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Numero do processo: 16327.720906/2013-24
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 28 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Wed Feb 04 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Período de apuração: 01/06/2009 a 31/12/2010
DEVER DE PRESTAR ESCLARECIMENTOS. DISPOSIÇÃO DO ARTIGO 4º DA LEI Nº 9.784/1999.
Constitui dever legal do contribuinte a prestação de esclarecimentos e apresentação da documentação necessária à verificação por parte da autoridade fiscal quanto ao cumprimento das obrigações tributárias.
Numero da decisão: 3302-002.835
Decisão: Recurso de Ofício Provido.
Aguardando Nova Decisão.
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros da Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso de ofício, nos termos do voto do Relator.
(assinado digitalmente)
Walber José da Silva
Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède
Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walber José da Silva, Gileno Gurjão Barreto, Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Fabiola Cassiano Keramidas, Paulo Guilherme Déroulède e Antônio Mário de Abreu Pinto.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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DISPOSIÇÃO DO ARTIGO 4º DA LEI Nº 9.784/1999. Constitui dever legal do contribuinte a prestação de esclarecimentos e apresentação da documentação necessária à verificação por parte da autoridade fiscal quanto ao cumprimento das obrigações tributárias. Recurso de Ofício Provido. Aguardando Nova Decisão. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros da Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso de ofício, nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) Walber José da Silva Presidente (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walber José da Silva, Gileno Gurjão Barreto, Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Fabiola Cassiano Keramidas, Paulo Guilherme Déroulède e Antônio Mário de Abreu Pinto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 72 09 06 /2 01 3- 24 Fl. 1265DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 30/01 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 16327.720906/201324 Acórdão n.º 3302002.835 S3C3T2 Fl. 1.263 2 Relatório Trata o presente de Autos de Infração para constituição de crédito tributário de Cofins e de PIS/Pasep, relativo ao período de junho de 2009 a dezembro de 2010. A fiscalização entendeu que as receitas financeiras relativas às aplicações dos investimentos compulsórios concernentes às reservas técnicas seriam receitas operacionais inerentes às atividades empresariais e, portanto, comporiam o faturamento sujeito às incidências da Cofins e do PIS/Pasep. Em razão de a recorrente não ter demonstrado a segregação do valor das receitas decorrentes das aplicações compulsórias das demais receitas financeiras, a fiscalização lançou a diferença apurada nas planilhas apresentadas pela recorrente, correspondentes aos valores da conta 36.1 – Receitas Financeiras. Inconformada, a recorrente apresentou impugnação, alegando em síntese que: 1. Nulidade do Auto de Infração por ter sido lavrado sem a descrição dos fatos, por não demonstrar a composição do grupo “receita financeira”, de acordo com a Resolução CNSP nº 86/2002, acarretando o cerceamento de defesa; 2. As receitas financeiras auferidas pela recorrente não correspondem ao conceito de faturamento nos termos da Lei nº 9.718, de 1998, considerando a revogação do §1º do artigo 3º da referida lei pela Lei nº 11.941, de 2009; 3. Que as receitas de resseguro, cosseguro e retrocessão não representam ingresso efetivo de receita; 4. A não incidência das exações sobre as reservas técnicas; 5. A inaplicabilidade da multa agravada de 112,5%; 6. A inaplicabilidade da taxa Selic sobre a multa de ofício; A Décima Sexta Turma da DRJ/RJ1 no Rio de Janeiro proferiu o Acórdão nº 1262.875, nos termos da ementa que abaixo transcrevese: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/06/2009 a 31/12/2010 NULIDADE. INEXISTÊNCIA. Tendo sido o auto de infração lavrado em estreita obediência aos ditames da norma processual regente, dando total condição ao impugnante de expressar plenamente sua inconformidade com a exigência nele efetuada, não há que se falar em cerceamento do direito de defesa muito menos na nulidade do procedimento fiscal. AÇÃO JUDICIAL. CONCOMITÂNCIA DE OBJETO. Fl. 1266DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 30/01 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 16327.720906/201324 Acórdão n.º 3302002.835 S3C3T2 Fl. 1.264 3 Em face do princípio constitucional de unidade de jurisdição, a existência de ação judicial, em nome da interessada, importa renúncia às instâncias administrativas quanto à mesma matéria, sendo de se aplicar o que for definitivamente decidido pelo Poder Judiciário. MATÉRIA TRIBUTÁVEL. COMPROVAÇÃO. ÔNUS DA PROVA. DEVER DA FISCALIZAÇÃO. No momento de se verificar os fatos constitutivos de seu direito de exigir determinada exação fiscal, a Fazenda Pública tem o dever de provar o que vier a constituir. Impugnação Procedente Crédito Tributário Exonerado O colegiado a quo recorreu de ofício de acordo com o art. 1º da Portaria MF nº 3, de 03/01/2008. Na forma regimental, o processo foi distribuído a este relator. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède. A decisão de primeira instância rejeitou a alegação de nulidade por cerceamento de defesa por entender que a descrição dos fatos e o enquadramento legal possibilitaram a exata compreensão do lançamento pelo contribuinte. Quanto ao mérito, entendeu que há concomitância entre a matéria lançada nos Autos de Infração de PIS/Pasep e Cofins e os processos judiciais 99.00140400 (Cofins) e 2005.61.00.0112354 (PIS), nos quais a contribuinte discute, dentre outras matérias, a constitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/1998. Porém, quanto à comprovação material do lançamento, entendeu o colegiado a quo pela improcedência do referido, pois que a autoridade fiscal não logrou êxito em comprovar o valor mensal auferido pelo contribuinte referente às receitas financeiras decorrentes da aplicação das reservas técnicas nos meses de 06/2009 a 12/2010, conforme excerto abaixo: “32. Alega o autuante no Termo de Verificação Fiscal que, em virtude da decisão da empresa de não apresentar o valor das reservas técnicas e a parcela das receitas financeiras não decorrente da aplicação dos investimentos compulsórios referidos, não restou alternativa à fiscalização que não a de efetuar os lançamentos da Contribuição para o PIS e da Cofins sobre os valores constantes da conta 36.1 Receitas Financeiras, conforme planilhas apresentadas pela contribuinte em 28/03/2013. 33. A inexistência nos autos de documentação comprobatória do valor mensal auferido pela contribuinte referente às receitas Fl. 1267DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 30/01 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 16327.720906/201324 Acórdão n.º 3302002.835 S3C3T2 Fl. 1.265 4 financeiras decorrentes de aplicação das reservas técnicas, impossibilitou que o auditor pudesse apurar qual seria o valor mensal devido da Contribuição para o PIS e da Cofins sobre essas receitas. Devido a isso, foi arbitrado que este valor corresponderia ao valor total das receitas financeiras. 34. Ocorre que inexiste previsão legal para que tal arbitramento seja efetuado. 35. No momento de se verificar os fatos constitutivos de seu direito de exigir determinada exação fiscal, a Fazenda Pública tem o dever de provar o que vier a constituir. Até porque somente ela pode dar a fiel demonstração dos fatos que alega terem ocorrido. Neste sentido têmse os ditames do Decreto nº 70.235/72 – PAF, art. 9º: “Art. 9.º. A exigência do crédito tributário, a retificação de prejuízo fiscal e a aplicação de penalidade isolada serão formalizadas em autos de infração ou notificações de lançamento, distintos para cada imposto, contribuição ou penalidade, os quais deverão estar instruídos com todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito. (Redação dada pelo art. 1.º da Lei n.º 8.748/1993) “ 36. Sabese que para o exercício desse poder/dever inquisitorial de provar, o ordenamento pátrio impõe a todos os contribuintes a força implícita que os atos da Fazenda Pública tem na origem. Esta força se reveste de caracteres especiais que permitem à autoridade fiscal usar de certas prerrogativas legais na busca da verdade relativa a um determinado evento, que de alguma forma pode ser elevado à categoria de matéria tributável. Essas prerrogativas são manifestas nos vastos meios que tem a Administração para aferir, junto aos documentos fiscais contábeis do sujeito passivo, o conteúdo desse evento tributável. 37 Assim, não pode a autoridade prescindir de tomar todas as ações possíveis e previstas em leis de forma a trazer a lume o pleno do conhecimento do objeto do procedimento. 38. No caso em exame, a autoridade fiscal não conseguiu comprovar qual seria o valor mensal auferido pela contribuinte referente às receitas financeiras decorrentes da aplicação das reservas técnicas nos meses 06/2009 a 12/2010. Por conseguinte, apresentase sem sustentação a imposição fiscal sob exame. 39. Além do mais, em se tratando de atividade vinculada, a teor do art.142 do CTN, deve o lançamento fundarse na certeza da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária, vale dizer, tal ocorrência deve restar devidamente comprovada, excetuados unicamente os casos em que autorize a lei sua presunção. 40. Tal entendimento nasce diretamente da determinação contida no art. 9º do Decreto nº 70.235/1972, de que “os autos de infração e as notificações de lançamento deverão ser instruídos com todos os termos, depoimentos e laudos e demais elementos Fl. 1268DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 30/01 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 16327.720906/201324 Acórdão n.º 3302002.835 S3C3T2 Fl. 1.266 5 de prova indispensáveis à comprovação do ilícito”, configurando, sua ausência, verdadeira inversão do ônus da prova. 41. Sobre o tema, no magistério de Alberto Xavier, a prova da ocorrência dos fatos e a averiguação da verdade material para a Administração Fiscal, muito mais do que um ônus se constituem em um dever jurídico, do qual ela somente estará exonerada na hipótese de existência de normas excepcionais que invertam o ônus da prova, quando se tratar “das presunções legais relativas”.( in “Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro”, pp.116 e sgtes). 42. Ressaltese ainda, na espécie, que nem mesmo o fato de não ter sido apresentada pela contribuinte a documentação comprobatória dos valores das receitas financeiras decorrentes da aplicação das reservas técnicas, poderia autorizar que tais valores fossem arbitrados. Os amplos poderes investigatórios outorgados ao fisco na fase préprocessual, a teor do art. 195 do CTN, visam à satisfação do deverpoder da autoridade fiscal, de produção da prova primária para constituição do lançamento, elemento essencial à subsistência do mesmo, cuja falta não pode ser sanada na fase de julgamento do litígio. 43. Com relação à faculdade que detém a autoridade julgadora para determinar a coleta e juntada de novas provas ao processo, ensina o Professor Paulo Celso Bonilha que “o poder instrutório das autoridades de julgamento deve se nortear pelo esclarecimento dos pontos controvertidos, mas sua atuação não pode implicar em invasão dos campos de exercício de prova do contribuinte ou da Fazenda. Em outras palavras, o caráter oficial da atuação dessas autoridades e o equilíbrio e imparcialidade com que devem exercer suas atribuições, inclusive a probatória, não lhes permite substituir as partes ou suprir a prova que lhes incumbe carrear ao processo.” (in Da Prova no Processo Administrativo). 44. Sendo assim, é de se cancelar, integralmente, os lançamentos efetuados da Contribuição para o PIS e da Cofins.” Inicialmente, verificase que a autuação referiuse aos valores de receitas financeiras – item 36 1 informados pela recorrente na planilha de fls. 485/486, em 28/03/2013, como resposta ao Termo de Intimação nº 02, lavrado em 07/03/2013. Conforme explanado nos tópicos 21, 22 e 23 do Termo de Verificação nº 02/2013.002892, “em suma, as bases de cálculo dos lançamentos tributários correspondem aos valores constantes da conta 36.1 – Receitas Financeiras, conforme planilhas apresentadas pelo contribuinte em 28/03/2013”. A autoridade fiscal aduziu, ainda, que tal lançamento era decorrente da divergência de interpretação entre a fiscalizada e a União, quanto aos efeitos da revogação do §1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, divergência esta não elucidada expressamente pelas decisões judiciais apresentadas pela empresa e transcritas nos autos. A descrição dos fatos é suficiente para compreensão do lançamento e delimita exatamente o valor lançado, ou seja, as receitas financeiras informadas, repitase, pela Fl. 1269DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 30/01 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 16327.720906/201324 Acórdão n.º 3302002.835 S3C3T2 Fl. 1.267 6 própria recorrente, no item 36.1 da planilha fornecida à fiscalização, o que afasta a alegação de nulidade do Auto de Infração, já indeferida pela decisão de primeira instância. O valor total relativo às receitas financeiras foi lançado em razão de o contribuinte ter decidido não demonstrar as receitas financeiras decorrentes da aplicação dos investimentos compulsórios utilizados para constituição das reservas técnicas, conforme intimado e reintimado mediante os Termos de Intimação nº 06, de 19/06/2013 e nº 08, de 16/07/2013. O item 18 do Termo de Verificação Fiscal evidencia que o objeto da autuação são as receitas financeiras decorrentes da aplicação dos investimentos compulsórios formadores das reservas técnicas, e este foi o motivo pelo qual a autoridade fiscal intimou a recorrente a separar tanto as reservas técnicas (base da aplicação), quanto os rendimentos decorrentes da aplicação destes recursos. Entretanto, a resposta a ambos os termos foi dada no seguinte conteúdo: “Em resposta à intimação protocolada em 20.06.2013, reafirmamos que: 1. A partir da revogação do parágrafo 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98 pela Lei nº 11.941/09, artigo 79, inciso XII, as receitas financeiras, inclusive aquelas oriundas de investimentos compulsórios efetuados para a formação das reservas técnicas da seguradora, deixaram de compor a base de cálculo do PIS e da COFINS a partir de 06.2009. 2. Considerando a resposta do item anterior, deixamos de apresentar os valores de das reservas técnicas tendo em vista não fazerem parte da base de cálculo do PIS e da COFINS. 3. Considerando a resposta do item 1, deixamos de apresentar as receitas financeiras decorrentes dos investimentos compulsórios, tendo em vista não fazerem parte da base de cálculo do PIS e da COFINS. [...]” Constatase, pois, que o lançamento tendia à constituição de crédito tributário exclusivamente concernente às receitas financeiras vinculadas às aplicações de investimentos compulsórios na formação das reservas técnicas, o que somente não ocorreu por decisão exclusiva do contribuinte que preferiu não demonstrar a separação das receitas financeiras. Neste ponto, o colegiado a quo, por maioria, entendeu que caberia à fiscalização determinar quais seriam as receitas financeiras sujeitas às exações e não simplesmente tributar toda a conta de receitas financeiras, pelo fato de o contribuinte não ter demonstrado sua natureza. Aqui discordase do entendimento proferido na decisão de primeira instância. É certo que o ônus da prova cabe à fiscalização quanto à prova do ilícito nos termos do art. 9º do Decreto nº 70.235/1972. Entretanto, constitui dever do contribuinte prestar os esclarecimentos necessários solicitados pela autoridade fiscal, acarretando a falta ou recusa a Fl. 1270DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 30/01 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 16327.720906/201324 Acórdão n.º 3302002.835 S3C3T2 Fl. 1.268 7 possibilidade de lançamento com as informações de que se dispuser. Neste sentido, citase o artigo 149, inciso III do CTN: Lei nº 5.172/1966 (CTN), art. 149: Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos seguintes casos: [...] II quando a declaração não seja prestada, por quem de direito, no prazo e na forma da legislação tributária; III quando a pessoa legalmente obrigada, embora tenha prestado declaração nos termos do inciso anterior, deixe de atender, no prazo e na forma da legislação tributária, a pedido de esclarecimento formulado pela autoridade administrativa, recusese a prestálo ou não o preste satisfatoriamente, a juízo daquela autoridade; O dever de prestar informações está disposto em dispositivos do Decreto nº 3.000/1999, aplicado de forma subsidiária ao PIS/Pasep e Cofins, nos termos da LC nº 70/91 e Lei nº 9.715/981: Decreto nº 3.000/1999 (RIR/99): Art. 927. Todas as pessoas físicas ou jurídicas, contribuintes ou não, são obrigadas a prestar as informações e os esclarecimentos exigidos pelos AuditoresFiscais do Tesouro Nacional no exercício de suas funções, sendo as declarações tomadas por termo e assinadas pelo declarante (Lei nº 2.354, de 1954, art. 7º). Art. 928. Nenhuma pessoa física ou jurídica, contribuinte ou não, poderá eximirse de fornecer, nos prazos marcados, as informações ou esclarecimentos solicitados pelos órgãos da Secretaria da Receita Federal (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 123, DecretoLei nº 1.718, de 27 de novembro de 1979, art. 2º, e Lei nº 5.172, de 1966, art. 197). 1 LC nº 70/91: Art. 10. O produto da arrecadação da contribuição social sobre o faturamento, instituída por esta lei complementar, observado o disposto na segunda parte do art. 33 da Lei n° 8.212, de 24 de julho de 1991, integrará o Orçamento da Seguridade Social. Parágrafo único. A contribuição referida neste artigo aplicamse as normas relativas ao processo administrativo fiscal de determinação e exigência de créditos tributários federais, bem como, subsidiariamente e no que couber, as disposições referentes ao imposto de renda, especialmente quanto a atraso de pagamento e quanto a penalidades. Lei nº 9.715/98: Art. 9o À contribuição para o PIS/PASEP aplicamse as penalidades e demais acréscimos previstos na legislação do imposto sobre a renda. Decreto nº 4.524/2002: Art. 93. Ao PIS/Pasep e à Cofins aplicamse, subsidiariamente e no que couber, as penalidades e demais acréscimos previstos na legislação do imposto de renda (Lei Complementar nº 70, de 1991, art. 10, parágrafo único, e Lei nº 9.715, de 1998, art. 9º, Medida Provisória nº 75, de 2002, art. 32). Fl. 1271DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 30/01 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 16327.720906/201324 Acórdão n.º 3302002.835 S3C3T2 Fl. 1.269 8 Art. 845. Farseá o lançamento de ofício, inclusive (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 79): I arbitrandose os rendimentos mediante os elementos de que se dispuser, nos casos de falta de declaração; II abandonandose as parcelas que não tiverem sido esclarecidas e fixando os rendimentos tributáveis de acordo com as informações de que se dispuser, quando os esclarecimentos deixarem de ser prestados, forem recusados ou não forem satisfatórios. De modo similar, a Lei nº 9.784/1999 e o Decreto nº 7.574/2011 também estipulam como dever do administrado a prestação de informações: Lei nº 9.784/1999: CAPÍTULO III DOS DEVERES DO ADMINISTRADO Art. 4o São deveres do administrado perante a Administração, sem prejuízo de outros previstos em ato normativo: I expor os fatos conforme a verdade; II proceder com lealdade, urbanidade e boafé; III não agir de modo temerário; IV prestar as informações que lhe forem solicitadas e colaborar para o esclarecimento dos fatos. Decreto nº 7.574/2011: CAPÍTULO IV DO DEVER DE PRESTAR INFORMAÇÕES Art. 23. Os órgãos da Secretaria da Receita Federal do Brasil, e os AuditoresFiscais da Receita Federal do Brasil, no uso de suas atribuições legais, poderão solicitar informações e esclarecimentos ao sujeito passivo ou a terceiros, sendo as declarações, ou a recusa em prestálas, lavradas pela autoridade administrativa e assinadas pelo declarante (Lei no 2.354, de 29 de novembro de 1954, art. 7o; DecretoLei no 1.718, de 27 de novembro de 1979, art. 2o; Lei nº 5.172, de 1966 Código Tributário Nacional, arts. 196 e 197; Lei no 11.457, de 16 de março de 2007, art. 10). Parágrafo único. A obrigação a que se refere o caput não abrange a prestação de informações quanto a fatos sobre os quais o informante esteja legalmente obrigado a observar segredo em razão de cargo, ofício, função, ministério, atividade ou profissão (Lei nº 5.172, de 1966 Código Tributário Nacional, de 1966, art. 197, parágrafo único). Fl. 1272DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 30/01 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 16327.720906/201324 Acórdão n.º 3302002.835 S3C3T2 Fl. 1.270 9 Corroborando o entendimento, citase o Acórdão nº 10616.789, proferido pela Sexta Câmara do extinto Primeiro Conselho de Contribuintes, cuja ementa parcialmente transcrevese: [...] SUJEITO PASSIVO DEVER DE PRESTAR INFORMAÇÕES AO FISCO Entre os deveres do administrado demarcados pelo art. 4° da Lei n° 9.784, de 1999, está aquele de prestar as informações que lhe forem solicitadas e colaborar para o esclarecimento dos fatos. Depreendese que constitui dever legal do contribuinte em prestar as informações e os esclarecimentos necessários à verificação por parte da autoridade fiscal quanto ao cumprimento das obrigações tributárias. Observase que o contribuinte deixou de apresentar os esclarecimentos, não por impossibilidade ou por outro motivo maior que o impedisse, mas tão somente por discordar do possível entendimento da autoridade fiscal quanto à tributação das referidas receitas financeiras. Sua recusa implica a possibilidade de se efetuar o lançamento com as informações de que dispõe a autoridade fiscal. Deveria a recorrente, ao menos, entregar a documentação necessária e suficiente para que a autoridade fiscal pudesse efetuar a segregação das receitas financeiras. Mesmo na impugnação, a recorrente poderia ter indicado a separação das receitas financeiras, mas preferiu não fazêlo, justificando que tais receitas financeiras não eram passíveis de tributação. Embora, no mérito, haja concordância, inclusive por parte deste colegiado, com a tese desenvolvida pela recorrente no sentido de não tributação das receitas financeiras decorrentes dos investimentos compulsórios utilizados na formação das reservas técnicas, tal discussão não poderá ser travada no processo em razão da concomitância com as ações judiciais em andamento, conforme bem delineou a DRJ nos itens 17, 18 e 19 do acórdão proferido. Destarte, dou provimento ao recurso de ofício, afastando o fundamento da decisão de primeira instância para exonerar o crédito tributário lançado. Entretanto, quanto às alegações da inaplicabilidade da multa agravada de 112,5% e da inaplicabilidade da taxa Selic sobre a multa de ofício, dada a não apreciação pela DRJ em razão da prejudicialidade decorrente da decisão proferida, deveser devolver os autos à instância a quo, para que proceda julgamento acerca das questões acima não julgadas, de modo a evitar a supressão de instância, observandose o devido processo legal. Diante do exposto, voto para dar provimento ao recurso de ofício e devolver o processo à instância a quo, para julgamento das alegações acerca da inaplicabilidade da multa agravada de 112,5% e da inaplicabilidade da taxa Selic sobre a multa de ofício. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 1273DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 30/01 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 16327.720906/201324 Acórdão n.º 3302002.835 S3C3T2 Fl. 1.271 10 Fl. 1274DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 30/01 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE
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Numero do processo: 16682.720265/2010-16
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Feb 26 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Tue Mar 03 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/10/2005 a 31/12/2005
Ementa:
TRANSFERÊNCIA DE ATIVOS E PASSIVOS MEDIANTE INTEGRALIZAÇÃO DE QUOTAS. CISÃO PARCIAL.
A integralização de quotas em empresa pré-existente, mediante a versão de parcela do patrimônio, incluindo ativos e passivos, caracteriza a operação de cisão de que trata o artigo 229 e seu parágrafo terceiro da Lei nº 6.404, de 1976.
DECADÊNCIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. APLICAÇÃO DO ARTIGO 173, INCISO I DO CTN. APLICAÇÃO DO ARTIGO 62-A DO ANEXO II DO REGIMENTO INTERNO DO CARF.
O prazo decadencial para constituição do crédito tributário rege-se pelo artigo 173, inciso I do CTN, quando inexistem pagamentos antecipados, conforme julgamento proferido pelo STJ, no REsp 973.733/SC, submetido à sistemática prevista no artigo 543-C do CPC, cuja decisão definitiva deve ser reproduzida no âmbito do CARF.
CRÉDITOS DE IPI UTILIZADOS EM PRODUTOS NT. SÚMULA CARF Nº 20.
Não há direito aos créditos de IPI em relação às aquisições de insumos aplicados na fabricação de produtos classificados na TIPI como NT.
Numero da decisão: 3302-002.860
Decisão: Recursos Voluntários Negados.
Crédito Tributário Mantido.
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros da Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção de Julgamento, pelo voto de qualidade, rejeitar a preliminar de decadência e, quanto ao mérito, por unanimidade de votos, em negar provimento aos recursos voluntários, nos termos do voto do relator. Vencidos, quanto à preliminar de decadência, os conselheiros Jonathan Barros Vita, Cláudio Monroe Massetti e João Alfredo Eduão Ferreira.
