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Turma Camara- Quarta Câmara (80)
- ROSALDO TREVISAN (80)
- 2016 (80)
- 2016 (80)
Numero do processo: 10925.001610/2008-18
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 27 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Oct 25 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 11/07/2003 a 31/12/2005
Ementa:
MULTA DE OFÍCIO. AGRAVAMENTO. FALTA DE CERTEZA E LIQUIDEZ EM VIRTUDE DE AUSÊNCIA DE TRÂNSITO EM JULGADO DE AÇÃO JUDICIAL. INSUFICIÊNCIA.
A simples existência de ação judicial discutindo o direito de crédito, ainda sem trânsito em julgado, não é motivação suficiente para o agravamento da multa de ofício em relação aos débitos decorrentes, por ausência de certeza e liquidez. Há que restar configurada especificamente uma das condutas referidas nos artigos 71 a 73 da Lei no 4.502/1964.
Numero da decisão: 3401-003.285
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício.
ROBSON JOSÉ BAYERL - Presidente.
ROSALDO TREVISAN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl (presidente), Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 11/07/2003 a 31/12/2005 Ementa: MULTA DE OFÍCIO. AGRAVAMENTO. FALTA DE CERTEZA E LIQUIDEZ EM VIRTUDE DE AUSÊNCIA DE TRÂNSITO EM JULGADO DE AÇÃO JUDICIAL. INSUFICIÊNCIA. A simples existência de ação judicial discutindo o direito de crédito, ainda sem trânsito em julgado, não é motivação suficiente para o agravamento da multa de ofício em relação aos débitos decorrentes, por ausência de certeza e liquidez. Há que restar configurada especificamente uma das condutas referidas nos artigos 71 a 73 da Lei no 4.502/1964.
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ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 11/07/2003 a 31/12/2005 Ementa: MULTA DE OFÍCIO. AGRAVAMENTO. FALTA DE CERTEZA E LIQUIDEZ EM VIRTUDE DE AUSÊNCIA DE TRÂNSITO EM JULGADO DE AÇÃO JUDICIAL. INSUFICIÊNCIA. A simples existência de ação judicial discutindo o direito de crédito, ainda sem trânsito em julgado, não é motivação suficiente para o agravamento da multa de ofício em relação aos débitos decorrentes, por ausência de certeza e liquidez. Há que restar configurada especificamente uma das condutas referidas nos artigos 71 a 73 da Lei no 4.502/1964. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício. ROBSON JOSÉ BAYERL Presidente. ROSALDO TREVISAN Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl (presidente), Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 5. 00 16 10 /2 00 8- 18 Fl. 503DF CARF MF 2 Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente). Relatório Versa o presente sobre o Auto de Infração de fls. 380 a 3991, com ciência ao sujeito passivo em 18/07/2008 (fl. 381), para exigência de imposto sobre produtos industrializados (IPI), por utilização indevida de créditos referentes "a aquisição de insumo e matériaprima isenta, não tributada ou tributada com alíquota zero", no período de 20/07/2003 a 31/10/2005 (valor original de R$ 7.722.604,11), acrescido de juros de mora e de multa de ofício de 150%. No Relatório da Atividade Fiscal (fls. 371 a 379), narra a fiscalização que: (a) intimada a empresa a comprovar a origem de créditos de IPI escriturados referentes a aquisições isentas, não tributadas e tributadas à alíquota zero, a resposta foi de que tais créditos estavam assegurados por ação judicial (Apelação Cível no 2000.04.01.0766042/PR e RE no 502.260/PR); (b) tais ações ainda estão judicialmente tramitando, havendo interposição de Recurso Extraordinário pela Fazenda Nacional, e o STF já se pronunciou, revertendo decisão proferida no TRF4, e negando o direito ao crédito na aquisição de produtos tributados à alíquota zero e não tributados, e já pacificou o entendimento em seu tribunal pleno, não sendo o crédito líquido e certo; (c) a empresa já havia utilizado créditos idênticos em compensações, que foram consideradas não declaradas ou não homologadas, por derivarem de ações judiciais sem trânsito em julgado; (d) o "modus operandi" consistia em indicar parte dos créditos na própria escrituração, e outra parte em compensações, com pagamentos residuais via DARF; e (e) a qualificação da multa se deve aos artigos 71 e 72 da Lei no 4.502/1964 (sonegação e fraude). A empresa apresenta Impugnação em 11/08/2008 (fls. 411 a 416), argumentando, em síntese, que: (a) efetuou os registros correspondentes em sua escrita fiscal e transmitiu as DCOMP, não havendo que se falar em fraude; (b) a lei que dobra o valor da multa aplicada é de 2007 (Lei no 11.488/2007), não podendo ser aplicada aos fatos narrados na autuação, que abrangem o período de 2003 a 2005; (c) no caso em análise, o fato gerador já havia ocorrido e o pedido de compensação e registros, portanto, não se referiam à sua ocorrência, ou ao retardamento da ciência desta ocorrência; (d) sendo a multa de 75% aplicável, devese abrir novo prazo de impugnação para que a empresa possa eventualmente utilizar dos benefícios de redução da multa; (e) ao efetuar as declarações, a empresa o fez diante da decisão final ocorrida no tribunal local que reconheceu o direito de crédito, devendo, em caso de manutenção da glosa, se aplicada somente a atualização e a multa de mora, sendo confiscatória a multa de 150%; e (f) diante da questão submetida a juízo, o procedimento fiscal sequer deveria ter sido instaurado, ou, ainda que instaurado, deveria ficar sobrestado. Em 24/11/2008 ocorre o julgamento de primeira instância (fls. 429 a 433), no qual se decide unanimemente pela parcial procedência do lançamento, sob os seguintes fundamentos: (a) não havia qualquer medida judicial que impedisse a lavratura do auto de infração, e nem mesmo qualquer razão para suspender a exigibilidade do valor lançado, sendo que, à data de lavratura da autuação, já vigorava a Decisão do STF relativa ao Recurso Extraordinário impetrado pela Fazenda, que negou o direito ao crédito por parte da empresa; (b) a discussão administrativa sobre crédito em relação a insumos não onerados pelo IPI possui o mesmo objeto da matéria submetida ao Poder Judiciário, aplicandose o entendimento 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 504DF CARF MF Processo nº 10925.001610/200818 Acórdão n.º 3401003.285 S3C4T1 Fl. 504 3 previsto no ADN COSIT no 03/1996, sendo a propositura da ação judicial óbice à analise administrativa do mesmo tema; (c) não há motivação suficiente para o agravamento da multa de ofício ao patamar de 150%, e nem para a reabertura de prazo em caso de manutenção da multa em 75%; e (d) não cabe ao julgador administrativo se manifestar sobre a constitucionalidade de norma legal vigente. Em razão do montante exonerado, há interposição de Recurso de Ofício. Cientificada do acórdão da DRJ em 16/03/2009 (AR à fl. 442), a empresa apresenta Recurso Voluntário em 11/03/2009 (fls. 443 a 454), basicamente reiterando as alegações expostas em sua impugnação, e agregando que seria necessário refazer a autuação, para que pudesse a recorrente gozar da redução da multa, e que nem mesmo a multa de 75% é aplicável, em face da existência de decisão judicial favorável. Em 26/02/2010 a empresa apresenta desistência total do recurso voluntário interposto, tendo em vista a adesão ao parcelamento instituído pela Lei no 11.941/2009 (fl. 458). À fl. 500 a unidade local informa que os débitos referentes ao recurso voluntário foram transferidos para outro processo, restando nestes autos somente a pendência de apreciação, pelo CARF, do recurso de ofício. Em 17/03/2016 o processo foi distribuído a este relator, por sorteio. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso de ofício apresentado preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Cabe a este tribunal administrativo, em função do relatado, manifestarse somente sobre o recurso de ofício, em razão de a DRJ ter afastado o agravamento da multa, reduzindoa de 150% para 75%, visto que não foi devidamente caracterizada nenhuma das condutas previstas nos artigos 71 a 73 da Lei no 4.502/1964. E, nesse tema, não merece aparas a decisão de piso. Quer fazer parecer o autuante que a existência de ação judicial discutindo o mesmo objeto, com decisão ainda não definitiva, maculando a liquidez e a certeza do crédito seria elemento que levaria à conclusão pelo dolo. Vejase excerto do relatório fiscal, às fls. 377/378, no qual se sustenta o porquê do agravamento da multa: Os fatos relatados até aqui já sã(o) indícios suficientes para caracterizar intuito de fraude da /fiscalizada, principalmente no que concerne à inserção de informação falsa em sua contabilidade (utilização de crédito de IPI aparentemente válido, mas que, conforme já relatado, está totalmente desprovido/ de liquidez e certeza). De qualquer modo, para reforçar ainda mais Fl. 505DF CARF MF 4 sua atitude, em tese, fraudulenta, cabem ainda outras ponderações. No caso dessa auditoria, por ter utilizado indevidamente créditos de IPI provenientes da aquisição de insumos e matérias primas isentas, não tributadas ou tributadas à alíquota zero, todos sujeitos a ulterior análise da autoridade tributária, a empresa fiscalizada o fez, em tese, com evidente intuito de fraude, porque: o seu ato se revestiu de aparência legal (ocorreu normalmente a escrituração dos créditos e a consequente diminuição do saldo devedor de IPI) ; entretanto, na verdade, esses créditos são totalmente desprovidos de certeza e liquidez, uma vez que estão vinculados a ação judicial não transitada em julgado; o ato de se utilizar desses créditos é de sua conveniência (caso a autoridade fazendária não iniciasse procedimento de fiscalização em questão, a empresa não recolheria o tributo devido, só que sem o amparo legal). Ao que parece, confunde a fiscalização ausência de certeza e liquidez sobre o crédito com certeza da inexistência do crédito. Não se tem dúvidas de que se a empresa, ao efetuar as compensações, alegasse que o crédito advinha de ação judicial que já soubesse ter transitado em julgado em seu desfavor, estaria agindo com dolo, sendo cabível a majoração da multa. Mas não é esse o caso. Não se tem certeza sobre a existência e sobre a liquidez do crédito, e isso é diferente de se ter certeza de sua inexistência. Hoje, após o trânsito em julgado (em 09/05/2012) do RE no 420.353/PR, originado da Apelação Cível no 2000.04.01.0766042/PR, sabese que o Poder Judiciário definiu que a empresa "não tem direito ao aproveitamento de créditos do IPI, presumidamente gerado pela aquisição de insumos sob o regime de nãotributação ou sujeito à alíquota zero". Mas nem isso se sabia, em definitivo, à época. Que seria do agravamento da multa, por exemplo, se o trânsito em julgado da ação judicial fosse totalmente favorável à recorrente? Ela teria cometido uma fraude ao invocar crédito que de fato possuía? Pensamos que não. E, por isso, acordamos com a DRJ de que as razões alegadas pela fiscalização para majoração da multa são insuficientes para que se evidencie dolo na conduta da empresa, ou uma das características demandadas para enquadramento nos artigos 71 a 71 a 73 da Lei no 4.502/1964. Diante do exposto, voto no sentido de dar negar provimento ao recurso de ofício. Rosaldo Trevisan Fl. 506DF CARF MF Processo nº 10925.001610/200818 Acórdão n.º 3401003.285 S3C4T1 Fl. 505 5 Fl. 507DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13854.000161/2004-36
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 16 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Apr 05 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/01/2004 a 31/03/2004
Ementa:
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OBSCURIDADE. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO. REDISCUSSÃO DE MÉRITO DO JULGADO. IMPOSSIBILIDADE.
Os embargos de declaração prestam-se ao questionamento de obscuridade, omissão ou contradição em acórdão proferido pelo CARF. Resta fora do universo de manejo dos embargos a simples rediscussão de mérito da matéria já decidida pelo colegiado.
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ERRO MATERIAL. SANEAMENTO. MATÉRIA ESTRANHA AOS AUTOS.
Verificada a ocorrência de erro material no acórdão embargado, pela presença de discussão de matéria que é estranha aos autos, deve ser promovido o saneamento do processo, expurgando-se do julgado o conteúdo alienígena.
Numero da decisão: 3401-003.134
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher parcialmente os embargos de declaração apresentados, com efeitos infringentes, para retificar erro material do dispositivo do acórdão. Esteve presente ao julgamento a advogada Roberta Bordini Prado Landi, OAB/SP no 236.181.
ROBSON JOSÉ BAYERL - Presidente Substituto.
ROSALDO TREVISAN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl (presidente substituto), Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Waltamir Barreiros, Fenelon Moscoso de Almeida (suplente), Elias Fernandes Eufrásio (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/01/2004 a 31/03/2004 Ementa: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OBSCURIDADE. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO. REDISCUSSÃO DE MÉRITO DO JULGADO. IMPOSSIBILIDADE. Os embargos de declaração prestam-se ao questionamento de obscuridade, omissão ou contradição em acórdão proferido pelo CARF. Resta fora do universo de manejo dos embargos a simples rediscussão de mérito da matéria já decidida pelo colegiado. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ERRO MATERIAL. SANEAMENTO. MATÉRIA ESTRANHA AOS AUTOS. Verificada a ocorrência de erro material no acórdão embargado, pela presença de discussão de matéria que é estranha aos autos, deve ser promovido o saneamento do processo, expurgando-se do julgado o conteúdo alienígena.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher parcialmente os embargos de declaração apresentados, com efeitos infringentes, para retificar erro material do dispositivo do acórdão. Esteve presente ao julgamento a advogada Roberta Bordini Prado Landi, OAB/SP no 236.181. ROBSON JOSÉ BAYERL - Presidente Substituto. ROSALDO TREVISAN - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl (presidente substituto), Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Waltamir Barreiros, Fenelon Moscoso de Almeida (suplente), Elias Fernandes Eufrásio (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
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Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2004 a 31/03/2004 Ementa: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OBSCURIDADE. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO. REDISCUSSÃO DE MÉRITO DO JULGADO. IMPOSSIBILIDADE. Os embargos de declaração prestamse ao questionamento de obscuridade, omissão ou contradição em acórdão proferido pelo CARF. Resta fora do universo de manejo dos embargos a simples rediscussão de mérito da matéria já decidida pelo colegiado. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ERRO MATERIAL. SANEAMENTO. MATÉRIA ESTRANHA AOS AUTOS. Verificada a ocorrência de erro material no acórdão embargado, pela presença de discussão de matéria que é estranha aos autos, deve ser promovido o saneamento do processo, expurgandose do julgado o conteúdo alienígena. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher parcialmente os embargos de declaração apresentados, com efeitos infringentes, para retificar erro material do dispositivo do acórdão. Esteve presente ao julgamento a advogada Roberta Bordini Prado Landi, OAB/SP no 236.181. ROBSON JOSÉ BAYERL Presidente Substituto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 85 4. 00 01 61 /2 00 4- 36 Fl. 395DF CARF MF Impresso em 05/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 2 ROSALDO TREVISAN Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl (presidente substituto), Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Waltamir Barreiros, Fenelon Moscoso de Almeida (suplente), Elias Fernandes Eufrásio (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente). Relatório Tratase de embargos de declaração (fls. 303 a 310)1 opostos pela empresa, em relação ao Acórdão nº 3403003.600 (fls. 250 a 259), relatado pelo Cons. Luiz Rogério Sawaya Batista, no qual atuei como redator designado. Alega a embargante que a decisão incorreu em erro material, pois analisou discussão inexistente nos autos (cômputo, no rateio proporcional, de receitas decorrentes de exportação de bens adquiridos de terceiros com fim específico de exportação), em omissão, no que se refere à motivação para afastar a alegação de decurso de prazo para alteração da base de cálculo da contribuição; em omissão e obscuridade, no que se refere à inclusão de receitas financeiras na base de cálculo da COFINS; em omissão, na análise de provas apresentadas em relação à exclusão das receitas de complemento de preço do cálculo da receita de exportação e à inclusão na base de cálculo da COFINS; e em omissão, em relação à alegação de imunidade (art. 149 da CF/1988). Figuram ainda no presente processo recurso especial interposto pela Fazenda (fls. 261 a 271), com exame de admissibilidade às fls. 295 e 296, e contrarrazões do contribuinte (fls. 354 a 358). Os embargos foram admitidos pelo despacho de fls. 393/394, e o processo foi a mim distribuído para inclusão em pauta de julgamento e apreciação pelo colegiado, no mérito. É o relatório. 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator Tendo os pressupostos para admissibilidade dos embargos já sido avaliados no despacho de fls. 393/394, passase diretamente à análise das omissões / obscuridades / erros objetivamente apontados. Fl. 396DF CARF MF Impresso em 05/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 13854.000161/200436 Acórdão n.º 3401003.134 S3C4T1 Fl. 396 3 Importante destacar que no exame de admissibilidade não se estava a verificar efetivamente se houve omissões / obscuridades / erros, mas se estes haviam sido objetivamente apontados. Relevante ainda informar que com o novo RICARF, aprovado pela Portaria MF no 343/2015, mais precisamente com seu art. 65, § 8º, passou a existir expressa previsão de sustentação oral pelas partes no julgamento de embargos de declaração. Como relatado, são apontados um erro material, e quatro omissões, sendo uma delas cumulada com obscuridade. Em relação ao erro material, afirma a embargante que o acórdão analisou discussão inexistente nos autos (cômputo, no rateio proporcional, de receitas decorrentes de exportação de bens adquiridos de terceiros com fim específico de exportação). E, de fato, assiste razão à embargante nesse aspecto, devendo o erro ser sanado. No voto, o relator, provavelmente por equívoco, decorrente da análise de múltiplos processos semelhantes da mesma recorrente, acabou incluindo o tema em seu voto (fls. 254 e 256). E, na análise efetuada pelo colegiado, também de diversos processos, com a presença e a sustentação oral efetuada por representante da empresa em todos, sequer foi ventilado que o presente processo, especificamente, não tratava do tema. Na ocasião, discordei do posicionamento adotado pelo relator em relação ao tema em comento, tendo sido designado para redigir voto vencedor em relação à matéria, tarefa que empreendi em vários processos, também sem tomar em conta que, no presente, a matéria não estava especificamente questionada. Em síntese, o relator do processo incluiu o tema indevidamente em seu voto, provavelmente por equívoco, decorrente da análise de múltiplos processos semelhantes da mesma recorrente, e nem a turma nem o representante da empresa perceberam, no julgamento, que havia, entre os processos, um (o presente) no qual tal tema não se fazia presente. Mister, então, sanar o erro, que afeta, inclusive, o resultado do julgamento, visto que o relator só foi vencido em tal tópico, que sequer deveria constar de seu voto. Reproduzo, abaixo, a título esclarecedor, o resultado do julgamento que resultou no acórdão embargado: "ACORDAM os membros do colegiado, por maioria de votos, dar provimento parcial para excluir os valores decorrentes da venda de ativo imobilizado da base de cálculo dos meses de fevereiro e março. Vencidos os Conselheiros Luiz Rogério Sawaya Batista (relator) e Domingos de Sá Filho, que deram provimento parcial ao recurso voluntário, para reconhecer também o direito ao cômputo das receitas decorrentes da exportação de produtos adquiridos de terceiros no cálculo da proporcionalidade, incluindose tais valores no dividendo e no divisor (período posterior a 01/02/2004). Designado o Conselheiro Rosaldo Trevisan. O Conselheiro Fenelon Moscoso de Almeida participou do julgamento em substituição ao Conselheiro Jorge Freire. Sustentou pela recorrente a Dra. Fabiana Carsoni A Fernandes da Silva, OAB/SP nº 246.569. Julgado no dia 26/02/215 a pedido da recorrente." (grifo nosso) Fl. 397DF CARF MF Impresso em 05/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 4 Vejase, então, que o resultado deveria ter sido unânime, e não por maioria, visto que a única matéria sobre a qual não pairou unanimidade no entendimento da turma nem deveria ter sido a ela submetida. Acolho, assim, os embargos em relação ao erro material pertinentemente apontado, sanandoo da seguinte forma: a) deve ser excluído da ementa do Acórdão nº 3403003.600 o seguinte excerto: "EXPORTAÇÃO DE TERCEIROS. COMPRAS COM FIM ESPECÍFICO DE EXPORTAÇÃO. RECEITA. SEGREGAÇÃO. RATEIO PROPORCIONAL. As receitas de exportação consideradas na proporcionalidade com a receita bruta são aquelas decorrentes da produção própria do exportador, devendo ser segregadas daquele rol as receitas de exportação de terceiros, oriundas das compras com fim específico de exportação." b) devem ser desconsiderados, no voto do relator os seguintes excertos: "ii) inclusão ou não nas receitas de exportação, no método proporcional de cálculo (rateio proporcional) de receitas decorrentes da exportação de mercadorias de terceiros, adquiridas com o fim específico de exportação;" (fl. 254) "Inclusão ou não de receitas de exportação de bens adquiridos de terceiros com fim específico de exportação A Autoridade Fazendária asseverou que a Recorrente não tem direito ao crédito das aquisições realizadas com fim específico de exportação, uma vez que, pelo raciocínio que desenvolve, não haveria incidência das Contribuições na compra realizada pela Recorrente, e por isso ela não teria direito ao crédito. A Recorrente, por seu turno, alega que não há disposição legal que, para fins do método do rateio proporcional, determine a exclusão do cálculo da receita de exportação, dos valores correspondentes ao resultado auferido em operações de comércio exterior, realizadas na condição de empresa comercial exportadora. E diante da ausência de norma legal, defende a Recorrente, outra não deve ser a conclusão a não ser que os respectivos valores compõem a determinação do percentual de rateio, para fins do disposto no parágrafo 3 , do artigo 6 da Lei n 10.833/2003. Compartilho do mesmo entendimento da Recorrente, vez que no cálculo da proporcionalidade do crédito presumido a medida mais adequada consistiria na adoção da receita de exportação no dividendo e a receita bruta total no divisor. Nessa forma de cálculo, as receitas decorrentes de aquisições com fim específico de exportação ingressam tanto no dividendo, Fl. 398DF CARF MF Impresso em 05/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 13854.000161/200436 Acórdão n.º 3401003.134 S3C4T1 Fl. 397 5 integrantes da receita de exportação, como no próprio divisor, incluídas na receita bruta, evitandose, efetivamente, distorção pela exclusão desses valores do dividendo e manutenção no divisor. Nesse sentido, reconheço o direito da Recorrente de apurar a proporcionalidade do crédito, incluindo as receitas decorrentes de exportação de produtos adquiridos de terceiro com fim específico de exportação, utilizando como forma de cálculo a receita bruta de exportação no dividendo e a receita bruta total no divisor." (fl. 256) c) devem ser desconsiderados, por consequência, o provimento dado pelo relator "para reconhecer o direito ao cômputo das receitas decorrentes da exportação de produtos adquiridos de terceiros no cálculo da proporcionalidade, incluindose tais valores do dividendo e no divisor" (fl. 257), e todo o voto vencedor por mim redigido, que diverge do relator tão somente em relação a esse tópico. d) deve ser alterado o resultado do julgamento (aqui reproduzido à fl. 396), para: "ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial para excluir os valores decorrentes da venda de ativo imobilizado da base de cálculo dos meses de fevereiro e março. O Conselheiro Fenelon Moscoso de Almeida participou do julgamento em substituição ao Conselheiro Jorge Freire. Sustentou pela recorrente a Dra. Fabiana Carsoni A Fernandes da Silva, OAB/SP nº 246.569. Julgado no dia 26/02/215 a pedido da recorrente." (grifo nosso) Reconhecido o erro material apontado, e saneado o processo, notoriamente sem prejuízo às partes, visto que bastou expurgar a análise indevida do tema alienígena, que não interessava a nenhuma das partes, passo a analisar as quatro omissões indicadas. A primeira omissão apontada se refere à motivação para afastar a alegação de decurso de prazo para alteração da base de cálculo da contribuição. E, nesse aspecto, a razão não socorre a embargante. Vejase que o excerto do acórdão de fls. 255/256 traz inequivocamente a citada motivação: "Ora, se o crédito surge da contraposição entre créditos e débitos da contribuição ao PIS e da consideração de valores sujeitos à contribuições e daqueles que se enquadram como receita de exportação e receita total, ao realizar pedido de ressarcimento a Recorrente tem a plena ciência que a homologação ou não de seu pedido constitui sinônimo de atividade fiscalizatória realizada acerca do crédito. E a fiscalização/análise do pedido formulado envolve a quantificação, a análise da legitimidade do crédito, que juntas configuram a liquidez do crédito, e a investigação da certeza do crédito em relação aos seus elementos formadores. Fl. 399DF CARF MF Impresso em 05/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 6 Nesse sentido, não tenho como concordar com a alegação de decadência ventilada pela Recorrente, e sequer da necessidade de lançamento de ofício no presente caso, pois que a incorporação de valores na base de cálculo do PIS se deu na tarefa de determinação do crédito objeto de ressarcimento, ao que a Recorrente se sujeita no momento em que formulada pedido de ressarcimento" Sendo inexistente a omissão, há, no máximo, inconformidade da embargante com a decisão, o que não é atacável pela via de embargos. A segunda omissão, segundo a embargante, é cumulada com obscuridade, e se refere à inclusão de receitas financeiras (variação cambial de direitos e obrigações) na base de cálculo da COFINS. Alega a embargante (fl. 306) que: Verificando o acórdão embargado, no tópico referente ao tema (fl. 257), percebese que a decisão, transcrita nos embargos (fls. 305/306), é sintética,mas isso não implica, necessariamente, omissão ou obscuridade: "A Recorrente insurgese contra o procedimento adotado pela Autoridade Fiscalizadora, reclamando que ela não deduziu da receita as variações monetárias passivas de seus direitos (ou ativas de suas obrigações) que corresponderiam a despesas. Ora, irretocável a Decisão de primeira instância, ante a ausência de autorização legal para tanto, restando claro que a Recorrente adota o regime de competência na apuração de suas variações monetárias ativas e passivas. No tocante aos demais argumentos ventilados pela Recorrente, diversos daqueles alegados na Manifestação de Inconformidade, que se restringiram a tratar da tese de defesa ora abordada, eles não podem ser conhecidos em decorrência da preclusão." (grifo nosso) Percebase, então, que a questão indicada como omissão ou obscuridade em relação aos elementos de prova é matéria secundária à análise do feito, diante da ausência de autorização legal. E a discordância, ainda que pertinente, é de mérito, em relação ao entendimento externado pela turma, o que, repisese, não constitui tema a ser manejado em embargos de declaração. A terceira omissão apontada se refere a ausência de análise de provas apresentadas em relação à exclusão das receitas de complemento de preço do cálculo da receita de exportação e à inclusão na base de cálculo da COFINS. E guarda semelhança com a anteriormente tratada, pois, pelo excerto transcrito, a análise dos documentos é matéria secundária, diante da ausência de preclusão. Transcrevase excerto inicial do voto do relator, sobre o tema (fls. 254/255): Fl. 400DF CARF MF Impresso em 05/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 13854.000161/200436 Acórdão n.º 3401003.134 S3C4T1 Fl. 398 7 "Antes de adentrar nas matérias acima relacionadas, não posso deixar de tratar do questionamento levando pela Recorrente, de que pelo princípio da verdade material as complementações de receitas constituiriam receita de exportação, não alegadas em sua Manifestação de Inconformidade, e por essa razão poderiam ser analisadas no presente Recurso Voluntário. Como efeito, incidiu a preclusão sobre essa matéria, que não pode ser objeto de inovação nessa fase recursal, vez que a Recorrente não se dignou a discutir a natureza das receitas, limitandose a questionar pontos específicos do despacho decisório tratados como "acusação", o que implica aceitação da matéria não contestada que deixa de ser objeto de litígio. Em virtude da preclusão operada sobre tal matéria, deixo de analisar o argumento da Recorrente de que, na realidade, tais valores se referem a complemento de receita de exportação e que, por essa razão, devem ser incluídos no cálculo do crédito de PIS a ser ressarcido". Vêse, assim, que a omissão apontada é igualmente inexistente, pois a análise dos documentos apresentados não afasta a premissa adotada no julgamento do colegiado. Novamente, a discussão é de mérito, tendo sido manejados indevidamente os embargos. Ademais, deixar de analisar argumento que, por lei, não poderia ser analisado, em virtude de preclusão, não constitui omissão. Por fim, a quarta e última omissão apontada versa sobre a alegação de imunidade (art. 149 da CF/1988) externada pela empresa. E a situação não se altera em relação ao que foi anteriormente exposto, visto que a matéria foi analisada pela decisão embargada, na qual se entendeu ter operado preclusão (fl. 257): A Recorrente insurgese contra o procedimento adotado pela Autoridade Fiscalizadora, reclamando que ela não deduziu da receita as variações monetárias passivas de seus direitos (ou ativas de suas obrigações) que corresponderiam a despesas Ora, irretocável a Decisão de primeira instância, ante a ausência de autorização legal para tanto, restando claro que a Recorrente adota o regime de competência na apuração de suas variações monetárias ativas e passivas. No tocante aos demais argumentos ventilados pela Recorrente, diversos daqueles alegados na Manifestação de Inconformidade, que se restringiram a tratar da tese de defesa ora abordada, eles não podem ser conhecidos em decorrência da preclusão. Novamente, então, ausente a omissão apontada. Pelo exposto, restaram ausentes na decisão embargada as omissões e a obscuridade apontadas, sendo procedente apenas a alegação de erro material, que deve ser sanado com as medidas indicadas nas alíneas "a " a "d", retrocitadas. Fl. 401DF CARF MF Impresso em 05/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 8 Voto, portanto, no sentido de acolher parcialmente os embargos de declaração apresentados, em relação ao erro material apontado, para alterar o resultado do julgamento, de forma a excluir dos votos, da ementa do acórdão e da parte dispositiva (resultado do julgamento registrado em Ata) as menções ao tema do "cômputo das receitas decorrentes da exportação de produtos adquiridos de terceiros no cálculo do rateio proporcional". Rosaldo Trevisan Fl. 402DF CARF MF Impresso em 05/04/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 29/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/04/2016 por ROBSON JOSE BAYERL
score : 1.0
Numero do processo: 11065.722653/2012-57
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 23 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Mar 22 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 3401-000.916
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, em converter o julgamento em diligência. Vencidos os conselheiros Rosaldo Trevisan (relator), Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida e Elias Fernandes Eufrásio. Designado o conselheiro Robson José Bayerl.
