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Turma- 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (143)
- 2ª SEÇÃO (143)
- 2019 (143)
Numero do processo: 15504.003887/2008-50
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jan 29 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Feb 12 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2004
DECADÊNCIA. PENALIDADE. DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA.
Tratando-se de penalidade por descumprimento de obrigação acessória, incabível a discussão acerca da existência ou não de pagamento antecipado, aplicando- se o art. 173, inciso I, do CTN.
RELEVAÇÃO DE MULTA. NECESSIDADE DE PEDIDO DENTRO DO PRAZO DE IMPUGNAÇÃO.
Incabível a relevação da multa aplicada por descumprimento de obrigação acessória, quando o respectivo pedido não foi apresentado dentro do prazo de impugnação.
Numero da decisão: 9202-007.484
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em Exercício e Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Luciana Matos Pereira Barbosa (suplente convocada), Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício). Ausente a conselheira Patrícia da Silva, substituída pela conselheira Luciana Matos Pereira Barbosa.
Nome do relator: MARIA HELENA COTTA CARDOZO
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2004 DECADÊNCIA. PENALIDADE. DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. Tratando-se de penalidade por descumprimento de obrigação acessória, incabível a discussão acerca da existência ou não de pagamento antecipado, aplicando- se o art. 173, inciso I, do CTN. RELEVAÇÃO DE MULTA. NECESSIDADE DE PEDIDO DENTRO DO PRAZO DE IMPUGNAÇÃO. Incabível a relevação da multa aplicada por descumprimento de obrigação acessória, quando o respectivo pedido não foi apresentado dentro do prazo de impugnação.
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PENALIDADE. DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. Tratandose de penalidade por descumprimento de obrigação acessória, incabível a discussão acerca da existência ou não de pagamento antecipado, aplicando se o art. 173, inciso I, do CTN. RELEVAÇÃO DE MULTA. NECESSIDADE DE PEDIDO DENTRO DO PRAZO DE IMPUGNAÇÃO. Incabível a relevação da multa aplicada por descumprimento de obrigação acessória, quando o respectivo pedido não foi apresentado dentro do prazo de impugnação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em Exercício e Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Luciana Matos Pereira Barbosa (suplente convocada), Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 50 4. 00 38 87 /2 00 8- 50 Fl. 349DF CARF MF 2 Exercício). Ausente a conselheira Patrícia da Silva, substituída pela conselheira Luciana Matos Pereira Barbosa. Relatório Tratase de ação fiscal que originou os seguintes procedimentos: PROCESSO DEBCAD TIPO FASE 15504.003886/200813 37.143.3894 (AI38) Obrig. Acessória Recurso Voluntário 15504.003887/200850 37.143.3908 (AI68) Obrig. Acessória Recurso Especial 15504.003888/200802 37.143.3916 (AI69) Obrig. Acessória Recurso Especial 15504.003889/200849 37.143.3924 (AI85) Obrig. Acessória Dívida Ativa 15504.003890/200873 37.143.3932 (AI86) Obrig. Acessória Recurso Voluntário O presente processo trata do Debcad 37.143.3908 (AI68), lavrado em razão da apresentação de Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias, nos períodos de 01/2003 a 12/2004. A ciência do lançamento ocorreu em 18/03/2008 (fls. 13/14). Em sessão plenária de 12/07/2012, foi julgado o Recurso Voluntário, prolatandose o Acórdão nº 2403001.533 (efls. 292 a 300), assim ementado: "ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2003 a 31/12/2004 CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. RELEVAÇÃO DA MULTA. A multa deve ser relevada se o contribuinte retifica a falha que deu ensejo à multa isolada no prazo da Impugnação, mesmo que não faça o requerimento. DECADÊNCIA PARCIAL. PERÍODO ATINGIDO PELA DECADÊNCIA QUINQUENAL. SÚMULA VINCULANTE DO STF. Após a publicação da Súmula Vinculante nº 8 pelo Supremo Tribunal Federal que declarou a inconstitucionalidade do art. 45 da Lei nº 8.212/1991, aplicamse as disposições do CTN para fins do cômputo da decadência. Nos tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo decadencial das Contribuições Previdenciárias é de 05 (cinco) anos, nos termos do art. 150, § 4º do CTN, quando houver antecipação no pagamento, mesmo que parcial, por força da Súmula Vinculante nº 08, do Supremo Tribunal Federal. Fl. 350DF CARF MF Processo nº 15504.003887/200850 Acórdão n.º 9202007.484 CSRFT2 Fl. 350 3 Os fatos geradores ocorreram entre as competências 01/2001 a 12/2004, o lançamento foi realizado em 17/03/2008, tendo a notificação ocorrido em 18/03/2008, dessa forma decaído o período compreendido entre 01/2003 e 02/2003. OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS. INOBSERVÂNCIA. Constitui infração à legislação previdenciária deixar de apresentar a declaração no prazo fixado ou apresentála com incorreções ou omissões. Obrigatoriedade expressamente contida na norma do art. 32, IV, da Lei n. 8.212/91. Recurso Voluntário Provido em Parte." A decisão foi assim registrada: "ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de voto, em dar provimento parcial ao recurso reconheço a decadência parcial das competências 01/2003 e 02/2003, nos termos do art. 150, § 4º do CTN. No mérito por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso a fim de relevar a multa concernente à competência de 04/2003." O processo foi encaminhado à PGFN em 17/10/2012 (Despacho de Encaminhamento de efls. 301) e, em 18/10/2012 (Despacho de Encaminhamento de efls. 308), a Fazenda Nacional opôs os Embargos de Declaração de efls. 302 a 307, rejeitados conforme Despacho nº 2403112, de 12/12/2012 (efls. 310/311). Foi o processo novamente encaminhado à PGFN em 08/02/2013 (Despacho de Encaminhamento de efls. 312) e, em 26/02/2013, foi interposto o Recurso Especial de efls. 313 a 329 (Despacho de Encaminhamento de efls. 330), com fundamento nos arts. 67 e 68, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 2009, visando rediscutir as seguintes matérias: decadência; e requisitos necessários para relevação da multa. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme Despacho nº 2400 149/2014, de 10/02/2014 (efls. 332 a 335). Em seu apelo, a Fazenda Nacional apresenta as seguintes alegações: Da decadência no presente caso, tratandose de lançamento de multa por descumprimento de obrigação acessória, cujo lançamento é sempre de ofício, e não por homologação, não existe dispositivo legal que autorize deslocar o termo inicial da decadência para o fato gerador, devendo ser aplicada a regra geral do artigo 173, I, do CTN. Dos requisitos para relevação da multa Fl. 351DF CARF MF 4 o Colegiado a quo resolveu relevar a multa, no que toca à competência 04/2003, em que pese não tenha o Contribuinte formulado pedido expresso nesse sentido; todavia, tal decisão contraria o disposto no art. 291, § 1º, do Regulamento da Previdência Social (Decreto nº 3.048, de 1999), vigente à época da autuação; o citado dispositivo legal é claro ao prescrever a necessidade de o Contribuinte formular pedido expresso dentro do prazo de defesa, para que haja a relevação da multa; não tendo o Contribuinte adotado tal providência, mostrase inviável a relevação da multa. Ao final, a Fazenda Nacional pede que seja conhecido e provido o Recurso Especial, mantendose o lançamento. Cientificado, o Contribuinte quedouse silente (efls. 343 a 347). Voto Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo Relatora O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. Não foram oferecidas Contrarrazões. Tratase de Auto de Infração (Debcad 37.143.3908) lavrado em razão da apresentação de Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias, nos períodos de 01/2003 a 12/2004. A ciência do lançamento ocorreu em 18/03/2008 (fls. 13/14). Quanto à primeira matéria decadência no acórdão recorrido, mediante a aplicação do art. 150, § 4º, do CTN, foi declarada a decadência das competências 01/2003 e 02/2003. A Fazenda Nacional, por sua vez, pleiteia a aplicação do art. 173, inciso I, do mesmo Código. Com efeito, o presente processo trata de multa por descumprimento de obrigação acessória, cujo lançamento é levado a cabo na modalidade de ofício, e não de homologação, portanto não se harmoniza com a problemática de existência ou não de pagamento antecipado. Assim, o dispositivo do CTN a ser aplicado é o artigo 173, inciso I, sem possibilidade de deslocamento do dies a quo para a data do fato gerador. Destarte, considerandose que a Contribuinte foi cientificada do Auto de Infração em 18/03/2008, e que os fatos geradores ora tratados ocorreram no período de 01/2003 a 12/2004, aplicandose o art. 173, I, do CTN, não há que se falar em decadência. Quanto à segunda matéria requisitos para relevação da multa destacase que, à época do lançamento, vigorava o art. 291, do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto nº 3.048, de 1999, com a seguinte redação: Fl. 352DF CARF MF Processo nº 15504.003887/200850 Acórdão n.º 9202007.484 CSRFT2 Fl. 351 5 "Art.291. Constitui circunstância atenuante da penalidade aplicada ter o infrator corrigido a falta até o termo final do prazo para impugnação. §1º A multa será relevada se o infrator formular pedido e corrigir a falta, dentro do prazo de impugnação, ainda que não contestada a infração, desde que seja o infrator primário e não tenha ocorrido nenhuma circunstância agravante. (Redação dada pelo Decreto nº 6.032, de 2007)" (grifei) Com efeito, verificase que um dos requisitos para a concessão desse favor fiscal era o requerimento dentro do prazo de impugnação, o que não foi feito pela Contribuinte em sua peça de defesa. Destarte, não tendo a Contribuinte adotado tal providência, mostrase inviável a apreciação do pedido de relevação da multa. Diante do exposto, conheço do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional e, no mérito, doulhe provimento. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Fl. 353DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.720670/2013-05
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jun 18 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed Jul 03 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2009
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. PRESSUPOSTOS. CONHECIMENTO.
Atendidos os pressupostos regimentais, mormente no que tange à demonstração da divergência jurisprudencial suscitada, o Recurso Especial deve ser conhecido e apreciadas as razões nele contidas, independentemente da forma como a matéria foi especificada no respectivo despacho de admissibilidade.
PREVIDÊNCIA PRIVADA COMPLEMENTAR ABERTA. REMUNERAÇÃO CARACTERIZADA. HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA.
No caso de plano de previdência complementar em regime aberto, a empresa pode eleger como beneficiários grupos de empregados e dirigentes pertencentes a determinada categoria, desde que não se caracterize como incentivo ao trabalho, gratificação ou prêmio, situação em que os respectivos valores integram a remuneração e sujeitam-se à incidência de Contribuição Previdenciária.
Numero da decisão: 9202-007.974
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento, com retorno dos autos ao colegiado de origem, para apreciação das demais questões do recurso voluntário. Votaram pelas conclusões as conselheiras Patrícia da Silva e Ana Paula Fernandes.
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em Exercício e Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Denny Medeiros da Silveira (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício).
Nome do relator: MARIA HELENA COTTA CARDOZO
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2009 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. PRESSUPOSTOS. CONHECIMENTO. Atendidos os pressupostos regimentais, mormente no que tange à demonstração da divergência jurisprudencial suscitada, o Recurso Especial deve ser conhecido e apreciadas as razões nele contidas, independentemente da forma como a matéria foi especificada no respectivo despacho de admissibilidade. PREVIDÊNCIA PRIVADA COMPLEMENTAR ABERTA. REMUNERAÇÃO CARACTERIZADA. HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. No caso de plano de previdência complementar em regime aberto, a empresa pode eleger como beneficiários grupos de empregados e dirigentes pertencentes a determinada categoria, desde que não se caracterize como incentivo ao trabalho, gratificação ou prêmio, situação em que os respectivos valores integram a remuneração e sujeitam-se à incidência de Contribuição Previdenciária.
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ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2009 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. PRESSUPOSTOS. CONHECIMENTO. Atendidos os pressupostos regimentais, mormente no que tange à demonstração da divergência jurisprudencial suscitada, o Recurso Especial deve ser conhecido e apreciadas as razões nele contidas, independentemente da forma como a matéria foi especificada no respectivo despacho de admissibilidade. PREVIDÊNCIA PRIVADA COMPLEMENTAR ABERTA. REMUNERAÇÃO CARACTERIZADA. HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. No caso de plano de previdência complementar em regime aberto, a empresa pode eleger como beneficiários grupos de empregados e dirigentes pertencentes a determinada categoria, desde que não se caracterize como incentivo ao trabalho, gratificação ou prêmio, situação em que os respectivos valores integram a remuneração e sujeitamse à incidência de Contribuição Previdenciária. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento, com retorno dos autos ao colegiado de origem, para apreciação das demais questões do recurso voluntário. Votaram pelas conclusões as conselheiras Patrícia da Silva e Ana Paula Fernandes. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em Exercício e Relatora AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 72 06 70 /2 01 3- 05 Fl. 548DF CARF MF 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Denny Medeiros da Silveira (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício). Relatório Tratase do Debcad 51.013.9973, referente às Contribuições Previdenciárias, parte patronal, incidentes nas remunerações pagas a segurado contribuinte individual, a título de previdência complementar privada em regime aberto, no período de 01/2009 a 12/2009, conforme Termo de Verificação Fiscal de fls. 186 a 193. A fiscalização entendeu que os aportes efetuados pela Contribuinte em conta de previdência privada, em benefício de um de seus diretores, configurava pagamento de remuneração. Em sessão plenária de 07/10/2014, foi julgado o Recurso Voluntário, prolatandose o Acórdão nº 2803003.710 (fls. 469 a 481), assim ementado: "ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Exercício: 2009 PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE REMUNERAÇÃO PARA FINS DE INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. A LC n°109/2001 alterou a regulamentação da matéria antes adstrita à Lei n. 8.212/1991, admitindo que, no caso de plano de previdência complementar em regime aberto, a concessão pela empresa a grupos de empregados e dirigentes pertencentes a determinada categoria não caracteriza remuneração sujeito à incidência de contribuições previdenciárias. A aportes diferentes para trabalhadores com salário distintos não desnatura as características do benefício, um vez que quem ganha mais terá motivos para pagar mais, pois poderá pretender mais se aproximar de seu salário real quando se aposentar. Recurso Voluntário Provido Crédito Tributário Exonerado." A decisão foi assim registrada: "Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator. Vencido o Conselheiro Oseas Coimbra Junior que fará declaração de voto. O Conselheiro Helton Carlos Praia de Lima votou pelas conclusões. Sustentação oral Advogado Dr Gabriel Lacerda Troianelli, OAB/SP nº78.656." O processo foi encaminhado à PGFN em 29/01/2015 (Despacho de Encaminhamento de fls. 482) e, em 12/03/2015, foi interposto o Recurso Especial de fls. 483 a 506 (Despacho de Encaminhamento de fls. 507), com fundamento no art. 67, do Anexo II, do Fl. 549DF CARF MF Processo nº 19515.720670/201305 Acórdão n.º 9202007.974 CSRFT2 Fl. 549 3 Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 2009, visando rediscutir as seguintes matérias: tributação de valores correspondentes a previdência complementar em regime aberto, não disponível a todos os empregados; e natureza de gratificação, em face da ausência de regra geral para aporte de contribuições do empregador e possibilidade do beneficiário do plano efetuar resgate desvinculado de qualquer finalidade previdenciária. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme despacho de 24/05/2016 (fls. 509 a 516). Em seu apelo, a Fazenda Nacional apresenta as seguintes alegações: a interpretação conjunta dos arts. 195 e 201, § 11, da Constituição Federal leva, irrefutavelmente, à conclusão de que o termo “folha de salários”, para efeito de cálculo da contribuição para a Seguridade Social, abrange não somente salário, no sentido estrito do termo, mas o quantum total efetivamente pago, devido ou creditado ao empregado em razão do contrato de trabalho, independentemente da titulação atribuída à parcela salarial ou remuneratória; com efeito, no caso do preceptivo legal do art 28, § 9º, da Lei nº 8.212, de 1991, não se mostra por demais enfatizar que, face ao seu caráter isentivo deve, a teor do artigo 111 do Código Tributário Nacional, ser interpretado literalmente, não comportando exegese ampliativa por parte do aplicador da norma; nesse contexto, temse que é preciso que a empresa proporcione a todos os seus empregados e dirigentes um plano de previdência complementar que lhes seja facultado aderir, para que possa usufruir da isenção de Contribuições Sociais Previdenciárias, e não o fazendo, ou beneficiando apenas os dirigentes ou um grupo restrito de empregados, esta parcela (Contribuições feitas pela empresa a programa de previdência complementar), por ficar fora do alcance da isenção, deve sofrer a incidência das Contribuições Sociais Previdenciárias; no presente caso, não restou configurada a hipótese de isenção prevista na alínea “p” do § 9º do art. 28 da Lei nº 8.212, de 1991, em relação ao plano de previdência privada da Bradesco Previdência e Seguros S.A., que segue as regras registradas no documento reproduzido às fls. 172 a 178 (6º Termo Aditivo ao Contrato de Previdência Privada), porquanto o parágrafo 2.1 do referido documento é expresso ao determinar que somente serão considerados participantes do plano “Diretores Estatutários, Diretores Técnicos e os investidos em cargo de Assessor da Diretoria, da Instituidora, participantes dos Planos I e II mantidos pela mesma"; a apuração da natureza dos pagamentos questionados deve, necessariamente, levar em conta um cuidadoso exame das circunstâncias fáticas, para que seja apurado se o objetivo visado pelos pagamentos das Contribuições era, efetivamente, financiar a concessão de benefícios futuros; para fins tributários, para que pagamentos de plano de previdência complementar não sejam caracterizados como de natureza remuneratória, deverão, Fl. 550DF CARF MF 4 necessariamente, ter por objetivo a formação de reservas garantidoras da implementação de benefícios; embora o artigo 27 da Lei Complementar nº 109, de 2001, assegure aos participantes de plano de benefício de entidade aberta o direito de resgate de recursos das reservas técnicas, provisões e fundos (total ou parcialmente), temse que, para fins tributários, o resgate sistemático dos valores depositados para formação da reserva caracteriza a natureza remuneratória dos pagamentos efetuados; em razão do exposto, constatase que a formalização de um plano em que a formação de reservas garantidoras dos benefícios seja, claramente, inviável, não faz jus a isenção; conforme já ressaltado, ao regular os planos de entidades abertas, a Lei Complementar nº 109/2001 não estabeleceu um prazo de carência para o resgate dos depósitos efetuados, em razão de ser a adesão ao plano facultativa, ou seja, para a Lei Complementar nº 109, de 2001, o resgate não descaracteriza a natureza do plano; porém, para a Lei nº 8.212, de 1991, que concedeu isenção aos pagamentos de planos de previdência complementar efetuados pelo empregador, a inviabilização da formação das reservas caracteriza a natureza remuneratória dos pagamentos efetuados pelo empregador, em razão da constatação de que o objetivo visado pela concessão da isenção não será atingido; se os pagamentos não se destinam a garantir a concessão de um benefício futuro, não se justifica que sejam os mesmos isentados da tributação; é um contrasenso, portanto, asseverar que os pagamentos questionados visavam propiciar ao Sr. Renato da Cruz Gomes uma complementação previdenciária, após a autoridade fiscal ter constatado, pelo exame de DIRF da empresa Bradesco Vida e Previdência S.A., que o referido senhor efetuou, no ano de 2011, resgate no montante de R$ 9.768.008,37 de plano de previdência privada desta pessoa jurídica; esse fato caracteriza que o plano não atende ao objetivo fixado no artigo 1º da Lei Complementar nº 109, de 2001, para o regime de previdência privada de caráter complementar: a constituição de reservas que garantam a constituição de benefício futuro; o fato de o valor das contribuições da autuada para este plano de previdência privada não estar claramente estabelecido no seu próprio contrato (fls. 172 a 178), ao contrário do que alega a Contribuinte, também demonstra o caráter remuneratório de tais pagamentos, visto que a previsão contida no artigo 1º, do Anexo I, da Circular SUSEP nº 183/2002, de possibilidade de contribuição adicional de qualquer valor, a qualquer tempo, destinase ao participante do plano de previdência privada e não a seu instituidor; somase às evidências já expostas, o fato de o montante total das contribuições ao plano de previdência privada quase se igualar à remuneração registrada como recebida, no ano de 2009, pelo diretor Renato da Cruz Gomes; os efeitos práticos da formalização do plano de previdência privada foi apenas o de permitir à autuada, ao invés de depositar os pagamentos diretamente na conta do diretor Renato da Cruz Gomes, efetuar o depósito dos valores na conta do plano de previdência privada; Fl. 551DF CARF MF Processo nº 19515.720670/201305 Acórdão n.º 9202007.974 CSRFT2 Fl. 550 5 o referido diretor, porém, tem direito ao resgate sem carência, inviabilizando a formação das reservas e auferindo, na prática, uma complementação salarial, não sendo objetivo do legislador conceder isenção a pagamentos dessa natureza. Ao final, a Fazenda Nacional requer seja conhecido e provido o Recurso Especial, restabelecendose o lançamento em sua integralidade. Cientificada do acórdão, do Recurso Especial da Procuradoria e do despacho que lhe deu seguimento em 10/10/2016 (Termo de Ciência por Abertura de Mensagem de fls. 522), a Contribuinte ofereceu, em 25/10/2016 (Termo de Solicitação de Juntada de fls. 523), as Contrarrazões de fls. 524 a 543, contendo os seguintes argumentos: Do não conhecimento do Recurso Especial: existência de fundamento autônomo no acórdão recorrido não atacado pela Fazenda Nacional inicialmente, cabe salientar que o Recurso Especial da Fazenda Nacional não merece ser conhecido, pelo fato de ter se insurgido apenas quanto a um dos fundamentos do acórdão recorrido, tendo permanecido inatacado fundamento autônomo (nulidade do lançamento) por si só suficiente para manter o julgado "a quo"; muito embora tenha a Recorrente fundamentado seu recurso exclusivamente na alegação de que os aportes a plano de previdência privada complementar efetuados pela Contribuinte teriam natureza remuneratória e assim não estariam abrangidos pela regra da alínea "p", do parágrafo 9º, do artigo 28, da Lei n° 8.212, de 1991, o acórdão recorrido cancelou o lançamento não apenas por ter entendido que os aportes em questão não tinham natureza remuneratória, mas, sobretudo, em razão da "nulidade do Lançamento, por vício na construção da norma individual e concreta", vício específico do ato de lançamento independente da questão de mérito nele tratada, cujo reconhecimento pelo acórdão recorrido é por si só suficiente para mantêlo. Da inaplicabilidade da condição constante da parte final da alínea "p" do § 9º, do art. 28, da Lei nº 8.212, de 1991, aos planos mantidos junto a entidade aberta de previdência privada, em razão do disposto na Lei Complementar nº 109, de 2001 como reconhecido pelo acórdão recorrido, a condição constante da parte final da alínea "p", do § 9º, do artigo 28 da Lei n° 8.212, de 1991, a qual o fiscal autuante e a Fazenda Nacional lançam mão para justificar a presente exigência fiscal, simplesmente não se aplica ao caso concreto, tendo sido tal matéria objeto de decisão proferida pela 2a Turma da CSRF, nos autos do processo n° 14485.003204/200796 (Acórdão n° 9202003.193); com efeito, caso as regras estabelecidas pela Lei Complementar n° 109, de 2001, não tivessem relevância "para fins tributários", não teria esta regulado expressamente as consequências tributárias de suas determinações. Da inexistência de qualquer elemento que justifique a atribuição de suposto caráter remuneratório aos aportes efetuados pela Contribuinte o que faz a Fazenda Nacional com sua pretensão de "verificar os elementos de convicção trazidos aos autos" não é discutir a interpretação do art. 28, § 9º, "p", da Lei nº 8.212, de 1991, mas sim tentar trazer para esta instância especial o reexame dos fatos discutidos em primeira instância e rediscutidos pela Turma "a quo", buscando fazer de forma Fl. 552DF CARF MF 6 inaceitável que esta 2ª Turma da CSRF atue como uma "terceira instância" para reexaminar tais fatos, o que evidentemente foge à função uniformizadora de interpretação da lei que compete a esta Turma; ao contrário do que supõe a Fazenda Nacional, o fato de o Sr. Renato da Cruz Gomes ter em 2011 resgatado o valor de RS 9.768.008,37, correspondente a aproximadamente mais de 11 vezes o valor dos aportes efetuados em 2009 (RS 864.000,00) e mais de oito vezes o valor da remuneração recebida em 2009 (R$ 1.152.000,00) por si só demonstra que tal diretor durante muitos anos manteve os recursos aportados no plano de previdência em questão, provavelmente só tendo efetuado referido saque para aplicar em outro plano de previdência ou investimento que no seu entender oferecesse remuneração mais vantajosa, de forma a melhor assegurar "a constituição de reservas que garantam a constituição de benefício futuro", função que a autuante afirmou sem qualquer demonstração que estaria a ser desvirtuada no caso concreto; além disso, tratandose de plano na modalidade aberta, como reconhecido pela própria Fazenda Nacional, o caput do artigo 27, da Lei Complementar nº 109, de 2001, não deixa dúvida de que ao participante é possibilitado o resgate total das contribuições vertidas ao plano; a legislação previdenciária cuida do resgate como um direito do participante, que poderá por ele ser exercido durante o prazo de diferimento após prazo de carência de um ano civil completo, observado determinado intervalo de tempo entre um resgate e outro, e também as condições do contrato; por fim, cabe observar que de qualquer forma, por ser o resgate a qualquer tempo um direito do beneficiário dos planos de previdência privada aberta, a Contribuinte (instituidora) não tem qualquer ingerência sobre os resgates eventualmente feitos por seus funcionários, sendo da EAPP a responsabilidade pela fiscalização de sua compatibilidade com a legislação previdenciária, não podendo, assim, ser atribuída à Contribuinte qualquer conseqüência pelo fato de o Sr. Renato da Cruz Gomes ter resgatado os recursos mantidos no fundo de previdência, sobretudo quando se considera que o resgate em questão se deu em 2011 e o presente lançamento diz respeito ao ano base de 2009, tendo sido assim manifestamente observados os prazos de carência e diferimento previstos na legislação; a fixação dos valores dos aportes no contrato previdenciário não é um dever do instituidor, como sustenta a Fazenda Nacional, mas mero poder (ou faculdade), sendo certo que para que procedesse a tese da Fazenda, deveria o art. 1º, do Anexo I, da Circular SUSEP nº 183/2002, estabelecer que "O valor e a periodicidade das contribuições deverão ser estipulados na proposta de inscrição...", o que não ocorre; no caso concreto, o plano em questão foi devidamente aprovado pela SUSEP, o que obviamente não teria ocorrido, caso a legislação exigisse a fixação dos valores dos aportes no contrato previdenciário ou impedisse que o instituidor efetuasse aportes adicionais de qualquer valor e a qualquer tempo; ao contrário do que sustenta a Fazenda Nacional, o fato de os aportes ao plano de previdência complementar serem próximos (no caso, 81% do salário em 2009) à remuneração paga ao Sr. Renato Cruz Gomes não atesta suposto caráter remuneratório, mas comprova, na verdade, justamente o caráter previdenciário desses aportes; isto porque, como já demonstrado no recurso voluntário, os planos de Previdência Privada visam proporcionar aos beneficiários a possibilidade de obter na Fl. 553DF CARF MF Processo nº 19515.720670/201305 Acórdão n.