(assinado digitalmente)
Walber José da Silva
Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède
Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walber José da Silva (Presidente), Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Paulo Guilherme Déroulède, Jonathan Barros Vita, Cláudio Monroe Massetti e João Alfredo Eduão Ferreira.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/10/2005 a 31/12/2005 Ementa: TRANSFERÊNCIA DE ATIVOS E PASSIVOS MEDIANTE INTEGRALIZAÇÃO DE QUOTAS. CISÃO PARCIAL. A integralização de quotas em empresa préexistente, mediante a versão de parcela do patrimônio, incluindo ativos e passivos, caracteriza a operação de cisão de que trata o artigo 229 e seu parágrafo terceiro da Lei nº 6.404, de 1976. DECADÊNCIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. APLICAÇÃO DO ARTIGO 173, INCISO I DO CTN. APLICAÇÃO DO ARTIGO 62A DO ANEXO II DO REGIMENTO INTERNO DO CARF. O prazo decadencial para constituição do crédito tributário regese pelo artigo 173, inciso I do CTN, quando inexistem pagamentos antecipados, conforme julgamento proferido pelo STJ, no REsp 973.733/SC, submetido à sistemática prevista no artigo 543C do CPC, cuja decisão definitiva deve ser reproduzida no âmbito do CARF. CRÉDITOS DE IPI UTILIZADOS EM PRODUTOS NT. SÚMULA CARF Nº 20. Não há direito aos créditos de IPI em relação às aquisições de insumos aplicados na fabricação de produtos classificados na TIPI como NT. Recursos Voluntários Negados. Crédito Tributário Mantido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 68 2. 72 02 65 /2 01 0- 16 Fl. 2378DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 27/02 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 16682.720265/201016 Acórdão n.º 3302002.860 S3C3T2 Fl. 2.379 2 Acordam os membros da Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção de Julgamento, pelo voto de qualidade, rejeitar a preliminar de decadência e, quanto ao mérito, por unanimidade de votos, em negar provimento aos recursos voluntários, nos termos do voto do relator. Vencidos, quanto à preliminar de decadência, os conselheiros Jonathan Barros Vita, Cláudio Monroe Massetti e João Alfredo Eduão Ferreira. (assinado digitalmente) Walber José da Silva Presidente (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walber José da Silva (Presidente), Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Paulo Guilherme Déroulède, Jonathan Barros Vita, Cláudio Monroe Massetti e João Alfredo Eduão Ferreira. Relatório Trata o presente de Auto de Infração para constituição de crédito tributário de IPI, relativo ao período de dezembro de 2005, cientificado em 27/12/2010 à recorrente. Conforme Termo de Verificação Fiscal, fls. 1810 a 1833, a atuação é resultante da análise de pedido de ressarcimento de saldo credor de IPI relativo ao quarto trimestre de 2005, cuja verificação implicou a glosa de créditos sobre insumos aplicados em produtos com notação NT e sobre créditos extemporâneos relativos a operações ocorridas entre outubro e dezembro de 2000. Salientase que a fiscalização considerou os créditos relativos aos produtos saídos com tributação para o IPI, bem como para os produtos exportados. Relativamente aos créditos extemporâneos, a fiscalização alegou que não houve justificativa por parte da recorrente quanto à legitimidade da apropriação de tais créditos, em razão de sua escrituração no Livro Registro de Entradas como operações sem creditamento do imposto, pela falta de apresentação do Livro de Apuração do IPI do período em análise e pelo estorno dos referidos créditos no Livro de Apuração de IPI de março de 2006, configurando que a recorrente reconhecera a improcedência de tais créditos. Lavrouse Termo de Sujeição Passiva em CHEVRON BRASIL LUBRIFICANTES LTDA, CNPJ 05.524.572/001084, sociedade cindenda, com ciência em 29/12/2010, em razão de que os fatos analisados neste processo terem ocorrido anteriormente ao evento de cisão, com fulcro nos artigos 124, inciso II do CTN e art. 5º do Decretolei nº 1.598, de 1977. Em impugnação, a recorrente alegou em síntese: 1. Decadência do lançamento relativo ao período de outubro ao primeiro decêndio de dezembro de 2005, por aplicação do artigo150, §4º do CTN e não do artigo 173, inciso I do referido diploma; Fl. 2379DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 27/02 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 16682.720265/201016 Acórdão n.º 3302002.860 S3C3T2 Fl. 2.380 3 2. Possuir a condição de industrial, segundo os artigos 46 e 51 do CTN e artigo 4º do Decreto nº 4.544, de 2002 (RIPI/2002); 3. A possibilidade de creditamento de IPI na aquisição de insumos aplicados em produtos imunes, com fulcro no princípio da nãocumulatividade insculpido no artigo 153, §3º, inciso II da Constituição Federal e no artigo 49 do CTN, bem como com base no artigo 11 da Lei nº 9.779, de 1999 e na IN SRF nº 33, de 1999. 4. Que o fisco federal vinha, desde 1999, se manifestando favoravelmente à manutenção do creditamento de IPI decorrente da aquisição de insumos aplicados em produtos não submetidos à tributação, inclusive imunes, e que a autuação implica em mudança de critério jurídico, vedada pelo artigo 146 do CTN. Por sua vez, a responsável solidária apresentou impugnação alegando: 1. A sua exclusão como sujeito passivo responsável, pelo fato de que a reorganização societária não ter sido cisão parcial, mas apenas transferência de ativos e passivos da antiga CBL, atual IPP, à impugnante – CBLL para integralização de capital e que, posteriormente, a CBL se retirou da sociedade, transferindo a totalidade de suas quotas à sócia remanescente; 2. Os demais fundamentos já suscitados pela recorrente contribuinte. A Quarta Turma da DRJ em Salvador proferiu o Acórdão nº 1533.445, rejeitando a preliminar de decadência e, no mérito, decidiu pela impossibilidade de creditamento de IPI decorrente da aquisição de matériasprimas aplicadas em produtos não tributados – notação NT nos termos da ementa que abaixo transcrevese: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/10/2005 a 31/12/2005 DECADÊNCIA. Nos lançamentos por homologação, havendo ausência de pagamento, o prazo de decadência é contado a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. IPI. CRÉDITO. PRODUTOS COM NOTAÇÃO NT. O princípio da não cumulatividade aplicase apenas aos produtos incluídos no campo de incidência do IPI, inexistindo direito ao crédito do imposto nas aquisições de insumos aplicados na fabricação de produtos classificados na TIPI como não tributado NT. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido O contribuinte foi cientificado em 02/10/2013 e interpôs recurso voluntário em 30/10/2013, reprisando as alegações já deduzidas na impugnação e alegando ainda: Fl. 2380DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 27/02 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 16682.720265/201016 Acórdão n.º 3302002.860 S3C3T2 Fl. 2.381 4 1. Que o Ato Declaratório Interpretativo nº 5, de 2006, não é interpretativo; 2. Que o estorno dos créditos extemporâneos constante do Livro de Apuração de IPI relativo a março de 2006 ocorreu por ter a recorrente entendido pela decadência do direito de utilização de tais créditos e não por entender serem indevidos. Ao final, pediu o cancelamento do lançamento. Na sessão de 19/08/2014, este colegiado proferiu o Acórdão nº 3302 002.677, anulando a decisão recorrida pela falta de apreciação da impugnação apresentada por responsável solidário. A Quarta Turma da DRJ em Salvador proferiu nova decisão, cuja ementa transcrevese: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/10/2005 a 31/12/2005 DECADÊNCIA. Nos lançamentos por homologação, havendo ausência de pagamento, o prazo de decadência é contado a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA. A pessoa jurídica que absorver parcela do patrimônio da sociedade cindida responderá solidariamente pelas obrigações contraídas até a data da cisão, em relação ao crédito tributário. IPI. CRÉDITO. PRODUTOS COM NOTAÇÃO NT. O princípio da não cumulatividade aplicase apenas aos produtos incluídos no campo de incidência do IPI, inexistindo direito ao crédito do imposto nas aquisições de insumos aplicados na fabricação de produtos classificados na TIPI como não tributado NT. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Novamente, as recorrentes apresentaram recursos voluntários tempestivos, reprisando as alegações já deduzidas anteriormente. Na forma regimental, o processo foi distribuído a este relator. É o relatório. Voto Fl. 2381DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 27/02 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 16682.720265/201016 Acórdão n.º 3302002.860 S3C3T2 Fl. 2.382 5 Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède. Os recursos voluntários atendem aos pressupostos de admissibilidade e deles tomo conhecimento. O Auto de Infração foi lavrado em face de dois sujeitos passivos, a IPIRANGA PRODUTOS DE PETROLEO S.A., CNPJ 33.337.122/014187, doravante denominada IPP, na condição de contribuinte, e CHEVRON BRASIL LUBRIFICANTES LTDA, CNPJ 05.524.572/001084, doravante denominada CBLL, na condição de responsável solidária. Os recursos interpostos suscitaram basicamente as mesmas razões, diferenciandose apenas pela preliminar de erro na identificação de sujeito passivo argüida pela CBLL. Esta preliminar foi apreciada por este colegiado, no julgamento do processo 16682.720110/201241, cujo excerto do voto do Acórdão nº 3302002.675, abaixo reproduzido, adotase como razão de decidir, nos termos do art. 50, §1º da Lei nº 9.784/99: "No Termo de Verificação Fiscal, fls. 6.985 a 7.030, 1 está assentado que a antiga CBL, atual IPP e sujeito passivo na condição de contribuinte, após reorganização societária ocorrida em 2008, mantevese com as atividades de distribuição de combustíveis no Brasil e transferiu os ativos e passivos decorrentes das operações com lubrificantes para a CBLL. A autoridade fiscal entendeu que a operação correspondeu, efetivamente, a uma cisão parcial, nos termos dos artigos 229 e 233 da Lei nº 6.404, de 1976. Decorrente da operação de cisão, entendeu a autoridade fiscal pela responsabilidade solidária entre a sociedade parcialmente cindida, no caso a CBL, atual IPP, e a sociedade que recebeu parcela de seu patrimônio, no caso a CBLL, por aplicação do artigo 5º do Decretolei nº 1.598, de 1977. Concluiu, então, a fiscalização, que a CBLL possui responsabilidade solidária quanto aos débitos de IPI aqui lançados, em razão de os fatos geradores terem ocorrido em data anterior ao evento. Por sua vez, a CBLL, cientificada como responsável solidária, afirma em sua peça recursal que não houve cisão parcial, mas reorganização societária do Grupo Chevron, em vista da qual a CBL, atual IPP, transferiu seu negócio de fabricação, comercialização e importação de lubrificantes à CBLL, recebendo em contrapartida quotas representativas do capital social da CBLL. A CBL passou de detentora de elementos (um conjunto de ativos e passivos) relacionados com a produção, comercialização e importação de graxas e lubrificantes a quotista majoritária da CBLL. Posteriormente, a CBL retirouse da sociedade em 30/12/2008, transferindo a totalidade de suas quotas à sócia remanescente. 1 Corresponde às folhas 1810 a 1833. Fl. 2382DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 27/02 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 16682.720265/201016 Acórdão n.º 3302002.860 S3C3T2 Fl. 2.383 6 O documento juntado aos autos nas fls. 6930 a 6943 contém resposta da IPP, extraída do processo 16682.720715/201151, informando que a CBL, atual IPP, “transferiu ao patrimônio da CHEVRON BRASIL LUBRIFICANTES LTDA (CBLL), a totalidade de seus ativos e passivos relacionados às atividades de produção, comercialização e importação de lubrificantes e graxas. Tais elementos ativos e passivos relacionados à atividade de fabricação e importação de lubrificantes foram transferidos à CBLL mediante a integralização de aumento de capital da CBLL, totalmente subscrito pela CBL”. As operações informadas foram delineadas nos instrumentos de alteração contratual, conforme descrito a seguir, fls. 7.236 a 7.465. A 11º Alteração de Contrato Social da CBLL, em 18/08/2008 e retificada pela 12º Alteração Contratual, estipulou que a CBL e Chevron Latin América Marketing LLC – doravante denominada CLAM aumentariam o capital social da CBLL de R$ 203.000,00 para R$ 21.681.212,00, sendo as novas quotas totalmente subscritas e integralizadas pela CBL, mediante a conferência dos bens descritos e caracterizados no Laudo de Avaliação Patrimonial datado de 31/07/2008, a saber: um imóvel e todas as acessões, benfeitorias, acessórios, equipamentos e demais elementos ativos e passivos relacionados às atividades de fabricação de lubrificantes desenvolvidas no imóvel, cuja avaliação resultou em R$ 21.478.317,22 (correspondente ao aumento de capital, com diferença de R$ 105,22 levada à conta de adiantamento para futuro aumento de capital), com base em balanço patrimonial da CBL, levantado em 31/07/2008. A 12º Alteração de Contrato Social da CBLL, em 17/10/2008, promoveu novo aumento, passando de R$ 21.478.212,00 para R$ 46.981.508,00, subscrito e integralizado pela CBL, com a conferência de outro imóvel e bens acessórios de acordo com Laudo Avaliação datado de17/10/2008, conforme balanço levantado em 17/10/2008. Por sua vez, a 13º Alteração do Contrato Social da CBLL, em 25/11/2008, promoveu novo aumento para R$ 251.816.831,00, subscrito e integralizado pela CBL, mediante a conferência de imóvel e demais elementos de ativo e passivo, incluindo estoques de matériasprimas e lubrificantes, estoques em transito, disponibilidades em banco, conforme Laudo de Avaliação datado de 25/11/2008 e Balanço Patrimonial levantado em 25/11/2008. Por outro lado, a 19º Alteração de Contrato Social da CBL, atual IPP, em 09/12/2008, reduziu seu capital social em R$ 494.623.062,98, sendo este restituído à Chevron Latin América na forma de quotas e ações de diversas empresas, dentre elas, da CBLL correspondente ao valor contábil de R$ 251.812.771,00, repercutindo na 14º Alteração Contratual da CBLL, em 30/12/2008, com a retirada da CBL da CBLL, pela cessão e Fl. 2383DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 27/02 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 16682.720265/201016 Acórdão n.º 3302002.860 S3C3T2 Fl. 2.384 7 transferência da totalidade de suas quotas no valor de R$ 251.812.771,00 para a Chevron Latin América. O Laudo de Avaliação datado de 25/11/2008 dispôs sobre a avaliação de bens, direitos e obrigações, incluindo caixa, inventário, equipamentos e imóveis a serem incorporados ao capital social da CBLL, de acordo com os artigos 8º e 183 da Lei nº 6.404, de 1976. Descritas as operações, passase à análise da ocorrência de cisão parcial. A Lei nº 6.404, de 1976, dispõe acerca da matéria em seus artigos 223 a 234, especialmente nos artigos 223, 229 e 233: Art. 223. A incorporação, fusão ou cisão podem ser operadas entre sociedades de tipos iguais ou diferentes e deverão ser deliberadas na forma prevista para a alteração dos respectivos estatutos ou contratos sociais. § 1º Nas operações em que houver criação de sociedade serão observadas as normas reguladoras da constituição das sociedades do seu tipo. § 2º Os sócios ou acionistas das sociedades incorporadas, fundidas ou cindidas receberão, diretamente da companhia emissora, as ações que lhes couberem. ... Art. 227. A incorporação é a operação pela qual uma ou mais sociedades são absorvidas por outra, que lhes sucede em todos os direitos e obrigações. § 1º A assembléiageral da companhia incorporadora, se aprovar o protocolo da operação, deverá autorizar o aumento de capital a ser subscrito e realizado pela incorporada mediante versão do seu patrimônio líquido, e nomear os peritos que o avaliarão. § 2º A sociedade que houver de ser incorporada, se aprovar o protocolo da operação, autorizará seus administradores a praticarem os atos necessários à incorporação, inclusive a subscrição do aumento de capital da incorporadora. § 3º Aprovados pela assembléiageral da incorporadora o laudo de avaliação e a incorporação, extinguese a incorporada, competindo à primeira promover o arquivamento e a publicação dos atos da incorporação. ... Art. 229. A cisão é a operação pela qual a companhia transfere parcelas do seu patrimônio para uma ou mais sociedades, constituídas para esse fim ou já existentes, extinguindose a companhia cindida, se houver versão de todo o seu patrimônio, ou dividindose o seu capital, se parcial a versão. Fl. 2384DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 27/02 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 16682.720265/201016 Acórdão n.º 3302002.860 S3C3T2 Fl. 2.385 8 § 1º Sem prejuízo do disposto no artigo 233, a sociedade que absorver parcela do patrimônio da companhia cindida sucede a esta nos direitos e obrigações relacionados no ato da cisão; no caso de cisão com extinção, as sociedades que absorverem parcelas do patrimônio da companhia cindida sucederão a esta, na proporção dos patrimônios líquidos transferidos, nos direitos e obrigações não relacionados. § 2º Na cisão com versão de parcela do patrimônio em sociedade nova, a operação será deliberada pela assembléiageral da companhia à vista de justificação que incluirá as informações de que tratam os números do artigo 224; a assembléia, se a aprovar, nomeará os peritos que avaliarão a parcela do patrimônio a ser transferida, e funcionará como assembléia de constituição da nova companhia. § 3º A cisão com versão de parcela de patrimônio em sociedade já existente obedecerá às disposições sobre incorporação (artigo 227). § 4º Efetivada a cisão com extinção da companhia cindida, caberá aos administradores das sociedades que tiverem absorvido parcelas do seu patrimônio promover o arquivamento e publicação dos atos da operação; na cisão com versão parcial do patrimônio, esse dever caberá aos administradores da companhia cindida e da que absorver parcela do seu patrimônio. § 5º As ações integralizadas com parcelas de patrimônio da companhia cindida serão atribuídas a seus titulares, em substituição às extintas, na proporção das que possuíam; a atribuição em proporção diferente requer aprovação de todos os titulares, inclusive das ações sem direito a voto. (Redação dada pela Lei nº 9.457, de 1997) A operação realizada e descrita pelas recorrentes correspondeu, efetivamente, à transferência de parte de ativos e passivos da CBL para a CBLL, mediante a subscrição e integralização do aumento de capital ocorrido na CBLL, no montante correspondente ao valor obtido em Laudos de Avaliação. O Laudo, de fls. 6.978 a 6.982, elaborado por três peritos, dispôs em seu item III que tal laudo era resultado do trabalho de avaliação de bens a serem incorporados na CBLL. A cisão parcial descrita na Lei da S/A corresponde à operação realizada, ou seja, versão de parcela do patrimônio (ativos e passivos) de uma empresa – CBL – para outra já existente – CBLL – a qual deve promover o aumento de capital a ser subscrito e integralizado pela cindida (no caso a CBL), mediante a versão deste patrimônio. Observase que antes da operação, a CBL era “controladora” da CBLL e era “controlada” pela CLAM, a qual passou a controlar diretamente a CBLL, pela cessão de quotas de que trata sua 14º Alteração Contratual (da CBLL). Assim, de fato, a CLAM que controlava a CBL diretamente e a CBLL indiretamente, passou a controlar ambas diretamente. A Fl. 2385DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 27/02 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 16682.720265/201016 Acórdão n.º 3302002.860 S3C3T2 Fl. 2.386 9 representante legal e diretora das empresas envolvidas na operação era a mesma pessoa Maria Helena Cavalcanti Martins. Trata a operação de aquisição de negócio entre empresa sob controle comum, cujos ativos e passivos foram avaliados a saldos contábeis e não a valores de mercado. O Manual de Contabilidade Societária2 descreve a operação similar como cisão parcial, conforme transcrito abaixo: “Suponhamos uma empresa de tecnologia de informação (fabricação e venda de equipamentos de informática), que também presta serviços de desenvolvimento de sistemas de alta plataforma, deseje separar essas operações. Na database que foi decidida pelos acionistas para a operação de cisão, essa empresa tinha a seguinte posição patrimonial: ... Com base nesse balanço, os acionistas decidiram alocar à nova empresa os ativos e passivos ligados à operação que está sendo transferida, de forma que cada uma permaneça, após a cisão, com os ativos e passivos correspondentes, como se já existisse uma contabilidade divisional, segregando tais ativos e passivos, bem como os resultados e a posição patrimonial por operação.” Citase, ainda, Acórdão nº 140100.155, processo 19515.001895/200711, que considerou operação similar como cisão parcial (fls. 11 a 13 do voto vencido, não em relação a esta matéria) “REESTRUTURAÇÃO SOCIETÁRIA. FORMAÇÃO PATRIMONIAL DA RIOCELL. Conforme afirmação da Recorrente, a empresa, à época dos fatos, encontravase em dificil situação financeira, fato este que levou a Recorrente a buscar uma organização societária mais dinâmica, menos burocrática e que resultasse em economia de custos e despesas. Confirase o item 2 "Reestruturação Societária" das Notas Explicativas das Demonstrações Financeiras de 2002: ... Seguindo em frente, analiso a forma de integralização do capital social da Riocell. Quando os acionistas aprovaram um aumento de capital social da Riocell S.A no montante de R$ 91.755380,00 (noventa e um milhões, setecentos e cinqüenta e cinco mil e trezentos e oitenta reais), as ações foram integralmente subscritas e integralizadas pela Klabin SA,. Na integralização, a Recorrente entregou "bens, direitos e obrigações" da Unidade Industrial de Guaíba, em valor compatível, conforme laudo emitido por perito avaliador independente. Salta aos olhos, no 2 IUDÍCIBUS, Sérgio. MARTINS, Eliseu. GELBCKE, Ernesto Rubens. SANTOS, Ariovaldo do. Manual de Contabilidade Societária Aplicável a todas as sociedades. São Paulo, Editora Atlas, 2010. p. 414 Fl. 2386DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 27/02 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 16682.720265/201016 Acórdão n.º 3302002.860 S3C3T2 Fl. 2.387 10 entanto, que obrigação, ou seja, passivo, tenha sido dada como pagamento para formação do ativo de uma empresa e como forma de integralização do seu capital social. Na verdade, mediante a conferência dos bens, direitos e obrigações, temse, que restou configurada não a integralização de capital social propriamente dito, mas sim uma cisão da Recorrente, com a atribuição de seu "acervo líquido" para a empresa Riocell. Isso porque, a Recorrente pretendeu entregar, como integralização do capital social, ativos e Passivos relacionados à Unidade Industrial de Guaíba. Ora, não há como integralizar o capital social da empresa com obrigações. De fato, conforme o art. 7º da Lei das SA, "o capital social poderá ser formado com contribuições em dinheiro ou em qualquer espécie de bens suscetíveis de avaliação em dinheiro". Ora, obrigações não são patrimônio susceptíveis a integralizar o capital social. Verificase, assim que, na verdade, foi transferido para Riocell S.A o chamado "Acervo Líquido", composto por ativos e passivos de parte da Klabin SÃ, relacionados à Unidade Industrial de Guaíba, Ou seja, em verdade, a Klabin S.A foi cindida, contrariando os objetivos gerais traçados pela companhia em 2002, qual seja, o de concentrar as operações em uma só empresa. Por outro lado, resta encontrar um fundamento que justifique a cisão da Klabin S.A operação em sentido divergente com as políticas traçadas pela própria empresa, que não se relacione à mera economia de tributo posteriormente percebida.” Tanto na integralização de quotas como de ações deve ser realizada mediante dinheiro ou bens, suscetíveis de avaliação em dinheiro, sendo que a versão de ativos e passivos não se amolda à mera integralização de capital, mas a cisão parcial: Lei nº 6.404, de 1976: Art. 7º O capital social poderá ser formado com contribuições em dinheiro ou em qualquer espécie de bens suscetíveis de avaliação em dinheiro Lei nº 10.406, de 2002 Art. 997. A sociedade constituise mediante contrato escrito, particular ou público, que, além de cláusulas estipuladas pelas partes, mencionará: I nome, nacionalidade, estado civil, profissão e residência dos sócios, se pessoas naturais, e a firma ou a denominação, nacionalidade e sede dos sócios, se jurídicas; II denominação, objeto, sede e prazo da sociedade; Fl. 2387DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 27/02 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 16682.720265/201016 Acórdão n.º 3302002.860 S3C3T2 Fl. 2.388 11 III capital da sociedade, expresso em moeda corrente, podendo compreender qualquer espécie de bens, suscetíveis de avaliação pecuniária; Portanto, caracterizada a operação de cisão, a responsabilidade tributária resta configurada nos termos do artigo 5º, §1º, alínea “b” do Decretolei nº 1.598, de 1977, que assim dispõe: Art 5º Respondem pelos tributos das pessoas jurídicas transformadas, extintas ou cindidas: (Vide) I a pessoa jurídica resultante da transformação de outra; II a pessoa jurídica constituída pela fusão de outras, ou em decorrência de cisão de sociedade; III a pessoa jurídica que incorporar outra ou parcela do patrimônio de sociedade cindida; IV a pessoa física sócia da pessoa jurídica extinta mediante liquidação que continuar a exploração da atividade social, sob a mesma ou outra razão social, ou sob firma individual; V os sócios com poderes de administração da pessoa jurídica que deixar de funcionar sem proceder à liquidação, ou sem apresentar a declaração de rendimentos no encerramento da liquidação. § 1º Respondem solidariamente pelos tributos da pessoa jurídica: a) as sociedades que receberem parcelas do patrimônio da pessoa jurídica extinta por cisão; b) a sociedade cindida e a sociedade que absorver parcela do seu patrimônio, no caso de cisão parcial; c) os sócios com poderes de administração da pessoa extinta, no caso do item V." Rejeitase, portanto, a preliminar de erro na identificação do sujeito passivo e a nulidade da autuação alegada pela CBLL, passandose às demais questões. Decadência do direito de lançar relativo ao período de 1º/10/2005 a 10/12/2005 As recorrentes propugnam pela aplicação do artigo 150, §4º do CTN, entendendo ser irrelevante a existência ou não de pagamentos antecipados, e que a única justificativa para excepcionar a aplicação do referido artigo é ocorrência de dolo, fraude ou simulação. Concernente ao direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário, temse que a matéria encontrase pacificada no STJ, com o julgamento do REsp 973.733/SC, submetido à sistemática prevista no artigo 543C do CPC (recursos repetitivos). Esta decisão definitiva deve ser reproduzida nos julgamentos deste Conselho, por força da aplicação do artigo 62A do Anexo II do RICARF. Transcrevese a ementa: Fl. 2388DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 27/02 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 16682.720265/201016 Acórdão n.º 3302002.860 S3C3T2 Fl. 2.389 12 PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege Fl. 2389DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 27/02 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 16682.720265/201016 Acórdão n.º 3302002.860 S3C3T2 Fl. 2.390 13 de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deuse em 26.03.2001. 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial qüinqüenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. Assim, o prazo decadencial para a constituição do crédito tributário dos tributos sujeitos a pagamento antecipado (lançamento por homologação) regese pelo art. 150, §4º do CTN, quando ocorre pagamento antecipado inferior ao efetivamente devido, sem que o contribuinte tenha incorrido em dolo, fraude ou simulação. Inexistindo pagamento ou ocorrendo dolo, fraude ou simulação, o prazo passa a ser regido pelo art. 173, inciso I do CTN (primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado), ou seu parágrafo único, se verificada a existência de medidas preparatórias indispensáveis ao lançamento. Neste caso concreto, não houve qualquer pagamento antecipado, fato reconhecido pela recorrente, de acordo com o item 36 do Termo de Verificação Fiscal. Concluise que, tendo o contribuinte IPP sido cientificado do Auto de Infração em 27/12/2010, não houve decurso do prazo decadencial para a constituição de crédito tributário de IPI relativo a dezembro de 2005, pois que se extinguiu em 31/12/2011. Direito ao creditamento do IPI relativo às matériasprimas, produtos intermediários e materiais de embalagem utilizados na industrialização de produtos não tributados As recorrentes fundamentaram o direito ao creditamento do IPI relativo às aquisições de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem utilizados na industrialização de produtos classificados na TIPI com a notação NT, no princípio da não cumulatividade insculpido no artigo 153, §3º inciso II da Constituição Federal, e, ainda, na aplicação do artigo 11 da Lei nº 9.779, de 1999 e da IN SRF nº 33, de 1999; aduzindo que o Ato Declaratório Interpretativo SRF nº 5, de 2006, não é interpretativo e representa mudança de critério jurídico e não pode ser aplicado retroativamente, entre outros. Entretanto, impende esclarecer que esta matéria está pacificada no âmbito do CARF, a teor da Súmula CARF nº 20, de observância obrigatória pelos membros deste conselho, conforme disposto no artigo 72 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 25 de junho de 2009, cujo enunciado transcrevese: Não há direito aos créditos de IPI em relação às aquisições de insumos aplicados na fabricação de produtos classificados na TIPI como NT. Fl. 2390DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 27/02 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 16682.720265/201016 Acórdão n.º 3302002.860 S3C3T2 Fl. 2.391 14 Transcrevese voto do Acórdão nº 20400.488, proferido pela Quarta Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes, utilizado como um dos paradigmas para elaboração do enunciado da referida súmula: “Sem reparos a decisão vergastada. A questão é simples e decorre de expressa disposição legal. Primeiro, gizo que não há controvérsia quanto ao fato de que os produtos a que a empresa dá saída, frutas em geral, são classificadas como NT na TIPI. Com base nas transcrições do RIPI/98 feitas na r. decisão, resta evidenciado que a legislação do IPI exclui do campo de incidência deste imposto os produtos classificados como NT. Em conseqüência, mesmo que sobre estes produtos seja executada alguma operação que possa ser considerada como industrialização, no caso o alegado beneficiamento, resta não atendido o pressuposto para tal que é o fato de o produto estar dentro do campo de incidência do IPI, eis que os produtos classificados como NT estão fora deste, como expresso no artigo 13 da Lei n° 9.493/97, norma reproduzida à fl. 55, no Parecer SORAT da DRF em Petrolina PE. Portanto, se tais produtos estão fora do campo de incidência do IPI, mesmo que haja beneficiamento das frutas, como parece ser o caso, em relação a esta operação o estabelecimento beneficiador não é industrial, desta forma não havendo direito a qualquer crédito na sua entrada, até porque não há destaque algum de IPI nessas operações e não há decisão alguma do STF que respalde creditamento de IPI de produtos NT, pelo que não há incidência da norma estatuída do artigo 11 da Lei n° 9.779, já que lhe falece legitimidade para creditarse dos valores de IPI, se créditos houvesse.” Portanto, desnecessário o debate sobre o direito ao creditamento IPI em relação às aquisições de insumos utilizados em produtos com notação NT, pois, em vista da edição da súmula acima mencionada, não há direito ao creditamento pleiteado. Diante do exposto, voto para negar provimento aos recursos voluntários. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 2391DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 27/02 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 16682.720265/201016 Acórdão n.º 3302002.860 S3C3T2 Fl. 2.392 15 Fl. 2392DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 27/02 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE
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Numero do processo: 16095.720120/2013-88
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 27 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Fri Feb 06 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/05/2008 a 31/05/2008, 01/06/2008 a 30/06/2008, 01/09/2008 a 30/09/2008
CRÉDITO PRESUMIDO DO IPI REGULARMENTE ESCRITURADO. SALDO CREDOR TRANSFERIDO PARA O PERÍODO SEGUINTE. APROVEITAMENTO. PRAZO.
O legítimo saldo credor de IPI apurado em um período, decorrente de crédito presumido ou crédito básico regularmente escriturado, é sempre e irrestritamente utilizável para deduzir o IPI devido pelas saídas de produtos do estabelecimento do contribuinte nos períodos subsequentes, independente de prazo.
JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA.
O crédito tributário, quer se refira a tributo quer seja relativo à penalidade pecuniária, não pago no respectivo vencimento, está sujeito à incidência de juros de mora, calculado à taxa Selic até o mês anterior ao pagamento, e de um por cento no mês de pagamento.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 3302-002.831
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado em dar provimento parcial ao recurso voluntário, nos seguintes termos: 1)- por unanimidade de votos, para reconhecer a prescrição dos créditos presumidos de IPI extemporâneos, escriturados após 5 (cinco) anos; 2)- por maioria de votos, para reconhecer o direito de deduzir débitos, independentemente de prazo, de créditos de IPI regularmente escriturados. Vencidos, nesta parte, Paulo Guilherme Déroulède (relator) e Maria da Conceição Arnaldo Jacó; 3)- pelo voto de qualidade, para manter a incidência de juros de mora sobre a multa de ofício. Vencidos, nesta parte, Fabiola Cassiano Keramidas, Antonio Mário de Abreu Pinto e Gileno Gurjão Barreto. Designado o conselheiro Walber José da Silva para redigir o voto vencedor em relação à matéria do item 2.
