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Turma Camara- Quarta Câmara (58)
- ROSALDO TREVISAN (59)
- 2015 (59)
Numero do processo: 10925.907013/2011-02
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 24 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Thu Mar 05 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/07/2008 a 30/09/2008
NÃO-CUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO.
O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. São exemplos de insumos, no caso em análise: (a) materiais de limpeza, desinfecção e higienização; e (b) hexano, óleo de xisto, GLP, lenha e diesel, assim especificados pela empresa.
CRÉDITO PRESUMIDO. AGROINDÚSTRIA. ALÍQUOTA. PRODUTO.
O crédito presumido de que trata o artigo 8o, da Lei no 10.925/04 corresponderá a 60% ou a 35% daquele a que se refere o artigo 2o da Lei no 10.637/2002, em função da natureza do produto a que a agroindústria dá saída e não do insumo que aplica para obtê-lo.
ANÁLISE ADMINISTRATIVA DE CONSTITUCIONALIDADE. VEDAÇÃO. SÚMULA CARF N. 2.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
Numero da decisão: 3403-003.551
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário apresentado, para reconhecer o direito ao crédito em relação a: (a) materiais de limpeza, desinfecção e higienização; e (b) hexano, óleo de xisto, GLP, lenha e diesel, desde que tais bens tenham sido assim descritos em documentos da recorrente. No que se refere ao crédito presumido de que trata o art. 8o da Lei no 10.925/2004, o provimento parcial é para reconhecer o cálculo com a alíquota determinada em função da natureza do produto a que a agroindústria dá saída e não do insumo que aplica para obtê-lo. Vencidos os Conselheiros Luiz Rogério Sawaya Batista e Domingos de Sá Filho, que deram provimento em maior extensão para reconhecer o crédito também em relação a uniformes. O Conselheiro Domingos de Sá Filho votou pelas conclusões quanto aos pallets e aos fretes entre estabelecimentos. Ausente ocasionalmente o Conselheiro Ivan Allegretti. Esteve presente ao julgamento o Dr. Oscar Sant'Anna de Freitas e Castro, OAB/RJ no 32.641.
ANTONIO CARLOS ATULIM - Presidente.
ROSALDO TREVISAN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Jorge Olmiro Lock Freire, Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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(Sucessora de SADIA S.A.) Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/07/2008 a 30/09/2008 PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO. ÔNUS PROBATÓRIO. Nos processos derivados de pedidos de compensação/ressarcimento, a comprovação dos créditos ensejadores incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes. DILIGÊNCIAS. PERÍCIAS. DEFICIÊNCIA PROBATÓRIA. As diligências e perícias não se prestam a suprir deficiência probatória, seja em favor do fisco ou da recorrente. ANÁLISE ADMINISTRATIVA DE CONSTITUCIONALIDADE. VEDAÇÃO. SÚMULA CARF N. 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/07/2008 a 30/09/2008 NÃOCUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. São exemplos de insumos, no caso em análise: (a) materiais de limpeza, desinfecção e higienização; e (b) hexano, óleo de xisto, GLP, lenha e diesel, assim especificados pela empresa. CRÉDITO PRESUMIDO. AGROINDÚSTRIA. ALÍQUOTA. PRODUTO. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 5. 90 70 13 /2 01 1- 02 Fl. 5019DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 2 O crédito presumido de que trata o artigo 8o, da Lei no 10.925/04 corresponderá a 60% ou a 35% daquele a que se refere o artigo 2o da Lei no 10.637/2002, em função da natureza do “produto” a que a agroindústria dá saída e não do insumo que aplica para obtêlo. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário apresentado, para reconhecer o direito ao crédito em relação a: (a) materiais de limpeza, desinfecção e higienização; e (b) hexano, óleo de xisto, GLP, lenha e diesel, desde que tais bens tenham sido assim descritos em documentos da recorrente. No que se refere ao crédito presumido de que trata o art. 8o da Lei no 10.925/2004, o provimento parcial é para reconhecer o cálculo com a alíquota determinada em função da natureza do “produto” a que a agroindústria dá saída e não do insumo que aplica para obtêlo. Vencidos os Conselheiros Luiz Rogério Sawaya Batista e Domingos de Sá Filho, que deram provimento em maior extensão para reconhecer o crédito também em relação a uniformes. O Conselheiro Domingos de Sá Filho votou pelas conclusões quanto aos pallets e aos fretes entre estabelecimentos. Ausente ocasionalmente o Conselheiro Ivan Allegretti. Esteve presente ao julgamento o Dr. Oscar Sant'Anna de Freitas e Castro, OAB/RJ no 32.641. ANTONIO CARLOS ATULIM Presidente. ROSALDO TREVISAN Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Jorge Olmiro Lock Freire, Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista. Relatório Versa o presente sobre PER de no 36353.19863.131008.1.1.086828 (fls. 4620 a 4623)1, transmitido em 13/10/2008, para demandar crédito de Contribuição para o PIS/PASEP nãocumulativa / Exportação (§ 1o do art. 6o da Lei no 10.833/2003) relativo ao 3o trimestre de 2008, no valor de R$ 7.589.441,87. As declarações de compensação (DCOMP) correspondentes constam às fls. 4624 a 4986 (e são relacionadas no quadro de fls. 4687/4688). Na Informação Fiscal de fls. 4687 a 4729, que se presta ainda à análise da COFINS (processo administrativo no 10925.9070123/201150) no mesmo trimestre, e culmina na lavratura de auto de infração para exigência de multa isolada, levado a cabo no processo administrativo no 11516.722096/201308, narrase que: (a) foram glosados nas linhas 02 (“Bens Utilizados como Insumos”) e 03 (“Serviços Utilizados como Insumos”) das fichas 06A e 16A os créditos contabilizados nas contas contábeis indicadas na tabela de fl. 4695 a 4697, 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 5020DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10925.907013/201102 Acórdão n.º 3403003.551 S3C4T3 Fl. 4.967 3 individualizados no relatório “02NICTBNF” (“cuja contabilização indica não se enquadrarem no conceito de insumo ou serviço com direito a crédito”), e os materiais de ativo permanente (glosados por conta e listados exemplificativamente às fls. 4697 a 4700), com informações individualizadas (item a item) nas planilhas arroladas às fls. 4700/4701; e (b) nos casos de duplicidade de registro nas linhas 02/03 (v.g., aluguéis, foi considerado o crédito nas linhas 05 e 06. A síntese das glosas é detalhada na tabela que figura após o relato da manifestação de inconformidade (coluna da esquerda). A fiscalização encontrou ainda incorreção no rateio proporcional de receitas tributadas no mercado interno, não tributadas no mercado interno e de exportação, por não terem sido consideradas as vendas para a Zona Franca de Manaus e algumas receitas tributadas (mas não efetuou correções, admitindo o declarado, tendo em vista que após as glosas, a totalidade de créditos foi insuficiente para pagamento dos débitos informados em DACON, restando saldo devedor lançado em autuação). Com base na Informação Fiscal é proferido o Despacho Decisório de fls. 4730 a 4732, indeferindo o pedido de ressarcimento e não homologando as compensações vinculadas. Cientificada do despacho decisório em 15/07/2013 (AR à fl. 4749), a empresa apresenta manifestação de inconformidade postada em 14/08/2013 (fls. 4836, e 4751 a 4794) sustentando que o conceito de insumos na legislação que rege as contribuições é mais amplo que o presente na legislação do IPI, e abarca “todas e quaisquer aquisições para emprego na produção de bens e serviços objeto da atividade fim, bem como os custos incorridos e as despesas necessárias ao processo produtivo”, conforme jurisprudência do CARF (o que abrange, v.g., a indumentária de utilização obrigatória na agroindústria). Em relação às glosas em espécie, as razões de defesa estão expostas, por razões didáticas, na coluna da direita na planilha a seguir. Cabe ainda registrar a demanda por perícia (fls. 4792/4793), para possibilitar investigação mais apurada, tendo em vista aspectos técnicos envolvidos no processo industrial, e a solicitação para juntada posterior de laudo técnico. GLOSAS DEFESA Fl. 5021DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 4 FICHA 16A LINHA 02 Bens utilizados como insumos (fls. 4701/4708) a) aquisições que não se enquadram no conceito de insumo presente na Instrução Normativa SRF no 404/2004 (v.g., pallet, luva de látex, avental); b) aquisições que não têm direito a crédito na linha 2, por se tratarem de gastos para manutenção predial e aquisições de bens contabilizados no ativo imobilizado; c) aquisições de pessoas físicas, sem direito a crédito na linha 2; d) fretes de transferência de produtos acabados entre unidades da empresa, tendo sido oportunizado o detalhamento de contas que tratavam indiscriminadamente de fretes de produtos acabados e matériasprimas; e) aquisições de bens utilizados como insumos e sujeitos à alíquota zero, em função do disposto no art. 3o, § 2o da Lei no 10.833/2003; f) notas fiscais cujo CFOP não representa aquisição de bens e nem outra operação com direito a crédito; e g) notas fiscais que representam aquisições de pessoas jurídicas e que deveriam ter ocorrido com suspensão obrigatória das contribuições, em função do disposto nos arts. 8o e 9o da Lei no 10.925/2004 e na Instrução Normativa SRF no 660/2006. FICHA 16A LINHA 02 Bens utilizados como insumos (fls. 4766 a 4773, 4775/4779, e 4790/4791) a) aquisições que não se enquadram no conceito de insumo: os custos com uniformes (vestuário, luvas, botas, avental e material de proteção, como óculos especiais, meias térmicas e protetor auricular) e materiais de limpeza, desinfecção e higienização (para manutenção das condições exigidas pela legislação) são obrigatórios pelas normas do Ministério da Saúde, em relação a estabelecimentos que industrializam alimentos para o consumo humano. Da mesma forma, são imprescindíveis as despesas com aquisição de produtos para utilização no laboratório, para análise de controle de qualidade. No que se refere a “pallets”, também são essenciais às atividades da empresa, tendo em vista as rigorosas normas de higienização e manutenção da qualidade. Também sustenta a empresa que as aquisições de combustíveis (como GLP e lenha para combustão) são ensejadores de créditos, conforme disposição expressa da lei de regência das contribuições. b) aquisições que não têm direito a crédito na linha 2, no que se refere a aquisições de bens contabilizados no ativo imobilizado: pedese a reformulação da decisão, para que seja tomada em consideração na glosa a parcela de depreciação dos bens do ativo imobilizado (1/24), conforme art. 3o, § 1o, I das leis de regência. (...) d) fretes de transferência de produtos acabados entre unidades da empresa: os produtos industrializados são perecíveis, necessitando de permanente refrigeração, e estando sujeitos a normas de higiene sanitária, cabendo o crédito com base no art. 3o, IX das leis de regência, conforme já entendeu o CARF, devendo ser ainda reconhecido o crédito em relação a custos com armazenagem. e) aquisições de bens utilizados como insumos e sujeitos à alíquota zero: em tais aquisições, a empresa faz jus ao crédito presumido de que trata a Lei no 10.925/2004. E quanto ao demais produtos, a não manutenção do crédito fere o princípio da nãocumulatividade. (...) g) notas fiscais que representam aquisições de pessoas jurídicas e que deveriam ter ocorrido com suspensão obrigatória das contribuições: a suspensão somente se tornou obrigatória com a Instrução Normativa RFB no 977/2009, que incluiu o vocábulo “obrigatória”. E ao menos o crédito presumido deve ser reconhecido, com base no art. 8o da Lei no 10.925/2004. Fl. 5022DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10925.907013/201102 Acórdão n.º 3403003.551 S3C4T3 Fl. 4.968 5 FICHA 16A LINHA 03 Serviços utilizados como insumos (fls. 4708/4710) a) aquisições de serviços que não se enquadram no conceito de insumo presente na Instrução Normativa SRF no 404/2004 (v.g., válvula, transporterefeições); b) aquisições que não têm direito a crédito na linha 3, por se tratarem de gastos para manutenção predial, aquisições de bens contabilizados no ativo imobilizado, ou sem relação com o processo produtivo; c) notas fiscais cujo CFOP não representa aquisição de bens ou serviços nem outra operação com direito a crédito; e d) aquisições de bens utilizados como insumos e sujeitos à alíquota zero, em função do disposto no art. 3o, § 2o da Lei no 10.833/2003, e de a linha 03 tratar de serviços. FICHA 16A LINHA 03 Serviços utilizados como insumos (fl. 4789) (...) b) aquisições que não têm direito a crédito na linha 3: a empresa se insurge contra glosas referentes a despesas com manutenção de máquinas e equipamentos, manutenção e suporte de software e manutenção predial, por entendê las como essenciais ao processo produtivo. (...) FICHA 16A LINHA 05 Despesas de aluguéis de prédios locados de pessoa jurídica (fls. 4710/4711) aluguéis pagos a pessoas físicas e pagamentos a restaurantes e centros esportivos. (...) FICHA 16A LINHA 06 Despesas de aluguéis de máquinas e equipamentos locados de pessoa jurídica (fls. 4711/4712) aluguéis de veículos (caminhões, carros, veículos de transporte de funcionários, de transporte de ovos etc) e locação de software, locação de toalhas, aluguel de som, guincho, Sky TV por assinatura etc. FICHA 16A LINHA 06 Despesas de aluguéis de máquinas e equipamentos locados de pessoa jurídica (fls. 4779/4780) a exigência legal de que o bem seja “utilizado nas atividades da empresa” não implica, como entendeu o fisco, que estejam necessariamente vinculados ao setor de produção da empresa. FICHA 16A LINHA 10 Bens do Ativo Imobilizado com base no valor de aquisição ou construção (fl. 4712/4715) aplicação indevida do desconto de créditos à razão 1/48 para edificações e benfeitorias, quando a legislação o prevê somente para máquinas e equipamentos (glosandose somente as diferenças em relação ao que seria a depreciação correta), bens erroneamente classificados como ativo imobilizado (v.g., óleo lubrificante sintético, locação andaime, diárias serviços gerais), e bens cuja descrição não permite a identificação (tendo a empresa sido intimada a detalhar os bens, sem retorno). FICHA 16A LINHA 10 Bens do Ativo Imobilizado com base no valor de aquisição ou construção (fl. 4773/4775, e 4790) aplicação indevida do desconto de créditos à razão 1/48 para edificações e benfeitorias, quando a legislação o prevê somente para máquinas e equipamentos: a empresa sustenta que a legislação ampara seu direito expressamente no art. 3o, § 1o, III das leis de regência, e que a Lei no 11.488/2007 (art. 6o) proporcionou ainda a opção pela depreciação à razão de 1/24 (não havendo impedimento para o crédito em tais moldes a partir de janeiro de 2007). Fl. 5023DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 6 FICHA 16A LINHAS 25/26 Crédito presumido de atividade agroindustrial (fls. 4715/4721) crédito solicitado com base no inciso incorreto do § 3o do art. 8o da Lei no 10.925/2004, em função do Capítulo da NCM no qual se classificam os insumos, e notas fiscais cujos CFOP não representam aquisição de insumos perfeitamente identificados, não havendo crédito presumido em operações para revenda. FICHA 16A LINHAS 25/26 Crédito presumido de atividade agroindustrial (fls. 4781/4789) de acordo com a Exposição de Motivos da Medida Provisória convertida na Lei no 10.925/2004, o crédito presumido tem por finalidade anular os efeitos da incidência das contribuições nas etapas anteriores. Portanto, legítimo o crédito ainda que os produtos tenham sido adquiridos com alíquota zero. E o valor do direito aos créditos presumidos é conferido pelos percentuais (60%, 50% e 35%) do valor das alíquotas “cheias”, dependendo da classificação do produto fabricado. Assim, o crédito é calculado pela aplicação dos percentuais do valor do insumo adquirido, sendo que o percentual a ser aplicado depende da NCM do produto elaborado, conforme jurisprudência do CARF. Sobre as aquisições para revenda, informa que geram direito a crédito, conforme inciso I do art. art. 3o da Lei no 10.833/2003. FICHA 16B LINHA 02 Bens utilizados como insumos (fls. 4721/4722) a) aquisições que não se enquadram no conceito de insumo presente na Instrução Normativa SRF no 404/2004 (v.g., ventilador, engrenagem, gerador); e b) aquisições de bens utilizados como insumos e sujeitos à alíquota zero, em função do disposto no art. 3o, § 2o da Lei no 10.833/2003. (...) Em 05/02/2014 (fls. 4857 a 4913), ocorre o julgamento de primeira instância, no qual se acorda pela improcedência da manifestação de inconformidade, concluindo aquele colegiado unanimemente que: (a) o conceito de insumo é o estabelecido nas Instruções Normativas no 247/2002 e no 404/2004, que apenas esclareceram o conteúdo das leis de regência; (b) nos processo administrativos relativos a ressarcimento/compensação, o ônus probatório é do postulante, não tendo se desincumbido de tal ônus a empresa, em relação a diversos itens; (c) para reconhecimento do crédito pelos encargos de depreciação, a empresa deveria ter registrado os itens glosados como ativo imobilizado, em linha própria do DACON (ou efetuada a retificação correspondente); (d) não existe previsão normativa para tomada de créditos em relação a fretes de produtos acabados entre estabelecimento da empresa; (e) é vedada a tomada de créditos em aquisições com alíquota zero, não cabendo a análise pela DRJ de demanda que sequer consta no DACON correspondente (crédito presumido); (f) o fato de as vendas à empresa terem sido efetuadas sem a suspensão da contribuição prevista em lei não permitem a tomada de créditos pelo adquirente, novamente descabendo a análise de pedido alternativo não expresso em DACON; (g) não há previsão para tomada de créditos em relação a aluguéis de veículos; (h) o § 14 do art. 3o da Lei no 10.833/2003 não se aplica a edificações e benfeitorias, e o REIDI (Lei no 11.488/2007) somente se aplica a pessoas jurídicas previamente habilitadas pela RFB; (i) para fins de aproveitamento do crédito presumido da agroindústria, o percentual a ser aplicado depende do produto adquirido; (j) a legislação não prevê crédito presumido no caso de bens para revenda; e (k) os elementos constantes dos autos são suficientes ao julgamento, sendo prescindível a perícia demandada. Fl. 5024DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10925.907013/201102 Acórdão n.º 3403003.551 S3C4T3 Fl. 4.969 7 Cientificada da decisão de piso em 17/03/2014 (fl. 4923), a empresa apresenta recurso voluntário em 09/04/2014 (fls. 4925 a 4963), reiterando os argumentos expressos na manifestação de inconformidade, e acrescentando jurisprudência e considerações no sentido de que: (a) não pode ser negado o direito ao crédito sob o simples fundamento de que houve equivocado preenchimento de DACON (erro no cumprimento de obrigação acessória); (b) a DRJ entende ter havido ausência de contestação em relação a diversos itens que a empresa expressamente trata em sua manifestação de inconformidade; e (c) não é crível sustentar que alguns combustíveis (como hexano, óleo de xisto, diesel e GLP) sejam utilizados veículos para transporte de pessoas. No mais, não renova os questionamentos em relação a energia elétrica e material para laboratório, e insere discussão nova sobre embalagens de transporte. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Cabe de início destacar que verifiquei que a análise referente aos três primeiros trimestres de 2007, em relação à mesma empresa, e basicamente às mesmas matérias, foi efetuada em 24/09/2013, no âmbito desta Terceira Turma, em nove processos, todos sob minha relatoria, assim detalhados: Período Processos Acórdãos 1o trimestre de 2007 10925.720046/201212 (auto de infração); 10925.905351/201100 (DCOMPPIS); e 10925.905352/201146 (DCOMPCOFINS) 3403002.469, 3403 002.472 e 3403002.473, respectivamente 2o trimestre de 2007 10925.720686/201222 (auto de infração); 10925.905353/201191 (DCOMPPIS); e 10925.905355/201180 (DCOMPCOFINS) 3403002.470, 3403 002.474 e 3403002.476, respectivamente 3o trimestre de 2007 10925.721257/201272 (auto de infração); 10925.905354/201135 (DCOMPPIS); e 10925.905356/201124 (DCOMPCOFINS) 3403002.471, 3403 002.475 e 3403002.477, respectivamente As ementas dos acórdãos correspondentes asseveraram que: “DILIGÊNCIAS. PERÍCIAS. DEFICIÊNCIA PROBATÓRIA. As diligências e perícias não se prestam a suprir deficiência probatória, seja em favor do fisco ou da recorrente. Fl. 5025DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 8 PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO. ÔNUS PROBATÓRIO. Nos processos derivados de pedidos de compensação/ressarcimento, a comprovação dos créditos ensejadores incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes. ANÁLISE ADMINISTRATIVA DE CONSTITUCIONALIDADE. VEDAÇÃO. SÚMULA CARF N. 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. COFINS. NÃOCUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. Para a empresa agroindustrial, constituem insumos: materiais de limpeza e desinfecção; embalagens utilizadas para transporte; combustíveis; lubrificantes e graxa; fretes entre estabelecimentos da própria empresa (entre estabelecimentos do ciclo produtivo); fretes de transporte de combustível; e serviços de transporte de sangue e armazenamento de resíduos. Por outro lado, não constituem insumos: uniformes, artigos de vestuário, equipamentos de proteção de empregados e materiais de uso pessoal; bens do ativo, inclusive ferramentas e materiais utilizados em máquinas e equipamentos; fretes de transporte urbano de pessoas; fretes de transportes em geral, sem indicação precisa; fretes referentes a nota fiscal requisitada e não apresentada; bens não sujeitos ao pagamento das contribuições (o que inclui a situação de alíquota zero); e bens adquiridos em que a venda é feita com suspensão das contribuições, com fundamento no art. 9o da Lei no 10.925/2004. COFINS. NÃOCUMULATIVIDADE. DESPESAS. ENERGIA ELÉTRICA. ABRANGÊNCIA. Não são classificáveis como despesas com energia elétrica as aquisições de serviços de comunicação e compras de bem para o ativo imobilizado. COFINS. NÃOCUMULATIVIDADE. DESPESAS. ALUGUEL. ARMAZENAGEM. FRETES. PESSOA FÍSICA. IMPOSSIBILIDADE. É vedado o creditamento da contribuição em relação a despesas de aluguéis de prédios, maquinas e equipamentos, ou ainda de armazenagem ou fretes, pagos a pessoa física. COFINS. NÃOCUMULATIVIDADE. ENCARGOS. DEPRECIAÇÃO. ATIVO. VEDAÇÃO. É vedado o desconto de créditos apurados na forma do inciso III do § 1o do art. 3o das Leis no 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, relativos à depreciação ou amortização de bens e direitos de ativos imobilizados adquiridos até 30/04/2004. COFINS. CRÉDITO PRESUMIDO. AGROINDÚSTRIA. ALÍQUOTA. PRODUTO. O crédito presumido de que trata o artigo 8o, da Lei no 10.925/04 corresponderá a 60% ou a 35% daquele a que se refere o artigo 2o, da Lei no 10.833/03, em Fl. 5026DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10925.907013/201102 Acórdão n.º 3403003.551 S3C4T3 Fl. 4.970 9 função da natureza do “produto” a que a agroindústria dá saída e não da origem do insumo que aplica para obtê lo.”(Acórdãos no 3403002.469 a 477, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime, exceto em relação a lavagem de uniformes e incidência de juros de mora sobre multa de ofício, este último tema presente apenas nas autuações, sessão de 24.set.2013) (grifo nosso) Tal verificação é relevante e pertinente, pois as matérias analisadas nestes autos são majoritariamente as mesmas, e sob os mesmos fundamentos, resguardadas algumas especificidades que serão anotadas ao longo deste voto. E, de lá para cá, alteramos nosso posicionamento somente em relação a um tópico, como também se destaca no voto. 1. Considerações iniciais sobre ônus probatório nos processos referentes a ressarcimento/compensação As presentes considerações inicias sobre o ônus probatório nos processos de ressarcimento/compensação são necessárias à análise da demanda por diligência, e de alguns itens para os quais a empresa não tratou de carrear aos autos documentos que amparariam seu direito a crédito. Nos processos, como o presente, que tratam de solicitação de ressarcimento/compensação, a comprovação do direito aos créditos incumbe ao postulante, e é dever dele carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes, inclusive, no caso de insumos, a forma de vinculação dos bens ao processo produtivo. Caso essa comprovação houvesse sido feita, e ainda restasse dúvida ao julgador, cabível seria a demanda pericial. No entanto, não se pode acolher pedido de perícia para produzir no processo elementos probatórios a cargo de uma das partes (no caso, a postulante do crédito), elementos esses que já deveriam figurar nos autos, e cuja ausência tem por implicação a negativa de reconhecimento dos créditos correspondentes. Assim vem decidindo unanimemente esta Terceira Turma, inclusive nos citados processos da mesma recorrente: “ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO NO QUAL SE FUNDAMENTA A AÇÃO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. DILAÇÃO PROBATÓRIA. DILIGÊNCIAS. A realização de diligências destinase a resolver dúvidas acerca de questão controversa originada da confrontação de elementos de prova trazidos pelas partes, mas não para permitir que seja feito aquilo que a lei já impunha como obrigação, desde a instauração do litígio, às partes componentes da relação jurídica.” (Acórdãos n. 3403002.106 a 111, Rel. Cons. Alexandre Kern, unânimes, sessão de 23.abr.2013) (grifo nosso) “PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO. Nos pedidos de compensação/ressarcimento, incumbe ao postulante a prova de que cumpre os requisitos previstos na legislação para a obtenção do crédito pleiteado.” Fl. 5027DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 10 (grifo nosso) (Acórdão n. 3403003.173, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 21.ago.2014) (No mesmo sentido: Acórdão n. 3403003.166, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 20.ago.2014; Acórdão 3403002.681, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 28.jan.2014; e Acórdãos n. 3403002.470, 471, 474, 475, 476 e 477, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânimes em relação à matéria, sessão de 24.set.2013) Desse modo, incabível acolher o pleito de realização de diligência, pois restam claras nos autos as motivações das glosas, que foram compreendidas a contento pela recorrente, que, por sua vez, ao invés de trazer ao processo elementos probatórios de seu direito, inclusive no que se refere ao processo produtivo, posterga a discussão para eventual diligência. Assim, tendo em conta as considerações iniciais sobre o ônus probatório em processos do gênero, indeferese a realização de diligência/perícia. 2. Aspectos constitucionais da nãocumulatividade da Contribuição para o PIS/PASEP Também a título de considerações preliminares, pois a matéria só é alegada de forma transversa nas peças recursais, incumbe esclarecer que a nãocumulatividade das contribuições passou a figurar na Constituição (art. 195) com a Emenda Constitucional no 42/2003: “Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: (redação dada pela EC n. 20/1998) (...) b) a receita ou o faturamento; (...) IV do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar. (redação dada pela EC n. 42/2003) (...) § 12. A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as contribuições incidentes na forma dos incisos I, “b”; e IV do caput, serão nãocumulativas. (redação dada pela EC n. 42/2003) (...)” (grifos nossos) Fl. 5028DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10925.907013/201102 Acórdão n.º 3403003.551 S3C4T3 Fl. 4.971 11 Na leitura do texto, percebese que a Constituição não assegura não cumulatividade irrestrita ou ilimitada. E sequer diz que a lei fixará os casos de cumulatividade, sendo a contrário senso os demais casos de nãocumulatividade. O texto constitucional permite à lei definir exatamente os setores para os quais operará a nãocumulatividade. E também não dispõe que para tais setores a nãocumulatividade será irrestrita ou ilimitada. É nesse contexto que surgem os dispositivos legais que regem as contribuições nãocumulativas, basicamente as Leis no 10.637/2002 (Contribuição para o PIS/PASEP) e no 10.833/2003 (COFINS), que limitam/restringem a nãocumulatividade referida no texto constitucional. Poderseia aí argumentar que a lei desbordou do comando constitucional referente à nãocumulatividade, que asseguraria o creditamento a qualquer despesa necessária à consecução do objeto social da empresa, como parece sugerir a recorrente. Contudo, este tribunal careceria de competência para levar adiante a discussão, em face da Súmula CARF no 2: “Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.” Assim, e considerando as disposições legais tributárias vigentes sobre a matéria, não se pode acordar que a nãocumulatividade para as contribuições de que trata a Constituição Federal é irrestrita ou ilimitada. 3. Do conceito de insumos na COFINS O termo insumo é polissêmico. Por isso, há que se indagar qual é sua abrangência no contexto das Leis no 10.627/2002 e no 10.833/2003. Na busca de um norte para a questão, poderseia ter em consideração os teores do § 5o do art. 66 da IN SRF no 247/2002 (editado com base no art. 66 da Lei no 10.637/2002) e do art. 8o da IN SRF no 404/2004 (editado com alicerce no art. 92 da Lei no 10.833/2003), que, para efeito de disciplina da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, estabelecem entendimento de que o termo insumo utilizado na fabricação ou produção de bens destinados à venda abrange “as matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado” e “os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto”. Outro caminho seria buscar analogia com a legislação do IPI ou do IR (ambas frequentes na jurisprudência deste CARF). Contudo, tal tarefa se revela improfícua, pois em face da legislação que rege as contribuições, o conceito expresso nas normas que tratam do IPI é demasiadamente restritivo, e o encontrado a partir da legislação do IR é excessivamente amplo, visto que se adotada a acepção de “despesas operacionais”, chegarseia à absurda conclusão de que a maior parte dos incisos do art. 3o das Leis no 10.637/2002 e no 10.833/2003 (inclusive alguns que demandaram alteração legislativa para inclusão v.g. incisos IX, referente a energia elétrica e térmica, e X, sobre valetransporte ... para prestadoras de serviços de limpeza...) é inútil ou desnecessária. Fl. 5029DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 12 A Lei no 10.637/2002, que trata da Contribuição para o PIS/PASEP não cumulativa, e a Lei no 10.833/2003, que trata da COFINS nãocumulativa, explicitam, em seus arts. 3o, que podem ser descontados créditos em relação a: “II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda ou à prestação de serviços, inclusive combustíveis (...)” (grifo nosso) A mera leitura dos dispositivos legais já aponta para a impossibilidade de se considerar como insumo um bem ou serviço que não seja utilizado na produção ou fabricação do bem destinado à venda. Concluise, então, que o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final, como vem também unanimemente decidindo esta Terceira Turma: “CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. NÃO CUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. (...).” (Acórdão no 3403003.166, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime – em relação à matéria, sessão de 20.ago.2014) (No mesmo sentido os Acórdãos no 3403002.469 a 477; no 3403 001.893 a 896; no 3403001.935; no 3403002.318 e 319; e no 3403.002.783 e 784) Isto posto, caberia analisar a adequação ao conceito de insumo das rubricas questionadas no presente contencioso, já destacando que não se identifica com a legislação do IPI nem com a do IR. A recorrente é empresa agroindustrial, tendo por objeto social a atividade de frigorífico para abate de suínos, aves, fabricação de produtos de carne, preparação de subprodutos para abate, fabricação de alimentos para animais, pintos de um dia, ovos, extração de madeiras, comércio atacadista de alimentos em geral, entre outras. Não há dúvida, por exemplo, ao afirmarse que a matériaprima utilizada nos alimentos industrializados pela empresa constitui insumo. Contudo, entre a zona de certeza positiva e a de certeza negativa (uma cesta de natal entregue pela empresa a um funcionário certamente não constitui um insumo) existe uma zona de “penumbra” (usando a terminologia empregada por GENARO CARRIÓ2), na qual só a análise do caso concreto (à luz dos elementos trazidos aos autos sobre o processo produtivo da empresa) permitirá um enquadramento mais preciso. E é isso que se faz a seguir, em relação a cada uma das glosas, no que se refere a insumos, e em relação a outros tópicos específicos. Seguiremos a ordem das glosas constante em nosso relatório, apenas alterandoa para reunir o primeiro e o último tema, que guardam identidade: bens utilizados como insumos (fichas 16A e 16B do DACON). E, sobre tal ordem, acrescentaremos os argumentos de defesa, nos tópicos em que eles efetivamente tiverem sido apresentados. Por 2 In Notas Sobre Derecho y Lenguaje. 5 ed. Buenos Aires: AbeledoPerrot, 2006, p. 55 e ss. Fl. 5030DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10925.907013/201102 Acórdão n.º 3403003.551 S3C4T3 Fl. 4.972 13 exclusão (em verdade, por preclusão), deixam de ser reconhecidos os direitos de crédito em relação a matérias e itens sequer especificamente questionados pela recorrente. 4. Das glosas em espécie As glosas em espécie, como relatado de início, foram subdivididas, de acordo com as fichas do DACON, em seis grupos: bens utilizados como insumos; serviços utilizados como insumos; despesas de aluguéis e prédios; despesas de aluguéis de máquinas e equipamentos; bens do ativo imobilizado; e crédito presumido de atividade industrial. 4.1. Bens utilizados como insumos Em relação aos bens glosados por não se enquadrarem no conceito de insumos adotado pelo fisco (relacionados nas planilhas de fls. 308 a 536, 537 a 1346, 1347 a 1359, 1360 a 1410, e 1411 a 2021), a recorrente questiona apenas alguns: custos com uniformes (vestuário, luvas, botas, avental e material de proteção, como óculos especiais, meias térmicas e protetor auricular) e materiais de limpeza, desinfecção e higienização (para manutenção das condições exigidas pela legislação). Assevera que ambos são obrigatórios pelas normas do Ministério da Saúde, em relação a estabelecimentos que industrializam alimentos para o consumo humano. Em manifestação de inconformidade chega ainda a questionar despesas com aquisição de produtos para utilização no laboratório, para análise de controle de qualidade, mas não mantém o tema contencioso em seu recurso voluntário. E questiona ainda a glosa sobre pallets, acrescentando no recurso voluntário argumentação sobre a improcedência das glosas em relação a embalagens de transporte (tema que não restou especificamente contencioso em sua manifestação de inconformidade), versando ainda sobre combustíveis. Assim, diante da preclusão que opera em relação às matérias que não foram devidamente questionadas tanto na instância de piso quanto na peça recursal após a decisão da DRJ, passase a analisar somente a pertinência das glosas em relação a uniformes (vestuário, luvas, botas, avental e material de proteção, como óculos especiais, meias térmicas e protetor auricular), materiais de limpeza, desinfecção e higienização (para manutenção das condições exigidas pela legislação), pallets e combustíveis, assim como temas específicos (v.g., aquisições com alíquota zero e fretes de transferência entre estabelecimentos). Cabe destacar ainda que há ainda um tópico da defesa destinado a questionar as glosas sobre bens importados utilizados como insumos, nos quais se confunde a motivação das glosas externadas pelo fisco. Não há nenhuma glosa no presente processo que tenha sido motivada pelo simples fato de os bens serem importados. As glosas estão ligadas a razões como o não enquadramento no conceito de insumos ou ao fato de a aquisição ser efetuada com alíquota zero (todos temas a serem tratados neste tópico 4.1). Incumbe derradeiramente esclarecer que a DRJ, ao delimitar a lide, ao início do voto condutor do acórdão de piso, efetivamente relacionou itens sobre os quais a empresa não se manifesta especificamente em sua peça inaugural de defesa. No recurso voluntário, alegase que a empresa teria efetivamente se defendido em relação aos temas. Contudo, não era Fl. 5031DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 14 aos temas que se referia a DRJ, mas aos itens específicos dentro dos temas (a empresa não questiona, por exemplo, especificamente, itens da glosa de notas fiscais com CFOP que não representam aquisições de bens ou outras operação com direito a crédito). Portanto, estão as partes a conversar sobre coisas diferentes. Esclareçase, assim, que todos os temas e itens efetivamente tratados na manifestação de inconformidade foram enfrentados pela DRJ, não havendo qualquer prejuízo à defesa. 4.1.1 Uniformes Os itens glosados especificamente questionados pela recorrente nesta categoria são: vestuário, luvas, botas, avental e material de proteção, como óculos especiais, meias térmicas e protetor auricular. A recorrente entende que tais bens são essenciais e aplicados diretamente na atividade produtiva, e evitam contaminações, seguindo determinação da ANVISA. Os precedentes do CARF em favor de tal argumento estão longe de constituir posicionamento dominante no tribunal. Vejase, a título ilustrativo, acórdão decidido por maioria, em turma especial desta terceira sessão, e acórdão, também por maioria, da Câmara Superior de Recursos Fiscais (vencidos os Conselheiros Júlio César Alves Ramos, Marcos Aurélio Pereira Valadão e Otacílio Dantas Cartaxo): “Tratandose de prestação de serviços de catering e de handling, ensejam o creditamento os gastos com uniformes, serviços de lavanderia, de remoção e incineração de resíduos e análises laboratoriais, por guardarem relação de essencialidade e pertinência a tais processos produtivos.” (Acórdão no 3803 004.025, Rel. Cons. Alexandre Kernvencido, maioria em relação ao tema, sessão de 19.mar.2013) “Os dispêndios, denominados insumos, dedutíveis do PIS não cumulativo, são todos aqueles relacionados diretamente com a produção do contribuinte e que participem, afetem, o universo das receitas tributáveis pela referida contribuição social. A indumentária imposta pelo próprio Poder Público na indústria de processamento de alimentos exigência sanitária que deve ser obrigatoriamente cumprida é insumo inerente à produção da indústria avícola, e, portanto, pode ser abatida no cômputo de referido tributo.” (Acórdão no 930301.741, Rel. Cons. Nanci Gama, maioria, sessão de 9.nov.2011) Esta terceira turma não tem comungado de tal entendimento, e negou recentemente, por unanimidade, o direito a creditamento das contribuições em relação a uniformes e equipamentos de proteção tanto em relação a industrial calçadista (Acórdãos no 3403.001.893 a 896, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime, sessão de 30.jan.2013), quanto em relação a fabricante de fertilizantes (Acórdãos no 3403.001.937 a 944, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânimeem relação ao tema, sessão de 19.mar.2013). E negou também unanimemente o direito ao crédito sobre luva, avental, respirador, bota, botina, protetor auricular, máscara, meia, óculos, sapato, touca, capacete e japona nos nove processos da mesma recorrente aqui citados, referentes a períodos anteriores (Acórdãos no 3403002.469 a 477). Fl. 5032DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10925.907013/201102 Acórdão n.