Busca Facetada
Turma Camara- Segunda Câmara (223)
- RONNIE SOARES ANDERSON (223)
- 2019 (223)
- anderson (223)
- assinado (223)
- autos (223)
- colegiado (223)
- conselheiros (223)
- da (223)
- de (223)
- digitalmente (223)
- discutidos (223)
- do (223)
- e (223)
- em (223)
- gesto (223)
- julgamento (223)
- martin (223)
Numero do processo: 10218.720712/2007-31
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 11 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon May 13 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2003
ITR. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL (ADA). OBRIGATORIEDADE. ANTES DO INÍCIO DA AÇÃO FISCAL. POSSIBILIDADE. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO.
Para efeito de exclusão da área de preservação permanente na apuração da base de cálculo do ITR, considera-se cumprida a obrigação, quando o Ato Declaratório Ambiental - ADA foi protocolado junto ao IBAMA antes do início da ação fiscal.
VALOR DA TERRA NUA. ARBITRAMENTO. SISTEMA DE PREÇOS DE TERRA. SIPT. LANÇAMENTO. SEM CONTESTAÇÃO. LITÍGIO NÃO SE INSTAURA.
O VTN arbitrado pela autoridade fiscal, com base no SIPT, não foi expressamente contestado no recurso, assim o litígio não se instaurou e os fatos foram presumidos como verdadeiros, deixando de ser controvertido e não podendo mais ser alegados. Mantendo o VTN arbitrado pela fiscalização, confirmado pela decisão do Acórdão proferido pela DRJ.
Numero da decisão: 2202-005.145
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para cancelar a glosa da área declarada como sendo de preservação permanente. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo nº 10218.720724/2007-66, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.
(assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson. - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros Marcelo de Sousa Sáteles, Martin da Silva Gesto, Ricardo Chiavegatto de Lima, Ludmila Mara Monteiro de Oliveira, Rorildo Barbosa Correa, Leonam Rocha de Medeiros, Thiago Duca Amoni (suplente convocado) e Ronnie Soares Anderson. Ausente a conselheira Andréa de Moraes Chieregatto.
Nome do relator: RONNIE SOARES ANDERSON
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201904
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR Exercício: 2003 ITR. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL (ADA). OBRIGATORIEDADE. ANTES DO INÍCIO DA AÇÃO FISCAL. POSSIBILIDADE. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO. Para efeito de exclusão da área de preservação permanente na apuração da base de cálculo do ITR, considera-se cumprida a obrigação, quando o Ato Declaratório Ambiental - ADA foi protocolado junto ao IBAMA antes do início da ação fiscal. VALOR DA TERRA NUA. ARBITRAMENTO. SISTEMA DE PREÇOS DE TERRA. SIPT. LANÇAMENTO. SEM CONTESTAÇÃO. LITÍGIO NÃO SE INSTAURA. O VTN arbitrado pela autoridade fiscal, com base no SIPT, não foi expressamente contestado no recurso, assim o litígio não se instaurou e os fatos foram presumidos como verdadeiros, deixando de ser controvertido e não podendo mais ser alegados. Mantendo o VTN arbitrado pela fiscalização, confirmado pela decisão do Acórdão proferido pela DRJ.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Mon May 13 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 10218.720712/2007-31
anomes_publicacao_s : 201905
conteudo_id_s : 6005548
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon May 13 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 2202-005.145
nome_arquivo_s : Decisao_10218720712200731.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : RONNIE SOARES ANDERSON
nome_arquivo_pdf_s : 10218720712200731_6005548.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para cancelar a glosa da área declarada como sendo de preservação permanente. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo nº 10218.720724/2007-66, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson. - Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros Marcelo de Sousa Sáteles, Martin da Silva Gesto, Ricardo Chiavegatto de Lima, Ludmila Mara Monteiro de Oliveira, Rorildo Barbosa Correa, Leonam Rocha de Medeiros, Thiago Duca Amoni (suplente convocado) e Ronnie Soares Anderson. Ausente a conselheira Andréa de Moraes Chieregatto.
dt_sessao_tdt : Thu Apr 11 00:00:00 UTC 2019
id : 7736595
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:44:16 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051907915776000
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1874; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T2 Fl. 2 1 1 S2C2T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10218.720712/200731 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2202005.145 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 11 de abril de 2019 Matéria IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Recorrente VALMOR CORADINI Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2003 ITR. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL (ADA). OBRIGATORIEDADE. ANTES DO INÍCIO DA AÇÃO FISCAL. POSSIBILIDADE. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO. Para efeito de exclusão da área de preservação permanente na apuração da base de cálculo do ITR, considerase cumprida a obrigação, quando o Ato Declaratório Ambiental ADA foi protocolado junto ao IBAMA antes do início da ação fiscal. VALOR DA TERRA NUA. ARBITRAMENTO. SISTEMA DE PREÇOS DE TERRA. SIPT. LANÇAMENTO. SEM CONTESTAÇÃO. LITÍGIO NÃO SE INSTAURA. O VTN arbitrado pela autoridade fiscal, com base no SIPT, não foi expressamente contestado no recurso, assim o litígio não se instaurou e os fatos foram presumidos como verdadeiros, deixando de ser controvertido e não podendo mais ser alegados. Mantendo o VTN arbitrado pela fiscalização, confirmado pela decisão do Acórdão proferido pela DRJ. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para cancelar a glosa da área declarada como sendo de preservação permanente. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplicase o decidido no julgamento do processo nº 10218.720724/2007 66, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 21 8. 72 07 12 /2 00 7- 31 Fl. 86DF CARF MF 2 Ronnie Soares Anderson. Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros Marcelo de Sousa Sáteles, Martin da Silva Gesto, Ricardo Chiavegatto de Lima, Ludmila Mara Monteiro de Oliveira, Rorildo Barbosa Correa, Leonam Rocha de Medeiros, Thiago Duca Amoni (suplente convocado) e Ronnie Soares Anderson. Ausente a conselheira Andréa de Moraes Chieregatto. Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do Acórdão nº 2202005.144, de 11 de abril de 2019 2ª Câmara/2ª Turma Ordinária, proferido no âmbito do processo n° 10218.720724/200766, paradigma deste julgamento, com adaptações na forma a seguir apresentada. Tratase de recurso voluntário interposto contra acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento DRJ, a qual julgou procedente o lançamento e manteve o crédito tributário correspondente ao Imposto Territorial Rural ITR, acrescido da multa e dos juros de mora, referente ao imóvel rural denominado Fazena Piranheira, com área total de 9086,3 ha, cadastrado na RFB com o NIRF n° 5.896.7710 e localizado no município de São Félix do Xingu PA. Do Lançamento Tributário No tocante ao lançamento tributário, observa que se trata de processo referente ao auto de infração em que se exige o Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR, relativo ao imóvel denominado Fazena Piranheira, com área total de 9086,3 ha, cadastrado na RFB com o NIRF n° 5.896.7710 e localizado no município de São Félix do Xingu PA. Regularmente intimado do lançamento, o contribuinte apresentou impugnação alegando que: Discorda do procedimento fiscal, pois apresentou no momento oportuno a documentação do INCRA e o ADA, comprovando a área de preservação permanente declarada. Em relação ao valor do imóvel, não há qualquer tentativa ou interesse em subavaliálo, pois o valor declarado é superior ao seu valor de compra e será utilizado para apurar o ganho de capital, em caso de alienação. Ao final, requer o cancelamento do crédito tributário questionado e a extinção do presente processo administrativo. A Impugnação foi julgada improcedente pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, sendo mantido o credito tributário exigido. Da Decisão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento Quando da análise do presente caso, a DRJ apreciou lançamento e a impugnação, proferindo a decisão por meio do Acórdão considerando procedente o lançamento e mantendo o crédito tributário exigido. Fl. 87DF CARF MF Processo nº 10218.720712/200731 Acórdão n.º 2202005.145 S2C2T2 Fl. 3 3 Do Recurso Voluntário O contribuinte devidamente intimado do Acórdão referente à decisão proferida pela DRJ apresentou recurso voluntário. Em sede de recurso voluntário, o Recorrente se insurgiu contra a decisão da DRJ apresentando as seguintes alegações: Do Ato Declaratório Ambiental ADA O Recorrente afirmou que não entregou o ADA intempestivamente em 06/04/2004, que a declaração entregue nesta data (06/04/2004), tratavase de declaração retificadora da original entregue anteriormente. Continuou alegando que a apresentação anual do ADA passou a ser obrigatória apenas a partir do exercício 2007, com base na Instrução Normativa Ibama n°. 96, de 30/03/06, como já havia apresentado o ADA em 12/07/2002 que não sofrera qualquer alteração em sua área não tributável, portanto, não estava obrigado a apresentálo novamente em 2003. Fundamentando os seus argumentos também na IN/SRF n° 256, de 11/12/2002, artigo 9°, § 4°, inciso I e II. Da Obrigação Tributária Principal e Acessória Em relação a obrigação acessória, o Recorrente alegou da violação ao artigo 113, §2° do CTN, que conforme mencionado, a Receita Federal extrapolou seu poder regulamentar ao exigir, por meio de sucessivas instruções normativas, a expedição do ato. Isso porque, instituiu obrigação tributária acessória, violando o parágrafo 2° do artigo 113 do Código Tributário Nacional CTN, o qual dispõe que esse tipo de obrigação decorre de lei e não de ato administrativo. O recorrente apresentou ao longo do seu recurso, além da legislação correlata, jurisprudências proferidas pelo STF. Do Pedido Ao final, o Recorrente requer que: Face ao exposto, requer: A reforma integral da decisão ora recorrida, com conseqüente extinção do presente Processo Administrativo. É o relatório. Voto Conselheiro Ronnie Soares Anderson Relator Este processo foi julgado na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 2202005.144, de 11 de abril de 2019 2ª Câmara/2ª Turma Ordinária, proferido no âmbito do processo n° 10218.720724/200766, paradigma deste julgamento. Fl. 88DF CARF MF 4 Apresentase, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o teor do voto proferido na susodita decisão paradigma, a saber, Acórdão nº 2202005.144, de 11 de abril de 2019 2ª Câmara/2ª Turma Ordinária, com adaptações conforme descrito a seguir. O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. Ato Declaratório Ambiental ADA e Área de Preservação Permanente APP Dos documentos apresentados pelo Recorrente, verificase que houve a entrega de um Ato Declaratório Ambiental ADA protocolado em 06/04/2004. Todavia, a DRJ ao apreciar os documentos apresentados na impugnação, não o acatou, pois verificou que o ADA foi apresentado intempestivamente. De acordo com o entendimento dos Julgadores da DRJ, o ADA com informações sobre as áreas sujeitas à exclusão da base tributável do ITR/2003, deveria ser protocolado no IBAMA até o dia 31/03/2004, mas foi entregue em 06/04/2004, portanto intempestivo. Por outro lado, o Recorrente afirmou que não entregou o ADA intempestivamente, que a declaração entregue naquela data (06/04/2004), tratavase de declaração retificadora da original entregue anteriormente. Diante disso, percebese que a controvérsia se instalou a partir do momento que o contribuinte se insurgiu contra a decisão da DRJ que não acatou o ADA. Assim, para o deslinde da controvérsia, passouse a analisar a questão do prazo de entrega do ADA para efeito de exclusão da base tributável do ITR/2003 da área de preservação permanente. No tocante ao prazo de entrega, entendo que o ADA deve ser acatado, para efeito de exclusão da base tributável do ITR/2003, da área de preservação permanente, mesmo que protocolado intempestivamente junto ao IBAMA (06/04/2004), mas antes do início da ação fiscal (25/07/2007, fls. 07). Fato esse que pode ser verificado pelo confronto entre o ADA apresentado e o Termo de Intimação Fiscal. Neste aspecto, para corroborar o nosso entendimento sobre a possibilidade de acatar o ADA, tendo como condição temporal o seu protocolo no IBAMA até o início da ação fiscal, apresento uma parte do voto do Conselheiro Heitor de Souza Lima Júnior proferido no Acórdão nº 9202003.620 de 04 de março de 2015, do qual compartilho a sua decisão e adoto nas minhas razões de decidir: De fato, no caso da redução da base de cálculo do ITR, mais especificamente no que atine as áreas de interesse ambiental lato sensu, além da necessidade de fiscalizar um número extenso de contribuintes, exigirseia. não fosse a necessidade da obrigatória protocolização do ADA, que a Receita Federal tomasse para si o dever de fiscalizar o extenso volume de propriedades rurais compreendido no território nacional, o que, do ponto de vista econômico, não teria qualquer viabilidade. Por esta razão, assim, passouse, com o advento da Lei Federal n.° 10.165/00 a exigir, de forma obrigatória, a apresentação do ADA para o fim de permitir a redução da base de cálculo do ITR, declaração esta sujeita ao poder de polícia do IBAMA. Fl. 89DF CARF MF Processo nº 10218.720712/200731 Acórdão n.º 2202005.145 S2C2T2 Fl. 4 5 Tratandose, portanto, da interpretação do dispositivo em comento, deve o aplicador do direito, neste conceito compreendido o julgador, analisar o conteúdo principiológico que norteia referido dispositivo legal, a fim de conferirlhe o sentido que melhor se amolda aos objetivos legais. Partindose desta premissa basilar, verificase que o art. 170 da Lei n.° 6.938/81, em que pese o fato de imprimir, de forma inafastável, o dever de apresentar o ADA. não estabelece qualquer exigência no que toca à necessidade de sua protocolização em prazo fixado pela Receita Federal para o fim especifico de permitir a redução da base de calculo do ITR. A exigência de protocolo tempestivo do ADA. para o fim especifico da redução da base de cálculo do ITR, não decorre expressamente de lei, mas sim do art. 10, §3°, I, do Decreto n.° 4.382/2002, que, inclusive, data de setembro de 2002, posterior à data da ocorrência do fato gerador, no caso que ora se trata. Querse com isso dizer, portanto, que, muito embora a legislação tratasse, de maneira inolvidável, a respeito da entrega do Ato Declaratório Ambiental, para o fim especifico da redução da base de cálculo do ITR. não havia, sequer no âmbito do poder regulamentar, disposição alguma a respeito do prazo para sua apresentação, e, menos ainda, que possibilitasse à Receita Federal desconsiderar a existência de áreas de preservação permanente ou de reserva legal no caso de apresentação intempestiva do ADA. Com efeito, sendo certo que a instituição de tributos ou mesmo da exclusão do crédito tributário, na forma como denominada pelo Código Tributário Nacional, são matérias que devem ser integralmente previstas em lei, na forma como estatuído pelo art. 97, do CTN, mais especificamente no que toca ao seu inciso VI, não poderia sequer o poder regulamentar estabelecer a desconsideração da isenção tributária no caso da mera apresentação intempestiva do ADA. Repisese, nesse sentido, que não se discute que a lei tenha instituído a obrigatoriedade da apresentação do ADA, mas, sim, que o prazo de seis meses, contado da entrega da DITR, foi instituído apenas por instrução normativa, muito posteriormente embasada pelo Decreto n.° 4.382/2002, o que, com a devida vênia, não merece prosperar. Em virtude, portanto, da ausência de estabelecimento de um critério rígido quanto ao prazo para a apresentação do ADA, eis que não se encontra previsto em lei, cumpre recorrer aos mecanismos de integração da legislação tributária, de maneira a imprimir eficácia no disposto pelo art. 170 da Lei a8 6.398/81. Em virtude, portanto, da ausência de estabelecimento de um critério rígido quanto ao prazo para a apresentação do ADA, eis que não se encontra previsto em lei, cumpre recorrer aos mecanismos de integração da legislação tributária, de maneira a imprimir eficácia no disposto pelo art. 170 da Lei n.° 6.398/81. Fl. 90DF CARF MF 6 Dentre os mecanismos de integração previstos pelo ordenamento jurídico, dispõe o Código Tributário Nacional, em seu art. 108, L que deve o aplicador recorrer â analogia, sendo referida opção vedada apenas no que toca à instituição de tributos não previstos em lei, o que, ressaltese, não é o caso. Nesse esteio, recorrendose â analogia para o preenchimento de referida lacuna, devese recorrer à legislação do ITR relativa às demais declarações firmadas pelo contribuinte, mais especificamente no que atine à DIAT e à DIAC, expressamente contempladas pela Lei n.° 9.393/96, aplicadas ao presente caso tendose sempre em vista o escopo da norma inserida no texto do art. 170 da Lei n.° 6.398/81, isto é, imprimir praticabilidade à aferição da existência das áreas de reserva legal e preservação permanente, para o fim específico da isenção tributária. Pois bem. Sendo certo que a apresentação do ADA cumpre o papel imprimir pratícabilidade á apuração da área tributável, verificase que cumpre o escopo norma a sua entrega até o início da fiscalização, momento a partir do qual a apresentação já não mais cumprirá seu desiderato. De fato, até o início da fiscalização em face do contribuinte, verificase que a entrega do ADA possibilitará a consideração, por parte da Receita Federal, da redução da base cálculo do ITR. submetendo as declarações do contribuinte ao pálio do órgão ambiental competente e retirando referida aferição do âmbito da Receita Federal do Brasil. A entrega, portanto, ainda que intempestiva, muito embora pudesse ensejar a aplicação de uma multa específica, caso existisse referida norma sancionatória, seria equivalente à retificação das demais declarações relativas ao ITR, isto é, da DIAT e da DIAC, devendo, pois, ter o mesmo tratamento que estas últimas, em consonância com o que estatui o brocardo jurídico "ubi eadem ratio, ibi medem legis d/spositio", isto é, onde há o mesmo racional, a legislação não pode aplicar critérios distintos. A guisa do exposto, portanto, no que toca à entrega do ADA, tenho para mim que cumpre seu desiderato até o momento do início da fiscalização, a partir do qual a omissão do contribuinte ensejou a necessidade de fiscalização específica relativa ao recolhimento do ITR, o que implica nos custos administrativos inerentes a este fato. Assim, aplicase ao ADA, de acordo com este entendimento basilar, a regra prevista pelo art. 18 da Medida Provisória n.° 2.18949/01, que assim dispõe, verbís: "Art. 18. Â retificação de declaração de impostos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, nas hipóteses em que admitida, terá a mesma natureza da declaração originariamente apresentada, independentemente de autorização pela autoridade administrativa." De acordo com a interpretação que ora se sustenta, pois, é permitida a entrega do ADA, ainda que intempestivamente, desde que o contribuinte o faça até o início da fiscalização. Fl. 91DF CARF MF Processo nº 10218.720712/200731 Acórdão n.º 2202005.145 S2C2T2 Fl. 5 7 No presente caso, verificase que assiste razão ao contribuinte, pois o ADA foi protocolado junto ao IBAMA em 06/04/2004, após o prazo regulamentar, mas antes do início da ação fiscal, a qual ocorreu em 25/07/2007, fls. 07, conforme Termo de Intimação Fiscal e o respectivo AR. Portanto, fica demonstrado que o contribuinte cumpriu a obrigação de apresentar o Ato Declaratório Ambiental ADA para todos os seus efeitos. Diante do exposto, entendo que o Recorrente faz jus à exclusão da base de cálculo do ITR da área de 800,0 ha correspondente à preservação permanente APP, declarada na sua DIAT/ITR, bem como o cancelamento da glosa registrado no Demonstrativo de Apuração do Imposto Devido. Do Valor da Terra Nua VTN De acordo com o Acórdão proferido pela DRJ, foi mantido o valor da terra nua VTN arbitrado pela autoridade fiscal, com base no SIPT. Contudo, o contribuinte, no seu recurso, não se posicionou sobre o arbitramento do VTN e nem apresentou defesa contestando o lançamento decorrente destes valores. Dessa forma, entendo que a matéria não foi expressamente contestada e assim, o litígio não se instaurou em relação ao VTN arbitrado pela autoridade fiscal. Neste caso, os fatos foram presumidos como verdadeiros (VTN arbitrado com base no SIPT), deixando de ser controvertido e não podendo mais ser alegado, nos termos dos artigos 16 e 17 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972: Art. 16. A impugnação mencionará: [...] III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; [...] Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. (grifo nosso) Deste modo, entendo que deve ser mantido o valor da terra nua VTN arbitrado pela autoridade fiscal e confirmado pela decisão do Acórdão proferido pela DRJ. Decisão Diante do exposto, voto por dar provimento parcial ao recurso, para cancelar a glosa da área declarada como área de preservação permanente. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Fl. 92DF CARF MF 8 Fl. 93DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10218.720720/2007-88
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 11 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon May 13 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2003
ITR. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL (ADA). OBRIGATORIEDADE. ANTES DO INÍCIO DA AÇÃO FISCAL. POSSIBILIDADE. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO.
Para efeito de exclusão da área de preservação permanente na apuração da base de cálculo do ITR, considera-se cumprida a obrigação, quando o Ato Declaratório Ambiental - ADA foi protocolado junto ao IBAMA antes do início da ação fiscal.
VALOR DA TERRA NUA. ARBITRAMENTO. SISTEMA DE PREÇOS DE TERRA. SIPT. LANÇAMENTO. SEM CONTESTAÇÃO. LITÍGIO NÃO SE INSTAURA.
O VTN arbitrado pela autoridade fiscal, com base no SIPT, não foi expressamente contestado no recurso, assim o litígio não se instaurou e os fatos foram presumidos como verdadeiros, deixando de ser controvertido e não podendo mais ser alegados. Mantendo o VTN arbitrado pela fiscalização, confirmado pela decisão do Acórdão proferido pela DRJ.
Numero da decisão: 2202-005.152
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para cancelar a glosa da área declarada como sendo de preservação permanente. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo nº 10218.720724/2007-66, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.
(assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson. - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros Marcelo de Sousa Sáteles, Martin da Silva Gesto, Ricardo Chiavegatto de Lima, Ludmila Mara Monteiro de Oliveira, Rorildo Barbosa Correa, Leonam Rocha de Medeiros, Thiago Duca Amoni (suplente convocado) e Ronnie Soares Anderson. Ausente a conselheira Andréa de Moraes Chieregatto.
Nome do relator: RONNIE SOARES ANDERSON
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201904
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR Exercício: 2003 ITR. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL (ADA). OBRIGATORIEDADE. ANTES DO INÍCIO DA AÇÃO FISCAL. POSSIBILIDADE. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO. Para efeito de exclusão da área de preservação permanente na apuração da base de cálculo do ITR, considera-se cumprida a obrigação, quando o Ato Declaratório Ambiental - ADA foi protocolado junto ao IBAMA antes do início da ação fiscal. VALOR DA TERRA NUA. ARBITRAMENTO. SISTEMA DE PREÇOS DE TERRA. SIPT. LANÇAMENTO. SEM CONTESTAÇÃO. LITÍGIO NÃO SE INSTAURA. O VTN arbitrado pela autoridade fiscal, com base no SIPT, não foi expressamente contestado no recurso, assim o litígio não se instaurou e os fatos foram presumidos como verdadeiros, deixando de ser controvertido e não podendo mais ser alegados. Mantendo o VTN arbitrado pela fiscalização, confirmado pela decisão do Acórdão proferido pela DRJ.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Mon May 13 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 10218.720720/2007-88
anomes_publicacao_s : 201905
conteudo_id_s : 6005555
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon May 13 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 2202-005.152
nome_arquivo_s : Decisao_10218720720200788.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : RONNIE SOARES ANDERSON
nome_arquivo_pdf_s : 10218720720200788_6005555.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para cancelar a glosa da área declarada como sendo de preservação permanente. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo nº 10218.720724/2007-66, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson. - Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros Marcelo de Sousa Sáteles, Martin da Silva Gesto, Ricardo Chiavegatto de Lima, Ludmila Mara Monteiro de Oliveira, Rorildo Barbosa Correa, Leonam Rocha de Medeiros, Thiago Duca Amoni (suplente convocado) e Ronnie Soares Anderson. Ausente a conselheira Andréa de Moraes Chieregatto.