º 9202007.974 CSRFT2 Fl. 551 7 inatividade vencimentos em valor próximo aos da época em que estavam na ativa, o que faz com que, para que seja atingida tal finalidade, quanto maior for a remuneração (portanto mais longe para cima do "teto" da previdência oficial), mais próximos a tal remuneração devem ser os aportes relativos à previdência complementar; considerandose que no caso concreto, como constatado pela própria fiscalização, o Sr. Renato da Cruz Gomes em 2011 resgatou o valor de RS 9.768.008,37, corresponde a aproximadamente mais de 11 vezes o valor dos aportes efetuados em 2009 (R$ 864.000,00), é evidente que durante muitos anos ele manteve no plano de previdência os recursos aportados pela Contribuinte, sendo nesse contexto "data máxima venia" risível a insinuação da Fazenda Nacional de que o plano de previdência em questão funcionaria como uma espécie de "conta corrente" aberta em nome do Sr. Renato da Cruz Gomes, que muito provavelmente só fez esse resgate em 2011, como já exposto acima, para aplicar os recursos em outro plano de previdência ou investimento que no seu entender oferecesse remuneração mais vantajosa, de forma a melhor assegurar "a constituição de reservas que garantam a constituição de benefício futuro", função que a Recorrente e autuante afirmaram, sem qualquer demonstração de que estaria a ser desvirtuada no caso concreto. Ao final, a Contribuinte pede que o Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional não seja conhecido e, caso assim não se entenda, que lhe seja negado provimento. Voto Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo Relatora O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo, restando perquirir se atende aos demais pressupostos de admissibilidade. Tratase do Debcad 51.013.9973, referente às Contribuições Previdenciárias, parte patronal, incidentes nas remunerações pagas a segurado contribuinte individual, a título de previdência complementar privada em regime aberto, no período de 01/2009 a 12/2009, conforme Termo de Verificação Fiscal de fls. 186 a 193. A fiscalização entendeu que os aportes efetuados pela Contribuinte em conta de previdência privada, em benefício de um de seus diretores, configurava pagamento de remuneração. Em sede de Contrarrazões, a Contribuinte pede o não conhecimento do recurso, alegando a existência de fundamento autônomo no acórdão recorrido, suficiente para mantêlo, que não teria sido atacado pela Fazenda Nacional em seu recurso. O dito fundamento autônomo não atacado foi assim resumido pela Contribuinte: "(...) muito embora tenha a Recorrente fundamentado seu recurso especial exclusivamente na alegação de que os aportes a plano de previdência privada complementar efetuados pela Recorrida teriam natureza remuneratória e assim não estariam abrangido pela regra da alínea "p" do parágrafo 9° do artigo 28 da Lei nº 8.212/1991, o v. acórdão recorrido cancelou o lançamento não apenas por ter entendido que os aportes em questão não tinham natureza remuneratória, mas, sobretudo, em Fl. 554DF CARF MF 8 razão da "NULIDADE DO LANÇAMENTO, POR VICIO NA CONSTRUÇÃO DA NORMA INDIVIDUAL E CONCRETA", VÍCIO ESPECÍFICO DO ATO DE LANÇAMENTO INDEPENDENTE DA QUESTÃO DE MÉRITO NELE TRATADA, CUJO RECONHECIMENTO PELO V. ACÓRDÃO RECORRIDO É POR SI SÓ SUFICIENTE PARA MANTÊLO. Dessa forma, não merece ser conhecido o recurso especial interposto, na forma da jurisprudência pacífica de todas as Turmas da CSRF acima mencionada." O trecho acima induz à conclusão de que haveria, no caso concreto, algum defeito específico no Auto de Infração objeto do presente processo, a determinar a sua verificação, com vistas à declaração de nulidade. Entretanto, compulsando o acórdão recorrido, constatase que a menção a suposta nulidade não descreve defeito na autuação e sim posicionamento contrário ao do relator. Assim, a dita nulidade nada mais é que a divergência de interpretações dadas a um determinado conjunto probatório, à luz do arcabouço jurídico normativo. Nesse passo o autuante, examinando a situação concreta, à luz do arcabouço jurídiconormativo, concluiu que a verba em questão seria tributável. O relator, por sua vez, examinando a mesma situação, não enxergou nela qualquer irregularidade, à luz do mesmo arcabouço jurídiconormativo. E a interpretação do autuante é vista pelo relator como nulidade. Confirase o voto do recorrido, nesta parte: "Quanto a alegação fiscal (II) de que o valor das contribuições para este plano de previdência privada não está claramente estabelecido no seu próprio contrato (documento de fls. 172 a 178), em que não haveria determinação de valores máximos ou mínimos de contribuição à entidade de previdência privada, também não merece manutenção. Observese que o lançamento, nem o julgamento de primeiro grau, trazem o fundamento jurídico que determinam que haja tais limitadores, o art. 41, da Lei Complementar 109/2001, diz respeito apenas a competência de fiscalização, não de livre convicção sem autorização legal, o ato de lançamento tributário é estritamente vinculado (art. 142, do CTN). Quanto à alegação fiscal (III e IV) de que poderia o beneficiário com autorização da Instituidora (Autuada), resgatar parte ou a totalidade da “Conta de Reserva do Participante – Parte Instituidora” e da “Conta de Reserva do Participante – Parte Participante”, e em montante que das contribuições à previdência privada efetuadas no ano de 2009 em favor do diretor Renato da Cruz Gomes quase se iguala ao valor total das remunerações registradas como pagas ao mesmo no referido ano. Novamente, observese que o lançamento, nem o julgamento de primeiro grau, trazem o fundamento jurídico que determinam que haja tais limitadores que pretende impor. Comentários idênticos ao parágrafo anterior. Por si só, os argumento fiscais gerariam a nulidade do lançamento, por vício na construção da norma individual e concreta, pois tanto contêm contrariedade fática como fundamentase em norma geral e abstrata inexistente, mas vai se além." De plano, constatase que a pecha de nulidade, aventada no acórdão recorrido, diz respeito exatamente às questões de mérito tratadas na autuação óbices quanto às Fl. 555DF CARF MF Processo nº 19515.720670/201305 Acórdão n.º 9202007.974 CSRFT2 Fl. 552 9 contribuições da instituidora e no que tange à possibilidade de resgate todas elas objeto do Recurso Especial da Fazenda Nacional. A menção a nulidade estaria ligada a eventual contrariedade fática e inexistência de norma jurídica a respaldar a autuação. Mas isso constitui o próprio mérito do recurso, refletindo a dialética processual. Aliás, o rito do Processo Administrativo Fiscal existe exatamente para que se produza essa discussão dialética. Afinal, não é porque o relator entende que não existem provas ou que não há base legal para a autuação, que ela automaticamente se torna nula. Ademais, embora tenha aventado nulidade, o próprio relator abandona a tese e "vai além", de sorte que não foi declarada qualquer nulidade, seja por vício formal ou material, e sim foi dado provimento ao Recurso Voluntário, cancelandose a autuação, portanto caberia à Fazenda Nacional trazer paradigma em que, em situação semelhante, a autuação tenha sido mantida. E ainda que o relator não "fosse além" e efetivamente o Colegiado declarasse nulidade, também bastaria à Fazenda Nacional apresentar paradigma em que, apreciandose situação similar, a nulidade sequer fosse aventada, mantendose a autuação. E foi exatamente isso que ocorreu. Um dos paradigmas indicados pela Fazenda Nacional, o Acórdão nº 2402 004.109, prolatado no processo nº 16327.721426/201208, cujo autuado (Banco Bradesco S/A) pertence ao grupo empresarial do interessado no presente processo e trata do mesmo plano de previdência complementar. Ainda quanto ao conhecimento, registrese que há no rito do processo administrativo fiscal um momento específico em que a contraparte pode explicitar suas restrições, e esse momento é o oferecimento de Contrarrazões, que efetivamente foram apresentadas pela Contribuinte às fls. 524 a 543. Assim, não é razoável que, no momento do julgamento, a parte contrária, em sede sustentação oral, traga novas considerações e argumentos contrários ao conhecimento do recurso, não aportados aos autos quando do momento oportuno. Entretanto, como a divergência jurisprudencial foi demonstrada de forma irrefutável pela Fazenda Nacional, não custa registrar que o acórdão recorrido tratou das acusações contidas na autuação, explicitando inclusive os respectivos itens da peça acusatória. Ademais, o apelo da Fazenda Nacional não deixa dúvidas, no sentido de que as razões ali contidas dizem respeito tanto à questão dos resgates quanto às regras de aporte de contribuições da instituidora. Nesse passo, levandose em conta que o paradigma trata dos dois aspectos, é irrelevante que no Despacho de Admissibilidade do Recurso Especial (fls. 509 a 516) a matéria tenha sido especificada referenciandose apenas os resgates, já que, uma vez que foi dado seguimento total ao apelo, todas as razões nele contidas podem ser apreciadas na Instância Especial, sem qualquer restrição. Diante do exposto, conheço do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional e passo a examinarlhe o mérito. O apelo visa rediscutir as seguintes matérias: tributação de valores correspondentes a previdência complementar em regime aberto, não disponível a todos os empregados; e Fl. 556DF CARF MF 10 natureza de gratificação, em face da ausência de regra geral para aporte de contribuições do empregador e possibilidade do beneficiário do plano efetuar resgate desvinculado de qualquer finalidade previdenciária. Quanto ao fato de o plano de previdência não ser extensivo a todos os empregados e dirigentes da empresa, a matéria não é nova neste Colegiado, tendo sido exaustivamente discutida nas sessões de 07/05/2014 e 22/02/2017, prolatandose, respectivamente, os Acórdãos nºs 9202003.193 e 9202005.241, da lavra dos Ilustres Conselheiros Gustavo Lian Haddad (o primeiro) e Luiz Eduardo de Oliveira Santos (o segundo). Em ambas as oportunidades, acompanhei os Ilustres Relatores e, por concordar com eles, adoto os fundamentos do Acórdão nº 9202005.241, de 22/02/2017 (que inclusive se reporta ao Acórdão nº 9202003.193), que ora trago à colação como minhas razões de decidir, efetuando as necessárias adaptações ao presente caso: "A discussão cingese à possibilidade de o contribuinte excluir, do saláriodecontribuição, os valores pagos a título de previdência complementar a seus funcionários, por ser este um plano de benefício de entidade aberta; essa é a linha de argumentação do paradigma. Esta matéria já foi debatida por esta 2ª Turma da CSRF, no acórdão 9202003.19, que justamente é indicado como um dos acórdãos paradigma pela ora recorrente. Naquela oportunidade acompanhei o entendimento do então relator, Dr. Gustavo Lian Haddad, que, no voto condutor argumentou que o advento da Lei Complementar n° 109, de 2001, dando tratamento novo e completo ao caso de planos de previdência privada abertos, teria derrogado o art. 28 da Lei n° 8.212, de 1991, no tocante à condição de oferecimento do plano a todos os empregados e diretores para fins de exclusão de seu valor da base de cálculo das contribuições previdenciárias. A seguir, para fins de ilustração, reproduzo as razões de decidir do referido acórdão 9202003.193, que na época acompanhei e que agora utilizo para fundamentar meu voto. No mérito, a discussão nos presentes autos se refere à obrigatoriedade de se disponibilizar programa de previdência privada complementar (em regime aberto) à totalidade dos empregados e dirigentes para que tais valores não integrem o salário de contribuição e, consequentemente, não estejam sujeitos à incidência de contribuições previdenciárias. A fiscalização aplicou à espécie o art. 28, §9°, p, da Lei 8.212/91, segundo o qual contribuições da empresa para planos de previdência privada de seus empregados e dirigentes somente não estão sujeitas a contribuições previdenciárias se estiverem disponíveis à totalidade de seus empregados e dirigentes. In verbis: 'Art.28. Entendese por saláriodecontribuição: (...) § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (...) Fl. 557DF CARF MF Processo nº 19515.720670/201305 Acórdão n.º 9202007.974 CSRFT2 Fl. 553 11 p) o valor das contribuições efetivamente pago pela pessoa jurídica relativo a programa de previdência complementar, aberto ou fechado, desde que disponível à totalidade de seus empregados e dirigentes, observados, no que couber, os arts. 9º e 468 da CLT;” (Destaquei) Referido dispositivo foi incluído na Lei 8.212/91 no âmbito das alterações promovidas pela Lei 9.528, de dezembro de 1997. Nada obstante o dispositivo acima transcrito não tenha sido expressamente revogado, a regulação da matéria foi substancialmente alterada pela Emenda Constitucional 20/1998 e pela Lei Complementar 109/2001. Com o advento da Emenda Constitucional 20/1998, que alterou o art. 202 da Constituição Federal, a previsão de que as contribuições pagas pelo empregador a título de previdência privada para seus empregados não integram a remuneração do empregado ganhou status constitucional, in verbis: “Art. 202. O regime de previdência privada, de caráter complementar e organizado de forma autônoma em relação ao regime geral de previdência social, será facultativo, baseado na constituição de reservas que garantam o benefício contratado, e regulado por lei complementar. (...) § 2° As contribuições do empregador, os benefícios e as condições contratuais previstas nos estatutos, regulamentos e planos de benefícios das entidades de previdência privada não integram o contrato de trabalho dos participantes, assim como, à exceção dos benefícios concedidos, não integram a remuneração dos participantes, nos termos da lei.”(Destaquei) A Lei Complementar 109/2001 foi aprovada para regulamentar o referido dispositivo constitucional e previu, no mesmo sentido da Constituição Federal, que as contribuições do empregador feitas a entidades de previdência privada não estão sujeitas a tributação e contribuições de qualquer natureza: “Art. 68. As contribuições do empregador, os benefícios e as condições contratuais previstos nos estatutos, regulamentos e planos de benefícios das entidades de previdência complementar não integram o contrato de trabalho dos participantes, assim como, à exceção dos benefícios concedidos, não integram a remuneração dos participantes. (...) Art. 69. As contribuições vertidas para as entidades de previdência complementar, destinadas ao custeio dos planos de benefícios de natureza previdenciária, são dedutíveis para fins de incidência de imposto sobre a renda, nos limites e nas condições fixadas em lei. § 1o Sobre as contribuições de que trata o caput não incidem tributação e contribuições de qualquer natureza. (...)” (Destaquei) Fl. 558DF CARF MF 12 Da leitura dos dispositivos acima se constata que eles não contêm a condição antes prevista no art. 28, § 9°, p, da Lei8.212/91. Isto é, nos termos dos arts. 68 e 69 acima citados, as contribuições que o empregador faz ao plano de previdência complementar do empregado não devem ser consideradas parte de sua remuneração e, especificamente, sobre elas não devem incidir quaisquer tributos ou contribuições. Especificamente em relação aos planos abertos de previdência complementar, como é o caso dos presentes autos (...), a Lei Complementar 109/2001 permite de forma expressa que sejam disponibilizados pelo empregador a grupos de uma ou mais categorias específicas dos seus empregados: Dos Planos de Benefícios de Entidades Abertas Art. 26. Os planos de benefícios instituídos por entidades abertas poderão ser: I individuais, quando acessíveis a quaisquer pessoas físicas; ou II coletivos, quando tenham por objetivo garantir benefícios previdenciários a pessoas físicas vinculadas, direta ou indiretamente, a uma pessoa jurídica contratante. §1º O plano coletivo poderá ser contratado por uma ou várias pessoas jurídicas. § 2º O vínculo indireto de que trata o inciso II deste artigo refere se aos casos em que uma entidade representativa de pessoas jurídicas contrate plano previdenciário coletivo para grupos de pessoas físicas vinculadas a suas filiadas. § 3º Os grupos de pessoas de que trata o parágrafo anterior poderão ser constituídos por uma ou mais categorias específicas de empregados de um mesmo empregador, podendo abranger empresas coligadas, controladas ou subsidiárias, e por membros de associações legalmente constituídas, de caráter profissional ou classista, e seus cônjuges ou companheiros e dependentes econômicos.(Destaquei). A Lei Complementar 109/2001 não apenas omitiu a condição antes prevista no art. 28, § 9°, p, da Lei 8.212/91 (isto é, estabeleceu que as contribuições do empregador a plano de previdência privada ou complementar dos empregados não devem ser consideradas como remuneração destes e não se submetem à incidência de qualquer imposto ou contribuição) como também expressamente permitiu o estabelecimento de planos de previdência complementar abertos coletivos, os quais podem ser compostos por grupos de uma ou mais categorias específicas de um mesmo empregador. A ratio motivadora do legislador complementar parece ter sido o de estimular a poupança privada pelos vários meios possíveis, inclusive a instituição de programas pelos empregadores em benefício de categorias específicas de empregados quando se tratar de plano aberto, oferecido pelo mercado, evitando o 'engessamento' que por certo desestimularia a concessão de planos se houvesse rigidez exagerada quanto no público alvo do plano. Neste ponto, ainda que se entenda que a regulamentação Fl. 559DF CARF MF Processo nº 19515.720670/201305 Acórdão n.º 9202007.974 CSRFT2 Fl. 554 13 do art. 202, §2º, da Constituição Federal deveria ter sido veiculada por lei formalmente ordinária, em vista do previsto na parte final do dispositivo, a conclusão seria que, nesta parte, a Lei Complementar 109/2001 atua materialmente como lei ordinária, regulando a matéria de modo diferente da regulamentação anterior da Lei 8.212/91, com as alterações da Lei 9.528/97. A noção de que as leis complementares em sua forma também o são em sua substância ou matéria apenas e tão somente quando regulam matérias reservadas a esta espécie legislativa pela Constituição é assente na moderna doutrina e na jurisprudência do E. Supremo Tribunal Federal, consagrada no julgamento da ADIN 4.0715 (que tratou da COFINS de sociedades civis). Neste caso, o plenário do E. STF entendeu que lei ordinária poderia revogar previsão de lei complementar anterior que tratava de matéria não reservada especificamente à lei complementar pela Constituição Federal já que, neste ponto a previsão contida em lei complementar tem status de lei ordinária (é materialmente lei ordinária). Deste modo, entendo que a condição estabelecida pelo artigo 28, §9º, p, da Lei 8.212/91, isto é, a cláusula 'desde que o programa de previdência complementar, aberto ou fechado, esteja disponível à totalidade de empregados e dirigentes' para que a contribuição do empregador a plano de previdência complementar não sofra incidência de contribuição previdenciária não é aplicável aos casos de previdência privada complementar em regime aberto coletivo, uma vez que legislação posterior (arts 68 e 69 c/c art. 26, §§2º e 3º, todos da Lei Complementar 109/2001 e transcritos acima) deixou de prever tal condição e, além disto, expressamente previu a possibilidade de o empregador contratar a previdência privada para grupos ou categorias específicas de empregados. Por óbvio que tal faculdade não pode servir de propósito a transmudar remuneração ou prêmio em contribuição a previdência privada não tributável, aspecto que deve ser aferido considerando as circunstâncias fáticas do caso. (...) A meu ver, as exclusões de elegibilidade em questão se aplicam a categorias específicas de empregados, estando dentro dos limites da faculdade conferida ao empregador pelo art. 26, §3º da Lei Complementar 109/2001, não constituindo discriminação ou escolha aleatória ou subjetiva de pessoas pelo empregador que pudesse transmudar a contribuição para a previdência privada em prêmio, mas eleição de uma ou mais classes ou categorias de empregados a serem beneficiados." (grifei) Assim, compartilho do entendimento no sentido de que o fato de o benefício não se estender à totalidade dos empregados e dirigentes, por si só, não pode fundamentar a desqualificação de plano de previdência privada aberta, ou seja, a não incidência de Fl. 560DF CARF MF 14 Contribuições Previdenciárias requer a inexistência de qualquer outro fundamento que desnature essas verbas. De plano, esclareçase que não está em discussão a possibilidade ou não de haver no mercado de previdência privada plano que possibilite as mais diversas movimentações financeiros, o que deve ser controlado pelos órgãos de regulação do mercado financeiro, e nesse passo afastase qualquer alegação de que normas da Susep sobreporseiam às regras da tributação previdenciária. O que se está tratando no presente processo é da exclusão, da base de cálculo das Contribuições Previdenciárias, de valores relativos a previdência privada complementar, o que envolve o atendimentos a diversos pressupostos que justificam tal benefício. Nesse passo, as características de cada plano devem, sim, ser passadas em revista, a ver se atenderiam efetivamente à finalidade da norma que exclui dita verba, sem que haja desvirtuamento que as converta em remuneração. Nesse mesmo sentido é o Acórdão nº 2401004.776, de 09/05/2017, da lavra do Ilustre Conselheiro Cleberson Alex Friess, que retratam o posicionamento desta Conselheira: "Entretanto, quer na previdência complementar fechada ou aberta, para o fim de exclusão da base de cálculo previdenciária, nos termos dos arts. 68 e 69 da LC nº 109, de 2001, impõese a necessidade de identificação do caráter previdenciário do plano de benefício com o finalidade de constituição de reservas. Senão vejamos o que menciona a Constituição da República e a Lei complementar: (...) Como se observa, o incentivo estatal que afasta a tributação está vinculado diretamente à instituição de planos de previdência complementar, os quais visam estimular a poupança interna, proporcionando ao trabalhador, ou a seu dependente, um determinado nível de renda futura e substitutiva/complementar da remuneração da atividade laboral, cujos benefícios previstos nos planos, via de regra, estão relacionados a ocorrência de eventos por sobrevivência, morte ou invalidez total ou permanente. Em vista disso, os valores dos aportes feitos ao plano de previdência, denominado de contribuições, mesmo que estruturado na modalidade de contribuição variável, devem ter por objetivo a constituição de reservas, as quais uma vez investidas formarão a provisão matemática de benefícios a conceder. Para fins fiscais, não é porque o plano de previdência privada aberta coletivo foi autorizado pelo órgão competente e foi celebrado contrato com entidade de previdência complementar regularmente constituída que a autoridade tributária está impedida de desqualificálo No exercício das atividades de fiscalização tributária, continua competente o agente fiscal para verificar, tendo em conta as circunstâncias do caso concreto, se os valores não estão sendo utilizados como ferramenta de política remuneratória da empresa destinada a incentivar ou retribuir o trabalho. Fl. 561DF CARF MF Processo nº 19515.720670/201305 Acórdão n.º 9202007.974 CSRFT2 Fl. 555 15 É óbvio que as contribuições vertidas para as entidades de previdência complementar não podem servir de propósito para converter salário, gratificação, bônus ou prêmio em parcelas não submetidas à tributação previdenciária." Assim, a despeito das alegações trazidas em sede de Contrarrazões, cabe à Instância Especial dirimir as divergências interpretativas, inclusive quando se trata de critério para estabelecer a natureza de verbas pagas a título de previdência privada complementar, se efetivamente se confirma tal natureza, ou se tratarseia de remuneração, situação em que há a incidência das Contribuições Previdenciárias. Nesse passo, constatase que, no presente caso, a questão de não abranger a totalidade dos empregados não foi o único óbice à exclusão do saláriodecontribuição. Conforme a autuação, ocorreu o desvirtuamento dos pagamentos, o que foi determinante para ensejar o caráter remuneratório das Contribuições destinadas pelo empregador a título de previdência complementar. Confirase o Termo de Verificação Fiscal de fls. 186 a 193: "3.4. Foi verificado que o contribuinte destinou valores a título de contribuição suplementar e contribuição extra para plano de previdência privada de seu diretor Renato da Cruz Gomes. Na tabela abaixo estão detalhados esses valores, bem como valores referentes à remuneração paga no mesmo período. Observase que o valor destinado pela empresa, mensalmente, à previdência privada, correspondeu entre 30 a 32% da remuneração, saltando para 630% em 08/2009. Em uma análise do total do ano de 2009 temos que o valor destinado ao plano de previdência privada correspondeu a 81% da remuneração paga. (...) 3.5. Conforme esclarecimentos prestados o Sr. Renato da Cruz Gomes está inscrito no plano suplementar que segue as regras do 6o Termo Aditivo ao Contrato de Previdência Privada firmado em 30 de julho de 1999. Estão destacados abaixo alguns pontos desse 6o Termo Aditivo: (...) 3.6. Em resposta a Termo de Intimação Fiscal foi informado, em relação à remuneração dos diretores, que esta é fixa, limitada ao montante global anual aprovado pela Assembléia Geral, cabendo ao Conselho de Administração deliberar quanto ao valor e periodicidade do pagamento. Ainda, anualmente, é submetida à aprovação da Assembléia de Acionistas proposta de verba para custear o Plano de Previdência Complementar Aberta destinado a seus Administradores. Anexa Ata das Assembléias Gerais Extraordinária e Ordinária realizadas cumulativamente em 29/04/2009 onde foi fixado: a) o montante global anual da remuneração dos Administradores, no valor de até R$3.500.000,00; b) a verba de até R$1.000.000,00 destinada a custear Planos de Previdência Complementar Aberta dos Administradores da Sociedade. Fl. 562DF CARF MF 16 3.7. Conforme verificado, e de acordo com os esclarecimentos do contribuinte, no ano calendário de 2009 ocorreram aportes por parte da empresa apenas ao plano de previdência privada do diretor Renato da Cruz Gomes, totalizando, conforme detalhado na tabela do item 3.4 acima, R$ 927.420,52. (...) 