(assinado digitalmente)
Walber José da Silva - Presidente e Redator Designado
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walber José da Silva (Presidente), Gileno Gurjão Barreto (Vice-Presidente), Fabíola Cassiano Keramidas, Antonio Mário de Abreu Pinto, Maria da Conceição Arnaldo Jacó e Paulo Guilherme Déroulède.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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Acordam os membros do Colegiado em dar provimento parcial ao recurso voluntário, nos seguintes termos: 1) por unanimidade de votos, para reconhecer a prescrição dos créditos presumidos de IPI extemporâneos, escriturados após 5 (cinco) anos; 2) por maioria de votos, para reconhecer o direito de deduzir débitos, independentemente de prazo, de créditos de IPI regularmente escriturados. Vencidos, nesta parte, Paulo Guilherme Déroulède (relator) e Maria da Conceição Arnaldo Jacó; 3) pelo voto de qualidade, para manter a incidência de juros de mora sobre a multa de ofício. Vencidos, nesta parte, Fabiola Cassiano AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 09 5. 72 01 20 /2 01 3- 88 Fl. 2678DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 16095.720120/201388 Acórdão n.º 3302002.831 S3C3T2 Fl. 3 2 Keramidas, Antonio Mário de Abreu Pinto e Gileno Gurjão Barreto. Designado o conselheiro Walber José da Silva para redigir o voto vencedor em relação à matéria do item 2. (assinado digitalmente) Walber José da Silva Presidente e Redator Designado (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walber José da Silva (Presidente), Gileno Gurjão Barreto (VicePresidente), Fabíola Cassiano Keramidas, Antonio Mário de Abreu Pinto, Maria da Conceição Arnaldo Jacó e Paulo Guilherme Déroulède. Relatório Trata o presente de Auto de Infração para constituição de crédito tributário de IPI, relativo aos períodos de maio, junho e setembro de 2008, em razão da glosa de créditos presumidos extemporâneos de IPI, por utilização após o prazo prescricional, resultando em saldos devedores de IPI. Por bem retratar a realidade dos fatos, transcrevese o relatório do acórdão ora recorrido: “Contra o estabelecimento em epígrafe foi lavrado o auto de infração de fls. 2409/2421, para exigir R$ 9.332.357,52 referente ao Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), juros de mora calculados até 30/06/2013 e multa proporcional, que em função da glosa de créditos, foram apurados saldos devedores de IPI, os quais a contribuinte não havia declarado ou recolhido. Consta no Termo de Verificação e Constatação de Irregularidades Fiscais de fls. 2403/2408 em síntese que: 1. A contribuinte apurou créditos presumidos de IPI referentes ao período de apuração 4o trimestre/2002 a 2o trimestre/2004, com base na Lei n° 9.363/1996, tendo sido apresentado as DCP Declarações de Crédito Presumido em 21/12/2007, no valor total de R$ 9.853.106,64. O valor lançado no Livro Registro Apuração de IPI, em maio de 2008, e contabilizado em 30/06/2008, foi de R$ 9.853.111,22, um valor ligeiramente maior do que o apurado nas DCP, com diferença de R$ 4,58. Verificou se ainda que o contribuinte exerceu o direito de Pedido de Ressarcimento de IPI, somente em relação aos créditos apurados nos períodos de apuração 4o trimestre/2003 a 2o trimestre/2004; 2. Nos termos da legislação relativa ao crédito presumido de IPI, os créditos apurados poderiam ser usados primeiramente, pela dedução do valor do IPI devido pelas operações no mercado interno do estabelecimento matriz da pessoa jurídica, e não existindo os débitos de IPI ou remanescendo saldo credor após o Fl. 2679DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 16095.720120/201388 Acórdão n.º 3302002.831 S3C3T2 Fl. 4 3 aproveitamento pela dedução, seria permitida a utilização, de conformidade com as normas sobre ressarcimento em espécie e compensação previstas em ato específico da SRF, desde que respeitado o prazo quinquenal, contados da data do ato ou fato do qual se originaram, conforme previsto no artigo 1o do Decreto n° 20.910, de 6 de janeiro de 1932; 3. Em relação aos créditos apurados nos períodos 4o trimestre/2002 e 1o trimestre/2003, referidos valores não poderiam ser lançados no Livro de Registro de Apuração de IPI em maio de 2008, visto que já haviam sido alcançados pela decadência. Desse modo, os referidos créditos foram glosados considerandose a data da escrituração, ou seja, maio de 2008; 4. Em relação aos períodos de apuração 2o trimestre/2003 e 3o trimestre/2003, os valores poderiam ser lançados em maio de 2008, para eventual redução do saldo devedor, ou na impossibilidade deste, ser solicitado o pedido de ressarcimento até 30/06/2008 e 30/09/2008, respectivamente, com o estorno do valor de pedido de ressarcimento; 5. Como não houve aproveitamento dos créditos presumidos de IPI na forma determinada pela legislação no prazo quinquenal, os referidos créditos atingidos pela decadência, foram glosados considerandose a data da prescrição, ou seja, 30/06/2008 e 30/09/2008. Tendo em vista a necessidade de reconstituição da escrita fiscal da contribuinte, decorrente das glosas de créditos do IPI, a fiscalização elaborou o Demonstrativo da Reconstituição da Escrita Fiscal de fls. 2422/2421, no qual foi apurado o imposto que deixou de ser recolhido. Regularmente cientificada, a contribuinte apresentou impugnação de fls. 2432/2484, instruída com os documentos de fls. 2485/2578, alegando, em síntese, o seguinte: 1. Preliminarmente, devese cancelar o Auto de Infração, tendo em vista a decadência do direito da fiscalização autuante constituir o crédito tributário; 2. No mérito, julgar improcedente o Auto de Infração e, conseqüentemente a exigência nele formulada, bem como a intimação nele contida acerca da retificação de saldos da escrita fiscal do estabelecimento autuado em conformidade com a planilha de reconstituição que faz parte integrante da autuação, em vista de os créditos presumidos de IPI terem sido legitimamente apropriados pela impugnante (fato incontroverso) e pela patente ausência de previsão legal para a pretensa glosa desses créditos, sendo que o reconhecimento do direito à sua utilização, pela via de dedução com débitos do próprio imposto, representa a obediência dos termos da legislação do IPI e, notadamente, a consagração da própria disciplina não cumulativa do imposto, sendo descabido cogitarse que referidos créditos foram atingidos pela prescrição; e Fl. 2680DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 16095.720120/201388 Acórdão n.º 3302002.831 S3C3T2 Fl. 5 4 3. Caso se entenda cabível a manutenção do crédito tributário lançado com imposição de multa de ofício de 75% no presente caso (o que se admite apenas a título de argumentação), seja cancelada a aplicação dos juros de mora sobre a multa de ofício, pela ausência de previsão legal expressa; 4. Ao final, protesta pela posterior juntada de quaisquer documentos necessários à cabal comprovação da improcedência da acusação e exigências imputadas à impugnante. A Décima Segunda Turma da DRJ em Ribeirão Preto proferiu o Acórdão nº 1448.654, nos termos da ementa que abaixo transcrevese: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados IPI Data do fato gerador: 31/05/2008, 30/06/2008, 30/09/2008 CRÉDITO PRESUMIDO DO IPI. APROVEITAMENTO. O direito ao aproveitamento do crédito presumido do IPI, mediante dedução do valor devido do mesmo imposto ou ressarcimento, prescreve em cinco anos, contados da data do encerramento do mês em que foi apurado referido crédito. DECADÊNCIA. GLOSA DE CRÉDITOS DO IPI. É correta a glosa de créditos indevidos há qualquer tempo, pois não ocorre fato gerador do tributo no momento do creditamento. O uso indevido do crédito é que gera conseqüências tributárias, pois ao usálo deixase de pagar o tributo devido, ocorrendo prazo de decadência apenas para o lançamento de débitos decorrente desta glosa. JUROS DE MORA A SOBRE MULTA DE OFÍCIO. Sendo a multa de ofício classificada como débito para com a União, decorrente de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, é regular a incidência dos juros de mora, a partir de seu vencimento. IMPUGNAÇÃO. PROVAS ADICIONAIS. PRECLUSÃO TEMPORAL. Tendo em vista a superveniência da preclusão temporal, é rejeitado o pedido de apresentação de provas suplementares, pois o momento propício para a defesa cabal é o da oferta da peça impugnatória. O contribuinte foi cientificado em 14/03/2014 e interpôs recurso voluntário em 27/03/2014, alegando, em síntese: 1. Preliminarmente, a decadência do direito de a fiscalização glosar os créditos apropriados pela recorrente em maio de 2008; 2. No mérito, a impossibilidade da glosa pretendida, vez que afronta a natureza do incentivo do crédito presumido de IPI; Fl. 2681DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 16095.720120/201388 Acórdão n.º 3302002.831 S3C3T2 Fl. 6 5 3. A ausência de previsão legal para a glosa de crédito pretendida; 4. A inaplicabilidade dos juros Selic sobre a multa de ofício. Ao final, pede o cancelamento do lançamento e da intimação para retificação da escrita fiscal, ou, eventualmente, a inaplicabilidade dos juros de mora sobre a multa de ofício. Na forma regimental, o processo foi distribuído a este relator. É o relatório. Voto Vencido Em Parte. Conselheiro PAULO GUILHERME DÉROULÈDE, Relator. O recurso voluntário atende aos pressupostos de admissibilidade e dele tomo conhecimento. Antes de adentrar nas razões deduzidas na peça recursal, a recorrente pede que sejam desconsiderados quaisquer argumentos utilizados pela DRJ que extrapolem a discussão sobre a forma de utilização dos créditos presumidos de IPI, sob pena de modificação da acusação fiscal e nulidade da decisão. Além disso, informa que a DRJ não enfrentou as citações doutrinárias e jurisprudenciais apresentadas na impugnação, reiterandoas no recurso voluntário, bem como tece comentários sobre o princípio da verdade material e o da ampla defesa. Esclareçase que não se vislumbra qualquer nulidade na decisão atacada, pois que não houve inovação na fundamentação do Auto de Infração, tendo o colegiado a quo se restringido sua decisão à prescrição do direito ao aproveitamento dos créditos presumidos de IPI. Quanto à citação de doutrina, não há necessidade de o julgador rebater um a um os argumentos deduzidos, bastando que a decisão seja suficientemente fundamentada, em observância do princípio do livre convencimento motivado. A DRJ apenas explicou a vinculação de suas decisões aos atos normativos da Administração Tributária, em detrimento de decisões administrativas ou judiciais que não possuam efeito vinculante. Neste sentido, cita se o Acórdão nº 3202001.369, proferido pela Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção de Julgamento: ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário:1987, 1990 NORMAS PROCESSUAIS. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONTRADIÇÃO. INEXISTÊNCIA. Não havendo omissão, contradição ou obscuridade no acórdão proferido, devem ser rejeitados os embargos opostos. Os embargos de declaração não se prestam a mera manifestação de Fl. 2682DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 16095.720120/201388 Acórdão n.º 3302002.831 S3C3T2 Fl. 7 6 inconformismo com a decisão prolatada ou à rediscussão dos fundamentos do julgado, uma vez que não se trata do remédio processual adequado para reexame da lide. O livre convencimento do julgador permite que a decisão proferida seja fundamentada com base no argumento que entender cabível, não sendo necessário que se responda a todas as alegações das partes, quando já se tenha encontrado motivo suficiente para fundar a decisão, nem se é obrigado a aterse aos fundamentos indicados por elas ou a responder um a um todos os seus argumentos. Embargos de Declaração rejeitados. Adicionalmente, a recorrente alega a decadência do direito de a fiscalização glosar créditos apropriados em maio de 2008. Alega que a homologação de que trata o artigo 150, §4º do CTN, se refere à atividade exercida pelo sujeito passivo e independe de pagamento prévio. Defende ainda que, de acordo com o artigo 124, parágrafo único, inciso I1 do Decreto nº 4.544, de 2002 (RIPI/2002), a dedução dos débitos escriturados com créditos admitidos, sem resultar saldo credor a recolher, equivale a pagamento homologável. Relativamente ao prazo decadencial para a constituição de crédito tributário, a matéria encontrase pacificada no STJ, com o julgamento do REsp 973.733/SC, submetido à sistemática prevista no artigo 543C do CPC (recursos repetitivos), cuja decisão definitiva deve ser reproduzida nos julgamentos deste Conselho, por força da aplicação do artigo 62A do Anexo II do RICARF. Nos termos do julgamento do REsp 973.733/SC, o prazo decadencial para a constituição do crédito tributário dos tributos sujeitos a pagamento antecipado (lançamento por homologação) regese pelo art. 150, §4º do CTN, quando ocorre pagamento antecipado, ainda que inferior ao efetivamente devido, sem que o contribuinte tenha incorrido em dolo, fraude ou simulação. Inexistindo pagamento ou ocorrendo dolo, fraude ou simulação, o prazo passa a ser regido pelo art. 173, inciso I do CTN (primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado), ou seu parágrafo único, se verificada a existência de medidas preparatórias indispensáveis ao lançamento. Assim, a tese defendida pela recorrente de que a homologação do pagamento se refere à atividade exercida não encontra guarida no Superior Tribunal de Justiça. Entretanto, razão assiste à recorrente quanto à equiparação a pagamento homologável da dedução dos débitos escriturados com créditos admitidos, sem resultar saldo a recolher, nos termos do artigo 124 do RIPI/2002, vigente à época dos fatos: 1 Art. 124. Os atos de iniciativa do sujeito passivo, no lançamento por homologação, aperfeiçoamse com o pagamento do imposto ou com a compensação do mesmo, nos termos dos arts. 207 e 208 e efetuados antes de qualquer procedimento de ofício da autoridade administrativa (Lei nº 5.172, de 1966, art. 150 e § 1º, Lei nº 9.430, de 1996, arts. 73 e 74, e Medida Provisória nº 66, de 2002, art. 49). Parágrafo único. Considerase pagamento: I o recolhimento do saldo devedor, após serem deduzidos os créditos admitidos dos débitos, no período de apuração do imposto; II o recolhimento do imposto não sujeito a apuração por períodos, haja ou não créditos a deduzir; ou III a dedução dos débitos, no período de apuração do imposto, dos créditos admitidos, sem resultar saldo a recolher. Fl. 2683DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 16095.720120/201388 Acórdão n.º 3302002.831 S3C3T2 Fl. 8 7 Art. 124. Os atos de iniciativa do sujeito passivo, no lançamento por homologação, aperfeiçoamse com o pagamento do imposto ou com a compensação do mesmo, nos termos dos arts. 207 e 208 e efetuados antes de qualquer procedimento de ofício da autoridade administrativa (Lei nº 5.172, de 1966, art. 150 e § 1º, Lei nº 9.430, de 1996, arts. 73 e 74, e Medida Provisória nº 66, de 2002, art. 49). Parágrafo único. Considerase pagamento: I o recolhimento do saldo devedor, após serem deduzidos os créditos admitidos dos débitos, no período de apuração do imposto; II o recolhimento do imposto não sujeito a apuração por períodos, haja ou não créditos a deduzir; ou III a dedução dos débitos, no período de apuração do imposto, dos créditos admitidos, sem resultar saldo a recolher. Neste sentido, citase Acórdão nº 3403003.172, proferido pela Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção de Julgamento: DECADÊNCIA. TERMO INICIAL. DEDUÇÃO DE CRÉDITOS. SALDO CREDOR A dedução dos débitos, no período de apuração do IPI, dos créditos admitidos, de que resulta saldo credor equivale a pagamento e é hábil para deslocar a contagem do prazo decadencial para a regra do § 4º do art. 150 do CTN. Embora correta, esta tese defendida pela recorrente não se aplica ao caso presente, pois o prazo decadencial previsto no artigo 150, §4º e no artigo 173 do CTN se refere ao direito de constituir o crédito tributário e não de glosar o crédito escriturado. A glosa repercute na apuração do IPI quando o contribuinte o utiliza para dedução de débitos, gerando saldos devedores de IPI, estes sim sujeitos ao prazo decadencial para a constituição do crédito tributário. A ciência do Auto de Infração ocorreu em 26/06/2013 e o saldo devedor de IPI mais antigo, objeto deste lançamento, correspondeu ao fato gerador de março de 2009, portanto, dentro do prazo decadencial. De outro giro, a recorrente alega que a glosa do crédito presumido afronta o objetivo da norma que o instituiu, ou seja, a finalidade de incentivar a atividade de exportação e fere o princípio da nãocumulatividade do IPI. O crédito presumido de IPI de que trata o processo foi instituído pela Lei nº 9.363/96, com a finalidade de ressarcir as contribuições para o PIS/Pasep e Cofins incidentes na aquisição de insumos utilizados em processo produtivo pelas empresas produtoras e exportadoras: Art. 1º A empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais fará jus a crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados, como ressarcimento das Fl. 2684DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 16095.720120/201388 Acórdão n.º 3302002.831 S3C3T2 Fl. 9 8 contribuições de que tratam as Leis Complementares nos 7, de 7 de setembro de 1970, 8, de 3 de dezembro de 1970, e 70, de 30 de dezembro de 1991, incidentes sobre as respectivas aquisições, no mercado interno, de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, para utilização no processo produtivo. Parágrafo único. O disposto neste artigo aplicase, inclusive, nos casos de venda a empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação para o exterior. Art. 2o A base de cálculo do crédito presumido será determinada mediante a aplicação, sobre o valor total das aquisições de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem referidos no artigo anterior, do percentual correspondente à relação entre a receita de exportação e a receita operacional bruta do produtor exportador. § 1o O crédito fiscal será o resultado da aplicação do percentual de 5,37% sobre a base de cálculo definida neste artigo. (Vide Lei nº 10.637, de 2002) Tratase de crédito fiscal de incentivo à exportação, consistindo em direito contra a Fazenda Nacional, que nos termos do Decreto nº 20.910/1932, prescreve em cinco anos do ato ou fato que o originou: Art. 1º As dívidas passivas da União, dos Estados e dos Municípios, bem assim todo e qualquer direito ou ação contra a Fazenda federal, estadual ou municipal, seja qual for a sua natureza, prescrevem em cinco anos contados da data do ato ou fato do qual se originarem. Não há, portanto, afronta à finalidade da instituição do crédito presumido. A prescrição é a perda da pretensão do titular de um direito face à sua inércia em não exercêlo em determinado lapso temporal, prevista na legislação e reconhecida pela jurisprudência. Este exercício pode ser efetivado mediante dedução ou ressarcimento, conforme previsto no Decreto nº 4.544/2002 (RIPI/2002), em seus artigos 163, 195 e 196 e regulamentado pelo artigo 18 da IN SRF nº 313/2003: Art. 163. A nãocumulatividade do imposto é efetivada pelo sistema de crédito, atribuído ao contribuinte, do imposto relativo a produtos entrados no seu estabelecimento, para ser abatido do que for devido pelos produtos dele saídos, num mesmo período, conforme estabelecido neste Capítulo (Lei nº 5.172, de 1966, art. 49). § 1º O direito ao crédito é também atribuído para anular o débito do imposto referente a produtos saídos do estabelecimento e a este devolvidos ou retornados. § 2º Regemse, também, pelo sistema de crédito os valores escriturados a título de incentivo, bem assim os resultantes das situações indicadas no art. 178. [...] Fl. 2685DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 16095.720120/201388 Acórdão n.º 3302002.831 S3C3T2 Fl. 10 9 Art. 195. Os créditos do imposto escriturados pelos estabelecimentos industriais, ou equiparados a industrial, serão utilizados mediante dedução do imposto devido pelas saídas de produtos dos mesmos estabelecimentos (Constituição, art. 153, § 3º, inciso II, e Lei nº 5.172, de 1966, art. 49).(grifei) § 1º Quando, do confronto dos débitos e créditos, num período de apuração do imposto, resultar saldo credor, será este transferido para o período seguinte, observado o disposto no § 2º (Lei nº 5.172, de 1996, art. 49, parágrafo único, e Lei nº 9.779, de 1999, art. 11). § 2º O saldo credor de que trata o § 1º, acumulado em cada trimestrecalendário, decorrente de aquisição de MP, PI e ME, aplicados na industrialização, inclusive de produto isento ou tributado à alíquota zero ou imunes, que o contribuinte não puder deduzir do imposto devido na saída de outros produtos, poderá ser utilizado de conformidade com o disposto nos arts. 207 a 209, observadas as normas expedidas pela SRF (Lei nº 9.779, de 1999, art. 11). Art. 196. O direito à utilização do crédito a que se refere o art. 195 está subordinado ao cumprimento das condições estabelecidas para cada caso e das exigências previstas para a sua escrituração, neste Regulamento. IN SRF nº 313/2003: Art. 18. A utilização do crédito presumido darseá: (grifei) I – primeiramente, pela dedução do valor do IPI devido pelas operações no mercado interno do estabelecimento matriz da pessoa jurídica; II – a critério do estabelecimento matriz da pessoa jurídica, o saldo resultante da dedução descrita no inciso I poderá ser transferido, no todo ou em parte, para outros estabelecimentos industriais, ou equiparados a industrial, da mesma pessoa jurídica; III – não existindo os débitos de IPI referidos no inciso I ou remanescendo saldo credor após o aproveitamento na forma dos incisos I e II, é permitida a utilização, de conformidade com as normas sobre ressarcimento em espécie e compensação previstas em ato específico da SRF, a partir do primeiro dia subseqüente ao trimestrecalendário em que o crédito presumido tenha sido: A fruição do direito ao incentivo se dá pelas duas formas e, portanto, eventual prescrição deve atingir as duas possibilidades de utilização, embora reconheçase que, uma vez cumpridas as condições para o ressarcimento, é facultado ao contribuinte a manutenção do crédito incentivado na escrita fiscal com o objetivo de ser deduzido de futuros débitos, desde que dentro do prazo de cinco anos do mês em que foi apurado. Este é o entendimento de diversos acórdãos do STJ, cujas ementas transcrevemse: Fl. 2686DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 16095.720120/201388 Acórdão n.º 3302002.831 S3C3T2 Fl. 11 10 AgRg nos EREsp 449.008/SC: TRIBUTÁRIO CREDITAMENTO ESCRITURAL DE IPI ISENÇÃO E ALÍQUOTA ZERO PRESCRIÇÃO QÜINQÜENAL. 1. A Primeira Seção desta Corte pacificou o entendimento de que a prescrição para o creditamento de IPI por ser hipótese de aproveitamento de crédito decorrente da regra constitucional da nãocumulatividade, está sujeita ao prazo qüinqüenal. Agravo regimental improvido. RESp nº 1.241.856PR: RECURSO ESPECIAL DA FAZENDA NACIONAL. TRIBUTÁRIO. IPI. CRÉDITO PRESUMIDO. RECEITA DE EXPORTAÇÃO. VENDAS NÃO TRIBUTADAS. EXCLUSÃO PARA EFEITOS DE CÁLCULO. LEGALIDADE. PRECEDENTES. INSTRUÇÃO NORMATIVA SRF 23/97. CONDICIONAMENTO DO INCENTIVO FISCAL AOS INSUMOS ADQUIRIDOS DE FORNECEDORES SUJEITOS À TRIBUTAÇÃO PELO PIS E PELA COFINS. EXORBITÂNCIA DOS LIMITES IMPOSTOS PELA LEI ORDINÁRIA. MATÉRIA DECIDIDA NA SISTEMÁTICA DO ART. 543C DO CPC E DA RESOLUÇÃO STJ Nº 08/2008. CORREÇÃO MONETÁRIA. INCIDÊNCIA. EXERCÍCIO DO DIREITO DE CRÉDITO POSTERGADO PELO FISCO. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE CRÉDITO ESCRITURAL. TAXA SELIC. APLICAÇÃO . [...] 5. A prescrição, em ações que visam o recebimento de créditos de IPI a título de benefício fiscal a ser utilizado na escrita fiscal ou mediante ressarcimento, é quinquenal. Precedente representativo de controvérsia: REsp n.º 1.129.971/BA, Primeira Seção, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 24.2.10. (grifei). AgRg no RESp nº 1.240.435RS: TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. IPI. CRÉDITO PRESUMIDO. BASE DE CÁLCULO. CUSTOS RELATIVOS A ENERGIA ELÉTRICA E COMBUSTÍVEIS. PRESCRIÇÃO. PRAZO QUINQUENAL. DECRETO 20.910/32. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA Nº 1.129.971 BA. 1. Esta Corte já decidiu que não se pode computar os valores referentes à energia e ao combustível consumidos no processo de industrialização no cálculo do crédito presumido do IPI, pois tais substâncias não sofrem ou provocam ação direta mediante contato físico com o produto, de sorte que não integram o conceito de "matériasprimas" ou "produtos intermediários" para efeito da legislação do IPI. Precedentes: AgRg no REsp 1222847/PR, Ministro Herman Benajmin, Segunda Turma, DJe 01/04/2011; REsp 1049305/PR, Ministro Mauro Campbell Marques,Segunda Turma, DJe 31/03/2011; AgRg no REsp Fl. 2687DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 16095.720120/201388 Acórdão n.º 3302002.831 S3C3T2 Fl. 12 11 1000848/SC, Ministro Arnaldo Esteves Lima, Primeira Turma, DJe 20/10/2010. 2. Em se tratando de ações que visam o reconhecimento de créditos presumidos de IPI a título de benefício fiscal a ser utilizado na escrita fiscal ou mediante ressarcimento, a prescrição é qüinqüenal. Orientação fixada pela Primeira Seção, por ocasião do julgamento do recurso especial representativo da controvérsia: REsp. Nº 1.129.971 BA. 3. Agravo regimental não provido. RESp 980.020PE: PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. RESSARCIMENTO DE PIS/COFINS. ARTS 1º, 2º E 6º, DA LEI N. 9.363/96. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. ILEGALIDADE DO ART. 2º, §2º, DA INSTRUÇÃO NORMATIVA 23/97. LEGALIDADE DO ART. 17, §1º, DA INSTRUÇÃO NORMATIVA SRF N. 313/2003. CORREÇÃO MONETÁRIA. SÚMULA N. 411/STJ. COMPENSAÇÃO. REGIMES APLICÁVEIS. 1. A prescrição, em ações que visam o recebimento de créditos de IPI a título de benefício fiscal a ser utilizado na escrita fiscal ou mediante ressarcimento, é qüinqüenal. Precedente representativo da controvérsia: REsp. Nº 1.129.971 BA, Primeira Seção, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 24.2.2010. Demais precedentes da Primeira Seção: AgRg nos EREsp. Nº 911.522 PR, Primeira Seção, Rel. Min. Mauro Campbell Marques 13.8.2008; AgRg nos EREsp. Nº 693.047 PR, Primeira Seção, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 27.2.2008; AgRg nos EREsp. Nº 885.050 PR, Primeira Seção, Rel. Min. Castro Meira, julgado em 8.8.2007. [...] AgRg no RESP 1.000.848SC: TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. NÃO OCORRÊNCIA. IPI. CRÉDITO PRESUMIDO. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. APLICAÇÃO DO ART. 1º DO DL 20.910/32. ENERGIA ELÉTRICA, COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES. IMPOSSIBILIDADE DE CARACTERIZAÇÃO COMO INSUMOS PARA FINS DE CREDITAMENTO DO IMPOSTO. PRECEDENTES DO STJ. ALEGADA SUSPENSÃO TEMPORÁRIA INSTITUÍDA PELA MP 2.158/01 E MAJORAÇÃO DO CRÉDITOPRÊMIO DO IPI, EM FACE DE RESSARCIMENTO DE PIS/COFINS. ACÓRDÃO RECORRIDO ASSENTADO EM FUNDAMENTOS EMINENTEMENTE CONSTITUCIONAIS. AGRAVO NÃO PROVIDO. 1. Não há falar em ofensa ao art. 535, II, do CPC, quando o Tribunal de origem pronunciase de forma clara e suficiente Fl. 2688DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 16095.720120/201388 Acórdão n.º 3302002.831 S3C3T2 Fl. 13 12 sobre a questão posta nos autos, assentandose em fundamentos suficientes para embasar a decisão, não estando, desta forma, o magistrado obrigado a rebater, um a um, os argumentos trazidos pela parte. Precedentes do STJ. 2. O Superior Tribunal de Justiça firmou posicionamento no sentido de que é de cinco anos o prazo prescricional nas ações relativas ao aproveitamento de créditos de IPI decorrentes do mecanismo da não cumulatividade, porquanto não se trata de compensação ou de repetição de indébito tributário, aplicando se a regra estabelecida no Decreto 20.910/32. Citamse, na mesma linha de entendimento, acórdãos do antigo Conselho de Contribuintes: Acórdão nº 20178.503: IPI. CRÉDITOS EXTEMPORÂNEOS. PRESCRIÇÃO. A contagem do prazo de cinco anos para escrituração e aproveitamento dos créditos de IPI iniciase na data de entrada dos insumos que dão direito ao crédito. Acórdão nº 20179.792: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 02/01/1989 a 20/04/2000 Ementa: IPI. CRÉDITOS EXTEMPORÂNEOS. PRESCRIÇÃO. A contagem do prazo de cinco anos para escrituração e aproveitamento dos créditos de IP1 iniciase no final do período de apuração da entrada dos insumos que dão direito ao crédito. Acórdão nº 20401.923: CRÉDITO EXTEMPORÂNEO. APROVEITAMENTO. É permitida a utilização do crédito do IPI, escriturado de modo extemporâneo, desde que dentro do prazo prescricional de cinco anos, contado a partir da data da efetiva entrada dos produtos no estabelecimento industrial, e respeitadas as demais condições estabelecidas na legislação de regência. Concluise, portanto, que as glosas efetuadas em razão da prescrição do direito à utilização na escrita ou por ressarcimento são corretas. Por fim, quanto à incidência de juros de mora sobre a multa de ofício, analisase, inicialmente, a possibilidade de incidência de juros de mora sobre multas. O artigo 161 do CTN dispõe: Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. Fl. 2689DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 16095.720120/201388 Acórdão n.º 3302002.831 S3C3T2 Fl. 14 13 § 1º Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês. § 2º O disposto neste artigo não se aplica na pendência de consulta formulada pelo devedor dentro do prazo legal para pagamento do crédito. O crédito tributário decorre da obrigação principal e possui a mesma natureza desta, conforme disposto no art. 139 do Código. Esta, por sua vez, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extinguese juntamente com o crédito dela decorrente (artigos 113, §1º e 139 do CTN). Depreendese, assim, que o crédito tributário mencionado no artigo 161 do CTN abrange os tributos e as penalidades pecuniárias, sujeitandose à incidência dos juros de mora. A respeito, citase o Recurso Especial 1.129.990 PR (2009/00543162), julgado em 01/09/2009, de relatoria do Ministro Castro Meira: EMENTA TRIBUTÁRIO. MULTA PECUNIÁRIA. JUROS DE MORA. INCIDÊNCIA. LEGITIMIDADE. 1. É legítima a incidência de juros de mora sobre multa fiscal punitiva, a qual integra o crédito tributário. 2. Recurso especial provido. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, dar provimento ao recurso nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Humberto Martins, Herman Benjamin, Mauro Campbell Marques e Eliana Calmon votaram com o Sr. Ministro Relator. Brasília, 1º de setembro de 2009(data do julgamento). Transcrevese, ainda, excerto do voto condutor, esclarecedor da questão: “Da sistemática instituída pelo art. 113, caput e parágrafos, do Código Tributário NacionalCTN, extraise que o objetivo do legislador foi estabelecer um regime único de cobrança para as exações e as penalidades pecuniárias, as quais caracterizam e definem a obrigação tributária principal, de cunho essencialmente patrimonialista, que dá origem ao crédito tributário e suas conhecidas prerrogativas, como, a título de exemplo, cobrança por meio de execução distinta fundada em Certidão de Dívida AtivaCDA. A expressão "crédito tributário" é mais ampla do que o conceito de tributo, pois abrange também as penalidades decorrentes do descumprimento das obrigações acessórias. Fl. 2690DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 16095.720120/201388 Acórdão n.º 3302002.831 S3C3T2 Fl. 15 14 Em sede doutrinária, ensina o Desembargador Federal Luiz Alberto Gurgel de Faria que, "havendo descumprimento da obrigação acessória, ela se converte em principal relativamente à penalidade pecuniária (§ 3º), o que significa dizer que a sanção imposta ao inadimplente é uma multa, que, como tal, constitui uma obrigação principal, sendo exigida e cobrada através dos mesmos mecanismos aplicados aos tributos " (Código Tributário Nacional Comentado: Doutrina e Jurisprudência, Artigo por Artigo. Coord.: Vladimir Passos de Freitas. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2ª ed., 2004, p. 546). De maneira simplificada, os juros de mora são devidos para compensar a demora no pagamento. Verificado o inadimplemento do tributo, advém a aplicação da multa punitiva que passa a integrar o crédito fiscal, ou seja, o montante que o contribuinte deve recolher ao Fisco. Se ainda assim há atraso na quitação da dívida, os juros de mora devem incidir sobre a totalidade do débito, inclusive a multa que, neste momento, constitui crédito titularizado pela Fazenda Pública, não se distinguindo da exação em si para efeitos de recompensar o credor pela demora no pagamento. Em suma, o crédito tributário compreende a multa pecuniária, o que legitima a incidência de juros moratórios sobre a totalidade da dívida. Rematando, confirase a lição de Bruno Fajerstajn, encampada por Leandro Paulsen (Direito Tributário Constituição e Código Tributário à Luz da Doutrina e da Jurisprudência. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 9ª ed., 2007, p. 1.027 1.028): "A partir da redação do dispositivo, fica evidente que os tributos não podem corresponder à aplicação de sanção pela prática de ato ilícito, diferentemente da penalidade, a qual, em sua essência, representa uma sanção decorrente do descumprimento de uma obrigação. A despeito das diferenças existentes entre os dois institutos, ambos são prestações pecuniárias devidas ao Estado. E no caso em estudo, as penalidades decorrem justamente do descumprimento de obrigação de recolher tributos. Diante disso, ainda que inconfundíveis, o tributo e a penalidade dele decorrente são figuras intimamente relacionadas. Ciente disso, o Código Tributário Nacional, ao definir o crédito tributário e a respectiva obrigação, incluiu nesses conceitos tanto os tributos como as penalidades. Com efeito, o art. 139 do Código Tributário Nacional define crédito tributário nos seguintes termos: 'Art. 139. O crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta'. Fl. 2691DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 16095.720120/201388 Acórdão n.º 3302002.831 S3C3T2 Fl. 16 15 Já a obrigação principal é definida no art. 113 e no parágrafo 1º. Vejase: 'Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória. § 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extinguese juntamente com o crédito dela decorrente'. Como se vê, o crédito e a obrigação tributária são compostos pelo tributo devido e pelas penalidades eventualmente exigíveis. No entanto, essa equiparação, muito útil para fins de arrecadação e administração fiscal, não identifica a natureza jurídica dos institutos. (...) O Código Tributário Nacional tratou da incidência de juros de mora em seu art. 161. Confirase: 'Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. § 1º Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês. § 2º O disposto neste artigo não se aplica na pendência de consulta formulada pelo devedor dentro do prazo legal para pagamento do crédito' A redação deste dispositivo permite concluir que o Código Tributário Nacional autoriza a exigência de juros de mora sobre 'crédito' não integralmente recolhido no vencimento. Ao se referir ao crédito, evidentemente, o dispositivo está tratando do crédito tributário. E conforme demonstrado no item anterior, o crédito tributário decorre da obrigação principal, na qual estão incluídos tanto o valor do tributo devido como a penalidade dele decorrente. Sendo assim, considerando o disposto no caput do art. 161 acima transcrito, é possível concluir que o Código Tributário Nacional autoriza a exigência de juros de mora sobre as multas" (Exigência de Juros de Mora sobre as Multas de Ofício no Âmbito da Secretaria da Receita Federal. Revista Dialética de Direito Tributário, São Paulo, n. 132, p. 29, setembro de 2006). Ante o exposto, dou provimento ao recurso especial Fl. 2692DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 16095.720120/201388 Acórdão n.º 3302002.831 S3C3T2 Fl. 17 16 Na mesma direção, ensina Hugo de Brito Machado2: “A denominada multa de ofício caracterizase pela inafastável necessidade de ação fiscal para que se considere devida. Assim, mesmo em face da jurisprudência que tem predominado, em se tratando de multa de ofício não se pode falar da existência de uma obrigação que a tenha como conteúdo, antes de regularmente constituído o crédito tributário. Assim, somente com a lavratura do auto de infração é que se pode considerar devida a multa de ofício. E como em face do auto de infração o contribuinte é notificado a fazer o correspondente pagamento, é a partir daí que se pode cogitar da configuração da mora, , em conseqüência, do início da incidência de juros de mora correspondentes” Inferese, de fato, que a multa de ofício é constituída na lavratura do auto de infração e vence no prazo de trinta dias para a apresentação da impugnação ao lançamento. Após este prazo, considerase devida e, portanto, sujeita a juros de mora, não fazendo sentido algum permanecer seu montante imutável ao longo do tempo até que se ultime sua extinção. Assim, o artigo 161, §1º do CTN, determina que se a lei não dispuser de modo diverso, os juros serão calculados à taxa de um por cento ao mês. Destarte, ultrapassada a questão da pertinência da incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício, resta verificar se a taxa Selic, aqui em discussão, deve ser utilizada como os juros de mora a que se refere o artigo 161. Sobre a legitimidade da Selic como juros moratórios, descabem maiores considerações, conforme decidido no REsp 879.844/MG, julgado em 11/11/2009 (recursos repetitivos), e no RE 582.461/SP, submetido à repercussão geral, julgado em 18/05/2011, e de acordo com o enunciado da Súmula CARF nº 4: “A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais.” Cabe frisar que no julgamento dos recursos especial e extraordinário, acima referidos, a discussão girou em torno da isonomia entre a aplicação da Selic na repetição de indébito como na atualização dos débitos: “Forçoso esclarecer que os debates nesta Corte gravitaram em torno da aplicação da taxa SELIC em sede de repetição de indébito. Nada obstante, impõese, mutatis mutandis, a incidência da referida taxa nos cálculos dos débitos que os contribuintes tenham para com as Fazendas Municipal, Estadual e Federal. Aliás, raciocínio diverso importaria tratamento antiisonômico, porquanto a Fazenda restaria obrigada a reembolsar os 2 MACHADO, Hugo de Brito. Juros de Mora sobre Multas Tributárias. RDDT 180/82, set/2010, apud PAULSEN, Leandro. Direto Tributário: Constituição e Código Tributário à luz da doutrina e da jurisprudência / Leandro Paulsen. 14º ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora; ESMAFE: 2012. Fl. 2693DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 16095.720120/201388 Acórdão n.º 3302002.831 S3C3T2 Fl. 18 17 contribuintes por esta taxa SELIC, ao passo que, no desembolso, os cidadãos exonerarseiam desse critério, gerando desequilíbrio nas receitas fazendárias.”(REsp 879.844/MG) Assim, sob este aspecto abordado nos julgamentos dos recursos especial e extraordinário, é legítima a incidência da taxa Selic sobre a multa de ofício após seu vencimento, pois que eventual indébito referente à multa paga a maior que a devida, necessariamente seria corrigido pela referida taxa. Por outro lado, diversos diplomas legais trataram da Selic como juros de mora incidentes sobre os débitos para com a Fazenda Nacional. Assim, citamse: Lei n° 8.981, de 20 de janeiro de 1995 Art. 84 – Os tributos e contribuições sociais arrecadados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores vierem a ocorrer a partir de 1° de janeiro de 1995, não pagos nos prazos previstos na legislação tributária serão acrescidos de: I – juros de mora, equivalentes à taxa média mensal de captação do Tesouro Nacional relativa à Dívida Mobiliária Federal Interna; ............................. § 8o O disposto neste artigo aplicase aos demais créditos da Fazenda Nacional, cuja inscrição e cobrança como Dívida Ativa da União seja de competência da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional.(Incluído pela Lei nº 10.522, de 2002) Art. 91. O parcelamento dos débitos de qualquer natureza para com a Fazenda Nacional, autorizado pelo art. 11 do DecretoLei nº 352, de 17 de junho de 1968, com a redação dada pelo DecretoLei nº 623, de 11 de junho de 1969, pelo inciso II, do art. 10 do DecretoLei nº 2.049, de 01 de agosto de 1983, e pelo inciso II, do art. 11 do DecretoLei nº 2.052, de 03 de agosto de 1983, com as modificações que lhes foram introduzidas, poderá ser autorizado em até trinta prestações mensais. Parágrafo único. O débito que for objeto de parcelamento, nos termos deste artigo, será consolidado na data da concessão e terá o seguinte tratamento: a) se autorizado em até quinze prestações: a.1) o montante apurado na consolidação será dividido pelo número de prestações concedidas; a.2) o valor de cada parcela mensal, por ocasião do pagamento, será acrescido de juros equivalentes à taxa média mensal de captação do Tesouro Nacional relativa à Dívida Mobiliária Federal Interna, calculados a partir da data do deferimento até o mês anterior ao do pagamento, e de um por cento relativamente ao mês em que o pagamento estiver sendo efetuado; (Redação dada pela Lei nº 9.065, de 1995) b) se autorizado em mais de quinze prestações mensais: b.1) o montante apurado na consolidação será acrescido de encargo adicional, correspondente ao número de meses que exceder a quinze, calculado à razão de dois por cento ao mês, e dividido pelo número de prestações concedidas; Fl. 2694DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 16095.720120/201388 Acórdão n.º 3302002.831 S3C3T2 Fl. 19 18 b.2) sobre o valor de cada prestação incidirão, ainda, os juros de que trata a alínea a.2 deste artigo.(Revogado pela Lei nº 10.522, de 19.7.2002) Lei nº 9.065, de 1995: Art. 13. A partir de 1º de abril de 1995, os juros de que tratam a alínea c do parágrafo único do art. 14 da Lei nº 8.847, de 28 de janeiro de 1994, com a redação dada pelo art. 6º da Lei nº 8.850, de 28 de janeiro de 1994, e pelo art. 90 da Lei nº 8.981, de 1995, o art. 84, inciso I, e o art. 91, parágrafo único, alínea a.2, da Lei nº 8.981, de 1995, serão equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia SELIC para títulos federais, acumulada mensalmente. Produção de efeito (Vide Decreto nº 7.212, de 2010) Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996 Art. 43. Poderá ser formalizada exigência de crédito tributário correspondente exclusivamente a multa ou a juros de mora, isolada ou conjuntamente. Parágrafo único. Sobre o crédito constituído na forma deste artigo, não pago no respectivo vencimento, incidirão juros de mora, calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. ... Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1° de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. § 1° A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. § 2° O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. § 3° Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o §3° do art. 5°, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. ......................................... Lei n° 10.522, de 19 de julho de 2002 Art. 17. Fica acrescentado o seguinte parágrafo ao art. 84 da Lei no 8.981, de 20 de janeiro de 1995: Fl. 2695DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 16095.720120/201388 Acórdão n.º 3302002.831 S3C3T2 Fl. 20 19 "Art. 84. ......................................................... § 8o O disposto neste artigo aplicase aos demais créditos da Fazenda Nacional, cuja inscrição e cobrança como Dívida Ativa da União seja de competência da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional." (NR) (grifos não originais) ... Art. 29. Os débitos de qualquer natureza para com a Fazenda Nacional e os decorrentes de contribuições arrecadadas pela União, constituídos ou não, cujos fatos geradores tenham ocorrido até 31 de dezembro de 1994, que não hajam sido objeto de parcelamento requerido até 31 de agosto de 1995, expressos em quantidade de UFIR, serão reconvertidos para real, com base no valor daquela fixado para 1° de janeiro de 1997. (grifos não originais) § 1° A partir de 1° de janeiro de 1997, os créditos apurados serão lançados em reais. § 2° Para fins de inscrição dos débitos referidos neste artigo em Dívida Ativa da União, deverá ser informado à Procuradoria Geral da Fazenda Nacional o valor originário dos mesmos, na moeda vigente à época da ocorrência do fato gerador da obrigação. § 3° Observado o disposto neste artigo, bem assim a atualização efetuada para o ano de 2000, nos termos do art. 75 da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996, fica extinta a Unidade de Referência Fiscal – UFIR, instituída pelo art. 1° da Lei n° 8.383, de 30 de dezembro de 1991. Art. 30. Em relação aos débitos referidos no art. 29, bem como aos inscritos em Dívida Ativa da União, passam a incidir, a partir de 1° de janeiro de 1997, juros de mora equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia – SELIC para títulos federais, acumulada mensalmente, até o último dia do mês anterior ao do pagamento, e de 1% (um por cento) no mês de pagamento. (g.n) (grifos não originais) O artigo 30 da Lei nº 10.522 expressamente prevê a incidência dos juros de mora à taxa Selic, a partir de1º/01/1997, relativamente aos débitos de qualquer natureza para com a Fazenda Nacional referidos no artigo 29, cujos fatos geradores houvesse ocorrido até 31/12/1994. Já a mesma lei acrescentou ao artigo 84 da Lei nº 8.981, de 1995, o §8º, a disposição de que aos demais créditos da Fazenda Nacional, aplicamse as disposições do artigo 84, o que determina a aplicação dos juros de mora aos tributos e contribuições cujos fatos geradores ocorressem a partir de 1º/01/1995. § 8o O disposto neste artigo aplicase aos demais créditos da Fazenda Nacional, cuja inscrição e cobrança como Dívida Ativa da União seja de competência da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional." (NR) Fl. 2696DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 16095.720120/201388 Acórdão n.º 3302002.831 S3C3T2 Fl. 21 20 A Lei nº 10.522, de 2002, é conversão da MP nº 2.17679, de 2001, fruto da reedição de sucessivas medidas provisórias, desde a original de nº 1.110, de 30 de agosto de 1995. A inclusão do §8º no artigo 84 da Lei nº 8.981, de 1995, pela MP nº 1.110, de 1995, bem como a inclusão dos artigos 29 e 30 pela MP nº 1.542, de dezembro de 1996 (nove dias antes da publicação da Lei nº 9.430, de 1996) estabeleceram, expressamente, a incidência da taxa Selic sobre quaisquer débitos da Fazenda Nacional (até 1994 pelo artigo 30 e após 1º/01/1995, pelo §8º do artigo 84). Constatase que, por sua vez, a Lei nº 9.430, de 1996, ao prever a aplicação da Selic em seus artigos 43 e 61 convalidou o que já estava sendo previsto pela MP nº 1.542, de 1.996 (atual Lei nº 10.522, de 2002). Concluise, portanto, que é legítima a incidência da taxa de juros Selic sobre a multa de ofício vinculada ao tributo. Neste sentido, citamse, recentes decisões da CSRF: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/04/2000 a 30/06/2000 JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA. O crédito tributário, quer se refira a tributo quer seja relativo à penalidade pecuniária, não pago no respectivo vencimento, está sujeito à incidência de juros de mora, calculado à taxa Selic até o mês anterior ao pagamento, e de um por cento no mês de pagamento. (CSRF, 3ª Turma, Processo nº 10835.001034/0016, Sessão de 15/08/2013, Acórdão nº 9303002400. Relator Joel Miyazaki). JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO As multas de ofício que não forem recolhidas dentro dos prazos legais previstos, estão sujeitas à incidência de juros de mora equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais, acumulada mensalmente, até o último dia do mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês do pagamento. (CSRF, 1ª Turma, Processo nº 13839.001516/200664, Sessão de 15/05/2013, Acórdão nº9101001657. Relator designado Valmir Sandri). Isto posto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Voto Vencedor Fl. 2697DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 16095.720120/201388 Acórdão n.º 3302002.831 S3C3T2 Fl. 22 21 Em Parte. Conselheiro WALBER JOSÉ DA SILVA, Redator Designado. Para uma melhor fixação da matéria posta em julgamento e que fui designado para redigir o voto vencedor, transcrevo a parte do relatório que trata da mesma: 4. Em relação aos períodos de apuração 2o trimestre/2003 e 3o trimestre/2003, os valores poderiam ser lançados em maio de 2008, para eventual redução do saldo devedor, ou na impossibilidade deste, ser solicitado o pedido de ressarcimento até 30/06/2008 e 30/09/2008, respectivamente, com o estorno do valor de pedido de ressarcimento; 5. Como não houve aproveitamento dos créditos presumidos de IPI na forma determinada pela legislação no prazo quinquenal, os referidos créditos atingidos pela decadência, foram glosados considerandose a data da prescrição, ou seja, 30/06/2008 e 30/09/2008. Vêse que a Autoridade Lançadora reconhece a legitimidade da escrituração extemporânea de crédito presumido realizada em maio de 2008. No entanto, impõe restrição temporal para a dedução, na conta gráfica do IPI (LRAIPI), desses créditos, legitimamente escriturados, com os débitos de períodos de apuração subsequentes, já que no período de apuração em que foi escriturado (maio/2008) ocorreu saldo credor do IPI, que foi transferido para o período subsequente (art. 195 do RIPI/2002). Defende a Autoridade Lançadora, no que foi acompanhada pelo Ilustre Conselheiro Relator, que os créditos (presumido ou básico) de IPI legitimamente escriturados no LARIPI devem ser aproveitados, via dedução de débitos do IPI, no próprio LARIPI, no prazo de 05 (cinco) anos, contado da entrada da MP/ME/PI no estabelecimento do contribuinte, por força do que determina o art. 1º do Decreto nº 20.910/1932, abaixo reproduzido: Art. 1º As dívidas passivas da União, dos Estados e dos Municípios, bem assim todo e qualquer direito ou ação contra a Fazenda federal, estadual ou municipal, seja qual for a sua natureza, prescrevem em cinco anos contados da data do ato ou fato do qual se originarem. Para chegar a essa conclusão, referidas autoridades partem da presunção de que os créditos de IPI, legitimamente escriturados no LRAIPI, se constituem em "dívidas passivas da União" executáveis e, como tal, devem ser exigidas da União no prazo de 05 (cinco) anos, contados da data da entrada da MP/ME/PI no estabelecimento do contribuinte. Data vênia, não posso concordar com tal raciocínio porque representa uma inovação relevantíssima na sistemática da não cumulatividade do IPI, não prevista em Lei. Isso porque não existe, na legislação do IPI, nenhum norma que prevê a segregação, por período de entrada da MP/ME/PI, do saldo credor transferido para o período seguinte, para fins de limitar, no tempo, a utilização do referido saldo credor na conta gráfica do IPI, consignada no LRAIPI. Fl. 2698DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 16095.720120/201388 Acórdão n.º 3302002.831 S3C3T2 Fl. 23 22 A legislação do IPI diz, secamente, que o saldo credor de um período de apuração será transferido para o período de apuração seguinte (art. 195, § 1º, do RIPI/2002), sem nenhuma restrição para a dedução dos débitos apurados no dito período seguinte, a exemplo da imposta pela Autoridade Lançadora. Houvesse a restrição pretendida pelo Fisco, deveria existir regra de aproveitamento do créditos transferidos para o período de apuração subsequente. Em outras palavras, o contribuinte precisaria saber qual a forma, a maneira, a metodologia de utilizar o saldo credor transferido do período anterior, a exemplo dos métodos conhecidos como PEPS e como custo integrado. Tanto não existe previsão legal para tal que a Autoridade Lançadora simplesmente efetuou a glosa sem demonstrar qual foi a parcela do crédito total do período foi utilizada para abater os débitos apurados no mesmo período. E não o fez porque é legalmente impossível fazêlo. Uma vez escriturado o crédito (básico ou presumido) legítimo do IPI, não existe prazo legal para a sua utilização na conta gráfica do IPI (LRAIPI), porque ele sempre se funde, se mistura, se confunde com os créditos apurados no próprio período de apuração, sem previsão legal de os separar. Daí não há que se falar em aplicação do art. 1º do Decreto nº 20.910/32. Em outras palavras, o legítimo saldo credor de IPI apurado em um período é sempre e irrestritamente utilizável para deduzir o IPI devido pelas saídas de produtos do estabelecimento do contribuinte. Em conclusão, diante da inexistência de previsão legal para separar, segregar, na sistemática da não cumulatividade do IPI, o saldo credor do imposto, apurado em um período e transferido para o período seguinte, por data de entrada da MP/PI/ME que o originou, para fins de sua utilização na própria conta gráfica do IPI (LRAIPI), é improcedente a glosa (e o consequente lançamento) efetuada pela Autoridade Lançadora. Nas demais matérias objeto do recurso voluntário acompanho e adoto o voto do Ilustre Conselheiro Relator. Em face do exposto é que voto no sentido de dar provimento parcial ao recuso voluntário para: (i) reconhecer a prescrição dos créditos presumidos de IPI extemporâneos, escriturados após 5 (cinco) anos; (ii) reconhecer o direito da Recorrente deduzir débitos, independentemente de prazo, de créditos de IPI regularmente escriturados; e (iii) manter a incidência de juros de mora sobre a multa de ofício. (assinado digitalmente) WALBER JOSÉ DA SILVA Fl. 2699DF CARF MF Impresso em 06/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/02/2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 03/02/2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 04/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE
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Numero do processo: 10830.723730/2013-96
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 25 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Tue Mar 03 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 31/05/2010 a 31/12/2011
BASE DE CÁLCULO DA COFINS. OPERADORAS DPLANO DE SAÚDE. DEDUÇÕES. INDENIZAÇÕES EFETIVAMENTE PAGAS. INTERPRETAÇÃO DO DISPOSITIVO LEGAL.
As operadoras de planos de assistência à saúde podem deduzir da base de cálculo da Cofins os custos assistenciais decorrentes da utilização pelos beneficiários da cobertura oferecida pelos planos de saúde da própria operadora, por interpretação dada pelo §9º-A do artigo 3º da Lei nº 9.718/98.
Numero da decisão: 3302-002.852
Decisão: Recurso de Ofício Negado.
Crédito Tributário Exonerado
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros da Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Walber José da Silva
Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède
Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walber José da Silva (Presidente), Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Paulo Guilherme Déroulède, Jonathan Barros Vita, Cláudio Monroe Massetti e João Alfredo Eduão Ferreira.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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OPERADORAS DPLANO DE SAÚDE. DEDUÇÕES. INDENIZAÇÕES EFETIVAMENTE PAGAS. INTERPRETAÇÃO DO DISPOSITIVO LEGAL. As operadoras de planos de assistência à saúde podem deduzir da base de cálculo da Cofins os custos assistenciais decorrentes da utilização pelos beneficiários da cobertura oferecida pelos planos de saúde da própria operadora, por interpretação dada pelo §9ºA do artigo 3º da Lei nº 9.718/98. Recurso de Ofício Negado. Crédito Tributário Exonerado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros da Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Walber José da Silva Presidente (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 72 37 30 /2 01 3- 96 Fl. 212DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 27/02 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 10830.723730/201396 Acórdão n.º 3302002.852 S3C3T2 Fl. 213 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walber José da Silva (Presidente), Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Paulo Guilherme Déroulède, Jonathan Barros Vita, Cláudio Monroe Massetti e João Alfredo Eduão Ferreira. Relatório Trata o presente de Auto de Infração para constituição de crédito tributário de Cofins, relativo ao período de maio de 2010 a dezembro de 2011. A autuação decorreu de glosa da redução de base de cálculo referente às contas contábeis nº 41 – Eventos Indenizáveis Líquidos – deduzidas das receitas dos denominados “ATOS PRINCIPAIS”. Em sua impugnação, a recorrente alegou em síntese que: 1. Toda sua receita relativa aos planos de saúde decorre de atos cooperativos não sujeitos à incidência do PIS/Pasep e da Cofins; 2. A Agência Nacional de Saúde Suplementar ANS é a competente para definir os termos técnicos e específicos utilizados no inciso III do §9º do art. 3º da Lei nº 9.718/98; 3. A expressão “eventos ocorridos”, contida no §9º do artigo 3º, abrange os custos com o atendimento aos beneficiários do plano de saúde da própria operadora; 4. O §9º do art. 3º implica isonomia com as sociedades seguradoras no sentido de que o total de custo das operadoras de planos de saúde equivale ao total de sinistros pagos em decorrência do contrato de seguro; 5. Ausência de vinculação entre o lançamento e a ação judicial, visto que a ação pleiteou a não incidência da Cofins sobre as receitas decorrentes de atos cooperativos, incluindo os decorrentes da comercialização de planos de saúde e não incidência sobre as outras receitas (afastando o alargamento da base de cálculo da Lei nº 9.718/98) enquanto o lançamento trata da exclusão dos eventos líquidos indenizáveis. Por seu turno, a Décima Sexta Turma da DRJ/RJ1 no Rio de Janeiro proferiu o acórdão nº 1261717, julgando improcedente a impugnação. Entretanto, com a introdução do § 9ºA no artigo 3º da Lei nº 9.718/98, imprimindo interpretação autêntica sobre a expressão "o valor referente às indenizações correspondentes aos eventos ocorridos " de que trata o inciso III do § 9o do mesmo artigo, a turma proferiu novo acórdão, com a seguinte ementa: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/05/2010 a 31/12/2011 NULIDADE A Administração deve considerar nulo o seu próprio ato quando caracterizada a ocorrência de vício de legalidade. Fl. 213DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 27/02 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 10830.723730/201396 Acórdão n.º 3302002.852 S3C3T2 Fl. 214 3 ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/05/2010 a 31/12/2011 TRIBUTÁRIO. COFINS. BASE DE CÁLCULO. PLANO DE SAÚDE. DEDUÇÕES. INDENIZAÇÕES EFETIVAMENTE PAGAS. INTERPRETAÇÃO DO DISPOSITIVO LEGAL. As operadoras de planos de assistência à saúde podem deduzir da base de cálculo da Cofins, as despesas e custos operacionais relacionados com os atendimentos médicos realizados em seus próprios beneficiários, por meio de estabelecimento próprio ou pela rede conveniada/credenciada de profissionais e empresas da área de saúde, bem como aos atendimentos médicos efetuados em beneficiários pertencentes à outra operadora de plano de assistência à saúde, deduzido das importâncias recebidas a título de transferência de responsabilidade. Impugnação Procedente Crédito Tributário Exonerado Em razão da exoneração acima do limite estabelecido na Portaria MF nº 3/2008, o colegiado a quo recorreu de ofício. Na forma regimental, o processo foi distribuído a este relator. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède. A autuação decorreu de glosa da redução de base de cálculo referente às contas contábeis nº 41 – Eventos Indenizáveis Líquidos – deduzidas das receitas dos denominados “ATOS PRINCIPAIS”. Constatase que no tópico IX do Termo de Verificação Fiscal, item 58, ficou consignado que os valores glosados da conta 41 referemse aos custos com os eventos realizados com o atendimento de seus próprios clientes de planos de saúde, conforme transcrito abaixo: “58Os lançamentos efetuados no grupo de contas contábeis n° 41 Eventos Indenizáveis Líquidos referemse aos custos/despesas que a fiscalizada efetivamente teve para o atendimento de seus clientes titulares de planos de saúde.” A autoridade fiscal fundamentou a autuação na Solução de Consulta SRRF/3º RF/Disit nº 20/2003, que assim concluiu: “51 Diante do exposto, no uso da competência que me foi atribuída na forma do art. 48, § 1º, inciso II, da Lei n° 9.430, de Fl. 214DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 27/02 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 10830.723730/201396 Acórdão n.º 3302002.852 S3C3T2 Fl. 215 4 27 de dezembro de 1996, soluciono a presente consulta respondendo ao interessado que a base de cálculo da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins, assim como da Contribuição para o PIS/Pasep, é o valor de seu faturamento, correspondendo à sua receita bruta, assim entendida a totalidade das receitas auferidas a cada período de apuração, de cujo total poderão ser descontados o valor das co responsabilidades cedidas, o da parcela das contraprestações em moeda destinadas à constituição ide suas provisões técnicas e o da diferença positiva entre os desembolsos efetivamente realizados para indenizar seus conveniados por eventos realizados em associados de outra operadora e as quantias recebidas da outra operadora, a quem caberia a responsabilidade pelos eventos que se transferiram, a título de ressarcimento por aqueles desembolsos.” Por sua vez, a contribuinte apresentou o Ofício nº 152/2007/GGHAO/DIOPE/ANS/MS da ANS, a qual expôs o entendimento da agência sobre as expressões "eventos ocorridos" e "valor dos eventos efetivamente pagos" nos seguintes termos: (...) 3 VALOR REFERENTE ÀS INDENIZAÇÕES CORRESPONDENTES AOS EVENTOS OCORRIDOS, EFETIVAMENTE PAGOS, DEDUZIDOS DAS IMPORTÂNCIAS RECEBIDAS A TÍTULO DE TRANSFERÊNCIA DE RESPONSABILIDADES Eventos Ocorridos: são os custos assistenciais decorrentes da utilização, pelos beneficiários, da cobertura oferecida pelos planos de saúde, ou seja, são os custos com os atendimentos feitos aos beneficiários do plano de saúde da operadora; tais como consultas médicas/odontológicas, exames laboratoriais, terapias etc. que estejam diretamente ligados ao ato assistencial, os quais a operadora reconhecerá contabilmente na data de apresentação da conta médica ou do aviso pelos prestadores, em atenção ao regime de competência. A classificação será nas contas 4111, 4112, 4113, 4114, 4115, 4116, 4117, e 4118 (Capítulo V, Anexo I, da IN 8/2006; ou Capítulo IV do Anexo II, da RN nº 27/2003; Esses eventos serão escriturados em “Controles Gerenciais” conforme definido o item 7, Capítulo I, Anexo I, da IN nº 8/2006, ou item 6, Capítulo I do Anexo II, da RN nº 27/2003; Valor dos Eventos Efetivamente Pagos: são os eventos conhecidos, ocorridos, líquidos das recuperações por glosas, ressarcimentos ou outras deduções, como descontos obtidos, classificados nas contas 4121, 4122, 4128, 4129, 4131 e 4132, ou seja, é o que efetivamente a operadora saldou, pagou no mês. Podese dizer que serão consideradas as contas 4111, 4112, 4113, 4114, 4115, 4116, 4117, 4118, () 4121, () 4122, () 4128, () 4129, () 4131 e () 4132 4118 (Capítulo V, Anexo I, da IN nº 8/2006: ou Capítulo IV do Anexo II da RN nº 27/2003). Fl. 215DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 27/02 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 10830.723730/201396 Acórdão n.º 3302002.852 S3C3T2 Fl. 216 5 Esses pagamentos serão escriturados em “Controles Gerenciais” conforme definido no item 7, Capítulo I, Anexo I, da IN nº 8/2006, ou item 6, Capítulo I do Anexo II, da RN nº 27/2003; Depreendese que a divergência estabelecida entre a solução de consulta e o entendimento da contribuinte residiu na possibilidade de exclusão da base de cálculo das contribuições dos “Eventos Indenizáveis Líquidos” relativos ao custo com o atendimento dos beneficiários da própria contribuinte, pois que a solução interpretou como possível apenas a exclusão dos eventos relacionados ao atendimento dos beneficiários de outra operadora, mas não os da própria operadora. Entretanto, com a introdução do §9ºA no artigo 3º da Lei nº 9.718/98, a interpretação dada pela solução de consulta no sentido de não considerar os eventos ocorridos decorrentes do atendimento aos beneficiários da própria operadora foi superada, como conclui se pela redação dada ao referido parágrafo: Art. 3o O faturamento a que se refere o art. 2o compreende a receita bruta de que trata o art. 12 do DecretoLei no 1.598, de 26 de dezembro de 1977. (Redação dada pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) [...] § 9o Na determinação da base de cálculo da contribuição para o PIS/PASEP e COFINS, as operadoras de planos de assistência à saúde poderão deduzir: (Incluído pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) I coresponsabilidades cedidas; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) II a parcela das contraprestações pecuniárias destinada à constituição de provisões técnicas; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) III o valor referente às indenizações correspondentes aos eventos ocorridos, efetivamente pago, deduzido das importâncias recebidas a título de transferência de responsabilidades. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) § 9oA. Para efeito de interpretação, o valor referente às indenizações correspondentes aos eventos ocorridos de que trata o inciso III do § 9o entendese o total dos custos assistenciais decorrentes da utilização pelos beneficiários da cobertura oferecida pelos planos de saúde, incluindose neste total os custos de beneficiários da própria operadora e os beneficiários de outra operadora atendidos a título de transferência de responsabilidade assumida. (Incluído pela Lei nº 12.873, de 2013) Assim, as indenizações correspondentes aos eventos ocorridos de que trata o inciso III do §9º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98 abrangem os custos assistenciais decorrentes da utilização pelos beneficiários da cobertura oferecida pelos planos de saúde da própria operadora. Fl. 216DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 27/02 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 10830.723730/201396 Acórdão n.º 3302002.852 S3C3T2 Fl. 217 6 Quanto à vinculação do lançamento às decisões do processo judicial nº 1999.61.05.0038998, verificase na exordial que o objeto da ação foi o reconhecimento do direito à isenção da Cofins sobre as receitas decorrentes dos atos cooperativos, incluindo nestes a comercialização de planos de saúde, bem como a não incidência da Cofins sobre as outras receitas na sistemática imposta pela Lei nº 9.718/98. Já o lançamento aqui efetuado referese à glosa da redução de base de cálculo referente às contas contábeis nº 41 – Eventos Indenizáveis Líquidos, e, portanto, não há identidade de objeto. Diante do exposto, voto para negar provimento ao recurso de ofício. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 217DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 27/02 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE
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Numero do processo: 10830.723729/2013-61
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 25 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Tue Mar 03 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 31/05/2010 a 31/12/2011
TRIBUTÁRIO. COFINS. BASE DE CÁLCULO. PLANO DE SAÚDE. DEDUÇÕES. INDENIZAÇÕES EFETIVAMENTE PAGAS. INTERPRETAÇÃO DO DISPOSITIVO LEGAL.
As operadoras de planos de assistência à saúde podem deduzir da base de cálculo da Cofins os custos assistenciais decorrentes da utilização pelos beneficiários da cobertura oferecida pelos planos de saúde da própria operadora, por interpretação dada pelo §9º-A do artigo 3º da Lei nº 9.718/98.
Numero da decisão: 3302-002.851
Decisão: Recurso de Ofício Negado.
Crédito Tributário Exonerado.
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros da Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Walber José da Silva
Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède
Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walber José da Silva (Presidente), Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Paulo Guilherme Déroulède, Jonathan Barros Vita, Cláudio Monroe Massetti e João Alfredo Eduão Ferreira.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 31/05/2010 a 31/12/2011 TRIBUTÁRIO. COFINS. BASE DE CÁLCULO. PLANO DE SAÚDE. DEDUÇÕES. INDENIZAÇÕES EFETIVAMENTE PAGAS. INTERPRETAÇÃO DO DISPOSITIVO LEGAL. As operadoras de planos de assistência à saúde podem deduzir da base de cálculo da Cofins os custos assistenciais decorrentes da utilização pelos beneficiários da cobertura oferecida pelos planos de saúde da própria operadora, por interpretação dada pelo §9º-A do artigo 3º da Lei nº 9.718/98.
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COFINS. BASE DE CÁLCULO. PLANO DE SAÚDE. DEDUÇÕES. INDENIZAÇÕES EFETIVAMENTE PAGAS. INTERPRETAÇÃO DO DISPOSITIVO LEGAL. As operadoras de planos de assistência à saúde podem deduzir da base de cálculo da Cofins os custos assistenciais decorrentes da utilização pelos beneficiários da cobertura oferecida pelos planos de saúde da própria operadora, por interpretação dada pelo §9ºA do artigo 3º da Lei nº 9.718/98. Recurso de Ofício Negado. Crédito Tributário Exonerado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros da Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Walber José da Silva Presidente (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 72 37 29 /2 01 3- 61 Fl. 229DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 27/02 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 10830.723729/201361 Acórdão n.º 3302002.851 S3C3T2 Fl. 230 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walber José da Silva (Presidente), Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Paulo Guilherme Déroulède, Jonathan Barros Vita, Cláudio Monroe Massetti e João Alfredo Eduão Ferreira. Relatório Trata o presente de Auto de Infração para constituição de crédito tributário de Cofins, relativo ao período de maio de 2010 a dezembro de 2011. A autuação decorreu de glosa da redução de base de cálculo referente às contas contábeis nº 41 – Eventos Indenizáveis Líquidos – deduzidas das receitas dos denominados “ATOS AUXILIARES” e “ATOS NÃO COOPERATIVOS”. Em sua impugnação, a recorrente alegou em síntese que: 1. Toda sua receita relativa aos planos de saúde decorre de atos cooperativos não sujeitos à incidência do PIS/Pasep e da Cofins; 2. A Agência Nacional de Saúde Suplementar ANS é a competente para definir os termos técnicos e específicos utilizados no inciso III do §9º do art. 3º da Lei nº 9.718/98; 3. A expressão “eventos ocorridos”, contida no §9º do artigo 3º, abrange os custos com o atendimento aos beneficiários do plano de saúde da própria operadora; 4. O §9º do art. 3º implica isonomia com as sociedades seguradoras no sentido de que o total de custo das operadoras de planos de saúde equivale ao total de sinistros pagos em decorrência do contrato de seguro; 5. Ausência de vinculação entre o lançamento e a ação judicial, visto que a ação pleiteou a não incidência da Cofins sobre as receitas decorrentes de atos cooperativos, incluindo os decorrentes da comercialização de planos de saúde e não incidência sobre as outras receitas (afastando o alargamento da base de cálculo da Lei nº 9.718/98) enquanto o lançamento trata da exclusão dos eventos líquidos indenizáveis. Por seu turno, a Décima Sexta Turma da DRJ/RJ1 no Rio de Janeiro proferiu o acórdão nº 1261.716, julgando improcedente a impugnação. Entretanto, com a introdução do § 9ºA no artigo 3º da Lei nº 9.718/98, imprimindo interpretação autêntica sobre a expressão "o valor referente às indenizações correspondentes aos eventos ocorridos " de que trata o inciso III do § 9o do mesmo artigo, a turma proferiu novo acórdão, com a seguinte ementa: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/05/2010 a 31/12/2011 NULIDADE A Administração deve considerar nulo o seu próprio ato quando caracterizada a ocorrência de vício de legalidade. Fl. 230DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 27/02 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 10830.723729/201361 Acórdão n.º 3302002.851 S3C3T2 Fl. 231 3 ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/05/2010 a 31/12/2011 TRIBUTÁRIO. COFINS. BASE DE CÁLCULO. PLANO DE SAÚDE. DEDUÇÕES. INDENIZAÇÕES EFETIVAMENTE PAGAS. INTERPRETAÇÃO DO DISPOSITIVO LEGAL. As operadoras de planos de assistência à saúde podem deduzir da base de cálculo da Cofins, as despesas e custos operacionais relacionados com os atendimentos médicos realizados em seus próprios beneficiários, por meio de estabelecimento próprio ou pela rede conveniada/credenciada de profissionais e empresas da área de saúde, bem como aos atendimentos médicos efetuados em beneficiários pertencentes à outra operadora de plano de assistência à saúde, deduzido das importâncias recebidas a título de transferência de responsabilidade. Impugnação Procedente Crédito Tributário Exonerado Em razão da exoneração acima do limite estabelecido na Portaria MF nº 3/2008, o colegiado a quo recorreu de ofício. Na forma regimental, o processo foi distribuído a este relator. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède. A autuação decorreu de glosa da redução de base de cálculo referente às contas contábeis nº 41 – Eventos Indenizáveis Líquidos – deduzidas das receitas dos denominados “ATOS AUXILIARES” e “ATOS NÃO COOPERATIVOS”. Constatase que no tópico IX do Termo de Verificação Fiscal, item 48, ficou consignado que os valores glosados da conta 41 referemse aos custos com os eventos realizados com o atendimento de seus próprios clientes de planos de saúde, conforme transcrito abaixo: “48Os lançamentos efetuados no grupo de contas contábeis n° 41 Eventos Indenizáveis Líquidos referemse aos custos/despesas que a fiscalizada efetivamente teve para o atendimento de seus clientes titulares de planos de saúde.” A autoridade fiscal fundamentou a autuação na Solução de Consulta SRRF/3º RF/Disit nº 20/2003, que assim concluiu: “41 Diante do exposto, no uso da competência que me foi atribuída na forma do art. 48, § 1º, inciso II, da Lei n° 9.430, de Fl. 231DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 27/02 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 10830.723729/201361 Acórdão n.º 3302002.851 S3C3T2 Fl. 232 4 27 de dezembro de 1996, soluciono a presente consulta respondendo ao interessado que a base de cálculo da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins, assim como da Contribuição para o PIS/Pasep, é o valor de seu faturamento, correspondendo à sua receita bruta, assim entendida a totalidade das receitas auferidas a cada período de apuração, de cujo total poderão ser descontados o valor das co responsabilidades cedidas, o da parcela das contraprestações em moeda destinadas à constituição ide suas provisões técnicas e o da diferença positiva entre os desembolsos efetivamente realizados para indenizar seus conveniados por eventos realizados em associados de outra operadora e as quantias recebidas da outra operadora, a quem caberia a responsabilidade pelos eventos que se transferiram, a título de ressarcimento por aqueles desembolsos.” Por sua vez, a contribuinte apresentou o Ofício nº 152/2007/GGHAO/DIOPE/ANS/MS da ANS, a qual expôs o entendimento da agência sobre as expressões "eventos ocorridos" e "valor dos eventos efetivamente pagos" nos seguintes termos: (...) 3 VALOR REFERENTE ÀS INDENIZAÇÕES CORRESPONDENTES AOS EVENTOS OCORRIDOS, EFETIVAMENTE PAGOS, DEDUZIDOS DAS IMPORTÂNCIAS RECEBIDAS A TÍTULO DE TRANSFERÊNCIA DE RESPONSABILIDADES Eventos Ocorridos: são os custos assistenciais decorrentes da utilização, pelos beneficiários, da cobertura oferecida pelos planos de saúde, ou seja, são os custos com os atendimentos feitos aos beneficiários do plano de saúde da operadora; tais como consultas médicas/odontológicas, exames laboratoriais, terapias etc. que estejam diretamente ligados ao ato assistencial, os quais a operadora reconhecerá contabilmente na data de apresentação da conta médica ou do aviso pelos prestadores, em atenção ao regime de competência. A classificação será nas contas 4111, 4112, 4113, 4114, 4115, 4116, 4117, e 4118 (Capítulo V, Anexo I, da IN 8/2006; ou Capítulo IV do Anexo II, da RN nº 27/2003; Esses eventos serão escriturados em “Controles Gerenciais” conforme definido o item 7, Capítulo I, Anexo I, da IN nº 8/2006, ou item 6, Capítulo I do Anexo II, da RN nº 27/2003; Valor dos Eventos Efetivamente Pagos: são os eventos conhecidos, ocorridos, líquidos das recuperações por glosas, ressarcimentos ou outras deduções, como descontos obtidos, classificados nas contas 4121, 4122, 4128, 4129, 4131 e 4132, ou seja, é o que efetivamente a operadora saldou, pagou no mês. Podese dizer que serão consideradas as contas 4111, 4112, 4113, 4114, 4115, 4116, 4117, 4118, () 4121, () 4122, () 4128, () 4129, () 4131 e () 4132 4118 (Capítulo V, Anexo I, da IN nº 8/2006: ou Capítulo IV do Anexo II da RN nº 27/2003). Fl. 232DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 27/02 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 10830.723729/201361 Acórdão n.º 3302002.851 S3C3T2 Fl. 233 5 Esses pagamentos serão escriturados em “Controles Gerenciais” conforme definido no item 7, Capítulo I, Anexo I, da IN nº 8/2006, ou item 6, Capítulo I do Anexo II, da RN nº 27/2003; Depreendese que a divergência estabelecida entre a solução de consulta e o entendimento da contribuinte residiu na possibilidade de exclusão da base de cálculo das contribuições dos “Eventos Indenizáveis Líquidos” relativos ao custo com o atendimento dos beneficiários da própria contribuinte, pois que a solução interpretou como possível apenas a exclusão dos eventos relacionados ao atendimento dos beneficiários de outra operadora, mas não os da própria operadora. Entretanto, com a introdução do §9ºA no artigo 3º da Lei nº 9.718/98, a interpretação dada pela solução de consulta no sentido de não considerar os eventos ocorridos decorrentes do atendimento aos beneficiários da própria operadora foi superada, como conclui se pela redação dada ao referido parágrafo: Art. 3o O faturamento a que se refere o art. 2o compreende a receita bruta de que trata o art. 12 do DecretoLei no 1.598, de 26 de dezembro de 1977. (Redação dada pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) [...] § 9o Na determinação da base de cálculo da contribuição para o PIS/PASEP e COFINS, as operadoras de planos de assistência à saúde poderão deduzir: (Incluído pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) I coresponsabilidades cedidas; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) II a parcela das contraprestações pecuniárias destinada à constituição de provisões técnicas; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) III o valor referente às indenizações correspondentes aos eventos ocorridos, efetivamente pago, deduzido das importâncias recebidas a título de transferência de responsabilidades. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) § 9oA. Para efeito de interpretação, o valor referente às indenizações correspondentes aos eventos ocorridos de que trata o inciso III do § 9o entendese o total dos custos assistenciais decorrentes da utilização pelos beneficiários da cobertura oferecida pelos planos de saúde, incluindose neste total os custos de beneficiários da própria operadora e os beneficiários de outra operadora atendidos a título de transferência de responsabilidade assumida. (Incluído pela Lei nº 12.873, de 2013) Assim, as indenizações correspondentes aos eventos ocorridos de que trata o inciso III do §9º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98 abrangem os custos assistenciais decorrentes da utilização pelos beneficiários da cobertura oferecida pelos planos de saúde da própria operadora. Fl. 233DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 27/02 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 10830.723729/201361 Acórdão n.º 3302002.851 S3C3T2 Fl. 234 6 Quanto à vinculação do lançamento às decisões do processo judicial nº 1999.61.05.0141451/SP, de acordo com a decisão da DRJ, o mandado foi impetrado visando a isenção da Cofins sobre a sua receita bruta, decorrente, em sua totalidade, da prática de atos cooperados. Já o lançamento aqui efetuado referese à glosa da redução de base de cálculo referente às contas contábeis nº 41 – Eventos Indenizáveis Líquidos, e, portanto, não há identidade de objeto. Adoto, pois, os fundamentos do acórdão de primeira instância, conforme §1º do art. 50 da Lei nº 9.784/1999. Diante do exposto, voto para negar provimento ao recurso de ofício. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 234DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 27/02 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE
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Numero do processo: 10880.677969/2009-13
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 29 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Tue Feb 03 00:00:00 UTC 2015
Numero da decisão: 3302-000.467
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros da Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Walber José da Silva
Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède
Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walber José da Silva, Gileno Gurjão Barreto, Fabiola Cassiano Keramidas, Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Paulo Guilherme Déroulède e Antônio Mário de Abreu Pinto.