ROBSON JOSÉ BAYERL - Presidente Substituto e Redator Designado.
ROSALDO TREVISAN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl (presidente substituto), Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Rosaldo Trevisan, Waltamir Barreiros, Eloy Eros da Silva Nogueira, Elias Fernandes Eufrásio (suplente), Fenelon Moscoso de Almeida (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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S.A. Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, em converter o julgamento em diligência. Vencidos os conselheiros Rosaldo Trevisan (relator), Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida e Elias Fernandes Eufrásio. Designado o conselheiro Robson José Bayerl. ROBSON JOSÉ BAYERL Presidente Substituto e Redator Designado. ROSALDO TREVISAN Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl (presidente substituto), Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Rosaldo Trevisan, Waltamir Barreiros, Eloy Eros da Silva Nogueira, Elias Fernandes Eufrásio (suplente), Fenelon Moscoso de Almeida (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente). RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 10 65 .7 22 65 3/ 20 12 -5 7 Fl. 3291DF CARF MF Impresso em 22/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11065.722653/201257 Resolução nº 3401000.916 S3C4T1 Fl. 3.292 2 Relatório Versa o presente sobre Autos de Infração Complementares (fls. 2961 a 2977)1, para exigência de Contribuição para o PIS/PASEP (valor original de R$ 273.718,64) e de COFINS (valor original de R$ 1.259.584,06), em relação aos períodos de junho de 2007 e janeiro de 2008. No Relatório da Ação Fiscal que acompanha as autuações complementares (fls. 2978 a 3035), registrase que: (a) a fiscalização abrangeu o período de julho de 2006 a fevereiro de 2008; (b) os Autos de Infração referentes ao segundo semestre de 2006 foram formalizados no âmbito do processo administrativo no 11065.722979/201101; (c) os Autos de Infração relativos ao período de janeiro de 2007 a fevereiro de 2008 figuram no processo administrativo no 11065.720100/201260 (cópias às fls. 830 a 855), no qual a empresa apresentou, em sede de impugnação (cópia às fls. 890 a 923), novos documentos, que ensejaram a formalização do relatório de diligência (Informação Fiscal) de fls. 2927 a 2960, e da presente autuação complementar; (d) no relatório originário, apontouse que: (d1) a empresa tem como objeto social a prestação de serviços de captura, transmissão e processamento de dados e informações, comercialização, distribuição e intermediação de créditos prépagos de telefonia celular, e atividades afins; (d2) na ação fiscal, foram constatadas irregularidades em relação a créditos sobre serviços e depreciação de bens aplicados na comercialização (de créditos de telefonia celular), tendo sido considerados aqueles decorrentes da prestação de serviços, e adotado rateio proporcional ao número de cada tipo de operação (revenda x prestação de serviços), com base em dados informados pela empresa, no caso de ausência de discriminação; (d3) foram glosados os créditos da não cumulatividade decorrentes de: (d3a) dispêndios com desenvolvimento e manutenção da Rede GETNET, canal que permite recarga de telefonia prépaga e captura de dados, apenas no que se refere a operações de comercialização de créditos de telefone celular (por falta de previsão legal); (d3b) intermediação na revenda de recargas de celular (custos de terceirização na distribuição de recargas), quando estas configurem operações comerciais; (d3c) depreciação de bens do ativo imobilizado, e móveis e utensílios, também com rateio proporcional; (d3d) dispêndios com combustível e combustível em viagens; e (d3e) aquisições de mercadorias não comprovadas (sendo admitidas notas fiscais e também dados informados em demonstrativos da empresa); e (d4) foi efetuada reconstituição da escrita, apurando o saldo credor a partir dos dados informados pela empresa e das glosas efetuadas, exigindose as diferenças com a multa de ofício e os juros de mora; (e) a fiscalização verificou que além de apresentar novos documentos, a empresa alterou de forma profunda os demonstrativos anteriormente apresentados, realocando diversas aquisições em meses diversos dos originariamente declarados ao fisco; (f) vários dos "novos" documentos em verdade se referem a pagamentos relativos a notas fiscais já computadas, ou que ocasionariam a tomada de crédito em duplicidade; (g) as alterações promovidas nos demonstrativos fizeram ainda com que compras que passaram a ser incluídas em março de 2007 aproveitassem créditos já incluídos na base de cálculo do mês de fevereiro (tabela ao início da fl. 3011), e que remessas enviadas pela TIM à empresa fossem consideradas como pagamentos em sentido inverso (tabela à fl. 3011), além de revelarem operações também ao desamparo de documentação comprobatória (tabela ao final da fl. 3011) e operações em duplicidade (tabelas às fls. 3012 a 3014); (h) em relação a abril e junho de 2007 foram detectadas também operações em duplicidade (respectivamente, às fls. 3015 a 3017, e 3020); (i) em maio de 2007, foram verificadas operações não comprovadas e 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 3292DF CARF MF Impresso em 22/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11065.722653/201257 Resolução nº 3401000.916 S3C4T1 Fl. 3.293 3 em duplicidade (fls. 3017 a 3019); (j) a nova relação fez ainda surgirem operações que integram a base de cálculo de créditos em julho de 2007, e já haviam integrado a base de cálculo dos créditos em junho (tabela à fl. 3022), demandando indevidamente crédito sobre mercadoria recebida em bonificação (fl. 3023); (k) também em dezembro de 2007 foram consideradas remessas à TIM, quando as operações de fato foram em sentido inverso, além de terem sido computados créditos em relação a aquisições não comprovadas, em duplicidade, ou relativas a operações para as quais foi apresentada documentação ilegível (fls. 3023 a 3026); e (l) houve ainda duplicidades de demanda de crédito em janeiro de 2008 (fls. 3026 a 3028). Ao final, a fiscalização destaca que, em relação à exigência efetuada no processo de no 11065.720100/201260, haveria que se adicionar valores aos meses de junho de 2007 e janeiro de 2008, conforme tabelas de fl. 3034. Cientificada da autuação complementar em 06/06/2012 (cf. AR de fl. 3036), a empresa apresenta impugnação em 05/07/2012 (fls. 3038 a 3055), alegando basicamente que: (a) a autuação é lavrada em razão de a Rede GETNET ser utilizada tanto para prestação de serviços (operadoras que trabalham na modalidade on line) quanto para compra e venda de recargas (na modalidade off line), sendo que a fiscalização entendeu, sem embasamento legal, que os créditos decorrentes de custeio e investimento na rede são indevidos na parcela que seria relativa a compra e venda de recargas (modalidade off line), promovendo rateio de ofício; (b) na revenda on line (distribuição de recarga), a Rede GETNET é usada para capturar informações com posterior repasse à operadora de telefonia; (c) na revenda off line, a operadora de telefonia repassa lote (de informações eletrônicas, e não de produtos físicos) à empresa, que valida um PIN nos pontos de venda, para utilização pelo consumidor na recarga; (d) os investimentos em desenvolvimento e manutenção da Rede GETNET são sempre inerentes e intrínsecos a sua prestação de serviços, seu principal ramo de atividade; (e) não existe fundamento que obrigue a impugnante a apropriar créditos na proporção do volume de transações realizadas sob a forma de prestação de serviços, ou a proíba de se apropriar de tais créditos em sua integralidade; (f) é impossível segregar o insumo adquirido segundo a atividade (comercial ou de prestação de serviços), pois todos os serviços contratados, e máquinas e equipamentos utilizados, são necessários e foram comprados para prestação do serviço de captura e transmissão de dados (ou seja, existindo ou não atividades de revenda, todos os gastos teriam sido incorridos); e (g) a reconstituição da escrita tomou como certos saldos que ainda estão em discussão em processos administrativos diversos, sendo ainda cabível a realização de perícia. Em 04/09/2012 ocorre o julgamento de primeira instância (fls. 3196 a 3204), no qual se decide unanimemente pela improcedência da impugnação, sob os argumentos de que: (a) não ocorreu simples rateio direto dos créditos apurados, mas especificação dos custos envolvidos em cada uma das operações (fl. 3202); (b) só podem ser apropriados créditos sobre despesas relativas a insumos utilizados na prestação de serviço ou na produção de outros bens, não havendo previsão para créditos em relação a bens destinados a revenda; (c) é desnecessária a realização de perícia; e (d) a empresa não contestou diversas rubricas, entre as quais as referentes a móveis e utensílios e combustíveis, operandose a preclusão. Cientificada do julgamento de piso em 17/09/2012 (cf. AR de fl. 3207), a empresa apresenta Recurso Voluntário em 11/10/2012 (fls. 3209 a 3230), argumentando que a empresa possui o direito de se apropriar da totalidade dos créditos decorrentes dos insumos, e não apenas sobre partes dos custos como entendeu a DRJ, utilizados na constituição e manutenção da sua rede GETNET, e que são necessários para a prestação dos serviços da Recorrente, o que autoriza o reconhecimento do crédito sobre a depreciação desses ativos. No Fl. 3293DF CARF MF Impresso em 22/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11065.722653/201257 Resolução nº 3401000.916 S3C4T1 Fl. 3.294 4 mais, reitera o detalhamento de suas atividades, externado em sede de impugnação, e que não existe fundamento que obrigue a impugnante a apropriar créditos na proporção do volume de transações realizadas sob a forma de prestação de serviços, ou a proíba de se apropriar de tais créditos em sua integralidade, sendo impossível segregar o insumo adquirido segundo a atividade (comercial ou de prestação de serviços), pois todos os serviços contratados, e máquinas e equipamentos utilizados, são necessários e foram comprados para prestação do serviço de captura e transmissão de dados. Por fim, reitera a demanda por perícia. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso voluntário apresentado atende os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Há que se desfazer, de início, a aparente confusão entre os objetos do presente processo e dos outros dois processos administrativos referidos nos autos. A fiscalização, como se relata, abarcou o período de julho de 2006 a fevereiro de 2008. Os Autos de Infração referentes ao segundo semestre de 2006 foram formalizados no âmbito do processo administrativo no 11065.722979/201101. Os Autos de Infração relativos ao período de janeiro de 2007 a fevereiro de 2008, por sua vez, foram originalmente lavrados no bojo do processo administrativo no 11065.720100/201260. E, a partir da apresentação de documentos novos na impugnação, em tal processo, a fiscalização detectou valores adicionais a serem lançados, em função de duplicidades de cômputo em distintos períodos/com diferentes documentos, erro no cômputo de remessas da/à TIM, ausências de comprovação e documentação ilegível, e bonificação. Em síntese, cada processo administrativo versa sobre objeto diferente. E cada processo tem seu andamento, conforme tabela a seguir, obtida mediante consulta ao sistema "e processos": Processo Objeto Andamento 11065.722979/201101 AI (PIS/COFINS) jul/2006 a dez/2006. Glosas diversas. Afeta os demais por alterar saldo credor inicial. Situação: "distribuir/sortear", na 1a T.O. da 2a Câmara da 3a Seção do CARF. A impugnação foi julgada improcedente, por unanimidade, pela DRJ, em 04/09/2012 (mesma data em que tal DRJ julgou o presente processo), tendo sido apresentado recurso voluntário. 11065.720100/201260 AI (PIS/COFINS) jan/2007 a fev/2008. Glosas referentes a dispêndios com desenvolvimento e manutenção da Rede GETNET, intermediação na revenda de recargas de celular, depreciação de bens do ativo imobilizado, e móveis e utensílios, combustível, e aquisições Situação: "distribuir/sortear", na 1a T.O. da 2a Câmara da 3a Seção do CARF. A impugnação foi julgada procedente em parte, por unanimidade, pela DRJ, em 04/09/2012 (mesma data em que tal DRJ julgou o presente processo). Diante do montante do lançamento afastado (em função do resultado da diligência) a DRJ Fl. 3294DF CARF MF Impresso em 22/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11065.722653/201257 Resolução nº 3401000.916 S3C4T1 Fl. 3.295 5 de mercadorias não comprovadas. recorreu de ofício da decisão. Foi apresentado recurso voluntário, contra arrazoado pela Fazenda. 11065.722653/201257 AI complementar (PIS/COFINS) jun/2007 e jan/2008. Relativo a duplicidades de cômputo em distintos períodos/com diferentes documentos, erro no cômputo de remessas da/à TIM, ausências de comprovação e documentação ilegível, e bonificação. Tratase do presente processo, a ser analisado neste voto. Assim, em que pese a origem dos dois primeiros processos ser comum (a um mesmo procedimento fiscal) e ter sido o terceiro processo originado da análise da documentação apresentada na impugnação do segundo, sendo os três processos julgados pela mesma turma da DRJ, na mesma data, o trâmite interno, no CARF, afastouos, e aqui se está a analisar tãosomente o terceiro processo da tabela. E o terceiro processo, reiterese, é restrito a duplicidades de cômputo em distintos períodos/com diferentes documentos, erro no cômputo de remessas da/à TIM, ausências de comprovação e documentação ilegível, e bonificação. Esclareçase, na literalidade do relatório fiscal, a origem das autuações complementares aqui em análise (fl. 3034): Assim, não se está no presente processo simplesmente refazendo a fiscalização levada a cabo no processo administrativo no 11065.720100/201260, mas tãosomente analisando as diferenças surgidas (para mais ou para menos) com a realização da diligência efetuada naquele processo, para verificar documentos novos apresentados na impugnação. As diferenças para menos ocasionaram redução no montante da autuação em vários períodos, o que foi externado pela DRJ no afastamento parcial do lançamento no processo no 11065.720100/201260. Mas as diferenças que exigiram novo lançamento acabaram por ser efetuadas no presente processo, e não derivam de discussão sobre a forma de obtenção de créditos em relação a dispêndios com desenvolvimento e manutenção da Rede GETNET (assunto predominante nas peças recursais), ou a depreciação de bens do ativo imobilizado, móveis e utensílios, ou ainda combustíveis (assuntos em relação aos quais a DRJ reconheceu a preclusão). O objeto do presente processo, digase, não está na Seção II do Relatório de Ação Fiscal (fls. 2978 a 3006), intitulado apropriadamente de "Do Relatório da Ação Fiscal Originário", mas na Seção III (fls. 3007 a 3034), intitulada de "Do Relatório de Diligência Fiscal decorrente da Impugnação", e que trata de: (a) março de 2007 fls. 3010 a 3014 (na nova relação foram incluídas compras que já haviam sido incluídas em fevereiro; recebimentos Fl. 3295DF CARF MF Impresso em 22/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11065.722653/201257 Resolução nº 3401000.916 S3C4T1 Fl. 3.296 6 da TIM foram considerados como pagamentos a ela efetuados, e valores de aquisições restaram sem comprovação, havendo ainda operações em duplicidade); (b) abril de 2007 fls. 3014 a 3017 (também registrando operações em duplicidade); (c) maio de 2007 fls. 3017 a 3019 (aquisições não comprovadas e em duplicidade); (d) junho de 2007 fls. 3019 a 3023 (também registrando aquisições em duplicidade, e créditos utilizados novamente em julho, além de demanda de crédito sobre mercadorias recebidas em bonificação); (e) dezembro de 2007 fls. 3023 a 3025 (recebimentos da TIM foram considerados como pagamentos a ela efetuados, aquisições sem comprovação, aquisições também informadas em janeiro de 2008, duplicidade, e documentos ilegíveis); e (f) janeiro de 2008 fls. 3026 a 3028 (operações já incluídas em meses anteriores). Eis a motivação da autuação complementar. E para espancar qualquer dúvida em relação ao aqui exposto, vejase a conclusão do Relatório da Ação Fiscal, à folha 3035: Assim, ou a linha de defesa se equivoca por erroneamente discutir neste processo matéria que deveria discutir na autuação originária (lavrada no processo no 11065.720100/201260), ou padece do recorrente vício (muito frequente nos dias atuais) em que a informatização desmedida, as petições padronizadas e a falta de tempo acabam por fazer com que sejam igualmente impugnadas autuações que, em verdade, tratam de situações diversas, com fundamentos e razões distintos. Em síntese, ou a recorrente não compreendeu efetivamente as razões das autuações complementares lavradas no presente processo ou utilizou indevidamente documento padrão de outro processo na peça recursal. Vejase que as matérias suscitadas nas autuações complementares aqui apreciadas sequer estão presentes especificamente nas peças de defesa (impugnação e recurso voluntário). Como a recorrente não gasta uma linha de sua defesa para questionar especificamente se realmente houve duplicidade, utilização indevida de crédito em meses diversos, cômputo de recebimento como pagamento, ou qualquer dos outros itens relacionados na autuação complementar, não há aqui argumentos contrários às autuações complementares a serem analisados. Tendo em vista tais considerações, entendo que deve ser mantido o lançamento, simplesmente pelo fato de suas razões serem incontroversas nestes autos. Não prospera a defesa em afastar qualquer das razões das autuações complementares. Pelo exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário apresentado. Rosaldo Trevisan Fl. 3296DF CARF MF Impresso em 22/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11065.722653/201257 Resolução nº 3401000.916 S3C4T1 Fl. 3.297 7 Voto Vencedor Conselheiro Robson José Bayerl, Redator Designado Concordo integralmente com o eminente relator quanto ao exame meritório realizado em seu voto, no entanto, peço vênia para divergir quanto à espécie de decisão adotada para sua prolação, no caso, o acórdão. Em meu entendimento, o emprego de acórdão nesta situação, resultaria em uma decisão condicional, vinculada a evento futuro e incerto, eis que a execução da decisão aqui proferida, como decidido, está atrelada às decisões a serem ulteriormente prolatadas nos processos administrativos citados, de modo que a conversão do julgamento em diligência melhor se adequa à instrumentalidade do processo administrativo, evitando com isso posteriores questionamentos. Com essas considerações, proponho o encaminhamento do presente processo à unidade preparadora para que se aguarde a decisão administrativa irreformável a ser exarada nos processos 11065.722979/201101 e 11065.720100/201260, devendo então ser juntada cópia a estes autos, com posterior devolução para finalização do julgamento. É como voto. Robson José Bayerl Fl. 3297DF CARF MF Impresso em 22/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 16/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL
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Numero do processo: 11829.720011/2013-15
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 23 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Mar 22 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Regimes Aduaneiros
Data do fato gerador: 01/05/2012
ADMISSÃO TEMPORÁRIA. AERONAVE. OCULTAÇÃO. RESPONSÁVEL PELA OPERAÇÃO. SIMULAÇÃO.
A admissão temporária é, dentro do gênero importação, uma das espécies de operação. No caso de ocultação de responsável pela operação (importação temporária de aeronave), mediante simulação, cabível a aplicação da pena de perdimento, e sua eventual substituição por multa nas hipóteses previstas no § 3o do art. 23 do Decreto-Lei no 1.455/1976.
DANO AO ERÁRIO. PERDIMENTO. DISPOSIÇÃO LEGAL.
Nos arts. 23 e 24 do Decreto-Lei no 1.455/1976 enumeram-se as infrações que, por constituírem dano ao Erário, são punidas com a pena de perdimento das mercadorias. É inócua, assim, a discussão sobre a existência de dano ao Erário nos dispositivos citados, visto que o dano ao Erário decorre do texto da própria lei.
RESPONSABILIDADE POR INFRAÇÕES ADUANEIRAS. DISCIPLINA LEGAL. PENALIDADES. OCULTAÇÃO/ACOBERTAMENTO.
A responsabilidade por infrações aduaneiras é disciplinada pelo art. 95 do Decreto-Lei no 37/1966. Quando se comprova ocultação/acobertamento em uma operação de importação, aplica-se a pena de perdimento à mercadoria (ou a multa que a substitui), com fundamento no art. 23, V do Decreto-Lei no 1.455/1976 (e em seu § 3o). A penalidade de perdimento afeta materialmente o acobertado (e o acobertante, de forma conjunta ou isolada, conforme estabelece o art. 95 do Decreto-Lei no 37/1966), embora a multa por acobertamento (Lei no 11.488/2007) afete somente o acobertante, e justamente pelo fato de acobertar, quando identificado o acobertado.
RESPONSABILIDADE DE TERCEIROS. DEVER DE DEMONSTRAÇÃO INDIVIDUALIZADA.
Quando há diversos sujeitos passivos na autuação, entende-se que é dever do autuante, ao arrolá-los sob tal condição, individualizar as condutas que ensejaram a aplicação das penalidades, explicando quais as atitudes de tais sujeitos que concorreram, por exemplo, para a prática das infrações detectadas.
Numero da decisão: 3401-003.092
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar parcial provimento aos recursos voluntários apresentados, apenas para afastar dois dos quatro fundamentos (incisos VI e VII do art. 105 do Decreto-Lei no 37/1966) empregados para a aplicação da pena de perdimento substituída por multa, e para excluir do polo passivo o Sr. José Antônio Barth de Freitas e o Sr. Leandro Rodrigues Cordeiro. Vencidos os conselheiros Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida e Robson José Bayerl, que mantinham no polo passivo todos os responsáveis solidários.
ROBSON JOSÉ BAYERL - Presidente Substituto.
ROSALDO TREVISAN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl (presidente substituto), Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Rosaldo Trevisan, Waltamir Barreiros, Eloy Eros da Silva Nogueira, Elias Fernandes Eufrásio (suplente), Fenelon Moscoso de Almeida (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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AERONAVE. OCULTAÇÃO. RESPONSÁVEL PELA OPERAÇÃO. SIMULAÇÃO. A admissão temporária é, dentro do gênero importação, uma das espécies de operação. No caso de ocultação de responsável pela operação (importação temporária de aeronave), mediante simulação, cabível a aplicação da pena de perdimento, e sua eventual substituição por multa nas hipóteses previstas no § 3o do art. 23 do DecretoLei no 1.455/1976. DANO AO ERÁRIO. PERDIMENTO. DISPOSIÇÃO LEGAL. Nos arts. 23 e 24 do DecretoLei no 1.455/1976 enumeramse as infrações que, por constituírem dano ao Erário, são punidas com a pena de perdimento das mercadorias. É inócua, assim, a discussão sobre a existência de dano ao Erário nos dispositivos citados, visto que o dano ao Erário decorre do texto da própria lei. RESPONSABILIDADE POR INFRAÇÕES ADUANEIRAS. DISCIPLINA LEGAL. PENALIDADES. OCULTAÇÃO/ACOBERTAMENTO. A responsabilidade por infrações aduaneiras é disciplinada pelo art. 95 do DecretoLei no 37/1966. Quando se comprova ocultação/acobertamento em uma operação de importação, aplicase a pena de perdimento à mercadoria (ou a multa que a substitui), com fundamento no art. 23, V do DecretoLei no 1.455/1976 (e em seu § 3o). A penalidade de perdimento afeta materialmente o acobertado (e o acobertante, de forma conjunta ou isolada, conforme estabelece o art. 95 do DecretoLei no 37/1966), embora a multa por acobertamento (Lei no 11.488/2007) afete somente o acobertante, e justamente pelo fato de “acobertar”, quando identificado o acobertado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 82 9. 72 00 11 /2 01 3- 15 Fl. 1081DF CARF MF Impresso em 22/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 2 RESPONSABILIDADE DE TERCEIROS. DEVER DE DEMONSTRAÇÃO INDIVIDUALIZADA. Quando há diversos sujeitos passivos na autuação, entendese que é dever do autuante, ao arrolálos sob tal condição, individualizar as condutas que ensejaram a aplicação das penalidades, explicando quais as atitudes de tais sujeitos que concorreram, por exemplo, para a prática das infrações detectadas. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar parcial provimento aos recursos voluntários apresentados, apenas para afastar dois dos quatro fundamentos (incisos VI e VII do art. 105 do DecretoLei no 37/1966) empregados para a aplicação da pena de perdimento substituída por multa, e para excluir do polo passivo o Sr. José Antônio Barth de Freitas e o Sr. Leandro Rodrigues Cordeiro. Vencidos os conselheiros Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida e Robson José Bayerl, que mantinham no polo passivo todos os responsáveis solidários. ROBSON JOSÉ BAYERL Presidente Substituto. ROSALDO TREVISAN Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl (presidente substituto), Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Rosaldo Trevisan, Waltamir Barreiros, Eloy Eros da Silva Nogueira, Elias Fernandes Eufrásio (suplente), Fenelon Moscoso de Almeida (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente). Relatório Versa o presente sobre o Auto de Infração de fls. 2 a 81, lavrado em 26/09/2013, para exigência de multa substitutiva do perdimento (no valor de R$ 14.387.712,00), conforme detalhado em Termo de Verificação Fiscal (TVF). No TVF de fls. 9 a 84, narra a fiscalização que: (a) em procedimento de fiscalização da aeronave de prefixo estrangeiro N 883 RW, marca Dassault, modelo 50 EX, numero de série 338, ano de fabricação 2004, introduzida no território nacional sob alegado amparo do regime de admissão temporária estabelecida pelo Decreto no 97.464/1989, no âmbito da “Operação POUSO FORÇADO”, foi constatada irregularidade punível com a pena de perdimento da correspondente mercadoria, substituída pela aplicação de multa no valor aduaneiro, nos termos do art. 105, incisos VI, VII e XI do DecretoLei no 37/1966; do art. 23, inciso V e §§ 1o e 3o do Decretolei no 1.455/1976; (b) na Operação, deflagrada em 20/06/2012, e conduzida pela RFB em conjunto com a Polícia Federal e o Ministério Público, foi decretado 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 1082DF CARF MF Impresso em 22/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11829.720011/201315 Acórdão n.