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Numero do processo: 15165.000434/2011-65
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Aug 09 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Sep 29 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 05/06/2006 a 10/12/2008
RECURSO ESPECIAL. DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL. PRESSUPOSTO DE ADMISSIBILIDADE. NÃO-COMPROVAÇÃO. NÃO CONHECIMENTO.
O recurso especial de divergência se destina à uniformização de dissídios jurisprudenciais e é cabível apenas contra decisão que interpretar norma tributária diferentemente do entendimento adotado por outra Turma ou Câmara do Conselho de Contribuintes ou do CARF ou pela CSRF, o que só se configura quanto à subsunção de fatos semelhantes à mesma norma.
A divergência jurisprudencial não se estabelece em matéria de prova e quando em confronto acórdãos que exibem situações fáticas diferentes.
Recurso Especial do Procurador Não Conhecido.
Numero da decisão: 9303-004.214
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em não conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional, vencidos os conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Júlio César Alves Ramos e Rodrigo da Costa Pôssas, que o conheceram. Não votou o conselheiro Andrada Marcio Canuto Natal. Conforme Portaria CARF Nº 107, de 04 de Agosto de 2016, designada pelo presidente da Turma de Julgamento, como redatora ad hoc, a conselheira Tatiana Midori Migiyama. Fez sustentação oral a patrona do contribuinte, Dra. Silvia Maria Costa Brega, OAB-SP 127.142, escritório Simonaggio Advogados Associados. Julgamento iniciado na reunião de Junho de 2016 e concluído na reunião de Agosto.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Tatiana Midori Migiyama - Redatora ad hoc
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício), Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama (Redatora ad hoc), Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Charles Mayer de Castro Souza, Valcir Gassen e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO
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DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL. PRESSUPOSTO DE ADMISSIBILIDADE. NÃOCOMPROVAÇÃO. NÃO CONHECIMENTO. O recurso especial de divergência se destina à uniformização de dissídios jurisprudenciais e é cabível apenas contra decisão que interpretar norma tributária diferentemente do entendimento adotado por outra Turma ou Câmara do Conselho de Contribuintes ou do CARF ou pela CSRF, o que só se configura quanto à subsunção de fatos semelhantes à mesma norma. A divergência jurisprudencial não se estabelece em matéria de prova e quando em confronto acórdãos que exibem situações fáticas diferentes. Recurso Especial do Procurador Não Conhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em não conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional, vencidos os conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Júlio César Alves Ramos e Rodrigo da Costa Pôssas, que o conheceram. Não votou o conselheiro Andrada Marcio Canuto Natal. Conforme Portaria CARF Nº 107, de 04 de Agosto de 2016, designada pelo presidente da Turma de Julgamento, como redatora ad hoc, a conselheira Tatiana Midori Migiyama. Fez sustentação oral a patrona do contribuinte, Dra. Silvia Maria Costa Brega, OABSP 127.142, escritório Simonaggio Advogados Associados. Julgamento iniciado na reunião de Junho de 2016 e concluído na reunião de Agosto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 16 5. 00 04 34 /2 01 1- 65 Fl. 1012DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 26/09/2 016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 15165.000434/201165 Acórdão n.º 9303004.214 CSRFT3 Fl. 301 2 (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício (assinado digitalmente) Tatiana Midori Migiyama Redatora ad hoc Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício), Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama (Redatora ad hoc), Andrada Márcio Canuto Natal, Demes Brito, Charles Mayer de Castro Souza, Valcir Gassen e Vanessa Marini Cecconello. Relatório Para elucidar os fatos ocorridos até a decisão de primeira instância administrativa, colaciono o relatório do Acórdão nº 0726.422, de 24/10/2011, da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Florianópolis (DRJ/FNS): "Trata o presente processo de auto de infração lavrado para constituição de crédito tributário no valor de R$ 16.788.412,50 referente a multa prevista no artigo 23, § 3º, do Decretolei nº 1.455/1976, com a redação dada pelo artigo 59 da Lei nº 10.637/2002. Depreendese do “Relatório Fiscal” do auto de infração (fls. 09 a 31), que por ocasião do procedimento de revisão aduaneira das declarações de importação (DI’s) listadas à folhas 78 a 82 e registradas no período entre junho de 2006 e dezembro de 2008 a fiscalização concluiu que, nestas operações de importação, ocorreu ocultação do real vendedor mediante simulação, bem como falsidade ideológica de documentos necessários ao desembaraço. A presente fiscalização decorre de fiscalização realizada por ocasião da declaração de importação n° 08/08041651, onde, em síntese, restou apreendida a mercadoria em razão da inserção simulada de uma terceira empresa, localizada em “paraíso fiscal”, para atuar como exportador, infração punível com a pena de perdimento da mercadoria, tendo sido Fl. 1013DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 26/09/2 016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 15165.000434/201165 Acórdão n.º 9303004.214 CSRFT3 Fl. 302 3 constatado naquela fiscalização que o valor aduaneiro foi consignado em 25% maior que o declarado no País de origem da mercadoria (Argentina). Como desdobramento daquela fiscalização foi lavrado auto de infração relativo ao preço de transferência (diferença a tributar de IRPJ – imposto de renda e CSLL –contribuição social s/ lucro líquido) e também representação fiscal para fins penais. As mercadorias objeto de revisão aduaneira (Lectrum 3,75 mg ou 7,5 mg) são produzidas na Argentina pela Empresa ERIOCHEM S.A., e são importadas pela interessada com a indicação de que o exportador é a Empresa SANDOZ N.V. (situada nas Antilhas Holandesas) no caso de 3 declarações de importação ou a Empresa SURPLAY FINANCIAL (situada nas Ilhas Virgens Britânicas) no caso de 100 declarações de importação. Não obstante os exportadores estarem situados em “paraísos fiscais” (Instrução Normativa RFB n° 1.037/2010), comparação realizada entre os valores declarados junto a Aduana Argentina e Aduana Brasileira, mediante confronto dos dados existentes nos Sistemas “Indira” (declarações de exportação da Argentina) e “Siscomex” (declarações de importação no Brasil), demonstra pontualmente, em cada uma das operações realizadas, que a interessada declarava nas importações valor aduaneiro majorado em relação àquele declarado na saída do país de origem das mercadorias. Os percentuais de majoração encontramse destacados na tabela de folhas 78 a 82, última coluna, variando entre 16, 67% e 99,82, restando o percentual de 25% o mais utilizado. Relata a fiscalização (fl. 15) que 99,99% do capital da interessada pertence a Empresa NOVARTIS PHARNA AG, situada na Suíça e que a Empresa Argentina SANDOZ S.A. também pertence ao Grupo NOVARTIS e adquiriu participação na Empresa ERIOCHEM. Considerando as informações apresentadas pela interessada, tanto no procedimento de fiscalização relacionado à declaração de importação n° 08/08041651, quanto no inquérito policial dela decorrente (e que inclui outras operações de importação, algumas inclusive do presente objeto de autuação), e em mensagens eletrônicas apresentadas, a fiscalização concluiu que restou demonstrado o “modus operandi” das operações em trato: as Fl. 1014DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 26/09/2 016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 15165.000434/201165 Acórdão n.º 9303004.214 CSRFT3 Fl. 303 4 negociações eram conduzidas diretamente entre a interessada e a Empresa ERIOCHEM S.A. (Argentina), sem a participação de terceiros intervenientes (Empresa SANDOZ N.V. ou Empresa SURPLAY FINANCIAL) declarados à Secretaria da Receita Federal do Brasil como “exportadores”. Aduz a fiscalização que o que se espera de um exportador, mesmo que de mercadoria produzida por terceiro, é que de alguma forma conduza as negociações, discuta preço e condições, que, enfim, prova a operação. Contudo, referida negociação era realizada diretamente entre interessada e a Empresa ERIOCHEM S.A. (Argentina). Os embarques de exportação da Argentina eram feitos diretamente para o Brasil, sem passar pelas Ilhas Virgens ou pelas Antilhas Holandesas (dados do Sistema Indira). Embora tenham sido formalizadas refaturações, as empresas intermediárias nada acrescentavam às operações, seja em termos de produtos, seja na comercialização destes. Após a autuação realizada por ocasião da declaração de importação n° 08/08041651, a interessada passou a declarar nas operações de importação subseqüentes a Empresa ERIOCHEM S.A. (Argentina) tanto como fabricante/produtor como exportador. Ademais, os preços unitários das mercadorias foram reduzidos a valores equivalentes àqueles declarados à Aduana Argentina. Tal situação ratifica o entendimento da fiscalização, vez que a mudança de procedimento adotado pela interessada acabou por comprovar que os terceiros (Empresa SANDOZ N.V. ou Empresa SURPLAY FINANCIAL) não desempenhavam qualquer papel na comercialização ou negociação das mercadorias, tratandose apenas de mera intermediação simulada. O vendedor real, o exportador de fato, aquele que promovia os negócios na ponta da venda era a Empresa ERIOCHEM S.A. (Argentina). Prossegue a fiscalização indicando que o registro das declarações de importação figurando as Empresas SANDOZ N.V. ou SURPLAY FINANCIAL como exportadoras é negócio jurídico que tem aparência contrária a realidade, tratandose de simulação. O real exportador não eram tais empresas, mas a Empresa ERIOCHEM S.A. que de fato negociava e promovia as vendas internacionais diretamente para a interessada. Fl. 1015DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 26/09/2 016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 15165.000434/201165 Acórdão n.º 9303004.214 CSRFT3 Fl. 304 5 Considerando que tanto os documentos que instruem as declarações de importação, quanto as próprias declarações de importação indicam exportador diverso daquele que efetivamente praticava o negócio e atuava como real vendedor, a fiscalização concluiu ainda que restou caracterizada a falsidade ideológica (nos termos do artigo 299 do Código Penal). Assim, considerando que tanto a prática de ocultação do real vendedor mediante simulação, quanto a falsidade ideológica das declarações de importação e das faturas que as instruíram, implicam na aplicação da pena de perdimento (DecretoLei n° 1.455/76, artigo 23, incisos IV e V, Decreto Lei n° 37/66, artigo 105, inciso VI, regulamentados pelo Decreto n° 6.759/09, artigo 689, incisos VI e XXII), a fiscalização intimou a interessada a apresentar as mercadorias. Contudo, diante da alegação de impossibilidade de apresentar tais mercadorias a fiscalização aplicou o disposto no artigo 23, § 3º, do Decretolei nº 1.455/1976, com a redação dada pelo artigo 59 da Lei nº 10.637/2002, convertendo em multa equivalente ao valor aduaneiro das mercadorias. Finalmente, à folhas 31, a fiscalização informa que foi realizada representação fiscal para fins penais, conforme processo administrativo n° 15165.000435/201118. Cientificada, a interessada apresentou a impugnação de folhas 739 a 766, anexando os documentos de folhas 767 a 806. Em síntese apresenta os seguintes argumentos: Que, a leitura das DI’s não indica a existência de simulação, definida pelo Fisco como sendo a ocultação do verdadeiro exportador. Todas as declarações contêm a clara informação do produtor da mercadoria e do exportador; Que, não há ilicitude em importar de empresa sediada em paraíso fiscal. A legislação prevê a aplicação do mecanismo dos preços de transferência em operações comerciais ou financeiras realizadas entre as partes relacionadas, sediadas em diferentes jurisdições tributárias, ou quando uma das partes está sediada em paraíso fiscal; Que, os documentos comerciais não indicam qualquer ajuste comercial entre impugnante e Eriochem; Fl. 1016DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 26/09/2 016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 15165.000434/201165 Acórdão n.º 9303004.214 CSRFT3 Fl. 305 6 Que, a emissão das invoices por escritório externo não configura operação triangular; Que, O Fisco procedeu a uma comparação entre os preços praticados em exportações feitas pela Eriochem e os preços das exportações feitas pela Surplay e pela Sandoz NV para a Impugnante. Ocorre que as bases de comparação são completamente diferentes. A comparação somente poderia produzir algum resultado prático se o Fisco houvesse comparado os preços das exportações da Eriochem para a Surplay e para a Sandoz NV, pois somente nessa hipótese se estaria examinando operações similares; Que, não se pode imputar dolo ou máfé à impugnante porque nenhum dos atos praticados na relação com a aduana brasileira ocorreu de forma a impedir a ação fiscal. Não há um só documento ou informação que estivesse sob a guarda ou responsabilidade da impugnante que não tenha sido entregue ou prestada ao Fisco. Evidentemente não pode ser obrigada a entregar documentos de terceiros que não estão sob sua gestão e alcance administrativo; Que, inexistido a simulação, não se pode falar em falsidade ideológica. As operações foram ajustadas mediante aplicação de preço de transferência, assim, não houve alteração da verdade sobre fato juridicamente relevante, as operações não foram tratadas como inexistentes. Que, houve ajuste de preço de transferência praticado pela impugnante em todas as operações de importação em caso, questão pendente de decisão administrativa (auto de infração). A concomitante aplicação da pena de perdimento (conversão) além de não encontrar qualquer fundamentação legal, trará prejuízos à impugnante; Que, ainda que ainda que de operação fraudulenta se tratasse, o mesmo dinheiro seria enviado ao exterior, de forma que não existe vantagem econômica lógica na operação, derrubando o incorreto pressuposto econômico constante do relato fiscal. A legislação tributária nacional isenta a remessa de lucros para o exterior; Que, houve o recolhimento dos tributos incidentes no ciclo de comercialização no mercado interno; Que, há erros materiais na autuação (Quadro à folhas 765 e 764); Fl. 1017DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 26/09/2 016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 15165.000434/201165 Acórdão n.º 9303004.214 CSRFT3 Fl. 306 7 Que, é nula a exigência fiscal, ainda que sob o manto de revisão aduaneira, quando se pretende atingir produto ou operação integralmente tributada, seja quando de sua circulação econômica, seja quando da apuração da renda gerada. No entanto, é o que pratica a Fiscalização no caso em exame. A multa tem caráter confiscatório; Requer a declaração de nulidade do auto de infração em decorrência dos erros materiais apontados e em razão da onerosidade da multa e de sua injurídica cumulação com tributos recolhidos decorrentes do mesmo fato econômico; ou a declaração de insubsistência do auto de infração tendo em vista a inexistência de simulação e falsidade ideológica e da inexistência de dano ao Erário." A 1ª Turma de Julgamento da DRJ/FNS julgou improcedente em parte a impugnação, nos termos do Acórdão nº 0726.422, cuja ementa abaixo reproduzo: “Assunto: Obrigações Acessórias Período de apuração: 05/ 06/2006 A 10/12/2008 DANO AO ERÁRIO. PENA DE PERDIMENTO. MERCADORIA NÃO LOCALIZADA. MULTA IGUAL AO VALOR ADUANEIRO DA MERCADORIA. Considerase dano ao Erário a ocultação do real vendedor na operação de importação mediante simulação, infração punível com a pena de perdimento, que é convertida em multa equivalente ao valor aduaneiro, caso as mercadorias não sejam localizadas ou tenham sido consumidas." A parte em que foi considerada procedente a impugnação diz respeito a erro material no cálculo do crédito tributário, tendo sido excluídos da autuação o montante de R$ 999.7423,25. Irresignada com a decisão da primeira instância administrativa, a Sandoz interpôs recurso voluntário ao CARF, alegando, em brevíssima síntese: inexistência dos pressupostos e fundamentos essenciais do auto de infração e da decisão guerreada, em especial, inocorrência de ocultação do exportador, logo inexistência de simulação ou fraude na ocultação Fl. 1018DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 26/09/2 016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 15165.000434/201165 Acórdão n.º 9303004.214 CSRFT3 Fl. 307 8 e de falsidade ideológica nos documentos necessários ao desembaraço aduaneiro das mercadorias; não houve comprovação de efetivo dano ao erário; a operação comercial tal como empreendida tem implicações no cálculo do IR e da CSLL, havendo previsão para que sejam feitos ajustes, e estes foram efetuados; não há que se falar em vantagem em relação à tributação dos lucros, uma vez que a remessa de lucros não sofreria tributação, no caso de remessa para pessoa física ou jurídica sediada no exterior, ainda que em paraísos fiscais; a inserção das mercadorias no mercado nacional, com recolhimento dos tributos devidos em operações internas impede que se aplique a pena de perdimento das mercadorias e, por consequência, a conversão desta pena em multa equivalente ao valor aduaneiro das mesmas. O recurso voluntário foi provido, nos termos do Acórdão nº. 3101 001.681, da 1ª Turma Ordinária da 1ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento do CARF. A ementa do acórdão ficou assim redigida: “Assunto: Obrigações Acessórias Período de apuração: 05/ 06/2006 A 10/12/2008 Fraude ou simulação Intuito não provado pela fiscalização. Falsidade ideológica, é delito de mera conduta, sendo prescindível, para sua configuração, a produção de resultado. Dano ao erário nos presentes autos, inexistem ou não foram apontados, consequentemente incabível a aplicação da multa de perdimento." Contra a decisão, a Fazenda Nacional interpôs recurso especial, suscitando divergência jurisprudencial em relação ao entendimento de que não é necessária a comprovação da simulação e do dano ao erário para aplicação da pena de perdimento, tendo em vista que se trata de presunções legais. Foram indicados como paradigmas os acórdãos nºs. 310201.414, 3102 002.195. O recurso especial foi admitido conforme Despacho S/Nº, de 26/06/2015, folhas 966 a 969 do eprocesso. Fl. 1019DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 26/09/2 016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 15165.000434/201165 Acórdão n.º 9303004.214 CSRFT3 Fl. 308 9 Foram apresentadas contrarrazões, nas quais foi alegado que o recurso especial não pode ser conhecido, pelas seguintes razões: i) a recorrente pretende a reapreciação das provas, o que não é cabível em sede de recurso especial; ii) os paradigmas trataram de situações fáticas diferentes, porque neles se discutiu a interposição fraudulenta enquanto que no recorrido discutiuse ocultação do real vendedorexportador; iii) a recorrente não demonstrou analiticamente a divergência jurisprudencial; iv) a recorrente não identificou a fonte de onde foram copiadas as ementas dos acórdãos paradigmas. É o relatório. Voto Conselheira Tatiana Midori Migiyama Redatora ad hoc Primeiramente, importante clarificar que essa Conselheira foi designada, nos termos do art. 1º da Portaria CARF 107/2016, redatora ad hoc, haja vista que o ilustre conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho, relator à época do processo, não mais nos confortaria com seus conhecimentos técnicos e discussões riquíssimas que tanto abrilhantavam nosso Colegiado. Sendo assim, em respeito ao art. 1º dessa Portaria, que estabelece que na ocorrência de afastamento definitivo de Conselheiro relator sem que tenha sido concluído o julgamento do recurso, este continuará da fase em que se encontrar, devendo ser designado, pelo presidente da Turma de Julgamento, redator ad hoc, escolhido, preferencialmente, dentre os conselheiros que adotaram o voto exarado pelo relator afastado. Haja vista minha concordância com o voto proferido pelo ilustre conselheiro Gilson, passo a adotálo em sua integralidade, vez que já havia o conselheiro exposto o seu posicionamento. 1. Preliminar de admissibilidade do Recurso Especial. Em face das contrarrazões opostas ao Recurso Especial da Fazenda Nacional, trato do seu juízo de admissibilidade. Fl. 1020DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 26/09/2 016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 15165.000434/201165 Acórdão n.º 9303004.214 CSRFT3 Fl. 309 10 No presente caso, entendo assistir razão à Sandoz. 1.1 Sobre a reapreciação de provas em sede de recurso especial. Conforme demonstrado no despacho de exame de admissibilidade, há divergência de entendimento entre o acórdão recorrido e o paradigma nº 310201.414, quanto à necessidade de provar a simulação e o efetivo dano ao erário para aplicação da pena de perdimento ou de sua conversão em multa, quando não localizadas as mercadorias importadas. Entretanto, no acórdão recorrido, após apreciar os elementos de prova, o Colegiado entendeu que as pessoas jurídicas que constaram como exportadoras, Surplay Financial e Sandoz N.V., eram de fato as exportadoras das mercadorias, e não a Eriochem, ao contrário do que afirmado pela fiscalização. Extraio do voto condutor da decisão recorrida o seguinte trecho: "Não obstante exista esses tipos penais, ocultação, simulação e falsidade ideológica de documentação, eles necessitam de PROVAS claras e precisas para que essa artimanha resulte em DANOS AO ERÁRIO. Não cabe aqui em discutir a inversão do ônus da prova, como reclamou o autor do voto condutor da decisão recorrida, afirmando que a Recorrente “não trouxe à luz provas de fato ou argumentos que pudessem excluir a sua responsabilidade nos termos da legislação”. “A prova da infração fiscal pode realizarse por todos os meios admitidos em Direito, podendo ser direta ou indireta, assim conceituada aquela que se apoia em conjunto de indícios capazes de demonstrar a ocorrência da infração e de fundamentar o convencimento do julgador, sendo, outrossim, livre a convicção do julgador.” Portanto, no meu entendimento, a Recorrente sempre assumiu a responsabilidade legal de preenchimento dos documentos, de indicação do nome do exportador e do produtor da mercadoria importada. Não é possível admitir uma modulação dos fatos para impor uma responsabilidade e exigir provas do que não ocorreu ou a fiscalização presumiu. Fl. 1021DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 26/09/2 016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 15165.000434/201165 Acórdão n.º 9303004.214 CSRFT3 Fl. 310 11 O Recurso Voluntário é extremamente minucioso, detalhista e apresentou uma contestação a todos os argumentos da decisão recorrida. Rebateu cada trecho do voto da decisão recorrida e do qual corroboro totalmente. Assim, entendo que não houve ocultação do real vendedor, porque ele era e foi o verdadeiro produtor da mercadoria. A existência das empresas Surplay Financial e da Sandoz N.V. como exportadores do medicamento fabricado pela empresa argentina Eriochem não foi uma descoberta da fiscalização, mas como bem lembrado pela Recorrente, uma informação conferida pela importadora em todos os documentos pertinentes às importações. Portanto, nessa função de julgadora em segunda instância administrativa, livre e responsável que sou para formar minha convicção, no caso específico dos presentes autos, não fiquei convencida da ocorrência da infração imputada a Recorrente. Na verdade não encontrei um conjunto de indícios no trabalho fiscal que fosse suficiente para sem dúvidas entender que a Recorrente praticou o ato cominado a ela a ponto de receber uma penalidade por responder com o valor das mercadorias importadas nessas importações que substanciam esse processo. Vejo, ainda, que os supostos indícios são genéricos e as acusações são específicas no presente processo. A decisão recorrida que manteve a autuação pretendeu conferir à troca de emails entre a Recorrente e a empresa fabricante Eriochem, em 2011, a comprovação de ajuste comercial entre ambas. Porém, tais emails tão somente refletem informações requeridas pela Recorrente para tentar atender a pedidos da fiscalização aduaneira anterior, para prestar informação necessária a instruir procedimento investigatório." Logo, na convicção da Relatora do acórdão recorrido, não foi comprovada a mera ocultação do real vendedor (exportador) das mercadorias, o que, por si só, seria suficiente para dar provimento ao recurso voluntário. Fl. 1022DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 26/09/2 016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 15165.000434/201165 Acórdão n.º 9303004.214 CSRFT3 Fl. 311 12 Se não houve ocultação, sequer haveria de se aventar a ocultação mediante fraude ou simulação e a configuração de dano ao erário, bem como a consequente aplicação da pena de perdimento ou de sua substitutiva. O entendimento de que é prescindível comprovar a simulação ou fraude não seria suficiente para negar provimento ao recurso voluntário no caso destes autos. O mesmo se aplica ao entendimento de que é prescindível comprovar o efetivo dano ao erário. Assim, o entendimento divergente do acórdão paradigma nº 310201.414 não serviria para alterar o desfecho da decisão recorrida, a não ser que se reapreciassem as provas quanto à acusação de que as informações/declarações sobre quem eram os exportadores das mercadorias não condiziam com a realidade dos fatos. Mas, neste caso, estarseia utilizando indevidamente o recurso especial, que não se presta à reapreciação de provas, porque foi instituído para a uniformização de divergências de interpretação. 1.2 Só se caracteriza a divergência jurisprudencial entre decisões que trataram de situações fáticas semelhantes. Conforme art. 67, caput, do Anexo II do Regimento Interno do CARF (RICARF, de 2015), o recurso especial é cabível contra decisão que interpretar norma tributária diferentemente do entendimento adotado por outra turma ou Câmara do Conselho de Contribuintes ou do CARF ou pela CSRF, o que só se configura quanto à subsunção de fatos semelhantes à mesma norma. Neste sentido já decidiu a Câmara Superior de Recursos Fiscais, conforme acórdãos nºs. 9101001.973, 9202003.648 e 9202003.655, citados nas contrarrazões. O acórdão recorrido tratou de fatos que, se tivessem sido comprovados, teriam caracterizado ocultação do real vendedor (exportador) de mercadorias importadas. O acórdão paradigma 310201.414 tratou de ocultação do real adquirente de mercadorias importadas, na hipótese específica de "interposição fraudulenta de terceiros". Fl. 1023DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 26/09/2 016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 15165.000434/201165 Acórdão n.º 9303004.214 CSRFT3 Fl. 312 13 Vejase o seguinte trecho do seu voto condutor, que copio do recurso especial: "Esclarecido isso, é preciso que se faça a devida ressalva em relação à possibilidade de que o contribuinte desconstitua a presunção legal de ocorrência da infração por meio da comprovação de que as conclusões presumidas para aquelas circunstâncias não se aplicam ao caso concreto, o que será possível segundo as peculiaridades próprias de cada caso e mediante elementos de prova igualmente particulares. Desta forma vêse também preservada a busca da verdade material, outro dos pilares que sustentam as relações do particular com o Estado quando o assunto gira em torno da imposição tributária e do contencioso dela decorrente. (...) Quanto a isso, importante destacar, em primeiro lugar, que não referimonos a um fato isolado frente a operações regularmente processadas por um importador estabelecido. Há um quadro de elementos indiciários demonstrando que a empresa ALFA apenas constou nas Declarações de Importação como sendo o importador das mercadorias. Inobstante, relevante mencionar que a legislação é taxativa na eleição do cedente dos recursos financeiros como responsável solidário pela operação, assim como em relação à inobservância da regras fixadas pela legislação federal para este tipo de operação, se não vejamos – Regulamento Aduaneiro – Decreto 6.759/09. Apesar de a interposição fraudulenta ser um caso que se inclui entre os de ocultação, logo, em princípio, as situações fáticas seriam semelhantes, há uma grande diferença em relação ao ônus probatório entre esta figura e as demais hipóteses de ocultação. Fl. 1024DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 26/09/2 016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 15165.000434/201165 Acórdão n.º 9303004.214 CSRFT3 Fl. 313 14 É que o §2º do art. 23 do DecretoLei nº 1.455, de 1976, traz uma presunção legal de caracterização da interposição fraudulenta que não existe para os demais casos de ocultação. Segundo este parágrafo, a nãocomprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados nas operações de comércio exterior é suficiente para que se configure a interposição fraudulenta de terceiros. Aqui, o ônus da prova é do importador. O fato de não ter ocorrido comprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados nas operações de comércio exterior não foi considerado na lavratura do auto de infração que originou este processo. Este fato não serviu de fundamento para a caracterização da infração e aplicação da sanção. Logo, o acórdão paradigma nº 310201.414 tratou de situação fática diferente da do acórdão recorrido, o que impõe considerar o paradigma incapaz de comprovar as divergências jurisprudenciais suscitadas. No outro acórdão paradigma, o de número 3102002.195, tratouse de ocultação do real adquirente, encomendante predeterminado que, por presunção legal, foi considerado real comprador de mercadorias importadas por sua conta e ordem: Vejamos a ementa do acórdão paradigma 3102002.195: "Assunto: Imposto sobre a Importação II Data do fato gerador: 15/04/2010 INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. DANO AO ERÁRIO. PENA DE PERDIMENTO DA MERCADORIA. CONVERSÃO EM MULTA NO VALOR ADUANEIRO. Constitui dano ao Erário a importação realizada por conta e ordem de terceiros ou por encomenda, com ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação; sujeita à pena de perdimento das mercadorias, convertida em multa equivalente ao valor aduaneiro, caso as mercadorias não sejam localizadas ou tenham sido consumidas. Fl. 1025DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 26/09/2 016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 15165.000434/201165 Acórdão n.º 9303004.214 CSRFT3 Fl. 314 15 CESSÃO DO NOME. MULTA DE 10% DO VALOR DA OPERAÇÃO. INAPTIDÃO. MULTA DE CONVERSÃO DA PENA DE PERDIMENTO. CUMULATIVIDADE. RETROAÇÃO BENIGNA. IMPOSSIBILIDADE. Na aplicação da multa de dez por cento do valor da operação, pela cessão do nome, conforme artigo 33 da Lei nº 11.488/2007, não será proposta a inaptidão da pessoa jurídica, sem prejuízo da aplicação da multa equivalente ao valor aduaneiro das mercadorias, pela conversão da pena de perdimento dos bens. Descartada hipótese de aplicação do instituto da retroação benigna para penalidades distintas, como são as penas previstas no artigo 33 da Lei nº 11.488/2007 e no artigo 67 da Medida Provisória 2.158 35/01 na comparação com pena instituída pelo artigo 59 da Lei 10.637/02" E agora trechos do seu voto condutor: "Sopesando os elementos trazidos pelo Fisco e os contrapontos apresentados pela defesa, sou levado a crer que, de fato, tenhase configurado a infração imputada à Recorrente. (...) Seguindo por essa linha de raciocínio, entendo que sejam de grande relevo as informações carreadas aos autos pela Fiscalização Federal acerca das atividades desenvolvidas pela autuada. Conforme declaração prestada pela própria, as operações objeto do Auto de Infração sub judice estão sempre baseadas em encomendas de refrigeradores e suas partes e peças feitas pela empresa Alpunto, com quem admitiu ter um contrato verbal de fornecimento, em regime de exclusividade. Confirmou que toda a importação é precedida de uma encomenda feita pela Alpunto. Converge com esses dados a informação encontrada no site da Recorrente na internet, onde apresentase como importador por conta e ordem e por encomenda. Fl. 1026DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 26/09/2 016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 15165.000434/201165 Acórdão n.º 9303004.214 CSRFT3 Fl. 315 16 Difícil, diante de tais evidências, admitir que não se esteja diante de uma típica importação por conta e ordem ou por encomenda de terceiro. É da própria índole da Recorrente atuar como importadora por conta e ordem ou por encomenda e, ainda mais, no caso concreto, conforme declaração prestada, todas as importações foram realizadas com base em pedidos recebidos antecipadamente da Alpunto." No caso deste paradigma, o Colegiado constatou que as mercadorias importadas destinavamse a terceiro, encomendante predeterminado. Na convicção dos julgadores, diferente do que ocorreu no acórdão recorrido, a fiscalização provou os fatos que atribuiu à importadora e à real adquirente, em especial, que os documentos que instruíram o despacho aduaneiro estavam em desacordo com os fatos apurados. Aqui também há norma específica, que foi considerada no voto condutor da decisão, a qual impõe, em conjunto com outras normas específicas, a caracterização da infração descrita no auto de infração, nos casos de nãocumprimento de requisitos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do BrasilRFB para a atuação de pessoa jurídica importadora, que adquira mercadorias no exterior para revenda a encomendante predeterminado. A norma está prevista no art. 11, §2º, da Lei nº 11.281, de 20/2/2006, que remete aos arts. 77 a 81 da MP nº 2.158, de 24/08/2001, e os requisitos e condições estão previstos na IN SRF nº 634, de 24/3/2006. Apesar de considerar que o nãocumprimento dos requisitos e condições estabelecidos pela RFB seria suficiente para a aplicação da sanção, no voto condutor afirmou se que ficou comprovada a simulação, com base em quadro indiciário forte que não foi afastado pelas autuadas. Vejase o seguinte trecho: "Como bem destacado no Relatório Fiscal (citando Sílvio de Salvo Venosa, em “Direito Civil – Parte Geral”) a simulação é ato que finge, mascara, camufla, esconde a realidade e a real intenção. É, por sua própria natureza, de difícil e custosa comprovação. A verdade é encoberta de um manto proteção que induz a aparência de um negócio que não guarda correspondência com a vontade. Fl. 1027DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 26/09/2 016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 15165.000434/201165 Acórdão n.º 9303004.214 CSRFT3 Fl. 316 17 Por isso, a prova da simulação é realizada, quase sempre, com base em um quadro indiciário, do qual, pela observação dos diversos elementos que lhe constituem, presumese a ocorrência de outro fato. Aqui, além das circunstâncias acima descritas, temse, ainda, que o importador praticou preços que determinaram uma margem de lucro de apenas 1,5%; não contava com instalações condizentes e nem tinha capacidade econômicofinanceira para movimentar os 34 milhões de reais importados ao longo dos anos de 2010 e 2011 e remetia as mercadorias importadas diretamente do recinto alfandegário para a empresa Alpunto. As explicações apresentadas pela Recorrente para esses fatos não convencem." Logo, o acórdão paradigma nº 3102002.195 também tratou de situação fática diferente da tratada no acórdão recorrido e, por isso, não serve para comprovar divergência jurisprudencial. Conclusão. Considerando que o recurso especial não deve ser utilizado para o fim específico de reapreciação das provas e só é cabível quando em confronto acórdãos que exibem situações fáticas diferentes; que no acórdão recorrido o Colegiado se convenceu de que não foram provados os fatos imputados pela fiscalização ao responsável pela operação de importação; que nos acórdão paradigmas os Colegiados se convencerem que os fatos descritos pela fiscalização foram comprovados; que as situações fáticas dos acórdãos paradigmas são diferentes da do acórdão recorrido, voto por não conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional. Eis, então, a palavra do ilustre Conselheiro Gilson, que reproduzo por concordar com o seu entendimento. (assinado digitalmente) Tatiana Midori Migiyama Fl. 1028DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 26/09/2 016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS Processo nº 15165.000434/201165 Acórdão n.º 9303004.214 CSRFT3 Fl. 317 18 Fl. 1029DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 26/09/2 016 por TATIANA MIDORI MIGIYAMA, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por RODRIGO DA COSTA POSSAS
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Numero do processo: 11065.904835/2011-63
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Jun 17 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Jul 30 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 3302-001.144
Decisão: Resolvem os membros do colegiado, por maioria de votos, converter o julgamento em DILIGÊNCIA, para discriminar as receitas contidas na conta "outras receitas", nos termos do voto do relator.
(documento assinado digitalmente)
Gilson Macedo Rosenburg Filho Relator e Presidente
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Participaram do presente julgamento os conselheiros: Gilson Macedo Rosenburg Filho (Presidente), Corintho Oliveira Machado, Walker Araujo, Luis Felipe de Barros Reche (Suplente Convocado), Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad e Denise Madalena Green..
Nome do relator: GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO
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decisao_txt : Resolvem os membros do colegiado, por maioria de votos, converter o julgamento em DILIGÊNCIA, para discriminar as receitas contidas na conta "outras receitas", nos termos do voto do relator. (documento assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho Relator e Presidente Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Participaram do presente julgamento os conselheiros: Gilson Macedo Rosenburg Filho (Presidente), Corintho Oliveira Machado, Walker Araujo, Luis Felipe de Barros Reche (Suplente Convocado), Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad e Denise Madalena Green..