3.10. Da análise do Contrato Previdenciário firmado em 20/05/2000 (Plano II) verificase que as regras para contribuição ao plano são perfeitamente estabelecidas: o Participante e a Instituidora farão contribuições mensais de valor equivalente a 4% do salário de participação (salário básico mensal pago ao Participante pela Instituidora). Já nas regras do 6o Termo Aditivo oferecido somente aos diretores estatutários, diretores técnicos e assessores da diretoria, não existe uma regra clara, limitandose ao disposto nos seus itens 3.3.1 (a Instituidora fará contribuições mensais ao PGBL, individualizadas a cada participante), 3.3.1.1 ( o participante que não contribuir ao PGBL não terá acesso às contribuições da Instituidora efetuadas no semestre) e 3.3.2 ( o Participante fará contribuições ao PGBL, semestralmente, no percentual de 10% do valor da gratificação semestral que lhes é atribuída pela empresa). Não foram verificados pagamentos de gratificação semestral por parte da empresa. Conforme já observado no item 3.4, a empresa contribuiu ao plano de previdência privada do Sr. Renato com valor equivalente entre 30 a 32% da sua remuneração. E em 08/2009 a contribuição foi o equivalente a 630% da remuneração. Para o ano de 2009 o valor da contribuição da empresa ao plano do Sr. Renato foi o equivalente a 81% da sua remuneração. 3.11.Cabe destacar que um plano de previdência privada é uma forma de seguro contratado para garantir uma renda ao comprador ou seu beneficiário. É um sistema que acumula recursos para garantir uma renda mensal no futuro. Tratase de um instrumento para o qual se exige um acurado planejamento. Assim, não se pode aceitar que um contrato não estabeleça regras claras como acontece com o 6o Termo Aditivo em relação às contribuições das partes. A contribuição ao plano é o ponto principal do contrato. Sem contribuições não há como se sustentar um plano de previdência privada. A empresa pode alegar que em Assembléia Geral da companhia foi fixado o montante anual destinado a custear a remuneração e o plano de previdência complementar dos diretores, porém este fato apenas reforça que na verdade foi ajustada uma remuneração variável a ser paga através desse plano de previdência privada. Os valores de contribuição para o plano de previdência privada não está claramente estabelecido no próprio contrato desse plano, mas um montante anual é estipulado em Assembléia de acionistas. O valor é fixado para "o diretor" ficando claro que não se trata de um benefício concedido, mas pressupõe que está vinculado à atuação da pessoa. Assim, os valores de contribuição (suplementar e extra) efetuados pela empresa ao plano de previdência privada do diretor Renato da Cruz Gomes foram considerados por esta fiscalização como uma remuneração. Fl. 563DF CARF MF Processo nº 19515.720670/201305 Acórdão n.º 9202007.974 CSRFT2 Fl. 556 17 (...) 3.13. Outro ponto que apenas sustenta a tese aqui estabelecida é a questão do resgate dos valores do plano. O Contrato Previdenciário firmado em 20/05/2000 (Plano II) estabelece que terá direito ao resgate das contribuições vertidas ao Plano de Benefícios pelo Participante quando: o Participante se tornar inválido e permanentemente antes de ser elegível a um dos benefícios previstos; na hipótese de saída prematura do Participante do Plano de Benefícios; na hipótese de falecimento de Participante não aposentado. Já nas regras do 6o Termo Aditivo, a cláusula quarta estabelece que mediante expressa autorização da INSTITUIDORA, o Participante poderá resgatar parte ou a totalidade do saldo da Conta de Reserva do Participante PARTE INSTITUIDORA e PARTE PARTICIPANTE; e no item 4.3, que o participante poderá, por ocasião de seu desligamento, resgatar o saldo da conta de Reserva do Participante Parte Instituidora e Parte Participante. 3.14. Conforme já explanado, um plano se previdência privada é um sistema que acumula recursos para proporcionar uma renda mensal futura a seus titulares. O resgate, em se tratando de um plano de previdência privada seria um desvio da finalidade para a qual é instituída, tratase de um saque dos recursos. Observe que o contrato previdenciárío geral, o Plano II, possui regras que colocam o resgate como última opção, enquanto que o estabelecido no contrato dos dirigentes, o 6o Termo Aditivo, o resgate pode ser efetuado mediante uma autorização da Instituidora (a empresa ora fiscalizada). Uma regra tão simples para o resgate, como o deste 6o Termo Aditivo, não parece estar atendendo ao que seria a garantia da velhice como deve ser o princípio básico para uma empresa ofertar um benefício de previdência privada complementar. 3.15. Em consulta ao sistemas informatizados da RFB, foi verificado na Declaração de Imposto de Renda Retido DIRF que no ano calendário 2011 o diretor Renato da Cruz Gomes (CPF 426.961.27700) efetuou resgate no montante de R$ 9.768.008,37 de plano de previdência privada da empresa Bradesco Vida e Previdência SA.. Observando que o Sr. Renato continua, nesta data em 2013, no exercício do cargo de diretor da Bradespar S.A.. 3.16. Do exposto concluise que o plano de previdência privada, nas regras estabelecidas pelo 6° Termo Aditivo, foi um mecanismo utilizado pelo contribuinte para pagamento de remuneração ao seu diretor. Com isso o contribuinte procurou evitar a incidência das contribuições previdenciárias e a exclusão do dever de retenção do imposto de renda na fonte." (grifei) Assim, constatase que, independentemente da possibilidade de oferecer plano diferenciado a seus empregados, o plano oferecido pela empresa ao diretor Renato da Cruz Gomes, regido pelo 6º Termo Aditivo, continha regras que efetivamente desnaturaram o Fl. 564DF CARF MF 18 objetivo da lei, muito bem resumido nos julgados acima colacionados, como o de estimular a poupança privada pelos vários meios possíveis, inclusive a instituição de programas pelos empregadores em benefício de categorias específicas de empregados quando se tratar de plano aberto. Em síntese, eis as características que distanciam o plano oferecido ao citado diretor PGBL Plano Suplementar, regido pelo 6º Termo Aditivo de um plano que efetivamente tenha por objetivo a previdência complementar, como era o caso do plano genérico: destinação de valores mensalmente, pela empresa, a título de contribuição suplementar e contribuição extra, correspondentes a 30 a 32% da remuneração, saltando para 630% em 08/2009, alcançando 81% da remuneração paga no ano, muito acima dos 4% do salário de participação, fixado para participante e instituidor, no Plano II, destinado aos demais empregados; em 2009, o montante global anual da remuneração dos Administradores foi no valor de até R$ 3.500.000,00, enquanto que a verba de até R$ 1.000.000,00 foi destinada a custear Planos de Previdência Complementar Aberta dos Administradores da Sociedade; nesse ano somente ocorreram aportes por parte da empresa ao plano do diretor em tela, no total de R$ 927.420,52; ausência de regra clara para aporte da instituidora; contribuição semestral do participante, no percentual de 10% do valor de gratificação semestral cujo pagamento não ocorreu; enquanto que no Plano II, genérico, as regras conduzem o resgate para a última opção, no Plano Suplementar o resgate pode ser feito mediante autorização da instituidora; no ano calendário de 2011, o diretor em questão efetuou resgate no montante de R$ 9.768.008,37 de plano de previdência privada da empresa Bradesco Vida e Previdência SA, embora tenha permanecido, até pelo menos 2013, no exercício do cargo de diretor da Bradespar S.A. Em face de todas essas evidências, que indubitavelmente identificam as verbas ora tratadas como remuneração, o acórdão recorrido limitase a asseverar que tais constatações não teriam suporte fático ou jurídico, apegandose à ideia de que o único óbice à exclusão do saláriodecontribuição seria o fato de tratarse de um plano diferenciado para diretor. Cabe aqui reiterar que, a despeito dessa possibilidade, a verba continua tendo a natureza de previdência complementar e não pode ser utilizada como remuneração, como restou patente no voto acima colacionado. Resta registrar que este Colegiado já examinou plano de previdência privada complementar de empresa do Grupo Bradesco, concluindose no mesmo sentido do presente voto, oportunidade em que foi prolatado o Acórdão nº 9202007.559, de 25/02/2019, da lavra da Ilustre Conselheira Rita Eliza Reis da Costa Bacchieiri, que acompanhei e trago à colação: Ementa "ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2010 a 31/12/2011 Fl. 565DF CARF MF Processo nº 19515.720670/201305 Acórdão n.º 9202007.974 CSRFT2 Fl. 557 19 PREVIDÊNCIA PRIVADA COMPLEMENTAR ABERTA. CONCEDIDA A TÍTULO DE REMUNERAÇÃO. HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. Integram a remuneração e se sujeitam à incidência de contribuição previdenciária os aportes de contribuições a planos de previdência privada complementar, no caso de não restar comprovado o caráter previdenciário destas contribuições. JUROS SOBRE MULTA DE OFÍCIO. SÚMULA CARF Nº 108. 'Incidem juros moratórios, calculados à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC, sobre o valor correspondente à multa de ofício." Voto "As demais argumentações do recurso se debruçam sobre as regras constantes dos contatos valendo destacar que três foram as razões adotadas pelo acórdão recorrido para descaracterização do plano: i) aportes da empresa de quase 100% do valor dos salários dos funcionários, ii) ausência de critérios objetivos para os aportes e iii) possibilidade de resgates ilimitados. (...) Assim, em que pese a argumentação recursal, da leitura feita das cláusulas contratuais e da análise do demais elementos trazidos aos autos, devese concluir que o PGBL Empresarial oferecido pela Contribuinte aos seus executivos não pode ser classificado como planos de previdência complementar, afinal se os aportes na prática não se destinam a garantir a concessão de um benefício futuro, não se justifica que sejam os mesmos isentos da tributação nos termos em que proposto pela norma do art. 28, §9º, 'p' da Lei nº 8.212/91." (grifei) No mesmo sentido é o Acórdão nº 2402004.109, de 14/05/2014, da lavra do Ilustre Conselheiro Ronaldo de Lima Macedo, que também trata de plano de previdência complementar do Grupo Bradesco: "PREVIDÊNCIA PRIVADA COMPLEMENTAR ABERTA. CONCEDIDA A TÍTULO DE GRATIFICAÇÃO OU PRÊMIO. HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. Após o advento da Lei Complementar n° 109/2001, somente no regime fechado, a empresa está obrigada a oferecer o benefício à totalidade dos segurados empregados e dirigentes. No caso de plano de previdência complementar em regime aberto, poderá eleger como beneficiários grupos de empregados e dirigentes pertencentes a determinada categoria, desde que não seja caracterizado como instrumento de incentivo ao trabalho nem seja concedido a título de gratificação ou prêmio. Fl. 566DF CARF MF 20 Integram a remuneração e se sujeitam à incidência de contribuição previdenciária os aportes de contribuições a planos de previdência privada complementar, senão comprovado o caráter previdenciário destas contribuições." Diante do exposto, conheço do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional e, no mérito, doulhe provimento. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Fl. 567DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 14485.002042/2007-79
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Jun 17 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed Jul 03 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/1995 a 30/04/2005
RELATÓRIO FISCAL SUBSTITUTIVO. INTRODUÇÃO DE NOVOS FUNDAMENTOS. DECADÊNCIA.
Se o Relatório Fiscal Substitutivo objetiva o fornecimento de fundamentos adicionais ao lançamento, a decadência deve ser aferida com base na data da ciência, pelo sujeito passivo, do novo relatório.
Numero da decisão: 9202-007.949
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em Exercício e Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Denny Medeiros da Silveira (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício).
Nome do relator: MARIA HELENA COTTA CARDOZO
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/1995 a 30/04/2005 RELATÓRIO FISCAL SUBSTITUTIVO. INTRODUÇÃO DE NOVOS FUNDAMENTOS. DECADÊNCIA. Se o Relatório Fiscal Substitutivo objetiva o fornecimento de fundamentos adicionais ao lançamento, a decadência deve ser aferida com base na data da ciência, pelo sujeito passivo, do novo relatório.
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INTRODUÇÃO DE NOVOS FUNDAMENTOS. DECADÊNCIA. Se o Relatório Fiscal Substitutivo objetiva o fornecimento de fundamentos adicionais ao lançamento, a decadência deve ser aferida com base na data da ciência, pelo sujeito passivo, do novo relatório. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em Exercício e Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Denny Medeiros da Silveira (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício). Relatório Tratase de ação fiscal que originou os seguintes procedimentos: AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 14 48 5. 00 20 42 /2 00 7- 79 Fl. 625DF CARF MF 2 PROCESSO DEBCAD TIPO FASE 14485.002041/200724 35.808.8950 (Emp. e SAT) Obrig. Principal Crédito Exonerado Acórdão nº 2401 003.587 14485.002042/200779 35.808.8941 (Emp., SAT e Terceiros) Obrig. Principal Recurso Especial 14485.002052/200712 35.808.8933 (AI 68) Obrig. Acessória Parcelamento xxxxxxxxxxxxxxxxxxx 35.808.8968 Obrig. Acessória xxxxxxxxxxxxxxxx xxxxxxxxxxxxxxxxxxx 35.808.8976 Obrig. Acessória xxxxxxxxxxxxxxxx No presente processo, encontrase em julgamento o Debcad 35.808.8941, referente às Contribuições Previdenciárias, parte patronal e a destinada ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos Riscos Ambientais do Trabalho RAT, bem como a destinada a terceiros (Salário Educação, INCRA e DPC), incidentes nas remunerações pagas aos segurados empregados, no período de 01/1995 a 04/2005, conforme Relatório Fiscal de fls. 211 a 213. A ciência do lançamento ocorreu em 29/12/2005. Apresentada a Impugnação, a Delegacia da Receita Previdenciária em São Paulo determinou a elaboração de Relatório Fiscal Substitutivo, para que a autoridade lançadora justificasse o procedimento utilizado para fixar a alíquota RAT, uma vez que não teria ficado claro como fora definida a atividade preponderante da Contribuinte. Além disso, foi solicitado esclarecimento acerca das bases de cálculo relativas às competências 01/1999 e 13/1999 (efls. 259 a 265). Assim, foi elaborado o Relatório Fiscal Substitutivo de efls. 274 a 277, cuja ciência do Contribuinte ocorreu em 28/12/2009 (efls. 325). Em 28/05/2010, a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo I (SP) proferiu o Acórdão nº 1625.482 (efls. 437 a 456), assim ementado: "Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/1995 a 30/04/2005 Ementa: CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS E DESTINADAS AOS TERCEIROS. OBRIGAÇÃO DO RECOLHIMENTO. A empresa é obrigada a recolher, nos prazos definidos em lei, as contribuições previdenciárias a seu cargo, e as destinadas a Outras Entidades e Fundos Terceiros, incidentes sobre as remunerações pagas, devidas ou creditadas, a qualquer título, aos segurados empregados a seu serviço. NFLD. FORMALIDADES LEGAIS. A NFLD Notificação Fiscal de Lançamento de Débito encontrase revestida das formalidades legais, tendo sido lavrada de acordo com os dispositivos legais e normativos que disciplinam o assunto. Fl. 626DF CARF MF Processo nº 14485.002042/200779 Acórdão n.º 9202007.949 CSRFT2 Fl. 626 3 CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Não há que se falar em cerceamento de defesa quando o procedimento fiscal obedece ao princípio da legalidade, sendo prestadas todas as informações necessárias ao sujeito passivo possibilitando que este, exerça plenamente o seu direito à defesa. CRÉDITO TRIBUTÁRIO PREVIDENCIÁRIO. DECADÊNCIA PARCIAL. Declarada pelo STF a inconstitucionalidade dos artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212/91, que estabeleciam o prazo decenal para constituição e cobrança dos créditos relativos às contribuições sociais previdenciárias, a matéria passa a ser regida pelo Código Tributário Nacional, que determina o prazo de 5 (cinco) anos para a constituição e cobrança do crédito tributário. SAT/RAT. A contribuição da empresa, destinada ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho corresponde à aplicação do percentual de 3% (três por cento) para a empresa em cuja atividade preponderante o risco de acidente do trabalho seja considerado grave. PRODUÇÃO DE PROVAS. INDEFERIMENTO. A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, hipóteses expressamente previstas. PEDIDO DE PERÍCIA. INDEFERIMENTO. A perícia deve ser realizada quando motivada pela necessidade de verificação de dados técnicos, não se prestando para suprir provas que o impugnante deixou de apresentar à fiscalização no momento da ação fiscal ou quando de sua impugnação. Considerarseá não formulado o pedido de perícia quando a empresa não apresentar os motivos que a justifique, a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, o nome, endereço e a qualificação profissional de seu perito. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte" A motivação do Recurso de Ofício foi a exoneração do valor atingido pela decadência, nos seguintes termos: "Vistos, relatados e discutidos os autos do processo em epígrafe, acordam os membros da 12ª Turma de Julgamento, por unanimidade de votos, considerar procedente em parte a impugnação, mantendo parcialmente o crédito tributário, no valor de R$ 620.800,82 (seiscentos e vinte mil, oitocentos reais e oitenta e dois centavos). Tendo em vista que o valor exonerado atinge o limite de que trata o art. 1º, da Portaria MF n° 03/2008, de 03/01/2008, cabe recurso de ofício desta decisão." Fl. 627DF CARF MF 4 Contra a decisão de Primeira Instância foram interpostos Recursos de Ofício e Voluntário, julgados em sessão plenária de 18/07/2014, prolatandose o Acórdão nº 2401 003.588 (efls. 554 a 566), assim ementado: "ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/1995 a 30/04/2005 LANÇAMENTO QUE CONTEMPLA A DESCRIÇÃO DOS FATOS GERADORES, A QUANTIFICAÇÃO DA BASE TRIBUTÁVEL E OS FUNDAMENTOS LEGAIS DO DÉBITO. INEXISTÊNCIA DE CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA OU DE FALTA DE MOTIVAÇÃO. O fisco, ao narrar os fatos geradores e as circunstâncias de sua ocorrência, a base tributável e a fundamentação legal do lançamento, fornece ao sujeito passivo todos os elementos necessários ao exercício da ampla defesa, não havendo o que se falar em prejuízo ao direito de defesa ou falta de motivação do ato, mormente quando os termos da impugnação permitem concluir que houve a prefeita compreensão do lançamento pelo autuado. FISCALIZAÇÃO EM EMPRESA POSTERIORMENTE INCORPORADA. INCOMPETÊNCIA DA AUDITORIA. INOCORRÊNCIA. O fato da empresa fiscalizada ter sido posteriormente incorporada não torna o lançamento nulo por incompetência do agente fiscal, ainda que a incorporadora tenho domicílio fiscal em outra Unidade da Federação. MULTA CARÁTER CONFISCATÓRIO. IMPOSSIBILIDADE DE DECLARAÇÃO PELA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. Não pode a autoridade fiscal ou mesmo os órgãos de julgamento administrativo afastar a aplicação da multa legalmente prevista, sob a justificativa de que tem caráter confiscatório. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/1995 a 30/04/2005 EMISSÃO DE RELATÓRIO FISCAL SUBSTITUTIVO. INTRODUÇÃO DE NOVOS FUNDAMENTOS. CIÊNCIA DO LANÇAMENTO Nos casos em que há elaboração de Relatório Fiscal Substitutivo com o objetivo de apresentar novos fundamentos ao lançamento, considerase como constituído o crédito tributário na dada da ciência pelo sujeito passivo do novo relatório. PRAZO DECADENCIAL. PAGAMENTO ANTECIPADO. CONTAGEM A PARTIR DA OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR Constatandose a antecipação de pagamento parcial do tributo aplicase, para fins de contagem do prazo decadencial, o critério previsto no § 4.º do art. 150 do CTN, ou seja, cinco anos contados da ocorrência do fato gerador. Fl. 628DF CARF MF Processo nº 14485.002042/200779 Acórdão n.º 9202007.949 CSRFT2 Fl. 627 5 Recurso de Ofício Negado e Recurso Voluntário Provido em Parte." A decisão foi assim registrada: "ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos: I) negar provimento ao recurso de ofício; II) quanto ao recurso voluntário: a) afastar as preliminares de nulidade do lançamento; b) reconhecer a decadência até a competência 11/2004; e c) no mérito, negar provimento ao recurso." O processo foi encaminhado à PGFN em 25/08/2014 (Despacho de Encaminhamento de efls. 567) e, em 23/09/2014, foi interposto o Recurso Especial de efls. 568 a 573 (Despacho de Encaminhamento de efls. 574), com fundamento no art. 67, do Anexo II, do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 2009, visando rediscutir os seguintes pontos: da contagem do prazo decadencial a partir da ciência do MPF; e da contagem do prazo decadencial a partir da ciência do Auto de Infração e não da ciência do Relatório Fiscal Complementar. Ao Recurso Especial foi dado seguimento parcial, apenas quanto à segunda matéria, conforme despacho de 29/06/2017 (efls. 608 a 614). Em seu apelo, quanto à matéria que obteve seguimento, a Fazenda Nacional apresenta as seguintes alegações: o acórdão recorrido aplicou o prazo previsto no art. 150, § 4º, do CTN e acolheu a preliminar de decadência das Contribuições apuradas até 11/2004, sustentando que o prazo decadencial deveria ser contado da data da notificação do contribuinte da lavratura do Relatório Fiscal Substitutivo, e não da notificação do lançamento original; outra Turma, analisando caso semelhante, defendeu que o prazo decadencial deveria iniciarse a partir da ciência do contribuinte do Auto de Infração e não a partir da ciência do Relatório Fiscal Complementar. Ao final, a Fazenda Nacional requer o conhecimento e o provimento do Recurso Especial. Antes mesmo de ser intimada, a Contribuinte ofereceu, em 31/12/2014 (carimbo de efls. 595), as Contrarrazões de efls. 595 a 603, contendo os seguintes argumentos: o Recurso Especial não merece prosperar, pois no presente caso, a Notificação Fiscal de Lançamento de Débito somente se tornou definitiva em 29/12/2009; de fato, tendo havido a ciência da autuação em 29/12/2009, a decadência abrangeu os períodos compreendidos até novembro de 2004, já que se trata de obrigação decorrente de tributo sujeito ao lançamento por homologação e a regra quanto ao marco inicial para a contagem do prazo decadencial é aquela prevista no artigo 150, § 4º, do CTN; Fl. 629DF CARF MF 6 não há dúvida de que após a diligência fiscal, a Autoridade Fiscal refez o lançamento, apresentando inovações quanto ao período do débito e à relação de segurados envolvidos; diante do teor do novo relatório, não há dúvida de que se trata de novo lançamento, devendo considerarse como data da ciência do Auto de Infração aquela em que o Contribuinte recebeu o Relatório Substitutivo, qual seja, 29/12/2009; frisese, por oportuno, que a Fazenda Nacional não anexou aos autos o acórdão paradigma. Ao final, a Contribuinte pede que o Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional não seja conhecido e, caso assim não se entenda, que lhe seja negado provimento. Voto Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo Relatora O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo, restando perquirir se atende aos demais pressupostos de admissibilidade. Tratase do Debcad 35.808.8941, referente às Contribuições Previdenciárias, parte patronal e a destinada ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos Riscos Ambientais do Trabalho RAT, bem como a destinada a terceiros (Salário educação, INCRA, DPC), incidentes nas remunerações pagas aos segurados empregados, no período de 01/1995 a 04/2005, conforme Relatório Fiscal de fls. 211 a 213. Em sede de Contrarrazões, a Contribuinte pede o não conhecimento do apelo, alegando a ausência de juntada do inteiro teor do paradigma. Entretanto, esclareçase que a Fazenda Nacional utilizouse da prerrogativa do § 9º, do art. 67, do Anexo II, do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 2009, que lhe confere respaldo, no que tange à dispensa de juntada do inteiro teor do paradigma: Art. 67. Compete à CSRF, por suas turmas, julgar recurso especial interposto contra decisão que der à lei tributária interpretação divergente da que lhe tenha dado outra câmara, turma de câmara, turma especial ou a própria CSRF. (...) § 7º O recurso deverá ser instruído com a cópia do inteiro teor dos acórdãos indicados como paradigmas ou com cópia da publicação em que tenha sido divulgado ou, ainda, com a apresentação de cópia de publicação de até 2 (duas) ementas. § 8º Quando a cópia do inteiro teor do acórdão ou da ementa for extraída da Internet deve ser impressa diretamente do sítio do CARF ou da Imprensa Oficial. § 9º As ementas referidas no § 7º poderão, alternativamente, ser reproduzidas no corpo do recurso, desde que na sua Fl. 630DF CARF MF Processo nº 14485.002042/200779 Acórdão n.º 9202007.949 CSRFT2 Fl. 628 7 integralidade. (Redação dada pelo(a) Portaria MF nº 446, de 27 de agosto de 2009) Destarte, o cumprimento dos requisitos formais previstos no § 7º, do art. 67, do RICARF então vigente, pode ser suprido pela reprodução da integralidade da ementa do acórdão paradigma no corpo do recurso, conforme o § 9º do mesmo dispositivo regimental, o que foi feito pela Fazenda Nacional. Diante do exposto, conheço do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional e passo a examinarlhe o mérito. No acórdão recorrido deuse provimento parcial ao Recurso Voluntário, declarandose a decadência até a competência 11/2004, mediante a aplicação do art. 150, § 4º, do CTN, visto que a ciência do Relatório Fiscal Substitutivo ocorreu em 28/12/2009. A Fazenda Nacional, por sua vez, pleiteia que seja considerada, para fins de contagem do prazo decadencial, a data da ciência da Notificação de Lançamento. Com estas considerações, verificase que, apresentada a Impugnação, a Delegacia da Receita Previdenciária em São Paulo determinou a elaboração de Relatório Fiscal Substitutivo, para que a autoridade lançadora justificasse o procedimento utilizado para fixar a alíquota RAT, uma vez que não teria ficado claro como fora definida a atividade preponderante da Contribuinte. Além disso, foi solicitado esclarecimento acerca das bases de cálculo relativas às competências 01/1999 e 13/1999 (efls. 259 a 265). Dessa forma, foi elaborado o Relatório Fiscal Substitutivo de efls. 274 a 277. No documento de efls. 294, a autoridade lançadora ressalta que o enquadramento da Contribuinte em relação ao SAT foi equivocado na emissão da NFLD, quando foi considerado pelo CNAE. Ademais, informa que os valores das competências de 01/1999 e 13/1999 foram calculados sem considerar o 13º salário pago no mês. Na informação fiscal de efls. 324/325, a autoridade ainda esclarece que a classificação do levantamento FCG foi equivocada, bem como que o período do crédito apurado a considerar deve ser de 12/1999 a 04/2005. A ciência do Relatório Fiscal Substitutivo e da Informação Fiscal de efls. 324/325, ocorreu em 28/12/2009. Efetuandose o cotejo entre os relatórios original e substitutivo, é possível perceber que foram feitas inovações nos fundamentos do lançamento, a fim de corrigir, principalmente, o equívoco no enquadramento da Contribuinte em relação ao SAT, como reconhecido pela própria autoridade lançadora. Confirase: Relatório Fiscal original 8. ENQUADRAMENTO NO SAT E/OU RAT O Contrato Social determina o objeto da empresa a saber: "A Sociedade tem por objeto: I a representação e o agenciamento de armadores e empresas de navegação e de transporte marítimo, nacionais e estrangeiras, nos vários portos brasileiros; II a exploração dos serviços de carga, descarga e 'abastecimento de navios; III fretamento de navios nacionais e Fl. 631DF CARF MF 8 estrangeiros, por conta própria e de terceiros; IV venda de passagens; V importação e exportação; VI recebimento e despacho de mercadorias para todo o território nacional e exterior, podendo ainda; VI participar de outras empresas." Consta no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas CNPJ o CNAE 6322.3 Atividades auxiliares aos transportes aquaviários. Relatório Substitutivo 8. ENQUADRAMENTO NO SAT E/OU RAT O Contrato Social determina o objeto da empresa a saber: "A Sociedade tem por objeto: I a representação e o agenciamento de armadores e empresas de navegação e de transporte marítimo, nacionais e estrangeiras, nos vários portos brasileiros; II a exploração dos serviços de carga, descarga e abastecimento de navios; III fretamento de navios nacionais e estrangeiros, por conta própria e de terceiros; IV venda de passagens; V importação e exportação; VI recebimento e despacho de mercadorias para todo o território nacional e exterior, podendo ainda; VI participar de outras empresas." Consta no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas CNPJ o CNAE 6322.3 Atividades auxiliares aos transportes aquaviários, cuja alíquota de GIILRAT é 3%. Conforme contrato social e CNAE perante a Secretaria da Receita Federal, além de serviços às empresas transportadoras, a empresa poderia explorar outros serviços, entretanto ela se dedica apenas a intermediar fretes, na sua maioria em nome da sócia P&O NEDLLOYD B. V., bem como em nome da empresa Nedlloyd Lijnen B.V., ambas com sede no exterior. De acordo com suas notas fiscais (cópias por amostragem anexa), devidamente escrituradas nos livros diários, seu faturamento (único) é referente à "intermediação de negócios", como também o recebimento dos fretes intermediados, ou seja, serviços prestados a outras empresas. O mesmo tipo de serviço contratação de frete marítimo em nome de terceiros é desempenhado nas unidades 000112, 000201 e 000384, ou seja, na maioria das unidades envolvendo a maioria dos empregados contratados. Portanto o código correto para o Grau de Incidência de Incapacidade Laborativa decorrente dos Riscos Ambientais do Trabalho GIILRAT (antigo SAT) será o 807.9900 outros serviços não classificados." Nesse contexto, concluise que a Contribuinte somente tomou conhecimento dos fundamentos da infração apontada pela Fiscalização e, consequentemente, teve condições de defesa, nesta segunda oportunidade, razão pela qual devese reconhecer que somente após a ciência da diligência fiscal é que o Auto de Infração passou a produzir plenamente seus efeitos, com a perfeita descrição do fato gerador e a explicitação das razões da autuação. Fl. 632DF CARF MF Processo nº 14485.002042/200779 Acórdão n.