RELATÓRIO
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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Acordam os membros da Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Walber José da Silva Presidente (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walber José da Silva, Gileno Gurjão Barreto, Fabiola Cassiano Keramidas, Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Paulo Guilherme Déroulède e Antônio Mário de Abreu Pinto. RELATÓRIO Trata o presente de declaração de compensação, relativa a crédito de fevereiro/2004 indeferida pela autoridade administrativa sob o fundamento de que o DARF informado como origem do crédito fora utilizado para quitação de outros débitos. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 80 .6 77 96 9/ 20 09 -1 3 Fl. 286DF CARF MF Impresso em 03/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/02 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 10880.677969/200913 Resolução nº 3302000.467 S3C3T2 Fl. 286 2 A recorrente apresentou manifestação de inconformidade, alegando que: 1. A maior parte das receitas decorrem da prestação do serviço de transmissão de energia elétrica de acordo com contrato firmado em 13/09/1999 (CONTRATO CPST Nº 006/1999), firmado com o Operador Nacional do Sistema Elétrico ONS; 2. Estas receitas estariam sujeitas à incidência cumulativa da Lei nº 9.718/98, por decorrerem de contratos de longo prazo, a preço predeterminado e firmado anteriormente a 31/10/2003, por disposição prevista no inciso XI, alíneas "b" e "c", do art. 10 da Lei nº 10.833/2003; 3. A Nota Técnica nº 224/2006, expedida pela SFF/ANEEL, apresentou entendimento sobre o tema, concluindo que as receitas decorrentes dos Contratos de Prestação de Serviço de Trasmissão CPST, firmados anteriormente a 31/10/2003, e reajustados anualmente pelo IGPM, se sujeitam à incidência cumulativa das contribuições prevista na Lei nº 9718/98; 4. Recolheu, equivocadamente, as contribuições para o PIS e Cofins no regime nãocumulativo, não separando as sujeitas ao regime cumulativo, e, posteriormente, transmitiu várias DCOMPs para aproveitar o crédito originado do pagamento indevido; 5. Estava providenciando a retificação das DCTF e Dacons, quando foi surpreendida com a ciência dos despachos decisórios, não homologando as compensações; 6. Foi necessária a retificação dos Dacons e das DCTF, após a ciência dos despachos decisórios, para corrigir o erro de fato cometido e que as DCOMPs não foram retificadas em razão da intimação para ciência dos despachos decisórios, de acordo com a vedação constante nos artigos 77 e 95 da IN RFB nº 900/2008; 7. Os erros cometidos no preenchimento dos DARFs, DCTFs, Dacons e DCOMP não causaram prejuízo ao erário e devem ser reconhecidos pela Administração Tributária, nos termos do art. 147 do CTN e em atendimento ao princípio da verdade material; 8. Poderá disponibilizar os documentos como Diário, Razão, Faturas, Balancetes, Contratos, normas da ANEEL para realização de diligência, caso seja necessária; A Terceira Turma da DRJ/BEL em Belém proferiu decisão nos termos da ementa que abaixo transcrevese: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Ano calendário:2004 DCOMP. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. ÔNUS DA PROVA. Considerase não homologada a declaração de compensação quando não reste comprovada a existência do crédito apontado como compensável. Em sede de compensação, o contribuinte possui o ônus de prova do seu direito. DIREITO CREDITÓRIO. PROVA. DCTF E DACON RETIFICADORES. Fl. 287DF CARF MF Impresso em 03/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/02 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 10880.677969/200913 Resolução nº 3302000.467 S3C3T2 Fl. 287 3 A DCTF e o DACON Retificadores, na condição de documentos confeccionados pelo próprio interessado, não exprimem nem materializam, por si só, o indébito fiscal. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido A recorrente interpôs tempestivamente recurso voluntário, alegando resumidamente que: 1. O IGPM deve ser considerado índice que reflete a variação ponderada dos custos e, portanto, enquadrado no art. 109 da Lei nº 11.196/2005; 2. Ainda que se negue a inclusão do IGPM no art. 109 da Lei n 11.196/2005, tal índice é mero reajuste do preço contratado, e não modificação deste preço, e que se o art. 109 da Lei nº 11.196/2005 estipulou que a variação dos custos não descaracteriza o preço predeterminado, com maior razão, um índice geral de correção não deveria descaracterizálo; 3. As IN SRF 468/2004 e 658/2006 consistem em flagrante ofensa ao princípio da legalidade insculpido no art. 150, inciso I da Constituição Federal; 4. O indébito decorre de erro na aplicação da alíquota; 5. Não disponibilizou toda a documentação, como Diário, Razão, Faturas, Balancetes, normas da ANEEL em razão do grande volume, vez que foram apresentadas 51 defesas administrativas; 6. Em momento algum, afirmou que a retificação do DACON e da DCTF constituem o direito creditório líquido e oponível à RFB, mas que pretendeu apenas cumprir os deveres instrumentais quanto ao erro alegado e que tais informações estão consubstanciadas em sua escrituração contábil; Cita, ainda, jurisprudência deste Conselho e do STJ e apresenta cópia do balancete, demonstrativos das receitas, indicação da conta contábil, de modo a corroborar suas alegações. Na forma regimental, o processo foi distribuído a este relator. É o relatório. VOTO Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède. O recurso voluntário atende aos pressupostos de admissibilidade e dele tomo conhecimento. A autoridade administrativa indeferiu a homologação pelo fato de o DARF apontado como origem do crédito pleiteado estava alocado a débitos em DCTF. Após a ciência do despacho, a recorrente providenciou a retificação do Dacon e da DCTF, demonstrando os valores alegados como corretos. Fl. 288DF CARF MF Impresso em 03/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/02 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 10880.677969/200913 Resolução nº 3302000.467 S3C3T2 Fl. 288 4 A DRJ considerou a manifestação de inconformidade improcedente, sob os argumentos de que o contrato CPST 006/1999, apresentado pela recorrente, não era apto a demonstrar que não houve após 31/10/2003 a implementação de quaisquer das ocorrências que descaracterizassem o preço predeterminado; que a Cláusula 53 assegurava às partes a prerrogativa de solicitar a revisão das cláusulas e condições avençadas; que a competência da ANEEL não alcança a interpretação da legislação tributária; que o IGPM não constitui índice que reflete a variação dos custos de produção nem reflete a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados; que a desconstituição dos créditos confessados não se efetiva com a apresentação da DCTF e Dacon retificadores, mas com a apresentação da escrita fiscal e contábil e respectiva documentação de suporte. Por sua vez, a recorrente, em recurso voluntário, alega que o reajuste pelo IGP M não descaracteriza o preço determinado, e apresenta cópias dos balancetes e demonstrativos de forma a comprovar seu direito. Vêse que a lide se refere ao alcance da expressão "preço predeterminado", e, consequentemente, da sujeição das receitas auferidas à incidência nãocumulativa ou cumulativa das contribuições. Passase, assim, à análise dos requisitos para exclusão das receitas em questão da incidência nãocumulativa das contribuições e da definição de preço predeterminado. As receitas decorrentes de determinados contratos firmados antes de 31/10/2003 foram excluídas da incidência nãocumulativa das contribuições, a partir da vigência do inciso XI do artigo 10 da Lei nº 10.833/2003, aplicado ao PIS/Pasep pelo art. 15 da referida lei: Art. 10. Permanecem sujeitas às normas da legislação da COFINS, vigentes anteriormente a esta Lei, não se lhes aplicando as disposições dos arts. 1o a 8o: (Produção de efeito) [...]XI as receitas relativas a contratos firmados anteriormente a 31 de outubro de 2003: a) com prazo superior a 1 (um) ano, de administradoras de planos de consórcios de bens móveis e imóveis, regularmente autorizadas a funcionar pelo Banco Central; b) com prazo superior a 1 (um) ano, de construção por empreitada ou de fornecimento, a preço predeterminado, de bens ou serviços; c) de construção por empreitada ou de fornecimento, a preço predeterminado, de bens ou serviços contratados com pessoa jurídica de direito público, empresa pública, sociedade de economia mista ou suas subsidiárias, bem como os contratos posteriormente firmados decorrentes de propostas apresentadas, em processo licitatório, até aquela data; [...]Art. 15. Aplicase à contribuição para o PIS/PASEP não cumulativa de que trata a Lei no 10.637, de 30 de dezembro de 2002, o disposto: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) [...]V no art. 10, incisos VI, IX e XI a XXI desta Lei; e (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) Fl. 289DF CARF MF Impresso em 03/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/02 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 10880.677969/200913 Resolução nº 3302000.467 S3C3T2 Fl. 289 5 V nos incisos VI, IX a XXV do caput e no § 2o do art. 10 desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) V nos incisos VI, IX a XXVII do caput e nos §§ 1o e 2o do art. 10 desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) Regulamentando o dispositivo, a RFB editou a IN SRF 468/2004, que, em seu art.2º, estipulou que a implementação do primeiro reajuste ou a revisão para manutenção do equilíbrio econômicofinanceiro dos contratos, após 31/10/2003, descaracterizariam o preço predeterminado, nos seguintes termos: Art. 2o Para efeito desta Instrução Normativa, preço predeterminado é aquele fixado em moeda nacional como remuneração da totalidade do objeto do contrato. § 1 o Considerase também preço predeterminado aquele fixado em moeda nacional por unidade de produto ou por período de execução. § 2 o Se estipulada no contrato cláusula de aplicação de reajuste, periódico ou não, o caráter predeterminado do preço subsiste somente até a implementação da primeira alteração de preços verificada após a data mencionada no art. 1 o . § 3 º Se o contrato estiver sujeito a regra de ajuste para manutenção do equilíbrio econômicofinanceiro, nos termos dos arts. 57, 58 e 65 da Lei n º 8.666, de 21 de junho de 1993, o caráter predeterminado do preço subsiste até a eventual implementação da primeira alteração nela fundada após a data mencionada no art. 1 º . Posteriormente, a Lei nº 11.196/2005, em seu art. 109, dispôs que o reajuste de preços em função do custo de produção ou da variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos não será considerado para fins de descaracterização do preço determinado: Art. 109. Para fins do disposto nas alíneas b e c do inciso XI do caput do art. 10 da Lei no 10.833, de 29 de dezembro de 2003, o reajuste de preços em função do custo de produção ou da variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, nos termos do inciso II do § 1o do art. 27 da Lei no 9.069, de 29 de junho de 1995, não será considerado para fins da descaracterização do preço predeterminado. Parágrafo único. O disposto neste artigo aplicase desde 1o de novembro de 2003. Novamente, regulamentando a matéria, a RFB editou a IN SRF nº 658/2006, revogando a IN SRF nº 468/2004 e incorporando as disposições do art. 109 acima mencionado, nos seguintes termos: Do Preço Predeterminado Art. 3º Para efeito desta Instrução Normativa, preço predeterminado é aquele fixado em moeda nacional como remuneração da totalidade do objeto do contrato. Fl. 290DF CARF MF Impresso em 03/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/02 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 10880.677969/200913 Resolução nº 3302000.467 S3C3T2 Fl. 290 6 § 1º Considerase também preço predeterminado aquele fixado em moeda nacional por unidade de produto ou por período de execução. § 2º Ressalvado o disposto no § 3º, o caráter predeterminado do preço subsiste somente até a implementação, após a data mencionada no art. 2º1, da primeira alteração de preços decorrente da aplicação: I de cláusula contratual de reajuste, periódico ou não; ou II de regra de ajuste para manutenção do equilíbrio econômicofinanceiro do contrato, nos termos dos arts. 57, 58 e 65 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. § 3º O reajuste de preços, efetivado após 31 de outubro de 2003, em percentual não superior àquele correspondente ao acréscimo dos custos de produção ou à variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, nos termos do inciso II do § 1º do art. 27 da Lei nº 9.069, de 29 de junho de 1995, não descaracteriza o preço predeterminado.(grifo não original) Art. 4º Na hipótese de pactuada, a qualquer título, a prorrogação do contrato, as receitas auferidas depois de vencido o prazo contratual vigente em 31 de outubro de 2003 sujeitarseão à incidência não cumulativa das contribuições. Verificase que a Receita Federal considerou que as hipóteses de reajuste e de revisão dos contratos administrativos, destinados à manutenção do equilíbrio econômico financeiro, expressos no art. 55, inciso III, 57, 58 e 65 da Lei nº 8.666/93, descaracterizariam o preço predeterminado, excetuando o reajuste não superior àquele correspondente ao acréscimo dos custos de produção ou à variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados. A revisão contratual decorre de fatos imprevisíveis, ou previsíveis, porém de conseqüências incalculáveis, retardadores ou impeditivos da execução do ajustado, ou, ainda, em caso de força maior, caso fortuito ou fato do príncipe, configurando álea econômica extraordinária e extracontratual2. Já o reajuste é cláusula necessária nos contratos administrativos3 e "objetiva reconstituir os preços praticados no contrato em razão de fatos previsíveis, é dizer, álea econômica ordinária, no momento da contratação, ante a realidade existente, como a variação inflacionária. Por decorrência, o reajuste deve retratar a alteração dos custos de produção a fim de manter as condições efetivas da proposta contratual, embora muitas vezes não alcance este desiderato relativamente a certo segmento ou agente econômicos". A legislação distingue as duas figuras, como se observa na Lei nº 8.987/95, que, dispondo sobre o regime de concessão de serviços públicos, especifica em seu art. 9º, §3º4, a 1 A data é 31/10/2003. 2 Art. 65, inciso II, alínea "d" da Lei nº 8.666/93 3 Art. 55, inciso III da Lei nº 8.666/93 4 Lei 8.987/95: Art. 9o A tarifa do serviço público concedido será fixada pelo preço da proposta vencedora da licitação e preservada pelas regras de revisão previstas nesta Lei, no edital e no contrato. [..~] § 2o Os contratos poderão prever mecanismos de revisão das tarifas, a fim de manterse o equilíbrio econômicofinanceiro. Fl. 291DF CARF MF Impresso em 03/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/02 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 10880.677969/200913 Resolução nº 3302000.467 S3C3T2 Fl. 291 7 possibilidade de revisão da tarifa decorrente da criação ou alteração de tributos. Já o artigo 18 da referida lei dispõe que o edital de licitação deverá prever os critérios de reajuste e revisão da tarifa, também ocorrendo a referida distinção nos artigos 23 e 29. A situação aqui tratada referese a reajuste e não a revisão contratual e se o procedimento altera o preço predeterminado. A definição desta expressão adotada pela RFB era a disposta na IN SRF nº 21/79: 3 Produção em Longo Prazo O contrato de construção por empreitada ou de fornecimento, a preço predeterminado, de bens e serviços a serem produzidos, com prazo de execução física superior a 12 (doze) meses, terá seu resultado apurado, em cada períodobase, segundo o progresso dessa execução: 3.1 Preço predeterminado é aquele fixado contratualmente, sujeito ou não a reajustamento, para execução global; no caso de construções, bens ou serviços divisíveis, o preço predeterminado é o fixado contratualmente para cada unidade. A instrução normativa acima foi utilizada como fundamento em diversas soluções de consulta da RFB, após a edição do inciso XI do art. 10 da Lei nº 10.833/2003. O entendimento era pacífico neste sentido até a edição da IN SRF 468/2004. Porém a RFB editou a referida instrução, modificando o entendimento sobre a definição de preço predeterminado, sem que qualquer lei tenha sido publicada alterando tal definição. Foi meramente nova interpretação normativa que suscitou rebates por parte dos contribuintes, tendo o STJ se pronunciado sobre a ilegalidade da IN SRF 468/2004: AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.310.284 PR (2012/00355487) EMENTA TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. VIOLAÇÃO DO ART. 557 DO CPC. INEXISTÊNCIA. ALEGAÇÃO GENÉRICA. SÚMULA 284/STF. COFINS. REGIME DE CONTRIBUIÇÃO. LEI N. 10.833/03. INSTRUÇÃO NORMATIVA 468/2004. VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE. 1. A eventual nulidade da decisão monocrática calcada no art. 557 do CPC fica superada com a reapreciação do recurso pelo órgão colegiado, na via de agravo regimental, como bem analisado no REsp 824.406/RS de Relatoria do Min. Teori Albino Zavascki, em 18.5.2006. § 3o Ressalvados os impostos sobre a renda, a criação, alteração ou extinção de quaisquer tributos ou encargos legais, após a apresentação da proposta, quando comprovado seu impacto, implicará a revisão da tarifa, para mais ou para menos, conforme o caso. [...] Art. 23. São cláusulas essenciais do contrato de concessão as relativas: [...] IV ao preço do serviço e aos critérios e procedimentos para o reajuste e a revisão das tarifas; Art. 29. Incumbe ao poder concedente: [...] V homologar reajustes e proceder à revisão das tarifas na forma desta Lei, das normas pertinentes e do contrato; Fl. 292DF CARF MF Impresso em 03/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/02 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 10880.677969/200913 Resolução nº 3302000.467 S3C3T2 Fl. 292 8 2. A Secretaria da Receita Federal, por meio da Instrução Normativa 468/04, ao definir o que é "preço predeterminado", estabeleceu que "o caráter predeterminado do preço subsiste somente até a implementação da primeira alteração de preços" e, assim, acabou por conferir, de forma reflexa, aumento das alíquotas do PIS (de 0,65% para 1,65%) e da COFINS (de 3% para 7,6%). 3. Somente é possível a alteração, aumento ou fixação de alíquota tributária por meio de lei, sendo inviável a utilização de ato infralegal para este fim, sob pena de violação do princípio da legalidade tributária. Precedentes: REsp 1.089.998RJ, DJe 30/11/2011; REsp 1.109.034 PR, DJe 6/5/2009; e REsp 872.169RS, Dje 13/5/2009. RECURSO ESPECIAL Nº 1.169.088 MT (2009/02357184) EMENTA PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. ART. 535, II, DO CPC. ALEGAÇÕES GENÉRICAS. SÚMULA 284/STF. INTIMAÇÃO PESSOAL DA FAZENDA. FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL. MANDADO DE SEGURANÇA. NATUREZA PREVENTIVA. SÚMULA 7/STJ. ART. 10, XI, "B' DA LEI 10.833/03. CONCEITO DE PREÇO PREDETERMINADO. IN SRF 468/04. ILEGALIDADE. PRECEDENTE. ART. 538, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC. MULTA. AFASTAMENTO. SÚMULA 98/STJ. [...]4. O preço predeterminado em contrato, previsto no art. 10, XI, "b", da Lei 10.833/03, não perde sua natureza simplesmente por conter cláusula de reajuste decorrente da correção monetária. Ilegalidade da IN n.º 468/04. Precedente. 5. A multa fixada com base no art. 538, parágrafo único, do CPC, deve ser afastada quando notório o propósito de prequestionamento dos embargos de declaração. Incidência da Súmula 98/STJ. 6. Recurso especial conhecido em parte e provido também em parte. RECURSO ESPECIAL Nº 1.089.998 RJ (2008/02056082) EMENTA TRIBUTÁRIO. COFINS. REGIME DE CONTRIBUIÇÃO. LEI N. 10.833/03. INSTRUÇÃO NORMATIVA N. 468/2004. VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE. 1. Cuidase de recurso especial interposto pelo contribuinte, questionando o poder regulamentar da Secretaria da Receita Federal, na edição da Instrução Normativa n. 468/04, que regulamentou o art. 10 da Lei n. 10.833/03. 2. O art. 10, inciso XI, da Lei n. 10.833/03 determina que os contratos de prestação de serviço firmados a preço determinado antes de 31.10.2003, e com prazo superior a 1 (um) ano, permanecem sujeitos ao regime tributário da cumulatividade para a incidência da COFINS. (Grifo meu.) 3. A Secretaria da Receita Federal, por meio da Instrução Normativa n. 468/04, ao definir o que é "preço predeterminado", estabeleceu que "o caráter predeterminado do preço subsiste somente até a Fl. 293DF CARF MF Impresso em 03/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/02 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 10880.677969/200913 Resolução nº 3302000.467 S3C3T2 Fl. 293 9 implementação da primeira alteração de preços " e, assim, acabou por conferir, de forma reflexa, aumento das alíquotas do PIS (de 0,65% para 1,65%) e da COFINS (de 3% para 7,6%). 4. Somente é possível a alteração, aumento ou fixação de alíquota tributária por meio de lei, sendo inviável a utilização de ato infralegal para este fim, sob pena de violação do princípio da legalidade tributária. 5. No mesmo sentido do voto que eu proferi, o Ministério Público Federal entendeu que houve ilegalidade na regulamentação da lei pela Secretaria da Receita Federal, pois "a simples aplicação da cláusula de reajuste prevista em contrato firmado anteriormente a 31.10.2003 não configura, por si só, causa de indeterminação de preço, uma vez que não muda a natureza do valor inicialmente fixado, mas tão somente repõe, com fim na preservação do equilíbrio econômico financeiro entre as partes, a desvalorização da moeda frente à inflação ." (Fls. 335, grifo meu.) Mantenho o voto apresentado, no sentido de dar provimento ao recurso especial. De fato, a IN SRF nº 468/2004 extrapolou a legislação vigente ao estipular que o reajuste implicaria em descaracterização do preço predeterminado. Entretanto, o advento do art. 109 da Lei nº 11.196/2005 alterou a configuração legislativa sobre a matéria. O art. 109 mencionou expressamente que "o reajuste de preços em função do custo de produção ou da variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, nos termos do inciso II do § 1o do art. 27 da Lei no 9.069/95, não será considerado para fins da descaracterização do preço predeterminado". Se a intenção da modificação era permitir que o reajuste não descaracterizasse o preço predeterminado, não foi o que restou publicado. O art. 109 faz referência à Lei 9.069/95, conversão das MPs que criaram o Plano Real, na qual estipulava que a correção monetária, em virtude de estipulação legal ou em negócio jurídico, deveria darse pelo Índice de Preços ao Consumidor, Série r IPCr, de acordo com o art. 27 da Lei nº 9.069/95, mas ressalvadas as hipóteses de seu parágrafo primeiro: § 1º O disposto neste artigo não se aplica: I às operações e contratos de que tratam o Decretolei nº 857, de 11 de setembro de 1969, e o art. 6º da Lei nº 8.880, de 27 de maio de 1994; II aos contratos pelos quais a empresa se obrigue a vender bens para entrega futura, prestar ou fornecer serviços a serem produzidos, cujo preço poderá ser reajustado em função do custo de produção ou da variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados; III às hipóteses tratadas em lei especial. Foi justamente sobre o inciso II do §1º que o art. 109 fez a ressalva quanto ao reajuste não descaracterizar o preço predeterminado e não sobre o IPCr. Fl. 294DF CARF MF Impresso em 03/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/02 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 10880.677969/200913 Resolução nº 3302000.467 S3C3T2 Fl. 294 10 Salientase que a Lei nº 10.192/2001, conversão de MPs que se originaram da MP nº 1.503/95, extinguiu o IPCr em seu art. 8º: Art. 8o A partir de 1o de julho de 1995, a Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE deixará de calcular e divulgar o IPCr. § 1o Nas obrigações e contratos em que haja estipulação de reajuste pelo IPCr, este será substituído, a partir de 1o de julho de 1995, pelo índice previsto contratualmente para este fim. § 2o Na hipótese de não existir previsão de índice de preços substituto, e caso não haja acordo entre as partes, deverá ser utilizada média de índices de preços de abrangência nacional, na forma de regulamentação a ser baixada pelo Poder Executivo. A mesma lei, em seu artigo 2º, dispôs que: Art. 1o As estipulações de pagamento de obrigações pecuniárias exeqüíveis no território nacional deverão ser feitas em Real, pelo seu valor nominal. Parágrafo único. São vedadas, sob pena de nulidade, quaisquer estipulações de: I pagamento expressas em, ou vinculadas a ouro ou moeda estrangeira, ressalvado o disposto nos arts. 2o e 3o do DecretoLei no 857, de 11 de setembro de 1969, e na parte final do art. 6o da Lei no 8.880, de 27 de maio de 1994; II reajuste ou correção monetária expressas em, ou vinculadas a unidade monetária de conta de qualquer natureza; III correção monetária ou de reajuste por índices de preços gerais, setoriais ou que reflitam a variação dos custos de produção ou dos insumos utilizados, ressalvado o disposto no artigo seguinte. Art. 2o É admitida estipulação de correção monetária ou de reajuste por índices de preços gerais, setoriais ou que reflitam a variação dos custos de produção ou dos insumos utilizados nos contratos de prazo de duração igual ou superior a um ano. § 1o É nula de pleno direito qualquer estipulação de reajuste ou correção monetária de periodicidade inferior a um ano. § 2o Em caso de revisão contratual, o termo inicial do período de correção monetária ou reajuste, ou de nova revisão, será a data em que a anterior revisão tiver ocorrido. § 3o Ressalvado o disposto no § 7o do art. 28 da Lei no 9.069, de 29 de junho de 1995, e no parágrafo seguinte, são nulos de pleno direito quaisquer expedientes que, na apuração do índice de reajuste, produzam efeitos financeiros equivalentes aos de reajuste de periodicidade inferior à anual. O Decreto nº 1.544/95 estipulou que, na hipótese de não existir previsão de índice para substituir o IPCr e na falta de acordo entre as partes, deveria ser utilizada a média Fl. 295DF CARF MF Impresso em 03/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/02 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 10880.677969/200913 Resolução nº 3302000.467 S3C3T2 Fl. 295 11 aritmética entre o Índice Nacional de Preços ao Consumidor INPC do IBGE e o Índice Geral de Preços Disponibilidade Interna IGPDI da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Art. 1º Na hipótese de não existir previsão de índice de preços substituto, e caso não haja acordo entre as partes, a média de índices de preços de abrangência nacional a ser utilizada nas obrigações e contratos anteriormente estipulados com reajustamentos pelo IPCr, a partir de 1º de julho de 1995, será a média aritmética simples dos seguintes índices: I Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE); II Índice Geral de Preços Disponibilidade Interna (IGPDI), da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Observase que a própria legislação, já em 1995, cuidou de diferenciar o reajuste em função de índices gerais ou setoriais do reajuste em função do custo de produção ou da variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, inicialmente no art. 27 da Lei 9.069/95 e posteriormente nos artigos 1º e 2º da Lei nº 10.192/2001 (na realidade, a diferença temporal entre as disposições é de apenas 10 dias). O art. 109, ao se referir apenas ao reajuste em função do custo de produção ou da variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, acabou inovando a definição de preço predeterminado, estabelecendo uma distinção até então inexistente. Quisesse apenas referirse a reajuste em geral, bastaria têlo feito nos termos do art. 2º da Lei nº 10.192/2001. Reforçam este entendimento, as emendas feitas à MP 252/2005, citadas na Nota Técnica 224/2006 SFFANEEL: Emendas n° 224 (Dep. Eduardo Gomes), 225 (Dep. Eduardo Sciarra), e 353 (Dep. Max Rosenmann): EMENDA ART. 44A. O art. 10, inciso XI,da Lei nº 10.833, de 2003, passa a vigorar com a seguinte redação: "Art. 10........................................................................... ........................................................................................ XI as receitas relativas a contratos firmados anteriormente a 31 de outubro de 2003, independentemente de a eles serem aplicados reajustamentos previstos em cláusulas contratuais." JUSTIFICATIVA: a redação proposta , com adição da locução "independentemente de a eles serem aplicados reajustamentos previstos em cláusulas contratuais" fazse necessária, visto que o Poder Executivo através da Instrução Normativa nº 468/2004, da SRF, mudou a interpretação do conceito de "preço predeterminado" passando a impedir que os contratos abrigados pela Lei nº 10.833/2003, deixem de usufruir o direito de permanecer sob o regime da cumulatividade. A IN em questão entende que o simples reajuste de preço por índices oficiais já caracteriza uma mudança da base do preço e desta forma afasta a eficácia do dispositivo legal. No fundo o que a IN faz é, na prática, Fl. 296DF CARF MF Impresso em 03/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/02 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 10880.677969/200913 Resolução nº 3302000.467 S3C3T2 Fl. 296 12 equiparar o conceito de preço predeterminado " ao conceito de preço fixo, uma vez que praticamente não existe contrato com prazo superior a um ano sem previsão de reajustamento. Tivesse sido assim publicado o artigo 109, a interpretação forçosamente retornaria ao texto da IN SRF nº 21/79, mas não foi o ocorrido. Todavia, a redação da IN SRF 658/2006 modificou, sutilmente, a redação do art. 109, ao dispor no §3º do art. 3º: § 3 º O reajuste de preços, efetivado após 31 de outubro de 2003, em percentual não superior àquele correspondente ao acréscimo dos custos de produção ou à variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, nos termos do inciso II do § 1 º do art. 27 da Lei n º 9.069, de 29 de junho de 1995, não descaracteriza o preço predeterminado. A redação da lei que era "reajuste de preços em função do" foi regulamentada como "reajuste de preços em percentual não superior". Esta redação não exclui, a priori, a utilização de qualquer índice, desde que ele não ultrapasse o acréscimo dos custos de produção ou à variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados. Assim, se a fórmula de reajuste utilizada não ultrapassar aqueles limites, deve tal fórmula de reajuste não descaracterizar o preço predeterminado. Ressaltase que o art. 109 está em consonância com o fundamento econômico para o reajuste que é a variação dos custos, como dispõe o inciso XI do art. 40 da Lei nº 8.666/93 e o inciso XVIII do art. 3º da Lei nº 9.427/96, que instituiu a Agência Nacional de Energia Elétrica ANEEL: Lei nº 8.666/93: Art. 40. O edital conterá no preâmbulo o número de ordem em série anual, o nome da repartição interessada e de seu setor, a modalidade, o regime de execução e o tipo da licitação, a menção de que será regida por esta Lei, o local, dia e hora para recebimento da documentação e proposta, bem como para início da abertura dos envelopes, e indicará, obrigatoriamente, o seguinte: [...]XI critério de reajuste, que deverá retratar a variação efetiva do custo de produção, admitida a adoção de índices específicos ou setoriais, desde a data prevista para apresentação da proposta, ou do orçamento a que essa proposta se referir, até a data do adimplemento de cada parcela; (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) Lei nº 9.427/96: Art. 3o Além das atribuições previstas nos incisos II, III, V, VI, VII, X, XI e XII do art. 29 e no art. 30 da Lei no 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, de outras incumbências expressamente previstas em lei e observado o disposto no § 1o, compete à ANEEL: (Redação dada pela Lei nº 10.848, de 2004) (Vide Decreto nº 6.802, de 2009). [...]XVIII definir as tarifas de uso dos sistemas de transmissão e distribuição, sendo que as de transmissão devem ser baseadas nas seguintes diretrizes: (Incluído pela Lei nº 10.848, de 2004) Fl. 297DF CARF MF Impresso em 03/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/02 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 10880.677969/200913 Resolução nº 3302000.467 S3C3T2 Fl. 297 13 a) assegurar arrecadação de recursos suficientes para cobertura dos custos dos sistemas de transmissão; e (Incluído pela Lei nº 10.848, de 2004) a) assegurar arrecadação de recursos suficientes para a cobertura dos custos dos sistemas de transmissão, inclusive das interligações internacionais conectadas à rede básica; (Redação dada pela Lei nº 12.111, de 2009) b) utilizar sinal locacional visando a assegurar maiores encargos para os agentes que mais onerem o sistema de transmissão; (Incluído pela Lei nº 10.848, de 2004) Estabelecidas as condições para a definição de preço predeterminado, passase à análise do contrato apresentado. A recorrente auferiu receitas decorrentes da prestação de serviço de transmissão de energia elétrica, regulado pela Agência Nacional de Energia Elétrica ANEEL instituída pela Lei nº 9.427/1996, e pelo contrato firmado com o Operador Nacional do Sistema Elétrico – ONS em 13/09/1999, intitulado Contrato de Prestação de Serviço de Transmissão de Energia Elétrica (CONTRATO CPST Nº 006/1999). O ONS é entidade de direito privado sem fins lucrativos, cabendolhe, dentre outras atribuições, a de contratar e administrar os serviços de transmissão de energia elétrica e respectivas condições de acesso, bem como dos serviços ancilares, nos termos do art. 13, parágrafo único, alínea “d” da Lei nº 9.648/98, sob fiscalização e regulação da ANEEL (Resolução nº 351/98 e Decreto nº 2.655/98). O contrato celebrado denominase CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO DE TRANSMISSÃO e tem por objeto regular as condições de administração e coordenação por parte da ONS, da prestação de serviço de transmissão pela Transmissora (recorrente). Seu prazo de vigência é a partir de 13/09/1999 e permanece até a extinção da concessão da transmissora. A claúsula 36º dispõe que a recorrente teria direito a receber dos usuários, mediante os Contratos de Uso do Sistema de Transmissão, um duodécimo da receita anual permitida, e seu parágrafo 1º dispôs que os serviços de operação de rede básica, serviços de telecomunicações e serviços ancilares seriam remunerados pela RAP até a assinatura de contratos específicos, a serem assinados até 30/06/2000 e 31/12/2002. A cláusula 37º menciona ainda a existência de Contrato de Concessão de Serviço Público de Transmissão de Energia Elétrica. A cláusula 40º estipula que o pagamento mensal à transmissora será realizado de acordo com as datas e condições definidas nos Contratos de Uso do Sistema de Transmissão. Cláusula 40º O pagamento mensal, definido na Cláusula 36*, devido pelos USUÁRIOS à TRANSMISSORA pela Prestação dos Serviços de Transmissão, será realizado em 3 (três) vencimentos, cada um equivalente a 1/3 (um terço) do valor global devido, nas datas e condições definidas nos CONTRATOS DE USO DO SISTEMA DE TRANSMISSÃO. Fl. 298DF CARF MF Impresso em 03/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/02 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 10880.677969/200913 Resolução nº 3302000.467 S3C3T2 Fl. 298 14 Verificase que o contrato apresentado é entre o ONS e a recorrente e destinase a regular as condições de administração e coordenação por parte da ONS, da prestação de serviço de transmissão, mas não corresponde aos contratos dos quais decorrem as receitas auferidas. Assim, nestes contratos é que estão previstas as condições que permitem aferir sua caracterização como de longo prazo e do preço predeterminado, como: data de assinatura, prazo de vigência, data em que ocorreu o primeiro reajuste, fórmula estabelecida para cálculo do reajuste. Por outro lado, a Nota Técnica nº 224/2006, elaborada pela Superintendência de Fiscalização Econômica e Financeira – SFF/ANEEL, apresenta os modelos de contratos utilizados na concessão do serviço público de transmissão, contratos de prestação de serviços de transmissão CPST e contratos de uso do sistema de transmissão CUST. Da análise das cláusulas dos modelos apresentados, são necessários alguns esclarecimentos por parte da recorrente para melhor compreendêlos, bem como detalhar a receita auferida, vinculando cada parcela ao contrato que lhe deu origem. Diante do exposto, voto para converter o presente julgamento em resolução para que a autoridade administrativa intime a recorrente a: 1. Relacionar as receitas auferidas ao contrato do qual decorrem; 2. Apresentar o Contrato de Concessão do Serviço Público de Transmissão, especificando a data de assinatura, o prazo de vigência, as condições contratadas para o reajustamento fórmula e datas de reajuste; 3. Identificar o primeiro reajustamento ocorrido após 31/10/2003, relativamente às receitas auferidas; 4. Esclarecer se houve alguma revisão do contrato visando a manutenção do equilíbrio econômicofinanceiro; 5. Apresentar as resoluções da ANEEL relativas a novos acréscimos ao preço originalmente contrato Receita Anual Permitida identificando a origem destes acréscimos; 6. Esclarecer se na receita auferida constam revisões de que trata a cláusula abaixo reproduzida: Oitava Subcláusula A ANEEL procederá, anualmente, à revisão da RECEITA ANUAL PERMITIDA do SERVIÇO PÚBLICO DE TRANSMISSÃO, pela execução de modificações, reforços e ampliações nas INSTALAÇÕES DE TRANSMISSÃO, inclusive as decorrentes de novos padrões de desempenho técnico determinados peia ANEEL, conforme procedimentos definidos na Oitava Subcláusula da Cláusula Quarta deste CONTRA TO DE CONCESSÃO 7. Esclarecer se na receita auferida há parcela recebida devida à ultrapassagem do sistema de transmissão e da sobrecarga; 8. Informar a existência de Contratos de Conexão à Transmissão firmados após 31/10/2003, de acordo com a Resolução nº 489/2002; Fl. 299DF CARF MF Impresso em 03/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/02 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 10880.677969/200913 Resolução nº 3302000.467 S3C3T2 Fl. 299 15 9. Se houve parcela de ajuste na Receita Anual Permitida, relacionada com a majoração das alíquotas de PIS e Cofins, nos termos do disposto no item 69 da Nota Técnica 224/2006: PA (PIS/COFINS) = parcela a ser adicionada a PA de cada concessionária de serviço público de transmissão de energia elétrica, resultante do impacto financeiro decorrente da majoração das alíquotas do PIS/PASEP e da COFINS 10. Esclarecer se consta receita auferida de novas instalações de transmissão, de acordo com o item 70 da Nota Técnica 224/2006 e a data em que foram autorizadas pela ANEEL: Dessa forma, é possível, e freqüentemente ocorre, a necessidade da realização de obras visando a implantação de novas instalações de transmissão de energia elétrica integrantes da Rede Básica do Sistema Interligado Nacional SIN. Tais obras são então autorizadas por esta ANEEL, mediante a publicação de Resoluções Autorizativas, nas quais é fixada respectiva receita.. 11. Esclarecer se existe algum índice setorial que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados; 12. Elaborar comparativo entre a evolução dos custos da prestação do serviço e da variação do índice mencionado no item anterior e o reajuste adotado, relativo ao período correspondente ao reajuste ocorrido imediatamente anterior a 31/10/2003 e os ocorridos até a competência do crédito objeto da DCOMP. Após concluída a resposta à intimação, elaborar relatório fiscal, separando as receitas que entender sujeitas à incidência nãocumulativa das sujeitas à incidência cumulativa, a partir das premissas contidas nesta resolução, facultando à recorrente o prazo de trinta dias para se pronunciar sobre as conclusões obtidas, nos termos do parágrafo único do artigo 35 do Decreto nº 7.574, de 2011. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 300DF CARF MF Impresso em 03/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 02/02 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE
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Numero do processo: 10882.723982/2012-29
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 24 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Tue Mar 03 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2008
JUROS DE MORA. APLICAÇÃO DA TAXA SELIC. SÚMULA CARF Nº 04.