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Interessado FAZENDA NACIONAL Resolvem os membros do colegiado, por maioria de votos, converter o julgamento em DILIGÊNCIA, para discriminar as receitas contidas na conta "outras receitas", nos termos do voto do relator. (documento assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho – Relator e Presidente Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Participaram do presente julgamento os conselheiros: Gilson Macedo Rosenburg Filho (Presidente), Corintho Oliveira Machado, Walker Araujo, Luis Felipe de Barros Reche (Suplente Convocado), Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad e Denise Madalena Green.. Relatório Trata o presente processo de Pedido de Compensação de créditos de PIS/Pasep, transmitido por meio de PER/DCOMP. Após análise eletrônica, a DRF de origem emitiu Despacho Decisório no qual informa que foram localizados um ou mais pagamentos, porém estes teriam sido integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Assim, diante da inexistência de crédito, a compensação declarada NÃO FOI HOMOLOGADA. Devidamente cientificada, a contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade, em que afirma que sempre agiu em conformidade com a lei e, por consequência, recolheu indevidamente as contribuições calculadas nos termos do § 1, art. 3, da Lei 9.718/98, cuja inconstitucionalidade foi reconhecida pelo STF. Acrescenta que em virtude desse entendimento procedeu à compensação administrativa, por meio de DCOMPs, dos recolhimentos indevidos da contribuição ao PIS sobre a parcela da base de cálculo excedente ao faturamento, assim entendido como as receitas decorrentes da venda de bens e prestação de serviços. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 10 65 .9 04 83 5/ 20 11 -6 3 Fl. 155DF CARF MF Fl. 2 da Resolução n.º 3302-001.144 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 11065.904835/2011-63 Nesse trilhar, aponta ainda nulidade do procedimento por erro na capitulação legal. Faz um arrazoado sobre a validade do ato processual administrativo tributário, defendendo que o Despacho Decisório, para ser válido e eficaz, deve conter os requisitos fundamentais: agente capaz, forma prescrita ou não defesa em lei e objeto lícito. Por seu turno, a DRJ entendeu que a recorrente deveria ter realizado a plena prova do seu direito, com a juntada da documentação comprobatória do crédito, quando da apresentação da Manifestação de Inconformidade. Concluiu pela improcedência da Manifestação, por não se admitir compensação cuja existência não seja comprovada. Irresignada, a recorrente insurgiu-se contra esta decisão por meio de Recurso Voluntário, no bojo do qual reiterou os argumentos da Manifestação de Inconformidade, ao qual anexou documentos fiscais e demonstração contábil. Alegou ainda que, em se tratando, de despacho eletrônico, foi apenas quando da interposição do Recurso que teve a oportunidade de apresentar tais provas. É o breve relatório. VOTO Conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho - Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplica-se o decidido no Acórdão 3302-001.133, de 17 de junho de 2019, proferido no julgamento do processo 13051.720137/2011-91, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcreve-se, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302-001.133). A discussão do processo diz respeito inicialmente, a (i) qual seria a documentação suficiente a comprovar tal crédito e o momento processual de sua apresentação e, (ii) eventual necessidade de retificação de DCTF e (iii) a análise das receitas que não se amoldam ao conceito de faturamento. Momento da produção da prova no Processo Administrativo Fiscal. Para a análise do direito creditório da Recorrente é necessário que ela se desincumba do seu ônus de provar o recolhimento a maior, o que deve ser realizado na primeira oportunidade processual, qual seja no pedido de compensação. Contudo, sabe-se que o sistema eletrônico não admite juntada de documentação quando do pedido de compensação, e que a primeira oportunidade que a recorrente teve para fazê-lo foi quando da apresentação da manifestação de inconformidade. Nesta ocasião a Recorrente apresentou os documentos que entendeu suficientes para a demonstração do seu direito, tendo feito com aquilo que julgou que seria suficiente, ou seja declaração de compensação e demonstrativo de débito, que constitui uma prova indiciária, todavia por sua pouca robustez, a Delegacia de Julgamento da Receita Federal do Brasil entendeu que tais documentos eram insuficientes, julgando improcedente a Manifestação de Inconformidade. Fl. 156DF CARF MF Fl. 3 da Resolução n.º 3302-001.144 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 11065.904835/2011-63 Desta forma, foi apenas no Recurso Voluntário que a Recorrente pode apresentar a documentação, razão pela qual se admite que tenham sido trazidas apenas neste momento processual. Desnecessidade de retificação de DCTF Neste momento processual também cabe analisar se existe ou não necessidade do contribuinte realizar a retificação da DCTF como requisito para o exercício do direito de compensação. Em relação a este ponto, este colegiado possui entendimento no sentido de que a retificação da DCTF não é um requisito intransponível para a realização do pedido de compensação, razão suficiente a que seja analisado o pedido que constitui o cerne do presente processo. Análise das receitas que a Recorrente apontou como não sendo faturamento. A Recorrente fez acompanhar a sua Manifestação de Inconformidade com uma tabela onde elenca valores que entende não se subsumirem ao conceito de faturamento. Dentre tais valores há alguns que, por uma análise superficial é possível perceber tratar- se de receitas que não se amoldam ao conceito de “faturamento” de uma empresa que fabrica máquinas, como rendimento de aplicações financeiras, juros de mora e variações cambiais sobre exportações, apenas para citar três exemplos relevantes. Todavia há alguns sobre os quais recai dúvida acerca da natureza, se faturamento ou receita bruta, taxativamente: (i) descontos recebidos, (ii) rendas diversas, (iii) incentivos de exportação e (iv) deságio na devolução de mercadorias. Desta feita, a fim de melhor subsidiar o julgamento da lide e de se evitar a exigência de tributo sobre base de cálculo distinta do faturamento, ou de evitar que seja não seja exigido tributo sobre uma receita tributável, voto no sentido de converter o julgamento em diligência à repartição de origem para que a autoridade administrativa adote as seguintes providências: a) intimar o autuado a fazer prova cabal de que os valores recebidos a título de (i) descontos recebidos, (ii) rendas diversas, (iii) incentivos de exportação e (iv) deságio na devolução de mercadorias não se subsumem ao conceito de faturamento, alertando-se o contribuinte de que a atividade de provar não se limita a simplesmente juntar documentos nos autos, sem a necessária conciliação entre os registros contábeis fiscais e os documentos que os legitimam, evidenciando o indébito; b) com base na prova produzida nesses termos pelo contribuinte, reconstituir a escrita fiscal dos períodos de apuração alvo, excluindo-se os débitos porventura indevidamente lançados; c) repercuta a reconstituição da escrita no lançamento de ofício ora sub judice, em parecer circunstanciado, em que deverão ser mencionadas também quaisquer outras informações pertinentes; d) dar ciência desse parecer ao autuado, abrindo-lhe o prazo regulamentar de trinta dias para manifestação, e; e) atendida a diligência, encaminhar o processo a este colegiado, onde terá prosseguimento. É como voto. Importante frisar que as situações fática e jurídica presentes no processo paradigma encontram correspondência nos autos ora em análise. Desta forma, os elementos que justificaram a conversão do julgamento em diligência no caso do paradigma também a justificam no presente caso. Fl. 157DF CARF MF Fl. 4 da Resolução n.º 3302-001.144 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 11065.904835/2011-63 Aplicando-se a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por afastar a presunção de duplicidade e converter o julgamento em DILIGÊNCIA, para que a autoridade administrativa adote as seguintes providências: a) intimar o autuado a fazer prova cabal de que os valores recebidos a título de (i) descontos recebidos, (ii) rendas diversas, (iii) incentivos de exportação e (iv) deságio na devolução de mercadorias não se subsumem ao conceito de faturamento, alertando-se o contribuinte de que a atividade de provar não se limita a simplesmente juntar documentos nos autos, sem a necessária conciliação entre os registros contábeis fiscais e os documentos que os legitimam, evidenciando o indébito; b) com base na prova produzida nesses termos pelo contribuinte, reconstituir a escrita fiscal dos períodos de apuração alvo, excluindo-se os débitos porventura indevidamente lançados; c) repercuta a reconstituição da escrita no lançamento de ofício ora sub judice, em parecer circunstanciado, em que deverão ser mencionadas também quaisquer outras informações pertinentes; d) dar ciência desse parecer ao autuado, abrindo-lhe o prazo regulamentar de trinta dias para manifestação, e; e) atendida a diligência, encaminhar o processo a este colegiado, onde terá prosseguimento. Após sanadas essas dúvidas, que seja elaborado relatório fiscal, deve ser acultando à recorrente o prazo de trinta dias para se pronunciar sobre os resultados obtidos, nos termos do parágrafo único do artigo 35 do Decreto nº 7.574/2011. Posteriormente aos procedimentos, que sejam devolvidos os autos ao CARF para prosseguimento do rito processual. (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho Fl. 158DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11065.904825/2011-28
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Jun 17 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Jul 30 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 3302-001.135
Decisão: Resolvem os membros do colegiado, por maioria de votos, converter o julgamento em DILIGÊNCIA, para discriminar as receitas contidas na conta "outras receitas", nos termos do voto do relator.
(documento assinado digitalmente)
Gilson Macedo Rosenburg Filho Relator e Presidente
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Participaram do presente julgamento os conselheiros: Gilson Macedo Rosenburg Filho (Presidente), Corintho Oliveira Machado, Walker Araujo, Luis Felipe de Barros Reche (Suplente Convocado), Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad e Denise Madalena Green..
Nome do relator: GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO
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Interessado FAZENDA NACIONAL Resolvem os membros do colegiado, por maioria de votos, converter o julgamento em DILIGÊNCIA, para discriminar as receitas contidas na conta "outras receitas", nos termos do voto do relator. (documento assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho – Relator e Presidente Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Participaram do presente julgamento os conselheiros: Gilson Macedo Rosenburg Filho (Presidente), Corintho Oliveira Machado, Walker Araujo, Luis Felipe de Barros Reche (Suplente Convocado), Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad e Denise Madalena Green.. Relatório Trata o presente processo de Pedido de Compensação de créditos de PIS/Pasep, transmitido por meio de PER/DCOMP. Após análise eletrônica, a DRF de origem emitiu Despacho Decisório no qual informa que foram localizados um ou mais pagamentos, porém estes teriam sido integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Assim, diante da inexistência de crédito, a compensação declarada NÃO FOI HOMOLOGADA. Devidamente cientificada, a contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade, em que afirma que sempre agiu em conformidade com a lei e, por consequência, recolheu indevidamente as contribuições calculadas nos termos do § 1, art. 3, da Lei 9.718/98, cuja inconstitucionalidade foi reconhecida pelo STF. Acrescenta que em virtude desse entendimento procedeu à compensação administrativa, por meio de DCOMPs, dos recolhimentos indevidos da contribuição ao PIS sobre a parcela da base de cálculo excedente ao faturamento, assim entendido como as receitas decorrentes da venda de bens e prestação de serviços. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 10 65 .9 04 82 5/ 20 11 -2 8 Fl. 141DF CARF MF Fl. 2 da Resolução n.º 3302-001.135 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 11065.904825/2011-28 Nesse trilhar, aponta ainda nulidade do procedimento por erro na capitulação legal. Faz um arrazoado sobre a validade do ato processual administrativo tributário, defendendo que o Despacho Decisório, para ser válido e eficaz, deve conter os requisitos fundamentais: agente capaz, forma prescrita ou não defesa em lei e objeto lícito. Por seu turno, a DRJ entendeu que a recorrente deveria ter realizado a plena prova do seu direito, com a juntada da documentação comprobatória do crédito, quando da apresentação da Manifestação de Inconformidade. Concluiu pela improcedência da Manifestação, por não se admitir compensação cuja existência não seja comprovada. Irresignada, a recorrente insurgiu-se contra esta decisão por meio de Recurso Voluntário, no bojo do qual reiterou os argumentos da Manifestação de Inconformidade, ao qual anexou documentos fiscais e demonstração contábil. Alegou ainda que, em se tratando, de despacho eletrônico, foi apenas quando da interposição do Recurso que teve a oportunidade de apresentar tais provas. É o breve relatório. VOTO Conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho - Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplica-se o decidido no Acórdão 3302-001.133, de 17 de junho de 2019, proferido no julgamento do processo 13051.720137/2011-91, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcreve-se, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3302-001.133). A discussão do processo diz respeito inicialmente, a (i) qual seria a documentação suficiente a comprovar tal crédito e o momento processual de sua apresentação e, (ii) eventual necessidade de retificação de DCTF e (iii) a análise das receitas que não se amoldam ao conceito de faturamento. Momento da produção da prova no Processo Administrativo Fiscal. Para a análise do direito creditório da Recorrente é necessário que ela se desincumba do seu ônus de provar o recolhimento a maior, o que deve ser realizado na primeira oportunidade processual, qual seja no pedido de compensação. Contudo, sabe-se que o sistema eletrônico não admite juntada de documentação quando do pedido de compensação, e que a primeira oportunidade que a recorrente teve para fazê-lo foi quando da apresentação da manifestação de inconformidade. Nesta ocasião a Recorrente apresentou os documentos que entendeu suficientes para a demonstração do seu direito, tendo feito com aquilo que julgou que seria suficiente, ou seja declaração de compensação e demonstrativo de débito, que constitui uma prova indiciária, todavia por sua pouca robustez, a Delegacia de Julgamento da Receita Federal do Brasil entendeu que tais documentos eram insuficientes, julgando improcedente a Manifestação de Inconformidade. Fl. 142DF CARF MF Fl. 3 da Resolução n.º 3302-001.135 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 11065.904825/2011-28 Desta forma, foi apenas no Recurso Voluntário que a Recorrente pode apresentar a documentação, razão pela qual se admite que tenham sido trazidas apenas neste momento processual. Desnecessidade de retificação de DCTF Neste momento processual também cabe analisar se existe ou não necessidade do contribuinte realizar a retificação da DCTF como requisito para o exercício do direito de compensação. Em relação a este ponto, este colegiado possui entendimento no sentido de que a retificação da DCTF não é um requisito intransponível para a realização do pedido de compensação, razão suficiente a que seja analisado o pedido que constitui o cerne do presente processo. Análise das receitas que a Recorrente apontou como não sendo faturamento. A Recorrente fez acompanhar a sua Manifestação de Inconformidade com uma tabela onde elenca valores que entende não se subsumirem ao conceito de faturamento. Dentre tais valores há alguns que, por uma análise superficial é possível perceber tratar- se de receitas que não se amoldam ao conceito de “faturamento” de uma empresa que fabrica máquinas, como rendimento de aplicações financeiras, juros de mora e variações cambiais sobre exportações, apenas para citar três exemplos relevantes. Todavia há alguns sobre os quais recai dúvida acerca da natureza, se faturamento ou receita bruta, taxativamente: (i) descontos recebidos, (ii) rendas diversas, (iii) incentivos de exportação e (iv) deságio na devolução de mercadorias. Desta feita, a fim de melhor subsidiar o julgamento da lide e de se evitar a exigência de tributo sobre base de cálculo distinta do faturamento, ou de evitar que seja não seja exigido tributo sobre uma receita tributável, voto no sentido de converter o julgamento em diligência à repartição de origem para que a autoridade administrativa adote as seguintes providências: a) intimar o autuado a fazer prova cabal de que os valores recebidos a título de (i) descontos recebidos, (ii) rendas diversas, (iii) incentivos de exportação e (iv) deságio na devolução de mercadorias não se subsumem ao conceito de faturamento, alertando-se o contribuinte de que a atividade de provar não se limita a simplesmente juntar documentos nos autos, sem a necessária conciliação entre os registros contábeis fiscais e os documentos que os legitimam, evidenciando o indébito; b) com base na prova produzida nesses termos pelo contribuinte, reconstituir a escrita fiscal dos períodos de apuração alvo, excluindo-se os débitos porventura indevidamente lançados; c) repercuta a reconstituição da escrita no lançamento de ofício ora sub judice, em parecer circunstanciado, em que deverão ser mencionadas também quaisquer outras informações pertinentes; d) dar ciência desse parecer ao autuado, abrindo-lhe o prazo regulamentar de trinta dias para manifestação, e; e) atendida a diligência, encaminhar o processo a este colegiado, onde terá prosseguimento. É como voto. Importante frisar que as situações fática e jurídica presentes no processo paradigma encontram correspondência nos autos ora em análise. Desta forma, os elementos que justificaram a conversão do julgamento em diligência no caso do paradigma também a justificam no presente caso. Fl. 143DF CARF MF Fl. 4 da Resolução n.º 3302-001.135 - 3ª Sejul/3ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 11065.904825/2011-28 Aplicando-se a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por afastar a presunção de duplicidade e converter o julgamento em DILIGÊNCIA, para que a autoridade administrativa adote as seguintes providências: a) intimar o autuado a fazer prova cabal de que os valores recebidos a título de (i) descontos recebidos, (ii) rendas diversas, (iii) incentivos de exportação e (iv) deságio na devolução de mercadorias não se subsumem ao conceito de faturamento, alertando-se o contribuinte de que a atividade de provar não se limita a simplesmente juntar documentos nos autos, sem a necessária conciliação entre os registros contábeis fiscais e os documentos que os legitimam, evidenciando o indébito; b) com base na prova produzida nesses termos pelo contribuinte, reconstituir a escrita fiscal dos períodos de apuração alvo, excluindo-se os débitos porventura indevidamente lançados; c) repercuta a reconstituição da escrita no lançamento de ofício ora sub judice, em parecer circunstanciado, em que deverão ser mencionadas também quaisquer outras informações pertinentes; d) dar ciência desse parecer ao autuado, abrindo-lhe o prazo regulamentar de trinta dias para manifestação, e; e) atendida a diligência, encaminhar o processo a este colegiado, onde terá prosseguimento. Após sanadas essas dúvidas, que seja elaborado relatório fiscal, deve ser acultando à recorrente o prazo de trinta dias para se pronunciar sobre os resultados obtidos, nos termos do parágrafo único do artigo 35 do Decreto nº 7.574/2011. Posteriormente aos procedimentos, que sejam devolvidos os autos ao CARF para prosseguimento do rito processual. (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho Fl. 144DF CARF MF
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Numero do processo: 11020.908418/2012-97
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 24 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon May 13 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 3302-001.058
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède
Presidente
(assinado digitalmente)
Gilson Macedo Rosenburg Filho
Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Gilson Macedo Rosenburg Filho, Walker Araújo, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente Convocado) e Corintho Oliveira Machado.
RELATÓRIO
Nome do relator: GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Gilson Macedo Rosenburg Filho, Walker Araújo, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente Convocado) e Corintho Oliveira Machado. RELATÓRIO
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Gilson Macedo Rosenburg Filho, Walker Araújo, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente Convocado) e Corintho Oliveira Machado. RELATÓRIO Como forma de elucidar os fatos ocorridos até a decisão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, colaciono o relatório do Acórdão recorrido, in verbis: Trata o presente processo de manifestação de inconformidade apresentada em face do indeferimento de pedido de restituição (PER) RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 10 20 .9 08 41 8/ 20 12 -9 7 Fl. 137DF CARF MF Processo nº 11020.908418/201297 Resolução nº 3302001.058 S3C3T2 Fl. 3 2 de nº 38258.34058.270507.1.2.041228, nos termos do despacho decisório emitido em 01/08/2012 (rastreamento de nº 029237079). No aludido PER, transmitido eletronicamente em 27/05/2007, a contribuinte indicou um crédito de R$ 440,15, referente ao pagamento efetuado em 15/02/2006, de PIS/PASEP, código de receita 6912, no valor total de R$ 440,15. Segundo o despacho decisório recorrido, a restituição foi indeferida porque o Darf indicado como crédito estava totalmente utilizado para extinção de débito de mesmo tributo e período de apuração, de acordo com as informações da DCTF transmitida pela Interessada. Em decorrência, a restituição foi indeferida com base no art. 165 da Lei n° 5.172, de 25 de outubro de 1966 (CTN). Cientificada em 16/08/2012, a Contribuinte interpôs Manifestação de Inconformidade em 13/09/2012. Alega que a atividade da empresa é de montagens de estruturas metálicas, prestando serviços de execução de obras por empreitada de construção civil. Por isso, afirma que a partir de 01/05/2004, com base na Lei n° 10.865/2004, passou a se submeter ao sistema cumulativo do PIS e da Cofins. Porém, continuou a recolher a contribuição pelo sistema não cumulativo, o que gerou o pagamento a maior. Demonstra, então, o valor a restituir a que entende ter direito. Anexa a relação de notas fiscais do período de apuração em análise, buscando comprovar o total da receita mensal sobre o qual a contribuição deve incidir e o Darf, comprovando o pagamento. Requer a acolhida da Manifestação de Inconformidade A 3ª Turma da DRJ Curitiba (RS) julgou a manifestação de inconformidade improcedente, nos termos do Acórdão nº 0644.608, de 11 de dezembro de 2013, cuja ementa foi vazada nos seguintes termos: . ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do Fato Gerador: 15/02/2006 RESTITUIÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. RECOLHIMENTO VINCULADO. DÉBITO CONFESSADO. Correto o Despacho Decisório que indeferiu o pedido de restituição por inexistência de direito creditório, tendo em vista que o pagamento alegado como origem do crédito estava integral e validamente alocado em DCTF para a quitação de débito confessado. PROVAS. INSUFICIÊNCIA. CONTRATO DE EMPREITADA. Apenas as notas fiscais trazidas aos autos, embora importantes, não são suficientes para comprovar que a contribuinte executou obras por empreitada de construção civil, sendo imprescindível a juntada do contrato de empreitada. Manifestação de Inconformidade Improcedente. Fl. 138DF CARF MF Processo nº 11020.908418/201297 Resolução nº 3302001.058 S3C3T2 Fl. 4 3 Irresignado com a decisão da primeira instância administrativa, o recorrente interpôs recurso voluntário ao CARF, no qual argumenta que: a) Em relação a não retificação da DCTF, o próprio relator menciona a possibilidade de retificação de ofício pela autoridade fiscal; b) As empresas que tiveram receitas decorrentes da execução por administração, empreitada e subempreitada, de construção civil estão sujeitas ao sistema cumulativo do PIS e da Cofins; e c) De fato, as notas fiscais não discriminam os serviços. Por esse motivo, estão em anexo ao recurso voluntário os respectivos contratos de prestação de serviços. É o breve relatório. VOTO Conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho Relator. O recurso é tempestivo e apresenta os demais pressupostos de admissibilidade, de forma que dele conheço e passo à análise do mérito. A instância a quo, utilizou como razão de decidir a falta de provas do direito creditório, de acordo com trecho do voto condutor do acórdão recorrido, verbis: Portanto, para que se possa acolher a alegação da contribuinte, ou seja, de que exerceu, no período analisado, “obras por empreitada de construção civil” é imprescindível o cumprimento de dois requisitos essenciais: a existência do contrato de empreitada e a relação de serviços efetivamente executados neste contrato. Ressaltese que o campo “discriminação” das notas fiscais trazidas pela manifestante aos autos não permite conhecer quais foram os serviços realizados (se a montagem de estruturas é permanente ou temporária, por exemplo) e, portanto, se enquadram na norma supra. Enfim, apenas as notas fiscais trazidas aos autos, embora importantes, não são suficientes para comprovar o que se pretende. Por tal razão, não é possível reconhecer que houve pagamento indevido ou a maior no Darf objeto da Dcomp em análise. O recorrente, em sede de recurso voluntário, apresentou cópias das notas fiscais referentes aos valores em discussão e os respectivos contratos. Requer que esse Colegiado defira a juntada dos documentos, os analise e se posicione acerca de seu direito creditório. A questão que surge está ligada ao direito de apresentação de documentos a qualquer momento processual em nome da verdade material. Entendo que a decisão dependerá do tipo de processo que está em análise. Nos casos de procedimentos referentes a despacho eletrônico de pedido de restituição, onde o sujeito passivo não é intimado pela unidade preparadora para prestar informações jurídicas acerca do crédito requisitado, o primeiro momento que ele tem para se pronunciar sobre questões de direito é na manifestação de inconformidade. Porém, nem todo patrono é operador do direito ou está familiarizado com a instrução probatória, podendo deixar de providenciar Fl. 139DF CARF MF Processo nº 11020.908418/201297 Resolução nº 3302001.058 S3C3T2 Fl. 5 4 documentos relevantes, pelo simples fato de desconhecer sua importância. Por esse motivo, se o sujeito passivo não se manteve inerte, buscando sempre participar da instrução probatória, não vejo motivos para negar a apreciação de documentos acostados aos autos no momento da interposição do recurso voluntário.Tratase de processo de restituição em que o contribuinte teve seu pedido de indébito negado por despacho decisório eletrônico, sob o fundamento de que o crédito financeiro alegado como pagamento indevido foi integralmente utilizado para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para restituição. Regressando aos autos, temos que na manifestação de inconformidade, o recorrente alega que o objeto social da sociedade é montagens de estruturas metálicas, prestando serviços de execução de obras por empreitada de construção civil. Por isso, afirma que a partir de 01/05/2004, com base na Lei n° 10.865/2004, passou a se submeter ao sistema cumulativo do PIS e da Cofins. Não obstante, continuou a recolher a contribuição pelo sistema não cumulativo, o que gerou o pagamento a maior. A DRJ de Curitiba julgou improcedente a manifestação de inconformidade tendo como fundamento a falta de comprovação de seu direito por intermédio de contratos. Em sede de recurso voluntário, o sujeito passivo, ao interpor, acostou aos autos contratos de prestação de serviços, documentos, segundo a primeira instância, essenciais para comprovação de seu direito. Os contratos apresentados, em uma análise perfunctória, sugerem a modalidade empreitada e podem indicar que o sujeito passivo possuía o direito de recolher as contribuições no regime cumulativo. Não posso deixar de admitir que os fatos produzidos extemporaneamente geraram grande dúvida, o que impossibilita meu julgamento nesta assentada. Consoante noção cediça, na apreciação da prova, a autoridade julgadora formará livremente sua convicção, podendo determinar as diligências que entender necessárias, é a literalidade do art. 29 do Decreto nº 70.235/72. Assim, entendo que as alegações e as provas produzidas pelo recorrente nesta fase recursal devem ser analisadas com mais profundidade pela Unidade Preparadora nos termos do Parecer Cosit n° 02/2015. Pelo exposto, voto por converter o julgamento em diligência para que o órgão de origem analise os documentos acostados aos autos no momento da interposição do recurso voluntário, analise a existência do indébito tributário pleiteado e, caso exista, se foi utilizado em outro pedido de restituição ou de compensação. Após sanadas essa dúvidas, que seja elaborado relatório fiscal, facultando à recorrente o prazo de trinta dias para se pronunciar sobre os resultados obtidos, nos termos do parágrafo único do artigo 35 do Decreto nº 7.574/2011. Posteriormente aos procedimentos, que sejam devolvidos os autos ao CARF para prosseguimento do rito processual. É como voto. (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho Fl. 140DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10166.726132/2016-00
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 27 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Apr 16 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2008
COMPENSAÇÃO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE.
O instituto da denúncia espontânea, prevista no art. 138 do CTN não pode ser aplicado aos casos de compensação tributária, que depende de posterior homologação, pois não equivalente a um pagamento. Em consequência, mantém-se a multa moratória imposta pela fiscalização
Numero da decisão: 3302-006.586
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário, vencidos os Conselheiros Walker Araújo, José Renato Pereira de Deus, Raphael Madeira Abad e Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente Convocado).
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente
(assinado digitalmente)
Gilson Macedo Rosenburg Filho
Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Walker Araújo, Jose Renato Pereira de Deus, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente Convocado) e Corintho Oliveira Machado.
Nome do relator: GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2008 COMPENSAÇÃO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE. O instituto da denúncia espontânea, prevista no art. 138 do CTN não pode ser aplicado aos casos de compensação tributária, que depende de posterior homologação, pois não equivalente a um pagamento. Em consequência, mantém-se a multa moratória imposta pela fiscalização
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DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE. O instituto da denúncia espontânea, prevista no art. 138 do CTN não pode ser aplicado aos casos de compensação tributária, que depende de posterior homologação, pois não equivalente a um pagamento. Em consequência, mantémse a multa moratória imposta pela fiscalização Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário, vencidos os Conselheiros Walker Araújo, José Renato Pereira de Deus, Raphael Madeira Abad e Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente Convocado). (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Walker Araújo, Jose Renato Pereira de Deus, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente Convocado) e Corintho Oliveira Machado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 16 6. 72 61 32 /2 01 6- 00 Fl. 160DF CARF MF Processo nº 10166.726132/201600 Acórdão n.º 3302006.586 S3C3T2 Fl. 144 2 Relatório Como forma de elucidar os fatos ocorridos até a decisão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, colaciono o relatório do Acórdão recorrido, in verbis: Tratam os autos de análise da Declaração de Compensação (Dcomp) nº 24802.13137.300512.1.3.042481, às fls. 83 a 87, por intermédio da qual o contribuinte compensou débito(s) de Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), referente(s) a Jul/2008 e Ago/2008, com suposto crédito de pagamento indevido ou a maior de mesmo tributo, no montante de R$ 1.816.612,70 na data de transmissão, decorrente de Darf no valor de R$ 22.564.847,96, referente a Jul/2008, com data de arrecadação em 31/07/2007. 2. Como resultado da análise foi proferido o Despacho Decisório com nº de rastreamento 114539393, em 10/05/2016, com cópia às fls. 88 a 92, que reconheceu integralmente o direito creditório, porém homologou parcialmente a compensação declarada, vez que o crédito indicado revelouse insuficiente para quitar o(s) débito(s) confessado(s), tendo em vista que o contribuinte não considerou a multa de mora incidente em decorrência do atraso na quitação deste(s). 3. Cientificado da decisão por via postal em 30/05/2016, conforme fl. 94, em 20/06/2016 o contribuinte apresentou a manifestação de inconformidade às fls. 6 a 28, instruída com os documentos às fls. 29 a 80, onde argumentou, em síntese, o que segue: 3.1. Não foi observada a denúncia espontânea estabelecida no art. 138 do Código Tributário Nacional (CTN). Com a transmissão da Dcomp, antecipouse a qualquer procedimento fiscal, declarando e quitando débito não questionado pela Receita Federal, com acréscimo de juros moratórios. Transmitiu a DCTF retificadora onde declara o débito e o pagamento feito via Dcomp; 3.2. Apresenta sentenças judiciais favoráveis aos Correios em casos análogos. Indica também jurisprudência dos tribunais onde não foi parte. Lista acórdãos das DRJs à época da transmissão da Dcomp, onde é aplicada a Nota Técnica (NT) Cosit nº 01, de 18/01/2012, vez que os Correios se enquadram na situação nela tratada. 4. Em 08/09/2017, em cumprimento ao disposto no art. 2º, §4º, da Portaria RFB nº 999, de 2013, com redação alterada pelas Portarias RFB nº 1.892, de 2013, nº 56, de 2014, e 2.048, de 2014, os autos foram remetidos a esta Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) em Recife PE para proceder ao julgamento da lide (fl. 98). Fl. 161DF CARF MF Processo nº 10166.726132/201600 Acórdão n.º 3302006.586 S3C3T2 Fl. 145 3 A 4ª Turma da DRJ Recife (PE) julgou a manifestação de inconformidade improcedente, nos termos do Acórdão nº 1157.640, de 20 de setembro de 2017, cuja ementa foi vazada nos seguintes termos: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2008 COMPENSAÇÃO. MULTA MORATÓRIA. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE. Não se aplica o benefício da denúncia espontânea aos casos em que o sujeito passivo compensa o débito confessado com atraso, mediante apresentação de Dcomp. Manifestação de Inconformidade Improcedente. Irresignado com a decisão da primeira instância administrativa, o recorrente interpôs recurso voluntário ao CARF, no qual argumenta que: a) Em que pese a controvérsia acerca da possibilidade ou não de restar configurada a denúncia espontânea quando a extinção do crédito tributário se dá por compensação, a Receita Federal do Brasil, através da Nota Técnica nº 1 COSIT de 18/01/2012, com fundamento no Ato Declaratório PGFN nº 4 de 2011 e Ato Declaratório PGFN nº 8 de 2011, reconheceu que a declaração de compensação, se atendidos os demais requisitos, poderia caracterizála. E isto porque a compensação ou quaisquer outras formas de adimplemento de obrigação são formas de pagamento que acarretam a extinção da obrigação. Sendo forma de pagamento, a compensação atende às exigências do artigo 138 do CTN; b) A denúncia espontânea exclui a responsabilidade pela infração tributária cometida pelo contribuinte, pressupondo a comunicação pertinente a fato desconhecido por parte do Fisco antes de qualquer iniciativa da Administração Tributária, devendo ser acompanhado do pagamento do tributo e dos juros de mora, se for o caso. A intenção do legislador ao editar a norma não fora outra senão estimular o contribuinte a regularizar a sua situação, recebendo em seu benefício o afastamento da responsabilidade pela infração à legislação tributária. Dessa forma, se o contribuinte antecipase a qualquer procedimento fiscalizatório da administração, efetuando o pagamento dos tributos em atraso e dos juros de mora, não lhe pode ser imposta multa de mora, seja ela punitiva ou moratória. Dessa forma, como os Correios anteciparamse à qualquer procedimento administrativo, efetuando o recolhimento do valor apurado (código de receita 5856), acrescidos de juros, por meio da Declaração de Compensação (PER/DCOMP), apresentando, no dia 30/05/2012, as DCTFs de nº 12.58.77.54.7574 e nº 15.78.76.41.0395, (que foram retificadas pelas DCTFs de nº 31.27.66.73.0428 e 00.53.44.16.3491 no dia 17/08/2012 respectivamente), dos períodos de julho e agosto de 2008, na qual declararase o débito e respectivo pagamento, fazendo jus ao benefício da denúncia espontânea com os consectários do artigo 138, do CTN. Termina o recurso requerendo a vigência e a validade da Nota Técnica Cosit nº 01 ao período em que foi entregue a Dcomp, para fins de reconhecer a configuração da denúncia espontânea de forma que os valores indicados na Dcomp sejam considerados quitados. Fl. 162DF CARF MF Processo nº 10166.726132/201600 Acórdão n.º 3302006.586 S3C3T2 Fl. 146 4 É o breve relatório. Voto Conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho, Relator. O recurso é tempestivo e apresenta os demais pressupostos de admissibilidade, de forma que dele conheço e passo à análise do mérito. O cerne da questão está em definir se a compensação se equipara ao pagamento para fins de fruição do benefício da denúncia espontânea. Essa questão foi tratada de forma didática e precisa no Acórdão nº 1402 003.600, da lavra do conselheiro Marco Rogério Borges, de forma que peço vênia para utilizar a ratio decidendi daquele acórdão para fundamentar esse, in verbis: Como de costume, o voto da ilustre Conselheira Júnia Roberta Gouveia Sampaio está muito bem fundamentado. Contudo, este colegiado, após ampla discussão, divergiu do seu entendimento, no tocante à equiparação de compensação à pagamento para fins de constatação de denúncia espontânea, e por consequência da não aplicação do alegado artigo 100 do CTN. O art. 138 do CTN é taxativo na sua disposição que a denúncia espontânea deve ser acompanhada do pagamento do tributo. Não há condições de considerar a compensação como forma de pagamento por se tratar de uma extinção do crédito tributário, pois há outras modalidades de extinção elencados no art. 156 do CTN. Igualmente, não há, até o momento, nenhuma norma no âmbito do Ministério da Fazenda e nem precedente que vincule este Conselho para tal entendimento de se aceitar tal situação. Inclusive, há decisão do E. STJ do tema em sentido contrário ao pleiteado pela recorrente: "AgInt no REsp 1568857/PR AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL 2015/02977680 Relator: Ministro OG FERNANDES Órgão Julgador: SEGUNDA TURMA Data do Julgamento: 16/05/2017 Data da Publicação: DJe 19/05/2017 EMENTA: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. DEFICIÊNCIA NA ALEGAÇÃO DE CONTRARIEDADE AO ART. 535 DO CPC/73. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 284/STF. COMPENSAÇÃO Fl. 163DF CARF MF Processo nº 10166.726132/201600 Acórdão n.º 3302006.586 S3C3T2 Fl. 147 5 TRIBUTÁRIA. ART. 138 DO CTN. DENÚNCIA ESPONTÂNEA NÃO CARACTERIZADA. 1. É deficiente a fundamentação do recurso especial em que a alegação de ofensa ao art. 535 do CPC/73 se faz de forma genérica, sem a demonstração exata dos pontos pelos quais o acórdão incorreu em omissão, contradição ou obscuridade. Aplicase, na hipótese, o óbice da Súmula 284 do STF. 2. A compensação tributária não se equipara a pagamento de tributo para fins de aplicabilidade do instituto da denúncia espontânea regido pelo art. 138 do CTN. Precedentes: EDcl nos EDcl no AgRg no REsp 1.375.380/SP, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe30/11/2016; AgRg no REsp 1.461.757/RS, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 17/9/2015; AgRg no AREsp 174.514/CE, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, Dje 10/9/2012. 3. Agravo interno a que se nega provimento. (grifamos) ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, negar provimento ao agravo interno, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Mauro Campbell Marques, Assusete Magalhães (Presidente), Francisco Falcão e Herman Benjamin votaram com o Sr. Ministro Relator. REsp 1657437/RS RECURSO ESPECIAL 2017/00461010 Relator: Ministro HERMAN BENJAMIN Órgão Julgador: SEGUNDA TURMA Data do Julgamento: 04/04/2017 Data da Publicação: DJe 25/04/2017 EMENTA: TRIBUTÁRIO. COMPENSAÇÃO. ART. 138 DO CTN. DENÚNCIA ESPONTÂNEA NÃO CONFIGURADA. 1. Hipótese em que o Tribunal local consignou: "o instituto da denúncia espontânea é perfeitamente aplicável aos casos em que o pagamento do tributo é realizado através da compensação" (fl. 665, eSTJ). 2. A Segunda Turma do STJ no julgamento do REsp 1.461.757/RS, de relatoria do Ministro Mauro Campbell Marques, firmou o entendimento de que "a extinção do crédito tributário por meio de compensação está sujeita à condição resolutória da sua homologação. Caso a homologação, por qualquer razão, não se efetive, temse por não pago o crédito tributário declarado, havendo incidência, de consequência, dos encargos moratórios. Nessa linha, sendo que a compensação ainda depende de homologação, não se chega à conclusão de que o contribuinte ou responsável tenha, espontaneamente, Fl. 164DF CARF MF Processo nº 10166.726132/201600 Acórdão n.º 3302006.586 S3C3T2 Fl. 148 6 denunciado o não pagamento de tributo e realizado seu pagamento com os acréscimos legais, por isso que não se observa a hipótese do art. 138 do CTN". 3. Recurso Especial provido.(grifamos) Ou seja, tal decisão segue a linha que difere a situação de pagamento e compensação para fins de reconhecimento da denúncia espontânea. Neste sentido, deve haver a aplicação de multa de mora no caso concreto, o que acarretaria um crédito menor do que o débito declarado/confessado em PER/Dcomp. Seria um caso de imputação proporcional, que está perfeitamente legal, como já emanado no voto vencido do nobre relator. No que tange à eventual aplicação do artigo 100 do CTN ao caso, o caso in concretu apresentado não se configura como denúncia espontânea nos termos do artigo 138 do mesmo CTN, as evocadas Notas Técnicas (NTs), de caráter meramente interpretativo, como bem analisados na decisão a quo, não são aplicáveis. Quando da emissão da NT Cosit nº 01, de 18/01/2012, a qual a recorrente se baseia para ter adotado a postura pleiteada no presente processo, a mesma foi criada com objetivo de orientação internamente a Receita Federal do Brasil, e identificado a sua impropriedade, foi cancelara por meio da NT Cosit nº 19, de 12/06/2012, corrigindoa. Ao transmitir sua Per/Dcomp em 30/05/2012, entre a data de expedição de ambas NTs. não criou uma vinculação nos termos do artigo 100 do CTN, pois as NTs não são atos normativos, e, por consequência, nem houve a prática reiterada pela autoridade administrativa pois não foram direcionadas aos contribuintes, muito menos nem pessoalmente à recorrente. Como salienta a decisão a quo, as NTs não são publicadas no DOU, seja no site da Receita Federal, não tendo alcance para o público externo (no caso, contribuintes). Assim, não podem ser evocadas para a postura adotada pela recorrente. Com base no que fora exposto, entendo que não ocorreu a denúncia espontânea em relação aos débitos julho de 2008 e agosto de 2008, por não terem sido pagos e sim compensados. É como voto. (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho Fl. 165DF CARF MF Processo nº 10166.726132/201600 Acórdão n.º 3302006.586 S3C3T2 Fl. 149 7 Fl. 166DF CARF MF
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Numero do processo: 10074.001733/2010-31
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Feb 25 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu Mar 21 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Exercício: 2006
EXPORTAÇÃO FICTÍCIA. PERDIMENTO. REGULAMENTO ADUANEIRO DE 2002.