º 9202007.949 CSRFT2 Fl. 629 9 No presente caso, não se trata de uma simples diligência para elucidar questões periféricas ou sanear dúvidas do julgador, mas sim de verdadeiro aditamento da autuação, com a alteração da descrição dos fatos, correção da base de cálculo e do período de apuração, pressupostos indispensáveis à validade do lançamento. Verificase que o lançamento original não subsistiria por si só, o que motivou a determinação, por parte do órgão julgador de primeira instância, da lavratura de verdadeiro lançamento substitutivo. Assim, o prazo decadencial deve ser contado tomandose por base a data da notificação do relatório substitutivo e não a data da notificação do lançamento original. O entendimento esposado no presente voto, no sentido do deslocamento da interrupção da decadência para a data da ciência do relatório substitutivo, é corroborado pela jurisprudência do CARF, conforme a seguir: Acórdão nº 920202.322, de 24/09/2012 "ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2000 IRPF. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. RAZÕES DO LANÇAMENTO SUBSTANCIALMENTE ADITADAS APÓS AUTUAÇÃO INAUGURAL. TERMO FINAL DECADÊNCIA. DESLOCADO. Tendo a fiscalização aditado as razões da autuação, após a sua lavratura, a partir de diligência determinada pela autoridade julgadora de primeira instância, trazendo à colação somente nesta segunda oportunidade as justificativas do lançamento, requisitos substanciais/materiais do Auto de Infração, essenciais a sua própria validade, impõese considerar que o ato administrativo somente se aperfeiçoou/consumou a partir de referidas providências, deslocandose, assim, o termo final do prazo decadencial para tal data. Como se observa, in casu, não se trata de uma simples diligência para elucidar questões periféricas ou sanear dúvidas do julgador diante das razões e documentos ofertados pelo contribuinte, mas, sim, de verdadeira complementação/aditamento da autuação, com a descrição dos fatos, indicação das despesas glosadas, datas, valores e apresentação dos documentos que serviram de lastro ao lançamento, pressupostos indispensáveis à validade do Auto de Infração, sem os quais não produz efeitos. Recurso especial provido." Acórdão nº 2401003.075, de 19/06/2013 "ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/09/2001 a 28/02/2006 LANÇAMENTO INSUBSISTENTE LAVRATURA DE RELATÓRIO FISCAL SUBSTITUTIVO PRAZO DECADENCIAL. Fl. 633DF CARF MF 10 Não contendo o lançamento original os requisitos mínimos de validade, por falta de motivação e descrição precisa do fato gerador, sendo elaborado Relatório Fiscal Substitutivo com o objetivo de sanar tais vícios, o prazo decadencial deve ser contado da data da notificação do contribuinte da lavratura do Relatório Fiscal Substitutivo, e não da notificação do lançamento original. AUSÊNCIA DE MOTIVAÇÃO DO LANÇAMENTO E DESCRIÇÃO PRECISA DOS FATOS GERADORES. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE POR VÍCIO MATERIAL. A falta de indicação precisa dos fatos que motivaram o lançamento, bem como da origem do crédito tributário lançado, fulminam o lançamento do nulidade, por vício material. Processo Anulado." Acórdão nº 2401003.587, de 18/07/2014 "Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/01/1995 a 30/04/2005 EMISSÃO DE RELATÓRIO FISCAL SUBSTITUTIVO. INTRODUÇÃO DE NOVOS FUNDAMENTOS. CIÊNCIA DO LANÇAMENTO. Nos casos em que há elaboração de Relatório Fiscal Substitutivo com o objetivo de apresentar novos fundamentos ao lançamento, considerase como constituído o crédito tributário na dada da ciência pelo sujeito passivo do novo relatório. PRAZO DECADENCIAL. PAGAMENTO ANTECIPADO. CONTAGEM A PARTIR DA OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR Constatandose a antecipação de pagamento parcial do tributo aplicase, para fins de contagem do prazo decadencial, o critério previsto no § 4.º do art. 150 do CTN, ou seja, cinco anos contados da ocorrência do fato gerador.Recurso de Ofício Negado e Recurso Voluntário Provido." Registrese que no Acórdão nº 2401003.587, referente ao Debcad 35.808.8950, resultante da mesma ação fiscal que originou o presente processo, reconheceu se, por unanimidade de votos, a decadência do lançamento e sequer foi objeto de recurso pela Fazenda Nacional. Destarte, mediante a aplicação do art. 150, § 4º, do CTN, por tratarse de diferenças de Contribuição, constatase a ocorrência da decadência até a competência 11/2004, considerandose que a ciência do lançamento, com recebimento do relatório fiscal substitutivo, ocorreu em 28/12/2009. Diante do exposto, conheço do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional e, no mérito, negolhe provimento. (assinado digitalmente) Fl. 634DF CARF MF Processo nº 14485.002042/200779 Acórdão n.º 9202007.949 CSRFT2 Fl. 630 11 Maria Helena Cotta Cardozo Fl. 635DF CARF MF
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Numero do processo: 11065.101374/2008-79
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Apr 25 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu May 30 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2005
DEDUÇÕES. DESPESAS MÉDICAS. ESTABELECIMENTO GERIÁTRICO.
As despesas de internação em estabelecimento para tratamento geriátrico só podem ser deduzidas se o referido estabelecimento for qualificado como hospital, nos termos da legislação específica.
Numero da decisão: 9202-007.813
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em Exercício e Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Miriam Denise Xavier (suplente convocada), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício).
Nome do relator: MARIA HELENA COTTA CARDOZO
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1400; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT2 Fl. 115 1 114 CSRFT2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 11065.101374/200879 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9202007.813 – 2ª Turma Sessão de 25 de abril de 2019 Matéria DEDUÇÕES DESPESAS MÉDICAS ESTABELECIMENTO GERIÁTRICO Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado PAULO ROBERTO KOPSCHINA ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2005 DEDUÇÕES. DESPESAS MÉDICAS. ESTABELECIMENTO GERIÁTRICO. As despesas de internação em estabelecimento para tratamento geriátrico só podem ser deduzidas se o referido estabelecimento for qualificado como hospital, nos termos da legislação específica. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em Exercício e Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Miriam Denise Xavier (suplente convocada), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 06 5. 10 13 74 /2 00 8- 79 Fl. 115DF CARF MF 2 Relatório O presente processo trata de exigência de Imposto de Renda Pessoa Física do exercício de 2006, anocalendário de 2005, acrescido de juros de mora e multa de ofício, tendo em vista a apuração de deduções indevidas de despesas médicas. Em sessão plenária de 17/05/2012, foi julgado o Recurso Voluntário, prolatandose o Acórdão nº 2802001.615 (efls. 89 a 95), assim ementado: "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2006 IRPF. DEDUÇÕES. DESPESAS MÉDICAS. DESPESAS DE INTERNAÇÃO EM ESTABELECIMENTO GERIÁTRICO. REQUISITO PARA DEDUTIBILIDADE. Se comprovado que a paciente necessita de cuidados integrais de enfermagem, por laudo médico, os gastos com estabelecimento geriátrico são dedutíveis. Recurso Voluntário Provido." A decisão foi assim registrada: “Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, DAR PROVIMENTO ao recurso nos termos do voto do redator designado. Vencida a Conselheira Dayse Fernandes Leite (relatora). Designado(a) para redigir o voto vencedor o (a) Conselheiro (a) Sidney Ferro Barros." O processo foi encaminhado à PGFN em 31/01/2013 (Despacho de Encaminhamento de efls. 96) e, em 11/03/2013, foi interposto o Recurso Especial de efls. 97 a 105 (Despacho de Encaminhamento de efls. 106), com fundamento no art. 67, do Anexo II, do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 2009, visando rediscutir a dedução de despesas com estabelecimento geriátrico não qualificado como hospital. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme despacho de 27/05/2016 (efls. 107 a 109). Em seu apelo, a Fazenda Nacional apresenta as seguintes alegações: a legislação que disciplina a matéria não ampara para a dedução de despesas médicas com estabelecimento geriátrico, quando esse local não for qualificado como hospital; tendo em vista que as despesas médicas reduzem o Imposto de Renda, as normas de regência devem ser interpretadas literalmente, não cabendo conferirlhes efeito extensivo para autorizar deduções que não estão expressamente previstas; tal linha de raciocínio encontrase colmatada pela jurisprudência administrativa, assente na necessidade de expressa previsão legal, para fins de dedução da base de cálculo do Imposto de Renda; Fl. 116DF CARF MF Processo nº 11065.101374/200879 Acórdão n.º 9202007.813 CSRFT2 Fl. 116 3 diante dessas considerações, o acórdão merece ser reformado, tendo em vista a correção da glosa de despesas deduzidas a título de internação para tratamento geriátrico em estabelecimento não qualificado como hospital, por falta de amparo de tal dedução no corpo normativo que disciplina a matéria. Ao final, a Fazenda Nacional requer seja conhecido e provido o Recurso Especial, reformandose a decisão recorrida. Cientificado, o Contribuinte quedouse silente (efls. 112). Voto Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo Relatora O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. Não foram oferecidas Contrarrazões. Tratase de exigência de Imposto de Renda Pessoa Física, tendo em vista a glosa de despesas médicas, referente ao anocalendário de 2005. No acórdão recorrido, deuse provimento ao Recurso Voluntário, restabelecendose a dedução das despesas de internação em estabelecimento geriátrico, referentes à genitora do Contribuinte, uma vez que estaria comprovada nos autos a necessidade de assistência de enfermagem de forma contínua. A Fazenda Nacional, por sua vez, pede que seja restabelecida a glosa, ao argumento de que não há amparo para a dedução de despesas médicas com estabelecimento geriátrico, quando este não for qualificado como hospital. A possibilidade de dedução de despesas médicas da base de cálculo do IRPF tem previsão na alínea “a”, do inciso II, do art. 8º, da Lei nº 9.250, de 1995, que assim dispõe: "Art. 8º A base de cálculo do imposto devido no anocalendário será a diferença entre as somas: I de todos os rendimentos percebidos durante o anocalendário, exceto os isentos, os nãotributáveis, os tributáveis exclusivamente na fonte e os sujeitos à tributação definitiva; II das deduções relativas: a) aos pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias;" (grifei) O § 4º, do art. 80, do RIR/1999, define de forma claríssima o alcance da isenção tributária relativamente às despesas de internação geriátrica, ao estipular que estas são dedutíveis a título de hospitalização, somente quando o referido estabelecimento estiver qualificado como hospital pelo Ministério da Saúde: Fl. 117DF CARF MF 4 "Art.80.Na declaração de rendimentos poderão ser deduzidos os pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias. (...) §4º As despesas de internação em estabelecimento para tratamento geriátrico só poderão ser deduzidas se o referido estabelecimento for qualificado como hospital, nos termos da legislação específica." (grifei) No caso em exame, conforme bem pontuou a decisão de Primeira Instância, foram apresentados pelo Contribuinte Alvará da Prefeitura Municipal de Novo Hamburgo, Licença da Secretaria Municipal da Saúde de Novo Hamburgo e Certidão de Responsabilidade Técnica do Conselho Regional de Enfermagem do Rio Grande do Sul, porém ditos documentos não comprovam a qualificação do Lar Santa Ana como hospital. Quanto ao alvará, dele apenas consta que se trata de associação sem fins lucrativos. No que tange à licença concedida pela Secretaria Municipal da Saúde, esta informa que a concessão é para o ramo "Instituição de Longa Permanência para Idosos". Finalmente, quanto à certidão expedida pelo Conselho Regional de Enfermagem, esta simplesmente atesta a designação/contratação de enfermeiro para a chefia do serviço/unidade de enfermagem. Com efeito, nenhum desses documentos logrou comprovar que o Lar Santa Ana, instituição mantida pela Associação de Exalunos das Irmãs de Santa Catarina, tem qualificação hospitalar, condição prevista pelo art. 80, § 4°, do Regulamento do Imposto de Renda, de 1999, para que as despesas possam ser deduzidas pelo Contribuinte. Destarte, ainda que o estabelecimento geriátrico conte com profissionais que atuam na área de saúde e que se dedique a tratamentos recomendados por profissionais da área médica, as despesas decorrentes dos serviços por ele prestados não são alcançadas pela isenção prevista na alínea “a”, do inciso II, do art. 8º, da Lei nº 9.250, de 1995, a menos que esteja enquadrado como hospital, o que não ocorreu no presente caso. Diante do exposto, conheço do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional e, no mérito, doulhe provimento. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Fl. 118DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16370.000400/2008-11
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Apr 24 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed May 29 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2006
DEDUÇÃO. DESPESAS MÉDICAS. COMPROVAÇÃO. RECIBOS. SOLICITAÇÃO DE ELEMENTOS DE PROVA ADICIONAIS.
Nega-se provimento ao Recurso Especial que, por lapso, não se contrapõe ao julgamento levado a cabo pelo Colegiado a quo mas sim a situação estranha aos autos, em que a inidoneidade dos recibos fora comprovada pela Fiscalização.
Numero da decisão: 9202-007.802
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em Exercício e Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Miriam Denise Xavier (suplente convocada), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício).
Nome do relator: MARIA HELENA COTTA CARDOZO
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DESPESAS MÉDICAS. COMPROVAÇÃO. RECIBOS. SOLICITAÇÃO DE ELEMENTOS DE PROVA ADICIONAIS. Negase provimento ao Recurso Especial que, por lapso, não se contrapõe ao julgamento levado a cabo pelo Colegiado a quo mas sim a situação estranha aos autos, em que a inidoneidade dos recibos fora comprovada pela Fiscalização. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em Exercício e Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Miriam Denise Xavier (suplente convocada), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 37 0. 00 04 00 /2 00 8- 11 Fl. 143DF CARF MF 2 Relatório O presente processo trata de exigência de Imposto de Renda Pessoa Física do exercício de 2007, anocalendário de 2006, acrescido de juros de mora e multa de ofício, tendo em vista a apuração de deduções indevidas de despesas médicas. Em sessão plenária de 18/04/2018, foi julgado o Recurso Voluntário, prolatandose o Acórdão nº 2001000.388 (efls. 100 a 115), assim ementado: "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2006 DESPESAS MÉDICAS GLOSADAS. DEDUÇÃO MEDIANTE RECIBOS. AUSÊNCIA DE INDÍCIOS QUE JUSTIFIQUEM A INIDONEIDADE DOS COMPROVANTES. Recibos de despesas médicas têm força probante como comprovante para efeito de dedução do Imposto de Renda Pessoa Física. A glosa por recusa da aceitação dos recibos de despesas médicas, pela autoridade fiscal, deve estar sustentada em indícios consistentes e elementos que indiquem a falta de idoneidade do documento. A ausência de elementos que indique a falsidade ou incorreção dos recibos os torna válidos para comprovar as despesas médicas incorridas. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. RECONHECIMENTO DO DÉBITO. Considerase não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo contribuinte." A decisão foi assim registrada: “Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar suscitada e, no mérito, por maioria, em dar provimento ao Recurso Voluntário. Vencido o Conselheiro José Ricardo Moreira que lhe negou provimento." O processo foi encaminhado à PGFN em 14/06/2018 (Despacho de Encaminhamento de efls. 116) e, em 15/06/2018, foi interposto o Recurso Especial de efls. 117 a 125 (Despacho de Encaminhamento de efls. 126), com fundamento no art. 67, do Anexo II, do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 2015, visando rediscutir o critério de comprovação de despesas médicas. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme despacho de 29/06/2018 (efls. 129 a 132). Em seu apelo, a Fazenda Nacional apresenta as seguintes alegações: não há como considerar como comprovadas, para fins de dedução, as despesas médicas glosadas pela auditoria fiscal, dadas as particularidades do caso concreto examinado; Fl. 144DF CARF MF Processo nº 16370.000400/200811 Acórdão n.º 9202007.802 CSRFT2 Fl. 141 3 não obstante, a princípio, admitamse recibos para fins de deduções, é possível a exigência, pelo Fisco, de documentos adicionais para a comprovação da efetividade do tratamento e do real desembolso pelo contribuinte (ônus a cargo deste), sem os quais o recibo não é bastante para justificar o abatimento; tal linha de raciocínio encontrase colmatada pela jurisprudência administrativa, assente na necessidade de demonstração da efetiva prestação dos serviços médicos e do real dispêndio do contribuinte, para fins de dedução da base de cálculo do imposto de renda; observese que a glosa objeto da controvérsia foi devidamente justificada pelo fiscal autuante, que desconsiderou os recibos apresentados por haver fortes indícios no sentido de sua inidoneidade; tratase de situação diferenciada em que a autoridade fiscal trouxe aos autos razões para a exigência de comprovação do efetivo pagamento e não obstante a intimação específica e fundamentada para tanto, o Contribuinte deixou de apresentar a prova necessária; em análise da questão, a Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Recife/PE concluiu no seguinte da inidoneidade dos recibos; não obstante os indícios constantes dos autos, o julgado recorrido entendeu que a mera apresentação de recibos é suficiente para afastar a glosa das despesas, desacompanhada de qualquer prova documental idônea do efetivo desembolso. Ao final, a Fazenda Nacional requer seja conhecido e provido o Recurso Especial, reformandose a decisão recorrida e restabelecendose o lançamento. Cientificado, o Contribuinte quedouse silente (efls. 135/136). Voto Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo Relatora O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. Não foram oferecidas Contrarrazões. Tratase de exigência de Imposto de Renda Pessoa Física, tendo em vista a glosa de despesas médicas, referente ao anocalendário de 2006, no total de R$ 32.321,00, a saber: Suzana Myszkowski R. Gameiro (R$ 756,00); Giovanna Machado Rizzo (R$ 10.200,00); Fernanda Vieira Veronez (R$ 8.965,00); Fl. 145DF CARF MF 4 Ariana Giacomini da Fonseca (R$ 3.500,00); Nely Sanae Nakamura (R$ 3.000,00); Jorge Nakamura (R$ 3.000,00); e Renata Mayumi Tan (R$ 2.900,00). No acórdão recorrido, deuse provimento ao Recurso Voluntário, restabelecendose a dedução das despesas médicas, ao argumento de que os recibos seriam suficientes, uma vez que teriam faltado indícios que os desabonassem. A motivação para a glosa, constante da Notificação de Lançamento, foi a seguinte (fls. 13): "Glosa do valor de R$ ********33.489,02, indevidamente deduzido a titulo de Despesas Médicas, por falta de comprovação, ou por falta de previsão legal para sua dedução. (...) Recibos de Nely S. Nakamura, Giovanna M.Rizzo, Fernanda V.Veronez, Ariana G.Fonseca, Jorge Nakamura, Renata M. Tan e Suzana M.Gameiro (total: R$32.321,00) desconsiderados por não apresentar qualquer documento para comprovação do pagamento das despesas." Como se pode constatar, não consta da autuação que os recibos apresentados pelo Contribuinte tenham sido considerados inidôneos. Entretanto, as razões de recurso esposadas pela Fazenda Nacional levam à conclusão de que tratarseia de caso diferenciado, em que a Fiscalização teria colacionado provas da inidoneidade dos recibos. A leitura dos trechos que a Fazenda Nacional atribui à autuação e à decisão de Primeira Instância (que ela diz ser a DRJ em Recife/PE, porém tratase da DRJ em Curitiba/PR) mostram que houve equívoco de sua parte, trazendo caso estranho aos presentes autos. Confirase os citados trechos, com a omissão dos nomes do contribuinte e profissional citados, por não dizerem respeito ao presente processo: "Observese que a glosa objeto da controvérsia foi devidamente justificada pelo fiscal autuante que desconsiderou os recibos apresentados por haver fortes indícios no sentido de inidoneidade destes. Eis Eis a fundamentação do lançamento acerca do ponto: '(2) XXXXXX: R$ 8.500,00 – Tendo em vista que consta no sistema dossiê da SRF apenas recibo emitido por esta profissional para o próprio Contribuinte no ano e o fato de que o valor envolvido ser elevado, solicitamos que o Contribuinte provasse o pagamento como condição única para aceitação desta despesa, mas, no caso, o mesmo apresentou apenas os simples recibos e uma declaração da profissional neste sentido, já que não foi apresentado nenhuma prova do efetivo pagamento, seja em cheque ou extrato de conta corrente bancária comprovando saques para pagamento em dinheiro (uma média de R$ 700,00 por mês), desconsideramos esta despesa com base nos argumentos acima de que a mesma só emitiu recibos para ele neste ano.' Fl. 146DF CARF MF Processo nº 16370.000400/200811 Acórdão n.º 9202007.802 CSRFT2 Fl. 142 5 Ora, tratase de situação diferenciada em que a autoridade fiscal trouxe aos autos razões para a exigência de comprovação do efetivo pagamento. Todavia, não obstante a intimação específica e fundamentada para tanto, o contribuinte deixou de apresentar a prova necessária. Em análise da questão, a Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Recife/PE concluiu no seguinte sentido: '10. Reltivamente as despesas médicas em nome da Sra. YYYYYY, no valor total de R$ 8.500,00, o contribuinte anexou cópias dos recibos de fls. 56 a 68 e declaração de fl. 68. 11. Estes recibos não especificam em que teriam sido realizadas as sessões psicoterápicas, em prejuízo do disposto no art. 8°, §2°, II, da Lei n° 9.250/95, e art. 80, §1°, II, do Regulamento do Imposto de Renda RIR/99 (Decreto n° 3.000/1999). 12. A declaração de fl. 68, datada de 17/06/2005, e emitida em TeresinaPI, também de emissão da Sra. XXXXXX, não contém endereço da profissional, mas, por seu turno, informa que foi o próprio contribuinte que submeteu as sessões de tratamento psicológico, e esclarece que não pode fornecer as fichas de acompanhamento das sessões psicológicas a que o contribuinte, que tem domicilio em MaceióAL, foi submetido, por se tratar de material não mais existente, pois seu acompanhamento foi encerrado em dezembro/2003 e de acordo com o 'art. 60 & 3' do Código de Ética Profissional dos Psicólogos em caso de extinção do serviço psicológico, os arquivos serão incinerados pelo profissional responsável e isso foi o que fez. 13. A Sra. XXXXXX declarou rendimentos de pessoa física no anocalendário de 2002 apenas no valor de R$ 8.500,00, conforme informação da sua declaração entregue a Receita Federal no dia 28/04/2003, fls. 17 e 18, valor que coincide com o declarado pelo contribuinte como pago a mesma, em 29/04/2003, conforme fls. 73 a 76. 0 contribuinte, na sua impugnação, demonstrou conhecer da declaração da XXXXXX, ao assegurar que esta ofereceu tais rendimentos de R$ 8.500,00 a tributação. 14. É estranho que o contribuinte tenha conhecimento da declaração da Sra. XXXXXX, inclusive, já constando cópia da DIRPF 2003/2002 da mesma entre os documentos que acompanham a impugnação, e que no ano de 2002 a Sra. XXXXXX somente declarou como rendimentos de pessoa física os mesmos R$ 8.500,00, do que decorre que a Sra. XXXXXX teria prestado serviços de psicologia apenas ao contribuinte em todo o ano de 2002, ou seja, embora o tratamento não seja barato, o que requer uma qualidade de tratamento e de profissional de nível compatível, é de se estranhar que a referida profissional somente tenha prestado serviços ao contribuinte e não tenha tido outro cliente. 15. De toda sorte, o contribuinte foi intimado a comprovar o efetivo pagamento como condição única para aceitação das despesas, conforme descrito à fl. 84, ou seja, foi intimado a Fl. 147DF CARF MF 6 comprovar a efetiva transferência dos numerários constantes dos recibos, não tendo realizado tal comprovação, o que poderia ser feito através de extratos bancários que demonstrassem operações de compensação de cheques ou saques nos mesmos valores e datas próximas aos que constam dos recibos e declarações. 16. Por todos estes aspectos, os recibos se mostram frágeis e mesmo insuficientes A comprovação das despesas e ao convencimento do julgador, tendo em vista o disposto no art. 29 do Decreto 70.235/72.' Reiterese que, não obstante os indícios constantes dos autos, o julgado ora recorrido entendeu que a mera apresentação de recibos é suficiente para afastar a glosa das despesas, desacompanhada de qualquer prova documental idônea do efetivo desembolso." (grifei) Nessas condições, não há como sequer analisar as razões de recurso, tendo em vista que estas não foram focadas no caso em julgamento mas sim em situação estranha aos autos. Partindo de uma premissa equivocada, qual seja, a de que tratarseia de caso diferenciado, em que a autuação teria fundamentado a inidoneidade dos recibos, a Fazenda Nacional deixou de se contrapor às razões esposadas no acórdão recorrido, que trataram de situação diversa daquela retratada no Recurso Especial. Diante do exposto, conheço do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional e, no mérito, negolhe provimento. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Fl. 148DF CARF MF
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Numero do processo: 10680.007783/2007-89
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Apr 24 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri May 31 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2002
DEDUÇÃO. DESPESAS MÉDICAS. COMPROVAÇÃO. RECIBOS. SOLICITAÇÃO DE ELEMENTOS DE PROVA ADICIONAIS. POSSIBILIDADE.