dt_sessao_tdt : Thu Apr 11 00:00:00 UTC 2019
id : 7736602
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:44:16 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051908720033792
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1875; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T2 Fl. 2 1 1 S2C2T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10218.720720/200788 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2202005.152 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 11 de abril de 2019 Matéria IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Recorrente VALMOR CORADINI Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2003 ITR. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL (ADA). OBRIGATORIEDADE. ANTES DO INÍCIO DA AÇÃO FISCAL. POSSIBILIDADE. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO. Para efeito de exclusão da área de preservação permanente na apuração da base de cálculo do ITR, considerase cumprida a obrigação, quando o Ato Declaratório Ambiental ADA foi protocolado junto ao IBAMA antes do início da ação fiscal. VALOR DA TERRA NUA. ARBITRAMENTO. SISTEMA DE PREÇOS DE TERRA. SIPT. LANÇAMENTO. SEM CONTESTAÇÃO. LITÍGIO NÃO SE INSTAURA. O VTN arbitrado pela autoridade fiscal, com base no SIPT, não foi expressamente contestado no recurso, assim o litígio não se instaurou e os fatos foram presumidos como verdadeiros, deixando de ser controvertido e não podendo mais ser alegados. Mantendo o VTN arbitrado pela fiscalização, confirmado pela decisão do Acórdão proferido pela DRJ. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para cancelar a glosa da área declarada como sendo de preservação permanente. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplicase o decidido no julgamento do processo nº 10218.720724/2007 66, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 21 8. 72 07 20 /2 00 7- 88 Fl. 134DF CARF MF 2 Ronnie Soares Anderson. Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros Marcelo de Sousa Sáteles, Martin da Silva Gesto, Ricardo Chiavegatto de Lima, Ludmila Mara Monteiro de Oliveira, Rorildo Barbosa Correa, Leonam Rocha de Medeiros, Thiago Duca Amoni (suplente convocado) e Ronnie Soares Anderson. Ausente a conselheira Andréa de Moraes Chieregatto. Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do Acórdão nº 2202005.144, de 11 de abril de 2019 2ª Câmara/2ª Turma Ordinária, proferido no âmbito do processo n° 10218.720724/200766, paradigma deste julgamento, com adaptações na forma a seguir apresentada. Tratase de recurso voluntário interposto contra acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento DRJ, a qual julgou procedente o lançamento e manteve o crédito tributário correspondente ao Imposto Territorial Rural ITR, acrescido da multa e dos juros de mora, referente ao imóvel rural denominado Fazenda Santa Tereza, com área total de 9603,3 ha, cadastrado na RFB com o NIRF n° 5.896.8008 e localizado no município de São Félix do Xingu PA. Do Lançamento Tributário No tocante ao lançamento tributário, observa que se trata de processo referente ao auto de infração em que se exige o Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR, relativo ao imóvel denominado Fazenda Santa Tereza, com área total de 9603,3 ha, cadastrado na RFB com o NIRF n° 5.896.8008 e localizado no município de São Félix do Xingu PA. Regularmente intimado do lançamento, o contribuinte apresentou impugnação alegando que: Discorda do procedimento fiscal, pois apresentou no momento oportuno a documentação do INCRA e o ADA, comprovando a área de preservação permanente declarada. Em relação ao valor do imóvel, não há qualquer tentativa ou interesse em subavaliálo, pois o valor declarado é superior ao seu valor de compra e será utilizado para apurar o ganho de capital, em caso de alienação. Ao final, requer o cancelamento do crédito tributário questionado e a extinção do presente processo administrativo. A Impugnação foi julgada improcedente pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, sendo mantido o credito tributário exigido. Da Decisão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento Quando da análise do presente caso, a DRJ apreciou lançamento e a impugnação, proferindo a decisão por meio do Acórdão considerando procedente o lançamento e mantendo o crédito tributário exigido. Fl. 135DF CARF MF Processo nº 10218.720720/200788 Acórdão n.º 2202005.152 S2C2T2 Fl. 3 3 Do Recurso Voluntário O contribuinte devidamente intimado do Acórdão referente à decisão proferida pela DRJ apresentou recurso voluntário. Em sede de recurso voluntário, o Recorrente se insurgiu contra a decisão da DRJ apresentando as seguintes alegações: Do Ato Declaratório Ambiental ADA O Recorrente afirmou que não entregou o ADA intempestivamente em 06/04/2004, que a declaração entregue nesta data (06/04/2004), tratavase de declaração retificadora da original entregue anteriormente. Continuou alegando que a apresentação anual do ADA passou a ser obrigatória apenas a partir do exercício 2007, com base na Instrução Normativa Ibama n°. 96, de 30/03/06, como já havia apresentado o ADA em 12/07/2002 que não sofrera qualquer alteração em sua área não tributável, portanto, não estava obrigado a apresentálo novamente em 2003. Fundamentando os seus argumentos também na IN/SRF n° 256, de 11/12/2002, artigo 9°, § 4°, inciso I e II. Da Obrigação Tributária Principal e Acessória Em relação a obrigação acessória, o Recorrente alegou da violação ao artigo 113, §2° do CTN, que conforme mencionado, a Receita Federal extrapolou seu poder regulamentar ao exigir, por meio de sucessivas instruções normativas, a expedição do ato. Isso porque, instituiu obrigação tributária acessória, violando o parágrafo 2° do artigo 113 do Código Tributário Nacional CTN, o qual dispõe que esse tipo de obrigação decorre de lei e não de ato administrativo. O recorrente apresentou ao longo do seu recurso, além da legislação correlata, jurisprudências proferidas pelo STF. Do Pedido Ao final, o Recorrente requer que: Face ao exposto, requer: A reforma integral da decisão ora recorrida, com conseqüente extinção do presente Processo Administrativo. É o relatório. Voto Conselheiro Ronnie Soares Anderson Relator Este processo foi julgado na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 2202005.144, de 11 de abril de 2019 2ª Câmara/2ª Turma Ordinária, proferido no âmbito do processo n° 10218.720724/200766, paradigma deste julgamento. Fl. 136DF CARF MF 4 Apresentase, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o teor do voto proferido na susodita decisão paradigma, a saber, Acórdão nº 2202005.144, de 11 de abril de 2019 2ª Câmara/2ª Turma Ordinária, com adaptações conforme descrito a seguir. O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. Ato Declaratório Ambiental ADA e Área de Preservação Permanente APP Dos documentos apresentados pelo Recorrente, verificase que houve a entrega de um Ato Declaratório Ambiental ADA protocolado em 06/04/2004. Todavia, a DRJ ao apreciar os documentos apresentados na impugnação, não o acatou, pois verificou que o ADA foi apresentado intempestivamente. De acordo com o entendimento dos Julgadores da DRJ, o ADA com informações sobre as áreas sujeitas à exclusão da base tributável do ITR/2003, deveria ser protocolado no IBAMA até o dia 31/03/2004, mas foi entregue em 06/04/2004, portanto intempestivo. Por outro lado, o Recorrente afirmou que não entregou o ADA intempestivamente, que a declaração entregue naquela data (06/04/2004), tratavase de declaração retificadora da original entregue anteriormente. Diante disso, percebese que a controvérsia se instalou a partir do momento que o contribuinte se insurgiu contra a decisão da DRJ que não acatou o ADA. Assim, para o deslinde da controvérsia, passouse a analisar a questão do prazo de entrega do ADA para efeito de exclusão da base tributável do ITR/2003 da área de preservação permanente. No tocante ao prazo de entrega, entendo que o ADA deve ser acatado, para efeito de exclusão da base tributável do ITR/2003, da área de preservação permanente, mesmo que protocolado intempestivamente junto ao IBAMA (06/04/2004), mas antes do início da ação fiscal (25/07/2007, fls. 07). Fato esse que pode ser verificado pelo confronto entre o ADA apresentado e o Termo de Intimação Fiscal. Neste aspecto, para corroborar o nosso entendimento sobre a possibilidade de acatar o ADA, tendo como condição temporal o seu protocolo no IBAMA até o início da ação fiscal, apresento uma parte do voto do Conselheiro Heitor de Souza Lima Júnior proferido no Acórdão nº 9202003.620 de 04 de março de 2015, do qual compartilho a sua decisão e adoto nas minhas razões de decidir: De fato, no caso da redução da base de cálculo do ITR, mais especificamente no que atine as áreas de interesse ambiental lato sensu, além da necessidade de fiscalizar um número extenso de contribuintes, exigirseia. não fosse a necessidade da obrigatória protocolização do ADA, que a Receita Federal tomasse para si o dever de fiscalizar o extenso volume de propriedades rurais compreendido no território nacional, o que, do ponto de vista econômico, não teria qualquer viabilidade. Por esta razão, assim, passouse, com o advento da Lei Federal n.° 10.165/00 a exigir, de forma obrigatória, a apresentação do ADA para o fim de permitir a redução da base de cálculo do ITR, declaração esta sujeita ao poder de polícia do IBAMA. Fl. 137DF CARF MF Processo nº 10218.720720/200788 Acórdão n.º 2202005.152 S2C2T2 Fl. 4 5 Tratandose, portanto, da interpretação do dispositivo em comento, deve o aplicador do direito, neste conceito compreendido o julgador, analisar o conteúdo principiológico que norteia referido dispositivo legal, a fim de conferirlhe o sentido que melhor se amolda aos objetivos legais. Partindose desta premissa basilar, verificase que o art. 170 da Lei n.° 6.938/81, em que pese o fato de imprimir, de forma inafastável, o dever de apresentar o ADA. não estabelece qualquer exigência no que toca à necessidade de sua protocolização em prazo fixado pela Receita Federal para o fim especifico de permitir a redução da base de calculo do ITR. A exigência de protocolo tempestivo do ADA. para o fim especifico da redução da base de cálculo do ITR, não decorre expressamente de lei, mas sim do art. 10, §3°, I, do Decreto n.° 4.382/2002, que, inclusive, data de setembro de 2002, posterior à data da ocorrência do fato gerador, no caso que ora se trata. Querse com isso dizer, portanto, que, muito embora a legislação tratasse, de maneira inolvidável, a respeito da entrega do Ato Declaratório Ambiental, para o fim especifico da redução da base de cálculo do ITR. não havia, sequer no âmbito do poder regulamentar, disposição alguma a respeito do prazo para sua apresentação, e, menos ainda, que possibilitasse à Receita Federal desconsiderar a existência de áreas de preservação permanente ou de reserva legal no caso de apresentação intempestiva do ADA. Com efeito, sendo certo que a instituição de tributos ou mesmo da exclusão do crédito tributário, na forma como denominada pelo Código Tributário Nacional, são matérias que devem ser integralmente previstas em lei, na forma como estatuído pelo art. 97, do CTN, mais especificamente no que toca ao seu inciso VI, não poderia sequer o poder regulamentar estabelecer a desconsideração da isenção tributária no caso da mera apresentação intempestiva do ADA. Repisese, nesse sentido, que não se discute que a lei tenha instituído a obrigatoriedade da apresentação do ADA, mas, sim, que o prazo de seis meses, contado da entrega da DITR, foi instituído apenas por instrução normativa, muito posteriormente embasada pelo Decreto n.° 4.382/2002, o que, com a devida vênia, não merece prosperar. Em virtude, portanto, da ausência de estabelecimento de um critério rígido quanto ao prazo para a apresentação do ADA, eis que não se encontra previsto em lei, cumpre recorrer aos mecanismos de integração da legislação tributária, de maneira a imprimir eficácia no disposto pelo art. 170 da Lei a8 6.398/81. Em virtude, portanto, da ausência de estabelecimento de um critério rígido quanto ao prazo para a apresentação do ADA, eis que não se encontra previsto em lei, cumpre recorrer aos mecanismos de integração da legislação tributária, de maneira a imprimir eficácia no disposto pelo art. 170 da Lei n.° 6.398/81. Fl. 138DF CARF MF 6 Dentre os mecanismos de integração previstos pelo ordenamento jurídico, dispõe o Código Tributário Nacional, em seu art. 108, L que deve o aplicador recorrer â analogia, sendo referida opção vedada apenas no que toca à instituição de tributos não previstos em lei, o que, ressaltese, não é o caso. Nesse esteio, recorrendose â analogia para o preenchimento de referida lacuna, devese recorrer à legislação do ITR relativa às demais declarações firmadas pelo contribuinte, mais especificamente no que atine à DIAT e à DIAC, expressamente contempladas pela Lei n.° 9.393/96, aplicadas ao presente caso tendose sempre em vista o escopo da norma inserida no texto do art. 170 da Lei n.° 6.398/81, isto é, imprimir praticabilidade à aferição da existência das áreas de reserva legal e preservação permanente, para o fim específico da isenção tributária. Pois bem. Sendo certo que a apresentação do ADA cumpre o papel imprimir pratícabilidade á apuração da área tributável, verificase que cumpre o escopo norma a sua entrega até o início da fiscalização, momento a partir do qual a apresentação já não mais cumprirá seu desiderato. De fato, até o início da fiscalização em face do contribuinte, verificase que a entrega do ADA possibilitará a consideração, por parte da Receita Federal, da redução da base cálculo do ITR. submetendo as declarações do contribuinte ao pálio do órgão ambiental competente e retirando referida aferição do âmbito da Receita Federal do Brasil. A entrega, portanto, ainda que intempestiva, muito embora pudesse ensejar a aplicação de uma multa específica, caso existisse referida norma sancionatória, seria equivalente à retificação das demais declarações relativas ao ITR, isto é, da DIAT e da DIAC, devendo, pois, ter o mesmo tratamento que estas últimas, em consonância com o que estatui o brocardo jurídico "ubi eadem ratio, ibi medem legis d/spositio", isto é, onde há o mesmo racional, a legislação não pode aplicar critérios distintos. A guisa do exposto, portanto, no que toca à entrega do ADA, tenho para mim que cumpre seu desiderato até o momento do início da fiscalização, a partir do qual a omissão do contribuinte ensejou a necessidade de fiscalização específica relativa ao recolhimento do ITR, o que implica nos custos administrativos inerentes a este fato. Assim, aplicase ao ADA, de acordo com este entendimento basilar, a regra prevista pelo art. 18 da Medida Provisória n.° 2.18949/01, que assim dispõe, verbís: "Art. 18. Â retificação de declaração de impostos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, nas hipóteses em que admitida, terá a mesma natureza da declaração originariamente apresentada, independentemente de autorização pela autoridade administrativa." De acordo com a interpretação que ora se sustenta, pois, é permitida a entrega do ADA, ainda que intempestivamente, desde que o contribuinte o faça até o início da fiscalização. Fl. 139DF CARF MF Processo nº 10218.720720/200788 Acórdão n.º 2202005.152 S2C2T2 Fl. 5 7 No presente caso, verificase que assiste razão ao contribuinte, pois o ADA foi protocolado junto ao IBAMA em 06/04/2004, após o prazo regulamentar, mas antes do início da ação fiscal, a qual ocorreu em 25/07/2007, fls. 07, conforme Termo de Intimação Fiscal e o respectivo AR. Portanto, fica demonstrado que o contribuinte cumpriu a obrigação de apresentar o Ato Declaratório Ambiental ADA para todos os seus efeitos. Diante do exposto, entendo que o Recorrente faz jus à exclusão da base de cálculo do ITR da área de 800,0 ha correspondente à preservação permanente APP, declarada na sua DIAT/ITR, bem como o cancelamento da glosa registrado no Demonstrativo de Apuração do Imposto Devido. Do Valor da Terra Nua VTN De acordo com o Acórdão proferido pela DRJ, foi mantido o valor da terra nua VTN arbitrado pela autoridade fiscal, com base no SIPT. Contudo, o contribuinte, no seu recurso, não se posicionou sobre o arbitramento do VTN e nem apresentou defesa contestando o lançamento decorrente destes valores. Dessa forma, entendo que a matéria não foi expressamente contestada e assim, o litígio não se instaurou em relação ao VTN arbitrado pela autoridade fiscal. Neste caso, os fatos foram presumidos como verdadeiros (VTN arbitrado com base no SIPT), deixando de ser controvertido e não podendo mais ser alegado, nos termos dos artigos 16 e 17 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972: Art. 16. A impugnação mencionará: [...] III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; [...] Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. (grifo nosso) Deste modo, entendo que deve ser mantido o valor da terra nua VTN arbitrado pela autoridade fiscal e confirmado pela decisão do Acórdão proferido pela DRJ. Decisão Diante do exposto, voto por dar provimento parcial ao recurso, para cancelar a glosa da área declarada como área de preservação permanente. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Fl. 140DF CARF MF 8 Fl. 141DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15586.001113/2007-41
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 08 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon May 20 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/04/1997 a 30/06/2006
NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO QUANTO À INOVAÇÃO DA CAUSA DE PEDIR. PRECLUSÃO.
É vedado à parte inovar no pedido ou na causa de pedir em sede de julgamento de segundo grau, salvo nas circunstâncias excepcionais referidas nas normas que regem o processo administrativo tributário federal.
SALÁRIO EDUCAÇÃO. SISTEMA DE MANUTENÇÃO DO ENSINO. MODALIDADE. INDENIZAÇÃO DE DEPENDENTES. GLOSA DE DEDUÇÃO INDEVIDA.
A modalidade de indenização de dependentes é opção da empresa, e nesta condição está obrigada a cumprir com o dever de informar, por meio de Relatório de Alunos Indenizados (RAI), os alunos beneficiários para os fins de alimentação de cadastro mantido no pelo FNDE, na forma em que dispõe o artigo 10 da Resolução nº 02/2002, procedimento obrigatório sem o qual sujeita-se à glosa das deduções indevidas.
Numero da decisão: 2202-005.200
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer em parte do recurso para, na parte conhecida, negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros Marcelo de Sousa Sáteles, Martin da Silva Gesto, Ricardo Chiavegatto de Lima, Ludmila Mara Monteiro de Oliveira, Rorildo Barbosa Correia, Virgílio Cansino Gil (suplente convocado), Leonam Rocha de Medeiros e Ronnie Soares Anderson. Ausente a conselheira Andrea de Moraes Chieregatto.
Nome do relator: RONNIE SOARES ANDERSON
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201905
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/04/1997 a 30/06/2006 NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO QUANTO À INOVAÇÃO DA CAUSA DE PEDIR. PRECLUSÃO. É vedado à parte inovar no pedido ou na causa de pedir em sede de julgamento de segundo grau, salvo nas circunstâncias excepcionais referidas nas normas que regem o processo administrativo tributário federal. SALÁRIO EDUCAÇÃO. SISTEMA DE MANUTENÇÃO DO ENSINO. MODALIDADE. INDENIZAÇÃO DE DEPENDENTES. GLOSA DE DEDUÇÃO INDEVIDA. A modalidade de indenização de dependentes é opção da empresa, e nesta condição está obrigada a cumprir com o dever de informar, por meio de Relatório de Alunos Indenizados (RAI), os alunos beneficiários para os fins de alimentação de cadastro mantido no pelo FNDE, na forma em que dispõe o artigo 10 da Resolução nº 02/2002, procedimento obrigatório sem o qual sujeita-se à glosa das deduções indevidas.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Mon May 20 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 15586.001113/2007-41
anomes_publicacao_s : 201905
conteudo_id_s : 6008689
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue May 21 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 2202-005.200
nome_arquivo_s : Decisao_15586001113200741.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : RONNIE SOARES ANDERSON
nome_arquivo_pdf_s : 15586001113200741_6008689.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer em parte do recurso para, na parte conhecida, negar-lhe provimento. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson - Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros Marcelo de Sousa Sáteles, Martin da Silva Gesto, Ricardo Chiavegatto de Lima, Ludmila Mara Monteiro de Oliveira, Rorildo Barbosa Correia, Virgílio Cansino Gil (suplente convocado), Leonam Rocha de Medeiros e Ronnie Soares Anderson. Ausente a conselheira Andrea de Moraes Chieregatto.
dt_sessao_tdt : Wed May 08 00:00:00 UTC 2019
id : 7746689
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:44:54 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051909845155840
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1645; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T2 Fl. 9.582 1 9.581 S2C2T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 15586.001113/200741 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2202005.200 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 08 de maio de 2019 Matéria SALÁRIO EDUCAÇÃO. FNDE. Recorrente BANESTES S/A BANCO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/04/1997 a 30/06/2006 NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO QUANTO À INOVAÇÃO DA CAUSA DE PEDIR. PRECLUSÃO. É vedado à parte inovar no pedido ou na causa de pedir em sede de julgamento de segundo grau, salvo nas circunstâncias excepcionais referidas nas normas que regem o processo administrativo tributário federal. SALÁRIO EDUCAÇÃO. SISTEMA DE MANUTENÇÃO DO ENSINO. MODALIDADE. INDENIZAÇÃO DE DEPENDENTES. GLOSA DE DEDUÇÃO INDEVIDA. A modalidade de indenização de dependentes é opção da empresa, e nesta condição está obrigada a cumprir com o dever de informar, por meio de Relatório de Alunos Indenizados (RAI), os alunos beneficiários para os fins de alimentação de cadastro mantido no pelo FNDE, na forma em que dispõe o artigo 10 da Resolução nº 02/2002, procedimento obrigatório sem o qual sujeitase à glosa das deduções indevidas. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer em parte do recurso para, na parte conhecida, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Presidente e Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 58 6. 00 11 13 /2 00 7- 41 Fl. 9582DF CARF MF 2 Participaram do presente julgamento os conselheiros Marcelo de Sousa Sáteles, Martin da Silva Gesto, Ricardo Chiavegatto de Lima, Ludmila Mara Monteiro de Oliveira, Rorildo Barbosa Correia, Virgílio Cansino Gil (suplente convocado), Leonam Rocha de Medeiros e Ronnie Soares Anderson. Ausente a conselheira Andrea de Moraes Chieregatto. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento no Rio de Janeiro I (RJ) DRJ/RJ1, que julgou procedente lançamento de contribuições para o Salário Educação decorrente de glosa de deduções realizadas a título de indenização de dependentes (relatório fiscal às fls. 109 e ss). A instância recorrida resumiu à fl. 9467 os termos da autuação e da impugnação (fls. 465 e ss): 2. A ação fiscal que originou o lançamento foi motivada por representação administrativa encaminhada pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação — FNDE, que apontou divergências entre as deduções efetivadas pela empresa e as informações prestadas através do formulário Relação de Alunos Indenizados. Consta no relatório fiscal de folhas 41 a 43 que a origem do lançamento está no fato de que o FNDE — Fundo Nacional de Desenvolvimento do Salário Educação, tendo verificado irregularidades no recolhimento do salário educação, formalizou representação administrativa à Receita Federal do Brasil, acompanhada de elementos de convicção. O exame realizado pelo FNDE consistiu em verificar a regularidade das deduções realizadas na modalidade "indenização de dependentes" baseandose nas informações constantes do Sistema de Gestão da Arrecadação — SIGA da autarquia, ficando constatado que o valor deduzido no documento de arrecadação do salário educação não era equivalente ao número de alunos beneficiados informado pela empresa na Relação de Alunos IndenizadosRAI. 3. Segundo o mesmo relatório, nos casos em que não houve entrega da RAI, os valores apurados pelo FNDE foram integralmente deduzidos pela empresa no comprovante de Arrecadação Direta CAD. 4. Uma vez que as deduções foram realizadas em desacordo com as informações prestadas ao FNDE, ou a falta delas, foi constituído o presente lançamento. 5. Acompanham o relatório fiscal os seguintes documentos: cópias de oficios emitidos pelo FNDE, de representação administrativa, e ainda um Demonstrativo de Divergências por estabelecimento emitido por aquele órgão. 6. Notificada por via postal em 10/12/2007, conforme AR de fls. 461, a interessada apresentou impugnação, de fls. 46 a 57, na qual argúi a decadência parcial do crédito e afirma que todos os valores deduzidos foram efetivamente indenizados, conforme documentos que anexa às fls. 471/9.402. Fl. 9583DF CARF MF Processo nº 15586.001113/200741 Acórdão n.º 2202005.200 S2C2T2 Fl. 9.583 3 A exigência foi parcialmente mantida no julgamento de primeiro grau (fls. 9474/9480), reconhecendose a decadência das competências relativas ao período de 04/1997 a 11/2002, em decisão cuja ementa a seguir se transcreve: OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. SALÁRIO EDUCAÇÃO. GLOSA. As deduções dos valores devidos ao Salário Educação, mediante convênio com o FNDE só serão válidas se cumpridas as exigências definidas na legislação de regência. TRIBUTÁRIO. PREVIDENCIÁRIO. PRAZO DECADENCIAL. SÚMULA VINCULANTE Nº 08 DO STF. REVISÃO DO LANÇAMENTO. Com a declaração da inconstitucionalidade do art. 45 da Lei nº 8.212/91, o prazo decadencial das contribuições previdenciárias passa a ser regido pelo Código Tributário Nacional, fato que implica a revisão imediata dos créditos em fase de cobrança administrativa. O contribuinte interpôs recurso voluntário em 11/01/2010 (fls. 9490/9496), no qual arguí, em síntese, que: a competência 12/2002 deve ser excluída, visto que a Resolução FNDE nº 02/2002, que fundamentou a exigência, somente vigorou a partir de 1º/01/2003, não cabendo sua retroatividade para alcançar tal competência; os valores deduzidos do salário educação foram comprovados documentalmente às fls. 471/9402 como tendo sido reembolsados ao empregados, sendo que o Decreto nº 3.142/99 estabeleceu unicamente tal requisito para a dedução, e a Resolução FNDE nº 02/02 não poderia instituir outras exigências não previstas na Lei nº 9.424/96 e no Decreto nº 3.142/99. É o relatório. Voto Conselheiro Ronnie Soares Anderson, Relator O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço, ainda que parcialmente. Isso porque o cotejo entre a impugnação (fls. 467/473) e o recurso voluntário (fls. 9490/9496) revela que o contribuinte não levantou, quando daquela primeira oportunidade, a alegação de irretroatividade dos preceitos da Resolução FNDE nº 02/02, a qual excluiria do lançamento a competência 12/2002. Mister notar que o recorrente não pode modificar o pedido ou invocar outra causa petendi (causa de pedir) nesta fase do contencioso, sob pena de violação dos princípios da congruência, estabilização da demanda e do duplo grau de jurisdição administrativa, em ofensa aos arts. 14 a 17 do Decreto nº 70.235/72 (em especial o § 4º do art. 16), bem como aos Fl. 9584DF CARF MF 4 arts. 141, 223, 329 e 492 do Código de Processo Civil (CPC), mormente quando não há motivo para só agora aduzir os questionamentos referidos. Nesse sentido, vide os Acórdãos de nos 2402005.971 (j. 12/09/2017), 3802 004.118 (j. 25/02/2015), 1802001.150 (j. 15/03/2012), 3401002.142 (j. 26/02/2013), 3201 001794 (j. 15/10/2014), 2202003.577 (j. 21/09/2016), e 1803000.777 (j. 27/01/2011). Cumpre, destarte, não conhecer da adução relativa, especificamente, à competência 12/2002, pois de acordo com a sistemática processual vigente, é vedado ao recorrente inovar nas razões recursais, haja vista ter ocorrido preclusão consumativa. Já no que se refere à questão de fundo, o contribuinte aduz ser descabida a exigência da RAI (Relação de Alunos Indenizados) para comprovação das deduções em tela, pois tal exigência foi instituída pela Resolução FNDE nº 2, de 20 de agosto de 2002, a qual seria incompatível com o Decreto nº 3.142/99 e com a Lei nº 9.424/96. Bastaria, no seu entender, apenas a comprovação semestral de frequência e pagamento de mensalidades, o que estaria comprovado nos autos. Cabe observar que dita resolução se trata de norma regulamentar exarada no âmbito de autarquia vinculada ao Ministério da Educação, não se vislumbrando a sua incompatibilidade com o Decreto nº 3.142/99, ou com a Lei nº 9.424/96. Pelo contrário, tal Resolução confere efetividade a essas normas que lhe dão o necessário suporte, não sendo o processo administrativo fiscal federal a esfera adequada para se questionar sua eventual incompatibilidade com as precitadas normas. Acrescentese que tal alegação também não foi formulada quando da impugnação, o que implica, também, em seu não conhecimento em sede de julgamento de segunda instância. Noutro giro, oportuno é registrar que, embora não corriqueira, a matéria examinada não é tampouco estranha no âmbito do CARF, havendo diversos precedentes que a enfrentam. Dentre eles destacase o Acórdão nº 2402004.503, datado de 21/01/2015 e de lavra do Conselheiro Ronaldo de Lima Macedo, cuja fundamentação, por ser, mutatis mutandis, aplicável à espécie, passa a integrar, ainda que parcialmente, a presente decisão: (...) Inicialmente, a contribuição destinada ao SalárioEducação/FNDE, por força do Decreto 87.043/1982, foi fixada à alíquota em 2,5% sobre a folha de salários. Posteriormente, a Lei nº 9.424/1996 também disciplinou a matéria no art.15, in verbis: Art 15. O SalárioEducação, previsto no art. 212, § 5º, da Constituição Federal e devido pelas empresas, na forma em que vier a ser disposto em regulamento, é calculado com base na alíquota de 2,5% (dois e meio por cento) sobre o total de remunerações pagas ou creditadas, a qualquer título, aos segurados empregados, assim definidos no art. 12, inciso I, da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991. (...) No caso dos autos, é incontroverso que se trata de valores cujos fatos geradores ocorreram na vigência da Lei 9.766/1998, do Decreto 3.142/1999 e da Resolução FNDE nº 2/2002, em que todos esses atos normativos autorizavam a apuração dos valores destinados ao SalárioEducação pela autarquia FNDE, a teor do art. 5º da Lei 9.766/1998. Fl. 9585DF CARF MF Processo nº 15586.001113/200741 Acórdão n.º 2202005.200 S2C2T2 Fl. 9.584 5 As empresas optantes pelo SME deveriam recolher a contribuição social do SalárioEducação ao FNDE com a dedução dos valores comprovadamente despendidos na indenização de dependentes até o limite mensal, por aluno, fixado pelo Conselho deliberativo do FNDE. Isso estava estabelecido no art. 10 do Decreto 3.142/1999, in verbis: Art. 10. O Sistema de Manutenção de Ensino Fundamental constituise no programa pelo qual a empresa, contribuinte da contribuição social do salárioeducação, propicia aos seus empregados e dependentes o direito social de obter o ensino fundamental, por intermédio das seguintes modalidades: I aquisição de vagas na rede de ensino particular destinadas a empregados e dependentes, indicados pela empresa, até o limite de vagas geradas por sua contribuição; II escola própria gratuita mantida pela empresa para os seus empregados, dependentes e alunos da comunidade; III indenização de dependentes, mediante comprovação semestral de freqüência e pagamento das mensalidades em estabelecimentos particulares. § 1o As empresas optantes pelo Sistema de Manutenção de Ensino Fundamental ou pela arrecadação direta recolherão a contribuição social do salárioeducação ao FNDE: I integralmente, no caso da modalidade de que trata o inciso I do caput deste artigo; II com a dedução dos valores comprovadamente despendidos na manutenção da escola própria ou na indenização de dependentes, até o limite mensal por aluno fixado pelo Conselho Deliberativo do FNDE, nos demais casos.(g.n) (...) Constatase que a Recorrente estava inserida na modalidade de indenização de dependentes, mediante comprovação semestral de frequência e pagamento das mensalidades em estabelecimentos particulares. Nesta modalidade, a empresa reembolsava aos empregados a importância correspondente ao somatório, no semestre, do valor pertinente à vaga (R$ 21,00). Somente teria direito ao reembolso os empregados que comprovassem a frequência regular e a quitação das mensalidades de seus dependentes em estabelecimentos de ensino particular. Após essa comprovação, ela deveria deduzir da contribuição social devida ao salário educação os valores despendidos na indenização até o limite mensal por aluno fixado pelo Conselho Deliberativo do FNDE. Contudo, a Recorrente incorreu em irregularidade ao efetuar as deduções, na medida em que não enviou a Relação de Alunos Indenizados (RAI) ao FNDE, nem Formulário Autorização para Manutenção de Ensino (FAME), dentro do prazo legal (31 de julho para os dados relativos ao 1º semestre, e 31 de janeiro do exercício seguinte para os dados relativos ao 2º semestre), descumprindo assim as regras inseridas nas Resoluções editadas pelo FNDE, que dispunham sobre todas as condições a serem cumpridas pelas empresas optantes pelo SME, no caso em tela a Resolução FNDE nº 2/2002. Resolução FNDE nº 2 de 20 de Agosto de 2002. Dispõe sobre a arrecadação direta ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE da contribuição social do SalárioEducação, em razão da opção pelo Sistema de Manutenção de Ensino Fundamental, e dá outras providências. Fl. 9586DF CARF MF 6 Fundamentação Legal:Lei n.º 9.424, de 24 de dezembro de 1996, § 3º, do art. 15º.Decreto n.º 3.142, de 16 de agosto de 1999. A SECRETÁRIA EXECUTIVA DO FUNDO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO – FNDE, no uso de suas atribuições conferidas pelo inciso VII do art. 90, do Regimento Interno do FNDE, aprovado pela Portaria MEC n.º 1.627, de 3 de novembro de 1999, bem como do inciso I do art. 2º da RS/SE/FNDE n.º 1, de 7 de dezembro de 1999 (..) Art. 1º Estabelecer as normas do Sistema de Manutenção de Ensino Fundamental a serem observadas pela empresa contribuinte do SalárioEducação, para propiciar aos seus empregados e dependentes o direito social de obter o ensino fundamental, por meio das modalidades previstas nos incisos I a III do art. 6º desta resolução, ou à conta de deduções desta contribuição (...) Art. 8º A empresa deverá prestar contas, FNDE, sobre os recursos financeiros aplicados nas modalidades Escola Própria e Indenização de Dependentes, respeitando os procedimentos e os prazos estabelecidos no art. 10 desta resolução, sob pena de serem glosadas todas as deduções efetivadas no semestre, resultando em notificação para recolhimento de débito. (...) Art.10. As informações das empresas para atualização do cadastro dos alunos beneficiários, mantido pelo FNDE, serão encaminhados nos prazos fixados e de conformidade com as orientações fornecidas por esta autarquia, da seguinte forma: (...) II na modalidade Indenização de Dependentes, por meio eletrônico – www.fnde.gov.br – link captação dos Dados da RAI para atualização semestral do sistema de Relação de Alunos Indenizados – RAI, cujo envio deverá, obrigatoriamente, ocorrer até 31 de julho para os dados relativos ao 1º semestre, e 31 de janeiro do exercício seguinte para os dados relativos ao 2º semestre. (g.n.) Parágrafo Único – A empresa responsável pela indicação dos alunos beneficiários deverá encaminhar, obrigatoriamente, a via original da Relação de Alunos Cadastrados – RAC e/ou Cadastro de Aluno – CA, ao FNDE e uma cópia às escolas prestadoras de serviços, nas modalidades Aquisição de Vagas e Escola Própria, obedecidos os prazos e de conformidade com as orientações fornecidas por esta autarquia. (....) Art. 16. Os formulários previstos no art. 2º e no inciso I do art. 10, bem como o Comprovante de Arrecadação Direta – CAD de que trata o art. 3º, todos desta resolução, preenchidos ou atualizados e assinados pelo respectivo coresponsável, e autenticados pelo Banco do Brasil S.A, no caso do CAD, atestarão, junto aos órgãos fiscalizadores, o cumprimento das normas previstas nesta resolução.(g.n.) (...) No caso em comento, conforme frisado no julgamento de primeiro grau, "não é possível elidir o débito, na medida em que a empresa deixou de prestar contas ao FNDE, informando o nome dos alunos beneficiados, na forma do inciso II do artigo 10º acima transcrito, isto é, não apresentou a RAI dentro do prazo legal, tornando o procedimento irregular, inválido o convênio, e, portanto, devidos os valores não recolhidos" objeto de lançamento de ofício. Em outros termos, temse que apenas se cumpridas as formalidades do regulamento poderia ter o recorrente abatido os valores vinculados à indenização dos dependentes da contribuição relativa ao salárioeducação, o que não se verificou no particular. Fl. 9587DF CARF MF Processo nº 15586.001113/200741 Acórdão n.º 2202005.200 S2C2T2 Fl. 9.585 7 Não foi comprovado pelo recorrente, ademais, o regular envio da RAI para a atualização semestral do Sistema de Relação de Alunos Indenizados RAT, constatação que evidencia o descumprimento das disposições do art 10 da Resolução FNDE nº 2/2002, e respalda o procedimento fiscal. Ante o exposto, voto por conhecer em parte do recurso, para, na parte conhecida, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Fl. 9588DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15374.901699/2008-11
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 10 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue May 07 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Ano-calendário: 1999
IRRF. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. CRÉDITO. LIQUIDEZ E CERTEZA. AUSÊNCIA.