O art. 618, do Decreto nº 4.543/2002, não arrolava a "exportação fictícia" como infração sujeita à pena de perdimento.
PERDIMENTO. MULTA SUBSTITUTIVA. INAPLICABILIDADE NA EXPORTAÇÃO ANTES DA MP 497/2010.
A multa substitutiva do perdimento, prevista no § 3º do artigo 23 do Decreto-Lei nº 1.455/1976, com a redação dada pela Lei nº 10.637/2002, é inaplicável à exportação, por trazer base imponível relacionada estritamente à importação (valor aduaneiro). A multa substitutiva do perdimento passa a ser devida, na exportação, somente a partir de 28/07/2010, inclusive, data de publicação da Medida Provisória no 497/2010, posteriormente convertida na Lei nº 12.350/2010, que dá nova redação ao citado § 3º.
Numero da decisão: 3302-006.547
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente
(assinado digitalmente)
Gilson Macedo Rosenburg Filho - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Walker Araújo, Jose Renato Pereira de Deus, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente Convocado) e Corintho Oliveira Machado.
Nome do relator: GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO
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PERDIMENTO. REGULAMENTO ADUANEIRO DE 2002. O art. 618, do Decreto nº 4.543/2002, não arrolava a "exportação fictícia" como infração sujeita à pena de perdimento. PERDIMENTO. MULTA SUBSTITUTIVA. INAPLICABILIDADE NA EXPORTAÇÃO ANTES DA MP 497/2010. A multa substitutiva do perdimento, prevista no § 3º do artigo 23 do Decreto Lei nº 1.455/1976, com a redação dada pela Lei nº 10.637/2002, é inaplicável à exportação, por trazer base imponível relacionada estritamente à importação (valor aduaneiro). A multa substitutiva do perdimento passa a ser devida, na exportação, somente a partir de 28/07/2010, inclusive, data de publicação da Medida Provisória no 497/2010, posteriormente convertida na Lei nº 12.350/2010, que dá nova redação ao citado § 3º. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente (assinado digitalmente) Gilson Macedo Rosenburg Filho Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 07 4. 00 17 33 /2 01 0- 31 Fl. 1909DF CARF MF Processo nº 10074.001733/201031 Acórdão n.º 3302006.547 S3C3T2 Fl. 144 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Walker Araújo, Jose Renato Pereira de Deus, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente Convocado) e Corintho Oliveira Machado. Relatório Como forma de elucidar os fatos ocorridos até a decisão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, colaciono o relatório do Acórdão recorrido, in verbis: Tratase de auto de infração (fls.777 a 785), protocolado em 03/11/2010, notificado aos sujeitos passivos conforme tabela abaixo, com vistas à constituição da multa de CONVERSÃO do perdimento, em virtude de ocultação de pessoas em operações de EXPORTAÇÃO, no valor total igual a R$ 36.482.795,07, com fundamento no art.23 §2º, do DecretoLei nº 1.455/76, c/c arts. 602, 604, inciso IV, 618 XXII1 e §1º, do Decreto nº 4.543/02, e arts. 73, §§1º e 2º, 77 81 III, da Lei nº 10.833/03. Segundo se depreende do quadro "DESCRIÇÃO DOS FATOS E ENQUADRAMENTO(S) LEGAL(IS)" (fls.781), foi considerado o "valor aduaneiro" constante dos Registros de Exportação do período fiscalizado (fls.825 a 838), para que fosse possível a aplicação da "multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria pela impossibilidade de sua apreensão, face a ocorrência de exportação fictícia em que não se logrou localizar as mesmas". O relato fiscal sobre os fatos encontrase no Termo de Verificação (fls.786 a 795), que apontou a ocorrência de duas "infrações" (fls.786, segundo parágrafo): a) Exportação fictícia (fls.788 a 792, item "3.1") Essa foi a razão do procedimento fiscal, em virtude de demanda da Vara Federal Única de Cáceres/MT (fls.796), considerando os fatos apurados nos autos da Ação Penal nº 20083601 0043395, dos quais foram extraídas algumas de suas peças, "para serem utilizados como elementos de prova visando à instrução dos competentes procedimentos administrativos fiscais a serem instaurados" (fls.787, segundo parágrafo). A empresa constante do p.p. era uma, de um total de três7, ligadas à pessoa do senhor ROBERTO LUIS RAMOS FONTES LOPES, que também foi indicado como responsável solidário, na autuação vestibular. As investigações preliminares ao ajuizamento dessa ação penal indicaram a existência de um "esquema promovido por um grupo de empresas com vistas, de uma forma geral, a sonegar impostos e a viabilizar ingressos irregulares de recursos do exterior, posto que não havia contrapartida de saída de mercadorias, provenientes provavelmente de remessas anteriores de divisas de origem irregular." (fls.787, quarto parágrafo) (Grifouse) Fl. 1910DF CARF MF Processo nº 10074.001733/201031 Acórdão n.º 3302006.547 S3C3T2 Fl. 145 3 Segundo relatado pelas autoridades fiscais, com base nos documentos remetidos pela Justiça Federal, a FOCO adquiria mercadorias da empresa PRAIAMAR INDÚSTRIA, COMÉRCIO E DISTRIBUIÇÃO (PRAIAMAR), promovendo "exportações simuladas ou fictícias" para as empresas RASA e MAPRICE, localizadas na Bolívia, cujo transporte também era feito pela PRAIAMAR, valendo notar que se noticiou que houve desembaraços aduaneiros no REDEX de Cáceres/MT, sendo estes questionados no Judiciário (fls.789, quinto e sexto parágrafos). Em resposta a ofício enviado (fls.850 a 851) pela Aduana Brasileira à Boliviana, esta respondeu (fls.852) que, para o período entre janeiro de 2006 e dezembro de 2008, as empresas RASA e MAPRICE não tinham realizado nenhuma importação (fls.790, quarto parágrafo), o que concretizou o entendimento da fiscalização de que teria havido simulação nas exportações, pois as mercadorias não teriam ingressado no território boliviano (fls.790, último parágrafo). Nesse sentido, vale destacar a seguinte passagem lavrada pelas autoridades fiscais, reconhecendo a supremacia da decisão exarada pelo Judiciário nacional, acerca dessa matéria (fls.792, primeiro parágrafo): "Vale ressaltar, mais uma vez, o cometimento da avaliação da validade das provas de exportação (RE e MIC/DTA) ao Poder Judiciário, o que obstrui qualquer juízo de valor pelas autoridades administrativas, pois a validade destes documentos, ao final, estará imunizada pela coisa julgada material, de uma forma ou de outra." Foi descartada a hipótese de extravio das mercadorias, após início do Trânsito Aduaneiro, pelo fato de que nem a exportadora (brasileira), nem as importadoras (bolivianas) sinalizaram qualquer problema nas operações. Outrossim, a fiscalização também interpretou como simulação a circunstância de ter havido a mesma descrição das mercadorias que foram, em tese, utilizadas para integralização do capital social, nas exportações. b) Interposição fraudulenta, na exportação (fls. 792/793, item "3.2") A conclusão pela ocorrência dessa infração se deu com base no encerramento sumário de procedimento fiscal conduzido nos termos da Instrução Normativa SRF nº 228/2002, cujo art.10 prescrevia tanto a representação pela inaptidão no CNPJ (processo 12749.000011/201013), quanto a aplicação da pena de perdimento. Consta no documento de fls.865 (primeiro parágrafo): "...está sendo encerrada sumariamente, na forma do art. 10 da mencionada IN, em razão, de um lado, do não comparecimento do administrador à entrevista disciplinada no art. 4º, I, da IN n° 228/2002, e, de outro lado, por não ter sido apresentado o acervo documental exigido no Termo de Início e reexigidos nos Fl. 1911DF CARF MF Processo nº 10074.001733/201031 Acórdão n.º 3302006.547 S3C3T2 Fl. 146 4 Termos de Reintimação e Recibo de Documentos n° 01 e 02, conforme abaixo pormenorizado." Com o Ato Declaratório Executivo nº 23/2010 (fls.1.013), publicado em 24/03/2010 (fls.1.015), declarouse a inaptidão no CNPJ do contribuinte e a ineficácia, para fins tributários, dos documentos expedidos por ele a partir de 31/01/2006. Em 07/12/2010, houve apresentação de impugnação (fls.1.040 a 1.056) pela responsável solidária (TERCÍLIA COVRE FERREIRA), representada por advogado, tendo alegado, em síntese: a) que a fiscalização deveria ter aferido a situação do andamento da ação penal, antes da lavratura do auto de infração; b) que os Auditores Fiscais da RFB não teriam competência para arrolar sujeito passivo na qualidade de responsável tributário, já que isso somente poderia ocorrer com a inscrição em dívida ativa, nos termos do art.142 c/c art.202 caput, do CTN, bem como dos arts.2º e 3º I, da Lei nº 6.830/80; c) que, uma vez atestada, pela fiscalização aduaneira, a inexistência da mercadoria, já que as exportações teriam sido simuladas, não seria possível aplicarlhe o perdimento e, consequentemente, a multa pelo seu equivalente em dinheiro; d) que, segundo extratos bancários e registros contábeis (Livro Diário) que apresentava, a impugnante efetivamente integralizou suas quotas sociais; e) que a fiscalização se utilizou de provas emprestadas da ação penal nº 2008.36.01041480, sendo que o Habeas Corpus nº 2009.01.00.472580, impetrado perante o TRF da 1ª Região, decidiu, com trânsito em julgado, pela ilicitude das provas utilizadas pelo Ministério Público, o que nulificaria suas derivações. "Resulta, destarte, que toda a prova obtida em decorrência da quebra do sigilo telefônico a partir de 12/07/2006 é total e absolutamente nula, sendo certo que a decisão referida atinge e beneficia direta e logicamente a Impugnante." (fls.1.049) No caso, as provas documentais foram obtidas a partir das "escutas telefônicas", devendo ser consideradas nulas, por derivação, com fundamento no art.157 caput e §1º, do CPP, bem assim no art.30, da Lei nº 9.784/99, e no art.5º LVI, da CF/88; f) que teria havido cerceamento do direito de defesa da impugnante, já que a fiscalização mencionou que não se utilizou de todos os documentos expedidos pela Justiça Federal, mas somente aqueles que considerou suficientes para o lançamento. No caso, não foi franqueado ao impugnante a íntegra dos documentos enviados pelo Judiciário; g) que os documentos expedidos pela Aduana brasileira, embora analisados pelo Judiciário, preservam sua validade até que Fl. 1912DF CARF MF Processo nº 10074.001733/201031 Acórdão n.º 3302006.547 S3C3T2 Fl. 147 5 fossem invalidados por decisão judicial. Nas palavras da impugnante: "O que não podem os AFRB é emitir o auto como se a simples denúncia criminal alegando esse fato fosse a prova definitiva de que as exportações foram simuladas." (fls.1.053, último parágrafo); h) que não há provas de que a impugnante havia cedido seu exercício social de gestora da sociedade a terceira pessoa, somente suposições; i) que a imputação de responsabilidade solidária se fundou no art.134, do CTN, mas não restou provada a "impossibilidade de cumprimento da obrigação principal pelo contribuinte"; Nos pedidos formulados, demandou pela declaração de nulidade do auto de infração; pela produção de provas admitidas em Direito; realização de perícias. Em 09/12/2010, houve apresentação de impugnação conjunta (fls.1.087 a 1.175) pelo contribuinte (COMERCIAL EXPORTADORA E IMPORTADORA DE GÊNEROS ALIMENTÍCIOS FOCO), representado pelo seu sócio administrador, e por responsável solidário (ARNALDO KARDEC DA COSTA), tendo alegado, em síntese: a) que foi equivocada a atribuição de responsabilidade solidária, com base no art.134 III, do CTN, uma vez que o apontado como responsável não fazia parte do quadro societário da contribuinte no período das exportações que integraram o p.p. (2006), já que ingressou na sociedade somente em 22/01/2009. À época dos fatos, figurava somente na qualidade de administrador da contribuinte, sendo sócio de outra empresa, esta, sim, sócia da contribuinte (exportadora); b) que, ainda que fosse possível a atribuição de responsabilidade, nos termos do art.134, do CTN, seu §único atribui ao imputado, em matéria de penalidades, somente as de caráter moratório. Assim, não poderia haver extensão desse tipo de responsabilização às multas de caráter sancionatório, como é o caso do perdimento e de sua conversão; c) que os Auditores Fiscais da RFB não teriam competência para arrolar sujeito passivo na qualidade de responsável tributário, já que isso somente poderia ocorrer com a inscrição em dívida ativa, nos termos do art.2º §5º, da Lei nº 6.830/80, sendo aplicável, então, o disposto no art.59 I, do Decreto nº 70.235/72; d) que a fiscalização se utilizou de provas emprestadas da ação penal nº 2008.36.01041480, sendo que o Habeas Corpus nº 2009.01.00.472580, impetrado perante o TRF da 1ª Região, decidiu, com trânsito em julgado, pela ilicitude das provas utilizadas pelo Ministério Público, o que nulificaria suas derivações. No caso, as provas documentais foram obtidas a partir das "escutas telefônicas", devendo ser consideradas nulas, por derivação, com fundamento no art.157 caput e §1º, do Fl. 1913DF CARF MF Processo nº 10074.001733/201031 Acórdão n.º 3302006.547 S3C3T2 Fl. 148 6 CPP, bem assim no art.30, da Lei nº 9.784/99, e no art.5º LVI, da CF/88; e) que haveria soberania das decisões emanadas pelo Judiciário, mormente quando se trata da esfera penal, nos termos do art.65, do CPP, c/c art.935, do CC; f) que teria havido cerceamento do direito de defesa do contribuinte, já que a fiscalização mencionou que não se utilizou de todos os documentos expedidos pela Justiça Federal, mas somente aqueles que considerou suficientes para o lançamento. No caso, não foi franqueado ao impugnante a íntegra dos documentos enviados pelo Judiciário; g) que não haveria texto de lei que outorgasse à RFB atividades ligadas à inteligência, sendo que o resultado das pesquisas realizadas pela ESPEI não foi apresentado aos impugnantes, para exercerem o contraditório, o que invalidaria, inclusive, sua utilização como prova emprestada. Tais investigações, providenciadas sem Mandado de Procedimento Fiscal, se deram com base somente na Portaria MF nº 125/2009, especificamente pelo seu art.46, que teria outorgado à RFB a atribuição de investigações criminais, especialmente para combate aos crimes contra a ordem tributária, afrontando o disposto no art.144 §§1º e 4º, da CF, que atribui tal competência (poder de investigação) às polícias judiciárias e, excepcionalmente, ao Ministério Público, bem como o relativo ao exercício do poder de polícia, conforme preceituado pelo art.78, do CTN (poder de fiscalização). Ademais, a Lei nº 9.883/99, que dispõe sobre o sistema brasileiro de inteligência, não tem relação com as atividades da RFB, não podendo, em sua opinião, haver órgão da Administração Pública que venha a criar seus próprios setores de inteligência, principalmente com vistas à constituição de créditos tributários; h) que não se poderia ter a presunção absoluta de ocorrência de interposição fraudulenta devido ao encerramento sumário previsto no art.10, da IN SRF nº 228/2002, já que o art.148, do CTN, garante "avaliação contraditória, administrativa ou judicial". i) que não poderia ser feita a "conversão automática da pena de perdimento em multa", se a fiscalização não realizou qualquer apuração no recinto alfandegado, nem na sede da empresa, já que isso desconsiderou o art.73, da Lei nº 10.833/2003. "Somente após a efetiva realização de uma busca da mercadoria empreendida pela fiscalização tributária na sede da empresa ou em recinto alfandegário, ou até mesmo depois de feita a intimação do contribuinte para apresentála caso se encontre em sua posse, é que se poderia falar em conversão da pena de perdimento em multa na hipótese de nãolocalização da mercadoria." (fls.1.139, último parágrafo) j) que seria ilegal a utilização de documento estrangeiro, de origem boliviana, sem tradução juramentada, afrontando o disposto no art.13, da CF, c/c arts.156 e 157, do CPC/73, Fl. 1914DF CARF MF Processo nº 10074.001733/201031 Acórdão n.º 3302006.547 S3C3T2 Fl. 149 7 art.224, do CC, art.129, da Lei nº 6.015/73, art.18, do Decreto nº 13.609/43. "Portanto, não resta a menor dúvida quanto à ineficácia jurídica e à inutilidade como meio de prova da declaração da Aduana Nacional da Bolívia que a autoridade lançadora do auto de infração impugnado utilizou para "comprovar" a realização de exportações fictícias." (fls.1.147, penúltimo parágrafo); l) que a fiscalização não buscou qualquer outro elemento de prova para demonstrar que as mercadorias não ingressaram no território boliviano, tendo sido utilizado, somente, a declaração da Aduana da Bolívia; m) que teria ultrapassado o prazo para anular a compra e venda internacional, por força do disposto no art.178 II, do CC. No caso, a declaração de nulidade deveria ter sido demandada perante o Judiciário (art.168 §único, do CC); n) que não tinha sido disciplinada em lei ordinária a desconsideração de atos ou negócios jurídicos dissimulados, nos termos previstos no art.116 §único, do CTN, razão pela qual a fiscalização não poderia desconsiderar a compra e venda internacional; o) que não se poderia aplicar o perdimento sobre mercadoria declarada inexistente, segundo a própria fiscalização. Isso porque "tanto Decretolei n° 37/66, quanto o Decretolei n° 1.455/76 — e nem mesmo o art. 73 da Lei n° 10.833/03 — não contêm qualquer disposição explícita ou implícita sobre a possibilidade de aplicação da pena de perdimento da mercadoria aos casos em que a própria fiscalização tributária afirme se tratar de bens inexistentes, isto é, de importações ou exportações fictícias". Citouse, ainda, o Acórdão nº 074168, de 11 de junho de 2004, exarado por essa DRJ Florianópolis/SC, e o Acórdão nº 20216146 (Processo nº 10855.003806/9901), da 2ª Câmara, do 2º Conselho de Contribuintes; p) que seria nulo, por vício formal, a declaração de inaptidão no CNPJ (12749.000011/201013); q) que vários dos documentos (DDE, RE, MIC/DTA, notas fiscais, dentre outros) requeridos pela fiscalização tinham sido objeto de apreensão pela Polícia Federal e, portanto, não poderiam ser apresentados pelo sujeito passivo. Dessa forma, deveria ser aplicado o disposto no art.37, da Lei nº 9.784/99. Nos pedidos formulados, demandou pela declaração de nulidade do auto de infração, pela juntada de documentos que acompanhavam (fls.1.176) a impugnação e pela utilização de todos os meios de prova admitidos em Direito. Em 03/01/2011, houve apresentação de impugnação (fls.1.453 a 1.486) pelo responsável solidário (ROBERTO LUIS RAMOS FONTES LOPES), representada por advogado, tendo alegado, em síntese: Fl. 1915DF CARF MF Processo nº 10074.001733/201031 Acórdão n.º 3302006.547 S3C3T2 Fl. 150 8 a) que não teria havido acesso aos autos, por parte do responsável solidário, razão em face da qual ocorreu cerceamento de seu direito de defesa, nulificando a autuação, quanto a ele. Afirmou, ainda, que, no dia 27/12/2010, seu representante legal tentou obter cópias dos autos na IRFRJO, mas estes, segundo alegou, tinham sido encaminhados para julgamento, em Santa Catarina, no dia 23/12/2010; b) que seria ilegítimo para figurar no pólo passivo da autuação, já que a fiscalização se baseou na notícia de que ele figurava como administrador de fato, consoante a denúncia apresentada na Ação Penal nº 200843395, sem que fosse feita consulta sobre o andamento do processo penal em questão. No seu entender (fls.1.459, penúltimo parágrafo): "O processo penal, tão utilizado pelos auditores fiscais, encontrase suspenso, tendo em vista inúmeras irregularidades apontadas, dentre elas a nulidade das interceptações telefônicas declaradas judicialmente (com trânsito em julgado), o trancamento da ação em relação a um dos enquadramentos legais e a contaminação de todas as demais provas." Ou seja, sem uma decisão judicial definitiva sobre a participação do impugnante no contexto em que foi denunciado pelo Ministério Público. "Não conseguem as autoridades fiscais comprovar a alegação de que o Impugnante é "administrador de fato" da empresa ora sujeito passivo do Auto. Aliás, essa alegação não está comprovada, sequer, no processo mencionado como base legal para a autuação, que ainda pende de instrução e julgamento, face às inúmeras irregularidades cometidas pelo inquisidor Ministério Público." (fls.1.462, penúltimo parágrafo). Um pouco mais à frente (fls.1.479, primeiro parágrafo do item "III.3"), o impugnante afirmou que a denúncia do MP, imputandolhe a qualidade de "administrador de fato" da FOCO, estava baseada "tão somente em diálogos de terceiros, obtidos a partir de interceptações telefônicas, anuladas posteriormente via judicial". Por fim, ainda se destaca (fls.1.484, último parágrafo antes do item "IV"): "Importante frisar, ainda, que o Impugnante só foi incluído como sujeito passivo no Auto de Infração atacado por causa da informação do Ministério Público na Denúncia, o que não é informação suficiente para que a autoridade fiscal aplique penalidade, uma vez verificada a insuficiência de provas." c) que a fundamentação legal para responsabilização solidária, utilizada pela fiscalização, foi o art.134, do CTN, que demanda, preliminarmente, a configuração da impossibilidade de cumprimento da obrigação tributária principal pelo contribuinte. Acrescese a isso, que tal dispositivo também requer que a pessoa responsabilizada tenha atuado nos atos tributados ou tenha cometido omissões ao arrepio da lei. Mas isso não está provado nos autos; d) que haveria vício formal na autuação, já que não foi informada qual a conduta especificamente praticada pelo impugnante. Foi citado o art.23, do DecretoLei nº 1.455/76, sem ter indicação do inciso específico; Fl. 1916DF CARF MF Processo nº 10074.001733/201031 Acórdão n.º 3302006.547 S3C3T2 Fl. 151 9 e) que, dentro das bases legais da autuação, estava o art.73 §§1º e 2º, da Lei nº 10.833/2003, sendo que tal regime jurídico demandava dois procedimentos administrativos: "o primeiro, para verificar a existência de infração capitulada como dano ao Erário e a hipótese de aplicação da pena de perdimento; o segundo, tendente a fundamentar a conversão da pena de perdimento em multa." (fls.1.474, primeiro parágrafo) Para a conversão do perdimento, não bastaria a simples alegação de que era impossível sua apreensão, devendo ser provado, pela fiscalização, a existência do bem e que sua localização, efetivamente, não era possível. Entretanto, "não houve qualquer diligência da autoridade coatora a fim de localizar a mercadoria exportada." (fls.1.476, segundo parágrafo); f) que a pena de perdimento não sendo decretada em processo administrativo próprio, antes de sua conversão em multa pecuniária em outro processo administrativo (art.73 §2º, da Lei nº 10.833/2003) , teria ocorrido infringência ao disposto no art.27, do mesmo DecretoLei nº 1.455/76. Assim, não foi observado o devido processo legal para o caso constante do presente processo; g) que a nulidade das escutas telefônicas tornava nulas todas as provas produzidas a partir delas, o que também abrangeria a determinação judicial no processo 2008.36.01.0040619 para que a Receita Federal iniciasse a ação fiscal nas empresas mencionadas nas ligações telefônicas; Nos pedidos formulados, demandou pela procedência de suas alegações, declarandose a nulidade do auto de infração e/ou sua exclusão do pólo passivo, bem como protestou pela produção de provas admitidas em Direito. Em sessão de julgamento realizada em 01/04/2011, a 1ª Turma, dessa DRJ Florianópolis/SC, exarou, por decisão unânime, o Acórdão nº 0723749 (fls.1.545 a 1.553), que considerou procedente a impugnação, exonerando a íntegra do valor constituído, tendo restado assim ementado: INFRAÇÃO. SUBSUNÇÃO DOS FATOS À NORMA. PENALIDADE. A caracterização da infração depende da subsunção dos fatos à norma legal, sem o que fica impossibilitada a aplicação da penalidade prevista. Analisandose o voto condutor do Acórdão, percebese a existência das seguintes linhas de raciocínio, que compõem a ratio decidendi daquele julgamento, onde cada uma, de forma independente, já seria suficiente para a conclusão pela procedência da impugnação: (I). inexistência da infração "exportação fictícia", dentre as regulamentadas pelo art.618, do Decreto nº 4.543/2002 (fls.1.550, terceiro parágrafo do "voto"); Fl. 1917DF CARF MF Processo nº 10074.001733/201031 Acórdão n.º 3302006.547 S3C3T2 Fl. 152 10 (II). inexistência de completo "enquadramento legal" da infração, já que a peça acusatória somente apontou a incidência do art.618, do Decreto nº 4.543/2002, sem mencionar o inciso específico para o caso apurado, tendo afirmando, apenas, que seria devida a conversão em multa (art.23 §3º, do DecretoLei nº 1.455/76) (fls.1.550, quarto e quinto parágrafos do "voto"); (III). inaplicabilidade, à época dos fatos, da multa de conversão do perdimento sobre o "valor aduaneiro" nas exportações, o que teria sido corrigido somente com o art.41, da Lei nº 12.350/2010, que alterou a redação do §3º, do art.23, do DecretoLei nº 1.455/76 (fls.1.551, a partir do segundo parágrafo); (IV). impossibilidade de aplicação da pena de perdimento sobre mercadorias inexistentes e, consequentemente, incabível a conversão do perdimento em multa, pois a não localização ou o consumo pressupõem que o bem exista (fls.1.552, terceiro a quinto parágrafos); (V). inexistência de provas cabais acerca da "exportação fictícia", já que não se apurou se as mercadorias atravessaram a fronteira, mas somente que não houve registro de declaração de importação no país de localização do comprador (Bolívia) (fls.1.552 a partir do sétimo parágrafo; fls.1.553 primeiro parágrafo). Essas foram as razões centrais para decisão tomada no referido Acórdão de primeira instância, tendo levado ao entendimento de que não havia conexão entre os fatos apurados e a sanção indicada no auto de infração, ou seja, não havia perfeita subsunção dos fatos às normas aplicáveis. Vale destacar, ainda, que os itens II a IV, acima, conduziram o raciocínio tanto em face das alegadas "exportações fictícias", quanto da "interposição fraudulenta", decorrente de encerramento sumário das análises (arts.10 e 11, da Instrução Normativa SRF nº 228/2002). Dessa decisão, recorreuse de ofício (fls.1.546), nos termos do art.1º, da Portaria MF nº 03/2008, c/c art.34, do Decreto nº 70.235/72. Houve julgamento do Recurso de Ofício em 25/04/2012, pela 1ª Turma Ordinária, da 2ª Câmara, da 3ª Seção do CARF, gerando o Acórdão nº 320100966 (fls.1.583 a 1.590), que, pelo voto de qualidade, proveu o Recurso dessa 1ª Turma, da DRJ Florianópolis/SC, "para restabelecer o Auto de Infração e retornar os autos à DRJ para análise das questões não debatidas quando do julgamento da impugnação" (fls.1.583), tendo restado assim ementado: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. AUTO DE INFRAÇÃO. ENQUADRAMENTO LEGAL. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE. NÃO CARACTERIZAÇÃO. Fl. 1918DF CARF MF Processo nº 10074.001733/201031 Acórdão n.º 3302006.547 S3C3T2 Fl. 153 11 A inexatidão ou falta de completude da capitulação legal não produz nulidade do auto de infração, se o sujeito passivo demonstra conhecer perfeitamente o motivo em razão do qual foi apenado. Processo Anulado. Analisandose os fundamentos do voto da relatora, podemse extrair as seguintes razões da conclusão, que somente apontou dois fundamentos da decisão recorrida de primeira instância: (I). não teria ocorrido cerceamento do direito de defesa, pela incompletude ou pela inexatidão do enquadramento legal da autuação, uma vez que o sujeito passivo demonstrou "conhecer perfeitamente o motivo em razão do qual foi apenado". (fls.1.589, a partir do quinto parágrafo da transcrição do voto; fls.1.590, primeiro parágrafo, da transcrição); (II). não se poderia interpretar literalmente a questão relativa à conversão do perdimento em multa, no que tange a uma mercadoria inexistente. Seria desnecessário comprovar a materialidade das mercadorias importadas ou exportadas, para aplicação do art.618, do Decreto nº 4.543/2002. (fls.1.590, do segundo até o quinto parágrafos, da transcrição). Ao final da transcrição do voto, foi pontuado (fls.1.590, sexto parágrafo da transcrição): "Deixo de enfrentar os argumentos trazidos na impugnação e que não foram analisados pela DRJ uma vez que em minha avaliação não há de se reconhecer qualquer direito dos impugnantes." Com tais fundamentos, a segunda instância acolheu o entendimento pela anulação do processo, a partir da decisão recorrida, para que fossem analisadas as demais questões ventiladas nas impugnações. O contribuinte (exportadora FOCO) interpôs, em 02/06/2014, Embargos de Declaração (fls.1.604 a 1.610), contra a decisão prolatada pela segunda instância, escorada no argumento de que teria havido omissão (fls.1.606, último parágrafo) quanto a "questões essenciais ao desenlace do litígio", nos seguintes pontos: 1). a inexatidão do enquadramento legal, ao contrário do que fora entendido no Acórdão embargado, era tida pela jurisprudência do CARF como motivo de nulidade do lançamento, tendo citado alguns acórdãos como exemplos; 2). a existência da mercadoria era essencial para aplicação da pena de perdimento e sua eventual conversão em multa, tendo lembrado que a própria fiscalização alegou a inexistência dos bens. Apontouse que o disposto no art.23 §4º11, do Decreto Lei nº 1.455/76, confirmava esse entendimento, uma vez que a multa lançada não impedia a apreensão da mercadoria. Citouse Fl. 1919DF CARF MF Processo nº 10074.001733/201031 Acórdão n.º 3302006.547 S3C3T2 Fl. 154 12 o Acórdão nº 3101001269, da 1ª Turma, da 1ª Câmara, da 3ª Seção do CARF, datado de 23/10/2012. O Despacho nº 3201S/Nº (fls.1.703 a 1.707), da 1ª Turma Ordinária, da 2ª Câmara, da 3ª Seção do CARF, de 06/02/2017, apreciando a admissibilidade dos Embargos de Declaração interpostos pelo sujeito passivo, pontuou que somente a manifestação recursal do contribuinte tinha sido tempestiva, sendo que as manifestações dos responsáveis solidários (Tercília Covre Ferreira fls.1666/1.667 e Roberto Luís Ramos Fortes Lopes fls.1.675), que demandaram, em essência, pela remessa para julgamento dos Embargos, foram apresentadas fora do prazo. Na construção dos fundamentos pela inadmissibilidade dos Embargos Declaratórios do sujeito passivo, que tinha lastreado suas razões em omissão ocorrida no Acórdão exarado pela segunda instância, asseverouse que o recurso do interessado veiculava, de fato, irresignação contra o voto condutor do Acórdão embargado, sem omissão efetiva, tendo mostrado, então, inadequação no manejo desse recurso. Ademais, é de se destacar, pois há vinculação desse tópico com parte do voto a ser proferido mais à frente: "Impõese destacar que encontrando o julgador fundamentos suficientes para justificar seu convencimento, despicienda torna se a abordagem de outras alegações, ainda que destas tenha a parte se utilizado, porque já então inócuas frente ao julgado, não estando, assim, o julgador jungido às minúcias de todos os argumentos lançados pela parte." (fls.1.705, penúltimo parágrafo) Assim, em despacho irrecorrível (art.65 §3º, do RICARF, com redação dada pela Portaria MF nº 39/2016), os Embargos de Declaração foram rejeitados, pelo Presidente da 1ª Turma Ordinária, da 2ª Câmara, da 3ª Seção do CARF. O processo retornou à Primeira Turma da DRJ Florianópolis que julgou a impugnação procedente, nos termos do Acórdão nº 0740.861, de 25 de outubro de 2017, cuja ementa foi vazada nos seguintes termos: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Exercício: 2006 DECLARAÇÃO DE NULIDADE FORA DO ART.59, DO DECRETO Nº70.235/72, E RAZÕES NÃO APRECIADAS NA DECISÃORECORRIDA. A declaração de nulidade de decisão de primeira instância deve estar pautada no art.59 II, do Decreto nº 70.235/72, por força, também, do previsto no art.60, do mesmo diploma, não se podendo confundir a eventual preterição do direito de defesa nessa decisão com aquela presente, em tese, no lançamento. Na Fl. 1920DF CARF MF Processo nº 10074.001733/201031 Acórdão n.º 3302006.547 S3C3T2 Fl. 155 13 circunstância de anulação da decisão da DRJ "fora do art.59 II", deve ser proferido novo julgamento, contendo as razões de decidir que não foram apreciadas quando do julgamento em segunda instância, uma vez que o art.1.008, da Lei nº 13.105/2015, outorga qualidade substitutiva ao Acórdão proferido por instância superior, o que deve ser visto como abrangente, apenas, daqueles tópicos ventilados na decisão recorrida e que foram adequadamente apreciados. Quanto às demais razões apresentadas na decisão de primeira instância, desde que suficientes para manter a mesma conclusão, devem ser novamente levados à apreciação do CARF, para evitar a "supressão de instância no recurso de ofício". EXPORTAÇÃO FICTÍCIA. PERDIMENTO. REGULAMENTO ADUANEIRO DE 2002. O art.618, do Decreto nº 4.543/2002, não arrolava a "exportação fictícia" como infração sujeita à pena de perdimento. IMPOSSIBILIDADE DE CONVERSÃO DO PERDIMENTO NA EXPORTAÇÃO ANTES DE 28/07/2010. INEXISTÊNCIA DE VALOR ADUANEIRO NA EXPORTAÇÃO. A conversão da pena de perdimento em multa pecuniária (art.23 §1º a 3º, do DecretoLei nº 1.455/76), no contexto de uma operação de exportação, somente foi possível com a redação dada pela Medida Provisória nº 497/2010, publicada em 28/07/2010, convertida na Lei nº 12.350/2010. Aplicase ao lançamento a legislação vigente à época do fato gerador (art.144 caput, do CTN) O valor aduaneiro atrelase a uma operação de importação (Decreto nº 1.355/94; art.149 §2º III "a", da CF/88), não a uma exportação. PROVAS NO AUTO DE INFRAÇÃO. A lavratura de auto de infração deve estar acompanhada das provas dos ilícitos alegadamente ocorridos, consoante disposto no art.9º caput, do Decreto nº 70.235/72, principalmente aqueles que podem ser obtidos diretamente nos bancos de dados da Administração Pública (art.37, da Lei nº 9.784/99). Impugnação Procedente Crédito Tributário Exonerado. O acórdão foi submetido ao recurso necessário em vista do valor exonerado, nos termos do art. 34 do Decreto nº 70.235/72, em conformidade com o disposto na Portaria MF nº 63, de 9 de fevereiro de 2017. É o breve relatório. Fl. 1921DF CARF MF Processo nº 10074.001733/201031 Acórdão n.º 3302006.547 S3C3T2 Fl. 156 14 Voto Conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho, Relator O recurso de ofício foi apresentado com observância dos requisitos de admissibilidade, de forma que passo a análise Pelo Termo de Verificação Fiscal, o auto de infração foi lavrado para lançar a multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria, prevista no § 1° do art. 618, do Regulamento Aduaneiro, aprovado pelo Decreto n° 4.245/02 (RA/02), em face de conversão da pena de perdimento da mercadoria, prevista no inc. XXII, do referido dispositivo, em razão da impossibilidade da apreensão das mesmas. A pena de perdimento teve como fundamento jurídico a ocorrência de exportação fictícia. Delegacia de Julgamento em Florianópolis cancelou o auto de infração sob três fundamentos: a) Falta de previsão da exportação fictícia como infração sujeita ao perdimento, previsto no art. 618, XXII, do Regulamento Aduaneiro de 2002; b) Impossibilidade de conversão do perdimento sobre o "valor aduaneiro" nas exportações; e c) Falta de conjunto probatório capaz de comprovar a infração descrita no auto de infração. Sendo essas as matérias do recurso de ofício a ser analisado por esta turma. Falta de previsão da exportação fictícia como infração sujeita ao perdimento, previsto no art. 618, XXII, do Regulamento Aduaneiro de 2002. A Autoridade Fiscal alegou que o recorrente efetuou exportações simuladas e aplicou a pena de perdimento prevista no art. 618, XXII, do Regulamento Aduaneiro de 2002. Acontece que o inciso XXII, do art. 618, do RA 2002, não trata de operações tidas como exportações fictícias. O cânone legal disciplina a hipótese de ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou responsável pela operação de importação ou exportação. Busca disciplinar o elemento subjetivo da infração. Importante ressaltar que a conduta que imputada ao sujeito passivo pela Autoridade Fiscal não se amolda a nenhuma das infrações previstas nos vinte e dois incisos do art. 618 do RA 2002. Sabemos que o direito tributário é regido pela princípio da tipicidade fechada. Trago à baila breves considerações sobre o tema elaboradas pelo professor Alberto Xavier, verbis: "A partir de então, formouse a noção de que, no direito tributário, prevaleceria a tipicidade fechada ou legalidade estrita, segundo a qual todos os elementos da hipótese de Fl. 1922DF CARF MF Processo nº 10074.001733/201031 Acórdão n.º 3302006.547 S3C3T2 Fl. 157 15 incidência e consequência jurídica deveriam estar minuciosamente previsto em lei, sem que exista nenhuma margem de escolha para a Administração. O espaço para o poder regulamentar seria ínfimo, devendo se limitar a dar execução aos dispositivos legais, e não seria possível a utilização de conceitos jurídicos indeterminados e cláusulas gerais no direito tributário. Neste sentido se posicionou a maioria da doutrina brasileira. Ainda para Alberto Xavier, a tipicidade identificase com a reserva de lei absoluta. O princípio da tipicidade diz respeito ao conteúdo da norma. Em nome da segurança jurídica, passouse a requerer que o fato gerador e o dever tributário passassem a ser rigorosamente previstos e descritos pelo legislador. A tipificação não deve aterse somente ao fato jurídicotributário, mas também ao dever jurídico decorrente". Os fatos narrados pela Autoridade Fiscal foram no sentido de que as exportações declaradas pelo sujeito passivo eram fictícias, ou seja, havia ingresso de divisas para o recorrente, contudo, não havia contrapartida de saída de mercadoria para o exterior. Contudo, a conduta imputada pela fiscalização não se subsume a nenhum dos incisos do art. 618 do Regulamento Aduaneiro de 2002. Portanto, resta evidente que a decisão da primeira instância deve ser mantida, sendo negado esse capítulo do recurso de ofício. Impossibilidade de conversão do perdimento sobre o "valor aduaneiro" nas exportações. Quanto a essa matéria, a instância a quo consignou que não era possível a conversão do perdimento em multa pecuniária, pois os fatos ocorreram no segundo semestre de 2006, período em que não havia a previsão de conversão. Sobre o tema, peço vênia para utilizar como razões de decidir o teor do Acórdão nº 3401003.243, da lavra do conselheiro Rosaldo Trevisan, que o abordou de forma didática e precisa, verbis: "Da multa substitutiva do perdimento e sua base de cálculo, na exportação No presente processo, discutese o cabimento da aplicação de multa de "conversão"/substituição da pena de perdimento, pela impossibilidade de apreensão de mercadoria exportada irregularmente entre junho de 2009 e maio de 2011, com enquadramento no artigo 23, V e §§ 1º a § 3º do DecretoLei nº 1.455/1976: “Art. 23. Consideramse dano ao Erário as infrações relativas às mercadorias: (...) V estrangeiras ou nacionais, na importação ou na exportação, na hipótese de ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) Fl. 1923DF CARF MF Processo nº 10074.001733/201031 Acórdão n.