A apresentação de recibos não exclui a possibilidade de exigência de elementos comprobatórios adicionais, tais como provas da efetiva prestação do serviço e do respectivo pagamento. Não comprovada a efetividade do serviço, tampouco o pagamento da despesa, há que ser restabelecida a respectiva glosa.
Numero da decisão: 9202-007.803
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento parcial para restabelecer a glosa de R$ 18.540,00, a título de despesas médicas.
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em Exercício e Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Miriam Denise Xavier (suplente convocada), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício).
Nome do relator: MARIA HELENA COTTA CARDOZO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2002 DEDUÇÃO. DESPESAS MÉDICAS. COMPROVAÇÃO. RECIBOS. SOLICITAÇÃO DE ELEMENTOS DE PROVA ADICIONAIS. POSSIBILIDADE. A apresentação de recibos não exclui a possibilidade de exigência de elementos comprobatórios adicionais, tais como provas da efetiva prestação do serviço e do respectivo pagamento. Não comprovada a efetividade do serviço, tampouco o pagamento da despesa, há que ser restabelecida a respectiva glosa.
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DESPESAS MÉDICAS. COMPROVAÇÃO. RECIBOS. SOLICITAÇÃO DE ELEMENTOS DE PROVA ADICIONAIS. POSSIBILIDADE. A apresentação de recibos não exclui a possibilidade de exigência de elementos comprobatórios adicionais, tais como provas da efetiva prestação do serviço e do respectivo pagamento. Não comprovada a efetividade do serviço, tampouco o pagamento da despesa, há que ser restabelecida a respectiva glosa. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento parcial para restabelecer a glosa de R$ 18.540,00, a título de despesas médicas. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em Exercício e Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Miriam Denise Xavier (suplente convocada), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 00 77 83 /2 00 7- 89 Fl. 144DF CARF MF 2 Relatório O presente processo trata de exigência de Imposto de Renda Pessoa Física do exercício de 2003, anocalendário de 2002, crescido de juros de mora e multa de ofício, tendo em vista a apuração de deduções indevidas de despesas médicas. Em sessão plenária de 18/01/2012, foi julgado o Recurso Voluntário, prolatandose o Acórdão nº 2802001.253 (fls. 114 a 119), assim ementado: "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2003 IRPF. DESPESAS MÉDICAS. COMPROVAÇÃO. Recibos emitidos por profissionais da área de saúde com observância aos requisitos legais são documentos hábeis para comprovar dedução de despesas médicas, salvo quando comprovada nos autos a existência de indícios veementes de que os serviços consignados nos recibos não foram de fato executados ou o pagamento não foi efetuado." A decisão foi assim registrada: “Acordam os membros do colegiado, Por maioria de votos DAR PROVIMENTO ao recurso. Vencida a Conselheira Lúcia Reiko Sakae (relatora). Designado(a) para redigir o voto vencedor o (a) Conselheiro (a) Dayse Fernandes Leite." O processo foi encaminhado à PGFN em 23/05/2013 (Despacho de Encaminhamento de fls. 120) e, em 20/06/2013, foi interposto o Recurso Especial de fls. 121 a 131 (Despacho de Encaminhamento de fls. 132), com fundamento nos artigos 67 e 68, do Anexo II, do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 2009, visando rediscutir o critério de comprovação de despesas médicas. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme despacho de 20/03/2017 (fls. 133 a 137). Em seu apelo, a Fazenda Nacional apresenta as seguintes alegações: o acórdão recorrido não admitiu as glosas das despesas médicas, por reputar suficientes as declarações dos profissionais; a Fiscalização apontou fundamentos suficientes para adotar o procedimento de intimar o Contribuinte a apresentar os documentos que efetivamente demonstrem os gastos deduzidos; observandose a descrição dos fatos, a autoridade fiscal indicou a necessidade de apresentação, nos casos de pagamento em espécie, de extratos bancários em que se verifique retiradas compatíveis em datas e valores com os recibos emitidos e, como prova da efetiva prestação de serviços, a apresentação de prescrição médica para os tratamentos, prontuários, radiografias e quaisquer outros a critério do Contribuinte; Fl. 145DF CARF MF Processo nº 10680.007783/200789 Acórdão n.º 9202007.803 CSRFT2 Fl. 145 3 além de os valores cobrados pela fisioterapeuta e terapeuta ocupacional estarem acima do valor de mercado, registrouse a falta da prescrição médica para a realização desses tratamentos, assim como a não apresentação de prontuários ou radiografias para comprovar a prestação dos serviços odontológicos, razões que fundamentaram as glosas a título de dedução de despesas médicas; notificado a comprovar as despesas médicas alegadas, o Contribuinte não trouxe documentos de irrefutável veracidade; acrescentese que os requisitos formais exigidos no art. 8° § 2º, III, da Lei nº 9.250, de 1995, militam em favor do interesse público, nada impedindo que, diante de dúvida, e não apenas de dúvida quanto à idoneidade de um recibo individualmente considerado, mas dúvida fundada quanto à boafé do Contribuinte caso dos autos a Fiscalização possa, com fulcro no art. 11, § 3º, do DecretoLei nº 5.844, de 1943, exigir a apresentação de outros elementos; mostrase correta e legal fora a ação da Fiscalização em glosar os gastos de despesas médicas alegados pelo Contribuinte, descabendo o entendimento de que a convicção do julgador não autoriza a exigência de novos elementos probatórios; a fragilidade dos documentos apresentados pelo Contribuinte e os indícios quanto à veracidade das provas, constatados pela Fiscalização, autorizaram o Fisco a requerer do sujeito passivo elementos mais conclusivos que atestassem as suas despesas; não tendo sido fornecidos tais elementos, a validade da glosa é irrefutável. Ao final, a Fazenda Nacional requer seja conhecido e provido o Recurso Especial, reformandose a decisão recorrida. Cientificado, o Contribuinte quedouse silente (fls. 140/141). Voto Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo Relatora O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. Não foram oferecidas Contrarrazões. Tratase de exigência de Imposto de Renda Pessoa Física, tendo em vista a glosa de despesas médicas, referente ao anocalendário de 2002. No acórdão recorrido, deuse provimento ao Recurso Voluntário, restabelecendose a dedução de despesas médicas no total de R$ 26.000,00, ao fundamento de que os recibos seriam suficientes, na falta de indícios que os desabonassem. A Fazenda Nacional, por sua vez, visando rever o critério de comprovação das despesas médicas, pede que seja restabelecida a glosa, tendo em vista que a Fiscalização teria apontado fundamentos suficientes a justificar a exigência de elementos de prova adicionais. Fl. 146DF CARF MF 4 De plano, reiterese que se trata de critério de comprovação de despesas médicas, e que a Fiscalização apontou fundamentos suficientes a justificar a solicitação de elementos de prova adicionais, a começar pela informação de que a Declaração de Ajuste Anual do Contribuinte incidira em Malha Fiscal, cujos parâmetros, como é público e notório, visam alcançar situações que fogem ao convencional para os Contribuintes Pessoas Físicas. No acórdão recorrido, o voto vencedor pontifica que não caberia ao Julgador apontar o descumprimento de requisitos formais verificados nos recibos apresentados, e ao mesmo tempo afirma que referidos recibos não foram aceitos pela Fiscalização, pela falta de comprovação dos respectivos pagamentos. Ora, repitase que os recibos não foram aceitos pela Fiscalização, e ainda que o descumprimento dos requisitos formais não tenha sido explicitado na autuação, o Julgador tem o direito de formar sua convicção, e para isso não pode fechar os olhos a todos os elementos que, agregados ao fundamento da falta de comprovação do pagamento, contribuem para a tomada de decisão. Confirase o art. 29, do Decreto nº 70.235, de 1972: Art. 29. Na apreciação da prova, a autoridade julgadora formará livremente sua convicção, podendo determinar as diligências que entender necessárias. Com esteio no dispositivo legal acima, o Julgador pode, sim, analisar todos os aspectos atinentes aos recibos que já não foram acatados pela Fiscalização, tampouco pelo Colegiado de Primeira Instância com a finalidade de aplicar o seu critério de comprovação, e nesse ponto ele é livre para formar sua convicção, desde que fundamentada. O que não poderia ocorrer, de fato, seria, quanto aos recibos que o Contribuinte eventualmente comprovasse os respectivos pagamentos, o Julgador deixasse de acatálos pelo descumprimento de requisitos formais. A matéria não é nova neste Colegiado e já foi objeto de inúmeros julgamentos. Dentre esses julgados, destacase o Acórdão nº 9202005.461, de 24/05/2017, da lavra do Ilustre Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos, cujos fundamentos ora adoto e colaciono como minhas razões de decidir: "Acerca do assunto, entendo que as despesas médicas dedutíveis da base de cálculo do imposto de renda restringemse aos pagamentos efetuados pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes, e se limitam, sim, a serviços comprovadamente realizados quando objeto de indagação pela autoridade fiscal, a partir de dúvida razoável, bem como a pagamentos especificados e comprovados. Nesse sentido, é oportuno, conferir o estabelecido na Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995, que traz essas condições para dedução desse tipo de despesa: Art. 8º A base de cálculo do imposto devido no anocalendário será a diferença entre as somas: (...). II das deduções relativas: a) aos pagamentos efetuados, no ano calendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias; (...). Fl. 147DF CARF MF Processo nº 10680.007783/200789 Acórdão n.º 9202007.803 CSRFT2 Fl. 146 5 § 2º O disposto na alínea “a” do inciso II: (...). II restringese aos pagamentos efetuados pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes; III – limitase a pagamentos especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas CPF ou no Cadastro Geral de Contribuintes CGC de quem os recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento; Complementando a necessidade dessa comprovação, o Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999, Regulamento do Imposto de Renda, RIR/1999, em seu art. 73, dispõe que (a) as deduções estão sujeitas à comprovação e (b) deduções exageradas poderão ser glosadas inclusive sem audiência do contribuinte, conforme a seguir reproduzido: Art.73. Todas as deduções estão sujeitas à comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 11, §3º). §1º Se forem pleiteadas deduções exageradas em relação aos rendimentos declarados, ou se tais deduções não forem cabíveis, poderão ser glosadas sem a audiência do contribuinte (Decreto lei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 4º). Por certo, a legislação, em regra, estabelece a apresentação de recibos como forma de comprovação das despesas médicas, a teor do que dispõe o art. 80, § 1º, III, do RIR/1999, mas não restringe a ação fiscal apenas a esse exame. Em uma visão sistêmica da legislação tributária, verificase, inclusive, que a indicação do cheque nominativo, apesar de conter muito menos informação que o recibo, é também eleito como meio de prova, evidenciando a força probante da efetiva comprovação do pagamento. Portanto, em vista do exposto, podemos concluir que a dedução de despesas médicas na declaração do contribuinte está, sim, condicionada ao preenchimento de alguns requisitos legais: (a) a prestação de serviço tendo como beneficiário o declarante ou seu dependente, e (b) que o pagamento tenha se realizado pelo próprio contribuinte. Todavia, havendo qualquer dúvida em um desses requisitos, é não só direito mas também dever da Fiscalização exigir provas adicionais ou da efetividade do serviço, e/ou do beneficiário deste e/ou do pagamento efetuado. E é dever do contribuinte apresentar comprovação ou justificação idônea no caso de tal exigência, sob pena de ter suas deduções não admitidas pela autoridade fiscal. Entendo que a conclusão acima esteja alicerçada no art. 73 do RIR/99, já transcrito." Fl. 148DF CARF MF 6 Destarte, no presente caso não se afigurou irregular, tampouco desarrazoada, a exigência, por parte da Fiscalização, da comprovação do pagamento das despesas médicas. Observase, da Declaração de Ajuste Anual de fls. 17 a 22, que as despesas médicas do Contribuinte são efetivamente bastante expressivas, em relação a seus rendimentos (quase 30%), sendo que ali consta pagamento para plano de saúde, que é contratado exatamente para a cobertura de despesas médicas. As despesas médicas ora analisadas, no total de R$ 26.000,00, estão assim distribuídas pelos profissionais: Maria de Lourdes Alves Maia, Odontóloga (R$ 10.000,00); Benjamin G. Leite, Odontólogo (R$ 8.000,00); Tatiane M. Aquino, Fisioterapeuta (R$ 6.000,00); e Fabiana R. Aquino, Terapeuta Ocupacional (R$ 2.000,00). Quanto aos recibos relativos ao Odontólogo Benjamin G. Leite, não foi efetuada pelo Contribuinte qualquer correlação que permitisse associar os pagamentos aos extratos bancários de fls. 81 a 106, tampouco foram apresentados prontuários ou radiografias que justificassem as despesas, o que inviabiliza a aceitação dos recibos apresentados às fls. 61 a 68. Reforçando essa convicção, observase que tratase de cópias, sem apresentação de original, como registrado nesses documentos, além de não constar o endereço do profissional mas apenas a indicação da cidade de Sete Lagoas, sendo que o Contribuinte, conforme consta na Declaração de Ajuste Anual, reside em Belo Horizonte, como bem observou o voto vencido do acórdão recorrido. No que tange à Odontóloga Maria de Lourdes Alves Maia, também não foi feita qualquer correlação com os extratos bancários apresentados às fls. 81 a 86, tampouco foram apresentados prontuários ou radiografias que justificassem as despesas, o que inviabiliza a aceitação dos recibos apresentados às fls. 69 a 74. Os recibos também são apenas cópias, sem apresentação do original, e deles não consta endereço e nem mesmo o CPF, que é condição de validade do recibo. Observase que esses dados foram apostos em apenas um dos recibos, com letra diferente do restante do preenchimento, o que indica que esses dados não foram preenchidos quando de sua emissão. Nessas circunstâncias, ausente a apresentação de documentação adicional, como radiografias, ficha dentária, etc, esta Conselheira não logrou formar convicção no sentido de que as despesas relativas aos profissionais Benjamin G. Leite e Maria de Lourdes Alves Maia, Odontólogos, nos valores de, respectivamente, R$ 8.000,00 e R$ 10.000,00, poderiam ser aceitas sem a comprovação do efetivo pagamento, de sorte que deve ser restabelecida a glosa desses valores, no total de R$ 18.000,00. Quanto à Terapeuta Ocupacional Fabiana Raposo Aquino, os recibos também são cópias, sem a apresentação dos originais, deles não consta o endereço e em quase todos a identificação do emitente está ilegível, faltando inclusive o CPF. Também consta a cidade de Sete Lagoas, quando o Contribuinte reside em Belo Horizonte. Entretanto, como as formalidades dos recibos não foram questionadas na autuação, e foi possível efetuar correlação entre saques na conta bancária e recibos, será aceita a dedução no total de R$ 1.750,00 (de um total de R$ 2.000,00), conforme a seguir: saque em 29/01/2002, no valor de R$ 500,00 (fls. 81); recibo nº 13, de 30/01/2002, no valor de R$ 200,00 (fls. 75); Fl. 149DF CARF MF Processo nº 10680.007783/200789 Acórdão n.º 9202007.803 CSRFT2 Fl. 147 7 saque em 26/03/2002, nos valores de R$ 300,00 + R$ 200,00 (fls. 87); recibo nº 14, de 28/03/2002, no valor de R$ 400,00 (fls. 75); saque em 29/04/2002, no valor de R$ 300,00 (fls. 89); recibo nº 15, de 30/04/2002, no valor de R$ 400,00 (fls. 75); saque em 28/06/2002, no valor de R$ 250,00 (fls. 92); recibo nº 17, de 28/06/2002, no valor de R$ 250,00 (fls. 76); e saque em 23/09/2002, no valor de R$ 800,00 (fls. 98); recibo nº 18, de 23/09/2002, no valor de R$ 500,00 (fls. 76). Relativamente aos recibos de tratamento fisioterápico ao dependente do Contribuinte, que teriam sido emitidos por Tatiane M. Aquino, estes também são apenas cópias, sem apresentação dos originais, os dados do emitente não estão preenchidos ou estão ilegíveis, falta inclusive o CPF, além do que não constar endereço, apenas referência à cidade de Sete Lagos, quando, repitase, o Contribuinte tem endereço declarado em Belo Horizonte. Entretanto, como as formalidades dos recibos não foram questionadas na autuação, e também foi possível efetuar correlação entre saques na conta bancária e recibos, será aceita a dedução no total de R$ 5.710,00 (de um total de R$ 6.000,00), conforme a seguir: saque em 04/02/2002, no valor de R$ 800,00 (fls. 83); recibo nº 01, de 04/02/2002, no valor de R$ de R$ 600,00 (fls. 77); saque em 25/03/2002, no valor de R$ 300,00 (fls. 87); recibo nº 02, de 25/03/2002, no valor de R$ 600,00 (fls. 78); saque em 25/03/2002, no valor de R$ 300,00 (fls. 87) e saque em 09/04/2002, no valor de R$ 200,00 (fls. 88); recibo nº 03, de 09/04/2002, no valor de R$ 200,00 (fls. 78); saque em 09/04/2002, no valor de R$ 280,00 (fls. 88); recibo nº 04, de 15/04/2002, no valor de R$ 400,00 (fls. 77); saque em 06/05/2002, no valor de R$ 800,00 (fls. 90); recibo nº 05, de 06/05/2002, no valor de R$ 600,00 (fls. 78); saque em 10/06/2002, no valor de R$ 310,00 (fls. 92); recibo nº 06, de 10/06/2002, no valor de R$ 310,00 (fls. 80); saque em 02/07/2002, no valor de R$ 1.000,00 (fls. 94); recibo nº 08, de 02/07/2002, no valor de R$ 600,00 (fls. 79); saque em 23/09/2002, no valor de R$ 800,00 (fls. 98); recibo nº 09, de 23/09/2002, no valor de R$ 600,00 (fls. 79); saque em 24/10/2002, no valor de R$ 800,00 (fls. 101); recibo nº 10, de 24/10/2002, no valor de R$ 600,00 (fls. 79) saque em 29/11/2002, no valor de R$ 700,00 (fls. 103); recibo nº 11, de 29/11/2002, no valor de R$ 600,00 (fls. 80); Fl. 150DF CARF MF 8 saque em 30/12/2002, no valor de R$ 615,00 (fls. 105); recibo nº 12, de 30/12/2002, no valor de R$ 600,00 (fls. 77); Destarte, no contexto do presente processo, a aceitação das demais despesas somente seria possível mediante a apresentação de elementos de prova adicionais, o que não foi aportado aos autos. Exceção deve ser feita ao valor de R$ 7.460,00 (R$ 1.750,00 + R$ 5.710,00), conforme acima especificado. Incabível, portanto, a dedução das demais despesas médicas, quando as respectivas provas não logram o convencimento acerca da efetiva prestação do serviço, tampouco do pagamento correspondente. Com efeito, a apresentação tão somente de recibos, nas condições relatadas, é insuficiente para suprir a não comprovação dos correspondentes pagamentos. Diante do exposto, conheço do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional e, no mérito, doulhe provimento parcial para restabelecer a glosa de despesas médicas no total de R$ 18.540,00 (R$ 26.000,00 R$ 7.460,00). (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Fl. 151DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 18186.007045/2008-13
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed May 22 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu Jun 06 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Exercício: 2004
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. IMPOSSIBILIDADE.
Superada questão prejudicial em sede de julgamento no CARF, para evitar supressão de instância e garantir o contraditório e a ampla defesa, é necessário o retorno dos autos à primeira instância, para apreciação das demais questões constantes da peça impugnatória.
Numero da decisão: 9202-007.884
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento para anular a decisão recorrida quanto à análise do mérito e determinar o retorno dos autos à primeira instância, para apreciação das demais questões da Impugnação.
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em Exercício e Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Miriam Denise Xavier (suplente convocada), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício).
Nome do relator: MARIA HELENA COTTA CARDOZO
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Exercício: 2004 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. IMPOSSIBILIDADE. Superada questão prejudicial em sede de julgamento no CARF, para evitar supressão de instância e garantir o contraditório e a ampla defesa, é necessário o retorno dos autos à primeira instância, para apreciação das demais questões constantes da peça impugnatória.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento para anular a decisão recorrida quanto à análise do mérito e determinar o retorno dos autos à primeira instância, para apreciação das demais questões da Impugnação. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em Exercício e Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Miriam Denise Xavier (suplente convocada), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício).