º 3401003.092 S3C4T1 Fl. 1.082 3 o sequestro judicial da aeronave, em cumprimento ao Mandado de Busca e Apreensão de fls. 495 a 511 Anexo 20); (c) a aeronave, de propriedade da empresa estrangeira “RSE COMPANY OF DELAWARE” (“RSE”) entrava em território nacional irregularmente mediante TEAT (Termo de Entrada de Admissão Temporária), servindo aos interesses de brasileiros residentes, o Sr. “EDUARDO DE SOUZA RAMOS” (“EDUARDO”), dono da “RSE”, e os pilotos e também usuários, Sr. “LEANDRO RODRIGUES CORDEIRO” (“LEANDRO”) e “JOSÉ ANTÔNIO BARTH DE FREITAS” (“JOSÉ”), e da empresa “BAP TÁXI AÉREO” (“BAP”); (d) a “Operação POUSO FORÇADO” deriva da análise de dados do Sistema SIAVANAC (elaborado em conjunto por ANAC e RFB) para controlar admissões temporárias de aeronaves estrangeiras, bem como informações sobre propriedade e exploração de tais aeronaves, buscando esclarecer alguns dados incompatíveis com o regime aduaneiro; (e) o Decreto no 97.469/1989 trata de um caso especial de admissão temporária com suspensão total do pagamento de tributos, por prazo máximo de 60 dias, sem utilização econômica (voos não remunerados), restrito às cinco hipóteses que relaciona em seu art. 2o; (f) as aeronaves que foram objeto da “Operação POUSO FORÇADO” faziam uso indevido do disposto no Decreto no 97.464/1989, aplicando a suspensão total em aeronaves utilizadas por grandes períodos e em atividades remuneradas; (g) foi aberto procedimento especial (IN RFB no 1.169/2011) em relação às empresas “RSE” e “BAP”, e, depois de diversas intimações (relação às fls. 20/21), apurouse que a aeronave era de propriedade da “RSE” desde 30/07/2009, tendo sido vendida à empresa “MARTEZ VENTURES LLC” em junho de 2012, por US$ 8.160.000,00; (h) no relatório de movimentação encaminhado pela ANAC (período de agosto de 2009 a janeiro de 2012), foram registradas operações quase contínuas da aeronave no território nacional: em 712 dias que esteve em efetiva operação, a aeronave permaneceu no país 518, sendo o motivo declarado das viagens majoritariamente “viagem de diretor ou representante de sociedade ou firma, quando a aeronave for de sua propriedade” e “outros voos não remunerados”, e os operadores às vezes a “RSE” e às vezes a “BAP” (apontada como o “real adquirente oculto”); (i) foram registrados no período 160 voos da aeronave, sendo 120 nacionais, incluindo destinos turísticos como Salvador, Porto Seguro, Florianópolis, Angra dos Reis, e Curitiba (sede da “BAP”) e São Paulo (residência de “EDUARDO”); (j) verdadeiramente as entradas não se deram para as finalidades declaradas à Aduana nos TEAT, mas para transporte de brasileiros residentes, para fins particulares (em grande parte voos do Sr. “EDUARDO”, mas também no interesse da empresa “BAP” e dos pilotos “LEANDRO” e “JOSÉ”); (k) o Sr. “EDUARDO” nega ser representante ou participar da administração da “RSE” ou da “BAP”, endossando a finalidade particular dos voos (exemplos de viagens de turismo ao exterior, ou regressos do exterior às fls. 25 a 33, destacandose que nos voos nacionais não há lista de passageiros); (l) a admissão temporária, no que se refere às formalidades aduaneiras, é disciplinada pela IN SRF no 285/2003, que exige a adequação à finalidade e o respeito ao prazo de concessão; (m) a aeronave não era para uso de não residentes (ou “transporte de diretores”, como se alegava nos TEAT), e não se enquadra nas hipóteses de admissão temporária para utilização econômica (prestação de serviços ou produção de outros bens), devendo a ela ser aplicado o regime de importação comum; (n) a aeronave foi então desembaraçada (considerandose a “concessão do TEAT” como um “desembaraço aduaneiro”) com artifício doloso para o não pagamento dos tributos devidos (inciso XI do art. 105 do DecretoLei no 37/1966); (o) houve omissão nos TEAT de menção ao verdadeiro proprietário da aeronave, o Sr. “EDUARDO”, residente no país (“dono indireto” da “RSE” e da “BAP”, cf. figura de fl. 48), o que configura ocultação do verdadeiro responsável pela operação (inciso V do art. 23 do DecretoLei no 1.455/1976); (p) o Sr. “LEANDRO”, que aparece na Internet como responsável pela venda da aeronave (fls. 315 a 321 Anexo 10), e um mês após a compra da aeronave, remeteu US$ 1.155.555,56 por meio de sua empresa para “importação financiada” ao exterior (fl. 50); (q) existe contrato de mútuo entre a “BAP” e “EDUARDO” (R$ 3,1 milhões), em data próxima à compra da aeronave, Fl. 1083DF CARF MF Impresso em 22/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 4 sendo o mútuo quitado em data próxima à venda da aeronave, em 2012 (em resposta a intimação o Sr. “EDUARDO” e o Sr. “LEANDRO” negaram a existência do contrato de mútuo); (r) após intimada (no mesmo endereço no qual a empresa foi contatada atuam outras empresas que foram objeto da “Operação Pouso Forçado”, e 381 pessoas jurídicas e 132 pessoas físicas), a “RSE” informou que atua no ramo de venda de aeronave, e que não tem sede, funcionários nem telefone, usando o endereço de diretor (sendo o diretorpresidente da “RSE” o Sr. José Maria Carneiro da Cunha, residente em Miami, mas que segundo a Declaração de IRPF apresentada no Brasil, é pessoa domiciliada no país não encontrada no endereço informado ao cadastro, e não declara qualquer rendimento recebido do exterior); (s) a aeronave foi adquirida pela “RSE” por mais de US$ 13 milhões, e vendida três anos depois por cerca de US$ 8 milhões (denotando o prejuízo de aproximadamente US$ 5 milhões que a aeronave certamente não foi adquirida para revenda), cabendo destacar que dois dias depois da revenda os cerca de US$ 8 milhões foram retirados da conta da “RSE” e transferidos para a empresa “RIO CALLERIA”, sócia da “RSE”; (t) intimada a seguradora sobre quem seria o beneficiário do seguro da aeronave, esta informou que se trata da empresa “BAP” (na apólice de fl. 59 se especifica que o perímetro de cobertura é o “território brasileiro” e que a principal região de operação é “Sul”, o mesmo acontecendo em outra apólice fl. 61); (u) houve ainda falsidade ideológica nos documentos (TEAT, entre outros) apresentados à fiscalização (fls. 66 a 71), alguns assinados por “JOSÉ”, cabendo a aplicação da penalidade prevista nos incisos VI/VII do art. 105 do DecretoLei no 37/1966; e (v) o Sr. “EDUARDO” (principal responsável) e as empresas “RSE” e “BAP” são responsáveis conjunta ou isoladamente pela prática das infrações (art. 95 do DecretoLei no 37/1966), e os pilotos “LEANDRO” e “JOSÉ” são ainda pessoalmente responsáveis (art. 135 do CTN). O Sr. “EDUARDO”, cientificado da autuação em 03/10/2013 (AR à fl. 836) apresenta impugnação em 01/11/2013 (fls. 899 a 919), sustentando que: (a) houve ausência de dolo (tendo sido corretamente preenchidos os TEAT, aceitos pela autoridade aduaneira, havendo no máximo “simulação inocente”, da qual não decorre dano) e de dano ao Erário (por não serem devidos os tributos incidentes, por diferentes razões), pressupostos indispensáveis à imputação da pena de perdimento; (b) o valor lançado é ilíquido, pois foi adotado o valor da aeronave na data de comercialização com terceiro (julho/2012), muito antes do momento da apuração da infração (outubro/2013); (c) nunca se desejou que a aeronave ficasse permanentemente em território nacional; (d) não há ilicitude nas atividades econômicas desenvolvidas pelas empresas “RSE” e “BAP” de modo a permitir a desconsideração de sua personalidade jurídica pelo fisco; (e) a legislação (Convenção de Chicago, promulgada pelo Decreto no 21.713/1946; Código Brasileiro de Aeronáutica Lei no 7.565/1986; e Decreto no 97.464/1989) foi totalmente cumprida e respeitada, sendo cabível a permanência da aeronave no país, “pouco importando a nacionalidade de seu proprietário indireto”; (f) o regime foi concedido em função de determinados critérios legais e não pode ser revisto retroativamente o entendimento de que o regime teria sido desvirtuado (cf. art. 146 do CTN, em nome da segurança jurídica); (g) “eventual equívoco na qualificação jurídica do caráter de ingresso da aeronave no país obviamente não o torna simulado, nem configura falsidade ou fraude”; (h) não justifica o perdimento o fato de se ter indicado nos TEAT que as viagens envolveriam diretor, quando na verdade se tratavam de viagens de interesse de sócio indireto da empresa proprietária da aeronave (pois “o controlador indireto é, sem dúvida, representante da sociedade”, aliás, “o representante maior da sociedade”), e as viagens eram todas “não remuneradas” como sequer contesta o fisco, sendo perfeitamente possível a admissão temporária em enquadramento próprio; e (i) a autuação considerou como data de ocorrência da infração o da última entrada da aeronave em território nacional (27/01/2012, seguida da expressão “a título exemplificativo”, fazendo parecer que poderia ter sido escolhida outra), que não se confunde com a data em que foi constatada a infração (outubro/2013). Fl. 1084DF CARF MF Impresso em 22/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11829.720011/201315 Acórdão n.º 3401003.092 S3C4T1 Fl. 1.083 5 A empresa “BAP”, cientificada da autuação em 03/10/2013 (AR à fl. 844 sócio “LEANDRO”) apresenta impugnação em 31/10/2013 (fls. 857 a 866), sustentando que: (j) não pode ser apenado com multa substitutiva de perdimento com fundamento no art. 124 do CTN (que trata de matéria tributária), e o art. 95 do DecretoLei no 37/1966 não se aplica ao caso (pois trataria somente das infrações nele capituladas) e não autoriza a solidariedade (cf. art. 100 do mesmo diploma, que cuida nitidamente de responsabilidade subjetiva); e (k) a multa substitutiva do perdimento não pode ser cumulada com a multa de 10% prevista no art. 33 da Lei no 11.488/2007, como estabelece o próprio art. 99 do DecretoLei no 37/1966, e sob pena de ser confiscatória. O Sr. “LEANDRO”, cientificado da autuação em 03/10/2013 (AR à fl. 844) apresenta impugnação em 31/10/2013 (fls. 878 a 892), sustentando que: (l) não pode ser apenado com multa substitutiva de perdimento com fundamento nos arts. 124 (pois o mero interesse econômico não configura interesse comum) e 135 do CTN (que trata de responsabilidade pessoal e exclusiva, a demandar ainda a comprovação de máfé). No mais, apresenta alegações já mencionadas na impugnação da empresa “BAP”, no que se refere à não aplicação do 95 do DecretoLei no 37/1966, à não autorização de solidariedade em tal diploma, e à impossibilidade de cumulação com multa diversa sob pena de confisco. O Sr. “JOSÉ”, cientificado da autuação em 07/10/2013 (AR à fl. 840) apresenta impugnação em 05/11/2013 (fls. 927 a 942), com o mesmo teor da entregue pelo Sr. “LEANDRO”. A empresa estrangeira “RSE” é intimada na pessoa de “EDUARDO”, seu sócio, sem retorno (no expediente de fls. 924/926, “EDUARDO” informa que não tem poderes para representar a“RSE”, e que tal empresa estrangeira tem “endereço e diretoria conhecidos”, que foram transmitidos à fiscalização no curso dos trabalhos de auditoria, em resposta ao Termo de Início de Procedimento Especial e Intimação, apresentada em 27/07/2013). Foi intimada a empresa estrangeira também por edital publicado em Diário Oficial (fls. 108 e 846) e edital afixado na unidade da RFB (fl. 847). Consta ainda nos autos a intimação a Luciano Lima Falconi (fl. 853). Em 08/10/2014 ocorre o julgamento de primeira instância (fls. 949 a 963), no qual se decide unanimemente pela improcedência das impugnações apresentadas, sob os fundamentos de que: (a) “resta cristalino o quadro de simulação de operação e ocultação”, e ficou evidente a utilização da aeronave com desvio de finalidade, para interesses particulares das famílias, inclusive com transporte para competição de vela no Chile; (b) a aeronave adentrou o país como mercadoria e não como meio de transporte, sendo todos os passageiros e o real proprietário residentes no Brasil, restando “clara a impossibilidade de admitir a importação temporária de veículo estrangeiro de brasileiro residente”; (c) o fato de a autoridade aduaneira ter verificado cada TEAT pouco influencia no caso, pois a somatória deles, e sua reiteração é que constituem o objeto da fiscalização realizada; (d) houve falsidade nos TEAT e em outros documentos citados, e não mera falha de natureza formal; e (e) o valor adotado não contraria a legislação, sendo que à época da venda já havia entendimento de que as importações eram irregulares. O Sr. “EDUARDO” tomou ciência da decisão de piso em 22/10/2014 (fl. 972), e apresentou recurso voluntário em 14/11/2014 (fls. 985 a 1010). A empresa “BAP”, que à época da decisão de piso já havia sido baixada (cf. extrato de fl. 970), foi cientificada em 20/10/2014, na pessoa de sua responsável, Renata Lane de Souza Ramos (AR à fl. 977), e Fl. 1085DF CARF MF Impresso em 22/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 6 apresentou recurso voluntário em 14/11/2014 (fls. 1014 a 1025). O Sr. “LEANDRO” tomou ciência da decisão de piso em 20/10/2014 (fl. 983), e apresentou recurso voluntário em 17/11/2014 (fls. 1051 a 1068). E, por fim, o Sr. “JOSÉ” foi cientificado da decisão da DRJ em 31/10/2014 (fl. 978), e apresentou recurso voluntário em 17/11/2014 (fls. 1031 a 1048). Todos os recorrentes limitaramse a reiterar o teor de suas impugnações. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator Os recursos apresentados pela empresa “BAP” e pelos senhores “EDUARDO”, “LEANDRO” e “JOSÉ” preenchem os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, deles se toma conhecimento. Em relação à empresa “RSE”, não foi apresentado recurso voluntário. Da principal infração imputada (ocultação interposição fraudulenta) Há pouca controvérsia fática no presente processo. A aeronave que foi objeto de admissão temporária se prestava a uso pessoal do Sr. “EDUARDO” e de seus familiares/amigos, e isso não só resta evidente no processo (cf. histórico de voos fls. 22 a 33) como é admitido pelo próprio Sr. “EDUARDO” em sua peça recursal (fl. 1005): Ao mesmo tempo em que o Sr. “EDUARDO” argumenta nesse sentido, para poder sustentar que viajava com amigos e familiares constantemente na aeronave admitida temporariamente “para transporte de diretores” (pois seria uma espécie de diretor, ou, em suas palavras, “o representante maior da sociedade”), quando indagado sobre a empresa “RSE”, responde que “não é administrador, procurador ou representante da sociedade para qualquer fim” (fls. 924/925): Fl. 1086DF CARF MF Impresso em 22/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11829.720011/201315 Acórdão n.º 3401003.092 S3C4T1 Fl. 1.084 7 A patente contradição interna à própria defesa endossa a dificuldade em apresentar refutação aos elementos trazidos na autuação, parecendo a recorrente ora designar se como responsável, ora excluirse de tal qualidade, conforme lhe convenha. Diante da farta documentação que comprova a permanência da aeronave quase que em tempo integral no território nacional, em viagens que nada parecem remeter a atividades empresariais, e transportando pessoas brasileiras, e que não são diretores da empresa estrangeira, esperavase que a defesa indicasse ao menos um diretor da empresa estrangeira que teria sido transportado no país com a aeronave. Mas isso não é feito. Ademais, seria muito difícil que houvesse tal transporte, pois o próprio Sr. “EDUARDO”, em resposta a intimação atesta que a empresa “RSE” (cujo quadro societário é composto por duas outras pessoas jurídicas: “Rio Calleria SA” e “SR Financial LLP”, esta última com 99,99% do capital de posse do próprio Sr. “EDUARDO” valor de R$ 437.907.050,82 fl. 639) sequer possui endereço próprio, e a única pessoa física indicada como diretor é o Sr. José Maria Carneiro da Cunha (fls. 636/637): Fl. 1087DF CARF MF Impresso em 22/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 8 Tal diretorpresidente da “RSE”, designado, digase, pelo próprio Sr. “EDUARDO” (cf. doc. de fls. 777/778), é pessoa que declara IRPF como residente no Brasil, sem rendimentos vinculados à “RSE” ou a qualquer empresa estrangeira, e incompatíveis com o cargo que estaria ocupando (fls. 815 a 825). E quando o fisco tentou contatar tal diretor presidente, no endereço cadastral indicado à RFB (intimação 11), apontase que o envio retornou com a mensagem “destinatário mudouse”. Daí a impossibilidade de intimação pessoal/via correio em relação à “RSE” e a seu representante (diretorpresidente e único funcionário conhecido), no endereço por ele informado à RFB para fins cadastrais (§ 4o do art. 23 do Decreto no 70.235/1972). Ademais, não consta em nenhum dos quase duzentos voos realizados pela aeronave entrando no país, dentro dele, ou saindo dele, que tenha estado a bordo o Sr. José Maria Carneiro da Cunha. Ou seja, não se apresenta na peça recursal do Sr. “EDUARDO” nenhuma justificativa para qualquer das situações evidenciadas pela fiscalização, principalmente a que se refere à simulação de admissão temporária para transporte de diretor, utilizandose da permissão estabelecida no Decreto no 97.464/1989 (art. 2o): “Art. 2o A aeronave civil, matriculada em qualquer Estado Membro da Organização de Aviação Civil Internacional (OACI), poderá entrar no Brasil e sobrevoar o seu território, quando não transportar passageiros e/ou carga mediante remuneração, ou quando o fizer em trânsito, isto é, sem desembarcálos ou Fl. 1088DF CARF MF Impresso em 22/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11829.720011/201315 Acórdão n.º 3401003.092 S3C4T1 Fl. 1.085 9 embarcálos em território brasileiro, parcial ou totalmente, observando as seguintes normas: (...) IV Serão consideradas aeronaves engajadas em transporte aéreo não remunerado as que estiverem realizando: a) vôo para prestação de socorro e para busca e salvamento de aeronave, embarcações e pessoas a bordo; b) viagem de turismo ou negócio, quando o proprietário for pessoa física e nela viajar; c) viagem de diretor ou representante de sociedade ou firma, quando a aeronave for de sua propriedade; d) serviços aéreos especializados, em benefício exclusivo do proprietário ou operador da aeronave; e e) outros vôos comprovadamente não remunerados. V Para os fins do disposto no inciso IV, a Seção de Aviação Civil (SAC) do aeroporto de entrada aceitará declaração escrita do respectivo comandante como documento suficiente, salvo evidência em contrário.” (grifo nosso) Já se atestou aqui que não se está a tratar de transporte de diretores (alínea “c” do citado art. 2o), mas de uso pessoal da aeronave por amigos e familiares do Sr. “EDUARDO”, que, recordese, às vezes se identifica como “o representante maior da sociedade” estrangeira, mas em outras afirma que “não é administrador, procurador ou representante da sociedade para qualquer fim”. Contudo, restaria a indagação (também suscitada em sede recursal) a respeito de possível enquadramento da operação na alínea “e” do mesmo no art. 2o (“outros voos comprovadamente não remunerados”). Efetivamente não se verifica nos autos nenhuma comprovação de que qualquer transporte tenha sido pago pelo Sr. “EDUARDO”, ou por seus amigos/familiares, à empresa “RSE”, proprietária da aeronave. As sucessivas admissões temporárias da aeronave (foto a seguir), que acabou ficando no Brasil por 518 dos 712 dias que esteve em efetiva operação, sendo inclusive anunciada para venda, no entanto, destoam da finalidade contemplada no Decreto no 97.464/1989. Fl. 1089DF CARF MF Impresso em 22/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 10 Sobre as formalidades aduaneiras e o prazo de permanência das aeronaves no Brasil prevê o Decreto no 97.464/1989, em seus arts. 8o e 9o: “Art. 8o A entrada de aeronave estrangeira no território nacional estará sujeita, além da Autorização de Sobrevôo expedida pela Seção de Aviação Civil (SAC), ao cumprimento das formalidades aduaneiras. § 1o A formalização da entrada farseá à vista da documentação referente à aeronave, sua carga, mala postal e a outros bens existentes a bordo e será encerrada com a lavratura: a) do Termo de Entrada, para as aeronaves em serviço de transporte aéreo remunerado; e b) do Termo de Entrada e Admissão Temporária, para as aeronaves em serviço de transporte aéreo não remunerado. § 2o A Autorização de Sobrevôo e o termo a que se refere a alínea “b” deste artigo terão prazos de validade idênticos, inclusive no que diz respeito às eventuais prorrogações e serão de porte obrigatório. Art. 9o O prazo inicial para a permanência de aeronave no território brasileiro será de 60 (sessenta) dias, podendo ser prorrogado por períodos iguais de 45 (quarenta e cinco) dias, mediante solicitação às autoridades aeronáutica e aduaneira com antecedência não inferior a 15 (quinze) dias. Parágrafo único. De acordo com o que dispuser a legislação específica, qualquer das autoridades acima mencionadas poderá rever de ofício a licença por ela concedida, cientificando à outra sobre a medida, em despacho fundamentado, para que proceda de igual forma.” (grifo nosso) Fl. 1090DF CARF MF Impresso em 22/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11829.720011/201315 Acórdão n.º 3401003.092 S3C4T1 Fl. 1.086 11 E não há acusação nos autos de que tenha havido descumprimento da admissão temporária, ou que tenham sido desrespeitados os prazos ou as formalidades aduaneiras. Como acordam fisco e defesa, as admissões temporárias foram todas desembaraçadas pela autoridade aduaneira, em cada entrada da aeronave. Reparese, então, que não se está aqui, então avaliando se houve ou não descumprimento do regime, descumprimento esse que seria apenado com multa específica (art. 72, I da Lei no 10.833/2003), sequer cogitada nestes autos. Assim, não resta margem à alegação de defesa que se estaria agora revendo os critérios de concessão do regime, em afronta ao art. 146 do Código Tributário Nacional. O que faz o fisco não é acusar que as admissões temporárias foram concedidas sob critério equivocado. Os critérios alegados nas admissões temporárias (“transporte de diretores” ou “outros voos não remunerados”) eram (e ainda são) efetivamente ensejadores da admissão referida no Decreto no 97.464/1989. A acusação fiscal, sintetizada à fl. 16 (TVF) é a de que foram apresentados documentos inidôneos e prestadas informações falsas em relação à aeronave, tendo havido ainda interposição fraudulenta na importação (com quatro enquadramentos diferentes: art. 105, VI, VII e XI do DecretoLei no 37/1966, e art. 23, V do art. 23 do DecretoLei no 1.455/1976), e de que a aeronave “sempre transportou brasileiros residentes” (fl. 24), ou, em outras palavras, que “em nenhum dos voos percebese a existência de passageiros estrangeiros”. E isso, indubitavelmente, nada tem que ver com os critérios de concessão do regime, mas com a somatória das admissões, e com fatos ocorridos após as concessões das admissões, que, no entender do fisco, desvirtuariam o regime. Reparese que os critérios para admissão temporária legalmente estabelecidos (nos arts. 75 e 76 do Decretolei no 37/1966) não abarcam brasileiros residentes, mas somente estrangeiros e, excepcionalmente, brasileiros domiciliados ou residentes no exterior e que ingressem no País a título temporário: “Art. 75. Poderá ser concedida, na forma e condições do regulamento, suspensão dos tributos que incidam sobre a importação de bens que devam permanecer no país durante prazo fixado. § 1o A aplicação do regime de admissão temporária ficará sujeita ao cumprimento das seguintes condições básicas: I garantia de tributos e gravames devidos, mediante depósito ou termo de responsabilidade; II utilização dos bens dentro do prazo da concessão e exclusivamente nos fins previstos; III identificação dos bens. § 2o A admissão temporária de automóveis, motocicletas e outros veículos será concedida na forma deste artigo ou de atos internacionais subscritos pelo Governo brasileiro e, no caso de aeronave, na conformidade, ainda, de normas fixadas pelo Ministério da Aeronáutica. § 3o A disposição do parágrafo anterior somente se aplica aos bens de pessoa que entrar no país em caráter temporário. (...) Fl. 1091DF CARF MF Impresso em 22/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 12 Art. 76. O Departamento de Rendas Aduaneiras poderá disciplinar, com a adoção das cautelas que forem necessárias a entrada dos bens a que se refere o § 2o do artigo anterior, quando importados por brasileiro domiciliado ou residente no exterior, que entre no país em viagem temporária.” (grifo nosso) Como destaca a fiscalização (fls. 37/38), não há possibilidade jurídica de um brasileiro residente admitir temporariamente uma aeronave estrangeira para uso próprio, a lazer, no país. Se um brasileiro desejar ter uma aeronave para uso próprio no país, ele deve importála em definitivo (importação comum), ou admitir temporariamente para utilização econômica (no caso de ser um prestador de serviço de transporte aéreo). Em suma, as hipóteses do Decreto no 97.464/1989 (mesmo a constante na alínea “e” do art. 2o “outros voos comprovadamente não remunerados”) não abarcam o transporte de brasileiros residentes no país. É perfeitamente compreensível que uma família, v.g., francesa, tenha uma aeronave e venha ao Brasil de férias, aqui permanecendo temporariamente, e, depois, retorne ao exterior. Da mesma forma, é admissível que uma aeronave de empresa americana traga ao Brasil seus diretores para reuniões de trabalho, ou até para lazer (alinea “c” do art. 2o do Decreto no 97.464/1989), depois regressando ao exterior. A mesma empresa americana poderia ainda trazer ao Brasil em sua aeronave alguns funcionários que foram contemplados com uma viagemprêmio em função de bons serviços prestados (alínea “e” do art. 2o do Decreto no 97.464/1989), para breves férias no país. Contudo, não é disso que tratam os presentes autos, mas de 160 voos da aeronave admitida temporariamente (sendo 120 nacionais), no período considerado na autuação, transportando majoritariamente o Sr. “EDUARDO” e seus familiares e amigos, todos residentes no Brasil (e, em nenhum caso, qualquer diretor ou funcionário da empresa americana proprietária da aeronave, a “RSE”, nem pessoa estrangeira ou brasileiro residente no estrangeiro). Há, assim, clara deturpação do regime, com utilização em hipótese para a qual não existe amparo legal. Admitir que o Decreto no 97.464/1989 se aplica a brasileiros que desejem trazer ao país aeronaves estrangeiras, sem pagamento de tributos, para utilizarem em seu lazer equivale, na prática, ao absurdo reconhecimento de que existe uma alternativa à importação definitiva de tais aeronaves, sem os inconvenientes da definitividade (pagamentos de tributos, sujeição a controles de autoridades aeroportuárias etc.). Não nos parece que tenha sido essa a solução buscada no Decreto no 97.464/1989, ou em qualquer convenção internacional que trate da matéria, sempre focadas no “livre trânsito”. E recordese que os custos de manutenção definitiva da aeronave no país é que fizeram com que se desistisse de importála definitivamente, como reconhece “EDUARDO” em sede recursal (fl. 1000): Fl. 1092DF CARF MF Impresso em 22/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11829.720011/201315 Acórdão n.º 3401003.092 S3C4T1 Fl. 1.087 13 Em suma, pelo exposto até aqui, não se tem dúvida de que as reiteradas admissões temporárias permitiram que a aeronave estrangeira de propriedade da empresa “RSE” fosse utilizada para transporte predominantemente nacional de pessoas residentes no Brasil e que não eram diretores da empresa (em regra, o Sr. “EDUARDO”e seus amigos e familiares), em caráter que nada tem de ocasional, prejudicando a afirmação recursal de que não havia a intenção de permanência definitiva. Ademais, a empresa “RSE”, como exposto, tinha em seu quadro societário as empresas “Rio Calleria SA” (12%) e “SR Financial LLP” (88%), cabendo destacar que esta última tinha como sócio majoritário (99,99%) o Sr. “EDUARDO”. O Sr. “EDUARDO” é ainda sócio majoritário da CERFCO Participações (99,99%), empresa que detém 99,99% da FGMSPE Empreendimentos e Part., que por sua vez detém 99,99% da empresa “BAP” (empresa de táxi aéreo curitibana que é beneficiária da apólice de seguro da aeronave no Brasil, e operador de alguns TEAT). Assim, o Sr. “EDUARDO” protagonizava as duas “pontas” da relação, o exportador “RSE” e o importador (ainda que temporário) “BAP”. Daí não lhe ser cobrado nada (ao menos não se registra nos autos nenhuma cobrança) pelo uso da aeronave em período quase integral. A fiscalização, a nosso ver, logra êxito em comprovar que a aeronave era de fato do Sr. “EDUARDO”, o que justifica a naturalidade com que este a utilizava para voos de final de semana e/ou para locais turísticos, com amigos e familiares. A construção simulada efetuada para que o Sr. “EDUARDO” pudesse utilizar a aeronave que de fato lhe pertencia em território brasileiro, em tempo praticamente ininterrupto, é bem sintetizada pela fiscalização aduaneira na figura de fl. 48, que apresenta todas as pessoas a ele relacionadas que contribuíram de alguma forma (mais ou menos ativamente) para a concretização da operação: Fl. 1093DF CARF MF Impresso em 22/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 14 Está registrado nos autos, e não é objeto de contencioso, que a aeronave pertenceu à empresa “RSE” de 30/07/2009 (adquirida por US$ 13.408.563,00) a 20/06/2012, quando foi comprovado o efetivo recebimento da venda à empresa “MARTEX Ventures LLC” pelo valor de US$ 8.160.000,00 (cópia de contrato à fl. 22, tradução às fls. 384 a 398, e explicações sobre o fato de a tradição da aeronave ter se dado exatamente na data em que a Polícia Federal efetuou diligência para cumprimento de mandado de busca e apreensão da aeronave às fls. 429/430). Há que se acordar aqui com a fiscalização quando esta afirma que a diferença de cerca de US$ 5 milhões, que representou prejuízo à “RSE”, e o tempo pelo qual a aeronave permaneceu em sua propriedade, não parecem ser compatíveis com o objeto principal da empresa estrangeira (venda de aeronaves). Em setembro de 2009 (cerca de um mês após a compra da aeronave), há registro de remessa à “RSE” de US$ 1.155.555,56 (fl. 50) efetuada pela “Táxi Aéreo PINHAL, empresa cujo sócio majoritário é o piloto “LEANDRO”, administrador da “BAP”. O Sr. “LEANDRO” aparece ainda na Internet como responsável pela venda da aeronave (fls. 316 a 321). Em outubro de 2009, há ainda contrato de mútuo celebrado entre o Sr. “EDUARDO” e a “BAP”, no valor de R$ 3.100.00,00, declarado ao fisco (IRPF do Sr. “EDUARDO” Anexo 4 e fl. 51), contrato que foi quitado em maio de 2012, mês em que a Fl. 1094DF CARF MF Impresso em 22/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11829.720011/201315 Acórdão n.