º 3302006.547 S3C3T2 Fl. 158 16 (...) § 1º O dano ao erário decorrente das infrações previstas no caput deste artigo será punido com a pena de perdimento das mercadorias.(Incluído pela Lei n o 10.637, de 30.12.2002) § 2º Presumese interposição fraudulenta na operação de comércio exterior a não comprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) § 3º A pena prevista no § 1º convertese em multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria que não seja localizada ou que tenha sido consumida. (Incluído pela Lei no 10.637, de 30.12.2002, na redação vigente à data da prática de parte das infrações)". Tendo em vista alteração posterior efetuada no § 3º do artigo 23 do DecretoLei nº 1.455/1976, pela Lei nº 12.350/2010, cabe indagar de início se tal questão eventualmente afeta o presente processo. A previsão de multa, como "conversão" da pena de perdimento, no caso de impossibilidade de aplicação de tal pena, surgiu, no Brasil, na Medida Provisória nº 66, de 29/08/2002, convertida na Lei no 10.637/2002. A leitura das alterações promovidas pela Lei no 10.637/2002 ao art. 23 do DecretoLei nº 1.455/1976 deixa clara sua inserção em um contexto de combate à interposição fraudulenta. Contudo, o texto da redação dada ao § 3º do DecretoLei nº 1.455/1976 apresentou algumas imperfeições, materiais e processuais. As imperfeições processuais acabaram sanadas tanto no artigo 73 da Lei nº 10.833/2003 quanto no artigo 41 da Lei nº 12.350/2010, dirimindo dúvidas acerca do rito e da competência para apreciação dos processos referentes à matéria. A imperfeição material, que apresenta impacto direto no presente processo, também foi sanada no artigo 41 da Lei nº 12.350/2010, e se refere à base de cálculo da multa, que, por certo, nada tem de processual ou formal. Vejase que o texto do § 3º dispõe que a pena de perdimento se converte em multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria que não seja localizada. A expressão “valor aduaneiro” tem um significado próprio na legislação aduaneira (nacional e internacional). Internacionalmente, corresponde à base de cálculo do imposto de importação, conforme acordado no Acordo para Implementação do Artigo VII do GATT conhecido como “Acordo de Valoração Aduaneira do GATT AVA/GATT”, resultante da Rodada Uruguai do GATT. Tal acordo foi incorporado a nosso ordenamento jurídico mediante aprovação pelo Decreto Fl. 1924DF CARF MF Processo nº 10074.001733/201031 Acórdão n.º 3302006.547 S3C3T2 Fl. 159 17 Legislativo nº 30, de 15/12/1994, e promulgação pelo Decreto no 1.355, de 30/12/1994. No Brasil, igualmente, a expressão “valor aduaneiro” se refere à base de cálculo do imposto de importação, conforme se extrai do artigo 2º, II do DecretoLei nº 37/1966, e dos artigos 75 a 89 do Regulamento Aduaneiro (Decreto no 6.759/2009). Quando se está a tratar de exportação, incabível falar em “valor aduaneiro”, sendo a base de cálculo do imposto de exportação “o preço normal que o produto, ou seu similar, alcançaria, ao tempo da exportação, em uma venda em condições de livre concorrência no mercado internacional, observadas as normas expedidas pelo Poder Executivo, mediante ato da CAMEX” (conforme artigo 2º do DecretoLei nº 1.578/1977, com a redação dada pela MP nº 2.15835/2001). Vejase que o próprio Regulamento Aduaneiro, ao classificar multas incidentes sobre o “valor aduaneiro”, as insere no Capítulo de “Multas na Importação” (artigos 702 a 717), não havendo nenhuma multa que tenha por base o "valor aduaneiro" no capítulos referentes a "Multas na Exportação" (artigos 718 a 724) e a "Multas Comuns à Importação e à Exportação" (artigos 725 a 731). Endossando tudo o que foi aqui exposto, o legislador alterou o § 3º do DecretoLei nº 1.455/1976, em 2010, abolindo o termo “conversão”, e possibilitando a aplicação da multa às exportações. O texto originalmente constante do art. 19 da Medida Provisória nº 497, de 27/07/2010, hoje consta na lei de conversão, Lei nº 12.350/2010, em seu art. 41: “Art. 41. Os arts. 23, 28, 29 e 30 do DecretoLei nº 1.455, de 7 de abril de 1976, passam a vigorar com a seguinte redação: " Art. 23. (...) (...) § 3º As infrações previstas no caput serão punidas com multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria, na importação, ou ao preço constante da respectiva nota fiscal ou documento equivalente, na exportação, quando a mercadoria não for localizada, ou tiver sido consumida ou revendida, observados o rito e as competências estabelecidos no Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972. (...)” Assim, a partir de 28/07/2010, data de publicação da Medida Provisória nº 497/2010, posteriormente convertida na Lei nº 12.350/2010, passou a ser possível exigir, na impossibilidade de apreensão da mercadoria sujeita à pena de perdimento, na exportação, uma multa equivalente ao preço constante da respectiva nota fiscal ou documento equivalente. Fl. 1925DF CARF MF Processo nº 10074.001733/201031 Acórdão n.º 3302006.547 S3C3T2 Fl. 160 18 Sendo assim, só é aplicável a multa na exportação, a partir de 28/07/2010, inclusive, data de publicação da Medida Provisória no 497/2010, posteriormente convertida na Lei no 12.350/2010". Retornando aos autos, os fatos ocorreram no segundo semestre de 2006. Logo, inaplicável a conversão da pena de perdimento em multa pecuniária prevista. Nesta linha de raciocínio, mantenho a decisão de primeira instância sobre a matéria e nego o recurso de ofício. Por derradeiro, a primeira instância afirmou que não havia documentos probatórios suficientes para comprovar a infração imputada pela Autoridade Fiscal. Entendo que a matéria resta prejudicada, pois os capítulos anteriores enfrentados foram suficientes para manter o cancelamento do auto de infração, sendo desnecessária a análise do conjunto probatório, pois em nada melhorará a situação do sujeito passivo. Neste norte, nego provimento ao recurso de ofício. É como voto. Gilson Macedo Rosenburg Filho Fl. 1926DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10925.000265/2008-03
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 17 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Mar 31 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/07/2005 a 30/09/2005
NÃO-CUMULATIVIDADE. INSUMOS.
O termo insumo utilizado pelo legislador na apuração de créditos a serem descontados da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins denota uma abrangência maior do que MP, PI e ME relacionados ao IPI. Por outro lado, tal abrangência não é tão elástica como no caso do IRPJ, a ponto de abarcar todos os custos de produção e as despesas necessárias à atividade da empresa. Sua justa medida caracteriza-se como elemento diretamente responsável pela produção dos bens ou produtos destinados à venda, ainda que este elemento não entre em contato direto com os bens produzidos, atendidas as demais exigências legais.
OVOS INCUBÁVEIS. PARCERIA RURAL. COMPRA E VENDA. DIREITO AO CRÉDITO PRESUMIDO.
Considerando que há no contrato de parceria a previsão de que o produtor rural adquire a propriedade dos ovos incubáveis em função de produzir para si e para o parceiro, e que houve a compra e venda dos insumos veiculada em nota fiscal pertinente, é incabível sua descaracterização para prestação de serviços, devendo ser concedido o direito ao cômputo do crédito presumido de que trata o art. 8º, da Lei n° 10.925/2004 sobre referidas aquisições.
AGROINDÚSTRIA. RESSARCIMENTO. POSSIBILIDADE.
A Lei nº. 12.058/2009 permitiu o ressarcimento e a compensação dos créditos presumidos apurados na forma do § 3º do art. 8º da Lei 10.925, de 23 de julho de 2004.
AGROINDÚSTRIA. PERCENTUAL DO CRÉDITO PRESUMIDO.
O montante de crédito presumido é determinado pela aplicação da alíquota de 60% (sessenta por cento) quando se tratar de insumos utilizados nos produtos de origem animal classificados nos Capítulos 2 a 4, 16, e nos códigos 15.01 a 15.06, 1516.10, e as misturas ou preparações de gorduras ou de óleos animais dos códigos 15.17 e 15.18.
NÃO CUMULATIVIDADE. RESSARCIMENTO DE SALDO CREDOR. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA E JUROS.
O artigo 15, combinado com o artigo 13, ambos da Lei nº 10.833, de 2003, vedam expressamente a aplicação de qualquer índice de atualização monetária ou de juros para este tipo de ressarcimento.
Numero da decisão: 3402-002.495
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros da 4ª câmara / 2ª turma ordinária da terceira seção de julgamento, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso nos termos dos votos do relator e do relator designado. Vencidos conselheiros Gilson Macedo Rosenburg Filho e Fenelon Moscoso de Almeida quanto ao aproveitamento dos custos com aquisição dos ovos incubáveis. Conselheiros Fernando Luiz da Gama D Eça, João Carlos Cassuli Junior e Helder Massaaki kanamaru quanto aos custos com fretes de produtos acabados entre estabelecimentos e aplicação da taxa Selic ao ressarcimento. Designado conselheiro João Carlos Cassuli Junior para redigir o voto vencedor da matéria referente aos ovos incubáveis. Apresentará declaração de voto sobre a aplicação da taxa Selic o conselheiro João Carlos Cassuli Junior.
(assinado digitalmente)
GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Relator e Presidente Substituto.
(assinado digitalmente)
JOÃO CARLOS CASSULI JUNIOR Relator Designado
Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros João Carlos Cassuli Junior, Fernando Luiz da Gama Lobo D Eca, Helder Massaaki Kanamaru, Mara Cristina Sifuente e Fenelon Moscoso de Almeida.
Nome do relator: GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO
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INSUMOS. O termo “insumo” utilizado pelo legislador na apuração de créditos a serem descontados da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins denota uma abrangência maior do que MP, PI e ME relacionados ao IPI. Por outro lado, tal abrangência não é tão elástica como no caso do IRPJ, a ponto de abarcar todos os custos de produção e as despesas necessárias à atividade da empresa. Sua justa medida caracterizase como elemento diretamente responsável pela produção dos bens ou produtos destinados à venda, ainda que este elemento não entre em contato direto com os bens produzidos, atendidas as demais exigências legais. OVOS INCUBÁVEIS. PARCERIA RURAL. COMPRA E VENDA. DIREITO AO CRÉDITO PRESUMIDO. Considerando que há no contrato de parceria a previsão de que o produtor rural adquire a propriedade dos ovos incubáveis em função de produzir para si e para o parceiro, e que houve a compra e venda dos insumos veiculada em nota fiscal pertinente, é incabível sua descaracterização para prestação de serviços, devendo ser concedido o direito ao cômputo do crédito presumido de que trata o art. 8º, da Lei n° 10.925/2004 sobre referidas aquisições. AGROINDÚSTRIA. RESSARCIMENTO. POSSIBILIDADE. A Lei nº. 12.058/2009 permitiu o ressarcimento e a compensação dos créditos presumidos apurados na forma do § 3º do art. 8º da Lei 10.925, de 23 de julho de 2004. AGROINDÚSTRIA. PERCENTUAL DO CRÉDITO PRESUMIDO. O montante de crédito presumido é determinado pela aplicação da alíquota de 60% (sessenta por cento) quando se tratar de insumos utilizados nos produtos de origem animal classificados nos Capítulos 2 a 4, 16, e nos códigos 15.01 a AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 5. 00 02 65 /2 00 8- 03 Fl. 2153DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR 2 15.06, 1516.10, e as misturas ou preparações de gorduras ou de óleos animais dos códigos 15.17 e 15.18. NÃO CUMULATIVIDADE. RESSARCIMENTO DE SALDO CREDOR. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA E JUROS. O artigo 15, combinado com o artigo 13, ambos da Lei nº 10.833, de 2003, vedam expressamente a aplicação de qualquer índice de atualização monetária ou de juros para este tipo de ressarcimento. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 4ª câmara / 2ª turma ordinária da terceira SSEEÇÇÃÃOO DDEE JJUULLGGAAMMEENNTTOO, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso nos termos dos votos do relator e do relator designado. Vencidos conselheiros Gilson Macedo Rosenburg Filho e Fenelon Moscoso de Almeida quanto ao aproveitamento dos custos com aquisição dos ovos incubáveis. Conselheiros Fernando Luiz da Gama D Eça, João Carlos Cassuli Junior e Helder Massaaki kanamaru quanto aos custos com fretes de produtos acabados entre estabelecimentos e aplicação da taxa Selic ao ressarcimento. Designado conselheiro João Carlos Cassuli Junior para redigir o voto vencedor da matéria referente aos ovos incubáveis. Apresentará declaração de voto sobre a aplicação da taxa Selic o conselheiro João Carlos Cassuli Junior. (assinado digitalmente) GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO – Relator e Presidente Substituto. (assinado digitalmente) JOÃO CARLOS CASSULI JUNIOR – Relator Designado Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros João Carlos Cassuli Junior, Fernando Luiz da Gama Lobo D Eca, Helder Massaaki Kanamaru, Mara Cristina Sifuente e Fenelon Moscoso de Almeida. Fl. 2154DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR Processo nº 10925.000265/200803 Acórdão n.º 3402002.495 S3C4T2 Fl. 2.934 3 Relatório Como forma de elucidar os fatos ocorridos, colaciono o relatório do Acórdão nº 380302.051 que declinou competência em face do valor exceder o valor de alçada das turma especiais: O presente processo versa sobre Pedido de Ressarcimento de Créditos da Cofins, cumulado com declaração de compensação, tendo como saldo disponível para ressarcimento o valor de R$ 6.890.409,33, referente a créditos da Cofins não cumulativa, decorrentes de operações no mercado externo do 2° trimestre de 2005. Submetido o pedido à apreciação da repartição de origem, reconheceuse parcialmente o direito creditório pleiteado, não tendo sido acatados os créditos relativos a (i) mercadorias para revenda adquiridas de pessoas físicas, (ii) aquisições de bens e serviços não enquadrados com insumos, (iii) gastos com transporte de produtos entre filiais, classificados pela cooperativa como despesas de armazenagem de mercadorias e frete na operação de venda (iv) crédito presumido decorrente de atividades agroindustriais, (v) crédito presumido relativo a estoque de abertura e (vi) créditos a descontar na importação. Irresignado, o contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade e requereu a reforma da decisão prolatada, a produção de todas as provas em direito admitido, a recepção da peça recursal com efeitos suspensivo e devolutivo, bem como que fosse determinada a aplicação da taxa Selic entre a data do pedido de restituição até a data da completa satisfação do crédito, alegando, aqui apresentado de forma sucinta, o seguinte. a) em relação à glosa dos créditos referentes a mercadorias para revenda, adquiridas de pessoas físicas, houve equívoco na apropriação dos créditos; b) a necessidade de reconhecimento do crédito presumido relativo às aquisições de animais para reprodução; c) na decisão recorrida, considerouse o conceito de insumo de forma restrita, sendo que, de acordo com o art. 3° da Lei n° 10.833/2004, todas as aquisições de bens e serviços utilizados diretamente na fabricação de produtos destinados à venda gerariam direito ao crédito; d) em relação às peças de reposição de máquinas e equipamentos, existiria direito à compensação baseado na similaridade com os créditos decorrentes de depreciação de máquinas, combustíveis e lubrificantes e energia consumida, sendo anexado solução de consulta; Fl. 2155DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR 4 e) em relação às aquisições de caixas de papelão e etiquetas, seria equivocada a afirmação de que esses materiais teriam sido utilizados no acondicionamento para transporte, pois o material utilizado nas embalagens teria por finalidade garantir a proteção adequada ao produto para minimizar a contaminação, prevenir danos e acomodar o rótulo; f) no que tange às aquisições de material de segurança, produtos de conservação e limpeza e bens destinados à manutenção predial, tratarseia de insumos, sendo que, no caso de equipamentos de proteção individual, eles seriam obrigatórios nos termos da NR 6 e 8; g) quanto à aquisição de ovos incubáveis, não se teria remuneração de serviço prestado por pessoa física; h) adota o modelo de produção de agroindústria integrado ou verticalizado, em que, por meio de contrato de parceria, fornece ao produtor rural lotes de matrizes poedeiras e ou reprodutores de suínos, lotes de pinto de um a dois dias de vida, assim como leitões, sendo que a parcela pertencente ao parceiro produtor, após apurada a sua participação no lote, normalmente é vendida para a empresa. A parcela recebida pelo parceiro produtor corresponde à sua quota no lote de ovos produzidos para incubação, que foi vendida a empresa, não se tratando de remuneração paga à pessoa física e sim de compra e venda de ovos para incubação. i) o frete incidente sobre as transferências de uma unidade produtora para outra unidade produtora deve ser considerado insumo de produção; j) na granja de aves são produzidos ovos, que é um produto semiacabado para o incubatório. No incubatório são produzidos pintos de um dia que é um produto semiacabado para o produtor. No estabelecimento do produtor são produzidas aves terminadas que é um produto semiacabado para o abatedor. E o processo se encerra apenas no estabelecimento industrializador, de onde sai o produto acabado para o estabelecimento comercial; k) em relação aos dispêndios com frete de produtos acabados entre estabelecimentos da empresa, para fins de comercialização, é possível o creditamento; l) tanto os créditos ordinários com o os presumidos se vinculariam à forma dos créditos estabelecida pelo art. 3° das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, sendo passíveis de compensação com outros tributos, ou de ressarcimento em espécie; m) desrespeito da norma constitucional que veda a incidência das contribuições sobre as receitas de exportação; n) o crédito presumido do PIS e da Cofins constitui forma de subvenção, espécie de estímulo financeiro, para reduzi ro impacto tributário existente sobre a produção. Fl. 2156DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR Processo nº 10925.000265/200803 Acórdão n.º 3402002.495 S3C4T2 Fl. 2.935 5 o) no tocante às aquisições de milho inteiro e quebrado, deverseia, de igual modo, ser reconhecido o direito ao crédito presumido tendo por base o percentual de 60%, em razão de que tais insumos são destinados à alimentação de aves e suínos; p) nos termos expostos pelo Ministro José Delgado no RESP n° 1.005.598/RS, o crédito da Cofins não cumulativo deve ser calculado com base na alíquota utilizada para quantificar o débito da Cofins, isto é, 7,6%, enquanto àquelas aquisições feitas anteriormente ao período sob análise, deve ser apropriado o crédito de 3%, em consonância com o que dispunha a legislação da Cofins cumulativa. A DRJ Florianóplis/SC julgou a Manifestação de Inconformidade improcedente, tendo sido o acórdão ementado nos seguintes termos: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/07/2005 a 30/09/2005 REGIME DA NÃO CUMULATIVIDADE. CONCEITO DE INSUMOS. No regime da não cumulatividade, só são considerados como insumos, para fins de creditamento de valores, aqueles utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda; as matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado; e os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto. REGIME DA NÃO CUMULATIVIDADE. EMBALAGENS. CONDIÇÕES DE CREDITAMENTO. As embalagens que não são incorporadas ao produto durante o processo de industrialização (embalagens de apresentação), mas apenas depois de concluído o processo produtivo e que se destinam tão somente ao transporte dos produtos acabados (embalagens para transporte), não podem gerar direito a creditamento relativo às suas aquisições. REGIME DA NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS DE DESPESAS COM EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO. Despesas efetuadas com o fornecimento equipamentos de proteção aos empregados, adquiridos de outras pessoas jurídicas ou fornecido pela própria empresa, não geram direito à apuração de créditos a serem descontados da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, por não se enquadrarem no conceito de insumos aplicados, consumidos ou daqueles que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida no processo de fabricação ou na produção de bens destinados à venda. Fl. 2157DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR 6 REGIME DA NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS DE DESPESAS COM PEÇAS DIVERSAS PARA MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. As peças para manutenção de máquinas e equipamentos, para que possam ser consideradas como insumos, permitindo o desconto do crédito correspondente da contribuição, devem ser consumidas em decorrência de ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação/beneficiamento REGIME DA NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS DE DESPESAS COM FRETES ENTRE ESTABELECIMENTOS. Por não integrar o conceito de insumo utilizado na produção e nem ser considerada operação de venda, os valores das despesas efetuadas com fretes contratados para as transferências de mercadorias (produtos acabados ou em elaboração) entre estabelecimentos da mesma pessoa jurídica não geram direito a créditos da Cofins e da Contribuição ao PIS/PASEP. REGIME DA NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITO PRESUMIDO. AGROINDÚSTRIAS. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. Os créditos presumidos da agroindústria somente podem ser aproveitados como dedução da própria contribuição devida em cada período de apuração, não existindo previsão legal para que e efetue o seu ressarcimento. REGIME DA NÃO CUMULATIVIDADE. COOPERATIVAS DE PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA. CRÉDITO PRESUMIDO. ESTOQUE DE ABERTURA. As alíquotas para o cálculo do crédito presumido sobre o estoque existente em 31 de julho de 2004 são de 0,65% para a Contribuição para o PIS/PASEP e de 3% para a Cofins. CORREÇÃO MONETÁRIA. TAXA SELIC. VEDAÇÃO LEGAL. De acordo com o disposto nos arts. 13 e 15 da Lei n° 10.833, de 2003, não incide atualização monetária sobre créditos de COFINS e da Contribuição para o PIS/PASEP objeto de ressarcimento. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/07/2005 a 30/09/2005 PEDIDOS DE RESTITUIÇÃO, COMPENSAÇÃO OU RESSARCIMENTO. COMPROVAÇÃO DA EXISTÊNCIA DO DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA A CARGO DO CONTRIBUINTE No âmbito específico dos pedidos de restituição, compensação ou ressarcimento, é ônus do contribuinte/pleiteante a comprovação minudente da existência do direito creditório. Manifestação de Inconformidade Improcedente. Não satisfeito, o contribuinte recorre a este Conselho e reitera seus pedidos, repisando os mesmos argumentos. A 2ª Turma da 4ª Câmara da 3ª Seção do CARF converteu o julgamento em diligência para que fossem verificados: a) Quanto ao material de segurança, qual o papel do “creme protetor” e da “meia”? b) Quanto à conservação e limpeza, que tipo de serviço de bem móvel é feito? Qual a participação da limpeza na operação do sujeito passivo? Fl. 2158DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR Processo nº 10925.000265/200803 Acórdão n.º 3402002.495 S3C4T2 Fl. 2.936 7 c) Quanto à manutenção predial, os serviços de pintura e de construção civil foram realizados no estabelecimento fabril? A compra de argamassa, calcáreo, tintas, tomadas, torneiras e de concreto usinado foram para o estabelecimento fabril? e) Quanto ao frete, quais foram os valores dos fretes utilizados para transporte de documentos, transporte de insumos entre estabelecimentos, transporte de produto intermediário entre estabelecimentos e transporte de produto final para venda? A Delegacia da Receita Federal do Brasil em Joaçaba/SC realizou a diligência e os autos retornaram para análise deste Colegiado. O Sujeito Passivo apresentou petição sobre o resultado da diligência restringindose a afirmar que: Com a devida vênia, a diligência feita pela Receita Federal de Joaçaba, não pode ser acolhida, pois desconsiderou as informações prestadas pela intimada para, assim, tecer considerações de ordem subjetiva sobre a interpretação da legislação aplicável aos casos suscitados. A competência para dizer qual é o direito aplicável ao caso concreto, neste momento, é do Egrégio Conselho de Contribuintes e não da autoridade fiscal. Cabia a esta tão somente responder de forma objetiva aos questionamentos suscitados, que, como se pode ver, quedou inerte. Assim, tendo a autoridade fiscal respondido aos questionamentos de forma subjetiva, não merecem prosperar as alegações ali lançadas, devendo o E. Conselho, atentar para as informações prestadas pela ora intimada, as quais foram protocoladas em 21/05/2013. É o Relatório. Fl. 2159DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR 8 Voto Vencido Conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho, Relator. O recurso foi apresentado com observância do prazo previsto, bem como dos demais requisitos de admissibilidade. Sendo assim, dele tomo conhecimento e passo ao mérito. Tratase de processo de pedido de ressarcimento da Cofins nãocumulativa referente ao 3º trimestre de 2005. BENS E SERVIÇOS INSUMOS A 2ª Turma da 4ª Câmara da 3ª Seção do Carf entendeu que os autos não estavam maduros para julgamento e retornouos para fase instrutória com o fim de sanar dúvidas que assombravam as mentes dos componentes do Colegiado. A Delegacia da Receita Federal do Brasil em Joaçaba realizou o trabalho de campo, ao final produziu um relatório fiscal, o qual o recorrente teve ciência em 08/07/2013 e apresentou petição em 06/08/2013 sobre o resultado da diligência. Reproduzo as conclusões da Autoridade Fiscal e os argumentos apresentados pelo recorrente no âmbito da diligência proposta. Item 01 “creme protetor e meias”: O Fisco concluiu que são materiais de proteção individual, contudo não são consumidos pelo produto final. A Recorrente afirma que o creme protetor é equipamento de proteção individual utilizado por trabalhadores que laboram no processo fabril, que tem a finalidade de proteger as mãos dos funcionários contra agentes ambientais presentes nas atividades por eles executadas. E as meias têm a função de proteger os pés dos funcionários contra a baixa temperatura. Item 02 – Quais os serviços de bem móvel são realizados e sua participação no processo produtivo? Apuração do Fisco: (...) alega a interessada que o serviço de bem móvel realizado ocorreu, apenas, em conserto de máquinas e equipamentos. No entanto, de acordo com a descrição constante dos documentos acostados aos autos, tratam da aquisição de vassouras de palha e outras espécies, utensílios estes não utilizados diretamente na produção dos bens vendidos, não dando direito a crédito, portanto. Também os serviços discriminados nas Notas fiscais de prestação de serviço serviço de ajardinamento, serviços de lenha, cultivo de horta e pomar, carga e descarga, eventuais roçadas); serviço de limpeza de esgoto da lavagem de caminhões); ref.limpeza e desinfecção de todos os reservatórios de água da unidade); serviços de lavanderia. (...) Fl. 2160DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR Processo nº 10925.000265/200803 Acórdão n.º 3402002.495 S3C4T2 Fl. 2.937 9 Resposta do Recorrente: (...) os serviços de bens móveis realizados foram de conserto em máquinas e equipamentos industriais, registrados nas contas contábeis: 30449 máquinas e 30431 equipamentos pertence ao grupo de custeio de produção, bem como serviços de limpezas, os foram contabilizados nas contas de custeio: 30.465, 30.732, 30.422 e 30.449, e o serviço de lavanderia (lavagem de uniforme), contabilizados na conta de custeio: 30.732.(...) Item 03 – Serviços de limpeza. Apuração do Fisco: (...)Relativamente aos serviços de limpeza, assegura a interessada que esta atividade compreende a lavagem e desinfecção das instalações, máquinas e equipamentos, também a lavanderia industrial (lavagem dos uniformes do pessoal) e ajardinamento de pátios dos estabelecimentos (...) Resposta do Recorrente: (...)Os serviços de limpeza compreendem a lavagem e desinfecção das instalações, máquinas e equipamentos industriais; lavanderia industrial (lavagem dos uniformes utilizados pelos funcionários que atuam no processo produtivo); e, ajardinamento de pátios dos estabelecimentos fabris.(...) (...)Os produtos adquiridos para a limpeza da área fabril (desinfetante, detergente e vassoura) foram contabilizados na conta contábil de estoque 10.812, já os serviços em bem móveis foram contabilizados nas contas contábeis de custeio sendo, 30.449 máquinas e 41111 30.431 equipamentos, os serviços de limpeza foram contabilizados nas contas de custeio 30.465, 30.732, e 30.422 e 30.449, e o serviço de lavanderia na conta de custeio 30.732.(...) Item 04 – Manutenção predial, serviços de pintura e de construção civil. Apuração do Fisco: (...) Relativamente à manutenção predial e os serviços de pintura e de construção civil, assevera a interessada que foram realizados no estabelecimento fabril. No entanto, ainda que aplicados nos estabelecimentos industriais este fato por si não implica no reconhecimento de que os valores aplicados dão direito ao crédito de Pis e Cofins não cumulativo. Com efeito, em se tratando de serviços de pintura em instalações conforme descrito nas notas ficais pintura acesso indústria e lateral do prédio bloco administ II, pintura circulação de acesso aos vestiários parede/platib, pintura na salda de manutenção de baterias, pintura em calhas, teto, tirantes, suporte de expedição, pintura no setor Mec preparação e piso da oficina, pintura no setor abt, serviço de manutenção civil no setor abt, serviço manutenção civil piso setor Prd, implicam em serviços de Fl. 2161DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR 10 reforma e ampliações até porque tem previsão de serem consumos em mais de doze meses, fato que implica em imobilização para futura depreciação.(...) Resposta do Recorrente: (...) A manutenção predial e os serviços de pintura e construção civil foram realizados no estabelecimento fabril e a compra de todos os itens foi utilizada nos estabelecimentos industriais, conforme demonstrado através da cópia de documentos fiscais e razão contábil dos lançamentos dos documentos fiscais na conta de estoque 10812. Para evidenciar a baixa dos itens para manutenção predial na conta de custo de produção das unidades industriais, anexamos também cópia do relatório de saída de materiais (custos) dos itens do estoque e seu lançamento nas contas de custos 30.422, 30.813, 30.431, 30.635 e 30.449. Quanto aos serviços de pinturas o custo foi contabilizado diretamente nas contas de custos 30.422, 30.449 e 30.431. As aquisições de calcáreo foram destinadas à fabricação de ração, ocorrendo a contabilização pela compra do produto na conta de estoque 10.812 e seu consumo evidenciado pela baixa do item na conta de custeio 30.805. Trata se, portanto, de insumo para a fabricação de ração.(...) Item 05 – Fretes Apuração do Fisco: Relativamente aos fretes, a requerente alega de apenas 2,83% (R$ 375.525,66 de um total de R$ 13.232.008,38) se referem a despesas de armazenagem, sendo que 47,99% corresponderiam a fretes sobre operações de venda de produtos acabados e 49,16% se trataria do transporte de produtos acabados entre estabelecimentos da contribuinte (frete transferência). Resposta do Recorrente: ... Em relação ao frete informamos que do valor total de R$ 13.232.007,88 glosado no 4° trimestre de 2005, R$ 6.359.681,85 correspondem a transporte de produtos acabados em operação de venda; R$ 375.525,66 referem a despesas com armazenagem de produto final para venda, R$6.496.800,37 a transporte de produtos acabados entre estabelecimentos para venda (frete transferência). O transporte de produto acabados entre estabelecimentos é contabilizado na conta de estoque 12319, do estabelecimento destinatário. Posteriormente, quando ocorre a efetiva operação de venda do produto, este valor do frete fará parte do custo da mercadoria vendida. Os gastos com frete na operação entre estabelecimentos são imprescindíveis para a efetivação da venda dos produtos fabricados pela recorrente e agregam o custo do próprio produto. É que a empresa comercializa a sua produção em todo território nacional, porém, as suas unidades industriais estão localizadas nos Estados do RS, SC e MS, que transferem a sua Fl. 2162DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR Processo nº 10925.000265/200803 Acórdão n.º 3402002.495 S3C4T2 Fl. 2.938 11 produção para os estabelecimentos comerciais localizados nos Estados do PR, SP, RJ, MG, PE e DF. Portanto, os gastos com frete para transferência da produção das unidades industriais para comercialização pelas unidades comerciais agregam o custo do produto, revestindo a característica de insumo ou serviço utilizado na fabricação de produtos destinados a venda.(...) Esses são os fatos contidos nos autos que servirão de base para análise da subsunção dos serviços/aquisição de mercadorias ao conceito de “insumo” contido nas leis que instituíram o regime da nãocumulatividade do PIS e da Cofins. O Conselheiro Mauricio Taveira e Silva, no processo nº 16707002127/2005 65 de sua relatoria, enfrentou o tema com maestria, profundidade e didática, de sorte que reproduzo seu voto para embasar minha razão de decidir, in verbis: O tema em questão enseja as maiores polêmicas acerca do PIS e Cofins não cumulativos em decorrência do termo “insumo” utilizado pelo legislador, sem a devida definição de sua amplitude, ou seja, se o insumo a ser considerado deva ser somente o “direto” ou se o termo deve abarcar, também, os insumos “indiretos”. Nesse contexto, tornase necessária uma maior reflexão sobre o tema. Os arts 3º, inciso II das Leis nos 10.637/02 e 10.833/03, dispõem sobre a possibilidade de a pessoa jurídica descontar créditos relacionados a bens e serviços, utilizados como “insumo” na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda. Visando normatizar o termo “insumo” a Receita Federal editou as Instruções Normativas, IN SRF nº 247/02, art. 66, § 5º, no caso do PIS e IN SRF nº 404/04, art. 8º, § 4º para a Cofins. Nelas, o fisco limitou a abrangência do termo “insumos” utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda, à matériaprima, ao produto intermediário, ao material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação. Em se tratando de serviços, os bens aplicados ou consumidos na prestação de serviços. Necessário, ainda, que os bens não estejam incluídos no ativo imobilizado, bem assim, os serviços sejam prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, sendo aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto ou prestação do serviço. De modo a esclarecer o alcance de tais normas em relação a casos concretos, foram editadas diversas Soluções de Consultas, por vezes conflitantes, as quais acabaram por ensejar a elaboração de inúmeras Soluções de Divergência. Na sequência dos acontecimentos, decorridos alguns anos desde a edição das leis criadoras do PIS e da Cofins na sistemática não cumulativa, percebese ser cada vez mais intenso o coro a rejeitar a não Fl. 2163DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR 12 cumulatividade dessas contribuições de modo tão restritivo, nos moldes do IPI. Nesse sentido, na doutrina preconizada por Fábio Pallaretti Calcini, a não cumulatividade vinculada ao produto (IPI) ou mercadoria (ICMS) não se presta a fundamentar a não cumulatividade do PIS e da Cofins, cujo pressuposto é a receita, ensejando, assim, uma maior amplitude para a obtenção dos créditos. A falta de pertinência se evidencia em se tratando de prestador de serviços. As restrições legalmente impostas cingemse ao art. 3º, § 2º, incisos I e II, das Leis nos 10.637/02 e 10.833/03, que tratam de vedação de crédito decorrente de mão de obra paga a pessoa física e aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição. Releva observar, em conformidade com o art. 3º, § 3º, incisos I e II, dos mesmos diplomas legais, a necessidade de que, tanto os bens e serviços adquiridos, como também os custos e despesas incorridos, pagos ou creditados, tenham como destino pessoa jurídica domiciliada no País. Desse modo, proclama o referido autor; vez que as restrições, com caráter de excepcionalidade, estão expressamente consignadas em lei, os demais dispositivos normativos não poderiam ser elaborados de forma restritiva. Conforme assevera Natanael Martins, levando em consideração o fato de que no caso das contribuições para o PIS e para a Cofins pelo regime não cumulativo a materialidade é a receita e não somente a atividade fabril, mercantil ou de serviços, constata que há a eleição de ‘outras hipóteses creditórias desvinculadas da atividade desenvolvida pelo contribuinte como é o caso das despesas financeiras decorrentes de empréstimos, financiamentos e contraprestações de operações de arrendamento mercantil’48, razão pela qual constata que, diante deste contexto, a noção de insumo ‘erigido pela nova sistemática do PIS e da Cofins não guarda simetria com aquele delineado pelas legislações do IPI e do ICMS, visto não estar limitado apenas a operações realizadas com mercadorias ou produtos industrializados, sendo, inclusive, aplicado aos prestadores de serviços. Nessa linha registra Pallaretti Calcini que as limitações à utilização do crédito são exaustivamente descritas nas duas leis, não comportando acréscimos. Assim, sustenta que a expressão insumo deve estar vinculada aos dispêndios relizados pelo contribuinte que, de forma direta ou indireta, contribuam para o pleno exercício de sua atividade econômica (indústria, comércio ou serviços) visando à obtenção de receita. Logo, os parâmetros trazidos pela Receita Federal seriam claramente restritivos, não se coaduando com o disposto nas Leis nos 10.637/02 e 10.833/03. No âmbito do CARF as decisões têm caminhado no sentido de se flexibilizar o entendimento acerca do que deva ser considerado como insumo. Nesse contexto, relevantes as considerações do Conselheiro Henrique Pinheiro Torres no voto condutor, na Fl. 2164DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR Processo nº 10925.000265/200803 Acórdão n.