Compete ao contribuinte o ônus da prova do fato constitutivo do seu direito, cabendo a este demonstrar, mediante documentos, a liquidez e a certeza do crédito. Uma vez não comprovada a sua pretensão, não se homologam as compensações requeridas.
IRRF. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. CRÉDITO PLEITEADO. UTILIZAÇÃO INTEGRAL. VINCULADO DEBITO. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA.
Mantém-se o despacho decisório que não homologou a compensação requerida, quando se verifica que o crédito pleiteado já foi integralmente utilizado na quitação de outro débito confessado pela contribuinte.
PROVAS. MOMENTO PROCESSUAL OPORTUNO. NÃO APRESENTAÇÃO. PRECLUSÃO.
A prova documental deve ser produzida no início da fase litigiosa, considerado o momento processual oportuno, precluindo o direito do sujeito passivo de fazê-lo posteriormente, salvo a ocorrência de qualquer das hipóteses que justifiquem sua apresentação posterior.
VERDADE MATERIAL. SITUAÇÃO EXCEPCIONAL. NÃO OCORRÊNCIA. PROVA EXTEMPORÂNEA. IMPOSSIBILIDADE.
A busca da verdade material, em situações excepcionais, confere ao julgador a aceitação extemporânea de provas, todavia não permite ao julgador conceder novo prazo para a contribuinte apresentar todas provas que não foram apresentadas no início da fase litigiosa. Ressalvando as hipóteses previstas no § 4º do art. 16 do Decreto nº 70.235/72.
PERÍCIA. CONHECIMENTO TÉCNICO ESPECIALIZADO. SUBSTITUIR PROVA DOCUMENTAL. NÃO SE APLICA. PRESCINDÍVEL. INDEFERIMENTO.
A perícia, pela sua especificidade, não tem a faculdade de substituir provas que poderiam ser produzidas pela contribuinte com a juntada de documentos ao autos no momento oportuno. Assim, o pedido de perícia será indeferido se o fato a ser provado não necessitar de conhecimento técnico especializado, fora do campo de atuação do julgador.
Numero da decisão: 2202-005.112
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em rejeitar proposta de realização de diligência, vencido o conselheiro Thiago Duca Amoni, que encaminhou a proposta. Acordam ainda, quanto ao mérito, em negar provimento ao recurso. Votaram pelas conclusões os conselheiros Martin da Silva Gesto, Thiago Duca Amoni e Leonam Rocha de Medeiros.
(assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros Marcelo de Sousa Sáteles, Martin da Silva Gesto, Ricardo Chiavegatto de Lima, Ludmila Mara Monteiro de Oliveira, Rorildo Barbosa Correa, Leonam Rocha de Medeiros, Thiago Duca Amoni (suplente convocado) e Ronnie Soares Anderson. Ausente a conselheira Andréa de Moraes Chieregatto.
Nome do relator: RONNIE SOARES ANDERSON
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201904
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF Ano-calendário: 1999 IRRF. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. CRÉDITO. LIQUIDEZ E CERTEZA. AUSÊNCIA. Compete ao contribuinte o ônus da prova do fato constitutivo do seu direito, cabendo a este demonstrar, mediante documentos, a liquidez e a certeza do crédito. Uma vez não comprovada a sua pretensão, não se homologam as compensações requeridas. IRRF. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. CRÉDITO PLEITEADO. UTILIZAÇÃO INTEGRAL. VINCULADO DEBITO. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. Mantém-se o despacho decisório que não homologou a compensação requerida, quando se verifica que o crédito pleiteado já foi integralmente utilizado na quitação de outro débito confessado pela contribuinte. PROVAS. MOMENTO PROCESSUAL OPORTUNO. NÃO APRESENTAÇÃO. PRECLUSÃO. A prova documental deve ser produzida no início da fase litigiosa, considerado o momento processual oportuno, precluindo o direito do sujeito passivo de fazê-lo posteriormente, salvo a ocorrência de qualquer das hipóteses que justifiquem sua apresentação posterior. VERDADE MATERIAL. SITUAÇÃO EXCEPCIONAL. NÃO OCORRÊNCIA. PROVA EXTEMPORÂNEA. IMPOSSIBILIDADE. A busca da verdade material, em situações excepcionais, confere ao julgador a aceitação extemporânea de provas, todavia não permite ao julgador conceder novo prazo para a contribuinte apresentar todas provas que não foram apresentadas no início da fase litigiosa. Ressalvando as hipóteses previstas no § 4º do art. 16 do Decreto nº 70.235/72. PERÍCIA. CONHECIMENTO TÉCNICO ESPECIALIZADO. SUBSTITUIR PROVA DOCUMENTAL. NÃO SE APLICA. PRESCINDÍVEL. INDEFERIMENTO. A perícia, pela sua especificidade, não tem a faculdade de substituir provas que poderiam ser produzidas pela contribuinte com a juntada de documentos ao autos no momento oportuno. Assim, o pedido de perícia será indeferido se o fato a ser provado não necessitar de conhecimento técnico especializado, fora do campo de atuação do julgador.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Tue May 07 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 15374.901699/2008-11
anomes_publicacao_s : 201905
conteudo_id_s : 6002612
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue May 07 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 2202-005.112
nome_arquivo_s : Decisao_15374901699200811.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : RONNIE SOARES ANDERSON
nome_arquivo_pdf_s : 15374901699200811_6002612.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em rejeitar proposta de realização de diligência, vencido o conselheiro Thiago Duca Amoni, que encaminhou a proposta. Acordam ainda, quanto ao mérito, em negar provimento ao recurso. Votaram pelas conclusões os conselheiros Martin da Silva Gesto, Thiago Duca Amoni e Leonam Rocha de Medeiros. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson - Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros Marcelo de Sousa Sáteles, Martin da Silva Gesto, Ricardo Chiavegatto de Lima, Ludmila Mara Monteiro de Oliveira, Rorildo Barbosa Correa, Leonam Rocha de Medeiros, Thiago Duca Amoni (suplente convocado) e Ronnie Soares Anderson. Ausente a conselheira Andréa de Moraes Chieregatto.
dt_sessao_tdt : Wed Apr 10 00:00:00 UTC 2019
id : 7726166
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:43:51 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051910711279616
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1952; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T2 Fl. 2 1 1 S2C2T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 15374.901699/200811 Recurso nº 1 Voluntário Acórdão nº 2202005.112 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 10 de abril de 2019 Matéria IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Recorrente SOFT CONSULTORIA LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Anocalendário: 1999 IRRF. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. CRÉDITO. LIQUIDEZ E CERTEZA. AUSÊNCIA. Compete ao contribuinte o ônus da prova do fato constitutivo do seu direito, cabendo a este demonstrar, mediante documentos, a liquidez e a certeza do crédito. Uma vez não comprovada a sua pretensão, não se homologam as compensações requeridas. IRRF. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. CRÉDITO PLEITEADO. UTILIZAÇÃO INTEGRAL. VINCULADO DEBITO. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. Mantémse o despacho decisório que não homologou a compensação requerida, quando se verifica que o crédito pleiteado já foi integralmente utilizado na quitação de outro débito confessado pela contribuinte. PROVAS. MOMENTO PROCESSUAL OPORTUNO. NÃO APRESENTAÇÃO. PRECLUSÃO. A prova documental deve ser produzida no início da fase litigiosa, considerado o momento processual oportuno, precluindo o direito do sujeito passivo de fazêlo posteriormente, salvo a ocorrência de qualquer das hipóteses que justifiquem sua apresentação posterior. VERDADE MATERIAL. SITUAÇÃO EXCEPCIONAL. NÃO OCORRÊNCIA. PROVA EXTEMPORÂNEA. IMPOSSIBILIDADE. A busca da verdade material, em situações excepcionais, confere ao julgador a aceitação extemporânea de provas, todavia não permite ao julgador conceder novo prazo para a contribuinte apresentar todas provas que não foram apresentadas no início da fase litigiosa. Ressalvando as hipóteses previstas no § 4º do art. 16 do Decreto nº 70.235/72. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 37 4. 90 16 99 /2 00 8- 11 Fl. 196DF CARF MF Processo nº 15374.901699/200811 Acórdão n.º 2202005.112 S2C2T2 Fl. 3 2 PERÍCIA. CONHECIMENTO TÉCNICO ESPECIALIZADO. SUBSTITUIR PROVA DOCUMENTAL. NÃO SE APLICA. PRESCINDÍVEL. INDEFERIMENTO. A perícia, pela sua especificidade, não tem a faculdade de substituir provas que poderiam ser produzidas pela contribuinte com a juntada de documentos ao autos no momento oportuno. Assim, o pedido de perícia será indeferido se o fato a ser provado não necessitar de conhecimento técnico especializado, fora do campo de atuação do julgador. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em rejeitar proposta de realização de diligência, vencido o conselheiro Thiago Duca Amoni, que encaminhou a proposta. Acordam ainda, quanto ao mérito, em negar provimento ao recurso. Votaram pelas conclusões os conselheiros Martin da Silva Gesto, Thiago Duca Amoni e Leonam Rocha de Medeiros. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros Marcelo de Sousa Sáteles, Martin da Silva Gesto, Ricardo Chiavegatto de Lima, Ludmila Mara Monteiro de Oliveira, Rorildo Barbosa Correa, Leonam Rocha de Medeiros, Thiago Duca Amoni (suplente convocado) e Ronnie Soares Anderson. Ausente a conselheira Andréa de Moraes Chieregatto. Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do Acórdão nº 2202005.099, de 10 de abril de 2019 2ª Câmara/2ª Turma Ordinária, proferido no âmbito do processo n° 15374.901804/200812, paradigma deste julgamento. "Acórdão nº 2202005.099 2ª Câmara/2ª Turma Ordinária Tratase de Recurso Voluntário interposto contra Acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento DRJ, a qual julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade e não homologou o pedido de compensação. Do Pedido de Compensação O pedido de compensação tratase de processo referente ao PER/DCOMP eletrônico no qual a Soft Consultoria Ltda pretende aproveitar o crédito de IRRF que teria sido recolhido indevidamente. Fl. 197DF CARF MF Processo nº 15374.901699/200811 Acórdão n.º 2202005.112 S2C2T2 Fl. 4 3 Da Análise do PER/DCOMP De acordo com o Despacho Decisório eletrônico, a compensação não foi homologada, pois o direito creditório pleiteado não foi reconhecido, uma vez que o recolhimento realizado pelo DARF indicado no PER/DCOMP foi integralmente utilizado para quitação de outros débitos declarados pela contribuinte, não restando crédito disponível para compensação do débito requerido no pedido de compensação (PER/DCOMP): A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP Regularmente intimada do Despacho Decisório com a não homologação da compensação declarada, a contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade, alegando que: Do direito ao crédito de imposto de renda retido na fonte sobre royalties remessa ao exterior. Logo, diante dos fundamentos apresentados, entende a Manifestante que os valores referentes ao IRRF pagos por ela sobre remessas para pagamento de importações de "softwares" de prateleira são passíveis de pedido de indébito e por isso a impossibilidade de se manter o indeferimento em tela. Por fim, outro argumento deve ser realçado pela ora Manifestante, é a necessidade expressa de se realizar perícia a fim de se apurar o tipo de software comercializado pela empresa no presente processo. A Manifestação de Inconformidade foi julgada improcedente pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento. Da Decisão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento Quando da análise do presente caso, a Delegacia da Receita Federal de Julgamento apreciou a Manifestação de Inconformidade, proferiu o Acórdão negandolhe provimento, mantendo o Despacho Decisório e não homologando o PER/DCOMP. Do Recurso Voluntário A Soft Consultoria, devidamente intimada da decisão da DRJ, conforme aviso de recebimento, apresentou recurso voluntário. Em sede de recurso voluntário, a Recorrente se insurgiu contra a decisão da DRJ, alegando que: Concessa maxima venia, cabe ao Contribuinte eleger o meio de prova que julga adequado à demonstração dos fatos. Na espécie, dada a natureza da matéria sub examine, entendeu ser a prova pericial. A própria norma reguladora da matéria é clara ao determinar tal possibilidade. Nos termos postos, a defesa do Contribuinte fica inviabilizada, vez que não carreou aos autos a prova apontada pelo nobre relator, a saber, embalagens dos softwares "de prateleira" e respectivos documentos de importação. Fl. 198DF CARF MF Processo nº 15374.901699/200811 Acórdão n.º 2202005.112 S2C2T2 Fl. 5 4 Paralelamente, além de indeferir o pedido formulado, o julgador administrativo também não oportunizou ao contribuinte a possibilidade de trazer aos autos as provas apontadas. Alegou também a necessidade de se observar o Princípio da Verdade Material, afirmou que em decorrência do princípio da legalidade, a autoridade administrativa tem o dever de buscar a verdade material e que a referida verdade material é um princípio específico do processo administrativo, contrapondose ao princípio do dispositivo, próprio do processo civil, bem como alegou ainda que: Nesse diapasão, a produção de prova documental no processo administrativo tributário federal não se limita ao momento da impugnação. É que em nome dos princípios da ampla defesa, legalidade, oficialidade e verdade material, dentre outros, não se pode negar ao Administrado a produção de prova em outra fase. Não poderia ser de outra forma, vez que, o órgão judicante, ao afastar a prova pretendida pelo Contribuinte, não poderia negarlhe a possibilidade de apresentar, em outra oportunidade, a prova que ele mesmo julgou conveniente. Ademais, pelo Princípio da Informalidade Moderada, que é a mais adequado ao autocontrole da legalidade pela Administração Pública e mais aberta à busca da verdade material (base de todo sistema), poderia, sem qualquer violação, o julgador administrativo ter determinado exofício a juntada dos documentos que julgou conveniente. Do Pedido Ao final, a Recorrente requer que seja reformado o acórdão e analisados os documentos acostados junto ao recurso: 1 A reforma do v. acórdão fustigado, com o conseqüente deferimento do pedido de produção de prova pericial; conforme formulado da Manifestação de Inconformidade, ou, caso assim não entendam Vs.Sas., 2 Seja, com base nos princípios apontados e na economia processual, analisada a documentação ora acostada, a qual corresponde aos meios de prova apontados pelos julgadores a quo, com o conseqüente deferimento do PER/DCOMP versado na aludida Manifestação de Inconformidade. É o relatório." Fl. 199DF CARF MF Processo nº 15374.901699/200811 Acórdão n.º 2202005.112 S2C2T2 Fl. 6 5 Voto Ronnie Soares Anderson Relator Este processo foi julgado na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 2202005.099, de 10 de abril de 2019 2ª Câmara/2ª Turma Ordinária, proferido no âmbito do processo n° 15374.901804/200812, paradigma deste julgamento. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido na susodita decisão paradigma, a saber, Acórdão nº 2202005.099, de 10 de abril de 2019 2ª Câmara/2ª Turma Ordinária: Acórdão nº 2202005.0992 2ª Câmara/2ª Turma Ordinária "O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. Preliminar Da Apresentação De Provas e Da Verdade Material A Recorrente questionou, invocando a necessidade de observância ao Princípio da Verdade Material, que a produção de prova documental no processo administrativo tributário federal não se limita ao momento da impugnação. No mesmo sentido, a Recorrente ainda questionou a decisão de primeira instância alegando que o julgador administrativo poderia ter determinado exofício a juntada dos documentos que julgou conveniente. Além disso, a Recorrente, quando da apresentação do recurso voluntário, solicitou a juntada de diversos documentos com o objetivo de comprovar suas alegações. No que diz respeito ao pedido da recorrente, entendo que não merece acolhimento, uma vez que, a partir da Manifestação de Inconformidade, início da fase litigiosa, era dever da contribuinte municiar sua defesa com os elementos de prova que suportassem as informações consignadas no seu pedido de compensação. Neste contexto, cabe registrar que a fim de comprovar a certeza e liquidez do crédito, a contribuinte deveria, sob pena de preclusão, instruir sua Manifestação de Inconformidade apresentando junto com os motivos de fato e de direito que fundamentaram sua pretensão, os documentos que respaldassem suas afirmações, conforme disciplina os dispositivos legais pertinentes à matéria, os artigos 15 e 16 do Decreto nº 70.235/72, bem como o disposto no inciso I, do art. 373 do Código de Processo Civil (Lei nº 13.105/2015) aplicável subsidiariamente ao processo administrativo fiscal: Art. 373. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; Fl. 200DF CARF MF Processo nº 15374.901699/200811 Acórdão n.º 2202005.112 S2C2T2 Fl. 7 6 (...) Assim, como não apresentou elementos necessárias para comprovar suas alegações, apenas requereu a realização de perícia, a autoridade julgadora de primeira instância apreciou a Manifestação de Inconformidade, negandolhe provimento, pois verificou a inexistência de elementos probantes, dessa forma indeferiu o pedido de perícia e não homologou a compensação declarada, confirmando as razões do despacho decisório. No tocante as novas provas apresentadas, entendo que, além de extemporâneas, estão ausentes os requisitos que autorizariam o afastamento da preclusão de que trata as alíneas do § 4º do art. 16 do Decreto nº 70.235/72. Do mesmo modo, observo não há fato ou razão renovada trazida aos autos pela DRJ, porquanto o voto proferido pelos julgadores daquela DRJ, apresentou considerações no sentido de que tais provas independem de perícia, pois poderiam ter sido produzidas por meio de documentos. Todavia, ao fazer estas considerações, entendo que a DRJ estava demonstrando que a contribuinte perdeu a oportunidade legal de apresentar os documentos que, em tese, poderiam comprovar o seu pleito. Inclusive, no que diz respeito a apresentação de prova apenas em sede de recurso voluntário, compartilho o entendimento apresentado no Acórdão nº 3201 004.710, sessão de 29 de janeiro de 2019, proferido pela 2ª Câmara da 1ª Turma Ordinária, que em situação semelhante negou provimento ao recurso do contribuinte. Com base no citado Acórdão, observo o entendimento de que a jurisprudência apresenta certo grau de atenuação dos rigores das normas processuais acerca da preclusão, afastandoa em alguns casos referentes a fatos notórios ou incontroversos que podem permitir o pronto convencimento do julgador. No mesmo sentido, entendo que o direito da parte produzir provas posteriores, até o momento da decisão administrativa, comporta graduação e será determinado a critério da autoridade julgadora, com fundamento em seu juízo de valor, acerca da utilidade e da necessidade, bem como à percepção de que efetivamente houve um esforço na busca de comprovar o direito alegado, que no caso é de responsabilidade da contribuinte. No caso dos autos, notase que a Recorrente não produziu oportunamente os documentos que poderiam justificar as suas alegações, responsabilidade esta que lhe competia, segundo o sistema de distribuição da carga probatória adotado pelo Decreto nº 70.235/72 e, de forma subsidiária, pela Lei nº 13.105/2015 (CPC). Neste contexto, observase que o princípio da verdade material confere ao julgador administrativo maior liberdade na apreciação das provas, podendo coletar provas ou determinar a produção de provas não produzidas pelas partes, se assim for necessário para o seu convencimento diante das provas já apresentadas. Contudo, não permite ao julgador conceder novo prazo para a contribuinte apresentar todas provas que não foram apresentadas no início da fase litigiosa. Desse modo, não é aceitável que um pleito, onde se objetiva a compensação para extinção de crédito tributário, seja proposto sem a devida e minuciosa demonstração e comprovação da efetiva existência do indébito e que posteriormente, também, em sede de julgamento se oportunize tais demonstração e comprovação, pois a busca pela verdade material não se presta a suprir a inércia da contribuinte que tenha deixado de apresentar, no momento processual apropriado, as provas Fl. 201DF CARF MF Processo nº 15374.901699/200811 Acórdão n.º 2202005.112 S2C2T2 Fl. 8 7 necessárias a possível comprovação do crédito alegado, bem como não permite a supressão de instância. Isto posto, rejeito, preliminarmente, o pedido para acatar os documentos apresentados após a decisão de primeira instância administrativa. Da Perícia Na peça de defesa inicial, a contribuinte requereu a realização de perícia com o objetivo de comprovar os seus argumentos, todavia, quando apreciou a Manifestação de Inconformidade, a DRJ indeferiu o pedido de realização de perícia, porque entendeu desnecessária, uma vez que a pretensão da contribuinte poderia ser comprovada por meio de prova documental. Dessa forma, percebese que a contribuinte optou por não apresentar documentos que pudessem comprovar suas alegações, pois, no seu entendimento, poderia eleger o meio de prova que julgasse adequado e neste caso, devido a natureza da matéria em exame, a empresa optou pelo pedido de prova pericial, que a seu ver seria a mais adequada. Neste aspecto, observo que não podem prosperar os argumentos e os questionamentos apresentados, pois entendo que a Recorrente ao invés de apresentar oportunamente os documentos que, em tese, poderiam comprovar suas alegações, optou por substituir sua incumbência probatória com providências a cargo do Fisco ou do perito técnico, por meio de realização de perícia. Ademais, a prova pericial, além do caráter específico, não depende exclusivamente da vontade das partes, mas sim de circunstâncias que justifiquem a necessidade de apreciações técnicas, por especialistas com conhecimento específico em determinadas matérias, com o intuito de esclarecer aspectos controvertidos, para quando o julgador, diante de indícios ou elementos incipientes de prova, pudesse melhor elucidar os fatos para formar sua convicção. À vista disso, entendo que seja prescindível a realização da perícia, tendo em vista que a mesma se destinava a suprir prova que poderia ser produzida pela contribuinte com a juntada de documentos carreados aos autos no momento oportuno. Esclarecendo ainda que a contribuinte tem a obrigação jurídica de manter os meios probatório de seu interesse. Assim sendo, indefiro o pedido de perícia, por considerálo desnecessário à produção das provas pretendidas pela empresa Soft Consultoria Ltda, nos termos do art. 29 do Decreto nº 70.235/1972, que permite a autoridade julgadora, na apreciação das provas, formar livremente sua convicção, podendo indeferir o pedido de perícia/diligência que entender desnecessário. Da Defesa Inviabilizada No tocante a alegação da Recorrente de que a sua defesa ficou inviabilizada, porque o julgador administrativo não oportunizou à contribuinte a possibilidade de trazer aos autos as provas apontadas, também não merece acolhida, pois a recorrente teve oportunidade de apresentar tempestivamente a documentação pertinente relativo aos fatos, mas não o fez. Além do mais, cabe registrar que nos pedidos de compensação/restituição o ônus da prova cabe ao sujeito passivo, como pode ser observado no disposto do art. 373, inciso I, do Código de Processo Civil, aplicável subsidiariamente ao processo administrativo fiscal, disciplinando que o ônus da prova incumbe ao autor, enquanto Fl. 202DF CARF MF Processo nº 15374.901699/200811 Acórdão n.º 2202005.112 S2C2T2 Fl. 9 8 que o art. 36 da Lei nº 9.784, de 29/01/99, impõe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. No mesmo sentido, dispõe o Decreto nº 70.235, de 1972, que, regendo as compensações por força do art. 74, § 11, da Lei 9.430/96, determina em seu art. 15 que as impugnações administrativas já devem trazer os elementos de prova: Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. Dessa forma, entendo que não caberia ao julgador de primeira instância oportunizar ao contribuinte a possibilidade de trazer aos autos as provas apontadas, pois as provas já deveriam ser apresentadas no momento da contestação por meio da Manifestação de Inconformidade, conforme disciplina o art. 15 do Decreto nº 70.235/72, uma vez que caberia à contribuinte, ao ofertar a sua defesa, produzir a prova em contrário, por meio de documentação hábil e idônea. Como não o fez, o seu pedido de compensação não foi homologado, conforme decisão proferida no Acórdão de primeira instância que manteve o Despacho Decisório. Por tudo aqui exposto, rejeito o argumento da contribuinte de que a sua defesa ficou inviabilizada, porque o julgador administrativo não oportunizou à contribuinte a possibilidade de trazer aos autos as provas apontadas. Da Ausência de Comprovação da Liquidez e Certeza do Crédito De acordo com os autos, percebese que a Recorrente alegou que houve recolhimento indevido de tributo e por este motivo requereu, mediante apresentação de PER/DCOMP, compensação destes valores. No entanto, quando da análise do seu pedido de compensação, o direito creditório pleiteado não foi reconhecido, pois o crédito indicado no PER/DCOMP já havia sido integralmente utilizado para quitar outros débitos, motivo pelo qual se fundamentou a não homologação da compensação declarada, conforme o Despacho Decisório. Além disso, quando apresentou a sua Manifestação de Inconformidade, a contribuinte não apresentou documentos que pudessem comprovar que houve recolhimento indevido bem como se o valor pleiteado estaria disponível, demonstrando a existência da liquidez e certeza do crédito. Isto posto, cabe esclarecer que o ponto chave para atender pedido de compensação diz respeito a necessidade de comprovar que o crédito aludido estivesse disponível para ser utilizado na quitação do débito indicado no PER/DCOMP. Dessa forma, caberia a contribuinte demonstrar a existência da liquidez e certeza do suposto pagamento indevido ou a maior de tributo, para um análise da situação fática, de modo a se conhecer qual seria o tributo devido, o montante e comparálo ao pagamento efetuado, nos termos do art. 1701 do CTN, que estabelece as condições para o reconhecimento de direito creditório contra a Fazenda Nacional. 1 Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. Fl. 203DF CARF MF Processo nº 15374.901699/200811 Acórdão n.º 2202005.112 S2C2T2 Fl. 10 9 Por fim, percebese que a contribuinte não logrou êxito em comprovar a liquidez e certeza do crédito e, dessa forma, entendo como correto o resultado exarado no Despacho Decisório eletrônico bem com na decisão proferida pelo Acórdão de primeira instância administrativa que negou provimento à Manifestação de Inconformidade e não homologou a compensação declarada, tendo em vista que o crédito indicado na DCOMP já havia sido integralmente utilizado para quitar outros débitos declarados pela contribuinte. Destarte, com base em tudo que foi exposto, entendo que não há espaço para reanálise do despacho decisório e nem qualquer reforma na decisão recorrida. No tocante ao pedido de realização de perícia, entendo desnecessária. Decisão Diante do exposto, voto por negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Rorildo Barbosa Correia" Diante do exposto, voto por negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Parágrafo único. Sendo vincendo o crédito do sujeito passivo, a lei determinará, para os efeitos deste artigo, a apuração do seu montante, não podendo, porém, cominar redução maior que a correspondente ao juro de 1% (um por cento) ao mês pelo tempo a decorrer entre a data da compensação e a do vencimento. Fl. 204DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13933.000349/2008-28
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 08 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Aug 19 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2005
FGTS. DECISÃO JUDICIAL TRABALHISTA. ISENÇÃO.