º 3401003.092 S3C4T1 Fl. 1.088 15 aeronave foi vendida (também conforme DIRPF do Sr. “EDUARDO”). Quando a fiscalização solicitou o referido contrato, o Sr. “EDUARDO” informou (fl. 565): Além de não conseguir explicar as remessas, o Sr. “EDUARDO”, que detém majoritariamente o controle sobre a exportadora e a importadora, não soube explicar também por que o valor de US$ 8.155.750,00 relativo à venda da aeronave em 2012 foi transferido dois dias após o recebimento para uma conta não identificada do Banco Pactual (fl. 566): Difícil crer que alguém que utiliza por anos (como aqui já comprovado) a aeronave de empresa que assume (ainda que indiretamente) controlar sequer sabe o destino do produto da venda da aeronave. Assim como é difícil acreditar que uma empresa como a “RSE”, que detém dois jatos executivos, tenha capital social de US$ 1.500,00 (fl. 56). Mais improvável ainda que os pilotos da aeronave não recebam qualquer quantia da empresa “RSE” e residam no Brasil, quando a aeronave é estrangeira e deveria ter entrado no país apenas ocasionalmente (o piloto “LEANDRO”, administrador da “BAP”, e o piloto “JOSÉ”, em resposta a intimação, informaram que prestam serviços à “CERFCO”, empresa brasileira do Sr. “EDUARDO”). Da leitura do exposto, não é preciso muito esforço para perceber a simulação engendrada para ocultar a real operação efetuada de fato pelo Sr. “EDUARDO”. Cabível assim o enquadramento da situação no inciso V do art. 23 do DecretoLei no 1.455/1976 (e a substituição por multa da penalidade aplicada, em virtude da impossibilidade de apreensão da aeronave): “Art. 23. Consideramse dano ao Erário as infrações relativas às mercadorias: (...) V estrangeiras ou nacionais, na importação ou na exportação, na hipótese de ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude Fl. 1095DF CARF MF Impresso em 22/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 16 ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) § 1o O dano ao erário decorrente das infrações previstas no caput deste artigo será punido com a pena de perdimento das mercadorias.(Incluído pela Lei no 10.637, de 30.12.2002) (...) § 3o As infrações previstas no caput serão punidas com multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria, na importação, ou ao preço constante da respectiva nota fiscal ou documento equivalente, na exportação, quando a mercadoria não for localizada, ou tiver sido consumida ou revendida, observados o rito e as competências estabelecidos no Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972. .(Redação dada pela Lei no 12.350, de 20 de dezembro de 2010)” (grifos nossos) (...) A admissão temporária é, dentro do gênero importação, uma das espécies de operação. No caso de ocultação de responsável pela operação (importação temporária de aeronave), mediante simulação, cabível a aplicação da pena de perdimento, e sua eventual substituição por multa nas hipóteses previstas no § 3o do art. 23 do DecretoLei no 1.455/1976. Deve ser mantida, assim, a autuação em relação ao Sr. “EDUARDO”, com tal enquadramento. Do dano ao Erário O Sr. “EDUARDO” afirma que não houve dano ao erário, pois não haveria obrigação tributária a cumprir (pois o imposto de importação é de “zero” e os demais tributos são internos, não sendo ocasionados pela importação). Nas palavras do recorrente: A afirmação revela ao menos dois entendimentos equivocados em relação à “ocultação” tratada no art. 23, V do DecretoLei no 1.455/1976. O primeiro de que toda a construção legislativa que rege a matéria teve preocupação exclusivamente tributária, quando a Fl. 1096DF CARF MF Impresso em 22/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11829.720011/201315 Acórdão n.º 3401003.092 S3C4T1 Fl. 1.089 17 temática afeta à ocultação é predominantemente aduaneira, ligada à gestão de risco nas operações de comércio exterior. E o segundo, de que o dano ao Erário tem que ser especificamente caracterizado para a aplicação da penalidade. O auto de infração foi lavrado com enquadramento no art. 23, V do Decreto Lei no 1.455/1976. Dada a impossibilidade de apreensão da mercadoria, o perdimento foi substituído por multa com base no § 3o do mesmo art. 23: “Art. 23. Consideramse dano ao Erário as infrações relativas às mercadorias: (...) V estrangeiras ou nacionais, na importação ou na exportação, na hipótese de ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros. § 1o O dano ao erário decorrente das infrações previstas no caput deste artigo será punido com a pena de perdimento das mercadorias.(Incluído pela Lei no 10.637, de 30.12.2002) § 2o Presumese interposição fraudulenta na operação de comércio exterior a nãocomprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados. § 3o As infrações previstas no caput serão punidas com multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria, na importação, ou ao preço constante da respectiva nota fiscal ou documento equivalente, na exportação, quando a mercadoria não for localizada, ou tiver sido consumida ou revendida, observados o rito e as competências estabelecidos no Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972. .(Redação dada pela Lei no 12.350, de 20 de dezembro de 2010)” (grifos nossos) É cristalino que o texto (essencialmente no caput e no § 1o) não está a dizer que só quando ocasionarem dano ao Erário as infrações ali referidas serão punidas com o perdimento. Ele está, sim, trazendo claramente duas afirmações: (a) as infrações ali relacionadas consideramse dano ao Erário; e (b) o dano ao Erário é punido com o perdimento. Disso, silogisticamente, podese afirmar que as infrações ali relacionadas são punidas com o perdimento. Não há margem para discussão se houve ou não dano ao Erário, no caso concreto. Seria improdutivo discutir, v.g., o dano ao Erário no caso de abandono de mercadorias pelos importadores (conduta tipificada no inciso II do art. 23). Aliás, as disposições do DecretoLei surgem exatamente para regulamentar dispositivo constitucional (art. 150, § 11 da Constituição de 1967): “Não haverá pena de morte, de prisão perpétua, de banimento, ou confisco, salvo nos casos de guerra externa psicológica adversa, ou revolucionária ou subversiva nos termos que a lei determinar. Esta disporá também, sobre o perdimento de bens por danos causados ao Erário, ou no caso de Fl. 1097DF CARF MF Impresso em 22/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 18 enriquecimento ilícito no exercício de cargo, função ou emprego na Administração Pública, Direta ou Indireta”, como se depreende de sua Exposição de Motivos (item 17): “17. Nos artigos 23 e 24, com fulcro no artigo 153 da Lei Magna, enumeramse as infrações que, por constituírem dano ao Erário, são punidas com a pena de perdimento dos bens. De fato, todas as hipóteses arroladas, quase todas já existentes em legislação anterior, representam um comprometimento a dano de nossas reservas cambiais e uma inadimplência de obrigações tributárias essenciais.”(grifo nosso) Assim, é inócua a discussão sobre a existência de dano ao Erário nos dispositivos citados, visto que o dano ao Erário decorre do texto da própria lei (em verdade, decretolei, com força de lei). E por mais que se sustentasse eventual inconstitucionalidade da norma, careceria este tribunal de competência para avaliar a matéria, em face da Súmula CARF no 2. Nesse sentido tenho votado em diversos processos recentes, sempre com acolhida unânime do colegiado.2 Dos demais enquadramentos da infração Além do enquadramento por ocultação (já entendido como pertinente neste voto, o que é suficiente para a manutenção da autuação), a fiscalização afirma ainda terem ocorrido as infrações tratadas no art. 105, incisos VI, VII e XI do DecretoLei no 37/1966: “Art. 105. Aplicase a pena de perda da mercadoria: (...) VI estrangeira ou nacional, na importação ou na exportação, se qualquer documento necessário ao seu embarque ou desembaraço tiver sido falsificado ou adulterado; VII nas condições do inciso anterior possuída a qualquer título ou para qualquer fim; (...) XI estrangeira, já desembaraçada e cujos tributos aduaneiros tenham sido pagos apenas em parte, mediante artifício doloso; (...)” (grifo nosso) Não se tem dúvida de que a admissão temporária também demanda desembaraço para que se possa autorizar a livre circulação da aeronave (conforme arts. 360 e 571 do Regulamento Aduaneiro Decreto no 6.759/2009). 2 Acórdão n. 3403002.255, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime, Sessão de 23.mai.2013; Acórdão n. 3403 002.435, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime, Sessão de 24.set.2013; Acórdão n. 3403002.746, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime, Sessão de 30.jan.2014; Acórdão n. 3403002.842, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime, Sessão de 25.mar.2014; Acórdão n. 3403002.865, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime, Sessão de 26.mar.2014; e Acórdão n. 3403003.188, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime, Sessão de 20.ago.2014. Fl. 1098DF CARF MF Impresso em 22/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11829.720011/201315 Acórdão n.º 3401003.092 S3C4T1 Fl. 1.090 19 Mas não assiste razão à fiscalização em considerar o TEAT como documento necessário ao desembaraço. O TEAT é a própria declaração de importação no regime de admissão temporária, e não um documento instrutivo. No Regulamento Aduaneiro é clara a diferença entre a declaração de importação (art. 551) e os documentos que a instruem (art. 553). E o § 3oB inserido ao art. 689 do Regulamento Aduaneiro, de caráter explicativo, atesta que para os efeitos do inciso VI (que aqui se analisa) são necessários ao desembaraço os documentos relacionados nos incisos I a III do art. 553 (entre os quais não se encontra nem o TEAT nem o AVANAC). Vejase que a inidoneidade dos documentos atestada pelo fisco pode não ser relevante para efeito da penalidade descrita nos incisos VI e VII, mas endossa a falsidade ideológica que constituiu a simulação engendrada para a ocultação descrita no tópico inicial deste voto. Não entendemos, assim, aplicável ao caso a penalidade referida nos incisos VI e VII do art. 105 do DecretoLei no 37/1966. Em relação à penalidade mencionada no inciso XI (desembaraço com tributos aduaneiros pagos em parte, mediante artifício doloso), entendemos que há confusão sobre a leitura de tal enquadramento tanto por parte do fisco quanto por parte dos recorrentes. A fiscalização, no TVF (fls. 72/73), ao tratar do tema, intitula o tópico como “O Dano ao Erário”, já iniciando com a afirmação de que a “ocultação do real responsável pela operação é artifício em geral empregado para afastar obrigações tributárias principais e acessórias”, passando a estimar qual seria o valor referente à importação definitiva da aeronave, no que se refere a IPI e a ICMS. Tal visão distorcida da penalidade (que não é de cunho tributário, mas aduaneiro) só é amenizada na autuação pela menção ao art. 237 da Constituição Federal, que trata do controle aduaneiro. Por certo que a ocultação em uma operação de comércio exterior pode ser motivada por diversos aspectos que sequer possuem relação com pagamento de tributos. Daí termos, no tópico referente a “dano ao Erário” deste voto, esclarecido o que o DecretoLei no 1.455/1976 trata como dano ao Erário, e como ele não se confunde com ausência de recolhimento de tributos. Ou seja, não se está afirmar que é incorreto atrelar dano ao Erário à conduta tipificado no inciso XI do art. 105 do DecretoLei no 37/1966. Esclarecese somente que o dano ao Erário está atrelado a todas as condutas referidas no art. 23 do DecretoLei no 1.455/1976 (o que inclui as referidas nos arts. 104 e 105 do DecretoLei no 37/1966). Em matéria aduaneira, a ocultação pode objetivar, v.g., burla à análise de risco, aos critérios de habilitação, e a eventuais proibições/restrições. Não há qualquer relação necessária entre ocultação e “sonegação/crime contra ordem tributária”. A visão de que a função da Aduana é primordialmente arrecadar tributos incidentes sobre o comércio exterior foi superada há mais de três décadas. Basta verificar o próprio sítio web da Aduana brasileira, dentro da estrutura da RFB, para perceber o que aqui se expõe. Dito isso, voltemos à alegação do fisco de que houve ausência de recolhimento (ao menos de IPI), visto que a autuação referente a ICMS seria de competência estadual/distrital. Tal tese seria coerente, a nosso ver, com a efetiva exigência do tributo que deixou de ser pago, tendo em vista a impossibilidade de apreensão da aeronave. Afinal de contas, se houve falta dolosa de pagamento de tributos devidos pela importação e o bem foi apreendido, incabível se falar em exigência de tributos. Mas se houve falta dolosa de Fl. 1099DF CARF MF Impresso em 22/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 20 pagamento de tributos devidos pela importação e a mercadoria não foi objeto de apreensão, necessária a exigência dos tributos. Para o imposto de importação, há disposição legal expressa nesse sentido art. 1o, § 4o, III do DecretoLei no 37/1966. Em relação ao IPI, se a fiscalização entendeu ter havido desembaraço aduaneiro e que a importação foi definitiva, nascida está a obrigação de recolhimento do tributo. Mas não se noticia nos autos que tenha havido qualquer exigência de tributos cumulativa com a multa substitutiva do perdimento (em que pese tal exigência possa ter sido efetuada em processo separado, sem que se tenha feito referência a ela nos autos). Alega o fisco que houve conduta dolosa tendente a subtrair R$ 1.448.771,20 a título de IPI (alíquota de 10% para aeronaves), que seria a quantia exigida em caso de importação definitiva. Sendo a conduta dolosa a simulação aqui já discutida, cabível a nosso ver, a priori, o enquadramento. Em apertada síntese, apesar de entendermos cabível, no caso, o enquadramento no inciso XI art. 105 do DecretoLei no 37/1966, os elementos constantes no processo apontam, como já exposto, para a hipótese de ocultação constante no art. 23, V do DecretoLei no 1.455/1976 (que inclusive independe da existência de diferença de tributos a recolher). E o fato de entendermos cabíveis ambos os enquadramentos de forma alguma permite a duplicação da multa aplicada, mas tão somente sua manutenção por dois fundamentos não excludentes. Do valor da autuação A autuação toma por base a data da última admissão temporária registrada para a aeronave: 27/01/2012. E o valor adotado é o da venda da aeronave pactuada meses depois (US$ 8.160.000,00) convertido para reais ao câmbio da data da última admissão temporária. O Sr. “EDUARDO” alega em sua peça recursal que o valor lançado é ilíquido, pois foi adotado o valor da aeronave na data de comercialização com terceiro (julho/2012), muito antes do momento da apuração da infração (outubro/2013). E sustenta ainda que a autuação considerou como data de ocorrência da infração o da última entrada da aeronave em território nacional (27/01/2012), seguida da expressão “a título exemplificativo”, fazendo parecer que poderia ter sido escolhida outra. Equivocada a visão do recorrente, pois a data da apuração da infração não se confunde com a data da lavratura da autuação, mas com a data da prática da conduta tida como infracional. E nessa data foi o fisco conservador, adotando a última admissão temporária efetuada. Em que pese tenha utilizado a infeliz expressão “a título exemplificativo”, o fez notoriamente para afirmar que entre as admissões temporárias efetuadas com ocultação, v.g., elegeu a mais benéfica para o(s) recorrente(s). As infrações (v.g., ocultação) vêm sendo praticadas desde a primeira admissão temporária, e isso resta claro nos autos. Possível seria, então, exigir o valor remetendo à primeira admissão. Mas, diante da opção do fisco, mais benéfica à empresa, este tribunal não poderia agora majorar o valor lançado. O fisco adotou como marco temporal a última admissão (na qual indiscutivelmente também ocorreu a prática das infrações narradas). E tal adoção por certo reduziu o valor lançado, de forma conservadora, pois a própria recorrente reconhece (e os Fl. 1100DF CARF MF Impresso em 22/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 11829.720011/201315 Acórdão n.º 3401003.092 S3C4T1 Fl. 1.091 21 documentos comprovam) que a aeronave tem seu valor paulatinamente depreciado com o tempo. Assim, a adoção do valor de venda do mês de julho de 2012, diante do marco temporal adotado de 27/01/2012 também se revela conservadora, pois se o bem tinha o valor de US$ 8.160.000,00 em julho, e está em constante depreciação, seis meses antes deveria valer mais. Ou seja, se o critério adotado pelo fisco prejudicou alguém, esse alguém foi o próprio fisco, e não o(s) recorrente(s). Mantémse assim o valor lançado. Da responsabilidade pelas infrações Esse também é um tópico sob o qual paira muita confusão, tanto na autuação quanto nas peças recursais. Cabe aqui de início esclarecer, em relação à ocultação, que não houve desconsideração da personalidade jurídica das empresas “RSE” e “BAP”, tanto que estas foram mantidas no polo passivo, na qualidade de responsáveis. Houve sim, como já exposto em tópico anterior deste voto, verificação da existência de simulação (ocultação do responsável pela operação) por tais empresas e por outras pessoas, restando claro, conforme o TVF (fl. 74) que o Sr. “EDUARDO” é o principal responsável pelas infrações apuradas. Todas as pessoas indicadas ao lado do Sr. “EDUARDO” no polo passivo da autuação (à exceção da empresa “RSE”, que foi revel ainda em sede de impugnação) propugnaram pela inaplicabilidade do art. 95 do DecretoLei no 37/1966 ao caso, e pela incompatibilidade entre a pena aplicada (multa substitutiva do perdimento) e a multa por cessão de nome, prevista no art. 33 da Lei no 11.488/2007. A responsabilidade em matéria de infrações aduaneiras, como a tratada no presente processo, não é especificamente regulada pelo Código Tributário Nacional, mas pelo art. 95 do DecretoLei no 37/1966. E já no inciso I, estabelece a norma aduaneira de ordem legal que respondem pela infração conjunta ou isoladamente quem quer que, de qualquer forma, concorra para sua prática ou dela se beneficie. Apesar de as considerações de defesa calcadas no Código Tributário Nacional (sobre responsabilidade tributária e sobre responsabilidade pessoal) serem pouco pertinentes ao caso em análise, que trata de infração aduaneira, temse que tanto na seara tributária quanto na aduaneira, o simples fato de as pessoas físicas serem sócias de empresa é insuficiente para imputarlhes responsabilidade por infrações. Como exposto, o art. 95 do DecretoLei no 37/1966 exige, para responsabilização, que a pessoa concorra para a prática da infração ou dela se beneficie. E, neste aspecto, resta bem demonstrada, pelo que já narramos, a participação das empresas “RSE” e “BAP”, responsáveis diretas pelas operações de importação, com ativa participação e absoluta ciência das operações realizadas, concorrendo para a prática da infração direta e reiteradamente. Fl. 1101DF CARF MF Impresso em 22/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 22 Contudo, não restou objetivamente demonstrada a participação dos pilotos “LEANDRO” e “JOSÉ”, que não podem ser responsabilizados simplesmente por serem ou terem sido sócios (ainda que administradores) da “BAP”, ou por terem pilotado a aeronave e firmarem, em tal qualidade, os termos de entrada. Restou, em síntese, ausente a indicação objetiva de qual foi a forma pela qual tais pessoas efetivamente concorreram para a prática da infração ou dela se beneficiaram. Por fim, no que se refere à alegação de impossibilidade de aplicação conjunta da multa substitutiva do perdimento com a multa prevista no art. 33 da Lei no 11.488/2007, cabe informar que, ao se comprovar ocultação/acobertamento em uma operação de importação, aplicase a pena de perdimento à mercadoria (ou a multa que a substitui), com fundamento no art. 23, V do DecretoLei no 1.455/1976 (e em seu § 3o). Assim, a penalidade de perdimento afeta materialmente o acobertado (e o acobertante, de forma conjunta ou isolada, conforme estabelece o art. 95 do DecretoLei no 37/1966), embora a multa por acobertamento, prevista no art. 33 da Lei no 11.488/2007, afete somente o acobertante, e justamente pelo fato de “acobertar”, quando identificado o acobertado. No entanto, o presente processo trata somente da multa substitutiva do perdimento, não havendo imputação da multa prevista no art. 33 da Lei no 11.488/2007, que, destaquese, seria aplicável, em autos diversos, somente ao acobertante, jamais ao acobertado, e não representa penalidade mais específica ou mais benigna, mas penalidade diversa. Incabível, pelo exposto, a discussão da multa prevista no art. 33 da Lei no 11.488/2007, sequer aplicada nestes autos. Diante do exposto, voto no sentido de dar parcial provimento aos recursos voluntários apresentados, apenas para afastar dois dos quatro fundamentos (incisos VI e VII do art. 105 do DecretoLei no 37/1966) empregados para a aplicação da pena de perdimento substituída por multa, e para excluir do polo passivo o Sr. José Antônio Barth de Freitas e o Sr. Leandro Rodrigues Cordeiro. Rosaldo Trevisan Fl. 1102DF CARF MF Impresso em 22/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL
score : 1.0
Numero do processo: 13971.000556/2008-26
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 27 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Feb 16 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/03/2006 a 31/12/2008
Ementa:
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OBSCURIDADE. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO. REDISCUSSÃO DO JULGADO.
Os embargos de declaração prestam-se ao questionamento de obscuridade, omissão ou contradição em acórdão proferido pelo CARF, não constituindo peça recursal hábil à simples rediscussão da matéria julgada pelo colegiado.
Numero da decisão: 3401-003.080
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em rejeitar os embargos de declaração apresentados. Vencido o Conselheiro Júlio César Alves Ramos, que votou pelo não conhecimento do recurso.
JÚLIO CÉSAR ALVES RAMOS - Presidente.
ROSALDO TREVISAN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Júlio César Alves Ramos (presidente da turma), Robson José Bayerl (presidente substituto), Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Rosaldo Trevisan, Waltamir Barreiros, Eloy Eros da Silva Nogueira, Elias Fernandes Eufrásio (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/03/2006 a 31/12/2008 Ementa: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OBSCURIDADE. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO. REDISCUSSÃO DO JULGADO. Os embargos de declaração prestam-se ao questionamento de obscuridade, omissão ou contradição em acórdão proferido pelo CARF, não constituindo peça recursal hábil à simples rediscussão da matéria julgada pelo colegiado.
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Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/03/2006 a 31/12/2008 Ementa: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OBSCURIDADE. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO. REDISCUSSÃO DO JULGADO. Os embargos de declaração prestamse ao questionamento de obscuridade, omissão ou contradição em acórdão proferido pelo CARF, não constituindo peça recursal hábil à simples rediscussão da matéria julgada pelo colegiado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em rejeitar os embargos de declaração apresentados. Vencido o Conselheiro Júlio César Alves Ramos, que votou pelo não conhecimento do recurso. JÚLIO CÉSAR ALVES RAMOS Presidente. ROSALDO TREVISAN Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Júlio César Alves Ramos (presidente da turma), Robson José Bayerl (presidente substituto), Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Rosaldo Trevisan, Waltamir Barreiros, Eloy Eros da Silva Nogueira, Elias Fernandes Eufrásio (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 97 1. 00 05 56 /2 00 8- 26 Fl. 807DF CARF MF Impresso em 16/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS 2 Relatório Tratase de embargos de declaração (fls. 793 a 801) opostos pela empresa, em relação ao Acórdão nº 3403003.535, de 29/01/2015, que, por sua vez tratou de embargos de declaração interpostos em relação ao Acórdão nº 3403003.305, de 14/10/2014. Alega a embargante que a turma de julgamento, ao apreciar os embargos anteriormente interpostos, incorreu em obscuridade (por aplicar o precedente do STJ no REsp no 973.733, limitando seus efeitos apenas aos casos de pagamento em dinheiro por meio de DARF, o que não se encaixa no caso de que tratam os autos, relativo a compensação, e por olvidarse da previsão legal da compensação como extinção do crédito tributário), contradição (por aplicar o relator o tratamento do referido precedente mesmo entendendo que compensação e pagamento são institutos diversos), e eventualmente omissão (não especificada ao longo dos embargos). Os embargos foram admitidos pelo despacho de fls. 805/806, em 10/08/2015, tão somente no que se refere a obscuridade e contradição (visto que não houve apontamento objetivo de omissão), e a mim distribuídos para inclusão em pauta de julgamento e apreciação pelo colegiado, no mérito. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator Tendo os pressupostos para admissibilidade dos embargos já sido avaliados no despacho de fls. 805/806, passase diretamente à análise das obscuridades e contradições objetivamente apontadas. Como se destacou no exame de admissibilidade, lá não se estava a verificar efetivamente se houve obscuridade, omissão ou contradição, mas se estas haviam sido objetivamente apontadas. Relevante ainda destacar que em tal exame se recordou que com o novo RICARF, aprovado pela Portaria MF no 343/2015, mais precisamente com seu art. 65, § 8º, passou a existir expressa previsão de sustentação oral pelas partes no julgamento de embargos de declaração. A obscuridade é apontada como a aplicação indevida do precedente do STJ no REsp no 973.733, olvidandose do comando do art. 74, §§ 1º, 2º e 5º da Lei nº 9.430/1996. Ocorre que a decisão embargada (Acórdão nº 3403003.535) não é fundamentada no referido precedente, e o tema relativo a eventual obscuridade em relação à confusão levada a cabo pela embargante entre os termos "compensação" e "pagamento" já foi objeto de apreciação pelo colegiado nos embargos anteriormente interpostos, com decisão unânime. Assim, busca a peça de defesa, neste tópico, simplesmente rediscutir a decisão anterior, o que não encontra guarida na previsão regimental relativa aos embargos de declaração. Por fim, aponta a embargante a existência de contradição, porque a decisão afirma textualmente que "pagamento não é compensação" e aplica o precedente do STJ no REsp no 973.733, relativo a pagamento, quando nos autos se trata de compensação. Também aqui já se destacou no acórdão relativo aos primeiros embargos que a menção a "compensação" Fl. 808DF CARF MF Impresso em 16/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS Processo nº 13971.000556/200826 Acórdão n.º 3401003.080 S3C4T1 Fl. 808 3 sequer constava do recurso voluntário da empresa (que expressamente tratava de pagamento e "recolhimento"). Já se salientou no parágrafo anterior que a decisão embargada (Acórdão nº 3403003.535) não é fundamentada no referido precedente (parece haver confusão com o acórdão de recurso voluntário, que fazia menção ao referido precedente à fl. 733, como endosso da argumentação), e que a confusão entre os termos é efetuada pela empresa, sendo de fato corrigida pelo julgador no acórdão referente aos primeiros embargos. Novamente se tenta rediscutir matéria já apreciada pelo colegiado, com resultado unânime, sem que haja propriamente uma contradição. Em síntese, a "contradição" e a "obscuridade" apontadas, em verdade refletem simples tentativa de rediscussão de temas já analisados no primeiro acórdão referente a embargos. Pelo exposto, restaram ausentes na decisão embargada a "obscuridade" e a "contradição" apontadas, e os embargos de declaração, recordese, prestamse a questionamento de obscuridade, omissão ou contradição em acórdão proferido pelo CARF, não constituindo peça recursal hábil à simples rediscussão da matéria julgada pelo colegiado. Voto, portanto, no sentido de rejeitar os embargos de declaração apresentados. Rosaldo Trevisan Fl. 809DF CARF MF Impresso em 16/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por JULIO CESAR ALVES RAMOS
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Numero do processo: 10665.721417/2011-19
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 23 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Mar 22 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/06/2006 a 31/12/2007
JULGAMENTO ADMINISTRATIVO PELO CARF. CONSULTA. EFEITOS. INDEPENDÊNCIA.
A decisão proferida por colegiado do CARF/MF em relação a um caso concreto para o qual exista Solução de Consulta da RFB em sentido diverso (o que jamais poderia ocorrer nos órgãos de julgamento que são parte da própria RFB) não produz qualquer efeito em relação à Solução de Consulta destinada ao autuado, que continua aplicável e vinculante em relação a todos os demais períodos e casos, o que endossa a independência entre os processos administrativos de determinação e exigência de crédito tributário e os processos administrativos de consulta.
JULGAMENTO DE PISO. ALTERAÇÃO DE FUNDAMENTO. NOVO LANÇAMENTO. IMPOSSIBILIDADE.
A alteração de fundamento pela DRJ equivale à declaração de improcedência da autuação, acompanhada de um novo lançamento, procedimento incompatível com a atividade do julgador.
Numero da decisão: 3401-003.097
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário apresentado, vencido o conselheiro Robson José Bayerl, quanto às aquisições de carvão vegetal, por acompanhar o entendimento da autuação.
ROBSON JOSÉ BAYERL - Presidente Substituto.
