Busca Facetada
Turma- 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (101)
- 2ª SEÇÃO (101)
- 2016 (102)
Numero do processo: 10886.001419/2009-61
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Sep 28 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Oct 14 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2008
ISENÇÃO. MOLÉSTIA GRAVE. REQUISITOS. MATÉRIA SUMULADA.
Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios (Súmula CARF nº 63). Atendidos os requisitos, a isenção deve ser reconhecida.
Numero da decisão: 9202-004.497
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: MARIA HELENA COTTA CARDOZO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201609
camara_s : 2ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2008 ISENÇÃO. MOLÉSTIA GRAVE. REQUISITOS. MATÉRIA SUMULADA. Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios (Súmula CARF nº 63). Atendidos os requisitos, a isenção deve ser reconhecida.
turma_s : 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Fri Oct 14 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 10886.001419/2009-61
anomes_publicacao_s : 201610
conteudo_id_s : 5647517
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Oct 17 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 9202-004.497
nome_arquivo_s : Decisao_10886001419200961.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : MARIA HELENA COTTA CARDOZO
nome_arquivo_pdf_s : 10886001419200961_5647517.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negar-lhe provimento. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo - Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
dt_sessao_tdt : Wed Sep 28 00:00:00 UTC 2016
id : 6539889
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:53:21 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048689305452544
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1987; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT2 Fl. 98 1 97 CSRFT2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10886.001419/200961 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9202004.497 – 2ª Turma Sessão de 29 de setembro de 2016 Matéria ISENÇÃO MOLÉSTIA GRAVE Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado MARIA JENNY BACELAR CORREA ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2008 ISENÇÃO. MOLÉSTIA GRAVE. REQUISITOS. MATÉRIA SUMULADA. Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios (Súmula CARF nº 63). Atendidos os requisitos, a isenção deve ser reconhecida. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 6. 00 14 19 /2 00 9- 61 Fl. 98DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/10/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 13/1 0/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 10/10/2016 por MARIA HELENA COT TA CARDOZO 2 Relatório Em sessão plenária de 12/05/2011, foi dado provimento ao Recurso Voluntário nº 885.002, exarandose o Acórdão nº 280101.566 (fls. 40 a 42), assim ementado: " ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2007 ISENÇÃO. RENDIMENTOS DE APOSENTADORIA DE PORTADOR DE MOLÉSTIA GRAVE. A isenção de imposto de renda sobre proventos de aposentadoria de portador de moléstia grave deve ser concedida quando houver a comprovação de que os rendimentos são efetivamente provenientes de aposentadoria, reforma ou pensão. Recurso Voluntário Provido." Cientificada do acórdão em 13/11/2012 (fls. 44), a Fazenda Nacional interpôs, em 14/11/2012 (fls. 47), o Recurso Especial de fls. 48 a 56, visando rediscutir a isenção por moléstia grave, alegando que a doença da qual foi acometida a Contribuinte, Mal de Alzheimer, não consta no rol de moléstias constante da lei de regência. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme o Despacho de fls. 89 a 91, de 22/12/2015. Após a ciência do acórdão, do Recurso Especial da Fazenda Nacional e do despacho que lhe deu seguimento, não houve manifestação (fls. 96/97). Voto Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo Relatora O Recurso Especial da Fazenda Nacional é tempestivo, restando perquirir acerca do cumprimento aos demais pressupostos de admissibilidade. Tratase de isenção de rendimentos recebidos por portador de moléstia grave prevista em lei, mais especificamente, de Mal de Alzheimer. No caso do acórdão recorrido, está assim registrado no voto condutor: "Tratase, na origem, de Auto de Infração lavrado com o escopo de promover a cobrança de suposto débito de IRPF incidente sobre valor percebido pela Recorrente, sob o argumento de que os valores por ela percebidos, decorrentes de pensão, não poderiam se beneficiar da isenção prevista no art. 6º, inciso XXI, da Lei nº 7.713/88, já que a sua doença, Alzheimer, não constaria no rol do inciso XIV desse mesmo dispositivo. (...) Fl. 99DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/10/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 13/1 0/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 10/10/2016 por MARIA HELENA COT TA CARDOZO Processo nº 10886.001419/200961 Acórdão n.º 9202004.497 CSRFT2 Fl. 99 3 Dentre esse rol de doenças, a decisão recorrida entendeu que não se inseriria o Alzheimer, razão pela qual não seria a Recorrente beneficiária da isenção do tributo (laudo de fl. 03). Como sabido, o Alzheimer é uma das demências mentais mais populares e que mais afligem a população, em especial a idosa. É, muito provavelmente, a maior causa de alienação mental entre a população. Nesse sentido, eis que a alienação mental é doença prevista expressamente no dispositivo acima mencionado, não há dúvidas de que deve ser concedida a isenção pretendida pela Recorrente. Em vista do exposto, dou provimento ao Recurso Voluntário." Como paradigma, a Fazenda Nacional indicou o Acórdão nº 10616.392, colacionando o seguinte trecho do voto condutor: "Na espécie, os rendimentos objeto da controvérsia foram percebidos em decorrência por pensão por morte do cônjuge do recorrente, entretanto, além de a doença de Alzheimer não estar expressamente nominada entre as moléstias elencadas pela lei, no laudo pericial emitido pelo serviço médico da Prefeitura de Niterói (RJ) consta como termo inicial da doença o mês de março de 2000, enquanto o dissídio posto nos autos trata do anocalendário 1998. E, em se tratando de pedido de isenção, as normas regulamentadoras devem ser interpretadas de forma restritiva." (destaques da Recorrente) Embora no paradigma se evidencie óbice não verificado no recorrido a isenção pretendida é referente a anocalendário anterior ao termo inicial da doença é patente a não aceitação do Mal de Alzheimer como incluída no rol de moléstias graves previstas em lei. Nesse ponto, a meu ver se caracteriza efetivamente a divergência arguida, já que no acórdão recorrido o entendimento é no sentido inverso. Diante do exposto, conheço do Recurso Especial e passo a examinálo. O art. 6º, inciso XIVda Lei nº 7.713, de 1988, com a redação da Lei nº 11.052, de 2004, assim estabelece: "Art. 6º Ficam isentos do imposto de renda os seguinte rendimentos percebidos por pessoas físicas: (...) XIV – os proventos de aposentadoria ou reforma motivada por acidente em serviço e os percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avançados da doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome da Fl. 100DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/10/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 13/1 0/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 10/10/2016 por MARIA HELENA COT TA CARDOZO 4 imunodeficiência adquirida, com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída depois da aposentadoria ou reforma." (grifei) A matéria inclusive já se encontra sumulada no CARF: Súmula CARF nº 63. Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. No presente caso, tratase de rendimentos de pensão (fls. 02), referentes ao anocalendário de 2007, recebidos por portadora de moléstia grave desde 2004, comprovada por laudo pericial emitido pela Junta MédicoPericial do Estado do Amazonas (fls. 03), que assim atesta: "(...) a doença apresentada, desde 11.02.2004, CID10, G30, pela Sra. Maria Jenny Bacelar Correea, enquadrase na Lei nº 7.713 de 22.12.88, Art. 6°, Inciso XIV, alterada pela Lei n° 11.052 de 29.12.2004." A própria lei estabelece que o reconhecimento da isenção deve ser feito "com base em conclusão da medicina especializada". Nesse passo, o laudo acima não deixa dúvidas no sentido de que a Contribuinte foi acometida de uma das doenças elencadas no dispositivo legal acima transcrito, o que dispensa conjecturas sobre o fato de a Doença de Alzheimer constar ou não desse rol. O certo é que a medicina especializada enquadrou a moléstia da contribuinte no dispositivo legal isentivo, não cabendo infirmálo. Diante do exposto, conheço do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional e, no mérito, negolhe provimento. Maria Helena Cotta Cardozo Fl. 101DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 10/10/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 13/1 0/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 10/10/2016 por MARIA HELENA COT TA CARDOZO
score : 1.0
Numero do processo: 11853.720276/2014-05
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Sep 28 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Oct 14 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2010
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. CONCOMITÂNCIA COM AÇÃO JUDICIAL.
Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial (Súmula CARF nº 1).
Havendo decisão judicial definitiva reconhecendo que os rendimentos de aposentadoria recebidos pelo Contribuinte são isentos de Imposto de Renda, resta à Autoridade Administrativa tão-somente executá-la.
Numero da decisão: 9202-004.469
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em declarar a definitividade do lançamento na esfera administrativa, em virtude de existência de ação judicial sobre o tema, inclusive com decisão definitiva favorável ao recorrido.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: MARIA HELENA COTTA CARDOZO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201609
camara_s : 2ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2010 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. CONCOMITÂNCIA COM AÇÃO JUDICIAL. Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial (Súmula CARF nº 1). Havendo decisão judicial definitiva reconhecendo que os rendimentos de aposentadoria recebidos pelo Contribuinte são isentos de Imposto de Renda, resta à Autoridade Administrativa tão-somente executá-la.
turma_s : 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Fri Oct 14 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 11853.720276/2014-05
anomes_publicacao_s : 201610
conteudo_id_s : 5647542
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Oct 17 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 9202-004.469
nome_arquivo_s : Decisao_11853720276201405.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : MARIA HELENA COTTA CARDOZO
nome_arquivo_pdf_s : 11853720276201405_5647542.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em declarar a definitividade do lançamento na esfera administrativa, em virtude de existência de ação judicial sobre o tema, inclusive com decisão definitiva favorável ao recorrido. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo - Relatora Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
dt_sessao_tdt : Wed Sep 28 00:00:00 UTC 2016
id : 6540282
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:53:22 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048689888460800
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 3; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2144; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT2 Fl. 152 1 151 CSRFT2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 11853.720276/201405 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9202004.469 – 2ª Turma Sessão de 28 de setembro de 2016 Matéria PAF E AÇÃO JUDICIAL CONCOMITÂNCIA CONHECIMENTO Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado MÁRIO LÚCIO MORELLO ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2010 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. CONCOMITÂNCIA COM AÇÃO JUDICIAL. Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial (Súmula CARF nº 1). Havendo decisão judicial definitiva reconhecendo que os rendimentos de aposentadoria recebidos pelo Contribuinte são isentos de Imposto de Renda, resta à Autoridade Administrativa tãosomente executála. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em declarar a definitividade do lançamento na esfera administrativa, em virtude de existência de ação judicial sobre o tema, inclusive com decisão definitiva favorável ao recorrido. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Relatora Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 85 3. 72 02 76 /2 01 4- 05 Fl. 152DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/10/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 14/1 0/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 11/10/2016 por MARIA HELENA COT TA CARDOZO 2 Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório Primeiramente, esclareçase que o Contribuinte ajuizou ação junto ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal (processo 002007992.2014.8.07.0016), com o mesmo objeto do presente processo, qual seja, o reconhecimento de isenção para seus rendimentos de aposentadoria, por ser portador de cegueira monocular (fls. 64 a 72). Nem o acórdão proferido pela DRJ, tampouco o do CARF, enfrentaram a questão da concomitância. Em sessão plenária de 10/03/2016, foi dado provimento ao Recurso Voluntário, exarandose o Acórdão nº 2201003.014 (fls. 105 a 112), assim ementado: "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2010 RENDIMENTOS DE APOSENTADORIA. ISENÇÃO. MOLÉSTIA GRAVE. CEGUEIRA MONOCULAR. ALCANCE. O legislador tributário, ao estabelecer a isenção do IRPF sobre os proventos de aposentadoria de contribuinte portador de cegueira, não faz qualquer limitação no sentido de que somente o portador de cegueira nos dois olhos faça jus ao benefício. Assim, o contribuinte acometido por cegueira monocular também se enquadra no dispositivo isentivo. Recurso Voluntário Provido." O processo foi encaminhado à PGFN em 29/03/2016 (Despacho de Encaminhamento de fls. 113). De acordo com o disposto no art. 7º, §§ 3º e 5º, da Portaria MF nº 527, de 2010, a intimação presumida da Fazenda Nacional ocorreria 30 dias após a referida data, em 28/04/2016. Em 02/05/2016, foi interposto o Recurso Especial de fls. 123 a 131 (Despacho de Encaminhamento de fls. 132), visando rediscutir a isenção de rendimentos recebidos por portador de cegueira monocular. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme o despacho de fls. 133 a 135, de 04/05/2016. Cientificado em 05/05/2016 (Informação da Unidade de Origem de fls. 151), o Contribuinte ofereceu, na mesma data, as Contrarrazões de fls. 138 a 142, bem como o Ato Declaratório Executivo PGFN nº 3, de 30/03/2016 (DOU de 08/04/2016). Voto Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo Relatora Fl. 153DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/10/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 14/1 0/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 11/10/2016 por MARIA HELENA COT TA CARDOZO Processo nº 11853.720276/201405 Acórdão n.º 9202004.469 CSRFT2 Fl. 153 3 O Recurso Especial da Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. Tratase de isenção de rendimentos recebidos por portador de cegueira molecular, relativos ao exercício de 2010. De plano, constatase que o Contribuinte ajuizou ação junto ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal (processo 002007992.2014.8.07.0016), com o mesmo objeto do presente processo, qual seja, o reconhecimento de isenção para seus rendimentos de aposentadoria, por ser portador de cegueira monocular (fls. 64 a 72). Nem o acórdão proferido pela DRJ, tampouco o do CARF, enfrentaram a questão da concomitância. A questão da concomitância entre ação judicial e processo administrativo, versando sobre o mesmo objeto, já se encontra sumulada: Súmula CARF nº 1: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Diante do exposto, nada resta a esta Segunda Turma senão dar provimento ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional, declarando a definitividade do lançamento e determinando o cumprimento da sentença proferida no processo judicial. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Fl. 154DF CARF MF Impresso em 14/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/10/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 14/1 0/2016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 11/10/2016 por MARIA HELENA COT TA CARDOZO
score : 1.0
Numero do processo: 11040.720787/2012-11
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Mar 09 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Apr 12 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2008
DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÕES PRINCIPAIS E ACESSÓRIAS. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessórias e principais foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32-A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35-A, penalidade única combinando as duas condutas.
Recurso Especial do Procurador provido
Numero da decisão: 9202-003.845
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso. Vencidas as Conselheiras Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva e Maria Teresa Martinez Lopez que negaram provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO - Presidente.
(assinado digitalmente)
MARIA HELENA COTTA CARDOZO - Relatora.
EDITADO EM: 18/03/2016
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (Vice-Presidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra.
Nome do relator: MARIA HELENA COTTA CARDOZO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201603
camara_s : 2ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2008 DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÕES PRINCIPAIS E ACESSÓRIAS. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessórias e principais foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32-A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35-A, penalidade única combinando as duas condutas. Recurso Especial do Procurador provido
turma_s : 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Tue Apr 12 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 11040.720787/2012-11
anomes_publicacao_s : 201604
conteudo_id_s : 5580690
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Apr 12 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 9202-003.845
nome_arquivo_s : Decisao_11040720787201211.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : MARIA HELENA COTTA CARDOZO
nome_arquivo_pdf_s : 11040720787201211_5580690.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso. Vencidas as Conselheiras Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva e Maria Teresa Martinez Lopez que negaram provimento ao recurso. (assinado digitalmente) CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO - Presidente. (assinado digitalmente) MARIA HELENA COTTA CARDOZO - Relatora. EDITADO EM: 18/03/2016 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (Vice-Presidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra.
dt_sessao_tdt : Wed Mar 09 00:00:00 UTC 2016
id : 6345758
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:47:23 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048419243655168
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2139; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT2 Fl. 486 1 485 CSRFT2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 11040.720787/201211 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9202003.845 – 2ª Turma Sessão de 09 de março de 2016 Matéria Multa retroatividade benigna Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado MASTER TRANSPORTES LTDA. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2008 DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÕES PRINCIPAIS E ACESSÓRIAS. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessórias e principais foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35A, penalidade única combinando as duas condutas. Recurso Especial do Procurador provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso. Vencidas as Conselheiras Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva e Maria Teresa Martinez Lopez que negaram provimento ao recurso. (assinado digitalmente) CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Presidente. (assinado digitalmente) MARIA HELENA COTTA CARDOZO Relatora. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 04 0. 72 07 87 /2 01 2- 11 Fl. 486DF CARF MF Impresso em 12/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 04/0 4/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO 2 EDITADO EM: 18/03/2016 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (VicePresidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra. Relatório Tratase de Auto de Infração por descumprimento de obrigação acessória no Código de Fundamento Legal CFL 68, por infração ao disposto no art. 32, IV, § 5º da Lei nº 8.212, de 1991, em razão de a empresa ter apresentado Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP) com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias. Conforme Relatório Fiscal (fls. 09 a 13), os fatos geradores omitidos referemse às bases de cálculo dos serviços prestados por transportadores rodoviários autônomos e demais contribuintes individuais, nos períodos de apuração de 01/2008 a 09/2008. Na autuação foi feita a comparação entre a soma das multas calculadas conforme a legislação vigente na data dos fatos geradores e a multa de 75%, vigente na data da lavratura do Auto de Infração (após edição da MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941 de 2009), concluindose que a legislação posterior era mais benéfica nas competências 06/2008, 08/2008, 10/2008 e 11/2008 (demonstrativo de fls. 37). Em sessão plenária de 19/06/2013, foi julgado o Recurso Voluntário s/n, prolatandose o Acórdão nº 2301003.634 (fls. 433 a 447), assim ementado: "ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2008 PERÍCIA. INDEFERIMENTO. Prescinde de perícia a verificação de quesitos examinados durante o procedimento fiscal e consignado em relatório do lançamento. CONDUTOR DE VEÍCULOS. AUTÔNOMOS. FRETES. O salário de contribuição do condutor autônomo de veículo rodoviário, conforme estabelecido no §4º do art. 201 do RPS corresponde a 20% do valor bruto auferido pelo frete, carreto ou transporte. GFIP. OMISSÕES. INCORREÇÕES. INFRAÇÃO. PENALIDADE MENOS SEVERA. RETROATIVIDADE BENIGNA. PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE. Em cumprimento ao artigo 106, inciso II, alínea “c” do CTN, aplicase a penalidade menos severa modificada posteriormente Fl. 487DF CARF MF Impresso em 12/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 04/0 4/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO Processo nº 11040.720787/201211 Acórdão n.º 9202003.845 CSRFT2 Fl. 487 3 ao momento da infração. A norma especial prevalece sobre a geral: o artigo 32A da Lei n° 8.212/1991 traz regra aplicável especificamente à GFIP, portanto deve prevalecer sobre as regras no artigo 44 da Lei n° 9.430/1996 que se aplicam a todas as demais declarações a que estão obrigados os contribuintes e responsáveis tributários. Recurso Voluntário Provido em Parte" A decisão foi assim resumida: “Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial para a redução da multa correspondente ao condutor autônomo de veículo rodoviário, considerando como base de cálculo da contribuição 20% do frete bruto e, após, que à multa remanescente seja aplicada a regra do artigo 32A da Lei n° 8.212, de 24/07/1991, caso mais benéfica." O processo foi encaminhado à PGFN em 18/07/2013 (Despacho de Encaminhamento de fls. 448). Assim, conforme o art. 7º, da Portaria MF nº 527, de 2010, a Fazenda Nacional poderia interpor Recurso Especial até 1º/09/2013, o que foi feito em 12/08/2013 (fls. 449 a 459), conforme o Despacho de Encaminhamento de fls. 460. O Recurso Especial está fundamentado no artigo 67, do Anexo II, do RICARF, e visa rediscutir a forma de cálculo utilizada para a aferição da multa mais benéfica ao contribuinte, se a da legislação vigente à época dos fatos geradores ou a da legislação vigente no momento da autuação. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme o Despacho nº 2400 1019/2013, de 1º/10/2013 (fls. 462 a 465). Em seu apelo, a Fazenda Nacional apresenta os seguintes argumentos, em síntese: nosso ordenamento jurídico rechaça a existência de bis in idem na aplicação de penalidades tributárias, portanto não é legítima a aplicação de mais de uma penalidade em razão do cometimento da mesma infração tributária, sendo certo que o contribuinte não pode ser apenado duas vezes pelo cometimento de um mesmo ilícito; o que a proibição do bis in idem pretende evitar é a dupla penalização por um mesmo ato ilícito, e não, propriamente, a utilização de uma mesma medida de quantificação para penalidades diferentes, decorrentes do cometimento de atos ilícitos também diferentes; nessa linha, constatase que antes das inovações da MP nº 449, de 2008, atualmente convertida na Lei nº 11.941, de 2009, o lançamento do principal era realizado separadamente, em NFLD, incidindo a multa de mora prevista no artigo 35, II, da Lei nº 8.212, de 1991, além da lavratura do auto de infração, com base no artigo 32, da Lei nº 8.212, de 1991 (multa isolada). Fl. 488DF CARF MF Impresso em 12/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 04/0 4/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO 4 com o advento da MP nº 449, de 2008, instituiuse uma nova sistemática de constituição dos créditos tributários, o que torna essencial a análise de pelo menos dois dispositivos: artigo 32A e artigo 35A, ambos da Lei nº 8.212, de 1991. o art. 32A, em sua redação dada pela MP nº 449, de 2008, dispõe que: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3º deste artigo.” tratase de preceito normativo destinado unicamente a penalizar o contribuinte que deixa de informar em GFIP dados relacionados a fatos geradores de contribuições previdenciárias, nos termos do art. 32, inciso IV, da Lei nº 8.212/91; o atual regramento não criou maiores inovações aos preceitos do antigo art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, exceto no que tange ao percentual máximo da multa que, agora, passou a ser de 20% ; assim, a infração antes penalizada por meio do art. 32, passou a ser enquadrada no art. 32A, com a multa reduzida; contudo, a MP nº 449, de 2008, também inseriu no ordenamento jurídico o art. 35A, in verbis: “Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” tal dispositivo remete à aplicação do artigo 44, da Lei n° 9.430, de 96, que dispõe: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007). I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata;” a leitura do dispositivo acima transcrito corrobora a tese suscitada no acórdão paradigma e ora defendida, no sentido de que o art. 44, inciso I, da Lei nº 9.430, de 1996, abarca duas condutas: o descumprimento da obrigação principal (totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento) e também o descumprimento da obrigação acessória (falta de declaração ou declaração inexata); Fl. 489DF CARF MF Impresso em 12/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 04/0 4/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO Processo nº 11040.720787/201211 Acórdão n.º 9202003.845 CSRFT2 Fl. 488 5 por certo, devesse privilegiar a interpretação no sentido de que a lei não utiliza palavras ou expressões inúteis e, em consonância com essa sistemática, temse que a única forma de harmonizar a aplicação dos artigos citados é considerar que o lançamento da multa isolada prevista no artigo 32A da Lei nº 8.212, de 1991, ocorrerá quando houver tão somente o descumprimento da obrigação acessória, ou seja, as contribuições destinadas a Seguridade Social foram devidamente recolhidas; por outro lado, toda vez que houver o lançamento da obrigação principal, além do descumprimento da obrigação acessória, a multa lançada será única, qual seja, a prevista no artigo 35A da Lei nº 8.212, de 1991; essa foi a conclusão a que chegou o eminente relator do acórdão paradigma e que reflete a melhor interpretação da nova sistemática de lançamento das contribuições previdenciárias; ressaltase que, conforme salientado alhures, houve lançamento de contribuições sociais em decorrência da atividade de fiscalização que deu origem ao presente feito; logo, de acordo com a nova sistemática, o dispositivo legal a ser aplicado seria o artigo 35A da Lei nº 8.212/91, com a multa prevista no lançamento de ofício (artigo 44 da Lei nº 9.430/96). nessa linha de raciocínio, a NFLD (AIOP) e o Auto de Infração por descumprimento de obrigação acessória devem ser mantidos, com a ressalva de que, no momento da execução do julgado, a autoridade fiscal deverá apreciar a norma mais benéfica: se as duas multas anteriores (art. 35, II, e 32, IV, da norma revogada) ou o art. 35‑ A da Lei nº 8.212/91, introduzido pela MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. Ao final, a Fazenda Nacional pede que seja conhecido e provido o Recurso Especial, no sentido de se verificar, na execução do julgado, qual norma mais benéfica: se a soma das duas multas anteriores (art. 35, II, e art. 32, IV, da norma revogada) ou a do art. 35A da Lei nº 8.212/91. Cientificada em 17/03/2014 (AR – Aviso de Recebimento de fls. 468), a Contribuinte ofereceu, em 31/03/2014, as Contrarrazões de fls. 471 a 476, pedindo a manutenção da decisão recorrida, aplicandose o art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, introduzido pela Lei nº 11.941, de 2009. Voto Conselheira MARIA HELENA COTTA CARDOZO O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. Trata o Recurso Especial, de Auto de Infração de Obrigação Acessória, lavrado em ação fiscal exigindose também obrigação principal, em que já foi aferida a Fl. 490DF CARF MF Impresso em 12/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 04/0 4/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO 6 situação mais benéfica para o Contribuinte se a soma das multas vigentes às datas dos fatos geradores, ou a multa de 75% (demonstrativo às fls. 37). Na decisão recorrida foi determinada a aplicação da multa do artigo 32A, da Lei n° 8.212, de 1991, inserido pela Lei nº 11.941, de 2009. Os artigos da Lei nº 8.212, de 1991, com as alterações da Lei n° 9.528, de 1997, que previam as penalidades por descumprimento de obrigações principais e acessórias, tinham a seguinte redação: “Art. 32. A empresa é também obrigada a: (...) IV informar mensalmente ao Instituto Nacional do Seguro SocialINSS, por intermédio de documento a ser definido em regulamento, dados relacionados aos fatos geradores de contribuição previdenciárias e outras informações de interesse do INSS. (...) §4º. A não apresentação do documento previsto no inciso IV, independentemente do recolhimento da contribuição, sujeitará o infrator à pena administrativa correspondente a multa variável equivalente a um multiplicador sobre o valor mínimo previsto no art. 92, em função do número de segurados, conforme quadro abaixo. (...) § 7º. A multa de que trata o § 4º sofrerá acréscimo de cinco por cento por mês calendário ou fração, a partir do mês seguinte àquele em que o documento deveria ter sido entregue. (...) Art. 35. Para os fatos geradores ocorridos a partir de 1º e abril de 1997, sobre as contribuições sociais em atraso, arrecadadas pelo INSS, incidirá multa de mora, que não poderá ser relevada, nos seguintes termos: (...) II. para pagamento de créditos incluídos em notificação fiscal de lançamento: a) doze por cento, em até quinze dias do recebimento da notificação; b) quinze por cento, após o 15º dia do recebimento da notificação; c)vinte por cento, após apresentação de recurso desde que antecedido de defesa, sendo ambos tempestivos, até quinze dias da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social – CRP; d) vinte e cinco por cento, após o 15º dia da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS, enquanto não inscrito em Dívida Ativa.” Fl. 491DF CARF MF Impresso em 12/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 04/0 4/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO Processo nº 11040.720787/201211 Acórdão n.º 9202003.845 CSRFT2 Fl. 489 7 Assim, no caso em apreço, considerandose que houve aplicação de multas pelo descumprimento de obrigações principais e acessórias, no contexto de lançamento de ofício, o entendimento desta CSRF é no sentido de que, embora a antiga redação dos artigos 32 e 35 da Lei nº 8.212, de 1991, não contivesse a expressão “lançamento de ofício”, o fato de as penalidades serem exigidas por meio de Auto de Infração e NFLD não deixa dúvidas acerca da natureza material de multas de ofício. Resta perquirir se as alterações posteriores à autuação, implementadas pela Lei nº 11.941, de 2009, representariam a exigência de penalidade mais benéfica ao Contribuinte, hipótese que autorizaria a sua aplicação retroativa, a teor do art. 106, II, do CTN. Para tanto, porém, é necessário que se estabeleça a exata correlação entre as multas anteriormente previstas e aquelas estabelecidas pela Lei nº 11.941, de 2009, a ver se efetivamente seria o caso, e em que condições aplicarseia a retroatividade benigna. As alterações promovidas pela Lei nº 11.941, de 2009, nos artigos 32 e 35, da Lei nº 8.212, de 1991, no sentido de uniformizar os procedimentos de constituição e exigência dos créditos tributários, previdenciários e não previdenciários, são as seguintes: “Art. 32. A empresa é também obrigada a: (...) IV – declarar à Secretaria da Receita Federal do Brasil e ao Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS, na forma, prazo e condições estabelecidos por esses órgãos, dados relacionados a fatos geradores, base de cálculo e valores devidos da contribuição previdenciária e outras informações de interesse do INSS ou do Conselho Curador do FGTS; (...) § 2o A declaração de que trata o inciso IV do caput deste artigo constitui instrumento hábil e suficiente para a exigência do crédito tributário, e suas informações comporão a base de dados para fins de cálculo e concessão dos benefícios previdenciários. (...) Art. 32A.O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitar seá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. (...) Fl. 492DF CARF MF Impresso em 12/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 04/0 4/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO 8 Art. 35. Os débitos com a União decorrentes das contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, não pagos nos prazos previstos em legislação, serão acrescidos de multa de mora e juros de mora, nos termos do art. 61 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. E o art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996, por sua vez, assim estabelece: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (grifei) Destarte, resta claro que, com o advento da Lei nº 11.941, de 2009, o lançamento de ofício envolvendo a exigência de contribuições previdenciárias, bem como a verificação de falta de declaração do respectivo fato gerador em GFIP, sujeita o Contribuinte a uma única multa, no percentual de 75%, sobre a totalidade ou diferença da contribuição, prevista no art. 44, inciso I, da Lei nº 9.430, de 1996. Com efeito, a interpretação sistemática da legislação tributária não admite a instituição, em um mesmo ordenamento jurídico, de duas penalidades para a mesma conduta, o que autoriza a interpretação no sentido de que as penalidades previstas no art. 32A não são aplicáveis às situações em que se verifica a falta de declaração/declaração inexata, combinada com a falta de recolhimento da contribuição previdenciária, eis que tal conduta está claramente tipificada no art. 44, inciso I, da Lei nº 9.430, de 1996. Diante do exposto, dou provimento ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional, para que seja restabelecida a forma de cálculo utilizada no lançamento, que já promoveu a aferição acerca da opção mais benéfica, nos moldes requeridos pela Recorrente, a saber: a soma das duas multas, aplicadas nos Autos de Infração de descumprimento de obrigações principais e acessórias; ou a multa de 75% sobre a totalidade ou diferença de contribuição, prevista no art. 44, inciso I, da Lei nº 9.430, de 1996. (assinado digitalmente) MARIA HELENA COTTA CARDOZO Relatora Fl. 493DF CARF MF Impresso em 12/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 04/0 4/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO Processo nº 11040.720787/201211 Acórdão n.º 9202003.845 CSRFT2 Fl. 490 9 Fl. 494DF CARF MF Impresso em 12/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/03/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 04/0 4/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 18/03/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO
score : 1.0
Numero do processo: 10803.000076/2008-17
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Feb 18 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Apr 12 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2003, 2004
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE.