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SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. IMPOSSIBILIDADE. Superada questão prejudicial em sede de julgamento no CARF, para evitar supressão de instância e garantir o contraditório e a ampla defesa, é necessário o retorno dos autos à primeira instância, para apreciação das demais questões constantes da peça impugnatória. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento para anular a decisão recorrida quanto à análise do mérito e determinar o retorno dos autos à primeira instância, para apreciação das demais questões da Impugnação. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em Exercício e Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Miriam Denise Xavier (suplente convocada), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 18 18 6. 00 70 45 /2 00 8- 13 Fl. 146DF CARF MF 2 Relatório O presente processo trata de exigência de Imposto de Renda Pessoa Física do exercício de 2004, anocalendário de 2003, acrescido de juros de mora e multa de ofício, tendo em vista a apuração de deduções indevidas de despesas médicas. Contestado o lançamento, a Impugnação não foi conhecida, por intempestividade, conforme decisão assim ementada: "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2004 IMPUGNAÇÃO. PRAZO PARA APRESENTAÇÃO. Nos termos do artigo 15 do Decreto n.° 70.235/72, a impugnação ao lançamento de débito fiscal deverá ser apresentada ao órgão preparador no prazo de 30 (trinta) dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. Manifestações apresentadas fora deste prazo devem ser desconsideradas pela autoridade julgadora. ESTATUTO DO IDOSO. 0 estatuto do idoso prioriza o atendimento diante dos órgãos públicos, não imunizando o idoso das infrações constatadas pela Administração Tributária Federal. MANUTENÇÃO ATUALIZADA DE DADOS CADASTRAIS DA PESSOA FÍSICA PERANTE A RECEITA FEDERAL DO BRASIL. É ônus do contribuinte manter atualizado a localidade de seu domicilio tributário eleito perante o órgão da Administração Tributária Federal. Entendese por localidade o fornecimento corretos do nome do logradouro público, n.° da residência e complemento se houver, n.° de CEP, bairro e cidade. Impugnação Não Conhecida Crédito Tributário Mantido" Em sessão plenária de 12/05/2011, foi julgado o Recurso Voluntário, prolatandose o Acórdão nº 210201.307 (fls. 81 a 83), assim ementado: "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2004 LANÇAMENTO. INTIMAÇÃO POR EDITAL. ERRO NO CEP CONSTANTE DA DIRPF. É nula a decisão que considera válida a intimação por edital do contribuinte quando este declarou corretamente em suas DIRPF o seu endereço de residência, equivocandose apenas quanto ao Fl. 147DF CARF MF Processo nº 18186.007045/200813 Acórdão n.º 9202007.884 CSRFT2 Fl. 146 3 CEP correspondente. O equívoco em relação ao CEP não invalida o endereço corretamente informado. IRPF. DEDUÇÕES. DESPESA MÉDICA. Comprovadas, através de recibos idôneos trazidos aos autos e ainda de declarações firmadas pelos prestadores de serviços a efetividade das despesas médicas efetuadas, devem as mesmas ser restabelecidas." A decisão foi assim registrada: “ACORDAM os membros da 1ª câmara / 2ª turma ordinária do segunda SEÇÃO DE JULGAMENTO, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do voto do(a) relator(a)." O processo foi recebido na PGFN em 04/09/2012 (carimbo aposto à Relação de Movimentação de fls. 85) e, em 11/09/2012, a Procuradora da Fazenda Nacional considerouse intimada (fls. 84). Em 12/09/2012, foi interposto o Recurso Especial de fls. 87 a 90 (Relação de Movimentação de fls. 86). O Recurso Especial está fundamentado no art. 68, do Anexo II, do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 2009, e visa rediscutir a ocorrência de supressão de instância. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme despacho de 07/07/2014 (efls. 110/111). Em seu apelo, a Fazenda Nacional apresenta as seguintes alegações: a decisão recorrida entendeu pela tempestividade da Impugnação da contribuinte, passando a analisar o mérito do Recurso Voluntário; ocorre que, declarada a tempestividade da Impugnação, os autos devem ser encaminhados à Delegacia de Julgamento de origem, para análise das alegações de mérito, sob pena de supressão de instância; nesse ponto, é oportuno observar que o CARF já se pronunciou inúmeras vezes no sentido de, acolhida a preliminar de tempestividade arguida pelo Contribuinte, devolver os autos à instância a quo, para análise das demais questões. Ao final, a Fazenda Nacional requer seja conhecido e provido o Recurso Especial, reformandose a decisão recorrida, para que os autos sejam encaminhados à primeira instância, para análise das alegações de mérito. Cientificada, a Contribuinte quedouse silente (efls. 123). Voto Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo Relatora Fl. 148DF CARF MF 4 O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. Não foram oferecidas Contrarrazões. Tratase de exigência de Imposto de Renda Pessoa Física, tendo em vista a glosa de despesas médicas, referente ao exercício de 2004, anocalendário de 2003. No acórdão recorrido, deuse provimento ao Recurso Voluntário, restabelecendose a dedução de despesas médicas, após afastada a intempestividade da Impugnação, declarada pela decisão de primeira instância. A Fazenda Nacional, por sua vez, pede que os autos sejam devolvidos à Delegacia da Receita Federal de Julgamento, para análise das alegações de mérito, sob pena de supressão de instância. A matéria não é nova neste Colegiado e já foi objeto do Acórdão nº 9202 007.229, de 27/09/2018, da lavra do Ilustre Conselheiro Pedro Paulo Pereira Barbosa, cujos fundamentos ora adoto e colaciono como minhas razões de decidir: "Quanto ao mérito, a questão cingese a definir se, com o afastamento da intempestividade, declarada pela decisão de primeira instância, a Turma a quo poderia, como fez, apreciar diretamente o mérito do recurso ou se deveria devolver o processo para apreciação do mérito pela autoridade julgadora de primeira instancia. Penso que a segunda alternativa é a correta. É que predomina no nosso ordenamento jurídico o princípio do duplo grau de cognição, o qual não pode ser afastado em nome de celeridade processual. Não bastasse isso, o Decreto nº 70.235, de 1972 não deixa margem a dúvida quanto ao iter processual a ser observado no processo administrativo tributário que prevê a apreciação, em primeira instância, de impugnação do sujeito passivo e recurso para apreciação em segunda instância. Como, no caso, foi afastada a intempestividade da impugnação, a qual, tendo sido declarada pela decisão de primeira instância, impediu a apreciação, por esta, do mérito do recurso, o processo deveria, necessariamente, retornar à primeira instância para apreciação do mérito e, somente no caso de novo recurso em relação a este, aí sim, ser a questão reexaminada em sede de recursos pela Turma do CARF. A alegação de celeridade processual não convence. Embora seja um princípio relevante do direito processual, este não deve servir de pretexto para se vulnerar outros princípios, como o do duplo grau de cognição, ou mesmo normas positivas que disciplinam o processo administrativo tributário. Assim, em conclusão, penso que o acórdão recorrido deve permanecer apenas quanto à apreciação da tempestividade, devendo ser afastada a decisão quanto ao mérito e devolvido o processo à primeira instância, para apreciação do mérito, reabrindose prazo para interposição de novo recurso especial." Diante do exposto, conheço do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional e, no mérito, doulhe provimento para anular a decisão recorrida quanto à análise do mérito e determinar a devolução do processo à primeira instância, para apreciação das demais questões constantes da Impugnação. Fl. 149DF CARF MF Processo nº 18186.007045/200813 Acórdão n.º 9202007.884 CSRFT2 Fl. 147 5 (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Fl. 150DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 37172.001437/2006-01
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Feb 25 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed Mar 20 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Data do fato gerador: 14/12/2005
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL (PAF). RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. CONHECIMENTO. MULTAS PREVIDENCIÁRIAS. RETROATIVIDADE BENIGNA. INCIDÊNCIAS DIVERSAS.
Não há que se falar em demonstração de divergência jurisprudencial, no que tange a retroatividade benigna relativa a multas previdenciárias, quando o acórdão recorrido trata da obrigação acessória do AI-91 e os paradigmas examinam obrigação acessória do AI-68, relacionada a multas por descumprimento de obrigações principais.
Numero da decisão: 9202-007.619
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial.
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em Exercício e Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício).
Nome do relator: MARIA HELENA COTTA CARDOZO
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Data do fato gerador: 14/12/2005 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL (PAF). RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. CONHECIMENTO. MULTAS PREVIDENCIÁRIAS. RETROATIVIDADE BENIGNA. INCIDÊNCIAS DIVERSAS. Não há que se falar em demonstração de divergência jurisprudencial, no que tange a retroatividade benigna relativa a multas previdenciárias, quando o acórdão recorrido trata da obrigação acessória do AI-91 e os paradigmas examinam obrigação acessória do AI-68, relacionada a multas por descumprimento de obrigações principais.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em Exercício e Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício).
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RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. CONHECIMENTO. MULTAS PREVIDENCIÁRIAS. RETROATIVIDADE BENIGNA. INCIDÊNCIAS DIVERSAS. Não há que se falar em demonstração de divergência jurisprudencial, no que tange a retroatividade benigna relativa a multas previdenciárias, quando o acórdão recorrido trata da obrigação acessória do AI91 e os paradigmas examinam obrigação acessória do AI68, relacionada a multas por descumprimento de obrigações principais. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em Exercício e Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 37 17 2. 00 14 37 /2 00 6- 01 Fl. 623DF CARF MF 2 Relatório Tratase de ação fiscal que originou os seguintes procedimentos: PROCESSO DEBCAD TIPO FASE 37172.001422/200634 35.611.9262 (Emp., SAT e Terceiros) Obrig. Principal Recurso Especial 37172.001426/200612 35.611.9270 (AI68) Obrig. Acessória Recurso Especial 37172.001437/200601 35.611.9289 (AI91) Obrig. Acessória Recurso Especial xxxxxxxxxxxxxxxxxx 35.611.9297 Obrig. Acessória xxxxxxxxxxxxxx 12045.000486/200723 35.611.9300 (AI59) Obrig. Acessória Recurso Especial sem seguimento O presente processo trata do Debcad 35.611.9289 AI91, lavrado em razão da não comprovação da entrega na rede bancária das Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social GFIP, com a informação de ausência de fato gerador correspondente ao estabelecimento CNPJ: 01.009.686/001620, relativa à competência 10/2004 (art. 32, inciso IV, §§ 1º, 3º e 9º, da Lei nº 8.212, de 1991). Em sessão plenária de 21/10/2010, foi julgado o Recurso Voluntário, prolatandose o Acórdão nº 230200.709 (fls. 407 a 412), assim ementado: "ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 14/12/2005 RETROATIVIDADE BENIGNA. GFIP. MEDIDA PROVISÓRIA Nº 449. REDUÇÃO DA MULTA. As multas em GFIP foram alteradas pela Medida Provisória nº 449 de 2008, sendo benéfica para o infrator. Foi acrescentado o art. 32A à Lei nº 8.212. Conforme previsto no art. 106, inciso II do CTN, a lei aplicase a ato ou fato pretérito, tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Recurso Voluntário Provido em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte." A decisão foi assim resumida: "ACORDAM os membros da 3ª Câmara/2ª Turma Ordinária da Segunda Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em Fl. 624DF CARF MF Processo nº 37172.001437/200601 Acórdão n.º 9202007.619 CSRFT2 Fl. 624 3 dar provimento parcial ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado." O processo foi recebido na PGFN em 06/09/2012 (carimbo aposto à Relação de Movimentação de fls. 414) e, em 27/09/2012, foi interposto o Recurso Especial de fls. 416 a 421 (Relação de Movimentação de fls. 415), com fundamentado no artigo 67, do Anexo II, do RICARF, visando rediscutir a aplicação da retroatividade benigna, em face das penalidades previstas na Lei nº 8.212, de 1991, com as alterações promovidas pela MP 449, de 2008, convertida na Lei nº 11.941, de 2009. Nesse passo, a Fazenda Nacional pede que seja conhecido e provido o Recurso Especial, no sentido de se verificar, na execução do julgado, qual a norma mais benéfica: se a soma das duas multas anteriores (art. 35, II, e art. 32, IV, da norma revogada) ou a do art. 35A, da Lei nº 8.212, de 1991. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme despacho de 23/01/2014 (fls. 422 a 424). Cientificada do acórdão, do Recurso Especial da Procuradoria e do despacho que lhe deu seguimento em 10/09/2017 (Termo de Ciência por Abertura de Mensagem de fls. 614), a Contribuinte ofereceu, em 25/09/2017 (Termo de Solicitação de Juntada de fls. 615), as Contrarrazões de fls. 617 a 620, contendo os seguintes argumentos: conforme ressaltou o acórdão recorrido, para a GFIP, assim como a DCTF e a DIRPF, há multa com tipificação específica, desse modo inaplicável o artigo 44 da Lei nº 9.430, de 1996; não estando as condutas de não recolher ou pagar o tributo e de não declarar em GFIP tipificadas no mesmo dispositivo de lei, que no caso é o artigo 44 da Lei nº 9.430, de 1996, não há que se falar em bis in idem, pois a própria lei, ao tipificar tais condutas em dispositivos distintos, tem por escopo demonstrar que são obrigações, infrações e penalidades tributárias distintas, que não se confundem nem servem de excludentes uma das outras, não havendo como prevalecer o argumento que se pretende dispensar à multa isolada, em razão da aplicação da multa genérica; portanto, sendo possível a aplicação de multa isolada em GFIP, cabe aplicar ao caso concreto o artigo 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com base na redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, em observância ao disposto no artigo 106, II, alínea "c", do Código Tributário Nacional. Ao final, a Contribuinte pede que seja negado provimento ao recurso, mantendose o acórdão recorrido. Voto Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo Relatora O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo restando perquirir se atende aos demais pressupostos de admissibilidade. Fl. 625DF CARF MF 4 Tratase do Debcad 35.611.9289 AI91, lavrado em razão da não comprovação da entrega na rede bancária das Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social GFIP, com a informação de ausência de fato gerador correspondente ao estabelecimento CNPJ: 01.009.686/001620, relativa à competência 10/2004 (art. 32, inciso IV, §§ 1º, 3º e 9º, da Lei nº 8.212, de 1991). No acórdão recorrido, a retroatividade benigna foi aplicada com base na multa do art. 32A, § 3º, inciso I, da Lei 8.212, de 1991. A Fazenda Nacional, por sua vez, pede que se verifique, na execução do julgado, qual a norma mais benéfica: o somatório das multas aplicadas por descumprimento da obrigação principal e das obrigações acessórias, nos moldes dos art. 32 e art. 35, da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à Lei nº 11.941, de 2009; ou a multa de ofício, nos termos do art. 35A, da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. De plano, reiterase que a obrigação acessória ora tratada é o AI91, que envolve dados não relacionados aos fatos geradores das Contribuições Previdenciárias. Nesse contexto, a alegada divergência somente estaria demonstrada com a indicação de paradigma que, tratando da mesma obrigação acessória, que não está atrelada às obrigações principais, mesmo assim a conclusão fosse no sentido de aferição acerca da opção mais benéfica, se a soma das multas anteriores (por descumprimento de obrigações principais e acessórias), ou a multa de 75%. Entretanto, os paradigmas indicados pela Fazenda Nacional Acórdãos nºs 20601.782 e 240100.127 não tratam da obrigação acessória do AI91 e sim do AI68 (art. 32, inciso IV e § 5º, da Lei nº 8.212, de 1991, na redação da Lei n° 9.528, de 1997), esta sim atrelada às obrigações principais. Confirase os trechos dos paradigmas, que não deixam dúvidas: Paradigma Acórdão 20601.782 Ementa "Assunto: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Data do fato gerador: 27/10/2006 CUSTEIO AUTO DE INFRAÇÃO ARTIGO 32, IV, § 50 E ARTIGO 41 DA LEI N° 8.212/91 C/C ARTIGO 284, II DO RPS, APROVADO PELO DECRETO N° 3.048/99 OMISSÃO EM GFIP CORESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS MULTA RETROATIVIDADE A inobservância da obrigação tributária acessória é fato gerador do autodeinfração, o qual se constitui, principalmente, em forma de exigir que a obrigação seja cumprida; obrigação que tem por finalidade auxiliar o INSS na administração previdenciária. Inobservância do art. 32, IV, § 50 da Lei n° 8.212/1991, com a multa punitiva aplicada conforme dispõe o art. 284, II do RPS, aprovado pelo Decreto n° 3.048/1999: "informar mensalmente ao Instituto Nacional do Seguro SocialINSS, por intermédio de documento a ser definido em regulamento, dados relacionados aos fatos geradores de contribuição previdenciária e outras informações de interesse do INSS. (Incluído pela Lei 9.528, de 10.12.97)". Fl. 626DF CARF MF Processo nº 37172.001437/200601 Acórdão n.º 9202007.619 CSRFT2 Fl. 625 5 A verba paga pela empresa aos segurados por intermédio de programa de incentivo, administrativo pela empresa Incentive House é fato gerador de contribuição previdenciária. Uma vez estando no campo de incidência das contribuições previdenciárias, para não haver incidência é mister previsão legal nesse sentido, sob pena de afronta aos princípios da legalidade e da isonomia. A fiscalização previdenciária não atribui responsabilidade direta aos sócios, pelo contrário, apenas elencou no relatório fiscal, quais seriam os responsáveis legais da empresa para efeitos cadastrais. Se assim não o fosse, estaríamos falando de uma empresa pessoa jurídica, com capacidade de pensar e agir. MULTA RETROATIVIDADE BENIGNA Na superveniência de legislação que estabeleça novos critérios para a apuração da multa por descumprimento de obrigação acessória, fazse necessário verificar se a sistemática atual é mais favorável ao contribuinte que a anterior Recurso Voluntário Provido em Parte." Relatório "Trata o presente auto de infração, lavrado em desfavor do recorrente, originado em virtude do descumprimento do art. 32, IV, 5° da Lei n° 8.212/1991, com a multa punitiva aplicada conforme dispõe o art. 284, II do RPS, aprovado pelo Decreto n° 3.048/1999. Segundo a fiscalização previdenciária, o autuado não informou à previdência social por meio da GFIP todos os fatos geradores de contribuições, em especial deixou de informar por segurado e por competência, as remunerações recebidas por meio dos cartões de premiação da empresa Incentive House S/A. A empresa deixou de informar em GFIP as remunerações pagas ou creditadas aos segurados empregados à titulo de cartão de premiação da empresa INCENTIVE HOUSE nos meses de 03/2004 a 03/2005, fl. 05." (grifei) Paradigma Acórdão nº 240100.127 Ementa "ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 01/01/1999 a 31/12/2005 OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA DESCUMPRIMENTO INFRAÇÃO Consiste em descumprimento de obrigação acessória, a empresa apresentar a GF1P Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social com dados não Fl. 627DF CARF MF 6 correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias." Relatório "Tratase de Auto de Infração lavrado com fundamento na inobservância da obrigação tributária acessória prevista na Lei n° 8.212/1991, no art. 32, inciso IV e § 50, acrescentados pela Lei n° 9.528/1997 c/c o art. 225, inciso IV e § 4° do Decreto n° 3.048/1999, que consiste em a empresa apresentar a GFIP — Guia de Recolhimento do FGTS e Informações Previdência Social com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias. Segundo o Relatório Fiscal da Infração (fl. 09), a autuada deixou de declarar em GFIP, no período de 01/1999 a 12/2005, os valores pagos a titulo de prêmios aos segurados empregados por intermédio da empresa Incentive House S/A, através dos cartões de premiação Flex Card, Premium Card, Top Premium, Top Premium Travel ou Presente Perfeito." (grifei) Assim, não há que se falar em dar interpretação divergente à lei tributária, relativamente a retroatividade benigna de legislação que trata de penalidades, quando os acórdãos recorrido e paradigmas examinam penalidades diversas, cada qual com suas nuances e especificidades. Diante do exposto, não conheço do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Fl. 628DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11516.001493/2009-58
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Mar 26 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Apr 16 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/12/2004 a 30/11/2007
GRUPO ECONÔMICO. CONFIGURAÇÃO.
Os grupos econômicos podem ser de direito ou de fato, sendo que estes últimos podem se configurar pela combinação de recursos ou esforços para a consecução de objetivos comuns. A partir do exame da documentação apresentada pelas empresas, bem como de outras informações constantes dos autos, foi possível à Fiscalização a caracterização de grupo econômico de fato.
GRUPO ECONÔMICO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA.
As empresas integrantes de grupo econômico respondem entre si, solidariamente, pelo cumprimento das obrigações previstas na legislação previdenciária.
Numero da decisão: 9202-007.683
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento. Votaram pelas conclusões as conselheiras Patrícia da Silva e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em Exercício e Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício).
Nome do relator: MARIA HELENA COTTA CARDOZO
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/12/2004 a 30/11/2007 GRUPO ECONÔMICO. CONFIGURAÇÃO. Os grupos econômicos podem ser de direito ou de fato, sendo que estes últimos podem se configurar pela combinação de recursos ou esforços para a consecução de objetivos comuns. A partir do exame da documentação apresentada pelas empresas, bem como de outras informações constantes dos autos, foi possível à Fiscalização a caracterização de grupo econômico de fato. GRUPO ECONÔMICO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. As empresas integrantes de grupo econômico respondem entre si, solidariamente, pelo cumprimento das obrigações previstas na legislação previdenciária.