ROSALDO TREVISAN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl (presidente substituto), Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Rosaldo Trevisan, Waltamir Barreiros, Eloy Eros da Silva Nogueira, Elias Fernandes Eufrásio (suplente), Fenelon Moscoso de Almeida (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/06/2006 a 31/12/2007 JULGAMENTO ADMINISTRATIVO PELO CARF. CONSULTA. EFEITOS. INDEPENDÊNCIA. A decisão proferida por colegiado do CARF/MF em relação a um caso concreto para o qual exista Solução de Consulta da RFB em sentido diverso (o que jamais poderia ocorrer nos órgãos de julgamento que são parte da própria RFB) não produz qualquer efeito em relação à Solução de Consulta destinada ao autuado, que continua aplicável e vinculante em relação a todos os demais períodos e casos, o que endossa a independência entre os processos administrativos de determinação e exigência de crédito tributário e os processos administrativos de consulta. JULGAMENTO DE PISO. ALTERAÇÃO DE FUNDAMENTO. NOVO LANÇAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. A alteração de fundamento pela DRJ equivale à declaração de improcedência da autuação, acompanhada de um novo lançamento, procedimento incompatível com a atividade do julgador.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário apresentado, vencido o conselheiro Robson José Bayerl, quanto às aquisições de carvão vegetal, por acompanhar o entendimento da autuação. ROBSON JOSÉ BAYERL - Presidente Substituto. ROSALDO TREVISAN - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl (presidente substituto), Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Rosaldo Trevisan, Waltamir Barreiros, Eloy Eros da Silva Nogueira, Elias Fernandes Eufrásio (suplente), Fenelon Moscoso de Almeida (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
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NÃOCUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. NÃOCUMULATIVIDADE. INSUMOS DOS INSUMOS... POSSIBILIDADE DE TOMADA DE CRÉDITOS. Em um processo produtivo de uma mesma empresa com várias etapas, cada qual gerando um produto que será insumo na etapa seguinte ("insumos dos insumos...") v.g., sementes como insumos para gerar árvores/madeira, que servem de insumos na obtenção do carvão vegetal, que constitui, por sua vez, insumo para a produção do ferrogusa temse que o único elemento que se acrescenta ao conceito de insumo é o silogismo (se "a" é necessário a "b", e "b" é necessário a "c", então "a" é necessário a "c"), não obstando a tomada de créditos, tendo em vista que a exigência de vinculação “direta” (ou mesmo contato físico) com o produto vendido não encontra respaldo legal para as contribuições não cumulativas. A simples leitura do inciso II do art. 3o das leis de regência (Lei no 10.637/2002 e Lei no 10.833/2003) mostra que os bens e serviços devem ser utilizados como insumo “na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda...”, e não “na produção ou fabricação direta de bens ou produtos destinados à venda...”. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 66 5. 72 14 17 /2 01 1- 19 Fl. 1961DF CARF MF Impresso em 22/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 2 Período de apuração: 01/06/2006 a 31/12/2007 COFINS. NÃOCUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. NÃOCUMULATIVIDADE. INSUMOS DOS INSUMOS... POSSIBILIDADE DE TOMADA DE CRÉDITOS. Em um processo produtivo de uma mesma empresa com várias etapas, cada qual gerando um produto que será insumo na etapa seguinte ("insumos dos insumos...") v.g., sementes como insumos para gerar árvores/madeira, que servem de insumos na obtenção do carvão vegetal, que constitui, por sua vez, insumo para a produção do ferrogusa temse que o único elemento que se acrescenta ao conceito de insumo é o silogismo (se "a" é necessário a "b", e "b" é necessário a "c", então "a" é necessário a "c"), não obstando a tomada de créditos, tendo em vista que a exigência de vinculação “direta” (ou mesmo contato físico) com o produto vendido não encontra respaldo legal para as contribuições não cumulativas. A simples leitura do inciso II do art. 3o das leis de regência (Lei no 10.637/2002 e Lei no 10.833/2003) mostra que os bens e serviços devem ser utilizados como insumo “na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda...”, e não “na produção ou fabricação direta de bens ou produtos destinados à venda...”. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/06/2006 a 31/12/2007 JULGAMENTO ADMINISTRATIVO PELO CARF. CONSULTA. EFEITOS. INDEPENDÊNCIA. A decisão proferida por colegiado do CARF/MF em relação a um caso concreto para o qual exista Solução de Consulta da RFB em sentido diverso (o que jamais poderia ocorrer nos órgãos de julgamento que são parte da própria RFB) não produz qualquer efeito em relação à Solução de Consulta destinada ao autuado, que continua aplicável e vinculante em relação a todos os demais períodos e casos, o que endossa a independência entre os processos administrativos de determinação e exigência de crédito tributário e os processos administrativos de consulta. JULGAMENTO DE PISO. ALTERAÇÃO DE FUNDAMENTO. NOVO LANÇAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. A alteração de fundamento pela DRJ equivale à declaração de improcedência da autuação, acompanhada de um novo lançamento, procedimento incompatível com a atividade do julgador. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 1962DF CARF MF Impresso em 22/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 10665.721417/201119 Acórdão n.º 3401003.097 S3C4T1 Fl. 1.962 3 Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário apresentado, vencido o conselheiro Robson José Bayerl, quanto às aquisições de carvão vegetal, por acompanhar o entendimento da autuação. ROBSON JOSÉ BAYERL Presidente Substituto. ROSALDO TREVISAN Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl (presidente substituto), Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Rosaldo Trevisan, Waltamir Barreiros, Eloy Eros da Silva Nogueira, Elias Fernandes Eufrásio (suplente), Fenelon Moscoso de Almeida (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente). Relatório Versa o presente sobre autos de infração, lavrados em 07/06/2011 (fls. 2 a 10, e 70 a 79)1 para exigência, respectivamente, de Contribuição para o PIS/PASEP (crédito total original de R$ 129.036,33) e de COFINS (crédito total original de R$ 770.722,46), ambas referentes ao período de junho de 2006 a dezembro de 2007, por falta de recolhimento, detalhada em Termos de Verificação Fiscal (TVF). Nos TVF (fls. 11 a 69, e 80 a 138) a fiscalização narra basicamente que: (a) verificou, em várias operações de aquisição de carvão vegetal de pessoas jurídicas (relacionadas no Anexo II fls. 26 a 39, e 95 a 108), que a nota de entrada emitida apresenta valor superior ao da correspondente nota de saída do produtor, tendo sido contabilizado como valor da operação o constante da nota de entrada (de emissão própria), sem que tivesse havido nota fiscal de complementação pelo produtor, tendo sido as diferenças apuradas objeto de glosa pela fiscalização, conforme demonstrado no Anexo IV (fls. 49 a 56, e 118 a 125); (b) foram glosados da base de cálculo dos créditos das contribuições os custos lançados nas contas “custo da produção carvão vegetal” (4.1.2, desmembrado em “serviços de terceiros” PJ, “frete matéria prima” PJ, e “aluguel de máquinas e equipamentos”); “custo transporte próprio” (4.1.3, desmembrado em “combustíveis e lubrificantes”, e “serviços de terceiros” PJ) e “custos das 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 1963DF CARF MF Impresso em 22/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 4 fazendas “ (4.1.5, desmembrado em “combustíveis e lubrificantes”, “serviços de terceiros” – PJ; e “aluguel de máquinas e equipamentos”), por não estarem diretamente ligados à produção dos bens destinados à venda (de ferro gusa), não se enquadrando no conceito de insumos (IN SRF no 247/2002 e no 404/2004); (c) apesar de a contribuinte sustentar que os insumos abrangem todo e qualquer custo ou despesa da empresa, a Solução de Consulta no 169, de 01/10/2008, em resposta à própria empresa, esclareceu que “gastos efetuados pela pessoa jurídica só geram direito a créditos da COFINS quando, além de atenderem aos demais requisitos da legislação de regência, estiverem diretamente vinculados à fabricação dos produtos destinados à venda”, com idêntica resposta para a Contribuição para o PIS/PASEP; (d) no que se refere a custos ligados às fazendas e/ou à produção própria de carvão vegetal, a Solução de Consulta no 144, de 09/10/2009, também demandada pela própria empresa, esclareceu que “a pessoa jurídica cujo processo produtivo consiste em, sucessivamente, formar florestas, utilizálas na produção de carvão vegetal e empregálo na fabricação de ferrogusa não faz jus a créditos da COFINS referentes aos custos de formação das florestas ou de produção do carvão vegetal”, com idêntica resposta para a Contribuição para o PIS/PASEP; (e) foram glosados, em relação ao ativo imobilizado: gastos com reflorestamento atribuídos ao período de jan/2006 a dez/2007; equipamentos aplicados nas fazendas e fornos de carvão, por não estarem diretamente ligados à produção; e benfeitorias e edificações em imóveis; (f) após a reconstituição das bases de cálculo das contribuições e dos créditos correspondentes, a fiscalização chegou aos valores constantes do Anexo IV (fls. 49 a 56, e 118 a 125), que mantém, para facilitar o cotejo, a mesma estrutura da apuração feita pelo contribuinte (Anexo I fls. 18 a 25, e 87 a 94); e a fiscalização indicou, no Anexo V, parte “B”, o estorno de valores relativos aos pedidos de ressarcimento (PER/DCOMP eletrônicos) indicados às fls. 17 e 86, sendo que as presentes autuações se referem a lançamento do tributo devido em cada período de apuração, não pago e não declarado em DCTF, conforme Anexo VII (fls. 69 e 138), acrescidos de juros e multa proporcional (75%). Cientificada das autuações em 13/06/2011 (cf. AR de fl. 834), a empresa apresenta, em 12/07/2011, impugnações em relação à Contribuição para o PIS/PASEP (fls. 836 a 860), e em relação à COFINS (fls. 1016 a 1040), alegando, em síntese, que: (a) a emissão de nota de entrada referente às compras de carvão vegetal de pessoas jurídicas foi realizada em cumprimento à Fl. 1964DF CARF MF Impresso em 22/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 10665.721417/201119 Acórdão n.º 3401003.097 S3C4T1 Fl. 1.963 5 legislação estadual (art. 150 do Anexo IX do RICMS/02 de Minas Gerais Decreto no 43.080/2002), tendo como parâmetro o preço efetivamente pago pelo produto (independente do indicado na nota de venda do produtor, que é efetuada sem aferição precisa de quantidade e qualidade), sendo que a indicação expressa na nota fiscal de entrada da empresa ao documento fiscal do produtor revela a boafé e a intenção de explicitar toda a operação (há ainda várias notas fiscais de entrada com valor inferior à emitida pelo produtor, contraditoriamente sequer mencionadas pelo fisco; mas, mesmo nesses casos, a empresa registra e efetua o pagamento pela sua nota de entrada); (b) o processo produtivo do ferrogusa é longo e envolve basicamente três etapas: (1) a produção da lenha, que será utilizada na (2) produção de carvão vegetal, por sua vez consumido na (3) produção do ferrogusa; e se inicia com a formação das florestas de eucalipto (desde a aquisição de mudas selecionadas e o sulcamento do solo, com aplicação de calcário dolomítico), passando pelo controle químico de plantas daninhas e capinação, pela aplicação de formicidas, pela adubação, pela irrigação e pelos tratos culturais, chegando à colheita (derrubada, desgalhamento, traçamento e empilhamento) das árvores e o transporte de toras para secagem e posterior carbonização em fornos de tijolos, seguindose o resfriamento e a descarga, gerando como principal produto o carvão vegetal, que é transferido para cestos e armazenado para posterior transporte até a siderúrgica, para produção do ferrogusa (como combustível e como agente químico, integrandose ao produto final), que consiste em uma liga de ferro e alto teor de carbono; (c) daí as despesas com aquisição de mudas, fertilizantes, calcário e outros produtos químicos; aluguel de máquinas e equipamentos (pagos a PJ) como tratores e caminhões pipa; contratação de serviços de PJ, como capina, limpeza e manutenção de equipamentos; máquinas, equipamentos e bens do ativo imobilizado para produção de lenha ou carvão; e frete para aquisições de insumos e bens do ativo imobilizado; (d) o conceito de insumo, para as contribuições, abarca todos os custos ou despesas necessários à atividade da empresa, como vem reconhecendo o CARF (inclusive a CSRF); e em relação ao ativo imobilizado, são improcedentes as glosas referentes a: gastos com reflorestamento (tendo a empresa se ajustado ao posicionamento que lhe foi externado em Solução de Consulta, estornando o crédito em 31/11/2008, como reconhece, mas ignora na autuação, o fisco, ensejando dupla onerosidade à empresa, com glosa do crédito e manutenção Fl. 1965DF CARF MF Impresso em 22/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 6 do estorno, destacando ainda que a legislação permite descontar créditos sobre recursos florestais, seja no inciso VI cf. Solução de Consulta no 36/2011 ou no inciso II do art. 3o das leis de regência Leis no 10.637/2002 e no 10.833/2003); gastos com aquisição de equipamentos utilizados nas fazendas e com fornos de carvão (sendo a motivação da glosa não estarem os bens ligados diretamente à produção dos bens vendidos desconectada da base legal (inciso VI do art. 3o das leis de regência); e gastos com benfeitorias e edificações (se não pudesse a empresa usar a depreciação acelerada para tais bens, ao menos poderia se valer da taxa de depreciação em função do prazo de vida útil do bem, cf. prevê expressamente a IN SRF no 457/2004, art. 1o, II e § 1o). Em 29/07/2013 ocorre o julgamento de primeira instância de ambas as impugnações (fls. 1198 a 1222), no qual se decide unanimemente pela parcial procedência da impugnação, sob os argumentos de que: (a) deveria ter havido a emissão de nota fiscal complementar pela pessoa jurídica vendedora, visto que o RICMS/MG só dispensa de tal emissão a pessoa física, e a obrigatoriedade está ainda prevista em Convênios SINIEF; (b) não foi comprovado que o “valor pago pelo insumo” é o correspondente à nota fiscal de entrada; (c) nos casos em que o valor da nota fiscal de entrada é inferior ao da nota fiscal do produtor, a empresa poderá solicitar o crédito (não cabendo ao fisco a concessão de ofício); (d) o conceito de insumo para as contribuições é o constante das IN SRF no 247/2002 e no 404/2004, não havendo possibilidade de crédito em relação aos gastos aplicados na produção de bem que não seja o produto vendido, como já se pronunciou a DISIT/SRRF06 em resposta a diversas consultas da empresa (Soluções de Consulta no 169/2008, 179/2008, 144/2009), que também atestam a impossibilidade de crédito em relação a gastos com reflorestamento; (e) não há fundamento legal que autorize a apropriação de créditos em relação a exaustão das florestas; (f) o estorno efetuado pela empresa não foi acompanhado de retificação das DACON e demais declarações do período (v.g. DCTF e PER/DCOMP), o que fez com que a contribuinte acertasse o saldo final do crédito, mas não recolhesse as diferenças das contribuições; (g) o conceito de insumo das IN SRF no 247/2002 e no 404/2004 é ainda incompatível com a apropriação de créditos sobre equipamentos utilizados nas fazendas e com os fornos de carvão, que não são utilizados “na produção de bens destinados a venda”; e (h) em relação a benfeitorias e edificações, são procedentes as alegações da empresa no sentido de que é possível descontar créditos pela taxa de depreciação em função do prazo de vida útil do bem, devendo ser adotadas as taxas estabelecidas nas IN SRF no 162/1998 e no 130/1999 (4%) no recálculo pela unidade local. O recálculo foi feito pela unidade local em 04/09/2013 (fls. 1224 a 1271). Cientificada do acórdão da DRJ em 17/10/2013 (cf. AR à fl. 1283), a empresa apresenta Recurso Voluntário em 18/11/2013 (fls. 1285 a 1307), sustentando, em síntese, que: (a) a DRJ fundou a manutenção da glosa em relação a aquisições de carvão vegetal na ausência de emissão de nota fiscal complementar atribuída a terceiro (o fornecedor), sob o qual não possui poder de polícia a recorrente, destacandose que nem mesmo a legislação do ICMS exige que a nota fiscal complementar seja emitida de forma imediata; (b) a DRJ alterou o enquadramento da autuação ao reconhecer que o valor real pago pelo insumo é que deve ser utilizado, mas que tal valor não foi comprovado pela recorrente, sendo que tais comprovantes jamais lhe foram solicitados pelo fisco (mas se for o entendimento do julgador, podem ser apresentados em sede de diligência); (c) assiste direito à recorrente de tomar créditos em relação a custos de produção relacionados a formação de florestas de eucalipto e produção do próprio carvão vegetal, aquisição de combustíveis e lubrificantes utilizados no Fl. 1966DF CARF MF Impresso em 22/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 10665.721417/201119 Acórdão n.º 3401003.097 S3C4T1 Fl. 1.964 7 transporte de insumos entre seus estabelecimentos, aluguel de máquinas e equipamentos utilizados nas florestas de eucalipto e nos fornos de carvão, e reflorestamento, não podendo ser utilizado o conceito de insumo da legislação do IPI, mas o que abarca os custos essenciais ao exercício do objeto social da empresa, como vem entendendo o CARF; (d) ainda que adotado o conceito restritivo de insumos, deve ser revista a glosa dos créditos apurados sobre os custos com reflorestamento, diante do estorno anterior, para que não seja a empresa onerada duplamente (visto que todo o crédito que deveria ser estornado foi devidamente debitado do saldo acumulado de créditos, inexistindo as “diferenças das contribuições” a recolher alegada pela DRJ); e (e) a DRJ adota dois pesos e duas medidas ao não permitir que se considere a nota de saída do fornecedor (tal qual fez o fisco quando esta tinha valor menor) nas hipóteses em que tenha valor superior à nota de entrada da recorrente. Por meio da Resolução no 3403000.597, de 15/10/2014 (fls. 1311 a 1323), houve conversão do julgamento em diligência, para que a unidade de origem: (a) detalhasse os lançamentos contábeis efetuados pela recorrente (relação de bens e serviços glosados, com descrição individualizada do bem/serviço e valor) nas contas “custo da produção carvão vegetal” (4.1.2, desmembrado em “serviços de terceiros” PJ, “frete matéria prima” PJ, e “aluguel de máquinas e equipamentos”); “custo transporte próprio” (4.1.3, desmembrado em “combustíveis e lubrificantes”, e “serviços de terceiros” PJ); e “custos das fazendas “ (4.1.5, desmembrado em “combustíveis e lubrificantes”, “serviços de terceiros” PJ; e “aluguel de máquinas e equipamentos”); de modo a tornar possível apreciar a lide no contexto do conceito de insumo aqui adotado; e (b) esclarecesse de forma conclusiva se efetivamente está havendo, no que se refere a gastos com reflorestamento, dupla onerosidade à recorrente. No relatório de fls. 1936 a 1952, a fiscalização detalha o conteúdo das contas do grupo 4.1.2 (custo da produção carvão vegetal), 4.1.3 (custo transporte próprio), 4.1.5 (custo das fazendas), emitindo avaliação no sentido de que efetivamente, diante da glosa e do estorno efetuado pela empresa, estaria havendo duplicidade de efeitos decorrentes da desconsideração dos créditos de reflorestamento, o que seria sanado, em função dos diferentes efeitos provocados pelas medidas (glosas em dezembro de 2007 e estorno em novembro de 2008) com acerto de DACON e demais declarações a partir de janeiro de 2008. Cientificada o teor do relatório, a recorrente apresentou o documento de fls. 1954 a 1957, alegando que (a) do relatório de diligência resta evidente a relação de essencialidade/necessidade entre os bens e serviços lá descritos e o processo produtivo da empresa; e que (b) mantida a glosa dos créditos de COFINS sobre gastos com reflorestamento, a empresa estaria sendo onerada em duplicidade. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso voluntário apresentado atende os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Fl. 1967DF CARF MF Impresso em 22/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 8 Como retratado na Resolução no 3403000.597, permanecem contenciosas após a decisão da DRJ e a apresentação de recurso voluntário as seguintes matérias: (a) a delimitação do conceito de insumos na legislação que trata das contribuições (Contribuição para o PIS/PASEP e COFINS); (b) a aplicação de tal conceito às glosas em espécie, e (c) glosas em relação a aquisições de carvão vegetal. Retomaremos inicialmente, aqui, a análise da delimitação do conceito de insumo, já empreendida antes da conversão em diligência (para que o julgador e a unidade local estivessem a conversar em uma mesma linguagem). 1. Da delimitação do conceito de insumos para as contribuições Como exposto na Resolução no 3403000.597, e em reiterados julgados deste CARF, o termo insumo é polissêmico. Por isso, há que se indagar qual é sua abrangência no contexto das Leis no 10.627/2002 e no 10.833/2003. Na busca de um norte para a questão, poderseia ter em consideração os teores do § 5o do art. 66 da IN SRF no 247/2002 (editado com base no art. 66 da Lei no 10.637/2002) e do art. 8o da IN SRF no 404/2004 (editado com alicerce no art. 92 da Lei no 10.833/2003), que, para efeito de disciplina da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, estabelecem entendimento de que o termo insumo utilizado na fabricação ou produção de bens destinados à venda abrange “as matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado” e “os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto”. Outro caminho seria buscar analogia com a legislação do IPI ou do IR (ambas frequentes na jurisprudência deste CARF). Contudo, tal tarefa se revela improfícua, pois em face da legislação que rege as contribuições, o conceito expresso nas normas que tratam do IPI é demasiadamente restritivo, e o encontrado na legislação do IR é excessivamente amplo, visto que se adotada a acepção de “despesas operacionais”, chegarseia à absurda conclusão de que a maior parte dos incisos do art. 3o das Leis no 10.637/2002 e 10.833/2003 (inclusive alguns que demandaram alteração legislativa para inclusão v.g. incisos IX, referente a energia elétrica e térmica, e X, sobre valetransporte ... para prestadoras de serviços de limpeza...) é inútil ou desnecessária. A Lei no 10.637/2002, que trata da Contribuição para o PIS/PASEP não cumulativa, e a Lei no 10.833/2003, que trata da COFINS nãocumulativa, explicitam, em seus arts. 3o, que podem ser descontados créditos em relação a: “II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda ou à prestação de serviços, inclusive combustíveis (...)” (grifo nosso) A mera leitura dos dispositivos legais já aponta para a impossibilidade de se considerar como insumo um bem ou serviço que não seja utilizado na produção ou fabricação do bem destinado à venda. Fl. 1968DF CARF MF Impresso em 22/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 10665.721417/201119 Acórdão n.º 3401003.097 S3C4T1 Fl. 1.965 9 Há, assim, que se concluir que o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final, como vem reiteradamente decidindo este CARF, e, mais especificamente, a turma de origem: “CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. NÃO CUMULATIVIDADE. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. (...).” (Acórdão 3403003.166, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime – em relação à matéria, sessão de 20.ago.2014) (na mesma linha os Acórdãos no 3403002.469 a 477; no 3403001.893 a 896; no 3403001.935; no 3403002.318 e 319; e no 3403.002.783 e 784) Isto posto, incumbe analisar a adequação ao conceito de insumo das rubricas questionadas no presente contencioso, já destacando que não se identifica com a legislação do IPI nem com a do IR. Mas, antes, cabe reiterar duas peculiaridade do caso concreto em análise: (a) a existência de sucessivas etapas de produção, servindo o produto final de uma como insumo da seguinte; e (b) a existência de Soluções de Consulta da RFB sobre a matéria discutida nos autos. 1.1. Dos “insumos dos insumos...” Quando a recorrente se refere a custos de produção relacionados a formação de florestas de eucalipto e produção do próprio carvão vegetal, está a tratar dos insumos necessários à produção do carvão vegetal, que na verdade é um insumo para produção do ferro gusa, que é o produto vendido pela empresa. Daí intitularmos este tópico de “insumos dos insumos...”. E as reticências se devem à explicação da recorrente sobre o processo produtivo do ferrogusa, no qual existem basicamente três etapas, cada uma gerando um produto que será insumo na etapa seguinte. Assim, temse, em verdade, os “insumos dos insumos dos insumos” (sementes como insumos para gerar árvores/madeira, que servem de insumos na obtenção do carvão vegetal, que constitui insumo para a produção do ferrogusa). Não se tem dúvidas de que se estivéssemos a analisar a semente, por exemplo, adquirida de pessoa jurídica como insumo para uma empresa que comercializa toras de madeira, pouco restaria de contencioso. Igualmente se estivéssemos a analisar aquisições de madeira como insumo para uma empresa que vende carvão vegetal. De forma idêntica, seria incontroverso (inclusive para o autuante, se estivessem compatíveis as quantificações nas notas fiscais, ou se tivessem havido complementações) que as aquisições de carvão vegetal constituem insumos para empresa que vende ferrogusa. Considerando o exposto, e o conceito de insumo aqui adotado (bens necessários ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final), Fl. 1969DF CARF MF Impresso em 22/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 10 temse que o único elemento que se acrescenta no caso concreto é o silogismo: se a semente é necessária à obtenção da madeira, necessária à obtenção do carvão vegetal, por sua vez necessário à obtenção do ferrogusa, logo a semente é necessária à obtenção do ferrogusa. Não faz sentido culpar/penalizar a empresa por ter fabricação/produção própria dos insumos necessários a etapas subsequentes de seu processo produtivo. Não assiste razão ao fisco, assim, para efetuar as glosas. A exigência de vinculação “direta” (ou mesmo contato físico) com o produto vendido não encontra respaldo legal para as contribuições não cumulativas. A simples leitura do inciso II do art. 3o das leis de regência (Lei no 10.637/2002 e Lei no 10.833/2003) mostra que os bens e serviços devem ser utilizados como insumo “na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda...”, e não “na produção ou fabricação direta de bens ou produtos destinados à venda...”, como deseja o fisco. A turma de origem havia apreciado casos semelhantes, à época (a árvore plantada era inclusive a mesma, eucalipto, mas havia uma etapa a menos, tratandose apenas de “insumos dos insumos”). Abaixo são transcritos excertos da ementa do julgamento e do voto condutor, unanimemente acolhido por aquela turma em relação à matéria em discussão: “CRÉDITOS. CUSTOS INCORRIDOS NO CULTIVO DE EUCALIPTOS. Os custos incorridos com bens e serviços aplicados na floresta de eucaliptos destinados à extração da celulose configuram custo de produção e, por tal razão, integram a base de cálculo do crédito das contribuições não cumulativas. (...)” “Conforme se verifica nos autos, a fiscalização não só adotou o conceito de insumo estabelecido para o IPI, por meio das instruções normativas da Receita Federal; mas também seccionou a atividade do contribuinte em duas etapas: a produção da matériaprima (madeira) e a extração da celulose (produto final industrializado a ser exportado). Ao assim proceder a fiscalização acabou por considerar como “produção” apenas a etapa industrial do processo produtivo, como se estivesse analisando um processo de ressarcimento de IPI, esquecendose de que os arts. 3º, II, das Leis nº 10.637/02 e 10.833/03 utilizam os termos “produção” e “fabricação”. (...) No caso concreto, o contribuinte exerce as duas atividades: produz sua própria matériaprima (produção de madeira) e extrai a celulose da matériaprima (fabricação), por meio do processo industrial descrito nos recursos apresentados neste processo. Tendo em vista que a lei contemplou com o direito de crédito os contribuintes que exerçam as duas atividades, concluise, a partir da interpretação literal dos textos dos arts. 3º, II, das Leis nº 10.637/02 e 10.833/03, que não há respaldo legal para expurgar dos cálculos do crédito os custos incorridos na fase agrícola (produção da madeira), sob argumento de que esta fase culmina na produção de bem para consumo próprio. (...) Fl. 1970DF CARF MF Impresso em 22/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 10665.721417/201119 Acórdão n.º 3401003.097 S3C4T1 Fl. 1.966 11 Sendo assim, devem ser revertidas as glosas dos créditos relativos aos custos incorridos com os bens e serviços discriminados nas planilhas de glosa sob as rubricas: a) manejo das plantações de eucalipto; (...)” (Acórdãos n. 3403002.815 a 824, Rel. Antonio Carlos Atulim, unânimes em relação à matéria, sessão de 27.fev.2014) (grifo nosso) Há que se destacar, no entanto, que o recurso voluntário alude genericamente a custos de produção relacionados a formação de florestas de eucalipto e produção do próprio carvão vegetal. E a autuação remete aos bens/valores constantes das contas “custo da produção carvão vegetal” (4.1.2, desmembrado em “serviços de terceiros” PJ, “frete matéria prima” PJ, e “aluguel de máquinas e equipamentos”); “custo transporte próprio” (4.1.3, desmembrado em “combustíveis e lubrificantes”, e “serviços de terceiros” PJ) e “custos das fazendas “ (4.1.5, desmembrado em “combustíveis e lubrificantes”, “serviços de terceiros” PJ; e “aluguel de máquinas e equipamentos”). Não havia nos autos nenhum detalhamento dos lançamentos efetuados em relação a tais contas, o que, por certo, era irrelevante tanto para o fisco (que associava o conceito de insumos à legislação do IPI, na qual haveria necessidade de “contato físico”/desgaste do insumo em contato com o produto final) quanto para a recorrente (que acreditava estar o conceito de insumos associado simplesmente à atividade empresarial, inspirada pela legislação do IRPJ). Mas, diante do posicionamento da turma julgadora, e que já é bastante difundido no CARF, temse que aquilo que parecia a ambas as partes pouco relevante, toma proporções importantes na apreciação da lide, fazendo surgir a necessidade de conversão em diligência. O detalhamento é, então, efetuado em sede de diligência, e sobre ele se passa a discorrer no tópico 2, referente às glosas em espécie. 1.2. Das Soluções de Consulta Temse como certo que a glosa efetuada pelo fisco à integralidade das contas mencionadas no tópico anterior se deveu basicamente a duas Soluções de Consulta, em resposta a pedidos da própria recorrente, como narrado na autuação. A primeira é a de no 169, de 01/10/2008, que manifestou entendimento oficial da RFB de que “gastos efetuados pela pessoa jurídica só geram direito a créditos da COFINS quando, além de atenderem aos demais requisitos da legislação de regência, estiverem diretamente vinculados à fabricação dos produtos destinados à venda”, com idêntica resposta para a Contribuição para o PIS/PASEP. A segunda é a de no 144, de 09/10/2009, expressando posicionamento oficial da RFB de que “a pessoa jurídica cujo processo produtivo consiste em, sucessivamente, formar florestas, utilizálas na produção de carvão vegetal e empregálo na fabricação de ferrogusa não faz jus a créditos da COFINS referentes aos custos de formação das florestas ou de produção do carvão vegetal”, com idêntica resposta para a Contribuição para o PIS/PASEP. Assim, nem que o fisco discordasse de tais entendimentos poderia se furtar a efetuar os lançamentos. Da mesma forma a DRJ, órgão da RFB, deve seguir os Fl. 1971DF CARF MF Impresso em 22/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 12 posicionamentos oficiais expressos em Soluções de Consulta. Afinal de contas, o processo de consulta foi criado exatamente para reduzir o contencioso, uniformizando entendimentos no âmbito da RFB. No entanto, o CARF, órgão externo à RFB, não se encontra vinculado por tais entendimentos expressos em Soluções de Consulta, como já tivemos a oportunidade de destacar em voto anterior (com as ponderações ali expressas), que, embora tratasse de consulta sobre classificação de mercadorias, é plenamente aplicável ao caso em análise: “(...) Como não há recurso em relação ao resultado da consulta, por expressa disposição legal (art. 48, § 3o da Lei no 9.430/1996)2, cerramse as portas administrativas ao consulente, sendo, no entanto, livre o constitucional direito de acesso ao Poder Judiciário. E passa a ser aplicável ao caso o que for naquele âmbito decidido, na estrita medida da decisão judicial. Contudo, é bem frequente que a empresa não deseje submeter o tema à apreciação do Poder Judiciário, seja pela tecnicidade da matéria, que dificilmente é objeto de estudo nas faculdades de Direito, seja pela simples probabilidade de não ser autuada em função de manter seu entendimento à revelia da decisão externada na solução de consulta. Mas, exercendo o fisco seu labor, e autuando a empresa por classificar mercadorias incorretamente após a RFB lhe ter indicado qual a classificação correta em procedimento oficial de consulta, a autuação lavrada segue o rito previsto no Decreto no 70.235/1972, e é passível de análise pela DRJ e pelo CARF. Por certo, a DRJ, por ser um órgão da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), tende a acolher o resultado da consulta, que é vinculante no âmbito da RFB. Digo tende porque a matéria a ser apreciada na autuação não se confunde (embora interseccione) com a consulta. O atendimento ao resultado da solução de consulta impede a lavratura pela RFB de auto de infração em relação à matéria consultada. E o não atendimento ao resultado da solução de consulta, por sua vez, permite a lavratura da autuação, que deve ser objeto de julgamento por rito absolutamente diverso daquele inerente ao processo de consulta, e com apreciação restrita à matéria objeto da autuação. No processo de consulta a solução dada pelo fisco se alastra no tempo, além do período que vai da consulta até a ciência do consulente. Não havendo disposição posterior (v.g. solução divergente, revogação de ofício ou ato normativo superveniente), os efeitos são eternos. E no processo de consulta sempre haverá a indicação da classificação correta, seja ela a adotada pelo consulente, a pretendida pelo consulente, ou outra. No processo de determinação e exigência de crédito tributário a solução dada restringese ao caso concreto analisado na autuação, sendo imprestável a vincular a fiscalização em casos 2 As disposições da Lei n. 9.784/1999 são de aplicação apenas subsidiária (art. 69) ao processo de consulta, que é regido por norma legal própria. Fl. 1972DF CARF MF Impresso em 22/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 10665.721417/201119 Acórdão n.