º 3402002.495 S3C4T2 Fl. 2.939 13 CSRF, do acórdão nº 930301.035 de 23/08/2010, processo nº 11065.101271/200647, conforme se observa de sua transcrição: A questão que se apresenta a debate diz respeito à possibilidade ou não de se apropriar como crédito de Pis/Pasep dos valores relativos a custos com combustíveis, lubrificantes e com a remoção de resíduos industriais. O deslinde está em se definir o alcance do termo insumo, trazido no inciso II do art. 3º da Lei 10.637/2002. A Secretaria da Receita Federal do Brasil estendeu o alcance do termo insumo, previsto na legislação do IPI (o conceito trazido no Parecer Normativo CST n° 65/79), para o PIS/Pasep e a para a Cofins não cumulativos. A meu sentir, o alcance dado ao termo insumo, pela legislação do IPI não é o mesmo que foi dado pela legislação dessas contribuições. No âmbito desse imposto, o conceito de insumo restringese ao de matériaprima, produto intermediário e de material de embalagem, já na seara das contribuições, houve um alargamento, que inclui até prestação de serviços, o que demonstra que o conceito de insumo aplicado na legislação do IPI não tem o mesmo alcance do aplicado nessa contribuições. Neste ponto, socorrome dos sempre precisos ensinamentos do Conselheiro Julio Cesar Alves Ramos, em minuta de voto referente ao Processo n° 13974.000199/200361, que, com as honras costumeiras, transcrevo excerto linhas abaixo: “Destarte, aplicada a legislação do ao caso concreto, tudo o que restaria seria a confirmação da decisão recorrida. Isso a meu ver, porém, não basta. É que, definitivamente, não considero que se deva adotar o conceito de industrialização aplicável ao IPI, assim como tampouco considero assimilável a restritiva noção de matérias primas, produtos intermediários e material de embalagem lá prevista para o estabelecimento do conceito de ‘insumos’ aqui referido. A primeira e mais óbvia razão está na completa ausência de remissão àquela legislação na Lei 10.637. Em segundo lugar, ao usar a expressão ‘insumos’, claramente estava o legislador do PIS ampliando aquele conceito, tanto que ai incluiu ‘serviços’, de nenhum modo enquadráveis como matérias primas, produtos intermediários ou material de embalagem. Ora, uma simples leitura do artigo 3º da Lei 10.637/2002 é suficiente para verificar que o legislador não restringiu a apropriação de créditos de Pis/Pasep aos parâmetros adotados no creditamento de IPI. No inciso II desse artigo, como asseverou o insigne conselheiro, o legislador incluiu no conceito de insumos os serviços contratados pela pessoa jurídica. Esse dispositivo legal também considerou como “insumo” combustível e lubrificante, o que, no âmbito do IPI, seria um verdadeiro sacrilégio. Mas as diferenças não param aí, nos incisos seguintes, permitiuse o creditamento de aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, Fl. 2165DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR 14 utilizados nas atividades da empresa, máquinas e equipamentos adquiridos para utilização na fabricação de produtos destinados à venda, bem como a outros bens incorporados ao ativo imobilizado etc. Isso denota que o legislador não quis restringir o creditamento do Pis/Pasep as aquisições de matériasprimas, produtos intermediários e ou material de embalagens (alcance de insumos na legislação do IPI) utilizados, diretamente, na produção industrial, ao contrario, ampliou de modo a considerar insumos como sendo os gastos gerais que a pessoa jurídica precisa incorrer na produção de bens ou serviços por ela realizada. Vejamos o dispositivo citado: (...) As condições para fruição dos créditos acima mencionados encontramse reguladas nos parágrafos desse artigo. Voltando ao caso dos autos, os gastos com aquisição de combustíveis e com lubrificantes, junto à pessoa jurídica domiciliada no País, bem como as despesas havidas com a remoção de resíduos industriais, pagas a pessoa jurídica nacional prestadora de serviços, geram direito a créditos de Pis/Pasep, nos termos do art. 3º transcrito linhas acima. Com essas considerações, voto no sentido de negar provimento ao recurso apresentado pela Fazenda Nacional”. Mais recentemente fora prolatado o acórdão nº 320200.226, em 08/12/2010, processo nº 11020.001952/200622, de relatoria do Conselheiro Gilberto de Castro Moreira Júnior que, após fazer diversas referências e citações doutrinárias, além de colacionar decisões administrativas, todas no sentido de que o conceito de “insumo” deve ser entendido em sentido menos restritivo do que o preconizado pelas normas editadas pelo Fisco Federal, arremata: É de se concluir, portanto, que o termo "insumo" utilizado para o cálculo do PIS e COFINS não cumulativos deve necessariamente compreender os custos e despesas operacionais da pessoa jurídica, na forma definida nos artigos 290 e 299 do RIR/99, e não se limitar apenas ao conceito trazido pelas Instruções Normativas n° 247/02 e 404/04 (embasadas exclusivamente na (inaplicável) legislação de IPI). No caso dos autos foram glosados pretendidos créditos relativos a valores de despesas que a Recorrente houve por bem classificar como insumos (materiais utilizados para manutenção de máquinas e equipamentos), em virtude da essencialidade dos mesmos para a fabricação dos produtos destinados à venda. Ora, constatase que sem a utilização dos mencionados materiais não haveria a possibilidade de a Recorrente destinar seus produtos à venda, haja vista a inviabilidade de utilização das máquinas. Frisese que o material utilizado para manutenção sofre, inclusive, desgaste com o tempo. Fl. 2166DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR Processo nº 10925.000265/200803 Acórdão n.º 3402002.495 S3C4T2 Fl. 2.940 15 Em virtude doa argumentos expostos, em que pese o respeito pela I. decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Porto Alegre (RS), ao não admitir a apuração de créditos sobre os bens adquiridos pela Recorrente, entendo que tal glosa não deve prosperar, uma vez que os equipamentos adquiridos caracterizamse como despesas necessárias ao desenvolvimento de suas atividades, sendo certo o direito ao crédito sobre tais valores para desconto das contribuições para o PIS e COFINS. Em relação ao tema, o referido acórdão restou assim ementado: [...] REGIME NÃO CUMULATIVO. INSUMOS. MATERIAIS PARA MANUTENÇÃO DE MÁQUINAS. O conceito de insumo dentro da sistemática de apuração de créditos pela não cumulatividade de PIS e Cofins deve ser entendido como toda e qualquer custo ou despesa necessária à atividade da empresa, nos termos da legislação do IRPJ, não devendo ser utilizado o conceito trazido pela legislação do IPI, uma vez que a materialidade de tal tributo é distinta da materialidade das contribuições em apreço. Feitas estas colocações, passo a expressar meu posicionamento acerca da matéria. Conforme dito anteriormente, o cerne da questão reside no significado e abrangência do termo “insumo” consignado nos arts 3º, inciso II das Leis nos 10.637/02 e 10.833/03, cuja semelhante redação assim dispõem: Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...] II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) (destaquei) Em que pese a judiciosa motivação apresentada pelo conselheiro relator em seu brilhante voto condutor do aresto precitado, ouso discordar de sua conclusão assinalada na ementa, como segue: “O conceito de insumo dentro da sistemática de apuração de créditos pela não cumulatividade de PIS e Cofins deve ser entendido como toda e qualquer custo ou despesa necessária à atividade da empresa, nos termos da legislação do IRPJ...” Travase aqui, a mesma discussão do crédito presumido de IPI de que trata a Lei nº 9.363/96, ou seja, se o insumo deve ser Fl. 2167DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR 16 compreendido em seu sentido lato, abrangendo, portanto, toda e qualquer matériaprima e produto intermediário, cuja utilização na cadeia produtiva seja necessária à consecução do produto final, ou não. O art. 290 do RIR/99 mencionado no acórdão referencia o método de custeio por absorção o qual apropria todos os custos de produção dos bens, sejam diretos ou indiretos, variáveis ou fixos. Assim, o custo de produção dos bens ou serviços deverá compreender o custo de aquisição das matériasprimas e secundárias, o custo de mão de obra direta e indireta e os gastos gerais de fabricação, inclusive os custos fixos tais como os encargos de depreciação dos bens utilizados na produção. Já o art. 299, também do RIR/99, trata das despesas operacionais dedutíveis na determinação do lucro real como sendo as despesas necessárias à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora de receitas. Suas matrizes legais são: DecretoLei nº 1.598/77, art. 13, §§ 1º e 2º (art. 290 do RIR/99), que assim dispõe: Art. 13 O custo de aquisição de mercadorias destinadas à revenda compreenderá os de transporte e seguro até o estabelecimento do contribuinte e os tributos devidos na aquisição ou importação. § 1º O custo de produção dos bens ou serviços vendidos compreenderá, obrigatoriamente: a) o custo de aquisição de matériasprimas e quaisquer outros bens ou serviços aplicados ou consumidos na produção, observado o disposto neste artigo; b) o custo do pessoal aplicado na produção, inclusive de supervisão direta, manutenção e guarda das instalações de produção; c) os custos de locação, manutenção e reparo e os encargos de depreciação dos bens aplicados na produção; d) os encargos de amortização diretamente relacionados com a produção; e) os encargos de exaustão dos recursos naturais utilizados na produção. § 2º A aquisição de bens de consumo eventual, cujo valor não exceda de 5% do custo total dos produtos vendidos no exercício social anterior, poderá ser registrada diretamente como custo. Por outro lado, o art. 299 do RIR/99 tem como matriz legal o art. 47, §§ 1º e 2º, da Lei nº 4.506/64, com o seguinte teor: Art. 47. São operacionais as despesas não computadas nos custos, necessárias à atividade da empresa e a manutenção da respectiva fonte produtora. Fl. 2168DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR Processo nº 10925.000265/200803 Acórdão n.º 3402002.495 S3C4T2 Fl. 2.941 17 § 1º São necessárias as despesas pagas ou incorridas para a realização das transações ou operações exigidas pela atividade da empresa § 2º As despesas operacionais admitidas são as usuais ou normais no tipo de transações, operações ou atividades da empresa. Tendo em vista a extensa redação levada a efeito no caso do Imposto de Renda, não posso compreender que o simples termo “insumo” utilizado na norma tenha a mesma amplitude do citado imposto. Acaso o legislador pretendesse tal alcance do referido termo teria aberto mão deste vocábulo, “insumo”, assentando que os créditos seriam calculados em relação a “todo e qualquer custo ou despesa necessários à atividade da empresa ou à obtenção de receita”. Dispondo desse modo o legislador, sequer, precisaria fazer constar “inclusive combustíveis e lubrificantes”. Creio que o termo “insumo” foi precisamente colocado para expressar um significado mais abrangente do que MP, PI e ME, utilizados pelo IPI, porém, não com o mesmo alcance do IRPJ que possibilita a dedutibilidade dos custos e das despesas necessárias à atividade da empresa. Precisar onde se situar nesta escala é o cerne da questão. De se registrar que o próprio fisco vem flexibilizando seu conceito de insumo. Como exemplo temse que, em relação ao citado acórdão, o qual tratou de créditos de aquisições de materiais para manutenção de máquinas e equipamentos, a própria administração tributária já havia se manifestado favoravelmente à utilização de tais créditos, por meio da Solução de Divergência nº 35/08. Nela a Cosit registra a desnecessidade de contato direto com os bens que estão sendo fabricados, conforme segue: 17. Isso posto, chegase ao entendimento, de que todas as partes e peças de reposições utilizadas em máquinas e equipamentos diretamente responsáveis pela produção dos bens ou produtos destinados à venda, aqui descritos ou exemplificados, que sofram desgaste ou dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida em todo o processo de produção ou de fabricação, independentemente, de entrarem ou não contato direto com os bens que estão sendo fabricados destinados à venda, ou seja, basta que referidas partes e peças sejam incorporadas às máquinas e equipamentos que estejam atuando no processo de fabricação ou produção dos referidos bens, geram direito à apuração de créditos a serem descontados da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, desde que não estejam escriturados no ativo imobilizado. (grifei) Em conclusão a Solução registra: 18.Diante do exposto, solucionase a presente divergência dandose provimento ao recurso interposto, orientando à recorrente que as despesas efetuadas com a aquisição de partes Fl. 2169DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR 18 e peças de reposição, que sofram desgaste ou dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, utilizadas em máquinas e equipamentos que efetivamente respondam diretamente por todo o processo de fabricação dos bens ou produtos destinados à venda, pagas à pessoa jurídica domiciliada no País, a partir de 1º de dezembro de 2002, e a partir de 1º de fevereiro de 2004, geram direito à apuração de créditos a serem descontados da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, respectivamente, desde que às partes e peças de reposição não estejam obrigadas a serem incluídas no ativo imobilizado, nos termos da legislação vigente. Destarte, entendo que o termo “insumo” utilizado pelo legislador na apuração de créditos a serem descontados da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins denota uma abrangência maior do que MP, PI e ME relacionados ao IPI. Por outro lado, tal abrangência não é tão elástica como no caso do IRPJ, a ponto de abarcar todos os custos de produção e as despesas necessárias à atividade da empresa. Sua justa medida caracterizase como elemento diretamente responsável pela produção dos bens ou produtos destinados à venda, ainda que este elemento não entre em contato direto com os bens produzidos, atendidas as demais exigências legais. Com base nas brilhantes linhas traçadas pelo Conselheiro Mauricio Taveira, entendo que em todo processo administrativo que envolver créditos referentes a não cumulatividade do PIS ou da Cofins, deve ser analisado cada item relacionado como “insumos” e o seu envolvimento no processo produtivo, para então definir a possibilidade de aproveitamento do crédito. Regressando a lide, passo ao exame dos itens reclamados pelo recorrente, tendo por base a diligência realizada e o conceito de insumo alhures detalhado. 1 Bens e Serviços material de uso geral, material de embalagens e etiquetas, peças de reposição e serviços gerais, material de segurança, material de conservação e limpeza, material de manutenção predial, ovos incubáveis, fretes e outros itens. Quanto à imensa lista de elementos que não foram considerados para o cálculo do crédito da Cofins, me reservo a analisar apenas aqueles que o recorrente buscou demonstrar participar de seu processo produtivo. Para os demais, nego de pronto sua inclusão no cálculo do crédito em virtude das alegações estarem órfãs de informações que sustentem seu direito. É bom lembrar que a lide versa sobre pedido de ressarcimento, cujo ônus da prova é do recorrente. a) Material de uso geral avental plástico, bota de borracha, camisa, camiseta impermeável, calça proteção, desinfetante, creme protetor microbiológico, detergentes, lenha de eucalipto, luva, óleos lubrificantes, papel toalha, peças para máquinas, protetor auricular, correias industriais. Entendo que os valores gastos com o avental plástico, camisa, desinfetante, luva, a bota de borracha, a camiseta impermeável, a calça de proteção, o creme protetor microbiológico, o protetor auricular, os óleos lubrificantes e as peças para as máquinas do parque fabril subsumem ao conceito de insumo, devendo fazer parte do cálculo do crédito da Fl. 2170DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR Processo nº 10925.000265/200803 Acórdão n.º 3402002.495 S3C4T2 Fl. 2.942 19 Cofins. Quanto aos demais elementos mencionados neste item nego seu aproveitamento por falta de prova. b) Material de Embalagens e Etiquetas caixas de papelão e etiqueta. Quanto a esse item, apenas as caixas de papelão utilizadas no acondicionamento dos produtos para fins de proteção contra ataque ambientais, choques, vibrações impróprias, esmagamento, etc, fazem parte do processo produtivo do recorrente, de forma que devem ser incluídos nos cálculos dos créditos como sendo insumos. Mesma sorte não teve o elemento “etiqueta”, pois não têm nos autos provas mínimas de sua utilização no processo produtivo. c) Material de Conservação e Limpeza Após diligência realizada no estabelecimento do recorrente, é pacífico que os serviços de limpeza compreendem a lavagem e desinfecção das instalações, máquinas e equipamentos industriais; lavanderia industrial (lavagem dos uniformes utilizados pelos funcionários que atuam no processo produtivo). Portanto, em vista da atividade desenvolvida pela sociedade ser de cunho alimentício, entendo que os valores referentes a estes custos devem fazer parte do cálculo do crédito da Cofins, por estarem contemplados no conceito de insumo. d) Manutenção Predial, Serviço de Pintura e de Construção Civil A diligência revela que a manutenção predial e os serviços de pintura e construção civil foram realizados no estabelecimento fabril e a compra de todos os itens foi utilizada nos estabelecimentos industriais, conforme demonstrado através das cópias dos documentos fiscais e razão contábil. O Fisco apurou que os serviços de pintura foram realizados no acesso a indústria e lateral do prédio bloco administrativo II (pintura circulação de acesso aos vestiários parede/platib, pintura na sala de manutenção de baterias, pintura em calhas, teto, tirantes, suporte de expedição, pintura no setor mec preparação e piso da oficina, pintura no setor abt, serviço de manutenção civil no setor abt e serviço manutenção civil piso setor Produtivo. Nesta senda, apenas os custos com a manutenção predial e serviços de pintura do setor fabril tem o direito de fazer parte do cálculo do crédito da exação, dede que não caracterizem benfeitorias e melhoramentos que devam ser adicionados aos valores dos imóveis para futuras depreciações. Os custos com a manutenção e pintura dos prédios administrativos e outros setores não podem compor o referido crédito. e) Fretes. Em relação ao frete informa a recorrente e não contesta o Fisco: ... Em relação ao frete informamos que do valor total de R$ 10.964.835,80 glosado no 3° trimestre de 2005, R$ 5.422.379,28 correspondem a transporte de produtos acabados em operação de venda; R$ 109.919,67 referem a despesas com armazenagem de produto final para venda, R$ 5.422.379,28 a transporte de produtos acabados entre estabelecimentos para venda (frete transferência). Fl. 2171DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR 20 O transporte de produto acabados entre estabelecimentos é contabilizado na conta de estoque 12319, do estabelecimento destinatário. Posteriormente, quando ocorre a efetiva operação de venda do produto, este valor do frete fará parte do custo da mercadoria vendida. Os gastos com frete na operação entre estabelecimentos são imprescindíveis para a efetivação da venda dos produtos fabricados pela recorrente e agregam o custo do próprio produto. É que a empresa comercializa a sua produção em todo território nacional, porém, as suas unidades industriais estão localizadas nos Estados do RS, SC e MS, que transferem a sua produção para os estabelecimentos comerciais localizados nos Estados do PR, SP, RJ, MG, PE e DF. Portanto, os gastos com frete para transferência da produção das unidades industriais para comercialização pelas unidades comerciais agregam o custo do produto, revestindo a característica de insumo ou serviço utilizado na fabricação de produtos destinados a venda. Das informações coletadas concluise que as despesas com fretes estão divididas entre as relativas ao transporte de produtos acabados em operação de venda, ao transporte entre estabelecimentos de produtos acabados e ao frete sobre as compras dos insumos utilizados para industrialização dos produtos a serem comercializados. O aproveitamento do custo com frete relativo ao transporte de produto acabado para venda está previsto na Lei que instituiu a nãocumulatividade. Ressalto apenas que o ônus deve ser suportado pelo vendedor. Os custos dos fretes referentes à aquisição dos insumos incorporam ao custo dos insumos, desde que estejam descriminados na nota fiscal de compra e assumidos pelo comprador. Cumpridos esses requisitos, estarão acobertados pela legislação. Assim, o único problema a ser resolvido se refere ao frete correspondente ao transporte de bens acabados entre estabelecimentos da mesma sociedade. Conforme já mencionado o conceito de insumo para fins de creditamento do PIS e da Cofins tem um alcance maior do que matériaprima, produto intermediário e material de embalagem relacionados ao IPI e menor que os custos de produção do IRPJ. Contudo, defendo que nos casos em que a Lei previu, expressamente, o tipo do bem ou o do serviço que poderá ser utilizado para descontar créditos das exações, aplico os cânones legais. É o caso da despesa com fretes, o inciso IX do art. 3º da Lei nº 10.833/2003 prevê que apenas os fretes utilizados na operação de venda poderão servir de créditos a serem descontados do valor apurado de exação. No caso em questão, o transporte de produto acabado de um estabelecimento a outro da mesma sociedade não dá direito ao crédito, pois falta previsão legal. Se fosse produto semiacabado, meu entendimento seria diverso, uma vez que esse frete faria parte do processo produtivo da empresa. Portanto, quanto a esse custo, mantenho afastados os valores da base de cálculo do crédito da Cofins. f) Armazenagem As despesas com armazenagem também foi prevista no inciso IX do art. 3º da Lei nº 10.833/2003 como integrante dos créditos descontáveis da exação. De sorte que afasto a glosa efetuada pela fiscalização e mantida pela instância a quo. Fl. 2172DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR Processo nº 10925.000265/200803 Acórdão n.º 3402002.495 S3C4T2 Fl. 2.943 21 g) Ovos incubáveis A operação na visão do recorrente: (...) no modelo de integração/parceria, a empresa firma um contrato de parceria com o parceiro produtor, pessoa física, em que a empresa se compromete a fornecer as matrizes, pintos, leitões, medicamentos, alimentação e assistência técnica, enquanto que o parceiro produtor, pessoa física, participa com as instalações, água, luz, mãodeobra de alimentação e manutenção do lote dos animais recebidos. O parceiro produtor, pessoa física, em contrapartida, recebe da empresa (agroindústria), uma parcela da produção, em cada lote, obtendo para si um parcela do que foi produzido. Tal parcela é estabelecida através da aplicação de uma fórmula específica, constante no contrato, com base na conversão de produção ou conversão alimentar para determinar o fator de eficiência e produção. A parcela pertencente ao parceiro produtor, após apurada a sua participação no lote, normalmente é vendida para a empresa. É o caso dos autos, ou seja, a parcela recebida pelo parceiro produtor corresponde a sua quota no lote de ovos produzidos para incubação, que foi vendida a empresa. Ou seja, o parceiro produtor emitiu nota fiscal para acobertar a venda da sua parte na produção. (...) A operação na visão da Autoridade Fiscal: Verificase que o contrato de parceria, anexado aos autos, tem por objeto o fornecimento à cooperativa de ovos para incubação, ovos férteis destinados à produção de pintos de corte. No caso em exame, são formalizados contratos de parceria entre a cooperativa (parceira) e o produtor integrado (matrizeiro), pessoa física. Este sistema de parceria para fornecimento de ovos para incubação, comumente denominado de integração, de fato, é tradicionalmente empregado no setor avícola. A parceira assume a obrigação de fornecer ao produtor os insumos necessários a produção, quais sejam lotes de aves, machos e fêmeas, além de rações, medicamentos e vacinas, bem como o transporte das aves e dos ovos que saírem da propriedade. O matrizeiro, por sua vez, tem por atribuição a guarda e conservação das aves postas à sua disposição, devendo cumprir uma série de prescrições relativas à criação das aves, além de suprir água potável e energia elétrica nas quantidades necessárias à atividade. Exigese do matrizeiro instalações físicas adequadas, constituídas, no contrato em apreço, de três aviários de 14m x Fl. 2173DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR 22 130m, além dos equipamentos que se fizerem necessários, "de acordo com a avaliação e orientação do departamento técnico da segunda (parceira)", sendo do matrizeiro a responsabilidade pela mão de obra necessária. Quanto à partilha dos frutos da parceria, reproduzse a cláusula contratual que a define: “Cláusula segunda (...) Parágrafo segundo: Ajustam as partes, para efetivação da parceria, que 88% (oitenta e oito por cento) dos ovos provenientes de cada lote de aves entregues, é de propriedade da PARCEIRA, sendo o saldo remanescente de 12% (doze por cento) de propriedade do MATRIZEIRO.” O contrato estabelece ainda que, "em relação ao percentual de 12% (doze por cento) dos ovos produzidos, de propriedade do MATRIZEIRO, comprometese este a dar à PARCEIRA preferência na sua compra, cujas condições serão dispostas em documento específico” Pois bem, como se percebe da leitura das cláusulas deste contrato, bem como dos usos e costumes referentes a contratos de parceria aviária, a parceira exige, para ingresso na atividade, que o matrizeiro possua os aviários e as máquinas conforme suas especificações, bem como que este entregue os ovos nos padrões exigidos pela parceira. Para tal, o matrizeiro deverá fazer investimentos em ativos com elevada especificidade. Esta necessidade de criar um relacionamento em ativos específicos transforma o relacionamento à medida que a transação se desdobra. Antes dos investimentos em ativos específicos serem feitos, uma parte pode ter várias alternativas de negócio, sendo que ela poderia escolher um entre os muitos possíveis negociantes. Mas, depois que o investimento em ativos específicos é feito, as partes têm poucas, se tiver, alternativas de negócios. Assim, uma forma de oferta competitiva não se torna mais possível. Ou seja, uma vez que tal investimento em ativos dedicados é feito, o relacionamento muda de uma posição na qual a parte teria uma grande quantidade de negociantes para uma situação em que tem apenas um negociante. No caso analisado, não há a possibilidade (ou se há, é muito pequena) de negociação da produção com a sua segunda melhor alternativa. O produto, em que pese no contrato restar estabelecido que uma parte ser propriedade do matrizeiro, na realidade não lhe pertence, sendo ele apenas o responsável pela condução do setor de produção. Por esta tarefa, a parceira agrícola paga ao matrizeiro uma remuneração, em pecúnia, cujo valor é definido de acordo com a produção. Assim sendo, os valores pagos pela cooperativa aos matrizeiros correspondem à remuneração paga a pessoa física. Fl. 2174DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR Processo nº 10925.000265/200803 Acórdão n.º 3402002.495 S3C4T2 Fl. 2.944 23 Após apresentar a operação sob a ótica das partes envolvidas na lide, parto da premissa de que o ônus da prova é do recorrente, em vista do processo tratar de pedido de ressarcimento. Ao meu sentir afirmativas das partes convergem no sentido de que a operação efetuada é de prestação de serviço por pessoa física. Consoante noção cediça, a legislação veda o direito ao crédito relativo ao valor de prestação de serviço por pessoa física. Deste modo, mantenho a decisão da Delegacia de Julgamento quanto à glosa desses valores do cálculo do crédito da Cofins. AGROINDÚSTRIA – RESSARCIMENTO. A Autoridade Fiscal glosou o crédito presumido decorrente de atividades agroindustriais pelo entendimento de serem passíveis de ressarcimento, apenas de desconto com a própria Cofins na apuração do quantum debeatur. Já o recorrente defende que, embora não esteja prevista expressamente no texto do artigo 8°, da Lei n° 10.925/04, há que se reconhecer a possibilidade de ressarcimento em relação ao crédito presumido do PIS/COFINS. Assim, o cerne da questão é definir se os créditos presumidos da agroindústria podem ser objeto de processo de ressarcimento ou de compensação tributária. A solução da lide passa necessariamente pelas irradiações das modificações impostas pela Lei nº 10.925/2005 ao regime da nãocumulatividade do PIS e da Cofins. Diante desse quadro convém identificar as respectivas mudanças e seus reflexos no caso em questão. A Lei nº 10.637/2002, assim dispõe sobre o assunto: Art. 2o Para determinação do valor do PIS aplicarseá, sobre a base de cálculo apurada conforme o disposto no art. 1o, a alíquota de 1,65. (...) Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...) (...) § 10.Sem prejuízo do aproveitamento dos créditos apurados na forma deste artigo, as pessoas jurídicas que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal, classificadas nos capítulos 2 a 4, 8 a 12 e 23, e nos códigos 01.03, 01.05, 0504.00, 0701.90.00, 0702.00.00, 0706.10.00, 07.08, 0709.90, 07.10, 07.12 a 07.14, 15.07 a 15.14, 1515.2, 1516.20.00, 15.17, 1701.11.00, 1701.99.00, 1702.90.00, 18.03, 1804.00.00, 1805.00.00, 20.09, 2101.11.10 e 2209.00.00, todos da Nomenclatura Comum do Mercosul, destinados à alimentação humana ou animal poderão deduzir da contribuição para o Fl. 2175DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR 24 PIS/Pasep, devida em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens e serviços referidos no inciso II do caput deste artigo, adquiridos, no mesmo período, de pessoas físicas residentes no País. § 11. Relativamente ao crédito presumido referido no § 10: (Incluído pela Lei nº 10.684, de 30.5.2003) (Revogado pela Lei nº 10.925, de 2004) Iseu montante será determinado mediante aplicação, sobre o valor das mencionadas aquisições, de alíquota correspondente a setenta por cento daquela constante do art. 2o; (Incluído pela Lei nº 10.684, de 30.5.2003) (Revogado pela Lei nº 10.925, de 2004) II o valor das aquisições não poderá ser superior ao que vier a ser fixado, por espécie de bem ou serviço, pela Secretaria da Receita Federal. Assim, a agroindústria poderia aproveitar os créditos presumidos para dedução do valor a recolher resultante de operações no mercado interno, compensar com débitos próprios de tributos administrados pela SRF e, caso não conseguisse utilizálos até o final de cada trimestre, pleitear seu ressarcimento. Ocorre que os §§ 10 e 11 do art. 3º supra foram revogados pela Medida Provisória nº 183, de 30 de abril de 2004 (publicada nessa mesma data em Edição extra do Diário Oficial da União), verbis: Art.3° Os efeitos do disposto nos arts. 1º e 5o darseão a partir do quarto mês subseqüente ao de publicação desta Medida Provisória. Art. 4° Esta Medida Provisória entra em vigor na data de sua publicação. Art.5° Ficam revogados os §§ 10 e 11 do art. 3º da Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e os §§ 5º, 6º, 11 e 12 do art. 3º da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003. A partir de agosto de 2004 produziria efeitos, portanto, a revogação desses créditos presumidos da agroindústria. Sobreveio a conversão dessa Medida Provisória na Lei nº 10.925, de 23 de julho de 2004 (Diário Oficial de 26/07/2004), reinstituindo os créditos presumidos da agroindústria com alterações, conforme arts. 8º e 15: Art. 8o As pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal, classificadas nos capítulos 2, 3, exceto os produtos vivos desse capítulo, e 4, 8 a 12, 15, 16 e 23, e nos códigos 03.02, 03.03, 03.04, 03.05, 0504.00, 0701.90.00, 0702.00.00, 0706.10.00, 07.08, 0709.90, 07.10, 07.12 a 07.14, exceto os códigos 0713.33.19, 0713.33.29 e 0713.33.99, 1701.11.00, 1701.99.00, 1702.90.00, 18.01, 18.03, 1804.00.00, 1805.00.00, 20.09, 2101.11.10 e 2209.00.00, todos da NCM, destinadas à alimentação humana ou animal, poderão deduzir da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do caput do art. 3o das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro Fl. 2176DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR Processo nº 10925.000265/200803 Acórdão n.º 3402002.495 S3C4T2 Fl. 2.945 25 de 2003, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física. (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004). (...) Art. 15. As pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias de origem vegetal, classificadas no código 22.04, da NCM, poderão deduzir da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do caput do art. 3o das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física. (...) Art. 17. Produz efeitos: (...) II na data da publicação desta Lei, o disposto: a) nos arts. 1o, 3o, 7o, 10, 11, 12 e 15 desta Lei; (...) III a partir de 1o de agosto de 2004, o disposto nos arts. 8o e 9o desta Lei Observe que a Lei nº 10.925/2004 instituiu novas hipóteses de créditos presumidos com vigência a partir de 01/08/2004, tanto nas especificidades de seu cálculo quanto na forma de seu aproveitamento. Importa notar que, quanto ao aproveitamento, essa Lei dispôs apenas sobre a possibilidade da pessoa jurídica, indicada no caput dos arts. 8º e 15, “deduzir da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do caput do art. 3o das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física.” De outro lado, a mesma Lei nº 10.925 manteve as revogações promovidas pela MP nº 183, verbis: Art. 16. Ficam revogados: I a partir do 1o (primeiro) dia do 4o (quarto) mês subseqüente ao da publicação da Medida Provisória no 183, de 30 de abril de 2004: a) os §§ 10 e 11 do art. 3o da Lei no 10.637, de 30 de dezembro de 2002; e b) os §§ 5o, 6o, 11 e 12 do art. 3o da Lei no 10.833, de 29 de dezembro de 2003; Assim, como os créditos previstos no art. 3º, §§ 10 e 11 da Lei nº 10.637/2002 e no art. 3º, §§ 11 e 12 da Lei nº 10.833/2003 foram expressamente revogados pelo art. 16 da Lei Fl. 2177DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR 26 nº 10.925/2004, não sendo mais apurados na forma do art. 3º daquelas leis, não há mais possibilidade de efetuar compensação ou pedido de ressarcimento em dinheiro em relação a aqueles créditos, por falta de previsão legal. Pelo mesmo motivo, não é possível a compensação e o ressarcimento em relação aos créditos estabelecidos pelos arts. 8º e 15 da Lei nº 10.925/2004. Em função da revogação promovida pela Medida Provisória nº 183 não ter produzido efeitos antes da reinstituição dos créditos presumidos da agroindústria pela Lei nº 10.925, podese concluir que o aproveitamento de tais créditos não sofreu solução de continuidade. Deste modo, em que pese à reinstituição de créditos presumidos para a agroindústria pela Lei 10.925, não houve mudanças nas formas de aproveitamento para dedução, compensação e ressarcimento previstas nas Leis nº 10.637/2002 e nº 10.833/2003, que contemplam apenas os créditos apurados “na forma do art. 3º e não esses “novos” créditos. Com efeito, não é despiciendo reiterar que a compensação e o ressarcimento admitidos pelo art. 5º da Lei nº 10.637, de 2002, e pelo art. 6º da Lei nº 10.833, de 2003, respeitam unicamente aos créditos apurados na forma do art. 3º das mesmas Leis: Art. 5o A contribuição para o PIS/Pasep não incidirá sobre as receitas decorrentes das operações de: [...]; § 1º Na hipótese deste artigo, a pessoa jurídica vendedora poderá utilizar o crédito apurado na forma do art. 3º, para fins de: I – dedução do valor da contribuição a recolher, decorrente das demais operações no mercado interno; II – compensação com débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, observada a legislação específica aplicável à matéria. § 2º A pessoa jurídica que, até o final de cada trimestre do ano civil, não conseguir utilizar o credito por qualquer das formas previstas no § 1º poderá solicitar o seu ressarcimento em dinheiro, observada a legislação específica aplicável à matéria. [...]; (grifos acrescidos) Art. 6o A COFINS não incidirá sobre as receitas decorrentes das operações de: [...]; § 1o Na hipótese deste artigo, a pessoa jurídica vendedora poderá utilizar o crédito apurado na forma do art. 3o, para fins de: I dedução do valor da contribuição a recolher, decorrente das demais operações no mercado interno; II compensação com débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos e contribuições administrados pela Fl. 2178DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR Processo nº 10925.000265/200803 Acórdão n.