Não se conhece de Recurso Especial de Divergência, quando não resta demonstrado o alegado dissídio jurisprudencial, tendo em vista a ausência de similitude fática entre os acórdãos recorrido e paradigmas.
Recurso Especial do Contribuinte não conhecido
Numero da decisão: 9202-003.811
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso.
(assinado digitalmente)
CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO - Presidente.
(assinado digitalmente)
MARIA HELENA COTTA CARDOZO - Relatora.
EDITADO EM: 11/03/2016
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (Vice-Presidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra.
Nome do relator: MARIA HELENA COTTA CARDOZO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201602
camara_s : 2ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2003, 2004 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE. Não se conhece de Recurso Especial de Divergência, quando não resta demonstrado o alegado dissídio jurisprudencial, tendo em vista a ausência de similitude fática entre os acórdãos recorrido e paradigmas. Recurso Especial do Contribuinte não conhecido
turma_s : 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Tue Apr 12 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 10803.000076/2008-17
anomes_publicacao_s : 201604
conteudo_id_s : 5580685
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Apr 12 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 9202-003.811
nome_arquivo_s : Decisao_10803000076200817.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : MARIA HELENA COTTA CARDOZO
nome_arquivo_pdf_s : 10803000076200817_5580685.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso. (assinado digitalmente) CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO - Presidente. (assinado digitalmente) MARIA HELENA COTTA CARDOZO - Relatora. EDITADO EM: 11/03/2016 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (Vice-Presidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra.
dt_sessao_tdt : Thu Feb 18 00:00:00 UTC 2016
id : 6345741
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:47:23 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048420374020096
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1810; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT2 Fl. 862 1 861 CSRFT2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10803.000076/200817 Recurso nº Especial do Contribuinte Acórdão nº 9202003.811 – 2ª Turma Sessão de 18 de fevereiro de 2016 Matéria PAF Intimação por edital / Normas Gerais decadência Recorrente NAGIB ELIAS ESPER Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2003, 2004 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE. Não se conhece de Recurso Especial de Divergência, quando não resta demonstrado o alegado dissídio jurisprudencial, tendo em vista a ausência de similitude fática entre os acórdãos recorrido e paradigmas. Recurso Especial do Contribuinte não conhecido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso. (assinado digitalmente) CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Presidente. (assinado digitalmente) MARIA HELENA COTTA CARDOZO Relatora. EDITADO EM: 11/03/2016 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (VicePresidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 80 3. 00 00 76 /2 00 8- 17 Fl. 862DF CARF MF Impresso em 12/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 14/0 3/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO 2 Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra. Relatório Em sessão plenária de 24/10/2011, foi julgado o Recurso Voluntário s/n, prolatandose o Acórdão nº 210201.594, assim ementado: "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2003, 2004 CIÊNCIA POR EDITAL. VALIDADE. RECUSA DO RECEBIMENTO DA INTIMAÇÃO POR VIA POSTAL. É válida a ciência por edital quando restar comprovado nos autos que a ciência por via postal foi improfícua, em razão da recusa no recebimento da correspondência, devidamente atestada pelo agente dos Correios no Aviso de Recebimento. Recurso Voluntário Não Conhecido." A decisão foi assim registrada: "Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em NÃO CONHECER do recurso, pois intempestivo." Antes mesmo de ser cientificado do acórdão em 16/05/2012 (Termo de Ciência de fls. 754), o Contribuinte opôs, em 14/05/2012, os Embargos de Declaração de fls. 760 a 764. Cientificado da rejeição de seus Embargos Declaratórios em 30/10/2012 (fls. 777/778), o Contribuinte interpôs, em 12/11/2012, o Recurso Especial de fls. 779 a 810, suscitando as seguintes matérias: validade da intimação por edital; e necessidade de apreciação da decadência, independentemente da tempestividade do recurso, por ser matéria de ofício. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme despacho de 07/06/2013 (fls. 848 a 850). Cientificada em 22/08/2013 (Despacho de Encaminhamento de fls. 851), a Fazenda Nacional ofereceu, em 03/09/2013 (Despacho de Encaminhamento de fls. 861), as Contrarrazões de fls. 852 a 860. Voto Fl. 863DF CARF MF Impresso em 12/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 14/0 3/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO Processo nº 10803.000076/200817 Acórdão n.º 9202003.811 CSRFT2 Fl. 863 3 Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo O Recurso Especial interposto pelo Contribuinte é tempestivo, restando perquirir acerca do atendimento aos demais pressupostos de admissibilidade. A Fazenda Nacional ofereceu Contrarrazões tempstivas. As matérias suscitadas pelo Recorrente são: validade da intimação por edital; e necessidade de apreciação da decadência, independentemente da tempestividade do recurso, por ser matéria de ofício. Relativamente à primeira matéria, o Contribuinte defende que a intimação por edital não seria válida, quando a tentativa de intimação por via postal restou improfícua, porém foi efetivada uma única vez. Como paradigmas, indica os Acórdãos nºs 280101.321 e 2801001.325. Antes de proceder à análise dos paradigmas, importa salientar que se trata de Recurso Especial de Divergência, e que esta somente se caracteriza quando, em face de situações fáticas similares, em que se interpreta a mesma legislação, são adotadas soluções diversas. Assim, tornase imprescindível a verificação acerca das situações fáticas retratadas nos acórdãos recorrido e paradigmas. Com estas considerações, constatase que no acórdão recorrido a intimação por via postal foi considerada improfícua, tendo em vista que a correspondência da Receita Federal foi recusada, daí a intimação editalícia. Confirase os respectivos trechos do acórdão recorrido: Ementa "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2003, 2004 CIÊNCIA POR EDITAL. VALIDADE. RECUSA DO RECEBIMENTO DA INTIMAÇÃO POR VIA POSTAL. É válida a ciência por edital quando restar comprovado nos autos que a ciência por via postal foi improfícua, em razão da recusa no recebimento da correspondência, devidamente atestada pelo agente dos Correios no Aviso de Recebimento. Recurso Voluntário Não Conhecido." (grifei) Voto "Colhese dos autos que o Acórdão da decisão de primeira instância foi encaminhado para o contribuinte por via postal, Aviso de Recebimento (AR), fls. 509. Do referido AR consta informação prestada pelo agente dos Correios, identificado por nome e matrícula, que a correspondência foi recusada. Fl. 864DF CARF MF Impresso em 12/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 14/0 3/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO 4 Diante de tal fato, a autoridade administrativa procedeu a ciência do Acórdão por Edital, fls. 510, que foi afixado em 10/05/2010." (grifei) Por outro lado, no caso dos paradigmas Acórdãos nºs 280101.321 (fls. 811 a 818) e 2801001.325 (fls. 819 a 827) não se verificou a recusa da correspondência, e sim a ausência do contribuinte, o que levou à conclusão de que o meio não poderia ser considerado improfícuo com uma única tentativa, daí a rejeição da utilização da intimação editalícia. Confirase as respectivas ementas, cuja redação é idêntica: "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2005 INTIMAÇÃO POR EDITAL. VALIDADE. REQUISITOS. Para que a intimação por edital seja válida, fazse necessário que tenha resultado improfícuo um dos meios previstos no caput do artigo 23 do Decreto n° 70.235/72. Uma única tentativa de intimação via postal, em que se constatou a ausência do contribuinte, não justifica o uso da intimação por edital. (...)" (grifei) Destarte, constatase que as situações fáticas são distintas, exatamente no ponto que motivou a consideração acerca de ser improfícuo ou não o meio de intimação utilizado, daí a intimação por edital. Com efeito, no caso do acórdão recorrido a recusa no recebimento da correspondência caracterizou como improfícuo o meio. Já no caso dos paradigmas, a ausência do contribuinte, constatada apenas com uma tentativa, não caracterizaria o meio como improfícuo. Assim, resta claro que as soluções diversas não resultaram de interpretação divergente da legislação, mas sim das situações fáticas diversas: recusa no recebimento da correspondência e ausência do contribuinte. Como se não bastasse tal constatação, os paradigmas ainda registram, de forma idêntica, em seus respectivos votos condutores: "Em que pese o acima exposto, não se pode excluir a hipótese de intimação por edital, haja vista sua previsão legal, entretanto sua aplicação deve restringirse àquelas situações em que seja latente a impossibilidade de intimar o contribuinte pelo meio escolhido e, principalmente nas hipóteses em que se vislumbre que o destinatário está evitando ser intimado. Como no caso em discussão foi escolhida a via postal, cumpre verificar se resultou improfícuo esse meio para cientificar a contribuinte. Analisando o caso em pauta constato que não se encontram presentes as condições que permitem que a intimação fosse feita por edital. O fato de a intimação via postal ter sido devolvida com a informação que a contribuinte estava ausente não constitui razão para considerar, de imediato, o meio utilizado como improfícuo e decidase pela intimação por edital. É perfeitamente plausível que a contribuinte não estivesse em seu domicílio no momento da entrega da intimação, sendo precipitada a opção pela intimação por edital Fl. 865DF CARF MF Impresso em 12/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 14/0 3/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO Processo nº 10803.000076/200817 Acórdão n.º 9202003.811 CSRFT2 Fl. 864 5 sem que houvesse uma nova tentativa de intimála via postal. " (grifei) Assim, constatase que a principal exceção para a aplicação da tese defendida nos paradigmas, é exatamente a situação verificada no acórdão recorrido, ou seja, quando se vislumbra que o destinatário está evitando ser intimado. Afinal, a recusa no recebimento de uma correspondência da Receita Federal, mormente quando já existe um processo administrativo fiscal em curso, obviamente materializa a hipótese de que "o destinatário está evitando ser intimado". Diante do exposto, constatandose que não existe similitude fática entre os acórdãos recorrido e paradigmas, e que a ressalva registrada nos paradigmas corresponde à situação do recorrido, não há como caracterizarse a alegada divergência jurisprudencial, de sorte que esta primeira matéria validade da intimação por edital não pode ser conhecida. Relativamente à segunda matéria suscitada necessidade de apreciação da decadência, independentemente da tempestividade do recurso, por ser matéria de ofício o Contribuinte indica como paradigma o Acórdão nº 280300.326. Mais uma vez, antes de proceder à análise do paradigma, registrese que a divergência somente se caracteriza quando, em face de situações fáticas similares, em que se interpreta a mesma legislação, são adotadas soluções diversas, de sorte que mais uma vez tornase imprescindível a verificação acerca das situações fáticas retratadas nos acórdãos recorrido e paradigma. No caso do acórdão recorrido, tratase de exigência de Imposto de Renda Pessoa Física, acrescido de multa qualificada de 150%, e o Recurso Voluntário não foi conhecido por intempestividade. No apelo constava a alegação de decadência, pedindose a aplicação do art. 150, § 4º, do CTN. Confirase o relatório do acórdão recorrido: Relatório " A infração apurada pela autoridade fiscal, detalhada no Auto de Infração e no Termo de Verificação e Conclusão Fiscal, fls. 78/99, foi acréscimo patrimonial a descoberto, nos meses de dezembro de 2002 e dezembro de 2003. A multa de ofício foi aplicada na sua forma qualificada, no percentual de 150%, pelas razões a seguir extraídas do Termo de Verificação e Conclusão Fiscal: (...) Cientificado da decisão de primeira instância, por edital, fls. 510, afixado em 10/05/2010, o contribuinte apresentou, em 08/10/2010, recurso voluntário, fls. 517/580, no qual traz as alegações a seguir resumidas: (...) Da decadência – Na data do lançamento encontravase alcançado pela decadência o crédito tributário referente ao anocalendário 2002." (grifei) Fl. 866DF CARF MF Impresso em 12/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 14/0 3/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO 6 Já no caso do paradigma Acórdão nº 280300.326 (fls. 828 a 831) tratava se de exigência de Contribuições Sociais Previdenciárias, com base no art. 45 da Lei nº 8.212, de 1991, declarado inconstitucional pelo STF e objeto da Súmula Vinculante do STF nº 8. Confirase o voto condutor do paradigma: "ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/1995 a 31/12/2000 . PROTOCOLO INTEMPESTIVO. NÃO CONHECIMENTO DA IMPUGNAÇÃO E DO RECURSO. PRECLUSÃO A apresentação intempestiva de impugnação ocasiona não o seu não conhecimento, por não ter o condão de iniciar a fase litigiosa do processo administrativa fiscal, devido à preclusão. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE. ORDEM PÚBLICA. APLICAÇÃO DO PRAZO QÜINQÜENAL DE DECADÊNCIA. Em razão do princípio da legalidade e da inconstitucionalidade declarada do art. 45 da Lei n. 8.212/1991 pelo Supremo Tribunal Federal diversas vezes, inclusive na forma da Súmula Vinculante n. 08, o prazo decadencial para a constituição dos créditos previdenciários é de 05 (cinco) anos, contados da data da ocorrência do fato gerador do tributo, nos termos do artigo 150, § 4º , ou do art. 173, ambos do Código Tributário Nacional, conforme o modalidade de lançamento. Recurso Voluntário Provido em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte." (grifei) Assim, de plano constatase que as situações fáticas dos acórdãos recorrido e paradigma não são similares, já que no primeiro há uma simples alegação de decadência, em um Recurso Voluntário não conhecido por intempestividade. Já no caso do paradigma, não se trata de alegação de decadência, mas sim de decadência consumada pela impossibilidade de aplicação do art. 45 da Lei nº 8.212, de 1991, por força de declaração de inconstitucionalidade pelo STF, inclusive com Súmula Vinculante. Destarte, não se pode dizer que, em face do acórdão recorrido, o Colegiado que julgou o acórdão paradigma teria adotado a mesma solução. Ademais, o voto condutor do paradigma não deixa duvidas, no sentido de que a solução adotada não contemplaria os demais casos, tais como o que se verifica no acórdão recorrido. Confirase o voto do paradigma: "Preliminarmente, em face à análise do Recurso e dos autos do processo, atentase à extinção dos créditos constituídos em razão da ocorrência de decadência, contudo por outros motivos, indiferente de futuros vícios ou nulidades que venham ser apontadas. O Supremo Tribunal Federal, conforme entendimento sumulado e obrigatório administração pública, emitiu a Súmula Vinculante de nº 8, no julgamento proferido em 12 de junho de 2008, que pacificou o entendimento da inconstitucionalidade do art. 45 da Lei nº 8.212 de 1991, nestas palavras: Fl. 867DF CARF MF Impresso em 12/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 14/0 3/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO Processo nº 10803.000076/200817 Acórdão n.º 9202003.811 CSRFT2 Fl. 865 7 Súmula Vinculante n° 8 'Sao inconstitucionais os parágrafo único do artigo 5° do Decretolei 1569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário'. Conforme previsto no art. 103A da Constituição Federal a Súmula de n ° 8 vincula toda a Administração Pública, devendo este Colegiado aplicála Art. 103A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de oficio ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. Uma vez não sendo mais possível a aplicação do art. 45 da Lei n° 8.212, há que serem observadas as regras previstas no CTN. Observese a NFLD é referente as fatos geradores não declarados em instrumentos próprios nos períodos de 01/1999 a 12/2000. Neste caso, apesar da natureza das contribuições tendentes ao lançamento por homologação, mas que os créditos foram levantados por meio de arbitramento, apuração em outros documentos, em face da não localização dos mesmos, o que tornao em lançamento por ofício (art. 150, §4°, e 149, CF/1998), devendose seguir o disposto no art. 173, I, c/c art. 156, inciso V, do CTN, contando o prazo de 5 (cinco) anos do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado." (grifei) Assim, mais uma vez se constata que a situação que levou o Colegiado que julgou o paradigma a ultrapassar a intempestividade e declarar a decadência foi a existência de uma Súmula Vinculante e a determinação contida no art. 103A, da Constituição Federal. Destarte, as soluções diversas não decorreram de interpretação divergente dada à legislação tributária, mas sim às diferentes situações fáticas retratadas nos acórdãos recorrido e paradigma, de sorte que esta segunda matéria necessidade de apreciação da decadência, independentemente da tempestividade do recurso, por ser matéria de ofício também não pode ser conhecida. Diante do exposto, não conheço do Recurso Especial interposto pelo Contribuinte. (assinado digitalmente) MARIA HELENA COTTA CARDOZO Relatora Fl. 868DF CARF MF Impresso em 12/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 14/0 3/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO 8 Fl. 869DF CARF MF Impresso em 12/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 14/0 3/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO
score : 1.0
Numero do processo: 13864.000206/2007-04
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue May 10 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Jun 08 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2004, 2005
DEDUÇÕES INEXISTENTES. DESPESAS MÉDICAS, DE INSTRUÇÃO E PREVIDÊNCIA PRIVADA. REITERAÇÃO. MULTA QUALIFICADA.
É cabível a aplicação de multa qualificada, no caso de utilização, na Declaração de Ajuste Anual, por dois anos-calendário consecutivos, de deduções indevidas de despesas médicas, de instrução e de doações aos fundos da criança e do adolescente, que o próprio Contribuinte confessa serem inexistentes.
Recurso Especial do Procurador provido
Numero da decisão: 9202-003.983
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso. Vencidas as Conselheiras Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Maria Teresa Martinez Lopez, que negaram provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO - Presidente.
(assinado digitalmente)
MARIA HELENA COTTA CARDOZO - Relatora.
EDITADO EM: 23/05/2016
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (Vice-Presidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra.
Nome do relator: MARIA HELENA COTTA CARDOZO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201605
camara_s : 2ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2004, 2005 DEDUÇÕES INEXISTENTES. DESPESAS MÉDICAS, DE INSTRUÇÃO E PREVIDÊNCIA PRIVADA. REITERAÇÃO. MULTA QUALIFICADA. É cabível a aplicação de multa qualificada, no caso de utilização, na Declaração de Ajuste Anual, por dois anos-calendário consecutivos, de deduções indevidas de despesas médicas, de instrução e de doações aos fundos da criança e do adolescente, que o próprio Contribuinte confessa serem inexistentes. Recurso Especial do Procurador provido
turma_s : 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Wed Jun 08 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 13864.000206/2007-04
anomes_publicacao_s : 201606
conteudo_id_s : 5595417
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Jun 08 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 9202-003.983
nome_arquivo_s : Decisao_13864000206200704.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : MARIA HELENA COTTA CARDOZO
nome_arquivo_pdf_s : 13864000206200704_5595417.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso. Vencidas as Conselheiras Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Maria Teresa Martinez Lopez, que negaram provimento ao recurso. (assinado digitalmente) CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO - Presidente. (assinado digitalmente) MARIA HELENA COTTA CARDOZO - Relatora. EDITADO EM: 23/05/2016 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (Vice-Presidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra.
dt_sessao_tdt : Tue May 10 00:00:00 UTC 2016
id : 6400889
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:49:30 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048420535500800
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1754; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT2 Fl. 236 1 235 CSRFT2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 13864.000206/200704 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9202003.983 – 2ª Turma Sessão de 10 de maio de 2016 Matéria Penalidades multa qualificada Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado JOSÉ ANTONIO BERNINI ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2004, 2005 DEDUÇÕES INEXISTENTES. DESPESAS MÉDICAS, DE INSTRUÇÃO E PREVIDÊNCIA PRIVADA. REITERAÇÃO. MULTA QUALIFICADA. É cabível a aplicação de multa qualificada, no caso de utilização, na Declaração de Ajuste Anual, por dois anoscalendário consecutivos, de deduções indevidas de despesas médicas, de instrução e de doações aos fundos da criança e do adolescente, que o próprio Contribuinte confessa serem inexistentes. Recurso Especial do Procurador provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso. Vencidas as Conselheiras Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Maria Teresa Martinez Lopez, que negaram provimento ao recurso. (assinado digitalmente) CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Presidente. (assinado digitalmente) MARIA HELENA COTTA CARDOZO Relatora. EDITADO EM: 23/05/2016 AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 86 4. 00 02 06 /2 00 7- 04 Fl. 236DF CARF MF Impresso em 08/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 07/0 6/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 23/05/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO 2 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (VicePresidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra. Relatório Trata o presente processo, de exigência de Imposto de Renda Pessoa Física, acrescido de juros de mora e multa de ofício, tendo em vista a apuração de deduções indevidas de dependentes, despesas médicas e despesas com instrução, nos anoscalendário de 2003 e 2004, e doações aos fundos da criança e do adolescente, no anocalendário de 2004, conforme Auto de Infração de fls. 86 a 108. A multa de ofício foi qualificada no percentual de 150%, exceto no que tange à glosa de dependentes. Conforme os esclarecimentos prestados pelo Contribuinte às fls. 40 a 43, não foram realizadas as despesas com instrução, médicas e a título de doação aos fundos da criança e do adolescente. O Contribuinte informou também haver contratado, por indicação, um contador para elaboras suas Declarações de Ajuste Anual. De acordo com Termo de Constatação Fiscal de fls. 64/65, o Contribuinte e diversas outras pessoas físicas utilizavamse do serviço do contador, que se tornou alvo de investigação policial, evidenciandose a utilização de despesas falsas nas declarações. Em sessão plenária de 29/10/2009, foi julgado o Recurso Voluntário, prolatandose o Acórdão nº 210200.356 (fls. 167 a 174), assim ementado: "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2004,2005 IRPF GLOSAS DE DESPESAS RESPONSABILIDADE PELO PAGAMENTO DO IMPOSTO A responsabilidade pelo recolhimento do IRPF decorrente de glosa de despesas indevidamente deduzidas pelo contribuinte é sempre sua, independentemente do fato de suas Declarações de Ajuste Anual terem sido elaboradas por um terceiro contratado para este fim. MULTA QUALIFICADA EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE JUSTIFICATIVA PARA APLICAÇÃO DA MULTA Somente é justificável a exigência da multa qualificada prevista no artigo art. 44, II, da Lei n 9.430, de 1996, quando o contribuinte tenha procedido com evidente intuito de fraude, nos casos definidos nos artigos 71, 72 e 73 da Lei n°. 4.502, de 1964. O evidente intuito de fraude deverá ser minuciosamente justificado e comprovado nos autos." A decisão foi assim registrada: Fl. 237DF CARF MF Impresso em 08/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 07/0 6/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 23/05/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO Processo nº 13864.000206/200704 Acórdão n.º 9202003.983 CSRFT2 Fl. 237 3 "ACORDAM os Membros do Colegiado, por unanimidade de votos, DAR parcial provimento ao recurso, para reduzir a multa de ofício de 150% para 75%, nos termos do voto da Relatora.” Cientificada do acórdão em 30/03/2012 (fls. 1670, a Fazenda Nacional interpôs, em 31/03/2010 (fls. 211), o Recurso Especial de fls. 170 a 210, com fundamento no art. 67, do Anexo II, do Regimento Interno do CARF – RICARF, visando rediscutir a desqualificação da multa de ofício. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme despacho de 06/10/2010 (fls. 218 a 228). No apelo, a Fazenda Nacional alega, em síntese: primeiramente cumpre informar que, sobre a qualificação da multa, não pode prosperar o que aduz o contribuinte, que incorreu em mera dedução indevida, que não agiu com dolo e que o seu contador agiu sem seu consentimento, ao incluir em sua declaração deduções de despesas inexistentes e, portanto, não pode ser responsabilizado por atos de terceiros; ora, somente a alegação de que sua declaração foi formulada por um terceiro e que este incluiu informações indevidas, sem o seu consentimento, não retira a responsabilidade do declarante pelas informações constantes na declaração, pois é inaceitável que o próprio contribuinte não tenha tomado conhecimento do conteúdo de sua declaração, onde constam deduções de despesas médicas que não realizou; a responsabilidade pela declaração, ainda que formulada por um terceiro, é do contribuinte, portanto se identificada a dedução de despesas que se sabe não foram realizadas, com o fito de reduzir o montante do imposto devido, resta caracterizado o evidente intuito de fraude e, portanto, é devida a qualificação da multa de ofício; por outro lado, a manutenção da qualificação da multa de ofício em 150% deve prevalecer, pois temos que a aplicação desta para alguns períodos contidos no lançamento teve amparo no art. 44, II, da Lei n° 9.430, de 1996; a aplicação da multa de ofício qualificada de 150% tem lugar quando se comprova tratarse de casos evolvendo evidente intuito de fraude, como definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502, de 1964; nesses casos, deve sempre estar caracterizada a presença do dolo, um comportamento intencional, específico, de causar dano à Fazenda Pública, onde se utiliza de subterfúgios a fim de escamotear a ocorrência do fato gerador ou retardar o seu conhecimento por parte da autoridade fazendária, ou seja, o dolo é elemento específico da sonegação, da fraude e do conluio, que os diferenciam da mera falta de pagamento do tributo ou da simples omissão de rendimentos na declaração de ajuste, seja ela pelos mais variados motivos que se aleguem; a caracterização do intuito doloso do Contribuinte, não olvidamos, é de difícil demonstração por parte da fiscalização; no presente caso, conforme descrito pela autoridade fiscal e confirmado pela DRJ, houve a qualificação da multa, tendo em vista condutas de cunho fraudatório, Fl. 238DF CARF MF Impresso em 08/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 07/0 6/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 23/05/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO 4 praticadas deduções indevidas de valores da base de cálculo do IRPF, relativos aos anos calendário 2004 a 2005, ensejando a redução de impostos e contribuições, sendo conduta reiterada do contribuinte; pelo supra exposto, claramente se configura glosa dolosa para impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária, da ocorrência do fato gerador do imposto de renda. embora de difícil comprovação, o intuito doloso denunciase por meio de indícios ou elementos, que analisados isoladamente conduzem a uma interpretação que se afasta da realidade, mas que, por outro lado, se analisados em seu conjunto, demonstram cabalmente o animus doloso de fraudar o fisco; como se vislumbra facilmente, não se tratou de apenas um ano de glosa de despesas médicas indevidas, a situação é bastante distinta, tornandose absolutamente inverossímil a idéia de que o contribuinte teria cometido meros equívocos, já que as quantias deduzidas foram reiteradas; dessa forma, como bem concluiu a autoridade julgadora de primeira instância, diante da reiterada e sistemática insubordinação aos ditames da lei, não há como considerar involuntária a conduta do contribuinte, mas sim como uma conseqüência direta da intenção deliberada de deduzir indevidamente valores do ajuste anual, o que torna perfeitamente aplicável a multa qualificada prevista no inciso II, do artigo 44, da Lei n° 9.430, de 1996. Ao final, a Fazenda Nacional pede que seja conhecido e provido o Recurso Especial, reformandose o acórdão recorrido, para restabelecer a multa de 150%. Às fls. 286 consta a Representação Secat/042/2014, informando que o Contribuinte foi cientificado do acórdão recorrido e do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional em 02/01/2014, quedandose silente. A Delegacia da Receita Federal em São José dos Campos/SP informa às fls. que o Contribuinte, intimado, quedouse silente e que a parte incontroversa do crédito tributário foi transferida para o processo nº 16062.000255/0201149. Voto Conselheira MARIA HELENA COTTA CARDOZO O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. Tratase de exigência de Imposto de Renda Pessoa Física, acrescido de juros de mora e multa de ofício, tendo em vista a apuração de deduções indevidas, nos anos calendário de 2003 e 2004. A multa de ofício foi qualificada no percentual de 150%, exceto no que tange à glosa de dependentes. Conforme os esclarecimentos prestados pelo próprio Contribuinte às fls. 40 a 43, não foram realizadas, portanto não são verdadeiras as despesas com instrução, médicas e a título de doação aos fundos da criança e do adolescente. O Contribuinte informou também haver contratado, por indicação, um contador para elaborar suas Declarações de Ajuste Anual. Fl. 239DF CARF MF Impresso em 08/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 07/0 6/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 23/05/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO Processo nº 13864.000206/200704 Acórdão n.º 9202003.983 CSRFT2 Fl. 238 5 Dito profissional, alvo de investigação policial, prestava tal serviço para diversos outros Contribuintes, evidenciandose a utilização de falsas despesas. No acórdão recorrido, desqualificouse a multa de ofício, ao argumento de que não teria sido comprovado o dolo por parte do Contribuinte, já que as declarações em tela teriam sido elaboradas por contador por ele contratado. Em face de tal alegação, cabe trazer à colação o art. 136 do CTN, segundo o qual a responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato. A multa qualificada de 150%, por sua vez, é aplicável, conforme determina o art. 44, da Lei nº 9.430, de 1996, quando se caracteriza uma das hipóteses definidas nos artigos 71,72 e 73, da Lei n° 4.502, de 1964, a seguir transcritos: "Art. 71. Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais do contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou crédito tributário correspondente. Art. 72. Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido, ou a evitar ou diferir o seu pagamento. Art. 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos artigos 71 e 72." Com efeito, a utilização, por parte do Contribuinte, durante dois anos calendário consecutivos, de deduções indevidas, sem qualquer comprovação, que ele próprio reconhece que os respectivos gastos não foram efetuados, não deixa dúvidas sobre o intuito doloso, no sentido de, utilizandose de pagamentos inexistentes, reduzir a base de cálculo e, consequentemente, aumentar indevidamente a restituição do Imposto de Renda, conduta esta que não pode ser admitida. Ademais, o beneficiário desta majoração indevida da restituição era o Contribuinte. Diante do exposto, dou provimento ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional, para restabelecer a qualificação da multa de ofício, nos casos em que ela foi aplicada por ocasião da autuação. (assinado digitalmente) MARIA HELENA COTTA CARDOZO Relatora Fl. 240DF CARF MF Impresso em 08/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 07/0 6/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 23/05/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO 6 Fl. 241DF CARF MF Impresso em 08/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 07/0 6/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 23/05/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO
score : 1.0
Numero do processo: 10580.725171/2009-61
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Jun 22 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Aug 04 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2005, 2006, 2007
RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. DIFERENÇAS DE URV. MINISTÉRIO PÚBLICO DA BAHIA. NATUREZA TRIBUTÁVEL
Sujeitam-se à incidência do Imposto de Renda, conforme o regime de competência, as verbas recebidas acumuladamente pelos membros do Ministério Público do Estado da Bahia, denominadas "diferenças de URV", inclusive os juros remuneratórios sobre elas incidentes, por absoluta falta de previsão legal para que sejam excluídas da tributação.