º 3403003.551 S3C4T3 Fl. 4.973 15 No caso concreto, a nosso ver, todos os bens relacionados podem até ter relação indireta com a produção (seja pela exigência sanitária, ou por poder sua ausência afetar a qualidade do produto final, ou a segurança dos funcionários), mas não são diretamente empregados no processo produtivo/fabril, ou necessários à obtenção do produto final. Correta, assim, a glosa efetuada para tais bens. 4.1.2. Materiais de limpeza, desinfecção e higienização Alega a recorrente que os materiais de limpeza, desinfecção e higienização se prestam à manutenção das condições exigidas pela legislação no processo produtivo. Nesse caso, embora também ainda não haja posição assentada neste CARF, entendese que merece prosperar a argumentação da recorrente, pois diante da ausência de limpeza e desinfecção, é improvável que se possa chegar ao produto final. E, em relação às despesas com higienização, matéria na qual fui vencido nos processos anteriormente julgados por esta Terceira Turma, revejo meu posicionamento, acordando com o colegiado que efetivamente sem a higienização também dificilmente se chegaria ao produto final fabricado pela empresa. Assim, deve ser afastada a glosa efetuada pelo fisco em relação a materiais de limpeza, desinfecção e higienização. 4.1.3. Pallets Ativo Imobilizado A recorrente sustenta que os pallets são essenciais às atividades da empresa, tendo em vista as rigorosas normas de higienização e manutenção da qualidade, e afirma que os pallets, além de exercerem função primordial para a movimentação de cargas, são fundamentais para impedir o contato do produto com a superfície do chão”. Narra também que os pallets “são ainda utilizados no processo produtivo, pois nas diversas das suas etapas são necessários para o deslocamento das matériasprimas, em condições de higiene, sendo ainda utilizados para armazenagem de produtos acabados, até que sejam transportados para comercialização”. Há que se destacar, contudo, nossa acordância com entendimento já externado nesta turma pela Conselheira Raquel Motta Brandão Minatel, de que os pallets são bens a serem contabilizados no ativo não circulante: “Relativamente aos “paletes de madeira” “tábuas” e “barrotes de eucalipto” utilizados para movimentação interna dos produtos industrializados, entendo que não se enquadram no conceito de insumo tal como previsto no inciso II do artigo 3o da Lei 10.833/03, até porque pelo valor e tempo de vida útil desses bens eles não podem ser deduzidos com despesa operacional e devem ser contabilizados no ativo não circulante (art. 301 do RIR/99) sujeitandose à depreciação, cuja despesa dela decorrente pode ser aproveitada para crédito do PIS e da Fl. 5033DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 16 COFINS não cumulativos, nos termos do inciso III do § 1o do artigo3o da mesma Lei 10.833/03. Nesse sentido há diversas soluções de consulta da Secretaria da Recita Federal do Brasil (...)”(Acórdão no 3403.001.935, Rel. Cons. Raquel Motta Brandão Minatel, maioria, sessão de 20.mar.2013) Assim, da mesma forma em que decidido unanimemente por este colegiado nos nove processos citados, mantémse a glosa em relação aos pallets. E o raciocínio externado em relação a pallets se aplica ainda aos demais bens considerados como insumos pela recorrente e que constituem, na verdade, aquisições destinadas ao ativo imobilizado. Não se pode admitir o crédito integral em relação a tais bens, por absoluta carência de amparo normativo. E avaliar o pedido alternativo de crédito proporcional equivale a ignorar a própria escrituração da empresa, e a analisar pedido diverso daquele que ensejou o despacho decisório (peça cuja ciência deu início ao contencioso). Nesse sentido a decisão unânime da turma nos multicitados nove processos da mesma empresa julgados em 2013: “A nosso ver, restaria preliminarmente bem explicada a utilização no processo produtivo, cabendo o creditamento, não fosse o fato de constituírem os bens/semoventes (como informa a própria recorrente) ativo imobilizado. E não parece seguir em sentido diferente o julgador de primeira instância, que refuta o enquadramento como insumo tãosomente pelo fato de constar o bem no ativo imobilizado. E, estando no ativo imobilizado, o enquadramento seria no inciso VI, e não no inciso II do art. 3o das leis que tratam do creditamento para as contribuições (Lei no 10.637/2002 e Lei no 10.833/2003): “VI máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços” (grifo nosso) É preciso alertar, contudo, que a forma/quantificação de creditamento do inciso VI é diferente daquela constante do inciso II, como esclarece o § 1o do art. 3o das leis: “§ 1o O crédito será determinado mediante a aplicação da alíquota prevista no caput do art. 2o desta Lei sobre o valor: I dos itens mencionados nos incisos I e II do caput, adquiridos no mês; (...) III dos encargos de depreciação e amortização dos bens mencionados nos incisos VI e VII do caput, incorridos no mês;” Como destaca o julgador a quo, tal posicionamento deveria ter sido informado em DACON pela recorrente, antes do procedimento fiscal. Flexibilizando tal entendimento do julgador de piso, em nome da verdade material, consideramos que uma alteração da DACON, mesmo posteriormente ao procedimento fiscal (o que, destaque Fl. 5034DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10925.907013/201102 Acórdão n.º 3403003.551 S3C4T3 Fl. 4.974 17 se, não obsta as penalidades eventualmente disso decorrentes), desde que acompanhada de documentos comprobatórios do alegado, deveria ser tomada em conta pelo fisco. Contudo, não é o que se vê no presente caso. Vale, assim, a mesma máxima expressa no tópico anterior: ou os bens são enquadrados no inciso II, como insumos (e aí não devem constar do ativo imobilizado), ou constam do ativo imobilizado, aplicandose a regra do inciso VI. Assim, procedente a glosa em relação a tais bens/semoventes.” Pelo exposto, são também mantidas as glosas em relação a bens indicados, escriturados e declarados ao fisco como insumos (inciso II do art. 3o das leis de regência) que na verdade se tratavam de aquisições destinadas ao ativo imobilizado. 4.1.4. Combustíveis Em relação às glosas de combustíveis, sustenta a empresa que as aquisições de combustíveis como GLP e lenha para combustão são ensejadores de créditos, conforme disposição expressa da lei de regência das contribuições. A DRJ mantém as glosas diante da impossibilidade de se saber se os combustíveis foram efetivamente utilizados no processo produtivo. No recurso voluntário, a empresa revela que não é crível sustentar que alguns combustíveis (como hexano, óleo de xisto, diesel e GLP) sejam utilizados veículos para transporte de pessoas. Há, aqui, que se acordar com a empresa em relação ao hexano, ao óleo de xisto e a GLP, seja pela dificuldade em imaginar utilizações outras para tais bens que não no processo produtivo, seja pela descrição de como se utiliza cada bem na peça recursal (fl. 4942). No mesmo sentido nosso raciocínio sobre a lenha. E, em relação ao diesel, parece pouco crível também que seja utilizado em veículos de transporte de pessoas. Nesse sentido, essa Terceira Turma já decidiu unanimemente, em caso no qual havia dúvidas sobre a utilização de combustíveis em veículos de propriedade de empresa: “Pelo teor do recurso voluntário, notase que a empresa possui um caminhão Mercedes Benz placa IND 4688, um GOLF placa IYM 2222, e uma KOMBI placa IMH 3302. E utilizou os veículos locados de placas ILS 3241, IMS 2985, ILX 0497, IMA 4137, IND 8997 e INL 8932. A empresa afirma que “todos os veículos são ou foram utilizados nas operações de transporte de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem entre os diversos estabelecimentos da empresa e por empregados vinculados aos departamentos comercial e industrial”. E acrescenta que “em alguns períodos, o GOLF e a KOMBI também são utilizados Fl. 5035DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 18 para o transporte de funcionários da produção, que fazem horas extras”. Como a empresa não detalha quais são os veículos locados, referindose no recurso somente a suas placas, efetuei, em nome da verdade material, buscas às referidas placas, na web, em sítio que informa dados do DETRANRS (www.checkmeucarro.com.br), obtendo os seguintes resultados: placa ILS 3241 (YAMAHA/YBR 125K Roxa, à gasolina, ano 2003/2004), placa IMS 2985 (FIAT/Uno Mille Fire Flex branco, gasolina/álcool, ano 2005/2006), placa ILX 0497 (GM/Celta 3 portas branco, gasolina, ano 2004/2004), placa IMA 4137 (VW/GOL 1.0 branco, gasolina, ano 2004/2005), placa IND 8997 (FIAT/Uno Mille Fire Flex branco, gasolina/álcool, ano 2006/2006) e placa INL 8932 (VW/GOL 1.0 branco, gasolina/álcool, ano 2005/2006). Não se entende como atividade relacionada ao processo produtivo, necessária à obtenção do produto final, o transporte de passageiros (ainda que funcionários da empresa, e ainda que eventualmente) pelas KOMBIS, nem aqueles efetuados por veículos de passeio e motocicletas. Assim recentemente decidiu esta turma, de forma unânime (Acórdãos no 3403002.783, e 784). Por carência probatória (detalhamento da forma de utilização no processo produtivo), então, afastase o direito creditório em relação ao combustível utilizado para abastecer tais veículos. No entanto, é perfeitamente crível que o caminhão Mercedes Benz, placa IND 4688 (Mercedes Benz/MBAtego 2425, azul, diesel, ano 2006/2006), movido a óleo diesel, tenha efetivamente sido utilizado para transportar materiais necessários à obtenção do produto final gerado pela empresa. Assim, afastase somente a glosa referente às despesas de abastecimento do caminhão Mercedes Benz, placa IND 4688. Como não se tem detalhamento preciso dos abastecimentos nos presentes autos, incumbe à autoridade responsável pela liquidação intimar a empresa a apresentar as referidas notas de abastecimento, que só poderão ser computadas para efeito de crédito se vinculadas estritamente a óleo diesel ou ao citado caminhão.” (Acórdãos no 3403000.912 a 917, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime, 24.abr.2014) Assim, incumbe afastar as glosas em relação a hexano, óleo de xisto, GLP, lenha e diesel, desde que tais bens tenham sido assim descritos em documentos da recorrente (escrituração, notas fiscais de aquisição do período etc.). Caso a documentação da recorrente trate genericamente de “despesas de combustíveis”, incabível o direito ao crédito, pela ausência de comprovação do direito, conforme esclarecido no tópico 1, referente a ônus probatório. 4.1.5. Aquisições de pessoas físicas Também clara a ausência de fundamento normativo para demanda de créditos de aquisições de pessoas físicas com base no inciso II do art. 3o das leis de regência. E a recorrente não questiona especificamente tal item, restringindo sua argumentação a pedido Fl. 5036DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10925.907013/201102 Acórdão n.º 3403003.551 S3C4T3 Fl. 4.975 19 alternativo para que se acate o crédito presumido da agroindústria de que trata a art. 8o da Lei no 10.925/2004. O pedido alternativo e inovador, além de contradizer a escrituração e a declaração da empresa prestada ao fisco, e o pedido de ressarcimento que motiva o despacho decisório (peça cuja ciência inaugura este contencioso), demandaria análise de pertinência individualizada das aquisições ao regramento (requisitos e condições) estabelecidos no art. 8o da Lei no 10.925/2004. E essa correspondência individualizada e documentada estava a cargo da recorrente, ao demandar o pedido alternativo, não havendo nos autos vestígios de tal comprovação. Assim, múltiplos são os motivos para manutenção das glosas em relação a aquisições de pessoas físicas que demandaram crédito com base no inciso II do art. 3o das leis de regência, mantendo a linha unânime já adotada quando da apreciação dos nove processos da mesma empresa aqui reiteradas vezes citados. 4.1.6. Fretes entre estabelecimentos São glosados os fretes de transferência de produtos entre unidades da empresa (em conta relacionada a produtos acabados). E narra o fisco que oportunizou à empresa detalhara se se tratavam de fretes de matériasprimas, produtos intermediários ou produtos acabados. E a empresa não logrou comprovar que os fretes glosados se tratavam de operações com direito a crédito. Assim, a glosa é por carência probatória. Em sua defesa, a empresa alega que os produtos industrializados são perecíveis, necessitando de permanente refrigeração, e estando sujeitos a normas de higiene sanitária, cabendo o crédito com base no art. 3o, IX das leis de regência, conforme já entendeu o CARF, devendo ser ainda reconhecido o crédito em relação a custos com armazenagem. Contudo, não detalha nem comprova a quais vendas se referem os fretes. Persiste, assim, a carência probatória ensejadora da glosa, que deve ser mantida. 4.1.7. Aquisições com alíquota zero As glosas em relação a tais aquisições são motivadas pela vedação expressa constante no art. 3o, § 2o da Lei no 10.637/2002. A empresa, em sua defesa, sustenta que em tais aquisições, a empresa faz jus ao crédito presumido de que trata a Lei no 10.925/2004. E, quanto ao demais produtos, a não manutenção do crédito fere o princípio da nãocumulatividade. Em relação à primeira alegação, remetase às razões para negativa expressas no tópico 4.1.5 deste voto, que trata das aquisições de pessoas físicas, diante de pedido inovador do crédito presumido em sede contenciosa. Recordese que haveria necessidade de análise de pertinência individualizada das aquisições ao regramento (requisitos e condições) estabelecidos no art. 8o da Lei no 10.925/2004. E essa correspondência individualizada e Fl. 5037DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 20 documentada estava a cargo da recorrente, ao demandar o pedido alternativo, não havendo nos autos vestígios de tal comprovação. No que se refere à segunda alegação, reiterese que não há possibilidade de, em nome da nãocumulatividade, afastar dispositivo legal vigente (em função da Súmula CARF no 2), como já exposto no tópico 2 deste voto. Devem ser mantidas, então, as glosas em relação a aquisições com alíquota zero, também na linha do que já decidiu unanimemente a turma nos nove processos anteriores da mesma empresa. 4.1.8. Aquisições com suspensão A fiscalização aponta que as notas fiscais que representam aquisições de pessoas jurídicas e que deveriam ter ocorrido com suspensão obrigatória das contribuições, em função do disposto nos arts. 8o e 9o da Lei no 10.925/2004 e na Instrução Normativa SRF no 660/2006, não são ensejadoras de créditos. A recorrente, por sua vez, alega que a suspensão somente se tornou obrigatória com a Instrução Normativa RFB no 977/2009, que incluiu o vocábulo “obrigatória”. E ao menos o crédito presumido deve ser reconhecido, com base no art. 8o da Lei no 10.925/2004. Tanto o apontamento do fisco quanto as razões de defesa são idênticos aos presentes nos citados nove processos da mesma empresa já apreciados por esta Terceira Turma, aos quais remetemos: “Foram ainda glosados créditos de aquisições de insumos cuja venda é feita com suspensão das contribuições, com fundamento no art. 9o da Lei no 10.925/2004, assim como os fretes a elas correspondentes, pela sujeição somente ao crédito presumido de atividades agroindustriais. Em relação a tal tópico, informa a recorrente que até o advento da Instrução Normativa RFB no 977, de 14/12/2009, não era obrigatória a suspensão, e, diante da faculdade, as aquisições dos produtos ocorreram com tributação, sem a suspensão (não estando nas Notas Fiscais detalhada a suspensão), sendo legítimo o crédito. No julgamento de piso, esclarecese que: “Em relação à situação posta, observa se que a impugnante não questiona o fato de que os produtos adquiridos enquadramse nas situações previstas no art. 9o da Lei n o 10.925/2004, que prevê a suspensão da incidência da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins. Já no que tange à obrigatoriedade da receita da venda destes produtos ser efetuada com suspensão de incidência, esclarecese que, ao contrário do alegado pela contribuinte, desde a edição da Instrução Normativa SRF n o 636, de 24 de março de 2006, com a efetiva implementação de termos e condições, a suspensão da incidência é obrigatória, independente de o contribuinte ter ou não destacado em suas notas fiscais a suspensão.” Fl. 5038DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10925.907013/201102 Acórdão n.º 3403003.551 S3C4T3 Fl. 4.976 21 De fato, a Instrução Normativa de 2006 já estabelecia a suspensão (com a expressão “fica suspensa”, que não parece, nem de longe, estabelecer uma faculdade). Não há que se falar, assim, em aproveitamento de créditos, sendo procedente a glosa.” Aliás, em diversos julgados recentes (e unânimes) desta Terceira Turma, inclusive com a formação atual do colegiado, concluise que a suspensão é aplicada bem antes da Instrução Normativa RFB no 977/2009: “SUSPENSÃO DA INCIDÊNCIA. ART. 9o DA LEI No 10.925/2004. APLICAÇÃO NO TEMPO. As operações de venda com suspensão ao amparo do art. 9o da Lei no 10.925/2004, registradas a partir de agosto de 2004, e acolhidas pela retroatividade estabelecida pela IN SRF no 636/2006, norma editada pela Receita Federal para disciplinar exatamente tal comando legal, não foram juridicamente desconstituídas pelo advento da IN SRF no 660/2006, que revoga a norma infralegal anteriormente editada.” (Acórdão no 3403003.507, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime, sessão de 28.jan.2015) (No mesmo sentido o Acórdão no 3403003.337, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime, sessão de 15.out.2014) Não há, assim, o direito de aproveitamento do crédito em relação à operação, diante das disposições normativas vigentes. 4.2. Serviços utilizados como insumos As considerações efetuadas ao longo do tópico 4.1 deste voto por certo se alastram à disciplina dos serviços como insumos. Por decorrência, são serviços compatíveis com o conceito de insumos aqueles que são necessários ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. Não há, nas peças de defesa, questionamentos específicos em relação aos itens glosados com enquadramento de serviços utilizados co mo insumos, mas as considerações sobre aquisições com alíquota zero, CFOP incompatível e não enquadramento no conceito são idênticas às expostas no tópico 4.1., não demandando qualquer complementação. E nos únicos itens questionados especificamente no que se refere a serviços (glosas referentes a despesas com manutenção de máquinas e equipamentos, manutenção e suporte de software e manutenção predial), a empresa se defende com a alegação de que tais serviços são essenciais ao processo produtivo. Em relação a despesas com manutenção de máquinas e equipamentos, não faz prova a recorrente de que efetivamente as máquinas e equipamentos são utilizados no processo produtivo. Sequer cita uma glosa específica para documentar eventual equívoco do fisco. Limitase a laborar a defesa de forma genérica, crendo que todo e qualquer gasto registrado como manutenção de máquinas e equipamentos, e não detalhado, seria ensejador do crédito integral, o que não é admissível. Fl. 5039DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 22 E é da mesma forma genérica que a defesa questiona as glosas referentes a manutenção e suporte de software e manutenção predial, ainda mais distantes, e igualmente de vínculo não comprovado ao processo produtivo. No que se refere às despesas com manutenção predial, é preciso destacar que o fisco glosou aquelas nas quais a própria empresa demandou crédito integral (com base no inciso II do art. 3o das leis de regência), não estando o presente item a tratar do crédito a que se refere o inciso VII do art. 3o das leis de regência (que trata de créditos com base nos encargos de depreciação). Assim, corretas as glosas em relação a serviços utilizados como insumos. 4.3. Despesas de Aluguéis de máquinas e equipamentos Não havendo questionamento específico na defesa em relação à motivação das glosas sobre despesas de aluguéis de prédios (aluguéis pagos a pessoas físicas e pagamentos a restaurantes e centros esportivos), trata o presente tópico somente das despesas de aluguéis de máquinas e equipamentos locados de pessoa jurídica, efetuadas sob o fundamento de que os aluguéis de veículos (caminhões, carros, veículos de transporte de funcionários, de transporte de ovos etc) e locação de software, locação de toalhas, aluguel de som, guincho, Sky TV por assinatura etc. não constituem gastos com “máquinas e equipamentos” utilizados nas atividades da empresa de que trata o inciso IV do art. 3o das leis de regência. Na Informação Fiscal que ampara o despacho decisório o fisco afirma que as condições para a tomada de crédito, no caso, são duas: a primeira relativa à natureza do bem locado (máquina ou equipamento) e a segunda com relação à utilização (utilizado nas atividades da empresa). E que diante da descrição genérica das contas, intimou a empresa a esclarecer seu conteúdo, tendo sido, após as respostas, glosadas (fl. 4712): “notas fiscais relativas a aluguel de veículos (caminhões, carros, veículos de transporte de funcionários, de transporte de ovos, etc), fretes, locação de toalhas, aluguel de som, guincho, entre outros, por não se enquadrarem na condição de serem máquinas ou equipamentos e máquina de café, Sky tv por assinatura, entre outros, por não serem utilizados nas atividades da empresa”. (grifo nosso) Em relação ao primeiro motivo de glosa (não ser máquina ou equipamento), aplicável a veículos e toalhas, som, guincho etc., sequer se manifesta a empresa no recurso voluntário, mesmo após as considerações específicas sobre o tema efetuadas pela DRJ. No que se refere à segunda motivação (aplicável às glosas de máquina de café, Sky tv por assinatura etc.), a recorrente se defende no sentido de que a exigência legal de que o bem seja “utilizado nas atividades da empresa” não implica, como entendeu o fisco, que estejam necessariamente vinculados ao setor de produção da empresa. Há que se acordar, nesse aspecto, com a recorrente, no sentido de que a expressão utilizada no inciso IV do art. 3o das leis de regência é “aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa”. A expressão não se confunde, por exemplo, coma a empregada no inciso VI do mesmo artigo: “máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou Fl. 5040DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10925.907013/201102 Acórdão n.º 3403003.551 S3C4T3 Fl. 4.977 23 fabricados para locação a terceiros, ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços”. Utilizar “na atividade da empresa” não se confunde, de fato, com utilizar “na produção”. Ademais, por certo, seria difícil um prédio, por exemplo, ser efetivamente utilizado na produção. A diferença seria clara se o bem glosado, por exemplo, fosse uma impressora ou uma máquina fotocopiadora locada. Por certo, tal equipamento seria utilizado nas atividades da empresa (mas não no setor produtivo). Mas não é isso que se vê pelos bens glosados: locação de máquina de café e pagamento de TV por assinatura “Sky”. Além de tais “equipamentos” não se destinarem a atividades produtivas da empresa, também não se destinam a atividades da empresa. Não vejo necessidade de a atividade de uma empresa agroindustrial incluir uma máquina de café ou TV por assinatura (ou ainda outros bens relacionados na lista de glosas de fls. 4615 a 4619, não questionados especificamente pela recorrente, como “mesas Totobol” e “mesas jogos”). Assim, corretas as glosas efetuadas pelo fisco, que devem ser mantidas. 4.4. Bens do Ativo Imobilizado As glosas efetuadas em relação ao ativo imobilizado se referem a aplicação indevida do desconto de créditos à razão 1/48 para edificações e benfeitorias, quando a legislação o prevê somente para máquinas e equipamentos (glosandose somente as diferenças em relação ao que seria a depreciação correta), bens erroneamente classificados como ativo imobilizado (v.g., óleo lubrificante sintético, locação andaime, diárias serviços gerais), e bens cuja descrição não permite a identificação (tendo a empresa sido intimada a detalhar os bens, sem retorno). Não há questionamento específico em relação às razões das glosas para incorreta classificação como ativo imobilizado e bens cuja descrição não permite a identificação. No que se refere à depreciação de 1/48, a recorrente sustenta que a legislação ampara seu direito expressamente no art. 3o, § 1o, III das leis de regência, e que a Lei no 11.488/2007 (art. 6o) proporcionou ainda a opção pela depreciação à razão de 1/24 (não havendo impedimento para o crédito em tais moldes a partir de janeiro de 2007). Vejamos o conteúdo (na redação vigente à época) do referido art. 3o da Lei no 10.833/2003, aplicável à Contribuição para o PIS/PASEP por força do art. 15 da mesma lei: “Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2 o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...) VI máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros, ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços; VII edificações e benfeitorias em imóveis próprios ou de terceiros, utilizados nas atividades da empresa; Fl. 5041DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 24 (...) §1o Observado o disposto no §15 deste artigo, o crédito será determinado mediante a aplicação da alíquota prevista no caput do art. 2o desta Lei sobre o valor: (...) III dos encargos de depreciação e amortização dos bens mencionados nos incisos VI e VII do caput, incorridos no mês; (...) §14. Opcionalmente, o contribuinte poderá calcular o crédito de que trata o inciso III do § 1o deste artigo, relativo à aquisição de máquinas e equipamentos destinados ao ativo imobilizado, no prazo de 4 (quatro) anos, mediante a aplicação, a cada mês, das alíquotas referidas no caput do art. 2o desta Lei sobre o valor correspondente a 1/48 (um quarenta e oito avos) do valor de aquisição do bem, de acordo com regulamentação da Secretaria da Receita Federal. § 15. O crédito, na hipótese de aquisição, para revenda, de papel imune a impostos de que trata o art. 150, inciso VI, alínea d da Constituição Federal, quando destinado à impressão de periódicos, será determinado mediante a aplicação da alíquota prevista no § 2o do art. 2 o desta Lei.” (grifo nosso) Cristalino, pelo texto do artigo, que a depreciação de 1/48 aplicase a máquinas e equipamentos, e não a edificações e benfeitorias, como pretende a recorrente. Assim, não há a opção que a empresa acredita existir, da depreciação prevista no § 14 do art. 3o. E a depreciação normal, no caso, já foi reconhecida pela fiscalização. Por fim, a demanda recursal pela aplicação da depreciação prevista na Lei no 11.488/2007 dependeria de prova de que a empresa faz jus a tal benefício, cumprindo os diversos requisitos estabelecidos em tal lei, o que sequer é ventilado no presente processo pela recorrente, que novamente não se desincumbe de seu ônus probatório. Também nesse tópico, então corretas as glosas, que devem ser mantidas. 4.5. Crédito presumido agroindústria Em relação a créditos presumidos da agroindústria, previstos no art. 8o da Lei no 10.925/2004, a fiscalização alega que a demanda foi efetuada com fundamento no inciso incorreto do § 3o do art. 8o, em função do Capítulo da NCM no qual se classificam os insumos. E informa ainda que há notas fiscais cujos CFOP não representam aquisição de insumos perfeitamente identificados, e não há crédito presumido em operações para revenda. Sobre este último tema, defendese a recorrente indicando que a base para o crédito na revenda é o inciso I do art. 3o das leis de regência. Confunde, assim, os créditos básicos (nos quais incidem diversas vedações, como em relação a aquisições de pessoas físicas, etc) com os créditos presumidos de que trata o art. 8o da Lei no 10.925/2004. Se houvesse demandado créditos básicos, e comprovado que cumpre os requisitos para obtêlos, cabível seria a tomada em relação a revenda, por força do invocado inciso I. Mas não é o que consta no presente processo, em que a empresa demanda crédito presumido com base no art. 8o da Lei no Fl. 5042DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10925.907013/201102 Acórdão n.º 3403003.551 S3C4T3 Fl. 4.978 25 10.925/2004 (sequer cogitando de comprovar que não incide nas vedações para a obtenção de créditos básicos). Assim, corretas as glosas de notas fiscais cujos CFOP não representam aquisição de insumos perfeitamente identificados. No que se refere ao argumento do fisco de que teria a recorrente demandado o crédito com fundamento no inciso incorreto do § 3o do art. 8o, em função do Capítulo da NCM no qual se classificam os insumos, a questão merece melhor detalhamento. Tanto o fisco quanto a recorrente reproduzem o mesmo dispositivo legal (art. 8o da Lei no 10.925/2004), cada um afirmando que sua própria interpretação é a correta. A fiscalização defende que a alíquota aplicável (ou o inciso com a alíquota aplicável) varia em função dos insumos, enquanto que a recorrente defende que é em função dos produtos elaborados/fabricados. Vêse que aqui a discussão não envolve aspectos probatórios, sendo a matéria exclusivamente ligada à interpretação do art. 8o da Lei no 10.925/2004. O art. 8o da Lei no 10.925/2004 dispõe que as pessoas jurídicas que produzam determinadas mercadorias (que arrola no caput do artigo), destinadas à alimentação humana ou animal, podem deduzir das contribuições (Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins), devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do art. 3o das Leis no 10.637/2002 e 10.833/2003 (insumos), adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física, residente ou domiciliada no País. No § 3o do referido art. 8o, estabelecese que o montante do crédito presumido será determinado mediante aplicação, sobre o valor das aquisições, de alíquota correspondente a: (a) 60% da prevista na legislação das contribuições, para os produtos de origem animal classificados nos Capítulos 2 a 4, 16, e nos códigos 15.01 a 15.06, 1516.10, e as misturas ou preparações de gorduras ou de óleos animais dos códigos 15.17 e 15.18; e (b) de 35% da prevista na legislação das contribuições, para os demais produtos. Na letra da lei: “Art. 8o As pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal, classificadas nos capítulos 2, 3, exceto os produtos vivos desse capítulo, e 4, 8 a 12, 15, 16 e 23, e nos códigos 03.02, 03.03, 03.04, 03.05, 0504.00, 0701.90.00, 0702.00.00, 0706.10.00, 07.08, 0709.90, 07.10, 07.12 a 07.14, exceto os códigos 0713.33.19, 0713.33.29 e 0713.33.99, 1701.11.00, 1701.99.00, 1702.90.00, 18.01, 18.03, 1804.00.00, 1805.00.00, 20.09, 2101.11.10 e 2209.00.00, todos da NCM, destinadas à alimentação humana ou animal, poderão deduzir da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do caput do art. 3o das Leis no 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física. (...) Fl. 5043DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 26 § 3o O montante do crédito a que se referem o caput e o § 1o deste artigo será determinado mediante aplicação, sobre o valor das mencionadas aquisições, de alíquota correspondente a: I 60% (sessenta por cento) daquela prevista no art. 2o das Leis no 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, para os produtos de origem animal classificados nos Capítulos 2 a 4, 16, e nos códigos 15.01 a 15.06, 1516.10, e as misturas ou preparações de gorduras ou de óleos animais dos códigos 15.17 e 15.18; e II 35% (trinta e cinco por cento) daquela prevista no art. 2o das Leis no 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, para os demais produtos.” (a Lei no 11.488/2007 incluiu um inciso, com alíquota de 50%, para a soja e seus derivados classificados nos Capítulos 12, 15 e 23, todos da TIPI) (grifo e atualização nossos) A literalidade da lei realmente abre possibilidade às duas linhas de entendimento, pelo que deve se buscar qual é a interpretação que se coaduna ao sistema, mantendoo lógico, coerente e harmônico. Tal tarefa foi originalmente empreendida por esta turma em junho de 2013, que unanimemente chegou à conclusão que: “O crédito presumido de que trata o artigo 8o, da Lei no 10.925/04 corresponderá a 60% ou a 35% daquele a que se refere o artigo 2o, da Lei no 10.833/03 em função da natureza do “produto” a que a agroindústria dá saída e não da origem do insumo que aplica para obtêlo”. (Acórdão no 3403002.281, Rel Conselheiro Marcos Tranchesi Ortiz, unânime, sessão de 25.jun.2013) (grifo nosso) É conveniente transcrever parte do raciocínio empreendido, para que reste nítida a coerência argumentativa da linha adotada: “Originalmente, o crédito presumido da agroindústria no regime não cumulativo de apuração do PIS e da COFINS foi previsto nas próprias Leis no. 10.637/02 e 10.833/03, nos §§10 e 5o de seus respectivos artigos 3os. Como se trata de um segmento cujos insumos provêm em larga escala de fornecedores pessoas físicas – que, por não serem contribuintes das exações, não proporcionariam crédito à agroindústria adquirente – a solução encontrada pelo legislador para minimizar a cumulatividade da cadeia foi a outorga do crédito presumido. Pretendiase, na ocasião, compensar o industrial pelo PIS e pela COFINS incidentes sobre os insumos da produção agrícola – fertilizantes, defensivos, sementes etc. – e acumulados no preço dos produtos agrícolas e pecuários. Como esse foi o propósito por trás da instituição do crédito presumido – neutralizar a incidência do PIS e da COFINS acumulada no preço dos gêneros agrícolas – não faria sentido que o valor do benefício variasse em função do produto em cuja fabricação a indústria o empregasse. Aliás, seria até antiisonômico se fosse assim. Daí porque as Leis nos. 10.637/02 e 10.833/03 o concediam em alíquota única. Se os adquirisse de pessoas físicas, a agroindústria apropriaria sempre o mesmo Fl. 5044DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10925.907013/201102 Acórdão n.º 3403003.551 S3C4T3 Fl. 4.979 27 percentual, independentemente da espécie de produto em que fossem aplicados. A estipulação de mais de um percentual para apuração do crédito presumido foi obra da Lei no. 10.925/04 que, simultaneamente, também reduziu a zero a alíquota do PIS e da COFINS incidentes sobre a receita de venda dos principais insumos da atividade agrícola. (...) Ora, se os insumos aplicados na agricultura e na pecuária já não são gravados pelo PIS e pela COFINS e, portanto, se o preço praticado pelo produtor rural pessoa física já não contém o encargo tributário, qual a justificativa para a manutenção do crédito presumido à agroindústria? Se o benefício perseguia compensar o setor pelo acúmulo de PIS e de COFINS no preço dos gêneros agrícolas, como explicálo depois de reduzida a zero a alíquota dos insumos aplicados à produção? A verdade é que, com o advento da Lei no. 10.925/04, o crédito presumido da agroindústria passou a servir a uma finalidade diversa da que presidiu a sua instituição. Como já não era preciso compensar incidências em etapas anteriores da cadeia, o legislador veiculou verdadeiro incentivo fiscal através (sic) do crédito presumido. Nesse sentido, vejase trecho da Exposição de Motivos da MP no. 183, cuja conversão originou a Lei no. 10.925/04: ‘4. Desse acordo, que traz grandes novidades para o setor, decorreu a introdução dos dispositivos acima mencionados, que, se convertidos em Lei, teriam os seguintes efeitos: a) redução a zero das alíquotas incidentes sobre fertilizantes e defensivos agropecuários, suas matériasprimas, bem assim sementes para semeadura; b) em contrapartida, extinção do crédito presumido, atribuído à agroindústria e aos cerealistas, relativamente às aquisições feitas de pessoas físicas. 5. Cumpre esclarecer que o mencionado crédito presumido foi instituído com a única finalidade de anular a acumulação do PIS e da COFINS nos preços dos produtos dos agricultores e pecuaristas pessoas físicas, dado que estes não são contribuintes dessas contribuições, evitandose, assim, que dita acumulação repercutisse nas fases subsequentes da cadeia de produção e comercialização de alimentos. 6. Com a redução a zero dos mencionados insumos, por decorrência lógica, haveria de se extinguir o crédito presumido, por afastada sua fundamentação econômica, pois, do contrário, estarseia perante um benefício fiscal, o que contraria a Lei de Responsabilidade Fiscal.’ Como se vê, o crédito presumido em análise assumiu, com o advento da Lei no. 10.925/04, ares de um verdadeiro incentivo e, como medida de política extrafiscal, passou a não haver impedimento a que o legislador favorecesse os diversos setores Fl. 5045DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 28 da agroindústria com benefícios de montante distinto. Nada impedia, pois, que o valor do crédito presumido variasse não mais em função do insumo (origem vegetal ou animal) e, sim, em função do produto (origem vegetal ou animal). Enquanto o crédito presumido servia ao propósito de eliminar a cumulatividade do PIS e da COFINS na cadeia agrícola, a lei de regência o concedia em percentual único, não importando em qual gênero alimentício o insumo fosse empregado. Depois, a partir do instante em que o instituto revestiu caráter de incentivo, a lei passou a outorgálo em diferentes montantes, conforme, o texto mesmo diz, o “produto” tenha esta ou aquela natureza.” E nos nove processos da mesma recorrente julgados em setembro de 2013 chegou a turma à mesma conclusão: “CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. COFINS. CRÉDITO PRESUMIDO. AGROINDÚSTRIA. ALÍQUOTA. PRODUTO. O crédito presumido de que trata o artigo 8o, da Lei no 10.925/04 corresponderá a 60% ou a 35% daquele a que se refere o artigo 2o, da Lei no 10.833/03, em função da natureza do “produto” a que a agroindústria dá saída e não da origem do insumo que aplica para obtêlo.” (Acórdãos no 3403002.469 a 477, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação ao tema, sessão de 24.set.2013) A endossar o entendimento da turma a Lei no 12.865, de 09/10/2013, que acrescentou (art. 33) o seguinte § 10 ao art. 8o da Lei no 10.925/2004: “§ 10. Para efeito de interpretação do inciso I do § 3o, o direito ao crédito na alíquota de 60% (sessenta por cento) abrange todos os insumos utilizados nos produtos ali referidos.” Contudo, desnecessário cogitar de interpretação benigna retroativa da Lei no 12.865/2013, pois esta turma já entendia, antes do avento da referida Lei, que as alíquotas são aplicadas em função do produto fabricado, e não do insumo adquirido. Concluise, então, neste tópico, que deve ser reconhecido o crédito presumido de que trata o art. 8o da Lei no 10.925/2004 com a alíquota determinada em função da natureza do “produto” a que a agroindústria dá saída e não do insumo que aplica para obtêlo. Diante do exposto, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso voluntário apresentado, para reconhecer o direito ao crédito em relação a: (a) materiais de limpeza, desinfecção e higienização; e (b) hexano, óleo de xisto, GLP, lenha e diesel, desde que tais bens tenham sido assim descritos em documentos da recorrente. No que se refere ao crédito presumido de que trata o art. 8o da Lei no 10.925/2004, o provimento parcial é para reconhecer o cálculo com a alíquota determinada em função da natureza do “produto” a que a agroindústria dá saída e não do insumo que aplica para obtêlo. Rosaldo Trevisan Fl. 5046DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10925.907013/201102 Acórdão n.º 3403003.551 S3C4T3 Fl. 4.980 29 Fl. 5047DF CARF MF Impresso em 05/03/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 03/03/2015 por ROSALDO TREVISAN
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Numero do processo: 11543.001112/2006-61
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Fri Mar 20 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Mon Apr 27 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/10/2004 a 31/12/2004
Ementa:
NÃO-CUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO.