Os juros e à correção monetária creditados em contas vinculadas, nos termos da legislação do FGTS são isentos do imposto de renda, nos termos do inciso V, do art. 6º da Lei 7.713/88.
JUROS DE MORA. DECISÃO JUDICIAL EM AÇÃO DE NATUREZA TRABALHISTA. RESCISÃO DE CONTRATO DE TRABALHO. ISENÇÃO. RECURSO REPETITIVO.
Os juros de mora pagos em virtude de decisão judicial proferida em ação de natureza trabalhista, devidos no contexto de rescisão de contrato de trabalho, por se tratar de verba indenizatória paga na forma da lei, são isentos do imposto de renda, por força do art. 6º, V, da Lei 7.713/88. REsp nº 1.227.133/RS, submetido à sistemática dos recursos repetitivos.
MULTA CONVENCIONAL. DECISÃO JUDICIAL TRABALHISTA.
A multa convencional prevista em acordo ou convenção coletiva homologada pela Justiça do Trabalho, recebida em ação judicial trabalhista versando sobre rescisão de contrato de trabalho, é isenta do imposto de renda.
PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS. ANO-CALENDÁRIO 2005. APLICAÇÃO DO § 5º, DO ART. 3º, DA LEI 10.101/00, COM A REDAÇÃO VIGENTE NO MOMENTO DE OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR. RENDIMENTO TRIBUTÁVEL SUJEITO A RETENÇÃO NA FONTE COMO ANTECIPAÇÃO DO DEVIDO NO AJUSTE ANUAL.
Aplica-se ao lançamento a lei vigente na ocorrência do fato gerador, que, in casu, deu-se no ano-calendário 2005. Nos termos do § 5º, do art. 3º, da Lei 10.101/00, com a redação então vigente, as participações dos empregados nos lucros ou resultados sujeitam-se à tributação na fonte como antecipação do imposto de renda devido na declaração de rendimentos da pessoa física, caracterizando-se, portanto, como rendimentos tributáveis no ajuste anual.
OMISSÃO DE RENDIMENTOS. FGTS. MULTA CONVENCIONAL E JUROS DE MORA. RENDIMENTOS ISENTOS INCLUÍDOS NA BASE DE CÁLCULO. DOCUMENTAÇÃO APRESENTADA EM SEGUNDA INSTÂNCIA. COMPROVAÇÃO QUE AFASTA OS ÓBICES OPOSTOS EM PRIMEIRA INSTÂNCIA.
Deve-se excluir da base de cálculo lançada os rendimentos que comprovadamente possuem natureza isenta ou não tributável, mas que compuseram o lançamento como rendimentos tributáveis.
Numero da decisão: 2202-005.420
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para excluir do lançamento os rendimentos tributáveis no montante de R$ 96.811,29, relativos a FGTS, juros moratórios e multa convencional.
(assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros Marcelo de Sousa Sáteles, Martin da Silva Gesto, Ricardo Chiavegatto de Lima, Ludmila Mara Monteiro de Oliveira, Rorildo Barbosa Correa, Leonam Rocha de Medeiros, Gabriel Tinoco Palatnic (suplente convocado), e Ronnie Soares Anderson.
Nome do relator: RONNIE SOARES ANDERSON
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201908
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2005 FGTS. DECISÃO JUDICIAL TRABALHISTA. ISENÇÃO. Os juros e à correção monetária creditados em contas vinculadas, nos termos da legislação do FGTS são isentos do imposto de renda, nos termos do inciso V, do art. 6º da Lei 7.713/88. JUROS DE MORA. DECISÃO JUDICIAL EM AÇÃO DE NATUREZA TRABALHISTA. RESCISÃO DE CONTRATO DE TRABALHO. ISENÇÃO. RECURSO REPETITIVO. Os juros de mora pagos em virtude de decisão judicial proferida em ação de natureza trabalhista, devidos no contexto de rescisão de contrato de trabalho, por se tratar de verba indenizatória paga na forma da lei, são isentos do imposto de renda, por força do art. 6º, V, da Lei 7.713/88. REsp nº 1.227.133/RS, submetido à sistemática dos recursos repetitivos. MULTA CONVENCIONAL. DECISÃO JUDICIAL TRABALHISTA. A multa convencional prevista em acordo ou convenção coletiva homologada pela Justiça do Trabalho, recebida em ação judicial trabalhista versando sobre rescisão de contrato de trabalho, é isenta do imposto de renda. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS. ANO-CALENDÁRIO 2005. APLICAÇÃO DO § 5º, DO ART. 3º, DA LEI 10.101/00, COM A REDAÇÃO VIGENTE NO MOMENTO DE OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR. RENDIMENTO TRIBUTÁVEL SUJEITO A RETENÇÃO NA FONTE COMO ANTECIPAÇÃO DO DEVIDO NO AJUSTE ANUAL. Aplica-se ao lançamento a lei vigente na ocorrência do fato gerador, que, in casu, deu-se no ano-calendário 2005. Nos termos do § 5º, do art. 3º, da Lei 10.101/00, com a redação então vigente, as participações dos empregados nos lucros ou resultados sujeitam-se à tributação na fonte como antecipação do imposto de renda devido na declaração de rendimentos da pessoa física, caracterizando-se, portanto, como rendimentos tributáveis no ajuste anual. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. FGTS. MULTA CONVENCIONAL E JUROS DE MORA. RENDIMENTOS ISENTOS INCLUÍDOS NA BASE DE CÁLCULO. DOCUMENTAÇÃO APRESENTADA EM SEGUNDA INSTÂNCIA. COMPROVAÇÃO QUE AFASTA OS ÓBICES OPOSTOS EM PRIMEIRA INSTÂNCIA. Deve-se excluir da base de cálculo lançada os rendimentos que comprovadamente possuem natureza isenta ou não tributável, mas que compuseram o lançamento como rendimentos tributáveis.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Aug 19 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 13933.000349/2008-28
anomes_publicacao_s : 201908
conteudo_id_s : 6050107
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Aug 19 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 2202-005.420
nome_arquivo_s : Decisao_13933000349200828.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : RONNIE SOARES ANDERSON
nome_arquivo_pdf_s : 13933000349200828_6050107.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para excluir do lançamento os rendimentos tributáveis no montante de R$ 96.811,29, relativos a FGTS, juros moratórios e multa convencional. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson - Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros Marcelo de Sousa Sáteles, Martin da Silva Gesto, Ricardo Chiavegatto de Lima, Ludmila Mara Monteiro de Oliveira, Rorildo Barbosa Correa, Leonam Rocha de Medeiros, Gabriel Tinoco Palatnic (suplente convocado), e Ronnie Soares Anderson.
dt_sessao_tdt : Thu Aug 08 00:00:00 UTC 2019
id : 7862888
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:51:02 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713052300971343872
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 12; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2083; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T2 Fl. 447 1 446 S2C2T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13933.000349/200828 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2202005.420 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 08 de agosto de 2019 Matéria OMISSÃO DE RENDIMENTOS Recorrente PEDRO NOVINSKI FILHO Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2005 FGTS. DECISÃO JUDICIAL TRABALHISTA. ISENÇÃO. Os juros e à correção monetária creditados em contas vinculadas, nos termos da legislação do FGTS são isentos do imposto de renda, nos termos do inciso V, do art. 6º da Lei 7.713/88. JUROS DE MORA. DECISÃO JUDICIAL EM AÇÃO DE NATUREZA TRABALHISTA. RESCISÃO DE CONTRATO DE TRABALHO. ISENÇÃO. RECURSO REPETITIVO. Os juros de mora pagos em virtude de decisão judicial proferida em ação de natureza trabalhista, devidos no contexto de rescisão de contrato de trabalho, por se tratar de verba indenizatória paga na forma da lei, são isentos do imposto de renda, por força do art. 6º, V, da Lei 7.713/88. REsp nº 1.227.133/RS, submetido à sistemática dos recursos repetitivos. MULTA CONVENCIONAL. DECISÃO JUDICIAL TRABALHISTA. A multa convencional prevista em acordo ou convenção coletiva homologada pela Justiça do Trabalho, recebida em ação judicial trabalhista versando sobre rescisão de contrato de trabalho, é isenta do imposto de renda. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS. ANO CALENDÁRIO 2005. APLICAÇÃO DO § 5º, DO ART. 3º, DA LEI 10.101/00, COM A REDAÇÃO VIGENTE NO MOMENTO DE OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR. RENDIMENTO TRIBUTÁVEL SUJEITO A RETENÇÃO NA FONTE COMO ANTECIPAÇÃO DO DEVIDO NO AJUSTE ANUAL. Aplicase ao lançamento a lei vigente na ocorrência do fato gerador, que, in casu, deuse no anocalendário 2005. Nos termos do § 5º, do art. 3º, da Lei 10.101/00, com a redação então vigente, as participações dos empregados nos lucros ou resultados sujeitamse à tributação na fonte como antecipação do AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 93 3. 00 03 49 /2 00 8- 28 Fl. 447DF CARF MF 2 imposto de renda devido na declaração de rendimentos da pessoa física, caracterizandose, portanto, como rendimentos tributáveis no ajuste anual. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. FGTS. MULTA CONVENCIONAL E JUROS DE MORA. RENDIMENTOS ISENTOS INCLUÍDOS NA BASE DE CÁLCULO. DOCUMENTAÇÃO APRESENTADA EM SEGUNDA INSTÂNCIA. COMPROVAÇÃO QUE AFASTA OS ÓBICES OPOSTOS EM PRIMEIRA INSTÂNCIA. Devese excluir da base de cálculo lançada os rendimentos que comprovadamente possuem natureza isenta ou não tributável, mas que compuseram o lançamento como rendimentos tributáveis. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para excluir do lançamento os rendimentos tributáveis no montante de R$ 96.811,29, relativos a FGTS, juros moratórios e multa convencional. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros Marcelo de Sousa Sáteles, Martin da Silva Gesto, Ricardo Chiavegatto de Lima, Ludmila Mara Monteiro de Oliveira, Rorildo Barbosa Correa, Leonam Rocha de Medeiros, Gabriel Tinoco Palatnic (suplente convocado), e Ronnie Soares Anderson. Relatório Inicialmente, registrese que, adicionalmente aos objetivos de praxe, este julgamento visa cumprir a decisão liminar proferida pelo Juízo da 2ª Vara Federal de Curitiba, no mandado de segurança autuado sob nº 502003478.2018.4.04000/PR, cuja parte dispositiva transcrevese abaixo: "... DEFIRO A LIMINAR para determinar aos impetrados a conclusão do Recurso Voluntário no PAD 13.933.000349/2008.28, no prazo de trinta dias, tal como requerido em inicial". Tratase de recurso voluntário interposto contra acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Curitiba (PR) DRJ/CTA, que julgou improcedente a impugnação do sujeito passivo, mantendo a Notificação de Lançamento de Imposto de Renda Pessoa Física – IRPF n° 2006/609450385704038, de fls. 13/17, referente ao exercício 2006, anocalendário 2005, que ajustou o saldo do imposto a restituir para R$17.984,58. Fl. 448DF CARF MF Processo nº 13933.000349/200828 Acórdão n.º 2202005.420 S2C2T2 Fl. 448 3 Passo a transcrever, em sua essência, o resumo efetuado pela instância de piso: 1. Trata o processo de Notificação de Lançamento de Imposto de Renda Pessoa Física IRPF n° 2006/609450385704038, de fls. 13/17, resultante de revisão da Declaração de Ajuste Anual DAA correspondente ao exercício de 2006, anocalendário de 2005, ajustando o saldo do imposto a restituir para R$ 17.984,58, em razão de omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica em ação trabalhista. 2. Cientificada do lançamento em 22/08/2008 (fl. 37), a interessada apresentou a impugnação de fls. 03/10 em 18/09/2008 (fl. 02), acolhida como tempestiva pelo órgão preparador (fl. 39), instruída com documentos de fls. 11/26, alegando, em síntese, que: a) Ao se apurar o imposto supostamente devido, não foram consideradas informações prestadas pelo contribuinte, deixando se de se excluir valores não tributáveis, o que a onerou e resultou na restituição a menor do Imposto de Renda devido. b) O lançamento pressupõe omissão de rendimentos tributáveis de R$ 156.123,92, valor retido na fonte no momento do pagamento das verbas decorrente do processo judicial trabalhista. c) Devem prevalecer os valores constantes de Informe de Rendimentos fornecido pelo Banco Itaú e apresentado pelo contribuinte, nos seguintes moldes: Auditor Contribuinte 1 Total dos Rendimentos Tributáveis Declarados 375.751,86 589.344,65 2 Omissão de Rendimentos Apurada 156.130,93 0,00 Total dos Rendimentos Tributáveis a serem Declarados 531.882,78 589.344,65 HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS DE AÇÃO TRABALHISTA DEDUTÍVEL informada na DIRPF 199.849,84 Total de Rendimentos Tributáveis a serem Declarados 531.882,78 389.494,81 3 Total das Deduções Declaradas 8.622,77 10.210,82 4 Glosa de Deduções Indevidas 0,00 0,00 5 Prev. Oficial sobre Rendimento Omitido 0,00 0,00 6 Base de Cálculo Apurada (1+23+ 45) 523.260,01 379.283,99 Fl. 449DF CARF MF 4 7 Imposto Apurado Após Alterações (Tabela Progressiva Anual) 138.312,30 98.718,89 8 Dedução de Incentivo Declarada 0,00 0,00 9 Glosa de Deduções de Incentivo 0,00 0,00 10 Total de Imposto Pago Declarado 156.293,88 156.296,88 11 Glosa de Imposto Pago 0,00 0,00 12 IRRF sobre infração e/ou CarnêLeão Pago 0,00 0,00 13 Imposto a Restituir após Alterações (78+910+11+12) 17.984,58 57.577,99 14 Imposto a Restituir Declarado 60.920,59 0,00 15 Imposto já Restituído 0,00 0,00 16 Saldo do Imposto a Restituir Ajustado 0,00 17 Imposto Restituído 17.984,58 18 Diferença a ser restituída (13 17) 39,593,41 d) Portanto, o impugnante faz jus a Restituição de R$ 39.593,41. 3. Diante das divergências entre os valores de rendimentos tributáveis informados por fonte pagadora, os considerados pela fiscalização e os pretendidos pelo contribuinte, determinouse (fls. 41/42) diligência para que fossem carreados aos autos os documentos apresentados durante a fiscalização referentes à Ação Trabalhista, bem como esclarecimentos a respeito do cálculo efetuado. 3.1. Carreando aos autos os documentos de fls. 46/166, a fiscalização informou (fls. 44/45) que os rendimentos percebidos na ação trabalhista totalizam R$ 713.384,358, sendo 557.260,66 retirado pelo autor em 31/03/2005, com recolhimento de R$ 156.123,92 de imposto de renda retido na fonte e dedução de honorários advocatícios no valor de R$ 199.842,84, ensejando um rendimento tributável de R$ 513.541,74. 4. Cientificado em 19/08/20011 (fl. 45), o contribuinte apresentou a manifestação de fls. 174/177, sustentando, em síntese, que: a) a fiscalização apurou o montante tributável de R$ 513.541,74, contudo o valor de R$ 143.969,02 referese a rendimentos isentos e não tributáveis, conforme Informe de Rendimentos apresentado pela Fonte pagadora (fl. 176), devendo prevalecer o disposto na seguinte tabela: Contribuinte Isentos Auditor Fl. 450DF CARF MF Processo nº 13933.000349/200828 Acórdão n.º 2202005.420 S2C2T2 Fl. 449 5 Total de Rendimentos Retirados pelo Autor 571.003,61 143.696,02 714.972,63 Dedução INSS 1.588,05 1.588,05 TOTAL DA CAUSA 569.415,56 713.384,58 Total das Deduções 199.842,84 199.842,84 RENDIMENTOS TRIBUTÁVEIS 369.572,72 513.541,74 Imposto de Renda na Fonte 156.123,84 156.123,84 b) Portanto, o auditorfiscal não excluiu do total da causa (R$ 713.384,58) os rendimentos isentos (R$ 143.969,02), conforme informe de rendimentos, restando a base de cálculo de R$ 369.572,72, uma vez deduzidos os honorários advocatícios (R$ 199.842,84) dos rendimentos tributáveis (R$ 569.415,56), e não o valor tributado de R$ 513.341,74 considerado pela fiscalização. 5. Considerandose o princípio da razoável duração do processo (Constituição da República, art. 5°, LXXVIII), redistribuise o presente processo administrativo fiscal em razão de nova prorrogação da licença para tratamento de saúde da relatora Elza Maria Riehs Suzuki (fl. 170). 6. É o relatório. A impugnação foi indeferida pelos fundamentos abaixo reproduzidos: 7. A fiscalização efetuou o lançamento com base nos documentos extraídos da ação trabalhista. Reconhecendo um imposto a restituir de R$ 57.577,99 (correspondente a um rendimento tributável decorrente da ação trabalhista de R$ 371.153,77), o impugnante sustenta que devem prevalecer os valores constantes do “Informe de Rendimentos” (fls. 26 e 176) fornecido pela fonte pagadora. Posteriormente, ao se manifestar sobre o resultado da diligência, reconhece um rendimento tributável decorrente da ação trabalhista de R$ 371.160,77 (369.572,72 + 1.588,05). 8. O Comprovante de Rendimentos Pagos e de Retenção do Imposto de Renda na Fonte invocado pelo contribuinte (fls. 26 e 176) não se constitui em Comprovante de Rendimentos Pagos e de Retenção do Imposto de Renda na Fonte válido, eis que não contém todas as informações previstas no modelo aprovado pela Instrução Normativa SRF n° 120, de 2000, não indicando o responsável pelas informações. 9. Por outro lado, os valores constantes do Comprovante não correspondem aos emergentes dos documentos apresentados perante a fiscalização relativos à ação trabalhista, além desses documentos não possibilitarem a apuração das eventuais parcelas isentas ou não tributáveis ou do valor da contribuição do segurado, uma vez que os cálculos homologados pelo juízo trabalhista, constantes das fls. 1103/1137 do processo judicial não foram apresentados. Constam dos autos apenas cópias (fls. 130/166), sem autenticação da Justiça do Trabalho, de cálculos Fl. 451DF CARF MF 6 que estariam nas fls. 872/907 (ou 1723/1758 há duas numerações além da numeração do presente processo administrativo). 10. Nesse contexto, diante dos elementos constantes dos autos, prevalece a análise dos fatos, tal como empreendida pela fiscalização. Cientificada da decisão em 13/08/2012 (fls. 184), o sujeito passivo interpôs, tempestivamente, o recurso voluntário de fls. 186 a 194, em 11/09/2012, acompanhado dos documentos de fls. 195 a 424, alegando, em síntese: conseguiu ter acesso a documentos e informações, os quais acompanham este recurso, os quais demonstram inexistir as irregularidades apontadas pelo AuditorFiscal; não se poderia desconsiderar o comprovante de rendimentos fornecido pela fonte pagadora, em prejuízo do contribuinte, pois as exigências da IN SRF 120/00, são impostas à fonte pagadora, não ao contribuinte; além disso, as informações contidas em tais comprovantes estão disponíveis na base de dados da RFB, de forma que a autoridade julgadora pode acessálas e fazer o confronto com o informe de rendimentos, em homenagem aos princípios da razoabilidade e da economia processual; caso a Turma Julgadora entenda que os documentos apresentados são insuficientes, requer, desde logo, a expedição de ofício à fonte pagadora para que esta junte cópia da DIRF correspondente; é incontroverso que as Guias de Retirada e documentos (fls. 1793 a 1794) comprovam o recebimento de R$714.972,63 em decorrência de ação judicial, valores que estão de acordo com o informe de rendimentos fornecido pelo Banco Itaú; e a controvérsia resumese às verbas isentas e não tributáveis, o que é sanado com a apresentação do cálculo pericial de fls. 1.103/1.137 (do processo trabalhista), onde se comprova que o valor recebido no processo trabalhista inclui verbas isentas ou não tributáveis no valor de R$103.623,72, constituído por FGTS, participação nos lucros, multas contratuais e juros moratórios. É o relatório. Voto Conselheiro Ronnie Soares Anderson, Relator O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. A autoridade fiscal apurou que o contribuinte recebeu R$ 513.541,74 de ação trabalhista, porém o valor total dos rendimentos tributáveis declarados foi de R$ 375.751,86, o que motivou o lançamento de omissão de rendimentos tributáveis na quantia de R$ 156.130,92. Na apuração do imposto devido, a autoridade fiscal efetivou a dedução do IRRF sobre os rendimentos omitidos no importe de R$ 156.123,92 (fls. 16/17). Fl. 452DF CARF MF Processo nº 13933.000349/200828 Acórdão n.º 2202005.420 S2C2T2 Fl. 450 7 Consequentemente, o imposto a restituir declarado foi reduzido para R$ 17.984,58. O objetivo final pretendido pelo sujeito passivo é ver reconhecido seu direito à restituição no valor declarado, qual seja R$ 60.920,59. A análise da Declaração de Ajuste Anual acostada às fls. 20 não deixa dúvida de que o valor de rendimentos declarados é exatamente o que foi considerado pela fiscalização. O passo seguinte é averiguar o valor dos rendimentos tributáveis recebidos na ação trabalhista em questão. Para chegar ao valor de R$ 513.541,74, a autoridade fiscal fez o seguinte cálculo (fls. 44/45): Total dos rendimentos percebidos na ação trabalhista R$ 713.384,58 () Honorários advocatícios no valor de R$ 199.842,84 = Rendimento tributável de R$ 513.541,74. Citando as Guias de Retirada e documentos (fls. 1793 a 1794), o recorrente admite o recebimento de R$ 714.972,63, o que aponta como algo incontroverso. A quantia reconhecida pelo recorrente (fls. 190) é superior à levada em conta no lançamento. Não obstante, verificase que a diferença a maior reconhecida pelo contribuinte corresponde ao valor do INSS, que o recorrente discriminou às fls. 190. Assim, passase a tomar como incontroverso o valor que a autoridade fiscal imputou no lançamento (o que já subtraiu o valor de INSS). O valor que a autoridade fiscal considerou no lançamento a título de IRRF (R$ 156.123,92) é quase idêntico ao afirmado pelo sujeito passivo (fls. 45). Há uma diferença de alguns centavos e o valor de IRRF aproveitado no lançamento é favorável ao contribuinte, de modo que esse é outro ponto que se toma por incontroverso. Percebese que a autoridade fiscal considerou como tributáveis a totalidade dos rendimentos (já deduzidos os tributos e os honorários de advogado), ao passo que o sujeito passivo sustenta que há algumas verbas isentas ou não tributáveis. O litígio gira em torno da comprovação da natureza isenta ou não tributável de valores recebidos no bojo de ação trabalhista (RT 366/2001), que estariam incluídos na base de cálculo. A decisão hostilizada indeferiu a impugnação sob fundamentação de que o Comprovante de Rendimento não indicava o responsável pelas informações e que estas discrepavam do que se apurou nos documentos apresentados à Fiscalização, além de os cálculos homologados pelo juízo trabalhista não terem sido apresentados, não se prestando a tal finalidade cópias sem autenticação da Justiça do Trabalho. Fl. 453DF CARF MF 8 O recorrente junta aos autos o cálculo pericial (fls. 390 e ss) e alega que o valor recebido incluiu R$ 103.623,72, representado pelas seguintes verbas: FGTS; multas contratuais; participação nos lucros; juros moratórios. A utilidade de aferir a comprovação de que as verbas acima compuseram o valor recebido na ação trabalhista pressupõe reconhecer se tais verbas, de fato, são ou não são isentas ou não tributáveis como alega o recorrente. Do FGTS O FGTS é isento nos termos do inciso V, do art. 6º, da Lei nº 7.713/88, abaixo transcrito: Art. 6º Ficam isentos do imposto de renda os seguinte rendimentos percebidos por pessoas físicas: (...) V a indenização e o aviso prévio pagos por despedida ou rescisão de contrato de trabalho, até o limite garantido por lei, bem como o montante recebido pelos empregados e diretores, ou respectivos beneficiários, referente aos depósitos, juros e correção monetária creditados em contas vinculadas, nos termos da legislação do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço; Da multa convencional Analisandose as peças do processo trabalhista verificase que as denominadas multas contratuais, são as multas convencionais reconhecidas pelo juiz trabalhista por descumprimento de norma convencional da categoria, e que foram elas pagas em decorrência de ação versando sobre rescisão do contrato de trabalho. Sob a guarida do então vigente RIR/99, o STJ proferiu entendimento de que, na seara trabalhista, "as fontes normativas não são apenas as leis em sentido estrito, mas também as convenções e os acordos coletivos, cuja força impositiva está prevista na própria Constituição" (REsp nº 860.774). Ainda que a redação do art. 38 do Decreto nº 3.000/99 (RIR/99), vigente à época dos fatos, não fosse clara a respeito da inclusão das verbas em apreço no âmbito das indenizações excluídas da base de cálculo do imposto, a novel redação adotada pelo RIR/18, aprovado pelo Decreto nº 9.580/18, explicita que indenizações (e assemelhados) pagos por rescisão de contrato de trabalho, quer seja em decorrência de lei, dissídio coletivo ou convenção coletiva não estão sujeitos à tributação pelo imposto de renda. Confirase: Art. 35. São isentos ou não tributáveis: III os seguintes rendimentos de indenizações e assemelhados: (...) Fl. 454DF CARF MF Processo nº 13933.000349/200828 Acórdão n.