º 3402002.495 S3C4T2 Fl. 2.946 27 Secretaria da Receita Federal, observada a legislação específica aplicável à matéria. § 2o A pessoa jurídica que, até o final de cada trimestre do ano civil, não conseguir utilizar o crédito por qualquer das formas previstas no § 1o poderá solicitar o seu ressarcimento em dinheiro, observada a legislação específica aplicável à matéria. [...]; (grifos acrescidos) Neste diapasão, a IN SRF nº 600, de 28 de dezembro de 2005, dispõe seu art. 21, caput: “Art. 21. Os créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins apurados na forma do art. 3º da Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e do art. 3º da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, que não puderem ser utilizados na dedução de débitos das respectivas contribuições, poderão sêlo na compensação de débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos e contribuições de que trata esta Instrução Normativa, se decorrentes de: Como se pode notar o legislador não fez tal alteração, nem previu na própria Lei n° 10.925/2004 outra forma de aproveitamento desse crédito presumido que não a dedução da própria contribuição devida em cada período. Portanto, desejou que apenas essa forma de aproveitamento fosse possível. Por derradeiro, ao analisarmos o caput do art. 16, da Lei nº 11.116/2005, notamos que este dispositivo trata especificamente do saldo credor apurado na forma do art. 3º das Leis nº 10.637/2002 e nº 10.833/2003, e do art. 15 da Lei nº 10.865/2004, senão vejamos: “Art. 16. O saldo credor da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins apurado na forma do art. 3o das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, e do art. 15 da Lei nº 10.865, de 30 de abril de 2004, acumulado ao final de cada trimestre do anocalendário em virtude do disposto no art. 17 da Lei nº 11.033, de 21 de dezembro de 2004, poderá ser objeto de:(grifo nosso) I compensação com débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, observada a legislação específica aplicável à matéria; ou II pedido de ressarcimento em dinheiro, observada a legislação específica aplicável à matéria.” Noutro giro, não se pode perder de vista que a vedação do art. 8º, § 4º, da Lei nº 10.925, de 2004, constitui norma especial, porquanto se refere unicamente à situação específica ali descrita. Destarte, apenas excepciona, sem, contudo, conflitar com a norma geral do art. 17 da Lei nº 11.033, de 21 de dezembro de 2004, que permite ao vendedor manter os créditos vinculados às operações de venda efetuadas com suspensão, isenção, alíquota zero ou não incidência da contribuição ao PIS, previsão esta genérica e atinente às operações em geral. Fl. 2179DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR 28 Observese, ainda, que a previsão contida no caput dos arts. 8º e 15 da Lei nº 10.925, de 2004, admite que as pessoas jurídicas aludidas “poderão deduzir da contribuição para o PIS/PASEP, devidas em cada período de apuração” o crédito presumido ali tratado. Neste passo, entendo que prevalecem as vedações contidas no § 4º do art. 8º da Lei nº 10.925, de 2004, em relação às situações específicas previstas naquele artigo. Posteriormente, a Lei nº. 12058, de 13 de outubro de 2009 aduziu importantes modificações no tema, a saber: a) Permitiu a compensação dos saldos dos créditos presumidos em discussão com débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos administrados pela RFB; b) Autorizou o ressarcimento em dinheiro destes mesmos créditos, sob a ressalva de que o pedido só poderia ser efetuado para créditos apurados nos anoscalendário de 2004 a 2007, a partir do mês subseqüente ao da publicação da lei. E o pedido referente aos créditos apurados no anocalendário de 2008 e no período compreendido entre 01/2009 e o mês de publicação da lei, a partir de 01/01/2010. Por fim, a Lei nº. 12.350, de 20 de dezembro de 2010, ratificou os direito concedidos pela Lei nº. 12058/2009, no sentido de manter a permissão ao ressarcimento e a compensação dos créditos presumidos apurados na forma do § 3º do art. 8º da Lei 10.925, de 23 de julho de 2004. Não se pode esquecer que o art. 106 do CTN autoriza a aplicação de lei nova a ato não definitivamente julgado, quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo. Pelas assertivas feitas, afluem razões jurídicas para as seguintes conclusões: 1 A Lei nº 10.925/2004 instituiu novas hipóteses de créditos presumidos com vigência a partir de 01/08/2004, tanto nas especificidades de seu cálculo quanto na forma de seu aproveitamento; 2 A partir de agosto de 2004, a legislação deixa de possibilitar a compensação ou o ressarcimento de créditos presumidos de agroindústria de PIS/COFINS de operações de exportação, podendo apenas servir para abater o PIS/Cofins devido na sistemática da não cumulatividade. Ou seja, o valor do crédito presumido previsto na Lei nº 10.925, de 2004, art. 8º, somente pode ser utilizado para deduzir da contribuição para o PIS/Cofins apurado no regime de incidência nãocumulativa; 3 A partir de 13/10/2009, a legislação retornou com a possibilidade de ressarcir ou compensar os créditos referentes à agroindústria. Após esse singelo passeio pela legislação da não cumulatividade aplicada às agroindústrias, retornando ao caso em questão, conforme consta nos autos, a sociedade buscou compensar créditos presumidos de agroindústria da Cofins em operações de exportação com débitos de outros tributos. Partindo das premissas acima cravadas, não é necessário empreender qualquer esforço de interpretação para concluir que os créditos adquiridos de agroindústria são Fl. 2180DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR Processo nº 10925.000265/200803 Acórdão n.º 3402002.495 S3C4T2 Fl. 2.947 29 considerados créditos presumidos, podendo ser objeto de pedido de ressarcimento. Portanto o ressarcimento pretendido pelo contribuinte deve prosperar sendo imperiosa a reforma da decisão proferida em primeira instância. PERCENTUAL DO CRÉDITO PRESUMIDO O recorrente afirmar que houve erro na aplicação do percentual sobre os insumos adquiridos – suíno padrão, leitões para terminação e aves para abate – em seu julgamento o percentual do crédito presumido deveria ser de 60% e não de 35% como foi feito pela DRJ/Joaçaba. Mesma sorte deveria ter as aquisições de milho inteiro e quebrado em razão de que tais insumos são destinados à alimentação de aves e suínos. O art. 8º da Lei nº 10.925/2004 trata do percentual em questão: Art. 8° As pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal, classificadas nos capítulos 2, 3, exceto os produtos vivos desse capítulo, e 4, 8 a 12, 15, 16 e 23, e nos códigos 03.02, 03.03, 03.04, 03.05, 0504.00, 0701.90.00, 0702.00.00, 0706.10.00, 07.08, 0709.90, 07.10, 07.12 a 07. 14, exceto os códigos 0713.33.19, 0713.33.29 e 0713.33.99, 1701.11.00, 1701.99.00, 1702.90.00, 18.01, 18.03, 1804.00.00, 1805.00.00, 20.09, 2101.11.10 e 2209.00.00, todos da NCM, destinadas à alimentação humana ou animal, poderão deduzir da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do caput do art. 3º das Leis n's 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física. (Redação dada pela Lei n°11.051, de 2004) § 1° O disposto no caput deste artigo aplicase também às aquisições efetuadas de: I cerealista que exerça cumulativamente as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar os produtos in natura de origem vegetal classificados nos códigos 09.01, 10.01 a 10.08, exceto os dos códigos 1006.20 e 1006.30, e 18.01, todos da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM); (Redação dada pela Lei nº 12.865, de 2013) II pessoa jurídica que exerça cumulativamente as atividades de transporte, resfriamento e venda a granel de leite in natura; e III pessoa jurídica que exerça atividade agropecuária e cooperativa de produção agropecuária. (Redação dada pela Lei n°11.051, de 2004). § 2° O direito ao crédito presumido de que tratam o caput e o § 1º deste artigo só se aplica aos bens adquiridos ou recebidos, no mesmo período de apuração, de pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no País, observado o disposto no § 4° do art. 3° das Leis n's 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003. Fl. 2181DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR 30 § 3° O montante do crédito a que se referem o caput e o § 1° deste artigo será determinado mediante aplicação, sobre o valor das mencionadas aquisições, de alíquota correspondente a: I 60% (sessenta por cento) daquela prevista no art. 2° das Leis nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, para os produtos de origem animal classificados nos Capítulos 2 a 4, 16, e nos códigos 15.01 a 15.06, 1516.10, e as misturas ou preparações de gorduras ou de óleos animais dos códigos 15.17e 15.18; e II 50% (cinqüenta por cento) daquela prevista no art. 2° das Leis nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, para a soja e seus derivados classificados nos Capítulos 12, 15 e 23, todos da TIPI; e (Redação dada pela Lei n°11.488, de 15 de junho de 2007) III 35% (trinta e cinco por cento) daquela prevista no art. 2° das Leis n's 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, para os demais produtos. (Renumerado pela Lei n°11.488, de 15 de junho de 2007) § 4º É vedado às pessoas jurídicas de que tratam os incisos I a III do § 1º deste artigo o aproveitamento: 1 do crédito presumido de que trata o caput deste artigo; II de crédito em relação às receitas de vendas efetuadas com suspensão às pessoas jurídicas de que trata o caput deste artigo. § 5º Relativamente ao crédito presumido de que tratam o caput e o § 1º deste artigo, o valor das aquisições não poderá ser superior ao que vier a ser fixado, por espécie de bem, pela Secretaria da Receita Federal. § 10. Para efeito de interpretação do inciso I do § 3º, o direito ao crédito na alíquota de 60% (sessenta por cento) abrange todos os insumos utilizados nos produtos ali referidos. (Incluído pela Lei nº 12.865, de 2013) De acordo com as modificações aduzidas pela Lei nº 12.865/2013, o percentual aplicado aos insumos utilizados para industrialização dos produtos previstos no §1º do art. 8º da Lei nº 10.925/2004 é de 60%. Portanto, o pleito do recorrente tem amparo legal, de sorte de aplico o percentual citado de reformo da decisão a quo quanto a esta matéria. CRÉDITOS A DESCONTAR. Alega o recorrente que a decisão vergastada glosou valores em razão de que foram importados bens através do regime aduaneiro DRAWBACK, com suspensão do PIS, tendo, entretanto, o sujeito passivo se apropriado do crédito, contrariando disposição contida na Lei n° 10.865/04, art, 15, § 1°, que autoriza a apropriação do crédito apenas quanto aos valores efetivamente pagos, o que não seria o caso de importações amparadas pelo DRAWBACK. Entretanto, a divergência entre os valores solicitados e os reconhecidos pela autoridade fiscal, reside noutra situação de fato. Nos meses de JULHO A SETEMBRO de 2005, a recorrente, por motivo ignorado, deixou de incluiu no pedido de ressarcimento, a totalidades as DI's registradas no mencionado período. Fl. 2182DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR Processo nº 10925.000265/200803 Acórdão n.º 3402002.495 S3C4T2 Fl. 2.948 31 A totalidade das DI's, por ocasião da apreciação do pedido de ressarcimento do referido, também não foram computadas pela autoridade fiscal. Quanto a essa matéria, entendo que é defeso o aditamento de pedido de ressarcimento visando à inclusão de novos créditos financeiros ao pedido inicial. Novos direitos devem ser pleiteados em novo pedido de ressarcimento, sob pena de cerceamento do direito de defesa e de inobservância do devido processo legal. Nesta linha, acertou a DRJ/Joaçaba em não aceitar a inclusão de novos créditos financeiros ao pedido inicial de ressarcimento sem que fosse efetuado por meio do Programa Pedido Eletrônico de Ressarcimento ou Restituição e Declaração de Compensação (PER/DCOMP). TAXA SELIC A interessada requer que seja determinada a aplicação da taxa Selic entre a data do pedido de restituição até a data da completa satisfação do crédito. Quanto à possibilidade de aplicação de juros compensatórios sobre o ressarcimento de créditos fiscais referentes ao PIS e a Cofins nãocumulativos, entendo que não há amparo legal, muito pelo contrário, a Lei nº 10.833/2003 veda expressamente a aplicação de juros compensatórios sobre o ressarcimento de créditos fiscais nela previstos, assim dispondo: Art. 13. O aproveitamento de crédito na forma do § 4° do art 3°, do art. 4° e dos §§ 1° e 2° do art. 6°, bem como do § 2° e inciso II do § 4° e §5° do art. 12, não ensejará atualização monetária ou incidência de juros sobre os respectivos valores. Art. 15. Aplicase à contribuição para o P1S/PASEP não cumulativa de que trata a Lei n° 10.637, de 30 de dezembro de 2002, o disposto nos incisos I e lido § 3° do art. 1°, nos incisos VI, VII e IX do caput e nos §§ 1°, incisos II e III, 10 e 11 do art. 3°, nos §§ 3° e 4° do art. 6°, e nos arts. 7º, 8°, 10, incisos XI a XIV, e 13. Portanto, pela regra acima reproduzida, é vedada a aplicação da taxa Selic ao valor do crédito de PIS e de Cofins não cumulativos. Ex positis, dou provimento parcial ao recurso voluntário para: 1) admitir o ressarcimento/compensação dos créditos presumidos de PIS e Cofins não cumulativos; 2) determinar a aplicação da alíquota de 60% aos insumos utilizados para industrialização dos produtos previstos no §1º do art. 8º da Lei nº 10.925/2004; 3) admitir a inclusão dos custos abaixo relacionados no valor a ser descontado da contribuição devida na forma da Lei n° 10.833/2003: Fl. 2183DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR 32 3.a) aquisição de avental plástico, desinfetante, luva, camisa, de bota de borracha, de camiseta impermeável, de calça de proteção, de creme protetor microbiológico, de protetor auricular, de óleos lubrificantes para as máquinas fabris, de peças para as máquinas do parque fabril desde que não devam ser adicionados aos valores dos bens e, por consequência, estarem sujeitos à depreciação e de caixas de papelão utilizadas para o acondicionamento dos produtos finais; 3.b) prestação de serviços de limpeza que compreendam a lavagem e desinfecção das instalações, máquinas e equipamentos industriais; 3.c) prestação de serviço de lavanderia industrial que efetue a lavagem dos uniformes utilizados pelos funcionários que atuam no processo produtivo; 3.d) manutenção predial do setor fabril; 3.e) transporte dos produtos acabados para venda, desde que o vendedor arque com o ônus; 3.f) frete referente a aquisição dos insumos utilizados no processo produtivo, desde que o comprador arque com o custo; e 3.g) despesas com armazenagem para venda do produto acabado. É como voto. Sala das Sessões, em 17/09/2014. (Assinado Digitalmente) GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Relator Fl. 2184DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR Processo nº 10925.000265/200803 Acórdão n.º 3402002.495 S3C4T2 Fl. 2.949 33 Voto Vencedor Conselheiro João Carlos Cassuli Jr., Redator designado. Apesar de ter acompanhado o voto do Ilustre Conselheiro Relator em praticamente todas as matérias em debate nestes autos, com a devida vênia a maioria do Colegiado não pode acompanhalo no tocante ao direito de desconto de crédito presumido nas aquisições dos chamados ovos incubáveis, cabendome a honrosa tarefa de redigir o voto vencedor neste particular. Além de adotar integralmente o Relatório muito bem lançado pelo Ilustre Relator, também é importante colher do voto vencido neste particular, a questão conforme tratada tanto pela autoridade fiscal prolatora do despacho que originou o litígio, como pela Recorrente, sendo conveniente reprisála nos seguintes termos: “g) Ovos incubáveis A operação na visão do recorrente: (...) no modelo de integração/parceria, a empresa firma um contrato de parceria com o parceiro produtor, pessoa física, em que a empresa se compromete a fornecer as matrizes, pintos, leitões, medicamentos, alimentação e assistência técnica, enquanto que o parceiro produtor, pessoa física, participa com as instalações, água, luz, mãodeobra de alimentação e manutenção do lote dos animais recebidos. O parceiro produtor, pessoa física, em contrapartida, recebe da empresa (agroindústria), uma parcela da produção, em cada lote, obtendo para si um parcela do que foi produzido. Tal parcela é estabelecida através da aplicação de uma fórmula específica, constante no contrato, com base na conversão de produção ou conversão alimentar para determinar o fator de eficiência e produção. A parcela pertencente ao parceiro produtor, após apurada a sua participação no lote, normalmente é vendida para a empresa. É o caso dos autos, ou seja, a parcela recebida pelo parceiro produtor corresponde a sua quota no lote de ovos produzidos para incubação, que foi vendida a empresa. Ou seja, o parceiro produtor emitiu nota fiscal para acobertar a venda da sua parte na produção. (...) A operação na visão da Autoridade Fiscal: Verificase que o contrato de parceria, anexado aos autos, tem por objeto o fornecimento à cooperativa de ovos para incubação, ovos férteis destinados à produção de pintos de corte. No caso em exame, são formalizados contratos de parceria entre a Fl. 2185DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR 34 cooperativa (parceira) e o produtor integrado (matrizeiro), pessoa física. Este sistema de parceria para fornecimento de ovos para incubação, comumente denominado de integração, de fato, é tradicionalmente empregado no setor avícola. A parceira assume a obrigação de fornecer ao produtor os insumos necessários a produção, quais sejam lotes de aves, machos e fêmeas, além de rações, medicamentos e vacinas, bem como o transporte das aves e dos ovos que saírem da propriedade. O matrizeiro, por sua vez, tem por atribuição a guarda e conservação das aves postas à sua disposição, devendo cumprir uma série de prescrições relativas à criação das aves, além de suprir água potável e energia elétrica nas quantidades necessárias à atividade. Exigese do matrizeiro instalações físicas adequadas, constituídas, no contrato em apreço, de três aviários de 14m x 130m, além dos equipamentos que se fizerem necessários, "de acordo com a avaliação e orientação do departamento técnico da segunda (parceira)", sendo do matrizeiro a responsabilidade pela mão de obra necessária. Quanto à partilha dos frutos da parceria, reproduzse a cláusula contratual que a define: “Cláusula segunda (...) Parágrafo segundo: Ajustam as partes, para efetivação da parceria, que 88% (oitenta e oito por cento) dos ovos provenientes de cada lote de aves entregues, é de propriedade da PARCEIRA, sendo o saldo remanescente de 12% (doze por cento) de propriedade do MATRIZEIRO.” O contrato estabelece ainda que, "em relação ao percentual de 12% (doze por cento) dos ovos produzidos, de propriedade do MATRIZEIRO, comprometese este a dar à PARCEIRA preferência na sua compra, cujas condições serão dispostas em documento específico” Pois bem, como se percebe da leitura das cláusulas deste contrato, bem como dos usos e costumes referentes a contratos de parceria aviária, a parceira exige, para ingresso na atividade, que o matrizeiro possua os aviários e as máquinas conforme suas especificações, bem como que este entregue os ovos nos padrões exigidos pela parceira. Para tal, o matrizeiro deverá fazer investimentos em ativos com elevada especificidade. Esta necessidade de criar um relacionamento em ativos específicos transforma o relacionamento à medida que a transação se desdobra. Antes dos investimentos em ativos específicos serem feitos, uma parte pode ter várias alternativas de negócio, sendo que ela poderia escolher um entre os muitos possíveis negociantes. Mas, depois que o investimento em ativos específicos é feito, as partes têm poucas, se tiver, alternativas de negócios. Assim, uma forma de Fl. 2186DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR Processo nº 10925.000265/200803 Acórdão n.º 3402002.495 S3C4T2 Fl. 2.950 35 oferta competitiva não se torna mais possível. Ou seja, uma vez que tal investimento em ativos dedicados é feito, o relacionamento muda de uma posição na qual a parte teria uma grande quantidade de negociantes para uma situação em que tem apenas um negociante. No caso analisado, não há a possibilidade (ou se há, é muito pequena) de negociação da produção com a sua segunda melhor alternativa. O produto, em que pese no contrato restar estabelecido que uma parte ser propriedade do matrizeiro, na realidade não lhe pertence, sendo ele apenas o responsável pela condução do setor de produção. Por esta tarefa, a parceira agrícola paga ao matrizeiro uma remuneração, em pecúnia, cujo valor é definido de acordo com a produção. Assim sendo, os valores pagos pela cooperativa aos matrizeiros correspondem à remuneração paga a pessoa física.” Pois bem, os pontos de vistas de parte a parte ficaram muito bem expostos, e, a partir deles, acabo por concluir diferentemente do que concluiu o Ilustre Relator, que acabou agasalhando o ponto de vista da Fiscalização, para conceber a operação como sendo uma prestação de serviços e não uma compra e venda de insumos. Tenho que a operação está documentalmente comprovada como sendo uma compra e venda, não só pelos expressos termos do contrato, mas pela emissão de Nota Fiscal de venda de insumos, que permite o trânsito dos ovos incubáveis dos parceiros/matrizeiros para a adquirente Cooperativa. Tais documentos existentes nos autos, para serem desconsiderados pela fiscalização, deveriam ser objeto de decreto de nulidade por simulação (ou outro vício do negócio jurídico), e atendendo a forma pertinente para assim se o decretar, tais como descrição dos fatos, comprovação pertinente dos fatos supostamente reais, o fundamento legal da imputação realizada, para se ter a conclusão a que chegou a Administração. Assim sendo, considerando que os documentos que retrataram a operação de compra e venda não foram total ou mesmo legalmente invalidados, temse que deve prevalecer a essência da operação, tal e qual retratada no contrato e na Nota Fiscal, que é a compra e venda, e não aquela imputada como sendo simulada, que seria a prestação de serviços. E, por se tratar de compra e venda de bens, milita em favor da Recorrente o direito ao desconto do crédito presumido de que trata o art. 8º, da Lei n° 10.925/2004, pela alíquota definida no voto do Ilustre Relator, adicionando porém tais aquisições dentre aquelas que permitem o respectivo desconto de créditos. Assim sendo, com as vênias do Ilustre Relator e daqueles que pensam em sentido contrário, sou pelo provimento do recurso para conceder o direito ao desconto de crédito presumido sobre a aquisição à pessoas físicas, dos ovos incubáveis. Consequentemente, voto no sentido de dar provimento ao Recurso também quanto aos ovos incubáveis. Fl. 2187DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR 36 (assinado digitalmente) JOÃO CARLOS CASSULI JR. – Redator Designado. Fl. 2188DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR Processo nº 10925.000265/200803 Acórdão n.º 3402002.495 S3C4T2 Fl. 2.951 37 Declaração de Voto Conselheiro João Carlos Cassuli Jr., com Declaração de Voto. Conforme constou da Ata pertinente, entendi por bem apresentar uma declaração de voto no tocante ao direito de incidência de SELIC sobre os valores ressarciendos, pois que entendo que no caso esse direito igualmente emana do ordenamento pátrio, não lhe sendo aplicável a vedação contida nos arts. 13 c/c 15, da Lei n° 10.833/2003. Como bem se sabe, para que o ressarcimento ou a restituição ocorra de forma integral, o sujeito passivo tem direito à correção monetária e juros incidentes sobre os valores indevidamente pagos ou então, indevidamente “retidos” (não ressarcidos), salvo nos casos em que a proibição venha expressa, como forma de sanção por procedimento incorreto, indevido ou por desídia do próprio credor. No caso dos autos, entendi que a recorrente faz jus ao direito de uso dos créditos apontados pelo art. 3º das Leis nºs. 10.637/2002 e 10.833/2003, e também no art. 8º, da Lei 10.925/2004, apesar de uma aparente resistência criada pelo art. 13, da Lei n° 10.833/2003, como passo a expor. Antes de mais nada, salientase que os créditos constantes no dispositivo supra mencionado passaram a fazer parte do sistema não cumulativo implantado, decorrendo como consequência um menor recolhimento das contribuições sociais ali disciplinadas, ou de desoneração da cadeia produtiva mediante um sistema de ressarcimento de saldos credores que se acumulem na escrita do contribuinte. Dessa forma, sempre que houver restrições à tomada de créditos, maior será o desembolso (ou o custo) do contribuinte. A premissa inicial é a de que, em sendo ilegítima a restrição ao desconto de créditos, o desembolso (ou o custo) equivalente ao crédito não tomado, importa em um recolhimento maior que o devido, ou então, em um ressarcimento menor que aquele concedido pela Lei. Tendo em vista o acima exposto entendo que, embora possa se extrair do art. 13, da Lei nº 10.833/03, de forma literal, que possa existir uma aparente resistência à atualização monetária sobre os valores a serem ressarcidos nos termos do art. 3º das Leis nºs. 10.637/2002 e 10.833/2003, na verdade havendo resistência normativa ou através de ato expresso emitido pela Administração (como no caso e na parte que houve deferimento apenas parcial do crédito em face da glosa de valores, diminuindo o valor a ressarcir), passa a existir o direito a correção monetária. Os créditos pleiteados nesses autos deixaram de ser utilizados por força de ato proibitivo emanado da própria Fazenda, necessitando da interferência deste Conselho CARF, para que se lhe declarasse o direito, transmudandose a sua natureza de mero crédito escritural, para se constituir em uma “dívida” de valor. E às dívidas de valor é inconteste a aplicação da SELIC, nos termos do §4º, do art. 39, da Lei n° 9.250/95. Nesse sentido ocorreu o desfecho do Recurso Especial nº 1.035.847/RS, da relatoria do Ministro Luiz Fux, que embora tenha sido proferido em torno de outro tributo, a circunstância aqui referida mostrase equivalente, razão pela qual se destaca parte do julgado: Fl. 2189DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR 38 “1. A correção monetária não incide sobre os créditos de IPI decorrentes do princípio constitucional da nãocumulatividade (créditos escriturais), por ausência de previsão legal. 2. A oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, impedindo a utilização do direito de crédito oriundo da aplicação do princípio da nãocumulatividade, descaracteriza referido crédito como escritural, assim considerado aquele oportunamente lançado pelo contribuinte em sua escrita contábil. 3. Destarte, a vedação legal ao aproveitamento do crédito impele o contribuinte a socorrerse do Judiciário, circunstância que acarreta demora no reconhecimento do direito pleiteado, dada a tramitação normal dos feitos judiciais. 4. Consectariamente, ocorrendo a vedação ao aproveitamento desses créditos, com o consequente ingresso no Judiciário, postergase o reconhecimento do direito pleiteado, exsurgindo legítima a necessidade de atualizálos monetariamente, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco (Precedentes da Primeira Seção: EREsp 490.547/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.09.2005, DJ 10.10.2005; EREsp 613.977/RS, Rel. Ministro José Delgado, julgado em 09.11.2005, DJ 05.12.2005; EREsp 495.953/PR, Rel. Ministra Denise Arruda, julgado em 27.09.2006, DJ 23.10.2006; EREsp 522.796/PR, Rel. Ministro Herman Benjamin, julgado em 08.11.2006, DJ 24.09.2007; EREsp 430.498/RS, Rel. Ministro Humberto Martins, julgado em 26.03.2008, Dje 07.04.2008; e EREsp 605.921/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 12.11.2008, DJe 24.11.2008). 5. Recurso especial da Fazenda Nacional desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008.” (STJ – 1ª Seção – Rel. Min. Luiz Fux – j. 25.6.2009 DJe 03/08/2009) – grifouse. Como dito, embora o julgado transcrito tenha sido proferido em sede de IPI, a verdade é que o raciocínio se aplica aos créditos escriturais como um todo, no sentido de que, havendo permissão legal para tomada dos créditos e o contribuinte não os escriturou no devido tempo, por sua própria mora ou omissão, não fará jus aos juros e correção, pois que não pode imputar ao Poder Público uma penalização que decorre de sua própria inércia. No entanto, o inverso também é verdadeiro, na medida em que, havendo oposição da Administração Tributária, no tocante ao direito de escriturar determinados créditos, ou pela sua diminuição por inserção indevida de “débitos” em sua base de cálculo, inibindo o contribuinte de lançálos no tempo oportuno ou obrigandoo a correr o risco de glosa ou mesmo de indeferimento de créditos acumulados, forçandoo, com isso, a buscar guarida num processo litigioso, administrativo ou judicial, será então debitada a mora ao Poder Público, que dessa forma, deverá permitir a incidência de SELIC sobre os créditos que até então tinham seu registro vedado, por norma expressa ou oposição na interpretação dada pela Administração Pública. Tanto é verdadeira a situação que o entendimento já está plasmado na Súmula nº 411, do STJ, que se transcreve: Fl. 2190DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR Processo nº 10925.000265/200803 Acórdão n.º 3402002.495 S3C4T2 Fl. 2.952 39 "É devida a correção monetária ao creditamento do IPI quando há oposição ao seu aproveitamento decorrente de resistência ilegítima do Fisco" A aplicabilidade deste entendimento e posicionamento a todos os tipos de créditos escriturais também já foi discutido pelo próprio STJ que, em decisão da 2ª Turma, nos autos do REsp nº 1.203.802/RS, cujo relator foi o Min. Herman Benjamin, em 03.02.2011 (DJe 03.02.2011) expressou seu entendimento como abaixo se alinha: “1. O regramento específico para os créditos de PIS e Cofins apurados na forma do art. 3º das Leis 10.637∕02 e 10.833∕03 só permite que sejam deduzidos do montante a ser pago a título da própria contribuição. No entanto, havendo saldo credor acumulado ao final do trimestre, é possível a compensação com outros tributos administrados pela Receita Federal do Brasil, conforme autoriza o art. 16 da Lei 11.116∕2005. 2. A Primeira Seção do STJ, no julgamento do REsp 1.035.847∕RS (assentada de 24.6.2009), submetido ao rito dos recursos repetitivos (art. 543C do CPC), pacificou o entendimento de que somente é devida a correção monetária dos créditos escriturais de IPI nos casos em que o direito ao creditamento não foi exercido no momento oportuno, em razão de óbice normativo instituído pelo Fisco. O mesmo raciocínio aplicase aos créditos escriturais de PIS e Cofins obtidos na forma do art. 3º das Leis 10.637∕2002 e 10.833∕2003, já que não há previsão legal que admita sua correção monetária.” (grifei) No mesmo sentido, analisando se a simples demora na análise de pleito de ressarcimento declinado pelo contribuinte subsumirseia a chamada “resistência ilegítima” da Administração, autorizando consequentemente a incidência da correção monetária, aquele mesmo Superior Tribunal de Justiça, pela sua 2ª Turma (REsp nº 1.331.033 – SC, Rel. Ministro Mauro Campbell, julgado em 02 de abril de 2013), posicionouse favoravelmente a incidência da SELIC, sendo que do voto do Relator cabe destacar: “Decerto, essa lógica é pertinente quando estamos a falar de créditos escriturais recebidos em um período de apuração e utilizados em outro, ou seja, de créditos inseridos na escrita fiscal da empresa em um período de apuração para efeito de dedução dos débitos de IPI decorrentes das saídas de produtos tributados em períodos de apuração subsequentes (se forem utilizados em um mesmo período de apuração não há diferença de correção monetária, vejase o votovista vencido do Min. José Delgado no REsp. n. 212.899 RS, Primeira Turma, Rel. Min. Garcia Vieira, julgado em 5.10.1999). Se o Fisco impede a utilização desses créditos escriturais, seja por entendêlos inexistentes ou por qualquer outro motivo, a hipótese é de incidência de correção monetária, se ficar caracterizada a injustiça desse impedimento. Por outro lado, se o próprio contribuinte acumula tais créditos para utilizálos posteriormente em sua escrita fiscal por opção sua ou imposição legal, não há que se falar em correção monetária, pois a postergação do uso foi legítima. Fl. 2191DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR 40 Contudo, no presente caso estamos a falar de ressarcimento de créditos, sistemática diversa onde os créditos outrora escriturais passam a ser objeto de ressarcimento em dinheiro ou compensação com outros tributos em virtude da impossibilidade de dedução com débitos de IPI decorrentes das saídas de produtos (normalmente porque isentos, não tributados ou sujeitos à alíquota zero), ou até mesmo por opção do contribuinte, nas hipóteses permitidas por lei. Tais créditos deixam de ser escriturais, pois não estão mais acumulados na escrita fiscal para uso exclusivo no abatimento do IPI devido na saída. Nestes casos, o ressarcimento em dinheiro ou compensação com outros tributos se dá mediante requerimento feito pelo contribuinte que, muitas vezes, diante das vicissitudes burocráticas do Fisco, demora a ser atendido, gerando uma defasagem no valor do crédito que não existiria caso fosse reconhecido anteriormente. (...) A lógica é simples: se há pedido de ressarcimento de créditos de IPI, PIS/COFINS (em dinheiro ou via compensação com outros tributos) e esses créditos são reconhecidos pela Receita Federal com mora, essa demora no ressarcimento enseja a incidência de correção monetária, posto que caracteriza a chamada ´resistência ilegítima´. Desse modo, o óbice do fisco a ensejar a incidência de correção monetária se deu em uma e outra hipóteses: a do reconhecimento espontâneo crédito pela administração tributária com mora e a da negativa reconhecimento do crédito pela administração tributária vindo a ser reconhecido apenas pela via judicial.” Do mesmo modo, a Primeira Seção (congregando as 1ª e 2ª Turmas do STJ – competente para julgar essa matéria), acabou firmando posicionamento nos Embargos de Divergência em Recurso Especial nº 1.220.942/SP, de Relatoria do Min. Mauro Campbell Marques (julgado em 14.04 e publicado no DJE em 18.04.2013), reiterando os mesmos termos acima, no qual cita expressamente o trecho relativo ao PIS e COFINS, acima transcrito, na própria Ementa do referido julgado, deixando expresso que o Recurso Representativo de Controvérsia REsp nº 1.035.847/RS (Rel. Min. Luiz Fux), aplicase também a todos os casos de pedidos de ressarcimento, quando os créditos deles objeto deixam de ser meramente “escriturais”. Assim sendo, com ainda mais razão, em havendo oposição da Administração tributária tolhendo o aproveitamento integral ou tempestivo dos créditos, será devida a correção monetária. E para tal fim, se entende como vedação ou oposição ao aproveitamento dos créditos, a prolação de Despacho que indefere parte dos créditos pleiteados, ou então, aquele que aumentar os “débitos” do contribuinte para com isso diminuir o seu saldo credor. Nessas circunstâncias de oposição da Administração ao registro tempestivo dos créditos, se entende que dúvida não deveria haver no sentido de ser cabível o direito a correção dos créditos apropriados extemporaneamente pelo contribuinte, através do índice da SELIC, nos mesmos termos em que se tem entendido cabível a correção monetária pelo aproveitamento extemporâneos de créditos escriturais em geral, se igualmente não foram escriturados por óbice criado pela Administração. Fl. 2192DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR Processo nº 10925.000265/200803 Acórdão n.º 3402002.495 S3C4T2 Fl. 2.953 41 Ao aplicar a SELIC aos créditos reconhecidos tardiamente, administrativa ou judicialmente, ao contribuinte, ainda que sejam oriundos de anteriores créditos escriturais, se está meramente recompondo o poder aquisitivo da moeda e, ao mesmo tempo, compensando o contribuinte pela demora do Estado em reconhecer um direito. E como visto pelo excerto a seguir, não é outro o entendimento do próprio STF como se pode conferir: “... 1. Apesar de ter sido alegado durante todo o processo que a escrituração tardia dos créditos tributários se deu em razão de óbice imposto pelo Estado, tal alegação não foi apreciada pelo acórdão embargado. Configurada, assim, omissão passível de correção por meio de embargos de declaração. 2. Fazem jus à correção monetária os créditos tributários tardiamente escriturados em função de oposição injustificada do Fisco. (RE 200.379EDEDEDv, rel. Min. Sepúlveda Pertence, Tribunal Pleno, DJ 05052006).” (RE 372975, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 21.05.13, DJ de 04.06.13). Este Conselho já concedeu referido direito aos créditos de PIS não cumulativo, em função deste entendimento, como se pode atestar pelo precedente cuja ementa abaixo segue transcrita: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração:01/01/2008 a 31/03/2008 REGIME NÃO CUMULATIVO. GASTOS COM SERVIÇOS DE CORRETAGEM NECESSÁRIOS À COMPRA DE MATÉRIAPRIMA. INSUMO APLICADO NA PRODUÇÃO DE BENS DESTINADOS À VENDA. DEDUÇÃO DO CRÉDITO. POSSIBILIDADE. No regime da não cumulatividade da Contribuição para o PIS/Pasep, por serem considerados insumos, os gastos com serviços de corretagem de compra de matériaprima, utilizada na fabricação de produtos destinados à venda, integram a base de cálculo do crédito da referida Contribuição, nos termos do art. 3o, § 1o, I da Lei no 10.637, de 2002. CRÉDITO ESCRITURAL BÁSICO. SALDO CREDOR. ATUALIZAÇÃO PELA A TAXA SELIC. POSSIBILIDADE. O art. 13 da Lei n° 10.833/2003, que veda a atualização monetária e a incidência dos juros, não se aplica quando a mora decorre de impedimento ou de óbice da Administração Fazendária. Recurso Provido em Parte.” Fl. 2193DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR 42 (CARF – 2ª Turma Especial da 3ª Seção – Acórdão 3802 001.418 Red. designado Cons. Solon Sehn, julgado em 25.10.12). Isto posto, apresento essa declaração de voto, para deixar consignado meu entendimento que caminhou no sentido de prover o recurso também para reconhecer o direito a incidência da SELIC sobre os créditos ressarciendos cuja glosa é afastada, calculados desde a efetiva glosa até o efetivo aproveitamento do crédito via ressarcimento em espécie ou compensação. É a Declaração de Voto. (assinado digitalmente) João Carlos Cassuli Jr. – Conselheiro com Declaração de Voto. Fl. 2194DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSULI JUNIOR, Assinado digitalmente em 06/0 2/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por JOAO CARLOS CASSUL I JUNIOR
score : 1.0
Numero do processo: 13708.001479/2004-18
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 15 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Mar 31 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 31/07/1994 a 31/10/1995
Ementa:
DECADÊNCIA.
