciados sumulares dos Conselhos de Contribuintes e do CARF são de aplicação obrigatória nos julgamentos de 2º grau. Por fim, passase ao item VI da defesa (insurgência contra a multa de ofício). O recorrente afirma que a multa de ofício tem caráter confiscatório. Aqui, um pequeno parêntese, antes da análise dogmática dessa irresignação. O princípio da proibição de efeito de confisco é de difícil constatação, e, como diz Heinrich Kruse, quando fala do “imposto sufocante”, mais se assemelha ao “monstro do Lago Ness do Direito Tributário: ninguém o viu e todos escrevem sobre ele” 1. Agora, transcrevese a norma constitucional que positivou tal princípio: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I a III omissis; 1 Apud Schoueri, Luis Eduardo. Normas Tributárias Indutoras e Intervenção Econômica.1ª ed., Rio de Janeiro, 2005, p. 302. Fl. 11DF CARF MF Emitido em 17/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 16/08/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS Assinado digitalmente em 16/08/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS 12 IV utilizar tributo com efeito de confisco; (...) (grifouse) Vêse que o princípio do nãoconfisco se aplica a tributos. Como estampado no art. 3º do Código Tributário Nacional, tributo é toda prestação pecuniária compulsória, que não constitua sanção de ato ilícito. A sanção de ato ilícito, como já enfatizado anteriormente, tem na multa pecuniária uma de suas espécies. Assim, tratandose de multa pecuniária, não há que falar em princípio do nãoconfisco. Ainda, devese ressaltar que os princípios constitucionais são dirigidos ao legislador, ou mesmo ao órgão judicial competente, não podendo se dizer que estejam direcionados à Administração Tributária, pois esta se submete ao princípio da legalidade, não podendo se furtar em aplicar a lei. Não pode a autoridade lançadora e julgadora administrativa, por exemplo, invocando o princípio do nãoconfisco, afastar a aplicação da lei tributária. Isso ocorrendo, significaria declarar, incidenter tantum, a inconstitucionalidade da lei tributária que funcionou como base legal do lançamento (imposto e multa de ofício). Ora, como é cediço, somente os órgãos judiciais têm esse poder. No caso específico do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, tem aplicação o art. 62 de seu Regimento Interno (Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2007, DOU de 23 de junho de 2009), que veda expressamente a declaração de inconstitucionalidade de leis, tratados, acordos internacionais ou decreto, verbis: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão plenária definitiva do Supremo Tribunal Federal; ou II que fundamente crédito tributário objeto de: a) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, na forma dos arts. 18 e 19 da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002; b) súmula da AdvocaciaGeral da União, na forma do art. 43 da Lei Complementar nº 73, de 1993; ou c) parecer do AdvogadoGeral da União aprovado pelo Presidente da República, na forma do art. 40 da Lei Complementar nº 73, de 1993. O entendimento acima, que já existia no antigo Regimento Interno dos Conselhos de Contribuinte, foi objeto da Súmula 1ºCC nº 2: “O Primeiro Conselho de Contribuintes não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária”, e, com espeque no art. 72, caput e §4º, do Regimento Interno do CARF2, devese ressaltar que o enunciado sumular é de aplicação obrigatória nos julgamentos de 2º grau. 2 Art. 72. As decisões reiteradas e uniformes do CARF serão consubstanciadas em súmula de observância obrigatória pelos membros do CARF. § 1º a § 3º Omissis; § 4º As súmulas aprovadas pelos Primeiro, Segundo e Terceiro Conselhos de Contribuintes são de adoção obrigatória pelos membros do CARF. Fl. 12DF CARF MF Emitido em 17/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 16/08/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS Assinado digitalmente em 16/08/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS Processo nº 15956.000076/200889 Acórdão n.º 2102001.433 S2C1T2 Fl. 7 13 Com as considerações acima, rejeitase a tese defensiva de que a multa de ofício tem caráter confiscatório. Já no tocante à qualificação da multa de ofício, assiste razão ao recorrente. Eis a motivação para a qualificação da multa de ofício (fl. 31): Nos casos em que houve indícios de fraude, nos termos da Lei 4.502/64, artigos 71 a 73, esta fiscalização efetuou o lançamento do imposto com multa de ofício qualificada. Será formalizada Representação Fiscal para fins penais, definido pelos artigos 1° e 2° da Lei 8.137/90, acompanhada dos respectivos elementos de prova, em cumprimento ao disposto no artigo 1° do Decreto n° 982, de 12 de novembro de 1993, e Portaria SRF n°.326 de 15/03/05. Pela leitura acima, claramente se vê que a autoridade fiscal não explicitou os motivos da qualificação da multa de ofício que incidiu sobre o imposto decorrente das omissões de rendimentos percebidos de pessoas físicas nos anoscalendário 2004 e 2005. Não se sabe o motivo da qualificação, notadamente porque no ano antecedente de 2003 não houve a qualificação (fl. 06). Talvez a autoridade tenha qualificado a multa de ofício pela reiteração da conduta da omissão de rendimentos recebidos de pessoa física. Porém isso é uma mera especulação deste julgador, pois a glosa de despesas médicas ocorreu em três exercícios (fl. 08), e nem por isso foi qualificada. Assim, não demonstrada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, devese cancelar o exasperamento da multa de ofício. Por óbvio, aqui não se acata a pretensão de reduzir a multa para o percentual de 20%, pois, apontada uma omissão de rendimentos, a multa a ser aplicada é aquela regulada pelo art. 44, I, da Lei nº 9.430/96 (multa de ofício no percentual de 75% sobre o imposto lançado). Acatar essa pretensão seria declarar de modo incidental a inconstitucionalidade do inciso citado, o que, como é cediço, é vedado ao julgador administrativo. Ante o exposto, voto no sentido de REJEITAR a preliminar de nulidade aventada e, no mérito, DAR parcial provimento ao recurso para reconhecer que a decadência extinguiu o crédito tributário do anocalendário 2002, cancelar a multa isolada do carnêleão e reduzir a multa de ofício exasperada do percentual de 150% para 75%. Assinado digitalmente Giovanni Christian Nunes Campos Fl. 13DF CARF MF Emitido em 17/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 16/08/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS Assinado digitalmente em 16/08/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS 14 Fl. 14DF CARF MF Emitido em 17/08/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 16/08/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS Assinado digitalmente em 16/08/2011 por GIOVANNI CHRISTIAN NUNES CAMPOS
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