Recurso Especial do Contribuinte conhecido e provido parcialmente
Numero da decisão: 9202-004.236
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento parcial para determinar o cálculo do tributo de acordo com o regime de competência, vencidos os conselheiros Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes, Gerson Macedo Guerra e Maria Teresa Martínez López, que lhe deram provimento integral.
(assinado digitalmente)
CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO - Presidente.
(assinado digitalmente)
MARIA HELENA COTTA CARDOZO - Relatora.
EDITADO EM: 01/07/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO (Presidente), HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, ANA PAULA FERNANDES, ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, MARIA HELENA COTTA CARDOZO, PATRICIA DA SILVA, LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI e GERSON MACEDO GUERRA.
Nome do relator: MARIA HELENA COTTA CARDOZO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201606
camara_s : 2ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2005, 2006, 2007 RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. DIFERENÇAS DE URV. MINISTÉRIO PÚBLICO DA BAHIA. NATUREZA TRIBUTÁVEL Sujeitam-se à incidência do Imposto de Renda, conforme o regime de competência, as verbas recebidas acumuladamente pelos membros do Ministério Público do Estado da Bahia, denominadas "diferenças de URV", inclusive os juros remuneratórios sobre elas incidentes, por absoluta falta de previsão legal para que sejam excluídas da tributação. Recurso Especial do Contribuinte conhecido e provido parcialmente
turma_s : 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Thu Aug 04 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 10580.725171/2009-61
anomes_publicacao_s : 201608
conteudo_id_s : 5615588
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Aug 05 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 9202-004.236
nome_arquivo_s : Decisao_10580725171200961.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : MARIA HELENA COTTA CARDOZO
nome_arquivo_pdf_s : 10580725171200961_5615588.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento parcial para determinar o cálculo do tributo de acordo com o regime de competência, vencidos os conselheiros Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes, Gerson Macedo Guerra e Maria Teresa Martínez López, que lhe deram provimento integral. (assinado digitalmente) CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO - Presidente. (assinado digitalmente) MARIA HELENA COTTA CARDOZO - Relatora. EDITADO EM: 01/07/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO (Presidente), HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, ANA PAULA FERNANDES, ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, MARIA HELENA COTTA CARDOZO, PATRICIA DA SILVA, LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI e GERSON MACEDO GUERRA.
dt_sessao_tdt : Wed Jun 22 00:00:00 UTC 2016
id : 6455654
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:51:00 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048420754653184
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 30; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2065; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT2 Fl. 543 1 542 CSRFT2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10580.725171/200961 Recurso nº Especial do Contribuinte Acórdão nº 9202004.236 – 2ª Turma Sessão de 22 de junho de 2016 Matéria IRPF rendimentos recebidos acumuladamente Recorrente JOSE FERREIRA DE SOUZA FILHO Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2005, 2006, 2007 RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. DIFERENÇAS DE URV. MINISTÉRIO PÚBLICO DA BAHIA. NATUREZA TRIBUTÁVEL Sujeitamse à incidência do Imposto de Renda, conforme o regime de competência, as verbas recebidas acumuladamente pelos membros do Ministério Público do Estado da Bahia, denominadas "diferenças de URV", inclusive os juros remuneratórios sobre elas incidentes, por absoluta falta de previsão legal para que sejam excluídas da tributação. Recurso Especial do Contribuinte conhecido e provido parcialmente Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por voto de qualidade, em darlhe provimento parcial para determinar o cálculo do tributo de acordo com o regime de competência, vencidos os conselheiros Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes, Gerson Macedo Guerra e Maria Teresa Martínez López, que lhe deram provimento integral. (assinado digitalmente) CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Presidente. (assinado digitalmente) MARIA HELENA COTTA CARDOZO Relatora. EDITADO EM: 01/07/2016 AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 72 51 71 /2 00 9- 61 Fl. 543DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 04/0 7/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO (Presidente), HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, ANA PAULA FERNANDES, ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA, MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ, MARIA HELENA COTTA CARDOZO, PATRICIA DA SILVA, LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI e GERSON MACEDO GUERRA. Relatório Tratase de Auto de Infração relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física dos anoscalendário de 2004, 2005 e 2006, acrescido de multa de ofício no percentual de 75% e juros de mora, tendo em vista a reclassificação, como tributáveis, de rendimentos declarados como isentos, recebidos do Ministério Público do Estado da Bahia a título de “Valores Indenizatórios de URV”, em trinta e seis parcelas, no período de janeiro de 2004 a dezembro de 2006, em decorrência da Lei Complementar do Estado da Bahia nº 20, de 08/09/2003, editada em virtude do objeto da Ação Ordinária de nº 140.975921531, julgada pelo Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, e em consonância com os precedentes do Supremo Tribunal Federal, especialmente nas Ações Ordinárias nºs 613 e 614. A citada verba corresponde a diferenças de remuneração verificadas quando da conversão de Cruzeiro Real para URV, em 1994. Na apuração da exigência não foram considerados valores com origem em décimo terceiro salário e em abono de férias. A forma de cálculo aplicada foi a determinada no Parecer PGFN/CRJ nº 287/2009, aprovado pelo Ministro da Fazenda no DOU de 11/05/2009, que dispõe sobre rendimentos recebidos acumuladamente, levando em conta as tabelas e alíquotas das épocas próprias a que se referem os rendimentos, seno o cálculo mensal e não global (fls. 11). Em sessão plenária de 06/06/2011, foi julgado o Recurso Voluntário, exarandose o Acórdão nº 220201.181 (fls. 269 a 278), assim ementado: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2004, 2005, 2006 IRPF RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA Constatada a omissão de rendimentos sujeitos à incidência do imposto de renda na declaração de ajuste anual, é legítima a constituição do crédito tributário na pessoa física do beneficiário, ainda que a fonte pagadora não tenha procedido à respectiva retenção (Súmula CARF nº 12). ARGÜIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE O CARF não é competente para se pronunciar sobre inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2). IR COMPETÊNCIA CONSTITUCIONAL A repartição do produto da arrecadação entre os entes federados não altera a competência tributária da União para instituir, arrecadar e fiscalizar o Imposto sobre a Renda. RENDIMENTOS TRIBUTÁVEIS. ABONO VARIÁVEL NATUREZA INDENIZATÓRIA MINISTÉRIO PÚBLICO Fl. 544DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 04/0 7/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO Processo nº 10580.725171/200961 Acórdão n.º 9202004.236 CSRFT2 Fl. 544 3 ESTADUAL. VEDAÇÃO À EXTENSÃO DE NÃOINCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA. Inexistindo dispositivo de lei federal atribuindo às verbas recebidas pelos membros do Ministério Público Estadual a mesma natureza indenizatória do abono variável previsto pela Lei n° 10477, de 2002, descabe excluir tais rendimentos da base de cálculo do imposto de renda, haja vista ser vedada a extensão com base em analogia em sede de não incidência tributária. MULTA DE OFÍCIO ERRO ESCUSÁVEL Se o contribuinte, induzido pelas informações prestadas pela fonte pagadora, incorreu em erro escusável quanto à tributação e classificação dos rendimentos recebidos, não deve ser penalizado pela aplicação da multa de ofício. JUROS DE MORA Não comprovada a tempestividade dos recolhimentos, correta a exigência, via auto de infração, nos termos do art. 43 e 44 da Lei nº. 9.430, de 1996. Preliminares Rejeitadas. Recurso Voluntário Provido em Parte" A decisão foi assim registrada: " Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares suscitadas pelo Recorrente e, no mérito, pelo voto de qualidade, dar provimento parcial ao recurso para excluir da exigência a multa de ofício, por erro escusável. Vencidos os Conselheiros Ewan Teles Aguiar (Relator), Rafael Pandolfo e Pedro Anan Júnior, que proviam o recurso. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Antonio Lopo Martinez." O processo foi enviado à PGFN, que não interpôs Recurso Especial (fls. 281). Cientificado do acórdão em 30/04/2013 (AR Aviso de Recebimento de fls. fls. 368), o Contribuinte opôs, em 03/05/2013, os Embargos de Declaração de fls. 334 a 348, rejeitados conforme o Despacho de Admissibilidade de Embargos de fls. 374/375. Intimado da rejeição de seus Embargos Declaratórios em 05/09/2013 (fls. 449), o Contribuinte interpôs, em 13/09/2013, o Recurso Especial de fls. 452 a 486, fundamentado no art. 67, do Anexo II, do RICARF, visando rediscutir as seguintes matérias: não incidência do Imposto de Renda sobre diferenças de URV, que teriam natureza indenizatória e, caso assim não se entenda, não incidência de Imposto de Renda sobre a rubrica correspondente a juros de mora. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme despacho de 25/06/2015 (fls. 525 a 528). Em seu Recurso Especial, o Contribuinte alega, em síntese: Fl. 545DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 04/0 7/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO 4 Natureza indenizatória das diferenças da URV. Não incidência do Imposto de Renda a URV nasceu com a MP 434/94, como medida necessária ao controle inflacionário à época e substituta do padrão monetário até então vigente; assim preceitua o art. 1º da Medida Provisória n. 434/94: Art. 1° Fica instituída a Unidade Real de Valor (URV), dotada de curso legal para servir exclusivamente como padrão de valor monetário, de acordo com o disposto nesta medida provisória. § I o A URV, juntamente com o cruzeiro real, integra o Sistema Monetário Nacional, continuando o cruzeiro real a ser utilizado como meio de pagamento dotado de poder liberatório, de conformidade com o disposto no art. 3o. § 2o A URV, no dia I o de março de 1994, corresponde a CR$ 647,50 (seiscentos e quarenta e sete cruzeiros reais e cinqüenta centavos). a função a ser exercida pela URV era de compensar a perda do poder aquisitivo resultante da inflação desenfreada, verificada à época, como dispõe a própria Medida Provisória: Art. 4o O Banco Centrai do Brasil, até a emissão do Real, fixará a paridade diária entre o cruzeiro real e a URV, tomando por base a perda do poder aquisitivo do cruzeiro real. [...] § 2o A perda de poder aquisitivo do cruzeiro real, em relação à URV, poderá ser usada como índice de correção monetária. assim, começa a definirse a moldura das parcelas em exame; a norma legal tinha por intuito conferir segurança à economia, garantindo que a nova moeda não restasse contaminada pelo ciclo inflacionário, sendo caracterizada a URV como expressão da perda do poder aquisitivo da moeda antiga cruzeiro real; há, portanto, evidente caráter compensatório da URV desde a sua gênese, o que certamente conduz à conclusão pela não incidência do Imposto de Renda, como bem adotado pelo Primeiro Acórdão; as parcelas referentes às diferenças de URV não representam qualquer acréscimo patrimonial, produto do capital ou do trabalho, mas constituem ressarcimento pelo erro no cálculo da remuneração, na oportunidade da conversão de cruzeiro real para URV e, consequentemente, reposição de quantias que deveriam integrar a remuneração ao longo do tempo passado, na tentativa de reparar prejuízos; assim sendo, os valores obtidos das diferenças de URV tiveram a finalidade de ressarcir o Recorrente pela reposição de quantias que deveriam integrar a remuneração, e que não integraram, causandolhe dano material, cuja reparação somente veio a ocorrer posteriormente quando, após o julgamento de uma Ação Ordinária no Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, foi editada a Lei Complementar baiana n° 20/2003; desse modo, a URV é indenização e não salário; aqui, vale registrar que o acordo para o pagamento das diferenças de remuneração do Recorrente que ocorreu quando houve a conversão do Cruzeiro Real em URV, Fl. 546DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 04/0 7/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO Processo nº 10580.725171/200961 Acórdão n.º 9202004.236 CSRFT2 Fl. 545 5 em 36 parcelas, para os membros do Ministério Público do Estado da Bahia, se deu através da Lei Estadual Complementar n° 20/2003, não correspondendo a qualquer permuta do trabalho/serviço por moeda, o que tornaria clara a natureza salarial; configura, isto sim, permuta de um direito por moeda, ou seja, a realização de um direito de forma diversa da sua natureza, o que consubstancia a natureza indenizatória da verba; possuindo a URV o caráter de verba indenizatória, não se afigura legal a incidência da exação tributária; não por outro motivo que o Supremo Tribunal Federal editou a Resolução n. 245, com o propósito de conferir tratamento definitivo à controvérsia, deixando claro que se cuida de verba indenizatória os abonos conferidos aos magistrados federais em razão das diferenças de URV e, por esse motivo, isentos da contribuição previdenciária do imposto de renda: RESOLUÇÃO N° 245, DE 12 DE DEZEMBRO DE 2002 Dispõe sobre a forma de cálculo do abono de que trata o artigo 2o e §§ da Lei n° 10.474, de 27 de junho de 2002. Art. I o É de natureza jurídica indenizatória o abono variável e provisório de que trata o artigo 2o da Lei n° 10.474, de 2002, conforme precedentes do Supremo Tribunal Federal. Art. 2o Para os efeitos do artigo 2o da Lei n° 10.474, de 2002, e para que se assegure isonomia de tratamento entre os beneficiários, o abono será calculado individualmente, observandose, conjugadamente, os seguintes critérios: I apuração, mês a mês, de janeiro/98 a maio/2002, da diferença entre os vencimentos resultantes da Lei n° 10.474, de 2002 (Resolução STF n° 235, de 2002), acrescidos das vantagens pessoais, e a remuneração mensal efetivamente percebida pelo Magistrado, a qualquer título, o que Inclui, exemplificativamente, as verbas referentes a diferenças de URV, PAE, 10,87% e recalculo da representação (194%); [...] Art. 3o Serão recalculados, mês a mês, no mesmo período definido no Inciso I do artigo 2o, o valor da contribuição previdenciária e o do imposto de renda retido na fonte, expurgandose da base de cálculo todos e quaisquer reajustes percebidos ou incorporados no período, a qualquer título, ainda que pagos em rubricas autônomas, bem como as repercussões desses reajustes nas vantagens pessoais, por terem essas parcelas a mesma natureza conferida ao abono, nos termos do artigo 1º, observados os seguintes critérios: [...](grifos aditados) ressaltese que o Ministério Público da União, por força da simetria verificada pela Lei n. 10.477/2002, também é contemplado com a isenção que cuida a Resolução n. 245/2002, senão vejase o art. 2o da mencionada Lei, que dispõe sobre a remuneração dos membros do Ministério Público Federal: Fl. 547DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 04/0 7/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO 6 Art. 2o O valor do abono variável concedido pelo art. 6o da Lei nº 9.655. de 2 de iunho de 1998. é aplicável aos membros do Ministério Público da União, com efeitos financeiros a partir da data nele mencionada e passa a corresponder à diferença entre a remuneração mensal percebida pelo membro do Ministério Público da União, vigente à data daquela Lei, e a decorrente desta Lei. [...] (grifos nossos) ademais, salientese que o ProcuradorGeral da República, Geraldo Brindeiro, adotou o mesmo entendimento da Excelsa Corte, autorizando, em 23 de dezembro de 2002, em despacho que ora transcrevese, que fosse dado ao pagamento do abono variável, no qual se incluem as diferenças de URV, devidos do Ministério Público da União, a mesma interpretação conferida pelo Supremo Tribunal Federal na Resolução n. 245/2002: Considerando a Resolução n° 245, de 12 de dezembro de 2002, do Supremo Tribunal Federal, encaminhada a esta Procuradoria Geral da República pelo Presidente daquela Corte, pela qual ficou definida como indenizatória a natureza jurídica do abono variável de que trata o art. 2o da Lei 10.474/2002, bem como estabelecia a sistemática de restituição da contribuição previdenciária e do imposto de renda retido na fonte sobre o referido abono, entre janeiro de 1998 e maio de 2002; considerando que a Lei 10.474/02 guarda estreita correlação com a Lei 10.477/02, determinando, em seu art. 2o o pagamento do abono variável para os membros do Ministério Público da União, de forma análoga àquele estabelecida para os membros da magistratura; considerando a equivalência entre a remuneração dos membros do Poder Judiciário e do Ministério Público da União; considerando, ainda, a , manifestação da Secretaria de Pessoal do Ministério Público Federal no Processo n° 1.00.000.011735/200283, aprovada pela SecretarlaGeral do Ministério Público Federal, AUTORIZO que se dê ao pagamento do abono variável devido aos membros do Ministério Público da União a mesma interpretação conferida pelo Colendo Supremo Tribunal Federal ao abono variável da magistratura por meio da Resolução n° 245, de 12 de dezembro de 2002. (grifos aditados) embora a Resolução voltese para a magistratura federal e, como exposto, para o Ministério Público da União, a equiparação do tema é impositiva e legítima para o caso em tela, como bem exposto no Primeiro Acórdão Paradigma. tanto é assim que, na hipótese da categoria do membro do Ministério Público da Bahia, como é o caso do Recorrente, houve a edição da Lei Complementar nº 20/2003, determinando a natureza indenizatória das parcelas referentes às diferenças de Cruzeiro Real para URV: Art. 3o São de natureza indenizatória as parcelas de que trata o art. 2o desta Lei. como se vê, a Lei Complementar n. 20/2003 mais completa que as demais leis federais previu expressamente a natureza indenizatória da parcela recebida, pelos membros do Ministério Público do Estado da Bahia a título de diferenças de URV. neste ponto, importa saber se o Fisco Federal pode afastar a qualificação jurídica desta verba que tenha sido atribuída por lei estadual, e a resposta é não; Fl. 548DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 04/0 7/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO Processo nº 10580.725171/200961 Acórdão n.º 9202004.236 CSRFT2 Fl. 546 7 como é cediço, toda lei goza de presunção de constitucionalidade, portanto, enquanto subsistir o preceito normativo, falece competência ao Fisco Federal para afastar a qualificação jurídica ali contida; para afastála, portanto, é preciso, previamente, buscar a declaração da sua inconstitucionalidade, o que não ocorreu com a Lei Complementar nº 20/2003; é evidente que esta razão exclusivamente formal presunção de constitucionalidade poderia ser objetada com o argumento de que, ainda que se trate de lei, se o preceito nela contido for manifestamente inconstitucional por dispor sobre matéria que não cabe ao Estado regular ou se seu conteúdo contiver disciplina inequivocadamente conflitante com o ordenamento, a ponto de configurar aquilo que a jurisprudência denomina de "ato teratológico", então o Fisco federal poderia ser recusar a acatar a qualificação jurídica contida em Lei estadual (cita doutrina de Marco Aurelio Greco); ademais, se o diferencial de URV estava incluído no chamado abono variável e se este tem caráter indenizatório em relação aos Magistrados e Procuradores da República como efetivamente o tem , não se pode negar que tenham o mesmo caráter em relação aos membros do Ministério Público dos Estados; como brilhantemente sustentado pelos Conselheiros da 2a Turma Ordinária da 1a Câmara da 2a Seção de Julgamento do CARF, no Primeiro Acórdão Paradigma, tratase, em verdade, de normas que versam exatamente sobre a mesma matéria, mas que se distinguem tão somente porque emanadas de entes políticos diversos União e Estado da Bahia e produzidas em favor de destinatários diversos; se a interpretação conferida às diferenças auferidas pelos Membros do MPF, com base no ar. 2o da Lei n° 10.477/2002, foi de que tais parcelas possuem natureza indenizatória, igual entendimento deve ser adotado em relação às diferenças auferidas pelos Membros do Ministério Público da Bahia, com base na Lei complementar n° 20/2003, pois onde há a mesma razão, deve necessariamente haver o mesmo direito; este, inclusive, é o posicionamento adotado pelo Colendo Superior Tribunal de Justiça, que reconhece a natureza indenizatória das verbas recebidas pelos membros do Ministério Público dos Estados: TRIBUTÁRIO PROCESSO CIVIL CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL INCOMPETÊNCIA DO STJ IMPOSTO SOBRE A RENDA URV DIFERENÇAS RESOLUÇÃO N. 245/STF APLICAÇÃO. 1. Falece competência ao Superior Tribunal de Justiça para conhecer de alegações de ofensa à Constituição Federal. 2. A utilização de fundamento constitucional pelo tribunal local impede a admissão do recurso especial quanto à questão controvertida. 3.Cuidandose de remuneração percebida por magistrado estadual, aplicase na resolução da controvérsia a Resolução n. 245/STF, que considerou de natureza jurídica indenizatória o Fl. 549DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 04/0 7/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO 8 abono variável e provisório de que trata o artigo 2° da Lei n° 10.474, de 2002. 4.Recurso especial conhecido em parte e não provido. (grifos aditados) por fim, esclareçase que a natureza indenizatória da verba não foi, em momento algum, reconhecida no bojo de qualquer lei, seja esta referente à Magistratura Federal (Lei n° 10.474/2002) ou ao Ministério Público Federal (Lei n° 10.477/2002), mas sim pelo órgão jurisdicional supremo, através da edição de Resolução, o que afasta, de logo, a argumentação de que estender a natureza indenizatória às verbas recebidas pelos membros do Ministério Público dos Estados seria promover uma afronta ao princípio da legalidade tributária. entendimento diverso do aqui exposto consubstanciaria literal afronta ao princípio constitucional da isonomia, segundo o qual não se pode dispensar tratamento diferenciado àqueles que se encontram na mesma situação fática, como se demonstrará a seguir. Princípio constitucional da isonomia o caso em tela nos remete ao conceito aristotélico de igualdade, cautelosamente dilapidado e inserido no contexto social ao longo dos séculos, tratando igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na exata medida das suas desigualdades; este é o ponto crucial da presente questão, inclusive tendo sido abordado pelo Primeiro Acórdão Paradigma, pois os descontos tributários pretendidos pela autoridade fiscal representam uma afronta ao princípio isonômico constitucionalmente garantido no art. 5o da Carta Magna; digase mais: haveria uma ofensa dupla ao mencionado princípio, pois, além de dispensar tratamento diferenciado entre os membros da Magistratura Federal e dos Ministérios Públicos Estaduais, em face de situações fáticas iguais, referentes à não tributação de verbas da mesma natureza, ou seja, natureza indenizatória similar do mesmo fato reposição do percentual de 11.98% aos vencimentos dos magistrados federais e promotores de justiça , estaria também dispensando tratamento não isonômico entre os membros do Ministério Público da União e Estadual; ora, o simples fato de possuírem âmbitos de atuação distintos não pode levar à conclusão de que, quando do recebimento das mesmas verbas, os membros do Ministério Público da União sejam beneficiados com a isenção da contribuição previdenciária e do imposto de renda, enquanto que os membros do Ministério Público do Estado sejam apenados com a tributação; conceituase o Ministério Público, de acordo com o art. 127 da Constituição Federal de 1988, como a "instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindolhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis"; entretanto, porque essencial ao exercício da jurisdição, as funções do Ministério Público são exercidas perante todos os organismos judiciários do país; Fl. 550DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 04/0 7/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO Processo nº 10580.725171/200961 Acórdão n.º 9202004.236 CSRFT2 Fl. 547 9 desse modo, há o Ministério Público Federal, ramo que oficia perante cada uma das Justiças da União e perante os Tribunais de superposição (Supremo Tribunal Federal de Superior Tribunal de Justiça) e os Ministérios Públicos dos Estados e do Distrito Federal e Territórios, que atuam junto às respectivas Justiças; tratase de ramos diferentes da mesma instituição, Ministério Público, com a mesma missão constitucional, teleologicamente definida pela fórmula contida no art. 127 e pelas funções institucionais arroladas no art. 129 da Constituição Federal; como aceitar, sem pisar na Constituição da República, que para a mesma instituição. Ministério Público, se adote um tratamento mais benéfico para um ramo, já que os procuradores da república não pagam imposto sobre a verba ora em discussão, em detrimento de um tratamento mais gravoso para outro ramo da mesma instituição, onde se encontra alocado o Recorrente, Procurador de Justiça aposentado do Estado da Bahia? ora, se a verba é a mesma repisese, ressarcimento pelo erro no cálculo da remuneração, na oportunidade da conversão do cruzeiro real para URV e consequentemente reposição de quantias (diferenças) que deveriam integrar a remuneração ao longo do tempo passado, na tentativa de reparar prejuízos , por óbvio, a natureza só pode ser a mesma indenizatória e, assim sendo, escapa a incidência tributária; se os Magistrados federais e Procuradores da República foram isentados do recolhimento do Imposto de Renda na fonte e da contribuição previdenciária, tendo incluído as parcelas das diferenças de URV, o tratamento igualitário se impõe em face da ordem constitucional, ao membro do Ministério Público estadual, como é o caso do Recorrente, em razão da mesma natureza indenizatória entre as verbas, não se pode impor tratamento tão desigual; não se pode admitir que a tributação a que uns estejam submetidos seja diferente daquela a que submetidos todos os que se encontrem em situação equivalente no âmbito público, em razão da função por eles exercida; mais que isso: não se pode imaginar que a União pretenda tributar os agentes estaduais e municipais de forma diversa da que o faz para „us agentes, pois isso seria clara hipótese de discriminação odiosa violadora da isonomia ad interno da Administração Pública; isto significa afirmar, por exemplo, que o Imposto federal sobre a Renda não pode alcançar rendimentos auferidos por agentes estaduais que exerçam função judicante, diferentemente do que ocorrer em relação a rendimentos da mesma natureza auferidos por aqueles que exerçam as mesmas funções no âmbito federal; e mais: que os critérios utilizados para qualificar juridicamente certas verbas não sejam diferentes quando se tratar de agente federal ou estadual, pois esta é, também, uma forma de discriminação. tratandose de isonomia tributária, cumpre deixar claro que viola a isonomia não apenas cobrar de uns e não de outros (pessoas ou rendimentos), mas também reconhecer inexistir incidência em relação a uns e não reconhecêla em relação a outros; Fl. 551DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 04/0 7/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO 10 desonerar uns e não fazêlo em relação a outros é tão discriminatório quanto aumentar a exigência apenas de uns; dessa forma, os descontos que a autoridade fiscal pretende implementar ao Recorrente, membro do Ministério Público Estadual, não há dúvidas, viola o art. 150 da Constituição Federal de 1988 que proíbe expressamente o tratamento desigual entre os contribuintes: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: [...] II instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos: (grifos aditados) do dispositivo acima transcrito se extrai a impossibilidade de tratamento desigual entre os membros do Ministério Público da União e dos Estados, ainda que as parcelas recebidas pelos mesmos possuam denominações distintas, já que, como demonstrado, a proibição de distinção se mantém independentemente da denominação jurídica dos rendimentos recebidos; na verdade, a denominação da verba é irrelevante, é, isto sim, a natureza jurídica de determinada verba que importa para fins de incidência tributária; nestes termos, se uma verba é remuneratória de um serviço, ainda que receba outra denominação, haverá a incidência do Imposto federal; de igual sorte, possuindo a verba natureza indenizatória, não haverá a incidência do Imposto de Renda, independentemente da denominação adotada; no caso em tela, pouco importa se os membros do Ministério Público da União recebem "abono variável" montante que engloba as diferenças de URV e os membros do Ministério Público da Bahia recebem "valores indenizatórios de URV", já que, em que pese a denominação seja distinta, a verba é a mesma e , portanto, deve receber o mesmo tratamento; apenas dessa forma, equiparandose todos os que se encontram diante da mesma situação fática, magistrados/procuradores federais e promotores de justiça, estaria obedecendo ao princípio constitucional da isonomia, tão prestigiado pela nossa Constituição; admitir o contrário como fez o acórdão ora recorrido, divergindo do posicionamento adotado pela 2a Turma Ordinária da 1a Câmara da 2a Seção de Julgamento do CARF é atribuir apenas à Magistratura Federal e ao Ministério Público da União uma vantagem exclusiva e casuística, o que é discutível sob o ponto de vista ético, legal e moral; pelos fundamentos aqui expostos, resta mais do que clarificada a divergência entre os acórdãos cotejados, razão pela qual o acórdão recorrido deve ser imediatamente reformado, para declarar a não incidência do Imposto de Renda sobre os rendimentos recebidos pelo ora Recorrente à título de "diferenças de URV", seja porque tais rendimentos possuem natureza indenizatória e, portanto, não estão inseridos no campo de incidência do imposto federal, seja em razão o necessário tratamento isonômico entre os membros dos Ministérios Públicos da União e do Estado, o que se requer desde já. Fl. 552DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 04/0 7/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO Processo nº 10580.725171/200961 Acórdão n.