Reconhecida a inconstitucionalidade do art. 4º segunda parte, da LC 118/05, considera-se válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tão-somente às ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 09 de junho de 2005. (RE nº 566621- RS, de 04/08/2011 - Relatora Ministra Ellen Gracie)
As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543-B e 543-C do Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF.
ANÁLISE DE CONSTITUCIONALIDADE DE LEI. IMPOSSIBILIDADE.. SÚMULA CARF Nº 02.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária
Numero da decisão: 3402-002.527
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros da 4ª câmara / 2ª turma ordinária da terceira seção de julgamento, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Relator e Presidente Substituto.
Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros João Carlos Cassuli Junior, Fernando Luiz da Gama Lobo D Eca, Pedro Souza Bispo e Fenelon Moscoso de Almeida.
Nome do relator: GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO
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Reconhecida a inconstitucionalidade do art. 4º segunda parte, da LC 118/05, considerase válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tãosomente às ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 09 de junho de 2005. (RE nº 566621 RS, de 04/08/2011 Relatora Ministra Ellen Gracie) As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C do Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. ANÁLISE DE CONSTITUCIONALIDADE DE LEI. IMPOSSIBILIDADE.. SÚMULA CARF Nº 02. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 4ª câmara / 2ª turma ordinária da terceira SSEEÇÇÃÃOO DDEE JJUULLGGAAMMEENNTTOO, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 70 8. 00 14 79 /2 00 4- 18 Fl. 268DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/10/2014 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 2 0/10/2014 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO 2 (assinado digitalmente) GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO – Relator e Presidente Substituto. Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros João Carlos Cassuli Junior, Fernando Luiz da Gama Lobo D Eca, Pedro Souza Bispo e Fenelon Moscoso de Almeida. Relatório Como forma de elucidar os fatos ocorridos até a decisão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, colaciono o relatório do Acórdão recorrido: 1. Versa o presente processo sobre Declaração de Compensação de valores pagos a maior de PISFolha de Pagamento com débitos da mesma contribuição, do contribuinte em epígrafe (fls. 1/19). Os créditos pleiteados para utilização na compensação deste processo referemse a recolhimentos efetuados no período de julho de 1994 a outubro de 1995. 2. Mediante o Despacho Decisório datado de 26/11/2004 (fl. 86), a autoridade competente não reconheceu o direito creditório da interessada e, por conseguinte deixou de homologar a compensação pretendida. 3. O pedido foi indeferido sob o argumento de que ocorreu a decadência, uma vez que o direito de pleitear a restituição extinguese com o decurso de prazo de 5 (cinco) anos, contados da extinção do crédito tributário, com base nos artigos 165, I e 168, I, da Lei n° 5.172 e no Ato Declaratório SRF n° 96/99. 4. O interessado contestou o despacho decisório que indeferiu seu pleito (fls. 91/101), argumentando, em síntese, que: 4.1 A decisão merece ser reformada, pois o PIS é tributo cujo lançamento se dá por homologação, equivalendo dizer que o pagamento é efetuado pelo contribuinte sem prévio exame do sujeito ativo da relação tributária. Com efeito, não tem o pagamento o condão de extinguir o crédito tributário correspondente, mas tão somente de representar mera antecipação. É exatamente isso que se depreende da leitura do artigo 156, VII e 150 §§ 1º e 4º do CTN. Continuando, a extinção do crédito tributário somente se dá com o ato homologatório dos procedimentos adotados e de iniciativa do sujeito passivo, ou então, como de regra, com o decurso do prazo de cinco anos (a contar da ocorrência do fato gerador), quando o CTN o considera homologado, tácita e automaticamente, para todos os efeitos legais; 4.2 De acordo com o inciso I do artigo 168 do CTN, o direito do contribuinte de se restituir do tributo pago a maior ou indevidamente extinguese com o decurso do prazo de 5 anos contados da data da extinção do crédito tributário. Conciliando essa regra com o momento da extinção do crédito tributário para os tributos sujeitos ao lançamento por homologação, temse Fl. 269DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/10/2014 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 2 0/10/2014 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Processo nº 13708.001479/200418 Acórdão n.º 3402002.527 S3C4T2 Fl. 126 3 inevitavelmente, que o direito de restituição/compensação ou indébito do contribuinte se extingue em cinco anos contados não da data da ocorrência do pagamento, mas a partir da homologação, no geral tácita; 4.3 Diante dessa constatação que decorre imediatamente da leitura sistemática do CTN, em se tratando de tributo sujeito a homologação, somente estará fulminada pela decadência a compensação de indébitos relativos a fatos geradores ocorridos dez anos antes da data do pedido formulado. 4.4 O Egrégio STJ vem mantendo e corroborando com o entendimento do ora impugnante. 4.5 A ilegalidade e a inconstitucionalidade dos §5º, do art. 4° da Resolução CMN n° 174/71, dos DecretosLei nºs 2.303/1986, 2.445/1988 e 2.449/1988 quando da cobrança do PIS das entidades de fins não lucrativos. 4.6 A jurisprudência do STJ e do TRF acolhe a tese da interessada quanto ao pagamento da contribuição ao PIS. 5. Ao final requer seja homologada a compensação efetivada através da Declaração de Compensação. A 4ª Turma de Julgamento da DRJ Rio de Janeiro julgou improcedente a manifestação de inconformidade, nos termos do Acórdão nº 1315252, de 26 de fevereiro de 2007, cuja ementa abaixo reproduzo: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA 0 PIS/PASEP Período de apuração: 31/07/1994 a 31/10/1995 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÂO DCOMP. O direito de o contribuinte pleitear a restituição de tributo ou contribuição pago indevidamente ou em valor maior que o devido, extinguese após o transcurso do prazo de 5 (cinco) anos, contados da data da extinção do crédito tributário. INCONSTITUCIONALIDADE. Não compete Autoridade Administrativa apreciar arguições de inconstitucionalidade de norma legitimamente inserida no ordenamento jurídico nacional, pois o controle das leis achase reservado ao Poder Judiciário. Compensação não Homologada Inconformado com a decisão de primeira instância, apresentou recurso voluntário ao CARF, no qual repisa os argumentos apresentados na manifestação de inconformidade. Termina sua petição recursal pedindo a reforma do acórdão vergastado, para fins de homologar as compensações declaradas. Fl. 270DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/10/2014 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 2 0/10/2014 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO 4 É o relatório. Voto Conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho, Relator. A impugnação foi apresentada com observância do prazo previsto, bem como dos demais requisitos de admissibilidade. Sendo assim, dela tomo conhecimento e passo a apreciar. Duas são as matérias a serem discutidas nesta lide. Uma referente ao dies a aquo e o prazo para contagem do instituto da decadência para fins de apresentação de pedido de repetição de indébito tributário. A outra diz respeito a inconstitucionalidade dos Decretoslei nºs 2.303/1986, 2.445/1988 e 2.449/1988. DECADÊNCIA Esta controvérsia é conhecida por esse Colegiado. O recorrente defende a tese dos dez anos para se repetir o indébito tributário, enquanto o acórdão vergastado declarou que o prazo da decadência tem seu início na data do recolhimento do valor que se pretende repetir contados cinco anos. Em recente decisão, o Plenário do Supremo Tribunal Federal julgou a matéria e definiu que o prazo reduzido para repetição do indébito só seria aplicado às demandas protocoladas a partir de 09 de junho de 2005, no acórdão proferido no Recurso Extraordinário nº 566621 RS, de 04/08/2011. Segue o voto condutor do acórdão que fechou a questão do dies a quo e do prazo de repetição do indébito tributário, in verbis: Quando do advento da LC 118/05, estava consolidada a orientação da Primeira Seção do STJ no sentido de que, para tributos sujeitos a lançamentos por homologação, o prazo para repetição ou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts. 150 § 4º, 156, VII e 168, I, do CTN. A LC 118/05, embora tenha se autoproclamado interpretativa, implicou inovação normativa, tendo reduzido o prazo de 10 anos contados do pagamento indevido. Lei supostamente interpretativa que, em verdade, inova no mundo jurídico deve ser considerada como lei nova. Inocorrência de violação à autonomia e independência dos Poderes, porquanto a lei expressamente interpretativa também se submete, como qualquer outra, ao controle judicial, quanto à sua natureza, validade e aplicação. Fl. 271DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/10/2014 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 2 0/10/2014 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Processo nº 13708.001479/200418 Acórdão n.º 3402002.527 S3C4T2 Fl. 127 5 A aplicação retroativa de novo e reduzido prazo para a repetição ou compensação de indébito tributário estipulado por lei nova, fulminando, de imediato, pretensões deduzidas tempestivamente à luz do prazo então aplicável, bem como a aplicação imediata às pretensões pendentes de ajuizamento quando da publicação da lei, sem resguardo de nenhuma regra de transição, implicam ofensa ao principio da segurança jurídica em seus conteúdos de proteção da confiança e de garantia do acesso à justiça. Afastandose as aplicações inconstitucionais e resguardandose, no mais, a eficácia da norma, permitese a aplicação do prazo reduzido relativamente às ações ajuizadas após a vacatio legis, conforme entendimento consolidado por esta Corte no enunciado 445 da Súmula do Tribunal. O prazo de vacatio legis de 120 dias permitiu aos contribuintes não apenas que tomassem ciência do novo prazo, mas que ajuizassem as ações necessárias à tutela dos seus direitos. Inaplicabilidade do art. 2.028 do Código Civil, pois, não havendo lacuna na LC 118/08, que pretendeu a aplicação do novo prazo na maior extensão possível, descabida sua aplicação por analogia. Além disso, não se trata de lei geral, tampouco impede iniciativa legislativa em contrário. Reconhecida a inconstitucionalidade art. 4º segunda parte, da LC 118/05, considerandose válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tãosomente às ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 09 de junho de 2005. Aplicação do art. 543B, § 3º, do CPC aos recursos sobrestados. Recurso extraordinário desprovido. Consoante noção cediça, as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal na sistemática prevista pelo artigos 543B do Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Portanto, por força regimental, sou obrigado a rever minha posição e aplicar a decisão da mais alta Corte Judiciária. Retornando aos autos, o pedido de restituição foi protocolado em 07/07/2004, antes da data definida pelo STF para aplicação da LC 118/08, o que determina a observância do prazo de 10 anos contados do fato gerador para fins de decadência do direito à repetição de indébito. Pela declaração de compensação, os fatos geradores objeto da lide estão compreendidos entre 07/1994 e 10/1995. O pedido de restituição foi efetuado em 07/07/2004. Logo, pela regra instituída pelo Supremo Tribunal Federal, não há decadência do direito à restituição dos valores relativos aos fatos geradores objeto desta lide. Afastada a decadência, passo ao segundo argumento apresentado pelo recorrente na peça recursal que é a inconstitucionalidade dos Decretoslei nºs 2.303/1986, 2.445/1988 e 2.449/1988. Fl. 272DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/10/2014 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 2 0/10/2014 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO 6 É fato que as regras contidas nos Decretoslei nºs 2.445/1988 e 2.449/1988 foram afastadas do mundo jurídico. Contudo, este fato em nada ajuda o recorrente, pois é o Decretolei nº 2.303/86 que rege os fatos geradores em discussão nestes autos. Não tenho notícias da declaração de inconstitucionalidade deste ditame legal, pelo contrário, o judiciário o mantêm vigente. Partindo desta premissa, consoante noção cediça, os órgãos judicantes do Poder Executivo não têm competência para apreciar a conformidade de lei, validamente editada segundo o processo legislativo constitucionalmente previsto, com preceitos emanados da própria Constituição Federal ou mesmo de outras leis, a ponto de declararlhe a nulidade ou inaplicabilidade ao caso expressamente previsto, haja vista tratarse de matéria reservada, por força de determinação constitucional, ao Poder Judiciário. Compete a esses órgãos tãosomente o controle de legalidade dos atos administrativos, consistente em examinar a adequação dos procedimentos fiscais com as normas legais vigentes, zelando, assim, pelo seu fiel cumprimento. Com efeito, a apreciação de assuntos desse tipo achase reservada ao Poder Judiciário, pelo que qualquer discussão quanto aos aspectos da inconstitucionalidade e/ou invalidade das normas jurídicas deve ser submetida ao crivo desse Poder. O Órgão Administrativo não é o foro apropriado para discussões dessa natureza. Os mecanismos de controle da constitucionalidade, regulados pela própria Constituição Federal, passam, necessariamente, pelo Poder Judiciário que detém, com exclusividade, essa prerrogativa. Noutro giro, não se pode olvidar que esta matéria já foi pacificada no âmbito do CARF, com a aprovação do enunciado de súmula CARF nº 02, publicada no DOU de 22/12/2009, in verbis: Súmula CARF nº 2 O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Forte nestes argumentos, afasto a decadência do direito ao pedido de restituição referente a períodos de apuração compreendidos entre 07/1994 e 10/1995. No mérito, nego provimento ao recurso voluntário, em face da impossibilidade de órgão judicante do Poder Executivo declarar a inconstitucionalidade do Decretolei nº 2.303/86. Sala das Sessões, em 15/10/2014 Gilson Macedo Rosenburg Filho. Fl. 273DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/10/2014 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 2 0/10/2014 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Processo nº 13708.001479/200418 Acórdão n.º 3402002.527 S3C4T2 Fl. 128 7 Fl. 274DF CARF MF Impresso em 31/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/10/2014 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 2 0/10/2014 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO
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Numero do processo: 11516.723089/2013-15
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 27 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Thu Mar 12 00:00:00 UTC 2015
Numero da decisão: 3402-000.717
Decisão: RESOLVEM os membros da 4ª câmara / 2ª turma ordinária da Terceira Seção de julgamento, por maioria de votos, o julgamento foi convertido em diligência nos termos do voto do relator. Vencidos conselheiros Alexandre Kern e Maria Aparecida Martins de Paula que votaram pela desnecessidade da diligência.
(assinado digitalmente)
GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Relator e Presidente Substituto.
Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros João Carlos Cassuli Junior, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Fernando Luiz da Gama Lobo D Eca, Maria Aparecida Martins de Paula e Alexandre Kern.
RELATÓRIO
Para elucidar os fatos ocorridos nos autos transcrevo o relatório do Acórdão refutado, in verbis:
Contra o interessado foram lavrados autos de infração de PIS/Pasep não cumulativo no valor total de R$ 5.265.572,58 e de Cofins não cumulativa no valor total de R$ 24.253.558,67 relativo ao ano de 2009 (fls. 2.411/2.431), em função das irregularidades que se encontram descritas no Termo de Verificação Fiscal (TVF) de fls. 2.346/2.356;
A empresa apresenta impugnação na qual alega, em síntese:
a) DA NÃO CUMULATIVIDADE DO PIS E DA COFINS E O CONCEITO DE INSUMO PARA FINS DE CREDITAMENTO, INTERPRETADO À LUZ DA LEGISLAÇÃO E JURISPRUDÊNCIA;
b) DO DIREITO AOS CRÉDITOS APURADOS SOBRE BENS ADQUIRIDOS PARA REVENDA;
c) DO DIREITO AO CRÉDITO PELA AQUISIÇÃO DE PRODUTOS PARA MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS E EMBALAGENS PARA TRANSPORTE;
d) DAS DESPESAS COM ARMAZENAGEM E FRETE;
e) DO DIREITO AO CRÉDITO PRESUMIDO DA LEI Nº 10.925/2004 QUANTO AOS INSUMOS ADQUIRIDOS DE PESSOAS FÍSICAS/COOPERATIVAS COM ALÍQUOTA ZERO E QUANTO AO PERCENTUAL CONFORME O INSUMO ADQUIRIDO ATIVIDADES AGROINDUSTRIAIS;
f) DA AQUISIÇÃO DE INSUMOS COM ALÍQUOTA ZERO;
g) DO DIREITO AO CRÉDITO PELA AQUISIÇÃO DE BENS COM SUSPENSÃO DAS CONTRIBUIÇÕES;
h) DO CRÉDITO DECORRENTE DE CUSTOS HAVIDOS COM SERVIÇOS NECESSÁRIOS À ATIVIDADE DA RECORRENTE;
i) DA EXCLUSÃO DO CRÉDITO PRESUMIDO DO ICMS DA BASE DE CÁLCULO DAS CONTRIBUIÇÕES;
j) DO DIREITO AOS CRÉDITOS APURADOS SOBRE INSUMOS IMPORTADOS;
k) DA NECESSIDADE DE REALIZAÇÃO DE PERÍCIA;
l) DA INEXIGIBILIDADE DA MULTA DE OFÍCIO LANÇADA;;
A 2ª Turma da Delegacia de Julgamento em Juiz de Fora (MG) julgou improcedente a impugnação, nos termos do Acórdão nº 09.49790, de 19 de fevereiro de 2014, cuja ementa abaixo reproduzo:
ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA
Ano- calendário: 2009
INSUMOS
O conceito de insumos para fins de crédito de PIS/Pasep e COFINS é o previsto no § 5º do artigo 66 da Instrução Normativa SRF 247/2002, que se repetiu na IN 404/2004.
AGROINDÚSTRIA. AQUISIÇÕES DE INSUMOS. CRÉDITO PRESUMIDO. APURAÇÃO.
Nos termos da legislação de regência, as pessoas jurídicas que produzirem mercadorias de origem vegetal ou animal destinadas à alimentação humana ou animal, podem descontar créditos presumidos relativos às aquisições feitas de pessoas físicas, considerados os percentuais de redução da alíquota básica de acordo com a classificação dos insumos adquiridos e não dos produtos produzidos.
PIS/PASEP COFINS. CRÉDITO SOBRE FRETE
Somente os valores das despesas realizadas com fretes contratados para a entrega de mercadorias diretamente aos clientes adquirentes, desde que o ônus tenha sido suportado pela pessoa jurídica vendedora, é que podem gerar direito a créditos a serem descontados das Contribuições.
MULTA DE OFÍCIO. INCORPORAÇÃO. RESPONSABILIDADE DO SUCESSOR.
A incorporadora responde pelo pagamento da multa de ofício decorrente de operações da sucedida.
Impugnação Improcedente.
O sujeito passivo teve ciência da decisão e apresentou recurso voluntário onde repisa os argumentos apresentados na impugnação.
É o relatório.
VOTO
Nome do relator: GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO
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decisao_txt : RESOLVEM os membros da 4ª câmara / 2ª turma ordinária da Terceira Seção de julgamento, por maioria de votos, o julgamento foi convertido em diligência nos termos do voto do relator. Vencidos conselheiros Alexandre Kern e Maria Aparecida Martins de Paula que votaram pela desnecessidade da diligência. (assinado digitalmente) GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Relator e Presidente Substituto. Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros João Carlos Cassuli Junior, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Fernando Luiz da Gama Lobo D Eca, Maria Aparecida Martins de Paula e Alexandre Kern. RELATÓRIO Para elucidar os fatos ocorridos nos autos transcrevo o relatório do Acórdão refutado, in verbis: Contra o interessado foram lavrados autos de infração de PIS/Pasep não cumulativo no valor total de R$ 5.265.572,58 e de Cofins não cumulativa no valor total de R$ 24.253.558,67 relativo ao ano de 2009 (fls. 2.411/2.431), em função das irregularidades que se encontram descritas no Termo de Verificação Fiscal (TVF) de fls. 2.346/2.356; A empresa apresenta impugnação na qual alega, em síntese: a) DA NÃO CUMULATIVIDADE DO PIS E DA COFINS E O CONCEITO DE INSUMO PARA FINS DE CREDITAMENTO, INTERPRETADO À LUZ DA LEGISLAÇÃO E JURISPRUDÊNCIA; b) DO DIREITO AOS CRÉDITOS APURADOS SOBRE BENS ADQUIRIDOS PARA REVENDA; c) DO DIREITO AO CRÉDITO PELA AQUISIÇÃO DE PRODUTOS PARA MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS E EMBALAGENS PARA TRANSPORTE; d) DAS DESPESAS COM ARMAZENAGEM E FRETE; e) DO DIREITO AO CRÉDITO PRESUMIDO DA LEI Nº 10.925/2004 QUANTO AOS INSUMOS ADQUIRIDOS DE PESSOAS FÍSICAS/COOPERATIVAS COM ALÍQUOTA ZERO E QUANTO AO PERCENTUAL CONFORME O INSUMO ADQUIRIDO ATIVIDADES AGROINDUSTRIAIS; f) DA AQUISIÇÃO DE INSUMOS COM ALÍQUOTA ZERO; g) DO DIREITO AO CRÉDITO PELA AQUISIÇÃO DE BENS COM SUSPENSÃO DAS CONTRIBUIÇÕES; h) DO CRÉDITO DECORRENTE DE CUSTOS HAVIDOS COM SERVIÇOS NECESSÁRIOS À ATIVIDADE DA RECORRENTE; i) DA EXCLUSÃO DO CRÉDITO PRESUMIDO DO ICMS DA BASE DE CÁLCULO DAS CONTRIBUIÇÕES; j) DO DIREITO AOS CRÉDITOS APURADOS SOBRE INSUMOS IMPORTADOS; k) DA NECESSIDADE DE REALIZAÇÃO DE PERÍCIA; l) DA INEXIGIBILIDADE DA MULTA DE OFÍCIO LANÇADA;; A 2ª Turma da Delegacia de Julgamento em Juiz de Fora (MG) julgou improcedente a impugnação, nos termos do Acórdão nº 09.49790, de 19 de fevereiro de 2014, cuja ementa abaixo reproduzo: ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Ano- calendário: 2009 INSUMOS O conceito de insumos para fins de crédito de PIS/Pasep e COFINS é o previsto no § 5º do artigo 66 da Instrução Normativa SRF 247/2002, que se repetiu na IN 404/2004. AGROINDÚSTRIA. AQUISIÇÕES DE INSUMOS. CRÉDITO PRESUMIDO. APURAÇÃO. Nos termos da legislação de regência, as pessoas jurídicas que produzirem mercadorias de origem vegetal ou animal destinadas à alimentação humana ou animal, podem descontar créditos presumidos relativos às aquisições feitas de pessoas físicas, considerados os percentuais de redução da alíquota básica de acordo com a classificação dos insumos adquiridos e não dos produtos produzidos. PIS/PASEP COFINS. CRÉDITO SOBRE FRETE Somente os valores das despesas realizadas com fretes contratados para a entrega de mercadorias diretamente aos clientes adquirentes, desde que o ônus tenha sido suportado pela pessoa jurídica vendedora, é que podem gerar direito a créditos a serem descontados das Contribuições. MULTA DE OFÍCIO. INCORPORAÇÃO. RESPONSABILIDADE DO SUCESSOR. A incorporadora responde pelo pagamento da multa de ofício decorrente de operações da sucedida. Impugnação Improcedente. O sujeito passivo teve ciência da decisão e apresentou recurso voluntário onde repisa os argumentos apresentados na impugnação. É o relatório. VOTO
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Vencidos conselheiros Alexandre Kern e Maria Aparecida Martins de Paula que votaram pela desnecessidade da diligência. (assinado digitalmente) GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO – Relator e Presidente Substituto. Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros João Carlos Cassuli Junior, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Fernando Luiz da Gama Lobo D Eca, Maria Aparecida Martins de Paula e Alexandre Kern. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 15 16 .7 23 08 9/ 20 13 -1 5 Fl. 2676DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 0 9/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Processo nº 11516.723089/201315 Resolução nº 3402000.717 S3C4T2 Fl. 101 2 RELATÓRIO Para elucidar os fatos ocorridos nos autos transcrevo o relatório do Acórdão refutado, in verbis: Contra o interessado foram lavrados autos de infração de PIS/Pasep não cumulativo no valor total de R$ 5.265.572,58 e de Cofins não cumulativa no valor total de R$ 24.253.558,67 relativo ao ano de 2009 (fls. 2.411/2.431), em função das irregularidades que se encontram descritas no Termo de Verificação Fiscal (TVF) de fls. 2.346/2.356; A empresa apresenta impugnação na qual alega, em síntese: a) DA NÃO CUMULATIVIDADE DO PIS E DA COFINS E O CONCEITO DE INSUMO PARA FINS DE CREDITAMENTO, INTERPRETADO À LUZ DA LEGISLAÇÃO E JURISPRUDÊNCIA; b) DO DIREITO AOS CRÉDITOS APURADOS SOBRE BENS ADQUIRIDOS PARA REVENDA; c) DO DIREITO AO CRÉDITO PELA AQUISIÇÃO DE PRODUTOS PARA MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS E EMBALAGENS PARA TRANSPORTE; d) DAS DESPESAS COM ARMAZENAGEM E FRETE; e) DO DIREITO AO CRÉDITO PRESUMIDO DA LEI Nº 10.925/2004 QUANTO AOS INSUMOS ADQUIRIDOS DE PESSOAS FÍSICAS/COOPERATIVAS COM ALÍQUOTA ZERO E QUANTO AO PERCENTUAL CONFORME O INSUMO ADQUIRIDO – ATIVIDADES AGROINDUSTRIAIS; f) DA AQUISIÇÃO DE INSUMOS COM ALÍQUOTA ZERO; g) DO DIREITO AO CRÉDITO PELA AQUISIÇÃO DE BENS COM SUSPENSÃO DAS CONTRIBUIÇÕES; h) DO CRÉDITO DECORRENTE DE CUSTOS HAVIDOS COM SERVIÇOS NECESSÁRIOS À ATIVIDADE DA RECORRENTE; i) DA EXCLUSÃO DO CRÉDITO PRESUMIDO DO ICMS DA BASE DE CÁLCULO DAS CONTRIBUIÇÕES; j) DO DIREITO AOS CRÉDITOS APURADOS SOBRE INSUMOS IMPORTADOS; k) DA NECESSIDADE DE REALIZAÇÃO DE PERÍCIA; l) DA INEXIGIBILIDADE DA MULTA DE OFÍCIO LANÇADA;; A 2ª Turma da Delegacia de Julgamento em Juiz de Fora (MG) julgou improcedente a impugnação, nos termos do Acórdão nº 09.49790, de 19 de fevereiro de 2014, cuja ementa abaixo reproduzo: ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Fl. 2677DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 0 9/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Processo nº 11516.723089/201315 Resolução nº 3402000.717 S3C4T2 Fl. 102 3 Ano calendário: 2009 INSUMOS O conceito de insumos para fins de crédito de PIS/Pasep e COFINS é o previsto no § 5º do artigo 66 da Instrução Normativa SRF 247/2002, que se repetiu na IN 404/2004. AGROINDÚSTRIA. AQUISIÇÕES DE INSUMOS. CRÉDITO PRESUMIDO. APURAÇÃO. Nos termos da legislação de regência, as pessoas jurídicas que produzirem mercadorias de origem vegetal ou animal destinadas à alimentação humana ou animal, podem descontar créditos presumidos relativos às aquisições feitas de pessoas físicas, considerados os percentuais de redução da alíquota básica de acordo com a classificação dos insumos adquiridos e não dos produtos produzidos. PIS/PASEP COFINS. CRÉDITO SOBRE FRETE Somente os valores das despesas realizadas com fretes contratados para a entrega de mercadorias diretamente aos clientes adquirentes, desde que o ônus tenha sido suportado pela pessoa jurídica vendedora, é que podem gerar direito a créditos a serem descontados das Contribuições. MULTA DE OFÍCIO. INCORPORAÇÃO. RESPONSABILIDADE DO SUCESSOR. A incorporadora responde pelo pagamento da multa de ofício decorrente de operações da sucedida. Impugnação Improcedente. O sujeito passivo teve ciência da decisão e apresentou recurso voluntário onde repisa os argumentos apresentados na impugnação. É o relatório. VOTO Conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho, Relator. O recurso foi apresentado com observância do prazo previsto, bem como dos demais requisitos de admissibilidade. Sendo assim, dela tomo conhecimento e passo a apreciar. Preliminarmente, ressalto que o sujeito passivo apresentou um laudo técnico elaborado pelo Instituto Nacional de Tecnologia, com o objetivo de verificar se os serviços de frete, carreto, de abate e processamento, de inspeção sanitária, de carga e descarga, de lavagem Fl. 2678DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 0 9/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Processo nº 11516.723089/201315 Resolução nº 3402000.717 S3C4T2 Fl. 103 4 de uniformes, de transporte interno e de reforma de “paletes” são essenciais ao processo produtivo da empresa. A Unidade de Origem não teve acesso ao laudo, o que me permite concluir que os dados nele constantes não foram atestados pela Autoridade Fiscal. Diante deste quadro, converto o julgamento em diligência para que a Unidade de Origem faça uma análise das informações contidas no laudo apresentado pelo recorrente e elabore um parecer conclusivo sobre a participação de cada serviço/bem no processo produtivo da empresa. Da conclusão da diligência deve ser dada ciência à contribuinte, abrindolhe o prazo de trinta dias para, querendo, pronunciarse sobre o feito. Após todos os procedimentos, que sejam devolvidos os autos ao CARF para prosseguimento do rito processual. Sala das Sessões, 27/01/2015 GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Fl. 2679DF CARF MF Impresso em 12/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 09/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 0 9/03/2015 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO
score : 1.0
Numero do processo: 11128.007278/2006-91
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 15 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Nov 06 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Classificação de Mercadorias
Data do Fato Gerador: 26/11/2003
Ementa:
PROVAS
A prova dos fatos deverá ser colhida pelos meios admitidos em direito, no processo, e pela forma estabelecida em lei. Será na prova assim produzida que irá o julgador formar sua convicção sobre os fatos, sendo-lhe vedado fundamentá-la em elementos desprovidos da segurança jurídica que os princípios e normas processuais acautelam.
Cabe a Autoridade Fiscal comprovar a ocorrência dos fatos geradores que ensejaram a feitura do auto de infração, nos termos do art. 333 do Código de Processo Civil.
CLASSIFICAÇÃO FISCAL.
O produto "Pamoato de Pirantel", por se tratar de um outro composto heterocíclico, cuja estrutura contém exclusivamente três heteroátomos de enxofre e nitrogênio, classifica-se no código NCM 2934.99.59.
MULTA DO CONTROLE ADMINISTRATIVO. DESCABIMENTO.
Quando as mercadorias forem submetidas ao licenciamento automático, descabe a penalidade prevista no art. 633 do Decreto nº 4.543, de 2002.
ANÁLISE DE INCONSTITUCIONALIDADE E ILEGALIDADE.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária Súmula CARF nº 02.
Numero da decisão: 3402-002.522
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros da 4ª câmara / 2ª turma ordinária da terceira seção de julgamento, por unanimidade de votos em dar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator.
GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Relator/Presidente em exercício.
Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros João Carlos Cassuli Junior, Francisco Mauricio Rabelo de Albuquerque Silva, Pedro Souza Bispo e Fenelon Moscoso de Almeida .