O conceito de insumo na legislação referente à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
Numero da decisão: 3403-003.669
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso, vencidos os Conselheiros Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista, que reconheceram a nulidade total da decisão de primeira instância. Sustentou pela recorrente o Dr. Renato Silveira, OAB/SP no 222.047.
ANTONIO CARLOS ATULIM - Presidente.
ROSALDO TREVISAN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Jorge Freire, Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/10/2004 a 31/12/2004 Ementa: NÃO-CUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
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UNIDADE DE JURISDIÇÃO. SÚMULA CARF N. 1. Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. ANÁLISE ADMINISTRATIVA DE CONSTITUCIONALIDADE. VEDAÇÃO. SÚMULA CARF N. 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/10/2004 a 31/12/2004 Ementa: NÃOCUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso, vencidos os Conselheiros Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 54 3. 00 11 12 /2 00 6- 61 Fl. 4783DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 2 Sawaya Batista, que reconheceram a nulidade total da decisão de primeira instância. Sustentou pela recorrente o Dr. Renato Silveira, OAB/SP no 222.047. ANTONIO CARLOS ATULIM Presidente. ROSALDO TREVISAN Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Jorge Freire, Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista. Relatório Versa o presente sobre pedido para tratamento manual de declarações de compensação DCOMP (relacionadas à fl. 148)1 transmitidas de 16/02/2006 a 11/10/2006 (de crédito de COFINS relativo ao 4o trimestre de 2004, no valor total de R$ 1.231.790,05, com débitos diversos, ressarcindose o saldo remanescente cf. PER). Fundandose no parecer de fls. 147 a 154, é emitido em 16/10/2009 o despacho decisório de fls. 154/155, reconhecendo direito creditório no montante de R$ 512.204,98, homologando as compensações e deferindo o ressarcimento na medida dos créditos acatados (após compensação de ofício de débitos existentes). As glosas efetuadas se referem a: (a) apuração de créditos em relação a corretagem nas intermediações de café e soja, e outros serviços (como assessoria técnica comercial e despesas de condomínio); e (b) fretes de remessas e transferências não detalhadas pela empresa mesmo após intimação. Cientificada da decisão em 20/01/2010 (cf. AR de fl. 163), a empresa apresenta petição em 03/02/2010 (fls. 166 a 168), opondose à compensação de ofício, por entender não existir débito pendente a ser satisfeito (informando que o referido débito estava extinto por meio de compensações e parcelamento). Em 18/02/2010 a empresa apresenta ainda manifestação de inconformidade (fls. 228 a 251), afirmando que: (a) discute em juízo a aplicação da Taxa SELIC na atualização dos créditos; (b) no que se refere a serviços de corretagem, assessoria técnica comercial e despesas com condomínio, as glosas se referem a equivocada acepção do termo “insumos”, derivada da indevida analogia com a legislação do IPI, mas para as contribuições, “insumo” deve ser entendido como todo gasto que colabora direta ou indiretamente na atividade empresarial geradora de receitas tributáveis; (c) as despesas de fretes não foram segregadas pela empresa por não haver tempo hábil, tendo sido o prazo adicional por ela solicitado (60 dias) indeferido pelo fisco, não podendo este glosar todos os fretes de transferência/remessa por presunção, pela ausência de segregação; e (d) a grande maioria das despesas de frete se refere a exportação indireta (transportes dos produtos saídos diretamente de seus fornecedores com destino aos portos para exportação, por conta e ordem da empresa juntando documentos de venda e transporte fls. 313 a 4583). 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 4784DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 11543.001112/200661 Acórdão n.º 3403003.669 S3C4T3 Fl. 4.784 3 Em 15/03/2012 (fls. 4585 a 4597), ocorre o julgamento de primeira instância, no qual se acorda pela improcedência da manifestação de inconformidade, concluindo aquele colegiado unanimemente que: (a) os créditos demandados em relação a fretes não se referem a nenhuma das hipóteses permitidas na lei de regência (art. 3o, incisos I, II e IX), e os documentos apresentados se referem a aquisições com fim específico de exportação, que não geram créditos, por expressa vedação legal (art. 15, III da Lei no 10.833/2003 c/c art. 6o, III e § 4o da mesma lei); e (b) os insumos tem que ser efetivamente aplicados ou consumidos na fabricação do produto, ou na prestação de serviço desenvolvida pala empresa, sendo a corretagem/comissão em fase anterior ao processo produtivo, e não atendendo ao conceito de insumo ainda as despesas com assessoria técnica comercial e despesas com condomínio. Cientificada do acórdão da DRJ em 16/05/2012 (fl. 4601), a empresa apresenta recurso voluntário em 31/05/2012 (fls. 4669 a 4700), sustentando que: (a) cabe a atualização monetária do crédito, não tendo a empresa contestado o assunto na manifestação de inconformidade porque discutia o tema judicialmente; (b) a decisão recorrida é nula, por inovar a fundamentação adotada originalmente pelo despacho decisório, em patente supressão de instância administrativa, no que se refere aos fretes; (c) a não cumulatividade da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS é de caráter constitucional, não podendo ser mitigada pela legislação infraconstitucional; (d) a DRJ superou o entendimento do despacho decisório de que os fretes de remessa/transferência não gerariam créditos, mas ainda assim negou o pleito sob o novo fundamento de que haveria vedação legal (inexistente) ao crédito de mercadorias adquiridas com o fim específico de exportação; (e) no que se refere a corretagem/comissão, despesas com assessoria técnica comercial e despesas com condomínio, os créditos permitidos na sistemática não cumulativa para as referidas contribuições (em relação a “insumos”) devem refletir todos os gastos que colaboram direta ou indiretamente na atividade empresarial geradora das receitas. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Esclareçase de início que a questão referente à compensação de ofício deve ser analisada pela unidade local da RFB, em rito próprio, com observância ao decidido em relação a eventual demanda judicial interposta pela empresa. E o pedido efetuado inauguralmente em sede de recurso voluntário (referente à atualização monetária do crédito), submetido à apreciação judicial, não constitui exatamente “fato novo”, mas fato motivador da não apreciação do tema por este tribunal administrativo, em face da unidade de jurisdição (consagrada na Súmula no 1 deste CARF), devendo a unidade local efetivamente cumprir o que restou decidido em juízo na liquidação do julgamento administrativo. Fl. 4785DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 4 No presente processo, a matéria contenciosa se resume a glosas efetuadas pela fiscalização em relação a apuração de créditos sobre: (a) fretes de remessas e transferências não detalhadas pela empresa mesmo após intimação; e (b) corretagem e outros serviços (como assessoria técnica comercial e despesas de condomínio). Passase a seguir à análise das glosas efetuadas, cabendo trazer antecipadamente algumas delimitações conceituais e normativas necessárias. Aspectos constitucionais da nãocumulatividade da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS Incumbe de início esclarecer que a nãocumulatividade das contribuições passou a figurar na Constituição (art. 195) com a Emenda Constitucional no 42/2003: “Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: (redação dada pela EC n. 20/1998) (...) b) a receita ou o faturamento; (...) IV do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar. (redação dada pela EC n. 42/2003) (...) § 12. A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as contribuições incidentes na forma dos incisos I, “b”; e IV do caput, serão nãocumulativas. (redação dada pela EC n. 42/2003) (...)” (grifos nossos) Na leitura do texto, percebese que a Constituição não assegura não cumulatividade irrestrita ou ilimitada. E sequer diz que a lei fixará os casos de cumulatividade, sendo a contrário senso os demais casos de nãocumulatividade. O texto constitucional permite à lei definir exatamente os setores para os quais operará a nãocumulatividade. E também não dispõe que para tais setores a nãocumulatividade será irrestrita ou ilimitada. É nesse contexto que surgem os dispositivos legais que regem as contribuições nãocumulativas, basicamente as Leis no 10.637/2002 (Contribuição para o PIS/PASEP) e no 10.833/2003 (COFINS), que limitam/restringem a nãocumulatividade referida no texto constitucional. Poderseia aí argumentar que a lei poderia ter desbordado do comando constitucional referente à nãocumulatividade, que asseguraria o creditamento a qualquer Fl. 4786DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 11543.001112/200661 Acórdão n.º 3403003.669 S3C4T3 Fl. 4.785 5 despesa necessária à consecução do objeto social da empresa, como parece sugerir a recorrente. Contudo, este tribunal careceria de competência para levar adiante a discussão, em face da Súmula CARF no 2 (“O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária”). Assim, e considerando as disposições legais tributárias vigentes sobre a matéria, não se pode acordar que a nãocumulatividade para as contribuições de que trata a Constituição Federal é irrestrita ou ilimitada. Do conceito de insumos para a Contribuição para o PIS/PASEP e para a COFINS O termo insumo é polissêmico. Por isso, há que se indagar qual é sua abrangência no contexto das Leis no 10.627/2002 e no 10.833/2003. Na busca de um norte para a questão, poderseia ter em consideração os teores do § 5o do art. 66 da IN SRF no 247/2002 (editado com base no art. 66 da Lei no 10.637/2002) e do art. 8o da IN SRF no 404/2004 (editado com alicerce no art. 92 da Lei no 10.833/2003), que, para efeito de disciplina da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, estabelecem entendimento de que o termo insumo utilizado na fabricação ou produção de bens destinados à venda abrange “as matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado” e “os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto”. Outro caminho seria buscar analogia com a legislação do IPI ou do IR (ambas frequentes na jurisprudência deste CARF). Contudo, tal tarefa se revela improfícua, pois em face da legislação que rege as contribuições, o conceito expresso nas normas que tratam do IPI é demasiadamente restritivo, e o encontrado a partir da legislação do IR é excessivamente amplo, visto que se adotada a acepção de “despesas operacionais”, chegarseia à absurda conclusão de que a maior parte dos incisos do art. 3o das Leis no 10.637/2002 e no 10.833/2003 (inclusive alguns que demandaram alteração legislativa para inclusão v.g. incisos IX, referente a energia elétrica e térmica, e X, sobre valetransporte ... para prestadoras de serviços de limpeza...) é inútil ou desnecessária. A Lei no 10.637/2002, que trata da Contribuição para o PIS/PASEP não cumulativa, e a Lei no 10.833/2003, que trata da COFINS nãocumulativa, explicitam, em seus arts. 3o, que podem ser descontados créditos em relação a: “II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda ou à prestação de serviços, inclusive combustíveis (...)” (grifo nosso) A mera leitura dos dispositivos legais já aponta para a impossibilidade de se considerar como insumo um bem ou serviço que não seja utilizado na produção ou fabricação do bem destinado à venda. Fl. 4787DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 6 Concluise, então, que o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final, como vem também unanimemente decidindo esta Terceira Turma: “CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. NÃO CUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. (...).” (Acórdão no 3403003.166, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime – em relação à matéria, sessão de 20.ago.2014) (No mesmo sentido os Acórdãos no 3403002.469 a 477; no 3403 001.893 a 896; no 3403001.935; no 3403002.318 e 319; e no 3403.002.783 e 784) Isto posto, caberia analisar a adequação ao conceito de insumo das rubricas questionadas no presente contencioso, já destacando que não se identifica com a legislação do IPI nem com a do IR. E é isso que se faz a seguir, em relação a cada uma das glosas, no que se refere a insumos, e em relação a outros tópicos específicos, já adiantando a existência de substancial obstáculo, residente no fato de sequer se demonstrar a existência de processo industrial nos autos. Das glosas em espécie Conforme relatado, em relação ao despacho decisório, as glosas são referentes a: (a) fretes de remessas e transferências não detalhadas pela empresa mesmo após intimação; e (b) corretagem e outros serviços (como assessoria técnica comercial e despesas de condomínio). Em relação a corretagem e outros “serviços”, como assessoria técnica comercial e despesas de condomínio, resta claro que nenhum destes itens se amolda ao conceito aqui trazido para insumos, na legislação que rege as contribuições. Nem se vislumbra enquadramento possível de tais rubricas em outros incisos do art. 3o da lei de regência, de modo que resta carente de fundamento normativo o direito de crédito. No que se refere aos fretes, cabe destacar que a negativa de crédito, no despacho decisório, era fundada em carência probatória (fls. 152/153): Fl. 4788DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 11543.001112/200661 Acórdão n.º 3403003.669 S3C4T3 Fl. 4.786 7 E, ao contrário do que parece crer a recorrente, a DRJ, ao apreciar tais documentos, apresentados na manifestação de inconformidade, certamente poderia verificar que estes não amparam o crédito, porque encontram obstáculo normativo. Assim, a fundamentação de carência probatória alterase para ausência de permissão legal. E se isso ocasionasse, como postula a recorrente, nulidade por alteração de fundamento, a DRJ não poderia sequer apreciar os documentos, bastando sua apresentação (ainda que em oposição às normas que regem a matéria) para que fosse afastada a autuação. Mantido esse entendimento, nenhuma empresa apresentaria mais os documentos na fase fiscalizatória, postergando a apresentação sempre à manifestação de inconformidade, quando já não poderia ser analisada qualquer matéria em relação aos documentos apresentados que não a sua simples apresentação. Nada mais absurdo. Por certo que se o documento só foi apresentado na manifestação de inconformidade, o julgador de piso pode (em verdade, deve) analisálo quanto ao cumprimento da legislação que rege a matéria. Afasto assim a nulidade suscitada. No mérito, a própria empresa (assim como os documentos anexados) esclarece que os fretes de remessa/transferência se referem ao transporte de mercadorias adquiridas com fim específico de exportação, até armazéns gerais localizados em Santos (que não são estabelecimentos da recorrente). Bem esclareceu a DRJ ao analisar a matéria (fl. 4383): Fl. 4789DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 8 A DRJ não encontra enquadramento para a operação descrita nos documentos da empresa: fretes de remessa de mercadoria adquirida com fim específico de exportação para armazéns gerais que não são da recorrente, em cidade portuária. E aponta ainda vedação legal ao crédito, presente no art. 6o, III e § 4o c/c art. 15, III da Lei no 10.833/2003, concluindo que (fl. 4594): Temos aqui que a DRJ, apesar de partir da discutível premissa de que a operação de frete não é tributada (a nosso ver não é a ausência ou não de tributação de tal operação o fator de relevância na presente análise), suscita dispositivo (aplicável à COFINS por força do art. 15, III da Lei no 10.833/2003) que merece aqui transcrição e exegese o art. 6o (III e § 4o) da mesma Lei no 10.833/2003: “Art. 6o A COFINS não incidirá sobre as receitas decorrentes das operações de: (...) III vendas a empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação. § 1o Na hipótese deste artigo, a pessoa jurídica vendedora poderá utilizar o crédito apurado na forma do art. 3o, para fins de: (...) § 4o O direito de utilizar o crédito de acordo com o § 1o não beneficia a empresa comercial exportadora que tenha adquirido mercadorias com o fim previsto no inciso III do caput, ficando vedada, nesta hipótese, a apuração de créditos vinculados à receita de exportação.” (grifo nosso) Além de, no caso em análise, o crédito não ser propriamente vinculado a “receita de exportação” (visto que a “receita de exportação” se refere à empresa que vendeu à comercial exportadora, para que não se opere duplicidade de cômputo), há vedação expressa à utilização de créditos básicos previstos no art. 3o (facilmente decorrente da leitura dos §§ 1o e 4o do art. 6o da Lei no 10.833/2003), como vem entendendo este CARF (v.g., Acórdãos no 3401002.886 a 892, no 3302002.216, no 3302002.654 e no 3302002.655). Transcrevase excertos deste último julgamento, unânime em relação à matéria: “DESPESAS COM MERCADORIAS ADQUIRIDAS COM O FIM ESPECÍFICO DE EXPORTAÇÃO. CRÉDITO. IMPOSSIBILIDADE. É vedado ao exportador de mercadorias adquiridas com o fim específico de exportação creditarse de PIS em relação às despesas vinculadas a esta operação. (...) Fl. 4790DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 11543.001112/200661 Acórdão n.º 3403003.669 S3C4T3 Fl. 4.787 9 Não resta nenhuma dúvida de que todos os créditos da Cofins relativos aos custos, despesas e encargos incorridos pelo vendedor, e incluído no preço da mercadoria vendida com o fim específico de exportação, são de fruição exclusiva do vendedor da mercadoria e, por esta razão, o adquirente e exportador direto da mercadoria não pode se creditar da Cofins, por força do que dispõe § 4º, do art. 6º c/c inciso III, do art. 15, ambos da Lei nº 10.833/03, abaixo reproduzidos. (...) Supondo, por exemplo, que a recorrente seja exclusivamente uma empresa comercial exportadora e tenha incorrido nas mesmas despesas de frete de mercadorias adquiridas com o fim específico de exportação. Nestas condições, e à luz do dispositivo legal acima, teria a recorrente direito ao creditamento das despesas com frete e armazenagem? Entendo que não. E não o tem porque a norma de regência (§ 4º, do art. 6º, da Lei nº 10.833/03, acima reproduzido) é clara ao proibir a apuração de crédito vinculado à receita de exportação das mercadorias adquiridas com o fim específico de exportação, independente de haver ou não, para o tipo de despesa incorrida, previsão legal de creditamento, quando vinculada às demais receitas. O fato de a recorrente auferir receita de exportação com a venda de produtos de sua fabricação e de produtos fabricados por terceiros, adquiridos com o fim específico de exportação, em nada afeta a proibição legal de apuração de crédito vinculados a receita de exportação de mercadorias adquiridas de terceiros.” (Acórdão no 3302002.655, Rel. Cons. Walber José da Silva, unânime em relação ao tema, sessão de 23.jul.2014) (grifo nosso) Acordamos, então, com a aplicação ao caso narrado nestes autos do dispositivo de vedação mencionado pela DRJ, que é mais amplo do que parece entender a recorrente, que o restringe a mercadorias (amplitude que é a nosso ver incompatível com a expressão constante ao final do referido § 4o do art. 6o: “vinculados”). Ademais, acordase ainda com a dificuldade expressa pelo julgador de piso em enquadrar o frete tratado nestes autos em uma das categorias permitidas na lei de regência (incisos I, II ou IX do art. 3o), pois não se comunga do entendimento que a remessa de mercadoria para armazémgeral em cidade portuária constitua propriamente um frete de venda (ainda que houvesse eventualmente sido comprovada no processo a assunção de tais despesas de transporte integralmente pela recorrente). Diante do exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário apresentado. Rosaldo Trevisan Fl. 4791DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 10 Fl. 4792DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN
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Numero do processo: 12585.000030/2010-51
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 18 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Mon Apr 27 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/01/2008 a 31/03/2008
NÃO-CUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO.
O conceito de insumo na legislação referente à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final.
CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. CRÉDITO PRESUMIDO. AGROINDÚSTRIA. ALÍQUOTA. PRODUTO.
O crédito presumido de que trata o artigo 8o, da Lei no 10.925/04 corresponderá a 60% ou a 35% daquele a que se refere o artigo 2o, da Lei no 10.833/03, em função da natureza do produto a que a agroindústria dá saída e não do insumo que aplica para obtê-lo.
VERDADE MATERIAL. INVESTIGAÇÃO. COLABORAÇÃO.
A verdade material é composta pelo dever de investigação da Administração somado ao dever de colaboração por parte do particular, unidos na finalidade de propiciar a aproximação da atividade formalizadora com a realidade dos acontecimentos.
LANÇAMENTO. AFRFB. JURISDIÇÃO DIVERSA. VALIDADE. SÚMULA CARF N. 27.
É válido o lançamento formalizado por Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil de jurisdição diversa da do domicílio tributário do sujeito passivo.
RESPONSABILIDADE. DIRIGENTE. ART. 135, III do CTN. INDIVIDUALIZAÇÃO DA CONDUTA.
A atribuição de responsabilidade exclusiva ao dirigente em relação ao crédito tributário, com fundamento no art. 135, III, do CTN, reclama a individualização da conduta do responsável e da sua tipificação como violadora da lei e do contrato social, e não simplesmente do fato de haver equivocada apuração do tributo.
Numero da decisão: 3403-003.629
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário apresentado, para reconhecer que o crédito presumido de que trata o art. 8o da Lei no 10.925/2004 deve ser calculado com a alíquota determinada em função da natureza do produto a que a agroindústria dá saída e não do insumo que aplica para obtê-lo. Sustentou pela recorrente a Dra. Marina Vieira de Figueiredo, OAB/SP no 257.056.
ANTONIO CARLOS ATULIM - Presidente.
ROSALDO TREVISAN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Jorge Freire, Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/01/2008 a 31/03/2008 NÃO-CUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. CRÉDITO PRESUMIDO. AGROINDÚSTRIA. ALÍQUOTA. PRODUTO. O crédito presumido de que trata o artigo 8o, da Lei no 10.925/04 corresponderá a 60% ou a 35% daquele a que se refere o artigo 2o, da Lei no 10.833/03, em função da natureza do produto a que a agroindústria dá saída e não do insumo que aplica para obtê-lo. VERDADE MATERIAL. INVESTIGAÇÃO. COLABORAÇÃO. A verdade material é composta pelo dever de investigação da Administração somado ao dever de colaboração por parte do particular, unidos na finalidade de propiciar a aproximação da atividade formalizadora com a realidade dos acontecimentos. LANÇAMENTO. AFRFB. JURISDIÇÃO DIVERSA. VALIDADE. SÚMULA CARF N. 27. É válido o lançamento formalizado por Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil de jurisdição diversa da do domicílio tributário do sujeito passivo. RESPONSABILIDADE. DIRIGENTE. ART. 135, III do CTN. INDIVIDUALIZAÇÃO DA CONDUTA. A atribuição de responsabilidade exclusiva ao dirigente em relação ao crédito tributário, com fundamento no art. 135, III, do CTN, reclama a individualização da conduta do responsável e da sua tipificação como violadora da lei e do contrato social, e não simplesmente do fato de haver equivocada apuração do tributo.
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(Incorporadora de BERTIN S.A.) Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2008 a 31/03/2008 PEDIDOS DE RESSARCIMENTO/COMPENSAÇÃO. ÔNUS PROBATÓRIO. Nos pedidos de compensação/ressarcimento, a comprovação dos créditos ensejadores incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes. ANÁLISE ADMINISTRATIVA DE CONSTITUCIONALIDADE. VEDAÇÃO. SÚMULA CARF N. 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. VERDADE MATERIAL. INVESTIGAÇÃO. COLABORAÇÃO. A verdade material é composta pelo dever de investigação da Administração somado ao dever de colaboração por parte do particular, unidos na finalidade de propiciar a aproximação da atividade formalizadora com a realidade dos acontecimentos. LANÇAMENTO. AFRFB. JURISDIÇÃO DIVERSA. VALIDADE. SÚMULA CARF N. 27. É válido o lançamento formalizado por AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil de jurisdição diversa da do domicílio tributário do sujeito passivo. RESPONSABILIDADE. DIRIGENTE. ART. 135, III do CTN. INDIVIDUALIZAÇÃO DA CONDUTA. A atribuição de responsabilidade exclusiva ao dirigente em relação ao crédito tributário, com fundamento no art. 135, III, do CTN, reclama a individualização da conduta do responsável e da sua tipificação como violadora da lei e do contrato social, e não simplesmente do fato de haver equivocada apuração do tributo. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 58 5. 00 00 30 /2 01 0- 51 Fl. 445DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 2 ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2008 a 31/03/2008 NÃOCUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. CRÉDITO PRESUMIDO. AGROINDÚSTRIA. ALÍQUOTA. PRODUTO. O crédito presumido de que trata o artigo 8o, da Lei no 10.925/04 corresponderá a 60% ou a 35% daquele a que se refere o artigo 2o, da Lei no 10.833/03, em função da natureza do “produto” a que a agroindústria dá saída e não do insumo que aplica para obtêlo. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário apresentado, para reconhecer que o crédito presumido de que trata o art. 8o da Lei no 10.925/2004 deve ser calculado com a alíquota determinada em função da natureza do “produto” a que a agroindústria dá saída e não do insumo que aplica para obtêlo. Sustentou pela recorrente a Dra. Marina Vieira de Figueiredo, OAB/SP no 257.056. ANTONIO CARLOS ATULIM Presidente. ROSALDO TREVISAN Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Jorge Freire, Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista. Relatório Versa o presente sobre PER (retificador) de no 34994.71679.300708.1.5.09 5451 (fls. 5 a 7)1, transmitido em 30/07/2008, para demandar crédito de COFINS não cumulativa / Exportação (§ 1o do art. 6o da Lei no 10.833/2003) relativo ao 1o trimestre de 2008, no valor de R$ 31.370.885,28. As declarações de compensação (DCOMP) correspondentes são listadas à fl. 8 (DACON às fls. 10 a 59, e 69 a 122, e DIPJ às fls. 64 a 66). 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 446DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 12585.000030/201051 Acórdão n.º 3403003.629 S3C4T3 Fl. 446 3 A verificação iniciada em 26/11/2010, após diversas prorrogações, é encerrada “sem exame”, em função da comunicação de incorporação da BERTIN S.A. pela JBS S.A. (fl. 67). No Termo de Verificação de Infração Fiscal (TVIF) de fls. 126 a 152 (que trata da COFINS e da Contribuição para o PIS/PASEP de outubro de 2007 a dezembro de 2009), narrase que: (a) a fiscalização deriva de diversos pedidos de ressarcimento analisados em diferentes processos administrativos, e obtevese autorização expressa para novo exame, com ciência ao sujeito passivo (em que pese o procedimento anterior ter sido encerrado “sem exame”); (b) as autuações decorrentes, em relação a ambas as contribuições, no período correspondente ao 1o trimestre de 2008, foram lavradas no bojo do processo administrativo no 15868.720063/201203 (cópia da autuação referente à COFINS às fls. 153 a 157); (c) os pedidos de ressarcimento referentes a COFINS são analisados no presente processo, e os referentes a Contribuição para o PIS/PASEP, no processo administrativo no 12585.000035/201084; (d) o fisco optou por realizar verificações por trimestre, em ordem cronológica, iniciando os trabalhos relativos ao 1o trimestre de 2008 em 03/02/2012, com intimação à recorrente para fornecimento de documentos; (e) no período anterior (4o trimestre de 2007), houve problemas, não tendo a empresa conseguido compor os números declarados e informados pelos administradores, informando esta não ser possível naquele momento avaliar a solicitação de retificação dos DACON referentes ao período; (f) para minimizar tais dificuldades, a fiscalização, a partir dos arquivos digitais apresentados pela empresa, compôs três planilhas (referentes a janeiro, fevereiro e março de 2008) com o total de aquisições de bens e serviços utilizados como insumos, bens adquiridos para revenda, devoluções de vendas e importações de bens utilizados como insumos, antes da análise da fiscalização, que foram enviadas à empresa para conferência juntamente com a planilha 4, que lista os documentos a serem apresentados (demandandose ainda esclarecimentos a questões surgidas na análise inicial dos DACON fls. 130/133); (g) mesmo depois de intimado e reintimado, o sujeito passivo “não apresentou nenhuma planilha ou qualquer outro documento equivalente contendo a memória de cálculo demonstrativa da forma de apuração dos valores das aquisições de bens e serviços utilizados como insumos, de gado bovino de pessoas físicas, bem como das devoluções de vendas, por ele considerados e informados nos DACONs, para apuração dos créditos” das contribuições, nem “arquivos digitais complementares do PIS/COFINS”; (h) diante do exposto, restou apurar os créditos a partir dos arquivos digitais dos registros fiscais que foram apresentados pelo sujeito passivo (e das citadas planilhas correspondentes, tendo sobre elas o sujeito passivo informado que “não era possível avaliar os dados constantes das referidas planilhas”); (i) em função de o contribuinte ter apresentado novos arquivos digitais, alterando as informações anteriormente prestadas, as planilhas 1, 2 e 3 foram substituídas pelas planilhas 6, 7 e 8, que foram utilizadas pela fiscalização (diante da falta de interesse da empresa em apresentar os demais elementos exigidos pela fiscalização); (j) a partir de tais planilhas foram elaboradas as planilhas 9 (aquisições não consideradas pela fiscalização para apuração de créditos bens e serviços utilizados como insumos), 10 (registros em duplicidade), 11 (gado bovino adquirido de pessoas físicas), 12 (aquisições não consideradas pela fiscalização para apuração de créditos bens e serviços adquiridos de pessoas jurídicas para revenda), 13 (devoluções de vendas), 14 (serviços utilizados como insumos), 15 (aquisições para revenda), 16 a 18 (insumos que dão direito a crédito presumido agroindústria, por mês), 19 (despesas de energia elétrica), e 20 a 22 (resumos); (k) nas planilhas referentes a glosas (9 a 12), as razões pelas quais não foram considerados os créditos estão descritas de forma sintética ao final de cada planilha; (l) as planilhas foram todas entregues ao contribuinte e compõem o processo no 15868.720063/201203; (m) após as apurações, foram elaborados pela fiscalização DACON completos para o período, indicando os Fl. 447DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 4 valores que devem constar em todas as fichas, chegandose ao total de glosas constante na tabela de fl. 144; e (n) em decorrência das glosas, serão afastados os correspondentes valores a ressarcir nos processos administrativos (entre os quais o aqui analisado e o de no 12585.000035/201084, que trata da Contribuição para o PIS/PASEP), sem prejuízo dos lançamentos de ofício (levados a cabo no processo no 15868.720063/201203). Com base no TVIF é proferido o Despacho Decisório de fls. 162 a 166, indeferindo o pedido de ressarcimento e não homologando as compensações vinculadas. A empresa apresenta manifestação de inconformidade em 11/07/2012 (fls. 171 a 191) sustentando preliminarmente as seguintes nulidades: (a) há incompetência da DRF/Araçatuba para promover a fiscalização, sendo tanto a BERTIN S.A. quanto a incorporadora JBS S.A. sediadas na cidade de São Paulo; (b) a autorização para reexame de período já fiscalizado nada diz sobre a transferência de competência para outra região fiscal ou unidade descentralizada; (c) a emissão de MPF para a fiscalização é nula, porque não foi feita na disciplina da Portaria RFB no 3.014/2011; e (d) houve cerceamento de defesa, pois a unidade que promoveu a fiscalização dista aproximadamente 600 Km da recorrente, o que dificulta a entregar documentos e dirimir dúvidas sobre a fiscalização. Afirma ainda a defesa que: (e) incide sobre o caso o art. 135, III do CTN, sendo pessoalmente responsáveis os administradores da empresa à época (que relaciona à fl. 179), porque agiram com infração à lei (e que o não recolhimento das contribuições, por si, já demonstra clara infração à lei) e ao estatuto social (que previa “expressamente a necessidade de orientação, controle e fiscalização dos negócios da companhia pelo conselho de administração e da diretoria”); e (f) o procedimento fiscal teve início antes da incorporação da BERTIN S.A. pela JBS S.A., demonstrando que a não entrega de documentos se deu única e exclusivamente pelos administradores da empresa incorporada. No mérito, a empresa alega que: (g) a BERTIN S.A., em 2007, adquiriu a BERTIN LTDA, com diversos estabelecimentos, e grande parte dos valores escriturados pela BERTIN S.A. no período fiscalizado “podem ser provenientes de aquisições cujos documentos fiscais foram emitidos em nome da antiga proprietária dos estabelecimentos”, sendo que, em atenção ao princípio da verdade material, independente das notas fiscais em questão terem sido emitidas em nome da antiga proprietária, o fato é que as aquisições eram insumos para a adquirente; e (h) houve má interpretação, pelo agente fiscal, do art. 8o da Lei no 10.925/2004, e de seu § 3o, sendo a alíquota referente ao produto fabricado, e não ao adquirido (citando precedente do CARF), e afirmando que ainda que desconsiderado tal entendimento, as aquisições seriam de “carne”. Ao fim da peça de defesa, demandase diligência para análise dos documentos fiscais da empresa, inclusive intimandose os antigos administradores da incorporada. Em 28/02/2013 (fls. 323 a 343), ocorre o julgamento de primeira instância, no qual se acorda pela improcedência da manifestação de inconformidade, concluindo aquele colegiado unanimemente que: (a) os procedimentos são válidos mesmo que formalizados por servidor competente (AFRFB) de unidade diversa da do domicílio do sujeito passivo, como expressamente prevê o art. 9o, § 2o do Decreto no 70.235/1972; (b) a ação fiscal teve autorização em MPF do Superintendente da 8a Região Fiscal, que jurisdiciona todo o Estado de São Paulo, que detém autorização regimental para transferência de competências entre as unidades jurisdicionadas (art. 307 do Regimento Interno da RFB aprovado pela Portaria MF no 587/2010); (c) não cabe falar em cerceamento de defesa em etapa que antecede o contraditório, mas ainda assim a empresa foi reiteradamente intimada a apresentar documentos e teve acesso aos documentos dos autos, não se constatando qualquer empecilho relativo a produção de provas; (d) em relação à responsabilidade dos sócios da incorporada, cabe destacar que o presente procedimento fiscal não é um auto de infração, mas uma análise de pedido de ressarcimento da empresa, mas ainda assim se aplica ao caso o art. 132 do CTN, que trata de incorporação; (e) no mérito, a fiscalização examinou a contabilidade conforme encaminhada Fl. 448DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 12585.000030/201051 Acórdão n.º 3403003.629 S3C4T3 Fl. 447 5 pela empresa, assim como a documentação posteriormente encaminhada, tendo ocorrido reiteradas negativas de atendimento a intimações pelo sujeito passivo (enumeradas exemplificativamente às fls. 336/337), não tendo a empresa trazido “qualquer documento contábil ou fiscal anexo à peça recursal para comprovar o seu direito ao crédito de ressarcimento”, falhando assim em seu ônus processual; (f) quanto ao crédito presumido da agroindústria, a matéria foi disciplinada na Instrução Normativa no 660/2006, que endossa o entendimento do fisco em seu art. 8o, § 1o. Por fim, rejeita a DRJ o pedido de diligência e a demanda para que se enviem intimações ao endereço do patrono da causa, assim como para que este realize sustentação oral na instância de piso. Cientificada da decisão em 18/04/2013 (AR à fl. 443), a empresa apresenta recurso voluntário em 17/05/2013 (fls. 347 a 380), reiterando as considerações sobre nulidades relativas a competência da unidade fiscalizadora e cerceamento de defesa, suscitando ainda nulidade da decisão de piso por não analisar o argumento acerca da responsabilidade direta e exclusiva dos administradores da incorporada (que reitera, afirmando que o fisco não fez qualquer esforço para obter as informações junto aos exadministradores, em atenção à verdade material). No mérito, também reitera as considerações expressas em sua manifestação de inconformidade, e a demanda por diligência. Agrega, ao final, tópico sobre impossibilidade de sucessão de multas e juros, que, provavelmente figura por engano na peça recursal, visto não tratar o presente processo de autuação. Após o recurso voluntário a empresa acrescenta ainda, em 20/03/2014, a peça de fls. 416 a 426, noticiando o advento da Lei no 12.865/2013, que acrescenta um § 10 ao art. art. 8o da Lei no 10.925/2004, defendendo sua aplicação retroativa. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Cabe de início destacar que verifiquei que a autuação correspondente ao mesmo período (1o trimestre de 2008), da mesma empresa, abarcando a COFINS (com pedido de ressarcimento e compensações analisados nestes autos) e a Contribuição para o PIS/PASEP (com pedido de ressarcimento e compensações analisados no processo administrativo no 12585.000035/201084), lavrada no processo administrativo no 15868.720063/201203 (cópia da autuação referente à COFINS às fls. 153 a 157), foi apreciada recentemente por esta Terceira Turma, em 23/04/2014, com quatro dos atuais componentes do colegiado, no Acórdão no 3403002.906, assim ementado: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2008 a 31/03/2008 COFINS NÃOCUMULATIVO. Fl. 449DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 6 CRÉDITO. INSUMOS. PROVA. Na apuração de PIS/Cofins não cumulativo, a prova da existência do direito de crédito incumbe ao contribuinte, de maneira que, não havendo tal demonstração por parte do contribuinte, deve a Fiscalização promover o lançamento com os dados que se encontram ao seu alcance. LANÇAMENTO. NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. ÔNUS DA PROVA. PERÍCIA. Depois de realizado o lançamento com base nos dados fornecidos pelo próprio contribuinte, tornase dever do contribuinte apresentar as provas e fazer a demonstração pontual dos erros em que porventura teria incorrido a Fiscalização na apuração, demonstrando o valor que entenderia ser o correto para o direito de crédito. A realização de perícia submetese ao critério de necessidade do julgador, de maneira que, não havendo nenhuma prova contundente em sentido contrário ao da apuração procedida, e entendendo o julgador pela existência de elementos de prova suficientes para formar sua convicção, pode e deve deixar de realizar a perícia, promovendo desde logo o julgamento. RESPONSABILIDADE PESSOAL EXCLUSIVA DOS DIRIGENTES DA EMPRESA SUCEDIDA. NÃO CONFIGURAÇÃO. A apuração equivocada do tributo, em si mesmo, não configura infração de lei ou do estatuto social, capaz de configurar a hipótese de responsabilidade pessoal exclusiva prevista no art. 135, III, do CTN. MULTA DE OFÍCIO. RESPONSABILIDADE POR SUCESSÃO. INCORPORAÇÃO. A sucessão por incorporação implica na transferência da responsabilidade em relação ao crédito tributário como um todo, incluindo a multa de ofício e os juros de mora, independente do lançamento ter ocorrido antes ou depois da sucessão. Inteligência do art. 132 c/c art. 129 do CTN. CRÉDITO PRESUMIDO AGROINDÚSTRIA. ALÍQUOTA APLICÁVEL. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PRECLUSÃO. A alegação de erro no lançamento em relação à forma de cálculo do crédito presumido foi argüida de maneira inédita no recurso voluntário, razão pela qual não pode ser apreciada, por restar configurada a preclusão, visto que tal matéria não foi alegada na impugnação. Sua análise também implicaria em supressão de instância, pois a questão não foi submetida ao julgamento de Primeira Instância. Recurso negado. (Acórdão no 3403002.906, Rel. Cons. Ivan Allegretti, unânime, exceto em relação à multa e aos juros de mora em razão da sucessão, matéria na qual a Conselheira Adriana Ribeiro, em substituição ao Conselheiro Domingos de Sá Filho, votou pelo provimento, sessão de 23.abr.2014) (grifo nosso) Tal verificação é relevante e pertinente, pois as matérias analisadas nestes autos são praticamente as mesmas, e sob os mesmos fundamentos, resguardadas algumas especificidades que serão anotadas ao longo deste voto. Das preliminares de nulidade Fl. 450DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 12585.000030/201051 Acórdão n.º 3403003.629 S3C4T3 Fl. 448 7 Alega a recorrente que há incompetência da DRF/Araçatuba para promover a fiscalização, sendo tanto a BERTIN S.A. quanto a incorporadora JBS S.A. sediadas na cidade de São Paulo, existindo nulidade na emissão de MPF para a fiscalização, porque não foi feita na disciplina da Portaria RFB no 3.014/2011. Protesta ainda quanto à autorização para reexame de período já fiscalizado, que nada diz sobre a transferência de competência para outra ou unidade descentralizada. Compulsando os autos, percebese que havia MPF para a realização da fiscalização (reproduzido no próprio recurso voluntário fl. 350), assinado por quem detém competência normativa para representar o Superintendente da Receita Federal na 8a Região Fiscal, que jurisdiciona tanto a capital São Paulo quanto Araçatuba. E em tal MPF, entre os AuditoresFiscais encarregados encontramse aqueles que realizam a análise fiscal e assinam o Termo de Verificação de Infração Fiscal. Não existe (nem a recorrente aponta) qualquer comando normativo que obrigue o Superintendente a declinar no MPF a unidade de lotação de tais auditores. Mas, por óbvio, se eles foram designados, o foram onde quer que estejam lotados. Não há, assim, nenhuma irregularidade na emissão do MPF, sendo ainda logicamente reprovável o raciocínio a contrario sensu em relação a súmula rejeitada pelo CARF. É evidente que uma súmula rejeitada não produz o efeito de aprovação (ou de confirmação) de uma súmula de teor contrário. Cabível, sim invocar súmulas efetivamente aprovadas pelo CARF, que vinculam o julgador administrativo, como a de no 27: Súmula CARF no 27: É válido o lançamento formalizado por AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil de jurisdição diversa da do domicílio tributário do sujeito passivo. Aliás, como atesta o julgador de piso, isso já estava claro no art. 9o, § 2o do Decreto no 70.235/1972. Ainda que não se esteja neste processo tratando de lançamento, mas de análise de direito de crédito (análise que, por certo, acabou implicando o lançamento em relação ao mesmo período, que já foi inclusive objeto de julgamento por esta Terceira Turma, como noticiado ao início deste voto), é de se revelar que, no caso em apreço, o MPF regularmente emitido por autoridade competente atribuiu a fiscalização a determinados AuditoresFiscais, que, lotados em unidade da RFB sob jurisdição do Superintendente, realizaram o trabalho. A crítica à data da Portaria de Delegação de competência revela confusão da recorrente entre o ato de delegação de competência e a Portaria que disciplina o MPF. O Mandado de Procedimento Fiscal foi inicialmente disciplinado pela Portaria SRF no 3.007/2001, depois pela Portaria RFB no 4.328/2005, depois pela Portaria SRF no 6.087/2005, depois pela Portaria RFB no 4.066/2007, depois pela Portaria RFB no 11.371/2007, depois pela Portaria RFB no 3.014/2011 (citada na peça recursal), depois pela Portaria RFB no 1.687/2014, que o extinguiu, criando a figura do “termo de distribuição de procedimento fiscal”, expressão mais apropriada para um instrumento que, de “mandado”, efetivamente nunca teve nada (conforme atesta reiterada jurisprudência deste CARF, inclusive da Câmara Superior de Recursos Fiscais), diante da competência legalmente atribuída aos AuditoresFiscais para lançamento: Fl. 451DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 8 “NULIDADE. IRREGULARIDADES NA EMISSÃO DE MPF. INOCORRÊNCIA. O Mandado de Procedimento Fiscal é simples instrumento de controle interno da Administração Tributária, não se constituindo em elemento essencial de validade do correspondente auto de infração. Também aí entendese pertinente o posicionamento do julgador a quo, que esclareceu que o MPF é um instrumento interno de planejamento e controle das atividades fiscais, e eventuais irregularidades em seu trâmite não invalidam o auto de infração decorrente do procedimento fiscal relacionado.” 2 “MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. O MPF é ato interna corporis de controle interno e eventuais vícios são consideradas meras irregularidades, que não têm efeito de contaminar de nulidade o crédito constituído pelo lançamento de ofício.” 3 “MPF. AUSÊNCIA DE NULIDADE. O MPF Mandado de Procedimento Fiscal é instrumento de controle administrativo e de informação ao contribuinte. Eventuais omissões ou incorreções do MPF não são causa de nulidade do auto de infração” 4 “MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL MPF Eventual irregularidade na emissão do MPF ou o descumprimento do prazo previsto no MPF para realização da ação fiscal não induzem a nulidade do ato jurídico praticado pelo auditor fiscal pois o MPF é mero instrumento de controle da atividade fiscal e não um limitador da competência do agente público.” 5 “NORMAS PROCESSUAIS MPF MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL NULIDADE DO LANÇAMENTO. O MPF é instrumento de controle administrativo e eventual irregularidade em sua emissão não tem o condão de trazer nulidade ao lançamento. Não pode se sobrepor ao que dispõe o Código Tributário Nacional acerca do lançamento tributário, e aos dispositivos da Lei n° 10.593/2002, que trata da competência funcional para a 1avratura do auto de infração.” 6 Assim, no presente caso, que, destaquese, teve MPF regularmente emitido, a delegação de competência operada em 2004 (e criticada pela defesa) obviamente ampara o MPF de 2011. Sustentar o contrário equivaleria ao absurdo entendimento de que cada vez que fosse editada uma nova norma sobre MPF (ou sobre qualquer outra matéria) deveriam ser editadas nas dez Superintendências da RFB do País (isso para não falar das demais autoridades citadas nas portarias) novas portarias de delegação de competência para emissão de um mesmo instrumento, já existente, de mesma denominação MPF. 2 CARF, Acórdão 1401000.740, 4a Câmara, 1a Seção, Rel. Cons. Fernando Luis Gomes de Matos, unanimidade, Sessão de 15.mar.2012. 3 CARF, Acórdão 1801001.018, 3a Turma Especial, 1a Seção, Rel. Cons. Carmen Ferreira Saraiva, unanimidade, Sessão de 10.mai.2012. 4 CARF, Acórdão 3102001.669, 1a Câmara, 3a Seção, Rel. Cons. Winderley Morais Pereira, unanimidade, Sessão de 27.nov.2012. 5 CARF, Acórdão 2403002.353, 3a Câmara, 2a Seção, Rel. Cons. Carlos Alberto Mees Stringari, unanimidade, Sessão de 20.nov.2013. 6 CSRF, Acórdão 9101001.798, Rel. Cons. Marcos Aurélio Pereira Valadão, maioria, Sessão de 19.nov.2013. Fl. 452DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 12585.000030/201051 Acórdão n.º 3403003.629 S3C4T3 Fl. 449 9 Também no que se refere ao exame de período fiscalizado, autorizado pelo Superintendente Substituto da 8a Região Fiscal, não existe (nem a recorrente aponta) qualquer norma que obrigue constar no documento a unidade responsável. Pelo contrário, a DRJ relaciona ato normativo que permite ao Superintendente otimizar a carga de trabalho em sua jurisdição, distribuindoa em unidades que não constituem necessariamente o domicílio do fiscalizado. E, por fim, não resta configurado cerceamento de defesa pelo fato de estar a unidade fiscalizadora distante 600 Km da empresa. Isso não prejudicou a comunicação (sendo as reiteradas negativas de resposta a intimação por parte da interessada devidas a fatores outros que não a distância, como resta patente nos autos), nem a apresentação de documentos ou o esclarecimento de dúvidas. Na era da internet e do telefone, não aponta a recorrente sequer um fato concreto em que tenha havido obstáculo efetivo a sua defesa pela distância. Em relação à nulidade do julgamento de piso, suscitada pela recorrente, pelo fato de não ter sido analisado seu argumento acerca da responsabilidade direta e exclusiva dos administradores da incorporada, cabe destacar que a DRJ o analisou, não se confundindo a negativa de acolhimento com a omissão. Para o esclarecimento, basta a leitura dos três parágrafos iniciais da decisão da DRJ que tratam do assunto (fl. 332): “Informese que o presente processo não trata de auto de infração, mas sim de Despacho Decisório proferido pela DELEGACIA DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA EM SÃO PAULO DERAT/SP, que tratou de pedido de ressarcimento e também da não homologação de compensações a ele vinculadas. Contudo, frisese que os créditos tributários informados como débitos nas Dcomp não estão em discussão, mas tãosomente o pedido de ressarcimento, eis que se não homologadas as compensações, os débitos informados nas Dcomp devem ser cobrados. Tendo em vista o mister de julgador, não nos furtaremos de analisar a argumentação trazida na peça recursal, entendendo tratarse de equívoco da contribuinte, pois a cobrança dos débitos informados em Dcomp não comporta discussão em sede de recurso conforme se apresenta, uma vez que, foram declarados e confessados pela própria contribuinte.” (grifo nosso) A partir desse parágrafo, o julgador está, a nosso ver, a se pronunciar desnecessariamente sobre o tema (como ele próprio admite, ao dizer que, no dever de julgador, não se furtará a analisar a argumentação, ainda que equivocada, do contribuinte). Reiterese: nestes autos se aprecia pedido de ressarcimento (cumulado com compensação). E, sobre o tema, há que se aclarar que o ônus probatório é do postulante ao crédito. Fl. 453DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 10 Não se está aqui tratando de uma “autuação”, mas de um pedido de crédito, no qual o solicitante tem o dever de apresentar todos os elementos necessários à prova de seu direito. Assim vem reiteradamente decidido esta turma de forma unânime: “ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO NO QUAL SE FUNDAMENTA A AÇÃO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. DILAÇÃO PROBATÓRIA. DILIGÊNCIAS. A realização de diligências destinase a resolver dúvidas acerca de questão controversa originada da confrontação de elementos de prova trazidos pelas partes, mas não para permitir que seja feito aquilo que a lei já impunha como obrigação, desde a instauração do litígio, às partes componentes da relação jurídica.” (Acórdãos n. 3403002.106 a 111, Rel. Cons. Alexandre Kern, unânimes, sessão de 23.abr.2013) (grifo nosso) “PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO. Nos pedidos de compensação/ressarcimento, incumbe ao postulante a prova de que cumpre os requisitos previstos na legislação para a obtenção do crédito pleiteado.” (grifo nosso) (Acórdão n. 3403003.173, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 21.ago.2014) (No mesmo sentido: Acórdão n. 3403003.166, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 20.ago.2014; Acórdão 3403002.681, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 28.jan.2014; e Acórdãos n. 3403002.472, 473, 474, 475 e 476, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânimes em relação à matéria, sessão de 24.set.2013) Se não houver prova do direito ao crédito, ele não será concedido. Isso porque não se discute, nem se pode discutir nestes autos, a exigência do crédito decorrente da negativa do ressarcimento ou da não homologação das compensações. Desse modo, não faz sentido algum seguir na análise do argumento da empresa, que pretende atribuir “responsabilidade” a administradores da incorporada. Responsabilidade pelo pagamento de algo? Mas não se está exigindo nada nestes autos, estáse negando ressarcimento. Parece a recorrente desejar que os antigos administradores (que ela afirma terem agido com infração a lei e ao estatuto) lhe assegurem com tal conduta um direito a crédito. Inexistente, assim, a nulidade apontada. E aproveitamos as considerações e os precedentes sobre o ônus probatório para indeferir a perícia solicitada, pois a perícia não se presta à finalidade pleiteada pela recorrente, que consiste em um verdadeiro novo exame da matéria, trazendo, sem motivo justificado nos autos, novas pessoas à lide. A diligência serve ao esclarecimento de dúvidas do julgador em relação ao material já trazido nos autos pelas partes. E a ausência de substância no material de defesa constante nos autos do presente processo opera contra aquele que tem o ônus de provar seu direito de crédito: a recorrente. Ainda que invocada a verdade material, é necessário esclarecer, na linha dos ensinamentos de JAMES MARINS, que a verdade material é ladeada pelo dever de investigação (da Administração tributária, que encontra limitações de ordem constitucional), e pelo dever de colaboração (por parte do contribuinte e de terceiros): Fl. 454DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 12585.000030/201051 Acórdão n.º 3403003.629 S3C4T3 Fl. 450 11 “As faculdades fiscalizatórias da Administração tributária devem ser utilizadas para o desvelamento da verdade material e seu resultado deve ser reproduzido fielmente no bojo do procedimento e do Processo Administrativo. O dever de investigação da Administração e o dever de colaboração por parte do particular têm por finalidade propiciar a aproximação da atividade formalizadora com a realidade dos acontecimentos.” 7 E o que se vê no presente processo é a significativa ausência de colaboração por parte do contribuinte, levando o fisco a recompor DACON com base em registros digitais da própria empresa. Da responsabilidade de dirigentes / da incorporada Aproveitase ainda o exposto no tópico anterior, no que se refere ao pronunciamento da DRJ sobre a responsabilidade de dirigentes da incorporada, ou desta, para analisar a argumentação reiterada em sede de recurso voluntário no sentido de que incide sobre o caso o art. 135, III do CTN, sendo pessoalmente responsáveis os administradores da empresa à época (que relaciona) porque agiram com infração à lei (e que o não recolhimento das contribuições, por si, já demonstra clara infração à lei) e ao estatuto social (que previa “expressamente a necessidade de orientação, controle e fiscalização dos negócios da companhia pelo conselho de administração e da diretoria”). A argumentação, como exposto no tópico anterior, é desconectada da realidade destes autos, nos quais se discute o direito ao crédito, que deve ser provado pelo postulante. Daí informarmos, inclusive, no relatório, que o tópico agregado ao final do recurso voluntário (inexistente na manifestação de inconformidade) sobre impossibilidade de sucessão de multas e juros provavelmente figura por engano na peça recursal, visto não tratar o presente processo de autuação (não havendo imputação de multa ou juros). De qualquer modo, esta Terceira Turma (no julgamento da autuação) já se pronunciou sobre o tema, esclarecendo que a atribuição de responsabilidade exclusiva ao dirigente em relação ao crédito tributário, com fundamento no art. 135, III, do CTN, reclama a individualização da conduta do responsável e da sua tipificação como violadora da lei e do contrato social. “2. Responsabilidade pessoal exclusiva dos dirigentes da empresa sucedida. A apuração equivocada do tributo, em si mesmo, não configura infração de lei ou do estatuto social, não configurando a hipótese de responsabilidade prevista no art. 135, III, do CTN. A atribuição de responsabilidade exclusiva do dirigente em relação ao crédito tributário, com fundamento no art. 135, III, do CTN, reclama a individualização da conduta do responsável e da sua tipificação como violadora da lei e do contrato social. 7 MARINS, James. Direito Processual Tributário Brasileiro (Administrativo e Judicial). 6.ed. São Paulo: Dialética, 2012, p.154. Fl. 455DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 12 Se o simples fato de deixar de recolher tributo não configura a violação de lei prevista no referido dispositivo do CTN, conforme jurisprudência reiterada do Superior Tribunal de Justiça, então muito menos se configurará no caso de apuração e recolhimento realizados de forma equivocada, sem a demonstração de qualquer conduta dolosa dos dirigentes ou administradores da pessoa jurídica. A propósito do tema, esta Turma já manifestou o seguinte entendimento: (...) CRÉDITO TRIBUTÁRIO. SÓCIOS E MANDATÁRIOS DA PESSOA JURÍDICA. RESPONSABILIDADE PESSOAL. EXISTÊNCIA DE DOLO. NECESSIDADE. A responsabilidade pessoal inserta no art. 135, III do Código Tributário Nacional, para sua aplicação, exige a comprovação do caráter doloso da conduta daqueles agentes quando pratiquem atos com excesso de poder ou que infrinjam a lei, contrato social ou estatutos da pessoa jurídica lançada, não se qualificando como doloso o simples inadimplemento de obrigação tributária, como remansoso na jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça. (...) (Acórdão 340300.530, PA 13312.000587/200417, Relator Cons. Robson José Bayerl, j. 26/08/2010) Entendo, por isso, que não se pode cogitar da aplicação do art. 135, III, do CTN. (Acórdão no 3403002.906, Rel. Cons. Ivan Allegretti, unânime, exceto em relação à multa e aos juros de mora em razão da sucessão, matéria na qual a Conselheira Adriana Ribeiro, em substituição ao Conselheiro Domingos de Sá Filho, votou pelo provimento, sessão de 23.abr.2014) (grifo nosso) (grifo nosso) Não há, assim, como atribuir, ainda mais na realidade do presente processo, que trata de ressarcimento, a responsabilidade aos sócios da (ou à) empresa incorporada pela recorrente. Improcedente, assim, a argumentação externada pela defesa. Das glosas referentes a insumos Como relatado de início, em função de o contribuinte ter apresentado apenas arquivos digitais, alterados ao longo da fiscalização, as planilhas 1, 2 e 3 inicialmente confeccionadas pelo fisco, exclusivamente com base nas informações prestadas, antes de qualquer ajuste pela fiscalização, foram substituídas pelas planilhas 6, 7 e 8, utilizadas pela fiscalização (diante da falta de interesse da empresa em apresentar os demais elementos exigidos pela fiscalização). A partir de tais planilhas foram elaboradas as planilhas 9 (aquisições não consideradas pela fiscalização para apuração de créditos bens e serviços utilizados como insumos), 10 (registros em duplicidade), 11 (gado bovino adquirido de pessoas físicas), 12 (aquisições não consideradas pela fiscalização para apuração de créditos bens e serviços adquiridos de pessoas jurídicas para revenda), 13 (devoluções de vendas), 14 (serviços utilizados como insumos), 15 (aquisições para revenda), 16 a 18 (insumos que dão direito a crédito presumido agroindústria, por mês), 19 (despesas de energia elétrica), e 20 a 22 (resumos). Nas planilhas referentes a glosas (9 a 12), as razões pelas quais não foram considerados os créditos estão descritas de forma sintética ao final de cada planilha, cabendo destacar que as planilhas foram todas entregues ao contribuinte e compõem o processo de autuação no 15868.720063/201203 (aquele já apreciado por esta Terceira Turma). Após as Fl. 456DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 12585.000030/201051 Acórdão n.º 3403003.629 S3C4T3 Fl. 451 13 apurações, foram elaborados pela fiscalização DACON completos para o período, indicando os valores que devem constar em todas as fichas, chegandose ao total de glosas constante na tabela de fl. 144. Sobre a amplitude do conceito de insumos na legislação que rege as contribuições, cabe destacar que esta Terceira Turma já tem posicionamento assentado. O termo insumo é polissêmico. Por isso, há que se indagar qual é sua abrangência no contexto das Leis no 10.627/2002 e no 10.833/2003. Na busca de um norte para a questão, poderseia ter em consideração os teores do § 5o do art. 66 da IN SRF no 247/2002 (editado com base no art. 66 da Lei no 10.637/2002) e do art. 8o da IN SRF no 404/2004 (editado com alicerce no art. 92 da Lei no 10.833/2003), que, para efeito de disciplina da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, estabelecem entendimento de que o termo insumo utilizado na fabricação ou produção de bens destinados à venda abrange “as matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado” e “os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto”. Outro caminho seria buscar analogia com a legislação do IPI ou do IR (ambas frequentes na jurisprudência deste CARF). Contudo, tal tarefa se revela improfícua, pois em face da legislação que rege as contribuições, o conceito expresso nas normas que tratam do IPI é demasiadamente restritivo, e o encontrado a partir da legislação do IR é excessivamente amplo, visto que se adotada a acepção de “despesas operacionais”, chegarseia à absurda conclusão de que a maior parte dos incisos do art. 3o das Leis no 10.637/2002 e no 10.833/2003 (inclusive alguns que demandaram alteração legislativa para inclusão v.g. incisos IX, referente a energia elétrica e térmica, e X, sobre valetransporte ... para prestadoras de serviços de limpeza...) é inútil ou desnecessária. A Lei no 10.637/2002, que trata da Contribuição para o PIS/PASEP não cumulativa, e a Lei no 10.833/2003, que trata da COFINS nãocumulativa, explicitam, em seus arts. 3o, que podem ser descontados créditos em relação a: “II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda ou à prestação de serviços, inclusive combustíveis (...)” (grifo nosso) A mera leitura dos dispositivos legais já aponta para a impossibilidade de se considerar como insumo um bem ou serviço que não seja utilizado na produção ou fabricação do bem destinado à venda. Concluise, então, que o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final, como vem reiteradamente decidindo esta Terceira Turma: “CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. NÃO CUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS não guarda correspondência com o Fl. 457DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 14 extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. (...).” (Acórdão no 3403003.166, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime – em relação à matéria, sessão de 20.ago.2014) (No mesmo sentido os Acórdãos no 3403002.469 a 477; no 3403 001.893 a 896; no 3403001.935; no 3403002.318 e 319; e no 3403.002.783 e 784) Isto posto, caberia analisar a adequação ao conceito de insumo das rubricas questionadas no presente contencioso, já destacando que não se identifica com a legislação do IPI nem com a do IR. No entanto, apesar de a fiscalização detalhar minuciosamente as glosas, em favor do direito de defesa da recorrente, não há nenhum questionamento específico de glosa de insumos nas peças recursais, limitandose a recorrente a afirmar que a BERTIN S.A., em 2007, adquiriu a BERTIN LTDA, com diversos estabelecimentos, e grande parte dos valores escriturados pela BERTIN S.A. no período fiscalizado “podem ser provenientes de aquisições cujos documentos fiscais foram emitidos em nome da antiga proprietária dos estabelecimentos”, sendo que, em atenção ao princípio da verdade material, independente das notas fiscais em questão terem sido emitidas em nome da antiga proprietária, o fato é que as aquisições eram insumos para a adquirente. Vejase que poderia a recorrente na peça de defesa demonstrar que cada um dos bens glosados (ou ao menos um, de forma documentada) é efetivamente utilizado em seu processo produtivo, possibilitando o direito ao crédito. Mas a afirmação de que detém o direito é sempre genérica, o que denota o claro equívoco da recorrente em relação ao ônus probatório em processos de ressarcimento, tema já esclarecido em tópico anterior deste voto. Portanto, diante da ausência de qualquer elemento comprobatório, inexistente o direito ao crédito. Das glosas referentes a créditos presumidos agroindústria Afirma o fisco no TVIF (fl. 141) que: A recorrente, por sua vez, sustenta que houve má interpretação, pelo agente fiscal, do art. 8o da Lei no 10.925/2004, e de seu § 3o, sendo a alíquota referente ao produto fabricado, e não ao adquirido (citando precedente do CARF), e afirmando que ainda que desconsiderado tal entendimento, as aquisições seriam de “carne”. Vêse que aqui reside uma das poucas discussões que não envolve aspectos probatórios, sendo a matéria exclusivamente ligada à interpretação do art. 8o da Lei no 10.925/2004. E tal matéria não foi enfrentada no julgamento da autuação relativa ao mesmo período, por esta Terceira Turma, porque naqueles autos havia operado preclusão em relação ao assunto. Fl. 458DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 12585.000030/201051 Acórdão n.º 3403003.629 S3C4T3 Fl. 452 15 O art. 8o da Lei no 10.925/2004 dispõe que as pessoas jurídicas que produzam determinadas mercadorias (que arrola no caput do artigo), destinadas à alimentação humana ou animal, podem deduzir das contribuições (Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins), devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do art. 3o das Leis no 10.637/2002 e 10.833/2003 (insumos), adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física, residente ou domiciliada no País. No § 3o do referido art. 8o, estabelecese que o montante do crédito presumido será determinado mediante aplicação, sobre o valor das aquisições, de alíquota correspondente a: (a) 60% da prevista na legislação das contribuições, para os produtos de origem animal classificados nos Capítulos 2 a 4, 16, e nos códigos 15.01 a 15.06, 1516.10, e as misturas ou preparações de gorduras ou de óleos animais dos códigos 15.17 e 15.18; e (b) de 35% da prevista na legislação das contribuições, para os demais produtos. Na letra da lei: “Art. 8o As pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal, classificadas nos capítulos 2, 3, exceto os produtos vivos desse capítulo, e 4, 8 a 12, 15, 16 e 23, e nos códigos 03.02, 03.03, 03.04, 03.05, 0504.00, 0701.90.00, 0702.00.00, 0706.10.00, 07.08, 0709.90, 07.10, 07.12 a 07.14, exceto os códigos 0713.33.19, 0713.33.29 e 0713.33.99, 1701.11.00, 1701.99.00, 1702.90.00, 18.01, 18.03, 1804.00.00, 1805.00.00, 20.09, 2101.11.10 e 2209.00.00, todos da NCM, destinadas à alimentação humana ou animal, poderão deduzir da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do caput do art. 3o das Leis no 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física. (...) § 3o O montante do crédito a que se referem o caput e o § 1o deste artigo será determinado mediante aplicação, sobre o valor das mencionadas aquisições, de alíquota correspondente a: I 60% (sessenta por cento) daquela prevista no art. 2o das Leis no 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, para os produtos de origem animal classificados nos Capítulos 2 a 4, 16, e nos códigos 15.01 a 15.06, 1516.10, e as misturas ou preparações de gorduras ou de óleos animais dos códigos 15.17 e 15.18; e II 35% (trinta e cinco por cento) daquela prevista no art. 2o das Leis no 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, para os demais produtos.” (a Lei no 11.488/2007 incluiu um inciso, com alíquota de 50%, para a soja e seus derivados classificados nos Capítulos 12, 15 e 23, todos da TIPI) (grifo e atualização nossos) Fl. 459DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 16 No caso, o fisco afirma textualmente que aplicou as alíquotas conforme os insumos adquiridos. E a recorrente alega que o cômputo da alíquota deve ser feito em relação ao produto fabricado e não em relação ao insumo adquirido. A literalidade da lei realmente abre possibilidade às duas linhas de entendimento, pelo que deve se buscar qual é a interpretação que se coaduna ao sistema, mantendoo lógico, coerente e harmônico. Tal tarefa foi originalmente empreendida por esta turma em junho de 2013, que unanimemente chegou à conclusão que: “O crédito presumido de que trata o artigo 8o, da Lei no 10.925/04 corresponderá a 60% ou a 35% daquele a que se refere o artigo 2o, da Lei no 10.833/03 em função da natureza do “produto” a que a agroindústria dá saída e não da origem do insumo que aplica para obtêlo”. (Acórdão no 3403002.281, Rel Conselheiro Marcos Tranchesi Ortiz, unânime, sessão de 25.jun.2013) (grifo nosso) É conveniente transcrever parte do raciocínio empreendido, para que reste nítida a coerência argumentativa da linha adotada: “Originalmente, o crédito presumido da agroindústria no regime não cumulativo de apuração do PIS e da COFINS foi previsto nas próprias Leis no. 10.637/02 e 10.833/03, nos §§10 e 5o de seus respectivos artigos 3os. Como se trata de um segmento cujos insumos provêm em larga escala de fornecedores pessoas físicas – que, por não serem contribuintes das exações, não proporcionariam crédito à agroindústria adquirente – a solução encontrada pelo legislador para minimizar a cumulatividade da cadeia foi a outorga do crédito presumido. Pretendiase, na ocasião, compensar o industrial pelo PIS e pela COFINS incidentes sobre os insumos da produção agrícola – fertilizantes, defensivos, sementes etc. – e acumulados no preço dos produtos agrícolas e pecuários. Como esse foi o propósito por trás da instituição do crédito presumido – neutralizar a incidência do PIS e da COFINS acumulada no preço dos gêneros agrícolas – não faria sentido que o valor do benefício variasse em função do produto em cuja fabricação a indústria o empregasse. Aliás, seria até antiisonômico se fosse assim. Daí porque as Leis nos. 10.637/02 e 10.833/03 o concediam em alíquota única. Se os adquirisse de pessoas físicas, a agroindústria apropriaria sempre o mesmo percentual, independentemente da espécie de produto em que fossem aplicados. A estipulação de mais de um percentual para apuração do crédito presumido foi obra da Lei no. 10.925/04 que, simultaneamente, também reduziu a zero a alíquota do PIS e da COFINS incidentes sobre a receita de venda dos principais insumos da atividade agrícola. (...) Ora, se os insumos aplicados na agricultura e na pecuária já não são gravados pelo PIS e pela COFINS e, portanto, se o preço praticado pelo produtor rural pessoa física já não contém Fl. 460DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 12585.000030/201051 Acórdão n.º 3403003.629 S3C4T3 Fl. 453 17 o encargo tributário, qual a justificativa para a manutenção do crédito presumido à agroindústria? Se o benefício perseguia compensar o setor pelo acúmulo de PIS e de COFINS no preço dos gêneros agrícolas, como explicálo depois de reduzida a zero a alíquota dos insumos aplicados à produção? A verdade é que, com o advento da Lei no. 10.925/04, o crédito presumido da agroindústria passou a servir a uma finalidade diversa da que presidiu a sua instituição. Como já não era preciso compensar incidências em etapas anteriores da cadeia, o legislador veiculou verdadeiro incentivo fiscal através (sic) do crédito presumido. Nesse sentido, vejase trecho da Exposição de Motivos da MP no. 183, cuja conversão originou a Lei no. 10.925/04: ‘4. Desse acordo, que traz grandes novidades para o setor, decorreu a introdução dos dispositivos acima mencionados, que, se convertidos em Lei, teriam os seguintes efeitos: a) redução a zero das alíquotas incidentes sobre fertilizantes e defensivos agropecuários, suas matériasprimas, bem assim sementes para semeadura; b) em contrapartida, extinção do crédito presumido, atribuído à agroindústria e aos cerealistas, relativamente às aquisições feitas de pessoas físicas. 5. Cumpre esclarecer que o mencionado crédito presumido foi instituído com a única finalidade de anular a acumulação do PIS e da COFINS nos preços dos produtos dos agricultores e pecuaristas pessoas físicas, dado que estes não são contribuintes dessas contribuições, evitandose, assim, que dita acumulação repercutisse nas fases subsequentes da cadeia de produção e comercialização de alimentos. 6. Com a redução a zero dos mencionados insumos, por decorrência lógica, haveria de se extinguir o crédito presumido, por afastada sua fundamentação econômica, pois, do contrário, estarseia perante um benefício fiscal, o que contraria a Lei de Responsabilidade Fiscal.’ Como se vê, o crédito presumido em análise assumiu, com o advento da Lei no. 10.925/04, ares de um verdadeiro incentivo e, como medida de política extrafiscal, passou a não haver impedimento a que o legislador favorecesse os diversos setores da agroindústria com benefícios de montante distinto. Nada impedia, pois, que o valor do crédito presumido variasse não mais em função do insumo (origem vegetal ou animal) e, sim, em função do produto (origem vegetal ou animal). Enquanto o crédito presumido servia ao propósito de eliminar a cumulatividade do PIS e da COFINS na cadeia agrícola, a lei de regência o concedia em percentual único, não importando em qual gênero alimentício o insumo fosse empregado. Depois, a partir do instante em que o instituto revestiu caráter de incentivo, a lei passou a outorgálo em diferentes montantes, conforme, o texto mesmo diz, o “produto” tenha esta ou aquela natureza.” Fl. 461DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 18 Em processos julgados em setembro de 2013 chegou a turma à mesma conclusão: “CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. COFINS. CRÉDITO PRESUMIDO. AGROINDÚSTRIA. ALÍQUOTA. PRODUTO. O crédito presumido de que trata o artigo 8o, da Lei no 10.925/04 corresponderá a 60% ou a 35% daquele a que se refere o artigo 2o, da Lei no 10.833/03, em função da natureza do “produto” a que a agroindústria dá saída e não da origem do insumo que aplica para obtêlo.” (Acórdãos no 3403002.469 a 477, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação ao tema, sessão de 24.set.2013) A endossar o entendimento da turma a Lei no 12.865, de 09/10/2013, que acrescentou (art. 33) o seguinte § 10 ao art. 8o da Lei no 10.925/2004: “§ 10. Para efeito de interpretação do inciso I do § 3o, o direito ao crédito na alíquota de 60% (sessenta por cento) abrange todos os insumos utilizados nos produtos ali referidos.” Assim, desnecessário cogitar de interpretação benigna retroativa da Lei no 12.865/2013, pois esta turma já entendia, antes do avento da referida Lei, que as alíquotas são aplicadas em função do produto fabricado, e não do insumo adquirido. Concluise, então, neste tópico, que deve ser reconhecido o crédito presumido de que trata o art. 8o da Lei no 10.925/2004 com a alíquota determinada em função da natureza do “produto” a que a agroindústria dá saída e não do insumo que aplica para obtêlo. Em função do reconhecimento do crédito, deve a unidade local da RFB tomar as providências para alastrar as consequências desta decisão a lançamentos e/ou compensações decorrentes. Diante do exposto, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso voluntário apresentado, para reconhecer que o crédito presumido de que trata o art. 8o da Lei no 10.925/2004 deve ser calculado com a alíquota determinada em função da natureza do “produto” a que a agroindústria dá saída e não do insumo que aplica para obtêlo. Rosaldo Trevisan Fl. 462DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN
score : 1.0
Numero do processo: 18088.000635/2009-04
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Dec 11 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Jan 02 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2005
CONCOMITÂNCIA. UNIDADE DE JURISDIÇÃO. SÚMULA CARF N. 1.
Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial.
COMPENSAÇÃO. PENDÊNCIA DE PROCESSO JUDICIAL. VEDAÇÃO.
É vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial, conforme art. 170-A do CTN.
Numero da decisão: 3403-003.464
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não tomar conhecimento do recurso na parte em que existe concomitância com o processo judicial e, na parte conhecida, negar provimento. O Conselheiro Fenelon Moscoso de Almeida participou do julgamento em substituição ao Conselheiro Alexandre Kern.
ANTONIO CARLOS ATULIM - Presidente.