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CONFIGURAÇÃO. Os grupos econômicos podem ser de direito ou de fato, sendo que estes últimos podem se configurar pela combinação de recursos ou esforços para a consecução de objetivos comuns. A partir do exame da documentação apresentada pelas empresas, bem como de outras informações constantes dos autos, foi possível à Fiscalização a caracterização de grupo econômico de fato. GRUPO ECONÔMICO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. As empresas integrantes de grupo econômico respondem entre si, solidariamente, pelo cumprimento das obrigações previstas na legislação previdenciária. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negarlhe provimento. Votaram pelas conclusões as conselheiras Patrícia da Silva e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em Exercício e Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 51 6. 00 14 93 /2 00 9- 58 Fl. 360DF CARF MF 2 Mário Pereira de Pinho Filho, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício). Relatório No presente processo, encontrase em julgamento o Debcad 37.204.6088, referente às Contribuições Previdenciárias destinadas ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos Riscos Ambientais do Trabalho RAT, incidentes nas remunerações pagas, devidas ou creditadas a qualquer título, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos, no período de 12/2004 a 11/2007, conforme Relatório Fiscal de fls. 20 a 35. Em sessão plenária de 14/05/2014, foi julgado o Recurso Voluntário, prolatandose o Acórdão nº 2403002.609 (efls. 236 a 250), assim ementado: "ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/12/2004 a 30/04/2007 PREVIDENCIÁRIO. DECADÊNCIA Nos tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo decadencial das Contribuições Previdenciárias é de 05 (cinco) anos, nos termos do art. 150, § 4º do CTN, quando houver antecipação no pagamento, mesmo que parcial, por força da Súmula Vinculante nº 08, do Supremo Tribunal Federal. GRUPO ECONÔMICO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. As empresas que integram grupo econômico de qualquer natureza, respondem entre si, solidariamente, pelas obrigações previdenciárias. Caracterizase grupo econômico quando duas ou mais empresas estão sob a direção, o controle ou a administração de outra, ou mesmo quando existe relação de coordenação entre as diversas empresas, compondo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade econômica, ainda que cada uma delas tenha personalidade jurídica própria. Recurso Voluntário Provido em Parte." A decisão foi assim resumida: "ACORDAM os membros do Colegiado, em preliminar: Por unanimidade de votos, em reconhecer a decadência da competência 12/2004 a 11/2005, nos termos do art. 150, § 4º do CTN. No mérito: Por maioria de votos em negar provimento ao recurso entendendo caracterizado o grupo econômico. Vencido o relator Marcelo Magalhães Peixoto e o conselheiro Elfas Cavalcante Lustosa Aragão Elvas. A conselheira Daniele Souto Rodrigues votou pelas conclusões. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Carlos Alberto Mees Stringari." Intimada da decisão, a Fazenda Nacional não interpôs Recurso Especial (e fls. 251). Fl. 361DF CARF MF Processo nº 11516.001493/200958 Acórdão n.º 9202007.683 CSRFT2 Fl. 361 3 Cientificada do acórdão em 14/01/2015 (AR Aviso de Recebimento de e fls. 338), a Responsável Solidária Proactiva Meio Ambiente Brasil Ltda interpôs, em 29/01/2015 (carimbo de efls. 265), o Recurso Especial de efls. 265 a 336, com fundamento nos artigos 67 e 68, do Anexo II, do Regimento Interno do CARF RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 2009, visando rediscutir a questão da caracterização do grupo econômico e, por consequência, a responsabilidade solidária. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme despacho de 14/08/2015 (efls. 342 a 347). Em seu apelo, a Responsável Solidária alega: o próprio Ministério Público do Trabalho chancela a relação havida entre Proactiva e Armiplan, ratificando que não há aqui terceirização indevida; a decisão recorrida parte de uma busca "por analogia" da definição de grupo econômico que se dá na Consolidação das Leis do Trabalho, em particular no seu artigo 2°, § 2°, os supostos elementos necessários à caracterização do que seria esse "grupo econômico"; ocorre que essa analogia jamais poderia ter sido realizada, a uma, porque há sim parâmetros normativos aos quais está adstrita a autoridade julgadora e, a duas, porque o dispositivo da CLT invocado pela decisão recorrida, por disposição expressa de seu próprio texto, somente pode ser aplicado para fins de determinação da relação de emprego e não para fins tributários; com efeito, existe sim definição de grupo econômico que deveria pautar o entendimento da autoridade julgadora que não a CLT, esta que é inaplicável à espécie; assim, devese entender por grupo econômico, para os fins de solidariedade tratados neste caso, duas ou mais empresas que estão sob direção, controle ou administração comum, conforme preceituam as Instruções Normativas INSS/DC n° 100/2003 e MPS/SRP n° 3/2005; e a prova de que a Armiplan não tem qualquer direção ou administração própria não foi, de maneira alguma, trazida pela Fiscalização ou pela decisão recorrida; por mais desorganizada que fosse a empresa Armiplan e sua contabilidade e por mais que se possa eventualmente questionar a sua lisura fiscal e mesmo trabalhista, jamais se demonstrou haver ali qualquer insurgência administrativa, diretiva ou de controle por parte da empresa Proactiva; como se demonstrou, o monitoramento da Proactiva se dava em relação à execução de alguns dos serviços em seu aterro sanitário, tratandose, portanto, de um monitoramento no nível de execução, o mais baixo possível, longe de poder ser considerado nível administrativo, diretivo ou de controle; de fato, dentro da Armiplan quem recolhia os tributos ou não os recolhia quem pagava salários, quem contratava e demitia, quem distribuía ou não lucros, quem optava ou não por prestar serviços a uma ou outra empresa (ou mesmo a manterse como uma prestadora de serviços direcionada, dada a especificidade do seu mercado de atuação) eram Fl. 362DF CARF MF 4 exclusivamente seus sócios/administradores, de sorte que não há compartilhamento de direção, administração ou coisa que o valha; essa questão, aliás, já foi superada pelas próprias instâncias competentes da Justiça do Trabalho, como já se demonstrou, assim como já foi superada anteriormente, por ocasião de outros desdobramentos do MPF que deu origem ao caso vertente; a questão do controle oferece ainda menos dificuldades, já que não há qualquer vínculo societário entre as referidas empresas; não há como sustentar que a Proacvtiva tenha tido interesse jurídico na situação que constitua o fato gerador das exações objeto deste recurso; como bem pontua o voto vencido do acórdão recorrido, assim como o acórdão paradigma e a uníssona jurisprudência do STJ, não é qualquer interesse que enseja a caracterização da solidariedade, sendo necessário um interesse qualificado, jurídico; o que se exige é que o sujeito passivo por solidariedade também tenha, concretamente, praticado o fato gerador; é simplesmente impossível vincular juridicamente a recorrente à prática do fato gerador das Contribuições em apreço, uma vez que, como se viu, esta não pagou os funcionários da empresa Armiplan; a própria Justiça do Trabalho em inúmeras vezes já decidiu, como se comprovou neste caso, que a Proactiva não é empregadora dos funcionários da empresa Armiplan; vale rememorar também que houve a celebração de Termo de Ajustamento de Conduta com o Ministério do Trabalho, pelo qual se acordou que a Proactiva contrataria alguns dos funcionários da Armiplan a partir do ano de 2008; tratase aí de um reconhecimento, pelo próprio Ministério Público do Trabalho, de que não havia relação de trabalho (subordinação, habitualidade e pessoalidade) e, portanto, de que não se tratava de um grupo econômico, nos termos do art. 2°, § 2 °, da CLT, entre os funcionários da Armiplan e a Proactiva à época dos créditos tributários exigidos; dessa forma, não se pode pretender qualquer efetivo interesse comum da Proactiva na prática do fato gerador em exame, o qual foi praticado única e exclusivamente pela Armiplan, de forma isolada. Ao final, a recorrente pede que seja conhecido e provido o recurso, cancelandose o lançamento na parte que atribui responsabilidade solidária. O processo foi encaminhado à PGFN em 12/07/2016 (Despacho de Encaminhamento de efls. 2.346 do processo principal) e, em 26/07/2016 (Despacho de Encaminhamento de efls. 2.359 do processo principal), foram oferecidas as Contrarrazões de efls. 348 a 359, contendo os seguintes argumentos: o art. 30, inciso IX, da Lei nº 8.212, de 1991, é suficiente para legitimar a responsabilização solidária das empresas de um mesmo grupo econômico pelas dívidas para com a Seguridade Social; Fl. 363DF CARF MF Processo nº 11516.001493/200958 Acórdão n.º 9202007.683 CSRFT2 Fl. 362 5 notase que o citado artigo, que cuida da responsabilidade solidária das empresas de um grupo econômico pelas dívidas para com a Seguridade Social, referese a uma solidariedade prevista em lei, logo não depende de demonstração de qualquer interesse comum; da leitura do art. 2º, §2º, da CLT, exigese, como condição elementar para existência de grupo econômico, o controle central de uma das empresas sobre as demais e esse mesmo entendimento se extrai da IN nº 03/2005, do INSS; frisase que não se exige o revestimento por determinada modalidade societária (holding, consórcio, pool, etc), bastando provas que evidenciem os elementos de integração interempresarial; já na leitura do art. 265, da Lei de Sociedades Anônimas, basta a combinação de esforços entre as empresas para que aufiram objetivos comuns, ou participem do empreendimento comum; diante disso podemos firmar o convencimento de que, para caracterizar grupo econômico, é necessário haver a conjugação dos seguintes elementos: composição de entidades estruturadas como empresas; e que, entre elas, haja um nexo relacional; no tocante a esse último requisito, uns entendem que essa relação deve ser ordem hierárquica, mas há quem entenda que, para configuração do grupo econômico, não é mister que uma empresa seja administradora da outra ou que possua grau hierárquico ascendente, sendo suficiente uma relação de simples coordenação dos entes empresariais envolvidos, que é o entendimento moderno; a situação sob análise atende a todas essas definições dadas, como se verifica nos inúmeros fatos levantados pela fiscalização; diante dos fatos relatados, verificase que essas empresas encontramse sob gestão comum e que, entre elas, existe uma relação interempresarial, pois os negócios são conduzidos tendo em vista interesses desse grupo, e não os de cada uma das diversas sociedades, o que torna essa separação societária de índole apenas formal; portanto, resta caracterizada a formação do grupo econômico de fato e a consequente responsabilização solidária de todas as empresas dele integrantes. Ao final, a Fazenda Nacional pede que seja negado provimento ao recurso. Voto Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo Relatora O Recurso Especial interposto pela Responsável Solidária é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. Tratase de Auto de Infração de Obrigação Principal, Debcad 37.204.6088, referente às Contribuições Previdenciárias destinadas ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos Riscos Ambientais do Trabalho RAT, incidentes nas remunerações pagas, devidas ou creditadas a Fl. 364DF CARF MF 6 qualquer título, aos segurados empregados e trabalhadores avulsos, no período de 12/2004 a 11/2007, conforme Relatório Fiscal de fls. 20 a 35. No acórdão recorrido, entendeuse que estaria caracterizado Grupo Econômico entre as empresas Armiplan (principal) e Proactiva (solidária). A Responsável Solidária, por sua vez, visa rediscutir a questão da caracterização de Grupo Econômico e, por consequência, a responsabilidade solidária. Quanto à caracterização do Grupo Econômico, a Fiscalização demonstrou à exaustão o entrelaçamento entre as empresas Armiplan e Proactiva, concluindo por tratarse efetivamente de Grupo Econômico de fato, inclusive porque, na prática, a Proactica caracterizavase como a única empregadora. Nesse sentido o voto vencedor do acórdão bem resumiu os fatos que apontam para esta conclusão: "Em atenção ao princípio da verdade material, a responsabilidade solidária recai sobre grupos de empresas constituídos formal (contrato social ou estatuto social) ou informalmente, sendo que estes últimos são identificados a partir da análise da relação entre a empresa empregadora e as demais. Isto porque nem sempre é fácil a identificação da existência de grupo econômico, porque as empresas se utilizam de diferentes expedientes para ocultar o liame existente entre elas. (...) O conjunto de provas contido no processo deixa claro a existência do grupo econômico, como por exemplo: · a declaração prestada pelo Sr. Valdecir Antônio Ramos (fls. 57 a 59 do Anexo I do presente processo 11516.001487/ 200909), formalmente sócio majoritário da ARMIPLAN, na qual aduz que aceitou emprestar o nome para criar tal empresa porque precisava de seu emprego no aterro sanitário localizado em Biguaçu/SC; que achava que a ARMIPLAN era do SIMPLES; e que nem sabia que a ARMIPLAN não estava entregando declarações como a DIPJ e a DCTF; · a declaração prestada pela Sra. Ana Paula Ramos (fl. 38 do Anexo I do processo 11516.001487/200909), na qual aduz que a partir de fevereiro de 2007 começou a emitir as notas fiscais da ARMIPLAN, mas que antes deste mês, quem emitia as notas em nome da ARMIPLAN era a própria PROACTIVA; · a declaração prestada pelo Engenheiro Ernani Luz Santa Rita (fl. 24 do Anexo I do presente processo 11516.001487/ 200909), na qual aduz que é o responsável pelo gerenciamento do aterro sanitário da PROACTIVA localizado no município de Biguaçu/SC; que, malgrado seja empregado registrado da PROACTIVA, gerencia o trabalho desempenhado tanto pelos funcionários da PROACTIVA quanto da ARMIPLAN; que até o final do ano de 2008 todos os trabalhadores formalmente registrados como empregados da ARMIPLAN seriam transferidos para a PROACTIVA; e que o pagamento de Fl. 365DF CARF MF Processo nº 11516.001493/200958 Acórdão n.º 9202007.683 CSRFT2 Fl. 363 7 funcionários e o recolhimento de impostos da ARMIPLAN são controlados pela PROACTIVA; · a declaração prestada pelo Sr. Armelindo Ramos (fls. 94/94v do Anexo I do presente processo 11516.001487/ 200909), procurador formalmente investido de poderes para administrar a gerir a ARMIPLAN (cópia de procuração de fl. 41 do Anexo I do presente processo 11516.001487/ 200909), na qual aduz que a sua função no aterro é de encarregado do pessoal; que a PROACTIVA emprestou R$ 60.000,00 a ARMIPLAN em 2005 para pagar o IRRF dos funcionário desta; e que a PROACTIVA, visando manter a ARMIPLAN em atividade, já a ajudou e quitou dividas dela. · a constatação de que a ARMIPLAN, a partir do início de 2005, prestou serviços unicamente a PROACTIVA, conforme demonstrado pelas notas fiscais reproduzidas as fls. 416 a 454 dos autos e as fls. 281 a 316 do Anexo I do presente processo (11516.001487/200909); · a constatação de que a ARMIPLAN fornece como seu próprio endereço, a localização do aterro sanitário em Biguaçu/SC de propriedade da PROACTIVA, · a constatação de que, há vários anos, todos o trabalhadores formalmente vinculados à ARMIPLAN, laboram exclusivamente no aterro sanitário de propriedade da PROACTIVA no município de Biguaçu/SC (folhas de pagamento de fls. 476 a 857); · a declaração, pelo Sr. Miguel Ramos Filho (fl. 23 do Anexo I do presente processo 11516.001487/ 200909), que figura nas folhas de pagamento elaboradas em nome da empresa ARMIPLAN como empregado na função de auxiliar administrativo, de que tem como verdadeira incumbência laboral o controle de acesso ao aterro sanitário de Biguaçu/SC de veículos e do pessoal tanto da ARMIPLAN quanto da PROACTIVA; · o capital social previsto no documento de constituição da ARMIPLAN é irrisório (R$ 5.000,00) e de que esta não detém a propriedade/posse formal de nenhum equipamento/máquina necessário à prestação de serviços de terraplanagem. CONCLUSÃO Pelas razões legais e fáticas acima expostas, entendo correta a sujeição passiva solidária da empresa Proactiva Meio Ambiente Brasil Ltda." (destaques no original) Assim, a despeito dos argumentos contidos no Recurso Especial, restou comprovado que as empresas Armiplan e Proactiva compõem Grupo Econômico de fato, já que, na prática, a primeira é dirigida e controlada pela segunda. Com efeito, é a Proactiva que Fl. 366DF CARF MF 8 assegura o suporte administrativo, patrimonial e econômico para que a Armiplan exerça suas atividades. E as atividades exercidas por ambas as empresas no aterro sanitário de propriedade da Proactiva, localizado em Biguaçu/SC, constituem na verdade um único empreendimento, como bem pontuou a decisão de Primeira Instância. Assentado que as empresas Armiplan e Proactiva constituem Grupo Econômico de fato, resta analisar as consequências desta conclusão, no que tange à responsabilidade solidária da Proactiva, que é o tema central do apelo. O art. 30, inciso IX, da Lei nº 8.212, de 1991, assim estabelece: "Art. 30. A arrecadação e o recolhimento das contribuições ou de outras importâncias devidas à Seguridade Social obedecem às seguintes normas: (...) IX as empresas que integram grupo econômico de qualquer natureza respondem entre si, solidariamente, pelas obrigações decorrentes desta Lei;" O CTN, por sua vez, dispõe em seu art. 124: "Art. 124. São solidariamente obrigadas: I as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal; II as pessoas expressamente designadas por lei. Parágrafo único. A solidariedade referida neste artigo não comporta benefício de ordem." Assim, a conjugação dos dispositivos acima destacados conduz à conclusão no sentido de que, constatada a existência do Grupo Econômico, formal ou informal (de fato), as empresas dele integrantes respondem solidariamente pelas obrigações previdenciárias, independentemente de verificação acerca do atendimento ao inciso I, do art. 124, do CTN. Nesse sentido é a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça: "PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. INEXISTÊNCIA DE OMISSÃO, CONTRADIÇÃO OU OBSCURIDADE NO ACÓRDÃO RECORRIDO. INDEFERIMENTO DE PROVA PERICIAL E TESTEMUNHAL. CERCEAMENTO DE DEFESA. INEXISTÊNCIA. REVISÃO. SÚMULA N. 7 DO STJ. GRUPO ECONÔMICO. COMANDO ÚNICO. EXISTÊNCIA DE FATO. SOLIDARIEDADE. ART. 124, INC. II, DO CTN C/C ART. 30, INC. IX, DA LEI N. 8.212/91. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. AJUDA DE CUSTO. DIÁRIAS. DESCARACTERIZAÇÃO. NATUREZA SALARIAL CONFIGURADA. INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. COMPENSAÇÃO. POSSIBILIDADE. SÚMULA N. 306 DO STJ. Fl. 367DF CARF MF Processo nº 11516.001493/200958 Acórdão n.º 9202007.683 CSRFT2 Fl. 364 9 1. Não havendo no acórdão omissão, contradição ou obscuridade capaz de ensejar o acolhimento da medida integrativa, tal não é servil para forçar a reforma do julgado nesta instância extraordinária. Com efeito, afigurase despicienda, nos termos da jurisprudência deste Tribunal, a refutação da totalidade dos argumentos trazidos pela parte, com a citação explícita de todos os dispositivos infraconstitucionais que aquela entender pertinentes ao desate da lide. 2. A jurisprudência desta Corte firmou o entendimento de que não constitui cerceamento de defesa o indeferimento da produção de prova testemunhal e pericial quando o magistrado julgar suficientemente instruída a demanda, esbarrando no óbice da Súmula n. 7 do STJ a revisão do contexto fáticoprobatórios dos autos para aferir se o acervo probatório é ou não satisfatório. Precedentes. 3. O Tribunal de origem declarou que "é fato incontroverso nos autos que as três embargantes compartilham instalações, funcionários e veículos. Além disso, a fiscalização previdenciária relatou diversos negócios entre as empresas como empréstimos sem o pagamento de juros e cessão gratuita de bens, que denotam que elas fazem parte de um mesmo grupo econômico. O sóciogerente da Simóveis, Sr. Écio Sebastião Back tem um procuração que o autoriza a praticar atos de gerência em relação às outras empresas, sendo irmão do sócio gerente delas. Ou seja, no plano fático não há separação entre as empresas, o que comprova a existência de um grupo econômico e justifica o reconhecimento da solidariedade entre as executadas/embargantes" (grifei). 4. Incide a regra do art. 124, inc. II, do CTN c/c art. 30, inc. IX, da Lei n. 8.212/91, nos casos em que configurada, no plano fático, a existência de grupo econômico entre empresas formalmente distintas mas que atuam sob comando único e compartilhando funcionários, justificando a responsabilidade solidária das recorrentes pelo pagamento das contribuições previdenciárias incidentes sobre a remuneração dos trabalhadores a serviço de todas elas indistintamente. 5. "O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito" (REsp 973733/SC, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Seção, DJe 18.9.2009, submetido à sistemática do art. 543C do CPC e da Res. STJ n. 8/08). 6. A Corte a quo, soberana no delineamento das circunstâncias fáticas, observou que, apesar de denominadas como diárias e ajuda de custo, as verbas eram pagas de forma habitual, em valores fixos e expressivos, aos mesmos empregados e sem que Fl. 368DF CARF MF 10 fosse comprovada a execução dos serviços a que elas se destinavam ou a realização de viagens, "simplesmente para aumentar a sua remuneração". Correta, pois, a conclusão pela natureza salarial para fins de incidência da contribuição previdenciária. 7. "Os honorários advocatícios devem ser compensados quando houver sucumbência recíproca, assegurado o direito autônomo do advogado à execução do saldo sem excluir a legitimidade da própria parte" (Súmula n. 306 do STJ). 8. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, não provido. (REsp 1144884/SC, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 07/12/2010, DJe 03/02/2011)" (grifei) Voto "As recorrentes afirmam que, para a formação de grupo de atividade econômica, é necessário que "uma ou mais empresas, cada uma com sua personalidade jurídica própria, estejam sob a direção, controle ou administração de outra" (eSTJ fl. 412 grifo original). (...) Inicialmente, cumpre destacar que o caso em apreço versa sobre a solidariedade estipulada no inc. II do art. 124 do CTN, ou seja, quando há pessoa expressamente designada por lei. A lei invocada pela origem para a aplicação dessa regra foi o art. 30, inc. IX, da Lei n. 8.212/91, segundo o qual "as empresas que integram grupo econômico de qualquer natureza respondem entre si, solidariamente, pelas obrigações decorrentes desta Lei" (grifei). Dessarte, não se aplica no caso concreto a jurisprudência desta Corte de que inexiste solidariedade passiva em execução fiscal apenas por pertencerem as empresas ao mesmo grupo econômico, já que tal fato, por si só, não justifica a presença do “interesse comum”, tendo em vista que essa locução interesse comum é oriunda no inc. I do art. 124 do CTN e não do inc. II, sob análise (v., por todos, o REsp 1001450/RS, Rel. Min. Castro Meira, Segunda Turma, DJe 27.3.2008). Desta forma, neste caso, à luz do art. 124, inc. II, do CTN e do art. 30, inc. IX, da Lei n. 8.212/91, basta aferir se, a partir do contexto fáticoprobatório dos autos, há elementos suficientes para caracterizar a existência de "empresas que integram grupo econômico de qualquer natureza", para, em caso positivo, concluir pela existência da solidariedade. (...) Diante da expressividade dos fatos apresentados no acórdão, penso que não há como rejeitarse a existência de um mesmo grupo econômico, até porque a legislação de custeio da Fl. 369DF CARF MF Processo nº 11516.001493/200958 Acórdão n.º 9202007.683 CSRFT2 Fl. 365 11 previdência social não é restritiva quanto à sua configuração, ao permitir que tal grupo seja de qualquer natureza. Apesar de ser possível, em tese, socorrerse da Lei das Sociedades Anônimas (art. 265 da Lei n. 6.404/76) para buscar algum significado para a expressão grupo econômico, é preciso ter em mente que lá se trata da regulamentação de grupo de sociedades formalmente constituído. Assim, não é adequada a restrição da aplicação do art. 30, inc. IX, da Lei n. 8.212/91 ao caso concreto, pretendida pelas recorrentes, pois o citado dispositivo referese a empresas integrantes de grupo econômico, qualquer que seja a sua natureza, ou seja, de modo amplo a abarcar situações de informalidade. (...) In casu, verificase que o sóciogerente de uma das empresas tem poderes para praticar atos de gerência em relação às demais, fato esse que demonstra, sem dúvidas, a existência de um controle único sobre as três recorrentes que atende ao escopo legal de responsabilização do grupo econômico de qualquer natureza. Ganha relevo essa tese quando se depreende que, além do comando ser centralizado na pessoa do sóciogerente de uma das empresas recorrentes, os funcionários da três eram compartilhados, de molde a justificar a existência de solidariedade quanto ao pagamento das contribuições previdenciárias incidentes sobre a remuneração dos trabalhadores a serviço das três empresas. Nesse sentido, a doutrina se manifesta pela possibilidade da caracterização de grupo econômico, a despeito da ausência de formalidade em sua constituição, quando existir uma unidade gerencial em relação às empresas integrantes." (grifei) Ainda que a responsabilidade solidária fosse condicionada ao atendimento do art. 124, inciso I, do CTN o que se admite apenas para argumentar a situação tratada no presente processo permite concluir pela existência de interesse comum na situação que constituiu o fato gerador da obrigação principal, pelo fato de a empresa Proactiva ser, de fato, a principal empregadora, inclusive com transferência de funcionários da Armiplan, além da questão do empreendimento conjunto no aterro sanitário de Biguaçu/SC. No mesmo sentido do entendimento ora esposado, trago à colação o Acórdão nº 2401004.131, de 16/02/2016, da lavra da Ilustre Conselheira Luciana Matos Pereira Barbosa: Ementa "GRUPO ECONÔMICO. CONFIGURAÇÃO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. Fl. 370DF CARF MF 12 Os grupos econômicos podem ser de direito e de fato, podendo estes se dar pela combinação de recursos ou esforços para a consecução de objetivos comuns. A partir do exame da documentação apresentada pelas empresas, bem como através de outras informações obtidas, é possível, à fiscalização, a caracterização de formação de grupo econômico de fato. GRUPO ECONÔMICO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA As empresas integrantes de grupo econômico respondem entre si, solidariamente, pelo cumprimento das obrigações previstas na legislação previdenciária, nos termos do inciso IX, art. 30, da Lei n° 8.212/91. (...)" Voto "Incontroverso, que para a caracterização e identificação de 'grupo econômico', importa, investigar a situação real (verificação dos vínculos entre as empresas e das circunstâncias em que se constituíram ou realizam suas atividades) e não apenas a situação meramente formal (de estarem ou não constituídas como "grupo econômico' da forma da Lei n° 6.404/76). E neste contexto constatandose a ocorrência de 'confusão patrimonial' entre empresas podese, inclusive, admitir que a responsabilidade tributária por solidariedade possa também se dar com fundamento no inciso I do artigo 124 do Código Tributário Nacional ('interesse comum no fato gerador'), já que se estaria verdadeiramente diante da circunstância em que o patrimônio poderia ser considerado como se fosse 'único' ( 'caixa único ') e, por consequência, as obrigações (inclusive tributárias), podem ser atribuídas a todos os integrantes, diretos ou indiretos, do 'grupo'. Nesse sentido, a comprovação da prática de simulação na constituição de pessoas jurídicas formalmente autônomas, mas, na realidade, sujeitas a comando único, invariavelmente se revestem das máculas do 'abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial' (art. 50, Código Civil) ou 'atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos" (art. 135, CTN), justifica plenamente o procedimento de considerálas como pertencentes às mesmas pessoas e, portanto, passíveis de responsabilização, independentemente dos seus quadros societários formais ou aparentes. Assim, a possibilidade da responsabilização tributária por solidariedade entre integrantes de um 'grupo econômico', seja ela 'de direito' ou 'de fato' tem fundamento nos incisos I e II do artigo 124 do Código Tributário Nacional (por expressa determinação legal), que nos leva ao inciso IX do artigo 30 da Lei 8.212/1991, nos casos em que se constata a 'confusão patrimonial' (interesse comum no fato gerador). Finalmente, vale destacar que a responsabilidade solidária de integrantes de 'grupo econômico' não representa inovação, pois Fl. 371DF CARF MF Processo nº 11516.001493/200958 Acórdão n.º 9202007.683 CSRFT2 Fl. 366 13 a própria CLT — Consolidação das Leis do Trabalho (DecretoLei 5.452/1943) a prevê, sem fazer qualquer distinção entre 'grupo econômico de fato ou de direito'. Com efeito: Art. 2 ( .. ). § 2° Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, constituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade econômica, serão, para os efeitos da relação de emprego, solidariamente responsáveis a empresa principal e cada uma das subordinadas. Feitas essas considerações, que demonstram cabalmente a viabilidade legal da existência de 'grupo econômico de fato' (além dos grupos econômicos formalmente constituídos), e a consequente possibilidade da responsabilização tributária por solidariedade entre os seus integrantes e respectivos dirigentes." Com efeito, no presente caso, o Termo de Sujeição Passiva anexo ao Relatório Fiscal ocupouse de também demonstrar a responsabilidade solidária, pelo ângulo do art. 124, inciso I. Confirase: "Realização conjunta, pela PROACTIVA MEIO AMBIENTE BRASIL LTDA e o sujeito passivo fiscalizado, das situações que configuraram os fatos geradores das contribuições previdenciárias lançadas na ação fiscal. 26. No contexto acima detalhado, ao utilizarse de uma simulação para interpor a empresa fiscalizada como braço empresarial para a contratação de trabalhadores para o aterro sanitário de sua propriedade a PROACTIVA MEIO AMBIENTE BRASIL LTDA na prática remunerou indiretamente estes trabalhadores, repassando através de depósitos bancários os valores necessários ao pagamento dos mesmos, vindo a compor com a ARMIPLAN ATERRO E TERRAPLANAGEM LTDA o mesmo pólo da relação capital x trabalho mantida com esta mãodeobra e participando, assim, da situação jurídica que deu azo à ocorrência do fato gerador das contribuições previdenciárias cuja responsabilidade solidária se está atribuindo com o presente Termo, qual seja, a de remunerar os trabalhadores em questão, segurados do Regime Geral de Previdência Social RGPS. 27. Pelo que entende a fiscalização que no caso em tela inequivocadamente ocorreu a condição do 'interesse comum na situação que constitua o fato gerador' na forma como tanto a doutrina quanto o judiciário têm dito ser necessário que se implemente para a atribuição da responsabilidade solidária com base no inciso I do art. 124 do Código Tributário Nacional CTN, ou seja, com a realização da situação configuradora do fato gerador da obrigação tributaria principal pelo sujeito passivo contribuinte em concorrência com aquele ao qual se está a atribuir a responsabilidade solidária. Fl. 372DF CARF MF 14 28. Argumento em que se embasa a fiscalização da Secretaria da Receita Federal do Brasil — RFB para, também com base no inciso I do art. 124 do Código Tributário Nacional — CTN, atribuir à empresa PROACTIVA MEIO AMBIENTE BRASIL LTDA a responsabilidade solidária pelas contribuições previdenciárias lançadas nos Autos de Infração n° 37.204.6029, 37.204.6037, 37.204.6053, 37.204.6061 e 37.204.6088 lavrados em desfavor do contribuinte ARMIPLAN — ATERRO E TERRAPLANAGEM LTDA." Diante do exposto, conheço do Recurso Especial interposto pela responsável solidária Proactiva Meio Ambiente Brasil Ltda para, no mérito, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Fl. 373DF CARF MF
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Numero do processo: 15504.724960/2014-79
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Aug 20 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Sep 09 00:00:00 UTC 2019
Ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS
Período de apuração: 01/02/2010 a 31/12/2011
PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS (PLR). PERIODICIDADE MÁXIMA. DESCUMPRIMENTO. NATUREZA REMUNERATÓRIA DE TODAS AS PARCELAS.