Os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais, conforme enunciado da Súmula CARF nº 04.
INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. SÚMULA CARF Nº 2. EXCEÇÕES PREVISTAS NOS ARTIGOS 62 E 62-A DO ANEXO II DO RICARF.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade, ressalvadas as hipóteses previstas nos artigos 62 e 62-A do Anexo II do RICARF.
Numero da decisão: 3302-002.849
Decisão: Recurso Voluntário Negado.
Crédito Tributário Mantido.
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros da Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Walber José da Silva
Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède
Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walber José da Silva (Presidente), Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Paulo Guilherme Déroulède, Jonathan Barros Vita, Cláudio Monroe Massetti e João Alfredo Eduão Ferreira.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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decisao_txt : Recurso Voluntário Negado. Crédito Tributário Mantido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros da Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Walber José da Silva Presidente (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walber José da Silva (Presidente), Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Paulo Guilherme Déroulède, Jonathan Barros Vita, Cláudio Monroe Massetti e João Alfredo Eduão Ferreira.
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NULIDADE. ALEGAÇÃO DE CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. É incabível a argüição de nulidade do auto de infração que se encontre revestido de suas formalidades essenciais, afastandose a hipótese de cerceamento de defesa, caso a infração e descrição dos fatos denotese identificada, em estrita observância aos pressupostos e preceitos legais. INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. SÚMULA CARF Nº 2. EXCEÇÕES PREVISTAS NOS ARTIGOS 62 E 62A DO ANEXO II DO RICARF. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade, ressalvadas as hipóteses previstas nos artigos 62 e 62A do Anexo II do RICARF. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2008 JUROS DE MORA. APLICAÇÃO DA TAXA SELIC. SÚMULA CARF Nº 04. Os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais, conforme enunciado da Súmula CARF nº 04. Recurso Voluntário Negado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 2. 72 39 82 /2 01 2- 29 Fl. 500DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 27/02 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 10882.723982/201229 Acórdão n.º 3302002.849 S3C3T2 Fl. 501 2 Crédito Tributário Mantido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros da Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Walber José da Silva Presidente (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walber José da Silva (Presidente), Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Paulo Guilherme Déroulède, Jonathan Barros Vita, Cláudio Monroe Massetti e João Alfredo Eduão Ferreira. Relatório Trata o presente de Autos de Infração lavrados para constituição de crédito tributário de PIS/Pasep e Cofins no anocalendário de 2008. A autuação decorreu da insuficiência de recolhimento das contribuições nãocumulativas apuradas sobre os valores de receita bruta tributável informados em notas fiscais, nos Livros de Registro de Saídas e nas GIA (Guia de Informação e Apuração do ICMS), descontadas dos créditos da não cumulatividade informados em DACON e dos valores informados em DCTF. Pela falta de apresentação da Escrituração Contábil Digital (ECD) relativa ao ano de 2008, até o encerramento da fiscalização, foi lavrada a multa prevista no art. 57 da MP nº 2.15835/2001. A recorrente apresentou impugnação alegando a nulidade da autuação por falta de pressupostos legais e cerceamento de defesa; que o lançamento foi baseado em presunção; a autuação abusiva do agente fiscal; ilegalidade da multa, sua natureza excessiva e confiscatória, ofensa ao princípio da capacidade contributiva; a ilegalidade dos acréscimos de juros cumulados com correção monetária; aplicação do art. 106 do CTN, pois que o levantamento fiscal não adaptou os juros, correção monetária de atualização e a multa dentro do plano da estabilização da moeda vigente; a inconstitucionalidade da aplicação da taxa Selic; bis in idem na aplicação da multa pela falta de entrega da ECD concomitante com a aplicação das multas de ofício nos Autos de Infração de PIS/Pasep e Cofins. A Décima Quarta Turma da DRJ em Ribeirão Preto proferiu o acórdão nº 14 47.925, com a seguinte ementa: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2008 Fl. 501DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 27/02 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 10882.723982/201229 Acórdão n.º 3302002.849 S3C3T2 Fl. 502 3 LANÇAMENTO DE OFÍCIO. NULIDADE. CONDIÇÕES. A constituição de ofício do crédito tributário por meio de Auto de Infração somente é passível de anulação se efetuada por agente incompetente. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Afastase as alegações de cerceamento do direito de defesa diante da descrição detalhada do procedimento e das premissas e conclusões que embasaram o lançamento, ainda mais quando totalmente baseado na escrituração contábil e fiscal do sujeito passivo. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2008 LANÇAMENTO DE OFÍCIO. FALTA DE RECOLHIMENTO. Constatada a falta de recolhimento da contribuição, correta a exigência de ofício do tributo não recolhido. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário: 2008 LANÇAMENTO DE OFÍCIO. FALTA DE RECOLHIMENTO. Constatada a falta de recolhimento da contribuição, correta a exigência de ofício do tributo não recolhido. ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 01/07/2009 MULTA REGULAMENTAR. FALTA DE APRESENTAÇÃO DE ESCRITURAÇÃO ELETRÔNICA. CABIMENTO. RETROATIVIDADE BENIGNA. Verificada a falta de apresentação da escrituração eletrônica, correta a imposição da multa isolada. Reduzida a penalidade por legislação posterior, deve o percentual da multa ser adequado aos novos patamares. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Irresignada, a recorrente interpôs recurso voluntário, reprisando as alegações deduzidas na impugnação, à exceção do bis in idem na aplicação da multa pela falta de entrega da ECD com as multas de ofício vinculadas às contribuições lançadas. Na forma regimental, o processo foi distribuído a este relator. É o relatório. Fl. 502DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 27/02 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 10882.723982/201229 Acórdão n.º 3302002.849 S3C3T2 Fl. 503 4 Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède. O recurso voluntário atende aos demais pressupostos de admissibilidade e dele tomo conhecimento. Preliminarmente, a recorrente alega nulidade da autuação por falta de pressupostos legais e cerceamento do direito de defesa. Sem razão, a recorrente. Os requisitos legais para a lavratura do auto de infração constam do art. 10 do Decreto 70.235/72, abaixo transcrito: Art. 10. O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação da falta, e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do autuado; II o local, a data e a hora da lavratura; III a descrição do fato; IV a disposição legal infringida e a penalidade aplicável; V a determinação da exigência e a intimação para cumprila ou impugnála no prazo de trinta dias; VI a assinatura do autuante e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. Quanto à nulidade, o referido decreto dispõe em seu artigo 59: Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. § 1º A nulidade de qualquer ato só prejudica os posteriores que dele diretamente dependam ou sejam conseqüência. § 2º Na declaração de nulidade, a autoridade dirá os atos alcançados, e determinará as providências necessárias ao prosseguimento ou solução do processo. § 3º Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) A partir da análise do Termo de Verificação Fiscal e dos Autos de Infração lavrados, efls. 340 a 374, constatase que não houve qualquer violação aos pressupostos legais para a lavratura do Auto de Infração, pois foi lavrado por pessoa competente, ou seja, Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil e contém toda descrição pormenorizada dos fatos, cálculo dos valores das contribuições devidas, dos juros e da multa de ofício e indicação dos enquadramentos legais, enfim, suficiente à compreensão das infrações cometidas pela recorrente. Quanto à alegação de presunção tomada nos elementos que orientaram a autuação, revelase descabida, vez que todo o trabalho foi desenvolvido a partir de documentos fiscais e arquivos digitais apresentados pela recorrente, a saber, notas fiscais de saída, Livro de Registro de Saídas, GIA (Guia de Informação e Apuração do ICMS), Dacon e DCTF. Fl. 503DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 27/02 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 10882.723982/201229 Acórdão n.º 3302002.849 S3C3T2 Fl. 504 5 No mérito, a recorrente alega a ilegalidade da multa aplicada, ilegalidade dos acréscimos de juros cumulados com correção monetária e inconstitucionalidade da aplicação da taxa Selic. Concernente à ilegalidade da multa, a recorrente propugna por sua inconstitucionalidade em razão da excessividade, do caráter confiscatório e por violação do princípio da capacidade contributiva. De plano, esclareçase que a argüição de inconstitucionalidade de atos normativos deve ser formulada perante o Poder Judiciário, em vista da competência constitucional prevista nos arts. 97 e 102 da Carta Magna, sendo vedado a este conselho conhecer desta alegação, conforme artigo 59 do Decreto nº 7.574/2011, exceto nas hipóteses previstas nos artigos 62 e 62A1 do Regimento Interno, aprovado pela Portaria MF nº 256/2009. Neste sentido, foi publicada a Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei Pontuese que as multas de ofício vinculadas às contribuições foram fundamentadas no art. 44 da Lei nº 9.430/96, enquanto a multa por falta de entrega da Escrituração Contábil Digital, instituída pela IN RFB nº 787/2007, foi fundamentada no art. 57, inciso I da MP nº 2.15835/2001. Relativamente a esta última, o colegiado a quo reduziu o lançamento em virtude da redução da penalidade prevista no art. 57, inciso I, introduzida pela Lei nº 12.766/2012 e mantida pela Lei nº 12.873/2013, inicialmente equivalente a R$ 5.000,00, mensais, para R$ 1.500,00, mensais. No que diz respeito à ilegalidade dos acréscimos de juros cumulados com correção monetária, frisese que o lançamento não comporta correção monetária nem multa de mora (mencionada no recurso voluntário), mas apenas multa de ofício e juros de mora, devidamente fundamentados no Auto de Infração. Sobre a legitimidade da taxa Selic como juros moratórios, previstos no artigo 61, §3º2 da Lei nº 9.430/96, descabem maiores considerações, conforme decidido no REsp 1 Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão plenária definitiva do Supremo Tribunal Federal; ou II que fundamente crédito tributário objeto de: a) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, na forma dos arts. 18 e 19 da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002; b) súmula da AdvocaciaGeral da União, na forma do art. 43 da Lei Complementar nº 73, de 1993; ou c) parecer do AdvogadoGeral da União aprovado pelo Presidente da República, na forma do art. 40 da Lei Complementar nº 73, de 1993. Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. ( Incluído pela Portaria MF nº 586, de 21 de dezembro de 2010 ) 2 Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos Fl. 504DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 27/02 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 10882.723982/201229 Acórdão n.º 3302002.849 S3C3T2 Fl. 505 6 879.844/MG, julgado em 11/11/2009 sob a sistemática de recursos repetitivos, e no RE 582.461/SP, submetido à repercussão geral, julgado em 18/05/2011, e de acordo com o enunciado da Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Portanto, devidos os juros moratórios à taxa Selic. Diante do exposto, voto para negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. (Vide Decreto nº 7.212, de 2010) ... § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. (Vide Medida Provisória nº 1.725, de 1998) (Vide Lei nº 9.716, de 1998) Fl. 505DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 27/02 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 10882.723982/201229 Acórdão n.º 3302002.849 S3C3T2 Fl. 506 7 Fl. 506DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 27/02 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE
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Numero do processo: 11829.720040/2013-87
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 18 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Tue Mar 24 00:00:00 UTC 2015
Numero da decisão: 3302-000.505
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros da Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Walber José da Silva
Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède
Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walber José da Silva (Presidente), Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Paulo Guilherme Déroulède, Jonathan Barros Vita, Cláudio Monroe Massetti e Fabiola Cassiano Keramidas.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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Acordam os membros da Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Walber José da Silva Presidente (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walber José da Silva (Presidente), Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Paulo Guilherme Déroulède, Jonathan Barros Vita, Cláudio Monroe Massetti e Fabiola Cassiano Keramidas. RELATÓRIO Trata o presente de Autos de Infração lavrados para constituição de crédito tributário de Imposto de ImportaçãoII, Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI – Importação, PIS – Importação e COFINS – Importação, acrescidos da multa de ofício e dos juros de mora, bem como à multa por classificação incorreta da mercadoria na Nomenclatura RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 18 29 .7 20 04 0/ 20 13 -8 7 Fl. 1873DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/03/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 23/03 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 23/03/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 11829.720040/201387 Resolução nº 3302000.505 S3C3T2 Fl. 1.829 2 Comum do Mercosul, prevista no art. 84, inciso I, da MP nº 2.15835/2001, relativos às Declarações de Importações registradas no período de 13/01/2009 a 05/12/2012. Por bem retratar a realidade dos fatos, transcrevese relatório do voto proferido pelo colegiado a quo: “Versa o presente processo sobre os Autos de Infração lavrados (fls. 04/341) para a exigência do crédito tributário no valor de R$ 3.802.997,66, relativo às diferenças de recolhimento do Imposto de ImportaçãoII, Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI – Importação, PIS – Importação e COFINS – Importação, acrescidos da multa de ofício e dos juros de mora, bem como à multa por classificação incorreta da mercadoria na Nomenclatura Comum do Mercosul, prevista no art. 84, inciso I, da Medida Provisória nº 2.158 35, de 27 de agosto de 2001. Conforme Termo de Verificação Fiscal e Descrição dos Fatos (344/416), a empresa importou mercadorias, relacionadas nas tabelas 1 e 2, que foram classificadas incorretamente pelo importador nos códigos 8541.40.29, 8542.31.20 e 8542.39.39 da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM), quando o correto é o código NCM 8517.70.99, pois, de acordo com a identificação constante dos data sheet e documentação técnica apresentada pela empresa, tratamse de dispositivos de maior complexidade módulos de câmera de celular e não meros sensores de imagem. A fiscalização informa que a Resolução CAMEX/MDIC nº 40/2013 ratifica o seu entendimento ao criar o Extarifário nº 005 específico para as mercadorias importadas objeto deste Auto de Infração, localizado no código NCM 8517.70.99. Houve a cientificação do lançamento (fls. 1169/1170). Tendo em vista a decisão proferida nos autos do Mandado de Segurança nº 000112426.2014.403.6105, de 03/04/2014, às fls. 1208/1213, foram cancelados o Termo de Revelia (fl. 1178) e a Carta Cobrança (fls. 1179/1204), com o retorno do procedimento fiscal à fase de ciência do lançamento, para cumprimento da decisão judicial (fl. 1214). Desta forma, tendo sido cientificada novamente (fls. 1259/1260), a interessada apresentou impugnação, às fls. 1262/1315, juntando documentos (fls. 1316/1613), na qual, dentre outras questões preliminares e de mérito, alega acerca da tempestividade da impugnação, relatando que a autoridade fiscal, equivocadamente, procedeu à intimação do despachante aduaneiro, desconsiderando a ausência de poderes para tanto e o fato de a impugnante ser optante do Domicílio Tributário Eletrônico – DTE, desde 02/01/2013. Informa que foi proferida decisão pelo TRF da 3a. Região, para que se fizesse nova intimação, tornando sem efeito todos os atos posteriores àquela tida como nula, e que a nova intimação foi efetuada em 22/04/2014, alegando ser esta impugnação, portanto, tempestiva. Requer a nulidade do auto de infração, pelos motivos expostos, e, no tocante ao mérito, a sua improcedência ou, sucessivamente, o cancelamento das penalidades, demais encargos e a retificação dos erros de cálculo Fl. 1874DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/03/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 23/03 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 23/03/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 11829.720040/201387 Resolução nº 3302000.505 S3C3T2 Fl. 1.830 3 apontados. Protesta pela juntada de todas as provas em direito admitidas, inclusive laudos técnicos complementares. Em 25/08/2014, foi juntada a sentença prolatada, em 18/08/2014, nos autos do citado Mandado de Segurança, às fls. 1617/1627, que denegou a segurança à interessada, considerando a inexistência de qualquer ilegalidade ou abusividade praticada pela Autoridade Impetrada. Conforme o despacho de fls. 1645/1646, tendo em vista que as sentenças proferidas no agravo de instrumento (fls. 1639 a 1643) e, em especial, no mandado de segurança (fls. 1617 a 1627) sobrepõemse ao provimento liminar anteriormente concedido em sede de agravo de instrumento e operam efeitos ex tunc, foi reativada a exigibilidade do crédito tributário, retornando a situação do processo para o momento em que teve seu curso alterado pela decisão liminar em agravo de instrumento, cancelando o Despacho SECAT/ALF/VCP/SP, de 11/04/2014, fl. 1214, recuperandose os efeitos do Termo de Revelia, fl. 1178, e da Carta Cobrança nº 195/14, fl. 1179 a 1204. Tendo sido comunicado à contribuinte (fls.1648/1674), esta apresentou, em 05/09/2014, uma petição (fls.1677/1681), na qual argumenta que os débitos permanecem com a sua exigibilidade suspensa em face da impugnação apresentada com preliminar de tempestividade. Conforme o despacho de fls. 1687/1688, foi cancelada a Carta Cobrança nº 522/2014, de 02/09/2014 (fl. 1648) e o encaminhamento do presente processo para julgamento.” A Segunda Turma da DRJ em Florianópolis proferiu o acórdão nº 0735.757, com a seguinte ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 13/01/2009 a 05/12/2012 IMPUGNAÇÃO. INTEMPESTIVIDADE. É considerada intempestiva a petição protocolada fora do prazo legal, situação na qual não se instaura a fase litigiosa do procedimento administrativo fiscal, obstando o exame das razões de defesa aduzidas pelo sujeito passivo, exceto quanto à preliminar de tempestividade. Impugnação Não Conhecida Crédito Tributário Mantido Irresignada, a recorrente interpôs recurso voluntário, alegando: 1. A tempestividade da impugnação e a competência do CARF para análise da preliminar arguida; 2. A nulidade do Auto de Infração por falta de respaldo técnico; Fl. 1875DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/03/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 23/03 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 23/03/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 11829.720040/201387 Resolução nº 3302000.505 S3C3T2 Fl. 1.831 4 3. A decadência dos débitos lançados; 4. Erro no cálculo da multa; 5. A duplicidade da multa de 1% em relação a uma mesma operação de importação; 6. A ausência de débitos da contribuição para o PIS/Pasep – Importação e Cofins – Importação; 7. Que a classificação fiscal correta é a informada pela recorrente em suas Declarações de Importação; 8. Impossibilidade de aplicação retroativa de novo critério jurídico; 9. Cumulação de penalidades; 10. Necessidade de observância do art. 100 do CTN; 11. Efeito confiscatório das multas. Na forma regimental, o processo foi distribuído a este relator. É o relatório. VOTO Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède. A lide que subiu a este Conselho se restringe à (in)tempestividade da impugnação apresentada pela recorrente, tendo o colegiado a quo decidido pela perempção do recurso e conseqüentemente, não instauração da fase litigiosa. Na peça recursal, a recorrente defende que a intimação eletrônica era o único e indispensável meio para a notificação da autuação; que a liminar obtida no Mandado de Segurança operou efeito satisfativo, a partir do momento em que houve o refazimento da notificação e que a análise da perempção compete ao órgão de segunda instância. Entretanto, constatase que a discussão sobre a validade da intimação efetivada no despachante aduaneiro foi levada ao Judiciário, mediante o Mandado de Segurança nº 000112426.2014.403.6105. Conforme consta na inicial do Mandado de Segurança, a recorrente, com fundamentando na necessidade de intimação eletrônica, em decorrência da adesão ao domicílio tributário eletrônico DTE, na ciência de prestador de serviço, sem vínculo com a recorrente, exceto os serviços relacionados ao desembaraço aduaneiro, pede a obrigatoriedade da intimação no DTE relativo à ciência do Auto de Infração e a consequente reabertura do prazo para impugnação (item "d" dos pedidos). Embora a recorrente tivesse obtido provimento liminar parcial no Agravo de Instrumento nº 000569097.2014.4.03.0000/SP, a sentença prolatada no Mandado denegou a segurança conforme efls. 1618 a 1627. Fl. 1876DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/03/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 23/03 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 23/03/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 11829.720040/201387 Resolução nº 3302000.505 S3C3T2 Fl. 1.832 5 O acórdão definitivo proferido pelo Tribunal Regional Federal da 3º Região no Agravo de Instrumento mencionado caminhou no mesmo sentido, cuja ementa parcialmente transcrevese (efls. 1642 a 1643): EMENTA DIREITO PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. AGRAVO INOMINADO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. ARTIGO 557, CPC. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA RECURSAL. PRECARIEDADE. CASSAÇÃO. DECISÃO NÃO SATISFATIVA. REVERSIBILIDADE DA DECISÃO E DOS SEUS EFEITOS. PROCESSO ADMINISTRATIVO. AUTOS DE INFRAÇÃO. INTIMAÇÃO PESSOAL. PROCURADOR. DESPACHANTE ADUANEIRO. OPÇÃO PELO "DOMICÍLIO TRIBUTÁRIO ELETRÔNICO". INTIMAÇÃO PESSOAL. AUSÊNCIA DE NULIDADE. INEXISTÊNCIA DE ORDEM DE PREFERÊNCIA ENTRE MEIOS DE INTIMAÇÃO. FINALIDADE. AMPLA DEFESA E CONTRADITÓRIO. DESPROVIMENTO DO RECURSO. Ainda no mesmo sentido, a última decisão na medida cautelar para atribuir efeito suspensivo ao recurso de apelação da recorrente, cuja ementa transcrevese: AGRAVO REGIMENTAL EM CAUTELAR INOMINADA Nº 0024104 46.2014.4.03.0000/SP EMENTA DIREITO PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. PROCESSO ADMINISTRATIVO. AUTO DE INFRAÇÃO. INTIMAÇÃO PESSOAL. PROCURADOR. DESPACHANTE ADUANEIRO. OPÇÃO PELO "DOMICÍLIO TRIBUTÁRIO ELETRÔNICO". INTIMAÇÃO PESSOAL. INEXISTÊNCIA DE ORDEM DE PREFERÊNCIA ENTRE MEIOS DE INTIMAÇÃO. FINALIDADE. AMPLA DEFESA E CONTRADITÓRIO. APELAÇÃO. EFEITOS. CARÊNCIA DA AÇÃO. DESPROVIMENTO DO RECURSO. 1. Medida cautelar originária, requerida para atribuir efeito suspensivo ao recurso de apelação, interposto contra sentença que denegou a ordem, no mandado de segurança 0001124 26.2014.4.03.6105 impetrado para renovar a intimação do contribuinte em relação à lavratura dos autos de infração 11829.720.040/201387 e 11829.720.049/201398, reabrindose prazo para apresentação de impugnação, suspendendose, enquanto isso, a exigibilidade dos débitos. 2. Há orientação pretoriana firmada no sentido da inadequação da medida cautelar para discutir o cabimento de efeito suspensivo à apelação, quando existente decisão interlocutória, passível de impugnação por recurso próprio. 3. Ainda que assim não fosse, no "mérito" verificase que se encontra consolidada a jurisprudência, a partir da legislação específica, no sentido de que a apelação em mandado de segurança tem efeito meramente devolutivo, sobretudo no caso de denegação da ordem, sendo possível atribuição de eficácia suspensiva em situação excepcional, desde que inequívoca e substancialmente comprovada a Fl. 1877DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/03/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 23/03 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 23/03/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 11829.720040/201387 Resolução nº 3302000.505 S3C3T2 Fl. 1.833 6 relevante fundamentação do pedido e risco de dano irreparável no cumprimento da sentença. 4. Não existe, na espécie, a excepcionalidade exigida, pois foi a controvérsia apreciada anteriormente pela Corte, quando do exame de agravo de instrumento interposto contra negativa de liminar, quando discutida a mesma fundamentação fáticojurídica, novamente devolvida na apelação. 5. Não configurado risco de dano grave e irreversível, pois contra inclusão em dívida ativa e execução fiscal existem meios próprios para a defesa em Juízo, não autorizando o efeito suspensivo pleiteado. 6. Inviabilidade da medida cautelar, por carência de ação, por falta de interesseadequação e interessenecessidade. 7. Agravo desprovido. Verificase, assim, que a matéria atinente à validade da primeira intimação efetivada pessoalmente no despachante aduaneiro e a conseqüente validação do Termo de Revelia de efls. 1.178 foi submetida ao crivo do Poder Judiciário, abrangendo todos os argumentos e razões deduzidas pela recorrente em seu recurso voluntário quanto à tempestividade de sua impugnação, ficando, pois, afastada qualquer decisão administrativa a respeito da preliminar de argüição de tempestividade da impugnação. Frisese que, embora a recorrente não possua medida judicial vigente favorável a sua demanda no Mandado de Segurança nº000112426.2014.403.6105, tal processo encontra se ainda em julgamento1, de cuja decisão definitiva dependerá a validade da intimação efetuada em 20/12/2013, efls. 1169, e, consequentemente, o conhecimento da impugnação apresentada. Portanto, não há propriamente concomitância no sentido da Súmula CARF nº 1 (uma vez que decisão final favorável ao contribuinte não importará em renúncia ao processo administrativo, mas ao contrário, sua instauração), mas prejudicialidade de julgamento na esfera administrativa em vista da pendência judicial, devendo ser aplicado subsidiariamente o artigo 265, IV, “a” do Código de Processo Civil2. Diante do exposto, voto no sentido de converter o presente julgamento em diligência para que a unidade de origem junte a decisão definitiva do Mandado de Segurança nº000112426.2014.403.6105, assim que ocorrer seu trânsito em julgado, reabrindo prazo de trinta dias para manifestação da recorrente nos termos do parágrafo único do artigo 353 do Decreto nº 7.574/2011, com posterior retorno dos autos a esta Câmara. 1 Conforme consulta ao andamento processual realizada em 18/03/2015 2 Art. 265. Suspendese o processo: [...] IV quando a sentença de mérito: a) depender do julgamento de outra causa, ou da declaração da existência ou inexistência da relação jurídica, que constitua o objeto principal de outro processo pendente; 3 Art. 35. A realização de diligências e de perícias será determinada pela autoridade julgadora de primeira instância, de ofício ou a pedido do impugnante, quando entendêlas necessárias para a apreciação da matéria litigada (Decreto no 70.235, de 1972, art. 18, com a redação dada pela Lei no 8.748, de 9 de dezembro de 1993, art. 1o). Fl. 1878DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/03/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 23/03 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 23/03/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 11829.720040/201387 Resolução nº 3302000.505 S3C3T2 Fl. 1.834 7 (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Parágrafo único. O sujeito passivo deverá ser cientificado do resultado da realização de diligências e perícias, sempre que novos fatos ou documentos sejam trazidos ao processo, hipótese na qual deverá ser concedido prazo de trinta dias para manifestação (Lei no 9.784, de 1999, art. 28). Fl. 1879DF CARF MF Impresso em 24/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/03/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 23/03 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 23/03/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE
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Numero do processo: 10314.005790/2003-91
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 24 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Tue Mar 03 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Classificação de Mercadorias
Período de apuração: 02/10/1998 a 25/08/1999
CLASSIFICAÇÃO FISCAL DE MERCADORIAS. PERFURATRIZES DIRECIONAIS HORIZONTAIS, MODELOS D16X20A, D24X40A, MARCA VERMEER.