Nome do relator: GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO
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ementa_s : Assunto: Classificação de Mercadorias Data do Fato Gerador: 26/11/2003 Ementa: PROVAS A prova dos fatos deverá ser colhida pelos meios admitidos em direito, no processo, e pela forma estabelecida em lei. Será na prova assim produzida que irá o julgador formar sua convicção sobre os fatos, sendo-lhe vedado fundamentá-la em elementos desprovidos da segurança jurídica que os princípios e normas processuais acautelam. Cabe a Autoridade Fiscal comprovar a ocorrência dos fatos geradores que ensejaram a feitura do auto de infração, nos termos do art. 333 do Código de Processo Civil. CLASSIFICAÇÃO FISCAL. O produto "Pamoato de Pirantel", por se tratar de um outro composto heterocíclico, cuja estrutura contém exclusivamente três heteroátomos de enxofre e nitrogênio, classifica-se no código NCM 2934.99.59. MULTA DO CONTROLE ADMINISTRATIVO. DESCABIMENTO. Quando as mercadorias forem submetidas ao licenciamento automático, descabe a penalidade prevista no art. 633 do Decreto nº 4.543, de 2002. ANÁLISE DE INCONSTITUCIONALIDADE E ILEGALIDADE. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária Súmula CARF nº 02.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 16; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1950; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T2 Fl. 204 1 203 S3C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11128.007278/200691 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3402002.522 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 15 de outubro de 2014 Matéria Classificação de Mercadorias Recorrente CASTE PHARMACEUTICA LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Data do Fato Gerador: 26/11/2003 Ementa: PROVAS A prova dos fatos deverá ser colhida pelos meios admitidos em direito, no processo, e pela forma estabelecida em lei. Será na prova assim produzida que irá o julgador formar sua convicção sobre os fatos, sendolhe vedado fundamentála em elementos desprovidos da segurança jurídica que os princípios e normas processuais acautelam. Cabe a Autoridade Fiscal comprovar a ocorrência dos fatos geradores que ensejaram a feitura do auto de infração, nos termos do art. 333 do Código de Processo Civil. CLASSIFICAÇÃO FISCAL. O produto "Pamoato de Pirantel", por se tratar de um outro composto heterocíclico, cuja estrutura contém exclusivamente três heteroátomos de enxofre e nitrogênio, classificase no código NCM 2934.99.59. MULTA DO CONTROLE ADMINISTRATIVO. DESCABIMENTO. Quando as mercadorias forem submetidas ao licenciamento automático, descabe a penalidade prevista no art. 633 do Decreto nº 4.543, de 2002. ANÁLISE DE INCONSTITUCIONALIDADE E ILEGALIDADE. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária Súmula CARF nº 02. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 12 8. 00 72 78 /2 00 6- 91 Fl. 99DF CARF MF Impresso em 06/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/10/2014 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 2 0/10/2014 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Processo nº 11128.007278/200691 Acórdão n.º 3402002.522 S3C4T2 Fl. 205 2 ACORDAM os membros da 4ª câmara / 2ª turma ordinária da terceira SSEEÇÇÃÃOO DDEE JJUULLGGAAMMEENNTTOO, por unanimidade de votos em dar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator. GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO – Relator/Presidente em exercício. Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros João Carlos Cassuli Junior, Francisco Mauricio Rabelo de Albuquerque Silva, Pedro Souza Bispo e Fenelon Moscoso de Almeida . Relatório Como forma de elucidar os fatos ocorridos até a decisão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, colaciono o relatório do Acórdão recorrido, in verbis: Trata o presente processo de Auto de Infração (fls. 01 a 13) formalizado para exigência da diferença de Imposto de Importação (II) e acréscimos legais, multa por infração administrativa ao controle das importações (falta de licença de importação LI) e multa regulamentar por classificação incorreta, relativamente à mercadoria importada por meio da Declaração de Importação (DI) n°. 03/10355588, registrada em 26/11/2003. A mercadoria classificada pela importadora no código NCM 2934.99.99, sujeita à alíquota de 0% para cálculo do II e IPI, encontrase assim descrita na DI (fl. 16): "PYRANTEL PAMOATE USP26 ". Laudo Técnico emitido pelo Laboratório de Análises da Fundação de Desenvolvimento da Unicamp — FUNCAMP n° 3273.01 (fl. 20), relativo à amostra colhida do produto importado, concluiu tratarse a mercadoria de "Pamoato de Pirantel", um outro composto heterocíclico, cuja estrutura contém exclusivamente 3 heteroátomos de enxofre e nitrogênio, na forma de pó. Em observância ao resultado pericial, a fiscalização reclassificou a mercadoria para o código NCM 2934.99.59, com alíquota de 2% para o II, lavrando Auto de Infração para exigência da diferença de imposto, juros de mora e multa de oficio, além das multas por falta de licença de importação e classificação incorreta, previstas pelo artigo 169, I, "b", do DecretoLei n° 37/66 e artigo 84, I, da Medida Provisória n° 2.158/2001, respectivamente. Fl. 100DF CARF MF Impresso em 06/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/10/2014 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 2 0/10/2014 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Processo nº 11128.007278/200691 Acórdão n.º 3402002.522 S3C4T2 Fl. 206 3 Cientificada do lançamento em 28/11/2006 (fl. 26 verso), a contribuinte apresentou impugnação (fls. 28/49), tempestivamente, conforme atestado pelo órgão preparador (fl. 52), alegando, em síntese, que: (a) segundo o Laudo 3273.01, hoje a classificação correta para a mercadoria seria no código 2934.99.60, também com alíquotas de 0% para o II e IPI. Logo não houve prejuízo aos cofres do Ministério da Fazenda nem tão pouco dolo de sua parte; (b) como a Secretaria da Receita Federal trocou os códigos NCM de maneira errônea, é indevido o lançamento de Imposto de Importação, juros de mora e multa proporcional; (c) a cobrança da multa de controle administrativa é arbitrária e indevida, pois se refere à falta de licença de importação, sendo que o produto Pamoato de Pirantel, tanto na época como hoje, é isento de LI na NCM 2934.99.99 e na 2934.99.59; (d) a aplicação da multa regulamentar, no valor de R$ 500,00 também é inaceitável, pois apenas esta seria superior a qualquer dívida de imposto que houvesse; (e) o Merck Índex, 11ª edição, página 1265, traz a fórmula química do Pamoato de Pirantel que é: C34H3ON206S, ou seja, a mesma contém 2 heteroátomos de nitrogênio e um de enxofre, pelo que se conclui que a classificação da Receita é inadequada. Não se trata de erro de sonegação de informação, apenas diferença de classificação. o Pamoato de Pirantel, por ser um composto de produtos químicos, não tem classificação própria, então o importador procura a NCM mais adequada; (f) o AuditorFiscal lavrou o Auto de Infração de forma arbitrária, pois conforme o artigo 11 do Dec. 70.235/72, deveria ser expedida apenas uma notificação de lançamento; (g) requer, assim, o cancelamento do débito fiscal e, caso seja outro o entendimento, seja solicitado apenas o recolhimento da atual alíquota de 2% do Imposto de Importação referente ao código novo. A Segunda Turma da DRJ de São Paulo (SP) julgou a impugnação improcedente, nos termos do Acórdão nº 1736258, de 17 de novembro de 2009, cuja ementa foi vazada nos seguintes termos: Assunto: Classificação de Mercadorias Fato Gerador: 26/11/2003 Ementa: CLASSIFICAÇÃO FISCAL. O produto "Pamoato de Pirantel", por se tratar de um outro composto heterocíclico, cuja estrutura contém exclusivamente três heteroátomos de enxofre e nitrogênio, classificase no código NCM 2934.99.59. Fl. 101DF CARF MF Impresso em 06/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/10/2014 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 2 0/10/2014 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Processo nº 11128.007278/200691 Acórdão n.º 3402002.522 S3C4T2 Fl. 207 4 MULTA. INFRAÇÃO AO CONTROLE DAS IMPORTAÇÕES. Aplicase a multa por falta de Licença de Importação nas importações em que as mercadorias não estejam corretamente descritas, com todos os elementos necessários à sua identificação e ao enquadramento tarifário pleiteado. MULTA. CLASSIFICAÇÃO INCORRETA. A classificação incorreta de mercadoria é penalizada com a multa de 1% sobre o valor aduaneiro, prevista no artigo 84, inciso I, da MP 2.158 35/2001. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido. Inconformado com a decisão de primeiro grau, o recorrente protocolou recurso voluntário que abaixo sintetizo: 1) A reclassificação da mercadoria importada, feita de forma indevida, propiciou que a Secretaria da Receita Federal do Brasil efetuasse lançamento tributário do Imposto de Importação na alíquota de 2% (dois por cento), mais Juros de Mora e Multa Proporcional de 75%; 2) Com a reclassificação da mercadoria, foi imposta uma Multa de Controle Administrativa altíssima, 75% (setenta e cinco por cento) do valor aduaneiro, não condizente com a realidade. Mesmo que fosse devido o Imposto de Importação, a multa por infração administrativa não poderia ser superior a 30% do valor da mercadoria de acordo com o previsto no art. 169, inciso I, alinea "b" e parágrafo 2º, inciso I, do Decreto Lei n ° 37/66, com redação dada pelo art. 61 da Medida Provisória n ° 135103, que se refere à falta de licença de importação (LI); 3) O produto Pamoato de Pirantel, tanto na época quanto hoje é isento de Licença de Importação (LI) tanto na NCH: 2934.99.99 quanto na NCH: 2934.99.59, motivo pelo qual a penalidade é arbitrária e indevida; 4) O Merck Index, llª edição, página 1265, traz a fórmula química do Pamoato de Pirantel que é: C34H30N206S, ou seja, a mesma contém 2 heteroátomos de nitrogénio e um de enxofre. Onde podemos concluir que a TEC que a receita classificou o produto é inadequada, pois a TEC usada pela Impugnante contém heteroátomos de nitrogênio e enxofre, ou seja, não foi erro de sonegação de informação, apenas diferença de classificação. O Pamoato de Pirantel por ser um composto de produtos Fl. 102DF CARF MF Impresso em 06/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/10/2014 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 2 0/10/2014 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Processo nº 11128.007278/200691 Acórdão n.º 3402002.522 S3C4T2 Fl. 208 5 químicos não tem classificação própria, então o importador procura a NCH mais adequada; 5) O V. Acórdão proferido pela Colenda 2ª Turma da DRJ/SP, padece de nulidade, pois claro restou que a decisão foi proferida e pautada única e exclusivamente com base laudo 3273.01 elaborado unilateralmente pela Secretaria da Receita Federal, emitido pelo laboratório de Analise da Fundação de Desenvolvimento da UNICAMP, sem que dele participasse a Autuada ora Recorrente, ao menos com a indicação de assistente técnico para a realização do suposto laudo, portando é evidente o cerceio de defesa emanado contra a Recorrente; 6) Nenhum tipo de multa poderia ser cobrado, justamente pelo fato de ter sido feita a troca de códigos da NCM de maneira incorreta, muito menos em cima do valor total das entradas registradas na Declaração de Importação, pois não faltou nenhuma Guia para Imposição que justificasse tais multas pois a Declaração de Importação n ° 031010356588 de 400 quilos de "Pyrantel Pamoate USP26", existe e não foi contestada, portanto a multa por falta de Guia também não pode ser cogitada; Termina a petição recursal requerendo: a) A nulidade da decisão da DRJ; b) A nulidade do laudo 3273.01, por ter sido elaborado unilateralmente pela RFB; c) Alternativamente, que seja provido o recurso para que sejam reduzidas as multas aplicadas. A 2ª Turma da 4ª Câmara da 3ª Seção do CARF converteu o julgamento em diligência para que a Unidade de Origem informasse se as importações realizadas pela recorrente estavam sujeitas ao licenciamento automático. Foi realizada a análise e os autos retornaram ao CARF para prosseguimento do rito processual. É o Relatório. Fl. 103DF CARF MF Impresso em 06/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/10/2014 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 2 0/10/2014 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Processo nº 11128.007278/200691 Acórdão n.º 3402002.522 S3C4T2 Fl. 209 6 Voto Conselheiro Gilson Macedo Rosenburg Filho, Relator. A impugnação foi apresentada com observância do prazo previsto, bem como dos demais requisitos de admissibilidade, de sorte que dele conheço e passo a análise de mérito. O recorrente importou o produto “Pyrantel Pamoate USP26” e classificouo no código 2934.99.99 da Tarifa Externa Comum. No ato da conferência física do produto, foi retirada uma amostra e enviada para o Laboratório de Análise da Unicamp. Com o laudo da Unicamp, a Fiscalização reclassificou o produto para o código 2934.99.59, gerando auto de infração de Imposto de Importação, multa proporcional, multa do controle administrativo, multa regulamentar e juros de mora. Como se pode notar a questão central do presente processo diz respeito à classificação do produto “Pyrantel Pamoate USP26”. A reclassificação da mercadoria chamada “Pyrantel Pamoate USP26” foi baseada no laudo nº 3273.01, de 22/12/2003. Reproduzo as conclusões do laudos técnico apresentado: (...) CONCLUSÃO: Tratase de Pamoato de (E)1,4,5,6TetrahidrolMetil2[2(2 Tienil)Etenil]Pirimidirfa; (Pamoato de Pirantel) forma de pó RESPOSTAS AOS QUESITOS: 1)Descrever o nome da mercadoria? R: Tratase de Pamoato de (E)1,4,5,6TetrahidrolMetil2[2 (2 Tienil)Etenil]Pirimidina; (Pamoato de Pirantel), composto cuja estrutura contém exclusivamente 3 Heteroátomos de Enxofre e Nitrogênio, Outro Composto Heterocíclico, na forma de pó. 2) Descrever o nome químico da mercadoria? R: O nome químico encontrado em Referências Bibliográficas é Pamoato de (E)1,4,5,6TetrahidrolMetil2[2(2 Tienil)Etenil]Pirimidina. 3)Qual o uso da mercadoria? R: De acordo com Referências Bibliográficas, Pamoato de Pirantel é utilizado em formulações de medicamentos com ação antihelmíntica Fl. 104DF CARF MF Impresso em 06/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/10/2014 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 2 0/10/2014 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Processo nº 11128.007278/200691 Acórdão n.º 3402002.522 S3C4T2 Fl. 210 7 4) Tratase de piridina? R: Não 5)Tratase de compostos cuja estrutura contém um ciclo piridina(hidrogenado ou não), não condensado? R: Não 6)Tratase de um outro óxido nucléico e seus sais, de constituição química definida ou não, um outro composto heterocíclico? R: Não 7) Outras considerações. R: Prejudicada O laudo foi assinado pela Diretora do Setor Técnico a Química Elsa Tiemi Hojo Yamamura. O recorrente não apresentou laudo técnico, apenas uma declaração assinada pelo responsável técnico da própria sociedade em que afirma que o número de classificação NCN do insumo farmoquímico Pamoato de Pirantel, por nós apresentado na ocasião está plenamente em acordo com as tabelas vigentes e disponíveis para consulta da referida classificação. Informo ainda que as tabelas supramencionadas apresentam mais de um número de classificação. No caso da matériaprima em questão (pamoato de pirantel), isto se deve ao fato de variações na fórmula estrutural da substância relacionado à quantidade de heteroátomos de enxofre e hidrogênio. Assina a declaração o Farmacêutico Marcelo Pires de Albuquerque Vieira – CRF/SP nº 20875. Resumindo os fatos jurídicos constantes nos autos, de um lado temos um laudo técnico proferido pela Unicamp e de outro uma declaração do farmacêutico responsável da recorrente. Portanto, a lide se resolve pelas provas construídas na instrução do processo. Assim sendo, sintome obrigado a tecer breves considerações sobre provas e o convencimento do julgador. O art. 333 do Código de Processo Civil define o ônus da prova no sistema processual adotado pelo Legislador Nacional, verbis: Art. 333. O ônus da prova incumbe: I – ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; II – ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Tal dispositivo é a tradução do princípio de que o ônus da prova cabe a quem dela se aproveita. E esta formulação também foi, com as devidas adaptações, trazida para o processo administrativo fiscal, posto que a obrigação de provar está expressamente atribuída para a autoridade Fiscal quando realiza o lançamento tributário, para o sujeito passivo, quando formula pedido de repetição de indébito. Fl. 105DF CARF MF Impresso em 06/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/10/2014 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 2 0/10/2014 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Processo nº 11128.007278/200691 Acórdão n.º 3402002.522 S3C4T2 Fl. 211 8 É sobremodo importante relembrar alguns preceitos que norteiam a busca da verdade real por meio de provas materiais. A finalidade da prova é a formação da convicção do julgador quanto à existência dos fatos. Em outras linhas, um dos principais objetivos do direito é fazer prevalecer a justiça. Para que uma decisão seja justa, é relevante que os fatos estejam provados a fim de que o julgador possa estar convencido da sua ocorrência. Segundo Francesco Carnelutti: (...) as provas são fatos presentes sobre os quais se constrói a probabilidade da existência ou inexistência de um fato passado. A certeza resolvese, a rigor, em uma máxima probabilidade. A certeza vai se formando através dos elementos da ocorrência do fato que são colocados pelas partes interessadas na solução da lide. Mas não basta ter certeza, o julgador tem que estar convencido para que sua visão do fato esteja a mais próxima possível da verdade. Nas linhas de Moacir Amaral Santos: A prova dos fatos fazse por meios adequados a fixálos em juízo. Por esses meios, ou instrumentos, os fatos deverão ser transportados para o processo, seja pela sua reconstrução histórica, ou sua representação. Francesco Carnelutti compara a atividade de julgar com a atividade de um historiador: (...) o historiador indaga no passado para saber como as coisas ocorreram. O juízo que pronuncia é reflexo da realidade ou mais exatamente juízo de existência. Já o julgador encontrase ante uma hipótese e quando decide converte a hipótese em tese, adquirindo a certeza de que tenha ocorrido ou não o fato. Estar certo de um fato quer dizer conhecêlo como se houvesse visto. Moacir Amaral Santos conceitua prova: No sentido objetivo, como os meios destinados a fornecer ao julgador o conhecimento da verdade dos fatos. Mas a prova no sentido subjetivo é aquela que se forma no espírito do julgador, seu principal destinatário, quanto à verdade desse fatos. A prova, então, consiste na convicção que as provas produzidas no processo geram no espírito do julgador quanto à existência ou inexistência dos fatos. Compreendida como um todo, reunindo seus dois caracteres, objetivo e subjetivo, que se completam e não podem ser tomados separadamente, apreciada como fato e como indução lógica, ou como meio com que se estabelece a existência positiva ou negativa do fato probando e com a própria certeza dessa existência. Como o julgador sempre tem que decidir, ele deve ter bom senso na busca pela verdade, evitando a obsessão que pode prejudicar a justiça célere. Mas a impossibilidade Fl. 106DF CARF MF Impresso em 06/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/10/2014 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 2 0/10/2014 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Processo nº 11128.007278/200691 Acórdão n.º 3402002.522 S3C4T2 Fl. 212 9 de conhecer a verdade absoluta não significa que ela deixe de ser perseguida como um relevante objetivo da atividade probatória. A verdade encontrase ligada à prova, pois é por meio desta que se torna possível afirmar idéias verdadeiras, adquirir a evidência da verdade, ou certificarse de sua exatidão jurídica. Ao direito somente é possível conhecer a verdade por meio das provas. Posto isto, concluímos que a finalidade imediata da prova é reconstruir os fatos relevantes para o processo e a mediata é formar a convicção do julgador. Os fatos não vêm simplesmente prontos, tendo que ser construídos no processo, pelas partes e pelo julgador. Após a montagem desse quebracabeça, a decisão se dará com base na valoração das provas que permitirá o convencimento da autoridade julgadora. Assim, a importância da prova para uma decisão justa vem do fato dela dar verossimilhança às circunstâncias a ponto de formar a convicção do julgador. Como já mencionado, a Autoridade Fiscal teve o cuidado de retirar uma amostra do produto importado, enviar ao laboratório da Unicamp, aguardar o resultado, para só então efetuar a reclassificação do produto. Já o recorrente contesta o laudo com uma simples declaração de um funcionário da própria empresa, não produzindo provas periciais que contestassem o laudo apresentado pela fiscalização. Pelas assertivas feitas, entendo que a classificação do produto “Pyrantel Pamoate USP26” deve se dar de acordo com as conclusões do laudo nº 3273.1 elaborado pela Unicamp. Cravada essa premissa, passo a análise das possíveis classificações. A Nesh da posição 29.34 informa que incluemse nesta posição os compostos heterocíclicos, que é o caso do produto em questão. 2934 ÁCIDOS NUCLÉICOS E SEUS SAIS, DE CONSTITUIÇÃO QUÍMICA DEFINIDA OU NÃO; OUTROS COMPOSTOS HETEROCÍCLICOS 2934.10 Compostos cuja estrutura contêm um ciclo tiazol (hidrogenado ou não) não condensado 2934.20 Compostos que contêm uma estrutura de ciclos benzotiazol (hidrogenados ou não) sem outras condensações 2934.30 Compostos que contêm uma estrutura de ciclos fenotiazina (hidrogenados ou não) sem outras condensações 2934.9 Outros 2934.9 Outros 2934.99 Outros 2934.99.5 Cuja estrutura contém exclusivamente 3 heteroátomos de enxofre e nitrogênio em conjunto 2934.99.51 Tebutiuron 2934.99.52 Tetramisol 2934.99.53 Levamisol e seus sais 2934.99.54 Tioconazol 2934.99.59 Outros Fl. 107DF CARF MF Impresso em 06/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/10/2014 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 2 0/10/2014 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Processo nº 11128.007278/200691 Acórdão n.º 3402002.522 S3C4T2 Fl. 213 10 Analisando o laudo da Unicamp temos que o composto contém exclusivamente 3 Heteroátomos de Enxofre e Nitrogênio. Logo, a classificação se desloca para a posição 2934.99.5. Contudo, não há na composição tebutiuron, tetramisol, Levamisol e seus sais ou tioconazol. O que nos permite concluir que a posição correta é a 2934.99.59. Pelos fundamentos expostos, defino que o produto “Pamoato de Pirantel” deve ser classificado na posição 2634.99.59, o que faz manter o lançamento tributário referente ao imposto de importação. MULTAS. Multa de Ofício (75%) e Juros de mora e sobre o crédito tributário. Reclama o recorrente que não pode incidir juros de mora e multa sobre o crédito tributário, por configurar nítido "abuso de poder". Cabe ressaltar que multa em percentual de 75% está previsto na legislação vigente à época dos fatos, não se podendo reduzilo ou alterálo por critérios meramente subjetivos, contrários ao princípio da legalidade. O contribuinte prestou declaração inexata à SRF, o que redundou na apuração de tributos e contribuições em montantes inferiores aos efetivamente devidos, estando, portanto, adequadamente tipificada a infração cuja ocorrência impõe também a aplicação da multa de ofício prevista no art. 44, inciso I, da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996, in verbis: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: I de setenta e cinco por cento, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória, de falta de declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso seguinte; Já os juros de mora encontra seu embasamento legal no art. 161 do CTN: Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta lei ou em lei tributária. § 1º Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês. § 2º O disposto neste artigo não se aplica na pendência de consulta formulada pelo devedor dentro do prazo legal para pagamento do crédito. Esclareçase também, que a multa de ofício e os juros de mora encontram embasamento legal, por conta do caráter vinculado da atividade fiscal, não podendo ser excluída administrativamente se a situação fática verificada enquadrase na hipótese prevista Fl. 108DF CARF MF Impresso em 06/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/10/2014 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 2 0/10/2014 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Processo nº 11128.007278/200691 Acórdão n.º 3402002.522 S3C4T2 Fl. 214 11 pela norma. Considerações sobre a graduação da penalidade, no caso, não se encontram sob a discricionariedade da autoridade administrativa, uma vez definida objetivamente pela lei. Qualquer pedido ou alegação que ultrapasse a análise de conformidade do ato administrativo de lançamento com as normas legais vigentes, como a contraposição a princípios constitucionais – sob o argumento de suposta ofensa à capacidade contributiva ou por ocorrência de confisco – somente pode ser reconhecido pela via competente, no caso o Poder Judiciário. Com efeito, a apreciação de assuntos desse tipo achase reservada ao Poder Judiciário, pelo que qualquer discussão quanto aos aspectos da inconstitucionalidade e/ou invalidade das normas jurídicas deve ser submetida ao crivo desse Poder. O Órgão Administrativo não é o foro apropriado para discussões dessa natureza. Os mecanismos de controle da constitucionalidade, regulados pela própria Constituição Federal, passam, necessariamente, pelo Poder Judiciário que detém, com exclusividade, essa prerrogativa. Noutro giro, não se pode olvidar que esta matéria já foi pacificada no âmbito do CARF, com a aprovação do enunciado de súmula CARF nº 02, publicada no DOU de 22/12/2009, in verbis: Súmula CARF nº 2 O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Ressalto que as súmulas do CARF são de observância obrigatória, sob pena de perda de mandato. Desse modo e não cabendo à autoridade administrativa de julgamento acatar a alegação de que não podem conviver a multa de ofício com os juros de mora, não podendo reduzilo e nem alterálo sem que haja expressa previsão legal, é de se considerar correta a aplicação da multa de lançamento de ofício ao percentual de 75%, sobre os valores de PIS e de Cofins não declarados/recolhidos e a cobrança dos juros de mora quando houve recolhimento a destempo. Multa do Controle Aduaneiro. Afirma o recorrente que o produto “Pamoato de Pirantel”, tanto na época quanto hoje é isento de Licença de Importação (LI) tanto na NCH: 2934.99.99 quanto na NCH: 2934.99.59, motivo pelo qual a penalidade é arbitrária e indevida. Já o Acórdão recorrido sustenta sua decisão sob os seguintes fundamentos jurídicos e legais: A tipificação está perfeitamente enquadrada no caso presente, ou seja, foi aplicada a referida penalidade, por estarmos diante de uma mercadoria importada ao desamparo de uma licença de importação, como estabelece a legislação. O Sistema Administrativo das Importações Brasileiras encontravase disciplinado pelas portarias que definem as situações onde as operações estarão sujeitas a Licenciamento de Importação, a ser emitido pela Secretaria de Comércio Exterior (SECEX) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC). Fl. 109DF CARF MF Impresso em 06/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/10/2014 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 2 0/10/2014 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Processo nº 11128.007278/200691 Acórdão n.º 3402002.522 S3C4T2 Fl. 215 12 Estão previstas as seguintes situações: 1. importações sujeitas a licenciamento automático; e 2. importações sujeitas a licenciamento não automático. No caso de importação sujeita a licenciamento, a obtenção da licença deveria ocorrer previamente ao embarque da mercadoria ou ao registro da declaração de importação, conforme previsto em legislação específica. O pedido de Licença de Importação (LI), a ser vinculado a DI ou de Licença Simplificada de Importação (LSI), a ser vinculada a DSI, deveria ser registrado no Siscomex, recebendo a numeração específica e ficando disponível para análise pelo(s) órgão(s) anuente(s). Deferida a licença de importação, considerase que foram cumpridas as formalidades previstas na legislação específica expedida pelos órgãos anuentes. A propósito estabelecia a Portaria nº 21/96, de competência da Secex, do MDIC, tendo em vista a implementação das operações de importação no Sistema Integrado de Comércio ExteriorSiscomex: “Art.7º O licenciamento das importações ocorrerá de forma automática e não automática e será efetuado por meio do Siscomex: §1º As informações de natureza comercial, financeira, cambial e fiscal a serem prestadas para fins de licenciamento... §2º As informações de que trata o artigo anterior deverão ser prestadas no Sistema em conjunto com as informações exigidas para a formulação da declaração para fins de despacho aduaneiro da mercadoria. Art.8º Nos casos de licenciamento automático, as informações de que trata o artigo anterior deverão ser prestadas no Sistema em conjunto com as informações exigidas para formulação da declaração para fins de despacho aduaneiro da mercadoria. PORTARIA MF/MICT nº. 291, de 12 /12 /1996 (DOU de 13/12/1996) ANEXO II “18 Descrição detalhada da mercadoria Descrição completa da mercadoria de modo a permitir sua perfeita identificação e caracterização.” Dos dispositivos legais transcritos, constatase que, quando do licenciamento das mercadorias objeto do presente processo, a legislação vigente dispunha que todas as importações estavam sujeitas a licenciamento automático ou não automático. Fl. 110DF CARF MF Impresso em 06/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/10/2014 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 2 0/10/2014 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Processo nº 11128.007278/200691 Acórdão n.º 3402002.522 S3C4T2 Fl. 216 13 Portanto, a licença, automática ou não automática, era concedida para a importação do produto nela declarado. Se a descrição do produto realizada na licença não retrata exatamente o produto que foi efetivamente importado, então este se encontra desamparado de licença de importação. A dispensa de licenciamento prevista na Portaria SECEX nº 14/2004, referida pela impugnante, foi introduzida na legislação aduaneira pela Portaria SECEX nº 17/2003, DOU de 02/12/03, posteriormente a ocorrência dos fatos sob exame. Dispõe o art. 144 do Código Tributário Nacional (Lei nº 5.172/66) que o lançamento reportase à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e regese pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. Quando da importação em questão, vigia a Portaria SECEX nº 21/96, que previa apenas dois tipos de licenciamento: o automático e o não automático. Portanto, a correta identificação da mercadoria, feita por meio de análise laboratorial, passou a exigir uma nova licença de importação, porque a licença obtida, ainda que automática, amparava a mercadoria que se encontrava nela descrita, mas não o produto que foi efetivamente importado. Por sua vez, o Ato Declaratório Normativo COSIT nº 12, de 1997, orienta a não aplicação da multa por falta de guia de importação nos seguintes termos: “que não constitui infração administrativa ao controle das importações, nos termos do inciso II do art. 526 do Regulamento Aduaneiro, a declaração de importação de mercadoria objeto de licenciamento no Sistema Integrado de Comércio Exterior SISCOMEX, cuja classificação tarifária errônea ou indicação indevida de destaque "ex" exija novo licenciamento, automático ou não, desde que o produto esteja corretamente descrito, com todos os elementos necessários à sua identificação e ao enquadramento tarifário pleiteado, e que não se constate, em qualquer dos casos, intuito doloso ou má fé por parte do declarante”. Ocorre que o importador nas Declarações de Importação relacionadas no auto de infração, não informou que os produtos se tratavam de preparação, o que induziu a fiscalização em erro. Assim a autuação foi baseada no fato de que as mercadorias não foram descritas na DI de forma a permitir a sua identificação e caracterização a fim de poder melhor identificar e classificar na TEC/NCM, como determina a legislação de regência. Como as declarações no Siscomex equivalem à licença de importação (art.6º, §1º do Decreto nº 660/92), e em decorrência da mercadoria descrita na DI, terem implicado em licença de importação distinta, cabível a aplicação da multa prevista no inciso II, do art.169 do DecretoLei nº 37/66, alterado pelo art. 2º da Lei nº 6.562/78, vigente à época, do seguinte teor: Fl. 111DF CARF MF Impresso em 06/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/10/2014 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 2 0/10/2014 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Processo nº 11128.007278/200691 Acórdão n.º 3402002.522 S3C4T2 Fl. 217 14 “Art.169 Constituem infrações administrativas ao controle das importações: (Artigo com redação dada pela Lei nº 6.562, de 18/09/1978) I – importar mercadorias do exterior: a) (omissis); b) sem Guia de Importação ou documento equivalente, que não implique a falta de depósito ou a falta de pagamento de quaisquer ônus financeiros ou cambiais: Pena: multa de 30% (trinta por cento) do valor da mercadoria.” Regulamentada pelo art. 633 do Decreto nº 4.543, de 2002 Regulamento Aduaneiro: “Art. 633. Aplicamse, na ocorrência das hipóteses abaixo tipificadas, por constituírem infrações administrativas ao controle das importações, as seguintes multas: I (omissis); II de trinta por cento sobre o valor aduaneiro: a) pela importação de mercadoria sem licença de importação ou documento de efeito equivalente...” Aliás, o Regulamento Aduaneiro (Decreto nº 4.543, de 2002), ainda dispõe no seu art. 490 que: “A importação de mercadoria está sujeita, na forma da legislação específica, a licenciamento, que ocorrerá de forma automática ou não automática, por meio do Siscomex.” Como se infere, essa norma é de controle administrativo de competência da Secex e, no seu descumprimento foram estabelecidos dispositivos tipificadores das infrações e as respectivas penalidades, como no caso presente, o do art.169, inciso I, alínea ‘b’ do Decretolei nº 37/66, alterado pelo art. 2º da Lei nº 6.562/78, regulamentado pelo art. 633 do Decreto nº 4.543, de 2002, Regulamento Aduaneiro. A Secex realiza o controle administrativo das importações tendo como fonte de informações as operações de importação declaradas no Siscomex, marco inicial para o licenciamento das mercadorias. A falta da correta informação inviabilizou o controle prévio e o adequado deferimento de licenciamento, pois as mercadorias foram declaradas com outra conotação, desconhecendo a Secex a ocorrência da verdadeira importação. Na prática, isto tem a seguinte repercussão: Não se trata de produto corretamente descrito. Inaplicável o Ato Declaratório Cosit nº 12/97. Fl. 112DF CARF MF Impresso em 06/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/10/2014 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 2 0/10/2014 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Processo nº 11128.007278/200691 Acórdão n.º 3402002.522 S3C4T2 Fl. 218 15 Agora digo eu. Como relatado, não havia nos autos informação sobre a necessidade de licença de importação das mercadorias do recorrente. Os autos baixaram em diligência para conclusão de sua instrução. A Alfândega de Santos informou que à época do fato gerador a mercadoria importada pelo recorrente estava sujeita ao licenciamento automático. Como o fundamento jurídico para tipificar a infração é a falta de licença de importação, não vejo motivos para manter a multa de 30% sobre o valor da mercadoria, pois a premissa adotada pela fiscalização não guarda congruência com a realidade. Assim sendo, afasto a aplicação da referida multa Multa Regulamentar. Quanto à essa multa específica, o recorrente não teceu argumentos mínimos, se limitou a fazer o que chamamos de “negativa geral”, alegando que não cabe nenhuma multa sobre a operação. Com o fito de eliminar um eventual embargos de declaração me manifesto sobre a multa. No capítulo da decisão que tratou da classificação da mercadoria importada pelo recorrente, ficou cravada a premissa de que houve incorreção na declaração do produto, o que gerou a reclassificação e os lançamentos tributários objeto desta lide administrativa. O art. 84 da Medida Provisória nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001 aduz ao mundo jurídico o fato típico que provoca um resultado que é previsto na legislação tributária como infração, qual seja: classificar incorretamente o produto. Medida Provisória nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001. Art. 84. Aplicase a multa de um por cento sobre o valor aduaneiro da mercadoria: I classificada incorretamente na Nomenclatura Comum do Mercosul, nas nomenclaturas complementares ou em outros detalhamentos instituídos para a identificação da mercadoria; II quantificada incorretamente na unidade de medida estatística estabelecida pela Secretaria da Receita Federal. § 1º O valor da multa prevista neste artigo será de R$ 500,00 (quinhentos reais), quando do seu cálculo resultar valor inferior. § 2º A aplicação da multa prevista neste artigo não prejudica a exigência dos impostos, da multa por declaração inexata prevista no art. 44 da Lei no 9.430, de 1996, e de outras penalidades administrativas, bem assim dos acréscimos legais cabíveis Desse modo, a partir de 27/08/2001, independentemente da correta descrição do produto, sua classificação tarifária errônea sujeitará o infrator às multas previstas no art. 44, Fl. 113DF CARF MF Impresso em 06/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/10/2014 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 2 0/10/2014 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO Processo nº 11128.007278/200691 Acórdão n.º 3402002.522 S3C4T2 Fl. 219 16 da Lei n° 9.430/1996, além da exigência dos encargos legais, da diferença de tributos cabíveis e da multa de 1% sobre o valor da mercadoria e de outras penalidades administrativas. Forte em todos os argumentos apresentados, dou provimento parcial ao recurso para afastar a multa do controle aduaneiro de 30% sobre o valor da mercadoria. É como voto. Sala das Sessões, 15/10/2014 Gilson Macedo Rosenburg Filho Fl. 114DF CARF MF Impresso em 06/11/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/10/2014 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO, Assinado digitalmente em 2 0/10/2014 por GILSON MACEDO ROSENBURG FILHO
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