º 9202004.236 CSRFT2 Fl. 548 11 Da não incidência do imposto de renda sobre juros moratórios. o acórdão ora recorrido se pronuncia de forma sucinta acerca da manutenção dos juros moratórios, mantendo o valor correspondente. nessa senda, a ausência de enfrentamento da matéria pelo acórdão recorrido, apenas mantendo a parcela correspondente aos juros moratórios, diverge frontalmente daquele adotado pela 1a Turma Especial da 2a Seção de Julgamento do CARF, constante do Acórdão n. 280102.264 (paradigma); em idêntica situação fática, a 1a Turma Especial da 2a Seção de julgamento do CARF entendeu dar provimento parcial ao Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte, para excluir da base de cálculo lançada tanto a multa de ofício de 75%, quanto a parcela referente aos iuros moratórios, enquanto que manteve as parcelas de juros de mora na decisão recorrida; neste ponto, vale a transcrição de trecho do voto proferido no Acórdão nº 280102.264 (paradigma), já que o mesmo contraria diretamente o quantum sustentado no acórdão recorrido, senão vejase: Por outro lado, com base no posicionamento da Primeira Seção do STJ no julgamento do Resp n° 1.227.133/RS, submetido à sistemática do art. 543C do CPC e Res. N° 8, de 2008/STJ, que tratam dos recursos repetitivos, verificase que foi negado provimento ao recurso interposto pela Fazenda Nacional e manteve o acórdão da 4a Região, o qual havia decidido que não cabe a tributação pelo Imposto de Renda Pessoa Física sobre os juros moratórios incidentes sobre valores recebidos acumuladamente em decorrência de sentença judicial, por se tratarem de verbas indenizatórias. Respaldado nesse entendimento, entendo que devem ser refeitos os cálculos de fls. 10, que embasam o lançamento, de modo a contemplar a exclusão dos valores recebidos a título de iuros, identificados nos documentos de fls. 19/21 (considerados no demonstrativo de fls. 10). (grifos aditados) vêse que os Conselheiros da mencionada Turma Especial utilizaram, em seus fundamentos, o acórdão proferido pelo Colendo Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do Recurso Especial n. 1.227.133/RS, cuja ementa segue abaixo transcrita: RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. JUROS DE MORA LEGAIS. NATUREZA INDENIZA TÓRIA. NÃO INCIDÊNCIA DE IMPOSTO DE RENDA. Não incide imposto de renda sobre os juros moratórios legais em decorrência de sua natureza e função indenizatória ampla. Recurso especial, julgado sob o rito do art. 543C do CPC, improvido. (grifos aditados) fez bem a 1a Turma Especial da 2a Seção de Julgamento do CARF em adotar o posicionamento do STJ acima transcrito, já que, conforme art. 62A do Regimento Interno do Conselho de Administrativo de Recursos Fiscais, as decisões definitivas de mérito Fl. 553DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 04/0 7/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO 12 proferidas por aquele Tribunal, na sistemática prevista no art. 543B e 543C, do CPC, devem necessariamente ser reproduzidas pelos Conselheiros, em seus julgamentos, senão vejase: Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei n° 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. § 1 o Ficarão sobrestados os julgamentos dos recursos sempre que o STF também sobrestar o julgamento dos recursos extraordinários da mesma matéria, até que seja proferida decisão nos termos do art. 543B. § 2o O sobrestamento de que trata o § 1o será feito de ofício pelo relator ou por provocação das partes. (grifos aditados) nessa senda, havendo matéria julgada pelos Tribunais Superiores sob o rito dos artigos 543B e 543C, os quais reconhecem, respectivamente, a repercussão geral do tema e a repetitividade deste, o posicionamento consolidado deverá ser adotado por este Ilustre Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, conforme transcrito acima; assim, as decisões administrativas devem obedecer e acatar a jurisprudência consolidada acerca de determinada matéria, objetivando uniformizar a aplicação e o entendimento sobre uma matéria no caso concreto há, no caso, como já demonstrado, Recurso Especial n° 1.227.133/RS, julgado sob o rito do artigo 543C do CPC, o qual reconhece a natureza indenizatória dos juros de mora, excluindoos da incidência do Imposto de Renda; o referido entendimento consolidado pelo Superior Tribunal de Justiça reconheceu a natureza indenizatória dos juros de mora, haja vista que estes representam uma indenização pelos danos emergentes do não uso do patrimônio pela mora do devedor, não havendo incidência do Imposto de Renda; seguindo a tradicional divisão dos juros em compensatórios/ remuneratórios e moratórios, podese dizer que o juro de mora é um fruto civil consistente no valor auferido pelo uso do dinheiro alheio, decorrente da privação do credor de seu uso durante um determinado período; no caso, observese que os juros de mora constantes do cálculo da diferença de URV, realizado pelo Ministério Público do Estado da Bahia, visaram recompor o patrimônio do agente público, lesado pela demora na percepção de seus direitos, privado durante o período em que não foram oportuna e mensalmente pagos os valores devidos; os juros de mora representam, portanto, tradicionalmente, uma indenização pelos danos emergentes do não uso do patrimônio, àquilo que perdeu o credor (agente público) pela mora do devedor (Estado da Bahia); hoje, entretanto, com a evolução jurisprudencial, legislativa e doutrinária pertinente à proteção dos direitos, sobretudo personalíssimos, impõese que tais indenizações, para serem completas, abarquem os bens materiais e imateriais; com isso, devese considerar que o conteúdo indenizatório dos juros moratórios abarca não só a reparação do período de tempo em que o credor, com profunda insatisfação, permaneceu privado da posse do bem que lhe seria devido por direito, mas, Fl. 554DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 04/0 7/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO Processo nº 10580.725171/200961 Acórdão n.º 9202004.236 CSRFT2 Fl. 549 13 também, os possíveis e eventuais danos morais, ainda que remotos, os quais não precisam sequer ser alegados, tampouco provados. abrangendo os juros moratórios, em tese, de forma abstrata e heterogênea, eventuais danos materiais, ou apenas imateriais, que não precisam ser discriminados ou provados, não se pode conceber que aqueles representem simples renda ou acréscimo patrimonial, não se enquadrando na forma do art. 43 do Código Tributário Nacional; não é por outra razão que o Min. Cesar Asfor Rocha, em voto proferido no julgamento do Recurso Especial n° 1.227.133/RS, considera derrogado o art. 16 da Lei n. 4.506/1964 que estabelece serem, os juros de mora, classificados como rendimentos do trabalho. Pela importância, as lições do Nobre Ministro: O parágrafo único do dispositivo aqui reproduzido [art. 16 da Lei n. 4.506/1964], a meu ver, encontrase derrogado, tendo em vista que, na linha do que afirmei acima, destinandose atualmente os juros de mora a indenizar, de forma ampla e heterogênea, danos materiais e imateriais, é incompatível com o art. 43 do Código Tributário Nacional e com o atual Código Civil, ambos diplomas posteriores à Lei n. 4.506/1964. [...] In casu, a tributação dos juros de mora pagos juntamente com as diferenças de URV, desnatura o perfil constitucional do Imposto sobre a Renda, pois a variação em comento não aumenta ou acresce o patrimônio do contribuinte, sendo evidente desde logo o seu caráter indenizatório; por estas razões, tais valores não podem ser base de cálculo para o imposto em debate, posto que referida aquisição de disponibilidade não representa, de forma alguma, acréscimo patrimonial ou renda, mas uma recomposição do que não foi pago no momento oportuno; assim sendo, não havendo acréscimo patrimonial, mas apenas uma recomposição dos valores pagos em momento diverso do devido, não é justificável a incidência do tributo sobre os juros de mora; tal entendimento vem sendo, inclusive, aplicado pelo próprio Superior Tribunal de Justiça em recursos que versam sobre a incidência de Imposto de Renda sobre iuros moratórios decorrentes de diferença de URV, conforme segue: PROCESSUAL CIVIL, ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO. DIFERENÇAS SALARIAIS. URV. JUROS DE MORA LEGAIS. NATUREZA IN DE NIZA TÓRIA. IMPOSTO DE RENDA. NÃO INCIDÊNCIA. ERRO DE PREMISSA. RECONHECIMENTO. IMPOSSIBILIDADE DE EFEITOS INFRINGENTES. 1. Discutese nos autos a incidência do imposto de renda sobre os juros moratórios sobrevindos de diferenças salariais decorrentes da conversão dos vencimentos em URV no ano de 1994. 2. A despeito de o caso dos autos não se enquadrar na hipótese de reclamatória trabalhista prevista no REsp 1.227.133/RS, julgado sob o regime do art. 543C do CPC, há orientação nesta Fl. 555DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 04/0 7/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO 14 Corte no sentido de que o valor oaao em pecúnia, a título de iuros moratórios, tem por finalidade a recomposição do patrimônio e , por isso, natureza indenizatória por forca de dívida não quitada, o que afasta a incidência do imposto de renda. Embargos de declaração acolhidos, sem efeitos infringentes, para sanar a omissão apontada, mantendo o não conhecimento do recurso especial, por outro fundamento (grifos aditados). admitir o contrário como fez o acórdão ora recorrido, divergindo do posicionamento adotado pela Ia Turma Especial da 2a Seção de Julgamento do CARF é permitir a incidência de imposto de rend? sobre parcela que não representa acréscimo patrimonial, em flagrante violação à Constituição Federal de 1988; apenas por amor ao debate, vale registrar o quantum sustentado pelo Rel. Min. Teori Albino Zavascki quando do julgamento do Recurso Especial n° 1.227.133/RS, que teve o seu voto vencido; segundo o renomado Ministro, a conclusão acerca da incidência do Imposto de Renda sobre a parcela referente aos juros moratórios requer uma verificação da natureza jurídica da verba principal (se indenizatória ou remuneratória) sobre a qual os juros incidem a fim de se estabelecer a natureza jurídica dos juros e a sua submissão ao imposto de renda ou não; data máxima vénia, equivocase o Ministro, razão pela qual, inclusive, o seu voto restou vencido pelos demais Ministros; com o respeito que lhe é devido, urge esclarecer que, no âmbito do Direito Tributário, para fins de tributação da renda, a relação existente entre o principal e o acessório deve ser examinada com cautela, sobretudo tendo em vista o art. 43, §1°, do Código Tributário Nacional, in verbis: Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica: [...] § 1° A incidência do imposto independe da denominação da receita ou do rendimento, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem e da forma de percepção. diante da circunstância de que o rendimento ou receita independe da denominação, da origem ou da forma de percepção para ser oferecida à tributação, a parcela objeto de estudo deve ser aferida de forma autônoma, no pendente, para fins da verificação da hipótese de incidência; nesta linha de raciocínio, o Min. Arnaldo Esteves Lima, em voto proferido no julgamento do Recurso Especial n° 1.227.133/RS, sustenta: Se a verba principal for de natureza remuneratória ou indenizatória, para efeitos de exigência do imposto de renda, não terá relevância para o acessório. Não há falar em extensão. Nesse contexto, os juros de mora, quanto ao aspecto tributário, não obstante seu caráter acessório, não podem seguir a sorte da prestação principal a que se referem, (grifos aditados) Fl. 556DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 04/0 7/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO Processo nº 10580.725171/200961 Acórdão n.º 9202004.236 CSRFT2 Fl. 550 15 desse modo, ainda que se entenda tributável, para fins de Imposto de Renda, as parcelas recebidas a título de "diferenças de URV" o que não se espera não há que se falar em extensão de tal entendimento aos juros moratórios, vez que, em âmbito tributário, o acessório não segue a sorte do principal; por fim, é imperioso observar que, neste caso específico, não se trata apenas de apresentação da divergência existente entre as Turmas do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, mas, também, de demonstração da necessidade de adoção do entendimento exposto pelo Superior Tribunal de Justiça, no Recurso Especial n° 1.227.133/RS, julgado sob o rito do artigo 543C do CPC, por força do art. 62A do Regimento Interno do CARF; sendo assim, ainda que os Nobres Conselheiros entendam, em seu íntimo, pela incidência do imposto de renda sobre a parcela referente aos juros moratórios o que se admite apenas por debate, já que sabe, o Recorrente, da boa técnica dos membros deste Conselho estes deverão reproduzir o posicionamento do Superior Tribunal de Justiça, em prestígio ao art. 62A do Regimento Interno do CARF. Ao final, a Contribuinte pede: seja reformado in totum o acórdão recorrido, declarando a não incidência do Imposto de Renda sobre os rendimentos recebidos pelo ora Recorrente à título de "diferenças de URV", conforme posicionamento exposto no acórdão n. 210201.687 pela 2a Turma Ordinária da Ia Câmara da 2a Seção de Julgamento do CARF ou, caso assim não entenda este Ilustre Conselho, seja parcialmente reformado o acórdão ora vergastado, para determinar a exclusão da parcela referente aos juros moratórios, em consonância com o exposto no acórdão n. 280102.264 pela Ia Turma Especial da 2a Seção de Julgamento do CARF, seja porque tal montante não representa acréscimo patrimonial apto a ensejar a incidência do imposto federal, seja em observância ao art. 62A do Regimento Interno do CARF. O processo foi encaminhado à PGFN em 29/06/2015 (Despacho de Encaminhamento de fls. 386) e, em 14/07/2015, a Fazenda Nacional ofereceu as Contrarrazões de fls. 387 a 398 (Despacho de Encaminhamento de fls. 399), alegando, em síntese: Preliminar de não conhecimento do recurso o Despacho nº s/n – 2ª Câmara de 25 de junho de 2015 reconheceu como comprovada a caracterização da divergência jurisprudencial em relação ao Acórdão n. 2801 02.264, alegadamente quanto à “não incidência de Imposto de Renda sobre a rubrica correspondente a juros de mora”; todavia, o recorrente não logrou êxito na demonstração da divergência jurisprudencial; em primeiro lugar, observase que a recorrente sequer pleiteia a demonstração de divergência quanto à “não incidência de Imposto de Renda sobre a rubrica correspondente a juros de mora”, como assentou o referido despacho de admissibilidade; Fl. 557DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 04/0 7/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO 16 na verdade, objetivou a recorrente a exclusão dos juros de mora do presente lançamento, confirase trecho do recurso especial: 2.8. Na remota hipótese deste Conselho entender de forma diversa daquela sustentada pelo primeiro paradigma apresentado, impõese a verificação da divergência existente entre a decisão recorrida e aquela proferida pela 1a Turma Especial da 2a Seção de Julgamento do CARF, constante do Acórdão n. 280102.264 (Segundo Acórdão Paradigma) (Doc. 04), que, em similar hipótese, excluiu do débito tanto a multa de ofício, quanto a parcela referente aos juros moratórios, conforme Ementa abaixo: (...) 2.9 Também aqui o cotejo das Ementas revela clara divergência sobre o tema. Enquanto que o acórdão recorrido manteve a autuação e juros de mora, excluindo apenas a multa de ofício, o segundo acórdão paradigma proferido pela Ia Turma Especial da 2a Seção de Julgamento do CARF, a contrario sensu. defende a exclusão tanto da multa de ofício, quanto dos juros moratórios. na verdade, objetivou a recorrente a exclusão dos juros de mora do presente lançamento; portanto, a pretensão da recorrente nada tem a ver com a “não incidência de Imposto de Renda sobre a rubrica correspondente a juros de mora”, pretende apenas a exclusão dos juros de mora do lançamento. nesse passo, o acórdão nº 280102.264 não se mostra com apto à configuração do dissenso, pois trata de outra questão totalmente estranha e diversa da discutida nestes autos e sequer se reporta à possibilidade de exclusão dos juros do lançamento, como quer a recorrente. noutro passo, a exigência dos juros de mora, além de encontrar amparo na lei, não é alvo de divergências jurisprudenciais que possam justificar o manejo de recurso especial cujo fim precípuo é a uniformização de teses jurídicas. Para comprovar seguem dois enunciados da Súmula de Jurisprudência deste Eg. Conselho: Súmula CARFnº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Súmula CARF nº 5: São devidos juros de mora sobre o crédito tributário não integralmente pago no vencimento, ainda que suspensa sua exigibilidade, salvo quando existir depósito no montante integral. logo, como o recorrente não logrou êxito em demonstrar a diversidade das teses jurídicas contrapostas, não ficou comprovada a divergência jurisprudencial suscitada; ante os argumentos expendidos, em sede preliminar, devese negar seguimento ao recurso especial manejado, diante da ausência de demonstração da divergência jurisprudencial. Fl. 558DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 04/0 7/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO Processo nº 10580.725171/200961 Acórdão n.º 9202004.236 CSRFT2 Fl. 551 17 Mérito do recurso a não incidência do IRPF sobre os valores percebidos a título de “valores indenizatórios de URV” aos membros da Magistratura Federal e do MPU constitui isenção e como tal deve ter sua aplicação analisada sob o prisma mais restritivo possível; nos termos do art. 153, III, da Constituição Federal, compete à União instituir imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza. em face do que dispõe o art. 146, III, a, da Constituição Federal, a Lei nº 5.172/66 assim definiu o fato gerador do Imposto de Renda: “Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica: I de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; II de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior.” em conformidade com o § 1º do artigo transcrito, incluído pela Lei Complementar nº 104/2001, e também o § 4º do art. 3º da Lei nº 7.713/88, a tributação independe da denominação dos rendimentos, bastando, para a incidência do imposto, o benefício do contribuinte por qualquer forma e a qualquer título; em consonância ainda com o art. 16 da Lei nº 4.506/64, serão classificados como rendimentos do trabalho assalariado, para fins de incidência do Imposto de Renda, todas as espécies de remuneração por trabalho ou serviços prestados no exercício de empregos, cargos ou funções; a partir da interpretação sistemática das normas jurídicas acima, temos que os valores recebidos a título de diferenças no cálculo da URV possuem natureza salarial e estão sujeitas ao imposto de renda; desta forma, a regra é a tributação destes valores e, somente, nas situações excepcionalmente elencadas nas Leis nºs 9.665/98 e 10.477/2002, conforme Resolução 245/2002 do STF, encampada pelo Ministro da Fazenda por meio do Parecer PGFN nº 923/2003, é que a incidência de IRPF deve ser afastada, e não é este o caso dos autos; a instituição de benefício fiscal desonera a carga tributária, causando uma exceção ao entendimento de que tal carga deve ser suportada por todos os sujeitos passivos previstos em lei a fim de que o Estado possa atingir seus objetivos e cumprir suas obrigações, e, portanto, sua análise deve ser a mais cautelosa possível (cita doutrina de Ives Gandra da Silva Martins); desta forma, qualquer benefício que reduza o ingresso de divisas nos cofres públicos deve ser interpretado restritivamente, ou seja, a interpretação deve ser literal; as principais normas jurídicas que tratam de isenção (tributária), estabelecendo os contornos fundamentais do instituto, são as seguintes: Fl. 559DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 04/0 7/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO 18 Constituição "Art. 150. (...) §6 Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de crédito presumido, anistia ou remissão, relativas a impostos, taxas ou contribuições, só poderá ser concedido mediante lei específica, federal, estadual ou municipal, que regule exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o correspondente tributo ou contribuição, sem prejuízo do disposto no artigo 155, § 2º, XII, g." Código Tributário Nacional “Art. 111. Interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre: I suspensão ou exclusão do crédito tributário; II outorga de isenção; III dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias. (...) Art. 176. A isenção, ainda quando prevista em contrato, é sempre decorrente de lei que especifique as condições e requisitos exigidos para a sua concessão, os tributos a que se aplica e, sendo caso, o prazo de sua duração. Parágrafo único. A isenção pode ser restrita a determinada região do território da entidade tributante, em função de condições a ela peculiares.” diante dos comandos constitucionais e legais transcritos não subsiste dúvida: a isenção é exceção feita expressamente à regra jurídica de tributação e deve ser veiculada por meio de lei; como exceção à regra, a isenção comporta interpretação e aplicação restritivas, portanto somente as hipóteses clara e explicitamente consagradas pelo legislador podem gozar do “favor tributário” da isenção; estas premissas foram e são sufragadas veementemente na ordem jurídica nacional: “RESP RECURSO ESPECIAL – 529577 Relator(a) FRANCISCO FALCÃO Sigla do órgão STJ Órgão julgador PRIMEIRA TURMA Fonte DJ DATA:14/03/2005 PG:00201 TRIBUTÁRIO. IPI. RECURSO ESPECIAL DO CONTRIBUINTE. RECONHECIMENTO DO DIREITO AO RESSARCIMENTO DE CRÉDITO PRESUMIDO. ART. 1º DA LEI 9.363/96. BENEFÍCIO FISCAL QUE ATINGE SOMENTE AS MERCADORIAS INTEGRADAS NO PROCESSO Fl. 560DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 04/0 7/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO Processo nº 10580.725171/200961 Acórdão n.º 9202004.236 CSRFT2 Fl. 552 19 PRODUTIVO DE PRODUTO FINAL DESTINADO À EXPORTAÇÃO. INTERPRETAÇÃO LITERAL. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. COMPENSAÇÃO. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULAS 282 E 356 DO C. STF. RECURSO ESPECIAL DA FAZENDA NACIONAL NÃO CONHECIDO. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULAS 282 E 356 DO C. STF. I O art. 1º da Lei 9.363/96 disciplina o reconhecimento do direito ao ressarcimento do crédito presumido do IPI somente em relação às mercadorias agregadas em processo produtivo a produto final destinado à exportação. II A desoneração da carga tributária, como benefício fiscal, e em exceção à regra geral que é a incidência dos tributos que gerarão o crédito presumido, deve ser interpretada nos exatos termos da previsão legal, sem ampliação ou redução de seu alcance.(...)” “Processo AGRESP AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL 1093720 Relator(a) HUMBERTO MARTINS Sigla do órgão STJ Órgão julgador SEGUNDA TURMA Fonte DJE DATA:04/05/2009 PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO – VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC – INEXISTÊNCIA – IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO – MÁQUINA IMPRESSORA OFFSET – BENEFÍCIO FISCAL – REGIME DE ALÍQUOTA ZERO – REQUISITOS – INTERPRETAÇÃO RESTRITIVA – ART. 111, INCISO II, DO CTN. 1. Inexiste violação do art. 535 do CPC quando a prestação jurisdicional é dada na medida da pretensão deduzida. 2. As isenções, diante da inteligência do art. 111, inciso II, do CTN, devem ser interpretadas literalmente, ou seja, restritivamente, pois sempre implicam renúncia de receita. 3. A aplicação de alíquota zero na importação da máquina impressora offset em comento é concedida apenas quando preenchidos os requisitos previstos na Portaria MF n. 279/96, o que, segundo o Tribunal de origem, não ocorreu, afastandose a violação do art. 111, II, do CTN. Agravo regimental improvido. Indexação VEJA A EMENTA E DEMAIS INFORMAÇÕES. Data da Decisão 14/04/2009 Data da Publicação 04/05/2009.” “AgRg no REsp 1093720 / RJ AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL 2008/01970838 Relator(a) Ministro HUMBERTO MARTINS (1130) Órgão Julgador T2 SEGUNDA TURMA Data do Julgamento 14/04/2009 Data da Publicação/Fonte DJe 04/05/2009 PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO – VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC – INEXISTÊNCIA – IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO – MÁQUINA IMPRESSORA OFFSET – BENEFÍCIO FISCAL – REGIME DE ALÍQUOTA ZERO – REQUISITOS – INTERPRETAÇÃO RESTRITIVA – ART. 111, INCISO II, DO CTN. 1. Inexiste violação do art. 535 do CPC quando a prestação jurisdicional é dada na medida da pretensão deduzida. 2. As Fl. 561DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 04/0 7/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO 20 isenções, diante da inteligência do art. 111, inciso II, do CTN, devem ser interpretadas literalmente, ou seja, restritivamente, pois sempre implicam renúncia de receita. 3. A aplicação de alíquota zero na importação da máquina impressora offset em comento é concedida apenas quando preenchidos os requisitos previstos na Portaria MF n. 279/96, o que, segundo o Tribunal de origem, não ocorreu, afastandose a violação do art. 111, II, do CTN. Agravo regimental improvido.” no que se refere à Resolução STF nº 245/2002 cabe observar, que a mesma restringese ao abono variável aplicável aos membros da Magistratura da União; esse abono, especificamente, foi considerado de natureza indenizatória pelo STF e, por determinação expressa do Parecer PGFN n° 923/2003, aprovado pelo Ministro da Fazenda, está fora da incidência tributária do imposto de renda; em momento algum, houve pronunciamento do STF ou do Ministro da Fazenda acerca das naturezas jurídica e tributária dos rendimentos recebidos com fulcro na referida Lei Estadual que criou a isenção; nesta seara, atribuir aos rendimentos em análise a mesma natureza do abono variável das Leis n°s 10.477/2002 e 9.655/98 seria alargar as fronteiras da nãoincidência tributária sem previsão de Lei Federal para tanto; não se trata, no caso concreto, de mera equiparação de benefício previsto em lei federal (competente para reger a matéria) para a Magistratura Federal a membro da Magistratura Estadual/Ministério Público Estadual, mas sim de elastecer a concessão de uma isenção por analogia, diante da inexistência de previsão legal, o que não se pode permitir; neste sentido colacionamse os seguintes julgados: "ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. IMPOSTO DE RENDA E CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. REMUNERAÇÃO DE SERVIDORES. CONVERSÃO DA URV PARA O REAL. PARCELA RESULTANTE DAS DIFERENÇAS APURADAS. NATUREZA SALARIAL. RESOLUÇÃO 245/STF. INAPLICABILIDADE. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. ART. 4º DA LEI 1.060/50. INDEFERIMENTO EXPRESSO DO PEDIDO PELO TRIBUNAL A QUO. PRESUNÇÃO JURIS TANTUM. 1. As verbas percebidas por servidores públicos, resultantes da diferença apurada na conversão de sua remuneração da URV para o Real, têm natureza salarial, por isso que estão sujeitas à incidência de imposto de renda e de contribuição previdenciária. (Precedentes: EDcl no RMS 27.336/RS, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 17/03/2009, DJe 14/04/2009; RMS 27.338/RS, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA TURMA, julgado em 03/03/2009, DJe 19/03/2009; AgRg no RMS 25.995/RS, Rel. Ministra DENISE ARRUDA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 03/03/2009, DJe 01/04/2009; RMS 28.241/RS, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 18/12/2008, DJe 18/02/2009; AgRg no RMS 27.614/RS, Rel. Ministro HERM HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 04/12/2008, DJe 13/03/2009) 2. A Resolução Administrativa 245 do Supremo Tribunal Federal é inaplicável Fl. 562DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 04/0 7/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO Processo nº 10580.725171/200961 Acórdão n.º 9202004.236 CSRFT2 Fl. 553 21 in casu, porquanto versa sobre as diferenças da URV referentes, especificamente, ao abono variável concedido aos magistrados pela Lei 9.655/98, sendo certo o reconhecimento da natureza indenizatória da aludida verba no bojo da mencionada Resolução. (Precedentes: AgRg no RMS 27.577/RS, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 16/12/2008, DJe 11/02/2009; AgRg no RMS 27.614/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 04/12/2008, DJe 13/03/2009; RMS 19.088/DF, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 10/04/2007, DJ 20/04/2007) 3. A mera declaração do interessado acerca da hipossuficiência é bastante à concessão da gratuidade da justiça, sendo certo certo que referido documento revestese de presunção relativa de veracidade, suscetível de ser elidida pelo julgador que entenda haver fundadas razões para crer que o requerente não se encontra no estado de miserabilidade declarado. (Precedentes: RMS 27.338/RS, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA TURMA, julgado em 03/03/2009, DJe 19/03/2009; RMS 27.582/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 18/11/2008, DJe 09/03/2009; RMS 26.588/MS, Rel. Ministro FERNANDO GONÇALVES, QUARTA TURMA, julgado em 02/09/2008, DJe 15/09/2008; AgRg no AgRg no Ag 978.821/DF, Rel. Ministro MASSAMI UYEDA, TERCEIRA TURMA, julgado em 21/08/2008, DJe 15/10/2008) 4. In casu, restou assente nas instâncias ordinárias (fls. 43/44) que, in verbis: "(...) pelo disposto no § 1º do referido artigo, "presumese pobre, até prova em contrário, quem afirmar essa condição nos termos desta lei, sob pena de pagamento até o décuplo das custas judiciais". Isto é, a lei consagra a presunção juris tantum de pobreza. No caso vertente, entretanto, inicialmente não foi indeferido o benefício da Assistência Judiciária Gratuita, mas tãosomente se determinou que apresentasse comprovante de rendimentos e/ou cópia da declaração de imposto de renda/isento. Tal determinação, por sua vez, apresentase justificada à medida que houver dúvida sobre a sinceridade do pedido e/ou sobre a necessidade da parte demandante. Com a apresentação do documento requerido às fls. 41, temse agora sim por indeferir o pedido de Assistência Judiciária, visto que o montante das custas é reduzido, e tal documento revela rendimentos superiores a R$ 6.000,00 mensais." 5. Exclusão da multa imposta com base no art. 538, parágrafo único, do CPC, ante a ausência de intuito protelatório por parte da recorrente, porquanto ausente provimento jurisdicional a ensejar interesse em procrastinar do feito. 6. Fl. 563DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 04/0 7/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO 22 Recurso ordinário parcialmente provido, para excluir a multa imposta com base no art. 538 do CPC.” ROMS 200900116260. Luiz Fux. 1ª Turma. STJ. Publicado em 03/08/2010 “TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA E CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INCIDÊNCIA SOBRE DIFERENÇAS PAGAS A TÍTULO DE URV. 1. Afastase a alegada ofensa ao princípio constitucional do contraditório e da ampla defesa, pois o acórdão denegatório do mandado de segurança está claro e suficientemente fundamentado, muito embora o Tribunal de origem tenha decidido de forma contrária aos interesses do impetrante. Isso, contudo, não significa omissão, mormente por terem sido abordados todos os pontos necessários para a integral resolução da controvérsia. Da mesma forma, é cabível a aplicação de multa por oposição protelatória de embargos de declaração na espécie, tendo em vista a inexistência de omissão, contradição ou obscuridade e a sucessiva utilização do incidente processual. Nesse sentido: RMS 28.241/RS, 2ª Turma, Rel. Min. Eliana Calmon, DJe de 18.2.2009. 2. Quanto à alegada ofensa ao art. 4º, § 1º, da Lei 1.060/50, o recurso ordinário nem sequer deve ser conhecido. Isto porque, de acordo com o art. 169, V, do Regimento Interno do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, compete ao Relator processar e julgar os pedidos de assistência judiciária, ressalvada a competência do 1º Vice Presidente para, nos termos do art. 44, III, do mesmo Regimento, processar e julgar os pedidos de assistência judiciária antes da distribuição e quando se tratar de recurso extraordinário ou especial. E ressalvadas as exceções previstas nesse Regimento, o seu art. 233 dispõe que caberá agravo regimental, no prazo de cinco (5) dias, de decisão do Presidente, dos VicePresidentes ou do Relator, que causar prejuízo ao direito da parte. No caso, contra a decisão que indeferiu o pedido de assistência judiciária o impetrante não interpôs agravo regimental, ficando preclusa, portanto, a discussão da matéria perante este Tribunal Superior. Por outro lado, embora seja possível a renovação, no ato de interposição do recurso, do pedido de assistência judiciária que, formulado na petição inicial, vem a ser denegado na instância de origem, fazse necessária a comprovação, no segundo pedido de gratuidade da justiça, da mudança na situação econômica do recorrente que não lhe permita pagar as custas processuais, sem prejuízo do sustento próprio ou da família. 3. Este Tribunal Superior firmou sua jurisprudência no sentido de que os valores recebidos a título de diferenças no cálculo da URV possuem natureza salarial e estão sujeitas ao imposto de renda e à contribuição previdenciária. 4. A jurisprudência desta Corte também se firmou no sentido de que a Resolução Administrativa nº 245, do Supremo Tribunal Federal, Fl. 564DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 04/0 7/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO Processo nº 10580.725171/200961 Acórdão n.º 9202004.236 CSRFT2 Fl. 554 23 não se aplica a casos como o dos presentes autos, pois tal resolução faz referência ao abono variável concedido aos magistrados pela Lei 9.655/98. Ademais, não se trata de decisão proferida em ação com efeito erga omnes, de modo que não pode ser considerada como fato constitutivo, modificativo ou extintivo de direito suficiente para influir no julgamento da presente ação mandamental. 5. Recurso ordinário parcialmente conhecido, porém não provido.” ROMS 200801608971. Min. Mauro Campbell. STJ. 2ª Turma. Publicado em 30/09/2010. logo, deve ser mantido o acórdão recorrido, rejeitandose o pleito de sua reforma demandado pela recorrente; quanto aos juros de mora, melhor sorte não merece a pretensão da recorrente; com efeito, sobre tributo pago em atraso incidem juros de mora conforme previsão legal e uníssona jurisprudência deste Eg. Conselho: Súmula CARFnº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Súmula CARF nº 5: São devidos juros de mora sobre o crédito tributário não integralmente pago no vencimento, ainda que suspensa sua exigibilidade, salvo quando existir depósito no montante integral. desse modo, deve ser mantido o acórdão atacado, negandose provimento ao recurso especial da contribuinte. Ao final, a Fazenda Nacional pede seja negado seguimento ao recurso especial interposto pela contribuinte e, caso não seja este o entendimento sufragado, requer que, no mérito, seja negado provimento ao recurso, mantendose o acórdão recorrido por seus próprios fundamentos, bem como com fundamento nas razões expendidas acima. Voto Conselheira MARIA HELENA COTTA CARDOZO O Recurso Especial interposto pelo Contribuinte é tempestivo e visa rediscutir as seguintes matérias: não incidência do Imposto de Renda sobre diferenças de URV, que teriam natureza indenizatória e, caso assim não se entenda, Fl. 565DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 04/0 7/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO 24 não incidência de Imposto de Renda sobre a rubrica correspondente a juros de mora. Em sede de Contrarrazões, a Fazenda Nacional pede o não conhecimento do apelo, no que tange à segunda matéria, alegando que, ao se mencionar "juros de mora", a Contribuinte estaria se referindo aos juros Selic incidentes sobre o crédito tributário, e não sobre a verba de juros por ela recebida. Entretanto, o Recurso Especial é por demais claro, no sentido de que os "juros de mora" referidos são efetivamente aqueles recebidos juntamente com os rendimentos acumulados, mormente na parte em que se demonstra a divergência, mediante a indicação na ementa do paradigma. Confirase: "2.8. Na remota hipótese deste Conselho entender de forma diversa daquela sustentada pelo primeiro paradigma apresentado, impõese a verificação da divergência existente entre a decisão recorrida e aquela proferida pela 1a Turma Especial da 2a Seção de Julgamento do CARF, constante do Acórdão n. 280102.264 (Segundo Acórdão Paradigma) (Doc. 04), que, em similar hipótese, excluiu do débito tanto a multa de ofício, quanto a parcela referente aos juros moratórios, conforme Ementa abaixo: (...) Acórdão n. 280102.264 (...) ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2005, 2006, 2007. NULIDADE. LANÇAMENTO. ACÓRDÃO DRJ. INOCORRÊNCIA Não procedem as alegações de nulidade quando não se vislumbra nos autos nenhuma uma das hipóteses previstas no art. 59 do Decreto n° 70.235, de 1972. COMPETÊNCIA INSTITUCIONAL A repartição da receita tributária pertencente à União com outros entes federados não afeta a competência tributária da União para instituir, arrecadar e fiscalizar o Imposto sobre a Renda. Portanto, não implica transferência da condição de sujeito ativo. ILEGITIMIDADE PASSIVA. SÚMULA CARF N° 12. Constatada a omissão de rendimentos sujeitos à incidência do imposto de renda na declaração de ajuste anual, é legítima a constituição do crédito tributário na pessoa física do beneficiário, ainda que a fonte pagadora não tenha procedido à respectiva retenção. RENDIMENTOS TRIBUTÁVEIS. VALORES INDENIZATÓRIOS DE URV. VEDAÇÃO À EXTENSÃO DE NÃOINCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA As verbas recebidas por membros do Ministério Público do Estado da Bahia não têm natureza indenizatória do abono variável previsto pelas Leis n° Fl. 566DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 04/0 7/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO Processo nº 10580.725171/200961 Acórdão n.º 9202004.236 CSRFT2 Fl. 555 25 10.474 e 10.477, de 2002, sendo incabível excluir tais rendimentos da base de cálculo do imposto de renda. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. JUROS MORATÓRIOS. AÇÃO TRABALHISTA. Os juros moratórios recebidos acumuladamente em decorrência de sentença judicial, não se sujeitam à incidência do Imposto de Renda. MULTA DE OFÍCIO. ERRO ESCUSÁVEL Não comporta multa de ofício o lançamento constituído com base em valores espontaneamente declarados pelo contribuinte que, induzido pelas informações prestadas pela fonte pagadora, incorreu em erro escusável no preenchimento da declaração de rendimento. Preliminares Rejeitadas. Recurso Voluntário Provido em Parte, (grifos aditados) 2.9 Também aqui o cotejo das Ementas revela clara divergência sobre o tema. Enquanto que o acórdão recorrido manteve a autuação e juros de mora, excluindo apenas a multa de ofício, o segundo acórdão paradigma proferido pela Ia Turma Especial da 2a Seção de Julgamento do CARF, a contrario sensu. defende a exclusão tanto da multa de ofício, quanto dos juros moratórios. Com efeito, o trecho destacado na ementa do paradigma não deixa dúvidas acerca da matéria suscitada, que é "juros de mora recebidos acumuladamente". Não bastasse isso, nas razões de recurso, ao tratar desta matéria, a Contribuinte assim a intitula: "4.1. DA NÃO INCIDÊNCIA DO IMPOSTO DE RENDA SOBRE JUROS MORATÓRIOS." No mais, as razões de recurso seguem focando no Recurso Especial 1.227.133/RS, que nada tem a ver com juros Selic incidente sobre o crédito tributário, mas sim com a matéria efetivamente suscitada, que é a verba de juros recebida acumuladamente. Diante do exposto, conheço integralmente do recurso e passo à sua análise. A matéria não é nova neste Colegiado. Tratase de Auto de Infração relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física dos anoscalendário de 2004, 2005 e 2006, acrescido de multa de ofício no percentual de 75% e juros de mora, tendo em vista a reclassificação, como tributáveis, de rendimentos declarados como isentos, recebidos do Ministério Público do Estado da Bahia a título de “Valores Indenizatórios de URV”, em trinta e seis parcelas, no período de janeiro de 2004 a dezembro de 2006, em decorrência da Lei Complementar do Estado da Bahia nº 20, de 08/09/2003, editada em virtude do objeto da Ação Ordinária de nº140.975921531, julgada pelo Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, e em consonância com os precedentes do Supremo Tribunal Federal, especialmente nas Ações Ordinárias nºs 613 e 614. Fl. 567DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 04/0 7/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO 26 As verbas ora analisadas constituem diferenças salariais verificadas na conversão da remuneração do servidor público, quando da implantação do Plano Real, portanto tais valores referemse a salários (vencimentos) não recebidos ao longo dos anos. Nesse passo, o objetivo da ação judicial e/ou da lei do estado da Bahia foi simplesmente pagar à Contribuinte aquilo que antes deixou de ser pago, que nada mais é que salário, portanto de natureza tributável. Assim, o recebimento da verba ora tratada configura acréscimo patrimonial e, consequentemente, sujeitase à incidência do Imposto de Renda, consoante dispõe o art. 43 do CTN: Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica: I de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; II de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior. § 1º A incidência do imposto independe da denominação da receita ou do rendimento, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem e da forma de percepção. O dispositivo legal acima não deixa dúvidas acerca da abrangência da tributação do Imposto de Renda, abarcando qualquer evento que se traduza em aumento patrimonial, independentemente da denominação que seja dada ao ganho. Seguindo esta linha, a Lei nº 7.713, de 1988, assim dispõe: Art. 1º Os rendimentos e ganhos de capital percebidos a partir de 1º de janeiro de 1989, por pessoas físicas residentes ou domiciliados no Brasil, serão tributados pelo imposto de renda na forma da legislação vigente, com as modificações introduzidas por esta Lei. Art. 2º O imposto de renda das pessoas físicas será devido, mensalmente, à medida em que os rendimentos e ganhos de capital forem percebidos. (...) § 1º Constituem rendimento bruto todo o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos, os alimentos e pensões percebidos em dinheiro, e ainda os proventos de qualquer natureza, assim também entendidos os acréscimos patrimoniais não correspondentes aos rendimentos declarados. (...) § 4º A tributação independe da denominação dos rendimentos, títulos ou direitos, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem dos bens produtores da renda, e da forma de percepção das rendas ou proventos, bastando, para a incidência do imposto, o benefício do contribuinte por qualquer forma e a qualquer título. (...)” (grifei) Fl. 568DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 04/0 7/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO Processo nº 10580.725171/200961 Acórdão n.º 9202004.236 CSRFT2 Fl. 556 27 Quanto à alegação de violação ao princípio da isonomia, a Contribuinte traz à baila o fato de que o Supremo Tribunal Federal, em sessão administrativa, atribuiu natureza indenizatória ao Abono Variável concedido aos membros da Magistratura da União pela Lei nº 10.474, de 2002. Ademais, a ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional, por meio do Parecer PGFN nº 529, de 2003, manifestou entendimento no sentido de que a verba em tela não estaria sujeita à tributação. Entretanto, a Resolução nº 245, do STF, bem como o Parecer da PGFN, se referem especificamente ao abono concedido aos Magistrados da União pela Lei nº 10.474, de 2002; e o que se discute no presente processo é se tal entendimento deve ser aplicado à verba recebida pelos membros da Ministério Público do Estado da Bahia. Primeiramente, verificase que a posição do Supremo Tribunal Federal – STF sobre a natureza do Abono Variável atribuído aos Magistrados da União foi definida em sessão administrativa e expedida por meio de Resolução, e não em sessão de julgamento daquela Corte e, assim, não se trata de uma decisão judicial, cujos efeitos são bem distintos dos de uma resolução administrativa. Destarte, obviamente que a Resolução do STF nunca vinculou a Administração Tributária da União. Com o advento do Parecer PGFN/Nº 529, de 2003, da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional, aprovado pelo Ministro da Fazenda, portanto com força vinculante em relação aos Órgãos da Administração Tributária, concluiuse que o Abono Variável de que trata o art. 2º da Lei nº 10.474, de 2002, teria natureza indenizatória. Entretanto, dito parecer é claro quanto aos limites desse entendimento, conforme será demonstrado na seqüência. O parecer destaca que o Superior Tribunal de Justiça – STJ consolidou entendimento no sentido de que abonos recebidos em substituição a aumentos salariais sofrem a incidência do Imposto de Renda. Após, faz a ressalva de que, segundo entendimento dessa mesma Corte, nos casos de abono concedido como reparação pela supressão ou perda de direito, ele tem natureza indenizatória. Ainda segundo o parecer da PGFN, seria este o entendimento do STF, manifestado por meio da Resolução nº 245, de 2002, relativamente ao abono variável e provisório previsto no art. 6º da Lei nº 9.655, de 1998, com a alteração estabelecida no art. 2º da Lei nº 10.474, de 2002. Assim, claro está que o Parecer da PGFN somente reconheceu a natureza indenizatória do Abono Variável, previsto nas Leis nºs 9.655, de 1998, e 10.474, de 2002, acolhendo entendimento do STF, no sentido de que tal verba destinarseia a reparar direito. Destarte, a Resolução nº 245, do STF, não possui efeitos de decisão judicial, e o Parecer PGFN/Nº 529, de 2003, apenas reconhece a natureza indenizatória do abono concedido aos Magistrados da União, acatando interpretação do STF quanto à natureza reparatória, especificamente para esse abono. Portanto, ambos os atos alcançam apenas o abono previsto no art. 6º da Lei nº 9.655, de 1998, com a alteração estabelecida no art. 2º da Lei nº 10.474, de 2002. Ademais, a Resolução nº 245, do STF, excluiu do abono a verba referente à diferença de URV, o que evidencia que esta não tem natureza indenizatória, mas sim de recomposição salarial. Confirase a manifestação Superior Tribunal de Justiça, por meio de voto da Ministra Eliana Calmon, reconhecendo a falta e identidade entre o abono salarial tratado na Resolução e as diferenças de URV: Fl. 569DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 04/0 7/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO 28 “Na jurisprudência desta Casa, colho os seguintes precedentes, que sempre distinguiram as hipóteses de percepção das diferenças remuneratórias da URV do abono identificado na Resolução 245/STF: (...)” (STJ, Recurso Especial n.º 1.187.109/MA, Segunda Turma, Ministra Relatora Eliana Calmon, julgado em 17/08/2010) E também o Ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, em decisão no Recurso Extraordinário n.º 471.115: “Os valores assim recebidos pelo recorrido decorrem de compensação pela falta de oportuna correção no valor nominal do salário, quando da implantação da URV e, assim, constituem parte integrante de seus vencimentos. As parcelas representativas do montante que deixou de ser pago, no momento oportuno, são dotadas dessa mesma natureza jurídica e, assim, incide imposto de renda quando de seu recebimento. No que concerne à Resolução no. 245/02, deste Supremo Tribunal Federal, utilizada na fundamentação do acórdão recorrido, temse que suas normas a tanto não se aplicam, para o fim pretendido pelo recorrido (...)” (STF, Recurso Extraordinário n.º 471.115, Ministro Relator Dias Toffoli, julgado em 03/02/2010) Assim, não há como estenderse o alcance dos atos legais acima referidos para verbas distintas, concedidas para outro grupo de servidores, por meio de ato específico, diverso daqueles referidos na Resolução do STF e no Parecer da PGFN. Com efeito, a norma que concede isenção deve ser interpretada sempre literalmente, conforme inciso II, do art. 111, do CTN. Ademais, o mesmo código veda o emprego da analogia ou de interpretações extensivas para alcançar sujeitos passivos em situação supostamente semelhante, o que implicaria concessão de isenção sem lei federal própria, o que ofenderia o § 6º, do art. 150, da Constituição Federal, e o art. 176, do CTN. Destarte, a verba em exame deve ser efetivamente tributada. Quanto à alegada inexigibilidade de Imposto de Renda incidente sobre a verba recebida pela contribuinte a título de juros de mora, a decisão do STJ, no julgamento do REsp 1.227.133/RS, sob o rito do art. 543C, do CPC, é no sentido de que estaria restrita aos casos de pagamento a destempo de verbas trabalhistas de natureza indenizatória, oriundas de condenação judicial, por força da norma isentiva prevista no inciso V, do art. 6º, da Lei nº 7.713, de 1988. Confirase: TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. INCIDÊNCIA. JUROS DE MORA. CARÁTER REMUNERATÓRIO. TEMA JULGADO PELO STJ SOB A SISTEMÁTICA DO ART. 543C DO CPC. 1. Por ocasião do julgamento do REsp 1.227.133/RS, pelo regime do art. 543C do CPC (recursos repetitivos), consolidou se o entendimento no sentido de que 'não incide imposto de renda sobre os juros moratórios legais em decorrência de sua natureza e função indenizatória ampla.' Todavia, após o julgamento dos embargos de declaração da Fazenda Nacional, esse entendimento sofreu profunda alteração, e passou a Fl. 570DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 04/0 7/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO Processo nº 10580.725171/200961 Acórdão n.º 9202004.236 CSRFT2 Fl. 557 29 prevalecer entendimento menos abrangente. Concluiuse neste julgamento que 'os juros de mora pagos em virtude de decisão judicial proferida em ação de natureza trabalhista, devidos no contexto de rescisão de contrato de trabalho, por se tratar de verba indenizatória paga na forma da lei, são isentos do imposto de renda, por força do art. 6º, V, da Lei 7.713/88, até o limite da lei'. 2. Na hipótese, não sendo as verbas trabalhistas decorrentes de despedida ou rescisão contratual de trabalho, assim como por terem referidas verbas (horas extras) natureza remuneratória, deve incidir o imposto de renda sobre os juros de mora. Agravo regimental improvido.(AgRg no REsp 1235772 RS – julgado em 26/06/2012) PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NOS EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL. IMPOSTO DE RENDA. JUROS DE MORA DECORRENTES DO PAGAMENTO EM ATRASO DE VERBAS TRABALHISTAS. NÃO INCIDÊNCIA. MATÉRIA JÁ PACIFICADA PELA PRIMEIRA SEÇÃO. RECURSO ESPECIAL REPETITIVO 1.227.133/RS. 1. A Primeira Seção, por ocasião do julgamento do REsp 1.227.133/RS, sob o rito do art. 543C do CPC, fixou orientação no sentido de que é inexigível o imposto de renda sobre os juros de mora decorrentes do pagamento a destempo de verbas trabalhistas de natureza indenizatória, oriundas de condenação judicial. 2. Agravo regimental não provido.” (AgRg nos REsp 1163490 SC – julgado em 14/03/2012) Da análise do julgamento do Recurso Repetitivo 1.227.133/RS, verificase que são isentos do imposto de renda os juros de mora decorrentes do pagamento a destempo de verbas trabalhistas de natureza indenizatória, oriundas de condenação judicial, conforme a regra do “accessorium sequitur suum principale”. Assim, não sendo as verbas trabalhistas de natureza indenizatória, o imposto de renda deve incidir também sobre os juros de mora. Ressaltese que as verbas ora analisadas já foram objeto de julgamento pela Câmara Superior de Recursos Fiscais, oportunidade em que se deu provimento ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional, por meio do Acórdão nº 9202003.585, de 03/03/2015, assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2005, 2006, 2007 IRPF. VALORES INDENIZATÓRIOS DE URV, CLASSIFICADOS A PARTIR DE INFORMAÇÕES PRESTADAS PELA FONTE PAGADORA. INCIDÊNCIA. Fl. 571DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 04/0 7/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO 30 Incide o IRPF sobre os valores indenizatórios de URV, em virtude de sua natureza remuneratória. Precedentes do STF e do STJ. Recurso especial provido." A decisão foi assim registrada: "Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso especial da Fazenda, determinando o retorno dos autos à turma a quo, para analisar as demais questões trazidas no recurso voluntário do contribuinte. Vencido o Conselheiro Marcelo Oliveira, que votou por negar provimento ao recurso. Fez sustentação oral o Dr. Marcio Pinto Teixeira, OAB/BA nº 23.911, patrono da recorrida. Defendeu a Fazenda Nacional a Procuradora Dra. Patrícia de Amorim Gomes Macedo." Assentada a natureza tributável dos rendimentos objeto da autuação, resta esclarecer que o tributo devido deve ser calculado de acordo com as tabelas vigentes à época em que os rendimentos deveriam ter sido pagos ao Contribuinte. Salientese que a questão já foi decidida pelo STF, no RE 614.406/RS, com trânsito em julgado em 11/12/2014, e repercussão geral previamente reconhecida, em 20/10/2010, na sistemática do art. 543B, do Código de Processo Civil. Destarte, os Conselheiros do CARF devem reproduzir o entendimento do citado julgado, prolatado pelo STF em 23/10/2014, conforme determina o art. 62, § 2º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 2015. Nesse passo, a decisão vinculante é no sentido de aplicarse o regime de competência, vedada a aplicação do regime de caixa. Diante do exposto, conheço do Recurso Especial interposto pelo Contribuinte e, no mérito, doulhe provimento parcial, para que o cálculo do Imposto de Renda seja efetuado com base no regime de competência. (assinado digitalmente) MARIA HELENA COTTA CARDOZO Relatora Fl. 572DF CARF MF Impresso em 04/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 04/0 7/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 01/07/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO
score : 1.0
Numero do processo: 11516.000986/2010-12
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed May 11 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Jun 08 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2007
DESPESAS COM INSTRUÇÃO. CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO. LIVRO CAIXA. INCOMPATIBILIDADE.