º 2202005.420 S2C2T2 Fl. 451 9 c) a indenização e o aviso prévio pagos por despedida ou por rescisão de contrato de trabalho, até o limite garantido pela lei trabalhista ou pelo dissídio coletivo e pelas convenções trabalhistas homologados pela Justiça do Trabalho, e o montante recebido pelos empregados e pelos diretores e pelos seus dependentes ou sucessores, referente aos depósitos, aos juros e à correção monetária creditados em contas vinculadas, nos termos da legislação do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço FGTS (Lei nº 7.713, de 1988, art. 6º,caput, inciso V; e Lei nº 8.036, de 11 de maio de 1990, art. 28); (grifei) Assim, valores relativos ao FGTS e à multa convencional – esta quando paga no contexto de rescisão do contrato de trabalho, observese não devem ser considerados rendimentos tributáveis, sendo cabível avaliar se houve comprovação da existência dessas espécies de verbas na ação trabalhista. Da Participação nos lucros ou resultados anocalendário 2005 A tributação dos valores recebidos a título de participação nos lucros e resultados é tema regrado pelo § 5º do art. 3º da Lei 10.101/00, que passou por diversas alterações. Em se tratando de valor recebido no anocalendário 2005, tomase por base a redação então vigente: §5oAs participações de que trata este artigo serão tributadas na fonte, em separado dos demais rendimentos recebidos no mês, como antecipação do imposto de renda devido na declaração de rendimentos da pessoa física, competindo à pessoa jurídica a responsabilidade pela retenção e pelo recolhimento do imposto. (grifei) Ressaltase que as regras ora vigentes acerca de isenção e de tributação exclusivamente na fonte não se aplicam ao anocalendário 2005, como preceitua o art. 144 do CTN. Assim, eventual comprovação do recebimento de valores dessa espécie não implicaria excluir tais valores do lançamento, o que torna desnecessário examinar a documentação alusiva a essa espécie de verba. Dos juros moratórios A quarta e última das verbas analisadas são os juros moratórios incidentes sobre as verbas trabalhistas. Sabese que sobre os procedimentos da RFB versando sobre exigência de IRPF sobre juros moratórios paira decisão monocrática do Ministro Dias Toffoli, no RE nº 855.901/RS, que determinou o sobrestamento de todos os procedimentos administrativos tributários que tratem do tema 808 de Repercussão Geral. Vejase: 2) determino, de ofício, nos termos do art. 1.035, § 5º, do CPC, a suspensão do processamento de todos os processos judiciais pendentes, individuais ou coletivos, que tramitem no território nacional e versem sobre a incidência, ou não, de imposto de renda sobre os juros moratórios recebidos por pessoa física Fl. 455DF CARF MF 10 (tema 808 da Gestão por Temas da Repercussão Geral do Poder do STF na internet); 3) defiro, com base no poder geral de cautela, o pedido formulado na petição nº 53.053/18, a fim de também suspender o processamento de todos os procedimentos administrativos tributários da Secretaria Receita Federal do Brasil pendentes que tramitem no território nacional e versem sobre a mesma matéria indicada no item 2) desta decisão, até ulterior ordem; Em 06/09/2018, em uma segunda decisão monocrática no citado RE, o Ministro Toffoli complementou que a suspensão em comento referese tão somente aos processos administrativos que tenham controvérsia instaurada acerca da incidência do imposto de renda sobre os juros moratórios recebidos por pessoas físicas, objeto do Tema 808 da repercussão geral. Confirase: Em aditamento ao item 3 da decisão proferida em 20/8/18, relativamente a suspensão do processamento de todos os procedimentos administrativos tributários da Secretaria Receita Federal do Brasil pendentes que tramitem no território nacional e versem sobre a matéria vinculada ao tema 808 da repercussão, consigno: A) A suspensão dos procedimentos administrativos pendentes no âmbito da Receita Federal do Brasil, referese tão somente aos processos administrativos que tenham controvérsia instaurada acerca da incidência do imposto de renda sobre os juros moratórios recebidos por pessoas físicas, objeto do Tema 808 da repercussão geral. Aqui cabe destacar que, no caso dos autos, cuidase de cumprimento de decisão judicial exarada pelo Juízo da 2ª Vara Federal de Curitiba, no mandado de segurança nº 502003478.2018.4.04000/PR, na qual foi determinada "a conclusão do Recurso Voluntário no PAD 13.933.000349/2008.28, no prazo de trinta dias". Essa decisão judicial é específica para este processo e posterior à decisão do STF antes referida. De outro giro, ressaltase que não há neste processo uma controvérsia, propriamente dita, sobre a natureza tributável dos juros de mora recebidos na ação trabalhista. Com efeito, nem a autoridade fiscal, nem a DRJ consideraram os juros de mora tributáveis, a controvérsia limitouse à falta de comprovação sobre as espécies de verbas contidas na ação trabalhista e correspondentes valores. Nesse contexto, o aparente conflito entre a decisão monocrática no RE nº 855.901/RS e a decisão judicial no MS 502003478.2018.4.04000/PR solucionase com a prevalência da decisão (específica e posterior) proferida no mandamus, o que implica o julgamento deste processo, não seu sobrestamento. Quando recebidos no contexto de rescisão de contrato de trabalho, os juros moratórios alusivos às verbas trabalhistas estão fora da incidência do imposto de renda, nos termos entendimento firmado no Resp nº 1.227.133/RS, julgado no rito do art. 543C do CPC/73, de reprodução obrigatória pelo CARF (§ 2º, do art. 62 do Anexo II do RICARF) À luz das peças da ação trabalhista é possível constatar que se tratou de rescisão de contrato de trabalho. Exemplificativamente: a sentença (fls. 72) referese ao desligamento do empregado e às fls. 311 é feita referência ao Termo de Rescisão do Contrato de Trabalho. Fl. 456DF CARF MF Processo nº 13933.000349/200828 Acórdão n.º 2202005.420 S2C2T2 Fl. 452 11 Nessas circunstâncias, os juros moratórios não devem ser tributados. Resta aferir a comprovação dos valores recebidos a esse título. Do exame documental Assim, cabe perscrutar se o valor recebido pelo recorrente, no bojo da ação trabalhista, incluiu FGTS, multa convencional e juros moratórios. Salientase que a DRJ requereu diligência para esclarecimentos e juntada dos documentos que a autoridade fiscal usou para efetuar o lançamento. Ao cumprir a diligência, a autoridade fiscal juntou peças da ação trabalhista, entre as quais os quadros demonstrativos do cálculo pericial e a homologação dos cálculos. Ocorre que, na homologação dos cálculos, o juiz referiuse às fls. 1.103/1.137 do processo judicial (item 1 do despacho judicial de fl. 48), mas os quadros de cálculo pericial analisados pela DRJ correspondem a folhas com numeração diversa. Foi nesse contexto de ausência das folhas com a mesma numeração mencionada pelo juiz que a DRJ considerou relevante a falta de autenticação da Justiça do Trabalho e, dada a divergência entre os valores dos documentos do processo judicial e os informados nos comprovante de rendimentos, desconsiderou estes últimos por falta da identificação do signatário. O recorrente juntou documentos que representam um esforço em contrapor fatos ou razões apontadas no acórdão de primeira instância. Somese a isso o prestígio que o processo administrativo tributário rende ao princípio da verdade material. Dessarte, conheço de tais documentos e passo a analisálos. Esses documentos são peças da ação trabalhista (RT 366/2001), com destaque para as planilhas do cálculo elaborado pelo perito da causa, o que inclui as fls. 1.103 a 1.137 do processo judicial. Não custa frisar que a ausência de tais folhas do processo trabalhista foi decisivo para a decisão de primeira instância. Analisandose as planilhas de cálculo, verificase que, para cada rubrica, há um quadro demonstrativo. O Quadro 17 (fls. 419/420) corresponde à apuração do FGTS que compôs a base de cálculo dos juros de mora e comprova que o valor pago na ação trabalhista incluiu R$ 49.125,12 de FGTS, tal como alegado pelo recorrente. O Quadro 12 (fls. 411) referese à apuração das multas convencionais e comprova o recebimento de R$ 58,96 a título de multas convencionais, tal como sustentou o recorrente. O Quadro 19 (fls. 423/424) trata dos juros de mora vencidos e vincendos. Novamente confirmase o alegado pelo recorrente: o recebimento de R$ 47.627,21 a título de juros moratórios. Essas verbas somam R$ 96.811,29 de rendimentos isentos ou não tributáveis. Fl. 457DF CARF MF 12 À vista de tais documentos e do fato de o contribuinte alegar que o valores dos rendimentos isentos é diferente do constante no Comprovante de Rendimentos, é irrelevante analisar o empecilho de ordem formal apontada na decisão de piso, bem como desnecessário o requerimento de informações à fonte pagadora feito pelo recorrente de forma subsidiária pois tal documento não será acatado como prova, e sim as cópias das peças judiciais. De outro giro, destacase que a autoridade fiscal baseouse nas peças judiciais para fazer o lançamento, sem exigir a autenticação. Usando a mesma medida, não caberia exigir a autenticação dos mesmos documentos para excluir as verbas isentas. Além disso, não há qualquer indício que pudesse desabonar a validade de tais documentos como prova (Decreto nº 9.094/17, com a redação dada pelo Decreto nº 9.723/19). Quanto ao fato de a numeração das folhas analisadas pela DRJ, contendo as planilhas de cálculos periciais, não coincidirem com a numeração 1.103 a 1.117 do processo trabalhista, constatase que, por mais de uma vez planilhas de cálculos periciais foram juntadas aos autos, visto que houve embargos à execução opostos pelos reclamados e impugnação à sentença por parte do reclamante. Os embargos foram rejeitados, já a citada impugnação foi acolhida (fls. 267) por decisão judicial expedida em 07/03/2003, de forma que não há razão para cogitar que as verbas isentas pudessem vir a ser de valor inferior às que homologadas inicialmente pelo juiz e comprovadas pelos documentos de fls. 1.103 a 1.137 do processo trabalhista. Ademais, o despacho judicial (fls. 48) é de 2005 e não deixa dúvidas que prevaleceram os cálculos que no processo trabalhista receberam numeração de 1.103 a 1.137. Em suma, o recorrente não tem razão em pleitear a exclusão do lançamento da parcela relativa à participação nos lucros ou resultados (R$ 6.812,43), mas tem no tocante ao FGTS, multas contratuais (convencionais) e juros moratórios, que juntos somam R$ 96.811,29, que, por serem rendimentos isentos ou não tributáveis, não devem compor a base de cálculo do lançamento. O recálculo do imposto a restituir requerido pelo sujeito passivo será mera consequência da execução deste acórdão. Ante o exposto, voto por dar provimento parcial ao recurso voluntário para excluir do lançamento os rendimentos tributáveis no montante de R$ 96.811,29, relativos a FGTS, juros moratórios e multa convencional. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Fl. 458DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10925.723005/2011-05
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 08 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Aug 19 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 2202-000.877
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência para que a autoridade lançadora proceda ao recálculo da autuação, levando em consideração terem sido as receitas de atividade rural objeto de exame auferidas sob o regime do condomínio documentado pelo instrumento particular "Convenção Granja Walter" (fls. 977/984), nos termos do voto do relator, e realizando, caso entenda necessário, diligências adicionais com vistas a permitir a execução do referido cálculo a contento. Na sequência, deverá ser facultada oportunidade, via intimação, para a recorrente se manifestar sobre o resultado da diligência, com o posterior retorno ao CARF para prosseguimento do feito.
(assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros Marcelo de Sousa Sáteles, Martin da Silva Gesto, Ricardo Chiavegatto de Lima, Ludmila Mara Monteiro de Oliveira, Rorildo Barbosa Correa, Leonam Rocha de Medeiros, Gabriel Tinoco Palatnic (suplente convocado) e Ronnie Soares Anderson.
Nome do relator: RONNIE SOARES ANDERSON
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201908
camara_s : Segunda Câmara
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Aug 19 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 10925.723005/2011-05
anomes_publicacao_s : 201908
conteudo_id_s : 6050132
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Aug 19 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 2202-000.877
nome_arquivo_s : Decisao_10925723005201105.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : RONNIE SOARES ANDERSON
nome_arquivo_pdf_s : 10925723005201105_6050132.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência para que a autoridade lançadora proceda ao recálculo da autuação, levando em consideração terem sido as receitas de atividade rural objeto de exame auferidas sob o regime do condomínio documentado pelo instrumento particular "Convenção Granja Walter" (fls. 977/984), nos termos do voto do relator, e realizando, caso entenda necessário, diligências adicionais com vistas a permitir a execução do referido cálculo a contento. Na sequência, deverá ser facultada oportunidade, via intimação, para a recorrente se manifestar sobre o resultado da diligência, com o posterior retorno ao CARF para prosseguimento do feito. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson - Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros Marcelo de Sousa Sáteles, Martin da Silva Gesto, Ricardo Chiavegatto de Lima, Ludmila Mara Monteiro de Oliveira, Rorildo Barbosa Correa, Leonam Rocha de Medeiros, Gabriel Tinoco Palatnic (suplente convocado) e Ronnie Soares Anderson.
dt_sessao_tdt : Thu Aug 08 00:00:00 UTC 2019
id : 7863050
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:51:03 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713052301541769216
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1977; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T2 Fl. 1.104 1 1.103 S2C2T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10925.723005/201105 Recurso nº Voluntário Resolução nº 2202000.877 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Data 08 de agosto de 2019 Assunto SOLICITAÇÃO DE DILIGÊNCIA Recorrente LUCIA WALTER Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência para que a autoridade lançadora proceda ao recálculo da autuação, levando em consideração terem sido as receitas de atividade rural objeto de exame auferidas sob o regime do condomínio documentado pelo instrumento particular "Convenção Granja Walter" (fls. 977/984), nos termos do voto do relator, e realizando, caso entenda necessário, diligências adicionais com vistas a permitir a execução do referido cálculo a contento. Na sequência, deverá ser facultada oportunidade, via intimação, para a recorrente se manifestar sobre o resultado da diligência, com o posterior retorno ao CARF para prosseguimento do feito. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros Marcelo de Sousa Sáteles, Martin da Silva Gesto, Ricardo Chiavegatto de Lima, Ludmila Mara Monteiro de Oliveira, Rorildo Barbosa Correa, Leonam Rocha de Medeiros, Gabriel Tinoco Palatnic (suplente convocado) e Ronnie Soares Anderson. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo I (SP) DRJ/SP1, que julgou procedente Auto de Infração de Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) decorrente da apuração de omissão de rendimentos da atividade rural, relativa ao exercício 2009 (fls. 02/20). A instância de piso assim descreve os termos da autuação (fls. 1067/1069): RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 09 25 .7 23 00 5/ 20 11 -0 5 Fl. 1106DF CARF MF Processo nº 10925.723005/201105 Resolução nº 2202000.877 S2C2T2 Fl. 1.105 2 Tratase de Auto de Infração relativo ao anocalendário 2008, contra a pessoa física acima identificada, referente a Omissão de Rendimentos da Atividade Rural, conforme Termo de Verificação e Encerramento de Ação Fiscal – Auto de Infração de IRPF –Imposto de Renda Pessoa Física, de fls. 09/20. O valor do crédito tributário apurado é de R$ 196.318,33, consolidado em 31.10.2011, sendo: (...) Com base nos documentos apresentados e nas diligências efetuadas, foram elaboradas planilhas de Receitas e Despesas, de fls. 15/20, apurandose Resultado Positivo da Atividade Rural, que foi demonstrado na Planilha DESPESAS, no valor de R$ 1.244.392,58. Como a contribuinte e seu cônjuge foram considerados omissos (ambos não apresentaram a Declaração de Ajuste Anual exercício 2009, anocalendário 2008), a autoridade fiscal considerou mais benéfico para estes a apuração dos rendimentos tributáveis pelo arbitramento de 20% sobre a Receita Bruta da Atividade Rural, totalizando assim um Resultado Tributável no valor de R$ 568.184,05 e um Resultado NãoTributável de R$ 656.208,53. Com base no fato de que a contribuinte é casada pelo regime de comunhão de bens, conforme se constatou pela Certidão de Casamento, apresentada em resposta ao Termo de Intimação Fiscal n° 570 de 30 de setembro de 2011, a autoridade fiscal adotou a regra geral do Regulamento do Imposto de Renda, tributando os rendimentos na proporção de 50% para cada um deles. Dessa maneira, foi efetuado neste procedimento o lançamento do valor de R$ 284.092,03 e os outros 50% formalizados no Processo Administrativo Fiscal n° 10925723.002/ 201163, em nome do Sr. ZEFERINO LOTÁRIO WALTER. Importante destacar que o cônjuge da Impugnante, Sr. ZEFERINO LOTÁRIO WALTER, em resposta ao Termo de Início de Procedimento Fiscal, confirmou não ter apresentado a Declaração de Ajuste Anual exercício 2009 e na mesma resposta alegou: 1) Que possui uma granja de criação de suínos, juntamente com os filhos, em forma de condomínio, sendo dividido entre as partes à razão de 50% para o contribuinte e 50% para os filhos (Auri Luiz Walter 16,67%, Jose Lotario Walter 16,67% e Vilmar Aloísio Walter 16,66%), conforme convenção de condomínio celebrada entre as partes (cópia do documento anexada a sua resposta); 2) Que possui parceria de suínos com a empresa SADIA S/A e FRIGORIFICO RIOSULENSE S/A (PAMPLONA); 3) Que suas despesas, na grande maioria, eram emitidas em nome de seus filhos, que fazem parte do condomínio; e 4) Que no ano de 2008, a atividade rural do condomínio auferiu Receitas no montante de R$ 2.268.903,56 e efetuou Despesas no valor de R$ 2.575.949,86, e anexou à resposta planilhas mensais com as cópias dos respectivos comprovantes das despesas (sugerindo prejuízo na atividade rural). Para uma análise mais completa da resposta ao referido Termo, foram efetuadas diligências nas empresas com as quais o Sr. ZEFERINO LOTÁRIO WALTER realizou operações de venda de seus produtos (SADIA S/A CNPJ: 20.730.099/000194 e FRIGORIFICO RIOSULENSE S/A CNPJ: 85.782.878/002475) e solicitadas cópias Fl. 1107DF CARF MF Processo nº 10925.723005/201105 Resolução nº 2202000.877 S2C2T2 Fl. 1.106 3 dos contratos de parceria/integração e valores pagos ao mesmo no ano de 2008, juntamente com a respectiva documentação. Constatouse, inicialmente, que o Sr. ZEFERINO LOTÁRIO WALTER estava obrigado ao preenchimento do Demonstrativo da Atividade Rural, e conseqüentemente à apresentação da Declaração de Ajuste Anual, pois auferiu receita bruta da atividade rural superior a R$ 82.368,60 no anocalendário 2008. A alegação do Sr. ZEFERINO LOTÁRIO WALTER, com relação à convenção de condomínio, e a cópia do contrato assinado entre as partes, não foram consideradas suficientes pela autoridade fiscal para a comprovação da exploração da atividade rural em condomínio, com base no fato de que o contrato não continha o reconhecimento das firmas dos contratantes e não havia sido registrado no Cartório de Títulos e Documentos até a data de inicio da exploração da atividade. A autoridade Fiscal relata indícios que apontariam no sentido de que a atividade rural foi explorada unicamente em nome do próprio: A Inscrição Estadual para fins de recolhimento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços ICMS, obtida junto à Secretaria de Estado da Fazenda de Santa Catarina e anexada ao processo, foi realizada somente no nome do Sr. ZEFERINO LOTÁRIO WALTER e não especificou nenhuma parceria ou condomínio durante o período fiscalizado; Todas as Notas Fiscais de Produtor são emitidas no nome do Sr. ZEFERINO LOTÁRIO WALTER, assim como as Notas Fiscais de Entrada na SADIA S/A e no FRIGORIFICO RIOSULENSE S/A, como se constatou das respostas às diligências; A contribuinte e seu cônjuge possuem direito real de usufruto sobre a propriedade onde é explorada a atividade rural, nos termos do registro R1012.600 do imóvel de matricula n° 12.600 do Registro de Imóveis da Comarca de Seara/SC, que foi transferido para a matricula n° 095 do Registro de Imóveis da Comarca de Ita/SC, nos termos da AV1812.600, conforme documentação encaminhada pelo Sr. ZEFERINO LOTÁRIO WALTER em atendimento ao Termo de Intimação Fiscal n° 570 de 30 de setembro de 2011. Sendo assim, a autoridade fiscal concluiu pela inexistência de documentação hábil que comprovasse o condomínio rural e pelos motivos expostos no Termo de Verificação e Encerramento da Ação Fiscal considerou que a atividade rural foi explorada em nome do Sr. ZEFERINO LOTÁRIO WALTER. MULTA QUALIFICADA Em face do exposto, a autoridade fiscal tendo constatado a atitude violadora da lei adotada pela contribuinte ao omitir rendimentos, deixando de pagar o tributo devido que ora se exige por meio do auto de infração, aplicou a multa qualificada de 150%, estatuída no § 1° do art. 44, da Lei 9.430/96, nos casos previstos no art. 71 da Lei 4.502, de 30 de novembro de 1964. Não obstante impugnada (fls. 956/1060), a exigência foi mantida no julgamento de primeiro grau (fls. 1066/1084), em decisão cuja ementa a seguir se transcreve: NORMAS PROCESSUAIS. NULIDADE. Comprovado que o procedimento fiscal foi feito regularmente, não se apresentando, nos autos, as causas apontadas no art. 59 do Decreto nº 70.235/1972, não há que se cogitar em nulidade do ato administrativo. ATIVIDADE RURAL. CONDOMÍNIO. PROVA. A exploração da atividade rural em condomínio deve ser provada por meio de ato constitutivo registrado na Junta Comercial, quando houver a prática Fl. 1108DF CARF MF Processo nº 10925.723005/201105 Resolução nº 2202000.877 S2C2T2 Fl. 1.107 4 de atos de comércio ou, no Cartório de Registro das Pessoas Jurídicas, quando não envolver essa atividade. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. A falta de apresentação de declaração de ajuste anual caracteriza a intenção dolosa de omitir rendimentos da atividade rural, evitar a ocorrência do fato gerador e o pagamento do imposto sobre a renda, ensejando a qualificação da multa de ofício. PRINCÍPIO DO NÃO CONFISCO. A vedação quanto à instituição de tributo com efeito confiscatório é dirigida ao legislador e não ao aplicador da lei. ARGÜIÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA PARA APRECIAR. Não compete à autoridade tributária administrativa a apreciação da inconstitucionalidade das leis, uma vez que neste juízo os dispositivos legais se presumem revestidos do caráter de validade e eficácia, não cabendo, pois, na hipótese, negarlhe execução.O recurso voluntário foi interposto em 20/04/2016 (fls. 2216/2138), sendo nele repisados, em linhas gerais, os argumentos da impugnação. A contribuinte interpôs recurso voluntário em 17/10/2013 (fls. 1088/1101), repisando as alegações da impugnação, a seguir sintetizadas: a atividade rural é explorada em condomínio formalizado contratualmente e constituído pelo seu esposo Zeferino Lotário Walter, com 50%, sendo os 50% restantes dos seus filhos (Auri Luiz Walter 16,67%, Jose Lotário Walter 16,67% e Vilmar Aloísio Walter 16,66%); a exigência de registro em cartório não tem previsão legal, salvo para condomínios edilícios, e o art. 107 do Código Civil prescreve que a declaração de vontade não exige forma especial, sendo relevante observar que os contratantes são membros de uma mesma família a explorar propriedade familiar; o art. 14 da Lei nº 4504/64 prescreve que as associações para a exploração agropecuária devem ser facilitadas e prestigiadas, e a lei reguladora dos registros públicos não prevê a necessidade de registro público dos contratos de parceria rural; refere jurisprudência judicial em prol de sua pretensão; a cônjuge e seu esposo são pessoas idosas e com problemas de saúde, e há elementos nas notas fiscais que corroboram sua narrativa; além disso, nas DIRPFs dos filhos e de suas esposas já estão declaradas receitas e despesas atinentes ao imóvel explorado, as quais devem ser consideradas; comprovada a existência da exploração condominial do imóvel, deve ser recalculada a autuação, nos termos a que alude; houve simples omissão de rendimentos, não se justificando a aplicação da multa qualificada, conforme Súmula CARF nº 14, e também por ser ela confiscatória. É o relatório. Fl. 1109DF CARF MF Processo nº 10925.723005/201105 Resolução nº 2202000.877 S2C2T2 Fl. 1.108 5 Voto Conselheiro Ronnie Soares Anderson, Relator Compulsando os autos, verificase que o recurso é tempestivo, porém há certas questões que devem ser esclarecidas antes do prosseguimento do julgamento. De fato, a fiscalização, bem como a instância recorrida, não reconheceu a existência de condomínio para exploração da atividade rural na "Granja Walter", a despeito do instrumento particular de convenção e demais elementos coligidos ao processo, imputando as receitas verificadas junto às empresas Sadia S/A. e Frigorífico Riosulense S/A. integralmente à autuada e seu esposo, bem como computando as despesas comprovadas no nome dos referidos. Cabe observar, aliás, que a recorrente e seu cônjuge não informaram ao Fisco quaisquer rendimentos recebidos em virtude dessa atividade econômica, independentemente de o resultado líquido dessas operações ter sido positivo ou restado em prejuízo. Apesar disso, a contribuinte vem aduzindo, desde o procedimento fiscal, que a propriedade em questão vem sendo explorada em regime condominial, devendo ser salientado que, por ocasião da impugnação, juntou inclusive declarações de ajustes dos outros supostos condôminos (fls. 985 e ss), nas quais constam receitas e despesas de atividade rural vinculadas a imóvel situado à Linha Ariranhazinha, no município de Itá/SC. Pois bem, muito embora o entendimento da vergastada, verificamse nos autos vários elementos que suportam, em certa medida, a versão da recorrente, tais como as mencionadas declarações de ajuste, registros dos outros condôminos em certas notas fiscais, o instrumento particular de condomínio, etc. Há que se anotar que a descrição do imóvel explorado tal como consta nessas declarações corresponde "lote rural nº 175, Colônia Barra Grande, Linha Ariranhazinha, Ita/SC", com Número de Imóvel na Receita Federal (NIRF) 4.621.6855 ao imóvel em que se desenvolve a atividade da autuada, de acordo com o respectivo registro às fls. 446 e ss. Necessário verificar assim, se, caso acatada a alegação de que as receitas auferidas perante às empresas Sadia S/A. e Frigorífico Riosulense S/A., o foram em regime do condomínio documentado pelo instrumento particular "Convenção Granja Walter" (fls. 977/984), quais seriam as consequências no cômputo da infração constatada pela autoridade lançadora. Ou seja, deverá ser considerado que parte das receitas tidas por omitidas já foram tributadas nas declarações de ajuste dos outros cogitados condôminos. De outra parte, as despesas emitidas contra todos os condôminos, excluindose, por óbvio, as não relacionadas com atividade rural ou duplicadas, deverão ser acatadas. E daí, recalculadas as infrações, tendo por pressuposto a participação de 50% da autuada e seu cônjuge no condomínio. Ante o exposto, proponho a conversão do julgamento em diligência, para que a autoridade lançadora proceda ao recálculo da autuação, levando em consideração terem sido as receitas de atividade rural objeto de exame auferidas sob o regime do condomínio documentado pelo instrumento particular "Convenção Granja Walter" (fls. 977/984), nos Fl. 1110DF CARF MF Processo nº 10925.723005/201105 Resolução nº 2202000.877 S2C2T2 Fl. 1.109 6 termos do voto supra, e realizando, caso entenda necessário, diligências adicionais com vistas a permitir a execução do referido cálculo a contento. Na sequência, deverá ser facultada oportunidade, via intimação, para a recorrente se manifestar sobre o resultado da diligência, com o posterior retorno ao CARF para prosseguimento do feito. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Fl. 1111DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 17546.000184/2007-28
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 13 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu Mar 07 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/10/2001 a 31/12/2004
RECONHECIMENTO DA CONDIÇÃO DE SEGURADO EMPREGADO. COMPETÊNCIA DA FISCALIZAÇÃO TRIBUTÁRIA.