As máquinas modelos D16X20A, D24X40A, marca Vermeer, denominadas Perfuratriz Direcional Horizontal, devem ser classificadas no código NCM/SH 8430.41.20, em decorrência da aplicação das RGI/SH nº. 1 e 6 e da RGC nº 1.
JUROS DE MORA. APLICAÇÃO DA TAXA SELIC. SÚMULA CARF Nº 04.
Os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais, conforme enunciado da Súmula CARF nº 04.
Numero da decisão: 3302-002.844
Decisão: Recurso Voluntário Negado.
Crédito Tributário Mantido.
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros da Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção de Julgamento, pelo voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. Vencidos os conselheiros Jonathan Barros Vita, Cláudio Monroe Massetti e João Alfredo Eduão Ferreira, que davam provimento parcial para excluir a multa administrativa.
(assinado digitalmente)
Walber José da Silva
Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède
Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walber José da Silva (Presidente), Jonathan Barros Vita, Cláudio Monroe Massetti, João Alfredo Eduão Ferreira, Maria da Conceição Arnaldo Jacó e Paulo Guilherme Déroulède.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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SÚMULA CARF Nº 2. EXCEÇÕES PREVISTAS NOS ARTIGOS 62 E 62A DO ANEXO II DO RICARF. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade, ressalvadas as hipóteses previstas nos artigos 62 e 62A do Anexo II do RICARF. ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 02/10/1998 a 25/08/1999 MULTA ADMINISTRATIVA SOBRE O CONTROLE DE IMPORTAÇÕES. FALTA DE LICENCIAMENTO DA IMPORTAÇÃO A falta de Licença de Importação para produto incorretamente classificado na Declaração de Importação configura a infração administrativa ao controle das importações, sancionada com a multa de 30% (trinta por cento) do valor da mercadoria, se ficar comprovado que a descrição do produto foi insuficiente para sua perfeita identificação e enquadramento na Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM). ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Período de apuração: 02/10/1998 a 25/08/1999 CLASSIFICAÇÃO FISCAL DE MERCADORIAS. PERFURATRIZES DIRECIONAIS HORIZONTAIS, MODELOS D16X20A, D24X40A, MARCA VERMEER. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 31 4. 00 57 90 /2 00 3- 91 Fl. 565DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 27/02 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 10314.005790/200391 Acórdão n.º 3302002.844 S3C3T2 Fl. 566 2 As máquinas modelos D16X20A, D24X40A, marca Vermeer, denominadas Perfuratriz Direcional Horizontal, devem ser classificadas no código NCM/SH 8430.41.20, em decorrência da aplicação das RGI/SH nº. 1 e 6 e da RGC nº 1. JUROS DE MORA. APLICAÇÃO DA TAXA SELIC. SÚMULA CARF Nº 04. Os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais, conforme enunciado da Súmula CARF nº 04. Recurso Voluntário Negado. Crédito Tributário Mantido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros da Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção de Julgamento, pelo voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. Vencidos os conselheiros Jonathan Barros Vita, Cláudio Monroe Massetti e João Alfredo Eduão Ferreira, que davam provimento parcial para excluir a multa administrativa. (assinado digitalmente) Walber José da Silva Presidente (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walber José da Silva (Presidente), Jonathan Barros Vita, Cláudio Monroe Massetti, João Alfredo Eduão Ferreira, Maria da Conceição Arnaldo Jacó e Paulo Guilherme Déroulède. Relatório Trata o presente de Auto de Infração para constituição de crédito tributário de II e IPI e de multa administrativa por falta de licença de importação, relativo a Declarações de Importação registradas entre 20/01/1999 e 25/08/1999, decorrente de revisão aduaneira, por divergência na classificação fiscal de equipamento importado, tendo a recorrente classificado no código 8430.41.30 máquinas de sondagem rotativa sobre esteiras e a fiscalização no código 8430.41.20 máquina perfuratriz rotativa, em vista do MEMO COANA/Grupo Especial nº 008/2002. Em impugnação, a recorrente alegou em síntese: Fl. 566DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 27/02 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 10314.005790/200391 Acórdão n.º 3302002.844 S3C3T2 Fl. 567 3 1. Que seguiu a classificação fiscal estabelecida pela conclusão no processo de consulta nº 12466.000451/0087 decidido pela Diana/SRRF 7º RF pelo contribuinte Target Importação, Exportação e Representação Ltda, 09/06/2000; 2. Que o procedimento fiscal não observou os princípios do contraditório e ampla defesa; 3. A imprestabilidade total e absoluta do processo de consulta fiscal a partir da página 27, não servindo os atos ali praticados como fundamento para a autuação; 4. Ofensa aos direitos e garantidas individuais expressos no art. 5º da Constituição Federal; 5. Que os agentes fiscais coagiram o representante da recorrente a assinar "termo de declarações"; 6. Que a tradução juramentada feita por profissional legalmente habilitado reconheceu que as máquinas em questão fariam sondagem; 7. Que aplicou efeitos ex tunc à nova interpretação quando já havia processo de consulta concluindo pela mesma classificação adotada pela recorrente; 8. Que é nula a declaração de eficácia de consulta datada de 04/05/2001; 9. A impossibilidade de retroagir novo critério jurídico; 10. Que as máquinas realizam efetivamente operações de sondagem e devem ser classificadas no código 8430.41.30; 11. Que devese aplicar a interpretação literal aos dispositivos que dispõem acerca da classificação fiscal; 12. A indevida autuação relativa aos cortadores de rocha, pois que efetivamente não foram questionados pelo fisco na descrição dos fatos; 13. A indevida autuação relativa ao IPI, utilizandose de presunções, por fazer incidir alíquota sobre base que não corresponde às operações efetuadas; 14. A inconstitucionalidade e ilegalidade de aplicação da taxa Selic como juros de mora; 15. A inconstitucionalidade de cobrança da multa de ofício pelo seu caráter confiscatório; 16. O descabimento da multa administrativa; 17. Dever de apreciação das alegações de cunho constitucional em sede administrativa; 18. A iliquidez e incerteza do Auto de Infração, o vício em seu objeto, na sua motivação, como decorrentes do já alegado anteriormente; Fl. 567DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 27/02 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 10314.005790/200391 Acórdão n.º 3302002.844 S3C3T2 Fl. 568 4 19. A necessidade de produção de prova pericial. A Primeira Turma da DRJ/SPOII em São Paulo converteu o julgamento em diligência para proceder à perícia técnica solicitada. A perícia realizada concluiu que as máquinas possuíam a função de perfuração horizontal direcional e não possuíam a finalidade de sondagem rotativa, mas poderiam realizar sondagens de forma improvisada, pois que carregavam resíduos sólidos da perfuração até a superfície. A recorrente protocolou petição requerendo a nulidade da perícia, em vista de não ter sido intimada a apresentar quesitos e não ter sido realizada vistoria física das máquinas, embora a diligência houvera intimado a localização exata de todas as máquinas para a realização da perícia. Apresentou ainda Laudo Técnico elaborado pelo Instituto Nacional de Tecnologia INT no processo 12466.002554/200142 que analisou os mesmos equipamentos objeto da lide em questão. Em 08/10/2009, a Primeira Turma da DRJ/SP2 em São Paulo proferiu o Acórdão nº 1735.479, cuja ementa transcrevese: Assunto: Classificação de Mercadorias Data do Fato gerador: 29/01/2004, 11/02/2004, 29/03/2004, 21/09/2004 Classificação fiscal do produto: Perfuratriz Direcional Horizontal modelos Vermeer D16 X 20 e .Vermeer D24 X 40 A. Os equipamentos identificados, através de Laudos Técnicos acostados aos autos, como Perfuratriz Direcional Horizontal, marca Vermeer, modelos D16 X 20 e .Vermeer D24 X 40, A, devem ser classificados no código NCM/SH 8430.41.20, em decorrência da aplicação das RGI/SH no. 01 e 06 e da RGC no. 01, conforme corretamente informou a fiscalização no Auto de Infração lavrado. Classificação fiscal do produto: Cortador de Rochas modelos Vermeer V 1850 e V 8550. Os equipamentos identificados, através de Laudos Técnicos acostados aos autos, como Cortador de Rochas, marca Vermeer, modelos V 1850 e V 8550., devem ser classificados no código NCM/SH 8430.31.10, em decorrência da aplicação das RGI/SH no. 01 e 06 e da RGC no. 01, conforme corretamente informou o contribuinte. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Na decisão, a DRJ manteve a autuação quanto à classificação das máquinas consideradas como perfuratrizes no código 8430.41.20 e exonerou o lançamento relativo aos cortadores de rochas. Irresignada, a recorrente interpôs recurso voluntário, alegando que: Fl. 568DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 27/02 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 10314.005790/200391 Acórdão n.º 3302002.844 S3C3T2 Fl. 569 5 1. A nulidade da decisão recorrida por utilizar perícia nula, em razão de ter sido cumprida sem vistoria física das máquinas e sem elaboração de quesitos e por não ter indicado quais as razões que a levaram a desconsiderar o laudo técnico do Instituto Nacional de Tecnologia INT, sendo necessária a realização de nova perícia ou devidamente analisado o laudo do INT; 2. Violação dos princípios do contraditório e ampla defesa pelo indeferimento da prova pericial contábil, sendo necessária a realização de prova pericial; 3. A nulidade do Auto de Infração em razão de sua iliquidez e incerteza, por ter incluído no lançamento os tributos relativos à reclassificação dos cortadores de rochas, bem como pelo fato de a autoridade fiscal ter mencionado alíquota de IPI em 0% na descrição dos fatos, mas ter aplicado a alíquota de 5% na apuração do tributo; 4. A improcedência dos autos por ter a recorrente seguido as instruções da Receita Federal contida na primeira decisão do processo de consulta de nº 12466.000451/00 87; 5. As irregularidades e abusos cometidos no referido processo de consulta e a impossibilidade de aplicar ao novo entendimento efeito ex tunc; 6. A correta classificação das máquinas importadas no código 8430.41.30, de acordo com o relatório técnico 014/2003 do INT; 7. Necessidade de interpretação literal e não restritiva dos dispositivos de redução do imposto de importação; 8. Divergência entre as bases de cálculo do IPI e do Imposto de Importação, pela qual a autoridade fiscal teria efetuado o lançamento com base em presunção; 9. Descabimento da multa administrativa de 30% , da multa de ofício de 75% por ter seguido determinação da Receita, e seu caráter confiscatório; 10. A inconstitucionalidade e ilegalidade de aplicação da taxa Selic como juros de mora; Requer ainda que todas as intimações sejam realizadas em nome de Raquel Elita Alves Preto. Na forma regimental, o processo foi distribuído a este relator. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède. O recurso voluntário atende aos pressupostos de admissibilidade e dele tomo conhecimento. Fl. 569DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 27/02 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 10314.005790/200391 Acórdão n.º 3302002.844 S3C3T2 Fl. 570 6 Preliminarmente, a recorrente aduziu várias nulidades. Nulidade do Auto de Infração por iliquidez e incerteza A recorrente alegou que a exoneração dos valores relativos aos lançamentos vinculados aos cortadores de rochas, efetuado pela decisão recorrida maculariam de nulidade todo o lançamento. No caso, os lançamentos foram exonerados pelo acórdão atacado, o qual detalhadamente identificou os referidos valores, que foram constituídos de forma separada da infração relativa às máquinas rotativas. Assim, não há qualquer iliquidez ou incerteza, bem como não há que se falar em necessidade de se efetuar novo lançamento. A improcedência do lançamento implica a exclusão do crédito tributário constituído na medida exata do valor concernente à exoneração. Alegou ainda que o fato de a autoridade fiscal ter mencionado na descrição dos fatos uma alíquota de IPI de 0% e nos cálculos ter implementado uma alíquota de 5% implicaria em contradição e iliquidez do lançamento, causando cerceamento de defesa, já que a recorrente não de defendeu da alíquota de 5%, mas apenas apontara a contradição. Novamente, não vejo razão à recorrente. A alíquota do IPI é definida pela Tabela de Incidência do IPI TIPI publicada por decreto, na qual são especificadas pelo código de classificação fiscal. Assim, a recorrente defendeu sim a alíquota informada na DI, pois decorre da classificação fiscal informada e defendida nos autos. Por outro lado, a inexatidão cometida pela fiscalização não consistiu em óbice à defesa, pois está evidente no Demonstrativo de Apuração do Auto de Infração que a alíquota aplicada foi de 5% e referese à alíquota constante da TIPI, para o código 8430.41.20, conforme Decreto nº 2.092/96. Nulidade da prova pericial contábil A recorrente propugna pela nulidade da decisão e pela realização prova pericial contábil, a fim de verificar as parcelas que compõem a base de cálculo do PIS, afastadas as decorrentes do alargamento da base de cálculo de que trata o §1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, e da correta aplicação dos juros de mora, sem utilização da Selic e de juros compostos. Inicialmente, a recorrente transcreveu decisão de outro processo, pois este não trata de base de cálculo de PIS, mas de IPI. Portanto, quanto a esta alegação, deixo de conhecêla, pois estranha ao processo. Quanto à verificação da aplicação dos juros de mora, a perícia se afigura desnecessária, pois toda a alegação quanto à inconstitucionalidade dos juros de mora não pode ser apreciada por este conselho, conforme artigo 59 do Decreto nº 7.574, de 2011, exceto nas hipóteses previstas nos artigos 62 e 62A1 do Regimento Interno, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 2009. Neste sentido, foi publicada a Súmula CARF nº 2: 1 Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão plenária definitiva do Supremo Tribunal Federal; ou II que fundamente crédito tributário objeto de: Fl. 570DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 27/02 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 10314.005790/200391 Acórdão n.º 3302002.844 S3C3T2 Fl. 571 7 O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Ademais, sobre a legitimidade da taxa Selic como juros moratórios, previstos no artigo 61, §3º2 da Lei nº 9.430, de 1996, descabem maiores considerações, conforme decidido no REsp 879.844/MG, julgado em 11/11/2009, sob a sistemática de recursos repetitivos, e no RE 582.461/SP, submetido à repercussão geral e julgado em 18/05/2011, e, ainda, de acordo com o enunciado da Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Portanto, devida a taxa Selic como juros moratórios, que, esclareçase, aplicável sob juros simples e não composto como suspeita a recorrente. Destarte, indeferese o pedido de perícia contábil, posto que inócuo. Nulidade da decisão recorrida por ter utilizado perícia nula e não ter declinado as razões pela desconsideração do laudo do INT Primeiramente, discordase que a decisão tenha desconsiderado o laudo do INT. Pelo contrário, o reproduziu parcialmente em seu voto, transcrevendo seus quesitos e respostas, concluindo ao final que a função principal dos equipamentos era a instalação de dutos através de perfuração horizontal do solo. Quanto à nulidade da perícia efetuada pelo Engenheiro Jhonson Cássio Mazetti, verificase que a resolução determinava responder os quesitos formulados pela impugnante nas fls. 186/187, os quais transcrevese: PERÍCIA TÉCNICA a) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, na forma dos arts. 18 e 19 da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002; b) súmula da AdvocaciaGeral da União, na forma do art. 43 da Lei Complementar nº 73, de 1993; ou c) parecer do AdvogadoGeral da União aprovado pelo Presidente da República, na forma do art. 40 da Lei Complementar nº 73, de 1993. Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. ( Incluído pela Portaria MF nº 586, de 21 de dezembro de 2010 ) 2 Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. (Vide Decreto nº 7.212, de 2010) ... § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. (Vide Medida Provisória nº 1.725, de 1998) (Vide Lei nº 9.716, de 1998) Fl. 571DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 27/02 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 10314.005790/200391 Acórdão n.º 3302002.844 S3C3T2 Fl. 572 8 1) Queira a Perícia verificar se as máquinas Navigator D16X20 e D24X40A são capazes de detectar a presença de vazamentos no subsolo através de sensores. Em caso afirmativo, esse procedimento pode ser tecnicamente denominado sondagem? 2) Queira a Perícia verificar se as máquinas Navigator D16X20 e D24X40A são capazes de realizar algum tipo de sondagem ou se sua função está limitada a simples perfuração direcionada do solo. 3) Queira a Perícia informar, caso sejam capazes de realizar sondagens, de que forma são executadas e se ambos os modelos (D16X20 e D24X40A) são aptos a efetuálas. Tais quesitos foram reproduzidos na Solicitação de Assistência Técnica nº 10831/0001/2009 e respondidos pelo perito em seu laudo, conforme efls. 272 a 341. Assim, os quesitos elaborados pela recorrente foram respondidos no laudo elaborado, sendo improcedente a alegação de falta de intimação para apresentar quesitos. Entretanto, reconheçase a eficácia do Relatório Técnico n 014/2003, elaborado pelo Instituto Nacional de Tecnologia INT do Ministério da Ciência e Tecnologia, para instruir o processo nº 12466.002554/200142 e que respondeu os mesmos quesitos elaborados pela recorrente, relativos às máquinas HDD NAVIGATOR, marca VERMEER, modelos D16X20A, D24X40A, D33X44A, se amoldando às disposições do artigo 30, em especial de seu §3º do Decreto 70.235/72: Art. 30. Os laudos ou pareceres do Laboratório Nacional de Análises, do Instituto Nacional de Tecnologia e de outros órgãos federais congêneres serão adotados nos aspectos técnicos de sua competência, salvo se comprovada a improcedência desses laudos ou pareceres. [...] § 3º Atribuirseá eficácia aos laudos e pareceres técnicos sobre produtos, exarados em outros processos administrativos fiscais e transladados mediante certidão de inteiro teor ou cópia fiel, nos seguintes casos: (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) a) quando tratarem de produtos originários do mesmo fabricante, com igual denominação, marca e especificação; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) b) quando tratarem de máquinas, aparelhos, equipamentos, veículos e outros produtos complexos de fabricação em série, do mesmo fabricante, com iguais especificações, marca e modelo. (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) Portanto, resta superada a alegação de produção de nova perícia e admitese a eficácia do laudo do INT apresentado pela recorrente. Passase ao mérito. Fl. 572DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 27/02 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 10314.005790/200391 Acórdão n.º 3302002.844 S3C3T2 Fl. 573 9 Salientase, inicialmente, que todas as questões aduzidas relativas ao processo de consulta nº 12466.000451/0087 deveriam ser lá tratadas e consistem em matéria estranha a este processo, de rito próprio e distinto concernente ao processo de consulta. Assim, não conheço das alegações referentes aos supostos abusos e irregularidades alegados pela recorrente em tal processo. Constatase que a Diana da SRRF/7º RF solucionou a consulta pela classificação fiscal dos modelos D7X11A, D16X20A, D24X40A, D50X100A e D80X100 no código 8430.41.30, pela utilização das RGI nº 1 e 6º e da RGC1 para a consulente Target Importação, Exportação e Representação Ltda. Em 21/02/2001, a Informação/COANA/COTAC/DINOM nº 4, efl. 204, propôs a declaração de ineficácia tornando nulos todos os atos com efeito ex tunc. Destarte, foi publicada nova Solução de Consulta nº 127/2001, declarando, definitivamente, a ineficácia da consulta por não satisfazer o art. 52, inciso VIII3 do Decreto nº 70.235/72, em razão de as informações prestadas não corresponderem ao equipamento em consulta, especialmente, pelo fato de a tradução dos catálogos apresentada pela consulente não corresponder às traduções solicitadas pela Seção de Fiscalização Aduaneira SAFIA da Alfândega do Porto de Vitória. Portanto, além de a recorrente não ser a consulente da consulta mencionada, sua declaração de ineficácia da consulta impediu a produção de efeitos do art. 10 da IN SRF nº 02/1997: Art. 10. A consulta eficaz impede a aplicação de penalidade relativamente à matéria consultada, a partir da data de sua protocolização até o trigésimo dia seguinte ao da ciência, pelo consulente, da decisão que a soluciona, desde que o pagamento ocorra neste prazo, quando for o caso. § 1º Os efeitos da consulta que se reportar a situação não ocorrida, somente se aperfeiçoam se o fato concretizado for aquele sobre o qual versou a consulta previamente formulada. § 2º Os efeitos da consulta formulada pela matriz da pessoa jurídica estendemse aos demais estabelecimentos. § 3º No caso de consulta formulada por entidade representativa de categoria econômica ou profissional, os efeitos referidos neste artigo só alcançam seus associados ou filiados depois de cientificado o consulente da decisão. § 4° A consulta não suspende o prazo para recolhimento de tributo, retido na fonte ou autolançado antes ou depois de sua apresentação, nem para entrega de declaração de rendimentos ou cumprimento de outras obrigações acessórias. § 5° Na hipótese de alteração de entendimento expresso em decisão proferida em processo de consulta já solucionado, a nova orientação atingirá apenas os fatos geradores que 3 Art. 52. Não produzirá efeito a consulta formulada: [...] VIII quando não descrever, completa ou exatamente, a hipótese a que se referir, ou não contiver os elementos necessários à sua solução salvo se a inexatidão ou omissão for escusável, a critério da autoridade julgadora. Fl. 573DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 27/02 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 10314.005790/200391 Acórdão n.º 3302002.844 S3C3T2 Fl. 574 10 ocorrerem após a sua publicação na imprensa oficial ou após a ciência do consulente, exceto se a nova orientação lhe for mais favorável, caso em que esta atingirá, também, o período abrangido pela solução anteriormente dada. § 6° Na hipótese de alteração ou reforma, de ofício, de decisão proferida em processo de consulta sobre classificação de mercadorias, aplicamse as conclusões da decisão alterada ou reformada em relação aos atos praticados até a data em que for dada ciência ao consulente da nova orientação. Frisese que a recorrente, durante toda a peça recursal, informa que seguiu orientação da Receita Federal. Verificase, porém, que as DI´s referemse ao período de 02/10/1998 a 25/08/1999, período anterior ao protocolo da consulta, a qual nem pertence à recorrente. Assim, efetivamente a recorrente não seguiu orientação da Receita, mas sim implementou uma interpretação de classificação fiscal, corroborada temporariamente por uma solução de consulta de terceiro, posteriormente declarada ineficaz. Não procede, pois, a alegação de que o Auto de Infração seria improcedente por ter seguido orientações da Receita Federal, pois que a consulta foi protocolada após o registro das Declarações de Importação. No que referese à classificação fiscal, efetuase a partir das regras gerais de interpretação do Sistema Harmonizado, das regras gerais complementares relativas à classificação em âmbito regional (Mercosul) e ainda da regra geral complementar da TIPI. REGRAS GERAIS PARA INTERPRETAÇÃO DO SISTEMA HARMONIZADO 1 Os títulos das Seções, Capítulos e Subcapítulos têm apenas valor indicativo. Para os efeitos legais, a classificação é determinada pelos textos das posições e das Notas de Seção e de Capítulo e, desde que não sejam contrárias aos textos das referidas posições e Notas, pelas Regras seguintes. 2. a) Qualquer referência a um artigo em determinada posição abrange esse artigo mesmo incompleto ou inacabado, desde que apresente, no estado em que se encontra, as características essenciais do artigo completo ou acabado. Abrange igualmente o artigo completo ou acabado, ou como tal considerado nos termos das disposições precedentes, mesmo que se apresente desmontado ou por montar. b Qualquer referência a uma matéria em determinada posição diz respeito a essa matéria, quer em estado puro, quer misturada ou associada a outras matérias. Da mesmo forma, qualquer referência a obras de uma matéria determinada abrange as obras constituídas inteira ou parcialmente dessa matéria. A classificação destes produtos misturados ou artigos compostos efetuase conforme os princípios enunciados na Regra 3. 3 Quando pareça que a mercadoria pode classificarse em duas ou mais posições por aplicação da Regra 2"b" ou por qualquer outra razão, a classificação deve efetuarse da forma seguinte: Fl. 574DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 27/02 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 10314.005790/200391 Acórdão n.º 3302002.844 S3C3T2 Fl. 575 11 a) A posição mais específica prevalece sobre as mais genéricas. Todavia, quando duas ou mais posições se refiram, cada uma delas, a apenas uma parte das matérias constitutivas de um produto misturado ou de um artigo composto, ou a apenas um dos componentes de sortidos acondicionados para venda a retalho, tais posições devem considerarse, em relação a esses produtos ou artigos, como igualmente específicas, ainda que uma delas apresente uma descrição mais precisa ou completa da mercadoria. b) Os produtos misturados, as obras compostas de matérias diferentes ou constituídas pela reunião de artigos diferentes e as mercadorias apresentadas em sortidos acondicionados para venda a retalho, cuja classificação não se possa efetuar pela aplicação da Regra 3"a", classificamse pela matéria ou artigo que lhes confira a característica essencial, quando for possível realizar esta determinação. c) Nos casos em que as Regras 3"a" e 3"b" não permitam efetuar a classificação, a mercadoria classificase na posição situada em último lugar na ordem numérica, dentre as suscetíveis de validamente se tomarem em consideração. 4 As mercadorias que não possam ser classificadas por aplicação das Regras acima enunciadas classificamse na posição correspondente aos artigos mais semelhantes. 5 Além das disposições precedentes, as mercadorias abaixo mencionadas estão sujeitas às Regras seguintes: a) Os estojos para aparelhos fotográficos, para instrumentos musicais, para armas, para instrumentos de desenho, para jóias e receptáculos semelhantes, especialmente fabricados para conterem um artigo determinado ou um sortido, e suscetíveis de um uso prolongado, quando apresentados com os artigos a que se destinam, classificamse com estes últimos, desde que sejam do tipo normalmente vendido com tais artigos. Esta Regra, todavia, não diz respeito aos receptáculos que confiram ao conjunto a sua característica essencial. b) Sem prejuízo do disposto na Regra 5"a", as embalagens contendo mercadorias classificamse com estas últimas quando sejam do tipo normalmente utilizado para o seu acondicionamento. Todavia, esta disposição não é obrigatória quando as embalagens sejam claramente suscetíveis de utilização repetida. 6 A classificação de mercadorias nas subposições de uma mesma posição é determinada, para efeitos legais, pelos textos dessas subposições e das Notas de Subposição respectivas, assim como, "mutatis mutandis", pelas Regras precedentes, entendendose que apenas são comparáveis subposições do mesmo nível. Para os fins da presente Regra, as Notas de Seção e de Capítulo são também aplicáveis, salvo disposições em contrário. REGRA GERAL COMPLEMENTAR (RGC) Fl. 575DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 27/02 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 10314.005790/200391 Acórdão n.º 3302002.844 S3C3T2 Fl. 576 12 1 (RGC1) As Regras Gerais para Interpretação do Sistema Harmonizado se aplicarão, "mutatis mutandis", para determinar dentro de cada posição ou subposição, o item aplicável e, dentro deste último, o subitem correspondente, entendendose que apenas são comparáveis desdobramentos regionais (itens e subitens) do mesmo nível. REGRA GERAL COMPLEMENTAR DA TIPI (RGC/TIPI) 1 (RGC/TIPI1) As Regras Gerais para Interpretação do Sistema Harmonizado se aplicarão, "mutatis mutandis", para determinar, no âmbito de cada código, quando for o caso, o "Ex" aplicável, entendendose que apenas são comparáveis "Ex" de um mesmo código. De acordo com a Nota 3 da Seção XVI, as máquinas concebidas para executar duas ou mais funções diferentes, alternativas ou complementares, classificamse de acordo com a função principal que caracteriza o conjunto: Salvo disposições em contrário, as combinações de máquinas de espécies diferentes, destinadas a funcionar em conjunto e constituindo um corpo único, bem como as máquinas concebidas para executar duas ou mais funções diferentes, alternativas ou complementares, classificamse de acordo com a função principal que caracteriza o conjunto. De modo similar, dispõe a Nota 7 do Capítulo 84: Salvo disposições em contrário, e ressalvadas as prescrições da Nota 2 acima, bem como as da Nota 3 da Seção XVI, as máquinas com utilizações múltiplas classificamse na posição correspondente à sua utilização principal. Não existindo tal posição, classificamse na posição 8479. O texto das posição 8430 e das subposições e subitens assim dispõem: 84.30 OUTRAS MÁQUINAS E APARELHOS DE TERRAPLENAGEM, NIVELAMENTO, RASPAGEM, ESCAVAÇÃO, COMPACTAÇÃO, EXTRAÇÃO OU PERFURAÇÃO DA TERRA, DE MINERAIS OU MINÉRIOS; BATEESTACAS E ARRANCAESTACAS; LIMPANEVES 8430.4 Outras máquinas de sondagem ou perfuração 8430.41 Autopropulsadas 8430.41.10 Perfuratriz de percussão 5 8430.41.20 Perfuratriz rotativa 5 8430.41.30 Máquinas de sondagem, rotativas 5 Então, a classificação reside em determinar se são máquinas de sondagem ou perfuratrizes. O Relatório Técnico nº 014/2003, elaborado pelo Instituto Nacional de Tecnologia INT do Ministério da Ciência e Tecnologia, para instruir o processo nº Fl. 576DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 27/02 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 10314.005790/200391 Acórdão n.º 3302002.844 S3C3T2 Fl. 577 13 12466.002554/200142, esclareceu quesitos relativos às máquinas HDD NAVIGATOR, marca VERMEER, modelos D16X20A, D24X40A, D33X44A, conforme os seguintes excertos, efls. 407 a 415: "9. A prévia sondagem alegada pelo Interessado durante a perfuração devido à necessidade de conhecimento do solo a ser trabalhado não foi observada em nenhuma das obras citadas, entretanto, os terrenos que estavam sendo trabalhados apresentavam características homogêneas [...] os comprimentos dos tubos em fase de instalação eram relativamente pequenos. Há que se ressaltar que na obra visitada no Município de Louveira foi detectada rocha no subsolo durante a perfuração do trecho ocasionando imediata paralisação dos trabalhos. Esta é a sondagem que a máquina executa durante este tipo de trabalho, identificando o solo para troca do ferramental ou, até mesmo, alterando á trajetória da tubulação em instalação ou, ainda, demonstrando a inviabilidade da instalação pretendida. [...] 21. Durante a sondagem do tipo de solo, que precede à perfuração horizontal, não há qualquer preocupação por extrair amostras testemunhais não contaminadas porque o objetivo deste tipo de sondagem não é o de determinação da análise química do solo, mas, apenas o conhecimento do momento da troca de ferramental, adequando a operação às novas condições de trabalho. Este conhecimento é obtido por meio da lama de perfuração, analisandoa com equipamentos e técnicas conhecidas. 22. As técnicas de sondagem exigem a aplicação de diversas ferramentas de escavação, que se aplicam de acordo como conhecimento do solo no curso do furo piloto e nos seus alargamentos, utilizandose fluidos de perfuração para os diversos procedimentos de sondagem. 23. Outra aplicação das máquinas periciadas, que não foi vista em operação e foram descritas pelo Interessado inclusive com a apresentação do documento técnico "tackle soil remediation with VERMEER underground tools", se refere ao processo de remediação do solo, isto é, sondagem da contaminação do solo quanto ao vazamento de produtos químicos, combustíveis ou esgoto. [...] QUESITOS APRESENTADOS PELO INTERESSADO 1 As máquinas Navigator D16x20A, D24x40A e D33x44A são capazes de detectar a presença de vazamentos no subsolo através de sensores? Em caso afirmativo esse procedimento pode ser tecnicamente denominado sondagem? Resposta; Embora esta perícia não tenha contemplado fisicamente este tipo de operação podese afirmar, com base no trabalho cinemático do equipamento e por dedução intuitiva, que Fl. 577DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 27/02 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 10314.005790/200391 Acórdão n.º 3302002.844 S3C3T2 Fl. 578 14 as máquinas Navigator D16x20A, D24x40A e U33x44A são capazes de detectar a presença de vazamentos no subsolo através da perfuração da sua massa precedida pela sondagem. Esse procedimento tecnicamente é denominado de remediação que é um dos tipos do sondagem. 2) As máquinas Navigator são capazes de realizar algum tipo de sondagem ou sua função é limitada a simples perfuração direcionada do solo? Resposta: Conforme exposto na resposta ao quesito anterior, .as máquinas Navigator D16x20A, D24x40A e D33x44A são capazes de realizar sondagem, que é uma operação simultânea à perfuração, necessária para determinar os momentos de troca de ferramental para a perfuração devido ao tipo de subsolo ou realizar sondagens em operação de remediação. 