As despesas passíveis de dedução a título de livro caixa são aquelas de custeio, necessárias à manutenção da fonte produtora dos rendimentos, o que não inclui as deduções de utilização geral (dependentes, previdência privada e oficial, despesas médicas, com instrução e pensão alimentícia), muito menos em valores que extrapolam os limites legais, válidos para todos os Contribuintes que se utilizam da declaração completa.
Recurso Especial do Procurador provido
Numero da decisão: 9202-004.023
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO - Presidente.
(assinado digitalmente)
MARIA HELENA COTTA CARDOZO - Relatora.
EDITADO EM: 23/05/2016
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (Vice-Presidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra.
Nome do relator: MARIA HELENA COTTA CARDOZO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201605
camara_s : 2ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2007 DESPESAS COM INSTRUÇÃO. CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO. LIVRO CAIXA. INCOMPATIBILIDADE. As despesas passíveis de dedução a título de livro caixa são aquelas de custeio, necessárias à manutenção da fonte produtora dos rendimentos, o que não inclui as deduções de utilização geral (dependentes, previdência privada e oficial, despesas médicas, com instrução e pensão alimentícia), muito menos em valores que extrapolam os limites legais, válidos para todos os Contribuintes que se utilizam da declaração completa. Recurso Especial do Procurador provido
turma_s : 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Wed Jun 08 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 11516.000986/2010-12
anomes_publicacao_s : 201606
conteudo_id_s : 5595426
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Jun 09 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 9202-004.023
nome_arquivo_s : Decisao_11516000986201012.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : MARIA HELENA COTTA CARDOZO
nome_arquivo_pdf_s : 11516000986201012_5595426.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO - Presidente. (assinado digitalmente) MARIA HELENA COTTA CARDOZO - Relatora. EDITADO EM: 23/05/2016 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (Vice-Presidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra.
dt_sessao_tdt : Wed May 11 00:00:00 UTC 2016
id : 6400972
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:49:30 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048422248873984
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1714; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT2 Fl. 481 1 480 CSRFT2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 11516.000986/201012 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9202004.023 – 2ª Turma Sessão de 11 de maio de 2016 Matéria Ajuste deduções de livrocaixa Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado FERNANDO ZANOTTO ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2007 DESPESAS COM INSTRUÇÃO. CURSO DE PÓSGRADUAÇÃO. LIVRO CAIXA. INCOMPATIBILIDADE. As despesas passíveis de dedução a título de livro caixa são aquelas de custeio, necessárias à manutenção da fonte produtora dos rendimentos, o que não inclui as deduções de utilização geral (dependentes, previdência privada e oficial, despesas médicas, com instrução e pensão alimentícia), muito menos em valores que extrapolam os limites legais, válidos para todos os Contribuintes que se utilizam da declaração completa. Recurso Especial do Procurador provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Presidente. (assinado digitalmente) MARIA HELENA COTTA CARDOZO Relatora. EDITADO EM: 23/05/2016 AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 51 6. 00 09 86 /2 01 0- 12 Fl. 481DF CARF MF Impresso em 08/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 07/0 6/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 23/05/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO 2 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (VicePresidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra. Relatório Tratase de lançamento de Imposto de Renda de Pessoa Física do exercício 2007, anocalendário de 2006, tendo em vista glosa de despesas de livrocaixa, omissão de rendimentos recebidos de pessoas físicas, multa isolada pelo não recolhimento do carnêleão e aplicação de multa de ofício qualificada. Em sessão plenária de 16/10/2013, foi julgado o Recurso Voluntário, exarandose o Acórdão nº 2802002.579 (fls. 424 a 441), assim ementado: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2007 IRPF. RECEITAS RECEBIDAS DE PESSOAS FÍSICAS. INCLUSÃO NO LIVRO CAIXA. VALOR DE RENDIMENTOS APURADOS PELA FISCALIZAÇÃO. ÔNUS DO FISCO COMPROVAR QUE ESSES RENDIMENTOS NÃO ESTÃO INCLUÍDOS NOS VALORES DECLARADOS NO LIVRO CAIXA. Cabe ao Fisco comprovar a omissão de rendimentos recebidos de pessoas físicas, demonstrando inequivocamente que as receitas comprovadamente recebidas não estão dentre os valores declarados como receitas no LivroCaixa. IRPF. LIVRO CAIXA. ODONTÓLOGO. DESPESAS DE CUSTEIO. DEDUTIBILIDADE. COMPROVAÇÃO. DOCUMENTAÇÃO HÁBIL E IDÔNEA. O odontólogo, como profissional não assalariado, está autorizado a deduzir as despesas de custeio pagas e necessárias à manutenção da atividade profissional, desde que comprovadas com documentação hábil e idônea. A idoneidade de nota fiscal como prova de pagamento pode ser afastada diante de fortes indícios de que as informações ali registradas não retratam a realidade dos fatos. Nesses casos, cabe ao contribuinte apresentar outros elementos que comprovem o pagamento das alegadas despesas. IRPF. LIVRO CAIXA. ODONTÓLOGO. DESPESAS COM CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO. PAGAMENTOS COMPROVADOS. Não há restrição legal para a dedução no livro caixa de despesas, comprovadas, efetuadas pelo contribuinte que recebe rendimentos do trabalho não assalariado, com curso de especialização necessário ao desempenho da função desenvolvida pelo contribuinte. Fl. 482DF CARF MF Impresso em 08/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 07/0 6/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 23/05/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO Processo nº 11516.000986/201012 Acórdão n.º 9202004.023 CSRFT2 Fl. 482 3 MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. INTUITO DOLOSO NÃO COMPROVADO. QUALIFICAÇÃO AFASTADA. A exigência da multa qualificada tem como requisito a comprovação nos autos do evidente intuito de fraude. Ausente essa comprovação a qualificação da multa deve ser afastada. MULTA ISOLADA E MULTA DE OFÍCIO. CONCOMITÂNCIA. A aplicação concomitante da multa isolada e da multa de oficio não é legítima quando incide sobre a mesma conduta, representada pela omissão dos mesmos rendimentos recebidos de pessoas físicas. MULTA. CONFISCO. SUMULA CARF Nº 2. A multa de ofício é prevista em lei. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Aplicação da Súmula CARF nº 2. REPRESENTAÇÃO FISCAL PARA FINS PENAIS. INCOMPETÊNCIA DO CARF. SÚMULA CARF Nº 28. O CARF não é competente para se pronunciar sobre controvérsias referentes a Processo Administrativo de Representação Fiscal para Fins Penais. Recurso provido em parte.” A decisão foi assim registrada: "Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário para (a) alterar o valor da omissão de rendimentos recebidos de pessoas físicas de R$20.249,65 para R$10.167,97; (b) restabelecer dedução de Livro Caixa no valor de R$8.713,00 (R$8.580,00 mais R$133,00); (c) afastar a qualificação da multa de ofício; e (d) excluir a multa isolada referente ao não recolhimento do imposto mensal obrigatório, nos termos do relatório e votos integrantes do julgado. Vencidos os Conselheiros Jaci de Assis Júnior e Jorge Claudio Duarte Cardoso (relator) que davam provimento parcial em menor extensão. Designada para redigir o voto vencedor, quanto à dedução de despesas com curso de especialização, a Conselheira Dayse Fernandes Leite." O processo foi enviado à PGFN em 04/11/2013 (Despacho de Encaminhamento de fls. 442). Assim, conforme o art. 7º, da Portaria MF nº 527, de 2010, a Fazenda Nacional poderia interpor Recurso Especial até 19/12/2013, o que foi feito em 17/12/2013 (fls. 443 a 451), conforme o Despacho de Encaminhamento de fls. 452. O Recurso Especial está fundamentado no art. 67, do Anexo II, do RICARF, e visa rediscutir a dedução em livrocaixa de despesas com instrução. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme despacho de 29/05/2015 (fls. 453 a 458). Fl. 483DF CARF MF Impresso em 08/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 07/0 6/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 23/05/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO 4 Em seu Recurso Especial, a Fazenda Nacional alega, em síntese: conforme examinado, a controvérsia se situa na discussão sobre a possibilidade ou não de dedução de despesas relativas a curso de especialização em livro caixa. acerca do tema, prevê a norma de regência no Regulamento do Imposto de Renda RIR/99: "Art. 75. O contribuinte que perceber rendimentos do trabalho nãoassalariado, inclusive os titulares dos serviços notariais e de registro, a que se refere o art. 236 da Constituição, e os leiloeiros, poderão deduzir, da receita decorrente do exercício da respectiva atividade (Lei nº 8.134, de 1990, art. 6º, e Lei nº 9.250, de 1995, art. 4°, inciso I): I a remuneração paga a terceiros, desde que com vínculo empregatício, e os encargos trabalhistas e previdenciários; II os emolumentos pagos a terceiros; III as despesas de custeio pagas, necessárias à percepção da receita e à manutenção da fonte produtora. Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica (Lei nº 8.134, de 1990, art. 6º, § 1º, e Lei nº 9.250, de 1995, art. 34): I a quotas de depreciação de instalações, máquinas e equipamentos, bem como a despesas de arrendamento; II a despesas com locomoção e transporte, salvo no caso de representante comercial autônomo; III em relação aos rendimentos a que se referem os arts. 47 e 48." portanto, para que as despesas escrituradas em livrocaixa sejam dedutíveis da base de cálculo do imposto de renda, fazse necessária a demonstração cabal, a cargo do contribuinte, da indispensabilidade dos referidos gastos à percepção da receita e à manutenção da fonte produtora; na hipótese dos autos, no entanto, não há respaldo para autorizar a pretendida dedução, tendo em vista que a despesa realizada com curso de pósgraduação, mesmo que seja pertinente à especialidade exercida pelo contribuinte, não tem o condão de tornálo um gasto necessário ao exercício da atividade; o fato de ser um investimento feito para ampliar os conhecimentos do profissional não possibilita a dedução, considerando a ausência de subsunção ao dispositivo legal, que por sua vez deve ser interpretado literalmente, sob pena de deturpar o intuito do legislador; cumpre ressaltar, ainda, que possibilitar ao profissional não assalariado deduzir despesas com cursos de especialização em livrocaixa e não como despesas de instrução irá criar um tratamento desigual, mais benéfico e sem razoabilidade alguma a uma classe de profissionais, tendo em vista que deduções em livrocaixa não possuem limite de valor; Fl. 484DF CARF MF Impresso em 08/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 07/0 6/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 23/05/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO Processo nº 11516.000986/201012 Acórdão n.º 9202004.023 CSRFT2 Fl. 483 5 neste sentido, cumpre transcrever trecho do voto condutor do acórdão paradigma 2102001.398, cujos argumentos corroboram as razões acerca da necessidade de modificação do acórdão recorrido ora apresentadas, in verbis: "Para a hipótese em debate nestes autos, as despesas passíveis de dedução a título de livro caixa são aquelas necessárias à manutenção da fonte produtora dos rendimentos e, por óbvio, que não estão especificadas como de utilização geral (dependentes, previdência privada e oficial, despesas médicas, com instrução e pensão alimentícia). Na linha acima, a despesa com instrução deve ser deduzida como tal, e não a título de livro caixa. Eventualmente, se a despesa com instrução não puder ser utilizada a tal título, por óbvio não poderá sêlo a título de livro caixa, pois a despesa com instrução consta como despesa dedutível específica, aberta a todos os contribuintes, não sendo razoável permitir que despesas que não se enquadrem nos normativos dos dispêndios com instrução possam sêlas dedutíveis a título de livro caixa, pois, dessa forma, os contribuintes passariam a ser tratados de forma antiisonômicas, ou seja, somente os profissionais liberais poderiam deduzir despesas com instrução em um elastério não permitido aos demais contribuintes. Assim, por óbvio, tratandose de despesas de instrução, somente podem ser deduzidas, pelos profissionais liberais e demais contribuintes, caso se enquadrem dentro dos limites que a lei traçou para as ditas despesas. Desbordando, nenhum contribuinte pode deduzilas." destarte, imperiosa é a reforma do julgado para manter a glosa das referidas deduções nos termos expostos no auto de infração. Ao final a Fazenda Nacional pede o conhecimento e o provimento do recurso, restabelecendose a glosa no valor de R$ 8.580,00. Conforme a informação de fls. 480, prestada pela DRF em Florianópolis/SC, o Contribuinte foi cientificada do acórdão recorrido, do Recurso Especial da Fazenda Nacional e do despacho que lhe deu seguimento, quedandose silente, razão pela qual o crédito tributário incontroverso foi transferido para o processo nº 11516.722.502/201596, para seguir na cobrança. Voto Conselheira MARIA HELENA COTTA CARDOZO O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. A matéria suscitada no apelo é a impossibilidade de dedução, em livrocaixa, de despesas com instrução. Fl. 485DF CARF MF Impresso em 08/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 07/0 6/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 23/05/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO 6 No caso em apreço, o Contribuinte, que é odontólogo, deduziu por meio do livrocaixa, no anocalendário de 2006, o valor de R$ 8.580,00, a título de Curso de Pós Graduação Latu Sensu em Implantodontia (certificado às fls. 20). No que tange às deduções de livrocaixa, a Lei nº 8.134, de 1990, com a redação das Leis nºs 8.383, de 1991, e 9.250, de 1995, assim estabelece: "Art. 6° O contribuinte que perceber rendimentos do trabalho não assalariado, inclusive os titulares dos serviços notariais e de registro, a que se refere o art. 236 da Constituição, e os leiloeiros, poderão deduzir, da receita decorrente do exercício da respectiva atividade: I a remuneração paga a terceiros, desde que com vínculo empregatício, e os encargos trabalhistas e previdenciários; II os emolumentos pagos a terceiros; III as despesas de custeio pagas, necessárias à percepção da receita e à manutenção da fonte produtora. § 1º O disposto neste artigo não se aplica: a) a quotas de depreciação de instalações, máquinas e equipamentos, bem como a despesas de arrendamento; b) a despesas de locomoção e transporte, salvo no caso de representante comercial autônomo. c) em relação aos rendimentos a que se referem os arts. 9º e 10 da Lei nº 7.713, de 1988. § 2º O contribuinte deverá comprovar a veracidade das receitas e das despesas, mediante documentação idônea, escrituradas em livrocaixa, que serão mantidos em seu poder, a disposição da fiscalização, enquanto não ocorrer a prescrição ou decadência. § 3° As deduções de que trata este artigo não poderão exceder à receita mensal da respectiva atividade, permitido o cômputo do excesso de deduções nos meses seguintes, até dezembro, mas o excedente de deduções, porventura existente no final do ano base, não será transposto para o ano seguinte. § 4° Sem prejuízo do disposto no art. 11 da Lei nº 7.713, de 1988, e na Lei nº 7.975, de 26 de dezembro de 1989, as deduções de que tratam os incisos I a III deste artigo somente serão admitidas em relação aos pagamentos efetuados a partir de 1° de janeiro de 1991." A Lei nº 7.975, de 1989, mencionada no dispositivo legal acima, ainda acrescentou mais uma possibilidade de dedução para os odontólogos, incluindo o § 1º no art. 11, da Lei nº 7.713, de 1988, conforme a seguir: "Art. 11. ............................................................. § 1º Fica ainda assegurada aos odontólogos a faculdade de deduzir, da receita decorrente do exercício da respectiva profissão, as despesas com a aquisição do material odontológico por eles aplicadas nos serviços prestados aos seus pacientes, Fl. 486DF CARF MF Impresso em 08/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 07/0 6/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 23/05/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO Processo nº 11516.000986/201012 Acórdão n.º 9202004.023 CSRFT2 Fl. 484 7 assim como as despesas com o pagamento dos profissionais dedicados à prótese e à anestesia, eventualmente utilizados na prestação dos serviços, desde que, em qualquer caso, mantenham escrituração das receitas e despesas realizadas." Assim, constatase que no livrocaixa devem constar apenas as despesas de custeio, necessárias à manutenção da fonte produtora dos rendimentos. Com efeito, não há qualquer disposição, na legislação acima, que autorize a dedução, em livrocaixa, de despesas com instrução, como é o caso de curso de pósgraduação, expressamente citado na Lei nº 9.250, de 1995, que trata dessa espécie de dedução, de caráter geral, quando da opção pela declaração completa: "Art. 8º A base de cálculo do imposto devido no anocalendário será a diferença entre as somas: I de todos os rendimentos percebidos durante o anocalendário, exceto os isentos, os nãotributáveis, os tributáveis exclusivamente na fonte e os sujeitos à tributação definitiva; II das deduções relativas: (...) b) a pagamentos de despesas com instrução do contribuinte e de seus dependentes, efetuados a estabelecimentos de ensino, relativamente à educação infantil, compreendendo as creches e as préescolas; ao ensino fundamental; ao ensino médio; à educação superior, compreendendo os cursos de graduação e de pósgraduação (mestrado, doutorado e especialização); e à educação profissional, compreendendo o ensino técnico e o tecnológico, até o limite anual individual de: (...)" (grifei) Destarte, a interpretação sistemática da legislação tributária leva à conclusão de que é incabível a inclusão, em livrocaixa, e ainda em valor acima do limite legal, de despesas com curso de pósgraduação, que perante a tributação do Imposto de Renda constitui despesa com instrução, que pode ser utilizada por todos que apresentam declaração completa, até o limite estabelecido em lei. Com efeito, a permissão da inclusão de despesas de instrução em livrocaixa, sistemática que pressupõe o aproveitamento de despesas sem limite, estaria a toda evidência ferindo o princípio da isonomia, já que não se admite que os demais Contribuintes deduzam gastos com instrução acima do limite legalmente estabelecido. Diante do exposto, dou provimento ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional, restabelecendo a glosa da dedução de livrocaixa no valor de R$ 8.580,00. (assinado digitalmente) MARIA HELENA COTTA CARDOZO Relatora Fl. 487DF CARF MF Impresso em 08/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 07/0 6/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 23/05/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO 8 Fl. 488DF CARF MF Impresso em 08/06/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/05/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 07/0 6/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 23/05/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO
score : 1.0
Numero do processo: 11634.000119/2007-27
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Feb 18 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Apr 12 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2002, 2003
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE. INDICAÇÃO DE PARADIGMAS. LIMITE REGIMENTAL.
O limite regimental de indicação de até dois paradigmas deve ser aplicado por matéria suscitada e não por argumento ou tese defendida no recurso, dentro da mesma matéria. Não se conhece de Recurso Especial de Divergência quando, analisados os dois primeiros paradigmas indicados para a matéria suscitada, estes são considerados inaptos à demonstração do alegado dissídio jurisprudencial, ainda que tenham sido indicados outros paradigmas, que poderiam se prestar à discussão de outras teses, acerca da matéria suscitada, defendidas pelo Recorrente.
Recurso Especial do Procurador não conhecido
Numero da decisão: 9202-003.812
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso. Votaram pelas conclusões as Conselheiras Patrícia da Silva e Ana Paula Fernandes.
(assinado digitalmente)
CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO - Presidente.
(assinado digitalmente)
MARIA HELENA COTTA CARDOZO - Relatora.
EDITADO EM: 11/03/2016
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (Vice-Presidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra.
Nome do relator: MARIA HELENA COTTA CARDOZO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201602
camara_s : 2ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2002, 2003 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE. INDICAÇÃO DE PARADIGMAS. LIMITE REGIMENTAL. O limite regimental de indicação de até dois paradigmas deve ser aplicado por matéria suscitada e não por argumento ou tese defendida no recurso, dentro da mesma matéria. Não se conhece de Recurso Especial de Divergência quando, analisados os dois primeiros paradigmas indicados para a matéria suscitada, estes são considerados inaptos à demonstração do alegado dissídio jurisprudencial, ainda que tenham sido indicados outros paradigmas, que poderiam se prestar à discussão de outras teses, acerca da matéria suscitada, defendidas pelo Recorrente. Recurso Especial do Procurador não conhecido
turma_s : 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Tue Apr 12 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 11634.000119/2007-27
anomes_publicacao_s : 201604
conteudo_id_s : 5580683
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Apr 12 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 9202-003.812
nome_arquivo_s : Decisao_11634000119200727.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : MARIA HELENA COTTA CARDOZO
nome_arquivo_pdf_s : 11634000119200727_5580683.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso. Votaram pelas conclusões as Conselheiras Patrícia da Silva e Ana Paula Fernandes. (assinado digitalmente) CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO - Presidente. (assinado digitalmente) MARIA HELENA COTTA CARDOZO - Relatora. EDITADO EM: 11/03/2016 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (Vice-Presidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra.