ROSALDO TREVISAN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Fenelon Moscoso de Almeida (em substituição a Alexandre Kern), Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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UNIDADE DE JURISDIÇÃO. SÚMULA CARF N. 1. Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. COMPENSAÇÃO. PENDÊNCIA DE PROCESSO JUDICIAL. VEDAÇÃO. É vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial, conforme art. 170A do CTN. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não tomar conhecimento do recurso na parte em que existe concomitância com o processo judicial e, na parte conhecida, negar provimento. O Conselheiro Fenelon Moscoso de Almeida participou do julgamento em substituição ao Conselheiro Alexandre Kern. ANTONIO CARLOS ATULIM Presidente. ROSALDO TREVISAN Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 18 08 8. 00 06 35 /2 00 9- 04 Fl. 366DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 19/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/12/2014 por ROSALDO TREVISAN 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Fenelon Moscoso de Almeida (em substituição a Alexandre Kern), Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista. Relatório Versa o presente sobre auto de infração lavrado em 23/10/2009 (fls. 257 a 260, com ciência à empresa em 29/10/2009 fl. 2581), para exigência de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) no período de agosto a dezembro de 2005, acrescido de juros de mora e de multa de ofício de 75%, perfazendo total de R$ 967.623,32. Narra a fiscalização que a autuação decorre de falta de recolhimento/recolhimento a menor do imposto em virtude de utilização de créditos indevidos referentes a entradas isentas provenientes de Manaus sem o devido amparo em ação judicial, bem como de créditos indevidos referentes a entradas de molde não caracterizado como insumo para a indústria, conforme relatório anexo. No Relatório Fiscal anexo à autuação (fls. 261 a 268), informa o fisco que: (a) a empresa possui demanda judicial sobre IPI (autos no 2001.61.15.0015038), mas não estava autorizada a registrar créditos no livro RAIPI das entradas isentas provenientes de Manaus no ano de 2005, porque havia sido indeferida a tutela antecipada em 2002, e o acórdão do TRF (que ainda não havia transitado em julgado) condicionava a escrituração dos créditos ao trânsito em julgado; (b) inexistindo provimento judicial de amparo, não se aplica ao caso a suspensão da exigibilidade do crédito tributário, por não restar configurada a hipótese de exclusão da multa de ofício prevista no art. 63 da Lei no 9.430/1996, tendo sido efetuada compensação antes do trânsito em julgado da ação judicial (em afronta ao art. 170A do CTN); (c) em atendimento a intimação sobre a origem dos créditos de IPI informados na DIPJ como “outros créditos”, a empresa informou que se tratavam de “PERDCOMP”, “correção de notas fiscais (avisos de lançamento)” e “entradas isentas originárias da Zona Franca de Manaus”, tendo sido glosados estes últimos, por falta de previsão legal ou amparo judicial; e (d) no curso do procedimento fiscal detectouse ainda a obtenção indevida de crédito de IPI em relação à Nota Fiscal no 4786 (R$ 593,48), referente a “molde para termoformagem” emprestado (não tendo inclusive havido destaque do IPI na devolução). Em sua impugnação (fls. 282 a 291), apresentada em 27/11/2009, alega a empresa que: (a) “adquire regularmente insumos fabricados na Zona Franca de Manaus, que são beneficiados pela isenção de Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, de acordo com a legislação pátria e compensa os créditos oriundos da aquisição desses insumos com o IPI devido na saída das mercadorias”; (b) em relação à Nota Fiscal no 4786, a empresa reconhece o erro e informa ter efetuado o recolhimento correspondente; (c) não se pode negar à empresa o direito de compensação escritural do IPI, tendo em vista que esse direito está expressamente garantido na Constituição Federal (art. 153, IV e § 3o), “não tendo a Constituição estabelecido qualquer restrição à nãocumulatividade aplicável ao IPI”, conforme entendimento do STF no RE no 212.4842/RS; (d) “ante o receio de que a administração não aceitasse o creditamento do imposto”, a empresa “achou por bem levar a questão ao judiciário, a fim de que fosse garantido o creditamento do IPI relativo aos insumos isentos”; e (e) é improcedente a interpretação do acórdão do TRF pelo fisco, no sentido de que a escrituração depende do trânsito em julgado. 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 367DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 19/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/12/2014 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 18088.000635/200904 Acórdão n.º 3403003.464 S3C4T3 Fl. 367 3 Em 26/12/2013 ocorre o julgamento de primeira instância (fls. 956 a 960), no qual se acorda unanimemente pela improcedência da impugnação apresentada, sob os fundamentos de que: (a) o princípio da não cumulatividade tratado no art. 153, § 3o da Constituição se presta a evitar a incidência em cascata, permitindo a compensação do imposto devido em cada operação com o cobrado nas operações anteriores (sendo improcedente a demanda de crédito se a operação anterior não foi onerada); os insumos isentos adquiridos pela empresa já vieram desonerados do IPI, porque seu fornecedor recuperou o imposto valendose da faculdade prevista no art. 11 da Lei no 9.779/1999; (c) os insumos adquiridos com isenção do IPI não propiciam direito ao crédito, a não ser nos casos excepcionais previstos em lei, ou na hipótese de amparo em decisão judicial (que foi a alternativa buscada pela empresa); (d) a partir da decisão do TRF (estando ainda pendentes apreciações de Recursos Especial e Extraordinário) a empresa poderia se apropriar dos créditos sub judice, com respaldo na decisão contida no acórdão (valores originais, pois a correção se calcula na data do trânsito em julgado); (e) tendo o acórdão sido publicado em 2008, não poderia a autora ter se antecipado, querendo executar a sentença em 2005, mesmo porque não detinha à época decisão favorável; e (f) pela decisão do TRF, os créditos podem ser escriturados, e não terão incidência de correção monetária (se gerados após 01/07/2008), por não haver mais impedimento a seu aproveitamento, sendo os créditos de períodos anteriores corrigidos na data do trânsito em julgado, cabendo à RFB aferir sua validade e correta aplicação. Cientificada da decisão de piso em 12/04/2013 (AR à fl. 345), a empresa (já sob o nome “METALMA EMBALAGENS E COMPONENTES LTDA) apresenta recurso voluntário em 10/05/2013 (fls. 347 a 361), basicamente reiterando a argumentação expressa na impugnação, acrescentando: (a) menção a acórdão da Câmara Superior de Recursos Fiscais no 0202.357; (b) que a discussão acerca da possibilidade de a empresa utilizar créditos de IPI calculados sobre aquisição de insumos isentos oriundos da ZFM iniciouse no Poder Judiciário, achando a empresa por bem propor “ação declaratória” reconhecendo seu direito; (c) que o acórdão recorrido incorre em equívoco tanto ao aplicar o art. 11 da Lei no 9.779/1999 para vedar o direito ao crédito quanto ao interpretar a decisão do TRF, que está no bojo de “ação declaratória”, que não constitui relação jurídica (o direito ao crédito não nasceu com a decisão, mas foi por ela reconhecido). Como pedido alternativo ao provimento do recurso voluntário, a empresa demanda sobrestamento até o trânsito em julgado do processo judicial. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. É preciso destacar de início que a empresa informa, ainda em sua impugnação, que acordou com uma das condutas irregulares a ela atribuídas pelo fisco, efetuando pagamento das quantias atualizadas. Por certo que isso não implica improcedência parcial da autuação em relação ao valor reconhecido (pelo contrário, caracteriza exatamente a Fl. 368DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 19/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/12/2014 por ROSALDO TREVISAN 4 procedência da autuação, cabendo à unidade local efetuar a imputação do pagamento ao respectivo débito, verificando a escorreição do montante). Remanescem contenciosas, assim, a questão referente à (im)possibilidade de obtenção crédito em relação a aquisição de insumos isentos oriundos da Zona Franca de Manaus, e ao fato de ter a empresa escriturado as compensações antes do trânsito em julgado da decisão judicial. Em relação à primeira questão, a alegação do fisco é basicamente no sentido de inexistência de permissivo legal ao crédito e de que a ação judicial proposta pela empresa não amparava seu direito em 2005 (período em que foram escriturados os créditos), tendo a decisão judicial favorável (no TRF3) sido proferida apenas em 2008. A recorrente, por seu turno, afirma que nem precisaria do provimento judicial, pois o direito é constitucionalmente assegurado (fazendo referência a julgado do STF e da CSRF), mas que ingressou com ação declaratória justamente para explicitar seu direito, tendo o TRF3 emitido decisão que reconhece (e não constitui) o direito. Sobre o direito de tomar créditos em relação a aquisição de insumos isentos oriundos da Zona Franca de Manaus manifestouse esta Terceira Turma recentemente, já com a composição atual do colegiado, sendo a conclusão unânime no sentido de que: “DECISÕES DO STF. APLICABILIDADE. À luz do art. 62A do RICARF, o RE 212.484 tornouse inaplicável no âmbito do CARF desde a decretação da repercussão geral no RE 592.891. CRÉDITOS. ZONA FRANCA DE MANAUS. Não existe amparo legal para a tomada de créditos fictos de IPI em relação a insumos adquiridos com a isenção prevista no art. 9º do DecretoLei nº 288/67.” (grifo nosso) (Acórdão n. 3403 003.323, Rel. Cons. Antonio Carlos Atulim, unânime, sessão de 15.out.2014) No voto condutor de tal acórdão, é rechaçado exatamente o posicionamento adotado pela empresa no presente processo, de que o amparo é constitucional e já foi reconhecido pelo STF no RE no 212.484/RS: “Também não socorre à recorrente a Jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, pois com no julgamento do RE nº 566.819 o STF reformou seu entendimento quanto ao direito de crédito do IPI na aquisição de insumos isentos. Por outro lado, com o reconhecimento da repercussão geral no RE 592.891, a questão do direito ao crédito por aquisições isentas da ZFM se encontra pendente de julgamento pelo STF, o que retira o caráter de definitividade do RE 212.484, impedindo este colegiado de aplicar o art. 62A do RICARF para estender aquela interpretação ao caso concreto. A decretação da repercussão geral retira o caráter de definitividade do RE 212.484 porque o tribunal pode modificar seu entendimento. Não foi por outro motivo que este colegiado sobrestou o julgamento deste recurso enquanto vigeram os §§ 1º e 2º do art. 62A do RICARF. (...) Fl. 369DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 19/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/12/2014 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 18088.000635/200904 Acórdão n.º 3403003.464 S3C4T3 Fl. 368 5 A defesa pleiteou o reconhecimento desse crédito com fundamento nos mesmos argumentos que estão sob o crivo do Supremo Tribunal Federal no RE 592.891 (art. 153, IV, § 3º da CF/88). Entretanto, os órgãos administrativos de julgamento não podem afastar a aplicação do Decreto nº 4.544/2002 (RIPI/2002) para reconhecer um crédito não previsto no DL nº 288/67 porque o art. 26A do Decreto nº 70.235/72 veda a este colegiado a possibilidade de negar vigência a dispositivo legal de hierarquia igual ou superior a decreto.” Assim, nem se alonga na discussão do tema, já conhecido da Turma. Judicialmente, se fosse pacífico seu reconhecimento, o STF simplesmente manteria o entendimento expresso no RE no 212.484/RS (e comungado pelo Acórdão da CSRF, de 2006, trazido no recurso voluntário), ao invés de reconhecer a repercussão geral do tema em outubro de 2010 (no RE no 592.891/RS). Quanto à menção no julgamento da DRJ ao art. 11 da Lei no 9.779/1999, é simplesmente no sentido de informar que nas ocasiões em que a legislação permite o crédito em relação a insumos isentos, ela o faz expressamente. Não foi o comando normativo, assim, motivação para o afastamento do direito (motivação essa que claramente foi a carência de fundamento legal), mas exemplo utilizado na argumentação do julgador. Antes de este colegiado se manifestar administrativamente sobre a (im)possibilidade de obtenção crédito em relação a aquisição de insumos isentos oriundos da Zona Franca de Manaus, no presente processo, é preciso, contudo, verificar o conteúdo da ação judicial proposta pela empresa, em obediência à unidade de jurisdição. A ação judicial proposta pela empresa (“ação ordinária com pedido de antecipação dos efeitos da tutela” no 2001.61.15.0015038 peça inicial às fls. 148 a 160), buscava discutir exatamente a primeira matéria que resta contenciosa nos autos. E isso fica claro logo ao início da peça inicial (fls. 148/149): Fl. 370DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 19/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/12/2014 por ROSALDO TREVISAN 6 Vejase que a demanda judicial é exatamente para assegurar à empresa o direito de lançar os créditos de IPI gerados nas aquisições “sem incidência” do imposto, em operações pretéritas e futuras. E isso é endossado/explicado pelo pedido efetuado (fl. 159):2 2 Expurgaramse aqui, do pedido, os itens sem relação com a matéria discutida nos autos ("b", referente a "correção mentária"; e "e", relativo a honorários advocatícios. Fl. 371DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 19/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/12/2014 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 18088.000635/200904 Acórdão n.º 3403003.464 S3C4T3 Fl. 369 7 Assim, a primeira matéria discutida administrativamente no presente processo é totalmente englobada no conteúdo submetido ao Poder Judiciário. No pedido “a”, a empresa discute judicialmente o direito a crédito nas aquisições isentas, entre outras; e no pedido “d”, pede para durante o curso da lide efetuar o lançamento na escrita, impedindo a imposição de penalidades pelo fisco. Antes de seguir na análise das decisões judiciais obtidas, cabe de plano destacar que, apesar de ser livre o acesso ao Poder Judiciário, a empresa não pode discutir o mesmo tema administrativa e judicialmente. Efetuada a opção pela via judicial, ocorre renúncia à discussão administrativa, como já assentado historicamente no CARF (a ponto de se refletir na primeira súmula do tribunal): “Súmula CARF nº 1: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial.” (grifo nosso) Não se pode, assim, discutir no presente processo o direito a crédito em relação a aquisição de insumos isentos (oriundos ou não da Zona Franca de Manaus), visto que essa matéria é expressamente tratada no processo judicial. Houvesse a análise administrativa, estarseia diante do risco de provimentos (administrativo e judicial) contraditórios. A concomitância resta patente na peça recursal (fl. 357), reconhecendo a empresa que: Sói ainda destacar que a tutela antecipada foi indeferida em 28/01/2002 (fl. 164): Fl. 372DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 19/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/12/2014 por ROSALDO TREVISAN 8 Assim, deixou de pairar impeditivo para que o fisco autuasse a empresa (tendo a decisão judicial fulminado os pleitos da recorrente de “durante o curso da lide” efetuar os lançamentos de crédito na escrita fiscal, e de impedir que o fisco a autuasse por tal motivo). Ou seja, no ano em que lançou os créditos na escrita fiscal (2005), a recorrente, além de não possuir amparo judicial para a medida, arvorouse no direito de escriturar os créditos exatamente na forma em que foi negada a tutela no processo judicial, em 2002. O julgamento do processo judicial, em primeira instância, data de 22/08/2007 (fl. 169), e novamente não socorre a recorrente: Sobreveio em acórdão do TRF da 3a Região, assim ementado: “TRIBUTÁRIO. IPI. CREDITAMENTO. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. DECRETO N. 20.910/1932. INSUMOS, MATÉRIASPRIMAS, PRODUTOS INTERMEDIÁRIOS, MATERIAIS DE EMBALAGEM. AQUISIÇÃO SOB REGIME DE ISENÇÃO, ALÍQUOTA ZERO, IMUNIDADE OU NÃO TRIBUTAÇÃO. PRINCÍPIO DA NÃOCUMULATIVIDADE. COMPENSAÇÃO COM OUTROS TRIBUTOS. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. JUROS DE MORA. ÔNUS DA SUCUMBÊNCIA. Fl. 373DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 19/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/12/2014 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 18088.000635/200904 Acórdão n.º 3403003.464 S3C4T3 Fl. 370 9 1. Prescrição das parcelas anteriores a 5 (cinco) anos da propositura da ação, por aplicação da regra do Decreto n. 20.910/1932. Precedentes do STJ. Declaração de ofício. 2. Autorizase o aproveitamento dos créditos relativos à aquisição de insumos, matériaprima, produtos intermediários e material de embalagem efetivamente incorporados ao produto final e adquiridos sob o regime de isenção, tão somente quando o forem junto à Zona Franca de Manaus, em conformidade com entendimento do STF (RREE 370.682SC, 353657PR e 212.4842), considerandose as alíquotas a eles aplicáveis em outras regiões do país. Excluída da autorização energia elétrica, máquinas e equipamentos com vida útil inferior a doze anos e outros que não compõem o produto ou sofrem desgaste ao longo do ciclo produtivo final. 3. Negada a compensação do crédito de IPI com outros tributos, por falta de permissivo legal. 4. É devida a correção monetária dos créditos admitidos, uma vez que o aproveitamento não ocorreu em época própria porque assim não autorizava o Fisco, obrigando o contribuinte a dirigir se ao Judiciário para ver reconhecido o seu direito. 5. Entendimento da Turma, em sintonia com jurisprudência uníssona dos Tribunais, no sentido de que a correção monetária é tãosomente a reconstituição do valor da moeda, não implicando em penalidade nem em acréscimo ao montante a ser restituído. 6. Deferida a atualização dos créditos desde a data em que poderiam ter sido aproveitados e não foram, até o trânsito em julgado nestes autos, pela taxa Selic, índice oficial que a Turma entende aplicável à compensação tributária, no período. Precedente do STJ (ERESP 468926). 7. Ressalva expressa da atividade fiscalizatória da Secretaria da Receita Federal no sentido de verificar se houve ou não o creditamento do IPI no passado e assim, o cabimento da correção monetária deferida. 8. Juros moratórios de 1% ao mês indevidos. 9. Honorários advocatícios mantidos como fixados pela sentença, em face da sucumbência mínima da União.” (TRF3, Terceira Turma, Rel. Des. Márcio Moraes, unânime, sessão de 19.jun.2008, disponibilizado em 01.jul.2008) (grifo nosso) Foram rejeitados os embargos interpostos ao acórdão do TRF (em 24/06/2010), estando atualmente o julgamento sobrestado (em 08/06/2011) por força do RE no 590.809/RS, como se verifica em consulta ao sítio web do TRF da 3a Região Fiscal. Assim, ao tempo da autuação (final de 2009), a empresa já tinha em seu favor a decisão do TRF da 3a Região, autorizando o aproveitamento dos créditos relativos à aquisição de insumos, matériaprima, produtos intermediários e material de embalagem efetivamente incorporados ao produto final e adquiridos sob o regime de isenção, tão somente quando o Fl. 374DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 19/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/12/2014 por ROSALDO TREVISAN 10 forem junto à Zona Franca de Manaus, excluída da autorização energia elétrica, máquinas e equipamentos com vida útil inferior a doze anos e outros que não compõem o produto ou sofrem desgaste ao longo do ciclo produtivo final. Resta saber se tal decisão, proferida em 2008, permitia/endossava a escrituração efetuada em 2005, e expressamente negada na antecipação de tutela em 2002. E isso é exatamente a segunda questão que resta contenciosa nestes autos. Entende o fisco que não (e por isso lavra a multa de ofício, não considerando o crédito com exigibilidade suspensa na forma do art. 63 da Lei no 9.430/1996), com base em excerto da decisão do TRF no qual se afirma que: “Considerando, entretanto, que o trânsito em julgado ocorrerá em período de aplicação exclusiva da taxa Selic, além do fato de que com o trânsito cessará o impedimento à escrituração do crédito atualizado, os juros de mora de 1% ao mês são indevidos na hipótese dos autos.” Já a recorrente sustenta que é improcedente a interpretação do acórdão do TRF pelo fisco, no sentido de que a escrituração depende do trânsito em julgado, pois faz leitura constitutiva de uma decisão no bojo de “ação declaratória”, que não constitui relação jurídica (afirmando que o direito ao crédito não nasceu com a decisão, mas foi por ela reconhecido). Verificando o teor do acórdão do TRF, percebese que foi garantido judicialmente o aproveitamento do crédito (“direito de creditamento”), não tratando o julgamento da forma de aproveitamento (v.g. escrituração direta, como pleiteado sem sucesso em tutela antecipada), seja pelo item 2 do acórdão transcrito, ou pelo seguinte excerto do voto (no tópico referente a “crédito do IPI”): “Em conclusão, estando a questão de fundo inteiramente decidida pela Corte Excelsa, é de se reconhecer o direito da impetrante ao creditamento do imposto que seria devido apenas no caso de aquisição de insumos (matériasprimas, produtos intermediários e materiais de embalagem) oriundos da Zona Franca de Manaus. Consigno que os itens mencionados no parágrafo anterior abrangidos neste voto são exclusivamente aqueles efetivamente incorporados ao produto final, excluídos aqueles que não o compõem ou sofrem desgaste ao longo do ciclo produtivo,(...)” (grifo nosso) Na sequência do voto, em tópico intitulado “compensação tributária”, explicase: “Diferentes são as situações de repetição de indébito tributário, que tem como uma de suas espécies a compensação tributária, e o sistema de crédito e débito de valores relativos ao IPI, como forma de operacionalização do princípio da nãocumulatividade insculpido no art.153, § 3º, II, da CF/1988. Para a primeira hipótese (repetição de indébito), com a edição da Lei nº 9.430/1996, passaram a coexistir dois regimes legais de compensação: o primeiro regido pela Lei n. 8.383/1991, alterada pela Lei n.9.069, de 29 de junho de 1995, e pela Lei n. Fl. 375DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 19/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/12/2014 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 18088.000635/200904 Acórdão n.º 3403003.464 S3C4T3 Fl. 371 11 9.250, de 26 de dezembro de 1995, disciplinando a compensação de tributos da mesma espécie e destinação constitucional, e o segundo estabelecido pela Lei n. 9.430/1996, orientando a compensação de tributos de espécies e destinações diferentes, administrados pela Receita Federal, mediante requerimento ao órgão administrativo, e, a partir da Lei 10.637, de 30.12.2002, por iniciativa do contribuinte, mediante entrega de declaração contendo as informações sobre os créditos e débitos utilizados, com o efeito de extinguir o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação. Relativamente ao crédito de IPI gerado nas operações anteriores da cadeia produtiva e cujo aproveitamento não seja possível com o próprio IPI na fase posterior, a autorização legal de compensação com outros tributos, na forma da Lei nº 9.430/1996, surgiu apenas com a Lei nº 9.779/1999, (...) (...) Vêse daí que não há permissivo legal para a compensação de IPI com outros tributos e contribuições na situação dos autos, não sendo possível atender a pretensão da impetrante, nessa parte.” Após reconhecer o direito ao crédito, e negar a compensação com outros tributos, o voto condutor trata de “atualização monetária e juros de mora”, já iniciando suas observações com a seguinte afirmação: “Relativamente à correção monetária do crédito ora reconhecido e não lançado na época própria, não olvidamos a existência de precedentes do STF segundo os quais “a falta de correção monetária não afeta o princípio da não cumulatividade e somente implica em enriquecimento sem causa, quando houver óbice do Fisco, oposto diante de previsão legal que contemplar o procedimento de compensação. O contribuinte tem que demonstrar este óbice e a existência de norma legal que se contrapõe a esta conduta.”.” (grifo nosso) Pareceu partir o relator de informação equivocada (por certo, induzido pelo teor dos autos), de que o crédito que estava reconhecendo não havia sido lançado à época própria. Ocorre que, em descumprimento à negativa de tutela antecipada (em 2002) para escriturar os créditos durante o curso do processo judicial, a empresa ainda assim os escriturou em 2005. Mas é na leitura da conclusão deste tópico do voto (“atualização monetária e juros de mora”) que divergem veementemente fisco e recorrente sobre os efeitos da decisão: “Assim sendo, alinhome ao entendimento estampado nos votos aqui transcritos, cujos fundamentos adoto, para reconhecer o direito à correção monetária do crédito de IPI ora admitido, a incidir desde a data em que o crédito poderia ter sido aproveitado e não o foi até o trânsito em julgado da decisão nestes autos. Fl. 376DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 19/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/12/2014 por ROSALDO TREVISAN 12 Considerando a prescrição parcial e o entendimento da Turma acerca dos índices aplicáveis à compensação tributária, os valores deverão ser corrigidos pela taxa Selic, índice oficial. Ressalvo expressamente a atividade fiscalizatória da Secretaria da Receita Federal, inclusive no sentido de verificar se houve ou não o creditamento do IPI no passado e assim, o cabimento da correção monetária deferida. São indevidos juros moratórios de 1% ao mês, haja vista que esse consectário apenas incide a partir do trânsito em julgado, por aplicação do art. 167, parágrafo único, do CTN e Súmulas 162 e 188/STJ (RESP 677445). Considerando, entretanto, que o trânsito em julgado ocorrerá em período de aplicação exclusiva da taxa Selic, além do fato de que com o trânsito cessará o impedimento à escrituração do crédito atualizado, os juros de mora de 1% ao mês são indevidos na hipótese dos autos.” Novamente se percebe que trata o relator de reconhecer o crédito de IPI corrigido “desde a data em que o crédito poderia ter sido aproveitado e não o foi”. Parece assim endossar o entendimento de que a empresa não escriturou efetivamente o crédito. Mas, na dúvida, permitiu à “Receita Federal verificar se houve ou não creditamento do IPI no passado”, para checar se era cabível a correção. E, ao final, esclareceu que os juros de mora de 1% ao mês são indevidos por incidirem somente após o trânsito em julgado. Estáse a tratar, assim, de duas coisas diferentes (ao menos para o voto analisado): “correção monetária” e “juros de mora de 1% ao mês”, aquela incidindo desde a data em que o crédito poderia ter sido aproveitado e não o foi, à Taxa SELIC, e estes, sendo inaplicáveis, por incidirem somente após o trânsito em julgado. Nada consta, a nosso ver, sobre estar assegurado o direito à escrituração. Ademais, a conclusão do voto esclarece melhor o provimento deferido: “5. Conclusão Declaro a prescrição qüinqüenal dos créditos, de ofício; reconheço o direito ao crédito do IPI apenas na aquisição de insumos, matériasprimas, produtos intermediários e materiais de embalagem isentos, oriundos da Zona Franca de Manaus e efetivamente incorporados ao produto final, a ser aproveitado exclusivamente em compensação com o próprio IPI, com atualização monetária pela taxa Selic. Mantenho os honorários advocatícios como fixados pela sentença, em face da sucumbência mínima da União. Pelo exposto, dou parcial provimento à apelação e de ofício declaro a prescrição parcial. É o voto.” Nítido que o provimento judicial de que dispunha a empresa ao tempo da autuação era para reconhecimento de direito creditório, a ser aproveitado em compensação, a título provisório, pois ainda pendente de trânsito em julgado o processo. Daí ter o autuante invocado o art. 170A do CTN em seu relatório fiscal (fl. 265): Fl. 377DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 19/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/12/2014 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 18088.000635/200904 Acórdão n.º 3403003.464 S3C4T3 Fl. 372 13 “De outra forma não poderia ser, pois a escrituração dos créditos no livro Registro de Apuração do IPI implicou em pagamento a menor (ou ausência de pagamento) do 1PI. Não há porque se afastar a aplicação do art. 170A do CTN no presente caso, pois a fiscalizada valeuse da compensação com crédito objeto de discussão judicial antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial. Reforço que no curso do procedimento fiscal dei nova oportunidade para que o contribuinte comprovasse a existência de autorização para o creditamento em 2005, conforme atesta o item 3.8 do Termo de constatação de Intimação Fiscal 001/323/2009.” (grifo nosso) Efetivamente, ao tempo em que a escrituração foi efetuada (2005) não havia nenhum provimento judicial favorável à recorrente. E o provimento judicial posterior, como aqui destacado, não amparava a escrituração ou compensação já efetuada, mas tão somente o direito de crédito e o direito de compensar (ainda a título não definitivo), que deveriam depois do trânsito em julgado ser aplicados/implementados (judicial ou administrativamente). E nem proíbe nenhuma das decisões judiciais (pelo contrário, a decisão na antecipação de tutela expressamente afastava pleito da empresa para que fosse proibido) o lançamento dos valores correspondentes a débitos diversos de IPI indevidamente já compensados na escrita com os créditos que se está aqui a tratar (decorrentes de aquisições isentas de mercadorias oriundas da ZFM). De fato, não pode haver efetiva compensação antes do trânsito em julgado da ação judicial, como se percebe do texto do art. 170A do CTN (aplicável a demandas posteriores a 11/01/2001, como a tratada no presente processo): “Art. 170A. É vedada a compensação mediante o aproveitamento de tributo, objeto de contestação judicial pelo sujeito passivo, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial” (grifo nosso) Assim, correta ação do fisco de efetuar o lançamento dos débitos diversos de IPI indevidamente já compensados na escrita com os créditos que se está aqui a tratar (que seguem sendo discutidos judicialmente). Diante da incerteza sobre os créditos postulados em juízo, não poderia a empresa já ter se aproveitado destes, compensandoos com outros débitos de IPI. Assim, procedente o lançamento. Mas esclareçase, aqui, que apesar de restar claro que a compensação é indevida (pois ainda não transitado em julgado o processo judicial), sendo cabível o lançamento decorrente, não se está aqui discutir o direito creditório (e nem se poderia, porque sobre tal matéria deve se pronunciar em instância final o Poder Judiciário, em função da unidade de jurisdição). Se procedente a ação judicial, a empresa fará jus a tudo o que ali lhe for assegurado. Mas tal discussão não impede nem afeta a autuação aqui levada a cabo, na qual restou patente a efetivação de compensação indevida (pois realizada unilateralmente antes do trânsito em julgado de ação judicial na qual se discute o direito creditório). E, por fim, apesar de não haver previsão para o sobrestamento demandado (a única que havia, no art. 62A do RICARF, foi expressamente revogada), é certo que ao final do Fl. 378DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 19/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/12/2014 por ROSALDO TREVISAN 14 processo judicial, como aqui destacado, deverá ser garantida à empresa a tutela que for jurisdicionalmente assegurada de forma definitiva. Diante do exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário apresentado. Rosaldo Trevisan Fl. 379DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 19/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/12/2014 por ROSALDO TREVISAN
score : 1.0
Numero do processo: 16327.001335/2008-68
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Dec 11 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Fri Jan 02 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 31/08/1989 a 30/06/1993
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO.
Os embargos de declaração se prestam ao questionamento de omissão ou contradição em acórdão proferido pelo CARF. Não identificada omissão ou contradição, incabíveis os embargos.
Numero da decisão: 3403-003.456
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar os embargos de declaração. O Conselheiro Fenelon Moscoso de Almeida participou do julgamento em substituição ao Conselheiro Alexandre Kern.
Antonio Carlos Atulim - Presidente.
Rosaldo Trevisan - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Fenelon Moscoso de Almeida (em substituição a Alexandre Kern), Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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OMISSÃO. CONTRADIÇÃO. Os embargos de declaração se prestam ao questionamento de omissão ou contradição em acórdão proferido pelo CARF. Não identificada omissão ou contradição, incabíveis os embargos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar os embargos de declaração. O Conselheiro Fenelon Moscoso de Almeida participou do julgamento em substituição ao Conselheiro Alexandre Kern. Antonio Carlos Atulim Presidente. Rosaldo Trevisan Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Fenelon Moscoso de Almeida (em substituição a Alexandre Kern), Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 00 13 35 /2 00 8- 68 Fl. 122DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 19/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/12/2014 por ROSALDO TREVISAN 2 Tratase de embargos de declaração opostos pela empresa Fator S/A Corretora de Valores ao Acórdão nº 3403003.158, de 19/08/2014, em face de “omissões e contradições”. A ciência do julgamento ocorreu em 08/10/2014 (cf. AR de fl. 119), tendo os embargos sido interpostos em 13/10/2014 (fls. 110 a 117). Argumenta a embargante que “não se trata de extinção de crédito tributário por decisão judicial ou de repetição de indébito, mas sim da declaração de inconstitucionalidade da norma tributária com efeitos “inter partes” para a embargante. E afirma que não se pode argüir que o crédito advém de sentença transitada em julgado “se em nenhuma peça dos autos demonstrouse ao certo qual o teor da decisão judicial em questão”. Assim, “o acórdão recorrido ignorou olimpicamente o fato já invocado pela embargante de que na espécie, independente da data em que a ação judicial transitou em julgado, a recorrente possuía o direito à compensação do que foi pago a maior no passado já em virtude da própria Resolução 49/95 do Senado Federal, bem como em razão da decisão definitiva do E. Supremo Tribunal Federal”. O Acórdão embargado “partiu da equivocada premissa de que a sentença judicial teria reconhecido o crédito, mas isso sem que esta C. Turma sequer tenha tomado conhecimento do teor daquela decisão”. O acórdão ainda é “omisso e contraditório” quanto à lógica de aplicação do prazo de 10 anos para formulação do pedido de compensação no caso concreto. Requer, por fim, o acolhimento dos embargos “para que se converta o julgamento em diligência na instância de origem a fim de que seja juntada aos autos a sentença judicial que transitou em julgado no processo no 002231506.1995.4.02.000, que tramitou pelo E. Tribunal Regional Federal da 2a Região”. Caso não seja acolhida a diligência, que sejam acolhidos os embargos “para sanar as contradições apontadas e colmatar as lacunas descritas, de modo que ao final seja reformado o v. acórdão embargado para que se determine a nulidade da r. decisão da d. DRJ, desta vez reconhecendo o prazo de 10 anos para as compensações realizadas em período anterior à vigência da LC 118/2005”. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator Os embargos de declaração foram interpostos com respeito ao prazo previsto no § 1o do art. 65 do Anexo II do Regimento Interno deste CARF (RICARF), aprovado pela Portaria MF no 256/2009, passando a ser analisados quanto aos demais requisitos de admissibilidade. A ementa do Acórdão embargado dispõe: “COMPENSAÇÃO DE CRÉDITO DECISÃO JUDICIAL TRANSITADA EM JULGADO. PRAZO. O prazo de cinco anos para o início do procedimento de compensação dos créditos reconhecidos por decisão judicial transitada em julgado contase a partir da data do trânsito em julgado.” Já no relatório daquele julgamento se aclara que: Fl. 123DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 19/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/12/2014 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 16327.001335/200868 Acórdão n.º 3403003.456 S3C4T3 Fl. 123 3 “Versa o presente processo sobre PER/DCOMP (no 08447.96923.150903.1.3.542765) transmitida em 15/09/2003 (fls. 2 a 51) para compensar valores pagos a maior ou indevidamente em função de ação judicial (no 9300260049) com decisão judicial transitada em julgado em 12/05/1997, a título de Contribuição para o PIS/PASEP (R$ 166.319, 23 de um total pago a maior de R$ 701.190,46) com débitos de Contribuição para o PIS/PASEP (R$ 29.618,49) e COFINS (R$ 136.700,74) referentes a agosto de 2003.” Assim, é indiscutível que a compensação havia sido efetuada em função de decisão judicial transitada em julgado. O próprio pedido da empresa (fl. 3) torna a questão inequívoca (textos idênticos constam nos demais pedidos), fazendo menção expressa à ação judicial que ampara o direito creditório: Mesmo diante de negativa da unidade local (e da DRJ), a empresa jamais juntou aos autos as peças da referida ação judicial (como se atesta no julgamento do recurso voluntário apresentado), o que fez com que se buscasse, em nome da verdade material, no sítio web do TRF da 2a Região, mais detalhamento, encontrandose o processo no 0022315 06.1995.4.02.0000 (TRF2 no 95.02.223152) correspondente ao originário de no 9300260049, onde foi possível confirmar somente que a recorrente se encontra entre os autores da ação judicial em comento, que versa sobre “PISContribuição Social Tributário”, não havendo nenhuma peça processual disponível para consulta. Assim, reconheceu o julgador que apesar de não fazer a recorrente prova de seu direito creditório (pela não conclusividade do êxito específico na ação judicial), seria possível o prosseguimento da análise do pleito, tal qual demandado (pedido decorrente de crédito oriundo de ação judicial com trânsito em julgado em 12/05/1997), pois bastou às instâncias inferiores tal data de trânsito em julgado para o indeferimento: “Ao que tudo indica, bastou ao julgador de piso a diferença temporal superior a cinco anos entre o trânsito em julgado da ação judicial (qualquer que fosse seu teor) e a transmissão administrativa do PER/DCOMP.” (fl. 94). 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 124DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 19/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/12/2014 por ROSALDO TREVISAN 4 Isso porque o trânsito em julgado se deu em 12/05/1997 e os pedidos de compensação são de 15/09/2003 (PER/DCOMP no 08447.96923.150903.1.3.542765), de 15/10/2003 (PER/DCOMP no 07301.04506.151003.1.3.542365), e de 14/11/2003 (PER/DCOMP no 17364.17692.141103.1.3.547049). Assim, não há omissão na falta de aprofundamento na análise do teor da ação judicial. É secundária, no contexto da motivação das negativas nas instâncias anteriores, a solicitação de juntada (em sede de embargos) de peças da ação judicial (peças essas, digase, que a própria embargante poderia ter apresentado desde a primeira instância). E qualquer afirmação no sentido de que na verdade não se trata de crédito decorrente de ação judicial constituiria verdadeira inovação argumentativa de mérito, incompatível com o instituto processual dos embargos de declaração. Assim, não é o acórdão embargado que parte “da equivocada premissa de que a sentença judicial teria reconhecido o crédito”, mas a própria embargante que demanda o crédito informando que decorre especificamente da ação judicial no 9300260049, que transitou em julgado em 12/05/1997. Parece a embargante novamente incorrer na confusão detectada no julgamento do recurso voluntário: Em suas peças recursais, parece a empresa confundir a motivação do indeferimento administrativo. Afirma que teria direito a retroagir em dez anos a compensação, conforme entendimento do STJ, atingindo indébitos pagos desde 15/09/1993 (em que pese versarem as compensações sobre indébitos de 31/08/1989 a 30/06/1993, que teriam sido reconhecidos pela decisão transitada em julgado em 12/05/1997). (fl. 94) E as aparentes contradições e omissões apontadas resultam de falta de compreensão do julgamento proferido por este colegiado em 19/08/2014, ou de simples contrariedade manifestada em relação a seu teor, pois o caso em análise não trata de simples demanda administrativa de crédito decorrente de pagamento a maior (como parece agora sustentar a recorrente), mas de demanda administrativa de crédito decorrente de sentença judicial com trânsito em julgado: “Súmula 91: Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplicase o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador. Mas é preciso voltar ao caso concreto em análise, no qual os pedidos administrativos (efetuados em 15/09, 15/10 e 14/11/2003) remontam a fatos geradores de 31/08/1989 a 30/06/1993, com indébito que teria sido reconhecido por sentença transitada em julgado em 12/05/1997.” Iniciada a contagem do pedido administrativo na forma disciplinada pelas cortes superiores, mesmo o prazo de 10 anos teria sido extrapolado. (...) O trânsito em julgado da ação judicial, conforme art. 156, X do CTN, extingue o crédito tributário. Assim, os prazos de cinco anos do art. 168 do CTN devem ser contados do trânsito em Fl. 125DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 19/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/12/2014 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 16327.001335/200868 Acórdão n.º 3403003.456 S3C4T3 Fl. 124 5 julgado (antes ou depois da Lei Complementar no 118/2005, pois não se está a discutir antecipação de pagamento, sendo irrelevante ao presente caso concreto as decisões dos tribunais superiores mencionadas nas peças recursais). Vejase que após o trânsito em julgado da ação judicial, a empresa demanda administrativamente a compensação, com mais de cinco anos de retardo. Portanto, não se está mais a discutir o julgado do STF ou o entendimento do STJ, nas sistemáticas referidas no recurso voluntário, mas a morosidade da própria recorrente em demandar administrativamente o crédito eventualmente reconhecido em juízo (o que, destaquese, é uma alternativa à restituição por precatório ou a compensação ainda na via judicial, que também devem respeitar prazos).(fls. 96/97) (grifo nosso) Assim, os tópicos que se travestem nos autos de “omissões e contradições”, em verdade, são manifestações de inconformidade em relação à decisão adotada, que não são passíveis de análise em sede de embargos de declaração. Pelo exposto, voto pela rejeição dos embargos apresentados. Rosaldo Trevisan Fl. 126DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 19/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/12/2014 por ROSALDO TREVISAN
score : 1.0
Numero do processo: 10980.000916/2009-73
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Nov 13 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Jan 05 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Ano-calendário: 2004
CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. VENDAS DESTINADAS À ZONA FRANCA DE MANAUS. EXPORTAÇÕES. EQUIPARAÇÃO.
O comando do art. 4o do Decreto-Lei no 288/1967 é aplicável a toda e qualquer venda destinada à ZFM, equiparando-a a uma exportação (de acordo com a legislação que estiver vigente para as exportações no momento da operação), salvo nos casos em que lei posterior expressamente disponha de forma diversa.