º 3401003.097 S3C4T1 Fl. 1.967 13 ou períodos diversos, ainda que para o mesmo produto e para a mesma empresa. E em tal processo, não há a necessidade de que o julgador chegue à classificação correta. Basta que consiga comprovar que a classificação/argumentação adotada na autuação estava correta ou que deve ser afastada (sem que seja necessário seguir a busca pela classificação correta). Afastada a classificação empregada na autuação, não é só irrelevante ao julgador apreciar qual a classificação correta, mas vedado, porque estará decidindo extra petita, julgando além da procedência ou improcedência da autuação. Assim, é absolutamente equivocada a conclusão de que o processo de determinação e exigência de crédito tributário configura uma espécie de recurso à decisão exarada em processo de consulta. Ainda que a autuação tenha sido lavrada com base em resultado de consulta, o que deve o julgador (DRJ e CARF) apreciar é a procedência da argumentação que leva à classificação apontada na autuação, e não a procedência da argumentação que leva à correção adotada ou pretendida pelo autuado.(...)” (Acórdão n. 3403002.822, Rel. Cons. Luiz Rogério Sawaya Batista, unânime, sessão de 20.ago.2014 Declaração de Voto Cons. Rosaldo Trevisan, acompanhada pelos Cons. Alexandre Kern, Domingos de Sá Filho e Antonio Carlos Atulim) Em síntese, o que se busca com o presente tópico é confirmar que a apreciação inaugural do tema neste CARF (por expressa impossibilidade normativa de as instâncias anteriores se oporem ao resultado da consulta demandada pela recorrente) acabou por requerer efetivamente esclarecimentos adicionais, já destacando a diferença entre os efeitos da consulta e do julgamento do presente caso concreto. Ao se afirmar, aqui, que os "insumos dos insumos..." geram créditos, não se está revogando os efeitos das consultas, mas apenas decidindo o presente processo. Os efeitos da consulta permanecem ali, imutáveis, até que haja Solução de Divergência. Os efeitos da presente decisão não se alastram no tempo, nem a casos/períodos distintos em relação à mesma empresa, e se prestam somente a resolver o presente contencioso. Quando muito, servem de jurisprudência, absolutamente desprovida do caráter vinculante inerente às consultas. A decisão proferida por colegiado do CARF/MF em relação a um caso concreto para o qual exista Solução de Consulta da RFB em sentido diverso (o que jamais poderia ocorrer nos órgãos de julgamento que são parte da própria RFB) não produz qualquer efeito em relação à Solução de Consulta destinada ao autuado, que continua aplicável e vinculante em relação a todos os demais períodos e casos, o que endossa a independência entre os processos administrativos de determinação e exigência de crédito tributário e os processos administrativos de consulta. Feito esse importante esclarecimento, passase à análise da aplicação do conceito de insumo às glosas em espécie. 2. Da aplicação do conceito de insumos às glosas em espécie Fl. 1973DF CARF MF Impresso em 22/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 14 As glosas em espécie relacionadas na autuação são referentes a: (a) custos de produção relacionados a formação de florestas de eucalipto e produção do carvão vegetal; (b) aquisição de combustíveis e lubrificantes utilizados no transporte de insumos entre seus estabelecimentos; (c) aluguel de máquinas e equipamentos utilizados nas florestas de eucalipto e nos fornos de carvão; e (d) custos de reflorestamento, e a eventual duplicidade de exigência. Nos TVF, narra o fisco que foram glosados da base de cálculo dos créditos das contribuições os custos lançados nas contas “custo da produção carvão vegetal” (4.1.2, desmembrado em “serviços de terceiros” PJ, “frete matéria prima” PJ, e “aluguel de máquinas e equipamentos”); “custo transporte próprio” (4.1.3, desmembrado em “combustíveis e lubrificantes”, e “serviços de terceiros” PJ) e “custos das fazendas “ (4.1.5, desmembrado em “combustíveis e lubrificantes”, “serviços de terceiros” – PJ; e “aluguel de máquinas e equipamentos”), por não estarem diretamente ligados à produção dos bens destinados à venda (de ferrogusa), não se enquadrando no conceito de insumos (IN SRF no 247/2002 e no 404/2004). Diante da informação de que o processo produtivo do ferrogusa é longo e envolve basicamente três etapas (a produção da lenha, que será utilizada na produção de carvão vegetal, por sua vez consumido na produção do ferrogusa), iniciandose com a formação das florestas de eucalipto (desde a aquisição de mudas selecionadas e o sulcamento do solo, com aplicação de calcário dolomítico), passando pelo controle químico de plantas daninhas e capinação, pela aplicação de formicidas, pela adubação, pela irrigação e pelos tratos culturais, chegando à colheita (derrubada, desgalhamento, traçamento e empilhamento) das árvores e o transporte de toras para secagem e posterior carbonização em fornos de tijolos, seguindose o resfriamento e a descarga, gerando como principal produto o carvão vegetal, que é transferido para cestos e armazenado para posterior transporte até a siderúrgica, para produção do ferro gusa (como combustível e como agente químico, integrandose ao produto final), que consiste em uma liga de ferro e alto teor de carbono, houve a conversão em diligência, para que se pudesse visualizar de que forma os itens glosados em cada uma das contas (4.1.2, 4.1.3 e 4.1.5) se relacionava com o processo produtivo. No relatório de diligência (mais especificamente às fls. 1937 a 1940), informase, a partir do dados informados pela empresa, e da análise dos documentos fiscais que embasaram os lançamentos, a natureza dos valores lançados: Fl. 1974DF CARF MF Impresso em 22/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 10665.721417/201119 Acórdão n.º 3401003.097 S3C4T1 Fl. 1.968 15 Verificandose o resultado da análise empreendida na diligência, não se vislumbra, dentro do conceito de insumo adotado por este colegiado, item que seja impeditivo de tomada de crédito por a tal conceito não se amoldar. Não descreve a fiscalização, por exemplo, nenhum gasto com combustível para transporte de pessoas, ou bem que pertença ao ativo imobilizado, ou ainda custo que não seja necessário à obtenção do produto final. Assim, cabe o afastamento das glosas efetuadas pelo fisco nesse tópico. Sobre os gastos com reflorestamento, considerados em dezembro de 2007, em relação aos quais houve estorno em novembro de 2008, o relatório de diligência emitiu a seguinte avaliação (fl. 1941): Fl. 1975DF CARF MF Impresso em 22/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 16 No entanto, ao mesmo tempo em que reconhece a duplicidade, a unidade de origem bem sintetiza os caminhos possíveis para seu tratamento (fl. 1942): Assim, afastada a glosa se torna cabível a manutenção do estorno, sem que haja dupla onerosidade à recorrente. Resta a analisar, assim, somente a questão das glosas referentes a aquisição de carvão vegetal, que não foram objeto de indagação pela via de diligência. 3. Das glosas em relação à aquisição de carvão vegetal A fiscalização, nos TVF, informa que verificou, em várias operações de aquisição de carvão vegetal de pessoas jurídicas (relacionadas no Anexo II fls. 26 a 39, e 95 a 108), que a nota de entrada emitida apresenta valor superior ao da correspondente nota de saída do produtor, tendo sido contabilizado como valor da operação o constante da nota de entrada (de emissão própria), sem que tivesse havido nota fiscal de complementação pelo produtor, tendo sido as diferenças apuradas objeto de glosa pela fiscalização, conforme demonstrado no Anexo IV (fls. 49 a 56, e 118 a 125). Em sua defesa, a recorrente alegou na impugnação que a emissão de nota de entrada referente às compras de carvão vegetal de pessoas jurídicas foi realizada em cumprimento à legislação estadual (art. 150 do Anexo IX do RICMS/02 de Minas Gerais Decreto no 43.080/2002), tendo como parâmetro o preço efetivamente pago pelo produto (independente do indicado na nota de venda do produtor, que é efetuada sem aferição precisa de quantidade e qualidade), sendo que a indicação expressa na nota fiscal de entrada da empresa ao documento fiscal do produtor revela a boafé e a intenção de explicitar toda a operação (e que há ainda várias notas fiscais de entrada com valor inferior à emitida pelo produtor, contraditoriamente sequer mencionadas pelo fisco; mas, mesmo nesses casos, a empresa registra e efetua o pagamento pela sua nota de entrada). A DRJ analisa a legislação estadual citada na peça de impugnação, afirmando que deveria ter havido a emissão de nota fiscal complementar pela pessoa jurídica vendedora, visto que o RICMS/MG só dispensa de tal emissão a pessoa física, e a obrigatoriedade está ainda prevista em Convênios SINIEF, e que não foi comprovado que o “valor pago pelo insumo” é o correspondente à nota fiscal de entrada, e informando que nos casos em que o valor da nota fiscal de entrada é inferior ao da nota fiscal do produtor, a empresa poderia solicitar o crédito (não cabendo ao fisco a concessão de ofício). No recurso voluntário, alega a recorrente que a DRJ fundou a manutenção da glosa em relação a aquisições de carvão vegetal na ausência de emissão de nota fiscal complementar atribuída a terceiro (o fornecedor), sob o qual não possui poder de polícia a recorrente, destacandose que nem mesmo a legislação do ICMS exige que a nota fiscal complementar seja emitida de forma imediata, destacando ainda que houve alteração do lançamento pela DRJ, pois a autuação glosou créditos em relação aquisições de carvão vegetal por que as notas de entrada (de emissão do próprio contribuinte) tinham valor superior ao das Fl. 1976DF CARF MF Impresso em 22/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 10665.721417/201119 Acórdão n.º 3401003.097 S3C4T1 Fl. 1.969 17 notas fiscais de saída (emitida pelo produtor), que não foram objeto de complementação. Mas o julgador de piso, mesmo acordando com a empresa no sentido de que o valor a ser registrado deveria ser aquele pelo qual a mercadoria foi efetivamente adquirida, negou o crédito sob o novo fundamento de que não havia provas do efetivo pagamento. E negou ainda crédito nas hipóteses em que as diferenças entre as notas eram desfavoráveis à recorrente, adotando “dois pesos e duas medidas”. Para verificar a fundamentação da autuação, e eventual alteração pela DRJ, necessário se faz atestar inicialmente qual era a descrição da infração detectada no TVF (fls. 12, 13 e 16; e 81, 82 e 85): “8) Observouse, da análise dos dados apresentados, que para várias operações, a nota de entrada emitida apresenta valor superior ao da correspondente nota de saída do produtor, tendo sido contabilizado como valor da operação o valor da nota de entrada. 9) Para os casos em que o valor da nota fiscal de saída do produtor, conforme relação apresentada, fosse inferior ao efetivo valor da operação de aquisição do carvão, o contribuinte foi intimado a apresentar Nota Fiscal do produtor que complementasse o valor. 10) No “Anexo I” a seu termo de Resposta de 24/05/2011, o contribuinte informou que, em cumprimento ao RICMS/02 em vigor à época, emitia NF`s de entrada por ocasião da aquisição do carvão vegetal, tendo calculado os créditos de PIS e Cofins com base nessas notas. 11) Desta forma, ao contabilizar as notas de entradas de emissão própria, em valor superior ao da compra representada pela nota de saída do produtor, a empresa onerou, para os casos de aquisição de pessoa jurídica, a base de cálculo dos créditos para o PIS e a COFINS no regime nãocumulativo. Nesses casos, se o valor efetivo da compra fosse o valor da nota de entrada de emissão própria, o correto seria a emissão pelo produtor do carvão de nota fiscal complementando o valor. Desta forma o emitente da nota de saída poderia corretamente contabilizar o débito da contribuição devida pelo valor real da operação, e o comprador teria o documento fiscal necessário à utilização do crédito, em obediência às normas legais que regem o regime nãocumulativo para o PIS e a COFINS. (...) 29. Em resumo, conforme descrito, na apuração da base de cálculo dos créditos do PIS e da Cofins nãocumulativos foram glosados os valores contabilizados a título de aquisição de carvão vegetal, por meio de notas de entrada de emissão do próprio contribuinte, pelas diferenças não acobertadas por nota fiscal de saída emitida pelo produtor.” (grifo nosso) Pelo exposto (item 11) percebese que o fisco considerava que o valor da compra era representado pelas notas de saída do produtor. E que se estas não fossem Fl. 1977DF CARF MF Impresso em 22/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 18 complementadas, o comprador não “teria o documento fiscal necessário à utilização do crédito”. A utilização como parâmetro das notas de venda foi utilizada pelo fisco em todos os casos nos quais estas tinham valores inferiores às notas de compra (e não eram complementadas). Isso gerou inclusive reclamação da recorrente quanto a existência de incongruência no procedimento (por terem sido consideradas só as diferenças contra a recorrente, tendo a autuação silenciado nas hipóteses de diferença a seu favor). De fato, não há qualquer vestígio de que o fisco tenha buscado verificar qual o preço efetivamente pago, restando claro que simplesmente adotou como parâmetro o valor da nota de venda (nas hipóteses em que este era inferior à nota de compra). E a autuação parece também não considerar relevante a menção da recorrente (já existente) à legislação do ICMS, visto que sequer a discute. No julgamento de piso, a DRJ, após examinar a aplicação da legislação referente ao ICMS, parecia inicialmente acordar com a fundamentação da autuação, vinculada à ausência de nota fiscal complementar (fl. 1204): “Por sua vez, a dispensa de emissão de nota fiscal complementar está prevista no art. 463 do Anexo IX do mesmo RICMS/MG e alcança apenas o produtor rural Pessoa Física, não se aplicando ao caso em questão, já que se tratam de aquisições de produtor Pessoa Jurídica. Sobre estes, o art. 1º da parte 1 do Anexo V do citado Regulamento assim dispõe, em relação à obrigatoriedade da emissão de nota fiscal. (...) Portanto, ainda que o art. 150 do citado Anexo IX do RICMS determinasse a emissão de nota fiscal de entrada pelos adquirentes de carvão vegetal, no momento da entrada da mercadoria em seu estabelecimento, os fornecedores do insumo não estavam dispensados da emissão de nota fiscal complementar, no caso de majoração de custos em função de suposta regularização de diferenças de quantidades de carvão vegetal ou complemento de preço.” (grifo nosso) A apontada alteração de fundamento, contudo, parece ter nascimento no trecho que sucede a argumentação acima, no julgamento da DRJ (fl. 1206): “Por outro lado, à luz da legislação que rege a não cumulatividade do PIS e da Cofins, cabe razão à reclamante quando diz que “o crédito do PIS e da Cofins deve ser calculado com base no valor pago pelo insumo”. Na defesa apresentada, contudo, a contribuinte não logrou comprovar que os valores constantes nas notas fiscais de entrada que tiveram seus créditos glosados foram efetivamente pagos às empresas produtoras correspondentes.” (grifo nosso) Ao iniciar a frase com a expressão “por outro lado”, parece a DRJ estar analisando o mesmo tema com enfoque diverso (não se sabe ao certo se em caráter de contraposição ou complementação, mas a expressão é mais próxima da primeira acepção). O fato é que o julgador expressamente acorda com a empresa no sentido de que “o crédito do PIS e da Cofins deve ser calculado com base no valor pago pelo insumo” (quer seja ele o valor da nota de saída do produtor, ou de entrada, do vendedor). Fl. 1978DF CARF MF Impresso em 22/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL Processo nº 10665.721417/201119 Acórdão n.º 3401003.097 S3C4T1 Fl. 1.970 19 E aí efetivamente inicia uma nova empreitada, verificando se a documentação carreada aos autos a título exemplificativo pela empresa se prestava a demonstrar que o preço efetivamente pago era o que constava nas notas fiscais de entrada. Mas apesar de verificar identidade de valores, não verifica identidade de partes na transação (fl. 1206): “Notese que a própria reclamante explica que apresenta, “a título ilustrativo”, notas fiscais de saída emitidas pelo produtor rural, notas fiscais de entrada emitidas por ela própria e comprovantes de pagamento, o que, por si só, já demonstra que não foram anexados os comprovantes da totalidade dos créditos glosados. Não obstante, examinouse a documentação anexada ao processo, mas não foi possível, nos casos apresentados, comprovar o efetivo pagamento dos valores constantes nas notas fiscais de entrada, seja porque não foi efetivado em nome/CNPJ da empresa, seja porque o pagamento foi fracionado em mais de um comprovante, dificultando que se chegasse ao valor da nota fiscal de entrada, ou seja porque havia diversos pagamentos num mesmo extrato, sendo que nenhum dos favorecidos coincidia com o produtor de carvão emitente da nota fiscal associada.” (grifo nosso) É preciso responder a uma pergunta, no caso, para verificar se efetivamente houve alteração de fundamento: o fato de a DRJ verificar se os documentos apresentados comprovavam que o preço efetivamente pago era o que constava nas notas fiscais de entrada demonstra que o julgador havia superado a conclusão da autuação de que o valor da compra é representado “pela nota de saída do produtor”? Ao que tudo indica, a resposta é positiva. Afinal de contas, o que faria o julgador se os documentos efetivamente comprovassem? Manteria a autuação ainda assim por que as notas não haviam sido objeto de complementação? Não nos parece. É lógico, assim, crer que a DRJ superou a argumentação utilizada na autuação para este tópico, e demandou requisitos adicionais (no caso, não cumpridos pela empresa, e sequer cogitados pelo autuante) de comprovação para determinação da correta base de cálculo das contribuições. A alteração de fundamento pela DRJ equivale à declaração de improcedência da autuação, acompanhada de um novo lançamento, procedimento incompatível com a atividade do julgador. Assim, temse que a autuação não merece prosperar em relação a este tópico, ainda antes de analisar os demais argumentos da recorrente, como a impossibilidade de responder pela falta de complementação de nota por terceiro (o produtor) ou a falta de critério da fiscalização (ao computar na contagem de créditos na autuação somente as diferenças em desfavor da recorrente). Acolhese, assim, o argumento da recorrente de que houve alteração de fundamento da autuação pela DRJ para afastar o lançamento neste tópico, referente a aquisições de carvão vegetal de pessoas jurídicas. Fl. 1979DF CARF MF Impresso em 22/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL 20 Considerações finais Em síntese, diante do conceito de insumos adotado pelo colegiado, e explicitado no voto, aplicado à análise do caso em questão, no qual havia sucessivas etapas, inclusive com produto final de uma etapa servindo de insumo à etapa seguinte, o que não encontra obstáculo nos comandos das leis de regência das contribuições, e diante da alteração de fundamento pela instância de piso no que se refere às aquisições de carvão vegetal, há que se a afastar a parte da autuação que ainda era mantida pela DRJ. Pelo exposto, voto no sentido de dar provimento ao recurso voluntário apresentado. Rosaldo Trevisan Fl. 1980DF CARF MF Impresso em 22/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 15/03/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 22/03/2016 por ROBSON JOSE BAYERL
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Numero do processo: 10865.000074/2007-12
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Sep 26 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Oct 24 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 3401-000.950
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência.
ROBSON JOSÉ BAYERL - Presidente.
ROSALDO TREVISAN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl (presidente), Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência. ROBSON JOSÉ BAYERL Presidente. ROSALDO TREVISAN Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl (presidente), Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente). Relatório RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 65 .0 00 07 4/ 20 07 -1 2 Fl. 1349DF CARF MF Processo nº 10865.000074/200712 Resolução nº 3401000.950 S3C4T1 Fl. 1.350 2 Versa o presente sobre o Auto de Infração de fls. 2 a 441, lavrado em 23/01/2007 (com ciência ao sujeito passivo na mesma data fl. 3), para exigência de imposto sobre produtos industrializados (IPI), acrescido de juros de mora e multa de ofício duplicada (150%), de 2002 a 2004, totalizando o valor de R$ 3.027.942,35. Narrase, na autuação, que, em decorrência de inaptidão no CNPJ da empresa "ESTAMPAR Indústria e Comércio LTDA" (doravante "ESTAMPAR"), a responsabilidade pelo recolhimento do IPI recai sobre a autuada, conforme processo administrativo no 10865.002582/200646, sendo o primeiro tópico da autuação referente ao IPI não lançado nas saídas de produtos tributados do estabelecimento da empresa, vez que nas notas fiscais de saída da "ESTAMPAR" não houve destaque por ser esta optante do SIMPLES. A multa foi duplicada em função de a empresa utilizar interposta pessoa (a "ESTAMPAR") com o intuito de modificar a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal. No segundo tópico da autuação, apontase ainda que houve saída de produtos com insuficiência de recolhimento por erro de alíquota em relação a produtos classificados no código NCM 8708.70.90, vez que houve majoração de alíquota de 5% para 15% a partir de 01/11/2002, pelos Decretos no 4.441/2002 e no 4.542/2002, com vigência até 30/04/2004. A terceira e última infração apontada na autuação decorre do lançamento de IPI não recolhido (sem informação em DCTF) de valores apurados nos anos de 2002 a 2004, nos Livros de Registro e Apuração do IPI. A empresa apresenta Impugnação em 22/02/2007 (fls. 757 a 761), argumentando, em síntese, que: (a) em 2004, foram consideradas pela fiscalização, além das receitas próprias da empresa, as operações da empresa "ESTAMPAR", "de propriedade das filhas do sócio majoritário da impugnante", esclarecendose que, "por não possuir cadastro bancário que possibilitasse a movimentação financeira, a impugnante socorreuse de suas filhas", "para efetuar as cobranças de duplicatas e o pagamento de seus fornecedores e funcionários"; (b) todos os recursos transferidos à "ESTAMPAR" foram integralmente para "pagamento de compromissos da impugnante", não havendo propriamente uma transferência de recursos; (c) a empresa "ESTAMPAR" operar regularmente, e a desconsideração de sua personalidade jurídica "representaria uma bitributação"; (d) devem ser excluídos da autuação os valores que se referem efetivamente à "ESTAMPAR"; (e) o processo de inaptidão da ESTAMPAR ainda está em curso, e pode promover alterações na autuação; (f) a multa de ofício deve ser alterada de 150% para 75%, por não restar comprovada a motivação da majoração; e (g) o STF já definiu que o limite da multa a ser aplicada é o valor do tributo. Em 13/01/2012 ocorre o julgamento de primeira instância (fls. 892 a 899), no qual se decide unanimemente pela improcedência da impugnação, sob os seguintes fundamentos: (a) a empresa não contestou a exigência relativa ao IPI sobre as saídas dos produtos tributados de seu estabelecimento sem o lançamento do IPI e às alterações nas alíquotas de 5% para 15% do produto de classificação fiscal 8708.70.90, nem tampouco contestou o lançamento relativo ao não recolhimento ou recolhimento a menor do IPI que deixou de ser informado na DCTF, conforme seus Livros de Registro do IPI, restringindose o litígio à discordância sobre a exigência do IPI incidente nas saídas tributadas efetuadas por meio da empresa "ESTAMPAR" e à majoração da multa de ofício; (b) deve ser indeferido o pedido de diligência, por ser desnecessário ao deslinde dos fatos; (c) no processo administrativo no 10.865.002582/200646, a empresa "ESTAMPAR" teve seu Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica declarado inapto por inexistência de fato, mediante o Ato Declaratório Executivo no 63, de 14/12/2006 (fl. 341), "tendo sido identificado que ora 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 1350DF CARF MF Processo nº 10865.000074/200712 Resolução nº 3401000.950 S3C4T1 Fl. 1.351 3 impugnante utilizavaa como interposta pessoa com o intuito de modificar a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal", o que não foi negado, mas confirmado pela impugnante, que reconheceu utilizar as contas bancárias da "ESTAMPAR" para efetuar suas transações operacionais e financeiras; (d) conforme demonstrado pela fiscalização, a empresa "ESTAMPAR" dava saída aos produtos supostamente por ela fabricados sem o lançamento do IPI, conforme demonstra a escrituração em seus Livros Registro de Saída anexados aos autos, e, além disso, fez constar na Declaração de Imposto de Renda Simplificada DSPJ, no ano calendário de 2004, tão somente receitas relativas a serviços, não havendo, portanto, que se falar em bitributação; (e) não há como sobrestar o presente julgamento àquele resultado na manifestação de inconformidade contra a inaptidão da "ESTAMPAR", pois ficou evidenciado no presente auto de infração o ilícito imputado à impugnante, mediante as diversas evidências de que somente há um estabelecimento industrial de fato, pois ambas encontramse no mesmo local (Rua da Palmeiras no 332, Villa Castelar Limeira), não havendo distinção física entre eles, tanto na área administrativa como na área de produção industrial, sendo a atividade econômica de ambas a mesma (CNAE no 2949299 Fabricação de outras peças e acessórios para veículos automotores não especificados anteriormente), e os produtos fabricados e comercializados por ambas também são os mesmos, conforme se verifica dos cadastros da RFB, sendo as operações financeiras e operacionais da impugnante exercidas por meio da "ESTAMPAR", até mesmo para efetuar suas cobranças de duplicatas e efetuar o pagamento de seus fornecedores e funcionários, como afirmou em sua impugnação a autuada; e (f) é cristalino que a utilização de interposta pessoa para encobrir saídas tributadas de IPI sem o devido lançamento do imposto evidencia o intuito de fraude, conforme definido no artigo 72 da Lei no 4.502/1964, não cabendo a discussão sobre proporcionalidade no âmbito administrativo, diante da fixação legal dos patamares das multas. Cientificada da decisão da DRJ em 24/02/2012 (fl. 907), a empresa apresentou Recurso Voluntário em 27/03/2012 (fls. 915 a 920), basicamente reiterando as razões expressas em sua impugnação, e acrescentando que a multa aplicada é inconstitucional por violação à exigência de lei complementar prévia, por confisco, ofensa ao direito de propriedade e violação aos princípios constitucionais da capacidade econômica, da proporcionalidade e razoabilidade. Em 29/06/2012, a empresa demanda que intimações sejam dirigidas ao escritório dos advogados (fl. 934) Em 27/06/2012, por meio da Resolução no 3401000.521 (fls. 935 a 938), o julgamento foi convertido em diligência, para que a unidade preparadora informasse acerca do andamento do processo no 10865.002582/200646, no qual se discutiu a inaptidão da empresa "ESTAMPAR", e se verificou que esta atuou como interposta pessoa. A unidade preparadora anexou cópia do processo às fls. 940 a 1345, trazendo, às fls. 1330 a 1332, o despacho decisório que culminou na inaptidão. Cientificada a recorrente (fl. 1334), não houve manifestação. Em 09/12/2015 o processo foi distribuído a este relator, por sorteio (fl. 1348). O processo foi pautado para as sessões de junho, de julho e de agosto de 2016, sendo retirado de pauta, em todas as ocasiões, por motivo de falta de tempo para julgamento. É o relatório. Fl. 1351DF CARF MF Processo nº 10865.000074/200712 Resolução nº 3401000.950 S3C4T1 Fl. 1.352 4 Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Da delimitação da lide Há que se delimitar, inicialmente, a lide. Como exposto no relatório, pairam três imputações de infração sob a responsabilidade da recorrente: (a) produto saído do estabelecimento industrial ou equiparado com emissão de nota fiscal e IPI não lançado, de novembro de 2002 a dezembro de 2004; (b) produto saído do estabelecimento industrial ou equiparado com emissão de nota fiscal e erro de classificação fiscal/alíquota; e (c) e IPI lançado em livro e não informado em DCTF, nem recolhido. Desde a impugnação, a defesa é apresentada somente em relação ao item "a", e limitada ao ano de 2004, mais especificamente em relação aos períodos em que se aponta haver interposição da empresa "ESTAMPAR", tendo sido a multa majorada de 75% para 150% (setembro, outubro, novembro e dezembro de 2004). Restam incontroversas todas as demais imputações, assim, desde a fase da impugnação, como bem detectou a DRJ (fl. 895): "Verificase que a interessada não contestou o lançamento de ofício relativo ao IPI sobre as saídas dos produtos tributados de seu estabelecimento sem o lançamento do IPI e quanto as alterações nas alíquotas de 5% para 15% do produto de classificação fiscal 8708.70.90, nem tampouco contestou o lançamento relativo ao não recolhimento ou recolhimento a menor do IPI que deixou de ser informado na DCTF, conforme seus Livros de Registro do IPI. Assim, delimitase o litígio à discordância da exigência do IPI incidente nas saídas tributadas efetuadas através da empresa Estampar, bem como da multa de ofício majorada sobre tal base de cálculo, no que se refere ao ano calendário de 2004, uma vez que o agente fiscal considerou além da receita própria da contribuinte, as operações existentes na empresa Estampar Indústria e Comércio Ltda, de propriedade das filhas do sócio majoritário da impugnante, questionando ainda a multa qualificada no percentual de 150% relativamente a estes fatos geradores." (sic) Nos dizeres da própria recorrente, ainda na fase de impugnação (fls. 757/758): Fl. 1352DF CARF MF Processo nº 10865.000074/200712 Resolução nº 3401000.950 S3C4T1 Fl. 1.353 5 A argumentação é repetida no recurso voluntário (fls. 916/917). Assim, remanesce o contencioso apenas sobre a primeira infração apontada na autuação, sinteticamente descrita à fl. 4, no item 001, parte 1: Em relação às demais infrações, não há controvérsia. Do processo referente à inaptidão da empresa "ESTAMPAR" Há que se recordar que o fato de os recursos da recorrente transitarem pelas contas da empresa "ESTAMPAR" é incontroverso, nos autos, também sendo uníssono que o sócio majoritário da recorrente é pai das duas únicas sócias da ESTAMPAR, e que ambas as empresas estão localizadas em um mesmo endereço. É ainda cediço, nos autos, que foi declarada inapta a empresa "ESTAMPAR", conforme Ato Declaratório Executivo da DRF/Limeira no 63, de 14/12/2006, como efeitos retroagindo a maio de 2004, conforme cópia da publicação em Diário Oficial (fl. 473). Percebase, na transcrição da autuação, que é feita menção expressa ao processo administrativo (de no 10865.002582/200646) que culminou na inaptidão da empresa "ESTAMPAR". E tal menção é que motivou a demanda do CARF à unidade local (ainda que Fl. 1353DF CARF MF Processo nº 10865.000074/200712 Resolução nº 3401000.950 S3C4T1 Fl. 1.354 6 equivocadamente remetendo a menção ao processo originariamente à DRJ), para anexação nestes autos das peças processuais correspondentes, com ciência à recorrente e abertura de prazo para manifestação. Tais peças, trazidas às fls. 940 a 1345, com cópia do despacho decisório às fls. 1330 a 1332, dão conta de que além de as empresas se encontrarem no mesmo local, não há distinção física entre elas, tanto na área administrativa, como na área de produção industrial, sendo que os produtos fabricados por ambas são os mesmos. Na manifestação de inconformidade apresentada naqueles autos pela "ESTAMPAR" sustentase que a motivação para o trânsito de recursos da recorrente em suas contas é que "caso fosse efetuado algum depósito na conta corrente dessa empresa, os recursos estariam bloqueados judicialmente, impedindo o cumprimento de obrigações trabalhistas e com fornecedores". Na leitura da unidade local, que apreciou a manifestação de inconformidade (fl. 1331): A inaptidão, assim, é mantida sob os seguintes fundamentos (fls. 1331/1332): Fl. 1354DF CARF MF Processo nº 10865.000074/200712 Resolução nº 3401000.950 S3C4T1 Fl. 1.355 7 A empresa "ESTAMPAR" foi cientificada do despacho decisório em 11/06/2013 (AR à fl. 1334), tendo havido, em 24/06/2013, solicitação de cópias do processo por Marilda Isabel Alves Gomes, do escritório Grotta, Gianotto e Rosseti (fls. 1336 e 1342). Em nome da verdade material, consultei o processo administrativo no 10865.002582/200646 no sistema "eprocessos", percebendo que não houve andamento posterior, tendo havido arquivamento em 15/06/2015, mesma data em que a unidade local devolveu ao CARF os autos (fl. 1346). Vejo, no entanto, que a providência final demandada na diligência não foi atendida pela unidade local. Assim, recordo o que se expôs à fl. 938, ao final da Resolução no 3401000.521, deste CARF: Após o resultado da diligência, intimar a recorrente para, se quiser, se manifestar no prazo de 30 dias. Da necessidade de nova baixa em diligência Não tendo sido cumprida a diligência anterior, na forma em que foi demandada pelo CARF, deve o processo ser remetido novamente à unidade local (DRF/Limeira/SP), para que efetivamente a cumpra. Adianto que a ciência deve ser efetuada na forma prevista no artigo 23 do Decreto no 70.235/1972, que regula o processo de determinação e exigência de crédito tributário, não encontrando guarida legal eventual intimação efetuada no escritório do advogado, como demandado pela parte à fl. 934. Conclusões Pelo exposto, voto no sentido de converter novamente o julgamento em diligência, para que se atenda por completo o demandado na conversão anterior, com ciência à recorrente, na forma do artigo 23 do Decreto no 70.235/1972, e abertura de prazo de 30 dias para manifestação sobre os documentos adicionados ao processo. Rosaldo Trevisan Fl. 1355DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10314.727518/2013-37
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Sep 26 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Oct 25 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 07/08/2008 a 08/03/2013
NULIDADE DE JULGAMENTO DE PISO. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. FALTA DE APRECIAÇÃO DE ARGUMENTO RELEVANTE.