dt_sessao_tdt : Thu Feb 18 00:00:00 UTC 2016
id : 6345733
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:47:23 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048423632994304
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2017; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT2 Fl. 519 1 518 CSRFT2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 11634.000119/200727 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9202003.812 – 2ª Turma Sessão de 18 de fevereiro de 2016 Matéria Normas Gerais de Direito Tributário multa qualificada e decadência Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado GUILHERME MACULAN SODRÉ ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2002, 2003 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE. INDICAÇÃO DE PARADIGMAS. LIMITE REGIMENTAL. O limite regimental de indicação de até dois paradigmas deve ser aplicado por matéria suscitada e não por argumento ou tese defendida no recurso, dentro da mesma matéria. Não se conhece de Recurso Especial de Divergência quando, analisados os dois primeiros paradigmas indicados para a matéria suscitada, estes são considerados inaptos à demonstração do alegado dissídio jurisprudencial, ainda que tenham sido indicados outros paradigmas, que poderiam se prestar à discussão de outras teses, acerca da matéria suscitada, defendidas pelo Recorrente. Recurso Especial do Procurador não conhecido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso. Votaram pelas conclusões as Conselheiras Patrícia da Silva e Ana Paula Fernandes. (assinado digitalmente) CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Presidente. (assinado digitalmente) MARIA HELENA COTTA CARDOZO Relatora. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 63 4. 00 01 19 /2 00 7- 27 Fl. 519DF CARF MF Impresso em 12/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 14/0 3/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO 2 EDITADO EM: 11/03/2016 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (VicePresidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra. Relatório Tratase de acréscimo patrimonial a descoberto, apurado a partir de remessas ao exterior efetuadas no contexto da operação conhecida como "Beacon Hill", em que o Contribuinte figurou como ordenante/remetente. Em sessão plenária de 24/09/2009, foi julgado o Recurso Voluntário, prolatandose o Acórdão nº 210100.315 (fls. 163 a 175), assim ementado: "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2002, 2003 Ementa PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL FASE DE APURAÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO 1NAPLICABILIDADE DOS PRINCÍPIOS DO CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA Somente com a apresentação da impugnação tempestiva, o sujeito passivo formaliza a existência da lide tributária no âmbito administrativo e transmuda o procedimento administrativo preparatório do ato de lançamento em processo administrativo de julgamento da lide fiscal, passando a assistir ao contribuinte as garantias constitucionais e legais do devido processo legal. DECADÊNCIA Nos casos de lançamento por homologação, o prazo decadencial para a constituição do crédito tributário expira após cinco anos a contar da ocorrência do fato gerador. O fato gerador do IRPF se perfaz em 31 de dezembro de cada anocalendário. Não ocorrendo a homologação expressa, o crédito tributário é atingido pela decadência após cinco anos da ocorrência do fato gerador (art. 150, § 4° do CTN). MULTA DE OFÍCIO MAJORAÇÃO DO PERCENTUAL SITUAÇÃO QUALIFICADORA FRAUDE As condutas descritas nos arts. 71, 72 e 73, da Lei n°4.502, de 1964, exige do sujeito passivo a prática de dolo, ou seja, a deliberada intenção de obter o resultado que sena o impedimento ou retardamento da ocorrência do fato gerador, ou a exclusão ou modificação das suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido, ou a evitar ou diferir o seu pagamento. A multa aplicável é aquela a ser imposta pelo não pagamento do tributo Fl. 520DF CARF MF Impresso em 12/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 14/0 3/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO Processo nº 11634.000119/200727 Acórdão n.º 9202003.812 CSRFT2 Fl. 520 3 devido, cujo debito fiscal foi apurado em procedimento de fiscalização, com esteio no art. 44, I, da Lei n° 9.430, de 1996. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO TRIBUTAÇÃO Não tendo o contribuinte logrado comprovar integralmente a origem dos recursos capazes de justificar o acréscimo patrimonial, através de rendimentos tributáveis, isentos ou tributáveis exclusivamente na fonte, é de se manter o lançamento de oficio. Dar provimento parcial ao recurso." A decisão foi assim resumida: "ACORDAM os Membros do Colegiado, por maioria de votos, em DAR provimento parcial para desqualificar a multa de ofício e, por conseqüência, ACOLHER a decadência do direito da Fazenda Nacional de constituir o crédito tributário em relação ao anocalendário de 2001, vencidos os conselheiros Alexandre Naoki Nishioka e Gonçalo Bonet Allage que davam provimento integral." Cientificada do acórdão em 1º/04/2010 (fls. 170), a Fazenda Nacional opôs, em 05/04/2010 (fls. 180), os Embargos de Declaração de fls. 172 a 175, rejeitados conforme o Acórdão de Embargos nº 2101002.042 (fls. 181/182). Intimada do Acórdão de Embargos em 1º/03/2013 (fls. 183), a Fazenda Nacional interpôs, em 04/03/2013 (fls. 185), o Recurso Especial de fls. 186 a 189, visando rediscutir a desqualificação da multa de ofício e a decadência, relativamente ao ano calendário de 2001. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme o Despacho de Admissibilidade de fls. 460 a 463, nos seguintes termos: "Assim sendo, proponho o seguimento do recurso especial da PFN no que se refere à qualificação multa, por prática reiterada, e quanto ao início da contagem do prazo para fins da decadência." Cientificado em 11/03/2014 (fls. 473 a 475), o Contribuinte, em 26/03/2014, ofereceu Contrarrazões e interpôs Recurso Especial (fls. 476 a 492). Ao Recurso Especial foi negado seguimento, conforme o Despacho de Admissibilidade de fls. 497 a 500, o que foi confirmado pelo Despacho de Reexame de fls. 501. Em sede de Contrarrazões, o Contribuinte pede o não provimento do recurso. Intimado do não seguimento de seu Recurso Especial em 09/06/2015 (fls. 508), o Contribuinte apresentou novamente Contrarrazões, em 29/06/2015 (fls. 510 a 514) Voto Fl. 521DF CARF MF Impresso em 12/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 14/0 3/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO 4 Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo, restando perquirir sobre o atendimento aos demais pressupostos de admissibilidade. Quanto ao Recurso Especial do Contribuinte, este não teve seguimento. De plano, as Contrarrazões oferecidas pelo Contribuinte em 2015, às fls. 510 a 514, não serão conhecidas, uma vez que a ciência do acórdão recorrido ocorreu em 11/03/2014 (fls. 473 a 475), oportunidade em que foram oferecidas Contrarrazões tempestivas, em 26/03/2013, estas sim conhecidas. Tratase de acréscimo patrimonial a descoberto, apurado a partir de remessas ao exterior efetuadas no contexto da operação conhecida como "Beacon Hill", em que o Contribuinte figurou como ordenante/remetente. O apelo da Fazenda Nacional visa rediscutir as seguintes matérias: multa qualificada; e decadência. Quanto à primeira matéria, tratase de tema estritamente ligado ao conjunto probatório contido nos autos, mais especificamente à análise da conduta do Contribuinte, o que a princípio descartaria a rediscussão pela Instância Especial, a menos que a questão suscitada diga respeito tãosomente ao critério jurídico utilizado no tratamento da exasperação da penalidade. Com estas considerações, verificase a necessidade de distinção entre o que constitui a matéria suscitada multa qualificada dos diversos critérios jurídicos aplicados no tratamento desta matéria, representados pelas várias teses defendidas no CARF, que justificariam a qualificadora: reiteração da infração; expressividade dos valores omitidos; simulação; operações à margem do sistema financeiro; e outras. Assim, para cada matéria suscitada e não para cada tese aventada o Recorrente pode indicar até dois paradigmas, como determina o RICARF, em seu art. 67. "Art. 67. Compete à CSRF, por suas turmas, julgar recurso especial interposto contra decisão que der à legislação tributária interpretação divergente da que lhe tenha dado outra câmara, turma de câmara, turma especial ou a própria CSRF. (...) § 6º Na hipótese de que trata o caput, o recurso deverá demonstrar a divergência arguida indicando até 2 (duas) decisões divergentes por matéria. § 7º Na hipótese de apresentação de mais de 2 (dois) paradigmas, serão considerados apenas os 2 (dois) primeiros indicados, descartandose os demais." Destarte, nos casos que envolvam a valoração do conjunto probatório, mormente no que tange à qualificação da multa de ofício, que requer o exame da conduta do Contribuinte, há que se identificar o critério utilizado no Auto de Infração, verificar como este Fl. 522DF CARF MF Impresso em 12/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 14/0 3/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO Processo nº 11634.000119/200727 Acórdão n.º 9202003.812 CSRFT2 Fl. 521 5 critério foi tratado no acórdão recorrido, e se o paradigma denota a aplicação de critério diverso, obviamente que em face de situação fática similar à do acórdão recorrido. No presente caso, verificase a seguinte situação: no Auto de Infração, conforme o Termo de Verificação e Encerramento de Ação Fiscal (fls. 94/95), o critério para a qualificação da multa, ao que tudo indica, foi a própria omissão dos rendimentos. Confirase: "6. DA QUALIFICAÇÃO DA MULTA No tocante à imposição da multa de ofício, foi a mesma qualificada em 150%, conforme determinado no inciso II, do artigo 44 da Lei 9.430/96. A imposição decorreu da constatação da omissão de receitas perpetrada pela pessoa física, causando prejuízo aos cofres públicos, mediante a redução do recolhimento/pagamento dos tributos devidos, o que caracteriza o evidente intuito de fraude." o acórdão de Primeira Instância, por sua vez, justificou a manutenção da qualificadora na própria omissão de rendimentos, aliada ao fato de tratarse de omissão de valores vultosos (fls. 150): "Pela análise do que consta dos autos, há elementos suficientes para a caracterização do intuito doloso. Restando demonstrado que o contribuinte deixou de informar rendimentos que acobertassem remessas de divisas ao exterior em suas declarações de ajuste anual, outra não é a conclusão de que houve, concretamente, conduta tendente a manter distante da tributação montantes significativos de rendimentos auferidos, mas que foi detectado pelo lançamento. Não se trata, no caso, da demonstração de que pequenos valores que ficaram à margem de tributação, o que poderia até ser traduzida numa possível conduta involuntária, chegandose à conclusão de que a imposição da penalidade qualificada não seria justificável. Ao contrário, à luz do que foi trazido aos autos, a situação é bastante distinta, tornandose absolutamente inverossímil a ideia de que o contribuinte teria cometido meros equívocos, já que não se pode atribuir a eventual esquecimento o fato de deixar à margem da declaração a transferência de recursos no exterior para seu nome, na importância equivalente a R$ 346.562,65, no anocalendário de 2001, e a R$ 72.696,00, no ano calendário de 2002. Destarte, diante da insubordinação aos ditames da lei, não há como considerar involuntária a conduta do contribuinte, mas sim como uma consequência direta da intenção deliberada de omitir rendimentos e também informações em sua declaração de ajuste anual, o que torna perfeitamente aplicável a multa qualificada prevista no inciso II do artigo 44 da Lei nº 9.430, de 1996." (grifei) Fl. 523DF CARF MF Impresso em 12/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 14/0 3/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO 6 quanto ao acórdão recorrido, este rechaçou o critério da reiteração e do vulto dos valores omitidos, adotando o critério da necessidade de descrição de uma ação ou omissão que revele a intenção dolosa, o que não teria ocorrido no caso em tela. Confirase: "No presente caso, constatamos que as transações bancárias internacionais efetuadas pelo recorrente foram localizadas exatamente porque, em tais operações, não foram utilizados artifícios no sentido de subtrair a sua identificação. Com a utilização dos meios adequados, foi possível aferir a existência dos recursos no exterior, o que, por si só, não caracteriza a intenção dolosa de subtrair a tributação, devendo ser tratado tal fato, apenas, como falta de recolhimento do tributo devido sobre os rendimentos que deram suporte às operações financeiras em foco. Considerandose as gravíssimas conseqüências da qualificação da multa de oficio, que ultrapassam a questão pecuniária, adentrando no terreno do direito penal tributário, mister que estejam comprovados, com todos os elementos de prova, o evidente intuito de fraude. Também, por óbvio, o evidente intuito de fraude não pode ser caracterizado pela forma reiterada de infração ou pelo montante do tributo devido. Não se pode olvidar, que a conduta descrita como necessária à qualificação da pena, teve esteio no artigo 44, II, da Lei n°9.430, de 27/12/1996, que assim dispõe: (...) Sob esse pórtico, somente devem dar azo à multa qualificada a ocorrência das condutas descritas nos artigos 71,72 e 73 da Lei n°4.502, de 30/11/1964, litteris: (...) Com efeito, a fraude se caracteriza em razão de um ação ou omissão, de uma simulação ou ocultação, e pressupõe sempre a intenção de causar dano à Fazenda Pública, num propósito deliberado de subtrair, no todo ou em parte, a obrigação tributária. Na descrição da norma, de forma solar, não está incluída a conduta reiterada em omitir rendimentos, por tal, esse fato não pode ser utilizado, por si só, como elemento fundante para a imposição, vez que, em direito penal tributário, como em direito penal, não há crime sem lei que assim o defina, e, para a aplicação da multa de oficio de 150% é indispensável tratarse de casos de evidente intuito de fraude como definido nos artigos 71, 72 e 73 da Lei n°4.502, de 30/11/1964." (grifei) Assim, no Recurso Especial a Fazenda Nacional poderia indicar até dois paradigmas em que, tratandose de situação fática semelhante à do recorrido acréscimo patrimonial a descoberto apurado a partir de remessas para o exterior efetuadas no contexto da operação Beacon Hill, em que o Contribuinte pessoa física tenha sido identificado como Fl. 524DF CARF MF Impresso em 12/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 14/0 3/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO Processo nº 11634.000119/200727 Acórdão n.º 9202003.812 CSRFT2 Fl. 522 7 ordenante/remetente a multa qualificada fosse mantida, qualquer que tenha sido o critério adotado, desde que identificável no lançamento. Entretanto, foram indicados quatro paradigmas Acórdãos nºs 10196.668, 10196.757, 10194.095 e 20178.336 dois para cada tese/critério defendido pela Recorrente. Confirase o Despacho de Admissibilidade, na parte em que registra esse fato: "Para defender a tese da qualificação da multa, a recorrente apresenta duas linhas de divergência: da relevância dos valores omitidos e da prática reiterada. Na primeira, representada pelos Acórdãos nºs 10196.668 e 101 96.757, argui que o relevante montante de rendimentos omitidos afastaria qualquer possibilidade de erro, revelando a conduta intencional do contribuinte de deixar de oferecer o numerário à tributação, e justificaria a multa de 150% aplicada ao lançamento. (...) Na segunda tese, representada pelos Acórdãos 10194.095 e 20178.336, a recorrente afirma que a divergência reside no fato de, nos paradigmas, a conduta reiterada ter servido como circunstância qualificadora da multa." Constatase, assim, que a subdivisão da matéria "multa qualificada" em duas "linhas de divergência", indicandose dois paradigmas para cada uma dessas "linhas", permitiu que se extrapolasse o limite regimental de até dois paradigmas para cada matéria, o que não pode ser admitido. Com efeito, a prosperar tal procedimento, farseia tábula rasa do § 6º, do art. 67, do Anexo II, do RICARF, já que a subdivisão de uma mesma matéria nos mais diversos argumentos ou teses que esta matéria possa comportar, indicandose paradigmas para cada um deles, caracterizaria burla ao claro limite de até dois acórdãos paradigmas por matéria e não por argumentos, teses ou "linhas de divergência". Destarte, no presente caso somente poderiam ter sido considerados os dois primeiros paradigmas indicados Acórdãos nºs 10196.668 e 10196.757 que defendiam a manutenção da qualificadora tendo em vista a expressividade dos valores omitidos. Quanto aos demais paradigmas indicados, estes deveriam ter sido descartados. Como os dois primeiros paradigmas foram considerados inaptos a demonstrar a alegada divergência, o recurso não poderia ter seguimento, portanto não pode ser conhecido na Instância Especial. Ainda que pudessem ser considerados o terceiro e quarto paradigmas indicados para a matéria "multa qualificada", nos quais é defendida a tese de reiteração como apta a atrair a qualificadora o que se admite apenas para argumentar ditos julgados Acórdãos nºs 10194.095 e 20178.336 não se prestam a demonstrar a alegada divergência jurisprudencial, conforme será demonstrado. No caso do acórdão recorrido, recordese que a infração é a presunção de omissão de rendimentos, tendo em vista a constatação de acréscimo patrimonial a descoberto, apurado a partir de remessas ao exterior efetuadas no contexto da operação conhecida como "Beacon Hill", em que o Contribuinte figurou como ordenante/remetente. Foram efetuadas oito operações, de outubro de 2001 a fevereiro de 2002, apurandose acréscimo patrimonial a descoberto nos meses de outubro, novembro e dezembro de 2001, e em fevereiro de 2002. Fl. 525DF CARF MF Impresso em 12/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 14/0 3/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO 8 Assim, a infração apurada não é representada pelas remessas ao exterior, e sim pelo acréscimo patrimonial a descoberto, portanto a reiteração, nesse caso, estaria representada por quatro meses de acréscimo patrimonial, diluídos em dois anoscalendário. Quanto ao primeiro paradigma Acórdão nº 10194.095 a Fazenda Nacional colacionou no recurso a respectiva ementa, conforme a seguir: "PRELIMINAR. LANÇAMENTO. NULIDADE. Rejeição da preliminar de nulidade por cerceamento do direito de defesa quando o Auto de Infração e seus anexos descrevem minuciosamente as irregularidades cometidas pelo sujeito passivo e indicam os dispositivos legais infringidos. IRPJ/CSLL. FALTA DE RECOLHIMENTO. MULTA QUALIFICADA. A prática reiterada de infrações definidas como falta de recolhimento e/ou de declaração inexata, por diversos anos seguidos, caracteriza indício veemente da ocorrência de irregularidades definidas nos artigos 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502/64 e justifica a aplicação da multa qualificada. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. Os juros de mora, a taxa SELIC, está prevista no artigo 13 da Lei n° 9.065/95 e enquanto o dispositivo legal não for julgado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal e suspensa a sua execução pelo Senado Federal, as autoridades administrativas devem zelar pelo seu fiel cumprimento. Preliminar rejeitada. Negado provimento, no mérito." (destaques da Recorrente) De plano, constatase que a situação tratada no paradigma nada tem a ver com a do recorrido, inclusive no que tange a reiteração. Com efeito, não se pode dizer que a apuração de acréscimo patrimonial em quatro meses, diluídos em dois anoscalendário, seria "prática reiterada de infrações definidas como falta de recolhimento e/ou de declaração inexata, por diversos anos seguidos", como consta da ementa acima. Compulsandose o inteiro teor do paradigma, a discrepância fica mais acentuada, pois verificase que a infração consistiu na apuração de receitas brutas trimestrais declaradas a menor que as escrituradas nos livros fiscais e comerciais, nos anoscalendário de 1998, 1999 e 2000. Quanto ao segundo paradigma indicado para a segunda tese defendida pela Recorrente Acórdão nº 20178.336 a respectiva ementa foi reproduzida no recurso, conforme segue: "NORMAS PROCESSUAIS. CONSTITUCIONAL1DADE DE LEIS. DISCUSSÃO NA ESFERA ADMINISTRATIVA. Os Conselhos de Contribuintes somente podem afastar a aplicação de lei por inconstitucionalidade nas hipóteses previstas em lei, decreto presidencial e regimento interno. IR'. QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO. LEI N2 9.311/96. NORMA PROCEDIMENTAL. APLICAÇÃO INTERTEMPORAL PARA A CONSTITUIÇÃO DE CRÉDITO TRIBUTÁRIO. Norma que permite a utilização de informações bancárias para fins de apuração e constituição de crédito tributário, por Fl. 526DF CARF MF Impresso em 12/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 14/0 3/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO Processo nº 11634.000119/200727 Acórdão n.º 9202003.812 CSRFT2 Fl. 523 9 envergar natureza procedimental, tem aplicação imediata, alcançando mesmo fatos pretéritos. MULTA QUALIFICADA. FRAUDE. PRESENÇA DOS PRINCÍPIOS DE OCULTAÇÃO E DE PRÁTICA REITERADA CONDENÁVEL. A adoção de prática reiterada de ocultar a ocorrência do fato gerador, com subtração permanente de receitas nos livros fiscais ou nos entes acessórios, tipifica o intuito de fraude. MULTA QUALIFICADA. SONEGAÇÃO FISCAL. EXIGÊNCIA FORMULADA COM BASE EM ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL REGULAR E EM CONTA CORRENTE BANCÁRIA. A movimentação de conta bancária ocultada e nãoalcançável por uma singela auditoria fiscal é prática sujeita à multa majorada. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. FRAUDE. DECADÊNCIA. A presença comprovada de fraude desloca a regra de contagem do prazo decadencial para a do inciso I do art. 173 do CTN. Recurso negado." (destaques da Recorrente) A leitura da ementa não autoriza a conclusão no sentido de que haveria similitude fática entre os acórdãos recorrido e paradigma, já que não se esclarece qual teria sido a situação a ensejar a exasperação da penalidade. Compulsandose o inteiro teor do paradigma, concluise que se tratou de interposição de pessoa, o que de forma alguma constou da autuação, no caso do recorrido. Confirase o voto condutor do paradigma: "Ora, o elenco de provas reunidas pelo Fisco não comporta quaisquer dúvidas acerca do 'modus operandi' perpetrado pelos atores intervenientes, sobrelevandose solar na mais tênue análise o nexo causal entre a interposta pessoa e a litigante conforme já denunciado. (...) No caso sob embate, impõese estabelecer duas vertentes para bem encaminhamento do voto, mormente em face do cenário antes descrito visàvis as infrações alicerçadas em princípios distintos: Na hipótese de omissão dos depósitos percebidos pela recorrente através de interposta pessoa, confirmase que não foram objeto de quaisquer reconhecimentos na escrituração da recorrente. A detecção da omissão o foi através de diligência formulada pela via judicial, junto ao Banco Brasileiro de Descontos S/A., onde, pelos documentos de fls. 02 e seguintes, de 15.05.2001 (Anexo I) fornecidos pelo Bradesco S/A., o Fisco relacionara empresas e pessoas físicas que promoveram Fl. 527DF CARF MF Impresso em 12/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 14/0 3/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO 10 depósitos, sem qualquer convicção ou juízo prévio, factíveis de operações sujeitas a controles bancários. Em decorrência, surgiram elementos probantes, como já demonstrados, fatos que permitiram ao Fisco detectar a conta bancária talhada, unicamente, para os fins propostos. Inferese, pois, que não só fora a conta bancária o ente oculto, mas também os valores e as operações que elas encerram do movimento financeiro da recorrente, pois outros valores com outra destinação lá não haviam., porque não contraditos e provados pela defendente. Tipificase, dessa forma, não uma conta bancária à parte da escrituração fato que implicaria singela conclusão, mas, a toda manifesta certeza, receitas não contabilizadas omitidas. Emerge manifesta que, in casu, configurouse, à luz do dia, o ânimus caracterizador da sistemática reiterada de ocultamento e redução indevida de receita, a partir de manobras subalternas que, salvo melhor juízo, notadamenie do dominus litis da ação penal pública, possam revelar de conformidade com o cenário antes traçado, atitude criminosa na ótica tributária." Assim, constatase que, ainda que pudessem ser considerados os paradigmas que extrapolaram o limite regimental, estes não lograram caracterizar a alegada divergência, tendo em vista a ausência de similitude fática em relação ao acórdão recorrido, de sorte que esta primeira matéria não pode ser conhecida. Quanto à segunda matéria suscitada decadência os paradigmas indicados a atrelam à manutenção da multa qualificada, que não foi conhecida, portanto mantémse o que foi decidido no acórdão recorrido, no que tange à inexistência de intuito doloso. Nesse passo, avançar na análise acerca do cabimento da aplicação do art. 150, § 4º, do CTN, demandaria a indicação de paradigma em que, ausente o intuito doloso, dito dispositivo da Lei Complementar fosse considerado inaplicável. Entretanto, não foi indicado pela Recorrente qualquer paradigma nesse sentido. Diante do exposto, não conheço do Recurso Especial, interposto pela Fazenda Nacional. MARIA HELENA COTTA CARDOZO Relatora Fl. 528DF CARF MF Impresso em 12/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 14/0 3/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO
score : 1.0
Numero do processo: 10660.720583/2012-11
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Feb 16 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Mar 02 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/09/2009 a 31/12/2010
COMPENSAÇÃO INDEVIDA. MULTA ISOLADA DE 150%. FALSIDADE NO PREENCHIMENTO DA DECLARAÇÃO. CABIMENTO.
A multa isolada de 150% somente é cabível quando se constata falsidade por parte do Contribuinte, o que se caracteriza pela inclusão, na declaração, de verbas que integram a base de cálculo das Contribuições Previdenciárias, sem qualquer justificativa para que sejam consideradas como créditos passíveis de restituição.
Recurso Especial do Procurador provido em parte
Numero da decisão: 9202-003.778
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, em dar provimento parcial ao recurso para restabelecer a multa sobre as horas extras. Vencidos os Conselheiros Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes, Gerson Macedo Guerra e Maria Teresa Martinez Lopez, que negavam provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO - Presidente.
(assinado digitalmente)
MARIA HELENA COTTA CARDOZO - Relatora.
EDITADO EM: 29/02/2016
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (Vice-Presidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra.
Nome do relator: MARIA HELENA COTTA CARDOZO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201602
camara_s : 2ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/09/2009 a 31/12/2010 COMPENSAÇÃO INDEVIDA. MULTA ISOLADA DE 150%. FALSIDADE NO PREENCHIMENTO DA DECLARAÇÃO. CABIMENTO. A multa isolada de 150% somente é cabível quando se constata falsidade por parte do Contribuinte, o que se caracteriza pela inclusão, na declaração, de verbas que integram a base de cálculo das Contribuições Previdenciárias, sem qualquer justificativa para que sejam consideradas como créditos passíveis de restituição. Recurso Especial do Procurador provido em parte
turma_s : 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Wed Mar 02 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 10660.720583/2012-11
anomes_publicacao_s : 201603
conteudo_id_s : 5570832
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Mar 02 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 9202-003.778
nome_arquivo_s : Decisao_10660720583201211.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : MARIA HELENA COTTA CARDOZO
nome_arquivo_pdf_s : 10660720583201211_5570832.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, em dar provimento parcial ao recurso para restabelecer a multa sobre as horas extras. Vencidos os Conselheiros Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes, Gerson Macedo Guerra e Maria Teresa Martinez Lopez, que negavam provimento ao recurso. (assinado digitalmente) CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO - Presidente. (assinado digitalmente) MARIA HELENA COTTA CARDOZO - Relatora. EDITADO EM: 29/02/2016 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (Vice-Presidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra.