Numero da decisão: 3403-003.419
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso para excluir do lançamento os valores referentes às vendas de mercadorias destinadas à Zona Franca de Manaus. Sustentou pela recorrente o Dr. Maurício Bellucci, OAB/SP no 161.891.
ANTONIO CARLOS ATULIM - Presidente.
ROSALDO TREVISAN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Alexandre Kern, Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Ano-calendário: 2004 CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. VENDAS DESTINADAS À ZONA FRANCA DE MANAUS. EXPORTAÇÕES. EQUIPARAÇÃO. O comando do art. 4o do Decreto-Lei no 288/1967 é aplicável a toda e qualquer venda destinada à ZFM, equiparando-a a uma exportação (de acordo com a legislação que estiver vigente para as exportações no momento da operação), salvo nos casos em que lei posterior expressamente disponha de forma diversa.
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decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso para excluir do lançamento os valores referentes às vendas de mercadorias destinadas à Zona Franca de Manaus. Sustentou pela recorrente o Dr. Maurício Bellucci, OAB/SP no 161.891. ANTONIO CARLOS ATULIM - Presidente. ROSALDO TREVISAN - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Alexandre Kern, Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista.
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(sucedida por COMPANHIA METALÚRGICA PRADA) Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2004 COFINS. VENDAS DESTINADAS À ZONA FRANCA DE MANAUS. EXPORTAÇÕES. EQUIPARAÇÃO. O comando do art. 4o do DecretoLei no 288/1967 é aplicável a toda e qualquer venda destinada à ZFM, equiparandoa a uma exportação (de acordo com a legislação que estiver vigente para as exportações no momento da operação), salvo nos casos em que lei posterior expressamente disponha de forma diversa. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário: 2004 CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. VENDAS DESTINADAS À ZONA FRANCA DE MANAUS. EXPORTAÇÕES. EQUIPARAÇÃO. O comando do art. 4o do DecretoLei no 288/1967 é aplicável a toda e qualquer venda destinada à ZFM, equiparandoa a uma exportação (de acordo com a legislação que estiver vigente para as exportações no momento da operação), salvo nos casos em que lei posterior expressamente disponha de forma diversa. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso para excluir do lançamento os valores referentes às vendas de mercadorias destinadas à Zona Franca de Manaus. Sustentou pela recorrente o Dr. Maurício Bellucci, OAB/SP no 161.891. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 00 09 16 /2 00 9- 73 Fl. 463DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/11/2014 por ROSALDO TREVISAN 2 ANTONIO CARLOS ATULIM Presidente. ROSALDO TREVISAN Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Alexandre Kern, Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista. Relatório Versa o presente sobre autos de infração, lavrados em 27/01/2009 (fls. 183 a 191, e 192 a 195, com ciência em 29/01/2009, cf. AR de fl. 198)1 para exigência, respectivamente, de COFINS (de janeiro, e junho a setembro de 2004, acrescida de juros de mora e multa de 75%, no total de R$ 1.408.058,69), e de Contribuição para o PIS/PASEP (de janeiro, e junho a setembro de 2004, com acréscimo de juros de mora e multa de 75%, no total de R$ 186.873,24). Narrase nas autuações que: (a) a ação fiscal foi originada de acompanhamento de processo judicial (mandado de segurança preventivo no 2000.61.00.0221376); (b) da análise da documentação apresentada pela empresa, verificouse que houve exclusão indevida da base de cálculo das contribuições em janeiro de 2004 de “reversão de provisão para devedores duvidosos”, em valor maior do que o declarado na conta constante da escrituração contábil (Livro Diário); (c) verificouse ainda exclusão indevida da base de cálculo das contribuições em julho, agosto, setembro e outubro de 2004, relativas a “isenção referentes a vendas de produtos destinados à Zona Franca de Manaus” (pois tais vendas tiveram alíquota das contribuições reduzidas a zero pela Lei no 10.996/2004); e (d) no que se refere exclusivamente à COFINS, recolhimento a menor no período de fevereiro a maio de 2004, em relação às demais receitas, tendo a empresa indevidamente declarado em DCTF valores suspensos por ação judicial, no período em que já vigorava o regime não cumulativo. A empresa apresenta impugnações em 03/03/2009 (fls. 202 a 216), e em 06/03/2009 (fls. 269 a 283), sustentando basicamente que: 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 464DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/11/2014 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10980.000916/200973 Acórdão n.º 3403003.419 S3C4T3 Fl. 464 3 (a) os dispositivos que fundamentam a autuação já não se aplicavam à empresa ao tempo da ocorrência dos fatos geradores que deram origem à autuação, cabendo a retificação da autuação para que constem os dispositivos tidos por violados que vigiam à época, sob pena de nulidade; (b) não incidem as contribuições sobre as receitas provenientes de vendas de produtos a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus, que equivalem a uma exportação para o estrangeiro, conforme art. 4o do DecretoLei no 288/1967 (combinado, em relação à Contribuição para o PIS/PASEP, com o art. 5o da Lei no 7.714/1988, e, em relação à COFINS, com o art. 7o da Lei Complementar no 70/1991); (c) o benefício foi indevidamente excluído para a Zona Franca de Manaus (ZFM) pela Medida Provisória no 1.8586/1999, tendo o STF suspendido a exclusão em Medida Cautelar na ADIn no 2.3489, por entender que as vendas à ZFM se equiparavam a exportação; (d) no mesmo sentido, de equiparação das vendas a ZFM à exportação, colaciona decisões judiciais e administrativas; e (e) com relação aos pagamentos não considerados pela fiscalização, não atentou o fisco para pagamentos complementares ocorridos para os meses de março, abril e maio de 2004 (fls. 317 a 319). Em 07/08/2012 ocorre o julgamento de primeira instância (fls. 712 a 737), no qual se decide unanimemente pela parcial procedência da impugnação, afastando a preliminar de nulidade (entendendo estar fundamentada a autuação), e, no mérito, decidindo que deve ser interpretado o comando do art. 4o do DecretoLei no 288/1967 de forma restritiva, entendendo que não tem eficácia superveniente (mas só para a legislação vigente em 28 de fevereiro de 1967), o que é corroborado pelas exclusões constantes do art. 7o do mesmo DecretoLei. Como a liminar proferida pelo STF na ADIn no 2.3489 foi publicada em 18/12/2000, entendeu o julgador que foi permitida a isenção a quatro hipóteses restritas, tendo a situação mudado, na linha do que defende a empresa, somente a partir da Lei no 10.996/2004, que reduziu a zero as alíquotas a partir de 16/12/2004 (não alcançando os fatos geradores referidos no presente processo). Assim, acolhe a DRJ somente os pagamentos complementares não considerados pela fiscalização, destacando que não houve contencioso em relação à conta “reversão de provisão para devedores duvidosos”. Cientificada do acórdão da DRJ em 12/07/2013 (cf. AR à fl. 348), a empresa apresenta Recurso Voluntário em 12/08/2013 (fls. 350 a 364), basicamente reiterando as considerações expostas na impugnação, no que se refere à não incidência das contribuições sobre as receitas provenientes de vendas de produtos a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus, que equivalem a uma exportação para o estrangeiro. Fl. 465DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/11/2014 por ROSALDO TREVISAN 4 É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Após a decisão de piso, resta contencioso somente um tema: a exclusão da base de cálculo das contribuições (em julho, agosto, setembro e outubro de 2004) das receitas de vendas de produtos destinados à Zona Franca de Manaus. É preciso inicialmente avaliar o comando legal que se constitui em fundamento para toda a discussão sobre o tema, tendo em vista que a Zona Franca de Manaus é constitucionalmente reconhecida (arts. 40, e 92 e 92A do ADCT, com manutenção dos incentivos fiscais por 85 anos da promulgação da CF/1988). Tal comando é o art. 4o do DecretoLei no 288/1967, que dispõe: “Art 4o A exportação de mercadorias de origem nacional para consumo ou industrialização na Zona Franca de Manaus, ou reexportação para o estrangeiro, será para todos os efeitos fiscais, constantes da legislação em vigor, equivalente a uma exportação brasileira para o estrangeiro.” (grifo nosso) Lendo o dispositivo, há uma certeza: o legislador buscou dar às destinações para a ZFM o mesmo tratamento fiscal que outorga às exportações. Contudo, manifestase dúvida sobre a amplitude da expressão “constantes da legislação em vigor”. Uma acepção da expressão seria no sentido de que só os tratamentos fiscais aplicáveis às exportações que estivessem em vigor na data de publicação do DecretoLei seriam extensíveis à Zona Franca de Manaus. Nesse sentido, v.g., acórdão unânime no âmbito deste CARF, do qual se transcreve o excerto do voto atinente ao tema em análise: “A expressão ‘constante da legislação em vigor’ contida no texto do art. 4o do Decretolei 288, de 1967, limita o alcance temporal do seu conteúdo à legislação em vigor à época em que foi publicado e não apenas equipara as vendas para a ZFM a uma exportação. Com isto o legislador salvaguardou a possibilidade de, futuramente e respaldo na lei, tais vendas não mais se equipararem a uma exportação. Resta claro que tal dispositivo não possui o condão de modificar a legislação superveniente que tenha instituído qualquer tributo ou contribuição social sobre as vendas à ZFM. Se o legislador desejasse contemplar, indistintamente, com a isenção, por período de tempo indeterminado, todas as receitas de vendas efetuadas para quaisquer empresas estabelecidas na Zona Franca de Manaus, teria feito constar expressamente na Fl. 466DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/11/2014 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10980.000916/200973 Acórdão n.º 3403003.419 S3C4T3 Fl. 465 5 legislação especifica do PIS/Pasep e da Cofins,(posteriores ao referido DL). O que se conclui é que o art. 4o do Decretolei 288, de 1967 restringiu a aplicabilidade da equiparação mencionada, para os efeitos dos impostos e contribuições constantes da legislação vigente em 28 de fevereiro de 1967. Até porque não poderia projetar os efeitos da legislação isencional para o futuro indiscriminadamente.” 2 (grifo nosso) Outra acepção seria no sentido de que a expressão confere às vendas para a Zona Franca de Manaus (ZFM) o mesmo tratamento fiscal que vigore para as exportações. Assim, qualquer tratamento em vigor para as exportações é aplicável à ZFM, sem restrição temporal. Nesse sentido, v.g., acórdão igualmente unânime no âmbito deste CARF, do qual se transcreve também o excerto do voto referente ao tema em análise: “Não há dúvida de que o preceptivo em questão tenha instituído verdadeira equivalência, em termos fiscais, entre as operações comerciais que destinassem bens à Zona Franca de Manaus e as exportações de mercadorias, de tal sorte que as desonerações válidas para a segunda espécie se aplicassem, também, para a primeira. O questionamento, quanto ao dispositivo, diz respeito à abrangência do seu significado, em termos temporais. Invocando a Solução de Consulta COSIT no 7/06, a DRJ recorrida lê, na expressão ‘constantes da legislação em vigor’ uma limitação da equiparação aos favores fiscais já existentes quando da edição do Decretolei no 288/67. E por assim entender, conclui que isenções outorgadas às exportações por normatização posterior, entre as quais as relativas à COFINS, não seriam extensíveis às vendas internas, com destino à ZFM. O entendimento não me convence. Não me convence porque a fórmula legislativa, segundo penso, é indicativa do oposto, quer dizer, de que por seu intermédio se tenha pretendido colher, com a equiparação, também os incentivos fiscais que viessem a ser concedidos às exportações – e não apenas aqueles existentes em fevereiro de 1967. Fosse este o propósito da regra, e bastaria ao Executivo de então têla redigido de maneira a relacionar em lista as respectivas hipóteses. Realmente, circunscrevendose a equiparação a benefícios já existentes, seria perfeitamente possível têlo feito. Penso que a escolha da expressão ‘constantes da legislação em vigor’ teve em mira efeito diverso. Justamente porque a equivalência recairia sobre os incentivos fiscais já existentes e, também, sobre outros que, no futuro, as exportações porventura usufruíssem, a solução foi o emprego da fórmula generalizante. Todo o tratamento fiscal, tal como dispensado pela legislação em vigor às exportações, seria extensível às vendas de mercadorias para a ZFM. 2 CARF, Acórdão n. 3402001.402, Rel. Cons. Nayra Bastos Manatta, unânime, Sessão de 09.ago.2011. Fl. 467DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/11/2014 por ROSALDO TREVISAN 6 Mais do que isso, a expressão “constantes da legislação em vigor” está a indicar que as remessas de mercadorias à Zona Franca de Manaus terão tratamento jurídicotributário equivalente àquele definido para as exportações concomitantemente praticadas. O regime jurídico das vendas à ZFM é, em suma, aquele definido pela legislação aplicável às vendas para o exterior.” 3 (grifo nosso) Temos, de início, que é obnubilada a visão de que se pode interpretar literalmente um texto ambíguo, como o do art. 4o do DecretoLei no 288/1967. Vejase que ambas as argumentações (que são flagrantemente opostas) partem da análise da redação do texto normativo, e ironicamente ambas afirmam que se tal texto desejasse dizer o oposto, deveria fazêlo expressamente (seja no próprio texto do art. 4o ou em textos posteriores). Além do exposto, um argumento de cunho redacional e outro sistemático nos levam a concluir que o art. 4o não ficou limitado a igualar as vendas para a ZFM à legislação que tratava das exportações em 1967. O argumento redacional se ancora na análise da utilização de idêntica expressão na redação original do inciso I do art. 7o do mesmo DecretoLei no 288/1967: “Art 7o As mercadorias produzidas, beneficiadas ou industrializadas na Zona Franca, quando saírem desta para qualquer ponto do território nacional, estarão sujeitas: I apenas ao pagamento do impôsto de circulação de mercadorias, previsto na legislação em vigor, se não contiverem qualquer parcela de matéria prima ou parte componente importada (...)” (grifo nosso) Adotado o mesmo raciocínio que a primeira decisão alberga (restrição às disposições existentes em 1967), caso houvesse uma alteração na legislação do “imposto sobre circulação”, cobrarseia tal imposto de acordo com a legislação nova no restante do país, mas na Zona Franca de Manaus ainda se cobraria pela legislação antiga. Não nos parece lógico o entendimento. Mais consentâneo com o conteúdo da norma seria a seguinte leitura (também literal) do caput e do § 1o: será cobrado o “imposto sobre circulação” de acordo com a legislação em vigor no momento da saída da Zona Franca de Manaus para qualquer parte do território nacional. Da mesma forma, a leitura correspondente ao art. 4o seria no sentido de que: uma exportação (venda) de mercadoria nacional para a Zona Franca de Manaus será equivalente a uma exportação para o exterior (devendo aquela ter os mesmos efeitos fiscais em vigor para esta). O argumento sistemático se refere à própria estruturação da Zona Franca de Manaus. Objetivando representar uma área de livre comércio com o exterior, e constituindose em uma área aduaneira especial4, a Zona Franca de Manaus foi contemplada com benefícios fiscais na importação, na exportação e na internação (termo que corresponde à entrada de produtos procedentes da Zona Franca de Manaus no restante do território nacional). A sistemática da ficção territorial ali concebida ruiria se a cada norma que fosse editada para exportações, a Zona Franca de Manaus tivesse que ser expressamente nominada. Assim, temos que não é necessário que a cada lei que trata de exportações se incluam expressamente as vendas para a Zona Franca de Manaus para que os efeitos fiscais a 3 CARF, Acórdão n. 340301.099, Rel. Cons. Marcos Tranchesi Ortiz, unânime, Sessão de 08.jul.2011. 4 Conforme Decisão CMC n. 8/1994 (Art. 6). Fl. 468DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/11/2014 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10980.000916/200973 Acórdão n.º 3403003.419 S3C4T3 Fl. 466 7 elas se alastrem. O entendimento aqui expresso encontra ainda companhia no posicionamento dominante do STJ: “TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. VIOLAÇÃO AO ART. 535 DO CPC. NÃO OCORRÊNCIA. PIS. COFINS. VERBAS PROVENIENTES DE VENDAS REALIZADAS À ZONA FRANCA DE MANAUS. NÃO INCIDÊNCIA.INTELIGÊNCIA DO DEC. LEI 288/67. PRECEDENTES. 1. A jurisprudência desta Corte é pacificada no sentido de que as operações envolvendo mercadorias destinadas à Zona Franca de Manaus são equiparadas à exportação, para efeitos fiscais, conforme disposições do DecretoLei 288/67, não incidindo a contribuição para o PIS nem a Cofins sobre tais receitas. Precedentes: AgRg no REsp 1141285/RS, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, Primeira Turma, DJe 26/05/2011; REsp 817.847/SC, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 25/10/2010; REsp 1276540/AM, Rel. Ministro Castro Meira, Segunda Turma, DJe 05/03/2012.” 5 (grifo nosso) “PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. (...) PRODUTOS DESTINADOS À ZONA FRANCA DE MANAUS. (...) 4. Nos termos do art. 40 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias ADCT, da Constituição de 1988, a Zona Franca de Manaus ficou mantida "com suas características de área de livre comércio, de exportação e importação, e de incentivos fiscais, por vinte e cinco anos, a partir da promulgação da Constituição". Ora, entre as "características" que tipificam a Zona Franca destacase esta de que trata o art. 4º do Decretolei 288/67, segundo o qual "a exportação de mercadorias de origem nacional para consumo ou industrialização na Zona Franca de Manaus, ou reexportação para o estrangeiro, será para todos os efeitos fiscais, constantes da legislação em vigor, equivalente a uma exportação brasileira para o estrangeiro". Portanto, durante o período previsto no art. 40 do ADCT e enquanto não alterado ou revogado o art. 4º do DL 288/67, há de se considerar que, conceitualmente, as exportações para a Zona Franca de Manaus são, para efeitos fiscais, exportações para o exterior. Logo, a isenção relativa à COFINS e ao PIS é extensiva à mercadoria destinada à Zona Franca. Precedentes: RESP. 223.405, 1ª T. Rel. Min. Humberto Gomes de Barros, DJ de 01.09.2003 e RESP. 653.721/RS, 1ª T., Rel. Min. Luiz Fux, DJ de 26.10.2004) 5. "O Supremo Tribunal Federal, em sede de medida cautelar na ADI nº 23489, suspendeu a eficácia da expressão 'na Zona Franca de Manaus', contida no inciso I do § 2º do art. 14 da MP nº 2.03724, de 23.11.2000, que revogou a isenção relativa à COFINS e ao PIS sobre receitas de vendas efetuadas 5 AgRg no Ag 1400296/SC, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 08/05/2012, DJe 14/05/2012. Fl. 469DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/11/2014 por ROSALDO TREVISAN 8 na Zona Franca de Manaus." (REsp 823.954/SC, 1ª T. Rel. Min. Francisco Falcão, DJ de 25.05.2006).” 6 (grifo nosso) Ainda em consonância com o entendimento jurisprudencial, há que se reconhecer que, dada a estatura de lei do comando do art. 4o do DecretoLei no 288/1967, a lei posterior poderia excepcionar sua aplicação (ou dispor de forma diversa). Então, embora reconheçamos que os efeitos do art. 4o do DecretoLei no 288/1967 se projetam no tempo, temos claro de que leis posteriores poderiam disciplinar tratamentos fiscais distintos para vendas destinadas à ZFM. Em síntese: dado que o efeito do art. 4o do DecretoLei no 288/1967 se projeta no tempo, tal comando é aplicável a toda e qualquer venda destinada à ZFM, equiparandoa a uma exportação (de acordo com a legislação que estiver vigente para as exportações no momento da operação), salvo nos casos em que lei posterior expressamente disponha de forma diversa. Tal argumentação foi expressa em três processos de minha relatoria recentemente, sendo majoritariamente acolhida na turma: “CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. VENDAS DESTINADAS À ZONA FRANCA DE MANAUS. EXPORTAÇÕES. EQUIPARAÇÃO. O comando do art. 4o do DecretoLei no 288/1967 é aplicável a toda e qualquer venda destinada à ZFM, equiparandoa a uma exportação (de acordo com a legislação que estiver vigente para as exportações no momento da operação), salvo nos casos em que lei posterior expressamente disponha de forma diversa. CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. NÃOCUMULATIVIDADE. VENDAS DESTINADAS À ZONA FRANCA DE MANAUS. CREDITAMENTO. FASES. A questão do creditamento de Contribuição para o PIS/Pasep nãocumulativa em relação a bens destinados à Zona Franca de Manaus passa por quatro fases: de 01/12/2002 a 25/07/2004 (com permissão do creditamento e da compensação, com base no art. 5o, I e § 1o da Lei no 10.637/2002, combinado com o art. 4o do DecretoLei no 288/1967); de 26/07/2004 a 09/08/2004 (com vedação ao creditamento, por força do art. 2o da Medida Provisória no 202/2004); de 10/08/2004 a 18/05/2005 (com possibilidade de creditamento, em virtude do art. 16 da Medida Provisória no 206/2004, mas ausência de disciplina no que se refere ao permissivo de compensação); e a partir de 19/05/2005 (quando a possibilidade de creditamento recebeu disciplina no que pertine à compensação, pelo art. 16 da Lei no 11.116/2005).” (Acórdãos no 3403002.121 e 123, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, maioria, sessão de 23.abr.2013) “COFINS. VENDAS DESTINADAS À ZONA FRANCA DE MANAUS. EXPORTAÇÕES. EQUIPARAÇÃO. O comando do art. 4o do DecretoLei no 288/1967 é aplicável a toda e qualquer venda destinada à ZFM, equiparandoa a uma exportação (de acordo com a legislação que estiver vigente para as exportações no momento da operação), salvo nos casos em que lei posterior expressamente disponha de forma diversa. COFINS. NÃO CUMULATIVIDADE. VENDAS DESTINADAS À ZONA 6 REsp 1084380/RS, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA TURMA, julgado em 19/03/2009, DJe 26/03/2009. Fl. 470DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/11/2014 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10980.000916/200973 Acórdão n.º 3403003.419 S3C4T3 Fl. 467 9 FRANCA DE MANAUS. CREDITAMENTO. FASES. A questão do creditamento de Cofins nãocumulativa em relação a bens destinados à Zona Franca de Manaus passa por quatro fases: de 01/02/2004 a 25/07/2004 (com permissão do creditamento e da compensação, com base no art. 6o, I e § 1o da Lei no 10.833/2003, combinado com o art. 4o do DecretoLei no 288/1967); de 26/07/2004 a 09/08/2004 (com vedação ao creditamento, por força do art. 2o da Medida Provisória no 202/2004); de 10/08/2004 a 18/05/2005 (com possibilidade de creditamento, em virtude do art. 16 da Medida Provisória no 206/2004, mas ausência de disciplina no que se refere ao permissivo de compensação); e a partir de 19/05/2005 (quando a possibilidade de creditamento recebeu disciplina no que pertine à compensação, pelo art. 16 da Lei no 11.116/2005).” (Acórdão no 3403002.122, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, maioria, sessão de 23.abr.2013). Naqueles processos, ao invés de se tratar da isenção, versavase sobre o direito de crédito. Mas tanto um quanto outro acabaram referidos na legislação superveniente. Em relação à Medida Provisória no 1.8586/1999, que foi objeto da Ação Direta de Inconstitucionalidade no 2.348, cabe destacar que o tratamento distintivo foi rechaçado liminarmente pelo STF, que, após reiteradas reedições do texto da MP sem a diferenciação entre venda à ZFM e exportação, entendeu que a ação perdera o objeto. A COFINS, sob a sistemática da nãocumulatividade, é tratada na Lei no 10.833, de 29/12/2003. Tal lei institui a sistemática em seu art. 1o, estabelecendo no inciso I do art. 6o a não incidência da Cofins sobre receitas decorrentes de exportações: “Art. 1o A Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS, com a incidência nãocumulativa, tem como fato gerador o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. (...) Art. 6o A COFINS não incidirá sobre as receitas decorrentes das operações de: I exportação de mercadorias para o exterior; (...)” (grifo nosso) A Contribuição para o PIS/PASEP, sob a sistemática da nãocumulatividade, é tratada na Lei no 10.637, de 30/12/2002. Tal lei institui a sistemática em seu art. 1o, estabelecendo no inciso I do art. 5o a não incidência da contribuição sobre receitas decorrentes de exportações: “Art. 1o A contribuição para o PIS/Pasep tem como fato gerador o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. (...) Fl. 471DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/11/2014 por ROSALDO TREVISAN 10 Art. 5o A contribuição para o PIS/Pasep não incidirá sobre as receitas decorrentes das operações de: I exportação de mercadorias para o exterior; (...)” (grifo nosso) Tais comandos, aliados ao teor do art. 4o do DecretoLei no 288/1967, que estabelece que as exportações de mercadorias nacionais para a ZFM equivalem a uma exportação para o estrangeiro, levam à não incidência das contribuições no caso de receitas decorrentes de vendas de mercadorias para a Zona Franca de Manaus. Em 26/07/2004, entra em vigor a Medida Provisória no 202, de 23/7/20047, que dispõe em seu art. 2o: “Art.2o Ficam reduzidas a zero as alíquotas da Contribuição para o PIS/PASEP e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) incidentes sobre as receitas de vendas de mercadorias destinadas ao consumo ou à industrialização na Zona Franca de Manaus (ZFM), por pessoa jurídica estabelecida fora da ZFM. Parágrafo único. Aplicamse às operações de que trata o caput as disposições do inciso II do § 2º do art. 3º da Lei no 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e do inciso II do § 2º do art. 3º da Lei no 10.833, de 29 de dezembro de 2003.”(grifo nosso) Voltemos, então, à fundamentação da autuação no que se refere à matéria (fl. 187 COFINS, e fl. 194 Contribuição para o PIS/PASEP), aqui transcrita integralmente: “Exclusão indevida da Base de Cálculo da COFINS a título de isenção referente a vendas de produtos destinados a (sic) Zona Franca de Manaus os valores de (...), referente (sic) aos períodos de apuração de janeiro, julho, agosto, setembro, outubro e novembro de 2004, respectivamente. As vendas de produtos destinados a (sic) Zona Franca de Manaus tiveram as alíquotas de PIS e COFINS reduzida (sic) a zero a partir de dezembro de 2004, através (sic) da Lei 10.996, de 15 de dezembro de 2004”. (fl. 187) “Exclusão indevida da Base de Cálculo da COFINS (sic) a título de isenção referente a vendas de produtos destinados a (sic) Zona Franca de Manaus os valores de (...), referente (sic) aos períodos de apuração de julho, agosto, setembro, outubro e novembro de 2004, respectivamente, conforme planilha (...) As vendas de produtos destinados a (sic) Zona Franca de Manaus tiveram as alíquotas de PIS e COFINS reduzida (sic) a zero a partir de dezembro de 2004, através (sic) da Lei 10.996, de 15 de dezembro de 2004”. (fl. 194) A leitura é suficiente para verificar que a menção à legislação superveniente que trata da matéria é inexistente. Ademais, partese do pressuposto incorreto de que a redução de alíquotas surge com a Lei no 10.996/2004, quando surge meses antes, com base em Medida Provisória que seria convertida posteriormente em tal lei. 7 Posteriormente convertida na Lei no 10.996, de 15/12/2004. Fl. 472DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/11/2014 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10980.000916/200973 Acórdão n.º 3403003.419 S3C4T3 Fl. 468 11 Assim, pelo exposto, deve ser afastado o lançamento no que se refere às receitas de vendas de mercadorias destinadas à Zona Franca de Manaus, com fundamento insuficiente e incorreto. Não havendo recurso em relação à conta “reversão de provisão para devedores duvidosos”, o provimento é integral (em relação a toda a matéria expressamente tratada no recurso voluntário). Diante do exposto, voto no sentido de dar provimento ao recurso, afastando do lançamento os valores referentes a vendas de mercadorias destinadas à Zona Franca de Manaus. Rosaldo Trevisan Fl. 473DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/11/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 12/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/11/2014 por ROSALDO TREVISAN
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Numero do processo: 10280.901508/2012-23
Data da sessão: Wed Mar 18 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Mon Apr 27 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/07/2008 a 30/09/2008
CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. NÃO-CUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO.
O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. São exemplos de insumos, no caso analisado, ácido sulfúrico (assim como o frete relativo a seu transporte) e serviços de transporte de rejeitos industriais.
ANÁLISE ADMINISTRATIVA DE CONSTITUCIONALIDADE. VEDAÇÃO. SÚMULA CARF N. 2.
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
Numero da decisão: 3403-003.625
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para reconhecer o direito ao crédito em relação a aquisições de ácido sulfúrico (assim como ao frete relativo a seu transporte) e serviços de transporte de rejeitos industriais.
ANTONIO CARLOS ATULIM - Presidente.