Há nulidade no julgamento efetuado pela DRJ que deixa de apreciar argumento relevante apresentado tanto na autuação quanto em sede de impugnação, inviabilizando a análise da matéria em sede inaugural pelo CARF.
Numero da decisão: 3401-003.228
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em anular a decisão de primeira instância. Sustentou pela interessada o advogado Narciso Patriota Fernandes Barbosa, OAB/DF no 48.288.
ROBSON JOSÉ BAYERL - Presidente.
ROSALDO TREVISAN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl (presidente), Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. FALTA DE APRECIAÇÃO DE ARGUMENTO RELEVANTE. Há nulidade no julgamento efetuado pela DRJ que deixa de apreciar argumento relevante apresentado tanto na autuação quanto em sede de impugnação, inviabilizando a análise da matéria em sede inaugural pelo CARF. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em anular a decisão de primeira instância. Sustentou pela interessada o advogado Narciso Patriota Fernandes Barbosa, OAB/DF no 48.288. ROBSON JOSÉ BAYERL Presidente. ROSALDO TREVISAN Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl (presidente), Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 31 4. 72 75 18 /2 01 3- 37 Fl. 5350DF CARF MF 2 Relatório Versa o presente sobre o Auto de Infração de fls. 64 a 45151, lavrado em 24/07/2013, para exigência de imposto de importação, imposto sobre produtos industrializados importação, contribuição para o PIS/PASEPimportação e COFINSimportação, acrescidos de juros de mora e multa de ofício, e de multa por descrição incompleta de mercadoria (1 % do valor aduaneiro inciso III, e § 1o, III, do artigo 711 do Regulamento Aduaneiro) ou erro de classificação (1 % do valor aduaneiro inciso I do artigo 711 do Regulamento Aduaneiro), totalizando o valor de R$ 30.233.223,08. No Relatório Fiscal de fls. 4516 a 4553, anexo à autuação, narra a fiscalização que: (a) analisou importações de dispositivos classificados na NCM 9013.80.10 e descritos como "dispositivos de cristal líquido", no período de 08/2008 a 03/2013 (24.419 itens de 2.793 declarações de importação DI); (b) do texto da posição 9013 ("Dispositivos de cristais líquidos que não constituam artigos compreendidos mais especificamente noutras posições..."), percebese que um dispositivo de cristal líquido será nela classificado apenas se não for compreendido em outras posições; (c) as Notas Explicativas do Sistema Harmonizado (NESH) do Capítulo 90 também corroboram a informação de que a simples descrição genérica como "dispositivos de cristal líquido" (ou "dispositivos de cristal líquido LCD para uso automotivo", ou, ainda "display horas" ou "display module"), antecedida de código interno da empresa, é insuficiente para classificar a mercadoria, sendo necessárias ainda informações como: (c1) em que tipo de equipamento os dispositivos de cristal líquido são utilizados; (c2) de que parte de tal equipamento se tratam os dispositivos LCD; e (c3) se são para uso exclusivo em automóveis; (d) a partir de informações prestadas pela empresa, foi possível compreender melhor do que se tratam os dispositivos de cristal líquido importados, que são todos para instalação em automóveis, como auto rádio CD Player, controle de ar condicionado, painel de informação central, painel de instrumento e tacógrafo; (e) para os itens que apresentaram descrição na DI com a utilização do respectivo dispositivo, a multa por descrição incorreta /insuficiente não foi lançada, sendo devida apenas multa por erro de classificação da mercadoria; (f) a classificação correta de displays para auto rádio CD player (foto à fl. 4541), pela Regra Geral de Interpretação no 1 (RGI no 1) é no código 8529.90.20, como partes destinadas a aparelhos de rádio para automóvel da posição 8527; (g) os demais displays (usados em controle de ar condicionado, painel de informação central, painel de instrumento e tacógrafo fotos à fl. 4544) são todos partes do painel de instrumentos automotivo, sendo classificados corretamente no código 8708.29.94, como partes e acessórios dos veículos automóveis da posição 8703; e (h) foram excluídos do lançamento as importações ao amparo do RECOF (entreposto industrial sob controle informatizado). Cientificada da autuação em 25/07/2013 (fl. 4700), a empresa apresentou Impugnação em 23/08/2013 (fls. 4716 a 4752), argumentando, em síntese, que: (a) os dispositivos de cristal líquido são destinados a partes de veículos (painéis, tacógrafos etc.), não se confundindo com estas, que por sua vez, são efetivamente partes de veículos da posição 8703 (havendo tal confusão em praticamente 99% da autuação); (b) o assunto é técnico e exige conhecimento especializado, demandando perícias, e comprometendo a certeza do crédito tributário, fundado em meras presunções, em afronta ao artigo 142 do Código Tributário Nacional (CTN); (c) o próprio fisco reconheceu que as mercadorias importadas são "dispositivos de cristal líquido", e que a posição mais específica deve prevalecer sobre as genéricas, cabendo a classificação no código 9013.80.00, em nome da verdade material, e sob 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 5351DF CARF MF Processo nº 10314.727518/201337 Acórdão n.º 3401003.228 S3C4T1 Fl. 5.441 3 pena de tal codificação ser inócua; (d) o próprio fisco afirmou que a posição 8708 compreende partes e acessórios de automóveis desde que não estejam excluídas pelas Notas da Seção XVII, mas, de acordo com as NESH, os artefatos, instrumentos e aparelhos do Capítulo 90 foram excluídos da Seção XVII; (e) a classificação adotada pela empresa é corroborada por parecer técnico elaborado por especialistas em engenharia e consultoria aduaneira (fls. 4943 a 4946, e 4947 a 4950); (f) havendo dúvida em relação à classificação da mercadoria, aplicável seria o artigo 112 do CTN; (g) a empresa é habilitada à Linha Azul, na qual são realizadas rigorosas auditorias por empresas homologadas pela Receita Federal; (h) a multa de ofício não é aplicável de forma conjunta à multa isolada, devendo ser cancelada, principalmente em relação aos itens /produtos em que o próprio fisco reconheceu como corretas as descrições efetuadas pela empresa; (i) a multa de ofício é inaplicável em razão da ausência de máfé, da proporcionalidade e da razoabilidade; e (j) não existe amparo para incidência de juros de mora sobre a multa de ofício. Em 12/03/2014 ocorre o julgamento de primeira instância (fls. 4952 a 4967), no qual se decide unanimemente pela parcial procedência da impugnação, sob os seguintes fundamentos: (a) não há duplicidade de penalidades, sendo cada multa aplicada em função de infração distinta; (b) o julgador administrativo não é competente para exame de constitucionalidade de ato legal vigente, como o que prevê as penalidades aplicadas; (c) os juros de mora sobre multa de ofício não fazem parte do lançamento; (d) é improcedente a alegação de que a seção XVII prevê a não inclusão de artefatos do Capítulo 90, visto que a própria posição 9013, pretendida pela interessada, prevê que tal posição compreende os dispositivos de cristal líquido; (e) os dispositivos de cristal líquido a serem classificados na posição 9013 referemse aos dispositivos que, seguindo a diretriz da Nota 2 (NESH) do Capítulo 90, podem ser aplicados a quaisquer tipos de máquina; (f) a classificação dos dispositivos de cristal líquido a serem utilizados em aparelhos de som automotivos foi corretamente efetuada pela fiscalização no código 8529.90.20; e (g) a classificação dos dispositivos de cristal líquido a serem utilizados em painéis, pela fiscalização, no código 8708.29.94, contudo, foi incorreta, porque a tela de LCD não pode ser considerada como o próprio painel, conforme aponta o laudo trazido pela empresa. Pelo valor exonerado, há interposição de recurso de ofício. Disponibilizado o acórdão da DRJ na caixa postal / módulo eCAC da empresa em 19/05/2014 (fl. 5199), esta se manifesta sobre a decisão da DRJ em 29/05/2014, às fls. 5188 a 5193, apresentando DARF de pagamento dos valores do lançamento mantidos no julgamento de piso. Em 09/12/2015 o processo foi distribuído a este relator, por sorteio (fl. 5349). O processo foi pautado para as sessões de maio, de junho, de julho e de agosto de 2016, sendo retirado de pauta, em todas as ocasiões, por motivo de falta de tempo para julgamento. É o relatório. Voto Fl. 5352DF CARF MF 4 Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso de ofício preenche os requisitos normativos para interposição e, portanto, dele se toma conhecimento. Na matéria sujeita a recurso voluntário, incumbe destacar ausência de contencioso, em virtude do pagamento efetuado pela recorrente, reconhecendo a definitividade da exigência. Da matéria julgada pela DRJ O recurso de ofício interposto versa sobre o montante do lançamento afastado pela DRJ, em relação a créditos decorrente de reclassificação de mercadorias (do código NCM 9013.80.10 para o código 8708.29.94). A DRJ detecta confusão efetuada pelo autuante, entre parte de veículo automotor, e "parte de parte" de veículo automotor, esclarecendo que o dispositivo de cristal líquido não se confunde com o painel no qual ele será instalado (fl. 4966): "O problema é que uma tela de LCD não pode ser considerada um painel de instrumentos. Vale o que diz o laudo trazido pela interessada, reproduzido em parte a seguir, que diz não ser possível classificar os dispositivos de cristal líquido como se fossem os próprios painéis de instrumentos." E isso enseja o afastamento das reclassificações (e as consequências delas decorrentes, que incluem a exigência de tributos, acréscimos, multa de ofício e multa por erro de classificação) em relação a todas as importações de dispositivos de cristal líquido para controles de ar condicionado, painéis de informação central, painéis de instrumento e tacógrafos. No entanto, olvidouse o julgador de piso de analisar integralmente as razões de autuação e de defesa, como se destaca a seguir. Da matéria não julgada pela DRJ Como aqui relatado, a autuação foi lavrada para exigência de imposto de importação, imposto sobre produtos industrializados, contribuição para o PIS/PASEP importação e COFINSimportação, acrescidos de juros de mora e multa de ofício, e de multa por descrição incompleta de mercadoria (1 % do valor aduaneiro inciso III, e § 1o, III, do artigo 711 do Regulamento Aduaneiro) ou erro de classificação (1 % do valor aduaneiro inciso I do artigo 711 do Regulamento Aduaneiro), dependendo da declaração. A multa por erro de classificação, de que trata o artigo 711, I do Regulamento Aduaneiro, tem por fundamento o artigo 84 da Medida Provisória no 2.15835/2001: "Art. 84. Aplicase a multa de um por cento sobre o valor aduaneiro da mercadoria: I classificada incorretamente na Nomenclatura Comum do Mercosul, nas nomenclaturas complementares ou em outros Fl. 5353DF CARF MF Processo nº 10314.727518/201337 Acórdão n.º 3401003.228 S3C4T1 Fl. 5.442 5 detalhamentos instituídos para a identificação da mercadoria; ou ..." Por sua vez, a multa por descrição incompleta, de que trata o artigo 711, III do Regulamento Aduaneiro, tem por fundamento os §§ 1o e 2o do artigo 69 da Lei no 10.833/2003, tendo a fiscalização expressamente assinalado o inciso III do § 1o do artigo 711 do regulamento, que corresponde ao inciso III do § 2o da lei: "§ 1o A multa a que se refere o caput aplicase também ao importador, exportador ou beneficiário de regime aduaneiro que omitir ou prestar de forma inexata ou incompleta informação de natureza administrativotributária, cambial ou comercial necessária à determinação do procedimento de controle aduaneiro apropriado. § 2o As informações referidas no § 1o, sem prejuízo de outras que venham a ser estabelecidas em ato normativo da Secretaria da Receita Federal, compreendem a descrição detalhada da operação, incluindo: (...) III descrição completa da mercadoria: todas as características necessárias à classificação fiscal, espécie, marca comercial, modelo, nome comercial ou científico e outros atributos estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal que confiram sua identidade comercial; ..." (grifo nosso) No relatório fiscal, percebese nitidamente que a fiscalização está a aplicar ambas as multas. Contudo, o percentual não é dobrado de 1% para 2% em função do texto do próprio Regulamento Aduaneiro (artigo 711, § 3o, que impede a duplicação, afirmando que "na ocorrência de mais de uma das condutas descritas nos incisos do caput, para a mesma mercadoria, aplicase a multa somente uma vez"). Para afastar qualquer dúvida sobre o alegado, vejamse os seguintes excertos do Relatório Fiscal (fls. 4535 e 4536): Fl. 5354DF CARF MF 6 Ademais, há um tópico inteiro do Relatório Fiscal intitulado "Da análise das Descrições Imprecisas ou Incorretas", na sequência (fls. 4536 a 4540), ao final do qual a fiscalização esclarece: Ainda no relatório fiscal, o item 6.1 detalha as penalidades aplicadas, entre elas a correspondente a "descrição incorreta ou insuficiente", ficando claro o critério adotado pelo fisco (fls. 4548/4549): Também a empresa autuada bem compreendeu que a multa de 1% aplicada tinha dois pressupostos (a não ser nos casos específicos em que o fisco detalhou incidir só uma): o erro de classificação e a "incorreção/insuficiência" da descrição, na declaração de importação. Isso se percebe dos seguintes excertos (fls. 4741): Fl. 5355DF CARF MF Processo nº 10314.727518/201337 Acórdão n.º 3401003.228 S3C4T1 Fl. 5.443 7 Mas a DRJ, a iniciar pelo relatório que antecedeu o voto condutor, sequer mencionou um dos enquadramentos da autuação (fl. 4593): No voto condutor, unanimemente acolhido pelo tribunal de piso, também não há vestígios da análise da aplicação da penalidade referida no artigo 711, III do Regulamento Aduaneiro, que não se confunde com a penalidade por erro de classificação da mercadoria. A DRJ, ao afastar a multa por erro de classificação (inciso I do artigo 711), deveria ter analisado se a multa referida no inciso III do mesmo artigo 711 do Regulamento Aduaneiro era devida, naquelas situações em que a autuação imputava ambas (ainda que o percentual fosse de 1%, pela impossibilidade de cumulação). Isso porque o afastamento de uma de tais penalidades não implica, necessariamente, o afastamento da outra. Examinar tal penalidade agora, no CARF, implicaria supressão de instância, visto que não houve julgamento prévio do tema. A ausência de pronunciamento da DRJ sobre o tema operou em detrimento da defesa, no caso, prejudicando ambas as partes no seguimento do contencioso, visto que foi afastado do lançamento crédito referente a multa sobre a qual não se manifestou expressamente o julgador. Não há como as partes se manifestarem sobre o assunto no contencioso à míngua de uma decisão prévia sobre tal ponto relevante. Identificase, assim, nulidade no julgamento de piso, nos termos do art. 59, II do Decreto no 70.235/1972, em função de preterição do direito de defesa. Diante do exposto, voto no sentido de anular o processo a partir da decisão de primeira instância, inclusive, devendo os autos retornarem à DRJ para prolação de novo acórdão, analisando também a matéria sobre a qual foi omisso o colegiado de piso. Rosaldo Trevisan Fl. 5356DF CARF MF 8 Fl. 5357DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10907.722684/2013-77
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 28 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Oct 25 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Regimes Aduaneiros
Data do fato gerador: 11/11/2008, 18/11/2008
SUSPEITA DE SUBFATURAMENTO. MULTA. DETERMINAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO DOS TRIBUTOS INCIDENTES NA IMPORTAÇÃO.
Caso haja motivos para duvidar da veracidade ou exatidão dos dados ou documentos apresentados como prova de uma declaração de valor (e o fato de as matérias constitutivas terem valor inferior ao produto final nos soa como suficiente para demonstrar a dúvida, se devidamente fundamentada a verificação), a autoridade aduaneira poderá decidir, com base em parecer fundamentado, pela impossibilidade de aplicação do primeiro método (valor de transação, obtido a partir da fatura comercial, com os ajustes previstos no AVA-GATT). Tal dúvida, disciplinada no artigo 82 do Regulamento Aduaneiro, que demanda parecer fundamentado, não se confunde com a situação externada no artigo 86 do mesmo regulamento, que trata de "arbitramento" do preço da mercadoria em caso de fraude, sonegação ou conluio (e tratada o art. 88 da Medida Provisória no 2.158-35/2001).
Seja caso de dúvida disciplinado do artigo 82 do Regulamento Aduaneiro, ou de fraude, sonegação ou conluio, tratado no art. 86 do mesmo regulamento, deve a fiscalização buscar inicialmente caminho compatível com o segundo e com o terceiro métodos de valoração aduaneira, tentando identificar importações de mercadoria idêntica (e, em sua ausência, similar), no mesmo período aproximado, com o mesmo nível comercial, exportada do mesmo país, documentando detalhadamente de que forma chegou à(s) declaração(ões) a ser(em) utilizada(s) como paradigma, e como esta(s) já foi(foram) objeto de valoração.
Numero da decisão: 3401-003.259
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício, sendo que o conselheiro Robson José Bayerl acompanhou pelas conclusões. Apresentou contrarrazões orais Ilana Benjó, OAB/DF no 26.793-A.
ROBSON JOSÉ BAYERL - Presidente.
ROSALDO TREVISAN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl (presidente), Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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ementa_s : Assunto: Regimes Aduaneiros Data do fato gerador: 11/11/2008, 18/11/2008 SUSPEITA DE SUBFATURAMENTO. MULTA. DETERMINAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO DOS TRIBUTOS INCIDENTES NA IMPORTAÇÃO. Caso haja motivos para duvidar da veracidade ou exatidão dos dados ou documentos apresentados como prova de uma declaração de valor (e o fato de as matérias constitutivas terem valor inferior ao produto final nos soa como suficiente para demonstrar a dúvida, se devidamente fundamentada a verificação), a autoridade aduaneira poderá decidir, com base em parecer fundamentado, pela impossibilidade de aplicação do primeiro método (valor de transação, obtido a partir da fatura comercial, com os ajustes previstos no AVA-GATT). Tal dúvida, disciplinada no artigo 82 do Regulamento Aduaneiro, que demanda parecer fundamentado, não se confunde com a situação externada no artigo 86 do mesmo regulamento, que trata de "arbitramento" do preço da mercadoria em caso de fraude, sonegação ou conluio (e tratada o art. 88 da Medida Provisória no 2.158-35/2001). Seja caso de dúvida disciplinado do artigo 82 do Regulamento Aduaneiro, ou de fraude, sonegação ou conluio, tratado no art. 86 do mesmo regulamento, deve a fiscalização buscar inicialmente caminho compatível com o segundo e com o terceiro métodos de valoração aduaneira, tentando identificar importações de mercadoria idêntica (e, em sua ausência, similar), no mesmo período aproximado, com o mesmo nível comercial, exportada do mesmo país, documentando detalhadamente de que forma chegou à(s) declaração(ões) a ser(em) utilizada(s) como paradigma, e como esta(s) já foi(foram) objeto de valoração.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício, sendo que o conselheiro Robson José Bayerl acompanhou pelas conclusões. Apresentou contrarrazões orais Ilana Benjó, OAB/DF no 26.793-A. ROBSON JOSÉ BAYERL - Presidente. ROSALDO TREVISAN - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl (presidente), Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
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MULTA. DETERMINAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO DOS TRIBUTOS INCIDENTES NA IMPORTAÇÃO. Caso haja motivos para duvidar da veracidade ou exatidão dos dados ou documentos apresentados como prova de uma declaração de valor (e o fato de as matérias constitutivas terem valor inferior ao produto final nos soa como suficiente para demonstrar a dúvida, se devidamente fundamentada a verificação), a autoridade aduaneira poderá decidir, com base em parecer fundamentado, pela impossibilidade de aplicação do primeiro método (valor de transação, obtido a partir da fatura comercial, com os ajustes previstos no AVAGATT). Tal dúvida, disciplinada no artigo 82 do Regulamento Aduaneiro, que demanda parecer fundamentado, não se confunde com a situação externada no artigo 86 do mesmo regulamento, que trata de "arbitramento" do preço da mercadoria em caso de fraude, sonegação ou conluio (e tratada o art. 88 da Medida Provisória no 2.15835/2001). Seja caso de dúvida disciplinado do artigo 82 do Regulamento Aduaneiro, ou de fraude, sonegação ou conluio, tratado no art. 86 do mesmo regulamento, deve a fiscalização buscar inicialmente caminho compatível com o segundo e com o terceiro métodos de valoração aduaneira, tentando identificar importações de mercadoria idêntica (e, em sua ausência, similar), no mesmo período aproximado, com o mesmo nível comercial, exportada do mesmo país, documentando detalhadamente de que forma chegou à(s) declaração(ões) a ser(em) utilizada(s) como paradigma, e como esta(s) já foi(foram) objeto de valoração. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 90 7. 72 26 84 /2 01 3- 77 Fl. 494DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício, sendo que o conselheiro Robson José Bayerl acompanhou pelas conclusões. Apresentou contrarrazões orais Ilana Benjó, OAB/DF no 26.793A. ROBSON JOSÉ BAYERL Presidente. ROSALDO TREVISAN Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl (presidente), Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente). Relatório Versa o presente sobre Autos de Infração de fls. 2 a 10, 11 a 15, 16 a 22, e 23 a 291, com ciência ao sujeito passivo em 12/12/2013 (fl. 230), para exigência de imposto de importação (em valor original de R$ 201.495,73), imposto sobre produtos industrializados importação (em valor original de R$ 79,23), COFINS importação (em valor original de R$ 106.599,30), e Contribuição para o PIS/PASEP importação (em valor original de R$ 23.143,32), todos acrescidos de juros de mora e de multa de ofício de 150%, e de multa pela diferença entre o preço declarado e o arbitrado pela fiscalização, com fundamento no artigo 88 da Medida Provisória no 2.15835/2001. Nas autuações informase que o montante lançado está com exigibilidade suspensa por força de liminar concedida nos autos do processo judicial no 2009.34.00.0093333/DF. No Relatório Fiscal anexo à autuação (fls. 33 a 54), narrase que: (a) a empresa registrou cinco declarações de importação (DI no 08/17889544, DI no 08/17891085, DI no 08/17891999, DI no 08/18370500 e DI no 08/18370518), que foram objeto de autuação com aplicação da pena de perdimento no processo administrativo no 10907.000442/200942, por ter sido constatado subfaturamento e uso de documento falso; (b) por força de decisão proferida no Agravo de Instrumento no 2009.01.00.0416427/DF, as mercadorias apreendidas foram liberadas e entregues ao importador, confirmandose a decisão na sentença proferida na Ação Ordinária no 2009.34.00.0093333/DF; (c) as mercadorias importadas são guardachuvas de diversos modelos, tendo sido percebido que a razão entre seu valor FOB/kg, de aproximadamente US$ 0,68/kg, é inferior ao custo das matériasprimas utilizadas em sua fabricação (resinas plásticas e metais); (d) as matérias constitutivas dos guardachuvas, conforme Laudo Técnico, são aço, poliéster, nylon, zinco, polietileno, polipropileno e PVC, havendo, também no laudo técnico, cotações internacionais para as referidas matérias constitutivas (fls. 37/38); (e) tendo em vista o "subfaturamento já demonstrado por meio do laudo técnico", foram buscadas ainda cotações junto a exportadores chineses de guardachuvas (fls. 40/41); (f) houve discrepâncias nas faturas comerciais apresentadas nas importações, com layout, padrão de numeração e carimbo diferentes (DI no 08/17891999); (g) os preços da fatura que instrui a DI no 09/00272770 são dez vezes superiores aos valores informados pela 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 495DF CARF MF Processo nº 10907.722684/201377 Acórdão n.º 3401003.259 S3C4T1 Fl. 495 3 empresa; (h) faturas de diferentes exportadores chineses são praticamente idênticas (fl. 43/44), e possuem anotações semelhantes e sequenciais em rodapé (fls. 45/46); (i) solicitado pela Aduana para que os exportadores enviassem faturas e packing list originais diretamente à Aduana brasileira, estes vieram com os mesmos valores que os documentos apresentados no despacho de importação, mas tais faturas são incapazes de se sustentar como prova em favor do autuado em função do mencionado custo das matérias primas, havendo conluio entre exportadores e importador, ensejando o agravamento da multa, em função do art. 73 da Lei no 4.502/1964; (j) em casos como o presente, não se aplica o AVAGATT, em função da disposição de seu art. 17, sendo a matéria regulamentada pelo art. 82 do Regulamento Aduaneiro, e tratada nas Opiniões Consultivas 10.1 e 19.1 do Comitê Técnico de Valoração Aduaneira da Organização Mundial das Aduanas (CTVA/OMA), cabendo o arbitramento do preço da mercadoria, na forma do art. 88 da Medida Provisória no 2.15835/2001, "regulamentado pelo art. 86 do Decreto no 6.759/2009"; e (k) buscouse, nos sistemas da RFB, registro de importações de mercadoria idêntica ou similar (mesma posição, procedente da China, descrita como guardachuva e adquirida em grande quantidade), realizada à mesma época (entre setembro de 2008 a janeiro de 2009), encontrandose a DI no 09/00272770, por meio da qual foram importados guardachuvas de tamanho semelhante, e fabricados e vendidos pelo mesmo exportador chinês, sendo o mais barato declarado a US$ 14,35 a dúzia, conforme processo administrativo no 10907.000442/200942, valor que foi adotado pela fiscalização. A empresa apresenta Impugnação em 06/01/2014 (fls. 239 a 307), argumentando, em síntese, que: (a) a autoridade aduaneira não logrou êxito em demonstrar a ocorrência de fraude ou conluio, ou dolo na importação, até mesmo por impossibilidade material, e as faturas enviadas pelo exportador diretamente à Aduana, sem participação da empresa, comprovam o valor declarado, e afastam a existência de falsidade material, como reconhece a própria PGFN, nos autos da ação judicial; (b) ocorreu decadência, pois o lançamento foi efetuado em 12/12/2013, depois de cinco anos da data de registro das DI (11/11/2008 e 18/11/2008), em afronta ao art. 139 do DecretoLei no 37/1966; (c) há bis in idem, visto que há duplicidade de autuações (esta e a presente no processo administrativo no 10907.722695/201357) em função dos mesmos fatos, relativos às mesmas DI; (d) há nulidade formal, por cerceamento do direito de defesa, por ausência de juntada aos autos da DI adotada como paradigma para determinação do preço das mercadorias; (e) a base primeira de valoração aduaneira é o valor de transação, que pode ser representado pelo preço constante da fatura comercial; (f) as anotações sequenciais no rodapé das faturas que o fisco toma como elementos indiciários não são apostas nas faturas que instruíram as DI, mas naquelas remetidas diretamente pelos exportadores, sem interferência da importadora; (g) o subfaturamento não pode ser presumido, sendo ônus do fisco comprovar eventual falsidade na fatura comercial apresentada; (h) a busca em sistemas da RFB de mercadorias idênticas não toma em consideração o que o AVAGATTT considera como "mercadorias idênticas"; (i) ainda que juntada aos autos a DI paradigma, o lançamento seria improcedente, porque se está a tratar de diferentes modelos de guardachuva, de diferentes exportadores; (j) a Opinião Consultiva 2.1 do CTVA/OMA afasta a pretensão fiscal de recusar o valor de transação com base em que existem DI com preços superiores; (k) devem ser efetuados ajustes no valor aduaneiro em função da quantidade e do nível comercial, o que não foi tomado em conta pela fiscalização; (l) o laudo pericial possui inconsistências (como a desconsideração do país de origem das mercadorias), e, em alguns tópicos, é considerado inadequado pela própria autoridade fiscal, e, ainda que se admita o laudo, este não pode constituir paradigma para a valoração. Após conversão do julgamento em diligência (fl. 411) para que fossem anexadas as petições referentes à Ação Ordinária no 2009.34.00.0093333/DF e ao Agravo de Fl. 496DF CARF MF 4 Instrumento no 2009.01.00.0416427/DF, o que foi providenciado às fls. 417 a 438, e 439 a 468, ocorre , em 29/01/2015, o julgamento de primeira instância (fls. 472 a 486), no qual se decide unanimemente pela procedência da impugnação, cancelando o lançamento, sob os seguintes fundamentos: (a) o cômputo do prazo decadencial foi efetuado com fulcro no art. 173, I do Código Tributário Nacional, haja vista a suposta ocorrência de fraude, que, contudo, não restou demonstrada; (b) as mercadorias haviam sido objeto de auto de infração com o intuito de aplicação da pena de perdimento, e, diante do disposto no art. 71, II do Regulamento Aduaneiro, estava a fiscalização impedida de constituir o crédito tributário em discussão; (c) os argumentos de defesa que propugnam pela nulidade da autuação deixaram de ser analisados em função de ser favorável à defesa a decisão de mérito; (d) na ação judicial, amparada basicamente nos mesmos elementos de prova, não foi evidenciada falsidade material, afastandose a pena de perdimento, ainda que haja eventualmente subfaturamento, pois entende a autoridade judicial que tal conduta é punível com multa; (e) a ação judicial discute apenas a liberação da mercadoria, e não a verificação da ocorrência de subfaturamento, deixada pelo juízo à Administração sua eventual fiscalização; (f) a multa do presente processo é a multa sobre o diferença apurada entre o preço declarado e o preço efetivamente praticado ou o preço declarado e o arbitrado (conforme descrito no Auto de Infração), e a multa aplicada no processo administrativo no 10907.722.695/201357 é a da conversão da pena de perdimento em multa, havendo, nesta última, concomitância de objeto com o da ação judicial; (g) no presente caso, a fiscalização não aventou a existência de impedimentos à aceitação do valor de transação declarado pelo importador, sendo o lançamento está fundado somente em alegação de que os preços declarados seriam inferiores a preços de importação de mercadorias similares; (h) o auto de infração não está acompanhado de prova alguma que demonstre qual dispositivo do AVA foi violado, de forma a ensejar a rejeição do valor de transação declarado; (i) não há prova de que os documentos apresentados pelo interessado sejam inidôneos ou fraudulentos, pelo que é descabida a rejeição do valor de transação. Em razão do montante exonerado, há interposição de Recurso de Ofício. A empresa foi cientificada do julgamento em 10/02/2015 (fl. 490). Em 17/03/2016 o processo foi distribuído a este relator, por sorteio. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso de ofício apresentado preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Percebese, no presente processo, intenso grau de apuração de técnicas de investigação pela fiscalização, mas que lamentavelmente não se fazem acompanhar da guarida normativa necessária. É correto, e de grande relevância para a fiscalização, a nosso ver, comparar os preços por quilograma da mercadoria importada com os preços por quilograma de suas matérias constitutivas. Afinal de contas, um produto não pode custar menos do que suas matérias constitutivas, a menos que a empresa vendedora objetive prejuízo, o que é absolutamente incomum no comércio, nacional e internacional. Fl. 497DF CARF MF Processo nº 10907.722684/201377 Acórdão n.º 3401003.259 S3C4T1 Fl. 496 5 Assim, denota maturidade a ideia esboçada no procedimento inicial de fiscalização, que busca formar convicção sobre a veracidade dos valores declarados na importação. No entanto, a forma utilizada para levar a cabo tal tarefa não encontra guarida na legislação aduaneira. O artigo 813 do Decreto no 6.759/2009 (Regulamento Aduaneiro) prevê a realização de perícia para "identificação e quantificação de mercadoria importada ou a exportar, bem como a avaliação de equipamentos de segurança e sistemas informatizados, e a emissão de laudos periciais sobre o estado e o valor residual de bens" (este, o valor residual, no caso de avaria, ou de utilização do bem, cf. arts. 89, 103 e 129, do mesmo regulamento). Não há perito credenciado pela RFB para estabelecer ou cotar preços de mercadorias. A valoração aduaneira e o questionamento sobre preços praticados são tarefas a cargo do AFRFB, não havendo previsão de perícia com tal finalidade. Como se percebe do documento de fl. 161, os profissionais foram credenciados pela RFB para mensuração e quantificação de mercadorias a granel (em geral, por arqueação), e para identificação de mercadorias. Caso a RFB credencie entidade ou técnico especializado (ainda que ad hoc) para a tarefa prevista na alínea "c" do inciso II do parágrafo único do art. 86 do Regulamento Aduaneiro, ainda assim, o credenciamento seria para determinação do preço no mercado internacional da mercadoria importada, e na hipótese de já ter sido verificada uma das situações mencionadas nos incisos I ou II do caput do referido art. 86. Assim como não incumbe ao perito classificar a mercadoria, mas tão somente identificála, com os elementos necessários para que o AFRFB forme convicção sobre a correta classificação, com base no Sistema Harmonizado, não incumbe ao perito determinar preços ou cotações de mercadorias, tarefa que deve ser levada a cabo pela fiscalização. Anda bem, assim, a perícia, ao identificar os materiais constitutivos da mercadoria importada, mas excede seu objeto ao determinar sua cotação. Fossem as matérias constitutivas cotadas internacionalmente em bolsa, poderia a fiscalização utilizarse de informações de sítios especializados, como o do Banco Mundial (www.worldbank.org). Não havendo cotação internacional, poderia utilizarse da base de importações brasileiras (SISCOMEX). No entanto, tudo o que foi dito até o momento é imprestável para valorar as mercadorias, sendo válido somente para que se forme convicção quanto à existência de prestação de declaração falsa sobre o valor, ou sobre haver dúvida a respeito da veracidade ou exatidão dos dados ou documentos apresentados. Caso haja motivos para duvidar da veracidade ou exatidão dos dados ou documentos apresentados como prova de uma declaração de valor (e o fato de as matérias constitutivas terem valor inferior ao produto final nos soa como suficiente para demonstrar a dúvida, se devidamente fundamentada a verificação), a autoridade aduaneira poderá decidir, com base em parecer fundamentado, pela impossibilidade de aplicação do primeiro método (valor de transação, obtido a partir da fatura comercial, com os ajustes previstos no AVA GATT). Repitase, o comando do Artigo 17 do AVAGATT, reproduzido no art. 82 do Regulamento Aduaneiro, não trata do afastamento do AVAGATT, como parece entender a fiscalização, mas do afastamento do primeiro método do AVAGATT, restando ainda a avaliar os outros cinco métodos. O equívoco do entendimento fiscal é evidenciado à fl. 47: A base legal acima citada, o Acordo sobre a Implementação do Artigo VII do GATT, aprovado pelo Decreto Legislativo no 30, de 15/12/1994, e promulgado pelo Decreto no 1.355, de 30/12/1994, comumente denominado de Acordo de Valoração Fl. 498DF CARF MF 6 Aduaneira (AVA/GATT), não se aplica em casos como o presente, prevendo em seu Art. 17 a possibilidade das Administrações Aduaneiras questionarem sua aplicação em casos de dúvidas quanto à veracidade de documentos, sendo tal dispositivo regulamentado pelo Art. 82 do decreto no 4.543/2002. (sic)(grifos nossos) Confunde a fiscalização o artigo 82 do Regulamento Aduaneiro (dúvidas quanto à veracidade), que demanda parecer fundamentado, com o artigo 86 do mesmo regulamento, que trata de "arbitramento" do preço da mercadoria em caso de fraude, sonegação ou conluio (e tratado no art. 88 da Medida Provisória no 2.15835/2001). Essa confusão faz com que a fiscalização mescle a dúvida sobre o valor (ensejada pelas diferenças entre preços da mercadoria importada e de seus materiais constitutivos) com a existência de fraude, entendendo que o exportador, ao remeter diretamente à fiscalização as faturas correspondentes às importações, com os mesmos preços, estaria não a confirmar os preços declarados, mas a revelar conluio, a partir do elemento adicional de que as faturas enviadas conteriam, em rodapé, código sequencial. Novamente, a fiscalização demonstrou ser atenta aos elementos fáticos, mas desconhecedora dos aspectos normativos que os circundam. As informações do país exportador poderiam ser oficialmente obtidas, mediante troca de informação entre as administrações aduaneiras. Mas as informações que a fiscalização obteve por simples colaboração do exportador, que sequer necessitaria ter enviado qualquer fatura ao fisco, e que confirmam os preços declarados, não teve, a nosso ver, o condão de provar conluio. Deveria o fisco, além de obter informações na forma prevista na legislação, ter efetuado diligência na empresa, apreendido documentos, verificado a documentação da negociação comercial etc. Nas trocas de mensagens comerciais poderia haver vestígio de conluio (acordo entre as partes para informar ao fisco preço diferente do efetivamente praticado). E, superada essa etapa de afastamento do valor de transação, com deficiências que, por si, já são suficientes para que não prospere o lançamento, partese para etapa ainda mais problemática da autuação: a determinação da base de cálculo do imposto de importação, e dos demais tributos incidentes. Seja caso de dúvida disciplinado do artigo 82 do Regulamento Aduaneiro, ou de conluio tratado no art. 86 do mesmo regulamento, buscou a fiscalização caminho compatível com o segundo e com o terceiro métodos de valoração aduaneira, tentando identificar importações de mercadoria idêntica (e, em sua ausência, similar), no mesmo período aproximado, com o mesmo nível comercial, exportada do mesmo país. Mas não revelou nenhum detalhe sobre o resultado de sua busca, além das informações constantes à fl. 50: Desta forma procedeuse à pesquisa nos sistemas da RFB em busca de importação de mercadoria idêntica ou similar realizada à mesma época que pudesse atender o primeiro critério elencado no dispositivo legal acima. Para tanto foi realizada pesquisa com as seguintes características: Posição na NCM (Nomenclatura Comum do Mercosul): 6601; Descrição da Mercadoria: guardachuva; País de Procedência: China; Fl. 499DF CARF MF Processo nº 10907.722684/201377 Acórdão n.º 3401003.259 S3C4T1 Fl. 497 7 Nível Comercial: Atacado (Grande quantidade); e Data de registro da DI: entre setembro/2008 e janeiro/2009; Além de cercear a defesa do importador, por não revelar como chegou à única DI paradigma, se esta foi objeto de valoração, qual, detalhadamente, era a mercadoria, e quais as quantidades negociadas, entre outros, a fiscalização não atende ao escopo do AVA GATT, e sequer atende ao objetivo do art. 88 da Medida Provisória no 2.15835/2001, no qual a palavra "arbitramento" está longe de ser ligada a algo arbitrário, pois há critérios precisos para determinação do preço da mercadoria. E o principal de tais critérios (preço de exportação, para o país, de mercadoria idêntica ou similar), que parece ter sido utilizado pelo fisco para valorar as mercadorias, não foi suficientemente detalhado, revelandose precário para que se forme convicção sobre a identidade ou semelhança com cada espécie importada, além de não restar explicado de onde advém, e como foi analisada pelo fisco a valoração da DI paradigma. Em síntese, a fiscalização lavrou auto de infração para aplicar o perdimento às mercadorias, pena afastada judicialmente (processo ainda em trâmite, conforme consulta efetuada ao sítio web do TRF1), por não restar comprovada falsidade material, o que não impediria a fiscalização de aplicar multa, por eventual subfaturamento verificado. Prejudicada a aplicação do perdimento, lavrou a fiscalização, entre outros, o presente lançamento, para exigir multa relativa a subfaturamento, aliada à exigência dos tributos correspondentes, acrescidos de juros e de multa agravada. Entretanto, os elementos acostados aos autos, e os procedimentos adotados, além de não darem conta de comprovar a existência de fraude, conluio ou dolo, estão em desconformidade com as próprias normas de estatura legal utilizadas como fundamento pelo fisco: o AVAGATT e o art. 88 da Medida Provisória no 2.15835/2001. Assim, há que se acordar com as conclusões externadas no julgamento de piso, de que sequer é necessário analisar as alegações de nulidade, visto que a autuação não deve, no mérito, prosperar, o que guarda consonância com a disposição do artigo 59, § 3o do Decreto no 70.235/1972, que regula o processo administrativo de determinação e exigência de crédito tributário. Pelo exposto, voto por negar provimento ao recurso de ofício apresentado. Rosaldo Trevisan Fl. 500DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15374.724431/2009-31
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 27 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Dec 21 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 3401-000.953
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência. Esteve presente ao julgamento o advogado Marcelo Rodrigues de Siqueira, OAB/MG no 106.133.
ROBSON JOSÉ BAYERL - Presidente.
ROSALDO TREVISAN - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl (presidente), Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1559; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T1 Fl. 6.570 1 6.569 S3C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 15374.724431/200931 Recurso nº Voluntário Resolução nº 3401000.953 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Data 27 de setembro de 2016 Assunto COMPENSAÇÃO PIS Recorrente PETRÓLEO BRASILEIRO S.A. PETROBRAS Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência. Esteve presente ao julgamento o advogado Marcelo Rodrigues de Siqueira, OAB/MG no 106.133. ROBSON JOSÉ BAYERL Presidente. ROSALDO TREVISAN Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Robson José Bayerl (presidente), Rosaldo Trevisan, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Fenelon Moscoso de Almeida, Rodolfo Tsuboi (suplente) e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente). Relatório Versa o presente sobre declaração de compensação (DCOMP transmitida em 30/05/2008 fls. 5 a 91) de créditos decorrentes de recolhimento a maior da Contribuição para o PIS/PASEP não cumulativa (referente a abril de 2005, utilizado o valor de R$ 10.323.625,16), com débito de IRPJ referente a abril de 2008. 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 53 74 .7 24 43 1/ 20 09 -3 1 Fl. 6570DF CARF MF Processo nº 15374.724431/200931 Resolução nº 3401000.953 S3C4T1 Fl. 6.571 2 No despacho decisório de fl. 2435, não é reconhecido o direito creditório e, por consequência, não é homologada a compensação efetuada na DCOMP no 35335.46500.300508.1.3046845. O Termo de Verificação Fiscal que ampara o despacho (fls. 2414 a 2434) trata ainda das compensações efetuadas por meio dos processos administrativos no 15374.724330/200960 e no 15374.724427/200972, e aponta que: (a) os créditos foram apurados a partir de retificações em DACON, que aumentaram expressivamente os descontos de créditos da não cumulatividade, e reduziram o valor devido a título de PISCombustíveis e COFINSCombustíveis; (b) a empresa foi intimada pelo fisco a justificar as alterações, apresentando a documentação correspondente, tendo deixado de apresentar parte da documentação solicitada; (c) a empresa sequer conseguiu identificar os serviços (indicados como insumo) aplicados em cada etapa de seu processo produtivo, o que leva à impossibilidade de tratálos como insumos diretamente aplicados ou consumidos no processo produtivo; (d) há serviços que flagrantemente não atendem aos requisitos para serem considerados como insumos (v.g., conservação e melhoria das instalações, hospedagem, exames clínicos, digitalização de documentos, regência de coral, gastos com publicidade, serviços médicos), sendo glosados; (e) foram ainda glosados os valores de serviços para os quais não restou caracterizada a aquisição dentro do mês de apuração do crédito; (f) os créditos referentes a “despesas de armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda” abarcaram gastos de transporte que comprovadamente não se referem a operações de venda (como transporte de pessoas ou apoio aéreo logístico), ou para os quais não restou comprovada a relação com a operação de venda; (g) em relação às importações de mercadorias, foram glosados os valores referentes a aquisições decorrentes de importações não efetuadas no próprio mês (abril/2005); (h) no que se refere à importação de serviços, a empresa não comprovou os pagamentos efetuados nas importações; (i) os créditos descontados em relação a “aquisições de bens para revenda” também acabaram abarcando valores referentes a meses diversos do de apuração, ensejando a glosa; e (j) a redução do valor das contribuições a pagar em abril restou comprovada, exceto para vendas de gasolinas (salvo de aviação) e óleo diesel. Apresentada a manifestação de inconformidade (fls. 2439 a 2459), em 06/12/2012 ocorre o julgamento de primeira instância (fls. 2539 a 2554), no qual se acorda unanimemente que "para fins de apuração de créditos da não cumulatividade, consideramse insumos os bens e serviços diretamente aplicados ou consumidos na fabricação do produto"; que "na apuração não cumulativa da contribuição para o PIS, os créditos a descontar devem ser calculados em relação às aquisições de insumos ou bens para revenda ocorridas no próprio mês de apuração"; que "somente os valores das despesas realizadas com fretes contratados para a entrega de mercadorias ou produtos diretamente aos clientes adquirentes, desde que o ônus tenha sido suportado pela pessoa jurídica vendedora, é que geram direito a créditos a serem descontados do PIS devido", e que "somente se admitem os créditos decorrentes da importação de serviços quando comprovados os efetivos recolhimentos do PIS Importação". Esclareceu ainda o julgador de piso que "a prova deve ser apresentada na manifestação de inconformidade, precluindo o direito de fazêlo em outro momento processual, por força do artigo 16, § 4º, do Decreto nº 70.235/72" e que se operamse "os efeitos preclusivos previstos nas normas do processo administrativo fiscal em relação à matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante". Cientificada da decisão de piso em 29/03/2013 (por decurso do prazo de 15 dias da disponibilização em caixa postal, no módulo eCAC do sítio da RFB fl. 2561), a empresa apresenta recurso voluntário (fls. 2563 a 2583), em 12/04/2013, sustentando, em síntese, que: (a) a viabilização da atividade econômica é pressuposto lógico para a cadeia de produção de bens e serviços, necessariamente albergandose ao conceito de insumo todos os custos Fl. 6571DF CARF MF Processo nº 15374.724431/200931 Resolução nº 3401000.953 S3C4T1 Fl. 6.572 3 imprescindíveis, a fim de concretizar a não cumulatividade delineada nas Leis no 10.637/2002 e no 10.833/2003; (b) as apropriações referentes a períodos anteriores resultam de mero erro de preenchimento do DACON, o que não obsta a homologação, comprovada a existência de saldo credor, em nome da verdade material; (c) os gastos suportados com fretes passíveis de geração de créditos de PIS/COFINS não se restringem aos envolvidos na entrega de mercadorias e produtos aos adquirentes, estando intimamente ligados ao seu contexto na cadeia produtiva; e (d) na medida em que o pagamento da Contribuição para o PIS/PASEP constitui requisito ao desembaraço, na importação, irrazoável exigirse prova do recolhimento de tal tributo se a mercadoria efetivamente foi desembaraçada. Em 22/10/2013, o CARF converte o julgamento em diligência, por meio da Resolução no 3403000.509 (fls. 2659 a 2662), para que se aguardasse o resultado da diligência efetuada nos processos administrativos de no 15374.724330/200960 e no 15374.724427/200972, aproveitando seu teor no presente processo, visto versarem os três processos sobre direito de crédito fundado em uma mesma origem, objeto de uma mesma fiscalização, que culminou em um mesmo despacho decisório, no qual foram glosados itens que impactam igualmente nas três compensações. No Relatório de Encerramento de Diligência Fiscal, lavrado em 11/05/2016 (fls. 6557 a 6563), referente ao processo no 15374.724427/200972 (relativo à COFINS, no mesmo período de abril/2005), em endosso a outra anteriormente efetuado no âmbito do processo no 15374.724330/200960, conclui a fiscalização que: (a) não houve aproveitamento, nos meses anteriores, das aquisições glosadas pela fiscalização, coincidindo os valores com os declarados pela empresa; (b) as aquisições de insumos no mercado interno tratamse, em verdade, de aquisições de partes e peças (juntas, filtros, cartuchos, rolamentos etc.); (c) à exceção de uma (NF no 31168), foram anexadas as notas fiscais relativas a despesas com táxi aéreo; e (d) sobre as despesas de serviços prestados pela empresa "Transpetro S.A.", declaradas em DACON como referentes a armazenagem e fretes na operação de venda, nenhuma nota fiscal relativa à prestação de tais serviços foi fornecida, mesmo após intimação, percebendose que os serviços eram de "afretamento a casco nu de navios tanque ou de navios transportadores de gás", e de "transporte e movimentação do petróleo e seus derivados dos campos de produção para os terminais ou de lá para refinarias e das refinarias para as distribuidoras, realizados por meio de dutos ou terminais", havendo ainda uma nota de débito (125/2004) para a qual não se pode atestar a natureza do serviço, em função da não apresentação de contrato pela empresa, e outras notas de débito não apresentadas, relacionadas à fl. 6562. O processo retorna ao CARF em 28/06/2016, sendo distribuído a este relator, em virtude da relatoria no julgamento original do processo, quando da conversão em diligência. É o relatório. Voto Fl. 6572DF CARF MF Processo nº 15374.724431/200931 Resolução nº 3401000.953 S3C4T1 Fl. 6.573 4 Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O recurso apresentado preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Como se esclareceu na conversão em diligência, o Termo de Verificação Fiscal utilizado no despacho decisório de que trata este processo foi igualmente utilizado nos processos administrativos no 15374.724330/200960 e no 15374.724427/200972. Isso resta claro logo ao início do termo (fl. 2414): Assim, os três processos tratam de direito creditório fundado em uma mesma origem, objeto de uma mesma fiscalização, que culminou em um mesmo despacho decisório, no qual foram glosados itens que impactam nas três compensações. Daí o julgamento dos três processos em primeira instância ter sido efetuado em uma mesma ocasião (em 06/12/2012), pela mesma turma de julgamento (17ª Turma da DRJ/RJ1). Basta a observação do resultado de tais julgamentos, e do teor dos recursos voluntários apresentados em todos os processos, para que se visualize inequivocamente a unidade temática. Ocorre que, no CARF, os processos foram distribuídos de forma diferente. Enquanto o presente foi analisado pela extinta 3ª Turma Ordinária da 4ª Câmara (sob minha relatoria), os processos administrativos no 15374.724330/200960 (referente a COFINS/abril 2005, Resolução no 3401000.763) e no 15374.724427/200972 (referente a COFINSoutras receitas/abril2005, Resolução no 3401000.764) foram julgados em 25 de setembro de 2013, na 1ª Turma Ordinária desta 4ª Câmara, tendo o relator (Cons. Robson José Bayerl) proposto a baixa em diligência, no que foi unanimemente acompanhado pela turma. O fundamento do direito creditório analisado no presente processo, reiterese, foi exatamente o mesmo daqueles, tendo sido glosados os mesmos itens. Daí ter sido Fl. 6573DF CARF MF Processo nº 15374.724431/200931 Resolução nº 3401000.953 S3C4T1 Fl. 6.574 5 demandado o relatório da diligência efetuada naqueles processos, trasladandose aos presentes autos o relatório das diligências e as eventuais manifestações da recorrente sobre tais relatórios. Pelo fato de não se agregar elemento novo, dispensada restou a abertura de prazo de 30 dias para manifestação da empresa, nos termos do parágrafo único do artigo 35 do Decreto no 7.574/2011. Quanto ao desfecho dos dois processos administrativos citados, efetuamos consulta no sistema "eprocessos", em nome da verdade material, verificando que ambos tiveram o mesmo destino: nova conversão em diligência, em sessões desta primeira turma da quarta câmara da terceira seção do CARF, com a participação deste relator, que acordou com a conversão. O processo administrativo no 15374.724330/200960 (referente a COFINS/abril 2005, com julgamento inicialmente convertido em diligência pela Resolução no 3401000.763) foi apreciado por esta turma na sessão de 27/04/2016, acordandose unanimemente pela nova conversão em diligência, nos seguintes termos: Cumprida a diligência, digase, com esmero digno de elogio, constatouse que as notas fiscais, isoladamente consideradas, conforme documentos de fls. 2789/2883, não são tão esclarecedoras a respeito do questionamento, porquanto trazem a descrição dos serviços da seguinte forma, exemplificativamente: “Fixo mensal e horas voadas ...” (fls. 2789/2802), “Valor correspondente ao bônus ...” (fls. 2803/2092), “Afretamento de aeronave” (fls. 2808/2812), “Serviço de afretamento ...” (fls. 2813/2821), “Serviço de transporte aéreo ...” (fls. 2840/2876), etc. Então remanesce a dúvida de saber se se trata de afretamento de aeronave, como ocorre nas operações com os navios da TRANSPETRO, ou serviços de transporte aéreo, de maneira que há necessidade de verificar os contratos firmados entre a PETROBRÁS e as empresas de táxi aéreo e cotejálos com os documentos fiscais pertinentes. Em face de todo o exposto, voto por converter novamente o julgamento em diligência para que sejam trazidos aos autos os contratos firmados e vigentes no período de apuração requerido (Abril/2005), entre a recorrente, PETROBRÁS, e as seguintes empresas, correspondentes às notas fiscais apresentadas (fls. 2789/2883): AERÓLEO TÁXI AÉREO S/A, APUÍ TÁXI AÉREO LTDA., ATLAS TÁXI AÉREO LTDA., BHS – BRAZILIAN, HELIVIA AERO TÁXI LTDA., LÍDER TÁXI AÉREO S/A – AIR BRASIL, NORTH STAR TÁXI AÉREO LTDA., OMNI TÁXI AÉREO LTDA. e SÊNIOR TÁXI AÉREO EXECUTIVO LTDA. Após a adoção das medidas, encaminhese o processo ao CARF para continuidade do julgamento." (grifo nosso) O processo administrativo no 15374.724427/200972 (referente a COFINS outras receitas/abril2005, com julgamento inicialmente convertido em diligência pela Resolução no 3401000.764) foi apreciado por esta turma na sessão de 23/08/2016, acordando se unanimemente pela nova conversão em diligência, nos seguintes termos: Fl. 6574DF CARF MF Processo nº 15374.724431/200931 Resolução nº 3401000.953 S3C4T1 Fl. 6.575 6 Entretanto, cumprida a diligência, digase de passagem, com esmero digno de elogio, constatouse que as notas fiscais, isoladamente consideradas, conforme documentos de fls. 2720/2814 e 2850/2856, não são tão esclarecedoras acerca do questionamento, porquanto trazem a descrição genérica dos serviços, exemplificativamente: “Fixo mensal e horas voadas...” (fls. 2720/2733), “Valor correspondente ao bônus ...” (fls. 2734/2738), “Afretamento de aeronave” (fls. 2742/2743), “Serviço de afretamento ...” (fls. 2744/2756), “Serviço de transporte aéreo ...” (fls. 2770/2807), etc. Então remanesce a dúvida, se se trata de afretamento de aeronave ou serviços de transporte aéreo, de maneira que há necessidade de verificar os contratos firmados entre a PETROBRAS e as empresas de táxi aéreo e cotejálos com os documentos fiscais pertinentes. Outro ponto diz respeito aos contratos de afretamento de embarcação, firmados com a TRANSPETRO. Consoante informação fiscal, fls. 5366 e ss., tratarseia de afretamento a casco nu de navios tanque ou de navios transportadores de gás, mediante pagamento de taxa diária de aluguel. (...) Então, no afretamento dito “a casco nu” o proprietário disponibiliza exclusivamente a embarcação, desprovida de comandante, tripulação e demais itens necessários a navegação. Já no afretamento por tempo, a embarcação é entregue armada, equipada e em condição de navegabilidade. Esses conceitos foram reproduzidas na Lei nº 9.432/97, que versa sobre a ordenação do transporte aquaviário (...) (...) Pois bem, compulsando os autos, verifico que, para certas embarcações, há um contrato de afretamento a casco nu, denominado “Standard Bareboat Charter – Code Name ‘BARECON 89’”), e, firmado na mesma data e para o mesmo barco, um contrato de afretamento por tempo (“Time Charter Party”), ambos em língua inglesa (e.g. fls. 3064/3091 – Navio Cantagalo; 3202/3229 – Navio Caravelas; 3272/3299 – Navio Carioca; 3519/3546 – Navio Guaporé; 3773/3788 – Navio Itabuna e 4625/4648 – Navio Nara). Há também situações para as quais foram apresentados apenas os contratos de afretamento por tempo (“Time Charter Party”), como, exemplificativamente, os documentos de fls. 2878/2899 – Navio Bicas; 2933/2954 – Navio Camocim; 3126/3134 – Navio Carangolas; 4080/4095 – Navio Lages; 4126/4147 – Navio Lambari e 4242/4250 – Navio Lindóia BR. Dadas as especificidades e sutis diferenças destes tipos de contrato, não fica claro, no caso dos autos, quem arca com as despesas de manutenção da tripulação e da embarcação, por exemplo, de modo a permitir a identificação da real natureza da operação, por exemplo, se se trata de mero aluguel de embarcação, como ocorre no afretamento a Fl. 6575DF CARF MF Processo nº 15374.724431/200931 Resolução nº 3401000.953 S3C4T1 Fl. 6.576 7 casco nu, ou a utilização dos serviços do navio, como no contrato de afretamento por tempo. Em face de todo o exposto, voto por converter novamente o julgamento em diligência para que seja providenciado o seguinte: 1. Os contratos firmados e vigentes no período de apuração requerido (Abril/2005), entre a recorrente, PETROBRAS, e as seguintes empresas, correspondentes às notas fiscais apresentadas (fls. 2720/2814 e 2850/2856): AERÓLEO TÁXI AÉREO S/A, APUÍ TÁXI AÉREO LTDA., ATLAS TÁXI AÉREO LTDA., BHS – BRAZILIAN HELICOPTER SERVICES TÁXI AÉREO LTDA., CASTLE AIR TÁXI AÉREO LTDA., HELIVIA AERO TÁXI LTDA., LÍDER TÁXI AÉREO S/A – AIR BRASIL, NORTH STAR TÁXI AÉREO LTDA., OMNI TÁXI AÉREO LTDA. e SÊNIOR TÁXI AÉREO EXECUTIVO LTDA; 2. Informar qual a modalidade de contrato firmado entre PETROBRAS e TRANSPETRO, considerando a existência de contratos DE afretamento a casco nu e contratos por tempo (TCP), como destacado no voto; 3. Informar a quem pertence a responsabilidade, nos contratos firmados entre a PETROBRAS e a TRANSPETRO, pela tripulação (administração, manutenção e remuneração), manutenção da embarcação e demais despesas necessárias à sua operação e navegabilidade, bem assim, qual das contratantes efetivamente opera as embarcações; 4. Elaborar relatório circunstanciado com as observações reputadas necessárias; 5. Franquear vista ao contribuinte, no prazo de 30 (trinta) dias, para apresentação de manifestação, caso queira. Após a adoção das medidas, encaminhese o processo ao CARF para continuidade do julgamento. (grifo nosso) É de se recordar que o presente processo foi baixado em diligência uma vez para que a ele fosse carreado o resultado da diligência efetuada nos processos administrativos de no 15374.724330/200960 e no 15374.724427/200972, aproveitando seu teor no presente processo. E, quando retornou da diligência o presente processo, em maio de 2016, o julgamento processo de no 15374.724330/200960 já havia sido novamente convertido em diligência, pela turma, com expressa aquiescência deste relator. Pelo exposto, reiterase a demanda por diligência, nos mesmos moldes da anterior, para que sejam carreados ao presente processo os resultados das diligências efetuadas nos processos administrativos de no 15374.724330/200960 e no 15374.724427/200972. Destaco que a demanda por diligência, tanto aqui como naqueles processos, não decorre de insuficiência no atendimento da solicitação anterior, por parte da unidade local da RFB, que, como bem narrado naqueles autos, efetuou trabalho detalhado e documentado, mas tão somente da necessidade de formação de convicção do colegiado acerca de alguns aspectos referentes, especificamente, às glosas relativas a serviços de afretamento e de táxi aéreo. Fl. 6576DF CARF MF Processo nº 15374.724431/200931 Resolução nº 3401000.953 S3C4T1 Fl. 6.577 8 Evitando novos desencontros entre os processos, proponho que retornem a este CARF de forma conjunta e que, aqui, sejam pautados para uma mesma sessão de julgamento, visto serem os relatores dos três processos desta mesma turma de julgamento. Diante do exposto, voto pela conversão do julgamento em diligência, para que sejam carreados ao presente processo os resultados das novas diligências efetuadas nos processos administrativos de no 15374.724330/200960 e no 15374.724427/200972. Rosaldo Trevisan Fl. 6577DF CARF MF
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