O descumprimento do § 2º do art. 3º da Lei nº 10.101, de 2000, que descreve a vedação do pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de valores a título de Participação nos Lucros ou Resultados (PLR) da empresa em periodicidade inferior a um semestre civil, ou mais de duas vezes no mesmo ano civil, implica incidência de Contribuições Previdenciárias em relação a todos os pagamentos efetuados a esse título e não apenas em relação às parcelas excedentes.
Numero da decisão: 9202-008.081
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por voto de qualidade, em negar-lhe provimento, vencidas as conselheiras Luciana Matos Pereira Barbosa (suplente convocada), Ana Paula Fernandes, Ana Cecília Lustosa da Cruz e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe deram provimento.
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em Exercício e Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho, Luciana Matos Pereira Barbosa (suplente convocada), Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Maurício Nogueira Righetti, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício). Ausente a conselheira Patrícia da Silva, substituída pela conselheira Luciana Matos Pereira Barbosa.
Nome do relator: MARIA HELENA COTTA CARDOZO
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Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/02/2010 a 31/12/2011 PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS (PLR). PERIODICIDADE MÁXIMA. DESCUMPRIMENTO. NATUREZA REMUNERATÓRIA DE TODAS AS PARCELAS. O descumprimento do § 2º do art. 3º da Lei nº 10.101, de 2000, que descreve a vedação do pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de valores a título de Participação nos Lucros ou Resultados (PLR) da empresa em periodicidade inferior a um semestre civil, ou mais de duas vezes no mesmo ano civil, implica incidência de Contribuições Previdenciárias em relação a todos os pagamentos efetuados a esse título e não apenas em relação às parcelas excedentes. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por voto de qualidade, em negar-lhe provimento, vencidas as conselheiras Luciana Matos Pereira Barbosa (suplente convocada), Ana Paula Fernandes, Ana Cecília Lustosa da Cruz e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe deram provimento. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em Exercício e Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho, Luciana Matos Pereira Barbosa (suplente convocada), Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Maurício Nogueira Righetti, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício). Ausente a conselheira Patrícia da Silva, substituída pela conselheira Luciana Matos Pereira Barbosa. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 50 4. 72 49 60 /2 01 4- 79 Fl. 884DF CARF MF Fl. 2 do Acórdão n.º 9202-008.081 - CSRF/2ª Turma Processo nº 15504.724960/2014-79 Trata-se de ação fiscal que originou os seguintes procedimentos: PROCESSO DEBCAD FASE 15504.724958/2014-08 51.061.698-4 (Emp. e SAT) Recurso Especial 15504.724960/2014-79 51.061.699-2 e 51.065.208-5 (Terceiros) Recurso Especial 15504.724961/2014-13 51.041.828-7 (SAT) Ac. 9202-007.495 15504.725110/2014-98 51.061.697-6 (SAT) Ac. 9202-007.496 15504.725797/2014-61 51.061.700-0 (SAT) Recurso Especial O presente processo trata dos Debcads 51.061.699-2 e 51.065.208-5, referentes às Contribuições Previdenciárias a cargo da empresa destinadas a terceiros (FNDE e INCRA), incidentes sobre a remuneração paga ou creditada aos segurados empregados e não recolhida na época própria, proveniente de verbas de natureza salarial decorrentes de reclamatórias trabalhistas e de Participação nos Lucros e Resultados (PLR), no período de 02/2010 a 12/2011. Segundo o Relatório Fiscal (fls. 17 a 27), os pagamentos a título de PLR foram efetuados nas competências de 02/2010, 08/2010 e 11/2010, em descumprimento ao disposto no art. 3º, § 2º, da Lei nº 10.101, de 2000. Em sessão plenária de 08/05/2018, foi julgado o Recurso Voluntário, prolatando- se o Acórdão nº 2201-004.463 (fls. 770 a 782), assim ementado: "ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Ano-calendário: 2010 PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS. REQUISITOS. PERIODICIDADE SEMESTRAL. É vedado o pagamento de PLR em periodicidade inferior a um semestre civil, ou mais de duas vezes no mesmo ano civil, sendo que os dois requisitos são cumulativos. O pagamento fora dos limites temporais dá natureza de complementação salarial à totalidade da verba paga a título de participação nos lucros ou resultados. PLR. PAGAMENTO. ADIANTAMENTOS. CORREÇÃO DA BASE DE CÁLCULO Deve ser excluída da base de cálculo sujeita à tributação os valores que, embora constantes da folha de pagamentos, correspondem a adiantamentos pagos em outras competências." A decisão foi assim registrada: “Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso voluntário para excluir o valor de R$ 7.315.399,94 da base de cálculo relativa à competência 02/2010." Cientificada, a Fazenda Nacional não interpôs Recurso Especial (fls. 784). Fl. 885DF CARF MF Fl. 3 do Acórdão n.º 9202-008.081 - CSRF/2ª Turma Processo nº 15504.724960/2014-79 Cientificado do acórdão em 10/07/2018 (Termo de Ciência por Abertura de Mensagem de fls. 794), o Contribuinte interpôs, em 24/07/2018 (Termo de Solicitação de Juntada de fls. 795), o Recurso Especial de fls. 844 a 867, com fundamento no artigo 67, do Anexo II, do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 2015, visando rediscutir a tributação dos valores pagos a título de PLR, sem observância da periodicidade mínima estabelecida no art. 2º, § 3º, da Lei nº 10.101, de 2000. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme despacho de 28/08/2018 (fls. 870 a 875). Em seu apelo, o Contribuinte alega: - o único critério jurídico sobre o qual se baseou o lançamento diz respeito ao crédito das parcelas da PLR pagas pelo Recorrente "em mais de duas vezes no mesmo ano civil", quais sejam, nos meses de fevereiro, agosto e novembro de 2010; - assim, partindo da premissa de que o plano de pagamento da PLR formulado atendia a todos os parâmetros estabelecidos pela Lei nº 10.101, de 2000, o Contribuinte suscitou em sua defesa que a sua mera execução (pagamento) em contrariedade à regra do art. 3º, § 2º, da citada Lei, não teria o condão de macular todo o programa de regência da PLR, quando muito, apenas a parcela paga em desconformidade com o limite legal estabelecido (máximo de duas vezes ao ano) poderia ser tomada como verbal salarial; - essa interpretação, sob a perspectiva do Contribuinte, é a que melhor se coaduna com os propósitos constitucionais da PLR, pois assegura ao empregado a participação nos resultados da empresa, sem que isso afete a sua remuneração; - com efeito, sob o enfoque dos princípios da razoabilidade e proporcionalidade, o Conselheiro Gustavo Lian Haddad, no voto condutor do aresto n. 9202-003.192, asseverou que o descumprimento da regra prevista no § 2º do art. 3º da Lei nº 10.101, de 2000, não macula todo o programa de pagamento da PLR, mas apenas aquela parcela que tenha sido paga em desacordo com a lei; - assim deve ser porque não há regra expressa na Lei nº 10.101, de 2000, determinando que todo o programa de PLR seja desconsiderado, em razão do pagamento de parcelas em desacordo com o limite máximo estabelecido pelo § 2º do art. 3º; - é necessário distinguir entre a formulação do plano e a sua execução; - dessa forma, se o vício decorre da formulação do plano, seja das regras relativas ao alcance do lucro ou do resultado, das condições relativas ao cálculo do valor devido a cada trabalhador ou da própria periodicidade pactuada para os pagamentos, a descaracterização se reporta à totalidade do plano de PLR e à integralidade dos pagamentos realizados; - por outro lado, se o desarranjo ocorreu somente no momento da execução do plano, isto é, do pagamento das parcelas da PLR, apenas aquela que foi creditada em desconformidade com a Lei nº 10.101, de 2000, pode ser desconsiderada e tributada pelas Contribuições Previdenciárias; Fl. 886DF CARF MF Fl. 4 do Acórdão n.º 9202-008.081 - CSRF/2ª Turma Processo nº 15504.724960/2014-79 - com efeito, é importante esclarecer, quanto aos pagamentos realizados pelo Recorrente, que, conforme se depreende da análise do resumo da folha de pagamentos acostados aos autos (doc. n. 05 da Impugnação), em fevereiro de 2010 foi quitado o ajuste final relativo à PLR decorrente do Acordo Coletivo de 2009; - observa-se, portanto, que a parcela paga em fevereiro de 2010 sequer estava relacionada ao plano de PLR estabelecido para tal exercício, este sim o objeto da inspeção fiscal; - por sua vez, no que tange ao programa da PLR do ano de 2010, é preciso, aqui, abrir um parêntesis, com o objetivo de esclarecer que ele foi pago com base em dois planos complementares: um próprio, via Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), e outro decorrente da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT), conforme expressamente autoriza o art. 3º, § 3º, da Lei nº 10.101, de 2000; - da simples leitura do plano próprio (ACT), denota-se que não há o pagamento de duas PLR's diferentes, já que a parcela prevista na Convenção Coletiva de Trabalho somente será paga se for maior do que aquela prevista no plano próprio (ACT), e neste caso, o que tiver sido pago a título de PLR pelo plano próprio (ACT), será integralmente deduzido para fins de cálculo da PLR estabelecida na Convenção Coletiva de Trabalho; - conforme o disposto no plano próprio do Recorrente de 2010, somente serão feitos dois pagamentos a título de PLR: um, em agosto de 2010, a título de antecipação, e outro em fevereiro de 2011, a título de ajuste final; - contudo, excepcionalmente no exercício de 2010, houve um descasamento na data prevista para a antecipação da PLR do plano próprio (Acordo Coletivo) e aquela prevista para a antecipação do adicional da Convenção Coletiva, de modo que esta última não pôde ser absorvida por aquela, ou seja, apenas o pagamento desta parcela (antecipação do adicional da CCT), a priori, se deu em desconformidade com a legislação; - fechando o parêntesis acima, verifica-se que, em agosto de 2010, foi paga a antecipação da PLR decorrente do Acordo Coletivo de 2010, conforme havia sido estabelecido expressa e corretamente no aludido instrumento contratual, sendo que a quitação do ajuste final somente veio a ser feita em fevereiro de 2011 e não foi alvo de contestação pela Autoridade Fiscal, não obstante este exercício tenha sido objeto da auditoria; - a seu turno, a antecipação do adicional decorrente da Convenção Coletiva de Trabalho de 2010, que deveria ter sido creditada juntamente com a antecipação de PLR prevista pelo Acordo Coletivo de Trabalho, em agosto de 2010, somente veio a ser paga em novembro daquele ano, em razão de um mero desencontro entre as datas estabelecidas no Acordo Coletivo e na Convenção Coletiva de Trabalho; - a prova desse desajuste excepcional decorre do fato de que a quitação do resíduo deste adicional foi feita conjuntamente com a parcela residual da PLR do programa próprio, em fevereiro de 2011, também não tendo sido alvo de oposição pelo Auditor Fiscal; - como exposto, o Acordo Coletivo de 2010 (celebrado entre o recorrente e o sindicato dos bancários em Belo Horizonte), bem como a Convenção Coletiva de 2010 (firmada entre as entidades sindicais das respectivas categorias), estabeleceram, cada qual, regras claras e Fl. 887DF CARF MF Fl. 5 do Acórdão n.º 9202-008.081 - CSRF/2ª Turma Processo nº 15504.724960/2014-79 objetivas no tocante às metas e resultados que deveriam ser atingidos, aos valores que seriam pagos aos empregados e à periodicidade do pagamento, tudo em conformidade com os pressupostos da Lei nº 10.101, de 2000; - dessa forma, apenas o pagamento da antecipação da CCT, em novembro de 2010, teve a sua operacionalização feita de forma contrária ao limite legal, tendo o Recorrente sido obrigado a fazê-lo assim mesmo, em virtude da força normativa da Convenção. Ao final, o Contribuinte pede que seja admitido o recurso, reformando-se a decisão recorrida. O processo foi encaminhado à PGFN em 04/09/2018 (Despacho de Encaminhamento de fls. 876) e, em 19/09/2018 (Despacho de Encaminhamento de fls. 882), foram oferecidas as Contrarrazões de fls. 877 a 881, contendo os seguintes argumentos: - o pagamento de PLR deve atender cumulativamente a vários requisitos e a ausência de um deles é suficiente para desqualificação da verba paga como PLR; - somente os valores pagos com estrita obediência aos comandos previstos na Lei nº 10.101, de 2000, estão fora da esfera de tributação da Contribuição Previdenciária; - a premissa fiscal é a de que o pagamento fora da periodicidade descaracteriza a existência de PLR, devendo-se considerar como remuneração toda a verba paga a esse título, não havendo que se falar em segregação da base de cálculo para identificar os funcionários que receberam mais de dois pagamentos por ano; - desobedecida a periodicidade legalmente prevista e acordada nos próprios planos para pagamento de PLR, não interessa se para alguns ou se para todos, tudo o que for pago a título de PLR deve ser considerado remuneração e, portanto, deve integrar, como de fato integrou, a base de cálculo da Contribuição Previdenciária. Ao final, a Fazenda Nacional pede que seja negado provimento ao recurso. Voto Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo - Relatora O Recurso Especial interposto pelo Contribuinte é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. Trata-se dos Debcads 51.061.699-2 e 51.065.208-5, referentes às Contribuições Previdenciárias a cargo da empresa destinadas a terceiros (FNDE e INCRA), incidentes sobre a remuneração paga ou creditada aos segurados empregados e não recolhida na época própria, proveniente de verbas de natureza salarial decorrentes de reclamatórias trabalhistas e de Participação nos Lucros e Resultados (PLR), no período de 02/2010 a 12/2011. Segundo o Relatório Fiscal (fls. 17 a 27), os pagamentos a título de PLR foram efetuados nas competências de 02/2010, 08/2010 e 11/2010, em descumprimento ao disposto no art. 3º, § 2º, da Lei nº 10.101, de 2000. Fl. 888DF CARF MF Fl. 6 do Acórdão n.º 9202-008.081 - CSRF/2ª Turma Processo nº 15504.724960/2014-79 No acórdão recorrido, o Colegiado entendeu que, excedido o quantitativo legal de pagamentos, todos os pagamentos a esse título devem ser tributados. O Contribuinte, por sua vez, defende que seja considerada tributável apenas a parcela que excedeu o limite. Registre-se que a participação dos empregados no lucro das empresas tem sede constitucional, no Capítulo que trata dos Direitos Sociais: Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: (...) XI - participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei; E assim foi editada a Medida Provisória nº 794, de 2004, sucessivamente reeditada até a conversão na Lei nº 10.101, de 2000: Art.1º Esta Lei regula a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa como instrumento de integração entre o capital e o trabalho e como incentivo à produtividade, nos termos do art. 7o, inciso XI, da Constituição. A citada lei normatizou diversos aspectos da participação no resultado, tais como: forma de negociação, impossibilidade de substituição da remuneração por esse benefício, periodicidade, etc. Ao tratar especificamente da periodicidade do pagamento, o legislador assim especificou, claramente: Art.3° A participação de que trata o art. 2° não substitui ou complementa a remuneração devida a qualquer empregado, nem constitui base de incidência de qualquer encargo trabalhista, não se lhe aplicando o princípio da habitualidade. (...) § 2º É vedado o pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de valores a título de participação nos lucros ou resultados da empresa em periodicidade inferior a um semestre civil, ou mais de duas vezes no mesmo ano civil. (grifei) Destarte, ao efetuar os pagamentos em mais de duas parcelas no mesmo ano civil, o Contribuinte fez tábula rasa do § 2º, acima transcrito. A Lei nº 8.212, de 1991, na alínea “j”, do § 9º, do art. 28, que regula a isenção previdenciária sobre a participação nos lucros, estabelece que não haverá a incidência de contribuições previdenciárias sobre dita verba, porém condiciona o benefício ao pagamento da parcela dos resultados de acordo com a lei específica, no caso, a Lei nº 10.101, de 2000: Art. 28. (...) § 9 Não integram o salário-de-contribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (...) j) a participação nos lucros ou resultados da empresa, quando paga ou creditada de acordo com lei específica; Fl. 889DF CARF MF Fl. 7 do Acórdão n.º 9202-008.081 - CSRF/2ª Turma Processo nº 15504.724960/2014-79 Conclui-se, assim, que em havendo o pagamento em desrespeito à Lei nº 10.101, de 2000, a verba deve ser integrada ao salário-de-contribuição. Ressalte-se que não há que se falar na inclusão, na base de cálculo, de apenas a parcela excedente, uma vez que não se trata simplesmente da extrapolação de um limite e sim da própria desnaturação da verba, sendo irrelevante a motivação que levou a empresa a extrapolar a periodicidade determinada por lei. Quanto à jurisprudência da CSRF, esta corrobora o entendimento esposado no presente voto, conforme a seguir se exemplifica: Acórdão 9202-004.342, de 24/08/2016: "Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/04/2007 a 30/11/2008 PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS - REQUISITOS DA LEI Nº 10.101/2000. PERIODICIDADE SEMESTRAL. É vedado o pagamento de PLR em periodicidade inferior a um semestre civil, ou mais de duas vezes no mesmo ano civil, sendo que os dois requisitos são cumulativos. O pagamento fora dos limites temporais dá natureza de complementação salarial à totalidade da verba paga a título de participação nos lucros ou resultados. No caso, restou comprovado descumprimento do critério da periodicidade para alguns dos empregados." Acórdão nº 9202-007.204, de 25/09/2018: "Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2006 PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. PERIODICIDADE MÁXIMA. DESCUMPRIMENTO. NATUREZA REMUNERATÓRIA DE TODAS AS PARCELAS. O descumprimento do § 2º, do art. 3ª, da Lei nº 10.101/2000 que descreve a vedação do pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de valores a título de participação nos lucros ou resultados da empresa em periodicidade inferior a um semestre civil, ou mais de duas vezes no mesmo ano civil, implica incidência de contribuição previdenciária em relação a todos os pagamentos de PLR e não apenas em relação às parcelas excedentes." Acórdão nº 9202-007.697, de 27/03/2019: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/02/2008 a 30/11/2008 PARTICPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. PERIODICIDADE MÁXIMA. DESCUMPRIMENTO. NATUREZA REMUNERATÓRIA DE TODAS AS PARCELAS. O descumprimento do §2º do art. 3º da Lei 10.101/2000 que descreve a vedação do pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de valores a título de participação nos lucros ou resultados da empresa em periodicidade inferior a um semestre civil, ou Fl. 890DF CARF MF Fl. 8 do Acórdão n.º 9202-008.081 - CSRF/2ª Turma Processo nº 15504.724960/2014-79 mais de duas vezes no mesmo ano civil, implica incidência de contribuição previdenciária em relação a todos os pagamentos de PLR e não apenas em relação as parcelas excedentes. Acórdão 9202-007.875, de 22/05/2019: "Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/02/2009 a 31/12/2009 PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS. PAGAMENTO EM PERIODICIDADE INFERIOR À FIXADA EM LEI. INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO. O pagamento de PLR em periodicidade inferior àquela prevista em lei específica conduz à incidência de contribuição previdenciária sobre os valores pagos a esse título. Trago à colação trecho do voto do Acórdão nº 9202-007.697, acima citado, da lavra da Ilustre Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, tratando de caso muito similar ao presente. Na oportunidade, foi adotado o voto do Ilustre Conselheiro Cleberson Alex Friess, cujos fundamentos agrego ao presente voto: "Em relação ao descumprimento legal descrito pela autoridade fiscal, reproduzo os argumentos trazidos pelo relator do processo na Câmara baixa, os quais adoto como razões de decidir, por concordar com seu posicionamento e por entender que a matéria foi suficientemente tratada, senão vejamos trecho do seu voto: (...) 33. A finalidade da instituição pelo legislador desse critério básico para a não incidência da contribuição previdenciária foi buscar evitar a utilização da parcela como uma forma disfarçada de substituição ou complementação da remuneração devida ao segurado empregado. 34. De acordo com o agente fiscal, o contribuinte não seguiu a determinação do § 2º do art. 3º da Lei nº 10.101, de 2000, e realizou, para o mesmo beneficiário, mais de dois pagamentos no ano de 2008. Para ilustrar os fatos, anexou a Planilha 'PLR Múltiplos Pagamentos 2008', que contém, por amostragem, os pagamentos efetuados aos segurados empregados (fls. 268/271). 35. Por sua vez, a recorrente sustenta que o suposto pagamento acima da periodicidade é decorrente de peculiaridades que buscam possibilitar a correta quitação dos valores a título de Participação nos Lucros ou Resultados, em cumprimento da legislação vigente. A parcela excedente é mero ajuste nos pagamentos efetuados aos segurados empregados. (...) 41. Desde já ressalto, com base na disciplina estabelecida pela Lei nº 10.101, de 2000, que não vislumbro obstáculo à coexistência simultânea de diferentes instrumentos de negociação coletiva para regulamentar o pagamento pela empresa da Participação nos Lucros ou Resultados, tais como convenção e acordo coletivo, como forma de adequação às peculiaridades empresariais e aos interesses específicos das partes envolvidas. Da mesma forma, inexiste qualquer vedação no texto legal de regência à fixação de uma parcela de antecipação a título de Participação nos Lucros ou Resultados. Fl. 891DF CARF MF Fl. 9 do Acórdão n.º 9202-008.081 - CSRF/2ª Turma Processo nº 15504.724960/2014-79 42. Em qualquer caso, contudo, é obrigatório o respeito ao critério de periodicidade dos pagamentos disposto no § 2º do art. 3º da Lei nº 10.101, de 2000, uma vez que o legislador ordinário elegeu, como regra cogente, para afastar a incidência da norma tributária, o cumprimento de determinado parâmetro objetivo no que diz respeito à Participação nos Lucros ou Resultados. 43. A partir da documentação que instrui os autos, verifico a existência de vício na própria formulação das regras do Programa de Participação nos Lucros ou Resultados, quando avaliados, em conjunto, os instrumentos de negociação coletiva firmados pelas partes, relativamente ao requisito da periodicidade dos pagamentos. 43.1 Com efeito, por intermédio da CCT 2007, aplicável a todos os segurados empregados, convencionou-se o pagamento no ano de 2008, até o mês de março, de valores a título de Participação nos Lucros ou Resultados (fls. 159/168). Já a CCT 2008 previu, com relação ao respectivo período de avaliação, uma antecipação da Participação nos Lucros ou Resultados, no mês de nov/2008, tanto para a parcela básica quanto ao adicional da participação (fls. 169/178). 43.2 A seu turno, o ACT 2007/2008 estabeleceu uma participação complementar nos resultados para os trabalhadores, cujo pagamento seria efetuado anualmente, junto com a segunda parcela da Participação nos Lucros ou Resultados prevista nas CCT´s (fls. 204/207). 43.3 Ocorre que o aditivo ao ACT 2007/2008 concedeu uma antecipação, no mês de ago/2008, no valor de R$ 750,00 (setecentos e cinquenta reais), descontada por ocasião do pagamento final da participação complementar nos resultados (fls. 208/209). 43.4 No tocante àqueles funcionários elegíveis ao Programa Próprio, nos termos da Cláusula Sexta do ACT 2007/2008, tais como os empregados pertencentes aos níveis de gerente e superintendente, o programa complementar estabeleceu o pagamento semestral da participação nos resultados institucional, com previsão de antecipação de uma parcela no mês de ago/2008 (fls. 241/248). 44. Como se percebe, os pagamentos, para um mesmo trabalhador, nos meses de fev/2008, ago/2008 e nov/2008, de acordo com os exemplos reproduzidos na Planilha "PLR Múltiplos Pagamentos 2008", às fls. 268/271, espelham os compromissos assumidos por meio dos instrumentos de negociação coletiva, cuja própria formatação do programa extrapola a frequência anual de dois pagamentos no mesmo ano civil. 45. Em consequência, à luz do contexto fático-probatório engendrado nos autos, os pagamentos realizados não são reflexos de uma mácula restrita à execução do Programa de Participação nos Lucros ou Resultados, o que poderia justificar, em tese, a tributação apenas sobre as quantias pagas excedentes à periodicidade anual. 46. É obrigatória a compatibilização entre os instrumentos coletivos de negociação para a realização dos pagamentos ao mesmo trabalhador em frequência igual ou superior ao prazo legalmente estipulado e, no máximo, até duas vezes no mesmo ano civil, sob pena de incidência da tributação sobre os valores pagos. 47. Logo, todos os pagamentos em desacordo com o prescrito no § 2º do art. 3º da Lei nº 10.101, de 2000, estão submetidos à incidência da contribuição previdenciária, assim como à tributação reflexa pelas contribuições devidas a terceiros. Em razão da decadência, permanece exigível apenas os valores pagos no mês de nov/2008. (...) Fl. 892DF CARF MF Fl. 10 do Acórdão n.º 9202-008.081 - CSRF/2ª Turma Processo nº 15504.724960/2014-79 Ou seja, da transcrição dos trechos muito bem delineados pelo julgador a quo, não se trata de mera diferença. Ademais, o legislador é claro quando descreve que no art. 3º que a PLR não deve substituir ou complementar a remuneração, vedando o pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de valores em periodicidade inferior a um semestre ou mais de duas vezes no mesmo ano civil. Descabido nesse caso, qualquer interpretação de que as parcelas acima do limite legal, visa complementar. Assim, ao pagar mais de duas vezes, descaracterizado encontra-se todo o PLR do contribuinte, razão pela qual deve ser tributado em sua totalidade. Dessa forma, em relação ao PLR, entendo que restou descumprido o requisito da periodicidade assim como já apreciado pela Turma a quo." (grifei) Assim, incabível a tributação apenas das parcelas excedentes, considerando-se que houve a própria desnaturação da verba como PLR, em virtude da inobservância dos requisitos previstos na Lei nº 10.101, de 2000, de sorte que ao Recurso Especial deve ser negado provimento. Diante do exposto, conheço do Recurso Especial interposto pelo Contribuinte e, no mérito, nego-lhe provimento. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Fl. 893DF CARF MF
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