ROSALDO TREVISAN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Jorge Olmiro Lock Freire, Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/07/2008 a 30/09/2008 PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO. ÔNUS PROBATÓRIO. DILIGÊNCIA/PERÍCIA. Nos processos derivados de pedidos de compensação/ressarcimento, a comprovação do direito creditório incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes. Não se presta a diligência, ou perícia, a suprir deficiência probatória, seja do contribuinte ou do fisco. ANÁLISE ADMINISTRATIVA DE CONSTITUCIONALIDADE. VEDAÇÃO. SÚMULA CARF N. 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/07/2008 a 30/09/2008 CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. NÃOCUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. São exemplos de insumos, no caso analisado, ácido sulfúrico (assim como o frete relativo a seu transporte) e serviços de transporte de rejeitos industriais. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 0. 90 15 08 /2 01 2- 23 Fl. 309DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para reconhecer o direito ao crédito em relação a aquisições de ácido sulfúrico (assim como ao frete relativo a seu transporte) e serviços de transporte de rejeitos industriais. ANTONIO CARLOS ATULIM Presidente. ROSALDO TREVISAN Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Jorge Olmiro Lock Freire, Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista. Relatório Versa o presente sobre Pedido de Ressarcimento/Restituição PER de no 23025.44042.190110.1.1.086007 (fls. 2 a 5)1, com transmissão em 19/01/2010, referente a créditos de Contribuição para o PIS/PASEP não cumulativa exportação/3o trimestre de 2008, em valor de R$ 9.815.770,25 (com base no § 1o do art. 5o da Lei no 10.637/2002), sendo o montante utilizado em compensações (DCOMP de fls. 6 a 12, nos valores de R$ 8.782.136,79 e de R$ 18.824,89). A análise efetuada pela fiscalização culmina no parecer de fls. 17 a 46 (emitido em 29/05/2012), no qual são informadas as glosas de créditos efetuadas pelo fisco (detalhadas em planilha anexa): (a) bens que não são empregados na produção de bens destinados a venda (v.g., bicicleta, toner, vassoura, bebedouro, lixeira, pilha, lentes, tapete, carimbo, DVR dual, alimentação, envelope e camisa masculina); (b) bens não adequadamente descritos (v.g., “frete”, “”, “materiais diversos 1”); (c) ferramentas e equipamentos de segurança e proteção individual (v.g., chave de fenda, marreta, protetor facial, bota de PVC); (d) itens não enquadrados como partes e peças de reposição de máquinas e equipamentos (v.g., conversos de frequência, filtro secador, bomba centrífuga); (e) itens empregados indiretamente na produção (v.g., ácido sulfúrico, rede de proteção, tinta de acabamento, adesivo, oxigênio, graxa, inibidor de corrosão); (f) combustíveis e lubrificantes não enquadrados como insumos (v.g., óleo automotivo para aplicação em freio, gasolina); (g) produtos cuja descrição era incompatível com as notas fiscais (v.g., cal viva x AL200 Carbomil); (h) serviços não aplicados diretamente no processo produtivo (v.g., estudos de melhorias, palestras, recuperação de bóias de sinalização náutica, agenciamento e operações portuárias, transporte de rejeitos industriais); (h) materiais empregados em manutenção de bens ativados (v.g., recuperação da caldeira Foster, serviços de manutenção no forno calcinador); (i) serviços para os quais não foi apresentada nota fiscal (v.g., locação de toalhas industriais); (j) serviços para os quais não há previsão legal para desconto de créditos (v.g., contratados junto a pessoas físicas); (k) serviços de fretes (de produtos 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 310DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10280.901508/201223 Acórdão n.º 3403003.625 S3C4T3 Fl. 310 3 acabados ou em elaboração entre estabelecimentos industriais e comerciais da mesma pessoa jurídica); (l) serviços não especificados adequadamente (v.g., serviços diversos na área vermelha); (m) bens do ativo imobilizado, considerando as glosas efetuadas no processo administrativo no 10280722272/200965 (com depreciação de 1/48 para as aquisições de maio/2004 a dezembro/2005, e de 1/12 para as aquisições de fevereiro a dezembro/2007) e nas fiscalizações dos dois primeiros trimestres de 2008; e (n) em relação a julho, agosto e setembro de 2008, as glosas de bens do ativo imobilizado foram referentes a: bens que não compõem o ativo imobilizado (v.g., serviços de hotelaria, apoio administrativo, locação de residência); bens do ativo imobilizado que não são utilizados na produção (v.g., cadeiras de escritório, armários); bens para os quais não se provou a ativação ou a utilização na produção (v.g., aquisição de materiais diversos, fornecimento de móveis, havendo ainda bens sem descrição); e edificações (com taxa de depreciação de 1/12, quando o correto seria em função da vida útil ou de 1/24). Com base no parecer é emitido Despacho Decisório de fl. 14, em 03/07/2012, com ciência em 18/07/2012, cf. AR de fl. 54), deferindose crédito no montante de R$ 6.968.419,77, homologandose parcialmente a primeira DCOMP, e exigindose o pagamento em relação aos débitos indevidamente compensados, com acréscimos legais. A empresa apresenta sua manifestação de inconformidade em 16/08/2012 (fls. 55 a 104), anexando material explicativo do processo produtivo de alumina (fls. 57 a 64, e 168 a 203, aclarando a função do ácido sulfúrico, do oxigênio e da cal, entre outros, além dos serviços de transporte de rejeitos industriais) e sustentando que: (a) na não cumulatividade (que não foi restrita pelo texto constitucional), geram créditos os custos, despesas e encargos relativos à receita de exportação, e consideramse insumos, conforme entendimento da Câmara Superior de Recursos Fiscais, todos os gastos gerais da pessoa jurídica necessários para a produção dos bens ou prestação de serviços; (b) não foi feita qualquer visita na empresa, dificultando a análise da efetiva aplicação dos bens no processo produtivo; (c) as glosas em relação ao ativo imobilizado sob o fundamento de que a empresa não teria observado as exigências constantes da Lei no 11.196/2005 (depreciação de 1/12 somente em relação às máquinas e equipamentos adquiridos sob o RECAP) não procedem, visto que a empresa, “por uma questão de tempo real de depreciação das máquinas e equipamentos aplicados em seu processo de industrialização, não se apropria de tais créditos automaticamente, de modo que pelas especificidades da impugnante, é evidente que a conduta apontada no parecer seria, como é, impraticável”, e não há por parte do fisco a indicação de quais seriam os prazos corretos; (d) não há uma clara indicação da razão as glosas do ativo imobilizado, nem quais seriam os itens específicos, ao menos referidos em planilha que permita à postulante compreender o porquê da desconsideração; (e) o ativo imobilizado compreende todo o complexo de bens e direitos /ativo patrimonial imprescindível a que a sociedade empresária se mantenha em operação, abarcando edificações, equipamentos, maquinário, e também benfeitorias em locação ou arrendamento, e móveis, utensílios, entre outros, havendo previsão expressa para desconto de créditos em relação a edificações e bens do ativo imobilizado, ainda que não enquadrados como insumos (incisos VI e VII da Lei no 10.637/2002); e (f) não há disposição normativa que restrinja o aproveitamento dos encargos de depreciação/amortização a partir da utilização do bem. Demanda, por fim, produção de prova pericial, via auditagem suplementar. Em 29/11/2013 ocorre o julgamento de primeira instância (fls. 207 a 221), no qual se decide unanimemente pela improcedência da manifestação de inconformidade (e da demanda pericial), sob os argumentos de que: (a) o conceito de insumos para as contribuições Fl. 311DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 4 deriva do inciso II do art. 3o das Leis no 10.637/2002 e no 10.833/2003 e da IN SRF no 404/2004 (bens com ação direta sobre o produto em fabricação); (b) somente os serviços prestados por pessoa jurídica contribuinte geram créditos, desde que utilizados diretamente na linha de produção da empresa; (c) as glosas em relação ao ativo imobilizado alcançam, de forma geral, produtos não utilizados na produção de bens destinados a venda e bens considerados como edificações, perfeitamente individualizados; e (d) o encargo referente à depreciação somente é computável no resultado do exercício a partir da época em que o bem começa a ser utilizado, e às taxas previstas na legislação de regência. Cientificada do acórdão da DRJ em 03/01/2014 (AR de fl. 223), a empresa apresenta Recurso Voluntário em 30/01/2014 (fls. 224 a 269), basicamente reiterando de forma geral as considerações expostas na manifestação de inconformidade, acrescentando que: (a) da análise do processo produtivo da empresa e de disposições normativas expressas temse que são considerados como insumos os bens aplicados diretamente na produção (como alumina e fluorita em pó), os combustíveis e lubrificantes (como óleo BPF e GLP) e as partes e peças (de reposição), e os serviços diretamente aplicados ou consumidos no processo produtivo, e de manutenção de máquinas e equipamentos; e (b) insumo é, assim, tudo aquilo que concorre na composição do processo produtivo. Em 29/01/2015 esta Terceira Turma efetua, por meio da Resolução no 3403 000.607, baixa em diligência, para que fosse juntada a planilha com o detalhamento das glosas (“Glosa_Créditos_PIS_3tri_2008”), de ciência da recorrente, mas indisponível ao julgador na versão digital do processo. Solucionado o problema técnico, o processo retorna a este CARF, com link para a planilha solicitada. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Como relatado de início, o presente processo se refere exclusivamente à Contribuição para o PIS/PASEP relativa ao 3o trimestre de 2008. Os assuntos em discussão são basicamente os mesmos já analisados pela turma em diversos processos da mesma recorrente: (a) aspectos constitucionais da não cumulatividade; (b) delimitação do conceito de insumo para as contribuições; (c) glosas de bens considerados como insumos; (d) glosas de serviços considerados como insumos; e (e) glosas em relação a edificações e bens do ativo imobilizado, inclusive no que se refere a bases diferenciadas (1/12). Preliminarmente a tais questões, no entanto, cabe efetuar considerações sobre o ônus probatório nos processos referentes a compensação, como o presente. Fl. 312DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10280.901508/201223 Acórdão n.º 3403003.625 S3C4T3 Fl. 311 5 1. Considerações iniciais O ônus probatório em processos de compensação é do postulante ao crédito, tendo este o dever de apresentar todos os elementos necessários à prova de seu direito. Assim vem reiteradamente decidindo esta turma de forma unânime: “ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO NO QUAL SE FUNDAMENTA A AÇÃO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. DILAÇÃO PROBATÓRIA. DILIGÊNCIAS. A realização de diligências destinase a resolver dúvidas acerca de questão controversa originada da confrontação de elementos de prova trazidos pelas partes, mas não para permitir que seja feito aquilo que a lei já impunha como obrigação, desde a instauração do litígio, às partes componentes da relação jurídica.” (Acórdãos n. 3403002.106 a 111, Rel. Cons. Alexandre Kern, unânimes, sessão de 23.abr.2013) (grifo nosso) “PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO. Nos pedidos de compensação/ressarcimento, incumbe ao postulante a prova de que cumpre os requisitos previstos na legislação para a obtenção do crédito pleiteado.” (grifo nosso) (Acórdão n. 3403003.173, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 21.ago.2014) (No mesmo sentido: Acórdão n. 3403003.166, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 20.ago.2014; Acórdão 3403002.681, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação à matéria, sessão de 28.jan.2014; e Acórdãos n. 3403002.472, 473, 474, 475 e 476, Rel Cons. Rosaldo Trevisan, unânimes em relação à matéria, sessão de 24.set.2013) Não há dúvidas, assim, sobre ser o ônus probatório da recorrente, no caso em análise. E o fisco não se furtou a assegurar à recorrente a possibilidade de exercer tal prova, durante o procedimento de fiscalização. Incumbe à empresa a apresentação de prova de vínculo dos bens e serviços ao seu processo produtivo, sendo a visita às instalações da empresa medida que se faz necessária somente no caso de haver dúvidas em relação ao conteúdo probatório apresentado. Da mesma forma, a diligência se prestaria a esclarecer dúvida do julgador, e não à complementação probatória. Feitos estes esclarecimentos, seguese na análise do contencioso, já se esclarecendo que as decisões administrativas e judiciais prestamse a auxiliar na formação de convicção do julgador administrativo, mas apenas em alguns casos excepcionais (v.g., as proferidas nas sistemáticas citadas no art. 62A do Regimento Interno deste CARF) efetivamente exercem efeito vinculante no julgamento por este colegiado. Assim, indubitavelmente se toma em conta a jurisprudência apresentada na presente análise, ainda que dela se possa discordar eventualmente. 2. Do caráter constitucional da não cumulatividade Fl. 313DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 6 Impendese destacar a impossibilidade de análise por parte deste CARF de eventual tese que sustente ser a nãocumulatividade expressa na Constituição Federal brasileira (art. 195, § 12) inatingível (ou não sujeita a restrições) pela legislação infraconstitucional, devendo eventual modulação ser feita tãosomente no próprio texto constitucional, o que culminaria no reconhecimento de inconstitucionalidade nas limitações estabelecidas essencialmente pelas Leis no 10.637/2002 e no 10.833/2003. O tema já é inclusive sumulado no âmbito deste tribunal: “Súmula CARF no 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.” Resta, assim, a análise da abrangência do conceito de insumos na legislação referente à contribuição, e a verificação da compatibilidade das glosas a tal conceito. 3. Da delimitação do conceito de insumos para as contribuições O termo insumo é polissêmico. Por isso, há que se indagar qual é sua abrangência no contexto das Leis no 10.627/2002 e no 10.833/2003. Na busca de um norte para a questão, poderseia ter em consideração os teores do § 5o do art. 66 da IN SRF no 247/2002 (editado com base no art. 66 da Lei no 10.637/2002) e do art. 8o da IN SRF no 404/2004 (editado com alicerce no art. 92 da Lei no 10.833/2003), que, para efeito de disciplina da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, estabelecem entendimento de que o termo insumo utilizado na fabricação ou produção de bens destinados à venda abrange “as matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado” e “os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto”. Outro caminho seria buscar analogia com a legislação do IPI ou do IR (ambas frequentes na jurisprudência deste CARF). Contudo, tal tarefa se revela improfícua, pois em face da legislação que rege as contribuições, o conceito expresso nas normas que tratam do IPI é demasiadamente restritivo, e o encontrado a partir da legislação do IR é excessivamente amplo, visto que se adotada a acepção de “despesas operacionais”, chegarseia à absurda conclusão de que a maior parte dos incisos do art. 3o das Leis no 10.637/2002 e no 10.833/2003 (inclusive alguns que demandaram alteração legislativa para inclusão v.g. incisos IX, referente a energia elétrica e térmica, e X, sobre valetransporte ... para prestadoras de serviços de limpeza...) é inútil ou desnecessária. A Lei no 10.637/2002, que trata da Contribuição para o PIS/PASEP não cumulativa, e a Lei no 10.833/2003, que trata da COFINS nãocumulativa, explicitam, em seus arts. 3o, que podem ser descontados créditos em relação a: “II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda ou à prestação de serviços, inclusive combustíveis (...)” (grifo nosso) A mera leitura dos dispositivos legais já aponta para a impossibilidade de se considerar como insumo um bem ou serviço que não seja utilizado na produção ou fabricação do bem destinado à venda. Fl. 314DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10280.901508/201223 Acórdão n.º 3403003.625 S3C4T3 Fl. 312 7 Há, assim, que se acolher a argumentação de que o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final, como vem reiteradamente decidindo esta Terceira Turma, inclusive em relação a nove processos da mesma empresa julgados por esta turma em janeiro de 2015, analisando o mesmo tributo: “CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. NÃO CUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. (...).” (Acórdão no 3403003.166, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime – em relação à matéria, sessão de 20.ago.2014) (No mesmo sentido os Acórdãos no 3403002.469 a 477; no 3403 001.893 a 896; no 3403001.935; no 3403002.318 e 319; e no 3403.002.783 e 784) CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. NÃO CUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. (...) (Acórdãos no 3403003.512 a 520, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime – em relação à matéria, sessão de 29.jan.2015) Isto posto, cabe analisar a adequação ao conceito de insumo das rubricas questionadas no presente contencioso, já destacando que não se identifica com a legislação do IPI nem com a do IR. As glosas discutidas ocorreram basicamente em três grupos: bens utilizados como insumo, serviços utilizados como insumo e bens do ativo imobilizado. 3.1. Bens utilizados como insumo Em relação a bens utilizados como insumos, percebese que o fisco efetua glosas (fls. 35/38) em relação a itens não relacionados à atividade produtiva (como bicicleta, toner, vassoura, bebedouro, lixeira, pilha, lentes, tapete, carimbo, DVR dual, alimentação, envelope e camisa masculina), itens não adequadamente descritos (v.g., “frete”, “”, “materiais diversos 1”), ferramentas e equipamentos de segurança e proteção individual (v.g., chave de fenda, marreta, protetor facial, bota de PVC), itens não enquadrados como partes e peças de reposição de máquinas e equipamentos (v.g., conversos de frequência, filtro secador, bomba centrífuga), itens empregados indiretamente na produção (v.g., ácido sulfúrico, rede de proteção, tinta de acabamento, adesivo, oxigênio, graxa, inibidor de corrosão), combustíveis e lubrificantes não enquadrados como insumos Fl. 315DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 8 (v.g., óleo automotivo para aplicação em freio, gasolina), e produtos cuja descrição (ou valor) era incompatível com as notas fiscais (v.g., cal viva x AL200 Carbomil). O recurso voluntário se dedica mormente a questionar o conceito de insumos adotado de forma genérica, sem fazer menção individualizada às glosas, transcrevendo dispositivos normativos e jurisprudência sem necessariamente relacionálos ao caso concreto. Como aqui já se esclareceu, o desgaste físico não é uma propriedade relevante para caracterizar insumos na legislação que rege as contribuições, mas sim a relação com o processo produtivo. E peca a recorrente ao sustentar apenas genericamente a efetiva utilização dos bens glosados no processo produtivo, em sua peça recursal. É certo que há jurisprudência favorável à recorrente (inclusive nesta Terceira Turma), como colacionado na peça recursal, no sentido de reconhecer a tomada de créditos em relação a ácido sulfúrico (e respectivos fretes) e óleo BPF, mas a tabela de glosas em relação a bens inclui 8152 linhas, não havendo qualquer questionamento específico em relação aos demais itens glosados (por exemplo, bicicleta, bebedouro, tapete, marreta, adesivo, e outros itens cuja possibilidade de utilização no processo produtivo é de difícil compreensão). No presente processo, é de se destacar que o óleo BPF é entendido pelos fisco como dentro do conceito de insumo (fl. 23), não havendo controvérsia instaurada em relação à matéria. Assim, o único item questionado especificamente, ainda que com simples menção a jurisprudência desta Turma na peça recursal, é o ácido sulfúrico (e os fretes a ele correspondentes). E, sobre tal produto, em relação ao mesmo processo produtivo (de alumina) da mesma recorrente, já decidiu por diversas vezes este colegiado (Acórdãos no 3403002.764, e 3403003.512 a 520) ser possível a tomada de créditos como insumo em relação às contribuições (o mesmo entendimento se externando em relação aos fretes correspondentes). Assim, na linha que já vem adotando esta turma, entendese que são improcedentes as glosas em relação às aquisições de ácido sulfúrico (assim como dos correspondentes fretes, desde que identificados). E, ainda acompanhando a recorrente jurisprudência da turma, mantémse a glosa em relação aos demais itens, não questionados especificamente nas peças de defesa. 3.2. Serviços utilizados como insumo Em relação a serviços utilizados como insumos, percebese que o fisco efetua glosas (fls. 38/40) em relação a serviços não aplicados diretamente no processo produtivo (v.g., estudos de melhorias, palestras, recuperação de bóias de sinalização náutica, agenciamento e operações portuárias, transporte de rejeitos industriais), materiais empregados em manutenção de bens ativados (v.g., recuperação da caldeira Foster, serviços de manutenção no forno calcinador), serviços para os quais não foi apresentada nota fiscal (v.g., locação de toalhas industriais), serviços para os quais não há previsão legal para desconto de créditos (v.g., contratados junto a pessoas físicas), serviços de fretes (de produtos acabados ou em elaboração entre estabelecimentos industriais e comerciais da mesma pessoa jurídica) e serviços não especificados adequadamente (v.g., serviços diversos na área vermelha). Fl. 316DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10280.901508/201223 Acórdão n.º 3403003.625 S3C4T3 Fl. 313 9 A recorrente, por seu turno, novamente argumenta de forma genérica, sendo a única menção em seu recurso voluntário a transporte de rejeitos industriais, e somente em citação a julgado anterior desta turma. Assim, não se desincumbe de seu ônus probatório a recorrente em relação às glosas operadas por sua própria deficiência (por falta de apresentação de documentos ou especificações). E o único item questionado novamente remete a matéria recorrentemente analisada por esta Terceira Turma, em relação à mesma recorrente e ao mesmo processo produtivo (Acórdãos no 3403003.512 a 518 e 3403003.520), com pronunciamento favorável à tomada de créditos em relação a transporte de rejeitos industriais. Assim, novamente alinhandose com entendimento já externado por este colegiado, entendese que pela improcedência das glosas referentes a serviços de transporte de rejeitos industriais, mantendose as demais glosas referentes a serviços. 3.3. Bens do ativo imobilizado Em relação ao ativo imobilizado, remetese parcialmente (fl. 40) a outro processo administrativo (no 10280722272/200965, que teve o recurso voluntário recentemente apreciado por esta turma), sendo as glosas (fl. 42) referentes a bens que não compõem o ativo imobilizado (v.g., serviços de hotelaria, apoio administrativo, locação de residência), bens do ativo imobilizado que não são utilizados na produção (v.g., cadeiras de escritório, armários), bens para os quais não se provou a ativação ou a utilização na produção (v.g., aquisição de materiais diversos, fornecimento de móveis, havendo ainda bens sem descrição) e edificações (com taxa de depreciação de 1/12, quando o correto seria em função da vida útil ou de 1/24). Na planilha de glosas, estas são codificadas da seguinte forma: NP (para bens do ativo imobilizado que não são utilizados diretamente na produção da Alumina); NA (para bens que não compõe o ativo imobilizado); NSD (para bens em relação aos quais não se provou a configuração de ativo imobilizado para utilização na produção da Alumina ou com descrição incompleta); e EDIF (para edificações). A recorrente não questiona a simples remissão ao outro processo, sem detalhamento da motivação da parcela correspondente das glosas nestes autos, e parece compreender bem a motivação quando se defende da mesma forma que naquele processo, discutindo os dois mecanismos de depreciação (1/48 e 1/12). Mas a defesa é novamente genérica, com reprodução de diversos dispositivos normativos e decisões, sem a eficaz vinculação à situação concreta narrada nos autos. E, reiterese, esta mesma Terceira Turma já apreciou aquele processo administrativo, exatamente em relação à matéria, concluindo que: “DA GLOSA DOS CRÉDITOS TOMADOS COM BASE NO ART. 3º, § 14 DA LEI Nº 10.833/04 Quanto à glosa dos créditos tomados sobre o valor de aquisição de bens para o ativo imobilizado, como opção à regra geral da tomada de crédito sobre a depreciação desses bens (art. 3º, § 14 da Lei nº 10.833/04), o exame das planilhas 1 a 7B revela que essas glosas foram motivadas pela fiscalização em dois fatos: a) Fl. 317DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 10 os bens não se enquadram como máquinas e equipamentos ou não são aplicados diretamente na produção dos bens destinados à venda; e b) os bens, embora pertençam ao imobilizado, são edificações não abrangidas pelo benefício legal. (...) Os bens relacionados nessa planilha não se enquadram na hipótese legal do art. 3º, VI, da Lei nº 10.833/03, ou seja, não constituem “máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros, ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços”. O requisito legal que rende ensejo ao crédito é que as máquinas, os equipamentos ou os “outros bens” sejam passíveis de ativação e que sua destinação seja a locação a terceiros ou o emprego na produção, o que não é o caso dos produtos glosados pela fiscalização na planilha 1. Por seu turno, os valores dos produtos relacionados nas planilha 2 e 5 foram glosados porque os bens ali descritos constituem edificações. Os bens descritos constituem partes de edificações, como estruturas metálicas, ou bens destinados à construção civil, como elevadores, mãodeobra, “diversos materiais para construção civil”, e etc. A opção prevista no art. 3º, § 14 da Lei nº 10.833/04 só alcança os bens especificados no art. 3º, VI, da lei, que não inclui obras de construção civil e nem suas partes. Quanto à planilha 4, os bens relacionados constituem basicamente móveis como por exemplo: gaveteiros, colchões, painel divisor, armários, balcão de atendimento, mesa de reunião, mapoteca e cabideiro, (...). É óbvio que tais produtos não possuem aptidão para gerarem créditos, pois nem sequer são utilizados na produção da alumina. Portanto, ficam mantidas as glosas efetuadas pela fiscalização. DA GLOSA DOS CRÉDITOS TOMADOS COM BASE NO ART. 31 DA LEI Nº 11.196/2005. (...) O que a fiscalização fez foi glosar bens que não se enquadram na previsão contida no art. 31 da Lei nº 11.196/2005. Os requisitos estabelecidos nesse dispositivo legal são os seguintes: a) a pessoa jurídica deve ter projeto aprovado para instalação, ampliação, modernização ou diversificação enquadrado em setores da economia considerados prioritários; b) localização nas áreas das extintas Sudene e Sudam; c) o crédito é gerado pela aquisição, a partir do ano de 2006, de máquinas, aparelhos, instrumentos e equipamentos, novos, relacionados em regulamento, destinados à incorporação ao seu ativo imobilizado; d) o desconto do crédito deve ser feito no prazo de 12 meses, contados da aquisição do bem; e e) o crédito é resultante da aplicação da alíquota de 7,6% sobre 1/12 do custo de aquisição do bem. Fl. 318DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 10280.901508/201223 Acórdão n.º 3403003.625 S3C4T3 Fl. 314 11 O exame da planilha 7D revela que a fiscalização somente questionou o item “c” acima relacionado, pois os códigos das glosas foram os seguintes: DT05 – indica que o bem foi glosado em virtude da data de aquisição ser anterior à publicação da Lei nº 11.196/2005; EDIF06 E EDIF07 – indica que se tratam de edificações dos anos de 2006 e 2007, que não são contempladas pelo benefício; Nindica que os bens não são considerados bens do imobilizado ou não são empregados no processo produtivo do adquirente; NCDindica que os bens não estão relacionados no regulamento; NREBindica que o bem não possui aptidão para gerar crédito por ter sido adquirido em operação equiparada a exportação (que é desonerada das contribuições). A recorrente mais uma vez não se desincumbiu do ônus estabelecido no art. 16, III, do Decreto nº 70.235/72, pois não contestou especificamente e nem trouxe documentação hábil a elidir nenhum dos motivos invocados para a glosa. Sendo assim, devem ser mantidos os cálculos elaborados pela fiscalização. A defesa invocou as soluções de consulta proferidas pela 8ª Região Fiscal, nas quais o órgão entendeu que materiais utilizados na manutenção dos bens de produção da empresa são passíveis de gerarem créditos das contribuições. Esse direito em momento algum foi contestado pela fiscalização ou pelo Acórdão de primeira instância. A questão é a mesma já constatada linhas acima, qual seja: o contribuinte não apresentou contestação específica elencando quais itens foram destinados à manutenção do ativo imobilizado, não demonstrou se os bens aplicados eram ou não passíveis de ativação obrigatória e também não demonstrou onde e como foram aplicados. Ao contrário do alegado pela defesa, o art. 6º, §§ 1º e 3º da Lei nº 10.833/03, não autoriza o crédito em relação a qualquer gasto vinculado à obtenção da receita de exportação, pois o § 1º remete o cálculo do crédito ao disposto no art. 3º. Portanto, os eventos que dão direito ao crédito são os mesmos, independentemente de a venda da produção ocorrer no mercado interno ou externo.” (Acórdão no 3403001.954, Rel. Cons. Antonio Carlos Atulim, unânime em relação ao tema, sessão de 20.mar.2013) (grifo nosso) (No mesmo sentido os Acórdãos no 3403001.955 e 956, Rel. Cons. Antonio Carlos Atulim, unânimes em relação ao tema, sessão de 20.mar.2013, que tratavam, respectivamente, da COFINS do terceiro e do primeiro trimestres de 2007) Mantémse, assim, novamente o entendimento já firmado na turma, restando hígidas neste tópico as glosas decorrentes efetuadas pelo fisco. Fl. 319DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 12 Nos itens referentes aos meses de julho a setembro de 2008, não assiste melhor sorte à recorrente. Pela simples leitura das listas de glosas (com as correspondentes codificações), percebese que os bens relacionados enquadramse objetivamente em cada uma das categorias descritas pelo fisco (NP, NA, NSD e EDIF). E, ao contrário da fiscalização, que detalha e individualiza as glosas, a recorrente não traz qualquer questionamento específico de item glosado. Quanto às taxas de depreciação para edificações (percebase que não discorda o fisco do direito a crédito, mas somente da taxa utilizada), devem ser aplicadas na forma do art. 3o da Lei no 10.637/2002 (art. 1o, § 1o da IN SRF no 457/2004) ou do art. 6o da Lei no 11.488/2007 (art. 1o, § 2o da IN SRF no 457/2004). A menção recursal ao RECAP, por fim, é desacompanhada de qualquer prova de que a empresa seja habilitada a tal regime, ou cumpra os requisitos para sua fruição, cabendo reiterar as considerações aqui já expostas sobre ônus probatório. Diante do exposto, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso voluntário apresentado, para reconhecer o direito ao crédito em relação a aquisições de ácido sulfúrico (assim como ao frete relativo a seu transporte) e serviços de transporte de rejeitos industriais. Rosaldo Trevisan Fl. 320DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN
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Numero do processo: 15578.000296/2010-81
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 19 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Mon Apr 27 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2006, 2007
COMPENSAÇÃO NÃO DECLARADA. PARCELAMENTO. MULTA ISOLADA. EFEITO.
O pedido de parcelamento envolvendo débitos incluídos em Declaração de Compensação inibe a aplicação da penalidade prevista no § 4o do art. 18 da Lei no 10.833/2003 se realizado antes da expedição do Despacho Decisório que considerou não declarada a compensação.
Numero da decisão: 3403-003.637
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício.
ANTONIO CARLOS ATULIM - Presidente.
ROSALDO TREVISAN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Jorge Olmiro Lock Freire, Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2006, 2007 COMPENSAÇÃO NÃO DECLARADA. PARCELAMENTO. MULTA ISOLADA. EFEITO. O pedido de parcelamento envolvendo débitos incluídos em Declaração de Compensação inibe a aplicação da penalidade prevista no § 4o do art. 18 da Lei no 10.833/2003 se realizado antes da expedição do Despacho Decisório que considerou não declarada a compensação.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício. ANTONIO CARLOS ATULIM - Presidente. ROSALDO TREVISAN - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Jorge Olmiro Lock Freire, Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista.
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PARCELAMENTO. MULTA ISOLADA. EFEITO. O pedido de parcelamento envolvendo débitos incluídos em Declaração de Compensação inibe a aplicação da penalidade prevista no § 4o do art. 18 da Lei no 10.833/2003 se realizado antes da expedição do Despacho Decisório que considerou “não declarada” a compensação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício. ANTONIO CARLOS ATULIM Presidente. ROSALDO TREVISAN Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Jorge Olmiro Lock Freire, Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 57 8. 00 02 96 /2 01 0- 81 Fl. 1253DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN 2 Relatório Versa o presente sobre Auto de Infração lavrado em 19/08/2010 (fls. 596 a 600, com ciência em 21/08/2010 fl. 496)1 para exigência de multa isolada por compensações indevidas (utilizando crédito de terceiro DCOMP relacionadas à fl. 584), no valor total de R$ 3.750.00,00. No Termo de Verificação Fiscal (TVF) de fls. 583 a 595, narrase que: (a) no curso do exame das compensações trabalhadas no processo administrativo no 15578.000943/200911, foi verificada a utilização de créditos de terceiros (créditoprêmio de IPI da empresa MUSA CALÇADOS LTDA), não passíveis de restituição ou compensação, nos termos do art. 74, § 12, I, “a” da Lei no 9.430/1996 (na redação dada pela Lei no 11.051/2004), ensejando que a compensações sejam consideradas não declaradas; (b) nas DCOMP, os créditos foram informados como sendo resultantes de pagamento indevido ou a maior (e não como decorrentes de ação judicial); (c) em relação a uma das DCOMP (de final 3097), a empresa, após intimada, informou que a DCOMP não foi por ela transmitida, repudiando a informação ali constante (apesar de esta estar também reproduzida em sua DCTF); e (d) diante do exposto, cabe a aplicação da multa isolada prevista no art. 18, § 4o da Lei no 10.833/2003 (com as alterações da Lei no 11.196/2005) c/c art. 44, I da Lei no 9.430/1996. A empresa apresenta sua impugnação em 21/09/2010 (fls. 496 a 518), sustentando que: (a) antes do término do prazo para homologação das DCOMP, e antes que tivesse sido proferida decisão em relação à homologação, e antes mesmo da ciência da autuação, da empresa, em 23/02/2009, desistiu das compensações e incluiu os débitos em parcelamento instituído pela Lei no 11.941/2009; (b) a multa de ofício é inaplicável, pois não existiu a infração, cf. Parecer Normativo CST no 61/1979; (c) não houve fraude; (d) o processo administrativo de compensação não estava concluído ao tempo da autuação, não havendo ciência à empresa sobre o resultado (homologação ou não); (e) se a multa incide sobre débitos incluídos em parcelamento, ela também deve ser nele incluída, cf. art. 1o, § 1o da Lei no 11.941/2009; e (f) a multa aplicada é confiscatória e inconstitucional. Em 08/05/2014 ocorre o julgamento de primeira instância (fls. 1243 a 1249), no qual se decide unanimemente pela procedência da impugnação, pois o pedido de parcelamento (que o julgador à época verificou continuar ativo) foi protocolizado em data anterior à conclusão do feito fiscal que imputou a penalidade. Em virtude de o crédito exonerado ultrapassar o limite de alçada, recorrese de ofício a este CARF. É o relatório. 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Voto Fl. 1254DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 15578.000296/201081 Acórdão n.º 3403003.637 S3C4T3 Fl. 1.254 3 Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Para verificar a correção do procedimento adotado pelo julgador de piso, basta verificar o texto da penalidade imputada na autuação: o art. 18, § 4o da Lei no 10.833/2003 (com a redação vigente à época, dada pela Lei no 11.196/2005): § 4o Será também exigida multa isolada sobre o valor total do débito indevidamente compensado, quando a compensação for considerada não declarada nas hipóteses do inciso II do § 12 do art. 74 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, aplicandose os percentuais previstos: (Redação dada pela Lei no 11.196, de 2005) Ocorre que no presente processo a compensação não chegou a ser considerada não declarada, pois antes que houvesse um despacho decisório considerando as compensações como “não declaradas” (o que ocorreu no processo de compensação referido no TVF, no 15578.000943/200911, somente em 16/07/2010 fls. 1196/1997), houve desistência das compensações (ainda em 2009 fls. 1221 a 1237), com inclusão dos débitos em parcelamento. Assim, incabível a aplicação da penalidade por uma materialidade sequer concretizada. Diante do exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso de ofício. Rosaldo Trevisan Fl. 1255DF CARF MF Impresso em 08/06/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 31/03/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/03/2015 por ROSALDO TREVISAN
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Numero do processo: 11060.000810/2010-58
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 28 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Fri Feb 13 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/04/2005 a 30/04/2006
SUSPENSÃO DA INCIDÊNCIA. ART. 9o DA LEI No 10.925/2004. APLICAÇÃO NO TEMPO.
As operações de venda com suspensão ao amparo do art. 9o da Lei no 10.925/2004, registradas a partir de agosto de 2004, e acolhidas pela retroatividade estabelecida pela IN SRF no 636/2006, norma editada pela Receita Federal para disciplinar exatamente tal comando legal, não foram juridicamente desconstituídas pelo advento da IN SRF no 660/2006, que revoga a norma infralegal anteriormente editada.
PROVA. EXPORTAÇÃO. MEMORANDO. IMPOSSIBILIDADE.
O documento intitulado memorando de exportação, de emissão a cargo de empresas, não constitui instrumento hábil à prova de que efetivamente as mercadorias foram exportadas.
Numero da decisão: 3403-003.507
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para afastar o lançamento no que se refere ao não reconhecimento da suspensão de que trata o art. 9o da Lei no 10.925/2004.
ANTONIO CARLOS ATULIM - Presidente.
ROSALDO TREVISAN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Fenelon Moscoso de Almeida, Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/04/2005 a 30/04/2006 SUSPENSÃO DA INCIDÊNCIA. ART. 9o DA LEI No 10.925/2004. APLICAÇÃO NO TEMPO. As operações de venda com suspensão ao amparo do art. 9o da Lei no 10.925/2004, registradas a partir de agosto de 2004, e acolhidas pela retroatividade estabelecida pela IN SRF no 636/2006, norma editada pela Receita Federal para disciplinar exatamente tal comando legal, não foram juridicamente desconstituídas pelo advento da IN SRF no 660/2006, que revoga a norma infralegal anteriormente editada. PROVA. EXPORTAÇÃO. MEMORANDO. IMPOSSIBILIDADE. O documento intitulado memorando de exportação, de emissão a cargo de empresas, não constitui instrumento hábil à prova de que efetivamente as mercadorias foram exportadas.