Insere-se no âmbito da competência da autoridade fiscal o reconhecimento da condição de segurado empregado, para fins de incidência de contribuições previdenciárias, não se consubstanciando tal feito em desconsideração de interpostas pessoas jurídicas envolvidas.
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS INTELECTUAIS MEDIANTE PESSOA JURÍDICA. CONSTATAÇÃO DOS REQUISITOS DA RELAÇÃO DE EMPREGO. INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS.
Constatado que os sócios das pessoas jurídicas contratadas para prestação de serviços intelectuais exerciam a atividade-fim da empresa, com não-eventualidade, onerosidade, pessoalidade, e subordinação, sob sua forma estrutural, recebendo ainda benefícios típicos de empregados, cabe reconhecer como sendo essa sua condição, atraindo a incidência das contribuições previdenciárias devidas.
Numero da decisão: 2202-004.960
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, para excluir da base de cálculo do lançamento os valores associados à pessoa jurídica Emphasis Consultoria em Informática Ltda.
(assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros Marcelo de Sousa Sáteles, Martin da Silva Gesto, Ricardo Chiavegatto de Lima, Ludmila Mara Monteiro de Oliveira, Rorildo Barbosa Correa, Virgílio Cansino Gil (suplente convocado), Leonam Rocha de Medeiros e Ronnie Soares Anderson. Ausente a conselheira Andrea de Moraes Chieregatto.
Nome do relator: RONNIE SOARES ANDERSON
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201902
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/10/2001 a 31/12/2004 RECONHECIMENTO DA CONDIÇÃO DE SEGURADO EMPREGADO. COMPETÊNCIA DA FISCALIZAÇÃO TRIBUTÁRIA. Insere-se no âmbito da competência da autoridade fiscal o reconhecimento da condição de segurado empregado, para fins de incidência de contribuições previdenciárias, não se consubstanciando tal feito em desconsideração de interpostas pessoas jurídicas envolvidas. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS INTELECTUAIS MEDIANTE PESSOA JURÍDICA. CONSTATAÇÃO DOS REQUISITOS DA RELAÇÃO DE EMPREGO. INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. Constatado que os sócios das pessoas jurídicas contratadas para prestação de serviços intelectuais exerciam a atividade-fim da empresa, com não-eventualidade, onerosidade, pessoalidade, e subordinação, sob sua forma estrutural, recebendo ainda benefícios típicos de empregados, cabe reconhecer como sendo essa sua condição, atraindo a incidência das contribuições previdenciárias devidas.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Mar 07 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 17546.000184/2007-28
anomes_publicacao_s : 201903
conteudo_id_s : 5968521
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Mar 07 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 2202-004.960
nome_arquivo_s : Decisao_17546000184200728.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : RONNIE SOARES ANDERSON
nome_arquivo_pdf_s : 17546000184200728_5968521.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, para excluir da base de cálculo do lançamento os valores associados à pessoa jurídica Emphasis Consultoria em Informática Ltda. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson - Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros Marcelo de Sousa Sáteles, Martin da Silva Gesto, Ricardo Chiavegatto de Lima, Ludmila Mara Monteiro de Oliveira, Rorildo Barbosa Correa, Virgílio Cansino Gil (suplente convocado), Leonam Rocha de Medeiros e Ronnie Soares Anderson. Ausente a conselheira Andrea de Moraes Chieregatto.
dt_sessao_tdt : Wed Feb 13 00:00:00 UTC 2019
id : 7636660
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:39:09 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051660024020992
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1544; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T2 Fl. 703 1 702 S2C2T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 17546.000184/200728 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2202004.960 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 13 de fevereiro de 2019 Matéria CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS Recorrente TELE DESIGN SERVIÇOS E COMÉRCIO DE TELECOMUNICAÇÕES LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/10/2001 a 31/12/2004 RECONHECIMENTO DA CONDIÇÃO DE SEGURADO EMPREGADO. COMPETÊNCIA DA FISCALIZAÇÃO TRIBUTÁRIA. Inserese no âmbito da competência da autoridade fiscal o reconhecimento da condição de segurado empregado, para fins de incidência de contribuições previdenciárias, não se consubstanciando tal feito em desconsideração de interpostas pessoas jurídicas envolvidas. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS INTELECTUAIS MEDIANTE PESSOA JURÍDICA. CONSTATAÇÃO DOS REQUISITOS DA RELAÇÃO DE EMPREGO. INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. Constatado que os sócios das pessoas jurídicas contratadas para prestação de serviços intelectuais exerciam a atividadefim da empresa, com não eventualidade, onerosidade, pessoalidade, e subordinação, sob sua forma estrutural, recebendo ainda benefícios típicos de empregados, cabe reconhecer como sendo essa sua condição, atraindo a incidência das contribuições previdenciárias devidas. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 17 54 6. 00 01 84 /2 00 7- 28 Fl. 703DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, para excluir da base de cálculo do lançamento os valores associados à pessoa jurídica Emphasis Consultoria em Informática Ltda. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros Marcelo de Sousa Sáteles, Martin da Silva Gesto, Ricardo Chiavegatto de Lima, Ludmila Mara Monteiro de Oliveira, Rorildo Barbosa Correa, Virgílio Cansino Gil (suplente convocado), Leonam Rocha de Medeiros e Ronnie Soares Anderson. Ausente a conselheira Andrea de Moraes Chieregatto. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Campinas (SP) DRJ/CPS, que julgou procedente NFLD lavrada contra a epigrafada (fls. 03/77), correspondendo a contribuições referentes a segurados e à parte patronal, isto é, contribuição da empresa, do financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa e de outras entidades — terceiros (INCRA, SALÁRIO EDUCAÇÃO, SESI, SENAI e SEBRAE). A decisão de piso assim sintetizou a autuação (fl. 636): Constituem fatos geradores das contribuições previdenciárias os valores despendidos com o pagamento das notas fiscais, aos segurados caracterizados empregados que lhes prestaram serviços como microempresários, porque reúnem as condições que configuram vinculo empregatício entre a empresa e os prestadores de serviço. Consta do Relatório Fiscal REFISC que os microempresários prestaram serviços de forma habitual, remunerada, pessoal, subordinada e exclusiva para a Notificada, configurando o referido vinculo empregatício. Relaciona, em planilhas, os vinte e sete segurados que prestaram serviços na qualidade de empregado antes de firmarem contrato e/ou constituírem empresas, as respectivas funções e datas de rescisão de contrato de trabalho, constituição de empresa e início de contrato de prestação de serviços. Anexa aos autos vários contratos de prestação de serviços das empreiteiras, folhas dos livros Razão e Diário, relação das notas fiscais de serviços emitidas pela vinte e sete empresas prestadoras de serviços; planilha das áreas que compõem a Tele Design e seus respectivos responsáveis e folhas de balanços patrimoniais referentes ao exercício de 2003 onde consta como Gerente Operacional o Sr. Eliton Vialta e como Diretor o Sr. Humberto Tadeu Kapor. Acrescenta que em todos os contratos firmados com as vinte e sete empresa as cláusulas 3.1 e 3.5 são idênticas, com variação somente no valor/hora e informa, também, os CNPJ, razão social e endereço das contratadas. Discorre a respeito dos elementos de convicção verificados para a caracterização do vínculo empregatício daqueles contribuintes individuais. Informa, ainda, que foram examinados os seguintes documentos: Notas Fiscais de Serviço, Contratos de Prestação de Serviço, Contratos Sociais, Rescisões Fl. 704DF CARF MF Processo nº 17546.000184/200728 Acórdão n.º 2202004.960 S2C2T2 Fl. 704 3 Trabalhistas, Fichas de Registro de Empregados, Folhas de Pagamento e os lançamentos contábeis. Não obstante impugnada (fls. 222/260), a exigência foi mantida no julgamento de primeiro grau (fls. 635 e ss), ensejando a interposição de recurso voluntário em 30/10/2007 (fls. 649/667), no qual foi alegado que houve indevida desconsideração da personalidade jurídica das contratadas para a prestação de serviços, ferindo o princípio da livre iniciativa e a competência exclusiva do judiciário para tanto, e que o art. 129 da Lei nº 11.196/05, norma de caráter interpretativo, dá amparo ao seu procedimento. Também é arguído que diversas empresas tem estrutura própria, e enfatizado que inexiste exclusividade na prestação de serviços à recorrente por parte das contratadas, juntando notas fiscais e documentos com vistas a embasar suas razões, que serão detalhadas no decorrer da fundamentação deste voto. É o relatório. Voto Conselheiro Ronnie Soares Anderson, Relator O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Destaquese, para começar, que o contribuinte aduz que os serviços que lhe foram prestados tiveram supedâneo legal no art. 129 da Lei nº 11.196/05, verbis: Art. 129. Para fins fiscais e previdenciários, a prestação de serviços intelectuais, inclusive os de natureza científica, artística ou cultural, em caráter personalíssimo ou não, com ou sem a designação de quaisquer obrigações a sócios ou empregados da sociedade prestadora de serviços, quando por esta realizada, se sujeita tãosomente à legislação aplicável às pessoas jurídicas, sem prejuízo da observância do disposto no art. 50 da Lei no10.406, de 10 de janeiro de 2002 Código Civil. Parágrafo único.(VETADO) Independentemente do mérito da discussão acerca do caráter interpretativo de tal norma, deve ser salientado que a possibilidade de prestação desse gênero de serviços via pessoas jurídicas encontra limites na observância do princípio da primazia da realidade, segundo o qual deve ser priorizada a verdade material observada no contexto das prestação de serviços, e não os seus aspectos formais. Nesse sentido, impõe trazer à colação a redação do parágrafo único do art. 129 da Lei nº 11.196/05, e respectivos motivos para o veto: Fl. 705DF CARF MF 4 Parágrafo único.O disposto neste artigo não se aplica quando configurada relação de emprego entre o prestador de serviço e a pessoa jurídica contratante, em virtude de sentença judicial definitiva decorrente de reclamação trabalhista. Razões do veto O parágrafo único do dispositivo em comento ressalva da regra estabelecida no caput a hipótese de ficar configurada relação de emprego entre o prestador de serviço e a pessoa jurídica contratante, em virtude de sentença judicial definitiva decorrente de reclamação trabalhista. Entretanto, as legislações tributária e previdenciária, para incidirem sobre o fato gerador o cominado em lei, independem da existência de relação trabalhista entre o tomador do serviço e o prestador do serviço. Ademais, a condicionante da ocorrência do fato gerador à existência de sentença judicial trabalhista definitiva não atende ao princípio da razoabilidade. Vêse então que a verificação da realidade material da relação jurídica regrada formalmente pela norma em evidência não carece de exame do poder judicante para ser submetida aos ditames da legislação tributária, bem como à análise das autoridades fazendárias competentes. Tal conclusão vai ao encontro do posicionamento do Tribunal Superior do Trabalho (TST), vide o AIRR nº 63935.2010.5.02.0083, j. 19/6/2013, e o AIRR nº 981 61.2010.5.10.0006, j. 29/10/2012 ambos tendo como relator o Ministro Mauricio Godinho Delgado da 3ª Turma, ilustre doutrinador. Daquela última decisão transcrevese a ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. 1) NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. 2) EMBARGOS DE DECLARAÇÃO PROTELATÓRIOS. MULTA. 3) VERBAS RESCISÓRIAS. 4) RECONHECIMENTO DE VÍNCULO DE EMPREGO. TRABALHO EMPREGATÍCIO DISSIMULADO EM PESSOA JURÍDICA. FENÔMENO DA PEJOTIZAÇÃO. PREVALÊNCIA DO IMPÉRIO DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA (ART. 7º, CF/88). MATÉRIA FÁTICA. SÚMULA 126/TST. A Constituição da República busca garantir, como pilar estruturante do Estado Democrático de Direito, a pessoa humana e sua dignidade (art. 1º, caput e III, CF), fazendoo, entre outros meios, mediante a valorização do trabalho e do emprego (art. 1º, IV, in fine; Capítulo II do Título II; art. (art.5º,XXIII) e da busca do bemestar e da justiça sociais (Preâmbulo;art.3º, I, III e IV, ab initio; art. 170,caput; art. 193).Com sabedoria, incentiva a generalização da relação empregatícia no meio socioeconômico, por reconhecer ser esta modalidade de vínculo o patamar mais alto e seguro de contratação do trabalho humano na competitiva sociedade capitalista, referindose sugestivamente a trabalhadores urbanos e rurais quando normatiza direitos tipicamente empregatícios (art. 7º, caput e seus 34 incisos). Nessa medida incorporou a Constituição os clássicos incentivos e presunção trabalhistas atávicos ao Direito do Trabalho e que tornam excetivos modelos e fórmulas não empregatícias de contratação do labor pelas empresas (Súmula 212, TST). São excepcionais, portanto, fórmulas que tangenciem a relação de emprego, solapem a fruição de direitos sociais fundamentais e se anteponham ao Fl. 706DF CARF MF Processo nº 17546.000184/200728 Acórdão n.º 2202004.960 S2C2T2 Fl. 705 5 império do Texto Máximo da República Brasileira.Sejam criativas ou toscas,tais fórmulas têm de ser suficientemente provadas, não podendo prevalecer caso não estampem, na substância, a real ausência dos elementos da relação d e emprego (caput dos artigos 2º e 3º da CLT). A criação de pessoa jurídica, desse modo (usualmente apelidada de pejotização), seja por meio da fórmula do art. 593 do Código Civil, seja por meio da fórmula do art. 129 da Lei Tributária nº 11.196/2005, não produz qualquer repercussão na área trabalhista, caso não envolva efetivo, real e indubitável trabalhador autônomo. Configurada a subordinação do prestador de serviços, em qualquer de suas dimensões (a tradicional, pela intensidade de ordens; a objetiva, pela vinculação do labor aos fins empresariais; ou a subordinação estrutural, pela inserção significativa do obreiro na estrutura e dinâmica da entidade tomadora de serviços), reconhecese o vínculo empregatício com o empregador dissimulado, restaurandose o império da Constituição da República e do Direito do Trabalho. Portais fundamentos, que se somam aos bem lançados pelo consistente acórdão regional, não há como se alterar a decisão recorrida.Agravo de instrumento desprovido. (grifei) Destarte, não vislumbro respaldo normativo nem jurisprudencial que obste o reconhecimento, pelas autoridade fazendárias, de estarse diante de prestação de serviço efetuada na condição de empregado, assim definida nos termos da alínea 'a" do inciso I do art. 12 da Lei nº 8.212/91, ainda que formalmente o quadro apresentado seja de prestação de serviços intelectuais, nos termos do art. 129 da Lei nº 11.196/05. Quanto à alegação de que não poderia ter sido desconsiderada a personalidade jurídica das prestadoras de serviço, a qual teria sido feita "de forma indireta", entendoa por descabida, pois não foi esse o procedimento da fiscalização. Esta entendeu reconhecer a existência da condição de segurado empregado dos sócios dessas pessoas jurídicas diretamente com o autuado, com esteio nos arts. 12 e 33 da Lei nº 8.212/91, c/c o permissivo legal do art. 2º da Lei nº 11.457/07, o qual reforça a esfera de competência da Receita Federal do Brasil quanto à fiscalização das contribuições em comento: Art.2o Além das competências atribuídas pela legislação vigente à Secretaria da Receita Federal, cabe à Secretaria da Receita Federal do Brasil planejar, executar, acompanhar e avaliar as atividades relativas a tributação, fiscalização, arrecadação, cobrança e recolhimento das contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art.11 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991 ,e das contribuições instituídas a título de substituição. Vale registrar que, quando da sanção presidencial à Lei nº 11.457/07, o Presidente da República vetou o § 4º do artigo 6º desse diploma, o qual excluía das atribuições da autoridade fiscal “a desconsideração da pessoa, ato ou negócio jurídico que implique reconhecimento de relação de trabalho, com ou sem vínculo empregatício”, estabelecendo que a atuação fiscal, nesses casos, deveria ser precedida de decisão judicial. Segundo as razões de veto “condicionar a ocorrência do fato gerador à existência de decisão judicial não atende ao princípio constitucional da separação (sic) dos Poderes”. De fato, o que se violaria seria a atuação do poder fiscalizatório justamente na hipótese mais grave das relações de trabalho, ou Fl. 707DF CARF MF 6 seja, quando se constata a evasão fiscal decorrente da falta de formalização (ou desvirtuação) do contrato de trabalho e consequente inadimplemento das contribuições ao sistema. Então, para analisar as condições de incidência das contribuições previdenciárias, têm as autoridades fazendárias o poderdever de verificar a relação jurídica existente entre o prestador de serviços e o tomador, checando a ocorrência de não eventualidade e subordinação. Tal feito tem supedâneo normativo expresso no art. 142 do Código Tributário Nacional (CTN) e no § 2º do art. 229 do Decreto nº 3.048/99 (Regulamento da Previdência Social RPS), o qual regra que "Se o Auditor Fiscal da Previdência Social constatar que o segurado contratado como contribuinte individual, trabalhador avulso, ou sob qualquer outra denominação, preenche as condições referidas no inciso I do caput do art. 9º, deverá desconsiderar o vínculo pactuado e efetuar o enquadramento como segurado empregado". Nesse sentido, temse sucessivas decisões do Superior Tribunal de Justiça (STJ), tais como as prolatadas nos REsp de nos 236.279, 515.521, 575.086 e 894.571/SP. Não é demasiado lembrar, ainda, que em caso de constatação de fraudes nas relações trabalhistas, o art. 9º da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) regra que são nulos de pleno direito os atos praticados para viabilizálos, havendo, por outra via, amparo normativo no inciso VII do art. 149 do CTN para a imputação do gravame tributário nessas situações. Inexiste, em decorrência, qualquer mácula na ação fiscal tanto no tocante à competência para o reconhecimento, seja da existência de relações jurídicas aptas a atrair a incidência das contribuições previdenciárias, seja de eventual fraude envolvendo tais relações, não havendo falar, nessa linha, em violação de atribuição exclusiva do judiciário, ou mesmo em afronta ao princípio constitucional da livre iniciativa, face às normas de regência acima referidas. Dos fatos examinados e da autuação. A fiscalização concluiu que o contribuinte em epígrafe contratou vinte e sete pessoas físicas mediante a interposição de pessoas jurídicas, cujos sócios efetivamente prestavam os serviços acordados. Nesse sentido, coletou os seguintes elementos de prova, dentre outros: os microempresários foram todos exfuncionários da contratante, atuando em sua atividadefim tecnologia, projeto, engenharia, etc., e apresentandose como, por exemplo, "gerente de engenharia", "gerente de operações", etc, e inclusive, no atendimento à fiscalização por parte do autuado, um dos sócios de empresa contratada, Alexandre Pinheiro, da AP Assessoria Empresaria, nomeouse como seu "gerente de recursos humanos" (fl. 170); a contratação da empresas em questão deuse na sequência das rescisões contratuais como empregado do recorrente; conforme consulta no sistema DATAPREV, as empresas interpostas não tinham funcionários; no Livro Diário do recorrente consta registrado o pagamento de seguro de vida em grupo, assistência médica e odontológica às empresas contratadas; Fl. 708DF CARF MF Processo nº 17546.000184/200728 Acórdão n.º 2202004.960 S2C2T2 Fl. 706 7 nos contratos consta a previsão de reembolso de despesas de transporte, e de utilização das instalações do contratante ou de terceiros por esse indicados; os contratos são padrão em sua grande maioria, variando somente o valor da remuneração/hora; as notas fiscais são emitidas uma vez por mês por contratado, e sob números sequenciais, e com valores predominantemente estáveis ao longo do ano; há endereços sede coincidentes entre várias empresas (fls. 205/206). Pois bem, são segurados obrigatórios da previdência social os empregados, definidos pelo art. 12 da Lei nº 8.212/91 aqueles que prestam serviço a empresa em caráter não eventual, sob sua subordinação e mediante remuneração, inclusive como diretor empregado. Necessário examinar se tais elementos estão presentes no caso em tela. Onerosidade e não eventualidade. A onerosidade é traço comum tanto ao contrato de trabalho quanto ao de prestação de serviços, porém há que se ressaltar restar claro, pelas notas fiscais apresentadas, que os valores envolvidos foram pagos mensalmente às pessoas jurídicas no transcurso do período examinado, não havendo variações quantitativas relevantes de um mês para outro, sendo as respectivas notas fiscais emitidas enumeradas sequencialmente para o mesmo prestador (fls. 155/170). Assim, durante os anoscalendário em foco, cada pessoa jurídica recebeu mensal e seguidamente valores associados à prestação de serviços, ainda que não tenham tais pagamentos abrangido a totalidade desses anos. Cumpre registrar, também no que se refere à não eventualidade, que nos contratos, apesar de estabelecido inicialmente prazo de duração de um ano, ficavam prorrogados automaticamente por prazo indeterminado, donde se evidencia a proximidade com os contratos laborais. Pessoalidade. O recorrente não nega que os serviços eram prestados pessoalmente pelos contratados, mas parece entender que para fins fiscais lhes seria aplicável a legislação das pessoas jurídicas, com esteio no art. 129 da Lei nº 11.196/05. Decerto, tarefa deveras desafiadora seria defender que os serviços não foram prestados com pessoalidade. As pessoas físicas do sócios das empresas em questão já tinham sido funcionários empregados da empresa, ocupando inclusive cargos técnicos ou de gestão, como bem frisado pela fiscalização. Acrescentese que, embora o recorrente defenda que algumas das pessoas jurídicas em comento detinham efetiva estrutura para a prestação de serviços, tal informação conflita com as declarações prestadas por essas mesmas empresas à previdência social, visto que, conforme destacado pela fiscalização, perante a autarquia (informação do Sistema Dataprev CNIS RAIS) elas vem informando não possuírem quaisquer empregados. Fl. 709DF CARF MF 8 De todo modo, a existência de pessoalidade tornase inequívoca quando se constata o reembolso, registrado na contabilidade do autuado, de valores tipicamente associados à relação laboral, tais como seguro de vida em grupo, assistência médica e assistência odontológica pessoas jurídicas não precisam receber tais benefícios, por óbvio. A previsão dos sócios das contratadas terem reembolso de aderirem aos planos de saúde e assistência odontológica do autuado é mais um traço nítido de pessoalidade e da existência de relação de emprego, pois o razoável, tanto nesse caso quanto no do seguro de vida em grupo, é que a pessoa jurídica prestadora incorporasse no preço de seus serviços eventuais custos decorrentes do fornecimento dessas benesses aos seus funcionários. Ainda no campo da pessoalidade, não é demasiado fazer referência a algumas alegações recursais voltadas para questões circunstanciais, aduções essas que facilmente são refutadas mediante a análise cuidadosa dos autos. Por um lado, é insinuado que a fiscalização teria esquecido que Humberto Tadeu Kapor, sócio da empresa Ferreira Kapor, passou à condição de administrador da empresa em jan/04, recebendo a partir daí prolabore já devidamente tributado. Porém tal "esquecimento" não ocorreu, pois conforme pode ser aferido pela leitura dos relatórios de fls. 54 e ss, não houve pagamentos a essa pessoa física incluídos na base de cálculo do lançamento para o anocalendário 2004. E de outro, é afirmado que foi imputado à Simone Maria de Paula Souza vínculo empregatício, enquanto que o administrador da contratada no caso era pessoa diversa, Paulo Ricardo Vaggione. Ora, tal equívoco material foi sanado antes da impugnação, e foi conferida então oportunidade ao contribuinte para manifestarse a respeito; quedando na ocasião silente (fls. 518/634), resta superado o momento processual para alegar vícios em tal procedimento, mormente quando não comprovado qualquer prejuízo à defesa dele decorrente. Subordinação. O conceito de subordinação jurídica, definida como poder de comando que o empregador tem sobre o trabalho do empregado, vem sofrendo transformações ao longo do tempo, tendo em vista a dinâmica das relações que se estabelecem no mercado de trabalho. Nesse contexto, impôsse o desenvolvimento do conceito de subordinação estrutural ou integrativa, segundo o qual o vínculo empregatício resta configurado na medida em que o trabalhador esteja inserido na estrutura da empresa e a sua prestação de serviços revelese indispensável à consecução da atividade empresarial. Tal conceito vem sendo amplamente acolhido pela doutrina e jurisprudência trabalhista, conforme atestam, ilustrativamente, os julgados do TST no RR528100 67.2006.5.02.0081 (j. 14/12/11), AI no RR 20310920125020384 (j. 16/9/2014). Vejase que no caso em tela o sócio da pessoa jurídica formalizada não utilizavase de empregados, e prestava os serviços tanto servindose das instalações da contratante, quanto de clientes, consoante as cláusulas contratuais respectivas uniformemente preceituam. Aqui, cabe registrar que a aquisição de pontual de um computador pessoal (notebook) em nome de uma empresa, de um contrato de telefonia celular ou mesmo de veículo em nome de outra, estão longe de configurar a existência de efetiva estrutura empresarial. Tais Fl. 710DF CARF MF Processo nº 17546.000184/200728 Acórdão n.º 2202004.960 S2C2T2 Fl. 707 9 bens possuem serventia, também, e à toda vista, para empregados pessoa física. Também a suposta existência de contabilidade em algumas das contratadas sequer foi comprovada nos autos. Quanto à aventada estrutura de outra empresa Paulo Serviços de Telecomunicações S/C, que se procurou corroborar com a juntada de páginas de seu suposto sítio na internet, necessário dizer que não há comprovação de ser esse sítio contemporâneo aos fatos em apreço, pelo contrário, consta que a pesquisa ocorreu em novembro de 2006; ademais, não foram colacionadas notas fiscais atestando prestação de serviços a outrem que não o recorrente no decorrer do período analisado, anoscalendário 2002 a 2004. Diante desse panorama, portanto, não se justifica qualquer providência ou diligência adicional para fins de averiguar a efetividade da existência de estrutura hábil nas pessoas jurídicas contratadas, até mesmo porque os demais elementos de prova convergem para as conclusões do Fisco. E, mister frisar, para a totalidade das pessoas físicas sócias das contratadas havia vínculo laboral pré existente com o contribuinte, o que, à luz do princípio da continuidade da relação de emprego, também aponta para a efetiva existência desse tipo de liame jurídico na espécie. A única ressalva que aqui se faz, e que confere tênue sucesso aos argumentos do recorrente, é que no caso do exfuncionário Meison Salviano Almeida, sócio da Emphasis Consultoria em Informática Ltda, há substancial lapso temporal entre a sua saída da autuada (26/08/2002) e a assinatura do contrato de prestação de serviços com essa (jul/2004), o que lança severas dúvidas quanto à presença de continuidade na prestação de serviços sob o vínculo laboral. Aliado ao pequeno número de notas fiscais associadas à mencionada empresa (5 notas emitidas entre agosto e dezembro de 2004), temse como resultado convencimento mais precário acerca dos fatos nesse caso específico, motivo pelo qual devem ser excluídas do lançamento as remunerações vinculadas à empresa Emphasis Consultoria em Informática Ltda. Noutro giro, merece também ser enfatizado que os serviços realizados sob a designação de assessoria e/ou consultoria confundemse, à toda vista, com a própria atividade fim da empresa contratante, sendo de natureza técnica ou de gestão com aquela imbrincados. Em síntese, ainda que a inserção do trabalho dos referidos sócios na dinâmica empresarial do contribuinte não possa, isoladamente, dar ensejo ao reconhecimento de subordinação jurídica, por outro lado não se pode conceber que eventual natureza intelectual do labor por eles desenvolvido seja óbice insuperável à verificação em concreto da existência dessa subordinação, tendo em vista as demais evidências coligidas nos autos, as quais, em seu conjunto, denotam a existência de relação empregatícia de fato abarcando tais pessoas físicas. Importa, neste átimo, chamar a atenção para o fato de que o principal argumento vertido pelo recorrente para sustentar suas razões é o de que as pessoas jurídicas contratadas não prestavam serviços somente para a fiscalizada, mas também outras empresas; nessa toada, colaciona as notas fiscais correspondentes, sumarizadas às fls. 654/661 da peça recursal, além de consulta a páginas de tribunais. Fl. 711DF CARF MF 10 Primeiramente, cabe observar que para várias pessoas jurídicas não foram apresentadas notas fiscais emitidas para terceiros que não o autuado vejase por exemplo, as empresas NJF Assessoria Empresarial S/C Ltda., Rigo Serviços em Telecomunicações S/C Ltda., dentre outras ou ainda, as notas fiscais juntadas não se referem ao período examinado ilustrativamente, citese as empresas PAULINO Serviços de Telecomunicações S/C Ltda. e Silveira & Silveira Assessoria Empresarial S/C Ltda. E, o mais importante, é frisar e explicar ao recorrente que a exclusividade na prestação de serviços para um determinado tomador não é requisito legal para a caracterização de relação empregatícia nem sob o prisma previdenciário bastando para tanto não eventualidade, onerosidade e subordinação, exvi do art. 12 da Lei nº 8.212/91 tampouco sob o enfoque trabalhista o qual requer pessoalidade, nãoeventualidade, onerosidade e subordinação, forte no art. 3º da CLT. Assim, e mesmo considerando que a autuação por vezes refirase a existência de exclusividade no particular, o que foi devidamente contestado documentalmente pela recorrente, há provas fartas o suficiente para corroborar as conclusões do Fisco quanto à preponderância da condição de segurado empregado, pois todos os elementos para que esta se configure estão, sem dúvida, presentes, ainda que tenha havido a prestação de serviços a outras pessoas jurídicas que não o autuado, eventualmente, no curso dos anos examinados. Sem reparos a realizar no lançamento também sob essa ótica, portanto. Ante o exposto, voto por dar provimento parcial ao recurso, para excluir da base de cálculo do lançamento os valores associados à pessoa jurídica Emphasis Consultoria em Informática Ltda. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Fl. 712DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10920.907463/2012-18
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Feb 14 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri Apr 12 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Ano-calendário: 2008
DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. IRRF. ONUS DA PROVA. IMPOSSIBILIDADE DE HOMOLOGAÇÃO.
A homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo condiciona-se à liquidez do direito, através da comprovação documental do quantum compensável pelo contribuinte. O ônus da prova incumbe ao autor.
Numero da decisão: 2202-004.976
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
(Assinado digitalmente)
RONNIE SOARES ANDERSON - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Marcelo de Sousa Sáteles, Martin da Silva Gesto, Ricardo Chiavegatto de Lima, Ludmila Mara Monteiro de Oliveira, Rorildo Barbosa Correia, Virgílio Cansino Gil (Suplente convocado), Leonam Rocha de Medeiros e Ronnie Soares Anderson (Presidente).
Ausente a Conselheira Andréa de Moraes Chieregatto.
Nome do relator: RONNIE SOARES ANDERSON
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201902
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF Ano-calendário: 2008 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. IRRF. ONUS DA PROVA. IMPOSSIBILIDADE DE HOMOLOGAÇÃO. A homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo condiciona-se à liquidez do direito, através da comprovação documental do quantum compensável pelo contribuinte. O ônus da prova incumbe ao autor.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Fri Apr 12 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 10920.907463/2012-18
anomes_publicacao_s : 201904
conteudo_id_s : 5987299
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Apr 12 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 2202-004.976
nome_arquivo_s : Decisao_10920907463201218.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : RONNIE SOARES ANDERSON
nome_arquivo_pdf_s : 10920907463201218_5987299.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) RONNIE SOARES ANDERSON - Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Marcelo de Sousa Sáteles, Martin da Silva Gesto, Ricardo Chiavegatto de Lima, Ludmila Mara Monteiro de Oliveira, Rorildo Barbosa Correia, Virgílio Cansino Gil (Suplente convocado), Leonam Rocha de Medeiros e Ronnie Soares Anderson (Presidente). Ausente a Conselheira Andréa de Moraes Chieregatto.
dt_sessao_tdt : Thu Feb 14 00:00:00 UTC 2019
id : 7695974
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:42:01 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051661311672320
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1388; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T2 Fl. 2 1 1 S2C2T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10920.907463/201218 Recurso nº 1 Voluntário Acórdão nº 2202004.976 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 14 de fevereiro de 2019 Matéria IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE Recorrente MARCEGAGLIA DO BRASIL LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Anocalendário: 2008 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. IRRF. ONUS DA PROVA. IMPOSSIBILIDADE DE HOMOLOGAÇÃO. A homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo condiciona se à liquidez do direito, através da comprovação documental do quantum compensável pelo contribuinte. O ônus da prova incumbe ao autor. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) RONNIE SOARES ANDERSON Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Marcelo de Sousa Sáteles, Martin da Silva Gesto, Ricardo Chiavegatto de Lima, Ludmila Mara Monteiro de Oliveira, Rorildo Barbosa Correia, Virgílio Cansino Gil (Suplente convocado), Leonam Rocha de Medeiros e Ronnie Soares Anderson (Presidente). Ausente a Conselheira Andréa de Moraes Chieregatto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 0. 90 74 63 /2 01 2- 18 Fl. 102DF CARF MF Processo nº 10920.907463/201218 Acórdão n.º 2202004.976 S2C2T2 Fl. 3 2 Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do Acórdão nº 2202004.969, de 14 de fevereiro de 2019 2ª Câmara/2ª Turma Ordinária, proferido no âmbito do processo n° 10920.907456/201216, paradigma deste julgamento. Acórdão nº 2202004.969 2ª Câmara/2ª Turma Ordinária "Tratase de recurso voluntário interposto contra Acórdão de Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Florianópolis / SC – DRJ/FNS, que considerou improcedente, por unanimidade de votos, manifestação de inconformidade do contribuinte em face de Despacho Decisório eletrônico que não homologou compensação informada em PER/DCOMP. 2. A seguir reproduzse o relatório do Acórdão da DRJ/FNS , o qual retrata adequadamente os fatos ocorridos. Relatório (...) Por intermédio de DESPACHO DECISÓRIO eletrônico a autoridade administrativa assim se manifestou: "Diante da inexistência do crédito, INDEFIRO o Pedido de Restituição. Enquadramento legal: Art. 165 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 (CTN)." A Contribuinte – em sua contestação – alega ter efetuado “pagamento indevido ou a maior”, em recolhimento operado com o código de arrecadação 0481 – JUROS E COMISSÕES EM GERAL. Diz que, desde sua fundação, em 2000, “foi obtendo de sua sócia majoritária italiana, remessas para sua ampliação, os quais foram sendo tratados como dívida em aberto e com incidência de juros, sem prefixação de data para devolução do principal e juros incidentes.”. Mais adiante afirma que os valores devidos foram convertidos em “aumento de capital da sociedade Marcegaglia do Brasil Ltda.” Aduz que o Banco Central do Brasil exigiu a prova do pagamento do imposto de renda na fonte incidente sobre remessas ao exterior, nos termos do art. 9º da Lei nº 4.131, de 3 de setembro de 1962: Fl. 103DF CARF MF Processo nº 10920.907463/201218 Acórdão n.º 2202004.976 S2C2T2 Fl. 4 3 Art. 9º As pessoas físicas e jurídicas que desejarem fazer transferências para o exterior a título de lucros, dividendos, juros, amortizações, royalties assistência técnica científica, administrativa e semelhantes, deverão submeter aos órgãos competentes da SUMOC e da Divisão do Impôsto sôbre a Renda, os contratos e documentos que forem considerados necessários para justificar a remessa.(Redação dada pela Lei nº 4.390, de 29.8.1964)(Vide Decreto nº § 1º As remessas para o exterior dependem do registro da emprêsa na SUMOC e d eprova de pagamento do impôsto de renda que fôr devido.(Renumerado pela Lei nº 4.390, de 29.8.1964) (...) § 3º No caso previsto pelo parágrafo anterior, as transferências sempre dependerão de prova de quitação do Impôsto de Renda.(Incluído pela Lei nº 4.390, de 29.8.1964) Diz que operou o recolhimento do IRRF “sem questionar a existência ou não do fato gerador para a incidência da tributação do imposto de renda, na espécie, são: ‘as remessas para o exterior’.” Entende que, se não houve remessa ao exterior, em razão de haver sido convertida em capital a dívida então existente, não há fato gerador do referido tributo. Em razão disso requer o reconhecimento do indébito e o deferimento de “ressarcimento” dos valores pagos. 3. A DRJ/FNS considerou improcedente a Manifestação de Inconformidade, nos termos da Ementa da decisão abaixo transcrita: IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE. FATO GERADOR. OCORRÊNCIA. A conversão dos juros de empréstimos em participação no capital social de empresa brasileira por pessoa jurídica com sede no exterior constitui fato gerador do IRRF, art. 702 do RIR/99, na medida em que configura quitação da dívida por compensação de maneira equivalente, o que também pode ser definido como pagamento 4. Destaquemse também alguns trechos relevantes do voto do Acórdão proferido pela DRJ/FNS: (...) De início, para esclarecimento, é bom que se diga que o Despacho Decisório eletrônico considerou a inexistência do crédito em razão de haver a vinculação na DCTF, do pagamento com o respectivo débito. (...) Quanto a este fato – exigência do Banco Central do Brasil – da prova do pagamento do IRRF, é prevista no art. 880, do Regulamento do Imposto de Renda, Decreto nº 3.000, de 1999: Fl. 104DF CARF MF Processo nº 10920.907463/201218 Acórdão n.º 2202004.976 S2C2T2 Fl. 5 4 Art.880. O Banco Central do Brasil não autorizará qualquer remessa de rendimentos para fora do País, sem a prova de pagamento do imposto (DecretoLei nº5.844, de 1943, art. 125, parágrafo único, alínea "c", e Lei nº4.595, de 31 de dezembro de 1964, art. 57, parágrafo único). Parágrafo único.Nos casos de isenção, dispensa ou não incidência do referido tributo deverá ser apresentada declaração que comprove tal fato. Como se vê, o parágrafo único vem relativizar tal exigência, autorizando a entrega de declaração que comprove a isenção, dispensa ou não incidência. Não há nos autos prova de apresentação de tal declaração ao BCB. (...) Ocorre que em 19 de junho de 2008, em reunião na sede da quotista majoritária, Marcegaglia S.p.A, na cidade de Gazoldo Degli Ippoliti – Itália, restou decidido que os empréstimos então concedidos seriam convertidos em participação societária. A Contribuinte entende que em não havendo remessa – dos juros – ao exterior não teria ocorrido hipótese de incidência do IRRF, pois, subentende que a remessa ao exterior é elementar da hipótese de incidência, e, portanto, razão pela qual não teria emergido o fato gerador. Em análise ao texto legal que veicula a norma de incidência tributária em questão, há que se discordar da Impugnante: Art. 702. Estão sujeitas à incidência do imposto na fonte, à alíquota de quinze por cento, as importâncias pagas, creditadas, entregues, empregadas ou remetidas a beneficiários residentes ou domiciliados no exterior, por fonte situada no País, a título de juros, comissões, descontos, despesas financeiras e assemelhadas. Primeiro registro a fazer referese à multiplicidade de ações que o legislador empregou para expressar a tipicidade tributária. Percebese que a remessa ao exterior é uma das hipóteses. Pagar, creditar, entregar ou empregar importâncias ao exterior, a título de juros, também constituem fatos imponíveis da obrigação tributária em exame. Portanto, em conformidade com o art. 702 do RIR/99, o imposto deve ser retido por ocasião do pagamento,crédito, entrega, emprego ou remessa, desses fatos, o que ocorrer primeiro. (...) Pagar juros ao exterior, neste contexto legal, significa adimplir a obrigação de pagar juros a pessoa domiciliada no exterior, independentemente da forma de pagamento, de modo que pode haver incidência do imposto, inclusive, sem que em nenhum momento haja a efetiva remessa de recursos ao exterior. Além disso, não se pode perder de vista o interesse jurídico tributário subjacente à norma de incidência do IRRF. O interesse jurídico em questão é o rendimento de pessoa jurídica domiciliada no exterior, oriundo de fonte situada no País, independentemente de esse rendimento auferido ter sido, ou não, remetido ao exterior. A remessa ao exterior não é a única elementar da incidência tributária em exame. (...) Fl. 105DF CARF MF Processo nº 10920.907463/201218 Acórdão n.º 2202004.976 S2C2T2 Fl. 6 5 No presente caso, a pessoa jurídica credora dos empréstimos optou por empregálos – incluídos aí dos juros – no aumento de sua participação do capital a empresa brasileira. A capitalização dos empréstimos pode ser entendida como quitação ou pagamento da dívida, com juros. O ato de pagar pode ser também compreendido como compensação de maneira equivalente de benefícios econômicos. (...) Posto isto, podese afirmar que houve sim a ocorrência de fato gerador [pagamento de juros] para a incidência do Imposto de Renda Retido na Fonte e que, desta forma, eram sim devidas as importâncias cuja restituição era pleiteada pela Contribuinte. Manifestome pela improcedência da Manifestação de Inconformidade. 5. Cientificado da decisão a quo, o contribuinte repisa as questões trazidas na Manifestação de Inconformidade e infere ter comprovado do direito creditório pleiteado, uma vez que à época realizou o recolhimento integralmente, de forma equivocada. 6. Requer, por fim, que seja acolhido o recurso com o reconhecimento do indébito, e o deferimento de ressarcimento pelos meios disponíveis. 7. É o relatório." Fl. 106DF CARF MF Processo nº 10920.907463/201218 Acórdão n.º 2202004.976 S2C2T2 Fl. 7 6 Voto Conselheiro RONNIE SOARES ANDERSON – Relator Este processo foi julgado na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 2202004.969, de 14 de fevereiro de 2019 2ª Câmara/2ª Turma Ordinária, proferido no âmbito do processo n° 10920.907456/201216, paradigma deste julgamento. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido na susodita decisão paradigma, a saber, Acórdão nº 2202004.969, de 14 de fevereiro de 2019 2ª Câmara/2ª Turma Ordinária: Acórdão nº 2202004.969 2ª Câmara/2ª Turma Ordinária "8. O Recurso Voluntário atende aos pressupostos de admissibilidade intrínsecos, uma vez que é cabível, há interesse recursal, a recorrente detém legitimidade e inexiste fato impeditivo, modificativo ou extintivo do poder de recorrer. Além disso, atende aos pressupostos de admissibilidade extrínsecos, pois há regularidade formal e apresentase tempestivo. Portanto dele conheço. 9. Ressalto que a recorrente não levanta questões preliminares. 10. Quanto ao Mérito, entendo que não existe razão ao pleito da recorrente e não há motivos que justifiquem uma eventual reforma da decisão proferida pela DRJ, que não homologou a compensação. 12. Não obstante a contribuinte argüir no sentido de que o recolhimento do imposto de renda retido na fonte foi equivocado, por apenas ter aplicado valores de empréstimos no aumento de seu capital, que a seu ver não seria equiparável às remessas ao exterior, para comprovação do alegado deveria ter juntado elementos mínimos de prova documental que fundamentassem plenamente suas alegações sobre as operações. Seria necessário que tivessem sido colacionados aos autos, no momento oportuno, documentos hábeis à comprovação dos registros contábeis relativos à operação, e não apenas Ata de Reunião de Sócios Quotistas e Alteração e Consolidação do Contrato Social, conforme realizado. 13 No caso de pedido de compensação, a liquidez do direito há de ser provada pela comprovação documental do quantum compensável pelo contribuinte. O art. 373, inciso I, do novo Código de Processo Civil, aplicável subsidiariamente ao processo administrativo fiscal, dispõe que o ônus da prova incumbe ao autor, enquanto que o art. 36 da Lei nº 9.784, de 29/01/99, impõe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. Em idêntico sentido atua o Decreto nº 70.235, de 1972, Fl. 107DF CARF MF Processo nº 10920.907463/201218 Acórdão n.º 2202004.976 S2C2T2 Fl. 8 7 que, regendo as compensações por força do art. 74, § 11, da Lei 9.430/96, determina em seu art. 15 que os recursos administrativos devem trazer os elementos de prova. 14. Dessa forma, como cumpria exclusivamente ao contribuinte o ônus de provar a liquidez e certeza de seu alegado crédito, como não o fez, como não resta o crédito devidamente comprovado nestes autos, entendo por não haver motivos para a reforma do Acórdão da DRJ e por não reconhecer o indébito. Conclusão 15. Isso posto, voto por NEGAR PROVIMENTO ao recurso. (assinado digitalmente) Ricardo Chiavegatto de Lima." Pelo exposto, voto por NEGAR PROVIMENTO ao recurso. (assinado digitalmente) RONNIE SOARES ANDERSON– Relator Fl. 108DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10380.729443/2015-05
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 13 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu Mar 21 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 2202-000.845
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, para fins de que a unidade de origem, considerando a documentação carreada aos autos, especifique, para cada contrato com relação ao qual a respectiva pessoa jurídica foi considerada empregado, os elementos caracterizadores do vínculo laboral, ou seja, pessoalidade, subordinação, onerosidade e não eventualidade, devendo ser intimado o recorrente, na sequência, para se manifestar acerca do resultado da diligência.
(assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros Marcelo de Sousa Sáteles, Martin da Silva Gesto, Ricardo Chiavegatto de Lima, Ludmila Mara Monteiro de Oliveira, Rorildo Barbosa Correa, José Alfredo Duarte Filho (suplente convocado), Leonam Rocha de Medeiros e Ronnie Soares Anderson. Ausente a conselheira Andrea de Moraes Chieregatto.
Nome do relator: RONNIE SOARES ANDERSON
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201903
camara_s : Segunda Câmara
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Mar 21 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 10380.729443/2015-05
anomes_publicacao_s : 201903
conteudo_id_s : 5974662
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Mar 21 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 2202-000.845
nome_arquivo_s : Decisao_10380729443201505.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : RONNIE SOARES ANDERSON
nome_arquivo_pdf_s : 10380729443201505_5974662.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, para fins de que a unidade de origem, considerando a documentação carreada aos autos, especifique, para cada contrato com relação ao qual a respectiva pessoa jurídica foi considerada empregado, os elementos caracterizadores do vínculo laboral, ou seja, pessoalidade, subordinação, onerosidade e não eventualidade, devendo ser intimado o recorrente, na sequência, para se manifestar acerca do resultado da diligência. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson - Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros Marcelo de Sousa Sáteles, Martin da Silva Gesto, Ricardo Chiavegatto de Lima, Ludmila Mara Monteiro de Oliveira, Rorildo Barbosa Correa, José Alfredo Duarte Filho (suplente convocado), Leonam Rocha de Medeiros e Ronnie Soares Anderson. Ausente a conselheira Andrea de Moraes Chieregatto.