3) Em sendo capazes de realizar sondagens informar de que forma são executadas e se todos os modelos da máquina (D16x20A, D24x40A e D33x44A) são aptos a efetuálas. Resposta: Considerando tudo o que foi dito anteriormente pode se entender que as máquinas Navigator D16x20A, D24x40A e D33x44A são capazes de realizar sondagens por meio da extração da lama de perfuração misturada com as matérias provenientes da escavação da ferramenta de corte determinando, desta forma, o tipo de subsolo arenosos, siltoso ou argiloso ao longo do comprimento da perfuração. São capazes também, de realizar sondagens pelo processo de remediação, detectando contaminações do subsolo de produtos químicos, combustíveis e esgoto. QUESITOS APRESENTADOS PELA ALFÂNDEGA DO PORTO DE VITÓRIA 1) Nas configurações em que foram importadas, quais os tipos de tarefas que as máquinas HDD NAVIGATOR são capazes de executar? Resposta: Instalação de dutos precedida pela perfuração horizontal do solo, com sondagem preliminar do tipo de solo para adequação do ferramenta de corte podendo também executar a sondagem de remediação, conforme exposto no parágrafo 23. 2) Nas configurações em que foram importadas, sendo as máquinas HDD NAVIGATOR capazes de executar mais de uma função, qual é sua função principal? Resposta: As máquinas periciadas, conforme descrito no teor deste Relatório Técnico, são capazes de executar as operações de perfuração, sondagem e instalação de dutos, entretanto, tendo em vista que dentro desta sequência de operações o objetivo do equipamento é a instalação de dutos, concluise que a função principal das máquinas HDD NAVIGATOR é a instalação de dutos. (grifei) Fl. 578DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 27/02 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 10314.005790/200391 Acórdão n.º 3302002.844 S3C3T2 Fl. 579 15 Após a elaboração do laudo, houve ainda a apresentação da Resposta Técnica nº 014/2003, que assim esclareceu: Quesito 1.1) Diante da exposição do Sr. Engenheiro no RELATÓRIO TÉCNICO Ns 014/2003, em especial os pontos até aqui transcritos, é correto afirmar que a acima descrita análise dos tipos de solos encontrados durante a execução da instalação dos dutos, executada concomitantemente à perfuração e denominada sondagem nos parágrafos 9, 21, 22 e 24, tratase de atividademeio inerente à tecnologia de perfuração horizontal direcionada, sendo a atividadefim executada pelas máquinas Navigator a abertura dos furos horizontais para instalação de cabos ou dutos com objetivos diversos?" Resposta: 1.1) É correto afirmar que a análise dos tipos de solos encontrados durante a execução da instalação dos dutos tratase de atividademeio inerente à tecnologia de perfuração direcionada, sendo a atividadefim, executada pelas máquinas Navigator, a instalação dos dutos com objetivos diversos, após a abertura dos furos horizontais. Quesito 1.2) Em função das explicações do Sr. Engenheiro no parágrafo 16 do relatório, podemos concluir que a atividade denominada sondagem nos parágrafos 9, 21. 22 e 24 é executada não pelas máquinas Navigator, mas sim por seus operadores, através de sua avaliação da resistência do subsolo ao avanço da cabeça de perfuração, da temperatura desta e da análise do subproduto da perfuração (lama de perfuração misturada com a massa retirada do subsolo)?" Resposta: 1.2) As sondagens descritas no parágrafo 16 se referem a duas situações existentes: a primeira ocorre por meio da sensibilidade na operação da máquina quando a cabeça de perfuração encontra alguma resistência mecânica do subsolo que a impede ou dificulta o seu trabalho de penetração (ou em situação inversa quando a mesma ferramenta passa a penetrar por uma massa de resistência menor à que estava em trabalho). Neste caso há uma resposta mecânica vibratória ao longo das barras introduzidas que fazem o operador experiente entender que a resistência à penetração do solo alterou durante a escavação, mais precisamente no ponto era que se encontra a ferramenta naquele instante. Com base nesta sensibilidade a ferramenta é, então, substituída por outra mais adequada. A segunda situação ocorre por análise da lama de perfuração. Os compostos químicos são injetados pela máquina Navigator) e a lama extraída é então analisada, determinandose a composição do subsolo.[...]. Segundo o fornecedor do equipamento a análise de sondagem por meio da lama de perfuração não estava sendo realizada porque o subsolo do local era homogêneo não sendo necessária a troca de ferramental. Entende este Instituto que os trabalhos exercidos pelo homem e pelas máquinas são interativos, isto é, há trabalhos que o homem não realiza sem a máquina, assim como de nada adianta a maquinaria se não houver o homem. Isto quer dizer que não Fl. 579DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 27/02 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 10314.005790/200391 Acórdão n.º 3302002.844 S3C3T2 Fl. 580 16 podemos isolar a atividade realizada pela máquina como sendo somente sua, pois, há a necessidade do ser humano para operá la e interpretála, comandando seus movimentos da tal forma a cumprir a sua função de forma plena, econômica e dentro dos padrões de segurança. Da mesma forma não devemos dizer que as atividades são executadas pelo homem de forma isolada, uma vez que ele necessita do equipamento mesmo para proceder a análise por meio de sondagem. Quesito 2.1) Considerando o exposto neste 2" quesito, devemos considerar que o texto do parágrafo 23 (e, por conseguinte, os trechos do parágrafo 24 citados acima) teve uma redação imprecisa e que, na realidade, quando o Relatório 014/2003 fala em sondagem de contaminação do solo, ou sondagem em processo ou operação de remediação, está se referindo apenas a uma das atividades dentro de um projeto de remediação, e não a este projeto, de remediação completo, com todas as etapas acima descritas? Resposta: 2.1) O parágrafo 23 do Relatório Técnico nº 014/2003, de 21 de março de 2003, emitido por esta Instituição, se refere à uma situação específica do processo de remediação. Inicia o referido parágrafo como "Outra aplicação das máquinas periciadas,...". Disserta o mesmo parágrafo sobre a forma de sondagem quanto ao vazamento de produtos químicos, combustíveis ou esgoto. Descreve a sondagem horizontal como uma forma mais razoável, econômica e confortável, em relação à sondagem vertical, na técnica da remediação. [...] Quesito 2.2) Quando o Relatório 014/2003 afirma, em suas respostas aos quesitos 1, 2 e 3 do Interessado e quesito 1 da ALF/VIT (todas no parágrafo 24), que as máquinas Navigator são capazes de realizar sondagens de contaminação do solo, está implícita a utilização de sensores ou acessórios específicos ou considerouse apenas as configurações vistoriadas, importadas e disponíveis nos catálogos do fabricante? Resposta: 2.2) A afirmação do Relatório Técnico n° 014/2003, de 21 de março de 2003, emitido por esta Instituição, de que as máquinas Navigator são capazes de realizar sondagens de contaminação do solo, se baseia nos autos do processo e nas operações que foram disponibilizadas para acompanhamento, além de entendimentos técnicos de engenharia. O Relatório Técnico citado procura, no nosso entender, mostrar que a operação de sondagem é relativa e depende da precisão que o operador pretende alcançar. Se basta ao operador do equipamento sentir uma alteração na performance da máquina para identificar uma alteração na resistência à penetração no subsolo e, portanto, perceber a necessidade de troca de ferramental, não vemos a necessidade de utilizar sensores ou acessórios específicos para tal situação, entretanto, se for necessário coletar amostras estanques para análises laboratoriais específicas, então, acessórios especiais serão, obviamente, necessários. Convém esclarecer que não foi o caso das perícias realizadas. Caso a lama de perfuração seja Fl. 580DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 27/02 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 10314.005790/200391 Acórdão n.º 3302002.844 S3C3T2 Fl. 581 17 suficiente para subsidiar as informações inerentes ao trabalho que atenda aos interesses do operador ou, de outrem, então, mais uma vez não serão necessários acessórios espaciais. Enfim, tudo depende da qualidade da informação que se deseja obter ou da condição de aplicação do equipamento a que se propõe durante a técnica de instalação de dutos. Já o laudo emitido pelo Engenheiro Jhonson Cassio Mazetti, relativo aos modelos D16X20A, D24X40A, assim respondeu aos quesitos elaborados pela DRJ e pela recorrente: 2 Informar qual é a função do equipamento analisado. Justifique. Resposta: A função do equipamento é a instalação de dutos através do processo de perfuração horizontal direcional (ver anexo A) sob o solo, utilizando um conjunto de instrumentos e acessórios próprios. Após o local ser preparado e equipamento instalado, é iniciado a perfuração do furo piloto, onde nesta operação é utilizado uma cabeça de perfuração rotativa com geometria que permite o seu direcionamento em qualquer direção, escavando o solo através de lama (com água, bentonita, polímeros e aditivos) em alta pressão inserida na furacão, lama esta que retorna a superfície levando sólidos soltos na perfuração. [...] A perfuração avança com inserção de barras que vão sendo acopladas umas a outras até o ponto final, onde a broca é substituída por um alargador ou escarificador, que percorrendo o caminho inverso através de uma tração ( ou puxada ) pelo equipamento, fará o alargamento do foro piloto e ao mesmo tempo a instalação da tubulação. [...] 4 Responder objetivamente se o equipamento importado é uma maquina de sondagem rotativa. Justificar. Resposta:A Perfuratriz direcional horizontal marca Vermeer modelo D16 x 20 não tem finalidade de sondagem rotativa, ou seja, conforme manual operacional do fabricante (ver anexo B, seção 151 do manual), é projetada somente para executar furos através do solo. [...] 9 Verificar se a maquina Navigator D16 x20 é capaz de realizar algum tipo de sondagem, ou se sua função está limitada a simples perfuração direcionada do solo. Resposta: A maquina Navigator D16x20 não é capaz de realizar sondagens com coletas de amostras e conforme sua função de Fl. 581DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 27/02 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 10314.005790/200391 Acórdão n.º 3302002.844 S3C3T2 Fl. 582 18 projeto (ver anexo B ), está limitada a simples perfuração direcionada do solo. [...] Considerando que o equipamento opera com lama circulante a alta pressão, que leva resíduos sólidos da perfuração para a superfície, seria então possível exames laboratoriais destes resíduos, desconsiderando os componentes dá lama. No entanto não é esta a finalidade do equipamento estabelecida pelo fabricante. 10 — Informar, caso seja capaz de realizar sondagens, de que forma são executadas e se este modelo está apto a efetuálas. Resposta: Este modelo poderia realizar sondagens somente da forma improvisada descrita no último parágrafo do quesito anterior. Depreendese da análise dos laudos que as máquinas importadas podem realizar sondagens como procedimento destinado a verificar a necessidade de alteração do ferramental de perfuração para instalação de dutos. Entretanto, sua função principal ou atividadefim, de acordo com o laudo do INT é a instalação de dutos e não a realização de sondagens para determinação da composição química dos solos, mas para definir o ferramental adequado para realizar a perfuração e instalação de dutos. Destarte, pelos textos da Nota 3 da Seção XVI e da Nota 7 do Capítulo 84, concluise pela classificação como perfuratriz no código 8430.41.20, por aplicação das Regras Gerais de Interpretação nº 1 e nº 6 e Regra Geral Complementar nº 1. Base de cálculo do IPI As diferenças entre as bases de cálculo do IPI e do Imposto de Importação II se referem ao acréscimo do II lançado à base do IPI, nos termos do art. 118, inciso I, alínea "a" do Decreto nº 2.637/98, vigente à época dos fatos: Art. 118. Salvo disposição em contrário deste Regulamento, constitui valor tributável: I dos produtos de procedência estrangeira: a) o valor que servir ou que serviria de base para o cálculo dos tributos aduaneiros, por ocasião do despacho de importação, acrescido do montante desses tributos e dos encargos cambiais efetivamente pagos pelo importador ou dele exigíveis (Lei nº 4.502, de 1964, art. 14, inciso I, alínea "b"); Assim, o quadro abaixo esclarece: DI Base II Acréscimo II Base IPI 99/00534638/001 159.203,50 31.840,70 191.044,20 Fl. 582DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 27/02 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 10314.005790/200391 Acórdão n.º 3302002.844 S3C3T2 Fl. 583 19 99/07155497/001 254.704,43 50.940,88 305.645,31 99/07155497/002 131.227,79 26.245,55 157.473,34 Como se constata, não houve qualquer presunção por parte da fiscalização. Da multa administrativa pela importação de mercadoria sem licença de importação A fiscalização lançou multa administrativa de 30% pela importação de mercadoria desamparada de licença de importação, com fundamento no art. 432 do Decreto nº 91.030/85 (Regulamento Aduaneiro vigente à época dos fatos), que estabelecia a obrigatoriedade de apresentação da guia de importação por ocasião do despacho. Por sua vez, o Decretolei nº 37/66 dispõe em seu art. 169, inciso I, alínea "b" que constitui infração administrativa ao controle das importações importar mercadorias do exterior sem Guia de Importação ou documento equivalente, que não implique a falta de depósito ou a falta de pagamento de quaisquer ônus financeiros ou cambiais, com previsão de multa de 30% (trinta por cento) do valor da mercadoria (art 526 do Decreto nº 91.030/85). Com o advento do SISCOMEX, a guia de importação foi substituída pela licença de importação, que ocorre de forma automática e não automática por meio do SISCOMEX (Portaria SECEX nº 21/96). A Portaria SECEX dispunha que as informações deveriam ser prestadas em conjunto com a formulação da declaração de importação (licenciamento automático) ou previamente ao embarque no exterior ou antes do despacho aduaneiro (licenciamento nãoautomático). Por sua vez, o Ato Declaratório Normativo Cosit nº 12/97 estabeleceu que: O COORDENADORGERAL DO SISTEMA DE TRIBUTAÇÃO, no uso das atribuições que lhe confere o item II da Instrução Normativa nº 34, de 18 de setembro de 1974, e tendo em vista o disposto no inciso VI do art. 526 do Regulamento Aduaneiro aprovado pelo Decreto nº 91.030, de 5 de março de 1985, e no art. 112, inciso IV, do Código Tributário Nacional Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, declara, em caráter normativo, às Superintendências Regionais da Receita Federal, às Delegacias da Receita Federal de Julgamento e aos demais interessados, que não constitui infração administrativa ao controle das importações, nos termos do inciso II do art. 526 do Regulamento Aduaneiro, a declaração de importação da mercadoria objeto de licenciamento no Sistema Integrado de Comércio Exterior SISCOMEX, cuja classificação tarifária errônea ou indicação indevida de destaque "ex" exija novo licenciamento, automático ou não, desde que o produto esteja corretamente descrito, com todos os elementos necessários à sua identificação e ao enquadramento tarifário pleiteado, e que não se constate, em qualquer dos casos, intuito doloso ou má fé por parte do declarante. Assim, se a descrição da mercadoria constante na DI for correta, com todos os elementos necessários à sua identificação e classificação tarifária, não ocorre a infração Fl. 583DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 27/02 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 10314.005790/200391 Acórdão n.º 3302002.844 S3C3T2 Fl. 584 20 prevista no art. 526, II do Decreto nº 91.030/85, ou seja, a infração aqui lançada. As descrições detalhadas constantes na DI foram: Descrição Detalhada da Mercadoria 01 UNIDADE MÁQUINA DE SONDAGEM ROTATIVA MODELO D16X20, MARCA/FABRICAÇÃO VERMEER COM ACESSORIOS. S/N 01 UNIDADE MAQUINA DE SONDAGEM ROTATIVA MODELO D24X40A COM TANQUE MISTURADOR MARCA E FABRICACAO VERMEER COMPLETA COM ACESSORIOS. Verificase, portanto, que a descrição não era correta, pois máquina de sondagem rotativa corresponde exatamente ao texto do código 8430.41.30, informado pela recorrente nas DI´s, e não à classificação fiscal exigida pela fiscalização. Neste sentido, citase o Acórdão nº 3202001.219, proferido em 22/07/2014, pela Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção de Julgamento: ERRO DE CLASSIFICAÇÃO FISCAL. Comprovada a classificação incorreta, resta configurada hipótese que autoriza a aplicação da multa de 1% sobre o valor aduaneiro da mercadoria importada. MULTA SOBRE O CONTROLE ADMINISTRATIVO. FALTA DE LICENCIAMENTO DA IMPORTAÇÃO A falta de Licença de Importação (LI) para produto incorretamente classificado na Declaração de Importação (DI), configura a infração administrativa ao controle das importações por falta de LI, sancionada com a multa de 30% (trinta por cento) do valor da mercadoria, se ficar comprovado que a descrição do produto foi insuficiente para sua perfeita identificação e enquadramento na Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM). Da inconstitucionalidade da cobrança de multa com caráter confiscatório A recorrente alega que a multa de ofício aplicada possui caráter confiscatório e viola o princípio da capacidade contributiva. A multa possui fulcro no art. 44, inciso I da Lei nº 9.430/96. Como já dito anteriormente, é vedado a este conselho pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária, de acordo com o artigo 59 do Decreto nº 7.574/2011 e Súmula CARF nº 02, exceto nas hipóteses previstas nos artigos 62 e 62A do Regimento Interno, aprovado pela Portaria MF nº 256/2009. Da inconstitucionalidade e ilegalidade da Taxa Selic A alegação já foi apreciada no tópico "nulidade da prova pericial contábil", devendo ser observada a Súmula CARF nº 4, que estabelece a legitimidade da adoção da taxa Selic como juros de mora. Fl. 584DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 27/02 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 10314.005790/200391 Acórdão n.º 3302002.844 S3C3T2 Fl. 585 21 Por fim, quanto ao pedido de que todas as intimações sejam efetuadas em nome da patrona da recorrente, não há previsão legal para tal, pois o art. 23 do Decreto nº 70.235/72 dispõe que as intimações podem ser feitas pessoalmente; por via postal mediante prova de recebimento no domicílio tributário do sujeito passivo; ou por meio eletrônico, mediante envio ao domicílio tributário ou mediante registro em meio magnético ou equivalente pelo sujeito passivo. Para fins de intimação, considerase domicílio tributário: o endereço postal por ele fornecido, para fins cadastrais, à administração tributária; e o endereço eletrônico a ele atribuído pela administração tributária, desde que autorizado pelo sujeito passivo, conforme §4º do artigo 23 do referido decreto. Diante do exposto, voto para negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 585DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 27/02 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE
score : 1.0
Numero do processo: 19515.720782/2013-58
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 25 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Tue Mar 03 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/12/2008 a 31/12/2008
BASE DE CÁLCULO DA CONTRIBUIÇÃO. NÃO INCIDÊNCIA SOBRE RECEITAS DE EXPORTAÇÃO DE SERVIÇOS. REQUISITOS PARA CARACTERIZAÇÃO.
As contribuições para o PIS/Pasep e para a Cofins não incidem sobre as receitas decorrentes das operações de prestação de serviços para pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no exterior, cujo pagamento represente ingresso de divisas, conforme disposto no art 5º, inciso II da Lei nº 10.637/2002 e art. 6º, inciso II da Lei nº 10.833/2003.
Numero da decisão: 3302-002.856
Decisão: Recurso de Ofício Negado.
Crédito Tributário Exonerado.
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros da Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Walber José da Silva
Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède
Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walber José da Silva (Presidente), Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Paulo Guilherme Déroulède, Jonathan Barros Vita, Cláudio Monroe Massetti e João Alfredo Eduão Ferreira.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/12/2008 a 31/12/2008 BASE DE CÁLCULO DA CONTRIBUIÇÃO. NÃO INCIDÊNCIA SOBRE RECEITAS DE EXPORTAÇÃO DE SERVIÇOS. REQUISITOS PARA CARACTERIZAÇÃO. As contribuições para o PIS/Pasep e para a Cofins não incidem sobre as receitas decorrentes das operações de prestação de serviços para pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no exterior, cujo pagamento represente ingresso de divisas, conforme disposto no art 5º, inciso II da Lei nº 10.637/2002 e art. 6º, inciso II da Lei nº 10.833/2003.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1785; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T2 Fl. 4.651 1 4.650 S3C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 19515.720782/201358 Recurso nº De Ofício Acórdão nº 3302002.856 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 25 de fevereiro de 2015 Matéria PIS/Pasep e Cofins Recorrente THE WALT DISNEY COMPANY BRASIL LTDA Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/12/2008 a 31/12/2008 BASE DE CÁLCULO DA CONTRIBUIÇÃO. NÃO INCIDÊNCIA SOBRE RECEITAS DE EXPORTAÇÃO DE SERVIÇOS. REQUISITOS PARA CARACTERIZAÇÃO. As contribuições para o PIS/Pasep e para a Cofins não incidem sobre as receitas decorrentes das operações de prestação de serviços para pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no exterior, cujo pagamento represente ingresso de divisas, conforme disposto no art 5º, inciso II da Lei nº 10.637/2002 e art. 6º, inciso II da Lei nº 10.833/2003. Recurso de Ofício Negado. Crédito Tributário Exonerado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros da Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Walber José da Silva Presidente (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 72 07 82 /2 01 3- 58 Fl. 4651DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 27/02 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 19515.720782/201358 Acórdão n.º 3302002.856 S3C3T2 Fl. 4.652 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Walber José da Silva (Presidente), Maria da Conceição Arnaldo Jacó, Paulo Guilherme Déroulède, Jonathan Barros Vita, Cláudio Monroe Massetti e João Alfredo Eduão Ferreira. Relatório Trata o presente de Autos de Infração para constituição de crédito tributário de Cofins e PIS/Pasep, relativo a dezembro de 2008, decorrente da não sujeição de receitas de serviços prestados a pessoas jurídicas domiciliadas no exterior à tributação. Em sua impugnação, a recorrente alegou: 1. A nulidade do lançamento por falta de motivação válida; 2. A decadência relativa aos meses de janeiro a março de 2008, por aplicação do §4º do artigo 150 do CTN; 3. A improcedência do lançamento em razão de as receitas lançadas decorrerem de prestação de serviços a pessoas jurídicas domiciliadas no exterior, cujos pagamentos representaram ingressos de divisas. Por seu turno, a Nona Turma da DRJ/SP1 em São Paulo proferiu o acórdão nº 1654.448, cuja ementa transcrevese: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2008 a 31/12/2008 AUTO DE INFRAÇÃO INEXISTÊNCIA DE NULIDADE. Satisfeitos os requisitos do art. 10 do Decreto n.º 70.235/72 e não tendo ocorrido o disposto no art. 59 do mesmo diploma legal, não há que se falar em nulidade do procedimento administrativo. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2008 a 31/03/2008 ALEGAÇÃO DE DECADÊNCIA. INAPLICABILIDADE. Não houve lançamento no período de apuração 01/01/2008 a 31/03/2008. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/12/2008 a 31/12/2008 NÃO INCIDÊNCIA. A contribuição para o PIS/Pasep não incidirá sobre as receitas decorrentes das operações de prestação de serviços para pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no exterior, cujo Fl. 4652DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 27/02 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 19515.720782/201358 Acórdão n.º 3302002.856 S3C3T2 Fl. 4.653 3 pagamento represente ingresso de divisas (art 5º, II, Lei 10.637/2002). ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/12/2008 a 31/12/2008 NÃO INCIDÊNCIA. A COFINS não incidirá sobre as receitas decorrentes das operações de prestação de serviços para pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no exterior, cujo pagamento represente ingresso de divisas (art 6º, II, Lei 10.833/2003). Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Em razão da exoneração acima do limite estabelecido na Portaria MF nº 3/2008, o colegiado a quo recorreu de ofício. A decisão foi cientificada à contribuinte em 02/04/2014, por decurso do prazo de quinze dias de disponibilização dos documentos em sua caixa postal no módulo E CAC. A contribuinte não apresentou recurso voluntário relativamente à parte do lançamento mantido pela DRJ. Na forma regimental, o processo foi distribuído a este relator. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède. Inicialmente, constatase que a não apresentação de recurso voluntário pela contribuinte torna definitiva a decisão na parte objeto do recurso, de acordo com o artigo 80 do Decreto nº 7.574/20111. O colegiado a quo afastou as alegações de nulidade e de decadência. No mérito, cancelou exigência quanto aos aspectos quantitativos dos fatos geradores de janeiro a novembro, incluídos, de forma globalizada pela fiscalização, no mês de dezembro. Assim, limitou o lançamento às receitas auferidas em dezembro de 2008. 1 Art. 80. São definitivas as decisões (Decreto no 70.235, de 1972, art. 42): I de primeira instância, esgotado o prazo para recurso voluntário sem que este tenha sido interposto; II de segunda instância, de que não caiba recurso ou, se cabível, quando decorrido o prazo sem a sua interposição; ou III de instância especial. Parágrafo único. Serão também definitivas as decisões de primeira instância na parte que não for objeto de recurso voluntário ou não estiver sujeita a recurso de ofício. Fl. 4653DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 27/02 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 19515.720782/201358 Acórdão n.º 3302002.856 S3C3T2 Fl. 4.654 4 Com acerto a decisão da DRJ. O lançamento tributário definido no art. 142 do CTN é o procedimento administrativo destinado a verificar a ocorrência do fato gerador, determinado a matéria tributável e o tributo devido, sendo que o fato gerador compreende os aspectos material (art. 114 do CTN), subjetivo (art. 121 do CTN), espacial, temporal e quantificativo (base de cálculo), não podendo dissociar o montante de sua base de cálculo do período de ocorrência do fato gerador. Verificase no Auto de Infração de Cofins, efl. 3641, e no Auto de Infração de PIS/Pasep, efl.3648, que o único fato gerador lançado foi relativo a dezembro de 2008, com vencimento em 23/01/2009. Os fatos geradores da Cofins e do PIS/Pasep correspondem ao faturamento mensal definido no art.1º das Leis nº 10.637/2002 e nº 10.833/2003. Assim, o lançamento de dezembro de 2008 deve corresponder à base de cálculo de dezembro de 2008, como decidiu o colegiado a quo. Concernente a dezembro de 2008, a decisão recorrida analisou as notas fiscais de serviço bem como as notas de débito, verificando os contratos de câmbio e identificando os ingressos de divisas, para concluir que a maioria dos valores lançados corresponde a receitas de exportação, mantendo o Auto de Infração apenas em relação às notas cujo ingresso de divisas não restou comprovado. A caracterização da não incidência de PIS/Pasep e Cofins nas receitas de exportação de serviços foi definida pelo art. 5º da Lei nº 10637/2002 e art. 6º da Lei nº 10.833/2003: Lei nº 10.637/2002: Art. 5o A contribuição para o PIS/Pasep não incidirá sobre as receitas decorrentes das operações de: Produção de efeito I exportação de mercadorias para o exterior; II prestação de serviços para pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no exterior, cujo pagamento represente ingresso de divisas; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) III vendas a empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação. Lei nº 10.833/2003: Art. 6o A COFINS não incidirá sobre as receitas decorrentes das operações de: (Produção de efeito) I exportação de mercadorias para o exterior; II prestação de serviços para pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no exterior, cujo pagamento represente ingresso de divisas; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) III vendas a empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação. Assim, os requisitos para a caracterização da não incidência são que o tomador do serviços seja domiciliado no exterior e que o pagamento represente ingresso de Fl. 4654DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 27/02 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 19515.720782/201358 Acórdão n.º 3302002.856 S3C3T2 Fl. 4.655 5 divisas. Quanto ao primeiro requisito, não há lide, posto que as notas fiscais lançadas possuem como destinatários ou tomadores do serviço pessoas jurídicas domiciliadas no exterior. Relativamente ao ingresso de divisas, transcrevese a seguinte definição2: 23. Para a análise do segundo requisito, tornase necessário conceituar o que sejam divisas. Para tanto, convém citar a definição de divisa segundo De Plácido e Silva na Obra Vocabulário Jurídico da Editora Forense, 27ª edição, de 2008: “Divisa. Na nomenclatura das operações de câmbio, é usado para exprimir a própria cambial, ou seja, o saque de câmbio que pode ser emitido contra qualquer praça estrangeira, para constituir reservas ou disponibilidades, que possam autorizar pagamentos de aquisições ali realizadas. Dessa forma, divisa, além de ser indicativo da própria cambial, assinala a existência dessa mesma reserva ou disponibilidade a favor de um país em mercado estrangeiro.” 24. Segundo Bruno Ratti na obra Direito Internacional e Câmbio, Edições Aduaneiras, 8ª edição, de 1994, o termo “divisas” abrange também: “(...) créditos no exterior, em moeda estrangeira. Compreendem: depósitos, letras de câmbio, ordens de pagamento, cheques, valores mobiliários, etc. Para maior facilidade de análise, incluímos no conceito de divisas também o papelmoeda estrangeiro”. (Grifo nosso) O mercado de câmbio no Brasil é regido pelo Regulamento do Mercado de Câmbio e Capitais Internacionais (RMCCI), instituído pela Circular n.º 3.280/2005 (revogada partir de 3/2/2014 pela Circular Bacen nº 3.691/2013) e abrange as operações de compra e de venda de moeda estrangeira, as transferências internacionais em reais e as operações envolvendo ouroinstrumento cambial, bem como as matérias necessárias ao seu regular funcionamento. As Disposições Gerais do Capítulo 11 – Exportação do Título 1 – Mercado de Câmbio – estabeleciam: 1. Este capítulo dispõe sobre as operações no mercado de câmbio relativas às exportações brasileiras de mercadorias e de serviços. 2. As exportações brasileiras de mercadorias e de serviços sujeitamse ao ingresso no País da moeda estrangeira correspondente, mediante celebração e liquidação de contrato de câmbio em banco autorizado a operar no mercado de câmbio, no País, ressalvados os casos específicos previstos na legislação e regulamentação em vigor. 3. As operações de câmbio a que se refere o item anterior são liquidadas mediante a entrega da moeda estrangeira ou do 2 Solução de Consulta SRRF07/Disit nº 65/2009 Fl. 4655DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 27/02 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 19515.720782/201358 Acórdão n.º 3302002.856 S3C3T2 Fl. 4.656 6 documento que a represente ao banco com o qual tenha sido celebrado o contrato de câmbio. 4. O recebimento do valor em moeda estrangeira decorrente da exportação deve ocorrer mediante crédito do correspondente valor em conta, no exterior, de banco autorizado a operar no mercado de câmbio, no País, ressalvadas as seguintes situações: a) entrega, ao banco, da moeda estrangeira em espécie ou em cheques de viagem, mediante autorização específica do Departamento de Capitais Estrangeiros e Câmbio Decec, deste Banco Central; b) utilização de cartão de crédito internacional ou vale postal internacional pelo devedor estrangeiro, nas situações previstas na sistemática de câmbio simplificado de exportação. [...] 7. Para os fins e efeitos do disposto neste capítulo, considerase: a) exportação de serviço: as operações classificáveis na subseção 10.1 da seção 2 do capítulo 8 deste título; Verificase no Termo de Constatação Fiscal que a autuação se lastreou no fato de a contribuinte ter emitido notas fiscais e de débito em valor superior à receita tributável informada no DACON, ter reconhecido grande parte na DIPJ 2009 como receita de prestação de serviços – mercado interno e externo e que, sem base legal, adotaria critérios próprios para classificar as receitas como tributáveis ou não. Em momento algum, a fiscalização questionou efetivamente a ausência dos requisitos previstos em lei para a caracterização da exportação de serviços, especialmente quanto ao ingresso de divisas, já que a própria autuação confirma como beneficiárias das notas pessoas jurídicas domiciliadas no exterior. Por seu turno, a contribuinte apresentou as notas fiscais e contratos de câmbio, confirmados conforme os quadros elaborados no acórdão proferido pela DRJ. Assim, o fundamento fáticojurídico utilizado pela fiscalização inexiste, posto que houve sim base legal para a exclusão das receitas da base de cálculo, por se tratarem de receitas de exportação de serviços. Diante do exposto, voto para negar provimento ao recurso de ofício. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 4656DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 27/02 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE Processo nº 19515.720782/201358 Acórdão n.º 3302002.856 S3C3T2 Fl. 4.657 7 Fl. 4657DF CARF MF Impresso em 03/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE, Assinado digitalmente em 27/02 /2015 por WALBER JOSE DA SILVA, Assinado digitalmente em 27/02/2015 por PAULO GUILHERME DEROULEDE
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