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VEDAÇÃO. SÚMULA CARF N. 2. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. PROVA. EXPORTAÇÃO. MEMORANDO. IMPOSSIBILIDADE. O documento intitulado “memorando de exportação”, de emissão a cargo de empresas, não constitui instrumento hábil à prova de que efetivamente as mercadorias foram exportadas. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/04/2005 a 30/04/2006 SUSPENSÃO DA INCIDÊNCIA. ART. 9o DA LEI No 10.925/2004. APLICAÇÃO NO TEMPO. As operações de venda com suspensão ao amparo do art. 9o da Lei no 10.925/2004, registradas a partir de agosto de 2004, e acolhidas pela retroatividade estabelecida pela IN SRF no 636/2006, norma editada pela Receita Federal para disciplinar exatamente tal comando legal, não foram juridicamente desconstituídas pelo advento da IN SRF no 660/2006, que revoga a norma infralegal anteriormente editada. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/04/2005 a 30/04/2006 SUSPENSÃO DA INCIDÊNCIA. ART. 9o DA LEI No 10.925/2004. APLICAÇÃO NO TEMPO. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 06 0. 00 08 10 /2 01 0- 58 Fl. 2111DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN 2 As operações de venda com suspensão ao amparo do art. 9o da Lei no 10.925/2004, registradas a partir de agosto de 2004, e acolhidas pela retroatividade estabelecida pela IN SRF no 636/2006, norma editada pela Receita Federal para disciplinar exatamente tal comando legal, não foram juridicamente desconstituídas pelo advento da IN SRF no 660/2006, que revoga a norma infralegal anteriormente editada. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para afastar o lançamento no que se refere ao não reconhecimento da suspensão de que trata o art. 9o da Lei no 10.925/2004. ANTONIO CARLOS ATULIM Presidente. ROSALDO TREVISAN Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Fenelon Moscoso de Almeida, Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista. Relatório Versa o presente sobre autos de infração, lavrados em 20/04/2010 (fls. 1461 a 1468, e 1469 a 1476, com ciência em 22/04/2010, cf. fls. 1462 e 1470)1 para exigência, respectivamente, de COFINS (de abril de 2005 a abril de 2006, acrescida de juros de mora e multa de 75%, no total de R$ 1.200.128,49), e de Contribuição para o PIS/PASEP (referente ao mesmo período, com acréscimo de juros de mora e multa de 75%, no total de R$ 260.554,08). Ambas as contribuições são exigidas na sistemática da nãocumulatividade, disciplinada nas Leis no 10.637/2002 e no 10.833/2003. No Relatório de Fiscalização (RF) de fls. 1477 a 1487, narra a fiscalização que: (a) o art. 9o da Lei no 10.925/2004 criou hipótese de suspensão da exigibilidade das contribuições em análise, condicionandoa à disciplina estabelecida pela RFB, que ocorreu com o advento da IN SRF no 636/2006, posteriormente substituída pela IN SRF no 660/2006, que estabeleceu, em seu art. 11, I, que a suspensão entrou em vigor em 04/04/2006, data de publicação daquela instrução; (b) o art. 2o, § 2o da mesma IN SRF no 660/2006 estabelece que nas notas fiscais relativas a vendas com suspensão deve constar a expressão “venda efetuada com suspensão da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS”, com a especificação do dispositivo legal correspondente; (c) não poderiam, assim, ter sido efetuadas com suspensão as vendas indicadas nos registros da empresa no período de 01/08/2004 a 03/04/2006; (d) em se tratando de receitas decorrentes de vendas com fim específico de exportação, há ainda a 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 2112DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 11060.000810/201058 Acórdão n.º 3403003.507 S3C4T3 Fl. 2.112 3 obrigatoriedade de que as mercadorias se destinem diretamente a embarque ou a recinto alfandegado, por conta e ordem da empresa comercial exportadora adquirente, devendo a nota fiscal de venda discriminar corretamente a operação (CFOP pertinentes 5501, 5502, 6501 ou 6502), não sendo hábil para comprovar a exportação o documento intitulado “memorando de exportação” de que trata o Convênio ICMS no 113/2006, nem qualquer documento que possa fazer prova de que houve a efetiva exportação posterior pela adquirente; e (e) as notas fiscais de venda com fim específico de exportação apresentadas pela empresa não atendem a tais requisitos, devendo ser encaradas como vendas no mercado interno. A empresa apresenta impugnação às autuações em 21/05/2010 (fls. 1492 a 1499), argumentando, em síntese, que: (a) a Lei no 10.925/2004 foi publicada em 26/07/2004, sendo autoaplicável, e seu art.9o, § 2o foi inserido apenas para a regulamentação de uma futura obrigação acessória, de como deveria ser informada a suspensão; (b) aplicandose os princípios da “legalidade”, da “eficiência” e da “razoável duração do processo”, não se pode aceitar que a Lei no 10.925/2004 não estivesse em vigor, em função de falta de regulamentação, que só veio a ser suprida após quase dois anos; (c) “alternativamente, caso não sejam acolhidas as razões em relação à suspensão da exigibilidade do PIS/COFINS, necessário se faz excluir as operações de vendas destinadas a exportação”, conforme notas fiscais e memorandos de exportação apresentados; (d) “como a empresa adquirente nem sempre exporta toda a mercadoria adquirida, então ela recebe o produto mesmo como venda no mercado interno, e posteriormente, em alguns casos, quando decide exportar ela emite o memorial de exportação”, e o art. 5o, III da Lei no 10.637/2002 e o art. 6o, III da Lei no 10.833/2003 determinam a não incidência das contribuições no caso de exportação; e (e) diante do “princípio da eventualidade”, devem ser reconhecido o direito à compensação dos direitos aos créditos inerentes à não cumulatividade. Em 06/11/2012 a DRJ converte o julgamento em diligência, para que a unidade local: (a) verificasse e se manifestasse objetivamente sobre a possibilidade de classificação (total ou parcial) das operações registradas nas notas fiscais como vendas “com fim específico de exportação”; (b) verificasse a existência de créditos em relação a tais operações, e como foi seu aproveitamento; e (c) produzisse (se necessário) demonstrativo com eventuais alterações no lançamento. No Relatório de Diligência de fls. 2001 a 2018, concluise que: (a) a autuação não merece qualquer ajuste, diante do confesso modus operandi narrado na impugnação (se há dúvidas sobre o destino da mercadoria no momento da venda, não há que se falar em remessa com “fim específico de exportação”; (b) analisandose as notas fiscais objeto de impugnação (relação à fl. 2003), percebese que a empresa discute vendas que não foram objeto da autuação (a autuação tratou de vendas de 01/04/2005 a 03/04/2006 e as notas fiscais em discussão se referem a 26/04/2006); (c) a apropriação de créditos se resume, em regra, a operações em que a etapa anterior tenha sido onerada pelas contribuições, e, portanto, as aquisições de soja de pessoas físicas não geram “créditos básicos” das contribuições, mas sim o “crédito presumido” de que tratam a Lei no 10.833/2003 (art. 3o, §§ 11 e 15, II entre 01/02/2004 e 01/08/2004) e a Lei no 10.925/2004 (art. 16, I, “b” a partir de 01/08/2004); (d) no período analisado, nem mesmo os créditos presumidos poderiam ter sido calculados e apropriados pela empresa em relação às aquisições de pessoas físicas; e (e) em relação às aquisições de pessoas jurídicas (listadas à fl. 2005), existe o direito ao crédito (de interesse da empresa) nos montantes especificados à fl. 2006. Fl. 2113DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN 4 Em 23/05/2013 ocorre o julgamento de primeira instância (fls. 2042 a 2054), no qual se decide unanimemente pela parcial procedência da impugnação, nos seguintes termos: (a) não houve nulidade, sendo a autuação motivada e com descrição detalhada da conduta imputada; (b) a suspensão instituída pelo art. 9o da Lei no 10.925/2004, de acordo com o próprio texto da lei, está condicionada aos termos e condições estabelecidos pela RFB (IN SRF no 636/2006, posteriormente revogada pela IN SRF no 660/2006), passando a vigorar a partir de 04/04/2006, não havendo em regra vinculação dos órgãos administrativos a entendimentos jurisprudenciais; (c) o benefício estabelecido pelo art. 5o, III da Lei no 10.637/2002 e pelo art. 6o, III da Lei no 10.833/2003 está condicionado à exportação subsequente, que deve ser comprovada, e memorandos de exportação não comprovam a operação; e (d) a esmagadora maioria da soja comercializada pela empresa foi adquirida de pessoas físicas, não gerando créditos básicos das contribuições, mas devem ser acolhidos os créditos referentes a aquisições de pessoas jurídicas verificados em sede de diligência. Cientificada do acórdão da DRJ em 15/07/2013 (cf. AR à fl. 2062), a empresa apresenta Recurso Voluntário em 14/08/2013 (fls. 2070 a 2084, basicamente reiterando as considerações externadas em sua impugnação, acrescentando jurisprudência e demanda de nova diligência para que se verifique integralmente seu direito creditório (não somente em relação a soja adquirida de pessoas jurídicas, como se fez na diligência demandada pela DRJ), anexando planilha de despesa com fretes. Em sede recursal, inova ainda a empresa ao demandar redução da multa aplicada, que considera fora dos patamares da razoabilidade. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Preliminarmente, destaquese que a argumentação inovadora em sede recursal, referente a redução da multa de ofício em nome da razoabilidade, não merece prosperar, seja porque preclusa, ou mesmo porque a multa aplicada segue exatamente o montante fixado em lei, que não pode ser afastada por este tribunal administrativo sob pretexto de inconstitucionalidade, conforme Súmula CARF no 2. Ainda em caráter preliminar, cabe destacar que o direito creditório em relação a fretes e outras rubricas não é objeto do presente processo de autuação. O fato de ter a DRJ efetuado conversão em diligência para que a unidade local, entre outras tarefas, apurasse os créditos, tendo aquela instância julgadora aceitado o abatimento do valor da autuação dos montantes referentes a créditos referentes a aquisição de soja de pessoas jurídicas (decisão que aqui, por óbvio, não se poderia reverter) não nos demove da convicção de que a autuação se deveu unicamente a dois motivos: não atendimento dos requisitos para fruição de suspensão e não atendimento de requisitos para configurar remessa com fim específico de exportação. O que busca a defesa, assim, é uma espécie de compensação dos débitos decorrentes da autuação com créditos que objetivamente não demandou oportunamente na forma normativamente prevista. Assim, entendese incabível a diligência para que se apure agora a existência de Fl. 2114DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 11060.000810/201058 Acórdão n.º 3403003.507 S3C4T3 Fl. 2.113 5 créditos que a própria empresa não se encarregou de demandar, nem de comprovar, visto que a demanda de crédito pressupõe a prova a cargo da requerente, não suportando o procedimento fiscal a utilização de diligência para dilação probatória (nem por parte do fisco, nem da recorrente). Entendimento contrário poderia levar à inusitada existência de um processo de autuação declarada integralmente improcedente tornarse um processo de restituição/ressarcimento, com apuração de créditos em favor do autuado. Retornando à matéria discutida na autuação, incumbe reiterar as duas infrações que são imputadas à empresa: utilização de suspensão da exigibilidade das contribuições e remessas com fim específico de exportação ao desamparo dos requisitos estabelecidos na legislação de regência. É o que se passa a analisar. 1. Da aplicação da suspensão instituída pelo art. 9o da Lei no 10.925/2004 A divergência apresentada nos autos se resume à autoaplicabilidade do disposto no art. 9o da Lei no 10.925/2004. O artigo art. 9o da citada lei, em sua redação original, dispunha: “Art. 9o A incidência da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS fica suspensa na hipótese de venda dos produtos in natura de origem vegetal, classificados nas posições 09.01, 10.01 a 10.08, 12.01 e 18.01, todos da NCM, efetuada pelos cerealistas que exerçam cumulativamente as atividades de secar, limpar, padronizar, armazenar e comercializar os referidos produtos, por pessoa jurídica e por cooperativa que exerçam atividades agropecuárias, para pessoa jurídica tributada com base no lucro real, nos termos e condições estabelecidas pela Secretaria da Receita Federal.” (grifo nosso) Assim, ainda que cumpridos os demais requisitos estabelecidos no artigo, resta claro que a suspensão prevista no art. 9o da Lei no 10.925/2004 não era autoaplicável, mesmo diante do teor do art. 17, III da mesma lei (que afirmava que a produção de efeitos se daria a partir de agosto de 2004). O texto do referido art. 9o foi alterado pela Lei no 11.051/2004, em seu art. 29 (produzindo efeitos a partir de 2005, conforme art. 34, III da lei alteradora): “Art. 9o A incidência da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins fica suspensa no caso de venda: I de produtos de que trata o inciso I do § 1o do art. 8 o desta Lei, quando efetuada por pessoas jurídicas referidas no mencionado inciso; II de leite in natura, quando efetuada por pessoa jurídica mencionada no inciso II do § 1o do art. 8o desta Lei; e III de insumos destinados à produção das mercadorias referidas no caput do art. 8o desta Lei, quando efetuada por pessoa jurídica ou cooperativa referidas no inciso III do § 1o do mencionado artigo. Fl. 2115DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN 6 § 1o O disposto neste artigo: I aplicase somente na hipótese de vendas efetuadas à pessoa jurídica tributada com base no lucro real; e II não se aplica nas vendas efetuadas pelas pessoas jurídicas de que tratam os §§ 6o e 7o do art. 8o desta Lei. § 2o A suspensão de que trata este artigo aplicarseá nos termos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal SRF.” (grifo nosso) Novamente abstraindose dos demais requisitos estabelecidos no artigo, não é difícil concluir que o comando do § 2o afirma que a norma seria aplicável segundo os termos e condições que ainda seriam estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal. Nenhuma sombra de autoaplicabilidade em qualquer dos comandos legais. Contudo, a então Secretaria da Receita Federal SRF (hoje RFB) publicou a norma regulamentar em abril de 2006: a IN SRF no 636/2006, como revela sua própria ementa, “dispõe sobre a suspensão da exigibilidade da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins incidentes sobre a venda de produtos agropecuários e sobre o crédito presumido decorrente das aquisições desses produtos”. E para esclarecer ainda mais o objetivo da norma infralegal, seu art. 1o logo avisa: “esta Instrução Normativa disciplina a comercialização de produtos agropecuários na forma dos arts. 8o, 9o e 15 da Lei no 10.925, de 2004”. Mais claro impossível. E a suspensão foi disciplinada (atendendo ao comando legal) no art. 2o da IN: “Art. 2o Fica suspensa a exigibilidade da Contribuição para o PIS/Pasep e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) incidentes sobre a receita bruta decorrente da venda: I efetuada por cerealista, de produtos in natura de origem vegetal classificados na Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados (Tipi) sob os códigos: a) 09.01, 10.01 a 10.08, exceto os códigos 1006.20 e 1006.30; b) 12.01 e 18.01; II de leite in natura, quando efetuada por pessoa jurídica que exerça cumulativamente as atividades de transporte, resfriamento e venda a granel; III de produtos agropecuários, quando efetuada por pessoa jurídica que exerça atividade agropecuária ou por cooperativa de produção agropecuária; e IV efetuada por pessoa jurídica que exerça atividade agrícola ou por cooperativa de produção agropecuária, de produto in natura de origem vegetal destinado à elaboração de mercadorias classificadas no código 22.04, da Tipi. § 1o Para os efeitos deste artigo, entendese por: I cerealista, a pessoa jurídica que exerça cumulativamente as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar produtos in natura de origem vegetal; Fl. 2116DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 11060.000810/201058 Acórdão n.º 3403003.507 S3C4T3 Fl. 2.114 7 II atividade agropecuária, a atividade econômica de cultivo da terra e/ou de criação de peixes, aves e outros animais, nos termos do art. 2º da Lei nº 8.023, de 12 de abril de 1990; e III cooperativa de produção agropecuária, a sociedade cooperativa que exerça a atividade de comercialização da produção de seus associados, podendo também realizar o beneficiamento dessa produção. § 2o A suspensão de que trata este artigo alcança somente as vendas efetuadas à pessoa jurídica agroindustrial de que trata o art. 3º. § 3o A pessoa jurídica adquirente dos produtos deverá comprovar a adoção do regime de tributação pelo lucro real mediante apresentação, perante a pessoa jurídica vendedora, de declaração firmada pelo sócio, acionista ou representante legal da pessoa jurídica adquirente. § 4o É vedado às pessoas jurídicas de que tratam os incisos I a IV do caput o aproveitamento de créditos referentes à incidência nãocumulativa da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, quando decorrentes de aquisição de insumos relativos aos produtos agropecuários vendidos com suspensão da exigência dessas contribuições.” (grifo nosso) Como o art. 5o da IN SRF no 636/2006 estabelece que a norma entrava em vigor na data de sua publicação (04/04/2006), mas produzia efeitos retroativos a 01/08/2004, a partir da edição da IN SRF no 636/2006 era perfeitamente aplicável a suspensão, sem qualquer limitação, inclusive em relação às operações anteriores a sua vigência: esse era o desejo inequívoco da própria Receita Federal. Mas, em 25/07/2006, a IN SRF no 636/2006 foi revogada pela IN SRF no 660/2006, que deu tratamento mais detalhado à suspensão, em seus arts. 2o, 3o e 4o. Merece destaque, para nossa análise, o texto do art. 11 da IN SRF no 660/2006: “Art.11. Esta Instrução Normativa entra em vigor na data de sua publicação, produzindo efeitos: I em relação à suspensão da exigibilidade da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins de que trata o art. 2o, a partir de 4 de abril de 2006, data da publicação da Instrução Normativa no 636, de 24 de março de 2006 , que regulamentou o art. 9o da Lei no 10.925, de 2004; e II em relação aos arts. 5o a 8o, a partir de 1o de agosto de 2004.” (grifo nosso) Confesso que tenho extrema dificuldade em fazer a leitura que a fiscalização fez do art. 11. O art. 11 não está a dizer que a suspensão só é aplicável a partir de 04/04/2006 (e nem poderia, porque a IN SRF no 636/2006 já havia retroagido a 01/08/2004 sua aplicação). Está a dizer tão somente que a IN SRF no 660/2006 (“esta Instrução Normativa”), em relação à nova disciplina que deu à suspensão, mais detalhada, produz efeitos a partir de 04/04/2006. De 01/08/2004 e 03/04/2006 aplicouse a IN SRF no 636/2006. Fl. 2117DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN 8 Entender o contrário seria como cambalear na insegurança jurídica de Instruções Normativas que retroagem e depois “desretroagem” a aplicação de comandos legais, o que beira ao absurdo. Imagine a situação: o contribuinte cumpre norma vigente editada pela Receita Federal e, meses depois, com a edição de nova norma (que revoga a anterior), descobre que deveria ter agido de acordo com a segunda norma no período em que ela nem era vigente. É exigir o poder de clarividência do contribuinte. Voltando à juridicidade, temse que a Lei fixou caso de suspensão, condicionado a termos e condições estabelecidos pela Receita Federal. E a Receita Federal disciplinou especificamente o artigo que tratava da suspensão, tornandoo aplicável. E mais, retroagiu a norma disciplinadora infralegal à data de produção de efeitos da Lei (01/08/2004), chancelando a utilização da suspensão por quem já a entendia autoaplicável (o que não é o caso deste julgador, mas parece ser o caso da recorrente). Em suma, a nosso ver o art. 9o da Lei no 10.925/2004 não era autoaplicável, dependendo de regulamentação pela SRF. Mas a SRF, ao regulamentar a matéria em abril 2006 (IN SRF no 636/2006), permitiu a suspensão retroativamente a agosto de 2004. É certo que a Receita Federal acabou criando um problema para ela própria, que parece ter tentado resolver na IN SRF no 660/2006 (que possivelmente buscava “desretroagir” a retroação da IN SRF no 636/2006). Mas o fenômeno que ocorreu entre a IN SRF no 660/2006 e a IN SRF no 636/2006 foi o da revogação (como literalmente esclarece o art. 12 da primeira), e não o da “anulação” (ex tunc). Por mais que a IN SRF no 636/2006 tenha sido revogada, é inegável que ela produziu, antes da revogação, efeitos jurídicos, que não podem ser ignorados. Em outras palavras, a IN SRF no 636/2006 não foi anulada por vício ou ilegalidade; ela foi revogada por conveniência da Administração. Assim, não há como desconstituir relações advindas sob sua égide. Sem sair da juridicidade, mas voltando ao caso analisado nestes autos, percebese que incorreu em interpretação equivocada a fiscalização, ao não admitir a suspensão no período de 01/08/2004 a 03/04/2006, invocando o art. 11 da IN SRF no 660/2006. As operações efetuadas a partir de agosto de 2004, como disse anteriormente, a meu ver, não deveriam ser contabilizadas com a suspensão a que se refere o art. 9o da Lei no 10.925/2004, mas a IN SRF no 636/2006, editada pela Receita Federal para disciplinar exatamente o art. 9o o permitiu. E a edição da IN SRF no 660/2006 não afastou a retroatividade estabelecida pela IN SRF no 636/2006, mas tão somente revogoua. Assim, cabível a suspensão para o período de 01/08/2004 a 03/04/2006, e afastada se torna a motivação da autuação nesse tópico. De forma idêntica já decidiu unanimemente esta turma recentemente: “SUSPENSÃO DA INCIDÊNCIA. ART. 9o DA LEI No 10.925/2004. APLICAÇÃO NO TEMPO. As operações de venda com suspensão ao amparo do art. 9o da Lei no 10.925/2004, registradas a partir de agosto de 2004, e acolhidas pela retroatividade estabelecida pela IN SRF no 636/2006, norma editada pela Receita Federal para disciplinar exatamente tal comando legal, não foram juridicamente desconstituídas pelo advento da IN SRF no 660/2006, que revoga a norma infralegal anteriormente editada.” (Acórdão no 3403003.337,Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime, sessão de 15.out.2014) (grifo nosso) Fl. 2118DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 11060.000810/201058 Acórdão n.º 3403003.507 S3C4T3 Fl. 2.115 9 De forma semelhante (ainda que por razões diversas, e especificamente em relação à alteração efetuada ao art. 9o da Lei no 10.925/2004 pelo art. 29 Lei no 11.051/2004) já decidiu unanimemente outra turma desta Terceira Seção do CARF: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2005, 2006 AUTO DE INFRAÇÃO. (...) SUSPENSÃO DA INCIDÊNCIA DO PIS E DA COFINS. Revela se legítima a utilização da suspensão da incidência do PIS/COFINS, criada pelo art. 9o da Lei no 10.925/2004, com a redação dada pela Lei no 11.051/2004, por parte da recorrente no anocalendário de 2005. (...)” (Acórdão no 310100.974, Rel. Cons. Corintho Oliveira Machado, unânime, sessão de 25.jan.2012) (grifo nosso) Assim, deve ser afastado o lançamento no que se refere ao não reconhecimento da suspensão. 2. Da remessa com fim específico de exportação Afirma ainda o fisco que as notas fiscais de venda com fim específico de exportação apresentadas pela empresa não atendem aos requisitos normativamente estabelecidos (destinação direta para embarque ou recinto alfandegado, por conta e ordem da empresa comercial exportadora adquirente, com discriminação da operação na nota fiscal correspondente), devendo ser encaradas como vendas no mercado interno. E a defesa apresentada pela empresa parece mais um endosso dos argumentos do autuante, visto que se reconhece que no momento da venda a recorrente sequer sabe se o produto será exportado: “Cabe informar que em algumas notas constou o CFOP 5102, entretanto, se trata de exportação conforme o memorial de exportação emitido pela empresa adquirente da mercadoria. Isso ocorre porque a empresa adquirente nem sempre exporta toda mercadoria adquirida, então ela recebe o produto mesmo como venda no mercado interno, e posteriormente, em alguns casos, quando decide exportar ela emite o memorial de exportação” (fl. 1497 da impugnação e 2082 do recurso voluntário) (grifo nosso) Não se pode, assim, afirmar que ocorreram efetivamente exportações, sendo os memorandos de exportação meros instrumentos internos de controle das empresas, e não documentos comprobatórios de exportação (como registros do SISCOMEX com dados de averbação de embarque e transposição de fronteira). Neste tópico, então, insuficientes as alegações da defesa para a prova de que não haveria incidência das contribuições nas respectivas operações de venda. Fl. 2119DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN 10 Diante do exposto, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso voluntário apresentado, para afastar o lançamento no que se refere ao não reconhecimento da suspensão de que trata o art. 9o da Lei no 10.925/2004. Rosaldo Trevisan Fl. 2120DF CARF MF Impresso em 13/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 02/02/2015 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 30/01/2015 por ROSALDO TREVISAN
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Numero do processo: 15374.916871/2008-31
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Fri Dec 12 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Jan 05 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/01/2001 a 31/01/2001
DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. CRÉDITOS. DÉBITOS. INEXISTÊNCIA. COBRANÇA. SALDOS.
Verificado que a declaração de compensação apresentada busca compensar créditos inexistentes (pagamentos já alocados) com débitos em parte igualmente inexistentes (porque saldados mediante pagamento), cabe a cobrança somente do saldo de débitos para os quais não se comprovou ter existido pagamento, nem hipótese legal de afastamento de incidência.
Numero da decisão: 3403-003.477
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, para excluir da cobrança decorrente da não homologação da compensação a quantia correspondente ao débito de R$ 62.398,57, e os juros e multa correspondentes. A Conselheira Mônica Monteiro Garcia de los Rios participou do julgamento em substituição ao Conselheiro Alexandre Kern.
ANTONIO CARLOS ATULIM - Presidente.
ROSALDO TREVISAN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Mônica Monteiro Garcia de los Rios (em substituição a Alexandre Kern), Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1996; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T3 Fl. 231 1 230 S3C4T3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 15374.916871/200831 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3403003.477 – 4ª Câmara / 3ª Turma Ordinária Sessão de 12 de dezembro de 2014 Matéria PER/DCOMP DDE Recorrente EMPRESA CINEMA SÃO LUIZ S.A. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2001 a 31/01/2001 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. CRÉDITOS. DÉBITOS. INEXISTÊNCIA. COBRANÇA. SALDOS. Verificado que a declaração de compensação apresentada busca compensar créditos inexistentes (pagamentos já alocados) com débitos em parte igualmente inexistentes (porque saldados mediante pagamento), cabe a cobrança somente do saldo de débitos para os quais não se comprovou ter existido pagamento, nem hipótese legal de afastamento de incidência. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, para excluir da cobrança decorrente da não homologação da compensação a quantia correspondente ao débito de R$ 62.398,57, e os juros e multa correspondentes. A Conselheira Mônica Monteiro Garcia de los Rios participou do julgamento em substituição ao Conselheiro Alexandre Kern. ANTONIO CARLOS ATULIM Presidente. ROSALDO TREVISAN Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antonio Carlos Atulim (presidente da turma), Rosaldo Trevisan (relator), Mônica Monteiro Garcia de los Rios (em substituição a Alexandre Kern), Ivan Allegretti, Domingos de Sá Filho e Luiz Rogério Sawaya Batista. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 37 4. 91 68 71 /2 00 8- 31 Fl. 231DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 19/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/12/2014 por ROSALDO TREVISAN 2 Relatório Versa o presente sobre formalização de pedido de ressarcimento/restituição cumulado com declaração de compensação PER/DCOMP transmitido em 04/11/2004 (fls. 3 a 7)1, decorrente de crédito de Contribuição para o PIS/PASEP não cumulativa (arrecadação em 15/02/2001), no valor de R$ 63.031,31, a ser compensado com débitos da mesma contribuição, relativos a janeiro (R$ 62.398,57) e fevereiro (R$ 632,74). No despacho decisório eletrônico de fl. 8, emitido em 12/08/2008, informa se que foi localizado o pagamento, mas que este foi integralmente utilizado para quitação de outros débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para a compensação pleiteada. Em sua manifestação de inconformidade (fls. 9 a 13), empresa alega que após efetuar o pagamento da contribuição no valor de R$ 63.031,31, verificou que o recolhimento era insuficiente (deveria ter recolhido R$ 64.079,93), tendo complementado o pagamento em 15/03/2001, quando recolheu R$ 1.155,99 (R$ 1.048,62 a título de principal, com R$ 96,89 de multa e R$ 10,48 de juros). Para comprovar o alegado anexa ambos os DARF, afirmando que os totais são compatíveis com o declarado em DIPJ. Assim, a DCOMP transmitida informou equivocadamente a utilização de crédito da ordem de R$ 63.031,31. E informou ainda débitos da mesma contribuição referentes aos períodos de janeiro e fevereiro/2001, com valores de R$ 62.398,57 (que era na verdade valor devido referente a janeiro) e de R$ 632,74 (que era na verdade crédito originado de IRRF retido por instituição do governo federal “Ministério da Educação e Desportos”, como informado no verso do DARF correspondente). Ao final, informa anexar cópias autenticadas de todos os pagamentos da contribuição em 2011, pois constatou em auditoria interna que todos os recolhimentos foram a maior. Anexa ainda planilhas de cálculo e planilhas comparativas com os dados declarados em DIPJ em 2001. Por fim, destaca que o equívoco no preenchimento do PER/DCOMP não ocasionou qualquer prejuízo à Fazenda, mas apenas à própria contribuinte. Pede assim que sejam desconsiderados os dados contidos na PER/DCOMP, que não correspondem à verdade material comprovada, reconhecendo a inexistência de qualquer “valor devedor”, a nenhum título, eis que comprovado de forma cabal e inequívoca o integral recolhimento não só da Contribuição para o PIS/PASEP relativa ao período de apuração de janeiro de 2001, mas também de todo o ano de 2001. Em 29/06/2011, ocorre o julgamento de primeira instância (fls. 110 a 113), acordandose unanimemente pelo não conhecimento da manifestação de inconformidade, reenviando o processo à unidade local, para que analisasse o pedido de cancelamento do PER/DCOMP (matéria que não é de competência regimental das DRJ, mas dos Delegados das DRF, conforme Regimento Interno da RFB). A DRJ verifica que não há litígio sobre o não reconhecimento do direito creditório externado no despacho decisório eletrônico, mas pedido de desistência da compensação em virtude da alegação de inexistência de débitos declarados como compensados e transmissão equivocada do PER/DCOMP. Cientificada da decisão de piso em 14/09/2011 (cf. AR de fl. 228), a empresa apresenta recurso voluntário em 14/10/2011 (fls. 118 a 131), onde a empresa se insurge em relação a informação constante no DARF anexo ao Acórdão, sobre o período de apuração a ser indicado no recolhimento, e sustenta que: (a) houve nulidade na decisão da DRJ, que não se 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 232DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 19/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/12/2014 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 15374.916871/200831 Acórdão n.º 3403003.477 S3C4T3 Fl. 232 3 manifestou sobre os demais pedidos feitos na manifestação de inconformidade (como a comprovação dos recolhimentos em 2001, e as demonstrações efetuadas, planilhas e DIPJ apresentadas); e (b) em nenhum momento formulou pedido de cancelamento de PER/DCOMP (que a DRJ entende ser o único pedido da empresa), mas apenas que “se desconsiderem os dados contidos na PER/DCOMP em referência que não correspondem à verdade material comprovada”. No mais, endossa e complementa a argumentação expressa na manifestação de inconformidade sobre a comprovação do equívoco cometido e de que não houve pagamento a menor em nenhum período de 2001, e complementa informando que ainda que houvesse débitos, estariam atingidos pela decadência. O processo, no CARF, é distribuído por sorteio ao Conselheiro Fernando Marques Cleto Duarte, que não mais faz parte deste colegiado, e redistribuído, em novo sorteio, a mim, em setembro de 2014. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. É matéria preliminarmente controversa eventual nulidade da decisão de piso por cerceamento do direito de defesa, por ter interpretado a DRJ que o pedido se resumia a cancelamento de DCOMP, não se analisando a documentação acostada pela empresa no sentido de que ocorreu erro na DCOMP, buscando identificar os dados efetivamente corretos. No mérito, discutese não só a existência do direito creditório, mas também a existência dos próprios débitos declarados na DCOMP, à luz dos documentos e explicações apresentados pela recorrente. Na decisão de piso acordouse por não conhecer da manifestação de inconformidade. Isso porque se fez a seguinte leitura do pleito da empresa (fls. 112/113): “8. Alega a impugnante que houve equivoco no preenchimento do PER/DCOMP n° 19336.24946.041104.1.3.047852, já que, conforme comprova a documentação anexada, inexistem os débitos nele informados como compensados. Devido a isso, requer que sejam desconsideradas as compensações declaradas no referido PER/DCOMP. 9. Conforme pode ser observado, a Impugnante não discorda do Despacho Decisório recorrido, no que se refere ao não reconhecimento do direito ao crédito informado no PER/DCOMP n° 19336.24946.041104.1.3.047852, em virtude da sua inexistência, já que o pagamento do qual seria oriundo foi integralmente utilizado para quitar a Contribuição para o PIS (cód. 8109), atinente ao período de apuração 01/2001, fato esse confirmado pela interessada em sua peça impugnatória. Fl. 233DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 19/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/12/2014 por ROSALDO TREVISAN 4 10. Como a inexistência do crédito informado foi o que motivou a não homologação da compensação declarada no PER/DCOMP apreciado, temse, por conseqüência, a concordância da Interessada com essa parte da decisão, ou seja, diante das informações por ela fornecidas no PER/DCOMP o Despacho Decisório estaria correto. 11. Diante disso, é de se constatar a ausência de litígio em relação ao não reconhecimento do direito ao crédito informado no PER/DCOMP n° 19336.24946.041104.1.3.047852, que motivou a não homologação da compensação nele declarada. 12. Não obstante tal concordância, requer a Interessada que sejam desconsideradas as compensações declaradas no referido PER/DCOMP, alegando a inexistência dos débitos declarados como compensados e a transmissão equivocada do referido PER/DCOMP. 13. Assim, em face do requerido, é de se concluir que a pretensão da Impugnante é o cancelamento do PER/DCOMP apreciado. 14. Ocorre que, não se inclui dentre as atribuições desta Delegacia a apreciação de pedido de cancelamento de PER/DCOMP, ex vi do. art. 229 do Regimento Interno da Secretaria da Receita Federal do Brasil, aprovado pela Portaria MF n° 587, de 21/12/2010, (...)” (grifo nosso) Diante da decisão da DRJ, cabe destacar que a unidade local não efetuou qualquer análise em relação a eventual pedido de cancelamento da compensação. Limitouse a cientificar a recorrente da decisão, e encaminhar a peça recursal apresentada a este CARF. E na peça recursal a empresa expressamente afirma (fl. 123) que: E que, na verdade, o que solicitou em sua manifestação de inconformidade foi (fl. 124) que: Fl. 234DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 19/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/12/2014 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 15374.916871/200831 Acórdão n.º 3403003.477 S3C4T3 Fl. 233 5 Assim, cabe analisar preliminarmente se de fato houve cerceamento de defesa pela não análise na instância de piso das argumentações trazidas pela empresa em sua manifestação de inconformidade. É inequívoco que houve o pagamento (DARF de R$ 63.031,31, como já reconhecia o despacho decisório, que informa ter sido o montante pago alocado “para quitação de débitos do contribuinte”. Contudo, não informa o despacho decisório precisamente a qual débito teria sido alocado o pagamento. Segundo a empresa, o montante pago em 15/02/2001 (DARF de R$ 63.031,31, referente ao período de apuração de janeiro) deveria ter sido alocado exatamente para o período de apuração de janeiro. E ao invés de ser a maior ou indevido (como se afirma no PER/DCOMP), o pagamento foi, na verdade, a menor, tendo sido complementado em 15/03/2001. Assim, resta claro (e incontroverso) ser inexistente o crédito, que não resultou de pagamento a maior. Contudo, a empresa sustenta ainda que não existem os débitos a compensar, relativos a janeiro (R$ 62.398,57) e fevereiro (R$ 632,74). O primeiro, porque saldado com o pagamento efetuado. E o segundo, porque se refere em verdade a crédito originado de IRRF retido por instituições do governo federal (“Ministério da Educação e Desportos”) do período de janeiro de 2001. Ou seja, na prática, a empresa sustenta que todos os dados informados na DCOMP estão incorretos: débitos e créditos, não espelhando a DCOMP a efetiva operação que desejava ter efetuado a empresa. A DRJ, assim, não teve dúvidas de que a empresa, ao assumir que o pagamento constante como crédito na DCOMP foi efetuado a menor (e não a maior), tendo sido complementado de forma a não restar saldo para o débito indicado, estava a concordar com o teor do despacho decisório: de que o valor pago havia sido integralmente alocado a débitos do contribuinte (isso fica claro nos itens 9 a 11 do voto condutor, aqui já transcrito). Não havia, assim, contencioso em relação à matéria principal: o direito creditório. E também não teve dúvidas o julgador de piso ao entender que a empresa desejava na verdade o cancelamento do PER/DCOMP, pois a empresa, ao mesmo tempo em que informava não deter o crédito, também reconhecia serem equivocados o débitos por ela declarados na DCOMP, pedindo que “fossem desconsiderados os dados contidos na PER/DCOMP” (sic), que “não correspondem à verdade material comprovada”. Se não existia o crédito, nem eram devidos os valores indicados a título de débito, não restaria função para o PER/DCOMP. Assim, não se rechaça de plano o entendimento da DRJ de que o que desejava a empresa de fato era o cancelamento do PER/DCOMP. Afinal de contas, atender ao pedido da empresa para que “fossem desconsiderados os dados contidos na PER/DCOMP” (sic), que “não correspondem à verdade material comprovada”, ou seja, todos os dados (débitos e créditos), estaria a DRJ, em verdade a apreciar ou o efetivo cancelamento do PER/DCOMP (como entendeuse no voto condutor) ou matéria alheia à submetida ao despacho decisório, distanciandose do objeto do presente processo. Fl. 235DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 19/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/12/2014 por ROSALDO TREVISAN 6 E não podemos nos olvidar do objeto do presente processo. Não se está aqui a fiscalizar ou verificar a regularidade da Contribuição para o PIS/PASEP do período de 2001 da empresa (e nem se poderia fazêlo, seja pelo decurso de prazo, ou ainda por que carece de competência o órgão julgador administrativo para apreciar além do pedido inicialmente efetuado, e jamais retificado, que constitui o objeto do processo). O pedido apresentado em 04/11/2004 é de compensação de crédito de Contribuição para o PIS/PASEP (arrecadação em 15/02/2001), no valor de R$ 63.031,31, com débitos da mesma contribuição, relativos a janeiro (R$ 62.398,57) e fevereiro (R$ 632,74). E a decisão denegatória da compensação informa que o pagamento foi encontrado, mas que foi integralmente utilizado para quitação de outros débitos do contribuinte, não restando crédito disponível. Assim, não se vê nulidade da decisão da DRJ, que não conhece da manifestação de inconformidade, interpretando que o que desejava de fato a empresa era o cancelamento de seu PER/DCOMP. Na linha adotada pela DRJ, seria absolutamente irrelevante a busca pela “verdade material”, analisandose os documentos (DARF e DIPJ) e as planilhas apresentados, pois ainda que se chegasse aos valores corretos de crédito e débito, estes não corresponderiam (como reconhece a própria empresa) aos constantes do PER/DCOMP tratado no despacho decisório. E a Instrução Normativa (IN) editada pela SRF/RFB que tratava da matéria à época da transmissão das DCOMP (em 04/11/2004), de no 460, de 18/10/2004, dispunha, em seus arts. 55 a 60 sobre retificação do PER/DCOMP, e em seus arts. 61 e 62, sobre desistência de PER e cancelamento de DCOMP, sendo a competência da unidade local da RFB jurisdicionante (atendidos os requisitos ali estabelecidos). Assim, a DRJ, ao decidir que a solução demandada era de fato o cancelamento, não cerceou o direito de defesa. Pelo contrário, possibilitou que a matéria fosse eventualmente apreciada pela unidade local da RFB, o que acabou não ocorrendo, pois foi esclarecido em sede recursal que a empresa divergia da interpretação da DRJ de que pretendia um “cancelamento da DCOMP”, aclarando que desejava efetivamente que a DCOMP fosse considerada, mas com os dados corretos (o que se assemelharia mais a uma retificação). Afastada a nulidade do julgamento de piso, passo de imediato a refletir sobre algo intrigante, já atrelado às razões de mérito do recurso voluntário. Realmente, é intrigante (curioso ou até estranho) que a empresa apresente um DARF de R$ 63.031,31, pago em 15/02/2001 (código de receita 8109), referente a Contribuição para o PIS/PASEP relativa a janeiro de 2001 como crédito para compensar com um débito com data de vencimento também em 15/02/2001, e igualmente referente a Contribuição para o PIS/PASEP relativa a janeiro de 2001 (código 8109). A situação assemelhase mais a pagamento do que a compensação. E o DARF apresentado, que trata a nosso ver de “pagamento” relativo a janeiro/2001, é indicado ainda para compensar R$ 632,74, referentes à Contribuição para o PIS/PASEP de fevereiro/2001 (também com o código de receita 8109, e com vencimento em 15/03/2001). A efetivação do pagamento de R$ 63.031,31, como já dito, é incontroversa: fisco e contribuinte confirmam o recolhimento. A empresa, no entanto, afirma que verificou que os R$ 63.031,31, ao invés de recolhimento a maior, tratavase de fato de recolhimento a menor, de R$ 1.048,62, pois a contribuição devida em janeiro seria de R$ 64.079,93. E que, por isso, complementou o pagamento referente ao período de apuração de janeiro em 15/03/2001 (com DARF de R$ 1.155,99, que corresponde ao principal de R$ 1.048,62, Fl. 236DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 19/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/12/2014 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 15374.916871/200831 Acórdão n.º 3403003.477 S3C4T3 Fl. 234 7 acrescido de multa de R$ 96,89 e juros de R$ 10,48). E, com base nos DARF (fl. 16), e na DIPJ (fl. 18) correspondentes, assume verossimilhança a versão apresentada pela empresa. Passo, assim, em nome da verdade material, a verificar o que realmente aconteceu, embora compreenda, como já exposto, as razões de a DRJ não têlo feito. Isso porque até o momento nenhum ser humano verificou efetivamente as compensações demandadas, tendo sido o despacho decisório emitido de forma eletrônica/massiva, e a decisão de piso sido paralisada em aspectos formais/preliminares. Como ensina JAMES MARINS, a verdade material é ladeada pelo dever de investigação (da Administração tributária, que encontra limitações de ordem constitucional), e pelo dever de colaboração (por parte do contribuinte e de terceiros): “As faculdades fiscalizatórias da Administração tributária devem ser utilizadas para o desvelamento da verdade material e seu resultado deve ser reproduzido fielmente no bojo do procedimento e do Processo Administrativo. O dever de investigação da Administração e o dever de colaboração por parte do particular têm por finalidade propiciar a aproximação da atividade formalizadora com a realidade dos acontecimentos.” 2 É nessa linha que se passa a verificar qual é de fato a matéria que compõe o contencioso, formandose a convicção à luz do exposto pelo fisco e dos documentos/elementos agregados pela parte, sendo um bom começo para verificar o que efetivamente ocorreu o cotejo dos valores declarados em DIPJ com os valores pagos por DARF (dados disponíveis no processo). Como resultado, teríamos a seguinte tabela, para os meses de janeiro e fevereiro de 2001 (suficientes para a análise do pleito): Período de Apuração Valor DARF (data de arrecadação fl.) Valor declarado em DIPJ (fl.) Janeiro/2001 R$ 63.031,31 (15/02/2001 fl. 24) R$ 1.048,62 (15/03/2001 fl. 24) 3 R$ 64.079,93 (fl. 18) Fevereiro/2001 R$ 41.317,80 (15/03/2001 fl. 26) R$ 827,00 (11/04/2001 fl. 25) 4 R$ 42.777, 54 (fl. 18) Assim, percebese que os pagamentos efetuados (todos confirmados com comprovantes de arrecadação fls. 204 a 207), inclusive o indicado como crédito na compensação demandada no presente processo (R$ 63.031,31), estão realmente já alocados, e especificamente à parcela do período de apuração de janeiro/2001 dos débitos que se buscou compensar. 2 MARINS, James. Direito Processual Tributário Brasileiro (Administrativo e Judicial). 6.ed. São Paulo: Dialética, 2012, p.154. 3 Valor principal. Foram ainda recolhidos multa (R$ 96,89) e juros (R$ 10,48) de mora, em função do atraso no pagamento. 4 Valor principal. Foram ainda recolhidos multa (R$ 76,41) e juros (R$ 8,27) de mora, em função do atraso no pagamento. Fl. 237DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 19/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/12/2014 por ROSALDO TREVISAN 8 No período de apuração de janeiro/2001, a soma dos valores dos DARF equivale exatamente ao débito declarado em DCTF (débito esse que é superior ao reconhecido/confessado na compensação para o período R$ 62.398,57). No período de fevereiro/2001, a soma dos DARF resulta em R$ 42.144,80, valor inferior ao declarado em DIPJ (R$ 42.777,54), sendo a diferença de R$ 632,74, exatamente o montante que se explica, no verso do DARF de fls. 27/28, corresponder à dedução referente ao período de janeiro de 2001 (“Ministério da Educação e Desportos”). Tal dedução (R$ 632,74) não é visível no demonstrativo de fl. 51, referente a janeiro, nem justificada/embasada na planilha de fl. 52. Assim, entendese que não restou afastado tal débito na compensação pleiteada. As verificações aqui efetuadas, como dito, objetivam tão somente atestar a existência do crédito e dos débitos indicados na DCOMP. E foi possível verificar que o crédito (R$ 63.031,31) é inexistente, assim como o débito referente a janeiro de 2001 (R$ 62.398,57). Ou melhor, ambos existiam, e o crédito foi alocado ao débito. Contudo, os elementos apresentados pela recorrente não são conclusivos a ponto de afastar o débito confessado de R$ 632,74. Nesse contexto, é ainda pertinente destacar a irrelevância da formalidade apontada no documento de cobrança apresentado (DARF), que espelha o débito confessado em DCOMP, porque se alocado indevidamente o pagamento por cumprimento da determinação do fisco, não pode existir qualquer ônus ao contribuinte. Assim, merece ser revisto o despacho decisório não em relação ao crédito, que é inexistente, mas em relação aos débitos (que deveriam ser de R$ 632,74, e não de R$ 63.031,31), havendo demonstração nos autos de que parte dos débitos confessados (R$ 62.398,57) já havia sido saldada mediante pagamento. E, verificado que a declaração de compensação apresentada busca compensar créditos inexistentes (pagamentos já alocados) com débitos em parte igualmente inexistentes (porque saldados mediante pagamento), cabe a cobrança somente do saldo de débitos para os quais não se comprovou ter existido pagamento, nem hipótese legal de afastamento de incidência. Diante do exposto, voto no sentido de dar parcial provimento ao recurso voluntário apresentado, devendo ser excluída da cobrança decorrente da não homologação da compensação a quantia correspondente ao débito de R$ 62.398,57, e multas/juros decorrentes. Rosaldo Trevisan Fl. 238DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 19/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/12/2014 por ROSALDO TREVISAN Processo nº 15374.916871/200831 Acórdão n.º 3403003.477 S3C4T3 Fl. 235 9 Fl. 239DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/12/2014 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 19/12/2014 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 18/12/2014 por ROSALDO TREVISAN
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