dt_sessao_tdt : Tue Feb 16 00:00:00 UTC 2016
id : 6294754
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:45:32 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048121700777984
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1916; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT2 Fl. 1.847 1 1.846 CSRFT2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10660.720583/201211 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9202003.778 – 2ª Turma Sessão de 16 de fevereiro de 2016 Matéria Compensação multa isolada Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado MUNICÍPIO DE CARMO DE MINAS ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/09/2009 a 31/12/2010 COMPENSAÇÃO INDEVIDA. MULTA ISOLADA DE 150%. FALSIDADE NO PREENCHIMENTO DA DECLARAÇÃO. CABIMENTO. A multa isolada de 150% somente é cabível quando se constata falsidade por parte do Contribuinte, o que se caracteriza pela inclusão, na declaração, de verbas que integram a base de cálculo das Contribuições Previdenciárias, sem qualquer justificativa para que sejam consideradas como créditos passíveis de restituição. Recurso Especial do Procurador provido em parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, em dar provimento parcial ao recurso para restabelecer a multa sobre as horas extras. Vencidos os Conselheiros Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes, Gerson Macedo Guerra e Maria Teresa Martinez Lopez, que negavam provimento ao recurso. (assinado digitalmente) CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Presidente. (assinado digitalmente) MARIA HELENA COTTA CARDOZO Relatora. EDITADO EM: 29/02/2016 AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 66 0. 72 05 83 /2 01 2- 11 Fl. 1847DF CARF MF Impresso em 02/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/02/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 01/0 3/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 29/02/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO 2 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (VicePresidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra. Relatório Tratase de Autos de Infração de Obrigação Principal (AIOP) em que são exigidas Contribuições Previdenciárias decorrentes de glosas de compensações e multa isolada no percentual de 150%, atinente às compensações indevidas efetuadas com falsidade na declaração. Os valores glosados são relativos às Contribuições Previdenciárias incidentes sobre os subsídios dos detentores de cargos eletivos, no período de 01/1998 a 09/2004, sobre contribuições incidentes sobre verbas indenizatórias a título de 1/3 de férias e horas extras, e diferença de alíquota do GILRAT, conforme informado em Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP) nas competências 10/2009 e 08/2010. Conforme o Relatório Fiscal de fls. 17 em diante, quanto às verbas relativas aos detentores de cargos eletivos, o Contribuinte teria deixado de observar o disposto no art. 3º da IN MPS/SRP nº 15/2006, que determina a prescrição em cinco anos contados do pagamento, de sorte que a compensação teria sido indevida nas competências 09/2009 a 02/2010. No que tange às verbas indenizatórias, de acordo com o disposto no § 9º do art.28 da Lei 8.212/1991, as horas extras e o abono constitucional sobre as férias integrariam a base de cálculo da contribuição previdenciária. Relativamente à alíquota GILRAT, esta teria sido fixada primeiro no Anexo V do Decreto 3.048/1999, conforme determinado no art. 202, e depois alterada a partir de 01/06/2007 pelo Decreto 6.042/2007. Impugnado o lançamento, a DRJ em Juiz de Fora/MG manteve a autuação, embora considerando incabível a multa relativa às verbas relativas aos detentores de cargos eletivos (fls. 1.728 a 1.737). "No caso as compensações glosadas, por indevidas, dizem respeito aos recolhimentos promovidos pelo sujeito passivo sobre dispositivo normativo declarado inconstitucional (contribuição dos agentes políticos na vigência da Lei nº 9.506/1997) bem como em verbas entendidas como não sujeitas à incidência de contribuição previdenciária por ter natureza indenizatória e por fim em diferença da alíquota de custeio do GILRAT. Em situações análogas, daí a formulação da diligência, pedindo a separação dos valores decorrentes da remuneração dos detentores de cargos eletivos, tenho como firmado posição quanto à inaplicabilidade da multa isolada de 150%, considerando que existiu, efetivamente, o recolhimento indevido tendo por fato gerador as remunerações dos agentes políticos, prevista na então vigente alínea ‘h’ do inciso I do art. 12 da Lei nº 8.212/1991, na redação dada pela Lei nº 9.506/1997 e que vigorou entre fevereiro de 1998 até parte de setembro/2004. A legitimidade do crédito afasta o elemento específico de falsidade na declaração. Depreendese que, em essência, a compensação é Fl. 1848DF CARF MF Impresso em 02/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/02/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 01/0 3/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 29/02/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO Processo nº 10660.720583/201211 Acórdão n.º 9202003.778 CSRFT2 Fl. 1.848 3 justificada, pecando em seus fundamentos, qual seja, no caso, não observou o prazo legal para pleiteála. Em outras palavras, mesmo legítimo o crédito do sujeito passivo, comprovado ficou que a compensação foi formulada em momento inoportuno, fato que recomenda a sua glosa, mas não a multa isolada. Assim, concluo, que neste particular o lançamento da glosa acrescida dos respectivos efeitos legais é adequado e suficiente, e, indevida a imputação da multa isolada, em razão da inexistência do elemento caracterizador, ou seja “a falsidade”. Todavia, diversamente, encaminho o voto pela manutenção da multa isolada quando são compensadas sem respaldo judicial em processo movido pelo sujeito passivo, contribuições sobre verbas elencadas na lei previdenciária como de incidência, a exemplo de horas extras, 1/3 de férias, gratificações. (...) Na impossibilidade de separação dos valores, conforme pedido formulado na diligência e diante dos fatos apurados nos autos, concluo pela regularidade da imputação da multa isolada de 150%, abrangendo todo o lançamento, porque falsa é a declaração sobre um fato que não corresponde à realidade. Um crédito oriundo de um pagamento tido como indevido por tese jurídica não é líquido e certo." Em sessão plenária de 17/07/2014, foi julgado o Recurso Voluntário s/n, prolatandose o Acórdão nº 2402004.202, assim ementado: "ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/09/2009 a 31/12/2010 PARCELAMENTO. SUSPENSÃO DO PRAZO PRESCRICIONAL PARA EFETUAR COMPENSAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. O parcelamento não é causa extintiva do crédito tributário, assim não pode ser tomado como causa suspensiva da prescrição do direito de compensar tributo pago indevidamente. COMPENSAÇÃO.CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS.É possível a compensação de créditos oriundos do pagamento de contribuições previdenciárias incidentes sobre verbas creditadas aos empregados à título de 1/3 de férias, já que o STJ já decidiu, em sede de representativo de controvérsia, pela não incidência de contribuições sobre tais verbas. RESP nº 1.230.957. MULTA ISOLADA. FALTA DE DEMONSTRAÇÃO DE FRAUDE NO PROCESSO DE COMPENSAÇÃO. INAPLICABILIDADE. Inaplicável a multa isolada de 150% nos casos em que o fisco fundamente a sua imposição apenas na incorreta declaração da GFIP. Fl. 1849DF CARF MF Impresso em 02/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/02/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 01/0 3/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 29/02/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO 4 CONTRIBUIÇÃO PARA FINANCIAMENTO DOS ACIDENTES DE TRABALHO. ALÍQUOTA APLICÁVEL. MUNICÍPIOS. A alíquota da contribuição para financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência laborativa decorrentes dos riscos ambientais do trabalho é definida em função da atividade preponderante do sujeito passivo. O anexo V do Decreto 3048/1991 estabelece a alíquota SAT de 2% para toda a administração pública. Recurso Voluntário Provido em Parte." A decisão foi assim registrada: "ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para que seja reconhecido o direito de compensação dos recolhimentos sobre a verba paga a título de adicional de 1/3 constitucional de férias, bem como afastada a multa isolada." O processo foi encaminhado à PGFN em 16/09/2014 (Despacho de Encaminhamento de fls. 1.823). Assim, conforme o art. 7º, da Portaria MF nº 527, de 2010, a Fazenda Nacional poderia interpor Recurso Especial até 31/10/2014, o que foi feito em 14/10/2014 (fls. 1.824 a 1.830), conforme o Despacho de Encaminhamento de fls. 1.831. O Recurso Especial visa rediscutir a aplicação da multa isolada prevista no § 10, do artigo 89, da Lei nº 8.212, de 1991. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme o Despacho de Admissibilidade nº 2400902, de 20/11/2014 (fls. 1.833 a 1.835). No Recurso Especial, a Fazenda Nacional apresenta os seguintes argumentos, em síntese: a aplicação da penalidade em questão está prevista no art. 89, §10, da Lei nº 8.212, de 1991 c/c art. 44, I da Lei nº 9.430, de 1996: Lei nº 8.212, de 1991 "Art. 89 (...) §10. Na hipótese de compensação indevida, quando se comprove falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo, o contribuinte estará sujeito à multa isolada aplicada no percentual previsto no inciso I do caput do art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, aplicado em dobro, e terá como base de cálculo o valor total do débito indevidamente compensado. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009)." Lei nº 9.430, de 1996 "Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de Fl. 1850DF CARF MF Impresso em 02/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/02/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 01/0 3/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 29/02/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO Processo nº 10660.720583/201211 Acórdão n.º 9202003.778 CSRFT2 Fl. 1.849 5 declaração inexata; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007)" (Destaque nosso) a análise desses dispositivos deixa claro que, na hipótese de compensação indevida, e uma vez constatada a inidoneidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo, impõese a aplicação da multa isolada no percentual de 150%; nesse sentido, segue a jurisprudência administrativa: Acórdão nº 2302002.380 "ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/06/2011 a 31/08/2011 Ementa: CRÉDITO TRIBUTÁRIO INEXISTENTE. COMPENSAÇÃO INDEVIDA. GLOSA. É vedada a compensação de contribuições previdenciárias se ausentes os atributos de liquidez e certeza do crédito compensado. A compensação de contribuições previdenciárias com créditos não materialmente comprovados será objeto de glosa e consequente lançamento tributário, revertendo ao sujeito passivo o ônus da prova em contrário. MULTA ISOLADA. COMPROVAÇÃO DA FALSIDADE DA DECLARAÇÃO. Estando comprovada a falsidade da declaração com a conduta dolosa do sujeito passivo, mostrase correta a aplicação do disposto no art. 89, §10 da Lei nº 8.212/91. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. (Grifos nossos) no caso, o contribuinte compensou créditos que, dada a sua natureza controvertida, não cumprem os requisitos legais de liquidez e certeza e, nessa perspectiva, constatase que a compensação se fundamenta em declaração falsa, ante a inexistência de seus pressupostos legais; uma vez verificada a falsidade, temse configurada a hipótese de incidência prevista no §10 do art. 89 da Lei nº 8.212, de 1991, que, repitase, não exige dolo do agente; ora, se não há nenhuma dúvida de que as GFIP’s entregues pelo Município veicularam informações sabidamente falsas, não há que se falar em redução da penalidade; ressaltese que o Tributário Nacional prevê, em seu art. 97, o seguinte: "Art. 97. Somente a lei pode estabelecer: (...) VI as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades". (Grifos nossos) assim, ao afastar a multa isolada diante da ausência de dolo do agente, o julgado recorrido terminou por criar hipótese de redução de penalidade não prevista em lei, violando, por consequência, o Princípio da Legalidade (cita doutrina de Alexandre de Moraes). Fl. 1851DF CARF MF Impresso em 02/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/02/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 01/0 3/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 29/02/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO 6 Ao final, a Fazenda Nacional pede o conhecimento e o provimento do Recurso Especial, restabelecendose a multa qualificada. Cientificado em 27/01/2015 (AR de fls. 1.839), o Contribuinte ofereceu, por meio de correspondência postada em 11/02/2015, as Contrarrazões de fls. 1.840 a 1.843, em que pede a manutenção do acórdão recorrido e aduz que o entendimento mais recente acerca da matéria não se coaduna com o posicionamento da Fazenda Nacional, indicando o Acórdão nº 2302002.332, cuja ementa colaciona: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 13/10/2010 MULTA ISOLADA. COMPROVAÇÃO DA FALSIDADE DA DECLARAÇÃO. ELEMENTO CONSTITUTIVO DO TIPO OBJETIVO DA INFRAÇÃO. INSTRUÇÃO DEFICIENTE DO PROCESSO. Sendo a comprovação da falsidade da declaração um elemento constitutivo do tipo objetivo infracional previsto no art. 89, §10 da Lei nº 8.212/91, o auto de infração tem que vir instruído, necessariamente, com os elementos de convicção que conduziram o auditor fiscal a inferir a presença do dolo na conduta infracional, até porque o exame da legalidade e legitimidade da autuação pelos órgãos judicantes administrativos depende da análise de tais meios de prova para sindicar a efetiva falsidade da declaração, os quais não são supríveis pela mera presunção de veracidade inerente ao ato administrativo. Recurso Voluntário Provido" Voto Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. Tratase de glosas de compensação referentes a várias rubricas, aplicandose também a multa isolada de 150% por falsidade na declaração. No acórdão recorrido, admitiuse a compensação apenas da verba relativa ao adicional de 1/3 constitucional de férias, mantendose as demais glosas. Ademais, afastouse a multa de 150%. Confirase: "ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para que seja reconhecido o direito de compensação dos recolhimentos sobre a verba paga a título de adicional de 1/3 constitucional de férias, bem como afastada a multa isolada." Em seu recurso, a Fazenda Nacional suscita unicamente a exoneração da multa de 150%, sem atacar especificamente a revisão da glosa referente ao adicional de 1/3 Fl. 1852DF CARF MF Impresso em 02/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/02/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 01/0 3/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 29/02/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO Processo nº 10660.720583/201211 Acórdão n.º 9202003.778 CSRFT2 Fl. 1.850 7 constitucional de férias, portanto não há mais que se discutir acerca da exoneração da multa correspondente a esta verba. A penalidade ora tratada está prevista na Lei nº 8.212, de 1991, com a redação da Lei nº 11.941, de 2009, que assim dispõe: "Art. 89. As contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 desta Lei, as contribuições instituídas a título de substituição e as contribuições devidas a terceiros somente poderão ser restituídas ou compensadas nas hipóteses de pagamento ou recolhimento indevido ou maior que o devido, nos termos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil (...) §10. Na hipótese de compensação indevida, quando se comprove falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo, o contribuinte estará sujeito à multa isolada aplicada no percentual previsto no inciso I do caput do art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, aplicado em dobro, e terá como base de cálculo o valor total do débito indevidamente compensado." O art. 44, inciso I, da Lei nº 9.430, de 1996, por sua vez, com a redação da Lei nº 11.488, de 2007, assim dispõe: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; Destarte, não resta dúvida no sentido de que a constatação da falsidade da declaração é suficiente para a aplicação da multa isolada de 150%, sem a necessidade de comprovação de existência de dolo, ou de qualquer uma das figuras penais descritas no §1º, do art. 44, da Lei nº 9.430, de 1996. Nesse passo, a compensação de créditos tributários inexistentes caracteriza a falsidade requerida no dispositivo legal acima transcrito, restando perquirir, no presente caso, qual teria sido a situação que ensejou a glosa das compensações. Com estas considerações, verificase que, relativamente às glosas de compensação mantidas no acórdão recorrido, cuja multa é objeto do Recurso Especial, o relatório fiscal de fls. 17 a 20 assim fundamenta a aplicação da penalidade: subsídios dos detentores de cargos eletivos teria ocorrido a prescrição dos créditos; verbas de horas extras integrariam a base de cálculo das Contribuições; e diferença de alíquota do Gilrat falta de embasamento legal, pois a alíquota correta seria efetivamente de 2%; Fl. 1853DF CARF MF Impresso em 02/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/02/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 01/0 3/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 29/02/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO 8 Ressaltese que a autuação não foi fundamentada na falta de comprovação da existência dos valores indevidamente compensados. Nesse passo, quanto aos subsídios dos detentores de cargos eletivos, a simples ocorrência de prescrição impede a utilização dos créditos, porém não é suficiente para aplicação da penalidade, atribuindose o caráter de falsidade na declaração. Aliás, foi esse o entendimento da DRJ, sendo que a manutenção integral do lançamento deveuse ao fato de o Contribuinte não apresentar relatório discriminando as verbas, que fora solicitado por meio de diligência. Confirase o voto do acórdão de Primeira Instância: "Em situações análogas, daí a formulação da diligência, pedindo a separação dos valores decorrentes da remuneração dos detentores de cargos eletivos, tenho como firmado posição quanto à inaplicabilidade da multa isolada de 150%, considerando que existiu, efetivamente, o recolhimento indevido tendo por fato gerador as remunerações dos agentes políticos, prevista na então vigente alínea ‘h’ do inciso I do art. 12 da Lei nº 8.212/1991, na redação dada pela Lei nº 9.506/1997 e que vigorou entre fevereiro de 1998 até parte de setembro/2004. A legitimidade do crédito afasta o elemento específico de falsidade na declaração. Depreendese que, em essência, a compensação é justificada, pecando em seus fundamentos, qual seja, no caso, não observou o prazo legal para pleiteála. Em outras palavras, mesmo legítimo o crédito do sujeito passivo, comprovado ficou que a compensação foi formulada em momento inoportuno, fato que recomenda a sua glosa, mas não a multa isolada. Assim, concluo, que neste particular o lançamento da glosa acrescida dos respectivos efeitos legais é adequado e suficiente, e, indevida a imputação da multa isolada, em razão da inexistência do elemento caracterizador, ou seja “a falsidade”. (...) Na impossibilidade de separação dos valores, conforme pedido formulado na diligência e diante dos fatos apurados nos autos, concluo pela regularidade da imputação da multa isolada de 150%, abrangendo todo o lançamento, porque falsa é a declaração sobre um fato que não corresponde à realidade. Um crédito oriundo de um pagamento tido como indevido por tese jurídica não é líquido e certo." Relativamente à diferença de alíquota do Gilrat, no entender desta Conselheira tratase de mero erro na interpretação da legislação, o que levou o Contribuinte a entender que seria cabível uma alíquota menor que a devida. Assim, tal lapso autoriza a glosa da compensação, porém não é suficiente para a aplicação da multa de 150%. Finalmente, no que tange às verbas de horas extras, não há como justificar a inclusão das respectivas Contribuições na declaração como passíveis de restituição, eis que se trata de verbas que, conforme previsto expressamente na legislação, integram a base de cálculo das Contribuições Previdenciárias. Nesse passo, o Contribuinte não apresentou qualquer justificativa plausível para considerar ditas Contribuições como indevidas. Fl. 1854DF CARF MF Impresso em 02/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/02/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 01/0 3/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 29/02/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO Processo nº 10660.720583/201211 Acórdão n.º 9202003.778 CSRFT2 Fl. 1.851 9 Diante do exposto, dou provimento parcial ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional, para restabelecer a multa isolada de 150% sobre as compensações referentes às verbas de horas extras. (assinado digitalmente) MARIA HELENA COTTA CARDOZO Relatora Fl. 1855DF CARF MF Impresso em 02/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/02/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 01/0 3/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 29/02/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO
score : 1.0
Numero do processo: 15586.001143/2007-57
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Jan 28 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Feb 12 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/07/2001 a 30/11/2004
DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. AUTO DE INFRAÇÃO ASSOCIADO A NFLD. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32-A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35-A, penalidade única combinando as duas condutas.
Recurso Especial do Procurador provido
Numero da decisão: 9202-003.710
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional. Vencidas as Conselheiras Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva e Maria Teresa Martinez Lopez que negavam provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO - Presidente.
(assinado digitalmente)
MARIA HELENA COTTA CARDOZO - Relatora.
EDITADO EM: 11/02/2016
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Conselheiros Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (Vice-Presidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra.
Nome do relator: MARIA HELENA COTTA CARDOZO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201601
camara_s : 2ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/07/2001 a 30/11/2004 DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. AUTO DE INFRAÇÃO ASSOCIADO A NFLD. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32-A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35-A, penalidade única combinando as duas condutas. Recurso Especial do Procurador provido
turma_s : 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Fri Feb 12 00:00:00 UTC 2016
numero_processo_s : 15586.001143/2007-57
anomes_publicacao_s : 201602
conteudo_id_s : 5566908
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Feb 12 00:00:00 UTC 2016
numero_decisao_s : 9202-003.710
nome_arquivo_s : Decisao_15586001143200757.PDF
ano_publicacao_s : 2016
nome_relator_s : MARIA HELENA COTTA CARDOZO
nome_arquivo_pdf_s : 15586001143200757_5566908.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional. Vencidas as Conselheiras Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva e Maria Teresa Martinez Lopez que negavam provimento ao recurso. (assinado digitalmente) CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO - Presidente. (assinado digitalmente) MARIA HELENA COTTA CARDOZO - Relatora. EDITADO EM: 11/02/2016 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Conselheiros Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (Vice-Presidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra.
dt_sessao_tdt : Thu Jan 28 00:00:00 UTC 2016
id : 6272260
ano_sessao_s : 2016
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:44:43 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713048123383742464
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2129; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT2 Fl. 278 1 277 CSRFT2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 15586.001143/200757 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9202003.710 – 2ª Turma Sessão de 28 de janeiro de 2016 Matéria Contribuições Sociais Previdenciárias Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado ACTA ENGENHARIA LTDA. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/07/2001 a 30/11/2004 DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. AUTO DE INFRAÇÃO ASSOCIADO A NFLD. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35A, penalidade única combinando as duas condutas. Recurso Especial do Procurador provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional. Vencidas as Conselheiras Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva e Maria Teresa Martinez Lopez que negavam provimento ao recurso. (assinado digitalmente) CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 58 6. 00 11 43 /2 00 7- 57 Fl. 278DF CARF MF Impresso em 12/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO 2 (assinado digitalmente) MARIA HELENA COTTA CARDOZO Relatora. EDITADO EM: 11/02/2016 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Conselheiros Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (VicePresidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra. Relatório Tratase de Auto de Infração por descumprimento de obrigação acessória, com fundamento nos artigos 32, inciso IV, §5º, da Lei n.º 8.212, de 1991, e 225, inciso IV, do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto n.º 3.048, de 1999, com multa punitiva aplicada conforme dispõem os artigos 32, § 5º, da Lei n.º 8.212, de 1991, e 284, inciso II, do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto n.º 3.048, de 1999, uma vez que não foram registrados nas Guias de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social – GFIP’s, do período de 01/1999 a 12/2005, os valores relativos a processos trabalhistas e valores pagos a segurados a título de empréstimo, conforme fls. 05/06. Em sessão plenária de 12/05/2011, foi julgado o Recurso Voluntário nº 266.723, prolatandose o Acórdão nº 230201.063 (fls. 219 a 226), assim ementado: “ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 01/07/2001 a 30/11/2004 Ementa:AUTO DE INFRAÇÃO. GFIP. DADOS NÃO CORRESPONDENTES A TODOS OS FATOS GERADORES. Constitui infração a apresentação de GFIP com dados não correspondentes a todos os fatos geradores de contribuições previdenciárias, conforme artigo 32, Inciso IV e §5º, da Lei nº 8.212/91. RETROATIVIDADE BENIGNA. GFIP. MEDIDA PROVISÓRIA N º 449. REDUÇÃO DA MULTA. As multas em GFIP foram alteradas pela Medida Provisória n º 449 de 2008, que beneficiam o infrator. Foi acrescentado o art. 32A à Lei n º 8.212. Conforme previsto no art. 106, inciso II do CTN, a lei aplicase a ato ou fato pretérito, tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe Fl. 279DF CARF MF Impresso em 12/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO Processo nº 15586.001143/200757 Acórdão n.º 9202003.710 CSRFT2 Fl. 279 3 comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. JUNTADA DE DOCUMENTOS. PRECLUSÃO TEMPORAL. A prova documental deve ser apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual. Recurso Voluntário Provido em Parte” A decisão foi assim registrada: “Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em conceder provimento parcial ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. A multa deve ser calculada considerando as disposições da Medida Provisória n º 449 de 2008, mais precisamente o art. 32A, inciso II, que na conversão pela Lei n º 11.941 foi renumerado para o art. 32A, inciso I da Lei n º 8.212 de 1991.” Cientificada do acórdão em 19/10/2011 (fls. 228), a Fazenda Nacional interpôs, em 20/10/2011 (fls. 230), o Recurso Especial de fls. 231 a 268, com fundamento no art. 67, do Anexo II, da Portaria MF nº 256, de 2009. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme o Despacho nº 2300 264/2012, de 16/05/2012 (fls. 269/270). Em seu apelo, a Fazenda Nacional alega, em síntese: o ordenamento jurídico pátrio rechaça a existência de bis in idem na aplicação de penalidades tributárias, portanto não é legítima a aplicação de mais de uma penalidade em razão do cometimento da mesma infração tributária, sendo certo que o contribuinte não pode ser apenado duas vezes pelo cometimento de um mesmo ilícito; o que a proibição do bis in idem pretende evitar é a dupla penalização por um mesmo ato ilícito, e não, propriamente, a utilização de uma mesma medida de quantificação para penalidades diferentes, decorrentes do cometimento de atos ilícitos também diferentes; nessa linha, constatase que antes das inovações da MP nº 449, de 2008, atualmente convertida na Lei nº 11.941, de 2009, o lançamento do principal era realizado separadamente, em NFLD, incidindo a multa de mora prevista no artigo 35, II, da Lei nº 8.212, de 1991, além da lavratura do auto de infração, com base no artigo 32, da Lei nº 8.212, de 1991 (multa isolada). com o advento da MP nº 449, de 2008, instituiuse uma nova sistemática de constituição dos créditos tributários, o que torna essencial a análise de pelo menos dois dispositivos: artigo 32A e artigo 35A, ambos da Lei nº 8.212, de 1991. o art. 32A, em sua redação dada pela MP nº 449, de 2008, dispõe que: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei Fl. 280DF CARF MF Impresso em 12/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO 4 no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3º deste artigo.” tratase de preceito normativo destinado unicamente a penalizar o contribuinte que deixa de informar em GFIP dados relacionados a fatos geradores de contribuições previdenciárias, nos termos do art. 32, inciso IV, da Lei nº 8.212/91; o atual regramento não criou maiores inovações aos preceitos do antigo art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, exceto no que tange ao percentual máximo da multa que, agora, passou a ser de 20% ; assim, a infração antes penalizada por meio do art. 32, passou a ser enquadrada no art. 32A, com a multa reduzida; contudo, a MP nº 449, de 2008, também inseriu no ordenamento jurídico o art. 35A, in verbis: “Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” tal dispositivo remete à aplicação do artigo 44, da Lei n° 9.430, de 96, que dispõe: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007). I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata;” a leitura do dispositivo acima transcrito corrobora a tese suscitada no acórdão paradigma e ora defendida, no sentido de que o art. 44, inciso I, da Lei nº 9.430, de 1996, abarca duas condutas: o descumprimento da obrigação principal (totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento) e também o descumprimento da obrigação acessória (falta de declaração ou declaração inexata); por certo, devesse privilegiar a interpretação no sentido de que a lei não utiliza palavras ou expressões inúteis e, em consonância com essa sistemática, temse que a única forma de harmonizar a aplicação dos artigos citados é considerar que o lançamento da multa isolada prevista no artigo 32A da Lei nº 8.212, de 1991, ocorrerá quando houver tão somente o descumprimento da obrigação acessória, ou seja, as contribuições destinadas a Seguridade Social foram devidamente recolhidas; Fl. 281DF CARF MF Impresso em 12/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO Processo nº 15586.001143/200757 Acórdão n.º 9202003.710 CSRFT2 Fl. 280 5 por outro lado, toda vez que houver o lançamento da obrigação principal, além do descumprimento da obrigação acessória, a multa lançada será única, qual seja, a prevista no artigo 35A da Lei nº 8.212, de 1991; essa foi a conclusão a que chegou o eminente relator do acórdão paradigma e que reflete a melhor interpretação da nova sistemática de lançamento das contribuições previdenciárias; ressaltase que, conforme salientado alhures, houve lançamento de contribuições sociais em decorrência da atividade de fiscalização que deu origem ao presente feito; logo, de acordo com a nova sistemática, o dispositivo legal a ser aplicado seria o artigo 35A da Lei nº 8.212/91, com a multa prevista no lançamento de ofício (artigo 44 da Lei nº 9.430/96). nessa linha de raciocínio, no momento da execução do julgado, a autoridade fiscal deverá apreciar a norma mais benéfica: se as duas multas anteriores (art. 35, II, e 32, IV, da norma revogada) ou o art. 35A da MP nº 449. Ao final, a Fazenda Nacional pede que seja conhecido e provido o Recurso Especial, no sentido de se verificar, na execução do julgado, qual norma mais benéfica: se a soma das duas multas anteriores (art. 35, II, e art. 32, IV, da norma revogada) ou a do art. 35A da Lei nº 8.212/91. Intimada do acórdão, do Recurso Especial e do despacho que lhe deu seguimento em 21/06/2012 (AR – Aviso de Recebimento de fls. 274), a Contribuinte quedou se silente (fls. 275). Voto Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. Não foram oferecidas ContraRazões. Tratase de Auto de Infração por descumprimento de obrigação acessória, com fundamento nos artigos 32, inciso IV, §5º, da Lei n.º 8.212, de 1991, e 225, inciso IV, do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto n.º 3.048, de 1999, com multa punitiva aplicada conforme dispõem os artigos 32, § 5º, da Lei n.º 8.212, de 1991, e 284, inciso II, do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto n.º 3.048, de 1999, uma vez que não foram registrados nas Guias de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social – GFIP’s, do período de 01/1999 a 12/2005, os valores relativos a processos trabalhistas e valores pagos a segurados a título de empréstimo, conforme discriminativo de fls. 05/06. Fl. 282DF CARF MF Impresso em 12/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO 6 Conforme o TEAF – Termo de Encerramento de Ação Fiscal de fls. 26, existe NFLD – Notificação Fiscal de Lançamento de Débito associada ao presente Auto de Infração. Na decisão recorrida, foi determinada a aplicação da multa do artigo 32A da Lei n° 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, caso esta seja mais benéfica à Contribuinte. Os artigos da Lei nº 8.212, de 1991, com as alterações da Lei n° 9.528, de 1997, que orientavam o Auto de Infração e a NFLD, tinham a seguinte redação: “Art. 32. A empresa é também obrigada a: (...) IV informar mensalmente ao Instituto Nacional do Seguro SocialINSS, por intermédio de documento a ser definido em regulamento, dados relacionados aos fatos geradores de contribuição previdenciárias e outras informações de interesse do INSS. (...) §4º. A não apresentação do documento previsto no inciso IV, independentemente do recolhimento da contribuição, sujeitará o infrator à pena administrativa correspondente a multa variável equivalente a um multiplicador sobre o valor mínimo previsto no art. 92, em função do número de segurados, conforme quadro abaixo. (...) § 7º. A multa de que trata o § 4º sofrerá acréscimo de cinco por cento por mês calendário ou fração, a partir do mês seguinte àquele em que o documento deveria ter sido entregue. (...) Art. 35. Para os fatos geradores ocorridos a partir de 1º e abril de 1997, sobre as contribuições sociais em atraso, arrecadadas pelo INSS, incidirá multa de mora, que não poderá ser relevada, nos seguintes termos: (...) II. para pagamento de créditos incluídos em notificação fiscal de lançamento: a) doze por cento, em até quinze dias do recebimento da notificação; b) quinze por cento, após o 15º dia do recebimento da notificação; c)vinte por cento, após apresentação de recurso desde que antecedido de defesa, sendo ambos tempestivos, até quinze dias da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social – CRP; Fl. 283DF CARF MF Impresso em 12/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO Processo nº 15586.001143/200757 Acórdão n.º 9202003.710 CSRFT2 Fl. 281 7 d) vinte e cinco por cento, após o 15º dia da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS, enquanto não inscrito em Dívida Ativa.” Assim, no caso em apreço, considerandose que houve exigência por meio de Auto de Infração (descumprimento de obrigação acessória, objeto do presente processo) e de NFLD (descumprimento de obrigação principal), foram aplicadas duas multas, no contexto de lançamento de ofício. Com efeito, o entendimento desta CSRF é no sentido de que, embora a antiga redação dos artigos 32 e 35 da Lei nº 8.212, de 1991, não contivesse a expressão “lançamento de ofício”, o fato de as penalidades serem exigidas por meio de Auto de Infração e NFLD não deixa dúvidas acerca da natureza material de multas de ofício. Resta perquirir se as alterações posteriores à autuação, implementadas pela Lei nº 11.941, de 2009, representariam a exigência de penalidade mais benéfica ao Contribuinte, hipótese que autorizaria a sua aplicação retroativa, a teor do art. 106, II, do CTN. Para tanto, porém, é necessário que se estabeleça a exata correlação entre as multas anteriormente previstas e aquelas estabelecidas pela Lei nº 11.941, de 2009, a ver se efetivamente seria o caso, e em que condições aplicarseia a retroatividade benigna. As alterações promovidas pela Lei nº 11.941, de 2009, nos artigos 32 e 35, da Lei nº 8.212, de 1991, no sentido de uniformizar os procedimentos de constituição e exigência dos créditos tributários, previdenciários e não previdenciários, são as seguintes: “Art. 32. A empresa é também obrigada a: (...) IV – declarar à Secretaria da Receita Federal do Brasil e ao Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS, na forma, prazo e condições estabelecidos por esses órgãos, dados relacionados a fatos geradores, base de cálculo e valores devidos da contribuição previdenciária e outras informações de interesse do INSS ou do Conselho Curador do FGTS; (...) § 2o A declaração de que trata o inciso IV do caput deste artigo constitui instrumento hábil e suficiente para a exigência do crédito tributário, e suas informações comporão a base de dados para fins de cálculo e concessão dos benefícios previdenciários. (...) Art. 32A.O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitar seá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda Fl. 284DF CARF MF Impresso em 12/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO 8 que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. (...) Art. 35. Os débitos com a União decorrentes das contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, não pagos nos prazos previstos em legislação, serão acrescidos de multa de mora e juros de mora, nos termos do art. 61 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. E o art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996, por sua vez, assim estabelece: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (grifei) Destarte, resta claro que, com o advento da Lei nº 11.941, de 2009, o lançamento de ofício envolvendo a exigência de contribuições previdenciárias, bem como a verificação de falta de declaração do respectivo fato gerador em GFIP, como ocorreu no presente caso, sujeita o Contribuinte a uma única multa, no percentual de 75%, sobre a totalidade ou diferença da contribuição, prevista no art. 44, inciso I, da Lei nº 9.430, de 1996. Com efeito, a interpretação sistemática da legislação tributária não admite a instituição, em um mesmo ordenamento jurídico, de duas penalidades para a mesma conduta, o que autoriza a interpretação no sentido de que as penalidades previstas no art. 32A não são aplicáveis às situações em que se verifica a falta de declaração/declaração inexata, combinada com a falta de recolhimento da contribuição previdenciária, eis que tal conduta está claramente tipificada no art. 44, inciso I, da Lei nº 9.430, de 1996. Diante do exposto, dou provimento ao Recurso Especial, interposto pela Fazenda Nacional, para que, na fase de execução desta decisão, se aplique a situação mais benéfica para a Contribuinte: a soma das duas multas, aplicadas no presente Auto de Infração e na NFLD correspondente; ou a multa de 75% sobre a totalidade ou diferença de contribuição, prevista no art. 44, inciso I, da Lei nº 9.430, de 1996. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Relatora Fl. 285DF CARF MF Impresso em 12/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO Processo nº 15586.001143/200757 Acórdão n.º 9202003.710 CSRFT2 Fl. 282 9 Fl. 286DF CARF MF Impresso em 12/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por MARIA HELENA COTT A CARDOZO
score : 1.0