dt_sessao_tdt : Wed Mar 13 00:00:00 UTC 2019
id : 7662752
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:40:15 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051662217641984
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1996; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T2 Fl. 3.686 1 3.685 S2C2T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10380.729443/201505 Recurso nº Voluntário Resolução nº 2202000.845 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Data 13 de março de 2019 Assunto SOLICITAÇÃO DE DILIGÊNCIA Recorrente UNIMED FORTALEZA SOCIEDADE COOPERATIVA MEDICA LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, para fins de que a unidade de origem, considerando a documentação carreada aos autos, especifique, para cada contrato com relação ao qual a respectiva pessoa jurídica foi considerada empregado, os elementos caracterizadores do vínculo laboral, ou seja, pessoalidade, subordinação, onerosidade e não eventualidade, devendo ser intimado o recorrente, na sequência, para se manifestar acerca do resultado da diligência. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros Marcelo de Sousa Sáteles, Martin da Silva Gesto, Ricardo Chiavegatto de Lima, Ludmila Mara Monteiro de Oliveira, Rorildo Barbosa Correa, José Alfredo Duarte Filho (suplente convocado), Leonam Rocha de Medeiros e Ronnie Soares Anderson. Ausente a conselheira Andrea de Moraes Chieregatto. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Belém (PA), que julgou procedente autos de infração referentes às contribuições previdenciárias da empresa, dos segurados, e para outras entidades e fundos, bem como a multas previdenciárias, relativas a competências do anocalendário 2011 (fls. 02/60). A instância de piso resumiu às fls. 3529/3531 os termos do lançamento: O Relatório dos Autos de Infração, de fls. 38 a 59 , em suma, traz as seguintes informações: RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 03 80 .7 29 44 3/ 20 15 -0 5 Fl. 3686DF CARF MF Processo nº 10380.729443/201505 Resolução nº 2202000.845 S2C2T2 Fl. 3.687 2 Que os valores pagos, a título de plano de previdência exclusivamente aos dirigentes e conselheiros da empresa, em desacordo com o determinado pela Legislação Previdenciária, sendo assim considerados como fato gerador da contribuição previdenciária. Observou a fiscalização pela análise das apólices e contratos, verificase que não há participação no custeio dos referidos planos por parte dos dirigentes, conselheiros e demais cooperados, enquanto nos planos colocados à disposição dos empregados, há a participação no custeio por parte destes segurados. Que os cooperados nessa situação foram declarados em GFIP pela empresa na categoria de contribuintes individuais, sendo realizado o desconto da contribuição previdenciária dos segurados pelo teto máximo. Não realizando apenas a declaração do valor pago ao plano de previdência como remuneração. Que da analise das folhas de pagamento apresentadas pela empresa, em meio papel e magnético, e as GFIP declaradas, a auditoria fiscal constatou que o contribuinte não declarou em GFIP e não recolheu em GPS os valores pagos aos segurados empregados relativo ao aviso prévio indenizado. A auditoria fiscal constatou no Hospital Regional Unimed, a atuação de médicos sem relação de trabalho e a atuação de médicos contratados para prestação de serviço à própria cooperativa médica (hospital), ou seja, com relação de trabalho. Que a cooperativa não considera que esses médicos cooperados prestam serviço para o hospital da UNIMED, e por consequência entende que o hospital é um local disponibilizado pela cooperativa para que os seus médicos cooperados trabalhem no atendimento de seus próprios pacientes. Observa que os cooperados nessa situação foram declarados em GFIP pela empresa, porém essa declaração foi apresentada como sendo repasse da produção do cooperado por serviços prestados a pessoas físicas e/ou jurídicas, assim não gerando contribuição patronal para a cooperativa, sendo, nesse caso, descontado somente a contribuição do segurado para a previdência social. O procedimento correto, conforme legislação vigente, seria a declaração em GFIP do cooperado como contribuinte individual e recolhimento da contribuição patronal de 20% sobre os serviços prestados a cooperativa. Que através da análise dos lançamentos contábeis e de documentos fornecidos pela empresa (contratos e notas fiscais) constatou a fiscalização a contratação de pessoas jurídicas, em caráter personalíssimo, para executar atividades permanentes da empresa. Que observado a legislação vigente, na referida contratação estão presentes todos os requisitos para caracterização da relação de emprego entre a UNIMED FORTALEZA e as pessoas físicas efetivamente contratadas. Que os elementos identificadores da relação de emprego podem ser encontrados nos artigos 2° e 3° CLT. São eles: pessoalidade do empregado, nãoeventualidade, subordinação jurídica e onerosidade. Os pressupostos caracterizadores da relação de emprego e descaracterização da prestação de serviço através de pessoa jurídica foram verificados pela fiscalização. AUTOS DE INFRAÇÃO POR DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA MULTAS PREVIDENCIÁRIAS Que lavrou auto de infração por deixar de preparar folha (s) de pagamento das remunerações pagas, devidas ou creditadas aos segurados empregados e das pagas ou devidas aos contribuintes individuais, a seu serviço, de acordo com os padrões e normas estabelecidos pela RFB Fl. 3687DF CARF MF Processo nº 10380.729443/201505 Resolução nº 2202000.845 S2C2T2 Fl. 3.688 3 (CFL 30). Considerou a ocorrência da circunstância agravante de reincidência , elevando a multa em três vezes. Que lavrou auto de infração por deixar de lançar mensalmente em títulos próprios de sua contabilidade, de forma discriminada, os fatos geradores de todas as contribuições da empresa e o montante das quantias descontadas dos segurados (CFL 34). Que lavrou auto de infração por deixar de arrecadar, mediante desconto das remunerações, as contribuições dos segurados empregados e contribuintes individuais a seu serviço (CFL 59). Informa ainda o Relatório Fiscal que foi emitida Representação Fiscal para Fins Penais. Apesar de impugnada (fls. 2970/3186), exigência foi mantida no julgamento de primeiro grau (fls.3527/3545), ensejando a interposição de recurso voluntário em 22/06/2016 (fls. 3563/3602), no qual foi alegada, em síntese: a improcedência da cobrança da contribuição previdenciária patronal sobre os pagamentos realizados aos médicos cooperados que atuam no HRU, dada a impossibilidade de desconsideração de negócios jurídicos regularmente firmados para tais fins, o que demandaria lei ordinária específica para tanto, e também por ser regular o vínculo cooperativo entre os médicos que prestam serviços no HRU e o recorrente, face ao regramento das Leis nª 5.764/71 e nº 9.656/98, e à previsão nessa última norma de prestação de assistência hospitalar, como na atuação em plantões médicos; a não incidência de contribuição previdenciária sobre rubricas não salariais, no caso, o aviso prévio indenizado, que não possui caráter remuneratório, conforme jurisprudência pacífica, e a previdência privada paga aos empregados, de natureza assistencial; a improcedência da cobrança da contribuição previdenciária patronal sobre as remunerações pagas a pessoas jurídicas regularmente contratadas. Nessa toada, após defender a nulidade da autuação diante da falta de análise individualizada dos elementos caracterizadores da relação de trabalho em cada um dos contratos, aduz ser impossível a desconsideração de negócios jurídicos regularmente firmados para fins de embasar a referida cobrança, tendo em vista o disposto no art. 129 da Lei nº 11.196/05. Traz, ao final (fls. 3587 e ss), exemplos para evidenciar que não estão presentes os elementos necessários para a caracterização da relação de trabalho nos contratos acostados aos autos, e demanda seja baixado o feito em diligência para fins de que sejam examinados em cada um desses contratos tais elementos. É o relatório. Voto Conselheiro Ronnie Soares Anderson, Relator Fl. 3688DF CARF MF Processo nº 10380.729443/201505 Resolução nº 2202000.845 S2C2T2 Fl. 3.689 4 O recurso, tempestivo, versa sobre diversas matérias. Temse que, quanto à cobrança da contribuição previdenciária patronal sobre as remunerações pagas a pessoas jurídicas, a fiscalização apurou que na contratação delas estariam presentes todos os requisitos para caracterização da relação de emprego entre o recorrente e as pessoas físicas efetivamente contratadas, definidos nos artigos 2º e 3º CLT, a saber, pessoalidade do empregado, não eventualidade, subordinação jurídica e onerosidade. Nesse sentido, e atendose aqui mais especificamente às questões fáticas, manifestouse a autoridade lançadora: PESSOALIDADE (...) Foram identificados diversos contratos com supostas pessoas jurídicas. Nestes contratos, a auditoria fiscal observou em uma de suas cláusulas o caráter personalíssimo da prestação do serviço, pois, nesses casos, é especificado que a contratada (pessoa jurídica) deve prestar o serviço através de uma pessoa física determinada, não existindo a possibilidade dos serviços serem prestados por nenhum outro profissional. Como exemplo destacamos o contrato firmado com a empresa “MS SERVIÇOS MÉDICOS LTDA”, no item 2.1 do contrato está especificado: “2.1 A CONTRATADA disponibilizará os serviços de Auditoria através da Sra. Silvia Maria Almeida de Farias por, no mínimo, 08 (oito) horas por dia, nos dias úteis de trabalho, totalizando 40 (quarenta) horas semanais...” (...) NÃO EVENTUALIDADE A continuidade dos serviços prestados pode ser observada no contrato de prestação de serviço celebrado entre as empresas, onde consta o horário de trabalho e os dias a serem trabalhados. Como exemplo destacamos o contrato firmado com a empresa “CLÍNICA MÉDICA SPÍNDOLA”, no item 2.1 do contrato está especificado “2.1 A CONTRATADA disponibilizará os serviços de Auditoria através da Sra. Daniele Cristina dos Santos Spíndola por, no mínimo, 08 (oito) horas por dia, nos dias úteis de trabalho, totalizando 40 (quarenta) horas semanais...”. A não eventualidade pode ser observada através dos lançamentos contábeis e do contrato para prestação de serviços, pois nesses casos pode ser observado o repasse financeiro as empresas contratadas de valores fixos (independentemente do número de dias trabalhados ou tarefas realizadas) e permanentes ao longo do tempo. SUBORDINAÇÃO JURÍDICA Da análise dos contratos, podese verificar situações que caracterizam a subordinação como na prestação de serviços pela empresa Serviços de Consultoria e Auditoria em Saúde SC Ltda, no item 2.5 do contrato: “A CONTRATADA deverá cumpri o estipulado na forma descrita nesse contrato, emitindo relatórios trimestrais do andamento das atividades e mantendo a Diretoria/Superintendência da Fl. 3689DF CARF MF Processo nº 10380.729443/201505 Resolução nº 2202000.845 S2C2T2 Fl. 3.690 5 CONTRATANTE devidamente informada sobre a execução dos serviços propostos.” Observase subordinação também no item 3.3 do mesmo contrato: “São de responsabilidade da CONTRATANTE as despesas inerentes à execução das atividades do consultor indicado pela CONTRATADA, a exemplo de estrutura física de trabalho contemplando telefone, computador e móveis, além do pagamento de despesas com viagens e cursos de interesse da CONTRATANTE, conforme normas e condições estipuladas pela CONTRATANTE.” Tais cláusulas são observadas em diversos contratos de prestação de serviços, os quais encontramse anexos a este auto de infração. ONEROSIDADE A onerosidade pode ser observada através dos contratos de prestação de serviços que especificam uma remuneração fixa e mensal a ser repassado para as empresas contratadas, remuneração essa comprovada através dos lançamentos contábeis mensais que contabilizam como despesas nas contas “4621390000001 HONORARIOS DE CONSULTORIA” e “4621290000001 HONORARIOS DE AUDITORIA”. Observamos a comprovação dos repasses financeiros através da emissão de notas fiscais mensal e em valor fixo relativo a contra partida pelo serviço realizado. OUTROS REQUISITOS Analisando os contratos celebrados entre a UNIMED e as pessoas jurídicas contratadas, as notas fiscais emitidas e os lançamentos contábeis podemos verificar outros requisitos característicos da prestação de serviços através de relação de emprego, tais como: · A existência de recesso anual de 30 (trinta) dias na prestação de serviço sem prejuízo da remuneração mensal, permitindo inclusive a redução do período de recesso mediante compra dos dias pela contratante. Essa concessão é similar a férias anual remunerada e ao abono de férias observado nas relações de emprego, benefício esse não existente na contratação de contribuinte individuais e menos ainda na contratação de pessoas jurídicas. Consta em alguns contratos a seguinte clausula ou similar “3.2 A CONTRATANTE concederá a CONTRATADA recesso anual de 30 (trinta) dias na prestação dos serviços, o qual será negociada as datas entre as partes, sem prejuízo do valor contratualmente acordado mensalmente, sendo pago pela CONTRATANTE, 3.2.1 A CONTRATANTE poderá, quando necessário, em comum acordo com a CONTRATADA, reduzir o recesso anual de 30 (trinta) dias da prestação de serviços, 3.2.2 A cada dia reduzido será pago, pela CONTRATANTE a CONTRATADA, um valor proporcional ao valor total pago mensalmente. · Pagamento de remuneração extra anual equivalente à remuneração mensalmente repassada as empresas contratadas. Essa concessão é similar ao 13o salário, rubrica própria das relações de emprego. Consta em alguns contratos como, por exemplo, o da empresa XSOLUTIONS COMERCIAL DE INFORMÁTICA LTDA a seguinte clausula ou similar “3.4 Além da remuneração estabelecida no item Fl. 3690DF CARF MF Processo nº 10380.729443/201505 Resolução nº 2202000.845 S2C2T2 Fl. 3.691 6 3.1. desta cláusula, a CONTRATANTE pagará a CONTRATADA uma remuneração extra anual, equivalente ao valor estabelecido no item 3.1., a ser paga até o final do mês do fechamento do balanço patrimonial”. · Existência de empregados informadas nas folhas de pagamento para realizar a mesma atividade das pessoas jurídicas contratada, fato esse que destaca que as empresas foram contratadas para suprir a necessidade de serviços próprios, normais e necessários ao funcionamento da estrutura empresarial e cuja prestação é normalmente realizada sobre o amparo da relação de emprego. · A empresa DOURADO BARSI CONSULTORIA EMPRESARIAL LTDA foi contratada para prestação de serviço de consultoria em gestão na área de regulação dos serviços de saúde médica, conforme contrato foi firmado em 01/05/2009, a pessoa física determinada para prestação dos serviços é a Sra. Francisca Ursula Dourado Barsi. Observamos que a Sra. Francisca Ursula Dourado Barsi constava como empregada da empresa até então, tendo o contrato de trabalho rescindido em 04/05/2009. Não obstante tais constatações, após demandar a nulidade do diante da falta de análise individualizada dos elementos caracterizadores da relação de trabalho em cada um dos contratos, argui o recorrente que em uma série de contratos não estão presentes todos os elementos caracterizadores da relação laboral. Nesse rumo, traz como exemplos contratos firmados com algumas pessoas jurídicas, para corroborar sua versão (fls. 3587 e ss). De fato, ainda que a ausência de subordinação nos contratos aludidos não pareça consistente, e que a pretensão de ausência de pessoalidade no contrato relativo à Empresa Lima Matos não se revista de maior solidez, verificase que relativamente aos contratos relativos à RG Serviços Médicos S/S Ltda. (fls. 784/789), F & A Consultores (fls. 844/846), MG Serviços Médicos (fls. 946/952) e Núcleo de Radiologia de Fortaleza S/C Ltda. (fls. 1050/1055), não se sustenta a argumentação da fiscalização de que haveria pessoalidade nos contratos. E, em que pese este conselheiro ter entendimento no sentido de não ser imprescindível, em regra, a configuração individualizada dos elementos da relação laboral para cada vínculo requalificado de pessoa jurídica para pessoa física, em situações como a ora examinada, necessário é que os exemplos contidos no relatório fiscal sejam harmônicos com as provas coligidas no processo. Compulsando os autos (fls. 744/1062), constatase existirem diversos contratos que correspondem, a uma primeira vista, à narrativa dos fatos tal como apresentada pela fiscalização, tais como os citados no relato fiscal. Entretanto, olhar mais atento revela que para outros diferentes contratos, não há nitidez na existência do aventado liame laboral, especialmente sob o enfoque da pessoalidade. Como exemplo, além dos já citados pelo recorrente, tomese os contratos de fls. 791 e ss (Consultar Serviços de Consultoria), fls. 799 e ss (XSolutions Comercial de Informática), fls. 881 e ss (HGV Comércio de Petróleo), etc. Fl. 3691DF CARF MF Processo nº 10380.729443/201505 Resolução nº 2202000.845 S2C2T2 Fl. 3.692 7 Diante desse panorama contraditório, proponho então a conversão do julgamento em diligência, para fins de que a unidade de origem, considerando a documentação carreada aos autos, especifique, para cada contrato com relação ao qual a respectiva pessoa jurídica foi considerada empregado, os elementos caracterizadores do vínculo laboral, ou seja, pessoalidade, subordinação, onerosidade e não eventualidade, devendo ser intimado o recorrente, na sequência, para se manifestar acerca do resultado da diligência. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Fl. 3692DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15868.000233/2010-60
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 06 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Jun 17 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2005, 2006
LANÇAMENTO. ERRO DE CÁLCULO. ALTERAÇÃO PROMOVIDA PELO ÓRGÃO JULGADOR. NÃO AGRAVAMENTO.
Verificado pela autoridade lançadora erro de cálculo no lançamento, cabe ao órgão julgador promover a correspondente alteração na autuação, sendo vedado o agravamento da situação do recorrente.
Numero da decisão: 2202-005.269
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para excluir do lançamento a infração relativa ao fato gerador de nov/2005, e para reduzir o imposto de renda referente ao mês de dez/2005 para o valor de R$ 3.941,61.
(assinado digitalmente)
Ronnie Soares Anderson - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros Marcelo de Sousa Sáteles, Martin da Silva Gesto, Ricardo Chiavegatto de Lima, Ludmila Mara Monteiro de Oliveira, Rorildo Barbosa Correa, Fernanda Melo Leal (suplente convocada), Leonam Rocha de Medeiros e Ronnie Soares Anderson. Ausente a conselheira Andrea de Moraes Chieregatto.
Nome do relator: RONNIE SOARES ANDERSON
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201906
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2005, 2006 LANÇAMENTO. ERRO DE CÁLCULO. ALTERAÇÃO PROMOVIDA PELO ÓRGÃO JULGADOR. NÃO AGRAVAMENTO. Verificado pela autoridade lançadora erro de cálculo no lançamento, cabe ao órgão julgador promover a correspondente alteração na autuação, sendo vedado o agravamento da situação do recorrente.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Jun 17 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 15868.000233/2010-60
anomes_publicacao_s : 201906
conteudo_id_s : 6020888
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Jun 17 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 2202-005.269
nome_arquivo_s : Decisao_15868000233201060.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : RONNIE SOARES ANDERSON
nome_arquivo_pdf_s : 15868000233201060_6020888.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para excluir do lançamento a infração relativa ao fato gerador de nov/2005, e para reduzir o imposto de renda referente ao mês de dez/2005 para o valor de R$ 3.941,61. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson - Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros Marcelo de Sousa Sáteles, Martin da Silva Gesto, Ricardo Chiavegatto de Lima, Ludmila Mara Monteiro de Oliveira, Rorildo Barbosa Correa, Fernanda Melo Leal (suplente convocada), Leonam Rocha de Medeiros e Ronnie Soares Anderson. Ausente a conselheira Andrea de Moraes Chieregatto.
dt_sessao_tdt : Thu Jun 06 00:00:00 UTC 2019
id : 7785362
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:47:23 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713052122635829248
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1554; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T2 Fl. 1.896 1 1.895 S2C2T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 15868.000233/201060 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2202005.269 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 06 de junho de 2019 Matéria GANHO CAPITAL. RENDA VARIÁVEL. Recorrente SILMARA APARECIDA VERONESE Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2005, 2006 LANÇAMENTO. ERRO DE CÁLCULO. ALTERAÇÃO PROMOVIDA PELO ÓRGÃO JULGADOR. NÃO AGRAVAMENTO. Verificado pela autoridade lançadora erro de cálculo no lançamento, cabe ao órgão julgador promover a correspondente alteração na autuação, sendo vedado o agravamento da situação do recorrente. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para excluir do lançamento a infração relativa ao fato gerador de nov/2005, e para reduzir o imposto de renda referente ao mês de dez/2005 para o valor de R$ 3.941,61. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros Marcelo de Sousa Sáteles, Martin da Silva Gesto, Ricardo Chiavegatto de Lima, Ludmila Mara Monteiro de Oliveira, Rorildo Barbosa Correa, Fernanda Melo Leal (suplente convocada), Leonam Rocha de Medeiros e Ronnie Soares Anderson. Ausente a conselheira Andrea de Moraes Chieregatto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 86 8. 00 02 33 /2 01 0- 60 Fl. 1896DF CARF MF 2 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Belo Horizonte (MG) DRJ/BHE, que julgou procedente Auto de Infração de Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) relativo aos anoscalendário 2005 e 2006. A instância recorrida assim resumiu (fls. 1795/1796) os termos do lançamento e da impugnação: De acordo com a Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal do Auto de Infração o lançamento decorreu da constatação da falta de recolhimento de imposto incidente sobre os ganhos de capital obtidos na alienação de bens e sobre ganho de capital em Operações de Bolsa de Valores. No Termo de Verificação Fiscal anexado as fls. 93/97 são descritos o procedimento fiscal realizado, os documentos solicitados e os apresentados. Com autorização da contribuinte foi emitida Requisição de Informação sobre Movimentação Financeira que foram encaminhadas para SLW Corretora de Valores e Cambio Ltda, Novinvest Corretora de Valores Mobiliários Ltda, BM&F Bovespa Supervisão de Mercados –BSM, e Banco Bradesco S.A. Para análise e apuração do resultado das operações em bolsa de valores foi utilizado o programa “ContAgil” versão 1.14.13 da RFB onde foi informado o saldo dos ativos e custo de 31/12/2004 em 01/01/2005 apresentado pela contribuinte fiscalizada, após a importação pelo programa ContAgil das Notas de Corretagens apresentadas em meio magnético pelas Corretoras SLW e Novinvest. Foram extraídos os dados constantes nas notas de corretagens, efetuada a consolidação de todos os ativos, calculados os resultados das operações de venda de todos os ativos pelo seu custo médio, apurado o resultado das operações (lucro ou prejuízo) e apurado o imposto a pagar após deduzido o imposto retido na fonte. O resultado das operações consta do Demonstrativo de Ganho de Capital em Operações na Bolsa de Valores referente ao período de janeiro de 2005 a Dezembro de 2008. Durante o procedimento fiscal foi verificado no Cartório de Registro de Imóveis da Comarca de Penápolis (matrícula 21.667) que a contribuinte adquiriu em 05/11/2002 o imóvel localizado à Rua Irmãos Chrisostomo de Oliveira, 116 e 132, centro na cidade de Penápolis – SP, no valor de R$78.153,00. O imóvel foi alienado em 16/08/2006 pelo valor de R$115.000,00. A contribuinte não apurou o ganho de capital nesta alienação. No programa da RFB de ganho de capital foi apurado imposto devido de R$4.293,04 sobre a alienação do imóvel descrito Cientificada do lançamento em 26/06/2010, a contribuinte apresentou impugnação em 20/07/2010(fls. 166/167). Alega que os valores apontados não levaram em consideração o valor de aquisição das ações e o imposto retido na fonte nas operações em Bolsa. Salienta que foram citadas movimentações com ativos que alega desconhecer. Informa que o valor apurado pela fiscalização está extremamente acima do apurado pelo contador e entregue por meio de correspondência remetida, complementado posteriormente por email enviado para o Auditor. Fl. 1897DF CARF MF Processo nº 15868.000233/201060 Acórdão n.º 2202005.269 S2C2T2 Fl. 1.897 3 Pede o acolhimento da impugnação e o cancelamento do débito fiscal. A exigência foi mantida no julgamento de primeiro grau (fls. 1795/1800), conforme acórdão cuja ementa a seguir se reproduz: RENDA VARIÁVEL. CUSTO DO INVESTIMENTO. Nos mercados de renda variável, o ganho líquido será constituído pela diferença positiva entre o valor de alienação do ativo e o seu custo de aquisição, calculado pela média ponderada. OPERAÇÕES EM BOLSA. COMPENSAÇÃO. PREJUÍZO. As perdas incorridas nas operações realizadas nos mercados à vista, de opções, futuros e a termo podem ser compensadas com os ganhos líquidos auferidos, no próprio mês ou nos meses subseqüentes, em outras operações realizadas em qualquer das modalidades operacionais, exceto no caso de perdas em operações day trade , que somente podem ser compensadas com ganhos auferidos em operações da mesma espécie. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. Considerase como não impugnada a parte do lançamento em relação a qual o contribuinte concorda ou não se manifesta expressamente.RENDA VARIÁVEL. CUSTO DO INVESTIMENTO. Nos mercados de renda variável, o ganho líquido será constituído pela diferença positiva entre o valor de alienação do ativo e o seu custo de aquisição, calculado pela média ponderada. OPERAÇÕES EM BOLSA. COMPENSAÇÃO. PREJUÍZO. As perdas incorridas nas operações realizadas nos mercados à vista, de opções, futuros e a termo podem ser compensadas com os ganhos líquidos auferidos, no próprio mês ou nos meses subseqüentes, em outras operações realizadas em qualquer das modalidades operacionais, exceto no caso de perdas em operações day trade , que somente podem ser compensadas com ganhos auferidos em operações da mesma espécie. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. Considerase como não impugnada a parte do lançamento em relação a qual o contribuinte concorda ou não se manifesta expressamente. Foi interposto então recurso voluntário em 24/03/2015 (fls. 1805/1813), sendo alegado que: No cálculo do meu imposto de renda foram lançados ativos que eu nunca comprei e que não existem na Bolsa de Valores. São eles: BVSP3 e BVSP4. À visto do exposto, demonstrada a improcedência da ação fiscal, espero a impugnação cancelandose o débito fiscal reclamado. No dia 05/04/2018 foi prolatada pela 2ª Turma Ordinária da 4ª Câmara a Resolução nº 2402000.650 (fls. 1816/1820), determinando a conversão do julgamento em diligência com vistas a averiguar a efetiva ocorrência de transações relacionadas com os ativos BVSP3 e BVSP4. Fl. 1898DF CARF MF 4 Realizadas as providências solicitadas (fls. 1822 e ss), com a elaboração do respectivo termos de constatação fiscal, e cientificada a recorrente, sem que formulasse qualquer manifestação, foram os autos encaminhados para prosseguimento a este Colegiado, Turma para o qual este relator foi transferido nesse ínterim. É o relatório. Voto Conselheiro Ronnie Soares Anderson, Relator O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Reproduzo, por oportuno, os termos em que exarada a proposta de diligência, para adequada compreensão da lide remanescente. Desde já esclareçase que a recorrente não está inovando na fundamentação em sede recursal, pois já havia afirmado na impugnação que "Foram citadas movimentações com ativos que eu desconheço". Não acolhida tal assertiva pela DRJ/BHE sob a alegação de não terem sido apontados quais seriam esses ativos, vem a autuada nesta instância recursal e explicita que eles são os de código BVSP3 e BVSP4. Compulsando os autos, verificase às fls. 101 e ss sucessivos "Demonstrativo de Ganho de Capital em Operações na Bolsa de Valores" mensais, sendo que a partir de setembro de 2005 (fl. 109) começam a constar operações com o ativo BVSP4, e de janeiro de 2006 em diante (fl. 113), também aparece o ativo BVSP3. Outros demonstrativos de lavra da fiscalização se apresentam a partir da fl. 1470, sendo que neles constam discriminadas "Operações com o Ativo BVSP3/BOVESPA TP, nome do emissor ASSOCIAÇÃO BOVESPA, CNPJ do emissor 61.694.865/000190"; e também "Operações com o Ativo BVSP4/BOVESPA TP, nome do emissor ASSOCIAÇÃO BOVESPA, CNPJ do emissor 61.694.865/000190". Todavia, nos documentos de emissão da Bovespa "Aviso de negociação de Ações" (fls. 1219 e ss) inexistem registros de operações com ativos que tenham tais códigos. Também não se conseguiu achar, na documentação acostada aos autos, basicamente notas de corretagem e documentos da Bovespa, evidências de negociações com ativos assim intitulados (fls. 192 e ss). Não bastasse, este Conselheiro realizou consulta ao sítio da bmfbovespa na internet www.bmfbovespa.com.br/pt_br/servicos/marketdata/historico/mercadoa vista/serieshistoricas, baixando o arquivo relativo às séries anuais; porém, em nenhum dos anoscalendário examinados, 2005 a 2007, consta a existência de ativo cujo código seja BVSP3 ou BVSP4. Diante desse quadro, restam sérias dúvidas acerca da correção dos demonstrativos colacionados aos autos pela fiscalização, o que compromete a aferição correta da infração imputada à contribuinte. Fl. 1899DF CARF MF Processo nº 15868.000233/201060 Acórdão n.º 2202005.269 S2C2T2 Fl. 1.898 5 Assim, deve retornar o processo à Delegacia de origem, para que a fiscalização explique se existem efetivamente tais ativos, e demonstre quais são os documentos nos quais estão registradas as operações em bolsa a eles associadas. Verificado erro no lançamento, deverá ser realizado o correspondente expurgo ou correção, com as consequências respectivas no cálculo da infração. Proponho então, a conversão do julgamento em diligência, para fins de que a unidade de origem esclareça as inconsistências verificadas quanto aos ativos intitulados BVSP3 e BVSP4, discrimine as folhas onde constam comprovadas as negociações a eles vinculadas, e, caso necessário, faça a correção e o recálculo da infração, sendo que a contribuinte deve ser intimada do resultado dessas providências para eventual manifestação. A resposta a essa diligência confirmou a suspeita de inexistência de negociações com os ativos BVSP3 e BVSP4, o que resultou na confecção de novos demonstrativos de ganho de capital em operações na bolsa de valores (fls. 1836/1888). A autoridade lançadora assim concluiu (fl. 1186): Procedida a exclusão dos referidos ativos foram excluídos o imposto de renda apurados nesses ativos, consequentemente foram excluídos os prejuízos apurados nesses ativos, com estas exclusões houve alteração na apuração do imposto de renda nos meses 11/2005, 12/2005, 03/2007 e 04/2007, com diminuição do imposto de renda nos meses 11/2005 e 12/2005 e acréscimo nos meses 03/2007 e 04/2007. Nesse diapasão, foi promovida a retificação dos valores e intimada a contribuinte para se manifestar. Contudo, foi aberto prazo para impugnação do sujeito passivo, o que causa estranheza, pois nos termos do inciso I do art. 145 do CTN, c/c o art. 14 do Decreto nº 70.235/72, com a impugnação do lançamento pelo sujeito passivo instaurase a fase litigiosa do procedimento, sendo a alteração da autuação competência dos órgãos julgadores de primeira e segunda instância, e não da fiscalização. Na espécie, já estando em apreciação recurso voluntário, carece competência à fiscalização de promover modificações no lançamento para fins de majorálo. Ainda que a revisão de ofício possa ser realizada a qualquer tempo, a matéria específica operações com os ativos BVSP3 e BVSP4 e correlatos já está sob análise deste órgão julgador. Vejase que o Parecer Normativo Cosit nº 8/14 já dirimiu o tema, admitindo a revisão de ofício do lançamento regularmente notificado, desde que para reduzir o crédito tributário1, e desde que a matéria não esteja submetida aos órgãos de julgamento ou já tenha sido objeto de apreciação destes. 1 "Conclusão 81. Em face do exposto, concluise que: a) a revisão de ofício de lançamento regularmente notificado, para reduzir o crédito tributário, pode ser efetuada pela autoridade administrativa local para crédito tributário não extinto e indevido, no caso de ocorrer uma das hipóteses previstas nos incisos I, VIII e IX do CTN, quais sejam: quando a lei assim o determine, aqui incluídos o vício da legalidade e as ofensas em matéria de ordem pública; erro de fato; fraude ou falta funcional; e vício de forma especial, desde que a matéria não esteja submetida aos órgãos de julgamento administrativo ou já tenha sido objeto de apreciação destes; (...) Fl. 1900DF CARF MF 6 Por seu turno, as decisões do contencioso administrativo são definitivas em relação às questões apreciadas pelos órgãos julgadores, sendo vedado o reformatio in pejus, ou seja, que o julgamento administrativo resulte em agravamento da autuação, ainda que relativamente a alguns fatos geradores determinados, e correlacionados com exclusões de autuações indevidas, como parece entender a autoridade fiscal no particular. Tanto mais quando, conforme se verifica no particular, os erros de cálculo são atribuíveis à fiscalização, e não ao contribuinte. Assim, tendo em vista as precitadas normas, bem como o teor do Parecer Normativo nº 8/14 vinculante para a administração tributária e estando já instaurado contencioso e corrente o julgamento em segunda instância, evidenciase inapropriada de todo a pretensão da autoridade autuante em reabrir prazo para impugnação. Resta então apenas promover a devida correção no aspecto quantitativo lançamento em proveito do recurso voluntário, de modo a excluir da autuação o fato gerador de nov/2005, e reduzir o imposto de renda relativo ao mês de dez/2005 para o patamar de R$ 3.941,61, consoante discriminado no demonstrativo de fl. 1887. Ante o exposto, voto por dar provimento parcial ao recurso, para excluir do lançamento a infração relativa ao fato gerador de nov/2005, e reduzir o imposto de renda referente ao mês de dez/2005 para o valor de R$ 3.941,61. (assinado digitalmente) Ronnie Soares Anderson Fl. 1901DF CARF MF
score : 1.0